Simples como Freinet

Prefácio “SIMPLES COMO FREINET” representa, sem dúvida, contribuição muito oportuna no atuai momento da educação brasile

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Portuguese Pages 96 [98] Year 1996

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Table of contents :
Sumário
Prefácio 13
Introdução 17
Pedagogia Treinei 19
Pro fessor - Educador ou a imposição do poder 22
Espaço e ambientação 24
Escola ou depósito de crianças? 25
Vamos conversar? 26
Planejar - uma verdade, uma necessidade 28
Experiências "trocadas "ajudam a crescer 33
O livro da vida 34
Excursões que enriquecem 37
Que são álbuns 39
Projetos e atividades 40
E na escola que se começa a fazer um jornal 42
Vamos nos corresponder? 43
Tão espontânea quanto a criança, a leitura e a escrita conversam com você 44
Ateliês ou momentos do crescer? 46
Vamos incentivar a leitura 47
Do alicerce à construção / 47
Sugestões de materiais / 48
No jogo simbólico, mais um dado para a realidade / 48
Como vai, mestre cuca ? / 49
Mãos à obra, com agulha e linha 50
A hora e a vez da madeira 51
1, 2, 3, vamos à Matemática! 53
Um desenho aqui, um recorte ali. uma colagem acolá - um verdadeiro tesouro 54
Nascemos nela e adoramos trabalhar com ela para depois modelarmos com o auxílio dela / 55
Pintar o sete para colorir o coração! / 56
O direito de registrar no prazer de imprimir 57
Das experiências, o inicio do trabalho diversificado 59
A reprografia e o limógrafo 61
Por que usar o limógrafo? 63
Para você ler com atenção / 66
Princípios do Escola Moderna 83
Bibliografia sumária das publicações de Freinet em Espanhol e Português 90
Referências bibliográficas 91
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Simples como Freinet

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AUDIR BASTOS FILHO, carioca nascido cm 1951. sinteti­ za a figura de um autêntico edu­ cador criativo sublinhando em sua personalidade a sensibilidade de um sentir sem dizer e de um ex­ pressar sem limites. Ao longo de sua trajetória de brilhante aluno e profissional, com uma inteligên­ cia questionadora. associada a um inconformismo com soluções já prontas na educação, procurou sempre dinamizar sua ação transformadora com novas teori­ as do conhecimento Alfabetizador na sua ado­ lescência. nunca abandonou essa arte, permtindo cada vez mais a troca de quem aprende com quem ensina numa relação do mais pro­ fundo respeito. Advogado, usa os recursos dessa profissão para valorizar as verdades humanas e assegurar direitos e responsabilidade soci­ ais Freinet nunca esperou ter um parceiro tão sólido de propó­ sitos capaz de encantar, enfatizando a consciência ao es­ sencial e de lá extraindo o possí­ vel

À Izabel, Lucy e Mariana. Todas simples. Todas mulheres que fazem de um homem um ser que busca. Simples como Freinet.

Em algum momento do ontem e do agora, vocês estarão sempre presentes. - Muito Obrigado Adelaide Moritz Alda Berenice Costa Lima Alfredo Daher Merchak Almir de Sá Amundsen Pimentel Ana Cristina de La Roque Guimarães Ana Maria Lage Anahicia Ferreira de Sá Ângelo Reis Ann Boot Antonio Elias L. Freitas Arnaldo Bello (In Memoriam) Audir Bastos Augusto Bastos (In Memoriam) Benedita dos Santos Betina Weiskopf Bia Di Carvalho Carlos Eduardo de Menezes Reis Centro Educacional de Niterói Charles Lyndaker Clarice B. Monteiro Claudio de Sousa Aguiar Colégio Bennett Colégio Santo Inácio Conservatório Brasileiro de Música Consuelo Lange Corina Ruiz Creche Tia Bia

Simples como Freinet

Cristiana Graça Figueiras Cyrineo S. Pinto Demerval Netto D. Crisóstomo O.S.B. - (In Memorian) Dalila Coelho Dalila Serrão Dayse Pinheiro Déa Bastos Diva Bastos de Oliveira (In Memoriam) Enid Sauer Equipe da UNCAP - Famath Equipe de Artes do CEN Esther Dorfman Ernestina Belchior (In Memoriam) Erika S. Monteiro Bastos Faculdades Integradas Maria Thereza Georges Miraidt Gloria Lourenço Gracia Baldez Hermano de Sá Helenice Bueno Hilton Carlos Araújo (In Memoriam) Ida Maria Magnavita Iêda Barreiros Moreira Igreja Metodista do Jardim Botânico Instituto Santa Filomena Isabel Maranhão Isabel S. Monteiro Bastos Jardim Escola Atchim Jardim Escola Sarah Dawsey Jayme Alam José Baggio José Ignácio Parente

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José Maria Marques José Ribamar Veras José Vieira Brandão Judith Marés Gonzalez Kátia Valente Kiki Lustosa Laura Jacobina Lacombe Leisa Mutzenbecher Lindalva Cruz Livingstone dos Santos Silva Lo Lustosa Lucia Câmara Lucia Seabra Luisa H. Passos de Carvalho Magda Tagliaferro (In Memoriam) Manoel Teixeira Monteiro (In Memoriam) Manuel Vilella Monteiro (In Memoriam) Mareia Leite Margarida Valente Maria Coeli P.B. Coelho Maria do Carmo Galvis Maria José Repsotd Maria Inés Maciel Martins Maria da Nazareth C.S. Oliveira Maria Olympia Ferreira Maria Teixeira Monteiro (In Memoriam) Marilia Merchak (In Memoriam) Michel Vibert Mirthes Wíenzel Ministro Américo Luz Ministro Maurício Joppert (In Memoriam) Mònica Galvão Mônica Merchak

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Mônica Monteiro Nair Faraj Nicia Muniz Neam - Puc-RJ OMEP - Brasil e RJ Oneide Guimarães Oswaldo Salles Lima Filho Paschoalino Lauro (In Memoriam) Pastor Benjamim de Moraes (In Memoriam) Pe. Paulo D'Elboux Pedro Demo Peki Marques Poncianita Vollmer Rachel Poletini Raymundo Nery Stelling Jr René Pessa (In Memoriam) Ricardo Lustosa (In Memoriam) Roberto Badalai (In Memoriam) Romildo Dias Sandra Porto Suely Poggio Suely Poletini Teresinha Avelino da Silva Vera Baggio Vital Didonet Yvonne Calvão Yára Campello Pimentel (In Memoriam) Walber Garcia Walmir de Souza Wilmarina Maranhão Zulma Carneiro de Mendonça (In Memoriam)

Ao instante que muito nos honra, pela verdade pela paixão e pelo encontro: - Deus abençoe Arthur Monteiro Bastos Maria Helena Novaes Mira Marina Lemette Moreira Clandia Maria de Sá Ferreira Dias Idelfonso Gomes Monteiro Filho

Um carinho especial para A manda Lemette Teixeira Brandão pelas lindas ilustrações que, certamente, pertencerão ao elenco das verdades de FREINET.

“Assim como o cuidado que se tem da árvore se dá a conhecer no fruto, assim a palavra manifesta o pensamento do homem” Eclesiástico 27: 7

Ao Deus que me tanto tem dado, possa, também, guiar a todo aquele que refletir sohre Simples como Freinet.

Sumário

Prefácio 13 Introdução 17 Pedagogia Treinei 19 Pro fessor - Educador ou a imposição do poder 22 Espaço e ambientação 24 Escola ou depósito de crianças? 25 Vamos conversar? 26 Planejar - uma verdade, uma necessidade 28 Experiências "trocadas "ajudam a crescer 33 O livro da vida 34 Excursões que enriquecem 37 Que são álbuns 39 Projetos e atividades 40 E na escola que se começa a fazer um jornal 42 Vamos nos corresponder? 43 Tão espontânea quanto a criança, a leitura e a escrita conversam com você 44 Ateliês ou momentos do crescer? 46 Vamos incentivar a leitura 47

Do alicerce à construção / 47 Sugestões de materiais / 48 No jogo simbólico, mais um dado para a realidade / 48 Como vai, mestre cuca ? / 49 Mãos à obra, com agulha e linha 50 A hora e a vez da madeira 51 1, 2, 3, vamos à Matemática! 53 Um desenho aqui, um recorte ali. uma colagem acolá - um verdadeiro tesouro 54 Nascemos nela e adoramos trabalhar com ela para depois modelarmos com o auxílio dela / 55 Pintar o sete para colorir o coração! / 56 O direito de registrar no prazer de imprimir 57 Das experiências, o inicio do trabalho diversificado 59 A reprografia e o limógrafo 61 Por que usar o limógrafo? 63 Para você ler com atenção / 66 Princípios do Escola Moderna 83 Bibliografia sumária das publicações de Freinet em Espanhol e Português 90 Referências bibliográficas 91

Simples como Freinet

Prefácio

“SIMPLES COMO FREINET” representa, sem dúvida, contribuição muito oportuna no atuai momento da educação brasileira, por um lado, ainda presa a preconceitos e fórmulas arcaicas, por outro, sem metas e perspectivas claras no que pretende ser de “moderna.” Fruto de vivências e experiências profissionais, o autor, com a lucidez que lhe é peculiar, percebeu a urgente necessidade de reverter esse quadro procurando resgatar o papel do professor “como cúmplice do saber da criança”, o espaço da criatividade nas atividades pedagógicas, a relação educativa espontânea e autêntica, além do prazer e da liberdade no convívio escolar. Tendo por referência sua visão do pré-escolar de hoje, esse trabalho traz à tona a rica contribuição de Célestin Freinet, precursor da Escola Moderna, caracterizada pela simplicidade, o bom-senso e o respeito à natureza. Aliás, já dizia o famoso escritor Milan Kundera, “dominar a complexidade da existência no mundo moderno exige técnica de elipse e de condensação que nos leve a ir sempre e diretamente ao âmago das coisas”, aconselhando uma atitude de despojamento e de simplicidade, sobretudo, ao se tratar de assuntos polêmicos. Em geral, quando se debate sobre a educação brasileira é permanente a retórica vazia, o uso de outros desviantes, as propostas sofisticadas e pouco consistentes que levam a caminhos estéreis, ou seja, o oposto do acima citado. O denominado “Livro da Vida”, criado por Freinet, expressa a filosofia educacional que difundiu, pois registra de forma simples e autêntica tanto as anotações e registros do diaa-dia dos professores, como dos alunos, através de suas falas, desenhos, histórias, destacando as leis claras da vida, para ele 13

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base de toda cultura. No decorrer dessa publicação destaque especial e dado ao espaço do lúdico, a personalização do processo do aprender, a pedagogia do sucesso, ao desenvolvimento das potencialidades de cada um, seja ele de qualquer faixa etária, a liberdade de ação, acompanha de planejamento adequado das ações educativas, levando sempre à troca social e à comunicação nos grupos. Com o intuito de ajudar os educadores apresenta exemplos concretos, e resultados de experiências educativas, além de dar sugestões de planos de trabalho. Ao destacar que “Educar não significa estar na sala, de aula, cumprindo horário, tarefas ou memorizando conteúdos. E muito mais do que isso. É dar vida ativa ao processo que fará do educando um ser critico, livre e com responsabilidade para assumir o próprio conceito de democracia” endossa os princípios básicos do binômio ensinar - aprender em qualquer situação de escolaridade. No decorrer do texto aborda as funções dos ateliês, de maneira objetiva e correta, enfatizando que devem levar o aluno a experimentar, criar e recriar, esgotando possibilidades e facilitando a socialização, sugerindo não só atividades, como rica variedade de materiais e dos modos de utililiza-los, sempre com a intenção de provocar na criança o seu crescimento pessoal e social. Ênfase é, igualmente, dada à utilização da reprografia e do uso do limógrafo que permite a desmistificação da imprensa e introduz os alunos nos domínios da luta impressa e do registro gráfico permanente. Ao referir-se ao documento do próprio Freinet sobre as invariantes pedagógicas, que como o próprio termo diz, referese aquilo que não pode variar, o autor desse trabalho propõe código pedagógico criativo para orientar os professores, apresentando testes práticos que podem ser utilizados na rotina 14

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escolar e servem de balizadores para avaliar a própria atuação pedagógica, cotejando as invariantes com possíveis técnicas empregadas pelos educadores. Em síntese, trata-se de publicação simples na forma de sua apresentação, mas consistente no seu conteúdo; criativa na sua elaboração e muito objetiva nos seus propósitos que, sobretudo, rende uma justa homenagem à valiosa e sempre atual contribuição de Freinet, para muitos educadores ainda desconhecido, mas que tem seu lugar como pioneiro na Escola Moderna. Maria Helena Novaes Mira

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Introdução

Foi numa escola austera e padronizada que conhecemos a necessidade real de adotar Freinet. Da porta de entrada, já podíamos ver murais belíssimos e impressos perfeitos preparados e organizados pelos professores e jornais editados pela direção. As crianças, sentadas na rodinha, eram passivas e sem expressão. Na hora do recreio, brigavam e corriam de um lado para o outro como se quisessem queimar toda a energia possível, armazenada na sala. Era preciso mudar. Era necessário suprimir as filas ou trenzinhos, era preciso que o contato das crianças atingisse suas reais necessidades. Pela nossa formação, já havíamos conhecido inúmeros educadores que constatavam a efetividade da pedagogia do sucesso, mas foi através da professora Maria Coeli Perdigão Coelho que realmente tivemos a oportunidade de um maior aprofundamento nessa direção. Não fizemos, de modo algum, nenhum tipo de experiência improvisada em relação às crianças. Programamos, sim, o sucesso para a criança e os professores que coordenávamos e fomos percebendo que, paulatinamente, a verdade brotava em cada minuto de vivência com toda a escola. Já não havia murais maravilhosos feitos pelos professores; agora, havia um mural feito com a habilidade e a sensibilidade das crianças que, para nós, eram também maravilhosos. O mimeógrafo foi substituído pelo limógrafo e o insucesso, pelo sucesso do trabalho. Não queremos aqui colocar verdades definitivas, mas constatar como o professor pode promover o processo educativo, agindo como cúmplice do saber da criança. Muitos de nós ainda lembramos do nosso jardim de 17

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infância, da professora e dos amigos, dos momentos de recreie e principalmente dos castigos... De escrever cem vezes tal frase de permanecer na escola fora do horário e também das fantasia das festas de final de ano, bordadas cuidadosamente pelas mães pelas avós ou até mesmo pela costureira da família. Hoje a coisas mudaram. Mudou a escola. Mudou o espaço. Mudou professora. Para melhor ou para pior? Surge, então, a cada momento, uma retomada de concepções sobre a pré-escola, mola mestra da engrenagem do saber, saber vivido na medida em que vai crescendo e se estendendo até o final do processo: um adulto capaz de encontrar solução para os seus problemas nas variada situações do mundo. Tendo vivenciado todo o processo de mudança em diferentes escolas, resolvemos transpor para o papel a nossa visão do pré-escolar hoje. Daremos oportunidade ao leitor de nas últimas páginas, acrescentar suas próprias vivências. De certo, enriquecer este trabalho. De repente, nessa caminhada, com uma pré-escola mais ativa e vibrante, mais questionadora, em que, abandonando passividade, as crianças não mais se aborreciam no convivío diário. Por outro lado, movia-nos o anseio enorme de preservar aqueles momentos valiosos em que os próprios aluno estimulados pelo professor, desenvolviam com desembaraço as suas atividades. Agindo desta maneira, o grupo torna-se cooperativo. A sala é, por assim dizer, mais acolhedora e harmônica. As crianças dedicam-se mais ao trabalho; tornam-se mais motivadas, mais atuantes, mais organizadas, com iniciativas próprias, com expressão espontânea, mais criativas independentes. Suas necessidades afetivas, nessas circunstâncias satisfazem durante o processo ensino-aprendizagem.

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Pedagogia Freinet

Há alguns anos a pedagogia Freinet vem se afirmando no panorama educacional brasileiro. A cada dia, maior é o interesse e a curiosidade por seus fundamentos teóricos. A bibliografia ainda é escassa e muitas perguntas são frequentes: como e onde surgiu ? Em que países é conhecida ? Quem já a pratica ? Qual a situação no Brasil ? A obra de Freinet não teve antecedentes. Percebe-se, sim, o lançar mão da cultura assentando a própria cultura. Munido de instrumentos específicos, adaptou-se ao meio ingrato e hostil do pós-guerra, mas que favorecia um questionamento permanente. Estava assim criada a pedagogia Natural, atendendo às necessidades diárias da criança, uma pedagogia revolucionária caracterizada, sobretudo, pela simplicidade e o bom-senso. Célestin Freinet nasceu em Gars, em 1896, cidade no sul da França, e morreu em Vence, em 1966. Filho de pastores e agricultores, seu trabalho foi marcado pela colheita do trigo, das batatas e pelo podar das flores de lavanda em companhia de seu pai. Convocado para a primeira guerra mundial, não teve tempo de concluir o estágio de magistério ao se formar na Escola Normal de Nice. Gravemente ferido durante a batalha de Verdun, passou quatro anos peregrinando por hospitais. Foi o período em que o hospital substituiu a escola. Quase reabilitado, foi nomeado professor primário para a cidade de Bar-Sur-Loup, em 1920. Ele procurou falar menos e o falar mais estaria ligado às crianças. A idéia de levar a imprensa à escola, de inventar uma impressão para as crianças, onde pudessem reproduzir seus 19

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próprios textos e relatos das aulas surge com Freinet. O espaço já não estava delimitado ao que se convencionou chamar de sala de aula. As ruas, os parques, os mercados seriam o próprio cenário, a própria sala de aula. A vontade das crianças, seus desenhos e relatos eram registrados no que ele denominou de Livro da Vida. As relações de cooperação e afetividade foram concretizadas através das cartas entre Freinet e seu primeiro discípulo, Daniel. Era 1924 e instaurava-se, desse modo, a correspondência cultural. Assim os alunos do Norte podiam cirandar com os do Sul através de suas trocas de experiências. Da mesma forma o movimento tipográfico ultrapassa as fronteiras da França e alcança a Bélgica, Suíça, Alemanha e Portugal e, em 1933, a Espanha. Em 1936 aderem ao movimento grupos da Rússia e da América Latina. Com a segunda guerra mundial Freinet é encarcerado e, muito doente, foi hospitalizado. Em 1941, Freinet, mesmo tendo que se submeter a visitas periódicas à polícia, por suas atividades políticas e públicas, escreve com a colaboração de sua esposa Elise, obras importantes para adultos sobre a educação. Mesmo após sua morte, ocorrida em 1966, sua obra permanece viva e os movimentos Freinet tomam vulto. Fica, assim, a idéia da pedagogia Freinet - a pedagogia do bom senso, do sucesso, do esgotamento. E como ele mesmo diz:

"Minha longa experiên­ cia dos homens simples, das crianças e dos animais con­ venceu-me de que as leis da vida são gerais, naturais e válidas para todos os seres. O nosso mérito, aliás, não é tanto ter repetido, depois de tantos outros, 20

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estas verdades de sempre, como ter impregnado e vivificado com elas a prática das nossas aulas. A verdade é que os nossos mestres e os seus servidores nunca têm interesse em que nós descubramos as leis claras da vida. Vivem da obscuridade e do erro... e é sempre apesar deles e contra eles que realizamos nossa cultura.”

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Professor-educador ou a imposição do poder

Há uma diferença enorme no que seja ser professor, professor-educador e professor com poder sobre os alunos. Cabe ressaltar que, com Freinet, surge a compreensão da necessidade emergente da interação professor-educador e professor-aluno que deverá estar sempre presente na consciência de todo profissional em educação. O profissional consciente, cresce à proporção que estabelece suas relações pedagógicas com a criança. Seus acertos e até mesmo seus erros, através do trabalho ativo, facilitarão o desenvolvimento de toda e qualquer atividade que vier a propor ou vier ser proposta pelos alunos. Sua atitude deverá obedecer a pontos imprescindíveis: • Usar o verbo sempre na 1a pessoa do plural, elaborando juntamente com o grupo. • Conscientizar-se das potencialidades de seu grupo, enfatizando sempre sua livre expressão, suprimindo a imposição de idéias segundo modelos. • Lembrar a todo e qualquer instante a necessidade do lúdico, levando em conta o prazer e o bem-estar físico das crianças com seus movimentos e suas necessidades. • Atentar para as expressões negativas dos alunos, pois poderemos ter elemento de trabalho bastante proveitoso para o enriquecimento ao nível de ser humano. • Ser autêntico é sobejamente gratifícante quanto ao resultado das relações, respeitando a personalidade de cada um, mostrando-se dinâmico, ativo e apoiando os esforços de todos, recolocando projetos novos quando os velhos já tiverem sido 22

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esgotados, se é que cabe falar de um esgotamento pedagógico. Menciona-se aqui o interesse que, de certo, levará ao dinamismo, colaborando, elaborando, realizando e concluindo em conjunto todo o trabalho, com o papel de moderador, ou animador, do grupo permitindo a livre expressão orai dos problemas que possam advir, tomando consciência deles e ajudando a resolvê-los.

Enfim, acreditar no ser humano de qualquer faixa etária, com seus aspectos positivos e negativos, ressaltando os primeiros, construindo com ele suas próprias regras, questionando-as, experimentando-as quanto a sua realidade, solicitando opiniões ou até mesmo simulando alguma situação sua para que o grupo possa chegar a dele. Então teremos regras de moral não formuladas pelos adultos, mas sim dirigidas ao educando com matizes especiais que farão, certamente, da sua vida em comum um código de bem-estar. 23

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Espaço e ambientação A sala é dividida em centros de interesse, cantinho que serão denominados de ateliês. Todo e qualquer material estará ao alcance da criança colocando em armários, estantes, cubos ou qualquer tipo de mobiliário que facilite sua movimentação, podendo ser

modificado de acordo com as necessidades do grupo. Nos países frios, não tivemos a oportunidade de ver os tanques de areia fora da sala de aula como aqui no Brasil. Eles faziam parte da própria sala em um grande caixote. Vivenciamos e visitamos diferentes escolas e algumas ambientações nos pareceram bastante funcionais no tocante ao aproveitamento do espaço: 24

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• Um lugar onde a classe inteira possa se reunir para conversas livres ou dirigidas, ouvir histórias, trocar experiências. • Tapetes e almofadas favorecendo o conforto e, muitas vezes, levando as crianças a atividades isoladas como manusear livros ou outros materiais de uso individual. Dessa forma, o espaço bem organizado promoverá a liberdade de ação que orientará o seu uso adequado para qualquer atividade.

Escola ou depósito de crianças ? Com a maior aceitação por parte das famílias brasileiras dos horários integrais, não como um processo de enriquecimento mas sim, cada vez mais, como um substituto dos compromissos familiares, aumenta a responsabilidade de todos os educadores

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Escolas existem que podem constatar isso. Hoje, o nosso aluno, em horário integral, passa mais tempo na escola do que em casa, o que aumenta nosso compromisso no que diz respeito ao planejamento das atividades. O verdadeiro reconhecimento da faixa etária em que atuamos se faz necessário na medida em que a capacidade de concentração deverá ser desenvolvida do menor para o maior e. assim, a conscientização de como fazer, do que fazer, e as observações constantes fazem-se presentes para todo educador que se coloca no lugar de qualquer criança para experimentar o seu tempo do fazer, do realizar, comparando com o devido tempo da criança, que é sempre menor. O horário da criança é sempre respeitado, pois é grande sua necessidade de projetos; cada uma delas e responsável por estar mais ou menos tempo em determinada atividade Os momentos especiais - música, recreação, teatro - podem e devem também ser desenvolvidos, tendo em vista o interesse do grupo e o encadeamento dos projetos. Vamos conversar ? Seria o primeiro momento do dia, após o recebimento à porta,. Por que frisar isso? Seria inoperante e até mesmo frustrante receber as crianças sem aquela afeição e carinho. Um bom dia sempre começa com um “Bom-dia !” , “Que vestido bonito’’, “Que tênis lindo !”, “Cortou o cabelo”?. A partir daí já podemos estabelecer nosso contato e, de certo, tudo ficará mais fácil para levá-los à rodinha que pode ser quadrada, hexagonal, etc. Por que não ? Esta primeira atividade compreende várias fases importantes: é a oportunidade da criança e do professor expressarem livremente suas idéias em grupo, organizando as atividades do dia. Isso nos leva a pensar que todo e qualquer tipo de diálogo ajuda a encadear o raciocínio da criança. É um 26

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momento importante, voltamos a frisar, na relação afetiva de todos os componentes do grupo. A relação professor-aluno é fundamental na medida em que ambos passam, hoje em dia. a maior parte do tempo juntos

Um dia, uma ilustre educadora, com quem aprendi muito, disse-me que deveriamos dividir o dia em três etapas e que era imperioso fazer dos momentos de trabalho horas agradáveis. A verdade intrínseca dessas palavras nos faz refletir que a disponibilidade maior de consciência afetiva entre aluno e professor facilitara a fonte de informação, o desvendar das crianças, o seu direito de expressão respeitando o do amigo, a decisão do fazer das diversas atividades coletivas, o preparar um passeio, o festejar um aniversário, o realizar um jornal coletivo, o viver na unidade do respeito mútuo para uma operacionalização eficaz. Mais uma vez o educador permite que a criança exprima seus desejos, seus sentimentos, até mesmo os negativos, evitando emitir seu julgamento, respeitando aquelas que não queiram 27

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“ainda” se expressar. Muitas vezes terá que se reformular, com dificuldades, em relação às crianças, encorajando-as para um futuro próximo, fazendo-as ouvirem incentivando-as a cada momento e transcrevendo no Livro da Vida o que elas contam.

Planejar - uma verdade, uma necessidade Toda e qualquer ação educativa dependerá de um plano de trabalho. Um momento pensando, atendendo às necessidades do grupo, do espaço encontrado e de tantos outros pontos seriam, certamente, a reação acertada ao plano de trabalho que as próprias crianças podem ao final do trabalho em ateliês e após a avaliação preencher tendo em vista o que realizou. No final da semana poderá ver e constatar o que realizou, no final do mês, e, assim por diante o muito e o pouco serão resolvidos mediante seu próprio testemunho. A professora pode comentar os planos com as crianças, que já devem ter sido examinadas por ela anteriormente, decodificando os símbolos utilizados, observando em conjunto o plano de trabalho e utilizando o quadro, que ilustramos como exemplo, em desenvolvimento grupai. Do mesmo modo observará o plano individual pertinente às atividades nele contido. Então, teremos dois planos: o individual e o coletivo.

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Costura

Imprensa

Jogos Simbólicos

Recorte

Escrita

Pintura

Desenho

Água

Argila

Areia

Atividades Individuais

Ilustração

2 aFeira

3 aFeira 4 aFeira

5 aFeira

6* Feira Observações da Professora

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Etc...

Madeira

Jogos

Fantoche

Teatro

Construção

Biblioteca

Música

Cozinha

Álbum

Livro da Vida

Atividades Coletivas

Ilustração

2 aFeira 3 aFeira

4 aFeira

5" Feira

6” Feira

Observações

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É bom ressaltar que a cada semana começamos um novo plano de trabalho, o que induzirá a criança a constatar que temos cinco dias em que trabalhamos, que temos dois dias para descansar, que existem feriados e assim chegaremos aos meses e ano, envolvendo, inclusive, a família que pode também compartilhar do plano. Não se devem lançar muitas atividades ao mesmo tempo, para não contundir; haverá uma familiarização progressiva; todos poderão participar harmonizando as dificuldades que possam advir, e a professora deve estar sempre disponível, favorecendo todo e qualquer contato entre a família, a escola, pais e professores. Do mesmo modo que está disponível, a professora observa atenta a atuação de seus alunos e, para facilitar sua missão, poderá utilizar uma ficha individual e coletiva que certamente facilitará o acompanhamento do desempenho de cada aluno. Experiências “trocadas” ajudam a crescer Após o trabalho em ateliês, a troca de experiências pode ser feita para que a criança tenha a oportunidade de se colocar para o grupo , mostrando e comentando seu trabalho - pintura, pesquisa, recorte, enfim, seu universo - que poderá ser objeto de estudo no início de um novo trabalho de grupo ou que servirá de sugestão para outra criança, da mesma classe ou de outra. Esta atividade, servirá de campo para a exploração verbal, em que o professor observará o nível de fixação e enriquecimento do vocabulário, e construção sintática dos textos. Não ficaremos desatentos, entretanto, para o fato de que todo o início é difícil. O papel do professor será o de animador, organizador, o que auxilia na elaboração do pensamento das crianças, com seus anseios e dúvidas, reformulando-os quando necessário, até que os alunos, aos poucos, vão tornando-se independentes e o professor se transforme em mais um elemento do grupo. 33

Simples como Freinet

O livro da vida Ser o mais fiel possível ao que as crianças nos passa. É a grande tarefa do Livro da Vida. Todas as anotações feitas pela professora durante a conversa diária e a avaliação da tarefa são transferidas para o 34

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Livro da Vida. Em algumas situações, a própria criança aponta o que deve ser escrito no Livro da Vida. A professora não transforma os depoimentos da criança em linguagem adulta, não impõe seu modo de pensar, ao contrário, preocupa-se em manter a espontaneidade da linguagem infantil e seu próprio caminho. A professora não deve, entretanto, se abster de intervir na qualidade da articulação, propondo um modelo correto à reformulação da mensagem das crianças, verificando o conteúdo em concordância com seu pensamento, convidando a criança a se auto-reformular progressivamente; na medida em que vai crescendo, sua elaboração vai também crescendo. Concluímos, então, que o Livro da Vida é a marca, o reflexo e o dia-a-dia de cada um. Um trabalho de equipe, um trabalho de artes que permite o desenvolvimento da memória, a valorização do trabalho individual e grupai, favorecendo o desenvolvimento da linguagem, ampliando a noção de tempo, o que acontecera através do desenho e da escrita. Observamos que se deve despertar na criança a vontade de escrever, pela valorização interior, imergindo-a num clima de leitura e de escrita, onde a comunicação oral e escrita surge naturalmente. É importante a comunicação com pessoa de fora, visitantes, pais e corpo discente e até mesmo com outras salas ou outros departamentos da escola.

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Excursões que enriquecem

É importante que o professor classifique as excursões pedagógicas, atento para a necessidade de que suas etapas, claras e definidas, se cumpram realmente na sua operacionalização. Não se deve confundir passeio-pedagógico, passeiopesquisa, passeio-visita, passeio-viagem, passeio-descontração, com passeio-desocupação Todos os tipos podem estar mesclados, desenvolvendo e enriquecendo professores e alunos Ir a uma fazenda, visitar uma padaria, um estúdio de televisão, um teatro, um cinema, um parque, um local em que se possa dormir, propiciará descontração e descobertas, não significando “sair por sair” Estes passeios são cuidadosamente escolhidos e preparados a priori pelo grupo, exigindo cuidados e segurança. Enfim, e preciso planejar para que haja benefícios. Como planejar ?

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Que são álbuns ? De repente nos apresentam a idéia de catalogar, mas, o que são os álbuns segundo a pedagogia Freinet? São registros de historias, de situações vividas, de pesquisa, de passeios, ate mesmo de uma receita de cozinha e

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técnicas de arte. Podem conter textos, pinturas, fotos, desenhos, recortes que são dirigidos para a própria sala, para outra sala para os pais, para seus correspondentes da sua ou de ou comunidade. A professora distribui e coordena o trabalho em diferentes equipes e ajuda a escolher, a ordenar e a paginar documentos valorizando seus feitos à medida que se realiza: A cumplicidade professor-aluno fundamente educação, no espirito Freinet. Observação Os registros da professora devem pai do relato do aluno.

Projetos e atividades Todo e qualquer projeto, originário seja do grupo, uma única criança, da professora ou mesmo dos pais, pc orientar o trabalho de um dia, de uma semana, de um mês ou tempo que se achar necessário, dando-se prioridade não conteúdo, mas a vivência e necessidade da criança. Podem ser a curto a longo prazo, tendo em vista sempre o interesse da criança. As vezes, o grupo pode propor ir a cozinha e fazer biscoitos. Após o preparo dos biscoitos, a turma poderá organizar um jogo ou coloca-los na caixa de correspondência, q mencionaremos adiante Uma criança poderá desenhar cenas e o grupo criar a história: a professora poderá propor a dramatização da mesma e até uma das mães poderá convidar para um piquenique levando os biscoitos e a apresentação da historia e do teatro. Os projetos a longo prazo são mais elaborados; exige recursos materiais, mais sofisticados, segundo as diferem, climáticas, com as devidas informações e autorizações necessárias. 40

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Educar não significa estar na sala de aula cumprindo horário, tarefas ou memorizando conteúdos. É mais do que isso. É dar vida ativa ao processo que fará do educando um ser critico, livre e com responsabilidade, para assumir o próprio conceito de democracia 41

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É na escola que se começa a fazer um jornal Editar um jornal cooperativamente é tarefa primordial para incentivar os desenhos, os textos em grupos, os textos individuais, as novidades grupais e individuais da própria sala ou do mundo que a cerca.

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Ele pode ser enviado a correspondentes: à outra classe, à direção da escola, a outra escola, aos amigos, aos pais, enfim, aos destinatários escolhidos pelos alunos. Os textos são ilustrados pelas próprias crianças e reproduzidos no limógrafo. no mimeógrafo. fotocopiados ou ate mesmo impressos. Sua periodicidade varia conforme o grupo e todo cuidado sera necessário na apresentação, diagramação. ortografia, capa, número de exemplares, venda e objetivo. Expressar um pensamento e coloca-lo no papel e um ato de dignidade para com o proximo, portanto, todo o esmero e atenção se fazem necessários

Vamos nos corresponder ? Conforme já dissemos, a correspondência fundamental. Mas, às vezes, nos leva a questionar situações

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imprevisíveis. A criança não escreve, não desenha, o que fazer ? Outros expedientes poderão ser utilizados: uma fita gravada, receitas, doces, um desenho, fotos, slides, álbuns, recortes, jornal, pinturas, pequenos textos, cartas coletivas e até mesmo uma viagem Para que alcancemos o sucesso é necessário que as turmas estejam integradas; assim, o correio deve ser lançado ao longo do primeiro mês do ano letivo Num passeio, no recreio, as crianças estão se conhecendo melhor e começam a se corresponder com outra turma, com uma professora nova, com um pai, com um elemento que trabalha na escola, agradecendo, comunicando, pedindo informações e solicitando ajuda. A correspondência toma corpo e cresce na escola. O trabalho da professora é o de preparar as turmas, os profissionais que atuam na escola e os pais que irão acolher a correspondência A correspondência permite um novo horizonte com inúmeros matizes em que o “humano” transborda no afetivo, compartilhando, colaborando, travando novos contatos.

Tão espontânea quanto a criança, a leitura e a escrita conversam com você A escrita e a leitura estão intimamente ligadas e a criança tem sempre de ir adiante. Esses momentos mágicos aparecem a todo instante e não há uma hora precisa para se determinar o interesse por eles e o desenvolvimento. As crianças, se tiverem estímulos adequados, iniciam naturalmente o processo da leitura ou da escrita. A professora já terá valorizado seus desenhos e diferentes tentativas de escrita desde cedo, (dois ou três anos) e agora, ela se anima a escrever de verdade. Ao transcrever a mensagem da criança, há de se levar 44

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em conta a fidedignidade, não transformando o seu pensamento mas ajudando-a a ter sucesso e, quando necessário, ensinandolhe alguns “segredos”, sempre respeitando o ritmo da criança. Não só no preparo da correspondência, mas desde os primeiros momentos da rodinha, nos relatos de experiências, na confecção de álbuns, nas excursões, no livro da vida, na hora do desenho, o mediador da aprendizagem deve sugerir a introdução (o uso) da leitura e da escrita. O material a ser utilizado seria o caderno individual de desenho, de textos livres e cartões relâmpagos. No caderno, o aluno desenha livremente; a professora escreve a mensagem e a criança pode copiar. No início, ela copia uma ou duas palavras, mas, passo a passo, ela vai aumentando o fôlego até que passará a escrever algumas palavras de memória. Pode-se fazer até uma “sanfona” deste processo. É gratificante poder constatar sua evolução. A criança distingue o que desenha do que escreve, mesmo que para nós signifique um rabisco, reproduzindo palavras com base, atendendo aos modelos pedidos pelos adultos. O aluno escreve palavras curtas e afetivas e o resto é imitação. Aos poucos, descobre analogias que podemos classificar como gráficas, fonéticas e gráfico-fonéticas. As primeiras palavras constituem letras ou grupos de letras inicialmente no meio ou no fim das palavras. A seguir, aquilo que ouve, e as últimas, uma correlação entre as duas. A criança classifica seus instrumentos de trabalho relacionados com a língua de modo cada vez mais coerente e preciso, de acordo com critérios pessoais ou critérios do grupo:

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Há que se sensibilizar os pais no sentido de darem continuidade às atividades vividas para evitar a ruptura do processo, inclusive propiciando também aquele intercâmbio das classes, podendo mesmo mesclar crianças das classes de 1º grau com as do pré-escolar, em diferentes momentos: nas refeições, recreios, excursões etc. Se as instalações da escola forem próximas umas das outras, com facilidade estreitaremos os contatos entre as crianças

Ateliês ou momentos do crescer ? Já com alguma afinidade e habilidade, partimos para os ateliês com local e material disponíveis, atentos para que não se realizem muitas atividades novas ao mesmo tempo Começar com dois ou três ateliês e ir aumentando gradativamente é o que convém ao professor e ao aluno, para que este se emprenhe sempre em prosseguir e compreender que o que pode ter sido ruim em um dia não o será necessariamente em outro. Se outros professores trabalharem assim, não nos sentiremos isolados. É do apoio do trabalho que nos sentiremos à vontade para avaliar o nosso desempenho na conquista do sucesso da relação aluno-professor e professor-aluno. Cada momento dos ateliês "deve" ter regras definidas. 46

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Assim como não se anda sobre pregos com os pés descalços, não se pinta sem avental, não se entra na sala com os pés cheios de areia. A atenção do professor está justamente na postura do “esgotamento de possibilidades. É necessária experimentar, criar e recriar. O papel do professor e o de observação, lembrando sempre que, muitas vezes, as crianças não vivem em casa o que podem experimentar e viver na escola. Vamos incentivar a leitura ! A biblioteca deve ser atraente e aconchegante, de preferência num canto da sala. O canto de leitura deve ser muito “gostoso aos olhos”, para que as crianças possam melhor vivenciá-lo. Livros de figuras, revistas, jornais, álbuns criados pelas crianças, dicionários, tudo irá proporcionar à criança a possibilidade de se comunicar com os outros sobre o que leu, levando o incentivo a conversação dos livros, criando o gosto e o prazer pela leitura, desenvolvendo o espírito critico. O papel da professora será o de incentivar o aluno a ler calmamente, desenvolvendo a observação progressiva do que leu e, quando houver oportunidade, representar a historia lida.

Do alicerce à construção Estruturando o universo espacial, conhecendo diferentes materiais e seu aproveitamento no cotidiano com suas propriedades, dominando seus movimentos gestuais, preparando as conceituações de volume, forma, proporções e medidas e ate mesmo usando os materiais à vontade, todo o alicerce para a construção estará sendo feito na medida em que a criança experimente livremente todos os materiais abaixo sugeridos, e mais outros que poderão ser acrescentados, sempre, entretanto. 47

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com o apoio técnico da professora, quando necessário.

Sugestões de materiais Diferentes tipos de papel Diferentes tipos de lápis Diferentes tipos de caixas com tamanhos diferentes Diferentes tipos de tecido Diferentes tipos de plásticos Diferentes tipos de barbantes Diferentes tipos de lã Diferentes tipos de arame Diferentes tipos de tintas, de cola, de rolos, de clipes, de latas, penas, algodão, conchas, rolhas, macarrão, palitos, garrafas, copos etc.

No jogo simbólico, mais um dado para a realidade O cotidiano é vivido por cada um. Portanto, a passagem do real para uma representação simbólica e sua reprodução certamente incentivará a aprendizagem da escrita, da leitura, da matemática e facilitará a socialização. Brincar de loja ou mercado, banco ou qualquer engrenagem dessas, não significa aproveitamento para aprendizagem, pois fugiram da realidade “verdadeira”. Verdadeira é a intenção da criança, mas não se deve colocar como meio de avaliá-la. Sua dramatização é fonte rica de informações para a professora. Seu modo de vida, suas dúvidas, suas certezas, seus problemas, seus conflitos, sua realidade. Então, deixá-las “livres” permitirá que imaginem situações diferentes, descarreguem suas tensões, o que, de certa forma. 48

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compensam suas carências. Deveremos ter sempre em mente que não somos terapeutas e sim professores e que a nossa missão é a de sempre ajudar e não ficar interpretando cada passo da criança. São certamente de interesse delas animais de pano, fantoches, bacias, baldes, recipientes diversos, caixa com roupas, baú de fantasias, perucas, maquiagem, barracas de praia, barracas de feira, berços, carrinhos, garagem, material para circuitos, cubos, trens, teatro de fantoches, espelho, que, se bem colocados, simbolizarão o eterno crescer.

Como vai, mestre-cuca ? Este ateliês leva ao prazer de preparar, provar e comer com objetivos bem definidos à estrutura de tempo, desenvolvimento das etapas de uma receita, aprendizagem de medidas, domínio gestual, socialização, ativando a raciocínio prático, sensibilizando o desenvolvimento dos sentidos e desenvolvendo a aquisição de novos vocabulários. A professora valoriza todo o trabalho, mostrando a seus alunos que nem só os adultos fazem aquilo. Eles sentir-seão importantes ! Ajuda a realizar o projeto, ensina e utiliza os utensílios, mostrando seu uso correto e sua validade para cada momento. Não deve se descuidar, pois estarão em contato com fogo, objetos cortantes e não deverá se mostrar ansiosa, pois tudo é possível para o trabalho bem planejado e ordenado. O que usar ? Todo instrumental de cozinha ou até usar a cozinha da escola.

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Mãos à obra, com agulha e linha

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Tomando contato com inúmeros materiais como telas de tapeçaria, tela de juta, tecidos finos, tecidos grossos, linhas, lãs. agulhas variadas, retalhos, caixas com diferentes tipos de tecidos, caixas com diferentes tipos de plásticos, botões, tesouras. tearas e colchetes, a criança irá usar corretamente todo esse instrumental de trabalho realizando projetos que irão proporcionar mais uma vez o domínio da motricidade fina, através de suas próprias criações em tecelagem, bordados, tapeçarias, costura, individualmente ou em grupo. É uma oportunidade de enriquecimento que as crianças adoram.

A hora e a vez da madeira A oficina de madeira é uma das mais ricas quanto rica é a madeira que será trabalhada pelas crianças. As vezes, notamos a não preocupação da pesquisa que tanto incentiva, pois sera através dela que encontraremos os meios, as colaborações, enfim o mundo que cada árvore nos proporciona. Há de se ter todo o instrumental: martelo, alicate, torquês. serrote, torno, bancada ou mesa bem firme, metro, percevejo colorido, taxas, pregos, pregos decorativos, parafusos, chave de parafusos, verruma, plainas, cola para madeira, lascas ou sobras de madeiras, serragens, caixas variadas e até mesmo o pirógrafo. Isso tudo irá levar ao domínio gestual, à experimentação do material e à realização de projetos que, certamente, terão na professora ou dinamizadora uma vigilância ativa, ajudando as crianças a realizarem tudo o que tenham planejado.

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1,2,3, vamos à matemática ! Levando os alunos a descobrirem noções de números, formas, superfícies, volume, tempo, medidas, pesos, quantidade, as crianças fazem associações, classificações e comparações, e o papel da dinamizadora permite que seus alunos façam experimentações pessoais a nível do seu próprio saber. Os jogos levam à avaliação participativa em suas descobertas e toda classe cresce na medida em que vivem as abordagens sugeridas e, através do “erro construtivo” chegam, certamente, ao acerto coerente.

Réguas, fitas métricas, ampulhetas, termômetro. Metrônomos, relógios, despertadores, ábacos, cubos, jogos pedagógicos, fichas, baralhos, balanças, objetos de pesos diferentes, sobras de madeiras diversas, blocos lógicos, réguas de Cuisenaire, se bem aplicados ou melhor vivenciados, levarão corretamente à preparação do X, do Y e do Z sem complicações

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Um desenho aqui, um recorte ali, uma colagem acolá - um verdadeiro tesouro É um dos meios de expressão mais importantes, pois, na medida em que é natural, sensível a todos, estimula a sensibilidade que não deve ser imposta com técnicas prévias. Deixem-nas livres, pois livres e puros alcançarão a maior expressão da inventividade. Através do desenho, a criança adquirirá o domínio progressivo do gesto, do espaço e notaremos a preparação para a escrita. É importante que existam folhas de diferentes tamanhos, formas e cores. Papéis diferentes incentivarão a criatividade, assim como lápis variados, apontadores, giz, apagador, quadro de giz, e tudo o que puder auxiliar a livre expressão. Deixar a criança livre não significa que a professora não possa, quando solicitada, escrever a mensagem do desenho que em muitos casos pode ser até copiada mediante a conformidade de seu desejo e necessidade. Partam do pressuposto de que todos são capazes de escrever e de ler e tudo será mais natural e sadio. Na medida que desejarem poderão enriquecer o próprio desenho com seus próprios recortes, desde que já tenham sido esgotadas as possibilidades de rasgarem, amassarem, picarem, agruparem papéis. O uso da tesoura vem precedido de tudo isso e as diferentes texturas de papel indicarão a prontidão da motricidade para tal. A cola espessa, a cola líquida, as descobertas de resinas que colam levarão à indagação do porquê e para quê colar.

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A coerência de diferentes materiais corno tecidos, sucatas, lâminas de madeira, fórmica, farão com que haja sempre uma novidade e não uma imposição de temas, lembrando sempre que das crianças mais novas não se deve cobrar um resultado realista. Ao recortar, colar, rasgar e amassar a criança desenvolve a habilidade manual. Usando corretamente seus instrumentos de trabalho, fixarão as noções de cores, formas, números, proporcionando uma avaliação mais abrangente.

Nascemos nela e adoramos trabalhar com ela para depois modelarmos com o auxílio dela Toda e qualquer vivência da criança poderá ser a mola propulsora para outra experiência. Permitir que a criança brinque com água por simples prazer não quer dizer que não estejamos proporcionando satisfação, domínio gestual, experimentando medidas de capacidade, verbalização de vocabulários. Inúmeros materiais serão integrados a ela: garrafas, bacias, baldes, tios de conduite, potes, funis, peneiras, pratos,

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esponjas, borrachas, utensílios de cozinha. Enriquecer a atividade com água pode ser de grande interesse, ainda maior, por exemplo: água quente, água gelada água morna, cubos de gelo, águas coloridas com uso de vegetais águas coloridas com o uso de tintas, água com sabão, água com farinha, água com... Imaginem ! Que festa do crescer ! Diversos materiais nos sugerem a modelagem; mas é na areia que a criança se sente mais solta, gratificada prazerosamente em experimentando a sua manipulação; ma existem outras que têm aflição quando sentem sua aspereza. Através de pás, forminhas, baldes e tudo o que a criança descobrir, poderemos propor até a comparação da areia com outras matérias próximas que, se bem empregadas, constituirão uma grande experiência até que à argila, à massa de farinha, ao miolo de pão, ao papier maché. O papel da professora é o de ajudar; permite que enriqueçam o trabalho com palitos de fósforo, contas, tintas massas de macarrão, chapinhas, ensinando que cortam o barro com barbante, que é necessário tirar as impurezas e apresenta todo o instrumental de trabalho, favorecendo os hábitos e atitude com o seu uso correto e explicando que é necessário o uso d( avental e que, algumas vezes, poderá apresentar alguma técnic; se os elementos do grupo já tiverem vivenciado todas as etapa, de mais este momento enriquecedor.

Pintar o sete para colorir o coração ! Não se trata de romantismo e sim de uma realidade Quem não pinta ou não experimenta as tintas, certamente, não terá a oportunidade de sentir o espalhar das cores, das superfícies do prazer para o chegar às comunicações através das tintas pela pintura. 56

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O maior número possível de tintas, colocadas em potes, diferentes pincéis, diferentes papéis, diferentes panos, pois elas podem pintar em panos também, pedaços de madeira quando não houver paletas, para misturar as tintas, esponjas para espalhar ou limpar, plásticos que modificarão a superfície, cavaletes de madeira, cavaletes de vidro, cavaletes de lixas, enfim, tudo levará a técnicas mais arrojadas quando já tiverem sido preparados para a escrita com a devida liberdade de vivência e experimentação; ai, já devem ter experimentado a infinidade de materiais que vão do próprio corpo ao canudo ou carretel que colorirá o coração de vermelho ou de azul, assim como árvores douradas darão lugar a luas quadradas e casas redondas.

O direito de registrar no prazer de imprimir Através de um início natural permitido que a criança se familiarize com a imprensa, brincando com os tipos, arrumando-os classificando-os deixa-se que ela descubra seus acertos e seus erros através da visualização de seu próprio nome, chegando a palavras, a frases e a períodos. Na pesquisa verificará que os tipos são invertidos. Para isso o auxílio do espelho é fundamental. Que descoberta! Atentará para a escolha da folha adequada, dosando a quantidade da tinta, sujando suas mãos, maravilhando-se com o resultado do seu trabalho; com liberdade e responsabilidade fará que cada momento do seu trabalho seja seu momento maior no sucesso da sua própria atividade. Serão necessários o prelo, o prelo de rolo, caixas para guardarem os tipos variados, os tipos em branco para os espaços, os rolos de entintar, as placas de entintar, as tintas de impressão, as estrelinhas, os elementos de pontuação, os “trapinhos”, os aventais e os diferentes tipos de papel. O prelo pode ser encontrado de segunda mão ou até 57

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construído em uma oficina determinada. Os tipos ou letras e números podem ser feitos de madeira ou de borracha, sendo guardados em gavetas ou caixas com ilustrações próprias que os diferenciam dos demais. Os rolos de entintar são de borrachas resistentes e são encontrados em lojas de xilogravura ou até feitos por elas, pois já devem ter sido utilizados no limógrafo. É no limógrafo que começa a grande descoberta da impressão. Através de matrizes apropriadas, desenhadas com estiletes ou qualquer outro material que possa ser utilizado após a pesquisa construtiva que passa a ser substituído com sucesso, as crianças desenharão, comporão a palavra, a frase e o texto com autocorreção, entintando a matriz, imprimindo, limpando os tipos ou o espaço utilizado e decompondo-os após a utilização. Tudo levará ao progresso menos exigente no inicio, obedecendo às etapas de cada um mediante a coerência do processo. É através do presente bem vivido e coerente com suas reais necessidades que chegaremos no esgotamento e aproveitamento do futuro seguro e bem dimensionado. Ao evoluir graficamente, a criança distingue o que desenha do que escreve mesmo que para nós seja apenas um “rabisco”. É neste rabisco impregnado de afeto que reproduzirá palavras que poderão ser curtas ou não. Descobrirá analogias gráficas, fonéticas grafo-foneticas (som e escrita), classificandoas com critérios pessoais ou coletivos que conduzirão até aos livros. Esta evolução dar-se-á desde os primeiros anos da préescola e deverá continuar por tudo o seu curso de aprendizagem. Respeitar as aquisições da pré-escola é e deverá ser o espírito do educador, que será o elo de ligação entre a

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aprendizagem e a felicidade de um adulto coerente na atuação efetiva de uma sociedade democrática é bem definida com padrões de liberdade conquistada pelo trabalho permeado pelo bom senso de mãos dadas com o sucesso. (Série de ilustrações de imprensa).

Das experiências, o início do trabalho diversificado Através de fotos ou gravuras que lhe interessem ou relatos de suas próprias experiências pela professora, o grupo cataloga em fichas diferentes atividades que poderão ser operacionalizadas. Ao olhar a ilustração, a criança é compelida à procura do material para a realização de tal atividade, experimenta, comunica-se com o grupo, se quiser, relatando seu efeito. É da observação que percebemos o nascimento do interesse. O trabalho diversificado, através do fichário. faz com que cada vez mais o grupo tenha sempre em mãos diferentes tipos de materiais que facilitarão sua execução, solicitando a necessidade de exploração do meio ambiente, de conviver com ele apropriadamente mediante seus confrontos e freios, tomando consciência de seu limites e facilidades que levarão à vivência da vitória pelo sucesso do trabalho Pelo respeito a Freinet, e esgotamento de possibilidades e a contribuição dos amigos são importantes! Ao ficarmos curiosos, com sede de saber, com vontade de um aprofundamento maior seguem informações sobre o limógrafo que. certamente, contribuiram e contribuem para esclarecermos alguns pontos básicos para sua aplicação.

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LIMÓGRAFO

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Uma turma, onde diversas formas de expressão livre se inscrevem no dia a dia da classe; onde a correspondência inter-escolar é fonte inesgotável de comunicação que o jornal escolar e o intercâmbio de jornais escolares animam; onde o estudo do meio dinamiza o trabalho diário pelos problemas que suscita e pelas investigações que desencadeia, necessita de instrumentos que permitam reproduzir, rápida e eficientemente, um número de cópias dos documentos que se fabricam numa classe assim aberta à vida. É esse quadro que cria uma necessidade de introduzir e utilizar frequentemente instrumentos simples de reprografia que possam ser manipulados por meios de crianças mesmos as mais pequenas.

A REPROGRAFIA E O LIMÓGRAFO Fácil de fabricar e pouco dispendioso, é um complemento indispensável da imprensa, pois, permite reproduzir rapidamente textos longos e trabalhos complicados de imprimir, como gráficos, quadros, estatísticas. Embora não valorize um texto tanto como a imprensa, é como ela um instrumento ao serviço de expressão, da comunicação, da informação. Por exigência do próprio instrumento o limógrafo faz apelo ao trabalho de equipe, onde as várias tarefas ou operações de trabalho são combinadas, repartidas e assumidas: • • • • • •

escrita no stencil “a óleo” contagem do papel a utilizar colocação do papel tintagem secagem limpeza e arrumação 61

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Neste percurso, estão funcionalmente presentes e em exercício: ♦ aspectos estéticos - escrita clara, legível, bem desenhada, ♦ aspectos de paginação - margens, espaços, parágrafos; ♦ aspectos motores - adequação e distribuição regular da pressão num espaço limitado (operações de colocação do papel e tiragem); ♦ aspectos de conservação do material - operações de limpeza e arrumação ♦ sentido critico que conduz à recolha de informações e elaboração de normas para conseguir boas tiragens. Assim, o limógrafo é também um instrumento ao serviço da cooperação e ao tateamento. Além da imprensa e do limógrafo que privilegiamos, são também instrumentos de reprografia a máquina de escrever, o gelatinógrafo e o copiador a álcool. Estes últimos são utilizados, na maior parte das vezes, apenas pelos professores e empregados das escolas para reproduzir fichas ou outros exercícios e raramente postos ao serviço direto dos alunos. Embora a sua estrutura e funcionamento sejam diferentes das do limógrafo e por isso determinem uma organização mais pobre do trabalho, limitando ou tornando mesmo inexistente o trabalho de equipe, devem ser recuperados para a escola, pois permitem tiragens rápidas e pouco dispendiosas, ótimas para reproduzir avisos, decisões tomadas nas reuniões de turma. “texto-borrão”para serem trabalhados coletivamente ou em grupo.

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É por tudo isto que valorizamos o limógrafo e outros instrumentos de reprografia como suportes materiais ao serviço da expressão livre, da comunicação e da cooperação. De: Júlia Soares - Boletim da Escola Moderna, Lisboa - Portugal, 5/80. Para o Curso: A PEDAGOGIA FREINET EM AÇÃO - Julho/83.

POR QUE USAR O LIMÓGRAFO? É uma técnica de imprensa que, além de estimular a criatividade, permite a desmistificação da imprensa, como “dona da verdade absoluta”. Afinal, se a criança imprime, através do limógrafo os seus sentimentos, opiniões, poderá perceber que o que está no livro ou no jornal tem o mesmo valor que o seu impresso. Isto poderá dar à criança a sensação de igualdade em relação ao adulto. Essa sensação parece-nos de suma importância no sentido de desenvolver o poder criador da criança, ajuda-a a triunfar, a tomar consciência das suas possibilidades. Por outro lado, poderá desenvolver o espirito crítico, uma que a criança vai encarar o impresso como uma opinião da qual ela poderá discordar ou concordar. O limógrafo, um instrumento tão simples ( a criança poderá fazer o seu), serve como instrumento que formarão, sem dúvida, pessoas criticas, responsáveis, conscientes. (“Uma questão acerca do limógrafo”, in Jornal do Estágio Internacional da Pedagogia Freinet - FURB - de C.Freinet - Julho/81, Blumenau - SC.)

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MATERIAL NECESSÁRIO PARA O USO DO LIMÓGRAFO ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦ ♦

Papel de rascunho para impressão Matrizes à tinta ( o tamanho do limógrafo pode corresponder à metade de uma matriz inteira). Estilete (ou caneta de ponta fina). Celulóide áspera, folha de zinco ou folha de lixa (nº zero). Tesoura Fita adesiva (tipo crepe). Solvente (para a limpeza). Tinta de impressão (de várias cores). Panos (para a limpeza). Placas de Vidro ou Fórmica para espalhar a tinta. Revistas velhas para guardar a matriz usada (entre folhas). Rolo (ou limpa vidro de carros). ALGUNS LEMBRETES

♦ ♦

♦ ♦ ♦

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Ter em mãos todo o material necessário relacionado. Ao trabalhar sobre a matriz, não exagerar na pressão sobre o estilete, para evitar furar a mesma. O limógrafo deverá estar sobre uma mesa de frente para a luz. Mesmo estando em desuso, deve haver uma folha entre as duas partes do limógrafo. Providenciar um lugar para estender as folhas impressas. Sugestão: um barbante estendido para prender as folhas com clips ou grampos para varal.

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Trabalhar nos ateliers com roupa adequada (avental ou camisa velha). ♦ Após o uso, o limógrafo deverá ser limpo (pano e solvente) ♦ Antes de iniciar o trabalho, formar as duplas (uma imprime e outro coloca a folha no limógrafo e a põe para secar depois de impressa). ♦ Evitar trabalhar com muitas crianças ao mesmo tempo com o limógrafo para correr o risco de sujar as roupas, paredes ou outro material. Em salas numerosas é preferível dividir o grupo em grupo menores, com atividades diversas, para que permaneça o espirito de organização, tão relevantes nas salas Freinet. ♦ Reparar a matriz, prendê-la ao caixilho de madeira (lado interno) tomando o cuidado que fique bem reta e esticada sob a rede de nylon. ♦ Espalhar a tinta no vidro ou fórmica. ♦ Passar o rolo com tinta uma vez em linha horizontal, voltar uma segunda vez em direção oposta (no limógrafo). ♦ Testar o material em folhas de rascunho. ♦ Tirar a folha impressa, colocar imediatamente outra entre o limógrafo, para não sujar a parte inferior. ( Grupo de supervisoras - Agnes, Ivone, Neuza e Suzana - do Projeto: O Núcleo Freinet - Polo Gerador de Integração entre a Universidade e o Ensino de 1º grau - SESU/MEC, 1982 - Blumenau - SC) Para o Curso: A PEDAGOGIA FREINET EM AÇÃO Julho/83.

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PARA VOCÊ LER COM ATENÇÃO I - Para maiores esclarecimentos a respeito das técnicas de material, etc, pode-se sempre escrever à FIMEM ou a CEL nos seguintes endereços: FIMEM - Fedération Internationale des mouvements d'Ecole Moderne - Place Bergia BP 251 06406 - Cannes, France CEL - Coopérative de L'Enseignement Laic - Place Bergia BP 282. 06403 - Cannes, France. II - CELESTIN FREINET. As Invariantes Pedagógicas Apresentadas e traduzidas por Maria Inez .S. Cavalier As técnicas FREINET parecem constituir uma experiência válida a ser tentada, e muitos se sentem dispostos a iniciá-las. A pergunta' “Qual o primeiro passo?”, ou “como começar?”, o próprio FREINET respondeu com a publicação das "Invariantes Pedagógicas" (2). A definição de Invariante está contida na própria palavra. É tudo aquilo que não varia e não pode variar, seja qual for a latitude, seja qual for o povo. Invariante constitui a base mais sólida. Ela evita muitas decepções e erros”. (VIARD, citado por FREINET in Pour 1'école du peuple, pág. 138). Por isso, colocaremos aqui as Invariantes propriamente ditas, e também um teste elaborado pelo seu Autor, prometendo para breve a tradução da obra aqui apresentada numa breve amostragem. O teste a que aludimos utiliza as cores do código de trânsito, de maneira que, colorindo de verde, amarelo ou vermelho e estabelecendo o gráfico final, cada um poderá ter a medida de seu trabalho atual e as diretrizes para sua ação futura Antes de passar ao texto de FREINET, queremos observar que tentamos estabelecer uma nova gama de valores escolares, com o único objetivo de pesquisa da verdade, à luz da experiência e do bom senso. Assim, nossa pretensão fo 66

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realizar uma espécie de código Pedagógico: sinal verde para as praticas que estão de acordo com essas invariantes. nas quais o educador pode se engajar porque elas lhe garantem um resultado gratificante, sinal amarelo para as práticas que, em certas circunstâncias, e com as quais não se deve prosseguir senão com prudência, na esperança de logo ultrapassá-las. A - A NATUREZA DA CRIANÇA

Invariante 1: A criança tem a mesma natureza do adulto TESTE Você tem feito esforço para se impregnar desta invariante? Você aceita essa invariante, mas hesita em colocála em prática'.’ No seu comportamento, você age como se a criança fosse de natureza diferente da sua?

Invariante 2: Ser menor não significa necessariamente ser superior aos outros. TESTE Colocar-se numa carteira igual a dos alunos.

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no meio deles, assumindo as consequências pedagógicas desse gesto. Suprimir a disposição tradicional da classe que o coloca em posição de destaque. Conservar a disposição tradicional da classe

Invariante 3: O comportamento escolar da criança depende de sua constituição, de seu estado fisiológico e orgânico. TESTE Você tem tentado, com êxito, descobrir as razões psicológicas ou sociais da deficiência do trabalho de certas crianças? Você tem tentado sem grande êxito? Você reage como pedagogo tradicional, sem levar em conta as dificuldades individuais de seus alunos?

B - AS REAÇÕES DA CRIANÇA

Invariante 4: Nem a criança, nem o adulto gostam de imposições autoritárias. TESTE Você prevê em sua classe uma pedagogia

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sem imposição autoritária? Você tenta uma solução intermediária entre um resto de autoridade e uma tentativa de liberalização? Você prefere ainda uma imposição autoritária em todas as circunstâncias?

Invariante 5: (que decorre da precedente) Ninguém gosta de urna disciplina rígida, quando isso significa obediência passiva a uma ordem exterior. TESTE Suprimir a autoridade que exige alinhamentos supérfluos, atitudes rígidas, silêncio absoluto, substituindo-a por uma auto-displina no trabalho.

Invariante 6: (que decorre das precedentes) Ninguém gosta de se ver forçado a fazer um determinado trabalho, mesmo se esse não o desagrada particularmente. É a coerção que e paralisante. TESTE Abster-se de dar ordens estritamente autoritárias. Encontrar outras maneiras que exaltem o trabalho voluntário Reduzir progressivamente a atitude autoritária.

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suprimir a disciplina rígida

Conservar a forma habitual de disciplina e de trabalho obrigatório, mesmo se por causa disso a autoridade for atenuada.

Invariante 7: (que decorre das precedentes) Todos gostam de poder escolher o seu próprio trahallho, mesmo se esta escolha não for vantajosa. TESTE Organizar e prever técnicas de maneira que a criança tenha sempre a impressão de escolher seu trabalho Experimenta a livre escolha pelo menos nas atividades principais. Executar quase integralmente trabalhos para cuja escolha os alunos não foram absolutamente consultados.

Invariante b': Ninguém gosta de agir como rohò, quer dizer, fazer coisas, submeter-se a idéias que decorrem de uma mecânica da qual não participa. TESTE Todas as atividades escolares encontram sua razão

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de ser no comportamento do indivíduo em seu meio. Você desenvolve atividades que dão uma ilusão de liberdade e de motivação, mas que não passam de substitutivos artificiais Você impõe deveres escolásticos.

Invarianle 9: (que é conclusão das precedentes) É preciso que se motive o trabalho. TESTE Atividades motivadas às quais os alunos se entregam totalmente Atividades mistas às quais se tenta dar um espírito novo. Trabalho tradicional.

Invanante 10: Abolição da escolástica. TESTE Trabalhos que nos mesmos faríamos com interesse, aos quais alunos e professores são capazes de se dedicar fora dos horários normais, durante o recreio, por exemplo, sem ver o tempo passar. 71

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Trabalhos mais ou menos influenciados pela escola moderna, mas que conservam ainda, devido ás condições atuais da maioria das escolas e do meio, uma parte mais ou menos importante de escolástica, contanto que se tenha consciência disso. C Trabalhos escolásticos tradicionais.

Invariante 10 a: Não é o jogo que é natural na criança, mas o trabalho. TESTE Realização máxima de uma escola do trabalho. Mistura de deveres e trabalho Nenhuma tentativa ainda de trabalho verdadeiro, ç

C - AS TÉCNICAS EDUCATIVAS

Invariante 11: A via normal de aquisição não é absolutamente a observação, a explicação e a demonstração, processo essencial da Escola, mas o tateamento experimental, atitude natural e universal.

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TESTE Você trabalha dentro do princípio de unia educação fundamentada na experiência e vida, pelo _________________ tateamento experimental < Você é pela introdução cada vez mais freqüente da experimentação na Escola, mas retorna ainda à explicação, em algumas atividades Você não modificou ainda a prática habitual escolástica de aprendizagem.

Invariante 12: A memória, à qual a Escola dá tanta importância, não é válida e preciosa senão quando é integrada ao tateamento experimental, quando está realmente a serviço da vida. TESTE Promover um ensino vivo, no qual a memória so tem importância como ajuda técnica. Pedagogia na qual a memória tem ainda grande importância. Praticar uma educação e uma motivação de memória

As aquisições não se fazem como se crê as vezes, pelo estudo de regras ou leis, mas pela experiência. Estudar primeiro estas regras e leis em português. em arte, em matemática, em 71

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ciências, é colocar "o carro na frente dos bois". TESTE Um trabalho experimental vivo. (É fazendo que se aprende). Experiências, mas estudo simultâneo de certas regras na esperança vã de que o ensino poderá se beneficiar delas. Ensino clássico, á base de regras e de princípios decorados.

Invariante 14: A inteligência não e. como ensina a matemática, uma faculdade especifica que funciona em circuito fechado, independentemente de outros elementos vitais do indivíduo. TESTE Processo intensivo do tateamento experimental, tal como ele se tornou possível pela pedagogia FREINET. Intensificação progressiva do tateamento experimental, no esquema, entretanto, da velha pedagogia intelectualista. Concepção ainda clássica da inteligência por práticas escolares escolásticas.

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Invariante 15: A Escola não cultiva senão uma forma abstraía de inteligência que age fora da realidade viva, por meio de palavras e de ideias guardadas na memória. TESTE Se através de técnicas adequadas você cultiva ao máximo todo potencial de inteligência dos indivíduos...

(

Se a cultura dessas possibilidades complementares só se faz ainda acidentalmente... Se você se contenta ainda com cultura da inteligência escolar...

Invariante 16: A criança não gosta de ouvir uma lição "ex cathedra ”. TESTE Você começa em todas as atividades pela experiência e informação Você tenta tornar a lição interessante, mas ela continua sendo uma lição. Você não ultrapassou a fase da lição "ex cathedra”.

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Invariante 17: A criança não se cansa ao realizar um trabalho que está na linha de sua vida, que lhe é por assim dizer funcional. TESTE A criança pode trabalhar várias horas sem se cansar. A criança se cansa, as vezes, o que exige descanso. É preciso que haja recreio.

Invariante 18: Ninguém, nem a criança nem o adulto, gosta do controle e da sanção, que são sempre considerados como um ataque à sua dignidade, sobretudo quando feitos em público. TESTE Você suprimiu as correções com caneta vermelha, você adotou uma atitude de ajuda. Você ainda está só a meio caminho desta conquista. Você ainda continua nos velhos princípios de ______________ correção e de sanções (f

Invariante 19: As notas e classificações são sempre um erro.

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TESTE Você suprimiu notas e classificações, substituindoas por novas formas de trabalho. Você substitui cautelosamente notas e classificações por outros nomes. Você permanece fiel à antiga tradição.

Invarianle 20: Fale o menos possível. TESTE Você é organizado para trabalhar; você suprimiu as lições. Você fala cada vez menos Você se esforça para falar menos, mas ainda não operou a evolução pedagógica necessária. Você se restringe, de preferência, às virtudes da linguagem explicativa.

Invariante 21: A criança não quer um trabalho de rebanho, ao qual o indivíduo deve se submeter. Ela quer um trabalho individual ou de equipe no seio de uma comunidade cooperativa. TESTE Você organiza a prática interessante do trabalho 77

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individual no seio de uma equipe ou de uma comunidade. Você tenta experiências de trabalho de equipe. Você persiste numa organização tradicional do trabalho.

Invariante 22: A ordem e a disciplina são necessárias na classe. TESTE Você consegue, através de complexas de trabalho uma ordem viva.

técnicas

O trabalho não é ainda suficientemente organizado para que ele possa se bastar nesta busca de ordem necessária. As crianças têm ainda necessidade de ordem imposta exteriormente.

Invariante 23: As punições são sempre um erro. Elas são humilhantes para qualquer pessoa e não alcançam nunca o objetivo desejado. TESTE Você suprimiu totalmente as punições sob sua forma de sanção automática.

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Você tenta suprimir as punições, mas você nota ainda, frequentemente. recaídas sintomáticas. Você acredita que as punições são necessárias, portanto aceitáveis.

Invariante 2-1: A nova vida da Escola supõe a cooperando escolar, isto é. a gestão pelos usuários, inclusive o educador da vida e do trabalho escolar TESTE Você pratica essa cooperação total Você tem uma cooperativa por assim dizer anexada à classe, mas não investida ainda de todas as suas responsabilidades Você quer conservar todo o poder.

In variante 25: A sobrecarga das classes é sempre um erro pedagógico. TESTE Você tem 20 a 25 alunos, tudo lhe é possível. Você tem 30 a 35 alunos, você terá muitas dificuldades. Você tem mais de 35 alunos. 79

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Invariante 26: A concepção atual dos grandes conjuntos escolares leva professores e alunos ao anonimato, que é sempre um erro e um entrave. TESTE Você trabalha num grupo humano de 5 a 6 classes, você alcançará mais facilmente o sucesso de suas realizações. Condições especiais lhe permitem um trabalho aceitável dentro de um grande conjunto, como por exemplo, local e cursos separados ou classes experimentais. Você pertence a um grande “conjunto caserna anônimo”.

Invariante 27: Prepara-se a democracia de amanhã pela democracia na Escola. Um regime autoritário na Escola não poderá formar cidadãos democratas. TESTE Você se esforça para organizar a democracia na Escola. Você faz timidamente algumas tentativas que não afetam ainda todo o ensino Você faz parte ainda de uma Escola autoritária.

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Invariante 28: Não se pode educar senão dentro da dignidade. TESTE Se você consegue realizar esta regra em sua classe... Se você se esforça sem consegui-la integralmente... Se você ainda não humanizou a Escola...

Invariante 29: A oposição da reação pedagógica, elemento da reação social e política, é também uma invariante com a qual teremos que contar, sem que possamos evitá-la ou corrigi-la. TESTE Você consegui dominar essas posições. Você encontra oposições, mas tem grandes esperanças de sucesso. Você encontra oposições demais para prosseguir.

Invariante 30: Enfim, uma invariante que justifica nossos tateamentos e autentifica nossa ação é a esperança na vida. E assim é, pois quanto mais jovem e novo é o indivíduo 81

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mais ele sente a necessidade de prosseguir com temeridade. Quando a autoridade brutal pensa ter conseguido extiguir seu ânimo, ei-lo que toma clandestinamente outras vias para ultrapassar os obstáculos e retomar em seguida sua caminhada para frente. Quando pela doença, pelo aburguesamento, pela velhice ou pelos erros graves de educação, se chega a anular esta esperança na vida é que o fracasso pode parecer definitivo. Esta esperança na vida será, no desenvolvimento tateante das invariantes acima, o misterioso fio de Ariadne que nos conduzirá ao nosso objetivo comum: a formação na criança

do homem de amanhã.

GRÁFICO GERAL Se

você

quer

fazer

o

balanço

de

sua

situação

de

educador e ver:

em que medida você dominou os obstáculos que se opõem à sua ação; como você soube, nos sinais vermelhos, não se contentar em parar, mas tentar procurar, através de desvios e atalhos, ultrapassar os obstáculos para reencontrar mais adiante a estrada principal; - como você se colocou nos sinais amarelos; como você ultrapassou com grande velocidade os sinais verdes, você estabelecerá um gráfico que o levará a continuar conosco a luta por uma escola moderna, sempre mais eficiente, mais livre e mais humana.

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PRINCÍPIOS DA ESCOLA MODERNA (Pedagogia

Freinet) (Traduzidos de : Charte de l 'École Moderne, 1968, por Maria Inez S. Cavalieri). 1. Educação significa desabrochamento, desenvol­ vimento, e não acumulação de conhecimentos, enquadramento ou condicionamento. 2. Nós nos opomos a toda e qualquer doutrinação. 3. Rejeitamos a ilusão de uma educação auto-suficiente ou independente das grandes correntes sociais e políticas que a condicionam. 4. A escola de amanhã será a escola do trabalho. 5. A escola terá como preocupação primeiro a criança: a própria criança, com nossa ajuda, formará sua personalidade. 6. A liberdade de experimentação é a condição básica de nosso esforço de modernização escolar através de cooperação. 7. Os educadores são os únicos responsáveis pela orientação e exploração de seus esforços cooperativos. 8. Nosso movimento da Escola Moderna se preocupa em manter relações de simpatia e de colaboração com todas as organizações que trabalham no mesmo sentido. 9. Estamos dispostos a levar nossa experiência a nossos colegas no sentido da modernização pedagógica, mas nos reservamos o direito de conservar nossa liberdade de ajudar, de 83

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servir, de criticar, segundo as exigências da ação coopertiva do nosso movimento. 10. A Pedagogia FREINET é fundamentalmente internacional. É através do princípio de equipes cooperativas de trabalho que tentamos desenvolver nosso esforço em âmbito internacional.

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Nada está pronto e acabado. Portanto, as folhas subseqüentes são suas, Viva simplesmente ...

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BIBLIOGRAFIA SUMÁRIA DAS PUBLICAÇÕES DE FREINET EM ESPANHOL E PORTUGUÊS

1. Em Português do Brasil SILVA, Clarisse F da Significarão as Técnicas Freinet a “morte” dos manuais escolares? Revista Educação. Brasília: v 2, n. 6, jul- dez. 1972 2. Em Espanhol: FREINET, Célestin . La psicologia sensitiva y la educación. Buenos Aires. Troquel, 1969. FREINET, Célestin Método Natural de Lectura. Revista Epoca. Montevideo. n. 2, jul. 1960. FREINET, Célestin. La educación por el trahajo. 12 ed. México: D.F. Fonto de Cultura Econômica, falta ano. FREINET, Célestin. La educación por el trahajo. México, 12 ed , D.F. Fondo de Cultura Econômica ] FREINET, Célestin, - Parábolas para una pedagogia popular (los dichos de Mateo) 11 ed. Barcelona Estela Barcelona, falta ano FREINET, Célestin, - Cuia Práctico de la Escuela moderna. Barcelona, 11. Editorial Esteia

FREINET, Célestin Gui Práctico de la Escuela Moderna. Barcelona: Esteia, falta ano. 90

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Referências bibliográficas

CAVALIERE, Maria Ines S. De Rousseau a Freinet ou da teoria á pratica: uma nova pedagogia. São Paulo Hermes, 1978. FREINET, Célestin. Consejos a los maestros jóvenes. Barcelona. Laia. 1973. 182 p. (Biblioteca de La Escuela Moderna). . Conselho aos pais. 2. ed. Lisboa: Estampa, 1974. 180 p. ( Técnicas de Educação, 6). . La educacion moral y cívica Barcelona: Laia, 1972. 82 p. ( Biblioteca Moderna, 4). . Las enfermedads escolares Barcelona: Laia, 1972, 92 p. (Biblioteca de la Escuela Moderna, 5). . Ensaio de psicologia sensivel. Lisboa: Presença, 1976 (Coleção Questões, 14/ 17) O jornal escolar. Lisboa Estampa, 1974 136 p (Técnicas de Educação. 11) . Q método natural II a: aprendizagem do desenho. Lisboa : Estampa, 1977. 387 p. (Biblioteca de Ciências Pedagógicas, 13). . O método natural de gramática. Lisboa: Dinalivro. 1978 . Pedagogia do bom senso. J. Batista trad. Monica Stahel M. da Silva, rev. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 91

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1988. 125 p. (Psicologia e Pedagogia). . Por una escuela del pueblo. 1986. (Cuadernos de Pedagogia)

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. La santé mentale de 1’enfant. les maladies scolaires, la dislexie, la delinquance. Paris: François, 1979. 153 p. . Técnicas Freinet da escola moderna. 4. ed. Lisboa: Ed. Estampa. 1975. 170 p. (Técnicas de Educação, 2). . O texto livre. 2. ed. Lisboa: Dinalivro, 1976 , BALES SE, L. A leitura pela imprensa na escola. Lisboa: Dinalivro, 1977. 112 p. (Biblioteca da Escola moderna). , SALENGROS, R. Modernizar a escola. Lisboa: Dinalivro, 1977. 94 p. (Biblioteca da Escola Moderna). FREINET, Elise O itinerário de Célestin Freinet: a expressão livre na pedagogia Freinet Lisboa: Livro Horizonte, 1983. . Nascimento de uma pedagogia popular: método Freinet. Lisboa Estampa, 1978. 472 p. (Biblioteca de Ciências Pedagógicas, 23).

SAMPAIO, Rosa Maria Whitaker Ferreira. Freinet: evolução histórica e atualidades. São Paulo: Scipione, 1991. (Série Pensamento e Ação no Magistério).

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Esa obra, sem dúvida, con­ sagra o autor como um educador que navega entre a paixão e a construção de um saber, dedican­ do ao mestre uma homenagem simples mas comprometida com a qualidade e a busca do novo. Não podemos ainda deixar de mencionar que toda a sua vida é embalada numa fé cristã, ao mesmo tempo promovendo-o e tomando-o humilde, iluminandoo na trajetória de irmão em Cris­ to. Audir e Freinet, assim se confundem nesta obra onde a tô­ nica da simplicidade nos convida a conhecê-la, para aprender as verdadeiras lições de vida e do universo da educação.

Marina Lemette Moreira