Um diário no sentido estrito do termo


303 93 35MB

Portuguese Pages [336]

Report DMCA / Copyright

DOWNLOAD PDF FILE

Table of contents :
a (1)
a (2)
a (3)
a (4)
a (5)
a (6)
a (7)
a (8)
a (9)
a (10)
a (11)
a (12)
a (13)
a (14)
a (15)
a (16)
a (17)
a (18)
a (19)
a (20)
a (21)
a (22)
a (23)
a (24)
a (25)
a (26)
a (27)
a (28)
a (29)
a (30)
a (31)
a (32)
a (33)
a (34)
a (35)
a (36)
a (37)
a (38)
a (39)
a (40)
a (41)
a (42)
a (43)
a (44)
a (45)
a (46)
a (47)
a (48)
a (49)
a (50)
a (51)
a (52)
a (53)
a (54)
a (55)
a (56)
a (57)
a (58)
a (59)
a (60)
a (61)
a (62)
a (63)
a (64)
P (1)
P (2)
P (3)
P (4)
P (5)
P (6)
P (7)
P (8)
P (9)
P (10)
P (11)
P (12)
P (13)
P (14)
P (15)
P (16)
P (17)
P (18)
P (19)
P (20)
P (21)
P (22)
P (23)
P (24)
P (25)
P (26)
P (27)
P (28)
P (29)
P (30)
P (31)
P (32)
P (33)
P (34)
P (35)
P (36)
P (37)
P (38)
P (39)
P (40)
P (41)
P (42)
P (43)
P (44)
P (45)
P (46)
P (47)
P (48)
P (49)
P (50)
P (51)
P (52)
P (53)
P (54)
P (55)
P (56)
P (57)
P (58)
P (59)
P (60)
P (61)
P (62)
P (63)
P (64)
P (65)
P (66)
P (67)
P (68)
P (69)
P (70)
P (71)
P (72)
P (73)
P (74)
P (75)
P (76)
P (77)
P (78)
P (79)
P (80)
P (81)
P (82)
P (83)
P (84)
P (85)
P (86)
P (87)
P (88)
P (89)
P (90)
P (91)
P (92)
P (93)
P (94)
P (95)
P (96)
P (97)
P (98)
P (99)
P (100)
P (101)
P (102)
P (103)
P (104)
P (105)
P (106)
P (107)
P (108)
P (109)
P (110)
P (111)
P (112)
P (113)
P (114)
P (115)
P (116)
P (117)
P (118)
P (119)
P (120)
P (121)
P (122)
P (123)
P (124)
P (125)
P (126)
P (127)
P (128)
P (129)
P (130)
P (131)
P (132)
P (133)
P (134)
P (135)
P (136)
P (137)
P (138)
P (139)
P (140)
P (141)
P (142)
P (143)
P (144)
P (145)
P (146)
P (147)
P (148)
P (149)
P (150)
P (151)
P (152)
P (153)
P (154)
P (155)
P (156)
P (157)
P (158)
P (159)
P (160)
P (161)
P (162)
P (163)
P (164)
P (165)
P (166)
P (167)
P (168)
P (169)
P (170)
P (171)
P (172)
P (173)
P (174)
P (175)
P (176)
P (177)
P (178)
P (179)
P (180)
P (181)
P (182)
P (183)
P (184)
P (185)
P (186)
P (187)
P (188)
P (189)
P (190)
P (191)
P (192)
P (193)
P (194)
P (195)
P (196)
P (197)
P (198)
P (199)
P (200)
P (201)
P (202)
P (203)
P (204)
P (205)
P (206)
P (207)
P (208)
P (209)
P (210)
P (211)
P (212)
P (213)
P (214)
P (215)
P (216)
P (217)
P (218)
P (219)
P (220)
P (221)
P (222)
P (223)
P (224)
P (225)
P (226)
P (227)
P (228)
P (229)
P (230)
P (231)
P (232)
P (233)
P (234)
P (235)
P (236)
P (237)
P (238)
P (239)
P (240)
P (241)
P (242)
P (243)
P (244)
P (245)
P (246)
P (247)
P (248)
P (249)
P (250)
P (251)
P (252)
P (253)
P (254)
P (255)
P (256)
P (257)
P (258)
P (259)
P (260)
P (261)
P (262)
P (263)
P (264)
P (265)
P (266)
P (267)
P (268)
P (269)
P (270)
P (271)
P (272)
Recommend Papers

Um diário no sentido estrito do termo

  • 0 0 0
  • Like this paper and download? You can publish your own PDF file online for free in a few minutes! Sign Up
File loading please wait...
Citation preview

Bronislaw Malinowski

diário no vztido estrito . - - do termo rrm



Um diário no sentido estrito do termQ "Durante todo aquele dia senti saudades da civilização. Pensei nos amigos de Mclbou rne. À noite, no bote, pensamento agradavelmente ambicioso: eu certamente serei 'um eminente estudioso polonês'. Essa será minha última aventura etnológica. Depois disso, dedicar-me-ei à sociologia construtiva: me~dologia, economia política etc., e na Polônia posso concretizar minl1as ambições melhor do que em qualquer outro lugar. Forte contraste entre meus sonhos com uma vida civilizada e minha vida com os selvagens."

21 de dezembro de 1917, Ilhas Trobriand

Bronislaw Malinowski foi um dos mais célebi:~s e influentes ant ropólogos do início do sécu lo.~~.··~fascido na Polônia em 1884, graduo~-llc'na Universidade de Cracóvia, indo logo depois para LÓndres, onde realizou pesquisas no British tv!ust-""' e, depois, na London School of Economics. Em 1910, passou a fazer parre do corpo docente da Universidad Londres. Seu trabaiho marcoL1 o avanço da ancropolo1 cuhur:1l além do estágio simplesmente descritivo, e continua sendo uma das principais referências acadêrr nesta ár~a.

Ao ser publicado pela prim~ira vez, cm 1967, este diário pessoul do renomado antropólogo Bronislnw Malinowski, que relata duas c1ap11s de seu trabalho de campo, na Nova Guiné (setembro de 1914 a agosto de 19 15) e nas ilhas Trobriand (outu bro de 19 17 a julho de 191 8), causou sensação no meio acadêmico. Publicado postumamente por iniciativa de sua mulher, o Diário foi muito mal recebido, pois se pensou que expunha facetas pouco ortodoxas da personalidade de seu autor e que, acima de tudo. um relato desse i.ipo não se destinava à publicação. O Diário nos mostra um Malinowski

que não se preocupa cm esconder

sua antipatia pelos nativos. às vezes beirando a agressividade. nem tampouco suas angústias. egocentrismo ou hipocondria. Apenas isso já seria suficiente para abalar a reputação p6s1uma de um dos maiores nomes da antropologia social. Mas Malinowski, além disso, usa em seus escritos a palavra

inglesa nigf;er (crioulo) para se r.:ferir aos nativos e, apesar da conotação negativa do termo ser

mui to posterior à época em que { o Diário foi escrito, sua uti lização por um respeitado membro da classe acadêmica deixou muita gente de cabelo em pé. Esta segunda ed ição do Diário, no entanto, é vista sob uma ótica diferente. A indignação suscitads nomes dos meses está sendo esclarecido. l'ui dormir sem leitura.

30: 1O. Levanrei-me muico tarde, à.ç 9, e liú direto romar o café da manhã. Depois do desjejum li alguns n{uncros de P1111dJ. A segL1ir, fui para a aldeia. Com Kavaka as coisas foram muito mal, por algum motivo ele estava m.endo corpo mole, de má vontade, e cu também não escava em boa forma. Durnnte o almoço conversei com S. sobre qLtcscõcs ernológiC\\S. Depois dei uma rápida olhada nos jornais. Fiz uma caminhada. Conversei um pouco mais sobre cmologia e polfrica com S. Ele é liberal imediacamenrc descobri um lado dele que me agrada. D0is escrevi rl.'leu diário e tentei sincerizar meus resultados, revisando Notes atl(i QllCries. • Prepi1racivos para a excursão. Ja11 rnr, durante o qual tentei conduzir a conversa para assunros ernológicos. Depois do janrar, uma conversa rápida com Vclavi. Li mais um trecho de N&Q e carreguei a câmera. Depois segui para a aldeia; a noite enhrnrnda escava clara. Não me sentia muito fucigado, e gostei da caminhada. Na aldeia dei a Kavaka um pouco de tabaco. Depois, como não havia dança nem assembléia, fui até Oroobo pela praia. Maravilhoso. Foi a primeira vez que eu vi essa vegetação :10 luar. Estranha e exótica demais. O exotismo transparece Jigeiramc1\re através do véu d as coisas familiares. Um clima tirado do cotidiano. Um exotismo force o suficiente para estragar a percepção normal, mas fraco demais para criar uma nova categoria de clima. Entrei no arvotcdll. Por um momenco fiquei assustado. Tive de me recompor. Tentei examinar meu próprio coroção. -Qual é minha vida

UM DIARIO NO SE:-JTll)Q ESTRff()

1)()

TERMO

67

1111'crior?-Não havia motivo pam eu esrar satisfeito comigo mesmo. t ) trabalho que cstotl fu~endo é uma espécie de narcótico em vez de 111t1n expressão criativa. Não estou remando vinculá-lo a fomes mais 11rofundas. Organizá-lo. Ler romances é simplesmente desastroso. Fui 11.1ra a cama e pensei em outras coisas de modo impuro. 1L.1O. De manhã S. me acordou. Levantei-me e me vesti bem a rempo p.tra o desjejum. Depois o desjejum, fazer as malas, e a parcida. O mar ~tamenro meneai. No domingo, 15 .11, levantei-me relarivrunente •••do e tracei de me ocupar. Queria burilar um pouco minhas anota\ôu sua casa an tiga e me contou

92

JlRONISL.:\W .MA.UNOWSKJ

uma história sobre uma cobra - quantas vezes ele havia acompanhado alguém até ali e lhe contado a mesma hist61'ia? Na praia, discussão sobt'e missionários - ligeiro acriro; perdi qualquer afeição pnr ele. \7em-disposcas e parecem hospitaleiras, de forma que tenho a scnsaçlo de escnr coere amigos. Não me sinto muito rejeitado. Até pessoas wnhecidas "no caminho" - os Rich, Cacr, Meredith - são humanas, são "conhecidas". Em Samarai, os Shaw, os Higginson, os R:imsay, Staolcy me crnrnram com grande cortesia... lgua foi ao navio. Esta n1anhã, com avo~ embargada, contou-me que seu "tio" Tanmaku hnvia 1icabado de falecer- desfez-se em lágrimas. 1loje fiquei sentado denrro ele casa o dia inteiro, colocando meu diário em dia, fazendo um curativo no meu dedo, preparando-me para urar foros - foi domingo, dia 20. À tarde, comei um banho baseante revigorante no mar, nadei e me deitei sob o sol. Senti-me forre, ~.1udávcl e livre. O bom tempo e !l frescura comparativa de Mai lu t.tmbém ajudaram ti me animar. Po r vol ta das), caminhei até !Laldeia e encontrei Vclavi. Encomendei uma ped ra de moer sagu e Ltma réplica de barco, por 10 bastões de tabaco. - Voltei paw casa meudedodofamuito. Sentei-me para ler Gaucier; Vela vi, Booc Ucaca se comporraram como minha "corce". J\ noite foi muito ruim; despertei com dor de cabeça... meu dedo doeu muico a noite ioceira; ,tparenrcmence eu tomei a infectá-lo no banho. Oncem, segunda, dia 21, o dia inteiro cm casa. .Manhã e tarde, Puallfl; conversamos sobre pesca. - Ocasionalmcnte, à tarde - acesso vio· lento de melancolia; minha solidão me acabrunha. Diverti-me com os contos de Gauticr, mas senti como eram vazios. Como um pcsntlclo invisível, mamãe, a guerra na Europa, pesam sobre mim. Penso cm mamãe. Ocasionalmente desejo estar com Toska, costumo con·

94

BRONIST,AW MALINOWSKI

templar sua foto. Às ve·zes não consigo acreditar que aquela mulher mal'avilhosa ... o trabalho vai muitO mal. 22.12. Terça. Puana veio de manhã e se ofereceu para me levar a

Kurere. • 1brnc.i a me sentar na jangad~t e deslizei pelo espaço, em meio ao maravilhoso cenário das ilhas e montanhas circundantes. Chegamos por volta das 4 e nos ins ralaram na casa do missionário. Meu pé esrá doendo, nem consigo ficar de sapatos. Volca e meia, encontrava na aldeia alguém que já conhecia, e conversávamos. Saímos da aklcia- a uma cerra distância para a esquerda, uma procissão dançante escava se deslocando peh~ praia. Só se podiam escorar a batida altamente elaborada dos tambores e a canção. Vi a procissão mais de perco. Na frente iam dois homens com pequenas mangueiras; delas pendiam guirlandas de uma espécie de folha, com as outras extremidades seguras por dois homens que vinham atrás. Eles eram seguidos por dois "chefes" besunrados de fuligem e pintados. A seguir vinha wna multidão de pessoas cantando e dançando, algumas com tambores, outras não. A canção era bastante melodiosa. A dança consistia em pular num pé só, depois no outro, elevando bem os joelhos. llm certos momentos eles dançavam curvado~, de coscas para as mangueiras, cercando-as corno se as venerassem. - Próximo à entrada da aldeia vieram ao en contro deles mulheres usando ornamentos, com dh1demas de penas brancas de cacatua nas cabeças; dançaram da mesma forma qlte quando trazem os porcos, ou seja, pulavam de um pé para o outro, embora não pareçam erguer os joelhos tão alto quanto os homens. Todos agiam com grande seriedade; obviamenre, tratava-se de uma cerimônia, mas nada havia de esotérico nela. Além do mais, a maior parte da "compai1hia" era composta de acorcs. Depois da "entrada" das mulheres, abriram-se grandes ebas; todos se sentaram - os protagonistas na primeira fita - e continuaram cantando enquanco comiam nozes de areca. A canção era oucra vez melodiosa; tenho a impre~são de que se usa a mesma *LocaJ cu;dç lri ~ :1çontecct uma fes tividade ~J·I~. EMA fuua cr:t ;cmprc cclebrndt1. por voha do ft1n do ano e inllUJ;Orava uOl J>C'ríock> tle jcjun1 crn prcparns-iio p;ira a fesia principal Jo iUlô 1ü.dvo~ :tpr•

xi1uadamcn'c ck>i$ mesc$ dcpoi$,

UM 01,\ruo NO SêNTIDO ESTIUTO DO TEl\MO

95

111dodia para todos os encantamen tos. Depis de se comerem as uo~es de areca, as mangueiras foram cortadas; depois, envolvidas r lll eba, servem como tr1ti.r111ã para os porcos. A seguir, voltei para a 1 .l~I\ da missão e tive algumas reuniões com os selvagens. Anoite, 1 xnusro dol'mi mal - , dor de dente. Houve dança na aldeia ... Nn manhã de quinta fomos a.Mogubo Point. Como não havia quase ~t'lito, decidimos ficar ali. Camp(b]dJ Cowlcy, m11ito bem-vestido, li.c~tante vigoroso. Causou-me uma boa impressão. Almoço. A seguir, eriódico boboca - o 1itt:es d.-i Pap11a. À noite, sonhei com uma mulher de corpo branco. De modo geral, sinto-me bem aqui: à sombra W 1desrnbrir o melhor esquema de medição). Colhemos limões e d~ formigas me ferraram. (Os mosquitos foram monstcuosos dui.tnte toda a estada em Rigo. Especialmente ma.is para a noitinha, •>U quando apenas alguns conseguiam passar para dentro do mosqtLicefro.) Enquanto eu caminhava rapidamente para a aldeia, ... a distância recoQheci as melodias do bara ou, mais precisamente, 111 - umacaixa faltando. Depois ao B.N.G., comprei sapatos, suco. Ted A. me "tratou mal", o qt1e me aborreceu. Consegui me controlar; voltei para casa, escrevi para Brammcll. Almoço; mostrei meus panOetos ao Ted e ao Capi· tão; tirei um cochilo; escrevi cartas para Leila e para a lSecretaria da Fazenda}; fui ao Spiller; o Capítãrindpaii dt. Oma.tilkt1.na. Embora tivesse aid() b1nido p;nit outra a.ld p;ai. **K:ill)lll~)'W01 mencionado cm C'Jf1il Gardurs "'-ski havia ~r.tuadido To'1)luwa.-;i le ..·ó.-Jo nun., cicpc.Jiçio de kulfl at~ ;i ilhil de ki1ava. O ven10 1nud-ou 110 mtio da vfa.gem e as c:ii~oas ti.,.cu111 ilt .i:egre$sar. }.{-;ilino-mki sentiu q\H: T'u h1~ õ1.c.:haiv.1 q ue.soa pf(SCn~a f1a...ja 1rn11-ido .1i-:1r. .+.•~•Filho e fill1tt de Tu'ull)w;i.

UM DJ,\RJO NO SENTIDO EsTRJTO DO TBRMO

183

Domi1)go, 16. Dormi até carde. 1àpa1·ofo [Japtvaropo?] (muim curco) perco da minha tenda, Tomwaya Lakwabulo• e alguns oncros nativos. Excelentes informações sobre po11/o. Ames do almoço 1·emei um pouco. Depois do almoço, às 2, censo da aldeia. Por volra das 5, cxauscão (oervosa)- mal podia me movei·. Fui para Kiribwa (tomaké J