O Pai e sua função em Psicanálise


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Dor Joel - O Pai e sua Função em Psicanálise.
o pai e sua função em psicanálise - parte 2
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Joel Dor

O Pai e sua Função em Psicanálise Tradução:

Dulce Duque Estrada

Jorge Zahar Editor Rio de Janeiro

A François

Sumário

Prefácio ...........................................................................9 I. Introdução: a função do pai em psicanálise ..................13 II. Natureza-cultura: a proibição do incesto e o pai da horda primitiva ...............................................21 III. Do homem ao pai e do pai ao homem ............................33 IV. O Pai real, o Pai imaginário e o Pai simbólico: a função do pai na dialética edipiana ..............................43 V. A função paterna e seus avatares ....................................57 VI. A gênese freudiana da noção de foraclusão ....................93 VII. A função paterna e seu fracasso ....................................101 Bibliografia ....................................................................113 Índice de autores citados ................................................119 Índice terminológico ......................................................121

Papai contemplando a imagem de sua imagem.

Prefácio

Por mais recorrente que seja a problemática do pai no campo da experiência psicanalítica, só excepcionalmente é que se tem que abordá-la logo de início. Se bem que fique permanentemente subjacente, nem por isso ela deixa de ser, com freqüência, fugaz, por pouco que se enfatize precisa­ mente esta função. Tal evitamento sem dúvida se ex plica tanto melhor quan­ to a função paterna constitui um epicentro crucial na estru­ turação psíquica do sujeito. Quando mais não seja, pelo menos, pela razão de que a identidade sexual de cada um só tem como saída sofrer por meio dela a sua própria inscrição subjetiva, às vezes em detrimento da predetermi­ nação biológica dos sexos. Isso significa o quanto esta referência à função do pai se define como uma ordenação princeps, com relação à qual nenhuma complacência pode permanecer sem efeito. Con­ vém, ainda, que seja judiciosamente observada sua incidên­ cia, para além dos comentários psicologizantes, das pres­ crições .. pedago-lógicas" e outras ortopedias reeducativas de tcxias as obediências, cujo furor atual não se esgota quanto a esta questão do pai. Fixar as balizas fundamentais, que circunscrevem e sa­ turam as diferentes valências da função paterna, tomou-se uma tarefa tanto mais oportuna quanto me foi permitido avançar no terreno de um ensino proposto a clínicos preo­ cupados em esclarecer algumas eventualidades de sua prá­ tica. Tomei deliberadamente o partido de expor, sob uma 1

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perspectiva sinóptica, a infra-estrutura suscetível de orde­ nar seus pormenores, de tal modo que esta função apareça, sobretudo, na sua lógica interna, expurgada de todas as implicações mctapsicológicas e clínicas que inevitavel­ mente convoca. Essas implicações não deixaram de ser evocadas e vigo­ rosamente discutidas no decorrer deste ensino. Dele conservo a lembrança de um enriquecimento pessoal parti­ cularmente espinhoso. Por isso, para mim foi importante guardar seu testemunho cm meu íntimo, em vez de lastrar o relatório inicial que o tinha suscitado, quando se tratou de transpor por escrito o seu essencial para publicação. A sobriedade do texto que se segue deixa, assim, certa­ mente em suspenso um bom número de questões e comen­ tários que conservam toda a sua legítima acuidade. Em compensação, esta concisão me pennitiu restituir o espírito e a letra do projeto original: esboçar uma via teórica rigo­ rosa que se esforce por propor uma orientação segura no espaço de uma topografia psíquica complexa, alternada­ mente real, imaginária e simbólica, na qual consiste a fun­ ção do pai diante do inconsciente.

* * * Já há algum tempo, tomou-se uma regra éj.colher todo texto analítico de caráter didático como um conjunto de banali­ dades mais ou menos ordenadas, com relação às quais é habitual, na melhor das hipóteses, saudar a coragem meri­ tória de sua exposição. Pude me assegurar, desde longa data, de que este procedimento de comiseração freqüente­ mente escondia um outro, pelo menos na medida em que alguns desses lugares comuns fundamentais da psicanálise eram generosamente indigentes em mais de um desses comentaristas benévolos.

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Da mesma maneira, mais do que visar alguma contribui­ ção original sobre a questão do pai no campo da psicanálise, o texto que se segue tem antes a preocupação de esclarecer certas noções canônicas, com freqüência armazenadas de­ masiado apressadamente na escarcela psicanalítica de di­ versos clínicos. Baugé, 1989

/. Introdução:

a função do pai em psicanálise No campo psicanalítico, a noção de pai é investida de uma conotação bem particular. O pai a que nos referimos per­ manece, sob certos aspectos, excluído da acepção comum que dele fazemos, de saída e quotidianamente, enquanto agente da paternidade comum. Também não se trata de buscar apreender sua incidência na perspectiva de uma evolução histórica que permaneceria, ela também, estranha ao contexto no qual esta noção é operatória em psicanálise. Contra toda expectativa, até mesmo contra toda idéia recebida, a noção de pai intervém no campo conceituai da psicanálise como um operador simbólico a-histórico. Va­ mos entendê-la, então, como um referente que apresenta esta particularidade essencial de não estar sujeito à ação de uma história, pelo menos no sentido de um ordenamento cronológico. Todavia, ficando fora da história, ele não deixa de estar paradoxalmente inscrito no ponto de origem de toda histó­ ria. A única história que lhe podemos logicamente supor é uma história mítica. Mito necessário, se é que existe, já que esta suposição é universal. Além disso, qualquer que seja a aparente provocação que daí resulta com relação aos pais inscritos na realidade e em sua história singular, essa noção de pai em psicanálise também não remete exclusivamente à existência de algum pai encarnado. De fato, nada pode garantir antecipadamen­ te que esta encarnação corresponda seguramente à con­ sistência de um pai investido de seu legítimo poder de 13

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intervenção estruturante do ponto de vista do inconsciente. Nesse sentido, por pouco que tenhamos entretanto que considerá-lo como um ser, trata-se menos de um ser encar­ nado do que de uma entidade essencialmente simbólica que ordena umafunção. Devido à preeminência desse modo de existência simbó­ lica, tal é então o seu caráter fundamentalmente operante e estruturante para cada um, isto é, qualquer que seja o sexo daquele que a ele se acha referido. Em outras palavras, é porque esse pai simbólico é universal - daí a essência de sua necessidade -, que nós não podemos deixar de ser tocados pela incidência de sua função, que estrutura nosso ordenamento psíquico na qualidade de sujeitos. Com efeito, nenhuma outra saída é proposta ao ser falante a não ser curvar-se ao que lhe é imposto por esta função simbólica paterna que o assujeita numa sexuação. De resto, é na medida dessa especificacão que se propõe ao sujeito um espaço de identidade sexual que não tem, necessariamen­ te, adequação biunívoca com a bipartição biológica dos sexos. Nessas condições, sob que insígnias vêm se alojar os pais encarnados, ou seja, os homens colocados empiricamente em situação de se designarem como pais? No máximo, eles aparecem como diplomatas, até mes­ mo, de um modo mais geral, como embaixadores comuns. No sentido habitual do termo, o embaixador re­ presenta seu governo junto ao estrangeiro, a fim de assu­ mir a função de ali negociar todas as operações entre eles. Não poderia haver uma definição mais adequada no que diz respeito aos pais, compreendidos na sua realidade e na sua história. Aproximando-nos da metáfora, designe­ mos então o pai, no real de sua encarnação, como deven­ do representar o governo do pai simbólico, encarregado por ele de assumir a delegação desta autoridade junto à comunidade estrangeira mãe-filho.

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Até o momento, se não foi feito qualquer conluio entre o pai e o genitor, isso significa o quanto a entidade paterna que estamos abordando parece depender apenas de uma pura representação simbólica. Como tal, esta função se encontra, assim, potencialmente aberta a todo "agente di­ plomático" da realidade, por pouco que sua intercessão simbólica seja logicamente significante perante a economia do desejo do filho, às voltas com o desejo da mãe. Quanto mais o genitor é capaz de postular, legitimamente, o título de embaixador privilegiado, mais ele não passa de um caso de figura possível requerida pela exigência desta missão de. representação. Todavia, no terreno desse ministério essencialmente sim­ bólico, um "agente diplomático" qualquer não é, necessa­ riamente, o representante mais adequado para poder negociar essa missão. Nem todos são suscetíveis de desem­ penhar este papel igualmente. Não podemos desconhecer que o simbólico permanece fundamentalmente assujeitado à instância da linguagem. Nessas condições, assim como um diplomata goza de maior crédito se falar a língua estran­ geira do país onde é embaixador, também o embaixador paterno se desincumbe melhor de sua delegação simbólica se praticar a língua do desejo dos protagonistas junto aos quais deve assumir sua função. É sob este aspecto, e apenas sob este aspecto, que os pais da realidade se revelam me­ lhores ou piores embaixadores. Para além dessas metáforas plenipotenciárias, destaca-se uma primeira conclusão: nenhum pai, na realidade, é deten­ tor e, a fortiori ,.fundador da função simbólica que repre­ senta. Ele é o seu vetor. Esta distinção instaura, sob alguns aspectos, o desvio que existe entre a paternidade e afilia­ ção. Por se desenvolver num nível prioritariamente sim­ bólico,_ a filiação, do ponto de vista de suas incidências próprias, é prevalente sobre a paternidade real. Não obstan-

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te toda apreciação qualitativa, trata-se aqui de tomar a medida exata de um fato de estrutura que transcende a dimensão empírica e contingente da paternidade. Impõe-se uma segunda conseqüência, relativa agora à qualidade do pai. No caso, importa menos questionar as virtudes do próprio pai do que arrazoar esta qualidade na acepção aristotélica do termo, ou seja, como Lacan nos incita, no sentido de uma natureza. Em primeiro lugar, convém distinguir a soherania da função paterna que habitualmente decorre da apelação genérica de Pai sim­ bólico, da sua existência concreta e histórica de ser en­ carnado enquanto Pai real. Em segundo lugar, é comum levar em consideração o Pai imaginário, entidade fanta­ sística, se é que existe, 1 sem a qual nenhum Pai real poderia receber a investidura de Pai simbólico. Toda a transcendência do Pai simbólico só resulta de um simbo­ lismo legalista. De fato, a instância do Pai simbólico é antes de mais nada a referência à Lei da proibição do incesto, a qual é, portanto, prcvalente sobre todas as regras concretas que legalizam as relações e trocas entre os sujeitos de uma mesma comunidade. Em conseqüên­ cia, é porque o Pai simbólico é apenas o depositário legal de uma lei que lhe vem de outro lugar, que nenhum Pai real pode se vangloriar de ser seu detentor ou fundador. Mas, cm compensação, recai sobre ele o ter que se fazer valer de ser seu representante.

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1 A qualidade do pai imaginário recobre ao máximo a noção freudiana de imago no sentido em que, por exemplo, Laplanche a define como um "protótipo inconsciente de personagem [ ... ] elaborado a partir das primeira5 relações intersubjetivas reais ou fantasísticas com o ambiente familiar". Cf. J. Laplanche, J.B. Pontalis, Vocabulaire de la Psycha­ nalyse, Paris, PUF, 1973, p. 195. 4ª . ed. (Vocabulário da Psicanálise, Lisboa, Moraes Editores, 1976, 3! edição, p. 305.)

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Para isso, a prescrição simbólica desta lei supõe uma negociação imaginária prévia que se desenrola entre os diversos .protagonistas familiares: Pai-mãe-filho, reunidos comunitariamente sob a égide da triangulação edipiana. Não pode haver uma enumeração mais desastrada, no sen­ tido em que os três protagonistas não c.onseguem se discri­ minar nesta triangulação, a não ser na medida em que estão todos referidos a um quarto elemento: ofalo. 2 Só este quarto elemento constitui o parâmetro fundador suscetível de in­ ferir a investidura do Pai simbólico a partir do Pai real, pela via do Pai imaginário. Devemos a Lacan, a partir de sua leitura de Freud, ter insistido na incidência explícita desse quarto elemento na triangulação dos desejos recíprocos do pai, da mãe e do filho, já que não poderia existir outra triangulação edipiana senão a do desejo com relação ao falo. Por não "tê-lo regis­ trado estruturalmente nesse espaço de configuração, nume­ rosos comentários duvidosos precipitaram-se, assim, na contestação clássica da universalidade do complexo de Édipo,3 ou ainda na vertente de uma revisão salutar do mito

2 A acepção rigorosa do termofalo é desenvolvida no tomo Ida minha obra /lltroduction à la lecture de Lacan, Paris, Denoel, 1985, cap. 11: .. La prévalence du phallus" pp. 89/96. (Introdução à leitura de Lacan, Artes Médicas. Porto Alegre, 1989, pp. 71/76.) 3 A mais famosa delas é a de Malinowski, em época contemporànea à de Feud. Tanto por sua explicação pessoal dos tabus quanto por sua crítica ao complexo de Édipo, Malinowski se opôs em tudo às teorias freudianas; notadamente, a partir de seus trabalhos sobre os habitantes das ilhas Trobiand na Melanésia, que lhe permitiram contestar a univer­ salidade do coniplexo de Édipo. Cf. B. Malinowski, la vie sexuelle des sauvages du Nord-Ouest de la Melanésie, Paris, Payot, 1930. As teses de 8. Malinowski seriam vivamente criticadas por C. Lévi-Strauss em sua cé'lébre obra: Les structures éléme11taires de la pare11té, Paris/Haia, Mouton de Gruyter, 1971.

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edipiano tributário do antifalocratismo generosamente ali­ mentado pelo i maginário feminista. Com muita razão, numa tirada bem conhecida, Lacan repetia a quem quisesse ouvir que só se podia praticar a psicanálise na medida em que se soubesse contar até três. Ora, para dominar uma via aritmética tão mínima, devemos saber dispor de quatro elementos; o quarto é a unidade: o Um que não é um número, propriamente falando, mas a embreagem da construção de todos os outros. 4 O mesmo se dá com a triangulação edipiana pai-mãe-fi­ lho, a qual só tem sentido, estruturalmente, se for com­ preendida em referência a esta unidade fundadora que a ordena: o falo, entidade tanto mais irredutível quanto é a unidade significante do real da diferença dos sexos. En­ quanto tal, o falo constitui assim o centro de gravidade da função paterna, que vai permitir a um Pai real chegar a assumir a sua representação simbólica. Para isso será sufi­ ciente que ele saiba dar provas, num dado momento, de que é suscetível, precisamente, de atualizar a incidência fálica como o único agente regulador da economia do desejo e de sua circulação com referência à mãe e ao filho. A fim de exorcizar as proposições " pedago-lógicas" e os l ugares-comuns psicologizantes ainda muito genero­ samente difundidos nos meios educacionais em torno da carência do Pai,5 asseguremo-nos de que a função paterna conserva sua virtude simbólica inaugural mente estruturante na própria ausência de todo Pai real . Sob a reserva de certas condições particulares inevitavelmente exigidas no caso da

4 Trata-se aí de uma referência lacônica aos trabalhos de G. Frege sobre a construção do número cardinal . Cf. 1. Dor, L 'a-scientificité de la psychanalyse, tomo II, Paris, Éd. Universitaires, 1 988, pp. 157 a 1 64. 5 Quanto à questão da carência paterna, ver adiante, cap. IV, pp. 44 e segs.

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figura-limite e na preocupação de ter que significá-las de maneira oportuna, a função do Pai simbólico permanece, de fato, fundamentalmente indutora dessa promoção estrutu­ rante, em razão de seu caráter de radical exterioridade em relação ao Pai real . E m outro extremo, a ênfase é dada ao alcance inexpug­ nável desta função simbólica que constitui a pedra angular da problemática paterna na psicanálise. O caráter estrutu­ rante desta função se funda unicamente no fato de ela se apoiar num princípio estrutural. Não há, aí, pura e simples redundância. Trata-se de realizar que esta função se aplica no quadro de uma estrutura, ou seja, o conjunto de um sistema de elementos governados por leis internas. 6 Num tal sistema, basta que um único elemento se mova para que a lógica reguladora do conjunto de todos os outros também se modifique. Como a lógica dessas diferentes regulações constitui precisamente a expressão da função paterna, com­ preende-se que ela possa permanecer operante na ausência de todo Pai real. Porque a dimensão do Pai simbólico transcende a contin­ gência do homem real, não é pois necessário que haja um homem para que haja um pai. Seu estatuto sendo o de puro referente, o papel simbólico do pai é sustentado, antes de mais nada, pela atribuição imaginária do objeto fálico. Nessas condições, basta que um terceiro, mediador do desejo da mãe e do fi lho, dê argumentos a esta função para que seja signifi­ cada sua incidência legalizadora e estruturante. Ora, dar argu­ mentos a esta função não implica absolutamente, em última instância, a existência hic et nunc de um Pai real. A aplicação desta função resulta essencialmente da de­ terminação de um lugar terceiro na lógica da estrutura que 6 A propósito da �estrutura", cf. J. Dor, Structure et Perversions, Paris, Denoel, 1987, cap. 4, pp. 69 sq.

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confere , de volta, uma consistência exclusivamente sim­ bólica ao elemento que o ocupa. Nesse sentido, o estatuto do pai simbólico pode , pois, ser legitimamente remetido, como menciona Lacan, ao estatuto de um siRnificante que ele designa, então, de Nome-do-Pai. Estatuto desconcer­ tante, se é que existe, pois que não exige cm nada a presença de um homem cm situação de se designar como Pai na realidade. É justo porque o pai é investido de uma contextura puramente significante que ele pode vetorizar uma certa homogeneidade que encontra ela própria sua base lógica numa operação simbólica: a metáfora do Nome do Pai. Semel hante operação, durante a qual a criança substitui o significante do desejo da mãe pelo significante Nome-do­ Pai , contri bui assim para conferir ao pai um estatuto perfei­ tamente original. Com efeito, ao fim desta substituição significante, tudo se passa justamente como se o pai com que lidamos nada mais fosse, como formula Lacan, que uma pura meu�fora. 7

7 Cf. J . Lacan, les formations de l 'inconscient, 1 957-58, inédito, seminário de 1 5/ 1 /58 .

II. Natureza-Cultura: a proibição do incesto e o pai da "horda primitiva " É ao mito simbólico do pai da horda primitiva que devemos nos referir para tentar circunscrever de maneira mais apro­ fundada a essência conceituai da noção de pai que acaba­ mos de introduzir. Freud expõe este mito ao fim de numerosas análises antropológicas que constituem o próprio corpo de sua céle­ bre obra: Totem e Tabu. 1 Sem retomar o curso desses ricos desenvolvimentos, vamos nos deter na tese do pai primiti­ vo, tal como ele a desenvolve ao cabo de seu estudo. Devemos compreender esse mito como aquele sem o qual não poderíamos abordar a teoria do pai em psicanálise, já que é dele que esta recebe, precisamente, toda a sua consis­ tência. Para isso, parece oportuno, todavia, situar muito rigoro­ samente essa questão diante do problema epistemológico que ela vem levantar: o problema natureza-cultura que nos remete em linha direta, como veremos, ao estatuto do pai primitivo.

* * * O problema natureza-cultura só foi formulado muito recen­ temente no campo da reflexão filosófica, sob a forma de 1 S. Freud, Totem und Tabu ( 1 9 1 2/ 1 9 1 3), G .W. IX, S.E. Xill, 1/ 1 6 1 . Tradução francesa de Jankélévitch, Totem e t Tabou, Paris, Payot, n2 77, 1 973. 21

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uma dualidade. Podemos situar sua articulação, aproxima­ damente, no século XVIII. Certamente o que está em causa, aqui, é tão antigo quanto o próprio homem, já que é toda a questão da origem do homem como tal que é levantada pela problematização desse par natureza-cultura. Tradicionalmente, o par natureza-cultura se apresenta como um par de entidades opostas. O cultural, que diria respeito antes de mais nada ao adquirido, ao social, ao construído e ao instituído, se oporia de saída a tudo o que dependesse da ordem do inato. Nesse sentido, pode-se, pois, supor a idéia de uma progressão ordenada e hierarqui­ zada entre o estado da natureza e o estado da cultura. Em conseqüência, a cultura seria também colocada como o produto resultado de um progresso. Semelhante concepção da passagem da natureza à cultu­ ra sempre se manteve praticamente insolúvel enquanto foi p'roblematizada sob esta forma, por falta de uma estratégia epistemológica conseqüente, suscetível de vetorizá-la. De fato, a instituição de tal modo de relação entre a natureza e a cultura conduz necessariamente a impasses racionais, até mesmo a aporias lógicas. Se um filósofo como Jean-Jacques Rousseau, no entanto, pressentiu notavelmente esta dificuldade, nem por isso sou­ be tirar partido dela. Temos disso a prova mais manifesta em seu célebre estudo: O Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. 2 Nessa reflexão, Rousseau parte da seguinte idéia geral: a natureza do homem teria sido pervertida, corrompida pela sociedade. Por esta razão, apenas uma ficção do homem no estado de natureza permitiria te-situar aquilo que a cultura destruiu completamente. 2 1.-1. Rousseau, Discours sur [ 'origine et lesfondements de l 'inéga­ lité entre les hommes, Paris, Gallimard, 1965 .

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A idéia de uma ficção necessária introduzida por J .-J. Rousseau merece que lhe concedamos uma atenção ex­ trema. Ela supõe, com efeito, que já desde o século XVIII o estado de natureza não mais podia ser pensado a não ser sob a espécie de um conceito operatório. De resto, o próprio Rousseau insistia como convinha, já que apresen­ tava esta referência à ficção como uma exigência neces­ sária da razão. E isso, por dois motivos, ao menos. Por um lado, parecia-lhe evidente que jamais se poderia co­ nhecer o estado de natureza. Por outro, acrescentava ele, esse estado de natureza talvez nunca houvesse existido. A ficção parecia-lhe, assim, tanto mais imperiosa quanto era sobre ela que deveria fundar todas as teses de seu famoso contrato social. 3 Se a passagem do estado de natureza ao estado de cultura não pode, portanto, constituir o objeto de uma formulação objetiva, como conceitualizá-la? Rousseau sugere conce­ bê-la "pela imaginação". Só o homem próximo do estado de natureza conseguirá, por sua pureza moral, fazer reviver tal estado. Vamos encontrar, assim, essa tese, cara a Rousseau, do homem como "animal depravado" , a qual ele só pode sustentar ao preço de algumas equivalências discursivas. Em primeiro lugar, ela supõe que a moralidade é inerente ao estado de natureza. Em segundo lugar, implica que a depravação é própria do estado de cultura. No estado de natureza, o homem é suposto ignorar valores axiológicos como o bem e o mal. Mas, se é um bruto amoral, não deixa de ser um bruto feliz. Como toda a sua infelicidade provém do fato de que ele pode se aperfeiçoar, deve a esta aptidão a potencialidade de 3 J .-J. Rousseau, Du contrat social ou príncipes du droit politique, Paris, Marabout Université, 1 974.

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se tomar verdadeiramente homem, isto é, um "animal dotado de razão · · . Da mesma maneira, o homem natural

entra na ordem propriamente humana pela via deste a­ perfeiçoamento que o insere, pouco a pouco, na ordem cultural. Para Rousseau, é pois o movimento que, fazendo advir o homem, ao mesmo tempo o perde, de certa forma. Se a natureza porta cm si os germes de sua superação, estes germes estão, contraditoriamente, na origem da infelicida­ de do homem. Assim, a idéia de um progresso que estaria ligado à cultura aparece radicalmente recusada por Rous­ seau. É uma utopia pensar que a cultura seja fonte de progresso, já que ela tira do homem toda possibilidade de escapar à corrupção e à depravação. Daí a necessidade imperativa de um contrato social destinado a reconciliar a sociedade (a cultura) com as exigências da felicidade (a moralidade). Sem aprofundar as grandes linhas que animam esta re­ flexão, podemos, ainda assim, tirar alguns elementos de conclusão a propósito desta concepção clássica natureza­ cultura. Sob certos aspectos, tudo se passa como se, nesse con­ texto clássico, o homem pertencesse ao estado de natureza por seu corpo, isto é, o biológico; logo, de certa forma, pela ordem da necessidade. Mas ele só parece poder ultrapassar esse estado de natureza através do advento da razão e da liberdade que o fazem aceder à cultura. A cultura nasce, portanto, da natureza do homem. Devido ao fato de que ela é sempre, nesta concepção, colocada implicitamente como o fruto de um progresso, segue-se logicamente que se puderam considerar as sociedades ditas primitivas como outras tantas �tapas antropológicas transitórias que condu­ zem à sua aquisição. Compreendemos então por que foram feitos numerosos estudos, em campos conceituais muito

11atureza-cultura

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reducionistas, amplamente sobredeterminados, com fre­ qüência, por aproximações ideológicas duvidosas. 4 Devemos, no entanto, reconhecer em Rousseau o mé­ rito de ter situado as bases da antropologia contemporâ­ nea, em seu tempo e à sua maneira. Não sugeria ele, desde então, recorrer à experiência para tentar encontrar o na­ tural do homem através do cultural? Se algumas observa­ ções experimentais deram lugar a reduções ideológicas inaceitáveis, outras, em compensação, atingiram resulta­ dos muito mais positivos. Em particular, as investigações antropológicas de Lévi-Strauss permitiram abordar o pro­ blema natureza-cultura em bases operatórias surpreenden­ temente novas. Lévi-Strauss não se esforçou para imaginar um estado de natureza tão hipotético quanto inacessível, cujo projeto heurístico lhe parecia estar em completa oposição com o rigor da pesquisa científica. Pelo contrário, dedicou-se a tentar definir um critério que permitisse distinguir rigoro­ samente o que é natural no homem do que é cultural. Esse critério não lhe parecia poder ser estabelecido a não ser obedecendo a certas exigências. Por um lado, o natural deve poder, por definição, obe­ decer a leis universais. Por outro, o cultural, este parece só poder ser instituído a partir de regras particulares de funcionamento. Portanto, tudo o que houver de universal no homem constituirá sua natureza, devendo todo o resto, ne­ cessariamente, ser considerado como um produto da cultura. Aliás, todas as sociedades humanas, sendo normativiza­ das e regulamentadas, devem ser consideradas em estado 4 Por exemplo, vamos lembrar certas conclusões antropológicas de Lucien Lévy Bruhl quanto à mellta!idade primitiva. Cf. L. Lévy Bruhl, Les fo11ctio11s mentales dans les sociétés inférieures, Paris, 1 9 1 O, e La mentalité primitive, Paris, 1 922.

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o pai e suafunção em psicanálise

de cultura, inclusive as sociedades ditas primitivas. Eis aí uma completa oposição às sociedades animais que, por sua parte, não são em nada coextensivas a uma cultura. É preciso, pois, conseguir identificar, através de todas essas culturas, o substrato comum ao conjunto dos homens, do qual se poderá então dizer que constitui seu estado de natureza. Com Lévi-Strauss, o problema se coloca, assim, de ma­ neira absolutamente nova. Já que todo homem participa de uma cultura, a cultura só pode aparecer como a única natureza do homem. O substrato comum procurado será, então, ao mesmo tempo: I ) aquilo que define uma cultura; 2) aquilo que, sendo universal, participa de uma natu­ reza. É nas regras que ordenam as trocas matrimoniais que Lévi-Strauss consegue pôr em evidência o substrato co­ mum. Com efeito, nessas regras, figura sempre uma lei universal que é a da proibição do incesto. Logo, ela cons­ titui o critério rigoroso que permitirá separar a cultura da natureza. Este fato incontestável, que não é nem puramente cultural nem puramente natural, é sublinhado por Lévi­ Strauss nos seguintes termos: Por toda a parte onde se manifesta a regra, sabemos com certeza estar no estágio da cultura. Simetricam�nte, é fácil reconhecer o universal critério da natureza [ . . . ] Coloquemos, portanto, que tudo o que é universal., no homem, depende da ordem da natureza e se caracteriza pela espontaneidade, que tudo o que tem relação com uma norma pertence à cultura e apresenta os atributos do relativo e do particular [ ... ] A proibição do incesto apresenta, sem o menor equí­ voco, e indissoluvelmente reunidos, os dois caracteres nos quais reconhecemos os atributos contraditórios de

natureza-cult1 Significante d o desejo da mãe

W ;;-��-.......d1118 ue �--;-ri o convocado pelo discurso matemo pard q d"ra do Pai !.imbólico seja estruturante. Mas • ...... ,e, \ �··1·a expilo� • ! � - .1 • "titcante N orne- do- p,a 1· "':'· amua que este s1gru de um toffllUO 1 1c1a ·t.-· 1 . 1· s � e "cm am h1g111 ... d ades, re 1·cn"d· o a. ex . . p l"I ,taj· ' rnari.:ado cm .,ua d1lcrcnça scx11a I rL·1·•1t"iva• IIIL"IIIC ª"· ·úcs LjUC, / .• E·- . . º""ª" Clllldl� 110· 111,1., 411c se aprc;,cnta corno mac. so

na au�ncia do Pai rea!, o si�ificante Nome-do-Pai pode ler tndn o 11c� a_lcance mmbóhco. Por essa razão, é claro que

nilo pode ex1.vt,r funçdo materna no sentido de uma equi\'Q­ /hitla .,imetricamente substituível à/unção paterna.

A f11n111..,;11 de uma tal função remete, evidentemente, ao mito da horda primitiva e a suas conseqüências. Instituindo a castraçllo ,,imbólica, a.1e mito inscreve simbolicamente a prohlemálica da diferença dos sexos com relação ao falo. De modo que o falo, ou, mais exatamente, o significante fálico, só tem uma função: a de .,imbolizar a própria diferença sexu11l. E é ju.-;tamenlc essa função de referência que impõe a todo sujeito ter que negociar sua própria identidade sexual perante este signilicanlc fálico. As.gm, não é por acaso que Lacan insiste em designar esta incidência do significante fálico como significante da/alta no Outro: S(A:).' Da mesma maneira, Lacan inscreve a primazia desse signilicante em suas famosas fórmulas da sexuação, pro­ pondo algoritmos lógicos radicalmente liiferentes para sim­ bolizar a sexuação das mulheres.2 Essa diferença de inscrição significa apenas que não existe, para as mulheres, outra referência à castração além daquela que opera para os homens: o Nome-do-Pai, ou seja, este "ao menos um" Pai simbólico, não castrado e detentor do falo.

*** Sob certos aspectos, todos os avatares da função paterna \ permanecem, portanto, suspensos no destino que é reserva- \... do ao significante da/alta no Outro: S(lr). 1 cr. J. Dor, lnrroducrlon d /a /ecrure de Lacan, romo I, op. cil., cap. 25,!', 24.5. op. cir., 2cap.·3. +x e ix .x. cr. Joel Dor, Srruc1ure el PerVt!rsions, 16, pp. 217/227.

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o pai e sua fallfào em psicanáli•

o significante da falta no Outro especifica, antes de mais nada, a prevalência da castração. É neste lugar que o desejo da criança vai encontrar a lei do desejo do outro, a do pai. Nessas circunstâncias, a mãe irá se revelar como uma ocor­ rência barrada enquanto objeto de gozo. Vimos que isso não poderia advir como processo de simbolização estruturante para II criança, a não ser na me­ dida em que o pai lhe aparecesse como suposto ter o falo. O que equivale a dizer que II íunção paterna só é operatória sob a condição de que seja investida do estatuto de instância simbólica mediadora. A sone dessa atribuição ftílicu csc11nde, assim, a dialética edipiana abrindo caminho pura potencialidades de "crista­ lizações.. significativas, das quais dependerá diretamente a organização das principais estruturas psíquicas: a estru­ tura pen·ersa, a es1rut11ra obsessiva, a estrutura histérica, e ah: mesmo, por sua falta, as estr11turas psicóticas, como veremos mais adiante. FUNÇÃO PATERNA E ESTRUTIJRA PERVERSA

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A intrusão da figura do Pai imaginário, fantasiado pela criança, tal como um concorrente fálico junto à mãe, esbo ç a ª passagem da dialética do ser para a do ter. Todavia, essa passagem só pode se eíetuar logicamente sob a condição de que o pai apareça claramente à criança, num dado momen� o, como aquele que é suposto deter o objeto que a mãe dcseJ & , 8 Daí resulta que a miie deve saber se significar para .cn· ança como · fo ma r d a uma mãe fia/tosa que não sen c . . . 11 1 guma salls fella pela criança, identificado ele p ro- (' �� d1· u.•11,111 a,111i ;-·---. A J1rohlrmál1ca d11 r,1ru1uraçõo pc-rverti.a s u e l/e , np . cil . , pp. 1 33/ 1 3 8 (0 Jetich i.rnw, ESB vol. X X I ) .

ª "fines. · .r,,.udiana da nor,fo tk foraclu,ão

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tam h«:m ess a análise do feti chi smo que o incita a aba . ndonar ��a hipote se � renegação da re ali da de como mec anis mo mdutor das psicoses. O feti c hism e, mais ger alme ? nte, a s perversões põe m Freud no c a rrunho da clivagem do eu . Des de enCao, a . . . c 1 1 v a!l em do eu vira escla rece r, em últi m a instâ ncia, a funç a o d a rene g a ção e seus limites indu tores. Em J 938, um a refle xão aprofunda da da noção da Jchsp altung acaba i mpondo a Freu d essa revis ão, cujos vestígios encontra­ mos nesse s dois textos funda mentais: A clivagem do eu nos processos de defesa • e o Esboço de psican álise, • principalmente no c a pítulo V I I I . Através desses dois es­ tudos, vê-se cl a ramente que a perd a da realidade não surg e mais pa ra Freud senão como um corte parcial no sujeito : n a s psicoses, um a pa rte do eu, apenas, seria efetivamente cortada da re ali da de. Além disso, a clivagem do eu sobre a qual Freud havia fundado algumas esperanças demonstra não estar presente exclusivamente nos sujeitos psicóticos. Além dos perver­ sos, ele ac ab a observ ando sua incidênci a em todos os neu­ róti c os, c o mo mencion a no Esb oço de psicanálise. Ademais, no fim desta últim a obra, Freud substitui, quase indiferentemente, o termo renegação por Verwerfung: Semelhantes renegações se produzem freqüentemen­ te, e não apenas nos fetichistas. Em toda a p� rte ond� nos é possív el estudá -las, aparecem como meias-medidas,

�>; º;':·

8 S Freud " Die Icbspa l tung iro Abwebrv org ang " (I93 . de R. Le�. er� . XVIl 59/62.' . X Xill, 27 1/278 . Trad. francesa • . S.E. ' m ou Pontahs, '. Le chvage du m01. dans l es processos de défenseo do ,go no ve l/e 1/Lvue d.e Psychana/yse, n• 2, 1 970 . PP · 251 28 (A divisã proc esso d.e defesa, ESB v ol . XXID ). • ( ! 938) G.W. XVID, 67/ 1 38, 9 S . Freud, •A briss der Psy cboan al�s\ de psycha­ S .E. xxm, 1 39/207 . Trad . francesa e · Berm;,, A brégéXXID ). ESB vo l. 1 . ná/'se nalyse, Paris, PUF, 1 967 (Esboço de psica

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o pai e sua função em psicanálise

como te ntat ivas imperfe itas de sepa rar o eu da reali dade . A rejei ção é se mpre redo brad a por uma aceitaçã o [ . . . ] 0 que lev a à c l iv a gem do eu. 'º

*** To rna-se, p ortanto, impossível para Freud con c lui r a favor de um mecanism o o peratóri o c onseqüente para discriminar as psi c o ses das neuroses. Nem a perda ou a renegação da realidade , nem tampo u c o a cli vagem do eu demonstra m ser s a tisfatóri as s ob esse ponto de vista. A o fi m das investigações freudianas, podemos ao menos tirar as duas seguintes c onc lusões: po r um lado, a noção de Verwerjimg, i nscrevendo-se progressivamente num ca mpo de expl o rações cada vez mais referidas à problemáti ca psi cótica, é posta diretamente em correlaçã o c om a clivagem psíquica. Por outro lado, o invalidamento suc essivo das hipóteses freudianas sobre os mecanismos induto res do fato psi cóti c o contribui para modificar o estatut o da collStrução deliranre compensatória. Irúcia-se um movi mento de básc ul a na se­ qüência lógica dos termo s presentes, isto é, no nível da rel ação causal inicial mente pressentida por Freud, ent!e perda da realidade e reconstrução delira nte . A ela boraç ao delirante a parece cada vez menos c omo um proc esso c o m. , . pensatón o e , ao contran o , ca da vez ma is · como o parâ met ro . indutor da própria perda da re a l I' d a d e. Est a mversã o an unci a • c i· a das est ro tu ra, todo um recentramento s obre a preva 1 en . . . · o ! a no si mbóli cas que vão, assi m , ser si tua d as em pn me1 r P . ce n tra re se es E ' c os · ti ' co si p s sso na orgarúzação dos proce . pa ra uir . b tn' . mento, devido a Lacan , que va i assi m con o re1 e1rm te o d ' _ a ç a � promover a transfe rência da den o'nu. n

, · ca de f,oraclusa o. ção sob a con o taça_ o genen cit JO S. Fre ud , A brégé de psychall a lyse , op.

.,

p. 8 2.

ª

VII. A fu nç ão p terna e se u fracasso O proces so da met áfora do Nome-do -Pai so assegu ra s ua função estru turan te com re 1 açao • ao desenvolvimento ps{. ça na medi q uico da cnan da em que puder se desenvolver ob � a bas� do recalqu e originário do signi ficante do : eseJo da mae . Se esse recalqu e originário não se dá tod o �rocesso da metáfo ra do Nome-do-Pai é comprom�tidoº ate mesmo fracassado.

*** Com a dil-·isão do sujeito ' e a foraclusão, Lacan enfatiza deliberadamente a função principal das estruturas simbóli­ cas na compreensão dos processos psicopa t ológicos. A divisão do sujeito exprime uma relação de dependência explícita do sujeito em relação à ordem simbólica, no sen­ tido em que toda a estrutura subjetiva é dividida pela ordem significante . Esta preeminência da est ru tura simbóli c a no curso de todo acontecimen t o psíquico (pa tológi co ou não) é, muito precisamente, significada por uma ca tego ria lac a­ niana original: o grande Outro q ue, sob mui tos as pectos , ci rcunscreve O campo da ordem simbólica enq uanto tal. são do Além disso , não devem o s pe rder de vista q�e � div! do 1ata 1med mais ncia eqül cons a sujeito aparece com o Laco 1 Cf. lnrrodMcrlon tJ la kctu re de 1 21/ 1 35.

n, 1omo

I, op. cil . , cap. I S, PP· 101

102

o pai � .DIO função �m psiconális�

do Nome-do -Pai. Log o , é essen ­ c i a l mente com relação a essas três referên cias laca niana s fundamentais - a preemi nência do simból ico, a m etá­ fora do Nome-d o- Pai e a divisão do sujeito - q ue p ode­ mos compreender a função da foraclusão no c am p o das psicoses. N otemos desde já que, se a Verwerfung fre udi ana vai se beneficiar, daí por di ante, dessa "denominação controla­ da · · , não é de form a alg uma devido a uma pura pre ocupação com a original idade da tradução . Muito pelo contrário , é para insistir quanto à preeminência da ordem simbólica como u m l ugar de exercíc io legítim o da Verwerfu ng. Etimo l o gicam ente a forac/ usão é um termo sa ído do corpo d a termin olog i a j u rídica , q u e signi fica a aboliçã o simbólica de u m direito que não foi exercido no prazo prescri t o. Port anto , é princi pa lmente essa idéia de uma anul a ç ã o simbólic a que Lacan s ubscreve , ao utilizar o conceito de foracl u são. Trata-se, para ele, de enfatizar a aboliç ão de um significante. Todavia, é só na medida em que essa abolição incide sobre um significante particular - o significante Nom e-do-Pai - que ela pode especificar a i ndução dos processos psicóticos; o u sej a , o sig � fic �nte q u e é c onvocado a vir substit u ir o significante ongmano do d esej o da mãe. É a o comentar a anál ise do caso Schrebe r, em seu senu. 'd o, ProgresSJ van ário As psicoses, 2 que Lacan e conduzt · . . . essa anah se sob tas, 1 a , retoma mente ' a essa conc l usão. Ele · De u ma um a forma mais condensa da, num estudo d ! 957 . s icose.. ' . . p a d / � questão prelun 111ar a todo tratamen to poss1re . _ d0 signJ . bo hç ao onde formul a , de m aneira rad tca 1 • que ª a processo da metáfora

Q8 I is, S< u í l , 1 . 111• 1 95.5/ 1 95 6, Par . 2 J · Lacan ' Les Psychoses, l tvro ,,,. 1 °r , Rio ' 1 985). nn_s,; 1,•"ir J< · ar .,..1 nt r · ( Sem inário Ili, As psicoses, J orge Zah , ,ou t trait e me ire ma hm . pré . ion quest · une · · J J . Lacan, o . , · � 3 1 /5 8 3. la psychose . . . in Écrits, op. cu . PP

afi,nç ãopat erna t seufraca.sso

JOJ

ficante Nome-do - Pa i c onstitui "a . falha que dá a. psicos . _ e sua ' c ond1ça o essenci a l que a separa das , . . neuroses . E neste . p�nto pr�c 1so que reside, comparado a Freud, a contribui ­ . ça o exphc1 � de L a an que consist e, justa mente , em fazer � valer o c ar a ter cruc i a l da ordem simbólica e de su a função . . n a ello p a to geru a d as psicoses . Dizer que quando o N ome-do -Pai é foracluído a metáfora paterna frac assa é inferir igu a lmente que a etiopat ogenia

das psicoses está submetida d dimensão do acesso ao simbólico. Em outras pa l avras , neutra lizando a e me rgência

do rec a l que o riginári o , a foraclusã o do Nome-do-Pai com­ promete gravemente a assunçã o da castração simbólica. Em caso extremo, ess a aboliçã o faz falhar toda a função paterna. Portanto, a pro blemática da foraclusão está direta­ mente dependente da s o rte que ca be ao significante fálic o n o deco rrer da di a létic a edipi ana. Entre tanto , se o destino psicótico parece , assim, se dar em torno dessa op eração simbólica i na ugura l que é a me táfora do Nome-do-Pai , c onvém mos tr ar-se p a rticul a rmente vigil ante quanto a o sentido e ao alcance desse móbil. Assim c o m o p o demos , legitimamente , reconhecer e m L ac an o avanç o que l he é devido quanto à c o mpre ensão da i ndução dos process os psicótic os , do m esmo '.11-odo a mais e l ementar hones tida de exige que não se atnbua ao c oncei to de fo raclusã o do N ome-do -Pai um valor de s dese mpenho e comp etênci a univers a is que Lacan jamai e -doNom do o clusã a r o f a mo, r econheceu nele, No máxi . met apai e, a presentada por L acan c o mo um a hipó tes e enr sug e d lém A . psico lógica estru tura lmen te opera tória e ssos . proc dos ão duç · m a re um av anç o exphc a ttv , o s ob . , . . . s e c o mp re enda e m ps1c o t1cos , el a permi t e 1gu a 1 mente que · 8, 1 0ut traite . a1re . m 4 J . Lacan, " D ' une quest ion préhm la psy chose" , in Écrits, op. cit . , P· sn.

men t poss ible de

1 (M

o poi � .IMO fonçtfo �'" p.sicanálisr

que certos mecanismos atuantes nos processos neu róti c os - o recalque, em particular - não permi tem dar c onta da etiologia das psicoses. Essa hi pótese me tapsicológica permi t e, aliás, que se proponha urna orientaç ão coerente às estr atégias ter apê ut i­ cas, no sentido de uma restauração da inserção falha do sujei t o no registro simból ico. Sob esse ponto de vista e apenas esse , o conceito de foraclus ão do N ome -do -Pai constitui um epicent ro me tapsicol ógico heuríst ico e fe cun­ do. Podemos, por111nto , 110 menos por essa razão, tomar n ota disso a título de um progresso conseq üente. Mas e m cas o alg um podemos concluir que dispomos, com a foracl us ã o do Nome-do- Pai , de uma panacéia etiol ógica à toda pro va . O próprio Lacan sempre se mostro u particularmente pru­ dente quanto a essa questão. Se a forac lusão do N ome-do- Pai aparece como u ma explicação radical - para não dizer tota litária - dos pro ­ cessos psicóticos, é principalmente devido ao fato da existência do imperialismo de uma certa submissão da Escola, alimentada essencialmente em tomo de algu ns pontos cegos. Para citar apenas este, que parece ter gras­ sado com a maio r vio lência, vamos evocar o culto de u m� forma de ontologi smo manti do i gualm ente q uanto ara alforacl usão e ao N ome-do - Pai enquan to tal. P_ d1g ru ­ a das g uns ' essas categ orias foram realmente eleva _ qu a ll1a 11 vo d "do 1 1 -enten ma dadc de seres, com base num e q11an1i1a1iv o. . pa rt1cu la r Ele só O Nome-do - Pa i n4o .é um signifi c ante dado " da em que, nu m. é sign ifican te primordial na med1 to tal. quan E n r de de:que; momento vem ocupar um luga _ Como só o e e tec e le: n wic: é predeterm i nado an l,P� ; �e de te rm i11ado . r a ue p lll gar aberto à subst i tu ição m e ta/� , � ualquer q 1 1 ca ote q o · , s1gn m u Pa oe-d Nom nte ifica � o si gn � ssc sc:núdo - 1,acan ai e vo ec . v i rá ocupar este luaa r d isi . N ca 111es Nome-do p - os s11 nijl formul ou di ve rsas vezes

ª

fi

a fi, nçâo pat,rna • seu fraca.s.s

o

105

são m últip lo s. Como lem . brª 1 · D · N a s10,' . tem . eles exis no m1 ru· mo , n a mes ma qua nt'1 d . . de dos s1gru ª ftc a ntes susc etív eis d e se su ce derc m ne sse lugar a o qu a 1 sao _ conv oc ados num dado mo men to . A fora clusão se p rod uz, . prop n. a men te fa­ lando, qu �n do ne n hum sign ific a nte v em se a presentar a essa co n v �� çao Log o, ela n ão se dá de uma vez por todas . Ao � contran o, n a o cess a de se reproduzir sucessiv a men te Isso ta nto mais que é em termos de estrutura que se deve �enta ; apreender o meca nism o desta fora clusão do Nome-doPa i isto é , em termo s de movim ento e de regulação . Para que a estrutu ra se mantenha, é necessário, constan­ temente, que um significante venha ocupar esse luga r de substituição do signifi c ante do desejo da mãe. Em troc a , se nenhum significante substituto a dequa do vier ocupa r este lugar, a lógi c a simbólica se organiza diferentemente e, com ela, a realidade psíquica do sujeito. É isso que podemos designar, como faz Ginette Mich a ud,6 pela agenesia do sim bólico e do imaginário nos psicóticos. Em outras pala ­ vras assim c omo o paranóic o se esforç a para simbolizar o ima;inário , o esquizofrênico, ao contrário, lenta imagina ­ rizar o simbólico. a A forac l usão do Nome-do- Pa i parec e a fetar, antes, a , não se fóric meta ão tituiç subs à de presi a dinâmi c que . . e I emento d essa substituição. Assi m, a o referi . . n do ao propn lícita no con cello de foraclu, de abo 1 1çao · - que está imp 1' deia - ra d'ic a i na acep ça- o do t e nno Ção marca bem uma evo I uçao . . . l da Ver wer ia _ freud'1 an a inic Ve rwerfung . Se a conce pç ao . " ,. re­ a I dei a de um a e ent . )m a p · c1 · p a da !u �g estava as�mJ. eJt . �� ng e rfu Verw a n a Lac m 1e 1ção do registro s1m bo lico, co 1 2 3/ 1 2 4 · · s A ubi er, 1 98 7 , PP· S J . - D.N asio, Les y e u.r d e Lau r� ,. Pan re "A s pcr sonasob ica alft : s 6 O. M ichaud, Seminário de c hn i ca p ���: . En s ino m ini s1rado na ) ! idades psicopál icas" , 1 9 7 40 97 5 J: v e �s i dade Par i s VII . U . F . R . Ciências Humanas Clln1cas ,

106

o pai r ma fançdn rm p�icandlur

remete antes à idéia de um não -advento à ordem desre

registro sim bólico .

*** Tentemos conceber agora uma circ unstância da posi çã subjetiva onde, ao apelo do Nome-do -Pai vai respo nde � não a ausência do Pai real , pois esta ausência é mai s d� que c ompatí vel com a presença do signifi cante, mas a carência do próprio significante. 7 Não se poderia demarcar melhor do que faz Lacan aci ma a p rópria essência da foraclusão em sua dinâmica ind utora

dos processos psicóticos . De fato, na medida em que a foraclusão seja passível de tal eficácia, é preciso que ela incida sobre o significante Nome-do-Pai . É apenas quando o significante Nome-do­ Pai está foracluído que o recalque originário é fracassado, neutralizando a emergência da metáfora paterna. Não emer­ gindo este processo metafórico, segue-se que o acesso ao simbólico fica gravemente comprometido para a criança. Sob tais c ondições, todo um registro novo da economia d o

desejo lhe é barrado. Permanecendo ass ujeitada a uma relação a rcaica com a mãe, ela continua a se constituir como seu único objeto de desejo , isto é, como seu falo. esso Evoca r a fora cl usão do Nome-do-Pai como proc de em indutor de psicoses é enfatizar o fato da impossibilida

. ao Pai que se encontra a criança de poder se re1·"erir . tá me-do-P : N� o que dizer , üência conseq Em � de simbólico. 1

emergi u na qua · · forac l u{do é di zer que o Pai real não . rgen . dIÇ ões essa eme con que Sob co. e lugar de Pai simbóh . e à tout . . auJ . Lacan, " D ' une question prélunm

la psychose ," in Écr/ts, op. cit., P· SS1 ·

7

ssib le de trai te ment Po

ª }L"{ffo par,,rna • ••• fracauo

10'7

eia do pai é toma da impossível b arrand o, assi m, para a ' _ criança a simbo lizaçã o da Lei patem a que instaura a castr ação simbólica? lmente, essas circunstâncias inva Fo � lidantes odem ser refendas a essa ocorrência decisiva.. o Nome-do P . -Pa1 esta. _ ,, , quando este signilõ fiorac lu1uu il' cante é reneg ado no discurso da mae, - co mo lemb ra, explicitamente, Lacan:

Aquilo sob o que queremos insistir é que não é � ape � a maneira pela qual a mãe se acomoda à pessoa at que nos �eve ocupar, mas a importância que ela d �� dá a sua fala, digamos, à sua palavra, à sua autoridade, em o utras palavras, o lugar que ela reserva ao Nome-do­

Pai na promoção da Lei.•

A problemática da renegação do Nome-do-Pai no discur­ so matemo levanta, fatalmente, uma questão clínica impor­ tante : sob que condições pode uma mãe se apresentar como mãe psicotizante? Em conseqüência, uma segunda dificul­ dade surge imediatamente:. as mães dos psicóticos são elas próprias psicóticas? Além dessas interrogações serem cruciais, elas recebem freqüentemente respostas clínicas muito desconcertantes. No entanto, seu caráter de radicalidade não permite demar­ car com grande circunspecção o problema dos processos indutores das psicoses. A prova disso seria um caso bastante freqüente: como compreender, numa prole saída de uma crianças mesma mãe e um mesmo pai , que apenas uma das ncias ocorrê sej a psicótica? No máximo, isso supõe que ­ determi te amen logic pato imprevisíveis demonstram ser . amilia f da ria histó da os nantes em certos moment de minaire à tout traitement possible 1 J. Laca, "D' une queslion piili (o grifo é meu). la Pl)lcbotie ",in &rir&, op. cit., p. !179

Um dos sinais precursores precoces que nos é dado apreender, nesses espaços de potencialida des psicóticas refere-se principalmente ao investimento matemo da crian'. ça qu anto ao problema de seu nascimento. É clinic amente manifesto que um sujeito psicótico foi , na maior parte do tempo, investido pela mãe antes de seu nascimento, de uma maneira especificamente notável . É, pois, no investi mento matemo fantasistico da criança que já se toma possív el observar alg\ll\S índices significativ os da potenciali dade de incidências psicóticas. De acordo com um11 observação muito justa de Piera Aulagnier,' uma cri11nç11, com seu nascimento, é in v estida fantasisticamente pcl11 mãe como um ser deslacá ve l desta, isto é, um ser i maginariamente represenlado independente da existência da pn>pria mãe. Em algumas futuras mies, acontece, ao contrário, que a criança seja investida como uma dependência de seu pró­ prio corpo. Nessas condições, a separação da criança e da mãe é antecipadamente intolerável . Em toda mãe há um trabalho de luto a ser feito depois do nascimento da criança. Encontramos sua exp�o mais significativa nos estados depressivos encontrados pe la maioria das mulheres algum tempo depois do parto (depres­ é possível são pós-parto ). Todavia, este trabalh_o d� luto � antes de na medida em que a criança tenha sido mvesUda, mães que Nas mãe. da e ndent indepe ser como wn nascer, _ fica g rave "'"""' faze r isso , o trab alho de luto não conscD____ l de se síve pos · mente compro metid o, até mesmo quase tm ães e da pe esta izar tra u ne � ; i o �: :cus reali zar. Assi m, para de vão insti tui r um modo parttcu.lar rá lugar ue n 0 da nal, qre filhos, relaçio estritamente .rus1o ra. a nenhuma inte rcessão mediado

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INf ta 111nictu 111 lamal'qll9 1964 ,. -· pp, 47/67 . • _..__._ ".........

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109

Maud Manno ni evoc a notave lmen te bem esta partícula ridade em sua ob ra l 'en�"·anr arr . ére• er sa mere , · ( A cn ança retardada e s ua mãe):

A partir da c oncep ção O SUJ"eito desemp enh a para a ' . mae um � ape � mwto preci s o no plano fantas ístico; seu _ . de �tl � o Ja es � t �a � ado ; ele será esse objeto sem desejo s propnos , CUJ O uruc o papel será preencher o vazi o ma­ temo [ . . . ) Rec or � emos inicial mente de que é feita essa _ relaçao fantasís llca. Existe pa ra a mãe , real ou adoti·v a, . um pn meiro estado vizinho do s onho no qual ela deseja " uma criança" . Esta criança é, em primeiro lugar, uma es péc ie de evocaçã o a l ucinatória de alguma c oisa da i nfânc i a dela mesma , que foi perdida . Essa criança de amanhã é inicialmente c o locada s ob os vestígi os de lembrança em que se acham incluídos todos os sofri­ mentos experimentados, expressos na língua do cora­ ção ou do corpo. É assim que, nas mães de psicótic os, as diferentes etapas do embrião serão vividas no plano i maginário, c omo um desenvolvimento c orporal par­

cial no i n terior delas mesmas . seja, Quando chega essa criança tão desejada, ou i­ prime sua mãe a para cria a, realiz se nda quando a dema o d separa mas ra decepção: aí está, pois, este ser de carne , de ie espéc uma m o c dela· ora num nível inconscien te, é ir desse momento , fusã� qu� a mãe sonhava. E é a part r recons­ com essa criança separada dela , que ela vai tenta supe ser vai �­ truir seu sonho. A essa criança de carne uzir red l pape o com ta uma i magem fantasisti ce que terá 'º ãe a decepção fundamenta l da m .

1964• PP· ré et sa mere , Paris, Seuil , lO M . M lllllloni ' L 'en'.I''"an t arrié 66/ 67 .

1 11

o pai • ...., Jl,,,plo •m ,-lcandU.,,

Desde o início, a criança é encel'Tllda, portanto, nuhla relação de log ':° por sua mãe, já que é para ela, como diz Maud Mannoru, sempre a "significação de uma out ra coi­ sa " . O mal-entendido trágico e cativante que se ins ti tui en tão entre a mãe e a criança reside precisamente nessa "outra coisa " : A criança é destina da a preencher a falta -a-ser da mãe, não há out111 sianifi cação senão existir para ela e não pa111 si . . . A toda pn,tcn.sio da criança i autonomia vai corres­ p.lllder imediatam ente o desapareci mento, para a mãe, � SUpllrte fantasistic:o do qual ela precisa . " Sobre o fundo de u ma captura tio decisiva a função paterna é dcslituída antecipadamente, na medida cm que a rel.çio fusional mie/criança neutraliza toda a sua possibi­ lid.de de imerçio. De fato, essas mães mantêm, na maior pute das veza, uma relação muito específica com a Lei do pm, sob o modelo de 11ma reMgação sistemática da repre­ JffllaÇtio do Pai simbdlico. Aliás, tudo leva a crer, na preva1ênc:ia desta renegação, que essas mães perderam o senlido do alcance significativo da Lei, até mesmo , e� alguns cmms, que elas jamais puderam simboli zá-la para SI mii::sn.s.

a o A ambigüid9de mantida quanto i questão da rencg ça e , q� de apenas fato, pelo explica 1e da funçio .,.sem. � a mia têm 8 intençio de atualizar elu mesmas ª elas p ue 1 . q ta es � que de vem ...... o dmprezo patol óalco .... -·--yi, 0 pa do u1 a te utamen 1 a,-, � Lnio r quemn iepn:aerU Toda a s saber, aqula q11e u funda na difennça do s Jáli­ ae ; s:;° cetabelccer quanto dulinçio que �



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1 1 M. w-i, L ',,.,_, •rllri ,, ,. _,., op. -•

cll ·• P· 67 .

111

cas dos perv-ersos s e situa ' preci sa men . _ te, na aprectaç ao dessa confusao. Mas é também este des 1 ocam ento do lugar . , . no qua 1 a Lei e s1gru. ficada que dá conta . . da proxi rru dade . estrutural entre as psicoses e as perversões. " Para_ essas �es ' ' psicotizantes ' ' a Lei de que se trata é ' uma lei perfei tamente pessoal, de pura conve niênci a indi­ vidual, como assinala Piera Aulagnier. '' Ela é fadada a uma mobi lidad� i�aginá ria, imprevisível, o que é, preci samen­ te, contraditono com a essência de toda lei simbólica. Para retomar a fórmula de Lacan, essas mães estão, falando propriamente, ' 'fora-da-lei ' ' , já que nenhum lugar vago é jamai s deixado à intercessão de uma Lei terceira, que viria medi ati zar a fusão entre a mãe e a criança. Existe assim uma complementaridade lógica entre a re­ construção fusional e a instituição de uma lei pessoal. Jamais investida enquanto sujeito diferente do corpo da mãe, a criança permanece integralmente submetida à oni­ potência materna, j á que não lhe parece necessário que o pai surja como "fazendo a lei para a mãe" (Lacan). Em outras palavras, é porque a onipotência materna reina que a função paterna não tem lugar nenhum para existir. O desejo da mãe não sendo jamais referido ao pai, o da criança pe rmanece circunscrito à mãe, sob o modo imaginário e arcaico que conhecemos bem: ser o único objeto do desejo do outro, ou seja, ser o seu falo imaginário .

Em caso extremo, a criança cativa dessa relação fusional patológica sofre de uma/alta de filiação. Aprisi onada pela 12 A proximidade estrutural entre as psicoses e as perversões se expli­ ca , cert a ente, a partir do lugar matemo onde a Lei é signi �cada, tanto m pelo desvio que pode um lado como de outro. Sua di ferença é medida de existir entre uma • 'mãe psicotizante • • e uma "mie fálica' · . Cf. Strucrure �'.f'•rve rsio ns, op . cit., cap. I S , pp . 207/2 1 4. . .. . . psy chouque , 1D La P A ulagnier, " Remarques sur la structure P:rych an a/yse, op. cit .

1 12

o pai • """ fançdo em psicanálise

rene gação materna da função patern a, ela não pode, portan­ to, ser jamais reconhecida e desig nada como a filha ou 0 filho de um pai. Não existe, talvez, definição mais evocativa para aquilo que Lacan entende como foraclusão do Nome­

do-Pai .

*** O problema subsiste, evidentemente: o de saber por que e como um pai se deixa assim destituir da função simbólica que lhe cabe representar. Esse "eclipse" não deixa de ser acompanhado por um certo gozo complacente com ser dispensado. A questão permanece em aberto.

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1 1 ..

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o pai r .1110 fonção rm psicanális�

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blbliowraJla

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Índice de au tores citados P. Aulagnier, 1 08, 1 1 1 J. Dor, 17, 1 8, 19, 33, 43, 49, 5 0, 58, 59, 6 1, 77, 78, 82, 1 0 1 , 1 1 0 G. Frege, 1 8 S. Freud. 17, 2 1 , 29, 30-32, 34, 37, 38, 39, 44, 49, 67-8 , 77, 80, 8 1 , 84, 93- 100, 103 P. Gunon, 33 L. Israe� 77, 79-80 J. Lacan, 16, 17, 19, 20, 35, 36, 40, 44-5, 49-55, 58, 60, 67-9, 93, 1 00- 107, I l i

J . Laplaocbe, 16 C. Levi-S1ra11ss, 17, 2.�-7 L. Levy-Brubl, 25 B. Malinowski, 17 M. Mannoni, 108- 1 1 1 G. Micbaud, 105 J.-D. Nasio, 104 F. Perrier, 79 J.-B. Pontalis, 16 J.-J. Rousseau, 22-25 Scbreber, 102

Índice terminológico

Aboliçiio cio significante NOIIM- .., ....,., do llub\\ 1111 , 7 0. 7 1 Anobiv.W..:-. .\4, .\1. .19, 11.,, 61, 17, 1, ""-· .IO. .\4, 16 Ao--.._ Jit1. .li. ,eQ.

.................., litini: .,,, ......

,11

"-'-"• ... -: .... Nk .... ....,. ... pai: •.,, Pai Cee+,1-a, lO � lO 11 .,.... lll l4. C:- --. 66 pai: Vn- Pai � J6, 40-2, 47-1, 54-5, 59-62, 64-6. 72. � 12. 91. 95, 91 � � 54, 59, 103, 107 a;,..,- • e.. 99, 100 C1ónpm ,_.;e.. 100 C.-..- • � V,r Édipo �.., ......... JO. )4, J9 C1imç9 .......,_ li � J 1, 40, 16, 74, 14, 14-5 IJ __ ... JO. li, }5, Ca-: 1'6, � lllln

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•lanlnc101e do, 20, 5 1 -3 •11plmcl1 10, 63-5, 1 0 1 , I 02 Dnejo do pai, 47-8 Dl1ll1lca do 1er: V,r S er Dl1ld1lca do ler: Vrr Ter ni r.,.,oç1 do• .... ,., 1 4, 1 8, 28, 58-õ J , 1 1 - 2, I J O- J I Dln•mlai edlpwi1 : V,r P..dipo lllvld1, .14, .19, 40 Divido do •oJello, 53-4, IO l -2 Doador: V,r P1i l'..d ipiono(1J, dÍIWDica, 28, 43, 46, 5 l, 103-4 ordem, 28, 29 lriangulaçio, 16-8 &tipo, 3 1 , 44-7, 49, 52-4, 59, 73 decllnio do Comple,o de. 68 universalidade do Complexo de. 1 7 Ejaculaçio precoce, 73, 75-õ, 71-9, 90 Esquizofrênico, J Q� Esrado de Cultura: v,.r Narureu/Cultun Es1ado de Naturc.1.1: v,.r Nature.za/0,llniro &1nnura. 1 6, 1 9, 59, 76, I Q� hi11bica: Vl'r Histeria obuulvm: Virr Neuro5e obsessiva perven1: V,r �rvcrsio palcóllco: V,r Psicooe 1lmbólic1: Vrr Simbólico ExibiclonJuno. 1 1 -2 P1lo/P,lloo, 1 7-8, 34, 46, 48, 49, 52, SS, 51-9, 60, 69, 70- 1 , 74-6, 71-10. 106, 111 11rlbulçio f'11co, J.� -õ, 4 1 , 46, 41, SJ, 59, 61, 61-70, 71.9 cJrcuJaçlo do falo. 41-0, !1 7 11,nçln "llco, .14, 40, 60, 76, 71 111

idenrlficaçio fálica, 46, 47, SO, 60, 6J mãe fiilica, SI, 1 10 objdo fá lico, 1 9, 4 1, 46, 48, 49, 69, 7 1 , 7S onipo1mci1 fálica, 7 1 , 7S, 80 rivalidade fálico, 47, 48, S9, 6 1 , M, 67 si1nilic1n1e fálico, 42, S9, 7S, 103 F1lr1, 29, 42, 48, SS, 60. 64, 7 1 , 7', 1 1011 si1nificu1e do, no OulrO, S l -60, 6 1 -2 Fetichismo, 91-9, 100 Fllioçio, i,, 1 0 1 - 102 Foncluaào, 91- 102, 103-6 do NOIM-•1'11. 1 01-6, 1 1 1 - 1 2 Fon-da- lei 1-1: V,r MAt Fort-