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Portuguese Pages 289 [148] Year 2005
MICHAEL
PARENTI
O ASSASSINATO
De
A maioria dos historiadores, antigos ou modernos, mostra a república de Roma pela perspectiva da nobreza. O povo romano é representado como uma turba de parasitas ou uma
multidão interessada apenas em pão e circo. César, que abraçou a causa popular, é considerado um déspota e
demagogo, com seu assassinato sendo tratado como consegiiência de uma disputa constitucional ou contenda pessoal, destituída de conteúdo social, Em O assassinato de Júlio César, Michael Parenti submete essas asserções dos “historiadores oficiais”
a uma crítica revigorante, e extrai uma crônica da resistência popular
contra o poder, a riqueza e a degeneração entrincheirados em marcantes
episódios da história da chamada República Tardia. Segundo
Parenti,
César,
morto
em 44 a.C., foi apenas o último em uma linhagem de reformistas assassinados por conservadores que remonta boa parte daquele período. O
assassinato do líder pôs em movimento uma protelada guerra civil, a
extinção de uma república de 500 anos e a emergência de um regime absolutista que prevaleceria na Euro-
pa ocidental nos séculos seguintes.
O autor reconstrói nesta obra os
contextos social e político do com-
MICHAEL
PARENTI
O ASSASSINATO
JVLIO
DE
CESAR UMA HISTÓRIA POPULAR. DA ROMA ANTIGA
Tradução de BERILO VARGAS
a. Ri,
EDITORARECORMD RIO DE JANEIRO * SÃO PAULO
2005
P253a
CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. Parenti, Michael, 1933.
O assassinato de Júlio César; uma história popular da Roma antiga / Michael Parenti; tradução Berilo Vargas. — Rio de Janeiro: Record, 2005. Tradução de: The assassination of Julius Caesar Apêndice ISBN 85-01-07102-1 1. César, Júlio — Assassinato. 2. Roma — Polí tica e
govemo — 265-30 a.C. 3. Chefes de Estado — Roma. L. Título.
05-2773
Para Marina Anttila
CDD - 923.1937 CDU - 920:94(37)
Título original em inglês: THE ASSASSINATION OF JULIUS CAESAR — A PEOPLE'S HISTORY OF ANCIENT ROME
Copyright O Michael Parenti, 2003
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, armaze namento ou transmissão de partes deste livro, através de quaisque r meios, sem prévia autorização por escrito. Proibida a venda dest a edição em Portugal e resto da Europa.
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; B dm q DIA VE A gpa
EDITORA AFILIADA
Sumário
Agradecimentos 9 Introdução: Tiranicídio ou Traição?
11
bo
fdfp
O MNA Mm dm
História dos senhores: Império, classe e patriarcado Escravos, proletários e senhores Uma república para poucos
39
57
“Demagogos” e esquadrões da morte
Cícero eacaçaàs bruxas Aface de César
95 137
153
O assassinato
171
Às liberdades do poder
- Pãoecirco
71
121
“Vocês todos o amaram” O popularis
189
207
Apêndice: Nota sobre citações pedantes e nomes irritantes Notas
233
Índice
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25
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Agradecimentos urante anos Charles Briody tentou melhorar o latim de coroinha que aprendi quando menino; dava-me lições ad hoc, a maioria pelo telefone, pois agora vivemos em lados opostos da América do Norte. Admito que apesar dos seus esforços nunca fui muito além de Omnis Gallia est divisa in tres partes. Mas sou o único culpado. Felizmente, todas as grandes (e pequenas) fontes antigas estão disponíveis em tradução para O inglês. Briody me forneceu também, generosamente, certos livros fundamentais, com notas de sua própria autoria, e fez uma utilíssima leitura dos originais deste livro. Além dele, leram o manuscrito Tain Boal e Daniel Shoup; da mesma maneira que Briody, eles me ajudaram com suas críticas substantivas e sua educação clássica. Peggy Karp fez uma leitura atenta e especialmente valiosa. Jane Scantlebury ajudou-me a localizar fontes, e me deu conselhos e estímulo durante a redação do livro. Também contribuiu com sua crítica. Susan McAllister leu uma primeira versão do capítulo inicial e ofereceu-me outros tipos de ajuda de que eu muito precisava. Peter Livingston salvou a pátria — e o livro — esforçando-se para tirar das garras do meu traiçoeiro computador um texto precioso, anotado, que tinha sido misteriosamente engolido. Pou-
pou-me meses de impossível esforço de reconstrução. Willa
Madden, webmeister, também realizou utilíssimas operações con-
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CÉSAR
tra as vicissitudes do arquivamento eletrônico. Richard Wiebe e Andrea Segall me indicaram fontes úteis. E Sheeda Jamsheed me ajudou a pesquisar na biblioteca da Universidade da Califórnia. Meu editor em The New Press, Colin Robinson, apoiou-me com
seu entusiasmo. Seu assistente, Abby Aguirre, também foi prestativo. À coordenadora de produção Sarah Fan conduziu o livro por suas diversas fases com trangjiilizadora competência. E Holly Knowles preparou um excelente índice.
Introdução: Tiranicídio ou Traição?
Agradeço de coração a todas essas ótimas pessoas.
Oh, que queda a nossa, meus compatriotas! Eu, os senhores ce todos nós caímos, Enquanto a maldita traição vicejava entre nós.
— JúLio CÉsar, ATO III, CENA 2
m 15 de março de 44 a.€., num saguão adjacente ao teatro de Pompeu, o Senado romano aguardava a chegada do comandante supremo da República, Júlio César. Para a maioria dos senadores, aquela sessão não prometia surpresas. Mas alguns esperavam com a máxima atenção o que ia aconte-
cer. Tentavam manter a calma e uma pose descontraída — com adagas escondidas debaixo das togas. Finalmente César entrou no salão. Sua presença era imponente, reforçada pelo ar de comando de um homem no ápice do poder. Dirigindo-se às pressas para a frente do saguão, sentou-se no lugar de honra. Primeiro aproximou-se um senador que fingiu fazer um pedido pessoal em nome de um parente. Foi seguido por um grupo que se reuniu em torno da cadeira cerimonial. Ao sinal combinado, esfaquearam sua presa, causando-lhe ferimentos fatais. Com esse ato, os atacantes julgavam salvar a Re-
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CÉSAR INTRODUÇÃO
pública romana, Na realidade, preparavam terreno para sua com-
pleta ruína. Eis a questão que me ocupa neste livro: por que um seleto
grupo de senadores romanos assassinou Júlio César, aristocrata
como eles e célebre governante? A investigação desse episódio
revela algo importante sobre a natureza do mando político, do
poder emanado da classe social e da luta do povo pela democra-
cia e pela justiça social — temas que ainda hoje nos preocupam. O assassinato também foi uma data decisiva na história de Roma. Provocou uma guerra civil e pôs fim a qualquer vestígio de democracia que possa ter existido, inaugurando um período de governo absolutista que se estenderia por séculos na Europa Ocidental. Prevalece entre os historiadores, antigos e modernos, a opinião de que os assassinos pretendiam restaurar as liberdades republicanas, livrando-se de um usurpador despótico. Foi essa, aliás, a justificativa que eles apresentaram. Neste livro dou uma explicação alternativa: os aristocratas do Senado mataram César por-
que viam nele um líder popular hostil a seus privilégios de classe. Segundo essa visão, a façanha foi mais ato de traição do que tiranicídio, um dos muitos incidentes de uma série de assassina-
tos políticos que assinalaram a maior ção dramática de uma velha disputa reformistas apoiados pelo povo. Essa ginas seguintes, assim como aqueles ma
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parte do século, manifestaentre conservadores ricos € luta será discutida nas páprimeiros assassinatos. da República gerdia
E ria Eerntuadas por escritores a importância E interesses ma-
gicos sobre as realidades das classes
sociais embotam a percepção ã do passado. A distorção a quê me refiro mani festa-:se também num : comum a muitos histohábito
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riadores antigos e modernos, que retratam o povo de Roma como pouco mais do que uma canalha fétida e sedíciosa. Com palavras e ações, os romanos ricos não escondiam o medo e o ódio do povo, e de qualquer um que infringisse suas prerrogativas de classe. A história está povoada de exemplos de elites político-econômicas que consideram qualquer desafio à ordem social que os privilegia um desafio a qualquer ordem social, um convite ao caos e à perdição. Os oligarcas de Roma não eram exceção. Vivendo no mais extremo luxo e opulência, foram perenemente hostis ao elemento democrático de Roma. Só davam valor à República na medida em que ela convinha ao seu estilo de vida. Rejeitavam como “demagogos” e “usurpadores” os dedicados líderes que endossavam a causa popular. Os historiadores da época, geralmente também donos de escravos, costumavam concordar com esse julgamento. Dá-se o mesmo com historiadores modernos do período clássico, que adotaram um ponto de vista não muito diferente do da aristocracia romana. O pecado de César, como pretendo demonstrar, não foi subverter a constituição romana — por sinal não escrita; seu pecado
foi afrouxar o arrogante controle da oligarquia sobre a constituição. Pior ainda: ele usou o poder do Estado para conceder limitadas vantagens a pequenos agricultores, a devedores e ao proletariado urbano, à custa dos poucos ricos. Pouco importa que essas reformas tenham sido limitadas: os oligarcas jamais o perdoaram. E César acabou tendo o mesmo destino de outros reformadores romanos que o precederam.
Meu interesse básico não é pelo indivíduo Júlio César, mas pelas questões de luta popular e poder oligárquico que atuavam déca-
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das antes de ele nascer, que continuaram durante sua vida e que o levaram à morte. Já adulto, a maior parte do que eu sabia de Roma antiga vinha de Hollywood e da televisão. Povoavam-me a
cabeça imagens de homens de toga, andando a passos largos em
palácios de mármore, pronunciando frases lapidares com sotaque teatral; além, é claro, de imagens de corridas de biga e frenéticas multidões em coliseus pedindo, com o dedo apontado para baixo, a morte de vítimas infelizes. Em minha lamentável ignorância eu não era muito diferente de outros americanos instruídos, que passaram da escola primária para o nível de pós-graduação sem aprenderem coisa alguma de minimamente prático e sensato sobre a história romana. Fora as cenas pitorescas fornecidas por Hollywood e pela televisão, tudo que eu sabia de Júlio César tinha origem em dois teatrólogos, William Shakespeare e George Bernard Shaw. Se é para ser mal informado sobre um assunto, melhor que seja pelas maravilho-
sas linhas de Shakespeare e Shaw.! Representações ficcionais da
história não primam pela exatidão, pois seu principal objetivo é divertir em vez de educar. Mesmo assim, costumam ter impacto mais literal do que literário em nossa mente. E o melhor que temos a fazeré ficar atentos a essa tendência a trataro fictício como
factual, Júlio César, de Shakespeare, é uma peça vigorosa sugada de Plutarco, de uma forma imaginativa e apesar disso surpreendennie Os críticos literários não chegaram a um acordo sobre
forro unSinva copo O dramaturgo quer que condenemos Cabe
vel ou que o aceitemos como louvável? os
ado ou admir ser deve César se r decidi nós de E ada seumBruto é nobre d enunc;iado, ou
des prezível, e se o herói da peça é ele, César, Antônio ou algum outro.? Com essas ambigúidades,
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o tratamento dado por Shakespeare é uma versão politicamente cautelosa. Ele se prende a questões imediatas sobre tirania e liberdade republicana. São esses, sem tirar nem pôr, os parâmetros a que os senadores assassinos confinaram o debate. Na mesma linha, Shakespeare adota a opinião da elite romana sobre o povo comum, visto como um aglomerado de seres sem inteligência, facilmente levados de um lado para o outro, primeiro adulando Pompeu, depois fazendo vênia a César, saudando Bruto por salvá-los da tirania, e, sem tomar fôlego, sucumbindo à influência de Marco Antônio. Em Júlio César tem-se a impressão de que o povo só é capaz de violência irracional e de diversão degradante. Tudo isso está de acordo com o estereótipo do prole-
tariado romano que nos foi legado.
César e Cleópatra, de George Bernard Shaw, é charmosamente escrito e muito envolvente. O César de Shaw é um sujeito bondoso, já de certa idade, que aceita com relutância um relacionamento avuncular com Cleópatra. No primeiro encontro, quando ainda não sabe quem ele é, ela o chama repetidamente de “velho senhor”. Está claro, desde o início, que não haverá interesse romântico entre eles por causa da idade de César e da imaturidade da jovem rainha. No fim da peça, quando parte para Roma, César manifesta dúvidas sobre se voltará a ver Cleópatra, mas promete enviar-lhe o jovem e belo Marco Antônio, o que a satisfaz enormemente. Na vida real, ainda adolescente e bem antes de conhecer César, Cleópatra já tinha dormido com Marco Antônio. Foi em 55 a.C., quando uma força expedicionária romana estava no Egito para reconduzir Ptolomeu ao trono. Marco Antônio servia como comandante de cavalaria. Algum tempo depois, e ainda antes de
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César aparecer, Cleópatra concedeu seus favores a um segundo amante romano, Gneu, filho de Pompeu, que reunia tropas para
o pai na África. E apesar de Shaw, no fim de 48 a.C., embora César tivesse 53 anos e Cleópatra mais ou menos 23, ela mostrou que estava pronta para deitar-se com seu terceiro romano. Diz-se que
Cleópatra era mulher de grande vivacidade, e muito atraente, Tinha também um fino faro político. O fato de que esse conquis-
tador romano tinha o poder de lhe garantir o trono do Egito deve ter sido uma atração a mais. À coisa evoluiu para um prolongado caso de amor. Ela teve um filho de César e foi morar em Roma para ficar mais perto dele, demonstrando que certas coisas jamais mudam. Apesar de ter outras ligações sexuais, e uma esposa, César achou tempo para oferecer a Cleópatra uma generosa recepção, digna de uma rainha, erguendo uma efígie de ouro em sua homenagem em lugar sagrado. Instalou-a numa vila suntuosa do outro lado do Tibre, onde ela pontificava; líderes políticos, financistas e homens de letras, incluindo o renomado Cícero, eram
visitas frequentes.
Registre-se a favor de Shaw que ele introduz um sentimento
iconoclástico ausente em Shakespeare ou nos regimentos de historiadores que escreveram sobre a República Tardia. No prólogo a César e Cleópatra que quase nunca é encenado, o deus Rá conta à platéia que Roma descobriu que “para chegar à riqueza e à grandeza é preciso despojar os pobres e destruirl os fracos ”. Observando essa máxima máxi , os romanos “tomaram dos pobres, até se torn arem : grandes mestres nessa arte, e sabiÊ am como faz er tudo legalmente dec ente e honesto”. É depois de extrafrem do povo até a última gota, despojaram os pobres nas muitas terras que conquistaram. ; + E eu, Rá, dei risadas; pois a cabeça dos rom anos continuou do
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mesmo tamanho enquanto seus domínios estendiam-se sobre a terra.” Talvez Shaw estivesse convidando a platéia a traçar um paralelo com a pequena mentalidade colonialista que dominava o vasto império britânico de seu tempo. Há outro exemplo da iconoclastia de Shaw. No Ato II de César e Cleópatra, Lácio Sétimo recusa o convite de César para ingressar em suas fileiras e prepara-se para ir embora. O leal camarada de armas de César, Rufo, comenta, zangado: “Isso mostra que ele é republicano.” Lúcio se vira, desafiador, e pergunta: “E você, o que é?” E Rufo responde: “Um cesarista, como todos os soldados de César.” Aí temos a opinião comum a Shakespeare e a maioria dos historiadores: a luta é entre os que desejam preservar a República e os que fazem de si instrumento do poder de César. Mas Shaw vai além, sugerindo que a questão não é bem o confronto entre republicanismo e cesarismo. E faz César exclamar: “Lúcio, acredite em mim, César não é cesarista. Fosse Roma uma República de verdade, César seria o primeiro dos republicanos.” Essa resposta encoraja a pergunta dissidente feita neste livro: até que ponto a República Tardia foi republicana? Mais de dois mil anos depois de César, a maioria dos estudantes desse período ainda não se livrou dos mal-entendidos sobre o republicanismo adotados por Lúcio e a maioria dos que fazem parte do seu círculo social. Ainda não levaram em conta que o republicanismo talvez seja apenas uma capa para encobrir privilégios oligárquicos — como até hoje — usada de má vontade pelas elites e só quando convém aos seus interesses. Ao mesmo tempo, como veremos, os cidadãos romanos comuns puderam conquistar direitos limitados, mas importantes, na República, por vezes adquirindo importantes ganhos democráticos, incluindo êxitos relativos à redistribuição de terra, ao controle de aluguéis, ao cancelamento de dívidas e ou-
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tras reformas. Para os oligarcas do Senado, essas agitações e vitó-
rias populares eram o grande problema, os primeiros passos em direção à revolta de classes.
Até hoje duvidosas representações cinematográficas da Roma antiga continuam a ser produzidas em massa para o mercado. Em 2000, enquanto eu preparava este livro, Hollywood lançou Gladiador, épico fanfarrão sobre vingança e heroísmo, com infindáveis episódios de derramamento de sangue na arena. Sem o mais leve traço de valor artístico, Gladiador foi exibido em casas lotadas nos Estados Unidos e no resto do mundo, ganhando um Globo de Ouro e um Oscar. À história desenrola-se durante o reinado do venal imperador Cômodo, mais de dois séculos depois da morte
de César. E digna de nota a maneira como o Senado romano é apresentado. Querem nos fazer acreditar que o Senado era ocu-
pado por homens de espírito público dedicados ao bem-estar do povo. Mas o povo é retratado como pouco mais do que uma canalha. Numa cena, dois líderes do Senado estão sentados no
Coliseu. Quando um deles se queixa dos odiosos acontecimentos que presenciam, o outro argumenta que a multidão só está interessada em pão e circo, guerra e violência. “Roma é o populacho... O coração pulsante de Roma não é o mármore do Se-
nado. São as areias do Coliseu. [O imperador] lhes dará a morte, e eles lhe darão amor.” Essa visão da plebe romana como uma
gentalha estúpida e sedenta de sangue infelizmente continua fa-
Sepp
= loga ee
eis
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tisaat do e Sa
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tanto pelos meios de e |
deixei para trás as ima-
E E pelo palco e pela
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intensivo. De qualquer forma, foi há E a e ; muitos anos, como resulta-
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do das leituras que fiz por minha conta sobre história e filosofia política gregas. De início, tive a impressão de que os romanos nunca seriam tão irresistíveis e absorventes como seus primos mediterrâneos. Mas certamente o são, pelo menos de 133 a 40a.C.,o período coberto por este livro, que em sua maior parte coincide com a chamada República Tardia. Para ajudar os leitores que não tenham familiaridade com a Roma antiga, os primeiros três capítulos tratam da história de Roma e de sua vida sociopolítica. O capítulo quatro trata da sangrenta perseguição dos reformistas populares e de seus seguidores pela plutocracia, de Tibério Graco (133 a.C.) até os primeiros tempos de César. O capítulo cinco oferece um retrato crítico do herói dos
historiadores, Cícero, contando como ele mobilizou as forças de
repressão política em defesa dos interesses das elites. Os cinco capítulos seguintes tratam da vida de César e de questões políticas correlatas, sua morte e as consequências de sua morte. O último capítulo resume o tema da Roma antiga, questionando o estereótipo do povo romano como “ralé” ou “canalha”.
Quando os editores da The New Press me pediram que incluísse este livro em sua série People's History [História dos povos], concordei. A meu ver, qualquer história sobre os esforços do povo para defender-se dos abusos da riqueza e da tirania é parte da história dos povos. Essa história foi escrita no século passado por pessoas notáveis como W E. B. Du Bois, Philip Foner, Herbert Aptheker, Albert Mathiez, A. L. Morton, George Rudé, Richard Boyer, Herbert Morais, Jesse Lemisch, Howard Zinn, G. E. M. de Ste. Croix e outros. Mas escrever “história de baixo para cima” não é fácil quando se trata da República romana, pois não existe um estoque de
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cartas, diários ou memórias de pessoas comuns a que se possa recorrer; ou números atrasados de publicações trabalhistas e jornais; ou documentos de tribunal, de polícia ou de governo, desses que constituem o registro histórico de séculos mais recentes, À maioria das histórias romanas escritas, das bibliotecas e dos
arquivos perdeu-se com o passar dos anos ou foi deliberadamente destruída por propagadores fanáticos do cristianismo, que moveram uma sistemática guerra de erradicação contra os estudos e a cultura do paganismo, quando chegaram ao poder no século V d.C. Seja como for, tanto quanto sabemos, os pequenos agricultores, os proletários e os escravos de Roma não deixaram registros escritos.
Portanto, é preciso fazer uma leitura contrariando a corrente, à cata de provas da luta do povo romano no meio das palavras ditas e escritas em defesa própria e dos atos repressivos cometidos pelos oligarcas. Uma história do povo deveria ser não apenas um relato da luta popular contra a opressão mas uma denúncia pública da história anti- povo que prevalece ao longo de gerações de historiadores. Deveria ser uma história crítica dos
opressores do povo, aqueles que propagaram uma ideologia
elitista e um desprezo pelo povo que ainda hoje distorcem os registros históricos.
Esta é uma história de latifúndios e esquadrões da morte, de senhores e escravos, de patriarcas e mulheres sub jugadas, de ca-
Pitalistas que fazem tudo para en riquecer e de províncias saqueadas, de chefões que achacam os moradores de bairros mi-
seráveis e de desordeiros urbanos. Esta é a luta entre um punha-
do de plutocratas e a multidão de indige ntes, dos privilegiados contra o proletariado, apresentando políticos corruptos, eleições
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fraudadas pelo poder econômico e o assassinato político de líderes populares. Que o leitor decida se alguma parte disso produz alguma ressonância na disposição de espírito da nossa época.
O ASSASSINATO DE JÚLIO CÉSAR
1 Elistória dos senhores:
Império, classe e patriarcado Roma, já não és capaz de procriar os de sangue nobre! — JúLio CÉSAR, ATO I, CENA 2
screver a história é de há muito tarefa privilegiada, H, exercida dentro da Igreja, das cortes, das propriedades, das ricas residências urbanas, das agências governamentais, das universidades e das fundações financiadas por empresas. O contexto social e ideológico em que os historiadores atuam exerce grande influência sobre o tipo de história que produzem. Embora isso não seja tudo que precisamos saber sobre a histonografia, é inegável que merece atenção. Os historiadores gostam de dizer, como Benedetto Croce, que a história reflete a época em que é escrita. A história de eventos aparentemente remotos repercute “as necessidades e situações de hoje”. Collingwood disse algo parecido: “Santo Agostinho olhou para a história romana do ponto de vista de um cristão dos primórdios do cristianismo; Tillemont, do ponto de vista de um francês do século XVII; Gibbon, do ponto de vista de um inglês do século XVIII...”!
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CÉSAR HISTÓRIA
Mas nem tudo está dito aqui, pois não há unanimidade sobre o modo como o povo de qualquer época olhou para o passado, menos ainda os acontecimentos da sua época. Há diferenças de
percepção não apenas de uma época para outra, ou entre as diversas civilizações, mas dentro de qualquer sociedade em qualquer época. Gibbon não era apenas um “inglês do século XVOT”, mas um senhor inglês do século XVIII; em suas próprias palavras, “um jovem de família e dinheiro”, que desfrutava “do luxo e da
liberdade de uma casa rica”. Como herdeiro de “considerável patrimônio”, frequentou Oxford onde usava a touca de veludo e a toga de seda de um cavalheiro. Enquanto servia como oficial da milícia, aborrecia-se na companhia de “oficiais rústicos, deficientes em erudição e nos modos dos cavalheiros”.? Dizer que Gibbon e seus pares de Oxford eram “cavalheiros” não é sugerir que fossem graciosamente destros na etiqueta do trato Justo com qualquer pessoa, independentemente de sua situação social, ou que fossem dotados do sentimento da compaixão pelos seres humanos mais vulneráveis, fazendo o possível para protegê-los de indignidades — como se espera que o façam os verdadeiros cavalheiros. O mais provável é que não se preocupassem com ses sentimentos, alheios a quaisquer necessidades one ei g a e sRES círculo. Para eles, um “cae q ia maneiras inusitadamente refiEa aa at e que se mostrava próspero, | r e devidamente escolado na arte da supremacia étnico-social.
po TEC
das ia das pessoas, Gibbon tinha tendência a perEf e de acordo com a posição que ocupava na estru-
LL
6 53 género que tem uma dívida profunda com cológica da classe alta.* Em 1773, encontramo-lo
DOS
SENHORES
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começando a compor sua obra-prima, Declínio e queda do Império Romano, instalado numa confortável residência urbana com meia dúzia de empregados. Mergulhado no que chamava de “luxos decentes”, e saturado das predisposições da classe alta a que pertencia, Edward Gibbon pôde lançar um olhar bondoso sobre a aristocracia violentamente gananciosa da Roma antiga. Teria produzido uma história bem diferente se fosse um sapateiro autodidata, sentado num barraco frio, escrevendo até altas horas da noite depois de um longo dia de labuta ingrata. Não é por acaso que o operário pobre, mesmo quando alfabetizado, raramente tem os meios necessários para produzir volumes eruditos. Gibbon tinha consciência das realidades de classe implícitas no ato de escrever história: “Um cavalheiro que disponha de lazer e independência, de livros e talentos, pode ser estimulado a escrever pela possibilidade remota de receber honrarias e recompensas: mas infeliz do autor, e infeliz da obra, cuja aplicação diária é estimulada pela fome.” Convivendo com a nobreza, Gibbon abominava as “delirantes teorias de igual e ilimitada liberdade” da Revolução Francesa.” Era defensor sereno do Império Britânico. Quando servia como membro do Parlamento, votou contra a concessão de liberdades às colônias americanas. Previsivelmente, não tinha dificuldade para evocar uma imagem bucólica do Império Romano: “Paz € união internas eram a consegiiência natural da política moderada e abrangente adotada pelos romanos... À obediência do mundo romano era uniforme, voluntária e permanente. Às nações vencidas, misturadas num grande povo, renunciavam à esperança, até mesmo ao desejo, de recuperar à independência... À vasta extensão do Império Romano era governada pelo poder absolu-
to, sob a orientação da virtude e da sabedoria.”* Nenhuma pala-
s vra, aqui, a respeito de um império construído sobre os alicerce
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DE
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de cidades saqueadas, exércitos destroçados, aldeões assassinados, mulheres estupradas, prisioneiros escravizados, terras devastadas, colheitas queimadas e populações impiedosamente achacadas por impostos. Os historiadores cavalheiros da Antigiúidade traçaram quadro idílico parecido, especialmente dos primeiros tempos de
Roma. Gostavam de falar dos tempos antigos como sinônimo de uma era de ouro, quando os homens dedicavam-se mais à virtu-
de do que ao luxo, as mulheres eram castas e generosamente dedicadas aos patriarcas da família, os jovens respeitavam os mais velhos, e a gente comum tinha modestas expectativas e servia valorosamente no exército romano.” Escrevendo durante a República Tardia, Salústio apresenta este conto de fadas sobre uma época de Roma anterior à sua: “Na paz e na guerra... virtus [coragem, virilidade, virtude] era tida em alta estima... e a avareza era pra-
ticamente desconhecida. A justiça e a equanimidade eram cultivadas não tanto por lei como por instinto natural... Governava-se concedendo benefícios aos governados, e não pela intimidação.” Uma imagem mais realista do imperialismo romano vem de algumas de suas vítimas. No século I a.C.,o rei Mitridates, expulso de sua terra no norte da Anatólia, escreveu: “Os romanos sempre
usaram o mesmo motivo, um motivo muito antigo, para declarar
guerra a todas as nações, a todos os povos e a todos os reis: o de-
sejo insaciável de estender o império e aumentar à riqueza.” Da mesma forma, o chefe caledônio Calgaco, falando no fim do sé-
culo Id.C., observou:
HISTÓRIA
DOS
SENHORES
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inimigo excita sua ganância, a pobreza dele, a cobiça do poder... O roubo, a chacina, a rapinagem, as mentiras que se chamam Império; eles semeiam a desolação e pedem a paz... [Nossos entes queridos] são apartados de nós para trabalhar como escravos em outras terras. Nossas mulheres e irmãs, mesmo quando não são estupradas por soldados inimigos, são seduzidas por homens que se fazem passar por nossos amigos e hóspedes. Nossos bens e nosso dinheiro são consumidos pelos impostos; nossa terra é despojada de suas colheitas para abastecer os seus celeiros; nossas mãos, nossos braços e nossas pernas ficam aleijados na construção de estradas que passam por florestas e pântanos, sob o látego dos opressores... Nós, britânicos, somos vendidos todos os dias para novos tipos de escravidão; e temos de pagar, nós mesmos, o preço de compra, e alimentar os nossos senhores.!º
Durante séculos, a história escrita foi tida como gênero literário patrício, ao lado do épico e do trágico, que narram façanhas monumentais de grandes personagens, um mundo do qual os homens comuns não participam, exceto como anônimos carregadores de lanças, e as mulheres comuns menos ainda. À Antgiidade nos legou grandes cronistas cavalheiros: Homero, Heródoto, Tucídides, Políbio, Cícero, Lívio, Plutarco, Suetônio, Apiano, Dion Cássio, Valério Máximo, Veleio Patérculo, Josefo e Tácito. Quase sem exceção, eles tinham uma opinião negativa sobre as pessoas comuns. Dion Cássio, por exemplo, assegura-nos que “muitos monarcas cumulam os súditos de beneficios... e muitos que vivem numa democracia trazem males inumeráveis para si
próprios”.!
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JÚLIO
CÉSAR
A parcialidade política dos historiadores antigos não era enterrada junto com seus ossos. Nossas noções históricas são determinadas não apenas por nosso starts socioeconômico, mas também pela parcialidade ideológica e de classe de historiadores do passado em quem confiamos. Como observa John Gager, é
difícil mudar nossa maneira habitual de pensar a história porque “sem o sabermos, nossa consciência do passado obedece a para-
digmas criados séculos atrás”.!? E os criadores desses antigos paradigmas geralmente falavam com sotaque decididamente da
classe alta. Em suma, a visão que tinha Gibbon da história não era só a de um cavalheiro inglês do século XVIII, mas a de toda uma linhagem de cavalheiros historiadores de épocas passadas, situados como ele nas camadas mais altas da sociedade. O que teria
dificultado enormemente para Gibbon a aquisição de uma perspectiva crítica de suas próprias limitações ideológicas — se ele algum dia pensasse nisso — seria o cultivo da companhia intelectual de eruditos de outrora, que pensavam como ele, nessa parcialidade unânime e secular que se costuma confundir com objetividade, Com efeito, alguns poucos observadores na Roma antiga, como o satirista Juvenal, nos oferecem a oportunidade de vislumbrar o Império como ele de fato era, um ganancioso sistema de expropriação. Dirigindo-se aos procônsules, diz Juvenal: “Quando os senhores finalmente partirem para governar suas províncias,
contenham sua raiva e sua ganância. Tenham piedade dos nos-
sos aliados destituídos, cujos pobres ossos, vocês sa bem, foram
sugados até o tutano,”B
Em 1919, o notável economista conservador Joseph Schumpeter
apresentou Um retrato surpreendentemente crítico do imperia-
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lismo romano, com palavras que poderiam soar familiares a críticos atuais do “globalismo” dos Estados Unidos: « Essa política que finge buscar a paz mas inevitavelmen-
te leva à guerra, a política de preparação contínua para a
guerra, a política do mais enxerido inter vencionismo. Não havia canto do mundo em que não se alegasse que interesses estavam sendo ameaçados ou atacados. Se os interesses não eram dos romanos, eram dos seus aliados; e se não tinha aliados, Roma inventava-os. Quando era impossível fabricar esses interesses — então era a honra nacional que fora insultada. Sempre se investia a luta de uma aura de legalidade. Roma estava sempre sendo atacada por vizinhos mal-intencionados, sempre lutando por espaço para respirar. O mundo inteiro estava impregnado de inimigos, e o dever manifesto de Roma era proteger-se de seus desígnios inequivocamente agressivos.!
Mesmo assim, o Império Romano tem defensores no século XX. O historiador britânico Cyril Robinson apresenta formalmente a imagem familiar de um império conquistado conjetu-
ralmente, sem um desígnio deliberado: “Talvez seja tão verdadeiro no caso de Roma, como o é no da Grã-Bretanha, que ela alcan-
çou o domínio mundial num acesso de distração.” Um imperialismo sem imperialistas, um desígnio de conquista destituído de mediação humana ou premeditação — essa idéia não se aplica nem a Roma nem a qualquer outro império na história. Apesar da perspectiva de classe comum a todos eles, os cavalheiros historiadores não estão de acordo em todas as questões. Gibbon foi redondamente repudiado por seus comentários sobre o começo do cristianismo no Império Romano. Acusaram-no de
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ateísmo o clero e outros cristãos, para os quais sua religião tinha desabrochado exclusivamente por obra e graça da vontade divi-
na, de forma impecavelmente moral.'º Gibbon reconhece na origem divina do cristianismo o impulso original do seu triunfo, mas dedica apenas uma ou duas frases a essa noção, mostrando-se mais interessado como historiador secular nas causas naturais, e não
nas sobrenaturais, do êxito da Igreja. Além disso, ele não hesita em mostrar exemplos de oportunismo mundano e intolerância fanática entre os prosélitos cristãos. Alguns leitores podem achar esse tratamento dos primórdios do cristianismo não apenas a parte mais controvertida de sua obra, mas também a mais interessante,” Com essa altivez de classe, o cavalheiro erudito é, com toda a probabilidade, um macho que acredita em idéias de supremacia. Eis como Gibbon descreve a segunda mulher do imperador Severo, Julia Domna: “unida a uma imaginação vivaz, uma solidez mental, uma força de julgamento, de que raramente são dotadas as pessoas do seu sexo."!º Historiadores prestam atenção às criminosas mais notórias da família imperial, como Messalina, mulher do imperador Cláudio, e Agripina. Contam-nos que Agripina
apoderou-se do trono para seu filho Nero envenenando o tio e
depois o marido, o reinante Cláudio. Ao tornar-se imperador, Nero demonstrou sua gratidão matando a mãe. Nero não era o que se poderia chamar de homem de família; matou também a tia, a ex-mulher e um meio-irmão que reclamava o trono. A exceção de um punhado de fêmeas notavelmente mortíferas
que ocupavam altas posições, as mulheres romanas são praticamente invisíveis na obra da maioria dos cavalheiros historiadores. a ia E é improvável que se lhes dê qualquer ncia ato de não haver mulheres historiadoras na Antiguidade, nem ao longo dos séculos seguintes, só agrava a
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deficiência. Nas últimas décadas, graças sobretudo ao aparecimento da erudição feminina, a pesquisa sobre as mulheres romanas melhorou, apesar da escassez de dados. As mulheres romanas comuns, sabemos nós, tendiam a morrer mais cedo do que os homens, devido à má nutrição, aos maus-tratos, à exaustão, ao parto. Quase metade das noivas romanas tinha menos de 14 anos, mui-
tas apenas 12, e a consumação vinha com o casamento, mesmo que ainda não tivessem menstruado. Mulheres de todas as idades quase invariavelmente viviam sob o domínio de um homem, fosse o marido, o guardião, o paterfamilias (chefe da família ou do clã).” Pela maior parte da história romana, negou-se às mulheres o direito de usar nomes individuais e sobrenomes. Importantes nomes de família, como Cláudio, Júlio e Lucrécio, produziam os obrigatórios derivativos femininos de Cláudia, Júlia e Lucrécia. Todas as irmãs tinham, portanto, o mesmo nome e distinguiamse umas das outras pela expressão “a mais velha” ou “a mais nova” ou “a primeira”, “a segunda” e “a terceira”, Dessa forma, as filhas de Otávio eram Otávia a mais velha e Otávia a mais nova. Negar-lhes uma identidade com nome individualizado era uma maneira de tratar as mulheres como propriedade da família, sim-
ples derivativos fracionais do paterfamilias.” As mulheres de casta comum executavam a maior parte do trabalho pesado da sociedade, como lavadeiras, empregadas do-
mésticas, moleiras, tecelãs, fiandeiras, às vezes até mesmo operá-
rias da construção civil, tudo isso além de seus afazeres diários de casa. Tanto quanto sabemos, mesmo quando desempenhavam as mesmas funções dos homens, não tinham licença para pertencer a associações profissionais.2 Privadas da oportunidade de ter um ganha-pão decente, mulheres mais destituídas eram levadas a vender favores sexuais. A prostituição era considerada emprego
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e devidamente sujeita à cobrança de impostos. Ser proprietário de bordel era negócio respeitável para certos investidores.? Em geral, a grande massa de mulheres pobres tinha poucas esperanças de exercer influência em questões políticas, apesar de muitas terem certamente participado de protestos públicos. A mulher dedicada, que fazia sacrifícios, era personagem louvada na escrita romana. Há abundantes exemplos de matronas que enfrentaram o exílio ou arriscaram-se a morrer para ficar ao
lado dos maridos. Mas as matronas romanas também podiam às vezes ser rebeldes. Ainda em 195 a.C€., elas pressionaram com êxito os magistrados para repelir a lex Oppia, lei aprovada durante o austero período da segunda guerra púnica restringindo o uso de enfeites pessoais e de carruagens por mulheres.” O fato de terem se mobilizado de forma tão voluntariosa deixou muitos patriarcas penosamente constrangidos. Na República Tardia (aproximadamente entre 80 e 40 a.C.) e durante o primeiro século do Império, as matronas romanas obtiveram uma série de conquistas importantes com relação a casamento, divórcio, direitos de
propriedade e independência pessoal. Algumas até possuíam propriedades substanciais, e administravam operações comerciais.
Durante a guerra civil que se seguiu à morte de César, o Segundo Triunvirato divulgou uma lista de 1.400 mulheres ricas cujas propriedades deveriam ser avaliadas. As mulheres organizaram um protesto no Fórum perante o tribunal dos magistrados, e quiaa saber por que tinham de compartilhar a punição da guerra cul se não haviam colaborado com o crime. “Por que devemos pagar impostos se não temos direito à magistratura, ou a honras, ou ao comando militar, ou a participar dos negócios públicos,
Sa
E SE pai
nos deixaram neste terrível es-
ência que as mulheres exerceram nos
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negócios, nunca conquistaram direitos civis plenos, nem podiam ter muita visibilidade no cenário político.”
Mulheres de classe alta tinham a reputação de serem extraordinariamente generosas com seus favores sexuais. Salústio cacareja a respeito das mulheres que “vendem de público sua castidade”.” Horácio irrita-se com as matronas que se tornam sabidas “em amores lascivos, depois procuram adúlteros mais jovens, enquanto
os maridos se embriagam de vinho”? Escrevendo no começo do século II d.C., Juvenal parece antecipar a venenosa misoginia que dentro de pouco tempo jorraria da pena dos fundadores da Igreja
cristã. As matronas romanas, conta-nos ele, são mulheres irres-
ponsáveis e impertinentes, empenhadas em suas caçadas ilícitas
à custa dos infelizes maridos traídos. Há muito tinham se livrado da devoção virtuosa aos ancestrais, assim como dos traços “naturalmente femininos” de caráter, como a modéstia, a castidade e a servidão doméstica.” De forma semelhante, um historiador da nossa época registra sua condenação do crescente domínio exercido por mulheres levianas em altas posições na República Tardia, cuja “perniciosa influência” levou a uma “crescente licenciosidade” e “muito contribuiu para baixar os padrões morais e sociais da época”* As matronas romanas não eram, sem dúvida, mais promiís-
cuas do que os maridos, cujos flertes triviais eram amplamente ignorados, em razão dos padrões ambíguos da época. No sistema patriarcal, o homem tinha a liberdade de matar uma mulher supostamente infiel, e ao mesmo tempo frequentar prostitutas ou manter uma concubina. Os códigos contra o adultério iniciados pelo imperador Augusto destinavam-se às mulheres, e não impunham qualquer proibição aos maridos.” Um dos muitos escritores romanos que só enxergam virtudes nos primórdios de
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Roma, e decadência em sua própria época, é Valério Máximo. Ele cita, aprovadoramente, exemplos de maridos de outrora que se
divorciaram de suas mulheres ou que as trataram com severidade por agirem de modo que consideraríamos ligeiramente independente, como andar fora de casa com a cabeça descoberta, falar com uma escrava liberta, ou comparecer a espetáculos públicos sem conhecimento do marido. “Enquanto as mulheres eram controladas dessa maneira nos tempos antigos, não tinham tempo
para pensar em bobagens”, afirma Valério.
Homens poderosos, como Júlio César, geralmente tratavam
as mulheres de famílias de alta posição como patrimônios estratégicos descartáveis, a serem intercambiados em casamentos arranjados com o objetivo de aumentar a fortuna de alguém, ou de ajudar a forjar coligações políticas — prática essa que continuou nos círculos aristocráticos europeus pelos séculos afora. As mulheres eram também fonte de diversão sensual para César como
para a maioria dos homens meira mulher Cornélia, sua últimos anos, Cleópatra — sar de nenhuma delas poder
romanos. Algumas — como sua priamante de longa data Servília e, nos conquistaram o amor de César, apejamais exigir a exclusividade de suas
atenções sexuais.
Muitos maridos romanos eram mulherengos irrecuperáveis, que mantinham casamentos sem amor para avançar na carreira,
embolsando vultosos dotes, ou simplesmente para desfrutar de uma concupiscência conveniente. Mesmo assim, havia casos de profunDas alianças conjugais. Valério dá vários exemplos de maridos feridos pela perda de suas mulheres. Plínio, o jovem, também —
manifestando, ele mesmo, genuíno amor por sua mulher.”
Juntamente com suas parcialidades de gênero, alguns cavalheiJos historiadores deixam escapar considerável fanatismo de etnia
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e classe. O pai de todos os historiadores da República Tardia é Cícero. Saudado por Balsdon como “provavelmente o homem mais civilizado que já existiu”, Cícero tem sido reverenciado através dos tempos por professores de latim e da Antiguidade clássi-
ca.* Este homem mais civilizado do que os outros não era imune
à tendência de atiçar os mais crassos preconceitos etnoclassistas. Cícero escarnecia de gregos e judeus, fossem escravos ou libertos, que tomavam o partido de líderes democráticos, declarando que “homens dessas nações costumam... fazer confusão em nossas assembléias”, Os gregos são dados a “descaradas mentiras”, os judeus a “superstições bárbaras”* Historiadores de tempos recentes aproveitaram a deixa de Cícero. Theodore Mommsen descreve o Fórum romano como um festival de gritaria acessível a “qualquer um com figura de homem”, sendo os egípcios, os judeus e os gregos, tanto libertos como escravos, os participantes mais ruidosos nas assembléias públicas.” Cyril Robinson observa que muitos proletários eram “de origem grega ou oriental... [cujo] caráter negligente e débil faz deles maus cidadãos”. A “pureza do sangue romano começou a ser conspurcada pela mistura desse elemento alienígena”. Os de “sangue oriental” eram “incapazes de assimilar os hábitos nacionais de decência e reserva”, muito embora “nem todos os gregos, é claro, sejam viciosos ou perniciosos”* Conta-nosJ. F.C. Fuller que “a raça latina [de Roma] foi aos
poucos sendo hibridizada por gregos, asiáticos, espanhóis, gauleses e outros [escravos] que eram absorvidos por alforria e se tornavam cidadãos”. Outro estimado classicista, Jérôme Carcopino, flerta com a teoria histórica racista do sangue, escrevendo que o cruzamento de aristocratas romanos com suas escravas ou libertas, aliado à frequente emancipação ou adoção de filhos, deixou “muitas das melhores famílias da cidade infectadas por
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uma verdadeira hibridização, semelhante à que mais recentemente contaminou outros povos escravistas”. Essa raça mista “agravou fortemente a decomposição nacional e social” de Roma. Na Roma antiga, como em sociedades anteriores e posteriores, a opressão de classe era sustentada pela parcialidade de classe. As mais baixas eram consideradas assim devido a deficiências
internas. À parcialidade de classe, por sua vez, costumava ser re-
forçada por preconceitos étnicos. Muitos pobres, escravos e livres, eram de origem “bárbara”, o que por sua vez estimulava a tendência a desprezá-los como mandriões e bandidos, contaminadores problemáticos da sociedade respeitável. Dessa maneira, a parcialidade de etnia e de classe convinha àqueles que olhavam para o mundo de haut en bas, entre os quais se incluíam não só os pares de Cícero, mas muitos escritores que vieram depois.
2
Escravos, proletários e senhores Você não vê nossos corações; eles são compassivos, E se compadecem da afronta geral a Roma — — fúLio CÉSAR, ATO III, CENA 1
pirâmide social de Roma apoiava-se nas costas de escravos (servt) que formavam aproximadamente um terço da população da Itália, com talvez uma proporção menor dentro da própria Roma.! Esse número de escravos era mantido pelas conquistas, por sequestros à moda dos piratas e pela procriação dos próprios escravos. A escravidão era também o destino final de indivíduos condenados por crimes graves, de pessoas que não tinham como quitar suas dívidas, e de crianças vendidas por famílias sem recursos. Os cativos de guerra morriam de trabalhar nas minas, pedreiras e plantações (farifundia), numa tal velocidade que suas fileiras viviam desfalcadas. Um degrau acima dos servi ficava a grande massa de proletários sem bens (proletarit), que consistia em moradores da cidade (plebs urbana), estrangeiros e libertos (ex-escravos). Roma tinha um centro urbano de templos, lugares cerimoniais, casas de co-
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CÉSAR ESCRAVOS,
mércio, foros públicos e escritórios do governo. O centro era cercado por um denso anel de favelas. Na ausência de transporte público, os proletários moravam perto dos lugares de trabalho e dos mercados. À solução era amontoá-los aos milhares em con-
juntos parcamente iluminados, ao longo de estreitas vielas. Essas
moradias às vezes tinham sete ou oito andares, onde não havia
banheiros, água corrente e ventilação apropriada. Os aluguéis desses pardieiros fétidos e insalubres geralmente eram mais altos do que a plebe podia pagar, o que fazia aumentar o número de moradores por habitação, com famílias inteiras empilhadas num único quarto. Inquilinos mais azarados moravam em porões úmidos ou em sótãos minúsculos, onde não havia espaço nem mesmo para ficar em pé Braseiros de carvão e lampiões a óleo eram uma ameaça constante de incêndio. Códigos de construção só apareceram em Roma séculos depois. Os inquilinos que escapavam da febre tifóide, do tifo e do fogo que afligia os bairros pobres viviam com medo de que as estruturas lhes desabassem sobre a cabeça, como acontecia com frequência. A conhecida engenhosidade da arquitetura romana não se estendia às moradias pobres. Como descreve ironicamente Juvenal: “Roma se apóia em cabos de cachimbo e palitos de fósforo; assim fica mais barato para o proprietário escorar suas ruínas, consertar velhos muros rachados
e notificar os inquilinos. Espera-se que durmam bem, embora as vigas do teto estejam sempre prestes a esmagá-los.”"t Cícero
era dono de propriedades para alugar, usando a renda do aluguel para manter o filho em escolas de Atenas. Em carta a um amigo, ele se expressa como um especulador de favela: “Duas lojas minhas cafram e as outras têm rachaduras, e até os ratos se mudaram, para não falar nos inquilinos. Outros chamam a =”
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isso de desastre, para mim não chega a ser sequer uma amolação... Há um projeto de construção em andamento... que fará dessa perda uma fonte de lucro.”* As vielas sulcadas entupiam-se de vendedores, artesãos, biscateiros, mendigos, donos de loja e vadios. Vendedores ambulantes ofereciam peixe salgado, panelas quentes de lingúiça defumada, pratos de pudim e jarras de vinho. Músicos, acrobatas e malabaristas, com seus tristes animaizinhos amestrados, exibiamse para os passantes. Grandes potes sujos colocados a intervalos
ao longo das ruas serviam de urinóis, uma concessão para pisoeiros e donos de lavanderias que — sendo o sabão desconhecido dos romanos — usavam a urina acumulada para tratar ou lavar roupa.* (O ácido úrico ainda hoje é usado em removedores como bórax.) É de supor que as roupas eram enxaguadas com água limpa. Para os que tinham condições financeiras, o vinho era consumido entre as refeições. Os romanos da República Tardia geralmente o bebiam diluído em água na proporção de mais da metade. O vinho era o seu café, o seu chá, o seu aperitivo. “E o
azeite de oliva era a sua manteiga, o seu sabão e a sua eletricidade: cozinhavam com ele, lambuzavam-se dele nos banhos e acen-
diam com ele seus lampiões.”? O sustento dos pobres eram os grãos, consumidos na forma de pão ou de mingau. Com a pobreza excessiva vinham os altos índices de criminalidade. Roma não tinha iluminação pública e nenhuma força
policial digna desse nome. Quando a noite chegava, o populacho protegia-se atrás de portas trancadas. Só a minoria de ricos, que podia dispor de uma guarda de escravos e homens fortes para iluminar o caminho e lhes dar proteção, ousava sair à noite, e até
esses pensavam duas vezes antes de fazê-lo. Juvenal escreve
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acerbamente sobre a ameaça dos valentões de rua: “Tanto faz dizer-lhes qualquer coisa como recuar sem dizer palavra, eles sur-
ram qualquer um da mesma forma... Sabe o que significa a
liberdade para o pobre? À liberdade de, depois de esmurrado e arrebentado, suplicar e implorar para que lhe permitam voltar
para casa com alguns dentes de sobra.”
A maior parte da plebs urbana e de suas famílias vivia na mi-
séria, labutando horas seguidas por uns trocados. No campo, a
plebs rustica não vivia melhor que os primos da cidade. Quando possível, tentavam aliviar sua dura condição aceitando uma das tarefas mais perigosas oferecidas pelos donos de lazifundia que, como os donos de plantações no sul dos Estados Unidos antes da guerra, às vezes preferiam usar trabalhadores livres para as tarefas arriscadas. Do ponto de vista do proprietário, a morte de um diarista só aumentava a população do outro mundo, ao passo que a de um escravo representava a perda de um investimento razoável.” O degrau acima dos proletarii sem bens era ocupado pelos pequenos agricultores, estabelecidos em seus pequenos pedaços de terra nas províncias em redor da cidade, cuja propriedade qualificava-os para o serviço militar. E um pouco acima deles achava-se uma pequena classe média de funcionários, mercadores e empregados da indústria, que viviam em apartamentos situados longe do mau cheiro e do barulho da cidade, mas à distância ainda aceitável do Fórum e dos banhos. 1º
Pairando sobre a atarefada multidão de Roma em “quase incrÍvel opulência” estavam “uns poucos milhares de multimilionários”.!! Um magistrado estimou que o número de famílias solidamente ricas não passava de dois mil.2 Essa camada social
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de elite, a “classe das autoridades”, incluía os eguites, classe de
cavaleiros, assim chamada porque suas propriedades qualificavam-nos para servir na cavalaria — embora muitos deles, na época da República Tardia, provavelmente nunca tivessem montado um cavalo. Os eguites eram empreiteiros do Estado, banqueiros, agiotas, comerciantes, cobradores de impostos e proprietários de terras. Ocupavam um nível social logo abaixo dos aristocratas e bem acima dos plebeus, servindo como reserva-
tório de recrutas para a classe aristocrática, à medida que as famílias de alta linhagem desapareciam de tempos em tempos. Donos de grandes propriedades, geralmente com pouca simpa-
tia pelos pobres, os cavaleiros partilhavam de muitos interesses da nobreza, apesar de vez por outra surgirem conflitos entre os dois grupos de elite.! No ápice da pirâmide social ficava a nobilizas, oligarquia aristocrática representando famílias cuja linhagem incluía alguém que tinha servido como cônsul (o mais alto cargo da República). A diferença entre equites e nobres tinha mais a ver com linhagem política do que com a fortuna da família. Os dois grupos pertenciam à classe das autoridades; ambos possuíam riquezas na forma de terra, escravos, comércio e finanças. Ambos viviam em mansões decentes, desfrutando de refeições refinadas, servidas em pratos de ouro e prata, de jardins luxuriantes, reservas de caça, banheiros e privadas particulares. Suas propriedades ocupavam terras do tamanho de municípios, grandes o bastante para abriera garem séquitos inflados de escravos € de empregados. Cícero um equitador dono de sete ou oito propriedades e diversas fazenoutros das menores, além dos imóveis de aluguel na cidade e de negócios.” em Também não estava acima da velha nobreza especular aliado de Júlio outros investimentos de risco. Crasso, amigo €
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César, aristocrata dono de terras, tornou-se um dos homens mais ricos da República Tardia comprando terrenos urbanos onde edifícios de moradia tinham desabado ou sido destruídos por incêndios e construindo novas moradias cuja renda dos aluguéis lhe
trouxe ampla recompensa pelo capital investido.!
À idéia da supremacia de classe permeava a sociedade repu-
blicana de Roma, a ponto de impregnar seus códigos domésticos.
Eram rigorosamente proibidos os casamentos entre membros da classe aristocrática e cidadãos que ascendessem da classe dos Ii-
bertos. Os aristocratas estavam proibidos de casar com atrizes e mulheres de outras profissões igualmente duvidosas.” Na República Tardia, como em qualquer plutocracia, era uma desgraça ser pobre e uma honra ser rico. Os ricos, que viviam parasitariamente do trabalho de outros, eram saudados como homens de qualidade e valor; já os impecuniosos, que lutavam com dificuldade e viviam dos parcos lucros do seu duro ofício, eram considerados vulgares e deficientes. Embora tenha escrito mais adiante, no tempo dos imperadores, Juvenal podia estar se referindo à antiga sociedade republicana quando comentou que a palavra de um homem rico era tida como ouro, porque ele tinha ouro, mas o juramento de um pobre “não tem valor algum no tribunal... Não é fácil para um homem de mérito su bir, quando a pobreza o estorva”.!8
Não há sinal mais evidente da opressiva nature za das classes em Roma do que a escravidão. A escravidão romana tem sido tratada sem muita severidade por cavalheiros his toriadores. Conta-nos Gibbon, por exemplo, que um escravo não vivia sem esperança, devido “à benevolência do seu senhor”. Se mos trasse diligência e fidelidade “durante alguns anos” podia, muito naturalmente,
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esperar obter a liberdade." Mais recentemehte, Jérôme Carcopino
entusiasma-se com as leis romanas que “tornavam mais leves os grilhões [dos escravos] e favoreciam a sua emancipação... O senso prático dos romanos, não menos do que a humanidade fundamental instintiva em seu coração camponês, sempre evitou demonstrar crueldade com os servi. Eles sempre trataram seus escravos com consideração... Salvo raras exceções, a escravidão em Roma não era eterna nem, enquanto durava, intolerável”2º Nenhum proprietário de escravos se expressaria melhor. “Só recentemente”, observa K R. Bradley, “especialistas começaram a perceber que havia algo de repulsivo na escravidão durante a Antiguidade. Mesmo assim, em certos setores, influências apológicas persistem.”* Um respeitado historiador que ainda exalta o lado alegre da escravidão é Lionel Casson. Ele faz uma ligeira e relutante vênia às almas infelizes que trabalharam no campo sob o látego dos feitores, ou morreram como moscas nas minas, registrando que foram assoberbadas por “tarefas que envolviam suor e trabalho penoso”. Em seguida, demora-se nas condições favoráveis supostamente desfrutadas por escravos que ajudavam na administração de luxuosas mansões, ou ocupavam cargos no governo. Alguns chegaram a acumular fortunas substanciais, como investidores. Às vezes “homens livres, diante de sombrias perspectivas, vendiam-se à escravidão, a fim de se qualificarem” para essas cobiçadas posições.” Um grande número de servi libertos, escreve Casson com extravagante entusiasmo, “escapava da escravidão e galgava os degraus da escada social, em
certos casos chegando ao topo”. Um antigo servus deu ao filho excelente educação, e o menino acabou se tornando o famoso
escritor Horácio. “Em apenas duas gerações a família saiu da pobreza para a imortalidade literária.”»
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Tem-se a impressão de que a escravidão romana era uma espécie de programa de ação afirmativa, e que Roma era uma terra de oportunidades ouvert aux talents. Na realidade, esses impressionantes exemplos de mobilidade vertical eram raros. À alforria geralmente era concedida depois de anos de servidão. E mesmo assim a liberdade ficava sujeita a obrigações. Com fregiiência, o servus alforriado deixava para trás mulher e filhos, na condição
de escravos. Libertos não podiam servir no exército nem pleitear cargos públicos. Levavam os nomes dos antigos senhores, a quem continuavam a dever serviços e a fazer pagamentos.” Geralmente os escravos compravam a liberdade pagando o preço original de venda. É óbvio que a grande maioria não alimentava esperanças de acumular tais somas. Alguns dos mais afortunados tinham a liberdade comprada por parentes já livres que trabalhavam. Um pequeno grupo seleto tinha a oportunidade de embolsar gorjetas como porteiros ou atores, ou respigar gratificações inesperadas em profissões específicas, como artesãos, médicos e prostitutas. Da parte do proprietário, a alforria era motivada em grande parte pelo desejo de se livrar do ônus de ter de alimentá-los e
abrigá-los a vida inteira, sobretudo os que já tinham perdido o vigor produtivo da juventude. A emancipação de muitos alforriados era assegurada por testemunhas no testamento do senhor, ou seja, quando a morte deste o impedisse de continuar a explo-
rar Os escravos. Como diz Bradley, “a maior parte da população servil jamais alcançava a liberdade... A alforria era uma possibi-
lidade real mas remota para os escravos, e ocultava os ano s de
dificuldades que precediam a sua obtenção”?
| Toda escravocracia desenvolve uma ideolo gia racista para justificar suas relações sociais desumanizadas. Em Roma, escra-
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vos do sexo masculino de qualquer idade eram chamados de puer ou “moço”. Uma designação igualmente degradante era dada aos escravos na Grécia antiga e na escravocracia dos Estados Unidos, persistindo no sul segregacionista depois da guerra, já no século XX. O escravo como ser reles ou subumano é tema dos escritos de Platão e de Aristóteles. Na mente dos romanos senhores de escravos, os servi — incluindo os estrangeiros que compunham a maior parte da população servil — estavam abaixo do padrão moral e mental, uma marca ou duas acima dos animais. Cícero
nos assegura que os judeus, os sírios e todos os outros bárbaros asiáticos “nasceram para a escravidão”. O historiador romano Floro vê a rebelião dos escravos de Espártaco não como uma luta monumental pela liberdade mas como uma infame iniciativa perpetrada “por pessoas da classe mais reles” chefiada por “homens do pior caráter... ansiosos para se vingarem dos seus senho-
res”. Gibbon descreve a população escrava de Roma como “uma multidão ignóbil e promíscua”.” Mais recentemente, Sir Ronald Syme afirma que o mercado de escravos de Roma foi inundado
de “cativos de raça alienígena e geralmente inferior”? A maioria
dos classicistas de hoje, entretanto, não aceita a idéia da supremacia do proprietário de escravos, pelo menos não abertamente.
Por definição, a relação entre senhor e escravo é coercitiva. Previ-
sivelmente, o dono está preocupado com questões de controle, com meios de instilar lealdade e obediência nesses recalcitrantes subordinados usando uma combinação de leniência e severidade. No século I d.C., o escritor romano de temas agrícolas Columela deu conselho sobre a melhor maneira de administrar o trabalho servil. O dono de escravos deveria evitar a severidade excessiva € a crueldade gratuita não por considerações de humanidade mas
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porque essas atitudes eram contraproducentes. Os escravos poderiam ser mais bem controlados se dispusessem de condições de vida decentes, de folgas, e vez por outra de uma oportunidade para
reclamar À incerta promessa de emancipação por vezes fazia da alforria um eficiente mecanismo de controle. O escravo era estimulado a
obedecer a longo prazo, na esperança de um dia conseguir libertar-se. Laços de família entre os escravos eram outro meio útil de coação. Escravos casados, com filhos, eram menos inclinados à fuga e mais predispostos à cooperação. E seus filhos serviam para
aumentar a nqueza do senhor. Mas a família do escravo só exis-
tia na medida em que servisse aos interesses do dono. Estava sempre em risco de se desfazer, uma vez que o escravo era uma forma descartável de propriedade. Donos de escravos prontamente se-
paravam famílias de escravos “quando considerações de ordem econômica tornavam a venda de escravos atraente ou necessária”* Tratar bem não era garantia de ter bons escravos. Recorde-se a observação de Frederick Douglass, extraída de sua própria e infeliz servidão no sul dos Estados Unidos: o escravo que tem um senhor cruel deseja um senhor bondoso, e o escravo que tem
um senhor bondoso deseja a liberdade. O bom trato, por si, poderia dificultar o controle, alimentando altas expectativas, portanto era preciso impor um domínio coercitivo e amedrontador. Um escravo romano podia ser chicoteado, marcado a ferro, mu-
Hilado, ser privado de alimento, estuprado ou crucificado, sem ter
o direito de defender-se, “Tudo é permitido contra o escravo”, escreveu Sêneca, o estóico, que condenava o tratamento cruel dos
servi ao mesmo tempo que se valia dos seus serviços.” Segundo uma regra antiga, se um senhor fosse assassinado por um dos seus escravos todas as pessoas da sua família eram
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condenadas à execução. Assim sendo, devia ser do interesse de
cada servis zelar pela segurança do seu dono. Deixar de informar sobre movimentos suspeitos ou sobre tramas secretas podia custar a vida a um escravo. Entre os escravos, rezava-se para que O dono expirasse de forma inequivocamente natural, pois se houvesse suspeita de traição, as autoridades que investigavam o caso podiam torturar todos os escravos do falecido.” A lei romana não
admitia a tortura de um homem livre, mas exigia-a para obter provas de escravos, fossem machos ou fêmeas. Entretanto, os servi que traíssem seus senhores fornecendo voluntariamente informa-
ções que os prejudicassem nos tribunais eram punidos, em vez de recompensados.* Pois embora quisessem ganhar suas causas, promotores e querelantes evitavam encorajar a deslealdade dos escravos. Quem acha a escravidão romana uma instituição benigna não tem explicação para a frequência com que os escravos fugiam. Os proprietários relutavam em aceitar a perda dessa propriedade valiosa. Costumavam usar correntes, coleiras de metal e outros
aparelhos de segurança. Os escravos fugidos eram caçados com
persistência e devolvidos a seus irados proprietários, que de regra
lhes infligiam castigos severos.” Donos de escravos consultavam oráculos e astrólogos para descobrir o paradeiro de fugitivos; dis-
tribuíam cartazes oferecendo recompensa; apelavam para au-
toridades do Estado e contratavam caçadores profissionais (fupitivarii) 3 Cícero envolveu dois governadores de província na busca de um escravo que lhe furtara alguns livros valiosos e fugira para 0 exterior” Toda sociedade escravocrata conheceu a revolta dos escravos. Roma não foi exceção. As três maiores rebeliões, ocorridas nos dois últimos séculos da República, atingiram o nível de guerra aberta,
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com milhares de homens armados dos dois lados, incluindo à famosa rebelião de Espártaco e seus bravos seguidores em 74-70 a.C. Todas elas foram impiedosamente esmagadas. Houve numerosos outros levantes de escravos, mas em menor escala, de vida curta e malogrados, sem contar o número relativamente reduzi-
do de escravos que conseguiram escapar permanentemente.*
Alguns escravos domésticos que desfrutavam das circunstâncias favoráveis de uma casa rica sem dúvida tinham melhor condição material do que muitos plebeus favelados, apesar de as acomodações e as rações de comida dos escravos, mesmo nas propriedades abastadas, serem geralmente modestas. Alguns escravos urbanos podiam dar uma escapulida e participar de debates nos lugares públicos e mesmo ingressar em associações. Mas a maioria padecia longas horas de trabalho, humilhações diárias, maustratos ditados pelo capricho e a ameaça de violentas chicotadas. Amiano Marcelino fala de proprietários de sua época que mandavam punir escravos até com 300 chicotadas por pequenos deslizes, como demorar-se para trazer a água quente.” O jovem Sêneca descreve algumas indignidades sofridas pelos escravos domésticos: Quando nos reclinamos num banquete, um escravo limpa a comida vomitada, outro se agacha debaixo da mesa para recolher as sobras dos convivas embriagados, Outro trin-
cha as valiosas aves; com golpes infalíveis e mão habilidoSa, corta pedaços nobres no peito e na popa. Coitado do sujeito que vive apenas para cortar corretamente gordos
capões... outro, que serve o vinho, veste-se de mulhere luta contra a idade, e não consegue livrar-se da infância; é ar-
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rastado de volta para ela; e embora já tenha porte de soldado é mantido sem barba, tendo o pêlo cortado ou arrancado pela raiz, e fica acordado a noite inteira, dividindo o tempo entre a embriaguez e a lascívia do senhor; no quar-
to, precisa ser homem, na festa, menino.
A exploração sexual dos servi pelos senhores, embora pandêmica, é ignorada por quase todos os historiadores atuais. En-
tre os escritores nativos admitia-se abertamente que os escravos
tinham de entregar o corpo quando exigido. Horácio exibe sua preferência por escravos domésticos, machos e fêmeas: “Gosto de sexo fácil e conveniente.”'! E Petrônio faz um ex-escravo, no Satiricon, recordar-se de ter servido sexualmente a seu senhor e sua senhora durante quatorze anos, arranjo que os leitores romanos deviam achar familiar e verossímil.” O poeta Marcial — a coisa mais próxima de um colunista de fofocas da Roma antiga — alude repetidamente a intimidades sexuais dos patrões com seus servi domésticos. Saúda com ironia um certo Quirinalis por não precisar de esposa, pois fornica com suas criadas e enche a casa da cidade e a do campo com seus rebentos. “Quirinalis é um genuíno paterfamilias."** Nada sabemos do que as criadas sentiam. Mulheres ricas por vezes aproveitavam-se de sua posição social para adquirir conhecimento carnal. Marcial castiga um homem cujos sete filhos anunciam os dotes dos adúlteros servi de sua mãe, entre eles o cozinheiro, o padeiro e até o próprio subordinado sodomita do marido. O poeta se refere a uma mulher
de idade avançada que usa todo o seu dote para resgatar 0 aman-
te favorito da escravidão, com isso assegurando a regularidade de
sua própria satisfação; um senhor que vai para a cama com à governanta; outro que compra de volta a criada para mantê-la
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como concubina; aqueles que buscam o prazer com meninos escravos; e o marido que se demora com suas criadas enquanto a
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Quando um dos seus favoritos, Sositheus, “sujeito encanta-
mulher distribui favores a carregadores de liteira: “Vocês formam
dor”, morreu, Cícero observou: “Estou mais abalado do que tal-
O próprio Marcial alimenta desejos por “um escravo rechonchudo nascido em casa”. Quando perde a oportunidade de comprar “um rapaz” por cem mil sestércios, um amigo imediatamente o adquire, À sua maneira implacável e rude, Marcial nos diz que seu “pênis lamenta” a oportunidade perdida. O menino em questão, é claro, não tem voz ativa. O proprietário estabelece unilateralmente os limites e escolhe a forma de gratificação, usando a criança como bem entende. Traficantes de escravos atendiam a gostos pedófilos, vendendo meninos e meninas para fins sexuais. Depilatórios eram usados para remover o pêlo do corpo do menino, mantendo-o tão infantil na aparência quanto possível. Obrigavam-se meninos a ingerirem poções que, segundo a cren-
pela afeição genuína. Não é de admirar que tenha existido mais
um casal e tanto, Alauda."*!
ça, retardavam a puberdade. Pior ainda, comerciantes de escra-
vos recorriam com fregiiência à castração, apesar das diversas leis que proibiam a prática. Exemplos de permuta, estupro, mutilação sexual de crianças não são mencionados por especialistas mais recentes que, como os próprios donos de escravos, parecem ver com mais facilidade os ocultos benefícios da escravidão do que os seus males evidentes. À imagem de uma relação de amor mútuo entre senhor e escravo
na Roma antiga, como observa Finley, parece “levar comentaris-
E re Irresistivelmente à sentimentalidade e à trivialidaei: Mas a relação de amor era qualquer coisa i que se queira, menos um sentimento mútuo, Por mais enjoativamente que dour emos a pílula, a escravid idão ã em Roma não pode ser considerada uma relação de amor.
vez devesse estar pela morte de um escravo."** Aqui vemos Cícero administrar seus sentimentos, consciente de que o dono de escravos deve respeitar as barreiras de classe € não se apegar demais a um servus. O amor de um proprietário por seu escravo é condescendente e paternalista. Ao passo que o amor do escravo pelo senhor é pelo menos parcialmente taxado pela excessivamente assimétrica relação de poder, e gerado tanto pela necessidade como
solidamente na imaginação do senhor do que no coração do escravo. Nunca saberemos o que Sositheus, que viveu e morreu escravo, acharia de sua relação com Cícero se tivesse tido a oportunidade de encontrar emprego livre e decente. Durante a guerra civil americana, muitos senhores e senhoras da Confederação espantavam-se quando seus escravos — supostamente tão bem tratados e tão devotados e fiéis — demonstravam a mais abusiva ingratidão na primeira oportunidade, ignorando insolentemente as ordens que já não podiam ser impostas, ou correndo para a liberdade, e até se alistando nas fileiras do exército da União para lutar pela emancipação dos companheiros. O jornalista Whitelaw Reid, numa viagem que fez ao sul logo depois da guerra, registrou o refrão repetido incansavelmente por antigos senhores de escravos: “Fomos Os melhores amigos que os
negros já tiveram. E é assim que nos tratam.” Podemos, sem
medo de errar, supor que esse tipo de “ingratidão” oculta existia também entre escravos domésticos romanos. na O “escravo fiel” era tema favorito dos escritores antigos, relatam maioria também senhores de escravos. Valério e Apiano
numerosas histórias de escravos que mostraram extraordinária de amizadevoção aos donos.” Sem dúvida comoventes relações
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de podiam desabrochar entre senhor e escravo. Cativos vulners. veis, separados de casa e da família, às vezes buscavam a sobreyi.
vência e a segurança ligando-se emocionalmente a pessoas que tinham o poder de vida e morte sobre eles. Mas não devemos ver nisso muita coisa. Os romanos proprietários de escravos, como os americanos no sul antes da guerra, sentiam um medo perma-
nente de que seus escravos “fielmente devotados” se amotinassem e os massacrassem. Nas palavras de Plínio, o Jovem, donos
de escravos expunham-se perenemente a “perigos, afrontas e in-
sultos... Nenhum senhor pode se sentir a salvo só porque é bom
e atencioso: pois é a brutalidade e não a capacidade de raciocínio
que leva os escravos a assassinarem seus senhores”! Vem daí o provérbio romano: “Uma centena de escravos, uma centena de inimigos.”
A visão panglossiana da servidão benigna ignora a desumanidade inerente à escravidão. Os escravos eram obrigados a se rebaixarem diante dos donos e de todos os outros superiores. Eram
criaturas marginalizadas, às quais geralmente se negavam mesmo os vínculos sociais elementares. Eram vítimas de uma quase
total falta de controle sobre o próprio trabalho, sobre a própria pessoa e, em muitos aspectos, sobre a própria personalidade. Os escravos — € não apenas sua força de trabalho — eram mercadorias.”? Supostamente, Cícero não pensava em seu encantador Sositheus quando deixou isso perfeitamente claro, ao observar que era preferível aliviar um navio em perigo jogando no mar um velho escravo do que um bom cavalo. E Catão, o Velho aconselha os leitores a venderem escravos velhos ou doentes juntamente com animais velhos ou doentes “e tudo que for supéríluo".* Dessa forma, todo senhor de escravos estava intrinsecamente preso
a uma situação nociva que é a essência inescapável da escravi-
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dão: a degradante exploração de um ser humano para que outro possa obter o conforto e as vantagens que a riqueza oferece. Finalmente, o mesmo pode ser dito de todas as relações de classe
em que haja exploração, perpetradas pelos que acumulam riqueza reduzindo outros à pobreza.
3 Uma república para poucos Sempre dirão de nós que somos
Os homens que deram a liberdade ao país. — JÚLIO CÉSAR, ATO II, Cena 1
iz a lenda que Roma foi fundada em 753 a.C. e batizada em homenagem a seu primeiro monarca, Rômulo. No começo do século VI d.C€., uma série de reis etruscos governou a cidade. Odiada pela gente comum devido a suas regras de exploração, a monarquia foi derrubada entre 509 e 510,
proclamando-se uma república. O poder executivo passou para as mãos de dois cônsules, eleitos por mandatos de um ano € sujeitos ao veto um do outro. Os cônsules eram os mais altos magistrados da história da República. Recrutavam € comandavam os exércitos de Roma, impunham as leis, davam audiência a delegações estrangeiras e presidiam o Senado e as assembléias populares.! amenA sociedade romana dos primeiros tempos era rigoros te dividida entre uma aristocracia de patrícios proprietários de s terras e uma massa de pessoas comuns, os plebeus. Só os patrício de chefia no goverpostos ocupar e Senado no r ingressa podiam
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no ou cargos religiosos. No século IV a.(., algumas das mais in. fluentes famílias plebéias tiveram acesso a cargos oficiais, conguistando vagas no Senado e ingressando na nobreza ao ocupar q cargo de cônsul. Em meados do século III, plebeus e patrícios
conquistaram o direito de casar entre si, e os elementos mais ri-
cos dos dois grupos fundiram-se numa aristocracia. A República era também um império. Durante os séculos IV e III a.C., Roma embarcou numa série de conquistas e alianças que estenderam seus domínios sobre a maior parte da península
italiana. Com a derrota de seu arquiinimigo comercial, Cartago, no que se chamou de Primeira Guerra Púnica (264-26]1 a.C,), Roma assumiu o controle de Sicília, Sardenha e Córsega. Na Segunda Guerra Púnica (218-202 a.C.), o general cartaginês Aníbal
lançou sua famosa invasão da Itália, atravessando os Alpes nevados com um exército e uma tropa de elefantes. Aníbal abriu caminho lutando através da península, destruindo dois exércitos romanos, até se cansar e ser derrotado.” Roma expulsou Cartago
da Espanha, transformando a maior parte da península ibérica em províncias romanas.
Em 146 a.C., depois de meio século de paz, Roma atacou € destruiu Cartago, transformando seu território numa província colonial chamada África (de extensão mais ou menos
igual à
Tunísia de hoje). Diferentemente do mito popular, os invasores não derramaram sal ou cal no solo de Cartago para esterilizá-lo. Mais tarde, Cartago voltou a desenvolver-se, mas como cidade provincial romana.
Os imperialistas romanos prosseguiram em direção leste, para pescar em águas revoltas, intervindo em defesa de cidades gregas ameaçadas por exércitos macedônios e sírios. Mas, depois de eliminar essas ameaças, Roma subju gou os próprios gregos, fundin-
do suas numerosas nações numa única província. Quando o século
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II a.C. terminou, Roma reinava como senhora suprema do Mediterrânco. Como ocorreu com outras potências imperiais antes e depois, o império romano trouxe imensa riqueza para sua classe dominante e impôs pesados encargos para os cidadãos comuns. À aristocra-
cia adotava uma política de guerra praticamente contínua. À guerra oferecia oportunidades de saquear os tesouros de outros países e tirar vantagem dos retraídos mercados de terra na própria Itália. Muitos pequenos proprietários, pilares da infantaria romana, tombaram no campo de batalha. Outros tiveram de servir longos períodos que os impossibilitavam de cuidar de suas terras. Ricos investidores compravam essas propriedades rurais por ninharias. A guerra trazia também um reabastecimento de escravos para trabalhar a terra recém-adquirida. As ager publicus, terras férteis de propriedade pública em regiões ao sul e a leste de Roma, tinham sido cultivadas através de gerações por cooperativas de pequenos arrendatários que pagavam um modesto aluguel ao tesouro do Estado. Essas cooperativas, tocadas por mão-de-obra livre, produziam o suficiente para abastecer toda a cidade. O fato de que Roma podia ser alimentada por agricultores comuns, sem um centavo de lucro para os n-
cos, ultrapassava a capacidade de tolerância dos ricos. Para
que protproteger os pequenos arrendatários foi aprovada uma lei (cerca de bia qualquer indivíduo de arrendar mais de 500 iugera “essa lei 125 hectares). “Por um momento”, escreve Plutarco, depois conteve a ganância dos ricos e protegeu 0s pobres... Mas fictíarrendatários de nome o usando ricos, os tempo de algum
arrendamentos cios, conseguiram transferir grande parte desses
para si mesmos, e por fim tomaram posse, abertamente, da maior parte da terra, usando o próprio nome.
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No século II a.C., com uma combinação de aquisições oportunistas e pura e simples violência, os ricos extraíram das ager publicus vastas propriedades para si, às quais não tinham direito algum, a não ser o direito imposto pelo dinheiro e garantido por seus matadores. Com o tempo, as leis foram mudadas para permitir ilimitada concentração de terras públicas e privadas em suas
mãos.” Como informa Apiano: “Os poderosos [proprietários de terras) ficavam extraordinariamente ricos, e o número de escravos no país atingia grandes proporções. Enquanto isso, o povo italiano padecia de diminuição da população e de falta de homens, desgastados pela pobreza, pelos impostos e pelo serviço militar.”
Os agricultores expropriados emigraram para cidades e pro-
víncias onde engrossaram as fileiras do proletariado, servindo como mão-de-obra barata e contribuindo para o crescimento de novos mercados urbanos e para o congestionamento das favelas, Alguns permaneceram no campo, vivendo miseravelmente como trabalhadores sem terra. | A mineração e a agricultura em larga escala eram tocadas, então como agora, por ricos proprietários, cuja primeira preocupação era maximizar os lucros, dando pouca atenção ao desgaste da força de trabalho e da terra. Como observou Plínio, o Velho, os homens incansavelmente acumulavam propriedades e explo-
ravam a terra, “cavando seus veios de ouro e prata e minas de cobre e chumbo; abríamos poços nas profundezas em busca de pedras preciosas e certas pedras minúsculas; arrancávamos suas entranhas em busca de jóias para botar no dedo! Quantas mãos se
arrebentaram de trabalhar para que um único dedo resplandecesse!... Todas essas avenidas de onde surgiam a riqueza conduziam apenas ao crime, à matança € à guerra..."?
Com um toque adicional de sabedoria, Plínio continuava: comparada ao universo, a terra é “apenas uma picada de alfine-
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te”, mas “é aqui que ocupamos posições de poder e cobiçamos a riqueza, e lançamos a humanidade no tumulto”. Aqui provocamos “guerras civis, e matamos uns aos outros, para tornar a terra
mais espaçosa!” E aqui “expulsamos os inquilinos mais próximos para acrescentar um pedaço de terra à nossa propriedade roubando a do nosso vizinho — a fim de que aquele que demarca mais — que terras e bane seus vizinhos possa regozijar-se de possuir fração da superfície da terra? ou, quando tiver estendido suas fronteiras por todo o tamanho da sua avareza, poderá reter — que porção, digam-me, de sua propriedade quando estiver morto?”
A estrutura política da República não foi toda ela preparada segundo um desígnio racional. Surgiu como resultado de demora— construção sem dos conflitos entre os cidadãos e a aristocracia solidez com uma mistura de proteções para o povo e de defesas da elite. Menos de duas décadas depois que os reis foram expulsos, o povo começou uma luta, que se estendeu por mais de 200 anos, para adquirir o direito de ter eleições populares e assembléias legislativas. Os plebeus faziam manifestações e motins, decretavam ações grevistas altamente organizadas, ou “secessões” quando convocados para servirem como soldados. À democracia, maravilhosa invenção do povo da história para se defender do poder dos ricos, lançou raízes tênues na Roma antiga. Mesmo assim, como democracia Roma deixou muito a deseajar. No Fórum, mercado central e praça aberta da cidade, candid sando tos e plebeus podiam agitar-se em grupos informais, conver assembléias, sobre questões variadas. Mas debates plenos, em para falar. Os eram restritos aos convidados por oficiais de justiça ser cidadãos comuns não podiam participar diretamente, a não
paca E ao ou gritar , aclamar r, aplaudi para o quand em de vez ou “não” a pro“sim” apenas dizer podiam os cidadã os votarem
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postas submetidas por um dos magistrados, sem o direito de da palpite sobre qualquer cláusula. Na ausência de um sistema representativo, as assembléias
eram abertas a todos os cidadãos. Na prática, só uma fração rela.
tivamente pequena da população qualificada podia ser acomo.
dada em lugares a céu aberto, geralmente os mais prósperos que dispunham de tempo e recursos para comparecer. Ainda assim,
plebeus e em menor grau estrangeiros e escravos por vezes faziam sentir sua presença. Na Assembléia Centurial (comitia centuriata), que elegia cônsules e pretores, a votação era feita em blocos unitários organizados em torno de tradicionais agrupamentos militares, e violentamente fraudada em benefício da classe de proprietários. Mais democrática era a Assembléia Tribal do Povo (comitia tributa), na qual cada família de grupos tribais votava como uma unidade. Mas era arranjada para favorecer os eleitores rurais em vez dos proletários. Reformadores como os irmãos Graco e Júlio César preferiam a Assembléia Tribal à Assembléia Centurial quando tentavam aprovar uma reforma."” Com união e a necessária mobilização de massas, pobres moradores da cidade, aliados a eleitores de distritos periféricos, podiam aprovar medidas a que se opunha a facção aristocrática dominante no Senado. Os diversos magistrados (cônsules, pretores, edis e questores) eram eleitos pelas assembléias.!! Ser eleito para qualquer desses altos escalões da magistratura dava direito a ficar pelo resto da vida no Senado. A coisa mais parecida com um cargo deocrátco era o Tribunato do Povo, criado depois de décadas de agitação populare ameaças de secessão armada. Dez tribunos eleitos a cada
ano pelas assembléias atuavam como protetores dos direitos do
povo. Podiam vetar projetos de lei e até mesmo decretos senatoriais. Acabaram adquirindo o direito de propor leis e processar
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funcionários faltosos. Era preciso ter linhagem plebéia para candidatar-se a tribuno, um dos poucos casos na República Tar-
dia em que a distinção entre patrícios e plebeus aínda prevalecia. Um tribuno que conseguisse a atenção favorável da elite senatorial podia, mais tarde, ser apoiado por ela numa disputa pelo cargo de questor. Se ganhasse, era admitido no Senado. À possibilidade de alcançar essa prestigiosa conquista embotou a verve democrática de muitos tribunos. Além disso, a proposta de um tribuno podia ser vetada por qualquer dos outros nove tribunos, o que atrapalhava os esforços dos inovadores mais dedicados. Pelo século IL a.C. — apesar de raros momentos de independência — os tribunos tanto podiam ser instrumentos do Senado como campeões das causas populares.” Membros do Senado (se tinham ancestrais plebeus) podiam paralisar o tribunato elegendo-se tribunos eles próprios, como fez o conservador Catão. Mesmo assim, o tribunato era grandemente valorizado pelo povo comum como o principal protetor de suas liberdades republicanas.
Comumente, as eleições eram disputadas por candidatos que tinham dinheiro ou eram apoiados por quem o tinha. Os de poucas posses tinham pouca probabilidade de se saírem bem nas urnas. O suborno e a compra de votos eram práticas generalizadas. Raramente candidatos apresentavam programas discerníveis. Para diferenciar-se dos adversários, o candidato dava ênfase à sua integridade pessoal e capacidade de liderança, ao prestígio de sua
família, a suas ligações com importantes personalidades do mo-
e ao seu mento, à sua folha de serviços prestados à comunidade,
sobre o heróico desempenho na guerra — o estilo prevalecendo
reconheçam! talvez hoje de es eleitor que la fórmu údo, conte
O predomíia permit o roman o polític a sistem o o, Em resum vê nio dos ricos na maioria dos assuntos.” Um historiador não
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nada de errado nisso: “Havia, certamente, alguma justiça num sistema no qual aqueles que suportavam o fardo mais pesado no financiamento e na condução das guerras também falavam mais alto na condução dos rumos da cidade.”!* Na realidade, os muito ricos não suportavam o fardo mais pesado na condução das guerras. Às tarefas mais perigosas recafam sobre os ombros de pequenos proprietários rurais e cidadãos, posteriormente até mesmo nos ombros do proletariado. Os ricos suportavam o fardo maior do financiamento das guerras, geralmente usando seus próprios recursos para formar exércitos. Mas em geral eram mais do que recompensados, ficando com a fatia do leão no butim. Em vez de contribuir para o bem comum, os ricos cevavam-se nele. Evitavam pagar o aluguel das terras públicas que eles ou seus antepassados tinham expropriado. A aristocrática mulher de Cícero, por exemplo, não pagava impostos ou taxas pelas florestas públicas de onde tirava madeira para obter lucros pessoais.!º Senadores não pagavam impostos, e praticamente não ajudavam a bancar outras despesas do governo. O dinheiro que emprestavam ao Estado era devolvido com juros, de fundos estatais financiados com os impostos pagos por pessoas menos privilegiadas, em Roma e no exterior. Esse sistema de financiamento dos gastos — tomando emprestado dos ricos e pagando-lhes ju-
ros com os impostos cobrados dos cidadãos comuns — equivalia
a uma redistribuição de renda de baixo para cima, muito parecida com a praticada por governos endividados de hoje, incluindo o americano. À instituição de governo mais poderosa era o Senado romano. Com centenas de homens de família rica que tinham servido, OU continuavam a servir, como magistrados, o Senado estabelecia à
política externa, nomeava governadores de província e controla-
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va as despesas da República. Buscava-se a aprovação do Senado na maioria das medidas, antes de submetê-las às assembléias. O Senado controlava o recrutamento e a movimentação das unida-
des do exército, assim como a designação das mais altas patentes.
E tomava decisões na guerra e na paz, depois de fazer consultas formais à assembléia popular. Dentro do Senado ficava o círculo dos nobres (robiles), que exercia influência dominante na eleição dos magistrados mais importantes, especialmente cônsules e pretores com poderes executivos e militares, e censores que supervisionavam a moralidade
pública e as listas de votação. Candidatos de famílias de renome senatorial geralmente obtinham os cargos mais altos da magis-
tratura. Na maior parte do tempo, “vinte ou trinta homens de uma dúzia de famílias” detinha praticamente “o monopólio do poder”. Dessa maneira, sete membros da família Metelh foram cônsules num período de 15 anos. Desigualdades predominavam no próprio Senado. Nenhum senador podia falar sem ser convidado pelo cônsul-presidente, e os que tinham postos consulares (a nobreza) eram sempre convidados a falar primeiro, geralmente deixando pouco tempo de sobra para outros senadores menos eminentes. Salústio, novato senador de menor stattss, queixava-se de que uma pequena facção de senadores governava, “dando e tirando à vontade; opride mindo os inocentes, e elevando seus partidários a posições é empehonra; e nenhuma maldade, nenhuma desonestidade cilho para a obtenção de cargos. O que há de desejável eles toe seu prazer mam e dele se apossam, e transformam sua vontade numa cidade em lei, tão arbitrariamente como 05 vencedores
conquistada”.!º à Os nobres mantinham sua influência principalmente com que conpatrocínio O € proteção a e social prestígio o riqueza,
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cediam a seus seguidores pagos ou sua clientela (clientela), e com
as ameaças e o uso da força, se fosse o caso. Quando Necessário
usavam sua clientela como bloco de votação, como agitadores « como oficiais armados. Esse sistema unia parcelas das classes
baixas aos ricos. Patronos influentes gastavam manhãs em casa dando audiência a multidões de seguidores que vinham pedir favores, transmitir informações úteis, receber tarefas, manifestar respeito, e obter modestos donativos em dinheiro ou alimento,
Como observa Max Weber, o patrocínio criou as relações de
dependência pessoal que deram à vida política de Roma seus exér-
citos privados e seu duradouro caráter semifeudal.”
No século II a.C., os nobres do Senado começaram a dividir-se em dois grupos, o maior deles autodesignando-se o dos optimates ('os homens melhores”), que se dedicavam a assegurar as prerrogativas político-econômicas dos bem-nascidos. Cícero descreve os optimares como “os homens mais notáveis e salvadores da
pátria”2º A facção menor da nobreza, agrupando o que seus adversários chamavam de populares ou “demagogos”, era a dos reformadores que tomavam o partido das pessoas comuns diversas questões. Júlio César é tido como o mais importante populares e o último de uma linhagem que durou de 133 a 44 Os optimates às vezes encontravam oposição dentro do
em dos al. pró-
prio Senado, e não só do grupo menor dos populares. Ascônio comenta que Os oprimates se opunham à exigência de quórum porque o baixo comparecimento
no Senado lhes permitia con-
duzir a votação mais prontamente.?! Brunt acha que muitos se-
nadores, mesmo a maioria, estavam abertos a acordos com César,
mas foram intimidados, ou estavam presos de outras maneiras às
figuras dominantes do Senado?
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A simpatia pelos optimates é parte de uma antiga tradição. Tácito, que era senador, descreve os oligarcas do Senado que assassinaram César e lutaram contra Otaviano e Marco Antônio como “os mais ardorosos patriotas” e “o último exército da República”* Quatro séculos depois, santo Agostinho escreveria que os assassinos eram “um grupo de nobres senadores, que tinham conspirado em defesa da liberdade da República”. E no fim do século XVIII, Gibbon viu os oligarcas como “os republicanos de espírito e habilidade que pereceram no campo de batalha”.? Muitos historiadores atuais olham também com entusiasmo não arrefecido a República dos Poucos. Dickinson compõe rapsódias ao constitucionalismo de Roma, enquanto não diz praticamente coisa alguma sobre suas severas desigualdades econômicas e suas características políticas antidemocráticas. Grant quer nos convencer de que candidatos ao consulado senatorial “tinham o treinamento herdado de sua classe, que frequentemente produzia... uma atitude de abnegado sacrifício diante das necessidades da comunidade”. Robson cobre de elogios as elites senatoriais educadas na forte tradição de subordinar ambições individuais ao bem-estar público. E Scullard nos trangúiliza afirmando que a constituição romana — mistura “equilibrada” de poderes reais, aristocráticos e democráticos, representados, res— pectivamente, por cônsules, pelo Senado e pela assembléia do Senunca foi seriamente ameaçada pela enorme influência
expemaior de homens os “continha augusto corpo Esse nado. riência administrativa e sabedoria política”,*
ou “equilibrada” constituição uma saudar de O costume remonta “mista” como o melhor e mais estável arranjo de governo “mogoverno; de formas três às Referindo-se antigos. tempos aos
narquia, aristocracia e democracia” Políbio sugere: Está Sado que
que inclui eleaquela constituição melhor a considerar se deve
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mentos das três Espriues adro Cícero concorda, defendendo : Os três tipos, apesar de aparentemente não em d m Ea De fato, não está claro o que seria uma mistura “; sas
iguais.”
das três formas,
os
tendo em
conta
a essência
ierentesd
traditória e antagonística de cada uma. Há muito se presume
a diversidade de formas constitucionais dá ótimo Foi
conqu
De
realidade, ela cria um sistema de impedimentos que torna prati-
camente impossível a reforma popular.
Como Políbio e Cícero, assim também Aristóteles e os autores da Constituição dos Estados Unidos em 1787 (fortemente influenciados pela leitura dos clássicos e por suas próprias preo-
cupações de classe e propriedade) — todos estiveram atentos às ameaças niveladoras das forças democráticas e da necessidade de uma “mistura” constitucional que permita participação limitada
da demos, com papel dominante atribuído a um poder executivo de elite.” Essa mesma preocupação predominou entre os que forjaram a constituição da Rússia capitalista de hoje. Essa tem sido
a natureza real da constituição mista. Diluir o poder democrático numa mistura preponderantemente antidemocrática não produz um “equilíbrio” admirável, e “estabilidade”. Na prática, à diversidade de formas costuma ser um subterfúgio, permitindo
uma aparência de participação popular a fim de conferir legitimidade ao domínio oligárquico. Infelizmente, muitos historiadores do classicismo sentem-St
mais à vontade com a plutocracia senatorial do que com o iguàlitarismo proletário. Seu medo é que o povo e seus líderes dema-
gógicos sejam dados a “excessos democráticos”, preocupação quê
remonta pelo menos a Platão, Theodore Plo, não pode conter o seu desgosto com República Tardia, como o pretor Marco que em 48 a.C. lançou uma campanha
Mommsen, por exemreformistas radicais da Célio Rufo, aristocratà para cancelar todas 3º
UMA
REPÚBLICA
PARA
POUCOS
69
dívidas e libertar todos os escravos. Rufo foi acusado de planejar a
tomada da cidade de Cápua com escravos armados. No ano seguinte, o tribuno Públio Dolabela e outros incitaram refregas de rua contra aluguéis de moradias e reivindicações de credores. Para Mommsen, tanto Rufo como Dolabela eram “tolos”, “os comu-
nistas da época”, provocadores de uma “canalha engajada não na atividade política mas apenas numa guerra de bandidos contra a propriedade”. A multidão impetuosa, é o que nos dizem, precisa ser restringida por moderação e probidade aristocráticas, sendo que esde ses ingredientes existem com mais persistência na imaginação os comentaristas do que na história real. Não há como negar que oligarcas do Senado estavam preocupados em preservar0 império da lei — desde que isso servisse aos interesses dos ricos, e contrariasse os reformadores que buscavam uma modesta redistribuição nada de renda e de privilégios. Na prática constitucional romana, impedia que o Senado aprovasse qualquer decreto que desejase baseada se. Os nobres protegiam a constituição — não escrita a esse fortalec isso que em medida na — prática na e no costume sua república, oligarquia. Era sua constituição, sua lei, e de fato acima de feita para acomodar “tradições sagradas” incluindo, costuma ser tudo, seus antigos interesses de classe. Esse ponto senatoriais os deatas aristocr nos vêem que aqueles por evitado fensores da virtude republicana.
4
“Demagogos” e esquadrões da morte A honra diante de um olho e a morte diante do outro.
— JúLio CÉSAR, ATO 1, CENA 2
través dos séculos, coerentes com suas inclinações ideológicas, os cavalheiros historiadores tendem a rejeitar os populares da República romana como demagogos que defendiam os próprios interesses e insultavam os princípios consttucionais avançando nos domínios do Senado. Um dos primeiros a imprimirem essa imagem na história foi Cícero, que acusou os agitadores populares de psicologicamente desequilibrados “devido a uma espécie de loucura revolucionária inata, [eles] vice-
jam na discórdia civil e na sedição”. São “homens temerários e abandonados” possuídos por “objetivos viciosos”, cuja “disposição natural incita-os contra o Estado”.! Em nossa época, historiadores como P A. Brunt nos contam que “a estrutura estabelecida de [Roma] só era atacada por agitadores, geralmente ou sempre aventureiros gananciosos...”? ério Um dos mais destacados desses “agitadores” foi Tib demoGraco, homem de berço aristocrático e fortes inclinações
nascer, Tibério cráticas. Mais de três décadas antes de Júlio César
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O
ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
tratou de aflições que acossavam Roma e a Itália, principalmente a gritante necessidade de uma distribuição de terras mais eqiita. tiva. Eleito para servir como tribuno em 133 a.€., Tibério Graco mobilizou o povo de dentro e de fora da cidade para aprovar sua
lex agraria, que procurava reviver a lei de 367 a.C, aquela altura
letra morta, limitando a quantidade de terra pública que podia ser arrendada por pessoa. À área excedente expropriada por grandes proprietários deveria ser redistribuída entre os pobres portrês comissários eleitos. Para preparar a lei, Tibério consultou eminentes cidadãos, incluindo magistrados e ex-magistrados. Indivíduos ricos que mereciam ser castigados pelos crimes associados com a posse da terra só seriam obrigados a entregar suas propriedades ilegais aos mais necessitados. “E haverá compensação. Certamente muitos hão de concordar que nenhuma lei contra a injustiça e a avareza jamais foi redigida em termos mais suaves e conciliatórios”, argumenta Plutarco, num tom surpreendentemente simpático. À terra estava sendo comprada de volta, por bom preço de mercado, daqueles que a tinham roubado. “Muito embora esse ato de
restituição manifestasse a mais terna atenção com os transgres-
sores, as pessoas comuns contentavam-se em esquecer o passado desde que pudessem ter a garantia de proteção contra injustiças futuras.” Os ricos proprietários de terra, entretanto, detestaram a
“lexagraria “por pura ganância”, e odiaram Tibério, por tê-la proposto, continua Plutarco. Fizeram o possível para jogar o povo contra a lei, alegando que a verdadeira intenção de Tibério era fomentar a revolução, impor sua vontade aristocrática e minar os alicerces da República.! Essas mesmas acusações foram feitas contra César quase um século depois. Fragmentos do discurso de Tibério introduzindo a lex agraria chegaram até nós. Com amarga eloquência ele descreve a difícil
“DEMAGOGOS”
E ESQUADRÕES
DA
MORTE
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situação dos plebeus sem terra, muitos dos quais eram veteranos do exército: “Sem terra e sem lar, são obrigados a pegar a mulher e os filhos e percorrer as estradas, como mendigos... Lutam e tombam para servir apenas ao propósito de multiplicar os bens e o conforto dos ricos. São chamados de senhores do mundo, mas não são donos de um torrão da terra que em realidade lhes pertence." Esses sentimentos de consciência de classe expressos diante
de uma assembléia de plebeus alimentaram o rancor dos oligarcas. “[A] conspiração que se formou contra [Tibério] parece ter tido suas origens no ódio e na malevolência dos ricos, mais do que nas desculpas que apresentaram para seus atos”, escreve Plutarco, que descreve Tibério Graco como alguém que escolhia as palavras com cuidado enquanto apelava para o senso de compaixão dos homens. A maioria dos outros historiadores tem opinião diferente.
Dion Cássio vê Tibério como “desviando-se do que há de melhor” (suas importantes ligações de família e sua fina educação) e sendo levado “para o que há de pior” ao “estragar e perturbar Os costumes estabelecidos”, e fazer “qualquer declaração ou promessa
para qualquer um”. Um coro de especialistas posteriores concordam, alegando que Graco “fez um mal inominável à Repú-
blica”, era “arrogante”, “impetuoso”, “farisaico”, “metido em e prer ado voc pro e ent iam sar ces sne “de e s”, gai ile caminhos cipitado”,
os € ilegais que os tu pe im s do to mé os te en am at ex am er s Quai seu projeto de ar nt se re ap de vez Em a? av eg pr em o Tibério Grac examiná-lo, à va sa cu re se e qu , ado Sen ao a ári agr lei de reforma da cem anos ci le abe est ca áti ocr dem s mai via ele preferiu uma
diretamente à to un ass o ou Lev da. usa antes, embora raramente e-
numerosos pl am er ec ar mp co al qu à , vo Po do al ib Assembléia Tr
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CÉSAR
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DA
MORTE
beus na expectativa dessa manobra. À proposta foi aprovada mas
recebeu o veto inesperado de outro tribuno, Marco Otávio, alia.
do da roda de amigos dos oprimates. Essa manobra talvez fosse
inconstitucional, uma vez que o veto do tribuno destinava-se a proteger os cidadãos da tirania oficial e não a sufocar a vox populi
em questões substantivas.”
À conselho de cidadãos eminentes, Tibério levou a disputa sobre o veto de Otávio ao Senado, onde “foi tratado pelos ricos com tal desdém”, segundo Apiano, que voltou a toda pressa para o Fórum, Ali propôs que Otávio fosse deposto. É verdade que um tribuno
era inatingível porque tinha a função de protetor do povo. “Mas se o tribuno fugisse dos seus deveres, oprimisse o povo, enfraquecesse seus poderes e tirasse do povo o direito de votar”, argumentou
Graco, “ele por suas próprias ações se destituiria do honrado cargo
por deixar de preencher as condições em que o aceitou.” Tibério conquistou a maioria esmagadora dos votos das tribos, e Otávio foi demitido, o que permitiu a aprovação da lex agraria." Tibério propôs outras reformas. Queria reduzir o tempo do
75
proposta provocou a desaprovação de historiadores mais recentes. Para Mommsen, essa proposta equivalia a “mexer indevidamente nas finanças públicas”, Para Handford, foi uma “grave invasão do controle do Senado, até àquela altura inquestionável,
sobre questões financeiras e de política externa”.»
Tibério tentou então reeleger-se para um segundo mandato.
Assim como funcionários do Estado, magistrados de alto posto também estavam proibidos de tentar reeleição imediata para o mesmo cargo, mas o tribunato era um cargo da plebe. A intenção de Tibério não era ilegal nem inusitada. Mesmo assim, essa tentativa também tem sido condenada por historiadores modernos, como “sem tato e provocadora”, sintomática dos “líderes do populacho”, “transgredindo práticas tradicionais” e sinal de “pressa indevida e tolice”.! A lex agraria de Tibério Graco teria dado a milhares de famílias desarraigadas uma oportunidade de viver da terra, aliviando o
pessoal e política partidária, mais do que por considerações de justiça e bem comum.”!
congestionamento demográfico de Roma. Teria detido o despovoamento do campo, e reabastecido o estoque de pequenos proprietários rurais. Em face da revolta popular contra a posse ilegal da terra, os oligarcas não podiam facilmente atacar a lei de Tibério. Por isso atacaram o próprio. Não perdiam oportunidade de denunciá-lo como demagogo e tirano, cuja intenção era coroarse rei. Privaram-no dos recursos suficientes para administrar O programa de reforma agrária. O principal autor dessas afrontas era Públio Nasica, um dos maiores proprietários de terras públicas, que se ressentia amargamente de ser obrigado à devolver um pe-
legou seu reino e suas rendas ao Estado romano. Tibério propôs
“entregou-se completamente ao ódio contra Tibério «4 Tendo
serviço militar (na época dos 17 aos 46 anos), dar ao povo o direi-
to de recorrer dos veredictos de júris e permitir aos equestres que participassem de júris até então formados exclusivamente de senadores. Depois de registrar essas iniciativas, Plutarco abandona a opinião favorável que tinha de Graco e conclui: “Em resumo, O programa de Tibério destinava-se a diminuir o poder do Senado de todas as formas possíveis, e foi inspirado por razões de raiva Logo depois que a lex agraria foi aprovada, um rei asiático
usar parte desses recursos caídos do céu como capital inicial para
os agricultores necessitados que receberam terra sob a nova lei. À
daço que fosse de suas ager publicus, e que, como Escreve
ni
conacabaram proprietários grandes os publicus, ager as roubado vencidos de que elas lhes pertenciam por direito.
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DE
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CÉSAR “DEMAGOGOS”
Tibério temia ser assassinado por seus esforços reformistas
Ficou provado que suas apreensões tinham fundamento. Quan do a Assembléia Tribal se reuniu para votara reeleição de Tibério
Nasica, com outros senadores e um bando de matado res da
aluguel, invadiu a reunião e matou-o, juntamente com outr os 300 seguidores seus, nenhum dos quais pegara em armas. Quando Mommsen escreve que Graco tinha “uma escolta de guarda-costas
recrutados no esgoto”, está se referindo ao seu complemento de romanos desarmados, de condição humilde, que ficaram ao lado de Tibério e sacrificaram a vida em defesa de reformas equitativas. ! Às pessoas comuns ressentiram-se amargamente dos assassinatos e falaram abertamente em vingança. Quando encontravam
Nasica, escreve Plutarco, “não tentavam esconder o ódio que lhe
tinham, mas ficavam iradas e gritavam contra ele sempre que tinham oportunidade, chamando-o de maldito e tirano” que tinha matado “uma pessoa sagrada e inviolável”. Temendo pela segurança de Nasica, o Senado decidiu mandá-lo para a Ásia, embora não precisasse dele lá. Nasica partiu da Itália furtivamente, apesar de ser um alto sacerdote romano (pontifex maximus). Errou ignominiosamente por terras estrangeiras durante breve pe-
ríodo, depois se matou em Pérgamo (perto da costa do Egeu da atual Turquia).
Recorrendo a uma história improvável, Lúcio Aneu Floro perdoa o assassinato de Tibério. Diz ele que o tribuno fugiu para o Capitólio perseguido de perto pelos agressores. Ali pediu ao povo que salvasse sua vida, mas tocou na cabeça com a mão sugerindo que “pedia poderes reais e uma coroa”. Esse gesto enraiveceu a multidão que facilmente foi convencida a pegar em armas e matar Tibério “com inegável justiça”.” Parecia perfeitamente plausível a Floro que Tibério começasse a negociar para obter uma
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ESQUADRÕES
DA
MORTE
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coroa enquanto era perseguido por um bando de assassinos, e que
uma platéia até então simpática de repente se voltasse contra ele com armas só porque ele tinha tocado na cabeça. É uma prática antiga culpar reformadores “impetuosos” e “provocadores” pela violência das forças reacionárias de que são vítimas. Falando em nome de qualquer historiador moderno, Andrew Lintott diz que a hostilidade dos atacantes de Tibério “não foi inspirada apenas pelo projeto de lei da terra mas pelas táticas empregadas por Graco”.'* Cyril Robinson responsabiliza as vítimas pela hecatombe de 133 a.C., referindo-se às “táticas temerárias e irregulares dos democratas Gracos”. À violência civil que levou à morte de Tibério é algo “pelo qual ele, pelo menos parcialmente, deve ser responsabilizado também”.” Scullard vai além: os oligarcas, os próprios assassinos, não têm culpa al-
guma. Os “prudentes” senadores foram forçados a enfrentar “o reformador excessivamente ardoroso”. “A multidão urbana que invadiu a assembléia em Roma... tornava-se cada vez mais irresponsável e alheia às necessidades do povo”, levando ao “governo da multidão ou ditadura”.* Esses críticos não nos dizem que programa de reformas Tibério poderia ter proposto que não incorresse na ira dos ricos proprietários de terra. Mesmo que tivesse seguido o caminho tradicional, deixando a Jex agraria à mercê do Senado, e usasse a mais extrema finura e moderação, os grandes proprietários ainda assim teriam sepultado a iniciativa. A lei de Tibério era mais do que generosa em sua oferta de imerecida compensação para OS ricos, imerecida porque os ricos nunca pagaram qualquer reparação pela terra que tomaram anteriormente, nem pelos prejuízos que Rs causaram aos pequenos proprietários rurais. substância A verdade é que o pecado de Tibério foi mais de do que de estilo. Não é que ele tenha deixado de usar os canais
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competentes. O próprio Senado costumava desviar-se de seus procedimentos constitucionais quando a conveniência assim q ditava — como quando os senadores lançaram o ataque armado
para massacrar Tibério e centenas de seguidores. Ele tentou in.
verter a distribuição de riqueza de baixo para cima. Teve a audácia de defender reformas que dariam alguma coisa aos pobres em prejuízo da rapacidade dos ricos.
Depois do assassinato de Tibério, o Senado hesitou em abolir a comissão de três pessoas encarregada da reform a agrária,
“Temerosos da multidão”, diz Plutarco, os nobres permitiram que a distribuição de terras públicas prosseguisse.?! Mas conseguir am solapar o trabalho da comissão. Pelo ano 129 tinham retirado casos controvertidos das mãos da comissão para entregá-los aos cônsules, cujas ausências frequentes e deliberadas retardaram bastante
o programa. Com o tempo, a reforma agrária foi inteiramente desfeita.
Um dos maiores populares, abaixo apenas provavelmente de Já-
lio César, foi o irmão mais novo de Tibério, Caio Graco. Vividamente ciente do destino do irmão, Caio relutou em disputar o cargo. Sua mãe Cornélia, mulher de algum destaque, exigiu-lhe que se afastasse dos perigos da vida pública, para que ela pudesse
ter algum alívio da dor que sentia: “Você... único sobrevivente de todos os filhos que tive... Concorra ao tribunato quando eu estiver morta... quando eu já não puder tomar conhecimento.”2 Mas
“DEMAGOGOS"
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DA MORTE
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cio dos indigentes, a construção de estradas para distritos mais férteis a fim de organizar o avanço da agricultura italiana, a ven-
da de cereais a preços baixos para plebeus empobrecidos e redução do tempo de serviço militar e roupas de graça para soldados. Caio também defendeu a concessão aos aliados de Roma dos
mesmos direitos de votação dos romanos, para que pudessem viver como cidadãos e não como súditos. Fez equestres participa-
rem de júris, quebrando o privilégio monopolista do Senado de
servir como jurado em ações criminais. E propôs acrescentar 200
cadeiras no Senado, a serem ocupadas pela ordem dos cavaleiros. Caio Graco recomendou que as diversas classes votassem, não em sequência hierárquica que favorecesse a nobreza, mas por lotes, “permitindo que todos tivessem igual influência política, fosse qual fosse o seu nível de riqueza”.? Propôs um projeto de lei que proibia qualquer magistrado deposto pelo povo de assumit cargo público. Outro projeto seu reafirmava o antigo princípio que protegia a vida dos cidadãos contra julgamentos sumários de magistrados — como quando o Senado executou seu irmão Tibério sem julgamento, e assassinou seus seguidores. Plutarco observa que Caio Graco supervisionava cada projeto com extraordinária rapidez e aplicação, impressionando até
quem não gostava dele. Caio era “servido por uma multidão de empreiteiros, artesãos, embaixadores, magistrados, soldados e ho-
mens de letras, que ele tratava com uma cortesia que lhe permitia demonstrar bondade com todos os companheiros... Com isso
Caio achou impossível resistir às súplicas dos que queriam a re-
deu a prova mais clara possível de que aqueles que o apresenta-
um dos maiores que apareceram em Roma. Contra a vontade coletiva dos distintos nobres, foi eleito tribuno em 123 a.C,
faziam do que espalhar calúnias”.” Senado aproEm 121, em resposta às iniciativas de Caio, O tum vou o que posteriormente seria chamado de senatus consul CA
forma. Acabou destacando-se como orador inflamado e elogiiente,
Ao assumir O cargo, mergulhou num amplo programa de re-
formas que inclufa a redistribuição de terras públicas em benefi-
ram como um homem tirânico, arrogante, ou violento nada mais
ei tos reppu ultimum, decreto que permittiia a suspensaoã de dirjrei
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O
ASSASSINATO
canos “em defesa ça para dispensar tica e assassinatos de morte, Caio e
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JÚLIO
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da República”. Dava-se aos magistrados licen. poderes absolutistas, incluindo repressão políem massa. Depois de receber repetidas ameaças 250 seguidores, incluindo outro popularis, Fál.
“DEMAGOGOS”
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DA
MORTE
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vieram depois desejavam provocar “guerras civis, iníquas e injustificáveis em suas causas” Escritores modernos como H. H. Scullard dizem que Caio “imprudentemente formou um
vio Flaco, foram massacrados pelos esquadrões da morte dos optmates em 121 a.C. Além disso, os assassinos cercaram e executaram sumariamente mais três mil democratas. Os parentes das
corpo de guarda-costas de amigos” que “provocou” os optimates, levando-os a assassiná-lo.? Christian Meier justifica a fúria homicida dos optimates argumentando que Caio desafiou a “lei não escrita” definida pelo Senado, e “parece” que seus seguidores fo-
Diante da magnitude desses crimes, é desanimador verificar que através dos séculos muitos historiadores foram mais severos em suas críticas às vítimas do que aos algozes. Cícero foi dos primeiros comentaristas a denunciarem os Gracos e manifestarem apoio aos assassinos. Ele os via como demagogos que serviam de instrumento para os desígnios escusos dos piores elementos. Dion também escreve que Caio “era naturalmente intratável” e facilmente “usava de velhacaria”, tornando-se uma ameaça mortal à “nobreza e ao grupo senatorial”.”” Floro descarta as lutas reformistas dos Gracos como “sedições”2º Valério Máximo denuncia repetidas vezes os Gracos por se meterem em “empreendimentos ignóbeis”. Trata a morte de Caio como “um bom exemplo”, e aplaude a “sabedoria” do Senado ao matar Tibério Graco “que ousou promulgar uma lei agrária”. Os Gracos e seus “criminosos seguidores... tiveram o castigo que mereciam”.?º Para Veleio Patérculo, os Gracos estavam imbuídos de “idéias perniciosas”.
ram os primeiros a recorrerem à violência.* Otto Kiefer contorna a questão da culpa aristocrática usando uma construção neutra:
vítimas foram proibidos de prantear publicamente seus mortos
Caio foi impelido pelo desejo “de preparar o caminho para ele
mesmo tornar-se rei”. E o assassinato de Fúlvio Flaco, seu aliado, justificou-se porque ele dividia com Caio o “poder de rei” e “tinha as mesmas inclinações para medidas nocivas"30 No começo da era cristã, santo Agostinho nos diz que os Gracos cometeram transgressões contra a sociedade “quando lançaram tudo numa grande confusão”; eles e outros populares que
os Gracos “pereceram em furiosos combates de rua”,*
O fato do senatus consultum ultimatum ter sido usado para derrubar Caio Graco e milhares de séguidores parece não incomodar P À. Brunt, que alega, juridicamente, que o decreto não
conferia autoridade adicional e simplesmente permitia aos magistrados ignorarem decretos existentes, “agindo de acordo com o princípio segundo o qual a lei mais alta era a segurança pública”.* Mas a “lei mais alta” é geralmente um manto para encobrir os atos mais baixos. Os reformadores Gracos puseram em perigo a sociedade? Ou apenas violaram as prerrogativas de alguns? Na realidade, como a maioria das elites dominantes, Os optimates não viam diferença alguma; para eles, qualquer ameaça a seus privilégios equivalia a pôr em risco a ordem social, como a conheciam. Depois dos massacres de 121, a violenta expropriação de ter-
ras pelos proprietários ricos e poderosos acelerou-se:*À comis-
são de terra foi dissolvida de imediato, em 118, por insistência do Senado, e a distribuição de terras para pequenos arrendatários
tornou-se coisa do passado. Pelo ano 111, os aluguéis que os gran-
para usar as terras pddes proprietários tinham pago ao Estado dessa forma uma completa blicas foram abolidos, promovendo-se
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privatização das ager publicus. As férteis terras públicas agora pe tenciam inteiramente aos ricos e ausentes donos de escravos 2? +
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“DEMAGOGOS"
ê
Cerca de 20 anos depois do assassinato de Caio Graco, Outro
popularis, Lácio Apuleio Saturnino, que servia como tribuno,
propôs uma lei para tornar os cereais acessíveis ao proletariado, Procurou também estabelecer um tribunal para julgar casos de “aviltamento da majestade do Estado”, medida dirigida contra a facção dos optimates. A ele juntou-se outro senador reformista,
Caio Servílio Gláucia. Em 100 a.C., o Senado decretou outro senatus consultum ultimatum, pelo qual os dois homens foram postos sob custódia na Câmara do Senado. Um esquadrão da morte dos oprimates entrou pelo telhado e matou-os. Os assassinos nunca foram processados. Marco Lívio Druso, tribuno, quis estender o direito de voto a grandes parcelas da Itália, distribuir milho a preços subsidiados, partilhar lotes de terra à maneira dos Gracos, e lançou um plano
para reformar as leis dos tribunais. Por essas iniciativas morreu esfaqueado em 91. Seu assassino nunca foi perseguido.”
Outro tribuno, Sulpício Rufo, amigo de Druso, tentou levar adiante essas reformas. Depois de escaramuças com as forças reacionárias, foi caçado pelos esquadrões da morte dos optimates e morto, provavelmente em 88 a.C. Mesmo um conservador como Veleio admitiu que as limitadas concessões defendidas por Druso destinavam-se a acalmar a multidão, para que ela, grata por esse pequeno favor, tolerasse as vantagens muito maiores concedidas aos ricos. A maioria dos historiadores antigos e modernos descarta esses reformadores pós-Gracos como “demagogos”+!
Um popularis de destaque era Caio Mário (tio de César, por casamento), que veio de família provinciana de pouca importância, levou vida de camponês e soldado nos primeiros anos e con-
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DA MORTE
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quistou fama posteriormente como general. Em 119 a.C. foi eleito tribuno do povo, cônsul em 107 e cinco vezes depois, uma honraria inusitada. Mário foi o primeiro a eliminar a exigência de posse de propriedades como qualificação para o serviço militar e a recrutar até mesmo proletários sem dinheiro algum, fazendo uma reforma amplamente determinada pela escassez de pequenos proprietários rurais. Aliado a Saturnino e Gláucia, lutou pelo fornecimento de terra para seus veteranos do exército e pela ven-
da de cereais subsidiados. Depois rompeu com Saturnino e foi incapaz de impedir a sua morte, Em 87, numa briga com Sula, Mário juntou-se a Lúcio Cornélio Cina para invadir Roma e matar centenas de aristocratas e seus colaboradores. Morreu de pleurisia no ano seguinte com 71 anos. Apesar da carreira espetacular, Mário não tinha um programa claro de reforma política. Muito da sua popularidade e da lendária reputação que deixou entre as pessoas comuns deve-se a suas origens provincianas relativamente modestas, a suas façanhas militares iniciais, à sua vontade de elevar plebeus a posições de responsabilidade e a sua ocasional capacidade de castigar a nobreza.”
O primeiro entre os líderes reacionários que regularmente viola-
vam os direitos republicanos a serviço dos interesses aristocrátisuas cos foi Lácio Cornélio Sula, que em 88 a.C. marchou com
que forças sobre Roma, violando antigo dispositivo constitucional
hares de ciproibia a entrada de exércitos na cidade. Em 87, mil uidores de seg res est equ s rico ndo lui inc s, ado arm des dadãos da morte de Sula, s rõe uad esq s pelo ados ssin assa am Cina,º for
reformas iguaas ver revi jar dese sido a tinh e crim seu o sendo que ud de er ema sist um o uind incl , Rufo ício Sulp de litárias ia democrático para a Assembléia Tribal. “[O]
: o
im Um escritor Ass ” tos. esgo s pelo rria esco gue san e de cadáveres
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O ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
descreve o massacre dos democratas de Cina.t Logo depois o prio Cina foi assassinado por auxiliares q ue se voltaram c : on ele. E
=
E
e
.7.
“DEMAGOGOS" TÓ-
"
Após anos de guerras externas, Sula entrou novame nte e Roma em 82, Derrotou um exército samnita rebeld e e mMassacroy
todas as suas tropas, incluindo os soldados que se ren deram. E
baixou uma proscrição (proscriptio) contra centenas de romanos à qual se seguiram centenas de outras num período de meses, A proscrição consistia numa lista de pessoas dec laradas criminosas
pela autoridade estatal. Suas propriedades eram con fiscadas, e tinham a cabeça posta a prêmio. Seus assassinos eram recomp ensados e seus protetores punidos. Como método de exp urpo político, a proscrição atingiu uma espécie de brutal perfeição com Sula. Ele matou cinquenta adversários senatoriais suspeitos de não cooperarem com suficiente entusiasmo, além de 1.600 cavaleiros e dois mil plebeus (alguns estimam o número de vítimas em dez mil), tal era a sua determinação de erradicar a facção democrática adversária. Muitos tombavam vítimas da mais leve suspeita, e alguns porque suas propriedades eram cobiçadas pelos algozes. Como é típico do terror inquisitorial, muitos se apresentavam como acusadores, apontando o dedo para outros a fim de demonstrarem lealdade e se manterem acima de qualquer suspeita.*é Como outros dedicados reacionários antes e depois dele, Sula também usou seu poder ditatorial para acumular enorme fortuna pessoal.” Declarando-se dictator não apenas pelos seis meses
de praxe mas indefinidamente, ele tirou da Assembléia o controle dos tribunais penais e passou-o para o Senado. Nomeou 300 novos senadores selecionados basicamente por suas inc linações conservadoras, e aumentou o número de sacerdotes do Estado . Proibiu os tribunos de aspirarem a cargos mai s altos, + a fim de
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DA MORTE
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impedir a ascensão de líderes democratas como os Gracos. Também estavam impedidos de convocar reuniões do povo ou propor legislação na Assembléia. E todas as propostas legislativas precisavam agora do consentimento preliminar do Senado. Apesar de o poder de veto do tribunato não ter sido abolido — provavelmente porque o Senado podia usá-lo para derrubar um cônsul
criador de caso — ficou gravemente restringido.
Sula desfez a reforma dos tribunais empreendida por Caio
Graco, restaurando o monopólio senatorial sobre o judiciário. Em resumo, aboliu conquistas democráticas obtidas a custo, e instalou uma constituição extraordinariamente reacionária. O Senado passou a ter o controle quase total da legislação, dos tribunais, e dos magistrados executivos, com mais poderes do que tivera em séculos anteriores. Sula tirou da plebe o direito de comprar grãos baratos, criando-lhes dessa forma sérias dificuldades. Durante sua ditadura, e nas décadas seguintes, usurários e grandes proprietários de terra expulsaram do campo metade dos moradores rurais da Itália. Fazendas foram transformadas em plantações, vinhedos, olivais,
pomares e roças de pasto para vacas e ovelhas, tudo tocado por escravos e fazendeiros inquilinos — importante reviravolta social envolvendo sofrimento incalculável, e ainda assim raramente mencionada por figuras públicas ou historiadores da época.” A luta em torno da nova ordem de Sula continuou bem depois de sua aposentadoria em 81 e de sua morte em 78. Uma imediata exigência feita pelos democratas foi a restauração dos direitos e prerrogativas do tribunato do povo. Em 76, o tribuno Gneu Sicínio ousou falar em restauração, e morreu vítima de “perfídia patrícia”, informa Salústio.º” Um popularis proscrito por Sula foi Quinto Sertório, que defendia a cidadania para Os povos da ar
nínsula ibérica e durante anos travou eficiente guerra de guerri-
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O ASSASSINATO
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JÚLIO
CÉSAR "DEMAGOGOS"
lha contra as forças de Sula na Espanha. Um colega de Sula o fere.
ceu a qualquer romano que matasse Sertório um enorme Prêmio
em dinheiro e 8.100 hectares de terra.*! Sertório acabou perseguido e morto em 73. Contemplando o reinado de Sula, escreveu Cícero;
“Tudo basicamente admirável, embora faltasse um pouco de
moderação.” Alguns historiadores não têm uma palavra de crítica a dizer sobre as “reformas” de Sula. Scullard não manifesta nenhuma das preocupações com a perda de liberdade e o equilíbrio constitucional que menciona infalivelmente quando discute os Gracos: “Como comandante de exército e ditador [Sula] podia agir com maior independência.” Sula compreendeu que o Senado preci-
sava “retomar o controle com firmeza e voltar a ser uma instituição de governo”. No mesmo tom, Mommsen se refere à “moderação patriótica e criteriosa” de Sula e à sua determinação de colocar a oligarquia em situação mais independente. Meier nos diz que
Sula “era simplesmente um realista” que “simplesmente executou as tarefas que julgava serem de sua obrigação, embora, reconheça-se, de forma pouco convencional”. E Keaveney dedica um livro inteiro à tarefa de oferecer a visão mais positiva possível do
ditador, manifestando gratidão por seus esfo rços de restauração €
por suas virtudes republicanas.
Em 66 a.C€., o tribuno reformista Caio Manílio propôs uma lei para democratizar o sistema de votação na assembléia tribal.
Domício Aenobarbo, um dos principais prota gonistas do reino de terror de Sula e violento adversário das reformas populares, mandou membros de sua clientela atacarem a assembléia e matarem
um grupo de partidários de Manílio. O Senado cumprimentou Aenobarbo por seu espírito cívico e anulou a lei de Manílio
E ESQUADRÕES
DA MORTE
87
Merece menção especial Públio Clódio Pulcher, tribun o aliado de Júlio César. Clódio usava a grafia antiga do nome da sua famí.
lia patrícia, Claudius, por achar mais de acordo com a regra co-
mum de pronúncia. Até renunciou a sua condição patrícia e fez-se adotar por uma notável família plebéia, para que pudesse servir “como tribuno em 58. Nesse cargo, patrocinou uma lei para conter o uso faccioso de censores. Proibiu a execução de cidadãos sem
julgamento, medida destinada a conter os massacres dos esqua-
drões da morte. E conseguiu aprovar uma lei restabelecendo o direito de organizar os collegia, associações e sindicatos populares de artesãos. Muitas associações tinham sido abolidas por de-
creto senatorial seis anos antes. À lei de Clódio restaurou a legalidade dessas organizações populares, em bases paramilita-
res, preparando-as para ações defensivas contra os exércitos privados dos opiimates. Suas fileiras eram formadas por libertos, pelos cidadãos mais pobres e até por escravos. Ele propôs uma lei concedendo plenos direitos políticos a todos os libertos e a muitos escravos.” Os oligarcas do Senado tentaram repetidamente afastar Clódio dos cidadãos alegando que seus seguidores eram exclusivamente escravos e criminosos. Clódio lutou para que cereais fossem distribuídos gratuitamente ao proletariado, e proibiu os magistrados de usarem “maus presságios” e outros recursos sacerdotais para obstruir assembléias A distribuiçã populares. % o gratuita de grãos melhorou modestamente o bem-estar material da plebe, a liberalização dos procedi-
mentos das assembléias fortaleceu sua soberania, e a organização dos collegia lhes deu mais poder político.
À maior parte dos nossos cavalheiros historiadores, tanto an-
tigos como modernos, desaprova os esforços de Clódio para mobilizar as pessoas comuns em benefício de uma agenda popular. Em 57, um escandalizado Cícero denunciou Clódio como um
88
O ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
patife da pior espécie por ir “de rua em rua oferecendo aberta. mente a liberdade aos escravos... e usar escravos como co Nselhe;.
ros”? Qutros aceitam sem criticar a opinião de Cícero. Plutarco chama Clódio de “o mais audacioso e vil” e “o mais Notório e ras. teiro dos demagogos do seu tempo”. Ascôni o antipatiza com Clódio por incitar “o sedimento da popula ção escrava da cida-
de”, Veleio não repreende com severidade o seu assassinato (discutido adiante), qualificando-o de “mau precedent e, mas benéfico para o público”. Historiadores recentes são quase unânimes em den unciar Clódio como “folgado e dissoluto”, “vigarista”, “patife”, “aven=
EL
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tureiro inescrupuloso”, “temerário demagogo”, e “chefe de ban. do” que “organizou arruaças” e “recrutou homens para atos de violência”, “tribuno anárquico do povo”. Gelzer rotula-o de “demagogo da pior espécie” por defender a distribuição gratuita .
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de grãos e organizar clubes políticos no proletariado. Lintott, num tom que lembra Cícero, nos assegura que Clódio buscava “o poder político urbano como um fim em si mesmo”, e precisava ser confrontado “por bandos de lutadores profissionais, fossem valentões mercenários, gladiadores ou soldados”“º
A bem da verdade, Clódio era capaz de comportament o desordeiro. Em 61 foi acusado de vestir-se de mulher e entrar clan destinamente no santuário das Virgens Vestais para ter encontros amorosos com a segunda mulher de César, Pompéia. As autoridades declararam o incidente um sacrilégio. César não foi mui to severo em sua reação contra o aliado político Cló dio, mas divorciou-se de Pompéia. Ele jurava que ela não tinha dor mido com
Clódio, mesmo assim dizia que “a mulher de César deve estar acima de qualquer suspeita”. Clódio foi julgado e absolvido por 31 votos a 25 porque, acusava Cícero, o júri era formado por um bando necessitado e infame cujas simpatias o acusad o comprara
“DEMAGOGOS"
E
ESQUADRÕES
DA
MORTE
89
com dinheiro. Depois no Senado, Cícero pronunciou uma sentença: “Clódio... o júri não o preservou para as ruas de Roma, mas
para a câmara de morte”,” prognóstico ameaçador que se revelaria absolutamente verdadeiro.
Em 18 de janeiro de 52, Clódio viajava pela Via Ápia com
cerca de 30 escravos. Encontrou um bando de 300 mercenários, na maioria gladiadores, chefiados pelo opsimate Tito Ânio Milão,
amigo de Cícero e marido da filha de Sula. Ferido na refrega, Clódio foi levado para uma estalagem. Por ordem de Milão, os
gladiadores perseguiram a presa, mataram o estalajadeiro, depois arrastaram Clódio para a estrada, esfaqueando-o repetidas vezes, até liquidá-lo.* Quando a notícia se espalhou pela cidade, a população, perplexa, passou a noite no Fórum. No dia seguinte, uma multidão furiosa transportou o cadáver, nu para que as muitas lacerações ficassem expostas, até a Câmara do Senado. Ali fez um fogo com cadeiras e mesas e queimou o corpo e o prédio. Depois seguiu
para a casa do assassino, cercando-a até ser dispersada pelos ar-
queiros de Milão. Os proletários movimentaram-se furiosamente pela cidade, surrando e matando todos os suspeitos de simpatizarem com Milão, atacando especialmente as pessoas ricamente vestidas.* Milão foi levado à Justiça, tendo Cícero por advogado. Usando a antiga estratégia dos advogados de defesa que não têm o que defender, Cícero defendeu seu cliente atacando a vítima, acusando
Clódio, “monstro audacioso e desprezível”, de ser “ladrão e traldor”, que estimulava “os ataques frenéticos da escória”. ao
em comparação com isso, era “um cavalheiro fino egalante qa agia apenas em defesa própria. Clódio tentara impedir que Mià Repúlão se tornasse cônsul; era uma ameaça revolucionária
blica, ao passo que Milão era o valente defensor de Roma. Clódio
90
O
ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
"DEMAGOGOS”
fizera repetidas ameaças de morte a Milão, mas “nada no Mundo
poderia induzir Milão a [matar Clódio] ou sequer a desejar sua morte”. Clódio tinha preparado uma emboscada contra Milão,
porque era movido pela raiva e pelo ódio. Mas em Milão “não havia vestígios desses sentimentos”.* Aqui Cícero estava sendo deliberadamente hipócrita. Em cartas particulares anteriores ele próprio reconhecera que Milão ameaçava abertamente matar Clódio: “Acho que Públio [Clódio]
será levado ao tribunal por Milão, a não ser que antes disso seja assassinado. Se ele se puser no caminho de Milão disposto a brigar, não tenho dúvida de que Milão o despachará com as pró-
prias mãos. Quanto a isso não tem escrúpulos ou hesitações."$ Durante o julgamento, o sentimento popular contra Milão atingira tal grau de intensidade que desanimou Cícero, impedin-
do-o de concluir seu discurso de defesa, Milão foi condenado e obrigado a exilar-se, a pena mais severa aplicável a um aristocrata, Diga-se em favor de muitos historiadores que eles não aceitam a alegação de Cícero de que Clódio atacou Milão. É pouco provável que um grupo armado de trinta pessoas prepare uma
emboscada contra 300, especialmente quando entre estes há um número substancial de gladiadores altamente treinados. A maio-
ria re o assassinato na Via Ápia como um incidente casual: os dois grupos se cruzavam quando uma faísc vando a um confronto imprevisto. Apiano ana
Milão se entreolharam com suspeita quando se cruz
spa aram, e en-
tão um dos escravos de Milão, “ou por ter recebido uma ordem ou porque queria matar o inimigo do seu senhor” » enfiou uma
adaga nas costas de Clódio.º É difícil imaginar que um escravo pudesse aproximar-se tão facilmente do bem Protegido CI6 dio,
ou que tomaria por contra própria ini | ciativa tão arriscc ad
importante.
eta
E ESQUADRÕES
DA MORTE
91
Um mês depois da morte de Clódio, Q. Metelo Cipião de-
nunciou a defesa de Milão como mentirosa. Metelo afirmou que
Clódio, acompanhado de 26 escravos, saíra de Roma para tratar
com autoridades em Aricia, e que Milão, com 300 homens arma-
dos, correra para alcançá-lo. Onze homens de Clódio morreram no ataque e outros foram feridos; do grupo de Milão só três
sofreram ferimentos. Segundo Metelo, no dia seguinte Milão recompensou 12 homens, provavelmente gladiadores, pelos servi-
ços prestados contra Clódio. Além disso, alforriou alguns, para que pudessem testemunhar no tribunal como libertos, se fosse necessário.” Algum tempo depois que Metelo fez a denúncia, um conhe-
cido liberto, Emílio Filêmon, anunciou que ele e outras quatro pessoas tinham assistido ao assassinato de Clódio. Quando pro-
testaram, foram sequestrados e mantidos em cativeiro por dois meses, numa casa pertencente a Milão. Esse depoimento provocou indignação contra Milão. Em sua declaração durante o julgamento, Cícero não se refere sequer uma vez aos pormenores levantados por Metelo ou Filêmon, nem mesmo para refutá-los.”
Também não explica por que Milão andava pela Via Apia com
uma força tão bem armada de matadores profissionais. Em vez disso, Cícero alega, de cara limpa, que a comitiva de Milão era
formada basicamente de meninos pertencentes a um coro, € um grupo de empregadas, “enquanto Clódio, que tinha o costume de ser escoltado por prostitutas e homossexuais”, agora andava
com um bando de indivíduos violentos, que pareciam escolhidos a dedo.
Por que então Clódio levou a pior? Porque Milão cultivava O
hábito
de estar sempre
preparado
para um
confronto com ele,
da guerra, O reargumentou Cícero. E, como querem 05 deuses
sultado de confrontos armados é sempre imprevisível. Além dis-
92
O ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
so, Clódio, “sonolento por excesso de comida e bebida”, acredi.
tou erroneamente ter cercado sua presa pela retaguarda, até des.
cobrir que ele é que estava cercado pelos seguidores de Milãos
Cabe-nos concluir que, tendo feito uma asneira, ele e alguns cúm. plices foram reduzidos a picadinho pelos implacáveis meninos de coro e criadas de Milão.
Quatro anos depois de matar Clódio, Milão voltou do exílio
para se juntar a outros na Itália na tentativa de fomentar uma re. belião contra Júlio César. Foi rapidamente capturado e executa-
do pelo pretor Pédio, sobrinho de César.
Com Clódio afastado do seu caminho, os oprimates lançaram ataques de esquadrões da morte contra seus partidários, de tipo parecido com os que tinham usado no passado contra os seguidores
dos Gracos e de outros populares.” Em resumo, quase todos os líderes das Repúblicas Média e Tardia que adotaram a caus a po-
pular tiveram fim violento, a começar por Tibério Graco em 133,
e passando por Caio Graco, Fúlvio Flaco, Lívio Druso, Sulpício
Rufo, Cornélio Cina, Mário Gratidiano, Apuleio Saturnino, Gneu
Sicínio, Quinto Sertório, Servílio Gláucia, Sérgio Catilina (discutido no próximo capítulo), Clódio Pulcher e Júlio Cesar. Mais repreensivelmente ainda: os opsimates e seus valentões de aluguel mataram milhares de seguidores dos populares, seram as táticas dos reformadores tão inquietantes a ponto
de justiacatemm PRsassInatos em massa cometidos por “homens de porrete (designação de Mommsen Para Os esquadrões da morte dos optimates)rº Algo mais do que sutilezas Processuais e rivali-
dades pessoais estava na raiz dessa matança Praticad a pela classe dominante. O verdadeiro pecado dos populares estava
não em
seus métodos supostamente inconstitucionais mas na de Mocracia econômica dos seus programas. Teriam os Gracos vi Sado o costu-
“DEMAGOGOS"
E ESQUADRÕES
DA MORTE
93
me e a constituição quando tentaram, debaixo da lei, reclamar a
ager publicus para os pequenos arrendatários cujos antepassados
tinham-na trabalhado durante séculos? Seja como for, que direi-
to constitucional justificaria o repetido emprego da violência dos esquadrões da morte contra eles e outros populares, e milhares de seguidores, pela maior parte do século?
Como quase todas as classes dominantes da história, a nobreza romana reagiu ferozmente quando seus interesses foram ameaçados, especialmente seu “direito” irrestrito de acumular toda a riqueza possível à custa do povo. Acumular riqueza era, tal-
vez não a única, mas com certeza a sua maior preocupação. Numa palavra, os nobres eram menos apegados a leis e procedimentos tradicionais do que aos privilégios de classe que essas leis e esses procedimentos deveriam proteger. Nunca hesitaram em afastarse de sua própria “constituição hereditária”, recorrendo a extraordinários atos de repressão sanguinária quando a conveniência assim o determinava. Trataram as reformas igualitárias e as ten-
tativas de democratizar o processo decisório da República como
subversões do regime republicano. O que não pode passar despercebido é a rapidez com que historiadores passados e presentes adotam essa posição.
5
Cícero e a caça às bruxas Mas os homens podem construir coisas do seu interesse Que nada têm a ver com as coisas em si mesmas.
— JúLio CÉSAR, ATO I, CENA 3
grande orador Marco Túlio Cícero aparece com destaque em qualquer consideração da República Tardia.
Ele foi um protagonista importante das questões repu-
blicanas, e seus escritos constituem a principal fonte primária de informação sobre aquela época. Além disso, suas inclinações ideo-
lógicas combinam à perfeição com as dos batalhões de historiadores através dos séculos, o que faz dele um dos grandes favontos
dos especialistas. Sir Ronald syme vê em Cícero “um homem compassivo e culto, duradoura influência sobre o destino de toda à civilização européia”.! Outros admiradores aplaudem nele 0 “Constitucionalista” de “idéias honradas e desprendidas”, O líder dedicado a “princípios de dever, bondade e espírito público”, Sine dos filhos mais “um amável” e , refinad o genuíno , Bularmente diletos de Roma” e “uma de suas mais preciosas jóias”, que se tecusou a “viver numa tirania”.
O ASSASSINATO
96
DE
JÚLIO
CÉSAR
CÍCERO
Quase todos têm a mesma opinião de Cícero, “Historiadores americanos de hoje e historiadores britânicos antigos dividem-se em ciceronianos (95 por cento) e cesarianos (apenas um punhado), e a divisão reflete suas atitudes políticas atuais”, comenta Arthur Kahn, um dos que formam o punhado.” Outro dos poucos cesarianos é Friedrich Engels, que chamou Cícero de “o patife mais desprezível da história”. Nascido em Arpinum (município a sudeste de Roma), numa rica família equestre, Cícero estudou em Roma e acabou se estabelecendo na cidade como o seu mais importante advogado. No começo da carreira mostrou-se competente porta-voz da aristocracia, defendendo com êxito os casos de “numerosos jovens de famílias ilustres e nobres” acusados de indisciplina e covardia na guerra. Questor em 75, edil em 69 e pretor em 66, ele forjou alianças com cidadãos de destaque sempre que possível, aprendendo onde ficavam suas moradias na cidade e no campo e quais eram seus amigos e vizinhos. Apesar de toda a sua prodigiosa subserviência aos nobres, eles nunca o consideraram algo mais que um arrivista útil. O próprio Cícero queixava-se desta ingratidão: “Nunca me deram qualquer
retribuição ou recompensa, seja material ou verbal.”? Em 56, queixou-se de “certo cavalheiro” que se opunha ao fato de ele ser proprietário de uma casa que pertencera a um importante optimate. Quando o aristocrático Metelo perguntou zombeteiramente
aCícer o “Quem foi seu pai?”, deve ter atingido o orador no corae sda de Cícero e até apoiá-la com um mãe tornou a ração E a .”8 a ito difícil Br
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DO PU op quandv o me pede um favor” . Ape-
E A
CAÇA
AS
BRUXAS
car disso, estava convencido de que Bruto gostava dele? A certa altura, concluiu, lamentoso: “E hora de amar-me a mim mesmo,
pois eles não me amarão nunca por mais que me esforce.”“ E amar
a si mesmo foi o que ele fez. Dion Cássio comenta que Cícero “era o maior de todos os cabotinos, achava que não havia no
mundo ninguém tão bom quanto ele”.!! Dono de escravos, senhor das favelas e senador que enrique-
ceu, Cícero condenava qualquer movimento pela democracia, por
mais rudimentar que fosse. Os dirigentes devem sempre pertencer à classe rica, insistia ele. “É perfeitamente apropriado que
quem nomeia um juiz se deixe levar por considerações de pro-
priedade e hierarquia.”!? Em 66, quando Caio Manílio, tribuno do povo, propôs uma lei para dar aos libertos o direito de votar ao
lado dos antigos donos, Cícero ficou do lado da maioria senatonal que rejeitou de imediato a idéia." Também denunciou o voto secreto, adotado gerações antes dele, em 139 a €., por Aulo Gabínio, tribuno e neto de escravo, a quem Cícero considerava “vulgar e insignificante”. O voto secreto tornou mais fácil para a plebe fazer peraltices, afirmava ele, Era “um subterfúgio” que garantia o sigilo do voto rebelde, impedindo a aristocracia de saber O
que cada um pensava”.!! Para ele, o povo era rasteiro e imprestável, equivalente a um bando de criminosos e degenerados, “a manada comum”, as “massas e os piores elementos... muitos deles prontos pará é e volução”. Denunciava os que tinham profissões pedestres,
OS
volência, e nunca uma reação a impiedosas circunstâncias
A
artesãos e lojistas e toda a escumalha” que apóiam os demagogos perigosos, “os plebeus miseráveis e mortos de fome, Que ra pam de manifestações de massa e sugam 0 sangue dora : Para ele, a inquietação do povo era produto de sua Era mateé dizia riais. Privadamente ele falava no “meu exército dos ricos
98
que
O ASSASSINATO Lé
DE
JÚLIO
CÉSAR
CÍCERO
: a segurança do Estado é vantajos a para todos os ho
ens bem, mas beneficia mais obviam ente os homens de recur S Os" que era co =
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mo ele achava que devia ser.!º Em 59
rico confidente Ático: “Minha única política ago radicais”?
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Generosamente aplaudido por gerações de classicistas porse princípios, Cícero foi um oportunista e um dissimulador nes
crupuloso. Em 50a.€., por exemplo, quan do a fama e o poder de César cresciam, ele convenceu o Senado a decretar Um serviço
de ação de graças em homenagem a Césa r, e pronunciou, ele próprio, um panegírico hipócrita — que privadamen te reneparia logo depois, em carta a Ático: “Não fiquei ex atamente orgu-
lhoso da minha palinódia. Mas adeus ao princípio, à sincer idade e à honra!”
Saudado através dos séculos como um paladino do constitucionalismo, Cícero era bem capaz de fazer pouco caso dos direitos constitucionais. Seu papel no que ficou conhecido como “a conspiração de Catilina” é uma triste prova disso. Nascido numa antiga família patrícia em declínio, Lúcio
Sérgio Catilina servira com Sula durante a ocupação de Roma €
tomara parte nas implacáveis proscrições do ditador, em 81-80 a.€.
Depois de ocupar diversas magistraturas ao longo dos anos, foi indiciado por extorsão quando servia como governador da África em 66, e absolvido. Mais ou menos nessa época Catilina surgiu Gosto um popularis temporão, A maioria dos escritores acha que
Catilina agiu motivado só pela ambição, não tendo qualquer li-
gação profunda com a causa popular. Mas é fato que ele defen-
ir
os interesses dos pob res em pronunciamentos que o Estado caiu sob a jurisdição e influência de alguns poderosos, são sempre eles que recebem tributos de
E A CAÇA
ÀS
BRUXAS
99
reis e príncipes estrangeiros e vivem em grande estilo à custa dos impostos pagos por todos Os povos e tribos... Assim, o poder, a influência, os cargos importantes e a riqueza estão em suas mãos
ou nas mãos dos seus escolhidos; tudo que nos dão em troca é perigo, derrota, perseguição e pobreza.”!º As diatribes de Catilina ficaram registradas na mente de Cícero como nada menos do que atos de subversão, um ataque revolucionário à constituição e a toda a sociedade romana. Ele acusou Catilina de planejar atos sanguinários para tomar conta
do Estado. Escrevendo 20 anos depois dos acontecimentos, Salústio (apesar de não ser amigo de Cícero) aceitou sem fazer
críticas as piores incriminações de Cícero. Sustenta ele que Catilina e um cúmplice prepararam-se para assassinar os cônsules eleitos em 1º de janeiro de 65 e assumirem no lugar deles. “Como seu intento sanguinário foi descoberto, eles adiaram os planos até 5 de fevereiro, quando pretendiam destruir a maioria dos senadores e os cônsules.” Mas Catilina tinha muita pressa em dar o sinal a seus cúmplices em frente à Câmara do Senado, afirma Salústio, e o ataque nunca se deu. Assim não pôde levar adiante o que teria sido “o mais horrendo crime dos anais de Roma”? Como sempre acontece, Salústio nos deixa com mais perguntas do que respostas. Não explica como os conspiradores poderiam ter a pretensão de ocupar o cargo matando os dois cônsules eleitos. E, uma vez descoberta a conspiração, por que os conspiradores não foram processados pelas autoridades? Em vez disso,
sentiram-se perfeitamente à vontade para adiar o complô para O mês seguinte, ampliando seus objetivos a fim de incluiro massa-
cre de centenas de senadores. E como justificaro abandono definitivo desse plano grandioso só por causa de um sinal prematuro? Em 64, agindo de um modo que não era O de um aspirante à
assassino de multidões, Catilina fez campanha eleitoral para côn-
100
O
ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
sul, talvez respaldado por Crasso e César e com grande apoio popular.”
Numa
tentativa de detê-lo,
os nobres
relutantemente
apoiaram a candidatura de Cícero. O problema de Cícero, para
eles, era o fato de ser um novius homo, um novo homem, o pri-
meiro da família a patrício ou plebeu, por outra os nobres tanto candidato a
servir no Senado. Todo nobre romano, fosse tinha um cônsul entre os antepassados, Vez recrutavam um candidato a cônsul —.e poraristocrata — cujos ancestrais senatoriais
exerceram cargos bem abaixo do de cônsul, mas raramente se dig-
naram apoiar um novius homo, alguém como Cícero, que não tinha antepassados senatoriais.”? Salústio, também ele um novas
homo, explica: “Um homem que se fez por si próprio, por mais
distinto que fosse ou por mais admiráveis que tivessem sido as suas realizações, era invariavelmente considerado indigno [do cargo de cônsul], quase como se fosse impuro.” Mas pelo ano de 64 Cícero mostrava-se um competente paladino da plutocracia, enquanto Catilina surgia como um patrício vira-casaca, que irritava os optimates com ofensivos apartes sobre cancelamento de dívidas e redistribuição de terra. Obrigados a escolher entre o esnobismo e os interesses da sua classe, os oligarcas decidiram pelos interesses. Sempre que necessário, as clas-
ses dominantes de todas as épocas recrutam das classes inferiores pessoas com talentos que lhes possam ser úteis. Assim sendo, 08 opiimates taparam o nariz e uniram-se em torno do arrogante orador de Arpinum. Se fosse o primeiro homem da família a ocu-
par o cargo de cônsul, o novo homem ganhava posição de aristo-
crata para si e para seus descendentes. Era uma conquista relativamente rara e foi a de Cícero, como ele nunca se cansava de lembrar. Na campanha de 64, Cícero seguiu o conselho dado pelo Lfmão Quinto em um manual no qual resumia suas discussões
CÍCERO
E A CAÇA
ÀS BRUXAS
Nm
!
sobre táticas de campanha. Era preciso evitar questões específicas, e em geral apresentar-se como defensor intransigente da autoridade do Senado, dedicado ao império da ordem e à constituição reacionária de Sula. Ao mesmo tempo, urgia caluniar abusivamente os adversários, Antônio e Catilina (os outros candidatos
não chegaram a ameaçá-lo), difamá-los chamando-os de “dois
assassinos contumazes, hbertinos e indigentes”, acusando Catilina de ser tão ardilosamente eficiente “em sua cobiça que estuprou crianças a bem dizer no colo dos pais”.
A certa altura da campanha, quando um tribuno radical
denunciou Cícero como indigno de um cargo consular, ele respondeu acusando o tribuno de ser parte de um desfgnio cruel que
ameaçava o bem-estar comum. Daquele momento em diante,
conspiração e subversão seriam o tema da campanha eleitoral de Cícero, do seu mandato de cônsul e da maior parte de sua vida? Ele estigmatizaria qualquer tentativa de reforma qualificando-a de parte de um estratagema maior para subverter a República.
No verão de 64, Cícero e Antônio foram eleitos cônsules para servirem em 63. Catilina perdeu por pouco. Com suborno e ameaças, O financeiramente apertado Antônio foi convencido a não exercer o veto restritivo contra seu co-cônsul, deixando Cícero livre
fez outra cam para agir como bem entendesse. Em 63, Catilina panha para cônsul (para servir em 62). Cícero conseguiu dar a de Catilina já eleição até o fim do verão, quando muitos eleitores tinham voltado para casa na província. Na época, Cícero infor; mou ao Senado que Catilina planejava assassiná-lo. À aci
0 senadores. u convence nem clareza, com a explicad foi nunca dedo a favor do um ergueu não Cícero gestão, sua a Durante Povo e se opôs vigorosamente a qualquer proposta de Sa s Ele e seus colaboradores no Senado aniquilaram iniciativa
des-
102
O
ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR CÍCERO
tinadas a cancelar dívidas, fazer a distribuição de terra e Permitir que descendentes de pessoas exiladas por Sula Oc upassem Cargos públicos.” Já nos últimos meses de sua medí ocre gestão ele in.
tensificou sua vendeita contra Catilina, acusando-o de Orqu estrar uma conspiração revolucionária de imensas proporções. Catilina supostamente perseguiu seus diabólicos desígn ios ao longo de 63, na mesma época em que fazia uma enérgica camp anha para côn-
sul. Eis aí uma “crise” que convinha a Cícero . Com pouco tem. po de sobra no cargo para deixar a marca de sua grandeza, o
vigilante cônsul ia atirar-se no meio da briga e deter a mão do
criminoso, Essa façanha, insistia ele, levari a as futuras gerações a louvarem seu nome, como de fato o têm feito. Só precisava de um inimigo de peso, mas não muito poderoso, que pudesse ser identificado com as classes mais baixas. O derr otado Catilina preenchia perfeitamente esses requisitos. À agitação em certas províncias contribu iu para agravar a atmosfera alarmista que Cícero confeccionava. Na Etrária (Toscana), empobrecidos veteranos do exército, pe quenos proprietários rurais ressentidos e agricultores esbulh ados armavam-se € reuniam-se em torno do líder Mânlio. Co mo explicou Mânlio em
sua declaração ao procônsul romano: “Nosso objetivo ao pegar em ar
mas não é atacar nosso país ou pôr outros países em perigo, mas proteger-nos do mal. Somos pobres miseráveis necessitados.
À crueldade e insensibilidade dos agiotas deixaram-nos desabrigado
s... Não queremos dominar nem en riquecer... Nós vos imploramos, e ao Senado, que resgat eis nossos infelizes concidadão s, que nos restaureis a proteção legal que nos foi surrupiada."? As palavras de
Mânlio lembram mais as de alguém que pede uma compensação por abusos do que as de um rebelde pondo pelo nariz o fogo do infe rno da insurreição. Aind a assim Cícero o condenou por ali ar-se a Catilina na campanha
para destruir
E
A
CAÇA
ÀS
BRUXAS
103
Roma. Mânlio e seus seguidores tinham apoiado Catilina na cleição anterior. Mas nada indica que colaborassem para uma iminente revolução, Em Roma, cartas anônimas eram enviadas para importantes senadores, alertando para um massacre. Um nervoso senador leu uma carta no plenário do Senado informando que veteranos insatisfeitos concentravam-se na Etrúria para atacar Roma em 27 de outubro, quando a cidade seria incendiada por revolucionários infiltrados em seus portões. Em 1º de novembro, outros rebeldes tomariam Palestrina (cidade a leste de Roma), e dali desde um ataque à cidade. Ninguém exigiu uma investigação das terríveis alegações contidas nessas cartas — nem das próprias cartas, | | misteriosamente distribuídas.” As lamárias de Cícero alcançavam o efeito desejado. O Senado aprovou um senaites consultum ultima sus Ea a ma tituição e dando ao cônsul extraordinários poderes de ao E O pânico e a tristeza abateram-se sobre certos setores Como geralmente acontece, as pessoas viram prov as da am caça e
= p
partoutros notáveis fizeram as malas € parti iram « ResididênEciaspa A e culares e prédios do governo foram deixados às moscas. chegou e p a desp encou. Mas 27 de outubro dos investimentos desp aco u. assim como o 1º de novembro, e nada i rgente tomou Palestrin a, i nenhum insu e Ercito ocupou a Etrária, ex 30 e da. moda inco i o f ão ma não foi inco a lina ofereceu-se para ficar EE ne Maisais ou menos nessa época, Cati a EK b cus custódia de Cícero e dessÊa maneira livrar-se de e À recusou-se a acom ro Cíce o. luçã revo à ntar fome de a a it E
com melhor para ele que sua presa se movesse furtivamente,
sé
ameaça solta. Catilina foi residir voluntariamente =
a
=
a
=
= Es oMetelo Nepos, o pretor, numa demonstração de boa-fé
e
a
e-
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O ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
rentemente dele, Cícero passou a andar acompanhado de um vasto contingente de guarda-costas. E a usar um guarda-peito debaixo das roupas, que costumava exibir,” tratando essas Precauções muito bem divulgadas como outras tantas provas das intenções diabólicas de Catilina.
Em 7 de novembro de 63, Cícero convocou uma reunião extraor-
dinária do Senado. Os muitos senadores que duvidavam de suas
acusações preferiram não correr o risco de ficar sob suspeita desafiando-o. Quando Catilina entrou na Câmara, os colegas evitaram cumprimentá-lo ou sentar-se perto dele, como Cícero jubilosamente observou. À tímida reação dos senadores ao clima de medo serviu apenas para reforçá-lo. O cônsul partiu para o discurso, acusando Catilina de “tramar a destruição de cada um de nós, e de toda a Roma, e de todas as coisas na face da terra”. Catilina “estava decidido a mergulhar o mundo inteiro num tor-
velinho de fogo e sangue”. À conspiração que preparava consti-
tufa “a mais feroz, assustadora e mortífera ameaça ao nosso país”.
Ele e seus cúmplices dispunham-se a “sitiar a Câmara do Senado com suas espadas e mobilizar suas bombas e ferros em brasa para incendiar a cidade”. Em invectivas subsegiuentes, Cícero repetiria interminavelmente essa acusação: Catilina pretendia “incendiar a cidade e matar todo mundo”; seu objetivo era “nada menos
do que o extermínio do povo romano”? | Cícero dirigiu-se a Catilina chamando-o de homem de “espíà " " mo maligno”, que atentara repetidas vezes contra a sua vida : Apesar de consciente de que a minha morte ser ia um desastre
para 0 nosso Estado, usei apenas meus esforços pessoais para frustrar seus Planos... Hou ve todos os atentados, por exemplo, de que o senhor lançou m ão para acabar comigo... Muitos de seus
golpes [de punhal] eram tão letais que parecia impossível não
CÍCERO
E A CAÇA
ÀS
BRUXAS
LOS
atingirem o seu alvo. Ainda assim, esquivando-me de alguma
forma, consegui evitá-los.”** Dez anos depois Cícero pintaria novamente a si próprio como o alvo móvel de um popularis: “Mui-
tas VEZÊS..s escapei
por um
triz das armas e da mão
sangrenta de
Públio Clódio.”*! Não se pode deixar de admirar a agilidade com que o corpulento orador escapava de seus supostamente sanhudos atacantes. Durante o seu discurso no Senado, Cícero entregou-se diversas vezes à tentação de fazer ameaças contra a vida de Catilina, dizendo que tomava providências para que a execução de Cati-
lina coincidisse com a prisão de outros salafrários de igual calibre.
Para convencer o Senado de que as execuções sumárias tinham precedentes, mencionou diversas vezes, aprovando-o, o assassinato de Tibério e Caio Graco e de outros líderes de alta posição
social por simples “suspeita de traição”. Mas muitos senadores
consideraram as acusações improváveis, e isso talvez explique por que não tentaram deter Catilina. Ao perceber que não convencia, Cícero criticou os colegas que se recusavam a ver “os desastres” que os ameaçavam. E no dia seguinte queixou-se novamente diante da Assembléia de que “um bom número de pessoas não
acredita no que lhe contei”.* Apesar disso, as repetidas acusações do orador ajudaram à criar um clima de caça às bruxas que as tranquilas negativas de Catilina não puderam dissipar. O desanimado Catilina bai donou Roma na noite seguinte à primeira invectiva de Cícero. Dizia ter partido não para organizar uma oposição rouca
nária na Itália, mas com relutância, quando as denúncias E ameaças do cônsul no Senado tornaram sua posição insustenescreveu tável e ele passou a temer pela própria vida. Catilina
cartas a homens em posição consular e à Outros Pega fazer dizendo-se “sitiado por falsas acusações” e incapaz de
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DE
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CÉSAR
às intrigas dos inimigos. Informou-lhes que iria para o exílio em Massilia (Marselha).*”
Poucos dias depois de partir Catilina deve ter pensado me.
lhor sobre o exílio. Em vez de ir para Marselha, juntou-se aos inquietos cidadãos liderados por Mânlio na Etrária. A opinião corrente da maioria dos historiadores, a começar por Cícero, é que desde o início sua intenção era essa. De fato, é possível que tenha mentido para despistar seus perseguidores. Também é provável que tenha mudado de idéia.” Percebeu que jamais poderia voltar para Roma e viver em paz, e temia ser perseguido pelos guardas armados do cônsul enquanto estivesse fora. Seja como for, uma vida terrível e vazia no exílio não condizia com seu temperamento. É embarcou numa última e desesperada aposta, reunindo-se aos despossuídos no norte da Itália, que pegavam em armas para se defenderem de execuções de hipoteca e de usurários cobradores de dívidas.
Isso é o que se deduz da carta produzida pelo arquiconservador Quinto Catulo, que disse tê-la recebido de Catilina. Eis um trecho:
Fui provocado por iniquidades e insultos e... me vi incapacitado de manter uma posição de dignidade. Por isso tomei abertamente a defesa dos oprimidos, como costumava fazer... Foi por ver homens sem valor promovidos a posições de honra, e ter-me sentido ameaçado como um réprob o devido a suspeitas injustas. Foi por isso que escolhi um caminho, amplamente justificado em minhas circunstân-
cias atuais, que me dá esperança de salvar o que resta da
minha honra, Pretendo escrever com mais vagar, mas Tecebi notícias de que eles se prepar am para usar a força contra mim.
CÍCERO
E A CAÇA
As BRUXAS
o
Quando a notícia da chegada de Catilina à Etrúria alcançou
Roma, O Senado declarou-o inimigo público — a ele e a Mânlio. Em 9 de novembro, perante a Assembléia, Cícero fez um discurso que é uma obra-prima da arte de satanizar: “Imagine qual-
quer tipo de crime e malvadeza; [Catilina] esteve por trás de todos. Na Itália não há um envenenador, gladiador, ladrão, assassino, parricida, falsificador de testamento, trapaceiro, glutão, adúltero, prostituto, corruptor da juventude ou jovem corrompido, em resumo, não há indivíduo odioso de qualquer espécie que não tenha sido forçado a admitir que foi íntimo de Catilina. Onde quer que tenha havido um assassinato, em todos esses anos, o assassino foi ele.” Catilina até mesmo encorajara seus jovens amantes masculinos a assassinarem os pais e “deu uma ajudazinha pessoal” no cometimento desses malfeitos, assegurou Cícero à Assembléia. O orador não explicou por que esse depravado patrício nunca tinha sido processado por qualquer desses horríveis atos. À estratégia de Cícero teve algum êxito: satanizar e isolar Catilina,
encostá-lo contra a parede e obrigá-lo a praticar um ato de resistência ilegal, e durante todo esse tempo criar um clima de pânico na cidade. O orador-salvador usaria então a “perigosa emergên-
cia” como pretexto para restaurar, à moda de Sula, a autoridade incontestável do pequeno círculo de senadores aristocratas, se
nhando, com isso, sua eterna gratidão, e glória suprema para 54 próprio. Ainda assim, o sombrio cenário que invocou carecia de um componente essencial: provas. Ninguém tinha sido afetado, ne-
nhuma casa incendiada, nenhum depósito de armas descoberto,
andamento, nenhum traço algum de qualquer ação nefanda em €
criminoso encontrado e preso. Os esquadrões de incendiários quadros armados nunca se materializaram. Também não havia
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O ASSASSINATO
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subversão e assassinatos em massa, à não ser nas arengas hiper-
bólicas que emanavam do superagitado cônsul.
Com Catilina escondido na Etrária, outro mês passou sem que nada se concretizasse. Cícero não teve dificuldade para explicar por quê, a insurreição fora sufocada por sua inigualável vigilância: “Estou montando guarda. Os interesses do nosso país encontram-se sob meus cuidados.” E: “Minha coragem, sabedo-
ria e visão protegeram o Estado dos mais graves perigos.”t Uma mudança dramática ocorreu em 3 de dezembro, quan-
do um excitado Cícero convocou o Senado para outra sessão de
emergência. Ele anunciou que tinha plantado informantes numa turminha secreta de aristocratas que eram cúmplices de Catilina.
De posse de informações secretas de seus agentes, ele prendera uma delegação de alóbrogos (da Gália) que estavam em Roma em busca de compensação por achaques de funcionários e usuários romanos. Um certo Umbreno, agiota que agia na Gália, e provavelmente agente de Cícero, aproximara-se de gauleses que de nada desconfiavam e informara-os da conspiração de Catilina para derrubar a República romana. Chegou a dar nomes. Com medo de estarem sendo usados por um agitador, os alóbrogos passaram a informação a um senador, que geralmente atuava como seu patrão em Roma. Este, por sua vez, falou com Cícero, provavelmente sem perceber que levava os gauleses a caírem na
rede do cônsul.! Na manhã seguinte, Cícero mandou prender os mensageiros
alóbrogos quando safam da cidade, junto com um homem cha-
fado Tito Voltárcio, italiano da província que supostamente S€ aliara aos conspiradores de Catilina. Com isso, situação dos enpa complicou-se, Ou colaboravam (com a promessa de rece-
preta E
monetária) ou se arriscavam a sofrer
: Us gauleses preferiram colaborar plenamente
CÍCERO
E A CAÇA
ÀS BRUXAS
109
com Cícero. Seguindo as instruções, conseguiram ser dprisago tados aos conspiradores aristocratas, e solicitaram “um compromisso por escrito”, com o selo pessoal deles, que os alóbrogos pudessem levar para seus compatriotas. Cícero convocou os aristocratas que, agindo não como conspiradores culpados, atenderam a seu chamado e foram presos “Era de suspeitar”, escreve Kahn, “que Umbreno estava a serviço de Cícero, € Voltúrcio, o conspirador apanhado com os gauleses,
era quase certamente um informante pago. Ele acabara de juntar-se à conspiração e, ao ser capturado, com uma alacridade ex-
cessiva, ofereceu-se para depor contra seus cúmplices.” Voltúrcio confirmou toda a ladainha de horrores que Cícero vinha martelando. Ele disse que a um sinal de revolta jovens de famílias nobres deveriam assassinar os pais. Mas Cícero “não cobrou de Voltárcio o nome de nenhum dos supostos parricidas”.é As cartas dos aristocratas presos não revelaram qualquer prova concreta, ou intento criminoso, e provavelmente tinham sido declarações de apoio aos pedidos de compensação de danos apresentados pelos alóbrogos. Se fizessem alguma menção a incêndio, massacre ou golpe para tomar o poder, sem dúvida ficaríamos sabendo por intermédio de Cícero.
Ainda assim, o orador insistiu em apresentar detalhes sobre 0 iminente apocalipse. Comentou que quando Catilina “fugira da cidade poucos dias atrás” (na realidade, Catilina tinha ido embora, sem ser molestado, quase um mês antes), “deixou atrás de siem Roma os cúmplices do seu odioso desígnio, 05 líderes fero-
Zes... cuja loucura e malignidade não tinham limites”. Um desses conspiradores loucamente malignos era ninguém menos que
Públio Lêntulo Sura, eminente pretor € ex-cônsul, anuro de Catilina
padrasto de Marco Antônio. Lêntulo tinhaente escnto in foraeo supostam
Carta de apoio a Catilina, que Voltárcio
HO
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CÍCERO
cumbido de entregar. Ela exortava Catilina a “manter-se firme”
pedir a ajuda de todos, “mesmo das classes mais baixas”, Sendo
este o único trecho da carta de Lêntulo que Cícero menciona, e
E A CAÇA ÀS BRUXAS
]
Qutra conclusão, bem diferente, tiram os poucos historiado-
res dissidentes, para Os qudis ds “Provas” contra os cinco foram
apresentadas por informantes de duvidosa credibilidade, e os acu.-
se mais danoso. Apesar disso, mal menciona uma sinistra conspi-
sados não tiveram permissão para interrogar sistematicamente «eus acusadores. “Para qualquer senador com um mínimo de senso comum não havia dúvida que a confusão era desproporcio-
para derrubar o Estado e assassinar todos os habitantes, Em vez
nal em relação aos acontecimentos."”? Um grupo de simpatizantes tentara angariar apoio para o amigo Catilina, mas será que planejavam incendiar, matar e fazer uma revolução? Se planeja-
portanto o único trecho que conhecemos, era de esperar que fos-
ração para destruir Roma. “Manter-se firme” em face de uma implacável campanha de difamação não é exatamente um apelo
disso, Lêntulo parece estar calmamente aconselhando o amigo a buscar apoio para resistir ao ataque de Cícero. E se Catilina e Lêntulo estavam há muito conspirando com escravos armados plebe, a sugestão de Lêntulo de que ele recrutasse até mesmo classes mais baixas” parece estranhamente redundante e descompasso com o que supostamente germinava entre conspiradores.
€ a “as em os
Mais tarde no Fórum, naquele mesmo dia, Cícero anunciou
que agora estava conclusivamente demonstrado que Catilina planejara invadir Roma e massacrar todos os cidadãos; os cinco cúmplices tramaram uma insurreição a partir das próprias entranhas;
e Lêntulo tencionava fazer-se rei de Roma. Outro conspirador, Cetego, homem razoavelmente rico, tinha uma coleção particular de adagas e espadas caras e muito trabalhadas que Cícero zelosamente confiscou e tratou como se fosse o arsenal do exército de Catilina. Cícero disse à multidão que os cinco eram culpados. Mais conclusivos do que qualquer prova eram “a palidez deles, a expressão do olhar, a aparência geral, o mutismo. Engquan-
ais achavam ali de pé, estupefatos, olhando fixamente para O chão ou de vez em quando lançando um olhar furtivo um para
O outro, sua culpa manifestava-se de forma tão patente na apa-
rência deles quanto no depoimento de qualqu er testemunha”.”
vam, de que recursos dispunham? Não o exército invisível de ple-
beus e escravos, nem Mânlio e seus veteranos que apenas levaram ao procônsul romano uma petição sobre reforma agrária e isen-
ção de impostos e perdão de dívidas, nem os alóbrogos que cuidavam de obter suas indenizações e não deram sinal algum de que haveria uma invasão gaulesa de Roma. No dia seguinte, 4 de dezembro, conta-nos Salústio, certo Lúcio
Tarquínio foi levado ao plenário do Senado. Ele disse que ia jun-
tar-se a Catilina quando foi preso. Salústio não nos informa que motivos tinham as autoridades para suspeitar dele. Instado por
Cícero a falar, Tarquínio prontamente relatou uma história preparada especialmente para consubstanciar as acusações de Cícero, e muito parecida com o relato de Voltúrcio. Mas Tarquínio tampara instruir Crasso Marco por enviado fora que alegou bém
Catilina a preparar seu ataque com rapidez. À menção à Crasso,
aristocrata de enorme riqueza e prestígio, teve efeito desconcer-
tante no Senado. Uma coisa era Crasso apoiar Catilina para cônsule livrá-lo de um caso anterior de extorsão; outra bem diferente romano. na governo do queda a tramar de “ra alguém acusá-lo Para acreditar que 'o comandante que esmagara implacavelmen=
e a rebelião de escravos chefiada por Espártaco em (or
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cabeçava a sua própria revolta de escravos? Era possível que o mais rico latifundiário de Roma de repente tivesse resolvido atear fogo
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3
para morrer. Silano não apresentou prova alguma para justificar
asd surpreendente declaração nem explicou Por que tinha espe.
em suas propriedades? Alguns senadores acharam difícil acreditar na declaração de
rado tanto tempo para fazê-la. Cetego, Lêntulo e os outros conspiradores deveriam sofrer “o destino dos extremistas”, exigiu ele,
homem poderoso como Crasso, independentemente de serem ou
Com o destino dos conspiradores aparentemente decidido, Júlio César tomou a palavra. Ainda a quatro anos do seu primeiro consulado, César já era uma figura de destaque na política romana, identificado com a facção popular. Calmamente pediu aos
Tarquínio. Outros julgaram mais prudente não provocar um
não verdadeiras as acusações. O plenário rapidamente declarou que as acusações eram falsas e ordenou que Tarquínio ficasse sob custódia, até revelar o nome da pessoa que o obrigara a fazer tal depoimento. Alguns suspeitavam que Tarquínio fora subornado
por Cícero numa tentativa de debilitar Crasso, que adquirira o hábito de trabalhar com líderes de mentalidade reformista — entre eles o popular Pompeu (naquele momento na Ásia em campanha militar). Salústio escreve: “Posteriormente, ouvi da própria boca de Crasso que aquela infame acusação contra ele era de autoria de Cícero."*! Dois destacados optimates, Catulo e Pisão, que tinham mágoas políticas e pessoais de Júlio César, exortaram Cícero a arranjar informantes para dar falso testemunho contra ele.? Mas
Cícero, talvez consciente dos maus efeitos da acusação contra
Crasso, recusou-se a correr esse risco. Catulo e Pisão resolveram cuidar pessoalmente do assunto, espalhando falsidades que di-
e seu brado foi repetido por outros senadores.
senadores que tomassem um caminho diferente, lembrando-lhes os seus deveres constitucionais. Não se podia permitir que os acusados fossem mortos sem julgamento. Recomendou que ficassem
sob custódia para serem investigados e julgados. Certamente não era hora de adotar medidas apressadas e irreversíveis — e sem
dúvida inconstitucionais — que podiam levar a uma crise ainda
mais grave. César se referiu até a possibilidade de que as execu-
ções provocassem distúrbios populares, pois muita gente aderira ao populismo temporão de Catilina. Os moderados comentários
de César, escreve Plutarco, “produziram tal mudança de opinião no Senado, sempre temeroso do povo” que até Silano rapidamente
anunciou que também não pensara em morte ão falar em “desti-
no dos extremistas”, mas em prisão — que para um romano
ziam ter ouvido de Voltúrcio ou dos alóbro gos, e criando tal sentimento de hostilidade a César que cavaleiros armados — convictos partidários de Cícero — chegar am a ameaçá-lo, de espada em punho, quando ele deixava o Senado. Em 5 de dezembro de 63, o Senado realiz ou uma sessão momentosa. Diversos senadores apresentaram testemunho s incriSE a os cinco “conspiradores de Catilina”. O côns ul s
amante da liberdade era pior do que a morte.”
Is sete importantes senadores,
Outra razão tentaria ele salvar inimigos que lev
sd na em ue Cam É
Catulo tomou a palavra cuspindo de raiva contra O caminho optimate, O jolíder outro veio dele Depois César. por sugerido vem Catão, que reprovou furiosamente Silano por sua retratação € atacou César por usar o disfarce de palavras bondosas enquant0 “tentava subverter o Estado... procurando amedrontar O sena
do num caso em que ele próprio tinha muito à temer”. Com Isso,
Catão acusava César de ser aliado secreto de Catilina. Por que nn
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Hs
ra da ruína e cuja morte “livraria o Estado de um massacre e de grandes perigos”?”
dição de fazer esses favores foram acusados de con spirar contra o senado, e Cícero tinha certeza de que eram culpados.”
te a César, Vendo nisso uma oportunidade de levantar SUspeitas, Catão bradou que, mesmo no momento em que falava, César co.
Semanas depois, Catilina e seu bando precariamente armado na
Enquanto Catão falava, um mensageiro entregou um bilhe.
municava-se com os inimigos do bem-estar geral, Catão conyi. dou-o a ler o bilhete em voz alta. Em vez disso, César levantou-se e entregou-o a Catão, que teve a infelicidade de descobrir que se tratava de um bilhete de amor de sua meia-irmã Servília (mãe de Bruto), de há muito envolvida numa notória ligação amorosa com César. Plutarco descreve-a como “loucamente apaixonada” por César. Num acesso de mau humor, Catão atirou o bilhete de vol. ta para César, dizendo “fique com ele, seu bêbado”, epíteto curiosamente inepto, pois César era sabidamente um bebedor moderado, e o bilhete dizia respeito a outro tipo de embriaguez
experimentado por Servília,*
Apesar de seu estratagema contra César ter sido um tiro pela culatra, Catão conseguiu virar a maré da opinião. Os nervosos
senadores votaram pela condenação à morte dos acusados.” Na mesma noite, sob a supervisão direta de Cícero, Lêntulo, Cetego, Estabílio, Gabínio e Cepário foram levados para a prisão, con-
duzidos, um a um, a um quarto úmido e fétido e estrangulados.”
Conspiradores menos conhecidos foram detidos em Roma €
em outras partes da Itália. Por lei, agora que seu consulado expirara, Cícero atendia em casa. Alguns dos acusados foram mortos “im consequência do testemunho
de um informante; outros ab-
solvidos. Alguns, “Upostamente culpados, tiveram a fuga facilita-
nica ds costuma
PESC sumi at
Eae
e
»
ser atribuída a Salústio, a
fo dos vários acusados qu
ndo uma casa, uma vila
deram a Se scan; e
escaparam do castigo. Os que não tinham con
Etrúria, sitiados por legiões romanas fechando o cerco pelo norte e pelo sul, lutaram com bravura numa ação basicamente defen-
siva. Catilina foi morto e a força etrúria esmagada. Ninguém foi feito prisioneiro. Pelos 20 anos seguintes Cícero, incansavelmente, atribuiu a si mesmo a façanha de “ter preservado o Estado” e “impedido um massacre no Senado”, descrevendo sua cruzada contra Catilina como “o maior feito da história da humanidade”. E via-se for-
çado a reconhecer que o único cidadão indispensável “sou eu mesmo”.º Em carta a Lúcio Luceio, que estava escrevendo uma
história de Roma (não chegou até nós), Cícero pediu-lhe que
usasse seu gênio para aplaudir o papel que ele, Cícero, desempe-
nhara na história da cidade “talvez mais calorosamente do que
você sente, e, nesse sentido, que você deixe de lado os cânones da história” escrevendo com uma parcialidade que “enfatize meus méritos ao ponto de lhe parecerem exagerados... talvez até um
pouco além do que permite a verdade”. Isso ajudaria a “justificar
meu desejo de renome perpétuo”. Pois “ce um homem alguma
vez ultrapassou os limites da modéstia, o melhor que tem à fazer é ser completamente desavergonhado”.* A incansável cabotinice de Cícero acabou tornando-se à a nião dominante
entre os intelectuais séculos afora. Ve E
Patérculo, Plutarco, Juvenal, Lucano, Dion Cássio, Fe
a
a tros escritores antigos elogiaram-no quase tanto ua a mo se elogiou, por ter sufocado uma pestífera conspiraçã
Er Roma e seus honestos cidadãos.? Da mesma an dos historiadores atuais aceitam a versão de Cícero sobré
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ele livrou a cidade das garras de Catilina. Referem-se em a escritos às “provas sólidas” que ele apresentou, ao “zelo” « di “cuidado” que “salvaram Roma do fogo e da espada”, à sua “by
lhante habilidade política” à ação “rápida, decisiva e COrajosa”q às “prontas medidas defensivas”.* Para aqueles entre nós que são menos enamorados do gran.
de orador, perguntas sem resposta ainda persistem. Comecemos pelas acusações mais implausíveis:
* Se os supostos conspiradores queriam assenhorear-se de Roma,
por que tentariam “destruir a cidade e todos os indivíduos.. que ameaçam aniquilar nosso país”, como alegava Cícero? Iam governar um monte de cadáveres e escombros fumegantes?
* Osecreto bando de cúmplices de Catilina, segundo Cícero, era formado por devedores, jogadores, vagabundos, parricidas, assassinos, devassos, efeminados e gente duvidosa de todo tipo.
Como poderia o arquivilão ter a esperança de derrubar o Império Romano com esse bando de refugados e desajustados? * Levando em conta os desígnios sangrentos de Catilina, por que não se cometeu um único assassinato? Assassinatos não chegavam a ser novidade na vida política romana, ainda assim
Catilina e sua mal-amanhada quadrilha parecem nunca ter aprendido a lição. Os dois cônsules eleitos foram supostamente escolhidos como alvos da “trama assassina” de janeiro de 65, mas nada aconteceu. No caso da conspiração para matar CEN”
nas de senadores no mês seguinte também nada acontecel. Flavia O relato, fartamente divulgado por Cícero, sobre dois on Ea que receberam ordem para matá-lo, ar em casa foram embora sem um 6% mMungo € nunca mais voltaram. Dizia Cícero: “Quase fui as” sassinado em minha própria casa "6% a. º Por que não2 os pren deu
CÍCERO
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porcons pirarem para cometer assassinato? Por que não os trou
xe, juntamente com o seu anônimo informante, para serem interrogados em público?” Mais uma vez, nada aconteceu. Os comentaristas não conseguem sequer chegar a um acordo sobre a identidade desses dois afetados criminosos, Salústio tem certeza de que foram Cornélio e Vargunteio; Plutarco identifica Márcio e Cetego; Ápiano acusa Lêntulo e Cetego; Dion :
=
hr
=”
não cita nomes; Suetônio e Veleio nem sequer mencionam o incidente. E o próprio Cícero é curiosamente vago, referindose a “dois cavaleiros romanos”, o que invalida a maior parte
do que foi dito anteriormente.é
Cícero menciona atentados contra diversos indivíduos, e uma tentativa de matar rivais de Catilina no comitia consular de 63. Outra vez, nada aconteceu. E que provas havia de que Catilina atacou repetidamente Cícero com uma adaga mas de forma aparentemente tão desastrada que bastou um pequeno recuo
físico do cônsul para frustrá-lo? E por que Cícero não mandou prender Catilina por esses atentados contra sua vida? Catilina e seus cúmplices também eram fracassos ignominiosos no que dizia respeito a ataques incendiários. À acreditarse em Salústio, Catilina recrutou devassas damas da sociedade para fazerem tumulto entre os escravos e organizarem ataques incendiários. Outra vez, nada aconteceu. Dizia-se que Catilina
com homens planejava tomar pontos importantes da cidade foarmados, Outra vez, nenhum resultado.” Os incendiánios de Cícero. Isso é guardas pelos detidos supostamente, ram,
difícil de acreditar. Roma era um barril de pólvora;
a
acidentais eram fregientes e violentos. Se bandos de incen É
rios realmente quisessem produzir uma grande E çã nenhum batalhão de guardas seria capaz de impedir.
e
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e Que provas tinha Cícero para justificar sua Surpreendente acusação de que Lêntulo, amigo de Catilina, queria ser rei de Roma? Lêntulo devia saber o quanto os reis eram abominados pelo povo romano. E tinha consciência de que, embora bom orador, não contava com muitos seguidores no Fórum, no Se.
nado ou entre os militares. Como alcançar objetivo tão gran.
dioso? Sem exército, como poderia ter esperança de resistir ao ciumento Pompeu que, voltando depressa a Roma com suas legiões, teria despachado qualquer rei ou, já que se está falan-
do nisso, qualquer cônsul que se instalasse por conta própria como Catilina”? Por que os cinco acusados divulgariam perigosos segredos em cartas secretas fechadas com seus selos pessoais e endereçadas
a enviados estrangeiros da Gália com os quais não tinham tido nenhum contato anterior? O próprio Cícero tinha consciência de que essa hipótese incrível exigia explicação. Sua resposta, dada perante a Assembléia na tarde de 3 de dezembro, foi que forças divinas os levaram a cometer erros! “Lêntulo e os outros traidores não seriam loucos a ponto de confiarem essas intri-
gas e comunicações vitais a pessoas estranhas e bárbaras, a não ser que os próprios deuses tenham despido seu repugnante Plano de todos os vestígios de discrição.” Perante o Senado, Cícero alegou: “Cavalheiros, tenho consciência de que a vontade e a orientação dos deuses imortais estiveram diretamente
por trás de tudo que preparei.”?! Isso dito por um homem que, privadamente, debochava dos auspícios e de outras crenças religiosas.
io vista das supostas dimensões maciças do complô, por que
dC O
não havia outras provas além do duvidoso testemunho de in*
e
=lereceram-se recompensas por 1-
CÍCERO
E A CAÇA ÀS BRUXAS
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formações sobre o complô. Para um ESCIAVO, à recompensa era g liberdade e mais cem mil sestércios (cerca de dez anos de
renda do trabalhador médio); para um homem livre, o dobro desse valor e O perdão de qualquer parcela de culpa que tivesse na conspiração.” Salústio comenta que “nenhum dos conspiradores foi tentado pela promessa de recompensa a trair seus planos”.”” Como sempre, Salústio não investiga a fundo, mas fica a dúvida no ar: por que nenhum vira-casaca sem escrúpulos ofereceu uma informação para embolsar a suntuosa recom-
pensa e salvar à própria pele?
Muito provavelmente, a conspiração não foi traída porque nunca existiu, pelo menos não nas dimensões fantasmagóricas invocadas por Cícero.
Em 29 de dezembro, seu último dia no consulado, Cícero tentou fazer um discurso de despedida louvando o ano que passara no
cargo. Mas a multidão reunida não lhe permitiu pronunciar uma
palavra além do juramento. Em vez disso, vaiou-o por ter execu-
tado cidadãos romanos sem julgamento decente e sem consentia mento do povo. Em protestos veementes, O orador gritou que
€ssegurança do Estado e da cidade “se devem a meu exclusivo ta: a n já exal a mar infla para s apena u servi forço”, fanfarronada que
da multidão,”
leCícero esperava que sua fama de salvador de Roma q preva pre assicistas. E Cesse através dos séculos, como aliás acontece entre 08 cl
ou É . adãos comuns de Mas entre os cid Roma, Sua glória durou po mais de um dia.
6 A face de César César vai retirar-se: as coisas que me ameaçam
Só me viram pelas costas; quando virem A face de César, hão de sumir.
— fJóúLio CÉSAR, ATO II, CENA 2
maior popularis de Roma foi Caio Júlio César, conhecido pelos contemporâneos como Caio César e pela história como Júlio César. Nasceu em 100 a.C., herdeiro
de antiga família patrícia. Seu tio, por casamento, era Caio Má-
rio, o famoso popularis, e seu sogro Cornélio Cina, íntimo aliado de Mário. Por ser sobrinho de Mário e genro de Cina durante 0 reino de repressão de Sula em 82, César ficou do lado dos venci-
dos e estava marcado para a proscrição. Sula anunciou seu deseà adenr jo de poupar a vida de César se o jovem se comprometesse sua com* à causa reacionária. Para demonstrar a sinceridade de versão, César deveria livrar-se de Cornélia (filha de Cina) e canó sar-se com uma mulher escolhida por Sula.
um ui por ente basicam guiado sido tivesse Se César sem escrúpulos e pelo desejo de poder, como alegava ia As à tertá aceitado anos, ciceroni dores historia muitos hoje insistem
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O ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
imediatamente essa oportunidade de ser catapultado para os mais
altos círculos, como protegido do tirano. Em vez disso, despre.
zou a oferta de Sula, plenamente consciente das danosas conse. quências. Demonstrando grande desagrado, Sula ordenou sy, prisão e destituiu-o de sua herança e do dote de sua mulher, AJ. guns historiadores dizem que César salvou a pele subornando um dos capitães de Sula com a considerável soma de dois talentos (aproximadamente cem libras de ouro ou prata).! Outros infor. mam que César sobreviveu porque sua mãe e membros conservadores de sua família usaram suas conexões com importantes
partidários de Sula para convencer o tirano a perdoar o jovem rebelde. Aqueles que aconselharam Sula a não eliminar pessoa
tão jovem, ele teria dito: “Leve em conta que o homem que vocês estão ansiosos para salvar um dia desferirá um golpe mortal contra a aristocracia, que vocês me ajudaram a preservar; pois nesse César há mais de um Mário.” Pelos anos seguintes, César manteve saudável distância de Roma, enquanto as proscrições de Sula faziam milhares de víti-
mas. Em 78, a notícia da morte de Sula trouxe-o rapidamente de volta à cidade. O movimento popular ressurgia, parecendo até que ia provocar uma revolução social, Com desesperada energia, 05
aristocratas do Senado reuniram as forças de Sula e concederam poderes plenos a Pompeu para reprimir os distúrbios. César evitou entrar na briga.
| Em 75, César viajou ao exterior, provavelmente para reivindicar um legado do rei Nicomedes, seu falecido amigo e ex amante. À caminho, diz a história, foi capturado por piratas que
agiram um vultoso resgate de 50 talentos. Depois de semanas
od ld e Bad em um
de E OrÇos, seus enviados arrancaram esse montante das muni-
ou um bando de soldados, talvez pertem
A FACE DE CÉSAR
123
centes a um clã rival dos seus captores, Essa força improvisada
surpreendeu os bandidos à Hioie e capturou alguns dos seus navios. César executou seus antigos captores e embolsou o imenso
resgate, supostamente depois de pagar a seus mercenários!
Mesmo àquela altura nada havia ainda que impedisse Jálio César de seguir a bem pavimentada trilha de uma carreira de optimate. Teria sido recebido pela oligarquia de braços abertos e com muitas recompensas. Em vez disso, tomou a direção contrária, mostrando uma dedicação à causa popular que capturou a afeição do povo. Em 73, apoiou uma medida que permitiria a volta de exilados políticos pró-Mário banidos durante o reinado de Sula
No mesmo ano, ficou do lado de um interessante tribuno e líder democrático, Licínio Macro, numa campanha para invalidar os
decretos com que Sula abolira os poderes dos tribunos do povo. Foi Macro que ajudou a criar um modo democrático de falar em público (usado pelo próprio César), fornecendo aos ouvintes provas factuais e argumentos precisos, em vez de esmagá-los com os bombásticos períodos e histriônicas locuções de oratória clássica. Cícero descreve Macro como uma presença insignificante.
Sua aparência e seus modos diminufam o efeito do seu valor in-
telectual, mesmo assim ele era bastante eficaz. “Sua linguagem não era abundantemente rica, também não era pobre. Sua voz,
Seus gestos e sua dicção não tinham graça. Mas o uso que fazia de material original e a apresentação do que tinha a dizer eram tão cuidadosamente preparados que ninguém o superava nesse
sentido.”>
Tudo que nos resta das palavras de Macro é um discurso pres Servado nos fragmentos remanescentes da História de Salústo.
Vivendo sob a constituição de Sula no fim dos anos 70, he tinha plena consciência do perigoso poder dos oligarcas.
tribuno como ele,
E
“cozinho e falto de recursos € só com a apart
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O ASSASSINATO
JÚLIO
DE
CÉSAR 125
cia vazia de exercer um cargo” não podia ter esperança de desa. fiá-los sem o apoio das massas. “Que rebuliço eles incitam con.
tra mim”, observou. Macro castigava a plebe por falta de ação organizada e por sua disposição a se deixar alugar como clientela
de patronos aristocráticos. “Apesar de numerosos, vocês apem como um rebanho manso, deixando-se possuir e tosar por uma
minoria.” Obedecendo às ordens senhoriais dos cônsules e dos decretos do Senado, o povo fortalecia a autoridade opressora, Se não lutasse para recuperar seus direitos e defender seus interes. ses, estaria sujeito a injustiças ainda mais severas, argumentava, A pretexto de conduzir a guerra, os nobres assumem o controle do tesouro e do exército, prosseguiu Macro. Induzem o povo a acreditar que é soberano promovendo disputas políticas ruidosas mas vazias, nas quais os eleitores têm permissão para eleger
não seus defensores mas seus senhores. O populacho, alegava ele, não devia deixar-se subornar por um pífio custeio de grãos que “não passava de ração de prisioneiro”. Até mesmo essa desprezível esmola só era concedida, relutantemente, por medo de agita-
ção social, Macro convocou a plebe a mudar esse modo de reagir
debilitante resistindo ao recrutamento militar e evitando servir aos ricos: “Não recomendo a violência armada ou a secessão,
apenas que se recusem a derramar o sangue por eles... Aqueles de nós que não participam dos lucros devem ficar livres também dos perigos e da labuta.”é o carreira de Macro ilustra o quanto um líder popular pode ser imobilizado sem ser assassinado. Em 66, quando servia comô
da aco de província, foi visado pelos oprimates e acusado de
ramal o le que pra
po
O julgamento foi presidido pelo próprio Cícero, que ale-
fosse absolvido.”? C o de
E Ea
a
E teria demonstrado
que seria considerado culpado, Macfº
recebeu à notícia da sua condenação com total desalento, retiran do-se para sua casa, onde morreu do coração ou cometeu suicídio! ?
ne
Em 68, Júlio César pronunciou um panegírico em louvor de sua
tia Júlia, mulher de Mário, em cujo funeral teve a audácia de exi-
bir imagens de Mário, algo que ninguém ousara depois da reação
de Sula. Nos anos seguintes, César conquistou cargos públicos. Como edil em 65, usou os recursos de companheiros ricos para organizar festivais e espetáculos de inédita extravagância. E ga-
nhou reconhecimento pelo cuidado que dispensou a praças e prédios públicos e pela restauração da Via Ápia. Também ordenou que imagens de Mário fossem colocadas no Capitólio aproveitando a escuridão da noite. No dia seguinte, quando se espalhou a notícia, “o grupo de Mário tomou coragem, e foi incrível descobrir de repente o quanto eram numerosos e ver a multidão que apareceu e se dirigiu aos brados para o Capitólio”, muitos
enaltecendo César por ser “um parente digno de Mário”
Em 64, com apenas 38 anos, César apresentou-se como candidato a alto sacerdote (pontifex maximus), posição vitalícia e de prestígio que ocupou sem o benefício de uma convicção religiosa
profunda. Plutarco informa que sua eleição, na qual dois eminentes senadores mais velhos foram derrotados, “provocou grande alarme no Senado e entre os nobres, receosos de que ele condu-
zisse o povo a extremos de irresponsabilidade”.” Naquele mesmo ano, César e outros companheiros prepara”
método ram um projeto de lei de reforma agrária moderado no mas abrangente nos objetivos. Lotes de terra deveriam e tanto os sem-terra como os veteranos do exército. Às propriedades Só poderiam ser adquiridas a partir de terras Fadde ES
Nos comprados de proprietários que quisessem vender à A latifundiários com muitas dívidas receberiam a garanto e
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O ASSASSINATO
DE JÚLIO
CÉSAR
preços, apesar da depreciação da terra. Fundos para o Programa viriam da venda de propriedades e da riqueza confiscada de de. pendências no exterior, a baixo custo para O tesouro público, proporcionando afinal um meio socialmente útil de distribuir o butim
de guerra.! Em 1º de janeiro de 63, 0 cônsul recém-eleito, Cícero, em seu discurso de posse perante o Senado e em duas orações subsegiien.
tes no Fórum, usou todo o peso do cargo para impedir a aprovação do projeto de reforma agrária, deturpando o seu conteúdo moderado e afirmando para provocar alarme que a proposta era um “complô contra a liberdade”, “sombriamente arquitetada” e
plena de “objetivos secretos”. Kahn observa que “Cícero equiparava mudança a subversão”, apresentando qualquer medida que visasse diminuir a miséria material como uma investida rumo à revolução. O projeto foi retirado ou derrotado numa votação na Assembléia,! Esse revés deve ter servido de lição a César sobre as dificuldades de reforma pacífica. Apesar disso, sua carreira pessoal seguiu em frente. Foi eleito pretor em 62 e procônsul da Hispânia Ulterior em 61, onde participou de uma campanha vitoriosa contra os lusitanos. Foi durante esses anos que forjou amizades políticas com Crasso e Pompeu. O ex-pretor Marco Crasso, antigo subordinado de Sula (mencionado no capítulo anterior como acusado de participar da conspiração de Catilina), devia sua celebridade ao muito dinheiro que finha Ea façanhas militares. Acumulou vastos recursos mediante ivestimentos, tornando-se latifundiário e proprietário de imóveis de aluguel em bairros populares, A duvidosa razão da sua fama veio
em 71 a.C., quando comandou o exército que desferiu o golpe de andas contra a grande rebelião de escravos de Espártaco, Ele per-
*cBUIU € matou Espártaco e crucificou seis mil rebeldes.
A FACE DE CÉSAR
127
Pompeu também começara sua carreira militar como aliado
de Sula em 82, a quem serviu de modo extraordinário, conquis-
tando a gratidão e admiração do ditador.º Convocado da Espanha
para ajudar à eamagar a rebelião de Espártaco, Pompeu chegou «tempo de participar da matança final, trombeteada por ele e os companheiros como um êxito militar que eclipsava as façanhas de Crasso. Fossem quais fossem os choques e sentimentos de rivalidade entre os dois, Crasso e Pompeu trabalharam juntos, elegendo-se cônsules em 70 a.C. Pressionados por agitação popular, dedicaram seus mandatos de um ano a desfazer éditos reacionários de
Sula. Encorajaram os censores a expulsar 64 senadores por corrupção, e apoiaram projeto que reduzia a um terço a participação de senadores em júris. Mais importante ainda, uma lei
proposta por Pompeu acabou com as restrições impostas por Sula aos tribunos do povo. Essas iniciativas conquistaram o aplauso do povo e a ira do Senado, e qualificaram Pompeu como um popitfaris, pelo menos por ora. Durante os anos 60, Crasso aderiu à causa popular, apoian-
do Macro quando este foi perseguido pelos optimates em pas
dando suporte financeiro a César. Por essa época, Pompeu Unha conquistado mais fama por sua rápida e bem-sucedida campanha contra os piratas que saqueavam o Mediterrâneo. Em 60 a.C., César convidou Crasso e Pompeu para se juntarem é ce no que ficou conhecido entre os historiadores modemos EE
O Primeiro Triunvirato. Pompeu tinha o prestígio do beta
e Buerra e, supostamente, o apoio dos seus veteranos, Crasso nha o dinheiro e César o apoio da plebe. Juntos de Optimates e foram por algum tempo à força política de dê Capaz de reparar as características mais reacionárias
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tuição de Sula, levando Cícero à denunciá-los Privadamente como “os três imoderados”.'
celestial, ou QU alquer acontecimento “inusitado”, Os círculos do.
Enfrentando forte oposição dos opiimates, César Conquistou q
mente desdenhava dos augúrios como mera palhaçada, apoiava
supremo cargo de cônsul, servindo em 59. No começo do seu consulado, propôs outro projeto de reforma agrária, aceito por
Pompeu e Crasso, não muito diferente do proposto em 63. Cícero foi convidado a trabalhar na comissão de reforma agrária, mas não aceitou. Depois que o projeto foi obstruído no Senado por Catão, César usou as táticas dos Gracos, deixando de negociar com o Senado e recorrendo às assembléias populares para apro-
var a lei.!º Não demorou para que Cícero se queixasse de que o programa de distribuição de terras estava “acabando com nossas rendas na Campânia”.!é Bíbulo, o cônsul colega de César, e homem dos oprimaies, se opôs às medidas reformistas de César e tentou paralisar o processo dentro das assembléias com a alegação de que via maus presságios. Sempre que ganhava impulso, o sentimento democrático
arriscava-se a ser sufocado por auspícios religiosos (auspicia), ou seja, por adivinhações da vontade dos deuses. Os auspícios eram
conduzidos pelo Colégio dos Augures, domínio exclusivo dos aristocratas até o começo do século I a.C., quando cavaleiros notáveis também foram iniciados. Pelo simples ato de relatar au-
gúrios desfavoráveis, os augures adiavam ações dentro das assem-
bléias populares ou invalidavam a eleição de um funcionário pró-democrático. Era costume considerar qualquer sinal dos céus
como não propício, portanto motivo suficiente para suspender
qualquer procedimento público.” Presságios eram divulgados depois de uma análise ritualizada
ovoada, um relâmpago no firmamento
minantes gostavam do EE e RE vador proporcionado pelos auspícios. Cícero era explicho nesse ponto. Enquanto privada.
cua utilização como arma do Estado contra “o frenesi dos tribunos” eta impetuosidade injusta do povo”!
Um século antes de Cícero, Políbio comentou o uso político da religião: “A: superstição é, de fato, o elemento que mantém o
Estado romano de pé... Como as massas são sempre volúveis, imbuídas de desejos ilegais, raiva irracional e paixões violentas, só podem ser contidas por terrores misteriosos ou por outras
dramatizações...”!” Posteriormente, escreveu Gibbon: “As várias
formas de adoração que prevaleceram no mundo romano eram todas consideradas pelo povo como igualmente verdadeiras; pelos filósofos como igualmente falsas; e pelos magistrados como igualmente úteis.”?? Um historiador conservador de hoje reconhece que os auspícios religiosos “ajudaram a manter as coisas funcionando como sempre funcionaram e a ensinar as classes baixas a conhecerem o seu lugar”.?! Não foi portanto nenhuma surpresa o fato de Bíbulo, trancado em casa a maior parte do seu mandato de cônsul, tentar derrotar César e as assembléias populares anunciando repetidamente augúrios desfavoráveis, manobras qu César simplesmente ignorava, tanto quanto deve ter desconsiderado os vetos de Bíbulo.?
da não A ain r sa Cé , de da ri la pu po de au gr u se Fosse qual fosse Diferrn r. ita mil i ró he do o gi tí es pr o e r nha o pode reira too Poa car à u ço me co , ão le po Na e al íb An Alexandre, início, à RES de o nd de en et Pr r. ita mil te an nd e não como coma - a de Péricles e de Caio Graco, fazer reformas e o uso
Então, com s. ano 18 r po ca ti lí po a en ar a ou nt ue freq
O ASSASSINATO
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DE
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CÉSAR
A FACE
convenceu-se de que contar com o apoio de um exército Cra mais
seguro quando se lidava com a mortífera oligarquia.
Naquela altura, a República romana governava um vasto império, que se estendia por toda a bacia do Mediterrâneo, da Es.
DE CÉSAR
ância de suas vitórias. Ele “repreendeu 0 populacho
pouca atenção a ele e perder a cabeça por César”2s
31 Por prestar
Percebendo o descontentamento de Pompeu, os iitiates tes
(norte da Itália) e da Gália Transalpina (França e Bélgica). Numa
raram cooptá-lo. Temiam César, o popularis mais esperto e mais dedicado dos dois. Embora ausente em sua campanha da Gália durante a maior parte dos anos 50, César ainda assim conseguia atuar na vida política de Roma, por intermédio de substitutos ou
Germânia, Continuou como procônsul por mais cinco anos, gra-
Pompeu mostrou-se receptivo às investidas dos optimates. Em — violan52, os senadores o designaram único cônsul de Roma
panha à Ásia Menor. César ampliou suas possessões e tomou parte
ativa nas pilhagens e no derramamento de sangue.? Em 58, tor. nou-se procônsul (governador de província) da Gália Cisalpina série de campanhas militares que duraram nove anos, ele sub. meteu toda a Gália à suserania romana, além de pedaços da
ças a uma lei aprovada por Pompeu e Crasso, que serviam novamente como cônsules, A aliança entre Pompeu e César fora cimentada pelo casamento de Pompeu com Júlia, filha de César. Mas Júlia morreu em 54, numa época em que Pompeu já se sentia incomodado com a crescente popularidade e força militar de César. No ano seguinte, o triunvirato foi desfeito quando Crasso sofreu fragorosa derrota militar em sua campanha contra os partos no leste (hoje Iraquee norte da Síria), e foi traiçoeiramente morto quando tentava negociar. Os partos conheciam Crasso. Como informa Floro, dece-
param-lhe a cabeça e derramaram-lhe ouro derretido na boca para que ele “cuja mente ardera de desejo do ouro pudesse, morto €
aparecendo na cidade nos meses de inverno,
do a prática constitucional que determinava a existência de dois cônsules eleitos pelas assembléias. E mantiveram-no como co-
a morte de Júlia, mandante na Espanha por mais cinco anos. Com Pompeu rejeitou a proposta de casar-se com a sobrinha-neta de César, dando preferência à filha de Metelo Cipião, um optimate do Senado. Depois escolheu seu novo sogro para servir como seu companheiro de consulado pelos meses restantes de 52, outra manobra inconstitucional perfeitamente aceitável para os constitucionalistas do Senado. Famílias aristocráticas altamente
influentes, como os Metelos, dispunham-se a manter relações com
Pompeu, pelo menos até poderem dar cabo de César.
inanimado, ser queimado pelo próprio ouro”2
No fim de dezembro de S0, enquanto César ainda estava er Gália,
mas também deu início à guerra civil. Segundo o historiador r0-
Senado decidiu enviar um sucessor para substituí-lo. À
A morte de Crasso não só provocou a queda do triunvirato
mano Lucano: “César não podia mais tolerar um superior, nem Pompeu, um igual."Z Pompeu sentia-se, de acordo com Dion
Ea
OS pao pa a elogios gerais a César,
não divulgarem as
a
aê e ce sar,Esmas aa sim diminuiraa impor ,
9 conflito entre ele e os optimates chegou ao ponto de ebulição. O a
do Senado foi vetada por Curião, tribuno simpático à aa o Ma contra-oferta levada ao Senado por Curião,
que ele e Pompeu renunciassemUEcomo comandantes militares. Proposta obteve o apoio entusiástico das pessoas dns
370 votos contra 22, os senadores rapidamente a
ns. 3 Por
o pla-
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O ASSASSINATO
DE JÚLIO
CÉSAR
no. Era a oportunidade de evitar a guerra civile desarmar Césare Pompeu. Mas isso não satisfez os optimates ultraconservadores, que estavam indispostos contra César. Eles acharam um tribuno para vetar a proposta de desarmamento mútuo. Se César renunciasse ao comando, devem ter pensado, isso não reduziria o seu apelo político. E praticamente nada impediria que ele convocasse seus veteranos ou recrutasse soldados numa futura disputa. No dia seguinte, um dos cônsules, também da facção conservadora, convocou Pompeu para assumir o comando de duas legiões, Às negociações continuaram até o começo de janeiro de 49, Longe de agir como se ambicionasse o poder real, César propôs novamente que ele e Pompeu renunciassem ao comando de seus exércitos. Sua mensagem foi apresentada ao Senado por um tribuno e aliado político, Marco Antônio, sucessor de Curião. Dessa vez, os senadores rejeitaram-na irritadamente, sem sequer
debatê-la. Os optimates agora seguravam firmemente as rédeas senatoriais, cavalgando rumo a um duelo final. Com Pompeu na qualidade de espada de aluguel, achavam que seria possível isolar e derrotar César de uma vez por todas. O Senado aprovou um senatus consultum ultimatum juntamente com “resoluções da mais dura e severa natureza” para destruir o comando de César e suprimir “esses distintos funcionários, os tribunos do povo”, como escreveu César? Temendo pela própria vida, Marco Antônio é
outro tribuno fugiram de Roma, indo juntar-se a César no norte.
Dias depois, César reuniu suas tropas e lhes relatou todos 05
malfeitos que acreditava terem sido perpetrados contra ele pelos
oligarcas do Senado. Tinham seduzido Pompeu, atiçando o seu orgulho e indispondo-o contra César. Tinham usado a força pará
GE
anti
ente só era usado para reprimir motins
A
FACE
DE
CÉSAR
133
ou atos de violência — e nada disso acontecera, Tinham manda.
do César dissolver seu exército enquanto Pompeu continuava q
recrutar tropas. Apesar das propostas de César, Pompeu não fez nenhuma promessa de negociar com ele, César reiterou à proposta: “Devemos dissolver nossos exércitos; a desmobilização na Itália deve ser total; o regime de terror deve acabar; deverá haver
eleições livres € O Senado e O povo romano devem ter o controle rotal do governo... Discutindo juntos nossas diferenças, devemos resolvê-las todas.”? Essas propostas foram aprovadas por suas tropas mas rejeitadas sumariamente por Pompeu e os optimates. “Pompeu”, escreveu Cícero, dando-lhe razão, “desdenha qualquer coisa que
[César] possa fazer e confia em suas forças e nas forças da República.” Para Cícero, um arranjo negociado com César não levava a nada senão “aos perigos de uma paz ilusória”?
As arriscadas opções de que César dispunha foram examinadas com o maior cuidado. Se voltasse a entrar na Itália com seus legionários, provocaria uma guerra civil de resultado imprevisível. Mas seo fizesse sem eles não teria forças para promover outras reformas earriscava-se a ser morto pelos matadores a serviço dos optimaies.
No mínimo seria processado por compra de votos ou traição, ca por ter ignorado os auspícios e vetos durante o seu primeiro con-
sulado. O julgamento seria conduzido por um júri cuidadosamenteselecionado, num tribunal cercado de soldados de Pompeu, com
resultado perfeitamente previsível:
nteou a César tropas, suas de apoio o Tendo confirmado Em 10 e Rr dCampamento e preparou a marcha para O sul.
eo a.€., com apenas 300 cavalarianos € cinco mil so ã Alinfantaria (o resto do seu exército estava do outro ca ia va separa que rio Pes), ele atravessou o Rubicão, pequeno
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O ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
A FACE
Cisalpina da Itália antiga.” (Até hoje, como os leitores ce
te sabem, “atravessar o Rubicão” significa tomar uma
decisão
irrevogável.) Ao levar suas tropas para solo italiano sema Permis. são do Senado, César cometeu um ato de traição. À guerra civil
entre ele e Pompeu tornara-se inevitável. Quando César marchava pela penínsul a itálica, a População
local começou a passar-se para o seu lado. Escrev endo um século depois dos acontecimentos, Lucano, si mpatizante do Senado descreveu César como “louco por guerra... prefer ia arrebentar,
portão de uma cidade a encontrá-lo aberto para ele ; preferia as. solar a terra com o fogo e a espada a conquistá-la sem uma quei. xa dos agricultores”.3 Não era bem assim. César se mpre preferia transformar antigos inimigos em aliados. Em janeir o de 49 aceitou avidamente a aliança das cidades e guarniçõ es italianas que lhe abriam as portas. Prometeu governar sem a crue ldade e repressão que marcaram o reino de Sula, declarando: “Q ue este seja o novo estilo de conquista, fazer da misericórdia e da genero si-
dade o nosso escudo.” Dirigiu-se novamente a Po mpeu, pedindo-lhe que “prefira minha amizade à daqueles que sempre foram
seus e meus inimigos, e cujas maqu inações empurraram o país
para 0 impasse atual”; Em meados de março de 49, quase três
meses depois de ter entrado na Itália — como Balbo informa à Cícero — César estava nova mente ansioso para restabelecer boas
relações com Pompeu.3
Cícero não queria saber de nada disso. Prosseguiu com suas amúrias sobre a diabólica campanh A
cancelamento de d ívidas, trazer de volta exilados [anti-Sulal, € centenas de outras vilanias ..
Dele só espero atrocidades”.*A flo-
DE CÉSAR
135
ta com Pompeu, e no dia seguinte escreveu a seu ami Bo Ático sobre o seu pesar diante da iminente vitória de César, Algum tempo
depois, gabou-se de sua sapertses, dizendo a Ático que uma car.
ta que enviara à César não continha nada “senão adulação”, sem dizer uma palavra sobre aquilo “em que realmente acredito”3? A maior parte da zona rural da Itália saudou César Assim
também o fez o proletariado romano, numa atitude muito dife-
rente da recepção hostil que dispensara décadas atrás às tropas do reacionário Sula. Em questão de semanas, César tomou Roma enquanto Pompeu e suas tropas se retiraram para a Grécia, onde
esperavam contar com maior apoio. Tendo os dois cônsules e a
maior parte do Senado fugido, a Assembléia Tribal do povo julgou que a República precisava de uma autoridade legal constituída. E aprovou uma lei concedendo ao pretor, Lépido, o direito de
nomear um ditador provisório para tomar o lugar dos cônsules ausentes. Como esperava o povo, Lépido nomeou César. Dion diz que César não praticou nenhum ato de terror durante sua ditadura. Em vez disso, chamou de volta os descendentes dos pros-
critos de Sula, permitindo-lhes retornar a Roma com todos os
direitos restabelecidos depois de mais de 30 anos de exílio. Também concedeu cidadania romana aos gauleses que viviam ao sul
dos Alpes, logo além do P6.8
O resto é história antiga. César renuncia à ditadura € a como cônsul. Seguem-se mais de quatro anos de intermitente Buerra civil, resultando na derrota das forças de Pompeu em ai
“alo (norte da Grécia) em 48. Com César nos seus calcanhares, E Pompeu, vencido, foge para o Egito. Ministros do jovem
Ptolomeu, não querendo Pompeu como senhor nem César E
Mimigo, matam-no. César chega ao Egito. Quando a a Am a cabeça de Pompeu, ele se afasta tornado de tristeza
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O ASSASSINATO
DE JÚLIO
CÉSAR
pugnância. Ao receber o selo real de Pompeu, Tompe em Ig H. mas. Depois manda matar dois dos assassinos de Pompeu,» Cécar
ocupa Alexandria com uma pequena força e é cerc ado Pelas tro.
pas do rei. Amparados por reforços que chegam em março de 4;
os romanos saem vitoriosos. César instala Cleópatra e seu fo rm
irmão como co-regentes do Egito, encontrando tempo para man. ter com ela um caso amoroso que inclui um longo Cruzeiro Nilo acima. De 48 a 44, César governa Roma, algumas vez es de longe, numa série de mandatos consulares que lhe permit em iniciar um amplo programa de reformas (discutidas no Capítulo Oito). De. pois da derrota dos filhos de Pompeu na Espanha em março de 45, a paz é finalmente restabelecida. Em setembro ou outubro de 45, no auge do poder, César retorna triunfante a Roma , onde é extravagantemente coberto de honrarias, entre as quais o títu lo de imperator perpetses. Teria pouco mais de seis meses de vida.
/ “Vocês todos o amaram”
Vocês todos o amaram, e não sem razão,
— JÚLIO CÉSAR, ATO III, Cena 2
aio Júlio César era homem de qualidades excepcionais, figura imponente, sedutora, de inteligência extraordináTia, € um encanto de pessoa quando assim o desejava. Seu companheiro Salústio atesta que ele era estimado “pelos muitos bons serviços que prestara € por sua grande generosi-
dade”.! Empolgante chefe militar, era amado pelas tropas que chefiava com uma mistura de eloquente exortação, exemplo au-
dacioso, disciplina férrea e as recompensas dos saques . Diferen(emente da maioria dos de sua classe social, desprezava o luxo e ? Excesso de comodismo, apesar de ser um tanto cuidadoso no
vestir, Também diferentemente dos de sua classe, evitava Consimir álcool em excesso. Até mesmo os inimigos reconheciam Ge UM bebedor moderado. Como observou um deles, possa a a Único homem sóbrio que já tento u destruir a consutuição - aliCésar não precisava convencer-se à si mesmo de a E É dades excepcionais, mas esforçava-se para tornar di cm a TOS negar ou subestimar suas habilidades. Suas façan
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O
ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
“VOCÊS
litares demonstraram maestria no controle de homens e situ ações, e promoveram sua dignitas (reputação, autoridade, distin ção) somando-se ao apoio popular de que desfrutava e a sua Capaci. dade de realizar reformas de há muito necessárias.
Altamente conceituado pela elegância e clareza de sua prosa
César era tido como um dos maiores prosadores estilistas a Roma. Seus interesses intelectuais eram impressionan temente extensos e variados. Foi patrono das artes e da edu cação e tinha uma curiosidade especial por astronomia. Tido como orador in-
superável, era capaz de agitar multidões e de comover coraçõ es com suas palavras. Mesmo um orador renomado e um adversário político amargo como Cícero era forçado a admitir que não conhecia ninguém mais elogiente, espirituoso, lúcido e dotado de vocabulário retórico variado e preciso do que Caio César. César também tinha traços de caráter nem tão perfeitos, para dizero mínimo. Ficou conhecido como extravagante gastador de dinheiro emprestado no começo da carreira. Grandes somas passaram por suas mãos, permitindo-lhe fraudar eleições, adquirir
influência política e organizar exércitos. Suetônio observa que ele não era particularmente honesto em suas caçadas auríferas, Sa-
queando santuários e templos e cidades — sobretudo onde havia moradores ricos. Roubou três mil libras de ouro do próprio Capitólio, substituindo-as por bronze dourado. E extorquiu quase 1,5 milhão de peças de ouro do rei Ptolomeu do Egito. Muito pior do que isso, como outros comandantes militares da sua época, incluindo muitos optimates, era um espoliador de terras distantes. Argumenta-se que a conq uista da Gália foi uma
espécie de sorte na desgraça. Profundamente divididos, os não poderiam resistir ao iminente mas sac re das tribos
Ão serem subjugados a Roma, enc ontra
Rá
gauleses icas
tam a paz e aF ese tabir lida-
de. De fato, unidades gaulesas juntaram-se às legiões de César
TODOS
O
AMARAM”
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para combater Ariovisto e outros invasores germânicos. Mas a asorte” da conquista romana não bafejou dezenas de milhares que ou priforam mortos, abandonados, desarraigados, escravizados
O próvados de recursos durantes anos de sangrentos conflitos.
por suas prio César reconhece as piores atrocidades cometidas
tropas, no cerco de Avaricum, qua ndo assassinaram quase 40 mil moradores, “não poupando nem os incapacitados pela idade, nem as mulheres, nem as crianças . E como poderíamos perdoar o tratamento dado a Vercingee cament val uma ar trav foi me cri nde gra o cuj lês gau fe che tórix, erada esp des a num 52, em ano rom r ita mil o íni dom o tra con panha Quando tentativa de preservar a independência do seu povo?* =
H
7
por César. Passou finalmente derrotado, Vercingetórix foi preso da cela, levaseis anos acorrentado apenas para depois ser tirado honra de César do pelas ruas durante uma triunfal procissão em e publicamente executado. comuns da nação s soa pes as o, éri imp er lqu qua em mo Co
anha às areias Esp da uro esc solo Do am. rer sof bém imperial tam a os romanos se quentes do Egito, Os Ossos de soldad que paga p É , ram ive rev sob que os a par E pelo império.
: nários de César queixando-se azê-lo, se Roma não lhe baEssf ti sa rá de po e qu O r? rrea os nossos dias ay demos a alegria da vida, passamo s todos ta?... Per lutando.”” p 5
;
peca
para seu mo muitos deles usava escravos € mulheres co E a. tinh inha. a às mulheComo outros líderes romanos, tratav . 5 soal. em casana E bjetos maritais negociáveis. Deu a filha Júlia res como O
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«vOCÊS
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mento a Pompeu como um meio de consolidar sua al lança polf. tica inicia
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a para a cama mulheres de todas as categorias sociais: “Traleval '
;
l, apesar de Júlia estar comprometida com Cepião. Pa aplacar a ira de Cepião, Pompeu lhe prometeu sua própria filha
emos para casa nosso puteiro careca/ Romanos, trancai vossas alheres/ Todos os sacos de ouro que vós lhe emprestastes/ Lhe m ram para pagar prostitutas gaulesas.”?* César agientou es-
Quando Júlia morreu de parto em 54 a.C., deixando Pompeu viúvo, César tentou deter a crescente malquerença ent re eles ofe.
cas € outras zom barias sem se ofender. Quando mais jovem, César serviu brevemente como preferi-
apesar de ela, por sua vez, estar noiva do filho do falecido Sula.
recendo a Pompeu sua sobrinha-neta Otávia, sem se importar com
o fato de que ela já tinha um marido a quem seria obrigada a abandonar. Além disso, César pediu licença para casar com a filha de Pompeu que era noiva de Fausto Sula. Pompeu rejeitou as duas propostas, também mais por considerações políticas do que pessoais.!? César era notório por suas façanhas sexuais envolvendo, entre outras, as mulheres de numerosos aristocratas e diversas rai-
nhas, incluindo Cleópatra. O poeta Catulo, que desprezava a política de César, investiu contra suas escapadelas: “E esse maldito de passo insolente/ Exultante em sua alta situação/ Rondará nossos divãs de casados...?” César e o amigo Mamurra, que foi seu engenheiro-chefe na Gália, eram “colegas de adultério e ganância/Rivais entre as ninfetas... os sem-vergonhas”.!! Ão voltar de uma campanha vitoriosa, comandantes romanos geralmente recebiam um iriumphes ou “triunfo”. Isso consistia num elaborado cortejo seguido de festas, muita diversão e a concessão de privilégios honorários ao comandante. Imediatamente depois do triunfo, era costume os soldados se reunirem diante do seu general e submetê-lo a gracejos grosseiros. O objetivo dessa investida era abaixar-lhe a crista, para evitar o ciúme dos deuses. Como escreve Marcial, depois de um triunfo “não era vergonha para um comandante sujeitar-se a pilhérias”.!? Dessa forma, du-
rante as comemorações de 46 a.C., as tropas de César se reuni-
ram diante dele e cantaram versos obscenos sugerindo que ele
servi
.
do do rei Nicomedes em favores sexuais. Em seu triunfo, os sol-
dados cantaram versos obscenos sobre isso também; em parte, diziam: “César conquistou as Gálias, e Nicomedes conquistou
César.” Ele não recebeu com bom humor essa parte da recitação.
E quando tentou negar, deu mais motivo para zombarias.* O namoro inicial de César na corte de Nicomedes e vários outros
encontros homossexuais posteriores deixaram-no vulnerável ao escárnio de inimigos políticos, entre eles Cícero e Dolabela. Para divulgar a reputação de César como adúltero e sodomita, um adversário o descreveu como “marido de todas as mulheres e mulher de todos os maridos”.! Diferentemente da impressão que nos ficou, os romanos da República Tardia eram uma curiosa mistura de devassidão e pudor. Muitos parecem ter mantido ligações com pessoas do mesmo sexo. César, Catilina, Marco Antônio, Gabínio, Salústio e Augusto
são apenas os mais conhecidos. Ainda assim, O homossexualismo de César, Políbio 1nantes o sécul Um ável. aceit ca práti não era
formou que qualquer soldado do exército romano “quefr plescavê à ha idade viril cometesse transgressões sexuais” sé arri Morrer açoitado.!6 A Jex Scantinia, lei de data incerta, punia atos homossexuais cometidos com pessoas nascidas livres. gr cd dutro cidadão era roubar-lhe a virilidade romanê. A E homossexual de escravos, no entanto, não era punida. pen obvi Je o escravo macho não tinha virilidade, não poderia, te, ser privado dela,
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Uma forma comum de ataque político era acusar o adversá. rio de efeminado. Desempenhar o papel passivo numa relação
homossexual, com submissão anal ou oral, era a pior das Perver.
sões.!” Cícero concentrou-se nesse tipo de ataque em sua Vingança
contra Catilina em 63. Mencionou “os veados da guarda Pretoriana de Catilina” e acusou Catilina de ter o costume de seduzir rapazes “da forma mais repulsiva; e permitia, repulsivamente, que outros fizessem amor com ele”. Cícero chegou a ver na homosse. xualidade uma preparação para o crime, exclamando perante o Senado: “Os insidiosos atos de sedução de Catilina, que capturava um rapaz depois do outro, os tornaram aptos para uma carreira de crimes, ou plenamente estimulados a buscarem uma vida de incontida sensualidade. “ “Esses belos e suaves meninos são especialistas em amar e se deixarem amar, e cantam e dançam como ninguém; mas também aprendem a manejar uma adaga e a aspergir veneno. Ia A animosidade entre os optimates e seu principal adversário, Júlio César, irradiava uma rude homofobia em suas deliberações. Segundo Suetônio, uma vez o vitorioso César zombou do Senado anunciando que ia montar triunfalmente na cabeça de seus oponentes, expressão de duplo sentido, um dos quais implicava felação. Quando alguém gritou que a façanha seria difícil até para
uma mulher, César tentou rebater a afronta observando que Semíramis reinara como rainha na Síria e as amazonas chegaram a dominar grande parte da Ásia.!º Uma virulenta homofobia foi moeda forte até a era imperial, mesmo quando alguns imperadores se entregavam, sem disfar-
ce, a relações homossexuais. Escrevendo no início do século 1 d.C., um homem de letras do calibre de Juvenal investia contra É decadência de homens da classe alta, rapazes efeminados eNº charcados de perfume que pintavam as sobrancelhas, usava
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cos € roupas transparentes e se requebravam de mão na cin brin is casados com outros homens. Base veados alvoroçados, resmungava ele, comportavam-se não como rainhas de verdade, como “Semíramis usarído a aljava” ou Cleópatra “no convés do
seu navio de guerra aciano”.? Na cabeça de Juvenal, esse modos femininos contrastavam pateticamente com os dos guerreiros
romanos de uma época anterior, provedores de uma virtus imaculada e cujas másculas façanhas de coragem e sacrifício deram » Roma sua suposta grandeza. O resumo de Fuller sem dúvida é a opinião que predomina entre historiadores do arraial de Cícero: César “era o supremo oportunista... Dono de personalidade magnética e de ilimitado egoísmo, não tinha medo nem escrúpulos... Não permitia que nada
lhe atravessasse o caminho”.?! Na realidade, o objetivo de César parece ter sido não destruir a liberdade republicana mas, pelo contrário, mobilizar suficiente força popular para romper a in-
fluência repressora da aristocracia senatorial, reduzindo-a a um organismo consultor e administrativo.2 Declarava ele que sua in-
tenção era ser o paladino do povo e não o seu senhor. À bem da
verdade, fáceis declarações de democracia saíram dos lábios de muitos autocratas astuciosos. Ainda assim, as palavras de César devem ser levadas em consideração, pois geralmente tinham resPaldo em seus atos. E Em 49, depois de atravessar o Rubicão, ele proclamou: Eu quero me proteger das calúnias dos meus inimigos, reconduzir à “Us posições de direito os tribunos do povo expulsos por sen “volvimento com minha causa € exigir para mim e para O E
Fo mano independência do domínio de uma pequena eee
Chegar à Roma semanas depois, convocou 0 senadores de “tinham alinhado com Pompeu, e disse: “Senti-me 1nsU
não
e
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furioso com a intervenção nos direitos dos tribunos... Meu obie tivo é superar outros em justiça € equidade, como anteriormen, me esforcei para superá-los em realizações.”* Alguns democratas buscavam uma revolução social profun. da, com o cancelamento de todas as dívidas e uma divisão de ri. queza entre os cidadãos pobres de Roma (excluídos escravos e estrangeiros). César achou que o apoio desse grupo seria Útil, mas
teve o cuidado de não sacrificar em excesso os agiotas e grandes proprietários. Ainda assim, como veremos no próximo capítu-
lo, adotou políticas suficientemente redistributivas para provocar
a consternação das classes superiores. Ele “foi muito além de seus antecessores em suas preocupações com as massas”, escreve Yavetz, e foi “justamente isso que antagonizou a aristocracia senatorial”. Não foi por ambição pessoal que César incorreu na ira dos optimates. Em seu mundo, a ambição era moeda corrente e perfeitamente aceitável. Eles desprezavam suas simpatias igualitárias, sua antiga preocupação com os interesses do povo. A rigor, o conflito entre nobiles e proletarii não era nitidamente definido. Havia senadores, que não faziam parte do círculo mais íntimo dos optimates, que apoiavam César, e havia plebeus, libertos e estrangeiros que, por pertencerem a clientelas e receberem
recompensas, estavam do lado dos patrões aristocratas. Ainda assim, se não perfeitamente pelo menos grosso modo, as linhas de separação das classes foram traçadas na luta entre César € 0
oligarcas do Senado. Até hoje, defensores dos privilégios de classe recorrem a at? ques ad hominem, tachando qualquer líder que adote políticas em favor do povo comum de demagogo que só quer se promover : usurpar o poder. Na realidade, nenhum líder popular pode sé dar ao luxo de ser indiferente a considerações de poder popular. apoio das massas é necessário como alavanca para desafiar os 1”
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toresses entrincheirados das classes dominantes. Em outras palavras, à busca do poder e a busca da reforma igualitária não se excduem; pelo contrário, uma é essencial à outra,
Enquanto Os líderes indubitavelmente derivam satisfação pescoal da fama que adquirem, seria um erro pensar que são moti-
vados apenas pela busca de popularidade, especialmente aqueles
que tomam O partido dos impotentes e oprimidos. Como vimos, na República Tardia ficar ao lado das massas era tarefa perigosa, e não uma carreira promissora para líderes ambiciosos. Poucos populares sentiam prazer em serem esnobados e rotulados como agitadores sediciosos por seus próprios pares. Nenhum tinha prazer em sentir-se fisicamente ameaçado. Nenhum achava que, por cortejar o apoio das massas desorganizadas, ganharia passe livre
para os pináculos do poder. Os Gracos, Clódio, César e outros que se meteram a defender causas igualitárias pagaram o preço supremo, é foram impulsionados por algo mais do que a auto-
exaltação.
E o que dizer da demagogia dos optimates? Raramente estu-
diosos da República Tardia questionam o fingimento interessado e a auto-exaltação das elites privilegiadas e poderesas que defendiam seus interesses por todos os meios necessários. Um número excessivo de historiadores parece aceitar a pintura Juminosamente
elitistas como gas cole seus ava sent apre que ro, Cíce por feita lírica
homens
O que governavam em benefício de todos, manejando
leme do Estado “com toda a habilidade e devoção”-É
cero é seu i Cí de cos gógi dema s apelo os m iona menc se o Pouc
bando, quando pretendiam passar por pr tes nos p Os n expr opri seus ador com es. o Talelamente, agiam São mostrados pelo filtro da história dos cavalheiros como aê de altos princípios. Na realidade, eles se apeg avarm SRS
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princípios correspondentes à noção que tinham da boa vida, com
a levavam. Opunham-se à reforma agrária, ao controle dos Fa guéis e ao cancelamento das dívidas: mais para muitos significava menos para poucos. Resistiam ao voto secreto e a todas as formas de resistência popular. Apesar disso, eram suficientemente dema. gogos, quando concorriam a cargos públicos, para se apresenta. rem como amigos do povo.
Um dos principais protagonistas da facção dos opsimazes era Marco Pórcio Catão (o Jovem), saudado pelos séculos afora como guardião imaculado da retidão republicana. Plutarco o elogia por sua
devoção à “rígida justiça, que não se curva à clemência nem ao favor”. Dion diz que Catão foi o único de sua geração a “fazer política por motivos puros, sem desejo individual de lucro”. Valério se refere à sua “vida valente e imaculada... sua virtude perfeita em todos os sentidos”. Veleio diz que Catão, “em todos os pormenores de conduta, assemelhava-se mais aos deuses do que aos homens”. E Salústio descreve Catão como alguém impulsiona-
do apenas pela mais reta honestidade.” Historiadores modernos são quase igualmente efusivos,
exaltando Catão como “o formidável conservador de elevados
princípios”, “o ousado líder da oligarquia”, o “de nobre berço €
caráter”.* Até mesmo Theodore Mommsen, que certa vez come
teu o deslize de chamar Catão de “tolo dogmático”, foi incapaz em outras ocasiões de encontrar palavras boas o suficiente pata retratá-lo: “Honrado e firme”, “sério em propósito e ação”, “cheio
de apego ao seu país e a sua constituição hereditária”.
* Dá-se pouca atenção às imperfeições de Catão. Enquanto f2218 SONOFOS Pronunciamentos contra a corrupção e jurava punir o suborno, ele próprio cometia esses pecados, contribuindo pal um fundo secreto em favor do conservador Bíbulo (seu gento);
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gando este se candidatou a cônsul em 60, num festival de comra de votos que provocou comentários indignados até mesmo
naqueles tempos embotados. Os optimates estavam empenhados em deter César, que também se mostrava generoso com os eleitores. Mas quando Carão decidiu comprar votos, isso deixou de cer ato de corrupção e passou a ser uma elevada necessidade moral,
pois “o suborno, nessas circunstâncias, era para o bem geral”»
Em 51, Cícero foi nomeado governador da Cilícia (sudeste da Turquia). Desempenhou suas obrigações com competência e honestidade, embolsando apenas o dinheiro que lhe era destinado regularmente, em vez de saquear a província, como era de praxe. Também se meteu com sucesso em ações militares contra bandi-
dos na província. Ao voltar em 50, foi recompensado por seus serviços com uma cerimônia de ação de graças oferecida pelo Senado. Catão votou contra a ação de graças. Quando Cícero lhe indagou por que agira assim, Catão explicou não muito claramente que, na realidade, a administração provincial de Cícero tinha sido merecedora de elogios mas não de uma cerimônia pública
de ação de graças, a não ser que a ação de graças fosse creditada aos deuses e não a ele. Logo depois, entretanto, Catão votou à favor de uma cerimônia de ação de graças em homenagem à seu Eenro Bíbulo, cujas realizações certamente não foram mais Do,
táveis que as de Cícero. Parece que o rigorosamente justo Sage era capaz de alterar seus princípios para favorecer gi
Catão certa vez propôs que todo candidato a tribuno fosse
obrigado a depositar uma vultosa somaO mandato de dinheiro para sed dO democrático (er ao cargo, medida que solaparia -o em privilégio dos ricos. Em5 2aC., o d n a m r o f , s o n d a a r n t tribu icos* ilégi Pompe e s s e le| e Bíbulo recomendaram a e m o n o d que O Sena rátic as consComo único cônsul,
o
sem eleição
violando todas as P
Utucionais 33 Novamente em 49, apesar de outros
em
bros da
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“vOCÊS
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hierarquia se sentirem inconfortáveis com a medida, Catã O pro. pôs que o Senado entregasse todo o comando do Estado na S Mãos de Pompeu, a fim de suprimir o movimento popular que se form ;
E
d=
va em torno de César. Poucos anos depois, diante da Iminênc; à da guerra civil, um senador sugeriu que os escravos fossem liber. tados para participarem de missões militares, proposta que con. quistou apoio entre os senadores. Mas preso a seus princípios de amor à propriedade, Catão argumentou que não seria legal nem
correto privar os senhores de suas posses.” Em pelo menos duas ocasiões ele defendeu o assassinato político. Como descrito no Capítulo Cinco, com “veemência oratéria” (palavras de Plutarco) Catão persuadiu o Senado a confirmar, com base em duvidosos testemunhos, a execução ilegal, sem julgamento, de Lêntulo e outros prisioneiros políticos envolvidos na “conspiração de Catilina” em 63. Onze anos depois, quando 0 chefe de quadrilha dos optimates Milão assassinou o tribuno do povo Clódio, Catão mais uma vez deixou de lado os princípios legais, propondo que o assassino não apenas fosse solto mas também recompensado por serviços prestados ao Estado. Catão foi ao tribunal para defender Milão e muito provavelmente votou pol sua absolvição.” Em resumo, quando líderes populares adotavam políticas favoráveis ao povo, Catão tratava os procedimentos da constituição não escrita, que impunham todo tipo de obstáculo, como o tivessem sido gravados na pedra. Mas quando os optimates prec
savam dobrar ou até suspender normas e direitos básicos — ditados por interesses de classe — Catão era capaz de infinitê flexibilidade, tratando a constituição não apenas como se fosse
elástica mas também descartável. A lei podia ser suspensa par preservar a lei, mesmo que isso significasse libertar um assassino como Milão. Do ponto de vista de Catão, Milão não era um as
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io
cassino MAS um defensor da República. Para Catão, qualquer medida tomada p= a sad dar às preocupações de sua coterie era ipso facto constitucional, pois os interesses da aristocracia eram vistos por ele como coipeientos como bem-estar de toda a nação. Segundo um dos seus admiradores modernos, Catão “jamais
confundia as esferas pessoale política, e não sentia animosidade alguma... pela pessoa de Júlio César”>” Na realidade, ele odiava
César, vendo-o como representante de tudo que desprezava: autoexaltação, desdém pela República e traição de sua classe.* Como
vimos, no decorrer do debate senatorial de 63, Catão fez um ás-
pero ataque pessoal a César, chamando-o gratuitamente de “seu bêbado”. Embora reprovasse abusos alcoólicos alheios, Catão era
conhecido por demorar-se com seus copos até ficar profundamente embriagado.” Dion afirma que Catão “amava o povo como ninguém”, mas seu amor não ia a ponto de querer ver o povo decentemente estabelecido. Logo, ele liderou um ataque contra o projeto de reforma agrária de César.*º Até mesmo o intransigente e conservador
Catão poderia chegar a um acordo quando forças populares eram suficientemente poderosas para questioná-lo. Assim, em 65,
quando a inquietação proletária parecia assumir proporções amea-
cadoras, ele ficou assustado e convenceu o Senado a acalmar à multidão urbana incluindo-a na distribuição de grãos. ide chama isso de “ato de humanidade e bondade”, embora mais pa-
O pe“afastar à destinado conveniência relutante de ato teça um ap Figo”, como escreve o próprio Plutarco.” Catão é tido como pessoa de caráter impecável e red Bócios pessoais. Mas até nesse campo pode-se duvidar. Dea
aristocráticas eram negociadas como peças de jogo a e anças
“OS destinados a aumentar fortunas familiares € e Políticas, Catão não é exceção nessa prática. Primeiro,
Re
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própria mulher, Márcia, ao amigo Hortêncio, mais velho doqu ele e riquíssimo. Hortêncio queria formar uma comunidade É
filhos com Catão, pelo menos foi o que disse, e Márcia ainda era jovem o suficiente para dar à luz, De fato, diz-se que estava grá. vida de Catão quando foi transferida para Hortêncio. Ânos de. pois, quando Hortêncio morreu e Márcia tornou-se uma viva
imensamente rica, Catão voltou a interessar-se, e casou-se com ela pela segunda vez. “Por que deveria Catão desistir de sua my. lher, se a queria; ou por que, se não a queria, deveria tê-la de volta? A não ser que a mulher tenha sido usada como isca para Hortêncio, e emprestada por Catão quando jovem para que a tivesse de volta quando ficasse rica.”* Catão era dedicado ao público, mas “o público que contava era a própria classe de Catão, a nobreza hereditária”, lembra-nos Lilly Ross Taylor. “O remédio de Catão para os males de sua época
era, ao que tudo indica, muito parecido com o de Cícero na República e nas Leis, uma volta aos tempos anteriores aos Gracos."* Hoje, o Instituto Catão, centro de estudos conservador, tem 0 nome do ilustre reacionário porque ele resistiu ao governo de César e supostamente defendeu a liberdade. Desnecessário dizer que a estreita natureza classista dessa liberdade continua ignorada pelos admiradores de Catão. Da mesma forma Marcos Bruto é elogiado por agir apenas de
acordo com os mais altos motivos. Bruto não podia esconder Seu desgosto com as reformas de César, demonstrando pouca simpá” tia pelos peticionários pobres e muita preocupação com O bolso transbordante dos ricos, especialmente o seu. Foi um dos principais conspiradores do assassinato de um grande líder popular, qu o perdoara e o tratara bem.
“VOCÊS
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Shakespeare chama BRUAO de o mais nobre romano”, e põe
estas palavras em sua bocas
Não sei obter fundos por meios vis/
Por Deus, eu preferiria cunhar moedas do meu coração/E derramar meu sangue, à tirar/ Das mãos dos camponeses seus vis refugos" A realidade é outra. Bruto era usurário da pior espécie e
espoliador até a medula. Tendo emprestado dinheiro a 48 por
cento (em vez dos costumeiros e já escorchantes 12 por cento), o nobre Bruto exigiu que os militares romanos ajudassem seus agentes à cobrar a dívida da indefesa cidade cipriota de Salamina, em 50 a.C. Por insistência de Bruto, o conselho municipal foi cercado até que cinco decanos morreram de fome, O próprio Cícero
horrorizou-se com os termos do empréstimo que arruinou a co-
munidade cipriota. Também ficou desconcertado com o tom ar-
rogante e mal-educado de Bruto ao tratar do assunto.” Bruto certa vez escreveu ao povo de Pérgamo que, se desse dinheiro voluntariamente a Dolabela, teria de confessar que foi
injusto com Bruto. Mas se o fizesse contra a vontade, poderia prová-lo dando-o voluntariamente a Bruto. Noutra ocasião, fez car-
tas ameaçadoras aos sâmios, dizendo que suas contribuições eram “inexistentes”4º Ainda assim, a maioria dos historiadores do perodo clássico não tem uma palavra de recriminação à dizer de
Bruto, preferindo tratar esse assassino argentário como defensor
da República, imaculado e de altos princípios. E assim persiste uma ambiguidade de critérios. Líderes que
indivíduos sedentos defendem a causa popular são tratados como -
enquan de poder e responsáveis por suas próprias infelicidades,
0 seus assassinos são apresentados como baluartes desinteressados a pode dizer, não era da virtude republicana. Tanto quanto se à visão do povo romano.
Ô O popularis O mal que os homens fazem sobrevive; O bem é enterrado com seus ossos.
— JÚLIO CÉSAR, ATO II, CENA 2
omo popularis, Júlio César introduziu “leis para melhorar as condições de vida dos pobres”, como escreveu Apiano.! Em seus últimos mandatos de cônsul, 46-44
a.C., ele fundou colônias para veteranos do seu exército e para 80
terras ores melh das mas algu indo ribu dist nos, roma mil plebeus famílias pobres que mil 20 para as, outr e entr ua, Cáp de da região mista tivessem três filhos ou mais. Plutarco escreve que à lei refor
fosse de César “determinou que praticamente toda a Campânia dividida entre os pobres e necessitados” tou uma série je ro p cas, públi s festa e s rsõe dive César organizou e medidas para impedir que o Tibre inundass e a cidade, e ia mo ão tenç manu à € sito trân o para Pôs nova regulamentação “Stradas das
terras às age as do usan , ados alag Planejou drenar rr na agricultura.
para empregar
milhares
de pessoas
dou Proletários desempregados repararem cidades RE e idatos à obras pu cand de s lista em os coucolo ou “olônias
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mais perto de casa. Ordenou que grandes proprietários de terra usassem no mínimo um terço de trabalhadores libertos em vez de escravos, regra que diminuiria o desemprego, o banditismo e os lucros absurdamente altos dos proprietários. Perdoou um ano inteiro de aluguel para moradias modestas e moderadas, Conce-
dendo um alívio mais do que necessário aos inquilinos pobres, E depositou a riqueza de inimigos vencidos no tesouro do Estado para ser distribuída como presentes e benefícios entre os cidadãos romanos, com cada soldado recebendo cinco mil dinares e cada
plebeu, 100 dinares.”
Pela lei tradicional romana, a pena máxima para os indiví-
duos ricos que assassinassem um cidadão era o exílio. César acrescentou o castigo do confisco de propriedade, destino mais temível do que a morte para as classes opulentas.º Seguindo Caio Graco e outros populares, César aumentou as taxas sobre importados de luxo para encorajar a produção nacional italiana e obrigar os ricos a pagarem algo ao tesouro público por seu extravagante modo de vida. Introduziu leis suntuárias que impunham limitações estritas a roupas ostentosas, a despesas com funerais e banquetes. Tentou impor a administração honesta nas províncias, onde os povos subjugados de há muito sofriam as implacáveis cobranças de governadores rapaces. Expulsou do Senado muitos senadores associados ao saque das províncias. Estabeleceu um telê para os tributos nas comunidades que pagavam mais impostos € aboliu o dízimo na Ásia e na Sicília, substituindo o impost? territorial rural fixo, eliminando com isso o odiado enriquecimento dos exatores de impostos.? César reduziu os números de beneficiados pela doação de
grãos de 320 mil (quase toda a população masculina livre) pa?
150 mil, expurgando as listas inflacionadas de recipientes frau-
dulentos, incluindo proprietários de escravos que deliberada”
POPULAR!
?
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mente ujibertavam” sua força de trabalho e depois apresentavam
conta de alimentação de seus escravos ao Estado para reembolos César proibiu 0 acúmulo de vultosas somas de dinheiro em e deu alívio para o desespero de uma grande classe de endi-
vidados, permitindo que as dívidas fossem pagas de acordo com
taxas de juros vigentes antes da guerra. Também impôs limites ao mesmo tempo de codo-os proibin s, credore de usura aq para a soma do brar judicialmente juros de mora que excedessem empréstimo original. Proibiu proscrições, confisco de proprieda-
des e cobrança de multas de devedores. Ordenou que todos os
s já pagos fossem deduzidos do principal, e cancelou os juros desde o começo da guerra civil. Essa última medida por fi tes. si, calcula Suetônio, eliminou um quarto dos débitos penden veeFoi uma medida “pela qual os democratas tinham clamado e mentemente”, queixa-se Mommsen."º “Mais uma vez uma grav perda foi imposta aos credores”, comenta Grant, acrescentando, de equilibradamente, “mas eles foram obrigados à admitir que,
César qualquer forma, nunca veriam o resto do dinheiro —é que não era o destruidor da propriedade privada que seus inimigos pintava”.
Há duas teorias sobre endividamento. À primeira diz que às
baixa rene as rsiv exto s taxa is, gué alu s alto por das pessoas sufoca
ciente ca da geralmente são incapazes de ganhar dinheiro sufi
vêem-se E a, eir man sa Des . ham gan que do te par guardar uma
cadas a tomar emprestado, comprometendo O trabalho ea
favorável. Mas as Ea o rum em tom sas coi as que esperança de te € 2 = men iva ess exc ram cob , mal interessadas que pagam
impostos abusivos são tão implacáveis hoje quanto S
Ea nhã. Com isso os devedores são levados à tomar
io
ER
“Mprestado, comprometendo uma parcela cada e menos diando co “Us ganhos com o pagamento de juros € fic
156
O ASSASSINATO
DE
JÚLIO
O
CÉSAR
nheiro ainda para suas necessidades, o que representa mais pres são para fazer novos empréstimos. Esse ciclo de dívida se ti. funda e acaba por assumir proporções de ruína, forçando õ devedores a vender suas pequenas propriedades, às vezes até ase tornar escravos eles próprios, ou vender seus filhos como escra. vos. Esse tem sido o estado aflitivo das populações desamparadas da maior parte da história, até os dias de hoje. A classe credoraé mais do que apenas uma variável dependente nisso tudo. Sey monopólio dos mercados de capital e trabalho, seu arracho nos
preços e salários, seu controle dos aluguéis são os criadores da
penúria e da dívida. A segunda teoria afirma que as pessoas incorrem em dívidas porque são gastadoras incorrigíveis. Os papéis de vítima e algoz são invertidos: o credor é visto agora como vítima e o devedor, como algoz. Esse modelo de fato explica algumas formas de dívida. Mas não deve ser aplicado para as pobres classes baixas. Na realidade, descreve com mais propriedade os herdeiros imprevidentes de famílias queridas socialmente, la jeunesse dorée, a juventude dourada (e não tão jovem assim) que vive em grande estilo, cultivando a arte mágica de tomar emprestado intermina-
velmente, não pagando nunca o que deve, como fez o próprio
César no começo da carreira. Esse crédito aparentemente ilimitado é com maior probabilidade estendido a pessoas de venerável herança, uma vez que suas perspectivas profissionais são consideradas boas. Numa carta a César, Salústio investe contra os jo
vens acossados por fraquezas irresistíveis que dilapidam não apenas o seu patrimônio pessoal mas o de outros, para sempre
correndo atrás de novas fortunas para reparar as ruínas das ant” gas.u Eles tratam a temperança fiscal como um equivalente da r
miséria e exibem o seu desregramento como generosidade d c espírito.!?
POPULARTIS
157
para aliviar as opressivas ciladas do déCésar de s os esforço
-se a ajudar as massas trabalhadoras, não a mipito destinavarm Ele adotou medidas para limitar a ascendência noria dissoluta. que não pudesse do capital. Segundo a lei romana, 0 devedor
mpfir às cuas obrigações tornava-se servo do credor. Foi César
ai
deu aos indivíduos insolventes o direito de ceder suas proprecisar abrir sem ente, sufici não ou fosse , credor 30 es siedad se baseiam as o de sua liberdade pessoal, máxima sobre a qual por definição leis atuais de falência. A liberdade de alguém era uma propriedade — como tável permu não e l, enáve nata € inali livre de pelo menos não se a pessoa em questão fosse um cidadão
Roma.»
César foi o primeiro governante romano à garantir à substancial população judaica da cidade o direito de praticar o judaísmo, religião que assustava pagãos politeístas por seu mo noteísmo. Como observou Dion Cassio, os judeus distinguiam-se “especialmente pelo fato de que não honram nenhum dos deuses costumeiros,
mas reverenciam vigorosamente uma divindade particular”. E, mais desconcertante ainda, acreditavam que seu deus era invisí-
vele incfável, apesar de onipresente, e “o cultuam da forma mais ge dia “o e -lh ndo ica ded , ar” gin ima a poss se que extravagante
peculiaSaturno [o sábado], no qual, entre muitas outras ações .n 4 tes, nãox executam qualquer ocupação, séria”.
Numa época em que Estado e religião estavam jnextricavelmente “Ntrelaçados, o judaísmo tomou posição à parte do Estado Seo gd TO. César se dava com a comunidade judaica em Roma, do seus pobres curtidores, estivadores e outr s., Em ísmo ele : judaário 2C,, sem se perturbar com as singularidades osdo oper
tera q Senado ratificar seus tratados garantindo direitos extra
158
O ASSASSINATO
DE JÚLIO CÉsap
territoriais a assentamentos judaicos em todo q império .
“amigos e aliados do povo romano”.? O fato de ele ter rel ço
polo com elementos marginalizados, como era o caso do
do judeu, deve ter sido visto pelos optimates como confirmação
dos piores pressentimentos sobre suas desprezíveis tendências
niveladoras. César concedeu cidadania a todos os médicos praticantes e professores de artes liberais para encorajá-los a ficar em Roma, Decidiu dotar Roma “das melhores bibliotecas públicas possfveis”. Em 47, encarregou o prolífico erudito e historiador Marco Terêncio Varrão de fazer planos para uma nova grande bibliote. ca pública nos moldes da de Alexandria, projeto que ficou incompleto com a morte de César três anos depois. Entusiasta das bibliotecas e da cultura, Júlio César tem sido falsamente acusado de queimar a biblioteca de Alexandria em sua expedição ao Egito em 48-47, acusação incansavelmente repetida por regimentos de escritores, de Plutarco e Dion Cassio a biógrafos modernos como Gelzer e Walter.”
César ateou fogo na frota real egípcia dentro do porto, € um estoque de rolos de pergaminho guardados nas docas pode ter sido destruído. Mas o incêndio na área do porto ocorreu a consideré-
vel distância da biblioteca e não chegou a provocar uma conflagração em Alexandria, única maneira de queimar a biblioteca solidamente construída de pedra. Escrevendo mais de dois em
los depois da morte de César, Floro nada diz sobre o suposto 1H” cêndio na biblioteca de Alexandria, comentando apenas que?
fogo consumiu “casas vizinhas e estaleiros”! E Lucano, que não deixaria passar a oportunidade de mostrar César sob uma luz des:
favorável, não menciona a famosa biblioteca, escrevendo apena
que as chamas queimaram a frota e “algumas casas perto g
mar”.? Nenhum relato da época faz referência à bibliotecê
O
POPULARIS
159
O mê gprio César não diz que o fogo se espalhou pela cidade, pr , escreve é a destruição dos barcos no porto e nos estaleiro2s
ele Além disso, 20 anos depois da campanha alexandrina de César,
o geógrafo grego Estrabão trabalhou em dois prédios que faziam iblioteca de Alexandria: o Serapeum, que era templo e anexo da biblioteca, € O Museu, o edifício principal. Ele os desctos.” Outra inta e ent tam fei per o and est o com es, alh det em creve fonte ignorada é Suetônio, que informa que o museu ia bem centenas de anos depois de César e até estava recebendo uma nova bon esala para abrigar escritos do imperador Cláudio.” E Gib
creve que “quando Augusto esteve no Egito [cerca de 15 anos de, pois da morte de César], fez reverência à majestade de Serapis”
“que, longe de ter sido queimado, lá estava, de pé, em toda a sua
glória.” Responsabilizar César pela destruição da grande biblioteca — contendo alivia a carga dos verdadeiros culpados. O Serapeum centenas de milhares de rolos de pergaminho e de códices tratando de história, ciência natural e literatura — foi de fato destruído pelo bispo chefiados Cristo, do adoradores de multidão por uma
Teófilo em 391 d.C. Era uma época em que à ascendente Igreja
cristã fechava as antigas academias € destruía bibliotecas e livros
em todo o império como parte de sua guerra totalitária gs : oi Canfora, Luciano observa livros”, de cultura pagã. “A queima Parte do advento da imposição do cristianismo.”! Como e
Sep= ve Gibbon: “[O bispo] Teófilo demoliu o temploou dedestruí = valiosa biblioteca de Alexandria foi saqueada posa quase 20 anos depois, o surgimento das prateleiras espt tava O arrependimento e a indignação de todos os
Cuja mente não estivesse totalmente obscurecida pelo prec to religioso,"25
sr
160
O ASSASSINATO
DE JÚLIO CÉSAR
Os cristãos limparam também o Museu, a biblioteca Poa época em nã na que modo de seguintes, séculos pal, nos dois completamente destruída por invasores islâmicos em 64] dC. i
praticamente só abrigava escritos patrísticos.?” Quando o ent: nismo conquistou ascendência como religião oficial sob o imperador Constantino, as 28 bibliotecas públicas de Roma “como
túmulos, foram fechadas para sempre”, lamenta o notável histo. riador pagão do século IV Amiano Marcelino.” Em tempos pagãos, os romanos se jactavam de terem bibliotecas com 500 mil volumes. Mas, sob hegemonia cristã, o acesso aos livros era normalmente proibido aos leigos, a profissão de copista desapareceu, e com ela a maior parte dos escritos seculares. Pelo século VI, as maiores bibliotecas monásticas continham coleções com magros 200 ou 600 livros, predominantemente de conteúdo religioso”
Lívio comentou que “a redação da história do povo romano.. é uma tarefa consagrada pelo tempo, a que muitos se dedicaram”.2º Apesar disso, quase todas essas histórias de Roma estão perdidas para nós. É claro que os estragos do tempo e do acaso cobram o seu preço, mas essa parcela ínfima da prolífica literatura da era pagã sobreviveu graças, em boa parte, às campanhas
sistemáticas movidas pelos prosélitos de Jesus contra os arquivos das bibliotecas, a sabedoria secular e a alfabetização em geral
Apesar de apresentada como um oásis de conhecimento em melo
à bruta ignorância da Idade Média, a Igreja cristã foi, na realidade, a principal provedora dessa ignorância, À cruzada do cristia-
— história ainda nismo para erradicar a cultura e a erudição pagãs não explorada completamente por especialistas recentes — não
se voltou apenas contra a historiografia, mas foi ao ponto de sU” primir a astronomia, a biologia, a matemática, a medicina, ? oie tomia, a filosofia, a literatura, o teatro, a música e a arte. Ainda
assim, esse factóide sobre a queima da biblioteca de Alexandr?
O
por césa Ú m q ma n
T3
POPULARIS
; custa à MONTEI, enquanto legiões de historiadores, de eira que virou tradição, repetem sem criticar a falta de ral, sem O benefício da investigação independente!
informação &º
pjutarco critica César por promulgar leis, durante seu primeiro
«onsulado em 50 a.C., destinadas simplesmente a agradar à plehe"2? Da mesma forma, Dion Guosio sustenta que, durante seu
primeiro consulado, César “quis obter os favores de toda a muldão para que pudesse tomar conta dela de forma ainda mais
r puCésa que m ite adm Dion nem arco Plut completa”** Nem
à pressão desse ter adotado suas políticas reformistas em resposta
ficas pular e por achar que essas reformas eram justas e bené ni para Roma e seu povo.
Menos ainda Cícero, que expressa os temores de sua classe privilegiada, equiparando reforma distributiva com revolução apocalíptica: “Prevejo um banho de sangue... um ataque à propriedade privada, o retorno dos exilados e o cancelamento de dívidas.” Ele achava que César não teria pena de “matar a nobreza”
€ “saquear os ricos." Outros compararam César a Sula, o autocrata sanguinário.
Shackleton Bailey escreve sobre “os regimes autocráticos de Sula
eJúlio César”3 Szr Ronald Syme vai mais longe, dando a entender que César ainda era mais ambicioso, pessoalmente, do que
Sula, “Ele teve de cercear os direitos do povo como Sulao fizera”, porquês a Sula renunciou depois de ter feito suas “reformas”, nho. diferentemente de César, não queria reinar supremo € sozi do que nossos culta s meno o muit ora emb À plebe romana, Storiadores, era capaz de distinguir entre O reacionário Sula, a
e efi
onstituição retrógrada. Suprimiu todas às e
de su antiga povo do unos trib os ou poj des “ma popular, E
qu=
162
O ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
O
toridade democrática, impôs o terror entre as forças p investiu de poder supremo a oligarquia senatorial e ab ção de grãos. César fez praticamente o oposto, Deu
OPular
ES,
Oliu a doa.
formas populares, restaurou a autoridade dos tribun Os, evitoy : Ú uso do terror, fez alianças com líderes populares, des Pojo a ol u garquia senatorial da maior parte do seu poder e manteve a d 0a-
ção de grãos. Se democratas da época o criticaram não foi pel
semelhança com Sula, mas por não ir suficientemente longe E abolição do débito e em outras reformas e por perder tempoe sangue demais em conquistas no estrangeiro. Diferentemente de Sula, César mostrou notável clemência com seus inímigos depois da guerra civil, em alguns casos não apenas lhes poupando a vida e a propriedade, mas também lhes devolvendo honras e cargos. Suspendeu o banimento de famílias daqueles que tinham combatido contra ele e, até Dion admite, “concedendo-lhes imunidade em termos justos e iguais... às mulheres dos mortos ele devolveu os dotes, e aos filhos assegurou parte na propriedade, desmoralizando a política de Sula de consangiinidade da culpa”.*” Em 46, no auge de sua fama como herói militar e líder de mocrata, ele foi prodigamente cumulado de prêmios e poderes pelo Senado, incluindo o consulado por cinco anos consecutivos e o direito de sentar-se entre os tribunos e exercer um veto. Apiano
informa que, como cônsul, César pôs-se a contornar regular mente o Senado e a lidar apenas com a Assembléia Tribal do povo: Alguns cavalheiros historiadores vêem nisso prova de seu desprezo
tirânico pela constituição. Pode também ser visto como umê cdida democrática para escapar do oligárquico sistemê senatorial. o
Re
que as medidas de César pará E
m acompanhadas de qualquer vo?
163
POPULARIS
o poder para instituições populares; sua intenção seria getransferir absolutismo pessoal.” Na realidade, os decretos de
manter UM
César, do se
imperator, fo
u primeiro consulado em 59 aos últimos anos como ram regularmente sancionados por decretos da As-
Na
sembléia Tribal.
esse. O iv ev br o so se it a fe ri r a te s é e C u o q o rt Não se sabe ao ce receptivo tratamento por ele dado a Atenas sugere que teria sido
Roma teve asque em ca épo a e ant Dur co. áti ocr dem rno gove 30 em cendência imperial sobre Atenas, os aristocratas atenienses, uma espéo com m ira sid pre s, ano rom s arca olig os com conluio ante a Dur . povo rio próp seu de os ári edi erm int de se clas de cie
guerra civil, eles naturalmente apoiaram Pompeu, o homem dos optimates. Um Júlio César vitorioso perdoou os nobres atenienses
mas, para seu desgosto, permitiu que a cidade adotasse uma constituição democrática, que assim se afastava de um século de governo aristocrático imposto pelos romanos.” O povo comum das outras cidades gregas governadas por Roma se recusou a resistir a César e abertamente resistiu a seus comandantes pompeianos. Em alguns casos, abriram os portões ou enviaram delegações à
César, oferecendo-lhe lealdade e obediência.*!
César também concedeu direitos civis e políticos à populaoo da Gália Cisalpina. Depois dos Idos de Março, Marco Antô-
hio publicou o plano de César de conceder direitos civis e políticos
manos à Sicília. Cícero se queixou de que César tinha planejado conferir “cidadania não apenas a indivíduos, mas à nações € Províncias inteiras”42 care e ao r Césa de atos dar ae E imeirosente os po do Sena Ra lariam és
aberta 9 ele
a
as duas instituições prestarem a
q
se nte aos cidadãos.* Durante seu primeiro c zou € &norou os auspícios regularmente. Atuali
164
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ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
list as de registros de eleitores. E e Ncerrou as s a c i ticas
mais prá
à
O
decig.
vamente a caça às bruxas realizada politicamente por Cíce ei tra líderes populares, apoiando Clódio no esforçocurtopara o apenas um sendo acabou que pelo 58, Cícero em a oligarquia Eni,
iu Em seu último consulado, ele destitu de seus poderes executivos, incluindo o controle sobre o ei e garantiu o poder do tribunato do povo de propor legislação, São medidas que podem ser interpretadas como despóticas ou demo. cráticas, dependendo do ponto de vista. Ele acumulou poderes individuais para romper O sufoco oligárquico e com isso dar inf.
cio às reformas populares. Talvez se possa dizer, sem exagero, que
seu reino foi uma ditadura dos prolezartt, um caso de alguém que governa autocraticamente contra a plutocracia em defesa dos interesses substantivos dos cidadãos. Plenamente ciente das divisões que arruinavam a sociedade romana, César fez uma previsão que seria profética: “Minha sobrevivência é mais importante para Roma do que para mim mesmo. Já estou saciado de poder e de glória; mas se alguma coisa acontecer comigo, Roma não terá paz. Uma nova guerra civil explodirá, muito pior do que a última.”*! Como esperava César evitar
POPULARIS
165
Gália. Transformou em senadores até mesmo centuriões, soldados, escribas € um pequeno número de libertini, filhos de escra-
vos libertos que se distinguiram por seus próprios méritos. Parecia
pôr em prática O conselho surpreendentemente igualitário de
por sua riquecado, qualifi mais julgue se ém ningu salústio: “Que za, para pronunciar julgamento sobre a vida e o caráter de seus ou cônsul em pretor ido escolh seja ém ningu que é adãos; concid mérito," razão de sua fortuna, mas do seu Desnecessário dizer, esses recém-criados senadores, homens
es de senador pelos dos esnoba foram es, humild dentes antece de seu Tico amigo Ático, sangue azul e endinheirados.” Numa carta a
sofrera nas Cícero — esquecendo-se dos insultos que ele próprio — queimãos dos optimates, ou talvez até para compensar-se deles desesbandos que res!... seguido “Que ados: -cheg recém dos xa-se feita por perados."** Séculos depois, Gibbon descreve à introdução ao Senado” como César de “soldados, estrangeiros e semibárbaros os, um abuso de proporções escandalosas. Nos tempos modern aos novos nomease referirSyme Ronald Sir ável apreci o vemos
à guerra civil? Adotando reformas que ficavam a um passo ia
dos senatoriais como nada mais do que uma ralé repelente € horrível”5º ores do et ot pr e t n e m a t s o p u Os mesmos nobres que er am s cação u d e à de da li hosti governo republicano só demonstraram
abusos dos ricos, dando, ao mesmo tempo, algo mais à multidão trabalhadora, incluindo um apel mai o Às posições de gov P E e a | foram
tópicos politicamente vendo rescre p m estava tores
revolução; com isso conteria os excessos de pilhagem e 08 piore
preenchidas por
il pet san a ia , tanto quanto o permitiam outrãs ds
a e aero latina, a retóric de escola ra primei republicana. A foi Ee Mário, de or seguid um por por volta de 95-93 a.C., m 5 es os logo depois por censores aristocráticos que acharajnaceitá veis. cultivar os dons
censores se opuseram a todos 05 esforços pará o, incitar pa iss Oratórios da juventude plebéia, que poderáa com campanhas elet: : jbunais OU tÉias democráticas e competir em na igarçs estavam ligarc 1
torais com jovens de famílias aristocráticas. Sã à exces decididos q impedir que qualquer um
ia
166
O
ASSASSINATO
DE
O
CÉSAR
JÚLIO
pado com as armas da retórica e tivesse outras vantagens educa.
Escolas populares de oratória latina só foram reabertas nos mandatos consulares de Júlio César. Nessa questão também não foi
ele, mas seus inimigos, quem tentaram impedir o acesso dos ci-
dadãos de Roma ao governo republicano.
Dito isso, há outros aspectos da carreira de César que sugerem
algo mais do que o domínio popular. Eleito prefeito dos costumes (pracfectus moribus), ele cuidou que metade dos magistrados fosse nomeada por ele, mais uma vez contornando o Senado.? Podia sentar-se na cadeira curul entre os cônsules em todas as reuniões e falar primeiro em todos os debates. Sua biga triunfal foi colocada no Capitólio, ao lado da de Júpiter. Também em exibição estava sua estátua de bronze, posta num monumento dedi-
cado ao mundo, com uma inscrição — posteriormente tirada
por
ordem sua — que na realidade o declarava semid eus.* ã O Senado o designou imperator por dez anos. Imperator tem
sido geralmente traduzido por “di tador”,
Está mais perto d e
comandante-chefe, ou comandante supremo. Em lati a palavra dictaror tem um significado diferente do atu LU EA m di de cris a temp os em nom ead o magi stra um do era tator
de autoridade absoluta por um período ee
eeinvestido
no máximo. Os senadores cumularam César E to a um ano, gantes e inéditas, mais no espírito da fanfarra PolítiEcaRECdo ELqueeaa por genuína admiração. Suspeita-se também que vam comprometê-lo aos olhos dos próprios se alguns deles tentado desconforto popular com os poderes e g! Buidores, provocane atiçando o ódio histórico dos remanos co das que acumulava Ó
a
Ntra os reis,
167
e distinguir entre adulação e afeição, César
filhos e outros bem situados colaboradores de sua classe fosse equi. cionais. Por isso, decidiram calar os inovadores impertinentes
POPULARIS
ão
rejei
hantemente o rum
rerias extravagantes. Enquanto recusava ER
título de ret, aceldo reza desp O ava evit e a a coro
púrpura, pô:s sua jes tra os gi ré a av us a: rc na mo va as pompas do
ta es do imagem em moedas e encheu o calendário de comemoraçõ ço de 44, úlme co s. No re ta li mi as ri tó vi as su de € o seu aniversári amente o cargo de i c i l a t i v ar up oc a di en et pr timo ano de sua vida, endo aos ec rn fo s, ut et rp r pe to ra pe im de lo tu tí vo côn sul com o no como virtuopróprios $i à apresentarem se para inimigos motivos sos tiranicidas. e se promove desr qu de lí um e qu o rt ce o m o c re mp e se -s Dá ém pode mb Ta . cia gân o arr e e dad vai de os uls imp ue seg sa maneira fortalecer sua ser — pelo menos basicamente — uma forma de er de ação polípod seu r za mi xi ma o iss m co e a, lic púb gem ima te comum, tica. À preocupação de César não era reinar sobre a gen mente mas sobrepujar uma oligarquia aristocrática poderosa *
.
7.
l
racia, tinha entrincheirada. Colocando-se acima dessa plutoc
programa de maior probabilidade de ser bem-sucedido em seu reformas.
um moParece que não era o desejo de César governar como vieram dee qu s no ma ro imperadores dos maneira à narca divino, à parte nessa pois dele. Jane Gardner mantém-se auspiciosamente ditadura em sua de período O durante que questão, afirmando
um rei de mesmo ou rei, fazer-se queria ele Roma, “o mito de que propagado inicialfoi divinas”, honras com tipo helênico cultuado adotado “por historiadofoi então de Des inimigos. mente por seus que se mostraram posteriores, gerações em estudiosos outros res e por Seus detratores...” espalhados boatos aceitar a prontos que democrático” “rei um era César que Mommsen conclui classes. Na realidadas gradual equalização a objetivo por tinha
procertamente mas pobres, € ricos nivelar de, César nunca quis
O 168
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ASSASSINATO
DE
JÚLIO
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curou eliminar alguns dos piores abusos de classe perpetrados
pelos ricos. Deu às plebes mais pobres e aos agricultores desarrai-
gados uma oportunidade de serem donos de suas próprias terras, e de modo geral estendeu às pessoas comuns oportunidades de progresso. Em 49a.C., tentou fazer cumprir uma lei que limitava a pósse privada a 15 mil dracmas em ouro ou prata, impedindo que qualquer um fosse dono de fortunas incomensuráveis. O povo entusiasmou-se por essa reforma, e estava preparado a ir mais longe ainda. Insistiu para que servos fossem recompensados por denunciarem patrões que seqiestrassem tesouros acima da soma permitida. Mas César se recusou a acrescentar essa cláusula, afirmando
que jamais confiaria num escravo que denunciasse os patrões. Mesmo o grande popularis tinha suas limitações de classe.
Uma das reformas mais duradouras e indiscutíveis de César foi a reconstrução do calendário romano. Os romanos contavam os anos a partir da lendária origem de sua cidade, método de cálculo que prevaleceu na era cristã durante cinco séculos. Assim, Júlio César foi assassinado em 710 A.U.C. (ab urbe condita, ou
seja, “da fundação da cidade”). Foi por volta de 1277-1280 A.U.C. (ou o que mais tarde ficou conhecido como 523-526 d.C.), durante o reinado do papa João I, que o monge e erudito Dionísio
Exíguo inventou o sistema a.C,-d.€. de distinguir as eras não cristã e cristã. Portanto, hoje dizemos que César foi morto em 44 a.€.
Ele encontrou seu destino em 15 de março, os Idos de Março. Os romanos tinham uma forma canhestra de contar os dias. Di-
vidiam o mês em três partes: as calendas eram o primeiro dia de
cada mês; as nonas, o sétimo dia de alguns meses, e O quinto oU
nono de outros; e os idos, o décimo quinto de alguns meses e O
décimo terceiro de outros. As datas eram estabelecidas a partir
desses três pontos fixos.”
169
POPULARTIS
estava quase César, O calendário lunar romano
Na época de estação de a for m ía ca os ad ri fe os daí atrás do ano solar, tinham escassa o ti an pl e ta ei lh co à o çã la re m co s va ti ma dr e as es ti onomia, tr as r po e ss re te in de an gr a nh ti e r, qu abilidade. Césa Ê
*
eses
E
.
confi e matemáticos da os om ôn tr as s e r o h l e m s lema ao levou O prob um sisteo ri óp pr ele ou nt ve in s, le de dos esforços época. À partir va o método ta ar sc De o. tr e ou r u q l a u q do que =
À
ma mais preciso
mpo. Começante o m co ar ol s o t n e m i v o m Junar € harmonizava O por mais de r go vi em ve te es an li ju io do em 45 a 6.,0 calendár É 58 | 1.600 anos. um err cometeu entretanto, O novo sistema de calendário, endo a rd pe te en lm ua ad gr r, la so o an de 11 minutos no cálculo do to. +
*
é
O
pa e e e . is ua an os ci nó ui eq e os ci tí cincronia com os sols gi ficou di mo I XI io ór eg Gr pa pa o , C. d. te, em 1582 a dez dias. io ár nd le ca O ou nt ia ad e s to ex ss bi fórmula dos anos é essenci E je ho os am us e qu io ár nd le ca O s, esses poucos ajuste A e se E m co to bi dé em is ma o it mu mente a versão juliana, pre o : a st vi em s Ma . us se os € io ór astrônomos do que com Greg s “calenocidental, dizemo o nd mu no mo is an ti is cr do domínio
César. dário gregoriai no”, sem rendermos tributo a
9 O assassinato
O covarde morre muitas vezes antes da morte;
O bravo só prova o gosto da morte uma vez. — JóLio César, ATO II, CENA 2
Pois Bruto é um homem honrado;
Como todos eles, todos homens honrados. — JúLiO CÉSAR, ATO HI, CENA 2
como mishistória do assassinato de César veio até nós
cautela tura de fato e ficção, e aqui é apresentada com áveis.! Os no que diz respeito aos aspecto s mais improv César ao mesmo temar min eli a par am ar ar ep pr conspiradores se as honras que on Di e rev Esc m. ge na me ho m va ta es po que lhe pr
atos de exmo co s ma gu al s, va si es xc “e am er de que o cumularam
mo... porque queriam cas sar de s ato mo co ras out o, çã la ju ba trema quanto possível, para ido ráp tão o ad st te de e do ja ve in que ele fosse fizeram “para indo tu m, si As . sa” res dep is ma e que desaparecess amando-o de dispor até os seus melhores amigos contra ele” ch s deliberações. sua em a nci quê fre m co do vi ou me no i”, “re
172
O
ASSASSINATO
DE
JÚLIO
O ASSASSINATO
CÉSAR
A conspiração foi tramada, a acreditarmos no relato de Plutarco, quando Caio Cássio tocou no assunto com seu cunha. do Marcos Bruto, e o convenceu a participar da incumbência Cássio e Bruto tinham lutado sob o comando de Pompeu, e foram perdoados por César depois da guerra.” Um participante inesperado do complô foi Décimo Bruto (parente distante de Marcos), um dos companheiros mais íntimos de César e dos mais compe-
tentes oficiais na Gália, que no fim mostrou-se mais leal a sua classe aristocrática do que ao programa de reformas do seu co-
mandante. Uma lenda antiga diz que César tinha afeição especial por
Marcos Bruto, que nasceu durante um prolongado caso de amor
de César com sua mãe, Servília, e talvez fosse filho do próprio César. Essa tolice é tão antiga quanto Plutarco e Apiano, e tão moderna quanto Will Durant. Em matéria de mito histórico, é de pífia magnitude. Ainda assim, é curioso que ainda sobreviva, levando-se em conta que César tinha 15 anos, se tanto, quando Bruto nasceu, em 85 a.C. Na época em que César se deitou com Servília pela primeira vez, o filho já devia ter 20 anos, ou mais. Informa-se que César se preocupava com a segurança de Marcos Bruto em Farsália, ordenando a seus comandantes que
em nenhuma hipótese ele fosse morto em combate. Se Bruto se rendesse, deveriam capturá-lo vivo. Se resistisse, que o soltassem sem violência. Mas César agiu assim não devido a uma suposta paternidade, mas em nome da mãe de Bruto, que, segundo se dizia, foi um dos poucos amores verdadeiros de sua vida. Os conspiradores eram cerca de 60, de acordo com Suetônio. Apiano identifica 15 pelo nome. Entre eles se achavam “muitos dos
principais cidadãos de Roma, os homens mais destacados por li-
nhagem, prestígio e qualidades pessoais”, segundo Plutarco. Uma
figu
173
muito ra soberana, Cícero, não foi convidado a participar,
to soubessem de sua disposição para execuBru e sio Cás a embor —além da ero Cíc de z ide tim ta ina a que am mi Te tar a tarefa. insistência em sua de e da nça ava de ida a pel ida uir cautela adq tornasse um e —s no Pla er lqu qua de cos ris os mo ni mí ao reduzir imperativa. se fos va isi dec o açã a um do an qu ulo tác obs Uma estratégia que examinaram foi aguardar as eleições con eira usada sulares em que César ficaria em pé na ponte de mad ores o pelos eleitores a caminho da votação. Alguns conspirad am Esempurrariam sobre o parapeito, enquanto outros estari
perando embaixo, com as adagas desembainhadas. Outra possia.” bilidade era atacá-lo a caminho de uma cerimônia públic
ço Divulgou-se que César planejava sair da cidade em 18 de mar para uma campanha militar contra os getas € Os partos, de há a muito tidos por líderes romanos como uma ameaça no leste. Um
e dos vez que se envolvesse nessa missão, estaria fora do alcanc
assassinos. Assim, quando se anunciou que ele estaria numa sessão do Senado em 15 de março, num saguão adjacente ao teatro de Pompeu, no que provavelmente seria sua última aparição atacar nessa pública antes de partir, os conspiradores decidiram ocasião.
para que perfeita cobertura a ofereceria Senado do sessão Uma nisse sem chamar indevidareu se s ce li mp cú de o up gr de an o gr his-
cídio, mente a atenção. Seu propósito decla rado era o tirani anos, toricamente o mais justificado dos ato s aos olhos dos rom portanto seria recebido o rç fo es u . Se gos gre s dos ho ol aos mo co a mente motivado em alt to fei um mo co s ma o içã tra mo não co e su punham. m, OU pelo menos era o qu defesa do interesse comu
Poucos hist
upam dos oriadores antigos ou modernos é se oc
subjacentes ao assasverdadeiros interesses político- econômicos sinato.
ntrar 0 seguinte coÉ pois uma agradável surpresa enco
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O
ASSASSINATO
DE
JÚLIO
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mentário num lugar tão improvável como a biografia de Cé escrita pelo major-general Fuller: E
ASSASSINATO
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decidiram fazer o traque por ue liq exp ez talv m é mb ta Isso balho sujo pesso
almente, em vez de o delegarem a valentões de
aristocráe dad sti one des da ada isc arr os men a eir man à aluguel, despachado ser a par m mu co o rad ist mag um era ca. César não
Os conspiradores estavam cientes de que, sob a autocraci de César, suas oportunidades de lucro financeiro e ai político iam desaparecer e o prestígio do Senado seria dá
am ter eri pod a eir man er lqu qua de que , uns com os p or assassin chamar a atenção, ou se
problemas para chegar perto dele sem no confronto com uma revelar pessoas de duvidosa confiabilidade
terado por nova diluição. Em suma, o estilo de vida que os
senadores adotavam desde a segunda guerra púnica dei-
político, to ina ass ass s ple sim um que do s Mai te. dan imi presa int tiranicídio, uma atarefa deveria ser apresentada como um glorioso dor e sallição para as futuras gerações. E, para eliminaro usurpa riam var a República, só os genuínos líderes romanos se qualifica para uma missão histórica tão honrada.
xaria de existir. Sua luta contra as reformas começou com o assassinato dos gracos, e acalentavam a idéia de que terminaria com a morte de César. Cegos pela arrogância e corrompidos pela avareza, negligenciaram as causas da luta, € se convenceram de que se César fosse eliminado a
máquina republicana começaria de imediato a funcionar?
Tendo decidido hora e lugar da façanha, os conspiradores continuaram divididos a respeito da ação específica a ser adotada, Alguns também queriam se livrar de Marco Antônio, o cocônsul de César, e de Lépido, seu leal comandante de savalEdi
Ambos tinham grande influência no exército. Antônio frequentemente governara em nome de César, quando este estava no estrangeiro, e tinha considerável influência coma plebe. Mas Brut o
Em seu penúltimo dia de vida, em conversa num jantar com Lépido e um pequeno grupo de pessoas íntimas, César fez uma os amipergunta inquietante: Qual é a melhor morte? Depois que do era o pera ines € to súbi fim o que ou ent com ele am, nar opi gos sua que ele escolheria se pudesse.!! Aquela noite, diz a história, mulher Calpúrnia sonhou com ele deitado em seu colo, muito ferido e sangrando. Na manhã seguinte, perturbada, ela implo-
rou a César que não saísse de casa e adiasse a sessão no Senado.!
aendu que não seria político matar os três. Nem Antônio nem Lépido poderiam ser acusados de quererem ser reis. E Antônio — suspeito de ter vacilado em certos momentos na Pai leal dade
ela era de hábito pois ar, pens ram fize o her mul da Às objeções serena e equilibrada, não inclinada a “superstições mulheris”, no dizer de Plutarco.
Concentrando-se em César, conquistariam a glória is
s da morte de te an e qu z di s no e El . ino cul mas tipo do tamente
a César — poderia depois ser útil à causa dos conspiradore s
livrado de um rei e de um tirano. Mas se também mat
companheiros seriam acusados de orquestrar um
por inimizade partidária como prosélitos Pompeu. Esse argumento venceu."
Tu
à
ee
ipetenico
Rd a Feão êde ção d
O próprio Plutarco es
tições, supostava impregnado de supers
um soldado, César uma chama projetou-se da mão do servo de
de sem, no entanto, queimá-lo. Todas as portas € janelas da casa . E desCésar de repente se abriram sozinhas, quando ele dormia
tinha coranão ar Cés por do ica rif sac mal ani um que -se riu cob
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DE JÚLIO
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CÉSAR
ção, “péssimo augário, dado que nenhum ser vivente sobrevive sem coração”, adverte-nos o grande historiador! Suetônio e Dion também registram portentos: uma Manada
de cavalos de César exibe uma súbita repugnância por capim e
verte baldes de lágrimas; um pequeno suiriri voa até o Saguão de
Pompeu onde é estraçalhado por outros pássaros; e mais “ indubitáveis sinais avisando a César do seu assassinato”.
Presságios à parte, o clima político já era suficientemente In-
quietante. Pelo menos dois anos antes de morrer, César teve seus próprios pressentimentos sobre conspiradores em ação. Num discurso no Senado em 46, Cícero tentou tranquúilizá-lo: “No que diz respeito aos seus feitos, Caio César, nenhum gênio seria suficiente, nenhuma pena ou língua elogiente e fluente o bastante para enfeitá-los ou sequer descrevê-los.” No que dizia respeito às suspeitas de César sobre uma “sinistra e traiçoeira conspira-
ção”, eram “infundadas”, pois quem poderia querer atingi-lo? Certamente nenhum dos seus antigos adversários, seguidores do derrotado Pompeu como o próprio Cícero, que foram autorizados a voltar para Roma e o Senado, com suas propriedades intactas, e que agora eram seus mais firmes e reconhecidos amigos.
“Penso em você dia e noite”, arrulhou o grande orador, que pro-
meteu manter eterna vigília contra qualquer provável criminoso. “Como você sente que há perigos ocultos à sua espera, nós [os senadores) prometemos providenciar sentinelas e guarda-costas.
E juramos protegê-lo com nossos peitos e nossos corpos.”
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ASSASSINATO
la amas sim be la Po e o ni tô An o rc Ma mo co e voluptuosos gordos e Bruto . Asi io ss Cá mo co os gr ma e s do li pá ma radas
Antôe: ar pe es ak Sh de os rs ve is ve rá OS memo plutarco inspirou tem uma apaio ss Cá se Es .. ;. os rd go ns me ho me de
de ca
Er
k
ca. rência magra € faméli Cerqu
pio"
li
FyiA
O sonho de m co do pa cu eo pr o, rç ma de 15 Na fatal manhã de egar a ch de ab ac e qu .ava o ni tô An a Calpúrnia, 3 César dirigiu-se Mas Décimo . ão ss se a r ia ad do na Se 0 ir a “ua casa € o instruiu r a sua residênla gu re so es ac am nh ti e qu os uc po s Bruto, um do mar conheci to Ao a. íd sa de va ta es o ni tô An do cia, entrou quan mente da ci re ca en u di pe lhe mo ci Dé r, sa Cé mento da decisão de há algum ai am av rd ua ag o s re do na se Os . se as er id ns que a reco sua reação e a ua po, convocados por ele para aquela sessão. Imagin Calpúrnia livesee a que até se has pac des os e se gas che uém alg se deveria dar não ar Cés s. vei adá agr s mai os nh so har son de te sor ando orç ref m, re de en of se a par tos tex pre os nov os ári ers adv a seus itrário. E a acusação de que seu governo era insultuosamente arb a mulher um de s ore tem dos ás atr se arugi ref próprio de César sse inclinaive est que o sm Me ? ões tiç ers sup a ia ânc ort imp ou dar +
a
,
+
Senado e ao se fos que or lh me ia ser , vel orá fav des dia o gar do a jul para outra ocasião. anunciasse pessoalmente que ia adiar a sessão
ndo com ele até da an sse saí mo ci Dé que iu mit per E eu. ced César liteira. stlá m co vos ser os am av rd ua ag o ponto onde Artemidoro, pro a ão, tid mul à va ssa ave atr a Quando a liteir
Essas nauseantes garantias de lealdade não bastaram para dissipar os temores de César com relação a seus novos amigos.
do a o ten to, Bru o rc Ma de or tut igo ant e ica sor grego de lóg 1César. As MT? r rta ale tou ten ão, raç spi con a rumores sobre
teria dito: “O que acha que Cássio pretende? Não gosto dele , é muito descarnado.” Disse César que “não tinha med o de homens
devido à pressão mas , plô com O re sob do an rm fo in e het bil
Pouco antes dos Idos de Março ele manifestou suspeitas de que Cássio estava aprontando algo ruim. De acordo com Plutarco, ele
A ei à ie reu cor o dor emi Art que em diz s ma gu al vergem; a liteira. a é ar anç alc de z apa inc foi e do, saí a inh quando ele ját u urge e iate € ar Cés ou anç alc ele relatam que
de su-
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plicantes César não teve oportunidade de ler. Segundo um
d Ver
são foi outra pessoa, talvez um servo, que deu o bilhete a Cé sar, Todas as fontes parecem concordar em que houve uma terra: entativa
inútil de avisá-lo!
Antes de entrar no saguão, consta que César teve uma di ta com Espurina, o adivinho que anteriormente o advertira d ia uma calamidade o atingiria o mais tardar nos Idos de M 4 Idos de Março chegaram”, disse ele, repreendendo E a ' respondeu: “Sim, che he garam mas ainda nãão passare am.”!8 Para um escapar de novas adivinhações e pressionado por ini migos fingiam ser amigos, ele abriu caminho até o Senado, “ & Su tinha de padecer o destino de César”, no dizer de Apiano E Ne. E guarda-costas o acompanhava, pois sua dignitas O proibia é trair apreensão, especialmente diante do Senado que se comprometera a proteger-lhe a vida. Ele teria dito: “Não há dest ino Ea do que ser continuamente protegido, sinal de que o prot egio anda sempre com medo," amo Os conspiradores tomaram a precaução de estacionar no teatro contíguo um contingente de gladiadores que poderiam correr
em seu auxílio se senadores leais a César criassem dificuldades.?!
Preocupava-os especialmente Marco Antônio, homem fis icamente ponEntosa que não se deixava intimidar facilmente. Provavelmente estaria perto de César. Por isso eles tomaram providências para que Caio Trebônio, conhecido de Antônio e um dos c I-
radores, o segurasse numa conversa fora do saguão, Quando César entrou, todos se levantaram
enadores
rapidamente o cercou, num dp amistoso. César mal ocupara sua cadeira pera
Bar
Um
r
de
ciieá mi a
: pa Ex
deles, Túlio Cimber, lhe pediu que seu irmão tive sse e voltar do exílio. César acenou para que se afastasse NS de tratar desses assuntos; poderiam conversar em ta
a a a
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e no pedido. De repenproximaram, fingindo interess ando-o do ombro, a anc arr ar, Cés de o nt ma no u ro gu e, Túlio se ' atacassem. os tr ou os e qu ra pa senha êmulo Públio tr m u r po do da , ás tr r po io ve e O primeiro golp rodopiou, agarr sa Cé o. br om o do an nh ra ar , errou o alvo Casta;
ava us e qu te le ti es 0 m co o ond ri fe rando O agressor pelo braço e rospara a frente, sendo ferido no
para Escrever. Depois jogou-se ressores € ag us se te en am ad er sp se de o nd to por Cássio. Golpea ma-
numa ar da ha an ap a st be a um mo co os os ri emitindo gritos fu pidos golrá is po de , co an fl no a ad al nh pu dilha, ele levou outra zem alear e cair, di mb ca até a, lh ri vi nã , as st co s pes na coxa, na agressores os o tã en o sm Me . eu mp Po de a tu tá alguns, aos pés da es alguns , as ag ad s s uva m co te en am os ri fu continuaram a atacá-lo De re pente, fez-se . ão us nf co na te en lm ta en id ac ferindo outros no sangue r e rr mo até e -s do in va es , el óv im ia, silêncio. César jaz
de vinte e três punhaladas.?
léia do mb se as à u gi ri di se o ut Br os Nesse momento, Marc apresentar-lhes Ta m. be ia do tu e qu r ra gu se as Senado para lhes te, aquele era O en am rt Ce o. di cí ni ra ti de ato e ess as razões para
s mais vo ti ra pe im os e br so so ur sc di lugar e o momento para um não ess re do na se os s Ma a. an ic bl pu re repulsivos da restauração
ados de espanto iz il ob Im o. sm vi ci de ões liç tavam dispostos a ouvir correndo do saacre, sairam ss ma do os nd gu se es durante os brev
mendoa ser te ns gu al , ga fu na os tr guão, atropelando- se uns aos ou do as querendo manter distância
apen os tr ou s, ma ti ví as im óx pr as
implicações. assassinato e de suas terríveis les, brandindo em de s rá at am ír sa s ce li mp cú us Bruto e se
com a faças do ta ci ex a nd Ai . as ad úent trunfo suas armas ensang osos que in im cr mo co o nã o, rp co só nha, marcharam como um confiança, to au or ri pe su de ar um com pensassem em fugir, mas oas ss pe do an id nv co e e ad rd be li a conclamando o povo a exigir su
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parece e qu ma le ob pr um é r sa Cé de s Neutralizar às legiõe
de alta posição a aderirem. Algumas dessas participaram do des file, agindo como se também fossem autores do sangrento desf
nio e pudessem receber uma parte de sua honra.? e No saguão deserto, o corpo de César ficou estendido no chão em solitário silêncio a maior parte do dia. Mais tarde, três escra. vos seus entraram e o tiraram dali. Assim Caio Júlio César en. controu seu triste destino aos 56 anos de idade, nos Idos de Março de 44 a.C. | Quarenta anos antes, naquela mesma data, um belo e gracioso jovem de 16 anos participava de uma alegre reunião de amigos e parentes, que oraram para que a divindade lhe reservasse um brilhante destino. Foi num festival pela chegada da primavera na península italiana, quando as coisas viventes são tocadas pelo doce despertar da natureza renascida, e os corações se elevam na esperança de melhores dias.”
Logo depois da morte de César, espalhou-se o pânico pela cidade. Uma multidão se reuniu no Fórum para ouvir, num silêncio inquieto, os assassinos “que tinham muito a dizer contra César e a favor da democracia”* Eles insistiam em afirmar que o mata-
ram, não para tomar o poder ou obter vantagens perversas, mas para que todos os romanos pudessem ser governados corretamen-
te. Os assassinos e seus simpatizantes, sua clientela paga e seus
gladiadores armados retiraram-se para o Capitolino onde ofereceram sacrifícios e permaneceram durante toda a noite. Informado
a que nessa
multidão não devem ter escapado aos ouvidos dos assassinos, uma
quando muito, a cem metros do Fórum
guma coisa os asal m co Se ? al ri to na se e lp go O ra nt co m ia ir surg
ma os aplaudisse Ro de m mu co vo po o e qu era am av nt co sassi nos
do is po de o nt me mo e ev br um r Po a. ic bl pú Re da es como salvador pulação [está] po a a od “t e qu de se uce en nv co ro ce Cí o, at in ss assa a longa su r po o di pú re lo pe e e ad rd be li de jo se de lo a pe ad inspir “por ter sido servidão”, e “toda a comunidade cidadá” se alegra “O povo de libertada do tirano”2? Escreveu ele a Décimo Bruto: posita em Roma espera que vocês realizem suas as pirações e de rdade.”? vocês todas as esperanças de um dia recuperarem sua libe te alucinada. Essa opinião sobre o povo não era inteiramen pirações as as e ss me te em qu os dã da ci os e tr en a vi ha te en am Cert grande a um em ad di do sa cu re da ra ze fi e a. El ui rq na mo à r de Césa ansiasse pelo espetáculo. Entretanto, “suspeitava-se de que... ele o a aceitá-lo, € çad for Ser sse era esp a rm fo ma gu al de título mas por isso era intenso o ódio c ontra ele”. Canções e cartazes ma O nifestavam oposição aos estran geiros que César nomeara para o de Senado e a todo o seu reino, que aos olhos de alguns parecia cratas um rei exceto pelo nome. E provavel mente alguns demo monárquicas e pelo s õe ns prete supostas suas por foram alienados gente comum a é “At s. jai parc apenas reformas para eles eram o rumo
que as coisas esta
vam tomando”, escreve
m o governo tirânico do p ovo protegesde César, exigindo abertamente que defensores nris "30 . es ad rd be li sem suas antigas dores não ia or st hi s se es se r ta un rg pe e -s de Apesar disso ) po 0 seu desgosto co Suetônio, “e não escondia
nad
vez que o Capi tolino — como ainda se pode ver hoje — ficava à pm
gas a plebs capaz de agir contra à nobreza. E quanto a plebs E sar? Não se inCé de as rm fo re s am da ar ci fi ne be Se e qu a, tic nus
já condenava
naquela mesma noite. Ao aman
EA
inassem er sido negligenciado pelos conspiradores. Talvez imag te seria inque um exército privado de seu audacioso comandan
que
Lépido ocupou o Fórum com seus sol-
discurso contra o ato sanguinário. Os ia
181
j
entava por im al be ple a e qu o sm ni go ta an o estavam exagerando
O
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seu imperator. Pode-se indagar também se as canções e
sa zes de oposição não foram preparados pela clientela pa a migos de César, sendo mais instigação do que Es for
inimizade popular. Seja como for, se César era intensam
a
do como usurpador, não o era pela maioria. Enquanto mo ms spenham esmagadoramente à monarquia, ainda assim ap = + Sir parte do que ele tinha feito ou estava tentando Ê a cluindo as políticas que levaram os assassinos a agir. E ar E admite, César gozava de grande reputação, não psi eo 54
vura na guerra, mas por probidade na gaz a No enrieca do jogo, Cássio e seus cúmplices se convencera de que iam matar um tirano isolado, um pesadelo que im
tua a vida política. Na realidade, eles se mobilizaram contra R líder que desfrutava de apoio entusiástico de uma grande o na cidade. ss criminosos entenderam corretamente que o povo tinha aversão à monarquia. Daí concluíram, incorretamente, que
o povo via César como o pior dos tiranos monárquicos. Contrário o
spin senatoriais, o assassinato não levou à rápiuração da República tradici saudados como ideia “tr na um previra, sua morte precoce estedeaaa fúria geo X No dia seguinte ao assassinato,
ASSASSINATO
Os senndores se reina
Hiovd:
mente no Senado, situado na colina em frente ao Capitolino. Fade incomum, Marco Antônio a des ando com uma intensida dirigiu com estas palavras: “Vocês acham que home
se
ram no exército de César vão ficar em pé olhand a ss us corpo é arrastado no pó, despedaçado e io PR — api o insepulto mo Co ... nos? tira aos lei punições reservadas por giráo populacho d aqui em Roma? E o povo a Itália?... Proponho que ratifiqueE
mostodososiatoso Drojctosdc Gêsar sem E
ie
sua vida, do an up po mas ... os] sin sas [as lei da s e elogio 205 violador nome de suas faem e, dad pie por s ena ap , o j e des se esse for seu H 2 i . . . s o amig mílias e de seus res decidio d a n . e e s t s n O e a r t s o a i h a n m ami a Esse pa reci o c
car a mulla ap a ç de n a r e p s e na r a s é C s de ram manter as reforma ordaram em dar c n o c m é b m a . T to ie qu tidão furiosa € O exército in ar-lhe o corpo. r n o s e d de z ve m , e o d a t s E e funeral d
a César um inos que, s s a s s a s o d a d i v m à a r a p u o o, p E, como aconselhou Antôni ios de prender. me m ne e ad nt vo am nh ti o nã de qualquer maneira, nte, da e m a d o m o c n i a, nt co do da Os assassinos devem ter-se riso largo de s io ár on gi le de m ru Fó do presença nã s imediações gueres ss de ns gu Al . da pa es da o nh no rosto e mão in dócil no pu sobre O Ser ha rc ma ra pa s to on pr r ta es a reiros veteranos devi m guns deles Al . em ss ra nt co en e qu s ga to s nado e despedaçar todas a aquilo e qu o nd po su , io ív al to re ec provavelmente sentiram um $ que César não z ve a um s, re ta s li a mi h n a p m a marcaria o fim das c casa, feride e ng lo s ai em d os o an id fr so am existia mais. Eles tinh . Mas, os ir he an mp co os ad si ma de de e das demais no corpo e a mort a moer rd pe am mi te s do s, to to en im fossem quais fossem seus sent seu imperator a e 05 prêmios em dinheiro que desta porção de terr lhes prometera.
que as reforde s ia nt ra ga ia ig ex A população civil também César” s o m e u g n i v “ de os it gr ei tadas. Sob
mas de César seriam resp om má c o, ut Br , do na Se do vindos das áreas públicas lo go abaixo pois de ter cnticado de — es nt ta es if vontade, tranquilizou os man -lhes que ficado in nt ra ga — a rr te ição de a prática de redistribu de vocês — rá ra ti as m é u g n i n já recebidas, “e as rr te as m o c am ri m uma a r a d n a m s ce li mp cú us » - 33 Ele e se nem Bruto, nem Cássio m dos ué ng ni am an oj sp de o nã e qu carta ao Fórum proclamando iam ar nt te o nã e , os id et om pr foram
lhes pedaços de terra que rantir “um a g a r a p s e õ s s e c n o c s sa es m ia abolir as leis de César. Faz
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de serem honestos em tudo”.* Enquanto isso, “a parte alugada da multidão”, como Apiano descreve as pessoas ligadas aos assassinos, pediam aos berros “paz para a cidade” numa tentativa de sufocar os gritos por vingançaº
mpatrioco s, no ma ro s, go mi “A so ur sc di e br le seou o cé excepcionais do líder morqualidades nas insistiu nio ps tas”) m, Antô do seu justiça e generosidade a o brilho de suas campanhas, to, as honras do povo agradecido. Perit mu ra ebe rec r sa Cé o. ern gov de lhes conferir o nt po a os, ári ers adv e nt me sa io rd co ri doara mise
dor— ou talvez o tático habilidoso — pedindo calma e união num esplendidamente sonoro discurso perante o Senado. Ele ar-
de Roma, o pov O a par s, mu xi ma ex tif pon foi Para os deuses ele dictator. Foi os, mig Ini os a par e tor era imp , pas tro cônsul, para suas
estado de harmonia, comprometendo-se a cumprir as promessas
Cícero também, no dia do assassinato, bancou o grande pacifica-
gumentou que vingar a morte de César só levaria a novos confli-
tos. Conclamou os ouvintes a se lembrarem de que todos eram romanos, a se livrarem de toda amargura e de todo ódio e a demonstrarem generosa preocupação uns pelos outros. Também recomendou respeito às reformas de César, quanto mais não fosse, para manter a paz e a tranquilidade.” Em particular, Cícero manifestava indignação com o fato de as reformas de César serem respeitadas. “Não é lamentável que devamos manter justamente aquilo que nos levou a odiar César?” escreveu ele a Ático.” E era incapaz de esconder a alegria que lhe provocara o assassinato, derramando-se em considerações sobre quanto “os Idos de Março aumentaram meu amor por [Marcos Bruto]”.* Ao próprio Bruto ele escreveu: “O feito memorável e quase digno dos deuses que vocês praticaram está acima de qualquer crítica; na realidade, nunca será suficientemente aplaudido.”* Em carta a Cássio, refere-se ao assassinato como “sua nobre façanha” e diz que gostaria de ter sido o seu articulador.” Apiano escreve que Cícero odiava Décimo Bruto quando este servia à
César, “mas passou a amá-lo quando se tornou assassino”.
Quando o corpo de César foi levado para o Fórum no fim do dia, Antônio fez uma oração fúnebre para a multidão (na qual Shakes-
gare
ba
é
.
"
=
=”
em vez de punir. ar ili onc rec de ca íti pol a um do an sc bu honrarias,
ar disso, esse es Ap . dio icí hom tra con s lei u go ul om pr César quem
fora caro gei ran est o mig ini um nh ne que , ma herói e pai de Ro scada em sua bo em de ima vít to, mor ava est ra ago ar, paz de mat ato da m nu do na Se do a eir cad a pri pró na o tid própria cidade, aba mais vil perfídia.'? ônio. Até na Ant u uo in nt co , ma Ro de tor fei ben o César era deixou 75 dinares to en am st te seu Em o. pov do ra ra mb le se morte a todos o ara leg e o, in ul sc ma o sex do lto adu no para cada roma o peni tô An re. Tib do o lad ro out do s din jar s uso público de seu sangue, mosde os suj s gõe ras os biu exi e r sa Cé gou o manto de mada de To s. ida fer de ro me nú O e a ag ad trando cada golpe de r numa pira e sa Cé de po cor o pôs ão id lt mu a va, rai angústia e de i intensificado “fo io, tôn Sue e rev esc o”, lic púb o ateou fogo. “O lut
sua maneira, €sà o nd ta n me la ros gei ran est de s õe id lt pelas mu por noites m ru Fó no am ar nt ju S€ pecialmente os judeus, que seguidas.” assistir ao r po do na Se O m ra ia nc Muitos na mult idão denu mava, ei qu ra pi à to an qu En o. assassinato sem tenta r impedi-l assassinos.” s do s sa ca as ar ac at a ar bandos furiosos saíram P m mandados com ra fo os ig nd me e s Cícero afirma que “escravo os irromperam bi úr st di os tr Qu 46 » tições para atacar nossas casas os pelos quadros id im pr re e nt me implacavel
pela cidade, alguns
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armados dos optimates. Mesmo assim, a situação estava fugindo de controle. Em sua correspondência particular, Cícero pediu uma políti. ca violentamente vingativa, em agudo contraste com seus eleva.
dos apelos públicos por harmonia e reconciliação. Queixava-se amargamente da incapacidade de o Senado abolir as leis reformistas de César, e pedia “medidas extremas” contra as forças
cesarianas.” Um ano depois do assassinato, encontramo-lo acicatando Bruto para que este adotasse castigos mais severos, exigindo uma solução final para o conflito de classes: “É inadmissível essa sua doutrina de misericórdia.” Deveria haver “uma salutar severidade”, pois “se nos tornarmos compassivos, as guerras civis
nunca terão fim”. Elogiou um cônsul por massacrar sediciosos proletários e destruir um monumento que tinham erigido no Fórum em honra de César.“ Só o derramamento de sangue mais completo poria fim à resistência popular, e ele era totalmente a favor dessa medida extrema. Posteriormente, entretanto, ao perceber que estava do lado derrotado da segunda guerra civil, Cícero mais uma vez se portou como homem moderado e conciliador. Com a hipocrisia e poltronice de hábito, elogiou um conhecido
que aderiu ao partido de César por ser “a favor do uso moderado da vitória”, única atitude sensata e decente?
Os assassinos logo se deram conta de que o populacho não os
adotaria como heróis. Dois dias depois do assassinato, com a agi-
tação e a sedição em altos níveis de intensidade, Décimo Bruto
escreveu a Marcos Bruto e a Cássio exortando-os a “deixarem à Itália e emigrarem para Rodes ou para qualquer lugar”. Se as coisas melhorassem, poderiam voltar. Se piorassem, poderiam recorrer ao conflito armado, opção que não ousavam adotar nº momento por falta de forças em número suficiente. Agora Cícero
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r partir, admitindo que a cidade estava “nas melho chava , também à idores”, e que nem Bruto nem Cássio poderiam viver
li em segurança.” Os dois assassinos partiram de Roma semaali rço. nas depois dos Idos de Ma
e ant dur eu ard ar Cés de l era fun a pir da isa rov imp a um, No Fór As plehes toda a noite, alimentada por oferendas da multidão. fogo, junto quebraram as plataformas dos juízes, atirando-as di
enconcom tábuas, bancos e quaisquer objetos inflamáveis que os, trassem. As mulheres jogaram adornos e amuletos; os soldad to condecorações e lauréis. À medida que a noite avançava, o ven plangente entoou seu réquiem, insuflando as chamas. Não muis tos na multidão compreenderam que sua República de 500 ano também virava fumaça. suAnos depois da morte de César, quando Augusto reinava , o Velho premo, apareceu no céu setentrional um cometa. Plínio
escreve que era como uma estrela brilhante “visível de todas as ou O ret erp int o ust Aug , nte ame vad Pri . dias sete partes” durante em sua ho mena- cometa com alegria, como se tivesse aparecido amente: gem. Mas Plínio mostra o imperador declarando public a alma de Sos “À gente comum acha que essa estrela significa is, e por essa E rta imo ses deu dos tos íri esp os pel da ebi rec sendo
ao busto de César. ado ent esc acr foi a rel est uma de a em bl o em ue-se o lemerg m ru Fó do nas ruí as re ent e, hoj de ma Na Ro sob re o lugar onde z di se o nd gu se do uí tr plo de Júlio César, cons e le pare|ce estar , to fa De s. do ma ei qu m seus restos mortais fora de é mais prováon o at ex r ga lu no m, ru Fó do ro nt ce situado no é uma lo mp te O . do ca lo co do si a nh te vel que o cadáver de César de estreitos tijota os mp co o, nt me vi pa um modesta estrut ura de us : comumen te material los escuros,
ado nos edifícios públicos da
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O ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
República. (Roma só se tornou uma cidade de mármore Augusto.) Consta que as cinzas da pira de César ainda jaze no
algum lugar debaixo da estrutura. Até hoje, a cada ano, 3 no di lã a 15 de março, numerosos buquês de flores são deixados na entr do templo por desconhecidos. -
JO As liberdades do poder boas razões. de s do na eg pr im o tã o sã s vo ti Nossos mo 1 — JúLio CÉSAR, ATO III, CENA
inato de ss sa as o e qu r ha ac m ce re pa Iguns historiadores scureciOb . os eg de to li nf co um de César foi o desfecho cratas, sentindoto is ar os o, du ví di in l ve tá dos por esse no
afirma Dion, mo Co . lo áub rr de m ra di ci se pouco à vontade, de sar] e ódio por ser ele mais
[de Cé agiram por “ciúme do avanço u a desvo le os e qu o , io ôn et Su ra Pa ' ”. amado do que os outros à saudar O r sa cu re se e el de to fa e foi o denhá-lo tão acerbament uma 1imponente m co u gi ri di se e el a Senado quando o Senado versários cosad us se e r sa Cé e tr en as ut sp di As lista de honrarias. expli-
es dificilmente nt de ci in s se es s ma s, tumavam ser cáustica lo assassinato. pe s te ma ri op s do o çã op a cariam ra cultipa el ív ss po im O a zi fa e César Suetônio reconhece qu do, incluindo alguns
mbros do Sena e m m o c s sa to is am var relações menciona ro ce Cí , ar ul ic rt pa a rt ” Em ca dos seus piores inimigos monstrada a
sidade de ro ne ge , na ma hu e qU is “a notável, e até ma agosto OU setembro em a nd Ai * . r” sa Cé j a mais condi da ca a av rn to se r que Césa de 46 a.C., ele escreveu
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O
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CÉSAR
ciliador com seus adversários.” Apesar disso, é claro, Cícero entu. siasticamente tomou o partido dos assassinos, achando seus interesses de classe muito mais atraentes do que a magnanimidade pessoal de César.
César tinha simpatizantes no Senado, entre os quais algumas
das eclipsadas famílias patrícias. Contava com ativos seguidores
entre os cavaleiros, alguns dos quais serviram como oficiais no
seu exército. Mas os optimates, círculo altamente conservador de
aristocratas ricos e poderosos, o repudiaram friamente. Seus ins-
tintos se voltaram todos contra ele, pois compreenderam, como diz Gelzer, que “diferentemente deles, César não achava que a conservação da supremacia que herdaram dentro do Estado fosse o objetivo final e definitivo da vida”. Alguns escritores sustentam que César foi assassinado por-
que usurpou o poder e reduziu a República a uma sombra. Apiano afirma que os adversários de César agiram “por nostalgia da constituição tradicional”. Ernst Mason, repetindo Cícero, nos assegura que César, “homem ambicioso e perigoso que faria qualquer
coisa pelo poder”, foi morto por “romanos leais à República”. Michael Grant afirma que os assassinos cometeram o ato porque
“se recusavam categoricamente a aceitar” o governo de um ho-
mem só.º Na realidade, os senadores aceitaram de bom grado 0 governo de um homem só quando esse homem governava em seu
benefício, geralmente procurando um homem forte que neutralizasse a causa popular. Como admite Cícero em carta particular, “o que queremos é um líder, homem de valor moral, espécie de inspetor”. Os opeimates se opuseram a César muito antes de ele assumir poderes ditatoriais, antes mesmo de disputar pela primeira vez O
cargo de cônsul em 60 a.C. Tentaram contê-lo quando foi pro-
cônsul dando-lhe uma província da qual não tiraria vantagem
AS LIBERDADES
191
DO PODER
1 Opuseram-se à seus esforços para ocupar altos cargos
não testavam tudo aquilo que ele representava. César ularis que incitava a gente comum — o pop um s mai « era apena — mas um popularis brim rui nte eme ent ici suf ido 5 que já teria amplo proum ha tin que co, Gra o Cai o com , ico mát s lhante e cari a, como Mário, com tav con ele da, ain r Pio ão. uiç rib ist red de grama io, era dotado Már que do s mai to mui e to, rci exé um o apoio de
e de uma profunda s, ado afi te men ica bol dia cos íti pol tos tin de ins soalmente pes era so, dis m Alé . ial soc ca íti pol de ão ens compre as, enlic púb ras hgu ras out o com , que e dad ver É incorruptível. a e da comtregava-se às práticas corruptas do tráfico de influênci sequer nem da, ven à ava est não o sm me ele mas os, vot pra de
aliança com os aceitaria, em troca de vantagens materiais, uma
peu. optimates, a exemplo de reformadores gorados como Pom
Em 44, César tratava antigos inimigos com inusitada brandura. RE pouco antes dos Idos de Março, ele selecionou Aulo Hírcio e € Décinco Pla o áci Mun e 43, a par es sul côn o com sa Pan Víbio para gobém tam ado ign des foi imo últ e Est 42. a par to mo Bru ram gratidão vernar a Gália Cisalpina. Os quatro lhe manifesta
io e Túlio Cimber bôn Tre o Cai eou nom ar Cés . gas ada suas com
tivamente. Eles tampec res nia, Bití da e a Ási da governadores
ncipais protapri os ou ign des E to. ina ass ass do ram ipa tic par bém Cássio, respecuvamente o Cai e to Bru cos Mar , plô com do gonistas ário que em rs ve ad Um .” us in gr re pe r to ae pr e s Praetor urbanu a se o, tã Ca foi r zi du se de de da ni tu or jamais teve a op a ce orças 5 ot rr de da is po De e. ad id il st ho a av ir sp an início tr que a causa Pompeu em 46, Catão, percebendo
bmeter-se a César, su er er qu m se € — a id rd pe va ta es
dos
a
a A Ei
nda u suicí Ei te me co — o -l oá rd pe à e, nt me sa es punha, expr represália conde ca ti lí po a um ar ot ad à u so cu re se assim, César
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O ASSASSINATO
DE
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AS LIBERDADES
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tra sua família, mantendo o patrimônio de Catão intacto para seus filhos.” A conhecida clemência de César não se originava de falta de coragem ou de uma predisposição temerária. Era uma tática consciente, resultante de sua estratégia de reconciliação. Seu objetivo era transformar inimigos políticos em aliados. Seu modes operand:
era a cooptação em vez da proscrição. Duras medidas punitivas, achava ele, serviam apenas para criar um resíduo tóxico de inimizade e vingança. Em vez de ter os ricos oligarcas movendo-se furtivamente na sombra, com o coração transbordando de desejo de vingança, dava-lhes responsabilidades e lugares de honra em sua administração.
Ele pretendia enquadrá-los. Quando vissem que era o único capaz de garantir a paz e a estabilidade, adeririam em vez de resisuir, concedendo um pouco ao povo a fim de preservarem o muito que tinham. Mas a história oferece poucos, se algum, exemplos de classes poderosas que se tornaram cúmplices voluntárias na diminuição dos seus privilégios materiais. O que parece ter escapado à compreensão de César, pode-se dizer depois que tudo passou, é que sua generosidade era insuficiente como recompensa para os oligarcas encolerizados. Enquanto suas políticas po-
pulistas alimentassem o ódio implacável soturnamente acalentado
pelos optimates, sua brandura seria uma desvantagem.” É maltratar a história reduzir esta luta a uma rixa entre facções ou pessoas, ou mesmo a uma questão puramente constitucional destituída de conteúdo social, Os oligarcas eram menos rivais pessoais e ingratos beneficiários de César do que seus terríveis inimigos político-econômicos, Seu poder os assustava imensamente, porque ele o usava contra seus interesses e não a favor. Como outros populares, ele buscou solução para os problemas
de desemprego, pobreza, impostos injustos, excessiv o consumo
193
DO PODER
s, usura, canceivo ors ext is ué ug al a, ári agr a rm fo re s, luo erf É
neralizada. Como toge a tic crá sto ari a ez ar av e s ida dív de = e Jjamen antiga, ia éc Gr na s, ne he st ei Cl de , as at cr dos OS reformadores aristo tados UniEs s no t, el ev os Ro no la De séculos antes dele, a Franklin classe. Coa su de r do ai tr de do xa ta foi dos do século XX, César ribuir, ainda que em st di re ar nt te de l ve oá rd pe im meteu O pecado os muito ricos incansae qu a ez qu ri da e rt pa s, õe rç po modestas da maioho al ab tr do e do ta Es do es fr co s do velmente sugavam M
*
,
=
ria. Era imperdoável mexer, como ele jores es ã , que as classes superior ação exproprijaç seu de nascença. César parece não ter compreendido tê , os que têm ão têm Ê e os que não que têm
o fez, com o sistema de g avam ser um direito jul julg + que no conflito entre os idaadde são os q que na realid
ndenavam violentamente as co s no ma ro tas cra sto ari Os o. tud têm
de roubo, O a rm fo r pio a em ss fo se mo co , rmas refo mais pífias por e qu , io ár on ci lu vo re to en am el iv n começo de um calamitoso
sentavam sua apre E E s. ntiva preve das medi emas extr a exigi isso de classe, cia iên ven con el rív hor a um mo co não o açã ali violenta ret republicanas. s ade erd lib das esa def € m so honro ato um como mas
de Badian ao goa tic crí à m co m da or nc co s ore iad tor his Poucos m governo SE toda hu en “N . dia Tar ica úbl Rep na l ria ato sen no ver à cspoliar seus e nt me ta le mp co tão u ico ded se a história jamais
nante como aa mi do sse cla da cio efí ben em súditos
na última
minante rarado sse cla da e dad aci rap a Ess ” a. ic bl etapa da Repú topo no am ng ab se que Os . eza cru sua mente se exibe em toda a
as neo da pirâmide social se utilizam de todas e do i Gs da ão, caç edu da de, eda da propri sobre o resto a gic oló ide a ni mo ge he sua em er nt ma argumentos para dos varia 7 va s mai Lançam mão dos =
do dutiro pres ara da sociedade. justificar su E]
E)
q
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posição privilegiada, argumentos que acabam sendo sinceros pelo
simples fato de serem usados em causa própria. Mas ideologia não é só a promoção dos interesses de classe, À função da ideologia é precisamente disfarçar diáfanos interesses egoístas, associando-os a uma visão mais altiva e vasta da socie. dade." Isso ajuda a explicar por que a ideologia dos optirmates soa tão familiar hoje em dia; ela contém os dogmas mistificadores de
todas as classes governantes proprietárias, em todas as épocas. Os
dogmas podem ser resumidos assim: Em primeiro lugar e acima de tudo, a turma oligárquica apresenta seus interesses e privilégios especiais como sinônimos do interesse geral. Cícero lançou os alicerces para futuras gerações de propagandistas da elite ao argumentar que o bem-estar da República e de toda a sociedade dependia do bem-estar do punhado de cidadãos importantes que presidia sábia e esplendidamente os negócios públicos, e cuja alta situação era prova de uma excelência que tudo merecia, Em segundo lugar, protagonistas da classe dominante advertem que coisas como donativos, moradias alugadas e cancelamento de dívidas destroem a fibra moral dos indigentes que recebem esse benefícios, servindo de instrumento para seus modos dissolutos à custa dos elementos mais responsáveis é equilibrados da sociedade. Em terceiro lugar, as elites dominantes sustentam que programas sociais redistributivos têm custos proibitivos para toda à sociedade. Não existe terra bastante para reassentar pequenos agricultores nem fundos suficientes para as doações de grãos ou para projetos públicos que empregariam a plebe sem dinheiro. Com freqiiência se esquece que sempre existem recursos para à guerra e para subsidiar maciçamente os estratos mais ricos
AS LIBERDADES
DO PODER
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abertamente as car ata de z pa ca in do an qu ar, lug rto Em m qua
a agiam nt pi es El s. vo ti mo us se e es or rca s atacam OS reformad onômica, ec iça ust inj à a ci ên st si re ta jus mo co o nã a tação em mass é os a me s go go ma de de ra mas como guerra de classes”,; ob Cícero,i de as vr É la pa s na e, qu r de po de a os osos, sedent lnstáveis, ; vaid s que não defen ma , a” lt cu in ão id lt mu da s õe “nflamam as paix
povo.” dem com o coração os interesses do nados dessa aneg pr im o tã es os rn de mo s re do ia or st hi Muitos ica o pl ex es El e. nt na mi do se as cl da ca gi ló eo tiga perspectiva id sassinos. ra as s ao is ve rá vo fa os rm te em r sa Cé de o at assassin stitucio: on “c os tr ou os € ro ce Cí to an qu o ra pa o çã mam a aten ude rt vi na e lei na a ad nd a fu ic bl pú Re a um de am av nalistas” se jact smos “constitume es ess que em eb rc pe mal s Ma da. ssa ere desint cultores gri à os en qu pe dos as lic púb ras ter m ara tir cionalistas” atas, taxaram (violando a lei), saquearam as províncias como pir impuseram povos colonizados a ponto de deixá-los na penúria, ormentaram at s, ano urb € ais rur s ino uil inq a s aluguéis extorsivo
do a uso o m ra ia pl am , ias rár usu os jur de as tax m co res edo dev m auspícios balho escravo à custa do trabalho livre, manipulara
s modestas remai às m ira ist res , res ula pop es isõ para anular dec ais e ocupantes de bun tri am tar ili deb es, içõ ele m ra da au fr , mas for
suse nt me da ti pe re € os, orn sub is cargos públicos com infindáve osos de asticarem atos crimin pra a par ção tui sti con a am er nd pe s e seus líderes. São ata ocr dem os adã cid tra con a ss ma sassínio em orio dos historiadores nai a que nos ica ubl rep os ad nr ho os esses
Ad asda clássicos contempla com tantá era a na” ica u rep ade erd lib a, rez Do ponto de vista da nob ai ' a a d a par ade erd lib o tud de primeiro lugar e acima a Lo
sem sse cla de iva gat rro pre a cad ar goz a par berdade
pública, aproveit sa cau à o oçã dev de cia rên apa apenas a
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O ASSASSINATO
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CÉSAR
os benefícios da sociedade civil sem arcar com nenhum custo ; enriquecerem sempre e cada vez mais, à custa dos outros, Sejam quais forem suas pompas republicanas, a liberdade aristocrática é essencialmente uma plutocracia de sangue azul, a implacável liberdade dos ricos que até hoje continuam hostis q qualquer pequena parcela de democracia econômica.
Quem pensa que a política e a história “se resumem a uma questão de poder” talvez devesse refletir sobre a República Tardia. A classe rica não buscava o poder pelo poder. Este era e continua sendo um valor instrumental; permite aos ricos assegurar e ampliar suas oportunidades de lucro à custa do trabalho dos outros, exercer controle decisivo sobre grupos em desvantagem, monopolizar recursos públicos e mercados privados, expandir proprie-
dades no exterior e saquear o tesouro dos governos. O poder lhes permite preservar seus preciosos privilégios, seu fabuloso estilo de vida e aquilo que torna esse estilo de vida possível, sua imensa riqueza.
A bem da verdade, indivíduos ambiciosos podem buscar 0
poder como um fim em si, como uma forma de abrir caminho para uma carreira inescrupulosa e para se cobrirem de glória. Mas ver as ambições e os ciúmes pessoais como a soma final do conflito político é deixar de fora interesses maiores. Assim, O que Se chama de “política” é nada mais do que “as manobras para obter
vantagens de riqueza e poder dentro de uma classe que já tem O monopólio da riqueza e do poder”.'º Na realidade, mesmo um carreirista frenético como Cícero tem opiniões mais do que meramente interesseiras, refletindo as preocupações genuínas da rica classe proprietária da qual fazia parte, e da coterie especialmente privilegiada e dotada de poder dentro dessa classe, os oligarcas senatoriais, da qual.ele sonhava tornar-se o líder ímp ar
AS LIBERDADES
DO
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PODER
classes proAtravés da história, em nome da “liberdade”, as disotárias se opuseram a líderes políticos que buscaram uma
“estabilidade” da e nom em E a. tiv ita equ s mai a uez riq de o ão parte do seu e ent dam eti rep m era ced a”, lic púb e coin a ordem var ser pre 2 dos ica ded cos áti ocr aut poder à líderes
praticamente em o sid tem im Ass o. égi vil pri do ca socioeconômi
ública Tardia. Rep da ois dep € es ant , sse cla de s ade todas as socied
de acuso rio pre io Fre éo i; ms me fi um ser a tum O poder não cos inista social que alp O a. uez riq a r ita ove apr € var ser pre mular, a imediata ent ram fer se nator er mov pro se o tud de busca acima e mais ado isc arr os men to mui é ra rei car de o tip e da riqueza. Ess os que defendem a pel o uid seg o nh mi ca O que do or sad pen com | s. nte ote imp e os uíd tit des dos causa de Júlio l ria ato dit er pod o iam tem que tes ima opt os Os mesm is a Pompeu César se dispuseram a conceder poderes ditatoria l violação a prática tota ma Nu . a.C 52 de os ult tum os e ant dur “cônsul sem eu mp Po m ara ign des res ado sen os al, ion tuc consti de um hono ver 89 um r rce exe e ess pud ele que , parceiro”, para controle total do õ m ra de lhe ém mb Ta o. vet de mem só, à prova
cinco por o ri pé im o do to de o lh mi de to en im pr tesouro e do su nstituição. Vol co a am ar ol vi ém mb ta s da di me anos. Essas duas
igarcas senatoriais ol 05 , eu mp Po a par a ir ne ma a ss de tando-se
os republicapi cí in pr r na do an ab a par ão iç os sp di revelaram sua 10,8?
aaa a a de os pl em ex idas dia 0 Ep no r sa Cé de s io ár rs ve ad dos senatorial. Alguns cs e E á an eg ch a, les gau ha an mp ca naram a conduta de sua te me
tentaram C. a. 58 Em o. ig im in ao ele fosse entregue o Sonae m ra ra pi ns co € is, cia ofi s motim entre seu
at
ê D a o mp ca no io ár rs ve ad € o ic ân rm ge Ariovisto, líder o antes da ma reuniã Nu r sa Cé ar in ss sa as Gália, para
;
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CÉSAR
Ariovisto vangloriou-se, diante de César, de que muitos nobres — como romanos o recompensariam regiamente se ele o matasse
lhe tinham informado mensageiros mandados pelos optimates do Senado.” Em51, líderes do Senado colaboraram com os gauleses numa tentativa de destruir César, conclamando-os a resistirem por mais um ano.” Esses atos de criminosa deslealdade e traição representavam drásticos desvios da prática constitucional correta, apesar de terem provocado poucos comentários críticos de historiadores do passado e do presente. Os oligarcas senatoriais demonstraram abertamente sua in-
tolerância com limites constitucionais quando as limitações eram impostas contra eles. Em 49, por exemplo, o Senado aprovou um decreto ordenando que César dispensasse seu exército e entregasse a Gália a generais escolhidos pelos senadores, sob pena de ser considerado traidor. Na qualidade de tribuno do povo, Marco Antônio emitiu um veto perfeitamente legal a esse decreto. Ape-
sar disso, ele e outro tribuno foram obrigados a fugir para se protegerem da ira potencialmente mortífera dos optimates.
A morte de César não trouxe a pacífica restauração de uma República dominada pelo Senado, como esperavam os assassinos. Com uma guerra civil em ebulição, os optimates e seus ricos alia-
dos demonstraram indisposição para ceder ainda que uma modesta parcela de suas imensas fortunas para financiar um exército capaz de derrotar os cesarianos. “Nosso mais espinhoso proble-
ma político é a falta de dinheiro”, queixou-se Cícero. Os muito ricos “tornam-se cada dia mais hostis à menção de uma coleta
especial. O dinheiro apurado, um por cento, graças ao retorno
escandalosamente baixo oferecido pelos ricos” revelou-se totalmente inadequado.” Os ricos talvez desejem o poder, mas não
gostam de pagar por ele com seu próprio dinheiro.
,
LIBERDADES
DO
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199
o jovem relatina ce em eu ec ar ap a oc ép a ss ne s no Mais ou me
adotivamente desconhecido Caio Otávio, sobrinho-neto e filho
iano. Estava de César, que ficaria conhecido como Otav Otaviano inicial. ma Ro de r do ra pe im ro ei im pr o ser a do Edestina
nio. Em 43 aC,
o natorial contra Antô mente aliou- se ao partid se ránõs de pe ve de o at cn ex um iu uz nd co ele , os an 19 as en ap com o em Mutina. O ni tô An do an ot rr de , ou iv lt cu de da al le a cuj César, rchou sobre ma Ele r. do na se de o rg ca o eu ed nc co senado lhe lo como filho e Roma e obrigou o relutante Senado a reconhecê-
43.7 No ano de to res o pel ul ns cô lo áme no a e r sa Cé de ro herdei nio E Lépido am seguinte, entretanto, Otaviano firmou com Antô irato. Os três acordo que ficou conhecido como 0 Segundo Triunv deres ditatopo ia nt ra ga s lhe e qu lei a um r va ro ap m ra ze fi s lídere am o partido ar ot rr de s iro únv tri os 42, Em s. ano o nc ci riais por Cássio come, senatorial na batalha de Philippi, na qual Bruto e no passaram a reinar via Ota e ido Lép o, ôni Ant io. cíd sui am ter
absolutos.
orto por homens à m fora César que lembraram Os triúnviros
€ hon rarias. Aqueles cargos com beneficiara e quem perdoara própni os triúnviro: s os tra con o rad spi con am nh ti ns me ho os sm me iement ç am nh ti , ar” Cés o Cai de o tin des e, a julgar “pelo bonia e”. a pel a ad ic st me do ser e pod não má “que a natureza magui do aera uin seg p > per e içõ es, 1cõ scr pro as pel ou opt to ira vi Por iss 1 o o triununv . Antônio fiz ces pli cúm s seu e ar Cés de tando os assassinos e, enquanto 43. Consta qu em ro ce Cí de o lç ca en ao ir questão de
liteira para ver da a for ra pa ça be ca a pôs ro ce Cí tentava escapar, | r rseus pori do ta Po pi ca de te en am ri ma su que m se a proximava, ; € foi rie privile te co da ro ou de Z VO à se ulo ca perseguidores.”? Assim
. a m o R e d a d a gi
|
oronando. Lépido foi sm de ia bar aca o t a r i v n triu O próprio celr os por suspeita de colaboração com O
ois par d s o l e p o d rebaixa
200
O ASSASSINATO
DE
JÚLIO
AS LIBERDADES
CÉSAR
filho de Pompeu e por exigir a posse da Sicília. Em 36
viano o submeteu a prisão domiciliar em Circeii. Em 31 o . se venceu Antônio em Actium (na costa ocidental da Gréi j A
nou-se absoluto, apelidando seu regime de principado ei is te “governo do primeiro entre os homens”, ou o ne governo de rei. cc; Em 27 a.C., Otaviano apareceu perante o Senad de seus adversários e transformou em espetáculo a é E dos os seus poderes à instituição estatal e ao povo.
iidodi ane
a idade madura de 35 anos, manifestou desejo de a o ne
Como se tudo estivesse ensaiado, o Senado una
aa
ss
pe qo desprendimento e lhe implorou que o eme do Estado, Profundamente comovi l cas, Otaviano decidiu permanecer no steam da E Senado imediatamente lhe conferiu o título de Augusto" sl qual se Morhana conhecido. Era um nome aplicável às pia ai vinas € ApIaiS, Otaviano adotou o título ilustre, juntament a indagar exaltado de “César”, tornando-se é iméi de e E r ego aa e Eatiartes absolutistas, todos eles chaca
EA: ni
a ou imperador, tornou-se um título
aviano e seus sucessores. Na condição de
nunca mais foi acometido do desejo retraído de
aposentar-se, ReiReinou durante quarenta e cinco ano em 14 d.C.
plo
do
Todosra Sa os imperaTal doraes de Roma tinh inham substancialmente mais sar. Apesar disso, os Í
em | geral conviveram bem Ea com el es, comoD ob o serva T 5peiReg ne > SE toi de sua pronta submissão a Augusto, “au » aumentando em Ilq
a na medida de seu servilismo e obtendo | da nova ordem de coisas”. Enquanto Cés ar abr; Ta O S Senado a aÉ No“
Eh]
e
DO PODER
301
Augusto manteve o Senado e, ild hum gem ori € o nt le ta de mens patriciado. do s bro mem os nov o and cri até s, rico dos o íni como dom ram a ser eseça com s ore nad “Se ho: Vel o io Plín Como informa riqueza a e a, ez qu ri da io ér it cr lo pe colhidos e juízes nomeados tornou-
do comandante se o único adorno do magistrado e
militar...”
7
riedade para seop pr s de õe aç ic if al qu u às o t n e m u Augusto a er memqu al qu se e, , ro ou de s ça pe l mi 12 nadores de 8 mil para
avam a tanto, O eg ch o nã ns be us se e qu e ss ri ob sc de bro escolhido da sua meo nd ra ti a, nç re fe di a va ta le mp co te jovem governan tos do Senado, en im ed oc pr s do ão aç lg vu di a u bi oi pr cada? Ele blicas, despú as tic crí à a st po ex s no me o çã ui it st tornando essa in dos do na Se o ou rg pu E r. sa Cé io Júl de as rm fxzendo uma das refo cipado. in Pr do os ig am e qu do s no me m ra ra st que se mo ôs ao mais op se a ez br no a e qu por r ha in iv ad l Não é difíci € Seus o st gu Au o ic át cr to au is ma o u conciliador César e aceito rida que pela ma algu a algi nost sucessores, não demonstrando não apresentou o st gu Au r, sa Cé de te en em nt re República. Dife asso-
as u ve ol ss Di . as ss ma s da o ci fí ne be qualquer programa em am “nehadores, exceto às mais antigas, que fazi ciações de trabal
opinião de Suetônio a o nd ha il rt pa da vi dú m se gócios legítimos”, a-
form es çõ za ni ga or e ad id al re a “n am de que muitos collegia er rou inst mo o nã o st gu Au . e” im cr das para cometer todo tipo de
de terra to en am te lo lo pe ou s da dívi teresse pela redução das ao beme nt re fe di in foi € ), to ci ér ex seu (exceto para os veteranos do impôs, imposto so-
taxas que as du As l? ra ru o çã la pu po da r esta s, deixando da ra óg tr re am er a, nç ra he e bre vendas e imposto sobr a não poez br no a e qu as is co , as at cr to intacta a riqueza dos aris | . deria deixar de apreciar leis de matrim co as ad on ci la re Augusto instituiu reformas Nada disso a! os gi li re a ci ân rv se tiva € ob mônio, prática administra
202
O
ASSASSINATO
DE
JÚLIO
AS
CÉSAR
aliviou o fardo da plebe ou diminuiu as enormes desigualdade s entre as classes. Diferentemente de Júlio César, que se voltou para o populacho, Augusto deixou de lado as assembléias e erradicou
as funções residuais que ainda tinham, medidas que agradaram mais ainda a classe rica. Além disso, Augusto buscou proteger a riqueza herdada e a escravocracia, decretando que donos de escravos não podiam |jbertar mais do que uma limitada parcela dos seus haveres. A liber-
dade dos escravos conduzia ao casamento com cidadãos livres, e Augusto temia que o estoque de romanos nativos fosse “conspurcado” por sangue servil estrangeiro? Libertar escravos eraum recurso usado pelo dono para evitar gastos com alimentação, roupa e moradia em seus últimos e menos produtivos anos. Mas se a alforria se tornasse corriqueira, enfraqueceria a ordem estabelecida da própria escravidão, criando um reino indevidamente dependente do trabalho livre. As restrições de Augusto à alforria confirmam que o Estado põe os interesses gerais da classe proprietária acima dos interesses contábeis imediatos de proprietários particulares. Augusto astuciosamente minimizou as pompas ostentosas do
poder ao mesmo tempo que poupava sua substância. Manteve uma aparência de consultas ao Senado, delegando responsabilidades àquela instituição, mas quase nenhum poder de decisão. Reteve o pleno controle das províncias e tratou de preservar O
comando das forças militares, incluindo um grande corpo de guar-
das no coração da capital. O “tirano sutil”, como o chama Gibbon, “instituiu uma monarquia absoluta disfarçada de confederação” »
Depois de cerca de cinco séculos, a República romana com suas liberdades civis limitadas mas reais chegou ao fim no governo de Augusto, apesar de algumas de suas formas persistirem por
algum tempo. Durante gerações, a classe senatorial continuou à
LIBERDADES
DO
PODER
203
ção pouco mais do que consultiva nas instituições cívicas.
ter fun real migrara dessas poder o que “ignorar preferiam ores d na se os seum regime imperial... O , respeito da classe para a es çõ ui instit e”. o realidad natorial a si mesma dependia dessa negaçã da
Augusto preservou à dignidade do Senado mas roubou sua
dade. E, independência, deixando-o com a aparência de autori ivilegiaeu mais importante para Os senadores, ele fortalec sua pr da posição de classe. De fato, em seu governo ficaram ainda mais
ticos, apesar sua ganância social que os do um lugar
de o imperador de vez em quando precisar conter para que os parasitas não destruíssem o organismo cevava. Ao mesmo tempo, O Senado continuou sende prestígio para se vadiar, debater e exercitar res-
ponsabilidades consultivas.
A questão que se deve ter em mente é que os senadores pare-
ciam tranquilos com essa perda de poder e com a perda de suas sagradas instituições e tradições republicanas. Nenhuma furiosa conspiração no Senado ou em quaisquer outros círculos ricos tramava para eliminar o usurpador.
As antigas liberdades da República encolheram, e a Roma dos imperadores mergulhou numa ditadura militar. Durante a Repú-
rp as e blica, satirNiistas e mímicos prontamente lanç avam suas farp . Cícero esperava seus libelos contra as figuras políticas de proa r a partir das peças medir a reação popular ao assassinato de Césa
cos e satinistas não mími to, etan entr rio, Impé No * cos. dos mími
r, alvejando os rado impe do lado do ficar o senã lha esco tinham -saetópip cos trio-s tand imi limi OU , corte na raça desg em m que cafa e s. melindroso viais e evitando os politicamente mais
O debate
eúdo e, como nt co em l ia ic rf pe su is ma u co fi o ic públ
estilo. Na atmosfera reo m co do pa cu eo pr is ma Õo Ed sR de com retórica eram treinaes de nt da tu , es al ri pe o im od rí pe d : e pr ssiva do i
-
204
O
ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
dos para fazer discursos sem risco político mas eriçados de locu. ções floreadas e expressões melodramáticas. Tácito — que tinha idade suficiente para lembrar do mais refinado nível do debate na República Tardia — lamentava-se: “Que falta de qualidade! E que conteúdo inacreditável! O assunto é totalmente fora da realidade...”*” Era o triunfo do estilo sobre a substância, ditado pelas circunstâncias políticas. À perda da liberdade popular também levou à supressão sistemática das associações operárias e de outras organizações populares. Veja-se a reveladora correspondência, do começo do
século II d.€., entre Trajano e Plínio, o Jovem, que servia como
governador da Bitínia. Tendo testemunhado um incêndio que destruíra muitas casas particulares e dois edifícios públicos, Plínio pediu permissão para organizar uma brigada de incêndio limita-
da a 150 membros, todos bombeiros genuínos, assegurava ele ao imperador. Acrescentou também que “os privilégios concedidos não serão abusados; não será difícil manter sob observação esse pequeno número de pessoas”. Mas Trajano não quis saber: “De-
vemos lembrar que organizações como essa têm sido responsáveis por distúrbios políticos em sua província, particularmente nas cidades. Se as pessoas se reúnem em torno de um objetivo comum, seja qual for o nome que se dê, e sejam quais forem as razões,
isso logo se transformará num clube político.” Trajano sugeriu que o equipamento de combate a incêndios fosse oferecido a proprietários, e que se poderia providenciar ajuda ad hoc recrutando entre as multidões que se juntavam durante os incêndios.* O
imperador estava claramente menos preocupado em comba ter
incêndios residenciais do que em prevenir incêndios políticos.
E o com
omem só
i o reinado de Augusto, a oposiç: ão ao governo de um
desapareceu no Senado, e nos 400 anos que se segui-
AS
LIBERDADES
DO
PODER
205
séria de restaurar iva tat ten er qu al qu m ra ze fi não res ado sen os fá jeito que República Este ou aquele imperador podia agir de um tar jos enraivecia, mas O remédio que adotavam era se| mpre ten perador, em vez de se arriscarem a enim o tr ou m o co -l tá an pl su
acia ou o cr mo de a que s sse ere int s seu a r la pu po o afi des frentaro spicon que res ado sen Os ar. ent res rep em ss de pu ra adu dit da im
foram inspirados pela o an ci mi Do e ro Ne la, ígu Cal tra con raram
ade repuerd lib à o çã ca di de a pel e qu do is ma , ção autopreserva oridade desblicana. Atacaram a pessoa do déspota, jamais a aut pótica do cargo.” o, Em suma, quando seus interesses de classe estavam em jog adura os senadores não tinham dificuldade para escolher a dit ular política, rejeitando os traços mais anêmicos de governo pop vam em e de reforma econômica igualitária. Raramente hesita desviar-se de sua própria constituição quando a conveniência repeassim o ditava. Nos últimos 80 anos da República, invocaram tidamente o senatus consultum ultimum, suspendendo todas as
sua era m mu co Tão at. d'ét son rai por ais ion tuc sti con garantias smo tendência a recorrer ao absolutismo de um homem só — me
m — que Apiano cerimu ult tum sul con s art sen do es ant es açõ ger Comentando ta vez mostrou-se surpreso quando não O fizeram. escreve: “Espantasua luta contra Caio Graco em 122-121, ele
um ditaar me no em o sad pen am nh te uer seq me que eles nem e encontrado ent alm ger em ter o tip se des ses cri em de sar ape dor, revelou úul| | a seus a salvação no poder absoluto, recurso que se
de designar um ditador, os vez em vimos, Como "40 . res sso ece ant assassinando Caio na ica ubl rep e tud vir sua am var ser Optimates pre e seus seguidores. de César is po de s lo cu sé or ct Vi o li ré Au r po ta A sido fei ócio e ao mesmo do se vacta “ja a rez nob à : ada ord rec merece ser
uso e ampliao cuj a, uez riq sua der per de do me tempo tremia de
206
O
DE
ASSASSINATO
JÚLIO
CÉSAR
ção lhes era mais importante do que a vida eterna” *! Na ho d mais imp Bilei: tinham propriedades vastas suas dificuldade, a para eles do q que o p poder estatal — desde que o poder Estatal estivesse nas mãos de alguém que protegesse suas vastas pr priedades. de? lh
k
x»
.
Fa
1 Pão e circo
A ralé uivou e bateu palmas com suas mãos rachadas e atirou para o alto seus suados barretes de dormir e emitiu uma dose de insuportável mau hálito, porque César recusou a coroa. — Júótio César, ATO I, CENA 2
antiga proma Ro na sse cla de iça ust inj vê e qu o crític ntismo” pelos vavelmente será acusa do de “prese por anacronicaciceronianos de hoje, ou seja, de im Mas se mero. ad ss pa do e ad ied soc a um a e hoj de s ore mente val dade do passado, ie oc 5 uma de to tex con no ar tic cri gulharmos sem que ela ela se via, adotaremos a s ilusões vendo-a apenas como iadores clássicos moor st hi do an qu m, si As ! a. sm me si tinha sobre Roma de “demagogos de res ula pop s ere líd os m la tu ro nos der histórico objenvo, o ent gam jul um do tin emi ão est ambiciosos”, não
opagada por copr ão zaç eri act car à ar, tic cri sem mas aceitando, mesma forma, quando Da . ero Cíc mo co te eli de as ist mentar efício de seus disben em ava ern gov ma Ro que de ão acatam a noç sões de qualilu as ar, tic cri sem , ndo ita ace tantes súditos, estão que o passado ge exi em qu , umo res Em . sta quer sistema imperiali
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O ASSASSINATO
DE
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PÃO
CÉSAR
seja interpretado “exclusivamente em seus próprios termos” admitindo-se que tal coisa seja possível — geralmente Sousa que isso quase sempre significa vê-lo com os olhos de sua clase predominante, a classe que praticamente monopolizou o comen tário registrado daquela época. No caso da Repú blica Tardia, iss significa os oligarcas ricos. o Essa “regra de imersão contextual”, se posso cham á-la assim é regularmente violada por seus proponentes quando isso a;
vém a suas inclinações ideológicas. Portanto, muitos historiado-
res fazem pouco esforço para mergulhar no contexto opressivo
que incitou a agitação popular, pouco esforço para ver a luta do proletariado como o proletariado a via. Em relação a Roma, raramente se pergunta quais eram as necessidades humanas que le-
vavam as plebes à luta; quais eram as reais condições de miséria e exploração que elas enfrentavam; se os distúrbios popu lares eram simplesmente uma forma irracional de criação de encrenca pelos estratos mais baixos, como alegavam os líderes opti mates, ou se era uma reação lúcida a condições severamente injustas. Os cavalheiros historiadores dificilmente pensam bem da gente
comum — 1sso quando se dão ao trabalho de pensar nela de alguma forma. Cícero era parte de uma tradição já est abelecida quando descreveu repetidamente a Plebs urbana com o a “sujeira
e o fedor da cidade” (sor, / . e ade” cid da “es a cór ia ), fae : ecipurbi is faeces), os ja“indis ( ex urbbt. linsadoets e cem inferiores”, “ralé faminta e despre Pp zível”. ( (Reconhece que os pleheus estãoÉ nomorrendo de fome,
mas acha que é por culpa deles.) E sempre que o povo se mobili-
zava contra injustiças de cla cd a SS€, tornava-se, aos olhos de Cícero, a mais odiosa das criaturas, o “populacho” 2 Bem antes de Cícero, ; Políbio afirmava que “as massas são
sempre instáveis, impregnadas de desejos ilegais, raiva irracional J
E
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CIRCO
xões violentas”.* Um século antes da República Tardia, m que “agitava os nuhome um como César evia descr rco Pluta merosos elementos doentios e corruptos da comunidade, buscane pai
do sua lealdade”* Ascônio se referia aos seguidores de Clódio
como “uma grande multidão de escravos e turbas”, uma “multi-
dão ignorante”. Posteriormente, Apiano escreveu sobre “os po-
bres e exaltados”, € via César como “introdutor de leis destinadas
a obter os favores do populacho”. Os diversos classicistas que seguem a indicação de Cícero não são melhores que isso. Yavetz registra que os historiadores do século XIX aviltam o apetite insaciável da “ralé romana”. Cita Pohlmann: “A idéia comunista de compartilhar víveres [se tor-
nou] uma segunda natureza para esses proletários.”” Escritores de hoje se referem ao “populacho”, “à ociosa ralé da cidade”, às
“massas emotivas” que “não passavam de instrumento de poder”, ao “estúpido... egoísta e imprestável poviléu”, à “multidão parasita da metrópole”, aos “elementos imprestáveis”. Scullard desdenha da “inconstante” e “ociosa ralé urbana”,
como se essa ociosidade fosse de sua exclusiva escolha. Enquan-
to isso, Os parasitas ociosos € aristocráticos — que viviam em
opulência obscena à custa do trabalho dos escravos € das plebes
uma — não recebem dele nem da maioria dos outros escritores
única palavra de recriminação Mommsen se refere ao popuE lacho preguiçoso e faminto”; para ele, as assembléias do povo eram EE
inteli Ea ja seLy perdia iai nas a is aa inte oa : especiais, “paixões agitadas por
urbano” era “extreo proletariad terrível “pese » . e” nt me ta comple estúpido, por vezes velhaes vez por .. o. ad iz al or sm de mamente co," E Christian Meier, concordando com os nobres romanos que
ja dos porões su ua ág a mo co s na ba ur as ss ma às se referiam e artesãos de i dade”, denunciaia “ 98 op erários ) comerciantes Eú
da ci
s
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JÚLIO
CÉSAR
Roma” por quererem atingir um nível de participação
“muito além de sua capacidade”, Avaliações negativas dos proletarii romanos encontram am. pla aceitação, a ponto de influenciar até mesmo escritores dissidentes de mentalidade igualitária como Karl Marx, Ele descreve
os camponeses destituídos da República Tardia que se reuniam em Roma como “uma multidão de imprestáveis”.2 Em tempos mais recentes, o jornalista radical e historiador clássico IL. F Stone
caracteriza as plebes romanas como “ralé”, comparando-as des.
favoravelmente com os “cidadãos” de Atenas. E o liberal Lewis Mumford se refere ao “poviléu parasita” de Roma.!4
Juvenal escreve desdenhosamente sobre “a multidão de Remo” é sua preocupação com “panem et circenses” (pão e circo), frase que repercutiu através dos séculos, acrescentando à imagem do proletariado de Roma a característica de massa inepta, volátil, vicia-
da em sessões infindáveis de comilança e divertimento gratuito.! Scullard anuncia que “a multidão urbana era irresponsável de-
mais para exercer poder político: em vez disso, o que queria era
panem et circenses”Jº E Mumford só vê parasitismo na “doação
dupla de pão e circo”. Historiadores têm-se mostrado sempre atentos à influência
corruptora que a assistência do Estado pode ter sobre os pobres.
dalústio fala do “populacho desmoralizado pela generosidade € pela distribuição pública de milho”. Obrigados à ociosidade, 05 plebeus “se contaminam de princípios viciosos” e precisam “ser
contidos para não perturbar o governo”,I8 Apiano nos diz que à ração de milho atraía “os pobres ociosos e os elementos agitado-
res da população italiana da capital” stam, desfavoratra con Que » “ velmente, com “os que possuem pr opriedade e bom senso”.*
PÃO
E
CIRCO
211
séculos depois de Salústio e Apiano, John Dickinson demonsra que quase nada mudou. Ele dá vazão a seu descontentamen-
to com a política de bem-estar social romana, denunciando César por apelar para “a cupidez e os interesses egoístas dos que querem ser mantidos à custa do Estado” e por encorajar “os eleitores
aagirem segundo os motivos mais baixos da natureza humana”? Dickinson não explica por que os plebeus empobrecidos — muitos dos quais oriundos da escravidão ou de famílias destituídas
por aristocratas ladrões de terras — manifestavam os “mais baixos motivos” ao lutarem por preços subsidiados de pão, reforma
agrária, empregos públicos, alívio de dívidas e controle de alu-
guéis. Também não recrimina a nobreza por seus “baixos motivos”, sua espoliação egoísta das classes mais pobres e do tesouro público. Numa veia similar, Scullard escreve que a lei de Clódio para transformar a distribuição subsidiada de grãos numa doação completamente livre “apressou a desmoralização do povo”. Já o fim da distribuição de grãos determinado por Sula é chamado de “reforma”, e não merece qualquer comentário crítico pelas dificuldades que deve ter infligido aos pobres.” Diferentemente da imagem propagada por historiadores de ontem e de hoje, os beneficiários das doações não viviam como
— na realidade uma magra raparasitas, do “pão” que recebiam ção de trigo ou milho usada para fazer pão e sopa. O homem (e a mulher) não vive só de pão, nem mesmo no nível psicológico mais simples. Os plebeus precisavam de dinheiro para o aluguel, para
A a roupa, para o óleo de cozinha e para guias necessidades
e mal maioria precisava arranjar trabalho, por mais irregular esremunerado que fosse. À doação de pão era um suplemento nec
e inanição, mas nunca chea nci ivê rev sob re ent nça ere dif a sário, ,
ém ficar à toa. gu al a e iss mit per que to ple com to ten sus o ser a gou
212
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Seja como for, pode-se indagar por que tantos estudiosos jul. gam o povo romano venal e degradado pelo simples fato de ey;. gir pão acessível a todos e de desejar ter o suficiente para alimentar
a si próprio e a seus filhos.”
Alan Cameron é um dos poucos escritores, juntamente com Ste, Croix, que discordam da imagem histórica e algo histérica dos plebeus exploradores: “Essa notória multidão ociosa de vagabundos sugando o Estado é nada mais do que invenção precon-
ceituosa das classes médias, antigas e modernas.” O que é verdade sobre o pão também se aplica ao circo. Observa Cameron: “Não era culpa do povo que a diversão pública, sendo na origem feste-
jos religiosos, fosse de graça”.* A qualquer momento, quase
metade da população adulta livre de Roma poderia ser acomodada em seus circos, arenas e teatros, calcula Lewis Mumford. Mesmo numa cidade de província como Pompéia, o anfiteatro comportava 20 mil, provavelmente mais da metade dos habitantes adultos. Mumford parece achar que o comparecimento ao
anfiteatro se tornara a principal ocupação do proletariado. Cedendo à tentação das banalidades psicológicas, ele quer que acreditemos que os plebeus procuravam fugir do seu “autodesprezo”
e do seu “desejo de morte” cultivando “um violento desejo de impor aos outros uma morte humilhante” na arena romana.” Não há como negar que os jogos e corridas ajudavam os po-
bres a esquecer momentaneamente suas aflições, funcionando como distrações populares, não muito diferentes dos esportes de massa de hoje. Os imperadores pareciam se dar conta da função 0 de controle social desempenhada pelos es
qual os mantinham a qualquer pr
DR
ES ORR
Alguns escritores se esquecem de que não eram os pobres que
satisfaziam os instintos mais vis criando e financiando a terrível
E
213
CIRCO
nfiteatros nem eram eles os únicos frequenta amificina dos a reve que ocirco era o prio ncipal esporte de ricos € s € e n row doré s. Pe nte, porção mais alta de nobres ede pobres.
% Provavelme
uma pro
s na primeira fila o d a t n , e s a s o v g a o t j s n o e u q e e cavaleiros ricos fr o, informa Juvenal, “os r t a e t i f . n a r o o N h l e m r m a e i v de onde pod .” ” s a d a r i e h n i s d e n s e s a s l do para as c melhores lugares eram reserva s do anfiteatro e r o d e r s r e o d c n a r g a s e O t u n q Mumford come
oa b a m u e i u u q l c n o c ? o . se s o s i i r D ó t i eram usados como vom sos r u m c a e r h n i e t , u a q d i v e s m d a e o b s éia ra de pes
e parte da plat em O vômir i z s u o d s n o i r e u s d o r t o n g e m m i e para se entupir de al ”. t n a m o t v n ut u , d t e n a t d n e u us m o to, em repetidas sessões de “v dos jogos.? E o ar st go a ti mi ad o st gu Au r do ra pe im o O própri utas ensp di as e nt me sa lo ze ia id es pr o ri bé Ti filho do imperador m a co .. o. ad er od im er az pr m “u do an tr tre gladiadores, demons a importânuc po de ns me ho em ss fo os rt mo os matança, embora giavam ti es pr e m ia ov om pr só o nã os id sc na cia”9º Os ricos e bem ocasionalmenam av ip ic rt pa es del ém mb ta s ma osjogos de arena des na equitada li bi ha s sua m ia ib ex ia íc tr pa se as te. Filhos da cl cavaleiros ns gu Al as. big de as id rr co ção. Jovens pares disputavam iram em comib ex se e nt me ia ar nt lu vo r to eo filho de um ex-pre senador Um r. sa Cé r po o id uz od pr lo cu tá bate num grande espe quando a éi id de u do mu s ma s, ma queria lutar com todas as ar es 31 desagrado. seu César manifestou de sanuma turba sedenta que do mais nada Mostrados como avam E que
vezes critic as it mu e ad id al re na gue, os plebeus
viam
do teatro o çã ra gu au in da as ena. Às cerimôni ar de s lo cu tá pe s e te es an s ef no el de o up gr m u
a entre lh ta ba a um m ra uí cl de Pompeu in não saiu como planejado. to en ev (O e « ; galas.
homens O
é de aza : podia tolerar. ão id lt mu a e qu do is ma foi de elefantes obrigada a cair de joelhos por um dos
dos s armado
E ras gigantes, U Epa das criat «ese de UM lado para outro, destruindo escudos dos mísseis, arrastot” =
u
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O
ASSASSINATO
atacantes e atirando-os para cima.
DE
JÚLIO
Outra,
PÃO
CÉSAR
atingida profundamente
nos olhos por uma azagaia, caiu morta com um tombo aterrador.
Os elefantes gemiam terrivelmente quando os atacantes se aproxi-
mavam. Alguns se recusaram a lutar, pisoteando freneticamente,
com as trombas para o alto, como se fizessem queixas aos deuses, Em desespero, os quadrúpedes acuados tentaram passar pela pali-
çada de ferro que os encurralava. Quando perderam a esperança
de escapar, voltaram-se para os espectadores, como se pedissem ajuda com gestos de súplica de partir o coração, lamentando a sorte com uma espécie de queixume. Seus guinchos lamentosos levaram às lágrimas a multidão, que se levantou para amaldiçoar
Pompeu. A platéia foi tomada da sensação de que esses grandes mamíferos tinham algo em comum com a humanidade. Outro exemplo será mais que suficiente. Em 46, para comemorar seu triunfo na Gália e o terceiro mandato de cônsul, César produziu uma série de espetáculos. Leões foram caçados e mortos no Circo. Uma batalha naval foi encenada num trecho escavado do Campo de Marte, inundado: para a ocasião. E em um grande final, dois exércitos formados respectivamente de cativos de guerra e criminosos condenados — cada lado com centenas de soldados de infantaria, cavalaria e um grupo de elefantes — combateram até a morte. Mas a plebe ficou mais angustiada do que encantada com o sangrento espetáculo. Como registra Dion,
ela criticou César pelo grande número de trucidados, acusando-
o de “não ter ficado saciado com a matança e de exibir aos ple-
beus os símbolos de suas próprias misérias”. Além disso, houve uma grita porque César coletou a maioria dos fundos injustamen-
te, dilapidando-os de forma tão irresponsável.3
Quem na realidade compunha o proletariado romano, essa “multidão sem coração” que chorava por elefantes atormentados € às
vezês
E
CIRCO
215
na arena? ro hei din de e ue ng sa de o açã sip dis à a av nt lame e
iosa” se orranizava em clubes p políga “turba ociosa que dores, e era dada a reuniões no
Quem era essa de trabalha s õe aç ci so as e ticos e revoltas de rua? s õe aç st fe Fórum, mani Inglaterra e na na X XI e I II XV s lo cu sé s do o” ch o “popula ses superiores daquela as cl s da s ro mb me r po ito r sc de é França e quETos os ad en nd co , os ig nd me de es época como aglomeraçõ
idões relt mu as e qu m la ve re s ro st gi re s Ma detritos da pobreza. € ous ro ei dr pe , is ra ru s re do ha al ab tr de beldes eram compostas rciantes de me co as, ist loj m co te en am nt ju , os tros tipos de artesã sticos, mineimé do os ad eg pr em , es or ad eg rr ca s, ro ei vinho, cozinh guns tempoal a, fix ia nc dê si re m co s do to e as qu ros e operários, nham ti ou os nd bu ga va am er os uc po s, do rariamente desemprega ficha criminal:
condenados à , 71 18 em s ri Pa de na mu Co Os rebeldes da cars em am ti is ns co , os ri ná io ac re s ai un ib tr morte ou à prisão por a i s, relojoaaeiros, encadernadores, professores, p pinteiros, latoeiro os, rin lapidás , es or id tt cur , tes aia alf , ros hei ral ser , tores de parede e p rofissi os eir tur i t tin , s o r os, eir pad os, elr tur cos s, pedreiros, sapateiro se identificavam os tr Ou s. õe aç up oc as tr ou s sa nais de numero homens de te; , as ix ca , es or ad nt co , na ci di me de como estudantes de dos dfações ta me de a rc Ce s. ia ár im pr tras e diretores de escolas execuções cos na u ce re pa sa de is Par e operários qualificados de ni
leti
árias de 1871.º
o velho rd
had
E avPo e = st
1
s, abruei áv st in s e r a l u p o p s õe das multid r
prep ep:arado po foi pr , as or id ru st de ponsavelmente raO inglês em 1869 pa o id uz ad tr e, ul Fo emseu La
imposto a gee so es pr im re ro liv dão]. , ão) d [A multid Bon ter Le de r sa pe “A s. ano 130 de s mai por s ma a Con onard ativamente tranquilo século XIX”, observa Le aito ; ser no
216
O ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
fazendo uma apaixonada crítica da Revolução Francesa horas antes de enfrentar a guilhotina."* Contestando Le Bon, George
Rudé mostra que as “ações do populacho” do século XVIII não
eram atos irracionais e irresponsáveis, mas formas de Protesto
social contra aluguéis escorchantes, altos preços de alimentos e impostos massacrantes. Os motins costumavam ser ações coordenadas, voltadas contra determinados funcionários, comer.
ciantes, armazéns, proprietários e outros indivíduos e lugares culpados, dependendo do caso. As agitações não eram motivadas apenas pela fome, mas pela necessidade de salários decentes, de segurança, e pelo direito de discordar e organizar sindicatos. Rudé conclui que os agitadores não eram o rebotalho criminoso “imaginado pelos historiadores que se baseiam em relatos preconceituosos de observadores contemporâneos”. | Assim também na Roma antiga. Enquanto Cícero caracterizava os ativistas da plebe como “exilados, escravos, malucos”, fugitivos, criminosos, e “assassinos saídos da cadeia”, na realidade eles eram pedreiros, carpinteiros, lojistas, escribas, vidraceiros, açougueiros, ferreiros, trabalhadores em cobre, padeiros, tintureiros, fabricantes de cordas, tecelões, assentadores, curtidores, vendedores de ferro-velho, carroceiros, estivadores, carregadores e outros diaristas — o proletariado trabalhador de Roma.* Esse proletariado era bem capaz de julgamento crítico. Por
exemplo, em julho de 45, como registra Cícero, o povo se mos-
trou descontente com as pretensões monárquicas de César, dei-
xando de aplaudir sua estátua, que era levada com as estátuas dos deuses numa procissão. As pessoas tinham memária histórica suficiente e suficiente consciência de seus direitos para acalenta r um profundo desdém por qualquer um que pretendesse ser rel. Seu silêncio de desaprovação agradou a Cícero, que escreveu um raro comentário positivo sobre a pleds urbana: “A multidão se com-
PÃO
E
217
CIRCO
."? Nessa ocasião, pelo menos, não se nte ame did len esp tou 0 dão”. ti ul “m de s ma , lé ra da atava de féti s ou filhos de vo ra sc -e ex am a er m o s R io de ár et ol pr os Muit
.ecravos. À maioria era quase tão pobre quanto Os escravos. Às
se a ter interesaav in , cl os in e av cr es de do va la ha ao al ab s tr ze ve
es sicas. Em parses comuns com à população servil em questõ bá am-se com escravos tes da Sicília, trabalhadores rurais livres juntav
ções.” s ta io an ár pl de et ri s op de pr an gr ra m 05 nt re co la be re se ra pa Um incidente narrado por Tácito tem a eloguência de nu-
sasmerosos volumes. No ano 61 d.C., o prefeito da cidade foi as sinado em seu quarto de dormir por um ou mais escravos de sua ipropriedade. Pelo costume antigo, quando o senhor era assass unado por um escravo, todos os servii da casa tinham de ser exec s, tados. Nesse caso significava o extermínio de cerca de 400 pessoa
incluindo mulheres e crianças. A possibilidade dessa execução em massa causou uma grita pública, obrigando o Senado a promo-
pais senaver um debate formal sobre a questão. Um dos princi tando que dores falou longamente em defesa da execução, susten esse desvio o interesse dos donos de escravos exigia que não houv sultado. Se os 400 re e o ss fo e ro qu ve se is ma r , po ga ti a an ic át pr da seguro! P — afestará nós de quem executados, forem não servos senador foi ao plenáum nh ne s ma , tos tes pro e uv Ho . gumentou
são.” tio denunciar a medida, aprovada sem mais discus
pn a ou voc pro o, ant ret ent sa, mas Essa execução em arma a Gs do na Se do nte fre na niu reu S€ que testos da plebe, abrirem camin o pas tro ar nd ma de e tev o Ner . has toc pedras e
aos maniero Fef se ca , nte lme ura para os condenados. Nat faz Espe acia : Sr não mas ”; cho ula pop “o mo co tes tan fes
que pisdondads es dor cha lin de ão tid lidade de mul
o assassinato em da ram ova apr qu os re ent do na Se
a
o
pro-
ifestantes Inman os pel so res exp al MOL fundo senso de revolta
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DE
JÚLIO
PÃO
CÉSAR
dicava uma ligação de simpatia entre escravos empobrecidos e
plebe empobrecida.
Por boas razões, escreve Plutarco, Catão temia a agitação dos cj. dadãos mais pobres, pois “eram sempre os primeiros a acender a chama no meio do povo”. A plebe romana desempenhou um criativo papel democrático ao oferecer apoio vital aos vários populares, entre eles um líder excepcional como César, capaz de conquistar seu apoio não porque estivessem hipnotizados por seus estratagemas “demagógicos”, mas porque defendiam vigorosamente suas políticas reformistas. Às escassas provas de que dispomos do ativismo do proletariado, fornecidas por Plutarco e alguns outros, é praticamente ignorada por historiadores clássicos de hoje. Escreve Plutarco sobre a reforma agrária de Tibério Graco: “Foi o povo acima de tudo que atiçou a energia e a ambição de Tibério ao inscrever slogans e apelos em pórticos, monumentos e nas paredes das casas, exortando-o a recuperar as terras públicas para os pobres.” Recordese também como o povo voltou sua ira contra o assassino de
Tibério, Nasica, obrigando-o a fugir de Roma.º E Caio Graco, que deixou sua casa no elegante Monte Pala-
tinado para viver entre os pobres perto do Fórum, foi eleito tribuno pela segunda vez “apesar de não ser candidato nem buscar votos para o cargo; mas O povo queria vê-lo como tribuno”. Depois que apresentou sua lei reformadora, “uma grande multidão começou a formar-se em Roma, proveniente de todas as partes da Itália,
para apoiá-lo”. Caio conquistou “a devoção completa do povo,
que estava preparado para qualquer coisa a fim de mostrar sua boa vontade”.* Depois que os gracos foram assassinados, o reconhecimento público de sua existência foi oficialmente proibido. Os oligarcas
E
219
CIRCO
ra memória histórica coletiva. Ainda assim, ca . Plutarco retendiam expurga u a render homenagem aos irmãos ão continuo
q populaç movente: o c a n e c a m u pinta
desa cau da o aps col o pel o ad lh mi hu e do ua ac foi O povo ava profunnt me la que ou tr ns mo de o log s ma , mocrática sua falta. Estátuas a tia sen e cos gra dos a rd pe a e nt dame bem visível da cidos irmãos foram colocadas numa parte ram declarados safo am ar mb to s ele de on s are lug os dade,
oferecidos grados, e os primeiros frutos da estação ali eram até faziam oferenos it Mu . ano o o tod e nt ra du e nt me al ritu
estátuas como das aos gracos todos os dias, € cultuavam suas
a s dos deuses. rio tuá san os m sse ita vis se
45
enfeitava seu túbe ple a na, ili Cat de e rt mo da is po de os An
s depdepositan: os, grac dos O e com ent orm eri ant ra fize o mo mulo “co
jamais Oofereceu tributos do flores e guirlandas”. ” 46 Nora bene, o povo o, Bruto, CásMilã lo, Catu , Sula o, Catã ro, Cíce de a óri em mem senatorial. or rvad e ns co o ad ac st de o tr ou er sio ou qualqu o reado an qu , os ac Gr s do is po de os an 30 de . mais Em 88 a.CCs
re Roma violando o sob to rci exé seu m co u ho rc ma a Sul cionário tares = = am
E o es ad id un a ibi pro e qu al on ci À E sagrado preceito constitu pd udou as tropas sa be ple à , ade cid da s ite lim dos dentro »
”
a
e = a am ar eg ch s ela e qu as gens de mísseis tão intens pôs ôs q que o povo pedi ] tulo prorop
-
67, quando o optimate Ca
lidar A ed Ea ra pa s se me s sei r po r do ta di um cação de Ea de do ia od me no 0 u io va de emergência, à multidão Fopssan ro ce Cí 49, de o ir re ve fe em véspera da guerra civil, popubrias
]
Ê
s, notando que te ma ti op s do a us ca da perspectivas
E anseiam pé
o
e ano do la o tr ou o m co . .. am iz at mp si e mais baixa revolução”.*
s, Poucos anos depois, Os proletário
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guardando ainda suficiente lembrança histórica de Sula como campeão sanguinário da aristocracia, derrubou sua estát ua iu .
tamente com a de Pompeu.”
Mm
No começo da carreira, quando fez a oração fúnebre no Fó.
rum em memória de sua tia Júlia, César ousou louvar o falecido
popularis Mário, assunto tabu desde os tempos da ditadura de Sula, Quando algumas pessoas começaram a protestar, “o Povo respondeu com altos berros e salvas de palmas, expressando a sua apra-
dável surpresa e satisfação por ele ter trazido de volta do túmulo
aquelas honras a Mário, que há tanto tempo tinham desapareci do da cidade”.*
Em 70 e novamente em 67, 66 e 64, tribunos radicais lotavam as assembléias e faziam manifestações e campanhas eleitorais
mobilizando os collegia, associações de libertos, escravos e home ns livres pobres. Essas ações de massa levaram o Senado a baixar um decreto dissolvendo todos os collegia, exceto os mais inócuos, tirando do movimento popular suas organizações mais vitais.” O apoio popular amparou César em mais de uma ocasião. Em 62 a.C., enquanto servia como pretor, ele e Cecílio Metelo, tribuno do povo, foram suspensos do cargo por decr eto senatorial pelo crime de proporem o que Suetônio chama de “leis infla-
matórias” que “César teimosamente defendera” na tribuna do
Senado. Ameaçado, César foi para casa às pressas, decidind o vi-
Ng r ea em retiro, escreve Suetônio, porque “a época não lhe oferecia alternativa. lação fez uma marcha Ea Ee de mo à casa de s César, A oferecendo-se sediciosamente para Feco nduzi-lo ao seu lugar; mas ele
conteve o seu ardor”. O Senado ficou tão ad mirado de Rá atitude inesperadamente correta” que q cobriu ng de elogios e lhe devolveu seu pretorado.” Fica-se imaginando que a restauração foi
determinada, pelo menos em parte, pelo desejo de conter à agita -
E
CIRCO
221
ção popular. Da mesma forma, tentativas pusAnars feitas por
César para aliviar as dívidas não foram inteiramente de sua pró-
icas que pria iniciativa, mas impulsionadas por forças democrát as dos credoênci exig das ento elam canc pelo êxito sem ram futa
res aos pobres. Mais de uma vez os romanos comuns controlaram César. do Certa ocasião, quando ele estava sentado na cadeira dourada púlpito para assistir a uma cerimônia pública, Antônio entrou no Fórum e se aproximou levando um diadema enfeitado com um laurel. Houve um leve e difuso aplauso, informa Plutarco, “oriundo dos poucos que ali tinham sido postos para esse fim; mas quando César recusou o diadema o aplauso foi geral” Parece haver pouca dúvida de que sua relutância foi fortalecida pelo sentimento popular contra a monarquia. À era dos reis (753-509 a.C.)
tinha sido uma época de especial autocracia e repressão para à
gente comum, o suficiente para marcar sua memória histórica,
tornando-a intolerante com pretendentes a rei, mais de quatrocentos anos depois. Em geral, o proletariado desempenhou papel crucial, mas ignorado, na luta por políticas democráticas. Os proletários mostraram que não eram nem uma multidão descerebrada nem
uma
ralé inepta; e que eram uma força politicamente consciente e
capaz de des, e de políticos casual é
manifestar preferências, de acordo com suas necessidadistinguir amigos de inimigos. O fato de seus esforços terem merecido pouco mais do que uma condenação apenas mais um reflexo das inclinações de classe com-
partilhadas por historiadores antigos e modernos.
conceitos Lorde Acton se refere “às convicções, aos €rros, aos pre
e influene às paixões que dominam as massas da humanidade
O povoéa grande . ida hec con é gem ima A ”. ntes a ern gov ciam seus
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besta, irracional e inclinada ao erro, que “influencia” governantes
conduzindo-os à desgraça.” Raramente se reconhecem as fitime.
rosas ocasiões em que governantes conduziram o povo à des graça, as épocas em que o sentimento popular tentou conter os pote ntados e desviá-los de um caminho errado. Também minimizadas são as vezes em que o povo buscou melhorias sociais e políticas mais
equânimes e democráticas, e enfrentou implacável oposição das pessoas situadas no vértice da pirâmide social. Repetindo, dizem-nos que devemos evitar impor valores atuais a experiências passadas e que precisamos mergulhar no contexto histórico em estudo. Mas poucos historiadores mergulham na experiência dura e hostil do proletariado romano. Quando muito, vêem os pobres — especialmente os pobres revoltados
— pelo prisma de suas preferências de classe, as mesmas preferências dos historiadores antigos de Políbio a Cícero, de Tácito a Veleio. No registro unilateral que se chama história, é prática antiga maldizer a agitação popular como obra da gentalha e de demagogos. Tanto quanto podem ver os cavalheiros historiadores, a insurgência não é inspirada por mágoas e injustiças legítimas,
mas pelos impulsos errôneos e manipulados dos insurgentes.” A gente comum da Roma antiga teve poucas oportunidades
de deixar um registro escrito de seus pontos de vista e de suas lutas. Entre as fontes primárias existentes, há pouca informação sobre
como a pleôs urbana organizava seus collegia e o que pensava de salários, preços, impostos, guerras, política agrária e problemas de desemprego. Embora possamos fazer inferências, a história só nos oferece impressões fragmentadas de suas tribulações. Ainda assim, como tentei mostrar, o que sabemos da gente comum nos diz que ela tinha uma consciência social e um senso de justiça
mais altos do que os de seus supostos superiores.
PÃO
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daquilo que se conhece os cid tor dis e nt me ta al s ato rel Nos
nos são cas gar oli ros out e o tã Ca to, Bru , ero Cíc ia, tór his o com
e César na; ica ubl rep ade erd lib da s ore ens def mo co q resentados os para fazer E aiá tentou se opor ao seu podere aos seus privilégi usurpador. algo pelos pobres — nos é mostrado bro E o povo de Roma, as massas anônimas sobre cujos ombros esentado, ou gese levantaram os populares, quase não nos é apr infame. Os que ão id lt mu a um mo co do ra st mo é nos te ralmen
a coragem lutaram contra todas as adversidades, com o medo e , cujos dos seres humanos comuns, cujos nomes jamais saberemos
s estamos gritos de dor e de esperança nunca ouviremos — a ele : de fato ligados por um passado que nunca morreu nem feques forem passado. E assim, quando as melhores páginas da história entes, finalmente escritas, não será pelos príncipes, pelos presid mesmo pepelos primeiros-ministros, pelos comentaristas, nem
e litas fal s sua de sar Ape o. pov o pri pró o pel mas es, sor fes los pro o povo. mitações, o povo é tudo que temos. Na realidade, somos
APÊNDICE
Nota sobre citações pedantes € nomes irtantes leigo. A maioentei tornar as fontes clássicas acessíveis ao parece e ad id gú ti An da am at tr e qu s re do ia or st ria dos hi o que em si fat , eis sív ces ina s la árn to em a ad nh empe profissão. Com sua da ta tis eli € e nt da pe za re tu na a e ov talvez pr tão ina lat o açã cit de e éci esp a um am us s, iga relação a fontes ant colegas espede o up gr eto sel um só e qu a ad vi re ab severamente capaz de identificáé ca ssi clá a tur era lit em s do na ei tr cialmente “B.1.146" mo co s vei frá eci ind as nci erê ref s mo ra nt co la. Assim en reviaturas misteab sas des e av ch a , rar pio ra Pa e “De fin., V.65”. interessado go lei O e qu se ond ra gu se as a, dad riosas raramente é s em sondá-las, no me o pel OU s, iga ant tes fon nas em mergulhar
seja devidamente desencorajado. divulgar suas o nã e d o tã es qu m ze fa as Além disso, os classicist m mese n , am ic bl pu e qu s ia af fontes antigas nas copiosas bibliogr de uma is po de € s co xi lé de a ud aj a mo no original latino. Com luindo nc (i te an er ev rs pe o ig le O , ra profunda imersão na literatu z de adipa ca o nd se ar ab ac de po s) co si os historiadores não clás um Iugurll Be à ia nc rê fe re a um é ” 71 g Ju ll Be l. “Sal vinhar que como The ês gl in em el ív on sp di tá es e stio inum de Sa lú th
alústio. S e d r a W Jugurthine
228
O ASSASSINATO
DE
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CÊSA
APÊNDICE
R
Talvez o leigo até possa descobrir, como eu fi É VI, 912º é uma referência não a Plínio, o ro Ane Plin. Ny Flistoria, de Caio Segundo Plínio (maior), ou rs e à Natural E rm Mas'o que o não iniciado dthará ig, nane o ás o Eru Maia sendo Ad Quintum e ou Para te para adivinhar que ma abendo latim o suficies d e Aube pes apenas “ad ii é Epistulae ad Dm uma carta a César: ma
o
DE
MN
alguém
eo
dem mesmo uma abreviatura do do autor a é Hu nome on ir as Prnecida, temos de saber o bastante para Eidos dede e não Cícero, como poderia parecer e nua m sam grande abundância. modo abstruso de citar é usado até mesmo por especia
listas progressistas como Neal Wood e o incomparável G. E. M de Ste, «CCr leitores sa
rooi ix. » que ou qUe p parecem in 1 teressados em se comunicarem co m
ue ese Da
: fora dos círculos dos sacerdotes da Anti-
às poucas exceções a esse pedantismo é Arthur D. Kahn É 3 que em s eu The Ed Of Julius Caesar (1986) fornece uma lista das fontes rdque Uso u, tanto em inglês como em latim, além de uma expl icaç dO para as abreviaturas — o que é uma das muitas razões para s e elogiar esse livro. Aqui dou apenas os título s e m inglês das fontes anti gas, e sem abreviaturas. Como muitos clás SICOS aparecem em vári as edições, página de determinada edição , poi de localizar uma citação.
229
ua inglesa por ng lí em o ad us do to mé o i gu Se . ili Civ lo jo é De Bel e e cito a del es ant os tr ou e r po nt me el [ av ov pr e 8 j.D. Cuff em 192 civil. ra er gu A o m o c no ca Lu obra de s que ainda nos ra ob s da ão iç ed ra ei im pr a o: pl Outro exem Roma, de s ai An de lo tu tí u o be ce re 5) 90 restam de Dion Cassio (1 stenta que os su e , qu er st n Fo wi ld Ba t r e b r e H dado pelo tradutor de Dion to fa e. O ia or st hi o nã s e le na a an r v a l romanos usariam à pa dou Foster, o m o c n i o ã n e e u c q e r a p go re g em ser grego e ter escrito vel — que sí au pl im a um nh ne a rm fo de é o nã so 1s ele decidiu — e mano, era mais ro or et pr e r do na se foi e lia Itá na u ve Dion, que vi
bora os em to ui (m o eg gr e qu do da vi de do mo romano em seu os em certas époad ig rl te in o it mu em ss ve ti es da vi de s dois modo
volumes dessa s sei os o nh te € , ter Fos de ão uç ad tr à cas). Recorro
cito à s ma , me Ro of ls na An dos 05 19 de ão iç ed preciosa primeira sido o título m te e ess ue rq po na ma ro ia ór st Hi mo co obra de Dion mais usado,
inglês podem em te en lm na gi ri Até mesmo ganador dar o en ia ser m, si As o. açã cit de s ma le ob pr apresentar obras escritas O
de Gibbon, ma ri -p ra ob à a nci erê ref er faz ao me lu número do vo
lumes, ou mesvo o oit € e set s, sei s, trê de s çõe edi pois ela vem em o título mudou. so, dis ém Al . me lu vo só um mo resumidas em Roman e th of ll Fa d an e in cl De e th of Originariamente eraÀ History nos últimos 60 anos s da ca li ub s çõe edi das Empire, mas a maioria eu o faço. Os mo co , ulo tít do as vr la pa s ra suprime as três primei midas) são nu-
o algumas resu et xc (e s õe iç ed as rs ve di s da capítulos Por isso, cito O u. ro me nu os on bb Gi mo co merados exatamente ), pedindo que es or it cr es s do a ri io ma à o om (c número do capítulo Heritage
volumes da os do an us u to es e qu e nt me em a oleitor tenh páginas. s da s ro me nú os ar cit ra pa Press (1946)
desao fi sa de um r ta en es pr re m de Os nomes romanos po a o índice, ar ep pr em qu rá pa mo co r to nimador, tanto para o au
230
O ASSASSINATO
DE JÚLIO
CÉSAR
APÊNDICE
que precisam lidar com a rede tripla de prenomen, nomen cognomen. O prenomen é o nome que se recebe ao nascer, e na relativamente poucos em uso: Caio, Lúcio, Marco, Quinto, Sérvio
Tito, Tibério e outros. O nomen é o nome de família ou da gens, a geralmente termina em sus. E o cognomen é um terceiro nome adotado com a função de distinguir o indivíduo de outros homens com os mesmos prenomes e nomes de família. O cognomen peralmente era um apelido que fazia referência a uma característica física, ou a outra peculiaridade, às vezes humorística, nem sempre lisonjeira; assim, Ovídio era Naso (“nariz”), Licínio era Macer (“magro”), Túlio era Cícero (“grão-de-bico”). Com o tempo, o cognromen era levado a sério, funcionando como mais um sobrenome. Para complicar as coisas ainda mais, alguns romanos de classe alta do sexo masculino eram geralmente citados pelo nomen: assim, Caio Cássio Longino para nós é Cássio. Outros são mais conhecidos pelo cogromen, como Caio Júlio César e Marco Túlio Cícero. Só nos últimos dias da República tornou-se comum chamar alguém pelo nome de sua gens, ou pelo nomen. Assim, em vida César era conhecido como Caio César. Apesar disso, me atenho ao uso moderno mais comum, referindo-me a ele como Júlio César. Aumentando
a confusão, alguns escritores usam
o nommen €
outros o cognomen quando se referem à mesma pessoa. Em al.
guns livros, C. Licínio Macer é Licínio, e em outros Macer. Às vezes os escritores não usam todos os nomes que deviam, refe-
rindo-se, digamos, a Cornélio Lêntulo, deixando-nos a tarefa de
decidir se é Cornélio Lêntulo Crure, Cornélio Lêntulo Marcelino, Cornélio Lêntulo Nigro ou Cornélio Lêntulo Espinter, Em momentos como esse preferiríamos que todos os nomes disponíveis fossem usados regularmente.
231
um desafio, a maiosem fos não já s ano rom es nom s O Como se
ância com seu pedanson con em — | s sico clás s o s o i d u ria dos est de destaque pelo nomen mais s soa pes xar nde i e d m a t s o ismo — g ha prática de Min . ido hec con s mai o men n g o c o l e p obscuro e não mais facilidade está com eça onh rec or it le O e u q s e m escolher os no ente se enm a r a R . m u m o m c e g a d r o e m desacordo com a ab ficasar identi Cé ou o ut Br o, ac Gr , ro ce Cí o, contram Sula, Catã de um livro. Em vez ce di fn no es ar li mi fa is ma s me dos pelos no Júlio, e Bruto mo co r, sa Cé o, li Tú mo co o ad on ci la disso, Cícero é re
as de ad ac st de is ma s se ma ti op de as li mí fa como Júnio. Uma das s:sob a refema , lo te Me mo co em ec ar ap o nã s, lo Roma, os Mete minado o nã e qu es tor lei os m, si As . os li cí Ce rência mais rara de ados de pronto iv pr m ca fi s no ma ro s me no de de re el áv rema intrat acesso à informação. uso as formas com s, ido hec con mais ns age son per dos No caso . Assim, não os ad iz ar li mi fa is ma o tã es je ho de es as quais os leitor ou Marco , eu mp Po o ad am ch ga ti an ma Ro em m ué havia ning dos aqui, em vez de na io nc me s me no os são es ess s ma Antônio, na . us ni to An us rc Ma e us gn Ma us ei mp Po Gnaeus m, io si Ás r. da mu de po s no ma ro s A ortografia dos nome Calgaco é Ea ), io Ca m co do to o mp te o co (fi também é Gaio pode ser a s) eu na (C us ae Gn € o ac lg Ga algumas vezes como nei e o ti pa me no O s õe aç (ou Cneius). Nas abrevi o como . Júlio ad vi re ab re mp se é ar es Ca Logo, Gaius Julius Rn . uê rq po o te un rg pe me (de Caio). Não Caio guém. al de o in st de o r da mu m de Os nomes po ein
aviano quando Ot r sa Cé io Júl io Ca de adotou o nome dez, a lo tu pí ca no o dit á est mo co herdeiro de Júlio César. E, de Augusto, que rap a e o u de lhe nado posteriormente emos como ec nh co O nós m, si Ás . me no mente ficou sendo o Seu Pompeius se tor
o. Gnaeus st gu Au r sa Cé ou o, st gu Au imperador
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O ASSASSINATO
DE
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nou Pompeu Magno, sendo que Magno é o cognomen Promocional adotado por Pompeu seguindo o exemplo de Alexandre
Notas
Magno. A escolha de nomes também é um problema no que diz respeito aos primeiros historiadores. Ainda se discute se Caio Salústio Crispo deve ser chamado Caio Crispo Salústio. Refirome a ele simplesmente como Salústio, como o fazem os historia. dores de hoje, à exceção dos mais pedantes. No caso de Cassio Dion Coceiano temos alguém com dois cognomina e nenhum
Introdução: Tiranicídio ou Traição?
nhecida € e co s no me a ta con em ar lev e -s de po so, dis [. Além meses de vida: TheIdes of s sei s imo últ nos r sa Cé de ão uç tr ns co Fctícia
praenomen conhecido — coisa não incomum em se tratando de grego. Alguns escritores, preferindo a moda romana, o chamam
Harper & Brothers, 1948). k: Yor a ov (N er ld Wi on nt or Th de March, à peça de e s io ár nt me co dos al ger ão vis boa a 2. Para um Publishers, 1992). ne ay Tw k: Yor a ov (N sar Cae s ite Jul , as om Th Vivian reas
de Cassio Dion (nomen e cognomen). Outros, achando que em grego o nomen vem depois do cognomen, se referem a ele como
s em 41 a.C., Antônio esc no me ou s Mai 4.8 s War il Civ The 3. Apiano, o ra nove anosa i at r mo ti ín do si I a nh ti l e qu o l veu a Otávio dizend exandria; v Al em s pé os r pô r sa Cé de antes, ou seja, dois anos antes
Dion Cassio. Para aumentar a confusão, havia gregos que usavam o estilo romano para seus próprios nomes, e romanos que preferiam o estilo grego. Tanto quanto posso ver, não há argumento convincente em defesa de qualquer das duas formas. Uso Dion Cassio simplesmente porque hoje é a forma que me parece mais comum.
|
Suetônio, Augusto 69.2. Ver também Victor Elise
and the Grandeur that Was Rome (Londres;
|
eecrs
lius
Caesar
fi E
desi
dra era
CEstBO para 4. A maioria dos historiadores não usa : datas precisas a fodo vai da República Tardia. Muitos dão a impressão de que IDE cos E cad Ga Para a.C. 44 a 75 de César, de queda à de Sula
parte da Rcp considerados são II século do anos demais1
| |
e patriajarcrcaado éria dos senhores: ImpériÉn o, classe
1. História
5 e I ristory as the Story of Liberty (Londres: George Al en of Elisa) (Nova |. Benedetto Crocs, 19; R. G. Collingwood, The Idea
and Unwin, 1941),- 1? ty
York: Oxford ur
Press,
1956, originalmente 1946), xii.
á
of My Life (Londres/Nova York: Penguin
235
NOTAS
O
ia de ta o
234
ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
Ver minha History as Mystery (San Francisco: City Lights, 1999), 1 71-176,
Gibbon, Memoirs of My Life, 157 e 175. Gibbon, Memoirs of My Life, 173.
Gibbon, The Decline and Fall ofihe Roman Empire, II, 33 e III, 61.
Por exemplo, Valério Máximo, Memorable Deeds and Sayines H, 10 e 1.3.1 8. Salústio, The Conspiracy of Catiline 10.6. Sobre os próprios atos ruptos de Salústio como governador proconsular da África Nova 46 a.C., ver Dion Cassio, Roman History RLIII.9; e Cícero, Uma
1.4corem de-
claração contra Saltstio 7. Muitos acreditam que Cícero não é o verda-
deiro autor desse violento ataque.
9 Salústio, Histórias, livro 4. 10. Tácito, Agrícola XXX-XXXI. 11. Dion Cassio, Roman History XXX-XXXV. Fragmento CVII. Peter Burke nota a tendência classista de Tácito. Incapaz de escrever a palavra “cozinheiro” para descrever a única pessoa que não abandonou o imperador Vitélio em seus últimos momentos, Tácito se refere, obli-
quamente, a “um dos mais humildes” dos empregados do imperador: Burke, “People History or Total History”, em Raphael Samuel, ed., People's History and Socialist Theory (Londres: Routledge & Kegan Paul, 1981), 4-5. 12. John G. Gager, The Origins of Anti-Semitism: Attitudes Toward Judaism
in Pagan and Christian Antiquisy (Nova York e Oxford: Oxford University Press, 1983), 266. 13. Juvenal, Sátiras VIII.88-90. 14. Joseph Schumpeter, “The Sociology of Imperialism”, em Tivo Essays
by Joseph Schumpeter (Nova York: Meridian Books, 1955), 51. 15. Cynil E. Robinson, History ofthe Roman Republic (Nova York: Thomas
L Crowell, 1965), 146. 16. Ver a introdução de Willson Whitman a Edward Gibbon The Decline and Fall ofthe Roman Empire, edição condensada (Nova York: Wise & Co., 1943), ix-xi; e os próprios comentários em que Gibbon se justifica em relação à controvérsia em Memoir of My Life, 161-162.
17. '
jbbon,
uma
[8. 19.
disc
e XVI. Para XV , re pi Em n ma Ro the of l Fal d an The Decline
relacionados ao surgiussão minuciosa dos mitos históricos , "
a
“
a
“
Mystery, capítulos 2 e 3. as y or st Hi a nh mi Ver , mo is an ti is ato do cr Empire, 1, 11. n ma Ro the of l Fai d an e in tio The Decl | on(L n me Wo n ma Ro n, do são J. PV D. Bals
Ri s notáveis exceções he Silent , “T ey nl Fi 1. M. vo de si en re mp co io ques 1962); e o ensa segunda edição (Nova , ity iqu Ant of s ci pe Ás seu em ”, Women of Rome
124-136. York: Penguin Books, 1977), ”, Population ge ia rr Ma at s rl Gi n ma Ro of e Ag 20. Keith Hopkins, “The Studies, 18, 1965, 124-151. | 6. 12 412 ”, me Ro of n me a: Finley, “The Silent Wo : Women tn es av Sl d an s, ve Wi , es or Wh s, se es 22. Sarah B. Pomeroy, Godd en Books, 1975), 199-201. ck ho Sc : rk Yo a ov (N y it qu ti Classical An s, and Slaves, 201. 23. Pomeroy, Goddesses, Whores, Hive beradamente compart ER e
deli 24, Havia a pesarosa Cornélia, que
VIIL.87—10B; r Wa l vi Ci e Th , no ca Lu o: al sombrio destino com Fars era
ovar que pr ra pa u ri fe $é e nt me sa io nc le Pórcia, de Bruto, que si XII. . Ver tamus ut Br , co ar ut Í Pl : do ri ma do
digna de ser a confidente .7 e XVI 342: e 71 XV s ai An L , to ci Tá r po os bém os exemplos fornecid
Plínio, o Jovem, Cartas VL.ZA.
(Londres: Abbey Library, me Ro t en ci 25. Oito Kiefer, Sexual Life in An
1934), 52-54.
o Antônio e rc Ma de es er lh mu As . 3 26. Apiano, The Civil Wars [V32-3 mação improir af a faz o in op rc Ca . s ropriedadees Cícero tinham vastas p
romanas “des-
I d.C., as mulheres 5 lo cu sé 08 e nt vável de que, dura mparável, se não co a ci ên nd pe de in a um e e a dign idad copino, frutavam de um Wetoidas pelas feministas de hoje”: Jérôme Car
Rome (New Haven: Yale University Press, 1940,
superior, às E
Daily Life in
1968), 85.
An
a York/LonWomen and Politics in Ancient Rome (Nov
, 27. Richard Bauman 995); também Judith Halletr, Fathers and Daughters o dres: Routledge, Women and the Elite Family (Princeton, Ne É
n Society:
niversily
Press,
1984), passim. Pomeroy é um dos pou-
236
O ASSASSINATO
DE
JÚLIO
quíssimos que tratam as mulheres das classes mais baixas assim como
28. 29. 30. 31. 32.
NOTAS
CÉSAR
das matronas em seu Goddesses, Whores, Wives, and Slaves, 150-204,
Salústio, The Conspiracy of Casitine 13. Horácio, Odes Vl. Juvenal, Sátiras VI.
Robinson, History of the Roman Republic, 426.
Kiefer, Sexual Life in Ancient Rome, 7-63; e Pomeroy, Goddesses, Wahores, Wives, and Slaves, 160.
33, Valério Máximo, Memorable Deeds and Sayings, V1.3.10-12. 34. Valério Máximo, Memorable Deeds and Sayings, V1.6.2-3; Plínio , o Jovem, Cartas IV 19, IV21, VIL.5. 35. J. E VD. Balsdon, “Cicero the Man”, em T. A. Dorey (ed.), Cicero
(Nova York: Basic Books, 1965), 205.
36. Cícero, Pro Flacco, 1,5, 12 e 67. 37. Theodore Mommsen, The History of Rome, nova ediçao de Dero A. Saunders e John H. Collins (Clinton, Mass.: Meridian Books, 1958), 49 e 327. 38. Para esses e outros infelizes exemplos, ver Robinson, History of the Roman Republic, 109, 177, 183, 213, 219, 288 e 301. 39. J. F.C. Fuller, Julius Caesar: Man, Soldier and Tyrant (Nova York: Da
Capo Press, 1965), 20.
40. Carcopino, Daily Life in Ancient Rome, 102.
Carcopino, Daily Life in Ancient Rome, 23-44; Lionel Casson, Everyday
Life in Ancient Rome, ed. rev. (Baltimore/Londres: Johns Hopkins
University Press, 1998 [1975]), 37-38; Lewis Mumford, The City in
History (Nova York: Harcourt, Brace & World, 1961), 221; e Arthur D. Kahn, The Education of Julius Caesar (Nova York: Schocken Books,
1986), 405. 4, Juvenal, Sátiras [11.191-196.
5. Cícero, A Ático, XIV9 e XIVIL.2.
6. O poeta Marcial dirigiu dois epigramas aos fétidos potes de urina: Epigramas V1.93, XI1.48; ver também Thaddeus, fulits Caesar and
she Grandeur that Was Rome, 4; Carcopino, Daily Life in Ancient
Rome, 42.
Casson, Everyday Life in Ancient Rome, 19 e 25.
Juvenal, Sátiras 111.288-304; e Casson, Everyday Life in Ancient Rome, 45-46.
Casson, Everyday Life in Ancient Rome, 28.
10. Carcopino, Daily Life in Ancient Rome, 202; Mumford, The City in History, 219; Ernst Mason, Tiberius (Nova York: Ballantine Books, 1960), 29.
11. Carcopino, Daily Life in Ancient Rome, 66. 12. Mencionado por Mommsen em The History of Rome, 343. 13. Para um estudo minucioso, ver E. Badian, Publicans and Sinners: Prrvate nell Enterprise in the Service of the Roman Republic (Ithaca, N. £: Cor
University Press, 1972).
2. Escravos, proletários e senhores « Poucos historiadores calculam mais que isto. Hopkins fixa a população de escravos entre 35 e 40% da população da Itália: Keith Hopkins,
Conguerors and Slaves (Nova Yorke Camb ridge: Cambridge University Press, 1980), 9.
« Keith R. Bradley, Slavery and Rebellion in the Roman World, 140 B. E.-
70 B. €. (Bloomington e Indianápolis: Indiana University Press, 1989, 1998); Mommsen, The History of Rome, 25-30 e 93.
237
a York: W W. 14, PA. Brunt, Social Conflicts in she Roman Republic (Nov
| Norton, 1971), 68-73. y of Rome from 133 15. H. H. Scullard, From the Gracchi to Nero: À Histor 599, 1963), 182; Mumford, The a Methuen, 19195 : es dr on (L e" 68 D. B.C.to A.
City ur
3-544; Brunt, 219: Mommsen, The History of Romee, 34Tr e Decline or ph se Jo ; 34 , ic
Roman Republ Social Conflicis in the
aa 166. o G s a c i r e m A w e N Rome (Nova York: 32-35. Ancient Rome,
16. Carcopino, Daily Life im 12717, Finley, Aspects of Antiguity,
238
O
ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
18. Juvenal, Sátiras III. 137-147, 159. 19. Gibbon, The Decline and Fall ofthe Roman Empire II, 31.
20. Carcopino, Daily Life in Ancient Rome, 56. 21. K. R. Bradley, Slaves and Masters in the Roman Empire: A Study in Social Control (Nova York: Oxford, 1987 [1984]), 19. Sobre como a ideologia conservadora, especialmente o anticomunismo, tem afetado os estudos sobre a escravidão nos tempos antigos, ver M. I. Finley Anciens
239
NOTAS
XII1.77.3. 3, 1. V1 , 0.1 V.1 , .2 V9 os ig am s Set À , 3d.7, Cicero j -115. rn Ideology, 114 8. Finley Ancient Slavery and Mode
js Ammianus
6 Marcelinnus, Histórias XXVIILA4.1
47.5-8. la to ís Ep , ca ne Sê 40.
2.116-119. 1. s ra ti Sá o, ci rá Ho 41. con 75.11 42, Petrônio, Satiri
1.84. 43. Marcial, Epi]gramas
Slavery and Modern Ideology (Londres: Chatto & Windus, 1980), 61ss, 22. Casson, Everyday Life in Ancient Rome, 61. 23. Casson, Everyday Life in Ancient Rome, 64.
6, VL.71, X1.70, XI1.58. 1V.6 91, II1. , 134 11. 39, V1. mas gra Epi l, cia 44, Mar
24. Kahn, The Education of Julius Caesar, 119. 2a Bradley, Siaves and Masters in the Roman Empire, 83, 107, 111. 26. Cícero, On the Consular Provinces 10; e Finley, Ancient Slavery and Modern Ideology, 1747-178, n. 99, 27. Lúcio Anaeu Floro, Epitome of Roman History 111.20.1. 28. Gibbon, The Decline and Fall of the Roman Empire II, 31-2. EM, Ronald Syme, The Roman Revolution (Oxford «e Nova York: Oxford University Press, 1939, 1960), 446.
Epigramas IX.6. logy, 105. eo Id rn de Mo d an y er av Sl t en ci An , ley 47. Fin
30. Columela, Res Rusticac, resumido e belamente discutido em Bradley, Slaves and Masters in the Roman Empire, 21-33.
31. Bradley, Slaves and Masters in the Roman Empire, 60 e 79. 32. Sêneca, De Clementia 1.18. Sobre a crueldade fatal que um escravo podia enfrentar numa casa de família, ver o incidente relatado por Sêneca em De fra TII.40,. 33. Mason, Tiberius, 37; ver também o incidente em Tácito, Anais XIV4243, tratado com mais detalhes no Capítulo Onze, 34. Assim foi com todos os casos dados por Valério Máximo; ver seu Memorable Deeds and Sayings V1.5.5-7,
35. Em alguns casos, escravos fugidos e criminosos eram punidos num estabelecimento especialmente cruel chamado ergastulum: Mason,
Tiberiws, 37. 36. M. I. Finley, Ancient Slavery and Modern Ideology (Londres: Chatto € Windus, 1980), 111.
|
|
0. 45. Marcial, Epigramas 1.58 e 1.9
, 115-1 16; e Marcial, re pi Em n ma Ro the in s er st Ma d an es av 46. Bradley, Sl
48. Cícero, A Ático L.124.
|
-
the Civi of y or st Hi 's le op Pe A de 5 . vol e, Fir 49. Page Smith, Trial by es: Penguin, 1982), o dr on /L rk Yo a ov (N on ti uc tr ns co Re d War an rke Davis, Sherman s Bu ver , os av cr es de o” dã ti ra ng “i de os Para exempl 3-184, 191, 247; James 18 , 166 29, 8), 198 e, ag nt Vi : rk Yo March (Nova
w American Blacks go Ho r: Wa l vi Ci s o' gr Ne e Th M. McPherson, : Ballantine rk Yo n io a Un e ov th (N r fo r Wa e th ng ri and| Acted Du ;j aar, Officers Forged in Baute:
Glatth Books, 1991) passim; Joseph T
White (Nova York: d an rs ie ld So k ac Bl of ce an The Civil War Alli
Meridian, 1990).
-7; e Apiano, À .1 .8 V1 s ng yi Sa d an s cd De e bl 50. Valério Máximo, Memo ra Guerra Civil IVA344. em, Cartas TI. 14. 31, Plíni adley, Slaves e Slavery and Modem Ideology, 73-75, 96; Br DES 52
a
and Masters m she KR?
man E mpire,
60.
de Catão são relatados em Kicfer, Sexual
E! ios de Cícero € 88; ver também Plutarco, Catão, o Velho 13. BR ET, Life in Anci
O ASSASSINATO
240
DE
JÚLIO
CÉSAR
lei (lex Hortênsia) estipulou que todas as resoluções da Assembléia a a população. Apesar distod a par ida vál lei, de a rç fo plebéia teriam
3. Uma república para poucos 1. Gibbon, The Decline and Fall of the Roman Empire LI, 50 2. Lúcio Aneu Floro, Epítome da história romana 125.26, A á ea ça que restou foi que os patrícios não tinham permi na candidatar aos dois consulados num mesmo ano é não
po
paro cargo plebeu de tribuno nem de edil. Os edis plebeus
d:
bléia. m e s s a sa a es n o i c n e m 5€ o so, pouc
es
Es
E —
sempre havia dois servindo, eram magistrados que iii
io
(unos da plebe em seus deveres, incluindo proteger os direitos E E e. Juntamente com os dois edis curiais (de origem patrícia), os E ruas, p e ana por zelar pelas plebeus também eram responsáveis
ento de água, drenagem e esgoto, tráfico, edifícios públicos,
jo
públicos e suprimentos de grãos de Roma. « Floro, Epítome da história romana IL.6.
a
- Plutarco, Tibério Graco VIII.1-3.
« Brunt, Social Conflict in the Roman Republic, 36. Ver também C
a Ward, The Ancient Loswly, vol. 1 (Chicago: Charles H. Kerr ompany, 1888), 246-247, e Max Weber, The Agrarian Sociology of 5 ei P Ancient Civilization (Londre s: Humanities s Press, 1976, originalmente publicado em 1891).
Apiano, As guerras civis 1.7-8. oRobipn ei of the Roman Republic, 139-141; Lily Ross Taylor,
rty Potitics in the Age of Caesar (Berkeley, Calif: University of Californi E aliormie P Pes 5, 1949), 5; Hopkins, Conguerors and Slaves, 11 e passim.
línio, História natural 11.63.158-64 159 « Plínio, História natural 11,.68.174-69. 176
Neo
LO. A Assembléia Tribal do povo não adquiri
no ni
e
Fe E
E
plebe.
a
a
|
er
anci
lima terceira entidade legislativa. Através dos sécu-
- ela não puta existência oficial dentro do Estado ro-
ra
um
órgão
consultivo
que
expressava
a vontade
As resoluções da Assembléia Plebéia (plebiscita) eram ouvi-
das c às vezes acei Has pelos magis: trado
S. E
E
241
NOTAS
Entre tanto, em 287 87a a à.O
À
uma
11.
Os pretores,
, am go abaixo dos na hierarquia dos magistrados ficav lo
eiro lugar rc te O a. iç st ju o da çã ra st ni mi ad da cônsules; eles cuidavam
Logo em seguida vin ham 1. a not na os id ut sc di s, edi os pel era ocupado
es de finança € stõ que de o isã erv sup a m co s do pa cu eo os questores, pr tesouro.
Robinson, History of the ; 5-6 , sar Cae of e Ag the in cs iti Pol ty 12. Taylor, Par Roman Republic, 44. mmsen, The History Mo ; 206 ic, ubl Rep n ma Ro the of y 15. Robinson, Histor
ublic, 50-51. Rep n ma Ro the in cts fli Con ial Soc t, un of Rome, 22-23; Br blic (Ithaca, pu Re e Lat the in me Ro , rd fo aw Cr l ae 14. Mary Beard e Mich ica romana, bl pú Re Na 52. 495), 198 ss, Pre ty N.Y: Cornell Universi
muito mais fortes”, €sa, tic prá na , am er os ic qu ár ig ol s to “os elemen de Roma que está incluío ent tam tra no ix Cro . Ste de M. E. creve G.
Ancient Greek World the in le ugg Str ss Cla The a obr l áve do em sua not Press, 1981), 340. (Ithaca, N. £: Cornell University
23.
15. Robinson, History of the Roman Republic, . ló. Kahn, The Education of Julites Caesar, 140 Government (Londres: On ero Cic to on ti uc od tr In Vê Michael Grant, ilares, ver S. A. sim as tiv ima est a Par . 3/7 3), Penguin Books, 199 War/ The Conspiracy e hin urt Jug The t, lus Sal to Handford, Introduction ks, 1963), 17; Scullard, Boo n ui ng Pe a: err lat Ing of Catiline (Middlesex,
of the Caesars me Ro , ica Afr as om Th e 6; o, From the Gracchi to Ner 1965), 22. , ns So & y le Wi hn Jo : (Nova York vérsia com relação à ro nt co do vi ha m Te . 1.3 r sa 18. Salústio, Epístolasa Cé lústio. O a César, geralmente atribuída a Sa autor ia das duas epístolas
uma conclua ue eg ch se e qu m se o, embora assunto é bem discutid ts, t, Florus, and Velleius Patercul
r Sallus
tson; VE são, pelo Reverendo Wa (Nova York: Harper & on ts Wa by Sel n Joh r po traduzido € anotado Bros., 1872).
242
O ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
19. Weber, The Agrarian Sociology of Ancient Civilization, 281; também Casson, Everyday Life in Ancient Rome, 33.
20. Cícero, Pro Sestio, 97-98. 21. Ascônio Pediano, Exposição a seu comentário sobre Pro Cornélio, em
seu Orationum Ciceronts.
22. Brunt, Social Conflict in the Roman Republic, 140. 23. Tácito, Anais, 1.2.
24. Santo Agostinho, À cidade de Deses, 111.30, 25. Gibbon, The Decline and Fail of the Roman Empire, I, 53. 26. John Dickinson, Death ofa Republic: Politics and Political Thought at Rome 59-44 B.C. (Nova York: Macmillan, 1963), 257-323: Michael
Grant, History of Rome (Nova York: Charles Scribners's Sons, 1978), 68; Grant também descreve a República como “essa outrora poderosa instituição”; ver sua nota de introdução a “In Defense of Titus Annius Milo” em Cicero, Selected Political Speeches (Londres: Penguin Books,
1989), 217; Robinson, History of the Roman Republic, 31, 103, 203; Scullard, From the Gracchi to Nero, 5, 8-9; ver o tratamento geral em
ver meiras declarações sobre constituição mista, pri s sua das a um a Par 39, Par ítica IV.6 e passim. Pol s, le te tó is Ar ém mb ta ver ; -4 .3 Políbio,
“o processo pelo qual as diferentes formas de governo naturalmente se transformam umas nas outras foi discutido exaustivamente por Platão e outros filósofos”. Platão levou muito a sério as tran sições “na-
talista; ver meu Dirty Truths pi ca ia ss Rú da o iv ut ec ex no do ma centra
0 e Blackshirts and 14 313 6), 199 s, ok Bo ts gh Li y Cit o: (San Francisc
ism (San Franun mm Co of w ro th er Ov the d an m is Reds: Rational Fasc
87-96. cisco: City Lights Books, 1997), , 489-490. me Ro of y or st Hi e Th n, se mm 30, Mo
morte 4. “Demagogos” e esquadrões da 1. Cicero, Pro Sestio XLV1.99-100.
127: ver também ic, ubl Rep n ma Ro the in 2. Brunt, Social Confiicts
History of Forno 9; The n, se mm Mo a o uçã rod int s, lin Saunders e Col do 7-8; €Handford, Introduction o, Ner to i cch Gra the m Scullard, Fro
of Catiline, 16-17. y rac spi Con e /Th War e hin urt Jug Sallust, The
. 3. Apiano, Às guerras civis 1.9-10
Ix.1-3. 4. Plutarco, Tibério Graco
5. Plutarco, Tibério Graco [X.4-5.
6. Plutarco, Tibério Graco Ie
7. Dion Cassio, História Romana 8. Essas
turais” de uma forma na outra, mas não me parece que ele defendesse uma constituição mista, como entendemos o termo: ver Platão; À
República, VII1.545-587 e passim. Platão era um aristocrata que argu-
menta incansavelmente contra a democracia ateniense em defesa do
governo dos que tinham “expertise” e “excelência”
28. Cícero, De Re Publicus 1. 34.
na
if: Wadsworth, 2002), CapíCal nt, lmo (Be ção edi ima sét for she Few, letal democracia | do sistees vez por e da ita lim da tei Tra tulo Quatro.
Clarendon Press, 1999), Como tantos outros, Wilkinson se refere
publicanos” sem qualificar o termo. Anotação de L. P Wilkinson em Lesters of Cicero (Nova York: WW Norton, 1968), 185. 27. Políbio, Histórias V1.3-5. Nessa mesma passagem, Políbio comenta que
Histórias V1
meu Democracy ver A, EU dos ão iç tu ti ns Co da s re do Sobre 05 idealiza
Andrew Lintott, The Constitution of the Roman Republic (Nova York: aprovadoramente aos adversários aristocratas de César como “os re-
243
NOTAS
TR
83.1-3
Introduction to Handford, de itações são respectivamente Grant,
cu a
utory O
7 y of Catiline, 20; rac spi Con e Th r/ Wa nhine
ane
3
Scullard, From Syme, The Roman Revolution, 60;
ero, 27-28. N to i h c c a r G the
History of the Roman sua Ver o. iss m o c a d nson concor i b o R l i r y C 9. Até Air
dg
10. Apiano, 11.
415
:
L l 113;
Plutarco, Tibério Graco XVI
-2.
Plutarco, Tibério
Graco XVI-.
244
O
ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
12. Mommsen, The History of Rome, 50; e Handford, Introduction do
Sallust, The Jugurthine War/The Conspiracy of Catiline, 21. 13. Citações de Handford, Introduction to Sallust, The Jugurthine War/Tie Conspiracy of Catiline, 21; e Scullard, From the Gracchi to Nero, 28e 30, 14. Plutarco, Tibério Graco XIII.1-3, AV e XIX.L.
15. 16. 17. 18. 19.
Mommsen, The History of Rome, 48.
20. 21. ds 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29.
Scullard, From the Gracchi to Nero, 30.
Plutarco, Tibério Graco XXI.2-3.
Republic, 91-92. n ma Ro the in is lic onf € al ci So 37. Brunt, * inatos “claconservador como Meier reconhece que os assass 38. Até um
s”, Caesar, 159. ramente tinham a aprovação dos principais senadore
a civis 1.34-36; Floro, Epítome da história de Rom s rra gue As , ano Api 39.
de Roma 11.13. J1.17; e Veleio Patérculo, Compêndio da história
da história de Roma 11.13. 40. Veleio Patérculo, Compêndio
o, Valério Máximo, Memoradle Decds and mpl exe por , Ver s, igo ant Dos 41.
Roma Sayings VI.3; e Veleio Patérculo, Compêndio da história de History of the 11.23.1c. Alguns modernos exemplos incluem Robinson,
Lúcio Eneu Floro, Epítome da história romana 11.12.8-9 e II. 14,
Lintott, Violence in Republican Rome, 182.
the Roman World Roman Republic, 278 e 280; John Hazel, Who's Who in
Robinson, History of the Roman Republte, 239, 241.
ch Gruen, The Last (Londres e Nova York: Routlegde, 2001), 271; Eri
sity of California Generation of the Roman Republic (Berkeley: Univer
Plutarco, Tibério Graco XX.1l e XXI.l.
assassinato de Druso, Press, 1974), 12. Meier dá pouca importância ao ida... CUS custou a vida a ]informando-nos que “a atmosfera superaquecida...
Cornélio Nepos, Fragmentos 1.2.
Salústio, Epístolas a César 1.7. Plutarco, Cato Graco, V1.3-4.
Plutarco, Caio Graco XVII; Apiano, Às guerras civis 1.26. Cícero, Da República (LI) 41; e Catilinárias 1.4; e Pro Milo 14 e 68,
Dion Cassio, História romana XXV. fragmento 84. Floro, Epítome da história romana 111.12.8-9 e III.I4.
Valério Máximo, Memorable Decds and Sayings [1.2.17, IV.7.1-2, V3.2e-
2€, 1X.4.3 e VIIL2.6b. 30. Veleio Patérculo, Compêndio da história de Roma 11.3, 6. 31. Santo Agostinho, A cidade de Deus 11.22. 32. Scullard, From the Gracchi to Nero, 38. 33. Christian Meier, Caesar (Nova York: Basic Books, 1982), 38. 34. Kiefer, Sexual Life in Ancient Rome, 26. 35. Brunt, Social Conflicts in the Roman Republic, 90. Para um breve tratamento das ocasiões em que o senatts consultum ultimum foi usado;
ver Jane F Gardner, “Appendix II: The Ultimate Decree” em Caesar, The Civil War (Londres: Penguin Books, 1967), 312-316. 36. Brunt observa que os pequenos proprietários eram vulneráveis à vioJência dos grandes; Social Conflicts in the Roman Republic, 116; assim como o faz Mommsen, The History of Rome, 91.
245
NOTAS
Druso”: Caesar, 49. Argonaut, 1970). ago: (Chic s Marits Gaits of aphy Biogr A ey Carn T.F dz, Ver
io Pediano, In 43. Sobre o apoio dado pelos cavaleiros a Cina, ver Ascôn o
toga candida.
ano, Às guerras civis 1,0%; Kahn, The Education of Julius Caesar, 44; Api | e Mommsen, The History of Rome, 155. a matou 4 mil Sul que rma afi 2, JL. ana Rom 45. Floro, Epítome da história se refere aoao) massacre; 4, II r sa Cé à a rt Ca , io st lú Sa a. s6 em Villa Public sanguinário da maato rel um faz , 22 -2 39 .1 11 il civ Lucano, À guerra
44.
, diz que ape187 , me Ro of y or st Hi t, an Gr tança perpretrada por Sula;
nas proscrições de Su autopropelida do selvageria a sobre Cassio 46. V er a narra tiva de Dion nto CVI-3. =
47. 48.
mr
ja.
XV fragme terror de Sula: História romana XXX-XX tory of Rome, 19 8. es E
a
a
ul E
di
His
À
e, Mass.: Caesar: Politician and Statesman (Cambridg y of the Press, 1968), 27-28; Robinson, Histor ar
188-189; Fuller, e, Rom of y tor His nt, Gra 3; -30 288 = pg bli Repu Tyrant, 35. d an r, die Sol Man,
246
O ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
s 11.2 122. vi ci s ra er gu As , no Apia
49. Kahn, The Education of Julius Caesar, 94. Escrevendo no século 1 da
era Cristã, Veleio Patérculo nos conta que “os melhores e mais pon.
derados afluífam para o estandarte de Sula”; ver seu Compêndio da
história de Roma 11.25 50. De um fragmento do livro III das Histórias de Salústio. 51, Plutarco, Sertório XXILI. he Cicero, À Ático XI.21.3. 23. Scullard, From the Gracchi to Nero, 83-84; Mommsen, The History of Rome, 157, 194; Meier, Cacsar, 79-80; Arthur Keaveney, Sulla: The Lan Republican (Londres: Croom Helm, 1982).
64. 65. 66. 67. 68.
the Gracchi to Nero, om Fr rd, lla Scu ; 434 , 342 of the Roman Republic, ad | 164-165.
>. Cicero, À AÁtico IV'3.2. 28. Plutarco, Pompeu XLV1.4, Catão, o Jovem XIX.3, e Marco Antônio ILA;
Rome?”, t en ci An In re tu uc tr rs pe Su No e er Arthur D. Kahn, “Was Th n c Wilhelm se mm Mo re do co Th 37. 0, 199 de Monthly Review, fevereiro de da s re do ia or st hi os uc po 05 e tr en ão Drumann também est
Ascônio Pediano, comentário a In Pironem da sua Orationum Ciceronis;
e Velcio Patérculo, Compêndio da História de Roma 11.47.34. 59. Para essas e outras citações, ver Mommsen, The History of Rome, 320,
É o esentor ein Boa . ro ce Cí de ão aç ul ad da que não compartilham de latim da sua Época es nt e da tu es € s re so es of pr me informa que os 4 o. rã st la fa o s po Cícero um 'pom i
329; Fuller, Julius Caesar: Man, Soldier, and Tyrant, 66; Robinson,
History ofthe Roman Republic, 317 e 361; Grant em Selected Political
o
ein
ent Rome?”, 57. ci An in re tu uc tr rs pe Su no e n. “Was Ther
emgaiai
. Plutarco, Cícero VL.Z
oooMm
:
Et
public, 257-308; Re a of h at De n, so in ck Di em as ad Citações garimp iatory binson,irHis Ro l; nta fro ina pág , nt me rn , ve ro Go ce Cí On Grant, em
populares é discutido no Capítulo Seis.
TT:
a Pro Milo. Ascônio, comentário ílio Filêmon, Em e ão pi Ci lo te Me o h de n u m e t Ascônio apresenta O tes
Syme, The Roman Revolution, 4.
ciativa a dizer de Clódio, O uso de presságios para bloquear ações
1978); Meier, Caesar, 69.
1.21. Apiano, As guerras civis
5. Cícero e a caça às bruxas
entre os pouquíssimos historiadores que não têm uma palavra depre-
Friends, vol. 2 (Harmondsworth, Middlesex, e Nova York: Penguin,
Cícero, À Ático IV3.5.
Julius Caesar, 286. 07 . Kahn, The Education of Rome, 142. 71. Mommnsen, The History of
the Roman Republic, 134-135. Kahn e (por alguma razão) Brunt estão
Speeches of Cicero, 215 e 224fn; Dickinson, Death ofa Republic, 326329; D. R. Shackleton Bailey, comentários em Cicero's Letters to His
13 e passim. 4, lo Mi o Pr , ro Cice
io a Pro Milo. e imediatamente o descarta; comentár 53-54. 69. Cícero, Pro Milo
54. Kahn, The Education of Julius Caesar, 119-120. 2d Ascônio Pediano, comentário ao Pro Milo (de sua Orationum C tceronts), 56. Veleio Patérculo, Compêndio da história de Roma 11.45. Ver também Kahn, The Education of Julius Caesar, 295; Brunt, Social Conflicis in
60. Gelzer, Cacsar: Politician and S$ Republican Rome, 82 e 196, 61. Cícero, A Ático 1.13.3 e 116,9, 62. Kahn, The Education of Julits Caesar 280,
247
NOTAS
L2. Plutarco, Cfeero VI
«A Ático 11.16.2.
14. Cícero, Selected Political Speeches, a t an Gr de ção . Citado na introdu 14.4. L?, XILSA 2., XIL
10.
“A Ático VL
52-53. |
mana XXXVIII 12. o r a ri ó t s E i H e i? 11. Dion Cass
248
O ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
12. Cícero, Primeira Fiípica contra Marco Antônio 20. 13. Dion, História romana XXXVI.S2. 14. Cícero, Leis 111.34-35. 15. 16. 17.
A Ático 1.16 e VIIL.3; e Cícero Pro Flacco 15-18, e À seus amigos VILL
A Ático 1.19,4. A Ático IL.6.
18. A Ásico IV5.1.
19. Salústio, À conspiração de Catilina 20.12-23.3. 20. Salústio, À conspiração de Catilina 18.8. 21. Ascônio informa que Crasso e César apoiaram Catilina, mas Crawford afirma que não há provas de que eles o tenham respaldado em momento algum; ver a discussão em Jane W Crawford, M. Tullius Cicero,
The Fragmentary Speeches, An Edition with Commentary (Atlanta,
Geórgia: Scholars Press, 1994). 2, Taylor, Party Politics in the Age of Caesar, 3. 23. Salústio,À guerra jupurtina, 63.6-7. 24. Quinto Cícero, Manual de propaganda eleitoral, 2. 25. Kahn, The Education of Julius Caesar, 135. 26. Dion, História romana XXXVII.29. 27. Dion, História romana XXXVII.25. 28. Salústio, À conspiração de Catilina, 33.1. 29, Kahn, The Education of Julius Cacsar, 157-158. 30. Kahn, The Education of Julius Cacsar, 158. 31. Dio, História romana XXXVIL29,32. 32. Cicero, Catilinárias 1.1-4, 1.11, 1.15, 1.31-32, IV2 e passim. 33. Cícero, Catilinárias 1.15. 34. Cícero, Pro Milo 19. 35. Catilinárias 1.4, 1.11.1-4; e Pro Milo 13-20. 36. Cícero, Catilinárias 11.3. Até Dion, que aceita as afirmações mais absurdas de Cicero sem criticar, observa que o Senado relutou em agir
contra Catilina porque Cícero era suspeito de ter feito acusações falsas: Dion Cassio, História romana XXXVIL29.
249
NOTAS
ção de Catilina 35.1-5. Dion afirma que o Senado pira cons À tio, Salús 37.
votou pela saída de Catilina da cidade. Mas não se entende por que os
senadores mandariam para a Itália uma pessoa suspeita de tramar a
revolução em toda a Itália; História romana XXXVII 33. sem qualquer intenção de 38. O fato de que Catilina partiu inicialmente
organizar a oposição na Itália é bem defendido por R. Seager, “Iusta Catilinae”, Historia 22 (1973), 240-248. 36.1. 39. Salústio,A conspiração de Catilina 40. Cícero, Catilinárias I1.7-8. 4), K. H. Waters, “Cicero, Sallust and Catiline”, Historia 19 (1970), 202-203. 42. Cícero, Catilinárias IL.19 e II.vi. Cícero cumula-se, a si próprio, de elogios em toda a extensão de seus ataques à Catilina; ver Catilinárias 11.19; I[.14-15, 18; IVI8 e passim. 43. Salústio, A conspiração de Catilina 42.2. . Salústio, A conspiração de Catilina 45.1. am 45. Quatro suspeitos, Lêntulo, Cetego, Estatílio e Gabínio, responder iu falar das prisões ouv o, ári Cep , nto qui Um . ero Cíc de o açã voc con à stio, À conspiração Salú ver : ado tur cap te men ior ter pos foi mas e fugiu, de Catilina 45.1-48-1. 46. Kahn, The Education of Julius Caesar, 167, 47, Cícero, Catilinárias Jrr.11-12. 48. Cícero, Casilinárias J.10 49. Cícero, Casilinárias [II.11- So 172.
Caesar, 169, 50. Kahn, The Education of Julius stio. A con spiração de Catilina 48.1-49,3. lú Sa 51.
o
32, Julgado por extorsáe o
César por executar 1)
no começo do ano, Pisão fora denunciado por
ustamente um homem no norte da Itália. De-
são foi absolvido. O ultraconservador Catulo Cícer o, Pi fendido Pé César devido a suas tendências populistas e também
TAL
maximttS,
e César o derrotou em 64 na disputa para pontifex argo de prestígio que teria coroado a longa € distinta car-
reira de Catulo.
250 53 « 54. 55. 56. 57. 58. 59.
O ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
Salústio, À conspiração de Catilina 49.3-4,
Education of Julius Caesar, 160. The n, Kah 67. ç io A conspiração de Catilina 28.1; Plutarco, Cícero 16.1; Apiano, , d bB.
Plutarco, Catão, o Jovem XXIL1-3.
Plutarco, Catão, o Jovem XXIII. 1-2.
As guerras civis 11.3; Cícero, Catilina 1.9. Em Pro Sulla 52, Cícero tar-
Plutarco, Bruto V.2-3; e Plutarco, Catão, o Jovem XXIVI-2,
Veleio Patérculo, Compêndio da história romana 11.35. Salústio, À conspiração de Catilina 55.6. Salústio, Uma deciamação contra Cicero 2. S€ a acusação fosse falsa, prossegue o escritor, Cícero poderia demonstrá-lo relaci onando a 3
priedades que ele herdou do pai, e de onde lhe vieram os recurs
comprar a casa e vilas.
251
NOTAS
Pro-
Os para
Cícero, Aos amigos 1.9.13,1 6; VL.I, V2.8 e V6.2. 61. Cícero, Ãos amigos V7.2-3 e V 12.6. 62. Veleio Patérculo, € ompéêndio de história romana 11.34 ; Plutarco, Cícero XVIII 1-2,4: XXII.5 e Plutarco, Catão, o Jovem AXII.1-3; Juvenal, Sátiras VIIL.237-242: Lucano, À guerra civil 11,550-552. Dion escreve que Catilina reuniu os Personagens mais baixos, ansiosos pelo cancelamento de dívidas e pela redistribuição de terras, para provocar uma
matança generalizada. E ao preparar-se para a revolução Catilina “sacrificou um menino” e provou de suas entranhas enquanto fazia um
juramento terrível: História romana XXXVII.30,34.
Citações de Gardner em César, À guerra civil, Apêndice II, 314; Duane
A. March, “Cicero and the Gang of Five”, The Classical World, vol. 92, número 4, 1989, 234; Frank O, Copley, introdução a Cícero, On
Old Age and On Friendship (Ann Arbor: University of Michigan Press,
1967), x-xi; Copley aceita a ex istência de uma conspiração mas observa que “a natureza, extensão e im portância exatas dessa conspiração
foram terrivelmente obscurecidas pelo próprio Cícero”: Handford,
introdução a Salústio, The Conspiracy of Cat iline, 170; Brunt, Social Conflicts in the Roman Republic, 131; e Scu lla rd, From the Gracchi to Nero, 114-115. 64. Catilinárias TI.11-13. 65. Cícero, Catilinárias I1.4,22. 66. Cícero, Catilinárias II, 12.
diamente cita Cornélio; ver a excelente discussão em Waters, “Cicero, Sallust and Catiline”, 202-203.
A eZ7l, 69. Salústio, À conspiração de peniana 70. Waters, “Cícero, Sallust and Catiline”, 204-205.
71. Cícero, Catilinárias l.vits.17-18 e 22-23.
n. Salústio, À conspiração de Catilina 31.3. 73. Salústio, 4 conspiração de Catilina 37.12.
;
74. Dion, História romana XXXVII.38 e XXXVIL42; e Cícero a Metelo Célere, À seus amigos V2.
6. A face de César
|
A
1. Por exemplo, Plutarco César 1.2-5.
2. Suetônio Júlio César 1. Plutarco registra comentário similar de Sula: César 1,2-3.
or em 3. Durante esse período César atuou, sem sucesso, como promot | Um desses é men dois casos rumorosos de corrupção4 oficial.
cionado
Scavro 11.45 em sua em Áscônio Pediano, Co mentário sobre Pro Orationum Ciceronis. romana 1.42. 4. Veleio Patérculo, Compêndio de história
3. Cícero, Os Brutos 236.
6. Salústio, Histórias livro 3. 7. Cícero, A Árico 14.2. 8. Plutarco, Cfcero IX.
9, Phu 10.
Plutarco,
VLIA. VII.1-3. Veleio
|
observa que um dos dois senadores que
u, Quinto Catulo, era “universalmente estimado como
César derro”” “destacado do Senado”: Veleio Patérculo, Compêndio
o homem mo”nt aII.43. +» da história roma
O
254
ASSASSINATO
DE
JÚLIO
NOTAS
CÉSAR
li. Ver Kahn, The Education of Julius Caesar, 138-143, para uma discus. são do programa deterras c o papel de Cícero na luta para derrubá-lo 12. Kahn, The Education of Julius Caesar, 141; também Cícero, Edir Rullum 1, II, II. 13. Plutarco, Pompeu VIII. 1-4. 14. Cícero, A Ático I1.9.2. 15. Dion, História romana XXXVIUILI e 4; Veleio Patérculo, Compêndio
L12.2. Cícero, A Ático VIL11.1 e VI 1. Cicero, A Ático IX.LIA e 12, XIL.51.2 e XII1.27.
36. 37. stória romana XLI.36. , Hi io ss Cá on Di . 38 VIL4 e LXXX.. 39. Plutarco, Pompeu LXXX
7. “Vocês todos o amaram”
de história romana 11.45,3-4.
16. Cícero, A Ático 11.16.2. 17. Em 56 a.€., Pompeu disse ter ouvido trovejar e usou isso como pre-
Salústio, A conspiração de Catilina 53.5. A observação é atribuída a Catão: Suetônio, Júlio César 53; o mesmo Catão que injustamente chamou César de bêbado durante o debate em 63; ver Capítulo Cinco.
texto para dissolver a Assembléia. Plutarco denuncia a manobra como
manobra vergonhosa: Casão, o Jovem XLII,3-4, 18. Cícero, Das feis 11.27; Pro Sestio XLVI,98,
1 20. 21. 22. a
Para uma das melhores discussões dos esforços literários de César, ver
Políbio, Histórias VI.56.
F E. Adcock, Caesar as a Man of Letters (Londres/Nova York: Cam-
Gibbon, The Decline and Fall ofthe Roman Empire, II, 22.
bridge University Press, 1956), 6-18, 63-108. Cícero, Os Brutos 176-178, 260-263; Suetônio, Júlio César 55-57, Suetônio, Júlio César 54.1-3.
Robinson, History of the Roman Republic, 226.
Dion, História romana XXXVIILA.
Para um estudo abrangente das habilidades e conquistas militares de
Veleio calcula que César matou cerca de 400 mil pessoas, e fez um
César, ver Theodore Ayrault Dodge, Caesar (Nova York: Da Capo,
a. número ainda maior de prisioneiros durante sua campa nha na Gáli
1997).
24. Ea 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35.
números; ainVeementemente hostila César, Veleio tende a inflar os eio Patérculo, Comda assim, deve ter sido uma matança terrível: Vel
Lúcio Aneu Floro, Epftome da história romana 11.11.10.
Marco Aneu Lucano,À guerra civil 1.125-126.
Dion, História romana XXXIX.25.
Plutarco, Pompeu LVIII.2-3.
César,À guerra civil 1.5.5. César,À guerra civil 1.7-1.13.
A Árico VIL.8. Mas um mês depois, Cícero informa que Pompeu não está satisfeito com as forças à sua disposição: A Ático VIL. 14.1.
Suetônio, Júlio César 30.2. Plutarco, Pompeu LIX.1.
Marco Aneu Lucano, À guerra civil [ [.439-440. César a Ópio e Cornélio, 4 Ático IX.7C.
Balbo a Cícero,A Ático IX.7B.1.
253
.47.1. pêndio de história romana 11 VTI.29. a Júlio César, Comentário da Guerra da Gália mp anha contra Vercingetórix em ca a su de o os ci nu mi to la re z
8. César fa
90. Guerra da Gália VIL.4civil V273-2 76. Lucano, Eua cm 82, Sula oferecera e Pompeu aceitara a 10. Suetônio, como mulher, apesar de cla estar vivendo com Sula filha de criação de peu precisar divorciar-se: Pom de sar ape e , vida já grá : “TX 23. o marido €) m Plutarco, Pomp
1, Catulo,
12.
E
poemas XXI
to
É
x. Catulo descreve Mamurra como vorazmente
é gotado por excessos sexuais: Poemas LVII. igramas 1.4.
Marcial, Ep
254
O ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
13. Suetônio, Júlio César 50-52. XLI11.43.20. 14. Dion Cassio, História romana 1-3, 52.2, 15. Citado por Suetônio, Júlio César 49,
mano VI.37.2. 16. Políbio, O surgimento do Império Ro
17. Anthony Corbeill, Consrolling Laughter: Political Humor in the Late Roman Republic (Princeton, N.J.: Princeton University Press, 1996),
147-173 e passim; também Eva Cantarella, Bisexuality in the Ancien: World (New Haven e Londres: Yale University Press, 1992).
18. Cícero, Catilinárias 1.12, 11.22-23.
19. Suetônio, Júlio César 22.2. Semíramis é descrita brevemente em Heródoto, 4 história 1.184.
20. Juvenal, Sátiras I1.106-107 e passim.
21. Fuller, Julius Caesar: Man, Soldier, and Tyrant, 50. Zi. Mommsen, The History of Rome, 495-508.
23. César, A guerra civil 1.22 e 1.32. 24. Alfred Duggan, Julius Caesar (Londres: Faber & Faber, 1955), 157;
255
NOTAS
The History of Rome, 314, 2635-266, 289, 320, 474. Marco n, mse Mom 29. seu bisavô, dito Catão, o Pórcio Catão não deve ser confundido com
velho (234-149a.C.); ver Plutarco, Catão, o Velho, e Lívio, História de Roma XXXIX4U.
são as de Suetônio em Júlio César 19.1, mas clas das cita vras pala As 30. Catão. expressam muito bem a opinião de
o VIL.2.7; e a discussão em Taylor, Átic À .1; KV.6 gos ami seus À ro, Cíce 31, Party Polítics in the Age of Caesar, 169.
, Catão, o Jovem XLIVA. arco Plut .7; IV15 co Ásti À ro, Cíce 32. Pro Milo. 33. Ascônio, comentário a
XLVIL.1. 34. Plutarco, Catão, o Jovem reconhece que se os donos de o Catã 2. LRK. em Jov o o, Catã , arco Plut 35.
escravos, esses poderiam escravos desistissem voluntariamente de ter ser alistados no exército. comentário a Pro Milo. 36. Cícero,A seus amigos XV.4.12; Ascônio, 37, Dragstedt, “Cato's Politeuma”, 72.
Kahn, The Education of Julius Caesar, 405. 22. Zwi Yavetz, Julius Caesar and his Public Image (Londres: Thames and
38. Hazel, Who's Who in the Roman World, 60. ulatória, Catão, ba) l gera em a rafi biog sua em arco Plut por 39. Como relatado que Catão era conheeve escr bém tam m, Jove o io, Plín o Jovem V1.1-2.
26. Cícero, Pro Sestio XLVIL.101; e À seus amigos VI.1.3.
40, Dion Cassio, História romana
Hudson, 1983), 136-137, 212.
27. Plutarco, Catão, o Jovem [Vl e IX.3-5; também Plutarco Cícero
XXIIL2-3; Dion Cassio, História Romana XXXVIL.22,57; Valério ulo, Máximo, Memorable Doings and Sayings 11.10.7-8; Veleio Patérc
Compêndio de história romana 11.35.1-2; Salústio, À conspiração de
Catilina 53.5. 28. Michael Grant (ed.), Selected Political Speeches of Cicero (Londres:
Penguin Books, 1989), 127; Syme, The Roman Revolution, 21; Brunh
edt explicaa Social Conflicts in the Roman Republic, 132. Albert Dragst
hostilidade de Catão às causas populares como resultado de seu 9º nhecimento superior: “Catão defendia os interesses do povo; mesmo
contra o próprio povo”: Albert Dragstedt, “Cato's Politeuma”, ATON Journal of Classical Studies, número 3, 1969, 69.
vezes: Cartas HLIZ. as ers div do ba bê o ic bl pú em o id ec ar cido por ter ap m XXXVIL22; Plutarco, Catão, o Jove
XXXIII.1.
41. Plutarco, Catão, o Jovem XXVI.I-2. que não chegou até Anti-Catão, seu em está César de 42, O comentário LII.2-3. GranXXVil-5e Jovem O Catão, nós mas é citado por Plutarco, er de ãoã de Césa aç us ac à ta ei ac o nã co ar L ut à de admirador de Catão, Pl s. Mas
os materiai cr lu r te ob ra pa os nj r arra que Catão era capaz de faze vos, talvez, ti mo Horn os tr ou r po se Mas ei
embaraço: ele demonstra um leve para investigação. o casamento foi impróprio, é assunto
168. 167ar, Caes of Age the in Taylor, Party Politics
43, 44, Júlio César Ato 4, cena 3. 45. Cícero, A Ático VI e VIL21. de Plutarco, 46. Os dois exemplos são
Brutos, 11.3-4.
256
O
ASSASSINATO
DE
JÚLIO
8. O populans , civis (Londres: Penguin Books, 1996), II.11, Às guerras . Apiano . Plutarco, Catão, o fovem XXXIII.1. Segundo Robinson, o Plano de
César para a reforma agrária era de uma escala que ultrapassava qual. quer coisa que os Gracos tinham ousado: History of the Roman Republic, 343. Outros, como Yavetz, viam as propostas de César como provisórias e improvisadas em comparação com o programa de Caio
Graco; Julius Cacsar and his Public Image, 211-212 e passim.
Suetônio, Júlio César 56; Scullard, From the Gracchi to Nero, 148-149, . Plutarco, César LV III.4-5. . Apiano, Às guerras civis IL.48 e 101; ver também Suetônio, Júlio César 40-44. . Suetônio, félio César 42.
?. Suetônio, Júlio César 40-44; W. Warde Fowler, Lulits Cacsar and the Foundation of the Imperial System (Nova York: G. P Putnam's Sons, 1899), 344-345; James Anthony Froude, Caesar (Nova York: Charles Scribner's Sons, 1908), 490; Yavetz, Julius Caesar and his Public Image, 150-154; Gelzer, Cacsar; Politician and Statesman, 246.
- Dion Cassio diz que a lista de doação cresceu absurdamente “não por
meios legais de crescimento”; História romana XLUHI.21.
Suetônio, Júlio César 42. Para discussão da maneira como César
tratou do débito, ver Fletcher Pratt, Hail Caesar! (Londres: Williams & Norgate, 1938), 295; Froude, Cacsar, 488; Fowler, Julius Cacsar, 342.
10. 11. 12. 13. 14.
Mommsen, The History of Rome, 554,
Grant, Flistory of Rome, 233-235,
Salústio, Carta a César ILS,
Mommsen, The History of Rome, 9555-557.
Dion, História romana XXXVIL 17; também Casson, Everyday Life m
Ancient Rome, 139,
15. Kahnm The Education of Julius Caesar 370-37] ,381e 408; Gages, The
Origins of Anti-Semit ism, 98.
257
NOTAS
CÉSAR
16.
Suetônio, Júlio César 26, 42, 44; Carcopino, Daily Life in Ancient Rome,
193.
17. Plutarco, César XLIX.6; Dion Cássio, História romana XLII.38; Gelzer,
Caesar: Politician and Statesman, 248; Gérard Walter, Caesar, a Biography
(Nova York: Charles Scribner's Sons, 1952), 426.
18. Lúcio Aneu Floro, Epítome da história romana IV.2.59.
19. Lucano, À guerra civil X.488-505. 20. César,À guerra civil LI 11.6-112.8. ley: University of 21. Luciano Canfora, The Vanished Library (Berke California Press, 1987), 81-82. 32. Suetônio, Cláudio 42.5.
33. Gibbon, The Decline and Fall of the Roman Empire IL, 25 n.9. da guerra 34. Canfora, The Vanished Library, 192. Para uma discussão plena ha Hlisdo cristianismo contra a literatura e a educação pagãs, ver min dona tory as Mystery (San Francisco: City Lights Books, 1999), 45-47, Roman Empire, 25. Edward Gibbon, The Decline and Fall of The XXVIII, 891. 26. Canfora, The Vanished Library, 83-99 e passim. 27. Citado em Thomas Cahill, Ho
the Irish Saved Civilization (Nova York:
o fato de que foDoubleday, 1995), 181-182. Cahill evita mencionar
e sistetúmulos, em 'bliotecas b as m ara orm nsf tra ram os cristãos que clássicos. Em v ez| disso, ele s udo est os am er at mb co e nt me matica das bibliotecas, Ànão o içã tru des os da ar rb bá os a us ac repetidamente es equivoaçõ ç rma afi s sua l de io apo em a ov fornecendo uma simples pr
cadas;
28. J. W
1 ha Ver min
Hisltory as Mystery,
99
«101.
Nova York: Hafner, y rar Lib al iev Med The Thompson, E!
F
a
29. Lívio, História de Roma, prefácio.
z
1939
)
e
E
A famosa €s . tem bas vez tal e art da mundo 30, Dói Esenplos do , sesetá enteã d.C.E é f do a d a t a d , o i r Marco Aurél o d a r e p m i do e r t E e eqiies a m u de s rá at , a m tolino em Ro i p AT a C u e s u M o n no a hoje m U . o ã ç e ra sua prot a p a d í u r t s con e nt me especial identilica e t n e m a s l a f i fo u porque ive rev sob a átu est “a que a rm comentário info €5S€ tímido , só si r Po " Constantino como do imperador
258
O ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
não faz sentido. Pelo menos um livro para turistas explica melhor. A da destruição porque estátua equestre de Marco Aurélio “só escapou a a
os cristãos achavam que era realmente de Constantino”, o primeiro imperador cristão: Dana Facaros e Michael Pauls, Rome (Londres:
Cadogan Books, 1989), 80. Da mesma forma, a bela Vênus que está
no Museu Capitolino, excelente cópia romana da Afrodite de Cnido, de autoria de Praxíteles, foi descoberta no século XVII, onde seus antigos proprietários, temendo o machado dos cristãos, a protegeram com paredes: Facaros € Pauls, Rome, 81.
3). Jane Gardner é um dos poucos historiadores modernos que não repete a opinião convencional, notando que era “muito duvidoso” que “a maior biblioteca estivesse em algum lugar nas proximidades das do-
cas”. Se livros foram queimados, eles estavam, mais provavelmente,
“cuardados em armazéns perto das docas”; ver César, À guerra civil,
traduzido por Gardner, e com uma introdução da tradutora, 297, n.91.
32. 33. 34. 35. 36. 37.
Plutarco, Céiar XIVI-2. Dion Cassio, História romana XAAVIILI.
A Ático, VIL.7,5-7; e X.8,2.
Bailey, Cicero's Letters to His Friends vol.2, 449. Syme, The roman Revolution, 47 e 51. Dion, História romana, XLIII.50. Um cúmplice, Mácio, informou que
César nunca tentou convencê-lo a não se relacionar com quem quer que ele quisesse, mesmo com pessoas de que César não gostava: Mácio a Cícero, Aos seus amigos X1.28.
58. Apiano, Às guerras civis IL.13. 39. Dickinson, Death ofa Republic, 326. O governo de César está tão com-
césar, À guerra civil IL.M-12.
dl. € laudius Marcelius IX-X. us rc Ma , ero ctc dl. Suetônio, Júlio César 20. Grant acredita que, com a publicação dos pro43.
dd. ás. 46. 47.
40.
aa MacKendrick, The Athenian Aristocracy, 399 to 31 B.€. (Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1969), 49, 65.
127, 170.
foram bem 24. Plutarco observa que os desejos monárquicos de César pa ra aqueles que tia os ci pe es e ad id le ve m ra la ve re se anunciados “e ar LX.1. nham sido desde sempre seus nimigos secretos”; Cés
55. Gardner, introdução a César, The Civil War, 21. 56. Dion Cassio, História romana XLI.38. as de Abnil, 31 de end Cal das s ante eiro terc o era 57. Assim, 30 de março : ES
e 1º de abril era à il, Abr de as nd le Ca das es ant o nd gu março era o se a nd Marantes E rceiro : te o a er o rç ma de e ez Tr l. ri Calendas de ab : 1) de e o rç Ma de os Id s do s te an o nd ço, 14 de Março, o segu sobre essa o rd o ac m u a m a r a g manos che r Frank PaniAse Ve o. ad ic pl ex m e b não está a especialmente ca nhestra ic át pr ei 1982), 04 e pas s (Nova York: Facts on File,
são de opróbrio, equivalente a poder despótico, especialmente em voga
his Popular Image, 10-57.
desacreditar os colecedimentos do Senado, César tinha a intenção de as conservadores: Introdução à Cícero, Selected Political Speeches, 25. . Suetônio, Júlio César 86 me, 508. Mommsen, The History of Ro Salústio, Epístolas a César 1.7. blic Image, 126Froude, Caesar, 488; Yavetz, Juliws Caesar and his Pu
43. A Ático IX.18. n pire, HI, 47. 49, Gibbon, The Decline and Fall of the Roma Em 50. Syme, The Roman Revolution, 78. odução de Grant a 51. Kahn, The Education of Julius Caesar, 20; e intr ino, Daily Life in Ancient Cícero, Selected Political Speeches, 17; Carcop Rome, 108. 32. Suetônio, Júlio César 41-42. 33. Dion, História romana XLIII.14.6, 15.1-2, 21.1.
pletamente associado à autocracia que fez de “cesarismo” uma expres
durante o século XIX. Para uma visão geral da historiografia sobre César e cesarismo nos séculos XIX e XX, ver Yavetz, Julius € aesar aná
259
NOTAS
58,
(ed.), The Book of Calendar
i “as i ” o n a | c i d E e h T , n e Kah ; 2 1 . X I L r a r é C , o c r a t u Pl s o novo ário € deu ao mê end
ia
Caesar, 408.
Augusto fez ajuste s no cal próprio: Suetônio, Augusto 31. “August”, em homenagem a si
Sexti
260
o
ASSASSINATO
DE
JÚLIO
261
NOTAS
CÉSAR
11.111; Suetônio, JáPlutarco, César LXIVI; Apiano, As guerras civis
tunidade or op a da ga ne m ra ve ti 82 15 de o 59, Os dias de 5 a 14 de outubr
confiava nele de tal mafio César 83. César gostava tanto de Décimo, e
de existirem.
undo grau, ou seja, o que neira, que o designou seu herdeiro em seg
erem receherda se Os herdeiros primários não quiserem ou não pud
9.
ber o legado.
O assassinato
arco dá crédito ao t , u l m P e g a s s a a p m s e a m s Plutarco, Bruto 1-2. Nes
o o faz Apiano, com im ass to; Bru de ana ari ces de ida ern pat a re mito sob
Não dispomos de relatos de testemunhas oculares do assassinato de
As guerras civis IL.lI2.
sio e poucos outros — escreveram gerações depois do evento. No caso de Apiano, mais de um século se passara, e no de Dion, mais de dois
A
séculos. Mas todos eles tiveram acesso a relatos mais próximos do assassinato no tempo. Suetônio cita Cornélio Balbo, amigo íntimo de
o 00
César. As fontes originais — Plutarco, Suetônio, Apiano, Dion Cas-
César, como testemunha ocular e sua fonte: fúlio César 81. Apiano e
Suetônio utilizam as histórias perdidas de Asínio Polião. Polião ser-
viu como oficial sob as ordens de César e esteve com ele na travessia do Rubicão; ver referências a Polião em Suetônio, fúlio César 55.4 e 56.3. Em Bruto 11.3, Plutarco teve o benefício de “um breve mas excelente relato do assassinato” (que não chegou até nós), de autoria do
retórico Empilo, amigo de Bruto. Otávio, importante ator nos últimos
dias da República, e mais tarde o primeiro imperador de Roma, escreveu uma autobiografia que não chegou até nós mas foi lida por Suetônio, que a ela faz referência em seu Augusto 2, Lívio foi contem-
porâneo de César e escreveu sobre sua morte, mas essa parte de sua história não sobreviveu em seu texto integral. Esses e outros testemunhos da República Tardia estavam à disposição da maioria dos auto”
res antigos. Infelizmente, os antigos raramente citavam suas fontes
primárias. Uma exceção é Ascônio Pediano, que é quase moderno em
sua disposição de citar outros escritores, cruzar referências € até pro-
ferir sentenças sobre fontes conflitantes : ver seus Comentários de cinco discursos de Cfcero.
2. Dion Cassio, História romana XLIV 7-9. 3. Plutarco, César LVTI.3-4,
Plutarco, Bruto XII.1-2, XIII.l. Suetônio, Júlio César 80.2.
Apiano, As guerras civis 0.114.
Tyrant, 303-304. Fuller, Julius Cacsar: Man, Soldier, and
tônio chegou à mesma An e rd ta is Ma . 114 IL. is civ s ra er gu As , no LO. Apia fazer com que o ato de ra pa o“ ad up po a for e qu o nd ma ir af o, sã conclu am matado não nh ti s ele e qu e ss ce re pa e l ve sí au pl e ss fo o tiranicídi era um déspota: e qu m me ho um s ma , os ig im in ns alguns home
Apiano, As guerras civis 111.35.
l1. Plutarco, Cérar XLII. stória do sonho preshi da tes fon das a um mo co o ust Aug cita 12. Valério
Doings and Sayings ble ora Mem , mo xi Má o éri Val : nia púr ciente de Cal o da história de Roma di ên mp Co o, ul rc té Pa io le Ve ém 1.7.2: ver tamb
11.57.2. 13. Plutarco, César LXIII.1-3,5. mana XLIVI7. Apiano ro ia ór st Hi 14. Suetônio, Júlio César 81.1-2; Dion, uco a relativamente po z di mas ágios aceita a validade dos maus press
respeito deles: Às guerras civis IL.116.
|
gua. P e VI s 1, u 1. l l e c r a Jaudius M 15. Í kespeare, Júlio Sha William e César STLXIL.4; Plutarco, 16. R E EA
cena 2.
César, Ato 1,
As guerras civis 11.116; Suetônio, iano, Ap 2; 1V. LX r sa Cé , co ar romana ut Pl ia ia ór 17. ór st hi de o i d n di ê culo, Comp En r é t a P o i e l e V ; .2 81 Júlio César 11.57.2.
262
18.
O ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
Vilério Máximo, Memorable Deeds and Sayings VIIL11.2; e, € claro, Plutarco, César LXIII, e Suetônio, Júlio César 81.2-3, não puderam episódio. se es ar nt co de ão aç nt te à ir resist
stória romana , Hi io ss Ca on ; Di 16 .1 11 s vi s ci ra er gu , Ás no ia 19. Ap XLIVI8.
20. Apiano, Às guerras civis TT. 109.
21. Dion, História romana XLIVI6. 22.
NOTAS
Apiano, As guerras civis IL.117. A maioria dos biógrafos diz que foi Trebônio. Plutarco também menciona Trebônio em Bruto XVII. 1-2, mas se contradiz em César LXVI.3, alegando que Bruto Albino retar-
dou Antônio. 23. A história diz que ao ver Marco Bruto atacando-o, César exclamou
34. 35. 36.
Júlio César, Ato III, cena 1. Dion observa que quando Bruto o atingiu,
César exclamou: “Até tu, filho?”; História Romana XLIVI9. Dizem alguns relatos, segundo Plutarco, César LXVI.6-7, que César deixou
de lutar ou de se defender quando viu a espada de Bruto desembainhada, tão abatido ficou. Tudo é mais lenda do que fato. César, como
já observei, nunca pensou em Bruto como filho. Se ficou particularmente consternado com um Bruto, esse Bruto seria, mais provavel-
24. 25. 26. 27. 28. 29, 30. 31. 32. 33.
mente, o traiçoeiro Décimo Bruto, em quem confiava e de quem gostava como seu companheiro de armas.
Plutarco, César LXVIL.1-3. Walter, Caesar, 530. Para Walter foi o festival de Anna Perenna. Dion, História romana XLIV31.
Cícero, Ãos seus amigos XI.7,8 e XIL22,
Cícero, Aos seus amigos XL.5.
Dion, História romana XLIVIO.I1.
Suetônio, Júlio César 80,
Dion, História romana XLHI.SO.
Apiano, Às guerras civis 11.134. Apiano, Às guerras civis 11.131,141.
Dion, História romana XLIV34. . Apiano, As guerras civis IL.131 ípica contra Dion, História romana XLIV23-33; Cícero, Primeira Fil Marco Antônio VILZ -3e VIII. Cícero, À Ático XIV6.2. . 15. Cícero, Aos seus amigos IX.14, também VI
37. 38. 39. Cícero,À Bruto 11.5. co, A Ático Áti a ta car sua ém mb ta ver 3; 1. XI os ig am s seu s , Ao ro ce Cí 40. XIV4. 41. Apiano, Às guerras civis I1.62. 9. 42. Dion, História romana XLIV36-4 io 43, Plutarco, César LXVIII.1, e seu Bruto XX.2-5. Suetôn dá uma ver-
em grego “kai su, teknon?” (Até tu, filho?), expressão para a qual Shakespeare apresenta sua famosa versão latinizada: “et tu Brute?”
263
4, 45,
e são diferente, dizendo que Antônio disse pouco, e que a picdad c a indignação da multidão criaram seu próprio ritmo: Julio César 84. Suetônio, Júlio César 84.
ou Consta que um grupo de amotinados encontrou por acaso e mat C. o-o por Hélvio Cina, tribuno que era amigo devoto de César, tomand es senatoriais, que denunciara Cornélio Cina, um dos conspirador ssinato: Plutarco, César sa s as i o do e p t e n d go r e a lo m s a é c C i l b u p
LXVIII.2-3; Suetônio, Júlio César 85.
46. Cícero,A Ático XIVIO.1. 47. Cícero, Aos seus amigos X 28 e XIL.1. s 48, Cícero, A Bruto VIIL2.1,2,5-6; também Cícero, Aos seus amigo
XKIL4.1. 49. A Árico XIVIS. 50, Cícero, Aos seus amigos XI.27.
amigos XL.1. us se s , Ao ro ce Cí m e o tá m es i 31. Uma cópia da carta de Déc
52. Cícero, A Bruto 1.15.3-5. e é mencionat n e d i c n i o m s e 53. Plínio, História natural T1.28.93-94. O m
do em Suetônio, Júlio César 88.
O ASSAS sINATO
264
DE
JÚLIO
CÉSAR
10. As liberdades do poder ar observa que . Dion Cassio, História romana XLIV.L. O próprio Cés acumuàs vésperas da Guerra Civil “os velhos rancores contra César civil 1.3. laram-se no Senado”: Guerra
. Suetônio, Júlio César 78. 3. Suetônio, Júlio César 73. Suetônio dá diversos exemplos, incluindo
o do poeta Catulo, que César tratou com cortesia mesmo depois de ser indecentemente tratado em seus versos; ver Catulo, Poemas XXIX Cícero, Aos seus amigos 1.9.18.
Apiano, Às guerras civis L.4. Mason, Tiberius, 8.
o
AA mA
Cícero, Aos seus amigos V1,8.3.
po
da
e LVII.
Gelzer, Caesar: Politician and Statesman, 188.
Grant, History of Rome, 241; e os diversos comentários de Grant em
Cicero, Do governo. LO. Cícero, os seus amipos 11.6.4. 11. Walter, Cacsar, 121. 12. Plutarco, Bruto XI e passim; e Fuller, Julius Cacsar: Man, Soldier, and
Tyrant, 300. O practor urbanus julgava disputas entre romanos, € O
practor percgrinus cuidava de casos de estrangeiros.
13. Valério Máximo, Feitos e ditos memoráveis V 1.10. 14. Como diz Gelzer, César tentou completar sua revolução sem terror é
sem preocupar-se devidamente com sua segurança pessoal; ver Seu Caesar: Politician and Statesman, 331.
15. E. Badian, Roman Imperialism in the Late Republic, 2º edição (Oxford: Blackwell,
1968), 87.
16. Peter Rose, “Cicero and the Rhetoric of Imperialism, Putting the Politics Back into Political Rhetoric”, Rhetorica , vol.13, número 4 (our tono de 1995), 376n.
17. c; Feng 18. e,
Kahn, The Education of Julius Caesar, 144.
Acero and the Rhetoric of Imperialism”, 361.
265
NOTAS
19.
A Ático IV1.7; Ver Apiano, Às guerras civis 11.23,86; também Cícero, an Imperial System, Rom the of n tio nda Fou the and sar Cac Fowler, Julins 9 e passim. 20 , es ag Im ic bl Pu s hi us Caesar and li Ju , tZ ve Ya e ; 54 -2 46 12
a 1.40-44. li Gá da ra er Gu À 20. César, a VIII.39. li Gá da ra er Gu À , r 21. Césa uto 1.18. 22. Cícero, 4 Br man World, 28-29. o R e th in o h W s o' Wh 23. Hazel, ras civis TV.B. 24. Apiano, Às guer memoráveis V3.4. s to di e os it Fe , mo xi 25. Valério Má 1. 26. Tácito, Anais 1.2. l XIVI.5. 27. Plínio, História natura 28. Suetônio, Augusto 41.1. 29. Suetônio, Augusto 32. Republic, 149. n ma Ro e th in s ct li nf Co al ci So , t, 30 Brun , 238-244. 31, Scullard, From the Graccht to Nero Augusto, ver também e br So . .3 40 o st gu , Au io ôn et Su 32. De acordo com inley, Aspects of Antiquity, É edi:
LF Dion, História romana LVI3; M. nflicts im Co al ci So t, un Br 0; 15 ), 77 19 s, ção (Nova York: Penguin Book the Roman Republic, 154.
re, UI, 47-55. pi Em n ma Ro e th of ll Fa d an e in 33, Gibbon, The Decl K (Berkeley: JF of h at De e th d an cs 34. Peter Dale Scott, Decp Politi
), 313. University of California Press, 1993 35, Cícero, À Ásico XIV3.
são
me, 230. 36. Carcopino, Daily Life in Ancient Ro
Romans Did: the As seu em n to el Sh 37, Ver comentários de Jo-Ann - Oxford x ni e Sourcebook in Roman History, 2º edição de Tácito, o s trecho e 156, 1998), Press, University
8
diria
os do € res 34.1-6, comparando favoravelmente retóric l . Com 00 o i r é p m I do s o p m dos te E republicana com os Eder reduziram enorme líticas Sullivan ; “no Impénio, as condições
ria”; ver suas
po
otas sobre
Petrônio
The Satyricon
Middlesex: Penguin h, té ora da a ci ân rt po a im ndswort and The Fragments (Harmo
1969), 182.
ente
Books ,
ASSASSINATO
O
266
DE
JÚLIO
CÉSAR
38. Plínio, o Jovem, Cartas X.33-34. 39. Gibbon, The Decline and Fall of the Roman Empire, II, + Cida 55-5 23-05 6 € Ste,
Croix, The Class Struggle in the Ancient Greek World 40. Apiano, As guerras civis 1.16. ii
41, ae em Ste. Croix, The Class Strugele in the Ancient Greek W 2. gumento semelhante é apresentado por Start: a “prime: ai ção e atividade [da aristocracia] no fim de contas era Do Fi
dd
de sua riqueza”: Chester Starr, The Ron
267
NOTAS
ía
6 (Nova York: Oxford University Press, 1982) a =
nte: um “bando rival de ere dif o ri lá bu ca vo um usa ele ram Clódio, rd, From the lla Scu J”; lão [Mi de nça era lid il seguidores, sob a háb , 120-121. 38 , 32 , 30 , ro Ne to Gracchi , 23, 48, 73-74. e m o R of y or st Hi e Th , n e 10. Momms . ar, 41 e 151 s e , a r C e i e M 11, Ancient Greek the in le gg ru St s as Cl e Th Ste. Croix, 12. Marx citado em World, 371. ub transmitida pela National
hington Press Cl 13. Numa palestra no Was ever The Trial of cr es de o ad ab ac a nh ti e on St . Public Radio em 1988 own, 1988). Br , le tt Li n: to os (B es at cr So
ory, 228-229. st Hi in ty Ci e Th d, or 14. Mumf
seja traduzido com ez lv ta s se en rc ci et m ne Pa 15. Juvenal Sátiras %.77-81. O leitor mocorridas”, especialmente para
11. Pãoecirco 1. Ver o comentário crítico de Rose
perialism”, 362n.
2. Cícero,A Áticol. 16 e VIII.9.
“Cicero and the Rhetoric of Im-
Le 1.19,4; Aos seus amigos, XI.7.1; Filípicas, 11.116
tw
A dd IO
- Plutarco, Catão, o Jovem XXVI I-2
rena
comentário a Pro Milo, em sua Orazion
o
34 5
guerras civis 1,59 e 1.13, Yavetz, Julits Caesar and his Public Image, 18. á Para esses e outros rôtulos nega tivos
bli ofa e sm o
€,
iceroni
pinos
parecidos, ver Dick; ' i som Men 328-329 e passim; Brunt, Social ni
103, 153; Gelzer, Caesar: Politician and State pm ne 48 e passim; Jnan, Sounders e Collins + em seu glossário em M 0 a
Rome, 589; l Fuller, Jelites Caerar: Man, Soldier
dm History of
nt, 24,53, 120n, : 194, 284 epassim: 3 e Robins on, Ff, À WHory ef the Roman Republic, ' 138, : 222 c 344. 9. peu ara conclui que a lei democrática de Clódio E
Eutos
populares
“teria resultados
O Circus Maximus , us ni mi am Fl us rc Ci como o de bigas. nstruídas para corridas
imensas pistas oblongas co , 235. ro Ne to i ch ac Gr the om Fr , rd la 16. Scul
- Políbio, Histórias V1.56.
a
mais exatidão como ' pão é palhaços eacrode da ca vo ui eq ia dé ai um derno, para quem “circo” dá corrida. O plural de as st pi às ce en rt pe e qu batas. Circensis é um adjetivo Roma, de os rc ci s de an gr Os . s” ica “corrida masculino circenses signif € O Circus Gai, cram
perniciosos”
a Céiar D.5,*. la to ís Ep , io st lú Sa 18.
a
legalizar
asso-
4 05 “bandos de vd J qu
mMease gu-
E assassina-
À
spectivamente. re , 59 1. € ; 20 .1 IL s vi ci 19. Apiano, As guerras 331.
ath ofa Republic, e D , n o s n i k c i D 20.
120. ecchi to Nero, 85 c
pH Scullar d, From the Gra mggle in the Ancient Greck World, 371. ror and hisj 5 Empe Clasr The , n Roma The 22.2. Ste. Ste. Croix ses, Circu and d “Brea Cro King's College, 1973, citado em Ste. Croix + 23. Alan Came0b do com uma meron,
acor Ancient Greck Worla, 371. De the in Je StruBs' sicamente ba o ad us e The Cias r sa Cé r po do truí o Circus Maximus, recons
estimativa, como
desses clubes organizados, que “perturba e
rança . Mas quando descreve os bandos dePP
History, 229. in ty Ci e Th , d r o f 17. Mum
pista
ores. Plínio, ad ct pe es l mi 5 38 va ta or mp co s, de corrida de biga assim um númea nd ai l, mi 0 26 em o rc ci do de da ci a a capa
o Velho essitionm ante;
sã impres
ínio, História Pl s: re no me ros me nú em ec outros forn
Ancient Rome, 214-215. in fe Li y il Da o, in op rc Ca e , 39 V1 Natura Ê X1
NOTAS
268
O
ASSASSINATO
DE
JÚLIO
CÉSAR
Press, 1988), 19; Political Thought (Berkeley: University of California
24. Mumford, The City in History, 229, 231, 233-234. 25. Sobre a importância dos espetáculos organizados, ver Roland August,
ite que e Carcopino Daily Life in Ancient Rome, 179-180. Cícero adm mas chama-os de “crihavia lojistas entre 05 seguidores de Clódio,
Cruelty and Civilization: The Roman Games (Nova York: Routledge, 1994).
minosos”.
va para uma assembléia popular fala ndo Qua .1. L44 XII co Áti A , ero Cic 39. os citados no Fórum, Cícero fingia admirar o povo, ver seus comentári
26. Stewart Perowne, Cacsars and Saints (Nova York: W W Norton, 1962), 86.
27. Juvenal, Sátiras 111.159 e Casson, Everyday Life in Ancient Rome, edição revista, 100. 28. Mumford, The City in History, 224. 29. Suetônio, Augusto 44.
624, n.14. em Ste. Croix, The Class Siruggle in the Ancient Greek World,
40, Apiano, Às guerras civis 1.116.
41. Tácito, Anais XIV42-45. mentário de Ste. Croix co ar o rv se ob ém mb 4. Ta 3H. r VI sa , Cé co ar ut Pl 42.
a exceção em The Class Struggle in the Ancient Greek World, 353. Um ssa que pode ser Yavetz, que cita mais de 50 ações políticas de ma etz, sabidamente ocorreram durante o período republicano: Zwi Tav
30. Tácito, Anais 1.765.
31. Dion Cassio, História romana XLIII.23. 32. Plínio, História natural VTI1.7.20-21; Dion Cássio, História romana
Plebs and Princeps (Oxford: Oxford University Press, 1969). I.2-3. 43. Discutido no Capítulo Quatro; e ver Plutarco, Tibério Graco XX II. Plutarco, Tibério Graco VIIL1-25; e Caio Graco VII. 1-2,5 e XI
AXRIX.38; Cicero, Aos sets amigos VILA,
33. Dion Cassio, História romana XLIII.24. 34. George Rude, The Crowd in History, 1730-1848 (Nova York: John Wiley c Sons, 1964), 199-201, 210.
a 45. Plutarco, Caio Graco XVIIL.2. O povo também construiu uma estátu acos”: de bronze a Cornélia, com a inscrição: “Cornélia, mãe dos Gr
35. P-O Lissagary, History of the Commune of 1871 (Nova York: International Publishing Co., 1898 [1876], 382-465, 499-500; «e Graham
Caio Graco IVZ A.
46. Mommsen, The History of Rome, 488.
Robb, Victor Hugo (Nova York/Londres: W W Norton, 1997), 466-469. 36. Leonard L. Richards, “Gentlemen of Property and Standing": Anti-
47. Mommsen, The History of Rome, 145. 48. Kahn, The Education of Julius Cacsar, 117. 49. Cícero, A Ático VIL3. 50. Suetônio, Júlio César 75. 51, Plutarco, César Vl-2.
Abolition Mobin Jacksonian America (Nova York: Oxford University Press, 1970), 82-85 e passim.
37. Rudé, The Crowd in History, 30, 45, 55-56, 60-61, 68, 178, 189. Nem
todas as ações da multidão, é claro, foram dirigidas a objetivos democráticos; basta pensar em linchamento, rebeliões contra imigrantes
:
ataques jingoístas a manifestantes pacíficos, motins anticatólico s, €
pogroms anti-semitas. À violência de massa contra a abol ição costu-
mava ser perpetrada por líderes comunitários e outras pessoas in-
fluentes, ver Richards,
“Gentlemen
269
of Property and Standing”:
Anti-Abolition Mobs in facksonian America, passim.
38. Sobre as profissões de libertos na Roma antiga, ver Brunt, Social Conflicts in the Roman Republic, 137; Neal Wood, Cicero”; Social and
da 53. 54. 55.
Kahn, The Education of Julius Caesar, 154. Suetônio, Júlio César 16. q | Plutarco, César LXI.3-4. the Study and Wing in ys sa Es n, to Ac ger lb Da rd wa Ed h John Emeric editado por). Rufo on, Act rd Lo of gs tin Wri ed ect Sel de 2 . of History, vol
Fund, 1986), 169. y ert Lib s: oli náp dia (In Fears do século XIX, fim no o çã sa en mp co de iva tat ten e 56. Para a uma valent mes 1 c 2. lu vo y, wl Lo t en ci An ver Ward, The
Índice
Acton, Lorde, 221 Aenobarbo, Domício, 86
Agostinho, santo, 67,80 Agripina, 32 8-61, Alexandria, biblioteca de, 15 257n27, 258n31 0 Amiano Marcelino, 50, 16
Aníbal, 38
Antônio, 101 Antônio, Marco
assassinato de César e, 174, 176-
77, 178, 261n10 assassinato de, 174, 261lnl0 Cleópatra e, 16, 234n3 discurso no Senado a favor de César, 132, 163-64
discurso pós-assassinato no Senado, 182-83 e decretos senatoriais extracons-
titucionais, 197
eo Segundo Triunvirato, 199 homossexualismo de, 141
oração fúnebre no funeral de César, 184-85, 263n43
propriedades da mulher, 235n26
representações de, na ficção, 14-15
Apiano, 29 e a luta do Senado contra Caio Graco, 205 e o mito de César e Servília, 172
opinião das pessoas comuns, 60, 210 sobre a “conspiração Catilina”, 116 sobre a reforma agrária de Tibério Graco, 7/5 sobre César como popularis, 153 sobre Milão e o assassinato de Clódio, 89-91
sobre o assassinato de César, 173,
178, 190, 260nl sobre o pós-assassinato, 184, 185 tema do “escravo fiel”, 53
Via Ápia, 89, 90, 125
Aptheker, Herbert, 19 Ariovisto, 139, 197 Aristóteles, 47, 68 Artemidoro, 177 Ascônio,
66,
88,
248n21, 260nl
209,
ial, 62 Assembléia Centur
247n68,
O ASSASSINATO
272
Assembléia Plebéia, 240n 10
Assembléia Tribal do Povo, 62, 73,
83, 84, 135, 162, 240nlO
associações, 87, 204, 266n9
Ático, 98, 124, 135, 165
augúrios/auspícios do assassinato de César, 175-76
utilização política dos, 87-88, 128-29, 252n17 Augusto, 200-6 códigos de adultério de, 35 comparecimento a jogos e diversões públicas, 213 desfaz reformas de César, 200-4 e o assassinato de César, 260nl co calendário, 259n58
e o Segundo Triunvirato, 199 filhas de, 33 homossexualismo de, 141
perda de liberdade e de liberdades populares no reinado de,
202-5 proteção da riqueza por, 200-3
torna-se imperador, 200 Aurélio Victor, Sexto, 205 auspícios religiosos, 128-29, 252n17
Badian, E,, 193 Bailey, Shackleton, 16] bairros pobres e moradias para alugar, 40-41, 44 Balsdon, J. PV D., 37
bibliotecas e educação
DE
JÚLIO
CÉSAR
apoio de César a, 158, 165-66 biblioteca de Alexandria e, 158.
61, 258n3l
educação republicana e, 165 Bíbulo, 128-29, 146-48 Boal, Iain, 24/n3
Boyer, Richard, 19 Bradley K. R.; 45, 46 Brunt, PA., 66, 71, 81, 246n56 Bruto, Décimo
como parceiro de confiança de César, 172, 191,261n4, 262n23
no complô para assassinar César,
172, 177, 262n23
pós-assassinato, 181, 185, 187 Bruto, Marcos
como usurário corrupto, 153 e Cícero, 96-97, 150 e omito de César e Servília, 172
“er tu Brute?”, 262n23 mulher Pórcia, 235n24
no complô para assassinar César, 172, 174, 179, 262n23
nomeação política de, por César, 191-92
pós-assassinato, 182-84, 186 representações de, na ficção, 15, 151
tratamento dado pelos historiadores a, 15, 151 Burke, Peter, 234nll
273
ÍNDICE
57n27 Cahill, Thomas, 2
259nn57?, 9, 16 , o n a m o r io ár calend
58, 59
corrupção de, 146-49 e a “conspiração de Catilina”, 112, 148 e Milão, 148-49
Calgaco, 28
Calígula, 205
medo de pobres indóceis, 218
Cameron, Alan, 212 Canfora, Luciano, 159
tratamento justo dispensado por
Calpúrnia,
sonho de, 175, 177
Carcopino, Jérôme, 37, 45, 235n26
Cartago, 58
César a, 191-92 Catilina, Lúcio Sérgio assassinato de, 92, 115
Casca, Públio, 179
campanhas eleitorais de, 100-01,
Cássio, Caio
designação política de, feita por César, 191-92
.
no complô para assassinar César,
172, 178, 184-85
partindo de Roma, 186 suicídio de, 199
suspeitas de César em relação a,
176 Casson, Lionel, 45-46 Catão, o Velho, 54, 255n29
Catão, Marco
suicídio de, 191
Pórcio, o Jovem,
146-50
admiração dos historiadores por, 146, 149, 254n28
alcoolismo de, 149, 255n39
assuntos pessoais de, 149-50
ataque à reforma agrária de César, 146
ataques pessoais a César, 114, 137-38, 149, 253n2 como tribuno, 63
102
comemoração popular de, 219 como popularis, 98 homossexualismo de, 141
ver também
“conspiração
de
Catilina” Catulo, Quinto, 106, 112-13, 114,
219, 249n52, 250nlO Catulo, Valério, 140, 253n11, 264n3
Cepião, 140 Césare Cleópatra (Shaw), 14, 15-18
César, Júlio, 121-136 afrouxando o controle dos oligarcas sobre o poder, 13, 142-45 apoio popular a, 134-36, 180-3,
218, 220-21
campanhas militares de, 129135, 139, 253n6 como candidato a alto sacerdote, 125, 25Inlô
225
ÍNDICE O
274
ASSASSINATO
DE
JÚLIO
s € como defensor das biblioteca
invectiva
como dono de escravos, 139
políticas
da educação, 158, 166
como imperator, 136, 166, 185 como orador, 138 como popularis do Senado, 66,
92, 121, 153-56, 191, 192 como tratava as mulheres, 36, 140-41
como tratava os adversários, 161,
191-93, 194-96, 258n37, 264n3
consulado de, 128-29, 161-64, 191
dedicação inicial à causa popular, 123-25 desagrado popular com, 181,
214,216,221 e a “conspiração de Catilina”, 112-15, 249n52 e a população judia, 157-58 co governo de Sula, 123-24, 161 co Senado, 13, 131-33, 142-44,
162, 163, 164, 189-90, 259n43
c Pompeu,
127, 130-32,
133,
134 e proscrição determinada por Sula, 121-22 escritos de, 138
início da carreira política, 12527 interesses intelectuais, 138
CÉSAR
homofóbica
contra,
141-42 igualitárias/redistri-
butivas, 13, 126, 143-46, 153.
57, 161-65, 168
pretensões monárquicas € auto-
cracia, 166-69, 181, 216, 221,
258n39, 259n54
primeiras viagens ao exterior,
122-23 proezas sexuais, 140-41]
propostas legislativas, 153-66 qualidades pessoais, 137-42 reforma agrária, 126, 128, 149, 153, 154-55, 161, 256n2
reforma do calendário por, 169 reformas de dívidas, 155-57
reformas de infra-estrutura, 15324 representações de, na ficção, 13-
19
simpatia popular pós-assassinato por, 180-88 César, Júlio, assassinato de, 171-88 como o povo viu o, 180-84, 187-
88 como ponto crítico na históna de Roma, 12 complô para assassinar, 12, 17375 conspiradores, 171-72, 173-74 data do, 168
descrito, 11-12, 177-B80, 262n23 e a tradição de simpatia pelos assassinos, 67
e Antônio, 174, 177, 178, 26Inl0
estratégias no, 173-75 evitando aparência de golpe, 174, 261nl0
explicando os motivos dos adversários no Senado, 12, 173-74,
189-93 oração no funeral de Antônio, 185, 263n43 pós-assassinato, 180-88, 263n45 presságios/auspícios, 175, 17778
relatos de historiadores antigos, 260nl representações na ficção, 14-15 suspeitas do próprio César sobre, 176 tentativa de alertar César, 177-78 “Cesarismo”, 19, 258n39
Cetego, 110, 112, 117, 249n45 Cícero, 95-119
a generosidade de César com,
189
admiração dos historiadores por, 37, 95-96, 115-16, 195, 247n3 amor a si mesmo, 97 como cavalheiro historiador, 29
como governador da Cilícia, 147
como membro da classe de oficiais equestres, 43
como novus homo (“novo ho-
mem”), 100 ca constituição “equilibrada”, 67
ea escravidão, 47, 50, 53, 54
ca propaganda do bem-estar da República, 194 e as pessoas comuns, 97-98, 208-
9, 215, 222, 269n39 e augúrios/auspícios, 128 e Bruto, 150-51 e Catão, 147
e Cleópatra, 16 e Clódio, 88, 90-92, 105, 164 e Macro, 123, 124
co complô para assassinar César, 173, 184-85 e o Primeiro Triunvirato, 127
e o reino de Sula, 86
e o Segundo Triunvirato, 199 e os irmãos Gracos, 80
e os projetos de reforma agrária de César, 126-28 e os talentos oratórios de César,
138 e Pompeu, 132-33
fanatismo etnoclassista de, 37 hipocrisia de, 98, 135 édio à democracia, 97-98
ódio aos populares, 71, 105
pós-assassinato, 181, 184, 186,
190, 199, 203
277
ÍNDICE
ATO O ASSASSIN
276
primeiros anos € carreira políti-
ca, 96-97 propriedades
da
mulher,
64,
235n26 seus imóveis em bairros pobres, 40-41
sobre as propostas legislativas de
César, 161, 164-65
sobre homossexualismo, 142
sobre a ambição de poder de César, 122
sobre o ativismo proletário, 219 sobre os optimates do Senado, 66, 145 ver também “conspiração de Catilina”
Cimber, Túlio, 178, 191 Cina, C. Hélvio, 263n45 Cina, Lúcio Cornélio, 83-84, 92,
121, 263n45 classe de devedores
indiferença de Augusto com, 202
reformas de César relativas à, 155-57,221
Classe dominante. Ver romanos
ricos Cláudio, 32, 159
Cleópatra e Antônio, 15, 233n3
e César, 15, 36, 136, 140
em César e Cleópatra, de Shaw, 15-18
clientela, 66, 86, 144
DE
JÚLIO
CÉSAR
Clódio (Públio Clódio Pulcher), 87-92 ca mulher de César, Pompéia, 88 Milão e o assassinato de, 89-93,
148, 247n68B, 266n9
motivações igualitárias de, 145
opinião dos historiadores sobre, 87, 90, 246n56 partidários de, 209 reformas de, 87-88, 211, 266n9
Colégio dos Augures, 128
collegia, 87, 201, 220, 222 Collingwood, R. G., 25 Columela, 47 Comuna de Panis, 215
“conspiração de Catilina”, 98-119 acusações a Catilina, 99, 101, 104, 111-12, 116, 117, 141, 250n62 Cícero dando-se a si próprio
crédito por ter salvado o Estado da, 115, 119
complô original para matar O cônsul eleito, 99-100, 116
delegação de alóbrogos €, 108-9, 111, 118 e a aceitação de propinas por Cícero, 114, 250n59 € Catão, 113, 148
e Catulo, 112-13, 114 e César, 112-13, 249n52
eLêntulo, 110, 113, 114-15, 11617, 148, 249n45
co clima de medo, 103-05, 107, 115 e o mandato
de
cônsul
de
Cícero, 100-04 e Voltúrcio, 108, 109, 110 execução de “conspiradores”, 114, 148 falta de provas da, 107-08, 111, 118-19 opiniões de historiadores sobre,
115, 250n63 partida de Catilina, 106, 249nn37, 38 perguntas difíceis c acusações implausíveis, 116-19 prisão de “conspiradores”, 10811, 249n45 relutância dos senadores em agir contra Catilina, 105, 248n36 satanização de Catilina, 104,
106-09 sessão do Senado e acusações a, 104 sessão do Senado na qual foi apresentada prova, 113-15
Constantino, 160
Constituição dos Estados Unidos, 68
Copley, Frank O., 250n63
Cornélia (mãe dos Gracos), 269n45 Cornélia (mulher de César), 36, 121 Cornélia (mulher de Pompeu), 235n24
Crasso, Marco carreira militar e razões da fama,
126 começo da amizade com César, 127, 130 e Catilina, 100, 111-12, 248n21 e Pompeu, 112, 126-27 morte de, 130
Crawford, Jane W, 248n2l crimes de rua, 41-42 cristianismo
ataque à educação c à cultura pagã, 159-61, 257nn27, 30
visão secular do começo do, por Gibbon, 31-32 Croce, Benedetto, 25 Curião, 131
Declínio e queda do Império Roma“ no (Gibbon), 27
Dickinson, John, 67, 162, 211 Dion Cassio como cavalheiro historiador, 29,
30 cacrítica da plebe à matança de animais no circo, 214
relato do assassinato de César, 171, 174, 189, 260nl, 262n23
sobre a “conspiração de Catilina”, 115, 117, 248n36, 249037, 250n62 sobre a aprovação de César pelo povo, 182
ÍNDICE 278
O
ASSASSINATO
sobre a fé e a prática judaicas, 157 sobre Catão, 146, 149 sobre César como ditador temporánio, 135 sobre Cícero, 97, 115, 248n36 sobre o assassinato de Caio Graco, 80
sobre o incêndio da biblioteca de Alexandria, 158
sobre Pompeu e César, 130 sobre propostas legislativas de César, 161, 162
Dionísio Exíguo, 168 Dolabela, Públio, 69, 141, 151] Domiciano, 205
Douglass, Frederick, 48 Dragstedt, Albert, 254n28 Drumann, Wilhelm, 247n3 Druso, Marco Lívio, 82, 92
Du Bois, WE. B,, 19
DE
JÚLIO
CÉSAR
classe de escravos (servi), 39,
236nl e relações exploratórias entre as classes, 54
ex-escravos na população comum, 216
exploração sexual de, 51-53, 14142 ideologia racista e, 47 problema dos escravos fugitivos, 49-50, 238n35 protesto das pessoas comuns contra o assassinato punitivo
de, 216-17 rebeliões de escravos, 47,50, 111,
126 relações entre senhores e escravos, 47-50, 53-55 tema do “escravo fiel”, 53
Durant, Wall, 172
tratamento dado pelos historia-
elites, ver Senado; romanos ricos
vida de escravos, 50-53
Empilo, 260nl
dores, 44-46, 47, 53
Espurina, 178
Engels, Friedrich, 96
Estrabão, 159
escravos e escravidão, 44-55
estrutura política de Roma, 57-69
alforria, 45, 46-47, 48, 202 Augusto e a escravocracia, 202
Assembléia Centurial, 62
Catão e a escravocracia, 148,
Assembléia Tribal do Povo, 62,
255035 César como dono de escravos, 139 Cícero e, 47,53, 54
Assembléia Plebéia, 240nl0 73, 83, 84, 135, 162, 240nl0
assembléias legislativas, 62 conquistas c alianças imperialistas, 58-59
279
“misconstituição “equilibrada”/ ta” e limitada participação popular, 67-69, 242n27 corrupção eleitoral, 63
distinção entre patrícios € plebeus, 57-58, 62-63, 240n2 ea riqueza, 59-61, 63, 93 estrutura política democrática, 61-64 fundação de Roma e primeiros governos, 57 magistrados, 62, 64, 24lnll papel do povo, 57-58, 61, 62-63, 240n2 Tribunato do Povo, 62 ver também Senado Etrúria (Toscana), 102, 106, 115
Filêmon, Emílio, 91, 247n68
Finley, M. L., 52 Floro, Lúcio Aneu, 47, 76, 80, 115, 130, 158 Foner, Philip, 19 Fuller, J. F. C., 37, 143, 174
Fúlvio Flaco, 80, 92
Gabínio, Aulo, 97, 141 Gager, John, 30 Gália
concessão de direitos à, por César, 163
conquista da, por César, 130,
139, 253n6
“conspiração
de Catilina”
e
emissários da, 108-09, 111, 118
Gália Cisalpina, 130, 163, 191
Gália Transalpina, 130 Gardner, Jane, 167, 258n3] Gelzer,
Matthias,
88,
158,
190,
264n14 Gibbon, Edward como cavalheiro historiador, 26-
28, 30, 31 preconceitos machistas, 32 simpatia pelos oligarcas do Senado, 67
sobre a biblioteca de Alexandria, 158-59 sobre a escravidão romana, 44-
45, 47 sobre as mudanças feitas por César no Senado, 165
sobre o começo do cristianismo romano, 31
sobre o governo de Augusto, 20203 sobre os usos políticos da religião, 129 Gladiador (filme), 18 Gláucia, Caio Servílio, 82, 83, 92 Gneu, 16
Graco, Caio, 78-81 apoio popular, 218
, 205 assassinato de, 80, 92, 105
ÍNDICE O
280
ASSAS SINATO
César e as tendências reformis-
tas de, 154, 191, 256n2 luta do Senado contra, 205
256n2 Graco, Tibério, 72-76 assassinato de, 76-77, 79, 80, 92,
105, 218 como popularis, 72-78 reforma agrária (lex agraria) de,
72-78, 92, 218, 256n2 Michael,
67,
155,
190,
242n26, 259n43 Gregório XIII, papa, 169 gregos, 37, 163 Handford, S.A., 75
Heródoto, 29
Hírcio, Aulo, 191 História (Salústio), 123
história e cavalheiros historiadores, 25-38, 234nll admiração por Cicero, 37, 95-96,
115, 195, 247n3 Clódio e, 87-88, 90, 246n56 como gênero literário patrício,
29
“conspiração de Catilina" e, 115,
250n63 e a plutocracia do Senado e a constituição “mista”, 67, 69
e a reforma agrária de Tibério Graco, 72-73, 74-75, 76
JÚLIO
CÉSAR
e as opiniões sobre idílicos tempos antigos, 28, 35
Homero, 29 smo, 141-42 Homossexuali
eo republicanismo, 17
l Hopkins, Keith, 236n Horácio, 35, 45, 21 Hortêncio, 150
e os motivos dos assassinos de César, 12
igualitarismo, ver reformas iguali-
coincêndio da biblioteca de Ale-
reformas de, 62, 78-81, 85, 191,
Grant,
DE
xandria, 158-59, 160, 258n3]
escravidão romana e, 44-46, 47,52 estudos feministas, 33, 235n27 fanatismo etnoclassista e, 36
ignorando provas de ativismo proletário, 218 imperialismo romano e, 28-29,
30-32
oligarquias ricas, opiniões das, 67, 69, 195-96, 207-08, 209, 222, 266n9 opinião do povo sobre, 29-30, 37,
208-13, 222-23, 234nl1,266n9
opiniões alternativas, 28-29, 3031,212, 247n3
posição socioeconômica e moldagem dos preconceitos de classe, 25-32, 37, 195-96, 222 preconceito machista e, 32-36
propostas
281
redistributivas
de
César e, 161-62, 163
representação ficcional da história, 13-19
riscos de “presentismo” ou de seu oposto, 207-08, 222
sobre os populares, 68, 71, 73,72;
77, 80-81, 88, 93, 105 ver também nomes de historiadores
tárias
Instituto Catão, 150 irmãos Gracos, 76-81
apoio do povo a, 2 18-19, 269n45 motivações igualitárias, 145
sobre a supremacia de classe romana, 44
sobre Cicero ca “conspiração de Catilina”, 115-16 sobre crimes de rua, 41-42
sobre moradias de bairros populares, 40
sobre o comparecimento de ricos nas diversões públicas, 213 Kahn, Arthur, 96, 126, 246n56
Keaveney, Arthur, 86 Kiefer, Otto, 81
João I, papa, 168 Josefo, 29
judaísmo, 157-58 Júlia (filha de César), 130, 131, 13940 Júlia Domna, 32
Júlio César (Shakespeare), 14 Ato I, Cena 2, 25, 71,207 Ato I, Cena 3, 95 Ato II, Cena 2, 121, 171 Ato III, Cena
1, 39, 57, 95,
262n23
Ato II, Cena 2, 11, 137,153,171 Bruto em, 151, 171, 262n23
Juvenal homofobia de, 142
misoginia de, 35
opinião do povo, 210 pintura realista do imperialismo romano, 30-31
Le Bon, Gustave, 216 Lemisch, Jesse, 19 Lêntulo, 110, 113, 114, 116-18, 148, 249n45 Lépido, 135, 174, 175, 180, 199
lex agraria, 72-76, 78, 218 Ver também reforma agrária lex Oppia, 34 . libertos, direitos dos, 87, 97
Lintott, Andrew, 77, 86
Lívio, 29, 160, 260nl Lucano, 115, 130, 134, 139, 158-59
Luceio, Lúcio, 115 Lúcio Sétimo, 17
Macro, Licínio, 123-23, 127
Mamurra, 140, 253nll Manílio, Caio, 86, 97
Mãânlio, 102, 106
O
282
ASSASSINATO
Márcia (mulher de Catão), 150 Marcial, 51, 140, 237n6 Marco Aurélio, 297n30
Mário, Caio, 82-83, 92, 121, 125, 165, 191, 220 Marx, Karl, 210 Mason, Ernst, 190
Mathiez, Albert, 19 Meier, Christian, 81, 86, 245n38 Messalina (mulher de Cláudio), 32 Metelo Cipião, 91, 96, 131, 247n68
Metelo Nepos, 103 Metelo, Cecílio, 220
DE
JÚLIO
CÉSAR
Morais, Herbert, 19
e o assassinato de César, 260nl
Planco, Munácio, 191
Morton, À.L., 19 mulheres romanas
filhas de, 33
Plínio, o Jovem, 36, 54, 204, 253n39
como proprictárias, 35, 63-64, 235n26
especialização e pesquisa feminista sobre, 33, 235n27
machismo de historiadores e, 32-36 rebelião das, 34 sacrifício das, 34, 235n24
tratamento dado por César, 36, 139-40
199 e o Segundo Triunvirato,
ver também Augusto
bem-estar, 211 públicas, diversões
Péricles, 129
209-10 sobre Catão, 146
sobre César como “rei democrático”, 167
sobre César e as reformas das dívidas, 155 sobre Cícero, 247n3 sobre Sula, 86
sobre Tibério Graco, 75
moradores da cidade (plebs urbana), 39-42, 218 moradores do cam po (plebs rustica), 42,60 ver também povo
Nasica, Públio, 76, 218 Nero, 32, 217 Nicomedes, rei, 122, 141
nobreza, ver Senado; romanos ricos
oligarquia, ver Senado; romanos FICOS
opressão de classe, 37-38, 44, 193-
sobre a candidatura de César a
Perowne, Stewart, 213
alto sacerdote, 125
Petrônio, 51
pirâmide social de Roma, 39-55
classe dos funcionários ricos € nobreza, 42-44 classe média, 42
ideologia da supremacia de classe, 38, 44, 193-96
moradores da cidade (plebs urbana), 39-42
cravidão
rustica), 42, 59 pequenos proprietários, 42, 59-
adotando o título de “Augusto”; 200
221 e os populares, 73-74, 15, 76, 80,
na”, 112, 115, 117
moradores
Otávio, Caio
e o ativismo proletário, 218-19,
opinião sobre o povo, 209 sobre a “conspiração de Catili-
96. Ver também escravos € €5-
opiimates (“os melhores”), 66-67. Ver também Senado; ricos Otávia (sobrinha de César), 140
e Júlio César de Shakespeare, 15
88
Pansa, C. Víbio, 191
vida das mulheres comuns, 33-34
radicais, 68-69, 86, 92-93 opinião sobre o povo, 36-37,
212-14,
267n23
Mitridates, rei, 28 desaprovação dos reformadores
como cavalheiro historiador, 29
210-15
Milão, Tito Ânio, 89-92, 148-49
Mumford, Lewis, 210, 212
Plutarco
"panem ct circenses” (pão e circo),
partos, 130 Pédio, 92
Platão, 47, 68, 242n27 Plínio, o Velho, 60, 187,201,267n23
Otávio, Marco, 74
vida das matronas das classes altas, 33-36, 52, 239n26
Mommsen, Theodore
283
ÍNDICE
do
60
campo
(pics
proletariado sem propriedades (proletarii), 39-42 ver também escravos e escravidão
Pisão, 112, 249n52
sobre a lei de proteção aos pequenos proprietários, 59-60 sobre as reformas legislativas de César, 161 sobre as suspeitas que César Unha de Cássio, 176-177 sobre Caio Graco, 79
sobre Catão, 146, 149, 255n42 sobre César e a biblioteca de Alexandria, 158 sobre o assassinato de César,
171-72, 173, 175-76, 260nl,
262nn22, 23
sobre os desejos monárquicos de César, 259n54+
sobre os usos políticos dos auspícios, 252n17
O ASSASSINATO
284
sobre Servília e César, 114, 172 sobre Tibério Graco, 72-73, 7475, 76, 78 Polião, Asínio, 260nl Políbio, 29, 67, 129, 141, 222, 242n27 Pomeroy, Sarah B., 235n2/ Pompéia, 88 Pompeu amizade inicial com César, 127
assassinato de, 135-36, 235n24
como beneficiário da corrupção de Catão, 147-48
derrotado por César, 135-36 e a “conspiração de Catilina”, 118 e Crasso, 112, 127 e Sula, 127
mulheres de, 130, 131, 139-40, 235n24, 253n10
pós-assassinato, 197 recusa a fazer acordo com César, 131-32, 133 teatro de, 213-14
* uso político dos auspícios por, 252n1l7
populares (“demagogos”), 66, 71-93
assassinato de, 76-78, 79-83, 89-93 ataques dos oligarcas do Senado
a, 76, 78,93
Catilina como, 98-99
DE
JÚLIO
CÉSAR
César como, 66, 92, 121, 153-57,
191, 193 Clódio como, 87-91, 92
designados e discutidos, 81-83 historiadores desaprovam, 68,
71, 73, 75, 80-81, 88, 93, 104, 246n56
lutas contra Sula, 85-86, 128
reformas de Caio Graco, 78-82 reformas de Tibério Graco, 72-
78, 92-93 reformas de, 72-83, 85, 87-88, 92-93
ver também reforma agrária violência reacionária de Sula contra, 83-86,
128, 245n45,
246n49 Pórcia, 235n24
povo ação política de massa pelo, 218-19 apoio a César, 134, 180-84, 218, 220-21
apoio aos populares, 218, 269n45 associações
do, 87, 202, 204,
266n9
bem-estar e assistência pública, 194, 210-12 Cícero e o, 97-98, 163, 208, 216, 222, 269n39 Clódio e, 87, 209
composição do, 214-16 diversões públicas e, 212-14, 267n23
285
ÍNDICE
oma, 39R de al ci so de mi râ pi ea
42, 62-63 cas inclinações monárquicas de César, 181, 216, 221
4estereótipos das multidões, 21 16, 217, 268n37 ex-escravos/filhos de escravos, 216 “história popular do”, 20
julgamento crítico exercido pelo,
214,216
Macro ec o, 124
moradores das cidades (plcbs urbana), 39-42, 216 no governo de Augusto, 200-02
opinião dos historiadores sobre o, 13, 29, 37, 208-13, 222, 234nll, 266n9 “panem et circenses”, 210-14, 267/nn15, 23
papéis no sistema político democrático, 57-58, 62, 240n2
pós-assassinato, 180-84, 185-88 profissões do, 214-15, 216 proletariado sem propriedades, 39-42 reformas igualitárias de César
em benefício do, 13-14, 126,
143-46, 154-57, 164, 168
representação do, na ficção, 15, 17, 18 Sula e 0, 219-20
ver também populares (“demagogos”) vida das mulheres, 33 preconceito machista entre os historiadores, 32-36. Ver também
mulheres Primeira Guerra Púnica, 58
Primeiro Triunvirato, 127, 130
proletariado sem propriedades (proletarii), 39-42. Ver também
povo
proscrições de Sula, 84, 98, 121-22, 135, 245n45 Ptolomeu, rei do Egito, 16, 135,
138 Quinto, 100
Rá, 16
rebelião de escravos chefiada por
Espártaco, 47, 50, 112, 126
reforma agrária
Caio Graco e, 154, 256n2
César e, 125-26, 128, 149, 153, 154-55, 162, 256n2 Clódio e, 211 e a ditadura de Sula, 85, 211 e o reino de Augusto, 202
€ Lerricos proprietários de terras
ras de propriedade pública, 59-61, 72-73, 75-76, 77,92 72Tibério Graco ca lex agrária, 75, 78, 92, 218, 256n2
O ASSASSINATO
286
reformas igualitárias, 144-46
de César, 13-14, 126, 143-46,
154-57, 161-65, 168 e os apelos enganosos dos opitmates, 1453-531
necessidades de líderes populares buscarem as, 144-45
violenta supressão das, por Sula, 83-86, 161-62, 245n45, 246n49 ver também reforma agrária Reid, Whitelaw, 55 religião ataques cristãos à cultura pagã, 159-61, 257nn27, 30 auspícios caugúrios, 129,252n17 judaísmo, 157-58 representações da Roma antiga na
ficção, 14-19 República Tardia
DE
JÚLIO
CÉSAR
classe dos funcionários e a pirã-
mide social de Roma, 42-44 cas políticas redistributivas de
César, 13-14, 126, 144-46, 154, 155, 156-57, 161-63, 168 estrutura política romana e, 59-
61, 64 ideologia da classe dominante, 37, 44, 193-96 medo e ódio do povo, 13
nos jogos de arena e diversões públicas, 213 proprietários de terras e terras férteis de propriedade pública, 59-61, 72,76, 77,81,93
protegidos por Augusto, 200-05, 266n41 vida de mulheres,
34-36, 51,
233n26
ver também Senado
datas do período, 19, 233n4
Rômulo, 57 Rudé, George, 19, 216
imperialismo romano e, 28-29,
Rufo, em César e Cleópatra de Shaw;
30-32
larifundia (plantações), 39 o poder na, 196-98 supremacia de classe na, 38, 44, 193-96
republicanismo, 17 Richards, Leonard, 215
Robinson, Cyril, 31, 37, 77, 256n2 romanos ricos
287
ÍNDICE
17 Rufo, Marco Célio, 68 Rússia de hoje, 68 Salamina, 151 Salústio
como novas homo (“novo homem ), 100 homossexualismo de, 141
opinião sobre o povo, 210
opiniões igualitárias,
156, 165 |
pintura idílica dos tempos antigos, 28
sobre a “conspiração
de Cati-
lina”, 99-100, 111, 112, 114-15, 116, 117, 119
sobre as qualidades pessoais de César, 137 sobre Catão, 146
sobre governo do Senado, 66 sobre mulheres das classes supe-
riores, 35 sobre ordem de Sula, 86 Saturnino, Lúcio Apuleio, 82, 83, 92 Schumpeter, Joseph, 30 Scullard, H. H.
opiniões sobre o povo, 209, 210, 211, 266n9
simpatia pelos oligarcas do Senado, 67, 77, 80, 86
sobre as reformas de Sula, 86 Segunda Guerra Púnica, 58
Segundo Triunvirato, 199
Semíramis, 142 Senado
César como populares do Senado, 66, 92, 121, 153-57, 191, 193
César muda composição do, 163, 165
César rompe o sufoco da aristocracia senatorial, 13, 143-
46,
163-64,
165, 190,
193,
259n43 círculo íntimo dos nobres, 64-66
clientelismo, 66, 86 como república para poucos (plutocracia), 67-69
desigualdades no, 65 e a constituição “equilibrada”/ “mista”, 67-69, 242n27
e a estrutura política de Roma, 63, 64-69
e a magistratura, 63, 63 eo assassinato de Tibério Graco, 76-78, 80, 105 e o Tribunato do Povo, 62
e os populares reformadores, 66, 71-93
extraconstitucionalidade no in-
teresse do poder da elite, 19798
no reinado de Augusto, 200-06 no reino de Sula, 84-86
optimates (os melhores”), 66-67
patrícios e plebeus no, 58
permutas € relações de César com
3 o, 131-35, 189-90, 264nnl,
de pós-assassinato € as reformas César, 182-84 18 representações no cinema,
oligárrepublicanismo c privilégio quico, 17
“O
288
ASSASSINATO
ver também César, assassinato;
populares (“demagogos”); romanos ricos Sêneca, 49, 50-51
Sertório, Quinto, 85 Servília, 36, 114, 172 Severo, 32 Shakespeare, William, ll, 14-15,
17, 151. Ver sambém Jrúlto César (Shakespeare) Shaw, George Bernard, 14, 15-17 Sicínio, Gneu, 85
Silano, 113, 114 Starr, Chester, 266n4]
Ste. Croix, G.E.M,., de, 19, 212 Stone, 1. F., 210
Suetônio como cavalheiro historiador, 29 e o assassinato de César, 173,
176, 189, 260nl
sobre a “conspiração de Catilina” 116-17 sobre a biblioteca de Alexandria, 159
DE
JÚLIO
ÍNDICE
CÉSAR
sobre gastos César, 138
e pilhagens
de
sobre opiniões populares a respeito de César, 181, 220 Sula, Fausto, 140
Sula, Lúcio Cornélio, 83-86 aprovado pelos historiadores, 86
diferenças do governo de César, 162 é Catilina, 98
e César, 121-22, 123, 161-62 filha adotiva de, 253n10 proscrições de, 84, 98, 121-22,
135, 245n45
violenta supressão de reformas igualitárias, 83-86, 127, 162,
245n45, 246n49 Sullivan, J. P, 265n37
Sulpício Rufo, 82, 83, 92 Syme, Sir Ronald, 47, 95, 161, 165
Tácito, 29, 67, 200, 204, 217,234nll Tarquínio, Lúcio, 111 Taylor, Lilly Ross, 150
sobre a invectiva homofóbica contra César, 142
Templo de Júlio César, 187 Teófilo, bispo, 159
sobre a oração fúnebre de Antô-
The Crowd (La Foule) (Le Bon),
nio, 185, 263n43
sobre as reformas da dívida fei-
tas por César, 155 sobre as relações de César com
adversários, 189, 264n3 sobre collegia, 201
215 Tibério, 213 Trajano, 204 Trebônio, Caio, 178, 191, 262n22 Tucídides, 29
3, 80, 146 Valério Máximo, 29, 36,5 , 158 Tarrão, Marco Terêncio Veleio Patérculo
como cavalheiro historiador, 29 opinião sobre O povo, 222
sobre a “conspiração de Catilina”, 115, 116-17 sobre as reformas de Sula, 24 6n49
Vercingetórix, 139
Vitélio, 234nll Voltúárcio, Tito, 108, 109, 110
Walter, Gerard, 158 Weber, Max, 66
Wilder, Thornton, 233nl
sobre Catão, 146
Yavetz, Zwi, 144, 209, 256n2
sobre populares e outros refor-
Zinn, Howard, 19
sobre César, 251n10, 253n6
madores, 80, 82, 88
289
E
MR
plá contra César, e oferece detalhes fascinantes sobre a sociedade da Roma antiga. Na narrativa, nos depa-
ramos com eleições compradas e fraudadas; com a luta pela democracia; o uso da religião como instrumento de controle social; o abuso sexual dos escravos e a utilização política de ataques homofóbicos. Michael Parenti traz, assim, a his-
tória de corrupção de um império,
de senhores e escravos, de patriarcas e mulheres subjugadas, de capitalistas que fazem de tudo para enriquecer e províncias saqueadas, de chefões que achacam os moradores de
bairros miseráveis e desordeiros urbanos, de esquadrões da morte e per-
seguições políticas, de consumismo
desenfreado e desigualdades sociais. O assassinato de Júlio César oferece uma
nova e irresistível perspectiva
da Roma antiga, repleta de intrigantes paralelos com o nosso tempo.
MICHAEL PARENTI, Ph.D. em Ciências Políticas pela Universidade de Yale, publicou 17 livros. Entre p, eles. destacam-se The Terrorism Tra for History as Mystery, Democracy To Kill a the Few, Agaisnt Empire €
Nation.
“(...) ESTA É A LUTA ENTRE UM PUNHADO DE PLUTOCRATAS € A MULTIDÃO DE INDIGENTES, DOS PRIVILEGIADOS CONTRA O PROLETARIADO, APRESENTANDO
ELEIÇÕES
CORRUPTOS,
POLÍTICOS
PELO
FRAUDADAS
ECONÔMICO
E O ASSASSINATO
PODER DE
Ll-
DERES POPULARES. QUE O LEITOR DECIDA SE ALGUMA PARTE DISSO PRODUZ ALGUMA ÇÃO
DE
RESSONÂNCIA ESPÍRITO
DA
NA
DISPOSI-
NOSSA
EPOCA.”
158M 85-01-07102-1
IH]