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Portuguese Pages [386]
MENSAGENS MANUAL DO PROFESSOR
PORTUGUÊS 12.º ANO
Célia Cameira Ana Andrade Salomé Raposo 5HYLV¥R&LHQW¯ȃFD
Fernando Pinto do Amaral Rita Veloso
T
SIMULADOR DE EXAMES
MANUAL CERTIFICADO FACULDADE DE LETRAS UNIVERSIDADE DE LISBOA
2
Índice geral Unidade 0
Diagnóstico e Projeto de Leitura
pp. 10
Avaliação diagnóstica
Unidade 1
Fernando Pessoa
pp. EDUCAÇÃO LITERÁRIA 20
Mensagens cruzadas
22
Contextualização histórico-literária
pp.
Reflexão existencial: Alberto Caeiro, o primado das sensações 88
1.1 Fernando Pessoa – Poesia do ortónimo 30
Ricardo Reis
Contextualização literária O fingimento artístico
31
Autopsicografia
33
Isto A dor de pensar
36
Ela canta, pobre ceifeira
38
Gato que brincas na rua
O fingimento artístico: Ricardo Reis, o poeta «clássico» 94
Não sei se é sonho, se realidade Toda beleza é um sonho, inda que exista
97
Antes de nós nos mesmos arvoredos
98
Cada um cumpre o destino que lhe cumpre Álvaro de Campos O fingimento artístico: Álvaro de Campos; o poeta da modernidade
104
Pobre velha música! 108
1.2 Bernardo Soares, Livro do Desassossego 50
52
61
Perceção e transfiguração poética do real
113
Eu nunca fiz senão sonhar
1.4 Fernando Pessoa – Mensagem
O imaginário urbano
124
Tudo é absurdo
Quando outra virtude não haja em mim
84
Aniversário
Contextualização literária Primeira Parte − Brasão
128
O dos Castelos
130
Ulisses
134
D. Sebastião, Rei de Portugal
1.3 Fernando Pessoa – Poesia dos heterónimos 80
À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica Reflexão existencial: sujeito, consciência e tempo; nostalgia da infância
Contextualização literária
O quotidiano; Deambulação e sonho: o observador acidental 64
Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir O imaginário épico: a exaltação do Moderno e o arrebatamento do canto
A nostalgia da infância 43
Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio Reflexão existencial: a consciência e a encenação da mortalidade
Sonho e realidade 40
O Guardador de Rebanhos II
Segunda Parte − Mar Português
Contextualização literária
136
O Infante
Alberto Caeiro
140
Mar Português
O fingimento artístico: Alberto Caeiro, o poeta «bucólico»
141
A Última Nau
O Guardador de Rebanhos I
Terceira Parte – O Encoberto 143
O Quinto Império
146
Nevoeiro
3 pp. GRAMÁTICA 32
Classificação de orações. Funções sintáticas. Coesão textual
33
Classificação de orações. Deixis
34
Deixis. Classificação de orações
37
Classificação de orações. Classes e subclasses de palavras. Funções sintáticas
38
Classificação de orações. Deixis. Coesão textual
41
Funções sintáticas
55
Deixis. Coesão textual
62
Coesão textual. Valor aspetual
66
Valor temporal e aspetual. Coerência textual
86
Classificação de orações. Funções sintáticas
90
pp. ESCRITA 34
Apreciação crítica: O Poeta, Marc Chagall (pintura)
38
Texto de opinião: Estória do Gato e da Lua, Pedro Serrazina (curta-metragem)
55 66 90
Apreciação crítica: «Cinegirasol», Os Azeitonas (videoclipe)
Texto de opinião: Filme do Desassossego, João Botelho (filme) Apreciação crítica: Sem Título, Mahboobeh Pakdel (cartoon)
99
Texto de opinião: «Para ser grande, sê inteiro: nada», Ricardo Reis (poema)
111
Exposição sobre um tema: Obras Públicas (Street Art − Graffiti) (reportagem)
131
Exposição sobre um tema: «Viriato», Mensagem, de Fernando Pessoa (poema)
Reprodução do discurso no discurso. Coesão textual.Funções sintáticas
144
Apreciação crítica: Paz, Jota A. (cartoon)
97
Valor temporal. Valor aspetual
pp. LEITURA
99
Subordinação. Coesão textual e deixis
114
Valor aspetual
129
Deixis. Classificação de orações. Valor aspetual
131
Deixis. Classificação de orações. Valor aspetual
137
Classificação de orações. Deixis. Funções sintáticas
147
Coesão textual. Valor aspetual. Classificação de orações.
46
Apreciação crítica: «Um mapa para os caminhos de Fernando Pessoa», Carlos Maria Bobone, Observador
71
Diário: Diário VIII, Miguel Torga
102
Artigo de opinião: «Nascer é um bom começo. O resto é discutível», Miguel Esteves Cardoso, Público
117
Memórias: Um garoto misterioso, Retalhos da Vida de um Médico, Fernando Namora
pp. 48
Síntese da subunidade 1.1: Poesia do ortónimo
73
Síntese da subunidade 1.2: Bernardo Soares, Livro do Desassossego
74
Mensagens em diálogo e em debate
75
Ficha formativa
93
Síntese da subunidade 1.3: Alberto Caeiro
pp. ORALIDADE 41 62
Texto de opinião: O Sono, Salvador Dalí (pintura) Texto de opinião: «As Cidades», Rodrigo Leão (videoclipe)
Texto de opinião: Fotógrafos da Natureza (reportagem
103
Síntese da subunidade 1.3: Ricardo Reis
SIC)
122
Síntese da subunidade 1.3: Álvaro de Campos
Diálogo argumentativo: Eixo do Mal, sobre a atribuição do Prémio Nobel da Literatura a Bob Dylan
148
Síntese da subunidade 1.4: Mensagem
150
Mensagens em diálogo e em debate
137
Apresentação oral: A dimensão simbólica dos heróis da Mensagem
151
Glossário
152
Ficha formativa
147
Texto de opinião: Mensagem, Luís Vidal Lopes (filme)
86
120
4 pp. FICHAS INFORMATIVAS
Unidade 1 – Fernando Pessoa
1.1 Fernando Pessoa – Poesia do ortónimo
Unidade 2
Contos
pp. EDUCAÇÃO LITERÁRIA
35
FI 1 O fingimento artístico
158
Mensagens cruzadas
39
FI 2 A dor de pensar
160
Contextualização histórico-literária
42
FI 3 Sonho e realidade
163
Contextualização literária
44
FI 4 A nostalgia da infância
165
«Sempre é uma companhia», Manuel da Fonseca
45
FI 5 Linguagem, estilo e estrutura
166
Dias solitários
172
O grande acontecimento
183
«George», Maria Judite de Carvalho
184
Encontro com o passado
189
Encontro com o futuro
1.2 Bernardo Soares, Livro do Desassossego 56
FI 1 Perceção e transfiguração poética do real
57
FI 2 Semântica I: valor temporal e valor aspetual
63
FI 3 O imaginário urbano
67
FI 4 O quotidiano
68
FI 5 Deambulação e sonho: o observador acidental
69
FI 6 Linguagem, estilo e estrutura
72
FI 7 Diário
1.3 Fernando Pessoa – Poesia dos heterónimos Alberto Caeiro 87 91 92
FI 1 O fingimento artístico: Alberto Caeiro, o poeta «bucólico» FI 2 Reflexão existencial: Alberto Caeiro, o primado das sensações FI 3 Linguagem, estilo e estrutura
100 101
169
Valor temporal
175
Sequências textuais
187
Valor modal
pp. ORALIDADE 169
Texto de opinião: E se fosse Consigo, «Violência no Namoro» (reportagem)
pp. ESCRITA 175
Texto de opinião: A solidão dos tempos modernos
FI 1 O fingimento artístico: Ricardo Reis, o poeta «clássico» FI 2 Reflexão existencial: a consciência e a encenação da mortalidade
191
Apreciação crítica: As Três Idades da Mulher, Gustav Klimt (pintura)
FI 3 Linguagem, estilo e estrutura
178
Ricardo Reis 96
pp. GRAMÁTICA
pp. LEITURA
Exposição sobre um tema: A telefonia
Álvaro de Campos 107
FI 1 O fingimento artístico: Álvaro de Campos: o poeta da modernidade
pp. 182
Síntese: «Sempre é uma companhia», Manuel da Fonseca
112
FI 2 O imaginário épico: A exaltação do Moderno; O arrebatamento do canto
197
Síntese: «George», Maria Judite de Carvalho
115
FI 3 Reflexão existencial: sujeito, consciência e tempo; nostalgia da infância
198
Mensagens em diálogo e em debate
116
FI 4 Linguagem, estilo e estrutura
199
Glossário
119
FI 5 Memórias
200
Ficha formativa
121
FI 6 Diálogo argumentativo
1.4 Fernando Pessoa – Mensagem 132
FI 1 Linguagem e estilo
135
FI 2 O imaginário épico: exaltação patriótica
138
FI 3 O imaginário épico: dimensão simbólica do herói
142
FI 4 O imaginário épico: natureza épico-lírica da obra
145
FI 5 O Sebastianismo
5 pp. FICHAS INFORMATIVAS
Unidade 2 – Contos
pp.
Ana Luísa Amaral
«Sempre é uma companhia», Manuel da Fonseca 170
FI 1 Caracterização das personagens. Relação entre elas Solidão e convivialidade
176
FI 2 Importância das peripécias inicial e final Linguagem e estilo. Caracterização do espaço: físico, psicológico e sociopolítico
179
FI 3 Linguística textual – sequências textuais
Figurações do poeta 228
Arte poética 229
FI 1 A complexidade da natureza humana. Metamorfoses da figura feminina
192
FI 2 As três idades da vida. O diálogo entre realidade, memória e imaginação
194
FI 3 Linguagem, estilo e estrutura
195
FI 4 Semântica II – valor modal
Soneto científico a fingir Tradição literária
230
As pequenas gavetas do amor Representações do contemporâneo
«George», Maria Judite de Carvalho 188
Visitações, ou poema que se diz manso
232
Metamorfoses
pp. GRAMÁTICA 210
Deixis. Coesão textual. Funções sintáticas
214
Valor aspetual. Deixis Valor temporal. Campo semântico e campo lexical. Classes e subclasses de palavras
pp. GRAMÁTICA
Unidade 3
Poetas contemporâneos
223
Funções sintáticas. Classificação de orações. Valor aspetual
228
Deixis
229
Classificação de orações
231
Funções sintáticas
pp. EDUCAÇÃO LITERÁRIA 206
Mensagens cruzadas Miguel Torga Figurações do poeta
209
Livro de Horas Arte poética
211
212
219
220
221
Debate: The Gift, Julio Pot (curta-metragem)
pp. ESCRITA
Tradição literária
214
Sísifo 220
S. Leonardo de Galafura
Exposição sobre um tema: «Viagem», Miguel Torga (filme promocional)
Texto de opinião: O poder das palavras e a importância da sua escolha para o estabelecimento da comunicação
Eugénio de Andrade
pp. LEITURA
Figurações do poeta
236
Agora as palavras
pp.
Arte poética
237
Síntese
A sílaba, Sílaba a sílaba
238
Mensagens em diálogo e em debate
Tradição literária
239
Glossário
Green God
240
Ficha formativa
Representações do contemporâneo 222
231
Arte poética
Representações do contemporâneo 213
pp. ORALIDADE
Adeus
Diário: Diários de José Saramago
6 pp. FICHAS INFORMATIVAS Unidade 3 – Poetas contemporâneos
pp.
Representações do amor
Miguel Torga
215
217
FI 1 Figurações do poeta Arte poética Tradição literária Representações do contemporâneo FI 2 Linguagem, estilo e estrutura Eugénio de Andrade
224
226
FI 1 Figurações do poeta Arte poética Tradição literária Representações do contemporâneo FI 2 Linguagem, estilo e estrutura Ana Luísa Amaral
233
235
277
Marcenda
278
Lídia
281
Ricardo Reis e Lídia
282
Ricardo Reis e Marcenda
283
Ricardo Reis e as duas Evas
284
Da indiferença à comoção Deambulação geográfica e viagem literária
286
Eu sou múltiplo
287
A cidade dezasseis anos depois
290
Primeira visita de Fernando Pessoa
291
Nova visita de Fernando Pessoa
FI 1 Figurações do poeta Arte poética Tradição literária Representações do contemporâneo
293
Ricardo Reis e Cesário
FI 2 Linguagem, estilo e estrutura
294
Ricardo Reis, Pessoa e Camões
295
A derradeira viagem
Intertextualidade: José Saramago, leitor de Luís de Camões, Cesário Verde e Fernando Pessoa
Memorial do Convento
Unidade 4
José Saramago
302
pp. EDUCAÇÃO LITERÁRIA 246
Mensagens cruzadas
248
Contextualização histórico-literária
O título e as linhas de ação 305
Contextualização literária Representações do século XX – O espaço da cidade
253
Regresso à pátria
258
Lisboa real
259
Lisboa: o vergonhoso espetáculo do mundo Lisboa anunciada
260 261
O título e as linhas de ação Linha de ação: construção do convento, a epopeia do trabalho
O Ano da Morte de Ricardo Reis 251
Contextualização literária
306
A promessa do rei
311
D. João V: o «Magnânimo»
313
D. Maria Ana Josefa Visão crítica I
315
Recrutamento à força
317
Epopeia da pedra – os verdadeiros heróis de A a Z
Lisboa profunda: rixas e funerais
318
Epopeia trágica
Festividades na cidade
319
Vida miserável Linha de ação: Baltasar e Blimunda, a sublimação do amor
Representações do século XX – O tempo histórico e os acontecimentos políticos 264
A morte de Fernando Pessoa
322
Baltasar Sete-Sóis
266
O discurso do poder: a alienação e a indiferença
323
Do auto da fé ao amor
269
325
A união de Blimunda e Baltasar
327
Blimunda Sete-Luas
271
A repressão e a ordem: a PVDE Movimentos contra o regime: a Revolta dos Marinheiros Ventos de Espanha: o massacre de Badajoz
328
Um homem e uma mulher
272
A Europa unida: comício contra o comunismo
270
Linha de ação: a construção da passarola, o elogio do Sonho 331
O sonho de voar
7 pp.
pp. LEITURA
Dimensão simbólica 348
Artigo de opinião: «Na morte de José Saramago», Vasco Graça Moura (Diário de Notícias)
334
Sete-Sóis e Sete-Luas Os três Bês – a «trindade terrestre» As vontades
335
O poder da música
301
Síntese: O Ano da Morte de Ricardo Reis
339
Voo e queda da passarola
351
Síntese: Memorial do Convento
352
Mensagens em diálogo e em debate
353
Glossário
354
Ficha formativa
Dimensão simbólica – A perpetuação do amor 343
A procura de Blimunda
pp. GRAMÁTICA 265
Coesão textual. Valor temporal
267
Valor aspetual
283
Valor modal
294
pp.
pp. FICHAS INFORMATIVAS
Unidade 4 – José Saramago
O Ano da Morte de Ricardo Reis 256
FI 1 Linguagem e estilo
Intertextualidade
263
296
Classificação de orações. Funções sintáticas. Coesão textual. Valor aspetual
FI 2 Representações do século XX – O espaço da cidade
268
FI 3 Texto e textualidade: intertextualidade
308
Valor modal
274
314
Funções sintáticas. Deixis. Classificação de orações
FI 4 Representações do século XX – O tempo histórico e os acontecimentos políticos
280
FI 5 Representações do amor
315
Intertextualidade
324
Coesão textual
297
FI 6 Intertextualidade: José Saramago, leitor de Luís de Camões, Cesário Verde e Fernando Pessoa
326
Valor temporal
298
FI 7 Deambulação geográfica e viagem literária
333
Sequências textuais. Valor aspetual
336
Sequências textuais
345
Valor aspetual
Memorial do Convento 309
FI 1 Linguagem e estilo
316
FI 2 Texto e textualidade: intertextualidade
320
FI 3 Linha de ação: construção do convento, a epopeia do trabalho
pp. ORALIDADE 262
Apresentação oral: «Inquietação», A Naifa (canção)
289
Texto de opinião: A importância do fado
321
FI 4 Visão crítica I
319
Texto de opinião: «Quem construiu Tebas, a de sete portas?», Bertolt Brecht (poema)
330
FI 5 Linha de ação: Baltasar e Blimunda, a sublimação do amor
Apresentação oral: Perfeito, Mauricio Bartok
337
FI 6 Tempo histórico e tempo da narrativa
341
FI 7 Linha de ação: a construção da passarola, o elogio do Sonho
329
(curta-metragem)
pp. ESCRITA 273
Apreciação crítica: Salazar (documentário)
342
FI 8 Visão crítica II
385
Apreciação crítica: Viver depois de ti (trailer)
346
FI 9 Dimensão simbólica
296
Exposição sobre um tema: The Maze Runner: Correr ou Morrer, Wes Ball (trailer)
349
FI 10 Caracterização das personagens. Relação entre elas
312
Apreciação crítica: Toda a Luz Tem a sua Sombra, Luc Vernimmen (cartoon)
340 345
Apreciação crítica: O Primeiro Voo, DreamWorks (curta-metragem)
Exposição sobre um tema: Intenção da fusão entre a História e a ficção em Memorial do Convento
O AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA PROJETO DE LEITURA Que livros ler? O que fazer? • Escrita • Oralidade Como divulgar?
DIAGNÓSTICO E PROJETO DE LEITURA
Henri Lebasque, Rapariga à Janela, s.d.
10
Unidade 0 // DIAGNÓSTICO E PROJETO DE LEITURA
Grupo I
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
A Lê atentamente o seguinte poema. Já foste rico e forte e soberano, Já deste leis a mundos e nações, Heroico Portugal, que o gram Camões Cantou, como o não pôde um ser humano!
COTAÇÕES Grupo I A 1. 2. 3.
10 pontos 10 pontos 10 pontos
B 4. 5.
10 pontos 10 pontos 50 pontos
PROFESSOR
MC
Educação Literária 14.3; 14.4; 14.7; 14.8; 15.1; 14.2 (12.o Ano). Leitura 7.1; 7.2; 7.4; 7.7.
CD 1 Faixa n.0 1
5
10
Zombando do furor do mar insano, Os teus nautas, em fracos galeões1, Descobriram longínquas regiões, Perdidas na amplidão do vasto oceano. Hoje vejo-te triste e abatido, E quem sabe se choras, ou então, Relembras com saudade o tempo ido? Mas a queda fatal não temas, não. Porque o teu povo, outrora tão temido, Ainda tem ardor no coração.
Júlio Pomar, Camões, 1990.
Saúl Dias, in Luís Adriano Carlos (ed.), Saúl Dias – Obra Poética, «Obras Clássicas da Literatura Portuguesa», 3.ª ed., Porto, Campo das Letras, 2001.
(MC – 11.o Ano).
A 1. A antítese presente nos versos 5 e 6 coloca em contraste a fragilidade das embarcações e os tempestuosos mares com as quais os enfrentaram. Este contraste concorre para a glorificação deste povo ao realçar a sua coragem e a sua ousadia («Zombando»), por ter enfrentado a fúria dos mares para alcançar o seu desígnio («Descobriram longínquas regiões / Perdidas na vastidão do vasto oceano.»). 2. A estrofe 4 aponta para os três tempos de Portugal: o passado, glorioso e heroico do seu «povo, outrora tão temido», expresso na 1.a e 2. a estrofes («Já foste rico e forte e soberano, / Já deste leis a mundos e nações»), («Zombando […], / Descobriram longínquas regiões, / Perdidas na amplidão do vasto oceano.»); o presente, de abatimento, de tristeza, visível na 3.a estrofe («Hoje vejo-te triste e abatido.»), de saudade desse passado glorioso («Relembras com saudade o tempo ido?»), atitude que pode conduzir à decadência; e o futuro, que, apesar do pessimismo e desânimo, se afigura bonançoso, pois o sujeito poético crê no entusiamo e na paixão do seu povo («Ainda tem ardor no coração.»), essenciais à mudança, asseverando a sua esperança para Portugal (Mas a queda fatal não temas, não.»).
1 Galeões: naus de guerra.
1. Refere o recurso expressivo presente nos versos 5 e 6 e explicita o modo como concorre para a glorificação do povo português. 2. Relaciona o conteúdo da última estrofe com os três tempos de Portugal representados no poema – o passado, o presente e o futuro –, fundamentando a tua resposta com elementos textuais. 3. Identifica a composição poética e caracteriza-a quanto à estrofe, ao metro e à rima.
Avaliação diagnóstica
11
PROFESSOR
B Lê atentamente o seguinte texto.
Que seria do mundo sem os portugueses
5
10
15
20
25
30
Que seria do mundo do futebol e de outros desportos sem os portugueses? E da arquitetura? E da ciência? E da literatura? E da engenharia espacial, mas também de prédios, museus e pontes? E das artes, da música, da academia, da investigação e tecnologia, do vinho, do turismo, da gastronomia […]. Isto, claro, para não falar dos portugueses de quinhentos que nos hão de inspirar para sempre por terem dado novos mundos ao mundo. Passamos a vida a identificar boas práticas e boas notícias de gente de fora. […] Esquecemo-nos de que nós, os portugueses, estamos sempre a fazer história. Não é só o Ronaldo que faz o mundo vibrar quando marca um golo. O Vhils também humaniza a paisagem aqui como na China; a Maria João Pires para tudo com a sua música; o António Horta Osório fala e é igualmente tido em conta dum canto ao outro neste universo macro e microeconomicista; o Siza e o Souto Moura rasgam a paisagem e abrem horizontes amplos; a Paula Rego redesenha a pintura; Pessoa, Sophia e Saramago serão lidos ao longo de séculos, e por aí adiante. Milhões de portugueses vivos e mortos, conhecidos e anónimos, falam a mesma língua há oito séculos e deixam vestígios pelo mundo. Todo o mundo. […]
35
40
45
50
55
60
Sei de apps criadas por portugueses que mudaram o mundo a meio mundo. E conheço autores e programadores que transformaram a outra metade deste mundo. Falo, por exemplo, da Color ADD, a melhor app inclusiva premiada pelas Nações Unidas, que permite a 350 milhões de daltónicos identificarem e verem as cores. Também sei de robots e invenções portuguesas fabulosas como a bússola que foi lançada para o espaço e permite medir o campo magnético de forma a saber a orientação dos satélites (e o que seria do mundo e da vida de cada um de nós sem os satélites!), mais os óculos de realidade aumentada a que um português adicionou equipamento de vídeo que permite ver para onde o olho está a olhar, e cuja câmara filma o olho, para através de um teclado virtual poder escrever apenas com os olhos. Se estes portugueses não salvam a humanidade, não sei quem a pode salvar, pois inventam tecnologia sofisticadíssima que cria acessibilidades e inclusão, salvando pelo menos parte da humanidade doente. […] Todos eles terão como ponto de partida e de chegada uma interrogação: que seria do mundo sem os portugueses? Confesso que a mim me soa mais como certeza e, daí, ter começado por retirar a interrogação do título.
Laurinda Alves, «Que seria do mundo sem os portugueses», in Observador, 24 de maio de 2016 (disponível em www.observador.pt, consultado em junho de 2016, texto adaptado).
4. Identifica o género do texto que acabaste de ler, fundamentando a tua opção com três marcas características do mesmo. 5. Relaciona os textos A e B do Grupo I, apresentando dois aspetos comuns.
3. O poema é um soneto, composto por duas quadras e dois tercetos, sendo os versos decassilábicos: Já / fos / te / ri / co e / for / te e / so / be / ra / no. A rima é interpolada e emparelhada nas quadras e cruzada nos tercetos, segundo o esquema rimático abba / abba / cdc / dcd. B 4. Estamos perante um artigo de opinião. Três marcas características são, por exemplo, explicitação de um ponto de vista: «Passamos a vida a identificar boas práticas e boas notícias de gente de fora. […] Esquecemo-nos de que nós, os portugueses, estamos sempre a fazer história.» (ll. 12-15); desenvolvimento de argumentos: «Milhões de portugueses vivos e mortos, conhecidos e anónimos, falam a mesma língua há oito séculos e deixam vestígios pelo mundo.» (ll. 28-31), e respetivos exemplos: «Sei de apps criadas por portugueses que mudaram o mundo a meio mundo.» (ll. 32-33); presença de discurso valorativo, neste caso, apreciativo, com a utilização de adjetivos como «boas» (l. 12), «fabulosas» (l. 41) e «sofisticadíssima» (l. 55). Também os recursos expressivos reforçam o juízo de valor apresentado, como, por exemplo, a hipérbole – «a Maria João Pires para tudo com a sua música» (ll. 19-20); a metáfora – «o Siza e o Souto Moura rasgam a paisagem e abrem horizontes amplos» (ll. 23-24), entre outros. 5. Os dois textos relacionam-se ao nível da temática. Em ambos se reflete sobre a situação de Portugal e dos portugueses e se expõe aspetos negativos e positivos acerca do nosso país. No texto A, o estado decadente do país contrasta com a esperança de um futuro melhor («Porque o teu povo, outrora tão temido, / Ainda tem ardor no coração.», vv. 13-14); no texto B, a tendência para menosprezarmos o que é nacional («Passamos a vida a identificar boas práticas e boas notícias de gente de fora. […] Esquecemo-nos de que nós, os portugueses, estamos sempre a fazer história.», ll. 12-15) é revertida através de vários exemplos de feitos atuais dos portugueses («Se estes portugueses não salvam a humanidade, não sei quem a pode salvar, pois inventam tecnologia sofisticadíssima que cria acessibilidades e inclusão, salvando pelo menos parte da humanidade doente.», ll. 52-57).
12
Unidade 0 // DIAGNÓSTICO E PROJETO DE LEITURA
COTAÇÕES
Grupo II
Grupo II 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 2. 3. 4.
5 pontos 5 pontos 5 pontos 5 pontos 5 pontos 5 pontos 10 pontos 10 pontos
Caros cidadãos de Portugal,
5
50 pontos 10
PROFESSOR
MC
Gramática 17.1; 18.1; 18.2; 20.1. (MC – 11.o Ano).
15
Estive há dias no vosso país (acho eu) e parece que cometi um erro. Disse que Cristóvão Colombo era vosso compatriota quando, ao que parece, ele nasceu em Génova. O que significa que era grego, ou assim. Enfim, os povos do sul da Europa acabam por ser todos muito parecidos. Também tenho dificuldade em distinguir africanos e chineses. Sendo oriundo de uma potência como o Luxemburgo, estive muito ocupado a estudar a longa história do meu país, e a conhecer a sua vasta geografia. Por isso, faltou-me disponibilidade para me dedicar à história de países mais pequenos, como o vosso. Além disso, no Luxemburgo temos pouquíssimo contacto com portugueses, pelo que a minha ignorância está desculpada, creio eu.
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Vamos ao essencial. O meu objetivo era comparar o socialismo com um período negro da história mundial. Por isso, escolhi inteligentemente uma época que os portugueses abominam: os Descobrimentos. Cristóvão Colombo era,
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na verdade, um socialista: ia sem saber para onde à custa dos contribuintes – e com que resultados? Nenhuns. Não admira que tenha sido esquecido pela história e que, hoje, alguns altos dignitários europeus nem saibam exatamente quem ele foi e onde nasceu. Diz-se que Cristóvão Colombo descobriu a América. Pois bem, eu já estive na América, e é enorme. Imaginem as vossas cidades de Málaga e Bordéus juntas. A América é ainda maior. Não é nada difícil de descobrir. Vê-se do espaço. Perguntem ao vosso compatriota Neil Armstrong. Ele foi a Júpiter, e sabe do que fala. Portugal é, sinceramente, a minha parte favorita de Angola, e tive o privilégio de poder confidenciar isto mesmo a Nelson Mandela, quando ele ainda jogava no Benfica. Nessa medida, […] o vosso país tem em mim um amigo. Creio que o desconhecimento mútuo é o melhor aliado da amizade. Quanto mais se conhece o outro, mais características desagradáveis lhe descobrimos. E eu já demonstrei que não faço a mínima ideia de quem vocês são e do que fizeram. Terei todo o prazer em defender, na Comissão Europeia, os vossos interesses, mal descubra quais são. Como dizia o vosso Cervantes: «Ser ou não ser, eis a questão.» Portugal tem de optar entre ser socialista, como Cristóvão Colombo, ou ser sábio e ajuizado, como eu. Avaliem a dimensão de ambas as figuras na história da Europa e do Mundo e decidam em conformidade. Gracias e hasta luego, como se diz aí. Cordialmente, Jean-Claude Juncker
Ricardo Araújo Pereira, «Boca do Inferno», in Visão, 29 de maio de 2014 (disponível em www.visao.sapo.pt, consultado em junho de 2016).
Avaliação diagnóstica
1. Para responderes a cada um dos itens de 1.1 a 1.5, seleciona a opção que te permite obter uma afirmação correta. 1.1 As funções sintáticas desempenhadas pelos segmentos sublinhados em «Estive há dias no vosso país […]» (l. 1) são, respetivamente, (A) modificador e complemento oblíquo. (B) complemento oblíquo e modificador. (C) predicativo do sujeito e modificador. (D) modificador e predicativo do sujeito. 1.2 No contexto em que ocorre, a palavra destacada em «Enfim, os povos do sul da Europa acabam por ser todos muito parecidos» (ll. 6-8) contribui para a coesão (A) (B) (C) (D)
lexical. frásica. interfrásica. referencial.
1.3 O segmento destacado em «Sendo oriundo de uma potência como o Luxemburgo […]» (ll. 9-10) desempenha a função sintática de (A) complemento do nome. (B) complemento do adjetivo. (C) modificador do nome restritivo. (D) complemento oblíquo. 1.4 As orações destacadas em «Ele foi a Júpiter e sabe do que fala» (ll. 39-40) são, respetivamente, (A) coordenada e subordinada substantiva completiva. (B) coordenada e subordinada substantiva relativa sem antecedente. (C) subordinante e subordinada substantiva relativa sem antecedente. (D) coordenada e subordinada adjetiva relativa restritiva. 1.5 A expressão destacada em «[…] o vosso país tem em mim um amigo» (l. 46) desempenha a função sintática de (A) modificador. (B) complemento oblíquo. (C) predicativo do complemento direto. (D) complemento indireto. 2. Classifica os deíticos «vosso» (l. 15), «hoje» (l. 30) e «aí» (l. 64). 3. Indica a função sintática do segmento destacado em «Avaliem a dimensão de ambas as figuras na história da Europa […]» (ll. 61-62). 4. Comprova que o texto respeita os princípios da coerência, apesar de apresentar dados incompatíveis com o nosso conhecimento do mundo.
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PROFESSOR
Grupo II 1.1. (D). 1.2. (C). 1.3. (B). 1.4. (B). 1.5. (A). 2. «vosso» – deítico pessoal; «hoje» – deítico temporal; «aí» – deítico espacial. 3. Complemento do nome. 4. O texto respeita todos os princípios de coerência, embora apresente informações opostas ao conhecimento que temos do mundo: a dimensão do Luxemburgo, apresentado como uma «potência»; os Descobrimentos como «um período negro da história mundial», abominado pelos portugueses; Neil Armstrong ser português e ter ido a Júpiter; Cervantes ser português e ter escrito uma expressão da autoria de Shakespeare, entre outras. A ironia que percorre todo o texto está ao serviço de uma crítica, não compremetendo a sua estrutura, sentido ou eficácia comunicativa.
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Unidade 0 // DIAGNÓSTICO E PROJETO DE LEITURA
COTAÇÕES Grupo III 40 pontos Grupo IV 30 pontos PROFESSOR
MC
Escrita 10.1; 11.1; 12.1; 12.2; 12.3; 12.4; 13.1. Oralidade 5.1; 5.2; 5.3; 5.4; 6.1; 6.2; 6.3.
Grupo III 1. Lê a afirmação de Roger Crowley, retirada de uma notícia. «[Os Descobrimentos] têm de ser vistos como um todo: uma revolução na navegação e na cartografia, que permitiu descobrir como unir o mundo fisicamente através de barcos, e ao mesmo tempo uma mudança radical no comércio. Em resumo, com os portugueses o mundo tornou-se global.» João Céu e Silva, «Lisboa foi a Silicon Valley do fim do século XV», in Diário de Notícias, 29 de março de 2016 (disponível em http://dn.pt, consultado em junho de 2016).
1.1 Redige um texto de opinião sobre a importância de Portugal e dos portugueses na globalização do mundo, no passado e no presente.
(MC – 11.o Ano).
Grupo III Sugestão de resposta: • O fenómeno da globalização teve início no séc. XV, com os Descobrimentos portugueses: o avanço das técnicas de navegação e da cartografia permitiu a união física dos mares; desenvolvimento e mundialização do comércio, através da troca de mercadorias; movimentação de recursos materiais e humanos (emigração); aproximação de culturas; desenvolvimento da economia da Europa Ocidental; … • Do séc. XV à atualidade: fenómeno da colonização; fenómeno da emigração para diversos pontos do globo e consequente influência e participação dos portugueses em diversas áreas (cultura, ciência, política, economia,…).
Grupo IV Observa, atentamente, o seguinte cartoon.
Cartoon de Lopes, o repórter pós-moderno
Grupo IV Sugestão de resposta: • O cartoon de Luís Afonso apresenta Portugal como um colchão insuflável, no meio do oceano, e o comentário por parte de um jornalista, dizendo que «ainda flutua»; isto é, ainda há esperança, muito provavelmente, os jovens terão um papel crucial no «salvamento» do país: • a importância da juventude na sociedade – os jovens são bastante importantes na sociedade, pelo seu espírito inovador, capacidade de mover os seus pares e os adultos e, sobretudo, pela sua índole sonhadora e vontade de transformar a sociedade; • áreas potenciais de transformação – mudança de mentalidades na sua família, no meio escolar e comunitário em que se inserem.
Luís Afonso, «País flutua» (disponível em http://www.sabado.pt/multimedia/ilustracoes.html).
A partir da leitura do cartoon, elabora um texto de opinião, de quatro a seis minutos, em que reflitas sobre o papel dos jovens enquanto agentes de mudança na sociedade. A tua exposição oral deve contemplar os seguintes tópicos: • leitura do cartoon, relacionando-o com o tema a abordar; • a importância da juventude na sociedade; • áreas potenciais de transformação; • ações de dinamização junto dos jovens.
Avaliação diagnóstica
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COTAÇÕES
Grupo V
Grupo V
Escuta atentamente a canção «A gente vai continuar», de Jorge Palma, do álbum No Tempo dos Assassinos (2002). Seleciona, para cada uma das questões abaixo apresentadas, a resposta que considerares mais correta, de acordo com o sentido da letra. 1. Inicialmente, o sujeito lírico incita (A) à continuação do estado reflexivo.
1. 2. 3. 4. 5.
6 pontos 6 pontos 6 pontos 6 pontos 6 pontos 30 pontos
(B) a uma mudança da postura corporal. (C) à continuação da postura corporal.
PROFESSOR
(D) a uma mudança de comportamento.
Grupo IV (cont.) • ações de dinamização junto dos jovens – é urgente fomentar ações deste tipo, de modo a consciencializá-los da sua influência na sociedade e da necessidade de mudança de mentalidades, aproximando-os de causas públicas e da política; por outro lado, é urgente criarmos condições para que os jovens não tenham de emigrar, podendo efetivamente transformar a sua pátria.
2. Simbolicamente, o vocábulo «estrada» pode ter como sinónimo (A) esperança. (B) desespero. (C) dinheiro. (D) saudade. 3. A expressão «ventos e mar» evoca (A) o clima português. (B) um passado de glória.
Grupo V
(C) a posição geográfica portuguesa.
MC
(D) os obstáculos à estrada.
Oralidade 1.1; 1.3; 1.4; 1.5. (MC – 11.o Ano).
4. Considerando as temáticas abordadas, não é contemplada a
1. (D).
(A) do consumismo.
2. (A).
(B) das dependências.
3. (B). 4. (C).
(C) da desistência.
5. (D).
(D) da liberdade. 5. A mensagem global da canção é a de que devemos
▪ Link «A gente vai continuar», Jorge Palma
(A) saber desistir dos nossos sonhos quando perdemos. (B) esperar por ventos e mar favoráveis aos nossos sonhos.
▪ Documento Letra da canção «A gente vai continuar»
(C) perseguir os sonhos dos nossos antecessores. (D) perseguir os nossos sonhos enquanto houver esperança.
▪ Ficha formativa Soluções para projeção
Fotografia de Rita Carmo, Jorge Palma no CCB, 2016.
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PROJETO DE LEITURA
Que livros ler? A lista de livros apresenta vários títulos, dos quais terás de escolher um ou dois, de acordo com as indicações do teu professor, para desenvolveres um trabalho no âmbito do Projeto de Leitura.
LITERATURA PORTUGUESA
LITERATURA UNIVERSAL
DIONÍSIO, Mário, O Dia Cinzento e Outros Contos
Anónimo, As Mil e uma Noites (excertos escolhidos)
FERREIRA, José Gomes, Calçada do Sol: Diário Des-
BORGES, Jorge Luís, Ficções
grenhado de um Qualquer Nascido no Princípio do Século XX
CENDRARS, Blaise, Poesia em Viagem
GERSÃO, Teolinda, A Árvore das Palavras
BELLOW, Saul, Jerusalém – Ida e Volta
(poemas escolhidos)
KNOPFLI, Rui, Obra Poética (poemas escolhidos)
GARCÍA LORCA, Federico, Antologia Poética (poemas
MOURÃO-FERREIRA, David, Obra Poética (poemas
escolhidos)
escolhidos)
GARCÍA MÁRQUEZ, Gabriel, Cem Anos de Solidão
NAMORA, Fernando, Retalhos da Vida de um Médico
GOGOL, Nikolai, Contos de São Petersburgo
NEGREIROS, Almada, Nome de Guerra
KAFKA, Franz, Contos
PESSANHA, Camilo, Clepsydra
KAVAFIS, Konstandinos, Poemas e Prosas
PINA, Manuel António, Como se Desenha uma Casa
(poemas escolhidos)
RÉGIO, José, Poemas de Deus e do Diabo
LEVI, Primo, Se Isto é um Homem
SÁ-CARNEIRO, Mário de, Indícios de Oiro
MÁRAI, Sándor, As Velas Ardem até ao Fim MURAKAMI, Haruki, Auto-retrato do Escritor enquanto
Corredor de Fundo
LITERATURA DE EXPRESSÃO PORTUGUESA
NERUDA, Pablo, Vinte Poemas de Amor e uma Canção
AGUALUSA, José Eduardo, O Vendedor de Passados
Desesperada
ALMEIDA, Germano, Estórias de dentro de Casa
ORWELL, George, 1984
ANDRADE, Carlos Drummond de, Antologia Poética
PAMUK, Orhan, Istambul
(poemas escolhidos) ASSIS, Machado de, Memórias Póstumas de Brás Cubas
PAZ, Octavio, Antologia Poética (poemas escolhidos) PROUST, Marcel, Em Busca do Tempo Perdido. Vol. 1:
HONWANA, Luís Bernardo, Nós Matámos o Cão-Tinhoso
Do Lado de Swann
PATRAQUIM, Luís Carlos, O Osso Côncavo e Outros Poemas (poemas escolhidos)
STRINDBERG, August, Menina Júlia
TAVARES, Paula, Como Veias Finas da Terra
TABUCCHI, Antonio, O Tempo Envelhece Depressa WHITMAN, Walt, Folhas de Erva (poemas escolhidos) WOOLF, Virginia, A Casa Assombrada e Outros Contos XINGJIAN, Gao, Uma Cana de Pesca para o meu Avô
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O que fazer? A partir da obra que selecionaste, desenvolve uma das seguintes atividades propostas.
1. Exposição Prepara uma exposição, escrita (130 a 170 palavras) ou oral (5 a 7 minutos), de acordo com os seguintes tópicos: Introdução • informação sobre o autor e a obra. Desenvolvimento • apresentação do conteúdo global da obra (tema, organização); • semelhanças e diferenças em relação ao que estudaste em determinada unidade, apoiadas em exemplos. Conclusão • síntese dos aspetos mais relevantes da obra.
2. Apreciação crítica Faz uma apreciação crítica, escrita (200 a 300 palavras) ou oral (2 a 4 minutos), em que apresentes os seguintes tópicos: Introdução • informação sucinta sobre o autor e a obra, seguida de uma breve descrição do seu conteúdo. Desenvolvimento • comentário crítico da obra, fundamentado em argumentos suportados por excertos ilustrativos; • semelhanças e diferenças com o que estudaste em determinada unidade, apoiadas em exemplos. Conclusão • informação sobre a importância da divulgação e do conhecimento da obra; • recomendação da sua leitura.
3. Texto de opinião Elabora um texto de opinião, escrito (200 a 300 palavras) ou oral (4 a 6 minutos), em que apresentes os seguintes aspetos: Introdução • informação sucinta sobre o autor e a obra. Desenvolvimento • explicitação do teu ponto de vista sobre a obra, adotando uma perspetiva clara e pertinente, fundamentada em argumentos, suportados por excertos ilustrativos; • utilização de um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito) sobre a obra; • semelhanças e diferenças com o que estudaste em determinada unidade, apoiadas em exemplos. Conclusão • informação sobre a importância da divulgação e do conhecimento da obra; • recomendação da sua leitura.
Como divulgar? Partilha o teu texto escrito • no jornal da escola; • no blogue da biblioteca da tua escola; • no site de uma livraria online ou num site sobre livros que permita adicionar comentários de utilizadores.
Partilha o teu texto oral • sob a forma de apresentação oral à turma; • num programa da rádio da tua escola (acompanhando-o de músicas sugestivas); • sob a forma de vídeo/vlogue no YouTube, Facebook ou outro site de partilha de vídeos.
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FERNANDO PESSOA
EDUCAÇÃO LITERÁRIA
Contextualização histórico-literária
Almada Negreiros, Retrato de Fernando Pessoa (pormenor), 1964.
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mensaGens CrUzadaS Inês Pedrosa É escritora e colabora em programas de rádio (A Páginas Tantas, Antena 1) e televisão (O Último Apaga a Luz, RTP3). Foi diretora da Casa Fernando Pessoa entre 2008 e 2014. Além de contos, crónicas e biografias, publicou sete romances: A Instrução dos Amantes (1992), Nas Tuas Mãos (1997, Prémio Máxima de Literatura), Fazes-me Falta (2002), A Eternidade e o Desejo (2007), Os Íntimos (2010, Prémio Máxima de Literatura), Dentro de Ti Ver o Mar (2012) e Desamparo (2015). Os seus livros estão publicados na Alemanha, no Brasil, na Croácia, em Espanha e em Itália.
Escrever para desassossegar
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«Nunca conheci quem tivesse levado porrada/ Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.» A minha paixão por Fernando Pessoa nasceu neste Poema em Linha Recta, assinado por Álvaro de Campos, que descobri aos 13 anos. Trinta e três anos depois, em 2008, tive a alegria de organizar um concerto no Terreiro do Paço, em Lisboa, com rappers e grupos de hip-hop cantando a poesia de Pessoa e dos seus heterónimos. Mas Pessoa vive além da máquina da heteronímia; é o coração febril do tímido e arguto Fernando que bomba o sangue dos outros, distintos e iguais a ele. Criar personagens faz parte da natureza humana, todos somos vários, a não ser que escolhamos ser apenas sombras movidas por uma ambição qualquer, que sempre é nada. O engenheiro Campos é a figura pessoana que prefiro – navio iluminado ateando ondas na noite da língua e do pensamento. O génio de Pessoa consistiu em transformar em texto as experiências-limite da existência. O seu projeto não era o de criar novidades ou sensações literárias, mas de, escrevendo, sangrar a vida e compreender as paixões que a compõem. Foi um filósofo valente. O autor desse romance sem história onde
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todos os romances estão contidos, o Livro do Desassossego que nunca me canso de reler, e que é um vendaval de ideias e de intuições fulgurantes, usou todos os métodos, processos e correntes literárias, desfibrando-os, subvertendo-os, estoirando-os: depois dele, o belo e o bom nunca mais foram os mesmos – e, sobretudo, nunca mais foram absolutos. Pessoa é a velocidade supersónica e a imobilidade estelar; a máxima dispersão e o extremo rigor. Nos seus diários de juventude (Prosa Íntima e de Autoconhecimento, edição de Richard Zenith, Assírio & Alvim) escreve: «Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente, como se o meu ser participasse de todos os homens, […] Com os meus passos treme a luz das estrelas. […] Pareceu-me sempre que ser era ousar; que querer era aventurar-se.» A aventura pessoana de explorar as múltiplas variantes do ser, na sua autenticidade radical, acompanha-nos para lá do tempo. Fernando Pessoa atreveu-se a escavar destemidamente a verdade da condição humana – é para isso que serve a literatura. Inês Pedrosa (texto inédito, 2017)
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Maria do Rosário Pedreira Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas e foi professora durante cinco anos, o que a influenciou a escrever para jovens. Ingressou na carreira editorial em 1987, sendo atualmente responsável pelo lançamento de novos autores portugueses. Escreve poesia, ficção e literatura juvenil, tendo ainda um blogue dedicado aos livros.
Pessoa(s) sem fim
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Sou a mais nova de uma família grande e, como lá em casa cada um falava para seu lado e geralmente muito alto, tive de lutar bastante por atenção e tempo de antena. Consegui-os aos seis anos com umas quadras que, embora não tão boas como as de Fernando Pessoa, impressionaram os adultos. Mas em boa verdade a poesia estava dentro de mim desde sempre e é provável que tenha ouvido os primeiros poemas de Pessoa ainda na barriga da minha mãe: é que os meus pais cantavam ambos muito mal e preferiam recitar-nos versos a embalar-nos com canções desafinadas... Fizeram bem, porque a poesia é o género literário que consegue dizer mais coisas com menos palavras e, ainda por cima, goza da vantagem de ter música. E, se é certo que não temos de gostar todos dos mesmos poetas, com Fernando Pessoa podemos ficar descansados, porque ele, sozinho, é um monte de escritores para todos os gostos. Talvez seja por isso que o meu “Pessoa & heterónimos” favorito foi mudando ao longo do tempo. Até à adolescência, eu gostava mesmo era da Mensagem e de ver desfilar nas suas páginas a história e as figuras de um Portugal heróico que se atrevera ao mar das Descobertas e nos enchia de orgulho; lembro-me até de, numa festa da escola, recitar empoleirada numa cadeira, o «Mar Português» e, tantos anos decorridos, continuo a sabê-lo de cor. Depois, naquela idade em que os nossos sentidos parecem sobrepor-se à razão,
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agarrei-me com unhas e dentes ao Guardador de Rebanhos de Alberto Caeiro, no qual li que podíamos pensar com os olhos e os ouvidos, as mãos e os pés, o nariz e a boca, e que «pensar uma flor é vê-la e cheirá-la». Ele é que me entendia... Logo a seguir vieram os primeiros desgostos de amor (acontece a todos e faz parte da dolorosa maravilha que é crescer) e então foi a vez de Álvaro de Campos se tornar o meu poeta de eleição; nem precisava de ir ao volante de um Chevrolet pela Estrada de Sintra e olhar o modesto casebre na paisagem para perceber que, como ele escrevera, «A vida ali deve ser feliz, só porque não é a minha.» As paixonetas que chorava nessa altura felizmente passaram, mas dura até hoje a minha paixão pelos poemas do senhor engenheiro... Que tem, mesmo assim, um rival: já eu estava na faculdade, surgiu o Livro do Desassossego, assinado por Bernardo Soares, um maravilhoso texto em prosa feito de mil bocadinhos arrumados como as peças de um puzzle. Enquanto não o li, foi um desassossego. E depois de o ler também: como era possível um livro que não tinha sequer uma história ser tudo menos enfadonho? Confesso que com Ricardo Reis, que é o preferido da minha melhor amiga, não me lembro de sentir uma empatia por aí além; mas, enfim, nos anos que me restam sabe-se lá se ele não acaba por me conquistar. Maria do Rosário Pedreira (texto inédito, 2017)
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Unidade 1 // FERNANDO PESSOA
Contextualização histórico-literária 1888 Nascimento de Fernando Pessoa, em Lisboa.
1928 O General Carmona é eleito Presidente da República. António de Oliveira Salazar assume a pasta das Finanças no governo.
1890 Ultimatum Britânico: a Grã-Bretanha exige a retirada imediata das tropas portuguesas dos territórios entre Angola e Moçambique. O governo português cede e inicia-se uma mobilização patriótica a nível nacional.
1932 Salazar ascende a chefe de governo.
Datas e acontecimentos
1891 Revolta republicana a 31 de janeiro, no Porto, na tentativa de derrube da monarquia e de implantação da República. 1892 Crise financeira e bancarrota.
1933 Início do Estado Novo. 1935 Morte de Fernando Pessoa, no Hospital de São Luís dos Franceses, em Lisboa. Textos e obras
1908 Regicídio de D. Carlos e assassínio do seu herdeiro, D. Luís Filipe. Ascensão ao trono de D. Manuel II, segundo filho de D. Carlos. Avanço da causa republicana. 1910 Revolução republicana de 5 de outubro e Implantação da República. Constituição de um governo provisório, presidido por Teófilo Braga, e preparação de eleições. Início de um conturbado período político (até 1926, tomam posse 8 presidentes e são constituídos 45 governos). 1911 Aprovação da Constituição da I República e eleição de Manuel de Arriaga para Presidente da República. 1914-1918 I Guerra Mundial. Participação de Portugal na Guerra. 1917 Sidónio Pais é eleito Presidente da República, sendo assassinado no ano seguinte. 1926 Início do período de Ditadura Militar, com o general Gomes da Costa. * Algumas das revistas em que Pessoa publicou textos diversos.
1910-1932 Revista A Águia* (5 séries). 1911 Marânus, Teixeira de Pascoaes. 1914 A Confissão de Lúcio e Dispersão, Mário de Sá-Carneiro. 1915 Revista Orpheu* (2 n.os). 1916 Manifesto Anti-Dantas, Almada-Negreiros. Revistas Centauro (1 n.o) e Exílio (1 n.o). 1917 Revista Portugal Futurista* (1 n.º). 1922-1926 Revista Contemporânea* (3 séries, 13 n.os). 1924-1925 Revista Athena* (1 série, 5 n.os). 1927-1940 Revista Presença (54 n.os). 1934 Mensagem, Fernando Pessoa.
Contextualização histórico-literária
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1. Pessoa e a sua época
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[E]m 1915, Pessoa declara duas coisas importantes em carta a Côrtes-Rodrigues: a primeira é a sua consciência de que «ter uma ação sobre a humanidade, contribuir com todo o poder do meu