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a i r ó t s Hi Volume 1
Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP) (Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil)
C794
Cordeiro, Lysvania Villela. História / Lysvania Villela Cordeiro, reformulação dos originais de Norton Frehse Nicolazzi Junior ; ilustrações Eduardo Vetillo, Raqsonu. – ed. atual. – Curitiba : Positivo, 2017. v. 1. : il. Sistema Positivo de Ensino ISBN 978-85-467-9404-8 (Livro do aluno) ISBN 978-85-467-9405-5 (Livro do professor) 1. História. 2. Ensino médio – Currículos. I. Nicolazzi Junior, Norton Frehse. II. Vetillo, Eduardo. III. Raqsonu. IV. Título. CDD 373.33 ©Editora Positivo Ltda., 2017 Edição atualizada
Presidente: Ruben Formighieri Diretor-Geral: Emerson Walter dos Santos Diretor Editorial: Joseph Razouk Junior Gerente Editorial: Júlio Röcker Neto Gerente de Arte e Iconografia: Cláudio Espósito Godoy Autoria: Lysvania Villela Cordeiro, reformulação de originais de Norton Frehse Nicolazzi Junior Colaboração: Lysvania Villela Cordeiro Supervisão Editorial: Jeferson Freitas Edição de Conteúdo: Lysvania Villela Cordeiro (Coord.) Edição de Texto: Paula Garcia da Rocha Revisão: Fernanda Marques Rodrigues Supervisão de Arte: Elvira Fogaça Cilka Edição de Arte: Tatiane Esmanhotto Kaminski Projeto Gráfico: YAN Comunicação Ícones: ©Shutterstock/Goritza, ©Shutterstock/Kamira, ©Shutterstock/ericlefrancais, ©Shutterstock/Chalermpol, ©Shutterstock/Maxx-Studio, ©Shutterstock/Leremy, ©Shutterstock/David Arts e ©Shutterstock/Lightspring Imagens de abertura: ©Shutterstock/Jaroslav Moravcik e ©Shutterstock/Be Good Editoração: Kelly Adriane Hubbe Ilustração: Eduardo Vetillo e Raqsonu Pesquisa Iconográfica: Janine Perucci (Supervisão) e Júnior Madalosso Cartografia: Luciano Daniel Tulio e Thiago Granado Souza Engenharia de Produto: Solange Szabelski Druszcz Produção Editora Positivo Ltda. Rua Major Heitor Guimarães, 174 – Seminário 80440-120 – Curitiba – PR Tel.: (0xx41) 3312-3500 Site: www.editorapositivo.com.br Impressão e acabamento Gráfica e Editora Posigraf Ltda. Rua Senador Accioly Filho, 431/500 – CIC 81310-000 – Curitiba – PR Tel.: (0xx41) 3212-5451 E-mail: [email protected] 2018 Contato [email protected] Todos os direitos reservados à Editora Positivo Ltda.
o i r á m u S Acesse o livro digital e conheça os objetos digitais e slides deste volume.
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Introdução aos estudos de História............ 4
02
Primeiras comunidades ............................. 19
História ....................................................................................................... Conceitos ....................................................................................................
Conceito de civilização ................................................................................ Estabelecimento das primeiras civilizações ................................................
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20 21
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Mesopotâmia........................................... 29
04
Egito ........................................................ 41
05
Região ........................................................................................................ Povos mesopotâmicos ................................................................................ Política, economia e religião ....................................................................... Cultura e influências mesopotâmicas ......................................................... Região ........................................................................................................ Egípcios ...................................................................................................... Política, economia e religião ....................................................................... Cultura e influências egípcias .....................................................................
30 32 34 36 44 46 48 50
Hebreus, fenícios e persas ........................... 53 Região ........................................................................................................ Hebreus ...................................................................................................... Fenícios ...................................................................................................... Persas .........................................................................................................
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01 s o d u t s e s o a Introdução ria de Histó © Shutterstock/Merydolla
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Wikia/CC-BY-SA
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Imagens do filme O resgate do soldado Ryan, do game Battlefield Vietnã e do filme Guerra ao terror
Ponto de partida
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Você certamente gosta de filmes de ação. E muitas dessas produções cinematográficas tratam de temas históricos ou da atualidade. Apesar de as produções serem baseadas em fatos reais, muitos componentes da trama são ficcionais. Entretanto, como compreender O resgate do soldado Ryan sem conhecer o episódio da Segunda Guerra Mundial denominado Dia D? Ou como acompanhar todo o desenrolar da história dos soldados estadunidenses em Guerra ao terror sem ter conhecimentos sobre a Al Qaeda ou a invasão do Iraque? Provavelmente, você também gosta de games e passa mais horas na frente de um computador do que seus pais gostariam. No entanto, muitos desses games exigem conhecimentos históricos para que avance e se torne um campeão. Então, sem conhecimento de alguns momentos específicos da História, “game over”! t "QØTBOBMJTBSBTJNBHFOTFPUFYUPBDJNB SFTQPOEB1PSRVFPDPOIFDJNFOUPIJTUØSJDPÏJNQPSUBOUFFNTFV cotidiano?
Objetivos da unidade: ória reconhecer a importância do estudo da História; compreender os conceitos de história, de processo histórico, de tempo e de historiografia; estabelecer relações entre tempo e temporalidade; compreender as definições de historicidade e historiografia, estabelecendo relações entre elas; conhecer as divisões tradicionais da História; analisar o conceito de sujeito histórico, relacionando-o ao seu papel na sociedade; compreender os conceitos de cultura.
Por que se ensina História na escola? É a partir dessa questão, aparentemente corriqueira entre crianças e adolescentes, que será dado início aos estudos de História. É importante destacar que quase todas as comunidades humanas, de alguma maneira, consideraram o ensino de História como parte fundamental da educação de seus jovens. Comumente, as pessoas relacionam o passado com a História. Muitas afirmam detestar História, não entender o sentido de se estudar e conhecer o passado. Essas pessoas, segundo o psicólogo Mario Carretero, muito provavelmente não percebem que o passado as rodeia, que ele é onipresente, isto é, está em todo o lugar, tanto nos espaços públicos quanto nos privados. O passado está tão exposto aos nossos olhos que nos passa despercebido, simplesmente não o vemos.
Observe a composição de imagens a seguir e, depois, responda às questões propostas.
©Shutt erstock/2 happy
Independentemente de suas culturas e tradições, os países reverenciam alguns de seus líderes ou pessoas ligadas à sua produção ou ao seu patrimônio cultural. Esses líderes convivem cotidianamente conosco estampados nas cédulas monetárias.
erva do Peru Banco Central de Res
Interpretando documentos
©Creative Commo ns/Peter Symes
Banco de Portugal ©Shutterstock/Darq
BCB
Cédulas de diversas nações trazem imagens de personagens e referências a episódios ou fatos históricos.
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1. Cite o nome dos países aos quais pertencem as cédulas, relacionando a elas os personagens homenageados.
2. Observando as cédulas atuais do real, identifique os elementos que se deseja valorizar no Brasil.
Nas cidades brasileiras, por exemplo, várias ruas e praças, além de outras instalações urbanas, levam o nome de personagens e episódios históricos: Avenida Marechal Deodoro, Praça Santos Dumont, Aeroporto Antônio Carlos Jobim, Colégio Pedro II, etc. Em nossa própria casa, o passado se apresenta, seja em um calendário todo marcado com datas comemorativas ou feriados, que nem sabemos ao certo seu significado, seja por meio de revistas e jornais, do rádio, da televisão e até da internet. Então, para que ensinar História? Vamos alterar um pouco essa indagação inicial perguntando: Para que aprender História? A resposta, como você verá, não é única nem definitiva, assim como a própria História também não é definitivamente irretocável.
História A palavra história tem sua raiz na Antiguidade Clássica, ou seja, fazemos uso de um termo que nasceu na Grécia e, depois, foi apropriado pelos romanos. Tanto para os gregos quanto para os romanos, história significava o relato, a narração de um conto ou de uma aventura. De certa forma, quase todos os grupos humanos que já habitaram a Terra tinham um especial interesse em relatar um acontecimento passado. Talvez seja compreensível a razão desse interesse pelo passado, pois a narrativa de algum acontecimento, quando é transmitida de geração a geração, acaba criando uma memória comum. A construção de uma memória coletiva converte-se em uma “verdade” identitária de determinado grupo cultural ou religioso, firmando-se, assim, as raízes, o legado e a tradição do grupo. Entretanto, foi por volta do século VI a.C. que os gregos começaram a empregar o termo história com um significado mais amplo que o da simples narrativa, do mero relato. Nesse período, história passou a ser encarada como pesquisa, investigação. Foram os gregos, portanto, os primeiros a utilizar a História como meio de explicação do passado. É também de um grego, Heródoto de Halicarnasso (484-420 a.C.), a obra História, na qual se propôs a escrever sobre “os vestígios das ações praticadas pelos homens”. Foi com essas palavras que Heródoto começou sua obra, enfatizando que tinha “em mira evitar que os vestígios das ações praticadas pelos homens se apagassem com o tempo e que as grandes e maravilhosas explorações dos gregos, assim como as dos bárbaros, permanecessem ignoradas”. A prática investigativa adotada por Heródoto consistiu em inúmeras viagens – ele percorreu toda a Grécia, o Oriente Próximo e parte do norte da África. Nos lugares que visitou, levantou informações com as pessoas do local e vasculhou todos os tipos de registros escritos. Uma das principais mudanças em relação ao significado de história e à prática de pesquisa histórica a partir de Heródoto foi, segundo a historiadora Vavy Pacheco Borges, o estabelecimento de uma narração temporal cronológica referente a uma realidade concreta. Em outras palavras, a História, na época de Heródoto, preocupou-se em compreender um momento histórico concreto, como a guerra entre gregos e persas. Em períodos anteriores, outros homens, apesar de buscarem conhecimento
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sobre o passado, faziam isso por meio de explicações mágicas e religiosas da realidade. Esse tipo de explicação é o mito, que não se atém a uma sequência linear de tempo e é repleto de personagens sobrenaturais, como os deuses. A busca por um sentido da vida e de sua própria origem levou várias sociedades humanas a criar seus próprios mitos, por meio dos quais a história da criação era contada. Essa história, distante da realidade concreta, sempre ocorria em um tempo considerado sagrado, impossível de ser medido e quantificado. Por isso, normalmente os mitos remetem “aos primórdios”, a “quando tudo começou”.
Troca de ideias Os mitos fizeram e fazem parte das mais variadas sociedades humanas, desde os tempos mais longínquos até a atualidade, sempre despertando um grande fascínio nos seres humanos. Segundo os historiadores Kalina Vanderlei Silva e Maciel Henrique Silva, esse fascínio pelos mitos “sobre nossas mentes talvez seja uma prova de que a humanidade realmente precisa deles”. Os historiadores afirmam ainda que “a universalidade do mito e sua grande importância para o pensamento humano é algo palpável no fato de que todas as sociedades elaboram mitos, quer sejam representações do inconsciente coletivo, das estruturas sociais, quer tenham função prática na sociedade”. t Com base na afirmação dos dois historiadores “de que todas as sociedades elaboram mitos”, discuta com os colegas sobre a presença dos mitos em diversos momentos da História. Compartilhe mitos que você conhece e procure identificar outros que fazem parte da cultura contemporânea.
Aprender História é ir além do conhecimento de datas, fatos e personagens históricos. Aliás, por muito tempo, vigorou um ensino que se preocupou apenas com essas informações, nada mais que uma simples narrativa factual (que se atém aos fatos sem pretender interpretá-los) e linear (que apresenta os acontecimentos em uma ordem de encadeamento sequencial). No entanto, com o tempo, o ensino de História mudou e passou a privilegiar outras perspectivas e outros temas. Para melhor compreender as mudanças que afetaram a escrita de História (historiografia), bem como seu ensino e aprendizado, é importante conhecer alguns conceitos considerados fundamentais, pois possibilitarão que você entenda a História, percebendo-se como sujeito ativo do processo histórico no qual está inserido, podendo notar as diversas rupturas e permanências que o tempo confere a todas as culturas e exercer sua cidadania em plenitude.
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Conceitos
Processo histórico A História propõe-se a compreender as transformações ocorridas tanto em suas permanências quanto em suas rupturas. Os acontecimentos do passado não devem, portanto, ser entendidos apenas como uma sucessão de causas e consequências, pois, se assim proceder, estará deixando de perceber toda nuança do passado, suas sutis diferenças e semelhanças. Por mais tênues que sejam as diferenças e as semelhanças dos acontecimentos do passado, elas se interligam e constroem um emaranhado de ações que constituem a História – como uma teia de aranha, que nem sempre se apresenta totalmente visível, mas está completamente interligada.
Os acontecimentos do passado estão interligados e, assim como na teia de aranha, que na maioria das vezes é imperceptível aos nossos olhos, nem sempre conseguimos visualizar claramente a relação existente entre eles.
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Nesse sentido, de acordo com o historiador Holien Gonçalvez Bezerra, processo histórico é o conjunto das variadas práticas e ações humanas devidamente ordenadas e estruturadas de maneiras racionais. Os historiadores, por meio dos seus estudos passam a buscar o conhecimento e a compreensão desses processos. O conceito de processo histórico possibilita compreender que a própria História deriva das diversas interpretações do passado, que são consequência de posicionamentos teóricos e metodológicos diferenciados. O historiador Holien Bezerra destaca que admitir a História como um processo histórico possibilita “aprimorar o exercício da problematização da vida social”. Para ele, ao problematizar a vida social em detrimento da mera descrição factual e linear do passado, pode-se identificar as relações de diversos grupos sociais, bem como perceber diferenças e semelhanças, igualdades e desigualdades entre eles. Também é possível “comparar problemáticas atuais e de outros momentos, posicionar-se de forma crítica no seu presente e buscar as relações possíveis com o passado”.
Historicidade e historiografia A escrita da História, a historiografia, sofreu grandes mudanças nos últimos três séculos. Várias tendências e práticas foram adotadas e abandonadas de acordo com suas respectivas épocas, isto é, em sua própria historicidade (conjunto de fatores que caracterizam determinada época). As transformações ocorridas em 300 anos se refletiram na produção historiográfica, pois, em cada período desse intervalo de tempo, novas preocupações tomaram os historiadores. Muitas vezes, eles direcionaram seus olhares para um mesmo passado, porém o viram com olhos distintos, já que seu olhar era característico de seu próprio tempo. No Dicionário de conceitos históricos, historicidade “indica o próprio pertencer de cada indivíduo a seu tempo”. Portanto, “não há sociedade sem história e a própria História tem uma história, visto que o ato de contar, descrever e analisar o passado depende da sociedade e do período de cada contador”. Em outras palavras, ao procurarem interpretar o passado, os historiadores o fazem de acordo com sua historicidade, conforme o presente que vivem. Decorre daí o fato de a História ser constantemente reescrita. Em suma, “a História é filha de seu tempo”, já que a percepção humana se organiza historicamente.
Conexões São cada vez mais comuns, nas livrarias e bibliotecas, obras com uma abordagem histórica que privilegia o passado do Oriente. Considerando os conceitos de historicidade e historiografia, justifique, de acordo com as dinâmicas políticas e econômicas internacionais contemporâneas, a razão para o aumento do número de obras que destacam a história do Oriente.
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Tempo e temporalidade Livros, poemas, músicas, pinturas, esculturas, enfim, quanta coisa já foi produzida pela mente humana em dedicação ao tempo. Desde tempos imemoriais, os homens buscaram quantificar o tempo. Muitas vezes, era uma necessidade prática: precisavam saber, com exatidão, a melhor época para semear e garantir uma boa colheita. Contar o tempo tornou-se uma obsessão para muitas sociedades humanas. Criaram-se métodos diferenciados utilizando diversos “medidores”, como a Lua, o Sol, a água e o pêndulo. Portanto, o tempo como é concebido atualmente é uma invenção humana, assim como o calendário, o ano, os meses, as semanas, os dias, as horas, os minutos e os segundos. Para os historiadores, as divisões do tempo são fundamentais, pois separam épocas e marcam acontecimentos, constituindo a cronologia. Do grego khrónos (tempo) e logia (ciência, arte), a cronologia é o estudo do tempo. Entretanto, o tempo adotado pelos historiadores, o tempo histórico, nem sempre corresponde ao tempo
cronológico, ao qual as pessoas estão mais acostumadas. Isso significa que uma sociedade pode se organizar de outra forma, tendo uma maneira diferenciada de se relacionar com o tempo. Já o tempo cronológico, definido pelos relógios e calendários, pode não contemplar todas as diversidades socieconômicas e culturais. Há ainda dois outros tipos de tempo, o cíclico e o linear. No primeiro, comum aos mitos, por exemplo, o começo coincide com o fim. É a ideia do eterno retorno, da repetição constante na qual não há um único começo para a história, já que todo fim é um novo começo. Ao contrário, o tempo linear, mais comum nas sociedades ocidentais em virtude da influência judaico-cristã, tem um começo, um meio e um fim. A noção de tempo linear é tão presente no mundo contemporâneo que a própria cronologia histórica é baseada nela. A famosa linha do tempo, por exemplo, divide o passado em eras (períodos de tempo que organizam um sistema cronológico). Consagrada na historiografia contemporânea, a divisão clássica se dá em Idades (Antiga, Média, Moderna e Contemporânea).
BOTTICELLI, Sandro. Primavera. [ca. 1482]. 1 têmpera sobre tela, color., 203 cm × 314 cm. Galleria degli Uffizi, Florença. A tela de Sandro Botticelli pode servir de representação para o tempo cíclico presente na mitologia. Para compreender essa obra, cujo cenário é uma clareira em uma floresta mítica, é necessário observá-la da direita para a esquerda. O vento da primavera (Zéfiro) transforma a ninfa da floresta (Clóris) em Flora, símbolo da primavera e da fertilidade. No centro, está representada Vênus, deusa do amor, colocada defronte a duas aberturas na vegetação. Sobre sua cabeça, há um cupido de olhos vendados pronto para lançar sua flecha sobre uma das três Graças, a Castidade. Na extremidade esquerda, está posicionado Mercúrio (deus da sabedoria oculta e da mudança) dissipando nuvens. Caso houvesse a possibilidade de unir as laterais da tela, seria possível observar que as nuvens que Mercúrio dissipa fazem parte da representação de Zéfiro no canto direito da obra, completando a representação do tempo cíclico.
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Representação da Cleópatra e Marco Antônio. Ruínas do Império Romano.
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Invenção da escrita
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Organize as ideias
Representação de Guinevere e Lancelot. Cavaleiros medievais, damas e castelos.
1. A concepção de uma História linear orientará nossos estudos daqui em diante. Você, provavelmente, já teve contato com a consagrada divisão cronológica da História. Então, agora organize a linha do tempo acima. Para isso, utilize as informações do quadro abaixo (atenção: as informações estão todas embaralhadas) e faça o que se pede.
Períodos
Antiga
Contemporânea
Média
Moderna
Marcos (Acontecimentos) históricos
Revolução Francesa
Queda do Império Romano do Ocidente
Tomada de Constantinopla
Invenção da escrita
Ano de ocorrência
1453
1789
4000 a.C.
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a) Complete a linha do tempo com a divisão clássica dos períodos, denominando-os de Idade ou Era. b) Relacione os marcos históricos que foram escolhidos para servir de baliza cronológica para os respectivos períodos. c) Indique algum acontecimento histórico que você considere relevante ocorrido em cada um dos períodos históricos. 2. Com base na linha do tempo, responda às questões a seguir. a) Os marcos históricos escolhidos como balizas cronológicas, dividindo os períodos, são convenções estabelecidas por alguns historiadores europeus no século XIX. Explique o que significa afirmar que determinada baliza cronológica é uma convenção.
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b) A Revolução Francesa, por exemplo, como baliza cronológica para a divisão de períodos históricos, determina exatamente o fim de um período e o início de outro? Justifique sua resposta.
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Latinstock/Courtesy Everett Collection/Sony Pictures; Robert Harding/David Hughes
Representação de Maria Antonieta e Luis XVI. Corte no palácio de Versalhes.
Engenharia e tecnologia do mundo atual.
c) Agora é sua vez de dividir a História em períodos: crie uma linha do tempo, identificando outros marcos históricos para servirem como baliza cronológica. Lembre-se de denominar os períodos criados, conforme as características que achar conveniente.
Sujeito histórico Quando pensamos nos grandes feitos do passado, normalmente lembramos de grandes personagens, como reis, imperadores e generais. É comum creditar realizações históricas a figuras de destaque, a própria historiografia perpetuou essa maneira de olhar para o passado. Mas, como mencionado anteriormente, a historiografia muda constantemente, pois “a História é filha de seu tempo”. As mudanças ocorridas nas sociedades humanas nos últimos cem anos influenciaram os historiadores a lançar outro olhar sobre o passado, uma nova forma de interpretar os acontecimentos. Uma das principais inovações em relação à prática historiográfica de privilegiar apenas os grandes personagens foi a percepção de que a História não pode se resumir à ação de apenas algumas pessoas importantes. No decorrer do século XX, ficou claro que o passado pertence não apenas às figuras de destaque, mas também a vários outros personagens – muitas vezes, anônimos – que contribuíram para o desenrolar dos fatos históricos. Nessa nova concepção investigativa do passado, os historiadores buscaram dar voz aos inúmeros indivíduos que tiveram postura ativa em seus determinados processos históricos.
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Conceber a História como o resultado da ação de todos os sujeitos históricos é fundamental para valorizar a participação de todo e qualquer indivíduo. Somente assim, privilegiando tanto os grandes quanto os pequenos personagens, garante-se que nada do que um dia aconteceu pode ser considerado perdido para a História.
Mesmo aqueles que consideram Napoleão Bonaparte um dos generais mais brilhantes da História devem convir que sozinho ele não seria capaz de vencer uma batalha. Foi a ação conjunta de milhares de soldados anônimos que o levou à vitória.
Cidadania Atualmente, pode-se constatar que cada vez mais se fala sobre cidadania. Vários órgãos, governamentais ou não, assim como os diversos meios de comunicação, abordam temas ligados à cidadania. Entretanto, o que é a cidadania que todos falam? Realmente desfrutamos dela? São duas perguntas que precisamos responder antes de continuarmos nossos estudos sobre História. Cidadania é um conceito que já assumiu vários significados no decorrer da História. De maneira geral, é a qualidade daquele que é cidadão, que tem direitos e deveres para com a sociedade da qual faz parte. É comum as pessoas relacionarem cidadania com o direito de votar. Está certo, mas não é só isso. Cidadania envolve mais que apenas a participação política, refere-se a outras práticas socioculturais e até econômicas, bem como a reivindicação individual ou coletiva por melhores condições de vida (no bairro, na cidade, no trabalho, na escola, em relação ao meio ambiente, etc.). Sabendo o que é cidadania fica mais fácil responder à segunda pergunta. Desfrutar de plena cidadania é, portanto, estar envolvido com o mundo que nos cerca. É saber respeitar as diferenças – culturais, étnicas, religiosas ou políticas – existentes em nossa sociedade. É assumir uma postura ativa diante das desigualdades, procurando fazer a justiça prevalecer sempre. É saber identificar e preservar o patrimônio histórico e cultural, tanto o nosso quanto o de outros povos. É agir conscientemente em relação aos recursos naturais do planeta Terra, pois o exercício da cidadania é também uma preocupação com a vida e a dignidade humana.
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Raqsonu. 2014. Digital.
Assim, para exemplificar, além daquele bravo general que planejava estratégias vitoriosas, havia um sem-número de soldados que empunhavam suas armas e partiam para o confronto direto com o inimigo. Além dos soldados, suas os mulheres e filhos trabalhavam e brincavam enquanto os aguardavam, ou seja, na construção dos fatos históricos, há muito da participação de sujeitos históricos que nem sempre emprestam seus nomes para os livros de História.
A História, por todas as suas características intrínsecas, pode oferecer condições para que um cidadão desenvolva seu senso crítico e perceba-se como sujeito histórico ativo. Reconhecer as diferenças e desigualdades, identificar patrimônios da humanidade e ter conscientização ambiental são temas desenvolvidos nas aulas de História. Por isso, elas têm um grande potencial de ajudar a aprimorar “atitudes e valores imprescindíveis para o exercício pleno da cidadania”, como destacou o historiador Holien Bezerra.
Conexões Esta “ilusão de cidadania”, como aparece assustadoramente evidente em nossos jornais e nossos telejornais, em nossas revistas de opinião, nossos programas radiofônicos e em geral por toda a nossa atmosfera ideológica e intelectual, assassinou a capacidade de julgar de nossa época e dotou nossas consciências de uma anormal miséria para distinguir entre o bem e o mal. De um ponto de vista ético, o começo do século XXI sofre de uma deformidade que só é comparável ao que Hannah Arendt chamou de o “colapso moral” da Alemanha nazista. A “ilusão de cidadania” se converteu na origem de onde se desejam fazer convincentes as mentiras mais absurdas e decentes as aberrações mais insensatas (coisas que alguns acreditam que só podem ser ditas em público, como quando os Estados Unidos e a Inglaterra bombardearam a população iraquiana para torná-la livre). LIRIA, Carlos Fernández; LIRIA, Pedro Fernández; ZAHONERO, Luis Alegre. Educación para la ciudadanía: democracia, capitalismo y estado de direito. Madrid: Akal, 2007. p. 223. Tradução livre.
Esse fragmento de texto refere-se a uma “ilusão de cidadania”, questão levantada pelos autores que reflete uma situação que se torna cada vez mais problemática do século XXI. Por isso, é oportuno relacionar a ideia de uma “ilusão de cidadania” com alguns dados noticiados pela mídia. [26 de abril de 2013] O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou nesta sexta-feira que seu governo irá buscar mudanças no acordo que regulamenta as adoções de crianças russas por pais franceses, alegando que a lei francesa que permite o casamento homossexual contraria os valores tradicionais russos. [...] Putin, que defende valores socialmente conservadores, em especial desde que começou um terceiro mandato, em maio de 2012, foi recebido na Holanda neste mês por manifestantes que protestavam contra a legislação russa que, segundo críticos, discrimina gays. [...] PUTIN ameaça mudar lei para impedir adoções por estrangeiros gays. Folha de S.Paulo. Disponível em: . Acesso em: 9 set. 2014.
[31 de agosto de 2014] [...] Denúncias de gestos racistas no futebol brasileiro são frequentes. Levantamento feito pela Folha indica 12 casos desse tipo nos primeiros oito meses deste ano. Ou seja, mais de um episódio de ofensa racial veio à tona por mês em 2014. São situações que envolvem jogadores, árbitros, torcedores ou jornalistas. [...] SABINO, Alex. Futebol brasileiro já tem 12 denúncias de racismo em 2014. Folha de S.Paulo. Disponível em: . Acesso em: 30 set. 2014.
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[5 de outubro de 2013] Os sobreviventes do naufrágio de um barco com mais de 500 imigrantes africanos, ocorrido no último dia 3 perto da Ilha de Lampedusa, serão acusados pela promotoria da Itália de imigração ilegal. A tragédia deixou mais de 130 pessoas mortas e ao menos 200 estão desaparecidos. A lei italiana não prevê pena de prisão, mas sim multa de até R$ 15 mil e uma expulsão mais rápida dos ilegais. Uma lei chamada de “Bossi-Fini”, batizada assim pelo nome dos ministros conservadores que a promoveram, prevê crime de cumplicidade com a imigração ilegal para quem leve à Itália imigrantes sem autorização de entrada no país. Essa lei, portanto, é aplicável a quem auxilia a navegação de barcos de ilegais em situação de emergência. [...] ITÁLIA vai acusar sobreviventes de naufrágio de imigração ilegal. Folha de S.Paulo. Disponível em: . Acesso em: 9 set. 2014.
1. Com base nas informações apresentadas, discuta com os colegas sobre a real existência de plena cidadania no mundo contemporâneo. 2. Pesquise outras notícias que comprovem sua opinião.
Cultura Se você perguntar a várias pessoas qual é o significado do termo cultura, perceberá que esse conceito varia e é empregado em diversos sentidos, por exemplo: relacionado à produção artística e intelectual, sinônimo de refinamento e elegância, cultura de micro-organismos e cultura agrícola. No entanto, precisamos de uma definição que se aplique aos estudos de História. De acordo com o Dicionário de conceitos históricos, “a definição de cultura como o conjunto de realizações humanas, materiais ou imateriais leva-nos a caracterizá-la como um fundamento básico da História, que, por sua vez, pode ser definida como o estudo das realizações humanas ao longo do tempo”. Entre os diversos significados apontados pelo Dicionário Aurélio, lê-se que cultura é “o conjunto complexo dos códigos e padrões que regulam a ação humana individual e coletiva, tal como se desenvolvem em uma sociedade ou grupo específico, e que se manifestam em praticamente todos os aspectos da vida: modos de sobrevivência, normas de comportamento, crenças, instituições, valores espirituais, criações materiais, etc.”. Em suma, se considerarmos cultura como a síntese entre as duas definições apresentadas nos referidos dicionários, estaremos ampliando significativamente nossas possibilidades de análise histórica, isto é, relacionando cultura com as realizações humanas e os padrões e códigos de determinada sociedade, podemos buscar outras informações sobre o passado. Afinal, com base nesse conceito dilatado de cultura, temas como o cotidiano e as mentalidades passam a ingressar o rol de assuntos a serem estudados pelos historiadores. Estudar o cotidiano de sociedades passadas possibilita ocupar-se com questões relativas a amor, casamento, alimentação, brincadeiras, trabalho, festas, entre muitas outras coisas. Esse tipo de abordagem histórica ganhou muitos adeptos no final do século XX, enriquecendo o conhecimento do passado e, muitas vezes, tornando-o mais interessante, pois alguns temas que começaram a ser analisados são extremamente sedutores e interessantes.
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©Companhia das Letras
Interpretando documentos No verão de 1962, o historiador Carlo Ginzburg deparou-se com um inusitado processo inquisitorial no Arquivo da Cúria Episcopal de Udine, cidade italiana a uns 140 quilômetros de Veneza. Tratava-se de uma sentença extremamente longa com uma acusação de que o réu sustentava que o mundo tinha sua origem na putrefação. O réu, nascido Domenico Scandella em 1532, era conhecido como Menocchio. Na época do processo, declarou ter 52 anos. Menocchio era casado e pai de sete filhos vivos (outros quatro haviam morrido). Além de carpinteiro, pedreiro e marceneiro, era moleiro em Montereale, uma pequena aldeia nas colinas do Friuli, próximo à atual fronteira com a Áustria.
A produção historiográfica tomou rumos distintos a partir da segunda metade do século XX. Outras preocupações assaltaram os historiadores e novas perguntas passaram a ser feitas quanto ao passado. Como resultado, foi possível conhecer o cotidiano e a mentalidade das pessoas que viveram em outras épocas. O queijo e os vermes é um exemplo dessas novas abordagens.
Em 1970, Ginzburg voltou a manusear os manuscritos do processo de Menocchio. Analisou detalhadamente o que pensava aquele moleiro do Friuli e escreveu o livro O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição. No início do livro, Ginzburg afirma que:
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No passado, podiam-se acusar os historiadores de querer conhecer somente as “gestas dos reis”. Hoje, é claro, não é mais assim. Cada vez mais se interessam pelo que seus predecessores haviam ocultado, deixado de lado ou simplesmente ignorado. “Quem construiu Tebas das sete portas”? – perguntava o “leitor operário” de Brecht. As fontes não contam nada daqueles pedreiros anônimos, mas a pergunta conserva todo o seu peso. GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 15.
Carlo Ginzburg, nascido em Turim no ano de 1939, dialogou com outras ciências sociais e humanas, principalmente a Antropologia e a Filosofia. Desses diálogos, surgiram novas metodologias, novas formas de se interrogar o passado. Assim, Ginzburg introduziu novas maneiras de se pensar a História.
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Leia também o poema de Bertold Brecht, a quem o historiador Carlo Ginzburg faz referência em seu texto.
Perguntas de um operário letrado Quando a sua armada se afundou, Filipe de Espanha Chorou. E ninguém mais? Frederico II ganhou a guerra dos sete anos. Quem mais a ganhou? Em cada página uma vitória. Quem cozinhava os festins? Em cada década um grande homem. Quem pagava as despesas? Tantas histórias Quantas perguntas BRECHT, Bertold. Perguntas de um operário letrado. In: MANFREDI, Silvia Maria. Educação sindical entre o conformismo e a crítica. São Paulo: Loyola, 1986.
O jovem Alexandre conquistou as Índias. Sozinho? César venceu os gauleses. Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
O dramaturgo e poeta alemão Bertold Brecht nasceu em Habsburgo, em 1898. Sua obra caracteriza-se pelo rompimento com as estruturas tradicionais. Concebia as peças teatrais levando em consideração sua completa compreensão pelas plateias. Seus textos denunciam as desigualdades sociais de maneira explícita, fato que contribuiu para que os nazistas retirassem sua cidadania alemã e queimassem seus livros. Após o término da Segunda Guerra Mundial, com a derrota dos nazistas, Brecht retornou à Alemanha e foi morar em Berlim, onde faleceu em 1956.
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Quem construiu Tebas, a das sete portas? Nos livros vem o nome dos reis. Mas foram os reis que transportaram as pedras? Babilônia, tantas vezes destruída, Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas Da Lima Dourada moravam seus obreiros? No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde Foram os seus pedreiros? A grande Roma Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio Só tinha palácios Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida Na noite em que o mar a engoliu Viu afogados gritar seus escravos.
Com base na leitura do texto de Ginzburg e do poema de Brecht, responda às questões. 1. Explique a seguinte afirmação de Carlo Ginzburg: “No passado, podiam-se acusar os historiadores de querer conhecer somente as ‘gestas dos reis’”. 2. Sabendo que Carlo Ginzburg escreveu um livro sobre o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição, explique se houve mudanças em relação à prática do historiador e se o foco de análise histórica sofreu alterações. 3. Estabeleça uma relação explicando de que maneira o poema de Bertold Brecht sustenta a opção de análise histórica adotada pelo historiador Carlo Ginzburg.
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Hora de estudo 1. Leia o texto a seguir. [...] há um enorme interesse pelo espírito humano, onde e quando quer que ele tenha produzido algo universal. A urbanização das cidades mesopotâmicas, as obras faraônicas, o monoteísmo hebraico e mesmo a habilidade demonstrada pelas tribos “pré-civilizadas” em resolver os conflitos internos são manifestações do homem e como tais dizem respeito a todos os homens. [...] PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. 25. ed. São Paulo: Contexto, 2012. p. 119.
Com base no texto, responda às questões a seguir. a) Considerando todas as dinâmicas sociais da atualidade (problemas, necessidades, etc.), explique a importância de se estudar História.
b) um estudo mais relacionado com a interdisciplinaridade, com a comunicação entre os diversos saberes existentes. c) um reforço constante do ideário da Escola Metódica, baseado na objetividade e na imparcialidade do conhecimento científico. d) uma pesquisa estruturada na racionalidade das fontes escritas, sem relações com depoimentos orais ou subjetivos. e) um saber específico sobre o tempo, afirmando a concepção positivista de Comte, linear e progressista, predominante no século XIX. 3. (UFLA – MG) As alternativas abaixo indicam os principais conceitos utilizados pelos historiadores para a construção de uma “ciência histórica”, exceto: a) tempo cronológico e tempo histórico. b) Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural. c) divisão dos períodos históricos. d) fontes e memórias históricas. 4. (UFG – GO) Leia a citação a seguir.
b) Pode-se considerar que determinado período da História é melhor ou mais importante que outro? Justifique sua resposta.
Com efeito, um simples relato pode ser correto sem ter nenhuma utilidade; acresce-lhe em compensação a exposição da causa, e a prática da história torna-se fecunda. Buscando as analogias atuais, encontramos meios e indicações para prever o futuro: o passado nos protege, [...] permitindo-nos realizar nossas empresas sempre mais confiantes. POLÍBIO. História. Apud PINSKY, J. Modos de produção na Antiguidade. São Paulo: Global, 1984. (Adaptado).
O texto demarca um tipo de relação temporal construída pela História. Considerando a reflexão de Políbio, a ideia que expressa a relação entre passado e presente é a seguinte: 2. (UFPE) A História pode ser vista como uma grande aventura humana, onde há buscas e invenções incontáveis. A complexidade do ser humano exige do historiador: a) uma análise exclusiva dos fatos econômicos para compreender a sua ousadia e capacidade de invenção no tempo.
a) o passado possui um valor de lição para o presente. b) o presente rompe com o passado. c) o passado e o presente são realidades. d) o presente coloca o passado sob suspeita. e) o passado pode ser modificado pelo presente.
História
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5. (UEMA) Não há história imóvel e a história também não é pura mudança, mas sim o estudo das mudanças significativas. A periodização é o principal instrumento de inteligibilidade das mudanças significativas. LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Unicamp, 1996. p. 47.
De acordo com o texto acima, a periodização histórica a) tem como função possibilitar ao historiador a compreensão daquilo que estuda, pois, mesmo que possa ser questionada por outro historiador, viabiliza a organização dos acontecimentos e temas pesquisados no tempo. b) possui pouca relevância, pois há muito se percebe o quanto cada historiador constrói sua própria periodização, dando a ela as peculiaridades que considerar interessantes. c) deve ter como base os fatos relevantes ao cotidiano das pessoas, mesmo que tais fatos não mantenham relação com transformações que repercutem na sociedade em geral. d) está relacionada com o que Le Goff chama de “mudanças significativas”, por isso mesmo não deriva do ponto de vista de quem a elaborou, mas da constatação de que a História se divide em períodos inquestionáveis. e) divide a História da humanidade em Pré-História e Idades Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea, sendo seus respectivos limites inflexíveis, uma vez que estão relacionadas a “mudanças significativas”. 6. (UECE) Leia com atenção os trechos do poema “Tempo e história”, de Francisco Carvalho: “A história é filha do hábito Não se move em linha reta Igual do rio de Heráclito A história não se repete [...] A história é um rio que se vai Da nascente para a foz. Nesse rio de palavras Naufragamos todos nós.”
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Com base nos fragmentos do poema que selecionamos, classifique as afirmações a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F). I. A História é feita de esquecimentos e de memória e não é linear, por isso o poeta diz que “não se move em linha reta”. II. O poeta sugere que a sociedade está sempre em movimento e cabe à História captar esse movimento. Por essa razão, “não se repete”. III. O autor entende que o segundo verso complementa o primeiro. Deste modo, a História sempre se repete. É verdadeiro o que se afirma: a) apenas em I e II. b) apenas em I e III. c) apenas em III. d) apenas em II. 7. (UEG – GO) (A política do “pão e circo”) consistia de trigo à população mais pobre, além de oferecer espetáculos que a divertissem, como jogos, lutas, etc. Assim, Otávio agradava aos pobres sem, contudo, resolver o problema da miséria em Roma. VICENTINO, C. História, memória viva: da Pré-História à Idade Média. São Paulo: Scipione, 1994. p. 89.
Além de reflexão sobre o passado humano, a História é também reflexão sobre o nosso presente. A partir da citação acima, analise pelo menos um elemento do mundo atual, comparável ao contexto citado.
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Ponto de partida Depois de observar a tirinha, discuta com o professor e os colegas sobre as seguintes questões: 1. Existe um senso comum que defina o termo civilização? Justifique sua resposta. 2. De acordo com a tirinha, qual é a diferença fundamental entre os que fundaram a civilização e aqueles que
desejam destruí-la?
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Objetivos da unidade: compreender os conceitos de civilização; identificar e localizar as primeiras civilizações humanas; compreender e destacar as principais características das primeiras sociedades; identificar as atividades desenvolvidas para a subsistência dos grupos humanos, destacando a importância da agricultura e da domesticação dos animais.
O homem contemporâneo parece prezar muito a civilização. É comum ouvir referências a determinado comportamento como sendo civilizado ou não. Fala-se de uma civilização ocidental em oposição a outra, oriental. Alguns defendem para si a paternidade da tal civilização. Poderia a civilização desaparecer? Enfim, nesta unidade, vamos nos aprofundar um pouco no embaraçoso tema da civilização.
Conceito de civilização Apresentar um conceito de civilização é uma tarefa árdua, pois esse termo adquiriu diversos significados ao longo da História. Cabe, agora, estabelecer o significado mais adequado no século XXI, ou seja, inventar um sentido que seja coerente com nossa própria historicidade, com nosso próprio tempo. Entretanto, convém fazer um breve retrospecto do emprego do termo civilização, que foi criado para atender às expectativas intelectuais dos europeus do século XVIII, também conhecido como Século das Luzes, época do movimento Iluminista. Naquele contexto histórico, o conceito de civilização serviu para marcar uma diferença entre a Europa, terra da civilização, e a não Europa, terra dos bárbaros, como definiu o historiador Eric Hobsbawm. Trata-se, portanto, do estabelecimento intencional de uma diferenciação entre o ser civilizado, ideia básica
defendida pelos iluministas, e o bárbaro, representando a barbárie, a selvageria. Nesse sentido, esse significado do termo ainda persiste. Quando se qualifica uma pessoa de civilizada, pretende-se dizer que ela é bem-educada, cortês, civil, urbana. O contraponto vem na figura do não civilizado, aquele que é inculto, grosseiro, rústico, selvagem. Essa definição herdeira dos pensadores iluministas tem óbvias conotações valorativas, pois diferencia por meio de um julgamento que prevê a superioridade de alguns em detrimento de outros. Em suma, civilizados são aqueles que se acham culturalmente superiores. Não se pode utilizar o termo civilização em seu sentido mais cotidiano, pois estaria se fazendo um juízo de valor descomprometido com o ideal de imparcialidade que, em tese, deve orientar as análises históricas. Portanto, como bem salientou o historiador Jaime Pinsky, “devemos caracterizar a civilização com parâmetros objetivos para não fazermos demagogia, dificultando mais ainda a compreensão do processo histórico”. Assim, considera-se como civilização o estágio de desenvolvimento de determinada sociedade em que seus membros compartilham de um conjunto de características comuns, as quais envolvem um amplo leque de aspectos culturais, que podem ser intelectuais, artísticos, morais e materiais, por exemplo.
Outras versões O emprego do termo civilização mudou desde que foi criado, no século XVIII. Sua utilização por historiadores, arqueólogos, antropólogos e sociólogos lhe conferiu novos significados. A seguir, é apresentado um exemplo dessa modificação por meio de duas definições feitas em momentos distintos da História recente.
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A primeira definição foi elaborada pelo professor Edward McNall Burns ainda na primeira metade do século XX. Já a segunda aparece em um livro do historiador Jaime Pinsky publicado no início do século XXI. São mais de 50 anos que separam as duas definições. Mais que contrapô-las, deseja-se que elas se complementem e auxiliem a melhor compreensão do significado de civilização. [...] Podemos afirmar que a civilização é um estádio no desenvolvimento histórico humano em que a escrita é utilizada em grau considerável; em que se obteve algum progresso nas artes e nas ciências; e em que as instituições políticas, sociais e econômicas se desenvolveram suficientemente para resolver pelo menos alguns dos problemas de ordem, segurança e eficiência com que se defronta uma sociedade complexa. [...] BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: do homem das cavernas às naves espaciais. São Paulo: Globo, 2003. p. 14.
Uma civilização, via de regra, implica uma organização política formal com normas estabelecidas para governantes (mesmo que autoritários e injustos) e governados; implica projetos amplos que demandem trabalho conjunto e administração centralizada (como canais de irrigação, grandes templos, pirâmides, portos etc.); implica a criação de um corpo de sustentação política (como a burocracia de funcionários públicos ligados ao poder central, militares etc.); implica a incorporação das crenças por uma religião vinculada ao poder central, direta ou indiretamente (os sacerdotes egípcios, o templo de Jerusalém etc.); implica uma produção artística que tenha sobrevivido ao tempo e ainda nos encante (o passado não existe em si. Se dele não temos notícia é como se não tivesse existido); implica a criação ou incorporação de um sistema de escrita (esse item não é eliminatório: os incas não tinham propriamente uma escrita, nem por isso deixavam de ser civilizados); implica finalmente, mas não por último, a criação de cidades. De fato, sem cidades não há civilização. PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. São Paulo: Contexto, 2008. p. 62.
Em sua opinião, o que caracteriza a civilização do século XXI? Elabore uma definição para o termo civilização com base em suas próprias experiências, em sua percepção de mundo. Considere todas as variáveis possíveis, como questões sociais, econômicas, políticas e ambientais.
Estabelecimento das primeiras civilizações Considerando-se civilização como o estágio de desenvolvimento de determinada sociedade na qual seus membros compartilham de um conjunto de características comuns, resta agora identificar as etapas desse desenvolvimento. Primeiramente, é preciso limitar cronologicamente o espaço de tempo que nos interessa. De acordo com o geógrafo Jurandyr Ross, “nosso último Período Glacial ocorreu entre 12 e 18 mil anos atrás”.
Período Glacial (Era Glacial): denominação dada a um período de tempo geológico em que grande parte do planeta, ao adquirir temperaturas muito baixas, fica coberta de gelo e neve.
Durante as Eras Glaciais, as condições de vida na Terra eram inóspitas: faltavam alimentos; as ferramentas, quando existiam, eram rudimentares; e a ameaça de predadores era uma constante. Em outras palavras, sobreviver nesses períodos era uma verdadeira proeza. Mas alguns ancestrais do ser humano conseguiram vencer as adversidades, adaptando-se e desenvolvendo tecnologias (para abrigos, caça, pesca, fabricação de ferramentas e armas, etc.).
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Quando a última Era Glacial acabou, há mais ou menos 12 mil anos, o planeta Terra deixou de ser um ambiente inóspito. Na realidade, passou a oferecer condições cada vez melhores e variadas para a sobrevivência humana. Novas adaptações surgiram e, apesar das inúmeras hipóteses que rondam o tema, acredita-se que um grande salto no desenvolvimento dos grupos humanos tenha ocorrido há cerca de 10 mil anos. Trata-se da Revolução Agrícola. Nossos ancestrais deixaram de ser meros caçadores, pescadores e coletores e passaram a praticar a agricultura, um dos primeiros passos para a sedentarização. Para tanto, foi necessário que aqueles grupos humanos se organizassem em sociedades, as quais podem ser admitidas como “mãe” das primeiras civilizações. Os boxímanes são descendentes de caçadores e coletores que habitaram a região sul da África há mais de 3 mil anos. Em pleno século XXI, os poucos boxímanes remanescentes ainda preservam alguns costumes de seus ancestrais.
Luciano Daniel Tulio
ORIGENS DA AGRICULTURA E PECUÁRIA
Fonte: DUBY, Georges. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse Editorial, 2007. p. 17. Adaptação.
O desenvolvimento da agricultura trouxe consequências tão impactantes que, justamente por isso, é conhecido por Revolução Agrícola. Nesse processo histórico, a fixação do ser humano em um sítio específico lançou as sementes da vida urbana. Antes disso, precisava-se, em média, de uma área equivalente a um quilômetro quadrado para alimentar cerca de quatro pessoas.
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A disponibilidade de alimentos oferecida pela agricultura possibilitou a sedentarização e, de modo indireto, o aumento demográfico. Afinal, um espaço de um quilômetro quadrado, se bem explorado, pode fornecer comida para muito mais de quatro pessoas. Nesse sentido, também houve mudanças em relação à divisão das tarefas, aumentando significativamente a participação feminina nas atividades agrícolas. Segundo o historiador Lewis Mumford, foram as mulheres que, em virtude de suas atividades de cuidadora dos filhos e guardadora de alimentos, manejaram o bastão de cavar e a enxada, cultivando espécies que até então eram apenas coletadas. Nessa atividade, selecionaram e cruzaram espécies selvagens, transformando-as em variedades domésticas produtivas e altamente nutritivas. Também foram as mulheres que criaram “os primeiros recipientes, tecendo cestas e dando forma aos primeiros vasos de barro”. A domesticação de espécies selvagens variou de acordo com a região, como demonstra o mapa das origens da agricultura e pecuária (página anterior). No Oriente Médio, uma das mais antigas áreas de desenvolvimento agrícola, produzia-se cevada, trigo, lentilha e ervilha. Na Ásia, os primeiros produtos agrícolas a serem sistematicamente cultivados foram o milhete (tipo de milho de grãos muito pequenos), a soja e o arroz, além da tangerina, da cana-de-açúcar e da banana. Na América, cultivava-se girassol, abóbora, milho, amendoim, abacate, algodão, batata, abacaxi, feijão e quinoa. O sorgo (cereal), o quiabo e o inhame eram cultivados na África. A Europa iniciou suas atividades agrícolas plantando aveia e cevada. É importante destacar que esses produtos eram cultivados nos primórdios da agricultura, em uma época que, em certos locais, remonta há quase 10 mil anos. As técnicas empregadas pelos primeiros agricultores eram extremamente rudimentares, fato que, na maioria das vezes, resultava em baixa produtividade. Aliam-se a isso os limites naturais, como a fertilidade e a quantidade disponível de solo. E dependendo da organização do grupo agricultor, a produção poderia ser maior ou menor.
Eduardo Vetillo. 2010. Digital.
Era a quantidade de alimentos produzidos que definia o número de pessoas no grupo. Quando o crescimento populacional esbarrava na insuficiência de alimentos, poderia ocorrer a divisão do grupo, originando-se, assim, novos núcleos habitacionais e disseminando as práticas agrícolas, assim como as atividades de criação, pois, paralelamente ao desenvolvimento da agricultura, também se desenvolveu a domesticação de animais.
As primeiras formações humanas sedentárias originaram aldeias, que, mais tarde, viraram cidades. O processo de sedentarização foi paralelo ao desenvolvimento da agricultura e da domesticação de alguns animais, como carneiros e ovelhas.
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Os primeiros agricultores podem ter espantado ou matado animais selvagens que se aproximavam de seus campos cultivados, afinal, é a reação mais provável diante de animais que ameaçavam seu suprimento de comida. Talvez alguns daqueles agricultores tenham percebido que, se cuidassem daqueles animais, pudessem aumentar suas reservas de alimentos. Não se sabe ao certo como se deu o processo de domesticação de animais, mas há indícios de que, há 10 mil anos, já havia ovelhas e cabras vivendo nos aldeamentos humanos, inclusive sendo alimentadas com restos de grãos. Thiago Granado Souza
Contudo, nem todos os animais foram aproveitados para a alimentação, como os cães. Sendo alimentados e treinados, pequenos filhotes do lobo asiático acabaram se tornando comuns na convivência com os humanos, ajudando-os no pastoreio dos pequenos rebanhos de ovinos e vigiando as aldeias contra outros animais selvagens. Depois vieram os porcos, por volta de 9 mil anos atrás, e o auroque (espécie de gado asiático, também chamado de bisão-europeu), há, aproximadamente, 8 mil anos. Com isso, os primeiros agrupamentos de humanos sedentários passaram a ter condições de abrigar cada vez mais pessoas. Outras atividades foram aparecendo, e as aldeias evoluíram em tamanho e necessidades, dando origem às primeiras cidades.
Thiago Granado Souza
CRESCENTE FÉRTIL: terra das primeiras civilizações
Fonte: BASE cartográfica do American Geological Institute, 2003; IBGE. Atlas nacional digital. Rio de Janeiro, 2005. Adaptação.
Em outras palavras, o processo histórico de desenvolvimento da agricultura e da pecuária, aliado à produção de excedentes alimentares e ao surgimento de atividades que garantissem a estabilidade material do grupo (soldados, burocratas e artesãos, por exemplo), possibilitou o estabelecimento das primeiras civilizações. De acordo com os vestígios arqueológicos e registros históricos, as primeiras civilizações ocupavam uma vasta extensão de terras que abrangia parte do Oriente Médio e a porção nordeste do continente africano. Essa região, por suas características, ficou conhecida como Crescente Fértil. Alguns autores também chamam esse território de “berço da civilização”, pois foi nele que “nasceram” as civilizações mesopotâmica e egípcia.
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Pesquisa É claro que não só da agricultura e da pecuária necessitavam os primeiros seres humanos que acabaram se fixando em sítios específicos. Outros elementos e fatores também eram imprescindíveis. Entre eles, pode-se citar o sal. Pode parecer extremamente insignificante, não é mesmo? Mas o sal é fundamental para a sobrevivência humana e, muitas vezes, não é dada a devida importância para esse produto que faz parte de nossas vidas desde o desenvolvimento da agricultura, como lembrou o jornalista Mark Kurlansky.
[...] Em todos os continentes, a partir do momento em que iniciaram o cultivo de plantações, os seres humanos começaram a procurar sal para acrescentar à sua alimentação. Como ficaram sabendo dessa necessidade é um mistério. Uma vítima de inanição sente fome, por isso a necessidade de alimento é evidente. A deficiência de sal causa dores de cabeça e fraqueza, depois tontura e náusea. Se a privação persiste por muito tempo, a vítima morre. Mas em nenhum momento desse processo há o desejo de comer sal. No entanto, a maioria das pessoas opta por comer muito mais sal do que precisa, e pode ser que essa vontade – o simples fato de gostarmos do sabor do sal – seja uma defesa natural. Outro avanço que originou a necessidade de sal foi a criação de animais para o abate, em vez de caçar para comer. Os animais também precisam de sal. Os carnívoros selvagens, assim como os humanos, podem satisfazer essa necessidade comendo carne. Os herbívoros selvagens vão em busca de sal. Aliás, um dos métodos mais antigos utilizados pelo homem para encontrar sal era seguir os rastros dos animais, que acabavam levando a alguma jazida na superfície ou a uma nascente de água salgada. Os animais domesticados, porém, precisam que lhes deem sal. O cavalo chega a necessitar cinco vezes mais sal que o ser humano, e a vaca, dez vezes. KURLANSKY, Mark. Sal: uma história do mundo. São Paulo: Senac, 2004. p. 26-27.
O texto destaca a importância do sal para os seres humanos e os animais. A História demonstra que o ser humano realmente necessita de sal para sua sobrevivência. Entretanto, essa carência não é apenas biológica, já que ele descobriu que o sal tem várias outras finalidades. Pesquise a relação histórica entre a humanidade e o sal para descobrir de que outras maneiras o ser humano usou esse elemento tão fundamental.
Conexões No Brasil, as pesquisas arqueológicas apontam para a presença de seres humanos há pelo menos 50 mil anos. Os sítios arqueológicos mais antigos localizam-se em Minas Gerais, na região de Lagoa Santa. Nesse local, em 1833, o arqueólogo Peter Lund descobriu os primeiros fósseis humanos. Com a continuação das escavações, diversas sepulturas com esqueletos de homens, mulheres e crianças foram encontradas. Segundo estudos realizados, os povos que viveram nessa região apresentavam características físicas diferentes das da maioria dos indígenas locais, provavelmente em virtude do isolamento do lugar. Essa diferença também poderia existir em função dos grupos que se estabeleceram na região antes dos antepassados dos indígenas.
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Os vestígios dessa época, entre 12000 e 8000 anos atrás, são agora inquestionáveis e ocorrem em várias partes do território brasileiro no período, o que significa que este já estava densamente ocupado. Quase todos os sítios são abrigos sob rocha – não porque os homens nelas morassem normalmente, mas porque preservaram melhor os vestígios e são mais facilmente localizados pelos arqueólogos. Desconhecemos, portanto, as moradias principais, provavelmente edificadas a céu aberto. [...] PROUS, André. O Brasil antes dos brasileiros: a pré-história do nosso país. Rio de Janeiro: Zahar, 2006. p. 25.
As pinturas rupestres encontradas pela equipe de arqueólogos comandada por Niède Guidon retratam cenas do cotidiano dos povos que habitavam a região. Com o objetivo de preservar e proteger os vestígios arqueológicos, foi criado o Parque Nacional da Serra da Capivara.
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Diversos sítios arqueológicos passaram a ser descobertos e estudados no território brasileiro. No Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, grupos de caçadores e coletores deixaram inúmeras pinturas em cavernas.
Organize as ideias Na primeira unidade, foram abordadas algumas questões conceituais que são essenciais para compreender melhor a História. Entre elas, os conceitos de tempo e temporalidade, fundamentais para o ofício do historiador, que precisa organizar o passado cronologicamente. 1. (ENEM)
Documento I
Documento II
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Considerando os dois documentos, podemos afirmar que a natureza do pensamento que permite a datação da Terra é de natureza a) científica no primeiro e mágica no segundo. b) social no primeiro e política no segundo. c) religiosa no primeiro e científica no segundo. d) religiosa no primeiro e econômica no segundo. e) matemática no primeiro e algébrica no segundo. 2. (ENEM) Os quatro calendários apresentados abaixo mostram a variedade na contagem do tempo em diversas sociedades.
Fonte: Adaptado de Época, n. 55, 7 de junho de 1999.
Com base nas informações apresentadas, pode-se afirmar que: a) o final do milênio, 1999/2000, é um fator comum às diferentes culturas e tradições. b) embora o calendário cristão seja hoje adotado em âmbito internacional, cada cultura registra seus eventos marcantes em calendário próprio. c) o calendário cristão foi adotado universalmente porque, sendo solar, é mais preciso que os demais. d) a religião não foi determinante na definição dos calendários. e) o calendário cristão tornou-se dominante por sua antiguidade.
Mundo do trabalho Professor de História Para aqueles que gostam de História e têm aptidões para o magistério, a profissão de professor de História é sem dúvida uma ótima opção. Para desempenhar a função, o interessado deve cursar licenciatura em História e estar disposto a sempre buscar cursos de atualização, pois, apesar de a História ser conhecida como a ciência que estuda o passado, novos estudos e pesquisas são realizados a todo momento e, consequentemente, novas intepretações do passado são feitas. Segundo as historiadoras Maria Auxiliadora Schmidt e Marlene Cainelli, o professor de História “é o responsável por ensinar ao aluno como captar e valorizar a diversidade das fontes e dos pontos de vista históricos, levando-o a reconstruir, por adução, o percurso da narrativa histórica”.
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Hora de estudo 1. Sobre o surgimento das primeiras civilizações, assinale a alternativa correta. a) A fixação de grupos humanos a um território específico promoveu mudanças significativas, pois, com várias pessoas habitando um único território, ficou cada vez mais difícil garantir a alimentação. b) Os vestígios históricos indicam que as primeiras civilizações tiveram origem há 3 mil anos, na Oceania. Nessa região, os elementos naturais contribuíram para a construção de habitações resistentes, fator que possibilitou o aumento demográfico. c) De todas as informações utilizadas para melhor entender as civilizações antigas, apenas não se dispõe de manifestações artísticas e arquitetônicas. d) Pode-se afirmar que civilização é um processo pelo qual os elementos culturais de uma sociedade (conhecimentos, técnicas, bens e realizações materiais, valores, costumes, gostos, etc.) são coletiva e/ou individualmente elaborados, desenvolvidos e aprimorados. e) As civilizações antigas surgiram e desapareceram sem deixar vestígios para que suas culturas e tradições pudessem ser conhecidas. 2. Com base nas duas sentenças a seguir, responda às questões. “O terceiro milênio a.C. testemunha um grande número de núcleos urbanos se desenvolvendo ao longo do Tigre e do Eufrates.” “Não há milagre egípcio, o desenvolvimento egípcio tem bases muito concretas. O rio (Nilo) oferece condições potenciais, que foram aproveitadas pela força de trabalho dos camponeses egípcios [...].” PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. São Paulo: Contexto, 2008. p. 69; 88.
a) Por que o território ocupado pelas civilizações mesopotâmica e egípcia é conhecido como região do Crescente Fértil? b) Além da contribuição dos rios Nilo, Eufrates e Tigre, o que foi fundamental para o estabelecimento das primeiras civilizações na região do Crescente Fértil?
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3. (ENEM) Para o registro de processos naturais e sociais devem ser utilizadas diferentes escalas de tempo. Por exemplo, para a datação do Sistema Solar, é necessária uma escala de bilhões de anos, enquanto que, para a história do Brasil, basta uma escala de centenas de anos. Assim, para os estudos relativos ao surgimento da vida no planeta e para os estudos relativos ao surgimento da escrita, seria adequado utilizar, respectivamente, escalas de a) b) c) d) e)
Vida no planeta Milhares de anos Milhões de anos Milhões de anos Bilhões de anos Bilhões de anos
Escrita Centenas de anos Centenas de anos Milhares de anos Milhões de anos Milhares de anos
4. (ENEM) Segundo a explicação mais difundida sobre o povoamento da América, grupos asiáticos teriam chegado a esse continente pelo Estreito de Bering, há 18 mil anos. A partir dessa região, localizada no extremo noroeste do continente americano, esses grupos e seus descendentes teriam migrado, pouco a pouco, para outras áreas, chegando até a porção sul do continente. Entretanto, por meio de estudos arqueológicos realizados no Parque Nacional da Serra da Capivara (Piauí), foram descobertos vestígios da presença humana que teriam até 50 mil anos de idade. Validadas, as provas materiais encontradas pelos arqueólogos no Piauí: a) comprovam que grupos de origem africana cruzaram o oceano Atlântico até o Piauí há 18 mil anos. b) confirmam que o homem surgiu primeiramente na América do Norte e, depois, povoou os outros continentes. c) contestam a teoria de que o homem americano surgiu primeiro na América do Sul e, depois, cruzou o Estreito de Bering. d) confirmam que grupos de origem asiática cruzaram o Estreito de Bering há 18 mil anos. e) contestam a teoria de que o povoamento da América teria iniciado há 18 mil anos.
03 Mesopotâmia
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Ponto de partida Observe que as imagens acima apresentam uma casa construída com tijolos de barro e um texto manuscrito. Reflita sobre as relações entre elas e responda: O que essas imagens têm em comum?
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Objetivos da unidade: localizar geograficamente e conhecer as principais características da região do Crescente Fértil; reconhecer os principais povos que se estabeleceram na Mesopotâmia na Antiguidade; relacionar a fixação de diversos povos na região do Crescente Fértil com a existência dos rios Tigre e Eufrates; conhecer e analisar as principais estruturas de organização política e econômica dos diferentes povos; reconhecer os principais traços culturais dos povos mesopotâmicos; identificar, na atualidade, traços culturais que são legados dos povos mesopotâmicos. Algumas coisas, aparentemente banais atualmente, foram desenvolvidas primeiramente na região da Mesopotâmia, como os tijolos de barro, os veículos com rodas, a plantação de grãos e a escrita. Além disso, foi naquela região que surgiram as primeiras cidades que se tem notícia. Não é surpreendente? Nesta unidade, você vai conhecer um pouco mais sobre alguns desses povos que são, genericamente, denominados de mesopotâmicos.
Região
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Primeiramente, é importante destacar que Mesopotâmia é uma palavra grega que significa “entre rios”. E os referidos rios são o Tigre e o Eufrates, que atualmente percorrem, cada um, mais de 700 quilômetros em território iraquiano. As águas do Rio Eufrates também passam pelo território da Síria. Ambos deságuam no Golfo Pérsico.
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A
B
A – Rio Tigre na cidade de Bagdá, Iraque. B – Rio Eufrates na cidade de Deir ez-Zor, Síria. Os rios Eufrates e Tigre possibilitaram a grande concentração populacional e a presença de importantes centros urbanos, considerados as primeiras cidades da História. Praticamente três milênios depois do surgimento das primeiras cidades na região, os dois rios mantêm sua importância, apesar das inúmeras mudanças de curso, do assoreamento e da poluição.
O norte da Mesopotâmia é uma região formada por planícies e colinas, onde os dois rios recebem águas das chuvas sazonais, de vários afluentes e, principalmente, do degelo das montanhas da atual Turquia, onde estão localizadas suas nascentes. Na Antiguidade, essa região era conhecida como Anatólia. Já no sul, predominam as planícies, que, com a abundância de água fornecida pelos dois rios, formaram grandes pântanos – muitos dos quais foram drenados nos últimos séculos. Pelas características distintas das duas áreas, também são chamadas de Alta Mesopotâmia (mais montanhosa) e Baixa Mesopotâmia (sobressaindo as planícies). No Oriente Médio, prevalece o clima desértico, com várias extensões de terras impróprias para a fixação humana. Entretanto, apesar do clima desértico, a Mesopotâmia foi beneficiada pelas águas dos rios Tigre e Eufrates, possibilitando que grupos humanos aproveitassem esse importante recurso natural, essencial para a sobrevivência e para a produção de alimentos.
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Luciano Daniel Tulio
MESOPOTÂMIA: região entre rios
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 4. ed. Rio de Janeiro, 2007. Adaptação.
As águas dos rios Eufrates e Tigre sobem entre os meses de março e maio e baixam entre os meses de junho e setembro. Isso significa que as cheias ocorrem na primavera, considerada uma época ruim para os cereais cultivados na região. Dessa forma, o cultivo dependia das chuvas (escassas na região da Baixa Mesopotâmia) e da intervenção humana. Como o abastecimento dos dois rios é sazonal, isto é, ocorre em determinadas estações do ano, tem-se um período de cheias seguido de outro em que, dependendo das condições climáticas, pode chegar a faltar água na Baixa Mesopotâmia. Soma-se a isso o fato de que as cheias são completamente irregulares, não sendo possível prever a quantidade de água que fluiria pelos rios. Na Alta Mesopotâmia, por causa das colinas e das montanhas, a força das águas chegava a ser devastadora, carregando tudo o que encontrava pela frente. Já nas planícies, apesar de as correntes perderem velocidade, se não houvesse intervenção humana, os prejuízos eram significativos. Portanto, para que pudessem aproveitar os recursos hídricos daqueles rios, os grupos humanos mesopotâmicos precisaram se organizar e adotar práticas para conter a força das águas. Entretanto, a mesma correnteza que podia destruir era altamente benéfica para a agricultura, visto que a região é desértica, inapropriada para a agricultura. Com as águas dos rios, que fluíam desde longas distâncias, ia também muita matéria orgânica (limo, cal, barro, enfim, húmus), indispensável para fertilizar o solo e garantir uma produção satisfatória. Justamente por causa das cheias irregulares, a ação humana se fazia essencial. Verdadeiras obras de engenharia hidráulica foram erigidas com o objetivo de melhor aproveitar as águas dos rios e evitar que as plantações fossem perdidas. Diques de contenção (para desviar ou conter a invasão das águas), tanques (que funcionavam como reservatórios), canais e valas eram algumas das obras de proteção e irrigação que possibilitaram a sedentarização humana na Mesopotâmia. Pode-se concluir, portanto, que a ocupação das margens dos rios Eufrates e Tigre, o cultivo agrícola regular e o estabelecimento de cidades indicam que ali surgiram civilizações, nas quais os membros das sociedades mesopotâmicas compartilharam de um conjunto de características comuns.
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Povos mesopotâmicos O vale dos rios Eufrates e Tigre, graças à intervenção humana, foi o berço de inúmeras cidades que surgiram há cerca de 4 mil anos a.C., como Uruk, Lagash, Ur, Sumer, Umma, Kish, Nippur e Akad. Vários povos se sucederam na ocupação desses centros urbanos, que, segundo estimativas, abrigavam em média de 10 mil a 30 mil habitantes. Alguns autores chegam a afirmar que cidades como Ur, uma das maiores, podem ter abrigado mais de 200 mil pessoas no início do segundo milênio antes da Era Cristã. Entre os povos que ocuparam a Mesopotâmia, pode-se citar os sumérios, os acádios, os babilônios, os assírios e os caldeus (também conhecidos como neobabilônios). À medida que cada grupo chegava à região, ou assumia o controle do governo local, seus costumes, crenças e tradições eram incorporados. Por isso, muito da cultura mesopotâmica permaneceu inalterada, apesar das constantes guerras e invasões. Mas, como tudo na História, também houve algumas mudanças, fruto de adaptações e inovações culturais. Uma das características que perdurou durante todas as invasões foi, de maneira geral, a composição da sociedade mesopotâmica. A organização era basicamente por estamentos, isto é, grupos de pessoas que tinham função social semelhante. Entre os diversos estamentos, pode-se dividi-los entre os privilegiados (menos numeroso) e os não privilegiados (mais numeroso). Entre os privilegiados, estavam os sacerdotes, a nobreza, os soldados, os grandes proprietários de terras e os grandes comerciantes. O segundo grupo era formado por pequenos comerciantes, camponeses, artesãos e escravizados. Os reis estavam acima de todos, independentemente de seu estamento de origem. Além disso, acumulavam as funções políticas e religiosas, sendo considerados representantes de algum deus na Terra (os povos mesopotâmicos eram politeístas). Sabe-se, também, que os reis eram encarregados de conduzir suas tropas nas guerras.
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ons/M. Lubinski
Resumindo, após sucessivas levas de invasões e substituições de governantes, a organização social mesopotâmica permaneceu praticamente inalterada, ou seja, sempre prevaleceu a desigualdade. Por causa dos materiais construtivos utilizados (basicamente tijolos de barro), restam apenas ruínas das cidades mesopotâmicas. Entretanto, o trabalho de arqueólogos e outros pesquisadores tem trazido novas evidências para que se possa conhecer melhor como viviam as primeiras civilizações. RUÍNAS da cidade de Ur, Iraque.
Interpretando documentos A seguir, está representado um dos objetos mais interessantes encontrados durante as pesquisas arqueológicas na Mesopotâmia. Trata-se do Estandarte de Ur, uma caixa de madeira de 21,59 cm de largura por 49,53 cm de altura (ele é mais largo na base e mais estreito no topo) ricamente ornamentada com um mosaico composto de
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conchas, lápis-lazúli e calcário vermelho. Os detalhes são colados com betume, uma mistura escura e viscosa facilmente encontrada na região mesopotâmica, servindo até mesmo para exportação, pois era muito utilizada na vedação de barcos.
O Estandarte de Ur, como é conhecido, foi encontrado durante escavações arqueológicas no Cemitério Real de Ur. Sua função original ainda é desconhecida. Alguns acreditam que era encaixado em uma haste, servindo como estandarte; outros creem tratar-se de uma caixa acústica de algum tipo de instrumento musical. Apresenta dois painéis principais, conhecidos como “Guerra” e “Paz”. O lado da “Guerra” é uma das mais antigas representações de guerra dos sumérios, exibindo detalhes interessantes e bastante representativos da cultura militar mesopotâmica.
O ESTANDARTE de Ur. [ca. 2600-2400 a.C]. 1 quadro de madeira com mosaico de casca, calcário vermelho e lápis-lazúli e betume, 21,59 cm × 49,53 cm. Região de Ur, sul do Iraque, Museu Britânico, Londres.
Após observar a imagem que destaca o painel do lado da “Guerra”, faça uma descrição relacionando as principais informações presentes no mosaico do Estandarte de Ur com as características da organização social na Mesopotâmia.
Você faz História Agora, você é responsável por organizar a preparação para uma guerra na Antiga Mesopotâmia. Converse com os colegas e responda às seguintes questões: 1. O que seria necessário se tivesse de preparar seu exército para uma guerra nas imediações de sua cidade? 2. Quais seriam as principais diferenças na preparação de seu exército se a guerra fosse muito distante de seus domínios? 3. Do que você e seu exército mais precisariam?
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Política, economia e religião Política Na Mesopotâmia, a organização política foi marcada pela descentralização, isto é, como se refere a uma grande extensão territorial, o modelo de governo que predominou na região foi o de cidades-estados. Uma cidade-estado é, na prática, um Estado soberano e autônomo que exerce sua autoridade apenas na cidade e suas adjacências – que, dificilmente, saberíamos precisar as dimensões. Apesar de ter existido, em alguns momentos, certa unidade política (alguns reis promoveram a unificação de grandes regiões, englobando várias cidades), em geral a organização em cidades-estados prevaleceu. Em virtude das constantes guerras e das disputas na Mesopotâmia, tornou-se difícil garantir a manutenção de impérios mais longevos.
Luciano Daniel Tulio
MESOPOTÂMIA: cidades-estados
Fonte: DUBY, Georges. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse Editorial, 2007. p. 25. Adaptação.
Entre os mesopotâmicos, os assírios destacaram-se por seu caráter bélico. A reputação militar deles reunia suas qualidades guerreiras com a impiedade em relação aos vencidos. Acreditando que vencer batalhas era um desígnio divino, legitimavam a violência com base em crenças religiosas. Conta-se que, após invadir e conquistar uma cidade, o exército assírio decidiu demonstrar seu domínio diante dos soldados derrotados: cortou as orelhas de dezenas de homens, arrancou a língua de outros e cegou uma outra parte. Apesar da violência, os assírios tiveram uma produção cultural rica, com magníficos palácios decorados com painéis de pedra trabalhada em alto-relevo.
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Politicamente, o poder real estendia-se de maneira ilimitada (lembre-se de que o rei conjugava os poderes político e religioso). Com o auxílio dos sacerdotes, comandava um séquito de funcionários administrativos. Toda essa burocracia era responsável pela cobrança de impostos, pela execução de obras públicas e pela organização do exército.
Relevo em pedra. 635 a.C. British Museum, Londres.
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A cultura religiosa mesopotâmica admitia que seus deuses pudessem assumir forma humana, evidenciando um culto antropomórfico. Já seus demônios, às vezes, combinavam características humanas e de animais. Os deuses não eram, necessariamente, praticantes unicamente do bem, podendo também causar o mal. Para agradá-los, oferendas e rituais eram praticados diariamente.
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Apesar de os mesopotâmicos serem politeístas, cada cidade-estado tinha uma divindade principal, considerada protetora de seus habitantes. Em cada cidade, havia vários templos, sendo o mais importante, normalmente mais luxuoso, aquele que era dedicado à divindade principal.
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Religião
PORTAL de Ishtar. [ca. 4 a.C.]. Museu Pergamon, Berlim. A Babilônia foi, durante aproximadamente 200 anos, a capital de um rico e vasto império. Além de bons matemáticos e grandes conhecedores dos astros, os babilônicos construíram grandiosos palácios e esplêndidas muralhas. Entre suas realizações arquitetônicas, pode-se citar os Jardins Suspensos da Babilônia, considerados uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo (apesar de muito citados nos livros de História, não foram encontradas evidências arqueológicas que comprovem a existência de tais jardins). O Portal de Ishtar é um belo exemplo do requinte arquitetônico e decorativo dos babilônicos. Sua função era servir de muralha fortificada, porém foi belamente decorado com tijolos vidrados de várias cores em homenagem a Ishtar, deusa do amor e da guerra. Os dragões e os touros representam o símbolo dos deuses Marduk e Adad, respectivamente.
Os sacerdotes auxiliavam os trabalhos do rei, mas eles próprios tinham uma importância e um destaque na sociedade, já que detinham os conhecimentos necessários para saber, com precisão, a época certa do plantio. Afinal, dominavam conhecimentos de Astrologia (estudo ou conhecimento da influência dos astros, especialmente dos signos, no destino e no comportamento humanos) e sabiam a época das cheias, pois podiam predizer os movimentos da Lua e a posição do Sol, anunciando até mesmo eclipses. Também dominavam as técnicas de construção de canais e diques, fundamentais para a irrigação.
A relação dos mesopotâmicos com a morte era simples: eles adoravam a vida e não se importavam com a morte. Ao contrário de outras culturas da Antiguidade, não nutriam esperanças de uma vida além-túmulo, tampouco da ressurreição.
Economia A agricultura era a base da economia mesopotâmica, sendo controlada diretamente pelas autoridades das cidades-estados. Em uma região árida e que dependia das cheias dos rios Tigre e Eufrates, fazia-se necessário a construção de canais de irrigação. Como eram os sacerdotes que detinham os conhecimentos técnicos necessários para a construção dos canais, eles acompanhavam de perto sua utilização e manutenção. A distribuição de água era regulamentada e cobrada de cada agricultor. Se um camponês burlasse o controle oficial ou simplesmente demonstrasse negligência para com o uso da água, era severamente punido. Isso possibilita perceber a importância que era dada à água na sociedade mesopotâmica. O pastoreio de cabras e carneiros também contribuía na produção de alimentos e outras matérias-primas, como a lã e o couro. A pesca sempre foi uma atividade importante, dada a proximidade com o mar do Golfo Pérsico e os inúmeros pântanos existentes na região. A vida urbana promoveu também várias atividades artesanais, destacando-se a perícia na arte da joalheria. Havia oficinas especializadas em tecelagem, escultura, gravura, etc. Pode ser que os principais clientes fossem os templos religiosos ou pessoas que desejavam prestar oferendas aos deuses.
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dá, Iraque /Museu Nacional de Bag ni Dagli Orti Latinstock/Corbis/Gian
Detalhe do relevo de homens levando suas ofertas a Salmanasar para pagamentos de impostos. Laje do Trono de Salmanasar III. Período Assírio-babilônico.
Não se pode ignorar o comércio, que era bastante ativo em todo o Oriente Médio. Aliás, muitos produtos consumidos nas cidades mesopotâmicas tinham origem muito mais longínqua. Essas distantes relações comerciais justificam-se pelo fato de que a região era pobre em matérias-primas. O solo mesopotâmico oferecia, praticamente, apenas o betume. Outros minerais eram escassos. Não havia pedras para construção civil nem madeira, que era quase sempre importada. Assim, a Índia fornecia marfim e pedras preciosas; da Ásia Menor, era comprado cobre; e da região do Cáucaso, estanho. Baixo-relevo apresentando homens transportando víveres para a realização do comércio ou pagamento de impostos. O documento possibilita a observação da produção de diferentes tipos de produtos e também dos hábitos de vestuário e dos padrões de estética do grupo representado na imagem.
Cultura e influências mesopotâmicas No início da unidade, foi visto que muito do que atualmente é considerado banal teve suas origens na Mesopotâmia, como os veículos com roda, os tijolos de barro, o cultivo de grãos e a linguagem escrita. Mas as contribuições culturais dos mesopotâmicos não param por aí. Claro que muita coisa mudou, afinal, são praticamente 3 mil anos que nos separam daquelas que formaram as primeiras civilizações. Mas há uma certeza: todo o conhecimento (hábitos, costumes, tecnologias, etc.) elaborado no passado pode ser útil, ou para que possa ser aperfeiçoado, ou para que não seja repetido.
Museu Britânico, Londres.
Museu Nacional de Damasco, Síria
Uma das mais importantes contribuições dos mesopotâmicos é a criação de um sistema de linguagem escrita. Há 6 mil anos, pelo menos, já havia um sistema de registro de símbolos que significavam, basicamente, objetos do cotidiano, como cereais e gado – era a escrita pictográfica dos sumérios (imagens figurativas simbolizando palavras). Os primeiros registros escritos foram feitos em tabuletas de argila ainda fresca e mole, nas quais era possível fazer certas marcas.
Mapa cuneiforme mostrando Assíria, Babilônia e Armênia. Cerca de 700-500 a.C. 12,2 cm × 8,2 cm. Museu Britânico, Londres.
Tabuleta suméria de argila com escrita cuneiforme. Mesopotâmia, por volta de 2052 a.C.
Considerada uma das maiores invenções do homem, a escrita também é utilizada como baliza cronológica para a História. Convencionou-se que, com a invenção da escrita, começa a História. O período que antecede o aparecimento de registros escritos é denominado de Pré-História. Foram vários os sistemas elaborados para registrar informações e sentimentos: a escrita pictográfica (com desenhos ou ilustrações), a fonética (que utiliza símbolos que representam sons), a ideográfica (com seus símbolos que representam ideias), entre outros. A fusão da escrita cuneiforme dos sumérios com os pictogramas hititas mais a escrita do povo micênico e os hieróglifos egípcios deu origem a um sistema mais simples, a escrita fenícia, que, depois de aperfeiçoada pelos gregos e assimilada pelos romanos, chegou ao alfabeto latino.
A escrita pictográfica evoluiu para o sistema cuneiforme, que tinha um número de sinais relativamente maior, já que nem sempre era possível representar certas coisas extremamente necessárias para o controle oficial, como medidas. Desenhar uma espiga de trigo era fácil, mas como simbolizar determinada quantidade de trigo? O alfabeto cuneiforme (escrito em forma de cunha com a ajuda de um estilete) tinha, aproximadamente, 1 500 sinais que representavam sílabas e palavras. Na arquitetura, poucos vestígios resistiram à ação do tempo e das intempéries. Isso justifica-se, em parte, pela ausência de materiais construtivos mais duráveis, já que não havia disponibilidade de pedras e as madeiras eram raras. A solução adotada foi o emprego de tijolos de barro, que podiam secar ao sol.
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Assim como a Arquitetura recebeu influência da religião, outras ciências também se desenvolveram em bases religiosas. Inicialmente, a Medicina tratava os doentes como pecadores. A observação dos astros era entendida como presságios divinos. Entretanto, o domínio da Astronomia (ciência que estuda os corpos celestes, suas características e movimentos) possibilitou a criação de um calendário e a determinação do zodíaco.
rdnfast ©Wikimedia Commons/Ha
As poucas evidências construtivas que restaram da civilização mesopotâmica estão em ruínas ou foram significativamente estragadas, exceto algumas construções que, encobertas pela areia, ficaram preservadas. O destaque fica para os zigurates, mistura de templo religioso, silo de armazenagem de grãos e observatório astronômico. Construídos em forma de pirâmide, apresentavam o topo plano, onde se erigia um santuário. O acesso era feito por rampas e escadarias.
Zigurate de Ur, Ur, Iraque, 2011. Os zigurates são monumentos em forma de pirâmide, construídos em patamares superpostos, com um topo plano. É um exemplar característico da arquitetura religiosa mesopotâmica que, com suas rampas e escadarias, levava os sacerdotes ao topo, onde havia um santuário e eram feitas observações astronômicas. A parte inferior era utilizada como silo de grãos, isto é, funcionava como grandes armazéns do Crescente Fértil.
Tanto para a Astronomia quanto para a construção de obras hidráulicas ou zigurates, a Matemática se fazia necessária. No comércio, os pesos e as medidas também foram criados para facilitar as transações e evitar que fraudes fossem cometidas. Os mesopotâmicos tinham bastante cuidado em suas transações comerciais, assim como na transferência de seus bens. Prova disso são as inúmeras tabuinhas de argila registrando contratos. Mas, buscando regulamentar vários aspectos da vida cotidiana, é insuperável o Código de Hamurabi, que regulamenta a sociedade com base na Lei de Talião, popularmente conhecida na expressão “olho por olho, dente por dente”. Resumindo, o Código de Hamurabi é baseado no princípio da retaliação.
Hamurabi: rei dos babilônios durante o segundo milênio antes da Era Cristã (1795-1750 a.C.).
Interpretando documentos Conheça alguns dos artigos do Código de Hamurabi. 1. Se qualquer pessoa amarrar outra, proibindo-a de algo, sem provar nada contra ela, então aquela que amarrou deverá ser condenada à morte. 2. Se alguém fizer uma acusação contra um homem e o acusado vai ao rio e nele se atira; se ele afundar no rio, o acusador deverá tomar posse da casa dele. Mas se o rio provar que o acusado não é culpado e ele escapar sem se ferir, então o que levantou a acusação deverá ser condenado à morte e o que se atirou no rio deverá tomar posse da casa que pertenceu a seu acusador. [...] 5. Se um juiz julgar um caso, chegar a uma decisão e apresentar seu julgamento escrito; se um erro posterior aparecer
em sua decisão, e isso por seu próprio erro, ele deverá pagar doze vezes a multa estabelecida por ele no caso e ser publicamente removido do posto de juiz, nunca mais se sentando ali novamente para presidir a um julgamento. 6. Se alguém roubar a propriedade de um templo ou da corte, deverá ser condenado à morte; e aquele que dele receber o item roubado deverá ser condenado à morte. [...] 42. Se alguém tomar conta de um campo para cultivá-lo e não obtiver nenhuma colheita de lá, deverá ser provado que ele não trabalhou no campo, e ele deverá entregar tanto grão quanto seu vizinho pôde colher ao proprietário do campo. [...]
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53. Se alguém for tão preguiçoso que devendo manter sua represa em condições apropriadas não o faz; se a represa se romper e todos os campos forem inundados, então aquele em cuja represa o rompimento ocorreu deverá ser vendido por dinheiro o qual deve substituir o milho que por sua causa arruinou. 54. Se não for capaz de substituir o milho, ele e suas posses devem ser divididas entre os fazendeiros cujo milho ficou inundado. 55. Se alguém abrir seus canais para aguar sua plantação, mas se descuidar e a água inundar o campo de seu vizinho, ele deve pagar a seu vizinho a perda de seu milho. [...] 153. Se a esposa de um homem, por conta de outro homem, assassinar os parceiros (seu marido e a esposa do outro homem), ambos deverão ser empalados. 154. Se um homem for culpado de incesto com sua filha, deverá ser expulso do lugar (exilado). 155. Se um homem der uma noiva a seu filho e seu filho tiver intercurso com ela, mas ele (o pai) depois a profanar e for surpreendido, ele deverá ser amarrado e atirado na água. [...]
218. Se um médico fizer uma grande incisão com um bisturi e matar, ou se abrir um tumor com um bisturi e cortar fora o olho, suas mãos deverão ser cortadas. 219. Se um médico fizer uma grande incisão no escravo de um liberto e o matar, deve substituir o escravo por outro escravo. [...] 221. Se um médico curar um osso quebrado ou um tecido atingido de um homem, o paciente deverá pagar ao médico cinco siclos em dinheiro. [...] 229. Se um construtor construir uma casa para alguém e não a estruturar da maneira apropriada, e a casa que ele construiu cair e matar o proprietário, o construtor deverá ser condenado à morte. 230. Se ela matar o filho do proprietário, o filho do construtor deverá ser condenado à morte. 231. Se matar um escravo do proprietário, ele deverá pagar escravo por escravo ao dono da casa. 232. Se arruinar bens, ele deverá dar uma compensação por tudo o que foi arruinado e, tendo em vista que ele não construiu de maneira própria essa casa uma vez que ela caiu, deverá reerguer a casa com seus próprios meios. [...]
O CÓDIGO de Hammurabi: escrito em cerca de 1780 a.C. São Paulo: Madras, 2005. p. 41-66.
1. Observe as seguintes afirmações feitas sobre o Código de Hamurabi: I. O Código de Hamurabi notabilizou-se pelo princípio da retaliação, conhecido como Lei de Talião, resumida na expressão “olho por olho, dente por dente”.
3. De acordo com os artigos, pode-se afirmar que, durante o Primeiro Império Babilônico, havia igualdade social? Justifique sua resposta.
II. De acordo com os artigos, pode-se afirmar que o Código de Hamurabi não apresenta influência religiosa ou sobrenatural. III. O Código de Hamurabi não oferece elementos para se estudar a cultura e a sociedade babilônica, pois limita-se a aspectos jurídicos. Entre as afirmações, apenas a) I está correta.
d) I e II estão corretas.
b) II está correta.
e) I e III estão corretas.
c) III está correta. 2. Cite um exemplo de retaliação presente nos artigos do Código de Hamurabi.
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4. O Código de Hamurabi preocupava-se com a responsabilidade social, isto é, ele previa normas e penas em prol do bem coletivo? Justifique sua resposta.
Hora de estudo 1. Explique a razão pela qual a arquitetura mesopotâmica deixou menos evidências que as encontradas em outras regiões do Mundo Antigo no mesmo período.
(02) Na Mesopotâmia viveram diversos povos, entre os quais podemos destacar os sumérios, acádios, assírios e babilônios. (04) A religião teve notável influência na vida dos povos da Mesopotâmia. Entre eles surgiu a crença em uma única divindade (monoteísmo). (08) Os babilônios ergueram magníficas construções feitas com blocos de pedra, das quais são exemplos as pirâmides de Gisé.
2. (UFSC) “Bagdá – O famoso tesouro de Nimrud, desaparecido há dois meses em Bagdá, foi encontrado em boas condições em um cofre no Banco Central do Iraque em Bagdá, submerso em água de esgoto, segundo informaram autoridades do exército norte-americano. Cerca de 50 itens, do Museu Nacional do Iraque, estavam desaparecidos desde os saques que seguiram à invasão de Bagdá pelas forças da coalizão anglo-americana. Os tesouros de Nimrud datam de aproximadamente 900 a.C. e foram descobertos por arqueólogos iraquianos nos anos 80, em quatro túmulos reais na cidade de Nimrud, perto de Mosul, no norte do país. Os objetos, de ouro e pedras preciosas, foram encontrados no cofre do Banco Central, em Bagdá, dentro de um outro cofre, submerso pela água da rede de esgoto. Os tesouros, um dos achados arqueológicos mais significativos do século 20, não eram expostos ao público desde a década de 90. Uma equipe de pesquisadores do Museu Britânico chegará na próxima semana a Bagdá para estudar como proteger os objetos.” O ESTADO DE SÃO PAULO. Versão eletrônica. São Paulo: 7 jun. 2003. Disponível em: .
Assinale a(s) proposição(ões) correta(s) em relação às sociedades que se desenvolveram naquela região na Antiguidade. (01) A região compreendida entre os rios Tigre e Eufrates, onde hoje se localizam os territórios do Iraque, do Kweite (Kwait) e parte da Síria, era conhecida como Mesopotâmia.
(16) Os povos da Mesopotâmia, além da significativa contribuição no campo da Matemática, destacaram-se na Astronomia e entre eles surgiu um dos mais famosos códigos de leis da Antiguidade, o de Hamurabi. (32) Muitos dos povos da Mesopotâmia possuíram governos autocráticos. Entre os caldeus surgiu o sistema democrático de governo. 3. (UCS – RS) O Código de Hamurabi, um bloco de pedras com 2,25 metros de altura, encontra-se hoje no Museu do Louvre, em Paris. Dos muitos artigos de lei nele gravados, cerca de 250 já foram decifrados. Com isso, informações sobre a sociedade mesopotâmica puderam ser reveladas. FIGUEIRA, D. História. São Paulo: Ática, 2003. p. 26.
Analise, quanto à sua veracidade (V) ou falsidade (F), as afirmativas abaixo sobre a sociedade mesopotâmica e o seu código de leis. ( ) A chamada Lei de Talião (talionis, em latim, significa “tal” ou “igual”) apareceu pela primeira vez no Código de Hamurabi. Ela pregava o princípio do “olho por olho, dente por dente”, ou seja, ao infrator aplicava-se um castigo proporcional ao dano causado. ( ) O Código de Hamurabi trata dos mais variados assuntos relativos à vida cotidiana. Abrange, entre outros temas, a regulamentação e o exercício das profissões, fixando a remuneração dos trabalhadores e as normas a respeito do casamento, da assistência às viúvas, aos órfãos, aos pobres, etc.
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( ) Na maioria das sociedades atuais, a Lei de Talião não é mais aplicada. No entanto, há países do Oriente Médio em que ainda se paga olho por olho, literalmente. Na Arábia Saudita, no Iêmen e em alguns dos Emirados Árabes, ladrões têm as mãos cortadas. Assinale a alternativa que preenche corretamente os parênteses, da primeira à última. a) V – F – V
d) F – F –V
b) V – V – V
e) F – F – F
c) F – V – F 4. (UFCSPA – RS) A Mesopotâmia atual situa-se no Oriente Médio entre os rios Tigre e Eufrates, que ficam no atual Iraque, na região conhecida como Crescente Fértil. Seu nome vem do grego (meso: meio e potamos: água) e significa “terra entre rios”. A fertilidade desta região, localizada em meio a montanhas e desertos, deve-se à presença dos rios.
5. A Medicina dos sumérios, que floresceu há 6 mil anos em Ur, na Mesopotâmia, é a mais antiga que se conhece. Baseava-se na Astrologia, pois os sumérios acreditavam que o destino dos homens era regido pelos astros desde seu nascimento. Os arqueólogos encontraram placas de argilas usadas pelos sacerdotes nas quais estavam redigidos em escrita cuneiforme tratados médicos completos e complexos. Esses textos eram unânimes em ressaltar a importância da higiene pessoal e da limpeza das cidades para a manutenção da saúde individual e pública. BUENO, Eduardo. Passado a limpo: história da higiene pessoal no Brasil. São Paulo: Gabarito de Marketing, 2007. p. 16. (Adaptação).
Com base no fragmento, faça o que se pede. a) Cite dois elementos presentes no texto que podem indicar que os sumérios constituíam uma civilização.
Sobre a civilização mesopotâmia, na Antiguidade Oriental, analisar os itens abaixo. I. A estrutura social baseava-se na existência de uma pequena elite, controladora de uma vasta população que estava submetida ao trabalho compulsório, característica de um governo despótico, de fundamento teocrático, que domina todos os grupos sociais. II. O Estado era responsável pelas obras hidráulicas necessárias para a sobrevivência da população, bem como pela cobrança de impostos e pela administração de estoques de alimentos. III. Na religião mesopotâmia, o governante era representado e compreendido por seus súditos mais como uma divindade viva do que como um representante dos deuses. IV. Em termos políticos, a Mesopotâmia caracterizou-se por ter, na instituição monárquica, personificada no governante, o seu principal fator de unidade. Está(ão) correto(s): a) somente o item I. b) somente os itens I e II. c) somente os itens I, III e IV. d) somente os itens II e IV. e) todos os itens.
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b) De que maneira, normalmente, obtêm-se informações a respeito de civilizações tão antigas quanto a dos sumérios?
c) Os sumérios acreditavam em destino? Justifique sua resposta.
d) De acordo com o historiador Jaime Pinsky, uma civilização pode deixar uma produção artística que sobreviva ao tempo. Considerando que produção artística pode ser qualquer resultado elaborado pelas mãos dos seres humanos, cite duas produções artísticas dos sumérios que tenham sobrevivido ao tempo.
04 Egito ©Wikimedia Commons/Raduasandei
O Rio Nilo possibilitou o estabelecimento da civilização egípcia em meio ao grandioso Deserto do Saara. A imagem mostra um pequeno trecho do rio cortando a cidade do Cairo, no Egito. O grego Heródoto chegou a afirmar que o Egito era um presente do Nilo, porém ele não conseguiu compreender seu regime de cheias periódicas.
Ponto de partida O estudo do Egito Antigo sempre gerou a curiosidade e o interesse de pessoas das mais variadas idades. Atualmente, o Egito apresenta características muito diferentes da civilização egípcia da Antiguidade. Discuta com os colegas e apontem os temas mais recorrentes sobre os quais vocês têm interesse.
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Objetivos da unidade: localizar geograficamente o Egito no nordeste da África, destacando a importância do Rio Nilo e as características geográficas da região do Crescente Fértil; relacionar a fixação de povos na região com as cheias do Rio Nilo; reconhecer os povos que se estabeleceram no Egito na Antiguidade; conhecer e analisar as principais estruturas de organização política e econômica do Egito; reconhecer os principais traços culturais do povo egípcio; estabelecer as relações entre a religião e a Medicina; identificar, na atualidade, traços culturais que são legados do povo egípcio da Antiguidade.
Interpretando documentos Leia um trecho da obra História, escrita por Heródoto de Halicarnasso, também conhecido como o “pai da História”, no século V a.C.
Heródoto de Halicarnasso [...] O que eles me disseram dessa terra me parece exato. Todo homem sensato que ainda não tenha ouvido falar nisso notará, visitando o país, ser o Egito uma terra nova e um presente do Nilo. Presente desse rio é também a região que se estende ao norte do lago, a três dias de viagem. Quem for ao Egito por mar e, encontrando-se a um dia da costa, lançar a sonda, retirará limo a onze braças de profundidade, o que prova haver o rio levado terra até essa distância. [...] A maior parte do país é uma dádiva do Nilo, como dizem os sacerdotes, e foi essa a minha impressão. [...] De todos os rios que formam esses territórios por meio de aluviões, não há um que, pelo seu volume de água, mereça ser comparado a um só dos cinco braços do Nilo. [...] HERÓDOTO. História. Disponível em: . Acesso em: 31 out. 2014.
Heródoto, cuja ânsia de conhecimento o levou a viajar por grande parte do mundo conhecido na Antiguidade, registrou em sua obra que o Egito “é uma dádiva do Nilo”. Nessa unidade, você verá que essa anotação do viajante grego é muito bem fundamentada, afinal, o Rio Nilo realmente proveu o Egito com suas águas, consideradas mágicas e sagradas pelos antigos egípcios. Entretanto, Heródoto não tinha rigor científico. Parte de seus registros não podem ser considerados fidedignos, isto é, confiáveis. Isso significa que Heródoto tinha má-fé? Obviamente, não. Talvez lhe faltassem mais informações ou mesmo conhecimentos técnicos que ainda não eram disponíveis.
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Luciano Daniel Tulio
RIO NILO EM TODA SUA EXTENSÃO
Fonte: BASE cartográfica do American Geological Institute, 2003; IBGE. Atlas nacional digital. Rio de Janeiro, 2005. Adaptação.
Outras versões Leia mais um trecho da obra História, no qual Heródoto oferece algumas versões para responder a uma grande dúvida que o acompanhou durante sua viagem ao Egito.
Heródoto de Halicarnasso [...] Tinha, entretanto, o maior desejo de saber por que o Nilo começa a encher no solstício de verão, prosseguindo gradativamente a cheia durante cem dias, e por que razão, enchendo por esse espaço de tempo, ele se retrai, baixando de maneira notável e permanecendo pouco volumoso durante todo o inverno, até o novo solstício de verão. [...] explicaram esse movimento das águas de três maneiras, duas das quais não merecem discussão, limitando-me, portanto, a indicá-las. De acordo com a primeira, são os ventos estivais que, desviando com seu sopro as águas do Nilo, impede-as de ir para o mar, ocasionando a cheia. Todavia, às vezes não sopram esses ventos, e nem por isso o rio deixa de encher. Além disso, se os ventos estivais fossem a causa da inundação, em todos os outros rios que correm em direção contrária à desses ventos verificar-se-ia a mesma coisa, sobretudo por serem eles menores e menos rápidos. [...] A segunda versão é ainda mais absurda, embora a bem dizer encerre qualquer coisa de maravilhoso. Dizem que o oceano envolve toda a terra, e que o Nilo está sujeito a inundações porque vem do oceano.
História
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A terceira explicação é a mais falsa. Com efeito, pretender que o Nilo provém de fontes de neve, ele que corre da Líbia, passando pelo centro da Etiópia e penetrando por ali no Egito, equivale a não dizer nada. Como poderia ser formado por fontes de neve se vem de um clima muito quente para um país igualmente tórrido? Quem quer que seja capaz de raciocinar com justeza sobre o assunto encontrará muitas provas de não ser verossímil que o Nilo provenha da neve. [...]
Deserto Ocidental
Deserto Oriental
Culturas
Culturas Aldeias
Aldeias
Eduardo Vetillo. 2010. Digital.
HERÓDOTO. História. Disponível em: . Acesso em: 31 out. 2014.
Nilo Fevereiro e março
Agosto e setembro
Regime de cheias periódicas no Rio Nilo
Pesquisa Em suas viagens, Heródoto não encontrou respostas para suas indagações sobre o funcionamento das cheias do Nilo, nem os sacerdotes nem outros representantes da população lhe forneceram explicações que o convencessem. Pesquise em outras fontes, como livros, revistas, filmes e internet, informações que identifiquem a existência de iincoerências no texto citado. Depois, compare os resultados com os dos colegas.
Região O Egito, como contaram para Heródoto e ele mesmo conferiu, foi um presente do Rio Nilo. Não é para menos, já que a região na qual a civilização egípcia se desenvolveu é um imenso deserto, o Saara, palavra de origem berbere (grupo étnico que, desde a Pré-História, habita o norte da África) que significa “terra dura”. Sem o Rio Nilo, a vida naquela região realmente seria muito difícil. Entretanto, apenas a existência do Nilo não seria suficiente para o estabelecimento de comunidades humanas na região. Foram as cheias do rio, somadas ao trabalho dos egípcios, que possibilitaram a prática da agricultura e o desenvolvimento da civilização egípcia. Vários autores consideram que o Egito é um oásis (pequena região fértil no meio do deserto graças à presença de água). Assim, a região ocupada pelos antigos egípcios era um “corredor”, muito mais comprido que largo (mais de mil quilômetros de extensão por pouco mais de dez quilômetros de largura). Em virtude de tão extenso território, o Egito era dividido em duas partes. Essa divisão, porém, era apenas na nomenclatura, já que sempre foi preocupação dos governantes egípcios primar pela unidade política e administrativa.
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As duas regiões eram o delta (na Foz do Rio Nilo) e o vale (estreita faixa de terra que acompanha o rio), também chamados de Baixo Egito e Alto Egito, respectivamente.
Luciano Daniel Tulio
EGITO: uma dádiva do Nilo e dos egípcios
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 4. ed. Rio de Janeiro, 2007. Adaptação.
Durante as cheias, as águas do Rio Nilo, a exemplo das cheias dos rios Eufrates e Tigre, na Mesopotâmia, carregavam consigo rica matéria orgânica. O limo negro que a força das águas levava em direção ao delta ficava depositado nas margens e servia como fecundo substrato para as grandes plantações, principalmente de trigo e cevada. Heródoto percebeu isso como fundamental para a sobrevivência dos egípcios: “retirará limo a onze braças de profundidade”. Nas margens do Rio Nilo, predominavam as planícies, que eram preparadas para receber as águas nos períodos de cheia. Ao contrário dos dois rios que contribuíram para o estabelecimento da civilização mesopotâmica, o Nilo apresentava cheias mais constantes e menos violentas. Assim, a regularidade entre os períodos de alagamento e estiagem garantiu relativa estabilidade aos egípcios. Entretanto, essa estabilidade dependia da intervenção humana. Barreiras, diques e canais eram imprescindíveis para que as águas e o húmus sedimentado dessem resultados frutíferos. A relação dos egípcios com o Nilo foi tão intensa que é possível verificar seus efeitos nas mais variadas áreas da vida cotidiana, como na Matemática, na Astronomia e na religião.
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Organize as ideias Heródoto reuniu, em suas viagens, muita informação sobre a civilização egípcia. Quase todos os livros de História do Egito trazem sua famosa citação: “o Egito é uma dádiva do Nilo”. Apesar das inúmeras referências, os livros, muitas vezes, não apresentam uma avaliação sobre a validade dessa expressão. 1. Com base nas observações de Heródoto sobre o Egito, explique a afirmação “o Egito é uma dádiva do Nilo”. 2. Pode-se afirmar que essa expressão, que atribui simplesmente ao Rio Nilo a grandeza da civilização egípcia, é completamente verdadeira? Justifique sua resposta.
Egípcios A organização social no Antigo Egito era estamental e marcada pela desigualdade. Um grupo, relativamente pequeno, destacava-se do restante pelo padrão de vida que desfrutava. Além do faraó (título que ostentava o soberano egípcio) e de seus familiares diretos, sacerdotes e altos funcionários beneficiavam-se de posições privilegiadas. Abaixo desse seleto grupo, um pouco mais numeroso, estavam os escribas e outros religiosos e funcionários de menor importância. Pode-se incluir nessa camada social os artesãos especializados (muito cobiçados pelo faraó e pelos sacerdotes), os comerciantes e os grandes proprietários de terras.
Na sociedade egípcia, rigidamente estamental, o faraó, considerado um deus vivo, ocupava o mais alto posto na hierarquia social. Entretanto, a manutenção do faraó em seu lugar de destaque dependia do trabalho árduo de centenas de milhares de pessoas, como os camponeses e os artesãos. Muitas obras oficiais, como templos e pirâmides, eram realizadas com a participação de um grande número de escravizados.
Estatuetas de tumba egípcia. Início do Império Médio, por volta de 2000 a.C. Museu Real de Ontário, Toronto, Canadá.
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Imagens: Museu Real de Ontário, Toronto, Canadá
O grupo mais numeroso, constantemente submetido à exploração das classes superiores, era composto de camponeses (o grosso da população), os quais tinham de pagar pesados tributos e eram convocados para trabalhos forçados, podendo ser castigados. Um grupo à parte era formado pelos escravizados, sem quaisquer tipos de direitos.
A manutenção do status quo dependia do árduo trabalho dos camponeses, denominados felás. Suas atividades eram fiscalizadas diretamente por funcionários oficiais, que confiscavam parte do que era produzido e cobravam impostos. O controle dos camponeses e sua relativa submissão ao poder central derivava, em parte, do caráter da monarquia egípcia, que considerava o faraó um deus. As distinções sociais eram visíveis pelo vestuário e pelas habitações. Enquanto a maioria da população vivia humildemente, com roupas simples em casas feitas de junco, barro e madeira; os grupos privilegiados aproveitavam sofisticadas joias e instalações requintadas feitas de tijolos sobre plataformas – às vezes, apresentavam um jardim ou uma fonte. Entretanto, de maneira geral, o vestuário de ambos os grupos era feito de linho, diferenciando-se apenas no acabamento. Como as atividades principais dos camponeses eram bem regulares, sobrava-lhes tempo para outras atividades. Brincadeiras, jogos e competições esportivas eram passatempos compartilhados entre os membros das famílias (as quais eram numerosas) e a vizinhança (os bairros mais humildes eram superpovoados). Mas, apesar da desigualdade social, os registros históricos e os vestígios arqueológicos indicam que os egípcios de todas as classes se alimentavam com qualidade e variedade. Além do trigo e da cevada, cultivados nos terrenos alagados pelas águas do Rio Nilo, havia produção de cebola, alho-poró, nabo, rabanete, um tipo de feijão, pepinos e alface. Consumiam ainda uma variedade considerável de frutas, como uvas, romãs, figos e tâmaras. As tâmaras, além das uvas, eram utilizadas na produção de vinho e para adoçar alimentos, o que também era feito com mel. Também criavam alguns animais (gado, carneiros, gansos, patos e pombos), caçavam outros (gazelas e algumas aves) e pescavam. Entre os egípcios, havia porcos, que não eram consumidos como alimento, mas ajudavam nas funções sanitárias nas regiões de grande densidade populacional.
Examinando os campos para Nebamun, fragmento de uma cena do túmulo-capela de Nebamun. Tebas, no Egito. No final da 18ª. dinastia, por volta de 1350 a.C. Museu Britânico, Londres. Todo o trabalho dos camponeses era minuciosamente controlado por fiscais do faraó, que precisavam saber o que e quanto estava sendo produzido, pois parte da produção era confiscada e armazenada pelos funcionários do faraó. Esse rígido controle garantia estoques de alimentos que poderiam ser usados quando a produção não era suficiente (em razão da ausência ou abundância de água, por exemplo).
Fabricavam pão, queijo, vinho e cerveja. Aliás, a descoberta da cerveja é atribuída aos egípcios e aos mesopotâmicos, que perceberam o processo de fermentação dos grãos. Os egípcios também reivindicam para si o crédito de ter tornado o fruto da oliveira, a azeitona, comestível. Curavam carnes e peixes com sal, garantindo maior durabilidade. Enfim, tinham uma dieta rica e variada.
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Política, economia e religião Política O faraó, como se sabe, acumulava os poderes político e religioso no Antigo Egito, já que era considerado um deus. Sua posição na sociedade era central, tudo girava a seu redor: arte, cultura, religião, economia, guerra, etc. Esse caráter divino do faraó era perpetuado pelo casamento. Apesar de ser permitida a poligamia entre os egípcios, o faraó normalmente casava-se, oficialmente, com uma de suas irmãs.
Latinstock/Album Art/Erich Lessing
A organização política não podia ser controlada diretamente pelo faraó, dada a extensão do território. Assim, ele era obrigado a delegar funções, tanto a sacerdotes quanto a altos funcionários. Mas acredita-se que os escribas tivessem a maior relevância na organização política e econômica. Sendo os únicos que dominavam a escrita, eram responsáveis pelos registros fundamentais do governo faraônico: recenseamentos, anotação da produção de grãos e dos estoques reais, transcrição de impostos coletados e a coletar, etc. Os camponeses submetiam-se ao rígido controle da organização política faraônica em virtude da intensa fiscalização e do acompanhamento dos funcionários encarregados e pelo respeito à figura do faraó. Assim, a estrutura burocrática e as crenças religiosas davam suporte a uma centralização administrativa altamente eficiente, que funcionou por séculos, mantendo, na maior parte do tempo, a unidade territorial, política e cultural da civilização egípcia.
O GRANDE Papirus Harrys proveniente de Tebas, provavelmente da região de Deir el-Medina, Egito [ca. 1200 a.C.]. 1 papiro: 46 cm × 74 cm. Museu Britânico, Londres. Os papiros egípcios revelam vários aspectos da cultura e dos costumes do Antigo Egito. Na imagem, observa-se um detalhe do rolo original, que tem 42 m de comprimento e foi elaborado no século XII a.C. Dividido em cinco partes, cada uma delas registra algum aspecto da vida do faraó Ramsés III (direita), como a entrega de oferendas aos três deuses (esquerda). De acordo com os hieróglifos, o faraó está ofertando mais de 300 mil sacos de grãos aos deuses para mantê-los felizes.
Economia No que diz respeito à economia, os egípcios eram basicamente agrícolas, porém desenvolviam outras atividades, como o comércio e a manufatura. A ausência de um sistema monetário não deve ser considerada um entrave para a economia egípcia, que era feita com base em trocas naturais, ou seja, produto por produto. Como não dispunham de alguns produtos essenciais, como madeira, prata e marfim, importavam de outras regiões. O principal fornecedor de madeira era a Fenícia, atual Líbano. Para as trocas, eram utilizados grãos, linho e ouro. Um produto egípcio muito apreciado na época eram as aves e os peixes curados com sal, especialidade gastronômica extremamente valorizada em virtude das dificuldades de se conservar carnes cruas.
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Religião A religiosidade egípcia ajudava a organizar a sociedade. O faraó, como um deus, era venerado e respeitado. Contudo, a religião teve um papel muito mais amplo para a cultura do Antigo Egito, perpassando todas as esferas da vida cotidiana. Aliás, não só da vida como também da morte.
Os egípcios mais influentes, como os faraós, eram enterrados com vários de seus pertences, além de comida e bebida. Tudo isso era, segundo suas crenças, para ser utilizado na outra vida. Atualmente, esses túmulos são fonte de preciosas informações sobre a vida cotidiana dos antigos egípcios. Museu Leiden, Holanda
Os egípcios eram politeístas e seus deuses apresentavam características antropomórficas, como o faraó, e antropozoomórficas. Entre os povos da Antiguidade, os egípcios destacam-se pela crença na vida após a morte. Essa convicção profunda de que havia vida além-túmulo legou à humanidade conhecimentos em Medicina e obras de engenharia monumentais (atualmente, diríamos faraônicas).
Para que um egípcio pudesse aproveitar sua vida depois de morrer, uma série de procedimentos deveriam ser tomados, pois, de acordo com as crenças funerárias, ele passava por um julgamento no qual verificava-se se merecia a vida eterna em “outro mundo”. Nesse processo, o embalsamamento era uma etapa primordial, consistindo na preparação do cadáver para que estivesse devidamente conservado para a outra vida. A mumificação, dependendo do método adotado, poderia levar até três meses.
Fragmento do papiro Julgamento de um morto. 1887 a.C. 21 cm × 43,6 cm. Museu Leiden, Holanda. Para desfrutar da vida após a morte, a conservação do corpo (mumificação ou embalsamamento) era fundamental. Porém, a vida no paraíso eterno não era para todos, apenas para aqueles que fossem julgados como almas puras. O papiro exibe o julgamento do morto na presença de deuses e jurados. Pode-se observar a balança com o coração em um dos pratos e a plumagem da verdade no outro.
Pesquisa O embalsamamento, ou mumificação, podia levar de alguns dias a três meses. A diferença residia na importância do morto. Um indivíduo comum passava pelo mais simples processo de conservação, ao passo que os sacerdotes e os faraós, por exemplo, tinham seus órgãos internos retirados e o corpo preparado com conservantes e, depois, enrolado com faixas de linho. Pesquise sobre o processo de embalsamamento, procurando identificar todas as etapas e os produtos utilizados na conservação de um cadáver.
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Cultura e influências egípcias Os egípcios destacaram-se na História da Antiguidade, despertando a curiosidade de povos contemporâneos, visto que, mesmo após mais de 2 mil anos, ainda encantam as pessoas com suas realizações. A necessidade de se aproveitar os recursos hídricos do Rio Nilo favoreceu o desenvolvimento de conhecimentos matemáticos e de Geometria. Aliás, não foram apenas os canais e os diques de contenção que exigiam o domínio do cálculo matemático, as pirâmides também demandavam um conhecimento de se fazer inveja atualmente.
Museu Egípcio, Turim,
Itália
A prática de embalsamamento levou os egípcios a ampliar seus conhecimentos sobre o corpo humano, promovendo, assim, o desenvolvimento de uma Medicina extremamente rica. O cuidado com o corpo não se resumia aos mortos. Um exemplo é a prática da circuncisão masculina, questão higiênica revestida de aspectos religiosos (costume egípcio que, assim como tantos outros, foi incorporado aos rituais judaicos).
ESTÁTUA em granito. Escriba sentado de Saqqara. Museu Nacional, Alexandria, Egito.
PAPIRO egípcio de Turim. Museu Egípcio, Turim. Os escribas tiveram importância fundamental na manutenção do poder faraônico, sendo uma atividade de grande status social. Dizia-se que nunca faltava comida a um escriba e que seu trabalho era superior a qualquer outro. Os conhecimentos de escrita eram transmitidos de pais para filhos, que acabavam dominando as três formas de escrita dos egípcios: demótica, hierática e hieroglífica.
A higiene pessoal era muito observada no Antigo Egito: banhos com sabão (uma mistura à base de cinzas), produção de óleos e cremes perfumados compunham a incipiente cosmetologia, maquiagem e depilação eram tão comuns entre os antigos egípcios como são valorizadas atualmente. Uma das manifestações culturais que caracterizam a civilização egípcia foi a invenção de um sistema pictográfico em que desenhos figurativos estilizados funcionavam como os símbolos da língua escrita. São conhecidas três formas de se escrever (ou seria melhor dizer desenhar?) entre os egípcios: a hieroglífica, composta de hieróglifos utilizados em documentos oficiais e religiosos; a hierática, empregada basicamente para fins religiosos; e a demótica, de uso generalizado por causa de sua simplicidade (mais popular e fonética).
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Hora de estudo 1. Outro aspecto original da civilização egípcia foi a edificação das construções monumentais. Tanto isso é verdade que até hoje projetos ousados, barragens de concreto em usinas, estádios e palácios são denominados faraônicos. PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. São Paulo: Contexto, 2008. p. 102.
Sobre o legado da cultura egípcia, são feitas as seguintes afirmações. I. Uma característica original dos antigos egípcios era a construção de obras de grandes dimensões. II. Quando nos referimos a uma obra como sendo faraônica, estamos atribuindo a ela um caráter monumental. III. Obras faraônicas só existiram no Egito Antigo e, por isso, não podemos utilizar essa expressão quando nos referimos às obras atuais. Está(ão) correta(s) apenas: a) I.
c) III.
b) II.
d) I e II.
e) I e III.
2. Sobre a civilização egípcia, assinale a alternativa incorreta. a) A sociedade egípcia era organizada politicamente de maneira centralizada, governada pelo faraó. b) A religião baseava-se na crença de uma vida após a morte para as almas que fossem consideradas puras. c) A participação feminina na sociedade egípcia era restrita à vida privada, sendo vetados quaisquer direitos às mulheres. d) Por saberem ler e escrever, os escribas tinham grande importância na sociedade, pois auxiliavam o faraó na administração. e) O desenvolvimento de saberes nas áreas de Matemática e Astronomia pelos egípcios relaciona-se com o aproveitamento do Rio Nilo. 3. (ENEM) O Egito é visitado anualmente por milhões de turistas de todos os quadrantes do planeta, desejosos de ver com os próprios olhos a grandiosidade do po-
der esculpida em pedra há milênios: as Pirâmides de Gizeh, as tumbas do Vale dos Reis e os numerosos templos construídos ao longo do Nilo. O que hoje se transformou em atração turística era, no passado, interpretado de forma muito diferente, pois a) significava, entre outros aspectos, o poder que os faraós tinham para escravizar grandes contingentes populacionais que trabalhavam nesses monumentos. b) representava para as populações do Alto Egito a possibilidade de migrar para o sul e encontrar trabalho nos canteiros faraônicos. c) significava a solução para os problemas econômicos, uma vez que os faraós sacrificavam aos deuses suas riquezas, construindo templos. d) representava a possibilidade de o faraó ordenar a sociedade, obrigando os desocupados a trabalharem em obras públicas, que engrandeceram o próprio Egito. e) significava um peso para a população egípcia, que condenava o luxo faraônico e a religião baseada em crenças e superstições. 4. (ENEM) Ao visitar o Egito do seu tempo, o historiador grego Heródoto (484-420/30 a.C.) interessou-se por fenômenos que lhe pareceram incomuns, como as cheias regulares do Rio Nilo. A propósito do assunto, escreveu o seguinte: “Eu queria saber por que o Nilo sobe no começo do verão e subindo continua durante cem dias; por que ele se retrai e a sua corrente baixa, assim que termina esse número de dias, sendo que permanece baixo o inverno inteiro, até um novo verão. Alguns gregos apresentam explicações para os fenômenos do Rio Nilo. Eles afirmam que os ventos do noroeste provocam a subida do rio, ao impedir que suas águas corram para o mar. Não obstante, com certa frequência, esses ventos deixam de soprar, sem que o rio pare de subir da forma habitual. Além disso, se os ventos do noroeste produzissem esse efeito, os outros rios que correm na direção contrária aos ventos
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deveriam apresentar os mesmos efeitos que o Nilo, mesmo porque eles todos são pequenos, de menor corrente.” HERÓDOTO. História (trad.). livro II, 19-23. Chicago: Encyclopaedia Britannica Inc. 2. ed. 1990, p. 52-3 (com adaptações).
Nessa passagem, Heródoto critica a explicação de alguns gregos para os fenômenos do Rio Nilo. De acordo com o texto, julgue as afirmativas abaixo. I. Para alguns gregos, as cheias do Nilo devem-se ao fato de que suas águas são impedidas de correr para o mar pela força dos ventos do noroeste. II. O argumento embasado na influência dos ventos do noroeste nas cheias do Nilo sustenta-se no fato de que, quando os ventos param, o Rio Nilo não sobe. III. A explicação de alguns gregos para as cheias do Nilo baseava-se no fato de que fenômeno igual ocorria com rios de menor porte que seguiam na mesma direção dos ventos. É correto apenas o que se afirma em a) I.
c) I e II.
b) II.
d) I e III.
e) II e III.
5. Em todos os estágios da antiga civilização egípcia, a tumba tinha duas partes: uma, abaixo do solo, para abrigar o cadáver, e uma segunda área, acima, para as oferendas. Nos túmulos mais simples, a parte superior podia ser simplesmente a área aberta acima do solo. O nível superior revela a importância que os antigos egípcios conferiam ao ritual de preparar os alimentos e comê-los. Nesses espaços, faziamse requintados banquetes fúnebres, e grandes quantidades de comida eram deixadas ali como oferendas. Os banquetes, e às vezes a preparação dos pratos, eram retratados nas paredes. [...] É possível que os mais pobres não tivessem muito mais para comer do que pão sem fermento, cerveja e cebolas. Os egípcios atribuíam à cebola e ao alho excelentes propriedades medicinais, e achavam que as camadas da cebola se assemelhavam aos círculos concêntricos do universo. Era costume colocar cebolas nos cadáveres mumificados, às vezes no lugar dos olhos. [...]
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As classes altas tinham uma alimentação rica e variada, possivelmente a cozinha mais avançada daquela época. Restos de comida encontrados numa sepultura anterior a 2000 a.C. incluem codorna, ensopado de pombo, peixe, costela de vaca, rins, mingau de cevada, pão de trigo, compota de figos, bagas, queijo, vinho e cerveja. KURLANSKY, Mark. Sal: uma história do mundo. São Paulo: Sena, 2004. p. 51-52.
Sobre os costumes dos egípcios antigos, analise as afirmativas a seguir. I. A fartura de alimentos descrita no texto não está relacionada a elaborados processos de conservação. Como as estreitas faixas de terra fértil ao longo das margens do Nilo eram sua principal fonte de subsistência, os egípcios se davam ao luxo de apenas buscar a comida quando precisavam, não se preocupando, portanto, em estocar os alimentos. II. O texto possibilita inferir que os egípcios primavam pela equidade entre os variados grupos que constituíam a sociedade. Em outras palavras, uma das características mais marcantes da civilização egípcia era a igualdade social, verificada inclusive no acesso aos alimentos. III. O texto fornece informações sobre vários aspectos da cultura egípcia, como arquitetura, alimentação, costumes funerários e organização social. Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s): a) I.
c) III.
b) II.
d) I e III.
e) II e III.
6. Sobre a civilização egípcia, faça o que se pede a seguir. a) Explique qual era o procedimento realizado pelos egípcios para que uma pessoa, após sua morte, conquistasse seu lugar na eternidade.
b) Estabeleça uma relação entre a religião egípcia e o desenvolvimento da Medicina.
05 s a s r e p e s o i c í n e Hebreus, f
Jovens judeus em estudo religioso
Friso da Archers de policromia em tijolos esmaltados. Civilização persa, século V a.C. Do Palácio de Dario I em Susa, Irã
Navio mercante fenício esculpido em um sarcófago. Século IV. Museu da Marinha, Paris
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Ponto de partida Observe as imagens, discuta com os colegas e liste algumas das influências ou legados desses povos que chegaram até os dias atuais.
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Objetivos da unidade: localizar geograficamente a Fenícia, a Palestina e a Pérsia, destacando as principais características da região do Crescente Fértil; relacionar a fixação dos fenícios, dos hebreus e dos persas em regiões próximas a rios e mares; conhecer e analisar as principais estruturas de organização política e econômica dos fenícios, dos hebreus e dos persas; reconhecer os traços culturais dos fenícios, dos hebreus e dos persas, destacando as principais características de cada um deles; identificar, na atualidade, traços culturais legados dos povos fenícios, hebreus e persas.
Além dos mesopotâmicos e dos egípcios, outras civilizações se estabeleceram na região do Crescente Fértil durante a Antiguidade. Não são tão antigas quanto aquelas duas, porém merecem igual atenção. Os hebreus, os fenícios e os persas conviveram com os mesopotâmicos e os egípcios, assimilando alguns de seus costumes e tradições. Essas civilizações foram extremamente originais em vários aspectos. Os hebreus destacaram-se na religião; os fenícios sobressaíram-se no comércio; e os persas dedicavam-se às atividades bélicas, alcançando grandes êxitos militares. Assim, cada civilização teve sua importância em si e para o desenrolar do processo histórico da humanidade.
Luciano Daniel Tulio
CRESCENTE FÉRTIL: terra também de hebreus, fenícios e persas
Fonte: BASE cartográfica do American Geological Institute, 2003; IBGE. Atlas nacional digital. Rio de Janeiro, 2005. Adaptação.
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Região O território do Crescente Fértil abrigou vários povos em épocas distintas, sendo uma região de interesse geopolítico internacional mesmo na atualidade. Além de conservar vestígios das civilizações mais antigas, a região guarda recursos naturais economicamente rentáveis. Apesar da predominância do clima desértico, há algumas regiões montanhosas com vegetação mediterrânea. Deve-se considerar que os hebreus, os persas e os fenícios não se limitaram a ficar na região conhecida como Crescente Fértil, tampouco permaneceram de maneira estática. Houve grandes e importantes deslocamentos, além de conquistas territoriais e estabelecimento de colônias e feitorias comerciais. Por isso, em virtude das peculiaridades de cada um dos grupos, suas características serão detalhadas em seus respectivos tópicos. Por ora, interessa destacar que os territórios ocupados por hebreus, persas e fenícios correspondem, em princípio, à mesma região dos egípcios e mesopotâmicos. Em outras palavras, as civilizações que ali se fixaram desafiaram os obstáculos naturais e foram culturalmente riquíssimas.
Hebreus Muito do que se sabe a respeito dos hebreus tem origem na Bíblia. Costumes e tradições, como as práticas sociais e os valores considerados fundamentais para aquela sociedade, podem ser encontrados na Bíblia. É preciso analisar esse livro, considerado sagrado por algumas religiões, de maneira imparcial e distanciada, sem atribuir-lhe verdades incontestáveis. Dessa maneira, podem-se encontrar muitas informações que têm fundamentação histórica, como ficou evidenciado por várias pesquisas arqueológicas. Outro aspecto que se deve levar em consideração é que a civilização hebraica, apesar de suas singularidades, absorveu muito das culturas dos povos vizinhos e mais antigos, ou seja, parte da herança cultural dos hebreus tem origem tanto na cultura egípcia quanto na mesopotâmica.
Interpretando documentos Várias similaridades entre hebreus, mesopotâmicos e egípcios podem ser verificadas em documentos históricos e costumes adquiridos. Um exemplo disso são as práticas adotadas em relação ao adultério pelos babilônicos e pelos hebreus. No Código de Hamurabi, o artigo 129 prevê que, “se a mulher de um homem for surpreendida (em flagrante delito) com outro homem, ambos deverão ser amarrados e atirados n’água”. O Deuteronômio, o quinto livro do Pentateuco (conjunto de cinco livros do Velho Testamento), indica que, “se um homem for encontrado deitado com uma mulher casada, ambos morrerão, o homem que se deitou com a mulher e a mulher: assim eliminarás o mal de Israel”. Outro costume que pode ter sido incorporado pelos hebreus, sendo também praticado por seus descendentes, os judeus, é o de não consumir carne de porco. Essa proibição foi estabelecida por meio de ensinamentos religiosos. O historiador Jaime Pinsky afirma gostar de exemplificar a origem mesopotâmica dos hebreus por meio da história de Abraão e Sara, contada na Bíblia. De acordo com o Gênesis, primeiro dos cinco livros do Velho Testamento, Abrão e Sarai eram casados, mas ela não conseguia engravidar.
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CRUMB, Robert. Gênesis. São Paulo: Conrad, 2009. p. 55.
E Agar realmente engravidou de Abrão, fato que desagradou Sarai.
CRUMB, Robert. Gênesis. São Paulo: Conrad, 2009. p. 55. CRUMB, Robert. Gênesis. São Paulo: Conrad, 2009. p. 56.
Agar deu à luz um garoto, que foi chamado Ismael, quando Abrão tinha 86 anos. Quando Abrão já estava com 99 anos, El Shaddai (uma das denominações de Deus) apareceu para ele firmando uma aliança: “tu serás pai de uma multidão de nações! E tu não deverás ser chamado Abrão, teu nome serás Abraão, porque te fiz pai de uma multidão de nações!”.
CRUMB, Robert. Gênesis. São Paulo: Conrad, 2009. p. 58.
CRUMB, Robert. Gênesis. São Paulo: Conrad, 2009. p. 56.
E o Senhor fez o que havia dito: Sara concebeu um filho para Abraão já velho, no tempo certo que Deus havia lhe prometido. Abraão chamou seu filho de Isaac (em hebraico, “aquele que ri”). Sara, muito contente, disse que Deus a fez rir e que, dali em diante, todos os que ouvissem isso ririam com ela.
CRUMB, Robert. Gênesis. São Paulo: Conrad, 2009. p. 77.
CRUMB, Robert. Gênesis. São Paulo: Conrad, 2009. p. 58.
Com o nascimento de Isaac, Ismael deixou de ser o “queridinho” de Sara, que passou a proteger seu próprio filho. Como Ismael passava o tempo a zombar de Isaac, Sara ficou furiosa e determinou a Abraão que expulsasse a escrava Agar e seu filho, Ismael. Abraão resistiu, mas acabou acatando sua vontade, fortalecida por Deus. CRUMB, Robert. Gênesis. São Paulo: Conrad, 2009. p. 77.
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CRUMB, Robert. Gênesis. São Paulo: Conrad, 2009. p. 78.
A história bíblica, resumidamente contada aqui, termina com a partida de Agar e seu filho Ismael para o deserto. Diz-se, assim, que de Isaac descendem todos os hebreus; e de Ismael, os povos do deserto, os árabes.
CRUMB, Robert. Gênesis. São Paulo: Conrad, 2009. p. 78.
t Com base nessa passagem do livro de Gênesis, identifique aspectos culturais dos hebreus que podem ter origem entre os povos mesopotâmicos. Para realizar a atividade, busque informações sobre o direito de família em documentos mesopotâmicos, como o Código de Hamurabi. Essa passagem bíblica remonta à época de busca por uma “terra prometida”. Os descendentes de Abraão procuravam um lugar para se fixarem, pois os hebreus permaneceram nômades durante muito tempo. Acredita-se que, no início do segundo milênio antes da Era Cristã, eles ainda estavam vagando pela região do Oriente Médio. Nessa fase de peregrinação, acabaram às margens do Rio Nilo, onde foram escravizados pelos egípcios. Já no fim do segundo milênio, guiados por Moisés, conseguiram se libertar do cativeiro egípcio e foram em busca de Canaã, a terra que fora prometida a Abraão. A saída do Egito em direção à “terra prometida” ficou conhecida como Êxodo, durante o qual Moisés recebeu as Tábuas da Lei e Os Dez Mandamentos. Esses documentos, recebidos ao pé do Monte Sinai, passaram a organizar a vida cotidiana da sociedade hebraica, sendo, mais tarde, adotados também pelos cristãos. Em Canaã, os hebreus tiveram dificuldades em estabelecer um grande império como o egípcio ou garantir a estabilidade das cidades-estados mesopotâmicas. Sem desconsiderar a fase em que reis governaram os hebreus, como Saul, Davi e Salomão, a falta de unidade política e administrativa parece ter marcado a história desses povos. Apesar disso, as bases religiosas dos hebreus criaram alianças fortes e duradouras, que, transmitidas por gerações de israelitas ou judeus, permanecem vivas na atualidade. Assim, é justamente na religião que reside a maior contribuição dos hebreus para a posteridade: o monoteísmo.
Os Dez Mandamentos 1. Não terás outro Deus. 2. Não farás para ti imagem de escultura. 3. Não tomarás o nome do Senhor em vão. 4. Santifica o dia de sábado. 5. Honra teu pai e tua mãe. 6. Não matarás. 7. Não cometerás adultério. 8. Não furtarás. 9. Não dirás falso testemunho. 10. Não cobiçarás.
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HEBREUS Luciano Daniel Tulio
O monoteísmo estrito é praticamente desconhecido antes dos hebreus. Observando os Dez Mandamentos, percebe-se que logo o primeiro determina que “não terás outro Deus”. E não se trata apenas do culto a um único Deus, concebeu-se o culto monoteísta dos hebreus como a submissão a Iavé (outra denominação dada ao Senhor Todo Poderoso) e a seus desígnios. Isso significa que Iavé é quem orienta o comportamento de seus seguidores, que devem agir de acordo com as determinações daquele que, historicamente, constituiu-se juiz de um povo.
Fonte: DUBY, Georges. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse Editorial, 2007. p. 29. Adaptação.
Conexões Atualmente, os judeus mantêm vivo o monoteísmo dos antigos hebreus. A unicidade de seu Deus permanece fundada no conceito de um “Deus moral, que exige de toda a humanidade uma vida moral, ética e de justiça”, segundo o rabino Hayim Halevy Donin. O livro sagrado dos judeus é o Pentateuco, que em hebraico denomina-se Torá, por meio do qual são passados os ensinamentos que determinam como os seres humanos devem viver. O equivalente judaico à igreja cristã e à mesquita islâmica é a sinagoga (termo grego que significa “lugar de reunião”). Na sinagoga, além dos serviços religiosos, são realizadas as instruções (educação) das crianças e dos adultos, assim como reuniões sociais – brit milá e bar-mitzvá e bat-mitzvá, que são a cerimônia de circuncisão e a maioridade masculina (13 anos) e feminina (12 anos), respectivamente.
Fenícios Constituíram uma civilização bastante diferente das outras já estudadas: não chegaram a formar um grande império, não tinham uma religião que promovesse sua unificação cultural, não construíram grandes templos que resistiram ao tempo e nem de grandes rios os fenícios se beneficiaram.
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Talvez seja justamente por seu caráter tão distinto em relação aos mesopotâmicos, aos egípcios e aos hebreus é que os fenícios configurem um dos tópicos deste livro. Afinal, o que fizeram os fenícios para merecerem um espaço nos anais da História? Certamente, não foi a organização político-administrativa, já que as cidades fenícias estavam agrupadas em confederações e, durante a maior parte de sua história, sob domínio estrangeiro, ou melhor, pagavam tributos às potências estrangeiras em troca de segurança e tranquilidade. Foi apenas no último milênio antes da Era Cristã que os fenícios conseguiram expandir seus domínios por uma vasta extensão ao longo do Mar Mediterrâneo. Ressalta-se, porém, que não foi domínio político, mas um domínio econômico extremamente original, estabelecendo feitorias comerciais pelo norte da África e sul da Península Ibérica, em várias ilhas mediterrâneas e, às vezes, além do próprio Mediterrâneo. Localizadas na comprida faixa litorânea onde o Oriente Médio é banhado pelas águas do Mar Mediterrâneo, suas cidades estavam separadas umas das outras pelas condições geográficas – montanhas, penhascos, ilhas e ilhotas mantinham as cidades fenícias praticamente isoladas. Esse isolamento foi driblado pelos mares, consagrando os fenícios como exímios marinheiros.
Luciano Daniel Tulio
FENÍCIOS
Fonte: DUBY, Georges. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse Editorial, 2007. p. 30-31. Adaptação.
Foi no comércio que os fenícios destacaram-se: negociaram quase todo o tipo de produtos com quase todo o tipo de parceiros comerciais. Seus produtos mais cobiçados eram, de longe, a madeira, a púrpura e a cerâmica. Da região do atual Líbano, os fenícios extraíam madeira de excelente qualidade, principalmente o Cedrus libani – árvore de cedro que ocupa posição central no estandarte libanês. Pelos mares, buscavam um molusco em especial, do gênero múrex, do qual extraíam uma tintura de cor púrpura extremamente apreciada e valorizada. A cerâmica fenícia não teve concorrência durante muito tempo, em virtude de sua qualidade. Também fabricavam vidro e tinham conhecimento de metalurgia. Com tantos produtos a oferecer, não é de se estranhar que os fenícios tenham sido grandes comerciantes. Sua principal atividade econômica exigiu um sistema de controle prático e eficiente. Decorre dessa necessidade uma das principais contribuições fenícias para a humanidade. Depois dos sumérios e dos egípcios com seus elaborados, e complicados, sistemas de linguagem escrita, os fenícios apresentaram um alfabeto razoavelmente simples, com 25 ou 30 caracteres.
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MOEDA fenícia. Gabinete de medalhas. Biblioteca Nacional, Paris.
Getty I
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Os fenícios foram comerciantes dinâmicos e exímios navegadores. Entre os principais produtos vendidos estão a púrpura, a cerâmica e a madeira. O intenso comércio realizado contribuiu para a criação de um sistema monetário e de um alfabeto simplificado para facilitar os registros de seus negócios.
MOEDA Fenícia. Museu Nacional do Líbano, Beirute, Líbano.
O alfabeto fenício, com uma quantidade reduzida de caracteres, facilitou o registro das transações comerciais e foi assimilado por várias outras culturas mediterrâneas na Antiguidade, como os gregos e os romanos. Os gregos absorveram e transformaram o alfabeto fenício, que, mais tarde, também foi adotado pelos romanos, dando origem ao alfabeto latino.
Angela Giseli. 2010. Digital
O alfabeto fenício, como ficou conhecido, foi sendo sucessivamente adaptado e chegou a ter, no início do primeiro milênio antes da Era Cristã, 22 caracteres. Ele foi assimilado pelos gregos, novamente adaptado, e, depois, desembarcou em terras romanas, onde se falava e se escrevia o latim.
Persas Os persas, segundo algumas evidências arqueológicas, ocuparam a região nordeste da Península Arábica e a porção da costa oriental do Golfo Pérsico desde o quarto milênio antes da Era Cristã, ou seja, estavam acomodados no extremo leste do Crescente Fértil, na região do atual Irã.
Os sucessores de Ciro deram prosseguimento ao processo de anexação territorial. Cambises, filho de Ciro, incorporou o Egito e a região de Cirene (atual Líbia), no norte da África. Do fim do século VI ao início do século V a.C., Dario, o Grande, governou o império persa reprimindo as revoltas de povos conquistados e levando a cabo vitoriosas campanhas militares. O Império Persa tornou-se o maior que já existira até então. CIRO, o Grande. Monumento do Parque Olímpico de Sydney, Austrália. Ciro deu início à ampliação do território sob domínio persa. Apesar de grande guerreiro, era muito tolerante com os costumes e as tradições dos povos conquistados.
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Por volta do século VI a.C., foram organizados sob o domínio de Ciro, que rompeu com os antigos aliados e consolidou um império, estendendo sua influência, a leste, até o Rio Indo. A oeste, Ciro conquistou a Lídia e toda a Ásia Menor (Península Anatoliana ou, simplesmente, Anatólia); também dominou a Baixa Mesopotâmia com a tomada de Babilônia. Atribui-se o sucesso das conquistas de Ciro a sua personalidade forte e carismática e à relativa flexibilidade em relação aos povos dominados.
Luciano Daniel Tulio
IMPÉRIO PERSA EM SUA MAIOR EXTENSÃO
Fonte: DUBY, Georges. Atlas histórico mundial. Barcelona: Larousse Editorial, 2007. p. 33. Adaptação.
Museu do Lo
uvre, Paris
Dario não foi apenas um destacado chefe militar, mas um grande administrador. Entre suas ações em prol da organização do Império Persa, destacam-se a criação de uma administração central, que era complementada pelos governos provinciais (satrapias); o estabelecimento de uma língua única, o aramaico; a padronização dos pesos e medidas, para favorecer o comércio; e a manutenção do modelo de governo de Ciro, flexível e tolerante com os povos dominados, porém, cobrando altos tributos.
Grandes conquistadores, os reis persas constituíram um dos mais extensos impérios da Antiguidade. Suas realizações e habilidades bélicas ficaram imortalizadas nos detalhes ornamentais de seus palácios. Os painéis de tijolo vidrado são um belo exemplo do refinamento persa. DETALHE de um leão no painel de tijolos da Via Processional, entre o templo de Marduk para a Porta de Ishtar e o Templo Akitu, na Babilônia. Vidrado em terracota, reinado de Nabucodonosor II (605-562 a.C.). Museu do Louvre, Paris, França.
Entre as realizações de Dario, estavam as estradas, com destaque para a Estrada Real, que ligava Sardes (na atual Turquia) a Susa (no atual Irã). Além de facilitarem a cobrança de impostos e o controle das várias satrapias, as estradas dinamizavam o deslocamento das tropas persas.
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A tolerância de Dario, porém, parece não ter sido tão grande com os gregos, que, ao serem dominados, foram forçados a servir nos exércitos persas e tinham de pagar impostos muito mais pesados. A repressão contra os gregos resultou em revoltas e guerras, as Guerras Médicas (os persas também eram conhecidos como medos) ou Greco-Pérsicas, que contribuíram para a falência do grande Império Persa, abrindo caminho para as conquistas dos macedônicos, liderados por Alexandre, o Grande.
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B
As cidades persas habitam o imaginário de todas as pessoas interessadas por História. Conhece-se apenas as ruínas do que foram as cidades dos reis persas, com seus exércitos e soldados. O que restou dá uma dimensão da provável grandiosidade da vida urbana.
A. RUÍNAS de Persépolis, classificadas pela Unesco como Patrimônio Mundial, Irã. B. ESCULTURA em relevo de tijolos vidrados encontrada nas ruínas de um palácio em Persépolis. No detalhe, dupla de guerreiros persas.
A herança cultural persa é, basicamente, fruto da assimilação dos costumes e das tradições dos povos conquistados. Poucas alterações foram feitas pelos persas, que se limitavam a incorporar os conhecimentos dos povos com os quais travavam contato. Na arquitetura, as ruínas e os vestígios arqueológicos indicam que a construção de palácios recebeu mais atenção que a de templos religiosos. Nesse sentido, a civilização persa difere das que a antecederam – considerando os zigurates mesopotâmicos e as pirâmides egípcias, por exemplo. Os persas legaram à humanidade ideias originais relacionadas ao juízo final. Fundados em um dualismo religioso, acreditavam na eterna oposição entre o bem e o mal (também presente no cristianismo). Essa concepção dualista originou-se com o zoroastrismo, conjunto de ideias que foram difundidas pelo sábio Zoroastro (também conhecido como Zaratustra). A fundamentação religiosa de Zoroastro, de acordo com o livro sagrado Avesta, estabelece, de um lado, Aura-Mazda (simbolizado pela luz e pela pureza do fogo), criador do céu, da Terra, do homem e de tudo o que havia de bom; e, do outro, Arhimam, deus do mal, que tinha como auxiliares vários demônios.
Você faz História A característica geral dessas civilizações tão díspares, caso se atente para suas especificidades e singularidades, parece ser somente sua localização no tempo e no espaço. De que forma generalizar aspectos culturais tão particulares como a arquitetura, a religião e a administração política? Qual é a relação entre uma pirâmide, um zigurate e uma sinagoga se não o fato de servirem como templos religiosos? Cadê a generalidade entre as cidades-estados mesopotâmicas, a unidade política egípcia e a centralização persa apoiada nas satrapias? O que se pretende evidenciar com esses exemplos é a importância de se evitar generalizações históricas simplistas. A História é uma trama, um emaranhado de pequenas histórias que, em algum momento, têm relação e constituem um processo mais amplo e muito mais longo. Considerando que as relações históricas, por mais distantes e diferentes que possam parecer, acabam compondo uma estrutura t de elementos que se cruzam e se interligam como se formassem uma rede, propõe-se um desafio: entrelaçar os diversos elementos históricos apresentados configurando a “trama da História”. Explicando melhor, você deve relacionar as informações das civilizações que habitaram o Crescente Fértil estabelecendo entre elas algum nexo, o qual deve ser devidamente explicado. Lembre-se de que a História não está pronta, não é um conhecimento estático e fechado em si mesmo, sendo possível revê-la sempre que novas evidências surgirem ou outras interpretações forem feitas.
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Hora de estudo 1. (UEMS) A cultura hebraica (marcada por um profundo senso de religiosidade que perpassou sua arte e sua literatura) deixou raízes profundas em toda a Europa e, por extensão, na civilização ocidental, porque foi responsável pelo desenvolvimento do a) ateísmo. b) cristianismo. c) judaísmo. d) budismo. e) maometismo. 2. (UFC – CE) Os fenícios, povo de origem semita que se fixou e desenvolveu as suas cidades numa faixa de 200 quilômetros situada entre o Mar Mediterrâneo e as montanhas do atual Líbano, conheceram o apogeu da sua influência a partir de 1400 a.C. (destruição de Cnossos em Creta). Entre as afirmações que se seguem, escolha aquela que caracteriza de maneira correta esse povo.
comércio marítimo que desenvolveram. Esta prática econômica possibilitou que dominassem amplamente a navegação de longa distância. d) O alfabeto fenício, em razão de ser voltado para a atividade comercial, não teve qualquer influência entre os povos da Antiguidade. Era formado de caracteres próprios, impossíveis de serem utilizados para as atividades cotidianas. e) A criação do alfabeto pelos fenícios está relacionada à atividade comercial. A necessidade de registrar as atividades comerciais com os diferentes povos fez com que a escrita deixasse de ser uma atividade de especialistas, como no Egito Antigo. 4. (UFPR) As condições geográficas da Fenícia, região mediterrânea, determinaram a dupla vocação dos fenícios de a) comerciantes e industriais. b) mercadores e navegantes.
a) Viviam num sistema político teocrático.
c) agricultores e comerciantes.
b) Suas principais atividades econômicas eram agrícolas.
d) mercadores e agricultores.
c) Praticavam uma religião maniqueísta. d) Eram especializados no comércio marítimo. e) Seu alfabeto foi elaborado a partir do alfabeto grego. 3. (UFPE) Ao estudarmos os povos antigos, aprendemos acerca da sua cultura, das suas práticas sociais e políticas e da sua atividade econômica. Os fenícios, por exemplo, se destacaram pela atividade comercial e pela criação do alfabeto. a) A criação do alfabeto entre os fenícios está relacionada à atividade religiosa. Esses povos nos legaram muitos documentos religiosos que comprovam a estreita relação entre a escrita e a religião. b) O comércio desenvolvido pelos fenícios era terrestre. Além do mais, a insegurança das embarcações antigas fazia com que eles privilegiassem as curtas viagens em que os riscos eram reduzidos. c) Os fenícios foram considerados os maiores navegadores da Antiguidade, em razão do intenso
e) comerciantes e artesãos. 5. (UPF – RS) I. A cultura hebraica sofreu influência dos povos do Egito e da Mesopotâmia. II. A religião hebraica evoluiu do politeísmo para o monoteísmo. III. Liderado por Moisés, o povo hebreu realizou a Diáspora, saindo do Egito para retornar à Palestina. IV. Na Palestina, a sociedade criada pelos hebreus desenvolveu precocemente a propriedade privada da terra. Estão corretas: a) apenas I, II e III. b) apenas I, II e IV. c) apenas I, III e IV. d) apenas II, III e IV. e) todas as alternativas.
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6. Pasárgada, a lendária cidade de Ciro, foi fundada quase 500 anos antes da Era Cristã para ser a capital do Império Persa. Suas ruínas ainda podem ser visitadas, no Irã, a aproximadamente 70 quilômetros da não menos famosa Persépolis. A História imortalizou a grandeza de Pasárgada, com seus imensos monumentos espalhados por belos terraços e verdes jardins. O poeta Manuel Bandeira rendeu-lhe uma homenagem no poema “Vou-me embora pra Pasárgada”. [...] Vou-me embora pra Pasárgada Em Pasárgada tem tudo É outra civilização Tem um processo seguro De impedir a concepção Tem telefone automático Tem alcaloide à vontade Tem prostitutas bonitas Para gente namorar E quando eu estiver mais triste Mas triste de não ter jeito Quando de noite me der Vontade de me matar Lá sou amigo do rei Terei a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada. BANDEIRA, Manuel. Bandeira a vida inteira. Rio de Janeiro: Alumbramento, 1986. p. 90.
c) O império foi dividido em províncias, denominadas satrapias. Cada satrapia era administrada diretamente pelo Imperador. d) As divisões políticas, denominadas satrapias, eram administradas por um sátrapa, uma espécie de governante. Além disso, o Imperador contava com a fiscalização de inspetores, chamados de “olhos e ouvidos do rei”. e) O território persa continuou indivisível e permaneceu sendo administrado diretamente pelo Imperador, que nunca solicitou ajuda de outros funcionários. 7. (UECE) Leia com atenção os trechos do poema “Tempo e história” de Francisco Carvalho: “A história é filha do hábito Não se move em linha reta Igual ao rio de Heráclito A história não se repete [...] A história é um rio que se vai Da nascente para a foz. Nesse rio de palavras Naufragamos todos nós.”
O poema transmite a ideia de uma cidade maravilhosa, onde inovações e benfeitorias estão presentes na vida de todos. Talvez a verdadeira Pasárgada também tenha tido seus momentos de glória em função da tolerância de governantes como Ciro, que proporcionava a cada povo conquistado que conservasse o governo, a religião, a língua e os costumes próprios.
Com base nos fragmentos do poema que selecionamos, classifique as afirmações a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F).
Nem todos os seus sucessores, porém, foram assim tão tolerantes. Dario I exerceu o poder de forma centralizadora e tirânica. Com o tempo, um novo modelo de organização político-administrativa foi adotado.
II. O poeta sugere que a sociedade está sempre em movimento e cabe à História captar esse movimento. Por essa razão, “não se repete”.
Sobre essa nova forma de controle, assinale a alternativa correta. a) Foram criadas cidades-estados, sistema de organização político-administrativa totalmente centralizador.
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b) Foram instituídos os funcionários reais, denominados fiscais, que tinham o objetivo de cobrar impostos e se reportavam somente a seus superiores imediatos.
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I. A História é feita de esquecimentos e de memória e não é linear, por isso o poeta diz que “não se move em linha reta”.
III. O autor entende que o segundo verso completa o primeiro. Deste modo, a História sempre se repete. É verdadeiro o que se afirma: a) apenas em I e II.
c) apenas em III.
b) apenas em I e III.
d) apenas em II.