Bem mais do que só programar: Como os profissionais de tecnologia constroem suas carreiras [1, 1 ed.] 9786500200812

E se você conhecesse a história e trajetória de profissionais renomados em suas áreas? E se essas pessoas investissem te

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Portuguese Pages 161 Year 2021

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Table of contents :
Sumário
Prefácio
Introdução
Apresentação da obra
O grande segredo é que cada ser humano deve ser tratado com respeito
Aprenda coisas totalmente fora da sua área de atuação
Aprenda com o passado, viva no presente e planeje seu futuro
Colaboração, saber trabalhar em grupo
Aprenda inglês e entenda o mercado de trabalho
Aquelas palmeiras estão muito rígidas, algo está errado
Esteja presente no time
É preciso ter dedicação e regularidade para ter resultados
A mente nunca se cansa de aprender
Resiliência e Perseverança
Se prepare e faça bons amigos
As pessoas são diferentes! As pessoas mudam!
Conheça as pessoas e não apenas os profissionais
Comunicação clara, transparência e acompahamento próximo
Seja justo, humilde e ajude o próximo
Sobre os autores do livro
Agradecimentos
Imagens usadas nesse livro
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Bem mais do que só programar: Como os profissionais de tecnologia constroem suas carreiras [1, 1 ed.]
 9786500200812

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Bem mais do que só programar Como os profissionais de tecnologia constroem suas carreiras Tiago Bacciotti Moreira ISBN 978-65-00-20081-2 © 2021 Tiago Bacciotti Moreira & Lucas Bacciotti Moreira

“Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo.” HERMANN HESSE

Conteúdo Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4

Apresentação da obra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

7

O grande segredo é que cada ser humano deve ser tratado com respeito . . . . .

8

Aprenda coisas totalmente fora da sua área de atuação . . . . . . . . . . . . . . . . .

15

Aprenda com o passado, viva no presente e planeje seu futuro . . . . . . . . . . . .

23

Colaboração, saber trabalhar em grupo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

39

Aprenda inglês e entenda o mercado de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

47

Aquelas palmeiras estão muito rígidas, algo está errado . . . . . . . . . . . . . . . .

55

Esteja presente no time . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

62

É preciso ter dedicação e regularidade para ter resultados . . . . . . . . . . . . . . .

75

A mente nunca se cansa de aprender . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

84

Resiliência e Perseverança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

92

Se prepare e faça bons amigos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 As pessoas são diferentes! As pessoas mudam! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 Conheça as pessoas e não apenas os profissionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121 Comunicação clara, transparência e acompahamento próximo . . . . . . . . . . . . 131

CONTEÚDO

Seja justo, humilde e ajude o próximo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147 Sobre os autores do livro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153 Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155 Imagens usadas nesse livro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156

Prefácio O caminho natural de um estudante após a sua formatura é realmente iniciar a sua carreira profissional. Mas de que maneira? Por qual caminho? Como começaram os que vieram antes? Estão felizes com o lugar que ocupam hoje? O que fariam diferente? Obter respostas para todas essas perguntas é um desafio e tanto para um jovem profissional recém-saído das “fraldas” acadêmicas. Encontrá-las, pelo menos as mais satisfatórias, certamente será a chave de uma carreira de sucesso. Este livro foi escrito pensando nos alunos das diversas graduações da área de ciências da computação, principalmente naqueles que se sentem perdidos quando veem o curso terminando e a sua formatura se aproximando, mas também pode servir de inspiração para aqueles profissionais já experimentados, ávidos por buscar uma carreira pautada na excelência profissional. O autor dessa obra selecionou cuidadosamente profissionais bem sucedidos dentro da área de tecnologia, pessoas felizes com o lugar que estão hoje, mas que mostram, numa entrevista leve e rica em experiências que nem tudo foi fácil, simples ou óbvio. Surgiram campos minados, batalhas foram perdidas, mas muitas vitórias foram alcançadas. Cada profissional entrevistado descreve em detalhes a sua busca para se tornar um profissional altamente competente nos deixando uma vasta fonte de ensinamentos. Podemos entender através de suas experiências como foi e como está sendo atuar em diversas situações do mercado de trabalho. Foram selecionadas pessoas em várias etapas da carreira, assim podemos acompanhar histórias de superação como a do jovem João Ludovico que chegou a ser dispensado de um programa de pós-graduação no qual ele tentava o mestrado, mas que deu a volta por cima, concluiu o mestrado em outra linha de pesquisa e agora está finalizando também o seu doutoramento. Ele descreve todo o seu desenvolvimento pessoal bem como as angústias que passou. São revelados também os detalhes da sua atuação como analista/desenvolvedor de aplicações web e arquiteto de software.

Prefácio

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Outro presente é a história do gestor de T.I. Rogério Mendes. Ele nos brinda com informações desde o seu início de carreira até se tornar um profissional experimentado, atuando como executivo em diversas empresas renomadas como a Algar Telecom (CTBC) e a Hypermarcas S/A. É um profissional focado e assertivo que não mede esforços para alcançar um objetivo. Além de possuir um excelente conhecimento técnico, como gestor, se preocupa com as pessoas, proporcionando condições tanto de crescimento profissional como pessoal. Traz consigo uma enorme bagagem de experiências no mercado de TI, que com muita habilidade, ética e profissionalismo, compartilha com seus pares, subordinados e acima de tudo com os clientes e fornecedores. Temos também a história de Rogério Fontes Tomaz, líder de um time de desenvolvedores em uma empresa multinacional. Desenvolvedor extremamente competente. Com perfil de líder técnico, tem um conhecimento avançado em várias linguagens de programação, com a capacidade de sugerir alterações em projetos e melhorias na codificação. É um profissional que está sempre bem informado e por dentro do mercado de TI. Consegue se dar muito bem com os diferentes recursos disponíveis na infraestrutura da empresa. Muito habilidoso em arquitetura de software, tanto de pequenos como de grandes projetos de TI. Seu diferencial é que sempre está repassando seus conhecimentos aos colegas de trabalho. Como último “spoiler”, gostaria de citar Gustavo Costa Meireles, Técnico de suporte em TI do Instituto Federal Catarinense onde atua a mais de 8 anos. Na sua opinião, o profissional de tecnologia deve conhecer um pouco de tudo: conhecer as tecnologias, seu funcionamento, suas indicações e os principais elementos relacionados, pois isso permite que desenvolva uma expertise que proporciona melhores oportunidades, inclusive em mercados fora do país. Cada um dos entrevistados nos deixa uma mensagem de motivação e otimismo, então, aprenda com o passado, viva o presente e planeje seu futuro. Aprenda coisas totalmente fora da sua área de atuação, pratique a colaboração, é preciso saber trabalhar em grupo, aprenda inglês, entenda o mercado de trabalho, esteja presente para o seu time, tenha dedicação e regularidade para atingir os resultados. A mente nunca se cansa de aprender, tenha resiliência e perseverança. Se prepare e faça bons amigos, as pessoas são diferentes! As pessoas mudam!

Prefácio

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Então convido você, caro leitor, a apreciar cada uma das entrevistas contidas nesta obra, observe cada detalhe, o que cada pessoa fez de diferente, quais caminhos foram percorridos, enfim, se divirta, aprenda, se inspire. A informação nos dias atuais vale ouro e cada experiência contada aqui vai enriquecer muito a maneira como você pretende encarar a sua carreira. Desejo sucesso e boa leitura. Milton Miranda Neto Professor do curso de Sistemas de Informação Universidade Estadual de Minas Gerais

Introdução O ano era 1993. Eu cursava a oitava série (era chamado assim) na escola Polivalente, em Ituiutaba-MG. De repente a aula foi interrompida e algumas pessoas entraram para falar de uma “bolsa” para um curso de informática. Me lembro até hoje o nome, Cedeminas Informática. Algumas semanas depois eu estava lá estudando bit, byte, gerações de computadores. Logo um mês após o início das aulas (que tinham sido somente teóricas até então), chegaram doze computadores PC-XT com 2 drives de disquete de 5.25, poderosos 640KB de memória RAM e monitor colorido. Monitor colorido somente de verde, os famosos monitores fósforo verde. Não existia Windows. Não tinha mouse. Não havia pendrive ou disco rígido. Aliás, acho que essa frase soa como aqueles velhos moradores de cidades pequenas que dizem “quando eu cheguei aqui isso tudo era mato”. Mas a verdade é essa, era tudo mato no mundo da informática no Brasil, em meados da década de 90. Aprender a usar computadores era algo bem mais complicado que hoje. Éramos obrigados a memorizar dezenas de comandos repletos de opções. Sim, anotávamos a sintaxe dos comandos. Não tinha nenhum ícone para clicar, infelizmente :(. Meu primeiro contato foi com o MS-DOS versão 3.3, em inglês. Acredito, inclusive, que um dos fortes influenciadores do meu aprendizado de inglês foi a informática, devido aos manuais e livros necessários para se aprender a programar, por exemplo. Comecei minha jornada aprendendo sobre comandos internos, externos e aquele monte de comandos bacanas (que anos mais tarde, quando tive contato com o Linux, descobri que foram herdados do Bash e outros interpretadores de comandos). Era tudo mágico. Sempre ansioso para para chegar até o dia da aula e descobrir mais coisas. Alguns meses depois, no mesmo ano, houve um processo seletivo para monitor e acabei passando. Mal sabia que aquele “trabalho” (não remunerado) ajudaria a moldar o professor de hoje, quase 30 anos depois. E assim, centenas de aulas de Lotus 1-2-3,

Introdução

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editor de textos Fácil, dBase III Plus, entre outros, aconteceram e eu sempre lá dentro do laboratório. Em 1994 tive contato com GW-Basic, a minha primeira linguagem de programação e no ano seguinte Clipper Summer ´87. E então, comecei a programar. Em 1996, mais ou menos, desenvolvi um sistema de controle de estoque para a empresa do meu tio e ganhei uma impressora LX-300 como pagamento. Logo depois veio meu primeiro emprego formal e desenvolvi um outro software comercial, já com Clipper 5. Ao longo dos anos, acho que talvez seja um padrão entre os profissionais que começaram também naquela época, tive contato com várias linguagens, tecnologias e paradigmas de programação. Mas, sempre permeado pela lógica, pelo raciocínio crítico, dedutivo, e capacidade de fazer análise. Sim, quebrar problemas maiores em problemas menores e resolvê-los. Com a prática, nós que lidamos com código, aprendemos a perceber padrões, para, de forma metodológica construir a melhor solução, economizar tempo e manter o código limpo. Não repetir código. Pensar na solução do começo ao fim. Programar um código elegante e funcional. E sempre, sempre, inteligível. Essa pequena história é apenas uma reflexão vinda de boas lembranças. Nem tudo na informática é programação. Hoje sou (ainda) professor e ensino programação. Temos mouse, Windows e disco rígido. Mas a lógica permanece. Evoluiu, claro. Mas ela está sempre ali. Assim, mesmo não sendo tudo programação, nós que atuamos nessa área, sabemos que aprendemos muito com ela, não interessando a linguagem ou tecnologia. Mas, que de certa forma, moldou nossa forma de interpretar o mundo. Muito além da programação. É o título desse livro onde tivemos a contribuição de diversos profissionais da área de informática nos ajudando a entender como uma carreira é construída. São programadores, analistas de suporte, gerentes, diretores, professores entre outros. O resultado desse trabalho, tendo como alunos graduandos nas mais diversas áreas como público alvo, é uma verdadeira aula. Aprender sobre a trajetória de diversos profissionais, de diversos níveis diferentes é como entender os acertos mas principalmente os percalços e melhorar o próprio caminho. Gibran Khalil Gibran, filósofo e escritor libanês, em seu conhecido trabalho “O profeta”, escreve:

Introdução

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Também vos foi dito que a vida é escuridão, e no vosso cansaço fazeisvos eco de tudo o que os cansados vos disseram. E eu digo que a vida é mesmo escuridão excepto quando existe necessidade, E toda a necessidade é cega excepto quando existe sabedoria. E toda a sabedoria é vã excepto quando existe trabalho, E todo o trabalho é vazio excepto se houver amor; E quando trabalhais com amor estais a ligar-vos a vós mesmos, e uns aos outros, e a Deus

O trabalho é a forma que temos que aplicar o conhecimento. E, ao lidar com pessoas e desafios, adquirir sabedoria. Espero que muito conhecimento e um pouco de sabedoria possam ser absorvidos nas próximas páginas. Que sirva de inspiração, modelo e até mesmo como orientação, essas palavras e esses profissionais que aqui estão. Mas, nunca é demais lembrar que, o seu Caminho é o seu Caminho. É você que precisa trilhar. Tiago Bacciotti Moreira Ituiutaba, 26 de março de 2020

Apresentação da obra A área de informática é extensa e dinâmica. Extensa porque, como em qualquer outra área de conhecimento, possui cada vez mais ramificações. Dinâmica, é óbvio dizer, pois a cada semana tem-se uma nova linguagem de programação, uma nova biblioteca, um novo protocolo de comunicação, uma nova metodologia de gestão de projetos. Ambas características moldam os profissionais de TI. Muitas vezes vistos apenas como programadores, poucas pessoas percebem as mais diversas nuances neste universo. Existem grandes gestores de Tecnologia da Informação que só se recordam de ter programado na faculdade, por exemplo. Engenheiros de software lidam muito mais com topologias, diagramas e fluxos informacionais que com funções, threads e queries. O objetivo deste livro é mostrar ao público um pouco da humanidade que há por trás de tantos bits e bytes. Com uma linguagem clara até mesmo para quem nunca estudou computação, os textos percorrem experiências de diversos profissionais de tecnologia, com visões diferentes, objetivos diferentes e expectativas diferentes. O leitor irá desvendar questões como quais tópicos os profissionais sugerem que se estude mais ou menos, o que eles anseiam para o futuro e como eles mantêm a rotina de trabalho organizada em um contexto tão acelerado. Aproveite as páginas desse livro para aperfeiçoar sua carreira e conhecer o que outras pessoas pensam do campo da informática. Contamos com você, leitor, para aprimorarmos cada vez mais este nosso mundo da informação. Lucas Bacciotti Moreira Ituiutaba, 26 de março de 2020

O grande segredo é que cada ser humano deve ser tratado com respeito Edson Mendonça Junqueira Junior 1. Conte-nos um pouco sobre sua formação acadêmica/técnica e sobre o seu trabalho atualmente. Carreira desenvolvida há mais de 20 anos na área de Tecnologia da Informação, com ampla experiência em gerenciamento de projetos, implantação e manutenção de sistemas, gestão de equipes, governança em TI, implementação de melhorias e inovações ao negócio. Desenvolvendo trajetória em Telecom, hospitalidade e turismo. • Gerenciamento de projetos, seguindo as práticas do PMI e outras ferramentas de apoio, envolvendo o controle de demandas, definição do cronograma, análise da viabilidade, negociação de prazos, custos e escopo, assegurando o cumprimento dos prazos, custos e qualidade requerida pela organização. • Habilidade na demonstração de resultados, relatórios, indicadores e demonstrativos de andamento/evolução de atividades em formato de apresentação e demonstrativos internos ou de alta gerência. • Forte atuação na construção de parcerias internas e na interface entre a área de Negócios e TI, otimizando a comunicação, atendimento às necessidades e garantindo a satisfação nos projetos realizados. • Desenvolvimento de equipes, atuando em rotinas de contratação e treinamento, formando profissionais de alta performance e alinhados aos objetivos da empresa. • Atualmente, estou responsável pela estrutura de tecnologia e inovações, Projetos e Relacionamento com o Cliente do Grupo WAM. Este tem como principais atuações: Hospitalidade, Parques, Construção Civil, Venda de Multipropriedades.

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• Responsável por um time de 40 analistas, com responsabilidades que permeiam as áreas de: Governança, Segurança, Desenvolvimento, Suporte e arquitetura.

2. Olhando para trás em sua carreira, o que você teria estudado mais e o que teria estudado menos? Fazendo uma retrospectiva de minha vida profissional, eu teria focado mais em gestão de pessoas. Pois são elas que fazem tudo acontecer. Acho que não tem algo que diminuiria a dedicação em estudo. De uma forma ou de outra, todo conhecimento absorvido é aproveitado em minha carreira. 3. Com relação à graduação, pensando além do conhecimento científico/técnico, como um aluno pode aproveitar melhor seu tempo como universitário? Trabalhando o networking de forma inteligente. A grande maioria de seus pares na universidade, serão seus players no mercado. Estamos em um mundo cada vez mais conectado. Porém, o relacionamento interpessoal não tem evoluído na mesma proporção. Para ilustrar a importância da construção de relacionamentos, quando tenho que contratar alguém, eu vou em minha rede de contatos. Sempre priorizando alguém ou alguma indicação desta. 4. Sabendo que, no mundo globalizado, precisamos saber no mínimo mais um idioma além do português, comente um pouco como você estuda ou como você estudou/aprendeu outro idioma. Tive vários “inícios” para ganhar proficiência em uma outra língua. O que mais se adequou a minha realidade foi um tutor personalizado. Duas vezes durante a semana tínhamos aulas. Mas, acredito que os métodos tradicionais, seguido por um intercâmbio ao idioma nativo, também tenham um grande efeito. 5. No sentido lato, como você trabalha? Que ferramentas (agenda de papel, softwares, anotações etc.) utiliza? E usa algum método para ter mais produtividade no seu trabalho? Escuta música enquanto trabalha? Pode comentar um pouco?

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Minha vida profissional é bem intensa. Por isso, utilizo algumas ferramentas de gestão (To-do, Trello, e outras mais). Sou uma pessoa extremamente visual. Então, tenho um quadro em minha sala. Neste realizo meus “mapas mentais” anotações de projetos. E, também, utilizo muito um caderno organize. Não tenho o hábito de escutar músicas ao decorrer de meu trabalho. 6. Qual sua estratégia para aprender/conhecer um novo assunto, seja ele técnico ou não? Em minha área de atuação, estar antenado às tendências é uma necessidade. Tenho o hábito de ouvir muitos podcasts de inovações e curiosidades. E quando um assunto ganha mais a minha atenção, eu tento me aprofundar em uma leitura mais específica. 7. Você tem um planejamento pessoal e/ou de carreira? Você constrói um plano de ação para o próximo ano, para daqui a 5 anos, divide esse seu planejamento em áreas de interesse etc.? Tenho um planejamento macro e micro. O macro é de 5 a 7 anos, sem muitos detalhes. Quebrando por áreas de atuações. E o micro é anual, seguindo a mesma metodologia. Geralmente utilizo uma planilha eletrônica para fazer a gestão. Sempre com prazos e próximos passos. 8. Olhando agora para as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), realizando um exercício de futurismo, como você vê a tecnologia/tendências em 2031? Acredito muito na automatização. Sei que é um processo irreversível. Teremos, cada vez mais, processos autônomos. E se falando nos próximos 10 anos, essa automatização será cada vez mais apoiada pela Inteligência Artificial. 9. Complementando a questão anterior, me fale agora duas tecnologias que não existirão dentro de 10 anos. E por quê? Deixar de existir talvez seja muito drástico, em apenas 10 anos. Mas, tenho a percepção que estas duas estão em rota de extinção:

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• Linha telefônica fixa. O seu custo operacional é muito alto se comparado a voz sobre IP. • CD’s, DVD’s e Pendrives. Assim como os disquetes, estes já estão em processo de desuso. Com a internet presente a cada vez mais em todos os lugares. É muito mais barato e seguro utilizar arquivamentos em nuvem.

10. Você se considera um profissional Especialista ou Generalista? E como chegou a isso? A prerrogativa do meu cargo atual, me leva a ser um generalista. Fui trilhando a minha vida profissional para atuar da forma que trabalho hoje. 11. Pode falar um pouco sobre a tendência, se é que podemos chamar assim, de profissionais especialistas migrarem para áreas mais generalistas ou atividades de gestão com o passar do tempo? Por exemplo, engenheiros ou programadores se tornarem Gerentes. Seria essa um caminho natural ao profissional? Acredito que a cada vez mais, temos menos especialistas. Isso porque a forma de trabalho em tecnologia se reinventa de quando a quando. Faço uma atribuição à melhoria de processos, automatizações, robotizações e até a uma mudança de paradigmas dentro da tecnologia. Porém, acredito que isso seja cíclico. Estamos caminhando para uma nova jornada de oportunidades de descobertas. Ao decorrer de todas estas mudanças, é natural que profissionais com formações que tendem a uma especialidade se tornem mais generalistas, e inclusive ocupando cargos de gestão. 12. Falando agora um pouco sobre gerenciamento de projetos. Dentre as áreas do PMI temos o gerenciamento de comunicação. Como podemos melhorar a comunicação entre as pessoas envolvidas em um projeto? Como gerir de forma inteligente a comunicação entre programadores, gerentes de projeto, analistas, clientes, usuários etc. tendo em vista que possuem conhecimentos e visões distintos? A comunicação sempre é um problema em todas as frentes. Porém, em tecnologia se mostra mais gritante. Isso muito em decorrência de uma ponta não se conseguir passar o que realmente deseja ou da outra ponta não conseguir entender a real necessidade.

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Não existe uma fórmula mágica de se resolver isso. O que tem funcionado, é que com o auxílio de algumas ferramentas e metodologias este problema tem se mitigado. Mas, a grande chave, é o conhecimento do gestor do projeto em utilizar corretamente as técnicas de análise para definir e documentar bem os requisitos coletados. E com este material, efetuar o repasse das necessidades ao time de desenvolvimento. É de grande importância reuniões de alinhamentos e de entregas com todos os envolvidos. Assim, dentro de cada projeto ir encontrando o formato que mais se mostra produtivo a necessidade. 13. E com relação ao gerenciamento de pessoas, o que você aprendeu ao longo de sua carreira que pode ser útil para quem está começando agora? O grande segredo é que cada ser humano deve ser tratado com respeito. Independentemente de seu conhecimento, cargo ou posição dentro do processo. Pois, no final de tudo, quem faz acontecer é o ser humano. Portanto, respeite e entenda. Não tenho dúvidas que esta é a fórmula mágica para uma boa gestão de pessoas. 14. Se você tivesse que escolher uma soft skill para recomendar que o profissional prestes a entrar no mercado de trabalho aprimore seria qual? E por quê? Empatia. Ela é a chave para abrir portas. Conhecimento técnico você treina, você constrói. 15. Gostaria que você deixasse a recomendação de alguma coisa que é/foi importante para você aos nossos leitores. Pode ser um livro, um filme, uma música, um documentário etc. E comente porque esse conteúdo é relevante para ajudar a se tornar um profissional ou pessoa melhor. Vou deixar a dica de um livro. “O destino de uma nação – Anthony McCarten” Ele conta a história de Winston S. Churchill antes e durante a Segunda Guerra Mundial. Relata o pragmatismo e a capacidade de lidar com situações adversas durante o período

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mais crítico de nossa história, em meu entendimento. Mostra a forma de lidar com adversidades, mesmo dentro do seu time. Acredito ser um bom material para se espelhar e no mínimo conhecer uma parte importante de nossa história. 16. No mundo atual passamos muito tempo ligados a uma tela e a própria pressão (externa ou autoimposta) pode gerar ansiedade e outros males relacionados à saúde mental. Qual é sua válvula de escape? Que atividades e/ou hobbies usa como descompressão? Este é uma realidade de nossa geração. A pressão, seja ela qual for a origem, é uma realidade presente na vida de todos. Tenho algumas válvulas de escape que tem dado certo. Porém, a principal é o trabalho que estou desenvolvendo em minha fazenda. Lá, me desligo do mundo corporativo e me dedico a fazer atividades completamente diferentes do meu cotidiano. 17. Na sua opinião o trabalho a partir de casa (Work from home, que no Brasil ficou mais conhecido como Home Office) é mais vantajoso para o profissional e para a empresa? Pode comentar um pouco sua experiência nessa modalidade de trabalho? Eu, particularmente, acredito que é muito vantajoso para ambos. Porém, temos que olhar para esta modalidade com algumas ressalvas. E a principal é a cultura do time para se adaptar. Existem perfis que simplesmente não conseguem produzir adequadamente. Então olhando para este prisma, acredito que a vantagem só será possível com a maturidade da equipe e a organização da empresa. 18. Agora, imagine que você está no segundo ano de sua faculdade. Que conselhos você daria para esse seu “eu mais jovem”? Aproveite e deixe seu recado final para nossos leitores. Se dedique mais a construir relacionamentos férteis. Se dedique a entender e não somente a passar por mais uma etapa.

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Edson Mendonça Junqueira Junior .’.

Sobre o autor Formação Acadêmica/Técnica: Formado em SISTEMAS DE INFORMAÇÃO pela UNIMINAS (2004), MBA em GESTÃO DE TECNOLOGIA pela IGTI (2014). Linkedin: www.linkedin.com/in/edson-mendon%C3%A7a-363a5429 Email para contato: [email protected]

Aprenda coisas totalmente fora da sua área de atuação Carlos Eduardo de Melo Rodovalho 1. Conte-nos um pouco sobre sua formação acadêmica/técnica e sobre o seu trabalho atualmente. Minha formação acadêmica na área de tecnologia começou em 2004, através de curso técnico em informática no CEFET (atual IFTM), que me permitiu o ingresso no mercado de trabalho como estagiário na Codiub, empresa que presta serviços de informática para o governo municipal de Uberaba. Prossegui, então, para o curso superior de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, também no CEFET, que veio a se transformar em IFTM durante o curso. (Antes de ingressar no curso do IFTM, cheguei a cursar 3 meses do curso de Engenharia Elétrica na Uniube. Esse tempo foi suficiente para eu perceber que não nasci para ser engenheiro.) Fui contratado pela Codiub como técnico, e posteriormente como desenvolvedor, até que em 2010, ingressei no serviço público na UFTM, como técnico em tecnologia da informação, atuando na área de desenvolvimento de software via plataformas web. Foi durante esse período na universidade que fiz a minha pós graduação em desenvolvimento Web. Em 2012, fui aprovado em outro concurso da mesma universidade, passando então a ser analista de tecnologia da informação, cargo que ocupo até hoje. Em 2014, através de um processo de redistribuição, deixei a UFTM para compor o time de desenvolvimento do IFTM, onde trabalho no desenvolvimento de sistemas. 2. Olhando para trás em sua carreira, o que você teria estudado mais e o que teria estudado menos?

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Considero que todas as matérias que estudei contribuíram para a minha formação, inclusive a experiência frustrada da formação em engenharia. Pessoalmente eu valorizo muito a pluralidade de conteúdos, que compõe o repertório único de cada profissional, e que permitem atuação dinâmica e adaptativa. Portanto eu não consigo enumerar qualquer ponto que eu me arrependa de ter dedicado. Eu gostaria de ter estudado mais a respeito de conceitos de design, comunicação e publicidade. Percebo que existe uma grande lacuna entre muitos sistemas e seus usuários, que se deve à má qualidade da comunicação da máquina para com o seu operador. É um assunto pelo qual tenho grande interesse, mas sobre o qual considero que me debrucei pouco. 3. Com relação à graduação, pensando além do conhecimento científico/técnico, como um aluno pode aproveitar melhor seu tempo como universitário? Com estágios ou quaisquer outras formas de aplicação do conhecimento em ambiente real. Além da rica experiência que se adquire através da aplicação das teorias no ambiente prático, a atuação profissional traz ao aluno um benefício imensurável: a construção de laços profissionais e pessoais com outros colegas. O convívio profissional oferece uma riqueza enorme de experiências, positivas ou negativas, que permitem ao aluno se preparar para desafios que a universidade nunca poderia simular. A troca de experiências, a rede de apoio intelectual, a construção de reputação, e as relações pessoais que se formam, são únicas a cada profissional, e extremamente valoradas por qualquer profissional experiente que olha para trás e pontua os itens que ele mais dá valor na sua formação. 4. Sabendo que, no mundo globalizado, precisamos saber no mínimo mais um idioma além do português, comente um pouco como você estuda ou como você estudou/aprendeu outro idioma. Falo inglês, e aprendi da mesma maneira que aprendi português: ouvindo, lendo, escrevendo e falando. Sempre consumi muito conteúdo em inglês, começando com videogames, música, filmes e livros. Nunca fiz curso especializado de línguas, além do oferecido na grade curricular escolar, mas sempre estive envolvido por pessoas que

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gostam de conteúdos em inglês, então o aprendizado do idioma aconteceu junto com o desenvolvimento da minha cultura geral. Esse tipo de aprendizado me deu um vocabulário extenso, e capacidade de entender e me comunicar com grande flexibilidade, porém me limita quanto ao uso da língua culta, uma vez que não tenho muito domínio da gramática. Meu “estudo” do idioma sempre se baseou no uso de dicionários (principalmente dicionários de definição, em inglês, não de traduções) e de conversas com amigos sobre as particularidades e curiosidades do idioma. 5. No sentido lato, como você trabalha? Que ferramentas (agenda de papel, softwares, anotações etc.) utiliza? E usa algum método para ter mais produtividade no seu trabalho? Escuta música enquanto trabalha? Pode comentar um pouco? Eu desenvolvo programas web, então utilizo uma IDE de desenvolvimento (PhpStorm), juntamente com ferramentas de trabalho com banco de dados. Concentro todas as minhas anotações, documentos e outros tipos de materiais de apoio no Google Drive. Para trabalhos de criação visual, utilizo editores de imagem (Photoshop e Illustrator) e papel e caneta para rascunhos de desenhos ou ideias. A nossa equipe trabalha utilizando scrum como metodologia de organização de tarefas. Ouço música somente quando estou fazendo algum trabalho que não necessite de muita concentração, quando preciso de silêncio para focar. 6. Qual sua estratégia para aprender/conhecer um novo assunto, seja ele técnico ou não? Procuro pesquisar e formar uma base de conhecimento teórico sobre o tema, com o objetivo de prever alguma dificuldade relevante, e então inicio uma exploração prática, pesquisando as teorias envolvidas conforme o aprendizado avança. 7. Você tem um planejamento pessoal e/ou de carreira? Você constrói um plano de ação para o próximo ano, para daqui a 5 anos, divide esse seu planejamento em áreas de interesse etc.? Não. Inclusive é algo que eu penso que preciso melhorar, pois atualmente não tenho

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nenhum objetivo claro em relação a carreira profissional. Talvez esse seja um dos efeitos negativos da carreira pública. 8. Olhando agora para as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), realizando um exercício de futurismo, como você vê a tecnologia/tendências em 2031? Sistemas autônomos complexos, que envolvem a integração de produtos e serviços diferentes, para permitir a troca de informações em tempo real. Desde automação residencial totalmente integrada, com um sistema de gerência unificado, quanto a automatização de sistemas de transporte individual ou público. O trabalho humano deverá migrar para o setor de serviços de manutenção, de criação intelectual ou manual e de gestão, com uma diminuição cada vez maior da manufatura e operação de máquinas por humanos. 9. Complementando a questão anterior, me fale agora duas tecnologias que não existirão dentro de 10 anos. E por quê? Veículos não autônomos, como meio de transporte. Considero que o uso de veículos “manuais” nunca deixará de existir, como hobby, esporte ou alguma aplicação específica, porém o uso corriqueiro, como meio de transporte será substituído por sistemas autônomos. Telefone fixo. A popularização de outros meios de comunicação já eliminou a necessidade desse aparelho. 10. Você se considera um profissional Especialista ou Generalista? E como chegou a isso? Generalista. Durante a minha formação profissional eu nunca me dediquei profundamente a um tema. Trabalho com foco no desenvolvimento de sistemas web, mas me interesso mais por outras áreas, do que por aprofundar ainda mais neste tema. Acredito que as capacidades aprendidas e desenvolvidas em ambientes plurais tem maior potencial na solução de problemas, do que a especialização em um tema específico, uma vez que a maioria dos problemas que encontro no dia a dia, não se limitam a um tema específico.

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11. Pode falar um pouco sobre a tendência, se é que podemos chamar assim, de profissionais especialistas migrarem para áreas mais generalistas ou atividades de gestão com o passar do tempo? Por exemplo, engenheiros ou programadores se tornarem Gerentes. Seria essa um caminho natural ao profissional? Acredito que sim, este é um caminho natural, dada a natureza da atividade. Na minha experiência de trabalho, percebo que os profissionais de tecnologia da informação são, na verdade, solucionadores de problemas. Bons profissionais que atuam na solução de problemas, tendem a buscar o estabelecimento ou a revisão, estruturação e melhora de processos, a fim de evitar ou diminuir a ocorrência de problemas. A gestão de processos ocorre em camadas mais gerenciais das organizações, portanto, é natural que o profissional que acumula experiência na resolução de entraves, migre para essas posições organizacionais. 12. Falando agora um pouco sobre gerenciamento de projetos. Dentre as áreas do PMI temos o gerenciamento de comunicação. Como podemos melhorar a comunicação entre as pessoas envolvidas em um projeto? Como gerir de forma inteligente a comunicação entre programadores, gerentes de projeto, analistas, clientes, usuários etc. tendo em vista que possuem conhecimentos e visões distintos? Através da melhoria da comunicação pessoal e do uso de ferramentas de exposição de conceitos. Muitas pessoas que têm grande capacidade técnica para implementação de soluções, não possuem habilidades de comunicação desenvolvidas. Essa característica vai além de uma limitação pessoal, mas indica uma lacuna na formação do profissional. A formação acadêmica na área de tecnologia se concentra na exploração de conceitos aplicados a tecnologias e ferramentas, em certo detrimento do desenvolvimento das características de comunicação do profissional, que necessita dessas habilidades no ambiente corporativo. A formação de novos profissionais deve envolver o desenvolvimento de habilidades de comunicação, uso de ferramentas comunicacionais, e entendimento de contextos plurais, para que ele possa atuar como solucionador de problemas. O profissional de tecnologia de informação, como detentor do conhecimento necessário

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para desenvolvimento de soluções, deve se apropriar da responsabilidade de mediar o entendimento dos problemas, a fim de, em parceria com clientes e usuários, encontrar as melhores soluções. 13. E com relação ao gerenciamento de pessoas, o que você aprendeu ao longo de sua carreira que pode ser útil para quem está começando agora? Desenvolva a capacidade de ouvir e entender os contextos e características de cada profissional, para que você como gestor, possa identificar os cenários e situações em que cada profissional mais se adéqua. Uma analogia possível, guardadas as devidas proporções, é a de uma caixa de ferramentas, onde cada peça é adequada a determinadas aplicações, e que usá-las em desacordo às suas características, irá dificultar ainda mais a busca pela solução. 14. Se você tivesse que escolher uma soft skill para recomendar que o profissional prestes a entrar no mercado de trabalho aprimore seria qual? E por quê? Aprenda a entender como as coisas funcionam. Crianças que desmontam e remontam brinquedos tem mais facilidade para desenvolver habilidades tecnológicas. Ao invés de usar um tradutor para decorar a tradução de uma palavra, busque a sua definição em um dicionário da própria língua, ou até mesmo a etimologia que define o termo. Ao verificar e entender as características que definem as coisas, existe a possibilidade de um entendimento mais completo e dinâmico sobre ele. 15. Gostaria que você deixasse a recomendação de alguma coisa que é/foi importante para você aos nossos leitores. Pode ser um livro, um filme, uma música, um documentário etc. E comente porque esse conteúdo é relevante para ajudar a se tornar um profissional ou pessoa melhor. Musashi, de Eiji Yoshikawa. O livro conta a história de Miyamoto Musashi, um dos maiores samurais da história, e explora o caminho de aprendizado e autoconhecimento trilhado pelo samurai andarilho. Muitos conceitos e pensamentos que tenho comigo como muito valorosos, foram ilustrados nessa obra. 16. No mundo atual passamos muito tempo ligados a uma tela e a própria pressão (externa ou autoimposta) pode gerar ansiedade e outros males relacionados à saúde

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mental. Qual é sua válvula de escape? Que atividades e/ou hobbies usa como descompressão? Atividade esportiva e conversas casuais com amigos. 17. Na sua opinião o trabalho a partir de casa (Work from home, que no Brasil ficou mais conhecido como Home Office) é mais vantajoso para o profissional e para a empresa? Pode comentar um pouco sua experiência nessa modalidade de trabalho? O trabalho a partir de casa pode ser muito vantajoso tanto para a empresa quanto para o profissional, mas tem potencial para ser extremamente danoso a ambos, se não aplicado da maneira correta. É um cenário que, de maneira alguma, se aplica de forma generalista, e que deve ser cuidadosamente pensado e ajustado para cada time, ou até para cada profissional, pois exige o desenvolvimento de novas habilidades por parte da gestão, que deve ser muito mais aplicada e eficiente, e comprometimento por parte dos profissionais. Em um ambiente onde as diretrizes de trabalho são bem aplicadas, o ganho para os envolvidos é excepcional, pois possibilita uma enorme melhora na qualidade de vida de todos os envolvidos. 18. Agora, imagine que você está no segundo ano de sua faculdade. Que conselhos você daria para esse seu “eu mais jovem”? Aproveite e deixe seu recado final para nossos leitores. Compre bitcoin. Além disso, procure identificar as suas qualidades, o tema dos quais você mais tem domínio e principalmente, mais gosta de desenvolver. Foque nessas habilidades. Aprenda coisas totalmente fora da sua área de atuação, como música, desenho ou trabalhos manuais, pois essas habilidades irão, de maneira transparente, te ajudar a pensar de maneira dinâmica, através de um repertório amplo de conceitos.

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Carlos Eduardo de Melo Rodovalho

Sobre o autor Formação Acadêmica/Técnica: Formado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pelo IFTM (2012), Especialista em Desenvolvimento Web pela Claretiano (2013).

Aprenda com o passado, viva no presente e planeje seu futuro Jerônimo Medina Madruga 1. Conte-nos um pouco sobre sua formação acadêmica/técnica e sobre o seu trabalho atualmente. Minha formação é extremamente errática, começando com um curso técnico em eletrônica no atual IFSul, onde aprendi a base de programação que carrego até hoje, além de compreender bastante sobre o funcionamento de circuitos. Posteriormente, foram cerca de 10 anos e 3 cursos superiores nunca terminados (Tecnologia em Sistemas de Telecomunicações, Bacharelado em Ciência da Computação e Licenciatura em Computação). Nesse longo período pude compreender as diferentes facetas da computação e adentrar no mundo acadêmico. Após este período, acabei projetando uma futura mudança no campo de atuação, ao me interessar mais profundamente pelas áreas de educação e administração. Tendo isso em mente, cursei e (finalmente) colei grau em dois cursos superiores a distância, Tecnologia em Marketing e Tecnologia em Análise de Sistemas, e minha primeira pós-graduação foi na área de docência. Hoje em dia sou mestrando na área de Educação Matemática, e viso seguir minha formação em áreas que combinam questões didáticas com questões das ciências exatas (provavelmente). Meu trabalho atual consiste no suporte técnico na área de educação a distância em uma universidade federal da minha cidade. Devido a escassez de recursos humanos, a minha área de atuação é um misto de atendimento a comunidade, treinamento, manutenção do sistema Moodle e ocasionais soluções de problemas de computadores do setor. No tempo livre também atuo como freelancer, dou aulas particulares, trabalho com manutenção de hardware e software, e ainda realizo vendas de produtos digitais na internet a partir de mercados de afiliados. 2. Olhando para trás em sua carreira, o que você teria estudado mais e o que teria

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estudado menos? Não diria que algo tem de ser explicitamente “estudado menos”. Nem sempre conseguimos conectar diretamente a utilidade de um conteúdo com a nossa carreira no futuro, assim como predizer quais tecnologias irão perdurar é um exercício complexo de adivinhação. Por exemplo, fiz uma disciplina eletiva sobre linguagens funcionais, tópico que não tinha grande público na época, e hoje estão em alta. No mesmo período, houve grande “revolta” no curso que estava a estudar, por não termos abordado a linguagem Delphi, uma das populares no mercado anos atrás, mas que está a cair em desuso. Logo, faço uso das palavras de um discurso do Steve Jobs para explanar melhor essa questão: “Você não consegue ligar os pontos olhando para frente. Você só consegue ligá-los olhando para trás. Então você tem que confiar que os pontos se ligarão algum dia no futuro. Você tem que confiar em algo – seu instinto, destino, vida, carma, o que for.” Sobre o que eu gostaria de ter “estudado mais”, acredito que poderia elencar duas vertentes: Primeiramente, acredito que para ser um bom profissional, é necessário que se tenha uma base de conhecimento bem fundamentada. Como um exemplo, posso citar o caso da pessoa que se classifica como designer, mas só sabe usar o Photoshop, sem dominar questões como teoria de cores, formatos de imagens modernos, tipografia e outros fundamentos importantes para ser um profissional completo na área. Dentro da computação, podemos ver que este tipo de fenômeno normalmente gera pessoas com um campo de trabalho limitado, ou seja, normalmente ligado a somente uma tecnologia, framework ou linguagem de programação, o que pode diminuir o leque de opções para o seu futuro no mercado. Ao adentrar na academia, é importante ressaltar que não está se formando somente um programador da linguagem XYZ, mas sim um profissional polivalente com compreensão de diversos aspectos da área de tecnologia. Portanto, deem valor as disciplinas que nem sempre parecem interessantes ou importantes em um primeiro momento, pois elas fazem parte do currículo para garantir que o estudante tenha uma visão completa da área. No meu caso, reconheço que poderia ter estudado com mais profundidade análise de algoritmos e compiladores, são duas lacunas que ocasionalmente ainda tenho dificuldades para dominar o conteúdo. Outro ponto que acredito que deva ser mais valorizado é a formação humana do profissional. Durante meus primeiros anos como universitário, disciplinas como administração, epistemologia, sociologia, legislação e muitas outras que não tinham um cunho técnico,

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eram muitas vezes vistas somente como “créditos extras”, ou seja, disciplinas que você faz para ter a carga horária para se formar. Porém, ao longo do tempo, vi que estas disciplinas têm grande relevância, e que esse costume de as desprezar, tão tradicional em grande parte das universidades, acaba por formar profissionais que compreendem computadores, mas não compreendem pessoas. É essencial que sua passagem por um curso de ensino técnico ou superior não seja meramente uma absorção de um aglomerado de conhecimentos técnicos. O perfil do profissional moderno exige empatia, compreensão, diálogo, comunicação, didática, planejamento, gestão… Enfim, é necessária uma visão de mundo muito mais abrangente do que mero domínio de software e hardware. Valorize as mais diferentes áreas na sua formação educacional, pois, ao compreender melhor o mundo ao seu redor, evoluirás tanto como profissional, como pessoa. 3. Com relação à graduação, pensando além do conhecimento científico/técnico, como um aluno pode aproveitar melhor seu tempo como universitário? Acredito que o melhor conselho que posso fornecer é reforçar que a experiência universitária não é somente frequentar a sala de aula. Primeiramente, temos de relembrar que a academia se baseia em um tripé: ensino, pesquisa e extensão. Grande parte dos estudantes, principalmente aqueles que já trabalham, acabam tendo somente a experiência do ensino, que certamente é o elemento que tem maior peso nesta tríade. Porém, se possível, explore possibilidades que saem da rotina acadêmica, seja através da iniciação cientifica, projetos para comunidade ou participação em eventos. Considerando estes pensamentos, fracione seu tempo entre essas múltiplas possibilidades, mas sempre mantendo a maior parte do seu tempo para os estudos, seja dentro da sala de aula, seja fora dela. Alimente sua curiosidade, não viva a experiência acadêmica como somente viver para estudar e responder avaliações. Aproveite o “passaporte” que a sua instituição lhe fornece, visto que ao ser um universitário, diversas empresas poderão lhe abrir as portas, e tente desfrutar das mais variadas experiências profissionais. Não sinta a pressão de tentar fazer carreira em seu primeiro emprego, esse é o momento ideal para compreender qual a área de atuação tens maior afinidade e interesse. Expanda o conhecimento adquirido em seu curso e em atividades ligadas a ele, pois muitas vezes são as atividades paralelas e as conexões que criamos durante o período da universidade que auxiliam a moldar um futuro bem sucedido.

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4. Sabendo que, no mundo globalizado, precisamos saber no mínimo mais um idioma além do português, comente um pouco como você estuda ou como você estudou/aprendeu outro idioma. Eu tive um grande privilégio de estudar em um curso de inglês por cerca de 8 anos quando era jovem, e isso ajudou muito para aprender o idioma. A meu ver, existe uma grande discrepância no ensino de idiomas em experiências extraclasse (como cursos privados) e o estudo de idiomas em nossa educação formal. O ensino de idiomas, para ser efetivo, principalmente para iniciantes, requer turmas menores e maior tempo de dedicação, o que raramente acontece. Logo, para realmente se sentir confortável falando inglês ou qualquer outro idioma, é necessário ir além do estudo tradicional. Primeiramente, acredito que o maior trunfo para dominar um idioma estrangeiro é realizar exatamente um planejamento de longo prazo para o aprendizado. Hoje em dia muitos cursos “vendem” a ideia de aprender inglês em cerca de 1 ou 2 anos. Não tenho formação na área para questionar essa abordagem, mas acredito que grande parte das pessoas podem ter problemas com um prazo tão exímio ao tentar aprender um novo idioma. Evite cair nessa falácia e tenha consciência, o estudo de qualquer área é um exercício eterno ao longo de nossas vidas, conscientemente ou inconscientemente devemos exercitar nossas habilidades relacionadas as nossas áreas de interesse para evitar que elas fiquem defasadas com o tempo. E esse pensamento leva a próxima questão que acredito que seja relevante neste tópico. Na minha opinião, o maior problema é o que fazer após o término dos estudos formais. Muitos caem no ostracismo, por usar muito pouco do idioma, ou apenas algumas facetas dele, como a questão de leitura e escrita, muito comum na área de tecnologia, em detrimento das habilidades ligadas a fala e compreensão do idioma. É necessária uma postura de constante uso para aprimorar o idioma a longo prazo, explorando as possibilidades mais diversas que se encaixem em seus gostos e suas rotinas. Pessoalmente, eu gosto de utilizar jogos de karaokê como Singstar® (apesar de a pronúncia e grafia nas músicas nem sempre serem completamente corretas), aplicativos de ensino de idiomas (Duolingo e Drops são os meus favoritos), audiobooks e podcasts internacionais, ver séries e filmes utilizando o idioma original da produção, jogos que estimulem a escrita e leitura em uma língua estrangeira (“Kind Words” é o jogo do momento nesse ponto) e participar de grupos e meetups que utilizem o idioma estrangeiro (atualmente participo de alguns grupos de debate em inglês relacionados a

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filosofia estoica por exemplo). Também é muito importante frisar que também há uma ilusão gigantesca relacionada a comunicação e compreensão de idiomas estrangeiros. Muitas vezes vemos pessoas evitando se comunicar em um idioma que estão aprendendo pois acreditam que tem sotaque, que a pronúncia está errada ou que não sabem se expressar. A grande realidade é que isso é um mito extremamente infundado. Você já foi comprar muamba no Paraguai? Em uns 10 minutos no país vizinho você já está arriscando um portunhol para negociar preços, e as pessoas vão lhe compreender, acredite. Quando falamos em termos de inglês, temos que ter em mente de que o idioma não advém não somente dos Estados Unidos, mas Reino Unido, Nigéria, África do Sul, Hong Kong, Austrália, Índia, etc… Não é só você que fala um pouco diferente. Dentro dos EUA em si já temos diferenças em pronúncia e até nas gírias faladas, logo, acredite, eles vão compreender você, mesmo sem saber a diferença na pronúncia de free, tree e three (é tão difícil quanto um estrangeiro falar corretamente “três tigres tristes no trigo”). Não tenha medo de se expressar, de participar de lives, discussões, criar conteúdo utilizando um idioma estrangeiro, com o tempo fica mais natural essa comunicação, e você notará que com o tempo não haverá barreiras na sua comunicação. 5. No sentido lato, como você trabalha? Que ferramentas (agenda de papel, softwares, anotações etc.) utiliza? E usa algum método para ter mais produtividade no seu trabalho? Escuta música enquanto trabalha? Pode comentar um pouco? Em termos de organização do meu trabalho, acredito que é uma estrutura bem simples. Uso de Gmail e um sistema de tickets para realizar atendimentos (osTicket), WhatsApp para comunicação direta e mais veloz (em tentativas de utilizar uma conta comercial para poder automatizar parte das respostas), Google Agenda para gerenciar eventos e Google Keep para lembretes. Como ocasionalmente tenho de fazer tutoriais em forma de vídeo, utilizo o OBS em conjunto com o Handbreak para captura de tela e redução do tamanho do vídeo, complementando com o uso do Camtasia ou Kdenlive como editor de vídeo. Prefiro a utilização de Linux, como Ubuntu Studio ou Manjaro i3, como desktop de trabalho, mas para algumas tarefas tenho o Windows 10 instalado. Sobre produtividade, costumo utilizar extensões no navegador que facilitem o foco no trabalho, como xTab e a finada The Great Suspender, ou que me permitam salvar recursos que devo reutilizar posteriormente, como Video Download Helper para download de vídeos, Nimbus para a captura e edição ágil de screenshots e Allow Right Click para

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utilizar click direito em sites onde isso é bloqueado por algum motivo irracional. Tenho preferência para o uso de apps que possibilitem salvar e editar documentos na nuvem, utilizando o editor de imagens Canva para produzir gráficos e imagens para o Youtube e o Gsuite para edição de documentos e criação de formulários. Em relação a ferramentas analógicas, já tentei utilizar o Elfinbook, uma cópia chinesa do Rocketbook, que por sua vez é um caderno que tem seu conteúdo apagado através do calor e facilmente digitalizável através de app. Porém, ainda não me acostumei completamente com o uso dessa ferramenta, então sigo utilizando cadernos de tamanho pequeno e médio da Tilibra e da Cicero para estudos e anotações. Falando sobre métodos, tenho uma tendência a experimentar diversas ideias exóticas e ir mudando ao longo do tempo e da efetividade de cada técnica, não tendo uma estrutura muito sólida nesta área devido a eterna adaptação. Mas poderia dizer que existem algumas técnicas que fazem parte de minha rotina mesmo com essa rotação como Pomodoro, meditação e ZTD. Pomodoro é uma ótima ferramenta para quem tem problemas com foco como eu. Discordo do tradicional ciclo de 25-5 para intervalos do ciclo Pomodoro, pois dependendo da atividade, este tempo é muito curto. Prefiro utilizar intervalos entre 30 e 40 minutos de trabalho com 10 minutos de descanso, pois vejo um maior rendimento em atividades de alta concentração. A meditação é algo essencial tanto para passar por dias turbulentos, quanto para conseguir se desconectar um pouco do mundo digital e focar no que temos ao nosso redor. Como existe uma grande variedade de ferramentas e técnicas para meditação, deixo a minha recomendação para o site QuietKit, que apresenta uma meditação simples utilizando sons da natureza. Também ocasionalmente utilizo o audiobook “Meditations” do autor Marco Aurélio lido por Prentice Onayemi, por achar o áudio em questão extremamente relaxante, além de ser um dos meus livros favoritos. ZTD é um sistema de gerenciamento de tarefas derivado ou extremamente similar ao GTD. Porém, eu acredito que o GTD, principalmente para gerência de projetos pessoais, acaba sendo relativamente complexo ou exagerado, o famoso “usar uma bomba nuclear para matar uma mosca”. Pessoalmente gosto da versão simplificada do ZTD, que contém 4 etapas para gerenciar as prioridades e garantir que as atividades mais importantes sejam devidamente concluídas. Por fim, no que se refere a questão musical, diria que existem dois tipos de situação. Em um primeiro caso, ao realizar atividades de rotina ou que não exija muitas regras em

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termos de criatividade, costumo utilizar músicas que escutaria no dia a dia, basicamente rock, rap e pop. O Amazon Music tem algumas listas de músicas bem interessantes focadas para certos tipos de atividades úteis para este tipo de situação. Porém, se for um cenário de uma atividade em que é necessário maior concentração ou exige longas leituras, prefiro utilizar ruído branco, sons ambientes (através do app Study Aide), música clássica, música instrumental, música instrumental oriental ou Bardcore (releitura de músicas populares utilizando instrumentos da idade média), pois costuma auxiliar a manter a concentração ao focar mais em sons e menos em letras. No Youtube também há playlists bem interessantes ao se pesquisar por “música para estudo” ou “study music”. 6. Qual sua estratégia para aprender/conhecer um novo assunto, seja ele técnico ou não? Para aprender um novo assunto, acredito que devemos trabalhar com duas frentes. Primeiramente, buscar aprender com o melhor instrutor possível em cada situação. Seja através da leitura ou de um curso, é extremamente importante que o autor seja uma referência na área, e que ele seja extremamente didático. Se for um conhecimento que será utilizado a longo prazo, essa busca pelo melhor material é facilmente justificável, visto que pode ser a diferença que leva a um aprendizado mais efetivo. Atualmente costumo utilizar como referência avaliação de livros na Amazon, Audible ou Goodreads, além de realizar cursos em plataformas onde é possível mensurar a popularidade e o feedback dos alunos sobre um curso, como Udemy, Domestika, Crehana, Edx e Coursera. Em termos de tecnologia, a documentação oficial, ou cursos dos criadores das ferramentas também costumam ser ótimas opções. Também é essencial ressaltar a importância da prática como uma ferramenta de fixação e aprimoramento das habilidades que estão sendo desenvolvidas através do estudo. Quando um assunto tende a ser mais teórico, busco realizar anotações com as minhas interpretações sobre o assunto, ou realizar materiais como palestras demonstrando o que compreendi sobre o assunto. Somente ler ou ouvir um conteúdo é uma prática extremamente comum, mas essa abordagem passiva de estudo acaba sendo prejudicial a longo prazo. Recomendo aos interessados nesse assunto que vejam o livro ou o curso da autora Barbara Oakley, Aprendendo a Aprender, e pesquisem também sobre a pirâmide de Glasser. Porém, muitas vezes é necessário aprender algo “para ontem”, ou seja, aprender

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rapidamente pois é necessário para uma avaliação ou para a execução de um serviço. Nesses casos, utilizo resumo de livros e cursos disponíveis no Youtube ou em serviços como o Philosophers Notes. Muita gente ainda utiliza a Wikipedia como referência nestas horas, porém ressalto que nem sempre tudo que está disponível lá pode ser considerado como extremamente preciso. 7. Você tem um planejamento pessoal e/ou de carreira? Você constrói um plano de ação para o próximo ano, para daqui a 5 anos, divide esse seu planejamento em áreas de interesse etc.? Apesar de acreditar na efetividade de objetivos e metas S.M.A.R.T. (Specific, Measurable, Achievable, Relevant e Time-bound) principalmente no contexto de gerenciamento de projetos e equipes, na minha vida pessoal não faço um grande planejamento de carreira. Quando mais jovem eu tinha um planejamento de carreira comum para a época: concluir uma graduação, passar em um concurso ou conseguir um emprego em uma boa empresa, adquirir casa própria e um PS3 (sim, já fui sonysta) e palestrar em um evento internacional. Como consegui quase todo esse planejamento relativamente cedo, com cerca de 28 anos, isso me deixou no ostracismo de metas por um bom tempo, simplesmente trabalhando sem objetivos de longo prazo. Nos últimos anos tenho sido influenciado pelas mudanças no mundo e pelo conteúdo que consumi em aulas ou no tempo livre. Vejo que um planejamento rígido de carreira em um mundo tão instável como o que vivemos hoje é possivelmente uma forma de gerar frustração sem alcançar resultados. Acho vital fazer um planejamento de curto prazo em busca de interesses que possam alavancar sua carreira e melhorar sua vida, mas sempre avaliando as possibilidades ao redor e evitando ignorar oportunidades que apesar de inesperadas, possam ser interessantes. É importante ter sonhos, metas e objetivos, mas sempre observando a realidade que se molda ao nosso redor. Aproveitando este último gancho, compartilho uma pequena história sobre esse tópico. Ao entrar no curso de marketing da Unicesumar, uma das primeiras atividades era construir algo similar ao tradicional “painel dos sonhos”, ou seja, foi criado uma imagem para simular um quadro com imagens relacionadas aos nossos sonhos e objetivos. Pessoalmente eu não levava muita confiança nesse tipo de exercício, mas curiosamente, tudo o que coloquei como importante para mim acabou acontecendo até a minha formatura no curso. Não acredito que seja uma abordagem extremamente científica, mas foi interessante pois foi um exercício que acabou me forçando a pensar quais as minhas

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prioridades em termos de vida e trabalhar nelas ao longo do tempo. 8. Olhando agora para as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), realizando um exercício de futurismo, como você vê a tecnologia/tendências em 2031? Acredito que as tecnologias se insiram de forma cada vez mais profunda em nosso cotidiano, e com isso, questionaremos ainda mais profundamente os limites éticos das empresas e de seus produtos. Também acredito que a conectividade e o acesso à informação barateiem cada vez mais, possivelmente se tornando gratuito, não por bondade das empresas, mas pelas possibilidades de vendas, serviços e propagandas. Muitos dizem que a mídia tradicional está morrendo, porém acredito que ela esteja se transformando, e se aproximando cada vez mais do mundo digital. Em dez anos vejo que a propaganda em massa será cada vez menos efetiva, e a customização da forma como a mídia opera nos levará a termos cada vez mais bolhas digitais, unindo e segregando pessoas através de gostos, preferências e visões. Veremos cada vez a expansão do mercado de jogos, se tornando possivelmente o formato de mídia mais consumida. Isso mudará muito a abordagem deles, se hoje vemos jogos mobile com propagandas genéricas e repetitivas, teremos propagandas que se adequam ao contexto do jogo em questão, e do jogador também. Não acredito que a realidade virtual decolará, mas criaremos mundos virtuais cada vez mais verossímeis e similares a nossa realidade. Também vejo que veremos cada vez mais uma conexão das mais diversas áreas com tecnologia. Aqueles que forem iletrados digitalmente podem infelizmente passar por um processo de exclusão do mercado de trabalho ainda mais profundo do que já estamos vivendo. O que puder ser automatizado por um computador ou por uma máquina será, desde linhas de produção até mesmo a geração de conteúdo e análise de métricas. Ainda acredito que a inteligência artificial não será algo onipresente em todas as tarefas, mas dentro de atividades bem delimitadas, acredito que não há como escapar desse tipo de tecnologia. 9. Complementando a questão anterior, me fale agora duas tecnologias que não existirão dentro de 10 anos. E por quê? Pelo que noto nas tendências atuais, acredito que o armazenamento de dados em meios magnéticos está diminuindo cada vez mais em prol do armazenamento em meios

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eletrônicos como memórias flash. Não vejo como uma tecnologia que vai se extinguir completamente, mas talvez fique relegado somente a nichos extremamente específicos o uso de Hard Drives, enquanto o mercado de SSD deve tomar grande parte da indústria de armazenamento, devido ao contínuo barateamento dessa tecnologia e ao gigantesco ganho de desempenho ao se utilizar soluções baseadas em SSD. A outra tecnologia que acredito que está fadada a desaparecer ou se modificar profundamente seriam os tradicionais desktops. Com cada vez mais dispositivos inteligentes e portáteis, de notebooks a smartphones, acredito que desktops saiam do cotidiano e virem uma ferramenta de uso de uso estritamente profissional, onde o mais alto desempenho seja um requisito básico. Creio que com Smart TVs tendo cada vez sistemas operacionais mais completos, teremos de certa forma um “All-In-One” na sala de cada família, sobrepondo sua utilidade a de um aparelho normalmente dedicado ao consumo de conteúdo. 10. Você se considera um profissional Especialista ou Generalista? E como chegou a isso? Sempre me vi como um profissional generalista. Tenho interesse em diversos campos, e com isso acabo nunca me aprofundando em poucos deles, preferindo seguir compreendendo a base de mais tópicos. Meu trabalho também tem uma demanda de atividades muito variadas, o que impulsiona essa minha posição generalista ao longo do tempo. 11. Pode falar um pouco sobre a tendência, se é que podemos chamar assim, de profissionais especialistas migrarem para áreas mais generalistas ou atividades de gestão com o passar do tempo? Por exemplo, engenheiros ou programadores se tornarem Gerentes. Seria essa um caminho natural ao profissional? Muito difícil predizer se esse seria um caminho natural ou não. Ao meu ver, isso muito mais uma decisão pessoal. Muitos programadores experientes não têm o perfil ou o conhecimento para cargos que envolvam gestão e liderança, principalmente pela falta de maior habilidade em uma comunicação e compreensão efetiva ao lidar com o usuário e gerenciar sua equipe. É quase como pressupor que um grande jogador tenderá a ser um grande treinador. Ele pode conhecer o vestiário, saber o que fazer no campo, mas nem sempre ele tem o espírito de liderança ou conhecimento tático e técnico para liderar 11 jogadores no gramado. Portanto, um jovem programador, que se dediquei a área de

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gestão, pode ter melhor sucesso por estar focado no conhecimento técnico envolvido nessa posição. 12. Falando agora um pouco sobre gerenciamento de projetos. Dentre as áreas do PMI temos o gerenciamento de comunicação. Como podemos melhorar a comunicação entre as pessoas envolvidas em um projeto? Como gerir de forma inteligente a comunicação entre programadores, gerentes de projeto, analistas, clientes, usuários etc. tendo em vista que possuem conhecimentos e visões distintos? Acredito que o primeiro passo para uma melhor comunicação é a transparência. Explicitar dificuldades, limitações, prazos e problemas conforme eles aparecem tende a evitar a criação de expectativas surreais sobre uma equipe ou produto. Evitar a hierarquização da comunicação também é um ponto a ser considerado. Muitas vezes, somente chefes de setores ou equipes se comunicam e transmitem mensagem entre seus membros, o que pode ocasionar em dissonância ao transmitir informações e mensagens. Quanto mais direta e franca a comunicação possa ser realizada, melhor, pois haverá menores distorções ao longo do caminho com menos transmissores e receptores do diálogo a ser realizado. 13. E com relação ao gerenciamento de pessoas, o que você aprendeu ao longo de sua carreira que pode ser útil para quem está começando agora? Seja sempre humilde, compreensivo e mantenha os pés no chão. Sim, são sugestões óbvias, mas infelizmente são atitudes parecem estar em escassez. É necessário compreender que cada pessoa tem uma história de vida, um leque de conhecimentos,uma rotina diária, sendo assim, todos merecem atenção e respeito, independentemente de sua posição. Acho incrível (de uma forma negativa) quando pessoal em pleno século 21 ainda se apegam a títulos, sobrenomes, origens e conexões para decidir se a mensagem que uma pessoa repassa é válida ou não. Muitas vezes se perdem grandes profissionais simplesmente pois eles ainda são jovens ou novos em uma empresa, e nunca se dá voz aos mesmos. É importante saber delegar e saber gerenciar, mas se não soubermos escutar, nenhuma forma de comunicação será efetiva. 14. Se você tivesse que escolher uma soft skill para recomendar que o profissional prestes a entrar no mercado de trabalho aprimore seria qual? E por quê?

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Comunicação efetiva acredito que seja a habilidade primordial para todo profissional. Saber dialogar com colegas e clientes de forma a conseguir compreender e ser compreendido é vital para a realização de um trabalho excepcional. Por mais que tenhamos de estar sempre estar buscando o aperfeiçoamento de nossas habilidades técnicas, se não conseguirmos dialogar de forma a entender o ponto de vista daqueles a nossa volta, todo e qualquer serviço a ser realizado ficará abaixo do nosso verdadeiro potencial por esta falha na comunicação. 15. Gostaria que você deixasse a recomendação de alguma coisa que é/foi importante para você aos nossos leitores. Pode ser um livro, um filme, uma música, um documentário etc. E comente porque esse conteúdo é relevante para ajudar a se tornar um profissional ou pessoa melhor. Uma música que me marcou muito nos últimos tempos é “Ain’t No Rest for the Wicked”, da banda Cage The Elephant. Em um momento de pandemia, onde a disparidade social está a aumentar de forma galopante, a letra desta música nos faz refletir sobre todos aqueles que estão sendo afetados sem nenhum tipo de proteção ou conforto. O refrão é especialmente tocante e profundo: “Oh, there ain’t no rest for the wicked Money don’t grow on trees I got bills to pay I got mouths to feed There ain’t nothing in this world for free I know I can’t slow down I can’t hold back Though you know, I wish I could No there ain’t no rest for the wicked Until we close our eyes for good” Sobre um livro que me ajudou a me tornar uma pessoa melhor, preciso indicar meu livro favorito, “A Guerra da Arte” (não confundir com a “A Arte da Guerra”) do autor Steven Pressfield. É um livro que releio de tempos em tempos, seja em formato digital, físico ou audiobook (a narração de Steven Pressfield é soberba). Este livro me mostrou como o processo árduo de criação (e da vida em si) é algo compartilhado por todos nós. As lições que aprendi foram essenciais para ver que todas as vezes que nos acomodamos por estarmos em uma posição confortável, estamos no fundo trocando nossos sonhos pela

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falsa segurança do momento. Diria até que esse livro foi uma das principais motivações para eu voltar a estudar e tentar remodelar minha carreira após os 30 anos de vida. Também indicaria um livro que me tornou um profissional melhor, “Apresentação Zen” do Garr Reynolds. Foi um dos livros que iniciou a minha reflexão sobre como se deve fazer para repassar uma mensagem corretamente e modificou completamente a forma como eu realizo apresentações. Existem outros autores ótimos na área de comunicação, como Nancy Duarte e Carmine Gallo, mas todos estes autores só vim a conhecer mais profundamente após o contato com esta excelente obra. 16. No mundo atual passamos muito tempo ligados a uma tela e a própria pressão (externa ou autoimposta) pode gerar ansiedade e outros males relacionados à saúde mental. Qual é sua válvula de escape? Que atividades e/ou hobbies usa como descompressão? Nesses tempos caóticos de pandemia, minhas estratégias para ter uma válvula de escape envolvem basicamente ir à contra mão do minimalismo digital. Voltei a tocar guitarra esporadicamente utilizando o jogo Rocksmith, marco audioconferência e jogos online com amigos próximos, voltei a utilizar Twitter como rede social e virei um jogador amador de Street Fighter no cenário competitivo Brasileiro (não tenho sonho de ser pro gamer, mas competir em algo sempre é interessante). Em termos de estratégias mais analógicas, passei a utilizar livros de colorir para adultos, voltei a ler e meditar com mais frequência, e tento realizar exercícios físicos quando possível. 17. Na sua opinião o trabalho a partir de casa (Work from home, que no Brasil ficou mais conhecido como Home Office) é mais vantajoso para o profissional e para a empresa? Pode comentar um pouco sua experiência nessa modalidade de trabalho? Acredito que essa modalidade de emprego é vantajosa para todos, se bem desenvolvida. Por exemplo, o profissional tem de saber separar sua vida pessoal de seu trabalho, criando uma rotina de trabalho que respeite seus horários e seus limites. Tal rotina deve ser reconhecida e respeitada pela empresa, evitando demandas fora do horário estipulado. Outro ponto positivo é relacionado a redução do tempo gasto com deslocamento e os custos envolvidos, mas como contraponto, é necessário mudar a forma como a gestão de equipe é realizada pelos envolvidos não estarem fisicamente no mesmo local. Eu nunca havia trabalhado nessa modalidade, e no modelo era comum ultrapassar os

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limites em termos de horário, o que acabou por desgastar a minha pessoa mentalmente e fisicamente. Como o tempo, montei uma estrutura física que também auxiliou a ter mais conforto para trabalhar, e assim separar um pouco mais o meu momento de trabalho do meu momento de lazer e estudos. 18. Agora, imagine que você está no segundo ano de sua faculdade. Que conselhos você daria para esse seu “eu mais jovem”? Aproveite e deixe seu recado final para nossos leitores. Não veja a faculdade como o fim de uma jornada de estudos, mas sim parte de um processo de crescimento. Nessa jornada de aprendizado, que vai durar toda a sua vida, haverá momentos difíceis, felicidades, conquistas e perdas, e todos estes fatos devem ajudar a aprimorar você em todos os quesitos. Logo, não veja a universidade como uma mera barreira para adentrar o mercado de trabalho, seus colegas como competidores ou seus professores como vilões. Todos esses atores fazer parte do processo que deverá lhe levar a obter o tão famigerado diploma, e a maioria deles costuma ser bem intencionada. A cada momento que você adentra em uma sala de aula, seja física ou virtual, troque experiências, entenda os motivos que levaram os seus colegas a realizar o mesmo curso e tente conhecer a jornada que formou seus professores. Nem sempre você concordará com as pessoas ao seu redor e suas atitudes, e isso vai acontecer repetidamente ao longo da sua vida. Porém, isso não pode ser motivo para guardar mágoa, segregar, injuriar ou denegrir alguém. Foque no que é realmente importante, seu crescimento como pessoa e profissional. Explore oportunidades, afine suas habilidades e descubra seus talentos. Valorize as boas conexões que estás a criar, pois muitas vezes, acabam sendo como uma segunda família. Com aqueles que por acaso tenha atrito, entenda o que aconteceu e tente tirar um aprendizado ou lição destes momentos. Não busque a perfeição e não desista nos primeiros obstáculos. Notas baixas podem acontecer e não são nenhum pecado, assim como pensar em alterar o curso por se sentir perdido ou estar infeliz. Tente realizar o máximo que está ao seu alcance, mas não se deixe frustrar com os resultados, pois nem temos controle total sobre eles. Dialogue com as pessoas mais próximas, tanto para auxiliar eles, quando para compartilhar seu fardo e buscar soluções (ou até mesmo mais questionamentos). Ouse arriscar e expor-se ao mundo. Como diria meu caro amigo Djonatan Buss, uma

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das pessoas mais sábias que conheço:“O não você já tem”. Não tenha medo de ser reprovado em um processo seletivo de estágio, iniciação cientifica ou de emprego. Cada uma dessas experiências vai agregar a sua vivência, contribuindo para que no futuro obtenha sucesso na empreitada. Experimente todos esses momentos e reflita sobre eles. Estimule o desenvolvimento do seu pensamento crítico, evite buscar a mítica “bala de prata” como a solução de seus problemas, pois ela não existe. Muitas pessoas podem te auxiliar sobre as direções que podes tomar para dar rumo a sua vida, mas no final do dia, quem deve fazer a escolha final e quem arca com as consequências de sua escolha é você. Aproveite seu tempo também para colaborar com software livre e código aberto, participando de comunidades e projetos ao redor desses ecossistemas. Esse tipo de ação é interessante pois você começa a entender como grandes atividades funcionam, além de desenvolver uma comunicação efetiva com pessoas das mais variadas origens e países. Ao auxiliar na criação e desenvolvimento de uma iniciativa desde porte, você compreenderá como a colaboração e o compartilhamento do conhecimento são elementos essenciais para que se possa criar uma obra muito maior do que você poderia criar sozinho. E para finalizar, aprenda que a sua vida não é linear. Talvez você não termine a faculdade, talvez você faça um intercâmbio e saia do país, talvez você decida empreender e abrir sua empresa… A cada momento há uma série de escolhas e incertezas, e não há como predizer qual seria a melhor escolha. O que se pode fazer é aproveitar o máximo de cada momento, e não se prender a possibilidades que não escolhemos ao longo do caminho. Aprenda com o passado, viva no presente e planeje seu futuro, é o melhor conselho que posso dar.

“It has to start somewhere! It has to start sometime! What better place than here! What better time than now!” Rage Against The Machine - Guerrilla Radio

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Jerônimo Medina Madruga

Sobre o autor Formação Acadêmica/Técnica: Técnico em Eletrônica (2007), Formado em Tecnologia em Marketing pelo Centro Universitário de Maringá (2019), Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pelo Centro Universitário de Maringá (2019), Especialista em Docência nos Ensinos Médio, Técnico e Superior pela Faculdade Telos (2020). Linkedin: https://www.linkedin.com/in/jmmadruga/ Twitter: https://twitter.com/jmmadruga Email para contato: [email protected]

Colaboração, saber trabalhar em grupo Diego Menegazzi 1. Conte-nos um pouco sobre sua formação acadêmica/técnica e sobre o seu trabalho atualmente. Sou Bacharel em Engenharia da Computação e, minha linha de pesquisa era na Engenharia Biomédica com o projeto de um Sistema de Aquisição de Sinais Biomédicos. Estávamos desenvolvendo um módulo didático de eletrocardiograma e, logo após terminar o curso, não dei mais prosseguimento nessa linha de pesquisa. Atualmente estou fazendo Mestrado em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com o tema sobre a Lei Geral de Proteção de Dados, voltado mais para o tema de privacidade de dados, linha a qual estou trabalhando atualmente, além disso estou realizado a formação de Data Protection Officer (DPO). Atuo na área de desenvolvimento mobile, mas atualmente realizo poucos trabalhos, no entanto, ainda pretendo ser especialista no desenvolvimento para IOS. 2. Olhando para trás em sua carreira, o que você teria estudado mais e o que teria estudado menos? Teria estudado mais Swift (desenvolvimento para iOS), Linguagem de programação Python e também segurança da informação. Teria estudado menos Java e Delphi, mas na época, era o que se tinha. Além disso, trabalhei em uma empresa que tinha uma linguagem proprietária e modificada. A linguagem de programação era XHarbour, baseado em Xbase. Como era modificada, foi um conhecimento que não será utilizado em outro lugar. 3. Com relação à graduação, pensando além do conhecimento científico/técnico, como um aluno pode aproveitar melhor seu tempo como universitário?

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Para aproveitar melhor o tempo, é necessário não trabalhar. Eu mesmo fiz minha graduação a noite e durante o dia trabalhava, para o desempenho acadêmico isso é muito ruim. Você não consegue praticar e tão pouco fazer as atividades e exercícios propostas pelas disciplinas. O ideal mesmo era fazer estágio meio período, pois assim você está inserido no mercado de trabalho e consegue ter um período de dedicação a graduação. 4. Sabendo que, no mundo globalizado, precisamos saber no mínimo mais um idioma além do português, comente um pouco como você estuda ou como você estudou/aprendeu outro idioma. Infelizmente não tenho conhecimento em outro idioma, além do português. Conheço alguns termos técnicos em inglês, mas ele é nível básico. Está em meus planos iniciar um curso de inglês, logo após a conclusão do mestrado. 5. No sentido lato, como você trabalha? Que ferramentas (agenda de papel, softwares, anotações etc.) utiliza? E usa algum método para ter mais produtividade no seu trabalho? Escuta música enquanto trabalha? Pode comentar um pouco? Todo final da noite no domingo faço a organização da semana e suas atividades. Além dos compromissos, anotados no Google Agenda, utilizo o software Evernote, para organizar as atividades. Para trabalhar, prefiro que seja em silêncio, e quando existe muito barulho, procuro colocar um som ambiente para conseguir ter concentração. 6. Qual sua estratégia para aprender/conhecer um novo assunto, seja ele técnico ou não? Vai depender muito do assunto. Por exemplo, quando é uma linguagem de programação ou framework novo, procuro ir na documentação do site da empresa que desenvolveu. Apenas leio e começo a trabalhar. Outros assuntos procuro ir no YouTube e verificar se alguém já está falando sobre o assunto. Por último, se for algo que tenho realmente interesse procuro na Udemy, se possui algum curso sobre o conteúdo ou algum outro site que esteja fornecendo-o. 7. Você tem um planejamento pessoal e/ou de carreira? Você constrói um plano de ação para o próximo ano, para daqui a 5 anos, divide esse seu planejamento em áreas

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de interesse etc.? Sim, todo ano eu tenho organizado o que será realizado, que são metas grandes a serem feitas. Poucas atividades estão planejadas aqui 5 e 10 anos, devido ao fato que muitos acontecimentos ocorrem durante os anos e, às vezes, esse caminho não segue o esperado. Mas de um modo geral, existe esse planejamento e sempre espero que ele seja executado. 8. Olhando agora para as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), realizando um exercício de futurismo, como você vê a tecnologia/tendências em 2031? É difícil você prever o futuro, principalmente daqui 10 anos, mas acredito que teremos um grande avança com relação a inteligência artificial. Acho que os próprios smartphones estarão mais inteligentes. Apenas com o comando a voz, iremos executar algumas ações. Isso já acontece atualmente, principalmente com aparelhos como Google Home e Alexa. Mas acredito que estarão mais presentes no dia a dia. 9. Complementando a questão anterior, me fale agora duas tecnologias que não existirão dentro de 10 anos. E por quê? Uma tecnologia que acredito que não estará mais presente será voltado para sistemas de software, são os softwares que rodam instalados diretamente no computador, os chamados “Desktop”. A tendência é serem todos via navegador web. Outra tecnologia que acredito que não irá existir é a convivência com robôs. Essa interação com eles em casa, para auxiliar nas tarefas do dia a dia, acredito que está ainda muito longe para acontecer. Mas a tendência é que futuramente isso ocorra. 10. Você se considera um profissional Especialista ou Generalista? E como chegou a isso? Eu me considero um generalista, não procuro saber um determinado assunto profundamente. Estou sempre em busca de testar novas tecnologias e estar por dentro de tudo de novo. Por outro lado, nesses últimos anos, estou focando no importante tema relacionado a proteção de dados, mais precisamente, com a Lei Geral de Proteção de Dados e privacidade. Tema que, de certa forma, estou me tornando especialista.

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11. Pode falar um pouco sobre a tendência, se é que podemos chamar assim, de profissionais especialistas migrarem para áreas mais generalistas ou atividades de gestão com o passar do tempo? Por exemplo, engenheiros ou programadores se tornarem Gerentes. Seria essa um caminho natural ao profissional? Atualmente, acontece isso nas empresas. Alguns profissionais que são especialistas eles migram para ser gerentes, porém muitos não conseguem se adaptar pois não são especialistas em gestão de projetos. Precisam estar se capacitando para ajudar a desenvolver esse projeto. As empresas e organizações necessitam estar atentas antes de colocar algum engenheiro ou programador como gerente. Nem todos possuem perfis de liderança e isso pode ser um problema para a equipe e a organização, projetos podem atrasar, prejudicando a organização como um todo. 12. Falando agora um pouco sobre gerenciamento de projetos. Dentre as áreas do PMI temos o gerenciamento de comunicação. Como podemos melhorar a comunicação entre as pessoas envolvidas em um projeto? Como gerir de forma inteligente a comunicação entre programadores, gerentes de projeto, analistas, clientes, usuários etc. tendo em vista que possuem conhecimentos e visões distintos? Isso vai sempre depender do tamanho da equipe da organização. Sempre é importante dividir a equipe em pequenos grupos, ou times, de no máximo 4 pessoas. Assim é possível gerenciar pequenas atividades. Claro que é necessário sempre fazer reuniões, para acompanhar os projetos, além disso existem ferramentas boas para o gerenciamento da equipe que auxiliam na comunicação. 13. E com relação ao gerenciamento de pessoas, o que você aprendeu ao longo de sua carreira que pode ser útil para quem está começando agora? Primeiro de tudo, seja sempre educado, nunca exija algo de alguém colocando sobre pressão, um líder deve sempre estar do lado das pessoas e ajudar a desenvolver as atividades. Sempre procure usar boas palavras, por exemplo, “Quando você tiver um tempo, poderia ver isso para mim!?” ou “Vamos tentar resolver esse problema juntos? Eu faço essa parte com sua ajuda”. Quando você tiver atividades para ser executadas, procure deixar o time escolher e não

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indicar. Não chame atenção de alguém próximo a outras pessoas, sempre procure conversar com ela no particular e ver quais os problemas ou dificuldades ele possui. Uma boa conversa muitas vezes é mais do que suficiente para incentivar as pessoas a continuar no trabalho. Pessoas também tem dias ruins, se caso você “pegar pesado” com alguém, no outro dia peça desculpas mesmo que seja em público, para manter uma boa relação. Procure sempre separar amizade de trabalho. Infelizmente no começo funciona bem, mas depois é necessário ter uma separação, pois isso pode prejudicar o andamento da empresa. 14. Se você tivesse que escolher uma soft skill para recomendar que o profissional prestes a entrar no mercado de trabalho aprimore seria qual? E por quê? Eu recomendaria a Colaboração, saber trabalhar bem em grupo. Hoje em dia, principalmente na TI, é muito importante saber trabalhar em grupo, saber aceitar a opinião dos outros, e também conviver com as pessoas. Esse é um exercício muito importante. Pois, caso ela não trabalhe futuramente com TI, em outra área será necessário trabalhar em grupo, e hoje as pessoas importam muito. 15. Gostaria que você deixasse a recomendação de alguma coisa que é/foi importante para você aos nossos leitores. Pode ser um livro, um filme, uma música, um documentário etc. E comente porque esse conteúdo é relevante para ajudar a se tornar um profissional ou pessoa melhor. Recomendo um filme que muitas pessoas já devem ter assistido que é: À Procura da Felicidade. Retrata muito bem a história de uma pessoa que apesar de todas as dificuldades da vida, sempre foi atrás dos seus objetivos e nunca desistiu. Excelente filme para mostrar que nada é fácil, se você quer ser um bom profissional, precisa “correr atrás”, e nunca desistir dos seus objetivos. 16. No mundo atual passamos muito tempo ligados a uma tela e a própria pressão (externa ou autoimposta) pode gerar ansiedade e outros males relacionados à saúde mental. Qual é sua válvula de escape? Que atividades e/ou hobbies usa como descompressão?

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Eu não tenho hobbies de jogos eletrônicos, muito menos assistir séries, não faço muita questão, minha válvula de escape são as atividades físicas. Eu pratico Triátlon amador, sempre faço corridas, pedaladas e natação. Além disso, faço musculação na academia. Além de cuidar da saúde, é uma forma de esquecer os problemas que acontecem no dia a dia. Mas é claro, tem que gostar. Eu não faço por obrigação, gosto mesmo da prática de esportes. 17. Na sua opinião o trabalho a partir de casa (Work from home, que no Brasil ficou mais conhecido como Home Office) é mais vantajoso para o profissional e para a empresa? Pode comentar um pouco sua experiência nessa modalidade de trabalho? Acho que trouxe muitas vantagens, mas é claro que nem todos os setores conseguem executar o Home Office. Empresas de desenvolvimento de software conseguem trabalhar perfeitamente assim. No serviço público, por exemplo algumas atividades também são possíveis executar remotamente. Mas aquelas que dependem do atendimento ao público presencial, ou até mesmo indústrias que precisam trabalhar a mão de obra, infelizmente não se torna possível executar essa modalidade de trabalho. Porém, temos um fator muito importante que deve ser levado em consideração, que é o contato físico com as pessoas. Muitas vezes o virtual não deixa uma conversa fluir. Se você estiver uma sala de vídeo-conferência é preciso esperar outra pessoa para de falar para você iniciar a conversa. Entretanto, se você está em uma “roda” fisicamente, é mais fácil participar de outras conversas paralelas em grupos, por exemplo. Apenas para finalizar, o home office, é muito bom para algumas situações, mas acredito que jamais irá substituir o presencial. 18. Agora, imagine que você está no segundo ano de sua faculdade. Que conselhos você daria para esse seu “eu mais jovem”? Aproveite e deixe seu recado final para nossos leitores. Quando eu fazia faculdade, era necessário ter formação na área, pois muitas empresas contratavam com graduação completa ou em andamento, era, basicamente, um prérequisito. Hoje com vários recursos na internet, no setor de TICs, se o propósito é aprender a programar, eu aconselharia em não fazer uma faculdade. Muito conteúdo que possui lá

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você não usa hoje, disciplinas existentes apenas para concluir a grade do curso. Hoje em dia, existem muitas plataformas de aprendizagem e você aprende o que quiser, e o que tem interesse. Você perde menos tempo. Lembro que na época os professores eram acadêmicos, e não trabalhavam no mercado de trabalho. Isso é ruim para o curso, pois muitos não sabem as tecnologias novas e ficaram no academicismo. Por esse motivo, não recomendo. Naquela época, não tínhamos recursos ou novas tecnologias. Então era muito importante fazer a faculdade, até porque o mercado exigia isso. Hoje o mercado mudou, você apenas precisa saber programar e muitas vezes não precisa nem ter experiência, apenas ter vontade, que a própria empresa se responsabiliza por ensinar. Pois faltam profissionais bons no mercado. Infelizmente, hoje, fazer uma faculdade voltada para tecnologia, eu não aconselharia, a não ser que o aluno pense em seguir a vida acadêmica. Com certeza, ter o conhecimento amplo das atividades é muito importante. É esse pensamento que tenho sobre a faculdade atualmente. É uma pergunta difícil de responder, pois na época era outra realidade.

Diego Menegazzi

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Sobre o autor Formação Acadêmica/Técnica: Mestrando em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE (Data de conclusão: Fev/2021), Especialista em Desenvolvimento Web, Cloud e Dispositivos Móveis pela Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC (2020), Bacharel em Engenharia de Computação pela Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC (2017), Técnico em Informática pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI (2008). Linkedin: https://www.linkedin.com/in/diegomenegazzi/ Email para contato: [email protected]

Aprenda inglês e entenda o mercado de trabalho Gustavo Costa Meireles 1. Conte-nos um pouco sobre sua formação acadêmica/técnica e sobre o seu trabalho atualmente. Eu sou formado em Técnico em Informática com Ênfase em Programação, Bacharel em Sistemas de Informação pelo Instituto Federal Catarinense e Mestre em Ciência da Computação na UFPE. Desde 2013 sou Técnico Administrativo Federal na área de Tecnologia da Informação, desenvolvendo atividades relacionadas a suporte de TI e análise e desenvolvimento de sistemas WEB. 2. Olhando para trás em sua carreira, o que você teria estudado mais e o que teria estudado menos? Para profissionais de tecnologia é praticamente indispensável o domínio do inglês, uma vez que boa parte do conteúdo para capacitação e documentação está disponibilizado em inglês e o mercado fora do país fornece muitas oportunidades mesmo para brasileiros. Essa com certeza é uma falha na minha formação. Na minha opinião, não há conhecimento que é adquirido em vão, porém no início da minha formação, acabei me aprofundando em determinados conteúdos e negligenciado outros, por isso considero importante começar a formação estudando o máximo de tecnologias possíveis e se especializar apenas no final da sua formação e quando for ingressar no mercado de trabalho, mas sempre se mantendo atualizado e atento a novidades. 3. Com relação à graduação, pensando além do conhecimento científico/técnico, como um aluno pode aproveitar melhor seu tempo como universitário?

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É importante durante o período de formação acadêmica que o profissional desenvolva habilidades sociais e crie uma rede de relacionamentos pessoais. Esses contatos são importantes para a inserção no mercado de trabalho e para o desenvolvimento funcional do profissional. Além disso, é fundamental que o profissional de tecnologia entenda como o mercado da área está estruturado, como as oportunidades surgem e quais as competências que são mais exigidas pelo mercado de trabalho. 4. Sabendo que, no mundo globalizado, precisamos saber no mínimo mais um idioma além do português, comente um pouco como você estuda ou como você estudou/aprendeu outro idioma. Como citado anteriormente, o inglês foi uma falha na minha formação. Foi uma coisa que eu negligenciei e hoje eu vejo a falta que me fez e faz, fechando portas e podando possibilidades. Atualmente eu faço curso de inglês na modalidade semipresencial e forço o máximo possível de contato com o idioma, seja em conversas dentro de casa, séries e filmes no tempo vago e tento pensar em inglês o tanto quanto seja possível. 5. No sentido lato, como você trabalha? Que ferramentas (agenda de papel, softwares, anotações etc.) utiliza? E usa algum método para ter mais produtividade no seu trabalho? Escuta música enquanto trabalha? Pode comentar um pouco? De modo geral, gosto de sempre estar ouvindo alguma coisa enquanto trabalho, algo que não roube minha atenção do trabalho, mas que me isole do mundo externo. O estilo musical varia de pessoa para pessoa e eu mesmo alterno de acordo com o meu humor no dia, faz parte do show. No que se trata da organização do meu dia e produtividade eu uso o Trello, com ele tenho a opção de organizar as atividades a curto, médio e longo prazo, dividir em grupos de atividades, criar checklist, definir prazos, criar lembretes, entre outros. Consigo personalizar as diferentes atividades da melhor maneira para ter o melhor desempenho e organização possível. 6. Qual sua estratégia para aprender/conhecer um novo assunto, seja ele técnico ou não?

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Hoje em dia, é muito fácil obter informações e conhecimento de qualquer assunto, porém algumas vezes é difícil filtrar quais as fontes são mais seguras e produtivas, até porque tem muita gente falando sobre muitas coisas. Quando me decido aprender alguma coisa nova, inicialmente eu procuro visões gerais sobre o assunto e os pontos centrais acerca do tema, a partir desse ponto, quando o assunto é diretamente relacionado às minhas atividades e tem impacto grande no meu dia a dia eu procuro cursos de maior relevância e com credibilidade comprovada, mas quando são assuntos que admitem um aprofundamento menor eu procuro fóruns e conteúdos menos formais. Além disso, de modo geral eu gosto de uma abordagem bem prática (isso me parece uma característica intrínseca do profissional de tecnologia), não consigo assistir uma aula de 5 minutos sem colocar a mão na massa de alguma maneira, seja um conteúdo técnico ou não. Isso não necessariamente é uma coisa boa, mas é o jeito que eu gosto de fazer as coisas. 7. Você tem um planejamento pessoal e/ou de carreira? Você constrói um plano de ação para o próximo ano, para daqui a 5 anos, divide esse seu planejamento em áreas de interesse etc.? Eu gosto de me planejar no sentido de desenvolvimento pessoal e de novas competências baseado nas minhas áreas de interesse, busco sempre estar me atualizando e estudando alguma coisa nova. Quando se trata de objetivos profissionais não gosto de traçar metas. Fico ligado nas oportunidades que aparecem e busco estar sempre preparado e a partir das oportunidades eu tomo as decisões que vão direcionar a minha trajetória profissional. 8. Olhando agora para as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), realizando um exercício de futurismo, como você vê a tecnologia/tendências em 2031? É chover no molhado dizer que o mundo está cada vez mais digital, e teremos nos próximos anos um fortalecimento das ferramentas e dos mecanismos que proporcionem facilitar esse momento da humanidade. Além disso, serão intensificados e desenvolvidos modelos de trabalhos específicos voltados para o trabalho remoto a fim de retirar o máximo de desempenho possível desse regime de trabalho. No que se trata especificamente de avanços tecnológicos, creio que o nicho seja o

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desenvolvimento de tecnologias sustentáveis e voltadas ao meio ambiente, como uma forma de aumentar a “vida útil” do planeta e diminuir o impacto da adoção de um estilo de vida sustentável no dia a dia das pessoas. 9. Complementando a questão anterior, me fale agora duas tecnologias que não existirão dentro de 10 anos. E por quê? O mundo está cada vez mais dinâmico, por isso qualquer tecnologia que nos limite a espaços ou equipamentos tendem a cair em desuso, como por exemplo mídias físicas de armazenamento e telefones fixos. Outra tecnologia que posso citar são as impressoras, o uso desse equipamento está diminuindo cada vez mais, talvez não chegue a cair em desuso em 10 anos, mas terão o seu uso diminuído substancialmente, até como uma forma de se alinhar a demandas ambientais e diminuir a burocracia. Hoje em dia quase não temos mais publicidades impressas, não recebemos mais contas em casa, aplicativos de bancos já abrem boleto em PDF diretamente na parte de pagamento, já temos assinaturas digitais. Os processos e documentos estão cada vez mais se tornado apenas digitais proporcionando agilidade e, consequentemente, a diminuição do uso das impressoras. 10. Você se considera um profissional Especialista ou Generalista? E como chegou a isso? Na minha opinião, o profissional de tecnologia deve conhecer um pouco de tudo: conhecer as tecnologias, seu funcionamento, suas indicações e os principais elementos relacionados. Porém, no que se trata das atividades diárias, ele deve ser especialista em alguma tecnologia (ou tecnologias relacionadas), pois isso permite que desenvolva uma expertise que proporciona melhores oportunidades, inclusive em mercados fora do país. Como já citei anteriormente, durante a formação acadêmica deve-se ver um pouco de tudo e conhecer o maior número de assuntos, até para poder entender onde o seu perfil se encaixa mais, mas quando começa a carreira profissional, na minha opinião, é preciso dar um direcionamento específico para o conhecimento, não fechando as portas para se manter atualizado e aberto a mudanças, até porque o mercado de TI é muito dinâmico. 11. Pode falar um pouco sobre a tendência, se é que podemos chamar assim, de profissionais especialistas migrarem para áreas mais generalistas ou atividades de

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gestão com o passar do tempo? Por exemplo, engenheiros ou programadores se tornarem Gerentes. Seria essa um caminho natural ao profissional? Creio que seja uma questão de perfil profissional, não necessariamente um excelente programador seja um bom gerente. Os gerentes precisam ter conhecimentos técnicos, porém suas principais características estão relacionadas a outros aspectos como liderança, organização e gerenciamento de recursos. Dessa forma, é um caminho natural, para quem tem o perfil de gestão, se tornar gerente. Considero que seja importante os gerentes tenham uma carreira mais especialista antes de gerenciar equipes, mas não necessariamente todo o profissional de tecnologia precisa ter a ambição de se tornar um gestor. Ele pode simplesmente gostar de programar (ou qualquer outra atividade mais especialista) e continuar nessa carreira tranquilamente tendo seu talento reconhecido e recebendo bons salários. 12. Falando agora um pouco sobre gerenciamento de projetos. Dentre as áreas do PMI temos o gerenciamento de comunicação. Como podemos melhorar a comunicação entre as pessoas envolvidas em um projeto? Como gerir de forma inteligente a comunicação entre programadores, gerentes de projeto, analistas, clientes, usuários etc. tendo em vista que possuem conhecimentos e visões distintos? No que se trata do ambiente de trabalho é preciso que a comunicação seja a mais sincera e direta possível, com respeito, empatia e clareza. Uma comunicação franca e direta proporciona um entendimento do grupo com relação aos seus colegas. Por parte dos gestores é necessário que eles proporcionem um ambiente colaborativo e integrado entre as pessoas, é fundamental que todos tenham o espaço para dar sua opinião e serem ouvidos pelos companheiros de equipe. Reuniões e encontros (mesmo que virtuais) da equipe de trabalho para compartilhar suas atividades, dificuldades e opiniões proporciona um sentimento de unidade na equipe que é benéfico para o ambiente de trabalho. A comunicação com os clientes e usuários precisa ser clara também. É necessário que os profissionais de tecnologia tenham a capacidade de “traduzir” termos e expressões técnicas para quem não é da área. Isso gera uma proximidade das pessoas que não possuem conhecimento técnico e desenvolve uma relação de confiança entre as partes. 13. E com relação ao gerenciamento de pessoas, o que você aprendeu ao longo de sua

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carreira que pode ser útil para quem está começando agora? Qualquer ambiente de trabalho precisa ser colaborativo e democrático e isso se intensifica nas equipes de tecnologia. É fundamental que todos sejam incentivados a dar sua opinião sobre os assuntos e ter seu momento de fala. Aliado a isso é preciso que as competências conversacionais sejam desenvolvidas em toda a equipe, facilitando o entendimento de todos e a capacidade de se comunicar do profissional de tecnologia. Além disso, é necessário que as promessas e compromissos selados pelas partes sejam cumpridos ou justificados, isso proporciona uma relação de sinceridade e facilita a comunicação. 14. Se você tivesse que escolher uma soft skill para recomendar que o profissional prestes a entrar no mercado de trabalho aprimore seria qual? E por quê? Complementando a resposta anterior eu citaria a “Colaboração”. É preciso que os profissionais desenvolvam um sentimento de unidade na equipe, saber que os seus resultados pessoais se fortalecem a partir dos resultados coletivos e os próprios gestores estão preparados (ou deveriam estar) para desenvolver as competências coletivas, sabendo que quando um ganha, todos estão ganhando, e a derrota é coletiva da mesma forma. 15. Gostaria que você deixasse a recomendação de alguma coisa que é/foi importante para você aos nossos leitores. Pode ser um livro, um filme, uma música, um documentário etc. E comente porque esse conteúdo é relevante para ajudar a se tornar um profissional ou pessoa melhor. Apesar de as biografias serem, em geral, chatas, a biografia do Gustavo Kuerten é sensacional, uma ótima obra para entender um pouco sobre a relação de dedicação, comprometimento, perseverança e resultado. Mostra muito bem que trabalhando bem e sendo comprometido os resultados acontecem, e como que devemos superar os obstáculos que nos são colocados durante nossa vida pessoal e principalmente durante nossa carreira. 16. No mundo atual passamos muito tempo ligados a uma tela e a própria pressão (externa ou autoimposta) pode gerar ansiedade e outros males relacionados à saúde mental. Qual é sua válvula de escape? Que atividades e/ou hobbies usa como descompressão?

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O importante é aprender a ter regularidade, qualquer carreira que o profissional escolher vai durar vários anos (possivelmente a vida toda), e por isso temos que entender que o mais importante é ter consistência, pois não conseguiremos viver em alta intensidade constantemente, sem comprometer a nossa saúde mental e o convívio familiar. No meio profissional é fundamental que a pessoa saiba estimar prazos, quando estimulamos prazos muito curtos (ou por inexperiência ou por pressão) acabamos trabalhando mais e com mais pressão e, aumentando a carga de trabalho, acabamos entregando no prazo (ou antes dele) mas novas tarefas nos serão demandadas, iniciando um círculo vicioso. Hobbies são muito particulares, eu dou preferência para atividades que não envolvam “telas”, procuro me distanciar de computadores e celular, gosto de atividades ao ar livre como bicicleta, corrida, trilhas, praias, entre outros. 17. Na sua opinião o trabalho a partir de casa (Work from home, que no Brasil ficou mais conhecido como Home Office) é mais vantajoso para o profissional e para a empresa? Pode comentar um pouco sua experiência nessa modalidade de trabalho? Hoje em dia, a distância física deve ser cada vez menos empecilho para a contratação de profissionais. Temos ferramentas e tecnologias para desenvolver a produtividade em trabalho remoto. Estudos têm apresentado os benefícios em produtividade, satisfação e qualidade de vida dos profissionais e diminuição de custos sem perder qualidade para a empresa, me parece um casamento perfeito. Aliado a isso, temos a importância de reuniões presenciais para integração e alinhamento da equipe, então acredito que esses momentos precisam, quando possível, continuar acontecendo periodicamente (ou não) para que as pessoas tenham um rosto associado àquele nome nas chamadas de vídeo ou contato no WhatsApp. 18. Agora, imagine que você está no segundo ano de sua faculdade. Que conselhos você daria para esse seu “eu mais jovem”? Aproveite e deixe seu recado final para nossos leitores. Conheça o máximo de tecnologias e ferramentas possíveis, aprenda inglês e entenda o mercado de trabalho o mais cedo possível e quando começar a trabalhar seja muito bom no que você faz, mas sem abrir mão do seu tempo de diversão e relaxamento.

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Gustavo Costa Meireles

Sobre o autor Formação Acadêmica/Técnica: Formado em Bacharelado em Sistemas de Informação pelo IFC (2013), Mestre em Ciência da Computação pelo Cin/UFPE (2021). Linkedin: https://www.linkedin.com/in/gustavo-costa-meireles-85233491/ Twitter: @MeirelesGc Email para contato: [email protected]

Aquelas palmeiras estão muito rígidas, algo está errado Rafael Guersoni Resende 1. Conte-nos um pouco sobre sua formação acadêmica/técnica e sobre o seu trabalho atualmente. Em 2003 ingressei no curso de ciências da computação pela Universidade Federal de Uberlândia. Concluí o curso somente em 2009 devido a diversas situações que me fizeram repetir algumas matérias, seja questão de estágio ou mesmo preguiça e procrastinação, um misto disso tudo. Em 2016 eu concluí um curso de pós-graduação pela Escola Superior Aberta do Brasil. Havia iniciado este curso em 2011, porém, de forma semelhante à minha graduação, demorei para conseguir concluir. Atualmente atuo como Analista de Sistemas, mais especificamente como Analista de Requisitos para uma empresa da Região de Uberlândia - MG na área de Telecom. 2. Olhando para trás em sua carreira, o que você teria estudado mais e o que teria estudado menos? Sem dúvida teria focado muito mais na área técnica, em desenvolvimento de sistemas, teria valorizado muito mais as disciplinas de estrutura de dados e programação em qualquer paradigma. Tinha em mente que a área de análise ou de gerência de projetos era mais lucrativa e mais prazerosa de trabalhar, mas é exatamente o contrário, na minha opinião. 3. Com relação à graduação, pensando além do conhecimento científico/técnico, como um aluno pode aproveitar melhor seu tempo como universitário?

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No meu caso, senti muita falta de conhecer como é o dia a dia de um profissional da área, acredito que visitar empresas e conhecer as pessoas que trabalham na área seria muito proveitoso. 4. Sabendo que, no mundo globalizado, precisamos saber no mínimo mais um idioma além do português, comente um pouco como você estuda ou como você estudou/aprendeu outro idioma. Quando adolescente eu tive a oportunidade de estudar em um curso de inglês, considero que foi muito importante para que eu continuasse a estudar quando adulto por volta de 2013. Na minha opinião a melhor forma de aprender um idioma é manter contato com ele, considero que os cursos oferecidos de forma presencial são muito eficientes, porém já não sou muito adepto ao curso à distância. 5. No sentido lato, como você trabalha? Que ferramentas (agenda de papel, softwares, anotações etc.) utiliza? E usa algum método para ter mais produtividade no seu trabalho? Escuta música enquanto trabalha? Pode comentar um pouco? Atualmente trabalho com o Notepad++ para fazer minhas anotações e manipular informações e dados. Em minhas anotações costumo deixar tudo que está pendente em ordem de prioridade. Não utilizo papel para fazer anotações. Tecnicamente trabalho apenas com banco de dados e utilizo a ferramenta DBeaver para isso. Outra ferramenta que me ajuda bastante é o Google Agenda onde marco reuniões e insiro lembretes. 6. Qual sua estratégia para aprender/conhecer um novo assunto, seja ele técnico ou não? Quando o assunto é algo técnico, preciso fazer exercícios e testes para conseguir aprender. Quando é algo que preciso decorar, costumo fazer resumos e anotações. 7. Você tem um planejamento pessoal e/ou de carreira? Você constrói um plano de ação para o próximo ano, para daqui a 5 anos, divide esse seu planejamento em áreas de interesse etc.? Normalmente todo início do ano eu faço alguma meta pra mim com relação a minha vida profissional, seja conseguir um aumento, mudar de área ou de empresa. Raramente acontece como planejado.

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8. Olhando agora para as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), realizando um exercício de futurismo, como você vê a tecnologia/tendências em 2031? A principal evolução que vejo são as ferramentas cloud, seja armazenamento ou processamento. Até mesmo aplicativos que antes utilizávamos apenas em nossos computadores, hoje conseguimos utilizar pela web, como editores de textos e planilhas. Outra coisa que vejo com bons olhos são os microsserviços, pequenas implementações de softwares (independentes) compondo uma solução maior. 9. Complementando a questão anterior, me fale agora duas tecnologias que não existirão dentro de 10 anos. E por quê? Acho difícil uma tecnologia deixar de existir. Ela pode cair em desuso ou ter sua utilização reduzida, como o Delphi, Ruby on rails, etc. 10. Você se considera um profissional Especialista ou Generalista? E como chegou a isso? Hoje me considero um profissional generalista, com o passar dos anos e a atuação em uma área de negócios em Telecom, me tornei de certa forma um detentor do conhecimento do processo da empresa, o que me levou ao cargo de Analista de Requisitos, atuando em estruturação de produtos e processos. 11. Pode falar um pouco sobre a tendência, se é que podemos chamar assim, de profissionais especialistas migrarem para áreas mais generalistas ou atividades de gestão com o passar do tempo? Por exemplo, engenheiros ou programadores se tornarem Gerentes. Seria essa um caminho natural ao profissional? Na minha opinião, quando o profissional não é tão ligado à parte técnica, mesmo atuando tecnicamente, o que acontece é o envolvimento desse na elaboração das soluções a serem criadas, seja como um arquiteto ou como um analista de requisitos, o que leva o profissional a não colocar mais a “mão na massa”. Existem aqueles também que nunca quiseram atuar na parte técnica, iniciam a carreira gerenciando chamados por exemplo, e evoluem para uma gestão de projetos. 12. Falando agora um pouco sobre gerenciamento de projetos. Dentre as áreas do PMI temos o gerenciamento de comunicação. Como podemos melhorar a comunicação

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entre as pessoas envolvidas em um projeto? Como gerir de forma inteligente a comunicação entre programadores, gerentes de projeto, analistas, clientes, usuários etc. tendo em vista que possuem conhecimentos e visões distintos? Acredito que a melhor forma de gerir a comunicação é garantir o entendimento de tudo aquilo que é dito, seja numa reunião ou em uma conversa “mano a mano”, sempre questionando se o que foi dito foi entendido e prestando atenção na reação das pessoas. Muitas pessoas afirmam ter entendido algo que foi dito, porém pela reação delas, conseguimos perceber que não houve o entendimento completo. Além disso, é necessário documentar aquilo que foi dito em uma ata, um e-mail de forma a firmar um “contrato” de entendimento entre as partes. 13. E com relação ao gerenciamento de pessoas, o que você aprendeu ao longo de sua carreira que pode ser útil para quem está começando agora? Considero que é muito importante entender o perfil de cada profissional que você está lidando em um projeto, é necessário entender qual tipo de atividade cabe a cada um da equipe. Por exemplo, considero que um profissional mais comunicativo e eloquente seja mais apto a um trabalho como análise de requisitos, gestão de projetos, etc., porém o profissional mais introvertido, costuma lidar melhor com tarefas que exigem mais concentração. Lógico que isso não é uma regra, precisa-se conhecer a equipe e principalmente ouvir e entender o interesse de cada um. 14. Se você tivesse que escolher uma soft skill para recomendar que o profissional prestes a entrar no mercado de trabalho aprimore seria qual? E por quê? O que vejo com muito bons olhos é o profissional que tem o desejo de colaborar e fazer as atividades da equipe fluírem. É muito comum o profissional ficar “amarrado” apenas nas atividades que ele tem costume de fazer e não tentar ajudar e colaborar com outras atividades. Além de ser ruim para a equipe, o próprio profissional fica limitado e não evolui em sua posição. 15. Gostaria que você deixasse a recomendação de alguma coisa que é/foi importante para você aos nossos leitores. Pode ser um livro, um filme, uma música, um documentário etc. E comente porque esse conteúdo é relevante para ajudar a se tornar um profissional ou pessoa melhor.

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Pode parecer inusitado, mas o que mais me toca e muitas vezes me ampara são sonhos, literalmente os sonhos enquanto estamos dormindo. Por exemplo, certa vez estava muito preocupado com um projeto e costumava até a perder o sono de noite porque não conseguia evoluir com minhas atividades. Aconteceu que em uma noite tive um sonho com uma amiga muito querida da nossa família, uma pessoa que sempre passou muita tranquilidade para mim. Ela me olhou, apontou para o horizonte onde havia algumas palmeiras e, apesar de estar ventando, as folhas delas não se mexiam, então ela disse: “Aquelas palmeiras estão muito rígidas, algo está errado”. Pode parecer loucura, mas aquilo me fez ver que eu estava sendo muito rígido comigo mesmo e isso estava afetando a minha produtividade. Então fiz algumas reflexões e passei a levar a coisa de uma forma mais leve, isso fortaleceu minha amizade com a equipe e me fez produzir melhor. 16. No mundo atual passamos muito tempo ligados a uma tela e a própria pressão (externa ou autoimposta) pode gerar ansiedade e outros males relacionados à saúde mental. Qual é sua válvula de escape? Que atividades e/ou hobbies usa como descompressão? Eu tenho várias válvulas de escape que algumas vezes me levam até a procrastinar um pouco, adoro jogar videogame, gosto de tomar uma cerveja com os amigos, gosto de tocar instrumentos musicais, passear, viajar. Mesmo assim algumas vezes acabamos com uma certa ansiedade ou mesmo depressão, acho que não tem uma formula mágica para fugir disso. O melhor é refletir e tentar se sentir sempre satisfeito com aquilo que temos. 17. Na sua opinião o trabalho a partir de casa (Work from home, que no Brasil ficou mais conhecido como Home Office) é mais vantajoso para o profissional e para a empresa? Pode comentar um pouco sua experiência nessa modalidade de trabalho? Quando comecei a trabalhar em casa fiquei um pouco resistente e preocupado, a nossa rotina foi quebrada de uma forma muito veloz, senti muita falta do contato pessoal com a equipe de trabalho. Hoje, analisando com calma, vejo que há muitas vantagens. Por exemplo, não preciso mais pegar o trânsito pesado que pegava todos os dias, passo mais tempo com minha família, tenho uma alimentação melhor, diminuí os gastos com combustível,

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estacionamento e alimentação. Há também algumas desvantagens, por exemplo, as pessoas perderam um pouco o sentimento de horário de trabalho, acham que estamos disponíveis a qualquer momento. O serviço dentro de casa também é pesado, fazer almoço limpar casa, cuidar de criança, etc. O horário de almoço que antes eu aproveitava para fazer academia, preciso fazer almoço, dar banho na minha filha e colocá-la para dormir enquanto minha esposa lava as louças e arruma a casa. Enfim, acho que o trabalho em casa é de fato vantajoso para a empresa devido a redução de custos com o local de trabalho (energia, alimentação, limpeza). Para o funcionário eu não sei opinar se é de fato vantajoso, acho que causa um certo isolamento que é psicologicamente ruim. 18. Agora, imagine que você está no segundo ano de sua faculdade. Que conselhos você daria para esse seu “eu mais jovem”? Aproveite e deixe seu recado final para nossos leitores. Eu diria para seguir os próprios desejos e procurar evoluir da forma que era a minha pretensão e não a da empresa que te leva para atender uma determinada necessidade e muitas vezes te desvia do objetivo que tinha como evolução profissional. Meu recado final é para que o analista de sistemas nunca deixe de lado a área técnica. Qualquer profissional da área deve saber programar, mesmo que seja um gerente de projeto ou analista de requisitos.

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Rafael Guersoni Resende .’.

Sobre o autor Formação Acadêmica/Técnica: (2015 - 2016) PÓS-GRADUAÇÃO, ENGENHARIA DE SISTEMAS, ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL; (2003 - 2008) BACHARELADO, CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA Linkedin: https://www.linkedin.com/in/rafael-resende-b7711032/ Email para contato: [email protected]

Esteja presente no time Rogério Mendes 1. Conte-nos um pouco sobre sua formação acadêmica/técnica e sobre o seu trabalho atualmente. Posso dizer que fui um privilegiado, pois desde muito jovem eu já havia definido claramente minha área de formação. Meus pais nunca tiveram a oportunidade de fazer uma graduação, então minha grande influência foi meu padrinho, que já havia se formado em Engenharia Elétrica. Sempre tendo isso em mente, e agora sim, sob uma forte influência dos meus pais, fiz uma prova de qualificação para um curso técnico em telecomunicações na ETFG (Escola Técnica Federal de Goiás) em 1987 e, aos 17 anos, consegui passar no vestibular para Engenharia Elétrica na UNIUBE (Universidade de Uberaba) em 1991. Foram 5 anos de muito estudo e dedicação, pois naquela época (1991-1995) a Internet ainda dava seus primeiros passos e a única fonte de informação realmente acessível estava restrita aos livros do acervo das bibliotecas. Mesmo ainda cursando Engenharia Elétrica eu via a necessidade de começar a atuar no mercado de trabalho… e naquele tempo fui apresentado ao mundo de TI que, assim que conheci, tive absoluta certeza que seria minha área de atuação (mesmo sendo diferente da minha área de formação). Iniciei os primeiros trabalhos (meio amador, meio profissional) prestando suporte simples ao usuário, como instalação de aplicativos e treinamento de operação de sistemas. O tempo foi passando, minha experiência aumentando, também passei a prestar serviços em empresas e conheci o mundo corporativo. O ano era 1996, eu já tinha 5 anos de experiência e 1 ano de formado. Todo profissional deve buscar conhecimento e ascensão na carreira, e de simples suporte, passei também a trabalhar como desenvolvedor de sistemas, incialmente com a linguagem Clipper, posteriormente com Delphi (já com recursos de interface gráfica).

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Infelizmente, todo desenvolvedor de sistemas vai ter um caso ou cliente em que a execução ou entrega do sistema não teve êxito e comigo isso também aconteceu. O ano era 1999 e por causa dessa situação, decidi mudar o rumo da minha carreira e passei a me dedicar mais aos aspectos relacionados à infraestrutura de rede e segurança de dados. Em 2001, iniciei minha primeira pós-graduação, que foi focada em redes de computadores e foi, de fato, paixão à primeira vista. Não era a primeira paixão, porque eu também havia me apaixonado pela área de desenvolvimento, mas quem disse que a gente tem que ter somente uma paixão durante toda a vida? Era um mundo totalmente novo a ser descoberto. Como a informação sai de um computador, percorre toda a rede e chega no outro equipamento, como garantir a segurança dos dados contra a invasão. A internet já era uma realidade no Brasil e posso dizer que tive acesso aos melhores conteúdos e grandes mentores, estando inserido em mundo acadêmico de uma universidade federal. Também nessa época e durante a pós-graduação tive contato com o mundo de open-source (Linux tem tudo a ver com segurança de dados, não é?!). Em 2002, fundei uma empresa totalmente dedicada a trabalhar com soluções baseadas em Linux e isso ainda não era uma realidade no Brasil, principalmente se tratando de uma cidade no interior do estado de Minas Gerais. Foi uma época de muita descoberta e aprendizado, pois meu sócio na época era um dos profissionais mais tecnicamente capazes que tive a oportunidade de conhecer ao longo de toda a minha trajetória. A empresa realmente estava prosperando, chegamos a ter 11 funcionários e faturamento perto dos R$500.000/ano, mas infelizmente nossos caminhos se separaram. Em 2003, iniciei formalmente minha carreira acadêmica, atuando como professor de graduação nos cursos e disciplinas voltadas à área técnica. Conforme citei anteriormente, todo profissional deve buscar o conhecimento e ascensão profissional. Atuar na área acadêmica está diretamente relacionado com isso, e essa (nova) paixão, posso dizer que me acompanha até os dias atuais. Uma vez que você se torna professor e tem a oportunidade de transformar a vida das pessoas, você nunca mais “deixa” de ser professor. É óbvio que, em alguns momentos da minha vida profissional, houve mais dedicação do que em outros, mas essa paixão pela sala de aula nunca mais deixei sair de mim. Em 2005, e ainda atuando como professor universitário (na graduação e agora também na pós-graduação), fiz minha segunda pós-graduação, obviamente voltada para a

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carreira acadêmica. O curso era de Metodologia do Ensino Superior, e tinha como objetivo preparar os profissionais com visão muito técnica para um contexto mais “humanizado”, que, devo reconhecer, fazia muito sentido. De fato, eu nunca havia me preparado formalmente para assumir uma sala de aula. Em 2006, fui convidado para assumir uma posição técnica em uma grande operadora de telecomunicações. Até aquele instante do tempo, era sem dúvida meu ápice, pois eu passei a ter contato com tecnologias que em nenhuma outra empresa eu teria oportunidade (onde você vai ter a chance de configurar um firewall para rede de celular?). Atuando como professor titular e ainda na operadora de telecomunicações em 2008 tive minha primeira oportunidade de trabalhar fora do país: solicitei uma “licença acadêmica” e fui morar/trabalhar em Chennai (Índia). Não há como descrever essa experiência, pois a transformação e amplitude vai muito além do âmbito profissional, uma vez que consegui obter novos conhecimentos e certificações técnicas e realmente aprimorar meu nível de inglês. Tive a oportunidade de conhecer profissionais de altíssimo nível e de descobrir novos valores como ser humano. Em 2012, novamente, há uma grande mudança no rumo de minha vida pessoal e carreira profissional… fui convidado para assumir um cargo de gestão em uma grande indústria no estado de Goiás, “peguei” minha família e voltei para Goiânia. Foram quatro anos de muita ascensão profissional (e financeira, até que enfim). Minha nova área de atuação estava focada em Governança e Processos de TI e foi muito gratificante poder implementar uma nova forma de trabalho em uma empresa de grande porte. Em 2016, participei de um grande projeto com uma multinacional que havia adquirido parte das operações dessa indústria farmacêutica e após a entrega (Go-Live) do projeto, fui convidado para fazer parte dessa nova operação. Uma característica minha que já devem ter percebido é a de “aproveitar as oportunidades” que a vida me apresenta, e novamente aceitei o desafio e mudei os rumos de minha carreira. Pela segunda vez, tive a oportunidade trabalhar fora do país e agora meu destino foi Barcelona (Espanha). Uma cidade belíssima, com uma cultura muito diferente da nossa. Dessa vez, foi meu espanhol que deu um “up”, além obviamente de ter adquirido novos conhecimentos e conhecido novas pessoas. Agora, minha área de atuação (lembre-se que a essa altura eu já havia trabalhado com suporte, desenvolvimento de sistemas, infraestrutura, segurança de dados, governança

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e processos) estava focada em Compliance e passei a reportar indiretamente para o head quarter da empresa que ficava em New York. Devo confessar que, apesar de ser um tempo de muito aprendizado, todas as vezes que havia auditoria dos EUA, e eu era o responsável por responder pela unidade do Brasil, foram momentos de muito trabalho e pressão. Com um time geograficamente localizado em 6 países (Brasil, Costa Rica, Espanha, EUA, Filipinas e Índia), meu nível de inglês e espanhol estava realmente “afiado” e eu já ocupava o cargo de Sr. IT Manager, mas em 2018 recebi um convite para assumir toda a operação de outra grande indústria (dessa vez um laticínio) com atuação em todo o território nacional. Devo confessar que eu estava em minha zona de conforto na multinacional, mas uma situação me incomodava muito, pois eu já sabia que havia “atingido o teto” e que dificilmente eu iria ter mais alguma ascensão profissional em minha carreira se permanecesse lá. Aceitei a nova proposta e permaneci durante 1 ano nessa nova empresa, e apesar de ter sido uma história relativamente curta, fiz muito amigos e grandes projetos por lá. Em 2019, participei do processo de seleção e fui contratado para assumir o cargo de Diretor de TI & Inovação da maior empresa do mundo em seu segmento da atuação. Com faturamento total de aproximadamente R$8Bi, eu de fato tive minha realização profissional, pois tudo aquilo com o qual eu havia sonhado, planejado, mas acima de tudo, dedicado, estava se realizando na minha frente. Consegui implantar grandes projetos que viraram casos de sucesso e essas informações e depoimentos estão públicos na Internet. O trabalho estava sendo realizado e reconhecido, mas como é de conhecimento de todos, o ano de 2020 foi marcado pela pandemia e seus impactos econômicos em toda a cadeia produtiva. A empresa em que eu trabalhava não estava imune a esse impacto e, infelizmente, nossa história se encerrou em julho de 2020. Minha recolocação foi realmente rápida, levando-se em consideração o cenário de incerteza de todas as empresas, e desde agosto de 2020, voltei para a indústria e assumi a área de TI de uma empresa vez voltada à alimentação saudável. 2. Olhando para trás em sua carreira, o que você teria estudado mais e o que teria estudado menos? Teria estudado mais disciplinas e conteúdos voltados ao negócio, pois a menos que

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você esteja em uma empresa de tecnologia (e tive essa experiência na operadora de telecomunicações e na minha empresa), geralmente a área de TI é uma área de suporte ao negócio (tive essas experiências em todas as indústrias que passei) portanto é importante saber como a TI pode ajudar a transformar as áreas de negócio da empresa. 3. Com relação à graduação, pensando além do conhecimento científico/técnico, como um aluno pode aproveitar melhor seu tempo como universitário? Estabelecendo network com outros alunos, inclusive de outros cursos, mas também julgo ser muito importante dedicar parte de seu tempo para aprender conteúdo por puro prazer (sem necessariamente ter relação com o curso em si). Faça curso de Ioga, de Oratória ou de Mágica por exemplo, pois isso pode lhe proporcionar uma nova visão sobre as coisas, e acredite, se seu coração te colocar nessa direção, não se preocupe… “lá na frente” tudo vai fazer sentido, mesmo que não tenha uma lógica inicial… acredite em seu instinto (ensinamento da época em que eu vivi na Índia). 4. Sabendo que, no mundo globalizado, precisamos saber no mínimo mais um idioma além do português, comente um pouco como você estuda ou como você estudou/aprendeu outro idioma. Acredito que já tenha descrito como consegui aprimorar “meu” inglês e espanhol, mas tenho outra história interessante. O ano era 2004, eu ainda estava inserido no contexto de uma universidade federal, e como acontece com todas as pessoas, em determinado momento da vida, tudo que eu estudava, escutava ou lia, estava relacionado com minha atividade profissional. Eu precisava ter um mecanismo de fuga e resolvi fazer um curso de idioma para aprender outra língua. Veja bem, meu objetivo em si, nem era (de fato) aprender outra língua, era muito mais, ter uma “rota” de fuga com a qual eu pudesse me dedicar sem estar diretamente ligado ao trabalho. Enfim, me encaminhei à Central de Línguas (sim, esse era realmente o nome do local) da universidade para me matricular em um curso de latim (porque na minha visão simplista deveria ser muito difícil de aprender, mas por outro lado, também poderia se mostrar útil em algum momento). Quando a secretária me atendeu, fui informado que o curso não seria disponibilizado naquele semestre, então solicitei a grade de cursos disponíveis para que eu pudesse

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escolher outro “curso difícil”, pois meu objetivo era fazer algo em que eu precisasse me dedicar (e nesse caso, inglês e espanhol não precisaria de tanta dedicação). Analisando as opções disponíveis, o curso que me chamou a atenção, pelo seu grau de dificuldade foi o Alemão, e assim o fiz, me matriculei e pude aprender (pelo menos naquela época) o idioma. A questão aqui refere-se à forma da tomada de decisão, que não foi nada lógica sob o aspecto de necessidade em ter que aprender o idioma por uma obrigatoriedade, concurso ou coisas do tipo. 5. No sentido lato, como você trabalha? Que ferramentas (agenda de papel, softwares, anotações etc.) utiliza? E usa algum método para ter mais produtividade no seu trabalho? Escuta música enquanto trabalha? Pode comentar um pouco? Minhas principais ferramentas de trabalho são o notebook e o celular. Como já há muito tempo eu tenho um papel de gestão/liderança de pessoas, minhas principais aplicações são e-mail, editor de documentos, planilhas e apresentações. Para aumentar minha produtividade no dia-a-dia, eu procuro organizar minha agenda com antecedência e utilizo uma metodologia denominada GTD (Getting Things Done). Quando preciso trabalhar ou entregar um projeto eu inevitavelmente utilizo a música como ferramenta de apoio, e nesse quesito posso dizer que sou bem eclético… escuto praticamente qualquer (mesmo) gênero musical. 6. Qual sua estratégia para aprender/conhecer um novo assunto, seja ele técnico ou não? Inicialmente eu procuro entender onde esse novo conhecimento vai me ajudar no presente ou no futuro e a partir daí eu já tenho condições de me planejar com maior ou menor velocidade e profundidade no tema. A partir dessa definição passo a consumir material especializado (sites, vídeos, podcasts) e conversar com outros executivos que já podem ter passado pela mesma necessidade do que eu. 7. Você tem um planejamento pessoal e/ou de carreira? Você constrói um plano de ação para o próximo ano, para daqui a 5 anos, divide esse seu planejamento em áreas de interesse etc.? Sempre planejei em grandes marcos, minha carreira: morar fora do Brasil, estar num cargo de Diretor de TI de uma grande empresa, ganhar X Mil Reais por mês, dentre

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outras coisas, mas devo confessar que agora meus planos estão muito mais voltados à qualidade de vida: ter X horas de lazer, trabalhar X dias em home office, o que me possibilita viajar mais, conhecer mais lugares, mesmo que para isso eu tenha que ganhar menos dinheiro (mas não se iluda, eu me PLANEJEI para chegar nesse ponto). 8. Olhando agora para as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), realizando um exercício de futurismo, como você vê a tecnologia/tendências em 2031? Ao longo dos últimos 40 anos (desde o final da década de 80), eu pude acompanhar a migração de uma arquitetura baseada em mainframe (que vinha perdurando desde a década de 60) para uma arquitetura cliente-server. Nos últimos 05 anos, estamos presenciando uma nova migração, dessa vez da arquitetura cliente-server para uma estrutura baseada em cloud computing. Mas se analisarmos sob uma ótica mais ampla, qual a diferença entre um mainframe (que tinha como princípio fundamental processar todas as informações sistêmicas) e uma arquitetura em cloud? Ou seja, o que estamos vivendo nesse momento é um retorno à arquitetura N x 1 (o processamento de muitos dispositivos sendo realizado em 1 servidor). O que mudou foi simplesmente a nomenclatura. É óbvio que essa análise é de alto nível e sei muito bem as diferenças entre elas, mas o que quero expressar (e veja que esse é o meu ponto de vista), é que daqui a alguns anos (2031) teremos um novo ciclo, em que parte do processamento voltará a ser realizados nos dispositivos, e nesse caso, vejo que os smartphones terão um papel fundamental. As redes 5G e os novos processadores dos dispositivos farão ressurgir a arquitetura cliente-server. 9. Complementando a questão anterior, me fale agora duas tecnologias que não existirão dentro de 10 anos. E por quê? Na minha visão, o banco de dados relacional já tem seus dias contados, pois agora já falamos em estrutura de dados na ordem de Petabytes, e com isso os conceitos de indexação não conseguem mais ter a performance que as aplicações e, principalmente, os usuários exigem. Outra tecnologia que tende a desaparecer nos próximos anos é o broadcast em TV (comumente chamada de TV a cabo). Cada vez mais, o usuário quer ter o poder de escolher o que vai assistir e não ficar sujeito à programação de uma emissora de

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TV, então a tendência natural é que cancelemos a assinatura da NET, por exemplo, e passemos a consumir muito mais vídeos da Netflix ou do próprio Youtube. 10. Você se considera um profissional Especialista ou Generalista? E como chegou a isso? No meu ponto de vista, não é tão simples separar o profissional em duas categorias, Especialista ou Generalista. Muito tempo de minha carreira foi dedicada a tratar assuntos técnicos, ora como desenvolvedor de sistemas, ora como infraestrutura ou segurança de dados, o que naturalmente me classificaria como um Especialista. Após longos anos na carreira técnica migrei para a área de processos e Compliance, e ainda mais recentemente tenho assumido cargos executivos e de liderança de pessoas, o que me tornaria um profissional mais generalista. A forma que eu me enxergo e procuro me posicionar é a de um profissional focado em pessoas, principalmente formação e gestão de grandes times, mas com um background técnico sólido. 11. Pode falar um pouco sobre a tendência, se é que podemos chamar assim, de profissionais especialistas migrarem para áreas mais generalistas ou atividades de gestão com o passar do tempo? Por exemplo, engenheiros ou programadores se tornarem Gerentes. Seria essa um caminho natural ao profissional? Procurei abordar essa questão no tema anterior, e continuando a linha de raciocínio, todo profissional, em algum momento de sua trajetória, vai ser deparar com a grande decisão da “Carreira em Y”. Tive a oportunidade de trabalhar com grandes pessoas que migraram da carreira técnica para a área de gestão e se tornaram excelentes líderes, assim como pessoas que não se adaptaram a lidar com a mudança na carreira, se frustraram como gestores e retornaram à carreira técnica. Então acredito que o caminho natural, seja o profissional se permitir “experimentar” a carreira de gestão, para aí sim, ter mais condições de tomar uma decisão mais assertiva. 12. Falando agora um pouco sobre gerenciamento de projetos. Dentre as áreas do PMI temos o gerenciamento de comunicação. Como podemos melhorar a comunicação entre as pessoas envolvidas em um projeto? Como gerir de forma inteligente a comunicação entre programadores, gerentes de projeto, analistas, clientes, usuários etc. tendo em vista que possuem conhecimentos e visões distintos?

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Tendo como premissa que todas as pessoas envolvidas no projeto têm um bom nível de conhecimento, a responsabilidade da comunicação clara e objetiva é do gerente de projetos. Existem metodologias eficazes que podem ser utilizadas e eu particularmente gosto do 5W2H, mas já a alguns anos eu não utilizo o PMI como forma de gerenciamento de projetos de desenvolvimento de sistemas. Desde que tive contado com o Scrum, entendi que para minimizar os desvios que eram comuns nos projetos, o Scrum é muito mais eficaz, mas ressalto que para projetos que envolvem a infraestrutura, o bom e velho PMBoK ainda é o melhor aliado. 13. E com relação ao gerenciamento de pessoas, o que você aprendeu ao longo de sua carreira que pode ser útil para quem está começando agora? Com certeza muitas lições e aprendizados foram adquiridos ao longo da carreira, mas de fato, alguns ensinamentos foram mais marcantes, e gostaria de destacar a maior qualidade que considero em um líder: ESTAR presente no time, seja presencialmente ou remotamente, mas acima de tudo, que seja através de sua conduta e valores. Estar presente significa muito mais do que dar “Bom dia” a todos na empresa ou no Grupo do WhatsApp. Estar presente significa que, mesmo não estando aos olhos de todos, a liderança se faz presente, pois todos do time já estão engajados e com os mesmos objetivos. É claro que conseguir atingir esse nível de comprometimento leva tempo, mas o resultado é absolutamente certo. 14. Se você tivesse que escolher uma soft skill para recomendar que o profissional prestes a entrar no mercado de trabalho aprimore seria qual? E por quê? Sem dúvida, eu recomendo a capacidade de adaptação a mudanças, pois cada vez mais estaremos inseridos em um contexto com alto grau de incerteza e grande velocidade para tomada de decisão (geralmente denominado VUCA). Portanto, caso uma decisão que tenha sido tomada incialmente para um caminho, quando se mostrar ruim, ou que deva ser revista, a nova decisão será ajustada rapidamente. Se não houver maturidade do profissional a essa capacidade de adaptação a mudanças, ele pode ficar com uma visão superficial que a empresa não tem rumo ou direção certa, o que de fato não é (necessariamente) verdade. Simplesmente as coisas acontecem numa velocidade muito maior agora. Tratar essas mudanças de forma tranquila, sabendo que “faz parte”, e sem sofrimento

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vai potencializar sua carreira. A maioria das pessoas, além de serem resistentes às mudanças, quando essas mudanças ocorrem, têm uma reação de reclamar da situação. 15. Gostaria que você deixasse a recomendação de alguma coisa que é/foi importante para você aos nossos leitores. Pode ser um livro, um filme, uma música, um documentário etc. E comente porque esse conteúdo é relevante para ajudar a se tornar um profissional ou pessoa melhor. Um livro que marcou muito minha carreira, justamente abordando as questões referentes a capacidade de adaptação a mudanças foi Who Says Elephants Can’t Dance? Leading a Great Enterprise Through Dramatic Change (traduzido para português como Quem Disse Que Os Elefantes Não Dançam? Os Bastidores Da Recuperação) Nesse livro, Louis Gerstner conta a história do renascimento da IBM. Depois de sua aposentadoria, o autor frequentemente era inquirido por outros CEOs e chefes de estado sobre sua experiência como CEO na IBM. Muitos desses interlocutores deixaram claro ao autor que faziam essas perguntas por que suas próprias empresas, organizações ou governos sofriam de alguns dos mesmos problemas com que se defrontou a IBM durante seu tão comentado quase colapso na década de 1990. Por isso nessa obra, Louis Gerstner compartilha sua experiência na IBM mostrando como a empresa superou suas dificuldades. Com relação a filmes, fica realmente difícil recomendar somente um, pois cada conta uma parte ou tem um ponto de vista específico sobre a evolução das empresas (Microsoft, Apple, etc.) ou da tecnologia em si, mas para não ficar “em cima do muro”, minha sugestão é Ivory Tower (traduzido para o português como Torre de Marfim), que é um documentário que aborda o sistema de ensino americano a partir de uma simples pergunta: A faculdade vale o que custa? O cineasta Andrew Rossi faz a pergunta crítica sobre o valor da educação superior, revelando como as faculdades adotam um modelo de negócios que, frequentemente, prioriza a expansão em detrimento da qualidade do aprendizado. Com mensalidades cada vez mais altas e empréstimos estudantis atingindo a marca de mais de um trilhão de dólares, a outrora grande instituição americana está prestes a romper. Torre de Marfim: A crise universitária norte-americana explora a atual crise na educação, desde os salões de Harvard até as faculdades públicas e o aprendizado online, fornecendo uma visão impressionante sobre o meio universitário.

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16. No mundo atual passamos muito tempo ligados a uma tela e a própria pressão (externa ou autoimposta) pode gerar ansiedade e outros males relacionados à saúde mental. Qual é sua válvula de escape? Que atividades e/ou hobbies usa como descompressão? A resposta a essa pergunta vai revelar um “segredo” da minha vida pessoal… eu pratico aulas de dança (às vezes como aluno, às vezes como instrutor) já a algum tempo. Junto com minha esposa, iniciamos um projeto social de levar a dança de salão aos hospitais (geralmente para a recepção), mas em virtude de todo o cenário de pandemia, desde março de 2020 tenho assistido muito mais Netflix do que praticado dança. 17. Na sua opinião o trabalho a partir de casa (Work from home, que no Brasil ficou mais conhecido como Home Office) é mais vantajoso para o profissional e para a empresa? Pode comentar um pouco sua experiência nessa modalidade de trabalho? A área de tecnologia é muito ampla, e as particularidades devem ser tratadas de forma separada. Tome como exemplo a área de desenvolvimento de sistemas ou banco de dados: o trabalho home office é 100% viável, pois são atividades de intelecto em que a própria interação com o usuário pode ser feita de forma remota. Agora, quando se trata da área de infraestrutura por exemplo, fica muito mais difícil conseguir conciliar um trabalho totalmente remoto, pois em muitos casos, o problema é de natureza física, em equipamentos, e nesse caso o suporte deve ser prestado localmente. Ainda assim acredito que, mesmo em casos em que é necessário o suporte local, ainda há espaço para adaptação e ajuste para que todos (funcionários e empresas) tenham proveito dessa forma de trabalho. O problema a ser tratado, na minha opinião, refere-se muito mais sobre a forma como as empresas fazem a gestão dos seus colaboradores. Na maioria dos casos, o modelo ainda é de comando e controle, e num trabalho realizado remotamente (home office), o modelo precisa gerar resultado e produtividade. 18. Agora, imagine que você está no segundo ano de sua faculdade. Que conselhos você daria para esse seu “eu mais jovem”? Aproveite e deixe seu recado final para nossos leitores. Um comportamento que eu mesmo já havia identificado nos períodos iniciais da graduação, traz uma visão muito equivocada que muitos alunos têm da área de tecnologia, pois

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conversando com eles (dentro ou fora da sala de aula) alguns deles tinham absoluta convicção que iriam ter uma ideia “mágica”, fundar uma startup e ficariam milionários em 5 anos. Então, caro leitor, saiba que dificilmente você conseguirá algo na vida sem esforço e dedicação, mesmo sendo um excelente profissional (e isso depende somente de você). O caminho não será fácil, portanto, seja realista, tenha metas claras e comece a trabalhar para realizá-las. Simplesmente reclamar ou identificar um problema, por mais que seja um comportamento natural, não resolve a questão. O caminho é parar de se vitimizar ou colocar a culpa nos outros e “arregaçar as mangas”! Cair faz parte do jogo, mas acima de tudo, levante e siga em frente

Rogério Mendes

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Sobre o autor Formação Acadêmica/Técnica: Formado em Engenharia Elétrica pela UNIUBE (1995), Especialista em Redes de Computadores pela UFU (2002), Especialista em Metodologia do Ensino Superior pela UNIPAC (2006) e Máster Administración y Dirección de Empresas pela ENEB (2021). Linkedin: https://www.linkedin.com/in/rmendesferreira Twitter: @rmendesferreira Email para contato: [email protected]

É preciso ter dedicação e regularidade para ter resultados Diego Barbosa dos Reis 1. Conte-nos um pouco sobre sua formação acadêmica/técnica e sobre o seu trabalho atualmente. Eu sou funcionário público federal, com atuação na área de suporte de computadores da Universidade Federal de Uberlândia. Comecei minha formação no ano de 2011, em Sistemas para Internet no CESUC da cidade de Catalão - GO, mas após 1 ano de curso eu me transferi para Uberlândia e me formei em 2014 em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela UNIPAC. Após isso fiz uma especialização na ESAB em Tecnologias de Gestão Pública e Responsabilidade Fiscal. Foram cursos que me ajudaram bastante por todos os aspectos, tanto conhecimento técnico quanto em círculo de amizades que se formaram durante todos esses anos. Em 2011 eu já estava exercendo a profissão como estagiário na Prefeitura de Araguari, na mesma área de suporte de computadores, foi onde tudo começou e onde eu conheci muito da área por ser a primeira vez que eu estava trabalhando como um profissional de informática. Linux, configuração de redes, IP estático ou dinâmico, configuração de impressoras, era tudo novo e um aprendizado que me ajudou pela minha vida. 2. Olhando para trás em sua carreira, o que você teria estudado mais e o que teria estudado menos? Hoje, a carreira do profissional de TI é muito ampla e com diversas possibilidades de especialização, devido ao crescimento da área em diversos ramos. A minha formação sempre foi em desenvolvimento de sistemas tendo iniciado em Sistemas para Internet e depois migrado para Análise e Desenvolvimento de Sistemas, mas eu sempre trabalhei com suporte e infraestrutura. Até parece que o meu destino era

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esse, pois quando eu iniciei estágio na prefeitura, a minha atuação seria de professor para alunos de uma escola básica de computação, só que no primeiro dia eu tive a oportunidade de escolher a área de suporte. Olhando tudo o que aconteceu, o que eu teria estudado mais seria a parte de redes de computadores, que é o que eu creio ser uma maior deficiência na minha formação como profissional de TI, apesar de saber fazer o básico e coisas mais avançadas, sinto mais dificuldade em algumas especialidades que poderiam me ajudar no dia a dia e até em meu trabalho atualmente. Eu não teria estudado menos nada do que estudei até hoje, pois tudo me ajudou de uma certa forma a criar a minha experiência profissional, e como estudar nunca é demais, eu não teria feito menos, apenas acrescentaria mais estudos em toda minha vida. 3. Com relação à graduação, pensando além do conhecimento científico/técnico, como um aluno pode aproveitar melhor seu tempo como universitário? Esta é uma questão que vai além do próprio aluno, pois envolve muitas questões sociais e econômicas também. Hoje existem muitos alunos que trabalham e estudam, tendo pouco tempo para se dedicar ao estudo por razões econômicas e por vivermos em um país com essas dificuldades, onde alunos não podem parar de trabalhar pois tem que ajudar em casa. Mas, apesar disso, precisamos nos dedicar a tudo que fazemos e tentar aproveitar e absorver tudo aquilo que nos é passado enquanto somos universitários, sempre perguntar quando temos dúvidas, procurar os professores para ajudar em certos exercícios e pedir ajuda até em estudos fora da aula, sugestão de livros e exercícios a mais. Fazer tudo que a universidade nos oferecer, como cursos, workshops, palestras, participar de eventos que possam agregar e aumentar o círculo de amizades, que é importante também. Se puder fazer cursos por fora, também é uma oportunidade que fará diferença no futuro, além de certificação na área de atuação desejada. 4. Sabendo que, no mundo globalizado, precisamos saber no mínimo mais um idioma além do português, comente um pouco como você estuda ou como você estudou/aprendeu outro idioma. Aprender outro idioma é fundamental na nossa área, toda novidade e muita documenta-

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ção que usamos em nosso dia-a-dia está em inglês. Eu diria que o meu aprendizado em inglês foi muito na marra, já que eu aprendi praticamente sozinho tudo até hoje. Assim como é possível aprender programação em casa, tendo regularidade e um esforço diário, da mesma forma é possível aprender outros idiomas desde que se tenha dedicação naquilo que almeja. Não estou dizendo que devemos deixar de fazer cursos, eu até comecei a fazer em uma determinada época um curso de inglês, mas a correria era tamanha que eu tive que deixar o curso. Curso ajuda demais, a conversação com outras pessoas acelera o aprendizado, mas depende muito da dedicação de cada um. Uma pessoa tendo aulas presenciais em cursos presenciais vai ter um aprendizado ampliado e bem melhor desde que se empenhe, mas pode ser que uma pessoa que vá em um curso presencial não estude com mais determinação de uma pessoa que estuda em casa, é por isso que a dedicação é primordial em tudo que queremos aprender. 5. No sentido lato, como você trabalha? Que ferramentas (agenda de papel, softwares, anotações etc.) utiliza? E usa algum método para ter mais produtividade no seu trabalho? Escuta música enquanto trabalha? Pode comentar um pouco? Como o meu trabalho é na área de suporte eu não uso software específico, apenas um navegador para que eu tenha as atualizações de todas as OS’s que terei que atender. A produtividade é medida pelo sistema que gerencia o nosso atendimento, onde os usuários que atendemos nos avaliam em um sistema com notas e observações, usamos o OCOMON como sistema de OS. Durante um atendimento e outro sempre escuto música enquanto estou em meu computador, com meu fone, é claro, para não perturbar as outras pessoas. 6. Qual sua estratégia para aprender/conhecer um novo assunto, seja ele técnico ou não? Livro é a melhor forma de estudo, em minha opinião. Sempre terá um livro sobre aquele tema que você procura e pelo livro você aprenderá. Outra forma de estudo que eu gosto muito é vídeo aula, as vídeo aulas são muito boas no aprendizado já que temos na nossa tela a prática junto do aprendizado e podemos, junto ao instrutor, fazer tudo somente acompanhando os vídeos. Melhor ainda quando o curso em vídeo aula tira dúvidas de alunos, pois sempre teremos algum problema durante as

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aulas. Pode ser uma versão de um software diferente, um plugin que está faltando, uma extensão, várias coisas que podem ser resolvidas facilmente com a instrução certa. Fóruns são outras fontes de enorme ajuda para os assuntos interessados, existem muitas pessoas tirando dúvidas e se ajudando em fóruns pela internet. 7. Você tem um planejamento pessoal e/ou de carreira? Você constrói um plano de ação para o próximo ano, para daqui a 5 anos, divide esse seu planejamento em áreas de interesse etc.? É essencial seguir um plano tanto pessoal como de carreira para não estagnar em determinado momento da vida. Pode ser que aquilo que acreditamos que seria feito em determinado momento não possa ser concluído e frustre expectativas, mas temos que continuar a perseguir esse objetivo que uma hora chegará. Os objetivos a alcançar em minha vida são feitos de acordo com a realidade e planejados de acordo com toda possibilidade que eu tenho em alcançar, mas isso não me impossibilita em almejar objetivos que parecem fora de realidade já que eu acredito que a dedicação nos leva onde nunca imaginamos chegar. De pulo em pulo, de objetivo em objetivo alcançado, sempre com planos novos e expectativas novas almejadas. Não precisa ser de 5 em 5 anos, pode ser de 1 ano, como por exemplo um objetivo de aprender uma linguagem de programação. Eu terei o objetivo de dentro de 1 ano saber fazer ao menos um CRUD em PHP, sem procurar ajudas no Google. Colocando esse objetivo em minha vida, e tentando todo dia alcançá-lo, pode ser que eu não consiga fazer tudo sem ajuda, mas se eu souber 90% quer dizer que falta pouco para chegar naquilo que propus. 8. Olhando agora para as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), realizando um exercício de futurismo, como você vê a tecnologia/tendências em 2031? Eu acredito que a Inteligência Artificial veio pra ficar e cada vez mais será algo natural em nossas vidas, assim como a IoT (Internet das Coisas) que será mais comum de acordo com o passar dos anos. Uma tecnologia que gera expectativa de crescer cada vez mais é a Blockchain e as criptomoedas. A Blockchain é uma tecnologia com grande possibilidade de crescer e se expandir para outros setores de nossas vidas, como cartórios que poderiam ser

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migrados para essa tecnologia: os contratos poderiam ser registrados em blockchain, além de muitas outras possibilidades que podem utilizar tudo que esse serviço que ainda é pouco explorado pode oferecer. Casas inteligentes serão realidade para todas as pessoas, usar o celular para ligar/desligar luzes, câmeras, alarme, tudo isso deve ser mais bem disponibilizado de acordo com a popularização dessa tendência. 9. Complementando a questão anterior, me fale agora duas tecnologias que não existirão dentro de 10 anos. E por quê? Uma coisa que eu vejo que já está sendo bem menos utilizada e que não existirá daqui 10 anos é o tablet, pois será um aparelho dispensável e que sua utilização se tornará obsoleta. Rumores também me dizem que será a última ou a penúltima geração de consoles como conhecemos. XBOX e PlayStation devem ter projetos para os próximos lançamentos bem diferentes do imaginamos hoje em dia, então eu acredito que vídeo game como conhecemos não devem existir daqui 10 anos. 10. Você se considera um profissional Especialista ou Generalista? E como chegou a isso? Devido a resolução dos problemas de uma área mais específica e ao trabalho de forma mais técnica, eu julgo que eu sou um profissional especialista. O profissional de suporte tem que ter conhecimentos específicos na área, o que é característica de um profissional especialista. 11. Pode falar um pouco sobre a tendência, se é que podemos chamar assim, de profissionais especialistas migrarem para áreas mais generalistas ou atividades de gestão com o passar do tempo? Por exemplo, engenheiros ou programadores se tornarem Gerentes. Seria essa um caminho natural ao profissional? Eu sempre achei muito estranho essa parte de gerente de projetos, porque sempre tivemos pessoas de outras áreas de atuação como gerentes. Sempre fui a favor de gerentes serem da área de atuação, já que isso ajudaria a entender o mundo onde ele está inserido. Já vi pessoas formadas em música serem gerentes de pessoas que eram programadores e engenheiros. Não acho que isso seja algo que ajude

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pois pode até tirar o incentivo das pessoas cresceram na área. Também não sou favorável a regulamentação para que somente formados na área sejam gerentes, mas deveria ser via de regra, justamente pela lógica de que uma pessoa inserida na área e com vivência possa ser a melhor opção. 12. Falando agora um pouco sobre gerenciamento de projetos. Dentre as áreas do PMI temos o gerenciamento de comunicação. Como podemos melhorar a comunicação entre as pessoas envolvidas em um projeto? Como gerir de forma inteligente a comunicação entre programadores, gerentes de projeto, analistas, clientes, usuários etc. tendo em vista que possuem conhecimentos e visões distintos? Eu não tenho essa vivência para poder dar minha opinião. 13. E com relação ao gerenciamento de pessoas, o que você aprendeu ao longo de sua carreira que pode ser útil para quem está começando agora? De acordo com tudo que vivenciei, acho que a pessoa que gerencia outras pessoas deve abraçar o projeto e as pessoas, devendo ser a pessoa a quem irão recorrer, caso algum problema surja nesse caminho. Uma pessoa que gerencia outras pessoas deve blindar as pessoas desse projeto e ser a parede de comunicação, não deixando terceiros se aproveitarem dos seus gerenciados. Uma equipe que tem a confiança em seu gerente terá sempre disposição e uma maior vontade de resolver as coisas, além de ter mais responsabilidade, já que a confiança do gerente não pode ser abalada, há de ser mútuo o respeito profissional. 14. Se você tivesse que escolher uma soft skill para recomendar que o profissional prestes a entrar no mercado de trabalho aprimore seria qual? E por quê? Hoje temos tantas informações, tantos cursos, tantos livros acessíveis em e-book, PDF’s compartilhados a todo momento, ou seja, a informação está acessível a todos que abrem um celular ou um computador com internet. Isso nos mostra que aprender uma habilidade técnica hoje em dia está cada vez mais fácil e disponível para todos, basta ter empenho para aprender. Mas a ética é uma coisa que não se aprende com livros, com vídeo aulas ou PDF, ética é um aprendizado pessoal e não é fácil de se aprender a ter ética, principalmente quando a pessoa chegou a uma idade adulta e ainda não aprendeu. Ela pode aprender habilidade

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técnica, mas ética é outra coisa. Por isso, julgo a ética como uma das soft skills mais importantes, pois uma pessoa ética pode ter a confiança de seus pares ou gerentes tranquilamente. Uma pessoa ética é uma pessoa com responsabilidade e confiança, é uma pessoa a quem pode ser passado o aprendizado já que ele tem o mais importante. 15. Gostaria que você deixasse a recomendação de alguma coisa que é/foi importante para você aos nossos leitores. Pode ser um livro, um filme, uma música, um documentário etc. E comente porque esse conteúdo é relevante para ajudar a se tornar um profissional ou pessoa melhor. Eu gostei muito da série Mr. Robot e recomendaria ela para quem está iniciando na área, justamente porque é uma série que aborda o nosso mundo de certa forma. Não devemos levar a série toda a sério, pois é apenas uma ficção mas a história, o enredo e os personagens nos mostram como a informática é importante nesse mundo, como a cada ano que passa o profissional de TI está cada vez mais perto de todo mundo mesmo que isso não seja notado, como a segurança da informação é algo preocupante, além de mostrar como é o estereótipo do profissional de TI e como somos vistos pela sociedade. Não darei spoilers aqui, mas eu veria essa série caso estivesse na área. 16. No mundo atual passamos muito tempo ligados a uma tela e a própria pressão (externa ou autoimposta) pode gerar ansiedade e outros males relacionados à saúde mental. Qual é sua válvula de escape? Que atividades e/ou hobbies usa como descompressão? Sim, ansiedade é um problema complexo, inclusive já tive problemas desse tipo. Creio que a válvula de escape é a própria família, e sugiro o tratamento, que também é importante, não tendo preconceito com si próprio em ter medo de procurar algum especialista para ajudá-lo. Uma coisa que gosto muito é de fazer esportes, durante toda minha vida eu gostei de praticar alguma coisa, durante um bom tempo fiz artes marciais e ultimamente eu tenho feito musculação, que é uma boa válvula de escape, já que a musculação é tudo aquilo que buscamos em todas as áreas da vida. É preciso ter dedicação e regularidade para ter resultados, também podemos aprender a disciplina com os esportes. Algumas fases da vida tornam quase impossível praticar algo, geralmente quando

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precisamos trabalhar e estudar e isso nos toma todo o tempo que temos. Quando eu estive nessa fase, eu sempre tirava o fim de semana para fazer algo como jogar um futebol com amigos ou mesmo sair para algum lugar e distrair a cabeça um pouco. 17. Na sua opinião o trabalho a partir de casa (Work from home, que no Brasil ficou mais conhecido como Home Office) é mais vantajoso para o profissional e para a empresa? Pode comentar um pouco sua experiência nessa modalidade de trabalho? O Home Office é muito vantajoso para ambos, tanto empresa quanto profissional, mas como tudo nessa vida, tem prós e contras. Os prós do Home Office são as possibilidades de trabalhar a qualquer hora do dia sem muita preocupação com horário, sem preocupação de ter horários para sair e voltar de casa, além de não ter que enfrentar trânsito para quem mora em cidades maiores. Mas existem os contras também, onde eu colocaria, justamente, a possibilidade de trabalhar a hora que puder. Se a pessoa não souber gerenciar o seu tempo isso será um problema cada vez maior, com o passar do tempo de entrega do projeto ou algo assim. A dedicação para se trabalhar em casa tem que ser a mesma, e isso é uma dificuldade que muitos enfrentam quando está em casa e não no ambiente de trabalho. 18. Agora, imagine que você está no segundo ano de sua faculdade. Que conselhos você daria para esse seu “eu mais jovem”? Aproveite e deixe seu recado final para nossos leitores. Bom, o aluno em seu segundo ano de faculdade já tem certa experiência e já está pronto para um estágio, então o que eu faria no meu segundo ano de faculdade seria procurar um estágio que se encaixe no meu curso e usar esse trabalho para aprender o máximo que puder, pois todo aprendizado é válido e será útil na sua vida. Além disso, uma pessoa que já faça faculdade almeja o diploma e isso é muito importante, mas uma coisa bem vista e bem procurada em na área de TI são as certificações. Existem diversas certificações em diversos ramos, como JAVA, Linux, CCNA, Microsoft, a depender da área que a pessoa queira atuar. Essas certificações, além de ajudar as pessoas em vagas de trabalho, são reconhecidas no mundo todo, então essa é a dica que eu daria caso eu estivesse começando hoje o meu curso.

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Diego Barbosa dos Reis

Sobre o autor Formação Acadêmica/Técnica: Formado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela UNIPAC (2014), Especialista em Tecnologias de Gestão Pública e Responsabilidade Fiscal pela ESAB (2018). Twitter: diegobr1307 Email para contato: [email protected]

A mente nunca se cansa de aprender Flávio Euripedes de Oliveira 1. Conte-nos um pouco sobre sua formação acadêmica/técnica e sobre o seu trabalho atualmente. Sou Técnico em Contabilidade, Tecnólogo em Processamento de Dados, Licenciado em Matemática e Especialista em Redes e Análise de Sistemas. Hoje atuo como consultor TOTVS que é um dos maiores ERPs da atualidade. Presto consultoria nos segmentos contábeis, financeiro, fiscal e Recursos Humanos. Atuo no segmento de Tecnologia da Informação na área de redes e Banco de Dados. Também atuo no estado como professor de Matemática. 2. Olhando para trás em sua carreira, o que você teria estudado mais e o que teria estudado menos? Não consigo ver algo que teria estudado menos, porém vejo que deveria ter me dedicado mais aos estudos e melhorado meu conhecimento do Inglês e feito um mestrado na área de educação ou na área de computação. 3. Com relação à graduação, pensando além do conhecimento científico/técnico, como um aluno pode aproveitar melhor seu tempo como universitário? Principalmente para os alunos que ainda não estão trabalhando, vejo que este é um excelente momento para desenvolvimento de Soft Skills. Fazer alguns cursos onde os alunos possam adquirir capacidades de interagir e agir com pessoas ao seu redor é essencial para a formação de qualquer ser humano. 4. Sabendo que, no mundo globalizado, precisamos saber no mínimo mais um idioma além do português, comente um pouco como você estuda ou como você estudou/aprendeu outro idioma.

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No meu caso, eu estudei inglês de alguns cursinhos extraescolares, mas foi por muito pouco tempo. Considero que tive um aprendizado bem ruim e que isso hoje me faz muita falta. Hoje tento compensar isso fazendo alguns cursinhos on-line pela internet, mas nem sempre são suficientes para um aprendizado perfeito. 5. No sentido lato, como você trabalha? Que ferramentas (agenda de papel, softwares, anotações etc.) utiliza? E usa algum método para ter mais produtividade no seu trabalho? Escuta música enquanto trabalha? Pode comentar um pouco? Na maior parte do meu tempo eu trabalho em frente ao computador e ultimamente no regime de Home Office. Para conseguir gerir meu tempo de forma mais produtiva utilizo o OneNote e o Software Trello que é um aplicativo de gerenciamento de projeto baseado na web. Utilizo também a agenda do Outlook 365 para gerenciar os horários das reuniões. Como ferramenta de comunicação e colaboração utilizamos o Microsoft Teams. Normalmente enquanto trabalho e não estou em algum tipo de reunião, costumo ficar ouvindo música. Acredito que isso até melhore minha concentração. 6. Qual sua estratégia para aprender/conhecer um novo assunto, seja ele técnico ou não? Normalmente começo aprendendo fazendo pesquisas na Internet. A partir disso busco treinamentos online. Se for o caso busco um treinamento presencial, mas na maioria das vezes é possível realizar o aprendizado através dos treinamentos online. 7. Você tem um planejamento pessoal e/ou de carreira? Você constrói um plano de ação para o próximo ano, para daqui a 5 anos, divide esse seu planejamento em áreas de interesse etc.? Nem sempre faço isso. Mas quando vejo alguma oportunidade de algo promissor realizo um planejamento para que possa ser executado da maneira mais prática possível. 8. Olhando agora para as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), realizando um exercício de futurismo, como você vê a tecnologia/tendências em 2031? Acredito que haverá uma grande evolução nas TICs. Principalmente porque a pandemia fez com que a exploração das TICs fosse de forma bem mais aprofundada. Para 2031

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acredito que haverá Ambientes Virtuais bem mais evoluídos em que o aluno poderá fazer interações com algum tipo de Inteligência Artificial, onde o próprio ambiente responda dúvidas e até mesmo aplique avaliações. Acredito também que haverá simuladores, em que vários cursos que antes só podiam acontecer de forma presencial passarão a ser remotos pois os simuladores permitirão a perfeita simulação de um ambiente real. 9. Complementando a questão anterior, me fale agora duas tecnologias que não existirão dentro de 10 anos. E por quê? DVD: O DVD, na realidade, já vem ficando obsoleto a algum tempo e provavelmente dentro de pouco tempo já não existirá mais. Hoje em dia, podemos acessar filmes e gravações através de serviços de streaming. Televisão: Acredito que dentro de alguns anos a televisão mudará bastante. Ela continuará existindo, mas com programação interativa, na qual o espectador fará interação direta com o que está sendo exibido. 10. Você se considera um profissional Especialista ou Generalista? E como chegou a isso? Apesar de trabalhar em vários segmentos, hoje me considero um profissional Especialista porque, com o tempo, acabei me especializando num determinado segmento do setor de Informática e Contabilidade. Trabalhei muitos anos com Redes de Computadores, chegando a fazer algumas Certificações. Hoje, também trabalho com aulas no ensino médio na disciplina de matemática pois possuo graduação em matemática. Para chegar a ser especialista nessa área supracitada, além de graduações e especialização, ao longo do tempo fiz diversas capacitações. Ou melhor, continuo sempre fazendo, pois, como acontecem várias mudanças, é necessário estar sempre se atualizando para continuar como especialista num determinado assunto. 11. Pode falar um pouco sobre a tendência, se é que podemos chamar assim, de profissionais especialistas migrarem para áreas mais generalistas ou atividades de gestão com o passar do tempo? Por exemplo, engenheiros ou programadores se tornarem Gerentes. Seria essa um caminho natural ao profissional? Hoje é bastante comum ver profissionais especialistas migrarem para atividade de gestão. Acredito que seja de um entendimento geral que para crescer na carreira seja

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necessário ocupar um cargo de chefia ou de gestão. Apesar de toda esta tendência, algumas empresas implementam a carreira em Y. Este sistema permite aos profissionais galgar degraus na escala de remuneração e reconhecimento dentro da empresa em funções técnicas sem ter de migrar para cargos gerenciais. A questão é que nem todas as empresas seguem este modelo e com isso vários profissionais que com excelente desempenho técnico são forçados a passarem para uma carreira de gestão. 12. Falando agora um pouco sobre gerenciamento de projetos. Dentre as áreas do PMI temos o gerenciamento de comunicação. Como podemos melhorar a comunicação entre as pessoas envolvidas em um projeto? Como gerir de forma inteligente a comunicação entre programadores, gerentes de projeto, analistas, clientes, usuários etc. tendo em vista que possuem conhecimentos e visões distintos? Com relação a gerenciamento de projetos existem várias dicas que vários autores de livros renomados nos passam e que realmente são bastantes eficientes para melhorar o gerenciamento da comunicação. Dentre essas dicas gostaria de citar algumas: 1 - Utilize um Software de Gestão de Projetos: A utilização de um Software de Gestão faz toda a diferença, pois ele permite que você centralize tudo em um só lugar, possibilitando que todos os envolvidos utilizem a mesma ferramenta e com isso tenham acesso à toda comunicação; 2 - Envolvimento de todos os Colaboradores: Para o sucesso do projeto, faz-se necessário que todos os colaboradores do projeto estejam envolvidos, e não apenas os líderes. Não adianta apenas os gestores opinarem e deixar de fora os colaboradores. Qualquer dica pode ser crucial para o bom funcionamento. 3 - Reuniões periódicas com todas as equipes do projeto: As reuniões entre todas as equipes são extremamente importantes para que todos possam ter um acompanhamento geral do projeto. 4 - Praticar o respeito e a compreensão: Todas as opiniões devem ser ouvidas com respeito. O motivo dessa audição com respeito é para que todos os colaboradores se sintam motivados, independentemente da posição que ocupam. Praticando todas estas dicas, certamente, o projeto, sendo ou não da área de T.I., terá aumento das chances que o mesmo obterá sucesso na comunicação. 13. E com relação ao gerenciamento de pessoas, o que você aprendeu ao longo de sua carreira que pode ser útil para quem está começando agora?

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Na minha experiência, alguns itens são essenciais quando falamos em gestão de pessoas. Estes itens são: 1 - Reconhecimento Social: É extremamente importante que o colaborador saiba e se sinta reconhecido dentro do seu ambiente de trabalho. Isso faz com que ele se torne cada vez mais motivado a produzir de forma cada vez mais produtiva dentro do seu trabalho. 2 - Revisar remuneração e bonificação: Apesar de muitos dizerem que remuneração não é tudo, com certeza isso é um dos principais fatores que fazem com que seu colaborador trabalhe de forma produtiva e satisfeito. Revisar regularmente a remuneração e bonificação de acordo com o mercado e o desempenho do colaborador é extremamente importante. 3 - Implemente programas de treinamento e desenvolvimento: investir no treinamento e desenvolvimento dos funcionários é muito importante para a gerenciamento de pessoas. 4 - Comunicação clara e assertiva: É muito importante que existam processos para que as informações sejam transmitidas de forma clara e assertiva entre todos. 14. Se você tivesse que escolher uma soft skill para recomendar que o profissional prestes a entrar no mercado de trabalho aprimore seria qual? E por quê? Voltando um pouco ao que foi dito na questão de número 3, a Soft Skill que mais recomendaria a um profissional que está ingressando no mercado de trabalho seria a capacidade de interagir e agir com pessoas ao seu redor. Isso é o que comumente chamamos trabalhar bem em equipe. Hoje em nenhuma função no mundo corporativo estamos trabalhando sozinho. É extremamente importante que consigamos manter um bom relacionamento com as pessoas ao nosso redor. 15. Gostaria que você deixasse a recomendação de alguma coisa que é/foi importante para você aos nossos leitores. Pode ser um livro, um filme, uma música, um documentário etc. E comente porque esse conteúdo é relevante para ajudar a se tornar um profissional ou pessoa melhor. Gostaria aqui de deixar a recomendação de um filme do Miles Teller e J. K. Simmons que é “Whiplash”. Gostei bastante deste filme porque gosto muito de música e o filme nos dá uma lição mostrando que para sermos bons em determinada coisa é necessário que lutemos muito por isso. Além disso, no final do filme, o autor nos mostra que é necessário

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sabermos improvisar para que no final consigamos obter sucesso. 16. No mundo atual passamos muito tempo ligados a uma tela e a própria pressão (externa ou autoimposta) pode gerar ansiedade e outros males relacionados à saúde mental. Qual é sua válvula de escape? Que atividades e/ou hobbies usa como descompressão? Esta é uma pergunta bastante interessante e nos faz refletir que é necessário que todos nós tenhamos uma válvula de escape para suportarmos as pressões no nosso dia a dia. Em primeiro lugar eu gostaria de citar Deus. Todos os dias ao me levantar e ao deitar eu agradeço a Deus por mais um dia que se inicia ou um dia que se encerra. Peço a ele que me dê força, paciência e sabedoria para que consiga suportar todas as adversidades e tenho certeza de que isso me ajuda muito. Outro item que me ajuda muito a ter uma paz é o fato de que ouço música em vários momentos do dia em que não estou falando com as pessoas. E por último e não menos importante, é ter uma pessoa, no meu caso, é minha esposa onde eu posso desabafar e falar dos problemas que aparecem no decorrer do meu dia. 17. Na sua opinião o trabalho a partir de casa (Work from home, que no Brasil ficou mais conhecido como Home Office) é mais vantajoso para o profissional e para a empresa? Pode comentar um pouco sua experiência nessa modalidade de trabalho? Como trabalho praticamente o tempo todo na frente do computador resolvendo problemas de sistema que ficam alojados em um Data Center, é anterior à pandemia que já trabalho como home Office. Para mim, consigo um nível de produção bem maior do que na época em que trabalhava dentro do escritório da empresa, pois eu dependo de analisar o problema para então resolvê-lo. O fato de estar em casa num ambiente onde consigo me concentrar melhor ajuda a alavancar minha produtividade. É claro que vale ressaltar que em casa tenho este ambiente que me possibilita esta concentração. Se eu não tivesse conseguido esta tranquilidade em casa, não teria melhorado minha produtividade. Falando do lado das Empresas, acredito que a grande maioria delas passará a adotar pelo menos uma parte de serviço nesta modalidade Home Office. Vejo que quando o colaborador consegue ter a mesma produtividade que tinha antes, isto gerará economias para a empresa como gastos com espaço, energia, água, limpeza e mobiliários entre outros.

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18. Agora, imagine que você está no segundo ano de sua faculdade. Que conselhos você daria para esse seu “eu mais jovem”? Aproveite e deixe seu recado final para nossos leitores. Para o meu “eu mais jovem” diria o seguinte: 1 – Vá a todas as festas que for possível: Isso é até um pouco contraditório, mas se me lembro bem as melhores festas que já fui até hoje foi na época da faculdade. Depois quando você sair da faculdade provavelmente terá que ralar muito em seu trabalho e não mais terá tempo para momentos assim. É claro que isso não pode ser extrapolado. Lembre-se que existem as semanas de provas! 2 - Participe de Iniciação Científica: para quem deseja se preparar para a vida profissional ou simplesmente seguir uma carreira acadêmica esta é a porta de entrada para o Mestrado e Doutorado. 3 - Estude idiomas: Se você tem a intenção de aprofundar mais seus estudos, é fundamental conhecer bem uma segunda língua. Isso sem falar na necessidade no caso de um intercâmbio. 4 - Dê monitoria: Existem estudos que mostram que a forma onde você consegue captar a maior quantidade de aprendizado é ensinando. Quando você é monitor, certamente conseguirá o maior nível de aprendizado no assunto que você vai ensinar. Como recado final, gostaria de dizer que a mente nunca se cansa de aprender, não importa sua idade e que nenhum profissional, independente da sua função, sabe o suficiente que não possa aprender com a mais simples pessoa.

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Flávio Euripedes de Oliveira

Sobre o autor Formação Acadêmica/Técnica: Técnico de Contabilidade pela Escola “Prof. Maria de Barros” (1991), Tecnólogo em Processamento de Dados pela FEI (1994), Licenciatura Plena Para Graduação de Professores pelo CEFET (1995), Especialista em Análise de Sistemas pela FEIT (2003), Especialista em Segurança da Informação pela Uniminas (2006), CCNA – Cisco Certified Network Associate (2008), MCP – Microsoft Certified Professional (2008), Licenciatura em Matemática pela UNIP (2015). Linkedin: www.linkedin.com/in/flaviooliveira-b1161948 Twitter: @flaviooliveira2 Email para contato: [email protected]

Resiliência e Perseverança João Ludovico Maximiano Barbosa 1. Conte-nos um pouco sobre sua formação acadêmica/técnica e sobre o seu trabalho atualmente. Voltando um pouco no tempo antes da graduação, acho interessante citar que meus ensinos fundamental e médio foram em escolas públicas, que ficavam próximas a minha residência no município de Ituiutaba. Meu ensino fundamental foi na Escola Estadual Bias Fortes, desde o pré-infantil até a oitava série (1996-2004). O ensino médio cursei na Escola Estadual Professora Maria de Barros (2005 a 2007), devido a primeira escola não possuir esta grade curricular. Nesse mesmo período de 2007, cursei um curso técnico de Sistema de Informação no SENAI que visava mostrar os conceitos básicos de informática, como os softwares: Word, Excel, PowerPoint, Access, além de conceito de redes de computadores e suas tipologias, assim como clipagem de cabos, e por fim manutenção em microcomputadores. No ano seguinte (2008) iniciei o curso de contabilidade na mesma escola que cursei o ensino médio, curso este que demonstrava os conceitos básicos contábeis, desde o balancete até o controle de folha de pagamento de funcionários. Neste mesmo período também iniciei um curso de Eletrotécnica no SENAI através do projeto Pronatec, no qual tive mais contato com sistemas elétricos, cálculo e montagem de circuitos elétricos e lógicos, desenho técnico, medição e aferição de circuitos. Porém, não consegui finalizar nenhum destes cursos, pois, em meados deste ano consegui uma vaga na Universidade Estadual de Minas Gerais – UEMG como aluno especial no curso de Engenharia Elétrica. Na universidade neste primeiro semestre eu tinha muita vontade de me envolver com robótica, e fui conversar com os coordenadores de curso da Engenharia Elétrica e Engenharia de Computação, e nesta conversa o coordenador da Computação me convenceu que neste curso eu teria mais possibilidades de estar envolvido com robótica, e então, em 2009, troquei para a graduação em Engenharia da Computação. Durante o terceiro ano de graduação conheci o professor Walteno, que me mostrou

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os caminhos da iniciação científica, onde tivemos a oportunidade de conduzir dois projetos voltados para área de docência (2011-2012), visando buscar ferramentas computacionais que pudessem facilitar o processo de docência, assim como transformar as aulas de forma mais didática, dinâmica, e atrativa para os alunos, saindo do modelo tradicional quadro branco e pincel. Esse mesmo professor também, neste terceiro ano, nos apresentou uma competição de informática que se chamava maratona de programação que era promovido pela empresa Algar Telecom, que ocorria em outra cidade (Uberlândia). Essa competição consistia em resolver um conjunto de problemas na linguagem de programação C, C++ ou Java, e o vencedor desta competição era quem resolvesse o maior número de exercícios em menor tempo. Nesta minha primeira participação consegui ficar na 13° posição. Devido a esta classificação, recebi algumas propostas para estágio em Uberlândia. Como morava em Ituiutaba, 140 quilômetros distante, não pude aceitar. Então a Algar Telecom, realizou uma proposta para participar de um estágio de forma remota. O estágio consistia em um plano de formação, no qual o estagiário deveria a cada 45 dias fazer uma prova de certificação: JAVA, Linux LPI e ITIL. O estagiário tinha o direito de uma reprovação em cada certificação, caso o mesmo reprovasse duas vezes em uma mesma certificação ele era desligado do programa. Lembrando que os custos das provas eram todos custeados pela empresa. Após esta etapa das 3 certificações, fazíamos provas internas semelhantes às certificações seguindo o mesmo modelo, para as seguintes temáticas: HTML, CSS, JavaScript, PL/SQL. Nesse modelo de estágio, perdurei até o final da graduação. Além destas atividades citadas éramos cobrados em resolver exercícios da plataforma URI Online Judge Academic, e de participar das maratonas de programação, o qual em uma destas participações tive a felicidade de ficar em quarto lugar e ganhar um iPad como premiação. Ao final da graduação (início de 2014), fui convidado a trabalhar na Algar Telecom, atuando em um sistema legado (usando JSP), para a construção de novas funcionalidades. Tive muitas dificuldades neste início, onde até meus líderes vieram conversar comigo, buscando me alocar em outras atribuições. Eles fizeram algumas propostas, mas nenhuma delas me chamou atenção. Nesta época eles também me alocaram em algumas outras demandas, mas sem grandes sucessos. Diante disso, eles me perguntaram o que eu gostaria de atuar, e assim sugeri trabalhar com Front-End. Nesta época havia um projeto no qual o Front-End não era tão relevante e então me alocaram nesta demanda. Nesse projeto, em 2015, fiquei responsável por

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toda parte de Front-End da aplicação e do CRUD (Create, Retrieve, Update e Delete), das interações com o Front-End, assim como a montagem de um Front-End responsivo que seria utilizado por técnicos em Campo com um celular para realizar algumas ações em ordens de serviço. Depois desse projeto (2016), fui convidado a participar de outro desafio: reduzir o número de incidentes/chamados que eram abertos referentes a problemas de sistemas. Nesta época atuei como terceiro nível na identificação da causa raiz dos problemas e na correção dos mesmos. Em 2018, comecei a ficar responsável sobre a estabilidade do ambiente de produção das aplicações, na ausência do meu líder, tendo que atuar em casos de falhas gerais e monitoramento dos mesmos, assim como montar os pacotes de softwares de atualização. Com relação a pós-graduação, no ano de 2015, prestei processo seletivo para 3 programas de pós-graduação diferentes para mestrado, que foram: Computação, Engenharia Biomédica e Mecânica. Passei em todos os três, no entanto, para computação e mecânica passei como aluno especial, e biomédica como aluno regular. Diante do cenário, decidi me matricular na Biomédica, e também fiz uma disciplina na Mecânica (como o conceito CAPES lá era o maior, tive a vontade de conhecer um pouco mais). Infelizmente, no final de 2016, meu orientador me disse para me desligar do programa, pois ainda não tínhamos definido o tema da dissertação. Então, após duas tentativas de passar no processo seletivo da Biomédica, voltei a cursar o mestrado agora com outro Orientador e dessa vez foi sucesso total (obrigado orientador Destro :)). Em 2019, concluí o mestrado, com a temática da construção de uma plataforma para cadastro de Eletroencefalograma (EEG), assim como o aprimoramento do software do grupo de pesquisa para o processamento do EEG. Neste mesmo ano dei início ao Doutorado, que atualmente estou cursando, dando continuidade à temática do mestrado. Continuando sobre a carreira profissional, em 2020 entrei para equipe de arquitetura de software da Algar Telecom, no qual realizo o desenho arquitetural das soluções propostas para novos produtos, acompanho e reviso os códigos desenvolvidos nestes projetos, visando uma maior qualidade de entregas. 2. Olhando para trás em sua carreira, o que você teria estudado mais e o que teria estudado menos? Acredito que o estudo está muito ligado as demandas que vão aparecendo no dia a dia. Mas, o que o meu líder diz, e eu concordo com ele, que o que deve ser mais estudado

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são os conceitos e não as tecnologias em si. Porque com o conceito você será mais capacitado a resolver vários tipos de problemas, independente da tecnologia. Focando somente na tecnologia você fica limitado a um nicho muito específico. Mas, lembrando, é interessante você aplicar o conceito, e a tecnologia te proporciona isso, no entanto, foque em absorver os conceitos. Isso irá fazer com que você crie coisas mais inteligentes e padronizadas. Procure assuntos que te motivem, pois estudar nem sempre é uma tarefa fácil. Assim, tente aplicar os conceitos aprendidos em algo que te motive. 3. Com relação à graduação, pensando além do conhecimento científico/técnico, como um aluno pode aproveitar melhor seu tempo como universitário? A graduação é um universo gigantesco de descobertas e oportunidades, ela te mostra inúmeros caminhos que talvez você até se perca na quantidade de opções. Pensando nisso, faça coisas diferentes, participe de projetos de iniciação científica, troque ideias com colegas, busque por competições na área. Você irá se surpreender na infinidade de competições que existem e que você pode estar aplicando os conhecimentos da graduação. Só lembrando, grande parte destas atividades só estão disponíveis durante a graduação, e quando você as descobre o tempo de 5 anos na graduação parece ser muito pequeno. Posso dar exemplo na área de informática: as maratonas de programação, que ocorrem anualmente. Algumas regiões disponibilizam competições regionais, estaduais e nacionais. E se você se sair bem em uma delas você pode ir galgando mais competições até chegar ao nível mundial. Outro exemplo de maratona de programação é o Google CodeJam que é uma competição mundial. E o mais legal é que essas competições abrem portas para estágio e emprego. Existem outras competições que visam exercitar conceitos de Hackers, torneios de robótica que visam estimular a criação de robôs e a criação de algoritmos autônomos que desempenhem determinadas tarefas com destreza, entre outras competições. Todas essas competições te motivam a buscar conhecimentos e estes te ajudam muito quando você for desbravar o mercado de trabalho. Além disso, temos a Iniciação Científica (IC), que faz o aluno a ter mais responsabilidade e engajar em uma atividade, além de fazer com que ele aplique os conceitos aprendidos e explore novos, levando-o para a área acadêmica e pesquisa, incentivando na escrita de artigos. Sem contar que esses projetos normalmente são apresentados em congressos

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científicos, que algumas vezes são em outras cidades. Em grande parte, a universidade subsidia o aluno de IC para estar participando desses eventos como apresentador, no qual irá propiciar a ele a troca de experiência com outros pesquisadores (sem contar os happy hours que estes eventos possuem, a famosa “viagem de universitário”). Alguns projetos podem também ter reconhecimento, serem subsidiados por órgãos de fomento à pesquisa, no qual o aluno pode receber uma bolsa de pesquisa contribuindo com a renda dele. Esses projetos, além de tudo que foi citado, podem gerar patentes e reconhecimento profissional. O mais bacana destas atividades extracurriculares, são as amizades, o trabalho em equipe, e a habilidade que se adquire em resolver problemas, o qual você leva como aprendizado para a vida toda. 4. Sabendo que, no mundo globalizado, precisamos saber no mínimo mais um idioma além do português, comente um pouco como você estuda ou como você estudou/aprendeu outro idioma. Realmente, outro idioma na área de informática é imprescindível, principalmente porque a documentação da grande maioria dos frameworks disponíveis no mercado está em inglês. Meu primeiro contato com inglês foi no ensino fundamental e médio. Eu não dava muita atenção para esta disciplina e hoje vejo que fez muita falta, pois quando entrei na graduação vi que muitas coisas necessitavam do inglês, normalmente a sintaxe das linguagens de programação já seguem um padrão inglês. Na graduação tive o prazer de ter amigos que tinham domínio do inglês, e eu me sentia muito atrás deles. O legal disso ter acontecido foi mostrar que eu deveria me aprimorar mais. No entanto, na graduação, fui “empurrando com a barriga”. Quando precisava de alguma coisa, usava o Google Tradutor (lembrando que nessa época recursos de tradução não eram tão acessíveis como são hoje). Mais uma vez, no trabalho, senti falta do meu conhecimento em inglês, e o Google me ajudou de novo. No entanto, quando entrei para o mestrado, um pré-requisito para se obter o título de mestre é comprovar a proficiência em outro idioma. Então, durante o mestrado, participei de um programa do Governo Federal muito bacana que é o Inglês Sem Fronteiras – ISF. Nele pude apreender um pouco mais sobre o inglês, com aulas presenciais, e também foi disponibilizado acesso a outra plataforma para fazer atividades online (infelizmente não lembro o nome desta plataforma mais :().

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Para apoiar no meu aprendizado em inglês, utilizei também do software Rosetta Stone que é bem bacana, pois ele faz associações de imagens com o seu nome em inglês, facilitando mais a assimilação do inglês. Outro aplicativo bacana é o Duolingo que possui uma didática bem semelhante ao Rosetta Stone. Mas, o que fez realmente meu inglês melhorar foi começar a ler Mangás (histórias em quadrinhos orientais) em inglês, usando o Google Tradutor. No início eu demorava em média 10 minutos para ler uma página do mangá (e olha que tinha muita ilustração!), mas com o passar do tempo este tempo foi diminuindo drasticamente. Depois, meu amigo contou-me que ele tinha contratado uma plataforma de animes Crunchyroll, nela ele colocava a legenda da animação em inglês, e assim o fiz também. Até hoje estou nela, assistindo com legenda em inglês, pois se não praticar você acaba esquecendo. Fazer um curso em escola de inglês também ajuda bastante. Depois que fui chamado para uma entrevista em uma empresa, no qual era exigido inglês, e infelizmente apesar de na época eu conseguir ler bem, eu não conseguia falar ou escutar direito. Foi neste momento que resolvi procurar uma escola de inglês, que realmente faz toda a diferença para falar e escutar. 5. No sentido lato, como você trabalha? Que ferramentas (agenda de papel, softwares, anotações etc.) utiliza? E usa algum método para ter mais produtividade no seu trabalho? Escuta música enquanto trabalha? Pode comentar um pouco? Para controlar as atividades utilizamos o Trello, para montar um painel com tickets/cards de atividades para: Fazer, Em Andamento, Concluídas. Esta ferramenta é bastante interessante, permitindo ter um controle melhor das atividades. Na empresa, o controle das atividades é realizado através da ferramenta JIRA, para criação de tickets, solicitação de serviços, evolutivos, etc. Atualmente está muito na moda no mercado de TI é utilizar metodologias ágeis como Scrum e Kanban. Aqui na Algar Telecom o padrão é o Scrum, e é um pré-requisito que os novos funcionários tenham conhecimento mínimo destas metodologias de trabalho. Quando eu ficava mais focado no desenvolvimento, gostava muito de trabalhar escutando música, isso me fazia concentrar mais no que eu estava fazendo. No entanto, com o passar do tempo, fui saindo das músicas que tinham vocal e indo para as músicas Soundtrack (trilhas sonoras de filmes, geralmente instrumentais), pois as músicas com

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vocais algumas vezes me distraíam. Atualmente fico boa parte do dia em reunião através do Hangouts, definindo a arquitetura das novas soluções. Uma coisa interessante para fazer com que as atividades rendam mais é evitar troca de contexto, pois ficar trocando de contexto com frequência você perde em média 20% do tempo até engajar novamente na atividade. Para isso, uma metodologia interessante a se seguir é o modelo Pomodoro, para alocar o seu tempo. 6. Qual sua estratégia para aprender/conhecer um novo assunto, seja ele técnico ou não? Normalmente procuro a raiz daquele conhecimento. Em se falando de framework, geralmente o proprietário dele possui uma documentação bem completa do mesmo e com exemplos. Depois disso, procuro exemplos de aplicabilidade do que está em foco, e por fim tento colocá-lo em prática fazendo alguns testes para assimilar bem o que está em estudo. Outra coisa bacana, é procurar pessoas referência naquele determinado assunto e trocar ideia, assim como, procurar por vídeos no YouTube que comentem sobre o assunto. 7. Você tem um planejamento pessoal e/ou de carreira? Você constrói um plano de ação para o próximo ano, para daqui a 5 anos, divide esse seu planejamento em áreas de interesse etc.? Normalmente faço plano de carreira para 5 anos. Infelizmente, eu peco nesta parte, pois não coloco este meu plano no papel. Faço apenas mentalmente: o ruim disso é que ele constantemente vai sendo alterado, e você não percebe isso de forma clara. Tenho plano para áreas de interesse diferentes, mas como não coloco no papel definir as prioridades, acaba sendo difícil. Assim, em alguns momentos, o plano financeiro vem primeiro, em outros, o profissional, em alguns outros, o pessoal. Dessa forma, as metas não ficam claras e nem definidas no espaço e tempo. 8. Olhando agora para as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), realizando um exercício de futurismo, como você vê a tecnologia/tendências em 2031? Cada dia um mundo mais digital. Provavelmente ver o dinheiro vivo em 2031 seja algo

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bem raro. Para a realização de pagamentos os meios digitais se tornaram muito mais práticos e seguros. Sendo assim, a figura do dinheiro não será tão presente. Ferramentas de streaming cada vez mais sendo predominantes. Talvez o conceito de televisão será muito diferente do que conhecemos hoje. Interações sociais, ainda mais com a pandemia, sendo a cada dia mais online. Para se ter uma noção hoje, faço aulas com personal via Zoom. Acredito que as interações físicas entre as pessoas será cada vez menor. 9. Complementando a questão anterior, me fale agora duas tecnologias que não existirão dentro de 10 anos. E por quê? Acredito que as tecnologias irão continuar a existir, mas o número de usuários será bem menor. Assim, vejo em decadência já há algum tempo os blogs, que estão sendo substituídos pelas redes sociais como Instagram, onde o pessoal publica todo seu conteúdo nestas redes. Outra coisa que está em forte tendencia também é a migração dos servidores de aplicação para ambientes Cloud. Logo, acredito que daqui a 10 anos, quase não se ouvirá falar em servidores locais: esses estarão todos hospedados na nuvem. 10. Você se considera um profissional Especialista ou Generalista? E como chegou a isso? Me considero um generalista. Como durante minha carreira profissional passei por várias áreas do desenvolvimento, conheço um pouco de cada parte, mas não sou especialista em nenhum. Claro que tem algumas coisas que domino mais que outras. Mas, atualmente, vejo a necessidade de ambos os profissionais, uma vez que o generalista consegue visualizar algo como um todo e pensar em várias possibilidades, assim como suprir necessidades na ausência de um especialista. Entretanto, o especialista consegue ser mais produtivo nas atividades e extrair melhor os recursos de suas especificidades. 11. Pode falar um pouco sobre a tendência, se é que podemos chamar assim, de profissionais especialistas migrarem para áreas mais generalistas ou atividades de gestão com o passar do tempo? Por exemplo, engenheiros ou programadores se tornarem Gerentes. Seria essa um caminho natural ao profissional? Acredito que isso seja um caminho natural caso deseje aumentar sua remuneração, uma

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vez que, na maioria das empresas, um especialista não chega a receber tanto como um gestor. Mesmo que as empresas mostrem o modelo de carreira e comente sobre toda a beleza e floreio de cada lado, você acabará notando que se tem muito menos especialistas e mais gestores. Vejo que isso realmente faz sentido para a empresa, de modo geral. Ter um gestor ganhando mais do que um especialista, uma vez que o gestor tem o poder de construir e moldar talentos para a empresa e conseguir apresentar, tangivelmente, resultados melhores do que um especialista, já que ele necessita extrair performance de seus subordinados e ainda lidar com o cliente e mostrando o valor do produto. Isso é um diferencial tremendo, porque os produtos precisam ser vendidos. Não adianta nada ter um produto impecável, o melhor do mercado, se você não souber vender ele. Um gestor precisa ter esse jogo de cintura. Não tiro o mérito dos especialistas: são eles que constroem os produtos e ajudam viabilizar as soluções da melhor maneira. 12. Falando agora um pouco sobre gerenciamento de projetos. Dentre as áreas do PMI temos o gerenciamento de comunicação. Como podemos melhorar a comunicação entre as pessoas envolvidas em um projeto? Como gerir de forma inteligente a comunicação entre programadores, gerentes de projeto, analistas, clientes, usuários etc. tendo em vista que possuem conhecimentos e visões distintos? Normalmente os modelos de metodologia ágil, suprem bastante esse ponto de comunicação, por exemplo o scrum, que promove várias cerimônias que visam tanto ter mais agilidade no processo e propicia mecanismos de comunicação e resolução de pendências. Nessa metodologia, existem alguns papéis que são ocupados por determinadas pessoas as quais têm, bem definidas, as suas atribuições. 13. E com relação ao gerenciamento de pessoas, o que você aprendeu ao longo de sua carreira que pode ser útil para quem está começando agora? Respeite as pessoas, busque ter um ambiente harmonioso. Não menospreze ninguém, talvez amanhã essa pessoa possa ser seu líder. Esteja atento aos anseios de seus companheiros de trabalho, procure conversar com eles, saber um pouco como eles estão. Isso pode te dar muitos indícios da produtividade que ele está tendo. Ajude sempre que puder, lembre-se que esta ajuda não pode comprometer suas entregas, e não espere receber nada em troca, faça de bom grado. Procure ter discernimento e

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senso crítico, pois em determinados momentos, alguns procedimentos exigem um grau maior de atenção e prioridade. 14. Se você tivesse que escolher uma soft skill para recomendar que o profissional prestes a entrar no mercado de trabalho aprimore seria qual? E por quê? Comunicação eficaz - saber se comunicar e expressar de forma clara e coesa em que todos possam compreender o que se está sendo dito, oferecer opiniões embasadas em bons argumentos, ter sensibilidade em dizer algumas coisas difíceis sem causar uma má impressão, saber o momento mais oportuno para dizer algo. Nisso se enquadra também a escrita e a empatia na comunicação. Organização e planejamento – Manter um ambiente organizado colabora na agilidade de encontrar informações, além de transparecer uma atitude mais profissional. O planejamento lhe apoia a priorizar atividades e a cumprir metas. Resiliência e Perseverança – Nem sempre, as circunstâncias irão acontecer de acordo como esperamos. Fracassos podem acontecer, feedbacks negativos podem vir. Tente lembrar que isso é temporário e que a resiliência para superar estes obstáculos mostra maturidade e força de vontade. E estes momentos podem ser encarados como um grande período de aprendizado. Também vale mencionar a flexibilidade, pois nem sempre estaremos trabalhando com atividades que gostamos ou que sejam a nossa melhor escolha. Ética – tomar posturas éticas, independente da situação. Por mais que possa ser difícil, é algo realmente valorizo, e nos proporciona um sono tranquilo, pois com o tempo, pessoas que não a utilizam são deixadas para trás no meio do caminho. De todos os citados anteriormente para mim o mais importante para o início de carreira é a resiliência e perseverança. Em vários momentos de nossa vida iremos passar por momentos difíceis e saber que estes momentos são temporários/passageiros é um diferencial tremendo. Mas não é somente esperar passar, é necessário aprender com a situação e encontrar uma solução para superar estes momentos. 15. Gostaria que você deixasse a recomendação de alguma coisa que é/foi importante para você aos nossos leitores. Pode ser um livro, um filme, uma música, um documentário etc. E comente porque esse conteúdo é relevante para ajudar a se tornar um profissional ou pessoa melhor.

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Livro: O programador Apaixonado – Chad Fowler Esse livro conta um pouco sobre as aspirações de um programador, ele mostra o decorrer da carreira de um profissional de TI e de como se desenvolver e se portar para ganhar um espaço melhor no mercado de trabalho. Livro: Desperte seu gigante interior – Tony Robbins Esse livro fala de algumas técnicas simples, mas que te permitem mudar a forma como você leva a vida. Sem contar, os vários exemplos que ele aborda de como você pode sair de uma situação que lhe incomoda e alcançar os objetivos que tanto almeja. Livro: O poder do Hábito - Charles Duhigg Esse livro mostra que se você iniciar uma rotina, isto irá se tornar um hábito e não será tão ruim quanto era no início. Anime: Kenichi: O Discípulo Mais Forte da História (Shijou Saikyou no Deshi Kenichi) Esse anime mostra que, mesmo que você aparentemente não tenha nenhum talento, se você treinar bastante e se dedicar você poderá fazer coisas que você antes considerava impossível para si mesmo. 16. No mundo atual passamos muito tempo ligados a uma tela e a própria pressão (externa ou autoimposta) pode gerar ansiedade e outros males relacionados à saúde mental. Qual é sua válvula de escape? Que atividades e/ou hobbies usa como descompressão? Minha principal válvula de escape são os animes. A maioria dos que acompanho normalmente mostra uma realidade muito diferente da que vivemos, e em todas as histórias a personagem principal passa por momentos difíceis e de superação, o que me motiva bastante. Outro fator principal é ter uma rotina de atividades físicas semanais. Para isso eu pratico natação duas vezes por semana, jogo badminton também duas vezes por semana, e aos finais de semana faço trilha de bicicleta. Ter uma vida ativa faz toda a diferença. É necessário ter mente sã e corpo são. Lembrando que é bom fazer uma atividade física que lhe traga prazer, porque quando eu fazia academia, eu sentia aquilo como uma obrigação e acabava me deixando mais irritado. 17. Na sua opinião o trabalho a partir de casa (Work from home, que no Brasil ficou mais conhecido como Home Office) é mais vantajoso para o profissional e para a empresa? Pode comentar um pouco sua experiência nessa modalidade de trabalho?

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Particularmente, no início do meu trabalho em casa, achei muito ruim, pois para resolver alguns pontos de dúvida é necessário fazer/marcar reuniões formais e encontrar um horário na agenda dos envolvidos. Quando o trabalho era realizado na empresa, bastava ir até a mesa de fulano e resolver os pontos em pendência. Outro ponto ruim é a compreensão do horário de trabalho. Muitas pessoas não tinham uma rotina muito específica, fazendo alguns comunicados em horários diferentes do comercial, o que era chato. Mas com o tempo a equipe vai se adequando a nova realidade e os processos vão ficando mais rotineiros e o horário de trabalho, mais definido. Acredito que o home office é vantajoso para ambos, tanto para a empresa, como para o profissional. Porém, vale ressaltar que há os pontos negativos para o profissional. No meu caso em específico, que não tenho uma sala/cômodo reservado para o trabalho, tenho a sensação de que a todo instante estou no ambiente de trabalho, o que traz uma sensação que não se possui um tempo para descanso. Além do mais, para profissionais que possuem filhos pequenos, pode ser ruim pois por várias vezes é necessário fazer troca de contexto entre o trabalho e as rotinas de casa. 18. Agora, imagine que você está no segundo ano de sua faculdade. Que conselhos você daria para esse seu “eu mais jovem”? Aproveite e deixe seu recado final para nossos leitores. Não fique parado esperando sua graduação passar. Envolva-se em atividades extracurriculares, desafie-se, engaje em uma atividade que te motive, e você irá notar que você irá descobrir uma infinidade de possibilidades que irá guiar o seu futuro. Por isso, não fique parado: vá lá e faça. Procure estudar uma nova linguagem de programação, faça comparação de resolver um mesmo problema em duas linguagens de programação diferentes, encontre a mais eficiente para aquele determinado problema. Participe de eventos da área, se inscreva em competições, faça perguntas, não tenha medo de errar, experimente as várias possibilidades que a graduação pode lhe propiciar.

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João Ludovico Maximiano Barbosa

Sobre o autor Formação Acadêmica/Técnica: Formado em Engenharia de Computação pela Universidade Estadual de Minas Gerais - UEMG (2013), Mestre em Engenharia Biomédica pela Universidade Federeal de Uberlândia – UFU (2019), e Doutorando também em Engenharia Biomédica pela UFU. Linkedin: https://www.linkedin.com/in/joao-ludovico-maxi/ Lattes: http://lattes.cnpq.br/6495302331910192 Email para contato: [email protected]

Se prepare e faça bons amigos Rogério Fontes Tomaz 1. Conte-nos um pouco sobre sua formação acadêmica/técnica e sobre o seu trabalho atualmente. Eu me formei em Sistema de Informação e meu foco de trabalho foi carreira técnica em desenvolvimento de Software. Hoje trabalho como Arquiteto de Software para uma multinacional, que presta serviço para um grande banco brasileiro. 2. Olhando para trás em sua carreira, o que você teria estudado mais e o que teria estudado menos? Como sempre, gostei de desenvolver e criar sistemas, foquei bastante em linguagens e o ecossistema ao redor delas (Programação em si). Mas hoje, eu descobri isso um pouco tarde, focaria em aprender alguns soft skills, dentre elas oratória, como fazer apresentações, como fazer um bom produto, como trabalhar em equipe, como trabalhar sob pressão, pois são coisas tão importantes como a parte técnica. 3. Com relação à graduação, pensando além do conhecimento científico/técnico, como um aluno pode aproveitar melhor seu tempo como universitário? Acho importante focar no técnico, conhecer projetos, empresas e comunidades. Acho que uma das coisas que mais me ajudou na carreira foi participar de comunidades tanto sobre tópicos técnicos, como não técnicos como startup, criação de produtos, etc. 4. Sabendo que, no mundo globalizado, precisamos saber no mínimo mais um idioma além do português, comente um pouco como você estuda ou como você estudou/aprendeu outro idioma.

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Na área de TI, é essencial o inglês, toda comunicação mundial é em cima dessa língua. Vários eventos, livros são lançados em inglês, além de boas vagas em países com moedas mais fortes. Não sabendo inglês você será um bom desenvolvedor, mas perderá muitas oportunidades de crescimento. Eu estudo todos os dias inglês, com aplicativos, lendo livros, vídeos em inglês. No começo é difícil, mas com o tempo vai aumentando seu conhecimento na língua. 5. No sentido lato, como você trabalha? Que ferramentas (agenda de papel, softwares, anotações etc.) utiliza? E usa algum método para ter mais produtividade no seu trabalho? Escuta música enquanto trabalha? Pode comentar um pouco? Eu uso um quadro banco com post-its para organizar as tarefas, baseando em Kanban. Uso o método pomodoro para me concentrar na execução das tarefas. Escuto música geralmente rock ou podcasts que podem ser técnicos, de música ou atualidades. Mas atualmente tenho escutado muito sobre música, que é minha segunda profissão, e Astronomia, que é um assunto que me interessa bastante. 6. Qual sua estratégia para aprender/conhecer um novo assunto, seja ele técnico ou não? Sempre começo pelo fundamento, qualquer área sabendo o fundamento você sempre tem embasamento na evolução, seja para aprender uma nova linguagem ou tocar um novo instrumento ou astronomia. Volto no básico e vou incrementando. Mesmo já sabendo algo do básico, ao voltar você vai pegar uma nova experiência que você não passou no seu processo de aprendizado e uma casa bem fundamentada não cai, todos conhecem a história. Como diz um professor de guitarra que tive: “Treine fundamentos junto com escalas complexas todos os dias. Uma hora, em um show, os fundamentos vão te salvar.” 7. Você tem um planejamento pessoal e/ou de carreira? Você constrói um plano de ação para o próximo ano, para daqui a 5 anos, divide esse seu planejamento em áreas de interesse etc.? Sim, defino uma meta, crio um mapa mental do que preciso aprender até chegar nessa meta. E defino datas pequenas para cada ponto para atingir a meta principal.

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8. Olhando agora para as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), realizando um exercício de futurismo, como você vê a tecnologia/tendências em 2031? Acho que agora, cada vez mais serviços repetitivos serão feitos por autômatos ou inteligência artificial. Mas não a parte criativa de trazer o negócio e traduzir para o desenvolvimento. Então acho que será necessário cada vez mais conhecer sobre negócios e como traduzir isso para software. 9. Complementando a questão anterior, me fale agora duas tecnologias que não existirão dentro de 10 anos. E por quê? Acho que é difícil prever, exemplo que na nossa área de programação, poucas linguagens realmente morrem. Vide o Cobol que está aí desde nos anos 60. 10. Você se considera um profissional Especialista ou Generalista? E como chegou a isso? Sempre persegui a carreira em T, ou seja, especializar em um tópico e aprender outros que ajuda no principal. Acho que vale o estudo em carreira em T. Exemplo: Sou arquiteto com base em Java, mas estudo node.js, kotlin e outras coisas não relacionadas ao Java. Isso ajuda bastante na carreira. Mas se for concorrer uma vaga, será em Java. 11. Pode falar um pouco sobre a tendência, se é que podemos chamar assim, de profissionais especialistas migrarem para áreas mais generalistas ou atividades de gestão com o passar do tempo? Por exemplo, engenheiros ou programadores se tornarem Gerentes. Seria essa um caminho natural ao profissional? Acho que gestão a pessoa tem que gostar, no entanto acho que isso pode ser treinado. Mesmo assim, conheço excelentes técnicos que hoje são péssimos gerentes: a empresa ganhou um péssimo gerente e perdeu um excelente técnico. Eu mesmo, hoje segui a carreira técnica que foca em conhecimento especialista e generalista para construção de projetos. Atualmente, as empresas têm carreira em Y – você escolhe ir para gestão ou arquitetura de soluções, os dois requerem muito estudo e treinamento do dia a dia. 12. Falando agora um pouco sobre gerenciamento de projetos. Dentre as áreas do PMI temos o gerenciamento de comunicação. Como podemos melhorar a comunicação

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entre as pessoas envolvidas em um projeto? Como gerir de forma inteligente a comunicação entre programadores, gerentes de projeto, analistas, clientes, usuários etc. tendo em vista que possuem conhecimentos e visões distintos? Uma das coisas que gosto, e isso é bem usado em projetos ágeis, é colocar várias pessoas que pensam diferente, que possuem conhecimentos diferentes. Acho que isso é bom, mas a equipe de programadores deve pensar que todos têm o mesmo objetivo. Se o projeto deu certo, é pela união de todos. Se não deu certo, é “culpa” de todos. Aí tem várias técnicas para isso, tipo comunicação não-violenta, feedbacks de crescimento, dentre outros. 13. E com relação ao gerenciamento de pessoas, o que você aprendeu ao longo de sua carreira que pode ser útil para quem está começando agora? Uma das coisas mais importantes é comunicar bem, escutar para não ter “telefone sem fio” e se colocar no lugar das outras pessoas. 14. Se você tivesse que escolher uma soft skill para recomendar que o profissional prestes a entrar no mercado de trabalho aprimore seria qual? E por quê? Oratória para apresentação, o que mais acontece nesse mercado é defender suas ideias e projetos. Ao estudar oratória, aprenderá boas técnicas, até para pessoas tímidas, como eu sou. 15. Gostaria que você deixasse a recomendação de alguma coisa que é/foi importante para você aos nossos leitores. Pode ser um livro, um filme, uma música, um documentário etc. E comente porque esse conteúdo é relevante para ajudar a se tornar um profissional ou pessoa melhor. Esse livro me ajudou bastante: O Poder dos Quietos – Susan Cain 16. No mundo atual passamos muito tempo ligados a uma tela e a própria pressão (externa ou autoimposta) pode gerar ansiedade e outros males relacionados à saúde mental. Qual é sua válvula de escape? Que atividades e/ou hobbies usa como descompressão?

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Como sou músico e amo tocar guitarra e bateria, essas são minhas atividades fora do universo da TI. Isso é bastante importante, pois é bem comum ficar doente de estresse quando não prestamos atenção nisso. E se focarmos só na TI, coisa para fazer nunca vai acabar. Ter qualidade de vida e válvula de escape são importantes. Vou contar uma pequena história minha. Tive uma época de estresse extremo na TI, trabalhando dia e noite e finais de semana, direto, por meses. Isso me deu uma diabetes que evoluiu por estresse. Os remédios que tomo hoje já superaram, de longe, o dinheiro que ganhei nessa época com hora extra. Esse troca não compensa. 17. Na sua opinião o trabalho a partir de casa (Work from home, que no Brasil ficou mais conhecido como Home Office) é mais vantajoso para o profissional e para a empresa? Pode comentar um pouco sua experiência nessa modalidade de trabalho? Acho que trabalho remoto é bem mais produtivo e vantajoso. Pelo lado do profissional, não gasta tempo com deslocamento, reuniões online são mais objetivas, o estresse do trânsito é reduzido e o profissional pode se alimentar melhor e com mais qualidade em casa. E para empresa é bom, pois não precisa ter uma megaestrutura, pode ter algo mais enxuto e reverter o dinheiro gasto com megaestruturas em qualidade de vida dos funcionários. Todas as empresas tinham medo de Home Office, mas a pandemia de 2020 nos mostrou que é até mais produtivo, pesquisas saindo sobre o assunto que comprovam isso. 18. Agora, imagine que você está no segundo ano de sua faculdade. Que conselhos você daria para esse seu “eu mais jovem”? Aproveite e deixe seu recado final para nossos leitores. Para eu mais jovem, falaria “Continue estudando, mano! Tecnicamente está no caminho certo. Mas foca no inglês, não deixa para mais tarde, você perderá oportunidades por causa da falta da língua.” Uma mensagem que poderia deixar: estudem o técnico, estudem o não técnico, tenha qualidade de vida, melhore sua oratória, treine apresentações. Mas o mais importante, faça amigos. Participando de comunidades, projetos Open Source ou mesmo na sua empresa. Hoje tenho excelentes amigos que conheci na TI e que me ajudaram muito na minha trajetória na TI. Então, se prepare e faça bons amigos.

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Rogério Fontes Tomaz

Sobre o autor Formação Acadêmica/Técnica: (2014 – 2015) Especialização em Curso de Especialização em Desenvolvimento Java. (Carga Horária: 360h). Centro Universitário do Triângulo, UNITRI, Brasil; (2013 – 2013) Especialização em Docência no Ensino Superior. (Carga Horária: 420h). Faculdade Kurios, FAK, Brasil; (2010 – 2011) Especialização em Filosofia e educação: Diálogo e Abordagens interdi. (Carga Horária: 360h). Faculdade de Tecnologia Ciências e Educação, FATECE, Brasil; 2010 - Graduação em Sistemas de Informação. Faculdade Politécnica de Uberlândia, FPU, Brasil. Linkedin: https://www.linkedin.com/in/rogerio-fontes/ **Lattes: ** http://lattes.cnpq.br/7011084455634107 Twitter: https://twitter.com/rogeriofontes Email para contato: [email protected]

As pessoas são diferentes! As pessoas mudam! Carlos Alexandre Porto 1. Conte-nos um pouco sobre sua formação acadêmica/técnica e sobre o seu trabalho atualmente. Iniciei minha formação técnica com apenas 12 anos, fazendo um curso básico de informática na finada “Master Informática”, cujo diploma ainda segue pendurado em meu escritório. Na cidade de Camboriú - SC, existia um curso técnico em informática que funcionava no Colégio Agrícola de Camboriú (hoje Instituto Federal Catarinense), esse Colégio era vinculado à Universidade Federal de Santa Catarina e ofertava cursos de forma paralela ao ensino médio. Assim, iniciei os estudos no ensino médio em 2005, em uma escola pública estadual no turno matutino enquanto frequentava o Curso Técnico em Informática do CAC durante as tardes. Após 3 anos e mais de 3 mil horas de curso, me formei em 2008, com mérito de melhor aluno da turma. Nesse mesmo ano iniciei a graduação em Engenharia de Telecomunicações na Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB). Durante a graduação, tive a oportunidade de realizar um intercâmbio acadêmico na Universidade de Ciências Aplicadas de Offenburg (Hochschule Offenburg) no sul da Alemanha. Terminada a graduação, cursei um MBA em Gerência de Projetos na Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). No ano início de 2021 obtive a minha mais recente conquista acadêmica: finalizei o Mestrado Profissional em Ciência da Computação na Universidade Federal de Pernambuco. Com relação ao trabalho, desenvolvo atividades relacionadas à Infraestrutura de TI e Redes como Técnico em Tecnologia da Informação do IFC. Paralelamente a isso, trabalho como Engenheiro de Telecomunicações, desenvolvendo laudos, Perícias e atuando como responsável técnico para provedores de internet e empreiteiros de cabeamento estruturado e fibra óptica.

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2. Olhando para trás em sua carreira, o que você teria estudado mais e o que teria estudado menos? Como explanado na questão anterior, minha formação acadêmica é voltada quase que inteiramente para infraestrutura de TI e redes, carecendo de estudos relacionados a programação. Após 15 anos de trocas de experiências com diversos profissionais da área, é perceptível que a área de desenvolvimento tem a maior quantidade de oportunidade, bem como salários mais atrativos, sendo essa uma das áreas que eu gostaria de ter estudado mais. Analistas de Redes também são muito requisitados pelo mercado, principalmente com a grande quantidade de provedores regionais de internet que surgiram nos últimas anos, sendo esta outra área que eu gostaria de ter desenvolvido meus estudos. Não posso dizer que existe uma área que eu gostaria de ter estudado menos, porém, durante a formação na área de TI, todos os profissionais estudam tecnologias que, em poucos anos, se tornam obsoletas. Obviamente isso representa evolução, mas ao mesmo tempo traz um pequeno sentimento de frustração pela sensação de perda de tempo de estudo. 3. Com relação à graduação, pensando além do conhecimento científico/técnico, como um aluno pode aproveitar melhor seu tempo como universitário? Eu diria que os conhecimentos contidos na grade curricular de qualquer curso de graduação são apenas a ponta do Iceberg. Dentro de uma Universidade, as oportunidades estão em todos os lugares. Arrisco dizer, ainda, que se você apenas frequente a universidade para assistir aulas, você está aproveitando apenas 30% do potencial de ensino da sua Instituição. Se você gosta do universo científico/acadêmico, procure um grupo de pesquisa, pelo menos um professor que você encontrará por semestre administra um grupo de pesquisa da sua área. Se você não se identifica com a área de pesquisa, procure informações sobre um intercâmbio acadêmico, dessa forma você poderá aprender uma nova cultura, conhecer profissionais e estudantes de outro país, desenvolver um segundo idioma e ter uma excelente experiência internacional. Existem, inclusive, bolsas para isso. Você ainda pode trabalhar como estagiário em laboratórios para as disciplinas mais técnicas, se candidatar para monitoria de alguma disciplina e ensinar os outros alunos sobre o assunto, participar dos times de esportes da Universidade ou ainda fazer cursos de idiomas. O ponto aqui é, não assista apenas as aulas, faça atividades extracurriculares, aprenda a adquirir experiência e conhecimento por conta própria, não

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espere tudo chegar até você. Aproveite a vida acadêmica, o mercado de trabalho é um mundo completamente diferente. 4. Sabendo que, no mundo globalizado, precisamos saber no mínimo mais um idioma além do português, comente um pouco como você estuda ou como você estudou/aprendeu outro idioma. Para os profissionais de TI, o inglês é o idioma cujo aprendizado e domínio deve ser priorizado. Eu aprendi inglês através dos métodos tradicionais, fazendo cursos particulares aos sábados durante quatro anos. Hoje existem alternativas muito boas de cursos online, apesar de eu ainda preferir os cursos no formato presencial. Eu também realizei um curso de Alemão, um terceiro idioma me ajudou muito nas oportunidades internacionais. Após alguns anos no mercado de trabalho, eu percebo que o inglês além de fundamental, é básico. Falar inglês não é mais um diferencial, você precisa saber se comunicar em outros idiomas também. Algumas dicas que eu utilizo para aprender novos idiomas são: trocar o idioma do computador e celular, escrever um texto de 10 linhas todos os dias no idioma em que estou aprendendo, entender o significado de frases simples, ao invés de traduzir palavras, assistir vídeos de assuntos do meu interesse no idioma desejado e não ter vergonha de falar errado, o importante é se comunicar. 5. No sentido lato, como você trabalha? Que ferramentas (agenda de papel, softwares, anotações etc.) utiliza? E usa algum método para ter mais produtividade no seu trabalho? Escuta música enquanto trabalha? Pode comentar um pouco? Como desenvolvo mais de uma atividade profissional, utilizo primariamente a agenda do Google para me organizar. Coloco datas de eventos, prazos para laudos e perícias técnicas, bem como agendamentos para visitas aos clientes. Quando desenvolvo um novo projeto, costumo criar um quadro no Trello e listar as pequenas atividades que me farão cumprir um objetivo maior. Quando tenho muitas tarefas para fazer em um dia, costumo usar também um aplicativo de lista de tarefas (o mais simples e intuitivo disponível) para não esquecer de nada. Não costumo ouvir músicas enquanto trabalho, pois acabo prestando atenção na letra ou melodia e perco a concentração. O que acontece com frequência é a utilização de sons de chuva, ambiente ou “músicas para concentração” quando preciso focar em uma atividade e estou num ambiente com muito barulho.

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6. Qual sua estratégia para aprender/conhecer um novo assunto, seja ele técnico ou não? Eu costumo aprender mais facilmente quando estou assistindo algo, vendo imagens e gráficos, tenho um modo de aprendizado mais voltado para o visual. Assim, quando quero aprender um assunto novo eu normalmente crio uma pasta na nuvem e começo a assistir todos os vídeos que encontro sobre esse assunto enquanto faço anotações sobre o tema. Costumo anotar as ideias principais, nomes de empresas, técnicas e salvar o endereço de sites ou vídeos que mais foram úteis. Depois de assistir várias horas de conteúdo eu procuro páginas, artigos ou revistas relacionadas ao assunto e novamente realizo anotações e salvo tudo nessa pasta da nuvem para uma futura consulta. Por último, se ainda tenho dúvidas, se considero o assunto muito complexo ou se quero me aperfeiçoar na área, procuro por cursos online sobre o tema. 7. Você tem um planejamento pessoal e/ou de carreira? Você constrói um plano de ação para o próximo ano, para daqui a 5 anos, divide esse seu planejamento em áreas de interesse etc.? Eu, infelizmente, não tenho um planejamento detalhado de carreira. Construo um plano com metas por área de interesse, mas não os detalho. Quebrar grandes metas em pequenos objetivos pode ser bastante trabalhoso, mas faz com que tenhamos conquistas regulares, renovando a motivação para a grande meta de forma constante. Penso que isso é um defeito que deve ser corrigido nos meus planejamentos. Essa é uma importante parte do processo para que as grandes metas sejam atingidas. 8. Olhando agora para as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), realizando um exercício de futurismo, como você vê a tecnologia/tendências em 2031? O que vejo para o futuro daqui a 10 anos é relacionado a dispositivos inteligentes. Para a área de redes e telecomunicações eu vejo a “internet das coisas” se tornar indispensável para todos os eletrodomésticos e dispositivos, muito mais do que já acontece hoje em dia. Todos os dispositivos estarão conectados na internet, gerando dados, estatísticas e informações, tornando o mundo em que vivemos muito mais dinâmico ao mesmo tempo que a privacidade dos indivíduos diminui cada vez mais. Essa é outra área que vejo como indispensável para o futuro, segurança da informação, segurança de dados e privacidade serão skills muito requisitadas e muito bem remuneradas em um futuro próximo.

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9. Complementando a questão anterior, me fale agora duas tecnologias que não existirão dentro de 10 anos. E por quê? Tenho duas previsões relacionadas a minha experiência com telecomunicações e redes de computadores, uma mais óbvia e conservadora e outra mais ousada e inovadora. O telefone fixo e o cabeamento par trançado (o famoso cabo azul de rede) estão chegando ao fim dos seus ciclos de vida. Bom, sobre o telefone fixo isso não é novidade para ninguém. Diversas residências não mais possuem essa tecnologia, mas ainda podemos ver bastante uso nos pontos comerciais. Acredito que mesmo para empresas essa tecnologia vai acabar e se transformar em um software de VoIP em algum computador ou mesmo ser substituído por linhas móveis. De qualquer maneira, em alguns anos não encontraremos mais aparelhos de telefone fixo como os convencionais. Agora para a previsão mais ousada. Você, leitor, que é contemporâneo do cabeamento coaxial para redes de computadores vai entender como penso. A fibra ótica, tão difundida e utilizada para cabeamentos externos nos últimos anos, vai invadir as redes internas e substituir o cabo de rede par trançado. Os custos para fabricação e matéria prima já são equivalentes nos dias de hoje, mas as taxas de transmissão atingidas pelas fibras são dezenas de vezes maiores. Esses motivos, aliados à crescente demanda por velocidade de transmissão de dados, farão com que todas as redes cabeadas internas sejam substituídas pela rede fibra ótica. 10. Você se considera um profissional Especialista ou Generalista? E como chegou a isso? Me considero um profissional generalista. Tenho conhecimento em níveis variados em algumas áreas da tecnologia, bem como possuo também alguns soft skills que são importantes para os dias de hoje. Entretanto, infelizmente não me considero um profundo conhecedor de nenhuma área específica, o que é também uma falha na carreira. Penso que um profissional de TI, diferente de outras áreas, tem a oportunidade de se tornar um especialista em alguma tecnologia ou área antes de se tornar generalista. Isso faria com que o profissional pudesse transitar nos dois tipos de carreira e ter mais liberdade de escolha na sua atuação profissional. 11. Pode falar um pouco sobre a tendência, se é que podemos chamar assim, de

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profissionais especialistas migrarem para áreas mais generalistas ou atividades de gestão com o passar do tempo? Por exemplo, engenheiros ou programadores se tornarem Gerentes. Seria essa um caminho natural ao profissional? Penso que esse é o caminho natural do profissional. Um engenheiro ou programador com experiência nem sempre se tornará um bom gerente ou coordenador, é preciso desenvolver outras habilidades que não sejam técnicas. No mercado de trabalho, tenho colegas profissionais que atuam na carreira Y. Por experiência destes colegas, percebo que existe um limite para as promoções na carreira técnica, limite esse que não existe para os cargos da carreira administrativa. Não há nada de errado em ser um especialista em alguma área e continuar sempre na carreira técnica, mas penso que, ao longo da carreira, essa escolha se colocará a frente de todos os profissionais de TI. 12. Falando agora um pouco sobre gerenciamento de projetos. Dentre as áreas do PMI temos o gerenciamento de comunicação. Como podemos melhorar a comunicação entre as pessoas envolvidas em um projeto? Como gerir de forma inteligente a comunicação entre programadores, gerentes de projeto, analistas, clientes, usuários etc. tendo em vista que possuem conhecimentos e visões distintos? Falando a mesma língua! Sim, esse é o principal desafio, mas também é a chave de tudo. A primeira coisa que um gestor tem que lembrar é que comunicação não é o que se fala, mas sim o que o receptor entende. Se comunicar com uma linguagem comum, simples e objetiva é uma das mais importantes características para um gerente de projetos, mas não só isso. É preciso também verificar se a outra parte entendeu o que se quis dizer, através de perguntas simples cujas respostas devem ser comuns a todos os envolvidos. Alguns exemplos de perguntas para feedback de comunicação são: o que devemos fazer? Qual o prazo? Você entendeu o motivo? Essas perguntas devem obter respostas iguais de todos os envolvidos no projeto, caso contrário, houve um erro de comunicação que deve ser corrigido de forma urgente. Afinal, quando cada membro rema para um lado, o barco não sai do lugar. 13. E com relação ao gerenciamento de pessoas, o que você aprendeu ao longo de sua carreira que pode ser útil para quem está começando agora? As pessoas são diferentes! As pessoas mudam! Essas duas afirmativas devem sempre nortear as decisões de um gestor, e as explico.

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Os membros da equipe, apesar de algumas vezes desempenhar o mesmo papel na organização, gostar das mesmas coisas ou até mesmo torcer para o mesmo time de futebol, podem reagir de forma diferente a uma reunião ou feedback. Existem pessoas que funcionam melhor sob pressão, assim como existem pessoas que não suportam o chefe olhando por cima do ombro delas de hora em hora. É preciso aprender o que motiva cada colaborador, para que se possa extrair o melhor dele. Mas descobrir o que motiva o colaborador não é suficiente, pois as pessoas mudam, as motivações e intenções também. Saber que um colaborador trabalha melhor quando existe uma promessa de festa custeada pela empresa ao final do projeto não é a receita de sucesso. Esse colaborador pode ter sua motivação alterada por uma doença na família ou por qualquer motivo pessoal e iria preferir receber um bônus financeiro ao invés de ver a empresa tendo gastos com festas. Compreende, caro leitor? Conheça seus colegas, conheça seus gostos, seus princípios e motivações e tudo isso começa com uma conversa descontraída e sem pretensões aparentes. 14. Se você tivesse que escolher uma soft skill para recomendar que o profissional prestes a entrar no mercado de trabalho aprimore seria qual? E por quê? Comunicação é a chave de tudo. Através da comunicação, é possível evitar problemas relacionados a expectativa das entregas e muito mais. Saber como falar, que tom usar, que palavras ou jargões empregar é uma habilidade importante nas empresas nos dias de hoje, sobretudo quando as pessoas não estão no mesmo ambiente físico. Algumas dicas são: seja objetivo, mas nunca seja rude. Se comunique sempre de forma simples e breve, afinal ninguém gosta de indivíduos prolixos ou de reuniões de duas horas que poderiam ser resolvidas com um simples e-mail. 15. Gostaria que você deixasse a recomendação de alguma coisa que é/foi importante para você aos nossos leitores. Pode ser um livro, um filme, uma música, um documentário etc. E comente porque esse conteúdo é relevante para ajudar a se tornar um profissional ou pessoa melhor. Eu gostaria de recomendar o livro “12 regras para a vida” de Jordan B. Peterson. O autor faz com que vejamos as coisas por um ângulo que não é comum a maioria das pessoas. A leitura do livro desperta uma nova motivação para viver, ser um melhor pai, melhor profissional e melhor cidadão. Vale a leitura! Outro conteúdo que gostaria de

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recomendar são Podcasts. Existem diversos modelos e sobre diversos temas, inclusive tecnologia. É uma forma simples e eficaz de adquirir conhecimento enquanto se está fazendo outra atividade como, por exemplo, dirigindo ou lavando a louça (risos). 16. No mundo atual passamos muito tempo ligados a uma tela e a própria pressão (externa ou autoimposta) pode gerar ansiedade e outros males relacionados à saúde mental. Qual é sua válvula de escape? Que atividades e/ou hobbies usa como descompressão? Eu sempre gostei de jogos eletrônicos. Hoje em dia passo muito mais tempo lendo e assistindo vídeos sobre jogos do que efetivamente jogando, mas ainda tenho isso como um dos meus principais Hobbies. Além disso, como entusiasta do movimento “DIY” (Do-it-Yourself), gosto de desenvolver pequenos projetos utilizando componentes eletrônicos e microcontroladores. 17. Na sua opinião o trabalho a partir de casa (Work from home, que no Brasil ficou mais conhecido como Home Office) é mais vantajoso para o profissional e para a empresa? Pode comentar um pouco sua experiência nessa modalidade de trabalho? Penso que é a modalidade de trabalho do futuro, principalmente para os profissionais de TI. É vantajoso para a empresa que não precisa dispor de um espaço físico que comporte todos os seus colaboradores e também para o profissional, que não precisa perder tempo no deslocamento entre a sua casa e o trabalho. Entretanto, penso que é importante que a empresa promova, na medida do possível, encontros presenciais de forma regular, para que os profissionais possam se conhecer e conectar de forma física. Para mim, foi uma adaptação complicada no início. Eu nunca havia trabalhado nessa modalidade antes e a falta de um espaço específico e destinado às atividades profissionais foi uma dificuldade. Outro fator importante é a compreensão dos familiares da casa. Fazer com que estas pessoas entendam que você está em horário de trabalho e não pode, por exemplo, “sair para ir ao mercado” é outro grande desafio. Mas as coisas se encaixam com tempo e não ter que enfrentar trânsito para começar a trabalhar se torna perigosamente prazeroso. 18. Agora, imagine que você está no segundo ano de sua faculdade. Que conselhos você daria para esse seu “eu mais jovem”? Aproveite e deixe seu recado final para nossos leitores.

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Se mude para perto da universidade e aproveite a sua vida acadêmica! Aprenda a programar e tenha metas e um planejamento detalhado para os próximos 5 anos. Todas essas coisas são consideradas por mim como pequenas (ou não tão pequenas assim) falhas na carreira profissional. Espero que esse pequeno relato da minha experiência acadêmica e profissional possa servir de apoio para que os profissionais de TI possam, no mínimo, aprender com meus erros e não os repetir. Você escolheu uma área incrível para trabalhar e tem um futuro promissor a sua frente, basta não desistir e procurar ser um pouquinho melhor a cada dia, se comparando sempre com quem você foi ontem e NUNCA com outras pessoas. Sucesso na sua jornada!

Carlos Alexandre Porto .’.

Sobre o autor Formação Acadêmica/Técnica: Formado em Engenharia de Telecomunicações pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB) no ano de 2015, MBA em Gerência

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de Projetos pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) em 2017 e Mestre Profissional em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Pernambuco em 2021. Linkedin: https://www.linkedin.com/in/eng-carlos-alexandre-porto

Conheça as pessoas e não apenas os profissionais Welington Mothé de Oliveira 1. Conte-nos um pouco sobre sua formação acadêmica/técnica e sobre o seu trabalho atualmente. Ao optar pela área de informática, desde jovem, sempre participei de pequenos cursos e realizei muitos projetos práticos para aprender sobre o mundo da informática. Não foi difícil me apaixonar por esse mundo digital e todas suas áreas, então explorei incansavelmente cada uma delas, de montagem em manutenção e sistemas operacionais a desenvolvimento de sistemas complexos. No ponto em que percebo que realmente possuo um conhecimento profissional e útil ao mercado, opto pela área de sistemas web e me dispus a criar minha primeira empresa, com outros 2 sócios. A empresa funcionava como um portal da cidade e durou cerca de 1 ano, mas me deu uma experiência que não imaginava adquirir tão novo. Após isso, recebi uma proposta de trabalhar em uma empresa de hospedagem web que me trouxe uma boa experiência com servidores web profissionais que traziam uma plataforma de gerenciamento bem diferente dos meus servidores pessoais. Tal experiência possibilitou conhecer melhor a parte profissional do mundo web. Em 2008, determinei que iria me dedicar totalmente a meus estudos, o que fez com que eu largasse meu emprego em tempo integral, no momento estava no primeiro semestre/modulo de meu curso Técnico em Informática no IFES. Uma das melhores fases de minha vida, em meio aos estudos, foi ofertar monitoria em matérias que eu era aplicado e ministrar aula básica de informática no município. Pude conhecer grandes amigos que levarei para a vida toda. Em 2010, antes mesmo que pudesse me formar no curso Técnico em Informática, consegui o primeiro lugar no concurso para Técnico de TI do próprio IFES, mas para outra região, o que mudou totalmente minha vida, sair da casa dos pais é um marco

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para vida de qualquer um, mas sair para uma nova cidade é ainda mais apavorante. Apesar disso, não baixei a cabeça, após me estabilizar na nova cidade fui em busca de minha graduação em Análise e Desenvolvimento de Sistemas que conquistei em 2015. A minha carreira na instituição federal sempre me forneceu uma grande gama de aprendizado, vários cursos foram ofertados, alguns dos quais eu tive o prazer de participar foram o de Gerenciamento de Windows Server 2008, Introdução à Voz sobre IP e Asterisk e Segurança de Redes e Sistemas. Em 2018, consegui a vaga destinada a meu estado no curso de Mestrado em Computação ofertado pela UFPE em atendimento a demanda de formação dos Analistas e Técnicos de Tecnologia da Informação da Rede Federal de Educação. Apesar de passar a vida estudando, nada se comparou a essa experiência, pois pude aprender um pouco de cada coisa e me aprofundar naquilo que mais amo, mesmo sem saber ainda o que era que mais amava. Ao concluir este curso ficou claro o que amo no mundo da informática e que todo aprendizado deve vir com um toque de descontração, pois todo esse caminho se tornou muito mais leve com os amigos que obtive na jornada. 2. Olhando para trás em sua carreira, o que você teria estudado mais e o que teria estudado menos? Acredito que não mudaria nenhuma curva de meu caminho, pois foi isso que me tornou o que sou. Cada um tem seu caminho, seu estilo e seu propósito. E a única coisa que posso aconselhar é trabalhar e estudar aquilo que ama, independentemente do valor que os outros dão a isso, pois o dinheiro não é o objetivo e sim uma consequência do serviço bem executado. 3. Com relação à graduação, pensando além do conhecimento científico/técnico, como um aluno pode aproveitar melhor seu tempo como universitário? Praticando o máximo que puder, pois a prática leva a perfeição. Organizando seu tempo e seus estudos de forma visual como um Kanban. Traçando metas pequenas o suficiente para cumprir em menos de uma semana, pois ao ver uma meta concluída terá mais motivação para realizar a próxima meta.

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4. Sabendo que, no mundo globalizado, precisamos saber no mínimo mais um idioma além do português, comente um pouco como você estuda ou como você estudou/aprendeu outro idioma. Eu tenho interesse em aprender o Inglês, mas ainda não despendi meu tempo para tal, pois não era uma prioridade. 5. No sentido lato, como você trabalha? Que ferramentas (agenda de papel, softwares, anotações etc.) utiliza? E usa algum método para ter mais produtividade no seu trabalho? Escuta música enquanto trabalha? Pode comentar um pouco? Meu trabalho é muito dinâmico, pois em alguns momentos estou a gerenciar contratos e licitações em outro a gerenciar servidores ou então dar manutenção na rede de computadores e também dar manutenção no hardware dos computadores, mas grande parte do trabalho se dá a prestar o suporte ao usuário, pois exige compreender a forma de comunicação do indivíduo para que você consiga se comunicar de maneira que ele te entenda. Gerenciar contratos e licitações se dá pela análise técnica do contrato de manutenção de um serviço ou de compra de algum item necessário. Ao gerenciar servidores, buscamos utilizar ferramentas consolidadas no mercado, por isso todo o nosso parque computacional e a maioria de nossos servidores utiliza o sistema operacional da Microsoft Windows. Outros, tais como, servidor web e servidor VoIP utilizam Linux. Na manutenção da rede de computadores é necessário ter as ferramentas de manutenção, tais como alicate de crimpagem, descascador de fios, alicate de inserção, entre outros. O importante é manter a rede organizada e documentar o padrão definido em um mapa que possa identificar a origem e destino de cada cabo. A manutenção no hardware dos computadores se dá na maior parte em limpeza dos componentes e troca de algum componente queimado, sendo necessário apenas ferramentas um aspirador/soprador, pincel limpo, limpa contato, chave de fenda e Philips. Quanto o suporte ao usuário é necessário tratar a comunicação sem jargões ou gírias, pois o mais importante é se fazer entender. A técnica que mais utilizo é fazer analogia a alguma coisa que seja visível no dia a dia da pessoa que estou atendendo, por exemplo, ao falar da rede de computadores faço analogia com o transito de automóveis.

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Importante ressaltar que o trabalho como coordenador de setor é bem diferente das funções citadas a cima, ao ser coordenador você deve saber um pouco de cada uma dessas coisas, pois você se torna responsável pela gestão das pessoas que estão executando essas tarefas, também se torna o maior participante dos contratos e licitações feitas o que exige um conhecimento muito grande dessas áreas e das normativas que as contemplam. Sempre que posso escuto música enquanto trabalho ou estudo, pois relaxa, alivia os ânimos e concentra. 6. Qual sua estratégia para aprender/conhecer um novo assunto, seja ele técnico ou não? Minha principal forma de aprender um conhecimento novo é descobrir qual a forma que esse conhecimento se fixa em minha cabeça. Alguns conteúdos são melhores de aprender na prática, outros são melhores na escrita e outros no audiovisual. O segredo é testar todos os meios possíveis e usar o que te agradar. Independentemente da estratégia de estudo é necessário manter uma estratégia de organização de espaço e tempo, com metas e documentação visual. Aprenda as formas de organização e escolha a que te der maior produtividade. 7. Você tem um planejamento pessoal e/ou de carreira? Você constrói um plano de ação para o próximo ano, para daqui a 5 anos, divide esse seu planejamento em áreas de interesse etc.? Sim, toda minha carreira e vida pessoal foi planejada e executada com um cronograma em mente. O problema é que a única certeza na vida é de que tudo vai mudar. Tendo isso em mente não crie nenhum planejamento rígido demais, pois terá que quebrá-lo. Minhas regras são:

• Não executar mais que 2 tarefas do plano por vez; • Não fazer coisas pequenas achando que não vai atrapalhar o objetivo; • Não permitir que outros tomem seu tempo com coisas que não vão te agregar em nada. • Não permitir que a preguiça te alcance.

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Se posso deixar uma dica para seus planos, essa seria, sempre valorize muito mais as pessoas que conhecerá pelo caminho do que os planos que têm em mente, pois são elas que serão as principais responsáveis para que você alcance sua meta ou até almeje alçar voos mais altos. 8. Olhando agora para as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), realizando um exercício de futurismo, como você vê a tecnologia/tendências em 2031? Carros voando… Brincadeira. Esta década será marcada pela migração de todas as plataformas para a nuvem e a tecnologia de inteligência artificial gerenciando todo esse conteúdo da nuvem. Isso já é um desafio para nós e continuará a ser por muitos anos. Os que acreditam que não vão migrar para as nuvens se virão forçados a fazer quando a tecnologia de computação quântica se firmar no mercado, o que deve acontecer dentro de 5 anos. Espero não estar vivo quando as IAs descobrirem os computadores quânticos e resolverem dominar o mundo, mas se estiver, espero ter um carro que voa que não esteja conectado às nuvens! 9. Complementando a questão anterior, me fale agora duas tecnologias que não existirão dentro de 10 anos. E por quê? Para deixar claro e sem piadas! Os carros voadores existirão sim, mas não serão possíveis de utilização na sociedade pois as cidades levarão décadas para se adaptarem a essa tecnologia. Assim como os carros autônomos estão, a anos, tentando se adaptar ao caos do trânsito que existe hoje. As tecnologias que não estarão no mercado antes de 2031 são:

• Robôs residenciais, apenas por que os modelos viáveis serão caríssimos nessa época, talvez em 2040 se torne mais comuns nos países ricos. • Comunicação via interface cérebro-computador que possibilite ver sua caixa de mensagens ou as notícias em sua mente. Apesar de já existir formas de controlar membros ou conversar com pessoas sonhando, acredito que existe um pequeno desafio em controlar a comunicação de forma adequada e utilizar esse aparelho conectado à internet.

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10. Você se considera um profissional Especialista ou Generalista? E como chegou a isso? Inicialmente fui generalista, e acredito que isso seja o normal, pois precisava ter um conhecimento de tudo que existia na área para escolher um nicho de especialização, e a minha escolha foi o Desenvolvimento de Software, devido a minha vontade de contribuir com algo útil para a sociedade. Entendo que a necessidade de Desenvolvimento de Software cresce exponencialmente e os problemas relacionados a ele devem ser cercados por métodos de solução. Então, o meu foco principal é as metodologias que auxiliarão o Desenvolvimento de Software no futuro. 11. Pode falar um pouco sobre a tendência, se é que podemos chamar assim, de profissionais especialistas migrarem para áreas mais generalistas ou atividades de gestão com o passar do tempo? Por exemplo, engenheiros ou programadores se tornarem Gerentes. Seria essa um caminho natural ao profissional? Sim, a generalização é um processo natural ao profissional dependente de uma carreira na iniciativa privada, devido à necessidade de as empresas utilizarem o profissional em mais de uma tarefa de seus projetos/produtos. Cada tipo de empresa vai necessitar de uma estrutura organizacional diferente: quanto mais focado é seu produto/público-alvo, mais fácil possuir funcionários especialistas; quanto mais abrangente seu produto/público-alvo mais fácil, contratar funcionários gerais. Já os chefes, coordenadores, gerentes e líderes possuem um requisito fundamental, que é alinhar o conhecimento do negócio ou área de atuação ao conhecimento de gestão de pessoas como equipes. Em muitas literaturas você irá encontrar que esses cargos são cargos gerenciais puramente administrativos e que foram feitos para lidar com a burocracia de uma empresa, mas, hoje, os novos modelos de empresas mostram que são as pessoas fundamentais no processo de preparação, motivação e alinhamento das pessoas ao objetivo da equipe. 12. Falando agora um pouco sobre gerenciamento de projetos. Dentre as áreas do PMI temos o gerenciamento de comunicação. Como podemos melhorar a comunicação entre as pessoas envolvidas em um projeto? Como gerir de forma inteligente a

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comunicação entre programadores, gerentes de projeto, analistas, clientes, usuários etc. tendo em vista que possuem conhecimentos e visões distintos? Primeiramente é necessário mudar o “Mindset da empresa”, que é a forma como todos os funcionários pensam, se comportam e se comunicam. Após uma perspectiva positiva de todos os envolvidos, é necessário implantar e deixar explicito um método de trabalho que construa uma maneira de comunicação entre as pessoas clara, simples e direta, sempre focada na solução dos desafios rotineiros. Após o alinhamento da equipe com os novos conceitos, é necessário apresentar o tempo de trabalho e o tempo de descontração, para que se possa usar o momento de descontração para manter uma relação interpessoal entre os funcionários com comunicação leve, promovendo o aumento da afinidade, empatia e confiança, e por consequência reduzindo o desentendimento, a intolerância e desconfiança. É importante ressaltar que a comunicação só é eficaz quando o receptor compreende de forma clara a informação. Uma ação simples que acredito poder reduzir muito os mal-entendidos ocorridos no trabalho é a seguinte: orientar a todos que, quando no papel de receptor, repetir a informação com outras palavras assim que compreender a mensagem e no caso de não compreender algo, se despir de pressuposições e perguntar ao emissor o ponto que não ficou claro. 13. E com relação ao gerenciamento de pessoas, o que você aprendeu ao longo de sua carreira que pode ser útil para quem está começando agora? Gerir pessoas é uma arte tão complexa que não pode ser ensinada sem prática. A única dica que posso deixar é: conheça as pessoas e não apenas os profissionais. O lado pessoal é muito mais importante que o profissional, pois se uma pessoa não gosta da outra ela não quer saber se ela é boa profissional ou não. 14. Se você tivesse que escolher uma soft skill para recomendar que o profissional prestes a entrar no mercado de trabalho aprimore seria qual? E por quê? Algumas pessoas podem considerar a comunicação uma soft skill, mas eu não a considero, isso deve ser obrigatório. Portanto eu recomendaria a organização, pois a organização é primordial para o bom andamento do trabalho e entendimento das coisas

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por todos da equipe. Uma organização bem definida e aceita por todos os integrantes de uma equipe pode tornar todo o trabalho mais fácil e prazeroso. 15. Gostaria que você deixasse a recomendação de alguma coisa que é/foi importante para você aos nossos leitores. Pode ser um livro, um filme, uma música, um documentário etc. E comente porque esse conteúdo é relevante para ajudar a se tornar um profissional ou pessoa melhor. O filme Matrix foi um marco para mim, pois ele me fez abrir minha mente para o que não posso ver, e acredito que todos deveriam buscar entender além do que os olhos podem enxergar, seja na fé de sua religião ou na margem do que a ciência não consegue explicar. Foi meu primeiro passo para aprender a gostar de aprender. Como não poderia deixar de dizer, aprenda a jogar xadrez, pois ele será fundamental para você entender tudo na vida. Não conseguiria dizer tudo que ele pode te ensinar, mas com certeza fara você enxergar seus amigos e inimigos muito claramente, tornará você mais calmo e concentrado e por fim levará sua mente a estar sempre um passo à frente dos seus adversários. O conhecimento é sempre útil, independentemente de onde é adquirido, pois cabe a você filtrar o que é irrelevante. 16. No mundo atual passamos muito tempo ligados a uma tela e a própria pressão (externa ou autoimposta) pode gerar ansiedade e outros males relacionados à saúde mental. Qual é sua válvula de escape? Que atividades e/ou hobbies usa como descompressão? Gosto de caminhar ao ar livre, principalmente na orla da praia, devido as circunstâncias não tenho feito muito isso, mas para mim é revigorante estar próximo ao mar e sentir seu cheiro e a calmaria do som das ondas. Meus momentos mais produtivos foram em minha casa de praia. 17. Na sua opinião o trabalho a partir de casa (Work from home, que no Brasil ficou mais conhecido como Home Office) é mais vantajoso para o profissional e para a empresa? Pode comentar um pouco sua experiência nessa modalidade de trabalho? Sim, o Home Office pode trazer muitos benefícios para ambos, uma vez que um grande custo de tempo e dinheiro é eliminado da equação. Falo do transporte entre residência

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e empresa, uma vez que essa redução de despesas ocorre, é possível o investimento em outras necessidades da empresa. Como o local de trabalho e moradia ficam dentro de sua própria casa, é de sua responsabilidade organizar tudo para que tenha uma melhor qualidade de vida, qualidade que já se torna muito maior só pela redução do deslocamento. Uma vez que tudo tem que passar a ser visto em uma plataforma web, se torna necessário organizar as coisas que nunca foram organizadas. Assim toda a equipe passa a entender melhor todas as funções e tarefas. 18. Agora, imagine que você está no segundo ano de sua faculdade. Que conselhos você daria para esse seu “eu mais jovem”? Aproveite e deixe seu recado final para nossos leitores. Busque conhecer o máximo de pessoas positivas, pois são as pessoas que movem o mundo, mas existem pessoas-solução e pessoas-problema. Saiba distinguir quais são as positivas, uma vez que são elas que vão te levar para o próximo nível. Sem amigos não existe vida que vale a pena ser vivida!

Welington Mothé de Oliveira

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Sobre o autor Formação Acadêmica/Técnica: Formado como Técnico em informática pelo IFES (2010), Formado como Tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistemas pela Faculdade Vale do Cricaré (2015), Mestre em Computação pela UFPE (2021). Linkedin: https://www.linkedin.com/in/welingtonremoto Twitter: @welingtonremoto (https://twitter.com/welingtonremoto) Email para contato: [email protected]

Comunicação clara, transparência e acompahamento próximo Thiago Amarante Alves Goulart 1. Conte-nos um pouco sobre sua formação acadêmica/técnica e sobre o seu trabalho atualmente. Me ingressei na faculdade de Sistemas de Informação em 2010 por incentivo da minha esposa, que me via passar horas a fio, desmontando e montando, desconfigurando e reconfigurando um computador que compramos em 2009, aqueles bem simples mesmo, de promoção de loja de departamentos, e que veio com um sistema operacional Linux, uma distribuição chamada Satux. O que me chamou a atenção no curso de Sistemas de Informação, foi que a grade curricular é bem distributiva para abranger as diversas áreas do processo de criação de um sistema, não mantendo o foco somente na programação, apesar de ser um curso extremamente técnico. Na minha percepção, há uma vantagem nisso, pois adquirindo conhecimentos em diversas áreas ao longo do curso, o aluno vai identificar em qual área prefere atuar e inevitavelmente acaba aprimorando seus conhecimentos e se especializando naquele assunto. Como durante o curso não há tempo suficiente para aprimorar os conhecimentos das matérias estudadas, tentei realizar algumas ações para poder potencializar o aprendizado e aproveitar ao máximo o tempo ali empenhado. A primeira delas, foi explorar mais os conhecimentos e experiências dos professores, que sempre tinham “algo a mais” para acrescentar além do plano de aula que estavam seguindo. Então, sempre que tinha aquela curiosidade de saber o porquê das coisas, não excitava em questionar para saber os detalhes. Não eram raros os casos em que ficava após a aula dialogando com o professor para poder compreender melhor o que ele havia ministrado naquele dia, e sem contar o conteúdo extracurricular que acabava surgindo. Para mim, estes momentos eram como uma mentoria, que inclusive é uma ação que pratico até hoje

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com quem considero ser uma boa influência no mercado. Deste conteúdo extra, vinha outra ação interessante, que era a de seguir as orientações e indicações de livros, fóruns, comunidades, sites, palestras e minicursos, e como não exigiam tanto tempo extra, eu conseguia conciliar bem com os estudos das outras matérias. É claro que, com isso, também auxiliava na fixação dos demais conteúdos cursados. Outra ação que considero muito importante, é a escolha do local para realizar os estágios. Tive a grande oportunidade de estagiar em uma empresa que me proporcionou oportunidades para começar a colocar em prática o que você está estudando no momento, estando ao lado de pessoas que me ajudaram, e muito, a fazer isso. Graças a excelentes colegas que estavam envolvidos nestes trabalhos, pude vivenciar e me aprofundar de fato em várias das etapas da criação e evolução de um software. Se tratando de área de atuação, segui mais para a área da programação. Escrever código de fato, o que pude começar a aprimorar logo após concluir o curso, quando fui convidado para trabalhar em uma empresa de tecnologia atuando como programador backend. Atualmente, minha posição de trabalho é como Líder Técnico, atuando principalmente na orientação técnica da equipe. No modelo de trabalho que temos aqui na empresa, temos a liberdade de testar e validar várias tecnologias, para que possamos encontrar qual é a mais adequada para o cenário do projeto. Com isso, a todo momento precisamos colocar a “mão na massa” para auxiliar a equipe neste processo de descoberta, e o que é legal nisso, é que estamos sempre estudando algo novo, o que nos permite ficar atualizados com mercado tecnológico. Uma das minhas atribuições é criar um ambiente de crescimento exponencial para todos da equipe, proporcionando no contexto de cada um, a execução de atividades que permitam ao profissional a se desafiar aprimorando suas habilidades para alcançar um novo nível. 2. Olhando para trás em sua carreira, o que você teria estudado mais e o que teria estudado menos? Olhando para um contexto geral da minha carreira, no início eu teria empenhado mais tempo nos fundamentos da tecnologia, focando em tópicos como, algoritmos, paradigmas de programação, modelagem de dados, compiladores, infraestrutura, arquitetura de software, dentre outros, que proporcionam uma base sólida para trabalhar com qualquer linguagem ou framework de programação. Percebi a forte necessidade de estudar estes tópicos mais a fundo, quando comecei a trabalhar com demandas que

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tinham tecnologias que eu ainda desconhecia. Com isso, veio o aprendizado de não dedicar muito tempo a uma única linguagem ou framework, pois além de manter o seu conhecimento limitado apenas naquela tecnologia, olhando um pouco para a história, você logo percebe que muitas delas em algum momento deixaram de existir. Isso pode acontecer, porque talvez devido à forma como foi criada, não é possível acompanhar as evoluções dos processos tecnológicos, regras de segurança ou novas metodologias, se tornando uma tecnologia custosa demais para dar manutenção e evoluir. A partir daí, as comunidades de programadores e empresas perdem o interesse e deixam de apoiar aquela linguagem ou framework. 3. Com relação à graduação, pensando além do conhecimento científico/técnico, como um aluno pode aproveitar melhor seu tempo como universitário? Mesmo que você já atue no mercado de tecnologia a algum tempo, na faculdade nós descobrimos um mundo novo de pessoas e empresas que não tínhamos ideia de que existiam. Creio que isto ocorra simplesmente porque tanto as instituições de ensino quanto as empresas, sabem que cursos de graduação são um excelente local para encontrar potenciais talentos que, em pouco tempo, vão se tornar profissionais de excelência que podem fazer a diferença em seus negócios. Mas para que você possa conquistar visibilidade e ser desejado pelo mercado, precisa criar uma boa rede de contatos, também conhecida como ‘network’. Acredito que uma boa estratégia para montar um network amplo, é sendo um membro ativo nas comunidades de tecnologia, participando de projetos acadêmicos, cursos, workshops, palestras, seminários, congressos, e dentre tantos outros eventos que você tiver a oportunidade de conhecer. Mas não participar somente como um simples ouvinte, e sim como criador e compartilhador de conteúdos que são interessantes para aquela área do mercado que você gostaria de atuar. Mesmo que você não se sinta com maturidade e confiança para abordar um determinado assunto, você poderia começar criando conteúdos mais básicos, com foco em outros alunos, até mesmo de outros cursos, mas que possuem matérias em comum com o seu curso. Como exemplo, você pode ministrar uma palestra para falar sobre softwares voltados para gerenciamento de cadeias de suprimento, o que chamaria a atenção de um determinado público desta área. Dessa forma, você começa a se expor mais e vai ganhando notoriedade, então consequentemente fará conexões com pessoas e empresas que participam dos eventos, e assim, o network vai começando a acontecer de forma natural.

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4. Sabendo que, no mundo globalizado, precisamos saber no mínimo mais um idioma além do português, comente um pouco como você estuda ou como você estudou/aprendeu outro idioma. Apesar de ter tido um breve contato com o idioma inglês na minha adolescência, através de jogos e filmes, só percebi a necessidade a estudar o idioma com mais empenho quando entrei no curso de programação. É muito fácil encontrar materiais que foram escritos por autores de diversas nacionalidades, mas que estão em inglês, o que facilita a colaboração e o acesso por um número muito maior de pessoas. Isso me faz acreditar, que o inglês é o idioma comum entre diversas nacionalidades, pelo menos para área de programação. Para continuar estudando o idioma hoje em dia, executo as seguintes ações: faço cursos em plataformas online que tem um preço bem acessível e flexibilidade de horário, vejo vídeos no Youtube de professores nativos no idioma onde inclusive aprendi a não traduzir mentalmente e sim compreender o significado das palavras pensando Inglês, e por fim, sempre que possível converso com alguns amigos que dominam o idioma e isso reforça muito a habilidade de conversação. Um fato importante que constatei ao longo dos estudos, é que para aprimorar de forma consistente minhas habilidades no idioma, o mais importante a se fazer é a imersão total pelo máximo de tempo possível. Faço isso acessando sites de notícias, vendo vídeos, lendo livros, fazendo cursos. Procuro inclusive fazer isso até nas horas de lazer, porque mesmo descontraído vendo um filme de animação com meus filhos, em inglês, a minha mente está absorvendo e aprimorando as habilidades no idioma. Também é bom não perder a oportunidade de conversar com quem é nativo ou domina o idioma, então sempre que surge a oportunidade eu não deixo escapar, sem medo de falar errado ou não conseguir compreender muito bem, aproveito ao máximo para treinar as habilidades. 5. No sentido lato, como você trabalha? Que ferramentas (agenda de papel, softwares, anotações etc.) utiliza? E usa algum método para ter mais produtividade no seu trabalho? Escuta música enquanto trabalha? Pode comentar um pouco? Como a quantidade de tarefas que devemos realizar, junto ao número enorme de informações que recebemos ao longo do dia, é fato que esquecer de algo é extremamente fácil, então tenho o hábito de anotar tudo com o máximo de detalhes que vão me ajudar a relembrar sobre o assunto e executar a tarefa. Utilizo de algumas ferramentas e técnicas

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para fazer minhas anotações e organizar as tarefas a realizar. Para anotações faço algo que aprendi na faculdade com um querido professor, que é a utilização de mapas mentais ou ‘Mind Maps’. Durante uma reunião com a equipe ou num diálogo por telefone, vou criando o mapa escrevendo a lápis num caderno, onde depois posso resgatar as informações de forma prática para relembrar o assunto e pegar alguma informação que deveria estudar melhor, ou também para olhar as anotações que deveria ser uma tarefa a realizar. Para organizar minhas tarefas, utilizo bastante a ferramenta ‘Trello’. É uma ferramenta que tem planos gratuitos e também aplicativos para ‘smartphone’, o que facilita o acesso quando não está na frente do computador. Para quem trabalha em um ambiente altamente conectado ao mundo via internet, onde é muito fácil ter sua atenção sequestrada, por vezes, manter o foco em uma única atividade pode ser uma tarefa desafiadora. Na intenção de diminuir as distrações, desativo todas as notificações dos aplicativos, e também utilizo a técnica chamada ‘Pomodoro’, que orienta você a dividir suas atividades em blocos de tempo, alternando entre 25 minutos de trabalho e 5 minutos de relaxamento. Nestes minutos de descanso procuro não ficar sentado na frente do computador, o que além de espairecer um pouco a mente, também me ajuda a ficar não sedentário demais passando muitas horas apenas sentado. Além disso, também mantenho organizada minha agenda eletrônica no ‘Google Calendar’ com todos os compromissos do dia, para não deixar a rotina de trabalho desorganizada. Como do ambiente de home-office geralmente tem bastante barulho por conta das crianças ou das atividades domésticas, utilizo fones de ouvido com microfone apenas para minimizar o som ambiente e poder me concentrar nas reuniões que estou participando. Não tenho muito o hábito de ouvir música enquanto trabalho, pois no meu caso, dependendo da música, percebi que acabo me distraindo com a letra ou o ritmo dela e contenciosamente perdendo o foco na tarefa que estou realizando. Então se eu tiver a necessidade de ouvir algo para diminuir os ruídos do ambiente, prefiro músicas que são apenas instrumentais e que não tenham um ritmo acelerado, ou também os chamados ‘ruído branco’, que são sons constantes, como o barulho da chuva, ou de um ar-condicionado funcionando, e como estes sons estão sempre em uma frequência baixa, ouvindo em um volume moderado pode também ajudar a relaxar bastante. Hoje em dia é bem fácil encontrar longos áudios com estas músicas ou sons de chuva. 6. Qual sua estratégia para aprender/conhecer um novo assunto, seja ele técnico ou

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não? Para aprofundar meus conhecimentos em um determinado assunto, procuro seguir as técnicas dos modelos de aprendizagem do Método Feynman, criado pelo físico teórico norte-americano Richard Phillips Feynman, e do Método Robinson elaborado pelo psicólogo educacional norte-americano Francis Pleasant Robinson. Para estudar utilizando estes métodos, divido as atividades em três etapas, que podemos classificar como: análise prévia, busca por materiais e então o aprendizado ativo. Iniciando pela etapa de análise prévia – é onde começo a procurar efetivamente pelo assunto que pretendo estudar, mas sem me aprofundar muito, apenas o suficiente para adquirir um conhecimento prévio. Para isso, faço algumas indagações do tipo: “o que é?”, “qual o propósito?”, “como pode ser utilizado?” ou “quem criou?”. A intenção aqui nem é responder estas perguntas, mas sim pegar um contexto geral, inclusive gerando mais perguntas, porém focadas no conteúdo específico, que vou procurar pelas repostas nas etapas seguintes. Algo interessante que percebi acontecer aqui, é que com este processo, além de conhecer um pouco da história, também estou preparando meu cérebro para absorver as informações que vou receber durante os estudos, e com isso tenho a sensação de estar potencializando meu aprendizado. Na etapa de busca por materiais, é onde procuro por livros, palestras, vídeos e cursos. Este processo até facilitado pela primeira etapa, porque inevitavelmente ao ler sobre o assunto, já conheci os nomes de algumas pessoas que posso considerar que sejam referência, como professores, palestrantes e especialistas. Isso facilita a encontrar materiais que elas produzem ou indicaram. E na etapa de aprendizado ativo, é onde consumo o material reunido na etapa anterior, aplicando as diversas técnicas de aprendizado descritas nos métodos do Robinson e também do Feynman, que me orientam e incentivam a estudar realizando a prática delibera para consolidar os conhecimentos adquiridos. 7. Você tem um planejamento pessoal e/ou de carreira? Você constrói um plano de ação para o próximo ano, para daqui a 5 anos, divide esse seu planejamento em áreas de interesse etc.? Meu objetivo de carreira é me tornar um profissional consistente, lembrado pela excelência nos trabalhos realizados, que seja considerado uma referência na área de programação, e também por ter auxiliado na formação de outros profissionais. Este é

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um objetivo a longo prazo – 10 ou 15 anos –, mas como área da programação é muito dinâmica, onde as tecnologias têm uma evolução constante, com métodos e processos que vão sendo substituídos por outros mais eficazes, tenho que elaborar um plano de ação dividido em pequenos objetivos, que eu possa alcançar no espaço de um ano. Dessa forma, posso ir observando as mudanças de cenários na área de tecnologia e ir adaptando os planos para atingir o objetivo principal. Esses planejamentos anuais, crio analisando o mercado para compreender qual é o setor que está mais aquecido, junto a uma pesquisa para entender quais são as tecnologias que estão sendo utilizadas. Faço essa análise, porque com o mercado aquecido, a probabilidade de terem muitas empresas investindo em uma determinada tecnologia é bem maior. Desse modo, fica fácil de encontrar o que pode ser tendência para os próximos anos. Tento estruturar um plano de estudos alinhado também aos projetos que estou trabalhando no momento, para além de consolidar meus conhecimentos, também contribuir na evolução do projeto. 8. Olhando agora para as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), realizando um exercício de futurismo, como você vê a tecnologia/tendências em 2031? Analisando o cenário global sobre futuro das TICs, creio que as tendências estariam concentradas em três áreas da tecnologia, sendo elas: a Inteligência Artificial ou IA, a Computação Quântica, e Internet das Coisas também conhecida como IoT - Internet of Things. Para exemplificar, porque acredito que as tecnologias destas áreas são fortes tendências, e que inclusive já fazem parte do nosso cotidiano, vou utilizar como exemplo uma situação de emergência vivida por um norte-americano chamado Bob Burdett, que sofreu um grave acidente enquanto andava de bicicleta. Segundo relatos de familiares e do próprio Burdett, ele estava de bicicleta indo ao encontro de seu filho que o havia convidado para praticar mountain bike, quando sofreu um acidente grave, que além de sérios ferimentos também o deixou inconsciente. Ele foi socorrido poucos minutos após a queda, graças ao dispositivo smartwatch ‘Apple Watch’ que utilizava no momento do acidente, e que possui uma funcionalidade para detecção de fortes quedas, onde se não houver interação do usuário, aciona automaticamente os serviços de socorro mais próximo, com uma mensagem de alerta informando sua localização. O dispositivo também envia mensagens de alertar para lista de contatos de emergência, mas conforme o filho de Burdett relatou, mesmo correndo para chegar até ao local do acidente,

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felizmente viu que seu pai já não estava mais por lá, pois havia sido levado para o hospital pela equipe de resgate. Depois constataram que este atendimento rápido foi crucial para salvar a vida de Burdett, que na queda havia sofrido um forte impacto na cabeça. Nesse relato, podemos notar que as tecnologias empregadas naquele pequeno dispositivo, foram super importantes para salvar a vida de uma pessoa. Então, se pensarmos nas evoluções tecnológicas de IA, que devem passar por uma super evolução graças à computação quântica, será possível processar os algoritmos de uma forma muito superior aos computadores atuais. Podemos imaginar, assim, cenários onde as pessoas podem ser alertadas de que correm perigo, com uma grande antecedência, graças às análises em tempo real dos dados coletados de dispositivos IoT. Vamos imaginar o seguinte cenário, onde existem populações em área de risco de deslizamento de terra. Mediante a um temporal, se houverem dispositivos IoT instalados em pontos estratégicos, analisando os níveis de encharcamento do solo e enviando os dados para serem analisados em tempo real por uma IA, ela pode ser capaz de interpretar os dados e determinar qual é o risco de ocorrer deslizamento nas próximas horas, automaticamente enviando mensagens de alerta para a população e agentes da Defesa Civil, o que seria tempo suficiente para que as pessoas se retirem do local o mais rápido possível. Essa é uma visão que imagino ser plausível de ocorrer na próxima década, e independente da tecnologia que surgir, creio que sempre deve ser utilizada com o propósito maior de servir as pessoas, facilitando suas vidas, proporcionado segurança e bemestar. 9. Complementando a questão anterior, me fale agora duas tecnologias que não existirão dentro de 10 anos. E por quê? Acredito que há um tipo de serviço no mercado, que não somente as tecnologias que ele utiliza devem deixar existir, mas como também o próprio serviço deve sofrer uma drástica redução, quase a ponto de ser encerrado, é o Serviço de Atendimento ao Consumidor - SAC. Com o aprimoramento dos algoritmos de Inteligência Artificial - IA, onde os processos cognitivos estão cada vez mais elaborados, capazes de identificar a voz humana com uma taxa de acerto cada vez maior, os humanos que ainda fizerem parte do processo, serão utilizados apenas como um último recurso quando a IA que faz o atendimento não for capaz de resolver um determinado assunto que o cliente precise resolver. Esta tendência parece ser tão forte, que vemos várias empresas ostentando

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suas assistentes virtuais. É claro que ainda há muitos humanos atuantes no processo, mas há casos, onde essas assistentes têm até mesmo nome e personalidade própria, interagindo com o público como se fossem pessoais reais. Outro serviço que acredito que terá várias tecnologias extintas, é o de Internet via meios de transmissão física, em categorias como banda larga, cabo ou fibra ótica. Com o advento das tecnologias da Quinta Geração da Telefonia, mais comumente conhecida como 5G, grandes operadoras já acreditam que vão conseguir reduzir os custos ao dispensar a instalação física de aparelhos para levar a internet até a casa de cada um de seus clientes. Especialistas da área de comunicação, acreditam que, muito além de ter uma conexão mais rápida, o 5G pode impactar na vida da sociedade de grandes cidades, já que esta tecnologia seria capaz de suportar milhares de dispositivos IoT conectados. Isso possibilitaria a aplicação do conceito de Cidades Inteligentes, para servir a população com diversos recursos e serviços que facilitam a vida da comunidade. Como exemplos de serviços, podemos imaginar algo como: o monitoramento constante das vias públicas na intenção de prevenir crimes; a análise em tempo real de todo o tráfego de veículos da cidade, e com isso uma IA poderia controlar os semáforos redirecionando o fluxo para outras avenidas reduzindo o engarrafamento; fazer a análise dos terminais de ônibus para constatar quantos passageiros necessitam utilizar a mesma rota num determinado momento, a IA poderia colocar mais ônibus autônomos para evitar que fiquem super lotados e todos possam chegar a seus destinos. 10. Você se considera um profissional Especialista ou Generalista? E como chegou a isso? De modo geral, me considero um profissional Especialista atuando como de programador backend, porém, se tratando de tecnologias backend me considero um Generalista. Cheguei a essa conclusão, analisando algumas necessidades e oportunidades que tive ao longo da carreira. Comecei a trabalhar como programador, utilizando a linguagem de programação Java. Para início de jornada foi muito bom, porque a quantidade de metodologias, processos e ferramentas que precisava adquirir conhecimento logo no início, era muito desafiador para mim naquele momento. Diante disso, concentrando em apenas uma tecnologia, consegui evoluir nos meus estudos para aprimorar as habilidades de programação em geral, utilizando o Java como base para isso, até atingir certa maturidade profissional e prosseguir com a carreira.

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Acredito que existe a tecnologia certa para resolver o problema certo, então ter habilidades em múltiplas disciplinas, pode te proporcionar capacidades técnicas para atuar em diversos projetos. Ser generalista nestes cenários é conveniente, porque você garante sua posição no time e pode manter uma evolução constante, para que, aos poucos, você consolide seus conhecimentos em diversas áreas. No entanto, você não consegue dar profundidade nesses conhecimentos, e em alguns momentos, pode se ver limitado para executar alguma tarefa, necessitando da ajuda de um especialista. O especialista, por outro lado, consegue ter profundos conhecimentos em uma determinada tecnologia, o que também garante sua posição nos times, porque podem surgir cenários, por exemplo, uma limitação que está no compilador de uma linguagem de programação, que somente quem conhece os detalhes dessa tecnologia vai ser capaz de encontrar uma solução prática para contornar este obstáculo. Acredito que antes de definir qual perfil prefere, você precisa primeiro se encontrar como profissional, descobrindo “qual é a sua praia”, o que te dá mais satisfação. Creio ser necessário analisar com calma, em qual momento da sua carreira você se encontra, considerando também o mercado, a área que você está atuando e principalmente a empresa onde trabalha, para descobrir se você tem espaço e tempo suficiente para desenvolver seu perfil. No meu caso, começar como especialista, foi uma boa estratégia para conquistar o meu primeiro trabalho, enquanto ainda desenvolvia minhas habilidades. Isso, até eu ter a oportunidade para trabalhar com outras linguagens e perceber que me sentia satisfeito se seguisse o perfil generalista. Mas tenho colegas que são especialistas na mesma tecnologia há bastante tempo, e que se mantêm atualizados com as evoluções delas e são sempre solicitados para atuar em vários projetos, por serem peritos no assunto. Resumindo, há grandes oportunidades de trabalho para ambos os perfis, e depende de você encontrar o que te faz sentir mais realizado no trabalho que faz. 11. Pode falar um pouco sobre a tendência, se é que podemos chamar assim, de profissionais especialistas migrarem para áreas mais generalistas ou atividades de gestão com o passar do tempo? Por exemplo, engenheiros ou programadores se tornarem Gerentes. Seria essa um caminho natural ao profissional? Um tempo atrás, talvez uns 4 anos, eu ainda percebia existir essa tendência, conversando com algumas colegas que passaram por esta mudança. E a justificativa que ouvi, foi que para continuar crescendo na empresa, até para conseguir um cargo com

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remuneração maior, teve que migrar de área, pois como programador chegou a um certo limite do cargo. Mas tão comum como ouvir esta justificativa, também é ouvir destes mesmos colegas não se sentirem tão realizados nas funções que exercem e que gostariam de voltar a programar. Atualmente, percebo que este movimento já não é mais necessário, pois, acredito que modelando as grandes corporações, as empresas estão finalmente percebendo a importância de se ter pessoas com perfil técnico no nível executivo, para poder ajudar nas decisões estratégicas dos negócios, e que quem são os principais responsáveis pelo bom desempenho da empresa, não são só os gerentes, mas sim, todo o time de programadores que fazem o trabalho pesado criando código. Acredito que como estes papéis já estão melhor definidos, tanto no mercado quanto nas empresas, torna-se mais fácil para um programador especialista traçar seu plano de carreira para crescer na empresa chegando até o nível executivo, sem ter que deixar de atuar na área técnica. 12. Falando agora um pouco sobre gerenciamento de projetos. Dentre as áreas do PMI temos o gerenciamento de comunicação. Como podemos melhorar a comunicação entre as pessoas envolvidas em um projeto? Como gerir de forma inteligente a comunicação entre programadores, gerentes de projeto, analistas, clientes, usuários etc. tendo em vista que possuem conhecimentos e visões distintos? Vou trazer aqui um cenário que vivenciamos num projeto, onde o cliente não conhecendo os termos técnicos, acabou solicitando a implementação de uma funcionalidade utilizando uma tecnologia que não era adequada. O ruim disso, foi que a equipe acabou gastando mais de 2 horas de trabalho tentando compreender essa solicitação, até que o cliente conseguisse entrar na reunião para expor melhor o que ele realmente necessitava. Após este ocorrido, nós da equipe técnica definimos que iriamos utilizar a Linguagem Ubíqua para tratar todos os assuntos do projeto com qualquer pessoa que estivesse envolvida nele. De forma bem resumida, a Linguagem Ubíqua é como todas as pessoas envolvidas devem falar sobre o mesmo assunto, utilizando as mesmas palavras para descrever as mesmas coisas. E para manter uma comunicação constante, utilizamos um canal de chat único, onde tanto a equipe técnica como o cliente, tinham acesso ao histórico de mensagens, e também, passamos a registrar por e-mails as atas de reuniões e discussões técnicas. Desta forma, mantemos todos bem alinhados com os assuntos do

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projeto, minimizando ao máximo as falhas de comunicação. Esta estratégia de comunicação faz parte de uma metodologia de desenvolvimento de software, denominada DDD - Domain-Driven Design, que determina vários conceitos para que a linguagem do código, corresponda as regras do domínio, ou seja, desenvolver utilizando DDD significa que o software deve representar muito bem o domínio de negócio no qual está inserido. Existe um bom livro chamado Domain-Driven Design: Atacando as Complexidades no Coração do Software, escrito pelo autor Eric Evans, que detalha muito bem como esta metodologia pode ser aplicada. 13. E com relação ao gerenciamento de pessoas, o que você aprendeu ao longo de sua carreira que pode ser útil para quem está começando agora? Quando falamos de pessoas prefiro utilizar, no lugar de gerenciamento, o termo liderança. Que, para mim, expressa melhor o papel daquele que está junto ao time para dar direcionamento e oferecer suporte, proporcionando um ambiente de crescimento para todos. Na minha percepção, há uma diferença entre quem gerencia e quem lidera, onde o gerente delega tarefas e exige resultados, enquanto o líder apresenta os objetivos e oferece suporte. Hoje, atuo como liderança técnica de uma equipe, e também sou liderado por outras pessoas na estrutura da empresa. Então, tenho a visão de duas posições, a de liderado e a de liderança. Como liderado, aprendi a confiar nas orientações do líder, com sinceridade em meus feedbacks em relação às pessoas e o projeto, me mantendo motivado e comprometido com as atividades, e sendo resiliente perante os desafios. Como liderança, aprendi a utilizar a inteligência emocional para manter a equipe sempre bem alinhada com os propósitos do projeto, utilizando comunicação clara, sendo transparente com todos, acompanhando de perto cada membro para observar os pontos de melhoria e seus progressos, e estando sempre acessível para dar suporte tanto na área técnica como na pessoal, garantindo que todos estão com os desafios certos para poderem evoluir. 14. Se você tivesse que escolher uma soft skill para recomendar que o profissional prestes a entrar no mercado de trabalho aprimore seria qual? E por quê?

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Acredito que a auto gestão e o gerenciamento de tempo, seja uma das habilidades mais importantes, porque com ela bem aprimorada, você terá tempo trabalhar muitas das outras soft skills. Existem várias técnicas e ferramentas que você pode utilizar para aprimorar esta habilidade, como, por exemplo, as listas de tarefas, que você consegue fazer com lápis e um pedaço de papel. O importante aqui é que, olhando para a lista, você consiga identificar quais são as tarefas de maior prioridade, e possa inclusive otimizar seu dia de trabalho, caso consiga identificar as atividades que possam ser delegadas para outras pessoas realizarem por você. Outra ferramenta muito importante e simples de ser utilizada, é a agenda eletrônica, aquela mesma, que você provavelmente tem na sua conta e-mail ou no smartphone. Basta ter disciplina para manter ela bem organizada. Ela será super importante para organizar e visualizar suas atividades de forma que você possa aproveitar melhor seu tempo, definindo datas e horários bem específicos para cada uma delas, na qual, por exemplo, pode definir um plano de estudos e ter a visão clara de quanto tempo vai gastar para aprimorar seus conhecimentos. Tem outra soft skill que não poderia perder a oportunidade de indicar, que é a determinação e atitude. Se você chegar em uma entrevista de trabalho e mostrar que tem força de vontade e está disposto a encarar qualquer desafio para que possa evoluir, mesmo que você não tenha nenhuma habilidade trabalhada, com certeza vão te dar uma oportunidade de trabalho. Digo isso por experiência própria, pois vi acontecer em uma entrevista a um candidato, enquanto eu auxiliava nos processos de seleção, onde percebemos que ele não tinha as habilidades técnicas necessárias, mas mostrou estar tão determinado a aprendêlas, que faria um compromisso com o líder técnico da equipe que trabalharia, para que antes mesmo do período de experiência se encerrar, já estaria apto a trabalhar com as tecnologias que não conhecia. Oferecemos a oportunidade e a aposta foi certeira, em menos de 90 dias ele já estava com pelo menos os conhecimentos básicos das tecnologias que eram novas para ele, e conseguia atuar bem nas tarefas que lhe eram destinadas. Então este é o recado: dê o seu melhor, mostre que você é capaz, que pode aprender rápido e está disposto a encarar o desafio. Com certeza, você vai se destacar de muitos candidatos.

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15. Gostaria que você deixasse a recomendação de alguma coisa que é/foi importante para você aos nossos leitores. Pode ser um livro, um filme, uma música, um documentário etc. E comente porque esse conteúdo é relevante para ajudar a se tornar um profissional ou pessoa melhor. Uma recomendação de leitura que faço aqui, é do livro O poder do hábito escrito por Charles Duhigg. Embora cada hábito possa causar pouco impacto no seu cotidiano, com passar do tempo pode influenciar muito na sua saúde, produtividade, autoestima e felicidade. Nesse livro, o autor descreve como os hábitos funcionam em nossos cérebros, baseando-se em estudos científicos para elaborar um modelo que ele chama de o Loop do hábito, que pode ocorrer de forma automática no nosso cérebro através de um gatilho. No livro, são relatados diversos casos reais, de hábitos praticados no âmbito individual, empresarial e social, e é muito interessante poder observar como empresas e sociedade conseguem ter uma influência tão grande em nossas vidas, mesmo agindo de forma indireta sobre nós. Entender os hábitos e compreender como eles funcionam pode ser algo determinante de nossas vidas. A leitura desse livro irá lhe ajudar a identificar quais hábitos não fazem bem para você e como pode mudá-los, para que possa melhorar a sua qualidade de vida através de pequenas mudanças diárias. 16. No mundo atual passamos muito tempo ligados a uma tela e a própria pressão (externa ou autoimposta) pode gerar ansiedade e outros males relacionados à saúde mental. Qual é sua válvula de escape? Que atividades e/ou hobbies usa como descompressão? O que mais me dá prazer e recarrega minhas energias, é passar tempo com minha esposa e filhos, seja brincando com jogos de tabuleiro ou preparando uma refeição para família. Mas, além disso, tem outra atividade que gosto muito e creio que já se tornou um hobby, que é fazer reparos domésticos. Em certos momentos, chego até mesmo a criar algo que esteja necessitando aqui em casa, como exemplo, uma mesa de escritório que montei utilizando uma porta de madeira e alguns suportes. É uma atividade que me descontrai bastante, fazendo eu pensar em soluções criativas utilizando objetos que não estão ligadas à tecnologia, me fazendo passar horas longe do computador. 17. Na sua opinião o trabalho a partir de casa (Work from home, que no Brasil ficou mais conhecido como Home Office) é mais vantajoso para o profissional e para a

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empresa? Pode comentar um pouco sua experiência nessa modalidade de trabalho? Com as necessidades de mudança que enfrentamos no último ano, no qual todos os colaboradores estão trabalhando de suas casas, a empresa onde trabalho percebeu uma economia tão significativa nas despesas com escritório que resolveu tornar o sistema de home office como o modelo padrão de trabalho. Antes mesmo dessa mudança, eu já havia passado pela experiência de trabalhar nesta modalidade, quando minha esposa estava em período de estágios e eu tive que ficar em casa, cuidando das crianças. Nesse tempo já percebia ser modelo vantajoso, pois além de economizar o tempo e dinheiro que gastava com deslocamento até os escritórios da empresa, agora utilizo esse tempo para tomar café da manhã com minha esposa. A experiência para mim sempre foi positiva, pois tenho meu escritório montado aqui em casa, e minha família compreende que quando estou aqui, é horário de trabalho e fazem de tudo para não me interromper durante este período. 18. Agora, imagine que você está no segundo ano de sua faculdade. Que conselhos você daria para esse seu “eu mais jovem”? Aproveite e deixe seu recado final para nossos leitores. Um conselho que gostaria de ter ouvido quando era mais novo, e deixo ele aqui para vocês, é que procurem desenvolver ou apoiar projetos sociais que são destinados à auxiliar a capacitação profissional de pessoas que fazem parte da população carente da sua cidade. Busquem por apoio de instituições de ensino, governos municipais e também de empresa privadas, para que possam potencializar o projeto e fazer com que ele alcance o máximo possível de pessoas. Infelizmente, ainda é uma realidade no Brasil, que muitos jovens e adultos não consigam uma colocação melhor no mercado de trabalho, por não terem o mínimo de conhecimento técnico para operar um computador. Nesse sentido, elaborar e ministrar cursos de computação básica para essa população pode fazer uma enorme diferença nas vidas de várias famílias carentes da sua região.

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Thiago Amarante Alves Goulart

Sobre o autor Formação Acadêmica/Técnica: Formado em Sistemas de Informação pela UEMG Universidade do Estado de Minas Gerais (2013) Linkedin: https://www.linkedin.com/in/thiagoaag/ Twitter: https://twitter.com/thiagoaag Email para contato: [email protected]

Seja justo, humilde e ajude o próximo Nilo Jardim Martins 1. Conte-nos um pouco sobre sua formação acadêmica/técnica e sobre o seu trabalho atualmente. Formado na UNIPAC em Analise e Desenvolvimento de sistemas, ingressei no mercado de trabalho no ano de 2015 no Hospital Santa Catarina onde pra mim foi uma escola de aprendizagem na prática, depois entrei na IBM onde eu aproveitei todas as oportunidades de aprender coisas novas e fazer todos os cursos que um IBMista tem acesso e graças as tudo isso, hoje eu trabalho na ZUP Innovation uma das empresas que mais me surpreendeu em tudo, no equipamento no tratamento com novo colaborador e estou no cargo de analista de monitoramento, trabalhando diretamente com analise de logs de APIs como, API Manager e APIs criadas dentro da própria ZUP, prevendo e solucionando com antecedência os riscos iminentes. 2. Olhando para trás em sua carreira, o que você teria estudado mais e o que teria estudado menos? Seria banco de dados, linguagem de programação e lógica de programação e teria estudado menos era na área de suporte a computadores hardware e softwares. 3. Com relação à graduação, pensando além do conhecimento científico/técnico, como um aluno pode aproveitar melhor seu tempo como universitário? Eu trabalhava e estudava de noite, acredito que se ele dedicar somente para os estudos e praticando no laboratório da universidade seria bem mais gratificante, visto que hoje em dia somente estudar não é uma opção para muitos estudantes. 4. Sabendo que, no mundo globalizado, precisamos saber no mínimo mais um idioma

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além do português, comente um pouco como você estuda ou como você estudou/aprendeu outro idioma. Hoje eu estudo inglês com minha esposa em casa, entendendo que na parte falada é essencial ter alguém nativo ou em uma escola onde se fala somente em inglês, porém estou atrasado nessa questão dos estudos, na nossa área é um dos fatores principais a língua inglesa. 5. No sentido lato, como você trabalha? Que ferramentas (agenda de papel, softwares, anotações etc.) utiliza? E usa algum método para ter mais produtividade no seu trabalho? Escuta música enquanto trabalha? Pode comentar um pouco? Hoje no meu atual trabalho é importantíssimo usar o google agenda, google chat, email, bloco de notas, para não perder nenhum tipo de informação, pois como se trata de uma área onde só se trabalha com problemas, não podemos deixar nada passar. Nas outras empresas que trabalhava, usava papel e caneta para anotações, ainda vou usar o trello para me organizar (rs). Ferramentas de monitoramento que usava no meu antigo trabalho na IBM era o THE DUDE, um programa bem simples baseado em informações de perda de pacote, ping e afins. Hoje no meu atual emprego uso, Zabbix, grafana, e várias APIs para monitorar e facilitar nosso dia-a-dia. 6. Qual sua estratégia para aprender/conhecer um novo assunto, seja ele técnico ou não? Busco uma área de interesse ou vejo notícias sobre o que está em alta no mercado e procuro algum curso sobre tal assunto. Hoje eu sempre estou fazendo algum curso, conseguindo um badge que sempre é muito importante. 7. Você tem um planejamento pessoal e/ou de carreira? Você constrói um plano de ação para o próximo ano, para daqui a 5 anos, divide esse seu planejamento em áreas de interesse etc.? Hoje tenho planos de morar no Canadá, este plano será de longo prazo e nele está incluído, inglês, parte financeira, cidade onde vou morar, emprego que quero atuar. Porém na área profissional, pretendo me certificar em CCNA, e ITIL V4, são certificações importantes para estar no mercado de trabalho.

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8. Olhando agora para as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação), realizando um exercício de futurismo, como você vê a tecnologia/tendências em 2031? Muito mais evoluída em muitas áreas, porém com um foco muito importante na inteligência artificial e tecnologias para a ciência. 9. Complementando a questão anterior, me fale agora duas tecnologias que não existirão dentro de 10 anos. E por quê? Servidores físicos e backup em fitas. Acredito que essas duas tecnologias serão migrados em definitivo para a nuvem, pois além de ocupar menos espaços os custos em serviços serão menores. 10. Você se considera um profissional Especialista ou Generalista? E como chegou a isso? Generalista, pois eu sei um pouco de tudo, porém eu pretendo ser especialista em alguma coisa (rs). Uma dela seria a área de Cyber Security que eu acho fantástico. 11. Pode falar um pouco sobre a tendência, se é que podemos chamar assim, de profissionais especialistas migrarem para áreas mais generalistas ou atividades de gestão com o passar do tempo? Por exemplo, engenheiros ou programadores se tornarem Gerentes. Seria essa um caminho natural ao profissional? Acredito que essas áreas de gestão seria uma espécie de conforto, poderia pensar assim “há já trabalhei demais na área de programação agora vou dar chance aos novos programadores por exemplo e vou aplicar a minha experiência para eles e ter uma melhor qualidade de vida.” Olhando para o lado de gestão o que interessa bastante é a parte salarial. 12. Falando agora um pouco sobre gerenciamento de projetos. Dentre as áreas do PMI temos o gerenciamento de comunicação. Como podemos melhorar a comunicação entre as pessoas envolvidas em um projeto? Como gerir de forma inteligente a comunicação entre programadores, gerentes de projeto, analistas, clientes, usuários etc. tendo em vista que possuem conhecimentos e visões distintos? Não atuo nessa área diretamente.

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13. E com relação ao gerenciamento de pessoas, o que você aprendeu ao longo de sua carreira que pode ser útil para quem está começando agora? Aprendi que o método arcaico é uma furada, acredito que a gestão precisa aprender a confiar em sua equipe, ou seja uma gestão horizontal. 14. Se você tivesse que escolher uma soft skill para recomendar que o profissional prestes a entrar no mercado de trabalho aprimore seria qual? E por quê? Seja justo, humilde e ajude o próximo. Essas Soft skill eu carrego desde o meu primeiro emprego, consegui ter muitos companheiros de equipe, sempre ajude quem precisa no trabalho pois quando for a sua vez com certeza terá alguém para dar aquela mãozinha em algum momento da sua vida. 15. Gostaria que você deixasse a recomendação de alguma coisa que é/foi importante para você aos nossos leitores. Pode ser um livro, um filme, uma música, um documentário etc. E comente porque esse conteúdo é relevante para ajudar a se tornar um profissional ou pessoa melhor. Leia o livro “SCRUM A ARTE DE FAZER O DOBRO DO TRABALHO NA METADE DO TEMPO” e depois tire uma certificação, assim você terá muito sucesso profissionalmente. 16. No mundo atual passamos muito tempo ligados a uma tela e a própria pressão (externa ou autoimposta) pode gerar ansiedade e outros males relacionados à saúde mental. Qual é sua válvula de escape? Que atividades e/ou hobbies usa como descompressão? Curta seus momentos de lazer com a família, faça amizades físicas, toque algum instrumento, cante, tenha animais de estimação. Eu faço todos esses acima e tem me deixado menos estressado ou ansioso. 17. Na sua opinião o trabalho a partir de casa (Work from home, que no Brasil ficou mais conhecido como Home Office) é mais vantajoso para o profissional e para a empresa? Pode comentar um pouco sua experiência nessa modalidade de trabalho? Tem menos de 1 mês que trabalho em Home Office, estou gostando pois além de ter flexibilidade para fazer as coisas, você consegue ter uma auto-gestão, trabalhar mais,

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consegue gerenciar suas atividades. Para a empresa é bem melhor na questão de custos, pois não gasta com energia, aluguel de prédio, empresa de limpeza e afins, somente gastos com equipamentos e uma ajuda de custo para pagar energia, internet na sua casa. Mas, saiba separar o horário de trabalho com o horário de descanso. Existe um curso muito legal que é na CERTPROF que ajuda a você ter um melhor gerenciamento de como trabalhar em casa e ter uma vida de descanso. 18. Agora, imagine que você está no segundo ano de sua faculdade. Que conselhos você daria para esse seu “eu mais jovem”? Aproveite e deixe seu recado final para nossos leitores. Perdi muitas oportunidades de aprender coisas novas e que hoje está sendo refletido na questão de conhecimentos, então estude, nunca deixe pra depois aquele conteúdo que se interessou, busque sempre outros meios de aprender como cursos online gratuitos, certificações gratuitas, hoje em dia temos muita facilidade para aprender novas coisas. Busque sempre ajuda e ajude sempre alguém que quando você menos esperar a oportunidade bate na sua porta. Um abraço.

Nilo Jardim Martins

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Sobre o autor Formação Acadêmica/Técnica: Formado em 2015 pela UNIPAC no curso de Tecnólogo em Analise e Desenvolvimento de Sistemas. Linkedin: https://www.linkedin.com/in/nilo-martins-2a9034b7/ Email para contato: [email protected]

Sobre os autores do livro Tiago Bacciotti Moreira é professor do curso de Sistemas de Informação da UEMG Unidade Ituiutaba desde 2010. Trabalha também com cursos online (aqui1 ), tendo ministrado aulas para mais de 50.000 alunos em diferentes cursos. Trabalhou também com curos de formação para professores universitários e demais profissionais da área de tecnologia. Atualmente cursa doutorado na UNR. Você pode acessar o Curriculum Lattes do autor aqui2 Entre em contato pelo email [email protected] e todas as redes estão disponíveis aqui4 O site pessoal com artigos publicados semanalmente é https://baciotti.com/5

Lucas Bacciotti Moreira é mestre profissional em Ciências da Computação (UFPE, 2020) e analista de tecnologia da informação no IFTM - Instituto Federal do Triângulo Mineiro desde 2017. Trabalha também com cursos online (aqui6 ), sendo tutor para mais de 50.000 alunos em diferentes cursos e com hospedagem, criação e manutenção de website e sistemas online Você pode acessar o Curriculum Lattes do autor aqui7 1 https://baciotticursos.com.br 2 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4384355Y3 3 mailto:[email protected] 4 https://baciotti.com.br/ 5 https://baciotti.com/ 6 https://baciotticursos.com.br 7 http://lattes.cnpq.br/9125062262918128

Sobre os autores do livro

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Entre em contato pelo email [email protected] e todas as redes estão disponíveis aqui9 O site pessoal com artigos publicados semanalmente é https://bacciotti.com/10 8 mailto:[email protected] 9 https://bacciotti.com/ 10 https://bacciotti.com/

Agradecimentos Esse livro somente foi possível com a participação de (antigos e novos) amigos que doaram parte do seu tempo para trazer respostas tão elucidativas e profícuas que irão auxiliar muito as novas gerações de profissionais da área de TI. MUITO OBRIGADO Edson, Carlos, Madruga, Diego Menegazzi, Gustavo, Rafael (Shadow), Rogério Mendes, Rogério Fontes, Flávio, Diego, João Ludovico, Carlos, Wellington, Nilo e Thiago! Vocês são fantásticos! Obrigado, meu amigo Márcio Gamma, pela leitura dedicada e atenta com excelentes contribuições. E também, claro, agradeço ao nosso revisor, meu filho, José Lucas Araujo Bacciotti. E, por último, mas não menos importante, OBRIGADO A VOCÊ LEITOR! Que tenha muito sucesso em sua carreira!

Muito obrigado :)

Imagens usadas nesse livro A imagem da capa desse livro é de autoria de Tyler Frants e pode ser encontrada no site abaixo: https://unsplash.com/@tfrants11 As imagens de cada autor foram cedidas para uso pelos mesmos.

11 https://unsplash.com/@tfrants