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Portuguese Pages 117 [118] Year 2007
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Atlas de história medieval Tradução
Bernardo Joffily
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COMPANHIA DAS LETRAS
Copyright O 1961 by Colin McEvedy
Este livro foi publicado originalmente no Reino Unido pela Penguin Books Ltda., em 1961 Titulo original The new Penguin atlas of medieval history Capa Mariana Newlands Imagens de capa Mapa de Bruxelas: Stapleton Collection/ Corbis/ LatinStock Detalhe de mapa de 1375, que retrata a caravana de Niccolô e Maffeo Polo cruzando a Ásia no século XIII: Bettmann/ Corbis/ LatinStock Mapas
Bernardo Joffily
Assistência editorial
Estela Cavalheiro
Preparação Leny Cordeiro Indice remissivo
Renata Simões Revisão
Otacílio Nunes Ana Maria Barbosa
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) (Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil)
McEvedy, Colin. Atlas de história medieval / Colin McEvedy ; tradução Bernardo
Jofilly — São Paulo : Companhia das Letras, 2007,
Titulo original: The new Penguin atlas of medieval history. ISBN 978-85-359-1116-9
1, Atlas 2. Geografia medieval - Mapas 3. Idade Média - História L Titulo, 07-7809
CDD-911.0902
Índice para catálogo sistemático: 1. Idade Média : Atlas 911.0902
[2007]
Todos os direitos desta edição reservados à EDITORA SCHWARCZ LTDA Rua Bandeira Paulista 702 cj. 32 04532-002 — São Paulo — sp Telefone (11) 3707-3500
Fax (11) 3707-3501
www.companhiadasletras.com.br
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na região; o segundo mostra o desenvolvimento da economia. Outros, quando exis-
tirem, tratam de mudanças populacionais e da exploração do mundo exterior. Quase todos os mapas deste atlas cobrem exatamente a mesma área: a Europa, o Norte da África e o Oriente Próximo. Essa é uma unidade tanto social como geográfica, definida por barreiras que mantêm seus membros do lado de dentro e quase todos os demais do lado de fora. Seus limites são mostrados na figura 1. Começando
pelos montes Urais, a tradicional divisa entre a Europa e a Ásia, a linha de fronteira
passa, no sentido anti-horário, pelo oceano Ártico, o oceano Atlântico e o deserto do
Saara até o vale do Nilo. Acompanha a costa sul do mar Vermelho, depois cruza o mar de Omã até atingir as montanhas que marcam a divisa entre o Irã e o subcontinente indiano. Alguns segmentos dessa linha são permeáveis. Os Urais nunca foram uma barreira significativa para ações; rotas marítimas ligando o Oriente Próximo à África Oriental e à Índia foram estabelecidas nos tempos clássicos, e havia várias passagens utilizáveis nas montanhas que separavam o Irã e a Ásia Central da Índia. Mas pouquiíssimos povos entraram na área que abrange a Europa e o Oriente Próximo por essas
rotas: a única ocorrência numericamente significativa veio através da brecha centroasiática. Ali, entre o sul dos Urais e o flanco norte do maciço centro-asiático, o cami-
nho estava completamente desimpedido. Foi essa a porta de entrada para as tribos turco-mongóis, que constituíram a única contribuição importante à mescla do Ocidente medieval. A figura 2 mostra a área utilizada como mapa básico do atlas. Algumas extremidades foram suprimidas da área definida na figura 1: o extremo nordeste da Rússia européia; a parte setentrional da península Escandinava; Omã, na Arábia; e Makran, a pro-
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avançavam os séculos. Estes mapas não irão mostrar onde os reinos da França cunha-
vam suas moedas ou os cluniacenses construíram seus mosteiros: o que pretendem fornecer é um quadro de como os velhos impérios caíram e novos ascenderam, e como, na Europa, uma nova sociedade emergiu, com a energia capaz de libertá-la das limitações geográficas, intelectuais e técnicas que caracterizavam o mundo medieval. Os 47 mapas que compõem o atlas estão organizados em seis seções. O corpo de cada seção consiste em cinco ou seis mapas que mostram a situação política da área em intervalos de quarenta anos, em média. Ao fim de cada seção há dois ou mais mapas que correspondem à data da última carta política: o primeiro mostra as fronteiras da cristandade e, após o século v11, as do islã — as duas culturas determinantes
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inha idéia ao compilar este atlas foi mostrar o desenvolvimento da história medieval na Europa e no Oriente Próximo como uma narrativa contínua. Isso faz dele um livro diferente da maioria dos atlas históricos, que tendem considerar um país de cada vez e a se concentrar em suas estruturas internas. Não há aqui nada desse tipo de detalhe: nem dissecação de reinos individuais, nem descrições de suas hierarquias administrativas. Em vez disso, enfatiza-se a exposição do que aconteceu com toda a família de nações da área que abrange a Europa e o Oriente Próximo, conforme
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FIGURA 1. As fronteiras da área que abrange Europa e o Oriente Próximo. víncia iraniana mais próxima da Índia. Nenhuma delas tem muito a colaborar para nossa história, por serem áreas desérticas e escassamente habitadas. O ajuste preciso é, por certo, uma função da cartografia: a projeção foi escolhida para otimizar o espaço disponível. Sua única desvantagem é que, enquanto o norte, o sul, o leste e o oeste
estão nas direções correspondentes no lado esquerdo do mapa básico, o leste começa a se erguer alguns graus conforme se caminha para a direita do mapa. As linhas de latitude e longitude que definem a projeção e criam esse efeito constam no mapaindice no final deste volume. A figura 2 mostra também o mundo tal como era concebido no Ocidente no sécu-
lo 1v, quando se inicia a segiiência de mapas. Quase nada se conhecia da Rússia ao norte da estepe, e mesmo
o mais eminente dos geógrafos clássicos, Cláudio Pro-
lomeu, supunha que a Escandinávia fosse uma ilha. Por outro lado, ele e seus colegas sabiam da existência das Canárias, que tinham sido visitadas no início da era crista,
embora não depois. Também se sabia um pouco mais sobre a Núbia do que aparece
no mapa básico. Sobre a costa leste da África, achavam-se bem informados: mercadores árabes navegavam com fregiiência para locais longínquos, como Zanzibar, retor-
nando com marfim e histórias sobre as “fontes do Nilo”, que, inspiradas na realidade
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tinental asiática, a extensão (ainda que não o contorno) da Índia fora corretam ente
percebida, e se conhecia o perfil tanto do Sri Lanka como da península Malaia. A China não era percebida com clareza, e, apesar de caravanas percorrerem a Rota da Seda há mais de trezentos anos, o mapa romano tinha pouquíssimos detalhes sobre o interior da Ásia. Não existe menção ao lago Balkhash em nenhuma fonte clássica, e há considerável incerteza sobre a separação entre os mares de Aral e Cáspio. Definimos nosso palco; vejamos os atores. Estes constituem uma lista quase infinita de grupos políticos e religiosos: tribos, impérios, Estadosnacionais, principados mercantis, pastores nômades, camponeses, teocracias, feudos e hegemonias pessoais. O engenho reside em dispô-los em alguma ordem. Noséculo xixeemboa parte do seguinte, a opção preferida foi agrupá-los conforme a raça: nórdicos contra mediterrâneo, por exemplo; e a idéia ainda mantém certa atração. Afinal, as principais descontinuidades de população que correspondem às fronteiras da área que abrange a Europa e o Oriente Próximo marcam as divisões entre as maiores raças da humanidade: por que então as subdivisões no interior da área não corresponderiam a distinções sub-raciais, entre nórdicos, mediterrâneos e assim por diante? A resposta é que o único critério fisico para as distinções sub-raciais, a determinação dos códigos genéticos, leva a fronteiras tão indistintas que se tornam quase inúteis. Simplesmente não existe um conjunto de diferenças físicas entre alemães e italianos, digamos, ao contrário do que a imagem que temos do alemão típico e do italiano típico levaria a esperar. Na verdade, a própria
imagem é um embuste, já que é gerada pelo extremo, e não pela média. Seria um tra-
balho dificilimo separar em compartimentos distintos berlinenses e venezianos de um grupo de cem em que eles estivessem misturados caso não se permitisse que falassem. Alíngua é, portanto, a chave. Ela não só desempenha um importante papel na criação e na manutenção das unidades sociais, como fornece uma nítida informação
sobre o lugar de cada sociedade na corrente da evolução. Como disse o dr. Johnson,* “aslínguas são o pedigree dasnações ,e mesmono período medieval, quando a infor-
mação com freqiiência é menos completa do que gostaríamos, podemos deslindar o pedigree com pouquíssimos pontos duvidosos. O essencial para a classificação usada no atlas é mostrado na figura 3, que atribui
uma textura ou moldura característica a cada uma das principais línguas, com modificações correspondentes ao seu desenvolvimento histórico. Tomemos primeiro os
grandes círculos. Elesrepresentam os grupos lingúísticos visíveisno primeiro mapa do
atlas, datado de 362. A maioria deles deriva da família indo-européia. Situados na
Europa setentrional estão os celtas (linhas verticais), os teutões (com contorno ponti-
lhado), os bálticos e os eslavos (linhas diagonais em sentidos opostos). Abaixo deles estão as duas maiores línguas do Império Romano, o latim e o grego, ambas sem retí-
cula. No leste, o grupo iraniano está indicado por linhas horizontais, com o persa, idio-
ma dominante no Irã, tendo linhas mais espaçadas que as variantes do Cáucaso (alano)
e da Transoxiana (kusana). Das línguas não indo-européias, o finlandês foi assinalado * Samuel Johnson (1709-84), escritor, editor e dicionarista inglês. (N. T.)
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FIGURA 2. O mapa básico usado no atlas (retângulo preto) e, em azul, o perímetro do mundo conhecido em 362.
em cinza, enquanto o mongole o turco, que são estreitamente aparentados, são emoldurados por pequenos círculos, vazados para o mongol e sólidos para o turco. Árabes e berberes formam outro par, não tão aparentado como os turcos e os mongóis, porêm, tal como estes, partilhando traços sociais e lingiísticos; sua textura é entrelaçada, sendo a dos berberes mais densa. Três povos relativamente menores são representados por círculos de dimensão média: osarmênios, deidioma indo-europeu remotamente relacionado ao grego, os bascos (cuja primeira menção remonta a 476) e os georgianos. Os doisúltimos representam remanescentes da população pré-indo-européia da Europa, possivelmente relacionados entre si e certamente não relacionados com nenhum outro. Os três foram representados sem retícula. Esse sistema inicial de classificação se mantém nas duas primeiras seções do atlas.
Então, coma criação do Império Franco, temosa oportunidade de restabelecer as convenções de uma forma que serve melhor às quatro seções seguintes. As novas linguas que emergiram durante esse período estão indicadas por elipses na figura 3. As que estão diretamente relacionadas a nós são o inglês e o alemão, ambas derivadas do tronco teutônico, e o francês, o italiano e o espanhol, todas evoluções do latim e portanto conhecidas como linguas românicas. Estas se tornaram as línguas centrais da cristan-
dade ocidental, a unidade social que é o principal foco de interesse do periodo medie-
val mais recente. Todas permanecem por inteiro, e portanto o pontilhado que previamente distinguia a linhagem teutônica agora está confinado a uma parte desta, a escandinava. Como os escandinavos ainda enfatizavam a antiga imagem teutônica e amedrontavam seus parentes cristãos na Inglaterra e em outros pontos, há certa justiçanisso. No entanto, isso significa que nesta seção estamos trocando uma classificação puramente lingiistica por outra, que leva em conta fatores sociais. Outro exemplo da mesma questão é a marca usada para o magiar, a língua de uma tribo finlandesa que se transportou para a estepe e adotou o modo de vida turco. À medida que os magiares passaram a essa forma de existência, receberam um contorno de círculos (indicando o
FIGURA 3. Apresentação do sistema de retículas usado no atlas.
status de nômades) de cor cinzenta (indicando a língua finlandesa). Mas, uma vez que
se deslocam para a Hungria e estabelecem um reino sedentário, mudam esse padrão
para um contorno simples e um preenchimento chapado. Da mesma forma, mudanças em grande parte auto-explicativas ocorrem com o padrão para o turco. Clãs pequenos demais para receber uma moldura de círculos são indicados por um círculo único, com uma bandeira como realce. Estados sedentarizados, como o otomano, ganharam um contorno de semicirculos interligados. Os novos idiomas que aparecem esporadicamente no resto do atlas obedecem a um ou outro desses sistemas. Assim, no ano 1000, o russo se diferencia das outras lín-
guas eslavas por uma versão tracejada do preenchimento em diagonal dos eslavos. Os Estados curdos, que aparecem no mesmo mapa, são preenchidos com uma versão adensada do iraniano. O romeno e o albanês, duas línguas que apareceram nos Bálcàs no século Iv, têm preenchimento chapado. O romeno, derivado do idioma latino
dos colonizadores romanos da região, recebe o tratamento das outras línguas romãnicas. O albanês tem status independente dentro do grupo indo-europeu: seu provável ancestral é o idioma ilírio, falado pela população pré-romana. Quanto às conven-
ções cartográficas que se cruzam com a classificação linguística, a mais importante é o uso de um contorno pontilhado para os Estados cruzados, seja no Levante, seja no
Báltico. Trata-se de uma derivação consciente do Volkerwanderung teutônico, mas isso não significa que a maioria dos cruzados falasse línguas teutônicas. No Báltico era assim, mas no Levante a língua e a cultura dominantes eram francesas.' Quanto às convenções mais usuais, talvez valha a pena definir alguns pontos sobre seu uso neste atlas. As setas quase sempre significam migrações, não incursões, ou seja, o que se movimenta não é apenas um exército, mas um povo. Uma exceção a essa
regra são as campanhas mongóis do século xi, mas isso se esclarece no decorrer da narrativa e com o uso de um tipo distinto de seta. As cidades raramente são assinaladas em mapas políticos. As que constam devem-no a dois critérios: ou são unidades políticas soberanas (como Nápoles ou Amalfi no século xr), ou têm possessões políticas no ultramar (caso de Pisa no século xr e de Gênova no xIv). Veneza, é certo, entra
em ambas as categorias. O tamanho, contudo, nada tem a ver com isso, nem o autogo-
verno local. As muitas localidades importantes do Império Germânico que habitualmente tratavam de seus próprios assuntos e só pagavam tributo às autoridades imperiais quando eram obrigadas não estão indicadas nos mapas políticos (caso contrário, por que não os condados e ducados que tinham igual propensão à independência?).
1. Embora não haja dúvidas sobre o status do romeno, existe considerável controvérsia quanto a
suas origens. Os romenos de nossos dias se dizem descendentes dos colonizadores latinófo nos instala: dos na Dácia no século 1. O problema dessa suposição é que não há indícios da sobrevivência de tais colôniasnosséculos entre a derrocada da província romana, em 270. ea primeira menç ão aos valáquios (de idioma romeno) da Romênia, em 1230. Muitos pensam que uma origem mais plausível dos romenos resida na população latinófona ao sul do Danúbio, onde as instituiçõ es romanas fincaram raízes mais profundas e sobreviveram por mais tempo. Nessa reconstituição, os valá quios apenas se deslocaram para a atual Romênia no século xu11, quando o nomadismo na região come çou a refluir. Mais digno de ênfase nessa associação é o fato de que, embora o sistema de padr ões usado no atlas distinga uma língua da outra, não é um guia confiável para as relações no inter ior destas. Não só o romeno não tem vínculos com o albanês, como também o latim carece de pare ntesco próximo com o grego, sendo mais próximo do celta. O curdo, igualmente, é mais aparentado com o persa do que com o alano.
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Também não estão indicadas cidades italianas importantes, como Milão e Florença, a despeito do fato de suas rendas serem superiores às de muitos Estados soberanos. Tais localidades serão encontradas, sim, mas na meia dúzia de mapas que têm como tema as cidades (e rotas de comércio). As cidades estão aí agrupadas em três categorias: pequenas (com população entre 15 mil e 22 mil), médias (de 23 mil a 49 mil) e
FIGURA 4. Aspecto físico e uso da terra. Omapa simplifica ambos. No começo da eram edieval, grande parte do que seconhecia como áreas de lavoura e XIV. Os plaera coberta de florestas, e assim permaneceu mesmo depois das clareiras abertas entre os séculos X naltos são esquemáticos; as montanhas das áreas desérticas e os oásis nos quais as escassas populações se concen-
travam foram completamente omitidos.
grandes (de 50 mil a 125 mil). Usei esse sistema — e não aquele de círculos cada vez
maiores — por ser mais fácil de visualizar e também por acreditar que a passagem de uma categoria a outra tem sentido qualitativo. Naturalmente, a primeira questão que se impõe é como foram obtidas as cifras sobre a população indicada. Publiquei, com
Richard Jones, um Atlas of world population history (Pen guin, 1978) que fornece as fontes dos dados gerais sobre população empregados neste livro, e um dia esperamos
encontrar um formato publicável para os dados que compilamos por cidade. Até lá, O leitor terá que aceitar a classificação em confiança, embora, caso se sinta preocupado a respeito, possa obter confirmação com autores clássicos.
Ainda que essas normas pareçam complicadas, a lógica por trás delas é simples: mapas históricos funcionam melhor quando enfocam um tópico de cada vez. Daí a divisão temática entre os mapas da segiiência principal, mostrando unidades políticas, seguidos de mapas que cobrem a cristandade, cidades e rotas comerciais e popu-
lação. Pelas mesmas razões, nenhum dos mapas contém senão um mínimo de referências geográficas, apenas a linha do litoral e rios e lagos que permitam ao leitor localizar-se no interior da massa continental. Acidentes geográficos, como montanhas e desertos, que governam a distribuição populacional e dão às nações o seu con-
torno, devem ser acrescentados pelo olhar do leitor. É importante, portanto, ter em conta desde já o essencial da geografia física. Isso, como mostra o mapa da página ao lado, não é uma tarefa tão árdua. À zona de povoamento contínuo restringe-se à área entre a faixa de florestas coníferas que ocupa o norte da Europa e o limite superior do deserto que se estende ao longo da África e da Arábia. No interior dessa região há três mundos distintos. O primeiro é a área das terras de lavoura que constitui o coração da Europa. Basicamente, é formado pela França, com a Grã-Bretanha externamente; a Alemanha, incluindo os Países Baixos e a Dinamarca; e a Polônia mais as províncias nucleares da Rússia européia. Separadas por montanhas, mas fazendo parte do mesmo sistema, estão a Itália setentrional (entre os Alpes e os Apeninos) e a Boêmia (separada pelo Bôhmerwald, os montes Metálicos [Erzgebirge] e as terras altas dos Sudetos). A Hungria, delimitada ao norte e a leste pelo arco dos Cárpatos, é uma terra de fronteira;
nos tempos medievais, ora sim ora não fazia parte do domínio dos nômades. Esse domínio, o segundo dos três mundos, prevalece no lado direito do mapa. Seu elemento essencial é a estepe, no período medieval o habitat de hunos, turcos e mongóis. Esses cavaleiros errantes guiavam seus rebanhos de uma pastagem a outra ao
2. Russell. J. C., Medieval regions and their cities (Bloomington, Ind., 1972) e Late ancient and medie-
val population, Relatórios da American Philosophical Societ y, vol. 43, nº3 (Filadélfia, 1958). Beloch, H.
J., Bevôlkerungsgeschichte Italiens, 3 vols. (Berlim, 193 7, 1939, 1961). Também, quanto ao mapa final, De Vries, Jan, European urbanisation 1 +00-18 00 (Londres, 1984).
longo do corredor que abarca a extensão da Ásia e entra pela Europa através da bre-
Não acredito que no período coberto pelos mapas das cidades e rotas do comércio (528-1483d. C) alEuma cidade
cha entre os Urais e o Cáspio, expandindo-se então para tomar todo o sul da Rússia e parte da Hungria. O terceiro dos mundos que temos que considerar é composto pelos países que bordejam o Mediterrâneo. O sul da Itália é o ponto central desse ecossistema, que se
tivesse uma popul ação de mais de 125 mil hab itantes. Se existiu uma exceção, o melhor palpite pode ser o Cairo do século XV, To que deve teralcaçado esse limite ou chegado perto dele. Roma, ARE no fim da Antiguidade, era muito maior, mas a rapidez do seu declínio (de 250 mil no começo
do século 1v para 125 mil no início do v) a levou ao estágio medieval bem antes de 528 d.C.
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estende da Espanha até o Levante, entrando pelo Atlântico, no caso da Espanha e do Marrocos, e pelo golfo Pérsico, no que diz respeito ao Iraque. Abrange uma mistura de terras de lavoura e pastagens, com frequência cortadas em pequenas porções por cadeias montanhosas que se precipitam abruptamente no mar e por faixas áridas onde só o pastoreio de cabras é possível. O Egito, situado na borda sul dessa área, é um caso especial, um país desértico trazido à vida pelo Nilo, o único rio a atravessar O Saara. A leste, esse mundo se estende até o planalto Iraniano, contendo faixas de
décimo desse número. Parece extraordinário que, apenas setenta anos após o fim da idade de ouro de Gibbon, o sistema imperial tenha enfrentado confrontos desesperadores e que uma segunda crise, cem anos mais tarde, tenha arrastado à ruína sua parte ocidental e a própria Roma.
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Em retrospecto, é fácil ver que o Império do Ocidente nunca foi tão seguro como
parecia. Os habitantes das áreas rurais, que Son jairo o grosso da Pepriação, não precisavam das construções urbanas que tinham evoluído em Roma e no Oriente he-
estepe que atraíam os nômades da Ásia Central e com frequência eram ocupadas por
lenístico: as cidades, sementes da missão civilizadora do Império, definharam tão lo-
eles. Do Azerbaijão, na parte mais ocidental do planalto, os nômades podiam sem dificuldade mover-se para a Anatólia, em cuja planície central havia igualmente
go os maus ventos sopraram, e várias delas estavam desertas muito antes que os bárbaros as assolassem. Mais precisamente, a situação fiscal era sempre incerta. Um revés na arrecadação foi a base da hiperinflação que tornou tão perigosa a crise do século III, e no início do século v o generalíssimo Flávio Estilicão achava-se carente de fundos no momento em que vencia suas batalhas — depois de uma vitória, teve que lançar mão do ouro do mais venerável dos templos de Roma para pagar suas tropas.
atraentes pastagens. A Anatólia passou então a cumprir na Ásia a mesma função da Hungria na Europa, a de terra de fronteira entre o mundo sedentário e o nômade.
Os pontos inicial e final da era medieval convencionalmente adotados são o reinado de Constantino, o Grande (início do século 1v) e as grandes navegações (fim do século xv). Trata-se quase exatamente do mesmo período que Gibbon* cobriu em seu Declínio e queda do Império Romano, e as questões apresentadas em sua narrativa nos dizem respeito. Por que o mundo civilizado, que triunfara sobre os bárbaros nos séculos antes de Cristo, começou a encolher pouco depois do início da era cristã? Por que
Porém, se existe uma razão para explicar por que Roma caiu, ela teria que ser militar.
Os legionários eram suplantados pelos bárbaros no campo de batalha, o que significa que o Império tinha que buscar os guardiões de que precisava entre seus próprios saqueadores. A coincidência do período medieval não é apenas com o Declínio e queda de Gibbon, mas igualmente com a “era da cavalaria” de Oman.* Por que as mesmas forças não puseram abaixo a metade oriental do Império? Bem,
o Império do Ocidente tombou e por que o Império do Oriente conseguiu sobreviver por mais dez séculos? A queda do Império do Ocidente afetou alguém afora a reduzi-
no final elas o fizeram, mas o Oriente era mais rico, podia pagar emolumentos mais elevados e contratar exércitos maiores. Sempre fora mais rico, no sentido de que seus recursos eram mais facilmente arrecadados pelo governo central, e como tinha seu próprio governo central, obtido com a divisão do Império e a construção de Cons-
da minoria que formava sua casta dirigente? Foi a idade das trevas de fato tão tenebrosa? E fora o apogeu do Império realmente tão benéfico? Quanto à última questão, Gibbon não tem dúvidas. Conforme ele afirma, “se um homem fosse chamado a estabelecer o período da história do mundo em que a condição da raça humana foi mais venturosa e próspera, ele deveria, sem hesitação, apontar aquele compreendido entre a morte de Domiciano e a ascensão de Cômodo”. Ponha-se “mundo mediterrâneo” em lugar de “raça humana” e “século 11” em vez das
tantinopla, estava apto a comprar sua escapatória das tormentas que vitimaram o
Ocidente. Porém, sua capacidade era limitada: as fileiras de seus exércitos eram preenchidas por bárbaros e, embora ele tenha vivido algumas consideráveis recuperações — reestabilizações talvez seja a palavra mais apropriada — desde as primeiras incursões de germanos e árabes, búlgaros e turcos, nunca esteve à altura das exigên-
cias da era da cavalaria. Sociedades camponesas não produzem com facilidade exér-
datas dos reinados, que hoje não dizem muito para ninguém, e se terá uma proposi-
ção que muitos historiadores ainda se disporiam a defender. As fronteiras eram segu-
citos de homens montados. Apesar disso, em seu perímetro cada vez menor, o Império do Oriente parece
ras, a ordem civil, largamente respeitada, e o povo era livre para se entregar às artes
da paz. Havia pontos de trevas: a instituição do escravismo, uma enfermidade social difícil de tolerar, e as infelizes circunstâncias do Egito, que os romanos sempre consideraram mais um lugar a pilhar do que uma província a administrar, e da Palestina, onde os judeus recusaram a romanização e pagaram por isso. Mas, via de regra, a Pax Romana funcionou. E a escala em que isso se deu impressiona. O Império abarcava
ter sido o melhor lugar para viver durante os primeiros séculos da Idade Média.
Não se deve dar crédito às recentes tentativas de minimizar Os terrores e inseguranças da idade das trevas: ela pode ter sido divertida para os valentões, mas para a
vasta maioria das pessoas comuns representou um desastre. À sociedade ocidental estava brutalizada e empobrecida: a vida intelectual definhara, e muitas das qualificações essenciais à civilização tinham se perdido. As únicas edificações com alguma pretensão arquitetônica eram improvisadas a partir das ruínas de estruturas clássicas. Essas tentativas de registro servem principalmente para revelar os horizontes minguantes e a superstição crescente daquel e tempo. Não sabemos tanto
uma área que hoje requer os serviços de 32 governos distintos (33, caso Chipre seja contado duas vezes). Compreendia um quarto da humanidade, o quarto mais letrado e sofisticado. E era prudente no que toca às suas defesas, mantendo um exército de cerca de 330 mil homens, mesmo quando nenhum inimigo à vista poderia dispor de um * Edward Gibbon (1737-94), historiador inglês. (N. T.)
“Charles Oman (1860-1 942), historiador mil itar inglês. (N. T.) 12
quanto desejaríamos o que ocorreu durante aqueles séculos, por ém a maior parte do que sabemos é ruim.
Voltaire, chamado a explicar a queda de Roma, disse que ela “caiu porque tudo
cai. Não é uma resposta tão inócua como parece. A longo prazo, o que precisaria ser explicado não é por que o Império se desmembrou, mas sim por que seus fragmentos nunca mais se reagruparam. Ea resposta, como veremos, é que o mundo sobre o qual ele fora construído entrara em colapso. A Europa continental destacou-se da velha ordem e desenvolveu um ethos próprio, enquanto os árabes criavam uma nova cultura no Oriente Próximo e no litoral do Norte da África. O que sobreviveu da unidade mediterrânea — a Espanha, o sul da Itália, os Bálcãs e a Anatólia — converteu-se em campo de batalha entre ambos. O tema dos séculos medievais não é o declínio e queda do Império Romano, mas a emergência do islã e da cristandade ocidental. É um tema melhor que o de Gibbon. Para um ocidental, é a suprema história de uma derrota convertida em vitória, mas também algo muito mais rico. É um maravilhoso catálogo de vícios e loucuras, astúcia e credulidade, ganância, ambição e reali-
Depois disso, em um ponto de retomada — que, conforme se aceita hoje em dia coincidiu com o reinado de Carlos Magno —, o Ocidente gradualmente abriu cami nho de volta para a luz. Chegou mesmo a responder ao problema de como compor uma força de cavalarianos a partir de uma sociedade camponesa: com o sist ema feudal. Os nômades eram imbatíveis em matéria de guerrear a cavalo por que viviam sobre a sela; a Europa feudal desenvolveu uma casta de senhores de terras que se devotavam com o mesmiíssimo empenho à criação do cavalo de batalha. Por vários séculos, boa parte dos recursos do Ocidente foi usada para montar, equipar e treinar as classes governantes para que pudessem funcionar como cavalaria pesada nas bat alhas da época. À preocupação sobrepujou o papelutilitário. Figuras heráldicas identificando o cavaleiro no campo de batalha tornaram-se uma insígnia de status social. O comportamento considerado apropriado a uma posição elevada era qualificado como cavalheiresco, e passou a ser tema daquela que talvez tenha sido a maistediosa dasliteraturas. A criação de uma classe de fanáticos por cavalos não foi dos aspectos mais relevan-
zações. E mais mil e uma coisas. Preste atenção nisso.
tes no renascimento do Ocidente. Foi, contudo, algo que os chineses jamais chega-
rama alcançar, embora tenham se confrontado com o mesmo problema. Hunos, tur-
cos e mongóis atormentaram a China incessantemente, e em muitos momentos do
período medieval mais remoto conseguiram conquistar a parte setentrional do país. Por fim, no século xi, os mongóis dominaram o país todo, acrescentando a linhagem
Yuan, de Gengis Khan, à lista das dinastias que governaram a China. E, contudo, o melhor que os chineses podiam fazer para se defender desses assaltos era tentar subornar as tribos mais próximas para que lutassem por eles ou, quando isso falhava, para combater umas às outras. De fato, em certo sentido os chineses fizeram melhor que Roma ou Bizâncio: eles sempre repeliram ou absorveram seus conquistadores e restabeleceram seu império tradicional. Devido a seu tamanho, simplicidade geográfica e homogeneidade cultural, a China se mostrou uma unidade insubmergível: as 50 mil aldeias do Império Chinês formaram uma rede única e auto-regenerável, e jamais houve a possibilidade de algum
de seus componentes se afastar por tempo suficiente para desenvolver uma identidade à parte. Com Roma aconteceu exatamente o inverso. O império dos césares represen-
tava uma soma de meia dúzia de unidades, cada uma com sua própria língua, história, cultura e aspirações. Por um lapso de tempo que corresponde aproximadamente ao período em que a Itália foi o mais populoso membro do grupo, Roma conseguiu trazer todos eles para uma ordem única. Porém cultura unificadora era imposta, não inerente: celtas, fenícios, egípcios, berberes e gregos tinham seus próprios costumes e deuses, dar-lhes nomes romanos nunca passou de um verniz. Além disso, o centro de gravidade demográfico não se detivera permanentemente na Itália; apenas estacionara ali por alguns séculos, em sua progressão para o oeste desde o Oriente Próximo, via Grécia e Roma, até o Reno. Quando ele se moveu, o mundo mediterrâneo se cindiu, com a borda setentrional aderindo à Europa Ocidental, e a meridional, ao Levante. 13
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ugusto, o primeiro imperador romano (27 a.C.-14d.C.), deu ao Império as fronteiras básicas de que este precisava: uma linha de postos fortificados ao longo do Reno e do Danúbio, para proteger as províncias européias, outra correndo das mon-
por suas incursões nas costas da Britânia e da Gália. Para além dos germanos estavam os eslavos, muitos sob controle ostrogodo, mas outros visíveis no mapa, ao norte do perímetro ostrogodo. Mais adiante dos eslavos ficava o mundo escassamente habitado da floresta e da tundra, que era domínio dos fínicos. Aleste, osromanos defrontavam não um elenco de tribos bárbaras, mas um Estado único, em muitos sentidos comparável ao seu próprio. O Império Persa não era nem tão vasto nem tão populoso como o romano — uma estimativa razoável atribuíria a ele 5 milhões ou 6 milhões de habitantes, contra 40 milhões a 45 milhões em Roma — e em certo sentido era menos sofisticado, mas tinha seu próprio alfabeto e religião, o masdeísmo, assim como uma tradição imperial que remontava ao século via.C. Orgulhosos e irritadiços, os xás da Pérsia compraziam-se em desafiar a posição de
tanhas da Armênia para o mar Vermelho, para defender a Ásia romana, e a terceira
paralela à borda do Saara e abrangendo todos os espaços úteis do Norte da África. A princípio, ele fora mais ambicioso, enviando expedições Nilo acima, até a Núbia e adentrando a Arábia até chegar ao Iêmen, para ver se aquelas paragens seriam acréscimos convenientes ao Império. Rapidamente ficou claro que não. Augusto também tentou conquistar a Germânia, um projeto que teria eliminado um importante inimigo e encurtado a linha de defesa na Europa. No entanto, os germanos não concordaram, e Augusto recuou depois de perder três legiões. A partir de então, convencido de que haveria mais dor que benefício em qualquer expansão, ele advertiu seus sucessores contra a ampliação do Império em qualquer direção. Em geral, estes seguiram o conselho. Uma exceção foi aberta no caso da Britânia, último bastião de um mundo celta que outrora se estendera da Espanha à Europa Central. Sua conquista, completa, à exceção dos territórios periféricos da Irlanda e da Escócia, quase eliminou os celtas do mapa. Os germanos, em contrapartida, permaneceram em grande evidência. Os romanos adquiriram alguns territórios do outro lado do Reno e do Danúbio apenas para perdê-los de novo na data à qual corresponde o mapa ao lado. No entanto, se a estratégia romana nesse cenário era essencialmente defensiva, ninguém poderia acusá-la de fracassada. Apesar da crescente pressão dos germanos em rápida multiplicação, a linha de fronteira foi mantida. As tribos germanicas tiveram de desviar a leste para seu Lebensraum.* Esse avanço, o primeiro de uma série de “marchas para o leste” germânicas, ocorreu no século 11. Deslocando-se ao longo do Danúbio, os germanos ocuparam todas as terras entre a Germânia propriamente dita e o mar Negro; espalharam-se então pelo sul da Rússia, que se tornara o quintal dos godos, um desmembramento dos
Roma na Ásia sempre que a oportunidade se apresentava. Nessa empreitada, podiam
contar com o apoio de seus parentes orientais, os kusanas, que dominavam as terras do moderno Afeganistão, boa parte da Transoxiana e algumas das províncias do noroeste da Índia. Mas, apesar de todos os seus esforços, a fronteira nunca se moveu
significativamente, e quando o fez foi em geral a favor de Roma. Ao longo dos anos,
os romanos tinham fortalecido seu controle no norte da Mesopotâmia (a terra entre o Tigre e o Eufrates, o moderno Iraque) e mantido seu domínio sobre os reinos mon-
tanheses de Lazica, da Ibéria* e da Armênia.
Se o Império tinha no século 1v mais ou menos o mesmo perímetro que no século, no sentido social era uma estrutura muito diferente. Era dominado pelo exército, cujas fileiras forneciam então a maioria dosimperadores. Convertera-se ao cristianismo. E fora dividido em dois, com administrações separadas (e normalmente com imperadores diferentes) para o Ocidente latinófono e o Oriente de língua grega. Entretanto, essas duas últimas mudanças requerem que se retorne ao ano 362, quan-
do havia um único imperador, que acabara de se declarar pagão. O imperador em questão era Juliano, o solitário sobrevivente da dinastia de Cons-
getas da Suécia. Na época que esse mapa retrata, os godos tinham se dividido em dois
grupos: os visigodos (godos do oeste), que ocuparam o território entre o Danúbio e
tantino. General competente, Juliano repelira decisivamente a última invasão da
o Dniester, e os ostrogodos (godos do leste), que se basearam nas terras entre o Dnies-
ter e o Don. Os ostrogodos adotaram o estilo de vida cavalariano desenvolvido pelos povos iranianos da estepe, passando a fazer uso da lança; sua bravura legou-lhes um vasto império, que os conduziu de volta à sua pátria de origem nas margens do Báltico. Sob o rei Ermanarico, eles também retomaram sua marcha para o leste, avancando, através do Don, para o Cáucaso e o Volga. Isso os indispôs com os alanos, des-
França pelos francos e alamanos e, embora permitindo que alguns francos se estabe-
lecessem na Bélgica, conservava sua organização tribal e reconhecia a supremacia de
Roma (358). Talfórmula (o termo foederatii foi mais tarde aplicado a essas tribos) seria cada vez mais empregada ao longo dos cinquenta anos seguintes, mas Juliano provavelmente a encarava como um expediente provisório, necessário porque dissensões internas seguidas de ataques persas reclamavam a presença do impera dor e do exército no leste.
cendentes dos citas (os habitantes originais da estepe iraniana), e com os hunos, um
povo turco que se deslocara havia pouco para aquela área da Ásia Central. Os godos eram os mais fortes dos germanos, e os mais aventureiros; não havia na Germânia uma nação de poder equiparável. Sua fraqueza era em grande medida politica. As tribos entravam constantemente em querelas entre si e no interior de cada uma; reis com autoridade eram uma exceção em geral efêmera. Osromanos conside-
* Território correspondente à parte ocidental da atual Geórgia. (N. T.)
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* Em alemão, “espaço vital”, termo usado para justificar a expansão da Alemanha nazista. (N. T.)
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Embora Adrianópolis tivesse sido um inquestionável desastre para os romanos,
epois de um início promissor, a expedição de Juliano contra a Pérsia converteuDs num desastre. Ele próprio foi morto, e seu sucessor, para salvar o exército, teve que renunciar à metade oriental da Mesopotâmia romana e ao domínio sobre a Ibéria e a Armênia (364). A nova fronteira se revelaria duradoura, embora os romanos tivessem dificuldades para deter a interferência na Armênia. Por fim, em 387, os persas devolveram a parcela ocidental do território em troca de uma titulação clara do remanescente. Isso parece uma barganha precária, mas os romanos a aceitaram com alívio, pois então julgavam essencial obter a paz na fronteira oriental. Suas vicis-
não representou uma grande vitória para Os godos. Por mais bravos que fossem no campo de batalha, eles eram impotentes em operações de cerco e, caso não conseguissem tomar cidades fortificadas, não teriam sucesso. Uma mescla de diplomacia e bloqueios mostrou-se suficiente para conduzi-los de volta às terras que lhes tinham sido alocadas uma geração antes. Então, em 395, sob o comando do rei Alarico, recém-elei-
íncurto, eles se sublevaram de novo. Desta vez, só concordaram em desistir de suas sões de pilhagem quando lhes foram oferecidas terras no Epiro (noroeste da Grécia), uma posição de onde podiam avançar para qualquer uma das metades do Império. Em
situdes ali eram apenas uma sombra do que enfrentavam na Europa. Em 372, a expansão dos ostrogodos para o leste provocou uma explosiva reação dos hunos das estepes do Volga. A cavalaria ostrogoda foi humilhada pela rapidez dos hunos, cujos arqueiros montados destruíram todas as tropas que Ermanarico enviou contra eles. Quando o império ostrogodo desmoronou, os hunos avançaram para o Danúbio, esmagando os visigodos e subjugando os gépidas, que tiveram o infortúnio de ocupar a estepe húngara. Ali, os hunos se estabeleceram com seus rebanhos,
401, Alarico concluiu que o Ocidente era a melhor opção. Deixou a área visigótica pelo norte da Itália, onde se defrontou com o generalíssimo Estilicão, o vândalo.
Estilicão tinha uma infinidade de problemas. Tanto do ponto de vista econômico como do militar, o Império vivia precariamente, com bandos de germanos à solta nas
províncias da fronteira e um exército romano que definhava com rapidez. Se Estilicão
pudesse pagá-los, muitos germanos se alistariam animados em suas forças, mas ele
não tinha dinheiro bastante para contratar todos; restava-lhe pagar alguns, subornar
senhores das pastagens que se estendiam aquém do Cáspio. Em três anos haviam suprimido um século de expansão germânica. Enquanto os gépidas permaneceram onde estavam, na qualidade de vassalos dos hunos, muitos dos godos recorreram ao Império Romano como santuário. Os romanos destinaram-lhes as terras ao longo da fronteira do Danúbio, mas agiram com tanta arrogância que em 378 os visigodos se ergueram em rebelião contra seus novos senhores. O imperador do Ocidente enviou seu exército para Adrianópolis, que os romanos tinham atacado sem conseguir tomar. No dia seguinte, lançou-se contra o acampamento visigodo, vinte quilômetros ao norte. Ou não sabia que havia um grupo de ostrogodos na vizinhança, ou não achou que isso fosse importante; não dispôs uma guarda nem pela manhã, que despendeu em inúteis negociações, nem à tarde, quando permitiu que seu exército fosse usado num assalto à linha de carroções que protegia o acampamento visigodo. Logo o exército romano estava inteiramente engajado no combate, quando os ostrogodos surgiram em seus flancos. Não houve
outros para que ficassem de fora e enfrentar o restante. Como sempre nas guerras
entre exércitos mercenários, as batalhas eram escassas e raramente sangrentas. Uma
série de escaramuças levava a conversações, e então as duas partes normalmente recuavam. O inimigo daquele ano poderia ser o aliado do ano seguinte, e tudo que se desejava era avançar um pouco. Estilicão era adepto dessa combinação de guerra de posições e negociação. Em 402, empurrara os visigodos de volta para a Ilíria e em 405 derrotara uma invasão
igualmente formidável organizada por uma coalizão de ostrogodos, quados e vândalos asdingos, que penetrou na Itália pelo norte. Contudo, para defender a Itália, ele teve que desguarnecer de tropas a fronteira do Reno. O ano seguinte assistiu a uma combinação ainda mais atemorizante. Provavelmente compelidas pela pressão dos hunos, tribos inteiras começaram a se deslocar para o oeste, ao longo do curso superior do Danúbio. Os atores principais do drama eram os quados e os marcomanos
tempo para defrontá-los antes que as formações de Roma fossem trespassadas pela carga de lanceiros ostrogodos encouraçados. Em alguns minutos, o que fora um exército transformou-se em uma massa amorfa de homens, incapaz de fugir ou comba-
(coletivamente conhecidos como suevos), e os vândalos asdingos e silingos, mas a coalizão incluía um clã de alanos deslocados do Cáucaso. Seu alvo era agora a indefesa província da Gália. No último dia de 406, as vanguardas dessa hoste cruzaram as águas enregeladas do Reno, em Mainz.
ter. Os godos abateram-nos impiedosamente. Entre os mortos estavam o imperador e quase toda a sua escolta.
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A batalha de Adrianópolis marca o fim do antigo exército romano. Sete séculos antes, as primeiras legiões tinham marchado sobre os sabinos nas colinas em torno de Roma; agora, o passo de marcha da infantaria que conquistara o mundo mediterráneo já não seria ouvido. A cavalaria se mostrara uma arma decisiva; incapazes de produzir suficientes unidades de cavalaria com suas reservas nativas, os romanos eram forçados a arrendar germanos ou hunos que combatessem por eles. Consegientemente, não demorou muito para que generais bárbaros exercessem considerável poder político. No século v, os homens mais próximos dos imperadores eram com mais frequência vândalos, godos ou francos do que romanos nativos.
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e seus arredores não permaneceram por muito tempo sob controle imperial: eram
primeiro afluxo do islã esgotou-se em 651 e, embora os exércitos árabes conti-
governados pelo papa, que gradualmente assumiu a autoridade que os bizantinos se
E rare a testar suas fronteiras, as décadas seguintes não trouxeram conquistas com as dimensões épicas de antes. Os bizantinos, mantendo fronteiras mais redu-
mostraram incapazes de manter.
O reino franco foi outro lugar onde importantes alterações estavam ocorrendo sob
zidas que as precedentes, contra-atacaram no Taurus e mantiveram-se firmes na África. A leste, o Óxus e as montanhas do Afeganistão continuavam sendo os limites do poderio árabe. Então, nos anos em torno de 700, o islã tomou fôlego pela segunda vez, e uma série de campanhas espetaculares agregou-lhe novas grandes províncias a oeste e a leste. O primeiro grande avanço aconteceu no Norte da África, onde os árabes vinham operando com êxito variável a partir de um acampamento estabelecido em Kairuan, no sul da Tunísia, em 670. Em 698, eles conduziram essas campanhas a um desfecho vitorioso, capturando Cartago, mas o episódio provavelmente teve menos importância que a posterior conquista e conversão dos berberes do interior (702). Isso deu aos árabes o ímpeto — e os novos recrutas — necessário para prosseguir rumo ao resto no Norte da África e entrar na Espanha. Ao cruzar Gibraltar (Jebel al-Tarik, em que Jebel significa montanha e Tarik é o nome do comandante da invasão), os árabes obtiveram uma vitória sobre os visigodos que deixou em suas mãos toda a península,
uma fachada formal de imobilidade. Ao fim do século vrí, os reis da linhagem de Clóyis tinham se reduzido a patéticos fantoches de vída breve. Tanto na Austrásia como em Nêustria, quem mandava não era o rei, mas o prefeito do palácio. Como era de esperar, a função era exercida pelo maior e mais forte dos barões locais. Um exemplo particularmente impressionante da espécie foi Carlos Martelo, que abriu caminho para o comando na Austrásia, em 717, e também em Nêustria, em 719. Ele ganhou esse apelido em 732, quando, no decurso de uma batalha que durou uma semana, perto de Poitiers, pulverizou um exército árabe que invadira o Oeste da França. Era a vitória que a Europa esperava, e, se não pôs fim à ameaça árabe — houve uma segunda invasão alguns anos depois —, marcou O término da escalada de vitórias do islã na Europa
Ocidental. Ela também deu a Carlos a chance de reforçar o Estado franco. Como salvador da cristandade, ele se capacitou a forçar a Igreja a se desfazer de algumas das suas vastas possessões de terras, que foram entregues a seus criados em troca de serviços
exceto uma faixa no norte (711).' Os invasores então assumiram o controle da extre-
permanentes como cavaleiros. Esse contrato, que transformava o que antes fora um serviço pessoal em instrumento para uso de seus sucessores, provou ser o ponto de partida de uma nova forma de organização militar. Estava longe de ser perfeito, mas era melhor que o antigo sistema de bandos guerreiros.
midade visigótica da Gália e fizeram dela a base para incursões pelo reino dos francos. Na extremidade oposta do seu domínio, o califado obteve ganhos igualmente
espetaculares. No nordeste, um emir (governador de província) particularmente enérgico tratou de conquistar tanto a Transoxiana como Khawarizm (o delta do
Na Britânia, o reino da Nortúmbria retomou a liderança dos anglo-saxões (655) e
Óxus), em 704-15: ele também teve êxito na ocupação de Tashkent, do lado oposto do
reduziu à vassalagem os galeses (como os britânicos tinham passado a ser chamados)
Jaxartes. No sudoeste — fora do mapa — um feito ainda mais notável foi realizado pela expedição que tomou a estrada costeira para a Índia e subjugou a província de
de Strathclyde, os pictos e os escotos. Mas esse renascimento foi breve, e antes mesmo que pictos e escotos rompessem o Jugo nortúmbrio (695), outros reinos anglo-sa xões
Sind, no atual Paquistão (712-3).
tinham transferido sua lealdade para a Mércia (679).
No front central, o progresso foi mais lento, e os resultados, menos imponentes.
A Transcaucásia foi reduzida (a Armênia e a Ibéria em 653, Lazica em 696, a Abasgia
em711,eShirvan, a província do lado do Cáspio, em 737). Astropas árabes prosseguiram com suas vitórias, invadindo o território dos khazares e saqueando sua capital, o
posto de caravanas de Itil, no Volga. A incursão abalou o poderio dos khazares, que
não se aventuraram mais ao sul do Cáucaso.” Entretanto, os bizantinos ainda susten-
tavam a linha do Taurus, e as tentativas árabes de flanqueá-la por mar não surtiram efeito: as grandes expedições marítimas lançadas contra Constantinopla em 674-80 e
novamente em 717 fracassaram, apesar dos êxitos iniciais. Os bizantinos ainda possuiam sua marinha e desenvolveram para ela um novo artefato, um composto de
petróleo que podia ser projetado por uma bomba para produzir o que ficou conheci-
do como fogo grego. Esse primitivo lança-chamas permitiu-lhes vencer as batalhas navais decisivas para a sobrevivência de Constantinopla. Em outros lugares, os bizantinos tiveram menos sucesso. Na Itália peninsular, suas possessões reduziram-se a uns poucos enclaves costeiros: as aldeias da laguna veneziana, a cidade de Ravena, a ponta da bota, um pouco mais do seu salto e alguns pon-
1. A faixa continha, além dos sem !
pretensões a herdeiro dos visigodos pre independentes bascos, o reino de Astúrias, que tinha vagas . 2. Oskh azares também perderam o controle de seus tributários na estepe russa e no alto Vol ; ga.
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artindo de uma posição que no ano 1000 parecia invulnerável, o califado omíada P de Córdoba teve um declínio notavelmente acelerado rumo à impotência e ao esquecimento. Na data deste mapa, era não mais que um entre vinte pequenos governos em luta pela partilha da Espanha muçulmana. No ano seguinte, seria abolido de todo. Os reis cristãos do norte começaram a se agitar de novo, embora combatessem
entre si com o mesmo entusiasmo com que defrontavam o inimigo comum: a única
mudança de fronteira digna de nota aqui é o avanço de Navarra às custas de Leão.' O colapso dos omíadas e o deslocamento dos fatímidas para o Egito deixou o Magreb livre para traçar seu próprio destino. O resultado foi o surgimento das dinastias berberes de Kairuan (onde os governadores da linhagem zírida, apontados pelos fatímidas, se tornaram na prática independentes), Qalat (um ramo da linhagem zírida) e Fez (capital dos magravânidas, originalmente protegidos dos omíadas). Ocorre ai uma interessante estréia da tríplice divisão ocorrida em tempos recentes. Na extremidade oposta do islã, os exércitos turcos de Mahmud de Ghazni continuavam avançado para o oeste, embora seu maior interesse estivesse então no leste, no Punjab.
Na Europa setentrional, o rei Svend Barba Partida realizou o sonho viking de con-
quistar a Inglaterra (1012); seu filho, Canuto, mostrou senso de estadista suficiente
para manter sua presa guiu em outras partes mente numa tentativa dos em terra escocesa.
e dominar também a Noruega (1028). A maré viking prossedas Ilhas Britânicas: o conde das Órcadas fracassou miseravelde ataque a Dublin (1014) e mais tarde foi privado de seus feuLogo depois, os escotos avançaram sua fronteira meridional
até o Iver (1018). No continente, o homem
do momento era Boleslav, o Bravo, da
Polônia, cuja política de agressão em todos os quadrantes proporcionou ao nascente
Estado polonês a Lusácia (tomada da Germânia em 1002) e a Galícia (tomada da Rússia em 1018).
A Rússia mergulhou numa guerra civil com a morte do príncipe Vladímir (1015), que tinha filhos em excesso e deixou alguma coisa para cada um deles. Em 1030, só restavam três, um deles reinando sobre o atrasado principado de Polotsk, enquanto os dois outros, reinando em Novgorod e Tchernigov, dividiram o resto do país entre si. Mais ao sul, no Cáucaso, o Estado nacional da Geórgia foi formado pela união da Abasgia e da Ibéria (1008). Nesse período, os bizantinos eliminaram o Império Búlgaro do Ocidente (1018) e reduziram os sérvios à vassalagem. Também anexaram o reino armênio do Vaspurakan (1022). No conjunto, um belo desempenho para um Estado cujas artérias eram bem mais enrijecidas que as de seus rivais.
1. A área dominada por Navarra, o condad o de Castela, tornou-se um reino separa do depois de Sancho de Navarra, cabendo ao fil ho deste, Fernando.
Os Eirintitos Estados muçulmanos da Espanha estão indicados por números e são os seguintes: 1 Badajoz; 2 Mertola; 3 Santa Maria del Algarbe; 4 Hue lva; 5 Sevilha; 6 Carmona: 7 Niebla: 8 Arcos: 9 Morôn; 10 Mál aga (tendo Ceuta e Tânger como dependênc ias); 11 Granada; 12 Almeria: 13 Denia
(reinando sobre as Baleares); 14 Valência: 15 Tortosa; 16 Zaragoza; 17 Albarracin:; 18 Alpuen te; 19 Toledo; 20 Córdoba.
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s décadas de meados do século xt assistiram a grandes revoltas no mundo muçulmano. Em toda parte, o povo estava em movimento: os berberes no Saara, Os árabes no litoral do Norte da África e. o mais importante, os turcos no leste. Os tur-
cos pertenciam às nove tribos do Turquistão Ocidental (o Toghuz Oghuz, ou simplesmente Ghuzz). Em sua migração dividiram-se em duas vertentes, uma se movendo
ser conhecido, já que Marrakesh e Marrocos eram variantes da mesma palavra.
para oeste, rumo à Rússia, e outra para sudoeste, em direção ao Irã. Os grupos que
Na comunidade cristã, as mesmas décadas pertencem aos normandos. A mescla de vikings e francos no ducado da Normandia produziu homens de apdontiio, vigor, valentes na guerra e tenazes nos negócios. Entre os primeiros que deixaram sua marca estavam os dez filhos de um normando da pequena nobreza chamado Tancredo de
invadiram a Rússia ficaram conhecidos como cumanos; em linhas gerais, permaneceram no interior da zona de estepe, sendo seu impacto político, portanto limitado. O fluxo para o Irã derramou-se sobre boa parte do Oriente Próximo; foi politicamente notável por ter criado o sultanato seljúcida, o primeiro de uma série de impérios nômades que iriam dominar a região pelo resto do período medieval. ' Os seljúcidas foram mencionados pela primeira vez no início do século x1, quando eram apenas um dos muitos clãs do Ghuzz que viviam ao norte e a leste do mar de Aral. Deslocando-se para o sul, puseram-se a serviço de Mahmud de Ghazni, que lhes concedeu terras nas imediações de Merv. Com a morte de Mahmud, os seljúcidas se estabeleceram por conta própria e, quando o filho daquele, Massud, tentou colocá-los na linha de novo, sofreu tamanha derrota que o império gaznávida no Irã veio abaixo (1040). Esse episódio atraiu outras tribos do Ghuzz para a esfera seljúcida. Enquanto os gaznávidas recuavam para o Afeganistão, os seljúcidas realizavam uma gradativa conquista do Irã e do Iraque, que os levou a Bagdá em 1055. A parte muçulmana da Transcaucásia caiu sob seu controle na década de 1060; o norte da Síria e o Hejaz, em 1070. O então sultão seljúcida, Alp Arslan, era o senhor do mais extenso império que o islã já conhecera desde o apogeu dos abássidas. O movimento árabe tinha menores dimensões, envolvendo apenas duas tribos, a
Hauteville. Em face das perspectivas limitadas em sua terra, eles se deslocaram para a
Itália, onde as constantes escaramuças entre lombardos e bizantinos ofereciam a mer-
cenários empreendedores a chance de fazer fortuna. Em 1040, o primogênito tomou o castelo de Melfi, na terra de ninguém entre os dois contendores; vinte anos depois,
o sexto filho, Roberto Guiscard (“Roberto, o Astucioso”), iniciou a rendição da província bizantina. Em 1071 tinha dominado a área, conhecida desde então como ducado de
Apúlia; também conquistou uma cabeça-de-ponte na Sicília e pressionou fortemente o principado lombardo de Salerno. Gaeta e o principado de Cápua haviam nesse meiotempo tombado diante de outro aventureiro normando.
O duque da Normandia, Guilherme, o Bastardo, também se notabilizou. Ele her-
dou uma demanda pela coroa da Inglaterra, em disputa após a morte de Canuto e a derrocada do império dinamarquês. Os ingleses, contudo, preferiram um de seus
barões, Harold Godwinson (1066). Inconformado, Guilherme ergueu uma formidável força expedicionária, cruzando com ela o canal. Na Batalha de Hastings, os ingle-
Beni Sulaym e a Beni Hilal. Na história oficial, foram dominadas pelos fatímidas. No fim do século xi, transferiram à força os sulaym e os hilal da Arábia, onde criavam pro-
ses (combatendo a pé, como os vikings) foram decisivamente derrotados pelos normandos (combatendo a cavalo, como os franceses). Harold pereceu, junto com a velha ordem. Mas a batalha era só o começo. Ao longo das duas décadas seguintes, Guilherme — chamado já não o Bastardo, mas o Conquistador — transformou a Inglaterra de preguiçosa em vanguardeira entre osreinos europeus.O germe do Estado nacional e secular liga-se à mística de 1066:
blemas, para o alto Egito. Em meados do século lançaram mão de seus rebeldes clientes, enviando-os para oeste contra os zíridas de Kairuan. Diz-se que teriam sido provocados por uma declaração do emir zírida, de que não se consideraria por muito tempo um vassalo do califa fatímida, ou — o que seria o real insulto — um devoto da fé xiita (1049). Qualquer que seja o valor dessa explicação — e o movimento tem uma
marca de surpresa que torna difícil acreditar em um controle tão preciso —, o resultado foi uma migração que dotou as províncias líbias de Cirenaica e Tripolitânia de uma população predominantemente árabe, proporcionando uma desagradável surpresa para os zíridas. Derrotados no campo de batalha, os zíridas recuaram para a costa, onde a antiga capital fatímida de Mahdia se mostrou um refúgio seguro. Os
1. O título de sultão, equivalente islâmico a imperador ou cã, indica completa soberania secular. Seu uso por muçulmanos sunitas— como os seljúcidas passaram a ser — enfatiza a restrição da autoridade do califa às questões espirituais. 2. Como Guilherme era o soberano na Inglaterra mas apenas um senhor feudal na França, o
mapa mostra a Normandia como possessão inglesa. O cont orno especial no mapa — dois pontos e
um traço — indica que não era uma possessão completa, mas um feudo pelo qual o rei da Inglaterra devia vassalagem ao rei da França. Essa é a linguagem do feudalismo, sistema que evoluíra a partir da idéia , introduzida por Carlos Martelo, de serviços de cavalaria em troca de terras. O conceito torn ava possível, embora nada facil. possuir um domínio privado de rendas, o segredo consistindo em que no sistema feudal a obrigação do serviço de cavalaria pertencia ao senhor local, que podia muito bem manter reservas quanto a suas obrigações para com o rei. Outro ponto a registrar no mapa é que, embora a Espanha muçulm ana ainda esteja indicada como árabe — como a maioria de seus governantes proclamava ser, e alguns de fato eram, como os emires de Zaragoza —, muitos ali tinham na época origem ber bere.
hamaditas de Qalat, que inicialmente receberam bem os hilal, mais tarde foram for-
çados a buscar um abrigo semelhante, deixando Qalat por Bougie. Oúltimo desses movimentos migratórios é o mais exótico. Nas profundezas do Saara viviam os sanhaja, berberes de uma casta mais rígida que a de seus semelhantes do Magreb. Altivos, destemidos e afeitos à privação, esses “homens do véu” — ancestrais dos tuaregues de hoje — eram recém-convertidos ao islã. Sua inspiração particular era uma comunidade monástica puritana, uma ribat, estabelecida em algum ponto insular do Sahel. Seus hierarcas eram conhecidos como al-Murabitun, “homens de Ribat”, um
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A Rússia passou então por uma interessante descentralização. Iaroslav de Novgorod tomou Polotsk com a morte de seu irmão, o príncipe de Tchernigov, seguindo o exemplo de seu pai e deixando a cada filho um principado (1054). Estes estavam ordenados, com o grande principado de Kiev tendo precedência e, ao menos na teoria, exercendo certo controle sobre os outros. O curioso era o sistema sucessório, “lateral” e não “vertical”: quando o príncipe A morria, seu irmão mais novo B tomava seu lugar, deixando o principado B vago para o príncipe C e assim por diante. A geração seguinte situava-se no final da fila. Fernando de Castela foi outro monarca que deixou um Estado cindido, dividindo
Alp Arslan, propriamente, não deu sequência à vitória. Teve de eps para leste, onde se avizinhava um conflito com os caracânidas. A conquista da Anatólia, porém, nem por isso foi menos rápida: clãs turcos se deslocaram para o planalto central da
península, conduzindo à frente seus rebanhos e tirando os camponeses da terra. For-
talecido pelo mesmo ímpeto migratório, o Império Seljúcida Exp rnea de de forma também impressionante em outras direções. Na data deste mapa, ele incluía a Síria e a
Palestina (afora as cidades costeiras, que o poderio marítimo dos fatímiídas lhes permítia controlar), a maior parte da Arábia, toda a Transoxiana e toda a Transcaucásia, exceto sua extremidade ocidental.”
em três os dois reinos que dominava (Leão e Castela) ao morrer, em 1065 (o terceiro
A conquista da Ásia bizantina foi um grande triunfo para o
reino, da Galiza, fora subtraído de Leão). Isso não ajudou a contra-ofensiva cristã, que o próprio Fernando iniciara com alguns proveitosos avanços na costa atlântica. Enquanto isso, os muçulmanos estavam ordenados em dez emirados (menos que os vinte de 1030). No Mediterrâneo, Pisa emergia como uma significativa potência marítima. Seus esforços retiraram a Sardenha da órbita do emir de Denia e, em 1050, 0 papa
islã. A cristandade não
pôde se equiparar, mas na outra extremidade do Mediterrâneo registrou um importante êxito: a captura de Toledo, em 1085. Os cristãos da Espanha começavam aatuar conjuntamente: o número de seus reinos caíra de seis para três, com Aragão absorvendo Navarra e, o mais importante, Afonso vi de Leão dominando Castela e a Galiza (10725). Os muçulmanos, por outro lado, perdiam a confiança. Duvidando de sua capacida-
e o imperador concordaram em confiar a ilha à sua proteção. Na Germânia, há duas
de de conter os avanços cristãos, pediram ajuda aos almorávidas do Marrocos. Foi como chamar o rei cegonha:* em 1090-2 os almorávidas abocanharam a maior parte dos emi-
mudanças a assinalar: a recuperação da Lusácia (103 1)ea aquisição da Borgonha (1032). Os bizantinos registraram nesse período seus derradeiros avanços: Edessa, anexada em 1032,e Ani, a capital da Armênia, anexada em 1045. Então a maré começou amudar. A Itália meridional, como vimos, fora perdida para os normandos em 1060: na mesma época a Armênia sucumbiu a um ataque dos turcos. Alp Arslan parece não ter se interessado em dominar o país: simplesmente protegeu o seu flanco antes de se mover contra os fatímidas. Mas, enquanto podiam permitir que a Itália se fosse, os bizantinos precisa-
rados da Espanha e, dos cinco sobreviventes em 1092, o maior, Badajoz, sucumbiu três
anos depois. Mas, do ponto de vista militar, o remédio teve efeito: a chegada dos almorávidas estabilizou a fronteira durante uma geração. Outro avanço cristão significativo ocorreu na área central do Mediterrâneo. onde
o mais jovem dos irmãos De Hauteville, Rogério, concluiu a conquista da Sicília
(1091; Malta foi incluída na rendição). Isso completou a hegemonia normanda sobre o sul da Itália, cujo suserano geral era o duque de Apúlia. As outras mudanças foram
vam defender a Armênia, núcleo que era a chave do coração anatólio do Império. O imperador bizantino Romanolevou a questão a sério. Ele reuniu as principais forças do Império e começou a conduzi-las pelas províncias ocidentais. Notícias desse avanço chegaram à Síria, e Alp Arslan, temendo por suas comunicações, retornou à Armênia. Os dois exércitos se defrontaram em Manzikert, no lago Van. Os turcos empregaram suas táticas usuais, com seus arqueiros recuando diante de cada avanço bizantino e então retornando e lançando chuvas de flechas quando a perseguição perdia ímpeto. Frustrado, exausto e sofrendo um forte fluxo de baixas sem obter vantagens, o exército bizantino começou a se fragmentar. Tinha mercenários demais para ser disciplinado. Alguns eram turcos, aptos a buscar refúgio entre seus compatriotas, enquanto outros, incluindo o contingente normando, eram conhecidos por evitar a batalha. Osregimentos remanescentes lutaram, perderam contato entre sie, mais cedo ou mais tarde, acabaram sendo rendidos por forças turcas superiores. Na noite em que o imperador foi conduzido à tenda do sultão, o exército que ele trouxera de Constantinopla deixara de existir.
relativamente menores. Pisa, tendo obtido êxito com seu feudo sardo, foi encorajada pelo papa a tomar a Córsega (1077). O ducado da Normandia e o reino normando da
Inglaterra se separaram com a morte de Guilherme, o Conquistador (1087), levando o ducado, já um feudo puramente francês, a desaparecer do mapa. À fronteira angloescocesa assumiu sua forma definitiva quando o filho do Conquistador, Guilherme. o Ruivo, anexou a Cúmbria (1092). Os húngaros absorveram a Croácia em 1091. Na
mesma epoca, os cumanos forçaram os russos a abandonar suas posições na peninsu-
la de Taman e quase aniquilaram os patzinaks .
* Da fábula de Esopo “As rãs que queria m um rei”. (N. T.) 1. No interior das fronteiras do império seljúcida, porém fora do seu controle, achava-se a fortaleza de Alamut, onde, em 1090, 0 grão-mestre da seita xiita dos Assassinos estabeleceu seu quartelgeneral. Os Assassinos
Batalha de Manzikert é sem dúvida uma das mais decisivas da história. Enquanto E nesaa uma batalha igualmente esmagadora do ponto de vista estritamente militar, teve algumas consegiiências imediatas, Manzikert custou ao Império Bizantino a metade do seu território. Todas as províncias da Anatólia foram perdidas para os turcos; apenas o Bósforo salvou as remanescentes.
era interpretado como um vislumbre do paraíso vin douro, tornando os iniciados da seita indiferentes a este mundo e às consegiiências pessoais de suas ações. 66
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ntre as missões recebidas pelo papa Urbano 11 em 1095, havia uma de constrangiH dos bizantinos que necessitavam de ajuda para erguer uma força de voluntários visando a combater os turcos. O papa refletiu e decidiu fazer melhor. A cristandade
céu;a esperança esmaeceu, mas o perímetro se manteve. Então a divisão de Raimundo
apareceu, e foi a vez de os turcos serem colhidos de surpresa: pensavam ter cercado todo o exército cristão e agora descobriam que combatiam apenas a metade dele, Sen-
podia estar em apuros, mas o Ocidente avançava. Os muçulmanos tinham sido expul-
sos da Sardenha e da Sicília e forçados à defensiva na Espanha. Não havia motivo para um exército, recrutado sob os auspícios papais, não salvar o Oriente e, ao mesmo tempo, abrir caminho até a Terra Santa e libertar a própria Jerusalém. No mesmo ano, em uma cerimônia na qual os menores movimentos tinham sido cuidadosamente ensaiados, o papa Urbano pregou a Cruzada. A Cruzada era uma proposta muito distinta da ajuda limitada que os bizantinos tinham pedido. O que o papa convocava era um esforço total da cristandade latina objetivando desalojar os muçulmanos da Anatólia, da Síria e da Palestina. Pregadores itinerantes difundiram a mensagem do papa pelas aldeias da França e da Germânia, despertando o entusiasmo de gente sem nenhuma experiência de guerra nem armas
tiram que haviam sido pródigos em excesso com suas flechas e muito exigentes com
seus cavalos. Quando os homens de Boemundo se uniram à longa linha de cavaleiros
em cotas de malha que encabeçava a ordem de batalha cruzada, os turcos recuarara, mas lançaram um olhar para as colinas do leste que indicava sua linha de retirada, e
então viram um terceiro exército cristão avançando em sua direção — um destaca-
mento das tropas de Raimundo que intencionalmente escolhera aquela rota para o campo de batalha. Os turcos fraquejaram e fugiram. Os cruzados tiveram uma fácil perseguição, o butim do acampamento turco e, ao fim do dia, uma célebre Vara
Depois de Doriléia, os cruzados conseguiram avançar sem encontrarresistência através da Anatólia, pelos montes Taurus até a Cilícia e as pontes de Antioquia. Em outubro
para travá-la. No verão de 1096, essa excitada turba chegou a Constantinopla, ansiosa para dar início à grande obra. O primeiro inimigo que eles tinham de vencer era O
tinham iniciado o cerco da cidade, que se estendeu por dezoito meses e em muitas ocasiões levou a força sitiada a dificuldades terríveis. Caso os emires de Mossul, Alepo e
sultão seljúcida de Rum (que queria dizer “Roma da Ásia”, isto é, a Anatólia), um dili-
Damasco tivessem atuado em conjunto, por certo teriam esmagado rapidamente a
gente príncipe que tratara de transformar seu feudo num reino independente. Elenão se deu por vencido, e os dois lados cruzaram armas na fronteira turco-bizantina. A batalha foi um massacre. Ao fim do dia, quase todas as cerca de 20 mil pobres almas envolvidas na empresa papal estavam mortas, moribundas ou a caminho do mercado de escravos. Os turcos não perderam praticamente ninguém. Contudo, esse não foi o fim da Cruzada. O apelo do papa tinha comovido alguns duros corações, persuadindo-os a fazer preparativos mais refletidos. Entre osnomes que trataram de rumar para leste estavam Raimundo de Toulouse, um veterano das guerras espanholas, Roberto da Normandia, filho do Conquistador, Godofredo de Lorena e Estêvão de Blois. Cada um trouxe consigo um pequeno exército de vassalos. Em Constantinopla uniu-se a eles Boemundo, o filho mais velho de Roberto Guiscard, que cinco anosantes lutara contra os bizantinosnos Bálcãs. Após algumas espinhosas negociações, o imperador Aleixo e os barões do oeste acertaram um plano de campanha. Os cruzados, apoiados por uma pequena força bizantina, passaram para a Ásia na primavera de 1097. Marcharam diretamente para Nicéia, a capital do sultanato de
enfraquecida tropa cristã, mas eles nunca realizaram um plano conjunto. Os cristãos alcançaram por um fio as vitórias de que precisavam. Pormeio de oportuna traição, Boemundo pôs seus homens dentro da cidade, e com Antioquia a salvo em mãos cristãs os cruzados estavam livres para avançar rumo a Jerusalém. Chegaram aliem junho de 1099. O exército cruzado contava então mais de três anos de combates: dificilmente
aguentaria muito mais, e se era para tomar Jerusalém, precisava ser logo, de assalto.
Após uma fracassada tentativa de galgar as muralhas, os cruzados empregaram suas derradeiras energias na construção de três torres móveis, o que levou um mês. Então as arrastaram. Em 14 de julho, Raimundo de Toulouse encostou sua torre na mura-
lha sudoeste, e no dia seguinte a torre de Godofredo de Lorena estava em sua posição do lado norte. Foram os homens de Godofredo os que melhor atuaram. Enquanto besteiros mantinham a balaustrada livre de defensores, engenheiros lançaram uma ponte entre a torre e a muralha, e ao meio-dia dois cavaleiros conduziram por ela os lorenos. Daliabriram caminho para astorres dos portôesno seu flanco. A captura destes selou o destino da cidade. Os portões foram abertos. os cruzados entraram por
Rum, que sitiaram. O sultão achava-se então na fronteira leste, tendo descartado todo
eles, e os muçulmanos nada puderam fazer, exceto render-se individualmente. Pou-
o movimento cruzado como uma farsa; retornou às pressas apenas para constatar que seus homens não tinham como fazer frente às linhas de assédio cuidadosamente
cas rendições foram aceitas e menos ainda honradas. Foi uma bandeira ensangiienta-
da a que os exultantes vitoriosos desfraldaram em Jerusalém.'
organizadas. Recuou com relutância, prometendo vingança caso os cristãos se aventurassem pelo interior.
Os cruzados prosseguiram assim que Nicéia se rendeu. Marchavam em duas divisões, com Boemundo conduzindo a vanguarda, e Raimundo de Toulouse, a retaguarda. Boemundo avançava para Doriléia, onde estava prestes a levantar acampamento quando os turcos surgiram com força total, circundando as forças surpreendidas e lançando sobre elas sucessivas nuvens de flechas. Boemundo fez com que seus cavaleiros desmontassem e deslocassem as montarias para o centro do campo, fora do alcance
1. A defesa de Jerusalém foi conduzida pelos fatímidas, que tinham retornado à cidade enquanto a atenção dos turcos se concentrava em Antioquia. Mais ava nços permanentes do mesmo tipo foram feitos pelos bizantinos, que recobraram, e mantiveram, o oest e da Anatólia e grande parte da sua costa. Também merece menção a instalação de uma tropa de cruzados na cidade de Edessa. As únicas outras mudanças a registrarno mapa são a captura de Valênc ia pelo mercenário castelhano El Cid (1094; ela foi retomada pelos almorávidas oito anos depois) e a imposição do domínio norueguês
sobre as ilhas Orcadas e a de Man (1098: as Faroe tinham sido submetidas antes, em 1035).
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Primeira Cruzada foi um grande triunfo, mas deixou o Oriente Próximo deploA sele sto congestionado de minúsculos Estados. Tanto o triunfo como a congestão refletem o declínio da autoridade seljúcida; e os três elementos se combinaram para tornar o mapa menos legível que de hábito. Comecemos pelos seljúcidas: havia agora três sultanatos seljúcidas, um compreendendo Rum (Anatólia), um nas províncias centrais, um no leste. Cada um dos três sultanatos recebe o contorno usual dos turcos, formado porcírculos negros. Cada um mostra também, em sua sede de governo (Konya, Hamadan e Merv, respectivamente), um duplo círculo embandeirado. Os outros círculos embandeirados, mas não duplos, representam governos provinciais que escaparam ao controle central. Sua transferência é mais marcada no oeste do Império. No Rum, por exemplo, o emir Danishmend de Sivas, primeiro líder muçul-
príncipe. Novgorod ainda tinha o seu príncipe, mas a função dele era defender a cida-
de, não governá-la. Em outros lugares, a tendência era os principados se tornarem
hereditários em linhagem direta; a sucessão lateral era praticada no interior dos principados, mas não entre eles.
mano a infligir aos cruzados uma derrota significativa, equiparava-se por completo
ao sultão. O sultanato de Hamadan resistiu mais tempo, porque o sultão se mostrou
adepto da prática de jogar os vassalos rebeldes uns contra os outros; afora isso, tomou
poucas iniciativas e jamais apareceu em suas fronteiras ocidentais. Porém, o mais
bem-sucedido dos monarcas seljúcidas, pelo menos nessa época, foi o sultão Sanjar, de Merv. Todas as províncias orientais acataram seu domínio, e muitos dos príncipes do distante Turquistão e do Afeganistão lhe renderam vassalagem. O que Sanjar não conseguia controlar eram os contínuos movimentos de tribos turcas através dos seus domínios. Essas migrações, que tinham originalmente construído o Império Seljúcida, agora o remodelavam constantemente, às vezes consolidando, às vezes solapando os governos provinciais existentes.' Enquanto o sultão de Hamadan
preocupava-se com seu ato conciliatório, os
barões cruzados conseguiam completar sua conquista da costa levantina (exceto Ascalon, que resistiu até 1153) e organizar seus domínios em um reino de modestas proporções que tinha como capital Jerusalém, mais três microestados dependentes: o principado de Antioquia, o condado de Edessa e o condado de Trípoli. O declínio seljúcida também possibilitou aos georgianos um retorno: em 1121 elesrecuperaram sua antiga capital, Tbilisi, e a partir daí libertaram a maior parte das terras habitadas
por gente de sangue georgiano. As conquistas normandasno sul da Itália foram consolidadas por Rogério da Sicília. Ele dominou o ducado de Apúlia com a morte de seu primo em 1127; três anos mais tarde, adotou o título de rei. Governou a partir de Palermo, onde sua corte, com servi-
1. À denominação desses governos locais — os círculos embandeirados do mapa — é complicada. Alguns eram governados por principes seljúcidas, que geralmente adotavam o título de reis. Outros estavam em mãos de emires (governadores), os quais. embora turcos. não eram do ramo sehúada. Uma terceira variedade consistia em nobresturcos governando em nome de um infante seljúc ida: tais funcionários eram denominados ata begs (guardiães). Desnecessário dizer que a inca pacid ade dos atabegs para manter seus protegidos vivos logo suplantou a fertilidade da linhagem seljúcida, e os atabegs, tal como os emires, rapidamente evoluíram para irremovíveis senhores feudais heredirários. 2. O termo “república” não implica nenhuma tendência para a democracia: as repúblicas medievais eram sempre oligárquicas e tinham constituições destinadas a mantê-lasnessa condi ção. No caso de Novgorod, a assembléia que elegia o prefeito tinha cerca de trezentos membros, cada um repre sentando uma família de senhoresde terraimportantes. Ninguém maistinha influência sobre o modo como a cidade era governada.
cais negros, guardas sarracenos, haréns e serralhos, tornou-se um escândalo e objeto
de inveja da cristandade. A Normandia propriamente dita, endividada por seu duque para amealhar dinheiro para a Primeira Cruzada, passou a seu fraterno credor, o rei da Inglaterra, quando o duque, ao retornar, não conseguiu pagá-lo (1106). Na Espanha, os almorávidas completaram a conquista do setor muçulmano (1110-5), mas então perderam Zaragoza para Navarra (1118). Barcelona e a Provença se unificaram (1112). A Polônia subjugou os pomeranos(1102-24); os cumanos absor-
veram os remanescentes dos patzinaks. Na Rússia ocorreram várias mudanças pouco importantes. Um novo principado, Suzdal, emergiu no nordeste do país, onde a população crescia mais rápido que em outras regiões. E Novgorod deve ser denomi70
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mais imponente dos Estados sucessores dos seljúcidas, o sultanato de Merv, foi o primeiro a cair. O sultão Sanjar retirou-se para o sul do Óxus.' Ali, doze anos
der ao trono inglês, Henrique detinha um sólido bloco de território que se estendia
mais tarde, o que restava de seu domínio foi destruído por uma sublevação de tribos do Ghuzz recém-chegadas. Era um epílogo que espelhava com perfeição o início da dinastia, mas para desgraça da simetria o mesmo estava longe de ocorrer aos dois outros sultanatos seljúcidas. O sultão de Hamadan perdera terras em todo o seu perímetro: no oeste, onde os atabegs zângidas de Mossul desenvolveram um poderoso reino no sul, onde o califa abássida retomara seu poder secular, e no norte, onde os principes de Shirvan e Mazandaran recobraram sua independência. Contudo, graças a seu poderoso atabeg, o sultão ainda se mantinha como um importante potentado. O mesmo pode ser dito do sultão de Rum, que certamente teria unificado toda a Anatólia turca se os bizantinos e zângidas não o tivessem detido.
do canal da Mancha aos Pireneus. Isso fez dele o mais rico monarca da Europa, pois,
afora as rendas da Coroa inglesa, possuía mais terras na França que o rei francês. Hen-
rique incrementou seus domínios ao permitir uma invasão da Irlanda, que teve um
início enganosamente fácil. O movediço mosaico dos principados russos passou a ter um molde fundamental-
mente novo quando as forças de Suzdal saquearam Kiev (1169). O título de grão-prín-
cipe passou a ser ostentado pelo senhor de Suzdal, geralmente como grão-príncipe de
Vladímir, a capital de Suzdal. Os bizantinos estabeleceram uma posição de comando
nos Bálcãs ao recobrar o suserania pelos sérvios principado de Antioquia ra do Império anterior a
No que diz respeito aos Estados cruzados, pouco importavam as diferentes fortunas dos sultanatos seljúcidas. Os turcos que interessavam a eles eram Zangi, atabeg de
Mossul, e seu filho e herdeiro, Nuredin. Zangi inaugurou a contra-ofensiva muçulmana ao capturar Edessa (1143); e Nuredin enfrentou com facilidade a precária Segunda Cruzada, que foi a resposta da cristandade (1147-8). Não muito depois,
controle da costa adriática e obter o reconhecimento de sua e bósnios; também obtiveram vassalagem semelhante do (o que lhe era devido: o principado ficava dentro da fronteiManzikert). Na Germânia, onde Frederico Barba-roxa fazia
heróicos esforços para dar nova vida às evanescentes instituições do Império, o duque
da Boêmia era promovido a rei. A Polônia desintegrava-se.
Nuredin mostrou-se capaz de unificar a Síria muçulmana ao anexar Damasco (1154).
A luta deslocou-se então para o Egito, abastado e convulsionado pelos estertores do califado fatímida. Todos os lados compreendiam a importância desse país, cujos recursos decidiriam o destino da luta entre a cruz e o crescente no Levante, mas os
cristãos não conseguiram vencer, e o Egito passou a Nuredin (1169). Embora os cristãos estivessem em apuros no Oriente, ainda mantinham a iniciativa na Espanha. À separação de Navarra de Aragão (1134) foi compensada pela união entre Aragão e Barcelona (1137); uma década depois, o reide Aragão conseguiu assenhorear-se das terras ao longo do baixo Ebro (1148-9). Na costa do Atlântico, Portu-
gal, que iniciara o século como mero condado, proclamou-se um reino em 1139; sua fronteira sul avançara significativamente com a captura de Lisboa (1147). No centro,
o avanço fez-se mais lentamente, travado pela divisão entre Leão e Castela (1157) e a chegada dos almôadas. Estes (literalmente, al-Muwayidun, “os devotos do único Deus”) eram devotos xiitas, tal como muitos ramos dos fatímidas. Substituíram os almorávidas no Marrocos na década de 1140, conquistaram o resto do Magreb e a Tripolitânia em 1152-60 e tomaram a Espanha muçulmana em 1150-72. Se a Segunda Cruzada foi um fiasco no que toca à Terra Santa, obteve alguns interessantes resultados em outras partes. Os ingleses assinalaram um importante êxito
quando sua frota aportou em Lisboa e ajudou os portugueses a tomar a cidade. Os
germanos setentrionais e dinamarqueses conseguiram permissão para cumprir suas
obrigações ainda mais perto de suas terras: um ataque aos eslavos pagãos da região do Elba-Oder obteve o status de Cruzada e, talvez por isso, foi levado a uma conclu-
são bem-sucedida (1147-68). A Inglaterra conquistara então um curioso império. Depois de extinta a Casa de Guilherme, o Conquistador, a coroa foi transmitida para Henrique Plantageneta, conde de Anjou, junto com o território imediatamente ao sul da Normandia (1154).
|. Oscaraquitais eram budistas; o islã, depois de fazer grandes progressosna Ásia Centralna época dos caracânidas, agora entrava em um período de recuo. 72
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podiam pôr as mãos, o que queria dizer a maior parte das províncias européias. Mas os venezianos, agindo por conta própria, conquistaram Creta e outras ilhas ou enclaível poss o com cava indi s tima marí rotas suas de a rafi geog a que te inen ves no cont mente úteis. Tudo que permaneceu com os gregos foram cinco governos provinciais: os “impérios” de Nicéia e Trebizonda, os despotados de Épiro e de Rodes, mais Mo-
uredin continuou a residir em Mossul depois da conquista do Egito, que era
IN armado em seu nome por um general curdo, Saladino. Isso foi um erro, pois anova cauda era bem capaz de balançar o cachorro e, assim que Nuredin morreu, Saladino tentou tomar o sultanato (1174). O êxito de seu regime e da dinastia dos aiúbidas, que ele fundou, foi garantido pela vitória de Hattin (1187), que levou a contra-
nemvasia, uma fortaleza no Peloponeso, tomada em 1248.
ofensiva muçulmana contra os latinos do Levante a um triunfante auge. O exército do reino de Jerusalém foi praticamente aniquilado, e o reino se reduziu a uma só cidade, o porto marítimo de Tiro.
Filipe da França apressou-se em voltar da Terceira Cruzada para — como foí o pri-
O papa convocou imediatamente uma Terceira Cruzada para restaurar a posição
de vista de Fi meiro a admitir — iniciar uma marcha contra Ricardo, que, do ponto lipe, possuía feudos franceses em demasia. A sorte estava com ele. Ao cruzar a Gerrma-
Santa. Frederico marchou através da Anatólia, capturou Konya, capital do Rum turco, mas então faleceu. Com isso, a contribuição germânica desapareceu. Ricardo, da Inglaterra, chegou por mar, cobriu seus gastos tomando Chipre dos bizantinos
favor de Filipe. A chave para a Normandia era o Château Gaillard, o grande castelo
nia, Ricardo fora capturado a troco de resgate pelo ignóbil imperador Henrique vi; ele precisou de cinco meses e 100 mil libras para obter sua liberdade, quando Filipe já fizera significativos progressos. Contudo, Ricardo logo recobrou as posições perdidas; apenas quando a coroa passou a seu apagado irmão João, os ventos mudaram em
cristã. Seu apelo teve uma resposta real: em 1190, o imperador germânico, Frederico Barba-roxa, e os reis da Inglaterra e da França estavam todos a caminho da Terra
que Ricardo construíra às margens do Sena. Em 1203-4, Filipe tomou o Château Gaíl-
(1190), depois tomou Acre e uma lucrativa faixa de costa levantina (1191) de Saladino. Mas o exército que ele capitaneava nunca fora forte o bastante para avançar terra adentro, e Jerusalém permaneceu em mãos muçulmanas. Filipe, da França, que só se unira à Cruzada para salvar as aparências, pouco fez e voltou para casa assim que a decência permitiu. Saladino teve poucos motivos para descontentamento. O novo reino de Acre era apenas uma pequena nódoa em seu império. Os decepcionantes resultados da Terceira Cruzada explicam a estratégia traçada para a Quarta, um ambicioso assalto ao Egito, a chave para o Levante. Isso permitiria explorar a única vantagem deixada aos cristãos, o crescente controle do mar. Os venezianos estavam particularmente interessados em ajudar. Talvez devido a suas anterio-
lard, depois a Normandia e, por fim, todas as possessões inglesas ao norte do Loire.
Os homens podem ter cantado as proezas de Ricardo Coração de Leão, o valente rei da Terceira Cruzada, mas a história se recorda de Filipe Augusto, cuja obstinação fez da França o principal Estado da Europa. A ascensão da estrela francesa iluminou o declínio germânico. A natureza eletiva da monarquia germânica era uma fonte de fraqueza; outra, a querela com o papado. Porém, o principal problema era que o Império era grande e poliglota demais. O fosso entre seu poder e suas pretensões foi enfaticamente demonstrado no campo de baralha de Legnano, onde Frederico Barba-roxa, um imperador melhor que a média, foi derrotado pelas forças da Liga Lombarda (1176). No que dizia respeito à Itália, o
res conexões com Bizâncio, tinham demorado um pouco a explorar as chances ofereci-
das pelo movimento cruzado; a Quarta Cruzada era a oportunidade de tirara diferença. Os cruzados se reuniram em Veneza em 1204. Por azar, trouxeram consigo pouco mais da metade do preço combinado para sua passagem ao Levante. Os venezianos sugeriram que se completasse a diferença tomando Zara, um porto do mar Adriático que os húngaros tinham arrebatado recentemente aos bizantinos e que Veneza cobiça-
Império só era império no nome. Contudo, para os contemporâneos, isso não era tão
claro como é para nós: Barba-roxa, filho de Henrique vi, casou com a herdeira do reino da Sicília, e seu filho estava a ponto de possuir tanto o Império como o reino. Parecia uma impressionante combinação.
No Báltico, a Cruzada do Norte adquiria então um segundo impulso. Os suecos obtiveram um enclave na Finlândia; uma ordem de cruzados germânicos, os Ca-
va havia tempo. Isso feito, outra diversão se apresentou sob a forma de um príncipe
bizantino em fuga, que ofereceu total apoio à Cruzada contanto que os cruzados antes o instalassem em Constantinopla. Com diferentes graus de relutância — no caso dos venezianos, quase nenhuma —, os líderes dos cruzados sucumbiram, Os armamentos destinados a combater os turcos foram usados para substituir o imperador de Bizâncio. Os bizantinos vinham definhando havia uma geração, desde que uma desastrada ofensiva contra os seljúcidas de Rum redundara em revés na Batalha de Myriocephalum (1176). Muitas de suas províncias periféricas tinham sido perdidas: a Croáciaea Dalmácia para os húngaros, a Sérvia e a Bulgária para movimentos de independência, e a Cilícia para os armênios.' Os cofres estavam vazios. Logo ficou claro que
valeiros da Espada, estabeleceu-se na Livônia. Na costa sul, agora pacificada, os dinamarqueses obtiveram a vassalagem de vários baronatos germânicos e poloneses. |. Os armênios tinham se deslocado para a Cilícia depois da reconquista bizantina da região, no século x. Havia fartura de espaço para eles, pois a população muçulmana ou fugira, ou fora expulsa,
e os bizantinos não se opunham a um movimento que fortalecesse o elemento cristão. Depoi s de
Manzikerte do colapso da administração bizantina na re gião, osarmênios se subm eteram aos turcos, antes de finalmente emergir como atores com perfil próprio, no rastro da Primeira Cruzada. 2. À expedição de Henrique vi para fazer respeitar a demanda de seu filho na Sicíli a fai financiada pelo resgate de Ricardo Coração de Leão, um dinheiro caído do céu que o livrou momentaneamen-
os pagamentos prometidos pelo novo imperador jamais seriam feitos. Enfurecidos,
te dos problemas de caixa que cada vez mais acossavam o Império Germânico.
os cruzados saquearam Constantinopla, colocaram um dos seus no trono imperial e, em nome do imperador latino, trataram de tomar todas as partes do Império em que
Essa é uma medida da falência do Império; numa época em que o Ocidente tra nsi dotav sistea ma
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cado do êxito bárbaro que não escapou aos imperadores germânicos. Para
impedir que o mesmo ocorresse com seu império, eles tomaram de empréstimo
administradores da Igreja germânica. Essa era uma prática usual dos reinos medie-
vais, porém os imperadores germânicos levaram isso adiante: os clérigos agiam não precisamente como burocratas, mas como barões. Quando o imperador Oto 1l conduziu seu exército para a Itália, em 981, 70% das tropas eram supridas por vassalos
eclesiásticos. Igreja e Estado atuavam como uma coisa só.
O passo seguinte foi renovar o papado e obter bom proveito disso. Uma sucessão de titulares germânicos incutiu vida nova na decadente instituição (1047-57), e em contrapartida o papa endossou plenamente a posição do imperador. Mas a parceria
entre papa e imperador não durou muito. O Império, a despeito de todas as suas aspirações internacionais, nunca fora muito mais que um Estado governado para germa-
nos e por germanos. É a Igreja, como organização supranacional, jamais poderia se
comprometer com qualquer autoridade secular específica. O primeiro estágio do percurso do papado rumo à liberdade foi um decreto responsabilizando o colégio de cardeais pelas eleições papais (1059). Obviamente, tratava-se de impedir que as eleições fossem empalmadas pelo populacho romano, mas as novas regras também redundavam em excluir o imperador de qualquer papel na escolha. O prelado toscano Hildebrando, que arquitetou o decreto, implementou-o porque o imperador de então era um infante, e a regência, frágil. Seu êxito o encorajou a empreender uma fórmula mais atrevida: não apenas uma Igreja livre do controle do Estado, mas uma Igreja que controlasse o Estado. Quando Hildebrando se fez papa (como Gregório vil, em 1073), essa passou a ser a posição oficial. Uma das imagens duradouras da história medieval é a do imperador Henrique 1v plantado na neve em Canossa, vestido como penitente, esperando pela absolvição papal. Logo que obteve seu perdão, porém, Henrique esmagou a rebelião germânica que o forçara a se humilhar. Depois denunciou o papa tirânico, marchou sobre Roma e instalou um novo papa em seu lugar (1084). À solitária morte de Hildebrando em Salerno (“Amei a justiça e odiei a iniquidade, por isso morro no exílio”) é a necessária imagem especular de Canossa. Assim teve início uma famosa controvérsia, centrada em quem — o imperador ou o papa — teria a palavra final, em geral e particularmente, na nomeação dos bispos. Os imperadores não podiam dar o braço a torcer porque os bispos eram os pilares do Império. Os papas, arrastados pela inebriante teoria de Hildebrando, resistiam a compromissos mesmo no que tocava às responsabilidades seculares dos prelados. A querela abalou a cristandade. Os imperadores invadiam regularmente a Itália e assentavam seus candidatos no trono de são Pedro; com igual regularidade, os romanos
derrubavam-nos assim que os germanos se iam. Os imperadores rivais, incitados pelos papas em oposição ao imperial inimigo destes, não duravam mais que os “antipapas, mas causavam ainda mais confusão. Por fim, intimidadas pela ilegalidade crescente, as duas partes chegaram a um compromisso: ambos, imperador e papa, teriam um papel nas indicações eclesiásticas (1122). Porém a querela fora mais longe
que sua causa. Como chefes da Igreja, como príncipes de pleno direito, como (usual.
mente) italianos, os papas eram por reflexo opostos a um poder secular, imperial e estranho à península. Alguns deles, dada a oportunidade, puderam resistir e abalaram a estrutura criada pelo Império. E havia um atrativo suplementar para assim agir: o Império ia aos poucos se enfraquecendo. No plano meramente militar, ele fora per-
dendo o controle da Lombardia, e mesmo ao norte dos Alpes enfrentava crescentes percalços para manter sua autoridade. Uma guerra com um oponente tão cambaleante só podia beneficiar a imagem do papado. De fato, no início do século xr, a imagem de Roma ia muito bem. À cristandade latina expandia-se às custas dos pagãos (no Báltico), dos infiéis (na Espanha) e dos cismáticos (ou seja, os gregos). Foi um tanto difícil abençoar a Quarta Cruzada, mas o papa Inocêncio deu um jeito de conseguir. Em consequência, havia agora um patriarca latino em Constantinopla equiparável aos titulares de Antioquia e Jerusalém no tempo da Primeira Cruzada. Os búlgaros tinham concordado em transferir sua lealdade para a Igreja do Ocidente em troca de terem seu próprio patriarca; os armênios da Cilícia também tinham vindo. As Cruzadas, é bom que se diga, haviam confirmado os pontífices na liderança da cristandade, originalmente reivindicada pelos imperadores. Havia até alguns sinais de confiança excessiva. Quando o conde de Toulouse não pôde tratar os heréticos com o vigor que o papa requeria, Inocêncio Im convocou uma Cruzada para fazer as coisas como se devia (1208). Essa Cruzada dos Albigenses (nome derivado de “Albi”, um dos bastiões dos cismáticos) por certo extirpou os hereges, mas também fez coisas menos louváveis. O papa provou ser capaz de soltar os cães de guerra; o que não conseguiu demonstrar foi capacidade de controlá-los.
ro, O tesouro imperial não conseguia de modo algum aproveitar a oportunidade . Na verdade, a arrecadação da Coroa germânica, longe de crescer, diminuía e che gariaa zero no século seguinte. Em con-
traste, Filipe Augusto protegia a base fiscal da monarquia francesa com tanta eficácia que dobrou suz arrecadação na época em que montou seu bem-sucedido ataque aos feudos ingleses na França. Ao fim de seu reinado, quase a triplicara. Alguns outros pontos merecem atenção. No nordeste da Rússia, Vladimir começou a usurpar os entrepostos de comércio de peles de Novgorod. Na Espanha, os cristãos obtiveram uma grande vitória sobre os almôadas em Las Navas de Tolosa (1212). Aragão perdeu a Provença mas ganh ou alguns feudosno sul da França. Na Anatólia, os seljúcidas de Rum estenderam seu controle sobre todo ointerior ealcançaram a costa sudoeste. O xá de Khwarizm pôs ordem no caos do Irã e até cons eguiu expulsar os caraquitais da Transoxiana.
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Báltico. Porém, para os dinamarqueses, as oportunidades importantes residiam no
o século x1, os tecelões de Flandres começaram a produzir a preço módico
litoral báltico, onde novas rotas e novos mercados tinham sído abertos pela Cruzada do Norte. A iniciativa era em larga medida germânica, mas ao assumir a liderança política do movimento os dinamarqueses esperavam ficar com grande parte do lucro,
IN sanos de lã que eram muito superiores aos tecidos em casa. Eles tiveram um crescente sucesso, primeiro em escala local, depois no exterior. Os teares começa-
ram a trabalhar com tamanho estrépito que logo os criadores locais de ovelhas já não
conseguiam suprir a demanda de lã; os tecelões tiveram que buscar em torno de si
Os países islâmicos não mostraram O revolucionário incremento mercantil que
caracterizou o Ocidente durante esses séculos, porém partiam de um patamar mais elevado e também prosperaram. A julgar pelo crescimento no número e na população de suas cidades, eles parecem ter incrementado em cerca de 50% seu produto
novas fontes de abastecimento. Acharam-nas na Inglaterra, de sólido renome pela qualidade de sua lã, e tão desejosa como capaz de reorganizar suas terras para pro-
duzir a quantidade requerida. Na época que este mapa retrata, a Inglaterra era o principal produtor, e a parte sul dos Países Baixos, o centro manufatureiro de uma autêntica indústria internacional. Os panos de Flandres eram vendidos tanto na Itália como no Norte. As cidades tecelãs cresceram. Ghent, a maior produtora, e Bruges, o principal entreposto, rivalizavam com Londres e Paris, os centros políticos emergentes da região. E a indústria beneficiava não apenas a Inglaterra e os Países Baixos, mas a Europa em geral. O comércio de genoveses, pisanos e venezianos no leste transformou as lãs flamengas na mais popular e lucrativa de suas mercadorias, que se tornou um poderoso instrumento da expansão dessas cidades.
nacional bruto. Certamente não tinham dificuldades em equilibrar seu comércio com o Ocidente. Os países do Levante exerciam o tradicional monopólio do comér-
cio de especiarias orientais e podiam fixar os preços quase à vontade; também tinham no algodão uma fibra têxtil tão solicitada quanto a lã. O cultivo do algodão, originário da Índia, chegara à Arábia por volta do século vi e a seguir se difundira pelo Mediterrâneo, junto com o islã. No século xr, a Síria e o Egito tinham se tornado os
principais produtores.' Na verdade, os países orientais tinham sempre superávit no comércio de bens, e o Ocidente dependia de exportações de prata para cobrir a diferença. Felizmente, as novas minas abertas na Saxônia, na Caríntia e na Sardenha ao
longo do século xi mostraram que podiam suprir a demanda.
As cidades italianas, e suas imediações no interior da península, tinham experi-
mentado um milagre econômico ao menos tão notável como o despertar dos Países Baixos. No ano 1000, seu perfil era discreto, quase imperceptível. Dificilmente alguma delas chegava a ter 5 mil habitantes. As cidades litorâneas viviam sob o temor dos piratas muçulmanos, e as do interior, na completa obscuridade. Mas duzentos anos mais tarde havia entre elas uma dúzia de grandes cidades, inclusive as duas maiores da Europa Ocidental, Milão e Veneza. O fenômeno era tão generalizado, abrangendo toda a metade setentrional da península, que é impossível dar muito crédito aos fatores específicos envolvidos no crescimento de determinada cidade: um impulsionador do boom foi certamente a explosão populacional, de tal vigor que empurrava gente para as cidades, quer elas necessitassem, quer não. O primeiro uso que os italianos fizeram de seus músculos suplementares foi obter o controle de suas águas domésticas, o que fizeram no decurso do século x1. Então os marinheiros de Pisa, Gênova e Veneza se voltaram para o leste, visando a explorar as oportunidades criadas pela Primeira Cruzada. Em meados do século x11, os genove-
ses tinham mais dinheiro investido no comércio com o Levante do que na soma de todas as suas outras conexões mercantis. Os venezianos iriam se envolver ainda mais profundamente. Sua magistral deturpação da Quarta Cruzada rendeu-lhes uma interessante fatia do Império Bizantino (“um quarto da metade de um quarto”), que eles,
com prudência, tomaram sob a forma de ilhas. A partir de então, as galeras que nave-
gavam para Constantinopla, Antioquia ou Alexandria podiam usar uma série de bases
ao longo de mais da metade da rota para seus destinos. Nada comparável acontecia no mar do Norte, onde todos os envolvidos, ingleses, flamengos, franceses e germanos, parecem ter partilhado o comércio. O papel dos escandinavos declinava; eles ainda mantinham sua posição na indústria pesqueira, comerciando bacalhau da Islândia e de Lofoten ou, o mais importante, os arenques do
1. Os tecelões egípcios eram especialmente famosos por seus fustões, mescla de algodão encordoado produzido em Al Fustat (Velho Cairo). Etimologias análogas pode m ser traçadas com relação à musselina (algodão fino de Mossul) e ao damasco (tecido com padrão em alto-relevo, originário de Damasco).
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da Prússia. valeiros Teutônicos, iniciou suas operações em Torun, no sudoeste
movia junto com eles. Em 1206, um kuriltai (grande conselho) reunido na Mongólia
Exterior celebrou a criação de um novo tipo de império nômade, capaz de despachar exércitos para o oeste e o leste sem mover seu centro. Esse império era uma criação do chefe Temujin, que em vinte anos de lutas incessantes reuniu sob seu
poder pessoal todas as tribos das pastagens ao norte do deserto de Gobi. No kuriltai, Temujin também anunciou o segundo estágio de seu programa: a conquista do mundo para além do Gobi. Antevendo um triunfo, assumiu o título de Gengis Khan, Senhor da Terra”.
Por todos os padrões exceto o seu próprio, Gengis Khan pode ser considerado um homem de sucesso, pois nos últimos vinte anos de sua vida iniciou com êxito a conquista da China, anexou os remanescentes do canato de Caraquitai e, em duas implacáveis campanhas (1220-1), esmagou o império do xá de Khwarizm. Sua tropa infligiu uma série de severas derrotas aos príncipes georgianos, alanos, cumanos e russos meridionais (1221-2). A morte encontrou o cã (1227) antes que ele pudesse explorar
as fraquezas que sua trajetória vitoriosa expusera. O império por ele criado, que permanecia indiviso, estendia-se da Pérsia à Coréia; seus incomparáveis exércitos pagãos ameaçavam todos os seus vizinhos.' Apenas a parte leste do Irã foi incorporada aos domínios mongóis nesse estágio: nas províncias ocidentais, o papel de Khwarizm reviveu graças a um xá enérgico e jovem, que até certo ponto se recuperou das perdas do pai, conquistando o Azerbaijão ea Geórgia. Os seljúcidas e os aiúbidas, contudo, combinaram-se para conter um maior avanço, e o xá, derrotado, permaneceu entre as garras do dragão mongol. Os aiúbidas deixaram paraos cristãos Jerusalém e um corredor até a costa, para prevenir qualquer incursão cruzada, enquanto tão importantes ocorrências sucediam no leste
1. Muita gente já especulou sobre a natureza do mecanismo que orientou o “ciclo nômade”. Seriam as levas de hunos, turcos e mongóis impulsionadas pelo crescimento populacional, por estia-
gens nas pastagens ou por evoluções no aparato guerreiro? Ou se tratou de eventos puramente poli-
— numa realista embora insultuosa avaliação do poderio residual dos cruzados.
ticos, e um câ triunfante apenas estendeu suas campanhas para além do horizonte habitual? E por que Gengis Khan foi tão mais bem-sucedido do que todos os seus antecessores e sucessores? Parece duvidoso que algum dia venhamos a ter a informação necessária para testar a hipótese
O Império Latino começou a cair assim que perdeu seu ímpeto inicial. Todo o seu
território asiático foi perdido para os nicenos (que também absorveram o despotado
populacional, mas a cíclica dissecação da idéia, muito mencionada em outros tempos como “o Pulsar da Ásia”, poderia ser comprovada caso os paleoclimatologistas atuassem em conjunto. O avanço
de Rodes); na Europa, o Império sofria a forte pressão dos epirotas, que tomaram
Salônica (1223), fazendo da cidade a sede de um império rival. Mas os epirotas desper-
técnico não parece ser uma resposta: a única inovação revolucionária na estepe foi o estribo, trazido
diçaram sua chance de uma marcha vitoriosa sobre Constantinopla ao promover uma desnecessária e completamente desastrosa expedição contra os búlgaros (1230).
para o oeste pelos ávaros, podendo tê-los ajudado a vencer suas batalhas ali. No entanto, ele não ajuda
a distinguir o Império Ávaro daquele dos hunos, antes, ou dos mongóis, depois. Na verdade, pode-se argumentar que a influência mais importante do estribo não ocorreu nas estepes, onde ele pouco parece ter afetado o modo de guerrear, mas dentro da cristandade, em que permitiu à cavalaria franca desenvolver o tipo de táticas de choque — as cargas de lança em riste — que passaram a sera marca registrada da cavalaria feudal. O que parece plausível é que a dinâmica da estepe era, no sentido matemático, caótica. Existe uma
Os latinos, para sua surpresa, conseguiram manter então sua capital e uma coleção
desordenada de feudos na Grécia e nas ilhas. O terceiro império grego, Trebizonda, nunca desempenhou um papel proeminente e, depois que os seljúcidas ocuparam Sinope, em 1214, encontrou algum conforto na vizinha Geórgia. Dezesseis anos depois de sua derrota em Las Navas de Tolosa, os almôadas decidiram abandonar a Espanha e deixar que os muçulmanos ibéricos se defendessem sozinhos (1228-9). Dos líderes locais que emergiram, apenas um, o sultão de Granada, teve alguma importância, e mesmo ele não conseguiu deter o avanço cristão. Aragão
relação entre o grande ímpeto dos construtores de impériose osmovimentosem pequena escala de clãs específicos que é semelhante ao padrão de emergência recorrente de camadas fractais. Minha hipótese é que, por muito que se possa admirar Gengis Khan, seu império se inscreve na ordem estatística das criações assemelhadas; apenas aconteceu de ele transpor um turbilhão particularmente intenso. 80
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inguém no Ocidente fez uso do intervalo de catorze anos entre a primeira apaNão dos mongóis na estepe russa e seu retorno em 1236. Os generais mongóis conseguiram liquidar seus inimigos um por um, tal como tinham feito da primeira vez. Começaram pelos búlgaros do Volga, avançaram, via Riazan, até Vladimir, voltaram-se então para o sul e intimidaram os cumanos e os alanos. Depois de passar o inverno na região do Don, atacaram a oeste, saqueando primeiro Pereiaslav e a seguir Kiev. Por fim, dividiram seu exército em dois e penetraram profundamente na Europa. A tropa setentrional bateu os poloneses e os Cavaleiros Teutônicos, enquanto a meridional venceu os húngaros. A intenção parece ter sido fazer da Hungria O centro de onde poderiam conduzir uma nova expansão do seu império. Mas em 1242 chegou a notícia da morte do grande cã Ogadai, filho e sucessor de Gengis Khan, e os comandantes do exército decidiram posicionar-se mais perto do centro do império. Recuaram através da Bulgária, que deveria permanecer na órbita mongol, ao contrário da Polônia e da Hungria. Os mongóis conquistaram o Oriente Próximo de maneira mais gradativa. Em 1231,0 império do xá Khwarizm Jalalal-Din foi eliminado por uma força mongol, que a seguir se estabeleceu nas pastagens do Azerbaijão. Onze anos depois, essa tropa derrotou os seljúcidas de Rum, reduzindo-os à condição de tributários. (Consegiientemente o império de Trebizonda e o reino da Armênia, tributários do reino dos seljú-
já tinha caído, estavam do lado errado e não obtiveram a mesma trégua. Jerusalém
diante de uma horda de Khwarizm que fugia da primeira ofensiva mongol (1244). Os
mamelucos eliminaram Antioquia em 1263 e, não muito depois da data deste mapa,
também Trípoli (1289) e Acre (1291).
O papado passara o segundo quartel do século xt em uma atroz querela com Frederico 1 de Hohenstaufen, imperador germânico e — o que era igualmente importante do ponto de vista papal — rei da Sicília. Este era O pesadelo recorrente do papa: ser reduzido à submissão, colhido entre as mós dos dois domínios de Frederico, e, embora o perigo iminente tivesse passado com a morte deste (1250), quem poderia garantir que não haveria de retornar? A única resposta era erradicar por completo a linhagem Hohenstaufen. O papado teve sua oportunidade de fazê-lo quando o infan-
te Conrado, sobrinho de Frederico e legítimo herdeiro da Sicília, foi afastado do trono por outro tio, Manfredo. O papa denunciou a usurpação, declarou a coroa confiscada
e ofereceu-a a Luís 1x da França. Este repassou a oferta a seu irmão Carlos de Anjou. Carlos, como se esperava, invadiu a Itália, derrotou e matou Manfredo na Batalha de
Benevento (1266) e fez-se senhor do reino do sul da Itália. Dois anos depois, quando Conrado chegou à maioridade e tentou reclamar sua herança, Carlos o depôs igualmente. A conexão entre a Sicília e a Germânia fora cortada. Com o apoio de Carlos, o papado agora podia obter o controle efetivo do principado da Itália central, em tese pertencente à Igreja desde os tempos de Carlos Magno. Seus esforços conjuntos tiveram êxito, e o novo Estado pontifício até obteve o reconhecimento do imperador germânico que se seguiu, Rodolfo de Habsburgo, de quem se esperava que insistisse que ele não passava de um feudo do Império. Mas Rodolfo só se interessava pela Germânia; as comunidades italianas, o Estado pontifcio e o reino da Sicília ficaram livres para seus próprios e variados caminhos. O caminho de Carlos de fato foi outro. Ele estava interessado em reviver os velhos
cidas uma década antes, trocaram de senhores.) Por fim, em 1256, o príncipe Hulagu
chegou com mais reforços e instruções para submeter todo o Oriente Próximo ao controle mongol. Hulagu começou por eliminar os Assassinos de Alamut, numa operação que trouxe à história da seita um fim convenientemente mortífero. Lançou-se então contra o califado abássida. Bagdá tombou após breve resistência: seus habitantes foram massacrados, e o califa, espezinhado até a morte sob os cascos da cavalaria mongol. À notícia da queda trouxe uma onda de pânico à Síria e à Palestina, onde o subsequente avanço de Hulagu mal encontrou resistência. Porém, a pretendida invasão do Egito jamais aconteceu. Novamente o cã tinha morrido, e desta vez havia uma guerra civil no coração do Império Mongol. Hulagu retornou, deixando apenas alguns regimentos para guardar a fronteira egípcia.
projetos normandos de expansão do reino para a África e os Bálcãs. Quanto à África.
ele persuadiu o irmão, um entusiasmado mas incompetente cruzado, a dirigir contra Túnis sua próxima aventura. Os resultados foram desapontadores: Luís morreu de
O Egito tinha uma nova linhagem de sultões, os mamelucos, saídos da guarda
turca dos últimos aiúbidas. Os mamelucos passaram à ofensiva e, na Batalha de Ain
1. Com a ascensão de Kubla, o Império Mongol de fato se dividiu em quatro canatos distintos: 0
Jalut (“Primavera de Golias”), aniquilaram a tropa mongol que defendia a Palestina. Jánão havia o que os impedisse de libertara Síria e fazer do Eufrates sua fronteira. Eles
da Horda de Ouro; o ilcanato:; a China de Kubla; e um canato centro-asiático, do qual se vê uma ponta
no mapa. Este último usualmente é denominado canato de Jagatai, sendo apanágio do segundo filho de Gengis Khan, Jagatai; mas na data deste mapa o senhor da região era Qaydu, um neto de Ogadai: a linhagem de Jagatai prosseguiu até 1309.
assim fizeram, permanecendo nos limites do Eufrates. O ilcanato (canato subordina-
do) que Hulagu criara começou a lutar com o canato formado para vigiar a Rússia
(conhecido no Ocidente como canato da Horda de Ouro). Como Kubla Khan, da
2. O mapa mostra apenas duas das mais de cinquenta comunidades que dividiam entre sio norte da Itália: Pisa (por deter a possessão da Córsega e da Sardenha) e Veneza (por sua posição no exterior do Império). Para ter idéia da situação política, avance onze páginas, até o mapa de cidades e rotas comerciais em 1346, que dá uma idéia da importância relativa das vinte principais comunidades.
China, senhor nominal de ambos, não podia nem pretendia detê-los, essa disputa gradualmente consumiu as energias requeridas para renovar o avanço para o oeste. Tanto na Europa como no Oriente Médio, o Império Mongol encontrara seu limite definitivo." Os cristãos do Oriente haviam nutrido a esperança de que os mongóis os livrassem da revanche islâmica que gradualmente os aniquilava. No caso da Geórgia, o socorro mongol foi bastante real: o pequeno reino recuperou seu território e sua
Todas elas, grandes e pequenas, brigavam entre si como gatos em um saco é por muitos anos ainda se dividiram nos partidos adotados durante o conflito entre o papado e o Império: o Guelfo (pró-papal,
nome derivado da casa de Welf, adversária dos Hohe nstaufen) e o Gibelino (próimperial. designação
que vem de Waiblingen, um castelo dos Hohenstaufen). 82
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tetor, após a recuperação bizantina de Constantinopla (1261). Ele conseguiu reunir os remanescentes do Império Latino e assumir o título de príncipe de Acaia (1278). Sua
extraordinária coleção de domínios agora se estendia de Anjou (herdado), através da Provença (adquirida por casamento) e da Sicília (por conquista), até os contrafortes
da Albânia, um reino na ilha de Corfu e os feudos latinos nos Bálcãs (adquiridos por uma mistura dos três). Bem pior foi que a Sicília se rebelou, na sublevação conhecida como Vésperas Sicilianas (porque seu início foi anunciado pelo toque de vésperas nos sinos), deixando Carlos em graves apuros. Essesforam anos benéficos para os bizantinos. Osnicenos se instalaram na Europa quando o império epirota de Salônica entrou em colapso. Em 1259, obtiveram uma importante vitória sobre os latinos da Grécia, ganhando em consegiiência um quarto do Peloponeso. Dois anos mais tarde, empreenderam um retorno não contestado
a Constantinopla. Depois, porém, sucumbiram (1264), e uma expedição naval recuperou muitas das ilhas do Egeu. Bizâncio se reconstituíra, e, se o triunfo era parcial e
sua estabilidade precária, ainda assim era um momento a saborear. No Báltico, os contendores eram os Cavaleiros Teutônicos, que conquistaram sua esfera de influência, a Prússia, e depois absorveram os Cavaleiros da Espada e seu território, a Livônia. A Estônia sucumbiu diante de uma Dinamarca renascida; a Suécia
alargou sua cabeça-de-ponte na Finlândia. Apenas oslituanos e, bem ao norte, os finlandeses e os lapões permaneciam como alvoslegítimos para a Cruzada do Norte. Os lituanos, porém, tinham se revelado combatentes inesperadamente aguerridos; e os finlandeses e os lapões eram demasiado dispersos em seu território para serem atacados. Novgorod parecia bem melhor. Era abastada, tinha fama de covarde — submetera-se aos mongóis mesmo sem ser invadida — e, para os padrões russos, era relativamente fácil de tomar. Novgorod confiou sua defesa a um dos príncipes de Suzdal, Alexandre Nevski. A crítica batalha, travada sobre a superfície congelada do lago Peipus em 1242, foi um triunfo de Alexandre, desde então lembrado como o salvador do
Estado russo em seu mais tenebroso momento.
Na Espanha, Portugal e Aragão completaram a conquista dos setores a eles designados, enquanto Castela reduziu a dimensões de província o único Estado muçulmano que sobrevivera, o emirado de Granada. As ilhas Baleares tornaram-se um reino
separado, destinado a um ramo mais novo da Casa de Aragão. Navarra passou para o
domínio francês. No Marrocos, os almôadas foram derrubados pelos merínidas de Fez (1269), que tinham sido tangidos do Magreb pelos ziânidas de Tlemcen e os hafécidas de Túnis (na década de 1230). No Atlântico, osnoruegueses obtiveram a submissão dos islandeses (1248), mas concordaram em entregar as ilhas do oeste à Escócia
(1266). Os ingleses continuaram a se bater com os galeses, mas só anexariam o principado em 1282.
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3. Uma parte da lenda mostra Alexandre revidando uma invasão sueca em uma batalha sobre o
Neva (1240), que originou seu epíteto, Nevski. A historiografia moderna tem dúvidas a respeito: 2
batalha só é mencionada em uma fonte muito posterior e notadamente pró-Nevski, e o título jamais lhe foi atribuído em vida. Mas com certeza é verdade que Alexandre aderiu firm emente ao avanço mongol. Executou com fidelidade todas as ordens mongóis e, quando os novgorodiano s tentaram renegociar seu tributo, foi ele, na época grão-príncipe de Vladímir, que caiu sobre eles como um raio e extraiu-lhes a soma completa (1260).
mais notável acontecimento do início do século x1v foi o colapso do ilcanato
as terras entraram no dote de uma filha; os remanescentes do Império Latino foram confiados a uma linhagem mais nova em 1307. A justificativa técnica para a interferência de Aragão na Sicília foi uma demanda do trono pela filha de Manfredo, que se casara com o rei aragonês Pedro rt. Mas o papel marítimo do reino expandia-se de qualquer forma, graças a uma iniciativa dos habitantes do seu principal porto de mar, a capital da Catalunha, Barcelona. A Grande Companhia Catalã poderia ter retornado a Barcelona quando a guerra na Sicília acabou; em vez disso, alugou-se aos bizantinos (1302) e terminou capturando o ducado de Atenas do seu senhor e fazendo dele um feudo aragonês (1311). Em 1322, quando o papa persuadiu os venezianos e genoveses a observar um embargo de comércio aos mamelucos, os catalães simplesmente aproveitaram a oportunidade para reforçar sua presença em Alexandria. Em 1323, arrebataram a Sardenha, num movimento que sublinhou o declínio de Pisa e a ascensão de Barcelona ao terceiro posto na hierarquia do comércio mediterrâneo.
mongol. O último ilcã efetivo, Abu Said, morreu em 1335 | em seguida, várias facções mongóis lutaram entre si pelo controle das províncias centrais, com os cubánidas de Tabriz chegando à frente mas não no topo. Na periferia, a tendência foi os
governos provinciais evoluírem para feudos hereditários. Na Anatólia Ocidental
houve um desenvolvimento particularmente interessante, que levou à organização de uma quantidade de novas unidades políticas, os emirados ghazi. Ghazii — palavra
que designa um guerreiro dedicado a combater o infiel — foi o título adotado por muitos chefes turcos da fronteira com Bizâncio; no fim do século XIII, esses senhores da guerra partiram para a ofensiva em grande escala: em meados do século XIV, tinham conseguido expulsar os bizantinos de toda a Ásia. Dos emirados fundados por
ghazis, o mais importante foi o otomano (número 2 no mapa). Foi assim denomina-
do devido a seu fundador, Otmã, que entre 1280 e 1324 transformara o que a princípio era um pequeno baronato seljúcida em um principado que cobria a maior parte do noroeste da Anatólia. Otmã era um vassalo fiel, primeiro aos seljúcidas e depois
Se Pisa refluíra, Gênova subira e quase se equiparava a Veneza, tornando-se a
nação mais favorecida no comércio com Constantinopla; e se as posições venezianas
aos governadores mongóis, quando aquela dinastia chegou ao fim, no início dos anos
no Egeu estavam demasiado consolidadas para permitir facilmente uma subversão, a rota do mar Negro foi um presente de Constantinopla a Gênova. Em 1270, os genoveses estabeleceram postos de comércio na Criméia e em Trebizonda, o que lhes dava
1300. Mas, com o ilcanato se desintegrando, o governador tinha outras ocupações
que não os pequenos príncipes do extremo oeste. Na data deste mapa, os emirados
ghazi tinham escapado da órbita mongol. A Horda de Ouro terminou melhor que o ilcanato. A pressão do cã sobre os príncipes do norte russo nunca diminuiu; estes compareciam à tenda do cã para ter seus títulos referendados e marchavam com seus exércitos quando eram chamados a fazêlo. Mas nos segmentos central e meridional da fronteira mongol a autoridade do cã não perdurou. No baixo Danúbio, tanto os búlgaros, na margem direita, como, mais surpreendentemente, os valáquios, na margem esquerda, conseguiram escapar do jugo mongol. No centro, a Horda passou a ceder alguns de seus vassalos aos lituanos,
acesso aos mercados russos e iranianos. Gradualmente, um império comparável ao
veneziano vinha à tona. Na Criméia, Caffa tornou-se uma possessão de pleno direito
em 1343, quando uma tentativa mongol de tomar a cidade foi rechaçada; Samsun, na fronteira oeste de Trebizonda, também era guarnecida. No Egeu, Quios fora tomada aos bizantinos em 1346. Perto de Gênova, uma esmagadora vitória sobre Pisa (em Meloria, Leghorn, 1284) levou à aquisição da Córsega. Mas se uma única vitória bastava para resolver o conflito entre Gênova e Pisa, as muitas batalhas entre Gênova e
Veneza raramente redundaram em vantagem permanente para alguma das duas. Uma delas, porém, teve consequências de outra natureza. Em 1298, uma frota geno-
que anexaram a Volínia, estabeleceram um protetorado sobre Smolenske avançaram
sua fronteira meridional até Kiev. Entre a Valáquia e a Lituânia ficava a Galícia, que
vesa penetrou no Adriático e aplicou uma surra numa força veneziana superior, a de
ainda pagava o tributo mongol, mas também pagava tributo a quem o exigisse, fosse a Lituânia, a Hungria ou mesmo a Polônia. É surpreendente que a Polônia figure na lista, pois ultimamente os poloneses
Curzola — atualmente Korcula. Entre os 5 mil venezianos prisioneiros estava Marco Polo, recentemente retornado da China, e foi no cativeiro que se seguiu que ele escre-
veu o livro que o tornou célebre.
vinham fazendo uma triste figura. Nos anos iniciais do século x1v perderam a Pomerânia e o resto das terras na costa do Báltico para os Cavaleiros Teutônicos e, em
1327, a Silésia para a Boêmia. Mas por fim restauraram sua monarquia: em 1346 toda a Polônia, exceto o principado de Mazóvia, no nordeste, reconhecia o trono do rei Casimiro 11, e este estava decidido a impedir qualquer outra diminuição em seu reino. As Vésperas Sicilianas — revolta que em 1282 arrebatou metade da ilha do reino de Carlos de Anjou — mostraram-se irrefreáveis. Carlos poderia tê-las enfrentado se
1. Os Estados ghazi mostrados no mapa, com suas capitais entre parênteses, são: 1. Jandar (Kastarmonu); Otomano (Bursa); 3. Sarukhan (Manisa); 4. Aydin (Birgi); 5. Menteshe (Milas); 6. Ger-
miyan (Kutahya); 7. Hamid (Egridir); 8. Tekke (Antaliya); 9. Karaman (Laranda). 2. A obra não se chama As viagens de Marco Polo e não é a narrativa de seus 25 anos no Onente; nntula-se Uma descrição do mundo e é um quase inútilamontoado de relatos reunidos por Rusticello de Pisa,
companheiro de cárcere de Marco. Rusticello era um escritor profissional, totalmente incapaz de darà história de Marco Polo o estilo direto que ela requeria. Ele misturou coisas que Marco vira com os
elas não contassem com o apoio de Aragão, porém não podia se equiparar ao pode-
rionavalaragonês. Porfim, em 1302, bem depois da morte de Carlos, foi assinado um
próprios olhos e outras das quais apenas ouvira falar, agregando cenas de batalhas e fábulas tomadas de
tratado reconhecendo dois reinos da Sicília: um consistindo na ilha, governado pos um ramo mais novo da casa de Aragão; o outro compreendendo o território continental, sob controle angevino. A conexão com Anjou fora perdida em 1290, quando
seus romances, por julgar que o texto exigia mais vivacidade. O resultado, situado na terra de ninguém
entre o fato e a fantasia, é uma terrível bagunça, tão proveitosa como os mapas-múndi produzidos nos
mosteiros para ilustrar histórias bíblicas. Quando se pensa no que os dois poderiam ter produzido... 85
leiros de São João, expulsos da Terra Santa, estabeleceram um novo quartel-generalna ilha de Rodes (1309). No Magreb, os marroquinos conquistaram o controle de Tlemcen. Na Ásia Central, o canato Jagatai cindiu-se em uma metade ocidental e outra oriental. O domínio da Irlanda pelos ingleses, abalado por uma invasão escocesa em 1315-8, permaneceu efetivo apenas no leste e no sul, e mesmo assim nem sempre.
Conforme progredia o século xtv, os bizantinos voltaram a se enfraquecer. Seu último êxito foi a absorção dos principados epirotas; depois disso passaram a sofrer crescente pressão dos sérvios. O príncipe sérvio Stefan Dushan tivera uma importante vitória sobre os búlgaros antes de subir ao trono; em 1330, rompeu a linha de defe-
sa bizantina ao longo da Grécia peninsular e anexou a Albânia, assim como toda a Macedônia exceto Salônica. Em 1346 Stefan reclamou o que sobrara da herança bizantina, fazendo-se coroar “imperador dos sérvios e gregos”; parecia uma questão de tempo para que obtivesse as províncias européias restantes. Na Escandinávia, a monarquia dinamarquesa entrou em novo período de eclipse, com as províncias do sul da Suécia passando para a Coroa sueca. Contudo, um processo de recuperação teve início em 1346 com a venda da Estônia aos Cavaleiros Teutônicos. A Noruega e a Suécia, partilhando temporariamente o mesmo rei, agora exploravam as terras do extremo norte. Os suecos controlaram os dois lados do golfo de Bótnia (o norte do mar Báltico) e forçaram Novgorod a reconhecer sua suserania sobre o oeste da Finlândia (1323). Mais ao norte (e fora do mapa), osnoruegueses empreenderam uma série de expedições através do cabo Norte, até a península de Kola, áreas que Novgorod também reivindicava. O resultado foi uma extraordinária guerra de ataques e contra-ataques integralmente travada no círculo Ártico,
que por fim deu aos nórdicos a efetiva possessão do cabo (Finnmark), mas não a da península. Os escandinavos não eram o único inimigo de Novgorod na época. Os grão-prín-
cipes de Vladimir, que havia tempo cobiçavam o comércio de peles de Novgorod, anexaram muitos de seus postos no extremo nordeste durante a década de 1330. O titulo de grão-principe de Vladimir, é bom que se diga, não implicava residir em Vladímir. A cidade nunca se recuperara do saque mongol de 1238, e os príncipes que ostentavam o título de mando eram de outros lugares de Suzdal. As mais importantes sedes do principado no início do século xrv eram Moscou e T'ver; a linha moscovita em geral conseguiu obter a aprovação do cã, e depois de 1331 o título permaneceu em Moscou
para sempre. Os imperadores germânicos já tinham desistido de controlar a Germânia, para não falar da Itália, e se concentravam em assuntos mais domésticos. Rodolfo de Habs-
burgo, senhor de um modesto Estado na Suíça, usou sua proclamação como imperador para obter o controle da Áustria (1282); Henrique de Luxemburgo, imperador entre 1308 e 1314, fez de seu filho o rei da Boêmia, um domínio muito mais importante que o condado de Luxemburgo. O interesse próprio era um tanto alarmante, mas tentativas de imperadores mais remotos de comprar a lealdade de seus nobres com presentes em terras nunca tinham funcionado efetivamente; parecia mais simples manter as coisas em família. Até se poderia argumentar que o que era bom para os Habsburgo e os Luxemburgo (que depois disso forneceram a maioria dos imperadores) era bom para o Reich germânico: já havia ali principados frágeis em excesso. Por fim, algumas observações menores devem ser feitas sobre o período: os venezianos deram seu primeiro passo significativo em território italiano ao anexar Tre-
viso, em 1339, enquanto recobravam o controle da ilha de Bubéia, no Egeu. Os Cava-
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associação entre Carlos de Anjou e o papado foi fatal para ambos. No início
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ímpeto renovado à guerra santa travada pelos ghazis.
decisões. O ano do jubileu de 1300 encontrou-o no auge. Milhares de peregrinos convergiram para a Cidade Santa, deliciando o papa, que tivera a idéia, e seus apaniguados, que se viram nadando em dinheiro. Mas no ano seguinte Bonifácio foi além: denunciou o rei da França, Filipe, o Belo, por taxar o clero, lembrando-o de
que, como todos os governantes seculares, ele devia obediência a seu pai espiritual. A réplica de Filipe foi igualmente intransigente, e em 1303 Bonifácio estava a ponto de usar seu último recurso, uma bula de excomunhão, mas antes que pudesse publicá-la Filipe atacou. Um de seus sequazes recrutou um bando de rufiões em Roma, marchou sobre Anagni, a residência papal de verão, e tomou Bonifácio como cativo. Este se viu ameaçado de um processo por crime de lesa-majestade, e embora forças locais tenham rapidamente forçado sua liberação, a experiência esvaziou a empáfia do pontífice. Um mês mais tarde, ele morria, com a bula de excomunhão
ainda não publicada. A subsequente rendição aos interesses franceses foi rápida e completa. Em 1305, os cardeais escolheram o arcebispo de Bordéus para papa. Este optou por ser coroado em Lyon e não falou em ir para a Itália; na verdade, o lugar mais perto de Roma em que esteve foi Avignon. E Avignon permaneceu como sede do pontificado para a meia dúzia de papas que se seguiu, todos eles franceses. O cativeiro de Bonifácio em Agnani mal durara 24 horas; o “cativeiro da Babilônia” em Avignon continuaria por setenta anos.' Não foram anos muito brilhantes para a Igreja em geral. Ocorreram alguns pequenos mas proveitosos ganhos na Espanha e nas terras bálticas, mas no Oriente a trajetória foi de recuo. A Igreja grega se restabelecera em Constantinopla, extinguindo o patriarcado latino (1261). O patriarcado búlgaro revertera à ortodoxia antes mesmo
disso (1235), e nem se questionou que o patriarcado sérvio, criado expressamente
para a coroação de Dushan (1346), fizesse o mesmo. Apenas o patriarca armênio, resi-
dente em Sis desde 1294, permaneceu fiel ao papado. Não que a Igreja ortodoxa pudesse tampouco se felicitar: os gregos tinham recuperado boa parte dos Bálcãs, mas perdido algumas cidades isoladas na Anatólia, e tanto a Igreja russa como a georgiana pagavam regularmente tributos a senhores muçulmanos. Mas a cristandade não sofrera as vicissitudes extremas experimentadas pelo islã, que vira o Oriente Próximo devastado e sua cultura pilhada pelos pagãos mongóis, convertidos em conquis-
1. Babilônia, aqui, é por certo uma metáfora para a França, mas talvez valha registrar que a restdência papal ficava tecnicamente fora do reino francês: Avignon situava-se no condado da Proverça, que era um feudo do Império Germânico. E depois de 1348, quando o papa adquiriu a cidade de
Avignon da rainha de Nápoles (que era também condessa da Provença), os papas podiam proclamar
que eram tão soberanos em Avignon como em Roma. A realidade, já se vê, era bem outra: tanto geográfica como socialmente Avignon era ligada à França, e durante o período em que os papas al residiram eles foram subservientes aos interesses franceses.
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avanço inicial do Império Otomano sobre a Europa notabilizou-se mais pela À A rosas do que pela rapidez. A década de 1360 foi despendida no estabelecimento de um controle firme sobre a Trácia, a de 1370, na defesa de sua aquisição de sérvios e búlgaros, e a de 1390, na redução desses dois povos à condição de vassalos.
o condado da Borgonha (B:, um feudo do Império Germânicoje o condado de Flandres (Bs; tecnicamente francês, mas na prática semi-independente). Posicionado na divisa
entre a França e a Germânia e fortalecido pela abastança das cidades têxteis flamengas, esse domínio borgonhês tinha muitos traços de um Estado independente. No Mediterrâneo, Veneza tirou proveito da fragmentação política da parte ocídental e meridional dos Bálcãs para adquirir o controle sobre Corfu e instalar guarnições em pontos selecionados da Albânia e do sul da Grécia. PAde ui, tendo sído Eve ra é amargamente derrotada em suas guerras com Veneza, estava tão ir oiprdtizaçãa que se submeteu à suserania da França por alguns anos (1396-1409). No Báltico, os
Então, em 1389, os turcos tiveram um líder que queria um ritmo mais acelerado,
Bayazid, o primeiro chefe otomano a usar o título de sultão. Bayazid iniciou seu reinado com uma esmagadora vitória sobre os sérvios em Kosovo Polie, “Campo dos Melros, que seria tema de melancólicas canções eslavas nos séculos seguintes. Deu sequência a ela acrescentando aos seus tributários a Bósnia e a Valáquia (1391) e anexando o norte da Grécia e a Bulgária (1392-3). Porém, por mais retumbantes que tenham sido essas vitórias, foram superadas pelas campanhas na Anatólia, no decorrer das quais Bayazid trouxe para seu império todos os emirados turcomanos a oeste do Eufrates. A energia militar do sultão, aplicada alternadamente sobre a Europa e a Ásia, granjeou-lhe o título de Yildirim, “Trovão”. Sem dúvida era um grande guerreiro. As principais mudanças na Europa Central dessa época foram dinásticas. Casimiro, o Grande, da Polônia, morrendo sem descendência, deixou seu reino para Luís, o Grande, da Hungria (1370). Este, contudo, não gerou o filho necessário para cimentar
dinamarqueses tinham sido reduzidos pela Hansa (1370), uma humilhação que tornou mais aceitáveis os movimentos posteriores no sentido de uma fusão dos reinos escandinavos. A unificação das três coroas foi formalizada em Kalmar em 1397. Um ano depois, os Cavaleiros Teutônicos ocuparam a Gotlândia. Na Germânia, os Habsburgo adquiriram o Tirol em 1363. O condado da Provença não aparece no mapa,
pois se uniu ao reino de Nápoles em 1382. Entretanto, uma nova potência tinha chegado à extremidade ocidental do canato de Jagatai. Dos quatro Estados descendentes do Império Mongol, o de Jagatai era o menos atraente: as tribos que o formavam mudavam constantemente de lealdade, e poucos cãs conseguiam permanecer por muito tempo no poder. Contudo, numa
a união; deixou duas filhas, cada uma delas responsável por uma nova combinação. A
mais velha, com a Hungria por dote, desposou Sigismundo, herdeiro das terras de Luxemburgo na Germânia; a mais jovem, que recebeu a Polônia, casou-se com o grãoduque da Lituânia. Das duas alianças, a polaco-lituana mostrou-se a mais precária: foi inicialmente repudiada pelos barões lituanos, que insistiram na indicação de um novo grão-duque quando o existente se tornou rei da Polônia. Mas os lituanos precisavam
turbulenta carreira iniciada em 1360, um de seus chefes subordinados descobriu ter o carisma necessário: era Timur, o grande emir, também conhecido como Timur-l-
leng (“Timur, o Coxo”, o Tamerlão de Marlowe).* Em 1393, ele anexara o lrãe o
dos poloneses; haviam perdido a última de suas províncias bálticas para os Cavaleiros
Iraque aos territórios do cá em nome de quem governava. Além disso, erguera um exército que acreditava poder travar e vencer uma grande campanha a cada ano. A máquina militar de Timur saqueou e em pouco tempo despovoou asterras que ocupava, o que forçou seu general a olhar sempre mais longe. Em 1395 ele invadiu a Rússia, tomou Sarai, capital da Horda de Ouro, e deixou seus seguidores se apoderarem dos tesouros acumulados pelo canato. Em 1398 voltou-se para o leste e desceu
Teutônicos em 1382, e sua ofensiva contra a Horda de Ouro seria derrotada em 1399. Por fim decidiram reconhecer a suserania polonesa, mantendo a união.' A conexão húngaro-luxemburguesa, por outro lado, teve um início mais positivo. O rei Sigismundo, determinado a conter os turcos, persuadiu o papa a pregar uma Cruzada e despendeu seu quinhão da herança luxemburguesa financiando sua parte nela. Em consegiiência, pôde chefiar uma considerável tropa franco-húngara contra os otomanos em 1396. Contudo, se a logística da Cruzada era boa — bastava a Sigismundo cruzar sua fronteira para confrontar os turcos —, a liderança não o foi. Bayazid surgiu com seu exército enquanto os cruzados sitiavam a fortaleza fronteiriça de Nicópolis. Os francos logo insistiram em montar o mesmo tipo de ataque precipitado que os deixara
para a Índia. Delhi negociou uma rendição, mas as tropas de Timur assim mesmo a
saquearam implacavelmente: pirâmides foram feitas com as cabeças cortadas de seus
moradores em cada ponte da cidade, enquanto seus bens eram divididos entre a sol-
dadesca. De volta ao oeste, Timur entrou em conflito com os mamelucos, o que lhe forneceu uma desculpa para pilhar Alepo e Damasco. Então, a pretexto de Bayazid se recusar a entregar alguns fugitivos, marchou contra os otomanos (1402). Bayazid aceitou o desafio, mas descobriu, ao se aproximar de sua fronteira leste, que Timur
em maus lençóis em Crécy e Poitiers; e, de novo, foram primeiro forçados a se deter e
em seguida trucidados. Os húngaros, por sua vez, não podiam fazer melhor, e a última das Cruzadas acabou tão depressa como começara. Serviu unicamente para dar outro galardão de combate a Bayazid e ao aparentemente invencível exército otomano. Em sua terra, os franceses fizeram melhor. Escapando de batalhas parciais, erodiram gradualmente o domínio inglês na Aquitânia, reduzindo-o a pouco mais que uma faixa costeira. Parecia pouco provável que ocorressem aí mais turbulências no período. Menos claro era o hábito da monarquia francesa de conceder aos seus príncipes enormes feudos. Um exemplo particularmente infeliz foi a designação de um deles para
* Christopher Marlowe (1564-93), dramaturgo renasc entista inglês, escreveu a peça Tamerlão, o grande, composta de duas partes. (N. T)
1. A Polônia tomara uma porção da Lituânia em 1366. Pouco depois, a Moldávia trocou sua leal-
dade à Hungria por uma associação mais frouxa com a Polônia. Nessa é poca, a Hungria também per-
deu o controle sobre a Bósnia, mas a independência bós nia durou pouco: os turcos, como citado, reduziram o pais à condição de vassalo em 1391. 98
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seus auxiliares turcomanos ameaçavam desertar. Quando começou a batalha, muitos o fizeram prontamente, deixando os remanescentes do exército otomano ser engolfados pelas tropas mais numerosas de Timur. A derrocada de Ancara foi apenas o início da humilhação de Bayazid. Capturado ao fim da batalha, ele passou os meses de vida que lhe restavam na comitiva de Timur, enquanto o grande emir se deslocava vagarosamente pela Anatólia, restaurando os príncipes que Bayazid depusera e acolhendo a submissão dos membros mais novos da dinastia otomana. Por fim, em 1404, Timur voltou à sua capital, Samarcanda, e ocu-
Rukh, manteve o controle sobre toda a área do Eufrates até a bacia do Tarim; e, sealguns
pou-se dos preparativos de sua nova aventura, a invasão da China. Postos de supri-
de seus feudatários ocidentais se mostraram desobedientes aqui e ali, em particular os
mento foram criados nas rotas da Ásia Central, eno fim do ano o próprio Timur mar-
não turcos do Carneiro Negro, ao final acabavam sendo submetidos. É verdade que já
chou rumo ao leste. Para o seu séquito, contudo, estava claro que ele agonizava, e ao
aconteciam as expedições de pilhagem que caracterizaram os tempos de Timur, mas os
atingir Otrar o próprio general foi forçado a admiti-lo. A China não teria que suportar a visita de suas sôfregas hordas.
vizinhos do xá Rukh tomavam todo o cuidado para não provocá-lo. Os otomanos, por exemplo, sempre se dirigiam a ele nos mais respeitosos termos, € ainda que rapidamen-
te tenham tomado de volta para seu império a parte ocidental da Anatólia, deixaram à sua sorte a maioria dos emirados orientais. Melhor relevar as pequenas provocações do emir de Karaman do que conjurar uma nova tempestade vinda do leste. Na Europa, as concessões que os otomanos julgaram apropriado fazer depois da Batalha de Ancara mostraram-se de curta duração. Bizâncio tomou de volta Salônica por alguns anos, enquanto a Valáquia, a Sérvia e a Bósnia recuperaram suas respectivas independências para perdê-las de novo na década de 1420. Em 1430, a fronteira otomana estava de volta ao lugar em que estivera em 1401. Na Grécia, ainda não conquistada,
enrique v, que se tornou rei da Inglaterra em 1413, decidiu encerrar o conflito Eles as Coroas inglesa e francesa, tornando-se também rei da França. As circunstâncias o favoreciam. O monarca reinante na França era louco, o duque da Bor-
gonha reconsiderava suas lealdades, e os nobres franceses continuavam confusos como sempre quanto à diferença entre torneios e tática militar. Em Agincourt (1415), o mais célebre de todos os confrontos entre arqueiros ingleses e cavaleiros franceses, Henrique venceu a batalha decisiva de que necessitava para completar a desmoralização da corte francesa. Cinco anos mais tarde, seria reconhecido como regente do reino e herdeiro do trono. O último prêmio fugiu-lhe: ele morreu alguns meses antes do rei francês, e foi o infante Henrique vi o primeiro monarca a reinar tanto sobre a
os bizantinos trataram de absorver os últimos remanescentes do principado de Aquéia (1428-32); as ilhas do Egeu já então tinham transferido sua lealdade para Veneza (1418).
Veneza, na verdade, experimentou um início do século xv extremamente bemsucedido. As desventuras da Hungria e da Bósnia lhe permitiram retomar o litoral da Dalmácia (1409-20), e a debilidade de Milão proporcionou-lhe alguns ganhos inesperadamente fáceis na Lombardia (1404-26). Na Rússia, a Horda de Ouro afrouxava sensivelmente suas tenazes. Os circassianos do Cáucaso recuperaram sua independência, e os uzbeques da estepe além dorio Ural se estabeleceram sob a chefia de um cã de sua própria escolha. No Mediterrâneo. a Sicília reverteu à Coroa de Aragão (1409), e os portugueses tomaram Ceuta, do lado marroquino do estreito de Gibraltar (1415). Nos Países Baixos, a Borgonha adquiriu a Holanda e o Brabante (B;no mapa).
Inglaterra como sobre a França (1422). Na verdade, apenas metade da França era de
Henrique; ao sul do Loire, o repudiado delfim criara um governo de oposição e, seera incapaz de vencer batalhas, Joana d'Arc venceu uma para ele (1429). Era o que bastava para o delfim sustentar sua reivindicação do reino inteiro. Poucos anos antes de Agincourt, a Europa Oriental fora cena de uma batalha de conotações épicas similares. Em Tannenberg (Grunwald, nos livros de história poloneses), os Cavaleiros Teutônicos enfrentaram uma hoste invasora polaco-lituana; o resultado foi uma completa vitória dos últimos e o fim da ordem como poder militar (1411). O vasto exército reunido pelos aliados — que incluía russos de Smolensk (então incorporado à Lituânia), tártaros das estepes do mar Negro e mercenários da Boêmia e da Silésia — não conseguiu se manter em uma guerra de conquista, e a paz que se seguiu
* “Marcha para o leste”, em alemão no original. (N. T.)
2. Timur era um devoto muçulmano, e é uma ironia que poucas de suas presas tenham sido seus
apenas confirmou a reconquista lituana de Samogitia, a província que separava a Livônia da Prússia. Ainda assim, a batalha marca um verdadeiro divisor de águas, o fim da segunda Drang nach Osten* alemã e o início da fase de refluxo.
inimigos de fé. O melhor que conseguiu fazer foi saquear a Geórgia cada vez que porali passava — o que ocorreu com fregiiência suficiente para transformar o país um lugar miserável — e, a título de
epílogo de sua campanha na Anatólia, expulsar uma guarnição cristã de Esmirna. 100
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se vulneráveis aos exércitos de Mehmet. Este subtraiu Lesbos aos genoveses em 1462 | e Eubéia aos venezianos em 1470. Na Europa Oriental, o mapa se simplificava. A união polaco fita tornou-se plenamente efetiva no reinado de Casimiro Iv, que usou sua força superior para forçar os
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tentativa inglesa de dominar a França só era realista na medida em que tinha o apoio borgonhês; quando a Borgonha mudou de lado, em 1435, a posição inglesa finalmente começou a desmoronar. Paris foiabandonada no ano seguinte e, embora a Normandia e a Aquitânia fossem mantidas até o fim dos anos 1440, no final da década também essas províncias escapuliram. Cherbourg, o último enclave na Normandia, caiu em 1450; Bordéus, capital da Aquitânia, em 1453. De todas as possessões da Inglaterra no continente, apenas Calais permaneceu. O destino de Bordéus foi selado pela vitória francesa de Castillon, em que os inglesestoram colhidos por um inesperado ataque da artilharia francesa. Foia primeira ocasião em que as armas de fogo tiveram um papel decisivo no campo de batalha, pois, embora seu uso tivesse sido registrado no século anterior (em Crécy, pelos ingleses), os primeiros modelos levavam tempo demais na recarga para poder desempenhar um grande papel tático. Onde as armas de fogo tinham já adquirido uma função dominante era na guerra de cerco: castelos e cidades muradas que haviam suportado assédios ao longo de meses e anos agora eram ordinariamente tomadas em questão de semanas. Se Castillon institui 1453 como o ano de introdução das armas de fogo, essa marca é enfatizada por um retumbante êxito nas funções mais tradicionais dos canhões de assédio. Em abril de 1453, os otomanos trouxeram uma grande bateria para empregar contra as muralhas de Constantinopla em terra — a famosa linha de duzentas torres
Cavaleiros Teutônicos a entregar a maior parte da Prússia e prestar gastaram pelo
Já então ele obtivera também parte da extremidade tia restante (1466).
is, (1457),
e depois, quando os otomanos começaram a avançar sobre a Moldávia, recebera á submissão voluntária desse Estado limítrofe (1485). Maisa leste, Ivan, o Grande, o primeiro dos grão-príncipes moscovitas a usar O título de tsar, anexou Novgorod. Ivan
também recusou à Horda de Ouro o seu costumeiro tributo e fez frente a uma tentativa de atraí-lo pela força (1480). Seu desafio naturalmente foi muito pesedeido esa fragmentação da Horda, que levou ao surgimento de canatos locais na Criméia (1441), em Kazan (1445) e em Astracã (1466).
As mudanças na Europa Ocidental incluíram ajustes grandes e pequenos. O rei da Dinamarca adquiriu Holstein (1460), mas teve de ceder as Orcadas e as Shetlands à Escócia (1468). A Suécia separou-se da União de Kalmar (1448). À Inglaterra, assim como per-
dera seus feudos na França, viu escapar ao seu domínio toda a Irlanda, exceto o distrito imediatamente dependente de Dublin. A França agiu com extrema eficácia, não propriamente contra a Inglaterra, mas contra o melhor aliado desta, o duque da Borgonha. Seu êxito nesse quartel foi muito facilitado pelo comportamento imprudente do quarto duque, Carlos, o Temerário, ao tentar unire expandir seu fragmentado domínio. Depois
que permanecia invicta desde que fora erguida, dez séculos antes. Oito semanas de
bombardeio reduziram uma larga faixa a escombros, e no final de maio os turcos a
transpuseram.
de alguns êxitos iniciais, Carlos viu-se confrontado com os suíços, que infligiram duas
Em certo sentido foi um anticlímax. A queda da cidade já vinha atrasada e, se não ocorrera na Batalha de Ancara, bem poderia ter sido consumada por Bayazid, cinquenta anos antes. Além disso, Constantinopla não era na época uma cidade de primeira grandeza: a maior parte das ruas por onde os turcos irromperam em triunfo tinha sido abandonada há gerações e já não passavam de capinzais entremeando-se a áreas ainda povoadas. Mas a cidade de Constantinopla tinha outra importância além da conferida por seu venerável passado: ocupava uma posição-chave no Mediterrneo oriental, e mesmo a sua aparência tinha imenso valor para a cristandade. A notí-
duras derrotas a suas forças demasiado dispersas (1476). No ano seguinte, o duque perdeuavida ao tentar liberar uma guarnição que baseara em Nancy. Orei Luísxrda França,
que vinha subsidiando os inimigos de Carlos, ocupou imediatamente a Borgonha, tanto o ducado como o condado, e, embora não conseguindo conquistar Flandres —a filha de
Carlos preservou a parte setentrional da herança ao se casar com o arquiduque Maximiliano de Habsburgo —, o Estado borgonhês foi efetivamente subjugado. Quatro anos mais tarde, Luís obteve como prêmio adicional a Provença.
A Espanha igualmente fazia progressos, embora não visíveis no mapa. O evento
cia do seu saque chocou o Ocidente, incomodamente cônscio de que seus pecados
crucial foi o casamento de Fernando de Aragão com Isabel de Castela, em 1469. Os
por omissão e por comissão tinham contribuído para aquele resultado. Agora Constantinopla seria grande outra vez, mas dessa feita como Istambul, a capital dos sultões otomanos, inveterados inimigos de toda iniciativa cristã. A captura de Constantinopla foi a primeira grande realização do sultão Mahmud It, mais conhecido como Mahmud Fatih, ou “Mohamed, o Conquistador”. Durante seu longo reinado (1451-81), ele conquistou bem mais que C onstantinopla. Anexou a Sérvia, a maior parte da Bósnia e todos os pequenos principados do sul da Grécia (1465-8). Reduziu as possessões genovesas na Criméia e colocou ostártaros locais sob sua suserania (1475-8). Conquistou Jandar, Karaman e o minúsculo Império de Tre-
dois iniciaram a redução do emirado de Granada em 1481 » processo completado pela captura de sua capital onze anos depois. Fernando ane xaria a seguir Nápoles e
Navarra. Em consegiiência, sua filha herdaria todos os reinos ibéricos, exceto Portu-
gal, mais a Sardenha, a Sicília e Nápoles.'
1. Nápoles fora conquistada por Afonso de Aragão em 1442, mas separada de seu reino dezesseis anos mais tarde, para proporcionar um reino a seu filho ilegítimo, Fernando (Ferrante). Outros acontecimentos que resultaram em mudanças de fro nteiras neste mapa incluem a divisão do Império Timúrida em dois principados distintos, o colapso do canato uzbeque (1471) e a desintegração dos domínios de Luxemburgo após a morte do desventurado Sigismundo (a Boêmia passou então para um príncipe polonês, e a Silésia e a Lusácia, par a a Hungria). Os venezianos tomaram as Ilhas Jônicas (1482), cosportu gueses acrescentaram Arzila e Tânger ao seu enclave marroquino (1471).
bizonda, confinou os turcos do Carneiro Branco à área à leste do Eufrate s (1461-73). Na Grécia peninsular, os venezianos manobraram para manter a maior parte de seus
enclaves, porém as ilhas muito próximas do continente com fregiiência mostravam-
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rença, em 1478) e se empenhava no favoritismo à família com demasiado vigor (trans-
epois de meio século em Avignon, o papado foi forçado a reconhecer que a vasta maioria dos fiéis queria um retorno a Roma. Urbano v fez a mudança em 1367, estabelecendo-se no Vaticano porque a tradicional residência pontifical, o Palácio Laterano, estava dilapidada. Mas não era apenas o Laterano que se arruinara: toda a cidade estava em desordem e ingovernável. Depois de três anos de residência, Urbano concluiu que era impossível conduzir os assuntos da Igreja em um lugar assim e retor-
formou em cardeais seis sobrinhos, entre eles um de apenas dezessete anos). Como futuros contraponto, há a Capela Sistina, que Sisto iniciou em 1471 como FeRAço para conclaves e que afinal daria aos papados do Renascimento um brilho que nenhuma E má ação pode embaçar.
Enquanto o papado se cercava de glórias seculares, os bens da Igreja oriental se esboroavam rapidamente: a cada década, os otomanos abocanhavam um pedaço de
nou a Avignon. Sete anos depois, seu sucessor, Gregório x1, fez idêntica tentativa, che-
suas terras. Nos anos 1430, as coisas iam tão mal que o imperador bizantino optou por um sacrifício supremo: viajou a Roma e pôs a sie ao seu povo sob a autoridade papal. A contrapartida foi uma promessa do pontífice de organizar a Cruzada tão evídente-
gando à mesma conclusão. Dessa vez, contudo, o resultado foi distinto, pois Gregório
morreu antes de se mudar. A turba romana viu ali sua chance, forçando a eleição de um italiano, Urbano vi, o qual, a despeito de suas falhas em outras esferas, se comprometeu a permanecer na cidade. Como ficou claro, os defeitos de Urbano eram consideráveis. Os cardeais, em especial, tinham dificuldade em lidar com um pontífice que os ameaçava constante-
mente necessária, se é que se queria salvar Bizâncio. Nada adveio dessa farsa. O tempo
em que os príncipes do Ocidente permitiam que o papa orientasse suas armas já ia longe, e a população de Constantinopla, mesmo com os turcos nos calcanhares, recusou-se a renunciar à sua identidade religiosa. Sem que nenhum dos lados cumprisse o prometido, Bizâncio lutou e caiu mantendo sua antiga fé. Desde então, asúnicasterras que permaneceram livres e ortodoxas eram, em termos eclesiásticos, províncias:
mente de violência física. Em poucos meses, todo o colégio cardinalício deixara Roma, revogara a eleição de Urbano e elegera um prelado mais civilizado, o francês Clemente vii. Os romanos, evidentemente, aferraram-se a seu papa, e por fim Clemente e o colégio de cardeais foram forçados a recuar para Avignon, onde o governo francês lhes oferecia apoio. Urbano vi, com um segundo coletivo de cardeais de sua
a Geórgia, os principados romenos e Moscóvia.
inteira escolha (dos quais mais tarde mataria cinco), celebrou o êxito com uma viagem pela Itália. A maior parte da Europa reconheceu-o como o pontífice legal, mas os angevinos de Nápoles e os escoceses, aliados políticos da França, preferiram
Clemente, bem como Aragão e Castela.
Assim começou o Grande Cisma. Nenhum dos lados queria ceder, e logo que morria um papa, os seus cardeais prontamente o substituíam. Isso durou trinta anos, até
que a opinião pública forçou os cardeais a fazer o que deviam ter feito de início, reunindo um Concílio Geral da Igreja. O Concílio reuniu-se em Pisa, em 1409, declarou depostosambos os papas e elegeu um outro. Contudo, carecendo dos meios para efetivar as deposições, o resultado foi a existência de três papas em vez de dois. Uma nova reunião conciliar, em Constança, fez melhor. Um papa abdicou voluntariamente,
outro se retirou para a Espanha, onde o apoio que recebia aos poucos diminuiu, e o terceiro foi forçado a suportar um julgamento que deixou muitos sem entender como
ele havia chegado ao pontificado.' Estava aberto o caminho para a eleição de umnovo pontífice que pusesse fim à confusão sobre quem era o chefe da Igreja e onde ele ficaria. À escolha do Concílio recaiu sobre um nobre romano, Oddo Colonna, que, como era de esperar, escolheu Roma como sede pontifical. Ele entrou na cidade, como Martinho v, em 1420. Dessa vez o retorno a Roma teve êxito. Coincidiu com um extraordinário impulso das artes plásticas na Itália, conjunção de grande ajuda para os papas na tarefa de fazer de Roma uma cidade da qual o pontífice pudesse se orgulhar. No fim do período medieval, que nostermos deste mapa coincide com o pontificado de Sisto Iv (147184), as coisas estavam bem assentadas. Sisto teve seus maus momentos, Tendia a se envolver em excesso com os aspectos menos respeitáveis da política italiana (esteve com certeza implicado no assassinato de Lourenço, o Magnífico, na Catedral de Flo-
1. Este era João xxm, sobre cujo julgamento perante o Concílio Gibbon escreveu: “As acusações
mais escandalosas foram retiradas: o vi gário de Cristo era acusado apenas de pirataria, estupro, sodomia e incesto”.
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camio va ha a mei > erguer, er )jáseac ais para um homem nismo, que antes era pesado dem“mai nho para o relógio de bolso. Um processo similar de refinamento € miniaturização estava em curso em outra invenção ocidental, a arma de fogo. O impulso inicial se dera no sentido de fazer canhões maiores, que fossem mais eficientes naquilo que faziam de melhor— derru-
m fins do século x1v, a economia européia ingressara no “modo peste”: o dinheiEco era relativamente abundante (pois a peste reduzira o número de pessoas mas não o montante de ouro), e os salários, altos (pois a força de trabalho era relativamen-
te escassa). Em consequência, as pessoas comuns em geral viviam consideravelmente melhor do que antes da Peste Negra, com elevações do salário real chegando à casa
te. Os bar muralhas. Porém, a longo prazo, a tendência inversa foi mais importan
dos 50%. Ganhos de produtividade reforçavam a tendência. Agora que já não havia tanta pressão sobre a terra, os recursos podiam concentrar-se onde seriam mais eficazes. E os altos salários encorajavam o uso de máquinas que poupassem trabalho. Isso ajudou a manter a renda da classe operária, quando, depois de 1400, os surtos da peste começaram a desaparecer e, em consegiiência, a população passou a crescer de novo. A Peste Negra tinha iniciado um círculo virtuoso econômico. Se isso era verdade para o homem do arado, era da mesma forma para o homem da cidade. Embora as cidades tivessem sofrido horrivelmente com a peste, em geral foram bem-sucedidas na reconstituição de sua população em uma ou duas décadas e,
engenheiros logo aprenderam a fazer fortificações que podiam resistir a prolongados
mou para sembombardeios, mas a chegada das primeiras armas individuais transfor
pre os campos de batalha. Estas, e não as enormes bombardas, eram os artefatos aos quais Mao se referiu ao dizer que “todo poder emana da boca de um ER A arma de fogo e o relógio são bons exemplos do processo de evolução que moldou a mudança tecnológica: uma coleção de progressos entrelaçados na metalurgia
e na confecção reside na base desse lento mas sólido desenvolvimento. O século xv
também foi o exemplo acabado do processo oposto, a revolução técnica. Se os protó-
tipos do relógio e da arma de fogo remontam ao início do século xtv, e seus descendentes, o relógio portátil e a primeira arma pessoal eficiente, o arcabuz, não apareceram antes do século xvi, a tipografia ocidental foi concebida, desenvolvida e disseminada num intervalo de vinte anos. E, enquanto o crédito da arma de fogo e do relógio pertence a meia centena de artesãos anônimos, a tipografia foi obra de um homem, Johannes Gutenberg. Ele inventou o método dos tipos móveis, que foi a chave de todo o processo, adaptou a prensa, o papel e a tinta às suas necessidades, e em 1454 tinha o sistema pronto e funcionando. Sozinho, criara tanto uma nova indústria como um instrumento para ulteriores mudanças.
com frequência, a aumentaram. Na Europa Ocidental, o setor urbano passou a ser
mais vasto em 1483 do que às vésperas da Peste Negra, o que, considerando-se que a população total se mantinha abaixo da cifra anteriorà epidemia, representa um significativo aumento da população urbana como parcela do conjunto — de 2,25% para 3,25%, conforme a base de dados empregada. É fato que algumas cidades sucumbiram. À indústria têxtil flamenga continuou a decrescer, em parte porque o mercado se reduzira e sobretudo porque os ingleses estavam transformando suas lãs em tecidos antes de exportá-las; consequentemente, a população de Ghent reduziu-se em
um quinto, e a de Bruges, em um terço. Gênova e Siena também estavam menores, tendo perdido mercados para Veneza e Florença. Pisa, assolada pela malária, já nem
Enquanto a Europa avançava, o Oriente Próximo marcava passo ou mesmo recuava. O Egito, por exemplo, que exportara papel para a Europa no século xr, importa-
aparece no mapa; tampouco Avignon, decadente desde a partida do papa. Mas os
sucessos superaram de longe os fracassos. As cidades do final do século xv tinham mais gente, trabalhando por melhores salários e numa variedade de ofícios maior do
va-o da Europa no século xv.º Outro de seus produtos de exportação, o alume, perdeu mercado quando os italianos descobriram depósitos de melhor qualidade, primeiro no Egeu (na Fócida, a parte do continente oposta a Quíos, no fim do século XUI),
que nunca.
Assim como o setor agrícola, a economia urbana beneficiou-se das inovações tec-
nológicas. Em forte contraste com o período inicial da Idade Média, quando as mudanças eram poucas e introduzidas tão gradualmente que parecia não haver diferença no estilo de vida entre um século e outro, agora os instrumentos de paz e de guerra mudavam tão depressa que cada década produzia avanços significativos. Um bom exemplo é o relógio mecânico, inventado em algum momento por volta de 1300. Em sua forma original, era uma grande estrutura de ferro instalada ao lado dos sinos usados para anunciar as horas. Não havia como um transeunte descobrir que o sino era tocado por uma máquina, e não por um monge. Aos poucos, o mecanismo se sofisticou. A usinagem de engrenagens evoluiu, significando que as rodas dentadas podiam ser menores, o que por sua vez indicava que podiam ser guiadas por pêndulos mais leves. Tornou-se possível pendurar relógios nas salas das residências, e esses relógios domésticos ganharam mostradores, de sorte que também era possivel marcar os intervalos entre as horas. No final do século xv, alguns deles eram tão finamente confeccionados que podiam ser movidos por uma mola de aço. O meca-
|. No que diz respeito aos Países Baixos, a recessão no sul foi parcialmente compensada por uma expansão da indústria naval no norte. Os estaleiros holandeses produziam modelos melhores que seus rivais hanseáticos; no final do século, quatro em cada dez navios que entravam no Báltico eram de propriedade holandesa. Até os peixes abandonavam os germânicos. Por razões desconhecidas, a pesca de arenques no Báltico despencou abruptamente no fim do século xv. Isso deixou o mercado europeu à disposição dos holandeses, que assumiram a maior parte da pesca no mar do Norte. 2. O papel foi inventado na China, no século 1. O conhecimento do proc esso de fabricação passou ao Ocidente através da Rota da Seda, atingindo Samarcanda em mead os do século vm. Daíse espraiou rapidamente pelo mundo islâmico (Bagdá em torno de 790, Cairo por volta de 800) e. mais lentamente, para a Europa, via Espanha (século xir) e Itália (século Xu), até a França e a Germânia (século xr. Este parece o momento apropriado para mencionar quatro outr as invenções chinesas que representaram pontos de partida para o deslanche tecnológico ocidenta l: a besta à bússola. a pólvora e a impressão com blocos de madeira. A besta foi desenvolvida na China no século tia.C.;a contribuição ocidental consistiu em aumentar seu poder ao confeccionar o arco em aço. À bússola é mencionada pela primeira vez numa enciclopédia chinesa do século x: um século depois estava em uso na Europa. onde a adição da rosa-dos-ventos, que aumentou em muito sua util idade, foi feita nos anos 1290 (pos106
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depois na própria Itália (em Tolfa, perto de Civitavecchia, no Estado pontifício, em 1462). Mas os egípcios não ficaram tão incomodados; eles ainda tinham o monopólio do comércio de especiarias, que mantinha a sua balança de pagamentos confortavelmente no azul. E, com metade das exportações da Europa para o Levante ainda consistindo em prata, é preciso admitir que eram as minas, e não as manufaturas européias, que pagavam a fatura. Isso deixa entrever que cada um doslados estava simplesmente explorando seus dons geográficos, como Egito tirando vantagem de sua posição no caminho da Rota das Especiarias, e a Europa beneficiando-se dos veios de prata de suas montanhas. Mas os europeus eram tão espertos quanto afortunados. No final do século XIv, as minas tinham se esgotado completamente, em termos das tecnologias da época, e a situação na Europa não diferia da existente na Ásia: as minas no Harz e nos Alpes estavam tão silenciosas como as jazidas há muito abandonadas no Cáucaso e no Pamir. Mas, na década de 1460, o desenvolvimento de novas técnicas e o investimento em novas máquinas permitiram que os europeus trouxessem suas minas de volta à produção. Foi a sua sorte. De todos os avanços técnicos feitos na Europa no decurso do século xv, o que provavelmente deu a contribuição mais importante no processo de geração de riqueza foi o desenvolvimento do navio de três mastros. Conhecida no Báltico como hulk e em outras partes como carraca ou nau, a nave de três mastros tinha o dobro da capacidade de carga daquela de um mastro: trezentas toneladas, em média, contra 150 toneladas da antiga nave. O resultado foi uma drástica redução nos custos e uma mudança de fato na natureza da economia da Europa Ocidental. Tradicionalmente, as importações tendiam a ser bens só disponíveis no exterior: a pimenta era importada da Índia porque não era produzida na Europa; o marfim, da África , porque a Europa não tinha elefantes. Quando havia uma fonte local, esta era sempre preferida, mesmo que precaríssima. O advento da carraca mudou isso. Antes, a demanda de sal nos lugares em torno do Báltico era suprida pelos depósitos de Lúneburg, um pouco mais no interior em relação a Libeck. Mas, quando o custo do frete caiu, os habitantes de Liibeck acharam mais proveitoso navegar até a barra do Loire, onde podiam obter sal de melhor qualidade por um preço menor. Na mesma época, eles começaram a usar crescentes quantidades de ferro sueco. A maior parte do ferro que a Europa usava ainda era produzida com minério local, e isso continuou inalterável no fim do século
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FIGURA 5. O mundo tal como era visto no Ocidente em 1483,
A soberania espanhola sobreas ilhas Canárias, originalm ente contestada pelo infanted. Henrique, foi finalmente reconhecida por Portugal em 1479. Como mos tra o mapa, todo o arquipélago se achava no int erior do mundo conhecido em 1483, o que não significa que todas as ilhas tinham sido conquistadas: as mais afastadas permaneceram na posse de seus habitantes ori ginais (os guanchos, um povo berbere) até 149 0.
xv e depois dele. Mas a parcela adquirida através do comércio internacional estava crescendo, e de um consumo total que pode ser estimado em 100 mil toneladas
te Colombo.
sivelmente em Amalfi). A impressão com blocos de mad eira foi desenvolvida na China no século vil. O sistema chinês era usado pelosilcãs na Pérsia, de ond e o uso de cartas de baralho impressas em xilogravura se expandiu pelo Ocidente. Oschineses che garama fazer experiências com tipos móveis, mas nunca desenvolveram com eles uma tecnologia prática — e o sistema de Gutenberg nada deve a essas tentativas. A pólvora foi mencionada pela pri meira vez num tratado chinês de alquimia, dat ando do século 1x, mas em uma versão que queima va mais do que explodia. Como tal, encont rou sua principal aplicação em foguetes. Existem sólidos indícios de que os militares chineses faziam uso de “lanças de fogo”, em que o jato de um foguete fixo era dirigido contra o inimigo, mas nad a indica que tenham usado outra arma de fogo.
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costa da Guiné e golfo da Guiné, mas na realidade nunca houve relação entre o reino
anuais, uns bons 10% agora provinham de fora da área de consumo. Outra mercadoria que se beneficiou da redução dos custos da navegação foi o carvão. As minas do norte da Inglaterra abasteciam as lareiras domésticas de Londres desde o fim do século xttt, mas no fim do século xv seu carvão era vendido dos dois lados do canal, com Liêge competindo diretamente com Newcastle.
medieval de Gana, que se restringia ao Sahel e de qualquer forma tinha desaparecido por aquela época, e a costa de Akan (a Costa do Ouro colonial, atualmente Gana). Não importa. Ao contornar o bojo da África e chegar ao golfo, Gomes dera seu aporte à geografia e ao mesmo tempo fizera fortuna. Ele também deu a seus compatriotas uma nova meta a perseguir— a circunavegação do continente africano. À recorpensa por esse feito seria o ingresso no oceano Índico e o fim do monopólio árabe sobre o comércio de especiarias. Gomes usou os anos remanescentes do contrato com seu costumeiro vigor. À princípio parecia que ele rumava para um segundo êxito, como se navegar direto para leste fosse levar os portugueses ao oceano Índico em questão de semanas. Mas depois de Fernando Pó* — uma ilha batizada pelos capitães de Gomes — descobriu-se que a costa virava para o sul e assim prosseguia por centenas de quilômetros. A circunavegação da África, se exequível, iria consumir mais recursos do que fora barganhado. O rei d. João de Portugal aproveitou a ocasião. Abriu o bolso real, contratou uma
Cortar custos não era a única coisa que o navio de três mastros podia fazer: também podia ficar no mar por mais tempo que as embarcações anteriores. Isso abria várias possibilidades, das quais uma das mais intrigantes era a exploração da costa atlântica da África. Inicialmente, o interesse se concentrou nas Canárias, que tinham sido redescobertas no século xrv; várias das ilhas mais próximas foram colonizadas com sucesso nos primeiros anos do século xv. Mais tarde, d. Henrique de Portugal
decidiu financiar uma investigação da costa africana ao sul das Canárias. Sua idéia era estabelecer contato com a região aurífera da África Oriental e eliminar assim a media-
ção dos berberes, que então monopolizavam o comércio com ela.
O problema dessa exploração da costa africana eram os ventos, que sopravam na direção certa durante a viagem de ida, mas com tamanha constância que parecia não
frota e estabeleceu uma base permanente, o Forte de São Jorge da Mina, na costa de
Akan. A mina referida no nome era imaginária, pois os nativos extraíam ouro de depósitos de aluvião, mas o forte, com o nome encurtado para Mina, fornecia uma base tanto para o comércio de ouro como para a exploração da costa mais adiante. O capitão encarregado da segunda tarefa, Diogo Cão, atingiu o rio Congo e o cabo de Santa Maria durante sua primeira viagem, em 1842-3. Ainda havia um longo caminho a percorrer, e Cão não completaria a jornada; morreu na viagem seguinte e foi sepultado no ponto subsequente que alcançara, o cabo da Cruz. Mas outros navegadores já estavam ao largo preparando-se para aventuras que dariam ao homem sua primeira real noção do planeta. Bartolomeu Dias, que navegara na expedição que estabelecera a Mina, conseguiu o que Diogo Cão não alcançara: achou e contornou o cabo da Boa Esperança, em 1488. E Cristóvão Colombo, um capitão genovês que se fixara na Madeira e comerciava na Mina apenas alguns anos depois da passagem de Dias pelo local, estava igualmente decidido a romper os horizontes que marcavam os limites da
haver esperança de retorno. Por vinte anos d. Henrique financiou expedições que nunca foram além do cabo Bojador. Mas seu tempo e seu dinheiro não foram desperdiçados. Aos poucos, os navegantes portugueses aprenderam a traçar uma rota de retorno que adentrava profundamente o Atlântico antes de “percorrer a latitude” de volta ao porto de origem. Essa sagaz digressão explica por que as descobertas desses anos iniciais, a Madeira (1418) e os Açores (1431), ficam longe da costa africana, objetivo ostensivo do programa. E quando os capitães de d. Henrique ficaram confiantes em seu retorno ao lar — confiança estimulada por agora velejarem em caravelas,
navios de três mastros com velas latinas, capazes de navegar a cinco graus do contravento —, retomaram seu objetivo original. Em 1434, Gil Eanes circundou o cabo Bojador, e ao longo dos dez anos seguintes ele e seus compatriotas mapearam toda a extensão da costa entre o Bojador e Arguim. A partir de Arguim mostrou-se possível explorar o comércio transaariano, de forma que em 1457 a Coroa portuguesa estava obtendo ouro bastante para cunhar sua primeira moeda de ouro, o cruzado. Agregue-se a renda das emergentes plantações de cana-de-açúcar da Madeira, e a aventura de d. Henrique pode até ter sido lucrativa.
visão medieval, e tinha idéias ainda mais radicais acerca de como fazê-lo.
Fosse ou não lucrativa, um negociante de Lisboa, Fernão Gomes, pensou que com
mais um impulso poderia transformar aquilo numa verdadeira mina de dinheiro. Depois da morte de d. Henrique, ele entrou em negociação com a Coroa portuguesa, obtendo por fim um acordo, assinado em 1469 e válido por cinco anos, que lhe
garantia o monopólio dos direitos sobre o que quer que encontrasse abaixo do Arguim. Em contrapartida, Gomes comprometeu-se a explorar cem léguas (seiscen-
tos quilômetros) de costa a cada ano e pagar quinhentos cruzados ao Tesouro. Foi uma aposta que se revelou magnífica. Em 1471, um dos capitães de Gomes atingiu a
costa de Akan, a porta dos fundos dos campos auríferos da África Ocidental com que todos sonhavam. Os portugueses pensaram que sua descoberta significava um contato com o reino de Gana — Guiné, na linguagem da época —, daí usarem os nomes
* Atualmente Bioko, pertencente à Guiné Equatorial. (N. T.) 109
ad
a
Alanos,
Indice remissivo
14, 16, 18, 20, 32, 36, 80,
s2
Alarico, 16, 18,22
As combinações de letras maiúsculas e
números referem-se às localizações no mapa dap. 113.
Abássidas, 46, 48, 50,52, 54, 64, PED
Abu Said, 85 Acaia, 84 ver também Peloponeso Açores, 109 Acre, E8, 74, 82
Alemães, Alemanha, 10, 14, 20, 50. Germânico, 68, 72, 74, 86, 94:
Império Germânico, 8; Império
Germânico,
Germânico,
Adriático, mar e litoral, 74, 85, 96n2
Aécio, 20
Afeganistão, 14, 20, 24, 38,54, 64, 70
Afonso vi de Leão, 66
marítima,
(Magreb),
56,
62, 64, 84, 86, 90, 96; Norte, 14, 20, 42, 64; Ocidental,
56,
6; província
romana (moderna Tunísia), 18, 20, 26, 28, 30, 34, 38, 40;
subsaariana (Bilad as-Sudan), 44,56, 108
Agincourt, B4, 100
do
moderna Gana), 109 Alamanos, 14, 18, 20, 22,24 Alamut, F7, 66n1, 82
Alano, idioma, 7, 8n1
Império
14 nt, 98, 106n2
Alexandre Nevski, 84, 84 n3 Alexandria, D8, 28,60, 78, 85,94:
patriarca de, 26, 40 Alfóld (estepe húngara), CDS, 16, DA
Algonquinos, 56
72,
76n2, 80, 84
Almorávidas (al-Murabitun), 64, 66, 68nl,70,72
Alp Arslan, 64, 66 Alp Tegin, 54
Ouro,
América do Norte, 60 Anagni, C6, 88 Anatólia, 12, 13, 36, 66, 68, 68n1,
70, 72, 74, 76n2, 85, 88, 90, 96,
98, 100
Ancara, E 6-7, 96, 100, 102
LEMA
Atenas, D7, 85,92
Belisário, 30
los d' Anjou Anglos, 14, 20, 24
Átila, 20, 22, 30, 32
Beloozero, EZ, 50
Atlântico, oceano, 6, 12, 56, 60, 84; exploração do, 109
Anglo-saxões, 26, 34, 38, 40, 46
Anjou, 72, 84,85
Atlas, montes, AB8, 64
Antaliya, 85n1
Augsburg, BC5, 54
Antioquia, E7, 28, 54, 68, 70, 72,
Augusto,
82;
patriarcado
de,
26,
26n1, 40,76
Apeninos, montes, C6, 10
Apúlia, C6, 64, 66, 70 Aquemênidas, 34
Aquitânia, AB5, 72, 96, 98, 102
Árabes, 7, 12, 13,28,36,38,42,44,
14, 42, 44
Austrásia, 34, 38
Áustria, 86 Ávaros, 30, 32, 32n1, 34, 48, 80, 80ni
Avignon, B6, 88, 88n1, 96n1, 104, 106
Aydin, 85n1
46, 48, 52, 54, 58, 64, 1081; na
Azeite, 28
Espanha, 38, 48, 54, 64n2
Azerbaijão, 12,50, 52,54, 80, 82
Arábia, 28, 36, 66, 78
Azov, mar de, É5, 22, 34,60
Aragão, 50, 54n2, 66, 72, 80, 84, 85, 96, 100, 102, 102n2, 104
Badajoz, 62n1, 66
Aral, mar de, GH5-6, 7,64
Baffin, ilha, 56
Arcos, 62n1
Bagdá, F8, 46, 48, 64, 82, 106n2
Arguim, 109
Bálcãs, 8, 13,20,22,26,30,32,34.
Ariana, heresia, Ário, 26
40, 52, 54, 68, 72, 82, 84, 88,
Armênia, armênios, 7, 14, 16,26,
96n2, 98
na Cilícia, 74, 76, 82, 88,96
Almeria, 62n1
(al-Muwaydun),
FERE
96; Igreja e católicos, 58, 76;
Almanzor, 54 Almôadas
Taro To ar,
32, 34,36,38,40,52,54,62,66,
Ali, genro do Profeta, 36, 46
Alpes, BC5, 10,30, 32,58, 76, 108 Alpuente, 62n1 Âmbar, 92
Aglábidas, 48, 50, 52 Ain Jalut, E8, 82 Aiúbidas, 74, 80, 82 Akan, costa (Costa
88n1;
Alfredo, o Grande, 50, 60 Algodão, 78, 78n1,92
Afonso v de Aragão, 102n1
Oriental,
Império
Alepo, E7, 68,98
Adrianópolis, D6, 16, 66
exploração
74n2:
CR RT
Angevinos, 85, 88 vertambém Car-
78,
Aleixo, 68
Germânico,
Açúcar, 44
108;
Albarracin, 62n1
52, 60, 92, 98, 100; Império
Abissínia, abissínios, 26, 44
109; noroeste
98
Albigenses, Cruzada dos, 76
Abasgia, 38, 46, 62
África;
Albanês, idioma, 8, 8n1: Albânia, albaneses, 84, 86, 96 n2,
Esta
Arnulfo, 52 Arran, 54
Ártico, círculo, 86 Ártico,
oceano, 6
Balduíno Braço de Ferro, 60 Baleares, ilhas, B6-7, 22, 62n1, 84
Balestilha, 106n2 Balkhash, lago, J5, 7 Báltico, mar e litoral, C3,8, 14, 46,54,74,76,78,80,84,85,86,
92,98, 106n1, 108
Artur, 24
Bálticos, 7
Arzila, 102n1
Barcelona, B6, 48, 85; condado,
Ascalon, E8, 70 Asdingos, vândalos, 16, 18, 20
50,70,72. vertambém Catalunha Bardi, 92
Ásia Central, 6, 12, 14, 20, 72n1,
Bari, 50
86, 100
Bascos, 7, 22, 38n1, 48,50,52
Assassinos, 66n1, 82
Basra, F8, 44
Astracã, F5, 94, 102
Bavária, bávaros, C5,24,30,32n1,
Astúrias, 38n1, 46
40, 48,54
Atabegs, 70n1
Bayazid, 98, 100, 102
Ataulfo, 18
Bélgica, 14 111
Beneditinos, 58 Benevento, 32, 48, 50,52, 82 Beni Hilal, 64
Beni Sulaym, 64 Bento, são, 58 Berberes, 7, 13,30, 38, 44,52, 54, 56, 62, 64, 64n2, 108, 109; sa-
nhaja, 64
Birgi, 85n1 Birka, C3, 60 Biscaia, baia de, A5,94
Bizâncio (como Constantinopla,
44
Blois, 68 Boa Esperança, cabo da, 109
Boêmia, boêmios, 10, 24, 32n1,
34,52, 58; reino da, 72, 85, 86, 100, 102n1
Boemundo, 68
Bôhmerwald, C5,10 Bojador, cabo, 109 Boleslav, o Bravo, 62
Bonifácio vil, papa, 88 Bordéus, A6, 88,94, 102
Borgonha; condado, 98, 102; ducado, 58,98, 100, 102; Império Germânico, 30,50, 52,66
Borgonheses (tribo germânica), 18, 20, 22,24,26,54
Bósforo, Ds, 28, 34, 66 Bósnia, bósnios, 72, 98, 98n1l. 100, 102
Bótnia, golfo, D2, 86 Bougie, B7, 64
Brabant, 100 Bretanha, 22, 24n1
Bretões, 24n1, 48 ver também Bre-
tanha Briansk, E4, 96
Britânia, 28, 36, 38, 40, 46; provincia romana, 14, 18,20,24
E
NR
SE TT
TrS EHTENS
Britânicas, ilhas, 50, 52,54,60, 62,
CrTo
pp
ct
E
=
-
“peer
Carlos Magno, 13, 48,50,50n1,54,
94
a |
É"
a
MAs. FT”
[PESE
TTA
EE o pr
Cirenaica, D8, 64
Bruges, 60, 78, 106
Carlos, o Temerário, 102
Cirílico, alfabeto, 58
Buáiidas, 54
Carmona, 62n1
Cirilo, são, 58
Bucara, H6-7, 50
Carneiro Negro, turcos do, 96, 100
Citas, 14
Cárpatos, montes, DS, 32 Cartago, C7, 20, 22, 30, 38; bispo
Civitavecchia, 108
de, 26
/4
Bulgária no Danúbio, 36, 54, 82, 85, 98 ver também Onogures, búlgaros, Volga, búlgaros, Império Búlgaro do Ocidente Grande Bulgária, 34, 48n1 Búlgaros do Volga, 36, 38n2,54, 82 Bursa, 85 Busento, rio, C7, 18
Bússola, 106n2 Busta Gallorum, 30
Caffa (Kaffa), E5-6, 85,94 Cairo, E8-9, 10n1, 54, 94, 106 n2
ver também Fustat Calais, 96, 102
Califado Árabe, 36, 38, 48, 62, 72, 82 ver também fatimidas, idrísi-
das, omíadas da Espanha Camelos, 44
Campus Mauriacus, 20 Canal da Mancha, 60, 72, 96 Canárias, ilhas, 6, 56, 1081, 109
Canção de Rolando, 48 Canossa, 76 Canuto, 62, 64
Cão, Diogo, 109 Capela Sistina, Roma, 104
Caracânidas, turcos, 54, 56, 66, 72n1
Caraquitais, mongóis, 80, 72n1, 76n2
Caríntia, C5, 78
Carlos d'Anjou, 82, 85, 88
CSA
a
Cristandade,
cristianismo,
14,
26, 36; Igrejas católica (latina)
Circassianos, 44, 100
58, 82
Carlos Martelo, 38, 46,58, 64n2
Bulgária, búlgaros, 12, 48, 52, 54,
ME==
Cilícia, E7, 68, 74
Britânicos, 34, 54n1
Budismo, 72n1
Tr?
Denia, 66
58, 68, 76, 88, 104 ver também
Derbent (Darband), 541n2 Devon, 34
Croácia, croatas, 50,52,58,66,74 Cruz, cabo da, 109
Cruzadas; do Norte, 72, 74, 78, 84; dos Albigenses, 76; ordens de cruzados ver Cavaleiros da
Clóvis, 24, 24n1, 26, 30, 38, 46
Cartos, 96
Cluny, cluniacenses, B5, 6, 58
Carvão, 109
Cobre, 92
Espada e Cavaleiros Teutôni-
Casimiro 1 (o Grande), 96, 98
Colombo, Cristóvão, 108!, 109
cos: Primeira, 68, 70, 76, 78,
Casimiro Iv, 102
Colônia (Koln), 92
90; Quarta, 74, 76, 78; Segun-
Colonna, Oddo (papa Martinho
da, 72: Terceira, 74; última (de
Cáspio, depressão do; n2, 54 Cáspio, mar, G6-7, 7, 10, 16, 30,
Sigismundo), 98
V), 104
Comacchio, C6, 50n1
Ctesifonte, F8, 28
Castela, 62n1, 66, 72,80, 84, 104 Castillon, AB5-6, 102
Cômodo, 12
Cubanids, 85
Concílio de Constança, 104
Cumanos, turcos, 64, 66, 70, 80,
Catalães, Catalunha, 85 vertambém
Concílio de Pisa, 104
32,36, 38,60
Barcelona, condado de
Cativeiro babilônico do papado,
82
Congo, 109
Cúmpbria, 54, 54n1, 66
Conrado, 82
Cunhagem, moedas, 92 Curdos, idioma curdo, 8, 8n1,54,
Constança, B5, Concílio de, 104 Constâncio II, 40 Constantina (cidade), 96
Cavaleiros da Espada, 74, 80, 84
Curlândia, D3, 46, 48
Constantino, o Grande, 12, 26,28
Cavaleiros de São João, 86
Constantinopla
Curzola (Korkula), C6, 85
88, 88n1
Cáucaso, F5, 7, 14, 16, 20,32, 44, 54n2, 62,100,108
Cavaleiros
Teutônicos,
82, 84,
85, 86,92,98,100, 102verGen-
gis Khan Celtas, língua celta, 7, 8n1,13, 14, 48
(Istambul,
Ds,
Dácia, 8n1
78, 80, 84, 85, 94, 96, 102, 104;
Dalmácia,
patriarcado de, 26, 40,58, 76, 88 Córdoba, 62, 62n1
96, 100
Cesaréia-Palestina, E8, 44
Corfu, C7, 84,98
Ceuta, A7, 62 1n1,100
Cornualha, 34, 48
Cevada, 92
Córsega, B6, 22, 52, 66, 82n2, 85 Cosroes, 32, 34
Château Gaillard, 74 Cherbourg, 102
Chifre de Ouro, Constantinopla, 60
China, chinês, 7, 13,28,44,80,82, 82n1,85, 100, 106, 106n2
Chipre, E7-8 12, 36,54, 74, 96
Cutrigures, hunos, 22, 34
40, 44, 48, 50,58, 60, 66, 74, 76,
Coréia, 80
Chad, lago, 56
74
12, 22, 22n1, 24, 28, 30, 34, 38,
Centavos de Pedro (dízimo), 92
Costa do Ouro (hoje Gana) ver Akan, costa de Couros, 46, 60 Cravos, 28
Crécy, B4, 96, 98, 102 Creta, D7, 48,54,74 Criméia, E5, 22,32,85, 94, 102 112
Delos, D7, 92
e ortodoxa (grega), 40, 40n1,
papado
Clemente vir, papa, 104
Delhi, 98
Dias, Bartolomeu, 109 Divna, rio, 60
Diyarbekr, F7, 54
Dnieper, rio, E5, 50, 60 Dniester, rio, D5, 14 Domiciano, 12 Don, rio, F4, 14,52,82,94
Donetz, rio, EF5, 60 Doriléia, E6-7, 68 Dublin, A4, 52, 54, 62, 102
Dubrovnik ver Ragusa Dyrham, A4, 34 Eanes, Gil, 109
Ebro, rio, A6, 72 Edessa, E7, 66, 68n1,70, 72 Eduardo III, 92, 96
Egeu, ilhas e mar, D7, 84, 85, 86, 100, 106
Egito, egípcios, 12, 26, 28, 34, 36, 40, 44,50,52,54,62,64,72.74, 78, 82,90,92, 106
E8, 22n1, 24, 30, 74,
Dálmatas, ilhas, 54n2 Damasco, 44, 68, 72, 78n1,98
Damasco (tecido), 78n1
Danegeld, 60
Danelaw, 50,52 Daneses, Dinamarca, 10, 20, 46, 50,52,54,60, 64,80, 84, 86,92, 96, 102
Danishmend, 70 Danúbio, CD5-6, 8n1, 14, 16, 20, 22, 24,30,32,34,36,52, 54,85
Delfim, 96n1, 100 Delfinado, 96n1
Egridir, 85n1 El Cid, 68n1
Elba, rio, C4, 32n1, 72.90 Elburz, montes, G7, 36
Eleanor da Aquitânia, 72
Épiro, epirotas, D6-7, 16, 74, 80. 84, 85 Eremitas, 56n1, 58
Eric, o vermelho, 56 Eritréia, 26, 44 Ermanarico, 14, 16
Erzgebirge (montes Metálicos) ver Ore, montes
Escandinávia, escandinavos (sem incluir Finlândia, finlandeses),
B L
ILHAS LOFOTEN»
“rILHAS
+ FAROE
SLHaS
SHETLAND
ILHAS HEBRIDAS SE Ss
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PÉRSICO ade
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e
o
ME
mo
1
US TE ET TE E
6,8, 46,48,50,54,56,58,60,78,
86, 92, 96, 98
Escócia,
escoceses,
14, 30, 50,
54ni, 62,66, 84, 86, 102, 104
Escravos, escravidão, 12,44,60,68
Eslavos, 7, 14, 22, 30, 34, 46, 48, 50, 54,58,72
dir]
sb sabeis
"e
a
TEL
SPAMS
STE
Mr
TS
e” om
derivadas ver Horda de Ouro,
Filipe Augusto, 74, 76n2, 96 Filipe, o Belo, 88
ilcanato, canato Jagatai, dinas-
Finlândia, finlandeses, idioma fin-
tia Yuan, 80n1, 82n]
landês, 7, 48, 48n1,60, 74, 84, 86 Finlândia, golfo, D2, 48 Finnmark, 86 Flandres, flamengos, 60, 90, 98,
Esmirna, D7, 100n2
Espanha, 12, 13, 14, 104; árabes e berberes, 38, 40, 46, 48, 54, 62,
Ts.
102
indústria têxtil flamenga, 78, 92, 98
Genoveses, Império Genovês, 8, 32, 36, 78, 85, 92, 94, 96, 98, 102, 106
Genserico, 20, 22
Geórgia, georgianos, 7, 14nt, 54, 62,70, 80, 82, 100n2, 104
Gépidas, 16, 20, 32
Habsburgo, 82, 86, 98, 102 Hafécidas, 84, 96
Hagia Sophia, Constantinopla, 30,58
Hamadan, BC4, 28, 70 Hamaditas, 64 Hamid, 85n1 Hansa, Liga Hanseática, 92, 98, 106n1 Harz, montes, 108
economia e população, 28,94;
Florença, 10,92, 104, 106
Germiyan, 85n1
Hastings, batalha de, 64
Fócida, D7, 106
Hattin, E8, 74
francos na, 48: invasões germânicas, 18, 20; reino visi-
Getas, 14, 46
Foederatii, 14, 18,24 França, franceses, 6, 10, 14,24,38,
Ghazi, Estados, 85, 85n1, 88
Haxixe, 66n1
Ghent (Gent), 60, 78, 106
Hedeby, B4, 60 Hejaz, E9, 64 Helluland, 56
62n1, 64n2, 68, 70, 80, 84, 102;
godo, 22, 24, 34, 38; renasci-
42nl, 46, 48,50, 52, 60, 64n2,
Ghuzz, turcos do, 64, 72
vertambém Aragão, Barcelona,
68, 72,74, 76n2, 82, 88,92,94,
Gibbon, Edward, 12,13
96, 98, 100, 102, 104, 106n2
Castela, Galizia, Leão, Navar-
Gibelino, 82n2
Francos, reino franco, 14, 16, 18,
Henrique Iv, imperador germáã-
Gibraltar, A7, estreito de, 38, 100
nico, 76 Henrique Plantageneta, 72
mento católico, 66, 68, 76, 88
ra, Portugal
Espanhol, idioma, 7
Estepe húngara ver Alfóld Estêvão de Blois, 68
Estêvão II, papa, 58
20, 22, 24,30, 34, 38, 46,58,64:
francos com sentido geral de ocidentais, 34n1; Império Franco, 7,32n1,48,50,58
Estilicão, Flávio, 12, 16, 18
Frederico Barbarossa, 72, 74 Frederico II, 82
Estocolmo, C3, 60
Frísia, B4, 48
Estônia, D3, 80, 84, 86
Fustat (Velho Cairo), 44, 78n1
Estribo, 80n1
Fustões, E8-9, 78n1
Eubéia (Negroponte), D7, 86, 102 Eufrates, rio, F8, 14, 28, 82, 98, 100, 102
Faroe, ilhas, A2, 48, 68n1 Fátima, 52
Fatimidas, 52, 54,62, 64,66, 68n1, A
Fenícios, 13
Fernando de Aragão, 102 Fernando I de Castela, 62n1, 66 Fernando Pó, 109
Ferrante de Nápoles, 102n1 Ferro, 28, 92, 108
Feudal, sistema, 13, 64n2
Fez, A8, 48, 52, 62, 84
Gobi, deserto de, 80 Godofredo da Lorena, 68 Godos, 14, 16, 18, 24, 26 ver tam-
bém ostrogodos, visigodos Godwinson, Harold, 64
nico, 74, 74n2
Gomes, Fernão, 109
Gotlândia, ilha, C3, 60, 96, 98 Granada, 62n1, 80, 84, 102
Grande Companhia Catalã, 85 Grande Morávia, 50, 52
Gaeta, 50, 64
Gales, galeses, A4, 34, 38, 84
Gália, 14, 16, 18,20,22,24, 26,28, 38
Galícia (principado russo), DS, 62, 85, 96
Galípoli, 96 Galizia (reino espanhol), A6, 46, 52, 66
Gana (antiga), 44, 56, 109 Gana (moderna) ver Akan, costa de Gaznávidas ver Mahmud de Ghazni, Massud de Ghazni
Gengis Khan, 13, 80, 82; dinastias
Grécia, 13, 16,34, 80, 84, 86,96, 98,
100, 102; fogo grego, 38; gre-
gos, sociedade grega, 13, 34,
34n1;
idioma
grego,
Henrique v, da Inglaterra, 100 Henrique vi, da Inglaterra, 100 Henrique vi, imperador germã-
7, 8nl;
Igreja grega ver cristandade Gregório viI, papa, 76 Gregório x1, papa, 104 Groenlândia, 56, 60, 1081 Grunwald ver Tannenberg
Guanchos, 108 Guelfo, 82n2
Henrique vi, de Luxemburgo, imperador germânico, 86 Henrique, príncipe de Portugal XE, 108, 109
Heráclio, 34, 36, 40 Herat, H8, 50, 96 Hildebrando (papa Gregório vii), 76
Hohenstaufen, 82, 8212 Holanda, 100 Holandeses, 106n1 Holstein, 102 Honório, 18
Horda de Ouro, 82, 82n1, 85, 88, 94, 96, 98, 100, 102
Guilherme, o Conquistador, 64, 66, 72
Guiné, golfo, 109 Gutenberg, Johann, 106, 108n2 114
Huelva, 62n1
Hulagu, 82
Humber, estuário, 52
Hungria, húngaros, 8, 10, 12, 20,
22, 32, 48n1, 52, 54, 58, 66, 74,
82, 85, 96, 963,98, 98nl, 100, 102n1 Hunos,
10, 13, 14, 16, 20,22, 24,
30, 32, 34, 80n1 ver também
búlgaros Hunos brancos, 20, 24, 30 Hussitas, 100
laroslav, príncipe de Novgorod, 66
Ibéria (em Transcaucásia), 14, 16, 26, 30, 34, 36, 38,50, 62
Ibiza, B7, 48
Ícones, decretos iconoclastas40, , 58
Idrísidas, 48
Iêmen, 14
lezdgerd rr, 36 Igor, 52, 54
Igreja católica ver Cristandade,
papado
Igreja russa, 88
licanato, 82, 82n1, 85,92 96 Ilíria, 16,24
lírios (antigos), idioma ilírio, 8, 96n2
Ilmen, lago, E3, 60
Império Bizantino, 34, 36, 38, 40nl, 48, 50n1, 52,54, 64, 66, 68, 68n1,72,74,78,84,85,96,
100, 104; definição de historiadores, 34, 34n1 Império Romano, 7, 13, 14, 16,44
ver também Império Bizantino;
do Ocidente, 12, 18, 20,22: do Oriente, 12, 22, 24, 30,32, 34:
População, 14, 42
Índia, 6, 7, 14, 24, 28, 38, 78,98, 108
Índico, oceano, 109
Indo-européias, línguas, 7 Indonésia, 28
Indústria pesqueira, 6412, 78,92,
106n1
| | y
| |
Inglaterra, ingleses, 8, 24, 34,48, 50,52,54,60,62,64,66,70,72, 74, 78,92,94,96, 100, 102, 109;
Japão, 108!
Las Navas de Tolosa, A7, 76n2,80
Luxemburgo, B5, 86
Java, 1081
Latino, latinos; cristandade latina
Luxemburgo,
Jaxartes (Syr Darya), H6, 38 Jerusalém; cidade, E8, 22, 68, 68n1, 80, 82; patriarcado de,
feudos ingleses na França, 64 n2, 66, 70, 72, 74, 74 n2, 96, 100; indústria inglesa dela, 78,
26n1, 40, 76; reino de, 70, 74 Joanad'Arc, 100 João xx, papa, 104n1
92, 106
João, rei da Inglaterra, 74
vercristandade; Estadoslatinos nos Bálcãs, 84, 85, 96; Império Latino, 74, 80; língua latina, 8,
dinastia, 86, 98,
102n1 Lyon, B5,88,96n1
Mazandaran
antes
como Tabaristão, q.4.), 72
Mazóvia, 85,96 Meca, E 10, 36, 44 Medina, E10, 36,44
8n1; sociedade latina, 34, 74 Lazica, 14, 38, 48
Macedônia, D6, 26, 86 Madeira, 28, 109
Leão; cidade, A6, 52; reino, 52,
Magdeburg, BC4, 92
Melfi, 64
Magiar, língua, 8
Meloria, 85
62,66, 72,80
(conhecido
Mediterrânea, raça, 7 Mediterrâneo, comércio, 23, 44
Inocêncio Ill, papa, 76
João, rei de Portugal, 109
Leão II, 40
Magiares, 8, 48n1, 50,52,54
Inuítes, 56, 108!
Johnson, Samuel, 7, 7nt
Mércia, 36, 38, 48
Lech, rio, C5,54
Magravânidas, 62
Irã, iranianos, 6, 14, 24,28,30,36, 46,50, 54, 64, 76n2, 80, 85,90,
Jônicas, ilhas, CD7, 102n1 Jordão, rio, E8, 36
Merínidas, 84
Leghorn (Livorno), 85 Legnano (próximo de Milão), 74
Magreb ver África, noroeste Mahdi; fatímidas, 52; sarbadári-
Mertola, 62n1 Merv, H7, 36, 64, 70
Juan-juan, 30
Judeus, 12,36
Leif, filho de Eric, 56 Lesbos, D7, 96, 102
das, 96 Mahmud de Ghazni, 54,56,62,64
Mesopotâmia,
Juliano,
Levante, 8, 12, 13, 72, 74, 78,94,
Mahmud 1 (Mahmud Fatih), 102
Metálicos, montes (Erzgebirge),
Maiorca, B7, 52, 80,96
Milão, B5, 10, 18, 78, 100
96, 98; línguas iranianas, planalto iraniano, 12, 28
7;
Iraque (Mesopotâmia clássica),
12, 14, 28,44,54,64,90,98
Irlanda, irlandeses, 14, 20, 26,30,
40, 48, 50, 52,54, 56n1,72,86,
Apóstata, 14, 16, 26
Júlio Nepo, 22n1
108
Mainz, 16
F7-8, 14, 16, 28, 34, 36 ver também Iraque
C4,10
Justiniano, 26, 30, 40, 42n1
Líbano, 28
Jutos, 20, 46
Líbia, 64
Makran, 6
Milas, 85n1
Liége, B4, 109
Malaia, península, 7
Mina, 109
94, 102 Irlanda, mar da, 48
Kairuan, BC7, 38,52,62,64
Isabel de Castela, 102
Liga Lombarda, 74
Kalmar, C3, união de, 98, 102
Malta, C7, 66
Islã, 6, 13,36,38,40,44,50,54,62,
Línguas românicas, 7, 8n1
Minorca, B7, 52
Karaman, 85n1,96, 100, 102
Mamelucos do Egito, 82,85,96,98
Mirra, 28
Linho, 28
Man, ilha de, A4, 68
Moçambique, canal, 1081
Khazares, turcos, 32, 34, 36, 38,
Lisboa, A7,72
Mancha ver canal da Mancha
Mohamed
Lituânia, lituanos, 84, 85, 96, 98,
Manfredo da Sicília, 82, 85
64, 66, 72ni, 78, 88vertambém
xiita, sunita
38n2, 44,50,54
Islândia, 50, 56, 56n1, 60,78
Khwarizm, G6, xá de, 76n2,80,82
Istambul ver Constantinopla
Kiev, E4,50,58,66,72,82,85
Ístria, 54n2
Kola, península, 86
Itália, italianos, 7 Italiano (língua), 10, 13, 18, 20,
Konya, E7, 70, 74, 96 Korkula ver Curzola
22,24, 30, 32,36, 38, 40nl, 46,
Kosovo, D6, 98
48,50, 50n1, 52,54, 60,64,66, 74, 76,78, 82, 82n2, 86, 88,92,
Krum, 48 Kublai Khan, 82, 82n1
104, 106
Kufa, F8, 44
Itil, F5, 38 Ivan, o Grande, 102
Kusanas, língua kusana, 7, 14,20, 24
98n1,100,102
Livônia (moderna Letônia), D3,
74, 84, 100 Lofoten, ilhas, C1, 78 Loire, rio, AB5,22,50,74,96,100, 108
Lombardia, 42n1, 76, 100 Lombardos, reino Lombardo, 30,
32, 32n1,36,40,46,50,58,64 Londres, AB4, 60, 78, 92,109
Manisa, 85n1
Manzikert, F6-7, 66, 72,74n1
de Ghazni ver Mah-
mud de Ghazni Mohamed,
o Conquistador ver
Mahmud Fatih
Maomé, profeta, 36
Moinhos de água, 90
Marco Aurélio, 42n1 Marco Polo, 85, 85n2
Moinhos de vento, 90 Moldávia, 96, 98n1, 102
Marco Polo, 85n2
Monasticismo, 58
Marcomanos, 16 Marcos, são, 60
Monemyvasia, D7, 74 Mongol, língua, 7
Marfim, 6, 108
Mongólia, mongóis, 8, 13, 30, 84
Markland, 56
n3;
sucessores
de
Gengis
Lourenço, o Magnífico, 104
Marrakesh, A8, 64
Khan, 80, 82, 84, 85, 86, 88,90.
Izborsk, D3, 50
Kutahya, 85n1
Lovat, rio, E3, 60 Liibeck, 92, 108
Jagatai, canato, 82n1, 86, 98
Lã, 92
Marrocos, 12, 48, 54, 64, 66, 72, 84,90
Luís, o Grande, reida Hungria,98
Jalaíridas, 96 Jalal al-Din, 82 Jamtland, C2, 50 Jandar, 85n1, 102
Martinho v, papa, 104
Labrador, 56 Ladoga, lago, E2, 48, 60 Lapões, 46, 60, 84 Laranda, 85n1
dinastia Yuan, 80n1, 82n1 ver também Horda de Ouro, ilcanato, Jagatai, canato
Luís, o Piedoso, imperador franco, 48 Luneberg, 108 Lusácia, C4, 62, 66, 102n1
Masdeíismo, 14 Massud de Ghazni, 64 Maurício, 32, 34 Maximiliano, 102
Monofisista, heresia, 26, 40, 58 Monotelismo, 40 Morávia, C5,54vertambém Grande Morávia
115
Moroôn, 62n1
64. 66, 70; no sul da Itália, 64,
Moscou, E3, 86, 94
66,70
Moscóvia ver Moscou
Norrenos (escandinavos, norue-
Palácio Laterano, 104
Palermo, C7,70 Palestina (a Terra Prometida),
82,94 68, , 66, 4 ,3 12, 2836,
Mossul, F7, 68,72, 74,78nl
gueses), 46, 48, 50, 52, 54, 56,
Mount Badon, 24
56n1, 68nl, 84, 86, 92 ver tam-
Pamir, 60n1, 108
bém normandos
Papado, 26, 36, 38, 40, 44, 46, 50,
Murom, F3,50
Norte, cabo, 60, 86
52,54,58, 66,68, 74,76, 82,88,
Musselina, 78
Norte, mar do, B3, 78,92
Muzafáridas, 96
Nortúmbria, 34, 36, 38, 48
Myriocephalum, E7, 74
Novgorod,
Mudança climática, 42n1
7Onl, Nancy, 102
E3,
76n2,
50,
92, 98, 106; cisma papal, 104; Estado pontifício, 46, 82, 82n2,
62, 66,
84, 84n3,
70,
86, 92,
96, 102
88nl
Pomerânia, pomeranos,
C4, 70,
85
População, 42,90, 94 Portugal, portugueses, 72, 84, 100, 102, 102n1, 1081, 109
Praga, C4-5, 100 Prata, 18, 60, 60n1, 78, 108
Prensa (impressão); blocos de
Papel, 106, 106n2
madeira, 106n2; tipos móveis,
Papiro, 28
106
Pripet, pântanos do, D4, 50
Noz-moscada, 28
Paquistão, 38
54n2, 88; reino, 88n1, 98, 102,
Núbia, 6, 14, 44
Paris, 78, 102
102n1, 104
Nuredin, 72,74
Patriarcado búlgaro, 76, 88
Nápoles; cidade, C6, 8, 32, 38,
Polotsk, D3,50, 62,66 Pólvora, armas, 102, 106, 108n2
Provença, 24, 30, 50,52, 54n2,70, 76n2, 84, 88n1, 98, 102
Patrício, são, 26
Prússia, D4, 80, 84, 100, 102
Oder, rio, C4, 72
Patzinaks, turcos, 50, 52, 66, 70
Pskov, D3, 96
Odo de Cluny, 58
Pavia, 32
Odoacro, 22,24
Pedro mt de Aragão, 85
Ptolomeu, Cláudio, 6, 56 Punjab, 62
Ogadai, 82, 82n1
Peipus, lago, D3, 84
Nedao, rio, 20, 22
Oleg de Novgorod, 50, 52
Peles, comércio de peles, 18, 44,
Negro, mar, E6, 14, 48,60, 85,94,
Olíbano, 28
Narses, 30, 32 Navarra, 52, 54n2, 62, 62n1, 66, 70, 72, 84,102
Navios e navegação, 44, 46, 56, 92,94, 108
100
Negro, principe, 96 Negroponte ver Eubéia
46, 60, 76n2, 86, 92,94
Omã, 6
Peloponeso, CD7, 84 ver também
Oman, Charles, 12, 12nt
Neoplatonismo, 26
Onogures, búlgaros, 48n1
Acaia ver também Acaia Pepino Ill, 46, 48, 58 Peregrinos, 44, 88 Pereiaslav, E4-5, 82
Nestoriano, cristianismo, 26
Orcadas, ilhas, 102: condado de,
Persa, língua, 7, 8n1
Nehavend, F8, 36
Nêustria, 34, 38
Omíadas, 36, 46; da Espanha, 46, 52,54, 62
50,54, 62,68nl
Persépolis, G9, 36
Neva, rio, E2, 60, 84n3
Orleans, B5, 20
Pérsia, 14, 16,24, 44,80,92, 108n2
Newcastle, 109
Ortodoxo, cristianismo ver Cris-
Pérsico, golfo, G9, 12, 28, 44
Nicéforo 1, 48
Nicéia, D6, 68; Império de, 74 Nicópolis, D6, 98 Niebelungos, 20 Niebla, 62n1
Niger, rio, 56 Nilo, rio, E9, 6, 12, 14, 26,44, 56,94
tandade, ortodoxa Osman, 36
Ravena, C6, 18, 30, 32, 38, 46
18, 20, 2, 22n12, 28, 30,32, 365, 40,44, 48,50,54,58,76,88,92,
104; Nova Roma ver Constan-
tinopla
Romano, imperador bizantino, 66
Romeno, idioma, 8, 8n1 Romenos, principados, 104 ver também Moldávia e Valáquia Rômulo Augusto, 22, 22n1 Rostov, E3, 50
Rota das Especiarias, comércio de especiarias, especiarias em geral, 28, 44, 78, 108, 109
Rúgios, 24 Rum (Roma da Ásia) ver Anatólia, turcos seljúcidas Rússia, 6, 10, 14, 42n1, 44, 48n1, 50, 52, 54, 58, 60, 62, 64, 70, 76n2, 82, 94, 96,98, 100
Russo, idioma, 8
Rusticello de Pisa, 85n2 Saara, deserto, 6, 12,14,44,56,64
Sabinos, 16
Peste Negra, 42n1, 94, 106
Pictos, 20, 38, 40,50
Reno, rio, B4, 13, 14, 16, 18,20 Riazan, F4, 82
Saint Tropez, 52 Sal, 44, 108
Pimenta, 18, 28, 108
Ricardo Coração de Leão, 74
Saladino, 74
Otomanos, 8, 85, 96,98,100, 102,
Pisa, 8, 66, 78, 8212, 85, 106; Con-
cílio de, 104
Nórdicos, 7, 56, 60, 86
Ouro, 18, 20, 44, 60, 1081, 109
Poitiers, B5, 38, 96, 98
Paises Baixos, 10, 78,100, 106n1
Ratos, 94
Roma (a cidade), C6,10n1,12,16,
Sahel, 44, 56, 64, 109
Pó, rio, C5-6, 32
Normandos; na Normandia, 52,
Ragusa, C6, 96n3 Raimundo de Toulouse, 68
Rollo, o Viking, 52
Relógio mecânico, 106
Otrar, H6, 100
cês), 72, 74, 96, 102
Quios, D7, 85
Sicília, 66,70
Peruzzi, 92
Pireneus, AB6 24, 72
Óxus, rio, GH6, 30,36,38,44,72n1
Quados, 16
(depois rei) da
Safaridas, 50, 52
Ninive, F7, 34
Normandia (ducado anglo-fran-
Qalat, B7, 62, 64 Qaydu, 82n1
conde
Ray, G7, 28
Ostrogodos, 14, 16, 20, 22,30, 40 Oto 1 da Alemanha, 54 Oto 11, imperador germânico, 76 104;n1,85
Qadasiya, F8, 36
Rogério,
Polônia, poloneses, 10,54,58, 62, 70, 72, 74, 82, 85, 94, 96, 98, 98n1, 100, 102, 102n1
116
Roberto Guiscard (Roberto, o
Salerno, 50, 64, 76
Astucioso), 64, 68
Salônica, D6, 86, 100; bispo de, 26; Império de, 80, 84
68
Samânidas, 50, 54
Roberto, duque da Normandia, Ródano, rio, B5, 22, 24, 96n1
Rodes, D7, 86; despotado de, 74, 80
Rodolfo de Habsburgo, 82, 86
Samarcanda, H6-7, 100, 106n7
Samogitia, D3, 100 Samsun, E6, 85
San Vitale, Ravena, 30
CEC
Sancho, o Grande de Navarra,
62n1
Sanjar, 70, 72
Síria, 28, 34, 36, 40, 42. 44,52,64,
66, 68, 72,78, 82,94
Sis, E7, 88
are
re
Temujin ver Gengis Khan
44, 50, 54, 62, 64, 66, 68, 70,
Teodorico, 24
70n1, 74, 80,90,98, 100
Terra Nova, 56
Turcos do Carneiro Branco, 102
Santa Maria del Algarbe, 62n1 Santa Maria, cabo, 109 São Jorge da Mina (forte), 109
Sisto IV, papa, 104 Sivas, E7, 70 Skraelings, 56
Saragoça, 62n1, 64n1,70
Terra Prometida ver Palestina Teutônicos, línguas teutônicas, 7,48
Sluys, B4, 96
Turíngia, turíngios, BC4, 20,30, 32n1,40 Turquestão, 28, 64, 70
Têxteis, produtos e comércio têx-
Tver, E3, 62, 86
Sarai (Nova Sarai), F5, 94, 98
Smolensk, E4, 50, 85, 100
Sarbadáridas, 96
Sardenha, B6, 22, 30, 52, 66, 68,
78, 82n2, 85, 102
Somme, rio, B4-5,50
Saxônia, 60n1, 78 Seda, Rota da Seda, 7, 18, 28, 44, 60, 60n1, 92, 106n2 Selêucia, F8, 28
Seljúcidas, turcos, 64, 66n1, 68, 72;
sultanato
de
70, 72; sultanato
de Merv, 70, 72; sultanato de
Rum, 68, 70, 72,74,76n2,82 Sena, rio, B5, 20, 50, 52, 74,94 Septimânia, B6, 24, 46
Sérvios, 58, 62, 72, 85, 86, 96, 98; patriarcado, 88
Ural, rio, G5, 100
Tigre, rio, F7-8,14
da Hungria, 54
Stefan Dushan, 86, 88, 96, 96n2 Strathclyde, 34, 38, 54n1 Sudetos, terras altas, C4, 10 Suecos, Suécia, 14, 46, 48, 54, 74,
84, 86, 94,96, 102
Suevos, 16, 18, 22,24,32
Suíços, Suíça, 86, 102
Timúrida, Império, desinte gração do, 102n1
Timur-l-leng (Tamerlão),
en
NR
Top
o iniz
Toledo
Goi
pa
URANSE
a a
e
Torto sa
Suzdal, F3, 70, 72, 84, 86
sia
Thorn) ago
dosans
Go i
Toei:
o ,
Tabaristão
e Tifcia, PRA
E
como Mazandaran), 36, 46,50 Tabriz, F7, 85,92
Shetland, ilhas, A2, 48, 102 Shiraz, G9, 96
Iranscaucásia, Fó, 36, 38, 48, 50, 64, di
Taman, cidade e península, Es, 54, 60, 66
Transoxiana, H6, 7, 14,20,30, 32,
Sicilia, C7, 18, 22, 24, 28, 30, 40,
40n1, 48, 50,54, 64, 66,68,70,
74, 82, 84, 85, 100, 102
Siena, 106
Tana, E5, 94
Tancredo de Hauteville, 64
Tânger, A7, 62n1, 102n1
Tannenberg, D4, 100
Tarim, bacia do, 100
Urbano II, papa, 68
38, 44, 66, 76n2
Trebizonda, E6, 74, 80, 82, 85, 94, 102
Trigo, 20, 28, 44,92
Trípoli (na Líbia), C8, 52
Kiita, islã, 36, 46, 48, 50, 52, 64,
Van, lago, F7, 66
Vândalos, 18, 20, 22, 24, 26, 28,
também vândalos asdingos e vândalos silingos
Sinope, E6, 80
Tekke; 85n1
Turcas, línguas, 8
Turcos, 10, 12, 13, 14,30, 32,36, 117
Yarmuk, rio, E8, 36 York, A4,52,54
Yuan, dinastia, 13
Vaspurakan, 52
Zimbábue, 1081
Vaticano, 104
Veneza, C5, 8, 38, 50n1, 54n2,
74, 78, 82n2, 85, 86, 92,94, 96,
98, 100, 102, 106
Vikings, 42n1, 48, 50, 52, 54, 56,
Tchernigov, E4, 62, 66
Xona, 1081
Ziânidas, 84
Túnis, C7, 82,96
Sind, 38
66n1, 72 ver também Mahdi
Vândalos silingos, 16, 18, 20 Varegos, 42n1, 48, 50, 50n2, 52, 54,60, 60n1
Vêsperas Sicilianas, 84, 85, 88
Tunísia, 20, 38, 48, 90
Volkhov, rio, E3, 60
Valdemar Atterdag, 96
Valáquios, 8n1, 85, 96
Tuaregue, 64
Tchecos, 50, 100
Vólkerwanderung, 8, 32, 46
Valáquia, 85, 98, 100
Tarusa, E4, 96
Simão Estilita, são, 58
Volínia, 85
Welf, casa de, 82n2 Worms, 20
Sigismundo, 98, 100, 102n1
Taurus, montes, E7, 38, 68
48n1,50,94
Waiblingen, Bs, 82n2
Vermelho, mar, E10, 6, 14, 28,44
Silésia, C4, 85, 100, 102, 102n1
Volga, rio, F4, 14, 16, 30, 36, 38,
Utigures, hunos, 22, 34 Uzbeques, turcos, 100, 102n1
Tripoli (no Líbano), E8, 70, 82
Tulúnidas, 50, 52
72, 84n3, 86
Vouillé, AB5, 24
Tártaros, 100, 102
Tashkent, HJ6, 38
Vladímir em Suzdal, 72, 82, &6 Vladímir 1, de Kiev, 58, 62 Vladímir, grão-príncipe de, F3,
Urbano vi, papa, 104
Sigário, 22, 24
Sijilmasa, oásis, A8, 64
30, 34, 38, 38n1, 40, 46
Voltaire, 13
Venezianos, Império Veneziano,
Treviso, C5, 86
Visigodos, 14, 16, 18, 20, 22, 24,
Urbano v, papa, 104
30, 40 ver também vândalos asdingos e vândalos silingos ver
Sevilha, 62n1, 80 Shah Rukh, 100
Shirvan, 38, 54n2, 72
Urbanização, 90
Valência, 62n1, 68n1
Sveyn Forkbeard, 54 Sviatoslav, 54
depois
98
Tiro, E8 74 fino] Cc E 98 Tito 5 à
Tolfa
Sunita, islã, 36, 64n1
(conhecido
Urais, montes, G2-4, 6, 10, 48n1
Tibete, 28
Stefan Arpad, duque, depois rei,
Saxões, 14, 20, 32n1, 58
Hamadan,
Thorvald, filho de Eric. 56
Sri Lanka, 7
Savóia, B5, 20
70nl,
Somali, costa, 44
Spoleto, 32, 48,52
Sarukhan, 85n1
70,
til, 78, 92, 106
Visby, C3,92
Vidro, 28 60, 64
Vinho, 28
Vinland, 56
Zângidas de Mossul, 72 Zanzibar, 6
Zíridas, 62, 64
Da mesma coleção: ATLAS
ma,
Abrangendo o período que vai do apogeu de Rono começo
do século IV, ao início do Renas-
cimento e das Grandes Navegações, no fim do século XV, este Atlas de história medieval apresenta mais de mil anos de história da Europa, do Oriente Próximo e do Norte da África, organizados cronologicamente em cerca de cingiienta mapas, acompanhados de textos esclarecedores. Neles, o historiador, demógrafo e psiquiatra inglês Colin McEvedy (1930-2005) questiona a visão do milênio medieval como o lento declínio do Império Romano, apresentando-o como “a emergência do islã e da cristandade ocidental”, mas também como “um maravilhoso catálogo de vícios e loucuras, astúcias e credulidades, ganâncias, ambições e realizações”.
ISBN 978-85-359-1116-9
9
HI
911169 1
DE
HISTÓRIA
MODERNA
(ATÉ
1815)