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Portuguese Pages 259 Year 2019
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Alexander Alekhine Minhas Melhores Partidas de Xadrez 1908 - 1923 Tradução de Francisco Garcez Leme
Primeira Edição - outubro de 2018
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Primeira edição em português: Setembro de 2018 © Editora Solis 2018 Editores: Francisco de Assis Garcez Leme e Jussara Chaves Garcez Leme (GLWDGR no Brasil ISBN: 9788598628219 Capa e projeto gráfico: ©Renato Damiano Consultoria Editorial
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Alekhine, Alexander - 1892-1946 Minhas Melhores Partidas de Xadrez - 1908-1923 Alexander Alexandrovitsch Alekhine - 1892-1946; tradução da 1a edição para a língua portuguesa de Francisco Garcez Leme - 1ª edição - Santana de Parnaíba, SP; Editora Solis 2018 Título original: Mes meilleurs jeux d'échecs - 1908 - 1923 1. Xadrez 2. Xadrez História I Campeonato Mundial. Título 3.Partidas comentadas 04-5156 CDD -794.12
As fotografias e ilustrações incluídas neste livro procedem dos arquivos da Editora Solis e podem estar sujeitas a direitos autorais.
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contatos: [email protected]
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Parte I (1908 - 1920) Página 13
Capítulo I - Torneio de Amadores em São Petersburgo, 1909
Página 16
Capítulo II - Torneio Internacional de Hamburgo, 1910
Página 20
Capítulo III - Torneio Internavional de Carlsbad, 1911
Página 27
Capítulo IV - Torneio Internacional de Estocolmo, 1912
Página 33
Capítulo V - Torneio de Mestres Russos em Vilna, 1912
Página 41
Capítulo VI - Torneio de Mestres em S.Petersburgo, 1913
Página 44
Capítulo VII - Torneio Internacional em Scheveningen, 1913
Página 48
Capítulo VIII - Torneio de Mestres Russos em S.Petersburgo, 1914
Página 53
Capítulo IX - Torneio Internacional de S. Petersburgo, 1914
Página 61
Capítulo X Torneio Internacional de Mannheim, 1914
Página 70
Capítulo XI - Miscelânea, 1908 - 1920
Parte II (1920 - 1923) Página 101
Capítulo XII - Torneio de Mestres Russos em Moscou 1920
Página 103
Capítulo XIII - Torneio Internacional de Triberg, 1921
Página 108
Capítulo XIV - Torneio Internacional de Budapest, 1921
Página 115
Capítulo XV - Torneio Internacional de Praga, 1921
Página 120
Capítulo XVI - Torneio Internacional de Pistyan, 1922
Página 131
Capítulo XVII - Torneio Internacional de Londres 1922
Página 138
Capítulo XVIII - Torneio Internacional de Hastings 1922
Página 144
Capítulo XIX - Torneio Internacional de Viena 1922
Página 152
Capítulo XX - Torneio Internacional de Margate 1923
Página 154
Capítulo XXI - Torneio Internacional de Carlsbad 1923
Página 170
Capítulo XXII - Torneio Internacional de Portsmouth 1923
Página 175
Capítulo XXIII - Miscelânea, 1920 - 1923
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Página 193
Adversários de Alekhine neste livro
Página 257
Índice de Aberturas
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Em Memória de Alexander Alexandrovitch Alekhine Por Julius Du Mont Ao registrar a vida de Alexander Alexandrovitch Alekhine, o analista tem a difícil tarefa de permanecer objetivo, de evitar ser levado pela sua genialidade e a glória de suas conquistas, ou por outro lado, de se deixar arrastar por um sentimento de comiseração pela tragédia da sua vida. Nascido em uma família rica e conhecida na Rússia Czarista, Alekhine aproveitou na sua infância e juventude as vantagens decorrentes disso. Fez uso das suas oportunidades e avançou bastante em seus primeiros estudos em Direito. Em seu tempo livre desenvolveu seu notável talento para o xadrez, e foi reconhecido como mestre aos 16 anos. Até a eclosão da I Guerra Mundial, não havia nuvens em seu céu. Estava então com 22 anos, jogando e vencendo um torneio importante em Mannheim, Alemanha. Então veio a tempestade e, junto com outros mestres estrangeiros (dentre eles, Bogoljubov), foi preso pelos alemães. Alekhine conseguiu escapar para a Suíça e voltou para casa, via Sibéria, para juntar-se ao Exército Russo. Foi ferido duas vezes e duas vezes condecorado. Então veio o segundo golpe! Estourou a Revolução Russa e, como membro da aristocracia, tinha poucas esperanças de escapar incólume. De fato, ele e a sua família perderam tudo e Alekhine teve sorte em escapar com vida. Fala-se que o xadrez o salvou do pior. Seja como for, nos anos seguintes, sobre5
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908-1923
viveu ensinando xadrez em colégios e universidades. Em 1921 lhe foi permitido que participasse em um Torneio em Triberg, na Alemanha, mas ele não voltou para a Rússia e tomou o caminho de Paris. Ali, começando vida nova, se tornou um profissional do xadrez e iniciou sua longa lista de triunfos, participando de todos os torneios importantes, com a grande ambição de estabelecer tão seguramente a sua fama que um match com Capablanca viesse em seguida. Apesar da natureza muito específica desses esforços, ele conseguiu, do ponto em que parara, retomar seus estudos legais e se tornou Doutor em Direito pela Faculdade Francesa, um tributo real à sua energia e à sua imensa capacidade de trabalho. A partir de 1927 era tão superior a todos os outros desafiantes que o seu pleito de ser o legítimo candidato pelo título mundial não podia mais ser negado. Como Alekhine venceu o match em 1927 é assunto para a história. Através disso ele construiu para si, pelo seu próprio esforço, uma nova era de prosperidade. Nos anos seguintes à sua ascensão ao trono do xadrez conscientemente continuou seu trabalho, participando de quase todos os Torneios de mestres, e neles até melhorou todas as suas conquistas anteriores. Casualmente desenvolveu o seu dom por partidas às cegas, aumentando continuamente o número de adversários enfrentados simultaneamente, até atingir o espantoso número de trinta e dois. Em relação ao número, ele já foi superado; em relação à força dos adversários e à qualidade do seu jogo Alekhine jamais será igualado. Há uma pequena dúvida de que essas exibições debilitem o vigor dos protagonistas e que por isso não possam ser saudáveis. Na Rússia, hoje a terra do xadrez par excellence, exibições às cegas são proibidas por lei. Esses esforços tremendos deixaram suas marcas no temperamento altamente sensível, já sacudido pelas vicissitudes contra as quais teve que lutar em sua juventude, e periodicamente o Dr. Alekhine dava lugar à bebida, uma circunstância não sem precedentes na vida de muitos gênios. Assim, dificilmente estivesse em sua melhor forma ao enfrentar o Dr. Euwe pelo Campeonato Mundial em 1935. O Dr. Euwe, jogando um xadrez magnífico, venceu através de pequena margem. Com uma prontidão jamais ouvida em um Campeonato Mundial de Xadrez o Dr. Euwe imediatamente concordou com o match revanche. Esse teve lugar dois anos mais tarde. Nesse intervalo de tempo o Dr. Alekhine teve a força de vontade de abandonar completamente tanto o alcool como o tabaco, cumprindo de forma implacável sua determinação de colocar-se em forma. Venceu o match de maneira decidida e assim tivemos o espetáculo único de um Campeão de forma magnânima conceder ao seu adversário derrotado um match revanche, e do ex-Campeão recuperar o seu trono. Mesmo assim, houve alguma queda nas forças do Dr. Alekhine, e muitos mestres da nova geração tinham pleitos legítimos por um match pelo Campeonato Mundial. Isso despertou a natural combatividade do Campeão Mundial e ele aceitou em 1939 o desafio do indubi6
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Em Memória de Alexander Alexandrovitch Alekhine
tavelmente mais forte dos jovens candidatos, M. Botvinnik. Esse seria provavelmente o melhor match jamais jogado, para o qual é certo que o Dr. Alekhine não iria despreparado ou fora de forma. Todas as negociações preliminares foram acordadas e decididas, e o match seria jogado na Rússia, quando estourou a II Guerra Mundial. Na época, o Dr. Alekhine estava em Buenos Aires, participando da Olimpíada de Xadrez, onde capitaneava a equipe francesa. Recusou-se a permitir que a sua equipe enfrentasse a equipe alemã e voltou para a França, no primeiro navio disponível, para unir-se ao Exército Francês. Após o colapso da França, pretendeu ir para a América para um match revanche contra Capablanca; chegou até Lisboa. Ali aguardou em vão por uma permissão para que deixasse a Europa. Se a razão da negativa da permissão foi Pearl Harbour ou que Capablanca perdesse o interesse em enfrentá-lo em um match revanche é difícil de se dizer. Foi nessa época que chegaram ao Dr. Alekhine as notícias de que a sua esposa estava na França nas mãos dos alemães. Ele tentou a permissão para juntar-se a ela. As autoridades alemãs, imaginando o valor da propaganda do Campeão, deram a permissão com a condição de que escrevesse dois artigos sobre xadrez para o jornal alemão Pariser Zeitung. É fato que ele conseguiu retornar para a França e que os dois artigos apareceram na imprensa controlada pelos alemães sob o seu nome. Esses artigos foram recebidos por todas as secções do mundo do xadrez com a maior indignação. Eram de fato uma diatribe anti-Judaica e pro-Nazi. Ao mesmo tempo eram tão completamente sem sentido que pessoas imparciais não puderam acreditar na autoria do Dr. Alekhine. Quando anos mais tarde ele viu esses artigos, declarou solenemente que nem uma daquelas palavras saiu da sua caneta. Enquanto isso, ele e a sua esposa foram diretamente residir em Praga, de onde pelos próximos dois anos, participou de numerosos torneios em Viena, Munique, Salzburgo etc. Seus detratores alegam que ele era um instrumento de boa vontade nas mãos dos alemães e que teve um período de prosperidade em seu território. Isso não está de acordo com a descrição dada pelo Campeão português, Francisco Lupi, quando pela primeira vez encontrou o Dr.Alekhine após o seu retorno da Espanha. Ao invés de um homem com um belo tipo físico que esperava receber, encontrou “esperando por mim um homem alto, muito magro, cujas palavras e gestos eram aqueles de um autômato... Esse era Alekhine”. O efeito da condenação pelos seus companheiros jogadores de xadrez sobre um homem que sempre prosperou na popularidade pode ser bem imaginado. Além disso, pela segunda vez na sua vida, perdera tudo o que tinha. Sua bela casa na França foi, como ele colocou, saqueada cientificamente pelos invasores. Nem a Espanha nem Portugal puderam proporcionar a ele a vida a que estava acostumado, ou de fato qualquer vida afinal. As chances na França eram até piores naquela época.
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908-1923
E então nós o vimos em 1945 – 1946 morando em uma pensão em Lisboa, com suas condições materiais piorando gradualmente e, além disso, sofrendo de sérios problemas cardíacos. Sua única esperança era a Inglaterra; o mundo britânico do xadrez disse a seu favor que não estava preparado para condenar um homem sem ouvi-lo. Inclusive, o primeiro raio de luz veio quando foi convidado a participar do Torneio de Londres de 1946. A angústia do Campeão foi esmagadora quando o convite foi cancelado devido às objeções das Federações Holandesa e Norte-Americana. Alguns dos mestres tinham ameaçado cancelar suas participações! Foi por essa época que o Dr. Alekhine decidiu voltar à França para defender-se perante a Federação Francesa de Xadrez. Fez o requerimento para o visto, mas a fronteira espanhola permaneceu fechada e o visto nunca o encontrou. O Dr. Alekhine morava então em Lisboa, e seus assuntos de vida estavam no seu ponto mais baixo, quando chegou um telegrama de Mr. Derbyshire, Presidente da Federação Britânica de Xadrez, transmitindo um desafio para um match feito pelo Campeão russo, M. Botvinnik, nos termos que foram acertados em 1939. O Clube de Xadrez de Moscou providenciou 10.000 dólares para o match, o qual seria realizado na Inglaterra, sujeito à aprovação da Federação Britânica de Xadrez. O Dr. Alekhine receberia dois terços do total da bolsa. Essa súbita mudança da sorte se provou demasiada para um homem doente e resultou em um ataque cardíaco. Assim que se recuperou aceitou o desafio e iniciou a preparação para o match. Na última carta a chegar à Inglaterra o Campeão perguntou se seria possível conseguir o visto para esse país de onde poderia com mais facilidade voltar à França. Também perguntou se um match de treinamento com o Dr. Tartakower poderia ser arranjado. Então vieram semanas de penosa espera até que ocorreu a reunião da Federação Britânica de Xadrez, na qual seria decidido se concordaria com o patrocinador do match. Essa reunião ocorreu em 23 de março de 1946, no período da tarde, e por unanimidade de votos a Federação deu o seu consentimento. Na mesma noite o Dr. Alekhine respirou pela última vez... A carreira enxadrística de Alekhine pode ser dividida em quatro períodos: Durante o primeiro, que terminou com o advento da I Guerra Mundial, suas oportunidades de jogar em torneios magistrais foram infrequentes. Entrou para a Escola Militar em São Petersburgo em 1909 com 17 anos (nasceu em 1892) e não podia participar em torneios mais do que, em média, um por ano. Seu desenvolvimento inicial foi, em consequência, relativamente lento, e mesmo assim conseguiu conquistar o primeiro prêmio em três ocasiões. Praticamente nada se ouviu sobre Alekhine entre os anos 1914-1921, que cobrem a I Guerra Mundial e a Revolução Russa, mas em 1920 ele venceu o Campeonato Russo em Moscou. O segundo período da sua carreira enxadrística se iniciou com o seu retorno para a 8
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Em Memória de Alexander Alexandrovitch Alekhine
Europa ocidental em 1921, quando, as circunstâncias o deixaram sem escolha e ele se dedicou inteiramente ao xadrez. Durante os seis anos seguintes, Alekhine jogou em muitos torneios importantes, e a sua deslumbrante sequência de vitórias deu o que falar no mundo do xadrez. E durante esse período ele marcou talvez o mais espantoso dos seus muitos sucessos – se tornou advogado pela Faculdade Francesa. O match com Capablanca deu-lhe o título mundial e foi o ponto culminante do segundo período. Pode-se dizer que ele alcançou o ápice dos seus poderes, talvez o ápice ao qual o esforço humano possa chegar. O terceiro período da sua carreira, que se iniciou com a sua vitória no Campeonato Mundial, durou até o advento da II Guerra Mundial. Entre 1927 e 1936 seus sucessos em torneios são inigualáveis por qualquer mestre em qualquer período da história do xadrez. Em particular em San Remo 1930 e Bled 1931, onde muitos dos maiores mestres da época participaram, ele deixou esse grupo tão longe que naquela época indiscutivelmente se encontrava sozinho em uma categoria superior. Os primeiros sinais de retrocesso foram no match perdido para Euwe em 1935 e o seu fracasso relativo em Nottingham, um torneio muito forte, no qual conquistou apenas o sexto lugar, com Botvinnik e Capablanca dividindo o primeiro, de longe seu pior resultado em vinte e quatro anos. Embora ele reconquistasse o Campeonato Mundial do Dr. Euwe em 1937, tendo aparentemente readquirido plenamente os seus poderes, no Torneio de AVRO em 1938 jovens jogadores, como Keres, Fine e Botvinnik terminaram à sua frente. Se o Dr. Alekhine poderia restabelecer-se no match contra Botvinnik em 1939 é uma questão em aberto, que não se pode responder com algum grau de certeza. O quarto período da carreira do Dr. Alekhine é uma tragédia, como foi a sua vida durante aquele período. Ele ainda jogou torneios na Alemanha e territórios ocupados durante a guerra e depois disso, na Espanha e Portugal, mas os adversários eram comparativamente fracos no todo e não despertaram o seu instinto combativo. A qualidade do seu jogo mostrou uma queda acentuada, como poderia se esperar, ao lado de outras considerações, por seus adversários não serem de primeira ordem. Se o match com Botvinnik, finalmente acertado no dia da morte do Dr. Alekhine, anunciaria para o Campeão um quinto e glorioso período em sua carreira é duvidoso, mas eu tenho certeza de que com o maravilhoso poder de recuperação do Dr. Alekhine e a sua determinação de aço, poderia ter sido o match do século. As conquistas do Dr. Alekhine, inclusive as abrangidas pelo período coberto por este livro, são dadas em seguida. Seus resultados até 1923 aparecem no primeiro volume das suas partidas. Ocuparia muito espaço para referir em detalhes os muitos torneios nos quais participou. Basta dizer que ele jogou setenta torneios, sem contar os cinco por equipes. Nesses setenta torneios, o Dr. Alekhine conquistou o primeiro prêmio quarenta e uma vezes, dividindo o primeiro lugar em nove ocasiões. Venceu ou dividiu o segundo lugar qua-
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908-1923
torze vezes. Em nenhuma ocasião desde 1911 ele falhou em conquistar um prêmio quando participou em um torneio! Alekhine contribuiu com poucos trabalhos para a literatura enxadrística. Três importantes livros estão disponíveis na língua inglesa: o Torneio de Nova Iorque em 1924 e os dois volumes das suas próprias partidas. O valor desses livros reside nos comentários. Pela objetividade, clareza e nitidez apresentadas, estão sozinhos. A razão pela qual escreveu tão pouco é que ele não teria estado interessado em escrever para jogadores medianos, ainda que pudesse, e que a produção de livros medíocres, sem importar o quão lucrativos, era estranha à sua natureza. Pelo seu estilo de jogo, foi um verdadeiro artista; foi arte por causa da arte. A invenção de um método, o jogar de acordo com princípios definidos, não era para ele. Seu jogo não era nem clássico, nem hipermoderno. Combinava o melhor de todos os estilos conhecidos em um todo harmonioso; técnica era para ele um meio para um final. Ele foi verdadeiramente um grande artista. Em todos os dias da sua vida ele teve uma personalidade notável, com um bom aspecto físico e excelentes maneiras, em casa em qualquer companhia. Em algumas formas, o seu caráter era curiosamente contraditório. Embora ao tabuleiro ou na sala dos torneios ele tivesse o maior autocontrole, fora da atmosfera do xadrez era muito tímido, a ponto de muitos conhecidos o considerarem até mesmo arrogante. Ainda, após uma partida com um de seus companheiros mais fracos, nenhum grande mestre esteve mais disposto a desperdiçar seu tempo sobre a partida, analisando as posições, explicando seus motivos e gratuitamente dando incentivo e conselhos. Alekhine não tinha poucos detratores, mas que grande homem nunca os teve? Há, entretanto, um sério lapso que pode se voltar contra ele – sua falha em permitir a Capablanca um match revanche. Havia um profundo antagonismo entre os dois homens, que uma vez foram amigos. Como isso surgiu, se subitamente ou gradualmente, não é sabido, nem se poderá decidir quem estava errado. Em minha opinião, qualquer que tenha sido a circunstância do caso, foi Alekhine, o “homem da posse”, quem deveria abrir o caminho, quem deveria demonstrar um espírito mais generoso. Se assim o fizesse, quem sabe, após a queda da França, quando ele tentou ir para a América, uma mão salvadora poderia ser estendida a ele, e todo o capítulo trágico em seguida nunca fosse escrito. Mas quaisquer que tenham sido suas faltas, foram mais do que expiadas pelo seu triste fim. Entre os amantes do xadrez seu nome viverá para sempre ao lado de Philidor, Morphy, Lasker e Capablanca. (Paris 15/12/1881,¬Hastings 07/04/1956) foi pianista, enxadrista, jornalista, editor e * escritor. Durante alguns anos foi colunista de xadrez do The Field e do¬Manchester Guardian. Entre 1940 e 1949 foi editor chefe da British Chess Magazine. 10
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Em Memória de Alexander Alexandrovitch Alekhine
Ano 1909 1910 1911 1912 1912 1913 1913 1913 1914 1914 1920 1921 1921 1921 1922 1922 1922 1922 1923 1923 1923 1924 1925 1925 1925 1926 1926 1926 1926 1926 1927 1927 1929 1930 1930
Torneio Colocação São Petersburgo - Amador 1 Hamburgo 7 Carlsbad 8 Estocolmo 1 Vilna 6 S. Petersburgo - Quadrangular 1 Scheveningen 1 São Petersburgo 1 São Petersburgo 3 Mannheim 1 Moscou 1 Triberg 1 Budapeste 1 Haia 1 Pistyan 2 Londres 2 Hastings 1 Viena 4 Margate 2 Carlsbad 1 Portsmouth 1 Nova Iorque 3 Paris 1 Berna 1 Baden-Baden 1 Hastings 1 Semmering 2 Dresden 2 Scarborough 1 Birmingham 1 Nova Iorque 2 Kecskemet 1 Bradley Beach 1 San Remo 1 Hamburgo - Olimpíada -
1931 1931 1931 1932 1932 1932 1932 1933 1933
Nice - com consulta Praga - Olimpíada Bled Londres Berna Cidade do México Pasadena Folkestone - Olimpíada Paris
1 1 1 1 1/2 1 1
Partidas Vitórias Empates Derrotas 16 12 2 2 16 5 7 4 25 11 5 9 10 8 1 1 18 7 3 8 3 2 1 13 11 1 1 17 13 1 3 18 6 8 4 11 9 1 1 15 9 6 8 6 2 11 6 5 9 7 2 18 12 5 1 15 8 7 10 6 3 1 14 7 4 3 7 3 3 1 17 9 5 3 12 11 1 20 6 12 2 8 5 3 6 3 2 1 20 12 8 9 8 1 17 11 3 3 9 5 4 8 7 1 5 5 20 5 13 2 16 8 8 9 8 1 15 13 2 9 9 8 18 26 11 15 9 11 12 9
4 10 15 7 11 8 7 8 7
4 7 11 4 3 1 3 3 2
1 1 1 1 -
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908-1923
Ano 1933/34 1934 1935 1935 1936 1936 1936 1936 1936 1936/37 1937 1937 1937 1938 1938 1938 1938 1939 1939 1939 1941 1941 1942 1942 1942 1942 1943 1943 1944 1945 1945 1945 1945 1945 1945
Torneio Colocação Hastings 2 Zurique 1 Varsóvia - Olimpíada Orebro 1 Bad Nauheim 1/2 Dresden 1 Podbrady 2 Nottingham 6 Amsterdã 3 Hastings 1 Margate 3 Kemeri 4/5 Bad Neunheim - Quadrangular 2/3 Montevidéu 1 Margate 1 Plymouth 1/2 AVRO 4/5/6 Caracas 1 Buenos Aires - Olimpíada Montevidéu 1 Munique 2/3 Cracóvia 1/2 Salzburg 1 Munique 1 Cracóvia 1 Praga 1/2 Praga 1 Salzburg 1/2 Gijon 1 Madrid 1 Gijon 2/3 Sabadell 1 Almeria 1/2 Melilla 1 Cáceres 2
Partidas Vitórias Empates Derrotas 9 4 5 15 12 2 1 17 7 10 9 8 1 9 4 5 9 5 3 1 17 8 9 14 6 6 2 7 3 3 1 9 7 2 9 6 3 17 7 9 1 6 3 1 2 17 9 8 9 6 2 1 7 5 2 14 3 8 3 10 10 10 5 5 7 6 1 15 8 5 2 11 6 5 10 7 1 2 11 7 3 1 10 6 3 1 11 6 5 19 16 3 10 5 5 8 7 1 9 8 1 9 6 1 2 9 6 3 8 4 3 1 7 6 1 5 3 1 1
1927 1929 1934 1935 1937
Matches pelo Título Mundial Adversário Buenos Aires Capablanca Alemanha/Holanda Bogoljubov Eslovênia/Alemanha Bogoljubov Holanda Euwe Holanda Euwe
Partidas Vitórias Derrotas Empates 34 6 3 25 25 11 5 9 26 8 3 15 30 8 9 13 25 10 4 11
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Partidas de Torneios entre 1908 e 1920
Capítulo I Torneio Amador da Rússia São Petersburgo, Fevereiro de 1909 Partida 1 Alekhine, A. - Gregory, B. Abertura Vienense - C28
1.e4 e5 2.Nc3 Nf6 3.Bc4 Nc6 O melhor lance é 3...Nxe4 (veja a Partida 41). 4.d3 Bb4 5.Bg5 Nd4 Essa manobra não é recomendada e, como veremos em seguida, resulta somente na obstrução do Bispo da Dama. A melhor continuação é 5...h6 6.Bxf6 Bxc3+ 7.bxc3 Qxf6 etc., com chances iguais. 6.a3 O mais simples, pois agora seria inferior 6...Ba5 7.b4 seguido de 8.Nd5. Também merece consideração 6.f4 d6 7.Nf3. 6...Bxc3+ 7.bxc3 Ne6
8.h4! Um lance forte. Se ao invés disso 8.Bd2 d5 9.exd5 Nxd5 10.Qe2 f6, enquanto após 8...h6 9.Bd2 essa manobra não favorece as pretas, por exemplo, 9...d5 10.exd5 Nxd5 11.Qe2 Qd6 (se 11...f6 12.Qh5+) 12.Nf3 f6 13.Qe4 Ne7 14.d4, e as brancas têm jogo melhor. 8...h6 É claro, não 8...Nxg5 9.hxg5 Ng8, devido a 10.g6!. 9.Bd2 d6 10.Qf3 O plano de avançar o Peão g, iniciado no 13
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
lance anterior, é um tanto superficial e desprovido de objetivo concreto. O simples desenvolvimento através de 10.Ne2 seguido por 11.Ng3 daria às brancas um jogo melhor sem quaisquer complicações. 10...Bd7 11.g4 Qe7 12.g5
12...Ng8 Aqui as pretas poderiam ter avaliado a oportunidade de trocar a sua Torre do Rei inativa, após o que teriam um jogo satisfatório, por exemplo: 12...hxg5 13.hxg5 Rxh1 14.Qxh1 (se ao invés disso 14.gxf6 Rxg1+ 15.Ke2 Rxa1! 16.fxe7 Rg1! e as pretas têm a vantagem) 14...Ng8 15.Qh7 0-0-0, etc. As pretas teriam repelido o avanço arriscado do adversário com uma manobra tanto enérgica como precisa. Mas ao contrário, elas justificaram esse avanço com a tática inferior que adotaram. 13.Rb1 Bc6 14.Nh3 O desenvolvimento insatisfatório desse Cavalo é consequência direta dos lances arriscados anteriores. 14...Kd7 Aqui era indicado 14... hxg5 15.hxg5 0-0-0 16.Qe3 Kb8 17.Rg1, com posição complicada que manteria as chances das pretas. O Rei das pretas estaria mais seguro na ala do que no centro, onde em breve estará exposto a um ataque com sucesso. 15.Qg4! A intenção é trazer o Cavalo para o centro após uma troca de Peões em f4. 15...Rf8 14
Preparando o contra-ataque 16...f5, que as brancas no entanto refutarão com um belo sacrifício. Em todo caso, o jogo das pretas já está comprometido em consequência do erro no seu 14º lance. 16.f4 f5 Se 16...h5, então 17.Qg3 exf4 18.Nxf4 Nxf4 19.Bxf4 Bxe4 20.0-0!, com um ataque vencedor.
17.exf5! A ideia básica desse sacrifício, cujas consequências não são fáceis de determinar, é o afastamento do Bispo da Dama das pretas. Além disso, as brancas têm como objetivo o avanço do seu Peão d (lances 21 e 22), que tornará o Peão b das pretas indefensável. 17...Bxh1 18.fxe6+ Kc8 Se 18...Ke8 (18...Kd8 é evidentemente pior devido a 19.Qg1 e 20.Qxa7 ameaçando mate) 19.Qg1 d5 20.Bb5+ Kd8 (20...c6 21.Bxc6+!) 21.Bd7, e as brancas vencem. 19.Qg1! A Dama das brancas penetrará sem perda de tempo no coração da posição inimiga. 19...c6! Um recurso engenhoso. Se agora 20.Qxh1, então 20...d5 21.Bb3 Qxe6 e as pretas tomam a iniciativa. É claro que após 19...b6 ou ...Kb8 as brancas capturariam o Bispo, o que manteria o ataque, além da vantagem material. 20.Qxa7! c5 A única forma de prevenir 21.Rxb7.
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
8.Ne2 Bd7 9.b3 Esse lance foi jogado pelo Dr. Lasker na primeira Partida do seu match contra o Dr. Tarrasch (Dusseldorf 1908), que continuou com 9...Bc6 10.Nd2 Be7 11.Bb2 Bf6, conduzindo à troca dos Bispos e à perda da sua melhor chance: a ação conjunta do par de Bispos.
21.d4! Somente essa manobra pode demonstrar claramente a solidez da combinação iniciada através do 17º lance das brancas. As pretas não podem capturar o Peão, pois após 21...exd4 22.cxd4 cxd4 23.Ba5 o mate não pode ser evitado. 21...Qc7 22.d5 Agora a ameaça 23.Rxb7 é irrespondível. Se 22...Qb8 23.Qa4 Rd8 (ou 23...Qc7 24.Rb5! seguido por Ra5, etc.) 24.Rxb7! Kxb7 (24...Qxb7 25.Ba6!) 25.Qa6+ Kc7 26.Qc6 mate. 22...Ne7 23.Rxb7 Qxb7 24.Ba6 Bxd5 25.c4! Ganhando outro Peão, mantendo a ameaça 26.Ba5 com mate no lance seguinte. 25...Qxa6 26.Qxa6+ Bb7 27.Qxd6 Nc6 28.gxh6 gxh6 29.f5! O caminho mais curto. As pretas são forçadas a capturar o Peão f, que leva à perda de uma peça. 29...Rxf5 30.Qd7+ Kb8 31.e7 Nxe7 32.Qxe7 Rhf8 33.Qd6+ Ka8 34.Bxh6 R8f6 35.Qd8+ Ka7 36.Be3 Rf3 37.Bxc5+ Ka6 38.Qb8, e as pretas abandonaram.
9…c4! Se as pretas falharem em recuperar esse Peão sacrificado, ainda terão compensação suficiente pelo deslocamento dos Peões das brancas na ala da Dama. Mas, como mostra a sequência, as brancas não podem manter por muito tempo a sua vantagem material, o que tende a provar a insuficiência do seu último lance. Considero que a resposta 9...c4 aniquila o 9º lance das brancas. 10.bxc4 Ba4 11.c3 0-0-0
Partida 2 Verlinsky, B. - Alekhine, A. Abertura Ruy Lopez - C68
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Bxc6 dxc6 5.d4 exd4 6.Qxd4 Qxd4 7.Nxd4 c5
12.Nd2 Outros lances não seriam melhores, por 15
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exemplo: 12.Nd4 c5 13.Nb3 Re8 14.f3 f5 15.N1d2 Nf6, e as pretas têm jogo melhor. Ou 12.0-0 Bc2 13.Nd2 Nf6 14.Ng3 (se 14.f3, então 14...Bc5+, seguido por 15...Bd3) 14...Bc5, e as pretas recuperam o Peão com jogo excelente. 12...Bc2 13.f3 O lance 13.0-0 conduziria à segunda variante mostrada acima. 13...Bc5 Opondo-se a 14.Nd4 (para o qual a resposta seria 14...Rxd4!, etc.) e forçando as brancas a perderem um tempo precioso para neutralizar a ação desse Bispo. 14.a4 Nf6 15.Ba3 O bloqueio ao Bispo do Rei das pretas se mostrará insuficiente. A seguinte variante oferecia chances melhores de um empate: 15.Nd4 Bxd4 16.cxd4 Rxd4 17.Bb2, embora nesse caso a pressão das pretas na coluna d seria muito incômoda. 15...Be3 16.Nf1 Ba7 17.a5 Se 17.c5 direto, então 17...Bxa4. 17...Rd3 18.c5 Rhd8 19.Kf2 As brancas poderiam resistir mais através de 19.Bb4 Rd1+ 20.Rxd1 Rxd1+ 21.Kf2 Nd7 22.Nfg3 Rxh1 23.Nxh1 Nxc5 24.Bxc5 (se 24.Ke1 Nb3, seguido de 25...c5) 24...Bxc5+ 25.Nd4 b6 26.axb6 cxb6. Mas a questão não deixaria dúvidas, pois as pretas manteriam seus dois Bispos e um Peão passado. 19...Nd7 20.Ne3
20...Nxc5! 16
Ameaçando mate em 5, caso as brancas capturem o Bispo, por exemplo: 21.Nxc2 Nxe4+ 22.Ke1 Rd1+! 23.Rxd1 Bf2+! 24.Kf1 Rxd1+ 25.Ne1 Rxe1 mate. 21.Nd4 Bb3 Isso ganha o Peão c das brancas, pois se 22.Rc1 ou Bb2, então 22...Rxd4, seguido por 23...Nd3+ e as pretas vencem. 22.Ke2 Rxc3 23.Bb2 As brancas poderiam evitar a perda da peça através de 23.Ndf5, o que entretanto em nada influenciaria o resultado da partida. 23…Rxe3+! 24.Kxe3 Ne6 25.Ra3 Ou 25.Rhd1 Bxd1 26.Rxd1 Nxd4 27.Bxd4 Bxd4+ 28.Rxd4 Rxd4, e o final é facilmente vencedor para as pretas. 25...Nxd4 26.Kf4 Bc5 27.Rha1 Ne2+ 28.Kg4 Be6+, e as brancas abandonaram.
Capítulo II Torneio Internacional de Hamburgo Julho de 1910 Partida 3 Speyer, A. - Alekhine, A. Defesa Francesa - C15
1.e4 e6 2.d4 d5 3.Nc3 Bb4 Esse lance é muito melhor do que a sua reputação. Seu objetivo é simplificar a posição a qualquer custo, na variante geralmente adotada pelas brancas, começando com 4.exd4, uma simplificação que permite às pretas de forma mais fácil iniciar um plano de desenvolvimento. Foi adotado com sucesso várias vezes por Nimzovitsch. 4.Bd2 Essa ideia é interessante, mas não produz nenhuma vantagem se as pretas jogarem a resposta correta. O lance mais comum aqui é 4.exd4; as consequências de 4.e5 c5 surgem bastante favoráveis às pretas (compare com a Partida Dr. Lasker-Maróczy, Nova Iorque 1924).
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10.Bd3 Bxd3 11.Qxd3 Na5! 12.a3 As brancas aproveitam a oportunidade para forçar a troca de uma das peças de ataque das pretas, pois 12...Qd6 falha devido a 13.Nxd5, revelando o Bispo das brancas. 12...Bxc3 13.Bxc3 Nc4 14.Rde1
4...Ne7! O mais simples, em função das complicações resultantes de 4...dxe4 5.Qg4, comchances de ataque para as brancas, como: I. 5...Nf6 6.Qxg7 Rg8 7.Qh6 Qxd4 8.0-0-0, ameaçando 9.Bg5. II. 5...Qxd4 6.Nf3 Qf6 7.Qxe4, seguido pelo 0-0-0, com boas chances de ataque para as brancas. 5.exd5 As brancas estavam ameaçadas por 5...dxe4 e 6...Qxd4. 5...exd5 6.Qf3 Esse não é um lance normal de desenvolvimento. Como a sequência mostrará, a maioria das peças brancas irá se encontrar em casas desfavoráveis. Seria melhor jogar 6.Bd3 seguido por 7.Nge2, 8.0-0 etc. 6...Nbc6 7.Bb5 Compulsório após o último lance. 7...0-0 8.Nge2 Bf5 As peças das pretas, por outro lado, estão bem posicionadas para uma ação conjunta. 9.0-0-0 O objetivo das brancas ao jogarem 6.Qf3 era rocar para a ala da Dama. Isso é, no entanto, um erro estratégico, pois na ala do Rei as brancas não têm perspectivas que possam compensar o ataque das pretas na ala da Dama. O lance 9.Rc1, seguido por 10.0-0 certamente não era tão ruim. 9...a6! O Bispo do Rei das brancas precisa ser eliminado para permitir a ocupação da casa c4 pelo Cavalo.
14...Nc6 Do ponto de vista estratégico, a partida já está vencida pelas pretas, mas aqui elas cometeram um ligeiro erro tático, que permite ao seu adversário a troca das Damas. O simples plano de ataque que conduziria a uma vitória fácil seria ...a5, seguido por ...b4, ...b5 etc. A decisão da partida poderia e deveria ser consequência de um ataque direto ao Rei. 15.Nf4 Qd6 Contra qualquer outro lance as brancas responderiam 16.Qf3, que seria incômodo para as pretas. 16.Qf3 Rad8 O plausível ...Rfd8 seria um erro, pois então 17.Nxd4 e se 17...Qxd4 18.Re8+, etc. No entanto, as brancas agora conseguem trocar as Damas. 17.Nd3 a5! Antes tarde do que nunca! 18.Qf4 De outro modo o ataque das pretas se torna irresistível. 18...Qxf4+ Se 18...Qd7, as brancas poderiam tentar uma contrademonstração com 19.h4 seguido por Rh3. 19.Nxf4 b5 17
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Esse avanço permanece forte mesmo após a troca das Damas, pois o Bispo das brancas está muito mal colocado. 20.Nd3 Rb8 21.Ne5 Não parece existir qualquer outro método para salvar o Peão. Mas após a troca dos Cavalos as pretas encontram novos recursos para o ataque, com o auxílio do seu Peão c. 21...N6xe5 22.dxe5 c5! Não seria tão bom 22...b4 23.axb4 axb4 24.Bd4 Ra8 25.b3, etc. 23.b3 Novamente a única chance contra a ameaça ...b4, etc.
23...d4! O lance vencedor, pois esse Peão exercerá uma pressão decisiva no final de Torres a seguir. Se as brancas evitarem a troca de peças com 24.Bb2, as pretas obterão uma vantagem decisiva através de 24...Nb6 seguido de ...a4. 24.bxc4 dxc3 25.Re3
18
Forçado, pois após 25.cxb5 Rxb5 esse lance não seria factível devido a 26...Rfb8. 25...b4 26.a4 Rbd8 Para a melhor apreciação desse final, devese notar que aqui as brancas não podem oferecer a troca de ambas as Torres, por exemplo: 27.Rd1 Rxd1+ 28.Kxd1 Rd8+ 29.Rd3 Rxd3+ 30.cxd3 g5! 31.h3 h5 32.g3 (se 32.f3, então 32...h4) 32...g4!, seguido por ...Kf8-e7-e6 e ...Kxe5, vencendo. Dessa forma, os lances em seguida das brancas são forçados. 27.Rhe1 Rd4 28.Re4 Rxe4 29.Rxe4 Rd8 30.e6 Se 30.Re2, as pretas ganhariam um Peão através de 30...Rd4. 30...fxe6 31.Rxe6 Rd2 Após essa incursão da Torre das pretas, o restante da partida é meramente uma questão de técnica. 32.Re5 Rxf2 33.Kb1 Rf1+ 34.Ka2 Rc1 35.Rxc5 Rxc2+ 36.Kb1 Rb2+ 37.Kc1 Rxg2 38.Rb5 Para estancar a ameaça ...b3. 38...Kf7 39.c5 Ke6 40.c6 Kd6 41.c7 Kxc7 42.Rxa5 Rxh2 43.Rb5 Rb2 44.a5 Kc6 45.Rb8 Kc5 46.a6 Ra2 47.Rf8 Kb5 48.Rb8+ Kc4, e as brancas abandonaram. Partida 4 Alekhine, A. - Yates, F. Gambito da Dama Recusado - D55
1.d4 d5 2.c4 e6 3.Nf3 Nf6 4.Bg5 Be7 5.e3 Nbd7 6.Nc3 0-0 7.Qc2 Esse lance, seguido pelo grande roque, esteve muito em moda entre 1903 e 1911, até que Teichmann, em uma famosa partida contra Rotlevi (Carlsbad 1911), provou sua inferioridade. Em si mesmo, o lance 7.Qc2 não é mau, mas se as pretas fizerem a melhor resposta, 7...c5, as brancas ao invés do roque devem jogar 8.Rd1. A posição então é idêntica à da quarta e da décima partidas do match Capablanca-Lasker (com transposição de lances) e oferece chan-
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ces tanto para as brancas como para as pretas. 7...b6 Após essa resposta, o grande roque oferece às brancas chances muito boas de ataque, pois o Peão em b6 dificulta um contra-ataque imediato das pretas, obstruindo a5 e b6 para a Dama e b6 para o Cavalo. 8.cxd5 exd5 9.Bd3 Bb7
10.h4! Um lance importante, evitando o liberador 10...Ne4, que seria jogável caso as brancas jogassem direto o grande roque. 10...c5 11.0-0-0 cxd4 Se 11...c4, as brancas tomariam a iniciativa através de 12.Bf5 h6 13.e4. 12.Nxd4 Com esse lance as brancas desejam assegurar as possibilidades de ataque contra o Peão d isolado, como mostrado, por exemplo, pela seguinte variante: 12...Ne5 13.Bxf6 Nxd3+ 14.Qxd3 Bxf6 15.Kb1, seguido por 16.Rc1, 17.g3 e 18.Rhd1. Ao invés de 12.Nxd4, as brancas estariam igualmente bem jogando 12.exd4. 12...Re8 Jogado provavelmente de forma a poder retirar o Bispo para f8 se as brancas o atacarem com Nf5, mas essa manobra perde tempo para as pretas. Elas deveriam tentar um contra-ataque na ala da Dama através de ...a6 e ...c5 sem atraso. 13.Kb1 Para impedir que as pretas respondam de forma embaraçosa 14...Ne5, ameaçando
tomar o Bispo em d3 com xeque, após o pretendido 14.g4. 13...a6 14.g4 b5 Esse lance, jogado após consideração ponderada, no entanto se revela insuficiente, devido ao sacrifício da Torre das Brancas no 22º lance, que as brancas dificilmente anteciparam nesse estágio da partida. No entanto, se as pretas ao invés do lance do texto tivessem jogado 14...Nf8, as brancas igualmente assegurariam uma clara vantagem através de 15.Rhg1 b5 16.Nf5. 15.Bxf6 Nxf6 16.g5 Ne4 17.Nxe4 dxe4 18.Bxe4 Bxe4 19.Qxe4 Bxg5 Agora as pretas conseguiram a posição pela qual jogaram 14...b5.
20.Ne6! Essa combinação forçará as pretas a, ao final, entregarem um Peão, permitindo assim às brancas conquistar a vitória após um meiojogo interessante. 20...Qe7 21.hxg5 h6 Forçado, pois após 21...g6 as brancas têm um ganho imediato através de 22.Rxh7! Qxe6! 23.Qh4 Qe4+ 24.Qxe4 Rxe4 25.Rdh1, etc. Esse é o ponto crucial do ataque iniciado com 16.g5. 22.gxh6 Qxe6 23.Qd4! Se as brancas trocarem a Dama de imediato, a Torre das pretas recaptura em e6, onde estará melhor colocada. O objetivo do lance do texto é forçar a recaptura em e4, uma casa menos favorável. 23...Qe4+ 24.Qxe4 Rxe4 25.hxg7 Kxg7 19
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Com um Peão a mais e melhor posição, as brancas certamente devem vencer. Entretanto, o final de Torres que se segue apresenta algumas dificuldades técnicas. 26.Rdg1+ Kf6 27.Rh6+ Ke7 28.Rc1 Ra7 29.Rcc6! a5 O último lance das pretas é obrigatório. Seria desastroso 29...Re6 devido a 30.Rcxe6+ seguido de Rh7+ etc. 30.Ra6 Rxa6 31.Rxa6 a4 32.Rb6 Re5 33.Kc2 Rc5+ 34.Kd3 Kd7 Se 34...Rd5+, então 35.Ke4 Rc5 36.a3, seguido por 37.b4 e 38.Kd4, etc. 35.a3 Rf5 Para jogar …Kc7. 36.f4 Kc7 37.Rh6 Rd5+ 38.Kc3 f5 Através desse lance, que é sua última chance, as pretas evitam 39.e4. 39.Re6! Kd7
Essa é a fase mais interessante do final. À primeira vista, uma troca das Torres parece ser de valor duvidoso, pois após 40.Re5 Rxe5 41.fxe5 Ke7! as brancas não podem jogar 42.Kd4 devido a 42...Ke6. Por outro lado, a variante 42.Kb4 Ke6 43.Kxb5 Kxe5 etc. só leva a um empate; o Peão f das pretas coroa um lance antes do que o Peão f das brancas. Entretanto, o final é vencedor para as brancas graças a um pequeno artifício. 40.Re5! Rxe5 41.fxe5 Ke7 42.Kd3 Kd7 43.e4 f4 44.Ke2! Forçando as pretas a atacarem o Peão. 44...Ke6 Se agora 45.Kf3? Kxe5 e as pretas ven20
cem! O próximo lance das brancas liquida a questão. 45.Kf2!, e as pretas abandonaram.
Capítulo III Torneio Internacional de Carlsbad Julho-Agosto de 1911 Partida 5 Alekhine, A. - Vidmar, M. Abertura dos Quatro Cavalos - C49
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Nc3 Nf6 4.Bb5 Bb4 5.0-0 0-0 6.Bxc6 bxc6 Após o melhor lance – 6...dxc6 – as brancas podem obter tanto um empate fácil através de 6...dxc6 7.Nxe5 Re8 8.Nd3 Bxc3 9.dxc3 Nxe4 10.Qf3, como tentar um ataque na ala do Rei através de 7.d3 seguido por Ne2, Ng3, h3, Nh2, f4. Mas, na minha opinião, as pretas podem repelir esse ataque, pois têm os dois Bispos e boas chances de contraatacar na ala da Dama. 7.Nxe5 Qe8 Após 7...Re8 8.d4 Bxc3 9.bxc3 Nxe4 10.Qf3 etc., as brancas obtêm uma ligeira vantagem. 8.Ng4 Aqui a seguinte linha é considerada mais forte: 8.Nd3 Bxc3 9.dxc3 Qxe4 10.Re1 Qh4 11.Qf3, e 12.Bf4. Entretanto não é certo o quanto essa linha de jogo é suficiente para prevalecer contra uma defesa correta. A falha está na variante 6.Bxc6, a qual, nessa abertura, mostra ser opaca e sem vida. 8...Nxe4 Com 8...Nxg4 9.Qxg4 d5 10.Qh4 Bxc3 11.bxc3 (ameaçando 12.Ba3) 11...Qxe4 12.Qxe4 dxe4 etc., as pretas trariam um empate. As complicações que elas procuram com o lance do texto acabam com a sua derrota.
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15...Kg8
9.Nh6+! Com essa saída inesperada as brancas assumem de vez a iniciativa. Seria relativamente melhor para as pretas remover o Cavalo audacioso, apesar de que, nesse caso, o jogo das brancas também permaneceria superior após 9...gxh6 10.Qg4+ Kh8 11.Qxe4 Qxe4 (ou 11...Bxc3 12.Qxe8 Rxe8 13.dxc3, etc.) 12.Nxe4 Be7 13.d3 f5 14.Nc3 f4 15.Re1seguido por Re4. 9...Kh8 10.Re1 Essa cravada, que no lance anterior não seria favorável devido à resposta 9...d5 (ameaçando 10...Bxc3 etc.), agora causa sérias dificuldades para as pretas. 10...d5 11.d3 Qe5 A alternativa era 11...Nxc3 12.bxc3 Be7 13.Qh5 Be6 14.f4 com boas perspectivas para as brancas. Ao dar preferência para o lance do texto, as pretas provavelmente não consideraram de forma suficiente as consequências de 16.Rb1. 12.dxe4 d4 13.a3 dxc3 14.axb4 cxb2 15.Nxf7+ Aqui as brancas têm a escolha entre o lance do texto e a continuação igualmente boa 15.Rb1, com a sequência 15...Qe6 (se 15...bxc1Q 16.Nxf7+ e Nxe5) 16.Rxb2 gxh6 17.Rb3, e as pretas, forçadas a evitar Bb2+ seguido por Rg3+, perdem assim seu Peão h. Entretanto, dei preferência ao lance do texto tanto porque não quis dar às pretas qualquer chance de contra-ataque na coluna g aberta em frente ao Rei das brancas, como devido às consequências de 15.Nxf7+ parecerem mais simples e igualmente certeiras.
16.Rb1! Com esse lance as brancas asseguram uma vantagem material. Realmente, as pretas não têm nada melhor do que entrar em um final com Bispos de cores opostas, tendo em vista a variante 16...bxc1Q 17.Nxe5 Qf4 18.Nd3 etc., deixando-as sem a menor chance. Ao contrário, as brancas têm chances de ganho posterior, baseado não somente na posse de um Peão a mais, mas também na clara maioria de Peões na ala do Rei. Na ala da Dama, o Peão a mais das pretas é desprezível pela quantidade, pois dois desses Peões estão dobrados. 16...Rxf7 17.Bxb2 Qg5 18.Qd3 Evitando 18.Bh3. 18...Be6 19.Bd4 Ameaçando 20.Rd1 etc. A única escolha das pretas reside na troca das Damas ou na perda de um outro Peão. 19…Rd8 20.Qe3
21
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20…Qb5 Com a esperança de criar complicações com as Damas no tabuleiro. Após 20...Qxe3 21.Bxe3 a6, as brancas teriam uma vitória fácil, por exemplo: 22.Red1 Rfd7 23.Rxd7 Rxd7 24.f3 Kf8 25.Ra1 Bc4 26.Kf2, seguido por Ke1, Ra3, Rc3, Rc5, c4, etc. 21.Bxa7 Qa4 22.c3 Bc4 23.Bd4 As brancas poderiam ter ocupado a coluna a agora, mas elas não têm pressa. Seu adversário não tem meios de impedir essa manobra. 23…Ra8 24.Qd2 h6 25.h3 Qb5 De outro modo as brancas jogariam 26.Qb2 seguido por Ra1. 26.Ra1 Ra4 27.Qc2 Rxa1 28.Rxa1 Bd3 29.Ra8+ Kh7 30.Qa2 Qh5 Se 30...Bc4 31.Qa7 seguido por Q ou Rb8, etc. 31.Qe6 A entrada da Dama dentro da posição do adversário decide a partida em poucos lances.
31...Bf1 As pretas não têm defesa satisfatória e assim elas podem sem perigo ter esse pequeno prazer. 32.Ra5 Qd1 33.Kh2 Bxg2 A última chance. Se as brancas tomarem a Torre perdem a sua Dama através de ...Qh8+, ...Qxh3+ e ...Qf3+, etc. 34.Kxg2 Qf3+ 35.Kg1 Rf4 36.Ra8 Ameaçando mate em três, iniciando com 37.Qg8+. 36...Rf7 37.Qg4 Qd3 38.Rf8, e as pretas abandonaram. 22
Partida 6 Alapin, S - Alekhine, A. Abertura dos Três Cavalos - C42
1.e4 e5 2.Nf3 Nf6 3.Nc3 Bb4 Essa variante (uma Ruy Lopez invertida) frequentemente foi jogada, com sucesso, por Pillsbury. Parece suficientemente forte para igualar a posição. 4.Nxe5 Qe7 A continuação mais normal é 4...0-0 5.Be2 Re8 6.Nd3 Bxc3 7.dxc3 Nxe4 8.0-0 d6, com jogo igual. No entanto, 4...Qe7 é igualmente bom. 5.Nd3 Bxc3 6.dxc3 Nxe4 7.Be2 d5 Esse último lance não está muito no espírito da abertura, e permite às brancas desdobrarem o Peão de imediato. As pretas poderiam jogar 7...0-0 8.0-0 d6. 8.0-0 0-0 9.Nf4
9...c6 Forçado, pois 9...Rd8 seria ruim devido a 10.Nxd5! Qe5 (ou 10...Qd6 11.c4 etc.) 11.c4 c6 12.Bf4 Qe6 13.Bg4! f5 14.Bxf5 e se 14...Qxf5 15.Ne7+ e a Dama das pretas estará perdida. Agora as brancas assumem a iniciativa. 10.c4 dxc4 11.Bxc4 Bf5 12.Qe2 Não 12.Re1 devido a 12...Qc5. 12...Re8 13.Re1 Essa cravada na coluna e é muito problemática para as pretas. 13...Qd7
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
Após 13...Qf8 as brancas poderiam, através de 14.Qh5, provocar o enfraquecimento 14...g6. 14.Be3 b5 Para ser capaz de pelo menos colocar no jogo o Cavalo da Dama (via a6). 15.Rad1 As brancas jogaram bem a abertura, mas essa é uma pequena fraqueza, e elas perdem a vantagem posicional que haviam conquistado. O lance do texto parece ser bom, pois traz para dentro do jogo uma peça não desenvolvida sem perda de tempo. Mas permite às pretas trazerem seu Cavalo da Dama para uma casa mais favorável do que a6. A sequência lógica teria sido 15.Bb3 Na6 16.Rad1 Qc7 (ou c8) 17.Qh5, e as brancas têm o melhor jogo. 15...Qc7 16.Bd3 Seria mais promissor 16.Bb3. 16...Nd7
17.f3 Aqui as brancas parecem perseguir uma quimera. O plano melhor e mais simples seria tentar igualar e jogar por um empate, por exemplo 17.g4 Bg6 18.Nxg6 hxg6 19.Bxe4 Rxe4 20.Bb6! Rxe2 21.Bxc7 Rxe1+ 22.Rxe1, etc. 17...Nd6 18.g4 As brancas imaginam de forma bastante errada que as pretas não possam trocar os Bispos sem perder uma peça. 18...Bxd3 19.Qxd3
19...Ne5! A solidez desse lance reside na seguinte variante principal: 20.Qxd6 Nxf3+ 21.Kf2 Qxd6 22.Rxd6 Nxe1 23.Rd2! g6 24.Re2 Rxe3 25.Kxe3 Re8+ 26.Kd2 Nf3+ 27.Kc3 Rxe2 28.Nxe2 f5, etc. Para evitar essa linha de jogo perdedora, as brancas são reduzidas a uma manobra de retirada, que lhes custará um Peão. 20.Qf1 Ndc4 21.Bc1 Qa5 Isso ameaça 22...Nxf3+, e então as brancas precisam se submeter à perda do Peão a. Contra o que, entretanto, a Dama das pretas, após capturar o Peão a, estará momentaneamente fora de jogo, o que dará às brancas o tempo necessário para iniciar um contra-ataque. 22.Re2 Qxa2 23.Rde1 Agora as pretas estão sob a obrigação de agir contra 24.b3, ganhando uma peça. 23...f6 24.Nd3 Rf8 25.b3 Nd6 26.Nxe5 fxe5 27.Qg2 Ameaçando Rxe5, pois agora o Peão c das brancas está coberto pela Dama. 27...Rae8
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28.f4! Cônscias de suas chances, as brancas não desejam nem energia nem astúcia. Realmente, elas têm perspectivas de um empate. Muito menos forte teria sido 28.Rxe5 Rxe5 29.Rxe5 Qa1 30.Re1 Qf6 31.Rf1 a5, dando clara vantagem às pretas. 28...e4 O único lance. Se 28...exf4 29.Rxe8 Nxe8 (ou 29...Rxe8 30.Rxe8+ Nxe8 31.Qxc6) 30.Qxc6 Qa1 31.Qe6+, seguido por 32.Qxe8, vencendo. 29.f5 Qa1 A única forma de trazer a Dama de volta para o jogo. 30.Qg3 O objetivo desse lance é claro: manter a Dama adversária fora do jogo. Entretanto, dá às pretas a chance de um contra-ataque. Seria melhor 30.Bf4 Qd4+ 31.Kh1 (não 31.Qf2 devido a 31...e3 seguido de 32...Ne4+ e as pretas têm jogo melhor) 31...Nb7 32.Rxe4 Rxe4 33.Qxe4 Qxe4+ 34.Rxe4 Kf7, com boas perspectivas de empate para as brancas, apesar da maioria de Peões das pretas na ala da Dama. 30...Nf7 31.c3
31...b4! O início do ataque final. Ao sacrificar seu Peão e, as pretas com facilidade trazem a sua Dama para o centro do tabuleiro, onde, coordenada com o Cavalo, sua ação se mostrará mortal, pois a posição do Rei das brancas é perigosamente exposta devido ao avanço dos 24
seus Peões. 32.Bb2 Se as brancas jogassem 32.Bd2 a sequência seria a mesma, com a diferença de que o Cavalo das pretas entraria via e5, ao invés de g5. 32...Qa5 33.Rxe4 Rxe4 34.Rxe4 Qd5 35.Re2 Uma armadilha. Se 35...Qxb3 36.cxb4 Qxb4 37.Qc3 Qxg4+ (ou se 37...Qxc3 38.Bxc3 com um empate fácil) 38.Rg2 Qd1+ 39.Kf2, e as brancas vencem. 35...Qd1+ 36.Qe1 Qxb3 37.cxb4 Ng5 A entrada do Cavalo definirá a partida em poucos lances. 38.Qc3 Nh3+ 39.Kf1 O único lance, pois se 39.Kh1Qd5+ e se 39.Kg2 Nc4+, vencendo em ambos os casos. 39...Qd1+ 40.Qe1 Qd5 Ameaçando ...Qh1 mate, que só pode ser evitado através de Re4. 41.Re4
41...Ng5 Esse lance vence ao final, mas a sequência lógica do ataque iniciado com 31...b4 seria 41...h5 42.Qc3 (evidentemente não há nada melhor) 42...Rxf5+ 43.gxf5 Qxf5+ 44.Kg2 Qxe4+ 45.Kxh3 Qg4 mate. O lance do texto permite às brancas ainda lutar por algum tempo. 42.Qc3 Rf6 43.Rd4 Qh1+ 44.Ke2 Qxh2+ 45.Kd1 h5 46.Rd7 Evidentemente ameaçando Rxg7+, etc. 46...Nf7
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47.g5 Um empreendimento desesperado que só resulta na perda dos Peões da ala do Rei. A cilada era a seguinte: 47...Qg1+ 48.Qe1 48...Qxe1+ (ou 48...Qxg5 49.Qe8+, etc.) 49.Kxe1 Rxf5 50.g6, etc. 47...Qg1+ 48.Qe1 Rd6+! Conduzindo a um final facilmente vencedor. 49.Rxd6 Qxe1+ 50.Kxe1 Nxd6 51.f6 gxf6 52.Bxf6 Evidentemente 52.exf6 não seria melhor, pois o Peão não poderia ser defendido. 52...Kf7 53.Bd4 a6 54.Ke2 Kg6 55.Kd3 Ou 55.Bf6 Ne4, etc. 55…Kxg5 56.Be5 Nf5 57.Kc4 h4 58.Bh2 Kg4 59.Kc5 Kh3 60.Bc7 Kg2 61.Kxc6 h3 62.Kb6 Ng3 63.Kxa6 h2 64.b5 h1Q 65.b6 Ne4 66.b7 Nc5+, e as brancas abandonaram. Partida 7 Alekhine, A. - Chajes, O. Abertura Inglesa - C00
1.c4 e6 2.e4 c5 Mais simples e melhor seria 2...d5 3.cxd5 exd5 4.d4 Nf6, levando a uma boa variação da Defesa Francesa. Após o lance do texto, as brancas podem obter um jogo muito bom através de 3.Nc3 Nc6 4.d4, etc. 3.Nc3 Nc6 4.Nf3 g6
O lance correto aqui é 4...Nd4 (como jogado na partida Alekhine-Leonhardt no mesmo torneio), após o qual as pretas obtêm pelo menos um jogo igual. O lance do texto enfraquece as casas pretas e as brancas tomam vantagem desse fato de uma maneira enérgica. 5.d4 cxd4 6.Nxd4 Bg7 7.Ndb5! Isso demonstra a fraqueza do 4º lance das pretas. Agora, para proteger a casa g6, precisam perder um tempo com o seu Bispo. 7...Be5 8.f4 Para responder a 8...Bb8 com 9.c5 etc., dessa forma bloqueando permanentemente a posição.
8...a6 As pretas tentam trazer algumas complicações que se tornariam a seu favor ao menor erro por parte das brancas. 9.fxe5 axb5 10.Bf4 bxc4 11.Bxc4 As brancas agora têm um desenvolvimento esplêndido e ameaçam 12.Nb5 (após possivelmente 11...Qb6) ou 12.0-0, com um ataque na coluna f. 11...Ra5 Diretamente contra 12.Nb5, que agora pode ser rebatido através de 12...Rxb5 13.Bxb5 Qa5+ etc. Também ameaça 12...d5. 12.0-0! b5 O lance 12...Nxe5 seria desastroso devido a 13.Bxe5 Rxe5 14.Qd6! seguido por Nb5, etc. 25
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prevenir 18...Ne7 devido a 19.Nxb4 Qxb4 20.Rxb4 Bxf1 21.Rb8+ etc. 18...f6 19.Rfc1 Qd3 Agora o Cavalo precisa ser tomado. 20.Rxb4 g5 21.Rd4 Qb5 22.a4 Qb7 23.Rc7 Qb8 24.Rd1, e as pretas abandonaram. Partida 8 Alekhine, A. - Dus Chotimirski, F. Abertura Inglesa - A22
13.b4! Essa combinação, tanto elegante como sólida, dá às brancas um ataque vencedor. O sacrifício temporário de duas peças menores pela Torre permitirá à Dama das brancas entrar no jogo de forma decisiva. O ponto é o 17º lance, Rb1. 13...Qb6+ 14.Kh1 Nxb4 15.Bxb5 Rxb5 É claro que as pretas não têm alternativa. 16.Nxb5 Qxb5
17.Rb1! Essa cravada é decisiva, pois as pretas não podem se libertar dela, por exemplo 17...Qc5 18.Rc1, ou 17...Qc4 18.Qa4, ou ainda 17...Qa5 18.Bd2, vencendo em cada caso. 17...Ba6 18.Qd6 Jogado não com a intenção de uma captura imediata do Cavalo da Dama, mas para 26
1.c4 e5 2.Nc3 Nf6 3.g3 Com esse lance as brancas obtêm uma variante favorável da Defesa Siciliana com a vantagem adicional de ter um lance na mão. 3...d5 4.cxd5 Nxd5 5.Bg2 Be6 6.Nf3 f6 Esse lance enfraquece a posição do Bispo da Dama das pretas e causará muitas dificuldades a elas. O lance natural 6...Nc6 era muito melhor. 7.0-0 Nc6 Ao jogar 6…f6 as pretas muito provavelmente pretendiam continuar com 7…c5, mas perceberam em tempo que esse lance seria francamente mau devido à resposta 8.Qb3, ameaçando 9.Nxe5. Após o lance do texto, 8.Qb3 não teria o mesmo efeito devido à defesa 8...Bb4. 8.d4 Após a troca do Peão e das pretas, que agora é obrigatória, a fraqueza de 6...f6 se manifesta. 8…exd4 9.Nb5! Bc5 10.Nfxd4 Nxd4 11.Nxd4 Bf7 A alternativa era 11...Bxd4 12.Qxd4 0-0 13.Rd1 e o Bispo das brancas exerce uma pressão esmagadora no jogo das pretas. O lance do texto, entretanto, dificilmente é melhor, pois retira das pretas a possibilidade de rocar.
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
24.Bxb7 Rb8 25.Re7, etc. 22...b6 23.f4 A principal ameaça das brancas é estabelecer um Peão passado muito forte através de 24.e6, seguido por f5. 23...gxf4 24.gxf4 fxe5 25.Rg3+! O xeque era essencial nesse momento preciso para evitar o lance ...Bg6, que agora não pode ser jogado devido a f5, ganhando uma peça. O Rei das pretas então precisa voar para uma casa onde estará exposto ao ataque. 25...Kf8 26.fxe5 12.Qa4+! Kf8 Obrigatório, pois se 12...c6, então 13.Nxc6 etc., e se 12...Qd7 13.Qxd7+ Kxd7 14.Rd1, ameaçando e4, e a posição das pretas seria até mais comprometida do que a que foi jogada. 13.Rd1 Qe7 14.e4 Nb6 15.Qc2 Bxd4 Relativamente melhor, pois as brancas ameaçavam ganhar uma peça com Nf5. 16.Rxd4 c5 17.Rd3 g5 As pretas decidem por esse avanço desesperado na esperança de colocar sua Torre do Rei em ação. Naturalmente as fraquezas causadas por isso abrirão novas avenidas para o ataque das brancas. 18.Be3 Aqui 18.b3 deveria ser considerado, pois as brancas então poderiam manter seus dois Bispos, por exemplo 18.b3 c4 19.bxc4 Nxc4 20.Rc3 Rc8, com 21...Kg7 em seguida. Mas nessa variante as pretas teriam mais recursos do que na partida. 18...Nc4 19.Rad1 Nxe3 20.Rxe3 Kg7 21.e5! O início de um ataque que conduz a uma vitória rápida. 21...Rad8 Seria desastroso 21...fxe5 22.Rde1 etc., mas 21...Rhe8 deixaria um refúgio para o Rei das pretas em h8, o que daria melhores chances de defesa a elas. 22.Rde1! Seria insuficiente para a vitória 22.Rxd8 Rxd8 23.exf6+ Qxf6 24.Bxb7 Rb8, etc. Agora as brancas ameaçam 23.exf6+ Qxf6
26...Qe6 As pretas não têm mais defesa suficiente, por exemplo, 26...Bg6 27.Rxg6! hxg6 28.Qxg6 Qxe5 29.Rf1+, seguido por Rf7 e as brancas vencem; ou 26...Be6 27.Rf1+ Ke8 28.Bc6+ Bd7 29.Qg2, vencendo. 27.Bh3 Qc4 28.Qf2 Qd4 Ou 28...Ke8 29.e6 Bg6 30.e7 Rb8 31.Rf3 Bf7 32.Rxf7, seguido por Bd7+ e as brancas vencem. 29.e6 Qxf2+ 30.Kxf2 Rd2+ 31.Ke3 Rxb2 32.Rf1 Rxa2 33.Rxf7+ Ke8 34.Rb7 Ra3+ 35.Ke4 Rxg3 36.hxg3 Rf8 37.Bg4, e as pretas abandonaram.
Capítulo IV Torneio Internacional de Estocolmo Junho de 1912
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Partida 9 Alekhine, A. - Marco, G. Abertura Philidor - C41
1.e4 e5 2.Nf3 d6 3.d4 Nf6 4.Nc3 Nbd7 A Defesa favorita de Marco, que também adotei em várias ocasiões (veja a Partida 47), mas cheguei à conclusão de que não é totalmente satisfatória contra jogo lógico e sólido. 5.Bc4 Be7 6.0-0 Sacrifícios combinatórios começando com 6.Ng5 ou 6.Bxf7+ resultam em vantagem para as pretas. 6...0-0 Após o roque, o desenvolvimento das pretas se torna trabalhoso e elas não têm a menor chance de contra-atacar. Parece ser mais no espírito da defesa jogar 6...h6, seguido por ...c6, ...Qc7, ...Nf8, ...g5 e ...Ng6. Esse sistema foi adotado pelo meu adversário em muitos torneios recentes (Yates-Marco, Haia 1921; Wolf-Marco, Pistyan 1922). Essa linha de jogo força as brancas a jogarem com muito cuidado, pois a manobra das pretas na ala do Rei pode se desenvolver em um sério ataque. 7.Qe2 c6 8.a4! Nessa variante é necessário evitar direto e uma vez por todas o lance das pretas ...c5. 8...h6 A ansiedade em tomar providências contra Ng5 ou Bg5 é bastante natural, mas resulta no enfraquecimento da posição do Rei, que pode ter consequências infelizes, pois o mau desenvolvimento das peças das pretas não garante esse lance. 9.Bb3 Após 9.Be3 as pretas teriam jogado 9...Nxe4, seguido por ...d5. Ao evitar essa manobra, o lance do texto mantém a supremacia das brancas no centro. No entanto, Ba2 teria sido ainda melhor (veja Bogoljubov-Nimzovitsch, Estocolmo 1920). 9...Qc7 10.h3 Para evitar que as pretas joguem ...Ng4 em resposta a 11.Be3. 28
10...Kh7 As pretas adotam um plano instável em uma posição já difícil. O desenvolvimento da ala da Dama através de ...b6, ...Bb7 e ...Rad8, seguido por uma tentativa de estabilizar as coisas no centro através de ...c5, seria mais do que recomendável. 11.Be3 g6 12.Rad1 Kg7 Toda essa manobra trabalhosa tem como objetivo colocar a Torre do Rei em jogo. Mas as pretas não terão nem mesmo essa escassa satisfação, pois as brancas, agora completamente desenvolvidas, iniciarão um ataque direto na ala do Rei. 13.Nh2! Ng8 Se 13...Nh5, então 14.Qd2 seguido de 15.g4 e f4 etc. 14.f4 f6
15.Qg4! A continuação mais forte de ataque. O plausível 15.f5 seria menos enérgico, por exemplo 15...exd4 16.Bxd4 Ne5 17.Bxe5 fxe5! 18.Qg4 Bg5, e a posição das brancas é defensável. Após o lance do texto as pretas não têm nada melhor do que sacrificar o peão g, o que lhes dará o tempo necessário para trocar o Bispo do Rei das brancas. Se no lance 9 as brancas tivessem jogado Ba2, as pretas não teriam nem mesmo esse pequeno recurso. 15...exd4 16.Bxd4 Nc5 17.f5! Nxb3 Ou 17...g5 18.Bxc5 seguido de Qh5 vencendo. 18.Qxg6+ Kh8 19.cxb3 Bd7
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
Se agora 20.Ng4? a Dama das brancas estaria perdida através de 20...Be8. 20.Qg3 Rf7 21.Ng4 Ameaçando 22.e5 etc. 21...Qd8 22.Ne2! Esse Cavalo agora viaja a g6 e decide a partida em poucos lances. 22...Rg7 23.Nf4 Qe8 24.Qh4 Qf7 25.Rd3 Aqui as brancas poderiam ganhar um segundo Peão através de Nxh6, mas preferiram jogar para o mate. 25...Kh7 26.Ng6
26...Rxg6 Frustrando as intenções combinatórias das brancas, que encerrariam a partida de forma brilhante. A ameaça era 27.Rf4 seguido de 28.Nxh6 Nxh6 29.Qxh6+ Kxh6 30.Rh4+ Kg5 31.Be3 ou Rg3 mate. Essa ameaça só pode ser estancada pela entrega da qualidade, o que de qualquer forma deixa as pretas sem esperanças. 27.fxg6+ Qxg6 28.Bxf6 Bxg4 29.Bxe7 Re8 30.Rxd6 Qg7 31.Bf6 Nxf6 32.Rfxf6, e as pretas abandonaram. Partida 10 Alekhine, A. - Cohn, E. Abertura Escocesa - C45
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.d4 exd4 4.Nxd4 Nf6 5.e5
Uma inovação, da qual há pouco a elogiar. Primeiro de tudo, as pretas podem forçar um empate através de 5...Nxe5 6.Qe2 Qe7 7.Nf5 Qe6 8.Nd4 Qe7 etc. Além disso, podem jogar para ganhar com 7...Qb4+ 8.Nc3 d6 9.Ne3 Be7, e parece duvidoso que as brancas possam trabalhar em um ataque suficiente para compensar o Peão sacrificado. As pretas podem e devem capturar o Peão. 5...Qe7 Ao contrário, esse lance traz um jogo complicado que ao final se tornará favorável às brancas. 6.f4 d6 7.Bb5 Bd7 8.Bxc6 bxc6 9.0-0 dxe5 O lance 9...Ng4 direto não seria bom devido a 10.e6 etc. 10.fxe5 Ng4 11.Nc3 Agora 11.e6 seria um erro devido a 11...Bxe6 12.Nxe6 Qxe6 13.Re1 Bc5+ etc. 11...Qh4 Com esse lance as pretas esperam obter a vantagem, pois 12.Nf3 parece mau devido a 12...Bc5+. Após 11...Nxe5, as brancas obtêm um ataque promissor com 12.Bf4 f6 13.Ne4, etc.
12.Nf3!! Esse lance arruína o ataque das pretas. Se 12...Bc5+ 13.Kh1 Nf2+ 14.Rxf2 Qxf2 15.Ne4 e as brancas ganham a Dama. Essa era a combinação que as brancas tinham em mente quando jogaram 11.Nc3. 12...Qh5 29
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Após 12...Bc5+ 13.Kh1, as brancas ganhariam um tempo importante através de Ne4, etc. 13.Ne4 Be7 Naturalmente não 13...Nxe5 devido a 14.Nxe5 seguido de 15.Nf6+, etc. 14.Qd4! Defendendo o Peão e e prevenindo ...Rd8, que deixaria o Peão a desprotegido. 14...Be6 15.Bg5! Após esse lance as pretas não podem evitar a perda de um Peão. 15...Bxg5 16.Nexg5
Rxc5, as brancas obteriam um Peão passado na ala da Dama sem qualquer dificuldade. 21...Rab8 22.b3 Rfe8 Essa demonstração inoportuna contra o Peão e, que não pode ser tomado devido a Nc6, sugere um plano novo para as brancas. Consiste em atrair a Torre para longe da primeira fileira e tomar vantagem da posição desfavorável das peças menores para criar ameaças de mate. 23.Rad1 Rb6 A consequência lógica do lance anterior. 24.c4 Rxe5
16...0-0 Dificilmente há algo melhor. Se 16...Nxh2 17.Nxe6 Nxf3+ 18.Rxf3 fxe6 19.Rd1, e as brancas vencem. 17.h3 Nh6 18.Qe4 Ganhando o Peão c. 18...Bf5 19.Qxc6 Qg6 20.Qxg6 Bxg6 O jogo das pretas ainda não é sem esperanças e não é provável que seu adversário obtenha um Peão passado muito rapidamente e as brancas têm um Peão isolado. Por outro lado, pode-se admitir uma vantagem para o final por ter um Bispo. Por esse motivo as brancas tentam, e com sucesso, somar à sua vantagem material jogo combinatório complicado. 21.Nd4! O primeiro objetivo desse lance é afogar as duas peças menores das pretas. Além disso, o Cavalo em d4 protege o Peão c, pois se agora 21...c5 22.Nc6 Bxc2 23.Rfc1 seguido de
25.c5!! As pretas provavelmente esperavam 25Nde6, contra o qual 25...Rb8 fornece uma defesa suficiente. Agora a Torre é obrigada a abandonar a coluna b, pois após 25...Rxc5 a resposta das brancas seria 26.Nde6 e após 25...Rb7 a resposta seria 26.Nc6 Re8 27.Ne7+ Kf8 (se 27...Kh8 28.Nxg6+ fxg6 29.Rd7) 28.Nxg6+ hxg6 29.Rd7 Re7 30.Rd8+ Re8 31.Nh7+ Ke7 32.Rdd1! e as pretas não podem evitar a ameaça de mate sem séria perda de material. Os lances em seguida, portanto, são forçados. 25...Ra6 26.Nde6 Kh8 27.Rd8+ Ng8 28.Nxc7 Não 28.Rfd1 Raxe6 29.Nxe6 fxe6, etc. 28...Rxa2 29.Rfd1! É mais claro do que a variante 29.Nxf7+ Bxf7 30.Rxf7 Re1+ 31.Kh2 Ree2 32.Rff8 Rxg2+ 33.Kh1 h6 34.Rxg8+ Kh7, na qual as pretas têm chances de empate.
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
29...f6 O único lance. 30.Rxg8+ Kxg8 31.Rd8+ Be8 32.Nxe8 Ameaçando mate em dois. 32...Kf8 33.Nd6+ Ke7 34.Re8+ Kd7 35.Rxe5 fxe5 Após todas essas complicações a situação agora se esclarece. Com dois Cavalos por uma Torre, as brancas não devem ter dificuldades em vencer, pois além disso têm um Peão passado. 36.Nc4 Kc6 37.Ne4 Ra1+ Para avançar o Rei sem ficar exposto a Nc3+ ganhando a Torre. 38.Kf2 Kd5 39.Kf3 As brancas, ainda sob o encantamento de uma série de lances de problema, mostram um desejo de continuar com a mesma força a procurar combinações extraordinárias para o final. Uma forma simples de vencer era 39.Ncd2, seguido por 40.Ke3 com a ameaça de 41.Nb1 e 42.Nbc3+. 39…a5 40.Ke2 Bonito, mas muito pouco lógico. Aqui também 40.Ncd2 era suficiente para vencer. 40…a4! Naturalmente não 40...Kxd4 devido a 41.c6, após o que as pretas são obrigadas a entregar a Torre pelo Peão passado. O lance do texto tem como objetivo a simplificação e o empate.
Eu não tinha me preparado contra esse avanço e pensei que a seguinte variante, que não é diferente de um estudo de final de jogo,
assegurasse a vitória: 41.b4 Kxc4 42.c6 Kxb4 (ou se 42...Ra2+ 43.Kd1! Kd5 44.Nc3+, etc.) 43.Nc3! vencendo. Percebi em tempo, entretanto, que no lance 41 as pretas poderiam capturar o Cavalo em e4, pois após 42.c6 Rc1 o outro Cavalo não teria o apoio do Peão b. Um empate seria facilmente forçado através de 41.Nc3+ Kxc5 42.Nxa4+ Kd4 43.Nab2. Mas, jogando pela vitória a qualquer custo, adotei outra linha, cujas consequências se provaram altamente perigosas para o meu jogo. 41.Ncd2 a3 42.b4 As brancas obtiveram dois Peões passados, mas o Peão a das pretas lhes custará uma peça. 42...Rc1 43.Kd3 a2 44.Nb3 Rd1+! Ganhando um tempo muito importante, através do qual as pretas obtêm a perspectiva de uma vantagem. Quando joguei meu 44º lance, esperava 44...a1Q 45.Nxa1 Rxa1 46.Nc3+, seguido por Kc4, com um final similar ao que ocorreu na partida, mas somente através de um erro por parte do meu adversário. 45.Kc2 a1Q 46.Nxa1 Rxa1 47.Nc3+
47...Kc6 O erro decisivo. As pretas poderiam ter jogado 47...Kc4 48.c6 Ra3 49.Ne4 Ra7; o Peão branco seria parado e as pretas trariam sua vantagem material para o jogo. Agora as brancas aproveitam esse presentinho da sorte e forçam a vitória. 48.Kd3 Rf1 49.g3
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
Assegurando a casa c4 para o Rei. 49...h5 50.Kc4 h4 51.b5+ Kd7 52.gxh4 Rf4+ 53.Kd5 Rxh4 54.c6+ Kc7 55.Kc5 Rxh3 Não há nada a ser feito. 56.b6+ Kb8 57.Nb5, e as pretas abandonaram. Partida 11 Spielmann, R. - Alekhine, A. Abertura do Bispo do Rei - C24
1.e4 e5 2.Bc4 Nf6 3.d4 exd4 4.Nf3 Bc5 Após 4...Nxe4 5.Qxd4 etc., as brancas obtêm um ataque muito forte pelo Peão oferecido. Em pricípio, na abertura, nunca tento obter uma vantagem material assim. Só pode ser conseguida a custo de tempo ou de atraso no desenvolvimento, que com frequência se mostra fatal. 5.0-0 Após e5 as pretas jogariam naturalmente 5...d5, etc. 5...d6 6.c3 As brancas insistem em jogar a qualquer custo um gambito! 6...d3 Após 6...dxc3 7.Nxc3, seguido por 8.Bg5 as brancas têm um desenvolvimento esplêndido. O lance do texto devolve o Peão, dificulta o desenvolvimento rápido e eficaz das forças das brancas. Isto está de acordo com o princípio geral enunciado acima a respeito do perigo de ganhar um Peão na abertura. 7.Qxd3 Nc6 8.b4 Esse último lance enfraquece a ala da Dama. A razão pela qual as brancas, a despeito disso, o jogam é que na variante tranquila 9.Bg5 h6 10.Bh4 Bg4 11.Nbd2 Ne5 as pretas têm um jogo fácil. 8...Bb6 9.b5 Na5 10.e5 Esse avanço força as pretas a jogarem com circunspecção devido à posição exposta do Rei. Também frustra a ameaça de 10...Nxc4, 32
a qual, em conjunção com o roque, daria às pretas o melhor jogo. 10...dxe5 11.Qxd8+ Kxd8 12.Bxf7 e4 13.Ne5 Bc5! Essencial, pois as brancas ameaçavam 14.Ba3 com boas perspectivas de ataque. Falhando essa perspectiva, as brancas precisam abandonar a ofensiva e desenvolver suas peças da retaguarda. 14.Nd2 Rf8 Ameaçando cravar a peça através de 15...Bd6, etc. 15.Ndc4 Nxc4 16.Bxc4 Ke7 17.Bg5 Bd6! Forçando as brancas a jogarem 18.f4, que elimina a possibilidade da abertura da coluna e, eventualmente, através de f3. 18.f4 Bf5! 19.g4 O objetivo desse lance é forçar o Bispo da diagonal b1-h7. De fato, sem esse lance as pretas, ao jogarem ...h6, assegurariam a retirada do Bispo para h7, tornando seu Peão passado invulnerável e muito embaraçoso para as brancas. Ao mesmo tempo, o lance do texto apresenta sérios inconvenientes, pois enfraquece perigosamente a ala do Rei. 19...Be6 20.Rfe1 As brancas têm em vista a seguinte variante: 20...Bxe5 21.fxe5 Bxc4 22.Rxe4! etc., com vantagem. Por isso é que elas não jogaram 20.Rae1, pois nessa variante a Torre do Rei ficaria en prise pelo Bispo em c4.
20...e3! Agora a inferioridade da posição das bran-
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
cas, enfraquecida pelos avanços de Peões em ambas as alas, se torna óbvia. 21.Bd3 Seria um pouco melhor para as brancas livrarem-se do Peão e das pretas ao jogarem 21.Kg2. Seguiria 21...Bxe5 22.fxe5 Bxc4 23.Rxe3 Kf7 24.exf6 gxf6 etc., mas o final ainda seria favorável às pretas. 21...Ke8! Esse lance, aliviando a cravada do Bispo, permite não somente a defesa do Peão e através de Nd4, como também ataca o Peão g das brancas. 22.h3 Nd5 Agora mais dois Peões são atacados, demonstrando a inconveniência de tê-los avançado de forma prematura.
25...Nf4! O único caminho para assegurar o sucesso definitivamente. Nem 25...Rf3 26.g6+ seguido de 27.Rf1, nem 25...Ne7 (cujo lance provavelmente Spielmann antecipou) 26.Rad1 Bxe1 27.Rd7 Bb4 28.Bxe7 seguido de Bg6+, teriam sido suficientes. 26.Rad1 Bxe1 27.Rd7 Uma última esperança. Se agora 27...Ne2+ 28.Kg2 Rf2+ 29.Kh1 Bb4 as brancas continuariam com 30.Rxg7 ameaçando mate em três, e as pretas teriam que se contentar com um empate por xeque perpétuo. 27...Bb4!, e as brancas abandonaram.
Capítulo V Torneio Internacional de Vilna Setembro de 1912 23.f5 Através de 23.Bxh7 as brancas evitariam momentaneamente a perda de material, mas após 23...Nxf4 24.Bxf4 Rxf4 etc., sua posição permaneceria precária, se não desesperadora. É por isso que elas preferiram tentar um sacrifício combinatório para recuperar a iniciativa. 23...Bxe5 24.fxe6 Bxc3 25.Bxh7 Ameaçando ganhar a qualidade através de 26.Bg6+.
Partida 12 Bernstein, O. - Alekhine, A. Gambito da Dama Recusado - D94
1.d4 d5 2.Nf3 Nf6 3.c4 c6 4.e3 Em resposta a 4.Nc3, joguei em várias ocasiões com sucesso 4...dxc4 e se 5.e3 b5 6.a4 Bf5! seguido por ...g5; ou se 5.a4 Bf5! etc., como joguei contra Rubinstein, Londres 1922. Após o lance do texto, as pretas podem jogar 4...Bf5 5.Qb3 Qb6 com um bom jogo. 33
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4...g6 Jogado pela primeira vez por Schlechter no match contra Lasker em Berlim 1910. Entretanto, esse sistema tem pouco a se elogiar, pois nessa posição o Bispo em g7 tem agora pouco espaço, enquanto o Bispo da Dama, embora não seja fechado pelo Peão e, não tem casas úteis para desenvolvimento. 5.Nc3 Bg7 6.Bd3 0-0 7.Qc2 Na6 8.a3 Até agora a partida é idêntica à mencionada acima. Mas no próximo lance Schlechter jogou 8...dxc4 seguido por ...b5 e ...b4, após o que a sua ala da Dama naturalmente se tornou muito fraca. 8...Nc7 Após esse lance a posição das pretas é restringida, mas sem nenhum ponto fraco. Elas agora podem ter esperanças de liberar a sua posição através de estágios graduais. 9.0-0 Be6 10.cxd5 Se 10.b3 Rc8 11.Bb2 c5, e se então 12.dxc5 dxc, seguido por ...Na6, e as pretas têm uma posição satisfatória. 10...Nfxd5! A resposta correta. Após 10...cxd5 as brancas obteriam a vantagem, tomando a coluna c e através da exploração da ausência de mobilidade das peças das pretas. 11.h3 O objetivo desse lance é evitar 13...Bg4 após 12.e4 Nxc3 13.bxc3. Mas as pretas se aproveitam desse momento de descanso para iniciar por sua própria conta operações no centro. 11...Nxc3 12.bxc3 c5! A posição agora recorda uma variante da Defesa Gruenfeld: 1.d4 Nf6 2.c4 g6 3.Nc3 d5 etc., a qual esteve na moda em recente torneio de Mestres, com a diferença favorável às brancas, entretanto, de que o Cavalo das pretas está em b7 ao invés de c6 ou d7. 13.Rb1 Rb8 14.Rd1 Se 14.e4, então 14...cxd4 15.cxd4 Qd6! etc., com bom jogo, por exemplo 16.d5 Bd7, ou 16.e5 Qd7 seguido de ...Rfc8. É claro que a captura do Peão c nem agora nem no lance anterior resultaria favorável às 34
brancas, devido a ...Qd5. 14...c4 Com esse lance as pretas permitem a seu adversário dominar as casas centrais para conquistar uma vantagem na ala da Dama. Mais prudente e suficiente para igualar teria sido 14...Qd6 seguido por ...Rfc8. 15.Be2 b5 Não 15...f5 devido a 16.Qa4!. 16.Nd2 Após essa retirada desnecessária as pretas tomam a iniciativa. Era essencial ter jogado 16.e4 que poderia seguir com 16...Qd6 17.Be3 a6, com chances para ambos os lados.
16...f5! Tomando o centro de forma permanente, pois sua casa d5 está segura definitivamente. Do ponto de vista estratégico essa consideração é primordial. 17.Bf3 Bd5 18.e4 Essencial para pelo menos desenvolver o Bispo da Dama, mas muito tarde para melhorar o jogo das brancas. 18...Ba8! Para levar o seu Cavalo para d5, evitando que o Cavalo das brancas alcance c5 via e4. 19.Nf1 fxe4 20.Bxe4 Nd5 Agora as pretas dominam o tabuleiro e podem, como desejarem, iniciar um ataque em qualquer das alas. Se as brancas jogarem 21.Ng3 (se 21.Ne3 Nxc3 etc., como na partida) as pretas jogariam 21...Qd6, amarrando o Bispo da Dama
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à defesa do seu Peão a, e então ...h6. Em seguida, dobrariam as Torres na coluna f com uma vantagem esmagadora na posição. 21.Bg5 Esse lance, plausível como pode ser visto estrategicamente, é refutado através do jogo combinatório que segue.
21...Nxc3! Se as brancas responderem 22.Bxa8, então segue 22...Nxb1 23.Be4 Nxa3, seguido por ...b4 e as pretas ganham a qualidade. As brancas então escolhem a melhor alternativa. 22.Bxg6! Qd5! Não 22...Nxb1 23.Bxh7+ Kh8 24.Qg6 Qe8 (de outra forma Qh5 etc.) 25.Qxb1, e as brancas têm um Peão e perspectivas de um ataque pela qualidade. 23.Bxh7+ Kh8 24.f4 Evidentemente obrigatório. 24...Nxb1 25.Rxb1 Qxd4+ 26.Kh1 Se 26.Kh2, então 26…Rxf4 27.Bxf4 Qxf4+ 28.Kh1 (ou 28.Ng3 Be5, etc.) 28...Rf8! (ameaçando ...Qxf1+ e mate em três), com posição vencedora para as pretas. 26...Qc3! O caminho mais simples para forçar a troca das Damas, pois agora as pretas ameaçam ...Qxh3+. 27.Kh2 Qxc2 28.Bxc2 e5 À primeira vista isso parece ser arriscado, devido aos três Peões passados das brancas na ala do Rei, mas as pretas tinham trabalhado na ala da Dama e os seus Peões promo-
vem primeiro. A variante 28...Bf6 29.Bh6 seguido de g4 e g5 não prometia mais do que o lance do texto. 29.f5 Bf6 30.Bxf6+ Se agora 30.Bh6 Rg8 31.g4 a5, e os Peões das brancas são parados. As brancas então decidem mobilizar o Cavalo e iniciar um ataque direto na ala do Rei com suas peças remanescentes. 30...Rxf6 31.Ne3 a5 32.Rd1 Se 32.Nxc4, as pretas venceriam facilmente através de 32... Rc6 33.Ne3 Rc3 34.Re1 Rxa3, etc. 32...Rff8 Para tomar a coluna d de uma vez, os poucos xeques das brancas não têm consequência. 33.Rd6 Rbd8 34.Rh6+ Kg7 35.Rg6+ Kf7 36.Ng4 Meu adversário, que disputava com Rubinstein o primeiro lugar no torneio, oferece o máximo de resistência e descobre recursos inesperados em uma posição desesperadora. Agora se ameaça mate em dois.
36…Rd2! Esse lance, o clímax da combinação iniciada com 32...Rff8, não somente estanca a ameaça de mate, mas de forma inesperada ganha o Bispo da Dama, o qual não tem casa de fuga. Isso é o fim. 37.Nxe5+ Ke7 38.Bb1 Rb2 39.Re6+ Kd8 40.Rd6+ Kc8 41.h4 Rxb1 42.g4 c3 43.Rd3 b4 44.axb4 axb4, e as brancas abandonaram. 35
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Partida 13 Nimzovitsch, A. - Alekhine, A. Abertura do Peão da Dama - D02
1.d4 d5 2.Nf3 c5 3.Bf4 Nc6 4.e3 Nf6 Aqui seria prematuro 4...Qb6 devido a 5.Nc3. 5.Nc3 Agora, entretanto, esse lance é fora de lugar. A linha de jogo usual 5.c3 seguida por 6.Bd3 certamente é melhor. 5...Bg4 Seria igualmente satisfatório 5...a6 seguido por 6...Bg4. 6.Bb5 e6 7.h3 Bh5 Esse lance permitirá às brancas enfraquecerem a posição adversária em ambas as alas. As pretas têm dois caminhos para obter um bom jogo: I. 7...Bxf3 8.Qxf3 a6 9.Bxc6+ bxc6, etc.; ou II. 7...cxd4 8.exd4 Bh5 9.g4 Bg6 10.Ne5 Qb6 11.a4 Bb4. 8.g4 Bg6 9.Ne5 Qb6 É claro, não 9...Rc8 devido a 10.Nxc6, seguido de 11.Ba6, etc. Entretanto, 9...Qc8 teria sido mais prudente. 10.a4! Muito forte, pois as pretas não têm tempo de jogar ...cxd4 seguido por ...Bb4 devido a 11.a5, etc. Então elas são compelidas a entregar a casa b4 para o seu adversário. 10...a5 11.h4 h5 Esse lance é relativamente melhor do que ...h6, pois força as brancas a tomarem uma decisão imediata na ala do Rei. 12.Nxg6 fxg6 13.gxh5 A variante 13.g5 Ng8 14.Qd3 Kf7 15.Rh3 parece mais forte do que é na realidade, pois as pretas podem resistir ao ataque trazendo seu Cavalo do Rei via e7 para f5. O lance do texto torna as coisas mais fáceis para as pretas. Seu Peão g, é verdade, está enfraquecido, mas, por outro lado, elas obtêm perspectivas excelentes no centro. 13...gxh5 14.Qe2 0-0-0 A posição do Rei na ala da Dama será bastante segura, pois o Bispo das brancas pode ser eliminado facilmente. 36
15.0-0-0! Uma cilada muito bonita.
15...Bd6 As pretas descobrem em tempo o sutil plano do adversário: 15...cxd4 16.exd4 Nxd4 17.Rxd4 Qxd4 18.Qxe6+ Nd7 19.Qc6+ bxc6 20.Ba6 mate. O lance do texto elimina todo o perigo. 16.Bxd6 Rxd6 17.Bd3 As brancas não pesaram suficientemente as consequências desse lance; em particular, não imaginaram que o Cavalo não teria tempo de se estabelecer em b5 e consequentemente as pretas obtêm uma vantagem importante. Teria sido melhor 17.Bxc6 bxc6 18.Rhg1 Rd7 etc., mas nesse caso o jogo das pretas também seria superior. 17...c4! Desalojando o Bispo e iniciando um ataque combinado em ambas as alas. 18.Bg6 Naturalmente não 18.Nb5 cxd3 19.Nxd6+ Kd7, seguido de ...Kxd6, etc. 18...Ne7 19.Rhg1 Qb4 20.Kd2
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20...Rb6! Uma resposta divertida à armadilha das brancas no 15º lance. As pretas por sua vez ameaçam mate com o sacrifício da Dama, um Roland para um Olivier! - 21...Nxg6 22.Rxg6 Qxb2 23.Rb1 Qxc3+ 24.Kxc3 Ne4 mate. Além disso, o lance do texto permite à Dama cooperar em uma ação decisiva contra o observado Bispo das brancas. 21.f3 Fugindo da ameaça. 21...Rh6 22.Bf7 Bispo infeliz, com somente uma casa para se abrigar! 22...Nf5 23.Qh2 Qe7 24.Nb5 Um lance desesperado. Após 24.Bg6 as pretas venceriam direto com 24...Nxh4, ameaçando, se 25.Qxh4, ganhar a Dama através de 25...Ne4+. Ao entregar o Bispo, as brancas têm uma vaga esperança de complicações resultantes de a Dama alcançar a casa b8. 24...Qxf7 25.Na7+ Kd7 26.Qb8 Nd6 As pretas poderiam continuar com 26...Qe8. Mas o seu objetivo, que realmente têm sucesso em alcançar, é a captura da Dama das brancas. 27.Rg5 Nfe8 28.Rdg1 Rf6 Não, é claro, 28...Qxf3 devido a 29.Rxg7+. 29.f4 g6 30.Kc1 Qh7 31.c3 Qf7 32.Kb1 Qe7 Tomando vantagem do fato de que as brancas não podem capturar o Peão g devido à cravada 33...Qh7. 33.Ka2 Rf8 34.Nb5 Nxb5 35.axb5 Nc7 36.Qa7 Qd6 Se agora 37.Rxg6 Nxb5 38.Rg7+ Kc6 39.Qxa5 Ra6, e a Dama está perdida. As brancas abandonaram. Partida 14 Alekhine, A. - Bernstein, O. Defesa Siciliana - B85
1.e4 c5 2.Nf3 e6 3.Nc3
Agora estou convencido de que aqui o melhor lance é 3.Be2, para poder jogar c4 se as pretas adotarem a variante Paulsen (...a6 e ...Qc7, etc.). 3...a6 4.d4 cxd4 5.Nxd4 Qc7 Essa defesa, adotada mais tarde frequentemente por Saemisch, força as brancas a jogarem com circunspecção. 6.Be2 Nf6 7.0-0 Be7 8.f4 Nc6 Ameaçando 9…Nxd4 10.Qxd4 Bc5, ganhando a Dama, e consequentemente evitando 9.e5. 9.Kh1 Seria 9.Be3 mais simples? Entretanto, o Rei está melhor colocado em h1 e em uma partida fechada como a Siciliana a perda de tempo vinculada não tem muita consequência. 9...d6 10.Bf3 Bd7 11.Be3 0-0 12.Qe2 Uma posição típica do Sistema Paulsen. No momento as peças das brancas têm mobilidade superior, mas em seguida a coluna c aberta pode se tornar um importante fator favorável às pretas. 12...Rac8 Teria sido preferível ocupar essa coluna com a Torre do Rei, pois a ala do Rei no momento não está ameaçada. Provavelmente as operações das pretas na ala da Dama seriam mais eficazes se apoiadas por ambas as Torres. 13.Qf2 Um lance importante que previne 13...Na5, ao qual as brancas podem responder 14.Nxe6, e se 14...fxe6 15.Bb6, recuperando a peça. Dessa forma, as pretas são compelidas a perder um tempo para fazer possível essa manobra do Cavalo da Dama. 13...b5 14.Nb3 Ne8 Após esse último lance, que fecha a Torre do Rei, a vantagem das brancas se torna manifesta. As pretas não têm nada melhor do que o reconhecimento do erro no seu 12º lance, jogando 14...Rb8, seguido de 15...Rfc1. O lance ...Ne8 deveria ser jogado somente em caso de absoluta necessidade. 15.Rad1 Rb8 16.Rd2 37
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Jogado em antecipação a 16...Na5, pois as brancas prevêem o ataque em seguida. O lance do texto não tem como objetivo dobrar as Torres na coluna d, mas em vez disso posteriormente defender o seu Peão a com a Torre do Rei. 16...Na5 17.Nxa5 Qxa5
18.e5! Com esse lance inesperado as brancas assumem a iniciativa. Seria desvantajoso para as pretas responderem 18...d5 devido a: I. 19.Bxd5! b4 20.Bb3 bxc3 21.Rxd7; II. 19.Bxd5! exd5 20.Nxd5 Qd8 21.Bc5 Bxc5 22.Qxc5, e as pretas não têm defesa contra as várias ameaças; III. 19.Bxd5! exd5 20.Nxd5 Bd8 21.Bc5 Be6 22.Bxf8 Kxf8 23.Qc5+ Kg8 24.f5 Bxd5 25.Qxd5, com uma evidente vantagem posicional; IV. 19.Bxd5! exd5 20.Nxd5 Bd8 21.Bc5 Be6 22.Bxf8 Kxf8 23.Qc5+ Kg8 24.f5 Bxf5 25.b4, vencendo; V. 19.Bxd5 exd5 20.Nxd5 Bd8 21.Bc5 Be6 22.Bxf8 Kxf8 23.Qc5+ Kg8 24.f5 Qxd2 25.fxe6, vencendo. Por outro lado, o lance realmente escolhido é meramente uma improvisação, oferecendo ao Cavalo adversário uma casa particularmente útil. 18...b4 19.Ne4 d5 20.Nc5 Bb5 21.Ra1 Veja o comentário ao 16º lance. 21…Nc7 Através desse lance as pretas cortam o recuo da sua própria Dama. As brancas, atra38
vés de uma demonstração enérgica, tomam vantagem imediata dessa manobra imprudente. Certamente seria melhor ...Qd8 ou ...Qc7, embora em cada caso a posição das pretas permanecesse muito precária.
22.a4! Ameaçando ganhar a Dama através de 23.Nb3. As pretas precisam se submeter à perda da qualidade, pois após: I. 22...bxa3 23.Rxa3 Qb4 24.c3 Qc4 25.Be2, sua Dama está perdida, e após: II. 22...Bxc5 23.Bxc5 Rfc8 24.c3 Bxa4 25.Bd1 bxc3 26.b4, e as brancas vencem da mesma forma. 22...Bc4 As esperanças das pretas de obterem alguma chance ainda são através de trazer o seu Cavalo a c4, após avançar seu Peão a b3, mas as brancas não lhes dão tempo para consumar essa manobra. 23.Nd7 Não 23.b3 devido a 23...Bb5!, etc. 23...b3 24.Nxb8 Rxb8 25.c3 Na8 26.Be2 Preparando o ataque em seguida contra a posição do Rei das pretas. 26...Rc8 27.f5 Bxe2 28.Rxe2 Bc5 29.Rf1 Bxe3 30.Rxe3 Qb6 31.a5 Qc6 32.Rf3 Teria sido mais simples 32.f6 g6 33.Qh4 Qe8 34.Rh3 h5 35.Qg5 Qf8 36.Rxh5, etc. 32...exf5 33.Rxf5 Nc7 34.Rxf7 Ne6
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35.Qa7! Ameaçando 36.Rxg7+ Nxg7 37.Qf7+ Kh8 38.Qf8+ Rxf8 39.Rxf8 mate. Se, no entanto, as brancas jogarem direto 35.Rxg7+, então ...Kxg7 e não há mais do que o empate. 35...h6 36.Re7 Qc4 As pretas não têm defesa adequada contra 37.Rff7. 37.Rff7 Qe4! Dificultando Rxg7+ e ameaçando elas próprias ...d4!. 38.Qxa6 Rc6 A resposta a 38...Rc4 é 39.Qxe6!, etc. 39.Qf1 Novamente ameaçando Rxg7+. 39...Kh7 40.Rf6! O golpe final, pois se 40...Nd8 41.Rd6, e se 40...Qxe5 41.Qd3+, vencendo. 40...d4 41.Rfxe6 Rxe6 42.Rxe6 dxc3 43.bxc3 b2 44.Rb6 Qc2 45.a6 Qc1 46.Qg1, e as pretas abandonaram.
6...Bc5 (veja a Partida 16). 6.c3 d6 7.h3 Esse lance, que aparentemente é jogado para prevenir a cravada do Cavalo do Rei através de 7...Bg5, seria compreensível onde as brancas tivessem a intenção de jogar d4, que requer a manobra livre do Cavalo. Entretanto, como veremos mais tarde, as brancas só tinham d3, razão pela qual essa medida de precaução é supérflua. O lance seria mais lógico após ...Bg5, pois então as intenções do Bispo se esclareceriam primeiro. 7...Bd7 8.d3 0-0 9.Bc2 Para evitar a possível ameaça de ...Nd4, etc. 9...Kh8! A forma tímida na qual as brancas jogaram a abertura permite às pretas formularem diretamente um plano de ataque. 10.0-0 Ng8 Jogado aparentemente para continuar com ...c5. As brancas se preparam para essa eventualidade através do posicionamento da Torre na coluna e, obtendo assim compensação central através de d4. 11.Re1 Qe8 As pretas perseguem seu objetivo oculto. 12.d4 f6! De acordo com o princípio de que o avanço em uma ala só é possível após a estabilização da posição central. 13.Nbd2
Partida 15 Levenfish, H. - Alekhine, A. Abertura Ruy Lopez - C77
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Nf6 5.Qe2 O lance de Alapin. Sem ser mau, deixa às pretas várias maneiras de igualar o jogo. 5...Be7 É igualmente bom 5...b5 seguido de
13...g5! A reação lógica contra 7.h3 (veja também 39
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a Partida 18). A abertura da coluna g após 14...g4 15.hxg4 Bxg4 evidentemente seria favorável às pretas. Para evitar essa ameaça as brancas são compelidas a enfraquecerem ainda mais a posição do seu Rei. 14.d5 Após 14.g4 a5! as brancas ainda seriam forçadas a bloquear o centro. 14...Nd8 A inatividade desse Cavalo e do Bispo do Rei são os únicos defeitos da posição das pretas. 15.g4 h5 16.Nh2 Nh6 17.Ndf1
17...c6! Tomando a iniciativa também na ala da Dama, as pretas ainda melhoram seu jogo em seguida, por exemplo: I. 18.c4 b5 19.b3 Nb7 20.Be3 cxd5 21.cxd5 Rc8 seguido por …Nc5, etc.; II. 18.Ne3 hxg4 19.hxg4 cxd5 20.Nxd5 Ne6 seguido por …Nf4, etc. 18.Ng3 Uma tentativa sem sucesso de forçar a troca ou compelir o avanço do Peão h das pretas. 18...cxd5 19.exd5 Qf7!
40
Ganhando um tempo importante, que permitirá às pretas, as brancas defendendo seu Peão d, romper o centro através de ...f5, por exemplo: 20.c4 hxg4 21.hxg4 f5 22.gxf5 Nxf5 23.Nxf5 Bxf5 24.Bxf5 Qxf5 etc., com vantagem das pretas. As brancas preferem evitar essa ameaça através de uma manobra, cujo defeito é o enfraquecimento considerável da casa f5 e consequentemente do Peão que ocupa essa casa. 20.Nf5 Nxf5 21.Bxf5 Da mesma forma após 21.gxf5 a resposta 21...Qh2 seria muito forte. 21...Bxf5 22.gxf5 Qh7 23.Qe4 Nf7 24.Nf1 Nh6 25.Ne3 Rg8 26.Kg2 Antecipando a ameaça 26...g4 e 27...g3, etc. 26...Bd8! A entrada desse Bispo em jogo marca o ponto de mudança. As pretas agora ameaçam 27...b5 seguido por 28...Nb6, etc. 27.a4 a5 Assegurando a diagonal a7-g1 para o Bispo. Ao tentar contra-atacar a ameaça ...Bb6 e ...Bc5 as brancas permitem ao seu adversário adotar uma linha diferente de jogo, que conduz a uma vitória fácil. 28.b4 axb4 29.cxb4 Bb6 30.Nc4 Esse lance, que tem por objetivo entregar duas peças por uma Torre, é a melhor chance das brancas, e somente pode ser refutado através de jogo enérgico. Se 30.Rf1, as pretas venceriam facilmente através de 30...g4 31.h4 Bxe3 32.fxe3 g3, seguido por ...Ng4. 30...Bd4 31.Bb2 Rac8 As pretas também podem jogar 31...Bxb2 seguido por ...Nxf5, mas o lance do texto é mais decisivo. 32.Rac1 Rxc4 33.Rxc4 Bxb2 34.Qc2 As brancas basearam suas esperanças sobre essa posição quando entregaram uma peça. Realmente, após 34...Bd4 35.Rc7 Rg7 36.Rxg7 Qxg7 37.Qc8+ Kh7 38.Qc1 etc., elas ainda tinham algumas chances.
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
34...Nxf5! O início do fim. Tivessem as brancas capturado o Bispo, as pretas venceriam através de 35...Nh4+ 36.Kh1 Qd3 37.Rc3 Qxd5+ 38.f3 Nxf3. 35.Rc7 Qg6 Se agora 36.Qxb2 h4 e as pretas vencem. 36.Rc8 g4 O começo da combinação de mate. 37.Rxg8+ Kxg8 38.Qxb2 Ou 38.Qc8+ Kh7 39.Qxb7+ Kh6, vencendo. 38...gxh3+ 39.Kxh3 A ida do Rei para f1 permitiria o belo final em seguida: 39.Kf1 Qg2+ 40.Ke2 Qe4+ 41.Kd2 Qxe1+, seguido de ...h2. Após o lance do texto as pretas anunciam mate em cinco lances, como segue: 39…Qg4+ 40.Kh2 Nh4 41.f4 Nf3+ 42.Kh1 Qh3+ 43.Qh2 Qxh2 mate.
Capítulo VI Torneio Quadrangular de Mestres São Petersburgo, Abril de 1913 Partida 16 Alekhine, A. - Duras, O. Abertura Ruy Lopez - C77
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Nf6 5.Qe2 b5
Esse lance, em conjunção com o próximo, oferece às pretas o método mais simples de igualar a partida. 6.Bb3 Bc5 7.a4! A abertura da coluna a é o grande momento dessa variante. As pretas não podem evitar isso, por exemplo: 7...b4 8.Bxf7+ Kxf7 9.Qc4+ d5 10.Qxc5 Qd6 11.Qxc6!. 7...Rb8 8.axb5 axb5 9.d3 Após 9.Nc3, as pretas poderiam simplesmente rocar, pois após 10.Nxb5 d5! obteriam um ataque completamente equivalente ao Peão sacrificado. Após o lance do texto, as brancas podem eventualmente jogar c3 e trazer seu Cavalo para e3 ou g3 via d2 e f1. 9...d6 10.Be3 Bg4 Aqui as pretas poderiam ter obtido um jogo igual ao forçar a troca da única peça bem posicionada das brancas - o Bispo do Rei através de 10...Be6. É claro que as brancas não colheriam nenhuma vantagem ao trocar em e6 e c5, pois as pretas comandariam o centro, graças à sua posição de Peões e às duas colunas abertas. 11.h3 Bh5 Consequente mas não o melhor. 11...Be6 era agora até preferível e teria provocado variantes semelhantes às resultantes do desenvolvimento imediato do Bispo em e3. 12.Nbd2 0-0 13.0-0 Nd4 Essa oferta de troca é prematura e, como veremos, dá às brancas uma acentuada vantagem posicional. Relativamente melhor teria sido 13...Qe7 seguido de ...N-d8-e6, embora em qualquer caso as pretas tenham jogo inferior. 14.Bxd4 Bxf3 Forçado, pois de outra forma o Bispo das pretas estaria em perigo, por exemplo: 14...Bxd4 15.g4 Bg6 16.Nxd4 exd4 17.f4 etc., ou 14...exd4 15.g4 Bg6 16.Nh4 seguido de f4, com vantagem das brancas em ambos os casos. 15.Nxf3 exd4 41
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
16.e5! O início de um forte ataque contra a casa f7, enfraquecida pela troca prematura do Bispo do Rei das pretas. Além disso é interessante observar o quão importante é para o ataque das brancas ter a coluna a aberta. 16...Qe7 Além desse lance e a sequência que implica, as pretas tinham a escolha de duas linhas de jogo: I. 16...dxe5 17.Qxe5 Qd6 18.Qxd6 cxd6 19.Rfe1, com vantagem das brancas; ou II. 16...Re8 17.e6! fxe6 18.Bxe6+ Kf8 (se 18...Kh8 19.Ng5) 19.b4! Bxb4 (se 19...Bb6 20.Rfe1, etc.) 20.Nxd4 Rb6! 21.Qf3! Bc3 22.Nc6! Rxc6 23.Qxc6 Bxa1 24.Rxa1, e as brancas têm jogo melhor. 17.Rfe1 Rbe8 18.Qd2 dxe5 Forçado, pois era ameaçado e6. 19.Rxe5 Qd6 20.Qg5! Forçando a troca em seguida, que traz o Cavalo para dentro da ação decisiva. 20...Rxe5 É claro que 20...h6 não chegaria a nada após 21.Qf5. 21.Nxe5 Já ameaçando mate após Nxf7. 21...Qb6 Relativamente o melhor. Não seria suficiente 21...Nd7, por exemplo: 22.Nxf7 Rxf7 23.Ra8+ Nf8 24.Qf5 Qe7 25.Bxf7+ Qxf7 26.Qxc5, vencendo. O lance do texto remove a ameaça imediata, pois agora 22.Qf5 é insuficiente como preliminar ao 42
sacrifício do Cavalo, já que as pretas preparariam uma nova posição de defesa através de 22...g6 seguido por ...Ng7, etc. 22.g4! Mas essa algo escondida preparação para o sacrifício do Cavalo ganha direto, pois as pretas são compelidas a dar uma resposta que tornará a sua posição ainda mais precária. 22…Bd6 Se 22…g6, então 23.Qh6 ameaçando tanto Nxf7 como Ra8; e se 22...Be7 23.Nd7! Nxd7 24.Qxe7 Qd6 25.Qxd6 cxd6 26.Ra5 Rb8 27.Ra7 Rd8 28.Rb7, vencendo.
23.Nxf7! Rxf7 24.Qf5! O ponto da manobra iniciada com 22.g4!. Contra a dupla ameaça de 25.Bxf7+, seguido por 26.g5 ou mesmo 25.Qe6 as pretas não têm defesa. 24…g6 Se 24...Qc6 25.g5 Qd7 26.Bxf7+ Kxf7 (se 26...Qxf7 27.gxf6) 27.Qf3, e as brancas vencem. 25.Qe6 Kg7 26.Qxf7+ Kh6 27.Be6!, e as pretas abandonaram. Partida 17 Znosko-Borovsky, E. - Alekhine, A. Abertura Ruy Lopez - C73
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 d6 5.d4 Bg4 O lance 5.Bd2 é melhor. A variante do
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
texto, melhorada por Marshall, não favorece as pretas devido às brancas adotarem, como na partida Réti-Spielmann, Berlim 1920, a continuação 6.d5 b5 7.dxc6 bxa4 8.c4!. 6.Bxc6+ As brancas também obtêm um bom jogo através desse lance, mas permitem às pretas algumas contrachances. 6...bxc6 7.dxe5 dxe5 8.Qe2 É claro que após a troca das Damas as pretas protegeriam seu Peão e através de 8...Rxd8, ameaçando mate se as brancas jogarem 9.Nxe5. 8...Bd6 9.Be3 Ne7 10.h3 Bh5 11.Nbd2 0-0 As pretas poderiam igualar jogando 11…f6 para retirar o seu Bispo para f7 em caso de necessidade. Mas elas consideraram que as brancas não encontrariam o tempo necessário para incrementar sua pressão na ala do Rei devido ao contra-ataque das pretas na ala oposta e no centro. 12.g4 Bg6 13.h4 Se 13.Nh4 Nd5! 14.Nxg6 Nxe3 15.Qxe3 fxg6, com boas perspectivas. 13…f6 14.h5 Bf7 15.Nh4 Qb8! A Dama das pretas entra no jogo de forma muito efetiva através dessa saída. 16.b3 Qb4! 17.f3 A abertura da coluna g aqui não teria efeito: 17.Nf5 Nxf5 18.gxf5 Qc3!, e as brancas, para evitar a perda do seu Peão c sem nenhuma compensação, precisam decidir rocar para a ala da Dama, onde seu adversário daria mate em dois lances através de 19...Ba3+.
17...Rfd8! Mais forte do que 17...Qc3, em que as brancas obteriam uma equivalência posicional suficiente pelo Peão sacrificado através de 18.Kf2! Qxc2 19.Rhc1 Qb2 20.Nc4 Qxe2+ 21.Kxe2, etc. 18.Kf2 Após 18.0-0 a resposta 18...Bc5 ainda seria forte. 18...Bc5 19.Rhd1 Rd6 20.Nf1 Rad8 21.Bxc5 Qxc5+ 22.Ne3 Qc3! Desdobrando à força o Peão c e dessa forma removendo a única fraqueza da posição. 23.Rxd6 Se 23.Nf1 as pretas responderiam simplesmente 23...a5, e as brancas somente podem adiar a troca das Torres, que será feita cedo ou tarde. 23...cxd6 24.Rd1 d5! O mais enérgico. Ao trocar o Peão a as pretas obtêm um forte Peão passado no centro e, além disso, o Peão a das brancas é um notável objeto de ataque. 25.Qxa6 d4 26.Nef5 Como esse Cavalo não poderá mais ser apoiado por outras peças, sua incursão em c5 perde muito da sua eficiência. 26...Nxf5 27.Nxf5 Qxc2+ 28.Qe2 Qc5 29.Qd3 O lance 29.Qd2! seria um pouco melhor, com a dupla ameaça 30.Rc1 seguido por Rxc6 e Ne7+, e 30.g5. Mas nesse caso as pretas também assegurariam uma vantagem posicional através de 29.Qf8!. 29...Be6 Para ser capaz de desalojar o Cavalo, se necessário, através de ...g6, mas as brancas resolvem elas mesmas pela retirada, para manter a defesa da sua ala do Rei, seriamente comprometida. 30.Ng3 Ra8 31.Rd2 Qb4! 32.Rc2 c5 33.Nf1 43
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
Esse Peão agora participa do ataque e liquida completamente o resultado. As brancas estão indefesas contra a ameaça 44…Qh1+ 45.Kg3 h4+ 46.Kf2 Qh2+. Por outro lado, 43...hxg6 não teria sido tão forte, pois as brancas ainda se defenderiam através de 44.Qe2! Kg7 45.Kh3!. 44.Ne3 Qxe3 45.Qa4 Qf2+ 46.Kh3 h4 47.Qe8+ Kg7 48.Qe7+ Kxg6, e as brancas abandonaram.
33…c4! Esse sacrifício temporário de Peão permitirá às peças das pretas irromperem no campo inimigo, e cooperarem em um ataque direto contra o Rei inimigo, um ataque que se tornará irresistível graças ao Peão passado, que fixará as peças das brancas na outra ala. 34.bxc4 Ra3 35.Qd2 Qc5 36.Kg3 Após 36.Kg2 Bxc4 as pretas ameaçariam tomar o Cavalo com xeque. 36…Bxc4 37.Qc1 Rc3! 38.Rxc3 dxc3 39.Ne3 Diretamente contra a ameaça …Qg1+. 39…Bxa2 40.Qc2 Be6 41.Nd1 As pretas também venceriam facilmente com o seu Peão passado. 41…Qg1+ 42.Kh4 g5+! Em conexão com o próximo lance, é o caminho mais curto para a vitória. 43.hxg6
43...h5! 44
Capítulo VII Torneio Internacional de Scheveningen Agosto de 1913 Partida 18 Olland, A. G. - Alekhine, A. Abertura Ruy Lopez - C61
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 Nd4 Essa variante antiga não é bastante correta do ponto de vista teórico. A melhor linha de jogo para as brancas parece ser 4.Nxd4 exd4 5.0-0 c6 6.Bc4 Ne7 (6...g6) 7.d3, seguido de 8.c3!. 4.Be2 O fato das brancas entregarem o par de Bispos ao adversário no começo da partida certamente não foi calculado para refutar a variante de Bird, pois elas não obtêm a menor compensação. 4...Nxe2 5.Qxe2 d6 6.c3 Mesmo 6.d4 não obriga as pretas a abandonarem o centro, pois após 6… c6! 7.dxe5 dxe5 seu Peão e seria defendido pela ameaça ...Qa5+. 6...c6 7.d4 Qc7 8.Be3 Nf6 9.Nbd2 As brancas agora desenvolveram todas as suas peças menores, mas têm somente uma zona de ação muito limitada, enquanto as casas brancas são fracas devido à troca prematura do Bispo do Rei. Por esse motivo as pretas já têm o melhor jogo. 9…Be7 10.h3
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
Para limitar a ação do Bispo da Dama das pretas. Mas, como a experiência há muito tempo demonstra, o avanço do Peão h facilita a formação de um ataque direto ao Rei pelo adversário. 10…b6! Com o duplo objetivo de abrir a diagonal a6-f1 para o Bispo da Dama e, no caso da obstrução dessa diagonal, bloquear o centro antes de lançar as operações na ala do Rei. A correção desse plano é claramente mostrada ao longo da partida. 11.0-0 a5 12.c4 Se 12.Rfe1, as pretas se satisfariam com ...Ba6, seguido por ...Qd7, enquanto agora elas avaliam a oportunidade para lançar o ataque pretendido. 12...c5! 13.d5 A abertura da coluna d seria claramente favorável às pretas. 13...h6! 14.a3 Um contra-ataque na ala oposta. Não é difícil prever que não se materializará de forma tão rápida como o ataque direto das pretas contra o Rei adversário. 14...g5 15.b4 Se 15.Nh2, então 15...h5 16.Bxg5 Nxd5 17.Bxe7 Nf4! etc., com boas chances de ataque. 15...g4 16.hxg4 Bxg4 17.bxc5 bxc5 18.Qd3 Qd7! A combinação das brancas em seguida poderia ser evitada através de 18...Qc8, mas as pretas, avaliando em seus valores corretos, procuram ao contrário provoca-la. 19.Bxc5! Engenhoso e aparentemente correto, pois após 19...dxc5 20.Nxe5 seguido por f4, os Peões das brancas se tornariam formidáveis. Infelizmente para as brancas, as pretas de nenhuma forma eram obrigadas a aceitar o sacrifício. 19...Bxf3 Não direto 19...Rhg8, pois as brancas poderem responder de forma muito enérgica 20.Nxe5!, com a Dama das pretas sem o recurso de ocupar a casa g4. Através do lance
do texto as pretas mantêm essa opção. 20.Nxf3
20...Rg8! A recusa tranquila do Presente de Grego desencadeia de forma marcante a superioridade da posição das pretas. Se 21.Be3 (21.Bb6 Ra6!) as pretas continuariam o ataque da seguinte maneira: 21...Rxg2+ 22.Kxg2 Qg4+ 23.Kh2 Qxf3 24.Rg1 Ng4+ 25.Rxg4 Qxg4 26.Rg1 Qh5+ 27.Kg2 f5! 28.exf5 Kf7, após o que a posição das brancas rapidamente se tornará insustentável. Essa é a razão pela qual as brancas preferem através de um novo sacrifício obter dois Peões passados centrais, cujo avanço certamente ameaçará se tornar muito perigoso. 21.Nxe5 dxe5 22.Bxe7 Qg4! Era muito importante não conceder às brancas o tempo para jogar f3, permitindo dessa forma a defesa do Peão g pela Torre. Isso tornaria o prosseguimento do ataque muito difícil para as pretas. 23.g3 Kxe7 24.d6+ Kf8 25.Rfe1 h5! Esse avanço do Peão h vem na hora certa para frustrar as intenções do adversário. 26.Rad1 Ameaçando 27.d7 seguido de Qd6+ e Qxe5, etc. 26...Rd8 27.c5 h4 28.Re3 hxg3 29.fxg3 Ou 29.Rxg3 Qxe4 e as brancas vencem facilmente. 29...Nh5 45
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
30.d7 Não há nada mais a ser feito. Por exemplo, se 30.Rd2 Qh3 31.Rg2 Qxg2+, e se 30.Kf2, então 30...Rg6!, etc. No entanto, o lance do texto perde de forma ainda mais rápida. 30...Nxg3 31.Qd6+ Kg7 32.Qxe5+ Kh7 33.Kf2 Qxd1 34.Rxg3 Qd2+ 35.Kf1 Rxg3 36.Qf5+ Rg6 37.c6 Qc1+, e as brancas abandonaram. Partida 19 Mieses, J. - Alekhine, A. Abertura do Centro - C22
1.e4 e5 2.d4 exd4 3.Qxd4 É bastante evidente que tal deslocamento da Dama em um estágio inicial da abertura não colhe nenhuma vantagem. No entanto, as pretas são obrigadas a jogar com precisão para que o seu adversário não tenha tempo de iniciar um ataque contra a ala do Rei, ou mesmo no centro. Para isso, sem dúvida, a Dama das brancas instalada em g3 (via e3) exerceria uma pressão na ala da Dama das pretas, se elas eventualmente rocarem para esse lado. 3...Nc6 4.Qe3 Be7 As pretas também poderiam ter jogado ...Nf6, pois a seguinte variante é um mero blefe e eventualmente se voltaria favorável às pretas - 4...Nf6 5.e5 Ng4 6.Qe4 d5 46
7.exd6+ Be6 8.Ba6 (ou 8.dxc7 Qd1+!) 8...Qxd6 9.Bxb7 Qb4+ 10.Qxb4 Nxb4. 5.Bd2 Nf6 6.Nc3 0-0 7.0-0-0 d5 Esse avanço, que à primeira vista parece um pouco arriscado, pela posição da Torre da Dama das brancas, pelo contrário permitirá às pretas extraírem o retorno máximo a partir desse desenvolvimento. O lance 7...d6 resultaria em um jogo quase fechado, e as brancas teriam tempo para completar o seu desenvolvimento negligenciado. 8.exd5 Nxd5 9.Qg3 Bh4! Fornecendo a defesa, sem perda de tempo, contra a ameaça 10.Bh6. Agora a vantagem das pretas é evidente. 10.Qf3 Be6 O sacrifício iniciado através desse lance é repleto de promessas e por outro lado desprovido de risco, pois as pretas terão equivalência material pela sua Dama. Entretanto, teria sido mais lógico adotar a seguinte variante: 10...Nxc3 11.Bxc3 Qg5+ 12.Bd2 (em vez de 12...Qf5) 12...Qc5! 13.Be3 Qa5, que daria às pretas uma posição dominadora sem tais complicações com cálculo exato hábil. 11.Be3! Chamando pela combinação em seguida, pois 11...Nce7 seria ruim devido a 12.Nxd5, seguido de 13.Qh5 e c4, etc.
11...Nxc3!
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
As pretas obtêm Torre, Cavalo e Peão pela sua Dama, enquanto mantêm posição superior. O sacrifício então é completamente justificado. Muito menos forte seria 11...Ncb4 12.a3 Nxc3 13.Rxd8 Nba2+ 14.Kd2 Nb1+ 15.Ke1, e os dois Cavalos das pretas se encontrariam em uma situação tragicômica. 12.Rxd8 Nxa2+ 13.Kb1 Raxd8 14.Be2 Nab4 15.Nh3 Rfe8 Essencial como uma base para as combinações subsequentes. 16.Nf4 Não seria melhor 16.Rd1 Bd5 17.Qh5 Bf6, pois as pretas agora ameaçam 18...Be4.
16…Bf5 17.Rc1 g6 Preparando a combinação ...Nxc2 seguido por ...Nc6b4 etc., que no momento não seria suficiente, por exemplo 17...Nxc2 18.Rxc2 Nb4 19.Nd3 Re4 20.Nxb4!, etc. 18.g4 Para trocar o perigoso Bispo das pretas. 18…Be4 19.Qh3 Bf6 20.Bf3 As brancas parecem ser capazes de separar suas forças agora; mas mesmo assim a posição das pretas ainda permanece muito forte, mesmo após a troca inevitável. 20…Bxf3 21.Qxf3 Ne5 22.Qe2 É claro que a captura do Peão b implicaria uma rápida desintegração através da ação combinada do Bispo do Rei e da Torre da Dama, essa última ao tomar a coluna b aberta.
22…c5! Um lance muito importante que renova o vigor dentro do ataque das pretas. As brancas particularmente ameaçavam forçar posteriores simplificações através de 23.f3 Nbd3 24.Nxd3 Nxd3 25.Rd1, etc. Através do último lance, as pretas frustram esse plano e, se necessário, miram colocar o Cavalo em d3 através de ...c4 etc. Como as brancas não podem responder 23.Bxa7 devido a 23...Ne5d3 24.Qxe8 Rxe8 25.Nxd3 Nc6 etc., enfraquecendo a sua ala direita, têm que tentar um contra-ataque no qual as pretas não lhes permitem tempo para o desenvolvimento. 23.Rg1 c4 24.h4 Nd5 As complicações renovadas resultantes desse lance requerem o cálculo mais exato. 25.Nxd5 Rxd5 26.f4 Se 26.g5 Bg7 27.Rd1 Rb5 28.Bd4 Re6 etc., também favoreceria as pretas. 26...Nd3! As pretas tomam vantagem imediata do enfraquecimento do Bispo resultante de 26.f4. 27.Qf3 Se as brancas tomassem o Cavalo, a sequência seria 27.cxd3 Rxd3 28.Rg3 Bd4! 29.Qc2 (não 29.Qxd3 cxd3 30.Bxd4 Re1+ 31.Ka2 d2! vencendo) 29...Bxe3 30.Qxc4 Red8, com jogo melhor. No entanto, essa variante é mais favorável do que a escolhida pelas brancas, após o que as pretas podem forçar a vitória através de um novo sacrifício. 47
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
brancas não têm defesa contra as ameaças 35...d7 e 35...Rb1. Essa análise mostra a correção do sacrifício iniciado no lance 11 e a solidez da combinação final. 31.g5 Rcc2! 32.Ke1 Rb1+ 33.Qd1 Bc3+, e as brancas abandonaram.
Capítulo VIII Torneio Russo de Mestres São Petersburgo, Janeiro de 1914 27...Rb5! Decisivo! Agora as brancas têm que tomar o Cavalo, pois após 28.b3 Ra5 29.cxd3, as pretas forçariam a vitória através de 29...cxb3 30.Kc1 Bc3 31.Kd1 Ra1+, etc. Uma posição curiosa, pois embora as pretas tenham somente uma Torre pela Dama, as brancas estão sem recursos de defesa. 28.cxd3 Rxb2+ 29.Kc1 cxd3 30.Kd1 A sequência 30.Rg2 Rc8+ 31.Kd1 seria meramente uma inversão de lances. 30…Rc8!
Contra a ameaça 31…Rcc2 a única defesa das brancas seria 31.Rg2. Mas esse não era o caminho suficiente para o empate, apesar da opinião de todos os críticos que comentavam a partida no momento em que era jogada, e nesse caso as pretas venceriam da seguinte maneira: 31...Rb1+ 32.Kd2 Rb3 33.Kd1 [ou 33.Ke1 Rc1+ 34.Kf2 (34.Bxc1 d2+) 34...Bxh4+] 33...Bc3! 34.Bc1 Bb4!, e as 48
Partida 20 Alekhine, A. - Levenfish, H. Abertura Ruy Lopez - C77
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Nf6 5.Qe2 Be7 6.c3 b5 7.Bb3 0-0 Um lance incomum. A linha usual de jogo começando com 7...d6 é a melhor para as pretas. 8.a4 Mas as brancas não responderam como lance mais forte, e dessa forma permitem às pretas igualarem o jogo. Elas poderiam jogar 8.d4 (mas não 8.Bd5 devido a 8...Bd6!) 8...d6 ( ou 8...exd4 9.e5 Re8 10.0-0, etc.) 9.d5 Na5 10.Bc2, seguido de Nbd2 e a4, dessa forma justificando inteiramente o lance 5.Qe2. 8...d5! A resposta certa. 9.axb5 A resposta 9.exd5 poderia, é claro, ser desfavorável às brancas após 9...e4!. 9...dxe4 Isso é muito tentador e conduz a complicações muito interessantes, a partir das quais, entretanto, as brancas conseguem emergir com vantagem. Ao jogar 9...Bg4! 10.d3! ( se 10.bxc6 dxe4) 10...dxe4 11.dxe4 axb5 12.Rxa8 Qxa8 13.0-0 as pretas teriam assegurado ao menos a igualdade.
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
10.Ng5! Dessa maneira as brancas ganham um Peão em detrimento do seu desenvolvimento. Elas, no entanto, previram que a pressão das pretas seria apenas temporária, pois não poderiam, a longo prazo, manterem seu Peão em e4. Toda a variante é baseada no fato de que as pretas agora não podem jogar 10...Bg4 devido a 11.Nxf7! (não 11.f3 exf3 12.gxf3 axb5 13.Rxa8 Qxa8 14.fxg4 Na5! com vantagem das pretas) 11...Rxf7 12.Qc4! e as brancas ganham pelo menos a qualidade; entretanto, não 12.Bxf7+ Kxf7 13.Qc4+ Be6 14.Qxc6 Bd5!, e as pretas vencem. 10...Na7! Essa é a melhor chance das pretas. 11.bxa6 É claro, 11.Nxf7 seria inadequado devido a 11...Nxb5!. 11...Bf5 12.Bc2 A chave da posição adversa, o Peão das pretas em e4 deve ser atacado o mais rápido possível. 12...Qd5 13.c4 Possibilitando assim o desenvolvimento do seu Cavalo da Dama. Mas por outro lado, o lance do texto torna as casas d5 e b5 disponíveis para o Cavalo das pretas que agora ocupa a casa a7. 13...Qd4 Após a interessante continuação 13...Qc6 o perigo que as brancas correriam seria mais aparente do que real, por exemplo: 14.Nc3 e3 15.Bxf5 Qxg2 16.Rf1 Qxg5 (ou
16...exf2+ 17.Rxf2 Qxg5 18.d4, etc.) 17.fxe3 Qh4+ 18.Kd1 e as brancas têm a vantagem. 14.Nc3 Bg4 15.Qe3 Nc6! Sendo incapazes de defenderem seu Peão por mais tempo, as pretas tentam se livrar do perigoso Peão a das brancas, um plano que mais tarde abandonam, com consequências muito sérias. 16.Ngxe4 Nb4! 17.Nxf6+ Bxf6 A variante 17...gxf6 18.Bb1! (mas não 18.Be4 devido a 18...f5) não seria melhor. 18.Be4 Qxc4 Essa continuação de ataque a qualquer custo será respondida através de um sacrifício no 20º lance, através do qual as brancas assegurarão uma vantagem decisiva na ala da Dama. Após 18...Rxa6 19.Rxa6 Nxa6 20.d3 Nb4 21.0-0 as pretas manteriam algumas chances de empate em razão das fraquezas dos Peões das brancas na ala da Dama. 19.a7! O Peão desprezado agora se torna formidável. 19...Rfd8 20.b3! Através desse sacrifício as brancas poderão rocar e dessa forma colocar um fim ao ataque inimigo. As pretas não podem responder 20...Nd3+ devido a 21.Kf1, etc. 20...Qxb3 21.0-0 Nc2 Seria um pouco melhor, mas insuficiente para salvar a partida, 21...c6 etc.
22.Qc5! O lance decisivo. Se 22...Nxa1 23.Bxa8 49
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
Rxa8 24.Qc6!, vencendo. Seria muito menos efetivo 22.Bxa8 Nxe3 23.Bd5 Nxd5 24.a8Q Nxc3 25.dxc3 Qxc3, e as pretas com os seus dois Bispos têm um jogo muito bom, fora o fato de terem dois Peões pela qualidade. 22...c6 Tão sem esperanças como qualquer outro lance. 23.Rb1 Qe6 24.Bxc2 Be7 25.Qb6 Qd7 26.Ra1 f5 27.Ba4 Rdc8 28.Ba3 Bg5 29.Bc5 Bxd2 30.Nd5! Be2 31.Ne7+ Kh8 32.Nxc8 Rxc8 33.Bxc6, e as pretas abandonaram. Partida 21 Alekhine, A. - Nimzovitsch, A. Abertura Ruy Lopez - C83
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Nf6 5.0-0 Nxe4 A variante mais analisada da Ruy Lopez. Em testes práticos recentes os resultados são um pouco mais favoráveis às brancas, e ocorre cada vez menos na prática magistral. 6.d4 b5 7.Bb3 d5 8.dxe5 Be6 9.c3 Be7 10.Nbd2 Após 10.Be3 0-0 11.Nbd2 Nxd2 12.Qxd2 Na5 as pretas têm um jogo satisfatório. Entretanto é menos recomendável 11...f5 12.exf6 Nxf6 13.Ng5! etc., ou 11...Bg4 12.Nxe4 dxe4 13.Qd5!, etc. (veja a Partida 91). 10…Nc5 Seria melhor 10...0-0 11.Bc2 f5 12.exf6 Nxf6, embora também nesse caso o jogo das brancas após 13.Nb3 (não 13.Ng5 devido a 13...Bg4 14.f3 Bc8! etc.) seja algo preferível. 11.Bc2 50
11...Bg4 Seria insuficiente 11...0-0 devido à engenhosa inovação de Bogoljubov em sua partida contra Réti (Torneio de Estocolmo 1920): 12.Nd4! Nxe5 13.f4 Bg4 14.Qe1 Bh4 15.Qxe5 Re8 16.Nc6 Qd7 17.f5! e as brancas devem vencer. 12.Re1 0-0 13.Nb3 Ne4 Se 13...Ne6 (Janowski-Lasker, Paris 1913) as brancas obtêm uma bela partida de ataque com 14.Qd3. O lance do texto é uma inovação, a qual é refutada na presente partida. 14.Bf4! Não 14.Bxe4 dxe4 15.Qxd8 Rfxd8 16.Rxe4 Rd1+ 17.Ne1 Bf5 18.Re2 Bd3 19.Re3 Bg5, enquanto com o lance do texto as brancas ameaçam ganhar um Peão. 15...f5 15.exf6 Nxf6 16.Qd3 Ne4 Esse sacrifício de Peão ao final se provará insuficiente, mas a posição das pretas já é assediada por dificuldades. Se, ao contrário, 16...Bh5, então 17.Nh4!, com grande superioridade posicional. 17.Bxc7 Qd7 Obviamente as pretas não podem se permitir 17...Qxc7 devido a 18.Qxd5+, etc. 18.Ne5 Nxe5 19.Bxe5 Bh4 É claro que as pretas não podem capturar o Peão f2 com a Torre devido a 20.Rxe4. 20.Bg3 Bxg3 21.hxg3 Bf5 À primeira vista esse lance parece criar dificuldades para as brancas, por exemplo, após 22.Qe2 a manobra 22...Bg4 forçaria a volta da Dama branca a d3.
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
22.Qd4! Isso definitivamente assegura uma vantagem, pois a ameaça de 22...Nxg3 é ilusória, por exemplo: 23.Nc5 Qd6 24.Bb3!, vencendo. Consequentemente as pretas agora são forçadas a olhar para o seu ponto fraco d5. 22...Rfd8 Seria ligeiramente melhor 22...Rad8, mas de qualquer forma a partida está perdida. 23.Rad1 Qc7 Renovando a ameaça de 23...Nxg3. 24.Nd2! A esse lance as pretas não podem responder com 24...Nxg3 devido a 25.Bb3; também não é factível 24...Nxd2 devido à seguinte variante: 25.Bxf5 Nc4 26.Be6+ Kh8 27.Bxd5! Nxb2 28.Rb1 Nc4 29.Bxa8!, vencendo. 24...Nxf2 Um sacrifício desesperado. Mas de forma similar, após 24...Bg6 25.Bb3 Nf6 26.Nf3 a vitória é somente uma questão de técnica. 25.Bxf5 Nxd1 26.Rxd1 Qxg3 27.Be6+ Kh8 28.Bxd5 Rac8 29.Ne4 Qh4 30.b3 Rc6 31.Qf2 Seria mais direto 31.Bxc6! Rxd4 32.cxd4 e os Peões passados se tornariam irresistíveis. Mas também com a troca das Damas o final não apresenta nenhuma dificuldade para as brancas. 31...Qh5 32.Qf3 Qxf3 Evidentemente forçado. 33.gxf3 g6 34.Rd2 Rb6 35.c4 bxc4 36.bxc4 Rb1+ 37.Kf2 a5 38.c5 Rc1 39.c6 Kg7
40.Bc4! Ganhando também a qualidade, pois após 40...Rc8 41.Rd7+ Kh6 42.Bd5, ou se 40...Rxd2+ 41.Nxd2 seguido de 42.c7, as pretas perdem direto. 40...Rxc4 41.Rxd8 Rxc6 42.Rd7+ Kh6 43.Kg3 Rc4 Ou se 43...Rc2 44.f4 Rxa2 45.Ng5 e o mate não pode ser evitado. 44.Nf2!
44…Kg5 Se 44...Ra4 45.Ng4+ Kh5! 46.Rd5+ g5 47.Rd6, e mate em seguida. Ou 44...g5 45.Ng4+, seguido de 46.Ne5+, e as brancas vencem. 45.Rd5+ Kf6 46.Rxa5, e as pretas abandonaram.
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Partida 22 von Freymann, S. - Alekhine, A. Gambito da Dama Recusado - D30
1.d4 d5 2.Nf3 Nf6 3.c4 e6 4.Bg5 Esse lance é de valor duvidoso, pois permite a resposta em seguida, de autoria de Duras. É melhor jogar 4.Nc3 primeiro. 4...h6! Após esse lance, as brancas não têm nada melhor do que tomar o Cavalo, deixando o seu adversário com os dois Bispos, pois se o Bispo recuar a aceitação do gambito favorece as pretas. 5.Bh4 dxc4 Seria mais preciso 5...Bb4+, seguido de ...dxc4 e então o Peão do gambito poderia ser mantido através de ...b5 etc. 6.Qa4+ A única forma de recuperar o Peão. As pretas ameaçavam 6...Bb4+ seguido de 7...b5. 6...Nbd7 7.Qxc4 c5 8.Nc3 a6 Com a intenção de desenvolver o Bispo da Dama na grande diagonal, um plano que as brancas, como a sequência mostra, serão incapazes de frustrar. 9.a4 Um esquema baseado em meios insuficientes. Evidentemente seria melhor 9.e3, embora em qualquer caso a posição das pretas seja preferível. 9...b5! As pretas ainda insistem, pois se 10.axb5 axb5 a Dama e a Torre das brancas estariam ambas en prise. 10.Qd3 c4 11.Qb1
11...Bb7! Um sacrifício de Peão, cujo objetivo é obstruir o desenvolvimento das brancas através da pressão na casa c3. 12.axb5 Seria preferível recusar a oferta do Peão. Mas em qualquer caso, mesmo após 12.e3 Qb6 a posição das brancas permaneceria manifestamente inferior. 12...axb5 13.Nxb5 Bb4+ 14.Nc3 g5 15.Bg3 Ne4 16.Qc1 Todos os últimos lances das brancas obviamente são forçados. 16...Nb6 Ameaçando 17...Na4. 17.Rxa8 Qxa8 18.Nd2 Nxd2 19.Kxd2 Qa2! Iniciando a manobra decisiva. As pretas ameaçam novamente 20...Na4 e não permitem ao adversário a trégua que ele precisa para desembaraçar a sua posição através de 20.e3. 20.Kd1 Qb3+ 21.Qc2 Agora o Peão c das pretas se moverá direto para Dama. 21…Bxc3 22.bxc3
22…Be4! Simples e decisivo de imediato. 23.Qxb3 cxb3 24.e3 Ou 24.Kc1 Nc4 e mate em poucos lances. 24…b2 As brancas abandonaram.
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
Partida 23 Nimzovitsch, A. - Alekhine, A. Abertura dos Quatro Cavalos - C48
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Nc3 Nf6 4.Bb5 Nd4! Rubinstein fez, na minha opinião, uma das mais belas contribuições à teoria das aberturas ao descobrir e analisar as variantes que surgem a partir desse lance. As brancas, se não desejarem correr os riscos das complicações perigosas resultantes da captura do Peão oferecido, não têm nada melhor do que 5.Nxd4 exd4 6.e5 dxc3 7.exf6 Qxf6 (não 7...cxd2+ 8.Bxd2 Qxf6 9.0-0 com um ataque irresistível) 8.dxc3 Be7 9.0-0 0-0, com jogo aproximadamente igual. A presente partida proporciona um exemplo típico dos perigos aos quais as brancas se expõem quando procuram a destruição da Variante Rubinstein. 5.Bc4 As alternativas são: I - 5.0-0 Nxb5 6.Nxb5 c6 7.Nc3 d6 8.d4 Qc7; II - 5.Nxe5 Qe7 6.Nf3 Nxb5 7.Nxb5 Qxe4+ 8.Qe2 Qxe2+ 9.Kxe2 Nd5 10.c4 a6, e em nenhum dos casos as brancas não têm qualquer vantagem. 5…Bc5 6.Nxe5 Qe7! 7.Nd3 Após 7.Nf3 as pretas também obteriam um forte ataque através de 7...d5!. Por outro lado, é claro que as brancas não podem capturar o Peão f com o Cavalo, devido a 7...d5!, tampouco com o Bispo, devido a 7...Kd8, seguido de 8...d6. 7...d5! O ponto dessa variante. 8.Bxd5 Ou 8.Nxd5 Nxd5 9.Bxd5 c6. Se 8.Nxc5 dxc4, e as pretas têm a vantagem. 8...Nxd5 9.Nxd5 Qxe4+ 10.Ne3 Bd6 11.0-0 Be6 Agora o sacrifício do Peão é grandemente compensado através da superioridade do
desenvolvimento assegurado pelas pretas. As brancas se encontram confrontadas com grandes dificuldades resultantes do fato da ausência de pontos de apoio ao seu Cavalo no centro. 12.Ne1 0-0-0 O resultado é colhido da forma mais rápida possível através das colunas abertas no centro. 13.c3 Nf5 14.Qc2 O lance direto 14.d3 seria um pouco melhor, embora nesse caso as pretas manteriam uma boa posição de ataque através de 14...Qh4 15.Nf3 Qh5. Agora as pretas destroem a posição inimiga através de uma série de lances, aparentemente bastante simples, mas de fato muito difíceis de serem descobertos.
14…Qh4! Era mais plausível 14...Qf4 provocando 15.g3 e permitindo às pretas continuarem o ataque através do avanço do Peão h. Mas a continuação 15...Qg5 16.d4 Qf6 17.N1g2 ou Nd3 parece dar às brancas recursos defensivos adequados. Foi por esse motivo que as pretas buscaram fazer coincidir o ataque direto ao Rei com uma forte pressão central. Para atingir esse último fim é de importância primordial compelir as brancas a enfraquecerem a coluna e através de um avanço sobre seu Peão f. 15.Nf3 Agora 15.g3 seria defeituoso devido a 15...Qh3. 53
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15...Qf4 Ameaçando 16...Nh4. 16.Nxf5 Bxf5 17.d3 Qg4 Ameaçando 18...Qh5 seguido de 19...Bxd3 e 20...Bxh2+. 18.Nd4 Qh5 19.f4 Assim as pretas atingiram a meta que tinham em vista no seu 14º lance. 19...Rhe8 20.b4 Se 20.Bd2 as pretas manteriam a sua vantagem através de 20...Bc5 21.Rae1 Re2! etc. 20...c5! Forçando dessa forma a troca da única peça ativa das brancas. 21.Nxf5 Qxf5 Ameaçando 22...c4. 22.Qd2 Bc7 23.Rf3 Tudo isso é obrigatório. 23...cxb4 24.cxb4
24...g5! Após esse lance as pretas finalmente recuperam o seu Peão e mantêm sua superioridade posicional. 25.fxg5 Se 25.Bb2, que era, entretanto, melhor, a continuação poderia ser 25...gxf4 26.Qc3 Kb8, e as pretas tomariam ao final o enfraquecido Peão d. O lance do texto causa um rápido colapso. 25...Qe5 26.Bb2 Qxh2+ 27.Kf1 54
27...Bg3? Esse lance prematuro permite às brancas assegurarem um empate. A partida seria facilmente vencida através de 27...Qh1+ 28.Kf2 Qh4+ 29.Kf1 Bg3!!, após o que as brancas não teriam nada melhor do que 30.Qc3+ Kb8 31.Qc5 b6! 32.Qg1 Rxd3 33.Rxd3 Qf4+ 34.Rf3 Qc4+ e mate no próximo lance. 28.Bd4! E agora as pretas se contemplam reduzidas a procurar uma variante de empate! O sacrifício em seguida responde a esse propósito. 28...Rxd4! 29.Qc3+ Kb8 30.Qxd4 Be5 31.Qd7 Rc8 32.Rxf7! Através dessa ameaça de mate as brancas eliminam todos os perigos. Infelizmente para elas, permitem-se a ser intoxicadas por uma miragem de vitória. Mas, devido à posição exposta do seu Rei, essa concepção abriga grandes riscos em seu conceito. 32…Qh1+ 33.Kf2 Qh4+ Naturalmente não 33...Rc2+ devido a 34.Ke3, vencendo. 34.Ke2 Qh5+ 35.g4 Esse lance é totalmente temerário e somente dá às pretas novas chances. Após 35.Kf1 as pretas não teriam nada melhor do que o empate através de 35...Qh1+, etc. 35…Qh2+ 36.Kf3 Qg3+ 37.Ke4 Forçado, pois se 37.Ke2 Qg2+, seguido de 38...Bxa1 ou 38...Rc7+ de acordo com as circunstâncias, e as pretas vencem. 37…Bc7
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
Ameaçando …Qe5+ seguido de …Qxa1. 38.Rc1 Qg2+ 39.Ke3 Bb6+
40.d4 Isso perde direto. A única resposta era 40.Rc5, com a continuação 40...Rd8 41.Qf5! (também 41...Qg3+) 41...Re8+ 42.Kd4 Qb2+ 43.Kc4 Qxa2+ 44.Kc3, e as pretas terão que contar com a ameaça Rxb7+ e ainda não poderiam forçar a vitória. 40…Rd8! Decisivo. 41.Rc7 Se a Dama branca se movesse, as pretas venceriam através de 41...Bxd4+ seguido de 42...Qf2+, etc. 41…Qg3+ 42.Rf3 Qe1+ 43.Kd3 Qd1+ 44.Ke3 Bxc7, e as brancas abandonaram.
Capítulo IX Torneio Internacional de São Petersburgo
3.d4 (Steinitz), 5.Qe2 (Lasker) ou mesmo 5.Nc3. 7...Bb4+! 8.Nbd2 Nxd2 Essa troca, que permite às brancas uma vantagem bastante apreciável no desenvolvimento, dificilmente parece justificável. A linha correta de jogo seria 8...0-0 9.0-0 Bxd2! 10.Bxd2 Bg4, com jogo pelo menos igual. 9.Bxd2 Qe7+ 10.Qe2 Qxe2+ É interessante notar que essa troca plausível é um erro decisivo, como se mostrará mais tarde. As pretas precisam jogar primeiro 10...Bxd2+ 11.Kxd2 Qxe2+ 12.Bxe2 dxc4 13.Bxc4 0-0, após o que as brancas manteriam uma pequena vantagem na posição, mas o jogo das pretas permaneceria ainda muito defensável. 11.Kxe2 Bxd2 12.Kxd2 Be6 Se agora 12...dxc4, então 13.Rhe1+! com efeito ainda maior do que na partida, as brancas preservariam seu Bispo para o ataque contra o jogo não desenvolvido do seu adversário. 13.cxd5 Bxd5 14.Rhe1+ Kd8 15.Be4! Bxe4 Forçado, pois se 15…c6 as brancas ganhariam diretamente um Peão através da troca dos Bispos, seguida de 14.Re5. 16.Rxe4 Re8 Esse lance era absolutamente necessário para evitar a ameaça das Torres dobradas na coluna e. 17.Rae1 Rxe4 18.Rxe4 Nc6
Maio de 1914 Partida 24 Alekhine, A. - Marshall, F. Defesa Petrov - C42
1.e4 e5 2.Nf3 Nf6 3.Nxe5 d6 4.Nf3 Nxe4 5.d4 d5 6.Bd3 Bd6 7.c4 Essa variante da Petroff não causa qualquer dificuldade para as pretas. As brancas assegurariam chances melhores através de 55
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19.Rg4! A manobra vencedora. Por outro lado, 19.Ng5 seria insuficiente devido a 19...Kd7!. Agora as pretas são forçadas a perderem um Peão. 19…g6 20.Rh4! Ke7 O melhor nas circunstâncias, pois após 20...h5 21.g4 seguido de 22.gxh5 as brancas estabeleceriam um Peão passado. 21.Rxh7 Rd8 22.Rh4 Rd5 23.Re4+! Forçando a retirada do Rei das pretas, pois após 23...Kf6 24.Kc3 a ameaça 25.Re8 teria sido muito perigosa para o adversário. 23…Kf8 24.Kc3 Rf5 Ponderando que …Nd5 causaria às brancas o máximo de dificuldades técnicas. 25.Re2 a6 Se 25…Ne7 as brancas responderiam 26.Re5 e a continuação da partida dificilmente seria modificada. 26.a3 Ne7 27.Re5! Rf6 Após a troca das Torres as pretas não poderiam salvar a partida. 28.Kd3 Preparando 29.Rc5, que as pretas previnem em sua resposta, mas ao custo de uma nova fraqueza em c7 que as brancas explorarão sem atraso. 28...b6 29.Re2! As brancas, como veremos na sequência, propõem sacrificar um Peão para a ocupação da 7ª fileira com a sua Torre, obtendo assim um Peão passado. Essa manobra é o caminho mais curto e seguro para assegurar a vitória. 29...Nd5 30.Ke4 Nf4 Ou 30...Re6+ 31.Ne5 Nf6+ 32.Kf3, e as brancas dominam o tabuleiro. 31.Rc2 Nxg2 32.Ne5! Não direto Rxc7 devido a 32...Rf4+ seguido por 33...Rxf3, enquanto agora, com a ameaça das brancas 33.Nd7+ as pretas não podem salvar seu Peão c. 32...Ke8 33.Rxc7 Rxf2 34.Nc4! Um lance muito importante. O Cavalo irá se posicionar em b7, de onde guardará o avanço do Peão passado d. 34...b5 35.Nd6+ Kf8 36.d5 f6 37.Nb7! Nf4 38.b4 g5 39.d6 Ne6 56
40.Kd5! O coup de grâce. A Torre das brancas não pode ser capturada devido a 40...Nxc7+ 41.dxc7 Rc2 42.Nc5!. De maneira similar, após 40...Re2 as brancas vencem facilmente através de 41.Kc6 Nd4+ 42.Kb6 etc. Então, como último recurso, as pretas tentam explorar seus Peões na ala do Rei após o sacrifício da Torre pelo Peão passado. Mas essa manobra está fadada ao fracasso. 40...Nf4+ 41.Kc6 Rxh2 42.Nc5 Evitando o sacrifício do Cavalo das pretas pelo Peão, ganhando uma Torre inteira. 42...Rd2 43.Rc8+ Kf7 44.d7 Ne6 45.Nxe6 Kxe6 46.d8Q Rxd8 47.Rxd8 g4 48.Re8+ Kf7 49.Re2 f5 50.Kd5 Kf6 51.Kd4 f4 52.Ke4 Kg5 53.Rb2 f3 54.Rd2 Kh4 55.Kf4, e as pretas abandonaram. Partida 25 Alekhine, A. - Tarrasch, S. Contra-Gambito Falkbeer - C32
1.f4 e5 2.e4 A partir da aceitação do Gambito oferecido, o melhor para as brancas seria um jogo igual. 2...d5 3.exd5 e4 4.d3 Nf6 Na época em que essa partida foi jogada as variantes que surgiam desse lance eram consideradas favoráveis às brancas, graças sobretudo às análises do falecido Simon Alapin. Recentemente, entretanto, o Dr. Tarrasch
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
obteve sucesso em invalidar essa opinião, introduzindo em sua partida contra Spielmann, em Mährisch-Ostrau 1924,uma melhoria de grande importância (veja o comentário ao 6º lance das pretas). 5.dxe4 Nxe4 6.Nf3 Bf5 Uma inovação que a sequência provará ser insuficiente. A linha correta de jogo, demonstrada pelo Dr. Tarrasch na partida mencionada, é 6...Bc5 7.Qe2 Bf5!, e se 8.g4? então 8...0-0!, com um sacrifício de ataque vencedor. 7.Be3 Esse lance retira das pretas as suas melhores chances na diagonal a7-g1 e as deixa sem compensação pelo Peão oferecido. 7...c6 8.Bc4 b5 Procurando manter o adversário ocupado para que não assegure definitivamente a sua posição através do roque. 9.Bb3 As brancas jogariam igualmente bem 9.Be2 a6 10.a4! b4 11.dxc6 Qxd1+ 12.Bxd1 Nxc6 g etc., mas a combinação baseada no lance do texto oferecia melhores perspectivas. 9...c5
10.d6! A trazer uma simplificação vantajosa em vista do seu Peão a mais. O Peão d não pode ser capturado pela Dama das pretas devido a 11.Qxd6, seguido de Bd5, etc. 10...c4 11.Qd5 Nd7 12.Qxf5 Nxd6 13.Qd5 Be7 14.0-0 0-0 15.Nc3 Nf6
16.Qd2 cxb3 No momento certo, devido à ameaça 17.Nxb5, etc. 17.axb3 A vantage material das brancas não é diminuída por terem um Peão dobrado, pois sempre poderão obter uma posição com o Peão passado através do avanço do seu Peão c. 17…b4 18.Nd5 Nf5 19.Nxe7+ Qxe7 As brancas ainda têm uma ligeira fraqueza central, que eliminarão na sequência ao manter e fortalecer a casa d4. 20.Rfe1 Rfd8 21.Bd4 Nxd4 22.Nxd4 Qc5 23.Rad1 Pretendendo jogar direto c3 com as Torres das pretas dobradas na coluna d. 23...Rd5 24.h3 Rad8
25.c3 Após esse lance a posição das brancas é invulnerável. As pretas são forçadas a adotarem uma política de espera, o que é muito angustiante por terem um Peão a menos. Os próximos lances das brancas têm como objetivo descravar o Cavalo, que tomará parte decisiva na investida final, quando as Torres das brancas estiverem dobradas na coluna e. 25...h6 26.Qd3 Qd6 27.Qf3 Nh5 Uma demonstração inofensiva que não pode dificultar os planos das brancas. 28.Re4 Nf6 É claro, não 28...f5 devido a 29.Re6. 29.Re3 Nh5 30.Rf1 Nf6 31.Rfe1 Para poder jogar 32.Re5 em resposta a 31...Nh5. 57
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
31...Qc5 32.Kh2 Rc8 33.R1e2 Uma preparação sutil para o lance de ataque em seguida. 33...Kf8 34.Re5! Agora as pretas não podem jogar 34...bxc3 35.bxc3 Qxc3 devido a 36.Rc2. 34...Rcd8 35.Nf5 Ameaçando entre outras coisas 36.c4 Rxe5 37.fxe5, seguido de 38.e6, etc. 35...Qb6 36.Qg3 Nh5 37.Qh4 Ameaçando mate em três através de 37.Re8+!.
37…Rxe5 Um lance desesperado em uma situação insustentável. Contra 37...Nf6, recomendado pelo Dr. Tarrasch no livro do torneio como provedor de uma defesa suficiente para o momento, as brancas tinham preparado a seguinte bela combinação vencedora: 38.Nxh6 gxh6 39.Re6 fxe6 – as alternativas são: I - 39...R5d6 40.Qxf6 Rxe6 41.Rxe6; II- 39...R8d6 40.Qxh6+, e mate em dois; 40.Qxf6+ Kg8 41.Rxe6 R5d6 42.Qg6+ Kh8 (ou 42...Kf8 43.Qf5+ Kmove 44.Re7) 43.Qxh6+ Kg8 44.Qg6+ Kh8 45.Qh5+! Kg8 46.Re7! e o mate é inevitável. Um final assim daria à partida boas chances de conquistar o prêmio de brilhantismo. 38.fxe5 Rd1 39.Re3 As brancas também poderiam tomar o Cavalo e trazer o seu Rei para h4. O lance do texto é mais simples e dificulta 39...g6, que se mostraria desastroso para as pretas após 58
40.Qe7+ Kg8 41.Qe8+ Kh7 42.Qxf7+ Kh8 43.Ne7!, vencendo. 39…Qg6 40.Qxb4+, e as pretas abandonaram. Partida 26 Tarrasch, S. - Alekhine, A. Defesa Francesa - C12
1.e4 e6 2.d4 d5 3.Nc3 Nf6 4.Bg5 A variante 4.exd5 exd5, recomendada por Svenonius, não traz vantagem nenhuma para as brancas após 5...Nc6, que é favorável ao autor e foi tentado com sucesso por Bogoljubov contra Mieses (Berlim 1920). 4...Bb4 5.exd5 Essa variante caiu gradualmente em desuso nos anos seguintes. Os jogadores preferiram mirarem um ataque rápido ao Rei através de 5.e5 h6 6.Bd2 Bxc3 7.bxc3 Ne4 8.Qg4 Kf8 9.h4!, etc. Mas a prática magistral recente, particularmente algumas partidas do Dr. Tarrasch, tendem a mostrar que aqui também as pretas dispõem de recursos suficientes do ponto de vista defensivo. É interessante também a continuação de Tchigorin: 5.e5 h6 6.exf6 hxg5 7.fxg7 Rg8 8.h4 gxh4 com a melhoria 9.Qg4! ao invés de 9.Qh5. Uma partida jogada pelo autor em Moscou 1915 prosseguiu como segue: 9.Qg4 Be7 10.g3! c5 (seria melhor 10...Bf6) 11.gxh4 cxd4
Diagrama de análise
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12.h5! dxc3 13.h6 cxb2 14.Rb1 Qa5+ 15.Ke2 Qxa2 16.h7 Qxb1 17.hxg8Q+ Kd7 18.Qxf7 Qxc2+ 19.Kf3 Nc6 20.Qgxe6+ Kc7 21.Qf4+ Kb6 22.Qee3+ Bc5 23.g8Q b1Q
Diagrama de análise Nessa posição extraordinária as brancas vencem através de um coupe de repos : 24.Rh6!! Ameaçando 25.Qd8 mate, por isso agora: 24...Qxf1 25.Qb4+ Qb5 26.Qd8+ Ka6 27.Qea3+, e mate em dois lances.
Diagrama de análise Essa posição certamente é a única desse
tipo! 5...Qxd5 6.Bxf6 Bxc3+ 7.bxc3 gxf6 8.Nf3 b6 Aqui o fianqueto é muito forte, na medida em que as brancas, como foi demonstrado por um amador em São Petersburgo, não podem responder com um fianqueto do Rei sem contratempos. 9.g3
Contra isso as pretas poderiam ter respondido 9...Nd7!, uma ideia para esperar por 10.Bg2 e então evitar o roque das brancas para a ala do Rei através de 10...Ba6!, pois 11.Nh4 não deve ser temido devido a 11...Qa5!. Essa inovação importante colocou em dúvida o valor do 5º lance das brancas. 9...Bb7 Mas com esse movimento simples elas da mesma forma obtêm um jogo perfeitamente seguro. 10.Bg2 Qe4+ 11.Kd2 As brancas não têm nada melhor do que propor a troca das Damas através de 11.Qe2, embora nesse caso também as pretas tenham um jogo um pouco melhor devido à possibilidade de um ataque contra o centro através de ...c5. O lance do texto, como 11.Kf1 (Réti-Bogoljubov, Berlim 1920) é insuficiente, em vista da posição exposta do seu Rei. As pretas de imediato tomam a iniciativa e a mantêm até o final. 11...Qg6 O único lance para estancar a ameaça 12.Nh4, mas amplamente suficiente. 12.Nh4 Qh6+ 13.f4 Nc6! Ameaçando 14.0-0-0 seguido de 15...e5 etc., forçando o Rei das brancas a recuar mais uma vez. 14.Qe2 0-0-0 15.Kc1 Kb8 Ameaçando 15...e5, que no momento não seria bom devido a 16.d5 exf4 17.Qg4+ seguido de Qxf4. 16.Kb2 Na5! A troca dos Bispos é essencial para permitir a Torre das pretas participar do ataque via d5. 17.Bxb7 Nxb7 18.Rad1 Rd5 19.c4 Em conjunção com Rd3 isso fornece o relativamente melhor meio de defesa, mas as brancas desperdiçam um bom ponto em seu próximo lance. 19...Ra5 20.Ng2 As brancas deveriam jogar direto 20.Rd3, podendo assim se defenderem com 22.Rb3 etc, após 20...Rd8 21.Rad1 Qf8!. Agora a resposta das pretas não lhes deixa tempo para isso. 59
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20...Rd8! Para se agora 21.Rd3, então 21...Qf8, com a ameaça muito forte 22...Rxd4! seguido de 23...Ra3+, 24...Qxa2+, 25...Qa1+ e 26...Qxh1. Confrontadas com essas dificuldades as brancas são obrigadas a enfraquecer sua posição central. 21.Ne3 Qf8 22.c5 Obstruindo a diagonal da Dama, mas não por muito tempo, infelizmente para as brancas. 2...bxc5 23.d5 c4! Esse Peão pode ser tomado somente pelo Cavalo, pois se 24.Qxc4 Qa3+ ganharia uma peça. 24.Nxc4 Qb4+ 25.Ka1 Qc3+ 26.Nb2 Rd6! Muito mais forte do que o simples ganho de Peão através de ...Raxd5, pois agora as brancas não têm defesa suficiente contra a dobrada das Torres na coluna a, factível até mesmo se as brancas jogarem 27.Rd3. 27.Qc4
27...Rda6! Forçando a troca de ambas as Torres pela Dama e dois Peões, a qual, em vista da posição exposta do Rei das brancas, conduzirá a um final evidentemente favorável. 28.dxe6 Claramente a Dama não pode ser capturada devido ao mate em dois lances. 28...fxe6 29.Kb1 Rxa2 30.Qxa2 Rxa2 31.Kxa2 Qxc2 32.Rc1 Qd2 33.Kb1 Nd6 A entrada do Cavalo no jogo deveria decidir a partida em poucos lances. 34.Rc2 Qb4 35.Rd1 Nb5 36.Rd8+ Kb7 37.Rcd2 e5 As pretas, pensando que a partida estivesse ganha de qualquer modo, não se esforçam para encontrar o caminho mais curto. Seria mais enérgico 37...a5!, estando as brancas sem recursos contra esse avanço. 38.fxe5 fxe5 39.Kc1 Nd4 40.Rd3 Qe1+ 41.Rd1 Qe4 42.Rd3 Qh1+ Aqui de novo 42...c5, seguido por 43...c6 conduziria a uma vitória mais rápida. É evidente que a captura dos últimos Peões das brancas também é suficiente. 43.Rd1 Qxh2 44.Kb1 Qxg3 45.Rd3 Qe1+ 46.Ka2 h5 47.Re8 Qe4 48.Rc3 Nb5 49.Rc5 Qb4!
Com o último lance, que ameaça 50...Nc3+ 51.Ka1 Qa3 mate as pretas asseguram o ganho da qualidade. Se as brancas desejassem ainda jogar, a única alternativa seria 50.Rexe5 Nc3+ 51.Rxc3 Qxc3 52.Rxh5, após o que as pretas venceriam da 60
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seguinte maneira: 52...Kc6 53.Rh4 Kb5 54.Rh5+ c5 55.Rh4 a5 56.Rf4 Qc2! 57.Ka3 Qg2! e a Torre das brancas precisa sair da 4ª fileira, após o que as pretas vencem facilmente através de 58...Qg3+ seguido de 59...a4, etc. As brancas abandonaram.
Capítulo X Torneio Internacional de Mannheim Julho de 1914 Partida 27 Duras, O. - Alekhine, A. Abertura Ruy Lopez - C68
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Bxc6 bxc6 Apesar de não usual, essa variante pareceme eminentemente praticável. Em qualquer caso tem a vantagem de não permitir às brancas a vantagem da maioria de Peões na ala da Dama como ocorre após 4...dxc6 5.d4 exd4 6.Qxd4 Qxd4 7.Nxd4, etc. 5.d4 As brancas não obteriam vantagem com 5.Nxe5 Qg5, etc. 5...exd4 6.Qxd4 Qf6! Um lance novo e provavelmente o melhor. As pretas concluem que essa posição um pouco restrita seja defensável mais facilmente com a troca das Damas, e a sequência confirma a correção de sua avaliação. 7.0-0 De acordo com o comentário anterior, as brancas deveriam evitar a troca das Damas. Havia, por exemplo, que se considerar 7.e5 Qg6 8.0-0, pois após 8...Qxc2? 9.Nc3, elas obteriam uma vantagem em desenvolvimento que compensaria o Peão sacrificado. 7...Qxd4 8.Nxd4 Rb8 Para dificultar o desenvolvimento do Bispo da Dama. 9.Nb3
Após 9.b3, as Pretas entregariam um Peão através de ...c5 e ...c4!, como na Partida 2, com boas chances de ataque. 9...Ne7! Muito melhor do que o plausível 9...Nf6, após o qual as brancas obteriam um belo jogo através de 10.Bf4 d6 11.Re1, com a ameaça de 15.e5, etc. 10.Bd2 Uma tentativa de resistir ao desenvolvimento do Bispo do Rei das pretas, mas elas contornam esse plano através da manobra que se segue. 10...Ng6 11.Bc3 Nf4! Ameaçando 12...Ne2+ seguido de ...Nxc3, ganhando assim o tempo necessário para o desenvolvimento do Bispo do Rei. 12.Re1 Be7 13.N1d2 Pode-se ver que 13.Bxg7 Rg8, seguido de ...Rxg2+ favorece as pretas. 13...0-0 14.Nc4
14...Re8 Até o momento as pretas jogaram de forma muito cuidadosa e obtiveram um jogo inteiramente satisfatório. Mas seu último lance talvez seja muito arriscado, pois permite às brancas evitarem o avanço do Peão d das pretas por um longo tempo. É verdade que após 14...d6 as brancas poderiam forçar um empate (não mais do que isso) através de 15.Nca5 Bd7 16.Nd4 Rb6 17.Nc4 Rbb8 18.Na5, etc. Mas a partir do ponto de vista teórico, esse resultado não pode ser despreza61
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do pelas pretas em uma Ruy Lopez. 15.Nca5 Bf8 16.Rad1 c5 17.e5! Novamente resistindo a 17...d6 (preparado através do último lance das pretas), para o qual as brancas agora têm a resposta 18.exd6 Rxe1+ 19.Rxe1 cxd6 20.Re8 com uma posição vencedora. 17...Ne6 18.Nc4 As brancas conquistaram seu objetivo, que era evitar definitivamente o avanço do Peão d das pretas. A posição das pretas, apesar de muito restrita, é fácil de defender, pois não tem fraquezas. A única ameaça das brancas consistiria eventualmente em um avanço dos Peões da ala do Rei. Mas em seu próximo lance as pretas procuram afastar esse perigo. 18...h6! Preparando ...g5, que asseguraria a a casa g6 para o Rei. 19.h4 Após 19.g3, as pretas obteriam uma vantagem através de 19...Ng5 20.Re3 Bb7! 21.Rxd7 Nf3+ 22.Kf1 Nxh2+ 23.Ke2 Ng4 24.Red3 Rbc8 etc. O lance do texto foi jogado na esperança – que se mostrou ilusória na sequência – de desenvolver um ataque através da dobrada das Torres na coluna h. 19...Be7 20.g3 g5! 21.hxg5 hxg5 22.Nba5 Os dois adversários perseguem os respectivos planos com consequência. Entretanto as brancas, por não levar em consideração os recursos bem escondidos do oponente, iniciados através de um sacrifício de Peão no 24º lance, verão as suas chances diminuírem. 22…Kh7! 23.Kg2 Kg6 24.Rh1 Como veremos, era necessário 24.a3!, após o qual, entretanto, as pretas ocupariam a coluna h e aliviariam a defesa através da troca de uma Torre. O lance do texto dá às pretas a oportunidade tão aguardada de tomar a iniciativa. 62
24...Nd4! Um sacrifício inesperado que as brancas são obrigadas a aceitar, pois após 25.Rd2 Nb5 26.Rd3 Nxc3 27.Rxc3 d5!, ou 25.Ne3 d6!, as pretas obteriam o jogo superior sem dificuldades. 25.Bxd4 cxd4 26.Rxd4 Bb4 Ameaçando de forma indireta o Peão e e o Peão b. É por isso que as brancas deveriam ter jogado 24.a3. 27.Nb3 O único lance que preserva temporariamente o Peão a mais. 27...d5! O ponto do sacrifício só é aparente agora. As brancas não podem jogar 28.exd6 Bb7+ 29.f3 Re2+ 30.Kf1 Rbe8, com uma posição vencedora para as pretas. 28.Ne3 c5! Mais forte do que 28...Rxe5 29.a3 Bd6 30.Nxd5 Bb7 31.Rhd1, com resultado incerto. 29.Rxd5! Sua melhor chance. Se 29.Rdd1 d4 30.Nc4 Bb7+ 31.f3 Bd5, seguido de ...Rxe5, asseguraria uma vantagem decisiva para as pretas. 29...Bb7 30.c4! Não 30.f4 devido a 30...c4, e as pretas vencem. 30...Rxe5
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36...fxg4+ 37.Ke4! Não 37.Kxg4, devido a 37...c4. 37...Rb4+ 38.Kd3 A alternativa 38.Ke5 só ocasionaria perda de tempo, as pretas continuando com 38...c4 39.Kd4 Bb2+, etc. 38...Bb2 As pretas têm o tempo certo para trazer de volta o Bispo para frear o perigoso Peão d das brancas. 39.d6 Bf6 40.Rf1 31.a3! Um recurso engenhoso que permite às pretas salvarem a qualidade, à primeira vista irremediavelmente perdida. 31...Bxa3! 32.Na5 Bxd5+ 33.cxd5
Após a agitação dos últimos lances, a situação finalmente é clara. As pretas, embora forçadas a devolverem a qualidade devido às ameaças Nc6, Nc4 ou axb3, asseguram o ganho de um Peão e mantêm chances excelentes para o final em seguida. 33...Rxe3! 34.fxe3 Rxb2+ 35.Kf3 f5! O único lance para preservar a vantagem, pois agora as brancas não podem jogar tanto 36.Nc4, devido a 36...g5+ seguido de 37...Rb4, nem 36.d6 devido a 36...g5+ 37.Kf4 c4!, ameaçando ...Bd6 mate. 36.g4 Para trazer seu Rei para o centro e obter alguma chance com seus dois Peões passados.
40...g3! O lance decisivo, baseado na seguinte variante: 41.d7 Rb8 42.Nc6 g2 43.Rxf6+ (ou 43.Rmove Rb7!) 43...Kxf6 44.Nxb8 Ke7 45.Nc6+ Kxd7 46.Ne5+ Ke6 47.Nf3 g4 48.Ng1 Ke5, e as pretas evidentemente vencem. 41.d7 Rb8 42.Rd1 Isso não oferece chances melhores para as brancas do que a variante anterior. 42...g2 43.Ke2 Rb2+ 44.Kf3 Rd2 45.Rg1 Rxd7 46.Rxg2 O restante é somente uma questão de técnica. 46...Rd3 47.Rc2 Rc3 48.Rxc3 Bxc3 49.Nc4 a5 50.Nb6 Bb4 Agora o Rei das pretas se moverá para a ala da Dama e acompanhará seu Peões passados à coroação. As brancas abandonaram. 63
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Partida 28 Flamberg, A. - Alekhine, A. Abertura Ruy Lopez - C83
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Nf6 5.0-0 Nxe4 6.d4 b5 7.Bb3 d5 8.dxe5 Be6 9.c3 Be7 10.Re1 Na minha opinião, a melhor linha de jogo para as brancas é 10.Nbd2 0-0 11.Bc2, ou 11.Nd4. 10...0-0 11.Nbd2 Nc5 Para responder a 12.Bc2 com o lance de Tarrasch 12...d4!. 12.Nd4 Mas isso dificilmente é melhor do que 12.Bc2. Falando de forma geral, nessa variante 10.Re1 parece ser perda de tempo. 12...Nxd4 13.cxd4 Nd3 14.Re3 Nf4! Muito melhor do que 14...Nxc1, após o qual as brancas são capazes de exercerem uma pressão na coluna aberta c, que justificaria a linha de jogo por elas adotada. 15.Bc2 Com a intenção de evitar 15...c5 através da ameaça 16.dxc5, seguida de 17.Bxh7+ e 18.Qc2+.
15...c5! Já como a seguinte variante mostra, o lance é bastante jogável: 16.dxc5 Bxc5 17.Bxh7+ Kxh7 18.Qc2+ Kg8 19.Qxc5 d4 20.Re4 Rc8 21.Qa3 Qg5 22.g3 (ou 22.Qg3 Qxg3 seguido de 23...Nd3, vencen64
do) 22...Nh3+ seguido de 23...Rxc1, e as pretas vencem. 16.Nb3 Para bloquear a posição central (para 16...cxd4 Nxd4 não traria vantagem às pretas) e então tentar um ataque na ala do Rei. Mas a maioria de Peões na ala da Dama, que as pretas asseguram com seu próximo lance, será, como veremos mais tarde, uma arma muito mais potente do que as chances problemáticas do seu adversário na ala do Rei. 16...c4 17.Nd2 f5 Esse e o próximo lance são ditados por motivos de características puramente defensivas. As pretas desejam consolidar a posição do seu Rei antes de tentar uma ação decisiva na ala da Dama. 18.Nf1 Seria insuficiente 18.exf6 Bxf6 19.Nf3 Bg4. 18...Rf7! Um lance defensivo excelente que, caso necessário, reserva a casa f8 para o Cavalo e ao mesmo tempo protege a casa g7. Não seria tão bom 18...Ng6, pois após 19.Rh3 as pretas não poderiam jogar 19...f4 devido a 20.Rxh7!. 19.Rg3 Ng6 20.f4 a5 21.Be3 b4 22.Nd2 Qb6 Impedindo no momento 23.Qh5, devido a resposta 23...Nxf4 24.Bxf4 Qxd4+ 25.Be3 Qxb2 com jogo melhor. 23.Nf3 É claro, não 23.Nxc4 devido a 23...dxc4 24.d5 Bc5, e as pretas vencem. 23…Bd7 Preparando 24…a4 e mirando eventualmente posicionar o Cavalo em e6. 24.Ng5 Após 24.Ba4 Bxa4 25.Qxa4 Nf8, seguido de 26...Ne6 o jogo das pretas permanece preferível. 24…Bxg5 25.Rxg5 Essa troca implica em posterior perda de
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tempo e coloca a Torre ainda mais longe do setor ameaçado. 25…a4 26.Kh1 Para jogar 27.Qh5, impossível até agora devido a 26...Nxf4, etc. Seria melhor, entretanto, que as brancas recuassem a sua Torre para g3 e se resignassem a defensiva. 26…Ne7 Tomando providências de uma vez por todas contra 27.g4, o qual, se jogado no lance anterior seria desastroso para as brancas, por exemplo: 26.g4 fxg4 27.f5 Nxe5. 27.Qh5 Uma última tentativa que será refutada através de uma demonstração enérgica pelas pretas na outra ala. 27…b3 28.axb3 cxb3 29.Bd3
As brancas não têm recursos contra a ameaça: 39...Rxb1! 40.Qxb1 Qa1. Se 39.Rb3 Qa4!; se 39.Rc2 Ba4; e se 39.Re3 Ba4, seguido de 40…Bc2, vencendo. As brancas abandonaram. Partida 29 Alekhine, A. - Tarrasch, S. Giuoco Piano - C53
29…a3! O Peão passado que as pretas obtêm através desse sacrifício temporário vence a partida em poucos lances. 30.Rxa3 Rxa3 31.bxa3 b2 32.Qd1 As brancas iniciam uma retirada geral, mas é muito tarde para isso! 32…Rf8! 33.Rg3 Ra8 34.Bb1 Rxa3 35.Bg1 Ra1 36.Rc3 Ba4! A manobra final. Esse Bispo será colocado em b5 sem perda de tempo. 37.Qd3 Ou 37.Qe1 Bb5. 37...Bb5 38.Qd1 Qa6!
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bc4 Bc5 4.c3 Qe7 Essa defesa antiga é melhor do que a sua reputação, mas necessita em particular de jogo preciso na abertura por parte das pretas. 5.d4 Bb6 Seria bastante ilógico 5...exd4, pois após 6.0-0 as brancas obteriam um forte jogo de ataque. 6.0-0 d6 O lance mais comum, mas não o melhor. Com 6...Nf6, atacando o Peão e, as pretas tempo precioso ao obrigar as brancas a fazerem lances defensivos. 7.a4 a6 8.Be3 Na partida Gunsberg-Alekhine, em São Petersburgo 1914, as brancas aqui continuaram com 8.a5, mas após 8...Nxa5 9.Rxa5 Bxa5 10.Qa4+ b5 11.Qxa5 bxc4 não conseguiram compensação suficiente pelo sacrifício da qualidade. 8...Bg4 Como a sequência mostrará, esse Bispo era necessário para a defesa do Peão b. Então 65
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seria melhor jogar em primeiro lugar 8...Nf6. 9.d5 Nb8 A intenção é mais tarde proteger o Peão em b6 através de ...Nd2 no caso das brancas jogarem Qb3 após a troca dos Bispos. 10.a5! Não seria tão bom 10.Bxb6 cxb6, pois a coluna c aberta daria às pretas perspectivas suficientes para compensar o enfraquecimento dos seus Peões na ala da Dama. O lance do texto força as pretas ou a recuarem seu Bispo para a7, o que deixaria sua Torre da Dama mal colocada após Bxa7 Rxa7, ou a abrir a coluna f, dando às brancas a iniciativa em ambas as alas. 10...Bxe3 11.fxe3 Nf6 12.Nbd2 Se 12.Qb3, então 12...Bc8. 12...Nbd7 13.Qe1 Seria mais simples 13.b4, seguido por 14.Qe1 etc. O lance do texto, no entanto, dificilmente pode ser dito como inferior e, de fato, resulta em seduzir o adversário a voltar o seu Bispo para b8, uma manobra algo peculiar que em seguida dará às brancas possibilidades de ataque. 13...Nc5 14.Qb1! Não 14.Qg3, devido a 14...h5! etc. 14...Bc8 Seria melhor 14...0-0, após o que as brancas continuariam seu avanço na ala da Dama, por exemplo: 15.b4 Ncd7 16.Bd3 e através de 17.c4. Após o lance do texto o jogo das pretas se torna muito precário. 15.b4 Ncd7 16.Nh4! Para abrir uma coluna na ala da Dama através de 17.b5, caso as pretas jogassem 16...Nf8. Mas as pretas, com o seu próximo lance, preferem criar um primeiro ponto fraco na ala do Rei. 16...g6 17.Qe1 c6 Esse contra-ataque central complica a partida. Após 18...cxd5 19.exd5 e4 as pretas asseguram a casa e5. Contra o que as brancas serão capazes de exercer pressão sobre o Peão e do adversário, e colocarão, cedo ou tarde, o cavalo em d4. No final a posição insegura do Rei das pretas será o fator decisivo 66
favorável às brancas. 18.Nhf3 cxd5 19.exd5 e4
20.Ng5! Um lance inesperado. Ao invés de jogar esse Cavalo direto em d4, as brancas jogarão cinco lances, mas o Cavalo chegará lá com resultados decisivos! A ideia é provocar um enfraquecimento posterior na posição das pretas através do ataque ao Peão e. Tivessem as brancas jogado 20.Nd4 de uma vez, as pretas obteriam uma posição satisfatória após 20...Ne5 21.Rf4 21...0-0!, e as brancas não poderiam capturar o Peão e devido a 22.Nxe4 Nxe4 23.Rxe4 f5 etc., ou 21.Qh4 Nxd5!. 20...h6 Se agora 20...Ne5 21.Bb3! Bf5 22.Ba4+ Kf8 23.Bc2!, e as brancas têm a vantagem. 21.Nh3 O lance 21.Qh4 não assusta devido a 21.Nh7. 21...Qe5 As pretas superestimam a eficácia desse contra-ataque. Elas deveriam, afinal, terem jogado 21...Ne5, e a continuação seria: 22.Nf4 Bf5 23.h3 h5 24.Bb3 Rc8 25.c4, seguido de Ne2 e Nd4 com melhores perspectivas para as brancas. 22.Rc1! Somente o Peão c tem que ser defendido, pois as pretas conquistariam uma vantagem capturando o Peão d, por exemplo: 22...Nxd5 23.Bxd5 Qxd5 24.Nf4 Qc6 25.c4!, seguido por 26.b5, e as brancas recu-
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
peram o Peão com uma posição dominadora. 22...Ng4 Só conduzindo a posterior enfraquecimento da posição, pois as pretas não serão capazes de jogar ...f5. Seria um pouco melhor 22...0-0. 23.Nf4! g5 24.h3 Ngf6 Forçado, pois 24...gxf4, seguido por 25.exf4 significaria um desastre imediato para as pretas. 25.Ne2 Nxd5 A procurar algum tipo de compensação pela sua posição precária, a qual, é claro, não poderia ser feita de qualquer maneira por muito tempo. 26.Bxd5 Qxd5 27.Nd4!
27...Qe5 Após 27...0-0, haveria muitas ameaças para as pretas, como por exemplo 28.Rf5 Ne5 29.c4!, ou 28...Qa2 29.Ra1 Qb2 30.Nc4!, ganhando a Dama em ambos os casos. Se 27...Nf8, a sequência teria sido 28.Qe2! (ameaçando Nc4 e d6) 28…Be6 29.c4 Qe5 30.c5 d5 31.c6! bxc6 32.Rxc6, seguido de 33.Rxa6, e os Peões passados na ala da Dama venceriam facilmente. Após o lance do texto, as brancas vencem com facilidade através de um ataque direto à posição do Rei das pretas. 28.Nc4 Qd5 29.Nf5 Kf8 30.Nfxd6 Rh7 31.Rd1 Qc6 32.Rd4! Mais simples e direto do que as combinações iniciadas com Nxf7. Agora as pretas não têm lances.
32...b5 33.axb6 Bb7 34.Na5, e as pretas abandonaram. Partida 30 Mieses, J. - Alekhine, A. Giuoco Piano - C50
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bc4 Bc5 4.Nc3 d6 5.d3 Be6 Uma boa maneira de evitar as variantes simétricas que surgem a partir de 5...Nf6. 6.Nd5 Esse lance plausível, entretanto, permite às pretas uma série de lances favoráveis. A melhor continuação nesse estágio seria 6.Be3!. 6...Na5! 7.Be3 Se 7.Bb3, seguiria da mesma forma 7...Nxb3, e 8...c6, desalojando o Cavalo avançado das brancas com vantagem. 7...Nxc4 8.dxc4 Se 8.Bxe3, então 8...Nxb2. 8...Bxe3 Tomando vantagem de que as brancas não possam recapturar com o Peão, devido a 9...c6. 9.Nxe3 Nf6 10.Qd3 Seria um pouco melhor 10.Nd2. Após o lance do texto as pretas provocam o enfraquecimento da ala da Dama inimiga. 10...Nd7! 11.b4 Se agora 11.Nd2, então 11...Nc5 12.Qe2 Qh4! também para a vantagem das pretas. 11...a5! 12.c3 0-0 13.0-0
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13...g6! Tendo assumido a iniciativa na ala da Dama, as pretas através desse lance preparam um avanço no outro flanco. Esse avanço tem por objetivo tanto a formação de um centro forte após 14...f5 15.exf5 gxf5, ou o araque decisivo resultante da abertura da coluna g após o bloqueio através de ...f4, que cedo ou tarde forçará as brancas responderem f3. 14.Nd2 f5 15.f3 f4 16.Nd1 Não 16.Nd5 devido a 16...c6. Após o lance do texto os Cavalos das brancas têm um raio de ação muito limitado. 16...g5 17.Nf2 h5 18.h3 Nf6 19.Rfd1 Qe7 As pretas poderiam evitar definitivamente o próximo lance das brancas através de 19...b6, mas essa preocupação pareceu desnecessária para elas, pois a variante resultante de 20.c5 deixa-lhes com um Peão de vantagem para o final do jogo. 20.c5 Obrigando o adversário a modificar o seu plano de ataque – mas a que custo! É verdade que sem essa diversão as pretas acabariam por quebrar a posição inimiga através de ...g4, após os lances preparatórios ...Kh8, ...Rg8, ...Rg6, ...Qg7 e ...Rag8. 20...axb4 Aqui foi igualmente considerada a linha de jogo 20...dxc5 21.Nc4 Bf7! 22.Nxa5 (ou 22.bxa5 Qe6) 22...cxb4. Mas na variante adotada no texto, a vantagem material das pretas seria ainda mais prontamente explorada no final de jogo. 21.cxd6 Qxd6! À primeira vista as pretas não parecem ter ganho muito, pois após 22.cxb4 Qxb4 as brancas obteriam boas contra-chances através de 23.Rdb1. A sutileza da variante escolhida não se torna aparente até o 24º lance das pretas. 22.cxb4 Rxa2 23.Rxa2 Qxd3! 24.Nxd3 Bxa2 68
E agora as brancas não podem tomar o Peão e devido a 24...Rd8! ameaçando ...Bb3, forçando o ganho da qualidade. O final de jogo em seguida ainda oferece às pretas algumas dificuldades técnicas, devido à fraqueza do seu Peão e, mas elas tornarão a vitória certa através de uma perspicaz combinação de cravada. 25.Ra1 Rd8 26.Rxa2 Rxd3 27.Nc4 Rd4 28.Rc2!
28...Ne8! O lance mais difícil em toda a partida, pois outras defesas do seu Peão c seriam inadequadas, por exemplo: I - 28...c6 29.b5! cxb5 30.Nxe5, e a vantagem material das pretas seria ilusória; II - 28...Nd7 29.Na5 b6 30.Nc6, e a boa posição do seu Cavalo dará às brancas boas chances de empate. Após o lance do texto, as pretas ameaçam ...b5.
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29.b5 Ameaçando 30.b6 e 31.Nxe5. 29...b6 30.Nxe5 Forçado, pois se 30.Kf2, então 30...g4!. As brancas esperam encontrar compensação suficiente pelo Peão perdido na entrada da sua Torre em c6. 30...Rb4 31.Rc6 Rxb5 32.Rg6+ Ng7 33.Rxg5 h4! O ponto de toda a combinação! As peças das brancas estão paralisadas e 34.Nf7, a única maneira de libertar as brancas, é temporariamente impossível devido a 34...Rb1+. As brancas então escolheram a continuação: 34.Kf2 Rc5 35.Ke2
35...Kh7! As brancas poderiam responder ao lance plausível 35...b5 com 36.Nf7! e então sairiam de todas suas dificuldades. O lance do texto, ao contrário, remove esse último recurso. De fato, se agora 36.Nf7 Rxg5 37.Nxg5+ Kg6, ganhando o Cavalo. E contra qualquer outra resposta das brancas, o Peão b iria direto para a coroação. As brancas abandonaram.
Esse lance enérgico foi jogado especialmente em partidas sem preparação pelo engenhoso amador M. Eugène Chatard, de Paris, e anteriormente pelo amador vienense A. Albin. Foi durante a presente partida que foi introduzido pela primeira vez em um torneio magistral. 6...Bxg5 O lance 6...0-0, adotado em várias ocasiões em torneios internacionais em anos recentes, foi refutado por Bogoljubov em sua partida contra Spielmann em Viena 1922, que continuou com 7.Bd3 c5 8.Nh3! Re8 9.Nb5 f5 10.Nd6 cxd4 11.Nxe8 Qxe8 12.Bb5!, e as brancas devem vencer. Parece um pouco melhor 6...c5, e se 7.Nb5, então 7...f6. 7.hxg5 Qxg5 8.Nh3 Qe7 Após 8...Qh6 a Dama das pretas estaria em uma posição precária, e nesse caso as brancas poderiam gradualmente fortalecer a sua posição através de 9.g3 e 10.Bg2. 9.Nf4 Nf8 As brancas refutam esse lance plausível através de um ataque empreendedor, mas contra qualquer outra resposta obteriam ampla compensação pelo Peão sacrificado. Uma continuação particularmente interessante aqui foi sugerida por Bogoljubov: 9...a6 10.Qg4 g6 11.0-0-0 c5 12.Qg3! Nb6 13.dxc5 Qxc5 14.Bd3 Qf8
Partida 31 Alekhine, A. - Fahrni, H. Defesa Francesa - C13
1.e4 e6 2.d4 d5 3.Nc3 Nf6 4.Bg5 Be7 5.e5 Nfd7 6.h4!
Diagrama de análise
15.Be4!!, e o Cavalo das brancas forçará a 69
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passagem para o campo inimigo via e4 ou d5, com efeito decisivo. 10.Qg4! Ameaçando tanto 11.Qxg7 como 11.Nxd5!. A resposta das pretas então é obrigatória. 10...f5 11.exf6 gxf6 12.0-0-0 As brancas novamente ameaçam 13.Nxd5, ao remover o seu Rei da coluna e. 12...c6 13.Re1 Kd8 Não há outra forma de desenvolver a ala da Dama. Se 13...Bd7 o sacrifício do Cavalo em d5 mais uma vez seria decisivo. 14.Rh6! Para amarrar ainda mais as peças pretas, devido à pressão em seu Peão f. Daqui em diante todos os lances das pretas são forçados. 14...e5 15.Qh4 Nbd7 16.Bd3 Ameaçando entre outros lances 17.Bf5. 16...e4 17.Qg3! Uma preliminar essencial para o sacrifício em seguida. As brancas agora ameaçam ganhar direto através de 18.Nxd5. As pretas não podem jogar 17...Qd6, pois após 18.Bxe4! dxe4 19.Rxe4! ficariam sem defesa contra a ameaça 20.Qg7!. 17...Qf7 O único recurso!
vencendo. 20.Qa3 Se 20.Nd6 as pretas ainda poderiam se defender através de 20...Qxa2, considerando que os xeques descobertos das brancas não levam ao mate. Mas após o lance do texto, as pretas já não têm defesa adequada. 20...Qg7 Se 20...Qe7 21.Qa5+ b6 22.Qc3, vencendo. 21.Nd6! Nb6
22.Ne8! Forçando o ganho da Dama, ou então o mate, por exemplo: 22...Qd7 23.Nxf6, ou 22...Nc4 23.Qc5 Qf7 24.Rxf6. 22...Qf7 23.Qd6+, e mate em dois lances.
Capítulo XI Torneios Locais, Exibições e Matches, Simultâneas, Correspondência, etc.
18.Bxe4! Esse sacrifício, que deve ser aceito pelo adversário, vence a partida em poucos lances. 18...dxe4 19.Nxe4 Rg8 Se 19...Qxa2 20.Nxf6! Nxf6 21.Qg7, 70
Partida 32 Alekhine, A. - Jonkovski, W. Correspondência, Rússia 1908 Gambito Kieseritski (Rice) - C39
1.e4 e5 2.f4 exf4 3.Nf3 g5 4.h4 g4 5.Ne5 Nf6 6.Bc4 d5 7.exd5 Bd6 8.0-0 Esse lance, sugerido pelo Professor I. L.
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
Rice, não tem, verdade seja dita, qualquer valor teórico, pois as pretas podem reverter para uma variante do Gambito Kieseritski, não desfavorável para elas, através de 8...0-0. Além disso, elas não correm riscos ao aceitarem o sacrifício temporário do Cavalo, pois as brancas, como mostra a prática magistral, não podem esperar mais do que um empate após uma longa e difícil batalha. Entretanto, como a posição que surge a partir do sacrifício oferece aos dois adversários uma grande quantidade de possibilidades táticas muito complicadas, presta-se ao desejo de jogadores ávidos por combinações, e ainda mais particularmente àqueles que desejam dedicarem-se às análises detalhadas exigidas pelas partidas por correspondência. 8...Bxe5 9.Re1 Qe7 10.c3 Não 10.d4 devido a 10...Bxd4+. 10...g3 Com esse lance as pretas tentam a refutação do sacrifício do Cavalo através de um contra-ataque violento. Elas também tinham a escolha entre 10...f6 (tentado no match Lasker-Tchigorin em Brighton 1904) e o lance de Janosgrodski, 10...Nh5!, que na minha opinião é o lance mais forte. 11.d4 Ng4 12.Nd2 Qxh4 13.Nf3
13...Qh6 Ameaçando ganhar a Dama através de ...Nf2. Após 14.Rxe5+ Nxe5 15.dxe5 Bg4 as brancas não têm compensação suficiente pela qualidade perdida, e 14.Qe2 (se 14.Qd2 Ne3!) seria destruído através de 14...0-0
15.dxe5 Nf2 16.Kf1 Qh1+ 17.Ng1 Nh3!. Então, consequentemente permanece não existindo nada melhor do que a tentativa da seguinte diversão: 14.Qa4+ Bd7 15.Qa3 Esse lance também foi jogado pelo Professor Rice, em uma partida com consulta em Nova Iorque, que resultou em um empate. Na partida entre Lipschutz e Napier, jogada por volta do mesmo período, a continuação foi: 15.Qb4 Nc6! 16.dxc6 Bxc6 17.Bb5 0-0-0 18.Bxc6 bxc6 19.dxe5 Nf2 20.Kf1 Qh1+ 21.Ng1 Nh3! 22.Qc5 (se 22.gxh3 f3) 22...f3 23.gxf3 Nxg1, vencendo. Mas em a3 a Dama das brancas permanece fora do jogo por muito tempo. 15...Nc6!
16.dxc6 As brancas não têm escolha. Após 16.dxe5 Ncxe5 seguido pelo ...0-0-0, o ataque das pretas permanece irresistível. 16...Bxc6 17.d5 Claramente forçado. 17...Bxd5 Muito engenhoso. É provável, contudo, que fosse preferível a simples variante 17...Bd7 18.Qc5! c6! 19.d6 f6, deixando as pretas com dois Peões à frente em uma posição defensável. O lance do texto conduz a complicações extremamente interessantes e muito difíceis de penetrar. 18.Bxd5 Qb6+ 19.Nd4 0-0-0 71
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Ao colocar o seu Rei em segurança, as pretas têm uma esplêndida posição de ataque e as brancas, para evitar um desastre imediato, devem decidir sacrificar algum material. 20.Rxe5 Contando com a variante 20...Nxe5 21.Qb3 Qxb3 22.Bxb3 Ng6 23.Bd2, que daria às brancas excelentes chances de empate. Mas as pretas respondem com outro lance surpreendente.
20...Rxd5! Uma combinação muito longa, por meio da qual as pretas tentam forçar a vitória quando a Torre e o Bispo são piores. 21.Rxd5 Qh6 22.Nf3 Após 22.Qxa7 Qh2+ 23.Kf1 Qh1+ 24.Ke2 Qxg2+ 25.Kd3 Qxd5 26.Qa8+ Kd7 27.Qxh8, as pretas teriam pelo menos o empate através de xeque perpétuo: 27...Ne5+ 28.Kc2 Qe4+ 29.Kb3 Qd5+, mas elas poderiam também tentar utilizar seus perigosos Peões passados na ala do Rei ao jogar 27...f3. 22...Nf2 23.Kf1 Re8! Ameaçando 24...Qh1+ 25.Ng1 Qxg1+ 26.Kxg1 Re1 mate. 24.Bxf4! O único recurso para escapar das espirais mortais que as estão envolvendo mais e mais. 24...Qh1+! 25.Ng1 Ng4 72
26.Rh5! Esse sacrifício é a maneira mais simples e segura de salvar a partida. Ao jogar 26.Re5 as brancas se exporiam a novos perigos sem a mínima chance de uma vitória, como as seguintes variantes muito interessantes mostram: 26.Re5 Nh2+ 27.Ke2 Rd8! (evitando a fuga do Rei para a ala da Dama) 28.Bxg3! Qxg2+ 29.Bf2 Qg4+ 30.Ke3 (se 30.Ke1 Qg2 31.Ke2 Qg4+, e as pretas já têm um empate) 30...f5
Diagrama de análise
E novamente para a ameaça 31...Qg5+ 32.Ke2 Qd2 mate as brancas têm somente as duas seguintes defesas: I - 31.Qe7 f4+ 32.Ke4 Qg2+ 33.Kxf4 Qxf2+, e as pretas têm pelo menos o xeque perpétuo, pois o Rei das brancas não pode ir a g5 devido ao mate em três através de ...Qg3+, ...Qg4+ e ...Qg6.
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
II - 31.Qb4 Qg5+ 32.Qf4 Ng4+! (mais forte do que 32...Rd3+) 33.Kf3 Nxe5+ 34.Qxe5 Qg4+ 35.Ke3 f4+ 36.Ke4 Qg2+ 37.Nf3 Qxf2 etc., com boas chances de vitória, pois as brancas não podem proteger seu Rei e os seus Peões na ala da Dama. Essas variantes demonstram a vitalidade extraordinária do ataque iniciado pelas pretas no seu 20º lance. 26...Qxh5 27.Nh3 Qb5+ Da mesma forma a tentadora manobra 27...Nh2+ 28.Kg1 Nf3+ 29.Kh1 Rg8! ameaçando 30...Qxh3 e 31...g2 mate, conduz somente a um empate contra uma defesa correta, por exemplo: 30.Bxg3 Rxg3 31.Qf8+ Kd7 32.Rd1+ Kc6 33.Qe8+ Kb6 34.Qe3+ Ka6 35.Qd3+! (se 35.Qe2+ b5! 36.Qf1 Nh4 e as pretas devem vencer) 35...Kb6! (não 35...b5 devido a 36.Qd7!, ameaçando mate em três lances) 36.Qe3+ Ka6! (se 36...c5 37.Rd6+ Ka5 38.Rh6 Qf5 39.Ng1, vencendo) 37.Qd3+ e a partida está empatada.
28.Kg1! O lance 28.c4 permitiria às brancas preservarem material, mas deixaria chances de vitória às pretas, por exemplo 28.c4 Qxc4+ 29.Kg1 Qd4+ 30.Kh1 Nf2+ 31.Nxf2 gxf2 32.Bg3[ou 32.Qg3 Qxb2 (se 32...Re1+ 33.Rxe1 fxe1Q+ 34.Qxe1 Qxf4 35.Qe8 mate) 33.Rf1 Qxa2, e as pretas vencem] 32...Qf6 33.Rf1 Qh6+ 34.Bh2 Re1 35.Qd3 Qc1, vencendo. 28...Qb6+ 29.Kh1 Nf2+ 30.Nxf2 Qxf2
Não 30...gxf2 31.Rf1 Qf6 32.g3, vencendo. 31.Bxg3 Qxg3 32.Qxa7 A batalha oscilante terminou em um pacífico final com forças iguais. As pretas de forma correta contentam-se com um xeque perpétuo, pois a única tentativa para vencer, 32...Re4, é facilmente refutada através de 33.Kg1!. 32...Re1+ 33.Rxe1 Qxe1+ 34.Kh2 Qh4+ 35.Kg1 Qe1+, empate. Partida 33 Wjakhirev, A. - Alekhine, A. Correspondência, Rússia 1908 Abertura Vienense - C28
1.e4 e5 2.Nc3 Nf6 3.Bc4 Nc6 4.d3 Bb4 5.Nge2 Essa partida foi jogada antes do forte lance 5.Bg5 ser introduzido por Mieses na prática magistral. 5...d5 6.exd5 Nxd5 7.Bxd5 Qxd5 8.00 Qd8 A retirada é preferível a 8...Bxc3, como jogado pelo Dr. Bernstein contra mim em Paris (Fevereiro de 1922). A continuação foi 9.Nxc3 Qd8 10.f4 exf4 11.Bxf4 0-0 12.Nb5, através da qual as brancas obtiveram uma vantagem e ao final venceram. 9.Ng3 Na partida Mieses-Tchigorin (Monte Carlo 1902), as brancas continuaram 9.f4 0-0 (é melhor 9...exf4 10.Bxf4 0-0 11.Ne4 Be7) 10.f5, com vantagem para as brancas. 9...0-0 10.f4 Agora esse lance não é tão bom, pois as pretas através da sua resposta assumirão a iniciativa na ala do Rei. 10...f5 11.Nce2 Qh4 12.Kh1Bd6 Contrapondo-se à manobra N-g1-h3, etc. 13.d4 As brancas, com jogo inferior, tentam as pretas a jogarem por um Peão passado, o qual daria a elas chances de contra-atacar no centro. 73
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13...e4 Hoje em dia eu adotaria a simples variante 13...exd4 14.Nxd4 Nxd4 15.Qxd4 Be6, ou 15...Bd7, seguido de ...Bc6. Mas minha falta de experiência era uma pobre proteção contra a tentação de um ataque com sacrifícios brilhantes. E embora minhas previsões fossem realizadas, foi somente devido à estratégia defeituosa adotada pelo meu adversário., 14.c4 Rf6 15.c5 Rh6 16.h3 Bf8 17.Qb3+ Kh8
18.Qc3 Um grave erro de avaliação posicional, o qual entrega a casa muito importante d5. Era absolutamente necessário 18.d5, por exemplo 18...Ne7 ou ...d8 19.Be3, com boa posição no centro. O lance do texto deixa as pretas com acentuada vantagem. 18…Ne7! É claro, não 18...Be6 devido a 19.d5!, etc. 19.Be3 Be6 20.Bf2 Qf6 21.a3 O avanço do Peão na ala da Dama (veja também os lances 23 e 26 das brancas) conduz a nada, pois não há ameaça. Mas o jogo das brancas está tão comprometido pelo seu 18º lance que dificilmente é possível sugerir um plano válido de defesa. 21...Bd5 Ameaçando 22...e3, seguido por ...Rxh3+, etc. A casa d5 não está ocupada propriamente pelo Bispo, pois o Cavalo tem outro papel muito importante a desempenhar. 22.Be3 Ng6 23.b4 Nh4 24.Kg1 74
A qualquer outro lance as pretas responderiam, como na partida, com 24...Nf3+, bloqueando o Rei na casa do canto, exposto aos ataques mais violentos, tais como ...Qh4 ameaçando ...Qh3+!, etc. 24...Nf3+! 25.Kf2 A captura do Cavalo significaria um desastre, por exemplo 25.gxf3 exf3 26.Nc1 Rxh3 27.Kf2 (ou 27.Bf2) 27...Qh4, e as pretas vencem.
25...Qh4! Uma posição bastante peculiar. A intenção das pretas é jogar ...Rg6 e ...Be7, seguido por ...Rxg3! Nxg3 Qxg3! Kxg3 Bh4 mate, e as brancas não têm defesa satisfatória contra essa ameaça! 26.b5 Rg6 27.Rfc1 Be7! 28.Kf1 Como as brancas veem ser impossível contraporem-se à ameaça mostrada acima, procuram compensação na captura do Cavalo das pretas. Mas o ataque das pretas permanecerá forte e conduzirá a novas posições de mate. 28...Rxg3 29.Nxg3 Se 29.Bf2 Nd2+ 30.Kg1 (ou se 30.Ke1 Rxc3) 30...Rxg2+ 31.Kxg2 e3+ 32.Kg1 (ou 32.Kh2) 32...Qxf2 mate. 29...Qxg3 30.Bf2 Qh2 31.gxf3 exf3 32.Rc2 Re8! O lance inicial da manobra que impedirá o Rei das brancas de conseguir refúgio na ala da Dama. 33.Be3 Se 33…Bg1 Qg3 seguido de …Bh4
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mate. 33…Qh1+ 34.Bg1 Bh4! 35.Rh2 Agora a Dama das pretas está perdida, mas essa perda permite que o Peão das pretas aplique o coup de grâce.
35...Qg2+ 36.Rxg2 fxg2 mate. Partida 34 Wjygodchikov, K. - Alekhine, A. Correspondência, Rússia 1908 Abertura Ruy Lopez - C78
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Nf6 5.0-0 Bc5 Esse lance, sugerido em 1908 pelo Mestre dinamarquês Möller, é na minha opinião muito melhor do que a sua reputação pois, até o presente não foi refutado, e as poucas partidas nas quais foi adotado tendem a seu favor. 6.Nxe5 As brancas também podem jogar 6.c3, no qual a melhor resposta é 6...Ba7, como na partida Yates-Alekhine (Hastings 1922), que continuou como segue: 7.d4 (seria interessante 7.Re1 Ng4! 8.d4 exd4 9.cxd4 Nxd4! 10.Nxd4 Qh4!, com um ataque vencedor) 7...Nxe4 8.Qe2 f5 9.dxe5 0-0 10.Nbd2 d5 11.exd6 Nxd6 12.Bb3+ Kh8 13.Nc4 f4 14.Nce5 Nxe5 15.Nxe5 Qg5 16.Bd2 Bh3 17.Bd5 Rae8 18.Rae1 Re6! 19.Qd3, e agora as pretas, que de forma surpreendente jogaram 16...Be3!? ao final obtiveram
somente um empate, enquanto poderiam ganhar um Peão simplesmente através de 19...Bxg2 seguido de 20...Rxe5. 6...Nxe5 7.d4 Nxe4!
8.Re1 Após 8.dxc5 Nxc5 9.Qd4 ou d5 9...Qe7! 10.Bf4 f6 (Dr. Groen-Alekhine, Portsmouth 1923) as brancas não têm compensação suficiente pelo seu Peão. Se 8.Qe2 (Takacs-Alekhine, Viena 1922), então 8...Be7 9.Qxe4 Ng6 10.c4 0-0 11.Nc3 f5, com boas chances de ataque. A continuação dessa partida interessante foi 12.Qf3 Nh4 13.Qd3 b5 14.Bb3 Kh8 15.Bf4 Ng6 16.Bd2 Bb7 17.Rfe1 bxc4 18.Bxc4 d5 19.Bb3 c5! 20.dxc5 d4 21.Na4 Be4 22.Qc4 Bg5 23.Qc1 Bxd2 24.Qxd2 Nh4 25.f3 Bxf3 26.g3, e as pretas venceriam direto através da combinação de sacrifício 26...f4 27.gxh4 Qxh4, pois após 28.Bc2 d3! 29.Bxd3 Rad8 é decisivo. 8...Be7 9.Rxe4 Ng6 10.Nc3 0-0 11.Nd5 Bd6! Era mais importante manter esse Bispo. Agora que as pretas superaram muitas das dificuldades da abertura, podem na sequência obter pelo menos um jogo igual. 12.Qf3 Para 12.c4 as pretas tinham a poderosa resposta 12...f5 13.Re1 c5!, etc. 12...f5 Mas nessa posição esse avanço é prematu75
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ro. As brancas ganham um tempo importante ao jogar o seu Bispo do Rei para b3 e as pretas perdem a chance de jogar ...c5. O jogo correto era 12...b5 13.Bc3 Bb7 etc., com chances muito boas para as pretas. 13.Bb3! Kh8 Evidentemante a Torre não poderia ser capturada devido ao mate em quatro: 13...fxe4 14.Ne7+ Kh8 15.Nxg6+ hxg6 16.Qh3+ Qh4 17.Qxh4 mate. 14.Re2 f4 Em preparação para 15...c6. Se 14...Qh4 15.h3 Qxd4 16.c3 Qc5 17.Be3 Qc6 18.Bd4 etc., com um forte ataque. 15.c4 c6 Na mira do sacrifício da Torre no lance 17. Seria insuficiente 15...Qg5 16.c5 Nh4 devido a 17.Qg3!, ou 15...c5, devido a 16.Bc2, um lance que é ameaçado em qualquer caso. 16.c5 Bb8 17.Nb6
17...d5!! Esse sacrifício de Torre é absolutamente sólido, e as brancas seriam melhor aconselhadas a não aceita-lo e jogassem 18.Nxc8! (não 18.Bc2 direto devido a 18...Qg5!, etc.) 18...Qxc8 19.Bc2, com uma ligeira vantagem. É fácil entender que as brancas sejam tentadas a capturar a Torre, considerando que o forte ataque das pretas que segue não era óbvio. 18.Nxa8 Nh4 76
19.Qc3 Naturalmente não 19.Qh5 devido a 19...g6 20.Qh6 Nf5, seguido de 21...Nxd4, etc. Se 19.Qd3! ocorreriam complicações interessantes. A linha provável de jogo teria sido 19...Bf5 20.Qc3 (se 20.Qd1 Qg5!) 20...f3 21.Re3! (se 21.gxf3 Qf6 22.f4 Bg4) 21...fxg2 22.f3! Qg5! (ameaçando Bxh2+) 23.Re5 Bxe5 24.Bxg5 Bxd4+ 25.Qxd4 Nxf3+ 26.Kxg2 Nxd4 27.Nb6 Be4+ 28.Kg3 Rf3+ 29.Kh4 Bf5!, e mate em poucos lances. O lance do texto em algumas maneiras facilita o ataque das pretas, pois agora elas têm uma séria ameaça incluindo um sacrifício da Dama. 19...f3 20.Re5 Obrigatório. Após a resposta plausível 20.Re3 a continuação seria 20...Qg5! 21.g3 Bxg3! 22.hxg3 Qxg3+ 23.fxg3 f2+ 24.Kf1 Bh3+, e as pretas vencem. 20...Bxe5 21.dxe5 Nxg2! Ameaçando ...Qh4-h3. 22.Qd4 Qd7 As pretas também poderiam vencer através de 22...Nf4! 23.Bxf4 Qh4! etc., mas a variante adotada é igualmente decisiva. 23.e6 Um lance desesperado. Mas após 23.Kh1 Qh3, as brancas não teriam defesa contra 24...Ne1!, etc. 23...Qxe6 24.Bd2
24...Qg6!
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Mais forte do que 24...Qh3 25.Bc3 Rg8 26.Qe5 Nf4 27.Qg5, e as pretas não podem jogar 27...Bg4 devido a 28.Bxg7+! com xeque perpétuo. 25.Bc2 Se ao invés disso 25.Kh1, então 25...Ne8; ou se 25.Kf1 Bh6 e as pretas vencem. 25...Qxc2 26.Kh1 Qg6 27.Rg1 O único recurso. 27...Bh3 28.Nb6
28...Nf4! Essa manobra, preparada pelos últimos lances das pretas, é imediatamente decisiva, pois após a troca das Damas e a perda da qualidade o jogo das brancas permanece absolutamente sem recursos. 29.Rxg6 Bg2+ 30.Rxg2 fxg2+ 31.Kg1 Ne2+ 32.Kxg2 Nxd4, e as brancas abandonaram. Partida 35 Alekhine, A. - Rozanov, V. Torneio em Moscou 1908 Defesa Fianqueto da Dama - B00
1.e4 b6 2.d4 Bb7 3.Nc3 e6 4.Nf3 d5 Um lance que não está no espírito da abertura escolhida pelas pretas, pois restringe a ação do Bispo da Dama. Seria mais lógico 4...Bb4 5.Bd3 d6, seguido de ...Nd7 e
...Ne7. 5.Bb5+ c6 6.Bd3 Nf6 Seria relativamente melhor 6...dxe4 7.Nxe4 Nf6, conduzindo a uma variante – na verdade não muito favorável às pretas – da Defesa Francesa. As brancas tomam vantagem desse lance através do início de um ataque imediato à posição do Rei das pretas. 7.e5 Nfd7 8.Ng5! Ameaçando 9.Nxe6 fxe6 10.Qh5+, seguido de Bg5+,etc. 8...Be7 Se 8...h6 9.Nxe6 fxe6 10.Qh5+ Ke7 11.Qh4+, e as brancas vencem. 9.Qg4 Muito melhor do que 9.Qh5, após o qual as pretas teriam defesa suficiente através de 9...g6 10.Qg4 Nf8, etc. Após o lance do texto as pretas não têm nada melhor do que 9...Bxg5 10.Bxg5 Qc7 11.Bh4! g6 12.Ne2 c5 13.c3, e as brancas têm um belo ataque posicional. 9...Nf8 Isso permite uma combinação com sacrifício. 10.Nxh7! Rxh7 Se 10...Nxh7, 11.Qxg7 etc. 11.Bxh7 Nxh7 12.Qxg7 Nf8 À primeira vista pode parecer que as brancas têm uma vitória simples através do avanço do seu Peão h após g3, pois isso custará às pretas pelo menos uma peça quando esse alcançar a casa h7. Mas nesse caso as pretas podem, através de um contra-ataque no centro, atrapalhar esse plano, ou mesmo obter compensação em outro lugar, por exemplo: 13.g3 c5 14.h4 (ou 14.Ne2 Nc6 15.c3 cxd4 16.cxd4 Ba6!, seguido por ...Nb4) 14...cxd4 15.Ne2 d3 16.cxd3 d4 17.R move Ba6, etc. Só há uma maneira para as brancas obterem uma vitória imediata a partir da sua vantagem na posição. 77
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13.h4! Um lance surpresa, o primeiro elo da corrente da combinação em seguida, ao longo da qual as pretas terão que entregar a sua Dama. 13...Bxh4 14.Rxh4! Qxh4 15.Bg5 As pretas, sendo incapazes de retirar a Dama branca de f6, com dupla ameaça de mate em e7 e d8, são obrigadas a entregar a Dama pelo Bispo. 15…Qh1+ 16.Kd2 Qxg2 17.Qf6 Qxg5+ 18.Qxg5 O restante é somente uma questão de rotina. 18...Ng6 19.f4 Ne7 20.Rh1 Nd7 21.Nd1 Nf8 22.Ne3 Bc8 23.Ng4 Bd7 24.Rh8 Neg6 25.Nf6+ Kd8 26.Qxg6! O mais simples, as brancas permanecem com uma Torre de vantagem. As pretas abandonaram. Partida 36 Blumenfeld, B. - Alekhine, A. 2ª partida do Match, Moscou 1908 Abertura Philidor - C41
1.e4 e5 2.Nf3 d6 3.d4 Nd7 É mais correto o lance de Nimzovitsch 3...Nf6, pois a variante 4.dxe5 Nxe4 5.Bc4 c6 não apresenta dificuldades de uma forma geral para as pretas. Mas após o lance do texto, as brancas podem adotar a Variante Schlechter 4.Bc4 c6 5.Nc3 Be7 6.dxe5 dxe5 7.Ng5 Bxg5 8.Qh5!, que dá a elas 78
uma ligeira vantagem para o final da partida. 4.b3 Após esse lance, as pretas não têm surpresas a temer e podem calmamente se dedicar ao seu desenvolvimento. 4...c6 5.Bb2 Qc7 6.Nbd2 Pretendendo atacar o Peão e uma terceira vez com Nc4 e assim forçar seu adversário a modificar a disposição dos seus Peões. As pretas frustram esse plano de uma maneira muito simples. 6...Ne7 Esse Cavalo deve ser colocado em g6, e, enquanto assegurar a partir dessa casa a defesa do Peão e, vai aguardar o momento oportuno para estabelecer-se em f4, uma casa que foi deixada fraca através do desenvolvimento das brancas do seu Bispo da Dama em b2. 7.Be2 Certamente teria sido melhor tomar conhecimento da ameaça das pretas através de 7.g6, seguido por Bg2, especialmente pela ação do Bispo a partir de e2 ser praticamente nula. 7...Ng6 8.0-0 Be7 9.a4 Perda de tempo. Nessa posição o lance 9...b5 não deve ser temido. 9...0-0 10.Nc4 Rd8 Na Variante Hanham da Defesa Philidor a coluna d é de uma importância primordial, como a coluna e na Variante das Trocas na Defesa Francesa. 11.Qc1 A Dama das brancas, de forma muito razoável, escapa da desconfortável oposição da Torre adversária. Entretanto, teria sido mais urgente evitar a troca do Bispo do Rei, o qual poderia na sequência se provaria ser mais útil, jogando primeiro 11.Re1 seguido de Bf1. As pretas de imediato exploram esse ligeiro erro estratégico. 11...Nf4 12.Re1 Nxe2+ 13.Rxe2 f6 Na ausência do Bispo do Rei das brancas, o enfraquecimento das casas brancas resultantes do avanço do Peão f das pretas, não é mais perigoso. 14.Nh4 Nf8
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O Cavalo da Dama das pretas agora mira a casa f4. 15.Ne3 Ne6 16.dxe5 As brancas percebem que não conseguirão mais dificultar a abertura da coluna d e isso é equivalente à condenação da sua estratégia de abertura. Certamente a continuação 16.Nhf5 Bf8 17.c3 g6 18.Ng3 Nf4 19.Rd2 Be6 20.Qc2 Qf7 etc., era até menos atraente do que a variante realmente adotada. 16...dxe5 17.Nhf5
17...Bb4! Uma manobra bem concebida que tem por objetivo o controle permanente da coluna d. A ameaça direta é 18...Nf4, e consequentemente provocar a resposta 18.c3, e com isso o enfraquecimento da casa d3. 18.c3 As alternativas eram: I – 18.g3 Ng5; II - 18.f3 Nf4 19.Rf2 Bxf5 20.exf5 (20.Nxf5 Bc5 21.Ne3 Qb6 22.a5! Bxe3 23.axb6 Bxc1 24.Rxc1 axb6) 20...Bc5, e as pretas, ameaçando 21...Nd5 e ...Qb6, devem vencer. 18...Nf4 Ganhando um tempo precioso que permitirá às pretas trazerem sua Torre da Dama de forma rápida para o jogo após 19...Bxf5. Tivessem as pretas jogado 18...Bf8, as brancas teriam uma defesa fácil através de 19.Rd2 Nf4 20.Rxd8 Qxd8 21.Qd1, etc. 19.Rd2 Bxf5 20.Nxf5 Bc5 21.b4 Sem essa precaução, as pretas após 21...a5
assegurariam o seu Bispo em uma posição dominante na diagonal g1-b7. 21...Bf8 22.Rxd8 As brancas não tinham escolha, e o controle da coluna d está definitivamente perdido. 22...Rxd8 23.Qc2 Qd7 24.Rf1 Para libertar a Dama das brancas, no momento imobilizada pela ameaça de mate em d1. 24...Qd3! 25.Qb3+ Após 25.Qxd3 Rxd3 26.Ng3 c5 27.bxc5 Bxc5, seguido de ...Rd2 etc., a posição das brancas seria sem esperanças. 25...Kh8 26.Ng3 Evidentemente obrigatório, as pretas agora dominam o tabuleiro. 26...h5 Mas esse não é o caminho mais curto para a vitória. Seria mais direto 26...Ne2+ 27.Nxe2 Qxe2 28.Bc1 Qxe4 29.Qf7 c5 30.bxc5 Bxc5 31.Qc7 Bb6, e as pretas, com uma bela posição e um Peão a mais, devem vencer facilmente.
27.Bc1 As brancas, por sua vez, não adotam a melhor continuação e assim deixal escorregar a sua última chance: 27.h4!, após o que as pretas não podem jogar 27...g5, que enfraquece consideravelmente a posição do seu Rei, por exemplo: 28.Qf7! Bg7 29.hxg5 fxg5 30.Bc1, etc. Nesse caso, as pretas teriam se contentado com 27...Ne2+ 28.Nxe2 Qxe2 29.Bc1 Qxe4 30.Qf7 c5! 79
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31.Qxh5+ Kg8, com uma vantagem suficiente para vencer, mas ao custo de algumas dificuldades técnicas. 27...h4! O fim, por assim dizer, joga por si mesmo. 28.Bxf4 exf4 29.Nf5 Se agora 29...Qxe4, então 30.Nxh4 com algumas possibilidades defensivas. Mas a resposta das pretas destrói as ultimas ilusões do adversário.
29...h3! Decisivo, como mostram as variantes a seguir: I – 30.f3 Qe2! 31.gxh3 Rd2, vencendo; II – 30.gxh3 Qxe4 31.Nd4 Rd5!, vencendo, pois se 32.f3 Qe3+! seguido de ...Rxd4; III - 30.Re1 Qd2! 31.Rf1 Qe2, vencendo. 30.Qe6 hxg2 31.Kxg2 Um lance desesperado. Se 31.Re1 Qxc3 32.Rb1 Qc2 33.Re1 Rd1 (o mais simples) 34.Rxd1 Qxd1+ 35.Kxg2 Qg4+ 36.Kf1 Bxb4 37.Qc8+ Kh7 38.Qxb7 a5 39.Qxc6 f3!, vencendo. 31...f3+ 32.Kg1 Qxf1+!, e mate no próximo lance. Partida 37 Alekhine, A. - von Freymann, S. Exibição durante o Torneio de Colônia 1911 Abertura Ruy Lopez - C66
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1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 Nf6 4.0-0 d6 5.Nc3 Bd7 6.d4 exd4 Essa captura é prematura e deveria ser precedida de 6...Be7 7.Re1!, etc. A inversão de lances oferece às brancas possibilidades vantajosas de desenvolvimento. 7.Nxd4 Be7 8.Nxc6 Também seria muito forte 8.Bxc6 bxc6 9.Qf3!. Mas o sistema adotado pelas brancas traz uma posição mais promissora. 8...Bxc6 Após 8...bxc6 a melhor resposta seria 9.Ba4, como a adotada com sucesso por Marco contra Breyer no Torneio de Budapeste 1913. 9.Qe2! As brancas atrasam a toca dos Bispos em c6 até que assegurem os meios rara enfraquecer a forte posição dos Peões das pretas em c7, c6 e d6 vinculados por essa troca. Esse é um ponto de vista estrategicamente correto. 9...0-0 10.Bg5 Re8 11.Rfe1 Para estancar a ameaça 11...Nxe4. 11...h6 Aparentemente o objetivo das pretas ao jogar esse lance seja prosseguir com 12...Nh6 no caso de 12.Bh4, e então forçar uma troca de Bispos, que facilitaria sua posição. As brancas consequentemente escolhem outra casa de fuga para seu Bispo, para evitar essa linha de jogo. 12.Bf4 Nd7 Se agora 12...Nh7, então 13.Bc4, e as pretas não podem mais trocar o seu Bispo (13...Bg5 14.Bg3 Bh4 15.Qh5). Após o lance do texto as brancas podem realizar o plano que tinham em mente quando jogaram 9.Qe2, ou seja, o enfraquecimento da ala da Dama do adversário após a troca do Bispo da Dama. 13.Bxc6! bxc6 14.Qc4 Bg5 Uma defesa engenhosa, a qual no entanto, não traz o resultado desejado. Mas as brancas não podem jogar 15.Bxg5 Qxg5 16.Qxc6? devido a 16...Ne5 e 17...Nf3+. 15.Bg3 c5 16.Rad1
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Ameaçando e5. 16...Bf6 17.b3 Ne5 18.Qe2 g6 Para manter o Bispo que atuará de forma efetiva nas casas pretas do adversário. As brancas agora precisam manobrar com a maior precisão para manter sua vantagem. 19.Nd5 Bg7
Se 31...Kh8 32.Rf1 seguido por 33.Qe2 vence com facilidade para as brancas. 32.Bxd6!, e as pretas abandonaram. Partida 38 Potemkin, P. - Alekhine, A. Sociedade de Xadrez de São Petersburgo, Março 1912
Defesa Siciliana - B20
20.Qa6! A forma mais efetiva de explorar as fraquezas da ala da Dama das pretas. As brancas agora ameaçam ganhar um Peão através de 21.Bxe5 e 22.Qb7. As pretas em consequência são obrigadas a jogar ...c6. É interessante notar o quanto esse lance enfraquecedor estimula as pretas a comprometerem sua posição mais e mais, até finalmente se tornar insustentável. 20...Qc8 21.Qa5 c6 22.Ne3 Rd8 23.Bh4! Forçando as pretas a jogarem 23...g5 ou ...f6, o que não é muito melhor, pois 23...Rd7 é impossível devido a 24.f4. 23...g5 24.Bg3 Qe6 25.Nf5 Bf8 26.Qc3 Agora a ameaça de 27.f4 Ng6 28.fxg5 seguido de 29.Bxd6 etc., força as pretas a enfraquecerem ainda mais a sua ala do Rei. 26...f6 27.f4 Ng6 Em resposta a 27...Nf7 as brancas levariam a sua Dama para h5 via f3, com efeito decisivo. Após o lance do texto elas ganham pelo menos um Peão. 28.Nxh6+! Bxh6 29.f5 Qe7 30.fxg6 Bf8 31.Qc4+ Kg7
1.e4 c5 2.g3 Um bom sistema de desenvolvimento contra a Defesa Siciliana, que foi muito estudado por Tchigorin. Tem sido adotado com sucesso pelo Dr. Tarrasch em muitos torneios em anos recentes. 2...g6 3.Bg2 Bg7 4.Ne2 Nc6 5.c3 Mas o avanço d4, preparado por esse lance, não está no espítito do sistema. As brancas poderiam simplesmente desenvolver as suas peças através de 5.Nc3, 6.d3, 7.0-0, etc. 5…Nf6 6.Na3 Esse lance ilógico permite às pretas obterem um jogo superior de forma direta. Certamente teria sido melhor jogar 6.d4 cxd4 7.cxd4 d6, embora também nesse caso o centro de Peões das brancas se tornaria fraco. 6…d5 É claro! 7.exd5 Nxd5 8.Nc2 0-0 9.d4 Após esse lance o Peão d das brancas se torna fraco diretamente. Mas 9.d3 não seria muito melhor. 9...cxd4 10.cxd4 Bg4 11.f3 A alternativa 11.Be3 seguida por Qd2 e Rd1 também é insatisfatória. 11...Bf5 Ameaçando ganhar o Peão d através de ...Bxc2, etc. 12.Ne3 Qa5+ Esse último lance evita o roque, pois após 13.Qd2 ou 13.Bd2, a resposta 13...Nxe3 ganha uma peça. 13.Kf2 Ndb4 Ameaçando entre outras coisas ganhar o Peão d após Bd3. 81
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14.Nxf5 Qxf5 15.g4 Nd3+ 16.Kg3
16…Nxd4! Decisivo. 17.gxf5 Para 17.Nxd4 Qe5+ etc., daria uma fácil vitória às pretas. 17…Nxf5+, e mate em dois lances. Se 18.Kg4 h5+ e mate no próximo lance através do Bispo ou Cavalo. Se 18.Kh3 Nf2, um “mate puro”.
Se agora 6...Bg7, então 7.e5 dxe5 8.fxe5 Ng4 9.e6 Nde5 10.Bb5+, etc. Foi por isso que as pretas jogaram: 6...a6 7.e5 dxe5 8.fxe5 Ng4 9.e6! Isso destrói a variante das pretas. 9...Nde5 10.Bf4
Partida 39 Alekhine, A. - Levenfish, G. Sociedade de Xadrez de São Petersburgo, Março 1912
Abertura do Peão da Dama - A43
1.d4 c5 O avanço desse Peão é considerado corretamente inferior, mesmo quando preparado através de 1...Nc6 2.Nc3. No primeiro lance constitui, na minha opinião, um grave erro posicional, pois as brancas obtêm diretamente uma grande vantagem na posição simplesmente avançando os Peões centrais. 2.d5 Nf6 3.Nc3 d6 4.e4 g6 Se ao invés do lance do texto as pretas respondessem com 4...e6, a resposta das brancas seria 5.Bc4 etc., e a sequência não seria satisfatória para as pretas devido à fraqueza da sua casa d6. 5.f4 Já ameaçando e5. 5...Nbd7 6.Nf3 82
10...Nxf3+ Ou 10...Bg7 11.Qe2 Nxf3+ 12.gxf3 Nf6 13.exf7+ Kxf7 14.0-0-0 etc., com vantagem esmagadora para as brancas. Após o lance do texto, provavelmente as pretas esperam pela resposta 11.Qxf3, sobre o qual obteriam uma partida jogável após 11...fxe6!. 11.gxf3! Nf6 12.Bc4! Isso é preferível à captura imediata do Peão f, captura essa que o lance do texto torna muito mais ameaçadora. 12...fxe6 13.dxe6 Qb6 A alternativa era 13...Qxd1+ 14.Rxd1 Bg7 15.Bc7 0-0 16.Bb6, e as brancas ganham um Peão mantendo ao mesmo
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tempo a pressão. O lance 13...Qb6, ameaçando dois Peões ao mesmo tempo, mostrase insuficiente através de uma combinação inesperada que inclui um sacrifício pelas brancas. 14.Qe2! O lance inicial. 14...Qxb2 À primeira vista, aqui parece ser pouco perigosa essa captura, pois 15.Kd2 seria frustrado através de 15...Nh5 16.Be5 Bh6+ 17.Kd3 Bxe6 18.Bxe6 Rd8+, etc. Mas as brancas tinham em mente um esquema diferente.
15.Nb5! Esse ataque pelo Cavalo (que não pode ser capturado devido a 15...axb5 16.Bxb5+ Kd8 17.Rd1+) decide a questão em poucos lances. As pretas então não têm nada melhor do que aceitar o sacrifício e tomar a Torre. 15…Qxa1+ 16.Kf2 Qxh1 17.Nc7+ Kd8 18.Qd2+ Bd7 19.exd7 Ameaçando Ne6 mate. As pretas abandonaram, pois se 19...Nxd7 20.Be6; ou se 19...e5 20.Ne6+ Ke7 21.d8Q+ Rxd8 22.Qxd8+ Kf7 23.Nxf8+ Kg7 24.Qe7 mate. Partida 40 Alekhine, A. - Levitsky, S. 2ª partida do Match, São Petersburgo, Março 1913
Gambito do Bispo - C33
1.e4 e5 2.f4 exf4 3.Bc4 Nf6 Essa defesa agora é considerada ser a melhor. A linha de jogo antiga 3...Qh4+ 4.Kf1 d5 5.Bxd5 g5 é menos e menos jogada por conta do ataque de Tchigorin: 6.g3 fxg3 7.Qf3!, etc. 4.Nc3 Bb4 As pretas têm agora uma “Ruy Lopez” com a defesa de Schliemann (f4), mas com um lance atrás, evidentemente uma consideração importante. Muito interessante, e provavelmente melhor, é o lance de Bogoljubov 4...c6, como jogado por ele com sucesso contra Spielmann (Carlsbad 1923). 5.Nge2 Um lance novo que essa partida falha em refutar. Após 5.Nf3 0-0 6.0-0 Nxe4 7.Nxe4 d5 etc., e então teriam que sacrificar um Peão de forma permanente jogando 7.Nd5, com algumas chances de ataque. 5...d5 Se 5...Nxe4 as brancas rocam e obtêm um bom ataque pelo Peão sacrificado. Com o lance do texto, as pretas por sua vem pretendem um sacrifício de Peão muito audacioso, cuja solidez, no entanto, é uma questão em aberto. 6.exd5 f3 Tentando comprometer a posição do Rei das brancas; mas, como a sequência mostrará, a abertura da coluna g não é sem perigo para as pretas, e por outro lado, as brancas momentaneamente ficarão com um Peão a mais. 7.gxf3 0-0 8.d4 Esse lance é inconsequente. Após 8.0-0! c6 9.dxc6 Nxc6 10.d4 Bh3 11.Rf2 Rc8 etc., e o desenvolvimento das pretas é favorável, mas o ataque é insuficiente para compensar a perda de um Peão. Mas após o lance do texto, as pretas podem e devem recuperar o Peão através de 8...Nxd5 9.0-0 Be6 etc., com um bom jogo. 8...Bh3 83
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9.Bg5! O lance plausível era 9.Nf4, tanto protegendo os Peões como atacando o Bispo, mas acima disso as pretas tinham em vista o seguinte plano vencedor: 9...Re8+ 10.Kf2 Ng4+! (aparentemente inofensivo devido a resposta das brancas) 11.Kg3 Nf2!! etc. Com o lance do texto as brancas assumem a iniciativa definitivamente. 9...Bg2 10.Rg1 Bxf3 11.Qd2 Be7 Seria ruim 11...Ne4 devido a 12.Bxd8 Nxd2 13.Bf6, etc. Por outro lado, As brancas ameaçavam 12.Qf4, e a variante 11...Bxe2 12.Bxe2 Bxc3 13.Qxc3 Re8 seria refutada através de 14.0-0-0 Rxe2 15.Qf3, etc. 12.0-0-0
12...Bh5 Aqui novamente 12...Ne4 perderia para as pretas, por exemplo 13.Bxe7 Nxd2 (se 13...Qxe7 14.Qh6!) 14.Bxd8 Nxc4 84
15.Rxg7+! Kxg7 16.Rg1+ Kh6 17.Bg5+ Kg6 (se 17...Kh5 18.Nf4 mate) 18.Be7+, seguido por Bxf8, etc. Agora as brancas têm um confortável jogo de ataque. 13.Rde1 Nbd7 14.Nf4 Bg6 15.h4! Ameaçando obviamente 16.h5. 15...Re8 16.Qg2 Agora a ameaça é ainda mais aguda. 16...Bf8 17.h5 Bf5 O lance 17...Rxe1+ primeiro oferece às pretas uma defesa mais prolongada. Mas é evidente que em qualquer caso o ataque das brancas por último teria sucesso.
18.Ne6! Essa irrupção abre novas linhas de ataque de natureza decisiva para as brancas. As pretas são forçadas a capturar o Cavalo, pois após 18...Qc8 as brancas vencem através de 19.Qf3!. 18...fxe6 19.dxe6 Kh8 20.exd7 Rxe1+ 21.Rxe1 Bxd7 22.h6 O lance vencedor. As pretas devem pelo menos perder uma peça em f6. 22...Bc6 23.d5 Bd7 24.Rf1 b5 25.Bb3 Qe8 26.d6 Também era suficiente 26.Rxf6. 26…Nh5 Ou 26...Bc6 27.d7!, dando duas variantes: I – 27...Bxg2 28.dxe8Q Rxe8 29.Rxf6! etc.; II - 27...Qxd7 28.Qf2! Ng8 29.Qxf8!, vencendo.
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
Foi em vista da última variante que as brancas jogaram 26.d6. 27.Bf7, e as pretas abandonaram. Partida 41 Alekhine, A. - Levitsky, S. 8ª partida do Match, São Petersburgo, Março 1913
Abertura Vienense - C27
1.e4 e5 2.Nc3 Nf6 3.Bc4 Nxe4! Foi somente devido a essa resposta, que dá às pretas um jogo igual com facilidade, que desisti nesse momento da Abertura Vienense. 4.Qh5 É claro que após 4.Nxe4 d5!, ou mesmo 4.Bxf7+ Kxf7 5.Nxe4 d5, as pretas emergem incólumes das atribulações dos estágios da abertura. 4…Nd6 5.Bb3 Aqui as brancas equalizariam através de 5.Qxe5+ Qe7 6.Qxe7+ Bxe7 etc. Mas o sacrifício de um Peão, que o lance do texto implica, é de valor duvidoso. 5...Nc6! A intenção é sacrificar a qualidade na seguinte variante: 6.Nb5 g6 7.Qf3 f5 8.Qd5 Qf6 9.Nxc7+ Kd8 10.Nxa8 b6!, a qual assegura para as pretas um ataque muito forte e provavelmente irresistível. O lance simples 5...Be7 também é amplamente suficiente e resultaria, através de uma transposição de lances, em uma posição da partida atual. 6.d3 Be7 Também deve ser considerado 6...g6 seguido por ...Bg7. Como pode se ver, as pretas nessa variante têm uma ampla escolha de lances. 7.Nf3 g6 Esse lance, que já havia sido jogado no Torneio de Paris 1900 (Mieses-Marco), não parece natural, especialmente após ...Be7 e, realmente, não é o melhor. As pretas poderiam simplesmente ter rocado, pois a variante 7...0-0 8.Ng5 h6 9.h4 Nd4! não é suficiente. Após o lance do texto, as pretas serão incapazes de rocar.
8.Qh3 Nf5 9.g4 Esse lance também foi tentado antes, em muitas ocasiões, com várias continuações. 9...Nfd4 10.Bh6 Nxb3 Uma ideia interessante, que tem por alvo um contra-ataque, mas ao mesmo tempo prematura, pois as pretas ainda não se desenvolveram o suficiente. O lance correto é 10...Bf8!, pois após 11.Bxf8 Rxf8 as brancas não estão em posição para recuperar o Peão através de 12.Nxd4 exd4 13.Qxh7 devido a resposta muito forte 13...Qg5!, evitando que elas roquem para o lado da Dama e deixando-as com perspectivas de ataque muito duvidosas. 11.axb3 f5 Esse lance dá a pista para a troca anterior, a qual de outra forma pareceria inexplicável. Se agora as brancas fossem jogar 12.gxf5, as pretas obteriam um belo desenvolvimento através de 12...d6 e 13...Bxf5. 12.Bg7! fxg4 13.Qh6! Esse sacrifício de um segundo Peão promete às brancas um ataque tanto duradouro como vigoroso. 13...Bf8 Obviamente forçado. 14.Bxf8 Rxf8 15.Ng5 Nd4! Esse contra-ataque oferece ao todo as melhores chances. Seria muito insuficiente 15...Qf6 devido a 16.0-0!, etc. 16.Nxh7 Rg8
17.Nd5! A única continuação correta de ataque, 85
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
cujo ponto se tornará evidente no 23º lance das brancas. Após o lance plausível 17.0-0-0 as pretas poderiam se desembaraçar através de 17...Nf5 18.Qd2 Qh4 etc., e o ataque das brancas seria repelido com sucesso. 17...Nxc2+ Como a ameaça 18.Nf6+ não pode ser evitada, as pretas são obrigadas a procurar compensação na captura da Torre adversária. 18.Kd2 Nxa1 19.Rxa1 c6 Ou se 19...d6 20.Nhf6+ Kf7 21.Nxg8 Qxg8 22.Nxc7, seguido de 23.Nb5 etc., com ataque decisivo. 20.Nhf6+! Kf7 21.Nxg8 Qxg8 Se 21...cxd5 22.Qh7+ Kf8 23.Qxg6 Qe8 24.Qg5! Qf7 25.Nf6! d6 26.h3! gxh3 27.Rg1 etc., com um ataque vencedor. 22.Nb6 Rb8
23.Nc4! O lance vencedor, pois as pretas não podem evitar a abertura da coluna e, a qual se provará decisiva. 23...d6 Se 23...Ke6 24.Nxe5 Kxe5 25.Qg5+ e as brancas ganhariam a Torre através de um xeque em e5 ou f4. 24.Nxd6+ Ke7 25.Nc4 Bf5 26.Re1 Qh8 27.Qe3! Rd8 Após 27...Kd7 as brancas vencem através de Qxa7, etc. O lance do texto permite uma finalização ainda mais rápida. 28.Nxe5 Kf6 29.Nxg4+! Bxg4 30.Qe5+, e as pretas abandonaram.
86
Partida 42 de Rodzinsky, J. - Alekhine, A. Paris, Agosto de 1913
Abertura do Cavalo do Rei - C41
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bc4 d6 Embora raramente jogado, esse lance não é inferior a 3...Be7, que constitui a Defesa Húngara. A presente partida oferece um exemplo típico dos perigos aos quais as brancas estão expostas se tentarem refutar isso de imediato. 4.c3 Bg4 5.Qb3 Qd7
6.Ng5 Antecipando o ganho de dois Peões. Se diretamente 6.Bxf7+ Qxf7 7.Qxb7 Kd7 8.Qxa8 Bxf3 9.gxf3 Qxf3 10.Rg1 Qxe4+ 11.Kd1 Qf3+, e as pretas têm pelo menos o empate, pois as brancas não podem mover o seu Rei para c2, devido a ...Nb4+, etc. 6...Nh6 7.Bxf7+ Após 7.Qxb7 Rb8 8.Qa6 Rb6 9.Qa4 Be7, seguido pelo ...0-0, as pretas obteriam compensação em desenvolvimento suficiente em troca do Peão sacrificado. 7...Nxf7 8.Nxf7 Qxf7 9.Qxb7 Kd7! O sacrifício da qualidade é inteiramente sólido e rende às pretas um forte contra-ataque. 10.Qxa8 Qc4! 11.f3 Evidentemente forçado.
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
uma posição avassaladora. 5.e3 Nf6 6.Bxc4 Bb4 7.0-0 Bxc3 8.bxc3 0-0 9.Qc2 Ne7 10.Ba3 c6 11.e4 h6 Opondo-se à ameaça 12.e5 seguido de 13.Ng5, mas ao custo de um considerável enfraquecimento na posição do roque. 12.Rad1 Bd7 13.Ne5 Re8 Para liberar a Dama. Uma catástrofe em f7 já está no ar. 14.f4 Qc7 15.f5 Rad8 11...Bxf3! Através dessa combinação inesperada as pretas asseguram a vantagem em qualquer caso. Entretanto, seria incorreto 11...Nd4 devido a 12.d3 Qxd3 13.cxd4 Bxf3 14.Nc3!, etc. 12.gxf3 Nd4! 13.d3 Esse lance perde direto. A única chance talvez fosse 13.cxd4 Qxc1+ 14.Ke2 Qxh1 15.d5 Qxh2+ 16.Kd3 Qg1 17.Qc6+ Kd8 etc., mas a posição das pretas é manifestadamente superior. 13…Qxd3 14.cxd4 Be7! Com esse lance as brancas têm a escolha entre perder a Dama ou o mate. Preferiram a última. 15.Qxh8 Bh4 mate. Partida 43 Alekhine, A. - Prat, M. Simultânea a 20 mesas - Paris, Setembro de 1913
Gambito da Dama Recusado - D07
1.d4 d5 2.Nf3 Nc6 3.c4 e6 A Defesa Tchigorin só é jogável se o Bispo da Dama está desenvolvido em g4. O lance do texto, que ao contrário obstrui esse Bispo, só pode criar dificuldades para as pretas. 4.Nc3 dxc4 Uma renúncia adicional. As pretas agora abandonam o centro, e não é surpreendente que as brancas em poucos lances obtenham
16.Nxf7! Isso dificilmente pode ser denominado um sacrifício, pois as brancas estão em uma posição de recuperar a peça com posição superior, mas antes disso é o lance inicial da elegante combinação final. 16...Kxf7 17.e5 Neg8 18.Bd6 Aqui as brancas recuperariam a sua peça através de 18.exf6 gxf6! (se ao invés disso 18...Nxf6 19.fxe6+ Bxe6 20.Rxf6+ etc.) 19.fxe6+ Kg7!. De forma muito correta as brancas preferiram mirar o mate. 18...Qc8 19.Qe2 b5 20.Bb3 a5 21.Rde1! A sequência mostra claramente o objetivo desse lance. 21...a4
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
Aqui as brancas anunciaram mate em 10 lances como segue: 22.Qh5+!! Nxh5 23.fxe6+ Kg6 24.Bc2+ Kg5 25.Rf5+ Kg6! 26.Rf6+ Kg5 27.Rg6+ Kh4 28.Re4+ Nf4 29.Rxf4+ Kh5 30.g3! qualquer lance 31.Rh4 mate. Partida 44 Alekhine, A. - Lasker, Ed. Partida de Exibição - Paris, Setembro de 1913
Abertura Vienense
1.e4 e5 2.Nc3 Nf6 3.Bc4 Nc6 4.d3 Bc5 5.Bg5 Atualmente eu preferiria 5.f4 d6 6.Nf3, trazendo para uma posição no Gambito do Rei Recusado favorável para as brancas. O lance do texto, ao contrário, permite às pretas igualarem a partida com facilidade. 5...d6 6.Na4 A continuação 6.Nd5 Be6 7.Nxf6+ gxf6 8.Bxe6 fxe6 9.Qh5+ Kd7 etc., deixa as brancas sem vantagem alguma. 6...Bb6 Em posições similares é muito mais vantajoso jogar 6...Be6, com a intenção de abrir as colunas centrais. No entanto, a retirada do Bispo para b6 não está errada. 7.Nxb6 axb6 8.Ne2 Be6 9.Nc3 É mais importante manter o domínio da casa d5. 9...h6 10.Bh4 Qe7 88
11.f3! Através desse lance posicional, resultado de análises exaustivas, as brancas, enquanto reservam para elas total liberdade de ação na outra ala, forçam o adversário a decidir para qual lado rocar, para serem capazes de elaborar seu plano de ataque de forma adequada. Além disso, o avanço do Peão f é justificado através das seguintes considerações: o Bispo do Rei têm uma retirada segura caso as pretas jogarem ...g5, e aí há um ataque imediato das brancas através de g4 se as pretas rocarem para a ala do Rei. Nas seguintes variantes as pretas teriam a vantagem: I - 11.Qd2 Bxc4 12.dxc4 Nxe4; II - 11.0-0 g5 12.Bg3 h5. 11...0-0-0 Como a sequência mostra, o ataque das brancas, favorecido pela iminente abertura da coluna d, amadurecerá mais rapidamente do que o contra-ataque das pretas na ala do Rei. Dessa forma é melhor 11...Rd8, embora nesse caso as brancas assegurariam um jogo excelente através de 12.Nd5!. 12.Nd5 Forçando a troca de várias peças, após o que as brancas terão um campo definido e serão capazes de lançar um ataque contra o roque das pretas através de um avanço geral dos seus Peões. 12...Bxd5 13.Bxd5 g5 14.Bf2 Nxd5 15.exd5 Nb4 É um pouco melhor 15...Nb8, apesar de igualmente insuficiente.
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
16.c4 É interessante notar que a partir desse ponto até uma vantagem decisiva garantida, o plano de ação das brancas compreende quase exclusivamente lances de Peões. No manejo dessa partida, as brancas se inspiraram pelo exemplo do Grande Mestre do século 18, o imortal Philidor. 16...f5 17.0-0 h5 Ganharia um tempo 17...Rdg8. Mas a posição das pretas era tão comprometida que o ganho de um tempo não seria suficiente para restaurá-la. 18.a4 Rdg8 19.a5 bxa5 20.Rxa5 Ameaçando 21.Ra8+ e 22.Qa4+. 20...Na6 21.b4! Kd8 22.c5 Seria igualmente satisfatório 22.b5 Nc5 (se 22...Nb8 23.Ra7) 23.d4, mas as brancas pretendem ganhar uma peça e consequentemente adotaram o lance do texto. 22...Ke8 23.d4 Kf7 Essa fuga forçada do Rei mostra claramente o erro das pretas em rocarem para a ala da Dama. 24.b5
24...dxc5 Obviamente a única chance, pois 24...Nb8 25.dxe5 dxe5 26.Ra7 teria conduzido a um desastre imediato. 25.bxa6 b6 26.d6 Interessante, e bastante suficiente para a vitória. Mas 26.Ra2 cxd4 (ou 26...exd4 27.Re1 Qd6 28.Rae2) 27.Qb3 Kg7 28.Rc1 e 29.Rac2 era ainda mais simples.
26...Qxd6 Se 26...cxd6 27.Qb3+ e 28.Qxb6. 27.Qb3+ Qe6 28.d5 Qd6 29.Ra2 Ra8 30.Re1 O início da ação decisiva contra os Peões fracos do adversário na ala do Rei. 30...Rhd8 31.Qd3 Qf6 A única defesa, pois se 31...Kf6 32.f4!, e se 31...Kg6 32.g4!, vencendo com facilidade em ambos os casos.
32.g4! Para utilizar o Bispo da Dama contra os Peões das pretas em e5 e g5, após o que a posição das pretas rapidamente se torna insustentável. 32...c6 33.gxf5 Rxd5 Se 33...cxd5 34.Bg3 c4 35.Qd1, vencendo. 34.Qe4 h4 Prevenindo 35.Bg3. 35.Qg4 Qh6 36.Be3 Kf6 37.Rg2 Rg8 38.f4! O coupe de grâce. 38...exf4 39.Bxf4! Mais forte do que 39.Bd4+, ao qual as pretas ainda poderiam responder através de 39...Kf7. As pretas abandonaram. Partida 45 Alekhine, A. - Lasker, Em. Partida de Exibição - Moscou, Março de 1914
Abertura Escocesa - C47 89
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.d4 Ao adotar em meu primeiro encontro com o Campeão Mundial essa abertura relativamente pouco jogada, meu objetivo era simplesmente evitar caminhos bem trilhados da Ruy Lopes e do Gambito da Dama, ambas aberturas posicionais para as quais naquela época não me julgava maduro. 3...exd4 4.Nxd4 Nf6 5.Nc3 Bb4 6.Nxc6 bxc6 7.Bd3 d5 Esses últimos lances constituem-se na melhor defesa para a Abertura Escocesa. 8.exd5 cxd5 9.0-0 0-0 10.Bg5 Be6 Aqui o lance mais comum, que oferece as melhores chances, é 10...c6. Após o lance do texto as brancas já podem jogar por um empate com 11.Bxf6 Qxf6 12.Nxd5 (não 12.Qh5 g6 13.Nxd5 Qd8! e as pretas vencem) 12...Bxd5 13.Qh5 g6 14.Qxd5 Qxb2 15.Rab1. 11.Qf3 Be7 12.Rfe1 Preparando a combinação que vem a seguir. 12...h6
13.Bxh6! Com esses pequenos fogos de artifício as brancas forçam o empate. O fato de que essa combinação, ligada tão de perto a essa abertura, nunca tivesse ocorrido na prática magistral ou não ter sido indicada por algum analista, é tanto curioso como surpreendente. Esses comentários foram escritos antes da partida Romanovski-Capablanca, Moscou 90
1925, ser jogada, na qual uma combinação análoga conduziu a um empate. 13...gxh6 14.Rxe6 fxe6 15.Qg3+ Kh8 Não 15...Kf7, devido a 16.Qg6 mate. 16.Qg6! O ponto. As pretas não podem evitar o xeque perpétuo através de 17.Qxh6+e 18.Qg5+, etc. As pretas podem forçar isso jogando, por exemplo, 16...Qe8. Então, empate. Partida 46 Alekhine, A. - Zubarev, N. Campeonato de Moscou, 1916
Abertura Peão da Dama - E32
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nc3 Bb4 4.Qc2 b6 Nessa posição o fianqueto dificilmente é indicado, pois as brancas podem obter uma posição central muito forte. O lance correto era 4...c5, dificultando 5.e4. 5.e4! Bb7 6.Bd3 Bxc3+ Para assegurar pelo menos alguma chance devido o Peão dobrado das brancas. Após 6...d5 7.cxd5 exd5 8.e5 Ng4 9.Nge2 etc., o jogo das brancas permaneceria superior. 7.bxc3 d6 8.Ne2 Nbd7 9.0-0 0-0 10.f4 Já ameaçando ganhar um Peão através de 11.e5. 10...h6 11.Ng3 Qe7 12.Qe2! Preparando 13.Ba3, o qual, se jogado diretamente causaria complicações desnecessárias após 12...Ng4, ameaçando 13...Nxh2!. 12...Rae8 As pretas completaram o seu desenvolvimento de forma muito rápida, mas nenhuma das suas peças têm qualquer escopo. É fácil prever que serão incapazes de resistir ao ataque que o seu adversário prepara no centro. 13.Ba3 Com a forte ameaça 14.e5, que obriga as pretas a enfraquecerem ainda mais a sua posição. 13...c5 14.Rae1 Kh8 Para criar espaço para o Cavalo. 15.d5!
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
Tomando vantagem do fato de que as pretas não podem jogar 15...exd5 devido a 16.Nf5. 15...Ng8 16.e5 g6 Preparando a captura do Peão d ainda impossível no momento devido ao lance acima mencionado. 17.Qd2
23.Rxf7+ Essa combinação força o mate em doze lances. 23...Rxf7 24.Bxg6+ Kxg6 25.Qd3+ Kg5 26.Bc1+, e as pretas abandonaram. Se 26...Rf4 27.Qf5 mate, ou 26...Kf6 27.Qf5+ e mate em poucos lances. Partida 47 Evensohn, A. - Alekhine, A. Partida de Exibição, Kiev, Maio de 1916
Abertura Philidor - C41
17...exd5 Se aqui 17...dxe5 18.fxe5 exd5 19.e6! fxe6 20.Bxg6 Rxf1+! 21.Nxf1 Rf8 22.cxd5, e a vantagem das brancas é suficiente para a vitória. 18.cxd5 dxe5 19.c4! A abertura da grande diagonal para o Bispo da Dama decide a partida em poucos lances. 19...Kh7 20.Bb2 Ngf6 Se 20...f6 21.Bxg6+ Kxg6 22.Qd3+ f5 23.Nxf5 Rxf5 24.fxe5, e as brancas vencem. 21.fxe5 Ng4 22.e6 Qh4 A última esperança. Evidentemente se 22...fxe6 23.Bxg6+.
1.e4 2.Nf3 d6 3.d4 Nf6 Esse lance, introduzido por Nimzovitsch na prática magistral, agora é considerado mais forte do que 3...Nd7 (a Variante Hanham, veja a Partida 36). 4.Nc3 Nbd7 5.Bc4 Be7 O lance usual. Na minha opinião, 5…g6 é mais prudente.
6.0-0 Por agora as brancas poderiam assegurar uma ligeira vantagem para o final o jogar 6.dxe5! Nxe5! (não 6...dxe5 devido a 7.Bxf7+ Kxf7 8.Ng5+ Kg8 9.Ne6 Qe8 10.Nxc7, seguido de 11.Nxa1) 7.Nxe5 dxe5 8.Qxd8+ Bxd8 9.Bg5 e as brancas, além de terem o melhor desenvolvimento, têm perspectivas de tomar a única coluna aberta O sacrifício imediato, entretanto, seria 91
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
pouco sólido, por exemplo 6.Bxf7+ Kxf7 7.Ng5+ Kg8 8.Ne6 Qe8 9.Nxc7 Qg6 10.Nxa8 Qxg2! 11.Rf1 exd4! 12.Qxd4 Ne5, e as pretas têm um ataque vencedor. 6…0-0 7.dxe5 Essa troca de Peões só desimpede o jogo das pretas. Seria melhor 7.Qe2 c6 8.a4!, e as brancas têm a vantagem (veja a Partida 9). 7...dxe5 8.Bg5 c6 9.a4 Esse lance é essencial nessa variante para prevenir a possibilidade de prevenir eventualmente um contra-ataque através de ...c5. 9...Qc7 10.Qe2 Nc5 Agora o jogo das pretas é preferível, pois têm a perspectiva de ocupar as casas d4 e f4, sem dar ao adversário contra chances na ala do Rei ou no centro. 11.Ne1 Sem qualquer necessidade as brancas assumem a defensiva. Seria mais apropriado para igualar a partida 11.Qad1, seguido pela dobradura das Torres na coluna d. Em geral, a retirada de um Cavalo para a primeira fileira, onde corta a linha de comunicação entre as Torres, só é admissível em casos muito especiais. 11...Ne6 12.Be3 Nd4! 13.Qd1 Ou 13.Bxd4 exd4 14.Nd1 Be6 15.g3 Bh3 16.Ng2 Rae8, com acentuada vantagem para as pretas. 13...Rd8 14.Nd3 Be6 15.Bxe6 Após a troca obrigatória desse Bispo, cujo desenvolvimento é a dificuldade mais séria dessa variante, o jogo das pretas se torna muito superior. 15...Nxe6 16.Qe1 Em vista da ameaça 16...c5 e também para preparar o eventual avanço das brancas f4. Mas as pretas, de forma bastante correta, ignoram esse contra-ataque e simplesmente aumentam a pressão no centro. 16...Rd7! 17.f3 Se agora 17.f4, então ...Ng4!, e as brancas não podem jogar 18.f5, devido a ...Rxd3 seguido de 19...Nxe3 e 20...Bc5. 17...Rad8 18.Bf2 Nh5 19.Ne2 c5! Esse lance prepara a troca em seguida, objeto da qual é enfraquecer as casas pretas 92
na posição adversária. 20.b3 Se 20.Nc3 c4 21.Nd5 Qd6 22.Nc1 Nhf4, e esse último lance seria até mais poderoso do que o realizado na partida.
20...Nhf4! Estratégia simples e decisiva. As pretas através da troca das duas peças menores que poderiam neutralizar a sua pressão na coluna d, deixando as brancas somente com um Bispo, cuja ação é manifestadamente nula. A segunda fase da partida é um exemplo típico de um bloqueio regular conduzindo a um sufocamento da posição das brancas. 21.Ndxf4 Nxf4 22.Nxf4 exf4 23.c3 As brancas estavam ameaçadas por 23...c4 24.b4 c3, seguido de ...Rd5. 23...Qe5 24.Ra2 Rd3 25.Rc2 b6 26.Qe1 Qe6 Liberando a casa e5 com a intenção de ali colocar o Bispo. 27.Qb1 Bf6 28.b4 Uma tentativa desesperada por liberdade. Se as pretas tomassem o Peão, as Torres brancas poderiam ocupar a coluna c. 28...c4 Mas as pretas se opõem ao seu plano. 29.Qc1 g5 Antes do assalto às trincheiras inimigas é essencial bloquear completamente a ala do Rei e assegurar o domínio da diagonal g1-a7. 30.h3 Be5 31.Qa1 Outra tentativa de se libertar, dessa vez através da abertura da coluna a. Da mesma
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
forma da tentativa anterior, está condenada ao fracasso. 30...h5 32.a5 g4 33.axb6 axb6
Mantendo definitivamente uma Torre em d1 após a troca da outra, que liquida o destino do Bispo das brancas e da partida. 41.Ra1 Rxa1 42.Qxa1 Qe2 43.Rg1 Rd1! Vencendo direto, pois não há xeque perpétuo. 44.Qa8+ Kg7 45.Qa7+ Kg6 46.Qe7 Qxe1! 47.Qe8+ Kg5 48.Qg8+ Kh4, e as brancas abandonaram. Partida 48 Alekhine, A. - von Feldt, M. Simultânea às cegas, Tarnopol 1916
34.Bh4 Se 34.hxg4 hxg4 35.fxg4 Qxg4 36.Bxb6 Rd2 37.Rxd2 Rxd2 38.Bf2 f3, e as pretas vencem. 34...f6 35.Be1 De outra forma as pretas jogam 35...g3 e o Bispo das brancas ficaria trancado pelo resto da partida. 35...g3 36.Qa6 Essa escaramuça momentaneamente retarda o avanço do Peão para b5, seguido da entrada da Dama em e3 via b6. 36...Qc6! Ameaçando 37...Ra8. 37.Qa3 b5 38.Qb2 Qb6+ 39.Kh1 Rd1 40.Rc1
Defesa Francesa - C11
1.e4 e6 2.d4 d5 3.Nc3 Nf6 4.exd5 Nxd5 5.Ne4 É mais comum 5.Nf3, mas o lance do texto, o qual tem por objetivo prevenir 5...c5 é igualmente bem recomendado. 5...f5 Um enfraquecimento do centro que ao final se mostrará fatal. O melhor lance era 5...Nd7, com ...c5 eventualmente em seguida. 6.Ng5! Um lance bom. As pretas pretendem jogar o seu Cavalo a e5, assim tomando vantagem do enfraquecimento central criado pelo lance anterior do adversário. 6...Be7 7.N5f3 c6 Uma perda de tempo. Era melhor 7...0-0. 8.Ne5 0-0 9.Ngf3 b6 10.Bd3 Bb7 11.0-0 Re8 Se aqui 11...Nd7, então 12.c4 N5f6 13.Ng5, etc. 12.c4 Nf6 13.Bf4 Nbd7 14.Qe2 c5 Aqui era essencial 14…Nf8. O lance do texto permite uma finalização brilhante.
41...Qe3! 93
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
15.Nf7! Isso ameaça 16.Qxe6, seguido pelo mate sufocado, se a Dama se mover. 15…Kxf7 16.Qxe6+! O ponto da combinação. 16…Kg6 Ou se 16...Kxe6 17.Ng5 mate. Ou se 16...Kf8 17.Ng5, e as pretas vencem. As brancas anunciaram mate em dois através de 17.g4! Be4 18.Nh4 mate.
conseguem forçar a vitória como segue: 1.c5! Ameaçando abrir a coluna c com efeito decisivo, como prova a seguinte variante: I – 1...Nf1+ 2.Kh1 Ng3+ 3.Rxg3 Qxg3 4.cxb6 Qxd6 (ou 4...Rxc2 5.Qxd8+ Qb8 6.Qxe7 axb6 7.Qxf6 vencendo) 5.Rxc8+ Qb8 6.b7+ Rxb7 7.axb7+ Kxb7 8.Rxb8+ Kxb8 9.Bf2 f5 10.g3, e as brancas têm um final vencedor com um Peão a mais; II – 1...Ne4 2.cxb6 Nxd6 3.b7+ Rxb7 4.axb7+ Nxb7 5.Rxc8 mate. Para evitar esses perigos, as pretas então são obrigadas a jogar: 1...b5
Partida 49 Alekhine, A. - Gofmeister, M. Conclusão de partida adiada Petrogrado 1917
As pretas nessa posição ameaçam 1...Ne4 e 2...Bc7+; por outro lado ameaçam também o xeque perpétuo através de 1...Nf1+ 2.Kh1 Ng3+ etc. Apesar dessas duas ameaças as brancas 94
As pretas através desse lance mantêm suas ameaças, as quais de fato parecem ser ainda mais formidáveis. 2.axb5! Uma nova surpresa. Como no lance anterior, a tentativa de xeque perpétuo se mostra abortada, por exemplo: 2...Nf1+ 3.Kh1 Ng3+ 4.Rxg3 Qxg3 5.b6 Qxd6 (ou 5...axb6 6.cxb6!) 6.cxd6! Rxc2 7.dxe7 Bxe7 8.b7+ Kb8 9.Bh2+ Rc7 10.Bf4! Bc5 11.g3 hxg3 12.h4 Bd4 13.Bxc7+ Kxc7 14.d6+ Kb8 15.d7 Bb6 16.h5, vencendo. As pretas então são obrigadas a tentarem suas contra chances com o seu próximo lance. 2...Ne4 3.b6! Nxd6 Já aqui não há muita escolha, pois se
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
3...axb6 cxb6!, vencendo. 4.cxd6 Uma posição verdadeiramente extraordinária! As pretas, com a Dama inteira de vantagem, não podem mais salvar a partida!
Posição final
Partida 50 Alekhine, A. - Rabinovich, A. Torneio Triangular de Nestres - Moscou, Maio de 1918
Defesa Petrov - C42
4…Rec7 Todos os outros lances das pretas resultariam irremediavelmente na sua derrota, por exemplo: I – 4...Rxc2 5.b7+ Rxb7 6.axb7+ Kb8 7.Bxa7+, e mate em dois; II – 4...Rb8 5.b7+, e mate em três; III – 4...axb6 5.Rxc8+ Ka7 6.dxe7 Bxe7 (6...Qe5+ ou 6...Qf4+ não modificaria o resultado inevitável, uma vez que a Dama, situada em uma casa preta, ainda estaria en prise após o xeque descoberto) 7.Bxb6+ Kxa6 8.Ra8+, vencendo com o xeque descoberto a partir de 9.Be3. IV - 4...Bc7 5.b7+ Kb8 6.dxc7+ Rexc7 (se 6...Rcxc7? 7.Bxa7+!) 7.Rxc7! Qf4+ (a Torre das brancas não pode ser capturada pela Torre devido a Bxa7+, nem pelo Rei, devido a Rc3+; se ao invés disso 7...Rg8, então 8.Rc2 ameaçando 9.Kh1 e 10.Bh2, vencendo) 8.Kh1 Qxc7 9.Bh2 Qxh2+ 10.Kxh2, e as brancas com facilidade vencem o final. 5.b7+ Kb8 6.d7! O coup de grâce. 6...Qg3+ 7.Kh1, e as pretas abandonaram.
1.e4 e5 2.Nf3 Nf6 3.Nxe5 d6 4.Nf3 Nxe4 5.Nc3 d5 Esse engenhoso sacrifício de um Peão não é muito sólido, mas não pelas razões alegadas na oitava edição do Handbuch e outros trabalhos. A variante adotada pelas brancas na presente partida parece ser a única que assegura a vantagem. 6.Qe2 Be7 7.Nxe4 dxe4 8.Qxe4 0-0 9.Bc4 Não 9.d4, ao qual as pretas podem responder 9.Re8, que agora seria inútil devido a 10.Ne5. 9…Bd6
95
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
10.0-0 Uma inovação. Na partida Leonhardt-Schlechter (Barmen 1905) – que de acordo com o Handbuch refuta o quinto lance das pretas – as brancas continuaram 10.d4 Re8 11.Ne5 Bxe5 12.dxe5 Qe7 13.f4 Bf5 14.Qxf5 Qb4+ 15.Bd2 Qxc4 16.Qd3, mantendo o Peão com uma partida excelente. Mas através simplesmente jogarem 12...Nc3 (ao invés de 12...Qe7), as pretas obteriam um jogo equilibrado, como mostra a seguinte variante principal: 12...Nc6 13.Bf4 (se 13.f4 Qh4+ 14.g3 Qh3 15.Bf1 Qh5, com um forte ataque das pretas) 13...Qh4 14.0-0-0 Rxe5 15.Rd8+ Qxd8 16.Bxe5 Qe7 17.Re1 Nxe5 18.Qxe5 Qxe5 19.Rxe5 Kf8. 10…Re8 11.Qd3 Nc6 À primeira vista as perspectivas das pretas parecem muito promissoras, pois seu adversário tem que se bater com sérias dificuldades de desenvolvimento. Mas graças à manobra que segue, a qual por si só explica a tática adotada até agora, as brancas não somente superam todos obstáculos, mas além disso asseguram uma iniciativa duradoura. 12.b3! Qf6
13.Bb2! Um sacrifício inesperado, que as pretas são obrigadas a aceitar, pois após 13...Qh6 14.Rfe1 Bg4 15.h3 não têm nenhum tipo de compensação pelo peão perdido, por exemplo: 15...Bxh3 16.gxh3 Qxh3 17.Bxf7+, 96
etc. 13...Qxb2 14.Ng5 Be6 A seguinte alternativa dificilmente é melhor: 14...g6 15.Bxf7+ Kg7 (ou 15...Kf8 16.Bxe8 Kxe8 17.Rae1+, seguido por 18.c3!, com um ataque decisivo para as brancas) 16.Bxe8 Qe5 17.Qc3 Nb4 18.f4!! e as brancas mantêm o ganho da qualidade. 15.Bxe6 fxe6 16.Qxh7+ Kf8
17.Rae1 Seria imediatamente decisivo 17.c3!, por exemplo: I – 17.c3! Qxd2 18.Qh8+ Ke7 19.Qxg7+ Kd8 20.Rad1 Qf4 21.g3! e a Dama das brancas caiu na armadilha, pois se 21...Qf8 22.Nxe6+, vencendo, ou 21...Qf5 22.Nf7+ Kc8 23.Rxd6! vencendo; II - 17.c3! Be5 18.Qh5! Kg8 19.Qf7+ Kh8 20.f4 Bf6 21.Rf3! Qxa1+ 22.Kf2 Bxg5 23.fxg5, vencendo. O lance do texto também leva a uma vitória, mas com alguma dificuldade. 17...Qf6! 18.Qh5 Aqui seria insuficiente 18.Qh8+ Ke7 19.Rxe6+ Kd7!. 18...Kg8 19.Re3! A continuação mais forte do ataque, e ao mesmo tempo armando uma cilada que pegará as pretas desprevenidas. 19...Bf4 Seria relativamente melhor 19...Nd4 20.Rh3 g6 21.Qh7+ Kf8 22.Qd7! Re7 (o único lance, pois se 22...Kg8 23.Rh8+! e as brancas vencem) 23.Nh7+ Kg7 24.Nxf6
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
Rxd7 25.Nxd7 Rd8 26.Rd3 Ne2+ 27.Kh1 Rxd7 (ou 27...Nf4 28.Ne5, etc.) 28.g3 e5 29.c3 e as brancas têm a vantagem. 20.Qh7+ Kf8 21.Qh8+ Ke7 22.Rxe6+ Qxe6 Agora obrigatório, pois se 22...Kd7 23.Rxf6, seguido de 24.Rxf4, etc. 23.Qxg7+ Kd6 24.Nxe6 Rxe6 As três peças das pretas pela Dama não são uma compensação suficiente, pois com os Peões a mais, as brancas têm perspectivas de um ataque direto ao Rei adversário. 25.d4 Rae8 26.c4 R8e7 27.Qf8 Re4
28.Qf5! Ganhando pelo menos outra peça. A única defesa possível é 28...R7e6, após o que segue 29.Qc5+ e 30.d5. Mas as pretas escolhem o caminho mais curto. 28...Rxd4 29.c5 mate. Partida 51 Gonssiorovski, W. - Alekhine, A
mento, não podem conceder mais ao seu adversário jogando 8.dxc6 Nxc6, etc. 8...cxd5 9.Bb3
9...a5! Para induzir o enfraquecimento da ala da Dama das brancas ao obrigar a resposta 10.c4. É menos forte 9...Re8, devido a 10.00-0. 10.c3 Esse lance leva à perda de um Peão importante. É comparativamente melhor 10.a4. 10...a4 11.Bc2 a3 12.b3 Re8 13.0-0-0 Não há nada melhor. 13...Bb4 14.Qf2 Bxc3 15.Bg5 Nc6 16.Ngf3 d4! 17.Rhe1 Esse lance plausível leva a uma catástrofe imediata. Mas em todo caso a partida está virtualmente perdida. 17...Bb2+ 18.Kb1 Nd5! Uma surpresa desagradável. A ameaça de um mate imediato só pode ser estancada com a perda de uma peça. 19.Rxe8+ Qxe8 20.Ne4 Qxe4! 21.Bd2
Simultânea às cegas, 6 mesas - Odessa, Dez. de 1918 Defesa Berlinense - C24
1.e4 e5 2.Bc4 Nf6 3.d3 c6! A linha de jogo mais enérgica contra a abertura escolhida pelas brancas. 4.Qe2 Be7 5.f4 d5 6.exd5 Se 6.fxe5, então 6…Nxe4. 6...exf4 7.Bxf4 0-0 8.Nd2 As brancas, já estando atrás no desenvolvi97
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
21...Qe3! 22.Re1! As brancas devolvem o elogio ao deixar a sua Dama en prise, pois ameaçam o mate através de Re8. Mas o perigo tem vida curta. 22...Bf5! 23.Rxe3 dxe3 24.Qf1 As pretas anunciam mate em três através de 24...exd2 25.Bd1 Ncb4 26.qualquer lance, 26...Nc3 mate. Partida 52 Alekhine, A - Isakov, K. Campeonato de Moscou, Outubro de 1919
24.Qd1!! (o único lance) Qa5 25.Qxe2 Qxe5 26.Qh5, e as pretas abandonaram 5.Bc4 d6 As pretas não devem temer 6.Bxf7+ Kxf7 7.Qb3+ Be6 8.Qxb4 Nc6! 9.Qxb7 Ne5, que ao contrário lhes daria um ataque muito forte. 6.Nf3 Bxc3+ 7.bxc3 Nc6 8.0-0 Nf6 9.Ba3
Gambito Dinamarquês - C21
1.e4 e5 2.d4 exd4 3.c3 dxc3 É preferível, na minha opinião, recusar o gambito através de 3...d5 ou 3...Ne7. 4.Nxc3! As brancas, através da entrega de somente um Peão, asseguram um ataque vigoroso como no Gambito Dinamarquês, que tem sedo negligenciado desde a descoberta de Schlechter 4.Bc4 cxb2 5.Bxb2 d5! 6.Bxd5 Nf6!. 4...Bb4 Na partida Alekhine-Verlinski, jogada em Odessa 1918, as pretas jogaram 4...Nc6. Então seguiu 5.Bc4 d6 6.Nf3 Nf6 7.Qb3 Qd7 8.Ng5 Ne5 (é melhor 8...Nd8) 9.Bb5 c6 10.f4 cxb5 11.fxe5 dxe5 12.Be3! Bd6 13.Nxb5 0-0 14.Rd1 Ne8 15.0-0 Qe7 16.Nxd6 Nxd6 17.Qa3! (não 17.Qb4 devido a 17...Nf5) 17...Rd8 18.Nxf7 Bg4 19.Rxd6 Re8 20.Bg5 Qc7 21.Qb3 Be2 22.Nxe5+ Kh8 23.Rc1 Rf8! Um recurso engenhoso que por muito pouco salva a partida.
Diagrama de análise
98
Mais no espírito da abertura seria direto 9.e5, e se 9...dxe5 10.Qb3, com perspectivas de um forte ataque das brancas. Após o lance do texto, as pretas assegurariam um jogo satisfatório através de 9...Bg4 10.Qb3 Na5! 11.Bxf7+ Kf8 12.Qa4 Bxf3 13.gxf3 Kxf7 14.Qxa5 Re8, etc. 9…0-0 10.e5 Ng4 Após 10...Ne8 11.h3! Bf5 12.Re1etc., as pretas teriam um jogo muito precário, com a Torre e o Cavalo do Rei imobilizados. Preferiram então devolver o Peão para completar o seu desenvolvimento. 11.exd6 cxd6 12.Bxd6 Re8 13.Re1! Preparando o eventual sacrifício do Bispo do Rei. É claro que as pretas não podem jogar 13...Rxe1+ 14.Qxe1 Qxd6 15.Qe8+ Qf8 16.Bxf7+ Kh8 17.Qxf8 mate. 13…Bf5 Seria preferível entretanto 13...Rxe1+ 14.Qxe1 Bf5 15.Rd1 Qe8 16.Nd4!, e as pretas, embora com um jogo ligeiramente inferior, estão salvas de um desastre imediato.
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Parte I - Partidas entre 1908 e 1920
Após o lance do texto, que recupera a peça, o Rei das pretas tenta fugir do perigo temporariamente. 19...Kf7 20.gxh6 Qf6 21.Ng5+ Kg8 22.f4 Rad8 23.Rad1 Bc4 As pretas esperam tomar vantagem do fato de que o Bispo da Dama das brancas estar cravado para conquistar a coluna e aberta, mas a resposta das brancas destrói essa última esperança.
14.Bxf7+! Uma bela combinação. Seu objetivo é tomar o Cavalo do Rei forçando o Rei das pretas a ocupar a casa f6. 14...Kxf7 15.Qd5+ Kf6 Evidentemente obrigatório. Se 15...Be6 16.Ng5+ etc., e se 15...Kg6 16.Rxe8, seguido de 17.Nh4+ e as brancas vencem. 16.h3 Be6 Ou se 16...Nh6 17.g4, etc. 17.Qd2! Nh6 18.g4 Recuperando forçado a peça sacrificada.
24.Be7! O mesmo lance da variante referida após o 18º lance das pretas, mas com um objetivo inteiramente diferente. 24...Rxd2 Obrigatório, pois se 24...Nxe7 25.Qxd8, e se 24...Qxe7 25.Rxe7 e as brancas vencem. 25.Bxf6 Rxe1+ 26.Rxe1 Bf7 27.Ne4! Ganhando pelo menos o Peão h e ao mesmo tempo criando uma posição de mate. 27...Rxa2 28.Bg7 Bb3 29.Nf6+ Kf7 30.Nxh7, e as pretas abandonaram.
18...g6! O único recurso. Se 18...Nf7 ou em ...g8, as brancas vencem com a seguinte variante de problema: 19.Qf4+ Kg6 20.Be7!! Qxe7 21.Rxe6+ e mate em seguida. 19.g5+ Também seria muito forte 19.Qxh6 Qxd6 20.g5+ Kf7 21.Qxh7+ Kf8 22.Qxg6, com um ataque vencedor. 99
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Partidas de Torneios entre 1920 e 1923
Capítulo XII Torneio Russo de Mestres Moscou, Outubro de 1920 Partida 53 Rabinovich, I. - Alekhine, A. Abertura do Peão da Dama - E43
1.d4 Nf6 2.Nf3 b6 3.c4 e6 4.Nc3 O Sistema Rubinstein 4.g3 e 5.Bg2, aqui ou no próximo lance, é considerado melhor. 4...Bb7 5.e3 Isso permite às pretas ocuparem efetivamente a casa e4, e assim assegurarem pelo menos um jogo igual. 5...Bb4 6.Qc2 Ne4 7.Bd3 f5 Dessa forma, as pretas chegaram a uma posição favorável a elas da Defesa Holandesa. 8.0-0 As brancas aqui poderiam escolher outra linha de jogo: 8.Bd2 Bxc3 9.Bxc3 0-0 10.0-0-0, após o que as pretas tomam a ini-
ciativa com 10...a5 e 11...Na6 (SaemischAlekhine, Pistyan 1922). 8...Bxc3 9.bxc3 0-0 10.Nd2 A única forma de forçar o avanço do Peão e. 10...Qh4! Um lance importante de desenvolvimento, ao qual as brancas não podem responder com 11.g3 sem desvantagem, devido a 11...Ng5!, e se 12.e4 então 12...fxe4!, e as pretas vencem. 11.f3 Nxd2 12.Bxd2 Nc6 Não seria bom 12...c5 devido a 13.d5!. 13.e4 fxe4 14.Bxe4 As brancas parecem superestimar a força da sua posição. Seria mais correto 14.fxe4 e5! 15.d5 Ne7 16.c5! Ng6 (não 16...bxc5 devido a 17.d6 e 18.Qb3+) 17.cxb6 axb6, com jogo praticamente igual. 14...Na5 Assegurando uma ligeira vantagem caso as brancas escolhessem a melhor variante 15.Bxb7 Nxb7 16.Rfe1, em razão dos Peões das brancas dobrados na coluna c. 101
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
15.Rae1 Esse lance plausível leva à perda de um Peão. 15...Bxe4! 16.Rxe4 Qh5 17.Qa4 Não há defesa satisfatória para o Peão c, por exemplo: 17.Re5 Rf5! 18.Rxf5 Qxf5 19.Qxf5 exf5, e as pretas virtualmente têm um final vencedor. 17...Nxc4! Agora as pretas têm todas as justificativas para anteciparem a vitória, que ainda apesar da sua vantagem material é difícil de ser atingida, pois a posição do adversário não apresenta pontos fracos. 18.Re2 Claramente, se 18.Qxc4 d5 19.Qb5 a6 e as pretas vencem. 18...b5 19.Qb3 Qf5 20.Rfe1 Rab8 21.Bc1 a5 22.Re4 a4 23.Qd1 Rbe8 Ao consolidar a posição dominante do seu Cavalo, as pretas agora preparam uma ação central, a qual as tornará capazes de quebrar a posição inimiga, embora permitindo ao adversário compensações aparentes. 24.Qe2 c5! Embora isso aumente temporariamente o campo de ação do Bispo da Dama das brancas, e por essa razão mais tarde o Bispo se tornará objeto de ataque. Esse plano demanda um exame exaustivo das possibilidades táticas da posição, e não foi executado até que as pretas estivessem perfeitamente convencidas de que ao final resultaria a seu favor. 25.Be3 cxd4 26.Bxd4
102
26...e5! O início de uma série de complicações extremamente interessantes. O Peão não pode ser capturado pelo Bispo devido a 27...d5!, e a variante 27.Bc5 d5 28.Rxc4 bxc4 29.Bxf8 Qxf8 também seria favorável às pretas. 27.f4! Sem dúvida a melhor chance. As brancas pretendem responder 27...d5 com 28.Rxe5 Nxe5 29.Bxe5, que lhes daria um jogo bastante defensável. 27...d6 Suficiente para a proteção do Peão, devido ao mate em dois lances após 28.fxe5 dxe5 29.Bxe5? Nxe5 30.Rxe5 Rxe5 31.Qxe5, etc. 28.h3 Ameaçando novamente o Peão e das pretas, que o defenderão de uma maneira indireta. 28...Re6! 29.fxe5 dxe5 30.Bc5! Não 30.Bxe5 devido a 30...Rfe8 31.Rf1 Qg6 32.Rxc4 Rxe5, vencendo. O lance do texto parece cheio de promessas, vendo que a Torre das pretas não pode deixar a coluna f, por exemplo: 30...Rd8 31.Rf1 Qg6 32.Rg4 Qh6 33.Qf3!, vencendo. 30...Rf7! O lance inicial de uma combinação com sacrifício destinado a produzir um ataque decisivo. Como um lance meramente defensivo, 30...Rff6 seria adequado, pois as brancas não podem responder 31.Rb1 devido a 31...Nd2!. 31.Rb1 Aparentemente recuperando o Peão com um bom jogo, pois 31...Nd2 agora é impossível devido a 32.Qxd2 ameaçando Qd8+, etc. 31...h6 Isso estanca a ameaça de mate e obriga o adversário a perseverar no caminho arriscado no qual está prosseguindo. 32.Rxb5 Nd2! 33.Rxa4 As brancas já não têm qualquer defesa, pois
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Parte II - Partidas entre 1920 e 1923
se 33.Rg4, as pretas venceriam de maneira análoga ao do texto. Se 33.Re3, então 33...Rg6 (essa diversão foi o ponto especial de jogar a Torre do Rei a f7 ao invés de f6 no 30º lance) 34.Rb8+ Kh7 35.Rb2 (ou 35.Qxd2 Qf1+ 36.Kh2 Rf2 vencendo) 35...Nf3+ 36.Kh1 Qxh3+! e mate no próximo lance.
33...Qc2! Após esse lance, que explica os sacrifícios de dois Peões acima expostos, as brancas estão perdidas, devido à incapacidade de retirar suas Torres para garantir a defesa da sua primeira fileira. 34.Rb8+ Kh7 35.Kh1 Rf1+ 36.Bg1 Rxg1+! Uma bela combinação final. 37.Kxg1 Qc1+ 38.Kf2 Rf6+ 39.Ke3 Se 39.Kg3 Nf1+. Agora o próximo lance das pretas ganha a Dama ou dá o mate. 39...Nb1+, e as brancas abandonaram.
Capítulo XIII Torneio Internacional de Triberg Julho de 1921 Partida 54 Selezniev, A. - Alekhine, A. Abertura do Peão da Dama - A47
1.d4 Nf6 2.Nf3 b6
Esse lance é possível antes de ...e6 devido as brancas terem jogado 2.Nf3, mas após 2.c4 não é bom devido a 3.Nc3 Bb7 4.Qc2! (veja a Partida 77). 3.g3 Em minha opinião o melhor, pois o Bispo das brancas em g2 é pelo menos tão forte como o das pretas em b7. 3...Bb7 4.Bg2 d6 Esse sistema de desenvolvimento foi introduzido pelo autor em um dos seus matches contra Teichmann em Berlim 1921. Seu único defeito é que a casa c6 eventualmente pode se tornar fraca, uma fraqueza que no entanto não apresenta inconvenientes muito grandes. 5.0-0 No curso do mesmo torneio, a partida Brinckmann-Alekhine continuou da seguinte forma: 5.b3 Nbd7 6.Bb2 e5 7.dxe5 dxe5 8.0-0 e4! 9.Ne5 Bd6 10.Nxd7 Qxd7 11.Nd2 Qe6 12.e3 h5! 13.Qe2 h4 14.Nc4 Bc5 15.Rfd1 Bd5 16.Na3 hxg3 17.hxg3 a6 18.c4 Bb7 19.Nc2 Qf5 20.Ba3 Bxa3 21.Nxa3 Ng4 22.Nc2 Rh2 23.Qd2 Ke7! 24.Nb4 Rah8 25.Qe2 Qf3!! e as brancas abandonaram. 5...Nbd7 6.Bf4 Para evitar 6...e5. 6...h6 Ameaçando ...g5 em algumas variantes combinatórias; mas a intenção real é fazer esse avanço somente quando as pretas assegurarem uma vantagem imediata e definitiva. 7.Nc3 Permitindo a demonstração em seguida, destinada ao Peão d. 7...c5 8.d5 Após 8.dxc5 Nxc5 as pretas também assegurariam uma posição promissora. 8...b5! De outra forma, as brancas ao jogarem 9.a4! evitariam que as pretas tomassem a iniciativa na ala da Dama. 9.Ne1 O Peão d das brancas certamente é mais valioso do que o Peão c das pretas. 9...a6 10.a4 b4 11.Ne4 Nxe4 12.Bxe4 g6 De modo a desenvolver o Bispo em g7, o objetivo da manobra começa com 7...c5. 13.c4 bxc3 103
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
Absolutamente essencial para evitar o bloqueio da ala da Dama pelas brancas, que lhes permitiria lançar um forte ataque através do avanço dos seus Peões centrais, sem medo de serem molestados. 14.bxc3 Bg7 15.Rb1 Rb8 16.c4 0-0 17.Qc2 a5 Preparando o sacrifício de qualidade em seguida. 18.Nf3 Qc7 19.Bd2 Ba6 20.Bd3
20…Rb4!! Absolutamente correto. O forte Peão passado assim resultante, apoiado pelo Bispo em g7 e a possibilidade de ataque sobre o Peão c das brancas são, como um todo, de maior valor do que a qualidade. 21.Bxb4 cxb4 22.Nd2 Nc5 Mas esse lance não é lógico. As pretas demonstrariam a correção do seu sacrifício através de 22...Rc8, seguido por 23...Nb6, ou também 23...Ne5, e se necessário 23...Bc3. 23.Nb3!
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Um lance forte, cujo valor não foi apreciado em boa hora. Se as pretas respondessem através de 23...Nxa4 24.Ra1 Nc5 25.Nxa5 Bxa1 26.Rxa1 Kh7 (também 27.Bxg6!) 27.Nc6. Ou se 23...Rc8 24.Nxc5 Qxc5 25.Rfc1 Bc3 26.Qb3 (não 26.Rb3 Bxc4 27.Rxc3 bxc3 28.Bxg6 devido a 28...Kg7!) 26...Qd4 27.Rxc3 bxc3 28.Rc e as brancas não podem perder. 23...Nd7 Então as pretas precisam se submeter a essa retirada temporária, enquanto ameaçam 24...Rc1. Mas as brancas aproveitam a oportunidade de eliminar a seu Peão c fraco através de um contra sacrifício que abre novas linhas e ao mesmo tempo oferece chances excelentes.
24.c5! Bxd3 25.exd3! Após 25.Qxd3 dxc5 os Peões passados das pretas em breve decidiriam a partida. O lance do texto estanca esse perigo, enquanto abre a coluna e para as brancas. Por outro lado, é uma desvantagem, por mais leve que seja, o enfraquecimento da posição do Rei, e particularmente da casa c6, uma fraqueza que será explorada pelas pretas mais tarde. 25...dxc5 26.Rfe1 Contra o lance plausível 26.Qc4, que igualmente foi considerado, as pretas responderiam 26....Qd6! 27.Nxa5 Ne5 28.Qb3 Ra8, com chances excelentes. 26...Ne5 27.Re3 A tentativa de devolver a qualidade, por sua vez, seria insuficiente: 27.Qxc5 Nf3+
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28.Kf1 Qxc5 29.Nxc5 Nd2+! 30.Ke2 Nxb1 31.Rxb1 Rd8!, e as pretas ganham um Peão. 27…Rc8 28.Rc1 Qd7 29.d4 Ng4 30.Re4 Se 30.dxc5 Nxe3 31.fxe3 Qxa4!, mas não 31...Qxd5. 30…c4! Agora os Peões das pretas na ala da Dama se tornam muito ameaçadores. A questão é, como mantê-los! A partida agora entra na sua fase mais crítica. 31.Nc5 Se 31.Nxa5, obviamente 31...Qxd5 e as pretas vencem rapidamente. 31...Qf5 32.Qe2!
32...b3!! Antes de decidir por este lance surpreendente, as pretas tiveram que visualizar as seguintes variantes, sem contar a continuação do texto: I – 33.Rf4 Qh5 34.Rxg4 b2 35.Rb1, d1 ou e1 (se 35.Qxb2 Qxg4 como na partida) 35...Bxd4, e os Peões das pretas se tornam irresistíveis; II - 33.Qxg4 b2 34.Rb1 Qxg4 35.Rxg4 c3 36.Nd3 Rc4 37.Nxb2! Rb4! 38.Re4 Kf8 com vantage para as pretas, pois se 39.Rc1 f5! 40.Nd3 fxe4 41.Nxb4 axb4 42.a5 Bxd4 43.a6 Kf7! vencendo. 33.Rxg4 b2 34.Qxb2 Qxg4 35.Rxc4 Aparentemente as brancas escolheram o método mais simples de se liberar das suas dificuldades, pois eliminaram os Peões passados e permanecem com um Peão a
mais.Entretanto, o próximo lance das pretas cria novas dificuldades para elas. 35...h5! Aproveitando-se da imobilidade das peças inimigas para ameaçar um ataque de mate através de ...h4-...h3 seguido de ...Qc3. 36.Qc2 O único recurso para a defesa, de fato, consiste em jogar a Dama das brancas para d3. 36...h4 Naturalmente não ...Bxd4 devido a 37.Kg2!. 37.Qd3 Rd8! Seria insuficiente 37...h3, pois após 38.f3 Qh5 (38...Qg5? 39.Ne4!) 39.Qe4 Qh6 40.Rc2 as brancas se defenderiam de maneira satisfatória. 38.f3 Qh5 Não 38...Qh3 devido a 39.g4 Rb8 40.Ne4 Rb2 41.Rc8+! Bf8 42.Nf2, e as brancas ganhariam a qualidade. 39.Qe4 hxg3 40.hxg3 Qg5! 41.Kg2 Qd2+ Após 41...Rxd5 as brancas forçariam a troca das Damas através de 42.f4 Qh5 43.Qf3, e as pretas teriam dificuldades em assegurar a vitória. 42.Kh3 Bf6! Para ocupar a coluna h com a Torre, o único meio de conquistar a vitória. 43.Rc2 Qh6+ 44.Kg2 Kg7 45.g4 De outra forma esse Peão seria perdido sem qualquer compensação. 45...Rh8 46.Kf2! Deve-se admitir que as brancas defendemse com uma frieza notável.
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46...Rb8!! O ponto da manobra iniciada por 42...Bf6. A Torre das pretas foi trazida para a coluna h somente para forçar a entrada da Dama dentro da posição inimiga através desse meio. Com a missão cumprida, a Torre retorna para a ala da Dama e contribui para um ataque à chave da posição inimiga (o Peão das brancas em d4), uma manobra contra a qual as brancas estão absolutamente sem defesa. 47.Ke2 Rb4 48.Rd2 Qh2+ 49.Ke3 Ou 49.Kd3 Qg1!. 49...Qg1+ 50.Ke2 Bxd4 Agora as brancas bem podiam abandonar, mas ao contrário tentam um lance desesperado, e através da sua tenacidade alcançam um sucesso parcial. 51.Nd3 Rb1 Seria imediatamente decisivo 51...Bc3! 52.Nxb4 Qg2+. 52.Nc1! Bc3! Com 52...Rb4 53.Nd3 (não há nada melhor) as pretas chegariam na mesma posição após o lance 51 das brancas; mas preferiram aceitar o fait accompli, pois a variante do texto pareceu-lhes ser suficientemente clara para a vitória. 53.Qxb1 Qg2+ 54.Kd3 Qxd2+ 55.Kc4 Qd4+ 56.Kb3
56...Ba1! A continuação que as pretas tinham em vista quando jogaram 52...Bc3. Agora as brancas acharão impossível defender os seus Peões, por exemplo, se 57.Nd3 Qxd5+ 106
58.Ka3 Bf6 59.Qd1 g5! 60.Qe2 Qc4! 61.Qd1 Qc3+ 62.Ka2 e6!, e as pretas vencem. 57.Ka3 Qc5+ 58.Ka2 Bf6 59.g5 Outra tentativa desesperada. Como a sequência mostrará, as brancas seguem um plano que lhes promete uma salvação ilusória. 59...Qxd5+ 60.Nb3 Qxg5 61.Qe1 Apostando a última esperança no Peão a, mas seu adversário em breve destruirá essa última ilusão, através do sacrifício do seu Bispo por esse Peão, após o que os Peões passados das pretas na ala do Rei vencerão muito facilmente. 61...Qg2+ 62.Qd2 Qxf3! 63.Qxa5 g5 64.Qe1 Qc3 65.Qxc3 Bxc3 66.a5 Bxa5 67.Nxa5 g4 68.Nc4 g3 69.Nd2 Kg6 70.Kb2 Kf5 71.Nf3 Kf4 72.Ng1 Ke3 73.Kc2 Kf2 74.Nh3+ Kf1, e as brancas abandonaram. Uma partida muito difícil e interessante em todas as suas fases. Partida 55 Alekhine, A. - Bogoljubov, E. Abertura do Peão da Dama - E15 Prêmio de Brilhantismo
1.d4 Nf6 2.Nf3 e6 3.c4 b6 Essa variante, abandonada por Bogoljubov como consequência dessa partida, tem sido jogada com sucesso em torneios recentes pelos Mestres Saemisch e Nimzovitsch. A derrota das pretas nessa partida então não pode ser atribuída a essa variante, mas somente ao seu quinto lance (veja o comentário para isso). 4.g3 Bb7 5.Bg2 c5 Esse lance dá às brancas a escolha entre duas respostas. Além de 6.dxc5 como na presente partida, as brancas também podem continuar com 6.d5 exd5 7.Nh4 (proposto por Rubinstein na última edição do Collijn´s Lärobok), e é difícil ver como as pretas libertam seu jogo (compare então com a Partida Alekhine-Capablanca no Torneio de Nova
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Iorque 1927). O lance correto para as pretas é 6...Be7, seguido de 6.0-0 0-0 7.Nc3 d5 8.Ne5! Qc8! (sugerido por Saemisch), com um jogo satisfatório. Menos bom, entretanto, seria: I – 8...Nbd7 9.cxd5 Nxe5 (9...exd5 é melhor) 10.d6! (Bogoljubov-Nimzovitsch, Carlsbad 1923), ou II - 8...c6 9.e4 Nbd7 10.Nxc6 Bxc6! 11.exd5 Bb7 12.d6 e as brancas ganham um Peão (uma variante sugerida pelo autor). 6.dxc5 Como a sequência mostra, as brancas asseguram uma vantagem através desse simples lance, graças à pressão que exercerá na coluna d aberta. 6...Bxc5 A posição dos Bispos das pretas é mais forte na aparência do que de fato, pois a posição do roque das brancas é perfeitamente segura. 7.0-0 0-0 8.Nc3 d5 Dando às brancas a oportunidade de desmascarar vantajosamente o Bispo do Rei. É relativamente melhor 8...Na6, embora também nesse caso a fraqueza do seu Peão d seria uma fonte de dificuldades para as pretas. 9.Nd4! Não 9.Ne5 devido a resposta 9...Qc7 10.Bf4 Nh5, etc. 9...Bxd4 Percebendo a possibilidade de se livrarem do seu problemático Peão d, as pretas permitem ao adversário a vantagem de ter os dois Bispos, o que, nessa posição, implica em uma superioridade muito notória. Por outro lado, é verdade que a alternativa 9...Nc6 10.Nxc6 Bxc6 11.Bg5 Be7 12.Rc1 dificilmente seja mais atraente. 10.Qxd4 Nc6 11.Qh4 dxc4 Esperando obter um jogo aproximadamente igual através de ...Ne5 ou ...Na5, caso as brancas capturem o Peão c com a Dama. Mas as brancas são cuidadosas em evitar esse caminho, e preferem lançar um ataque direto à posição do Rei, o qual, apesar das aparên-
cias, está defendido de forma insuficiente. 12.Rd1! Qc8 Forçado. Se 12...Qe7 13.Bg5 h6 14.Bxf6 Qxf6 15.Qxf6 gxf6 16.Rd7, ganhando o Cavalo e o Bispo pela Torre. 13.Bg5! Nd5 Ou 13...Nd7 14.Ne4, com um forte ataque para as brancas. Com o lance do texto as pretas esperam trocar um dos Bispos das brancas ao descobrir o seu Bispo da Dama no 15º lance. 14.Nxd5 exd5 15.Rxd5! Essa captura inesperada que, à primeira vista, parece expor a Torre a um ataque do Bispo da Dama das pretas, é totalmente justificada pelas variantes de sacrifícios que seguem a partir do próximo lance das brancas. 15...Nb4 É claro que outras respostas não seriam melhores.
16.Be4!! Decisivo, como é mostrado pelas variantes dadas adiante. O leitor perceberá claramente uma similaridade com outras partidas (que também receberam prêmios de brilhantismo), a saber: contra Sterk em Budapest (Partida 56), Rubinstein em Carlsbad (Partida 80) e Selesnieff em Pistyan (Partida 63). A característica principal nessas partidas é um ataque imprevisto, mas imediatamente decisivo. O ponto principal desses ataques reside no fato de que nenhum deles foi preparado na 107
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vizinhança imediata dos seus objetivos. Ao contrário, todas as manobras preliminares que tenderam a distrair as peças adversárias da defesa do seu Rei tiveram lugar no centro ou na ala oposta. Além disso, é interessante notar que o lance decisivo, uma verdadeira martelada, foi desferido pelo Bispo e sempre envolveu variantes de sacrifício. Esses ataques repetidos da mesma maneira, no curso de partidas com características amplamente diferentes, parecem-me constituir um critério muito preciso de estilo de um jogador, ou pelo menos a evolução do seu estilo. 16...f5 Outras variantes não seriam melhores, por exemplo: I – 16...h6 17.Bxh6 f5 18.Qg5 Qc7 19.Bxg7 Qxg7 20.Qxg7+ Kxg7 21.Rd7+, seguido de Bxb7 e as brancas vencem; II - 16...g6 17.Bf6 Nxd5 18.Bxd5 e as brancas vencem. Após o lance do texto as pretas perdem a Dama pela Torre e Bispo, e a vitória das brancas é somente uma questão de tempo. 17.Bxf5! Rxf5 18.Rd8+ Qxd8 19.Bxd8 Rc8 20.Rd1 Rf7 21.Qg4 Nd3 Uma manobra inofensiva. As pretas estão bastante desamparadas e somente podem esperar por um milagre! 22.exd3 Rxd8 23.dxc4 Rdf8 24.f4 Re7 25.Kf2 h6 26.Re1 Bc8 27.Qf3 Ref7 28.Qd5 g5 29.Re7 gxf4 30.gxf4, e as pretas abandonaram.
Capítulo XIV Torneio Internacional de Budapeste Setembro de 1921 Partida 56 Alekhine, A. - Sterk, K. Gambito da Dama Recusado - D37
1.d4 d5 2.Nf3 Nf6 3.c4 e6 4.Nc3 Nbd7 108
5.e3 Após o último lance das pretas, que provavelmente é inferior a 4...Be7, as brancas têm a escolha de várias boas continuações: I – 5. Bg5 (se 5.Bf4 dxc4 6.e3 Nb6!); II – 5.cxd5 exd5 6.Bf4! (sugerido por Saemisch). Por outro lado, o engenhoso lance de Soldetenkov 6.Qb3 se prova insuficiente, como mostra a seguinte variante: 6...c6 7.e4 Nxe4 8.Nxe4 Qe7!; III – 5.e3, o lance do texto, talvez menos enérgico, mas oferecendo às brancas uma ligeira vantagem em desenvolvimento, se for corretamente seguida. 5...Bd6 Um lance arriscado que as brancas não exploram da maneira mais enérgica. As pretas obtêm um jogo satisfatório através da variante mais sólida 5...Be7 6.Bd3 dxc4 7.Bxc4 c5. 6.Nb5 Com essa resposta, original mas de valor duvidoso, as brancas deixam escorregar suas chances. Era indicada a resposta 6.c5 Be7 7.b4, seguida por 8.Bb2, que permitiria a elas exercerem pressão na ala da Dama antes que as pretas, devido à sua perda de tempo, pudessem lançar uma contra demonstração no centro. O lance do texto pretende evitar 8...e5 após 6.Bd3 dxc4 7.Bxc4 0-0 8.0-0, mas a perda de tempo ocorrida permite às pretas igualarem a partida sem dificuldade. 6...Be7 7.Qc2 c6 8.Nc3 0-0 9.Bd3 dxc4 10.Bxc4 c5! As pretas, como pode ser visto com facilidade, tiveram a sorte de superar todas as dificuldades da abertura. 11.dxc5 Após 11.0-0 Nb6 12.Bd3 cxd4 13.exd4 Bd7 as brancas não teriam compensação suficiente pelo seu Peão d isolado. 11...Bxc5 12.0-0 b6 13.e4 As brancas, após o seu cuidadoso tratamento da abertura, procuram complicações, as quais não são sem riscos para elas mesmas. Bastaria 13.b3 Bb7 14.Bb2 Rc8 15.Qe2 para igualar a partida. 13...Bb7 14.Bg5 Não 14.e5 Ng4! 15.Ng5 g6 16.Nxh7
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Qh4 17.h3 Qg3 seguido pelo mate. 14...Qc8! Um lance muito bom, que coloca um fim nas esperanças de procura do adversário. Não só as pretas estão fora de perigo como na realidade se preparam para lançar um contra-ataque. 15.Qe2 Prevenindo a ameaça 15...Bxf2+. Entretanto, era preferível 15.Bd3. 15...Bb4!
Esse lance marca a fase crítica. As brancas, de quem a partida está comprometida, farão um esforço sério para manter a igualdade. O que elas podem fazer? Nem 16.e5 Ng4 ou 16.Rac1 Bxc3 17.Bd3 Nc5! 18.Rxc3 Bxe4! 19.Bxf6 Bxd3, ameaçando ...Bxf1 etc., seriam suficientes. Após um quarto de hora de perplexidade, as brancas conseguiram resolver as dificuldades. 16.Bd3 Bxc3
17.Rfc1!!
O lance salvador, pois se agora as pretas jogarem 17...Nc5, que é o seu melhor, a continuação seria 18.Rxc3 Bxe4 19.Bxf6 Bxd3 20.Qe3!. Aqui está a diferença da variante anterior: O Bispo da Dama das pretas não ataca mais a Torre em f1. Agora 20...gxf6 21.b4 Bg6 22.bxc5 bxc5 23.Rxc5 Q se move 24.h4 e as brancas encontrariam compensação adequada pelo Peão assim sacrificado. 17...Nxe4 As pretas tentam ganhar um Peão sem comprometer a posição do seu Rei, mas não levam em conta de forma suficiente o perigo em que expõem seu Cavalo em c5. 18.Bxe4 Bxe4 19.Qxe4 Nc5 20.Qe2! Mais enérgico do que 20.Qb1, sugerido por alguns comentaristas, que renderia somente duas peças menores por uma Torre, após 20...Bb4 21.a3 Qb7, enquanto permitiria várias possibilidades de defesa para as pretas. 20...Ba5 21.Rab1 Qa6 22.Rc4 Na4 Um recurso engenhoso, mas inadequado. Se 23.b4, então 23...Nc3!. Entretanto as pretas não têm mais qualquer lance salvador. Se, por exemplo, 22...f6, então 23.Bh4!, etc.
23.Bf6!! O lance inicial de um ataque de mate, tão elegante como inesperado, que leva ao fim em poucos lances. As pretas são ameaçadas com 24.Rg4 Qxe2 25.Rxg7+ e mate no próximo lance. Se 23...h5 24.Rg4! Qxe2 25.Rxg7+ 109
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Kh8 26.Ng5!, e as pretas não têm defesa contra 27.Rh7+ seguido por 28.Rh8 mate. Se 23...h6 24.Ng5! com a ameaça Qg4, e as brancas vencem. 23...Rfc8! O único lance! As brancas respondem com uma nova surpresa. 24.Qe5! O corolário necessário ao lance anterior.
24...Rc5 As seguintes variantes também são insuficientes: I – 24...Qxc4 25.Qg5 Kf8 26.Qxg7+ Ke8 27.Qg8+ Kd7 28.Ne5+ Kc7 29.Qxf7+, seguido de Nxc4; II – 24...Rxc4 25.Qg5 Rg4 26.Qxg4 g6 27.Qxa4; III - 24...gxf6 25.Rg4+, e mate em dois lances. O lance do texto evita a variante 25.Rxc5 gxf6, mas as brancas respondem com um lance ainda mais forte. 25.Qg3! Simples e decisivo. 25...g6 26.Rxa4 Qd3 27.Rf1 Qf5 28.Qf4 Qc2 29.Qh6, e as pretas abandonaram. Partida 57 Alekhine, A. - Bogoljubov, E. Abertura do Peão da Dama - E11
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1.d4 Nf6 2.Nf3 e6 3.c4 Bb4+ Seria preferível 3...d5 ou 3...b7. 4.Bd2 Bxd2+ Essa troca auxilia o desenvolvimento das brancas. O Bispo do Rei das pretas no Gambito da Dama é muito valioso como peça para ser trocado no começo com perda de tempo. 5.Qxd2 d5 6.e3 0-0 7.Nc3 Nbd7 8.Bd3 c6 9.0-0 Permitindo às pretas liberarem-se através de uma manobra engenhosa. As brancas poderiam ter frustrado esse plano através de 9.Rd1!, e a posição das pretas permaneceria muito restrita. 9...dxc4 10.Bxc4 e5! Tomando vantagem da situação exposta da Dama das brancas, pois se agora 11.dxe5, então 11...Nxe5! e as pretas igualam com facilidade.
11.Bb3! Através desse lance, que evita o ganho de tempo das pretas mais tarde com ...Nb6, as brancas indiretamente enfrentam 11...e4, que agora meramente resultaria na perda de um Peão após 12.Ng5, e assim ainda mantêm uma ligeira superioridade. O sacrifício 11.Bxf7+ levaria somente a um empate, por exemplo: I – 11.Bxf7+ Rxf7 12.dxe5 Ng4 13.e6 Rxf3! 14.exd7 Bxd7 15.gxf3 Nxh2! (não 15...Qh4 devido a 16.Qd6) 16.Kxh2 Qh4+ e empate por xeque perpétuo; II - 11.Bxf7+ Kxf7? 12.dxe5 Ng4
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13.Rad1! Qe7 14.e6+! Kxe6 15.Qd4 Nge5 16.Nxe5 Nxe5 17.f4!, e as brancas obtêm um forte ataque. 11...Qe7 Na partida contra Johner (Pistyan 1922), Gruenfeld tentou 11…exd4 12.Qxd4 (12.exd4 também merece consideração) 12...Qb6 e finalmente conseguiu o empate. Após o lance do texto a superioridade do jogo das brancas é clara. 12.e4! exd4 13.Nxd4 Nc5 É impossível 13...Nxe4 tanto agora como no próximo lance, devido a Qe3, ganhando uma peça. 14.Bc2 Rd8 15.Rad1 Ameaçando 16.Nxc6, etc. 15...Bg4 16.f3 Ne6 17.Qf2 Nxd4 18.Rxd4 Be6 19.Rfd1 As pretas são obrigadas a abandonar a única coluna aberta para desenvolver o seu Bispo da Dama. Além disso, o centro de Peões das brancas, graças a sua mobilidade, será capaz de atacar o Cavalo e o Bispo das pretas com sucesso. Contra isso, a notória “maioria de Peões na ala da Dama” não é, no momento, de nenhum valor , pois o seu avanço, como foi mostrado na presente partida, fará surgir novas fraquezas, as quais o adversário transformará em vantagem. A partida virtualmente já está decidida. 19…b6 Defendendo seu Peão a, o qual é atacado indiretamente. 20.h3! Preparando o avanço do Peão f. 20...c5 Esse lance não leva a nada, observando que não obriga a troca das Torres. Seria muito melhor (agora ou no 22º lance) tomar medidas contra o avanço dos Peões e e f das brancas, jogando por exemplo, ...Ne8 seguido por ...f6. 21.R4d2 Rxd2 22.Qxd2 c4 23.f4 g6 Se 23...Qc5+, simplesmente 24.Qd4! e a posição das pretas após a troca das Damas seria insustentável, apesar da sua maioria na
ala da Dama. 24.Qd4 Ameaçando ganhar um Peão através de 25.f5. 24...Rc8
25.g4! Decisivo! As pretas não têm mais qualquer defesa adequada contra as ameaças 26.f5 ou 26.e5, seguido de 27.f5. 25...Bxg4 Um sacrifício desesperado, que não pode adiar a catástrofe iminente um pouco mais do que outras tentativas. 26.hxg4 Nxg4 27.Kg2! h5 28.Nd5 Qh4 29.Rh1 Qd8 30.Bd1!, e as pretas abandonaram. Uma partida instrutiva do ponto de vista estratégico. Partida 58 Steiner, E. - Alekhine, A. Defesa Alekhine - B03
1.e4 Nf6 Essa nova defesa foi jogada pela primeira vez por mim em uma partida com consulta em Zurique (Agosto 1921), e foi introduzida na prática magistral um pouco depois no Torneio de Budapeste em Setembro do mesmo ano. Sua correção agora parece perfeitamente estabelecida. Uma das provas mais rigorosas da sua vitalidade reside no fato de que o Dr. Emanuel Lasker, ex-Campeão 111
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Mundial, que embora abertamente se oponha a essa defesa, a adotou com sucesso contra Maróczy no Torneio de Nova Iorque (MarçoAbril 1924), após ter tentado em vão destruíla. No curso de um encontro entre o Dr. Lasker e o Dr. Tarrasch, as pretas obtiveram uma superioridade clara, se não vencedora, jogando da seguinte forma: 1.e4 Nf6 2.e5 Nd5 3.d4 d6 4.c4 Nb6 5.f4 dxe5 6.fxe5 Nc6 7.Be3 Bf5 8.Nc3 e6 9.Nf3 Bb4 10.Bd3 Bg4! 11.Be2 Bxf3 12.gxf3 Qh4+ 13.Bf2 Qf4!. 2.e5 Na partida Bogoljubov-Alekhine (Carlsbad 1923) as brancas tentaram 2.Nc3, sobre o qual as pretas responderam 2...d5 (2...e5, transpondo para Abertura Vienense também pode ser considerado), levando à continuação 3.e5 Nfd7! 4.d4 c5! 5.Bb5 Nc6 6.Nf3, e as pretas entraram em uma linha muito favorável da Defesa Francesa com 6...e6, em lugar da linha arriscada 6...a6 7.Bxc6 bxc6 8.e6! . 2...Nd5 3.d4 Na partida Saemisch-Alekhine do mesmo torneio, as brancas continuaram através de 3.Nc3 e6! 4.Nxd5 exd5 5.d4 d6 6.Nf3 Nc6 7.Be2 Be7 8.Bf4 0-0 9.0-0 f6 10.exf6 Bxf6, e as pretas têm um jogo levemente superior. 3...d6 4.Bg5 Após esse lance, cujo objetivo é atrapalhar o avanço do Peão e inimigo, as brancas perdem sua vantagem, devido às dificuldades que experimentarão na defesa do seu Peão e. A linha de jogo mais perigosa para as pretas é, sem dúvida, 4.c4 seguido por 5.f4. 4...dxe5 5.dxe5 Nc6 6.Bb5 Bf5! As pretas não se preocupam com a possibilidade de dobrar os Peões. Se 7.Bxc6+, a posse dos seus dois Bispos, a coluna aberta b e o seu melhor desenvolvimento, constituirão uma grande compensação pela ligeira fraqueza em c6. 7.Nf3 Ndb4! O ganho de um Peão através desse último lance requer um exame minucioso de todas as 112
suas consequências. 8.Na3 Qxd1+ 9.Rxd1! A melhor resposta, pois se 9.Kxd1 0-00+ 10.Kc1 f6, o jogo das pretas seria distintamente superior. 9...Nxc2+ 10.Nxc2 Bxc2 11.Rc1 Be4 12.Nd4 Se 12.e6 as pretas responderiam simplesmente 12…f6! seguido por 13...0-0-0. 12…Bxg2 13.Rg1
13...0-0-0 O ponto da manobra iniciada no 7º lance. Mesmo assim, a vantagem material de um Peão que as pretas conseguiram assegurar parece muito difícil de ser utilizada, devido ao seu desenvolvimento atrasado. 14.Nxc6 Bxc6 15.Bxc6 bxc6 16.Rxc6 Rd5 17.Bf4 e6 18.Ke2
Como as pretas devem agora fortalecer a sua posição? Por exemplo, aqui estão duas sugestões plausíveis que não dão resultados
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Parte II - Partidas entre 1920 e 1923
satisfatórios contra uma defesa correta: I – 18...g6 19.Rgc1 Rd7 20.Be3 Kb7 21.R6c3 Bg7 22.Rb3+ Ka8 23.Bxa7! Bxe5 24.Rc4, com jogo melhor para as brancas; II - 18...g5 19.Rxg5! Bh6 20.Rg4 Bxf4 21.Rxf4 Rxe5+ 22.Kf1 Kb7 23.Rc3, e as pretas não têm chances de vitória. 18...Bc5! ...enquanto esse lance, que à primeira vista não parece melhor do que os anteriores, é o único que permite às pretas manter sua vantagem. 19.b4! A resposta certa, permitindo que as brancas forcem uma troca vantajosa. É claro que o Peão g das pretas não pode ser tomado direto, devido a 19...Kb7. 19...Bxb4 20.Rxg7 Rd7 21.Be3
As pretas uma vez mais encaram um problema muito difícil. Como podem assegurar a defesa dos seus Peões enfraquecidos em ambas as alas? Só o seu Bispo é insuficiente para essa tarefa, pois se ele for levado a ...b6 via ...a5, protegendo dessa forma a ala direita, as brancas transfeririam seu ataque para a ala oposta e eventualmente ganhariam pelo menos um Peão através de Rc4 seguido por Rg4. Por outro lado, se as pretas retirarem o seu Bispo para ...f8, para assegurar a proteção da ala esquerda, as brancas tomariam a ala da Dama como o seu objetivo e obteriam um forte ataque através de Rg4 seguido de Ra4.
As pretas então precisam provisoriamente evitar o deslocamento do seu Bispo, para serem capazes de utilizá-lo na defesa de qualquer que seja a ala que for ameaçada. Seus próximos lances serão ditados pelas considerações acima. 21...a5! 22.Rc4 h5 23.Rh4 Bc3 24.Rg5 Rd5 25.f4 f6! As pretas mantêm definitivamente a sua vantagem material, que serão capazes de explorar através das próximas trocas. 26.Rgxh5 Rxh5 27.Rxh5 fxe5 28.fxe5 Bxe5 29.Rh7 Deixaria alguma esperança de empate 29.h4, mas após o lance do texto as pretas forçam a troca desse Peão perigoso. 29...Rb5! 30.Kf3 Rb2 31.Rh5 Forçado, pois após 31.h4 Rxa2, o Peão a passado das pretas seria pelo menos tão perigoso como o Peão h passado das brancas. 31...Bxh2 32.Rxa5 Bd6 O final de partida em seguida, embora vencedor para as pretas, oferece, no entanto, várias dificuldades técnicas, as quais não são desprovidas de interesse. 33.Ke4 Kd7 34.Bd4 Evitando temporariamente 34...e5, que as pretas agora preparam através da manobra da Torre em seguida. 34...Rd2! Dificultando K-d3-c4, etc. 35.Be3 Re2 36.Kd3 Re1! 37.Bd4 Rc1 Ainda seria prematuro 37...e5, devido a 38.Bc3. 38.Be3 Rd1+ 39.Ke4 Re1 40.Kd3 e5 Finalmente isso é jogável! 41.Bf2 Rf1 42.Be3 Ke6 43.Ke4 Rh1 44.Bf2 Rh2 45.Be3 Rh4+ 46.Kd3 Bb4 Assegurando dessa forma para o seu Rei o acesso à casa d5, a qual é claramente de grande importância. 47.Ra7 Ou 47.Ra4 Kd5 48.a3 e4+ 49.Kc2 Bd6. 47…c5 48.a3 c4+ 49.Ke2 Bd6 50.Ra8 Para cravar o Bispo adversário através de Rd8 após ...Kd5. 50…Rh2+ 51.Kd1 Rh3! 52.Kd2 113
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
Kd5 53.Rd8
53…c3+! O coup-de-grâce. 54.Ke2 Se 54.Kd3, as pretas tinham previsto o seguinte belo final: 54…c2 55.Rc8 Be7! 56.Rxc2 Bg5 57.Re2 e4+ 58.Kd2 Rxe3 59.Rxe3 Kd4, vencendo. 54…Ke4! 55.Rxd6 Rxe3+ 56.Kf2 Rd3 57.Rc6 Rd2+ 58.Ke1 Kd3 59.Rd6+ Kc2 60.Re6 Rd5 61.Ke2 Kb2 62.Rc6 c2, e as brancas abandonaram. Partida 59 Alekhine, A. - von Balla, Z. Abertura do Peão da Dama - D35
1.d4 d5 2.Nf3 e6 3.Bf4 c5 4.e3 Nc6 5.c4 O lance 5.c3 seria mais de acordo com o sistema iniciado a partir de Bf4. O principal objetivo do lance do texto é evitar caminhos batidos. 5...Nf6 Se 5...Qb6 as brancas responderiam com 6.Nc3! e se 6...Qxb2, então 7.Nb5, etc. 6.Nc3 cxd4 7.exd4 Ne4 Essa demonstração é claramente prematura, estando as brancas melhor desenvolvidas. Também seria desfavorável para as para as pretas 7...Qb6 devido a 8.c5! Qxb2 9.Nb5, etc. Por outro lado, elas obteriam um jogo bastante satisfatório através de 7...Bb4 8.Bd3 dxc4 9.Bxc4 0-0. 114
8.Bd3 Bb4 9.Rc1 Qa5 10.Qb3 dxc4 11.Bxc4 g5 Tendo embarcado em uma viagem perigosa, as pretas são obrigadas a perseverar a todo custo. Esse avanço torna inseguro o roque para a ala do Rei, sem inconvenientes para as brancas em nenhum caso. Seria melhor 11...0-0 12.0-0 Nxc3 13.bxc3 Be7 14.Rce1! b6 15.d5 etc., embora também nesse caso a superioridade das brancas seja manifesta. 12.Be3 g4 13.Ne5! Se esse Cavalo fosse obrigado a se retirar, talvez a e1 ou d2, a manobra anterior das pretas teria alguma forma de justificação. 13...Nxe5 14.dxe5 Bxc3+ 15.bxc3 b6 Se 15...Qxe5 16.Bd4 Qf4 17.Bb5+, seguido de 18.0-0 com ataque vencedor. 16.0-0 Planejando o sacrifício em seguida. Mas devido às complicações que surgiram, hoje em dia eu preferiria a variante mais simples, 16.Bb5+ Bd7 17.Bxd7+ Kxd7 18.0-0, pois agora o Rei das pretas está abandonado no centro e as brancas obtêm um forte ataque (18...Kc7 19.Qb4!). Mas as brancas esperavam por um resultado ainda melhor com o lance do texto, e o seu adversário presta-se a isso ao aceitar o sacrifício. 16...Bd7! Equivaleria, claramente, ao suicídio, 16...0-0.
17.Rfd1! A maneira mais enérgica de tomar vanta-
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Parte II - Partidas entre 1920 e 1923
gem da posição comprometedora das pretas. Em resposta a esse lance as pretas devem decidir sobre 17...0-0-0! 18.Qb4! Qxb4 19.cxb4 Kb7 20.Be2! ameaçando f3, após o que as pretas perderiam um Peão. Mas elas não puderam resistir à Torre como isca, e essa indiscrição custou-lhes a partida. 17...Ba4 18.Qb1 Nxc3 Se 18...Bxd1 19.Bb5+ (não 19.Qxe4 00-0!) 19...Ke7 20.Qxe4, com um ataque vencedor. 19.Rxc3 Qxc3 Seria evidentemente igualmente desastroso 19...Bxd1. 20.Bb5+ Bxb5 21.Qxb5+ Kf8 22.Bh6+ Kg8 23.Qd7! Se agora 23...Qc8 29.Qe7 seguido de mate em dois lances. As pretas abandonaram.
7...d5 8.exd5 Nxd5 9.0-0 Nc6 As pretas atingiram um desenvolvimento satisfatório. Há espaço para melhorias em um aspecto, a impossibilidade de rocar de imediato, devido a Nxd5 seguido de Bxh7+ ganhando a Dama. 10.Nxd5 Qxd5 11.a3! Preparando o avanço dos Peões da ala da Dama, que podem ser usados para o final, e também procurando manter o Rei das pretas no centro o máximo possível através de ameaças táticas, que são possíveis através da exposição momentânea das peças das pretas. 11...Ba5 Não 11...Be7 12.Nc3 Qe6 (ou 12...Qd8 13.Qh5) 13.Nb5, com o melhor jogo. 12.b4 Bc7 13.Re1 Agora 13.Nc3 seria ineficaz após 13...Qe6 14.Nb5 Bb8 ou 14.Qh5 Qg4!.
Capítulo XV Torneio Internacional de Haia Novembro de 1921 Partida 60 Yates, F. - Alekhine, A. Defesa Siciliana - B40
1.e4 c5 2.Nf3 e6 3.d4 Esse lance tem a desvantagem de permitir às pretas escolherem a variante equalizadora a seguir. Devido a isso, é preferível jogar 3.Be2 (veja a Partida 97). 3...cxd4 4.Nxd4 Nf6 5.Nc3 A respeito de 5.Bd3, veja a Partida 93. 5...Bb4 6.Bd3 e5! Seria inferior 6...d5 devido a 7.e5 Nfd7 8.Qg4!. O lance do texto foi introduzido na prática magistral através de Jaffe no Torneio de Carlsbad 1911. 7.Nde2 Se 7.Nf5 0-0 8.Bg5 d5! e as pretas têm melhor jogo, pois se 9.exd5 e4! 10.Bxe4 Re8 11.Ng3 Nxe4, ganhando uma peça.
13...f5 Um lance arriscado cujo principal objetivo é reservar uma boa casa para a retirada da Dama das pretas em f7. Seria mais prudente e suficiente para a igualdade 13...Be6. A partida Euwe-Alekhine, Pistyan 1922, continuou da seguinte forma: 13...Be6 14.Nc3 Qd7 15.Ne4 Bg4 16.Nc5 Qc8 17.Qd2 0-0 18.Be4! Bb6 19.Qc3 Bxc5 20.Qxc5 Bf5 21.Bxc6 Qxc6 22.Qxc6 bxc6, empate. 14.c4 Essa pálida linha de jogo permite às pretas finalmente colocar o seu Rei em segurança e dessa forma obter o melhor jogo. Era mais enérgico 14.Nf4 Qf7 15.b5! 115
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Ne7 16.b6! axb6 17.Bb5+ Nc6 18.Qd3!, fixando definitivamente o Rei inimigo, com chances excelentes de ataque. 14...Qf7 15.Nc3 0-0 16.Nd5 Esse Cavalo, como veremos na sequência, não pode ser mantido nessa posição e em breve será trocado por uma peça das pretas até agora inativa. Esse simples fato demonstra de forma suficiente a estratégia defeituosa das brancas iniciada com 14.c4. 16...Be6
17.Bb2 Uma pequena armadilha. Se agora 17...Bxd5 18.cxd5 Qxd5 19.Bxf5 Qxd1 20.Be6+, recuperando o Peão com um jogo muito bom. 17...e4 18.Nxc7 Se 18.Bf1 direto, então 18...Be5 com uma manifesta superioridade posicional. 18...Qxc7 19.Bf1 Ne5! 20.Bxe5 Relativamente melhor, pois se 20.c5, então 20...Ng4, provocando o enfraquecimento da posição do Rei das brancas, cujas consequências poderiam ter sido desastrosas para elas de forma muito rápida. 20...Qxe5 21.Qc2 Rad8 22.Rad1 Rxd1! Através dessa troca inesperada (inesperada porque temporariamente rende ao adversário a única coluna aberta), as pretas tanto forçam (1) o avanço do seu Peão a f4, através do qual, cedo ou tarde, além das boas perspectivas de ataque direto, pode assegurar um forte Peão passado na coluna do Rei, ou (2) como na 116
atual partida, a troca das Damas, que assegura para elas um final de jogo superior. 23.Qxd1 Se 23.Rxd1, então 23...f4!.
23...Qc3! Contra esse lance as brancas não tinham nada melhor do que oferecer uma troca das Damas, pois após 24.Re3 as pretas ganhariam o tempo necessário através de 24...Qf6, para ocupar a coluna da Dama, que seria decisivo. O final de jogo em seguida, que oferece alguma analogia com o que joguei contra Teichmann (veja a Partida 91), admite uma maioria de Peões na ala da Dama para as brancas, mas aqui essa vantagem é um tanto ilusória. Nesse assunto, estou ansioso para afirmar que um dos mais notórios preconceitos da teoria moderna reside no fato de que essa maioria é considerada em si mesma uma vantagem, sem qualquer referência a quaisquer que sejam os Peões ou, mais especialmente, das peças envolvidas. Na presente partida as pretas têm compensações muito evidentes: (1) a maior mobilidade do Rei das pretas, o Rei adversário está embaraçado com os seus próprios Peões; (2) A posição dominante da Torre das pretas na única coluna aberta. Com jogo correto, esses pontos assegurarão uma vitória. 24.Qc1 Qxc1 25.Rxc1 Rd8 26.g3 Esse e os próximos dois lances têm como objetivo a troca dos Bispos, pois o final de
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Parte II - Partidas entre 1920 e 1923
Torres produziria para as brancas um empate quase certo. 26...Kf7 27.c5 Kf6 Evitando as trocas, pelos fundamentos acima. 28.Bc4 Bc8! 29.a4 g5 30.b5 f4 31.Kf1 Com o objetivo de opor a sua Torre à das pretas após 32.Ke1, mas estas voluntariamente abandonam o comando da coluna da Dama para ocupar a sétima fileira com a sua Torre, dessa forma facilitando o avanço decisivo dos seus Peões. 31…Rd2! 32.Ke1 Rb2 33.gxf4 gxf4 34.Be2 As brancas estão ameaçadas, se 34.Rd1, com 34...Bg4 35.Rd6+ Ke7 36.Rd4 Bf3, seguido de ...e3, vencendo. 34...Ke5! 35.c6 bxc6
36.Rxc6 Se 36.bxc6 f3 37.Bd1 e3 38.Bxf3 exf2+ 39.Kf1 Bh3+, ou 37.Bf1 e3 38.fxe3 f2+ 39.Kd1 Bg4+ e mate no próximo lance. 36...Be6 37.Bd1 Rb1 Com a dupla ameaça 38...Bb3 e 38...Bg4, contra o que as brancas não podem se defender através de 38.Kd2 devido a 38...e3+ 39.fxe3 fxe3+ 40.Kc2 Bf5+. 38.Rc5+ Kd4 39.Rc2 e3 40.fxe3+ fxe3 41.Rc6 Bg4 42.Rd6+ Ke5 43.h3 Bh5 Agora a ameaça de 44...e7 ganha tanto a Torre como o Bispo. As brancas abandonaram.
Partida 61 Alekhine, A. - Rubinstein, A. Gambito da Dama Recusado - D030
1.d4 d5 2.Nf3 e6 3.c4 a6 Um lance de Janowski, muito frequentemente jogado por Rubinstein em torneios recentes, mas sem sucesso apreciável. O lance 3...a6, necessário em grande número das variantes do Gambito da Dama Aceito, aqui é meramente uma perda de tempo e além disso cria fraquezas na ala da Dama quando as brancas continuam com 4.cxd5, ou até 4.c5, como na presente partida. 4.c5 O lance 4.cxd5 é bastante suficiente para assegurar uma ligeira superioridade posicional, como foi mostrado nas partidas JohnerRubintein e Kostich-Rubinstein no Torneio de Teplitz-Schoenau 1922 dentre outras. A primeira partida continuou 4.cxd5 exd5 5.Nc3 Nf6 6.Bg5 Be7 7.e3 0-0 8.Bd3 b6 (um pouco melhor, mas também insuficiente para igualar a partida seria 8...Nbd7 9.Qc2!) 9.Bxf6! Bxf6 10.Qc2 h6, e Johner obteria um ataque muito forte contra a enfraquecida posição do roque das pretas através de 11.h3 seguido por 12...0-0-0 e g4. Na partida contra Kostich Rubinstein tentou 5...Be7 no lugar de 5...Nf6, e a continuação foi 5...Be7 6.Bf4 Nf6 7.e3 0-0 8.Bd3 Nbd7 9.0-0 Re8 10.Rc1 b6, após o que as brancas obteriam um jogo distintamente superior através de 11.h3 (para conservar seu Bispo da Dama contra a ameaça de troca através de ...Nh5). Na presente partida, a primeira que joguei com Rubinstein após um intervalo de sete anos, adotei voluntariamente uma nova linha de jogo para evitar as variantes decorrentes de 4.cxd5 (devido a pensar corretamente que seriam muito familiares a Rubinstein), decidindo que faria isso ou morreria! 4...Nc6 Desejando jogar 5...e5, que as brancas precisam evitar por todos os meios disponíveis. 117
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5.Bf4 Nge7 6.Nc3 Ng6
7.Be3! Um lance bastante fora do comum! As brancas, enquanto previnem 7...e5 evitam a troca do seu Bispo da Dama. Eu soube, pouco tempo depois da partida terminar, que Rubinstein no Collijn´s Lärobok só examinou 7.e3, uma variante que leva à igualdade. 7...b6 As pretas, sem esperanças de um rompimento no centro, pelo menos eliminam a restrição do Peão c adversário, e contam assegurar uma vantagem no desenvolvimento em razão da posição incomum do Bispo da Dama das brancas em e3. 8.cxb6 cxb6 9.h4! A única forma de enfraquecer as casas pretas da posição inimiga, e assim obter um futuro para o seu Bispo da Dama. 9...Bd6 Se 9...h5 10.Bg5 f6 11.Qc2, seguido de 12.Bd2, e3, a3 e Bd3, com melhor jogo para as brancas. 10.h5 Nge7 Não 10...Nf4? 11.g3. 11.h6! O ponto! Se as pretas capturarem o Peão h enfraquecem o seu próprio Peão h sem a mais leve compensação. No outro caso o Bispo da Dama das brancas ocupará a diagonal h4-d8, onde exercerá uma pressão muito incômoda. 11...g6 12.Bg5 0-0 Seria mais prudente jogar primeiramente 118
12...f5, após o que as pretas não precisariam temer a ameaça de mate em g7, embora em qualquer caso o jogo das brancas já fosse preferível. 13.Bf6!
Uma posição extraordinária após o 13º lance em um Gambito da Dama! Ao longo dos primeiros treze lances as brancas jogaram seu Peão c três vezes, seu Peão h outras três e o seu Bispo da Dama quatro vezes, após o que obtiveram uma posição com aparência vitoriosa, se não já realmente vencedora. É especialmente com respeito à abertura original dessa partida que as pessoas falem com frequência de uma “técnica Hipermoderna”, uma “Escola neoRomântica”, etc. Na realidade, a questão é muito mais simples. As pretas entregaram-se a várias excentricidades na abertura (3...a6; 5...Nge7; 6...Ng6) que, sem a reação do seu adversário (por exemplo 7.e3 ao invés de 7.Be3 ou 9.g3 ao invés de 9.h4), que ao final lhes daria um bom jogo. Então é, como uma necessidade, e não com uma ideia preconcebida, que decidi sobre o avanço do Peão h, evitando que as pretas assegurassem uma vantagem central. Mas, como uma regra, nos estágios de aberturas de uma partida, tais excentricidades não estão de acordo nem com o meu temperamento, nem com o meu estilo, como o leitor pode ver através da leitura desse livro. 13...b5 14.e3 Bd7 15.Bd3 Rc8
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Parte II - Partidas entre 1920 e 1923
As pretas apenas sonham com a possibilidade de um ataque imediato das brancas (começando com Ng5 ou Ne5 seguido por Qf3) que elas esperam frustrar através de uma demonstração na ala da Dama (...Qa5, ...Bb4). Com essa ideia, o lance preparatório 15...Rc8 teria sido bem útil. Mas as brancas não são obrigadas a se agitar enquanto o adversário não as incomodarem seriamente, e seria melhor para as pretas jogarem direto 15...Na4, seguido de 16...Bb4, e sessa forma obrigar as brancas, através dessa aparência de um contra-ataque, a tomarem algumas medidas defensivas. 16.a4! Enquanto isso, são as brancas que tomam a iniciativa na ala da esquerda, forçando as pretas a bloquearem esse lado, que lhes permitirá posicionar o seu Cavalo da Dama em uma posição dominadora sem perda de tempo. 16...b4 17.Ne2 Qb6 18.Nc1! Prevenindo 18...b3. 18...Rc7 19.Nb3 Na5 Muito tarde!
20.Nc5! Através dessa manobra, as brancas transformam sua vantagem posicional em ganho material, sendo as pretas incapazes de capturar o Cavalo, por exemplo: 20...Bxc5 21.dxc5 Qxc5 22.Bd4 Qc6 23.Ne5 Qb7 24.Ng4 etc., ganhando a qualidade. Se 20...Bc8, então 21.Ne5, com variantes similares.
20...Nc4 Esse lance não é nem um pouco melhor daquele que o precedeu. Permite às brancas escolherem entre duas variantes muito boas, mas ocorre que as brancas escolhem a menos decisiva. 21.Bxc4 dxc4 22.Ne5 O lance 22.Ne4 forçaria o ganho da qualidade, e também manteria o ataque, em vista da dupla ameaça 23.Nxd6 seguido de 24.Be5, e 23.Bg7 seguido por 24.Nf6 mate. 22...Bxe5 23.Bxe7!
23...Bd6! Através desse claro julgamento da posição, Rubinstein reconhece diretamente que o sacrifício da qualidade ainda lhe oferece a melhor chance. De fato, após 23...Re8 24.dxe5 Rxe7 25.Ne4! (não 25.Qf3 f5 26.exf6 Rf7, com chances defensivas), as pretas perderiam de forma mais rápida do que na partida, por exemplo: I - 25...f5 26.Qd6 Bc6 27.Nf6+ Kf7 28.Qd8! Be8 29.Nxh7, vencendo; II - 25...Be8 26.Nf6+ Kh8 27.Qd8 Rb7 28.Rd1 Qc6 29.0-0, e as brancas vencem. 24.Bxf8 Bxf8 25.Nxd7 Rxd7 26.a5! Prevenindo a consolidação da posição do Peão das pretas através de 26...a5. 26…Qc6 27.Qf3 Rd5 28.Rc1! Esse lance, que força o avanço do Peão c, tem a intenção de esclarecer a posição na ala da Dama, para colocar suas peças da forma mais favorável. 119
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
28...Qc7 29.Qe2 c3 30.bxc3 bxc3 31.Qxa6 Rxa5 32.Qd3 Ba3 Se 32...Ra3 as brancas continuariam com 33.Ke2, seguido por 34.Ra1. 33.Rc2 Bb2 34.Ke2! Não 34.0-0, devido a 34...Rh5, ganhando o Peão h, com boas chances de empate. 34...Qc6 35.f3 f5 36.Rb1 Qd6 Se 36...Qd5, então 37.Kf2 ameaçando 38.Rxc3 Bxc3 39.Qxc3 Ra8 40.Qc7, vencendo. 37.Qc4 Kf7 38.Qc8 Qa6+ A troca das Damas é forçada, pois as brancas ameaçam 39.Qh8. 39.Qxa6 Rxa6 40.e4 g5 41.Kd3 Kg6
42.d5! Obtendo assim um Peão passado, que decidirá a partida em poucos lances. A tentativa desesperada das pretas em obter uma última chance na ala do Rei meramente resulta em conduzir o seu Rei para dentro de um cul-de sac. 42...fxe4+ 43.fxe4 exd5 44.exd5 Ra4 45.Rd1! Assegurando de forma indireta o avanço do Peão d. 45…Kxh6 46.d6 Kh5 47.d7 Ra8 48.Ke4 Rd8 49.Kf5 Kh4 50.Rh1+ Kg3 51.Rh3 mate.
Capítulo XVI Torneio Internacional de Pistyan Abril de 1922 120
Partida 62 Tarrasch, S. - Alekhine, A. Abertura do Peão da Dama - E10
1.d4 Nf6 2.Nf3 e6 3.c4 c5 Com a intenção de investigar, com o próximo lance, o gambito descoberto pelo amador moscovita Blumenfeld. Desde então foi mostrado que esse gambito não é favorável para as pretas se as brancas o recusarem. 4.d5 b5 5.dxe6 A aceitação do gambito rende às pretas uma posição formidável no centro. O lance correto era 5.Bg5!, Igualmente possível, embora menos forte, é 5.e4, jogado por Rubinstein contra Tartakower em TeplitzSchönau 1922. Uma partida instrutiva, GruenfeldBogoljubov, do Torneio de Viena 1922, continuou como segue: 5.Bg5 h6 6.Bxf6 Qxf6 7.Nc3 b4 8.Nb5 Na6 9.e4! Qxb2 10.Bd3! Qf6 11.e5 Qd8 12.dxe6 dxe6 13.Be4! Qxd1+ 14.Rxd1 Rb8 15.Bc6+ Ke7 16.Nxa7 g5 17.Bb5 Bg7 18.Nc6+, e mate no próximo lance. 5...fxe6 6.cxb5 d5 7.e3 As pretas ameaçavam recuperar o seu Peão com jogo melhor através de 7...Qa5+. Entretanto, 7.Nd2 seguido de b3 e Bb2 oferecia às brancas melhores chances defensivas. 7...Bd6 8.Nc3 0-0 9.Be2 Bb7 10.b3 Nbd7 11.Bb2 Qe7 As pretas completaram o seu desenvolvimento, e preparam em perfeita segurança o avanço do seu Peão e, que abrangendo ainda mais o jogo do adversário, assegura-lhes um ataque muito forte contra o Rei das brancas. 12.0-0 Rad8 As pretas não têm necessidade de acelerar o avanço do seu Peão e, seu adversário no momento sendo capaz de tentar absolutamente nada. 13.Qc2 e5 14.Rfe1 Para defender a casa h2, trazendo seu Cavalo do Rei via d2 para f1. A partir de agora as brancas se defendem
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da forma mais habilidosa, mas seu jogo já está muito comprometido pelo erro estratégico da abertura, ao ceder o centro para o adversário em troca de um Peão de pequeno valor. 14…e4 15.Nd2 Ne5 16.Nd1 Nfg4 17.Bxg4 Essa troca é forçada, pois se 17.Nf1, então 17...Nf3+!. 17…Nxg4 18.Nf1
18…Qg5! A continuação correta do ataque. As brancas defenderam adequadamente as casas f2 e h2, mas o ponto g2 ainda é vulnerável. Então é contra esse ponto que as pretas pretendem lançar um ataque duplo, trazendo o Cavalo para h4 via h6 e f5. Para estancar essa ameaça as brancas serão obrigadas a novamente enfraquecer a sua posição, jogando h3, o que, como veremos na sequência, permitirá o avanço decisivo do Peão d das pretas. 19.h3 Nh6 20.Kh1 21.Nf5 É claro que os últimos três lances das brancas são os únicos possíveis para assegurar a defesa contra o ponto ameaçado através de Rg1. 21...d4! Esse Peão se transforma em um novo e formidável meio de continuar o ataque. As brancas não podem captura-lo, por exemplo 22.exd4 e3! 23.Nxe3 (ou 23.Rg1 Qg3! vencendo) 23...Nxe3 24.fxe3 Qg3! e as pretas vencem. 22.Bc1 d3 23.Qc4+ Kh8 24.Bb2
24...Ng3+ O início da manobra final. É claro que o Cavalo não pode ser tomado, devido a 25...Qxg3, forçando o mate. Após o lance em seguida as pretas poderiam ganhar a qualidade através de 25...d2, mas preferiram para encerrar a partida uma combinação forçada. 25.Kg1 Bd5 26.Qa4 Se 26.Qc3 ou 26.Qc1, 26...Ne7+, ganhando com facilidade. 26...Ne2+ 27.Kh1 Rf7! Não há razão para complicar a partida através do sacrifício do Peão a. 28.Qa6 h5! Como veremos na continuação, isso era necessário para preparar o sacrifício do Bispo no 34º lance. 29.b6 Ng3+ Não 29...axb6 devido a 30.Rxe2 dxe2 31.Qxe2, dando às brancas possibilidades de defesa. 30.Kg1 axb6 31.Qxb6 d2! Agora esse avanço do Peão d é absolutamente decisivo. 32.Rf1 Nxf1 33.Nxf1
33...Be6!! Após esse lance as brancas não poderão se defender por muito tempo contra o ataque de mate em seguida. Por exemplo, se tivessem tentado proteger a casa g2 através de 34.Qc6 seguido de Qxe4, a partida terminaria da seguinte forma: 34.Qc6 Rf3 35.Qxe4 Bd5 36.Qa4 Qxg2+ 37.Kxg2 Rg3+ 38.Kh2 Rg2+ 39.Kh1 Rh2+ 40.Kg1 Rh1 mate. 121
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Contra o lance plausível 34.Kh1 o sacrifício do Bispo da Dama vende direto. 34.Kh1 Bxh3! 35.gxh3 Rf3 36.Ng3 h4! Agora se mostra o objetivo de 28...h5!. 37.Bf6 Engenhoso mas condenado ao fracasso, como todas as outras tentativas. 37...Qxf6 38.Nxe4 Rxh3+ Se agora 39.Kg1 Bh2+, e as pretas ganham a Dama; e se 39.Kg2 Qf3+ e mate no lance seguinte. As brancas abandonaram. Partida 63 Alekhine, A. - Selezniev, A. Gambito da Dama Recusado - D67
1.d4 d5 2.Nf3 Nf6 3.c4 e6 4.Nc3 Be7 5.Bg5 Nbd7 6.e3 0-0 7.Rc1 c6 8.Bd3 Eu considero esse antigo lance pelo menos tão bom quanto o moderno 8.Qc2, pois a Dama das Brancas precisa perder um tempo para ocupar a casa e2, sua casa natural no Gambito da Dama Recusado. 8...dxc4 A melhor resposta, fora de dúvida. É essencial para as pretas capturarem o Peão c, e jogar 9...Nd5, antes que as brancas tenham rocado, pois de outra forma elas podem evitar a troca do seu Cavalo em c3 jogando Ne4!, com um jogo muito superior (veja a Partida 88), enquanto antes do roque o lance não é sem perigo e conduz a variantes de grande complexidade. 9.Bxc4 Nd5 10.Bf4 Para evitar a variante de igualdade tediosa, 10.Bxe7 Qxe7 11.0-0 Nxc3 12.Rxc3 e5. Mas esse lance é arriscado, como mostra o jogo enérgico das pretas nessa partida. É mais jogável na variante surgida a partir de 8.Qb2, a qual, contra ...Nb6, permite a retirada do Bispo do Rei a d3 sem perda de tempo, devido à ameaça ao Peão h inimigo. 10...Nxf4 11.exf4 Nb6 12.Bb3 Nd5 13.Qd2 122
Novamente melhor. Se 13.g3 Nxc3 14.bxc3 c5, seguido de 15...b3 e 16...Bb7, e a segurança do Rei das brancas estaria comprometida em vista da fraqueza das casas brancas. 13...Qd6 14.Ne5 Evitando 14.g3 pelas razões acima. 14...Nxc3! Simples e forte! As pretas, além dos seus dois Bispos, têm a chance de lançar um contra-ataque na ala da Dama. 15.bxc3 c5 16.0-0 b5! O jogo das pretas parece preferível no momento, e as brancas precisam manobrar com circunspecção para preservar a igualdade. 17.Bc2! Um lance importante com a dupla ameaça 18.Qd3, seguido de Qxb5 e 18.Be4 seguido de Nc6, e por esse motivo impedindo as pretas de completarem o seu desenvolvimento através de 17...Bb7. 17...Ba6 18.Rfe1 Rad8 19.Rcd1 cxd4 Ao jogar imediatamente 19...g6 as pretas manteriam uma posição excelente, com boas chances na ala da Dama. Ao contrário, o lance do texto, o qual libera a posição central, é vantajoso para as brancas de forma distinta, e essas conseguem tomar vantagem disso através do lançamento de um ataque tão animado como interessante. 20.cxd4 g6 Cedo ou tarde inevitável.
21.Bb3!
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Esse lance primeiro ameaça 22.Nxf7! e em segundo lugar evita a manobra 21...Bb7 e 22...Bd5, devido à seguinte variante: 21...Bb7 22.Qd3 a6 (ou 22...b4) 23.Nxg6!! hxg6 24.Rxe6! fxe6 (ou 24...Q se move 25.Rxg6+) 25.Qxg6+ Kh8 26.Bc2, e mate em poucos lances. 21...Bc8 Evitando o sacrifício ameaçado. 22.Qe2! a6 23.d5 Qb6 Se 23...exd5 24.Bxe5 seguido de 25.Nxf7. 24.Nc6 Rde8 25.Nxe7+ Rxe7
26.f5! Se as pretas aceitarem o sacrifício, as brancas vencem como segue: 26...gxf5 27.d6! Rb7 [ou 27...Rd7 28.Qd2 Rfd8 29.Qg5+ Kf8 30.Qh6+ Ke8 (se 30...Kg8 31.Rd3!) 31.Rxe6+ e mate em três lances] 28.Qe5 h6 29.Qf6 Kh7 30.Bxe6. 26...Rb7 Dessa forma as pretas perdem um Peão, sem enfraquecer o ataque das brancas. O jogo das pretas rapidamente se torna sem esperanças. 27.dxe6 fxe6 28.fxe6 Re7 29.Rd7! Rfe8 A Torre não pode ser tomada, pois se 29...Bxd7 30.exd7+ Kh8 as brancas não continuam com 31.Qxe7, mas primeiro jogam 31.d8Q!. 30.Qf3 Qc5 31.Qf7+ Kh8 32.Qf6+ Kg8 33.h4! Se agora 34...Rf8, então claramente 34.Qxe7 Qxf2+ 35.Kh2 Qf4+ 36.Kh1,
vencendo. As pretas abandonaram. Partida 64 Johner, P. - Alekhine, A. Abertura do Peão da Dama - A32
1.d4 Nf6 2.Nf3 e6 3.c4 c5 Foi mostrado subsequentemente que esse lance não é bastante correto (veja a Partida 62). Aqui o lance correto seria 3...d4 ou 3...b3. 4.Nc3 Essa resposta é insuficiente para assegurar uma vantagem para as brancas. Elas devem jogar 4.d5, e se 4...b5 5.Bg5!, com jogo melhor. Mas o meu adversário ainda tinha fresca na memória a minha partida contra o Dr. Tarrasch, jogada na primeira rodada do mesmo Torneio (veja a Partida 62), na qual as brancas, ao adotar a continuação 4.d5 sofreram uma derrota clássica. Então preferiram o lance do texto, aparentemente mais conservador, mas também mais maçante. 4...cxd4 5.Nxd4 d5 Esse lance permite às brancas, como desejavam tanto, simplificar a posição, com um empate quase certo em vista. Seria mais enérgico 5...Bb4, conduzindo a um jogo complicado, mas não sem chances para as pretas. 6.cxd5 Nxd5 7.Ndb5! Ameaçando 8.Nxd5 exd5 9.Qxd5!. 7...Bd7 Para responder a 8.Nxd5 com 8...Bxb5. 8.e4 Nxc3 9.bxc3! Muito melhor do que 9.Nxc3, após o que as pretas obteriam uma ligeira vantagem posicional através de 9...Bc5. 9...Qa5 10.Rb1! Mais enérgico do que o lance defensivo 10.Qb3. Pelo Peão a sacrificado as brancas, graças aos seus dois Bispos, obtêm uma posi123
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ção cheia de promessas, e as pretas na sequência são obrigadas a devolverem o Peão para completar seu desenvolvimento. 10...a6 Se qualquer outro lance, as brancas defenderiam o seu Peão através de Rb3; ou poderiam jogar 11.Nd6+ apesar disso. 11.Nd6+ Bxd6 12.Qxd6 Qxc3+ 13.Bd2 Qc6 14.Qf4 As brancas superestimam as suas perspectivas de ataque, esquecendo que o seu próprio Rei não está em segurança. Deveriam se contentar em recuperar o seu Peão, com um bom jogo, através de 14.Qb4 a5! 15.Qxb7 0-0!. O lance do texto, ao contrário, rapidamente permite que as pretas tomem a iniciativa. 14...0-0 15.Bd3
15...e5! Através desse sacrifício as pretas abrem novas linhas para as suas peças, e tomam vantagem do fato de que ainda não rocaram, lançando um ataque direto à posição do Rei inimigo. Contra qualquer outro lance as brancas obteriam um poderoso ataque através de 16.e5!. 16.Qxe5 Re8 17.Qd4 Se 17.Qg3 Rxe4+; e se 17.Qf4 Be6 seguido de 18...Nd7 e 19...Nc5, ambas com vantagem das pretas. 17...Qg6! 124
18.f3 As brancas já se encontram em uma posição muito difícil, pois não podem rocar devido a 18...Bh6, ganhando a qualidade. Por outro lado, se 18.f4, as pretas teriam evitado as variantes perigosas resultantes de 18...Qxg2 19.Rg1 Nc6 20.Qe3 Qxh2 21.Bc3, e teriam certamente uma vantagem através de 18...Nc6! 19.Qf2 (ou 19.Qxd7 Qxg2 20.Rf1 Rad8) 19...Bf5!, 18...Qxg2 Esse lance, à primeira vista arriscado, foi o resultado de um longo e minucioso cálculo. 19.Rg1 Nc6 20.Qe3 Qxh2 21.Bc3 g6! Não 21...Ne5 devido a 22.Rxg7+! Kxg7 23.Qg5+ Kh8 (se 23...Kf8? 24.Bb4+!) 24.f4, e as pretas seriam obrigadas a se satisfazerem com um empate. 22.Rxb7 Rad8! A preparação para a ação final. 23.Bf6 É manifesto que com um Peão a menos e em vista da posição exposta do seu Rei, outros lances não salvariam as brancas. Essa escolha permite que as pretas concluam de forma enérgica e rapidamente, 23…Ne5! Ameaçando 24...Nxf3+. 24.Be2
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com vantagem para as brancas, mencionada na última edição do Collijn´s Lärobok. Mas essa variante, como muitas outras indicadas naquele trabalho, que são realmente interessantes, mas pouco precisas, pode ser melhorada através de 6...Nb4! no lugar de 6...Nf6, após o que a vantagem das brancas seria difícil de demonstrar. O lance do texto não parece arriscado, as pretas pretendem capturar o Peão d no próximo lance. Sua refutação é portanto apenas a mais instrutiva. 24...Bb5! Praticamente encerrando a partida, pois se 25.Bxd8, então 25...Bxe2 ganha direto, devido à ameaça 26...Nxf3+. As brancas então são forçadas a entrarem em uma liquidação geral, após a qual sua posição permanece absolutamente sem a menor esperança. 25.Bxe5 Rxe5 26.Bxb5 Rxb5 27.Rxb5 axb5 Ameaçando conduzir a um final vencedor de Peões através de 28...Rd2! etc. Se 28.Rf1, então 28...Qc2 vencendo. As brancas abandonaram. Partida 65 Alekhine, A. - Wolf, H. Gambito da Dama Recusado - D06 Prêmio de Brilhantismo
1.d4 d5 2.Nf3 c5 3.c4 cxd4 O lance usual é 3...e6, transpondo para a Defesa Tarrasch. Após a troca das Peões no centro, chegamos a uma posição simétrica na qual a vantagem do lance sempre assegura às brancas uma leve vantagem posicional. Nessa partida elas obtiveram um resultado melhor, o que somente se deve ao fato de que seu adversário permitiu-se ir para uma inovação especialmente arriscada, quando o seu desenvolvimento já é atrasado. 4.cxd5 Nf6 5.Nxd4 a6 As pretas desejam evitar a variante 5...Nxd5 6.e4 Nf6 7.Bb5+ Bd7 8.e5 Bxb5 9.Nxb5 Qxd1+ 10.Kxd1 Nd5 11.N1c3,
6.e4!! Sacrificando o Peão e para reter o Peão d o qual, como veremos em seguida, exercerá uma pressão muito forte no jogo do adversário. 6...Nxe4 7.Qa4+! Para provocar a obstrução da coluna d com uma peça das pretas, a qual corta o ataque da Dama das pretas no seu Peão d. 7...Bd7 Não 7...Qd7 devido a 8.Bb5. 8.Qb3 Nc5 Essa casa dificilmente é indicada para o Cavalo, mas por outro lado, elas devem assegurar a defesa do seu Peão b, e 8...Qc7 ou 8...Bc8 dificilmente são melhores, notando que a Dama das pretas em breve será desalojada da sua coluna pela Torre das brancas. 9.Qe3! Muito mais forte do que o lance plausível 125
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9.Qf3, no qual as pretas poderiam se libertar através de 9...e5, pois se 10.dxe6 Nxe6 11.Nxe6 Bxe6! 12.Qxb7? Bd5 e as pretas devem vencer. Enquanto que, após o lance do texto, o avanço do Peão e das pretas daria às brancas a oportunidade de exercer forte pressão na ala do Rei. As pretas, então, resignam-se ao desenvolvimento do seu Bispo do Rei em fianqueto, mas da mesma forma sem sucesso. 9...g6
10.Nf3! Esse ganho de tempo permite às brancas prevenirem 10...Bg7 seguido por 11...0-0. O Rei das pretas sendo mantido no centro facilitará o ataque das brancas, graças ao seu desenvolvimento superior. A abertura dessa partida oferece algumas analogias com aquela da Partida 61, jogada em Praga contra Rubinstein. Tanto em uma quanto na outra a vantagem conquistada resultou da repetição de lances com as mesmas peças (aqui os primeiros onze lances contêm quatro deslocamentos da Dama e três do Cavalo do Rei). Mas a possibilidade de tais manobras na abertura só pode ser atribuída, devo reiterar, ao fato de que o adversário adotou táticas defeituosas, as quais desde o início precisam ser refutadas através de uma demonstração enérgica. É claro, ao contrário, que em face do desenvolvimento correto, um tratamento 126
similar anômalo seria desastroso. Assim sendo, isso não pode ser qualquer questão de “Sistema Moderno”, mas só simplesmente a exploração de uma maneira racional dos erros do adversário, Eu não posso conceber por que aqui é tão ardente o desejo de descobrir em uma partida de xadrez alguma coisa mais sutil do que ela oferece, pois tenho a opinião de que a beleza real que ela possui deve ser mais que suficiente para todas as possíveis demandas. 10...Qc7 11.Qc3 Rg8 12.Be3 b6 13.Nbd2 O lance 13.b4 seria um erro de julgamento, porque as pretas salvariam a sua peça através de 13...Bg7 14.Nd4 Qa7!. Assim sendo, as brancas preferem completar o seu desenvolvimento antes de lançar a ação decisiva. 13…Bg7 14.Bd4 Bxd4 15.Qxd4 As brancas livram-se do Bispo do Rei das pretas, a única peça que poderia incomodálas, e a posição do adversário em breve se tornará desesperadora. 15…Bb5 Seria difícil sugerir outros meios de desenvolver sua ala da Dama. Após 15...Bf5 16.Be2 Nbd7 seria impossível devido a 17.g4 Bc2 18.Rc1. 16.Bxb5+ axb5 17.0-0 Ra4 Essa escaramuça vem do nada. Para falar a verdade, é difícil apontar um lance racional aqui. 18.b4 Qd8 19.a3! As brancas não têm razão para se apressarem, considerando a falta de recursos da posição adversária. 19...Nbd7 20.Rfe1 Kf8 21.d6! Uma preparação para o sacrifício em seguida. Se as pretas respondessem a esse lance com 21...e6, a continuação seria 22.Qe3 Nb7 23.Qd3 Ra8 24.Nd4, ganhando o Peão b5 para começar. 21...Ne6
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1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Nf6 5.Nc3 Be7 6.0-0 b5 7.Bb3 d6 8.a4 Rb8 Esse lance, embora recomendado pelo pelo Collijn´s Lärobok, é distintamente inferior a 8...b4, pois abandona a coluna a para as brancas sem qualquer compensação. 9.axb5 axb5 10.h3 0-0 11.Qe2 Bd7 Defendendo de forma indireta o Peão atacado, pois se 12.Nxb5 Nxe4 13.Nxc7 Nxd2 (ou 13...Nc5) 14.Bxd2 Qxc7, e as pretas têm um jogo excelente. 12.d3 22.Rxe6! Através dessa combinação, baseada em cálculos precisos de todas as possibilidades, as brancas destroem as últimas defesas do inimigo. Elas recuperam a qualidade sacrificada em poucos lances, com um ataque de mate. 22...fxe6 23.Ng5 Qb8 Ou 23...e5 24.Qd5 Qe8 25.Ne6+ Kf7 26.Nc7+ e6 27.Qf3+, vencendo. 24.Nxe6+ Kf7 Se 24...Ke8 25.Ne4!. 25.Ng5+ Kf8 Se agora 25...Ke8 26.Re1!. 26.Qd5! Rg7 Claramente forçado. 27.Ne6+ Kg8 28.Nxg7+ Kxg7 29.dxe7 Nf6 30.Qxb5 Ra7 31.Re1 Qd6 32.e8N+ O método mais simples de assegurar a vitória. 32...Nxe8 33.Qxe8 Qxd2 34.Qe5+ Kf7 35.h4 Rxa3 Essa captura desesperada esconde uma última armadilha. 36.Qe8+ Kg7 37.Re7+ Kh6 38.Qf8+ Kh5 39.Re5+ Kg4 40.Rg5+! Evitando a armadilha. Se agora 40.f3+ Kg3 41.Rg5+ Qxg5 42.hxg5 Ra1 mate!. As pretas abandonaram. Partida 66 Treybal, K. - Alekhine, A. Abertura Ruy Lopez - C84
12...Qc8 Seria insuficiente 12...Nd4 13.Nxd4 exd4 14.Nd5 Nxd5 15.Bxd5 c6 16.Bb3 Be6 17.Bxe6 fxe6 18.Ra7 Ra8 19.Rxa8 Qxa8 20.Qg4 Qc8 21.Bh6 Rf7 22.Ra1 com vantagem para as brancas. O lance do texto prepara a série de trocas em seguida, e permite às pretas adotarem uma linha de jogo mais complicada, começando com 13...Nd8, e 14...c5 devendo as brancas escolherem evitar 13...Nd4 através de 13.Be3. 13.Kh2 Prevenindo o sacrifício do Bispo da Dama das pretas em seguida em h3. Mas como o perigo não era iminente, as brancas fariam melhor em continuar seu desenvolvimento através de 13.Be3. Após o lance do texto as pretas têm pelo menos um jogo igual. 13...Nd4 14.Nxd4 exd4 15.Nd5 Nxd5 16.Bxd5 c6 17.Bb3 Be6! 18.f4 127
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A variante 18.Bxe6 Qxe6 19.f4 f5 não renderia às brancas qualquer vantagem. O lance do texto é o prelúdio de um arriscado ataque na ala do Rei, já que as pretas lançarão primeiro um enérgico contra-ataque no centro. 18…Bxb3 19.cxb3 Ra8! Não 19...Qe6 devido a 20.f5 Qxb3 21.Ra3 Qb4 22.f6! Bxf6 23.Rxf6 gxf6 24.Bh6 Kh8 25.Qf3 f5 26.Qxf5 f6 27.Ra7, vencendo. 20.Rxa8 Se 20.Rb1 então 20...Qe6 etc. 20...Qxa8 21.f5 f6! Muito melhor do que 21...Bf6, sobre o qual as brancas obteriam um jogo muito bonito através de 22.Bf4 Rd8 23.Qe1!, seguido de Qa1ou Qe3. O lance escolhido prepara o avanço dos Peões centrais. 22.g4 Tendo embarcado em uma jornada perigosa, as brancas não têm outra opção senão perseverar, pois, se adotassem um plano puramente defensivo, as pretas teriam um jogo ainda mais fácil do que o do texto, por exemplo, 22.b4 c5 23.Qc2 Qc6, seguido de 24...Ra8. 22...c5 23.h4 d5!
24.g5 As brancas não têm nada melhor, por exemplo: I – 24.exd5 Bd6+ 25.Bf4 Re8 26.Qg2 Bxf4+ 27.Rxf4 Qb8 28.Qf2 Qe5! e as pre128
tas têm jogo melhor; II - 24.e5 Qb8! (entretanto não 24...fxe5 25.Qxe5 Bxh4 devido a 26.g5! Re8 27.Qf4 Be1 28.f6 com um forte ataque para as brancas) 25.Bf4 fxe5 26.Bxe5 Bd6, com vantagem para as pretas. 24...dxe4 25.dxe4 Qc6 26.Kh3 Preparando 27.e5. Se 26.g6 h6 27.Qh5 Qxe4 28.Bxh6 gxh6 29.Qxh6 Qe2+, seguido de 30...Qe3+ vencendo. 26...c4 27.e5 As brancas tentam o impossível para obter a sombra de um ataque, mas em vão, pois as pretas chegam primeiro. 27...d3 28.Qe1! O único lance. Se 28.Qe3 fxg5! 29.hxg5 Rxf5! 30.Rxf5 Qe6 31.Qe4 g6 32.Kg4 (ou 32.Qa8+ Kg7) 32...gxf5+ 33.Qxf5 Qxf5+ 34.Kxf5 Ba3!!, vencendo. 28...fxe5 Se agora 28...fxg5 as brancas responderiam 29.Bxg5. 29.Qxe5 Bb4! 30.bxc4 bxc4 31.Qd4! Ameaçando romper a formação de Peões inimiga através de 32.b3.
31...Qb5! O único lance para vencer. Ameaça tanto 32...Rxf5 como 32...d2! seguido de 33...c3. Se as brancas jogarem 32.Kg2, então 32...Ba4! e 33...Rd8 também venceria sem dificuldade. 32.f6 d2! 33.Qf4!
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Antecipando a continuação 33...dxc1Q 34.Rxc1 Rc8 35.Qg4! com chances de empate, pois a casa h1 não é da cor do Bispo das pretas. Através da combinação em seguida, a mais longa que eu já realizei, as pretas evitam essa variante duvidosa e asseguram um final vencedor de Peões. 33...Qd7+! 34.Kg2 d1Q! 35.Rxd1 Qxd1 36.Qxc4+ Rf7 37.Qxb4 Qxc1 38.Qb8+ Rf8 39.f7+! O lance chave da variante que possibilita às brancas recuperar a sua Torre. Como veremos em breve, a manobra vencedora das pretas iniciada através de 33...Qd7+! compreende nada menos do que 20 lances! 39...Kxf7
40.Qb3+? É espantoso que um Mestre da força do Dr. Treybal, tão visivelmente dotado do senso imaginativo, não tenha percebido 40.g6+, a
única continuação lógica. As pretas não poderiam responder a isso com 40...Kg8 devido a 41.gxh7+; nem através de 40...hxg6 pois nesse caso as brancas forçariam um empate através de xeque perpétuo, por exemplo 41.Qb3+ Kf6 42.Qf3+ Ke7 43.Qa3+ Ke8 44.Qa4+! Kd8 45.Qa8+ Ke7 46.Qa3+ Kf7 47.Qb3+) 41.gxh7+, etc. O único lance para vencer consequentemente era 40...Kxg6!, que conduziria à continuação forçada: 40...Kxg6 41.Qxf8 Qxb2+ 42.Kf3 Qc3+ 43.Kg2 Qd2+ 44.Kg3 Qe3+ 45.Kg2 Qe4+ 46.Kg3 Qe5+ 47.Kg2 Kh5! 48.Qf3+ Kxh4 49.Qh3+ Kg5 50.Qxh7 Qe2+ 51.Kg3 ou Kg1 Qg4+ 52.qualquer lance ...Qc5 ou ...Qh5+, e as pretas vencem ao forçarem a troca das Damas no próximo lance. 40…Kg6! E as brancas somente podem dar poucos xeques inofensivos, por exemplo: 41.Qe6+ Kh5 42.Qe2+ Kxh4!, vencendo. As brancas abandonaram. Partida 67 Alekhine, A. - Hromdka, K. Gambito da Dama Recusado - D15
1.d4 d5 2.Nf3 Nf6 3.c4 c6 4.Nc3 Qb6 Jogado pela primeira vez por Süchting contra Schlechter no Torneio de Carlsbad 1911. A melhor resposta para esse lance parece ser 5.c5 Qc7 6.g3! seguido de 7.Bf4. A linha de jogo que daria às pretas ainda mais chances seria, na minha opinião, 4...dxc4 seguido de 5...b5 e, se necessário, ...b4 etc. (veja a Partida 71). 5.e3 Sólido, mas sem vigor. Como veremos mais tarde, as pretas teriam igualado a partida em um certo estágio. 5...Bg4 6.cxd5 cxd5 7.Qa4+ Bd7 Melhor. Se 7...Nc6 8.Ne5 Bd7 9.Bb5 e6 10.Nxd7 Nxd7 11.e4!, com um ataque simi129
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lar ao ocorrido na presente partida, após o 13º lance das brancas. 8.Bb5 a6 9.Bxd7+ Nbxd7 10.0-0 e6 11.Ne5 As brancas não asseguraram uma vantagem no desenvolvimento suficiente para serem capazes de explorar a cravada do Cavalo da Dama das pretas, especialmente contra uma defesa correta. 11...Qa7 E somente devido a essa perda de tempo que as brancas conseguem ativar um ataque. O lance correto seria 11...Qb4!, a provocar a troca das Damas e a descravar o Cavalo, após o qual as pretas nada teriam a temer. Ao passo que agora, por quererem ser capazes de rocar, sua posição no centro será completamente destruída. 12.Nxd7! Nxd7
13.e4! O começo de uma ofensiva perigosa cujo resultado será a formação de um forte Peão passado no centro. Os lances das pretas a seguir são praticamente forçados, pois elas necessariamente precisam a todo custo evitar a abertura da coluna e. 13...b5 14.Qc2 dxe4 15.d5! e5 16.a4! Antes de recapturar o Peão, não é desnecessário provocar uma nova fraqueza na ala da Dama adversária. 16...b4 17.Nxe4 Qb7 Se 17...Bc5 18.Be3 Bxe3 19.Nd6+ Ke7 20.Nf5+ seguido de 21.fxe3, com um ataque 130
muito forte. 18.Rd1 Rc8 19.Qe2 Be7 As pretas em vão esperam colocar seu Rei sob cobertura. 20.Qg4 g6 Forçado, pois se 20...0-0 21.Bh6.
21.Bg5! Fixando definitivamente o Rei das pretas no centro, o que, em conjunção com as várias fraquezas da sua posição, termirará em um rápido colapso para as pretas. De fato, elas não podem jogar sem desvantagem nem 21...f6, devido a 22.Qe6, ou 21...f5, devido a 22.Qh4!, e não teriam nada melhor do que a troca dos Bispos, que lhes retiraria o roque. 21...h6 22.Bxe7 Kxe7 23.Qh4+ Para provocar uma nova fraqueza na posição dos Peões adversários. 23...g5 Se 23...f3 24.f4! com um ataque muito forte. 24.Qg4 Rc4 25.Qf5 Ameaçando entre outras coisas 26.Qxf7 seguido de 27.Nd6+. 25...Rf8 26.b3! Seria prematuro 26.Nf6 devido a 26...Rh4. 26...Rcc8 27.Nf6! O lance decisivo. Se 27...Nxf6 28.d6+!. 27…Rc5 28.Nxd7 Qc8 Se 28...Qxd7 29.Qxe5+ Kd8 30.Rac1 Rxc1 31.Rxc1 e as brancas vencem. 29.d6+ Ganhando uma Torre após 29...Kd8
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30.Qf6+ Kxd7 31.Qe7+ Kc6 32.d7!. As pretas abandonaram.
Capítulo XVII Torneio Internacional de Londres Agosto de 1922 Partida 68 Alekhine, A. - Euwe, M. Abertura do Peão da Dama - A48
1.d4 Nf6 2.Nf3 g6 Esta variante, introduzida na prática magistral por Gruenfelg, repousa sobre as seguintes ideias: - o desenvolvimento do Bispo do Rei em fianqueto, e a retenção de ...e5 até que as brancas desenvolvam o seu Cavalo em c3. Através desses meios as pretas, após 3.c4 Bg7 4.Nc3 d5 5.cxd5 Nxd5 6.e4 Nxc3 7.bxc3 reservam a possibilidade de atacar o centro inimigo através de ...c5, abrindo uma boa perspectiva para o seu Bispo em g7. Consequentemente, a melhor linha de jogo para as brancas consiste em mover o Cavalo da Dama somente após terem aumentado a pressão na casa d5 através de g3 e Bg2, que parece lhes assegurar uma ligeira vantagem, como mostrado dentre outras pelas partidas Alekhine-Muller (Margate 1923), SaemischGruenfeld (Carlsbad 1923) e Alekhine-Réti (Nova Iorque 1924). 3.Bf4 Tentando um novo sistema que ocasiona para as pretas menos dificuldades do que a linha de jogo citada acima. Compare também as partidas Capablanca-Réti e RubinsteinEuwe do mesmo Torneio. 3...Bg7 4.Nbd2 c5! Um bom lance. 5.e3 Se 5.dxc5, as pretas recuperam o Peão com vantagem através de 5...Na6!. 5...d6 6.c3 Nc6 7.h3 Esse lance é essencial para reservar uma
casa de retirada para o Bispo da Dama no caso de ...Nh5. 7...0-0 8.Bc4! A melhor casa para esse Bispo. A resposta 8...d5 claramente não deve ser temida, pois meramente realçaria as perspectivas do Bispo da Dama adversário. 8...Re8 Preparando e5, que teria, entretanto, a desvantagem de enfraquecer a casa d6. 9.0-0 e5 10.dxe5 Nxe5 A captura com o Cavalo rende diretamente às brancas uma muito perceptível, se não decisiva, vantagem na posição. As pretas fariam melhor em jogar 10...dxe5 11.Bh2 Be6 12.Bxe6 Rxe6 13.Nc4, após o que a vantagem das brancas, inegável como é, seria muito difícil de ser aproveitada. 11.Bxe5 dxe5
12.Ng5! Esse simples lance, como visto mais tarde, assegura às brancas a posse da única coluna aberta. 12...Be6 Uma resolução heróica, pois aos a dobradura dos Peões, o Bispo do Rei das pretas ficará bastante sem ação. Um pouco melhor seria 12...Rf8 13.Nde4! Qxd1 (se 13...Nxe4? 14.Bxf7+!) 14.Rfxd1 Nxe4 15.Nxe4 b6, embora também nesse caso as brancas assegurassem excelentes chances de vitória. 13.Bxe6 fxe6 14.Nde4 Nxe4 15.Qxd8 Rexd8 16.Nxe4 b6 17.Rfd1 Kf8 18.Kf1! 131
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As brancas ganhariam um Peão através de 18.Ng5, mas isso teria permitido às pretas forçar a troca do Bispo contra o Cavalo, através de 18.Ng5 Ke7 19.Nxh7 Bh6 20.h4 Rh8 com boas chances de empate. 18...Ke7 Se 18...c4, então 19.Nd6!. Mas agora as pretas ameaçam através de 19...c4 a ocupar d5 e mais tarde d3 com a sua Torre. 19.c4! Evitando a manobra acima e ao mesmo tempo fazendo a terceira fileira livre para a sua Torre, que é muito importante, como se mostra mais tarde. 19...h6 20.Ke2 Rxd1 21.Rxd1 Rb8 As pretas são obrigadas a evitarem essa troca das Torres, que permitiria às brancas forçarem a vitória da seguinte forma: 21...Rd8 22.Rxd8 Kxd8.
Diagrama de análise
1ª fase – 23.h4! seguido por g4 e g5, na qual as pretas não teriam nada melhor do que ...h5, notando que a troca dos Peões abandona a casa h4 para o Cavalo; 2º fase – b3, seguido de Kd3, Nf3 e Ke4; 3ª fase – a manobra do Cavalo das brancas a d3, após o que as pretas devem imobilizar o seu Rei em d6 para defender o duplamente atacado Peão e; 4ª fase – e por último, f4! forçando o ganho do Peão e ou do Peão g, após o que a vantagem assegurada seria decisiva. Ao evitar a troca das Torres, as pretas fizeram a tarefa do seu adversário mais difícil. 132
22.Rd3 Bh8
23.a4! O único meio de forçar a entrada decisiva da Torre das brancas dentro do jogo inimigo. As brancas tomam vantagem do fato de que as pretas não podem responder 23...a5 devido a 24.Rb3! ganhando o Peão c ou o Peão b. 23...Rc8 24.Rb3 Kd7 25.a5! Kc6 É obvio que é melhor se abster de capturar o Peão a das brancas devido a 26.Rb5. 26.axb6 axb6 27.Ra3 Bg7 28.Ra7 Rc7 As pretas reconciliam-se com a troca das Torres, mas as brancas agora consideram que ao evitar isso atingem a vitória de forma ainda mais rápida. 29.Ra8! Re7 30.Rc8+ Kd7 31.Rg8! Kc6 32.h4 Para bloquear de forma completa o Bispo antes de lançar a manobra decisiva com o seu Cavalo. 32...Kc7 33.g4 Kc6 34.Kd3 Isso não era muito necessário, considerando que o Rei das brancas será obrigado a voltar para o seu ponto de partida. Através de 34.b3 as brancas encurtariam o caminho em vários lances. 34...Rd7+ 35.Kc3 Rf7 36.b3 Kc7 37.Kd3 Rd7+ 38.Ke2 Rf7 39.Nc3! Para colocar o seu Cavalo em b5, onde sua ação será ainda mais poderosa do que em e4. 39…Re7 40.g5 hxg5 41.hxg5 Kc6 42.Kd3 As brancas têm também ao seu comando
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outra linha vitoriosa, baseada na manobra Ne4-d2-f3-h4 ganhando o Peão g, mas elas preferem seguir o caminho que traçaram. 42…Rd7+ 43.Ke4 Rb7 44.Nb5 Re7 Se 44…Rf7, então 48.Rc8+ seguido de Nd6+ ganhando a Torre. 45.f3 Kd7 O único lance. Se 45...Kb7, então 46.Nd6+ seguido de Ne8, ganhando o Bispo. 46.Rb8 Kc6 47.Rc8+ Kd7 Ou 47...Kb7 48.Nd6+ Ka7 49.Rg8 vencendo. 48.Rc7+ Kd8 49.Rc6! Forçando o primeiro ganho de material, mas também imediatamente decisivo. 49…Rb7 50.Rxe6, e as pretas abandonaram. Partida 69 Alekhine, A. - Yates, F. Gambito da Dama Recusado - D64
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nf3 d5 4.Nc3 Be7 5.Bg5 0-0 6.e3 Nbd7 7.Rc1 c6 8.Qc2 Re8 Esse lance é inferior a 8...c6, pois após 9.Bd3! as pretas não podem mais transpor para o sistema de defesa que ainda lhes ofereça as melhores chances. 9.Bd3 dxc4 Revertendo para a defesa de Capablanca (veja a Partida 79) com a única diferença de que sua Torre do Rei está em e8 ao invés de f8, o que não é de muita importância. Se 9...a6, as brancas agora poderiam responder com vantagem 10.cxd5!, tomando vantagem do fato de que as pretas nesse ponto não podem recapturar o Peão com o Cavalo. Por outro lado, após 9...g6 10.Bf4! (veja a Partida 80, comentário ao 8º lance das pretas) 10...a6, a troca em d5 seria inteiramente favorável às brancas, por exemplo: 11.cxd5! (mas não 11.c5 Bxc5! 12.dxc5 e5 ameaçando ...e4, recuperando assim a peça com um jogo muito bom – compare a partida EuweSpielmann, Mährisch-Ostrau 1923) 11...Nxd5 12.Nxd5 exd5 13.0-0 Nf6 14.h3
etc., e as brancas poderiam lançar um ataque na ala da Dama através de Rb1-b4-a4 e b5, deixando o seu adversário sem contra chances apreciáveis. 10.Bxc4 Nd5 11.Ne4 O lance correto aqui era 11.Bxe7. A respeito da inadequação de 11.Ne4, compare com a Partida 79. Deve se notar que na variante 11...Qa5+ etc., a posição da Torre em e8 é bastante favorável às pretas. 11...f5 Dentre as várias respostas a serem consideradas pelas pretas, essa é sem dúvida a menos digna de recomendação, Além do fato de que de modo algum incomode o roque das brancas, entrega a esplêndida casa e5 ao Cavalo adversário sem a menor compensação. A partir desse ponto, o jogo das pretas pode ser considerado estrategicamente perdido, o que não quer dizer que a realização da vitória seja um assunto fácil. 12.Bxe7 Qxe7 13.Ned2 b5 Esse lance, que tem por objetivo a liberação do inútil Bispo da Dama é pior do que a desvantagem que pretende mitigar, pois agora as brancas tomam o controle da coluna c, e especialmente da casa c5, que as pretas acabam de entregar através do lance do texto. As pretas fariam melhor em ocupar o adversário com a seguinte diversão: 13...N5b6 14.Bd3 g6 preparando ...e5, ou 14.Bb3 a5 15.a4 Nd5 e ...Nb4, embora também nesse caso suas perspectivas fossem duvidosas. 14.Bxd5 cxd5
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15.0-0 Os próximos lances das brancas estão baseados sobre lógica simples, mas indiscutível. Através da ocupação da casa c5 por um dos seus Cavalos, elas forçarão a sua troca com o Cavalo da Dama adversário, após o que serão capazes de colocar seu segundo Cavalo na mesma casa sem receio de ser molestado. 15...a5 16.Nb3 a4 17.Nc5 Nxc5 18.Qxc5! Qxc5 A troca das Damas finalmente se tornou inevitável. E agora as pretas estão inteiramente à mercê do seu adversário, que estará livre para escolher o melhor caminho para a vitória. 19.Rxc5 b4 20.Rfc1 Ba6 21.Ne5! O Cavalo chega no momento certo para evitar que as pretas coloquem as suas Torres na coluna c, por exemplo: 21...Rec8 22.Rxc8+ Rxc8 23.Rxc8+ Bxc8 24.Nc6, com a dupla ameaça 25.Ne7+ e 25.Nxb4, que certamente traria a vitória para as brancas. 21…Reb8 22.f3! Preparando o avanço decisivo do Rei das brancas.. 22...b3 23.a3 h6
24.Kf2! O ponto de partida de uma manobra de mate baseada nas seguintes considerações: como as pretas precisam evitar a troca das Torres e como as suas peças permanecem na ala da Dama para assegurar a defesa dos seus 134
Peões, o Rei das pretas mais cedo ou mais tarde sucumbirá ao assalto combinado das quatro peças das brancas, incluindo o Rei. 24...Kh7 25.h4! Dificultando ...g5, após ...Kg6 e ...Kh5. 25...Rf8 26.Kg3 Rfb8 As pretas têm que se conformar com uma completa inatividade. 27.Rc7 Ameaçando dentre outras coisas 28.Nd7 e 29.Nc5 ou 29.Nb6. 27...Bb5 28.R1c5! Para dobrar as Torres na 7ª fileira através de 29.Re7! Re8 30.Ref7 e 31.Rcc7. 28...Ba6 29.R5c6 Re8 30.Kf4 Estando asseguradas as Torres dobradas na 7ª fileira através de Rf7, as brancas trazem o seu Rei para o centro. 30...Kg8 31.h5! Projetando a manobra final, para cujo sucesso é essencial evitar que o Rei das pretas surja em g6 após 35.Nd7!. 31...Bf1 É curioso observar que o Bispo da Dama, embora tenha liberdade de ação completa, não pode tomar parte na defesa. 32.g3 Um lance de espera. Agora seria prematuro 32.Rf7 devido a 32...Rac8. 32...Ba6 Se 32...Be2 as brancas continuariam o seu ataque através de 33.Ng6 seguido de 34.Nh4 e 35.Ke5. 33.Rf7 Kh7 As pretas são completamente incapazes de prevenir o ataque de mate através de 33...Rf8, pois as brancas teriam concluído muito rapidamente a partida após capturar o Peão e. 34.Rcc7 Rg8 35.Nd7! Essa ameaça de ganhar a qualidade força a resposta em seguida. 35...Kh8 36.Nf6 Rgf8 Na esperança de trocar ao menos uma das suas Torres. 37.Rxg7! Essa combinação com sacrifício força o
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Parte II - Partidas entre 1920 e 1923
mate em no máximo sete lances. 37…Rxf6
38.Ke5! O ponto da combinação! A Torre das pretas não pode nem ser retirada e nem defendida pela outra Torre sem permitir o mate em dois lances. Mas mesmo após ser capturada pelo Rei das brancas, o mate somente pode ser atrasado através de lances de problema. As pretas abandonaram. Partida 70 Rubinstein, A. - Alekhine, A. Gambito da Dama Recusado - D18
1.Nf3 d5 2.d4 Nf6 3.c4 c6 4.Nc3 dxc4 A aceitação do gambito nesse estágio da partida foi objeto de uma análise de Alapin cerca de cinco anos atrás, mas essa tentativa de popularizá-lo não frutificou. Sua análise mencionava, após 5.e3 c5 6.a4 os lances ...Nd5 e ...Qb6. Não até o Torneio de Londres 1922, onde a minha inovação 6...b4! foi revelada, e a variante recebeu um novo sopro de vida. 5.a4 Rubinstein, que já estava acostumado com as minhas análises, seguiu religiosamente a linha de jogo adotada contra mim por Bogoljubov algumas rodadas antes no mesmo torneio, mas as pretas saíram de todas as dificuldades através do desenvolvimento
do seu Bispo da Dama. 5...Bf5! 6.e3 e6 7.Bxc4 Bb4! Isso foi jogado não para trocar o Bispo da Dama pelo Cavalo, mas somente para posicionar o Bispo da maneira mais efetiva nessa posição. 8.0-0 0-0 9.Ne2 Essa manobra, que tem como objetivo a troca do Bispo da Dama das pretas, requer tempo demais e essa é a razão principal de todas as dificuldades das brancas em seguida. O simples lance de desenvolvimento Bd2, aqui ou no próximo lance, asseguraria de forma mais fácil a igualdade, pois as brancas não poderiam esperar mais do que isso na presente circunstância. 9...Nbd7 10.Ng3 Bg6 11.Nh4 c5! As pretas tomam vantagem do tempo dado a elas pelo seu adversário para completar o seu desenvolvimento através do lançamento de uma ação no centro. 12.Nxg6 Bogoljubov, na partida acima mencionada, aqui continuou com o lance arriscado 12.f4 Nb6 13.Ba2 cxd4 14.exd4 Nbd5 15.Nf3 Rc8 16.Ne5 Bc2 17.Qf3 a5!, com grande superioridade posicional para as pretas. A troca do texto, embora mais prudente, também deixa as brancas contorcendo-se para desenvolver o seu Bispo da Dama inativo. 12...hxg6 13.dxc5 Nxc5 14.Qe2 Ameaçando o avanço do Peão e, o que as pretas evitam diretamente. 14...Nfe4! 15.Nxe4 Nxe4 16.Qg4 A continuação 16.Bxe6 fxe6 17.Qc4 Qd5! 18.Qxb4 Nxf2! volta-se favorável às pretas. O lance do texto é preferível a 16.Qf3, contra o qual as pretas responderiam 16...Nd6, um lance impossível no momento devido a 17.Bxe6, etc. 16...Nf6 17.Qf3 Uma nova tentativa de reforçar e4. 17...Qc7 Ganhando o tempo necessário para evitar de uma vez por todas o avanço do Peão e. 18.b3 Qe5 19.Ra2 Ne4 20.a5 135
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Seria mais simples 20.Bb2. A continuação da partida mostra que o lance do texto oferece às pretas uma chance de vitória, ao permitir-lhes apoiarem seu Cavalo em c3 através de ...b4 no seu 29º lance. 20...Rfd8 21.Bb2 Bc3 22.Bxc3 É óbvio que as brancas não podem manter seus dois Bispos. 22...Nxc3 23.Rc2 b5 24.axb6 axb6 A abertura da coluna a, devido ao 20º lance incauto das brancas, é uma vantagem evidente para as pretas. 25.Rfc1 Na2 Ganhando o tempo para avançar seu Peão b. 26.Re1 b5 27.Bf1 Nc3 28.Qf4! A troca das Damas ainda oferece às brancas as melhores chances de escapar, considerando que isso leva à abertura da coluna e para as suas Torres, a outra coluna estando em posse do seu adversário. Mas o final de jogo em seguida não é um pouco favorável às pretas. 28...Qxf4 29.exf4 b4 30.g3
teriam contemplado a troca de uma de suas Torres e o investimento do Peão b pelas três peças restantes. Após o lance do texto, falta precisamente um tempo para executar essa manobra. 31.Bc4 Kf8 32.Kg2 Ke7 33.Re5! Justamente essa resposta que as pretas não ponderaram de forma suficiente ao jogar o seu 30º lance. Agora elas não têm tempo para jogar 33...Rd4, pois as brancas ameaçam entrar na posição inimiga via c5 e c8. Estando obrigadas a defenderem-se, as pretas devem temporariamente renunciar à vitória. 33…Rc8 34.h4 Essa demonstração, que não tem um ponto real, teria sido sem efeito, se as pretas respondessem simplesmente através de 34...Rc6, enquanto sua resposta na partida permite às brancas introduzirem novas complicações. 34…Nd5 35.Rce2! Um bom lance, que enfrenta a ameaça 35...Nb6 devido a 36.Bxe6!, ganhando assim um tempo importante. 35...Nc3 36.Rd2 Rc6
30...Ra3 No entanto, esse lance descuidado, que envolve uma importante perda de tempo, retira das pretas a maioria das suas chances, pois aqui não há razão em persuadir as brancas a colocarem o seu Bispo em c4, onde teria que ir de qualquer maneira. Seria muito mais aconselhável trazer seu Rei rapidamente ao centro através de ...Kc8, Ke7, Rd4, e ...Kd6, após o que as pretas
37.h5! Esse engenhoso sacrifício de Peão, que seria sem objetivo caso a Torre das bancas ainda estivesse em c2, requer a maior circunspecção por parte das pretas, sem prejuízo ao jogo das brancas. A presente partida, mais do que qualquer outra, registra a evolução do estilo de Rubinstein: o profundo estrategista começa a se transformar em um tático talentoso, no
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Parte II - Partidas entre 1920 e 1923
qual cada lance esconde um raio, ou prepara uma nova combinação. Essa opinião é confirmada, além disso, pelos vários prêmios de brilhantismo que ele acumulou em seus torneios recentes, ao lado de especialistas nessa arte como Mieses e Spiellman. 37...f6 38.Re3 gxh5 39.f5 e5 40.Red3 Ameaçando mate em três. Agora percebemos a forte posição de ataque assegurada pelas brancas através do seu sacrifício. 40...Ra7 41.Rd8 Essa continuação do ataque, embora concebida profundamente, ao final se mostra inadequada devido a uma manobra defensiva oculta, a qual entretanto, é a única forma de salvar o jogo das pretas. Enquanto que através de 41.f3, evitando 41...Ne5, as brancas poderiam forçar o empate direto: 41...Nb1 42.Rd1 Nc3 43.R1d2 Nb1, etc. 41...Ne4 O único caminho de prevenir a ameaça 42.Rg8. 42.R2d5! As pretas não podem responder a isso através do lace plausível 42...Nd6 43.Rg8 Nxf5 (ou 43...Nxc4 44.Rxg7+ etc.) 44.Rdd8 Nd6 45.Rb8! e as brancas vencem. 42...Rd6! 43.Rg8! À primeira vista isso parece decisivo, pois as pretas não podem continuar 43...Rxd5 sem perder a qualidade forçado após 44.Bxd5, mas as pretas por sua vez preparam uma surpresa para seu adversário.
43...Ra2! O lance salvador! As pretas agora estão protegidas da ameaça de mate em poucos lances começando com 44.Rb5, pois elas mesmas ameaçam o mate em três lances através de 44...Rxf2+. Os próximo lances das brancas então são forçados. 44.Rxg7+ Kf8 45.Rg8+ Kxg8 46.Rd2+ Kg7 47.Rxa2 Rd2! O ponto de toda a combinação – as pretas forçam a troca da sua segunda Torre e entram em um final que é claramente favorável a elas, pela fraqueza do Peão c das brancas e o raio de ação limitado do Rei das brancas. 48.Rxd2 Nxd2 49.Bd5 e4 Fazendo oposição a 50.f3 e através disso dificultando a aproximação do Rei das brancas ao Cavalo. 50.f4? Isso torna o jogo das brancas indefensável, devido à sua incapacidade de após 50...e3 desalojar o Cavalo, e assim se opor à marcha do rei das pretas para a ala da Dama. Seria bastante melhor 50.g4! h4 51.Kh3 Nf3 52.g5!, e o sacrifício do Peão ofereceria às brancas algumas chances de empate, devido ao material reduzido no tabuleiro. A última fase da partida é instrutiva. 50...e3! Agora o Rei das pretas pode proceder sem obstáculos a anexação do Peão b das brancas. 51.Kg1 Kf8 52.Kg2 Ke7 53.Bg8 Kd6 54.Bf7 Kc5 55.Bxh5 Nxb3 56.Kf3 As brancas poderiam prolongar a resistência através de 56.g4 Nd4 57.g5 fxg5! (se 57...b3? 58.gxf6!) 58.fxg5 Nxf5 59.Bf7 Kd4 60.Kf1 Kd3 61.Ke1 Nh4 62.Bd5 b3!, vencendo. 56...Kd4 57.Bf7 Agora 57.g4 deixaria as brancas sem chances após 57...Kd3, etc. 57...Kd3! O mais simples. 58.Bxb3 Kd2! 59.Bc4 b3 60.Bxb3 e2, e as brancas abandonaram. 137
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Capítulo XVIII Torneio Internacional de Hastings Setembro de 1922 Partida 71 Alekhine, A. - Tarrasch, S. Gambito da Dama Recusado - D15
1.d4 d5 2.c4 c6 3.Nf3 O Sistema de jogo introduzido por Rubinstein contra Bogoljubov no mesmo torneio, isto é, 3.Nc3 Nf6 4.e3 Bf5 5.cxd5 Nxd5 6.Bc4, seguido de 7.Nge2! é muito interessante. 3...Nf6 4.Nc3 Durante o Torneio de Londres poucas semanas antes, introduzi contra essa linha de jogo um sistema de defesa que considero perfeitamente correto: 4...dxc4 seguido de 5...b5 e 6...b4. Desejando testar o seu valor quando jogado contra mim mesmo, quis dar aqui a oportunidade ao meu adversário, presumindo que o Dr. Tarrasch, sempre de olho nas novidades teóricas, pudesse tentar emprega-la na presente partida. Embora a batalha se tornasse a meu favor, o resultado não diminuiu o valor da variante em questão. De fato, há aqui razão para se achar que meu adversário não estivesse suficientemente versado nas sutilezas particularmente delicadas dessa defesa. O sistema em seguida foi adotado por Mestres de autoridade inquestionável, tais como o Dr. Em. Lasker contra Réti em Mährisch-Ostrau 1923, e Gruenfeld contra Bogoljubov em Carlsbad 1923. 4...dxc4 5.e3 Não ocasionaria qualquer dificuldade para as pretas 5.a4 (veja a Partida 70). 5...b5 6.a4 b4! O lance 6...Nd5, sugerido por Alapin, caiu 138
em desuso como resultado da sua partida contra Rubinstein no Torneio de Pistyan 1912. 7.Na2 Se 7.Nb1, as pretas podem temporariamente manter seu Peão, livres para entrega-lo de volta em um momento mais apropriado, por exemplo: 7... Ba6 8.Ne5 Qd5! 9.f3 c5!. 7...e6 8.Bxc4 As brancas recuperam assim o seu Peão, mas o seu Cavalo da Dama fica muito mal colocado. Por outro lado, as pretas estão ligeiramente atrás no desenvolvimento, e o seu Peão c, se não for avançado no momento certo, corre o risco de se tornar fraco. 8...Be7 Gruenfeld aqui jogou 8...Bb7 seguido de 9...Nbd7 e 10...c5, que é, na minha opinião, a única continuação lógica. Ao atrasar essa manobra, as pretas permitem ao adversário evita-la. 9.0-0 0-0 10.Qe2 Bb7 Agora seria perigoso 10...c5 11.dxc5 Bxc5 12.e4 Bb7 13.Bg5 e 14.Rfd1, com vantagem das brancas. 11.Rd1 Nbd7 12.e4 Agora o jogo das brancas é claramente preferível, devido à sua forte posição no centro. É espantoso que em uma posição idêntica, Réti aqui tenha continuado contra Lasker com 12.b3 e 13.Bb2, o que enfraquece perigosamente a casa c3. Mas nessa variante a casa b3 deve ser reservada para o Cavalo da Dama. 12...a5 O Peão a pode de tornar muito fraco, mas se as pretas não fizerem esse lance as brancas, após a manobra Nc1 e Nb3, ameaçam avançar o seu próprio Peão a para a6. 13.Bg5 Re8 As pretas asseguram a subsequente proteção do seu Bispo do Rei através da sua Torre, liberando assim a Dama, que pode escapar da oposição desconfortável da Torre das brancas. 14.Nc1 Qb6
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15.Nb3! Esse posicionamento do Cavalo da Dama é particularmente forte em posições similares, como já me encontrei em minhas duas partidas contra Maróczy e Rubinstein no Torneio de Praga 1921. Agora as brancas jogam por um bloqueio efetivo ao Peão c do adversário. 15...h6 16.Be3 Ba6 Dificultando 17.d5, que agora seria respondido 17...Bxc4 18.Qxc4 exd5 19.exd5, liberando seu jogo. 17.Nfd2! Bxc4 18.Nxc4 Qc7 19.Qf3 Defendendo seu Peão e, e preparando d5 após as pretas jogarem ...c5. 19...c5 20.Bf4 O lance 20.d5 direto daria às pretas algumas chances após 20...exd5 21.exd5 Bd6. 20...Qb7 21.d5 exd5 22.exd5 Qa6! Uma defesa engenhosa do Peão ameaçado, mas com eficácia meramente temporária.
23.Rac1 O Peão a das pretas não pode ser capturado pelo Cavalo em b3 devido a 23...Bd8!, nem pelo Cavalo em c4 devido a 23...c4!. Mas após o lance do texto, esse Peão está indefeso. Sobre 23...Bd8 há muitas variantes vencedoras abertas para as brancas, sendo provavelmente a mais simples 24.Be3! Ne4 25.d6! ameaçando 26.Bxh6, etc. 23...Bf8 24.Nbxa5 Ne4 25.Nc6! O mais simples, pois se agora 25...Qxa4 26.Bxh6! gxh6 27.Qg4+ seguido de 28.Qxd7. 25...g5 Um lance de desespero! 26.Be5 Nxe5 27.N4xe5 f6 Obviamente a única resposta possível. 28.Qxe4 fxe5 29.d6! Bg7 30.Qd5+ Kh8 31.Qxc5, e as pretas abandonaram. Partida 72 Alekhine, A. - Bogoljubov, E. Gambito da Dama Recusado - D63
1.d4 Nf6 2.Nf3 e6 3.c4 d5 4.Nc3 Nbd7 5.Bg5 Be7 6.e3 0-0 7.Rc1 a6 Esse lance é tomado corretamente como inferior, pois as brancas mantêm a opção de bloquear o jogo do adversário. Seria um pouco melhor 7...c6. 8.c5! c6 9.b4 Ne4 10.Bf4 Melhor, pois cada troca de peça meramente liberta a posição das pretas. 10...g5 Enérgico, mas arriscado, bastante ao estilo de Bogoljubov. As pretas desejam a todo custo livrarem-se do perigoso Bispo da Dama. 11.Bg3 Nxg3 12.hxg3 f5 Agora são as pretas que por sua vez ameaçam bloquear a posição das brancas, repelindo dessa maneira o seu ataque, por exemplo: 13.Ne5 Nxe5 14.Qh5 Rf7 15.dxe5 g4, e a posição das pretas ainda é defensável. O próximo lance das brancas destina-se a frustrar esse plano. 139
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22.Rxd7+ e 23.Rh7+. 21...Rb8 22.Na4!
13.g4! O único caminho para tomar a iniciativa. As brancas precisavam já ter previsto as possibilidades oferecidas a elas pela posição surgida a partir da troca das Damas no 18º lance, apesar da sua inferioridade material. 13...fxg4 14.Ne5 Nxe5 15.dxe5 Qc7 16.Qd4 Rf5 A única resposta lógica; contra qualquer outro desenvolvimento ou lance de espera as brancas assegurariam uma vantagem marcante através de Be2 seguido de Bxg4 e f4. 17.Bd3! Qxe5 18.Qxe5! As pretas, é claro, esperavam por 18.Bxf5 Qxf5, com dois Peões pela qualidade e chances esplêndidas de ataque, mas o lance do texto é uma grande desilusão para elas. 18...Rxe5 19.Rxh7 As pretas temporariamente têm um Peão a mais, mas as suas peças estão tão mal desenvolvidas ou posicionadas que serão obrigadas a submeterem-se a substancial perda de material. 19...Bf6 O único lance. Se 19...Bf8? 20.Rc7, com 21.Na4 e 22.Nb6 em seguida. É interessante observar que se não fosse pelo avanço infeliz do seu Peão a (7...a6) que agora permite essa manobra do Cavalo, as pretas não teriam nada a temer. 20.Kd2! Bg7 21.Rch1 Evitando o desenvolvimento do Bispo da Dama das pretas, pois se 21...Bd7 é evidente que as brancas venceriam através de 140
22...Rf5 O único meio de desenvolver a ala da Dama. Apesar do ganho da qualidade, as brancas experimentarão alguma dificuldade em melhorar a sua vantagem. 23.Bxf5 exf5 24.R7h5! Be6 As pretas são obrigadas a abandonar o Peão g, pois se, por exemplo 24...Bf6 25.Rh6 Bg7 (ou 25...Kg7 26.Rxf6 Kxf6 27.Rh8 e 28.Nb6 vencendo para as brancas) 26.Rg6, etc. 25.Rxg5 d4! Novamente a melhor chance das pretas; elas assim abrem diagonais importantes para os seus Bispos e tomam a iniciativa por um tempo. 26.exd4 Rd8 27.Kc3! Não 23.Ke3 devido a 27...f4+, etc. 27...Kf8 Se 27...Kf7 direto, então 28.Rh7. 28.Rd1 Kf7 29.Nb6! As brancas planejam devolverem a qualidade no próximo lance, permanecendo com um Peão a mais e com um final evidentemente superior. 29...Rh8 Ameaçando 30...Bf6. 30.Rxg7+! Kxg7 31.a4 Rh2 32.Rg1 f4
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33.d5! As brancas através desse lance, que não pode ser evitado pelo adversário, asseguram um Peão Passado na ala da esquerda, o qual rapidamente custará uma peça às pretas. O restante é meramente uma questão de técnica. 33...cxd5 34.Kd4 g3 35.f3 Kf6 36.b5 axb5 37.axb5 Rh5 38.c6 bxc6 39.bxc6 Ke7 40.c7 Kd6 Não há nada a ser feito, por exemplo: 40...Rh8 41.Rc1 Bc8 42.Nxc8+ Rxc8 43.Kxd5, vencendo. 41.c8Q Bxc8 42.Nxc8+ Kd7 43.Rc1 Rh2 44.Rc2, e as pretas abandonaram.
rar o terceiro, e por isso procurei me forçar a correr alguns riscos que eram, afinal, justificados pelo resultado. 2.c4 Nf6 3.g3 É melhor preparar o desenvolvimento do Bispo do Rei pelo flanco na Defesa Holandesa, antes de jogar c4, pois agora as pretas podem trocar de maneira vantajosa seu Bispo do Rei, que tem somente um raio de ação muito limitado nessa abertura. 3...e6 4.Bg2 Bb4+ 5.Bd2 Bxd2+ 6.Nxd2 A recaptura com a Dama seguido de 7.Nc3 é um pouco melhor. 6...Nc6 7.Ngf3 0-0 8.0-0 d6 9.Qb3 Essa manobra não evita que as pretas realizem o seu plano, mas já é difícil sugerir uma linha de jogo satisfatória para as brancas. 9...Kh8 10.Qc3 e5! 11.e3 Se 11.dxe5 dxe5 12.Nxe5? Nxe5 13.Qxe5 o Cavalo da Dama das brancas estaria en prise para a Dama das pretas. 11...a5! Era muito importante evitar temporariamente b4, como veremos mais tarde. 12.b3 Não 12.a3 devido a 12...a4. 12...Qe8! 13.a3
Partida 73 Bogoljubov, E. - Alekhine, A. Defesa Holandesa - A90
Alekhine considerava essa e a partida contra Réti em Baden-Baden 1925 (Partida 7 do livro “Minhas Melhores Partidas de Xadrez 1924-1937”) como as mais brilhantes jogadas em torneios na sua carreira enxadristica. (N. do T.) 1.d4 f5 Uma defesa arriscada, a qual até o presente tenho adotado somente de forma não frequente em partidas sérias. Mas na presente partida, positivamente eu tinha que jogar por uma vitória para ter a certeza do primeiro lugar, enquanto um empate seria suficiente para o meu adversário assegu-
13...Qh5! Agora as pretas conquistaram uma posição de ataque, pois as brancas não podem responder 14.dxe5 dxe5 15.Nxe5 Nxe5 16.Qxe5 devido a 16...Ng4 vencendo completamente; nem podem jogar 14.b4? e4 15.Ne1 axb4. 141
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
14.h4 Um bom lance defensivo, o qual assegura novas casas para o seu Cavalo do Rei e revive a ameaça 15.dxe5. 14...Ng4 15.Ng5 As brancas procuram desalojar diretamente o Cavalo das pretas através de 16.f3, o qual entretanto enfraquece ainda mais a posição dos seus Peões. Possivelmente 15.b4 agora fosse preferível. 15...Bd7 16.f3 Se 16.Bxc6 Bxc6 17.f3 exd4 18.fxg4 dxc3 19.gxh5 cxd2, com melhor final de jogo para as pretas. 16...Nf6 17.f4 Já obrigatório, em vista da ameaça 16...f4!. 17...e4 18.Rfd1 Para proteger o Peão g (que era ameaçado por 18...Qg4 e 19...Nh5) através de Nf1. Entretanto, o avanço preliminar 18.d5!, evitando que as pretas formassem um centro, renderia às brancas mais chances de uma defesa com sucesso. 18...h6 19.Nh3
19...d5! Através desse lance as pretas destroçam completamente as esperanças do seu adversário no centro, e rapidamente tomam a iniciativa na ala da Dama de um modo bastante inesperado. 20.Nf1 Ne7 Preparando 21...a5!. 21.a4 Nc6! Agora esse Cavalo pode penetrar no 142
campo inimigo via b4 e d3. 22.Rd2 Nb4 23.Bh1 O fato de que as brancas tenham que evocar essa manobra complicada para criar chances débeis na ala do Rei mostra claramente a inferioridade da sua posição.
23...Qe8! Esse lance muito forte rende às pretas uma nova vantagem a cada caso: tanto o controle da casa d5 após 24.cxd5, ou a abertura de uma coluna na ala da Dama após 24.c5 b5!, ou por último, como na atual partida, o ganho de um Peão. 24.Rg2 As brancas ainda estão tentando 25.g4, mas até essa fraca contra chance não lhes será concedida. 24...dxc4 25.bxc4 Bxa4 26.Nf2 Bd7 27.Nd2 b5! A renovação da batalha pelas casas centrais, uma luta cujas vicissitudes culminarão em um final movimentado e original. 28.Nd1 Nd3! Preparando a combinação em seguida. Seria fraco 28...bxc4, pois o Cavalo das brancas mais tarde asseguraria uma boa casa em e5. 29.Rxa5 Se 29.cxb5 Bxb5 30.Rxa5 Nd5 31.Qa3 Rxa5 32.Qxa5 Qc6 e as pretas têm um ataque vencedor. 29...b4! 30.Rxa8 Se 30.Qa1 Rxa5 31.Qxa5 Qa8 32.Qxa8
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Rxa8 e a Torre das pretas faz uma incursão dentro do jogo das brancas com efeito decisivo. 30...bxc3! Como veremos, essa continuação é muito mais forte do que 30...Qxa8 31.Qb3 Ba4 32.Qb1, após a qual as brancas ainda poderiam se defender. 31.Rxe8
ces, começando com 36...Bb5 que obriga as brancas a sacrificarem a qualidade. 36.Rb8 Bb5 37.Rxb5 Qxb5 38.g4 A única chance das brancas prolongarem a sua resistência; mas as pretas respondem com um novo lance surpresa. 38...Nf3+! 39.Bxf3 exf3 40.gxf5 Forçado, pois se 40.g5 as pretas obteriam dois Peões passados após 40...Ng4.
31...c2!! O ponto! As brancas não podem evitar a coroação desse Peão. 32.Rxf8+ Kh7 33.Nf2 É claro que esse é o único lance possível. 33...c1Q+ 34.Nf1
40...Qe2!! Esse lance leva a uma posição de problema, na qual as brancas não podem mover nenhuma peça sem exporem-se à derrota imediata, por exemplo 41.Nh3 ou 41.Ng4 - ...Ng4!, ou ...Nxg4; ou 41.Rh3 ou 41.Rh1, ...Ng4 vencendo. Consequentemente, após dois lances sem importância, elas devem jogar e4, que conduz a uma liquidação imediata, com um final de jogo vencedor para as pretas. 41.d5 Kg8! Não, entretanto, o plausível 41...h5, sobre o qual as brancas se salvariam através de 42...Nh3, seguido de 43.Ng5+. 42.h5 Kh7 43.e4 Nxe4 44.Nxe4 Qxe4 45.d6 Sendo incapazes de defenderem seus Peões, as brancas se esforçam para deslocar os do adversário, mas o seu jogo está irremediavelmente perdido. 45...cxd6 46.f6 gxf6 47.Rd2
34...Ne1! Ameaçando um original e inesperado “Mate Sufocado”. 35.Rh2 Qxc4 Uma nova ameaça de mate em poucos lan-
143
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47...Qe2! Uma bela finalização, digna dessa partida encantadora. As pretas forçam um final vencedor de Peões. 48.Rxe2 fxe2 49.Kf2 exf1Q+ 50.Kxf1 Kg7 51.Ke2 Kf7 52.Ke3 Ke6 53.Ke4 d5+, e as brancas abandonaram.
pretas ainda estivesse em b7 e o Bispo do rei das brancas em a4, devido a 10...Bxc3+ e 11...Nxe4, mostra o erro do 6º lance das pretas. 10...Bxc3+ 11.bxc3 0-0 Forçado agora, pois se 11...Nxe4 12.Bd5. 12.e5 Se agora 12...Ne8 13.0-0 d6 14.f5 com um ataque irresistível para as brancas. As brancas parecem ter assegurado uma vantagem posicional decisiva, pois a retirada do Cavalo para e8 é obrigatória (12...Ne4 13.Qd5! vencendo). Mas o meu engenhoso adversário conseguiu encontrar o único lance que dá a ele chances defensivas, e na sequência mostrou de maneira exemplar como fazer o máximo disso. 12...c5!
Capítulo XIX Torneio Internacional de Viena Novembro de 1922 Partida 74 Alekhine, A. - Réti, R. Abertura Ruy Lopez - C77
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Nf6 5.Nc3 b5 6.Bb3 Bc5 Se era intenção das pretas desenvolverem o seu Bispo em c5, deveriam ter feito isso antes de jogarem ...b5, pois após 5...b5 elas não têm nada melhor do que 6...Be7, o que entretanto dá a elas um jogo satisfatório. O lance do texto, ao contrário, as expõe de forma desnecessária a graves perigos. 7.Nxe5! A resposta correta, rendendo às brancas em qualquer variante um ataque extremamente perigoso. 7...Nxe5 8.d4 Bd6 9.dxe5 Bxe5 10.f4! Esse lance, que seria ruim caso o Peão das 144
O lance do texto ameaça, caso as brancas capturem o Cavalo, a cortar o Bispo do Rei adversário, conduzindo então a um final de jogo com Bispos de cores opostas. O que as brancas devem fazer para tomar a vantagem? As seguintes variantes, consideradas durante o andamento da partida, pareceram-lhes bastante inadequadas: I – 13.exf6 Re8+ 14.Kf1 c4; II – 13.c4 d5! 14.exf6 Re8+ 15.Kf1 Qxf6! e 16…dxc4; III – 13.0-0 c4 14.exf6 Qxf6 15.Qd5 Qb6+ e 16…Bb7; IV – 13.Bd5 Nxd5 14.Qxd5 Qb6! 15.Be3 Bb7 16.Qxc5 Qg6! ou: V - 13.Bd5 Nxd5 14.Qxd5 Qb6!
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15.Be3 Bb7 16.Bxc5 Bxd5 17.Bxb6 Bxg2 18.Rg1 Be4. As pretas têm um jogo melhor nas primeiras quatro variantes e a igualdade na quinta. 13.Ba3! O lance chave de uma combinação profunda cuja variante principal consiste em aproximados dez lances e que resulta no ganho de um Peão em uma posição superior. Evidentemente é impossível prever, nesse estágio da partida, que essa vantagem material, em conjunção com a posição, se provaria insuficiente para a vitória contra a defesa impecável realizada pelas pretas. 13...Qa5! A melhor resposta. As pretas de forma indireta defendem seu Peão c enquanto atacam o Bispo da Dama inimigo, mas a manobra das brancas iniciada com 13.Ba3! é baseada sobre a retirada temporária da Dama das pretas do centro. 14.0-0 Qxa3 15.exf6 c4 As pretas não estão excessivamente inquietas com a resposta 16.Qd5 (com a dupla ameaça 17.Qg5 e 17.Qxa8), estando convencidas de que salvarão a situação através de 16...Qa5 seguido pela captura do Bispo, que está fechado. Mas, como a sequência mostra, esse cálculo é somente parcialmente correto. 16.Qd5! Qa5!
17.fxg7 Não 17.Qxa8 devido a 17...Qb6+ e 18...Bb7, vencendo para as pretas.
17...Qb6+ 18.Kh1 Kxg7! Novamente o único lance. Se 18...Rd8 19.Bxc4! bxc4 (forçado) 20.Qxa8 Bb7 21.Rab1 e as brancas ganham a qualidade.
19.Bxc4! O ponto de toda a combinação! Esse Bispo, que parecia irremediavelmente condenado, ganha um sopro fresco de vida, pois se 19...bxc4 então 20.Qxa8 e 21.Rab1, como no comentário anterior. As brancas, com o seu Peão a mais, e considerando a posição exposta do Rei das pretas, parecem ter uma vitória relativamente fácil, mas isso é somente um fogo fátuo. 19...Bb7! 20.Qe5+ Da mesma forma após 20.Qg5+ Qg6 21.Bd3 f5! as pretas teriam recursos suficientes à disposição. 20...Qf6 21.Bd3
21...Rfe8! Um excelente lance defensivo, através do 145
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
qual as pretas sacrificam um segundo Peão para ocupar as colunas centrais com as suas Torres. Após 21...Qxe5 22.fxe5 Rac8 23.Rf4 Rxc3 24.Rg4+ Kh8 25.Rh4 etc., as pretas provavelmente não salvariam a partida. 22.Qh5 h6 23.Qg4+ Kh8 24.Qxd7 Re7 25.Qd4 Qxd4! 26.cxd4 Rd8 Tomando vantagem do fato de que o Peão d das brancas não pode ser prontamente defendido, por exemplo, 27.c3 b4! 28.cxb4 Rxd4, seguido de 29...Rxb4. 27.f5! Para assegurar um posto avançado através de 28.f6 após 27...Rxd4, com boas chances de ataque contra a posição do Rei inimigo, mas as pretas preferem temporizar e postergar a captura do Peão d para mais tarde, primeiro tomando medidas de precaução. 27...f6!
28.Rae1 Reconciliando-se em entregar de volta um Peão para trocar a formidável Torre inimiga. O lance 28.Rf4, embora preservando temporariamente a vantagem de dois Peões, seria insuficiente para o sucesso, por exemplo: 28...Rg7 29.Bf1 Rc8 30.Rf2ou Rc1 30...Rc3 31...Bd5 ou ...Ra3, e as brancas possivelmente não possam defender todos os seus Peões. 28...Rg7! É claro, não 28...Rxe1 29.Rxe1 Rxd4 devido a 30.Re8+ seguido de 31.Re7+ e as brancas vencem. 146
29.Be4 Rxd4 30.Bxb7 Rxb7 31.Re6 Novamente ganhando um Peão, mas somente de forma momentânea. 31...Kg7! 32.Rxa6 Rc4 Seria ainda mais exato 32...Ra4!, embora o lance do texto também seja adequado. 33.Rf3 Obviamente se 33.Rf2, então 33...Rbc7 e o Peão c não poderia ser defendido. 33...Rxc2 34.h3 Kf7! Evitando a ameaça 35.Rg3+ e 36.Rg6. 35.Rg3 Rf2 36.Rg6 Rxf5 37.Rxh6 Kg7 38.Rh4 b4! Após esse lance, que cria uma ameaça permanente de dissolução dos Peões da Ala da Dama, as chances de vitória das brancas são reduzidas a um ponto de fuga. 39.Rg4+ Kf7 40.Rg3 Rfb5 41.Rb3 Kg6 42.Kh2 Rc5 43.Ra4 Rcb5 44.h4 R5b6 45.Kh3 Rb8 46.g3 f5! 47.Ra5 Rc8 48.Rf3 Rf6 49.Kg2 Rc3! 50.Ra8 Rxf3 51.Kxf3 Rc6 52.Rb8 Rc4 53.Rb6+ Kg7 54.h5 Rd4 55.Rc6! Re4 56.Rg6+ Kf7 57.g4 O esforço supremo!
57…Rxg4! Forçando diretamente o empate. 58.Rxg4 fxg4+ 59.Kxg4 Kg7!, empate. O Rei das pretas chega a tempo para estancar o Peão a das brancas, por exemplo: 60.Kf4 Kh6 61.Ke4 Kxh5 62.Kd4 Kg5 63.Kc4 Kf5 64.Kxb4 Ke6 65.Kb5 Kd7 66.Kb6 Kc8, etc. Um exemplo esplêndido da defesa cuidadosa de Réti.
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Parte II - Partidas entre 1920 e 1923
Partida 75 Kmoch, H. - Alekhine, A. Gambito da Dama Recusado - D12
1.d4 Nf6 2.Nf3 d5 3.c4 c6 4.e3 Se 4.Nc3, a resposta seria 4...dxc4 (veja as Partidas 70 e 71). 4...Bf5 5.Nbd2 O sistema de desenvolvimento, envolvendo o avanço dos Peões da ala da Dama, foi adotado com sucesso por Réti contra Spielmann no Torneio de Teplitz-Schönau, que teve lugar poucas semanas antes do Torneio de Viena, onde a presente partida foi jogada. Sem dúvida essa foi a razão pela qual meu adversário, hipnotizado somente pelo resultado, adotou esse sistema em preferência aos lances usuais 6.Qb3 ou 6.cxd5, sem sondar a profundidade dessa novidade. 5...e6 6.Be2 Nbd7 7.0-0 Bd6 8.c5 Bc7 9.b4 Ne4 10.Nxe4 dxe4! Muito melhor do que a recaptura com o Bispo, que Spielmann jogou em uma posição análoga em sua partida com Réti, pois nesse caso as pretas, após 10...Bxe4 11.Nd2 f5 12.Nxe4 etc., não pode obter ataque suficiente para compensar a desvantagem das brancas na ala da Dama. 11.Nd2 h5! O sinal para o ataque. Como as brancas em qualquer caso serão obrigadas a jogar f4, aqui não há razão para as pretas provocarem isso através de ...Qh4. Elas então utilizam o tempo assim salvo para fortalecerem a sua posição de ataque através de um lance que aumente suas perspectivas. 12.f4 As pretas ameaçavam o sacrifício ...Bxh2+, seguido de ...Qh4+ e ...Nf6, rendendo-lhe um ataque muito poderoso. 12...g5 13.g3 Após esse tímido lance de defesa, que antecipa o desejo do adversário das brancas, o ataque das pretas se torna irresistível. Teria sido melhor continuar 13.Nc4 Nf6
14.Ne5 gxf4 15.exf4 a6, embora também nesse caso as pretas permaneceriam com a melhor posição devido à fraqueza do Peão d adversário. 13...Nf6! Preparando o avanço do Peão a, que nesse momento seria insuficiente, devido a 14.g4. Obviamente, se 14.fxg5, as pretas responderiam 14...Ng4. 14.Bb2 gxf4 15.exf4 Ou 15.gxf4 Ng5, etc. 15...h4 16.Qb3 Se 16.g4 Rg8 17.h3 Nd5, e o Peão f das brancas não poderia ser salvo. 16...hxg3 17.hxg3 Nd5 18.Nc4 As brancas já estão sem defesa contra o sacrifício ameaçado na casa f4.
18...Nxf4! Decisivo, pois se 19.gxf4 Qh4! ganhando; e se 19.Rxf4 Bxf4 20.gxf4 Qh4! e as pretas vencem. 19.Rae1 Qg5 20.d5 Nd3 Forçando mate em poucos lances. As brancas abandonaram. Essa partida curta mostra uma vez mais os riscos corridos pelos jogadores jovens quando cegamente adotam certas inovações dos Mestres, sem terem calculado cuidadosamente todas as suas consequências. Partida 76 Alekhine, A. - Saemisch, F. Defesa Siciliana - B37 147
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
1.e4 c5 2.Nf3 Com esse lance as brancas asseguram a opção de mais cedo ou mais tarde avançarem seu Peão a d4. O lance 2.Nc3, seguido por g3, Bg2, d3, Nge2 etc., tem sido adotado com sucesso em várias ocasiões pelo Dr. Tarrasch. 2...Nc6 Desistindo da ideia de jogar a Variante Paulsen (3...e6 seguido por ...a6 e ...Qc7, etc.) na qual o Cavalo da Dama das pretas não se coloca em c6. Se 2...e6, as brancas teriam atrasado d4, e teriam jogado 3.Be2, para responder 3...Qc7 com 4.d4 cxd4 5.Nxd4 a6 6.c4!, obtendo assim um jogo muito bom. 3.d4 cxd4 4.Nxd4 g6 5.c4 Esse sistema, que tem por objetivo a contestação do fianqueto das pretas na Siciliana, foi introduzido há cerca de quinze anos atrás por Maróczy, com a continuação: 5...Bg7 6.Be3 Nf6 7.Nc3 d6 8.Be2, sobre o qual as pretas podem assegurar um jogo satisfatório através de 8...Ng4!, como foi mostrado por Breyer. 5...Bg7 6.Nb3 Uma inovação que parece render às brancas um jogo muito bom; seu principal objetivo é reprimir diretamente a pressão exercida pelas pretas na casa d4. Com a mesma ideia 6.Nc2 seguido de Ne3 também merecia consideração. 6...Nf6 7.Nc3 d6 8.Be2 Be6 O Bispo da Dama está muito mal colocado em e6, pois as brancas podem descontar o ataque ao seu Peão c através do avanço desse Peão. Entretanto, mesmo após 8...0-0 9.0-0 Bd7 10.Be3 seguido de 11.c3 e 12.Nd5 o jogo das brancas também seria superior. 9.0-0 h5 148
Engenhoso, mas dificilmente sólido. As pretas pretendem responder 10.f4 com 10...Qb6+ seguido de 11...Ng5, e se 10.c3 então 10...h4 seguido por 11...Nh5 (outra das manobras de Breyer). Mas as brancas, ao jogar simplesmente 10.Bg5!, ameaçando 11.c5, manteriam a superioridade posicional que tinham conquistado na abertura. 10.c5 Mas esse lance é prematuro, pois as pretas obteriam um jogo satisfatório através de 10...d5!, por exemplo: 11.Nd4 Nxd4 12.Qxd4 dxe4 13.Qb4! Qc8 14.Nxe4 Nxe4 15.Qxe4 0-0, após o que a maioria de Peões das brancas na ala da Dama seria amplamente compensada pela posição dominante dos Bispos das pretas. 10...dxc5 Um erro estratégico decisivo. Apesar da troca das Damas as pretas serão incapazes de afastar o ataque direto contra o seu Rei, que está fixado no centro. 11.Nxc5 Bc8 Se as pretas evitassem a troca das Damas através de 11...Qc8, as brancas assegurariam uma vantagem posicional suficiente para a vitória através de 12.Nd5 0-0 13.Nxe6 fxe6 (não 13...Qxe6 14.Nc7) 14.Nf4, etc. 12.Qxd8+ Kxd8 As pretas da mesma forma perderiam através de 12...Nxd8 13.Nb5 0-0 14.Nc7 Rb8 15.Bf4. 13.Rd1+ Nd7 As pretas confiam serem capazes de repelir o ataque com 14...Bxd7 seguido de
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Parte II - Partidas entre 1920 e 1923
15...Kc7, ou também através de 14...Nd4, mas o próximo lance das brancas esmaga essa esperança. 14.Bc4! Decisivo, pois as pretas não podem defender seu Peão f, por exemplo: 14...Rf8 15.Nb5! a6 (ou 15...b6 16.Bd5! bxc5 17.Bxc6 Rb8 18.Bd2! vencendo) 16.Bxf7! Rxf7 17.Ne6+ Ke8 18.Nbc7 mate. 14...Bxc3 Todos os outros lances seriam da mesma forma inadequados.
15.Bxf7! Não somente ganhando um Peão, mas também demolindo completamente a posição inimiga. 15...Kc7 Se 15...Nd4 as brancas continuariam 16.Rxd4 e 15.Ne6 mate. 16.Ne6+ Kb8 17.bxc3 Nde5 18.Bf4 Bxe6 19.Bxe6 Rf8 20.Bg3 Ameaçando 21.Rd5. As pretas então perdem outro Peão após 20...h4; ou mesmo a qualidade através de 20...Rf6 21.Bxe5+ e 22.Rd8+. As pretas abandonaram.
mostra a presente partida. É mais correto 2...e6, para responder a 3.Nc3 através de 3...Bb4!, e a 3.Nf3 com 3...b6!. 3.Nc3 Bb7 4.Qc2! O lance correto. Foi jogado pela primeira vez por Teichmann contra mim em nosso match em Berlim 1921. Agora as pretas não podem mais impedir seu adversário de garantir uma forte posição central através de e4. 4...d5 Adotando a continuação da partida EuweAlekhine, Budapeste 1921, que seguiu 5.cxd5 Nxd5 6.e4 (o lance correto introduzido na presente partida é 6.Nf3!) 6...Nxc3 7.bxc3 e5! 8.dxe5 Qh4! 9.Bb5+ Nd7 10.Nf3 Qxe4+ 11.Qxe4 Bxe4, que ao final resultou em um empate. O lance 4...Nc6, jogado no acima mencionado match Teichmann-Alekhine, da mesma forma é inadequado, devido a 5.Nf3 e6 6.e4 e5 7.dxe5 Ng4 8.Bf4 Bc5 9.Bg3 Qe7 10.0-0-0. 5.cxd5 Nxd5 6.Nf3 Prevenindo o contra-ataque 6...e5, que sozinho daria às pretas chances iguais. 6...e6 7.e4 Nxc3 8.bxc3 Be7 9.Bb5+ c6 10.Bd3 0-0 Era mais prudente atrasar esse lance, jogando primeiro 10...Nd7, pois agora as brancas utilizarão a sua grande vantagem em desenvolvimento para lançar um forte ataque contra a posição defendida de forma inadequada do Rei das pretas. 11.e5 h6 Comparativamente melhor.
Partida 77 Alekhine, A. - König, I. Abertura do Peão da Dama - A50
1.d4 Nf6 2.c4 b6 Esse lance não é bom após 2.c4, como 149
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
12.h4! O lance inicial do ataque decisivo. Além da manobra da Torre via h3, as brancas ameaçam 13.Ng5, seguido de 14.Bh7+ e 15.Bg8!. 12...c5 Para enfrentar a última ameaça, 13.Ng5, através de 13...cxd4! 14.Bh7+ Kh8 15.Bg8 d3!, mas a entrada da Torre das brancas decide a partida em poucos lances. 13.Rh3! Kh8 Essa não é uma defesa adequada contra o ameaçado 14.Bxh6. Mas da mesma forma, após 13...f5 14.exf6 Bxf6 15.Ng5 as brancas vencem facilmente. 14.Bxh6! f5 Se 14...gxh6, então é claro, 15.Qd2 vence sem as mãos. 15.exf6 Bxf6 16.Bg5 cxd4 17.Ne5 Nc6 18.Qe2! g6 Se 18...Nxe5, as brancas dão mate em quatro lances. 19.Bxg6 Kg7 20.Bh6+ Kg8 Ou 20...Kxh6 21.Qh5+ e mate no próximo lance. 21.Nxc6 Uma vez que o mate não pode ser forçado, as brancas promovem uma liquidação geral que as deixará com uma Torre a mais. 21...Bxc6 22.Qxe6+ Kh8 23.Bxf8 Qxf8 24.Qxc6, e as pretas abandonaram. Partida 78 Alekhine, A. - Tartakower, S. Defesa Francesa - C11
1.e4 e6 2.d4 d5 3.Nc3 Nf6 4.Bg5 dxe4 Um bom lance, que parece render uma defesa perfeitamente satisfatória, especialmente na variante aqui adotada pelas brancas. 5.Bxf6 Ligeiramente preferível, embora da mesma forma insuficiente para render uma vantagem para as brancas, seria 5.Nxe4 Be7 6.Bxf6 Bxf6 7.Nf3. 5...gxf6 6.Nxe4 f5 7.Nc3 150
A retirada desse Cavalo para g3 oferecia perspectivas ainda menores, devido à resposta 7...c5!. 7...Bg7 8.Nf3 0-0 9.Qd2 Se 9.Bc4 c5! 10.d5 b5 11.Bxb5 Qa5 12.Be2 Bxc3+ 13.bxc3 Qxc3+, seguido de 14...exd5 com vantagem das pretas. 9...c5! Esse lance aumenta a ação do Bispo do Rei das pretas, e obriga as brancas a jogarem de forma muito prudente para manter a igualdade. 10.dxc5 Qa5 11.Nb5! A troca das Damas resultante desse lance evita todos os perigos de um ataque direto contra o Rei das brancas. Esse ataque poderia se tornar muito perigoso com a ajuda dos dois Bispos das pretas. 11...Qxd2+ 12.Nxd2 Na6 Não 12...Bxb2 devido a 13.Rb1 Be5 14.Nc4, com jogo melhor para as brancas. 13.c3 Nxc5 14.Nb3! Nxb3 O Cavalo das pretas não tem uma casa boa; entretanto, o resultado da abertura da coluna d permitirá às brancas exercerem pressão sobre a enfraquecida ala da Dama do adversário. 15.axb3 a6 16.Nd6 Rb8 17.b4 Preparando desdobrar os Peões através de b5. 17...Rd8 18.0-0-0 Teria sido mais prudente capturar o Bispo da Dama direto com o Cavalo (com um final de jogo análogo ao dessa partida), pois após o lance do texto as pretas podem provocar complicações através de 18...Bd7, e se 19.b5 Be5!, cujo resultado seria difícil de prever. 18...Be5 19.Nxc8 Rxd1+ 20.Kxd1 Rxc8
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Parte II - Partidas entre 1920 e 1923
O final de jogo em seguida é claramente favorável às brancas: (1) elas têm a maioria de Peões na ala da Dama. (2) a posição do seu Rei, que já é quase no centro do tabuleiro, é muito promissora para a utilização dessa vantagem. (3) todas os Peões das pretas estão temporariamente posicionadas em casas da mesma cor do Bispo do adversário, e aqueles na ala da Dama somente podem ser movimentados com dificuldade. (4) o Peão h das pretas está isolado, e dessa forma fraco. (5) Por último, as brancas têm uma base de operações na coluna a, cuja posse não pode ser discutida. Mas a força neutralizadora dos Bispos de cores opostas é tamanha que, apesar de todas essas vantagens, não é certo que as brancas tenham sucesso de vencer, se o seu adversário não lhe permitir a ocupação da quinta fileira com a sua Torre (veja o 24º lance das pretas). 21.Kc2 Kf8 22.Be2 Rc7 23.Ra1 Ke7 24.h3 f4 Essa tentativa de contra-ataque, que objetiva principalmente jogar ...Bd6 seguido de ...e5 e ...f5, é prematuro e pode ser considerado o erro decisivo. O lance correto era 24...Bd4, seguido por 25...Bb6, com chances de empate para as pretas. A continuação dessa partida, cuja conclusão se assemelha a um estudo de composição, compensa em alguns graus pela monotonia da sua primeira fase. 25.Kb3 Retirando das pretas em definitivo a possibilidade de ...Bd4. 25…Rd7 26.Ra5! Bc7 De novo o melhor, pois se 26...Rd5 27.Bf3! Rxa5 28.bxa5, e as brancas ganham os Peões da ala da Dama. E se 26...f6 27.Bf3 Kd8 28.b5 axb5 29.Rxb5 Kc8 30.Rb6 Re7 31.Kc4 e 32.Kd3, seguido pelo avanço vitorioso dos Peões brancos da ala da Dama. 27.Rh5 Rd2 28.Bf3 b6
Claramente as pretas precisam a todo custo manterem seu Peão. 29.Rxh7 Rxf2
30.Bh5! A consequência desse lance, que permite às pretas dois Peões passados muito perigosos, tinha que ser examinada de forma muito precisa pelos dois adversários, pois apresenta na aparência pelo menos, muito perigo tanto para um como para o outro. Finalmente as brancas tiveram a boa sorte de prever, na posição crítica, a possibilidade de um lance de problema, o único lance para a vitória. 30...Rxg2 31.Rxf7+ Kd8! Após 31...Kd6 32.Rxf4, as pretas, com um Peão a menos e com uma má posição, perderiam lenta e certamente. 32.Bg4! e5! Forçado, pela mesma razão do lance anterior. 33.Rd7+ Kc8 34.Rd2+ Rxg4 35.hxg4 f3!
151
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
O ponto oculto da combinação iniciada com 26...Bc7. Se 35...e4 36.Rd4! f3 37.Rxe4 f2 38.Re8+, seguido de 39.Rf8, vencendo com facilidade. O que as brancas precisam jogar agora para evitar um empate, ou mesmo a perda da partida em algumas contingências? Aqui estão as variantes principais a serem consideradas: I –.36.Kc4 e4 37.Kd4 Bf4 38.Rf2 e3 39.Rxf3 e2, e as pretas vencem; II – 36.Kc2 e4 37.Rd4! e3 38.Kd1 Bg3 39.Re4 e2+ 40.Kd2 Bh4 41.Re5 Bg3, empate; III – 36.g5 e4 37.Rd5 (se 37.g6 Be5 seguido por 38...e3 e as pretas vencem) 37...f2 38.Rf5 e3 39.g6 e2 40.g7 f1Q 41.g8Q+ Kb7 42.Qd5+ Ka7 e as brancas não podem vencer, devido às ameaças 43...e1Q, e 43...Qd1+; IV - 36.Rh2 e4 37.Rh8+ Kd7 38.Rf8 Bg3! 39.g5 Bd6! 40.Rf6 Be5! 41.Rf7+ ou Rf5 41…Ke6 e as pretas empatam perseguindo a Torre branca ao longo da coluna f, da qual não ousa sair. E ainda assim a vitória está aí! 36.Rd5! As variantes surgidas deste lance bastante diferente (que ataca somente um Peão solidamente defendido e permite o avanço do outro) são bastante simples quando descrevemos a ideia básica: os Peões das pretas são inofensivos: (1) quando ocupam casas da mesma cor do seu Bispo, pois nesse caso o Rei das brancas pode toma-los de volta sem dificuldade, através da ocupação das casas brancas apropriadas. (2) quando a Torre pode ser posicionada atrás deles, como na variante IV acima, mas sem perda de tempo, e como as duas variantes principais do lance do texto: I – 36...f2 37.Rd1 e4 38.Kc2 Bf4 39.Rf1 e 40.Kd1; II – 36...e4 37.Rf5 Bg3 38.g5 e3 39.Rxf3 e2 40.Re3. Respondendo aos objetivos acima, a vitória está assegurada para as brancas. 152
36...e4 37.Rf5 Bg3 38.g5 Kd7 Essa é a única possibilidade, pois 38...e6 foi demonstrado ser inadequado pela variante II acima. 39.g6 Ke6 40.g7 Kxf5 41.g8Q Bf4 42.Qf7+ Kg4 Se 42...Ke5 as brancas vencem rapidamente através de 43.c4. 43.Qg6+ Bg5 44.Qxe4+ Kg3 45.Qg6 Kg4 46.Qxb6, e as pretas abandonaram.
Capítulo XX Torneio Internacional de Margate Abril de 1923 Partida 79 Alekhine, A. - Muffang, A. Gambito da Dama Recusado - D64
1.d4 d5 2.c4 e6 3.Nf3 Nf6 4.Nc3 Be7 5.Bg5 Nbd7 6.e3 0-0 7.Rc1 c6 8.Qc2 dxc4 Esse lance tem sido adotado por Capablanca em várias ocasiões, dentre outras contra eu mesmo no Torneio de Londres 1922. Sem considera-lo ruim, podemos afirmar que certamente não é o melhor, pois aqui há numerosos recursos defensivos disponíveis para as pretas que mais tarde podem renderlhes chances de uma vitória. Aqui está a continuação da minha partida contra Capablanca: 9.Bxc4 Nd5 10.Bxe7 Qxe7 11.0-0 Nxc3 12.Qxc3 b6 13.Qd3. Nessa posição as brancas têm a escolha dentre várias continuações, as quais dão a elas jogo excelente, e o máximo que as pretas podem esperar é um empate. A partida continuou 13...c5 14.Ba6 Bxa6 15.Qxa6 cxd4 16.Nxd4 Nc5 17.Qb5 e as brancas ainda têm uma ligeira vantagem, devido à fraqueza da casa c6. Essa superioridade não é, entretanto, suficiente a forçar a vitória. 9.Bxc4 Nd5 10.Ne4
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Parte II - Partidas entre 1920 e 1923
Esse lance, de valor duvidoso na variante 8.Bd3 (veja a Partida 87), é ainda menos recomendado na presente posição, devido à presença da Dama das Brancas em c2. O único lance correto é 10.Bxe7 seguido por 11.0-0. 10...Qa5+! 11.Ke2 A posição do Rei das brancas não é segura, mas 11.Kf1 tem a desvantagem de fechar a Torre do Rei. 11...Re8 Uma grave perda de tempo que permite ao adversário manter sua vantagem posicional. A linha de jogo indicada era 11...f6! 12.Bh4 N7b6, forçando a troca do Bispo do Rei adversário, pois 13.Bb3 evidentemente seria mau devido a 13...Nb4, ameaçando ...Qa6+ ou ...Qb5+. As pretas através dessa manobra assegurariam pelo menos um jogo igual, que mostra a inadequação de 10.Ne4. 12.Rhd1! N7b6 13.Bb3 Qb5+ Agora 13...Nb4 não causaria nenhuma inconveniência às brancas, por exemplo 14.Qb1 Qb5+ 15.Ke1, etc. 14.Qd3 A troca das Damas é forçada, mas é inteiramente vantajosa às brancas, que continuamente tinham que contar com as ameaças da perigosa Dama das pretas. 14...Qxd3+ 15.Rxd3 Bxg5 A retirada do Cavalo do Rei das pretas para f8 evitaria que as brancas ocupassem a casa d6, mas em qualquer caso o jogo das pretas permaneceria muito restrito. 16.Nfxg5 Nf6 Gruenfeld no livro do Torneio de TeplitzSchönau aqui recomendou primeiro 16...h6. Mesmo assim, parece duvidoso o quanto essa transposição de lances possa ter grande importância na avaliação geral da posição na qual as pretas não têm compensação pelo fechamento do seu Bispo da Dama. 17.Nd6 Re7 18.e4 h6 19.Nf3 Rb8 Para desenvolver seu Bispo da Dama e na sequência desalojar o Cavalo em d6 através de ...Nc8.
As brancas devem, portanto, lançar uma linha muito enérgica de jogo de desejarem manter a sua vantagem.
20.g4! Esse sacrifício de Peão obriga as pretas a modificarem o seu plano, pois se agora 20...Bd7 21.g5 hxg5 22.Nxg5 Nc8 23.Nc4, com uma posição esmagadora para as brancas. Seria comparativamente melhor para as pretas resolverem manter o seu Bispo em uma posição bloqueada, a continuar com 20...Rd7 21.e5 Nfd5 22.Kd2, com 23.h4 e 24.g5 em seguida pelas brancas. 20...Nxg4 Ao contrário, a captura do Peão é imprudente, pois as linhas abertas de ataque agora disponíveis para as brancas é um resgate pesado para um saque tão pequeno. 21.Rg1 Nf6 22.Ne5! Ameaçando, se 22...Bd7 vencer através de 23.Rf3 Kf8 24.Nexf7! Rxf7 25.Nxf7 Kxf7 26.e5. 22...Nbd7 Esse lance na realidade não é um erro. Mas nessa posição trabalhosa, todos os outros poderiam dar a impressão de serem erros. 23.Nexf7! Recuperando o Peão sacrificado com um forte ataque. 23...Nh5 Se 23...Rxf7, as brancas vencem através de 24.Bxe6. 24.Rf3 Kh7 25.e5! 153
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
Ameaçando 26.Bc2+ seguido de 27.Nxh6+. 25…Nf8 26.Nxh6! b6 Defendendo indiretamente o Cavalo através da ameaça do xeque com o Bispo em a3. 27.Nhf7 Kg8 28.Ke3 Ameaçando Rh3. 28…g6 29.Bc2 Kg7 30.Rg5 Após esse lance as pretas não têm defesa contra o ameaçado 31.Rxh5! e 32.Rg3+.
As pretas abandonaram.
Capítulo XXI Torneio Internacional de Carlsbad Maio de 1923 Partida 80 Alekhine, A. - Rubinstein, A. Gambito da Dama Recusado - D64
1.d4 d5 2.c4 e6 3.Nf3 Nf6 4.Nc3 Be7 5.Bg5 Nbd7 6.e3 0-0 7.Rc1 c6 8.Qc2 Esse lance, que estava muito na moda desde os Torneios de Ostende de 1905-1907 e que quase suplantou completamente o antigo lance 8.Bd3, em breve se tornou bastante obsoleto, pois todos Torneios Internacionais trazem uma linha de jogo nova e suficiente para as pretas. No Torneio de Mährisch-Ostrau 1923, Wolf, enfrentando o grande teórico 154
Gruenfeld, jogou 8...Ne4 9.Bxe7 Qxe7 10.Bd3 (10.Nxe4 obviamente não conduz a nada, pois se as brancas capturarem o Peão em e4, perdem seu Peão b) 10...Nxc3, com um jogo muito defensável, que resultou em um empate. Mas além de 8...Ne4 estão disponíveis para as pretas pelo menos quatro respostas, cujas inadequações ainda não foram demonstradas: (a) 8...dxc4; (b) 8...c5; (c) 8...Re8 e (d) por último, mas não menos importante 8...a6!. 8...a6! Na minha opinião, melhor do que 8...h6, sobre o qual as brancas responderiam de forma vantajosa 9.Bf4, por exemplo: 9...Re8 (se 9.Ne4, então 10.Bd3! f5 11.h4 seguido se necessário de g3 e Ne5 com vantagem para as brancas; mas não 10.Nxe4 dxe4 11.Qxe4 Bb4+ 12.Nd2 Qa5 13.Qc2 e5! 14.dxe5 Nc5, e as pretas têm um forte ataque; 10.Bd3 dxc4 11.Bxc4 b5 12.Bd3 a6 13.a4!, etc. A partida Alekhine-Teichmann (Carlsbad 1923) desdobrou-se da seguinte maneira: 13...Bb7 14.0-0 Rc8 15.Qb3 Qb6 16.Ne5 Red8 17.Ng6! Bf8 18.Nxf8 Nxf8 19.Ne4 Nxe4 20.Bxe4 Nd7 21.Bd6! Nf6 22.Bc5 Qc7 23.Bf3 a5, e as brancas ao jogar por exemplo 24.Rfd1 ou 24.Rc2, ao invés de aceitar o Peão sacrificado que somente levaria ao empate, teriam mantido uma posição vencedora. O lance 8...c5 geralmente resulta no isolamento do Peão d das brancas, mas por outro lado permite às brancas lançarem um ataque bastante perigoso na ala do Rei. Essa variante admite um jogo complicado e muito difícil, com chances aproximadamente iguais. A respeito de 8...Re8 e 8...dxc4, veja a Partida 79 (Alekhine-Muffang) e a Partida 69 (Alekhine-Yates) respectivamente. 9.a4 Como essa variante idêntica rendeu-me uma vitória na noite anterior contra Gruenfeld, que aqui jogou 9.a6 (veja a Partida 81), desejei evitar lutar contra a defesa que eu
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então considerei, e ainda considero agora, a melhor. Essa foi a razão pela qual me decidi por 9.a4, um lance que Rubinstein, meu adversário no momento, adotou contra mim, sem sucesso notável, em uma posição similar no Torneio de Hastings 1922. A partida continuou como segue: 8...h6 9.Bh4 a6 10.a4 c5 11.Bd3 cxd4 12.exd4 dxc4 13.Bxc4 Nb6 14.Ba2 Nbd5 15.Bb1 Nb4 16.Qe2 Bd7 17.0-0 Bc6 18.Rfd1 Rc8 19.Ne5 Nfd5 20.Bg3 Bg5 21.f4! Bh4 22.Nxc6 Rxc6 23.Nxd5 Rxc1 24.Rxc1 Nxd5 25.Qe4 g6 26.Bxh4 Qxh4 27.f5? Qg5! e as pretas venceram facilmente. É manifesto que o lance 9.a4 não pode pretender qualquer vantagem, uma vez que as pretas podem responder através de 9...Ne4! com força ainda maior do que no lance anterior, estando a ala da Dama das brancas ligeiramente enfraquecida. Rubinstein, contudo, procurou tomar vantagem da fraqueza através de um método diferente. 9...Re8 Se 9...h6 as brancas respondem 10.Bf4 com vantagem. 10.Bd3 dxc4 11.Bxc4 Nd5 Agora imaginamos a ideia concebida pelas pretas – uma fusão do novo sistema defensivo (...a6) com o velho sistema (...dxc4 e ...Nd5), na esperança de assim se aproveitar do enfraquecimento da casa b4 decorrente do avanço do Peão a das brancas.
12.Bf4! As brancas por sua vez desviam de caminhos batidos. O lance do texto aqui é muito mais forte do que na posição análoga que joguei contra Selesniev em Pistyan 1922 (veja a Partida 54) pelas seguintes razões: (1) Após 12...Nxf4 12.exf4 a posição da Torre das pretas em e8 é menos favorável do que em f8, onde dificulta o ataque em seguida à casa f7. (2) A manobra ...N-b6-d5 que, na partida citada, permitiu às pretas lançarem um contra-ataque, perdeu o seu ferrão devido ao fato da Dama das brancas estar em c2, permitindo assim um ganho de tempo através de Bd3, ameaçando o Peão h. Além disso, o lance a4, desfavorável nos outros casos, aqui proporciona às brancas a possibilidade de Ba2 e Bb1, uma manobra análoga à Variante Gruenfeld (9.a3), mas aqui ainda mais efetiva devido à abertura da coluna e. Podemos, dessa forma, antecipar uma ligeira vantagem posicional para as brancas, após a troca que se segue. 12...Nxf4 13.exf4 c5 Esse lance que vai contra o princípio geral de não abrir novas linhas para um adversário melhor desenvolvido, é indicado pelo desejo de eliminar o Peão problemático das brancas em f5. As brancas, que ainda não rocaram, dificilmente podem se opor a esse plano, e a partida rapidamente assume um aspecto mais aninado. 14.dxc5 Forçado, pois se 14.0-0, então 14...cxd4 e 15...Nb6. 14...Qc7! O complemento natural ao lance anterior. Se agora 15.g3 Qc6 16.Be2 e5! e as pretas teriam se liberado de uma vez por todas. 15.0-0! Qxf4 A captura do Peão c também seria insuficiente para manter a igualdade, por exemplo, 15...Bxc5 16.Bd3 Nf6 17.Ne4! ou 15...Nxc5 16.Ne5. 155
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16.Ne4! Esse sacrifício de Peão é o único caminho para manter a iniciativa. A tentativa de defender o Peão c através de b4 seria inadequada, pois o Peão b não poderia ser apoiado pelo Peão a, por exemplo: 16.Ne2 Qh6 17.b4 a5!. 16...Nxc5 Se 16...Bxc5 17.Neg5 g6 (forçado, pois se 17...Nf8 as brancas vencem através de 18.Bd3) 18.Rfe1! Nf6 19.g3 Qd6 20.Red1 Qe7 21.Ne5 com um ataque arrasador para as brancas. O lance do texto simplifica a partida e permite às pretas algumas chances de salvação. 17.Nxc5 Bxc5 18.Bd3 b6 Se 18...Bd6 19.Bxh7+ e 20.Rfd1, ameaçando Rd4. 19.Bxh7+ Kh8 Esse lance aparentemente plausível (e não o próximo, como a maioria dos comentaristas pensou) é o erro decisivo! Após 19...Kf8! o Rei das pretas estaria menos ameaçado de extinção do que após o lance do texto, e teria sido muito difícil para as brancas mostrarem como poderiam vencer, apesar da sua superioridade posicional. 20.Be4
20...Ra7 Seria melhor 20...Rb8, embora nesse caso as brancas obteriam uma superioridade decisiva através das seguintes linhas de jogo: I – 20...Rb8 21.g3 Qf6 22.b4 Bd6 (também seguiria 23.Qc7!) 23.Rfd1 Qe7 24.Bc6 Rd8 25.Rd4 g6 26.Qd2! Kg7 27.Rd1, e as brancas vencem; II – 20...Rb8 21...Qd6 22.Rfd1 Qe7 23.Ne5 Qc7 24.Qc3! a5 25.Nc6 e 26.Qf3, vencendo. 21.b4! A partir desse ponto até o final da partida, as pretas não têm um momento de descanso. Obviamente elas não podem capturar o Peão a devido a 22.Qxc8! vencendo. 21...Bf8 Assim sendo, essa retirada é absolutamente forçada. 22.Qc6 Atacando tanto a Torre como o Peão b. A resposta das pretas é o único caminho para estancar temporariamente essa dupla ameaça. 22...Rd7 23.g3!
23...Qb8 A alternativa era 23...Qd6, após o que as brancas teriam a escolha entre duas linhas vencedoras: I – 24.Rfd1 Qxd1+ (24...Qxc6 25.Bxc6 Rxd1+ 26.Rxd1 Re7 27.Rd8) 25.Rxd1 Rxd1+ 26.Kg2 Bd7 27.Qxb6 Bxa4 28.Qxa6 Bd7 29.Ng5 Kg8 30.Qe2 e as brancas vencem; II –24.Qc4 Kg8 (ou 24...Qe7 25.Ne5! 156
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Rd6 26.Bc6!, vencendo) 25.Bc6 Rc7 26.Rfd1 Qe7 27.Qd3!, e as brancas vencem. 24.Ng5! Ameaçando 25.Nxf7+!. 24...Red8
25.Bg6!! O coup de grâce. Tivessem as pretas capturado o Bispo, seguiria a seguinte sequência de mate: 26.Qe4! Bxb4 27.Qh4+ Kg8 28.Qh7+ Kf8 29.Qh8+ Ke7 30.Qxg7+ Ke8 (ou 30...Kd6 31.Rfd1+ e mate no próximo lance) 31.Qg8+ Bf8 32.Qxg6+ Ke7 33.Qxe6 mate. Por outro lado, 25...Bb7 26.Qc4! levaria a variantes idênticas. As pretas consequentemente são forçadas a sacrificar a qualidade, após o que a partida é sem esperanças para elas. 25...Qe5 26.Nxf7+ Rxf7 27.Bxf7 Qf5 28.Rfd1! Simples e decisivo. 28...Rxd1+ 29.Rxd1 Qxf7 30.Qxc8 Kh7 31.Qxa6 Qf3 32.Qd3+!, e as pretas abandonaram. Partida 81 Gruenfeld, E. - Alekhine, A. Gambito da Dama Recusado - D64 Prêmio de Brilhantismo
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nc3 d5 4.Bg5 Be7 5.Nf3 Nbd7 6.e3 0-0 7.Rc1 c6 8.Qc2 a6!
9.a3 Gruenfeld provavelmente está correto ao afirmar que esse lance é o melhor aqui, mas essa assertiva simplesmente demonstra que todo o sistema das brancas, ou melhor 8.Qc2, não rende mais do que a igualdade. 9...h6 Esse avanço não deve ser feito até que as pretas definitivamente tenham se decidido entre os dois sistemas de defesa: ...dxc4 seguido de ...b5 e ...c5, ou ...dxc4 seguido de ...c5. Mas apesar que esse lance tenha a vantagem de enfraquecer o ataque ao ponto h7, quando as brancas conseguem posicionar seu Bispo do Rei em b1 (variante de Gruenfeld), por outro lado é insuficiente após ...dxc4 e ...Nd5, pois isso oferece às brancas a oportunidade de manter o seu Bispo da Dama através de Bg3, que dessa forma deixaria as peças das pretas em suas posições confinadas. 10.Bh4 Re8! Uma melhoria importante na linha de jogo adotada por Maróczy contra Gruenfeld no Torneio de Viena 1922. Essa partida continuou 10...dxc4 11.Bxc4 b5 12.Ba2 Bb7 13.Bb1 Re8 14.Ne5! Nf8 15.0-0, e as brancas de longe tem o melhor jogo. O lance do texto ganha um lance extremamente importante ao eliminar a ameaça de mate em seguida em h7 e dessa forma permite às pretas liberarem o seu jogo rapidamente através de ...c5!. 11.Bd3 As brancas poderiam ter jogado 11.h3 sem perda de tempo, considerando que as pretas não têm nada melhor do que seguir capturando o Peão c4. A questão é o quanto esse lance ao final se mostrará útil ou em detrimento delas. Em minha partida contra Chajes (veja a Partida 85) quis tentar esse experimento, mas o meu adversário, que adotou um sistema de defesa totalmente anormal, não me deu essa chance. 11...dxc4 12.Bxc4 b5 13.Ba2 c5 O lance libertador! 157
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16...Bb7 devido à possibilidade de 17.Ndxb5 axb5 18.Rxd7! com um ataque vencedor para as brancas, mas...
14.Rd1 Sobre 14.dxc5, as pretas responderiam 14...Nxc5 e se 15.Bb1 Bb7!, pois a variante 16.Bxf6 Bxf6 17.Qh7+ Kf8 18.Nxb5 axb5 19.Rxc5 Bxb2 seria completamente a seu favor. Após o lance do texto as pretas gradualmente conseguem tomar a iniciativa. Seria um pouco melhor 14.0-0 cxd4 (14...Qb6 também merece consideração) 15.exd4, como jogado por Réti e Gruenfeld contra Teichmann no mesmo torneio. Aqui está a continuação da partida Gruenfeld-Teichmann: 17...Nxe5! 18.dxe5 Qc6! 19.f3 Ng4! 20.Nd5! (as brancas não têm nada melhor, pois 20.Bxe7 é refutado através de 20...Qb6+) 20...exd5 21.Qxc6 Bxc6 22.fxg4 (não 22.Bxe7 Nxe5 23.Bd6 Nc4) 22...Bxh4 23.Rxc6 Rxe5 24.g3! (não 24.Bxd5 Rd8) 24...Bf6 ou ...Bg5 25.Rxd5 Re1+ seguido de ...Rae8, com vantagem para as pretas. Essa variante mostra mais uma vez o fracasso da variante 8.Qf2 e 9.a3. 14...cxd4 O mais simples, pois após a remoção da Torre da coluna c as pretas com certeza não visualizarão um contra-ataque na ala da Dama. 15.Nxd4 Esperando romper com o seu ataque e através do sacrifício da qualidade em d7 em seguida. 15...Qb6 16.Bb1 Esse lance parece prevenir a resposta 158
16...Bb7! As pretas jogam esse lance da mesma forma, pois 17.Ndxb5 seria refutado através de 17...Qc6!! 18.Nd4 (forçado) 18...Qxg2, com um forte contra-ataque. Dessa forma as pretas com sucesso completaram seu desenvolvimento. Consequentemente nada mais resta às brancas do que o roque, após o fracasso do seu ataque prematuro. 17.0-0 Rac8 18.Qd2 Dificultando a dupla ameaça ...Be4 ou ...Ne4. Seria insuficiente 18.Qe2 devido a 18...Bxa3 19.Nd ou Ncxb5 19...Bb4! e as pretas ganham um Peão. 18...Ne5! Esse Cavalo ocupará a casa c4, fixando dessa forma a fraqueza da ala da Dama, induzida através de 9.a3. 19.Bxf6 Para trocar o perigoso Bispo da Dama das pretas, a manobra em seguida das brancas é concebida finamente, mas é insuficiente para igualar. 19...Bxf6 20.Qc2 g6 Nem tanto para evitar o xeque inofensivo em h7, mas muito mais para assegurar a retirada em seguida para o seu Bispo do Rei, cuja ação na grande diagonal será muito poderosa. 21.Qe2 Nc4 22.Be4!
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Sentindo-se em inferioridade estratégica, Gruenfeld tenta se salvar através de escaramuças táticas. Tendo provocado 20...g6, ele agora espera pela variante 22...Nxa3 23.Qf3! Bxe4 24.Nxe4 Bxd4 25.exd4 etc., que lhe garantiria o ganho da qualidade. 22...Bg7! Mas através desse lance simples, que é parte do seu plano, as pretas mantêm a sua vantagem. 23.Bxb7 Qxb7 24.Rc1 A ameaça 24...Nxa3 obriga as brancas a refazerem o seu 14º lance. 24...e5! Esse avanço do Peão e dará ao Cavalo das pretas um novo posto avançado em d6, ainda mais irritante para o adversário do que na sua posição atual. 25.Nb3 e4 Renovando a ameaça 26...Nxa3. 26.Nd4 Red8! Para fazer a manobra do Cavalo em seguida ainda mais efetiva, pois agora quando alcançar d6 interceptará a defesa do Cavalo das brancas pela Torre. 27.Rfd1 Ne5 28.Na2 Após esse lance, que retira o Cavalo do seu campo de ação, as brancas estão definitivamente perdidas. Seria comparativamente melhor 28.f3, sobre o qual as pretas teriam continuado 28...exf3 29.gxf3 Nc4 com chances de ataque em ambos os flancos, e uma vitória provável após uma batalha longa e difícil. 28...Nd3 29.Rxc8 Qxc8 30.f3 Muito tarde! Mas já não havia respostas satisfatórias, por exemplo: após 30.Nc3 f5 31.f3 as pretas conquistariam a vitória através do mesmo sacrifício ocorrido na partida: 31...Rxd4! 32.exd4 Bxd4+ 33.Kf1 Nf4 34.Qd2 Qc4+ 35.Ne2 e3! 36.Qe1 Bxb2 37.Rd8+ Kf7 38.Qd1 Bxa3! 39.Qd7+ Be7 40.Qe8+ Kf6 41.Qh8+ Kg5 42.h4+ Kh5 43.g4+ fxg4 44.Qe5+ g5!, e as pretas vencem.
30...Rxd4! 31.fxe4 Se 31.exd4 Bxd4+ 32.Kf1 Nf4 33.Qxe4 (ou 33.Qd2 Qc4+ 34.Ke1 e3! vencendo) 33...Qc4+ 34.Ke1 Nxg2+ 35.Kd2 Be3+, e as pretas vencem. As brancas, sem perceberem o ponto oculto do sacrifício, esperam salvarem-se através do lance do texto. 31...Nf4! 32.exf4 Evidentemente forçado. 32...Qc4!! Ganhando pelo menos uma peça. Mas as brancas escolhem a morte mais rápida. 33.Qxc4 Rxd1+ 34.Qf1 Bd4+ E mate no próximo lance. Partida 82 Tarrasch, S. - Alekhine, A. Abertura Ruy Lopez - C60
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 g6 A defesa favorita de Pillsbury, com a qual ele abriu no Torneio de Hastings e conquistou várias boas vitórias. Mas a teoria moderna não irracionalmente a considera inferior. Se eu a adotei na presente partida, sem dúvida pela última vez, foi somente para verificar na prática a variante indicada por Rubinstein no Collijn´s Lärobok , onde então, as pretas devem jogar 4.Nc3, para tentar um novo lance 4...Nd4!, que parece dar às pretas a igualdade completa: 5.Nxe5? Qg5 ou 5.Nxd4 exd4 6.Ne2? Qg5! 7.Nxd4 Bg7 159
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8.d3 Qc5! e as pretas ganham uma peça. 4.d4! Nxd4 Se 4...exd4 5.Bg5 f6 6.Bh4 e as brancas recuperam o seu Peão em poucos lances, com uma forte posição de ataque. 5.Nxd4 exd4 6.Qxd4 Qf6
7.Qd3 Sem a menor dúvida, aqui o lance correto é 7.e5, após o que 7...Qb6 (recomendado no Collijn´s Lärobok) seria bastante ruim, devido a 8.Qxb6! axb6 9.Nc3 Bg7 10.Bf4!, e as pretas experimentariam grandes dificuldades para desenvolverem a sua ala da Dama. Da mesma forma após 7...Qe7 as brancas podem entrar em complicações interessantes, as quais resultariam a seu favor, por exemplo 8.Nc3 c6 (ou 8...Bg7 9.Nd5! Qxe5+ 10.Qxe5+ Bxe5 11.0-0 ameaçando 12.Re1, com um bom ataque pelo Peão) 9.Ne4! Bg7! (se 9...cxb5, então 10.Nd6+ Kd8 11.Be3 [ameaçando mate em dois através de Qb6+!] 11...Qe6 12.0-0 e as brancas têm um ataque vencedor) 10.Nd6+ Kd8 11.Bf4 cxb5 (ou 11...f6 12.Nxc8 Rxc8 13.e6! Qxe6+ 14.Be2, e as brancas recuperam o Peão sacrificado com obvia vantagem posicional) 12.0-0 Nh6 13.Bxh6! Bxh6 14.f4 Bg7 15.Rae1, com um ataque arrasador para as brancas. Ao contrário, o lance realmente escolhido pelas brancas não ocasiona nenhuma dificuldade ao adversário, e mesmo permite-lhe rapidamente tomar a iniciativa. 7...Bg7 8.Nc3 c6 9.Bc4 Ne7 10.Be3 160
Seria preferível 10.0-0, pois após o lance do texto as brancas são obrigadas a protegerem o seu Peão b através do recuo do Cavalo a d1, onde restará imóvel. 10…b5! 11.Bb3 a5
12.a4 Seria um pouco melhor 12.a3, embora também nesse caso a resposta 12...Ba6 teria forçado a retirada desvantajosa do Cavalo, por exemplo 13.Nd1 0-0! 14.0-0 (se 14.Qxd7 Rfd8 15.Qg4 a4 16.Ba2 b4 17.axb4 a3 18.c3 axb2 19.Rb1 Qxc3+! 20.Nxc3 Bxc3+ 21.Bd2 Rxd2 vencendo) 14...d5!, com um jogo muito superior para as pretas. O lance do texto resulta no bloqueio completo da ala da Dama das brancas, o que estrategicamente equivale à perda da partida. No entanto, a realização tática da vitória é cheia de dificuldades muito sérias, graças à habilidade consumada com a qual o Dr. Tarrasch se defende. 12...b4 13.Nd1 Obrigatório para proteger o Peão b. Entretanto, a imobilidade desse Cavalo em uma casa na qual evita a comunicação entre as Torres das brancas em breve terá consequências fatais para elas. 13...0-0 14.0-0 d5! Muito mais forte do que 14...Ba6 15.Bc4 Bxc4 16.Qxc4 d5, após o que as brancas ainda poderiam evitar a abertura decisiva da coluna c, através de 17.Qd3. 15.exd5 Ba6 16.Bc4 Bxc4 17.Qxc4
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cxd5 18.Qd3 d4! Combatendo 19.c3 e iniciando um ataque difícil de enfrentar contra o fraco Peão c. 19.Bd2 Rac8 20.Re1 Evitando temporariamente 20...Qf5. 20...Rc7 21.Rc1 As brancas esperam liberar seu Cavalo infeliz e em seguida coloca-lo em c4, mas, como veremos mais tarde, as pretas não deixarão tempo para isso. 21...Rfc8 22.Rc1
22...Qf5! Esse lance, do qual as brancas não podem escapar, de uma só vez decreta o destino do Peão atrasado. Obviamente as brancas não podem trocar as Damas sem perder o Peão na sequência. Por outro lado, a interposição da Torre das brancas em e4 favorece o sucesso da entrada do Cavalo das pretas em c3, forçando dessa forma a troca do Bispo da Dama das brancas, a sua melhor peça de defesa. 23.Re4 Nd5 24.Nb2 Nc3 25.Bxc3 Forçado, pois se 25.Ree1 Qxd3 26.Nxd3 Na2, ganhando o Peão; ou 26.cxd3 Ne2+. 25...Rxc3 26.Qe2 Bh6! O ponto final do ataque contra o Peão c das brancas, iniciado através de 14...d5!. 27.g4 Um contra-ataque desesperado cuja refutação conduz a posições muito interessantes. 27...Qf6 28.Re8+ Rxe8 29.Qxe8+ Kg7 30.Rf1 Rxc2 Finalmente!
31.Nd3
31...Qf3! Esse lance, que sem dúvida foi o mais difícil em toda a partida, é baseado nas seguintes considerações: As brancas ameaçam consolidar a sua posição através de 32.Qe4 e 33.f4, após o que a vitória seria muito difícil para as pretas, devido à posição desfavorável do seu Bispo do Rei. Por outro lado, o possível final resultante de 31...Qe6 32.Qxe6 fxe6 33.Rd1! não é sem recursos para as brancas, por exemplo: 33...Kf6 34.f4 g5 35.h4!. Dessa forma, 32.Qe4 ou 32.f4 precisam ser evitados. O lance do texto sozinho atende essas finalidades. 32.Ne5 A captura do Peão d através de 32.Qe5+ Kg8 33.Qxd4 teria facilitado a vitória das pretas, por exemplo: 33...Rd2 34.Ne5 (ou 34.Qd8+ Bf8 35.Ne5 Qf4! 36.Qb8 Kg7, seguido por 37...Bd6 e as pretas vencem) 34...Qxb3 35.Qa7 Qd5, seguido por 37...b3, vencendo. 32...Qd5 33.Nd7 Agora as brancas ameaçam mate em um lance! 33...Qd6 34.Rd1 Prevenindo o avanço do Peão d, e ameaçando 35.Rxe4!. Mas o próximo lance das pretas coloca as coisas nos seus devidos lugares. 161
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Partida 83 Alekhine, A. - Maróczy, G. Gambito da Dama Recusado - D55
34...Be3! As brancas são obrigadas a novamente voltarem sua Torre para o ponto de partida, pois se 35.fxe3 Qxh2+, e mate no próximo lance; ou se 35.Qxe3 dxe3 36.Rxd6 e2, vencendo. 35.Rf1 Bg5 Ameaçando agora 36...Be7 seguido de 37...d3, cuja ameaça força a troca das Damas. 36.Qe5+ Qxe5 37.Nxe5 Bf4 O final de jogo em seguida é indubitavelmente vencedor para as pretas, mas ainda requer tática muito precisa. 38.Nc4 d3 39.Rd1 Rc3! Não 39...d2, que diminuiria de forma apreciável a força do Peão d passado após 40.Kf1. 40.Nxa5 Kf6! É muito mais interessante trazer o Rei para o centro do tabuleiro sem demora, mais do que recuperar o Peão perdido através de 40...Bc7. Além disso, as brancas não podem proteger o seu Peão b para sempre. 41.h4 Ke5 42.Kg2 Kd4 43.Kf3 Bc7 44.Nc4 Rxb3 45.Ne3 Rc3 46.Rb1 Ba5 47.Nd1 Ra3 48.Ne3 Rxa4 49.g5 Ra3 50.Rg1 b3 51.Rg4+ Kc5 52.Rc4+ Kb5 53.Rc8 Ra1! Evitando a última cilada das brancas, 53...d2 54.Rb8+ Bb6 55.Rxb6+, seguido de 56.Nc4+ e 57.Nxa3. 54.Rb8+ Bb6! Agora se 55.Nd5, então simplesmente 55...d2!, etc. As brancas abandonaram. 162
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nf3 d5 4.Nc3 Be7 5.Bg5 0-0 6.e3 Ne4 Uma defesa praticada em várias ocasiões pelo Dr. Emanuel Lasker, e em seguida por Capablanca, em seus respectivos matches com Marshall. Sem dúvida não é pior do que outras defesas, e tem a vantagem de simplificar a partida, sem criar fraquezas no lado das pretas. No Torneio Internacional de Londres 1922, Maróczy tentou contra mim 6...c5, recomendado por Rubinstein no Collijn´s Lärobok, e obteve uma partida inferior. Aqui está a continuação dessa partida: 6...c5 7.cxd5 exd5 8.dxc5 Be6 9.Bb5 Bxc5 10.0-0 Nc6 11.Rc1 Be7 12.Bxc6! bxc6 13.Na4 Rc8 14.Nd4 Bd7 15.Bxf6! Bxf6 16.Nc5 Be8 17.Qg4 Rb8 18.b3 g6 19.Rc2 Qd6 20.Rfc1 Be5 21.Nf3! Bg7 22.Qa4 Qe7 23.Nd4 Rb6 24.h3 Be5 25.Nd3! Bxd4 26.exd4 Rb7 27.Re1 Qg5, e através de 28.Re5 as brancas puderam manter com facilidade uma vantagem vencedora. 7.Bxe7 Qxe7 8.Qb3 Para evitar a variante 8.cxd5 Nxc3 9.bxc3 exd5 10.Qb3 Rd8 11.c4 Nc6!, que parece render a igualdade para as pretas. Mas com essa ideia, certamente é preferível 8.Qc2, pois após o lance do texto as pretas não precisam capturar o Cavalo, e poderiam ter jogado primeiro 7...c6, e continuado com 8...f5, etc. 8…Nxc3 9.Qxc3 c6 Em Nova Iorque 1924, em uma posição idêntica, Maróczy jogou contra mim 9...c5, mas após 10.cxd5 cxd4 11.Nxd4, as brancas têm uma vantagem evidente graças à fraqueza do Peão d das pretas e ao controle da coluna aberta c. 10.Bd3 Nd7 11.0-0 f5 A formação “Stonewall” é aqui bastante sem valor, pois mesmo supondo-se que o Cavalo
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do Rei das pretas viesse a ocupar a casa e4, poderá ser desalojado através de f3, ou mesmo trocado pelo Bispo do Rei das brancas. Por outro lado, a casa e5 fornecerá às brancas uma posição inexpugnável para o seu Cavalo do Rei, estando o Bispo da Dama das pretas com a cor diferente da casa mencionada. 12.Rac1! Antecipando a manobra 12...Nf6 seguida de 13...Ne4, para a qual responderiam 13.Ne5, as brancas tomam seu momento de descanso para completar o seu desenvolvimento. 12...g5 Mas esse ataque, bastante espantoso vindo de um Mestre com a reputação de Maróczy, compromete de forma irremediável a já insegura posição do Rei das pretas. 13.Nd2! Rf7 Tão inexplicável quanto o lance anterior. Seria comparativamente melhor 13...Nf6 seguido de 14...Bd7. 14.f3 e5 Na esperança de forçar a troca das Damas no 18º lance, mas sem apreciar suficientemente a resposta 19.Qc7!, embora em qualquer caso a partida esteja perdida para as pretas. 15.cxd5 cxd5 16.e4! fxe4 17.fxe4 Rxf1+ 18.Rxf1 exd4 Ainda contando com 19.Qxd4 Qc5, etc. Mas o próximo lance das brancas esmaga essa última ilusão.
19.Qc7! Paralisando com um único movimento todas as peças pretas, após o que a posição das pretas se torna desesperadora. 19...Kg7 20.Rf5! dxe4 21.Nxe4 Qb4 Rendendo-se ao inevitável. Se 21...h6 as brancas vencem facilmente através de 22.h3, seguido de 23.Kh2 e 24.Nd6. 22.Rxg5+, e as pretas abandonaram. Partida 84 Wolf, H. - Alekhine, A. Abertura dos Quatro Cavalos - C48
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Nc3 Nf6 4.Bb5 Nd4 5.Nxd4 exd4 6.Nd5 Esse lance, introduzido por Selesniev em sua partida contra Spielmann no Torneio de Pistyan 1922, não conquista seu objetivo, ou seja, um empate fácil, como mostra a presente partida. Aqui é melhor 6.e5 dxc3 7.exf6 Qxf6 8.dxc3 Be7 9.0-0 0-0 10.Qd4, com jogo satisfatório para as brancas. 6...Nxd5 7.exd5 Qf6! Evitando a troca das Damas, que as brancas forçariam através de 7...Be7 8.Qg4 Bf6 9.Qe4+. 8.0-0 Be7 9.f4 As brancas não estão suficientemente desenvolvidas para serem capazes de antecipar uma iniciativa duradoura que sozinha pudesse justificar esse avanço. Elas poderiam ter sido melhor aconselhadas a reconhecer a inadequação do seu 6º lance, ou seja, jogarem 9.Be2, seguido de 10.c4 e 11.d3, com igualdade aproximada. 9...0-0 10.Qf3 c5! Assegurando definitivamente a posição do seu Peão d, que seria problemática se jogassem direto 10...d6. 11.b3 Preparando o desenvolvimento em fianqueto do seu Bispo da Dama, assim não restringindo a ação do seu Bispo do Rei concomitante com 11.d3 ou 11.c4. 163
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11...d6 12.Bb2 Bf5 13.Rae1 Sobre 13.Bd3 as pretas manteriam a sua ligeira vantagem posicional através de 13...Qg6!. 13...Bd8! Para posicionar o seu Bispo em a5, uma posição especialmente favorável, pois as brancas não podem esconder seu Peão d desse ataque devido a posição desfavorável do seu Bispo do Rei. 14.Bd3 Ba5 15.Re2 Rae8 16.g3 As brancas ainda poderiam evitar a perda imediata de material jogando 16.Bc1, mas em qualquer caso o seu jogo permanece obviamente inferior.
16...Bxd3! Essa troca assegura às pretas uma vantagem posicional decisiva, estando as brancas impossibilitadas de recapturar com a Dama devido a 17...Rxe2 18.Qxe2 d3! e as pretas ganham uma peça, nem 17.Rxe8 Bxf1 18.Rxf8+ Kxf8 19.Kxf1 Bxd2, com uma vitória fácil. 17.cxd3 Rxe2 18.Qxe2 Qf5 19.Rf2 O final de jogo com um Peão a menos resultante de 19.Qe4 Qxe4 20.dxe4 Bxd2 não ofereceria às brancas qualquer chance de empate. 19...Qxd5 20.Qe4 Qe6! Evitando o desdobramento dos Peões adversários, que teria permitido ao Bispo da Dama das brancas cedo ou tarde juntar-se à defesa. 21.f5 164
Se 21.Qxb7, então 21...Bxd2 vencendo. 21...Qe5! 22.Qxe5! A melhor alternativa. Após a troca, a ausência de linhas abertas para as Torres das pretas e a posição vantajosa do rei das brancas ocasionarão não poucas dificuldades técnicas às pretas, apesar do Bispo da Dama das brancas permanecer aprisionado. 22...dxe5 23.Kg2 f6 24.Kf3 Bd8! O Bispo jogou a sua parte em a5, e agora é importante para prontamente bloquear a ala da Dama com Peões, para retirar do Bispo da Dama das brancas todas as esperanças de escapar. 25.Ke4 Be7 26.Rf1 Após 26.Kd5 Rd8+ 27.Kc4 (se 27.Ke6 Kf8! e mate no próximo lance) 27...a6 28.a4 Kf7 as pretas penetrariam na posição inimiga na ala do Rei ainda com mais facilidade do que na partida, estando o Rei das brancas condenado à inatividade. 26...Rd8 27.Rc1 a5! Não 27...b6 devido a 28.b4!. 28.g4 Kf7 29.Ba3 Esperando por seu turno bloquear a ala do Rei, após o que o empate seria forçado. Mas as pretas previnem isso de forma direta. 29...b6 30.h4 g6 31.Rf1 Ou 31.h5 gxh5 32.gxh5 Rg8! 33.Kd5 Rg3 34.Kc6 Rxd3 35.Kxb6 Rxd2 36.Bxc5 d3, e o Peão passado das pretas vence com facilidade.
31...h5! Obrigando o Rei das brancas a desistir da
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sua posição dominante e consequentemente a abandonar a resistência passiva sobre a qual as brancas construíram as suas esperanças. 32.fxg6+ Ou 32.g5 fxg5 33.hxg5 Bxg5 34.fxg6+ Kxg6 35.Kxe5 h4, vencendo. 32...Kxg6 33.gxh5+ Kf7! O ponto! Após 33...Kxh5 34.Kf5, uma vitória das pretas seria muito difícil, senão impossível. 34.Rg1 Ou 34.Kf5 Rh8 35.Kg4 Ke6. 34…Ke6! 35.h6 Rh8 36.Rg6 Bf8, e as brancas abandonaram. Partida 85 Alekhine, A. - Chajes, O. Gambito da Dama Recusado - D64
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nf3 d5 4.Nc3 Nbd7 Após esse lance as brancas, além do lance do texto (Bg5), poderiam muito bem responder 5.cxd5 exd5 6.Bf4! etc., com uma posição excelente. Essa é a razão pela qual 4...Be7 é considerado melhor. 5.Bg5 Be7 Após 5...c6 6.e3 Qa5 7.Nd2 Bb4 8.Qc2 0-0, as brancas, se desejassem evitar a variante jogada na partida Gruenfeld-Bogoljubov (Mährisch-Ostrau 1923), ou seja, 9.Be2 e5! 10.dxe5 Ne4!, poderiam continuar simplesmente 9.Bxf6 Nxf6 10.Bd3 Rd8 11.0-0, com uma ligeira vantagem posicional, como jogado por Johner contra o Dr. Tarrasch em Trieste 1923. 6.e3 0-0 7.Rc1 c6 8.Qc2 a6! 9.a3 Re8 10.h3 Para evitar a perda de um lance através de 10.Bd3, que poderia transpor para uma posição da partida Gruenfeld-Alekhine, que é perfeitamente segura para as pretas (veja a Partida 81) após 10...h6 11.Bh4.
10...b5 Uma ideia muito interessante que realmente pode ter algum futuro. Mas a sua realização tática aqui carece de precisão. Era no 9º lance, antes de 10.h3, se essa fosse a intenção, que as pretas deveriam ter jogado 9...b5, pois nesse caso poderiam ter respondido 10.c5 através de 10...e5 11.dxe5 Ng4, com um jogo muito promissor. Por outro lado, as brancas poderiam ao invés de 11.dxe5, abrirem a coluna c através de 11.cxd5 ou 11.cxb5, que ao final se tornaria favorável às pretas, tendo as brancas que perder dois lances para colocar o seu Rei em segurança. Esse exemplo enfatiza mais uma vez os vários recursos oferecidos pela defesa 8...a6! nessa variante. 11.c5! Enquanto agora as pretas não conseguirão romper através do centro, e a fraqueza do seu Peão c cedo ou tarde se fará sentir. Isto é, no entanto, sem consequências imediatas, devido à posição bloqueada dos dois adversários e as dificuldades experimentadas pelas brancas em penetrar nas linhas inimigas. 11...Nh5 12.Bf4! A única resposta lógica. As brancas precisam a todo custo manterem o controle da casa e5. 12...Nxf4 13.exf4 a5 14.Bd3 g6! A melhor linha de defesa. As pretas guardam contra a possibilidade de f5 e preparam uma sólida posição defensiva. 15.h4! 165
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Não com a ilusão de um ataque de mate, mas simplesmente garantindo no momento certo, a abertura da coluna h que mais tarde se tornará um fator vitorioso para as brancas. 15...Bf6 16.h5 Nf8 17.g3 Fortalecendo tranquilamente uma posição que as pretas dificilmente poderão modificar de forma apreciável. 17...Ra7 18.Nd1! Ameaçando colocar esse Cavalo em g4. O próximo lance das pretas pretende preparar o duplo avanço do Peão f e assim tirar da Torre das brancas a casa cobiçada. 18...Bg7 19.Ne3 f5 Se esse lance tem a vantagem fortalecer posteriormente a posição do roque, por outro lado deixa as pretas com chances indiferentes no final da partida. 20.Qe2! Preparando a ocupação da casa e5 com uma peça das brancas.
20...a4 Esse é o único lance das pretas na partida que pode ser criticado, notando que sem motivo aparente elas abandonam a casa b4 aos Cavalos do adversário. Se as pretas não tivessem modificado a posição dos Peões, o plano correto das brancas seria Nc2, Kf1, Nce1, Bb1, Nc2e1, Nd3 e Nde5. 21.Nc2 Agora esse Cavalo pode se necessário ser levado a e5 via b4 e d3, ganhando tempo. 21...Rae7 22.Kf1 166
Para tornar inócua a ameaça ...Bd7 seguido por ...Bxd4! e ...e5, se as brancas jogassem, por exemplo, 22.Nb4 Qc7. 22...Bf6 23.Ne5 Esse lance com certeza não compromete nada, mas a continuação lógica seria 23.Nb4, seguido por Bb1, Nd3 e Nde5. Tivessem as pretas feito a resposta correta, as brancas seriam forçadas a retornar a esse plano. 23...Bxe5 Seria melhor 23...Bc7! seguido por 24...Bxe5, forçando as brancas tanto a recapturar o Bispo com a Dama, que poderia levar a uma troca das Damas, ou recaptura-lo com um dos seus Peões; em ambos os casos suas chances de vitória se reduziriam a um ponto de fuga. Nessas circunstâncias, as brancas retornariam seu Cavalo a f3, com a intenção de realizar com toda a segurança a manobra descrita acima. 24.Qxe5 Essa troca, que provoca o enfraquecimento das casas pretas da posição inimiga, rende às brancas novas chances de vitória. 24...Qc7 25.Qf6! Uma excelente manobra que pretende criar novas fraquezas do adversário na casa h7. 25...Rf7 26.Qh4 Qe7
27.hxg6! Finalmente chegou o momento certo para essa troca, pois as pretas não podem recapturar com o Peão, o que lhes permitiria comba-
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terem com a sua Torre na coluna h. Agora as brancas têm uma vantagem estratégica suficiente para vencer, mas a sua realização tática está longe de ser fácil. 27...Nxg6 28.Qh5! As brancas precisam evitar todas as trocas que simplificariam a defesa das pretas. 28...Qf6 29.Be2 Os lances das brancas em seguida pretendem reduzir ao mínimo a mobilidade das peças das pretas, para lançar uma manobra de amplo alcance com o seu Rei. 29...Rg7 30.Qf3 Nf8 31.Qe3 Ree7 32.Nb4 Bd7
33.Bh5! Esse lance conduz a uma posição curiosa, na qual a Dama, ambas as Torres e o Bispo das pretas serão imobilizados. O problema ainda precisa ser resolvido, pois no momento dobrar ou até mesmo triplicar as peças das brancas na coluna h não conduziria a nada. O plano bastante complicado que as brancas vão se esforçar em seguir, o qual pode, é claro, ser modificado de acordo com as manobras do adversário, pode ser resumido da seguinte forma: 1ª Fase - Trazendo o Rei para o centro onde, após a subsequente troca da Dama e Torres na coluna h, ameaçará uma penetração rápida no campo inimigo via h5. Essa tática logicamente induzirá um deslocamento correspondente do Rei das Pretas, muito plausível pois a sua presença no centro
consolidará as fraquezas nos pontos c6 e e6. 2ª Fase – Obrigando as peças das pretas se removerem sucessivamente da ala do Rei, através de ameaças táticas que objetivam tanto o próprio Rei como os Peões adversários (39º e 40º lances). A perspectiva da ocupação da casa e5 por um Cavalo das brancas é então imobilizar o Cavalo das pretas em d7, aumentando ainda mais a dificuldade de ações coordenadas pelas peças das pretas, as quais já estão em bastante dificuldade devido ao limitado espaço disponível para elas. 3ª Fase – Finalmente, no momento oportuno, ou seja, quando as peças das pretas estiverem em sua maior distância da ala do Rei, dobrar as Torres na coluna h. As Torres, após a troca forçada das Damas e dos Bispos, penetrarão dentro do coração da posição inimiga. Como veremos através da sequência, a execução desse plano estratégico requer nada menos do que vinte e oito lances! 33…Ng6 34.Nd3 Não de forma direta 34.Ke2, devido a 34…e5!. 34…Be8 35.Ke2 Kf8 36.Kd2 Rb7 Abrindo passagem para o Rei. 37.Bf3 Ke7 38.Rhe1 Nf8 39.Nb4 Ameaçando 40.Bxd5, etc. 39…Kd8 40.Kd3 Rge7 41.Qd2! Ameaçando após 42.Na6!, a entrada da Dama em a5. 41...Ra7 42.Rh1 Rec7 Para utilizar o Bispo na Defesa do Peão h quando o Cavalo o abandonar para guardar a casa e5. 43.Rh2 Bg6 44.Qe3 Kc8 As pretas, para disponibilizar as suas Torres para a defesa da ala do Rei, planeja defender seu Peão c com o seu Rei, mas essa manobra necessita de muito mais tempo, e as brancas agora estão prontas para o assalto. 45.Rch1 Kb7 46.Kd2 Re7 47.Nd3 Nd7 48.Bh5! Através dessa troca da melhor peça das pretas para a defesa dos seus pontos fracos, as 167
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brancas dão um importante passo à frente. 48…Ra8 49.Bxg6 hxg6 Após 49…Qxg6 seu Peão h mais tarde se provaria difícil de defender. 50.Rh7 Rae8 No momento a defesa das pretas ainda é adequada, mas o próximo lance das brancas revela as dificuldades da posição inimiga.
58.Rhh8 Ree8 59.axb4 Ka7 60.Kc3 Ka6 61.Nf7! Mais enérgico do que o lance plausível 60.Nxe6. Agora as brancas vão direto para o mate. 61…Ra8 62.Nd6 Reb8 63.Rh1! Nd7 64.Ra1!!, e as pretas abandonaram.
Posição final 51.Ne5! O ponto desse lance reside no fato de que pela primeira vez nessa partida as brancas podem considerar vantajosa a recaptura em e5 com um Peão. De fato, se 51...Nxe5 52.fxe5 Qf8 53.Qg5!, e para começar as brancas ganham o Peão g. Dessa forma a resposta das pretas é forçada. 51...Nf8 52.Rh8! Agora a posição exige a troca das Damas e não a das Torres. 52...Rg7 53.Nf3! Rb8 Para assegurar a liberdade de movimento para o Cavalo, em caso de necessidade. 54.Ng5 Re7 As pretas não têm defesa contra o próximo lance das brancas. 55.Qe5! Após a troca obrigatória das Damas, dobrar as Torres na oitava fileira será decisivo. 55...Qxe5 56.fxe5 Ka8 57.Rg8 b4 Na esperança de obter alguma última chance após axb4 Reb7. 168
Partida 86 Alekhine, A. - Thomas, G. Abertura do Peão da Dama - E62
1.d4 Nf6 2.c4 d6 3.Nf3 g6 Essa defesa antiga no momento está muito na moda na Inglaterra. Os dois campeões ingleses, F. D. Yates e Sir George Thomas, têm demonstrado uma predileção por ela, justificada através de numerosos sucessos. 4.g3 Bg7 5.Bg2 0-0 6.0-0 Nc6 Esse lance, sugerido por Burn no lugar de 6...Nbd7, adotado até então, tem por objetivo forçar as brancas a revelarem suas intenções no centro o mais breve possível. No entanto, não parece suficiente para igualar. 7.d5 A mais enérgica e também a melhor continuação. A derrota infligida a mim por Yates, em estilo particularmente brilhante, durante a rodada anterior do mesmo torneio, não abalou a minha opinião sobre o valor desse lance,
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considerando que eu perdi uma vantagem posicional que já havia conquistado somente devido a vários erros táticos. 7...Nb8 8.Nc3 e5 Esse lance aparentemente plausível certamente não é o melhor, pois permite às brancas abrirem o jogo através de uma troca central e assim aproveitarem seu desenvolvimento superior. Mais de acordo com o espírito da abertura seria 8...a5 seguido de 9...Nbd7 ou ...Na3 e 10...Nc5, como jogado por Yates em posição análoga na partida citada. 9.dxe6! Isso libera o jogo das pretas só na aparência, pois se retomarem com o Bispo, as brancas respondem 10.Nd4! com vantagem marcante; e se retomarem com o Peão, cedo ou tarde serão forçadas a jogarem ...e5, para libertar seu Bispo da Dama, o que enfraqueceria a casa d5 e daria às brancas chances distintas no centro e na ala da Dama. 9...fxe6 10.Bg5 Para trocar os Bispos através de 11.Qd2 e Bh6, ou mesmo provocar a resposta 10...h6. Em ambos os casos, a posição do Rei das pretas é enfraquecida. 10...Nc6 11.Qd2 Qe8 12.Rad1 Para enfrentar 12...Bd7 com 13.c5!. 12...Rb8 13.Bh6 Qf7 14.Bxg7 Qxg7
15.Ng5! Uma posição muito forte para esse Cavalo, que não pode ser desalojado sem o comprometimento da posição do Rei das pretas.
Além disso, esse lance será o prelúdio de uma ofensiva central, iniciando com f4, que trará um contato entre os Peões, sendo praticamente forçada a resposta das pretas ...e5. 15...e5 16.Nd5 Nd4 Para provocar e6 e assim desenvolver seu Bispo da Dama com ganho de um lance. 17.e3 Nc6 Após 17...Ne6 a resposta 18.f4! ainda seria a mais forte, por exemplo: 18...Nxg5 19.fxg5 Nxd5 20.Bxd5+ Kh8 21.Rxf8+ Qxf8 22.Rf1, e as brancas têm uma posição vencedora. 18.f4! Bg4 19.Rde1 Rbe8 20.b4! Com o objetivo de desalojar o Cavalo da Dama adversário para dar ao Bispo do Rei a máxima eficiência. 20...h6 Para defender com sucesso a sua ala da Dama as pretas não têm nada melhor do que expulsar as peças das brancas das suas posições ameaçadoras. 21.Nxf6+ Rxf6 22.Ne4 Rff8 23.b5 Nd8 24.c5! Muito melhor do que tentar ganhar um Peão através de 24.Qa5, que poderia render às pretas contra chances suficientes, por exemplo: 24...exf4 25.gxf4 Bf5 26.Nf2 Be6!. 24...dxc5 25.Nxc5 Bc8 26.a4 As brancas agora exercem forte pressão na ala da Dama, para a qual as pretas não têm compensação. Mesmo assim, se no próximo lance as pretas jogassem 26...Kh7 teriam proposto um problema de grande dificuldade ao seu adversário, enquanto contra a sua resposta na partida as brancas podem lançar uma ofensiva forçada. 26...c6 27.Qd6! Essa entrada da Dama das brancas é muito perigosa. As brancas agora ameaçam 28.Qb8!. 27...b6 28.Ne4! exf4 Não há mais lances bons. Os lances 28...cxb5 ou 28...c5 indicados por vários comentaristas com unanimidade surpreen169
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dente, conduziria a uma catástrofe imediata após 29.fxe5! ameaçando 30.Nf6+. 29.bxc6! Esse Peão, defendido pelo Bispo do Rei, decidirá a partida a favor das brancas. 29...Re6 30.Qd5 Ameaçando 31.Bh3. 30...Kh7
31.Nd6! O lance vencedor, cujas consequências, na variante principal, teve que ser analisada doze e quinze lances à frente. 31...Ba6! A resposta que cria mais dificuldades para as brancas. Se 31...Qc7, então simplesmente 32.Rd1!, mantendo o Peão passado, com uma posição vitoriosa. 32.Rxf4 Rxf4 33.gxf4
33...Qe7 Como na Partida 66, meu adversário facili170
tou minha tarefa, e tornou supérflua a minha análise detalhada, que levou mais de meiahora. A variante principal considerada por mim foi a seguinte: 33...Qc3! 34.Rd1! Rxe3! (se 34...Qxe3+ 35.Kh1 vencendo) 35.Qd2! Qxd2 (se 35...Qc5 36.Qf2) 36.Rxd2 Rc3 37.Ne4! Rc1+ 38.Kf2 Nxc6 39.Rd7+ Kg8! 40.Nf6+ Kf8 41.Bd5 Ne7 42.Rd8+ Kg7 43.Ne8+ Kh7 44.Rd7 Rc2+ 45.Kf3 Re2 46.Be4 e as brancas ganham uma peça e a partida. 34.Rd1 Rxe3 35.Ne4 Ne6 36.Qe5! Ganhando pelo menos a qualidade. 36...Rd3 37.Rxd3 Bxd3 38.Nf6+ Kh8 39.Nd5+ Qg7 40.Qxe6, e as pretas abandonaram.
Capítulo XXII Torneio Aberto de Portsmouth Agosto de 1923 Partida 87 Alekhine, A. - Vadja, A. Gambito da Dama Recusado - D67
1.d4 Nf6 2.Nf3 d5 3.c4 e6 4.Nc3 Be7 5.Bg5 Nbd7 6.e3 0-0 7.Rc1 c6 8.Bd3 dxc4 9.Bxc4 Nd5 10.Ne4 Não rende nenhuma vantagem às brancas 10.Bxe7 Qxe7 11.0-0, e também 10.Bf4, tentado por mim contra Selesniev no Torneio de Pistyan 1922 (veja a Partida 54), dificilmente seja algo melhor; assim sendo, eu esperava assegurar uma vantagem com o lance do texto. Mas embora na presente partida o resultado fosse favorável para mim, devido à resposta inofensiva do meu adversário, análises posteriores convenceram-me que 10.Ne4 permite às pretas chances suficientes. 10...h6 Após esse lance as brancas, sem correr
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nenhum risco, atingem seu objetivo, que é conservar pelo menos temporariamente três peças menores, uma consideração importante devido à posição restrita do seu adversário. A continuação correta seria: 10...Qa5+ 11.Kf1! (se 11.Ke2 a variante a seguir é até mais forte) 11...f6! 12.Bh4 N7b6 13.Bb3 Nb4!, e as pretas tomam a iniciativa. Essa é a razão pela qual 10.Ne4 dificilmente seja recomendado. Esse lance é, no entanto, jogável após 10.Bxe7 Qxe7 (não 10...Nxc3 11.Bxd8 Nxd1 12.Be7 Re8 13.Ba3 vencendo) 11.Ne4 Qb4+ 12.Qd2 Qxd2+ 13.Kxd2, e o jogo das brancas é, é claro, preferível. (compare com AlekhineTreybal, Baden-Baden 1925) - Partida 7 do livro Minhas Melhores Partidas de Xadrez, 19241937, do mesmo autor – N. do T. Não se pode negar, entretanto, que a troca das Damas nessa variante aumenta as chances das pretas de empate. 11.Bxe7 Qxe7 12.0-0 b6 13.Ng3 Preparando e4 mais tarde. 13...Rd8
14.Bxd5 Cedendo à influência de certos críticos que sustentavam que eu procuro complicações “a qualquer custo”, em detrimento de soluções claras e simples, aqui fui vítima de simplificação deliberada. Mas o exagero dessa qualidade nem sempre é favorável, pois a vantagem assegurada pelas brancas através do lance do texto, graças ao controle da coluna c, seria insuficiente para a vitória contra uma defesa
absolutamente correta. Ao contrário, a continuação 14.e4 N5f6 (ou 14...Nf4 15.Qd2) 15.Re1 ameaçando mais tarde d5, ou também 15.e5 seguido por N-e4-d6, ofereceria perspectivas mais favoráveis, embora menos definidas do que aquelas da partida. A escolha entre as duas variantes é acima de tudo uma questão de estilo e eu deveria ter deixado meio ponto por não seguir a minha inclinação natural nessa ocasião. 14...cxd5 15.Qa4! Prevenindo 15...Ba6 e ameaçando 16.Rc7, que não seria efetivo no lance 15 devido a 15...Qd6. 15...Nf8 16.Ne5 Bb7 17.Rc3 f6 Esse ligeiro enfraquecimento da posição do roque era inevitável, pois o Cavalo das brancas está em uma posição dominante em e5; mas a posição das pretas é sólida o bastante para suportar esse enfraquecimento. 18.Nd3 Qd7 Para opor suas Torres na coluna aberta c, que lhes permitiria igualar sem nenhuma inconveniência. 19.Qa3 Bc6 20.Rfc1 Rdc8 21.h3! Absolutamente essencial, como veremos mais tarde. 21...Bb5 22.Nf4 Ameaçando ganhar o Peão a após todas as Torres serem trocadas. 22...a5 É curioso que esse lance plausível leve à perda inevitável da partida. Também seria ruim 22...e5, devido a 23.Nxd5!, etc. Por outro lado, 22...Rxc3 23.Qxc3 Ba6!, ou 23.Rxc3 e5 renderia às pretas uma defesa satisfatória, pelo menos temporariamente. 23.Rxc8! Rxc8 24.Rxc8 Qxc8 25.Qd6! A Dama das brancas entra no jogo adversário com efeito decisivo. As pretas são incapazes de desalojá-la, com a sua mobilidade restrita pela necessidade de defender seu Peões fracos e e b. 25...Bc6 Ou 25...Qc6 26.Qd8, etc. 171
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Peão através de Nd6, uma ameaça da qual as pretas não podem fugir e que é ainda mais definida do que a do lance do texto. 36...e5 37.Nd6 Bg6 38.Nxb5 Nd7 39.Qc7 Be8 40.Nd6 Kf8 41.Nf5 Qh7 Ou 41...Qf7 42.Qd6+ e 43.Nh6+ ganhado a Dama. 42.Ne6+ Kf7 43.Qd8!, e as pretas abandonaram.
26.Ngh5! Um inesperado ataque de mate começando com 27.Nxg7! Kxg7 28.Qe7+ K se move 29.Nh5, vencendo. Como um resultado direto desse lance, a Dama das brancas ocupará a casa b8, que seu adversário será obrigado a lhes entregar; e como resultado indireto, as pretas devem avançar o seu Peão b, que abandona a casa c5 para o Cavalo das brancas. 26...Qd7 27.Qb8 b5 Se 27...Qb7, então 28.Qd8 Kf7 29.g4, ameaçando 30.h4 e 31.g5, com um forte ataque. 28.g4! Não de forma direta 28.Nd3 devido à possível resposta 28...Qe8. 28...Kf7 29.Nd3 Ameaçando ganhar um Peão através de 30.Nc5 Qe7 31.Qb6 etc. 29...a4 30.Nc5 Qe7 31.Qb6 Be8 As peças das pretas estão agrupadas em volta do seu Rei como um rebanho de ovelhas em volta de um carneiro antes da tempestade! 32.Nf4! O segundo Cavalo das brancas toma o mesmo caminho do primeiro para entrar na posição adversária através da brecha na ala da Dama (c5). 34...g5 Uma manobra desesperada. 33.Nfd3 h5 34.Nb7 hxg4 35.hxg4 Kg7 36.Ndc5! As brancas reservam a opção de ganhar um 172
Partida 88 Alekhine, A. - West, A. Gambito da Dama Recusado - D66
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nf3 d5 4.Nc3 Be7 5.Bg5 Nbd7 6.e3 0-0 7.Rc1 c6 8.Bd3 Re8 As pretas deixam escapar a oportunidade de jogar 8…dxc4 seguido de 9...Nd5 antes que as brancas tenham rocado, pois após o lance do texto elas não conseguirão se libertar através de ...e5. O lance ...Re8 só deve ser considerado antes que o Bispo do Rei das brancas tenha se movimentado, por exemplo, se as brancas tivessem jogado 8.Qc2. 9.0-0 dxc4 10.Bxc4 Nd5 11.Ne4! Um lance muito natural. Como já rocaram, as brancas não precisam temer a variante ...Qa5+ Ke2 ou Kf1. 11...Bxg5 12.Nfxg5 N7f6 Se 12...f5 13.Qh5! h6 14.Qf7+ Kh8 15.Nd6 Re7 16.Nxf5!. 13.Ng3! Quando possuir maior liberdade de movimento do que o adversário – e esse é o caso para as brancas aqui – é uma boa estratégia manter o maior número possível de peças no tabuleiro, para colher o maior benefício dessa liberdade. 13...h6 14.Nf3 Nb6 15.Bb3 Nbd7 As pretas desejam forçar o lance ...e5 de toda forma, mas, como veremos, é muito tarde! Em uma partida de exibição jogada em Paris em Fevereiro 1922, Znosko-Borovski adotou 15...Bd7 contra mim, mas também sem resultados satisfatórios.
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Aqui está a continuação dessa partida: 16.Ne5 Qe7 17.f4 Rac8 18.Qf3 Rc7 19.Ne2 Bc8 20.Nd3 Nbd7 21.Nc3, e as brancas ameaçam um forte ataque na ala do Rei, começando com g4, etc. 16.e4 As brancas não somente não tentam evitar a resposta em seguida com 17.h3, mas ao contrário, tendo reconhecido sua futilidade, desejam provoca-la. 16...e5 Facilitando a tarefa do adversário, embora em qualquer caso, o jogo das brancas tecnicamente fosse vencedor. 17.dxe5 Ng4 18.e6! O mais simples. O Peão das pretas em e6 é um novo obstáculo no já trabalhoso caminho do seu desenvolvimento. 18...fxe6 19.Nd4 Nde5 20.h3 Nf6 21.f4 Nf7
22.Kh1 Esse e o próximo lance, incompreensíveis à primeira vista, formam a preparação necessária para o ataque decisivo. Eles surgiram das seguintes considerações: (1) As brancas devem vencer a partida se puderem atingir a formação: N em h5 e Q em g4. Mas esse plano é impraticável no momento, pois o adversário, após 22.e5 Nd5, ameaça ...Ne3. (2) Por outro lado, a Dama das brancas quando jogada não poderá mais defender o Cavalo em d4, que as pretas ameaçariam capturar com um xeque.
Assim sendo, o lance do texto evita essa última contingência, e o próximo lance previne a ameaça do Cavalo das pretas (...Ne3). Após essa explanação a manobra final se revela sem dificuldade. 22...a5 Sem esperanças, como todos os outros lances. 23.Rc3! Qb6 24.e5 Nd5 25.Nh5! O ponto da manobra decisiva. Se 25...Nxc3 26.Qg4 g5 27.Nf6+ Kf8 28.bxc3, e as brancas vencem. 25...Re7 26.Rg3 Nh8 27.Qd3 Ameaçando 28.Bc2 ou Bxd5, contra os quais as pretas não têm defesa. 27…Qc7
28.Bxd5! Caindo sob o feitiço de uma bela variante em mente, fui tentado a continuar aqui 28.Bd1 Nb4 29.Qh7+!! Kxh7 30.Rxg7+! Rxg7 31.Nf6+ Kg6 32.Bh5 mate. Mas como, primeiro, o lance 28...Nb4 não é totalmente forçado, e além disso, o lance do texto da mesma forma conduz ao mate, decidi a favor de uma continuação forçada e lógica. 28…exd5 29.Nf6+ Se agora 29....Kf8 30.Qh7, ou se 29...Kf7 30.Rxg7+, e mate em dois lances. As pretas abandonaram. Partida 89 Alekhine, A. - Drewitt, J. Defesa Irregular - A06 173
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1.Nf3 d5 2.b4 Uma inovação da Escola Hipermoderna (Réti, Bogoljubov, Gruenfeld, Saemisch), que tem a predileção (às vezes levada ao excesso) pelo desenvolvimento dos Bispos nas grandes diagonais. O lance 2.b4 pretende estabelecer um fianqueto de uma forma ampliada. Se as pretas, como na presente partida, responderem com ...c5, as brancas podem assegurar a maioria de Peões no centro através de 3.bxc5. Isso é de muito maior importância do que a maioria de Peões na ala da Dama, para a qual tanto é feito, embora somente ofereça chances muito problemáticas para o final da partida. 2...e6 3.Bb2 Nf6 4.a3 c5 5.bxc5 Bxc5 6.e3 0-0 7.c4 Nc6 8.d4 Bb6 Parece mais plausível 8...Bd6, embora também nesse caso as brancas obteriam um jogo muito bom através de 9.Nbd2 Re8 10.c5 Bc7 11.Bb5!. 9.Nbd2 Qe7 10.Bd3 Rd8 Se 10...Bc7, preparando ...e5, as brancas têm a escolha entre as complicações resultantes de 11.Ne5 e o lance mais simples 11.e4. 11.0-0 Bd7 12.Ne5! Tomando vantagem do fato de que a melhor casa de retirada para o Cavalo do Rei das pretas esteja ocupada pelo seu Bispo da Dama (após 12...Nxe5 13.dxe5). 12...Be8 13.f4 Rac8 14.Rc1 Nd7 Esse lance permitirá às brancas terem uma vantagem decisiva. As pretas, ameaçadas por todos os lados, já não têm um plano de defesa adequado.
15.Nxc6! Através dessa troca inesperada da sua peça melhor colocada, as brancas tomas vantagem imediata da posição restrita das peças das pretas. 15...Rxc6 Se 15...bxc6 16.c5 Ba5 (ou 16...Bc7 17.Qa4) 17.Nb3 Bc7 18.Bc3 Rb8 19.Na5 Nf8 20.Qa4, e a exploração da vantagem estratégica das brancas na ala da Dama é meramente uma questão de técnica. As pretas através do lance do texto preparam um sacrifício do Cavalo que à primeira vista parece não desprovido de chances. 16.c5 Nxc5 Praticamente forçado, pois se 16...Ba5 então 17.Nb3 Bc7 18.Bb5 ganhando a qualidade. 17.dxc5 Bxc5 As pretas conseguiram dois Peões pela peça, e parece certo capturarem ainda outro Peão, mas as brancas rapidamente concluem a partida através do sacrifício em seguida, que é o ponto do lance 15.Nxc6!. 18.Rf3 Bxa3 19.Rxc6 Bxc6
20.Bxh7+! Esse sacrifício de ambos os Bispos tem precedentes nas partidas Lasker-Bauer, Amsterdã 1889, e Nimzovitsch-Tarrasch, São Petersburgo 1914. Na presente partida seu interesse reside somente na forma na qual as brancas disfarçaram seu plano de ataque até o último momento, ocupando o seu adversário com 174
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uma demonstração na ala oposta. 20…Kxh7 21.Rh3+ Kg8 22.Bxg7! Se agora 22…f6 as brancas não ficariam satisfeitas em ganhar a Dama pela Torre e Bispo, mas jogariam 23.Bh6! Qh7 24.Qh5 Bf8 25.Qg4+ Bg7 26.Bxg7, vencendo. As pretas abandonaram.
Capítulo XXIII Partidas de Exibições e Simultâneas 1921 - 1923 Partida 90 Alekhine, A. - Teichmann, R. Gambito do Rei Recusado - C30 2ª Partida do match - Junho de 1921
1.e4 e5 2.Nc3 Nc6 Como já mencionamos, o melhor lance é 2...Nf6 seguido, se 3.Bc4, de 3...Nxe4!. 3.Bc4 Nf6 4.d3 Bc5 5.f4 d6 6.Nf3 Por transposição de lances as brancas conduziram para uma segura e muito promissora posição do Gambito do Rei Recusado. 6…Bg4 Seria mais forte 6…Be6 e se 7.Bb5, então 7...a6 8.Bxc6+ bxc6 9.Qe2 exf4!, com igualdade aproximada (Spielmann-Dr. Tarrasch, Pistyan 1922). Após o lance do texto as brancas obtêm uma ligeira vantagem posicional. 7.Na4 O único lance correto. Por outro lado, o antigo lance 7.h3 é inadequado, devido a 7...Bxf3 8.Qxf3 exf4! (mas não 8...Nd4 9.Qg3! Qe7! 10.fxe5 dxe5 11.Kd1 com jogo melhor) 9.Qxf4 (se 9.Bxf4 Nd4! 10.Qg3 Nh5) 9...Ne5, e as brancas, em vista da ameaça 10...Nh5, não têm meios de evitar a troca do seu Bispo do Rei, após o que as pretas emergem de todas as dificuldades da abertura. 7…a6
Dificilmente costumeiro, mas certamente não o melhor. O lance anterior do adversário claramente mostrou sua intenção de eliminar o Bispo da Dama, e sendo assim é fútil forçalo a fazer isso. Uma variante interessante, que é, entretanto, favorável para as brancas, seria 7...Bxf3 8.Qxf3 Nd4 9.Qd1 b5 10.Bxf7+ Kxf7 11.Nxc5 dxc5 12.fxe5, seguido por 13.00+, e as brancas teriam chances de um ataque formidável, além dos dois Peões, pela peça sacrificada. Na partida Alekhine-Tenner (um amador berlinense), jogada em Colônia 1907, as pretas continuaram 7...exf4 8.Nxc5 dxc5 9.Bxf4 Nh5 10.Be3 Ne5? 11.Nxe5 Bxd1 12.Bxf7+ Ke7 13.Bxc5+ Kf6 14.0-0+ Kxe5 15.Rf5 mate. Seria comparativamente melhor 7...Bb6 ou 7...0-0. 8.Nxc5 dxc5 9.0-0 Qe7 10.h3 Assegurando a vantagem de dois Bispos contra dois Cavalos. 10...Bxf3 11.Qxf3 0-0 12.Be3 exf4 13.Qxf4 Ne5 14.Bb3 Rae8 Mais perda de tempo, que compromete seriamente o jogo das pretas. A seguinte sequência seria igualmente desvantajosa: 14...c4 15.dxc4 Ng6 16.Qg5! Qxe4 17.Rae1 com jogo melhor. Por outro lado, 14...Rad8 claramente teria sido melhor, pois faria mais difícil o avanço dos Peões centrais das brancas. 15.Qf2! Com a dupla ameaça 16.Bxc5 e 16.Bg5. 15...Nfd7 16.Rad1 b6 17.c3 Preparando 18.d4, contra o qual aqui não há defesa. A perda da presente partida pelas pretas pode ser atribuída ao fato de que seus Cavalos não têm bases no centro, e que em posições com essas características a posse dos dois Bispos constitui-se uma vantagem decisiva para o adversário. 17...Ng6 175
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18.Qf5! O primeiro lance de um novo reagrupamento, cuja conclusão dará às brancas um jogo vencedor. O Bispo da Dama das brancas está colocado em b3, de onde exercerá pressão no Peão das pretas em f7, o qual se enfraquecerá ainda mais através da iminente abertura da coluna c após o lance e4 das brancas. Através da execução desse plano as pretas se encontrarão reduzidas a uma passividade absoluta. 18...Kh8 19.Bf2! Rd8 20.Bg3 Nde5 21.d4 cxd4 22.cxd4 Nc6 23.d5 Nce5 24.h4! Essa ameaça de ganhar uma peça obriga as pretas a enfraquecerem ainda mais a sua posição, desse modo permitindo o rompimento da Torre das brancas dentro da sua posição. 24...Qc5+ 25.Kh2 Não 25.Bf2 devido a 25.Qd6. 25...f6 Evidentemente forçado. 26.Rc1 Qd6 27.Rc6 Qe7 Se 27...Qd7 28.Qxd7 Rxd7 29.h5 Ng4+ 30.Kh3 N6e5 31.Rfc1!, vencendo. 28.Re6! Qd7 29.h5 Ne7 30.Qh3 Nf7 Novamente forçado, devido à dupla ameaça 31.Bxe5 e 31.h6. 31.Bf4 h6 32.Qc3! Nd6 Permitindo um sacrifício decisivo. Seria um pouco melhor 32...Rc8, sobre o qual as brancas teriam continuado seu ataque vencedor através de 33.Qb4 e 34.Ba4. 176
33.Bxh6! Colocando um final em toda resistência, pois se 33...gxh6 34.Rfxf6 Kg8 35.Qg3+ e mate em poucos lances. 33…Nxe4 Um lance desesperado. 34.Rxe4 Nxd5 35.Qc1! Se agora 35...gxh6 36.Bxd5 Qxd5 37.Qxh6+ Kg8 38.Rg4+ Kf7 39.Qxf6+, vencendo. As pretas abandonaram. Partida 91 Alekhine, A. - Teichmann, R. Abertura Ruy Lopez - C83 4ª Partida do match - Junho de 1921
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Nf6 5.0-0 Nxe4 6.d4 b5 7.Bb3 d5 8.dxe5 Be6 9.c3 Be7 10.Be3! 0-0 11.Nbd2 Bg4 Essa linha de defesa é inadequada, devido a seguinte manobra das brancas, inventada pelo amador holandês van Gelder. É preferível 11...Nxd2 e 12...Na5. Por outro lado, não se recomenda 11...f5 devido a 12.exf6 Nxf6 13.Ng5! Bf5 14.Nde4!, com vantagem das brancas. 12.Nxe4 dxe4 13.Qd5! Qxd5 Se 13...exf3 14.Qxc6 fxg2 15.Qxg2 Qd7 16.Qg3, e as brancas têm excelentes perspectivas de ataque na coluna aberta g. Após a presente troca das Damas, o jogo das brancas permanece um pouco superior, graças ao enfraquecimento da ala da Dama
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inimiga. 14.Bxd5 exf3 15.Bxc6 fxg2 16.Kxg2 Rad8 17.a4! Tão logo as brancas consigam jogar esse lance sem inconveniência imediata nessa variante da Ruy Lopez, elas obtêm a vantagem. 17...f6! As pretas de forma correta preferem tentar um contra-ataque, baseado na algo exposta situação do rei das brancas, ao invés de uma defesa trabalhosa e pouco promissora através de 17...Bd7. 18.axb5 Naturalmente não 18.exf6 Rxf6 19.axb5 axb5 20.Bxb5 Rg6!. 18...axb5 19.Bxb5 fxe5 20.Bc4+ Com o duplo objetivo de (1) Remover o Rei das pretas do centro, com vista no final da partida. (2) Evitar a retirada do Bispo da Dama das pretas para e6. 21...Kh8 21.f3 Bh5 22.Ra5 Através desse lance, que casualmente ataca o Peão e das Pretas, as brancas na realidade pretendem consolidar a posição do seu Rei através de Bd5 e Be4, e mais tarde fazer uso da sua maioria de Peões na ala da Dama. Para frustrar esse esquema as pretas descobrem um recurso engenhoso que apesar disso é insuficiente para igualar a partida. 22...Rd1! Aparentemente tão discreto como elegante, pois é difícil prever como as brancas, com o pouco material que lhes resta, podem assegurar a vitória no final de jogo contra forças iguais.
23.Bd5! O único caminho para manter a vantagem, pois a captura do Peão e levaria somente a um empate: 23.Rxe5 Rxf1 24.Kxf1 Rxf3+ 25.Bf2 Bh4 26.Rxh5 Rxf2+ 27.Kg1 Rf4. 23...Rxf1 24.Kxf1 Bxf3 25.Bxf3 Rxf3+ 26.Ke2 Rf8 27.Kd3! O primeiro lance de um plano estratégico vencedor – as brancas, ao invés de capturar o Peão e inimigo, preferem imobilizá-lo e fazer uso do limite do raio de ação do Bispo do Rei das pretas, após o que o avanço dos Peões das brancas na ala da Dama decidirá a partida a seu favor. 27...Kg8 Se as pretas tivessem reconhecido em tempo as intenções do adversário e os perigos a que estavam expostas, é provável que de forma imediata se livrassem do Peão embaraçoso através de 27...e4+!, que lhes ofereceria algumas chances de empate. 28.Ke4! Rb8 Após esse lance inútil o jogo das pretas se torna sem esperanças. Mas até mesmo o melhor lance no final se mostraria como inadequado, por exemplo: 28...Rf1 29.Kd5 (não 29.Ra7 Re1 ameaçando 30...Rxe3+) 29...Kf7 30.Ra7. 29.b4 Kf7 30.b5 O avanço do Peão agora se torna irresistível. 30...Ke6 31.c4 Kd7 32.Ra7 Bd6 Na vã esperança de sacrificar o Bispo por dois Peões após 33.c5. 33.Kd5! Preparando o próximo lance que, se jogado direto, não seria tão forte devido à resposta 33...Kc6. 33...e4 Muito tarde!
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
34.b6! Decisivo, pois se 34...Bxh2 35.c5 Kc8 36.Kc6 cxb6 37.Rxg7!, vencendo. 34…Rf8 35.c5 Rf5+ 36.Kc4, e as pretas abandonaram. Partida 92 Alekhine, A. - Saemisch, F. Abertura Inglesa - A24 Partida de Exibição, Berlim, Julho de 1921
1.c4 e5 Ao responder 1.c4 com 1…e5 as pretas acomodam as brancas em seu desejo de jogar uma Siciliana com um lance à frente. Como uma resposta ao primeiro lance das brancas as pretas têm a escolha entre várias boas continuações: 1...Nc6, 1...e6, 1...f5, a Defesa Holandesa sendo mais jogável por elas devido ao fato de que as brancas já avançaram seu Peão a c4. 2.Nc3 Nf6 Também deve ser considerado 2...Nc6, com a intenção de desenvolver o Cavalo do Rei a e7, após o fianqueto do Bispo do Rei. É verdade que contra esse lance as brancas não são obrigadas a responderem 3.g3, notando que 3.Nf3 seguido de 4.d4 parece preferível. 3.g3 g6 A respeito de 3...d5, veja a Partida 8. 4.Bg2 Bg7 5.Nf3 d6 6.d4 exd4 Seria preferível manter intacta a posição dos Peões, jogando 6...Nbd7, livre para importunar em um momento mais oportuno. 7.Nxd4 0-0 8.0-0 Nbd7 9.b3! Em uma posição análoga, salvo por não ter ocorrido a troca dos Peões centrais, joguei o lance mais fraco 8.Qc2 contra Réti em Pistyan 1922, após o que as pretas igualaram a partida através de 8...dxe4 Nxd4 Nb6 10.Qd3 d5!. O lance 9.b3 provavelmente seja o único a manter uma vantagem apreciável. 9...Nc5 10.Bb2 Re8 11.Qc2 Ne6 12.Rad1 178
Seria melhor 12.Nf3. A posição das pretas é tão restrita que as brancas devem procurar evitar qualquer troca capaz de aliviar esse constrangimento. 12...Qe7 Pelas razões acima, 12...Nxd4 seria a melhor alternativa. 13.Rfe1 Rb8 14.Nf3! Qf8 A posição das pretas, embora livre de fraquezas, é quase sem recursos, devido à ausência de espaço para as suas peças, que obstruem umas às outras. Sob tais condições, geralmente é impossível estabelecer um plano de defesa adequado, e a perda da partida é apenas uma questão de tempo. 15.e4 Nd7
16.Ba3! O início de uma manobra decisiva, cuja finalidade termina no ganho de um Peão, com uma posição dominadora. As brancas agora por um lado ameaçam 17.e5, e por outro lado 17.Nd5 ou Nb5, seguido de 18.Nxc7 e Bxd6. Assim sendo, o próximo lance das pretas é forçado. 16...Ne5 17.Nxe5 Bxe5 18.f4 Bd4+ 19.Kh1 Qg7 As pretas estavam ameaçadas por f5. 20.Nd5 Bf6 Ou 20...c5 21.f5 Nf8 22.fxg6 hxg6 23.Rxd4 cxd4 (se 23...Qxd4 24.Bb2) 24.Bxd6, e as brancas recuperam a qualidade com um Peão a mais. 21.Nxf6+ Qxf6 22.Bb2 Qe7 23.Qc3 O mais simples. As brancas conduzem a
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Parte II - Partidas entre 1920 e 1923
um final com dois Bispos e um Peão contra Bispo e Cavalo. 23...f6 24.Qxf6 Qxf6 25.Bxf6 b5 Uma tentativa desesperada de libertar as suas peças, mas na realidade meramente facilitando a tarefa das brancas. 26.cxb5 Rxb5 27.e5 dxe5 28.Bxe5 Não 28.Bc6 Bb7. 28...Bb7 29.Bxb7 Rxb7 30.Rd7 h5 31.Red1! Ao invés de jogar 31.Rf1 as brancas procuram ganhar tempo, reservando essa possibilidade até após o lance plausível das pretas ...Kf8, quando não teriam mais a defesa ...Rf8 à sua disposição. 31...Kf8 32.Rf1 Re7
33.f5! Ganhando um segundo Peão e desse modo a partida. 33…gxf5 Claramente forçado, pois 33...Rxd7 34.fxe6+ ganharia uma peça. 34.Rxf5+ Ke8 35.Rxe7+ Kxe7 36.Rxh5, e as pretas abandonaram. Partida 93 Wegemund/Brenner/Friedrich/Deissner - Alekhine, A. Defesa Siciliana - B40 Partida com Consulta, Berlim 1921
1.e4 c5 2.Nf3 e6 3.d4 cxd4 4.Nxd4 Nf6 5.Bd3
Isso permite às pretas obterem pelo menos um jogo igual através do avanço dos Peões centrais. O lance correto é 5.Nc6 (veja a Partida 60). 5...Nc6 6.Be3 d5 7.Nd2 e5 8.N4f3 h6! Um bom lance. A ameaça 8...d5 obriga as brancas a enfraquecerem sua posição através do avanço do seu Peão c, a menos que não se importem em abandonar o centro imediatamente através de 9.exd5. 9.c3 Be7 10.0-0 0-0 11.Qe2 Be6 12.Rfd1 Qc7 13.exd5 Praticamente forçado, pois as pretas ameaçam 13...dxe4 14.Nxe4 Nxe4 15.Bxe4 f5, com perspectivas formidáveis de ataque. 13…Nxd5 14.Ne4 Na5! Seria prematuro 14...f5, pois após 15.Nc5 Bxc5 16.Bxc5 Nf4 17.Qf1 as pretas não teriam vantagem apreciável, enquanto após o lance do texto a ameaça ...f5 se torna ainda mais ofensiva. 15.Bd2! Se 15.b4 o Cavalo das pretas simplesmente se retiraria para c6 e as brancas meramente enfraqueceriam a sua ala da Dama. O lance do texto contém uma armadilha. Se, por exemplo, 15...f5, então 16.Ng3 e4 17.Nxe4 fxe4 18.Qxe4 vencendo. 15...Rae8! Esse lance fortalece a posição central, e sua proposta em breve se tornará clara. 16.Ng3 Bd6 17.Nf5 As brancas, absorvidas pela ameaça latente ...f5, não percebem outro perigo. O melhor lance aqui seria 17.Nh4 Nf4 18.Bxf4 exf4 19.Ne4 Be7 20.Nf3 Bg4!, após o que as pretas obteriam jogo melhor devido aos seus dois Bispos. 17...Bxf5 18.Bxf5 e4! 19.Nd4 Se 19.Bxe4, então 19...Nf6 ganha uma peça. 19...Bxh2+ 20.Kh1 Bf4 As pretas ganharam um Peão, mas esse ganho não foi sem dificuldades. As brancas, através do seu próximo lance, introduzem novas complicações, e procuram pescar em águas turbulentas. 179
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21.c4! Após 21.Bxe4 a vitória teria sido bastante fácil para as pretas: 21...Bxd2 22.Rxd2 Nc4 23.Rc2 Nde3 24.fxe3 Rxe4 25.Nf5 Qe5 26.Qf3 Nxe3 27.Re2 Nf1!, vencendo. Ao passo que agora, após o lance do texto, as pretas foram obrigadas a fazerem cálculos longos e elaborados antes de se decidirem sobre a variante de sacrifício em seguida. 21...Nxc4! 22.Rac1 b5! A preliminar necessária ao contra-ataque em seguida. Se agora 23.Nxb5, então 23...Qe5!, e as pretas estão fora de todas suas dificuldades com um Peão a mais. 23.b3
23...e3! Salvando a peça ameaçada, e ao mesmo tempo colocando em perigo a posição do Rei das brancas, que lhes permite lançar um ataque de mate. 24.fxe3 Ndxe3 25.Bxe3 Bxe3 26.Nxb5 180
Qg3! O ponto da combinação. Ao contrário, 26...Qe5 seria insuficiente, devido a 27.Rxc4 Qxb5 28.Bd7 ganhando a qualidade, ou 27...Qxf5 28.Nd6. 27.Qxc4 É manifesto que se 27.R ou bxc4, o próximo lance das pretas vence direto. 27…Bf4 28.Kg1 Agora as brancas têm uma peça a mais e parece que as pretas só têm xeque perpétuo através de 28...Be3+ 29.Kh1 Bf4 30.Kg1, uma vez que 28...Qh2+ 29.Kf2 Bg3+ 30.Kf3 não decide a partida. Através dos seus próximos dois lances as pretas, entretanto, demonstram toda a importância do seu sacrifício de Cavalo. 28…Re5! Para ocupar a casa h5 com a sua Torre. As brancas não podem evitar esse plano sem submeterem-se a uma decisiva perda de material. 29.Nd6 Se 29.Qd3 Qh2+ 30.Kf2 Bxc1 seguido de …Qf5+, vencendo.
29…g6! Esse lance tranquilo vence direto. As brancas são obrigadas ou deixar o seu Bispo en prise (que enfraqueceria o ataque das pretas só momentaneamente), ou permitir as pretas continuem o plano que se traçaram. 30.Bh3 Be3+ 31.Kh1 Rh5 E as brancas estão sem defesa contra a ameaça 32...Rxh3+. Se 32.Qe2 ou Qf1,
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Parte II - Partidas entre 1920 e 1923
então 32...Bf4 33.Kg1 Rxh3 e mate em poucos lances. As brancas abandonaram. Partida 94 Fleissig/Stahelin - Alekhine, A. Abertura Escocesa - C45 Partida com Consulta, Basle, Março de 1922
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.d4 exd4 4.Nxd4 Bc5 Esse lance é mais antigo e no geral menos certo do que 4...Nf6, que conduz à igualdade, mas por outro lado tem a vantagem de engendrar variantes mais animadas. 5.Be3 Bb6 Introduzido por Lasker contra Mieses em São Petersburgo 1909, em lugar da continuação usual até então, 5...Qf6 6.c3 Nge7. Deve ser registrado que o lance de Blumenfeld 6.Nb5 (ao invés de 6.c3) 6...Bxe3 7.fxe3 Qh4+ 8.g3 Qxe4 9.Nxc7+ Kd8 10.Nxa8 Qxh1 11.Qd6 Nf6! 12.Nd2 Ne8 13.Qa3 Qxh2 14.0-0-0 Qxg3, com vantagem para as pretas. 6.c3 Mas na presente posição esse lance não é mais necessário, e meramente obstrui a melhor casa de desenvolvimento para o Cavalo da Dama. As brancas deveriam jogar 6.Nc3 Nge7 7.Be2 seguido de 8.Qd2 e depois 0-0-0 com uma partida muito boa (Spielmann-Dr. Lasker, Breslau 1912). 6...Nge7 7.Be2 0-0 8.0-0 d6 9.Nd2 f5! A abertura da coluna f rende às pretas uma iniciativa de longa duração, sem quaisquer resultados negativos. 10.exf5 Bxf5 11.Re1 O controle da coluna e, entretanto é somente de pouco valor para as brancas, como poderemos reconhecer mais tarde. Mas mesmo após 11.Nxf5 Nxf5 12.Bxb6 axb6 as brancas permaneceriam com jogo inferior. 11...Nxd4 12.Bxd4 Bxd4 Não 12...c5 13.Be3 d5 devido a 14.Bg5. 13.cxd4 Kh8
As pretas estavam ameaçadas de 14.Qb3+, seguido por 15.Qxb7. 14.Nf3 c6! Prevenindo 15.d5, seguido pela manobra do Cavalo das brancas com objetivo na casa e6. 15.Rc1 Ng6 16.Rc3 Qf6 As pretas mobilizam todas suas forças disponíveis antes de desencadear um ataque contra os pontos fracos da posição inimiga (f2 e g2). 17.Bd3 Para trocar o Cavalo perigoso as pretas devem jogar 17...Bg4 imediatamente. 17...Nf4! 18.Bc2 Isso permite às pretas forçarem a vitória em poucos lances. Seria algo melhor 18.Bxf5, embora também nesse caso o ataque das pretas deve inevitavelmente terminar vitorioso. 18...Bg4 O lance 18...Qg6 seria inadequado contra 19.Nh4!. 19.Rce3 Agora as brancas se encontram sem defesa contra a próxima manobra. 19...Nh3+! 20.Kf1
20...Qh4! O único lance que força uma vitória imediata. Seria insuficiente 20...Ng5 devido a 21.Qd3 g6 22.Bd1. 21.Qe2 Ou 21.Qd2 Bxf3 22.Rxf3 Rxf3 23.gxf3 Nf4, vencendo. Se 21.g3 Qh5 seguido de 181
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22…Ng5. 21...Qh5 Ameaçando 22...Ng5 ou 22...Nf4, contra os quais as brancas não têm defesa. 22.Qd3 Nf4 23.Qe4 Nxg2! Se agora 24.Kxg2 Qh3+ 25.Kg1 Bxf3 26.Rxf3 Rxf3 27.Qe8+ Rf8, e as pretas vencem. As brancas abandonaram. Partida 95 Alekhine, A. - Golmayo, M. Abertura do Peão da Dama - A54 Partida de Exibição, Madri, Maio de 1922
1.d4 Nf6 2.c4 d6 3.Nf3 Nbd7 A continuação usual na prática é 3...g6 seguido por 4...Bg7, 5.0-0 e 6...Nc6. 4.Nc3 e5 5.g3! O melhor sistema de desenvolvimento nessa variante. 5...Be7 6.Bg2 0-0 7.0-0 Re8 8.b3 c6 Ameaçando 9...e4 seguido de 10...d5, que as brancas evitam direto. 9.Qc2 Bf8 10.e4! exd4 As pretas já são obrigadas à rendição no centro, para desembaraçar suas peças e desenvolver sua ala da Dama. 11.Nxd4 Qc7 12.Bb2 a5 Claramente com o objetivo de assegurar a casa c5 para seu Cavalo, sem permitir ser desalojado por b4. 13.h3 Nc5 14.Rae1 Bd7 15.f4 Ne6 16.Nf5! Tendo a maior liberdade de ação, as brancas devem evitar qualquer troca capaz de aliviar o jogo do inimigo. 16...Nc5 17.Ne3 Mas aqui 17.g4, ao invés da retirada do Cavalo, seria mais simples e ao final conduziria a um ataque vencedor, sem grandes complicações. Enquanto após o lance do texto, as pretas conseguem envolver um contra-ataque muito 182
interessante. 17...Re7! 18.g4 Assim sendo, não há nada melhor do que esse lance. 18...Rae8 19.Nf5 Como podemos ver, as brancas perderam dois lances. A segunda fase da partida só será mais animada devido a isso. 19...Bxf5 20.gxf5 b5! Corajoso, mas calculado de forma muito precisa. As brancas são obrigadas a jogar com muito cuidado para manter a sua vantagem. 21.cxb5 cxb5 Se agora 22.Nxb5 Qb6 com vantagem para as pretas.
22.e5! A resposta correta para a manobra iniciada com 20...b5. Se agora 22...dxe5 23.fxe5 Rxe5 24.Nxb5 Qb6 25.Rxe5 Rxe5 26.Bxe5 e o xeque descoberto das pretas seria perfeitamente inofensivo, devido à resposta 27.Bd4. Assim sendo, o próximo lance das pretas novamente é o melhor. 22...Ncd7! 23.Qf2 Com a dupla ameaça 24.Nxb5 e 24.exf6. As pretas consequentemente não têm escolha de resposta. 23...dxe5 24.Nxb5 Qb8 Se 24...Qd8 ou ...Qc8, então claramente 25.Nd6.
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Parte II - Partidas entre 1920 e 1923
As brancas ganham outra peça através desse belo lance. 32...gxf6 33.Bxd7 Rxd7 34.Qg4+, e as pretas abandonaram. Partida 96 Torres Caravaca, J. - Alekhine, A. Abertura Ruy Lopez C79 Partida de Exibição, Sevilha, Junho de 1922
25.Na7! O ponto da manobra iniciada através de 22.e5!. As pretas devem perder pelo menos a qualidade, mas preferem corretamente sacrificar a Dama por Torre e Bispo, que teria de fato lhes rendido alguns recursos defensivos, tivesse oferecido a ocasião. 25...exf4 26.Nc6 Rxe1 27.Nxb8 R1e2 28.Nxd7! Nxd7 Se 28...Rxf2, então 29.Nxf6+ gxf6 30.Rxf2 (mas não 30.Kxf2 Bc5+ 31.Kf3 Re3+ 32.Kxf4 Re2) 30...Bc5 31.Kf1, e as brancas vencem sem dificuldades. 29.Qxf4 Rxb2 30.Bc6! O único lance para vencer. 30...Bc5+ 31.Kh1 Re7 Seria um pouco melhor 31...Re3, embora também nesse caso as brancas venceriam como segue: 32.Qh4! Ree2! 33.Qd8+ Nf8 34.Qc7! Re3 35.Bf3 Rc2 36.Qxa5.
32.f6!
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Nf6 5.0-0 d6 Esse lance, elogiado por Rubinstein, parece-me menos sólido do que 5...Be7, pois as brancas têm à sua disposição várias boas continuações e podem obter um empate através de uma variante forçada (compare o próximo comentário). 6.Bxc6+ Essa troca, no entanto, não pode ser elogiada. As brancas fariam melhor em adotar uma das seguintes continuações: (1) 6.c3 e se 6...Nxe4 7.d4, com um belo ataque; (2) 6.Qe2; (3) 6.d4 e se 6...b5 7.Bb3 exd4 8.c3!, sacrificando um Peão pelo ataque. Essa linha de jogo foi jogada com sucesso por Yates contra Rubinstein em duas ocasiões (Londres 1922 e Carlsbad 1923). (4) 6.Re1 b5 7.Bb3 Na5. Uma partida Aurbach-Alekhine, jogada em Paris 1922, continuou assim: 8.d4 Nxb3 9.axb3 Bb7 10.dxe5 Nxe4 11.exd6 Bxd6 12.Qd4! Qe7 13.Nc3! (não 13.Qxg7? 0-0-0 14.Bg5 Nxg5! e vencem) 13...f5 14.Bg5 Qd7 (se 14...Qf7 dado no Collijn´s Lärobok 15.Nxe4 fxe4 16.Rxe4+! Bxe4 17.Qxe4+ Kd7 18.Rd1 e vencem) 15.Nxe4 fxe4
183
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Diagrama de análise 16.Rxe4+! Bxe4 17.Qxe4+ Kf7 18.Re1! Rae8! 19.Qd5+ Kf8 20.Re5! Rxe5 21.Nxe5 Qe8 22.Qf3+ Kg8 23.Qd5+, e as brancas empataram por xeque perpétuo. 6...bxc6 7.d4 Nxe4! 8.Re1 f5 9.dxe5 d5 Agora as pretas sem dúvida têm o melhor jogo, com os seus dois Bispos e o Cavalo fortemente colocado no centro. 10.Nd4 Bc5 11.c3 Necessário cedo ou tarde para desenvolver o Cavalo da Dama em d2 sem deixar en prise o Cavalo do Rei pelo Bispo do Rei das pretas. 11...0-0 12.f4 Seria bem melhor desalojar o Cavalo das pretas através de 12.f3 e então jogar 13.f4. Mesmo assim, nessa posição bloqueada, o ganho de um tempo dificilmente é capaz de melhorar suficientemente o seu jogo. 12...Qe8 13.Be3 Bb6 14.Nd2 Bb7 Em perfeita segurança as pretas preparam o avanço dos seus Peões centrais permitindo assim aos Bispos exercerem pressão no Rei inimigo. 15.N2f3 Rd8 16.Qc2 c5 17.Nb3 Seria preferível direto 17.Ne2, sobre o qual as pretas provavelmente continuariam 17...Kh8 e 18...Rg8, preparando a abertura da coluna g através de ...g5. O lance do texto permite às pretas aumentarem sua pressão no centro em uma extensão ainda maior. 17...c4! Aproveitando o fato de que as brancas não podem jogar 18.Bxb6 devido a 18...cxb3. 184
18.Nbd4 c5 19.Ne2 Qc6 20.Rad1 h6! Em continuação ao plano acima mencionado. 21.Rf1 Kh8! Para que o Peão c não possa ser capturado pela Dama inimiga com um xeque, no caso de ...d4, uma precaução cuja intenção aparecerá mais tarde. 22.Kh1 Qg6 As pretas pretendem ocupar h5 com a sua Dama, que faria o avanço do Peão g ainda mais efetivo. 23.Neg1 Através da tentativa de evitar esse avanço estrategicamente decisivo, as brancas permitem ao seu adversário concluir a partida com uma bela combinação, baseada sobre a ação oculta do seu Bispo da Dama na grande diagonal. 23...Qh5 24.Nh3
24...d4! Permitindo o sacrifício da Dama no 28º lance, graças ao qual as pretas ganham uma peça ou forçam o mate. 25.cxd4 cxd4 26.Bxd4 Bxd4 27.Rxd4 Rxd4 28.Nxd4 Qxh3! 29.gxh3 Nf2+ 30.Kg1 Nxh3 mate. Partida 97 Alekhine, A. - Saemisch, F. Defesa Siciliana - B30 Partida às Cegas, Berlim, Fevereiro de 1923
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Parte II - Partidas entre 1920 e 1923
1.e4 c5 2.Nf3 Nc6 3.Be2 No Torneio de Viena 1922, jogando contra o mesmo adversário, tinha jogado 3.d4 (veja a Partida 76). O lance do texto indica a intenção de rocar, antes de iniciar qualquer ação no centro. 3...e6 4.0-0 d6 Após 4...d5 5.exd5 exd5 6.d4, o Peão d das pretas estaria isolado e portanto fraco. 5.d4 cxd4 6.Nxd4 Nf6 7.Bf3! As brancas atrasam o lance plausível 7.Nc3 para primeiro jogarem c4, prevenindo assim todos contra-ataques na coluna c. 7...Ne5 Para assegurar a vantagem dos dois Bispos, que é bastante ilusória nessa posição. Mas essa manobra perde tempo valioso que seria melhor utilizado ao jogar ...Be7, ...0-0 e ...Bd7, etc. 8.c4! Nxf3+ 9.Qxf3 Be7 10.Nc3 0-0 11.b3 A ocupação da grande diagonal sendo ameaçada, as pretas preparam para opor seu Bispo do Rei, uma manobra que, entretanto, implica em mais perda de tempo. 11…Nd7 12.Bb2 Bf6 13.Rad1 a6 Prevenindo o ameaçado Ndb5, mas em qualquer caso, seu Peão d permanece permanentemente fraco. 14.Qg3 Qc7 15.Kh1! Uma preliminar necessária à manobra decisiva começando com o avanço do Peão f. 15…Rd8 16.f4 b6 17.f5! A vantagem posicional e as chances de ataque já são tão grandes que o abandono da casa e5 ao adversário não pode apresentar qualquer inconveniência estratégica. Além disso, o lance do texto, se as pretas respondê-lo da maneira mais plausível, se mostrará o prelúdio de uma bela combinação final. 17…Be5 O jogo das pretas é insustentável, pois o ataque das brancas já é muito forte, por exemplo: 17...Bxd4 18.Rxd4 Ne5 19.f6 Ng6 20.Ba3!, com vantagem decisiva para as brancas.
18.fxe6!! O sacrifício de Dama, que as pretas são obrigadas a aceitar, decide a partida em poucos lances. 18…Bxg3 Se 18…fxe6 Nxe6. 19.exf7+ Kh8 Também forçado. 20.Nd5!!
O ponto inteiro do sacrifício! Não seria tão bom 20.Ne6 Qb8 21.Nd5 Be5, e as pretas ainda poderiam se defender, enquanto após o lance do texto elas permanecem sem defesa, como mostram as seguintes variantes: I – 20...Qb8 21.Nc6 Be5 (se 21...Qb7 22.Nxd8, etc.) 22.Bxe5 dxe5 23.Nxb8 Rxb8 24.Nc7! Rf8 25.Ne6 seguido de 26.Rxf8 e 27.Rd8, e as brancas vencem; II – 20...Qa7 21.Nc6 Be5 22.Bxe5 dxe5 23.Nxa7 Rxa7 24.Nxb6 Rf8 25.Nxc8 Rxc8 26.Rxd7, e as brancas vencem; III – 20…Qb7 21.Ne6 Be5 22.Nxd8, e 185
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as brancas vencem; IV - 20...Qc5 21.Ne6 Be5 22.Bxe5 dxe5 23.Nxc5 bxc5 24.Nc7 Rb8 25.Ne8!, e as brancas vencem. Como pode ser visto, em todas essas variantes o Peão f das brancas é mais forte do que a Dama das pretas! Partida 98 Alekhine, A. - Prils/Blaut Abertura Ruy Lopez - C84 Partida com Consulta, Antuérpia, Fevereiro de 1923
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Nf6 5.Nc3 Esse lance, especialmente recomendado pelo Dr. Tarrasch, dá às brancas um jogo seguro e sólido, mas as pretas, verdade seja dita, não têm muito a temer nessa variante. 5...Be7 Também havia a escolha entre esse lance, que na prática é o mais usual, e 5...Bc5, que igualmente é jogável (veja a Partida 74). 6.0-0 b5 7.Bb3 d6 8.a4 O objetivo principal desse lance é evitar a troca do Bispo do Rei das brancas pelo Cavalo da Dama das pretas, uma troca que seria inevitável após 8.d3 Na5; mas a perda de tempo que isso implica cria novos problemas para as brancas. Assim sendo, é admissível que a manobra de Svenonius, 8.Ne2 Bg4 9.c3, seja preferível ao lance do texto. 8...b4! Muito melhor do que 8...Rb8, que entrega a coluna a para as brancas (veja a Partida 66). 9.Nd5
186
9...0-0 O mais simples, e também talvez o melhor. Além do roque, as pretas também poderiam adotar uma das seguintes três variantes: I – 9...Nxe4 10.d4 0-0 11.Re1 Nf6 12.Nxe7+ Nxe7 (se 12...Qxe7 13.Bg5 com jogo melhor) 13.dxe5 dxe5 14.Qxd8 Rxd8 15.Nxe5, com vantagem para as brancas; II – 9...Rb8 10.d4 Bg4 11.c3 0-0 12.Bc4! (mas não 12.Re1 bxc3 13.bxc3 exd4 14.cxd4 Bxf3 15.gxf3 Nxd4 ganhando um Peão para as pretas, mas dando ligeira vantagem posicional para as brancas – Marco-Alekhine, Pistyan 1922); III - 9...Na5 10.Nxe7! (não 10.Ba2 Nxd5 11.Bxd5 c6 12.Ba2 c5 13.c3 Rb8 14.Bd5 0-0 15.d4 exd4 16.cxd4 c4, com vantagem marcante para as pretas – AlekhineBogoljubov, Pistyan 1922) 10...Qxe7 11.d4! Nxb3 12.cxb3 Nxe4! 13.dxe5 Bb7 14.exd6 Qxd6 com jogo igual. 10.d4 Esse lance é prematuro na presente posição. As brancas em breve se encontrarão na necessidade de sacrificar um Peão por uma iniciativa problemática. O Collijn’s Lärobok aqui recomenda corretamente 10.Re1, e se 10...Bg4 então 11.c3 (preparando 12.d4), com um jogo satisfatório. 10...Bg4 11.c3 O lance 11.dxe5 Nxe5 evitaria a perda do Peão, mas transferiria o ataque para as pretas. Através do lance do texto as brancas, enquanto mantêm a sua pressão central, esperam mais tarde o benefício de uma fraqueza certa na ala da Dama do adversário. 11...bxc3 12.bxc3 Nxe4 13.Re1 Se 13.Nxe7+, as pretas poderiam responder 13...Qxe7, pois se então 14.Bd5? Nxc3. 13...Nf6 14.h3 Obrigando o adversário, se quiser manter o Peão que ganhou, a abandonar a ideia de utilizar o seu Bispo da Dama mais tarde para
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Parte II - Partidas entre 1920 e 1923
garantir a defesa das casas fracas na sua ala da Dama. 14...Bh5 15.Nxf6+ A tentativa de recuperar o Peão através de 15.g4 Bg6 16.Nxe7+ Qxe7 17.dxe5 Nxe5 18.Nxe5 dxe5 19.Ba3 c5 20.f4 Rfd8 21.Qc1 Qb7! por último terminaria em derrota das brancas. Através do lance escolhido, as brancas abandonam isso de forma definitiva, mas têm perspectivas de uma vantagem posicional resultante na sequência. 15...Bxf6 16.Bd5 Qd7 17.a5 Ameaçando ganhar uma peça através de 18.Qa4. 17...Rad8 18.Qd3 Nb8 O distanciamento desse Cavalo, que permanecerá nessa casa inútil até a conclusão da partida, é uma compensação substancial pela inferioridade material das brancas. 19.Ba3 Rfe8 20.Be4 Já tendo em mente o sacrifício do segundo Peão em seguida. 20...Bg6 Não 20...h6 devido a 21.g4. 21.Bxg6 hxg6 22.d5!
22...e4 O momento crítico da partida. As pretas quem, até o momento, jogaram com estilo irretocável, permitem-se desgarrar por uma nova captura que ao final se provará fatal para elas.
Fariam melhor se tentassem libertar a sua ala da Dama através de 22...c6, após o que a partida provavelmente resultaria em um empate, por exemplo: 22...c6 23.Rad1 cxd5 (se 23...c5 24.Re4! seguido de 25.Rb1) 24.Qxd5 Qc6 25.Qxc6 Nxc6 26.Rd5! (melhor do que 26.Rxd6) e mesmo que as pretas pudessem manter a sua vantagem material teriam somente ligeiras chances de vitória, em vista da posição das peças das brancas. 23.Rxe4 Rxe4 24.Qxe4 Bxc3 Agora o Peão a das brancas é insustentável, pois se 25.Ra2 Bxa5 26.Bxd6 Bb6! e as pretas no final ganhariam o Peão d. Mas essa captura removerá da ala do Rei a única peça que lhe garantiria uma defesa adequada, e as brancas se aproveitam desse tempo para lançarem um ataque muito forte contra a posição enfraquecida do rei das Pretas. 25.Rc1! Bxa5 Após 25...Bf6 os Peões em a6 e c7 obviamente estariam muito fracos. 26.Bb2! Ameaçando 27.Ng5, pois a resposta das pretas 27...Bd2 antes temível, não pode mais se realizar, devido a 28.Qd4!. 26...Re8 Para jogar 27...f6. 27.Qh4 f6 28.Nd4! As brancas não temem a troca das Torres, pois após 28...Re1+ 29.Rxe1 Bxe1 30.Qe4! recuperariam um dos Peões sacrificados, enquanto manteriam sua pressão poderosa sobre a posição adversária. 28...Kf7 Reconhecendo o perigo ameaçado pela incursão do Cavalo das brancas em e6, as pretas meramente preparam um sacrifício da qualidade. De fato, após 29.Ne6 Rxe6 30.dxe6+ Qxe6, as brancas não teriam mais qualquer continuação satisfatória de ataque, e os dois Peões centrais das pretas venceriam no final. 187
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
29.Rc4!! Esse lance, que é resultado de uma análise cuidadosa, é o único que oferece perspectivas de um ataque vitorioso, porque evita o sacrifício da qualidade. Por exemplo, 30.Ne6 Rxe6 31.dxe6+ Qxe6 32.Re4 Qf5 (ou Q em qualquer outra casa) 33.Bxf6!, vencendo. Assim sendo, as pretas não podem evitar o Cavalo das brancas ocupar a casa e6, e a partir desse momento o ataque das brancas se torna irresistível. 29...Re5 30.Ne6! Rh5 Se 30...Rxd5, as brancas vencem através de 31.Nxg7!. 31.Qe4 Qe7 E se agora, ou no próximo lance, ...Rxd5, então 32.Nd8+! ganha uma Torre. 32.Qd3! Preparando a ação decisiva da Torre na quarta fileira. 32...Bb6 Ou 32...Nd7 33.Re4 Ne5 34.Qxa6 Bb6 35.Qc8 com um ataque vencedor para as brancas. 33.Re4 Qd7 34.g4! Rh8 35.Rf4! Esse lance deixa as pretas sem defesa contra as ameaças 36.Bxf6, 36.Nxg7 e 36.g5. 35...Re8
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36.Bxf6! gxf6 Essa captura leva ao mate. As pretas escapariam do perigo imediato através de 36...Rxe6, mas após 37.dxe6+ Qxe6 38.Bd4+ Kg8 39.Bxb6 cxb6 40.Re4!, seu jogo seria sem esperanças. 37.Rxf6+! Kxf6 Se 37...Ke7 38.Qxg6! e mate em dois lances. Ou se 37...Kg8 38.Qxg6+ Kh8 39.Qh5+ Kg8 40.Rg6+ e mate em seguida. Após o lance do texto as brancas anunciam mate em três lances através de 38.Qc3+ Bd4 39.Qxd4+ Kf7 40.Qg7 mate. Partida 99 Alekhine, A. - Muffang, A. Gambito da Dama Recusado - D34 1ª Partida do match, Paris, Fevereiro de 1923
1.d4 d5 2.c4 e6 3.Nf3 c5 Essa variante, favorecida por Tarrasch, é desvantajosa para as pretas, caso as brancas adotem o sistema Rubinstein (g3 e Bg2), como na presente partida. 4.cxd5 exd5 5.g3 Nc6 6.Bg2 Nf6 7.0-0 Be6 Após 7…Be7 as brancas têm a escolha entre a linha de jogo adotada nessa partida, e a continuação 8.dxc5 Bxc5 9.Nbd2, seguido de 10.Nb3, colocado em prática com sucesso por Saemisch contra o Dr. Tarrasch (Torneio de Carlsbad 1923). 8.Nc3 Be7 9.dxc5 Bxc5 10.Na4! Essa nova continuação, introduzida por Réti contra o Dr. Tarrasch no Torneio de Pistyan 1922, objetiva a ocupação, de uma vez por todas, da casa d4, de importância vital na variante Tarrasch. Essa inovação, na minha opinião, constituise um fortalecimento notável da variante Rubinstein. 10…Be7 11.Be3 0-0 O Dr. Tarrasch continuou 11...b7 na sua partida contra Réti, sem, entretanto, obter um jogo satisfatório. Aqui está a continuação da partida: 12.Nd4 Nxd4 13.Bxd4 Qd7
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Parte II - Partidas entre 1920 e 1923
14.Nc3 Rd8 15.Qb3 0-0 16.Rfd1, e a vantagem das brancas é óbvia. 12.Nc5 Esse lance é suficiente para render às brancas uma pequena vantagem. É provável, entretanto, que 12.Nd4 primeiro daria a elas uma vantagem mais notável. 12...Ne4! Comparativamente o melhor. As brancas evidentemente não podem capturar o Peão b devido a 13...Qc7. A liquidação em seguida reduz as chances de vitória das brancas, que constituirão somente nas fraquezas centrais dos Peões adversários e a ligeira vantagem do Bispo contra o Cavalo nesse tipo de posição, onde não há o bloqueio de Peões. 13.Nxe6 fxe6 14.Nd4 Nxd4 15.Bxd4 Por outro lado, a vantagem dos dois Bispos é ilusória, pois como é claro após ...Bf6, as brancas não podem evitar a troca do seu Bispo da Dama. 15...Nd6 16.Qb3! Já ameaçando 17.e4. 16...Bf6 17.Rad1 Bxd4 18.Rxd4 Qf6 19.e3! Preparando 20.Rf4!, que não seria tão forte se jogado direto, devido a 19...Qe5. 19...Rac8 20.Rf4! Qe7 A fraqueza do agrupamento dos Peões das pretas em e6 e d5 é sentida ainda mais pelo Bispo do Rei adversário dominar as casas brancas. O lance plausível 20...Qe5 seria muito ruim devido à resposta sutil 21.Qa4!, atacando o Peão a e ameaçando entrar em d7 com efeito decisivo. 21.Rxf8+ Kxf8 Novamente o melhor. Se 21...Qxf8, então 22.e4!, ou se 21...Rxf8 22.Rc1 Rc8 23.Rxc8+ Nxc8 24.e4!, e o Bispo do Rei das brancas entra em ação com efeito muito grande. 22.Rd1 Kg8 Essa retirada do Cavalo das pretas para a casa que ocupava na origem pretende dificultar a ameaçada 23.Qd3 seguido por 24.e4, etc.
Isso entretanto capacitará as brancas a forçarem o ganho de um Peão através de uma manobra oculta. Seria melhor 22...a6, prolongando a resistência. 23.Qa3! Após esse lance as pretas não têm defesa contra a dupla ameaça 24.Qxa7 e 24.e4!. 23...Rc2
24.e4! Atacando o centro e dessa forma permitindo sua Dama a se juntar na defesa da Ala do Rei, pois ela protegerá o Peão f após capturar o Peão a. 24...Qf8 25.Qxa7 Nb5 Contando garantir um Peão passado em d4, mas a execução desse plano necessita uma imobilização das peças das pretas, da qual as brancas tomarão vantagem para concluir a partida através de um ataque direto. Por outro lado, dificilmente fosse possível as pretas cogitarem outra continuação, por exemplo: I – 25...Nxe4 26.Bxe4 dxe4 27.Qb6!; II - 25...dxe4 26.Qb6 Rc6 27.Qb4; Com uma vitória fácil das brancas em ambas variantes. 26.Qb6 d4 Ameaçando mate em dois. 27.Rf1! Qc5 28.Qxe6+ Kf8 29.e5! Permitindo ao Bispo do Rei das brancas entrar no jogo adversário com efeito decisivo. 29...Qc8 30.Qb6 Rxb2 189
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31.Bd5! Não 31.a4 devido a 31...Qc7, enquanto agora as brancas ameaçam inevitavelmente 32.a4 Qb7 33.Qe6. 31...Qd7 32.Bc4 Rb4 33.Qc5+ Qe7 34.Qc8+ Qe8 35.Qf5+ Ke7 36.Qe6+ Kf8 Se 36...Kd8, então 37.Qb6+ Kc8 38.Qc5+, ganhando a Torre. 37.Qg8+ Ke7 38.Qxg7+ Kd8 39.Qxb7! Qxe5 40.Rc1, e as pretas abandonaram. Partida 100 Muffang, A. - Alekhine, A. Defesa Francesa - Co2 2ª Partida do match, Paris, Fevereiro de 1923
1.e4 e6 2.d4 d5 3.e5 Lance se Steinitz, reintroduzido por Nimzovitsch poucos anos atrás. Leva a um jogo muito complicado, não desvantajoso para as pretas. 3...c5 4.c3 Nc6 5.Nf3 f6 Em uma posição análoga em São Petersburgo 1914, o Dr. Lasker jogou 5...f5 contra o Dr. Tarrasch. O lance do texto, embora talvez menos sólido, objetiva a criação de tensão central que necessita de jogo perfeitamente correto por parte do seu adversário. 6.Bd3 Bd7 Aqui seria mais prudente 6...Qc7 7.Bf4 Qb6!, pois após o lance do texto as brancas 190
poderiam introduzir complicações igualmente perigosas para ambos jogadores através de 7.Ng5!?, por exemplo: 7...f5 8.g4! cxd4 9.gxf5 Nxe5 10.cxd4 Bc6 11.fxe6 Nxd3+ 12.Qxd3 Qf6 13.0-0 Nh6, seguido por 14...0-0-0, e apesar do Peão a mais das brancas, as chances podem ser consideradas aproximadamente iguais, pois a posição do rei das brancas está comprometida pela abertura da coluna g. 7.Qc2 Como a Dama das brancas não pode ser mantida nessa coluna, seria inútil perder um lance para provocar a resposta que cedo ou tarde seria forçada devido aos perigos surgidos a partir de Ng5. Assim sendo, seria melhor jogar direto 7.Qe2. 7...f5 8.g4 Muito enérgico... mas como veremos na sequência, a abertura da coluna g é bastante vantajosa para o adversário. 8...g6 9.gxf5 gxf5 10.dxc5 De novo o melhor. As brancas precisam evitar a troca ameaçada do Cavalo pelos Peões, levando à abertura da coluna c e o enfraquecimento da casa d4. 10...Bxc5 11.Qe2 Ameaçando uma demonstração na ala direita, iniciando com 12.Ng5, mas as pretas se opõem a isso através do próximo lance. 11...Qc7! 12.Nbd2 Nge7 13.Nb3 Bb6 14.Nbd4 Esse lance não deveria ter sido jogado até que seu Bispo da Dama estivesse desenvolvido, o que permitiria as bancas ocuparem a coluna c no caso de uma troca. Seria melhor 14.Bg5, com a provável continuação: 14...0-0-0 15.Bf6 Rhg8 16.Nbd4 Bxd4 17.cxd4 Rde8 18.Rc1 Kb8, com uma ligeira vantagem para as pretas, enquanto após o lance do texto, elas garantem uma posição praticamente vencedora após poucos lances. 14...Bxd4! 15.cxd4 Qb6 16.Qe3 Se 16.Be3, a resposta 16...Nb4 seria ainda mais desagradável. 16...Nb4 17.Bb1 Rc8 18.Bd2
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Parte II - Partidas entre 1920 e 1923
Enquanto a posição do rei das pretas está suficientemente protegida, a do Rei das brancas aparece seriamente comprometida. As brancas deveriam ter rocado, garantindo dessa forma algumas perspectivas de uma defesa satisfatória. 18...Nc2+ 19.Bxc2 Qxb2! A entrada da Dama das pretas dentro do jogo inimigo terminará a partida rapidamente. 20.Rb1 Qxc2 21.Rxb7
21...Qxa2 Essa captura inútil novamente faz a vitória difícil, pois as brancas podem temporariamente colocar o Rei em segurança. O lance certo seria 21...Rg8, evitando definitivamente o roque pelas brancas, após o que a vitória seria bastante fácil, por exemplo: 22.Qb3 Qe4+ 23.Qe3 f4 24.Qe2 a6!, e as brancas não teriam defesa suficiente contra 25...Bb5!, que teria consequências fatais. 22.0-0! Rg8+ 23.Kh1
23...Qc2! As pretas, para manterem a sua ligeira vantagem posicional, não têm outro recurso do que provocar uma troca das Damas em e4, pois todas as manobras, tendendo a manter a sua vantagem material, se tornariam favoráveis ao adversário, por exemplo: I – 23...Qa6 24.Rfb1 Rc1+ 25.Rxc1 (se 25.Bxc1? Qf1+ e mate no próximo lance) 25...Qxb7 26.Qh6, e as brancas têm um forte ataque; II - 23...f4 24.Qxf4 Rf8 25.Qe3 Rxf3 26.Qxf3 Qxd2 27.Qh5+ Kd8 28.Qf7! Qh6 29.Rg1, e as brancas devem vencer. 24.Ng5 Esse lance só resulta em melhorar a posição das pretas, estando a Torre das pretas melhor posicionada para a defesa em g7 do que em g8. Seria um pouco melhor 24.Rxa7 direto, embora nesse caso a posição das pretas seria preferível após 24...Qe4. 24...Rg7 25.Rxa7 h6 26.Nf3 O Cavalo é obrigado a se retirar, pois se 26.Rc1 f4! 27.Rxc2 (ou 27.Qxf4 hxg5) 27...fxe3 28.Rxc8+ Nxc8, e as brancas têm três peças en prise. 26...f4! O lance inicial do ataque decisivo. As brancas não podem capturar esse Peão devido a 27.Qxf4 Qd3!, seguido de 28...Rf7, e as pretas vencem. 27.Qe2 Qe4 28.Qd1 Se 28.Re1 Qxe2 29.Rxe2 Bb5 30.Re1 Bd3, seguido de 31...Be4, e as pretas têm uma posição vencedora. 28...Nc6
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
29.Re1 A partida não pode ser salva, por exemplo: I – 29.Ra4 Nxe5, etc.; II - 29.Ra3 Nxd4 30.Re1 Nxf3! 31.Rxe4 dxe4 32.Rxf3 exf3 33.Bxf4 Rg4 34.Bg3 (ou 34.Qd2 Rb8!) 34...Rgc4 e as pretas vencem. 29...Nxa7! Esse sacrifício de Dama é a sequência lógica dos lances precedentes. Permite ao Bispo da Dama das pretas finalmente tomar parte ativa no ataque contra o Rei inimigo. 30.Rxe4 dxe4 31.Nh4 e3! O ponto! O Cavalo das brancas agora estará cravado sem esperanças pelo Bispo da Dama das pretas na grande diagonal, após o que o ganho dessa peça será meramente uma questão de tempo. 32.Qh5+ Kf8 33.fxe3 fxe3 34.Bxe3 Ou 34.Qf3+ Kg8 35.Qxe3 Bc6+ 36.Nf3 Rf8, vencendo. 34...Bc6+ 35.Nf3 Kg8 Seria ainda mais simples 35...Rb8! 36.h4 Rg3. Entretanto, o lance do texto é suficiente o bastante para vencer. 36.Qh3! Bd5 37.Bxh6 Rg6 38.Qh5 Be4 39.Bg5 Rc3 40.Kg1 Rxf3 41.Qg4 Nb5! 42.h4 Obviamente 42.Qxe4 levaria ao mate em três lances. 42…Nc3 43.Kh2 Rf2+ 44.Kh3 Bf5, e as brancas abandonaram.
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Apêndice - Os adversários de Alekhine neste livro
Alapin, Semyon Zinovievich– Partida 6
Nascido em Vilnius, na Lituânia, em 19/11/1856, faleceu aos 66 anos em Heildelberg, Alemanha, no dia 15/07/1923. Saindo de Vilnius, estabeleceu-se em São Petersburgo e mais tarde em Heidelberg,. Formou-se engenheiro no Instituto de Engenharia de São Petersburgo e durante seus estudos se tornou um dos jogadores mais fortes da cidade. Dividiu o 1º lugar com Mikhail Chigorin no torneio de São Petersburgo de 1878-79. Outros resultados incluem 6º lugar em Berlim 1897, 10º lugar
no torneio Jubileu de Viena de 1898 e 5º lugar em Monte Carlo 1901. Em 1893 empatou em 1º lugar no Campeonato de Berlim. Em 1911 venceu o Campeonato de Munique. Alapin empatou um match (+1 = 4 -1) com Carl Schlechter em 1899 e venceu Siegbert Tarrasch em um match de treinamento (+4 3 = 2) em 1902 - 1903. Em 1907 jogou um match contra o mestre russo Stefan Levitsky em São Petersburgo, que venceu por 5-0. Alapin tem muitas variantes de abertura com o seu nome. Dentre essas destacamos: Variante Alapin na Defesa Siciliana: 1.e4 c5 2.c3; Abertura Alapin: 1.e4 e5 2.Ne2!?; Variante Alapin na Defesa Francesa: 1.e4 e6 2. d4 d5 3.Be3!?; Defesa Alapin na Abertura Ruy Lopez: 1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 Bb4; Variante Alapin na Defesa Caro-Kann: 1.e4 c6 2.c3; Variante Alapin na Defesa Holandesa (também conhecida como Variante Manhattan): 1.d4 f5 2.Qd3; Variante Alapin no Gambito da Dama: 1.d4 d5 2.c4 e6 3.Nc3 b6; Variante Alapin no Gambito Evans: 1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bc4 Bc5 4.b4 Bxb4 5.c3 Ba5 6.0-0 d6 7.d4 Bg4; Variante Sanders-Alapin no Gambito 193
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
Evans: 1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bc4 Bc5 4.b4 Bxb4 5.c3 Ba5 6.0-0 d6 7.d4 Bd7. Alapin foi escritor e criou para suas obras de xadrez os personagens fictícios “Defendarov” e “Attakinsky”. Também era linguista e comerciante de grãos. Passou seus últimos anos em Heidelberg, na Alemanha, onde morreu em 1923.
Bernstein,Ossip Samoilovich, Partidas 12 e 14. Nascido em Zhytomyr no dia 20/09/1882 e falecido aos 80 anos em 30/11/1962 em um sanatório nos Pirineus franceses, foi um Grande Mestre de xadrez russo-francês e um advogado com atuação na área financeira. Nascido em Zhytomyr, Império Russo, em uma família de origem judaica, Ossip Bernstein cresceu na Rússia pré-revolucionária. Obteve doutorado em Direito na Universidade de Heidelberg em 1906 e tornou-se um advogado financeiro. Em 1918, após a Revolução de Outubro, Bernstein foi preso em Odessa pela Cheka (polícia secreta bolchevique) e condenado a ser fuzilado por um pelotão porque era conselheiro de assuntos legais para alguns banqueiros. Quando o pelotão de fuzilamento se posicionou para a sua execução, um oficial superior pediu para ver a lista de nomes dos prisioneiros. Descobrindo o nome de Ossip Bernstein, perguntou a ele se era o famoso mestre de xadrez. Não satisfeito com a resposta afirmativa de Bernstein, o oficial fez Bernstein jogar com ele. Se Bernstein perdesse ou empatasse, 194
seria executado. Bernstein venceu rapidamente e foi liberado. Escapou então em um navio britânico e se estabeleceu em Paris. Bernstein foi um homem de negócios de sucesso que ganhou uma fortuna considerável antes de perdê-la na Revolução Bolchevique. Novamente amealhou uma segunda fortuna, que foi perdida na Grande Depressão e tudo que conquistou em seguida foi perdido quando a França foi invadida pela Alemanha nazista em 1940. Bernstein foi exilado em Paris, apenas para ser levado à Espanha pelos nazistas, devido à sua origem judaica. Em sua carreira como enxadrista, em junho de 1902, Bernstein venceu em Berlim. Em julho-agosto de 1902, ficou em segundo lugar, atrás de Walter John, em Hannover (o 13º Congresso da DSB, Hauptturnier A). Em 1902-1903, venceu em Berlim. Em setembro de 1903, ficou em segundo lugar, atrás de Mikhail Chigorin, no torneio de xadrez de Kiev (o 3º Torneio de Mestres de toda a Rússia). Em 1903 - 1904 empatou em 2º/3º lugares com Rudolf Spielmann, atrás de Horatio Caro, em Berlim. Em julho-agosto de 1904, ele empatou em 4º/5º lugares em Coburg (14º Congresso DSB). Em agosto de 1905, empatou em 4º/5º lugares em Barmen (Mestres A). Em 1906, empatou em 1º lugar com Carl Schlechter em Estocolmo. Em 1906, empatou em 4º/6º lugares em Ostend. Em 1907, empatou em 1º lugar com Akiba Rubinstein em Ostend (Mestres A). Em 1909, ficou em 5º lugar em São Petersburgo. Em 1911, venceu o campeonato da cidade de Moscou. Em fevereiro-março de 1911, empatou em 8º/9º lugares no torneio de xadrez de San Sebastian. Sua derrota para Jose Raúl Capablanca neste torneio é lembrada porque Bernstein se queixou do fato de que o então desconhecido Capablanca foi autorizado a participar. Capablanca recebeu o Prêmio de Brilhantismo em sua partida contra Bernstein nesse torneio, no qual foi o campeão. Em 1912, Bernstein ficou em segundo lugar,
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Os adversários de Alekhine neste livro
atrás de Rubinstein, em Vilna (Torneio de Mestres de toda a Rússia). Em janeiro de 1914, perdeu um mini-match de exibição contra José Raúl Capablanca em Moscou (+0 –1 = 1). Em abril-maio de 1914, empatou nos 6º/7º lugares com Rubinstein no torneio de xadrez de São Petersburgo (eliminatórias). Em 1922, perdeu um mini-match para Alexander Alekhine em Paris (+0-1=1). Em 1930, ficou em 2º lugar, atrás de Hans Johner, em Le Pont. Em julho de 1932, empatou em 5º/6º lugares com Efim Bogoljubov em Berna. Em 1932, derrotou Oskar Naegeli (+3−1=0) em Zurique. Em 1933, fez um match de treinamento contra o então Campeão Mundial Alexander Alekhine em Paris (+1-1=2). Em 1934, empatou em 6º/7º lugares com Aron Nimzovitsch em Zurique (vencido por Alekhine). Em 1938, empatou com Oldrich Duras em Praga (+1−1=1). Durante a Segunda Guerra Mundial, jogou matches amistosos contra Alekhine e outros jogadores em Paris, na primavera de 1940. Fugiu para a Espanha após a capitulação da França (Batalha da França) no verão de 1940. Quando chegou aos Pireneus com a família, tiveram que caminhar pelas estradas montanhosas à noite, escondendo-se em cavernas durante o dia para evitar a Polícia e Forças da Fronteira. Depois de duas noites exaustivas, chegou à Espanha. Bernstein então teve um ataque cardíaco e ficou inconsciente. Os guardas fronteiriços espanhóis prenderam-no e à sua família, e os colocaram em prisões separadas. Através da intervenção de alguns amigos influentes na Espanha, sua família foi libertada e foi autorizada a permanecer na Espanha. Bernstein retornou a Paris em 1945. Após a Segunda Guerra Mundial, Bernstein voltou a jogar xadrez. Em 1946, ficou em segundo lugar, atrás de Herman Steiner, em Londres. Em 1946, empatou de 15º/16º lugares em Groningen. Em junho de 1946, venceu um match contra Lajos Steiner em um torneio entre Austrália e França na Austrália. Em dezembro de 1948, jogou um match contra Reuben Fine em um torneio por cabo
entre Nova Iorque e Paris. Em abril de 1954 perdeu dois jogos contra David Bronstein em uma match contra a União Soviética em Paris. Ainda em 1954, empatou em 2º/3º lugares com Miguel Najdorf, atrás de René Letelier, em Montevidéu, aos 72 anos. Bernstein chegou à semifinal, onde deveria enfrentar Miguel Najdorf, que ficou ofendido por ter que jogar contra um adversário envelhecido e estava tão confiante de que venceria que até conseguiu convencer os organizadores a dobrar o dinheiro do primeiro prêmio nas semifinais às custas dos pagamentos pelos prêmios mais baixos. Bernstein então derrotou Najdorf com uma Defesa Índia Antiga em 37 lances e fez com que ele lamentasse a sua decisão sobre o prêmio. Posteriormente Najdorf selecionou essa partida para um dos seus livros, chamando-a de “a imortal de Bernstein”. Eis a partida: Bernstein, O. – Najdorf, M., Montevidéu 1954: 1.d4 Nf6 2.c4 d6 3.Nc3 Nbd7 4.e4 e5 5.Nf3 g6 6.dxe5 dxe5 7.Be2 c6 8.0-0 Qc7 9.h3 Nc5 10.Qc2 Nh5 11.Re1 Ne6 12.Be3 Be7 13.Rad1 0-0 14.Bf1 Nhg7 15.a3 f5 16.b4 f4 17.Bc1 Bf6 18.c5 g5 19.Bc4 Kh8 20.Bb2 h5 21.Nd5 cxd5 22.exd5 Nd4 23.Nxd4 exd4 24.d6 Qd7 25.Rxd4 f3 26.Rde4 Qf5 27.g4 hxg4 28.hxg4 Qg6 29.Re8 Bf5 30.Rxa8 Rxa8 31.gxf5 Qh5 32.Re4 Qh3 33.Bf1 Qxf5 34.Rh4+ gxh4 35.Qxf5 Nxf5 36.Bxf6+ Kg8 37.d7 1-0 Bernstein foi o 1º tabuleiro pela França na 11ª Olimpíada de Xadrez em Amsterdã em 1954 (+5−5=5). Foi também membro da equipe francesa na 12 ª Olimpíada de Moscou em 1956, mas não pôde jogar por motivo de doença. Quando a FIDE introduziu títulos oficiais em 1950, Bernstein recebeu o título de Grande Mestre Internacional. Bernstein teve boa pontuação perene contra jogadores de destaque como o segundo Campeão Mundial Emanuel Lasker (+2−2=1), Akiba Rubinstein (+1-1=7), Aron Nimzovitsch (+1-2=4), Mikhail Chigorin (+2−1=0) e Salo Flohr 195
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
(+0−0=3). No entanto, teve um histórico ruim contra o terceiro Campeão Mundial, José Raúl Capablanca (+0−3=1), e contra o quarto Campeão do Mundo, Alexander Alekhine (+1−8=5).
Blumenfeld, Benjamin Markovich - Partida 36 Nasceu em Vilkavishkis, uma pequena cidade no sul da Lituânia que antes de 1917 pertencia ao Império Russo, em 24/05/1884, e faleceu aos 62 anos em Moscou em 05/03/1947. Aprendeu a jogar xadrez ainda pequeno, quando estudava em uma escola judaica tradicional (“Kheyder”). Em 1901, participou do campeonato da cidade de Libau (hoje Liepaja, Letônia), e ficou em 1º lugar. No ano seguinte, aos 18 anos, Blumenfeld mudou-se para a Alemanha para estudar direito na Universidade de Berlim. Visitava então frequentemente o café de xadrez “Kaiserhof” e se tornou um forte jogador. Como membro da sociedade estudantil de xadrez, foi admitido no campeonato de Berlim em 1903. Blumenfeld ficou em 5º lugar neste forte torneio, que incluiu os mestres Horatio Caro, Marcus Kann, Ossip Bernstein e Rudolf Spielmann. No final de 1905, Blumenfeld foi convidado para participar em São Petersburgo do quarto Campeonato Russo. Neste torneio (22/12/1905 – 16/01/1906) empatou em 2º/3º lugares com Akiba Rubinstein (com 12 pontos em 16), um ponto atrás de Georg Salwe. Em 1907, empatou em 2º/3º lugares com Georg Marco, atrás de Mikhail Chigorin, 196
no torneio de mestres de Moscou. Logo após este torneio, Blumenfeld mudou-se para Moscou, onde completou seus estudos de direito na Universidade de Moscou. Nesse período, dedicou a maior parte do seu tempo à atividade profissional e raramente jogou em torneios de xadrez. Em 1920, ficou em oitavo lugar na Olimpíada de Xadrez da Rússia em Moscou, vencida por Alexander Alekhine. Mais tarde, este torneio foi reconhecido como o primeiro campeonato da URSS - Campeonato da URSS 1920. No final de 1921, Blumenfeld mudou-se para Kaunas (Lituânia). Foi anunciado que ele iria jogar um match pelo título do campeonato lituano com Antanas Gustaitis, o primeiro campeão lituano, mas o match foi adiado muitas vezes, e em 1922 Blumenfeld voltou para a Rússia. Em 1925, empatou em 2º/3º lugares com Boris Verlinsky no campeonato de Moscou. Em 1930, Blumenfeld dividiu o 3º a 5º lugares no torneio de mestres de Moscou e em 1934 dividiu o 3º/5º lugares no campeonato de Moscou. Durante este período de tempo, Blumenfeld também pesquisou e publicou seus trabalhos relacionados aos diferentes aspectos da batalha do xadrez. Sua mais importante contribuição para a teoria do xadrez é o Gambito Blumenfeld -1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nf3 c5 4.d5 b5, uma abertura que foi posteriormente adotada por Alexander Alekhine
Bogoljubov, Efim Dmitriyevich,
Partidas 55, 57, 72 e 73
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Os adversários de Alekhine neste livro
Grande Mestre russo-ucraniano-alemão, nasceu no dia 14/04/1889 na cidade de Stanislavchyk, próximo a Kiev - Ucrânia, e faleceu repentinamente aos 67 anos, no dia 18/06/1952, em Belgrado, logo após ministrar uma sessão de partidas simultâneas. Venceu numerosos torneios e enfrentou Alekhine em dois matches pelo título mundial – em 1929 e 1934. Iniciou-se no xadrez quando, após ser seminarista, mudou seus estudos para uma escola politécnica. A partir de 1909 iniciou sua participação em torneios locais e nacionais russos. Em 1911 dividiu o primeiro lugar no Campeonato de Kiev. Em 1913-1914 terminou em oitavo lugar no Torneio de Mestres de toda a Rússia, vencido por Alekhine e Nimzovitsch. Entre Julho e Agosto de 1914 participou do Torneio de Mannheim, que teve significado especial em sua vida: esse torneio foi interrompido pela eclosão da I Guerra Mundial e, após a declaração alemã de guerra à Rússia, onze “jogadores russos” (Alekhine, Bogoljubov, Fedor Bogatyrchuk, Alexander Flamberg, N. Koppelman, Boris Maliutin, Ilya Rabinovich, Peter Romanovsky, Peter Petrovich Saburov, Alexey Selezniev e Samuil Winstein), que participavam do torneio, foram presos pelas autoridades alemãs. Em setembro, quatro deles (Alekhine, Bogatyrchuk, Saburov e Koppelman) obtiveram a permissão de voltar para casa, via Suíça. Os demais prisioneiros russos jogaram em oito torneios, o primeiro em Baden-Baden em 1914 e os outros em Triberg (1914-1917). Bogoljubov ficou em segundo lugar em Baden-Baden e venceu cinco vezes o Torneio de Triberg (1914-1916). Durante a I Guerra Mundial permaneceu em Triberg, casou-se com uma professora local e morou o resto da sua vida na Alemanha. Após a I Guerra, venceu vários Torneios Internacionais: Berlim 1919, Estocolmo 1919, Kiev 1921, Pistyan 1922. Dividiu o 1º3º lugares em Carlsbad 1923. Em 1924 Bogoljubov retornou por um curto período à Rússia, que então se tornara União Soviética e consecutivamente venceu
os Campeonatos Soviéticos de 1924 e 1925. Também venceu o Torneio de Breslau 1925 e Moscou 1925, à frente de Capablanca e Lasker. Emigrou definitivamente para a Alemanha em 1926 e nesse ano venceu o Torneio de Berlim à frente de Rubinstein. Em Kissingen 1928 triunfou uma vez mais à frente de Capablanca, Nimzovitsch e Tartakower. Em 1928 e 1928/1929 venceu dois matches contra o Dr. Max Euwe, ambos por 5,5-4,5, e perdeu para Alekhine em dois matches pelo Campeonato Mundial (15,5-9,5 em 1929 e 15,5-10,5 em 1934). Ainda em 1929 recebeu a cidadania alemã. Em 1930 por duas vezes dividiu o 2º/3º lugares – com Nimzovitsch em San Remo (vencido por Alekhine) e em Estocolmo – com Stoltz (vencido por Kashdan). Em 1931 dividiu o 1º/2º lugares em Swinemünde e em 1933 venceu em Bad Pyrmont. Em 1935 venceu em Bad Nauheim e Bad Saarov. Venceu em Berlim 1935, Bad Elster 1936, 1937 e 1938, em Bremen 1937 e Stuttgart 1939. Representou a Alemanha no primeiro tabuleiro na 4ª Olimpíada de Xadrez em Praga 1931, ganhando a medalha de prata. Durante a II Guerra Mundial, perdeu um match para Euwe (+2 -5 =3) em Krefeld e empatou um mini-match com Alekhine (+1 1 =0) em Varsóvia 1943. Disputou vários torneios na Alemanha e territórios ocupados durante a II Guerra. Em 1940 venceu em Berlim, e dividiu o 1º/2º lugares em Varsóvia. Em 1941 ficou em 4º lugar em Munique e em 3º em Varsóvia (vencido por Alekhine). Em 1942 ficou em 5º lugar em Salzburgo (vencido por Alekhine) e dividiu o 3º/5º lugares em Munique (também vencido por Alekhine). Em 1943 ficou em 4º lugar em Salzburgo (vencido por Alekhine e Keres) e 2º/3º em Krynica e em 1944 venceu o torneio de Radom, à frente do seu antigo companheiro de prisão Fedor Bogatyrchuk. Após a guerra viveu na Alemanha Ocidental. Embora seu nível de jogo declinasse de forma significativa, venceu em 1947 o Torneio de Lünenburg e de Kassel. Em 197
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
1949 venceu em Pyrmont (3º Campeonato da Alemanha Ocidental) e dividiu o 1º/2º lugares em Oldemburg. Em 1951 venceu em Augsburg e Saarbrücken. Recebeu o título de Grande Mestre Internacional da FIDE em 1951. Bogoljubov foi um dos jogadores mais importantes do século XX. Seu temperamento afável e bem-humorado granjeou-lhe grande número de admiradores. São famosas algumas anedotas, principalmente ligadas ao seu otimismo, destemor e superestimação de suas possibilidades no tabuleiro. A título de ilustração, registramos algumas: - Durante o Torneio de Bled (Eslovênia) em 1931, Bogoljubov enfrentava Aszatlov e anunciou “mate em dois lances!”. Mas seu cálculo estava furado e Bogol teve que adiar a partida em posição desvantajosa. Seu adversário pôde dizer-lhe: “os mortos que você mata gozam de perfeita saúde”... - Bogoljubov era famoso pelo seu humor, nem sempre politicamente correto. Certo dia, Bogoljubov enfrentou Tarrasch e conseguiu sucesso em vencer o “Professor da Alemanha”, já então bastante doente. Poucos dias depois, lamentavelmente ocorreu a morte do Dr. Tarrasch. Bogol publicou a partida e não lhe ocorreu outro título para o artigo que não fosse “A partida que matou o Dr. Tarrasch”. - Crendo em Deus e em si mesmo, cunhou a frase famosa: “Se tenho as brancas, vencerei por ter as brancas; se tenho as pretas, vencerei por ser Bogoljubov”.
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Chajes, Oscar, – Partidas 7 e 85 Oscar Chajes, jogador norte-americano de origem judaica, nasceu em Brody, Ucrânia, em 14/12/1873 e faleceu aos 44 anos em Nova Iorque em 28/02/1928. Em 1909, venceu o US Open Championship em Excelsior, Minnesota. No ano seguinte, ficou em segundo lugar no mesmo evento em Chicago 1910. Em janeiro/fevereiro de 1911, empatou em 3º/4º lugares em Nova Iorque, atrás de Frank Marshall e José Raúl Capablanca. Em agosto/setembro de 1911, empatou em 23º a 26º lugares em Carlsbad (Richard Teichmann venceu), mas ganhou prêmios de brilhantismo por suas vitórias sobre Savielly Tartakower e Julius Perlis. Em 1913, empatou em 5º/6º lugares em Nova Iorque. Em 1913, empatou em 4º/5º lugares em Nova Yorque. Em fevereiro/março de 1913, empatou em 4º/5º em Havana. Em 1913, ficou em terceiro lugar em Nova Iorque (Quadrangular). Durante a Primeira Guerra Mundial, em 1914, empatou em 2º/3º em Nova Iorque (Edward Lasker venceu). Em 1915, empatou em 3º/4º lugares em Nova Iorque. Em janeiro/fevereiro de 1916, ficou em 3º lugar em Nova Iorque (Rice Memorial). O evento foi vencido por José Raúl Capablanca. Em 1917, venceu em Rochester (New York State Championship). Em julho de 1918, ficou em segundo lugar, atrás de Abraham Kupchik, em Rye Beach, N.Y.. Em outubro/novembro de 1918, ficou em 4º lugar em Nova Iorque
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Os adversários de Alekhine neste livro
(Manhattan Chess Club Championship). ...Depois da guerra, em agosto de 1919, ele ficou em 3º lugar em Troy, N.Y.. Em 1920, empatou em 1º/2º lugares em Nova Iorque. Em 1923, empatou em 17º/18º lugares em Karlovy Vary. Em 1923, empatou em 7º/8º lugares em Lake Hopatcong, New Jersey (9º Congresso Americano de Xadrez). Em 1923/1924, venceu em Nova Iorque (Manhattan CC-ch). Em 1926, ficou em 11º lugar em Chicago (Marshall venceu). Em 1926, ficou em 4º lugar em Nova Iorque. ...Chajes jogou dois matches contra David Janowski: perdeu em Havana em 1913 (+0−2=1) e venceu em 1918 em Nova Iorque (+7−5=10). ...Chajes foi o último jogador a derrotar José Raúl Capablanca, em Nova Yorque em 1916, no Torneio Memorial Rice, antes do período invicto de oito anos de Capablanca, de 1916 a 1924. Abaixo essa partida histórica: Chajes, O. – Capablanca, J. R. – Torneio Memorial Rice, Nova Iorque 1916: 1.e4 e6 2.d4 d5 3.Nc3 Nf6 4.Bg5 Bb4 5.e5 h6 6.Bd2 Bxc3 7.bxc3 Ne4 8.Qg4 Kf8 9.Bc1 c5 10.Bd3 Qa5 11.Ne2 cxd4 12.00 dxc3 13.Bxe4 dxe4 14.Qxe4 Nc6 15.Rd1 g6 16.f4 Kg7 17.Be3 Ne7 18.Bf2 Nd5 19.Rd3 Bd7 20.Nd4 Rac8 21.Rg3 Kh7 22.h4 Rhg8 23.h5 Qb4 24.Rh3 f5 25.exf6 Nxf6 26.hxg6+ Rxg6 27.Rxh6+ Kxh6 28.Nf5+ exf5 29.Qxb4 Rcg8 30.g3 Bc6 31.Rd1 Kh5 32.Rd6 Be4 33.Qxc3 Nd5 34.Rxg6 Kxg6 35.Qe5 Kf7 36.c4 Re8 37.Qb2 Nf6 38.Bd4 Rh8 39.Qb5 Rh1+ 40.Kf2 a6 41.Qb6 Rh2+ 42.Ke1 Nd7 43.Qd6 Bc6 44.g4 fxg4 45.f5 Rh1+ 46.Kd2 Ke8 47.f6 Rh7 48.Qe6+ Kf8 49.Be3 Rf7 50.Bh6+ Kg8 51.Bg7 g3 52.Ke2 g2 53.Kf2 Nf8 54.Qg4 Nd7 55.Kg1 a5 56.a4 Bxa4 57.Qh3 Rxf6 58.Bxf6 Nxf6 59.Qxg2+ Kf8 60.Qxb7 Be8 61.Qb6 Ke7 62.Qxa5 Nd7 63.Kf2 Bf7 64.Ke3 Kd6 65.Kd4 Kc6 66.Qf5 1-0
Cohn, Erich - Partida 10
Erich Cohn, nascido em 03/03/1884 em Berlim e falecido aos 33 anos em 23/08/1918 na França, foi um mestre alemão de xadrez. Cohn venceu ou empatou em 1º lugar em vários torneios em Berlim (1902, 1905, 1906, 1909, 1910, 1914). Em torneios fortes, empatou em 11º/12º lugares em Berlim 1903 (Horatio Caro venceu). Ficou em 10º lugar em Coburg em 1904 (o 14º Congresso da DSB, Hauptturnier A, vencido por Augustin Neumann). Em 1905, ficou em 5º lugar em Barmen (Torneio A). Em 1906 ficou em 6º lugar em Nuremberg (o 15º DSB Kongress; Frank Marshall venceu). Em 1907, ficou em 6º lugar em Berlim (Richard Teichmann venceu), empatado em 12º-14º lugares em Ostend (Torneio B, Ossip Bernstein e Akiba Rubinstein venceram), e ficou em 20º lugar em Carlsbad (Rubinstein venceu). Em 1908, ficou em 19º lugar em Viena (Oldrich Duras, Géza Maróczy e Carl Schlechter venceram). Em 1909, dividiu o 8º/9º lugares em São Petersburgo (Emanuel Lasker e Rubinstein venceram) e ficou em 3º lugar em Estocolmo (Rudolf Spielmann venceu). Em 1911, empatou em 14º a 16º lugares em Carlsbad (Teichmann venceu). Em 1912, empatou em 15º a 17º lugares em Bad Pistyan (Rubinstein venceu), empatou em 13º/14º lugares em Breslau (18º DSB Kongress; Duras e Rubinstein venceram), ficou em 3º lugar na Abbazia (Spielmann venceu) e ficou em 2º lugar, atrás de Alexander Alekhine, em 199
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
Estocolmo (o 8º Campeonato Nórdico de Xadrez). Empatou em 2º/3º lugares com Paul Krüger, atrás de Kurt Pahl, em Berlim 1913, e dividiu o primeiro lugar com Spielmann em Berlim 1914 (Quadrangular). Em matches, venceu Carl Carls (+5–1=1), empatou com Ehrhardt Post (+4-4=1), ambos em Berlim 1906, e perdeu para Rudolf Spielmann (+1-2=0 ) em Munique, 1906 e para Edward Lasker (+0–1=3) em Berlim, 1909. Erich Cohn morreu na frente ocidental, como médico de campo da Cruz Vermelha, no final da Primeira Guerra Mundial. 89
Drewitt, John Arthur James Partida
Nascido em Patching, Sussex, Inglaterra, em 17/10/1873 e falecido aos 57 anos em 19/03/1931 próximo a Battle, a caminho de Hastings. Foi considerado na década de 1920 um dos principais jogadores britânicos. Campeão do Hastings Chess Club em 1923 e 1931. Foi também campeão em Londres em 1927, 1928 e 1929/1930. Faleceu quando caiu de um trem próximo à cidade de Battle, a caminho de Hastings, onde residia. Exames post mortem revelaram que Drewitt tinha grave enfermidade cardíaca, o que pode ter causado tontura e provocado a sua queda do trem. Outra hipótese levantada à época do seu falecimento é a de suicídio, por Drewitt saber da gravidade da sua doença cardíaca.
Duras, Oldrich – Partidas 16 e 27 200
Oldrich Duras, nascido em 30/10/1882 em Pchery, Bohemia, então Áustria-Hungria, e falecido aos 74 anos em 05/01/1957 em Praga, então Checoslováquia, foi um dos principais jogadores de torneios de 1905 até o início da Primeira Guerra Mundial. Seus sucessos incluem primeiros prêmios conjuntos em Viena em 1908 (compartilhados com Carl Schlechter e Geza Maróczy), Praga em 1908 (compartilhado com Schlechter) e Breslau em 1912 (compartilhado com Akiba Rubinstein). Duras foi três vezes campeão checo (1905, 1909 e 1911) e também dividiu o primeiro lugar no Campeonato Alemão de 1912. Em 1950, baseando-se em seus torneios do início do século XX, foi oficialmente premiado com o título de grande mestre pela FIDE. Sua pontuação perene foi positiva contra Richard Teichmann (+6-2=6), David Janowski (+3-1=0), Carl Schlechter (+21=11) e Aron Nimzovitsch (+3-2=3), e de empate com Siegbert Tarrasch e Géza Maróczy. Perdeu o único match que disputou com Emanuel Lasker, empatou e perdeu frente a José Raúl Capablanca. Duras também foi um notável compositor de problemas de xadrez. O Gambito Duras (1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 Nf6 4.d3 d6 5.c4 ou 3...a6 4.Ba4 Nf6 5.d3 d6 6.c4) e o Gambito semiDuras (3...d6 4.d4 Bd7 5.c4) são nomeados em sua homenagem.
Duz-Chotimirski,Fedor Ivanovich – Partida 8
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Os adversários de Alekhine neste livro
Fedor Ivanovich Duz-Khotimirsky, nascido em Moscou em 25/09/1881 e falecido aos 84 anos na mesma cidade em 05/11/1965, foi um mestre de xadrez russo. Quatro vezes vencedor do campeonato de Kiev (1900, 1902, 1903 e 1906), participou de cinco campeonatos russos (Torneios de Mestres de toda a Rússia). Em 1901 ficou em 15º em Moscou (2º Campeonato Russo, vencido por Mikhail Chigorin). Em 1903, ficou em 15º em Kiev (3º Campeonato Russo, também vencido por Chigorin). Em 1906, ficou entre os 8º/10º lugares em São Petersburgo (4º Campeonato da Rússia; Gersz Salwe venceu). Em 1907/1908 ficou entre os 8º/9º lugares em Lódz (5º Campeonato da Rússia; vencido por Akiba Rubinstein). Em 1909, ficou em 4º lugar em Vilna (Vilnius) (6º Campeonato da Rússia, vencido por Akiba Rubinstein). Em torneios, ficou em 7º lugar em São Petersburgo 1901 (Lebedev ganhou). Em 1907, empatou em 11º/12º lugares em Carlsbad (Akiba Rubinstein venceu). Em 1907 venceu, à frente de Benjamin Blumenfeld e Georg Marco, em Moscou. Em 1907, ficou em 3º lugar em Moscou (Chigorin ganhou). Em 1908, ficou em 4º lugar em Moscou (Vladimir Nenarokov venceu). Em 1908, ficou em 11º lugar em Praga (Oldrich Duras e Carl Schlechter venceram). Em 1908, empatou um match contra Frank Marshall (+2–2=2) em Varsóvia. Em 1909, terminou em 13º lugar em São Petersburgo, mas derrotou os vencedores do torneio, Emanuel Lasker (o então campeão) e Akiba Rubinstein, em seus jogos individuais. Em 1910, ficou em 4º lugar em São Petersburgo (Sergey von Freymann, Lebedev e Grigory Levenfish venceram). Em 1910, empatou em 7º/8º lugares em Hamburgo (17º DSB Kongress; vencido por Schlechter). Em 1911, ficou em 22º lugar em Carlsbad (Richard Teichmann venceu). Em 1911, empatou em 1º/2º lugares com Eugene Znosko-Borovsky em São Petersburgo. Em 1913, perdeu os dois jogos de uma exibição de mini-matches para José Raúl Capablanca em São
Petersburgo. Em 1921, empatou em 7º/8º lugares em Moscou (Grigoriev ganhou). Em 1923, empatou em 3º/5º lugares em Petrogrado (2º Campeonato da URSS; Peter Romanovsky venceu). Em 1924, ele empatou em 10º/11º lugares em Moscou (3º Campeonato da URSS; Efim Bogoljubov venceu). Em 1925, ficou em 5º lugar em Leningrado (Bogoljubov ganhou). Em 1925, ficou em 20º lugar em Moscou (evento internacional; Bogoljubov ganhou). Em 1925, empatou em 5º/7º lugares em Moscou (Sergeev ganhou). Em 1927, empatou em 3º/4º lugares em Moscou (5º Campeonato da URSS; Fedor Bohatyrchuk e Romanovsky venceram). Em 1927, ficou em segundo lugar, atrás de Sorokin, em Tiflis (Tbilisi). Em 1930, empatou em 3º/5º em Moscou (Abram Rabinovich venceu). Em 1931, venceu o 2º Campeonato Uzbequistanês de Xadrez. Em 1933, ficou em 19º lugar em Leningrado (8º Campeonato da URSS; Mikhail Botvinnik venceu). Em 1938, empatou de 13º/17º lugares em Kiev (Campeonato da URSS, semifinal; Vasily Panov venceu). Em junho de 1941, jogou nas semifinais do campeonato soviético em Rostov-on-Don, que foram interrompidas pelo ataque nazista à União Soviética. Em novembro de 1942, ficou em 15º lugar no Campeonato de Moscou (Vasily Smyslov venceu). Em 1944, empatou em 15º/16º lugares em Moscou (Campeonato da URSS, semifinais; Alexander Kotov venceu). Em 1945, ficou em 14º lugar em Baku (Campeonato da URSS, semifinais). Em 1946, empatou entre os 16º/17º lugares em Tbilisi (Campeonato da URSS, semifinais). Em 1947, empatou entre os 2º/4º lugares em Ierevan (7º Campeonato da Armênia, vencido por Igor Bondarevsky no playoff). Em 1949, empatou entre os 14º/15º lugares em Vilnius (Campeonato da URSS, semifinal). Fedor Ivanovich Duz-Khotimirsky recebeu o título de Mestre Internacional da FIDE em 1950, quando da criação do mesmo. 201
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
Euwe, Max - Partida 68
Machgielis Euwe, mais conhecido como Max Euwe, nasceu em 20/05/1901 em Amsterdã e faleceu na mesma cidade aos 80 anos em 26/11/1981; foi um célebre enxadrista holandês, Campeão Mundial entre 1935-1937. Euwe é mais famoso como Campeão Mundial de xadrez do que como matemático. No entanto, na verdade Euwe também foi um excelente matemático que ao longo da sua vida se dedicou mais à ciência do que ao jogo no xadrez. Os pais de Max Euwe foram Elisabeth e Cornelius Euwe, que era professor e muitas vezes jogava xadrez com a mulher, que amava o jogo. Quando Max tinha cinco anos, seus pais o ensinaram a jogar e logo ele conseguiu vencê-los. Max frequentou a escola em Amsterdã, onde se destacou em matemática, e começou a jogar xadrez em níveis cada vez mais avançados. Em 1911, quando tinha dez anos, entrou em seu primeiro torneio de xadrez, um campeonato de Natal de um dia, e venceu todos os jogos. Tornou-se membro do clube de xadrez de Amsterdã quando tinha doze anos de idade e aos quatorze já jogava nos torneios da Federação de Xadrez da Holanda. Este foi um período difícil na maioria dos países europeus, pois a I Guerra Mundial convulsionava totalmente a vida normal na maioria dos lugares, mas na Holanda, que permaneceu neutra, a vida em Amsterdã era relativamente confortável. 202
Quando tinha dezoito anos Euwe recebeu o diploma depois de frequentar a escola secundária por seis anos em Amsterdã. A essa altura, a I Guerra Mundial havia terminado e as viagens internacionais tornaram-se novamente possíveis. Fez sua primeira viagem ao exterior, para jogar na Inglaterra o famoso Torneio Internacional de Hastings, onde terminou em quarto lugar. Euwe tinha poucas dúvidas sobre o objetivo de seus estudos e ingressou na Universidade de Amsterdã para iniciar seus estudos de matemática. Não se deve imaginar que Euwe mantivesse seus estudos de xadrez alheios aos estudos matemáticos. Pelo contrário, via a matemática como capaz de lhe fornecer uma abordagem lógica, precisa e até algébrica do jogo. Mencionamos abaixo um artigo muito interessante de matemática que Euwe escreveu motivado pelo xadrez. Em 1920, era o principal jogador da Holanda e venceu o Campeonato Holandês pela primeira vez em agosto de 1921. Em 1923, recebeu o diploma com Honra em Matemática pela Universidade de Amsterdã. Em seguida, realizou uma pesquisa em matemática que o levou a ser premiado com um doutorado em 1926 pela Universidade de Amsterdã. Sua dissertação, Differentiaalinvarianten van twee covariantie-vectorvelden (Invariantes diferenciais de dois campos de vetores de covariância) foi orientada por Roland Weitzenböck e Hendrick de Vries (que também orientou van der Waerden por volta dessa época). Euwe então lecionou matemática em Winterswyk e Roterdã e foi nomeado para o Liceu para meninas em Amsterdã, lecionando matemática de 1926 a 1940. Durante seus estudos de doutorado, de dezembro de 1926 a janeiro de 1927, Euwe perdeu por pouco um match com Alekhine (+2 -3 =5). Neste momento, Alekhine não era Campeão Mundial, mas logo depois conquistou o título frente a Capablanca e Euwe percebeu que, tendo competido tão bem com
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Os adversários de Alekhine neste livro
Alekhine, tinha chances de se tornar Campeão Mundial. Em 1928 Euwe derrotou Bogoljubov duas vezes em partidas disputadas em Amsterdã, Roterdã e Utrecht. Em 1930 Euwe venceu o torneio de Hastings à frente de Capablanca. No entanto, em um match Euwe - Capablanca, que foi disputado mais tarde, Euwe perdeu (+0 -2 =8). No ano de 1932 foi muito bem sucedido, vencendo Spielmann, empatando duas vezes com Flohr e ficando em segundo lugar atrás de Alekhine em um torneio em Berna. Durante 1933-1934 Euwe jogou muito pouco xadrez enquanto se concentrava na matemática. Então, no verão de 1935, desafiou Alekhine; o match teve início no dia 3 de outubro. Foi realizado em vinte e três locais diferentes em Amsterdã, Haia, Delft, Roterdã, Utrecht, Gouda, Groningen, Baarn, Hertogenbosch, Eindhoven, Zeist, Ermelo e Zandvoort. L. Pins e B. H. Wood escrevem em M. Euwe, Meet the Masters (Londres 1945): “O resultado dramático de seu primeiro match contra Alekhine é história antiga. Com três pontos a menos depois de sete jogos, conquistou a igualdade, apenas para ver o seu temível adversário afastar-se novamente. Lutando com bravura, Euwe ainda estava dois pontos abaixo no terço final do match, mas venceu as vigésima, vigésima primeira, vigésima quinta e vigésima sexta partidas e manteve o controle sobre um adversário, agora desesperado, até o final”. Euwe jogou o Torneio Internacional de Nottingham de 10 a 28 de agosto de 1936, quando era campeão mundial. Vale a pena notar que Euwe compartilhou o prêmio pelo maior número de vitórias em sua pontuação durante o torneio. Enquanto Euwe era campeão mundial, mudou-se a maneira como os jogadores competiriam pelo título. A partir de então, os direitos de organização dos jogos do Campeonato Mundial foram entregues à FIDE. A única exceção foi o match revanche
entre Euwe e Alekhine, que prosseguiu de acordo com as condições já estabelecidas no momento do primeiro match. Em seu match revanche com Alekhine as coisas foram mal para Euwe: depois de vencer a primeira partida, perdeu o match por uma margem de cinco pontos. Várias razões foram apresentadas a respeito dos motivos pelos quais foi derrotado de forma tão esmagadora, mas dentre esses motivos há o fato de que seu segundo e treinador, Reuben Fine, ficou doente com crise de apendicite e dessa forma não pôde ajudá-lo. Em seu livro “Meus Grandes Predecessores volume 2” - Garry Kasparov concorda com a avaliação do ex-Campeão Mundial Vasily Smyslov acerca do período relativamente curto no qual Euwe conservou a coroa mundial. Disse Smyslov: “Na vida nada acontece por acaso. Qualquer que fosse a forma na qual se encontrasse Alekhine, somente alguém de categoria máxima poderia vencê-lo em um match. Euwe jogou melhor do que o Campeão e com todo o merecimento conquistou o título mundial”. Depois disso Euwe afastou-se do xadrez competitivo. Seus deveres de ensino tornaram difícil para ele se concentrar em torneios e no campeonato holandês, que se seguiu à sua derrota como Campeão do Mundo, só podia jogar partidas à noite, pois tinha compromissos de ensino ao longo do dia. Para outros torneios, embora tivesse tempo livre de seus deveres de ensino para jogar, não tinha tempo para se preparar. Jogou em Hastings no Natal de 1938-1939 e venceu o Campeonato Holandês novamente em 1939, mas o início da guerra dificultou o jogo internacional nos anos seguintes. Durante a guerra, Euwe liderou o trabalho de fornecer comida para as pessoas através de uma organização de caridade. Depois da guerra, venceu o Torneio de Londres em 1946 e pareceu por um tempo que pudesse lutar novamente pelo Campeonato Mundial. No entanto, após 203
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
alguns eventos nos dois anos seguintes à guerra, Euwe se interessou pelo processamento eletrônico de dados e foi nomeado professor de cibernética em 1954. Em 1957 visitou os Estados Unidos para ali estudar tecnologia de computadores. Quando estava nos Estados Unidos jogou duas partidas amistosas em Nova Iorque contra Bobby Fischer, vencendo uma e empatando a segunda. Foi nomeado diretor do Centro de Investigação Automática de Processamento de Dados da Holanda em 1959. Foi presidente, de 1961 a 1963, de um comitê criado pela Euratom para examinar a viabilidade de programar computadores para jogar xadrez. Então, em 1964, foi nomeado para uma cadeira em processamento automático de informações na Universidade de Roterdã e, em seguida, na Universidade de Tilburg, onde aposentou-se como professor em 1971. Em 1970, Euwe foi eleito presidente da FIDE e ocupou esse cargo até 1978. Seu papel durante o Campeonato Mundial Fischer-Spassky em Reykjavik, Islândia, em 1972, foi muito difícil, mas Euwe o desempenhou com com grande tato e habilidade. Ficou bastante infeliz com o fracasso das negociações para o match Fischer-Karpov em 1974. Euwe fez grandes esforços para garantir que o match fosse disputado mas, infelizmente, apesar de todos esses esforços, a FIDE concedeu o título de Campeão Mundial a Karpov devido ao abandono de Fischer. Em seu livro indicado acima, Kasparov transcreve a avaliação de Euwe sobre o Campeão Mundial ideal: “Um Campeão Mundial deveria amar o xadrez mais do que a própria vida, e, é claro, mais do que a própria fama. Deveria amar o xadrez como Steinitz e possuir a resistência de Lasker, o tato de Capablanca, a inteligência de Chigorin, a fúria de Alekhine, o pensamento elaborado de Botvinnik, a modéstia de Smyslov, a audácia de Tal, a imperturbalidade de Spassky, a ambição de Fischer e a tranquilidade de Karpov”. 204
Evensohn, Alexander Moyseevich
– Partida 47 Alexandr Moyseevich Evensohn, nascido em Zhytomyr (Rússia) em 17/05/1892 e falecido aos 27 anos em Kiev em 1919, foi um Mestre russo de xadrez. Em 1909 Evensohn ficou em 7º lugar em Kiev (vencido por Nikolaev). Em 1911, ficou em 3º lugar, atrás de Efim Bogoljubov e Izbinsky, em Kiev. Em 1911, ficou em 4º lugar em Kiev (Fedor Bogatyrchuk foi o vencedor). Em 1913, foi o campeão em São Petersburgo, seguido por Andrey Smorodsky, Boris Verlinsky e outros. Em janeiro de 1914 ficou em 9º lugar em São Petersburgo no Campeonato Russo (vencido por Alexander Alekhine e Aaron Nimzovitsch). Em 1914 foi o campeão, à frente de Bogolyubov e Bogatyrchuk, em Kiev. Durante a Primeira Guerra Mundial, em 1916, Evensohn perdeu um mini-match para Alexander Alekhine em Kiev (+1 -2 = 0). Em 1918 novamente foi derrotado por Alekhine em Kiev. Advogado por formação, Evensohn serviu em um tribunal militar revolucionário do Exército Vermelho, que julgava os contrarevolucionários durante a Guerra Civil na Rússia. Após a revolução russa, foi preso e fuzilado pelo Exército Branco, do General Anton Denikin, em Kiev, após o retorno das forças anti-bolcheviques. O talento enxadrístico de Evensohn ainda se desenvolvia quando morreu e, caso tivesse um destino mais feliz, poderia alcançar um dos primeiros lugares no xadrez russo.
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Os adversários de Alekhine neste livro
Fahrni, Hans - Partida 31
Hans Fahrni, nascido em 01/10/1874 em Praga e falecido aos 64 anos no dia 28/05/1939 em Ostermundigen na Suíça, foi um mestre suíço de xadrez. Seu irmão, Paul Fahrni, foi campeão suíço de xadrez, empatado com Corrodi em 1892. Em 1902, Hans Fahrni ficou em 12º lugar em Hanover (Congresso DSB, torneio B, vencido por Walter John). Em 1904, venceu em Coburg (DSB-Congresso, torneio B). Em 1905, terminou em 2º/3º lugares, atrás de Paul Leonhardt, em Hamburgo. Em 1905, empatou em 4º/6º lugares em Barmen (torneio B; Leo Fleischmann venceu). Em 1906, ficou em 15º lugar em Ostend (Carl Schlechter ganhou). Em 1906, empatou entre os 14º/15º lugares em Nuremberg (Congresso do DSB, Frank Marshall venceu). Em 1909, Fahrni venceu, à frente de Savielly Tartakower, Semyon Alapin e Rudolf Spielmann, no Quadrangular de Munique. Em 1911, venceu em San Remo, e ficou em 4º lugar em Munique (vencido por Alapin) e terminou entre os 23º/26º lugares em Carlsbad (Richard Teichmann venceu). Hans Fahrni foi o primeiro mestre a jogar simultaneamente contra 100 adversários, em 1911 em Munique. Em 1914, empatou em 7º/8º lugares em Baden bei Wien (Spielmann venceu), e empatou em 13º/14º em Mannheim (o 19º Congresso-DSB, torneio interrompido, Alexander Alekhine ganhou o primeiro prêmio). Em 1916, empatou em 4º/5º lugares em Triberg (Ilya Rabinovich venceu). Hans Fahrni jogou vários matches. Em 1907, perdeu para Spielmann (+3-5=2) em
Munique. Em 1908, empatou com Alekhine (+1-1=1) em Munique. Em 1908, venceu Gersz Salwe (+3-1=1) em Praga. Em 1910, perdeu para Spielmann (+3-4=4) em Munique. Em 1912, venceu Curt von Bardeleben (+3–0=1). Em 1914, empatou com Leonhardt (+1-1=0). Em 1916, empatou com Alex Selesniev (+2–2=2) em Tiberg. Em 1917, perdeu para Teichmann (+0-2=2) em Zurique. Em 1922, foi o primeiro a escrever uma monografia sobre xadrez na abertura de 1.e4 Nf6, chamando-a de Defesa Alekhine. Hans Fahrni é considerado o primeiro mestre de xadrez profissional suíço. Em 1909 tinha o rating estimado de 2506 pontos, sendo à época o 19º colocado no ranking mundial. Em 1916, sofrendo de psicose, foi hospitalizado por duas vezes. A eclosão da Primeira Guerra Mundial arruinou sua existência e foi provavelmente a causa de sua doença, razão pela qual foi deportado da Alemanha para a Suíça, onde permaneceu até sua morte em 1939 em uma casa de repouso em Waldau, perto de Berna. Na Suíça, Hans Fahrni foi intensamente envolvido com a arte e a composição de problemas de xadrez. Foi o primeiro compositor suíço a compor mais de 150 estudos, dos quais 83 em conjunto com o holandês Johannes Willem Keemink. Também publicou dois livros: “Das Endspiel im Schach” (1917) e “Die Aljechin-Verteidigung” (1922).
Flamberg, Alexander - Partida 28
Alexander Davidovich Flamberg, nascido 205
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
em Varsóvia (então Império Russo) em 1880 e falecido aos 45 anos em 24/01/1926 na mesma cidade, passou seus primeiros anos de vida na Inglaterra, onde aprendeu a jogar xadrez. Depois de voltar a Varsóvia, tornouse um dos mais fortes jogadores poloneses. Em 1900, ficou em 2º lugar, atrás de Salomon Langleben, em Varsóvia. Venceu os campeonatos de Varsóvia em 1901 e 1902. Flamberg jogou seu primeiro torneio forte em Lodz (Quadrangular) em 1906, onde ficou em 3º lugar, atrás de Akiba Rubinstein e Mikhail Chigorin. Nesse torneio venceu com as peças pretas o patriarca do xadrez russo: Chigorin, M – Flamberg, A. – Lodz, 1906 1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bc4 Bc5 4.d3 d6 5.Nc3 Nf6 6.Be3 Bb6 7.Qd2 Be6 8.Bb5 O-O 9.Bg5 Ba5 10.0-0 Nd4 11.Ba4 Bg4 12.Qd1 Qc8 13.Bh4 Bxf3 14.gxf3 Qh3 15.Bg3 h5 16.Kh1 h4 17.Rg1 hxg3 18.Rxg3 Qh4 19.Qf1 g6 20.Qg2 Bxc3 21.bxc3 Ne6 22.Rh3 Qg5 23.Rg3 Qd2 24.Bb3 d5 25.Qh3 Kg7 26.Rag1 Nf4 27.Qf5 Rh8 0-1. Em 1910, venceu o campeonato de Varsóvia à frente de Akiba Rubinstein, mas perdeu um match para ele (+0–4=1). Em 1910, ficou em 3º lugar, atrás de Gersz Rotlewi e Akiba Rubinstein, em Varsóvia. Em 1911, empatou em 2º/3º lugares, com Gersz Salwe, atrás de Rubinstein, em Varsóvia. Em 1911, Flamberg ficou em 2º lugar, atrás de Stepan Levitsky, em São Petersburgo (Torneio Russo de Amadores). Em 1912, empatou em 6º/7º lugares com Sergey von Freymann em Abbazia (Croácia). O evento foi vencido por Rudolf Spielmann. Em 1912, ficou em 2º lugar, atrás de Rubinstein, em Varsóvia. Em 1912, ficou em 2º lugar, atrás de Efim Bogoljubov, em Lodz. Em 1912, ficou em 5º lugar em Vilnius (o 7º Campeonato Russo). O evento foi vencido por Rubinstein. Em 1913, Flamberg venceu em Varsóvia (Torneio Triangular) à frente de Oldrich Duras e Moishe Lowtzky. Em 1913, 206
empatou um match com Duras (+1–1=0) e venceu um match contra Bogoljubov (+4–0=1), ambos em Varsóvia. Em 1913/1914, ficou em 3º lugar, atrás de Alexander Alekhine e Aron Nimzovitsch, em São Petersburgo (o 8º Campeonato Russo). Em 1914, Flamberg venceu em Cracóvia (então Áustria-Hungria). Em julho/agosto de 1914, ficou em 17º lugar em Mannheim (o 19º Congresso do DSB, Alekhine venceu). Depois da declaração de guerra contra a Rússia, onze jogadores “russos” (Alekhine, Bogoljubov, Bogatyrchuk, Flamberg, Koppelman, Maljutin, Rabinovich, Romanovsky, Saburov, Selesniev, Weinstein) do torneio interrompido de Mannheim foram presos pela Alemanha. Em setembro de 1914, quatro deles (Alekhine, Bogatyrchuk, Saburov e Koppelman) foram libertados e autorizados, a, através da Suíça, voltar para casa. Os prisioneiros russos disputaram oito torneios, o primeiro em Baden Baden (1914) e todos os outros em Triberg (1914/1915, 1915, 1916, 1917). Esses torneios foram vencidos principalmente por Bogoljubov, em cinco oportunidades. Os vencedores foram também: Flamberg em 1914, e Ilya Rabinovich em 1916 e 1917 (esse último empatado com Alexey Selesniev). Flamberg foi autorizado a retornar a Varsóvia em 1916 (na Polônia central, então sob dominação alemã), onde jogou vários campeonatos da Polônia. Em 1916, empatou em 4º/5º lugares (Rubinstein e Lowtzky venceram). Em 1917, empatou em 3º/4º lugares (Rubinstein venceu). Em 1919/1920, ficou em 2º lugar, atrás de Zdzislaw Belsitzmann, mas à frente de Rubinstein. Em 1923, venceu em Varsóvia, à frente de Paulin Frydman. Em 1924, empatou em 1º lugar com Lowtzky em Varsóvia. Flamberg morreu relativamente jovem em 1926 em sua Varsóvia natal.
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Os adversários de Alekhine neste livro
Gofmeister, M. - Partida 49
Continuação de partida adiada, considerada por Alekhine como “uma posição verdadeiramente extraordinária! As pretas com uma Dama a mais não são capazes de salvar a partida!”.
Praga (+3-5=7). Em disputas de torneios, ficou em 6º lugar em Barcelona em 1929 (José Raúl Capablanca venceu), 7º lugar em Sitges em 1934 (Andor Lilienthal venceu), 3º lugar em Madrid em 1934 (Torneo Gromer), em 4º lugar em Paris em 1938 (L 'Echequier, Baldur Hönlinger venceu), empatou em 9º/10º lugares em Barcelona 1946 (Miguel Najdorf venceu), em 6º lugar em Gijon em 1948 (Antonio Rico venceu), empatado em 8º/9º lugares em Almeria 1948, e venceu dois torneios, em Madrid 1947 e Linares 1951. Em 1951, a FIDE concedeu a Golmayo o título de Árbitro Internacional.
Gonssiorovski, W. - Partida 51
Golmayo y de La Torriente, Manuel - Partida 95
Manuel Golmayo y de La Torriente, nascido em 12/06/1883 em Havana, Cuba, e falecido com 89 anos em Madrid no dia 07/03/1973, foi um mestre cubano-espanhol de xadrez. Nascido em uma “família do xadrez” (seu pai era Celso Golmayo Zúpide, e seu irmão mais velho Celso Golmayo Torriente), foi campeão espanhol em numerosas ocasiões (1902, 1912, 1919, 1921, 1927, 1928) e vice-campeão em 1929/1930 (perdeu o título em um match-desempate (+1–4=2) para Ramón Rey Ardid. Em 1922, Manuel Golmayo perdeu um mini-match para Alexander Alekhine (+0-1=1) em Madrid. Em 1924, ficou em oitavo lugar na primeira Olimpíada não oficial de xadrez. Em 1928, ficou em 4º lugar no Campeonato Mundial Amador em Haia (Max Euwe venceu). Manuel Golmayo jogou pela Espanha em três olimpíadas oficiais de xadrez: em 1927, no primeiro tabuleiro da 1ª Olimpíada de Londres, (+2-4=9); em 1930, no segundo tabuleiro da 3ª Olimpíada de Xadrez em Hamburgo (+3-4=3); em 1931, no primeiro tabuleiro da 4ª Olimpíada de Xadrez em
Partida simultânea às cegas, contra seis jogadores, jogada por Alekhine em Odessa, dezembro de 1918. Alekhine conduziu as peças pretas e anunciou mate em três lances no lance 24.
Gregory, Bernhard - Partida 1
Bernhard Gregory, nascido em 22/04/1879 em Tallinn, Estônia e falecido aos 59 anos em 02/02/1939 em Berlim, foi um mestre de xadrez alemão do Báltico. Bernhard estudou na Dome School de Reval de 1885 a 1893. Em 1898 mudou-se para Munique para estudar química e engenharia, que depois continuou em Berlim. Em 1902 se casou aos 23 anos com uma garota de 18 anos, Ida Hempel, de Leipzig. O casal vivia em Schöneberg, Berlim, e tinha duas filhas, 207
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
Iselin (1903) e Maud Dolly (1905). Em 1914, o casal se divorciou e Ida voltou para Leipzig com as filhas. Em 1902, empatou entre os 16º/19º lugares em Hannover (13º Congresso da DSB, Walter John venceu). Em 1903/1904, empatou em 9º/10º lugares em Berlim (Horatio Caro venceu). Em 1904, dividiu o 1º lugar no Torneio de Reval e empatou em 7º/8º lugares em Coburg (14º Congresso da DSB, Augustin Neumann e Milan Vidmar venceram). Em 1905, foi 6º lugar em Barmen (Georg Schories venceu) e empatou em 14º/15º lugares em Berlim (Erich Cohn venceu). Em 1906, ficou em 5º lugar em Nuremberg (15º Congresso-DSB, Friedrich Köhnlein venceu). Em 1907, empatou em 6º/7º lugares em Berlim (Frantisek Treybal venceu). Em 1908, ele ficou em 2º lugar, atrás de Wilhelm Cohn, em Berlim. Em dezembro de 1908, perdeu um match para Frank James Marshall (1:4) em Berlim. Em 1909, ficou em 3º lugar em São Petersburgo (Torneio Amador Russo, Alexander Alekhine venceu). Em 1910, empatou em 14º/15º lugares em Hamburgo (17º Congresso-DSB, Gersz Rotlewi venceu) e ficou em 5º lugar em Berlim (Richard Teichmann venceu). Em 1912, ganhou em Breslau (Wroclaw) (18º Congresso da DSB). Em 1913/1914, empatou em 17º/18º lugares em São Petersburgo (o Torneio de Mestres Russos, o 8º Campeonato da Rússia, Alexander Alekhine e Aron Nimzovitsch venceram). Em 1917, ficou em 9º lugar em Berlim (Paul Johner e W. John venceram). Após a Primeira Guerra Mundial, Bernhard Gregory ficou em 3º lugar em Berlim em 1919 (Triangular, W. John ganhou). Em 1920, empatou em 6º/7º lugares em Berlim (Alexey Selesniev venceu). Em 1921, ficou em 12º lugar em Hamburgo (21º Congresso da DSB; Ehrhardt Post venceu). Em 1927, ficou em 13º lugar em Berlim (Berthold Koch venceu). 208
Gregory jogou nos seguintes matches por equipes: Berlim vs Viena em 1911, Berlim vs Praga em 1913, e Berlim vs Holanda (por telégrafo) em 1920.
Gruenfeld, Ernst – Partida 81 Ernst Franz Gruenfeld nasceu em Viena em 21/11/1893 e faleceu aos 68 anos no dia 03/04/1962 na mesma cidade. Gruenfeld perdeu uma perna em sua infância, que foi assolada pela pobreza. Então descobriu o xadrez, estudou intensamente e de forma rápida ganhou a reputação de jogador habilidoso no clube de xadrez local, o Wiener Schach-Klub. A I Guerra Mundial (1914-1918) afetou seriamente as chances de Gruenfeld jogar entre os melhores do mundo, uma vez que poucos torneios foram disputados nesse período conturbado. Gruenfeld consolou-se em jogar partidas por correspondência e passou grande parte do seu tempo livre estudando variantes de aberturas. Iniciou a formação de uma biblioteca de artigos sobre xadrez que manteve em seu pequeno apartamento vienense até sua morte. Desenvolveu a reputação de especialista em aberturas durante a década de 1920 e o sucesso logo se seguiu. Foi o 1º colocado em Viena (1920) com Savielly Tartakower; 1º em Margate (1923); 1º em Merano (1924); 1º em Budapeste (1926) com Mario Monticelli; 1º
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Os adversários de Alekhine neste livro
em Viena (1927) e dividiu o primeiro lugar nos torneios de Viena de 1928 e 1933 (Trebitsch Memorial) - o primeiro com Sándor Takács e o segundo com Hans Müller; e finalmente foi o primeiro no torneio em Ostrava de 1933. Também venceu no 23º Congresso DSB em Frankfurt 1923. Durante o torneio Bad Pistyan (Piestany) de abril de 1922, Gruenfeld apresentou sua contribuição mais importante para a teoria das aberturas - a defesa Gruenfeld. Jogou a defesa contra Friedrich Saemisch na 7 ª rodada, vencendo em 22 lances, e mais tarde naquele ano a usou com sucesso contra Alexander Alekhine no torneio de Viena. No entanto, Gruenfeld não jogava essa abertura com frequência. Entre o final da década de 1920 e a década de 1930, Gruenfeld jogou no 1º tabuleiro da equipe austríaca em quatro Olimpíadas de Xadrez (1927, 1931, 1933, 1935), e seu melhor ano foi em 1927, quando marcou 9,5 em 12 pontos. De acordo com o site Chessmetrics, seu rating Elo seria avaliado em torno de 2715 no auge da sua carreira (dezembro de 1924). Em maio de 1943, ficou em segundo lugar, atrás de Paul Keres, em Posen, e venceu em dezembro de 1943 em Viena. Após a II Guerra Mundial, dividiu o 3º- 4º lugares em Viena em 1951 (Memorial Schlechter, vencido por Moshe Czerniak). Gruenfeld tornouse um Grande Mestre Internacional em 1950. No final da década de 1950, jogava muito pouco e trabalhava principalmente em sua prodigiosa biblioteca, que já ocupara completamente a sala de estar do seu apartamento, que dividia com sua esposa e filha. Seu último torneio foi Beverwijk (Hoogovens) em 1961, onde, em um grupo com mais cinco grandes mestres, terminou com uma pontuação de 3 pontos em 9 (com apenas uma vitória, contra Jan Hein Donner).
Hromdka, Karel – Partida 67 Karel Hromdka, nascido em 23/04/1887 em Grossweikersdorf, Áustria, e falecido aos 69 anos em 16/07/1956 em Praga, foi um jogador checo de xadrez, duas vezes campeão checo, em 1913 e 1921. Jogou na 1ª Olimpíada não oficial de xadrez, Paris 1924, e marcou 6,5 pontos em 8, conquistando o primeiro lugar na Copa da Consolação. No Grupo de Qualificação 1, terminou em terceiro lugar. Hromdka jogou na 1ª Olimpíada de Xadrez, em Londres, em 1927, e marcou +4=3-5. Notavelmente, também teve uma pontuação positiva contra Siegbert Tarrasch (+2-0=0). O nome de Hromdka é dado à Variante 1.d4 Nf6 2.Nf3 c5 3.d5 d6 4.c4 e5, também conhecida como Benoni Tcheca ou Benoni. Ficou em 2º lugar no 4º Congresso da Associação de Xadrez Checa (Torneio Principal) em Pilsen, agosto de 1911 (vencido por Duras). Foi derrotado por 4-7 em um match realizado em Praga (1912) por Frantisek Treybal. Convidado para jogar no Torneio Nacional Russo (Hauptturnier) em Vilnius (1912), chegou em 1º lugar, à frente de Efim Bogoljubov com 15 pontos em 19. Ficou em 2º lugar no 18º Congresso da Federação Alemã de Xadrez em Breslau. Hromdka foi campeão checo (Campeonato da Boêmia) em 1913 e campeão da Checoslováquia em 1921 (em conjunto com Ladislav Prokes). Harel Hromdka estudou filosofia na Universidade de Praga, mas com a eclosão da 209
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
Primeira Guerra Mundial, foi convocado para o exército austro-húngaro e serviu na Frente Oriental na Galiza. Permaneceu no exército tcheco até março de 1939, quando o regime de ocupação nazista na Checoslováquia o forçou a se aposentar. Hromdka participou da revolta em Praga em 1945 e atuou como intérprete russo para as primeiras tropas soviéticas que chegaram à capital da Boêmia. Em 1946, Hromdka foi preso e acusado de sabotagem contra as autoridades comunistas na revolta de Praga. Embora tenha se reabilitado posteriormente, em 1947 Hromdka tentou cometer suicídio e foi internado por dois anos em uma instituição psiquiátrica. Karel Hromdka morreu repentinamente em 1956 e está enterrado no cemitério de Olsany, em Praga.
Isakov, K. – Partida 52
Partida jogada por Alexander Alekhine no Campeonato de Moscou em 1919, no qual conquistou o primeiro lugar invicto.
Johner, Paul – Partida 64 Paul Johner, nascido em 10/09/1887 em Zurique, Suíça, e falecido aos 51 anos em 25/10/1938 em Berlim, Alemanha, foi um mestre suíço de xadrez. Músico notável (violinista), irmão mais velho de Hans Johner, venceu o Campeonato Suíço seis vezes, em 1907, 1908, 1925, 1928, 1930 e 1932. Jogou pela Suíça no 2º tabuleiro na 3ª Olimpíada não oficial de xadrez em Munique, em 1936 (+4-7=6). 210
Paul Johner jogou em muitos torneios internacionais. Em 1904 empatou nos 12º/13º lugares em Coburg (Congresso DSB). Em 1905/1906 ficou em 2º lugar em Nova Iorque. Em 1907, ficou em 21º lugar em Carlsbad (Akiba Rubinstein venceu). Em 1908, ficou em 14º lugar em Viena (Oldrich Duras, Geza Maróczy e Carl Schlechter venceram) e ficou em 8º lugar em Düsseldorf (Frank Marshall venceu). Em 1909, ficou em 4º lugar em Berlim. Em 1911 empatou em 19º/21º lugares em Carlsbad (Richard Teichmann venceu). Em 1916, Paul Johner venceu o 9º Campeonato Nórdico de Xadrez em Copenhague. Dividiu o 1º lugar com Walter John em Berlim, em 1917, e venceu em Gotemburgo, em 1920. Foi o melhor individual ao lado de Rudolf Spielmann no forte torneio de Scheveningen de 1923, organizado para celebrar o 50º aniversário da Federação de Xadrez Real, acima de jogadores como Richard Réti, Géza Maroczy, Jacques Mieses, Edgar Colle, Frederick Yates e o jovem Max Euwe. Um novo sistema foi introduzido neste evento, que desde então é conhecido como o “sistema Scheveningen”, nos subúrbios de Haia, onde o torneio aconteceu. Cada jogador da primeira equipe jogou contra todos os jogadores da segunda equipe (estrangeiros contra a Holanda). Paul Johner permaneceu o único jogador invicto, marcando 8,5 em 10 pontos. Paul Johner triunfou no Festival Internacional de Trieste 1923 (organizado como um torneio de convite singular), terminando em primeiro lugar no grupo superior à frente de Esteban Canal, Frederick Yates, Siegbert Tarrasch, Stefano Rosselli, Lajos Asztalos, etc. (12 jogadores). Paul Johner também participou do torneio de 1924 em Berlim, um quadrangular, à frente de Akiba Rubinstein, Richard Teichmann e Jacques Mieses. Em 1925, terminou em 2º lugar, após Hans Kmoch, juntamente com Savielly Tartakower (12 jogadores, incluindo Ernst
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Os adversários de Alekhine neste livro
Gruenfeld, David Przepiorka, Lajos Steiner e Lajos Asztalos) em Debrecen. De acordo com as avaliações retrospectivas históricas, Paul Johner foi classificado em janeiro de 1921 o 10º jogador mais forte do mundo.
Jonkovski, W. – Partida 32 Partida disputada por correspondência entre os anos de 1908 e 1909 na Rússia. Curiosamente, é uma das poucas partidas selecionadas por Alekhine dentre as suas melhores que terminam com o resultado de um empate.
Kmoch, Hans – Partida 75 Johann “Hans” Joseph Kmoch, nascido em 25/07/1894 em Viena e falecido aos 78 anos no dia 13/02/1973 em Nova Iorque, foi um mestre de xadrez austro-holandês-americano (1950), Árbitro Internacional (1951) jornalista de xadrez e autor de vários livros, pelos quais é mais conhecido. Kmoch teve a maioria de seus melhores resultados competitivos entre 1925 e 1931. Venceu em Debrecen 1925 com 10 pontos em 13. Em Budapeste 1926 dividiu o 3º e 5º lugares, atrás dos vencedores Ernst Gruenfeld e Mario Monticelli. Em Viena 1928, Kmoch ficou em 6º com 8 pontos em 13, quando Ricardo Réti venceu. Então, no Trebitsch Memorial, em Viena 1928, Kmoch dividiu o 3º a 6º lugares com 6 pontos em 10, meio ponto atrás de Gruenfeld e Sandor Takacs. Em Brno 1928, Kmoch ficou em 3º com 6 pontos em 9, vencido por Réti e
Friedrich Saemisch. Kmoch venceu no Ebensee em 1930 com 6 pontos em 7, à frente de Erich Eliskases. Kmoch representou a Áustria três vezes nas Olimpíadas de Xadrez. Em Londres 1927, Hamburgo 1930 e em Praga 1931. Sua pontuação olímpica total é de 23,5 pontos em 41 partidas (+14 =19 -8), 57,3%. Seu último bom resultado em torneios foi o segundo lugar em Baarn 1941 com 5,5 pontos em 7, atrás de Max Euwe. Kmoch abandonou o xadrez competitivo nesse ano. Kmoch escreveu para a revista Wiener Schachzeitung do início dos anos 20. Sua Die Kunst der Verteidigung (A Arte da Defesa) foi o primeiro livro de xadrez dedicado a este tema. Em 1930, Kmoch atualizou o manual de Bilguer e escreveu o livro do torneio de Carlsbad 1929. Em 1929 e 1934, Kmoch atuou como segundo de Alexander Alekhine em seus jogos do Campeonato Mundial contra Efim Bogoljubov. Kmoch e sua esposa Trudy viveram nos Países Baixos de 1932 a 1947. Também atuou como segundo de Alekhine na luta pelo título de 1935 contra Max Euwe e escreveu um livro sobre o match. Em 1941 escreveu um livro sobre as melhores partidas de Akiba Rubinstein. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, Kmoch e sua esposa se mudaram para os Estados Unidos, estabelecendo-se em Nova Iorque. Kmoch atuou como secretário e gerente do Manhattan Chess Club e dirigiu inúmeros torneios. Também escreveu para a Chess Review, então uma das principais revistas americanas de xadrez. Em 1959, escreveu seu livro mais famoso, Pawn Power in Chess, notório pelo seu uso de neologismos. Abaixo uma partida de Hans Kmoch. Hans Kmoch - Reuben Fine, Amsterdã 1936: 1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nc3 d5 4.Bg5 Nbd7 5.e3 Bb4 6.cxd5 exd5 7.Bd3 c5 8.Ne2 c4 9.Bc2 h6 10.Bh4 0-0 11.0-0 Be7 12.f3 b5 13.Nxb5 Rb8 14.Nxa7 Rxb2 15.Nc6 Qe8 16.Nxe7+ Qxe7 17.Qc1 Rb6 18.Nc3 Bb7 211
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
19.Qd2 Re8 20.Rfe1 Qa3 21.Rab1 Rxb1 22.Rxb1 Bc6 23.Bf2 Kh8 24.Bd1 Kg8 25.Qb2 Qa5 26.Qb4 Qa7 27.Bc2 Rb8 28.Qd6 Rxb1+ 29.Bxb1 Qb7 30.Qa3 Nb6 31.Qb4 Qa7 32.Bc2 Nfd7 33.Bg3 Nb8 34.Qd6 N6d7 35.Qb4 Nb6 36.h3 g6 37.Qc5 Qb7 38.Qb4 Na6 39.Qd6 Nd7 40.Qa3 Nb4 41.Bd1 Nd3 42.Bd6 h5 43.Kf1 Nb6 44.Qa5 Kh7 45.Bc2 Nc8 46.Ba3 Na7 47.Ke2 Nb5 48.Nxb5 Bxb5 49.Bd6 Ba6 50.Qa3 c3 51.Qxc3 Nc1+ 52.Kf2 Qb5 53.Bxg6+ Kxg6 54.Qxc1 Qe2+ 55.Kg1 Qxa2 56.Qe1 1-0
(Vasja Pirc ganhou). Em 1937, ficou em 2º/4º lugares em Belgrado (Vasilije Tomovic venceu). Mirko Kenig representou a Iugoslávia na 4ª Olimpíada de Xadrez em Praga em 1931 (+5–1=2), na 6ª Olimpíada de Xadrez em Varsóvia em 1935 (+5–2=8), e na 3ª Olimpíada não oficial em Munique em 1936 (+7–4=7). Em 1938, Imre König emigrou para a Inglaterra. Em 1939, dividiu os 4º/5º lugares em Bournemouth (Max Euwe venceu) e dividiu o 1º lugar com Philip Stuart MilnerBarry em Hampstead. Em 1946, ficou em 4º lugar em Londres. Em 1948/1949, ficou em 2º lugar, atrás de Nicolas Rossolimo, no Hastings International Chess Congress. Em 1949, Mirko Kenig se tornou cidadão britânico naturalizado. No entanto, em 1953, ele se mudou para os Estados Unidos. Mirko Kenig recebeu da FIDE o título de Mestre Internacional em 1951.
König, Imre - Partida 77
Imre König, também conhecido como Mirko Kenig (nascido em 02/09/1901 em Gyula, Hungria, e falecido aos 91 anos em 1992 em Santa Monica, Califórnia), foi um mestre húngaro de xadrez. König viveu na Áustria, Inglaterra e EUA durante os tempos conturbados entre as duas guerras mundiais. Na década de 1920, König jogou em vários torneios: em 1921, ficou em 2º lugar em Celje; ficou em 3º lugar em Viena 1921; ficou em 14º lugar em Viena 1922 (Akiba Rubinstein venceu); dividiu os 3º/4º lugares em Viena 1925; 4º/5º lugares em Viena 1926 (Rudolf Spielmann venceu). Ficou em 12º lugar em Rogaska Slatina (Rohitsch-Sauerbrunn) em 1929. O evento foi vencido por Rubinstein. Em 1929/1930, ficou em 7º lugar em Viena (Hans Kmoch e Spielmann venceram). Em 1931, ficou em 4º lugar em Viena (Albert Becker ganhou). Em 1936, dividiu os 6º/7º lugares em Novi Sad 212
Lasker, Edward - Partida 44
Edward Lasker, nascido em 03/12/1885 em Kempen, província de Posen (Grande Polônia), Prússia, Império Alemão (atual Polônia) e falecido aos 95 anos em 25/03/1981 em Nova Iorque, foi um jogador alemão de xadrez e go. Recebeu o título de Mestre Internacional de xadrez pela FIDE. Estudou em Breslau (Wroclaw) e em Charlottenburg (agora parte de Berlim). Lasker era engenheiro por profissão e autor de livros sobre Go, xadrez e damas. Edward Lasker emigrou para os Estados Unidos em 1914. Era parente distante do Campeão
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Mundial de Xadrez Emanuel Lasker. Lasker obteve graduação no Colégio Técnico de Charlottenburg em Engenharia Mecânica e Elétrica, graduando-se em 1910. Antes da Primeira Guerra Mundial, ele se mudou primeiro para Londres e, em 1914, logo após a eclosão da guerra, para os EUA, onde sua mãe tinha nascido. Encontrou um emprego em Chicago, trabalhando para a Sears & Roebuck como engenheiro de segurança. Quando os Estados Unidos entraram na guerra em 1917, Edward Lasker enviou documentos para o alistamento militar, mas obteve a resposta de ter o direito de isenção como um alemão nato. Lasker renunciou ao seu direito à isenção, o que faria com que sua cidadania americana fosse concedida mais rapidamente. No entanto, a guerra acabou antes de ser convocado para o serviço militar. Em 1921-1923, ele inventou uma bomba de leite mecânica, que salvou muitas vidas de bebês prematuros e com a qual ganhou muito dinheiro, fazendo que os seus amigos se referissem a ele como “o jogador do peito”. Seu professor de xadrez em Breslau foi Arnold Schottländer. Em Berlim, Lasker venceu o Campeonato da Cidade (1909) e escreveu seu primeiro livro de xadrez intitulado Chess Strategy (Schachstrategie, 1911), que teve muitas edições em inglês e alemão. Lasker publicou vários livros sobre xadrez americano, xadrez e Go. Ganhou cinco Campeonatos Abertos dos EUA (1916, 1917, 1919, 1920, 1921); este torneio era conhecido na época como o Western Open. Seu melhor resultado foi sua estreita derrota por 8½-9½ em um match desempate com Frank Marshall pelo U.S. Open em 1923. Este resultado foi alcançado mesmo depois de Lasker ter uma forte crise de cálculo renal. Devido a isso, Lasker foi convidado a participar do lendário torneio de xadrez de Nova Yorque de 1924, um round robin duplo com jogadores de classe mundial como Alekhine, Efim Bogoljubov, Capablanca, Emanuel Lasker e Réti. Ele terminou em 10º lugar entre onze jogadores, mas muitos de seus
jogos foram competitivos. Por exemplo, ele empatou com Alekhine, ganhou jogos contra Réti e Savielly Tartakower, ambos entre os Top 10 do mundo na época, de acordo com a classificação estimada do site Chessmetrics.com. Empatou com Capablanca e também empatou em uma partida famosa contra Emanuel Lasker. Essa partida é verdadeiramente extraordinária, já que o ex-Campeão Mundial perdeu uma vantagem evidente e só conseguiu segurar o empate contra Edward, demonstrando que o lado inferior pode segurar o empate em certos tipos de finais de peão torre e cavalo contra um cavalo solitário. O jogo durou 103 lances e mudou a teoria dos finais, já que ninguém antes havia demonstrado esse empate na teoria ou na prática. Edward Lasker era o único amador de xadrez ao lado de profissionais muito fortes. Abaixo essa partida histórica: Emanuel Lasker – Edward Lasker, Nova Iorque, 1924 1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Nf6 5.0-0 Be7 6.Re1 b5 7.Bb3 00 8.c3 d6 9.h3 Na5 10.Bc2 c5 11.d4 Qc7 12.Nbd2 cxd4 13.cxd4 Bd7 14.Nf1 Rfc8 15.Re2 Nh5 16.dxe5 dxe5 17.Nxe5 Bxh3 18.Nxf7 Be6 19.Ng5 Bc4 20.Bd3 Rd8 21.Rc2 Nf4 22.Bxf4 Qxf4 23.Nh3 Qe5 24.Bxc4+ Nxc4 25.Qe2 Rd4 26.f3 Rad8 27.Rac1 Bc5 28.Kh1 Bb4 29.b3 Nd2 30.Ne3 Ba3 31.Rd1 Bb4 32.a3 Ba5 33.b4 Bc7 34.f4 Nxe4 35.Kh2 Rxd1 36.Nxd1 Qe7 37.Rxc7 Qxc7 38.Qxe4 Qc4 39.Qe7 Qc8 40.Ndf2 h6 41.Qa7 Qe6 42.Qb7 Qd5 43.Qb6 Rd6 44.Qe3 Re6 45.Qc3 Qc4 46.Qf3 Qc6 47.Qd3 Rd6 48.Qb3+ Qd5 49.Qb1 Re6 50.Ng4 Re2 51.Nxh6+ gxh6 52.Qg6+ Kf8 53.Qxh6+ Ke8 54.Qg6+ Kd8 55.Qg3 Re8 56.Qf2 Rg8 57.Qb2 Qd6 58.Qc3 Kd7 59.Qf3 Kc7 60.Qe4 Rg7 61.Qf5 Re7 62.Ng5 Re3 63.Ne4 Qe7 64.Nf6 Kb8 65.g3 Rxa3 66.Kh3 Ra1 67.Nd5 Rh1+ 68.Kg2 Qh7 69.Qxh7 Rxh7 70.Kf3 Kb7 71.g4 Kc6 72.Ke4 Rh8 73.Ne3 Re8+ 74.Kd4 Rd8+ 75.Ke4 a5 76.bxa5 b4 77.a6 Kc5 78.a7 b3 79.Nd1 Ra8 80.g5 Rxa7 81.g6 Rd7 213
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
82.Nb2 Rd2 83.Kf3 Rd8 84.Ke4 Rd2 85.Kf3 Rd8 86.Ke4 Kd6 87.Kd4 Rc8 88.g7 Ke6 89.g8Q+ Rxg8 90.Kc4 Rg3 91.Na4 Kf5 92.Kb4 Kxf4 93.Nb2 Ke4 94.Na4 Kd4 95.Nb2 Rf3 96.Na4 Re3 97.Nb2 Ke4 98.Na4 Kf3 99.Ka3 Ke4 100.Kb4 Kd4 101.Nb2 Rh3 102.Na4 Kd3 103.Kxb3 Kd4+ 1/2-1/2. Sua partida mais famosa é provavelmente o sacrifício da Dama e a caça ao Rei contra Sir George Thomas. Depois que Lasker deu o xeque-mate, Thomas disse: “Isso foi muito bom”. Lasker, que ainda não havia aprendido inglês, ficou emocionado com a esportividade de Thomas depois que um espectador traduziu a observação de Thomas para o alemão. Lasker escreveu que, se tivesse vencido a partida contra um dos principais amadores de Berlim, seu adversário provavelmente teria dito: “Você tem sorte! Se eu tivesse jogado 10 ...Bxe5 ao invés de ...Qe7, você teria perdido”. Edward Lasker- Sir George Thomas, Londres 1912 1.d4 e6 2.Nf3 f5 3.Nc3 Nf6 4.Bg5 Be7 5.Bxf6 Bxf6 6.e4 fxe4 7.Nxe4 b6 8.Ne5 0-0 9.Bd3 Bb7 10.Qh5 Qe7 11.Qxh7+ Kxh7 12.Nxf6+ Kh6 13.Neg4+ Kg5 14.h4+ Kf4 15.g3+ Kf3 16.Be2+ Kg2 17.Rh2+ Kg1 18.Kd2 mate. Embora Lasker nunca tenha vencido Capablanca, empatou com ele no torneio de Nova Yorque em 1924. Lasker não costumava ter tanta sorte; por exemplo, Capablanca chegou uma vez um minuto antes de perder a partida pelo tempo em Nova Iorque 1915, e Lasker jogou a variante de Riga da Abertura Ruy Lopez, com a qual tinha alguma experiência. Capablanca encontrou uma continuação vantajosa e venceu. Chessmetrics.com estima a força máxima de Edward Lasker como 2583, um bom Grande Mestre pelos padrões modernos. O site também estima sua classificação como variando entre o 18º/28º lugares no mundo para um período de nove anos, entre 1917 a 1926. Edward Lasker viveu no Upper West Side de Nova Iorque até sua morte em 1981. Foi 214
amigo do ex-campeão mundial Emanuel Lasker por muitos anos. Edward escreveu em suas memórias do torneio de Nova Iorque de 1924, como publicado na edição de março de 1974 da revista Chess Life: “Eu não descobri que estávamos realmente relacionados até que ele (Emanuel Lasker) me disse pouco antes de sua morte que alguém havia lhe mostrado uma árvore genealógica da família Lasker na qual em um dos ramos eu estava pendurado”. Em uma carta de 8 de fevereiro de 1973 a Robert B. Long, Lasker explicou sua exata relação com o ex-Campeão Mundial: “A genealogia, aliás, indica que o ascendente comum de Emanuel e eu era o filho Samuel Lasker, do rabino da aldeia polonesa Lask, cujo nome era originalmente Meier Hindels. No entanto, mais tarde, o nome adicional Lasker foi dado a ele para distingui-lo de outro Meier Hindels que também vivia em Lask. Samuel Lasker mudou-se para outro vilarejo polonês, Kempen, em 1769, depois de ser capturado por Frederico, o Grande, e se tornou um cidadão alemão, e eu sou o último descendente dele que nasceu lá. Ele era o bisavô do meu bisavô. Seu filho primogênito deixou Kempen e mudou-se para Jarotschin, outro vilarejo polonês, e Emanuel Lasker era o bisneto de um deles”. Confirmando-se essa versão, Edward e Emanuel eram primos em terceiro grau.
Lasker, Emanuel - Partida 45
Emanuel Lasker, nascido no dia 24/12/1868 em Berlinchen - Neumark (agora Barlinek na Polônia) e falecido aos 72
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Os adversários de Alekhine neste livro
anos em Nova Iorque no dia 11/01/1941, foi jogador de xadrez, matemático e filósofo, Campeão Mundial de Xadrez por 27 anos (de 1894 a 1921). Em seu auge, Lasker foi um dos Campeões Mundiais mais dominantes, e ainda é considerado um dos jogadores mais fortes de todos os tempos. Seus contemporâneos costumavam dizer que Lasker usava uma abordagem “psicológica” do jogo, e mesmo que às vezes deliberadamente jogava movimentos inferiores para confundir os adversários. Uma análise recente, no entanto, indica que ele estava à frente de seu tempo e usou uma abordagem mais flexível do que seus contemporâneos, o que mistificou muitos deles. Lasker conhecia bem as análises contemporâneas das aberturas, mas discordava de muitas delas. Publicou revistas e cinco livros de xadrez, mas os jogadores e comentaristas acharam difícil tirar lições dos seus métodos. Lasker contribuiu para o desenvolvimento de outros jogos. Era um jogador de bridge de primeira categoria e escreveu sobre esse e outros jogos, incluindo Go e um de sua própria invenção, o Lasca. Seus livros sobre jogos apresentam um problema que ainda é considerado notável na análise matemática de jogos de cartas. Lasker também foi um matemático de pesquisa que era conhecido por suas contribuições à álgebra comutativa. Por outro lado, seus trabalhos filosóficos e um drama literário que ele co-escreveu receberam pouca atenção. Emanuel Lasker era filho de um cantor judeu. Na idade de onze anos foi enviado para Berlim para estudar matemática, onde viveu com seu irmão Berthold, oito anos mais velho, que o ensinou a jogar xadrez. De acordo com o site Chessmetrics, Berthold estava entre os dez melhores jogadores do mundo no início da década de 1890. Para complementar sua renda, Emanuel Lasker jogou xadrez e jogos de cartas com pequenas apostas, especialmente no Café Kaiserhof. Lasker subiu no ranking de xadrez em
1889, quando venceu o torneio anual de inverno do Café Kaiserhof 1888/1889 e o Hauptturnier A (torneio de “segunda divisão”) no sexto Congresso DSB (congresso da Federação Alemã de Xadrez) realizado em Breslau. Vencer o Hauptturnier deu a Lasker o título de “Mestre”. Os candidatos foram divididos em dois grupos de dez. Os quatro primeiros colocados de cada grupo competiram em uma final. Lasker ganhou sua seção, com 2,5 pontos a mais que seu rival mais próximo. No entanto, as pontuações foram redefinidas para zero na fase final. A duas rodadas do fim, Lasker seguia o líder, o amador vienense von Feierfeil, por 1,5 pontos. Lasker então venceu as suas duas últimas partidas, enquanto von Feierfeil perdeu na penúltima rodada e empatou na última. Os dois jogadores estavam agora empatados. Lasker venceu um playoff e ganhou o título de Mestre. Isso permitiu que ele jogasse em torneios de nível magistral e assim iniciou sua carreira no xadrez. Lasker terminou em segundo lugar em um torneio internacional em Amsterdã, à frente de alguns mestres famosos, incluindo Isidore Gunsberg (considerado o segundo jogador mais forte do mundo na época por Chessmetrics). Em 1890 terminou em terceiro lugar em Graz, em seguida dividiu o primeiro prêmio com seu irmão Berthold em um torneio em Berlim. Na primavera de 1892, venceu dois torneios em Londres, o segundo e mais forte sem perder nenhuma partida. Em Nova Iorque, em 1893, venceu todos os treze jogos, uma das poucas vezes na história do xadrez que um jogador conseguiu uma pontuação perfeita em um torneio significativo. O seu registro em matches foi igualmente impressionante: em Berlim, em 1890, empatou um match de playoff contra o seu irmão Berthold; e venceu todos os seus outros matches de 1889 a 1893, principalmente contra adversários de primeira classe: Curt von Bardeleben (1889; na época o 9º melhor 215
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
jogador do mundo por Chessmetrics), Jacques Mieses (1889; 11º colocado), Henry Edward Bird (1890; 29º lugar), Berthold Englisch (1890; 18º), Joseph Henry Blackburne (1892, invicto; Blackburne aos 51 anos, era ainda 9º do mundo), Jackson Showalter (1892-93; 22º) e Celso Golmayo Zúpide (1893; 29º). O site Chessmetrics calcula que Emanuel Lasker se tornou o jogador mais forte do mundo em meados de 1890, e que ele estava entre os dez primeiros desde o início de sua carreira em 1889. Em 1892, Lasker fundou a primeira de suas revistas de xadrez, The London Chess Fifnightly, publicada de agosto de 1892 a julho de 1893. Pouco depois da última edição, Lasker viajou para os EUA, onde passou os dois anos seguintes. Lasker desafiou Siegbert Tarrasch, que vencera três fortes torneios internacionais consecutivos (Breslau 1889, Manchester 1890 e Dresden 1892), para um match. Tarrasch declinou de forma orgulhosa, afirmando que Lasker deveria primeiro provar seu valor vencendo um ou dois grandes eventos internacionais. Rechaçado por Tarrasch, Lasker desafiou o então campeão mundial Wilhelm Steinitz para um match pelo título. Inicialmente, Lasker queria jogar por US$ 5.000 e um match foi acertado com uma bolsa de US$ 3.000, mas Steinitz concordou com uma série de reduções quando Lasker encontrou dificuldades em levantar essa quantia. O valor final foi de US$ 2.000, o que foi menor do que em alguns dos matches anteriores de Steinitz (a bolsa em matches anteriores foi de US$ 4.000, que valeria mais de US$ 495.000 em valores de 2006). Embora isso tenha sido publicamente elogiado como um ato de esportividade por parte de Steinitz, a verdade é que ele possa ter precisado desesperadamente do dinheiro. O match foi disputado em 1894, em locais em Nova Yorque, Filadélfia e Montreal. Steinitz declarou que venceria sem dúvida, 216
então foi um choque quando Lasker venceu a 1ª partida. Steinitz respondeu vencendo a 2ª e manteve o equilíbrio ao longo da 6ª. No entanto, Lasker venceu todas as partidas da 7ª à 11ª, e Steinitz pediu uma semana de descanso. Quando o match foi reiniciado, Steinitz parecia em melhor forma e venceu as 13ª e 14ª partidas. Lasker revidou nas 15ª e 16ª, e Steinitz não compensou suas perdas do meio do match. Dessa forma, Lasker venceu de forma convincente com dez vitórias, cinco derrotas e quatro empates, tornando-se assim o segundo Campeão Mundial de Xadrez reconhecido formalmente, e confirmou seu título ao derrotar Steinitz de forma ainda mais convincente em sua revanche em Moscou em 1896–1897 (dez vitórias, duas derrotas e cinco empates). Jogadores e jornalistas influentes menosprezaram o match de 1894, tanto antes quanto depois. A dificuldade de Lasker em obter apoio pode ter sido causada por comentários hostis pré-jogo de Gunsberg e Leopold Hoffer, que há muito eram inimigos acirrados de Steinitz. Uma das reclamações foi que Lasker nunca havia enfrentado dois dos quatro melhores jogadores da época, Siegbert Tarrasch e Mikhail Chigorin, embora Tarrasch tenha rejeitado um desafio de Lasker em 1892. Após o match, alguns comentaristas, notadamente Tarrasch, disseram que Lasker vencera principalmente porque Steinitz estava velho (58 anos em 1894). Emanuel Lasker respondeu a essas críticas criando um registro de partidas ainda mais impressionante. Antes do início da I Guerra Mundial, seus mais sérios “retrocessos” foram o terceiro lugar em Hastings, em 1895 (onde poderia estar sofrendo os efeitos posteriores da febre tifoide), um empate em Cambridge, em 1904, e um empate pela primeira vez no Memorial Chigorin, em São Petersburgo, 1909. Lasker ganhou os primeiros prêmios em torneios muito fortes em São Petersburgo (1895-96,
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Os adversários de Alekhine neste livro
Quadrangular), Nuremberg (1896), Londres (1899), Paris (1900) e São Petersburgo (1914), onde superou uma diferença de 1,5 ponto para terminar. à frente das estrelas em ascensão, Capablanca e Alexander Alekhine, que mais tarde se tornariam os dois campeões mundiais seguintes. Durante décadas, escritores de xadrez relataram que o czar Nicolau II da Rússia conferiu o título de “Grande Mestre de Xadrez” a cada um dos cinco finalistas em São Petersburgo em 1914 (Lasker, Capablanca, Alekhine, Tarrasch e Marshall), mas o historiador Edward Winter questionou. isso, afirmando que as primeiras fontes conhecidas que apoiam esta história foram publicadas em 1940 e 1942. O recorde de partidas de Lasker foi impressionante entre seu match revanche de 1896-1897 com Steinitz e 1914: venceu todos menos um de seus matches normais, e três deles foram defesas convincentes de seu título. Ele enfrentou Marshall pela primeira vez no Campeonato Mundial de Xadrez de 1907, quando, apesar de seu estilo agressivo, Marshall não conseguiu vencer uma única partida, perdendo oito e empatando sete (pontuação final: 11,5 – 3,5). Lasker então enfrentou Tarrasch no Campeonato Mundial de Xadrez de 1908, primeiro em Düsseldorf e depois em Munique. Tarrasch acreditava firmemente que o jogo de xadrez era governado por um conjunto preciso de princípios. Para ele, a força de um lance de xadrez estava em sua lógica, não em sua eficiência. Devido aos seus princípios teimosos, considerava Lasker um jogador de café que só ganhava seus jogos graças a truques duvidosos, enquanto Lasker ridicularizava a arrogância de Tarrasch, que, em sua opinião, brilhava mais nos salões do que no tabuleiro de xadrez. Na cerimônia de abertura, Tarrasch se recusou a falar com Lasker, dizendo apenas: “Sr. Lasker, tenho apenas três palavras para dizer ao senhor: xeque e mate!”. Lasker deu uma resposta brilhante no ta-
buleiro de xadrez, vencendo quatro das primeiras cinco partidas e jogando um tipo de xadrez que Tarrasch não conseguia entender. Lasker venceu o match por 10,5-5,5 (oito vitórias, cinco empates e três derrotas). Tarrasch afirmou que o tempo chuvoso foi a causa de sua derrota. Em 1909, Lasker jogou um mini-match (duas vitórias, duas derrotas) contra David -DQRZVNL, um jogador de ataque, expatriado polonês. Vários meses depois, eles jogaram um match mais longo em Paris, e os histo-riadores do xadrez ainda discutem se isso foi pelo Campeonato Mundial de Xadrez. Entendendo o estilo de -DQRZVNL, Lasker escolheu defender-se solidamente para que -DQRZVNL desencadeasse seus ataques cedo demais e se deixasse vulnerável. Lasker venceu facilmente o match por 8–2 (sete vitórias, dois empates e uma derrota). Esta vitória foi convincente para todos, menos para -DQRZVNL, que pediu um match revanche. Lasker aceitou e jogou um match pelo Campeonato Mundial de Xadrez em Berlim, em novembro-dezembro de 1910. Lasker esmagou seu adversário, vencendo por 9,5 – 1,5 (oito vitórias, três empates, sem derrotas). -DQRZVNL não entendeu os lances de Lasker, e depois das suas três primeiras derrotas declarou a Edward Lasker: “Seu homônimo joga tão estupidamente bem que nem posso olhar para o tabuleiro de xadrez quando ele pensa. Tenho medo de não fazer nada de bom neste match”. Entre suas duas partidas contra -DQRZVNL, Lasker organizou outro Mundial de Xadrez em janeiro-fevereiro de 1910 contra Carl Schlechter, que era um homem modesto, e era pouco provável que vencesse os grandes torneios de xadrez por sua inclinação pacífica, sua falta de agressividade e sua disposição em aceitar a maioria das ofertas de empate de seus adversários (cerca de 80% de suas partidas terminaram empatadas). As condições do match contra Lasker ainda são debatidas entre os historiadores do xadrez, mas ao que 217
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
parece Schlechter aceitou jogar sob condições muito desfavoráveis, notadamente a de que precisaria terminar dois pontos à frente de Lasker para ser declarado o vencedor do match, e precisaria ainda vencer um match revanche para ser declarado Campeão Mundial. O match foi concebido inicialmente para ter 30 partidas, mas quando se tornou claro que não haveria recursos financeiros suficientes (Lasker exigiu um valor de 1.000 marcos por partida), o número de partidas foi reduzido para dez, fazendo com que a margem de dois pontos fosse ainda mais difícil de ser alcançada. Em 1911, Lasker recebeu um desafio para um match pelo título mundial contra o astro em ascensão José Raúl Capablanca. Lasker não estava disposto a jogar o tradicional “primeiro a vencer dez partidas” nas condições semitropicais de Havana, e o match poderia durar mais de seis meses. Então, fez uma contraproposta: se nenhum dos jogadores tivesse uma vantagem de pelo menos duas partidas até o final do match, deveria ser considerado um empate; o match seria limitado ao melhor de trinta partidas, contando os empates; se um dos jogadores vencesse seis partidas e tivesse a diferença de pelo menos duas partidas antes que fossem completadas as trinta partidas, seria declarado vencedor; o campeão decidiria o local e a bolsa, e teria o direito exclusivo de publicar as partidas. O desafiante deveria depositar US$ 2.000 (equivalente a mais de US $ 194.000 em valores de 2006); o limite de tempo seria de doze lances por hora; o match seria limitado a duas sessões de 2 horas e meia por dia, cinco dias por semana. Capablanca se opôs ao limite de tempo, aos curtos tempos de jogo, ao limite de 30 partidas e, especialmente, à exigência de que ele vencesse por duas partidas para reivindicar o título, o que considerava injusto. Lasker se ofendeu com os termos nos quais Capablanca criticou a condição de dois jogos e parou as negociações. Até 1914 Lasker e Capablanca não se falaram. No 218
entanto, no torneio de São Petersburgo de 1914, Capablanca propôs um conjunto de regras para a condução dos jogos do Campeonato Mundial, que foi aceito pelos principais jogadores, incluindo Lasker. No final de 1912, Lasker entrou em negociações para uma disputa pelo título mundial com Akiba Rubinstein, cujo recorde de torneios nos anos anteriores tinha sido igual ao de Lasker e um pouco à frente de Capablanca. Os dois jogadores concordaram em jogar um match se Rubinstein pudesse levantar o dinheiro, mas Rubinstein tinha poucos amigos ricos para apoiá-lo e o match nunca foi realizado. Esta situação demostrou algumas das falhas inerentes ao sistema de campeonatos que então era usado. O início da I Guerra Mundial, no verão de 1914, pôs fim às esperanças de que Lasker jogasse com Rubinstein ou Capablanca pelo Campeonato Mundial em um futuro próximo. Durante toda a I Guerra Mundial (1914-1918), Lasker jogou apenas dois eventos sérios de xadrez. Venceu de forma convincente (5,5 – 1,5) um match sem o título contra Tarrasch em 1916. Em setembro-outubro de 1918, pouco antes do armistício, Lasker venceu um torneio quadrangular meio ponto à frente de Rubinstein. Em janeiro de 1920 Lasker e José Raúl Capablanca assinaram um acordo para disputar um match pelo Campeonato Mundial em 1921, considerando que Capablanca não estaria livre para jogar em 1920. Devido ao atraso, Lasker insistiu em uma cláusula final que lhe permitisse jogar com qualquer outra pessoa o campeonato em 1920, que anularia o contrato com Capablanca se Lasker perdesse um match pelo título em 1920, e que estipulasse que, se Lasker renunciasse ao título, Capablanca se converteria em Campeão Mundial. Lasker já incluíra em seu acordo antes da I Guerra Mundial para jogar com Akiba Rubinstein uma cláusula similar que, caso renunciasse ao título, o Campeão Mundial seria Rubinstein.
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Um artigo no American Chess Bulletin (edição de julho e agosto de 1920) informou que Lasker renunciara ao título mundial em favor de Capablanca, pois as condições do match desagradaram o mundo do xadrez. O American Chess Bulletin especulou que as condições não eram suficientemente impopulares para justificar a renúncia ao título, e que a preocupação real de Lasker era que não houvesse apoio financeiro suficiente para justificar sua dedicação de nove meses ao match. Nesse momento, Lasker não sabia que os entusiastas em Havana levantaram US$ 20.000 para financiar o match, desde que fosse realizado em Havana. Quando Capablanca soube da possibilidade de renúncia de Lasker, foi para a Holanda, onde Lasker morava na época, para informá-lo de que Havana financiaria o match. Em agosto de 1920, Lasker concordou em jogar em Havana, mas insistiu que ele era o desafiante, pois, devido à sua renúncia, Capablanca no momento era o campeão. Capablanca assinou um acordo em que aceitou este ponto, e logo depois publicou uma carta confirmando isso. Lasker também afirmou que, caso derrotasse Capablanca, renunciaria novamente ao título, para que os mestres mais jovens pudessem competir por ele. O match foi disputado em março-abril de 1921. Após quatro empates, a 5ª partida viu Lasker errar com as pretas em um final igual. O estilo sólido de Capablanca permitiu que ele planejasse facilmente as próximas quatro partidas, sem correr riscos. Na 10ª partida, Lasker com as brancas jogou uma posição com um peão da dama passado mas não criou a atividade necessária e Capablanca conseguiu um final superior, o qual venceu. A 11ª e 14ª partidas também foram vencidas por Capablanca, e Lasker abandonou o match. Lasker ficou chocado com a pobreza na qual Wilhelm Steinitz morreu e não pretendia morrer em circunstâncias semelhantes. Tornou-se notório por exigir altos valores para jogar partidas e torneios, e argumentou
que os jogadores deveriam possuir os direitos autorais em seus jogos, em vez de permitir que os editores obtivessem todos os lucros. Essas demandas inicialmente enfureceram os editores e outros jogadores, mas ajudaram a preparar o caminho para o surgimento de profissionais de xadrez em tempo integral, que passam a maior parte do seu tempo jogando, escrevendo e ensinando. Os direitos autorais nos jogos de xadrez tinham sido contenciosos pelo menos desde meados da década de 1840, e Steinitz e Lasker afirmaram vigorosamente que os jogadores deveriam possuir os direitos autorais e escreveram cláusulas desses direitos em seus contratos de jogos. No entanto, as exigências de Lasker de que os adversários deveriam levantar grandes bolsas impediram ou retardaram alguns matches pelo Campeonato Mundial ansiosamente aguardados - por exemplo, Frank James Marshall o desafiou em 1904 para um match pelo Campeonato Mundial, mas não conseguiu aumentar a bolsa exigida por Lasker até 1907. Esse problema prosseguiu durante o reinado de seu sucessor Capablanca. Algumas das condições polêmicas que Lasker insistiu para disputar o Campeonato Mundial levaram Capablanca a tentar por duas vezes (1914 e 1922) publicar as regras para esses matches, com as quais outros jogadores de ponta concordaram prontamente. Em agosto de 1937, Martha e Emanuel Lasker decidiram deixar a União Soviética, para onde tinham emigrado, e se mudaram, via Holanda, para os Estados Unidos (primeiro Chicago, depois para Nova Iorque) em outubro de 1937. No ano seguinte, o patrono de Emanuel Lasker na União Soviética, Krylenko, foi expurgado e fuzilado sob Stalin. Enquanto isso, nos Estados Unidos, Lasker tentou se sustentar dando palestras e exibições de xadrez e bridge, já que estava velho demais para competir. Em 1940, ele publicou seu último livro, “A Comunidade do Futuro”, em que ele propôs soluções para 219
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problemas políticos sérios, incluindo o antisemitismo e o desemprego. Lasker morreu de uma infecção renal em Nova Iorque, em 11 de janeiro de 1941, aos 72 anos, como paciente beneficente no Hospital Mount Sinai. Foi enterrado no histórico cemitério de Beth Olom, Queens, Nova Iorque. Sua esposa Martha e sua irmã, a Sra. Lotta Hirschberg, sobreviveram a ele. Lasker foi um bom amigo de Albert Einstein, que escreveu a introdução à biografia póstuma Emanuel Lasker, a vida de um Mestre de Xadrez, do Dr. Jacques Hannak (1952). Neste prefácio, Einstein expressou sua satisfação por ter conhecido Lasker, escrevendo: “Emanuel Lasker foi, sem dúvida, uma das pessoas mais interessantes que conheci nos últimos anos. Devemos ser gratos àqueles que escreveram a história de sua vida para esta e para as próximas gerações, pois há poucos homens que tiveram um interesse caloroso em todos os grandes problemas humanos e, ao mesmo tempo, mantiveram sua personalidade tão singularmente independente”. Abaixo reproduzimos a 19ª e última partida do match Steinitz-Lasker em 1894, na qual Lasker, ao vencer o match por 10-5 (mais 4 empates), conquistou o título de Campeão Mundial: Emanuel Lasker - Wilhelm Steinitz, Montreal 1894: 1.d4 d5 2.c4 e6 3.Nc3 Nf6 4.Nf3 Be7 5.e3 0-0 6.Bd3 c5 7.dxc5 dxc4 8.Bxc4 Qxd1+ 9.Kxd1 Nc6 10.a3 Bxc5 11.b4 Rd8+ 12.Ke2 Bf8 13.Bb2 Bd7 14.Rhd1 Rac8 15.Bb3 Ne7 16.Nd4 Ng6 17.Rd2 e5 18.Nf3 Bg4 19.Rxd8 Rxd8 20.h3 Bxf3+ 21.gxf3 Be7 22.Rc1 Kf8 23.Na4 b6 24.Nc3 Bd6 25.Rd1 Ne8 26.Nb5 Rd7 27.Bc2 Ke7 28.Bf5 a6 29.Bxd7 Kxd7 30.Nc3 f5 31.b5 axb5 32.Nxb5 Ke6 33.Bc3 Ne7 34.Nxd6 Nxd6 35.Bb4 Nd5 36.Rc1 Nf7 37.Bd2 Nd6 38.Kd3 Kd7 39.e4 Nf6 40.Be3 fxe4+ 41.fxe4 b5 42.f3 Nc4 43.Rc3 Ne8 44.Bc1 Ncd6 45.Rc5 Nc7 46.Rxe5 Ne6 47.Rh5 h6 48.Re5 g5 49.h4 gxh4 50.Rh5 Kc6 51.Rxh6 Nc5+ 52.Kc2 1-0 220
Levitsky, Stefan – Partidas 40 e 41 Stefan Levitsky, nascido em 25/04/1876 em Serpukhov, na Rússia e falecido aos 47 anos em 21/03/1924 em Glubokaya, Rússia, foi um mestre e Campeão Nacional russo de xadrez. Em 1899 ficou em 3º lugar em Moscou (o Torneio de Mestres Russos, 1º Campeonato da Rússia, vencido por Mikhail Chigorin). Em 1903, ficou em 8º lugar em Kiev (3º Campeonato da Rússia, Chigorin venceu). Em 1905/1906 empatou em 8º/11º lugares em São Petersburgo (4º Campeonato da Rússia, Gersz Salwe venceu). Em 1907 ficou em 2º lugar, atrás de Eugene ZnoskoBorovsky, em São Petersburgo. Perdeu um match para Simon Alapin (0-5) em São Petersburgo 1907. Levitsky venceu em São Petersburgo em 1911 (Torneio Amador Russo), tornando-se Campeão Nacional de xadrez russo por um ano. Em julho-agosto de 1912, empatou em 13º/14º lugares em Breslau (18º Congresso da DBS; Akiba Rubinstein e Oldrich Duras venceram). Em agosto-setembro de 1912, ficou em 3º lugar em Vilna (8º Campeonato da Rússia, Akiba Rubinstein venceu). Em 1913 perdeu um match para Alexander Alekhine (3-7) em São Petersburgo. Em 1913/1914, ficou em 13º lugar em São Petersburgo (o 9º Campeonato da Rússia, Alexander Alekhine e Aron Nimzovitsch venceram). Levitsky criou o Ataque do Bispo da Dama, conhecido como Ataque Levitsky (1.d4 d5 2.Bg5) na Abertura Peão da Dama (ECO D00).
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Mas Levitsky talvez seja mais lembrado pelos jogadores de xadrez como o perdedor de uma partida famosa, contra Frank Marshall em Breslau em 1912: Stefan Levitsky – Frank Marshall, Breslau 1912: 1.d4 e6 2.e4 d5 3.Nc3 c5 4.Nf3 Nc6 5.exd5 exd5 6.Be2 Nf6 7.0-0 Be7 8.Bg5 0-0 9.dxc5 Be6 10.Nd4 Bxc5 11.Nxe6 fxe6 12.Bg4 Qd6 13.Bh3 Rae8 14.Qd2 Bb4 15.Bxf6 Rxf6 16.Rad1 Qc5 17.Qe2 Bxc3 18.bxc3 Qxc3 19.Rxd5 Nd4 20.Qh5 Ref8 21.Re5 Rh6 22.Qg5 Rxh3 23.Rc5 Qg3 0-1 Segundo a lenda, a beleza da combinação final de Marshall fez com que os espectadores enchessem o tabuleiro com moedas de ouro.
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Levenfish, Grigory – Partidas 15, 20 e
Grigory Yakovlevich Levenfish, nascido em 21/03/1889 em Piotrków na Polônia e falecido aos 71 anos em 09/02/1961 em Moscou, foi um Grande Mestre russo de xadrez, que atingiu o seu auge entre as décadas de 1920 e 1930. Levenfish foi duas vezes campeão soviético, em 1934 (juntamente com Ilya Rabinovich) e em 1937. Em 1937, jogou um match contra o futuro campeão mundial Mikhail Botvinnik. Levenfish também teve uma carreira profissional como engenheiro. Era um renomado especialista em finais de jogo e um proeminente escritor de xadrez. Levenfish nasceu na Polônia, então parte do Império Russo, filho de Jacob Levenfish e
Golda Levenfish. Passou a maior parte de seus anos de formação em São Petersburgo, onde estudou na Universidade Estadual de São Petersburgo, graduando-se em engenharia química. Seu primeiro reconhecimento como grande jogador de xadrez veio quando venceu o Campeonato de São Petersburgo 1909 e jogou o forte torneio de Carlsbad (agora Karlovy Vary) de 1911, embora tenha feito uma pontuação negativa no torneio muito forte. Aos 22 anos, este seria seu primeiro e último torneio fora da Rússia ou da União Soviética. Seu jogo na época foi comparado com o do Grande Mestre Chigorin. Na década seguinte, continuou a se sair muito bem em torneios locais, mais notavelmente vencendo os Campeonatos de Leningrado de 1922, 1924 e 1925. Também em nível nacional, desfrutou de um excelente recorde no Campeonato Soviético; 3º lugar em 1920, 2º lugar em 1923, co-campeão em Leningrado em 1934 (empatado com Ilya Rabinovich em 12 pontos em 19) e campeão absoluto em Tbilisi em 1937 com 12½ pontos em 19. No muito competitivo torneio internacional de Moscou de 1935, Levenfish marcou 10½ pontos em 19, empatando em 6º/7º lugares com Mikhail Botvinnik e com vitória de Salo Flohr. Em um torneio soviético em Leningrado em 1936, ficou em terceiro com 8½ pontos em 14. A participação no torneio de treinamento de Leningrado-Moscou, em 1939, resultou em um 3º/6º lugares, com 10 pontos em 17, atrás do vencedor Salo Flohr e Samuel Reshevsky. Em match, empatou com Botvinnik em 1937 em 13 partidas, e venceu Vladimir Alatortsev em 1940. Apesar dos seus sucessos, Levenfish foi virtualmente ignorado pelas autoridades do xadrez soviético, que deram sua bênção à jovem estrela em ascensão e comunista convicto Botvinnik. Foi o único forte mestre soviético da sua geração a quem foi negado um salário. Isso significava que Levenfish só 221
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podia pagar por um quarto mal aquecido em um bloco degradado de apartamentos. Pior ainda, o governo recusou-lhe permissão para viajar para o exterior e competir em torneios como o AVRO 1938 (embora fosse o então Campeão Soviético). Isso enfraqueceu ainda mais sua posição e provavelmente afetou seu moral; para não mencionar seu desenvolvimento contínuo como um jogador de xadrez. Outros jogadores nascidos antes da revolução, como Alekhine, Bogoljubov, Rubinstein e Nimzovitsch, puderam viajar e até mesmo viver no exterior. Privado das mesmas oportunidades, Levenfish jogou apenas dentro dos limites da Rússia Soviética e suplementou sua renda com um emprego como engenheiro na indústria do vidro. Isso acabou resultando em uma lenta aposentadoria do jogo de xadrez ativo. Levenfish recebeu o título de Grande Mestre Internacional da FIDE, a federação mundial de xadrez, em 1950, no ano em que o título foi oficialmente criado. Genna Sosonko, em seu livro Russian Silhouettes, apresenta os pensamentos de alguns Grandes Mestres que o conheciam, e eles falam de um homem de grande integridade e independência, que nunca reclamou de suas difíceis condições de vida. Boris Spassky encontrou-o em um metrô de Moscou, poucos dias antes de sua morte. Grigory Levenfish, que tinha um olhar infeliz, estava segurando um lenço na boca e informou a Spassky que acabara de extrair seis dentes. Smyslov lembrou o tempo em que Levenfish o visitou, no final de sua vida, acompanhado de uma enorme pilha de papéis. Era um manuscrito, detalhando o trabalho de sua vida em finais de torre. Levenfish pediu a Smyslov que checasse os erros, e após algumas pequenas correções, o livro foi publicado em russo em 1957 com os nomes dos dois autores, sob o título A Teoria dos Finais de Torres (mais tarde publicado em inglês em 1971 sob o título Rook Endings). Smyslov admite abertamente que todo o trabalho duro foi realizado por seu co-autor. 222
Em sua época, Levenfish também escreveu livros para iniciantes e editou um esforço colaborativo em aberturas de xadrez, intitulado Modern Openings. Sua autobiografia publicada postumamente, Izbrannye Partii I Vospominanya (Memórias e Partidas Selecionadas), de 1967, contém 79 partidas comentadas. Como mostra a seleção das partidas, Levenfish derrotou virtualmente todos os principais jogadores russos e soviéticos da década de 1910 até o início dos anos 1950, e venceu os Campeões Mundiais Alexander Alekhine e Emanuel Lasker também. No entanto, foi superado pelos jovens superstars Paul Keres e David Bronstein. Levenfish era forte com as pretas na Defesa Francesa e na Defesa Eslava, e geralmente preferia as aberturas clássicas como a Ruy Lopez e o Gambito da Dama, embora de vez em quando brincasse com as hipermodernas Defesa Gruenfeld e a Defesa Nimzo-Índia. Em relação às suas habilidades de jogador, Sosonko aponta para sua profunda compreensão do jogo e um olhar aguçado para movimentos brilhantemente imaginativos. Foi como um estrategista que Levenfish realmente se destacou, produzindo combinações elegantes e golpes táticos inesperados, que muitos pensavam ser de forma impossível ambiciosos. Também foi um talentoso líder teórico da abertura; o inventor do Ataque Levenfish, uma variação nítida da defesa siciliana, planejada para combater o sempre popular Sistema Dragão, que permanece completamente jogável na prática moderna. Viktor Kortchnoi – Grigory Levenfish, Minsky 1953 - 1.c4 Nf6 2.Nf3 e6 3.g3 d5 4.Bg2 Be7 5.0-0 0-0 6.d4 Nbd7 7.Qb3 c6 8.Nc3 b6 9.cxd5 exd5 10.Bf4 Bb7 11.Rad1 Re8 12.Rfe1 a5 13.a3 Bf8 14.Ne5 Nxe5 15.Bxe5 b5 16.Bxf6 Qxf6 17.e4 b4 18.axb4 axb4 19.Na4 dxe4 20.Nc5 Bxc5 21.dxc5 Bc8 22.Bxe4 Bh3 23.Rd6 Rxe4 24.Rxe4 Qxd6 25.Qxb4 Qxc5 26.Qe1 g6 0-1
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Marco, Georg – Partida 9 Georg Marco, nascido em Chernivtsi, Império Austro-Húngaro, em 29/11/1863 e falecido aos 59 anos em 29/08/1923, foi um jogador de xadrez austríaco. Marco mais tarde se estabeleceu em Viena e foi secretário da Associação Vienense de Xadrez. Em torneios, ele foi 6º lugar em Graz 1890, 6º lugar em Viena em 1890, 1º lugar em Viena em 1891, 4º lugar em Dresden em 1892, 1º lugar em Viena em 1892, 2º lugar em Viena em 1893, 6º lugar em Leipzig em 1894, 2º lugar em 1967 em Pressburg, 1º lugar em Viena 1895, 17º lugar em Hastings 1895, 13º lugar em Nuremberg 1896, 11º lugar em Budapeste 1896, 6º lugar em Berlim 1897, 3º lugar em Viena 1897, 2º lugar em Londres 1899/1900, 7º lugar em Paris 1900, 5º lugar em Munique 1900, 9º lugar em Monte Carlo 1901, 15º lugar em Monte Carlo 1902, 6º lugar em Monte Carlo 1903, 3º lugar no torneio de Viena Gambit 1903, 4º lugar em Cambridge Springs 1904, 4º lugar em Coburg 1904, 5º lugar em Ostend 1905, 6º lugar em Ostend 1906, 9º lugar em Ostend 1907, 2º lugar em 1907 em Moscou, 3º lugar em Estocolmo em 1912, 4º lugar em Budapeste em 1913, 4º lugar em Viena em 1915, 9º lugar em Gotemburgo em 1920, 7º lugar em Haia em 1921 e 18º lugar em Pistyan em 1922. Em matches, Marco empatou com Carl Schlechter duas vezes, (+0–0=10) em 1893 e (+4–4=3) em 1894. Também empatou com Arthur Kaufmann (+5–5= 0) em 1893, perdeu para Max Weiss (+1–5=1) em 1895 e
venceu Adolf Albin (+4–2=4) em 1901. No entanto, Marco é provavelmente mais conhecido por seu trabalho como editor do Wiener Schachzeitung de 1898 a 1916 e pelos seus comentários nos livros Vienna Gambit Tournament (1903), Barmen 1905, Ostend 1906, Carlsbad 1907, match Lasker-Tarrasch para o Campeonato Mundial de Xadrez em 1908, Baden e Viena, Torneio de 1914, e Meister des Problems (Viena, 1924). Marco era um homem muito grande, e era chamado de “o jogador de xadrez mais forte do mundo”.
Maróczy, Geza – Partida 83
Géza Maróczy nasceu em Szeged, na Hungria, em 03/03/1870 e faleceu aos 81 anos no dia 29/05/1951 em Budapeste. Venceu o torneio “menor” em Hastings, em 1895, e nos dez anos seguintes conquistou vários primeiros lugares em eventos internacionais. Entre 1902 e 1908, Maróczy participou de treze torneios e ganhou cinco primeiros prêmios e cinco segundos prêmios. Em 1906, concordou com os termos de um match pelo Campeonato Mundial com Emanuel Lasker, mas os problemas políticos em Cuba, onde o match seria jogado, fizeram com que os acordos fossem cancelados. Depois de 1908, Maróczy retirou-se do xadrez internacional para dedicar mais tempo à sua profissão de funcionário público. Trabalhou como auditor e fez uma boa carreira no Centro de Sindicatos e Seguro Social. Quando os comunistas chegaram brevemente ao poder, ele era auditor-chefe do Ministério da Educação. Depois que o governo comu223
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nista foi derrubado, Maróczy não conseguiu emprego. Retornou brevemente ao xadrez após a I Guerra Mundial com algum sucesso, e hoje a formação Maróczy (uma formação de peões, criada por Maróczy contra a Defesa Siciliana, caracterizada por peões brancos em c4 e e4, com o Peão d das brancas trocado pelo Peão c das pretas) é uma das mais utilizadas linhas da Siciliana. Na virada do ano 1927 - 1928 Maróczy demoliu o campeão de 1924 da Hungria, Géza Nagy, em um match por +5−0=3. Com ele à frente, a Hungria venceu as primeiras Olimpíadas de Xadrez em Londres (1927). Em 1950, a FIDE instituiu o título de Grande Mestre. Maróczy foi um dos jogadores que receberam o título com base em suas conquistas passadas. O estilo de Maróczy, embora sólido, era muito defensivo por natureza. Suas defesas bem sucedidas do Gambito Dinamarquês contra Jacques Mieses e Karl Helling, envolvendo retorno obrigatório do material sacrificado pela iniciativa, foram usadas como modelos de jogo defensivo por Max Euwe e Kramer em sua série de dois volumes sobre o meio-jogo. Aaron Nimzovitsch, em Meu Sistema, usou a vitória de Maróczy contra Hugo Süchting (em Barmen 1905) como um modelo de bloqueio ao adversário antes do rompimento. Mas Maróczy também jogava um xadrez espetacular em algumas ocasiões, como sua famosa vitória sobre o renomado atacante David -DQRZVNL (Munique, 1900). Sua maneira de lidar com os finais de Dama também foi altamente respeitada, como contra Frank Marshall, em Carlsbad 1907, mostrando técnica superior nesse tipo de final. Maróczy teve pontuação vitalícia respeitável contra a maioria dos melhores jogadores da sua época. No entanto, teve escores negativos contra os campeões mundiais de xadrez: Wilhelm Steinitz (+1 −2 =1), Emanuel Lasker (+0−4=2), José Raúl Capablanca (+0 −3 =5) e Alexander Alekhine (+0 −6 =5); exceto Max Euwe, a quem venceu (+4 −3 =15). Mas o estilo defensivo de Maróczy era suficiente para derrotar os 224
principais jogadores ofensivos da época, como Joseph Henry Blackburne (+5 −0 =3), Mikhail Chigorin (+6 −4 =7), Frank Marshall (+11 -6 =8), David -DQRZVNL (+10 −5 =5), Efim Bogoljubov (+7 −4 =4) e Frederick Yates (+8 −0 =1). Capablanca tinha Maróczy em alta estima. Em uma palestra proferida no início da década de 1940, Capablanca chamou Maróczy de “muito gentil e correto” e “uma gentil figura”, elogiou a formação Maróczy como uma importante contribuição para a teoria das aberturas, creditou-o como um “bom professor” que ajudou muito a Vera Menchik chegar ao topo do xadrez das mulheres e “um dos maiores mestres do seu tempo”. Capablanca escreveu, como citado no livro de Edward Winter Capablanca: “Como um jogador de xadrez, era um pouco sem imaginação e espírito agressivo. Seu julgamento posicional, a maior qualidade do verdadeiro mestre, era excelente. Um jogador muito preciso e um excelente artista de final de partidas, se tornou famoso como um especialista em finais de Dama. Em um torneio, há muitos anos, ganhou um final digno de campeão contra o mestre vienense Marco, que entrou na história como um dos finais clássicos desse tipo (Marco-Maróczy 1899). No que diz respeito à força relativa de Maróczy e dos melhores jovens mestres de hoje, minha opinião é que, com exceção de Botvinnik e Keres, Maróczy em seu tempo foi superior a todos os outros jogadores de hoje”.
Marshall, Frank – Partidas 24 Frank James Marshall, nascido em Nova Iorque em 10/08/1887 e falecido aos 67 anos
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em Jersey City em 09/11/1944, foi o Campeão de Xadrez dos EUA de 1909 a 1936 e um dos mais fortes jogadores de xadrez do mundo no início do século XX. Marshall nasceu em Nova Iorque e viveu em Montreal, Quebec, Canadá, dos 8 aos 19 anos. Começou a jogar xadrez aos 10 anos de idade e em 1890 (13 anos) era um dos principais jogadores de Montreal. Marshall venceu o Congresso Internacional de Xadrez de Cambridge Springs em 1904 (com 13 pontos em 15, à frente do Campeão Mundial Emanuel Lasker) e o Congresso Americano em 1904, mas não conseguiu o título nacional porque o campeão americano Harry Nelson Pillsbury não competiu. Em 1906, Pillsbury morreu e Marshall novamente recusou o título do campeonato até vencê-lo em 1909. Em 1907 Marshall jogou um match contra o Campeão Mundial Emanuel Lasker pelo título e perdeu oito jogos, sem vencer nenhum, com sete empates. O match foi realizado em Nova Iorque, Filadélfia, Washington DC, Baltimore, Chicago e Memphis de 26 de janeiro a 8 de abril de 1907. Em 1909, Marshall concordou em disputar um match com o então jovem jogador cubano José Capablanca, e para surpresa da maioria das pessoas, perdeu oito jogos, empatou catorze e ganhou apenas um. Depois dessa derrota, Marshall não se ressentiu de Capablanca; ao contrário, percebeu que o jovem tinha imenso talento e merecia reconhecimento. O campeão americano trabalhou duro para garantir que Capablanca tivesse a chance de jogar nos níveis mais altos do xadrez. Marshall insistiu para que Capablanca fosse autorizado a entrar no torneio de San Sebastián em 1911, um campeonato exclusivo que prometia ser um dos mais fortes da história. Apesar de muitos protestos pela sua inclusão, Capablanca venceu o torneio. Marshall terminou em quinto no torneio de São Petersburgo em 1914, atrás do campeão mundial Lasker, dos futuros campeões mundiais Capablanca e Alekhine e do ex-desafiante ao Campeonato Mundial
Tarrasch, mas à frente dos jogadores que não se classificaram para a final: Ossip Bernstein, Rubinstein, Nimzovitsch, Blackburne, -DQRZVNL e Gunsberg. De acordo com a autobiografia de Marshall de 1942, que teria sido escrita por Fred Reinfeld, o czar Nicolau II conferiu o título de “Grande Mestre” a Marshall e aos outros quatro finalistas. O historiador de xadrez Edward Winter questionou isso, afirmando que as primeiras fontes conhecidas que apóiam essa história são a autobiografia de Marshall e um artigo de Robert Lewis Taylor na edição de 15/06/1940 da revista The New Yorker. Em 1915, Marshall abriu o Marshall Chess Club em Nova York. Em 1925, ele apareceu no curta metragem soviético Chess Fever, junto com Capablanca. Na década de 1930, Marshall capitaneou a equipe dos EUA para quatro medalhas de ouro em quatro Olimpíadas de Xadrez. Durante uma rodada, ao retornar às mesas, descobriu que seus companheiros de equipe haviam concordado com três empates. Depois que terminou seu próprio jogo, Marshall deu individualmente a cada um dos jogadores uma palestra severa sobre como os empates não vencem os matches. Em 1936, após ter conquistado o título de campeão dos Estados Unidos por 27 anos, Marshall o entregou ao vencedor de um campeonato. O primeiro desses torneios foi patrocinado pela National Chess Federation e realizado em Nova Iorque. O Marshall Chess Club doou o troféu e o primeiro vencedor foi Samuel Reshevsky.
Mieses, Jacques - Partidas 19 e 30 Jacques Mieses, nascido em 27/02/1865 225
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
em Leipzig na Alemanha e falecido aos 88 anos em Londres em 23/02/1954, foi um mestre e escritor de xadrez. Nascido na Alemanha, Mieses se tornou cidadão britânico naturalizado após a Segunda Guerra Mundial. Nascido “Jakob Mieses”, seus primeiros sucessos como enxadrista adulto incluíram empate em 1º lugar em Leipzig e 3º lugar em Nuremberg em 1888. No entanto, foi rapidamente eclipsado por dois superstars em ascensão, Emanuel Lasker e Siegbert Tarrasch. Mieses atingiu a maturidade como jogador em 1895, logo após completar 30 anos, quando disputou o 9º Congresso de Xadrez em Leipzig, seguido por uma turnê de exibição na Rússia e em seguida um match contra David Janowski. Sua participação no grande torneio de Hastings naquele ano foi importante para o seu crescimento como mestre de xadrez experiente, apesar de terminar em 20º lugar. Mieses era um atacante perigoso, com várias vitórias famosas, como por exemplo contra Frank Marshall (Monte Carlo 1903). Sua melhor conquista foi ganhar o primeiro Trebitsch Memorial em Viena em 1907, e ficou em terceiro lugar no torneio de Mestres de 28 rodadas em Ostend no mesmo ano. Mieses organizou o torneio de San Sebastián em 1911 e insistiu que todas as despesas dos mestres fossem pagas pela organização. Este foi o primeiro torneio internacional de José Raúl Capablanca, que surpreendeu a todos ao vencer. Após a tomada da Alemanha pelos nazistas, os judeus Mieses se mudaram para o Reino Unido. Em 1950, tornou-se o primeiro Grande Mestre britânico reconhecido pela FIDE, embora não (como às vezes é reivindicado) o primeiro grande mestre britânico. “Grande Mestre” é um título usado por jogadores de xadrez desde o século 19, e numerosos jogadores britânicos foram considerados Grandes Mestres em seus dias, como Howard Staunton e Joseph Blackburne. Quando a FIDE concedeu o título de Grande Mestre pela primeira vez em 1950, Mieses foi 226
um dos 27 agraciados oficialmente, e o mais velho dentre eles. Mieses, com mais de 70 anos se estabeleceu na Inglaterra em 1938 após a Noite dos Cristais na Alemanha e chegou com apenas 15 Marcos alemães no bolso. Continuou a jogar xadrez ativamente e participou de seu último grande evento em Hastings em 1946, quando tinha 80 anos e meio século após Hastings 1895. O octogenário Mieses venceu apenas uma única partida, contra um adversário de 22 anos, mas garantiu o prêmio de brilhantismo para uma combinação de ataque vencedora. Três anos depois, aos 84 anos, derrotou o mestre holandês Van Foreest, de 86 anos, comentando em seguida que “ a juventude foi vitoriosa”. A seguir fez uma série de jogos de exibição na Europa Ocidental. Jacques Mieses morreu em fevereiro de 1954, poucos dias antes de seu 89º aniversário. A carreira de xadrez profissional de Mieses durou 64 anos, um recorde que ainda permanece em 2018. Sua durabilidade em idade avançada foi atribuída à sua crença na aptidão física; Mieses praticava mergulhos diários até quase o fim de sua vida. Mieses escreveu muitos boletins de torneios, mas seu estilo era considerado bastante seco, em contraste com sua lucidez pessoalmente. Mieses aderiu em grande parte à escola romântica do século XIX e mostrou pouca aptidão para o xadrez posicional. Usou quase exclusivamente a abertura e4 e foi o último mestre em xadrez a fazer uso sério da Abertura Central e da Abertura Vienense. Com as pretas frente a uma abertura e4, geralmente usava a Defesa Francesa ou a Defesa Siciliana. O Gambito da Dama e a Defesa Holandesa eram suas respostas habituais às aberturas com d4. Frequentemente usou a Defesa Escandinava e desenvolveu grandemente sua teoria no início de 1900. A abertura do xadrez 1.d3 é denominada Abertura Mieses. Ele também é conhecido pela Variante Mieses na Abertura Vienense, que consiste em 1.e4 e5. 2.Nc3 Nf6 (ou 2... Nc6) 3.g3. Seu Bispo do Rei em fianqueto
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pode ser visto como um dos primeiros exemplos de hipermodernismo. Há também uma linha na Abertura Escocesa chamada Variante Mieses (1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.d4 exd4 4.Nxd4 Nf6 6.Nxc6) depois que ele a jogou por quatro vezes em Hastings 1895.
Muffang, André - Partidas 79, 99 e 100
André Muffang, nascido em St. Brieuc em 25/07/1897 e falecido aos 91 anos em Paris no dia 01/03/1989, foi um mestre francês de xadrez. Antes da Primeira Guerra Mundial, ficou em 3º lugar, atrás de Alexander Alekhine e Frank Marshall, em Paris 1914 (Quadrangular); ficou em 5º lugar no Torneio de Lyon 1914 (2º campeonato de Amadores Franceses, Alphonse Goetz venceu); e venceu em Paris 1914 (campeonato Café de la Régence). Após a guerra, Muffang venceu em Paris 1922 (Triangular), ficou em 2º lugar em Paris 1923 (Quadrangular), perdeu um mini-match para Alekhine (0-2) em Paris 1923, empatou em 2º/5º lugares em Margate 1923 (Ernst Grünfeld ganhou) e dividiu a 4ª colocação em Estrasburgo 1924. Muffang foi campeão francês em 1931. Muffang representou a França nas Olimpíadas de Xadrez: na 1ª Olimpíada de Xadrez em Londres 1927 (+3-3=9), na 2ª Olimpíada de Xadrez em Haia, em 1928 (+9–0=7), na 6ª Olimpíada de Xadrez em Varsóvia, 1935 (+4-4=9), na 12ª Olimpíada de Xadrez em Moscou, em 1956 (+3-5=7). Ganhou medalha de prata individual em Haia. Após a Segunda Guerra Mundial, jogou
pela França em amistosos contra a Suíça (1946), Tchecoslováquia (1947), União Soviética (1954) e Romênia (1955). Recebeu o título de Mestre Internacional da FIDE em 1951.
Nimzovitsch, Aaron - Partidas 13, 21 e 23 Aaron Isayevich Nimzovitsch, nascido em Riga, Letônia, em 07/11/1886 e falecido em Copenhague aos 48 anos em 16/03/1935, foi um Grande Mestre de Xadrez, escritor de grande influência, e um dos mais importantes jogadores de xadrez do século XX. Foi também a figura mais importante da Escola Hipermoderna do Xadrez. Nascido em Riga, Letônia, então uma parte do Império Russo, Nimzovitsch, que como língua nativa falava o ídiche, nasceu em uma família rica, onde aprendeu a jogar xadrez com seu pai Shaya Abramovich Nimtsovich, comerciante de madeira. Em 1897, a família vivia em Dvinsk. Em 1904, Aaron viajou para Berlim para estudar filosofia, mas deixou de lado os seus estudos formais e começou uma carreira como enxadrista profissional naquele mesmo ano. Venceu seu primeiro torneio internacional em Munique em 1906. Dividiu o primeiro lugar com Alexander Alekhine em São Petersburgo 1913 - 1914 (o oitavo torneio de mestres de toda a Rússia). Durante a Revolução Russa de 1917, Nimzovitsch estava na zona de guerra do Báltico. Escapou de ser convocado para um dos exércitos fingindo loucura, insistindo que uma mosca estava em sua cabeça. Então fugiu 227
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para Berlim e deu seu primeiro nome como Arnold, possivelmente para evitar a perseguição anti-semita. Nimzovitsch mudou-se para Copenhague em 1922, o que coincidiu com sua ascensão à elite mundial do xadrez. Viveu nessa cidade dinamarquesa pelo resto de sua vida em um pequeno quarto alugado. Em Copenhague venceu duas vezes o Campeonato Nórdico de Xadrez (1924 e 1934). Obteve a cidadania dinamarquesa e viveu na Dinamarca até a sua morte em 1935. O auge da carreira de Nimzovitsch foi no final dos anos 1920 e início dos anos 1930. A chessmetrcs.com o coloca como o terceiro melhor jogador do mundo entre 1927 e 1931, atrás de Alexander Alekhine e José Capablanca. Seus sucessos mais notáveis foram os primeiros lugares em Copenhague 1923, Marienbad 1925, Dresden 1926, Hanover 1926, o torneio de xadrez Carlsbad 1929 e o segundo lugar atrás de Alekhine no torneio de xadrez San Remo 1930. No entanto, Nimzovitsch nunca desenvolveu um talento para matches; seu melhor resultado foi um empate com Alekhine, mas o match consistiu em apenas dois jogos e teve lugar em 1914, treze anos antes de Alekhine se tornar campeão mundial. Nimzovitsch nunca venceu Capablanca, mas se saiu melhor contra Alekhine, embora com escore negativo. Bateu Alekhine com as peças pretas, na miniatura de 1914 em São Petersburgo. Uma das partidas mais famosas de Nimzovitsch é a sua célebre imortal zugzwang contra Saemisch em Copenhague 1923. Outra partida sobre esse tema é a sua vitória sobre Paul Johner em Dresden 1926. Quando em boa forma, Nimzovitsch era muito perigoso com as pretas, marcando grandes vitórias sobre os melhores jogadores. Nimzovitsch é considerado um dos mais importantes jogadores e escritores da história do xadrez. Seus trabalhos influenciaram inúmeros outros jogadores, incluindo Savielly Tartakower, Milan Vidmar, Ricardo Réti, Akiba Rubinstein, Bent Larsen e Tigran 228
Petrosian, e a sua influência ainda é sentida nos dias de hoje. Nimzovitsch escreveu três livros sobre estratégia do xadrez: Mein System (Meu Sistema – 1925), Die Praxis Meines Systems (A Prática do Meu Sistema - 1929), e Die Blockade (O Bloqueio - 1925), embora para muitos o último livro seja considerado de forma geral uma repetição do material já apresentado em Meu Sistema, um dos mais influentes livros de xadrez de todos os tempos. Nesse livro, Nimzovitsch apresenta suas ideias mais importantes, enquanto seu segundo trabalho mais influente, A Prática do Meu Sistema, desenvolve essas ideias, acrescenta algumas novas, e tem imenso valor como uma coleção estimulante das próprias partidas de Nimzovitsch, acompanhadas por seus comentários idiossincráticos e hiperbólicos, que muitas vezes são tão divertidos quanto instrutivos. As teorias de xadrez de Nimzovitsch, quando propostas pela primeira vez, opuseram-se a ortodoxias amplamente difundidas, enunciadas pelo teórico dominante da época, o Dr. Siegbert Tarrasch e seus discípulos. As generalizações rígidas de Tarrasch basearamse no trabalho anterior de Wilhelm Steinitz e foram confirmadas pela língua afiada de Tarrasch ao dispensar as opiniões dos que delas duvidavam. Enquanto os maiores jogadores da época, entre os quais Alekhine, Emanuel Lasker e Capablanca, claramente não permitiam que seus lances fossem prejudicados pela aderência cega a conceitos gerais, as ideias centrais da filosofia de xadrez de Tarrasch como popularmente compreendidas – a ocupação do centro pelos peões, o apoio central das torres, o desenvolvimento preferencial em alas - eram ensinadas aos iniciantes, condicionando-os a pensarem nessas generalizações como princípios inalteráveis. Nimzovitsch suplementou muitas das suposições simplistas anteriores sobre a estratégia do xadrez, enunciando, por sua vez, vários conceitos gerais de jogo defensivo destinados a alcançar os próprios objetivos,
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Os adversários de Alekhine neste livro
impedindo a realização dos planos do adversário. Notáveis em seu “sistema” foram os conceitos como superproteção de peças e peões sob ataque, controle do centro por peças ao invés de peões, bloqueio de peças opostas (notadamente os peões passados) e a profilaxia. Nimzovitsch também foi um dos principais expoentes do desenvolvimento em fianqueto dos bispos. Talvez o mais importante, Nimzovitsch formulou a terminologia ainda em uso para várias estratégias complexas de xadrez. Outros teóricos e jogadores usaram essas ideias na prática, mas ele foi o primeiro a apresentá-las de forma sistemática, como um léxico de temas acompanhado por extensas observações taxonômicas. O GM Raymond Keene escreve que Nimzovitsch “foi um dos maiores mestres do mundo por um período que se estendeu por um quarto de século, e por algum tempo foi o adversário óbvio para o campeonato mundial. Foi também um grande e profundo pensador do xadrez, perdendo apenas para Steinitz. Suas obras – O Bloqueio, Meu Sistema e A Prática do Meu Sistema estabeleceram sua reputação como uma das figuras paternas do xadrez moderno”. O GM Robert Byrne o chamou de “talvez o mais brilhante teórico e professor na história do jogo”. O GM Jan Hein Donner chamou Nimzovitsch de “um homem que era muito artista para provar que tinha razão e que era considerado um louco em seu tempo. Ele foi entendido apenas muito depois de sua morte”. Muitas aberturas e variantes de xadrez têm o nome de Nimzovitsch, sendo a mais famosa a Defesa Nimzo-Índia (1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nc3 Bb4) e a menos frequentemente jogada Defesa Nimzovitsch (1.e4 Nc6). O biógrafo de Nimzovitsch, GM Raymond Keene, e outros, referem-se a 1.Nf3 seguido de 2.b3 como o ataque Nimzovitsch-Larsen. Keene escreveu um livro sobre a abertura com esse título. Essas aberturas exemplificam as ideias de Nimzovitsch sobre o controle do centro com peças em vez de peões. Nimzovitsch também
foi vital no desenvolvimento de dois sistemas importantes na Defesa Francesa, a Variante Winawer (em alguns lugares chamada Variante Nimzovitsch, seus movimentos são 1.e4 e6 2.d4 d5 3.Nc3 Bb4) e a Variante do Avanço (1.e4 e6 2.d4 d5 3.e5). Nimzovitsch também foi pioneiro em duas variantes provocativas da Defesa Siciliana: a Variante Nimzovitsch, 1.e4 c5 2.Nf3 Nf6, que convida 3.e5 Nd5 (similar à Defesa Alekhine) e 1.e4 c5 2.Nf3 Nc6 3.d4 cxd4 4 .Nxd4 d5?! (este último considerado duvidoso hoje em dia). O MI John L. Watson apelidou a linha 1.c4 Nf6 2.Nc3 e6 3.Nf3 Bb4, como Nimzo-Inglesa”, empregando esta denominação no Capítulo 11 de seu livro Dominando as Aberturas de Xadrez, Volume 3. Há muitas anedotas divertidas sobre Nimzovitsch - algumas mais picantes do que outras. Um artigo de Hans Kmoch e Fred Reinfeld intitulado “Rendição Não Convencional” em fevereiro de 1950 fala do “...exemplo de Nimzovitsch, que uma vez perdeu o primeiro prêmio em um torneio em Berlim ao ser derrotado por Saemisch e, quando se tornou claro que a partida estava perdida, Nimzo levantou-se e gritou: - Gegen diesen Idioten muss ich verlieren?! (“Como fui perder para esse idiota?!)”. Nimzovitsch ficava aborrecido com o fumo de seus adversários. Uma história popular, mas provavelmente apócrifa, é que uma vez quando um adversário colocou um charuto apagado na mesa, ele reclamou com os árbitros do torneio: “Ele está ameaçando fumar, e como um jogador antigo você deve saber que a ameaça é mais forte que a execução”. Nimzovitsch teve longos e amargos conflitos dogmáticos com Tarrasch, sobre as ideias entre eles, quais realmente se constituíam em um xadrez “adequado”. A vaidade de Nimzovitsch e a fé em suas ideias de superproteção provocaram Hans Kmoch a escrever uma paródia sobre ele em fevereiro de 1928 na Wiener Schachzeitung. Essa paródia consistia em uma partida simu229
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lada contra o jogador fictício “Systemsson”, supostamente jogada e comentada pelo próprio Nimzovitsch. Os comentários exageram alegremente a ideia de superproteção, bem como afirmam o verdadeiro gênio dessa ideia maravilhosa. Kmoch era de fato um grande admirador de Nimzovitsch, que se divertiu muito com a paródia. Kmoch também escreveu um artigo sobre seus nove anos de amizade com Nimzovitsch: “Nimzovitsch sofria com a ilusão de que não era estimado e que a razão disso fosse a maldade. Tudo o que precisou para fazê-lo ser amigo, como aprendi mais tarde, foi um pequeno elogio. Sua paranóia ficava mais evidente quando jantava em minha companhia. Nimzovitsch sempre pensou que para ele eram servidas porções muito menores do que as de todos os outros. Não se importava com a quantidade real, mas apenas com a afronta imaginária. Certa vez, sugeri que ele e eu pedíssemos o que o outro realmente queria e, quando a comida fosse servida, trocássemos os pratos. Depois que o fizemos, ele balançou a cabeça incrédulo, ainda pensando que havia recebido a porção menor”. O colega de Nimzovitsch, Tartakower, observou: “Ele finge ser louco para nos deixar loucos”. Apesar de sofrer de problemas cardíacos, sua morte prematura foi de forma inesperada; adoeceu subitamente no final de 1934 e ficou de cama por três meses antes de morrer de pneumonia. Nimzovitsch está enterrado no Cemitério Bispebjerg, em Copenhague.
Olland, Adolf Georg - Partida 18 230
Adolf Georg Olland, nascido em Utrecht em 13/04/1867 e falecido aos 66 anos no dia 22/07/1933 em Amsterdã, foi um médico e o principal mestre holandês de xadrez no tempo anterior a Max Euwe. Olland ficou em 3º lugar em Amsterdã em 1887 (Dirk van Foreest venceu); partilhou o 1º lugar em Amesterdã 1889; ficou em 2º lugar, atrás de Rudolf Loman, em Utrecht em 1891; ficou em 5º lugar em Groningen 1893 (Loman venceu); ficou em 2º lugar, atrás de Loman, em Roterdã em 1894; partilhou o 1º lugar em Arnheim 1895; ficou em 2º lugar em Amsterdã 1899, atrás de Henry Ernest Atkins; ficou em 2º lugar, atrás de Rudolf Swiderski, em Munique 1900 (12º DSB – Congress). Olland venceu em Haarlem 1901; ocupou o 8º lugar em Hannover em 1902 (13º Congresso da DSB, Dawid Janowski venceu); ficou em 19º lugar em Carlsbad 1907 (Akiba Rubinstein venceu). Dividiu o 1º lugar com Abraham Speijer em Leiden 1909 (1º Campeonato Holandês); ficou em 4º lugar em Estocolmo em 1912 (8º Campeonato Nórdico, Alexander Alekhine venceu); ficou em 3º lugar em Scheveningen 1913 (Alekhine venceu). Empatou em 7º/8º lugares em Hastings em 1919 (o Congresso da Vitória, José Raúl Capablanca venceu); empatou em 14º/15º lugares em Gotemburgo (torneio B, Paul Johner venceu); ficou em 3º lugar em Utrecht 1920 (Quadrangular, Géza Maróczy venceu); empatou em 3º/4º lugares em Nijmegen em 1921 (5º Campeonato Holandês, Max Euwe venceu); ficou em 18º lugar em Scheveningen em 1923 (Paul Johner e Rudolf Spielmann venceram); ficou em 3º lugar em Utrecht 1927 (Quadrangular, Euwe ganhou); em 7º lugar em Amsterdã 1929 (8º Campeonato Holandês, Euwe ganhou); ficou em 8º lugar em Haia-Leiden 1933 (9º Campeonato Holandês, Euwe venceu).
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Olland foi muito ativo em matches, competindo em 29 deles, todos exceto um em sua cidade natal, Utrecht. Derrotou a maioria dos jogadores holandeses, exceto Euwe, que o derrotou duas vezes, mas perdeu para mestres estrangeiros como Géza Maróczy, Ricardo Réti e Edgar Colle. Olland morreu de ataque cardíaco no Campeonato Holandês de 1933 em Haia. 38
Potemkin, Peter Petrovich - Partida
Peter Petrovich Potemkin, nascido em Oryol na Rússia em 02/05/1886 e falecido em Paris aos 40 anos em 21/10/1926, foi um poeta, tradutor, dramaturgo e crítico russo, além de um mestre de xadrez. Ficou em 7º lugar em São Petersburgo em 1904 (Mikhail Chigorin venceu), em 5º lugar em São Petersburgo em 1907 (Eugene ZnoskoBorovsky venceu) e conquistou o 8º lugar em São Petersburgo em 1913 (Andrey Smorodsky venceu). No inverno de 1912 jogou com Alexander Alekhine e Vasily Osipovich Smyslov (pai de Vasily Smyslov) em São Petersburgo. Em 1920, Potemkin empatou em 3º/6º lugares em Moscou (Alexander Alekhine venceu). O conde Potemkin foi um expatriado soviético que viveu na França. Representou a Rússia na 1ª Olimpíada não oficial de xadrez em Paris em 1924. Empatou nos 7º/8º lugares em Praga 1923 (Karel Skalicka venceu), empatou em 4º/7º lugares em Paris 1924 (Znosko-Borovsky venceu), empatou em 5º/6º lugares em Paris 1925 (Victor Kahn venceu) e dividiu o 1º lugar com Vitaly Halberstadt em Paris 1926. Peter Petrovich Potemkin morreu vítima de gripe em 1926 em Paris. O Le Cercle d'échecs Potemkin foi estabelecido em Paris em sua homenagem.
Prat, M. - Partida 43
M. Prat enfrentou Alexander Alekhine em uma sessão de 20 partidas simultâneas ministrada em Paris em Setembro de 1913. Nessa partida, reproduzida neste livro, Alekhine anunciou mate em 10 lances, no lance 22 da partida.
Rabinovich, Abram - Partida 50
Abram Isaakovich Rabinovich, nascido em Vilnius, na Lituânia (então o Império Russo) em 20/12/1878 e falecido aos 64 anos em 07/11/1943 em Moscou, foi um mestre russo de xadrez. Em 1903, empatou em 11º/12º lugares em Kiev (o terceiro torneio de mestres russos, vencido por Mikhail Chigorin). Em 1908, ficou em 19º lugar em Praga (Oldrich Duras e Carl Schlechter venceram). Em 1909, empatou nos 2º/3º lugares em Vilna (6º Campeonato da Rússia, Akiba Rubinstein venceu). Em 1911, empatou em 19º/21º lugares em Carlsbad (Richard Teichmann venceu). Em 1912, ficou em 18º lugar em Vilna (Karel Hromdka venceu). Durante a Primeira Guerra Mundial, A. Rabinovich se mudou para Moscou. Em 1916, empatou em 4º/5º lugares e foi 3º em 1918 nos Campeonatos da Rússia. Empatou em 5º/7º na Olimpíada de Xadrez da Rússia em Moscou em 1920. O evento foi vencido por Alexander Alekhine. Em 1922/23 ficou em 10º lugar no Campeonato de Xadrez da Cidade de Moscou. Em 1924, ficou em 12º lugar em Moscou (3º Campeonato da URSS, Efim Bogoljubov venceu). Em 1924 ficou em 10º lugar no 5º Campeonato de Xadrez da Cidade de Moscou. Em 1925, empatou nos 9º/10º lugares em Leningrado (4º Campeonato da URSS, Bogoljubov venceu). Em 1925, ficou em 4º lugar em Moscou (Alexander Sergeyev venceu). Em 1926, venceu o campeonato da cidade de Moscou. Em 1927, empatou entre os 7º/9º lugares em Moscou (Nikolai Zubarev venceu). Em 1930, Rabinovich venceu em Moscou. Em 1943, Rabinovich passou fome até a morrer. 231
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
Rabinovich, Ilya - Partida 53
Ilya (Elias) Leontievich Rabinovic, nascido em São Petersburgo em 23/05/1891 e falecido aos 51 anos em Perm em 23/04/1942, foi um mestre de xadrez russo e soviético, figurando dentre os melhores jogadores russos e soviéticos por três décadas, de 1910 a 1940. Seu melhor resultado foi 1º lugar compartilhado no 9º Campeonato Soviético de 193435. Também foi um escritor de xadrez. Em 1911 Ilya Rabinovich empatou em 1º lugar com Platz em São Petersburgo. Em 1912 empatou em 4º/5º lugares em Vilna (Karel Hromdka venceu). Em Julho/Agosto de 1914 disputou em Mannheim, na Alemanha (19º Congresso DSB), empatando em 2º e 3º lugares do torneio principal (B. Hallegua venceu). Após a eclosão da Primeira Guerra Mundial, onze jogadores “russos” (Alexander Alekhine, Efim Bogoljubov, Fedor Bogatyrchuk, Alexandre Flamberg, N. Koppelman, Boris Maljutin, Ilya Rabinovich, Peter Romanovski, Peter Petrovich Saburov, Alexey Selesniev e Samuil Weinstein) que jogavam o Torneio de Mannheim foram presos pela Alemanha. Em setembro de 1914, quatro deles (Alekhine, Bogatyrchuk, Saburov e Koppelman) foram libertados e autorizados a voltar para casa, através da Suíça. Os presos russos disputaram oito torneios, o primeiro em Baden-Baden (1914) e todos os outros em Triberg im Schwarzwald (1914-1917). Rabinovich ficou em 3º lugar em Baden-Baden (Alexander Flamberg venceu), em 2º lugar em Triberg 1914/1915, 232
conquistou o 2º lugar no Triberg em 1915, ficou em 3º lugar em Triberg em 1915, empatou em 2º/3º lugares em Triberg 1915, em 2º lugar em Triberg 1915/1916 ( todos os torneios foram vencidos por Efim Bogoljubov). Em 1916, Rabinovich venceu o torneio de xadrez em Triberg e empatou em 1º lugar com Selesniev em Triberg em 1917. Após a Primeira Guerra Mundial, Rabinovich retornou a São Petersburgo (Petrogrado, Leningrado). Em 1920, ganhou o campeonato de xadrez de Petrogrado. Em 1920, ficou em 4º lugar em Moscou (Olimpíada de Xadrez da Rússia, o 1º Campeonato da União Soviética), vencido por Alexander Alekhine. Em 1922 ficou em 2º lugar, atrás de Levenfish, no Campeonato de Petrogrado. Em 1923 empatou entre os 7º/8º lugares em Leningrado (2º Campeonato da URSS, Peter Romanovsky venceu). Em 1923 venceu em Novgorod. Em 1924 ficou em 2º lugar, atrás de Grigory Levenfish, no campeonato de Leningrado. Em 1924 ficou em 5º lugar em Moscou (3º Campeonato da URSS, Efim Bogoljubov venceu). Em 1925, Ilya Rabinovich tornou-se o primeiro jogador soviético a competir fora da URSS. Ele jogou em Baden-Baden, na Alemanha e ficou em 7º lugar. O evento foi vencido por Alekhine. Em 1925 empatou nos 1º/4º lugares no Campeonato de Leningrado. Em 1925, ficou em 3º lugar em Leningrado (4º Campeonato da URSS, Bogoljubov venceu). Em 1925, ficou em 16º lugar em Moscou (1º Torneio Internacional; Bogoljubov ganhou). Em 1926, venceu em Leningrado. Em 1926 empatou em 2º/3º lugares em Leningrado (Alexander IlyinGenevsky venceu). Em 1927, Rabinovich escreveu o primeiro livro original em russo dedicado ao final de jogo (títulos The Endgame in Russian e The Russian Endgame Handbook em inglês). Em 1927 empatou entre os 10º/12º lugares em Moscou (5º Campeonato da URSS). O evento foi vencido por Fedor Bogatyrchuk e Peter Romanovsky. Em 1928,
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Os adversários de Alekhine neste livro
venceu o Campeonato de Leningrado. Em 1933 empatou entre os 3º/5º lugares em Leningrado (8º Campeonato da URSS; Mikhail Botvinnik venceu). Em 1934/1935, Rabinovich dividiu o primeiro lugar com Grigory Levenfish em Leningrado (9º Campeonato da URSS). Em Moscou, em 1935, o segundo torneio internacional, dividiu os 11º/14º lugares. O evento foi vencido por Botvinnik e Salo Flohr. Em 1937 empatou entre os 10º/12º lugares em Tbilisi (10º Campeonato da URSS; Levenfish venceu). Em 1938, empatou em 3º/4º lugares em Leningrado (11ª semifinal do Campeonato da URSS). Em janeiro de 1939 empatou em 7º/8º lugares em Leningrado-Moscou (Torneio Internacional; Flohr venceu). Em 1939 empatou em 11º/12º lugares em Leningrado (11º Campeonato da URSS; Botvinnik venceu). Em 1939 ficou em 7º lugar no campeonato de Leningrado (Georgy Lisitsin venceu). Em 1940 venceu o Campeonato de Leningrado. Em junho de 1941, ele jogou na semifinal interrompida do Campeonato de Xadrez da URSS em Rostovon-Don. Rabinovich ficou doente durante o cerco de Leningrado. Foi retirado do cerco, mas morreu de desnutrição em um hospital em Perm.
Réti, Ricardo - Partida 74
Ricardo Réti, nascido em 28/05/1889 em Pezinok (agora Eslováquia), faleceu aos 40 anos em 06/06/1929 em Praga. Réti, embora tenha nascido na então Hungria, consideravase vienense, tendo nascido em uma família judia húngara abastada. Tinha um ótimo
senso de humor e estava sempre sorrindo, exceto quando via um automóvel, pois tinha medo deles. Um dos maiores jogadores do mundo durante os anos 1910 e 1920, Réti iniciou sua carreira como um jogador clássico, ferozmente combinatório, usando aberturas como o Gambito do Rei. No entanto, após o final da I Guerra Mundial, seu estilo sofreu uma mudança radical e Réti se tornou um dos principais autores do hipermodernismo, juntamente com Aaron Nimzovitsch e outros. De fato, com a notável exceção do aclamado livro Meu Sistema de Nimzovitsch, Réti é considerado o maior contribuinte literário deste movimento. A abertura Réti (1.Nf3 d5 2.c4), com a qual derrotou o então Campeão Mundial José Raúl Capablanca em Nova Iorque em 1924 a primeira derrota de Capablanca em oito anos e a primeira depois de conquistar o título de Campeão - tem o nome em sua homenagem. Tartakower chamou esta abertura “a abertura do futuro”. Réti também foi um jogador notável na parte final das partidas. Em 1924 e 1925, esteve em Montevidéu, no Uruguai, onde fez palestras e exposições simultâneas, também às cegas. Em 1925, em São Paulo, bateu o recorde mundial da modalidade de xadrez às cegas, com 29 partidas simultâneas. De forma incrível, Réti venceu 21 partidas, empatou seis e perdeu apenas duas. As fotos antigas nos arquivos do Clube de Xadrez São Paulo registram um quadro com a imagem de Ricardo Réti na parede do Clube, durante a exibição simultânea de Capablanca ali realizada em 1927. Os livros de Ricardo Réti são considerados clássicos pelo mundo do xadrez: Novas ideias no xadrez (1922) e Os mestres do tabuleiro de xadrez (1930) ainda são estudados nos dias de hoje. Ricardo Réti morreu em Praga em 1929, vítima de escarlatina. 233
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
Rodzinsky, J. de - Partida 42
Interessante partida de exibição jogada em Paris 1913, quando o jovem Alekhine, então com 20 anos de idade, derrotou Rodzinsky conduzindo as peças pretas em 15 lances, após o sacrifício de 3 peças.
Rozanov, Vasily - Partida 35
Partida jogada no Torneio da cidade de Moscou em Setembro de 1908, com a vitória de Alexander Alekhine frente a Vasily Ivanovich Rozanov. Alekhine conquistou o primeiro lugar nesse torneio, aos 16 anos de idade.
80
Rubinstein, Akiba - Partidas 61, 70 e
Akiba Kiwelowicz Rubinstein, nascido em 01/12/1880 em Stawiski, na Polônia e falecido aos 80 anos em 14/03/1961 em Antuérpia na Bélgica, foi um gênio do xadrez e um dos jogadores com maior influência na sua história. Nascido em uma família judia, teve vários irmãos, mas apenas uma irmã sobreviveu até a idade adulta. Rubinstein aprendeu a jogar xadrez relativamente tarde, aos 16 anos, e sua família planejava que ele se tornasse um rabino. Rubinstein treinava e jogava 234
com o forte mestre Gersz Salwe em Lodz e em 1903, depois de terminar em 5º lugar em um torneio em Kiev, decidiu abandonar seus estudos rabínicos e dedicar-se inteiramente ao xadrez. Entre 1907 e 1912, Rubinstein estabeleceu-se como um dos jogadores mais fortes do mundo. Em 1907, venceu o torneio de Carlsbad e compartilhou o primeiro lugar em São Petersburgo. Em 1912 teve uma série de vitórias em seguida, terminando em primeiro lugar em cinco grandes torneios consecutivos: San Sebastián, Pistyan, Breslau, Varsóvia e Vilnius, embora nenhum desses eventos incluísse a participação de Lasker ou Capablanca. Algumas fontes acreditam que nesse momento Rubinstein fosse mais forte que o Campeão do Mundo Emanuel Lasker. As classificações da Chessmetrics apóiam esta conclusão, colocando-o como o número 1 no mundo entre meados de 1912 e meados de 1914. Durante a primeira década do século XX, o campo de jogo para o xadrez competitivo era relativamente pequeno. Wilhelm Steinitz, o primeiro campeão mundial reconhecido universalmente, morreu em 1900 depois de ficar afastado do xadrez por vários anos, o mestre russo Mikhail Chigorin estava chegando ao fim de sua vida, enquanto o mestre americano Frank Marshall vivia do outro lado do Atlântico, longe do centro da atividade de xadrez na Europa. Outro promissor mestre americano, Harry Nelson Pillsbury, morreu em 1906 com apenas 33 anos. Na era préFIDE, o então campeão mundial escolhia seu adversário, e Emanuel Lasker exigiu uma alta soma de dinheiro para enfrentar Rubinstein. Essa soma não foi conseguida pelo desafiante. No torneio de São Petersburgo em 1909, Rubinstein empatou na classificação final com Lasker e o venceu em seu encontro individual. No entanto, teve fraca atuação no torneio de São Petersburgo em 1914, não ficando entre os cinco primeiros. Um match com Lasker foi marcado para outubro de
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Os adversários de Alekhine neste livro
1914, mas não ocorreu devido à eclosão da Primeira Guerra Mundial. O auge de Rubinstein como jogador é considerado geralmente entre 1907 e 1914. Durante a I Guerra Mundial, ele ficou confinado à Polônia, embora tenha participado de alguns eventos organizados de xadrez e viajado para Berlim no início de 1918 para um torneio. O seu jogo depois da guerra nunca recuperou a mesma consistência de antes de 1914, embora permanecesse bastante forte nos anos 1920. Rubinstein e a sua família se mudaram para a Suécia após o Armistício em novembro de 1918, onde permaneceram até 1922 e depois se mudaram para a Alemanha. Rubinstein venceu em Viena em 1922, à frente do futuro campeão mundial Alexander Alekhine, e foi o líder da equipe polonesa que venceu a Olimpíada de Xadrez de 1930 em Hamburgo com um recorde de treze vitórias e quatro empates. Também conquistou uma medalha de prata olímpica na Olimpíada de Xadrez de 1931, novamente liderando a equipe polonesa. Rubinstein ficou em quarto lugar no torneio londrino de 1922, após o qual o novo campeão mundial, José Raul Capablanca, ofereceu-se para disputar um match se pudesse levantar o dinheiro, o que mais uma vez não conseguiu fazer. Em Hastings 1922, ficou em segundo lugar, seguido por um quinto lugar na Teplitz-Schönau no final do ano, e depois venceu em Viena de forma brilhante. Este triunfo, no entanto, foi azedado quando os guardas da fronteira austríaca confiscaram a maior parte do prêmio em dinheiro que ele ganhou. Rubinstein fechou o ano de 1922 com outra aparição em Hastings, que ele venceu, mas seu registro de torneios em 1923 foi decepcionante, pois chegou em décimo segundo lugar em Carlsbad e décimo em Maehrisch-Ostrau. Seu primeiro torneio de 1924, em Merano, o viu em terceiro. Tentou participar do torneio de Nova Iorque naquela primavera, mas foi excluído do evento devido ao número
limitado de vagas disponíveis, todas preenchidas e, de qualquer forma, o ex-campeão mundial Lasker dominou o evento por larga margem. Os registros de Rubinstein em torneios de 1925 foram razoavelmente bons, mas a sua aparição no final do ano em Moscou registrou o 14º lugar. Seus registros em 1926 foram justos, mas não excepcionais. Naquele ano, a família Rubinstein mudou-se para a Bélgica de forma permanente. Em 1927, Rubinstein visitou seu local de nascimento na Polônia, onde venceu o campeonato polonês em Lodz. Embarcou em uma turnê de exibição nos Estados Unidos no início de 1928. Embora um match com o então campeão de xadrez dos EUA, Frank Marshall, fosse proposto junto com um torneio internacional, isso nunca se materializou. Empatou em terceiro com Max Euwe em Bad Kissingen e depois teve um desempenho ruim em Berlim. Rubinstein teve sua melhor exibição pós I Guerra Mundial em 1929, quando dominou o torneio de Ramsgate na Grã-Bretanha e teve excelentes exibições em Carlsbad e Budapeste. Venceu também em Rogaska-Slatina. Quando os anos 1930 se iniciaram, Rubinstein disputou o torneio de San Remo, chegando em quarto lugar. Jogou bem em alguns eventos belgas naquele ano e, em seguida, obteve o terceiro lugar em Scarborough. Seu desempenho em Liège foi fraco, possivelmente devido à exaustão. Não participou de Bled em 1931 apesar de um convite, jogou bem em Antuérpia, mas ficou em último em Roterdã. Este foi o último grande evento de xadrez no qual participou. Depois de 1932, Rubinstein retirou-se dos torneios enquanto sua antropofobia notada mostrou traços de esquizofrenia durante um colapso mental. Em um período, depois de fazer um lance em uma partida, se escondia no canto do salão do torneio enquanto aguardava a resposta do seu adversário. Independentemente disso, sua antiga força foi reconhecida pela FIDE quando ele foi um 235
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
dos 27 jogadores premiados com o título inaugural de Grande Mestre em 1950. Ao contrário de muitos outros Grandes Mestres, Rubinstein não deixou nenhum legado literário, o que pode ser atribuído a seus problemas mentais. Passou os últimos 29 anos de sua vida sofrendo de grave doença mental, alternando momentos em casa com sua família e momentos em um sanatório. Não está claro como o Grande Mestre judeu sobreviveu à II Guerra Mundial na Bélgica ocupada pelos nazistas. Rubinstein foi um dos primeiros jogadores de xadrez a considerar o final da partida ao escolher e jogar a abertura. Era excepcionalmente talentoso no final do jogo, particularmente em finais de torre, onde inovou o conhecimento geral. Jeremy Silman classificouo como um dos cinco melhores jogadores de finais de todos os tempos, e um mestre de finais de torre. Criou o Sistema Rubinstein contra a variante da Defesa Tarrasch no Gambito da Dama: 1.d4 d5 2.Nf3 c5 3.c4 e6 4.cxd5 exd5 5.Nc3 Nc6 6.g3 Nf6 7.Bg2 (Rubinstein-Tarrasch, 1912) . Também é de sua criação o Sistema Merano, que decorre do Gambito da Dama Recusado, mas atinge uma posição de Gambito da Dama Aceito com o ganho de um tempo para as pretas. Muitas variantes de abertura têm o seu nome. De acordo com o Grande Mestre Boris Gelfand, “a maioria das aberturas modernas são baseadas em Rubinstein”. O “ataque Rubinstein” frequentemente se refere a 1.d4 d5 2.c4 e6 3.Nc3 Nf6 4.Bg5 Be7 5.e3 0- 0 6.Nf3 Nbd7 7.Qc2. A Variante Rubinstein da Defesa Francesa surge após 1.e4 e6 2.d4 d5 3.Nc3 (ou 3.Nd2) dxe4 4.Nxe4. Além de 4.Qc2, há a variante de Rubinstein na Nimzo-Índia: 1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nc3 Bb4 4.e3. Há também a Variante na Abertura dos Quatro Cavalos, que surge após 1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Nc3 Nf6 4.Bb5 Nd4, e a Variante Rubinstein da Inglesa Simétrica 1.c4 c5 2.Nc3 Nf6 3 .g3 d5 4.cxd5 Nxd5 5.Bg2 Nc7, um sistema com236
plexo que é muito popular no nível de mestres. A Armadilha de Rubinstein, uma armadilha de abertura no Gambito da Dama Recusado, na qual as pretas perdem pelo menos um Peão, também leva o seu nome: 1.d4 d5 2.c4 e6 3.Nc3 Nf6 4.cxd5 exd5 5.Bg5 Be7 6.e3 0-0 7.Cf3 Nbd7 8.Bd3 c6 10.0-0 Re8 11.Rc1 h6 12. Bf4 Nh5 13. Nxd5!. Agora 13 ... cxd5?? é respondido por 14.Bc7, ganhando a Dama, enquanto 13 ... Nxf4 14.Nxf4 deixa as brancas com um Peão de vantagem. O torneio Rubinstein Memorial em sua homenagem acontece anualmente desde 1963 em Polanica Zdrój, com uma lista brilhante de vencedores de primeira linha. Boris Gelfand nomeou Rubinstein como seu jogador favorito, e uma vez disse: “o que eu gosto no xadrez ... vem de Akiba!”. Em 1917, Rubinstein casou-se com Eugénie Lew e tiveram dois filhos, Jonas em 1918 e Sammy em 1927. Por um tempo, viveram na sobreloja do restaurante onde Eugénie trabalhava. Depois da morte de Eugénie em 1954, Rubinstein viveu em um asilo para idosos até a sua morte em 1961, aos 80 anos. Rubinstein ainda seguia o xadrez nos últimos anos de vida: seus filhos lembraram que refaziam com o pai as partidas do match pelo Campeonato Mundial Botvinnik-Smyslov de 1954. Muitas são as partidas magistrais de Akiba Rubinstein. Apenas como registro, apresentamos a seguir a sua vitória sobre Alexander Alekhine no Torneio de Viena em 1922, com uma Defesa Gruenfeld: Akiba Rubinstein - Alexander Alekhine, Viena 1922 - 1.d4 Nf6 2.c4 g6 3.Nc3 Bg7 4.Nf3 d5 5.e3 0-0 6.cxd5 Nxd5 7.Bc4 Nxc3 8.bxc3 c5 9.0-0 Nc6 10.Ba3 cxd4 11.cxd4 a6 12.Rc1 b5 13.Bxf7+ Rxf7 14.Rxc6 Bb7 15.Rc5 Bd5 16.Qc2 e6 17.Rc1 Bf8 18.Ne5 Bxc5 19.Nxf7 Kxf7 20.Bxc5 Qg5 21.g3 Qg4 22.f3 Bxf3 23.Rf1 e5 24.e4 Kg7 25.Qf2 Bxe4 26.Bf8+ 1-0
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Os adversários de Alekhine neste livro
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Saemisch, Friedrich, Partidas 76, 92 e
Friedrich Saemisch, nascido em Charlottenburg em 20/09/1896 e falecido aos 78 anos em Berlim no dia 16/08/1975, foi um Grande Mestre alemão de xadrez. Saemisch venceu em 1922 em Berlim um match contra Réti (+4 −1 =3). Talvez a sua partida mais famosa seja a derrota para Nimzovitsch em Copenhague em 1923, conhecida como “A Imortal do Zugzwang”. Saemisch também jogou muitas partidas bonitas, sendo uma delas a sua vitória contra Gruenfeld em Carlsbad 1929, que ganhou o prêmio de beleza. No mesmo torneio Saemisch também venceu Capablanca. O excampeão mundial perdeu uma peça na abertura, mas não abandonou, o que geralmente acontece em partidas entre Grandes Mestres. Resistiu em vão, a desvantagem era demasiada até mesmo para um jogador da categoria de Capablanca. Aos 73 anos, em 1969, Saemisch disputou um torneio in memoriam de Adolf Anderssen em Büsum, na Alemanha, e outro torneio em Linköping, na Suécia, mas perdeu todos os jogos em ambos os eventos (quinze no primeiro e treze no último) pelo controle de tempo. Durante a II Guerra, Saemisch foi nomeado como “Betreuer” (cuidador) para as tropas, e a sua tarefa era dar demonstrações de xadrez e jogar exibições simultâneas com os soldados alemães em toda a Europa. Ao chegar à Espanha em 1944 para um torneio, Saemisch propôs ao embaixador britânico jogar uma simultânea para as tropas britânicas
em Gibraltar, mas sua oferta bem intencionada foi recusada. Então Saemisch criticou Adolf Hitler no banquete de encerramento do torneio de Madri no verão de 1944. Ao voltar para a fronteira alemã, foi preso e transportado para um campo de concentração. Não foi essa a sua primeira transgressão, já que Saemisch dissera em voz alta no Café Luxor em Praga: “Hitler não é um tolo? Ele acha que pode vencer a guerra contra os russos!” - como conta o Grande Mestre Ludek Pachman, que o acompanhava no Café: “Praga estava repleta de oficiais e soldados da Gestapo, e Saemisch foi ouvido ao menos nas mesas mais próximas. Eu pedi a ele para falar baixinho. ‘Você não concorda que Hitler é um tolo?’, foi a resposta despreocupada de Saemisch”.
Selezniev, Alexey – Partidas 54 e 63 Alexey Sergeyevich Selezniev, nascido em 1888 em Tambov na Rússia, e falecido aos 79 anos em junho de 1967 em Bordeaux na França, foi um compositor de problemas e mestre russo de xadrez. Selezniev nasceu em uma abastada família russa dedicada ao comércio, e se formou na Faculdade de Direito da Universidade de Moscou. Jogou em vários torneios pré-revolucionários no Clube de Xadrez de Moscou. Empatou em 8º/10º lugares em Vilna 1912 (7º Campeonato da Rússia, Torneio B, vencido por Karel Hromdka). Em 1913 empatou em 1º/2º lugares, em 4º/5º lugares e em 5º/6º lugares em torneios em 237
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
Moscou. Em Julho/Agosto de 1914, jogou em Mannheim (19º Congresso DSB), e empatou em 6º/10º lugares no torneio interrompido (Evento Principal A). Após a declaração de guerra contra a Rússia, onze “jogadores russos” (Alekhine, Bogoljubov, Bogatyrchuk, Flamberg, Koppelman, Maliutin, Rabinovich, Romanovsky, Saburov, Selezniev, Weinstein) do torneio de Mannheim foram aprisionados pela Alemanha. Em setembro de 1914, quatro deles (Alekhine, Bogatyrchuk, Saburov e Koppelman) foram libertados e autorizados a voltar para casa pela Suíça. Os prisioneiros russos disputaram oito torneios, o primeiro em Baden-Baden (1914) e todos os outros em Triberg im Schwarzwald (1914-1917). Selezniev empatou em 4º/5º lugares em Baden-Baden em 1914 (Alexander Flamberg venceu) e ficou em 5º lugar no Triberg em 1914 (Efim Bogoljubov venceu). Ficou em 4º lugar, empatou em 2º/3º lugares, empatou em 2º/3º lugares e ficou em 3º lugar nos Torneios de Triberg em 1915 (todos vencidos por Bogoljubov). Selezniev empatou em 2º/3º lugares em Triberg em 1916 (Ilya Rabinovich venceu). Venceu, em conjunto com Rabinovich, o Torneio de Triberg em 1917. Selezniev jogou vários matches. Em 1916, empatou com Hans Fahrni em Triberg (+2–2=2); em 1917 perdeu para Bogoljubov em Triberg (+2-3=3); em 1920 venceu contra Curt von Bardeleben em Berlim (+2–0=4), em 1921 venceu Richard Teichmann em Berlim (+1–0=1). Após a Primeira Guerra Mundial, em 1919, Selezniev venceu em Berlim (Quadrangular), e ficou em 2º lugar, atrás de Bogoljubov no Torneio de Berlim. Em 1920, ganhou em Berlim, e ficou em 14º lugar em Gotemburgo (Ricardo Réti venceu). Em 1921, empatou em 3º/4º lugares no pentagonal (vencido por Alexander Alekhine) e ficou em 4º lugar (no Quadrangular, Akiba Rubinstein venceu) em Triberg. Em 1922, 238
empatou em 14º/15º lugares em Pistyan (Bogoljubov venceu). Em 1923, ficou em 4º lugar em Maehrisch-Ostrau (Emanuel Lasker ganhou). Em 1924, empatou em 4º/5º lugares em Merano (Ernst Gruenfeld venceu). Selezniev e Bogoljubov tiveram carreiras que seguiram caminhos semelhantes. Ambos os jogadores foram aprisionados na Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial e decidiram ficar lá até 1924. Naquele ano, ambos os jogadores receberam convites para participar do 3º Campeonato da URSS, e de alguma forma Nikolai Krylenko os convenceu a jogarem e permanecerem na União Soviética. Selezniev participou dos 3º, 4º, 5º e 6º Campeonatos da URSS (1924, 1925, 1927 e 1929), mas teve resultados medíocres em cada um deles. Empatou em 6º/8º lugares em Moscou 1924 (Bogoljubov ganhou), ficou em 14º lugar em Leningrado 1925 (Bogoljubov ganhou), empatou em 15º/17º lugares em Moscou 1927 (Fedor Bogatyrchuk e Peter Romanovsky venceram). Selezniev venceu, à frente de Vsevolod Rauzer, em Poltava 1927 (4º Campeonato da Ucrânia, Hors Concours) e empatou em 3º/4º lugares em Odessa em 1928 (o 5º Campeonato da Ucrânia, vencido por Yakov Vilner e Vladimir Kirillov). Selezniev foi eliminado nas quartas-de-final em Odessa 1929 (6º Campeonato da URSS), empatou em 4º/6º lugares na semifinal do 7º Campeonato da URSS em 1931. Ficou em 10º lugar em Leningrado 1935 (Vasily Panov venceu). Após este último evento, sua carreira ativa terminou. Morava na cidade ucraniana de Donetsk que foi invadida pelos nazistas. Bogoljubov o ajudou a ser transferido para Triberg, e Selezniev finalmente foi para a França. Após a Segunda Guerra Mundial, ficou em 4º lugar em Oldenburg 1948 (Povilas Tautvaisas venceu).
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Os adversários de Alekhine neste livro
em 10, suficientes para empatar em 10º/11º lugares entre 20 participantes. Em matches, Speyer perdeu para o campeão mundial Emanuel Lasker em 1908 (+0-2=1). Mais tarde em sua carreira, Speyer jogou dois matches contra o jovem Max Euwe. Em 1921, Speyer perdeu por uma pontuação de (+1-4=0), e em 1923, por uma pontuação de (+0-3=1), ambos realizados em Amsterdã.
Speyer, Abraham – Partida 3 Abraham Speyer, nascido em Amsterdã em 10/11/1873 e falecido na mesma cidade aos 82 anos no dia 05/12/1956, foi um mestre holandês de xadrez. Em torneios menores, Speyer teve grande sucesso, dividindo o 1º lugar em Munique 1900 (Quadrangular), conquistando o 4º lugar em Hilversum 1903 com 9,5 pontos em 15 (Paul Saladin Leonhardt venceu), e empatando em 1º lugar com Adolf Olland no 1º Campeonato Holandês de Xadrez. em Leiden 1909, embora Olland tenha sido reconhecido como o campeão. Também dividiu o 1º lugar em Richmond em 1912, ficou em 2º lugar, atrás de Edward Guthlac Sergeant em Hastings em 1919 (torneio B), venceu em Edimburgo 1920 e empatou em 2º/3º lugares com Samuel Factor, atrás de Akiba Rubinstein em Roterdã 1920. Nos grandes torneios internacionais, Speyer teve menos sucesso, geralmente terminando perto do último lugar. Speyer foi 17º entre 19 jogadores em São Petersburgo 1909 com 6 pontos em 20 (Emanuek Lasker e Akiba Rubinstein venceram). Speyer também ficou em 15º lugar entre 17 jogadores em Hamburgo 1910 com 5,5 pontos em 16, (Congresso DSB, Carl Schlechter venceu), terminou em 12º lugar em Cheltenham em 1913, e ficou em 12º lugar entre 14 jogadores em Scheveningen em 1913 com 4 pontos em 13 (Alexander Alekhine venceu). Por último, Speyer teve sua melhor exibição em Scheveningen 1923, jogado no tradicional Formato Scheveningen, marcando 4,5 pontos
Spielmann, Rudolf – Partida 11 Rudolf Spielmann, nascido em 05/05/1883 em Viena e falecido aos 59 anos em 20/08/1942 em Estocolmo, foi um escritor e jogador de xadrez austríaco da escola romântica. Spielmann, nascido em uma família judia, era advogado por formação, mas nunca trabalhou nessa profissão. Nasceu em 1883, segundo filho de Moritz e Cecilia Spielmann, e teve um irmão mais velho, Leopold, e duas irmãs, Jenni e Irma. Seu pai Moritz Spielmann era editor de jornal em Viena e gostava de jogar xadrez em seu tempo livre. Apresentou seus filhos Leopold e Rudolf ao jogo, e este último rapidamente desenvolveu uma aptidão para isso. Spielmann era dedicado a seus sobrinhos e sobrinhas, embora nunca tenha se casado ou tivesse filhos. O Grande Mestre Americano Reuben Fine disse em seu livro de 1945 Chess Marches On: “Na aparência e nos hábitos pessoais, Spielmann era o indivíduo vivo mais gentil. Cerveja e xadrez eram as grandes paixões da sua vida. Pelo menos nos seus últimos anos se importava com pouco 239
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
mais do que isso. Talvez o xadrez dele tenha se tornado tão vigoroso quanto sua compensação por uma vida que, de outro modo, seria monótona”. Spielmann ficou conhecido como “O Mestre do Ataque” e “O Último Cavaleiro do Gambito do Rei”. Seu jogo temerário era cheio de sacrifícios, brilhantismos e belas idéias. Isto foi exemplificado, por exemplo, no torneio de Carlsbad 1923, onde não teve um único empate (cinco vitórias e doze derrotas). Spielmann era excessivamente apaixonado pelo Gambito do Rei e continuou usando esta abertura depois que a maioria dos jogadores de elite a abandonou. Também foi o último mestre a fazer uso sério da Abertura Central. No final da década de 1920, seu repertório de aberturas focalizava cada vez mais as aberturas d4, como a moda do xadrez de então ditava. Apesar de uma forte oposição na época com jogadores como Alexander Alekhine, José Raúl Capablanca, Emanuel Lasker, Siegbert Tarrasch, Akiba Rubinstein, Aron Nimzovitsch e Savielly Tartakower, Spielmann conseguiu pontuar bem em vários torneios. Ganhou 33 dos cerca de 120 em que jogou, incluindo Estocolmo 1919; Bad Pistyan 1922; e Semmering 1926. Também é lembrado como o autor do clássico livro “The Art of Sacrifice in Chess”. Como muitos de seus contemporâneos, incluindo Lasker, Tarrasch, Rubinstein e Alekhine, Spielmann sofreu muito devido aos tumultos que sacudiram a Europa a partir de 1914. Seus desempenhos nos torneios pósPrimeira Guerra Mundial foram mais inconsistentes do que no período pré-guerra; e embora continuasse a conquistar vitórias brilhantes, também perdeu muitas partidas de maneira desastrosa. Em 1934, Spielmann fugiu de Viena devido ao aumento das simpatias pró-nazistas na cidade e mudou-se para a Holanda. Em 1938, foi para Praga ficar com seu irmão Leopoldo, mas o exército alemão ocupou a Tchecoslováquia apenas alguns 240
meses depois. Leopold Spielmann foi preso e morreu em um campo de concentração alguns anos depois. Uma de suas irmãs também pereceu em um campo de concentração, e a outra sobreviveu à guerra, mas nunca se recuperou mentalmente da provação e acabou cometendo suicídio. Spielmann conseguiu fugir para a Suécia com a ajuda de um amigo. Esperava chegar à Inglaterra ou aos Estados Unidos e trabalhou duro para ganhar dinheiro para a passagem para o exterior, jogando jogos de exibição, escrevendo colunas de xadrez e um livro intitulado “Memórias de um mestre de xadrez”. No entanto, a Segunda Guerra Mundial estava em fúria e alguns membros da Federação Sueca de Xadrez mantinham simpatias nazistas e não gostavam do judeu Spielmann. A publicação de “Memórias de um mestre de xadrez” foi repetidamente adiada e o livro nunca chegou a ser impresso. Spielmann tornou-se cada vez mais retraído e deprimido, e um dia, em agosto de 1942, trancou-se em seu apartamento em Estocolmo e não apareceu por uma semana. No dia 20 de agosto, vizinhos chamaram a polícia para verificá-lo. Entraram no apartamento e encontraram Spielmann morto. A causa oficial da morte foi “doença isquêmica do coração”, mas alega-se que ele intencionalmente morreu de fome. Spielmann foi enterrado em Estocolmo, com a inscrição em sua lápide “En flyktig utan vila, slog av ödet” (“Um fugitivo sem descanso, atingido pelo destino”). Spielmann foi um dos poucos jogadores a ter uma pontuação igual (+2−2=8) contra Capablanca, além de ser um dos mais raros ainda a fazer mais de um ponto contra o cubano, e o único jogador a cumprir esses dois feitos. Ambas as vitórias de Spielmann aconteceram pouco depois de Alekhine destronar Capablanca como campeão mundial em 1927: em Bad Kissingen 1928 e em Carlsbad 1929. O último torneio é geralmente considerado como o melhor resultado da sua carreira, uma vez que marcou 14½ pontos em
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Os adversários de Alekhine neste livro
21, e empatou em 2º lugar com Capablanca, meio ponto atrás de Aron Nimzovitsch. Aqui está uma das vitórias de Spielmann: Jose Raul Capablanca - Rudolf Spielmann, Bad Kissingen 1928 - 1.d4 d5 2.c4 c6 3.Nc3 Nf6 4.Nf3 dxc4 5.e3 b5 6.a4 b4 7.Na2 e6 8.Bxc4 Be7 9.0-0 0-0 10.b3 c5 11.Bb2 Bb7 12.Nc1 Nc6 13.dxc5 Na5 14.Ne5 Nxc4 15.Nxc4 Bxc5 16.Nd3 Qd5 17.Nf4 Qg5 18.Bxf6 Qxf6 19.Rc1 Rfd8 20.Qh5 Rac8 21.Rfd1 g6 22.Rxd8 + Qxd8 23.Qe5 Be7 24.h3 Rc5 25. Qa1 Bf6 26.Rd1 Rd5 27.Rxd5 exd5 28.Ne5 Qd6 29.Nfd3 Ba6 30.Qe1 Bxe5 31.Nxe5 Qxe5 32.Qxb4 Bd3 33.Qc5 Qb8 34.b4 Qb7 35.b5 h5 36.Qc3 Bc4 37 .e4 Qe7 38.exd5 Bxd5 39.a5 Qe4 0–1 De acordo com Ricardo Réti, Spielmann demonstrou “desenvoltura incomum em situações complicadas, nas quais se sentia perfeitamente em casa”. O próprio Spielmann acreditava que “um bom sacrifício é aquele que não é necessariamente sadio, mas deixa seu adversário tonto e confuso”. “Jogue a abertura como um livro, o meio jogo como um mágico, e o final como uma máquina” – Spielmann.
Steiner, Endre – Partida 58
Endre Steiner nasceu em 27/06/1901 em Budapeste e faleceu aos 43 anos em 29/12/1944 em um campo de concentração nazista próximo a Budapeste, na Hungria. Jogou em 6 equipes olímpicas húngaras de 1924 a 1937, foi 3º lugar em Portsmouth 1923, 2º lugar em Trencianske Teplice 1928 e venceu em Kecskemet 1933. Era o irmão mais velho de Lajos Steiner.
Sterk, Károly – Partida 56
Károly Sterk, nascido em 19/09/1881 no Império Austro Húngaro e falecido aos 65 anos no dia 10/12/1946 em Budapeste, foi um mestre húngaro de xadrez. Empatou entre os 2º/4º lugares em Budapeste 1909 (Zsigmond Barász venceu), jogou em Viena 1909/1910 (o segundo Trebitsch Memorial, Richard Réti venceu), empatou em 3º/5º lugares em Budapeste 1911 (o 3º Campeonato Húngaro, Zoltán von Balla e Barász venceram), empatou em 9º/11º lugares em Bad Pistyan 1912 (Akiba Rubinstein venceu), ficou em 10º lugar em Temesvár em 1912 (4º Campeonato Húngaro, Gyula Breyer venceu), em 12º lugar em Budapeste em 1913 (Rudolf Spielmann venceu), em 2º lugar com Réti atrás de Lajos Asztalos, em Debrecen 1913 (5º Campeonato Húngaro), empatou 2º/3º lugares com Barász, atrás de Breyer, em Budapeste em 1917. Ele perdeu dois matches para Géza Maróczy em 1907 e 1917, ambos (+1–2=3). Após a Primeira Guerra Mundial, Sterk jogou principalmente nos Torneios de Budapeste, onde ficou em 10º lugar em 1921 (Alexander Alekhine venceu), empatou em 8º/9º lugares em 1922, em 3º/4º lugares em 1924, dividiu o 1º lugar e conquistou os 4º/5º lugares em 1925. Ficou em 6º lugar em 1926, empatou em 7º/8º lugares em 1928, empatou em 6º/7º lugares em 1929, dividiu o 1º lugar em 1930, o 2º lugar em 1931 (Campeonato Húngaro, Lajos Steiner venceu) , empatou em 12º/13º lugares em 1932 (Campeonato Húngaro, Maróczy venceu) e empatou em 9º/10º lugares em 1934 (Erich Eliskases venceu). Também ficou em 9º lugar em Bardejov 1926 (Hermanis Matisons e Savielly Tartakower venceram), empatou em 3º/4º lugares em Londres 1927, ficou em 15º lugar em Ujpest 1934 (Andor Lilienthal venceu) e empatou em 11º/16º lugares em Tatatóváros 1935 (Campeonato Húngaro, László Szabó venceu). Sterk jogou pela Hungria em Olimpíadas de xadrez não oficiais e oficiais em Paris 1924, Budapeste 1926 e Praga 1931. 241
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Tarrasch, Siegbert - Partidas 25, 26, 29, 62, 71 e 82 Siegbert Tarrasch, nascido em Breslau em 05/03/1862 e falecido aos 71 anos em Munique em 05/03/1934, foi um dos mais fortes e influentes jogadores de xadrez do final do século XIX e início do século XX. Foi também um professor de xadrez responsável pelo ensino e difusão do jogo por várias gerações, sendo por isso também chamado “Praeceptor Germaniae”, que significa o “Professor da Alemanha”. Tarrasch nasceu em Breslau (Wrocław), Silésia, na Prússia. Ao terminar a escola em 1880, deixou Breslau para estudar medicina em Halle. Com a sua família, estabeleceu-se em Nuremberg, Baviera e mais tarde em Munique, estabelecendo um consultório médico bem sucedido. Teve cinco filhos. Tarrasch era judeu, convertido ao cristianismo em 1909, e um alemão patriota que perdeu um filho na I Guerra Mundial, mas enfrentou o anti-semitismo nos primeiros estágios do nazismo. Médico de profissão, Tarrasch foi o melhor jogador do mundo no início da década de 1890. Venceu vigorosamente o envelhecido Campeão Mundial Wilhelm Steinitz em torneios (+ 3 -0 =1), mas recusou a oportunidade de desafiar Steinitz pelo título mundial em 1892 devido às exigências profissionais em seu consultório. Logo em seguida, em São Petersburgo 1893, Tarrasch empatou um match difícil contra o adversário de Steinitz, Mikhail Chigorin (+9 −9 =4) após liderar a maior parte do match. Também venceu quatro grandes torneios consecutivos: Breslau 1889, 242
Manchester 1890, Dresden 1892 e Leipzig 1894. No entanto, depois que Emanuel Lasker se tornou Campeão Mundial de xadrez em 1894, Tarrasch não conseguiu se igualar a ele. Fred Reinfeld escreveu: “Tarrasch estava destinado a tocar o segundo violino pelo resto de sua vida”. Por exemplo, Lasker pontuou muito melhor contra adversários mútuos, como contra Chigorin Tarrasch teve +2 em 34 jogos, enquanto Lasker marcou +7 em 21; contra Akiba Rubinstein, Tarrasch foi −8 sem vitória, enquanto Lasker marcou +2−1 =2; contra David Janowski, Tarrasch marcou +3 em comparação com o fantástico +22 de Lasker; contra Géza Maróczy, Tarrasch marcou +1 em 16 jogos, enquanto Lasker marcou +4 −0 =1; contra Richard Teichmann, Tarrasch marcou +8 −5 =2, enquanto Lasker venceu todos os quatro jogos do match. No entanto, Tarrasch teve uma pontuação mais alta contra Harry Nelson Pillsbury, de +6 −5 =2, enquanto Lasker empatou +5 −5 = 4. Ainda assim, Tarrasch permaneceu um jogador poderoso, demolindo Frank Marshall em um match em 1905 (+8 −1 =8) e vencendo Ostend em 1907 sobre Schlechter, Janowski, Marshall, Burn e Chigorin. Não houve muita simpatia entre os dois mestres. A história conta que, quando foram apresentados na abertura do campeonato em 1908, Tarrasch bateu com os calcanhares, curvou-se rigidamente e disse: “Para o senhor, Dr. Lasker, tenho apenas três palavras: xeque e mate”. Quando Lasker finalmente concordou em disputar o título em 1908, derrotou Tarrasch de forma convincente: +8 −3 =5. Tarrasch continuou a ser um dos principais jogadores do mundo por algum tempo. Terminou em 4º no torneio de xadrez de São Petersburgo 1914, atrás apenas do campeão mundial Lasker e dos futuros campeões mundiais José Raúl Capablanca e Alexander Alekhine, e à frente de Marshall, Ossip Bernstein, Rubinstein, Nimzovitsch, Blackburne, Janowski e Gunsberg. Sua vitória
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Os adversários de Alekhine neste livro
contra Capablanca na 19ª rodada, embora muito menos famosa do que a vitória de Lasker contra Capablanca na rodada anterior, foi essencial para permitir que Lasker superasse Capablanca na classificação do torneio. São Petersburgo 1914 foi provavelmente o canto do cisne de Tarrasch, pois a sua carreira no xadrez não foi muito bem sucedida depois disso, embora ele ainda jogasse algumas partidas altamente respeitadas. Tarrasch foi um escritor de xadrez muito influente, editor da revista Deutsche Schachzeitung em 1897 e escreveu vários livros, incluindo Die Moderne Schachpartie (A Moderna Partida de Xadrez) e Trezentas Partidas de Xadrez. Embora seus ensinamentos tenham se tornado famosos em todo o mundo do xadrez, até recentemente seus livros não haviam sido traduzidos para o inglês. Tarrasch desenvolveu algumas ideias de Wilhelm Steinitz (por exemplo, controle do centro, par de bispos, vantagem de espaço) e as tornou mais acessíveis ao enxadrista comum. Em outras áreas, afastou-se de Steinitz. Enfatizou a mobilidade das peças muito mais do que Steinitz, e não gostava de posições restringidas, dizendo que elas “tinham o germe da derrota”. Tarrasch formulou o que é conhecido como a regra de Tarrasch, na qual as torres devem ser colocadas atrás de peões passados - seja o seu ou o do seu adversário. Andrew Soltis cita Tarrasch, dizendo “sempre coloque a torre atrás do peão... Exceto quando estiver incorreto fazer isso”.
Tartakower, Savielly - Partida 78
Ksawery Tartakower (também conhecido
como Savielly - ou Xavier), nascido em Rostov on Don, Rússia, em 22/02/1887 e falecido aos 68 anos em Paris no dia 04/02/1956, foi um Grande Mestre polonês e francês. Também foi um importante jornalista e autor de livros de xadrez, escritos entre 1920 e 1930, que continuam populares até hoje. Tartakower é lembrado pela sua inteligência aguçada e seus famosos aforismos. Tartakower nasceu em 22 de fevereiro de 1887 em Rostov-on-Don, na Rússia, em uma colônia para cidadãos austríacos de origem judaica. Seus pais foram mortos em um assalto em Rostov-on-Don em 1911. Tartakower viveu principalmente na Áustria. Formou-se nas faculdades de direito das universidades em Genebra e Viena. Falava alemão e francês perfeitamente. Durante seus estudos se interessou pelo xadrez, e começou a participar de reuniões em vários cafés para jogadores de xadrez em Viena. Conheceu muitos mestres notáveis da época, entre eles Carl Schlechter, Géza Maróczy (contra quem mais tarde conquistou o seu provavelmente mais famoso prêmio de brilhantismo), Milan Vidmar e Ricardo Réti. Sua primeira conquista foi o primeiro lugar em um torneio em Nuremberg em 1906. Três anos depois, Tartakower alcançou o segundo lugar no torneio em Viena, perdendo apenas para Réti. Durante a I Guerra Mundial, foi convocado para o exército austro-húngaro e serviu como oficial do estado-maior em vários cargos. Foi para a frente russa com o regimento de infantaria vienense. Após a guerra, emigrou para a França e estabeleceu-se em Paris. Embora Tartakower nem sequer falasse polonês, depois que a Polônia reconquistou sua independência em 1918, aceitou a cidadania polonesa e tornouse um dos embaixadores honorários mais proeminentes da Polônia no exterior. Foi o capitão e treinador da equipe polonesa de xadrez em seis torneios internacionais, ganhando uma medalha de ouro pela Polônia na Olimpíada de Hamburgo em 1930. 243
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
Na França, decidiu se tornar um enxadrista profissional. Também começou a cooperar com várias revistas relacionadas ao xadrez, além de escrever vários livros e folhetos relacionados ao xadrez. O mais famoso deles, “Die Hypermoderne Schachpartie (“O Jogo de Xadrez Hipermodernista”) foi publicado em 1924 e reimpresso em quase cem edições desde então. Tartakower participou de muitos dos mais importantes torneios de xadrez da época. Em 1927 e 1928 venceu dois torneios em Hastings e dividiu o primeiro lugar com Aaron Nimzovitsch em Londres. Na ocasião, derrotou jogadores notáveis como Frank Marshall, Milan Vidmar e Efim Bogoljubov. Em 1930 venceu o torneio de Liège, batendo Mir Sultan Khan por dois pontos. Mais abaixo na lista estavam, entre outros, Akiba Rubinstein, Nimzovitsch e Marshall. Venceu o Campeonato Polonês de Xadrez duas vezes, em Varsóvia em 1935 e em Jurata em 1937. Na década de 1930, Tartakower representou a Polônia em seis Olimpíadas de Xadrez e a França em 1950, conquistando três medalhas individuais (ouro em 1931 e bronze em 1933 e 1935), além de cinco medalhas de equipe (ouro em 1930, duas de prata em 1931 e 1939, e duas de bronze em 1935 e 1937). Em 1939, a eclosão da II Guerra Mundial o encontrou em Buenos Aires, onde estava jogando a 8ª Olimpíada de Xadrez, representando a Polônia em uma equipe que incluía Miguel Najdorf, que sempre se referiu a Tartakower como “meu professor”. Após uma curta estadia na Argentina, Tartakower decidiu voltar para a Europa. Chegou à França pouco antes de seu colapso em 1940. Sob o pseudônimo de Cartier, se juntou às forças do general Charles de Gaulle. Após a Segunda Guerra Mundial e a tomada comunista do poder na Polônia, Tartakower tornou-se cidadão francês. Jogou no primeiro torneio interzonal em Saltsjöbaden em 1948, mas não se qualificou para o torneio de Candidatos. Representou a França na Olimpíada de Xadrez de 1950. A FIDE insti244
tuiu o título de Grande Mestre Internacional em 1950; Tartakower estava no primeiro grupo de jogadores para receber esse título. Em 1953, ganhou o Campeonato Francês de Xadrez em Paris. Tartakower morreu em 4 de fevereiro de 1956 em Paris, 18 dias antes de seu 69º aniversário. Tartakower é considerado uma das mais notáveis personalidades do xadrez de seu tempo. Harry Golombek traduziu o livro de Tartakower sobre suas melhores partidas, e no prefácio escreveu: “O Dr. Tartakower é de longe o mais culto e o mais inteligente de todos os mestres de xadrez que já conheci. Sua mente extremamente culta e sua sagacidade inata e sempre fluente tornavam a conversa com ele um deleite constante. Tanto assim que considerava que uma das atrações mais fortes que um torneio internacional poderia me oferecer era a de que o Dr. Tartakower dele prticipasse. Sua conversa e pensamento são como uma mistura modernizada de Baruch Spinoza e Voltaire; e isso com uma pitada de originalidade paradoxal - e que é essencial - de Tartakower”. Seus famosos aforismas se tornaram máximas para todas as gerações de enxadristas:
- “É sempre melhor sacrificar as peças do seu adversário”. - “Um peão isolado espalha melancolia por todo o tabuleiro de xadrez”. - “Os erros estão todos no tabuleiro, esperando para serem feitos”. - “O vencedor da partida é o jogador que faz o penúltimo erro”. - “O lance está lá, mas você deve vê-lo”. - “Nenhuma partida foi vencida pelo abandono”. - “Eu nunca derrotei um adversário saudável” (esta citação se refere a jogadores que culpam uma doença, às vezes imaginária, por sua derrota).
- “Tática é o que você faz quando há algo a fazer; estratégia é o que você faz quando não há nada para fazer”. - “Vitórias morais não contam”. - “O xadrez é um conto de fadas de 1001 man-
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Os adversários de Alekhine neste livro
cadas”. - “O Grande Mestre coloca um cavalo em e5; o xeque-mate vem sozinho”. - “Um mestre às vezes pode jogar mal, um fã nunca!”. - “Uma partida demonstra menos do que um torneio. Mas um torneio não demonstra absolutamente nada”. - “O xadrez é uma luta contra os próprios erros”. - “Todo jogador de xadrez deveria ter um hobby”. - “Uma partida de xadrez tem três fases: a abertura, onde você espera estar melhor; o meio-jogo, onde você pensa que está melhor; e o final, onde você sabe que está perdido”. - “Desde que a abertura seja considerada fraca, pode ser jogada”. - “O impasse é a tragicomédia do xadrez”. - “Erro ergo sum”.
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Teichmann , Richard – Partidas 90 e
Richard Teichmann, nascido em Turíngia, Alemanha, em 24/12/1868 e falecido aos 57 anos em Berlim em 15/06/1925, foi um mestre alemão de xadrez. Era conhecido como “Richard, o Quinto”, pois frequentemente terminava em quinto lugar nos torneios. Mas, contrariando seu apelido, em Carlsbad 1911, conseguiu uma vitória convincente, esmagando Akiba Rubinstein e Carl Schlechter com a mesma linha da Abertura Ruy Lopez. Edward Lasker contou a forma espirituosa como Teichmann demonstrou a vitória de Schlechter em seu livro “Chess Secrets - What I Learn With the Masters”, e geralmente admirava o domínio de Teichmann. Ao longo de sua carreira no xadrez, Teichmann foi prejudicado por problemas crônicos nos olhos. Ficou cego de um olho, e
devido a esses problemas se retirou do Torneio de Londres 1899 depois de apenas quatro rodadas. Teichmann teve uma pontuação positiva contra Alexander Alekhine (+3−2=2), empatando um match em 1921, quando Alekhine era considerado um dos desafiantes potenciais ao título mundial de José Raúl Capablanca. Reproduzimos abaixo uma vitória de Teichmann, conduzindo as peças pretas, contra Alekhine: Alexander Alekhine – Richard Teichmann, Berlim 1921 - 1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Bxc6 dxc6 5.Nc3 f6 6.d4 exd4 7.Qxd4 Qxd4 8.Nxd4 Bd6 9.Na2 Ne7 10.Bf4 Be6 11.Bxd6 cxd6 12.0-0-0 0 -0-0 13.Rhe1 Bf7 14.Nd4 Rhe8 15.f3 Kc7 16.a4 b5 17.axb5 axb5 18.b4 Nc8 19.Nf5 g6 20.Ne3 Nb6 21.Kb2 d5 22.Rd4 f5 23.Ra1 Nc8 24. g4 dxe4 25.Rxd8 Kxd8 26.fxe4 f4 27.Rd1 + Kc7 28.Rf1 g5 29 Nf5 Nd6 30.Ra1 Nc4 + 31. Kc1 Kb6 32.Nd4 h5 33.gxh5 Bxh5 34.Nb3 f3 35.Nd2 Ne3 36.Ra3 f2 37.Na4 + bxa4 38.Rxe3 Rd8 0–1 Os registros históricos de Teichmann contra Emanuel Lasker e Capablanca eram ruins (+0−4=0 e +0−2=1). Entretanto, Richard Teichmann foi vitorioso ou obteve resultados muito equilibrados contra todos os outros jogadores de destaque em sua época, como por exemplo, Carl Schlechter (+4−2=21), Frank Marshall (+7−7=17), Aaron Nimzovitsch (+1−1=5), Siegbert Tarrasch (+5−7=2), Akiba Rubinstein (+5−6=11), Géza Maróczy (+1−2=12) e David Janowski (+4−5=4).
Thomas, Sir George – Partida 86 245
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
Sir George Alan Thomas, 7º Baronete, nascido em 14/06/1881 em Istambul e falecido aos 91 anos em 23/07/1972 em Londres, foi um jogador britânico de badminton, tênis e xadrez. Thomas foi duas vezes campeão britânico de xadrez e 21 vezes campeão do All-England Badminton. Também alcançou as quartas-de-final dos singles e as semifinais das duplas masculinas de tênis em Wimbledon em 1911. A Taça de campeonatos mundiais de badminton masculino, equivalente à Taça Davis, é nomeada Thomas Cup depois dele. Thomas viveu a maior parte de sua vida em Londres e Godalming. Nunca se casou, então o seu título hereditário de baronete extinguiuse com a sua morte. Thomas foi muito admirado pela sua grande desportividade. Campeão Britânico de Xadrez em 1923 e 1934, dividiu o primeiro prêmio no Hastings International Chess Congress em 1934 com o campeão mundial de xadrez Max Euwe e o líder da Checoslováquia Salo Flohr, à frente do passado e futuro campeão mundial José Raúl Capablanca e Mikhail Botvinnik, a quem derrotou em suas partidas individuais. Para Capablanca, essa foi a primeira derrota no torneio em quatro anos, e a primeira jogando com as brancas em mais de seis anos. Também em Hastings, onze anos depois, Euwe se tornaria o terceiro Campeão Mundial de xadrez a ser derrotado por Thomas em uma partida. Suas pontuações “vitalícias” contra a elite mundial foram, no entanto, menos lisonjeiras: à exceção de Emanuel Lasker (−1, sem contar uma vitória em uma exibição simultânea de Lasker em 1896), Capablanca (+1 −5 =3), Alekhine (-7 =6), Bogoljubov (−5 =3), Euwe (+1 −9 =2), Flohr (+2 −9 =4) e Tartakower (+3 −9 =10). Também se saiu mal contra Colle (+1 –9 =8). Thomas fez ainda pontos com Botvinnik (+1 −1), Réti (+3 −3 =1) e Tarrasch (+1 −1 =3). Contra Géza Maróczy, o saldo é a favor de Thomas (+3 -1 =5). Internamente, teve um placar positivo contra seu grande rival Frederick Yates (+13 −11 =13), mas teve menos sucesso contra a 246
Campeã Mundial Feminina de Xadrez, Vera Menchik (+7 −8 =7). Em 1950, Thomas recebeu o título de Mestre Internacional da FIDE e em 1952 tornou-se um Árbitro Internacional. Thomas desistiu do xadrez competitivo aos 69 anos.
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Torres Caravaca, Joaquin, - Partida
Joaquín Torres Caravaca (1888-1948) foi um forte jogador sevilhano, médico por profissão. Foi também um dos maiores influenciadores no desenvolvimento do xadrez na Andaluzia, promovendo a fundação de clubes, torneios e exibições de partidas simultâneas dos melhores jogadores da época na região. A partida registrada nesse livro é de uma exibição de Alexander Alekhine em Sevilha em Junho de 1922.
Treybal, Karel - Partida 66
Karel Treybal, nascido em 02/02/1885 em Kotopeky, Checoslováquia e falecido aos 56 anos em Praga no dia 02/10/1941, foi um proeminente jogador de xadrez tcheco do início do século XX. Treybal nasceu em Kotopeky, uma aldeia a sudoeste de Praga, no centro da Boêmia. Formou-se como advogado e tornou-se presidente do tribunal distrital em Velvary, uma
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Os adversários de Alekhine neste livro
pequena cidade no lado oposto de Praga. Embora jogasse xadrez como amador, Treybal era um mestre que participou de vários grandes torneios internacionais. Era irmão mais novo de Frantisek Treybal, que também foi um famoso jogador de xadrez checo. Em 1905 empatou em 3º/4º lugares no primeiro Campeonato da Checoslováquia Praga (Oldrich Duras venceu). Em 1907 empatou em 2º/4º lugares em Brno (segundo Campeonato da Checoslováquia, vencido por Frantisek Treybal ). Em 1908, venceu em Praga (torneio B). Em 1909 ficou em segundo lugar, atrás de Duras, em Praga (terceiro Campeonato da Checoslováquia). Em 1921 empatou em 1º/3º lugares com Karel Hromdka e Ladislav Prokes em Brno (sétimo Campeonato da Checoslováquia). Jogou pela Checoslováquia em três Olimpíadas de Xadrez: 1930 em Hamburgo, 1933 em Folkestone e 1935 em Varsóvia. Ganhou a medalha de prata por equipes em Folkestone 1933. O maior sucesso internacional de Treybal foi o sexto lugar ao lado de Aaron Nimzovitsch no torneio de 1923 em Karlovy Vary (Carlsbad). Seu desempenho contou com uma vitória contra o Campeão do Mundo Alexander Alekhine. Treybal morreu durante a ocupação nazista da Checoslováquia. Em 30 de maio de 1941, foi preso, encarcerado e depois acusado de esconder armas para uso das forças da resistência e posse ilegal de uma pistola. Não se sabe se essas acusações tinham algum fundamento. Treybal foi condenado à morte e executado em 2 de outubro. Após sua execução, seu corpo não foi entregue à sua família e o paradeiro de seu túmulo ou restos mortais é desconhecido. Em 1945, em uma homenagem a Treybal publicada em uma revista checa de xadrez, Šach afirmou que Treybal foi executado sem julgamento e que “nunca se ocupou com política”. Prokes, após a morte de Treybal, publicou uma monografia sobre ele em 1946.
Vajda, Arpad - Partida 87
Arpad Vajda, nascido em 02/05/1896 em Rimaszombat na Hungria e falecido aos 71 anos em Budapeste, foi um mestre húngaro de xadrez, campeão húngaro de 1928. Ele empatou em 4º/7º lugares em Viena 1921 (Friedrich Saemisch ganhou); empatou em 5º/7º lugares em Budapeste em 1922 (6º Campeonato Húngaro, Kornél Havasi venceu); venceu em Londres 1922; ficou em 2º lugar em Portsmouth 1923; empatou em 4º/5º lugares em Györ 1924 (7º Campeonato Húngaro, Géza Nagy venceu); empatou de 11º/12º lugares em Debrecen em 1925 (Hans Kmoch venceu); ficou em 5º lugar em Budapeste 1926 (Endre Steiner ganhou); ficou em 11º lugar em Budapeste em 1926 (1ª FIDE Masters, Ernst Grünfeld e Mario Monticelli venceram); empatou em 5º/7º lugares em Kecskemét em 1927 (Alexander Alekhine venceu); em 5º lugar em Budapeste 1928 (José Raúl Capablanca venceu); empatou em 4º/5º lugares em Budapeste 1929 (Capablanca venceu); compartilhando o 1º lugar com Adolf Seitz em Ramsgate 1929 (torneio B); empatou em 4º/7º lugares em Sopron 1934 (Rudolf Spielmann venceu). Arpad Vajda representou a Hungria nas Olimpíadas de Xadrez: em 1924, na 1ª Olimpíada de Xadrez não oficial em Paris (+5–2=6), medalha de prata por equipes e 4º/6º lugares individual (Campeonato Final, Hermanis Matisons venceu); em 1926 na 2ª Olimpíada não oficial de xadrez em Budapeste, medalha de ouro por equipes e 11º lugar individual (1º Mestres da FIDE); em 1927 no terceiro tabuleiro na 1ª Olimpíada de Londres (+5-3=5), medalha de ouro por 247
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
equipes; em 1928 no terceiro tabuleiro na 2ª Olimpíada de Haia (+6–1=9), medalha de ouro por equipes; em 1930 no terceiro tabuleiro na 3ª Olimpíada de Xadrez em Hamburgo (+7–3=4), medalha de prata por equipes; em 1931 no terceiro tabuleiro na 4ª Olimpíada de Xadrez em Praga (+4-4=7), 10º lugar por equipes; em 1933, no terceiro tabuleiro na 5ª Olimpíada de Xadrez em Folkestone (+4-3=4), 5º lugar por equipes; em 1936 no sétimo tabuleiro na 3ª Olimpíada não oficial de xadrez em Munique (+5–0=10), medalha de ouro por equipes; em 1937, no quadro de reservas da 7ª Olimpíada de Xadrez em Estocolmo (+0–2=2), medalha de prata por equipes. Vajda recebeu o título de Mestre Internaciomal (MI) da FIDE em 1950.
Verlinsky, Boris - Partida 2
Boris Markovich Verlinsky, nascido em 08/01/1888 em Bakhmut, Ucrânia, e falecido aos 62 anos no dia 30/10/1950 em Moscou, foi um mestre internacional ucraniano-russo de xadrez. Foi um dos principais jogadores soviéticos da década de 1920. Verlinsky ficou surdo como resultado da meningite quando jovem. Em 1909, Verlinsky empatou entre os 10º/11º lugares em São Petersburgo, no Torneio Amador Russo (vencido por Alexander Alekhine). Em 1910, venceu em Odessa. Em 1911, empatou entre os 6º/8º em São Petersburgo (Stepan Levitsky venceu). Em 1912, venceu o campeonato de Odessa. Em 1913, ficou em 3º lugar em São Petersburgo (vencido por Alexander Evenssohn). Após a Primeira Guerra Mundial, Verlinsky mudou-se da Ucrânia para a Rússia. 248
Em 1923, empatou em 1º lugar com Kutuzov em Petrogrado. Em 1923, ficou em 2º lugar, atrás de Sergeev, em Petrogrado. Em 1924, empatou entre os 10º/11º lugares em Moscou (3º Campeonato de Xadrez da URSS, vencido por Efim Bogoljubov). Em 1924, ficou em 2º lugar, atrás de Grigoriev, em Moscou (5º Campeonato de Moscou). Em 1925, empatou em 2º/3º lugares, atrás de Sergeev, em Moscou (6º Campeonato de Moscou). Em agosto/setembro de 1925, ficou em 4º lugar em Leningrado (4º Campeonato de Xadrez da URSS, vencido por Bogoljubov). Em novembro/dezembro de 1925, empatou entre os 12º/14º lugares em Moscou (1º Torneio Internacional de Moscou, vencido por Bogoljubov). Neste evento, Verlinsky conquistou muitas belas vitórias sobre jogadores fortes, sendo talvez a mais impressionante contra o então Campeão Mundial José Raúl Capablanca, conduzindo as peças pretas em uma exibição tática deslumbrante. José Raúl Capablanca – Boris Verlinsky, Moscou, 1925 - 1.d4 d5 2.e3 Nf6 3.Bd3 c5 4.c3 Nc6 5.dxc5 a5 6.Nd2 e5 7.Bb5 Bxc5 8.Ngf3 Qc7 9.Qa4 0-0 10.Bxc6 bxc6 11.b3 Ba6 12.Bb2 d4 13.c4 Rfb8 14.exd4 exd4 15.Nxd4 Qe5+ 16.Kf1 Bxd4 17.Nf3 Bxb2 18.Nxe5 Bxa1 19.Nxc6 Re8 20.f3 Nd5 21.Kf2 Nc3 22.Qxa5 Bxc4 23.Re1 Be6 24.Qc5 Rxa2+ 25.Kf1 h6 26.f4 Rea8 27.f5 Bxb3 28.f6 Na4 29.Ne7+ Kh8 30.Qb5 Bc2 31.Nd5 Nc3 32.Re8+ Kh7 33.Rxa8 Nxb5 34.Rxa2 Bd3+ 35.Ke1 Be5 36.g3 gxf6 37.Ra5 Nd4 38.Kf2 Nc6 39.Ra4 Kg7 40.Ke3 Bf5 41.Ra6 Nd4 42.Ne7 Bh7 43.Nd5 Ne6 44.Ra4 h5 45.Rh4 Bg6 46.Ra4 Kh6 47.Kf3 Nd4+ 48.Ke3 Nf5+ 49.Kf3 Nd4+ 50.Ke3 Ne6 51.Ne7 Ng7 52.Kf3 Ne6 53.Ng8+ Kg7 54.Ne7 Bc2 55.Ra2 f5 56.Ke3 Be4 57.Ra5 Bd4+ 58.Kd2 Bc5 59.Rxc5 Nxc5 60.Ke3 Kf6 0-1. Em 1926, Verlinsky empatou em 1º lugar com Marsky em Odessa (3º Campeonato da Ucrânia). Em 1926, empatou entre os 8º/9º
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Os adversários de Alekhine neste livro
lugares em Moscou (7º Campeonato de Moscou, vencido por Abram Rabinovich). Em 1928, venceu o 9º Campeonato da Cidade de Moscou. Em 1929, Boris Verlinsky venceu o 6º Campeonato Soviético em Odessa, ganhando na época o título de Grande Mestre, que lhe foi removido em 1931. Alguns argumentam que isso foi feito para fazer de Mikhail Botvinnik o primeiro GM Soviético. De acordo com o site chessmetrics.com, Verlinsky foi avaliado em 2627 em maio de 1926, e isso o colocou em 16º lugar no mundo na época. Esse site fornece classificações históricas para jogadores e eventos em toda a história do xadrez. As classificações oficiais foram introduzidas pela FIDE somente em 1970. Em 1930, Verlinsky ficou em 7º lugar em Moscou (A. Rabinovich venceu). Em novembro de 1931, empatou entre os 3º/6º lugares em Moscou (7º Campeonato de Xadrez da USSR), com um sólido placar de 17 pontos em 10 - Botvinnik venceu. Em fevereiro de 1933, Verlinsky ficou em 2º lugar, atrás de Fedor Bogatyrchuk, em Moscou (Quadrangular). Em 1933/1934, ficou em 12º lugar em Moscou (14º Campeonato de Moscou). A partir daí Verlinsky foi menos ativo no xadrez, mas ainda era um forte adversário competitivo para mestres fortes. Depois de muitos anos longe da principal competição, tentou se classificar para a final do Campeonato Soviético em 1945, então com 53 anos, mas conseguiu apenas 4,5 pontos em 15 possíveis na semifinal, e não avançou. Mas derrotou a estrela em ascensão Bronstein neste evento. Boris Verlinsky – David Bronstein, Moscou, 1945 - 1.Nf3 Nf6 2.b3 g6 3.Bb2 Bg7 4.g3 0-0 5.Bg2 c5 6.c4 Nc6 7.0-0 d6 8.Nc3 e5 9.e3 Ne8 10.a3 Nc7 11.Qc2 Bf5 12.d3 Qd7 13.Rfd1 Bh3 14.Bh1 Ne615.Ne2 Rae8 16.Bc3 a5 17.Qb2 Qe7 18.Ne1 f5 19.Bd5 Kh8 20.Bxe6 Qxe6 21.Nf4 exf4 22.Bxg7+ Kg8 23.Bh6 Rf7
24.Bxf4 Qe7 25.Bh6 Ne5 26.f3 Qf6 27.Qd2 g5 28.Bxg5 Qxg5 29.f4 Qh5 30.fxe5 dxe5 31.Ng2 b6 32.Re1 Rd7 33.Rad1 Bg4 34.Rc1 Red8 35.Rc3 Bf3 36.Qc2 Qh3 37.Rf1 Bb7 38.Qe2 Rxd3 39.Rxd3 Rxd3 40.Nh4 Rd7 41.Qh5 Rf7 42.Qg5+ 1-0. O último grande evento competitivo de Verlinsky foi o Campeonato de Moscou de 1945, onde marcou 5 pontos em 16 possíveis. Boris Verlinsky recebeu o título de Mestre Internacional da FIDE em 1950, no mesmo ano em que morreu aos 62 anos.
Vidmar, Milan - Partida 5
Milan Vidmar, nascido em Ljubljana em 22/06/1885 e falecido aos 77 anos no dia 09/10/1962 na mesma cidade, foi um engenheiro elétrico esloveno, mestre, teórico e árbitro de xadrez, filósofo e escritor. Vidmar estava entre os doze melhores jogadores de xadrez do mundo de 1910 a 1930. Era especialista em transformadores de potência e transmissão de corrente elétrica. Vidmar nasceu em uma família de classe média em Ljubljana, Áustria-Hungria (agora Eslovênia). Iniciou os estudos em engenharia mecânica em 1902 e se formou em 1907 na Universidade de Viena. Obteve seu doutorado em 1911 pela Faculdade Técnica em Viena. O estudo da engenharia elétrica na faculdade técnica não começou até 1904, e então Vidmar teve que fazer exames especiais no campo básico. Foi professor da Universidade de Ljubljana, membro da Academia Eslovena de Artes e Ciências e fundador da Faculdade de Engenharia Elétrica. Entre 1928 e 1929, Vidmar foi o décimo 249
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
chanceler da Universidade de Ljubljana. Em 1948, fundou o Instituto de Eletrotécnica, que agora leva seu nome. Vidmar também foi um jogador de xadrez de primeira classe, provavelmente um dos melhores jogadores do mundo entre 1910 e 1930, permanecendo ao mesmo tempo amador. Recebeu o título de Grande Mestre da FIDE em 1950. Seus sucessos incluem altas colocações em alguns dos principais torneios de xadrez de seu tempo, por exemplo, 6º lugar em Carlsbad em 1907, 3º lugar em Praga em 1908, Campeão em Gotemburgo em 1909 (o 7º Campeonato Nórdico de Xadrez), 2º lugar em San Sebastián em 1911 (com Akiba Rubinstein, atrás de José Raúl Capablanca), Campeão em Budapeste em 1912, 2º lugar em Mannheim em 1914, Campeão em Viena e Berlim em 1918, 2º lugar em Kosice 1928, 3º lugar em Londres 1922, dividiu o primeiro com Alexander Alekhine em Hastings 19251926, 3º lugar em Semmering 1926, 4º lugar em Nova Iorque 1927, 4º lugar em Londres 1927, conquistou o 5º lugar em Carlsbad 1929, dividiu os 4º/7º lugares em Bled 1931, empatado em 3º/6º lugares em Stuttgart 1939, 2º lugar - de Max Euwe em Budapeste 1940, e Campeão em Basel 1952. Vidmar representou a Iugoslávia nas Olimpíadas de Xadrez de Praga em 1931, e em Estocolmo em 1935. Tornou-se um Árbitro Internacional, recebendo esse título da FIDE e sendo o árbitro principal no Campeonato Mundial de Xadrez de 1948 em Haia e Moscou.
von Balla, Zoltan - Partida 59
Zoltán von Balla, nascido em Budapeste
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em 31/08/1883 e falecido aos 62 anos na mesma cidade, foi um campeão húngaro de xadrez. Em 1904, Balla ficou em 11º lugar em Coburg (14º Congresso DSB, torneio B). Em 1905, ficou em 10º lugar em Viena. Em 1906, ganhou o 1º Campeonato húngaro em Gyor. Dividiu o título com Zsigmond Barász em Budapeste em 1911. Venceu em Gyor em 1911, ficou em 18º lugar em Breslau em 1912 (18º Congresso da DSB, Akiba Rubinstein e Oldrich Duras venceram), empatou em 7º/8º lugares no Pistyan em 1912 (Akiba Rubinstein venceu), empatou em 3º/4º lugares em Temesvár em 1912 e empatou em 4º/5º lugares em Budapeste em 1913 (Rudolf Spielmann venceu). Em 1916, von Balla ficou em 2º lugar em Budapeste. Em 1918, empatou em 1º/2º lugares em Budapeste. Em 1918, empatou em 6º/7º lugares em Kaschau (Ricardo Réti venceu). Em 1921, ficou em 5º lugar em Budapeste. Em 1922, empatou em 12º/13º lugares em Pistyan (Efim Bogoljubov venceu). Em 1924, venceu em Budapeste. Em 1925, ficou em 3º lugar em Budapeste. Em 1928, ficou em 9º lugar em Budapeste (José Raúl Capablanca venceu). Em 1935, von Balla empatou em 17º/18º lugares em Tatatovaros (Laszló Szabó venceu). Em 1939, empatou em 1º/2º lugares com Laszló Szabó em Budapeste (Dori Memorial). Em 1940, empatou em 4º/5º lugares em Budapeste (Maróczy Jubilaeum, Max Euwe venceu). Zoltán von Balla morreu em um acidente de trânsito com um tanque soviético ao final da Segunda Guerra Mundial.
von Feldt, M. - Partida 48 É difícil descrever a dificuldade dos anos de guerra para Alekhine: a morte prematura dos pais (seu pai passou mais de um ano em uma prisão alemã) e o trabalho no fronte como oficial da Cruz Vermelha (de acordo com outras versões, União das Cidades). O resgate de feridos sob a artilharia inimiga, um ferimento sério, o hospital militar em Tarnopol...
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Os adversários de Alekhine neste livro
“Por todo um mês permaneci deitado, imobilizado”, recordou Alekhine. “Para mim, jogar às cegas naquele período era um verdadeiro presente divino. A meu pedido recebia com frequência a visita de jogadores locais e dava pequenas exibições simultâneas sem olhar os tabuleiros. Foi numa dessas exibições que foi jogada a minha mais conhecida partida às cegas, contra von Feldt”., (alguns historiadores acreditam que esse é um pseudônimo de alguém da equipe médica de Tarnopol). - Garry Kasparov, Meus Grandes Predecessores, Volume 1.
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von Freymann, Sergey - Partidas 22 e
Sergey Nicolaevich von Freymann, nascido em 1882 e falecido aos 64 anos em 1946, mestre de xadrez russo-uzbequistanês, foi um dos mais fortes jogadores no período da Revolução russa. Em 1906, von Freymann ficou em 2º lugar, atrás de Semyon Alapin, em São Petersburgo. Em 1907, empatou nos 6º/7º lugares em São Petersburgo (Eugene Znosko-Borovsky venceu). Em 1907/1908, ficou em 5º lugar em Lodz (o 5º Torneio de Mestres da Rússia, vencido por Akiba Rubinstein). Em 1907/1908, venceu em São Petersburgo. Em 1908, ficou em 2º lugar, atrás de Sergey Lebedev, em São Petersburgo (quadrangular). Em 1908, empatou em 1º lugar com Karl Wilhelm Rosenkrantz em São Petersburgo. Em 1909, ficou em 18º lugar em São Petersburgo (Memorial Chigorin, vencido por Emanuel Lasker e Akiba Rubinstein). Em 1909, empatou em 2º/3º lugares com Abram Rabinovich, atrás de Akiba Rubinstein, no 6º Campeonato da Rússia em Vilna. Em 1910, empatou em 1º/3º lugares com
Lebedev e Grigory Levenfish em São Petersburgo. Em 1911, empatou em 2º/5º lugares em Colônia (Moishe Lowtzky venceu). Em 1911, empatou em 3º/4º lugares com Levenfish, atrás de Fyodor DusChotimirsky e Znosko-Borovsky, em São Petersburgo. No mesmo ano, von Freymann derrotou Znosko-Borovsky em um match (+5-3=10). Em 1912, empatou em 6º/7º lugares em Abbazia. (vencido por Rudolf Spielmann). Em 1912, ficou em 8º lugar no 7º Campeonato da Rússia em Vilna (Akiba Rubinstein venceu). Em 1913/1914, empatou em 1º/2º lugares com Peter Romanovsky em São Petersburgo. Em 1914, ficou em 12º lugar em São Petersburgo (o 8º Campeonato da Rússia, vencido por Alexander Alekhine e Aron Nimzovitsch). Após a Primeira Guerra Mundial, von Freymann participou dos campeonatos da URSS e das Repúblicas Soviéticas da Ásia Central. No final da década de 1920, ele se mudou da Rússia para o Uzbequistão. Em 1924, empatou em 16º/17º lugares em Moscou (3º Campeonato da URSS, vencido por Efim Bogoljubov). Em 1925, ficou em 19º lugar em Leningrado (4º Campeonato da URSS, Bogoljubov venceu). Em 1925, von Freymann empatou um match com DusChotimirski (+5-5=0). Em 1927, empatou em 10º/12º lugares em Moscou (5º Campeonato da URSS, vencido por Fedor Bogatyrchuk e Peter Romanovsky). Em 1927, ele empatou em 1º lugar com Nikolay Rudnev no Campeonato da Ásia Central. Em 1928, venceu (hours concours) o 2º campeonato do Turquemenistão. Em 1929, terminou em 2º lugar no 6º Campeonato da URSS em Odessa (Verlinsky venceu). Em 1930, ficou em 6º lugar em Tiflis (Vsevolod Rauzer venceu). Em 1931, ficou em 6º lugar no 2º Campeonato do Uzbesquistão (DusChotimirski venceu). Sergey von Freymann venceu o Campeonato de Xadrez do Uzbesquistão em quatro oportunidades, 1932, 1934, 1935 e 1937. Nesse período, 251
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
empatou em 16º/17º em Leningrado em 1933 (8º Campeonato da URSS, vencido por Mikhail Botvinnik). Em 1934, venceu em Tashkent (Campeonato da Ásia Central). Em 1934/1935, ficou em 20º lugar em Leningrado (9º Campeonato da URSS, vencido por Levenfish e Rabinovich). Em 1935, venceu o 2º Campeonato de Xadrez do Cazaquistão, realizado em Alma-Ata. Em 1937, empatou em 1º/2º lugares com Skripkin no Campeonato do Quirguistão. Em 1938, empatou em 13º/17º lugares em Kiev (Campeonato da URSS, semifinal). Após a Segunda Guerra Mundial, Sergey von Freymann ficou em 4º lugar no 10º Campeonato do Uzbequistão (Abdullaev venceu) em 1945/1946.
West, Arthur George – Partida 88
Partida jogada por Alekhine contra o forte amador britânico Arthur George West (18691935) no Torneio de Portsmouth em 1923.
Wjakhirev, A. – Partida 33 Partida por correspondência, jogada na Rússia em 1908.
Wolf, Heinrich – Partidas 65 e 84 Heinrich Wolf, nascido em 20/10/1875 e falecido aos 68 anos em dezembro de 1943, foi um mestre austríaco de xadrez. Em 1897, empatou em 5º/7º lugares em Berlim (Géza Maróczy venceu). Em 1900 empatou em 7º/10º lugares em Munique (o 12º Congresso da DSB, Maróczy, Carl Schlechter e Harry Pillsbury venceram). Em 1902, empatou em 5º/7º lugares no torneio de xadrez de Monte Carlo (Maróczy venceu), empatou em 5º/6º 252
lugares em Hannover (13º Congresso DSB, David Janowski venceu) e venceu, juntamente com Janowski, em Viena (Pentagonal). Empatou um match com Ossip Bernstein (+1–1=6). Em 1903, ficou em 7º lugar em Monte Carlo (Siegbert Tarrasch venceu). Em 1904, empatou em 8º/9º lugares em Coburg (14º Congresso da DSB, Curt von Bardeleben, Schlechter e Rudolf Swiderski venceram) e empatou em 4º/5º lugares em Viena (Schlechter venceu). Em 1905, ficou em 10º lugar em Ostend (Maróczy venceu), empatou em 7º/10º lugares em Barmen (Janowski e Maróczy venceram) e ficou em 2º lugar, atrás de Schlechter, em Viena. Em 1906, empatou em 6º/7º lugares em Nuremberg (15º Congresso da DSB, Frank Marshall venceu). Em 1907, empatou em 9º/11º lugares em Viena (Jacques Mieses venceu), e ficou em 10º lugar no torneio de xadrez Carlsbad 1907 (Akiba Rubinstein venceu). Em 1908, empatou entre os 9º/12º lugares em Düsseldorf (16º Congresso da DSB, Marshall venceu). Em 1908, Emanuel Lasker contratou Simon Alapin e Heinrich Wolf como segundos (primeira introdução de segundos em jogos do campeonato mundial) para o match do Campeonato Mundial contra o Dr. Tarrasch, realizado em Düsseldorf e Munique. Após a Primeira Guerra Mundial, empatou em 6º/7º lugares em Pistyan em 1922 (Efim Bogoljubov venceu), empatou em 8º/10º lugares em Teplitz-Schönau em 1922 (Ricardo Réti e Rudolf Spielmann venceram), e ficou em 3º lugar em Viena em 1922 (Akiba Rubinstein venceu), ficou em 14º lugar no torneio de Carlsbad 1923 (Alexander Alekhine, Bogoljubov e Maróczy venceram), e empatou em 12º/13º lugares no MaehrischOstrau Ostrava em 1923 (Emanuel Lasker venceu). Heinrich Wolf morreu vítima dos nazistas em dezembro de 1943.
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Os adversários de Alekhine neste livro
Wjygodchikov, K. – Partida 34
Partida por correspondência, jogada na Rússia em 1908 - 1909.
Yates, Frederick, Partidas 4, 60 e 69
Frederick Dewhirst Yates, nascido em 16/01/1886 em Birstall, Inglaterra e falecido aos 46 anos no dia 11/11/1932 em Londres, foi um mestre inglês de xadrez que venceu o Campeonato Britânico em seis ocasiões. Yates iniciou uma carreira como contador, mas em 1909 a abandonou em favor de se tornar um jornalista e jogador profissional de xadrez. Yates quase venceu o Campeonato Britânico em 1911, quando empatou em primeiro lugar com Henry Atkins, mas perdeu o play-off. Conquistou então os títulos em 1913, 1914, 1921, 1926, 1928 e 1931. Apesar do considerável sucesso nacional, seu recorde em torneios internacionais não lhe fez justiça. Muitas vezes, vencedor contra seus adversários mais fortes, perdia para os jogadores na parte inferior da tabela. Isto foi particularmente evidente no torneio de Budapeste 1926. Sua falta de consistência foi atribuída a problemas de saúde e perda de resistência. Uma constante tosse não foi controlada, já que seus recursos não lhe permitiram um período de descanso em climas mais quentes, conselho dado pelo seu médico. Também foi submetido a pressões jornalísticas, pois frequentemente fazia a reportagem dos torneios em que estava jogando. No entanto, dedicarse somente ao xadrez lhe renderia quantias insuficientes para viver. Alguns de seus contemporâneos acreditavam que seu talento poderia colocá-lo entre os candidatos ao
Campeonato Mundial, se as circunstâncias fossem diferentes. Nessa época derrotou a maioria de seus ilustres adversários, exceto E. Lasker e José Raúl Capablanca. Sua vitória contra Alekhine em Carlsbad 1923 ganhou o prêmio de beleza, enquanto sua vitória contra Milan Vidmar em San Remo em 1930 foi descrita por Alekhine como “a melhor partida desde o final da I Guerra Mundial”. Como jornalista e escritor, foi o colunista de xadrez do Manchester Guardian e, com William Winter, co-autor de Modern Master Play (1929). Escreveu reportagens de dois encontros pelo Campeonato Mundial: Alekhine x Capablanca e Alekhine x Bogoljubov. Em competições por equipes, jogou em três Olimpíadas, representando a equipe do “Império Britânico”. Em cada ocasião, melhorou sua pontuação anterior e em Londres 1927 ganhou uma medalha de bronze por equipes. Sua vida terminou prematuramente, quando um cano de gás vazando fez com que Yates se asfixiasse durante o sono. De acordo com a inscrição na lápide de Yates, seu nome de nascimento era na verdade Fred Dewhirst Yates. No entanto, ao longo de sua carreira de xadrez, ficou conhecido pelo sobrenome ou simplesmente como F. D. Yates, ambos apresentados em sua coleção “My Best Games”, publicada postumamente e parcialmente biográfica. Competindo nas Ilhas Britânicas, foi o primeiro em Glasgow 1911, Cheltenham 1913, Chester 1914, Malvern 1921, Edimburgo 1926 e Tunbridge Wells 1927. Houve segundos lugares em Oxford 1910, Richmond 1912, Southport 1924, Hastings 1924 - 1925 e Stratford-upon-Avon 1925. No exterior, seus melhores resultados incluíram o primeiro lugar dividido com Tartakower em Kecskemet B 1927 e 5º lugar em San Remo (o torneio mais forte de 1930), quando terminou à frente de Spielmann, Vidmar e Tartakower. Yates foi o segundo em Ghent 1926, depois de Tartakower, mas à frente de Colle e Janowski. 253
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
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Znosko-Borovsky, Eugene - Partida
Eugene Alexandrovich Znosko-Borovsky, nascido em 16/08/1884 em São Petersburgo e falecido aos 70 anos no dia 31/12/1954 em Paris, foi um mestre russo de xadrez, também versado em música e crítica teatral, no ensino e autor. Nascido em São Petersburgo, estabeleceu-se em Paris em 1920 e lá viveu o resto da sua vida. Znosko-Borovsky aprendeu a jogar xadrez quando era menino. Ganhou prêmios em torneios locais e regionais, enquanto progredia em uma educação de primeira classe no Lyceum Tsarskoye Selo. Fazendo sua estreia no Torneio Internacional de Xadrez em Ostend em 1906, ganhou o prêmio de brilhantismo pela sua partida contra Amos Burn. A carreira enxadrística de Znosko-Borovsky foi frequentemente interrompida por outros eventos em sua vida. Entre 1909 e 1912 foi um crítico proeminente da revista Modernista Apollo, fez amizade com muitos poetas russos e escritores da Era de Prata, e foi o segundo de Nikolay Gumilev em seu duelo de 1909 contra Maximilian Voloshin. Condecorado e ferido em conflitos militares, serviu inicialmente como voluntário na Guerra Russo-Japonesa de 1904 e 1905 e foi então chamado para servir durante a I Guerra Mundial. Após o armistício foi transportado por um navio britânico para Constantinopla e de lá seguiu para Paris, onde morou a partir de 1920. Como jogador, Znosko-Borovsky ficou aquém do nível mais alto. Teve alguns resultados notáveis na competição internacional, 254
incluindo Paris 1930, onde terminou em primeiro, invicto, à frente de Savielly Tartakower, Andor Lilienthal e Jacques Mieses, e 1º lugar no primeiro torneio em Folkestone 1933. O sucesso muitas vezes veio em partidas individuais contra seus pares mais distintos; venceu partidas impressionantes contra José Raúl Capablanca, Akiba Rubinstein, Max Euwe e Efim Bogoljubov, bem como uma miniatura contra Edgard Colle em 1922. Também era altamente qualificado em exibições simultâneas. Em conversas e como palestrante, professor ou escritor de xadrez, suas habilidades eram amplamente reconhecidas, particularmente na Rússia e na França, onde contribuía com artigos e colunas regulares para revistas e jornais. Na verdade, foi no campo da literatura que Znosko-Borovsky se destacou, escrevendo muitos livros populares, incluindo The Evolution of Chess (1910), Capablanca e The Muzio Gambit (ambos de 1911). Capablanca e Alekhine seguiu-se à I Guerra Mundial e a maioria de suas obras posteriores foram traduzidas para o inglês, principalmente O Meio-Jogo no Xadrez, Como Não Jogar Xadrez, Como Jogar as Aberturas de Xadrez, Como Jogar Finais de Xadrez (1940), e A Arte da combinação no xadrez. Ao ouvir a notícia da morte de ZnoskoBorovsky, Gerald Abrahams escreveu uma homenagem pessoal: “A morte de ZnoskoBorovsky priva o mundo do xadrez de um dos poucos sobreviventes de uma geração intelectualmente rica, os mestres russos do antigo regime. Minhas próprias memórias de Znosko remontam a 1923-1924. Encontrei-o então, e em todos os momentos posteriores, como um amigo estimulante e um encantador conversador em muitos assuntos. Sua reputação como crítico teatral e literário era, em certa época, considerável na Europa, embora na Inglaterra pouco se soubesse disso. Aqueles que leram seus trabalhos de xadrez, no entanto, devem saber que seu escritor era um kultur mensch no melhor sentido do termo. Por outro lado, era estoico na adversidade (a
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Os adversários de Alekhine neste livro
adversidade sempre foi sua sorte) e possuidor de grande humor e resiliência. Como jogador, sofria das exigências de um profissionalismo que é incompatível com o ótimo desempenho, mas deixa registros em muitas partidas que revelam, se não genial, ao menos um grande talento. Aqueles que o conheceram concordarão que sua vida enriqueceu e em alto grau inspirou o mundo do xadrez”. Alguns aforismas de Znosko-Borovsky: - “Não é um movimento, nem mesmo o melhor movimento, que você deve buscar, mas um plano realizável”. - “O xadrez é um jogo de compreensão e não de memória”.
1933 (Mikhail Botvinnik venceu). Nikolai Zubarev obteve o título de Árbitro Internacional da FIDE em 1951.
Zubarev, Nikolai – Partida 46
Nikolai Zubarev, nascido em Moscou em 10/01/1894 e falecido em 01/01/1951 na mesma cidade aos 56 anos, foi um mestre russo de xadrez. Durante a Primeira Guerra Mundial, venceu à frente de Peter Yurdansky, em Moscou, em 1915, e empatou em 4º/5º lugares em Moscou em 1916. Após a guerra, venceu duas vezes o Campeonato da Cidade de Moscou em 1927 e 1930. Também conquistou o 5º lugar em 1919/1920 (Alexander Alekhine venceu), ficou em 3º lugar em 1920 (Josef Cukierman venceu), em 6º lugar em 1922/1923 (Nikolai Grigoriev venceu), empatado em 12º/13º lugares em 1925 (Alexander Sergeyev venceu), ficou em 2º lugar atrás de Abram Rabinovich em 1926, empatado em 5º/6º lugares em 1928 (Boris Verlinsky venceu), em 6º lugar em 1929 (Vasily Panov venceu), todos no Campeonato de Moscou, e ficou em 21º lugar no torneio de Moscou de 1925 (Efim Bogoljubov venceu). Participou várias vezes no Campeonato de Xadrez da URSS; empatando em 11º/12º lugares em Moscou 1920 (Alekhine venceu), ficou em 10º lugar em Petrogrado 1923 (Peter Romanovsky venceu), empatou em 11º/13º em Leningrado 1925 (Bogoljubov venceu), ficou em 4º lugar em Odessa 1929 (quartas de final), e ficou em 18º lugar em Leningrado 255
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
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Índice de Aberturas
Índice de Aberturas Abertura Abertura do Bispo do Rei Abertura do Cavalo do Rei Abertura do Centro Abertura do Peão da Dama
Adversário
Spielmann de Rodzinsky Mieses Nimzovitsch Levenfish Zubarev Rabinovich, I Selezniev Bogoljubov Bogoljubov von Balla Tarrasch Johner Euwe König Thomas Golmayo Abertura dos Quatro Cavalos Vidmar Nimzovitsch Wolf Abertura dos Três Cavalos Alapin Abertura Escocesa Cohn Lasker, Em. Fleissig/Stahelin Abertura Inglesa Chajes Dus Chotimirski Saemisch Abertura Philidor Marco Blumenfeld Evensohn Abertura Ruy Lopez Verlinsky Levenfish Duras Znosko-Borovsky Olland Levenfish Nimzovitsch Duras Flamberg Wjygodchikov
Partida nº
Página
11 42 19 13 39 46 53 54 55 57 59 62 64 68 77 86 95 5 23 84 6 10 45 94 7 8 92 9 36 47 2 15 16 17 18 20 21 27 28 34
32 86 46 36 82 90 103 103 106 110 114 120 123 131 149 168 182 20 53 163 22 29 89 181 25 26 178 28 78 91 15 39 41 42 44 48 50 61 64 75 257
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1908 - 1923
Abertura Abertura Ruy Lopez
Adversário
von Freymann Treybal Réti . Tarrasch Teichmann Torres Caravaca Prils/Blaut Abertura Vienense Gregory Wjakhirev Levitsky Lasker, Ed. Contra-Gambito Falkbeer Tarrasch Defesa Alekhine Steiner Defesa Berlinense Gonssiorovski Defesa Fianqueto da Dama Rozanov Defesa Francesa Speyer Tarrasch Fahrni von Feldt Tartakower Muffang Defesa Holandesa Bogoljubov Defesa Irregular Drewitt Defesa Petrov Marshall Rabinovich, A. Defesa Siciliana Bernstein Potemkin Yates Saemisch Wegemund/Brenner Friedrich/Deissner Saemisch Gambito da Dama Recusado Yates Bernstein von Freymann Prat Sterk Rubinstein Selezniev Wolf Hromdka Yates 258
Partida nº
Página
37 66 74 82 91 96 98 1 33 41 44 25 58 51 35 3 26 31 48 78 100 73 89 24 50 14 38 60 76 93
80 127 144 159 176 183 186 13 73 83 88 56 111 97 77 16 58 69 93 150 190 141 173 55 95 37 81 115 147 179
97 4 12 22 43 56 61 63 65 67 69
184 18 33 52 87 110 117 122 125 129 133
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Índice de Aberturas
Abertura
Adversário
Gambito da Dama Recusado Rubinstein Tarrasch Bogoljubov Kmoch Muffang Rubinstein Gruenfeld Maróczy Chajes Vadja West Muffang Gambito Dinamarquês Isakov Gambito do Bispo Levitsky Gambito do Rei Recusado Teichmann Gambito Kieseritski Jonkovski Giuoco Piano Tarrasch Mieses
Partida nº
Página
70 71 72 75 79 80 81 83 85 87 88 99 52 40 90 32 29 30
135 138 139 147 152 154 157 162 165 170 172 188 98 83 175 70 65 67
259