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Portuguese Pages 215 [110] Year 2010
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Diógenes da Cunha Lima Advogado, Escritor, Presidente da Academia Norte-rio-grandense de Midge A Jornal: O 22/09/2002
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Ficha Técnica
Livro: À Saga Benevides Carneiro Autor: Dudé Viana - E-mail: dudeviana(Dgmail.com O Dudé Viana 2010
Revisão do texto: Raimunda Pinto de Morais — professora graduada em Letras
Revisão e Normalização: Dudé Viana Diagramação: Edenildo Simões Arte da Capa: Claubertto Freire Digitalização Arte-final:
das Imagens:
Orley Carneiro Gurgel
Roberto Ratti
Coordenação Gráfica: Lair Ferreira
Ficha Catalográfica Direitos Autorais reservados - É proibida a reprodução total ou parcial de qualquer forma ou por qualquer meio, salvo com autorização, por escrito, do autor.
Catalogação na Fonte: Biblioteca Pública Estadual Câmara Cascudo
Dedicatória
V614s Viana, Dudé A saga Benevides Carneiro: a história da família mais diversificada do RN/ Dudé Viana. - 2. ed. ampl. Natal (RN): Ed. do autor, 2010. 220p. : il. (fot.)
1. Família Carneiro - Genealogia. 2. Família Cameiro - História. |. Título. 2010/08
CDD 929.1 CDU 929.2
(em A
memória)
Maria da Paz Carneiro (Maria da Paz Benevides) e Cândido Pedro Ramalho (Cândido José Ramalho).
Agradecimentos Especiais
Leila Rosana Medeiros
Gesamar Benevides Costa Ridália Benevides Gurgel
Claubertto Freire Celso Teixeira Pinheiro Celinha Benevides Nanô Carneiro
Samária Benevides Raimunda Pinto de Morais Fátima Abrantes Aline Bruna Antônia Amabília de Paiva Carla Carina Careiro Alves Deusdete Fernandes Pimenta Gustavo de Castro Praxedes João Pegado de Oliveira Ramalho Maria Gurgel Neta
Maria Vilani Gurgel Lúcia Ferreira | Orley C. Gurgel
A Saga Benevides Carneiro ——————————
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APRESENTAÇÃO Com rara sabedoria, o autor nos leva a viajar no tempo, descrevendo a história da família Benevides Cameiro, sua genealogia desde a Europa da Idade Média, até estabelecer-se no Município de Caraúbas e de outros municípios do Alto Oeste Potiguar. Dos sonhos e sentimentos mais simples ao seu mais cruel desenlace, a vida de cada um é contada com a sensibilidade de quem gosta de compor, de cantar as belezas do Sertão, mesclando com poesia todo o contexto político e social de um enredo que se desenvolve no cerne de uma época em que o coronelismo imperava e a dignidade do sertanejo era medida pela força bruta. Quem tiver o privilégio de ler este livro descobrirá que, em cada sertanejo, existe um pouco da coragem do Doutor Benevides, dos sonhos meninos do Valdetário, da vontade de servir aos pobres do Raimundo Benevides, da valentia do Antonino, da fé do Wantuil, da sensibilidade, resiliência e mansidão do Dudé, dos medos e revoltas dos justiceiros e injustiçados, da dor das mães Benevides Carneiro, mães de algozes e vítimas, que viram seus filhos assassinados, torturados e desvirtuados. Somente a elas cabe a capacidade de enxergar com outro olhar a Via Crucis do corpo e da alma dos meninos que pariu. Todo sertanejo
também carrega em si o espírito de revanchismo no misticismo de Chica Cancão.
Terá também o privilégio de ter em mãos um rico referencial de pesquisa, compreendendo a história, a cultura, a política, a funcionalidade
do sistema carcerário no Rio Grande do Norte, além dos valores vigentes no Sertão de outrora que, embora em menor proporção, perpassam a linha do tempo, manifestando-se nas gerações atuais, de forma a respingarem sobre as cabeças daqueles que, providos do sentimento de vingança, ainda não perceberam que a paz é estratégia fundamental de harmonia entre os povos. Sertanejos ou não, a humanidade carrega em si uma propulsão à lucidez insana que estigmatiza, apaixona, que dá sentido à vida, destruindo a história para construir “novos rumos”, ou permanecendo aquém das
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TÃO. Prefácio
mudanças, no mastigar constante do ressentimento. O fato é que somos todos loucos, agarrados à hipocrisia que nos diz lúcidos, retratada fielmente neste poema do autor:
Não pretendi, neste prefácio, fazer do mesmo, um resume da obra de Dudé Viana, agora numa 2º edição, revista e ampliada, para satisfação dos leitores.
Um louco contou pra um louco Que um louco mandou contar Que um louco matou um louco
Que um louco mandou matar. (Dudé) Nestas páginas vivem os mais profundos conflitos do homem sertanejo. Quem brota do Sertão conhece bem as duas faces da natureza: ora se contorce entre os espinhos das juremas, do xique xique na poeira causticante, gritando a fome das estiagens; ora bate palmas com o cair da neblina que faz florir o mandacaru, enchendo os garranchos de folhas verdes e de frutos, enchendo a barriga dos caboclos, fazendo cantar os riachos que banham os lajedos quentes , numa teimosia divina que une sofrimento à satisfação, fracassos à vitórias, amor à ódio, misericórdia à crueldade, justiça à injustiça e paz à guerra. O caleidoscópio humano tão bem descrito pelo autor reluz sua própria realidade. Porém, quanto menos ele reconhece sua vida em tudo que escreve, mais se aprofunda dentro de si mesmo, embrenhandose nas raízes históricas da intelectualidade e da ignorância, no silêncio
Gostando das coisas, nos mínimos detalhes, esmerou-se Dudé Viana neste trabalho, inserindo nesta edição, dados que lhe eram desconhecidos, quando da publicação anterior, tornando-o mais completo. A você caro leitor, após acurada leitura deste conceituado trabalho, deixo a avaliação. 17 de agosto de 2010 Cosme Arnaldo de Lima Professor e poeta
abissal de uma sociedade que constrói armadilhas com a língua, mas emudece, tornando-se sombra nas sombras da omissão, diante do grito injusto da justiça que ignora sentimentos e valores, adormecidos nas entrelinhas da violência. Este livro nada mais é que a reafirmação da célebre expressão de Rosseau: “O homem é bom por natureza, é a sociedade que o corrompe.” Natal (RN), 23 de Agosto de 2010. Fátima Abrantes Professora e escritora
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Dudé
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A Saga Benevides Carneiro ————
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Apresentação (da 1º edição) Conheça a saga da família Benevides Carneiro desde sua origem na Espanha até a sua chegada ao Rio Grande do Norte. Saiba da sua junção com as famílias Fernandes, Gurgel, Praxedes e Ramalho. Sua ramificação na cidade de Caraúbas e adjacências, onde é composta por aproximadamente dois mil e quinhentos (2.500) integrantes na região.
Saiba que o lado trágico desta história, ocorrido entre os anos de 1950 a 2006, era melhor que não tivesse acontecido, mas já que houve, está sendo contado por um membro da família, pois o autor entende que assim respeita os que permaneceram na vida lícita, honesta, decente, mesmo sofrendo os efeitos da causa montada pela força do crime adversário em vários momentos. Conheça a história de vida do Capitão Francisco Fernandes Careiro, de Cândido Pedro Ramalho, de Antonino Benevides Carneiro, de Raimundo Pedro Benevides (O médico-prático dos pobres), de Maria Laly Carneiro (Médica-Cientista e Condessa em Paris), de Antonino Benevides Filho (Advogado), de Luiz Benevides Carneiro (Doutor Benevides), de Francisco Carneiro (Maurício), de José Wantuil Carneiro (Cantor Evangélico), de João Benevides Carneiro (Branquinho), de José Valdetário Benevides, de Francimar Fernandes Carneiro (Cimar), do Padre
Raimundo Benevides Gurgel e da minha trajetória de vida entre outros, todos nós parentes, mas que seguimos caminhos diferentes. À história deste livro não é uma sequência tediosa de várias datas e nomes solenes. A história é drama, é fluxo, é sangue e pulsa vivida, indo da selva às cidades, dos bancos às prisões, dos plenários às veredas, dos quartéis aos cadafalsos, do rangido dos engenhos ao estalido das chibatas. Esta é uma história repleta de amor e ódio, aventura e realidade, ganância e fulgor. São anos de sombras e luzes, de bonança e trovões - que ressoam os gritos de paz que podem ser sinais de brados retumbantes. Fiel à história, mas sem nenhuma vaidade ou pretensão literária. O autor
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Prefácio Um Livro Missionário
(da 1º edição) O Caraubense Dudé Viana (José Viana Ramalho) tem se destacado na música brasileira por apresentação de shows e gravação de alguns discos. Já apresentou seus trabalhos em algumas cidades do Nordeste e no Rio de Janeiro. Autor de peças humoristicas teve atuação em teatros e também em programas de rádio. É um excelente instrumentista, além de bom compositor (no sentido da música de ritmo nordestino, e de letra de conteúdo extremamente poético e algumas vezes de conotação social). Com este livro, Dudé também mostra que pode contribuir à literatura norte-rio-grandense. Se Caraúbas já deu escritores do nível de Raimundo Soares de Brito, Salete Pimenta Tavares, Cristiano Gurgel e
Gumercindo Amorim — chegou à vez do menino de Poço Redondo (sítio no município de Caraúbas) prestar contas aos leitores de sua atividade de escritor. Seu livro é bastante interessante, desenvolvendo um perfil regional peculiar. Tem o lado genealógico, o autor desvendando as raízes e os galhos de várias famílias caraubenses (Fernandes, Carneiro, Ramalho, Gurgel, Amaral, Benevides, Praxedes entre outras), que ao longo da história da região foram se entrelaçando pelos casamentos, formando na verdade uma única família. Se nos últimos anos do século passado e primeiros deste em que estamos, algumas destas famílias se desentenderam de forma violenta — o livro de Dudé vem trazer um apelo de paz através da união familiar. O livro é importante também porque repõe a verdade sobre determinadas pessoas que se tornaram vitimas do sistema jurídicopolicial, sendo então estigmatizadas pela mídia (jornais, rádio, televisão) com mentiras e imagens faisas a seu respeito. O próprio Dudé foi uma vítima, sendo confundido com um criminoso sem ter feito crime nenhum. Valdetário Benevides Carneiro é outro. Conforme a narrativa do
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livro de Dudé, era um mecânico, tinha sua atividade profissional em Caraúbas. Mas foi acusado de roubos de carros, sem ter praticado estes crimes; foi preso, injustamente; revoltou-se, e aí, então, se entregou de vez à vida de crimes e assaltos. Porque poucas pessoas têm controle psicológico diante de injustiças continuadas que sofram. Dudé mostra no livro que Valdetário era uma pessoa que gostava de arte, era fã de Raul Seixas e Che Guevara, fazia também artesanato
Porque corresponde à verdade que liberta. Abrindo portas e janelas à poesia que brilha nas letras das canções do autor, algumas das quais são também transcritas no livro. Anchieta Fernandes
Jornalista e escritor 17 de maio 2006
construindo caminhões de brinquedo. Mas para a imprensa, de maneira quase geral, ele era uma fera insana, que só pensava em assaltos e crimes de morte. Valdetário foi um estudante na Escola Estadual Professor Lourenço Gurgel, de Caraúbas, e o livro de Dudé traz uma foto que funciona como importante elemento documental, onde se vê Valdetário, em um desfile da referida escola, representando Tiradentes, o mártir da Independência do Brasil. O livro de Dudé Viana é, portanto, além de um levantamento genealógico, um libelo acusatório das injustiças policial-criminológicas, um documento histórico, e um discurso missionário pela paz em Caraúbas. Das suas páginas, tira-se uma conclusão: que se existiram os que na família Benevides Carneiro, por circunstâncias que eu diria socialmalignas, se desviaram para o lado do crime (como Valdetário, Antonino, e outros) — existiram também os que, por circunstâncias que eu diria social-benignas, contribuíram para o bem social, como o padre Raimundo Benevides Gurgel (que foi Superior dos Salesianos em todo o Nordeste) e a médica Condessa Maria Laly Carneiro. O livro “A Saga Benevides Carneiro” deve ser lido por todos os caraubenses. É um livro de um artista, agora artista-escritor, consciente da realidade, imparcial (porque mostra também crimes que pessoas de sua família cometeram), e cujas lições estão não somente na frase dele próprio, Dudé, transcrita no livro, de uma conversa com um parente, onde ele aconselha-o, dizendo que “valentia não leva a lugar nenhum, a não ser cadeia ou cemitério”, como também nas pequenas frases citadas da Bíblia, como esta, deJesus: “A verdade é o que nos faz livres”. É isso aí. A verdade está neste livro. Quem gosta da música, do teatro e do humor de Dudé Viana, vai gostar também de sua produção no contexto literário.
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Dudé
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Sumário
Caraubas as sam a Aa 019 Capítulo | - À origem de Carneiro ................. ester 021 BENCVICOS asas asassesvisrniasis esio inss rag aa ada TS SS 022 Femandes PIPAGNA: ....esessisesnástenascoadioaverirarsfi dous anasrigado comeasacrairansasaonsi 023 Benevides Bonavideos NO RN.casissisuasissascocasaaaiococriiniasvgrusicemastsneinsasadal 026
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Gurgel do Amaral no RN. . . . . . . . .
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Familia Ramalho... uissesejssam pressao cosesco bi aoatoesactaiioiaantum ess rao nica tdo 031 Junção das FamlaS:, asanigeaiisiia nata ED apta 032 Capítulo Il - Antonino Benevides Carneiro- 17 anos de conflitos 053 Enio de ANTONIO. ss sisassisis csssonasasaaguscmeneasaiasscncasancasaarcssavassasstsia caprasealaagçasal 053 Morta de AMONINO sessao asa ni sa asa 062 O médico dos pobres................ceememeemersermereeresreereeneereeneerearearerrereentos 070 Casamento de quatro irmãos de Maria da Paz... 086 Turma dO JONÃO...:..ssmssemseimecrmsasiosmeilticaaiiginas asceonintinsemmarmMiamennsapao tests emmaga 092 Turmade Alexandra: .ssceaisacaasisssuinasssiciiiasimsomesenvisasinsadaioioctetito dim sriisasádica 097 Gente do Sabe MUIO. = ca sal 098 Turma do Sítio Cachoeirinha................eereeemereereeeeeeereneeserereeeeeeneos 099 Turma de Maca pás pais sas rsss suga d aiud 101 Padre Benevides - Na trilha do bem...............eemeeeeerererereseeeereeenos 104 JOSE Daniel, ses pomcisqeare conaanca asas da casal 106 Osvaldo CAMBIO: sau ta 107 Nossa Condessa-cientista...............erereeeneenereneeeereereeneeneneeneneraeereerers 108 Mauricio:um trabalhador no Rio de Janeiro.................seeeeeseeeees 114 Catada ao CIMINOSO asasens aaa aaa image 114
Melão no centro da PAUL...
serscanen instar seraitioenireatairim casarem cresça 118
DUCO MENINO CANVO ssa en ion ad 119 Capítulo Ill - Caso dos 94 milhões: Masmorra dos Carneiro....125 Como o Tato Chegou ia MIM: secciasssspasisersensunimssuiaoreasssaainieavependascesaasand 128 Prisão NO Rio de Janeiro ssa sos ssa asas aaa 128
A Saga Benevides Carneiro ————————
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Ajustiça contra & Justica. assar seeiiniceasseresniniesmnirerenarios cnscraenteieresssenvonoevme 150 DO E 150 CERTOS PODES up 160 MRE somena os perene a 164
VIRE VANCE 7d 164 COORD ad 166 A prova da perseguição............. meses sereererimseeeresereseerereseereeserees 168 Cipltido IV- Dios CHROE ssa siga paia 173 PASSAÇOS COIS BNOS: corra inntersaconpuiisiaisss emas raid ton renina conas 173 PERSIA EU 174
NOVO DANO saias
iss ncusa ini
asas
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Julgamentos............ imersos cereereeresesereeeereenasseerseseenseeeenmaeremeseaça DOUEDE DOTTIÇÃOS: sai 22iz assino css dp a Isigo! Fomándas SIQUONA! scores ease Vanzinho, Chagas do Sabão, Antônio Praxedes, Moreira e eu RBEURANÕS asso assada sen En POXA CO Ms oncoscosetiesenssammaaiiaiisscopotaeremiarsadidoro senguaa foco Fadista pis FNAS TIS VAIS: aaa asa
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Doutor acrediorha JUSAÇA. susana panasonic
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Eu não queria ser o que fizeram de mim (Valdetário Cameiro).......... 188 NIUE PLIRIRÇ EO 190
VARIA TVA assassino US
194
Morte de Valdetário............ er iriereemeereeeereeerereseermeeeemeeremeereereemmeeeens 194 Chnar; Suco ssor do: VAL. iaisssisasscanarsanis corsa ancas cassa pa 198
Caçada à Viúva de Valdetário............ irtmeerimeeermeereerereeemeeeemeererserenas 201 O destino de Bebé Cameiro e Fábio Benevides.......... eme 203 Out Batalha MINA. iasssanararapassi gare ais cats is casca 204 Como nos bons tempos............mermenaereeeeeereeeneeaeerereereernresmaeis 208
Cronologia dos principais acontecimentos...
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Mapa de Localização do Município de Caraúbas Fonte: Henrique José
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Capítulo V - Bombas matam Doutor
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ESSE TCE
Caraúbas
Caraúbas é uma cidade centenária, situada na Zona Oeste do Estado do Rio Grande do Norte a 300 km da sua capital Natal. Fundada em 1852, por Leandro Bezerra Cavalcante, nascido em Pernambuco, e desmembrada do Município de Apodi em 05 de março de 1868, quando então passou a município, comemorando os seus 142 anos neste ano
de 2010. À cidade se limita a norte com os Municípios de Governador Dix-
Sept Rosado e Felipe Guerra, a sul com Olho D'água dos Borges, Janduís e Patu, a leste com Upanema e Campo Grande e a oeste com Apodi e Umarizal.
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ABREVIATURAS F- Filho
Capítulo | A Origem de Carneiro
N- Neto Tn- Trineto
Em minhas pesquisas e estudos sobre a origem do nome da família Carneiro encontrei vários significados. Uns dizem que deriva dos condes de Mouton da França, outros que procedem de D. Lourenço
Qn - Quadrineto
Anes Carnes, de cujo apelido se teria derivado o sobrenome Carneiro. Já
Bn - Bisneto
Pn - Pentaneto Cc - Casou com
outros, ainda, dizem que seriam da Espanha, pois desde o seculo XII existia lá. Havia, porém, a Serra de Carneiro, designação antiga de uma
serra perto do Porto e uma freguesia de mesmo nome no antigo Conselho de Gestaçô. O indivíduo mais antigo que se conhece com esse nome é Pedro Carneiro, senhor das terras de Valdevez no tempo do conde D. Henrique, de quem procedeu a família (GRANDE... 1936, p. 969-970). Em outro livro, Pedro Carneiro também aparece como o cidadão mais antigo que se conhece com esse sobrenome, sendo senhor das terrras de Valdevez no tempo do conde D. Henrique (entre 1035-1114), de quem procedeu a família. Carneiro é sobrenome de origem geográfica porque é tomado do lugar de Carneiro, comarca de Astorga, reino de Leão. Um dos membros dessa linhagem passou a Portugal gerando
uma numerosa família Carneiro de Portugal (BUENO E BARATA, 2001, p. 952). Astorga é uma das mais antigas cidades da península espanhola. Leon (Leão em Português) fica na região do Noroeste da Espanha, conquistada nos séculos IX e X pelos reis das Astúrias, que tomaram o título de reis de Leão no ano de 914 e foi incorporada definitivamente à Castela em 1230. Compreende hoje, as províncias de Leão, Zamora e
Salamanca. (LAROUSSE, 1982, p.1281-1315). Já no período da colonização, o décimo terceiro neto de Pedro Careiro, Jácomo Carneiro, passou sua descendência para Pernambuco. A décima terceira neta de Pedro Carneiro, Maria Carneiro Vieira, foi matriarca da família Carneiro da Fontoura no Brasil. O décimo quarto neto, Manuel Carneiro da Costa, chegou a Pernambuco e foi patriarca da importante família Carneiro da Cunha (BUENO E BARATA, 2001, p. 952). De Pernambuco, chegaram ao Rio Grande do Norte na pessoa de
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Manoel Carneiro de Freitas, que foi residir na Serra de Martins pelo ano
de 1761 (MEDEIROS FILHO, 1981, p. 425). Alguns pesquisadores dizem que não pode ser considerado que todos os Carneiros existentes no Brasil, mesmo procedentes de Portugal, sejam parentes, porque várias famílias teriam adotado este sobrenome pela simples razão de ser de origem geográfica, ou seja, tirado do lugar de Cameiro. Já outros afirmam serem todos derivados da mesma raiz, de
uma mesma origem e dessa forma seria uma grande família espalhada neste mundão-grandão de Deus. Eu prefiro deixar as controvérsias de
ilegítimo era senhor por varonia e transmitiu o sobrenome até outro João Afonso de Benavides, terceiro neto do primeiro e que faleceu sem deixar descendência, como ele era primo e co-irmão de Men Rodrigues de Biedma e por serem ambos netos maternos de Afonso Godins e de D. Inez Perez Tenório e por lhe faltarem descendência que herdasse a sua casa, deixaram a referido Men Rodrigues com a obrigação de manter o sobrenome e de trazer as suas armas. Men Rodrigues de Biedma e Benavides foi assim senhor da casa de Benavides da Vila de Santo Estevão Del Puerto, de Despelunque, de Javalquinto, da terra de Roda e de
lado e seguir os passos de Pedro Carneiro e sua descendência, que
Menxibar. Ele foi também guarda maior do rei D. Pedro e Capitão-General
passou para Pernambuco no Brasil.
da fronteira pelos anos de 1360. Passaram os Benavides a Portugal no tempo do rei D. Afonso V na pessoa de Inez de Benavides, sobrinha de D. Inez de Benavides (mesmo nome de sua tia), mulher de Pedro de Mendanha, Alcaide-Mor (Governador maior de Castro Nuno em Castela e Barcelos em Portugal). Diz-se que ela era parenta próxima de D. João de Benavides, conde de Santo Estevão. Inez de Benavides casou-se em Castela com Pedro de Paredinha de Medanha, Alcaide-Mor de Codilhas e sobrinho do referido Pedro de Mendanha que era marido de sua tia (...). Gregório de Benavides, filho de Isabel de Benavides, casou-se com Filipa Mendes de Mesquita, filha de Pedro da Costa Chaves e sobrinha do contador de Guimarães Rui Mendes de Mesquita, da qual teve numerosa geração que continuou o Benavides mais tarde convertido em Benevides (GRANDE..., 1936, p. 523-524).
Benevides A descrição desta antiga e nobre família da Espanha provém de Rodrigo Inigues de Biedma que foi senhor da casa de Sotoburmo e da
terra de Lima, na raia de Galiza, sendo a pessoa mais antiga que se conhece com este sobrenome. Sua mulher teve Inigo Inigues de Biedma que mais tarde foi encontrado na conquista de Galiza, na tomada de Jaén (Cidade da Espanha, capital da província do mesmo nome) no ano
de 1246. Quando passou para Aragão (região norte da Espanha) casouse com D. Maria de Vilhafonda e Godoy, dama da rainha. Deste casamento nasceu Rodrigo Inigues de Biedma (que tem o mesmo nome do avô) que foi senhor de Molinares, de Estiviel e de Menxibar e que se casou com D. Joana Dias de Frenes, filha de Dia Sanches de Frenes.
Rodrigo Inigues teve o filho Dia Sanches de Biedma que foi Alcaide dos Alcáceres (governador dos castelos fortificado de Jaén), foi senhor da roda, de Menxibar e torre de Estiviel e que no ano de 1312, foi CapitãoGeneral na cidade de Jaén, e esteve no cerco de Gibraltar. Dia Sanches
casou com D. Maria Afonso, filha de Afonso Godins e de D. Inez Tenório. Tiveram Men Rodrigues de Biedma e Benavides, o progenitor dos que assinam este sobrenome. Mas Men Rodrigues de Biedma e Benavides não foi a primeira pessoa com esse sobrenome porque antes havia um filho ilegítimo do Rei D. Afonso VII, conhecido por Imperador, que já o usava. Esse sobrenome foi tomado da Vila de Benavides. Esse filho
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Fernandes Pimenta Pelo ano de 1730, três portugueses da família Fernandes Pimenta vieram para o Brasil, eles eram dois irmãos e um primo oriundos da cidade do Porto, em Portugal, e procedentes da Vila de Faral na região Douro norte do País. Francisco Fernandes (o primo) fixou residência no Ceará, em Cachoeiro do Riacho do Sangue, dando origem, nesse lugar, aos Fernandes Távora. Já o segundo Português, Manoel Fernandes, fixou moradia de início em Pau dos Ferros e posteriormente na Serra de
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Martins/RN, onde se casou com uma filha de Francisco da Costa Passos e Violante Martins de Lacerda. (MEDEIROS, 2000, p. 35-36). O terceiro Português, Antônio Fernandes Pimenta, veio para o
Brasil já casado com a portuguesa Joana Franklina do Amor Divino e fixou residência em Nossa Senhora das Neves, atual João Pessoa, capital paraibana. Depois morou em Mamanguape e Brejo de Areia, também na Paraíba, e se dedicou a vida do comércio e obteve sucesso nos sertões da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Antônio possuía ascendência judaica e por ter forte coloração avermelhada em sua face ganhou o cognome Pimenta, (MEDEIROS FILHO, 1981, p. 407). Mas a rivalidade entre brasileiros e portugueses levou-o a se mudar para o Recife, e a sua esposa em estado de gravidez (pré-parto), a bordo do navio Dom José, deu a luz a uma criança do sexo masculino, e algumas horas depois do parto, ela veio a falecer. O menino foi entregue à sua irmã Joaninha, e foi batizado com o nome de João Francisco Fernandes Pimenta. Antônio Fernandes Pimenta, em segundas núpcias, casou-se com a paraibana, natural de Mamanguape, Maria José da Silva, da família dos Casados. Foram morar em sua fazenda de criação de gado, em terras do município de Campo Grande/RN, onde recomeçou a sua vida na sua propriedade Riacho do Pimenta em homenagem ao seu nome, onde faleceu em avançada idade, na Ribeira do Upanema, que existe até hoje. Não se sabe ao certo quantos filhos Antônio teve no seu segundo casamento. O Padre Manoel Fernandes Pimenta da Silva, que celebrou vários casamentos de filhos de Manoel Fernandes Pimenta e Manoela Dornelles de Bittencourt, foi o primeiro vigário da freguesia de Cuité, a meu ver, era filho de Antônio com Maria José da Silva. Filhos de Antônio Fernandes Pimenta, casado com Joana Franklina do Amor Divino, foram sete, cinco homens e duas mulheres: F1 - José Fernandes Pimenta.
F2 - Cosme Damião Fernandes casou-se com Luiza Mendes da Silva, natural de Açu-RN. Entre seus filhos destacamos o Padre João Francisco Fernandes Martins.
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F3 - André José Fernandes casou-se em primeiras núpcias com Ana Francisca do Sacramento. Entre os seus filhos, destacamos o Padre Manoel José Fernandes, Deputado Estadual por oito mandatos. F4 - Manoel Fernandes Pimenta casado com Manoela Dornelles de Bittencourt. FS e F6 - Eram duas do sexo feminino que não consegui encontrar seus nomes. F7 - João Francisco Fernandes Pimenta, que nasceu no navio, casou-se com Florência Nunes da Fonseca. Velhos Assentamentos: No Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte ainda se conservam os assentamentos referentes ao Regimento Miliciano da Vila da Princesa (Açu/RN) que constam os seguintes registros, que transcrevo com a grafia original, abaixo: “Jozé Fernandes Pimenta - Filho de Antônio Fernandes Pimenta natural de Mamanguape branco casado e morador nesta Ribeira do Assú de estatura ordinária xeyo do corpo cor rosada barba fexada, e branco de idade de Sincoentra e quatro anos assenta prassa em revista de vinte e
sete de julho de 1789. Por isso, podemos firmar que, José Fernandes Pimenta, nasceu em 1735, após a chegada dos seus pais ao Brasil”. “Bento Fernandes Pimenta Filho de Jozé Fernandes Pimenta morador e natural desta Ribeira do Assu branco solteiro de corpo seco cor alva olhos fundos com principio de barba cabelo corredio de idade de dezasete annos assenta prassa em revista de vinte e sete de julho de 1789. Podemos afirmar que Bento Fernandes Pimenta nasceu no ano de
1772". João Fernandes, de quem também trataram os referidos assentamentos do regimento de Milícias da Vila da Princesa, era filho de José Fernandes Pimenta. João é descrito como natural da Ribeira do Assu, casado e morador da Ribeira do Assu. Era branco e de estatura mediana, pouca barba, cabelo ruivo, cara redonda, olhos azuis e de vinte quatro anos. Ele assentou praça e revista de vinte e sete de julho de 1789 (pesquisa realizada em fevereiro de 2006).
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O filho1, José Fernandes Pimenta, natural de Mamanguape, na Paraíba, casou-se com Josefa Maria da Conceição, paraibana, e o primeiro filho do casal foi Antônio Fernandes Pimenta, que recebeu mesmo nome do avô português. O casal morou no Riacho do Pimenta, depois em São Miguel, mesmo município de Açu e em seguida na Fazenda Sabe Muito. Quando Antônio Pinto Coutinho, dono da fazenda Sabe Muito faleceu, a sua filha, Maria de Sousa Coutinho, herdou as terras da fazenda e no ano de 1775, José Fernandes Pimenta comprou estas terras dela. Ele e sua mulher tiveram catorze filhos, a partir daí, começando a povoar e desenvolver a Fazenda Sabe Muito e a Cidade de Caraúbas. Mas em virtude da grande seca de 1791 a 1793, José Fernandes Pimenta retirou-se com a sua esposa para o Município de Brejo de Areia, no Estado da Paraíba, e lá ambos faleceram, em avançada idade. Ficou no Sabe Muito o seu filho, Capitão Antônio Fernandes Pimenta.
estabelecida no Município de Souza/PB. Bonavides, no Rio Grande do Norte. O velho genealogista caraubense Luiz Antônio Pimenta, citado por
Praxedes em seu trabalho de genealogia “Assim nasceu a família Praxedes” nos diz que: “Os Fernandes Pimenta se subdividem em Fernandes Távora e Fernandes Benevides. Um dos três portugueses fixou residência no interior cearense onde constituiu família. Mais tarde, um Fernandes Pimenta, descendente do português que ingressou pelos sertões cearenses, viajando a recreio à Portugal, verificou lá que a família Fernandes Pimenta era a mesma dos Fernandes Távora e Fernandes Benevides, desprezou o cognome Pimenta e adotou o Távora, donde vêm os Fernandes Távora do Ceará. Diz ainda: Fernandes Benevides vem de Dona Maria Benevides, espanhola, que se casou em Portugal, na família Fernandes Pimenta e foi mãe do conde Salvador Correia de Sá e Benevides”.
Origem de Praxedes Benevides Bonavides no RN João Francisco Pimenta, que nasceu a bordo do navio Dom José, casou-se com Florência Nunes da Fonseca, filha do casal Manoel Carneiro de Freitas e de Dona Joana Filgueira de Jesus. O casamento ocorreu em Martins onde o casal morou alguns anos. Eles moraram depois no Upanema, mas passando os meses da seca na Serra de Martins. Depois comprou o sítio Jatobá, onde nasceram os seus últimos filhos, menos Joana Franklina do Amor Divino (que reproduziu o nome da avó paterna, falecida no navio) que nasceu no Rio do Peixe, de onde veio com um ano de idade para o Sítio Jatobá. Dos filhos de João e Florência, um se chamava João Francisco Fernandes Pimenta Filho (o neto 22 do português Antônio) e ele se casou com Maria Brasilina Cavalcanti, filha do casal Gonçalo Cavalcanti e Ana Cavalcanti. Eles passaram a registrar os filhos e netos com o sobrenome Fernandes Bonavides. São aparentados dos Fernandes Ribeiros, dos Fernandes de Queiroz, Rio Grande do Norte, e dos Femandes Távora, do Ceará (BUENO E BARATA, 2001, p. 952). Benevides: Família estabelecida na Bahia. Tradicional família
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Vicente Praxedes Benevides Pimenta, nascido a 20 de Julho de 1805, foi batizado com o nome próprio de Praxedes, mas depois, por ocasião da crisma, o nome mudou para Vicente e Praxedes passou a ser sobrenome. Esse acontecimento deu origem ao sobrenome da família Praxedes, na região do Oeste potiguar, sendo originária de Caraúbas. Vicentinho, como era conhecido, teve uma casa de residência em Martins
conhecida como Casa grande, adotou a vida do Comércio na cidade de Martins e faleceu no dia 1º de Janeiro de 1882.
Gurgel do Amaral no RN A família originou-se no século XVI, ou mais precisamente no ano de 1595 no Rio de Janeiro quando nesta cidade chegou o moço Toussaint
Gurgel. Ele veio no comando de algumas naus a fim de reforçar o contingente francês que lutava aqui desde Villegaignon na tentativa de fundar a denominada França Antártica. Toussaint Gurgel foi preso ao desembarcar em Cabo Frio, no Rio de Janeiro, na praça forte da
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resistência francesa, onde se travou o combate decisivo e as forças portuguesas foram vencedoras. Ao ser preso pelo Comandante João Pereira de Souza Botafogo, Toussaint entregou a sua espada e declarouse natural da Alsárcia, filho de mãe francesa e de pai alemão da Baviera. Toussaint estudou no Liceu Strasburg, tinha o curso de Hidrografia e Ciências Náuticas em Saint Malo, na Normandia/França. Com o passar do tempo, graças ao seu bom relacionamento com seu captor acima citado, e com a consideração que desfrutava junto ao então Presidente do Brasil Colônia, Salvador Correa de Sá e Benevides lhe foi concedida liberdade condicional no Rio de Janeiro. Por volta de 1598, Toussaint Gurgel, casou-se com Domingas do Arão Amaral, filha de D. Antônio Diogo do Amaral e de Michaela de Jesus Arão, ambos portugueses. Do casamento se originou uma das mais importantes famílias que povoaram o Rio de Janeiro, conforme artigo do jornal O Globo, de 6 a 27 de Julho de 1965, de autoria do Dr. Carlos Rheingantz.
No Rio de Janeiro, século XVII, os Gurgel estavam divididos em dois grupos: um que se estendeu pelo sul do país e outro que se estabeleceu em Pernambuco, na faixa marítima de Mossoró/RN até a área do Rio Jaguaribe, no Ceará. Deste último grupo (ramo) é que originou os Gurgel Amaral do Ceará e do Rio Grande do Norte. Todos descendentes de Toussaint Gurgel, nascido mais precisamente no ano de 1570 em Havre de Grace, na França, e Domingas de Arão Amaral, sua esposa nascida no Rio de Janeiro. (AMARAL, 1990).
Gurgel em Caraúbas Quitéria Gurgel do Amaral, nascida por volta de 1822 na Fazenda Porteiras, em Aracati/CE, e falecida em 1897 em Caraúbas/RN, e com 22 anos de idade, no ano de 1844, casou-se com Antônio Francisco de Oliveira (Tte. Cel. da Guarda Nacional em Caraúbas), nascido a 10/12/ 1784 e falecido em 19/03/1871 e que enviúvou de sua esposa Mafalda Gomes de Freitas, em 16/11/1843. Antônio foi pai de catorze filhos no primeiro casamento e onze no segundo com dona Quitéria Gurgel do Amaral (Quitéria de São Luiz).
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Na gestão dos bens deixados por seu esposo, não só os administrou como também tomou parte das iniciativas públicas na comunidade caraubense doando terras para construção da igreja Matriz de Caraúbas, que foi erguida naquela época. Filhos de dona Quitéria com Antônio. F1 - Raimundo Gurgel de Oliveira, nascido a 14/03/1843 em Caraúbas e falecido em 29/10/1921, fazendeiro e comerciante do RN. Casou-se com sua sobrinha Simôa Gaudiosa de Oliveira, nascida a 28/ 10/1850, filha de Luiz Gonzaga de Brito Guerra, Desembargador da Relação, e Maria Mafalda de Oliveira. São pais de:
N1 - Sebastiana Celestina G. Oliveira, n. a 27/08/1868 e f. em 10/ 11/1888. Casou-se com seu primo Rosendo Fernandes de Oliveira, nascido a 29/10/1880. Fazendeiro e comerciante, filho de Bento Antônio de Oliveira e Inácia Alexandrina. São pais de: Bn1 - Cel. Sebastião Fernandes Gurgel (Seu Tião), nascido a 06/ 02/1889 em Caraúbas, chefe da Casa Bancária S. Gurgel, de Mossoró. Faleceu em 19/02/1972 em Natal. Cidadão progressista e benfeitor das comunidades da Região Oeste potiguar tem seu nome gravado em logradouros públicos, como escolas em vários municípios do RN. Casouse com Elisa Rocha e são pais de: Tn1 - Judilita Rocha Gurgel, nascida a 09/03/1913 e falecida a
27/07/1965, casou-se com seu tio Francisco de Assis Gurgel. São pais de: Qnf - Eliete Gurgel nascida a 05/03/1934. Casou-se com Nevaldo Rocha, natural de Caraúbas, um exemplo de jovem interiorano, com o
irmão Nelson Rocha trabalhou em confecções de roupas de Recife/PE, e de volta a Natal montaram as Confecções Guararapes S/A, conhecida em todo o País, possuindo também as Lojas Riachuelo do mesmo grupo do Midway Mall Shopping em Natal. São pais de Lisiane, Elvio e Flávio Rocha.
N4 - Quitéria Gurgel Oliveira, nascida a 24/11/1872 em Caraúbas e falecida em 07/01/1891, casou-se com seu tio Olegário Teófilo de Brito Guerra, nascido a 05/03/1856 e falecido em 10/06/1913. F4 - Quitéria Gurgel Oliveira, nascida a 05/12/1892 e falecida em 01/01/1921, casou-se com Benvenuto Simões de Brito e pais de Quitéria
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Gurgel Oliveira (Quiterinha). Quiterinha casou-se com Joaquim Amâncio (maestro fundador da banda de música de Caraúbas), e foram pais de Celso Gurgel da Costa (Celso do Hotel), casado com dona Jesumira Fernandes de Góes. Cândido Gurgel do Amaral nascido a 19/12/1824 na Fazenda Porteiras, em Aracati/CE, 10º descendente de José Gurgel do Amaral Filho e de Quitéria Ferreira de Barros. Foi proprietário da Fazenda São Vicente em Caraúbas. Em 13/01/1853 casou-se com Ana Mafalda de Oliveira, nascida a 25/02/ 1837 na Fazenda Conceição em Caraúbas, filha de Antônio Francisco de Oliveira e de Mafalda Gomes de Freitas. Cândido faleceu em 24/09/1891. Ana faleceu em 09/04/1923.
Bn3 - Alexis Gurgel, jornalista, n. a 26/02/1905. Bn4 - Dalila Gurgel, n. a 24/04/1906, falecida em abril de 1984, casou-se com Juvenal dos Santos Sobrinho, industrial em Natal. São pais de: Tn1 - Deífilo Gurgel, n. a 22/10/1926, em Areia Branca/RN, formado
em Direito, ex-diretor cultural da Fundação José Augusto, em Natal, jornalista e poeta com vários livros publicados, e professor da UFRN. Casou-se com dona Zoraide Teixeira de Oliveira Gurgel. São pais de nove filhos, dos quais: Qn1 - Kátia Elizabeth de Oliveira Gurgel, n. em 1952, em Natal.
Tn2 - Tarcísio Gurgel, professor universitário, escritor e apresentador do programa semanal “Memória Viva”, na Televisão Universitária (UFRN) em Natal. (Amaral, 1990, p.107 — 121/ Medeiros
São pais de: F1 - Cecília Cândida Oliveira Gurgel do Amaral, n. a 22/11/1853, na Fazenda São Vicente, em Caraúbas. Em 12/2/1876, casou-se com seu tio paterno José Gurgel do Amaral Il. Foram pais de 13 filhos dos quais somente três sobreviveram.
Filhos, 1981, p. 426 / Medeiros, 2000, p. 43).
F2 - José Gurgel do Amaral de Oliveira, n. a 04/03/1855, na Fazenda São Vicente, em Caraúbas. Foi proprietário rural. Casou-se em primeiras núpcias no dia 21/11/1874 com sua prima Isabel Alexandrina de Oliveira, n. a 15/04/1859. Foram pais de:
João Ramalho: Aventureiro, náufrago e português, pouco se sabe como e quando João Ramalho chegou às costas do litoral sul do Estado
N1 - Lourenço Gurgel de Oliveira, n. a 08/01/1876, em Caraúbas. Conceituado cidadão em toda Região Oeste potiguar, exerceu o cargo de Secretário do Congresso Estadual, Diretor e professor afamado em vários colégios da região e faleceu em Caraúbas no mês de novembro
de 1953. Casou-se em primeiras núpcias com sua prima Helena Gurgel, filha de Benvenuto Simões de Brito e Quitéria Ferreira de Oliveira. Foram pais de: Bn1 — Jaci, que faleceu criança.
Bn2 - Jandira Gurgel, n. a 24/03/1904.
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Família Ramalho
de São Paulo. Alguns registros datam sua presença logo em 1512 quando se radicou em São Vicente e fez amizade com os índios e fundou ali a atual Santo André. Casou-se com a índia Bartira, filha do cacique Tibiriçá e se tornou Capitão das terras de Piratininga, atual São Paulo. Era amigo de Martin Afonso e lhe prestou auxilio e informações preciosas sobre a terra e fortificações. Viveu mais de 90 anos e teve muitos filhos, sua
descendência deu origem a árvore genealógica da família paulista. À família Ramalho já existia no século XV porque Gonçalo Anes Ramalho casou-se com Branca Anes de Queirós, filha de Fernão Álvares de Queirós. Conforme alguns, os Ramalho provém de Gonçalo Anes Ramalho, casado com Ana de Gouveia, filha de João de Gouveia, senhor de Valhelhas, Almendra, Castelo Melhor, Castelo Bom. Ramalho pela ausência de preposição, mostra vir de alcunha. De Portugal a família passou para Pernambuco, depois para Paraíba e para Rio Grande do
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Norte, onde se fixou na Serra de João do Vale, Município de Campo Grande, passando dali para o Vale do Açu, para Macau e Apodi, como nos informa o primo pesquisador João Pegado de Oliveira Ramalho. O Sr. Ozaniro Eustaquio de Oliveira (Ozaniro Canela) que nasceu
e foi criado na fazenda Língua de Vaca e que chegou a conhecer meus avós e irmãos do meu avô Ramalho, conta que: nos fins do séc. XIX Cândido Pedro Ramalho, José Pedro Ramalho, Valério Pedro Ramalho (três irmãos) foram para a Amazônia trabalhar naquelas terras. Os outros irmãos, Félix Pedro Ramalho, Leandro Pedro Ramalho e André Pedro Ramalho, não foram para a Amazônia. Os três irmãos que viajaram, após trabalharem muito tempo tiveram problemas com o patrão e foram vítimas da mão de obra escrava. Eles se acharam prejudicados e resolveram
fazer justiça com as próprias mãos. Não se sabe ao certo o que fizeram, mas se sabe que eles obrigaram o devedor a pagar o que lhes devia e, talvez, até o que não devia, porque depois tiveram que voltar para o Rio Grande do Norte as pressas e por medo de serem presos. Não foram para Campo Grande e sim para a Pedra de Abelha, no Município de Apodi (atual Felipe Guerra), onde já morava o irmão Félix e a única irmã Maria Salomé Ramalho. Em Pedra de Abelha todos se casaram e reconstruíram suas vidas trabalhando na terra, mas continuaram pobres e morando no Sítio Língua de Vaca.
Junção das famílias O Capitão Manoel Carneiro de Freitas, casado com Joana Filgueira de Jesus, era pernambucano da freguesia de Pau d'Alho, e ela paraibana. O casal, pelo ano de 1761, foi residir na sua propriedade em Lagoa Nova, localizada na Serra de Martins, no Rio Grande do Norte e passando depois a residir no Sítio Jatobá, do atual Município de Campo
Grande-RN. Manoel, já então viúvo, veio a falecer nonagenário, sepultando-se na Matriz de Portalegre, em 1828. Apesar do casal não ter morado na região seridoense, grande parcela da sua descendência transferiu-se para o Seridó. (Medeiros Filho, 1981, p.425). O casal teve sete filhos:
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F1 - Maria Carneiro de Freitas, conhecida por Bibi, casou com José Carlos de Freitas, não tiveram filhos.
F2 - Delfina Cameiro de Freitas faleceu solteira e septuagenária. F3 - Francisca Romana do Sacramento, casada com o Capitão Antônio Fernandes Pimenta (neto), o F1 de José Fernandes Pimenta e Josefa Maria da Conceição, e N1 do português Antônio Fernandes Pimenta. Francisca faleceu com cerca de 80 anos, em 10 de Janeiro de 1851, sepultando-se em Apodi. Antônio nasceu e morreu também no Sabe Muito. (Esse casal fez a junção de Carneiros e Fernandes, conhecida como a Família do Sabe Muito). F4 - Ana Filgueira de Jesus, nascida em 1759, casada em 1776, com seu primo Manoel da Anunciação de Lira, filho de José Daniel de Lira e Euxélia Cortez de Negrão. Tiveram dez filhos, entre eles destacamos o padre Francisco de Brito Guerra, que foi o primeiro Senador do Império pelo Rio Grande do Norte. FS - Inácia Carneiro de Freitas, casada com Clemente Gomes de Amorim, tiveram oito filhos, entre eles Vito Antônio de Freitas, vigário em Campo Grande e Reginaldo Gomes de Amorim, vigário em Portalegre. F6 - Florência Nunes da Fonseca, casada com João Francisco Fernandes Pimenta, que nasceu no navio. F7 - José Carlos da Silva. O Capitão Antônio Fernandes Pimenta e Francisca Romana do Sacramento tiveram oito filhos. Como se vê são oito filhos, netos (N) de Manoel Carneiro de Freitas, e começamos com o primeiro: Nf — Manoel e sua descendência até os quadrinetos (Qn). Em seguida: N2 - Vicente e sua descendência até quadrinetos (Qn). E na sequência os outros netos em grupos menores e suas descendências.
N1 - Capitão Manoel Fernandes Carneiro, casado com Cândida Benevides, conhecida também como Maria Cândida Benedita, nasceu
em 1802 e faleceu aos 28 de agosto de 1885. Tiveram 15 filhos. Bn 1 - Alferes Manoel Fernandes Carneiro
Bn 2 - Augusto Fernandes Carneiro
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Bn 3 - Raimundo Fernandes Carneiro, casado com Sancha Maria Benevides. Bn 4 - Francisco Fernandes Carneiro (Chico Fernandes do Atoleiro). Bn5 - Pedro Fernandes Carneiro Bn 6 - Aprígio Fernandes Carneiro (Este morreu solteiro) Bn7 - Benta B. Benedita Bn 8 - Herculana Josefa Praxedes Bn 9 - Luiza Gonzaga Praxedes (Luiza Gonzaga Benevides) Bn10 - Laura Cândida Praxedes Bn11 - Joana Elvídia Praxedes Bn12 - Francisca Herculana de Assis (casou-se duas vezes, mas morreu sem ter deixado filhos). Bn 13 - Maria Amância Bn14 - Antonia Simoa e Bn15 - Luzia Fernandes Carneiro. Raimundo Fernandes Carneiro, casado com Sancha Maria Benevides (Sancha Mafalda Fernandes Careiro). Ele nasceu em Caraúbas no ano de 1848. Sancha nasceu no ano de 1850, era filha do major Galdino Sinézio Benevides Montezuma e de D. Maria Mafalda de Amorim. Nessa época moravam na Fazenda Santa Maria e foram eles os fundadores do Sítio Jordão. A fazenda é situada no Município de Caraúbas e se compunha de 15 casas, uma capela da Imaculada Conceição e a estrada de ferro Mossoró-Sousa que cortava a fazenda. Ainda na adolescência, Sátiro Sinézio Benevides, irmão de Sancha, batizou o lugar de Jordão. Raimundo Fernandes Carneiro casou-se eclesiasticamente com Sancha Maria Benevides em 17 de Novembro de 1869. Criador e agricultor, enviuvou a 5 de Junho de 1889. Ele faleceu em 22 de Novembro de 1916 com 69 anos. O casal teve 13 filhos. Tn1 - José Benevides Carneiro (Zé Carneiro) - 21-4-1871. Do Sítio Xique-Xique. Casou-se eclesiasticamente a 6 de Março de 1905 com sua prima Ana Praxedes Benevides. Ana nasceu a 1º de Setembro
J4, ==
Du Viina
de 1881 e era conhecida também por Ana Elvira de Oliveira. Ela era filha do alferes Luiz Francisco de Oliveira e D. Maria Amâncio Carneiro. Faleceu a 23 de Junho de 1954. Os filhos do casal são: Alzira Carneiro, Maria José Careiro, Nazaré Carneiro (Nazaré do Belém), Guidinha Benevides Carneiro (esta morreu no Acre), Oliveiro B. Carneiro, Mário B. Careiro e Assis B. Carneiro. Tn2 - Pedro Benevides Carneiro (Pedroca) nasceu a 29 de Junho de 1873. Foi para o norte e a última notícia a seu respeito foi em 1906. Pedro era um boêmio que gostava de cantar. Faleceu em data desconhecida. Tn3 - Maria Mafalda Benevides nasceu em 11 de Outubro de 1874. Casou-se eclesiasticamente a 1896 e civilmente a 26 de Agosto de 1900, em Caraúbas, com Francisco Sá de Melo (Chico Canela). Francisco Sá de Melo era filho de Francisco Barbosa de Melo e de D. Maria Olina da Conceição. Faleceu viúva no sítio Igarapé a 11 de Setembro de 1962. Tn4 - Maria Cândida Benevides, nascida em 21 de Outubro de 1875 casou-se eclesiasticamente, em 28 de Setembro de 1896, com Francisco Gomes Gabriel. Ele era natural do município de Campo Grande, nascido em 1859 e filho de Manoel Gomes Gabriel e de D. Luiza Maria da Conceição (dos Ojteiros / Campo Grande-RN). Ele já era viúvo de Antonia Fernandes Gabriel, conhecida também por Antonia Maria Silva quando se casou com Maria Cândida Benevides. Ela faleceu no sítio Aroeira em Caraúbas, em 26 de Março de 1966. Tn5 - Maria da Paz Carneiro (Maria da Paz Benevides), nasceu em 24 de Janeiro de 1879. Casou-se eclesiasticamente em data que não sabem e civilmente em 1º de Outubro de 1908, com Cândido Pedro Ramalho (Cândido José Ramalho). Cândido nasceu em 1873 e era filho de Manoel Pedro Ramalho e de D. Maria Procópia da Conceição. Faleceu no sítio Língua de Vaca no dia 14 de Agosto de 1924. Cândido morreu em novembro do mesmo ano. Tn6 - Sebastião Benevides Carneiro, também conhecido por Sebastião Fernandes Benevides, nasceu em 1880. Casou-se eclesiasticamente em 4 de Março de 1905 e civilmente em 23 de Abril de
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1905 com sua prima Abigail Praxedes Carneiro. Abigail nasceu em 27 de Outubro de 1881 e era filha de Antônio Praxedes Benevides Pimenta e da D. Laura Cândida Praxedes. Faleceu a 13 de Julho de 1936. Tn7 - Antônio Benevides, nascido em 1881 e faleceu criança. Tn8 - Rafael Benevides, nascido em 18 de Maio de 1883 e faleceu criança. Tn9 - Domingos Benevides Carneiro, nasceu a 6 de Julho de 1884. Faleceu de um colapso no Amazonas, solteiro, em 1911 ou 1912. Tn10 - Miguel Benevides Carneiro, nascido em 9 de Dezembro de 1885. Casou-se eclesiasticamente no então sítio São Bento em
Caraúbas em 3 de Janeiro de 1908 com sua prima Ana Gurgel do Amaral e Oliveira. Ana nasceu em 28 de Março de 1883 e era filha de Vicente Gurgel do Amaral e Oliveira e de D. Joana Francisca de Oliveira, que era conhecida também como Joana Francisca Romana. Faleceu repentinamente em Caraúbas a 1º de Dezembro de 1920. Tn11 - Francisco Benevides Carneiro, nascido em 15 de Julho de 1887. Casou-se e faleceu no Amazonas como pessoa desconhecida e em data ignorada. Deixou descendência. Tn12 - Sebastiana Benevides, nascida em 1888. Faleceu criança em 31 de Janeiro de 1889 com 9 meses. Tn13 - Raimundo Nonato Carneiro, nascido no dia 7 de Fevereiro de 1889. Casou-se em primeiras núpcias eclesiasticamente no dia 6 de Novembro de 1911 com D. Maria Salomé Ramalho. Maria Salomé era filha de Manoel Joaquim Ramalho e de D. Maria Procópia da Conceição. Enviuvando em 20 de Janeiro de 1930, contraiu segundas núpcias com sua prima Francisca Praxedes, nascida em 1894 e filha de Júlio Praxedes Benevides e D. Amélia Sinézio Benevides. Após o falecimento de Francisca, morta em 30 de Janeiro de 1939, contraiu terceiras núpcias em 10 de Janeiro de 1940 com D. Carmelita Campelo Carneiro. Carmélita era filha do Major Raimundo Nonato Fernandes Pimenta e de D. Veneranda Holanda Campelo. Raimundo Nonato foi funcionário da Prefeitura Municipal de Mossoró. Entre as suas netas uma é a médica e cientista Maria Laly Carneiro Meignan. (Arquivo do pesquisador Raimundo Soares de Brito, em Mossoró/RN).
Cândido oito filhos:
Pedro Ramalho e Maria da Paz Carneiro — tiveram
Qn1 - Raimundo Pedro Benevides (Raimundo Benevides) — órfão aos 14 anos. Qn2 - Abraão Benevides Carneiro — órfão aos 13 anos. Qn3 - Francisco Benevides Carneiro (Chiquinho de André) - órfão aos 11 anos.
Qn4 Qn5 Qn6 Qn7 Qn8
-
Pedro Ivo Benevides — órfão aos 7 anos. Antonino Benevides Carneiro — órfão aos 6 anos. Luzia Benevides Ramalho - órfão aos 4 anos. José Daniel Carneiro (Zé Daniel) — órfão aos 2 anos. Luis Cândido Benevides — órfão com 1 Mês... Maria da Paz,
sua mãe, faleceu no sítio Língua de Vaca, no dia 14 de Agosto de 1924. Cândido morreu em novembro do mesmo ano. Qn9 — Eulária Ramalho, uma filha de Cândido com a parteira de Maria da Paz, não temos maiores informações. Todos ficaram órfãos de pai e mãe, nesta casa do Sítio Língua de Vaca, construída para o casamento de Cândido e Maria da Paz, em 1º de outubro de 1908, e depois foram morar com pa-
rentes até atingirem
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Dudé Viana
idade
adulta. Alguns fo-
Casa do Sítio Língua de Vaca - Foto: Dudé Viana
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a
ram morar com tios e outros com parentes mais distantes como foi o caso do tio Raimundo Benevides, que antes chegou a trabalhar com seu pai
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biológico ajudando na criação de gado e de outros animais, e nos serviços do campo na Fazenda Fortaleza, do major Reinaldo Gomes Fernandes Pimenta, onde permaneceu trabalhando depois da morte dos pais. O tio Abraão Benevides ficou na Fazenda Nova York, do major Luiz Carlos Fernandes, onde foi topador de touros brabos. Com ferrão ele conseguia tirar qualquer touro que estava amuado. O tio Pedro Ivo Benevides ficou na Fazenda Baluarte, de Teófilo Fernandes, depois foi vaqueiro de Chagas do Açude Novo e mais tarde, com o Doutor Benevides, na Fazenda Lanchinha, que pertenceu a Arlindo
Targino. Tio Chiquinho de André e tio Luis Cândido foram criados na Fazenda Mirador, de André Ramalho, tio deles. Tio Antonino e tia Luzia na Fazenda Igarapé, de Maria Mafalda, que era tia. Mas Antonino ainda adolescente foi morar no Sítio Boágua, de Soriano, filho de Mafalda, onde ficou até se casar. Zé Daniel, meu pai, ficou na Fazenda Poço Redondo, de Hermano Fernandes Pimenta e Maria Lilia Fernandes, onde mora até os dias atuais. N2- Cel. Vicente Praxedes Benevides Pimenta, nasceu a 20 de julho de 1805 e faleceu a 1º de janeiro de 1882, foi casado na primeira vez com Herculana Josefa do Amor Divino, em 1830, natural do Estado da Bahia, filha de Gonçalo da Silva Campos e de Benta Maria de Jesus,
e tiveram 14 filhos. Mas Herculana faleceu em 23 de março de 1851 e Vicente, o Vicentinho, como era conhecido, casou-se pela segunda vez com Antônia Mafalda de Oliveira e tiveram cinco filhos. No total 19 filhos: Bn16 Bn17 Bn18 Bn19 Bn20 Bn21 Bn22 Bn23 Bn24 Bn25
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- Major José Praxedes Benevides Pimenta - Tte. Francisco Praxedes Benevides Pimenta - Manoel Praxedes Benevides Pimenta - Raimundo Praxedes Benevides Pimenta - João Praxedes Benevides Pimenta - Antonio Praxedes Benevides Pimenta - Ana Praxedes da silva Lisbôa - Antonia Rufina Praxedes - Maria Praxedes de Sá Barreto - Herculana Gratulina Praxedes
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Dudé
Viana
Bn26 - Vicencia Praxedes Benevides Bn27 - Francisco das Chagas Praxedes Bn28 - Joana Praxedes Fernandes
Bn29 Filhos Bn30 Bn31 Bn32 Bn33 Bn34
- Benta Praxedes de Amorim. de Vicentinho com Antônia Mafalda: - Miguel Arcanjo Praxedes de Oliveira - João Mafaldo Praxedes de Oliveira - Antônio Mafaldo Praxedes de Oliveira - Bento Mafaldo Praxedes de Oliveira - Mafalda Praxedes de Oliveira
Manoel Praxedes Benevides Pimenta, promotor público e autor do livro "Meu Eu”, escrito à mão e sobre a família, era possuidor de uma inteligência privilegiada e assumiu por muitos anos a Promotoria da. Comarca de Caraúbas. Ele casou-se primeiras núpcias com dona Delfina Emilia Praxedes, no dia 26 de novembro de 1864, na Fazenda Atoleiro e tiveram três filhos. Tn14 - Francisco Praxedes Tn15 - Maria Evangelina Praxedes
Tn16 - Maria Áquila Benevides Praxedes. Em segundas núpcias casou-se com dona Joana Elvídia Praxedes, no dia 25 de fevereiro de 1880 na fazenda Sabe Muito e tiveram oito filhos: Tn17 - Manoel Maria Praxedes Pimenta, falecido em 1958, aos TTanos, era o pai do ex-vereador Antônio Adail Praxedes. Tn18 - José Flávio Praxedes Tn19 - Raimundo Ibiapina Praxedes
Tn20 - Ana Alzira (Zirinha) Tn21 - Maria Júlia (faleceu solteira) Tn22 - Vicente Praxedes (faleceu solteiro) Tn23 - Herculana Elvira Praxedes Tn24 - Francisca das Chagas Benevides (Mãe Chaguinha). Ela nasceu em 4 de outubro de 1887 e se casou com seu primo Daniel Gurgel do Amaral, nascido em 13 de Outubro de 1892. O casal teve os seguintes filhos.
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Qn10 - Francisca Gurgel Praxedes (Santinha), casada com Raimundo Pedro Benevides (Qn1), filho de Maria da Paz Carneiro e Cândido Pedro Ramalho.
Qn11 - Vicente Gurgel Praxedes, nascido em 22 de maio de 1912, casado com Alice Pinheiro de Almeida, nascida em Caraúbas a 01-06-
1911, são os pais de oito filhos: 1- Maria de Lourdes Gurgel. 2- Maria Adélia Gurgel. 3- Lourinalda Almeida Gurgel. 4- Sebastião Almeida Gurgel. 5- Dalvino Gurgel Pinheiro. 6- José Daniel Gurgel (com 63 anos de idade está no 6º período de Geografia Licenciatura, na UFRN). 7- Salomão Gurgel, nascido em Janduis-RN, a 10 de setembro de 1948, médico psiquiatra e ex-deputado federal. Salomão Gurgel é atualmente prefeito da cidade de Janduis por dois mandatos. Casou com a Russa e neurologista, Nina Barinova, nascida em Moscou-Rússia, a 16-06-1951. Sãos pais de Andrei Barinov Gurgel, nascido em 07-11-1986, cidadão russo naturalizado brasileiro, diplomado em medicina pela Universidade
Russa da Amizade dos Povos; e Vassili Barinov Gurgel, nascido em Moscou a 30 de agosto de 1977, formado em Direito Internacional pela Universidade Russa da Amizade dos Povos. 8- Davi Gurgel Pinheiro.
Qn12 - Natércia Gurgel Praxedes
.
Qn13 - Manoel Gurgel Praxedes (Jeová), casado com Rosilda
Gurgel de Araújo, tiveram oito filhos. Qn14 - Daniel Segundo Gurgel Qn15 - Sebastião Gurgel Praxedes (Sidon), este juntamente com dois cunhados foram mortos em Cachoeira do Sapo, por políticos covardes sanguinários e sem motivo algum que justificasse a tamanha barbárie. O crime aconteceu no dia 17/09/1957, mas para a família Gurgel, é como se fosse ontem.
Qn16 - Helvécio Gurgel Praxedes Qn17 - Milton Gurgel Praxedes. Esse último nasceu em 11 de maio de 1922, em Janduis/RN e se transferiu para São Paulo, onde morou por trinta anos. Foi padre e depois bispo da Igreja Brasileira, mas antes disso tinha sido militar, ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, poeta e escritor. Foi reformado como 1º Tenente do Exército. Casou-se com Severina Rufina e teve quatro filhos, dos quais uma é Maria Aparecida, casada com Antônio Veras, ex-prefeito de Campo Grande, e
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teve três filhos homens. Do segundo casamento, com Maria de Lourdes Fernandes, tiveram seis filhos. Milton pretendia fundar na cidade de Natal, à Igreja dos Padres Missionários do Sagrado Coração de Jesus, a ser construída na Rua das Gaivotas, quadra 18, na Cidade Satélite. Entre os netos de Milton, conheci Maurício Gurgel, que atualmente é vereador em Natal. N3 — Cel. Luiz Manoel Fernandes, casado com Alexandrina Lourenço da Silveira. Luiz nasceu no dia 25 de Dezembro de 1799, casando-se aos 30 de Janeiro de 1825, vindo a falecer em 21 de Janeiro de 1878. Alexandrina expirou aos 27 de Agosto de 1885. Segundo J. Epitácio Fernandes “Ao Capitão Antônio sucedeu, na Fazenda Sabe Muito, 0 seu filho Coronel Luiz Manoel Fernandes, nascido no ano de 1786 (sic). Foi um dos homens de maior projeção política e social naquelas redondezas e pelos municipios vizinhos. A sua casa, onde viveu e morreu, embora já muito deteriorada, ainda continua de pé e habitada”. (5) “Em anos normais, chegava a ferrar até 1.500 bezerros em suas várias fazendas”. “Foi Coronel Comandante da Segunda Companhia, do Quarto Batalhão da Guarda Nacional, com sede em sua própria fazenda”. (MEDEIROS FILHO, 1981, p. 426). Com a morte do comandante, não houve interrupção do domínio da família na Fazenda Sabe Muito. Entre outros filhos ficou o tenente da Guarda Nacional, Bn35 - Manoel Lúcio Fernandes, casado com sua parenta Inocência Gaudêncio Fernandes, no dia 30 de novembro de 1854. O Tenente, como era conhecido, faleceu no dia 21 de junho de 1924. Deixando Vários filhos. Com a sua morte a Fazenda Sabe Muito passou ao domínio do seu filho: Tn25 - Reinaldo Gomes Fernando Pimenta, que residia na Fazenda Fortaleza de sua propriedade, próxima, e transferiu-se, no ano de 1910, ainda em vida do Tenente, para a fortaleza dos seus ancestrais. O major Reinaldo, entre outros filhos: Reinaldo Fernandes Pimenta Filho (Qn18) e Leovegildo F. Pimenta, mais conhecido como Leó Fernandes (Qn19), ex-prefeito de Caraúbas, de 1948 a 1953.
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Tn26 - prof. Antônio Carlos Fernandes Pimenta, era pai do Qn20 - Antônio Carlos Segundo, que foi pai de Manoel Lúcio Fernandes (Duquinha), casado com Rita Pereira, pais de Gilvandro F. Jácome, Marcelo F. Jácome (advogado) e Agnalda Fernandes Neta (Neta Benevides), esposa legítima de José Valdetário Benevides (Valdetário Carneiro).
Tn27 - Major Luiz Carlos Fernandes, da Fazenda Nova York, casado com dona Maroca (filha de Teófilo Fernandes). O major Luiz Carlos e dona Maroca eram os pais de: Qn21 - Luiz Carlos Fernandes Filho (Luluzinho). Qn22 - Maria Lilira Fernandes
Qn23-Leto Fernandes Qn24 - Aparício Fernandes, pai de Raimundo Amorim Fernandes
(Zimar), ex-prefeito de Caraúbas, de 1983 a 1989. N4 — Capitão Francisco Fernandes Carneiro (1785-18.05.1860), que foi mais conhecido como (Chico Fernandes do Atoleiro). Francisco Fernandes foi desde Capitão da Guarda Nacional a proprietário da Fazenda Atoleiro, onde sempre viveu e morreu e no seu inventário constou: “Duas mil vacas, Setecentos e Sessenta e Quatro novilhotes, Duzentos e Oitenta e Dois garrotes, Mil Trezentos e Sete bezerros, Oitenta e Dois bois mansos, Trezentos e Noventa bois de lote e Cento e Quarenta e Oito touros. Dos equinos, constava Setenta e Quatro éguas, Noventa e Seis cavalos novos e da criação de caprinos e lanígeros um total de Oitocentos e Trinta e Oito cabeças”. Entre propriedades havia partes de terras e casas, todos no município de Caraúbas. Deixou um total de cinquenta e um imóveis, entre eles, as fazendas: Cangaíra, Atoleiro, Timbaúba, Salgado, Três Irmãos, Borracha e outras, deixou também um apreciável número de trinta e dois escravos. No dizer de Jonas Gurgel (citado por meu guru Raimundo Soares de Brito), “o Chico Fernandes foi um dos nossos ancestrais que teve grande destaque em nosso meio social”. O Capitão Francisco Fernandes Carneiro, casado com Francisca
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Alexandrina Carneiro, sua prima legítima, filha do Capitão Clemente Gomes de Amorim e Dona Inácia Carneiro de Freitas tiveram 10 filhos. Bn36 - Francisco Fernandes Careiro Filho - faleceu aos doze anos depois de ter sido picado por uma cobra. Bn37 - Manoel Petronilo - (1837-1908), casado com sua prima legitima Antônia Fausta, filha de Manoel Fernandes e Alexandrina Lourenço da Silveira e em segundo matrimônio com Herculana Gratulina Praxedes, filha de Vicente Praxedes Benevides Pimenta — Herculana Joséfa do Amor Divino. Manoel Petronildo deixou descendência. Bn38 - Joana Idalina - (1838-1925), casada com seu primo Dr. Manoel Antônio de Oliveira, filho do Tenente Coronel Antônio Francisco de Oliveira e Mafalda Gomes de Freitas. Joana Idalina deixou numerosa descendência. Bn39 - Teófilo Fernandes Pimenta - (1839-1908), casado com sua prima Delfina Delmira, filha de Luiz Manoel e Alexandrina. Abastado fazendeiro, residente na fazenda Baluarte. Teófilo Fernandes deixou grande descendência. Bn40 - Antônia Alexandrina - Totonha (1840-1922), casada com Aderaldo Francisco de Oliveira, seu primo, filho de Ten.cel. Antônio Francisco de Oliveira e Mafalda Gomes de Freitas. Antônia Alexandrina teve descendência. Bn41 - Delfina Emilia Praxedes - (1842-1879), casada com seu primo Manoel Praxedes Benevides Pimenta, filho de Vicente Praxedes Benevides Pimenta e de Herculana Joséfa do Amor Divino. Delfina Emília teve descendência. Bn42 - Alexandrina América - (1851-1921), casada com seu primo João Praxedes Benevides Pimenta, filho de Vicente Praxedes Benevides Pimenta e Herculana Joséfa do Amor Divino. Bn43 - Cassiano Hypólito - (1845-1930), casado em primeiras núpcias com Ana Gomes, filha de Joaquim Gomes de Oliveira e Maria José de Jesus. Em segundas núpcias com Amélia Gomes Pinto, filha de Antônio Gomes Pinto e Aguida Zenóbia de Oliveira. Foi um abastado fazendeiro, proprietário da fazenda Timbaúba. Deixando descendência de ambos os casamentos; e foi o avô materno de José Nicodemos (o Nicó), ex-prefeito de Caraúbas.
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Bn44 - Maria Olímpia - Faleceu solteira em 1870. Bn45 - Porfirio Fernandes - (1848-1934), casado com sua prima Maria Alexandrina do Patrocínio, filha do Capitão Bento Antônio de Oliveira e Dona Inácia Alexandrina. Residia na Fazenda Oliveira, onde sempre viveu e criou sua numerosa descendência. Além dos dez filhos legítimos, Chico Fernandes reconheceu como seu filho: Bn46- Pedro Fernandes Carneiro. Pedro foi beneficiado no testamento do seu pai com muitas partes de terras: o escravo Anselmo, sessenta vacas, dez novilhas, dez garrotes, vinte bezerros, dois bois de
ano, quatro éguas, dois potros e dois potrinhos. Toda essa herança ele dissipou dentro de poucos anos. O inventario foi julgado por sentença do Dr. João Quirino Rodrigues da Silva, no dia 6 de Dezembro de 1865. (BRITO, 1990).
Grupo da Timbaúba / Poço Redondo
2- Ambrosina Praxedes casou com José Dimas da Costa e tem quatro filhos: Paulo, Patrícia, Phablo e Pâmella. Moram em Natal. 3Antônia Maria casou com Francisco das Chagas Benevides e moram em Macapá. (...) 4- Humberto Praxedes casou-se com Vandilza e tiveram um casal de filhos: Lucas e Larissa. 5- Maria do Socorro casou com
João Soares e tiveram dois filhos: lago e Igor. 6-Júnior Praxedes. 7- Elis Cristina casou com João Neto e teve Vitória Regina e João Vitor. Moram no Poço Redondo. 8-Elis Regina casou em primeiras núpcias com Edson Amorim e teve Thiago e Maria Eduarda. Atualmente casou com o seu primo Nanô e moram em Caraúbas. 9- Raimundo Praxedes mora no Poço Redondo e 10-José Wilson mora em Macapá. Terezinha Praxedes, nascida a 12/06/1931 e falecida em 25/03/2001, alguns anos após a morte de Hermano. Qn26 - Hermógenes F. Pimenta Qn27 - Ozório F. Pimenta Qn28 - Adriano F. Pimenta
Qn29 - Francisco F. Pimenta Qn30 - Gabriel F. Pimenta
Tn28 - Ubaldo Fernandes Pimenta, filho de Teófilo Fernandes Pimenta e neto de Chico Fernandes do Atoleiro, casado com dona Eduviges Fernandes Pimenta - tiveram 14 filhos: Qn25 - Hermano Fernandes Pimenta, casado com a sua prima Maria Lilira Fernandes, donos da Fazenda Poço Redondo, onde meu pai foi criado e mora até os dias atuais. Ela e Luis Carlos Filho eram os padrinhos de vela do meu pai. À casa grande da fazenda era uma casa com catorze cômodos, no Município de Caraúbas. Hermano e Lilira foram os pais adotivos do meu pai por ela não poder ter filhos. Após a morte de Lilira, Hermano veio a ter filhos no segundo casamento com sua prima Terezinha Praxedes. Ainda convivi com os três primeiros filhos na minha infância: 1- Francisco Praxedes, o prof. Chiquito, como era conhecido o historiador vice-diretor da Escola Estadual 11 de Agosto, de Umarizal/RN. Ele chegou a Umarizal com 15 anos, e foi pioneiro na cultura do município, com direito a destaque na revista PREÁ — Revista de Cultura — Natal/RN. Edição de jan/fev. de 2006. Faleceu em 20/05/ 2006. 4
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Qn31 - Antônio F. Pimenta Qn32 - Teófilo F. Pimenta Qn33 - Wilson F. Pimenta
Qn34 - Sinhá F. Pimenta Qn35 - Bizinha F. Pimenta
Qn36 - Maria F. Pimenta Qn37 - Ananita F. Pimenta Qn38 - Neném F. Pimenta. Além de Hermano que criou meu pai, outro que também dedicou uma atenção foi Ozório Fernandes, Ozório da Timbaúba, como era mais conhecido. São filhos de Ozório com dona Raimunda Amélia (Tn29), filha de Cassiano Hypólito com Amélia Gomes Pinto e neta de Chico Fernandes do Atoleiro: Qn39 - Deusdete F. Pimenta, casado com dona Gerusa, nascido a 31/07/1926, foi suplente de delegado civil durante 16 anos, em Caraúbas. Qn40 - José Nicodemos Fernandes, o Nicó, ex-prefeito de
Caraúbas, nos anos de 1963 a 1969 e 1973 a1977.
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Qn41 - Rita Fernandes
Qn42 - Maria de Lourdes Qn43 - Cassiano Hypólito Fernandes (2) Qn44 - Francisco Fernandes (Miné) Qn45 - Jaime F. Pimenta
Qn46 - Ubaldo F. Pimenta (2) Qn47 - Amélia Fernandes Qn48 - Terezinha F. Pimenta Qn49 - Maria do Socorro Qn50 - Maria de Fátima. Um total de doze filhos dessa união (Qn) quadrinetos de Manoel Carneiro de Freitas e (Pn) pentanetos do português Antônio Fernandes Pimenta). Dos filhos de seu Ozório e dona Raimunda, o quinto é Cassiano
também foi transferido para o Rio de Janeiro e mais tarde tornou-se compadre do Cassiano. Em 2003, Cassiano Fernandes, como se não bastasse o incentivo ao Padre Benevides e ao Marinheiro Mundinho, escreveu e lançou o livro “Banda Caraubense” que é uma brilhante homenagem a banda da nossa cidade, numa linguagem viva e incentivadora aos músicos jovens de Caraúbas ou de qualquer outra cidade, que queiram seguir o bom exemplo dos nossos ancestrais, juntando-se aos músicos atuantes, em qualquer instrumento. A música merece e a banda também.
Cassiano, que voltou a residir em Caraúbas, em 2009 lançou os
livros: “Desabafo”, sobre a sua vida de marinheiro, e “O Riso Fácil de
Nossa Gente”, edição especial lançada em 17/05/2009, no dia em que
comemorava Bodas de Ouro com dona Terezinha, em Caraúbas.
Hypólito Fernandes (2). Conhecido como Cassiano Fernandes, suboficial da Marinha do Brasil, escritor, casado com Terezinha Barreto Fernandes
em 1959 e pai dos filhos: Geovani e Lúcia. No ano de 1948, com catorze anos de idade, Cassiano foi para o Seminário do Colégio Salesiano em Recife, mas ficou interno na Colônia Agrícola dos Salesianos em Jaboatão/PE, onde seguiu os preparos para o sacerdócio. No ano seguinte, Cassiano foi a Caraúbas e lá serviu de modelo e de bom exemplo para todos os jovens a ponto de Ângela Benevides Fernandes e Francisco das Chagas Gurgel convidarem o garoto para ir até o sítio do casal. A visita tinha a finalidade de incentivar o menino Raimundo Benevides Gurgel a ser padre, mas, apesar desse ser interesse dos pais e não do jovem, a influência de Cassiano era tanta que Raimundo acabou indo para o seminário e ainda levou outros rapazes da região, um total de dezesseis alunos! E aconteceu que desses dezesseis, somente Raimundo Benevides Gurgel, que foi por vontade dos pais, fez carreira de padre. No ano de 1953, Cassiano Fernandes foi para o Rio de Janeiro onde serviu ao Corpo de Fuzileiros Navais durante trinta anos. Em 1955, Cassiano foi de férias a Caraúbas e, andando fardado pela cidade, acabou encontrando-se com o Mundinho que, como já pensava em ser marinheiro, decidiu rápido depois do bate-papo com Cassiano. Por força do destino, o Marinheiro Raimundo Benevides Sobrinho, o Mundinho,
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N5 - Alexandre Fernandes Pimenta, casado com Maria Mafalda de Amorim, filha de Clemente Gomes Amorim e Inácia Carneiro de Freitas.
Faleceu em 23 de Agosto de 1842.
N6 - Mafalda Gomes de Freitas, nascida em 10 de Abril de 1804, casada em 6 de Janeiro de 1821, com o Ten. Cel. Antônio Francisco de
Oliveira, filho legitimo de Manoel João de Oliveira e Antonia Maria de
Jesus (esta era N 2 do português Antônio F. Pimenta). Antônio Francisco de Oliveira nasceu em 10/12/1784, faleceu aos 19 de Março de 1871, e sua esposa Mafalda aos 16 de Novembro de 1843. Deixando 14 filhos dos quais tenho oito: Bn47- Dr. Manoel Antônio de Oliveira - Faleceu a 20/02/1885. Bn48 - Tte. Cel. Benvenuto Praxedes de Oliveira Bn49 - Capitão Bento Antônio de Oliveira (Bisavô do escritor Delby Fernandes de Medeiros). Bn50 - Alferes Luiz Francisco de Oliveira Bn51 - Alferes Vicente Benevides de Oliveira Bn52 — Aderaldo Francisco de Oliveira (Aderaldo Delino Garantizado). Bn53- D. Gonzaga de Oliveira Bn54 - D. Francisca Romana de Oliveira.
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des Aderaldo casou se com dona Antônia Alexandrina Fernan Carneiro. Deixando três filhos: Tn44 - Emilia Cantelina F. Oliveira, da Fazenda Soledade, casada dois filhos: com Carlos Aparício Fernandes Pimenta, foram pais de Francisco de com casada Qn51 - Artemísia Fernandes Pimenta, des de Fernan ra Góes Nogueira (Tico de Góes) e teve três filhos: Jesumi Góes. de des Góes, Sebastião Fernandes de Góes e Cesário Fernan
este foi Jesumira casou-se com Celso Gurgel da Costa (Celso do Hotel), dona de a legitim filha a, Ferreir Góes pai adotivo de Solange Marlene de
Ferreira da Silva Jesumira. Solange casou-se com o empresário Ademos Góes Ferreira de e tiveram três filhos: Jesumira de Góes Ferreira, Rachel Praxedes e Ademos Ferreira da Silva Júnior (Ferrerinha). Áquila Qn52 - Samuel Fernandes Pimenta casou-se com Maria entre de pai des, Fernan Perso filho: Fernandes (Quilinha) e tiveram um a Câmar da ente presid eador, outros, Nero Nazareno Fernandes, ex-ver de Caraúbas. Tn45 - Francisco das Chagas Tn46 - Antonia Paulina
3 4 5 6 7 8 9 10
- Elísio Fernandes Carneiro de Oliveira - Dr. Bianor Fernandes Carneiro de Oliveira - Francisco Fernandes Carneiro de Oliveira - Leonel Fernandes Carneiro de Oliveira - Floro Fernandes Carneiro de Oliveira - Abel Fernandes Carneiro de Oliveira - Manoel Antônio de Oliveira - Maria Odília Fernandes Careiro de Oliveira (menina)
11 - Abigail Fernandes Careiro de Oliveira (menina).
Chico Fernandes do Salgado (Chico Carneiro) Nos fins do séc. XIX e alvorecer do séc. XX. Francisco Fernandes Carneiro de Oliveira, nasceu no dia 6 de Setembro de 1863. Francisco era
mais conhecido por Chico Fernandes do Salgado (Chi-
N7 - Padre Bento Fernandes Pimenta, vigário em Quixeramobim/ CE, onde faleceu aos 3 de Dezembro de 1848.
co Carneiro), e segundo aqueles que conviveram com ele, era a figura típica do
a no N8 - Antônia Rufina da Exaltação, nascida em 1795, falecid Sabe Muito, aos 30 de Julho de 1869, solteira.
Outros trinetos de Manoel Carneiro de Freitas e quadrinetos do português Antônio Fernandes
er Francisco Fernandes i Carneiro de Olivei lina Praxedes j » quinto filho de de M,Mencel Mariaia Evangelina j Alho Antônio de Oliveira e D. Joana a dá de guita de Manoel Praxedes Benevides Pimenta e D. elfina Emília Praxedes.
D. Joana Filhos do Dr. Manoel Antônio de Oliveira, casado com Idalina de Oliveira
1 — Odilon (Odilão) Fernandes Carneiro de Oliveira. u 2 — Abdon (Obdon) Fernandes Carneiro de Oliveira (falece solteiro)
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O casal teve vinte e um (21)
filhos entre2000. eles Obdon Fernandes ivei ” é Medeiros, andes de Oliveira. Fonte:
sertanej
o dos
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uma
de
palavra
só e que come-
gendo comboios de animais para os cariris cearenses de de gêneros para a revenda do comércio. Depois passou para de algodão e peles. Sempre muito honesto, exato e dono palavra, Chico Fernandes ganhou a confiança dos patrões
pe o comércio de uma só e assim o
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crédito lhe chegava com facilidade, dando origem a sua grande fortuna que deixou em 1925, ano de sua morte. Na vida pública exerceu os cargos de Juiz Distrital e Intendente Municipal. Como Intendente, foi eleito Presidente da respectiva Câmara, equivalendo ao cargo de Prefeito nos
dias de hoje, nas legislaturas de 1917 a 1922 (do arquivo de Raimundo Soares de Brito). Um dos casos de Chico Fernandes que mais me chamou atenção
foi este: Epaminondas Fernandes de Oliveira, conhecido por Nondas, foi assassinado por Camilo de tal em 14 de Julho de 1896 e depois do crime Camilo fugiu para Natal e lá sentou praça na polícia como se nada tivesse acontecido. Mais de dez anos depois, ao tomar conhecimento do Camilo servindo a polícia em Natal, como ainda não existia automóvel, Chico Fernandes viajou de Caraúbas para Natal a cavalo para prender Camilo. Conseguiu que o criminoso fosse condenado e respondesse pelo crime, cumprindo a pena em Apodi. “Para ele realizar essa bravura andou um percurso com mais de 300 km”. Chico Fernandes, casado com Maria Evangelina Praxedes, tiveram 21 filhos dos quais: Obdon Fernandes de Oliveira, Antônio Gentil Fernandes e Sebastião Sinval Fernandes.
Caso Sidon Gurgel Sebastião Gurgel Praxedes (Sidon), ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, natural de Janduís e residente em Riachuelo, no dia 17 de Setembro de 1957, saiu de casa com seus cunhados: Eugênio Vieira Regis, chefe político em Riachuelo, pelo PSD, e Manoel Vieira Regis (Manu), para entregar títulos de eleitores na cidade próxima de Caiçara do Rio dos Ventos e na volta são vítimas de uma emboscada em Cachoeira do Sapo, situada entre as duas cidades citadas, que na época do crime era um povoado do Município de São Paulo do Pontengi. Os três estavam lanchando doce com bolacha no bar de Romão Neves de Oliveira , quando surgiu o primeiro tiro de dentro do bar e acerta o Manu, este já baleado, corre para fora do estabelecimento, mas lá fora a tremenda fuzilaria o abateu juntamente com seu irmão Eugênio.
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O Sidon, também baleado com três disparos conseguiu fugir para os matos quando três indivíduos fortemente armados, e todos do bloco do deputado Pedro Leite, correm de mata adentro atirando contra Oo
mesmo. Sidon foi encontrado E .
três
dias depois no pé
-
EE
E
ES
irá
Os Padres: Monsenhor Walfredo Gurgel, Chagas Gurgel e o Cônego Raimundo Gurgel com fami-
Jiares.
da Serra da Formiga, castrado e todo retalhado, dentro de uma coivara que colocaram fogo, mas não queimou.
Os corpos de Manu e Eugênio ficaram durante o dia inteiro no meio da rua esperando para ser removidos. Os seus familiares pediram ajuda e segurança de vida ao então gover-nador Dinarte Mariz, mas ao invés de remover os corpos e oferecer segurança à família das vítimas, segundo dona leda Gurgel Régis de Sales, sobrinha de Eugênio e Manu, a segurança foi para as residências dos assassinos, que tiveram ajuda até para fugir do estado. Eugênio Regis recebeu nada menos de cinco tiros além de 17 facadas. O seu irmão Manu, dois disparos e três facadas. E o corpo de Sidon foi transportado por soldados do Exército, de Natal para Janduís, enrolado em uma colcha do Exército Brasileiro, que entrou no caso porque armas das Forças Armadas teriam sido usadas no crime e Sidon, como dissemos, era ex-combatente da Segunda Guerra Mundial. Os seus familiares acusam Plínio Antônio e Francisco Leite, irmãos do então parlamentar Pedro Leite, e seu amigo Amélio Azevedo de participações na chacina.
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Capítulo Il
Segundo o historiador André Lino da Silva (Lino Sapo), bisneto de Águeda Maria Conceição Carneiro, os que tiveram participações diretamente na chacina foram: Plínio Leite Ramalho, na época vereador
Antonino Benevides Carneiro: 17 Anos de Conflitos
por São Paulo do Potengi, Antônio Leite Ramalho (os dois eram irmãos do parlamentar Pedro Leite Ramalho) e o primo Francisco Leite (Chico Leite). Além de grande número de seus eleitores e mais o subdelegado da Polícia local, o civil Antônio Flor Reis, um dos cabos eleitorais do parlamentar em questão, o único que foi preso por este caso. Os outros eram paraibanos da cidade de Conceição do Piancó. Antonino Benevides Carneiro, queria enviar alguém disfarçado de marchante de bode para identificar os criminosos e depois fazer a vingança, mas os Gurgel não quiseram. Preferiram entregá-los nas mãos de Deus. E os criminosos que não foram presos depois de alguns anos voltaram para Cachoeira do Sapo, onde morreram todos pobres, que não tinham nem o que comer. Sidon deixou esposa e oito filhos todos de menores, inclusive a menor de todas foi criada por Abidon Vieira. Manu deixou esposa e cinco filhos todos menores. - Eugênio Regis deixou esposa e três filhos. Era administrador da fazenda do Sr.
Manoel Gurgel, chefe político de São Paulo do Pontengi e um dos grandes líderes do Partido Social Democrático em nosso Eugênio Regis já havia sofrido anteriormente emboscadas à mão armada. Os seus inimigos políticos o reconheciam como um homem de grande prestígio no seio da região, e jamais perderam a esperança de matá-lo. p.6).
estado. outras duas invejavam e o da população (Diário, 1957,
Antonino (nome relativo a Santo Antônio e a dinastia dos Antônios que sucedeu aos Césares), da mesma maneira de seus pais, foi agricultor, iniciando no trabalho com a terra a sua vida. Porém, durante a segunda guerra mundial, anos de 1947 e 1948, exerceu as profissões de pedreiro e carpinteiro na base aérea de Parnamirim. Ele também foi funcionário público, na Antonino qualidade de procurador da subprefeitura de Janduís. Em 3 de Outubro de 1958, Antonino foi reeleito a vereador da legenda da UDN com 207 votos e obteve assim o primeiro lugar na asi datar O legenda do aria
da
Luz
gel, esposa de
ur-
:
seu partido.
Antonino
Na eleição anterior, já tinha sido eleito com 292 votos pela legenda do Partido Republicano. E com homenagem justa, a sede do Legislativo caraubense chama-se: Antonino Benevides Carneiro.
Luiz Cândido e Antonino volante do caminhão
ao
Crime de Antonino No ano de 1950 a cidade de Janduís pertencia ao Municipio de Caraúbas e era conhecida por São Bento do Bofete (por causa das constantes brigas de bofetadas nos dias de feira da então São Bento). Antonino era comerciante dono de uma mercearia e de um caminhão e morava na cidade.
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Apesar de já não ser mais procurador da subprefeitura se envolvia nas questões políticas e sociais da cidade e queria resolver tudo do seu jeito, de acordo como ele via e que seria certo para a cidade. Dessa forma, Antonino foi criando aliados e adversários. Alguns adversários se transformaram em inimigos, até que um certo dia se envolveu numa confusão com Pitoresco, que era membro da família Saldanha. Para se ter uma idéia do poderio desta família na época, dizem os mais antigos que o cangaceiro mais temido do Nordeste brasileiro, o Lampião, não passou por Caraúbas em respeito ao velho Quincas Saldanha (o gato vermelho) como era chamado por Lampião. O Quincas vivia cercado por criminosos e tinha em sua casa um canhão, dizendo que era para defender a cidade. Aconteceu que era festa da padroeira da cidade de Janduís e Antonino fazia lotação em seu caminhão transportando gente dos sítios vizinhos para a cidade, quando em uma dessas viagens, por não ter dado passagem a Pitoresco, os dois brigaram. Então na última viagem que Antonino fez, ao chegar à cidade, foi avisado que tomasse cuidado porque ele poderia morrer antes do anoitecer, pois havia na cidade um plano para matá-lo. De início Antonino não deu muita importância ao assunto, pois acreditava ser apenas boatos, mas aceitou ficar com o revolver de um amigo. Depois que recebeu o dinheiro dos passageiros, ele desceu do caminhão para colocar água no radiador e conferir os pneus. No momento em que segurava um balde com água numa mão e com a outra abria a tampa do radiador, Antonino foi atingido por cinco tiros de revolver 32 à queima roupa. O pistoleiro deu seis tiros, mas errou um. O criminoso pensou que Antonino estivesse desarmado, mas quando viu o mesmo soltar o balde de água e se caquiar saiu correndo em direção a traseira do caminhão, mas Antonino deu um único tiro acertando a nuca do pistoleiro João Cruz. Esse caiu sobre um monte de cal que era da obra da igreja. Antonino foi até o sujeito, para ver se estava morto, e o reconheceu como sendo João Cruz, vaqueiro de um familiar dos Saldanha. No dizer do Sr. Deusdete Fernandes, todo aquele que se arma para matar outro sem a briga ter sido com ele, pode se dizer que é um pistoleiro.
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Antonino
morava
numa
casa
bem
perto de onde
estava
o
caminhão, saiu caminhando com muita dificuldade, cambaleando até entrar na sua casa e caiu. Um dos inimigos pulou a janela da sala, com uma faca peixeira na mão, para acabar de matar Antonino, mas Maria da Luz, esposa de Antonino, pegou o revólver de Antonino e apontou para o inimigo fazendo-o pular a janela de volta. Chegaram nesta hora Fernando, irmão de minha tia Maria da Luz, e meu tio Raimundo Pedro Benevides, irmão de Antonino, que cuidaram de socorrê-lo levando-o para Mossoró. Depois que Antonino recebeu alta no hospital foi para Caraúbas, porque não havia condições para morar em Janduís por receber ameaças de morte, e foi morar em Caraúbas. Acontece que Valdomiro Saldanha havia matado Pérsio Fernandes, delegado de Caraúbas, na saída de um circo (na praça onde está o Banco do Brasil atualmente). Por este motivo, quando Antonino chegou a Caraúbas foi bem recebido na cidade tanto pelos Fernandes quanto pelas pessoas que gostavam do Pérsio. O Tio Raimundo quis voltar a morar em Janduís, mas também passou a ser jurado de morte só pelo fato de ser irmão de Antonino, então saiu de Janduís e foi para Almino Afonso, onde continuaram as ameaças, e por fim, ele optou também em morar em Caraúbas, onde o Antonino já estava estabelecido no comércio e bem conceituado na região. Raimundo Bento Benevides (o Mundó da Baixa Fria) com outros membros das famílias Benevides Carneiro, Fernandes e Saldanha, se reuniram e fizeram um acordo: Antonino não poderia mais andar em Janduís e os Saldanha também não andariam em Caraúbas. Antonino, que não pode presenciar a reunião, concordou com a sentença. O Mundó da Baixa Fria era como um Tio Patinhas da família : Benevides Carneiro, tinha muito Mundó dinheiro e todo mundo o respeitava. Era dono de uma moral invejável, talvez por causa do dinheiro. O acordo foi feito, mas mesmo assim meu tio Antonino nunca mais na sua vida teve paz. Esse crime foi um inferno na vida da família Benevides A Saga Benevides Carneiro
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Carneiro, mesmo Antonino tendo matado em legitima defesa e com cinco tiros no corpo, não tinha perdão. Antonino era homem forte, teimoso e muito corajoso, agricultor, pecuarista, comerciante, dono de caminhão, político, logo se tornou um grande líder da família na região. Respeitado e admirado por muitos, odiado por outros por sua maneira de resolver os problemas seus, ou de outros que lhe pedissem ajuda. Casos como o de um rapaz que transou com uma moça virgem e não queria casar; alguém que devia uma conta e não queria pagar; outro que se metia numa confusão e não conseguia mais sair. O prestígio dele era por resolver os problemas de todo mundo, mas não resolvia os seus, porque tinha inimigos muito poderosos. Mas por outro lado também tinha amigos muito poderosos como o Coronel Bento Manoel Medeiros (caçador de pistoleiro), pai de Maurílio Pinto de Medeiros. Bento Manoel Medeiros chegou à cidade de Patú em 1956, ainda como Tenente e em 1960 saiu de lá como Capitão e, de volta a Natal, foi promovido a Coronel. Bento sempre que ia a Caraúbas visitava a casa de Antonino, e o meu tio o ajudou a prender alguns pistoleiros como Zé Chico e Chico Roçadeira, perigosos na época. Outro amigo de Antonino foi Aluízio Alves e toda vez que visitava Caraúbas, tinha parada obrigatória na casa de Antonino. Essa amizade garantiu o emprego na Coletoria Estadual (atual Secretaria de Tributação), que Antonino começou a trabalhar no dia 2 de julho de 1965. O que mais prejudicou Antonino, talvez, tenha sido sua grande amizade com Torquarto Teixeira de Lira, que vivia em desentendimento com os Saldanha. Mesmo sendo um homem de bem, e que contava com o apoio de Jonas Gurgel prefeito, do deputado Vingt Rosado, os seus inimigos não gostavam de
vê-lo em liberdade e influenciava na troca de delegados de Caraúbas. Os delegados mudavam constantemente com o objetivo de encontrar um que vencesse Antonino. Essa guerra do meu tio Antonino com polícia, jagunços, criminosos profissionais e política de um lado e de outro foi de 1950 a 1967, ano de sua morte. Entre as tentativas de prender Antonino, a mais folclórica e divertida na cidade foi uma em que o delegado não sabia que Antonino estava acompanhado do seu irmão e guarda-costas Luis Cândido quando resolveu prendê-lo (talvez com o desejo de ganhar fama ao prender
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Antonino ou ser promovido na carreira policial, já que os delegados de polícia desse tempo, na maioria era um sargento da PM). Antonino era forte, alto, de andar firme e um tanto vagaroso, de ólhar malicioso, sorriso manso, calmo e que não gostava de ficar de costas pra ninguém, mas [850 acontecia quando o Luis Cândido estava com ele. Então o delegado so aproximou e em voz alta falou: “Antonino, em nome da lei aceite voz de prisão!”. Antonino respondeu: “Deixa de falar besteira, homem!" O delegado seguindo Antonino, que se dirigia à sua residência que era em frente à praça central de Caraúbas, falou novamente: “Antonino você está preso em nome da lei!”. Antonino responde pela segunda vez: “Deixa de falar besteira, homem!” O delegado, sem perceber que Luis Cândido vinha atrás com um rifle, ao ameaçar dar voz de prisão pela terceira vez,
Luis gritou: “Antonino se abaixa que lá vai chumbo”. Por isso o delegado
desistiu do seu objetivo. Das tentativas de matá-lo uma me chamou muita atenção: ele ia de Caraúbas para Mossoró quando, nas proximidades do km 101 (o Km 101 fica entre Caraúbas e Dix Sept Rosado), um homem vestido de mulher pediu uma carona. Antonino, muito desconfiado, colocou-o entre ele e Luis Cândido. Depois de caminhar um pouco, falou para Luis que estava achando a mulher muito esquisita e que ele desse uma palpada nos seios dela. Luis não concordou, mas não podendo deixar de cumprir uma ordem de Antonino, pegou. O homem se tremia todo ao ser apalpado por Luis sem dizer uma só palavra. E Luis, um tanto pateta, falou que nunca viu mulher com peito tão duro! Antonino parou o caminhão e mandou tio Luis passar a mão entre as pernas dela, mas antes de Luis meter a mão o cara falou que não era mulher e que estava ali para matar Antonino a mando de uma Senhora de nome Madalena. Dentro das roupas trazia um revólver e os peitos duros eram duas quengas de coco (duas metades de um coco). Cássio Fernandes Carneiro, que era muito amigo de Antonino e vinha mais atrás noutro caminhão, ao chegar, reconheceu o cara como sendo um velho pistoleiro e que Antonino, dessa vez, não morreu porque o sujeito viu que Luis estava carregando um rifle entre a perna e a porta do caminhão e não se atreveu a fazer coisa
alguma. O tal homem vestido de mulher nunca mais ninguém viu.
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No ano de 1962 morreu Luis Cândido Benevides, o irmão e guardacostas de Antonino. O caçula dos irmãos e o primeiro a falecer de uma causa muito estranha, dizem que foi uma praga da Chica Cancão. Isso porque morava ao lado da casa do tio Antonino uma senhora de nome Francisca Cancão, que tinha uma filha com o mesmo nome. Certo dia,
lolanda, uma das filhas de Antonino, varria a calçada quando, após uma
chuva, jogou lama nas roupas brancas da Chica Cancão Filha que
acabara de se vestir e passava ali em direção ao centro da cidade. À
Chica Cancão Filha, revoltada, pegou uma bacia grande com água suja,
entrou na casa de Antonino e jogou a água sobre lolanda, molhando
também o chão da sala e os móveis de Antonino, que não se encontrava no momento. Quando Antonino chegou, a Chica Cancão Filha foi lá lhe pedir para o mesmo dar uma surra na lolanda. Ele respondeu que não ia dar a surra na menina porque a Chica Cancão também havia errado ao entrar na sua residência jogando água na menina e nos móveis, quando deveria ter esperado ele chegar e exposto o problema. O tio Luis Cândido não gostou da maneira calma de Antonino resolver o problema e como Chica namorava Zé Araruna, um homem casado, a chamou disso e daquilo, dizendo que ia lhe dar uma surra, para ela nunca mais mexer com sua sobrinha lolanda. Mas o tio Antonino o proibiu de fazer tal coisa. Mas passados dois ou três dias, o tio Luis se aproveitou de uma viagem de Antonino a Mossoró e quase mata Chica Cancão Filha, dando uma surra com um chicote de couro cru. Foi quando a Cancão-mãe rogou uma praga que serviria, segundo ela, até a quinta geração de Antonino e Luis, a todos da família. “Que todos da família Benevides Carneiro morram na miséria e desgraças, e que Maria da Luz, esposa de Antonino, morra toda lavrada como sapo”. Alguns anos depois tia Maria da Luz morreu toda cheia de manchas vermelhas nos braços, no pescoço e no tronco, toda seca, pele e osso, e ela via a toda hora, a imagem de um sapo. Que é sinistro eu sei que é, mas é verdade. E a primeira vítima foi Luis Cândido. Debilitado por complicações de bebida alcoólica foi preso, machucado e que ao voltar para casa morreu. Mas tio Luis sempre foi um pouco doido: Ele tinha dois jumentos e em período de campanha eleitoral colocava uma bandeira verde na orelha de um dos jumentos - que seria um eleitor de Aluízio Alves e uma
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bandeira vermelha na orelha do outro jumen to - que seria um eleitor de Dinarte Mariz. Dizia ele que era para ninguém brigar. E quando não gostava de uma pessoa, arrancava do cemitério uma cruz de madeira e a colocava em frente à porta do dito cujo. Dava biscoito aos dois jumentos e em di de feira da cidade bebia e dava cachaça aos jumentos na m ado seu irmão Abraão Benevides. na Depois da morte de tio Antonin o, sua filha Neta teve um Jocélio, filho da Canção Filha que apanhou. e E pa ã morte de Luis, Antonino sofreu uma perda maior porque E m E irmão era o seu companheiro de estrada quando precisava ER o id a
E
ar cargas de um lugar mais longe. Mas, com tudo isso, Antonino
o sig coragem e popularidade na regiã o oeste por seu r respepeitoito e querer mudar alguns hábit ábi os dos quais' ele não
Antonino, nino, depois que , mudou de partid| o polítijco, perdeu algun s na e de Caraúbas e não vivia mais com a mesm a Haron antesri comoalguns membros da família Fem andes , mas tudo só por
Certo dia, l Antonino foi à fei ira da cidade de Upanema vender “o Algumas pessoas tinham o hábito de dar uma lambidinha na ea % Rabo dos quatro cantos da rapadura para prova r se : a cidade havia um sujeito que era acostuma do a fazer isso i A o comprava. Alguns feirantes até falaram pro Antonino: “Lá vem st é o chegou, perguntou para Antonino se a rapadura era boa a” endo a resposta que sim, quebrou um canto, botou na boca, edisse: E Gs eu volto - Antonino perguntou se havia gostado da rapadura eele ip a que sim, mas que não levaria. Antonino, já revoltado com o : jei E ez O mesmo comer a rapadura inteira , ali, no meio da feira, para E baião a pt pensasse fazer o mesmo. Até a data da pesquisa te Ivro, seu Antônio, E ainda estava vivo e pense i i em falar com ele E fui informado de que fica muito bravo ao se tocar nesse assunto. a na noite de autógrafos em Upanema, um moço alto e forte bateu no E ir e perguntou-me: “você sabe quem sou eu?”, respondi-lhe: -— Sou Porrinha, neto de seu Antônio, aquel e que seu tio obrigou comer a rapadura”. ! Pensei que f osse apan har naquela hora é gente boa e me tratou muito bem. A pair TD ———— À Saga Ben evides Carneiro —
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Antonino era um pouco de Chico Fernandes do Salgado (Chico Careiro), que foi a cavalo de Caraúbas para Natal, a 300 km, para prender
Camilo de tal, assassino de Nondas. Em 1958, ficou tudo seco em Caraúbas, então, as pessoas
estavam indo buscar água no Olho D'água do Milho, quando o Sr. Inácio Brilhante fechou a entrada da fonte. As pessoas pediram socorro a Antonino, que foi lá, arrancou a porta e a colocou no caminhão e levou para a cidade, como garantia dela não ser recolocada. No ano de 1963, Antonino foi a um bingo em Mossoró tendo como
local a Praça do Codó. Chegando lá, parou o seu caminhão em lugar proibido. O Tenente Clodoaldo, que cuidava do transito no local, escolheu só o caminhão do tio Antonino para tirar dali. Antonino disse que tiraria o caminhão só se os outros também tirassem os seus carros. A polícia de armas na mão, Antonino a ponto de atirar, as pessoas correndo para longe e em cima do caminhão estavam alguns dos filhos de Antonino: Ribamar, Vilani, Juarez, Selma, lolanda, Neta e mais outras pessoas de Caraúbas. Clodoaldo mandava as pessoas descerem do caminhão e Antonino dizia pra ninguém descer. Segundo gente que esteve lá, só não morreu gente porque Vingt Rosado, que era um dos amigos e protetores do tio Antonino, fez com que a polícia recuasse. E um senhor de nome Valzuir, correu na hora da confusão e mais adiante o seu amigo Chico de Américo, perguntou-lhe: Valzuir, cadê os seus sapatos? Valzuir, respondeu: estão nos meus pés! - Não, só estão as meias! Disse o amigo. Esses dois eu os conheci também em Upanema, no lançamento do livro. Em 1963, o meu avô materno João Francisco Viana, que era para mim e meus irmãos um segundo pai, faleceu e em 1964 o casamento do meu pai com minha mãe havia chegado ao fim.
Avida ficou muito dura e eu para garantir a sobrevivência da família, caçava com uma espingarda de soca e com um cachorro vira-lata de nome Camorim que, tempos depois, morreu envenenado. Meu tio Antonino, vendo a nossa dificuldade, foi ao Poço Redondo e nos levou para a cidade. Por esse fato, por um período moramos próximo a sua casa. Me lembro da felicidade do tio Antonino falando que Maria da Luz, sua esposa, era prima legitima do futuro Governador Monsenhor Walfredo Gurgel e que isso era muito bom para a família. Eu saindo das caatingas e com apenas catorze anos, sabia por ouvir dizer que tia Maria da Luz era
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da família Gurgel, mas não tinha a menor idéia da import ância do Padre
hem de um futuro Governador. Eu só sabia ouvir é ficar matutando
mesmo.
comi
Rs
0 tempo foi passando e Antonino do mesmo jeito. Se encontrasse flgum sobrinho em lugar que ele não gostasse, ou fora de hora, mandava If para casa. Sempre um chefe de família e um homem que só vivia da casa para o trabalho. Mas parecia mesmo uma maldição, os seus inimigos ndo paravam de aprontar alguma coisa contra ele pois certo dia foi nomeado um novo delegado para Caraúbas, o sargento Aderson Adriano Pires, que ao chegar a Caraúbas tornou -se o melhor amigo de Antonino. Por sua vez, Antonino, não fazia por menos e era Deus no céu e Aderson na terra. Aderson, mulher e filhos estav am quase sempre na Basa de Antonino e quando Antonino matava um bode ou um cameiro uma parte era para o amigo Aderson, além do leite do consumo dafamília,
Que todo santo dia, Antonino mandava deixar na casa dele. A minha irmã
Gesamar normalmente era quem levava o leite. Mas parece que algumas pessoas tinham inveja da amizade dos dois e depois de um bom tempo passaram a levar e trazer mentiras. As pesso as que não gostavam a Antonino sabiam que o Aderson era um homem corajoso e que esta era
à oportunidade de eliminar Antonino, jogando um contra o outro. No dizer
de Deusdete Fernandes, o delegado tinha medo de Antonino e evitava que os boatos mentirosos gerassem algum tipo de conflito entre os dois O meu tio, muito corajoso e ao mesmo tempo muito teimoso alimentava sem querer, de certa forma, o leva e traz dos fofoqueiros de plantão Em Caraúbas, nessa época, não havia ainda o sistema de água fnicanada e todo o consumo da população da cidade era do açude grande. A preocupação começava pelo o meio do ano e, a partir do mês de outubro quando o nível de água no açude baixava, a preocupação das pessoas com a qualidade da água aumentava. Caraúbas tinha uma Média de 15 ou 20 carroceiros que viviam de botar água nas casas dos que podiam pagar por esses serviços. O Prefeit o José Nicodemos havia determinado que a polícia fiscalizasse O açude para que não deixassem
nenhum carroceiro entrar com a carroça no açude ou ficar muito à beira
Isso por causa dos animais, os burros que puxavam as carro as normalmente, quando entravam na água, bebia m e urinavam ali ca TA
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Até que um dia houve o descumprimento da ordem pelo filho mais velho de Antonino, o Ribamar, que dizia que a ordem servia para uns e outros não. Antonino jamais concordaria com a atitude e com o mal feito do filho, mas ficou muito revoltado por não ter sido avisado pelo delegado (seu amigo) o que muita gente na cidade já sabia. Isso para ele foi uma
traição do Aderson e a partir daquele momento começaram as divergências entre os dois. As pessoas que gostavam de ver o circo pegar fogo, os fofoqueiros de plantão, faziam piadas, comentários e até previsões de como terminaria o enrasco dos dois. Antonino foi a Natal e pediu ao Monsenhor Walfredo Gurgel para
tirar o delegado Aderson de Caraúbas, mas não foi atendido o seu pedido.
Ao comentar para o Governador que um dos dois morreria, o Monsenhor aconselhou que ele vendesse o revólver e comprasse um rosário. Antonino saiu mais revoltado dali e respondeu ao Monsenhor que ia comprar era mais munição para o revólver e já saiu de lá rompido com 0 Governador. Antonino voltou para Caraúbas enfurecido e, diante do não do Governador, só falava no ódio que sentia pela política local, e do Monsenhor que era primo de sua esposa e primo da esposa do seu irmão Raimundo Benevides. Falava que não via outra saída a não ser a de partir para 0 ataque. Não ouviu mais ninguém, estava do jeito que os adversários queriam. Talvez fosse a praga de Chica Cancão se repetindo pela segunda vez depois da morte de Luis. Morte de Antonino Eram decorridos 9h30 quando seu irmão Raimundo Benevides encontrava se com o sargento Aderson em frente à farmácia do Sr. Hermes, tentando mais um acordo, quando Antonino foi chegando e dizendo:
“Meu irmão você ainda esta falando com este cara sacana?”. O delegado disse: “Calma Antonino, eu não quero brigar com você!”. Antonino puxa 0 revólver e dá três tiros em Aderson que, mesmo baleado, corre para dentro do mercado publico, se apóia em uma pilastra e saca o revólver. Antonino ao entrar no mercado, sem ver onde o sargento estava escondido, foi atingido por um único tiro bem embaixo do olho direito e caiu morto no chão no mesmo instante. Depois disso, o sargento delegado
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gnu do mercado e ao ver Raimundo Benevides (irmão de Antonino), gritou: "Seu Raimundo me socorra! Me ajude!” Tio Raimundo pegou o fargento e o colocou num carro (Jeep) e pediu que o levassem para a "Maternidade Elisa Simões" (a única da cidade e que na época atendia tomo pronto-socorro). Depois Raimundo foi para o mercado a procura do irmão e o encontra morto. Já não pode fazer nada. Raimundo Carneiro, primo e cunhado de Antonino, vinha chegando de sua Fazenda Baixa da Timbaúba, ao saber do ocorrido, no cavalo que vinha da fazenda tirou direto para o pronto-socorro e de arma na mão, entrou pelos corredores da maternidade procurando onde estava o sargento. As pessoas correndo, 80 o médico e a diretora, Dona Nanete, ficaram e falaram pra ele que o sargento já havia sido transferido para Mossoró. Caraúbas, 17 de outubro de 1967. Neste dia, desaparecia para sempre o homem Antonino Benevides Carneiro, que antes de morrer fez As pazes com os Saldanha e que acreditava, acima de tudo, na verdade. “Que ninguém poderia sofrer alguma punição por estar com a verdade”, dizia ele. Não sabia meu tio, que em nome da verdade a raça humana cometeu crimes. Pessoas foram queimadas. Civilizações inteiras foram destruídas. “A verdade é o que nos faz livre”, disse Jesus. Destaco esse acontecimento, importantíssimo para a região, e faço um paralelo com que estava acontecendo no restante do Brasil e do mundo. Vejamos as três principais manchetes da primeira página do
jornal Diário de Natal da data de 18 de outubro de 1 967(Quarta-feira).
Fuzilaria em Caraúbas: delegado mata fazendeiro [...]; Imprensa cubana reverenciou a memória de “Che” [...]: Cosmonave soviética desceu
em Vênus (DIÁRIO..., 1967. p. 1-8)
O correspondente do Diário de Natal em Mossoró, disse que continuava no Hospital e Maternidade Almeida Castro, em estado grave 8 inspirando sérios cuidados, o sargento da Força Pública Aderson Adriano, delegado de Caraúbas e protagonista de uma violenta cena de sangue que culminou com a morte do fazendeiro e funcionário estadual Antonino Carneiro, na cidade de Caraúbas. No entendimento do jornalista o motivo fútil da briga foi o desentendimento entre o delegado e o fazendeiro por causa da lavagem, em açude do estado, de viaturas de propriedade de Antonino Carneiro. Enquanto o delegado Aderson proibia, A Saga Benevides Carneiro
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com intransigência, a utilização do açude estadual, o fazendeiro também
com intransigência, decidia que seus caminhões deveriam ser lavados exclusivamente nos locais proibidos pela autoridade policial. Porém, quem passou essa notícia para o jornalista, ou quem sabe o próprio jornalista, com certeza não gostava de Antonino. O mesmo só possuiu um caminhão em sua vida e quando foi morto já havia vendido há muito tempo! E mesmo que tivesse um caminhão, jamais desobedeceria uma lei por causa do bom caráter que ele tinha.
Quando o jornalista cita Antonino como um homem muito conhecido em toda região e pertencente a uma família de grandes atividades políticas e agrícolas está correto, porque muitos da família já estavam na política e outros na agricultura. Mas o correspondente se engana quando chama Antonino de fazendeiro, pois ele era funcionário do estado em Caraúbas. Ele foi criado numa fazenda, mas não era fazendeiro. Tinha uma casa com curral e umas 10 vaquinhas leiteiras. Ele foi o que já mencionei nestas paginas: agricultor, pedreiro, carpinteiro, procurador da subprefeitura de Janduís, comerciante, dono de caminhão, vereador (duas vezes), dono de um misto (caminhão com duas cabines). E me recordo de um fato interessante, pois na época ainda não havia ônibus na linha Caraúbas-Natal e tio Antonino passou a fazer essa viagem uma vez por semana com esse misto. Saia de Caraúbas às cinco da manhã das quintas-feira e chegava a Natal por volta das quatro ou cinco horas da tarde quando não tinha nenhum imprevisto. Eram mais
de 300 km de rodagem de barro com alguma parte de asfalto. Muitas pessoas da cidade usavam esse serviço de transporte, pois Sexta-feira era o dia de vender e comprar em Natal. Nessa época o cantor Roberto
Carlos fazia tanto sucesso com a música Calhambeque, e foi lançado um anel com este nome. Todo jovem esperto, brasa-mora tinha o anel do calhambeque no dedo. Como eu não pagava passagem ao meu tio, com pouco dinheiro que tinha que só dava para comprar 10 ou 15 galinhas, o que eu fazia? Comprava as galinhas em Caraúbas e vendia em Natal, então comprava os anéis do Calhambeque em Natal e vendiaos na feira de Caraúbas e cidades vizinhas. Certa vez, cheguei a Natal com as galinhas todas cagando verde. Depois de vendê-las e comprar os anéis, o dono do Hotel, que havia comprado as galinhas, queria
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osfazor o negócio. Eu já não tinha mais o dinheiro para devolvê-lo e oa que ele ficasse com alguns anéis como forma de pagamento. “Mas olo estava muito nervoso e pegou pelo meu pescoço dizendo: “Só hão vou te matar agora porque você é menor de idade e é sobrinho de Antonino”. Eu fiquei com tanto medo, que nunca mais quis saber de Mendor galinhas. Então passei ao comércio de bacurim (leitão). Comprava
HA filhotes em Caraúbas e vendia em Natal. Como o meu dinheiro era púlico, só dava para comprar de cinco a oito leitões. Assim mesmo,
Wavam mais lucros que as galinhas e nunca morreu um sequer. Levei vida até meu tio vender o misto. Mas quero reforçar aqui que o Motivo real da morte de Antonino foi decorrente da carroça na beira do iqudo e que, quando morreu, era funcionário estadual. À segunda manchete do Diário de Natal falava sobre Che Guevara. 1) Informe da matéria era a respeito da fotografia do cadáver de Che, e Imais os fragmentos do diário de campanha que foram apresentados três dias antes (em um domingo à noite) por Fidel Castro na televisão em
Cuba. Foram reproduzidos e divulgados, no dia da morte de Antonino,
polos jornais de Havana Ganma e o Mundo, os dois únicos matutinos,
Quo dedicaram inteiramente suas edições a memória de Che Guevara
“Quo era admirado por alguns da família Carneiro. À terceira manchete, também com a matéria na primeira página, Vinha de Moscou. Era sobre a estação espacial soviética Vênus IV que flósceu em Vênus à uma hora e quarenta minutos daquela quarta-feira 18 de outubro de 1967), tomando-se a primeira cosmonave da terra a Br pouso controlado em outro planeta do sistema solar. A Vênus IV foi lançada ao espaço em 12 de Junho e gastou, no grande percurso da Torra a Vênus, 128 dias. O interessante é que o “enrasco” de Antonino e Aderson durou também os mesmos quatro meses da Vênus IV. Antonino e Aderson, no meu jeito de ver e de pensar, os dois foram Vilimas da política suja e da Era Medieval que rondava Caraúbas e Adjacências. Naquela época e, infelizmente, ainda para algumas pessoas hos dias atuais, o diálogo seja na base da pistola e da ameaça. Por falta dl entendimento humano e racional, tem gente que não se fala porque Um votou num candidato de outro partido. No Rio de Janeiro morava o 2º sargento da Marinha, Raimundo —————— A Saga Benevides Carneiro
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Hiro! em Natal, no ano de 1970. Maurício e Carneirinho, depois do crime
Benevides Sobrinho (Mundinho), que passou um telegrama ao Monsenhor Walfredo dizendo: “Exmo Sr. Governador considere-se o único culpado, caso 17 de 10 em Caraúbas”. Lembramos que monsenhor Walfredo Dantas Gurgel, era primo legítimo de Maria da Luz Gurgel esposa de Antonino. Nascido em 02/02/1908, foi aclamado Governador do RN em
31de janeiro de 1966, governou até 15 de março de 1971 e faleceu em 04 de novembro de 1971.
Em Caraúbas, pessoas faziam comentário do tipo: “Na família, Benevides Carneiro não existe mais homem como Antonino”. E aquelas pessoas que queriam ver mais desgraça, ao encontrarem alguns, membros da família Carneiro, atiçavam os cabeças-quentes dizendo?
“Não vai ter vingança não?”. A minha tia Luzia não escondia sua revolta pela perda do irmão e incentivava os seus filhos mais velhos fazer à
ram para Caraúbas, mas não deu mais para Maurício morar lá “Porque todas as suspeitas caíram mesmo para ele. Ningué m deu importância para Carneirinho porque o mesmo era do tipo paz e amor, O, um cigarrinho e tudo bem. A sua participação no crime foi de bmpanhar Maurício, que há cinco anos namorava sua prima Vilani Ilha de Antonino. Maurício, para não ser preso, fugiu para Brasíli a/DF e prou lá um tempo e depois foi morar no Rio de Janeiro, promet endo r para casar com Vilani. Mas não voltou. Raimundo Benevides Sobrinho, o Mundinho, pediu à Marinha sua nsferência de volta para o Rio de Janeiro, tão logo terminou a sua ão no RN.
Antonino Benevides Carneiro (10/05/1918 - 17/10/1967) , Casado Maria sa Luz Gurgel (02/02/1929 - 18/09/1977). Tiveram nove filhos: E José Ribamar Gurgel (já falecido) com Francinete. Pais de um
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vingança.
Cheguei a trabalhar um tempo na Fazenda Baixa da Timbaúba,
de tia Luzia e tio Raimundo Carneiro, juntamente com Tico, Maurício € outros primos apanhando feijão, milho, arroz e outros produtos do roçado, Mas no dia da morte do tio Antonino, eu e Tico estávamos trabalhando numa empreitada de apanha de algodão numa fazenda do senhor Antônio Joaquim, próximo à cidade de Umarizal. Depois da morte de tio Antonino, passei a trabalhar no café do Romão Batista onde fiquei até me muda para Natal no ano de 1969. Já Doutor que morava com tio Antonino voltou
para o Sítio Marrecas, mas todo sábado ele ajudava a comprar a feira da,
tia Maria da Luz com os filhos. Por isso, Doutor era como primo-irmão:
ê
dos filhos do tio Antonino.
O sargento Aderson, depois que ficou são dos tiros, voltou para O trabalho em Natal e passou a levar uma vida normal de policial. Certt dia, o mesmo comentou com um amigo da família Cameiro, conhecido como César, que ainda voltaria a Caraúbas para matar Juarez (motorista e filho de Antonino). Juarez como precaução foi para o Estado dg Maranhão, onde morou por muitos anos.
O sargento da Marinha, o Mundinho, como era mais conhecido; pediu transferência do Rio para Natal e na cidade fez todo o levantame da vida e dos passos de Aderson, que foi morto por Francisco Carneiro, O Maurício Carneiro, e por Carneirinho, irmão de Maurício, no bairro do
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Dudé Viana
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Os:
F2 — Maria Vilani Gurgel, cc José Pereira da Silva. Pais de dois N2 - Douglas Benevides (cursou Geografia). N3 - Paulo César C. Benevides.
F3 - Juarez Gurgel Benevides, cc Maria das Neves Silva Benevid es.
is de dois filhos:
N4 - Márcia Adriana Benevides da Silva.
N5 - Juardan Benevides da Silva.
A Saga Benevides Carneiro
67
Caraúbas, diplomada em Marketing de Vendes pela UnP — Campus
pasOrÓ, em 2009. 1
FS — lolanda Gurgel Benevides, cc seu primo Damião Gurgel.
Pais
do três filhos:
N10 - Ginevra Gurgel Benevides (Gina), do relacionamento
com Wi Álvos Praxedes, teve um filho: Erick G. Praxe des. Gina está no 5º
4 4
|
na
de Antonino
Rafaella
Antonino
-
neta
de
N14 — Mara Rafaella G. Benevides (já falecida), e em 33 núpcias
N15 — Maria Irismar G. Paiva N16 — Isnara Antonina G. Benevides. Moram em Natal.
F7 - Antonino Benevides Filho (Tonininho), Eng. Agrônomo
e iivogado (já falecido), cc Maria do Carmo (Cacá ) e tiveram um casal de Ds:
|
N17 - Antonino Neto.
may), filha de Raimundo
Benevides
F4 — Maria Selma Gurgel, cc José Maria Gurgel. Pais de qua o)
,
,
N18 - Daniele Cristina.
F8 - Antônio Gurgel Carneiro, cc Gildete Sergio de Almeida e ivaram um casal de filhos: N19 — Giselly. S. de Almeida Carneiro. N20 - Vitor S. de Almeida Carneiro.
filhos:
N6 - Oberlan Carneiro Gurgel. Nascido a 9 de outubro de 1973
em Caraúbas, formado em Engenharia Industrial Têxtil na faculdade
filha:
Ismar de Paiva teve duas filhas:
Maria Neumam (Nolê Orley €C Gurgel - neto
lodo do curso de “Ciências da Religião”, na UERN , em Natal. Nt1-Sanderson Gurgel Benevides N12 — Salomão Gurgel Benevides (pintor profis sional). F6 - Maria Gurgel Neta, cc Jocélio e teve um filho: N13 — Melquizedex Gurgel. Em 2º núpcias com Seu Tonho teve
F9 - Ridália Benevides Gurgel (que estava na barriga da mãe, no
SENAI/CET no ano de 2003, no Rio de Janeiro;
; mês de gestação quando Antonino foi morto), cc Francisco Fernandes Mobrinho, teve um filho:
N7 - Oriey Cameiro Gurgel, naseldo 8 eu e aoncHo Cada q sítio Igarapés, Caraúbas, formado em Engenharia Elétrica, Engenharia
|
de Segurança e Pós-Graduação em Gestão da Qualidade Total pela UFRN: Ng - Orlando Carneiro Gurgel, nascido a 1º de dezembro de 1969, K bas, Técni senicoco Têxtil Têxti no Certex (hoje Cenatec) em | Paulista/PE,
o Ns
68
é Carneiro Gurgel, nascida a 25 de janeiro de 1981
—————————
Dudé Viana
N21 - Jonathan Benevides Fernandes. Mora em São Bernardo do Em 2º núpcias com Francisco Alberto Gonzaga Ximbinha. b pais de um casal de filhos: N22 - Kadhidja Nhara Gurgel Ximbinha, nascida a 22 de agosto Ho 1995, em Mossoró. N2 - Pedro g lhes Gurgeg l Ximbinha, , nascinascido do a 1616 de julho de 3 Wiger de julho d 1097, em Natal. Moram po - SP.
em Natal.
PA
Saga Benevides Carneiro —
69
Húvonas, leilões, barracas e outras atividades da igreja. Em sua casa
O Médico dos pobres Por causa dos seus pais serem bastante pobres, o menino Raimundo Benevides passou logo aos cinco anos a sentir na pele a grande responsabilidade da vida cotidiana. Ainda criança passou a trabalhar para ajudar aos seus pais no sustento da família. Foi a princípio trabalhar terras, cercado e lavouras de patrões ricos e rígidos para daí ganhar algum dinheiro, já que ele tinha os pais e os irmãos para ajudar, num total de oito — ele sendo o mais velho. Ainda muito jovem, aos 14 anos ficou órfão e se viu com toda a responsabilidade pelos demais. Assim, sem ter como criá-los, ele e os demais foram morar com parentes da nossa família. Raimundo Benevides quase não chegou a estudar. Por
ser necessário ficar o dia inteiro nos trabalhos do campo, frequentou somente a 1º e a 2º classe. Lutando também com gado e outros tipos de criações, logo teve que deixar os estudos e assim cresceu homem feito no trabalho.
Raimundo chegou à cidade de São Bento (São Bento do Bofete), atual Janduís, por volta de 1936. Começou a trabalhar na loja de tecidos do casal Firmino Gurgel do Amaral e Maria Gurgel F. do Amaral (Dona Maroquinha), e foi lá onde ele conheceu a jovem Francisca Gurgel Praxedes (Santinha) nascida em 24/04/1918, dizem que de tão bela,
ganhou este apelido. Casou-se com Santinha no dia 20/07/1937. Raimundo trabalhou com o casal Gurgel de 1937 a 1949, merecendo deles toda confiança e respeito no comercio lojista, onde de empregado
passou a empregador. No ano de1950, depois do crime de Antonino, Raimundo mudouse com a família para a cidade de Almino Afonso, e lá tio Raimundo permaneceu nas mesmas atividades comerciais que tinha em Janduís, três casas de negócios: Mercearia, loja de tecidos e farmácia. Tio Raimundo se viu obrigado a se desfazer de tudo por consequência das ameaças de morte por parte dos inimigos de seu irmão e saiu corrido de Janduís, como se devesse alguma coisa para alguém. Em Almino Afonso, consegue abrir uma pequena farmácia, e trabalhou também como Juiz de Paz. Desenvolveu trabalhos pastorais na paróquia desta cidade, organizava a festa do padroeiro local como
TO
————————
Dudé Viana
dava padres, freiras, bispos e outros líderes religi osos por não haver fuma pastoral (paroquial). Foi assim a sua vida, religioso e dedicado a hua fó a Deus e a comunidade cristã. Ainda em Almino Afonso foi eleito Maroador com uma maioria de votos entre todos os concorrentes. Por Bmusa do grande prestigio que ele desfrutava junto à comunidade local
as ameaças voltaram e ele teve que sair de Almin o Afonso, novamente orrido, indo pra Caicó, onde deixou a família, e foi para Caraúbas
liabalhar com o irmão Abraão na mercearia do mesmo. Depois de Trabalhar um bom tempo na mercearia do irmão foi buscar a família
k
Raimundo também teve uma vida dedicada à enfermagem
Tomou-se enfermeiro prático com mais de 40 anos de idade depois de
uma pequena reciclagem realizada em Natal, em 1958. Daí em diante
nunca mais parou, atendendo toda hora do dia ou da noite, em sua velha 8 humilde bicicleta, sem medir esforços, nem distância para chegar aos doentes. Atendendo aos mais pobres e neces sitados, consultando Nplicando injeções e até mesmo, dando reméd ios aos mais carentes
Hom ajuda da Prefeitura ou de algum político. Só mesm o com ajuda de
Dous, do povo, que tanto o amava, e de alguns laboratórios que, às vezes
lavam algumas amostras grátis.
No ano de 1962, elegeu-se vice-prefeito na chapa do prefeito José Nicodemos Fernandes, o Nicó. Foi grand e o número de votos fecebido fazendo com que na outra camp anha, e com o trabalho reconhecido, fosse reeleito em 1968, para O mesmo mandato de vice-
prefeito, desta vez com Guido Gurgel, Prefeito. No ano de 1982.
foi novamente em busca dos mesmos ideais, mas desta vez a luta não obteve êxito, pois nesta época por causa de alguns acontecimentos que falo mais a frente, o nome da família não estava muito bem, fazendo muitos pagarem por causa de alguns. O que não justifica, mas infelizmente foi assim.
Raimundo Benevides trabalhou também na cidade de Caraúbas RO de um ano, de 1960 a 1961, como tabelião do 1º Cartório Com dois problemas de coração, angina e hipertensão e mais uma cirurgia no olho direito, que devido a sua idade bastante avançada
À Saga Benevides Carneiro —
71
sua recuperação foi lenta e o deixou em estado de depressão profunda, veio a falecer de um Acidente Vascular Cerebral (trombose) às 11h15 do dia 20 de junho de 1994. Nos depoimentos dos filhos temos:
Janeiro. Operador de Máquinas na Marinha Mercante do Brasil. Casado com Isabel Oliveira Benevides e tem três filhos: Pedro Henrique, Lucas e Júnior.
“Trabalho, honestidade e dignidade e a fé em Deus”, era o seu lema, diz Joséfran, o filho caçula. “Ele foi um homem santo em todos os sentidos da vida, e com
certeza está em um bom lugar porque só fez o bem durante toda a sua vida” diz Deusdete Fernandes Pimenta, suplente de delegado. Acrescento que o tio Raimundo Benevides em Caraúbas, também participou diretamente do processo sagro religioso, fazendo como pede a igreja do padroeiro local, São Sebastião. Mas no ano de 1972, converteuse ao protestantismo e entrou para a 1º Igreja Batista de Caraúbas. Em 1974 saiu da Batista e foi para a Assembléia de Deus, onde foi pregador fervoroso da palavra de Deus e tinha como fonte das suas pregações O Velho Testamento. No seu sepultamento: representando a classe comercial falou Luciano Augusto da Cruz, pela política local falou Renato Medeiros Fernandes e o médico Salomão Gurgel Pinheiro representou a classe médica da região do alto e baixo Oeste. Santinha faleceu em 9 de fevereiro de 2006 de insuficiência respiratória e parada cardíaca. O cortejo saiu da casa de Tia Santinha, passando pelo centro da cidade até o cemitério São Sebastião. Muita gente acompanhou e a música de fundo, durante todo o cortejo no carro de Tadeu Benevides, era do cantor gospel Wantuil Carneiro, cujo refrão dizia: “oh! Minha mãe querida te amo demais”. Ela foi sepultada no final
da tarde no túmulo de Daniel Gurgel do Amaral, seu pai. Raimundo Pedro Benevides (18/04/1910 - 20/06/1994), casado com Francisca Gurgel Praxedes (Santinha) - 24/04/1918 - 09/02/2006. Tiveram 11 filhos: F1 - Maria Bernadete Gurgel, foi parteira do Hospital de Caicó, casou-se com o primo Raimundo Benevides Sobrinho (Mundinho). Tiveram quatro filhos:
N1-Morgan Gurge! Benevides nascido a 29/03/1964, 727
—————————————
Dudé
Viana
no Rio de
N2 - Rilbênia Gurgel Benevides, foi funcionária do
jornal O Globo, é Psicóloga, Raimundo Pedro Benevides (18/04/1910 -20/ 06/1994) e sua esposa Francisca Gurgel
Praxedes (Santinha) Fonte: Acervo da
Família
casou-se com epi
Paulo Tadeu, :
a
ne
EStá solteira.
ia
N3 - Rômulo Gurgel ,
N4 Ê Márcia Gurgel B. Lima. , cursou Contabilidade, casou-se tom Ezequiel Lima e tem uma filha: Amanda. Moram no Rio de Janeiro F2 - João Bosco Gurgel (falecido), casado com Antônia Cleusa
Benevides, teve quatro filhos:
N5 — Raimunda Quênia Benevides. N6 - Raimunda Queida Benevides N7 — Raimunda Jaqueline Benevides. N8 — Raimundo Rilbano Benevides N9 — Raimundo Agenor Benevides F3 - Maria Neumam Gurgel Amorim, professora, educadora e diretora de escola, ex-vereadora e atualmente conselheira tutelar em Caraúbas. Casada com Paulo Amorim, tiveram três filhos: N10-Paulo Everton Gurgel Amorim, N11-Claudomiro Gurgel Amorim Seg E Pollyana Gurgel Amorim - Maria da Paz de Carvalho, nascida a 22/ 15/08/2010, casada em 27/01/1968, no Rio de Sado. Fernandes de Carvalho, nascido a 21/10/ 1938, carioca. Tiveram um casal de filhos:
A Saga Benevides Carneiro
73
N13 - Morgana
Gurgel
de
Carvalho, nascida em 10 de junho de 1969, técnica em laboratório de analises clínicas, do casamento com Marcio W. Gonçalves - houve dois, filhos:
Bn - Matheus William Gurgel Gonçalves, nascido em 29 de janeiro
de 1989. Bn - Guilherme William Gurgel Gonçalves, nascido em 04 de Fevereiro de 1992. CORRO de Maria da Paz e N14 - Damião Gurgel de Jurandir de Carvalho, no Rio. Carvalho, nascido em 26 de setembro de 1970, funcionário público estadual, tem união estável com Denise. Moram no Rio de Janeiro. Estes primos do Rio, eu os tenho como irmãos pelo tempo que convivemos juntos. F5 - Daniel Gurgel Neto (falecido) solteiro. Ea
F6 - Damião
Gurgel - Técnico
veterinário e casado com lolanda Gurgel, sua prima. Tiveram três filhos:
N15- Gine-vra Gurgel Benevides i
já E, cas
à gro
Damião Gurgel
m Eri Alves Praxedes, teve um filho: Erick G. Praxedes. Gina está no 5º período do curso de “Ciências da Religião”, na UERN, em Natal.
N16
-Sanderson
Gurgel
Benevides
N17Salomão Gurgel Benevides - já vistos entre os netos de Guilherme, Morgana e Matheus
74
Antonino.
Dudé
Viana
F7 - Maria Aparecida (Cidinha) professora do Estado, casada com Raimundo Nonato Ferreira (Bira). Tiveram três filhos: N18 - Ubiramar Ferreira Gurgel (Birinha), N19 - Marlon Gurgel Ferreira N20 - Romênia Ligia Gurgel Ferreira (Concluiu o Curso de Pedagogia em 2009) F8 - Judas Tadeu Gurgel Benevides (Tadeu Benevides), nasc. 14-06-1950, casado com a enfermeira Célia Maria Barreto Benevides. Foi vereador de 1976 à 1982. Radialista de 1981 até os dias atuais. Começou na Rádio Centenário, em Caraúbas, foi para a Rádio Tapuio em Mossoró, hoje está na Liderança FM em Caraúbas. Na Centenária, onde foi também Diretor, fez três programas Acordando o Oeste, RC Debate programa político e Forró do Coroné que faz Até hoje das 16h às 19h na Liderança FM. O Casal teve um casal de filhos: Tadeu Benevides - Fonte: N21 - Íyvna Mara Barreto Benevides Jornal O Mossoroense Gurgel, diplomada em Direito pela Universidade Potiguar (UnP), Campus Mossoró, em 2009. N22-Tito Lívio Barreto Benevides Gurgel, cursou até o 6º período de Enfermagem na UnP, em Mossoró, mas desistiu e está no 2º período do curso de Direito, também na UnP, de Mossoró. Moram em Caraúbas. F9 - Maria do Socorro Gurgel (falecida criança) F10 - Maria das Graças Gurgel (falecida criança) F11 - José Francisco Gurgel (Joséfran) solteiro, educador.
Abraão Benevides
Abraão Benevides Carneiro (15/05/ 1911 - 25/07/1999)
A Saga Benevides Carneiro
75
Casado com Francisca Pessoa Carneiro. Tiveram seis filhos: F1 — Maria Célia Carneiro - teve um filho: N1 - Tiago Benevides F2 — Vandia Maria Marinho, diplomada em Pedagogia, cc Silvério Marinho da Mota Júnior, tiveram dois filhos: N2 - Allyssom N3 - Paulo Victor F3 — Aluizio Carneiro Benevides, cc Maria Aparecida da Costa Benevides F4 - Dineida Maria de Paula F5 - Pedro Pessoa Sobrinho,
filho:
N4 - Pedro Ítalo F6 — Gregório Pessoa Neto Carneiro
(Chiquinho de André) -15/12/1913 - 21/03/
N2 - Rilbênia Gurgel Benevides, foi funcionária do jornal O Globo,
é “a solteira
casou-se com Paulo Tadeu, teve um filho: Rafael. Mas está
N3 - Rômulo Gurgel Benevides, casou - se com Simone Gurgel,
lom uma filha: Raiane.
Na - Márcia Gurgel B. Lima cursou Contabilidade, casou-se com Ezequiel Lima e tem uma filha: Amanda. Moram no Rio de Janeiro. oito filhos: N5 - Paulo César, N6 - Diniz, N7 - Bené
Leandro de Oliveira Pessoa, tiveram um
Benevides
filhos: Pedro Henrique, Lucas e Júnior.
F2 - Paulo César Benevides, casado com Zuleide Sena, tiveram
comerciante e ex-vereador, cc Antônia
Francisco
Mercante do Brasil. Casado com Isabel Oliveira Benevides e tem três
Chiquinho de André
2008 (sexta-feira santa) às 15h, em Felipe Guerra, casado com Joana Valentim Carneiro, nascida em 2 de Junho de 1912. Tiveram sete filhos:
NB - Irla, N9 - Irleide, N10 - Demilson, N11-Alex N12 - Marconi
F3 - Antônio Benevides Carneiro (Toinho), cc Inácia da Silva
Cameiro (Nina). Tiveram três filhos:
Mundinho
76
——————
Ff - Raimundo Benevides Sobrinho (Mundinho) nasceu em 28 de junho de 1937 e faleceu em 2 de março de 1975, no hospital da Marinha, Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, “após sofrer uma Apendecectomia (cirurgia de apendicite), casou - se com a prima Bernadete Gurgel e tiveram quatro filhos: N1 - Morgan Gurgel Benevides, nascido a 29/03/1964, no Rio de Janeiro. Operador de Máquinas na Marinha
Dudé Viana
N13 - Almir Benevides Carneiro N14 - Jefferson Benevides Carneiro - cursou Direito na Faculdade da Cidade (UNIVERCIDADE), no Rio.
N15 - Morgan B. Careiro. Moram no Rio de Janeiro - RJ. F4 - Francisco Benevides Filho (Titico), cc Preta, teve três filhos: N16 - João Benevides N17 - Benevides da Madeireira (já falecido) N18 - Darquinha FS - Luiz Benevides Carneiro (Doutor) teve quatro filhos: N19 — Salomão Gomes de Oliveira, casado com sua prima Nilza, ho Sitio Marrecas.
A Saga Benevides Carneiro
77
N2- Milena Souza de Oliveira (falecida).
N20 - Raniele, de um segundo relacionamento, e com sua prima Francisca das Chagas Benevides (Celinha Benevides), teve um casal de
N3-Vandembergue S. de Oliveira. N4 -Rubervânio S. de Oliveira.
filhos:
N5 - Igna S. de Oliveira.
N21-Lucélia Benevides Carneiro, cursa o 3º período de Engenharia
N6 - Glenda S. de Oliveira. F3 - Romildo Benevides de Oliveira, cc Maria de Fátima Costa de
Civil na Universidade Potiguar. N22 - Westterlley Benevides Carneiro, jogador de futebol.
Oliveira, tiveram quatro filhos:
F6 - Maria do Carmo (Carminha), cc Gérson Gurgel, tiveram sete
N7 - Monare Costa de Oliveira, cc Fábio Oliveira, teve:
filhos:
Bn2- Fabrícia Mayara
N23-Antônio |
N24-Airon
N25 - Jair
“Dantas Batista, teve:
N26 - Alison N28 - Merivan N29 - Nirvânia
Bn4- Luiz Miguel. N8 — Irinaldo Costa O. Benevides, cursando o 7º semestre de “Administração na Universidade Estácio de Sá e o 1º semestre de
N30 - Micarla
Goografia na UNIFAP — Universidade Federal do Amapá. N9- Marília C. Benevides, cc Francisco Manoel
F7 - Maria Vilani Benevides, cc Josimar de Góes, teve três filhos:
Bn5- Maria Luiza
N31-Isaias
Costa, tiveram:
N10-Gustavo W. C. Benevides, cc Luma de Oliveira, são pais de
N32 - Ismael
N33 - Israel.
Bn6-Lauanny Gueovanna
Pedro Ivo Benevides, nascido em 20/05/1917 e falecido em 19/ 03/2004, casado com Martinha Batista de Oliveira (Tina), nascida em 18/07/1924 e falecida em 18/10/2009. Tiveram 14 filhos:
F4 - Ronilson Benevides de Oliveira (falecido em 29/09/2007), cc
F1 - Maria da Paz Benevides da Silva, casou-se com Manoel Teixeira da Silva, tiveram um filho: N1 - Carlos André Benevides da Silva, pai de
Bn1-Nicolas. F2 - Rui Benevides de Oliveira, cc Pedro Ivo
78
e Bn3- Maria Fernanda. Em segundas núpcias com Eugênio
Valdene Souza, tiveram quatro filhos:
Dudé Viana
Dijacira Câmara, tiveram duas filhas:
Ntt-Aline Benevides Câmara, graduada em Pedagogia pela UERN & especialista em coordenação gestão escolar pela Universidade Castelo
nro. no Rio de Janeiro. Casada com Rodrigo Serra Brum Machado, ram:
|
Bn7- Ana Júlia. N12 — Andreza B. Câmara, formada em pedagogia pela UERN. F5 - Ronaldo Benevides de Oliveira (Nanô), cc Celeste R Pinheiro
(já falecida), tiveram quatro filhos. Atualmente casado com sua prima Regina Praxedes. N13 — Marisônia Benevides Pinheiro, engenheira civil formada pola UFC.
A Saga Benevides Carneiro —————————
79
N14 - Elionaldo B. Pinheiro, engenheiro agrônomo formado pela
F12 - José Ivo Benevides de Oliveira (falecido). F13 - Antônio Luiz Benevides de Oliveira (falecido). F14 - Luiza Maria Benevides de
UFERSA. N15 - Ronaldo B. de Oliveira Filho, cursando Engenharia Agrônoma na UFERSA. N16 — Veruska B. Pinheiro, cursando Física na UERN.
Oliveira (falecida).
F6 - Raimundo Benevides de Oliveira, cc Dalvaci Garcia, tiveram quatro filhos: N17-Samária Benevides Garcia, pedagoga formada em 2009 pela UERN, em Mossoró, tem pós-graduação de professores, mora em Upanema, onde leciona. Casou com Marcondes Carvalho e tem a filha Bn8- Marina Elis. N18 — Leonardo B. Garcia.
N19 — Luiza Maria B. Garcia, cursa pedagogia na UERN.
—
E - suo
né
sado - Maria do
Socorr o Benevides,casou-se j com
N4 N5 N6 N7 N8
N24 — Lívia B. de Castro.
F8 - Maria do Carmo Benevides de Oliveira, cc Antônio José Veloso, tiveram três filhos:
N25 - Ronaldo Benevides Veloso, cursando engenharia civil no
Instituto Tecnológico da Aeronáutica, em São Paulo. N26 - Raissa B. Veloso. N27 - Raul B. Veloso.
Dudé Viana ———————————
Carneiro (Galego). Adotado pelos avós. Raimundo i
N.
- Alvamberg - Arimar — Adalberto - Francisco Altemberg - Adriana
N9 - Filomena N10-Anarda
pé 1-
80
F1-Antônio Gilberto Benevides Carneiro (Carneirinho), falecido, solteiro, com uma mulher desconhecida, teve um
N2- Aretuza N3 - Ana Laura
N23 - Isadora B. de Castro.
Júnior, tiveram um filho: N28 - Vinicius Benevides Câmara. F10 - Cândido Pedro Benevides de Oliveira (falecido). F11 - José Nilson Benevides de Oliveira (falecido)
legítimo, tiverem 10 filhos:
td
filho:
F7 - Silvana Maria Benevides de Castro, cc Antônio Neto de Castro, tiveram quatro filhos: N21 - Pedro Ivo Benevides Neto. N22 - João Vitor B. de Castro.
F9 - Romilda Benevides de Oliveira Câmara, cc Luis Reis Câmara
RP Luzia Benevides Ramalho
N20 - Simonária B. Garcia.
Luzia Benevides Ramalho (11/02/ 1920 - 02/08/2001) casou-se com Raimundo Fernandes Benevides (Raimundo Carneiro), seu primo
|
a Cláudia. Moram em Alexandria - RN Francisco Carneiro
(Mauríci
com Lúcia Gonçalves, tiveram A
o
i
j
EEE
N12 - Juarez
N13 - Adriana N14 - Alessandra
N15 - Tatiane
— >>>
À Saga Benevides Carneiro
81
F10 - Maria Benevides Carneiro (Nirinha), cc Genésio Rodrigues, teve
N16 - Weslei. Moram em Colatina — ES. a
E
duas filhas:
N34
F4 - Francisco das Chagas Careiro (Tico Carneiro), cc Raimunda
da Silva, tiveram quatro filhos:
-
Patrícia
Benevides
Rodrigues de Oliveira N35 — Poliana Benevides Rodrigues José Daniel Carneiro (Zé Daniel)
N17 - Merson N18 - Santinha N19 - Andréa N20 - Novinho. Moram em Felipe Guerra - RN.
nascido a 14/05/1922, casado com Antônia Ayres Carneiro, nascida em 15/ 06/1926, no Sítio Bom Jardim, filha de
E E5 - Antônio Benevides Careiro (Elcinho) cc Salete Carneiro,
tiveram dois filhos:
;
João Francisco Viana (24/12/1901-16/
N21 - Antônio Gilberto Benevides Carneiro, mesmo nome do seu tio “Carneiriho”,
09/1963) e dona Raimunda Ayres Viana (10/12/1910 - 22/07/1946), tiveram 14
N22 - Amélia Lalyane B. Carneiro.
Zé Daniel =Rotps acervoda Samília
filhos, mas morreram cinco bebês.
Ff - Gesamar Benevides Costa, nascida à 01/02/1948, em
F6 - José Wantuil Carneiro (Vanzinho), cc Selma de Carvalho, tiveram duas filhas:
Caraúbas, ex - costureira das Confecções Guararapes S/A, e ex -
N23- Sara
professora do Ensino Fundamental, cc Manoel Oliveira Costa, nascido
N24 - Suellen. Moram em Fortaleza - CE.
em 20/10/1946, natural de Upanema-RN.
Manoel foi segundo condutor motorista da Marinha Mercante, em Areia Branca-RN, e depois foi corretor de imóveis na cidade de Natal
F7 - João Benevides Carneiro (Branquinho), cc Ubirema, tiveram rés lhos:
até a data em que faleceu, vítima de AVC, em 03/06/2008. Tiveram três
N25 - Raissa N26 - Randra
Ea ! N1 - Gilmara Benevides
- Maurília Benevides Carneiro (Zuíla), casou-se com Luis..., F8is filhos:
teve dois à
ndo
Rito
Em 2º núpcias com Elias..., teve um filho: É
E
Carneiro (Lourinha), cc Antônio db tiveram primo, seu (Toinho), Sales d e s Praxedes Murcia Benovides:de Sales três filhos:
ea ensildos de Sáias N33 - Aline Mariele Benevides de Sales
82 —————
E
Costa, formada em História pela UFRN, tem Mestrado em Antropologia Cultural pela Universidade Federal de
N97 - Ralin
Dudó Viana —————————as
!
Pernambuco, é escritora autora dos livros: “O Canto Sedutor de Chico
|
Norte (EDUFRN) e “Helio Galvão — O saber como herança” (2007). Em
|
sou É se com Cláudio Damasceno, artista plástico e professor
|
N2 - Gilvana Benevides Costa, graduada em Física pela UFRN, Casou-se com Henrique José C. Fernandes, repórter fotógrafo. N3 — Gilmar Benevides Costa, Eng. Químico pela UFRN.
|
Antônio" (2004), pela Editora da Universidade Federal do Rio Grande do 2010 foi 1º lugar no vestibular para Direito da UFRN, e vai a todo vapor.
niversitário.
F2 - José Viana Ramalho (Dudé Viana), nascido em 05/07/1950, am Caraúbas. ——————A
Saga Benevides Carneiro ———
93
F3 - Maria Gelça de Oliveira, nascida em 01/02/1953, em Caraúbas, cc Milton de Oliveira, tiveram três filhos:
N4 — Genicleide Oliveira Borges de Freitas N5 - Geniglei de Oliveira N6 — Genilson de Oliveira F4 - Maria Genita Alves, nascida em 15/01/1954, em Caraúbas, cc Clóvis Tadeu Alves, tiveram três filhos: N7 - Clovesmar Carneiro Alves, nascido em 31/08/1977, é autônomo e mora em Natal. N8 - Carla Carina Cerneiro Alves, nascida em 28/08/1984, foi diplomada em Pedagogia pela UERN — Núcleo Caraúbas, em 2009, e faz especialização de Psicologia Escolar e da Aprendizagem pela FIP, em Mossoró. Mora em Caraúbas, onde leciona. N9 - Cláudia Caline Carneiro Alves, nascida em 08/08/1985, cursa o Técnico de Enfermagem.
F5 - Maria Helena, nascida a 13/08/1956, em Caraúbas, culinarista,
líder comunitária, coordenadora de escola e artesã, divorciada, do cc Elias da Silva, teve três filhos: N10 - Lillian Kelliany Silva, nascida a 25/04/1981, é professora,
cursando Pedagogia. N11 - Anderson C. Silva. Cursa Engenharia Civil na UFRN, em Natal.
N12 - Allan H. Silva, no 6º período do Curso de Administração na
Universidade Potiguar.
F6 - Raimundo Benevides Sobrinho, nascido a 18/03/1960, foi
vendedor ambulante, fez o curso técnico em enfermagem, há 20 anos trabalha no Hospital Walfredo Gurgel e outros anos no São Lucas, em Natal. Casado com Mara Regina, teve uma filha: N13 - Carmem Regina. F7 - Maria Janeide Benevides, nascida a 13/04/1961, foi costureira durante 10 anos na Guararapes Confecções S/A. Depois cursou o técnico em enfermagem e exerce a profissão há 10 anos no Hospital Walfredo
84
Dudé
Viana
Qurgel, em Natal. Casada com Erivan Varela, somente aos 46 anos de Idade teve uma filha: Er N14 — Jade Benevides Barros, a neta caçula, nascida a 13/12/ F8 - Antonia Ayres Carneiro de Lima (Menor) nascida em 26/02/ 1963, em Caraúbas, cc José Arimatéia Brito de Lima, tiveram um casal de filhos: N15 - Adonias Ayres de Lima N16 — Amanda Ayres de Lima, nascida a 30/06/1989, e aos 19 anos de idade faleceu de um câncer de ovário, em 07/07/2008. F9 - Raimunda Neta Benevides Martins, nascida em 17/10/1964, em Caraúbas, cc João Ricardo Martins, tiveram duas filhas: N17 - Brígida Benevides Mar-tins N18 - Dayane Caroline Benevides Martins. Moram em Natal. Luis Cândido Benevides (1924 19/10/1962). Sua mãe morreu em 14/08/1924, devido compliEA cações ocorridas Gesamar, Genita, Helena, Dudé e Raimundo, Neta, Dona Antonia, Menor, Janeide e Gelça no parto de Luis. Portanto, acredita-se que tio Luis tenha nascido poucos dias antes desse fato. O seu pai morreu em novembro do mesmo ano. Luis casou-se com Antônia Amabília de Paiva, tiveram um filho: F1 - José Valdetário Benevides (Valdetário), cc Marli teve três filhos: N1 - Teksumi N2 - Francisco Valdetário N3 - Valtemberg
A Saga Benevides Carneiro ———
85
Em
segundas
núpcias
com
Neta
Benevides, teve um casal de filhos: N4 - Luis Neto N5 — Laiane Em 32 núpcias com Maria Silvana, quando morreu deixou um filho de 10 meses: N6 - Valdetário Filho. per
+
Sae
rio
Luis Cân dido Benevides
Casamentos de quatro irmãos de Maria da Paz
|.Sebastião Fernandes Carneiro, casado com Abigail Praxedes Pimenta, são pais de:
F1-Raimundo Fernandes Benevides (Raimundo Carneiro) casado com Luzia Benevides Ramalho, sua prima legitima. F2-Raimunda Fernandes Benevides, casada com seu primo
Augusto Segundo Fernandes, em Alexandria/RN. F3-Romeu Fernandes Carneiro. F4-Rubens Fernandes Carneiro.
F5-Roldão Fernandes Carneiro (pai de Francimar Fernandes Careiro, o Cimar Carneiro). F6- Rosanan Fernandes Benevides - nasceu em 06-12-1917, em Caraúbas, e faleceu em 05-05-2008, em Osasco-SP.
Francisca das Chagas Benevides, nasceu em 21-07-1927, em
Caraúbas.
Chegaram a São Paulo em 1950 - já casados e com dois filhos - | existem 12 netos. Francisco Robson Benevides - 15-07-1945 - 3 filhos. Rosinete Fernandes Benevides Cordeiro - 31-03-1948 - 2 filhos. esses dois nasceram em Natal-RN (Rosinete e Fco. Robson)
Abigail Fernandes Soares - 01-07-1951 - 2 filhos. Gutemberg Fernandes Benevides - 04-01-1955 - 1 filha.
86
Dudé
Viana
Reginaldo Fernandes Benevides - 11-06-1957 - 2 filhos. Rosineide Fernandes Benevides de Melo - 24-04-1961 - 2 filhas. Rosemeire Fernandes Benevides - 24-03-1966 - sem filhos. Esses nasceram em São Paulo. E dos netos de Rosanan e Francisca, eu tive o prazer de conhecer a prima jornalista Aline Femandes us, em janeiro de 2010, curtindo férias no Rio. t
F7 - Maria da Luz Fernandes Benevides casada com Francisco Ricardo de Sales, do sítio Baixio, em Umarizal. j F8 - Julieta Fernandes Carneiro. ] Il. Miguel Benevides Carneiro, casado com sua prima Ana Gurgel Não pais de: Hidelbrando Gurgel Carneiro, Graciano Gurgel Carneiro,
“Maria Gurgel B. Cameiro, Blandina Gurgel Cameiro, Fernando Gurgel
Gameiro e Helena Gurgel Carneiro. Hidelbrando Carneiro que fugiu de Caraúbas para Marabá, no “Pará e de lá para Macapá, depois de perseguição policial por causa de Uma confusão em Janduís e de uma arma em Caraúbas. Foi o principal fosponsável pelo povoamento da família Benevides Carneiro naquela
fegião. Já Blandina foi morar em Macapá/AP, onde existe hoje uma população enorme de Benevides Carneiro, de sua descendência. Ill. Raimundo Nonato Carneiro, casado com Maria Salomé Ramalho foram pais de: Pedro, Joana, Valdevino, José Benevides Carneiro e Maria Carneiro, À Tia Maria Carneiro, como a maioria da família a chamava. Ela tinha uma mercearia em Mossoró, criava gado e andava sempre numa carroça para fazer compras, com um revólver na cintura, e dormia com as portas e janelas da sua casa abertas. Eu não a conheci pessoalmente, mas a minha prima Vandia Benevides, que morou com ela um tempo, me contou que durante a noite morria de medo. À sua casa era um suporte para os parentes que chegavam a Mossoró, Nonato Carneiro principalmente os de Caraúbas. Ela tinha 6
A Saga Benevides Carneiro ———————————
87
casas no bairro “Bom Jardim”, muita gente de Mossoró sabe de quem estou falando. José Benevides Carneiro — 21/04/1914 — 14/04/1978 - casado com Luzia Amélia da Silva-23/03/1918-20/06/1972 - são pais de 11 filhos: F1- Dra. PhD Maria Laly Careiro Meignan (01/07/1937), médica cientista e condessa, nascida em Mossoró e reside na França, casa
F10 - Eduardo Henrique Carneiro (14/03/1963), autônomo, reside em Natal. Tem três filhos. F11 - Osmar Carneiro (filho adotado). José Benevides Carneiro saiu de Mossoró em 1943 com sua família e se estabeleceu em Natal. Sua esposa Luzia Amélia da Silva nasceu em Mossoró, de onde sua família era originária.
com Sergio Meignan, tem três filhos.
IV. Maria Mafalda Benevides, do Sítio Igarapé, casada com Francisco Sá de Melo, tiveram sete filhos: F1 - Francisco Benevides Carneiro (Chiquinho do
F2 - Osvaldo Careiro (17/08/1938), funcionário e ex-jogador do ABC, entre outros clubes, conhecido como Piaba, teve oito filhos e mora em Natal. Dos filhos de Piaba, conheço Osvaldo Carneiro Filho (Valdinho) e Ozanildo Carneiro (Dido), falecido em 22/12/2009. F3 - Maria da Conceição Carneiro (26/07/1940), administradora
de empresas, funcionária do Estado, aposentada, casou-se com Antônio
Igarapé), casado com Eletice
Cavalcanti, mãe de três filhos: 1- Dra.Simone Carneiro de Albuquerque (02/12/1968), médica conceituada em Natal e no interior do estado. 2Antônio Carneiro de Albuquerque (01/12/1970) - faleceu aos 24 anos, em 1995. 3 - Ana Conceição de Albuquerque (07/01/1978), estudante do 4º período de Fisioterapia na FARN. Residem na Cidade Satélite, em Natal. F4 - Maria Salomé Carneiro (13/07/1945), funcionária do Ministério da Saúde, na França, onde reside, teve dois filhos. F5 - Maria Salete Carneiro (30/07/1947 — 21/11/1992), exfuncionária da Secretaria de Administração do Estado, c.c. José Antônio Seba, teve três filhos: Marine Carneiro Seba, José Antônio Seba Filho e
Praxedes de Góis, deixando oito filhos: N1 - Maria Clésia Maia
Edmundo José Carneiro Seba.
Em segundas núpcias com Antônio
Benevides Carneiro (Elcinho), teve dois filhos: Antônio Gilberto Benevides Cameiro e Amélia Lalyane Benevides Carneiro. F6 - Olavo Carneiro (21/01/1955), ex-funcionário do Bandem. Teve cinco filhos. F7 - Maria do Socorro Carneiro (09/08/1949 — 03/01/1996), falecida solteira. F8 - Domingos Sávio Carneiro (11/03/1955), professor de Educação Física e tem dois filhos. F9 - Maria Gorette Carneiro (04/03/1959), graduada no curso de Direito pela Faculdade de Assas - França, onde mora teve uma filha.
88
————————
Dudé Viana
;
EMA
Soriano, Mundó, Elpídio, Melinha, Blandina.
“
Adauto, Chiquinho, Mafalda, Angelha e
(Quesinha) falecida. N2 - Sebastião Benevides
ia Praxedes (Tião) N3 - Antônia Cleusa Benevides (Cleuzinha)
N4 - Marinete Praxedes de Góis Melo (Etinha), casada com Francisco Ferreira de Melo (Ferreira de Soriano), tiveram os filhos: Bn1 - Francisco Solivan Praxedes de Melo (Bebé Careiro), morto em 18/07/2008, juntamente com seu primo Fábio Benevides, um portador de doença mental, no Sítio Igarapé, por criminosos que a polícia nunca procurou prendê-los. Bn2 - Maria do Socorro Melo de Paiva, fez Faculdade Gestão em
Saúde, em Mossoró, e faz um trabalho voluntário em Caraúbas, de grande importância. Bn3 - Solange Bn4 - Solimar Bn5 — Diomar N5 - Davi Benevides Praxedes (Desinho) N6 - Julieta Praxedes de Oliveira (Tapuia)
A Saga Benevides Carneiro ——————————
89
N7 - Francisco Benevides Junior (Junho) N8 - Plínio Benevides (falecido). F2 - Maria Amélia Benevides, Oliveira, tiveram cinco filhos: N9 - João Monteiro Benevides
com Lino Monteiro de
casada bi
;
N10 - Maria da Conceição Benevides (já falecida), teiro Benevides, (já falecido), N12 - Manoel a
; Monteiro
Benevides (Caçula Benevides), nascido em 01-12-1945 no Sítio Igarapé, município de Caraúbas, começou a tocar sanfona aos 15 anos de idade, no início dos anos 1960 em Caraúbas. Ficou muito conhecido também nas cidades vizinhas, tocou durante alguns anos na Rádio Rural de Mossoró na
e
]
e
“ oa
a
década de 1970.
Caçula Benevides
Tem cinco CDs
gravados com forró pé-de-serra e forró romântico, sempre acompanhado por uma banda. Se ainda existisse a tradição de grandes festas de casamento, Caçula Benevides já teria tocado
para três gerações de uma mesma família. Caçula é meu primo de segundo grau. . ' N13 - Maria Antônia Benevides (já falecida).
F3 de Freitas, N14 N15 Geraldo da Bn6
90
Domingos Soriano Benevides, casado com Maria das Dores tiveram cinco filhos: acao — Dionísio Benevides de Frei as o — Maria Batista de Freitas (Lica), casada com Macário Costa, tiveram nove filhos: - Francisco das Chagas Benevides (Nego).
——————
Dudé Viana
Bn7 - Antônio Costa Bn8 - Domingos Soriano Benevides Neto Bn9 - Rubens Bn10 - Canindé Bn11 - Lucinha Bn12 - Conceição Bn13 — Aparecida Bn14 - Antônio Benevides (o Benevides). N16 — José Benevides de Freitas (Dedé de Soria no), casado com fua prima Terezinha Benevides, tiveram três filhos : Bn15 - Francisca das Chagas Benevides (Celinha) Bn16 - Francisco das Chagas Benevides (Gale go) Bn17 - Maria do Socorro Benevides Praxedes, cc José Gurgel Praxedes, tiveram um casal de filhos: Camilo Bene vides Praxedes e Felícia Benevides Praxedes — que está no 6º perío do de medicina pela
UFPA, em Belém. Moram em Macapá.
N17 - Francisco Benevides de Freitas (Titico), casa do com Maria... * São pais de:
8n18-Francisco das Chagas Benevides (Chico do Posto).
Bn19-Fábio Benevides (Fabinho) N18 - Raimunda Diassis (filha adotiva). N19 - Francisco Ferreira de Melo (Ferreira de Soriano), filho
* adotivo. Casado com Marinete Praxedes de Góes Melo.
F4 - Raimundo Bento Benevides (o Mundó da baixa-fria), casado * com Francisca das Chagas Fernandes não tivera m filhos legítimos, mas * Criaram um menino que ficou conhecido como filho: N19 - Tião de Mundó. FS - Elpídio Benevides Carneiro (Elpídio do Belém ), casado com Odília Esmelinda de Oliveira, tiveram três filhos : N20 — Francisco de Paula Benevides (Chiq uinho do Belém), casado com Maria do Carmo Sales Benevides, tiveram três filhos: Bn19 - Francisco Taumaturgo de Sales Benev ides Bn20 - José Taécio Benevides Bn21 - Antônio Tarso Benevides (Contabilista). N21 - Chico Grosso (filho adotivo)
À Saga Benevides Carneiro —
91
primo Dedé de N22 - Terezinha Benevides, casada com seu Soriano, descendência já descrita. Belém), casada N23 - Rita de Cássia Benevides (Cassinha do com Sinval Dantas de Sales, tiveram três filhos: Tarcyla e José Bn22 - Gleide Benevides de Sales, nãe de Flávia Elpídio. empresário Avicultor Bn23 - Francisco Flávio Benevides de Sales, são pais de Maria Tereza no Sítio Belém, casado com Veraneide de Sales, e Sinval Neto. Bn24 - José de Arimatéia Benevides de Sales.
(fundador
N27 - Maria Íris Benevides Gurgel,
N28 - Antônio Maria Benevides Gurgel N29 - Benvindo Benevides Gurgel do Amaral. com Amabília Isabel de E7 - Adauto Aurélio Benevides, casado
Jesus, tiveram um filho: ho) - morreu aos N30- Francisco Monteiro Benevides (Fransquin 18 anos, em 11/11/1963
Turma do Jordão
s e dos filhos de (Com exceção de Sancha Maria Benevide extraído do trabalho deixado Geraldo Benevides de Paiva, os demais foram de julho de 1959, intitulado: por Raimunda Dalila de Alencar Gurgel, em 20 nda edição publicada pela O Jordão, Sua Gente e a Sua Família. Segu
tonhecimento se houve filhos do seu segundo casamento tom dona Benta Carneiro.
Sátiro
o com dona Major Galdino Sinésio Benevides Montezuma, casad
9
————————
ão, A Josefa B pese E
É
te
dona Josefa de Souza nevides, nascida em 19 de março de 1864, fi de Souza e dona Eufrosina Maria da “Aida pra F1-Raimundo Vital Benevides, nascido a 28 de Re anos em 28 de agosto de 1962. E gostinho Sinésio Benevides, nascido a 4 de E Es aos 20 anos de idade por uma pessoa da
Benevides
Dudé Viana ———————"""—
Ôni
I co a abril de 1883 ; maio de 1884 e família Tavares,
F3 - José Maria Benevides nascido a 27 15 anos no Amazonas convivendo com gd flechada. Casou-se com Maria de Paiva, filha de Vicente de Paiva e dora Marica de Paiva, não houve filho. F4 - Josué Sinésio Benevides nascido a 16 de fevereiro de 1887, casouse com Dila Paiva, filha de Vicente de Paiva e dona Marica. Faleceu no dia 1º de abril de 1949, deixando com a viúva os filhos: N1 - Maria Alaíde (casada). N2 - Geraldo Benevides de Paiva
nascido a 12 de dezembro de 1929, casado
com dona Rita Leite Paiva (Elza Leite), filha de Etelvino Leite e Lica Dantas. Foi funcionário da Estrada de Ferro Mossoró —
“B”, em outubro de 2004).
Sátiro Sinésio
Sinésio
Benevides, , em 12 de sotembro de 1882, casou-se
OROENSE”, Série FUNDAÇÃO VINGT-UN ROSADO. “COLEÇÃO MOSS tiveram os filhos:
Sítio
o
com Francisco das F6 - Ângela Benevides Fernandes, casada Chagas Gurgel, tiveram seis filhos: Benevides) N24 - Raimundo Benevides Gurgel (Padre N25 - Maria Vilani Benevides Gurgel N26 - José Maria Gurgel
Maria Mafalda de Amorim,
do
Jordão) e Sancha Maria Honevides. Não se tem
Sousa. : Benevides Geraldo
>>>
?
Residem
nove filhos.
À Saga Benevides Carneiro
em
em
Mossoró
A e
E tiveram
93
Bn1 Bn2 Bn3 Bn4 Bn5
- Geraldo Benevides de Paiva Filho, nascido em 07/01/1952. - Josué Benevides Neto, nascido a 02/07/1953. - Otomar Benevides Leite, nascido a 16/09/1956. - Valter Benevides de Paiva Leite, nascido a 20/08/1954. - José Leite Benevides, nascido a 04/03/1958.
F9-Samuel Sinésio Benevid es, nascidi fasado com Filomena Alves e tiveram 12 hos ranc- isco fm São N6-F ári no Paulo SP) (Chicão, + e empresário
N8-Maria (empresário no ramo de construção civi em SP)
Bn6 - Girlaile Maria Leite de Paiva, nascida a 01/09/1960.
N9 - Antonieta
Bn7 - Girnaide Maria Benevides Paiva, nascida a 19/04/1962.
N10 - Francinete
BNB - Marise Benevides Leite, nascida a 17/10/1964. Bn9 - Carme Silva Benevides Leite, nascida a 05/12/1966.
N3 - Sátiro de Paiva Benevides. i
F5 - Sebastião Sinésio Benevides, nascido a 2 de maio de 1888 e;
falecido em 18 de fevereiro de 1955, solteiro, conhecido por Titão, amigo
das crianças F6 - Antônio Sinésio Benevides, nascido a 13 de junho de 1889, casou-se com Francisca Alves, sua prima, filha de Manoel Alves e Aninha
de Souza Alves. Fixaram residência na Várzea do Barro, onde Francisca
N18 - Maria do Socorro, casa
B
eivemane
Nano, de Pati, res; o
se com Porfírio Gurgel, filho de Sebastião Gurgel e Melânia Terei
NZ0 - Lucinha
|
N21 - Lucita
, Nascido a 18 de junho de 1897 ,
Ê Os, aria dos Anj
m no Jord
ão e
,
filha de João Solano e Obdulia tiveram cinco filhos: N19 - José .
N22 - Paul e
N23 - Tarcísio. F12 - Manoel Sinésio Benevid
Ss, nascido a 16 de setembro de dláboi
era alto, inteligente e de coração caridoso. Em 1929 recebeu um balé
9, que o principal Chefe da E
completamente restabelecido.
úu-se com Joaquim Godeiro Sobrinho id Pa
casual, que atravessou o crânio, mas com poucos dias, fick
94
Dudé
Viana
Solano, dl isa
- Expedito.
isso Cam Fri Benevides
N5 - Raimunda Dalila de Alencar Gurgel, nascida em 1922, casol
Bn13 - Antônio, que faleceu com 1 mês. F8 - Daniel Sinésio Benevides, nascido a 2 de janeiro de 188
"8 om Ni
n15 - Lourdes de Fátima Bn16 - Vilma do Socorro. FM - João Sinési
N4 - Genival, que faleceu bebê.
Bn11 - Expedito, que faleceu com 3 meses, e
de Caraúbas e fi caram morando no Jordão. Houve 3
% ino de Patú. Tiveram 3 filhos: , Bn14
F7 - Maria Francisca Sinésio Benevides, casou-se em 17 de junht de 1918, com Argemiro Liberato de Alencar, de Pombal, Estado da Paraíba
Bn10 - Terezinha, que foi a alegria do lar.
N11 - José N12 - Manoel (em resári ge! oi N13 - Geraldo présário no ramo de construção civil em SP) N14 - Antônio (em presário no em N15 - Rosinete ramo de construção civil em SP) N16 - Maria do Socorro N17-Expedito. . F10 - Pedro Sinésio Benevides, nascscid id o a 22 de fevereiro de 1896, brou um tempo no Amazonas, depois casou - se com Raimun da Wurgelita Gurgel,
DS:
faleceu em 10 de maio de 1958 e ele a 4 de setembro de 1961. Não 4 houve filhos.
Gurgel, tiveram três filhos:
ramo de construção civil
Du
ári
(em
N7-Flávio
Pei
F13 - Ester Estelita Benevides a
da morte do pai.
de junho de 1901
A Saga Benevides Carneiro ——
95
Turma de Campo Grande / Caraúbas Eduviges Gurgel do Amaral e João Augusto Fernandes são pais A
F1-Cleoncio Gurgel Fernandes F2-Maria Joana Gurgel
F3-Cleodonia Gurgel Fernandes F4-Gisélia Gurgel Fernandes F5-Baltazar Gurgel Fernandes F 6-Maria José Gurgel Fernandes F7-Augusto Segundo Fernandes F8-Vicente Gurgel Carneiro. Apesar do nome de registro de apenas um constar O sobrenome ã Carneiros i porque os p aisis dede JcJoão Augusto iro, mas todos são e e Maria Sinésia Carneiro Fernandes Augusto o eram
Careiro
ã
dando-se a origem de seus parentescos dp
ea a Ver , Do segundo casamento de Eduviges com i Gurge | de Melo. O Edivaldo Gurgel, a Melo, nasceu Edivaldo y ido por todos em Caraúbas no seu trabalho prestado a na sua profissão de enfermeiro. No e E ua as separa À | na vida militar e viajou como marinheiro pe Gr rh e! ba Visitou cidades, como o Rio de Janeiro. Dessa a assim que, e enfermagem iênci de vida e um curso de experiência j imundo Benevides, passou a servir a Nos ano de 1950 e 1954 se elegeu vereador e e e mandato até novembro de 1957, quando renunciou para se candi o ao cargo de vice-prefeito pelo PTB com F. Magno de Oliveira, no-p o janeiro de 1958. juntamente a eleito foi inesperadamente, Edivaldo iss e io é a asim Jonas Gurgel que era da chapa que lhe fazia ...). Em 1960, Edivaldo assume o cargo de prefeito de i
pára à falecimento de Jonas Gurgel e cumpre 0 restante do om boa administração, até 31 de abril 1963. Edivaldo faleceu em
aa
julho de 1994, em Caraúbas. Deixando descendentes.
96
Dudé Viana ——>——
Antônio Adail Praxedes, nascido a 8 de julho de 1918, no Sítio Milagres, do Município de August o Severo, atual Campo Grande, casado com sua prima Hilda, filho de Manoel Maria Praxedes Piment a e Ana Mafalda Praxedes, foi vereador em Caraúbas por dois mandatos e em virtude do afastamento do presiden te da casa, assumiu por diversas vezes à presidência da Câmara. E qua ndo Jonas Gurgel faleceu e Ediv aldo assumiu o cargo de prefeito, o vere ador Adail foi o vice-prefeito. Desta mesma ramificação tem os o saudoso Álvaro Praxedes, Casado com Maria Olívia Mendes , pais de Baltasar Praxedes e avós de Cláudia Praxedes, entre outros... O saudoso Delfino Praxedes, pai de Elias e Dimas Praxedes Pimentas, entre outros... Turma de Alexandria
O casal Augusto Segundo Fer nandes e Raimunda Fernandes Benevides são pais de: F1 - Maria José Fernandes Gurg el — professora F2 — José Maria Gurgel — Físico Nuclear, Engenheiro Civil, PróReitor da UFPB em Cajazeiras. F3 — João Augusto Fernandes, Advogado, Delegado de Polícia no Acre, em Serra Madureira, Mano el Urbano & mora em Rio Bran co/AC. F4 — Abigail Fernandes Gurgel falecida em 1981. F5 — Raimundo Fernandes Gurg el falecido em 1986, falava fluentemente cinco idiomas (ing lês, francês, alemão, esperanto e espanhol). Trabalhou como trad utor oficial do inglês no Porto Ilha, em Areia Branca/RN. F6 — Augusto Fernandes Gurgel (Junior) Bacharel em Letras pela UFRN, funcionário público, mora em Baraúna/RN.
F7 — Rogério Fernandes Gurgel, Matemáti
co, Físico licenciado pela UFPB e UFRN, esta fazendo doutorado em João Pessoa, com sua esposa Marileide. F8 — Sebastião Fernandes Gurg el, Técnico Judiciário do Trib unal de Justiça do RN, bacharel em Ciências Econômicas pela UFRN e mora em Natal. TA
Saga Benevides Carneiro —— ————
97
no F9 — Margarida Fernandes Gurgel, Assistente Social da Natal, em mora te, estudan ao ncia assistê trabalha na reitoria, no setor de m Serviço Social. Angela | Fernandes Gurgel trabalha como Pedagoga em É mo Alexandria. ; F11 — Eduviges Fernandes Gurgel (Netinha). Na em F12 - Paulo de Tarso Fernandes Gurgel, pensionista e reside o dria. em — Carlos Fernandes Gurgel, bancário do Banco do Brasil sa Alexandria.
o O casal Vicente Gurgel Carneiro e Sebastiana Gurgel Carneir Sinhazinha) são pais de quatro filhos: filhos. i ME F1 — Valdivia Gurgel Carneiro mora em Natal e teve dois Janeiro de Rio no F2 - Vera Lúcia Gurgel Carneiro reside ira e teve cinco filhos. — Vitor Paulo Gurgel Carneiro tem um excesso de reias aii = Natal. (um computador humano) é aposentado do INSS, mora em Natal. em mora o F4 — Valfran José Gurgel Careir Joa e Amaral do Dona Sinhazinha é filha de Canuto Gurgel
de | Gurgel de Melo, fundadores de São Bento atual Janduís e são pais Moisés Gurgel, que é pai do tenente Moisés Gurgel filho. Gente do Sabe Muito
Reinaldo Fernandes Pimenta Filho, casou-se em 12 de janeiro de 1935, comà
jovem Gisélia Gurgel Fernandes. Gisélia
nasceu no Sítio São Bento, atual Município | de Janduís, é filha de João Augusto Fernandes e Eduviges Gurgel Fernandes, parenta próxima do Monsenhor Walfredo Gurgel. Dessa união nasceram OS seguintes filhos:
Anchieta Fernandes
98
:
F1 — Kerginaldo Fernandes Pimenta,
Dudé Viana —————————
nascido em Caraúbas, diplomado pela faculdade de Direito de Natal, casado com Geraldina de Medeiros Fernandes e teve dois filhos: Rodrigo e Poliana. F2 — Maria de Salete Fernandes Pimenta Tavares, nascida em Caraúbas, diplomada pela UFRN, viúva de Manoel Tavares. F3 — José de Anchieta Fernandes Pimenta, nascido em Caraúba s, jornalista que trabalha como pesquisador no Departamento Estadua l de Imprensa em Natal. F4 — Miriam Fernandes de Bittencourt Régis, nascida em Caraúbas, diplomada em pedagogia e habilitada em orient ação
vocacional pela UFRN, viúva de Paulo de Bittencourt Régis.
FS — laponira Fernandes Pimenta, falecida aos oito anos de idade. F6 — João Charlier Fernandes, nascido em Caraúbas, casado com Severina Marcolino Viana, teve o Glauber, pai de Natalia, cuja mãe é Márcia, sendo a menina a primeira bisneta de Reinaldo - e a filha Glenda.
F7 — Fernando Gurgel Pimenta, nascido em Caraúbas, diplomado
pela faculdade de Direito em Natal, casado com Sara Lordão (sem filhos), foi nomeado pelo Presidente da Republica Juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte. F8 — Irene Fernandes Gurgel, nascida em Caraúbas, diplomada em bioquímica pela Faculdade de Farmácia de Natal, casada com Judson de Sousa Dantas com quem teve dois filhos: Anderson e Anyele. F9 — Maria Célis Fernandes, nascida em Caraúbas, solteira, ela se aposentou em 12/11/2003, no cargo de Técnico do Seguro Social do INSS. E mora em Natal.
Um detalhe, a casa grande da Fazenda Sabe Muito é a maior
casa do Município de Caraúbas, construída em 1868. Turma do Sítio Cachoeirinha
Raimunda Benevides Alves, casada com Manoel Alves da Silva (Manoel Cosme), nome de solteira: Raimunda Crisostimo Benevid es. Ela era filha de Luiza Gonzaga Praxedes, conhecida também como Luiza
A Saga Benevides Carneiro
99
es e quatro Gonzaga Benevides. O casal teve nove filhos, cinco mulher netos:
O mia
Francisca Cosme, casada com Manoel Viana Neto
(Neto Cuti), tiveram 6 filhos: N1 - Marcio Maciel Viana N2 - Antônio Ivanilson Viana N3 - José Neilson Viana N4 - Rita de Cássia N5 - Maria Cassivania e N6-Francisco Lenilson. F2 - Luzia Benevides
Rafael Fernandes, político e empresário, que atualmente mora em Natal, entre outros...
Jeanie Nascimento, que mora em Goiânia-GO, é originária da cidade de Pau dos Ferros. À escritora Jô Benevides (Josileide Benevides da Silva), nascida em 22/05/1964, natural de Juazeiro - Bahia, criada no Rio de Janeiro, mas ainda na adolescência foi morar em cidades do extremo sul baiano. Autora de vários livrose filha de Maria José Benevides da Silva e Francisco da Silva. Jô Benevides mora em Camaçari - Bahia.
Turma de Macapá
F3 - Eugênia Benevides Filhos de Blandina Gurgel Carneiro, nascida em Caraúbas a 12/
F4 - Eufrásio Benevides F5 - Vicente Benevides F6 - Eunice Benevides F7-Luiza Benevides F8 - Jeová Benevides F9 - Pedro Benevides.
05/1920, e chegou a Macapá no ano de 1953, já casada com João Raimundo Praxedes, nascido em Apodi a 27/10/1921 e tiveram oito filhos:
F1-Raimundo Gurgel Pinto (Neném) nascido em Caraúbas a 22/
Carneiros do Maranhão
Júlio César da Silva, filho de José da Silva (falecido) e Maria do Rissa Socorro Silva, cc Elizângela Pereira dos Santos Silva, teve Julyelli dos Santos Silva.
Soares Neto de José Carneiro do Nascimento e Maria Raimunda
— Mozinha. e de Manoel Carneiro do Nascimento, casado com Maria º ro do Justina das Dores, 1º casamento, trineto de Agostinho Carnei ento. Júlio: Nascimento e quadrineto de Lourenço Carneiro do Nascim m Imperatriz-MA. Carneiro. ans "Estes Cainedié do Maranhão é uma ramificação dos
do Nascimento da Serra de Martins/RN, que na pessoa de Manoel lugar Carneiro do Nascimento chegou ao Maranhão, oriundo do mesmo
ceu a onde Manoel! Carneiro de Freitas morou inicialmente e aconte junção. É a mesma linhagem de Antônio Cameiro Filho, nascido em:
100————————
Dudé Viana ——————8
02/1948. Eng. Florestal aposentado do Banco do Brasil, tem uma filha. F2-Francisco Basílio Pinto Neto, nascido em Caraúbas a 27/10/ 1949. Pedagogo e tem uma filha. F3 - Maria das Graças Gurgel, nascida em Caraúbas a 19/10/ 1951. Formada em letras. F4 - Paulo de Tarso Gurgel, nascido em Caraúbas a 23/12/1952. Bacharel em Turismo e Licenciado em História. Tem duas filhas e um neto: Vitória Carolina de Lima Gurgel (advogada), nascida a 21/09/1985, em Macapá, filha do primeiro casamento e Bárbara Martins Gurgel, com 14 anos, do segundo casamento com Dalvaci do Socorro Martins, professora de francês.
F5 - Maria Gorette Gurgel Praxedes, nascida em Macapá a 27/ 11/1854. Bibliotecária da Embrapa em Campinas - SP.
Tem um filho:
Lucas Gurgel Praxedes (16/12/1984), eng. elétrico. F6 - José Gurgel Praxedes (Zeca), nascido em Macapá a 18/03/ 1956. Taxista e Nutricionista, casado com Maria do Socorro Praxedes e tem um casal de filhos: Camilo Benevides Praxedes e Felícia Benevides Praxedes, que está no 6º período do curso de medicina na UFPA, em
Belém.
A Saga Benevides Carneiro
101
F7 - Glória Maria Gurgel Praxedes, nascida em Macapá a di
10 - Otniel Garcia Medeiros 11- Itai Garcia Medeiros. F2- Maria do Céu Medeiros (Ceuzita), nascida a 12/05/1937, em Janduís, mãe de um casal de filhos: 1 - Leila Rosana Medeiros, nascida a 28/01/1958, em Belém do Pará, formada em Bibliotecária pela UFPA, em Belém, é funcionaria do Ministério da Agricultura, mas foi transferida para Natal, onde mora e
957. Bacharel em História. F8 - Miguel Ângelo Gurgel Praxedes, nascido em Macapá a 18/
03/1961. Taxista e formado em Administração.
|
F9 - Sílvia Mônica Araújo dos Santos, nascida em Macapá a 23/
05/1974. Pedagoga e artesã. Mora em Franca-SP.
Maria Benevides Gurgel (Maria Gurgel Medeiros) casada com Francisco Justino de Medeiros, tiveram três filhos:
F1-Severino Gurgel Medeiros, casado com Celeste Garcia Medeiros, tiveram 11 filhos: 1-Evangel Garcia Medeiros 2-Adiel Garcia Medeiros 3- Severino Gurgel Júnior 4Caleb Garcia Medeiros, amapaense, nascido em Santana-AP em 03.09.1961,
estudou no Colégio Militar de Manaus. Oficial da Marinha de Guerra do Brasil; Graduado em Matemática e Bacharel em Direito ambos pela Universidade | Federal do Amazonas. ExDelegado de Polícia do Amapá; Procurador do Município de O Advogado Caleb Garcia Macapá e advogado militante, assessoria às Câmaras é especial em público, direito de na área Prefeituras Municipais. 5-Geiza Garcia Medeiros 6- Marta Garcia Medeiros 7-Josué Garcia Medeiros x a 8-Heman Garcia Medeiros (falecido 9- Naira Garcia de Medeiros, a mãe do Hendrio que conheci em
5)
Natal.
102
trabalha.
2 - José de Arimateia Medeiros (J.Medeiros), nascido em Macapá a 15/03/ 1959, é radialista e mora em Macapá.
Leila Rosana
Dudé Viana ———————————s
F3-Luzia Gurgel Fernandes, casada com Clodoveu Fernan des de Oliveira, tiveram dois filhos: 1- Marcos André Gurgel Fernandes. 2- Sandra Márcia Gurgel F. de Lima. Moram em Recife/PE Em Caicó Maria do Ó da Silva, filha de Severino Estolano Benevi des Carneiro & Porcina Leonor de Sousa. Neta de Alexandro Benevides Carneiro e
Maria do Ó Neta. Casada com Francisco Felix da Silva, funcionário público estadual, tiveram dois filhos: Carlos Alberto de Sousa e Jade Medeiros da Silva. Moram em Caicó. Em Assu
Juca Benevides Carneiro, deixando descendência. Como também os Carneiros que foram de Assu para Angicos: Bevenuto José Carneiro (Nonuto) e seus irmãos: Franci sco Cerneiro, Luiz Carneiro e José Carneiro, ambos moravam no Sítio Santa Tereza,
no Município de Angicos, onde Nonuto Carneiro se casou três vezes: 1º
mulher foi Cândida. 2º Francisca. 3º Maria da Conceição (Dindinha) e >>
À Saga Benevides Carneiro — >>
103
o e após o casamento foram morar em Cruzeta, onde Nonuto Careir ão. Conceiç Luiza 2ão. Conceiç da a Dindinha tiveram 6 filhos: 1- Umbelin “nb João 5 (Titico). o 3- Adaiva da Conceição. 4- Francisco Careir e e 6- Luiz Careiro, que morava no Sul. Já “Benevides Carneiro, filho E da dos casamentos anteriores de Nonuto, casou-se com Raimun a f da Dindinha, esposa de seu pai. Pai e filho: casaram-se com duas E Raimunda e Benevides tiveram vários filhos e um deles é reside e Vive es. Benevid de ho Carneiro, mais conhecido como Joãozin Lourdes da Conceição (neta de Bevenuto Benevides) o a envolveu em um acidente de carro (a colisão de um caminhão a Santana Quantum) no final da Reta da Tabajara, em Macaíba, no às 009, 16/01/2 dia no -304, BR Seridó-Natal, no quilômetro 287 da No local do acidente morreu o condutor do carro e saíram a ou Maria cinco pessoas. Duas adolescentes faleceram dias depois e Lourdes ficou internada até 22/07/2009, quando foi a óbito.
se o : ' pe:
Padre Benevides: Na trilha do bem am o es filho de mandes, nasceu no de Caraúbas/RN. Filho de Rh > facas je caindo agricultor, ele ajudou nas lutas de casa e nos trabalhos do campo. Aprendeu desde criança a amar a terra onde nasceu, embora muitas vezes castigada pelas secas. Por falta de escola na terra natal, para começar os estudos, teve que sair de casa e passou a morar com o avô paterno Sr. Lourenço Gurgel do Amaral, na fazenda Ursulina, Município de Caraúbas. No então Grupo Escolar Língua de Vaca, na Várzea, o menino Padre Raimundo Benevides Raimundo Benevides Gurgel cursou acervo de Orley C. Gurgel O Padre Raimundo Benevides
104————————
Dudé Viana ——————————
dois anos do primário. Saindo da fazenda Ursulina, foi morar com a tia, a Sra. Nazinha, em Caraúbas, continuando seus estudos primários. Os sentimentos religiosos de sua mãe marcaram-lhe a infância. Com 9 anos incompletos, fez a primeira comunhão no dia em que seus pais celebravam a missa em comemoração aos seus 10 anos de casamento, que ocorreu na sala da casa do sítio. Com os pais, morando noutro sítio, perto da cidade, concluiu o primário e fez o Curso de Admissão. Nessa época, cai-lhe nas mãos uma propaganda dos Salesianos. Gostou do convite e quis conhecer a organização, viajou para Recife, sede dos Salesianos do Nordeste do Brasil. Consulta o pároco da cidade e os pais. Mesmo sentindo a partida e ausência do filho, os pais concordam. Em fevereiro de 1949, com outros adolescentes, parte para Recife. De lá vai até Jaboatão, onde foram recebidos e submetidos a um exame. Tendo passado neste exame foi mandado para o Aspirantado Salesiano do Recife, que funcionou por vários anos no Colégio Salesiano Sagrado
Coração, naquela cidade. No colégio Salesiano Sagrado Coração fez o
curso ginasial. No dia 31 de janeiro de 1954, professa os votos de pobreza, castidade e obediência, na Congregação Salesiana. Neste mesmo ano, viaja para São Paulo, vai para a cidade de Lorena, onde cursa os estudos filosóficos na Faculdade Salesiana de Filosofia Ciências e Letras. Volta para Natal e assumiu a sua nova missão: trabalhar com adolescentes. Começa neste período a sua experiência de professor. A etapa do tirocínio dura três anos. Terminado este período, viaja para São Paulo para começar os seus estudos Teológicos no Instituto Teológico Pio XI, na Lapa capital paulista. Depois viaja para a célebre cidade de Salamanca, Espanha, cidade medieval, culta e religiosa, para licenciar-
se em teologia Dogmática.
No dia 1º de dezembro de 1965, o Padre Benevides celebra a sua primeira missa em Caraúbas, sua terra natal, ladeado por seu primo Monsenhor Raimundo Gurgel, que na ocasião comemorava 25 anos de vida sacerdotal. Terminados os festejos, ainda celebrou algumas missas
no Igarapé e adjacências.
Nos fins de 1973, viaja novamente para Europa, vai para a Roma, fez o curso de Ciências da Educação com especialização em pastoral catequética.
A Saga Benevides Carneiro
105
Em 1976, volta para o Brasil, fixando residência em Recife. Em 1980 é nomeado diretor do Colégio Salesiano Sagrado Coração, em Recife, onde foi aluno dos anos 1949-1952. Nos fins de 1981, veio a
nomeação para ser Inspetor, ser o Superior dos Salesianos do Nordeste
do Brasil, na área que vai da Bahia ao Ceará. Fica no cargo por seis o
anos.
ea
Em 1990, por ocasião dos seus 25 anos de sacerdócio, a paróquia de Caraúbas e a família prestaram-lhe sentida e reconhecida homenagem. Foram duas festas. Uma na paróquia da cidade e outra, no Igarapé. Em 1994, ano do centenário da chegada dos Salesianos ao E Nordeste é mandado como diretor do Colégio Salesiano Sagrado
Coração, em Recife. Comemora, com vários eventos ao longo do ano, Seu mandato durou nove anos. Neste período nasce a
o
Salesiana do Nordeste (FASNE), funcionando no mesmo colégio, onde
o Padre Benevides foi o seu primeiro Diretor.
o
No ano de 2003, deixa a direção do Colégio do Recife. Assume outra, a da Casa Sede da Inspetoria Salesiana do Nordeste do Brasil, em
Recife, onde permanece até hoje. José Daniel Carneiro
(o bom de laço) O meu pai foi o único, que de acordo com sua certidão dei nscimento, nasceu no Sítio Ursulina, vizinho do Sítio Lingua de Vaca, onde nasceram os seus irmãos. Mas eu acredito ser um erro da certidão. O meu pai é um homem: do tipo que só pensa em três:
& lu ssá.
(a
coisas: mulher, gado E chegou ao Poço ainda criança e vive dias atuais, cuidando
.—
José Daniel foto de Henrique José
106
Dudé
Viana
e cavalo. | Redondo| lá até 08! das lutas:
do campo, apesar do Poço Redondo não ser mais a fortaleza que era na criação de gado, equinos, caprinos e lanígeros. Da casa da fazenda só restaram ruínas, algumas vacas e a lembrança de Hermano Fernandes. Depois da morte de seu Hermano, a fazenda melhorou na parte de água. Antes só havia o Rio do Mari que passava pelo meio do sítio. Hoje se contam seis açudes e mais uma barragem no Rio do Mari. Durante as minhas pesquisas para a realização deste trabalho , voltei ao Poço Redondo por duas vezes e em uma destas idas, acompanhado de Celinha Benevides e os irmãos e amigos Macário e
Tião de Hermógenes, em 18 de setembro de 2005. Neste dia, meu pai
muito contente, me narrou uma bravura sua que de início duvidei por causa de sua idade avançada, seus mais de oitenta anos. Mas O Macário e o Tião confirmaram a tal valentia dele. Convidado, ele foi à fazenda de Nanô, filho de tio Pedro Ivo, para laçar algumas vacas e bois que o Tião, que é técnico Veterinário, precisava amarrar para medicá-los. Meu pai, com fama de bom laçador, foi para o desafio onde o próprio irmão dele, 0 tio Pedro, dizia que ele não conseguiria mais laçar gado nenhum : “que 0 tempo dele havia passado”. No total foram vinte laços certeiros e muitas comemorações com direito a recitação de versos, como este, que pai criou de improviso depois que algumas mulheres bonitas batera m palmas para ele:
Dos filhos de Eu era o mais Só tinha duas Sem mangas Um chiqueiro E um cercado
minha mãe pobrezinho camisas e sem colarinho sem porteira sem caminho.
Osvaldo Carneiro (17/08/1 938) Osvaldo Carneiro, mais conhecido no mundo esportivo como Piaba era um garoto apaixonado pelo Sport Clube de Remo, que atravessava a nado o Rio Potengi, indo do cais da Tavares de Lira até a Praia da Redinha, bravura que lhe rendeu o apelido de Piaba. Ele ganhou
>>>
À Saga Benevides Carneiro
107
a fama de jogador duro porque jogava com o dedo quebrado, costela fraturada ou qualquer outra contusão. Usava chuteiras 43/44 que chutava para longe da área. Piaba tinha o respeito dos adversários por ser um grande atacante e isso antes de ser zagueiro. Podemos afirmar sem medo de errar que ele foi um dos jogadores mais importantes da história do futebol potiguar e apesar de ser apaixonado pelo ABC, jogou em outros times como América, Alecrim e COSERN. Osvaldo Carneiro
Westerlley Benevides Carneiro Eloi dns leiro, nascido a 20/06/1992 em Fortaleza-CE. ome pai ea jogando em Caraúbas, depois foi destaque em
Mossoró,
em
2008
chegou a Natal para
jogar no ABC-RN, no qual jogou durante os anos de 2008 e 2009, e a
eo
de
2010
para o América-RN.
Academia Mundial de Saúde e Comendadora da Cruz de Malta por seus trabalhos científicos. Criadora de inúmeros métodos de reanimação humana, uma especialidade na área de anestesiologia. Casada com o Conde Sergio Meignan, tiveram três filhos: F1-Lally Meignan, que estudou Medicina e Direito, é atriz comediante. F2-Vanessa, diplomada em Psicologia. F3-Felipe, preferiu ser Laly Carneiro jornalista. No ano de 1964, Laly cursava medicina e participava ativamente do movimento Ação Popular quando em 01 de abril, por força de um golpe, os militares assumiram o comando do país. Nessa época, Laly Carneiro era moradora da Rua Juvino Barreto nº 222 na Cidade Alta, centro da Cidade do Natal, e tinha como vizinha à amiga Maria Cleonie Maia, com quem trabalhava nas secretarias de Saúde e Finanças (atual de tributação) do Estado.
foi
Quando
foi pre-
Nossa Condessa-cientista
do Serviço de Anestesia e Reanimação do mesmo hospital, membro da
108
Dudé Viana
Conceição
e Piaba
irmãos
de
sa pelo Exército sob a acusação de atividades estudantis subversivas, Laly foi retirada de uma sala de aula da Faculdade de Medicina e levada para o quartel do 16º RI num Jeep por militares fortemente armados, e foi submetida a um interrogatório que entrou
Westerlley Benevides
Dra. PhD Maria Laly Carneiro Meignan, nascida em Mossoró, no dia 01 de julho de 1937, médica do Hospital Saint-Anne em Paris, Chefe
Laly,
Laly
pela noite, depois a colocaram em uma cela,
a
a
ar
Gorete - irmã de Laly
é:
onde esteve incomunicável o prefeito Djalma Maranhão.
A Saga Benevides Carneiro
109
“Laly viveu os momentos mais dramáticos de sua experiência de
prisioneira política. Saciados em seu sadismo, conduziram-na, depois para a cela da prisão onde se encontrava quando chegamos. Laly nos recebeu com um sorriso triste, abraçou-nos fortemente e muito trêmula. Procurava acolher quem não queria ser acolhida; eu queria sumir e não existir" (GALVÃO, 2004, p.152). Quando Mailde Pinto Galvão (autora do livro, 1964. Aconteceu em abril) foi presa no dia 19 de junho, encontrou Laly Carneiro que já estava ali há oito dias (p.152). A cela era um quarto com as janelas fechadas e por esse fato, Laly passou a sentir fortes dores de cabeça e apelou para o oficial de dia para que abrissem as janelas para a entrada de ar, porém elas foram autorizadas abrir apenas uma janela e por ela, dava para ver a Avenida Hermes da Fonseca. Assim, começaram a receber ar puro e ganharam um pouco de vida olhando a paisagem. Certa noite quando elas já estavam deitadas e com a luz apagada ouviram uma voz masculina próxima a janela, dizer: “Eu quero
a Loira!” e Laly era a única que usava os cabelos loiros entre as quatro
que estavam na mesma cela. Passaram O resto da noite com muito
medo. No dia seguinte não tiveram coragem de contar o episódio. Noutra
noite, acordaram com os gritos de alguém que estava sendo espancado próximo da janela interna da cela delas: “o torturador que batia exigia do preso a confirmação de que Laly e eu nos encontrávamos em determinada reunião”. Aos gritos indagava: “Laly estava lá?” — “Mailde estava lá?”. O preso só gemia. As lembranças deste episódio foram avivadas por Laly. “Na minha memória elas chegam pesadas e escuras”
(GALVÃO, 2004, p.154-155).
As outras duas colegas de cela de Laly eram Maria Diva da Salete Lucena (licenciada em História, ex-professora do Atheneu e do Ginásio Municipal de Natal, consultora de empresa e escritora) e Margarida de Jesus Cortês (mestre em Pedagogia, professora da UFRN, ex-diretora do Centro de Formação de Professores da Campanha “De pé no chão também se aprende a ler"). Mailde era ex-diretora da Diretoria de
Documentação e Cultura da Prefeitura Municipal de Natal, era ex-
funcionaria do Departamento de Correios e Telégrafos, ex-chefe de
Gabinete da Secretaria Estadual de Saúde e Chefe de Gabinete da Secretaria de Trabalho e Ação Social.
110——————
Dudé
Viana ————
O chamado inquérito da subversão era presidido pelo delegado Carlos Veras e José Domingos. Mailde diz ainda que Laly aniversariou na prisão aos beijos e abraços sem maiores tristezas, mas também sem alegria. De tarde Laly, pela grade, avistou sua família chegando e que traziam presentes e bolo, mas o oficial de dia não deixou que chegassem perto, eles deixaram os pacotes e saíram sem poder dizer uma sequer palavra. Para quem clamava por transformações da sociedade brasileira por meio de um processo democrático e que levantava a bandeira da não-violência, Laly não escapou das perseguições promovidas pelos golpistas. Perdeu os sonhos de construir um Brasil mais humano e bateu na porta de outro país. No ano de 1965, com 28 anos de idade buscou exílio em Paris, em território francês o diploma universitário daqui não garantiu o exercício da medicina lá. Dessa forma, trabalhou primeira como assistente estrangeira numa maternidade, cursou Medicina dia : ingressou no Doutorado. Em seguida casou com um Conde o arquiteto aa Serge x : Meignan, end consegui seguindo a cidadania| francesa e foi | mãemãe Maria os golpistas entrevista ao científico, que
Laly Carneiro Meignan é um talento médico-científico que equivocadamente exportaram para o mundo. Em uma Poti Laly disse: “eu tenho uma posição hoje, no mundo é a melhor possível, graças ao golpe de Estado e graças
ao meu trabalho” (CÂMARA, 1992, p.8).
-
Em março de 2004, a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte prestou uma homenagem aos que foram presos em 1964, 40 anos de resistência e memória, ocasião em que Laly Carneiro foi convidada e marcou presença. Na data de 18 de maio do ano de 2006, Maria Laly Carneiro Meignan recebeu o maior prêmio Francês, medalha e diploma de grande honraria “Cavalheira da Legião de Honra,” no salão nobre Pirrotet, da Prefeitura de Paris. Virou quase uma obsessão do artista plástico Rogério Dias, cobrar
uma homenagem à altura para a Doutora Laly Carneiro, médica nascida
em Mossoró, com raízes em Caraúbas. Finalmente, ela Foi agraciada pelo conselho universitário- CONSUNI da Universidade Estadual (UERN)
com o título máximo dessa instituição de ensino superior Doutora Honoris
A Saga Benevides Carneiro —————
444
Vandilson Ramalho de Oliveira, nascido a
Causa. A reunião aconteceu em Mossoró no dia 30/07/2010, às 09h, e foi dirigida pelo Reitor Dr. Milton Marques. Uma homenagem justíssima.
28 de janeiro, em Caraúbas, filho de
Sobre a atriz
Laly Meignan, atriz francesa de origens | caraubenses, filha de Laly Carneiro Meignan, Atriz an Laly Meign estudou Medicina e Direito, mas optou pela vida sos. suces de uma carreira ive isti aos 28 anos foi capa da Télé Star — le magazine ba des Stars (a revista das estrelas), pelo sucesso adquirido com os seriados “Helena e seus rapazes”, “Férias de amor”, difundido no domingo 29 de setembro de 1996, às 18h na TF1, passando por “Milagres de amor”. Laly Meignan, sedutora, doce e reflexiva, a comediante que consegue fazer de um personagem marrento e metido, em divertido e adorável. Laly construiu passo a passo Sua o carreira. jornalista à as págin duas de Na entrevista Laly Meignan - Atriz Isabelle Morand, de uma peste", rio contrá o Laly falou: “Sou et. Bourgu es fotografada por Jacqu
Francisco de Oliveira Melo e Júlia Ramalho de Oliveira. Já foi Diretor da Escola Municipal Jonas Gurgel, Secretário Municipal de Educação de Caraúbas, Escrivão Substituto do 2º Cartório Judiciário de Caraúbas, de 1993 a 2000, e Juiz de Paz. Atualmente é Servidor do Tribunal de
Justiça do RN, cargo Auxiliar Técnico com
lotação no Fórum Theotonio Neves de Brito,
em Caraúbas. Professoder História na Rede
Vandilson Ramalho
Municipal de Ensino da Prefeitura de Caraúbas (cedido pelo o Núcleo Avançado de Educação Superior de Caraúbas, da UERN, na função de Secretário Geral). Colunista Social do Jornal de Fato, com uma coluna diária. Graduado em História pela UFRN, Campus Mossoró; PósGraduado com Especialização em Gestão Escolar e Educacional pela Universidade Estadual Vale do Acaraú-Ceará. Atualmente acadêmico de Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Potiguar, Campus - Mossoró. Lucélia Benevides Carneiro - passou no seu primeiro vestibular na UFERSA (Universidade Federal Rural do Semi-Árido) em 15/01/2009 com 18 anos, para o curso de Zootecnia na 11º colocação. Em 10/07/2009 passou no vestibular para Engenharia Civil na UNP (Universidade Potiguar)
hoje se encontra cursando o 3º Período de Engenharia Civil.
Top Model
Vitória Regina Praxedes, uma jovem de
17 anos, prima de Laly, com todos os requisitos de uma modelo e com um diferencial: “o perfil de modelo sertaneja”. Vitória, nasceu no Sítio Poço Redondo, onde mora até hoje a aspirante a “Top Model”.
112————
= Vitória Regina
Dudé Viana ———4
Lucélia Benevides
à ads Dra. Simone (Médica)
A EA Carneiro
Felícia Benevides Praxedes (6º período de Medicina)
A Saga Benevides Carneiro ————
4 13
|
.
fiador
porta do fundo aberta. Então fizeram um cerco à casa e um perguntou:
Maurício um traball a
“Tem alguém ai?” Escutaram uma pancada no interior da casa,
no Rio de Janeiro
mais precisamente no quarto. A casa era sala, quarto e cozinha. Então um se posicionou na porta da frente, outro na porta da cozinha e um terceiro na
Maurício trabalhou primeiro na empresa de
No Rioi de end j
janela do quarto, os outros dois deveriam entrar na casa, mas a casa estava eã escura que dm- nai ca cuiaPr dia * Gritaram novamente: em alguém aí? arulho dentro da casa continuava, cada vez com maior intensidade, dando a entender que era
daauríe depois foi para a oficina de pintu ; ra €
ônibus Redentor como p da freguesia em Jacarepaguá, onde lanternagem, Auto Pestana, no largo ss E ando deu a loucura de voltar
ficou trabalhando até o final dos anos para Caraúbas. Maurício no Rio,
70, q
m Lúcia Gonçalves, uma:
rg
jovem da cidade de Colatina, no Espírito É
a
Alguns fumavam cigarros, outro fumava fumo de rolo e um deles mascava
São Paulo, morei um tempo
ano que cheguei ao Rio, antes de ir para com o casal. Em Eb
mesmo o Toinho da Cachorra e que ele estava apavorado, sem saída,
e viviam muito bem. No
fumo, a cada três ou cinco minutos dava uma cuspi da no chão, mas não entra
vam na casa por causa da escuridão. Deram alguns dispa ros para
irinho sai de casa e se profissionaliza em dad iovem. Para exercer a profissão de jogador, rm
dentro do imóvel, mas não saiu ninguém e as panc adas aumentaram. Foi quando pia E pa teve a . de tirar a própria a
O
K
jogo de baralho ainda bastante
.
jo le mesmo era quem ganhava no jogo.
aprendeu alguns truques que só ig Ninguém ganhava, nem com mágica E
e Caraúbas
, por um sujeito! em um baile perto do atual dg et Ferreira da Silva), paraibano: conhecido por Toinho da Cachorra (An irinho um cigarro, enquanto Quando este pediu
an
uma facada na
altura do eirinho lhe dava o cigarro, E ae rea Cam fígado. Operado na mateternidade, , Carneirinho morreu durante a cirurgia, r O criminoso fugiu.
inho
,
.
“
revólver na outra, recomendou os outros que guar davam as três saídas da casa, que não deixassem o cabra escapar e entrou de casa adentro
acompanhado por outro colega do grupo, que estava com um revo lver
numa mão e uma faca peixeira na outra mão, quando se aproximaram do quarto, Dedé deu um tiro para dentro do mesmo, quando saiu correndo daquele local uma vaca velha, que só tinha pele e osso. A decepção foi grande. Toi h a inh d oinho da Cachorra, jove m que tinha esse apelilido, segundo
Na tentativa de pegarem
Mossoró, acompanhado por um soldado cansado e doente que
e o. se revezaram duratil
ao ver Tico, que era irmão de Carneirinho, de arma na mão, desmaiou sem nada poder
sdiii ada quando o segundo
€ que estava algemado com cordas. Quando 0 trem parou na estação do km 101, Tico Careiro entrava e saia de vagão em vagão até chegar o último
da
Cachorra, dez homens em
ti dé
fazer em defesa do preso que viajava no último vagão do trem
dez cavalos divididos em dois e dão ii saia após o almoço€ quarenta dias e quarenta noites. O p dras, espin hos, cobras venenosas ficav
a na mata, caatinga cerrada, ia E
lagartos, peba e tatu, até às duas nes grupo entrava em campo & rs
114
.
dizem, porque matou uma cachorra com muitas facad as.
ii
noite de lua cheia,
..
Toinho passou OS quarenta dias e as quarenta noites comendo melancia nos roçados da região até ser preso. O criminoso estav a sendo levado de Caraúbas para
Caçada ao crimino
grupo estava Fo
,
amarrar numa vara e botar fogo, com a tocha acesa numa mão eo
ilagre! a ii 30 de junho de 1976,
Antônio Gilberto, O Pe
+
Ra
e
NT psi
Dudé
. Viana
, onde estava o seu alvo e efetuou vários disparos. Depois que
a horas No segundo a de busca, enl
matou Toinho da Cachorra, Tico Carneiro desceu do trem em movi mento, voltou para a estação do km 101, pegou o fusca que usou para seguir o
velha abandonada e com
trem e saiu em direção a Caraúbas com a vingança resolvida.
o
TA
Saga Benevides Carneiro
115
continuei na mesma profissão de músico e nessa época conheci Maria Zenaide, escrevi o musical infantil: “O Sol, o Vento e a Chuva”, e fundamos o grupo de teatro “Sem Nome”. Nós ficamos dois anos trabalhando no Rio de Janeiro com essa peça. Maurício ainda
Bangue-Bangue bangue-bangue, como nas Passado algum tempo ocorreu um e-americano, bem no centro de melhores épocas do Far-west nort Floriza. Tico Carneiro e Dedé de Caraúbas, próximo ao café de dona e troca de tiros que promoveu a Soriano enfrentaram a polícia. Houv final de um sábado, dia de feira na correria das pessoas pelas ruas no Dedé de
a de uma arma do cidade. A confusão começou por caus ao entrar na , que não tinha nada com o caso,
Soriano. O Tico Carneiro tiros que lhe deixaram paraplégico confusão com a polícia levou seis dimento com o soldado Jales, que (dias antes, Tico teve um desenten dade onde ocorreu o tiroteio). era seu amigo e que estava em ativi levava a sua vida como a da No Rio de Janeiro, Maurício Caeiro O trabalho. E era assim todo santo maioria dos brasileiros: de casa para um assalto praticado por quatro dia, até o dia que sofreu em sua casa s (ainda bebê) de refém. Acriança marginais que fizeram uma de suas filha janela. Vendo uma arma apontada dormia em um berço próximo a uma ício se viu obrigado a entregar à em direção da cabeça da criança, Maur marginais. Eu e Elcinho, irmão de sua arma e abrir suas portas para OS mesmo bairro e também fomos Maurício, morávamos numa casa do inais. Parece praga de Chica assaltados pelos mesmos quatro marg um tiro de raspão no ombro. Cancão, pois eu, ao tentar correr, levei O Maurício. Eu já havia O Elcinho trabalhava na oficina com tempo em São Paulo e estava de morado um tempo no Rio, outro bom dividir o aluguel com Elcinho, o que volta ao Rio. Maurício me pediu para levávamos para O quarto. Quando era bom por causa das namoradas que namorada do outro, levava alguma um estava sem namorada a própria ário. Era um quarto suite com duas colega solteira para O cunhado solit tudo que rolava com O outro casal. camas, de forma que cada casal via se ouvia... Quando um ficava sem Mas de noite se apagava a luz, aí só deixar o casal numa boa... Isso era namorada inventava uma saída para fomos morar em Marechal Hermes, combinado. Mas depois do assalto na casa da prima Maria da Paz. ou de trabalhar em oficina O Elcinho mudou de profissão, deix uita, no bairro do Botafogo. Eu para ser motorista de madame Chiq
116————
Dudé Viana
es
continuava revoltado com
os quatro bandidos que praticaram o assalto. Nós havíamos prestado queixa na 32º DP do Tanque em Jacarepaguá, como também reconhecido os
84:
|
sujeitos através de fotos.
Dude Via, Maia Zençli E
Loê ipa
O
va”. RJ 1978. Foto: Wagner
pia Maurício trabalhava à
na
oficina
há
muito
tempo, desfrutava da , amizade de alguns policiai da 32º DP e de um do Batalhão da PM que fica no em Biro o
,
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ps
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Mas apesar de ter realizado a vingança que tanto queria, Maurício
A Saga Benevides Carneiro ——————
417
não estava conformado com a situação do Tico Carneiro, seu au cel em Caraúbas que estava paraplégico e toda hora Re e E me sua Lúcia, voltaria aquela região para fazer vingança. ke e ; o me contava da mudança do comportamento dele e do que ie ' da história| de tio Antonino, heguei a conversar com ele e O lembrei val O ori id não leva a lugar nenhum, a ni
sando um tempo e as coisas
do
;
m neo Zenaide em turnê pelo Nordeste. Quando nessa pon a ie A apresentamos em Recife, João Pessoa, Natal, Macau, aa 7: Pau dos Ferros, com o show À força das Marianas. Ape nosso show no Teatro Alberto Maranhão, foi com a Bento Manoel de Medeiros (Coronal Bento), que foi lá para o me ver e falar do meu tio Antonino, de quem ele gostava. aa Quando regressamos ao Rio, não encontrei cp no na 5| Ú . Saiui com Toininho, ; irmão de Doutor para Caraúbas ido e filhos, cujo objetivo da volta era para pd raça Esperança Ltda de Doutor Benevides e a poi E No Conter b fci como Camininhoneiro. Passado a erente e Maurício a Vegas com junto e é sua parte para o Chico Barreto ndo in a a “Cerâmica Irmãos Benevides” em Felipe Guerra ia a apropriado para a fabricação de telhas e tijolos, barateando a p
Maldição no Centro de Patú vg ita É Contam que os criminosos já chegaram ao pa o 40 pi ed mui ficou outra e pessoas três ou duas morreram atirando, avingança de Maurício contra o soldado Jales, que od ma à far iroteio. .E roteio, nãonã tendo a mesma s eo sp ap dizem, foi i o solda do o responsavel ável pelopelos Segundo
tiros poa que deixaram is, Tico O8
To paraplégico. Parece mesmo uma praga como já pg á 4 fato este que saber em só Dói amigos. foram sempre Jales, i trágico para ambos. ad Lis a none Maurício, Vanzinho e, entre outros, Dedé e). O Dedé de Soriano, que es teve com] Tico no tiroteio de. aa que não estava no tiroteio de Patú. Precisou ficar algum ah
118
Dudé
Viana
tempo como foragido da polícia, porque ela acreditava se tratar do mesmo Dedé. Mas este Dedé que esteve em Patú era o Dedé cearense, segundo me contaram. O Dedé cearense em 1982 se envolveu no roubo dos 94 milhões e acabou gerando uma enorme confusão de nomes para a polícia. Essa confusão foi, no mínimo, muito favorável à polícia, pois ela se saía bem na impr
ensa, como se tivesse resolvido um caso grande na
Região Oeste, apesar de ter realmente nas mãos um inocente. O equivoco do nome Dedé, pelo o meu Dudé, me fez injustam ente ver o sol nascer quadrado. Dudé, menino cativo Eu nasci em 05 de julho de 1950, no Sítio Poço Redondo, no Município de Caraúbas distante 18 km do centro da cidade. Meu pai José Daniel Carneiro era o vaqueiro da fazenda e tomava conta do gado e de outros serviços do campo. Aminha mãe Antônia Ayres Viana (Antônia Ayres Carneiro), cuidava da casa e das crianças que nascia uma a cada ano. Foram catorze anos de casament o com catorze filhos. Morreram cinco ainda bebês, ficamos nove, dois homens e sete mulheres, sendo eu o segundo mais velho de todos os filhos. No ano que eu nasci a minha irmã mais velha por não saber falar José me apelidou de Dudé. Em 1958, quando meus pais se casaram no civil, eu e meus irmãos fomos registrados no 2º Cartório Judiciário, todos no mesmo dia. Com tantos meninos e registros em um só dia e naquela de quem era quem, em 30 de agosto de 1958, meu pai esqueceu -se de declarar meu sobrenome e me registraram
só como José Filho. Algumas pessoas me
encarnavam: “mas José filho de quem?”. “José filho de José”, dizia eu. Em 1992, o meu nome foi retificado para José Vian a Ramalho. Coloquei Ramalho, sobrenome do meu avô paterno, por conter 7 letras. Fiquei gostando do Número 7 depois que fui inocentado por 7x0 do crime que não pratiquei. O meu avô, João Francisco Viana, gost ava muito de cantoria e vez por outra reunia dupla de cantador es da reg ião em sua casa para uma hoite de cantoria. Aos cinco anos de idad e j á me deliciava em ouvir os tantadores e seus repentes. Eu tinha um ti o de nome Cesário Boágua Que era violeiro cantador, residente na cidad e. Ele sempre pernoitava na A
Saga Benevides Carneiro ——
119
entações nos sítios minha casa quando ia ou quando voltava das apres já nessa época eu vizinhos ao Poço Redondo. Lembro disso porque
com tiras de cama gostava de música. Eu mesmo inventei o meu violão
lata de goiabada. Aos de ar e prendendo sobre uma ripa pregada numa e que um feirante humild ha dez anos aprendi a tocar gaita. Era uma gaitin arranhada. Como toda de Umarizal deixou cair e de tanto ser pisada ficou i a tocar O aprend logo não prestava mais para vender, ele me deu e melhor de Luiz Gonzaga. , porque Durante a minha infância não tive tempo livre para brincar ou doente vaca uma ar procur havia sempre muitas tarefas para fazer: . cavalo num banho dar uma cabra perdida, cuidar de um animal ferido ou boi, o tangia o quand O jeito era trabalhar e brincar com os animais Umari (Rio do Mari) Rio 0 ssava atrave o quand quando andava a cavalo, que, quando eu a nado ou quando ia de casa até a fazenda, de modo ar (tirar leite) ordenh a pai meu o tinha sete anos já trabalhava. Ajudava era época de eava, das vacas, € na seca, quando o rebanho se escass o engenho. rodar moer cana. Eu trabalhava tangendo os bois que faziam da madrugada e Começava com a primeira dupla de bois às três horas
tarde. ja até às dez horas, a segunda dupla de bois ia até as duas da irmão de um João, tio e ar Gesam eu, e o verão (na seca):
pi co
o entre outras caças. Dos preás, uma parte eu matava RD + Outra parte vendia para os bototecos de Caraúbas í e Umarizal E a artos tirava | a pele e vendi ia por um dinh inheieiro que garantiai a ea nata eu so caçava pela grande necessidade. raia ia ds Ms numa casa de família como babá, isto depois de o mpo na casa de tioti Augusto Segundo Fernandes em e Ão id
e o Íti para a cidade com toda a família sítio eu tio Antonino. Para mim foi i rr ars a porque eu não gostava a d de ser caçador e sofria ; eu matava as caças e depoi epois sen fome e obrigava voltar para o mato caçar , ERR an m So conseguiui falar com o então Governador dep redo Gurgel, que lhe deu “100 Mil Cruzeiros” e uma E mo ipa ao seu Juca, pai de Nelson e Nevaldo Rocha pa uararapes. Gesamar 1 mando u 50 Mil| para mãeà e ficou estante. Saiu da casa da família onde trabalhava e foi para a referida erida fábrica fábri de roupas, sempre ajuda j ndo a família que ainda estava em Caraúbas
ele fez na minha vid
à
ela
Durant buscar que foi criado conosco, um “tio-irmão”, tinhamos que mãe minha os hávam Camin r. água no Rio do Mari para beber, tomar banho e cozinha vinte de duas latas dois quilômetros com o galão, que era uma vara com . ombros nos , litros penduradas nas pontas mas quando | Por duas vezes o meu pai se mudou para a cidade, o. Redond Poço via um bom inverno, ele voltava para o avô, João Quando eu cheguei aos meus doze anos, o meu seguida Em mim). Francisco Viana faleceu (ele era um segundo pai para direto na casa da | veio o fim do casamento dos meus pais, meu pai ficou
Se chamava . fazenda e nós ficamos no lugar onde sempre moramos que fiquei como arrimo Viúvo, que depois passou a se chamar Purgatório. Eu a dos demais. ivênci de família. Era eu e Gesamar para garantir a sobrev es e também Nossa mãe sempre cuidava da casa e dos filhos menor ndo batata € lavava roupas para terceiros. Eu trabalhava na lavoura planta caçador de Preá, feijão, colhia algodão para terceiros e me tornei um
120—
Dudé Viana ———————=8
di
Dona
Antôn ia, , M iYeta, a
-
Menor , Jan e: ide « R Ha imundo , M ari, ria He
À Saga Benevides Carneiro
MS
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e Ge: ', amar
121
Ficou inicialmente morando na casa de tia Paula Viana (Tia
algum dinheiro, dona Maria Ribeiro, dona da casa, dispensou os seis
Paula), casada com Ademar Cirilo e pais de: José Morais, Eliete, Eliene, Maria de Fátima, Aldeci, Alcimar, Alcivan, Lenita, e Zenha, filha de José
meses era & passei a pagar em dia. a. polca irmãos foram crescendo e ajudando também como Maria
Morais e criada pelos avós. Em 1969, eu que estava trabalhando na
e ns
lanchonete de seu Romão Batista, em Caraúbas, também resolvi morar em Natal e inicialmente fiquei ajudando o Ademar, esposo da Tia Paula,
à Tudo
que era feirante e vendia frutas e verduras. Depois de algum tempo i
Ra
oro
um emprego,
5
sem carteira assinada, como cobrador de ônibus
'
na extinta Empresa Autoviária Cabral (de um irmão da |), nas linhas: Natal-Assú; Natal-São Rafael e Natal»
Ca
e Tania
Z%
Moeda
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E
dani
musicais, textos humorísticos, uns eram piadas e outros esquetes, entre
as música ' Seca no sertãoFlores , Que confusão, : do eBemq : à A auror : uere asta esta em parcers: direlo jomali amigo, r dor-jonal , velho ia com Osmar
ç
Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro, e mais a música, Numa noite
caúa)
domingo. Fiquei até o fim do programa quando a emissora foi vend o Nessa época, montei um grupo de teatro e vários musi cais
mai |
por falta de apoio não foi possível ir mais adiante. Foi quando passei é É circular por quase todas as cidades do Rio Grande do Norte, da Paraí De
de Pernambuco e do Ceará. O show era sempre composto de algumas músicas, algumas piadas e a imitação da Pantera Cor-de-Rosa. Co no eu era só pele e osso, menos de cinquenta quilos, simplesmente€ sucesso estava garantido nessa imitação. Se as coisas hoje são difio 4 dias atuais Natal é uma cidai 7
: meses de aluguel, e desesperado,
eu fui tentar a sorte no eixo Rio - São Paulo, no entanto, assim que ganhei Dudé Viana
rat p
a
artística em Natal. Para me manter no programa por oito meses todos 08OS
122
da mesma geração de Alceu Valença, Geraldo Azevedo entre outros. O fato dos
nos separam. Passei ea São me dividir Borio, Rio-de Janóiro Pasto artisti meridia e o
Cinema São Luiz, onde hoje fica a Agência do Banco do Brasil na Avenida Presidente Bandeira, no Alecrim. O programa era aoo vivo, apresentado. unida
nos anos 70 eram mais ainda. pe mais 0 o pe uacom Ra
Elba
pg Ramalho,
Ds semp cómo am aiii co ol O dé deneiro
extinta Rádio Trairi, depois Tropical e hoje CBN, uma chamada para o programa de Calouros que a Rádio apresentava no auditório do antigo
humorísticos que foram apresentados em diversos locais de Natal,
esa
por força do E destino, fui impedido de passar a diante da colina que
Re No ano de 1972 fiquei desempregado, mas certo dia eu ouvi na
era infanto-juvenil e tinha uma média de 800 pessoas na platéia a
umilde, mas que Deus era à base de tudo em nosso
altar em nossa casa, mas Deus estava presente.
nomes nordestinos enquanto eu fiquei à beira do sucesso, acredito que
o exército
domingos, das nove ao meio-dia, eu fazia música e humor. O progra
:
para ajudar, e Maria Janeide. to bastante unida graças a Deus e a mãe que
meus colegas de estrada terem conseguido brilhar na galeria dos grandes
o o da minhaifamiliá para Natal. Como eu tá
por Doscagibio dos Santos e essa foi a minha primeira opo vid
a E
a podia
»
do o ônibus foi a Caraúbas, convenci o motorista
Rar
aimundo, que ainda criança começou a trabalhar como
vende E me ig is temos:
enluarada, de José Maguela Madureira, que fez a produção do meu
primeiro trabalho fonográfico em 1980. O compacto duplo intitulado: “Seca no sertão” — que tinha quatro composições. A música Seca no
sertão, eu canto até hoje nas minhas apresentações quando me pedem.
Ela foi composta depois de um grande período de seca e quando eu Visitei As Varandas - UM lugarejo do Sítio Poço Redondo. Já a música:
Que Confusão”, me parece uma previsão inconsciente do que estava para acontecer na minha vida. Diz um trecho da letra: Um louco contou pra um louco
Que um louco mandou contar
Que um louco matou um louco
Que um louco mandou matar. TA
Saga Benevides Carneiro —
123
te No ano de 1981, fiz uma excursão por várias cidades do Nordes de Oliveira, junto com o saudoso amigo carioca Jorge Benvindo Rosa em João conhecido por Damo. Fizemos shows no Teatro Santa
de março Pessoa: no Teatro Alberto Maranhão em Natal, nos dias 27 e 28 com O juntos s de 1981: em Caicó; Pau dos Ferros; Caraúbas (fizemo
á e Caçula Benevides); Fortaleza, Mossoró; Ceará-Mirim; Tangar O que casas de shows de Natal e do Estado da Paraíba. Depois ainda voltou para o Rio de Janeiro, porque 0 seu pai adoeceu, eu do intitula Natal, em ey, Wanderl al show no Teatro Municipal Sandov da Caatinga, em 12 de outubro de 1981. Gerais De Natal fui para Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Minas percorri 150 antes de regressar ao Rio. Foi nos anos de 1980 e 1981 que orgulho. De cidades brasileiras, o que me deu prazer, sofrimento e certo fizemos Seco, Galho musical grupo 1978 a 1982, paralelamente com o cias. adjacên e Janeiro de muitos trabalhos importantes na cidade do Rio ), Canibal (Alonso O Galho Seco era composto por Antônio Alonso Filho Feliz e Astral. Celso Teixeira Pinheiro (Cezóide), Baiano, Água de Coco chamada música à compus , cidades 150 da vida por ter andado “Passarinho”:
primo várias Damo fiz um A voz
A minha vida é caminhar Pelos caminhos da terra Brasil Mostrando raça em qualquer lugar Fazendo amigos em todo país.
Nasci no mato, em berço de ninho...
O meu canto é livre... Sou passarinho (bis).
Grupo Galho a Seco -Ê Dudé, Te Astral, Cézoide, de óculos, e Alonso Canibal
Dudé
Viana e Zenaid
ê
pelo Nordeste - Fontes Diário de Natal - 1979.
Capítulo Ill Caso dos 94 milhões: Masmorra dos Carneiro
o Este capítulo é uma adaptação do meu diário inti “o gri silencioso de um réu inocente”, escrito durante a prisão as dt de 10 de janeiro de 1983 a 22 de novembro de 1984. Acusado de um crime que não pratiquei. Esse diário foi editado pela Editora Vozes em a com 0 titulo Dudé ou Dedé? Depois de reescrito pelo jornalista agner Soeiro dos Santos. Nestas páginas, parte do Diário está da forma como foi escrito, com a minha linguagem. Nessa época o meu nome, ainda era só José Filho, conhecido como Dudé. O assalto
Canto a pureza da criança Canto a justiça do Divino Tudo que age, age por um fim. E o meu fim é ser passarinho
Nasci no mato, em berço de ninho... O meu canto é livre... Sou passarinho.
124—————
Dudé Viana —————————"—
Dudé entrevistado no Jornal com o trabalho A Força das Marianas. Fonte: Diário de Natal - 1979.
No dizer da Polícia Federal, no dia 18 de maio de 1982, parte de Mossoró para Umarizal, interior do Rio Grande do Norte, um carro tipo Brasília dirigida por João Ovídio, funcionário do
A Saga Benevides Carneiro ——————— 495
Umarizal. O carro transportava no seu
um deles com um filho de quatro anos de idade. No Rio Grande do Norte, durante um tiroteio, Sidney Negão, os seus amigos e a criança foram mortos no Sítio Recanto de propriedade de Doutor Benevides.
Quatro milhões de Cruzeiros) que eram dos pagamento ao destinados de Plano do trabalhadores rurais
Careiro, o Toinho, que sob tortura entregou Ismael Siqueira, Gerente
Banco Econômico S/A. Agência de interior Cr$ 94.000.000,00 (Noventa e
Emergência Contra a Seca. Na estrada que liga o Município de Caraúbas a Olho
D'Água dos Borges, o carro foi assaltado |
e o dinheiro foi roubado. O motorista e O
ot o
iro. Maurícfai io Carneiro.F on te: Arquivo da Família.
guarda de segurança da ENSERV
fogem, mas na fuga o guarda foi ferido no braço. O
assalto
foi :
: muito
bem
planejado no Estado do RN, mas como | os seus organizadores não tinham nenhuma experiência em assaltos, um criminoso foi contratado no Rio de Janeiro: Sidney Negão, um exsegurança de carro forte e ex-presidiário. Na primeira tentativa, no o que aeroporto de Mossoró, os assaltantes se frustraram quando 0 sa c dirigiam bateu em outro veículo. O dinheiro vindo de Brasília grosso para todos os alistados da seca na região Oeste, uma aaa
que chegaria a 500 milhões de Cruzeiros, segundo a Polícia Federal. E
BANDERN o dinheiro seria dividido e distribuído pelas várias frentes trabalho, uma quantia para cada município. Na segunda investida, 0 que seguia para Umarizal, grupo de assaltantes escolheu 0 mina no caminho, o assalto foi realizado.
a
ano de 1982 era de eleição e a campanha do PMDB, liderada
e promovida pelo candidato, Sr. Aluísio Alves, baseava-se na exploração do assalto, sustentando que o dinheiro do assalto teria sido aplicado nas
propagandas do candidato da situação, PDS, o Sr. José Agripino a
sobrinho do eleito Governador Lavoisier Maia. Antes das eleições de de novembro, quase nada foi apurado ou se foi não divulgaram, apesar das polícias do Estado e Federal estarem juntas no caso. Enquanto os políticos brigavam, Sidney Negão, insatisfeito com a quantia que havia recebido, voltou do Rio de Janeiro em novembro, com dois comparsas €
126 ———————
Dudé Viana —————————
Em dezembro, a Polícia Federal prendeu Antônio Benevides
da agência do extinto Banco do Estado do Rio Grande do Norte (Bandern),
em Mossoró.
Siqueira foi preso no dia seguinte e entregou outros implicados
no assalto. A polícia decreta as prisões de alguns que deviam e de outros só porque eram da família. Uns foram presos, outros tomaram conhecimento pela imprensa que estavam sendo procurados e fugiram para o Sítio Canto do Buriti, no Piauí, também de propriedade do primo Doutor Benevides. A polícia, no Piauí, entrou em ação e na caçada aos
fugitivos foi morto José Cadilhe um agente da Polícia Federal pelo
pistoleiro Dedé. No tiroteio foi morto um trabalhador que fazia uma cerca no sítio e que nada tinha com o caso. Luis Benevides Carneiro, conhecido por Doutor Benevides, foi preso enquanto que José Wantuil Careiro, o Vanzinho, Jailson Monteiro da Silva, o Brinquedo do cão, Antônio Benevides Carneiro, o Elcinho, e José Ferreira da Costa, o Dedé, conseguiram fugir para o mato, sendo presos dois dias depois, numa nova investida da polícia, com exceção de Dedé, que por ter matado o agente, foi metralhado e morto pelos policiais. Numa operação simultânea, a polícia Federal no Espírito Santo
prendeu Francisco Carneiro (Mauricio Carneiro) e João Benevides
Carneiro (Branquinho) em Colatina. Os dois foram surpreendidos
dormindo. Quando o dia amanhecia, agentes da Polícia Federal deram
rajadas de metralhadoras no telhado, eles acordaram e se entregaram sem resistência alguma. De Colatina foram conduzidos a Vitória e de lá, à Natal. Entre outros presos, ainda no Rio Grande do Norte, estava
Raimundo Amorim Fernandes, o Zimar, recém eleito Prefeito de Caraúbas.
Segundo a versão policial, o assalto foi praticado por Maurício Carneiro, Branquinho, Dedé e Sidney Negão e como mentores intelectuais o Ismael Siqueira, Gerente do Bandem e Doutor Benevides. A Saga Benevides Carneiro
127
Como o fato chegou a mim No Rio de Janeiro eu tomei conhecimento do roubo pelo Jornal Nacional no início de dezembro de 1982. Três dias depois, pelo mesmo noticiário, fiquei sabendo que algumas pessoas da família entre elas, Maurício, Branquinho, Vanzinho e Doutor haviam sido presos. Senti muito por serem meus primos, mas como nada podia fazer para mudar essa situação, continuei meu trabalho musical.
Nos fins de 1982, eu havia feito algumas músicas das quais
escolheria três para inscrever no Festival MPB-Shell da Rede Globo de Televisão, que se realizaria no ano seguinte. Com os meus amigos músicos Celso Pinheiro (Cezóide) e de Antônio Alonso Filho (Alonso Canibal), comecei a trabalhar nos arranjos e em gravação de uma fita. Quando, na ocasião, levei uma fita com quinze músicas para a gravadora Polygram. Tendo oito delas escolhidas, mas eu precisava mostrar outras músicas para ter mais quatro selecionadas para um LP com doze faixas. Só pensava nisto e no sonho de uma premiação ou mesmo só o fato de aparecer na televisão em rede nacional e naquele festival. Para mim, já estaria de bom tamanho chegar tão longe, para quem nasceu nas caatingas do RN, bebeu água barrenta, comeu fruta de xique-xique, ovos de passarinho e pirão de pedra.
Prisão no Rio de Janeiro
No dia 10 de janeiro de 1983, justamente quando eu me arrumava para ir á emissora de TV para fazer as inscrições de minhas músicas, no momento que terminava de me barbear, a minha prima Maria da Paz, me avisa que dois homens me chamavam no portão. Enxuguei o rosto e fui logo atendê-los. Eram dois homens jovens que se identificaram como agentes da Polícia Federal. Eu, naturalmente, fiquei muito surpreso e perguntei o que eles queriam comigo. Um deles se antecipa e me pergunta você é José da Silva, Dedé? Respondi: sou José Filho (Dudé). Mas mesmo assim ele falou que eu deveria ir até a delegacia da Polícia
128
Dudé Viana ——————————————
|
EFed po dim que logo eu estariai de volta, pois o deleg ado só queria :e = ormações a respeito dos meus primos do RN. Ainda falaram E nm nro ndo me preocupasse porque não era prisão . Eu respondi eia E E E dados anca eu não havia feito nada que merecesse k u estava de bermudas e chinelos , Convidei-o idei s para e e sentarem enquanto esperavam que eu me trocas se. Eles nd : e tomaram um café que a minha prima Maria da Paz lhes ei - Naquele dia estavam em casa, além de Maria da Paz, dona da É n o filha Morgana, seu sogro Joaquim e sua irmã Bernadete. de vim O esperavam e tomavam café, os agentes folhe aram meu álbum Eng btos ca ni sobre o sofá, contendo fotos de shows e ai mais de várias cidades por onde eueu havi havia me apres a entado. O meu álbum, ; começaram a bri ncar comigoigo, , dizen di do paque eu era parecido com com Sérgi o Godinh i o, F um cantor portu portu guês, que em mê pelo Brasil, havia sido preso pela Polícia Federal do Rio de Janeiro por porte e uso de cocaína. eis = tar até o fusca estacionado no portão e me mandaram nco traseiro. Entrar numa viatura a policia polici l quase me matava . Rn mas dei graças a Deus por eles não terem me algemado. Fa eo trajeto do subúrbio carioca de Marechal Herme s até a Rca na Praça Mauá, no centro do Rio, os agentes me fizeram Te der : eu respondi a todas. Chegamos à delegacia às onze me levaram direto! ao delegado » Que tão â logo me recebeu. : 2. pediu para o escrivão ler o pedido de captura no nome de eu 2 ni dizia também que eu era membro de uma gang muito pa é au E : di praticado o assalto dos 94 milhões e matado a olicia Federal no Piauí. i Ele estav est a com os meus os e falava alto, : e eu sem pre repetindo que havia um ê pa Ep meu nome era José Ele Filho e não José da Silva como eles ) car ra era muito chato. ; A toda hora me perguntava qual era a o Ear no assalto e na chacina, e eu respondia: “não tenho a e Mandava-me falar a verdade e eu dizia que estava EA ve ade. Depois de muitas perguntas impessoais e maldosas O que eu dissesse o que não fiz, o que não vi e o que não sabia, passou para o lado familiar. T
À Saga Benevides Carneiro
129
Maurício Carneiro, que havia morado no Rio, voltou para Caraúbas e de lá foi para Colatina com Branquinho que estava passando alguns dias ou meses por lá. Que não cometeram nenhum crime nos dias em que estivemos juntos e nem tão pouco me falaram que haviam praticado. algum crime e passei a explicar que Maurício, em Colatina, vivia do negócio de carros usados, comprava no Rio e os vendia naquela cidade, Ele desfrutava de grande prestígio político e social vivendo como U ilustre cidadão entre as autoridades locais e com um perfil exemplar t
digamos invejável. Ninguém no Rio de Janeiro ou em Colatina, acredito eu, sabia desse fato. Todas as pessoas da família que moram nestas duas cidades ficaram surpresas com a notícia dos 94 milhões, do mes 0
jeito que eu fiquei. No ano de 1983, eu pretendia comprar um carrinho, um cart velho, para o meu uso. Como não possuía carteira de motorista apresaa À a oportunidade surgida no encontro com meus primos, no Rio, p o habilitar-me em Colatina, onde segundo o Maurício seria bem mais fc! porque ele conhecia um despachante que podia apresiaa
documentação para exame de motorista. Então saímos do Rio ef
novembro daquele ano, no dia cinco. Eu, no carro com Mauritiaa Branquinho ia mais atrás, de caminhão, transportando uma carga di Empresa Itapemirim. O delegado por diversas vezes me perguntou á | eu estava no dia 10 de novembro de 1982, e eu sempre dizendo qui
|
865 - Bangu/RJ. Além de ensaiar as músicas do festival, realizei um shg nos dias 18 e 19 de dezembro no Teatro Artur Azevedo, em Campo Grand no Rio.
dentro
o
im dé, oa
y
:
ie
ita. Entãi
a não dai
par
atrapalhar os ensaios das músicas que pretendia inscrever no festival d Rede Globo, para onde eu iria justamente naquela manhã do dia 104 Janeiro de 1983 (o dia em que fui preso).
Depois disto, me levaram para outra sala, onde fiquei das 12 381 horas, enquanto o delegado, através de rádio ou telefone, se comunica com Natal. Quando o delegado entrou na sala, acompanhado por quali 130
Dudé Viana
contasse a verdade. Como eu vi que estava sozinho, sem um amigo, uma
testemunha, somente Deus, talvez. Foi o que pensei, naquele momento de desespero. Optei por ficar calado e baixar a cabeça, mas um agente puxou o meu cabelo e mandou que eu olhasse para o delegado . O mesmo ainda nervoso perguntou onde eu havia tirado a identidade falsa
com o nome de José Filho, que eu era José da Silva, um fugitivo do
Ceará e do RN, “o que você me diz disso?” Respondi para não apanhar: “a minha identidade é do Rio Grande do Norte. Não é falsa! Não sou
fugitivo de lugar nenhum!” E aí me veio na cabeça a carteira da Ordem
dos Músicos do Brasil. Então falei, doutor a minha carteira de músico é daqui do Rio. Aí, em poucos minutos ele voltou e disse que não ia mais quebrar a cabeça comigo, que não tinha nada contra mim e que a polícia do RN era que tinha que resolver essa confusão de nomes, se você é bandido ou não nós aqui não temos nada com isso, só estamos atendendo ão pedido de lá da sua terra. Aí eu perguntei cheio de medo e achando que iria levar um tapão do agente, do meu lado: “Doutor, e os meus documentos?”. O delegado disse: “a OMB confirmou que você é músico profissional, mas eu não posso fazer nada por você. A polícia do RN quer
você lá. Você vai ficar aqui até o dia que o pessoal vier lhe buscar”. Em
estava ensaiando as músicas para o festival de 10 a 13, com os músie O Cezóide, Alonso Canibal e outros em um uma casa na Rua Júlio
agentes e bastante nervoso e irritado, passou a me gritar de muitos palavrões e dizendo que ia quebrar a minha cara, desta vez, se eu não
seguida fez uma cara de gozador e falou: “Além de ser nordestino, nem
nome tem”, numa alusão do fato de meu nome ser José Filho, ter o
apelido de Dudé e estar sendo preso como José da Silva. Em seguida
pegou o meu depoimento rasgou-o e botou na lixeira. E finalizou dizendo
que eu era um lascado da vida, um Zé Ninguém.
Depois que o escrivão datilografou o comunicado para ser enviado
A polícia do RN, me levaram para o xadrez. No momento em que me encaminharam para o xadrez (a cela), pareceu que o mundo acabou para mim. Mais os gritos do delegado e quatro agentes a espera de
Qualquer reação, para me baterem. Toda essa tortura psicológica sofrida desde as dez horas da manhã e, mais a entrada no carro da polícia. Nada havia sido mais doloroso do que entrar num cárcere como um >>>
A Saga Benevides Carneiro
131
criminoso sem ser. O que mais me ajudou nesta hora foi a certeza da minha inocência. Procurei muito me controlar. Fiz um imenso esforço
para não chorar, mas não consegui. O meu desejo foi menor do que o meu sentimento, pois não havia motivo para a perda da minha liberdade. Na verdade eu não sabia se estava chorando de tristeza, dor ou de raiva. Na realidade, nada importava para mim naquela hora. Não conseguia mais controlar meus pensamentos e nem eles me a razão por eu estar em uma cela. Mas a certeza de minha es S vez em quanto tocava o meu juízo e aí a lucidez voltava, com bastante clareza, não me deixando perder o que eu tinha de mais importante naquele momento: a minha consciência de ser inocente. Quando chegamos à portaria da guarda carcerária, fui entregue
ao chefe do dia, um agente conhecido por Chacrinha. Além do chefe carcereiro havia mais dois agentes de serviço. Um deles mandou que eu tirasse a roupa e os tênis. Perguntei: por quê? = os agentes começaram a rir. Então Chacrinha me perguntou se era a primeira vez que eu estava sendo preso, e ao responder que sim, ele disse: Togo vi. Mas não tem nada não meu cara! Na próxima vez, você já vai saber que quando alguém é preso passa por uma revista”. Parecia mesmo a praga de Chica cena | Depois que eu tirei a roupa e o tênis, o Chacrinha me perguntou | qual era a minha bronca e respondi que não tinha bronca. - Quer dizer que você foi preso sem fazer nada? -Sim senhor, eu não fiz nada! E Chacrinha chamou um agente por nome de Evandro, que olhou meu álbum e em seguida chamou um preso por nome de Japonês, que era mesmo um japonês, e perguntou com quem eu parecia. O japonês, depois de me olhar e circular em volta de mim, disse que eu era a al
do cantor português Sérgio Godinho e passou a gritar para os ou presos: o Sérgio Godinho voltou! Todo mundo ria, batia palmas e a y “Seja bem vindo a sua cela 6". Só eu mesmo que não via ea sum naquela alegria, mas fiquei sabendo depois que o Sérgio Godinho ficou | la 6 e dava dinheiro para os presos. a Quando eu ia pela galeria em direção à cela 3, onde me botaram, os presos das outras celas faziam gozações comigo, mas eu es e | outro mundo, num outro planeta, fora de mim, só ouvia, mas não falava,
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Dudé
Viana
Sem rumo, sem sentir o caminhar. Os meus passo s travados, mas empurrados para a maldita cela 3. Minha calça jeans, cor de caqui, minha camisa branca com a foto do cantor Raimundo Fagner estampada na frente, os cadarços do meu tênis e mais a minha bolsa à tiracolo contendo o meu álbum artístico, ficou tudo preso com a chefia carcerária. Eu fiquei só de cueca e tênis, sem os cadarços, igualmente como os demais presos estavam. Ninguém podia usar qualquer objeto que pudesse servir como arma para enforcar ou perfurar. A minha caneta também ficou na carceragem, fiquei só com o carrego (a parte que contém tinta). O agente Evandro, que me conduziu até a galeria, me entregou uma caneca de plástico, um cobertor sujo de manch as de catarro ou esperma, ou as duas coisas, e um colchonete velho cheio de furos e filhotes de baratas por dentro. Coloquei-o no chão, encos tado a uma das paredes e me sentei. Passei a meditar. Pensava na música “Que confusão”, que fala de loucos, na minha música “Passa rinho”, composta poucos dias antes, e o festival de música? E as música s que precisava levar para a gravadora Polygram? Tudo isso na minha cabeça. E
conversava sozinho: “Droga! Não matei, não roubei e nem peguei em
dinheiro de assalto! Eu nem sabia dessa porcaria de assalto e vim parar nesse lugar... é mesmo muita falta de sorte. Talvez seja mesmo porque
fui três vezes a Colatina. Mas o nome de José da Silva, que o delegado
queria que fosse o meu? Não justifica. Não foi por causa das viagens”. As três vezes que fui a Colatina: a primeira para fazer exames de vista e psicotécnico, a segunda vez exame prático e a terceir a e última para receber a carteira. Enquanto eu pensava os outros presos circulavam pela galeria num vai e vem que não acabava mais. Era mesmo um mundo muito louco e de vez em quando um entrava na cela 3 e me pergun tava: “colega, Qual é a sua bronca?”. E eu em todas as vezes, respon dia: “não tenho bronca”. Depois eu percebi que caminhar na galeria era a única maneira de não ficar sentado, parado, pensando numa coisa que só o tempo linha a resposta. O agente Evandro, como também Chacri nha já haviam me alertado sobre isso. Na cela 4, estava um preso conhecido como Mineir inho (preso
por falsificar dinheiro), ele se juntou a um boliviano (preso por tráfico de A Saga Benevides Carneiro
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cocaína) da cela 1 e a Fernando (assaltante de banco, mais rebelde mais. Presos sendo ele o imaginavam cela 4, ainda três meses,
ços a q
o us nro de todos os presos, € me pediam E de outras celas pediam a interferência E O a ã mais temido, eu não teria coragem e E afeg ae eles o quanto cantar me fazia bem qro q chego que geiro continuava um preso estran = A após cumprir pena de 20 anos no extinto e
creditr anote na do sobre esse preso que me dava força dizendo ora au ída durante a revista um agente retirou a i i
n)
também do delegado e dos agentes que me, a pipe torturaram com gritos e palavrões.
q mesmas: “P'ra. As músicas escolhidas eram quase sempre às a minha as ã falei j de flores”,p de Gera Ido Vandré e entre ue não o! d ão, e “Coração”, a preferida por todos. A letra de Coraç a
Coração, não chore não
Não chore não, não chore não! Sei que é triste a solidão E Mas coração não chore não Coração, Amanha E quem Amanhã
não chore não é novo dia , sabe, coração será seu dia
Ô 6 0 ô, vida triste, sem ningu
"
Ô ô ô ô, que saudade de alguém (refrão) Bate forte coração Deixa quem quiser falar O que importa, nesta vida,
É saber amar.
Bem me quer me quer bem Mal me quer me quer mal Se você me quiser bem Eu não vou te querer mal.
134]———
Dudé Viana
Era a simplicidade dessa música, que compus num quarto de hotel em Salvador, quando estava sozinho e morren do de saudade de uma namorada carioca e que naquele momento de agonia era a mais pedida pelos presos. Naqueles dias tristes foi que vi que a minha dor era igual à dor dos outros. O Mineirinho e o boliviano pediam que eu cantasse Coração tantas vezes fosse possível. Diziam que estava m morrendo de saudades de suas esposas. No outro dia juntou-se a eles um espanhol da cela 5 (preso por uso e tráfico de maconha) que também gostava da minha música. Este, mesmo à noite, quando todo mundo dormia insistia para que eu cantasse: “Canta! Canta pelo amor de Dios (Deus), que eu estou morrendo de saudades de minha namorada”. - Mas colega, tá todo mundo dormindo! Aí o espanhol ficava nervoso 6 explodia: - Porra! Esses caras não fazem outra coisa a não ser dormir. Parecem umas múmias. Acho que nenhum deles amou ninguém, caramba. Eles só dormem, só dormem e nada mais. Droga! Comigo na cela 3, além do Fernando, tinha um preso argentino (contrabandista de armas...) que só falava de crimes e queria que eu descrevesse a cena do assalto dos meus primos, quantos tiros, quantos mortos, etc. Mas como eu não sabia informar nada, ele que já estava revoltado porque aguardava sua expulsão há mais de cinco meses ficou brabo e pediu para trocar de cela, alegando não suportar ficar perto de preso inocente. Foi para a cela 1, onde já estavam outros três ou quatro Argentinos. Na cela 2, tinha um preso Uruguaio, que dividia sanduíches tomigo, quase sempre estragados por causa do calor da galeria , mas fua ação era nobre. À cela 3 era uma cela que recebia presos durante a seman a, mas Moda segunda-feira eram transferidos para o presídio de Água Santa, no lo. Só eu e Fernando ficávamos porque aguardávamos ser recambiados à Outros estados. Os dias passavam, mas não parecia. Cada dia na prisão era uma va experiência para mim, uma sempre pior do que outra. Nas palavras
Wagner Soeiro dos Santos, autor do Livro Dudé ou Dedé? Transcrevo baixo:
“Dudé esteve preso na Polícia Federal do Rio durante vinte dias. se uma semana depois, que Dudé foi preso, minha mulher, Zenaide, A Saga Benevides Carneiro
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| |
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o Maria da Paz precisou falar com ele e telefonou para sua casa. Quand er nada. No entend sem s ficamo atendeu e falou que Dudé estava preso, com ele. falar e Dudé dia seguinte fomos, eu e ela, à Polícia Federal ver Zenaide vê-lo. sem Não pudemos porque não era dia de visitas e ficamos entregar a Dudé”. escreveu o seguinte bilhete e pediu a um agente para conseguido um ter não ainda por mal, “Dudé, estou me sentindo de conseguir. os havem pois advogado para você. Mas não se desespere, Queria saber feira. Quanto às visitas, não são permitidas antes de quintado possível, a medid na do que você está precisando. Se você está bem, colegas e vamos é claro. Como está a sua cabeça? Já avisei aos nossos um. Quando eu levar um advogado rapidinho. Aliás, hoje deveria ter vindo
a Es
|
Mande me sair vou telefonar para algum Órgão do qual você seja filiado.
Um abração! (Maria dizer do que você está precisando. Não desanime! do Dudé, no O agente foi e voltou logo depois, trazendo um bilhete , pasta de dentes e qual dizia que estava bem e que precisava de escova sabonete. algum órgão Zenaide iniciou uma peregrinação para encontrar foi inútil. OS mas de classe que se dispusesse a interceder por Dudé, próxima à tarde, dias de visitas eram as quintas-feiras. Na quinta-feira
pior do que a o dinheiro no - "Leva ana o
Dudé: solto. No meio da conversa, Celso comenta com O
a gente, - Cara, mas se em novembro você estava aqui, com
poderia estar ao ensaiando músicas para o festival, como é que você
estar louco, mesmo tempo no Rio Grande do Norte? Esse pessoal deve
as inscrições. - Pois é — lamenta Dudé - e agora se encerraram t Tanto trabalho em vão. por acionada Dudé fora proibido de falar à imprensa, que fora confusão. essa toda que alegou Rio do Zenaide e Celso Pinheiro. “A Polícia zada por sabili respon seria não teria que ser resolvida em Natal e que Já esse equivoco” (SANTOS, 1987, p. 34-35).
iad o Chegou o dia 29 de janeiro, um sábado, quando fui recamb
a imunda: para Natal. Tomei banho de manhã, após tomar o café na canec
Dudé Viana
minha por ele estar fora do seu país ai o ja ee = meu bolso. ss porque você vai precisar. - Não Nã confie muito i na justi se ag poderá sofrer uma grande desapoto de
chegar lá e pode ser solto, assim como
músico, amigo: Zenaide foi visitá-lo, juntamente com Celso Pinheiro, um seria logo que de nte confia e de Dudé. Zenaide encontrou Dudé bem
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Tirei o short número 42 + Que um preso estrangeiro j o pari = eu precisava lavar minha cueca. coma eu rio ma mão segurando o short 42, , o tem po todo para não cair.ir Vesti mesma calça jeans caqui, a camisa b : Raimundo Fagner e os tênis com as tiras o mn que me lev; i Levaram-me em seguida na portariai da guarda carcerária,gol ond i O japonês que vivia me pedindo para cantar, que queria urme d presente. Ac opel Pegou Quinhentos Cruzeiros e me entregou dizendioo: Emos “Esse e para você tomar um café durante a viagem ou quando chegar
Eu não queria aceitar po rque a situaç i ão do japonês, talv
Zenaide, em 17/01/83)".
horas, uma e comer pão sem manteiga. Ao meio-dia almocei e às 17
mio srs vista a roupa para ir embora!” Naquela asso da liberda de, depois de vinte inte dias di de prisã prisão era
ri
VOZ
mofar na cadeia! Vai Godinho! Vai cantar em e a amigo! Que Deus te = acrediteiei no que ouvi, , mas nada os ir boa E Depois disto,
á
outras cao pe pague por mim comentei ei. Agrade adeci ci assinei o ese int
inei no dia 10 e fui levado à saída da d
o delegado me aguardava para me entregar aos agente da sRO de N pessoal de Natal ficou olhando para mim e um a me a
- Então você é o José da Silva, Dedé?
?
E a Eu sou José Filho (Dudé). ui levado ao Aeroporto Internacional do Ri o de J i Rae Ra Antônio Carlos Jobim, na Ilha do e
rcurso
Praça Ma — uá aeroporto, fiquei
sabend
que me botou as algemas era Otávio E to e outro eratioo EMD AR i Pinto nto de Medeiros, ; quando então Coord goenador Geral da Se a uran dperio a RN. Otávio me perguntou se conhecia o Dr. Mauríli o NS que não, Otávio me olhou como quem não acreditou. Mais
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tarde é que eu fui saber que o Dr. Maurílio era um “expert”, O mais conhecido caçador de pistoleiros do RN. Como eu não era pistoleiro, não precisava ter o dever de conhecê-lo. O carro era uma Brasília e O agente mandou me sentar no banco traseiro. Assim que chegamos ao aeroporto, os agentes da Federal saíram de cena e o Otávio me algemou ainda dentro do carro. Até então, não havia passado por isso na minha vida (os agentes federais ligaram à sirene do carro, que fez muito barulho, mas não me algemaram). Aí me veio logo na cabeça o que o preso | estrangeiro me falou: “você não sabe o tipo de gente que encontrará no Rio Grande do Norte". Eu tentava esconder as algemas com a minha bolsa, mas não dava jeito, elas chamavam assim mesmo a atenção das pessoas que passavam por mim. Olhavam-me com olhos bem | arregalados, curiosos e perplexos, acreditando talvez elas, que estariam próximas de um bandido perigosíssimo e cruel, um assaltante de banco, um traficante internacional, um estuprador de dezenas de mulheres famosas, atrizes, cantoras, mulheres de políticos, juizes, um matador de presidente ou será um canibal? Por dentro eu sentia a maior vontade de gritar para o mundo ouvir e saber que eu nunca roubei, nem matei e nem fiz nada que merecesse aquelas algemas. Eu queria gritar, mas gritar muito, feito um cabrito que berra quando perde a sua mãe no deserto e se vê tão só, sem saber o porquê do que está acontecendo com ele. Era,
assim que eu me sentia. Na coordenadoria da Vasp disseram para o Maurílio e o Otávio que as algemas não podiam ficar à mostra de modo algum, para não assustar os passageiros, com um bandido escoltado por policiais entre eles. E o Dr. Maurílio Pinto ficou muitíssimo chateado porque Castor de: Andrade, que era um bicheiro acusado de ser um dos maiores contraventores do Rio de Janeiro, viajava no mesmo vôo e na hora do: embarque, a Coordenadoria da Vasp ou do aeroporto, falou que a prioridade era do Senhor Castor de Andrade e sua comitiva. O Dr. Maurílio Pinto ficou falando como era que um bicheiro e contraventor tinha mais. importância e maior prestígio do que as autoridades do país em serviço. A Coordenadoria da Vasp insistiu: que as algemas tinham que ser cobertas com um paletó ou blusão, como eu não usava uma coisa nem & outra, cobriram-nas com jornal.
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Dudé
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O avião partiu e por volta das 18h30, antes de chegar em Salvador, foi servida a janta. À comida que me foi servida era a mesma oferecida aos outros passageiros, a única diferença era nos talheres, porque só os meus eram de plástico. Este detalhe me deixou sem apetite. Por que talheres de plástico só para mim? Eu não era neném! E nem um criminoso! Os criminosos eram aqueles que me torturavam sem motivo e os que me condenavam e me atiravam olhares crucificadores. O Dr. Maurílio mandou que eu comesse tudo, porque chegariamos tarde e não haveria mais comida para mim. Ora, se eu estava preocupado com refeição! Entre Salvador e Recife serviram-nos um lanche. Mesmo assim ainda não consegui comer. Tudo por causa daquelas malditas algemas. Pois dentro do avião soltaram a parte do braço direito ficando as duas partes das algemas só no braço esquerdo. Por ordem do comandante do avião, para que eu pudesse pegar nos talheres e no copo com refrigerante. Nessa hora fui surpreendido quando o delegado Maurílio Pinto falou: “você não é valentão? Pule agora, pode pular”. O
Otávio emendou: “tá eu gostaria de vê-lo pular”, e riram. “Nunca fui valentão e nem quero ser”, respondi. Como os dois estavam risonhos, criei coragem
e perguntei ao Dr. Maurílio Pinto, porque a Polícia Federal havia me detido e eles da Polícia Civil estavam me recambiando. O mesmo respondeu-me que a Justiça Federal havia entregado o caso à Justiça Comum, mas que as duas polícias trabalharam nas investigações do roubo dos 94 milhões de Cruzeiros. Aproveitei para pedir aos dois uma oportunidade para provar a minha inocência. Que se eu não provasse, eles poderiam fazer de mim o que quisessem.
Chegada ao RN Às 23 horas o avião chegou ao Aeroporto Augusto Severo em Natal. Um carro da Secretaria de Segurança Pública nos aguardava e poucos
minutos depois chegamos a Delegacia de Roubos e Furtos no Bairro da Ribeira, onde me trancaram. Das quatro celas daquela delegacia, três estavam superlotadas e uma com apenas um preso: o Assis Lacraia ou Assis de Patú. Otávio disse: “vou lhe dar uma chance, porque desde o Rio
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de Janeiro, você vem me dizendo que é inocente. Além disso, eu gosto de acreditar no homem que me pede um voto de confiança. Eu espero que você seja mesmo um homem de palavra, porque um homem sem palavra comigo não tem vez. Por isso não vou te colocar naquela cela cheia de maconheiros, ladrões e outros tipos que não tem nada para dar. Vou te botar, com o Assis de Patú, nesta cela”. Em seguida voltou-se para a cela e perguntou ao Assis se ele prometia não me matar. Assis respondeu: “o senhor pode ficar sem medo algum porque não vai acontecer nada com ele aqui. Até que é bom porque estou aqui sozinho há três meses, sem
ninguém para conversar”. O agente, que dirigiu o carro do aeroporto para a delegacia, comentou: “Também para quem tem quinze crimes nas costas, um a mais, um a menos, não é mesmo Assis?”. Assis riu e não
disse nada, por fim abriu a porta da cela, que media aproximadamente 50 x70 cm, e eu entrei. Otávio foi embora: “vou indo, se todos os presos fosse como você, não haveria violência no trabalho da polícia”. Falou e
saiu. Será que uma pessoa presa sem dever já não é um ato de violência policial? Depois que os agentes se foram, o Assis se apresentou: a - Sou Assis Lacraia, mais conhecido por Assis de Patú, minha cidade natal. E você quem é? - Sou José filho, conhecido como Dudé. - E de onde você vem Dudé? - Eu venho do Rio de Janeiro.
- E foram lhe buscar no Rio? - É verdade, foram me buscar no Rio.
o
- Sem querer, ouvi você dizer que é inocente. Como foi isso? - Sou mesmo! Não fiz nada para hoje estar aqui. - E por que te prenderam? - Acho dê é teto sou primo de alguns Carneiros de Caraúbas. Eles estão sendo acusados de um assalto de 94 milhões, ocorrido aqui no RN. Assis ficou muito surpreso:
- Quer dizer que você é primo de Doutor Benevides e do Maurício? - Sou. Você os conhece?
|
- Mas eu não tenho nada a ver com essa história de 94 milhões de cruzeiros de emergência e nem com as mortes que a polícia falou que aconteceram aqui e no Piauí. Nem estou acreditando que eles fizeram tudo isso. Não posso acreditar numa polícia que me prendeu inocente. O Dr. Maurílio Pinto e o agente Otávio me disseram que Doutor Benevid es e Maurício têm culpa no caso, mas não me convenceram e não justificaram a minha prisão. Na manhã daquele domingo me tiraram da cela do Assis e me colocaram sozinho numa pequena cela, mas com a mesma sujeira da cela anterior. No centro desta, havia um ralo que se comunicava com as outras celas. Quando os outros presos davam descarga simultaneamente, a água e detritos transbordavam pelo ralo desta cela, alagand o e espalhando o mau cheiro para todos os lados. Houve noite que a cela estava tão alagada que eu tive que ficar em pé sobre o batente da porta (cerca de trinta centímetros de altura) sem poder sentar nem dormir um minuto sequer. Se quisesse me sentar no batente os pés ficariam dentro dágua. Então, o jeito menos ruim era ficar em pé mesmo. Também porque assim o nariz ficava mais longe do chão. Por volta das quinze horas trouxeram um saco plástico que me entregaram por debaixo da porta, era uma mistura feita uma papa cujo paladar era impossivel definir. Parecia resto de várias comidas. Os presos diziam que eram sobras de comidas de hospital e restaurante batidas num liquidificador. Passei mal só em provar daquela imundície. No outro dia me vali dos quinhentos cruzeiros que o japonês me deu na saída do Rio e comprei um café e um pão que me custaram quatrocentos cruzeiros , O troco ficou para o moço que fez a compra. Na terça-feira, dia 1º de fevereiro eu pedi para falar com o delegado Raimundo Nonato ou Carruzo, pois já estava passando mal. Raimund o me ouviu, me queixei da fome, de sede e do estado de saúde e queria saber por que eu ainda estava preso. Este delegado não queria se envolver no meu caso porque o meu caso era com a Polícia Federal. No dia 2 de fevereiro me sentia mal com tonturas. Como andava tateando as paredes para não cair por causa do meu estado de saúde, me levaram para Colônia Penal e Agrícola Dr. João Chaves, em Natal mesmo. Na saída da delegacia de Roubos e Furtos fui entrevistado por Givaldo Batista (já >>>
À Saga Benevides Carneiro
141
l Ronda ] falecido), repórter da Rádio Tropical para o programa policia
comigo. Os o Cidade. Esta foi à primeira de uma serie de entrevistas a a já haviam noticiado a minha prisão, ira era esta . | era que dizer rante o público e s irmãs minha as com rei me encont da os a a au Gilmar, o com e ndo Gesamar e Maria Helena, com o meu irmão Raimu em preso eu estava filho de Gesamar. Os meus familiares sabiam que daquela ua Natal. Ouviram a notícia pelo rádio e pelo jornal Penal naquele dia & a Colôni a para souberam que eu seria transferido e , se como foram proibidos de me ver na Roubos e Furtos : s Fagin para Pedi porta da delegacia até que eu passasse por ali. a deste seria co que confiassem em mim porque logo aquele equivo | Marc! major Chegando à Colônia Penal, fui levado a sala do m para uma cela que onde foi feita a minha ficha. Em seguida, me levara o em. Ali, se triag de já continha uns quinze presos, todos em regime y depois redes até € entrar com bolsas, cintos, sapatos com cadarços a que s anteriores revistadas, ali valia tudo, bem diferente dos lugare : is do pelos policia e io Marcíl major O havia passado. Pouco depois, levaram para a a atividades especiais me tiraram daquela cela e me , inho, Maur Branqu dos Carneiros, onde estavam: Doutor Benevides, é primos meus Vanzinho, Elcinho, Raimundo, Toinho e Tonininho, todos ra vez, desde a mais Toinho Praxedes, Moreira e Jailson. Pela primei me encontrar e pude mês, fui preso no Rio de Janeiro, há quase um
a
sendo o as pessoas implicadas no crime do qual também estava
tanta gente de minha de ter participado. Fiquei surpreso e chocado ao ver acendeu a esperanç ' família na cela da Colônia Penal, por outro lado, se constatar que todo ) de esclarecer logo a razão da minha prisão. Pude
princpeniia estavam machucados de tanto apanharem da polícia, presos no Piauí. Doutor, Vanzinho, Elcinho e Jailson que haviam sido
uma tenente Moisés Gurgel, primo de Tonininho, comandou
=
ros, onde fo espancamento no mês anterior na cela dos Carnei fuzis. de pisoteados e machucados com coronhadas Eles Vanzinho, Branquinho e Elcinho moravam em Caraúbas. filhos são s quatro irmãos de Maurício que morava em Colatina. Os
)
de , 4 8 q
des é genro dl Raimundo Caeiro. Já Toinho é irmão de Doutor, Praxe 142——————————————— Dudé Viana
Raimundo e Moreira casado com sua sobrinha. Jailson é empregado de Doutor e Tonininho, que cursava o último período de Agronomia em Mossoró, também era Carneiro. Raimundo era primo legitimo dos nossos pais, e por ser casado com Tia Luzia, nós o chamávamos de Tio Raimundo.
Perguntei aos meus primos se eles sabiam o motivo da minha prisão, porque eu era acusado de participar do assalto dos 94 milhões. Ninguém soube responder e disseram que estavam surpresos com a minha prisão. Eu queria saber pelo menos quem era José da Silva. Maurício falou: “as pessoas que não sabiam o nome certo do Dedé, ás vezes chamavam por este nome”. O Dedé havia sido morto pela Polícia Federal dois dias depois de ter matado um agente Federal no Piauí. O nome verdadeiro de Dedé era José Ferreira da Costa. Chegou o almoço: Feijão, arroz e ensopado de carne com batata e abóbora, acompanhavam ainda o ensopado, algumas larvas. Comparada com a comida da delegacia de Roubos e Furtos, a da Colônia era como a de um fino restaurante. Talvez pela fome que eu estava eu nem via as larvas. O estado de saúde abalado por tanta tortura psicológica e acusações infundadas, aquele local com pessoas da minha família por perto tinha me dado uma falsa imagem de um bom lugar. Comparado com a Roubos e Furtos poderia mesmo ser o “verdadeiro paraíso”, no dizer de Assis de Patú, que havia fugido da Colônia, e na Roubos e Furtos onde se encontrava, sentia saudades e vontade de voltar para lá. No dia três de fevereiro a Polícia Federal foi à Colônia e me levaram de volta para a Roubos e Furtos. Fiquei na mesma cela de antes, porém ela se encontrava desta vez com dois presos. Passei mais uma noite na Roubos e Furtos e no dia seguinte, quatro de fevereiro, fui levado para depor na Polícia Federal. Lá, foi repetido tudo que já havia dito no Rio de Janeiro, sob gritos, empurrões, palavrões sob as ameaças de choque elétrico e pau-de-arara. Eles queriam que eu assumisse que era José da Silva. A certa altura o delegado leu uma página do inquérito em que constavam segundo ele, os nomes dos que seriam os principais envolvidos no roubo e os nomes dos beneficiados com a divisão do dinheiro. A lista dizia que: “Maurício, Branquinho, Dedé e Sidney Negão, haviam ficado com a quantia de dez milhões de Cruzeiros cada um e os
A Saga Benevides Carneiro ——————
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nove, eu entre os seis do segundo dia. Saímos de Mossoró às sete horas
ha do 54 milhões restantes teriam sido gastos, uma parte na campan partes candidato a prefeito de Caraúbas, Zimar Fernandes, e que o delegad O ”. pessoas outras com ídas menores do dinheiro foram distribu Negão, “Sidney lista. na a ficou procurando meu nome, que não constav por dois insatisfeito com a divisão do dinheiro voltou acompanhado no mortos comparsas para exigir mais dinheiro dos 94 milhões e foram
da manhã e às oito horas já estávamos em Caraúbas, onde um forte
esquema de segurança foi armado pela Polícia. Nas calçadas, nas janelas e portas havia uma verdadeira multidão esperando para nos ver passar. Nós ficamos na delegacia da cidade e de lá era levado um de cada vez para depor no cartório. Esse depoimento foi transmitido ao vivo pela imprensa local. Eu, sentado em frente ao juiz, do lado direito estavam o saudoso promotor Manuel Medeiros e o saudoso advogado Ítalo
criança Sítio Recanto do seu primo Doutor Benevides, inclusive, uma
filha de um deles”. que -Perguntei: Doutor, se o senhor tem em suas mãos provas de por , dinheiro o com nada sou inocente, por que me acusa? Se não tenho à para voltar que teria com as mortes? Ele dá uma pausa e diz: “você vai Alaor o Dr. Colônia, tente provar na justiça que é inocente”. Assim finalizou
Pinheiro. Ítalo era o advogado de Doutor Benevides, mas como eu não |
Martins de Arruda, delegado da Polícia Federal.
à Saí daquela delegacia do mesmo jeito que entrei, ou seja, sem minha da era justificativa da minha prisão. O depoimento que assinei
eu identificação, uma lista com datas do mês de novembro de 82, onde
o do Rio, | me encontrava naqueles dias e também no dia do assalto. Igual só que o de lá o delegado jogou na lixeira. A partir desse dia, sempre que eu me dirigia a um delegado botava a fé quatro coisas na minha cabeça: a consciência da minha inocência, era Eu ado. Crucific Cristo do imagem a e de Jó, o sofrimento de José | carioca. o delegad o disse mesmo mais um José, um “Zé Ninguém”, como levaram me tarde, à No mesmo dia, quatro de fevereiro, sexta-feira a minha de volta à Colônia Penal e eu comecei a ficar preocupado com 10 de dia no preso sido havia eu ão: sorte de cela em cela. Conclus de: Juiz Galvão, Lopes Sidinêz janeiro de 1983, no Rio de Janeiro e o Dr. da José de Direito de Caraúbas, decretou a prisão preventiva em nome dias Silva, vulgo Dudé, com qualificação ignorada, em 13 de janeiro, três
t
depois da minha prisão.
0 2º Dois dias depois, eu e meus primos fomos levados para para. Natal, de km 271 a ó, Batalhão da Polícia Militar de Mossor Cartório. pernoitarmos ali para no dia seguinte sermos levados ao 2º
Judiciário de Caraúbas. No 2º Cartório Judiciário fomos interrogados
a. Sendo: pelo Dr. Sidinêz Lopes Galvão, Juiz de Direito daquela Comarc no dia: seis outros os e oito dia no seis um total de doze presos, foram 144————————— —
Dudé Viana
tinha advogado de defesa por falta de recursos financeiros, o Dr. Ítalo se prontificou a fazer a minha defesa prévia. in Perguntou-me o Dr. Sidinêz, se eu sabia o porquê de estar sendo acusado. Respondi que atribuía ao fato de pertencer à família Carneiro que estava envolvida no assalto de 94 milhões, sendo que meu nome estava sendo confundido com o de José da Silva. Falei que eu me encontrava no Rio de Janeiro na época do assalto; que tive conhecimento através de jornais e televisão do roubo e que havia andado no RN pela última vez em 1981. O juiz perguntou se eu admitia ou negava as
acusações que a mim eram feitas, e eu neguei todas. Falei que nunca
havia sido preso e nem processado e que não tinha advogado. Ficou
estabelecido (por ele) o prazo de cinco dias para eu constituir um advogado. Nada mais foi perguntado.
Fui entrevistado pela imprensa, ali mesmo peran i repórter Luiz Gonzaga Cortez do Diário de Natal, peu emp nie para me entrevistar e, diante dos microfones de várias emissoras de rádio, ratifiquei a minha inocência e pedi para as autoridades que examinassem o meu caso com os olhos da alma. Depois do depoimento de Toinho, que foi o último, Cortez entrevistou o promotor Manuel Medeiros a respeito do meu caso A
imprensa em geral enxergava a minha inocência como muito clara. só
hão via quem não queria mesmo ver. O Promotor Manuel Medeiros disse Que acreditava na possibilidade e que não queria que acontecesse “um M judiciário”. Com a resposta do Promotor, acreditei que logo seria o.
A Saga Benevides Carneiro ——————
445
DIARIO DE NATAL
Colônia Penal em No dia nove mesmo, voltamos todos para à ados em dupla, com Natal distribuído em três camburões. Fomos algem os braços entrelaçados atrás. advogados de | No dia seguinte, o Juiz Sidinêz abriu vistas aos ro, estava dinhei sem Eu, sso. defesa de todos os indiciados naquele proce dias para cinco para tudo como antes e todos tinham o mesmo prazo ram um retira a Helen defesa Prévia. As minhas irmãs Gesamar e Maria dor: Conta buidor e Atestado de Bons Antecedentes no Cartório Distri
Finda interrogatório do roubo dos 94
de 11 de fevereiro. Judicial de Natal. De posse desta certificação com data
Doutor e Ismael, principuis acusados. negam. Delegado de Umarizal saberia de tudo. Dudéé inocente
No dia 17, como segue de 1983, o Dr. Ítalo Pinheiro pediu relaxamento. te documento dizendo: seguin o na integra, entregou para as minhas irmãs
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“Excelentíssimo senhor Doutor Juiz de Direito da Comarca deCaraúbas:
José Filho, conhecido por Dudé, nos autos da Ação Penal do seu Defensor é promovida pela Justiça Pública, por intermédio seção do Brasil, do ados assinado, inscrito na Ordem dos Advog João Rua à ional do Rio Grande do Norte, com escritório profiss
que lhe abaixo. Estado! Pessoa.
er O seguinte: em Natal, vem Perante Vossa Excelência expor e requer , tem: O postulante é primário, bons são os seus antecedentes residência certa e profissão definida, consoante documentação anexa, preventiva, e a SU Foi surpreendido com o decreto de sua prisão
rava, consequente prisão na cidade do Rio de Janeiro onde se encont
a, acreditando qui Desconhece os motivos determinantes dessa custódi que prospero . esse co houve engano das autoridades policiais, equivo
com a denuncia ofertada pelo Douto representante do Ministério Público Espera, pelo exposto, se digne Vossa Excelência, relaxar a Suá
( provar que prisão para que o postulante se livre solto, quando poderá E nenhuma participação nos fatos narrados na peça vestibular€ Ê
Manifesta, agora, pelo signatário, que Vossa Excelência O desigr
a sua defesa. seu Defensor, pois não dispõe de meios para custear . Nos autos da aludida ação penal, espera deferimento” Natal, 17 de fevereiro de 1983.
Ítalo Pinheiro
1460— ———
Dudé
Viana
gsê O prazo de ci a é me dado já estava vencido, e Cran im mas Re iagiaçã pgiado Francisco Canindé, do Cartório Judiciári É RESue foi juntad o aos Autos de fevereiro de1983
processo em 22
que faltava ouvir as testemunhas. Entã
juiz não me soltou, alegando
ntão, passei mais de um mês na expectativa maluca de quando de ouvir as testemunhas e quando seria feita a acareação d E este dia de
PER Promotor, Advogados e as No dia 21 de março E eo
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el uno voltamos para Mossoró onde pernoitamos novamente no Mr a para nos dias 22 e 23 assistimos da os das testemunhas de ; ç a defesa à tarde, de ônibus,
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ipa, mo
Caraúbas. Saímos de Natal
a E e Peri a 7 horas, fomos todos para Caraúbas. Na 0 , além do Juiz da Comarca de Caraúbas, , Sidi Sidinêz Lo ) Galvão, estavam presentes o Promotor Manuel Medeiros, Pr A Saga Benevides Carneiro
147
designado para o Dr. Plácido Alves Cardoso da Silva réus. A primeira
Conhecidos mais detalhes do interrogatório dos Carneiro Sob ferte escolta policial, rodos os
p
Benedito Pedro da Silva, potiguar, casado, 34 anos de idade. Dada a
palavra ao Promotor Manuel Medeiros, às pergu ntas formuladas, Benedito, respondeu: “que durante os dois anos que aqui exerce função de delegado de polícia, nunca viu o acusado José Filho - vulgo Dudé, nesta comarca e que teve apenas conhecimento atravé s da imprensa da acusação que lhe é feita. Que mesmo durante o períod o que se encontra como delegado aqui, nunca ouviu falar a respeito de Dudé, nem tampouco do seu comportamento”. [folha 1.312 do Processo 1.620/82].
Igapó e so quartel da Policia Militar, com exceção de Raimundo Amorim Fernandes, v Zlsar, que está no presídio de Mossoró. Enquanto isso, está correndo na comarca de Caraú
|
está comprovado não ter o mesmo participado de nenhum episódio do roubo do dinheiro da emergência.
dede
A segunda testemunha foi o senhor Aureliano Alves de Souza, vulgo Lelo, paraibano, agricultor, com 75 anos de idade, caseir o do Sítio
od:
Toninho estudava em Mossoró
Elcinho: estava no Rio no dis do
no
+ Dude, o unico que todos consideram inocente e Brinquedo do Cão. Segundo Toinho. | Dede teria The dito que fot o autor
da morte da criança de 4 anos e que
O estudante de agronomia
Antônio
caso, os defensores dos acusados, Doutor Ítalo Pinheiro, Saraiva, Dr. François Silvestre de Alencar, Dr. Apolôn io e o Dr. Francisco Paulino Neto, além do escrivão e dos testemunha de justiça foi o delegado de Caraúbas
Cosme e Dude não estavam ahi mus dia da chacina. Afirmou desconhecer a origem das denúncias contra cle apuradas c que não recebeu nenhum tostão do dinheiro roubado so Banco Econômico. Antônio Benevides Car sekro, assim como os outros mem Bros da família Carneiro, tem como defensor o advogado Ítalo Pinheiro FUGA DOS IMPLICADOS
Fonte: Diário de Natal,
Dudé
des Sales
Filho, c
Moreira
Praxedes
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“Acionamos, então, as des tizadas locafizadas nos diversos
tados da Federação e com lave
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dados colhidos nas diligências enc.
tadas
ameriormente.
prendemos
localizam ss
em Colatina-ES,
quinho c Maurício
Bram
Em Canto do figo.
citi-PI premdemas. no dia S de sombra de 82, Lair e O netra. oportunidade em que mor
to no cumprimento do dever q
12 fev. 1983.
Viana
Antonio
José
folhas 319,137/339 e 4129.
APÉ O
4
Recanto onde se deu a chacina, segundo a polícia. Diz ele: “José Filho, vulgo Dudé, não se encontrava no local da chacina” [folha 1.318]. Durante O depoimento do senhor Aureliano, o Promotor insistiu por três vezes, pressionando-o a dizer que me conhecia, mas sendo admoestado pelo Sr. Juiz. Depois das testemunhas de acusação, foram ouvidas cerca de quarenta testemunhas de defesa. Eu por estar morando no Rio de Janeiro, não podia arrolar testemunha. Após o encerramento dos depoimentos, voltamos para o 2º Batalhão da PM de Mossoró onde só não ficávamos sem comer porque um casal, Dr. Renato Medeiros e sua esposa dona Salete, espontaneamente nos davam café da manhã e janta em todas as viagens. No dia 14 de abril houve um novo depoimento de testemunhas, desta vez em Umarizal. Foi o mesmo sistema: NatalMossoró, MossoróUmarizal. Voltamos para Mossoró. Mossoró-Natal. Essas andanças nos deixavam muito exaustos. Com o calor da tarde, o camburão parecia uma fornalha. Quando era de ônibus, o tenente Reis, comandante do Pelotão de Atividades Especiais da PM, nos obriga va a sentar sobre as mãos algemadas. Depois de três a quatro horas de viagem as costas ardiam feito brasa e as mãos inchavam. Nas revistas, os policiais só faltavam arrancar os testículos da gente de tanto puxar e apertar. Com o fim dos depoimentos, o Dr. Sidinêz me disse ainda na cidade de Umarizal, que eu deveria apelar contra a sentença de pronúncia
TD
À Saga Benevides Carneiro
—149
e,
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prisão, que me ao meu coração depois de dois meses da minha muita dor e sofrimento.
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Dr. Ítalo estava ouvin eu e minha família éramos mal telefonou para a rádio e, no ar, disse que
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Hi
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ém. As minhas irmãs Os dias passaram e o prazo do Juiz tamb tanto decepcionadas, um e Gesamar e Maria Helena, desesperadas da
de Paula, da Ronda foram pedir ajuda ao saudoso repórter Assis em que me encontrava. O Cidade e desabafaram no ar, sobre a situação iatamente do o programa, se sentiu ofendido e imed
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cruzadas sob a nuca, A noite na Colônia Penal, deitado de mãos
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por mim. agradecidos e que ele nunca mais fazia nada
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acabado de assistir: olhava para o teto e pensava no que havia a, nenhuma acusação interrogatórios, depoimentos, acusações e defes eu
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novamente aos favores do Dr. para ser desligado do processo. Recorri ajudar. E a esperança voltou Ítalo Pinheiro que havia se prontificado a me causava
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Sanitários
BANUEIS
dos policiais que queriam que contra mim foi dita, a não ser da versão assumisse o José da Silva.
A Justiça conta a Justiça foi dada como. A Justiça Estadual do Rio Grande do Norte es pelo Tribunal Federal | incompetente para julgar o processo dos 94 milhõ ça Federal do Rio Grande do de Recursos, que deu competência a Justi , edição do dia 12 de maio Norte. Divulgado no Diário da Justiça da União
Em setembro construiu-se um parlatório na cela maior, onde os detentos poderiam receber as suas esposas ou companheiras. Simultaneamente a necessidade de aumentar uma cela vizinha roubou um pedaço da primeira cela, eliminando uma das entradas de ar. DE
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e pela imprensa em geral.
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a ter, fui obrigado a ficar. Na cela, longe de ser o lar que eu queri uma cela dentro de outra, a maior. por quase dois anos naquele local. Era por uns seis metros de largura.. media uns treze metros de comprimento laje para entrada de ar e luz do. Possuía uma abertura em cada lado da vinte vigas de cimento, ferro e sol. Era protegida por mais ou menos mais, ros. A segunda, media concreto, separadas de 10 em 10 centímet Possuía uma porta que ligava ou menos, nove metros por cinco metros. 0. outra porta que dava para à primeira cela que, por sua Vez, possuia
150——
Dudé Viana
A Saga Benevides Carneiro ——————— 454
nós sda su da ' E pri po api
corredor central da Colônia. Havia dentro da segunda cela doze camas de alvenaria distantes umas das outras cerca de quarenta centímetros.
A porta da primeira para a segunda cela ficava trancada e só era
aberta de quinze em quinze dias para recebimento das nossas visitas, que eram das 10 às 12 horas. A segunda cela possuía duas janelas que recebia luz e ar da primeira. Um dia, o diretor do presídio resolveu fechar
de vez as duas janelas, dificultando mais ainda a entrada de ar e luz nã cela menor fazendo entrar apenas pelas grades da porta. A temperatura | sempre passava dos 40ºC. Em setembro daquele ano foi construído um pariatório para que nós pudéssemos receber esposas ou companheiras. Simultaneamente a necessidade de aumentar uma cela vizinha roubou um pedaço da
primeira cela, eliminando uma das entradas de ar e luz natural. A inauguração do parlatório foi dia de festa na cela. O major eb
diretor da Colônia, foi á cela organizar um esquema de uso do parlatório.
As quintas-feiras, dia de visitas, os solteiros receberiam suas namoradas, no parlatório e os casados iriam com suas esposas para O banho de
sol
na quadra de esportes. Ás sextas-feiras seria ao contrário. Mas logo
no
primeiro dia aconteceu como jamais o diretor previu. Maurício, um casado, foi o primeiro a ir à suíte não com a sua esposa, mas com U presidiária de nome Penha, que era a sua lavadeira. Da cela dava para | se ouvir os gritinhos dos dois que queriam mesmo chamar atenção. | Eram gritinhos no parlatório e gritinhos na cela, pois os primos respondiam. Depois que Maurício e Penha saíram do parilatório, entraram brinquedo |
do cão e Francisca e a seguir Elcinho e Hélia, ambas presidiárias também,
Brinquedo e Elcinho eram solteiros. Eu, também solteiro, mas como não. tinha ninguém, fiquei com a minha fixação da consciência de minha: inocência. Afé de Jó, o sofrimento de José e a imagem do cristo crucificad o. Que com o passar dos dias me acompanhavam 24 horas. Lembrava ne sempre do que o japonês me falou: “Não confie muito na justiça do:
homens não, que você poderá sofrer uma grande decepção. Do jeita que você vai chegar lá e pode ser solto, assim como poderá também ' morfar na cadeia!” A cela era chamada de a “cela da morte lenta” e que foi adaptad
assim para torturar os Carneiros. Havia muita discriminação sobre todo
152
Dudé
Viana
conà pda
aos outros presos. Depois| da vitória de José Agripino IC que o assalto havia sido praticado por alguns milia Carneiro sobre o comand o de Maurício ici Carn eiro, | Doutor. Torturaram e prenderam um total de 15 pessoas. Ahora Gps do Governador, especialmente contr a aqueles 12 que na João Chaves porque estavam juntos com Doutor Benevides eia o era quentíssima porque não tinha ventilação. Os ram trimestrais e duravam 30 minut mi os, enquanto d outro out s presos eram seman almente e atéé diari diari amente e duran Pi te ão a manh ã in teira. Fechavam a água da nossa cela quase todos os dias e água d j beber vinha em um balde. Ea o o do o do de idade, passou a sofrer das ndo no dia 17 de março, tentouse suici várias o vezes com a cabe ça contra as grades da da p porta d ae cela. E em outro ” Fc loucura, quando todos nós estávamos distra ídos, ele e comeu as fezes fermentadas e cheiai s de mo que estavam acumuladas no vaso há á trêstrês didias por falta d'á ar descarga. ; Toinho » Que : no momento flagrou a loucu r ra d de Raim | undo dom grit para todos, ; e Vanzinho que era seu filho cuid | oulogo de limpá dai desse dia tornara -se, em alguns momentos , : um h omemema eo agressivo | para cade do de cela, inclusive com os filhos. Só dis IS dos acontecimentos foi que o D r. Arake n o retirouro d transferindo-o Ppara o hospital i psiqu iquiát iátri rico. - D Durante as suas Pscrise i dss chamava o Tonininho de estudante de merd a e eu de poeta de punheta,
isso porque eu fazia meu diári o
e escrever.
ini ho também5 gostava de estudar e Toninin
Caldeirão do diabo
um
do
que entrei na Colônia Penal e Agrícola Dr. João
a faisa imagem do lugar, acreditand ão caldeirão do diabo como me e diss di eram quando chegEatuei mu constatarar (que se tratava mesmo doi nfern o dos vivos. i A única coisa Agria que existia lá era maconha. - En Enquanto estivj e ali, vi Vi e soubDa e de de muit gente se destruindo ou destruindo outras pessoas. Eram presos de ala
TA
Saga Benevides Carneiro —
459
periculosidade convivendo com presos comuns e estes geralmente terminavam vítimas daqueles. Detentos de altas penas convivendo com outros que ainda não foram nem julgados, mas que O inferno dos vivos, ou o caldeirão do diabo, se incubia de perverter aqueles que, por uma infelicidade qualquer, foram parar ali. Diariamente havia brigas na Colônia e, em muitas delas, com mortes. Brigavam por qualquer bobagem, uma roupa velha ou um cigarro de maconha. Matavam por instinto assassino, morriam estupidamente e sem saber por que estavam morrendo. Havia muitas fugas, muitas tentativas que acabavam em mortes. Havia uma boa parte de presos que eram homossexuais, não sei se já eram ou se tornaram na colônia, era muito comum ao passar pela porta de uma cela e ver dois homens deitados na mesma cama abraçados. Havia um casal, em uma das celas do corredor central, que nas poucas vezes que tivemos banho de sol e passamos nesse corredor, uma puxou assunto conosco. Eu, curiosamente perguntei: - Por que aqui têm tantos assim como você? E ele me perguntou: - Assim como, alegrinha? - Sim, confirmei. - A gente chega aqui pensando uma coisa, mas vê que é outra, aí a gente acaba ficando alegrinha e boazinha pra todo mundo!... É só pedir!... Havia na Colônia duas celas transformadas em enfermarias para onde eram levados (ou jogados) os doentes mentais que se tornaram doentes na prisão. Porque ali o ser humano perdia a condição de humano. Foi lá em que o Tio Raimundo foi atendido pelos médicos do presídio, 0 | Dr. Berilo de Castro e o Dr. Franklin Capistrano, e que depois de medicado ficou internado até se acalmar e tirar da cabeça o desejo de se matar. Cada enfermaria abrigava cerca de quinze doentes que viviam amontoados uns sobre os outros, rasgados, imundos, semimortos. Deitados sobre o chão molhado e fedorento com urina e fezes por todas | as partes, contraiam outras doenças e se feriam de tanto se coçarem. Às feridas se alastravam pelos corpos. Dava para se ver claramente que os. ? homens de poder não têm coração e, muito menos, alma. forma: certa de agonia minha a passando iam Conforme os dias aumentava, mas eu procurava não dar tanta importância àquela demora.
154
Dudé Viana
e me apegava mais aos amigos, as pessoas que torcia por mim e acompanhavam O meu caso nos jornais e pelo rádio. De vez em quando eu recebia do amigo Celso Pinheiro uma carta que sempre me renovava o ar e me enchia de esperança. A comunicação era a única maneira para me manter vivo e antenado com os amigos, com as autoridades e com a imprensa. Passei a escrever cartas e mais cartas e minhas irmãs colocavam no correio para mim, sendo que algumas eram entregue em mãos, sempre na esperança de alguém fazer alguma coisa por mim. 33 anos de idade
O meu 33º aniversário, no dia 5 de julho, passei na cadeia, sem comemoração, sem parabéns para você, sem os amigos de sempre e sem a família. Estava com os primos, colegas de cela que, como eu, não
conseguiam ser alegres. Entreguei-me aos meus pensamentos bons e
deixei a alma me levar por entre os afligiram Jesus Cristo aos 33 anos de consolavam. Orei e pedi a Deus que lugar. Voltei-me a pensar em minha
rios e lagos. Os sofrimentos que idade me vinham na cabeça e me não nos abandonassem naquele mãe, minhas irmãs, meu irmão e
meu pai, o mais distante. As lágrimas corriam dos meus olhos, mas
disfarçadamente, não deixei que os outros vissem. Eu queria estar livre para cantar e não sofrer perto dos gritos de socorro que sempre vinham de alguma cela. Mas o meu grito, também era um grito silencioso. Atravessamos todo aquele ano de 1983 presos. No mês de novembro já não tinha mais esperança de ser solto, mas mesmo assim fiz um pedido, por carta, ao Dr. Araken Mariz de Faria, Juiz Federal da Seção Judiciária do RN para passar as festividades natalinas e de Ano Novo junto com a minha família em Natal. Obtive o silêncio como resposta Doutor Benevides instalou um aparelho de televisão na cela e assim as horas pareciam mais rápidas. Através das imagens da televisão nós ficávamos menos distantes do mundo real e parecia até algumas vezes, que não estávamos no “caldeirão do diabo”. E como sempre aos domingos dona Maria Cleonice Maia, funcionária da Assembleia Legislativa do RN, em Natal, nos visitava e levava uma feira de alimentos
É iró para nós, e sempre acompanhada de Suel Y Queirós, filha de Dimas ta. Pimen des Praxe A Saga Benevides Carneiro
155
No dia 20 de dezembro, quase um ano de prisão, foi que tive o meu primeiro contato com aquela que realmente foi honesta comigo,
a Dra. Maria de Lourdes Hermes, advogada da Ordem dos Músicos do Brasil CR/RN. De início eu não acreditei muito, porque vários advogados já haviam mentido para
Dudé continua preso apesar de ser considerado inocente da
Emergência tramiava os Estadual, o cantor e com. postar José Filho, o Dudá, con tinua recolhido à penitenciária de lgaço. Nenhum doa implicados fez qualquer refecência à participação do mesmo no bando, o em
| |
mim, era uma decepção após a outra. Neste mundo louco, as
pessoas só pensam em dinheiro, o ser humano é o que menos importa! O dia 31 de dezembro, o último dia daquele ano terrível, não
Dudé com a camisa de Fagner (LP
foi muito diferente do Natal. Fazia
Sorriso
cinco meses
Novo),
músico
inocente
algemado, vai sob escolta policial para a Colônia Penal João Chaves.
não S
Fonte: Diário de Natal, 1983.
que eu e meus
tomávamos
banho 7
de ê
Para conseguir liberdade entretanto, Dedé teria que seguir os trâmites da Justiça, eoostituindo advogado. Um conhecida criminalista chegou à sé com prometer
lumeci
metralhado e que aquele seria o meu último dia de vida! Os gritos, os
barulhos dos tiros e dos fogos foram diminuindo até que tudo se fez silencio. Era 1984. O Ano Novo chegou.
O saudoso advogado Wellington Xavier conseguiu algumas melhorias para a cela dos Cameiros, ainda nos fins de 1983, como água
e 4 fins
Fernandes
Siqueira,
EE
comprovada mo inquério, e que tiveram fiança arbitrado pelo jute
federal Arakeo Mariz de Faris Preso no Rio de Janeiro, por agentes da Policia Federal, Suram te o desbaratamento da quadriba responsável pelo assalto dos 4
milhões,
no
dis
10
de
janeiro
dáltimo, José Filho não pide mais se livrar do procemo, e continua há 7 meses, na Colónia Dudk teve seu nome con fundido com um pistaleiro. moro posteriormente em tiroteio com ade comprometendo-o, mente,
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Nem de maço 66003; ma Cós
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—a estima de um engasl varre Ermelinda qu mta vó dia cla a, nene rien vos migo o mesm pool e
policiais encar
sn a Filho, muma RA
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e. qto » mundo premio o do nd High de nb e
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Fonte: Diário de Natal, 19 ago. 1983.
início do ano novo, para o diretor deixar aberto o registro da cela dos
Cameiros como eram os: registros dos demais presos. No dia 14 de janeiro de 1984 recebi a visita da diretoria da Ordem
dos Músicos que se interessava pelo meu caso. Estavam o presidente Prentice Mulford Bulhões, o vice-presidente Antônio Ribeiro, o tesoureiro Antônio Batista, o secretário Pedro de Rates, o secretário Romildo Batista
sr.
na cela para tomar banho diariamente, visitas semanais e, por um período maior, a reabertura das janelas. Mas foi preciso acionar a Justiça no
mas
cam
pagar,
Raimundo Amorim Fernandes. o ferruriário Centro Rodrigues e q comerciante Antônio Benevides Cameiro, todos com participação
falando ao mesmo tempo, gritavam ao mesmo tempo. Do lado de fora, os policiais descarregavam as suas armas e os estampidos se de que estava sendo
muito
apontado como o vrganisador do esmalto, o prefesto de Caraúbas
e
faltava. A meia-noite de 31 de dezembro para o dia 1º de janeiro quase fiquei louco. Os presos ficaram histéricos, batiam violentamente nas portas de ferro e gritavam liberdade! Liberdade! Muitas vezes. Todo mundo
com os gritos. Tive a impressão
defendêlo, pôde
No caso dos M muilihes a Justiça Já liberou o bancário monoroenso
estávamos todos muito pálidos. Os banhos de água estavam muito escassos e dependiamos da boa vontade do diretor da Colônia mandar abrir o registro da cela dos Carneiros. Boa vontade quase sempre lhe
misturavam
não
abendanando a causa
primos
sol
a
cobrou família
156
Dudé
Viana
A Saga Benevides Carneiro
157
e a Dra. Maria de Lourdes Hermes (Dra. Lurdinha). Com eles veio den o repórter João Bezerra Júnior, do Diário de Natal, que cobriu O pi » No mês seguinte quem nos visitou foi a Comissão Pontifícia Jus o Paz, da Arquidiocese de Natal. Por um lado a minha comunicação E aa indo bem, conseguindo apoios através das minhas cartas. Mas a is odiado pelo judiciário depois que enviei uma carta aberta para O E a da Justiça (na época, Ibrahim Abi-Ackel) escrita no dia 15 de a 1983 e publicada no dia 19, daquele mês, pelo Diário de Nat Dra. Lurdinha dizia que aquela seria a primeira (e a última) vez que defendia uma causa criminalista. Depois que me ouviu, requereu ao Juiz Dr. Araken visto no processo, foi quando sentiu na pele a ni que havia contra mim, pois somente em maio foi que ela conseguiu o 0 processo nas mãos com um prazo de apenas cinco dias par er É gia E À processo que já tinha mais de três mil folhas! Para evitar e 15 : Natal de Diário ao entrevista Em xerografou todo o processo. aria penitenci na recolhida está que fevereiro de 1984, disse: “a pessoa sei. não eu razão que José Filho, com o nome de José da Silva. Agora por a que é E acho que nem a polícia nem o judiciário sabem. O fato envolveram e eu acredito que é em função do parentesco, uma Vez qu ele, o Dudé, é primo dos Carneiros”.
No inicio de junho Dra. Lurdinha tomou as primeiras providências para minha defesa. Enviou seis cartas para as minhas testemunhas de defesa no Rio de Janeiro, que eram: José Maguela Madure ira (comerciante e compositor), Antônio Alonso Filho (Alonso Canibal) músico e compositor, Celso Teixeira Pinheiro (Cezóide) músico e compositor, Ronaldo Carlos Silva (ator), Antônio Estrela Arrojado (artista-plástico) e
Wagner Soeiro dos Santos (jornalista). Além de minha fé em Deus e do
trabalho da Dra. Lurdinha, o que também me ajudou muito, foram às pregações dos crentes da Assembléia de Deus todas as terças-f eiras, desde abril de 84, na porta da cela dos Carneiros. Vanzinho logo se apaixonou por uma irmã da igreja, de nome Selma, foi amor à primeira vista. O Vanzinho lia muito mal e não sabia escrever quase nada, então eu virei redator das suas cartas e tradutor das cartas de Selma. As cartas do Vanzinho eram de paixão aguda, dessas de morrer de amor. As da Selma eram de esperança e que falavam mais a respeito do poder de Deus. Lembro-me que a primeira carta do Vanzinho, foi bem planeja da para fisgar a irmã. Eu, como redator, tinha que buscar palavra s que traduzissem seus sentimentos e que acendesse fogo e paixão no coração dela, e assim o fiz. O que parecia um incômodo para mim, era uma maneira de alimentar o poeta que havia dentro de mim em causa tão nobre. Via naquele encontro promovido pela fé, talvez, a única saída para Vanzinho, que estava enterrado até o pescoço em oito process os, todos aqueles de arrepiar o cabelo. Uma mulher bonita, com uma bíblia na mão e falando de amor, num lugar como aquele, só muito doido para não querer, até mesmo não gostando da fruta. Em julho, eu e Vanzinho conseguimos uma autorização do diretor
do Presídio, Marcílio, para frequentarmos a igrejinha da Colônia. Aos
sábados era dia de orações e aos Domingos, Escola Dominica l. Eu dizia para todos que era cristão, mas sem afirmar se era católico ou se era
crente, isso para não me comprometer com uma linha religiosa. Acredita r
Dudée a Advogada
158
Maria de Lourdes.
Dudé
Fonte: Diário de Natal,
Viana
1984.
em Deus e em Jesus Cristo era o suficiente para mim. Na cela, executava as minhas tarefas religiosas e mais as de Vanzinho. Até quando o Vanzinho, de tanto ler a bíblia, aprendeu a ler e a escrever! . Era dia 05 de julho de 1984 e o meu segundo aniversário na prisão. Pela primeira vez o diretor Marcílio havia permitido naquele mês
>>>
À Saga Benevides Carneiro
159
a participação dos presos da cela da morte lenta numa ia sempre preciso que várias pessoas, inclusive O subtenente intercedessem junto ao diretor para que sua a
a antas,
|
pouco. A festa começou às 16 horas e foi até a meia-noite. Houve show
musical com minha participação, danças de quadrilhas e comidas típicas. Eu ainda aproveitei para conversar bastante com minha mãe, irmãos, detentos, missionários, amigos, o repórter João Bezerra Júnior e outros. Eu comentava sempre sobre a injustiça que faziam aos Carneiros, pois enclausurados naquele inferno, nós não havíamos participado da e
|
junina do ano passado e nem da festa de Natal e de Ano Novo, sem falar que nem tivemos saída para o banho de sol por quase um ano. Conflitos na cela
A maior preocupação dos irmãos Maurício, Vanzinho e Brera era com o irmão deles o Elcinho, eles diziam: “porque todos da es F sabem que o Elcinho, nunca foi de fazer mal a ninguém e ele está atola nos crimes como um dos perigosos”. O Elcinho, com medo de ser nem sozinho, fugiu para o Piauí com os outros que foram presos lá e on
morreu o agente Federal, o Dedé e um trabalhador que fazia uma cerca, e na hora das torturas confessou o que não havia feito e ainda acrescentou tudo o que eles queriam. O Elcinho vivia naquele lugar, quase sempre muito deprimido, encostado na porta todo choroso. Mas mesmo e
ele dava a maior força pela união de todos nós dentro daquela cela.
Maurício que antes era forte e equilibrado andava bastante descontrolado emocionalmente e vivia em conflito com Doutor he por algumas vezes, partia para a violência física. Como eu nem o Elcinho, ou nenhum dos outros conseguiam dominar Maurício, Vanzinho virou O nosso
leão-de-chácara, ele sozinho segurava O Maurício e só soltava quando 0 mesmo se acalmava, mas com o maior cuidado para não machucá-lo,
Maurício tinha 35 anos de idade, Vanzinho tinha 23 e Doutor 35 anos de idade.
Lúcia, uma pessoa bastante iluminada, esposa de Maurício, deram sua residência em Colatina e veio com os filhos morar no RN, para poder. ficar perto de Maurício e lhe dar apoio. Mas depois de algum tempo Maurício ordenou que ela voltasse com os filhos para Colatina, porque,
160————
Dudé
Viana
|
ele estava apaixonado por outra mulher, uma Damiana de tal. - que mexia demais com ele, e nem morava no RN, mas por causa dessa paixão, maltratava a sua esposa. Maurício andava pensando muito na vida fora do presídio e a toda hora pressionava Doutor como se ele pudesse fazer
alguma coisa. Tinha que cobrar apoio a Zimar relembrava fatos ocorridos
como a morte do vereador Nero Nazareno Fernandes, Presidente da Câmara Municipal de Caraúbas, em 11 de abril de 1981. Nossa cela estava mesmo transformada numa fogueira contribuindo no aquecimento do caldeirão do diabo. O armazém do Etelvino, em Caraúbas, era lembrado a toda hora. Lá era o ponto de encontro de Nero, Doutor, Plínio, Tonininho, Maurício, Toinho — irmão de Doutor entre outros. Mas Zimar não aparecia no armazém quando Nero estava, porque os dois haviam gostado de uma mesma mulher, um amor secreto, e por esse motivo existia um enrasco entre os dois. Esse enrasco aumentou por conta das discórdias na política. Vanzinho vivia sentindo uma dor na mão direita, que segundo ele, começou com as torturas da polícia Federal e que também sua mão estava secando por causa dos seus crimes, como uma forma de pagar pelos pecados, que era uma punição dada por Deus. Volta e meia, falava das torturas que lhe deixaram cicatrizes na mão e no braço direito, e uma mancha de queimadura na perna esquerda. Maurício alegava sempre que havia matado Nero por causa da política e sob pressão, porque se não matasse Nero, este lhe mataria, como ainda mataria Doutor e Tonininho, por causa da união política de Doutor e Zimar. Isso era o assunto de todos os dias. Zimar era vice de Ozael F. Soares, que foi eleito com o apoio de Doutor Benevides e assumiu a Prefeitura de Caraúbas de 1977 a 1982. Zimar queria concorrer em 82 tendo Doutor como seu vice, mas Doutor não aceitou. Nero queria também concorrer tendo Doutor como vice, O que Doutor não quis, pois decidiu se candidatar. Como naquela época havia legenda e sublegenda, podiam sair Doutor e Zimar pelo PMDB (mas Doutor desistiu de concorrer). Mas a união de Zimar com Doutor não agradava seu primo Nero, que também era amigo de Doutor. Ameaça daqui, ameaça dali, deu no que deu uma guerra entre primos, sem saber que eram primos, uma matança em família!
A Saga Benevides Carneiro
161
Doutor, que foi uma criança magra, mas ao atingir a vida adulta chegou a 120 kg. Casou-se com Maria das Neves, filha do fazendeiro Arlindo Targino da Cruz, mãe de Ronaldo Targino Campelo, uma união estável por 18 anos. Doutor Benevides era dono de terras no Rio Grande do Norte e no Piauí e era respeitado e temido. Na política, era muito influente e era dono de vários imóveis rurais, urbanos e da firma Comercial Irmãos Benevides Ltda. (cerâmica). Ele ajudava pobres na cidade de Caraúbas, distribuía alimentos e material de construção e por isso era amado e odiado ao mesmo tempo. Além de ter contribuído, de maneira decisiva, para a eleição de Raimundo Amorim Fernandes (Zimar). Acontece que durante quase dois anos convivendo com ele, dividindo a mesma cela, ouvindo relatos diversos, uns contra ele e outros que demonstravam um homem, preocupado com o bem-estar das pessoas e com a vida, por exemplo: depois do roubo dos 94 milhões, O saco contendo todo o dinheiro foi arrastado por dentro da fazenda de Ubaldo Fernandes, em direção da Timbaúba de tio Raimundo. Por pesar muito, cada um dos assaltantes carregava-o por pouco tempo e eles revezavam, um passava para o outro, que passava para um terceiro, que este passava para O quarto e que voltava para O primeiro. Quem não conseguia levar aquele peso todo nas costas, ia mesmo arrastando. Ubaldo, dono da fazenda Uitafla, não gostou do saco de dinheiro ter passado por dentro de suas terras e criticou a atitude dos quatro foras da lei e por onde Ubaldo passava, na rua ou no palanque político, falava do acontecimento. Sidney Negão não gostou das suas reprovações e disse que ia matar Ubaldo. Doutor, ao saber disso, falou para Sidney “você não vai matar Ubaldo coisa nenhuma!”. Doutor era muito agradecido ao tio Antonino por ele lhe ter dado
condições de estudar em Caraúbas, agora ele estava fazendo o mesmo
por Tonininho, pagando sua faculdade de Agronomia. Jailson e Branquinho, na medida do possível, levavam uma vida miserável naquele lugar, mas de uma maneira mais saudável porque colocamos dentro do banheiro a foto de uma atriz global nua, e os dois eram os que mais se divertiam com a foto. Doutor gostava de dar flagrante. Moreira e Toinho Praxedes só pensavam em suas esposas e filhos e, às vezes, choravam e se maldiziam como se perdessem a fé em sair dali. Mas passaram pela provação.
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Dudé
Viana
Certo dia, Doutor mandou vender uma vaca e disse que levassem
O dinheiro para ele. O Toinho, irmão dele, já estava solto depois de seis meses de prisão. Com o dinheiro na mão, Doutor contratou os serviços de um policial, que levou três mulheres do Cabaré de Maria Boa para a nossa cela. Uma mulher só para ele, e as outras duas para os solteiros, que eram eu, Elcinho, Branquinho e Jaílson. Tonininho era solteiro, mas já estava solto para concluir o último ano de Agronomia. O Vanzinho (que ainda não era evangélico) estava se separando da Cida, sua primeira esposa, ele que não esperou a ordem da fila do parlatório. Fez sexo dentro da cela, com uma delas, utilizando um cobertor que só dava para cobrir a si mesmo. O diretor da Colônia na tentativa de moralizar o encontro das prostitutas em nossa cela botou um policial na porta do parlatório, de fuzil na mão, e deu vinte minutos para cada um. Que sexo é bom todo mundo sabe, mas ficar com uma mulher, num lugar daquele, com um policial do outro lado da porta, com um fuzil na mão e marcando vinte minutos, é dose para leão. Eu sempre acreditei que quem enfrenta situações arriscadas sem se dar conta do perigo, demonstra apenas com isso irresponsabilidade. Mas quem sente medo e, apesar disso, segue a diante está dando uma prova de valentia. Pensando assim, fui pela primeira e última vez aquela
alcova. Amulher não era feia e nem uma La Belle Du jour, mas embelezava a vida de qualquer homem. Tinha boca e olhos encantadores, nariz e seios para ninguém botar defeito, cabelo comprido que batia na cintura.
E o maior charme dela eram as suas pernas um pouco arcadas, formando uma abertura por entre as coxas, que me fez lembrar o túnel que liga Copacabana ao bairro de Botafogo e ao Canecão, nessa época, a maior casa de shows, da zona sul do Rio. Entrei com ela naquela suíte, ou alcova, pois qualquer nome eu achava mais bonito do que parlatório. O policial foi logo me avisando dos vinte minutos e que estaria ali encostadinho na porta para qualquer coisa... E com o fuzil na mão. Foi um Deus nos acuda danado. Eu olhava para a mulher a pressão subia, pensava no fuzil do policial a pressão baixava e ainda tinha os vinte minutos para me perturbarem! Fiquei no ponto que a coisa subia e descia, os minutos se passavam, o policial com o fuzil na mão, eu estava em transe, quandoa mulher falou: “amor! Não pense
A Saga Benevides Carneiro ———————
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Maria Pirulito
Um ano antes desses acontecimentos, ano de 82, eu namorava de no Rio de Janeiro uma moça que era chamada carinhosamente quilos, Maria Pirulito, (Pirulito, porque ela tinha muito cabelo, 160m, 45 a então um amigo meu lhe colocou esse apelido), e era quem ditava natural muito jeito Seu vida. minha da imagem da mulher naquela década mesclava leviandade e ingenuidade. Cabelos castanhos despenteados, entre lábios pouco carnudos e olhos castanhos, Maria Pirulito passeava ela ecido a ninfeta e mulher fatal. Para me deixar perdidamente enlouqu anos se inspirava na atriz francesa Brigitte Bardot e no seu glamour dos um s calcinha e armação de sutiá , coloridas 60. Lingerie de bolinhas Bardot. La estilo no bem pouco maiores, mas com muito charme, Eu gostava muito dela, mas terminamos porque viajei a Natal e e ao regressar encontrei um “PM Bêbado” na esquina das ruas: Juriari é Saravatá, em Marechal Hermes, que foi logo me perguntando: “Dudé, iRespond ” Pirulito? Maria minha a do verdade que você está namoran lhe: não, a Maria Pirulito é minha! Ele retrucou: “Maria Pirulito é minha” e Eu disse: é minha! Ele se aproximou de mim, tombando para um lado cintura na para o outro de tão bêbado, ajeitou à arma que estava pendura e falou: “nós vamos agora mesmo decidir quem vai ficar com a Maria e Pirulito!” - Eu lhe respondi: já está decidido: a Maria Pirulito é toda sua não se discute mais!
Visita de Valdetário Nesta época em que Valdetário visitou os familiares na prisão, ele antes era ainda um jovem sonhador de 25 anos. Eu havia visto ele anos e o conhecia desde os seus 10 anos de idade. Valdetário era apaixonado
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Dudé
Viana
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por mecânica de automóveis e também gostava do mundo das artes e via até a possibilidade de seguir carreira de ator. Contoume ainda, ser fã incondicional do cantor Raul Seixas e do exguerrilheiro Che Guevara, e que pensava um dia representar Che no teatro. Ele me perguntou detalhes da peça O sol, o vento e a chuva e me contou a respeito do personagem de Tiradentes, que ele havia representado num desfile de 7 de setembro, no Colégio Lourenço Gurgel,
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no fuzil, nem nos minutos, pense só em mim, que estou aqui todinha só para você!" Eu acreditei e deu certo. Mas na hora do último suspiro, O como uma provação para eu não ter mesmo à felicidade completa, situação Essa ele. policial bateu na porta: “o seu tempo acabou” disse me fez lembrar e ter saudade de uma namorada, a Maria Pirulito.
Valdetário , (camisa branca) trabalhand sua Oficina Mecânica, Caraúbas - RN. Fonte: Arquivo da Família. E
em Caraú
falou do seu sentimento ao conhecer a história do a encarcerado por três anos. Na encenação ele caminhava com muita dificuldade e mal conseguia abrir os olhos. A alva (tosco roupão vestido pelos condenados) roçava os seus tornozelos, 0 baraço (a grossa corda da forca) rodeava lhe o pescoço e ia até a mão do carrasco Dando lhe uma sensação horrível, que parecia ser ele mesmo o condenado Joaquim José da Silva Xavier. Os estudantes em grande quantidade, e a pessoas das ruas de Caraúbas lembravam o povo que acompanhava : cada gesto do padecente na história real. Para fazer de Valdetário : Tiradentes, o pessoal do Colégio Lourenço Gurgel foi até a igreja de sã Sebastião, pegou o crucifixo e a peruca do Bom Jesus dos ia ia ,
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A Saga Benevides Carneiro
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“A sentença contra Joaquim José da Silva Xavier incluía ainda
difamação de seus antecedentes até a 3º geração, a destruição da sua
casa em Vila Rica, o salgamento do chão e o arqueamento de um marco
contra Antonino era até a sua 5º geração. Duas a mais do que a do Tiradentes! Re
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no local para preservar a memória infame do Tiradentes”. Sentença proferida pela rainha de Portugal D. Maria |, a famosa rainha louca. Isso me fez, em parte, lembrar que a praga de Chica Canção
Fonte: O Poti,18 nov.
Prof. Desfile de Sete de Setembro de 1972, alunos da Escola Estadual de Lourenço Gurgel em Caraúbas - RN. Valdetário desfila vestido Tiradentes. Fonte: Arquivo da Escola Estadual Prof. Lourenço Gurgel.
O julgamento Meu julgamento foi marcado para o dia 22 de novembro, por coincidência ou ajuda de Deus, dia do músico. Nas vésperas do julgamento, por algumas vezes, cheguei a conversar com à porta da cela, como se ela me ouvisse e pudesse me entender. Era como se eu não estivesse vendo ali, uma porta, e sim uma pessoa. Nela eu via todos que me agrediram e me ofenderam, e todo aquele complexo sistema que me roubou quase dois anos de liberdade.
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Dudé Viana ———————————s
1984.
- É porta, amanhã eu vou embora, você muito t (malvada porta). Você é assassina cruel que mata aos Da RE À noite, fiz a Deus o meu último pedido dentro daquele lugar: “que eu fosse absolvido pelo voto de todos os jurados, como prova de minha inocência, nenhum dos jurados poderia ter dúvidas”. No dia 22, logo cedo, deixei a Colônia Penal Dr. João Chaves e fui levado ao Fórum para julgamento junto com o Jailson Monteiro da Silva (Brinquedo do Cão). Uma multidão aguardava a nossa chegada ao Fórum Quando saí do camburão, ouvi por vezes, chamarem o meu nome e ouvi também palavras de esperança. Quando atravessei no meio do povo, vi gente chorando, vi gente sorrindo fazendo sinal de positivo para mim com 9 polegar. Quando fui levado à presença do Juiz Araken, às 8h30 min, já se encontravam ali o procurador Dantas Nobre, a minha advoga da Dra. Maria de Lourdes Hermes e os jurados: Silvio Roberto da Costa Francisco A. Souza, Nelson F. Peixoto Neto, Paulo Nunes, Milka Maciel >>
À Saga Benevides Carneiro
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= Xavier, Tânia Maria de Carvalho e Valmir Melo da Silva. Fui julgado junto com o Jailson, depois que prestamos depoimentos sentamos de frente
ao Juiz, ladeados por dois policiais. A leitura do processo começou e foi s, mas com intervalo para almoço. a j a do almoço, eu pedi para ir ao banheiro e no caminho cruzei, esbarrei, no amigo do Rio, Antônio Alonso, mas nãoo vi, soube depois que ele estava ali, no corredor. Na hora do almoço não consegui comer nada. Para mim, aquele almoço tinha cheiro de farsa. Durante um ano, dez meses e treze dias comendo o pão que o diabo amassou, não era a hora de comer daquele banquete. Já Jaílson, comeu que só faltou estourar a barriga. Disse que eu era bobo em não comer, e que não era para deixar nada daquela comida sobrar, senão o pessoal leva pra izia ele.
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do almoço, e terminada a leitura do processo, 0 Juiz
chamou para depor as testemunhas de acusação, Aureliano Alves de Souza, caseiro do Sítio Recanto e o sargento Benedito Pedro da Silva, delegado de Caraúbas. Entretanto, o procurador dispensou tais testemunhas. A Dra. Lurdinha pediu uma parte e insistiu para que elas fossem ouvidas, mas o Juiz as liberou de depor. Foi fácil entender porque o procurador as dispensou. O Sr. Aureliano e o delegado Benedito,
testemunhas de acusação do processo, eram sem querer, as minhas testemunhas de defesa, já que ambos afirmavam que nunca me viram no local do fato, nem mesmo na região. As minhas testemunhas de defesa, que vieram do Rio de Janeiro, Antônio Alonso Filho, Celso Teixeira Pinheiro e Antônio Estrela Arrojado foram ouvidos, um de cada vez. Contaram que eu estava no Rio de Janeiro no dia 10 de novembro de 1982, juntamente com eles ensaiando músicas para o Festival MPB-83 da TV Globo. Eu vinha repetindo isso desde o dia que fui, injustamente, preso!
A prova da perseguição O que mais me tocou foi que dentre os 15 acusados, julgados em
dias diferentes, eu fui o único a sofrer uma réplica nas acusações pelo procurador Antônio Eduardo Dantas Nobre. Fato esse publicado no Diário de Natal de 23 de novembro de 1984:
1608—
Dudé Viana
“Noviço pediu réplica. Enquanto na sessão acusatória dos réus Ismael Fernandes Siqueira e Luiz Benevides Carneiro, segund a-feira passada, o procurador Antonio Eduardo Dantas Nobre não pediu réplica para reforçar a sua argumentação, às 18 horas de ontem, quando a
advogada Maria de Lourdes Hermes encerrava a defesa de Dudé, o
representante do Ministério Público Federal pediu réplica ao juiz Araken. Com um objetivo claro: reforçar as suas acusações contra o réu Dudé por achar, provavelmente, que o seu discurso de quase três horas não foi suficiente para convencer os sete jurados.” O Dr. Wellington Xavier havia me falado que qualquer um podia ser absolvido, menos eu, por causa das minhas cartas. Mas eu pensei que fosse uma brincadeira dele, para me pôr medo às vésper as do julgamento. Mas vi que estamos cercados de pessoas virtuos as e de outras pessoas infames. Apóstolos, mártires, heróis da fé, filósofos, cientistas e pensadores desse mundão de Deus já beberam da taça de excrementos da impiedade das pessoas, e por que não eu? Só mesmo pela misericórdia de nosso Pai Celestial, fui um vencedo r. Mesmo que não seja percebida, a justiça divina jamais falta. A ninguém compet e, em situação alguma, utilizar-se do nome da justiça para castiga r ou punir um inocente, que num momento de total desespero, resolv eu pedir socorro à sociedade. Pensando bem, denúncia infund ada não é denúncia, é falso testemunho. O advogado Wellington Xavier defendeu o Jailson com intelig ente
tática judicial, ou seja, usou meu caso para defender o cliente dele.
Disse ele aos jurados: “Se todo o Rio Grande do Norte sabe que Dudé mesmo inocente, está há quase dois anos preso, vocês tem certeza que o meu cliente é culpado? Eu sei que Dudé é inocente, o procur ador sabe que Dudé é inocente, a justiça sabe que Dudé é inocente e todo o mundo sabe que Dudé é inocente, no entanto Dudé continua preso. A lei diz que na dúvida, o jurado deve votar a favor do réu. Diante dos fatos apresentados,
vocês acham que o meu cliente é culpado?”.
Com isso, ele conseguiu
absolver o Jaílson por 4x3 dos votos. Após o julgamento, quando o Juiz leu a sentença de 7x0 para mim, me lembrei do meu último pedido a Deus no qual, lhe pedi os votos dos sete jurados como prova da minha inocência. Senti-me novamente
A Saga Benevides Carneiro —
469
sem chão para pisar, uma multidão de desconhecidos e amigos me abraçou, inclusive os três que vieram do Rio de Janeiro, que só naquele momento, podemos nos falar. Os amigos do Conselho Regional da Ordem dos Músicos, que me ajudaram com as passagens das testemunhas e mais os familiares também presentes. Certa noite, próxima do dia do julgamento, eu havia sonhado caminhando por um deserto, e havia parado na beira de um grande rio. Quando chega Jesus, e me ordena colocar a mão direita no seu ombro
esquerdo. E assim atravessamos sete rios caminhando sobre as águas, sem afundar. Já do outro lado do sétimo rio — “você agora pode caminhar sozinho”, disse ele. Só depois do julgamento foi que eu entendi que os sete rios eram os sete jurados. Depois desse caso, passei a gostar do numero sete, além das sete notas musicais. Aprendi que ninguém passa por esta terra isento de dor, e que dos males surge sempre um bem. “Felizes são os que sofrem”, disse Jesus.
Dudé, absolvido, leva até Brinquedo DIARIO DERA TAL
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Jailson e Dudé, no banco dos réus, ladeados por seguranças. Fonte: Diário de Natal, 1984.
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federal Inocência do cantor reconhecida por 7 a 0. Brinquedo do Cão também é absolvido pelo Júri
Delhante é stuação ce Na. de Lord E
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memrar. Lutaé é tua fonção: nossas pencerador se preocupes
que O proventos descarvegos aemrações em cima de Lhedé* Porqul
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do Rio de Janiero,
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vieram
Ribeiro e seu Presidente
Fonte: Diário de Natal,
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adrogada
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tenho plenas convicção da mscacia Nrnbms quarrs filhos « vel tesao. bus pomcsas defeniaria uam b) rear
depor
(Antônio Estrela, Dudé, Antônio Alonso
e Celso Pinheiro, acompanhados do Vice Presidente da Ordem dos Músicos do Brasil, Antônio
Dude não conseguia habeas Eu,
ontilcos as umas sensações oem mesmenos de que 4 Chacina do Recamo (era tdma
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Orubt demuncios a vas vtuação Minintoo da Justica. Presitento
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acompanhado
como testemunhas no caso 1984.
cum acuual
Dade, que é pobre. magro, fera, IN
Tr
Dudé,
omiuees jusados, o proxsrador má vela aqui pars escisrecer Ve pari
1984.
170—————————— Dudé Viana
Prentice Bulhões).
das Ma Fonte:
do “Sn qe | RO
Diário de Natal,
CL
a Pe 23 nov.
1984.
A Saga Benevides Carneiro ——————— 47
Capítulo IV
Da Prisão ao mundo Gospel,
Wantuil
Carneiro, Cantor com 5 CD e DVD em 2010, até o presente momento em parceria na produção com sua esposa Selma de Carvalho. Fonte: Alex Régis. 2000
Outros Gritos Passados
dois anos
Depois da prisão, eu estava na minha luta diária de antes, mas com maior dificuldade, devido ao preconceito de ser um ex-preso. Tonininho terminou o curso de Agronomia e fez Direito. Vanzinho casou com Selma e virou cantor gospel, moravam em Natal. Elcinho casou com a prima Salete, moravam em Natal e tiveram a filha Amélia Lalyane. Branquinho havia engravidado uma moça da cidade de Caraúbas, tinha matado um motorista de caminhão e estava foragido. Toinho Praxedes (pedreiro) e Moreira (motorista) voltaram para Umarizal. Lá, Toinho Praxedes e Lourinalda tiveram três filhos: Alon Márcio, Alano Michael e Aline Mariele, que atualmente moram em Natal. Antônio Benevides (irmão de Doutor) estava em Felipe Guerra porque ficou só seis meses preso.
Tio Raimundo Carneiro, estava em Caraúbas, Raimundo Amorim Fernandes (Zimar) na prefeitura de Caraúbas, Brinquedo, que aguardava
A Saga Benevides Carneiro ———————————— 173
de prisão, tive que esperar, até o ano de 1999, ou seja, longos 15 anos de minha vida, por novo julgamento. Sendo eu novamente absolvido, desta feita por solicitação expressa pelo próprio representante do Ministér io Público Federal, o renomado Dr. Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, por entender que eu não tive qualquer envolvimento na chacina, nem no assalto. O próprio delegado Maurílio Pinto de Medeiros, que trabalhou nas investigações do assalto dos 94 milhões de Cruzeiros destinados ao
tm
o julgamento pela morte do agente Federal na E
ptenn o numa ia ício foi assassinad fugiui para Sãoà Paulo. Maurício iônia João Chaves em Natal. Siquei sd E e Ci estava na região Oeste, tentando se Ê ag uar i o também ibas. Doutor, Vanzijnho e Elcinh a pedaan ai me e tal de o Cosm l. agente Federa DR ? o Dudé ade o livroo Dude Em novembro de 1987, foi i edi editado à o bio i pa grito O diário: Editora Vozes Ltda, baseado no meu pa : Zenal Maria com inocente. Neste mesmo ano, gravei um LP So r Wagne com das estrelas, com quatro músicas em parceria
pagamento dos alistados da emergência em 1982, foi incumbido de me
recambiar do Rio de Janeiro para Natal, revelou a imprensa, pouco antes do segundo júri, as seguintes palavras ao repórter Washington Rodrigu es
Santos, o jornalista de Dudé ou Dedé?
|
da Tribuna do Norte, em 22 de junho de 1999.
“Veja bem, naquele ano quando viajamos para buscá-lo no Rio de Janeiro, disseram que era um cara de alta periculosidade, matador , assaltante. Quando cheguei lá, me surpreendi, me deparei com aquela figura pacata. Tenho certeza que Dudé não teve participação no episódio . Ele não era de praticar isso não”. Atesta o delegado. “Maurílio não lembra como Dudé acabou citado nas investigações do caso, porque boa parte do inquérito foi feita pela Polícia Federal, mas acredita que a confusão ocorreu realmente, por causa do parente sco do cantor com a família Carneiro. Inclusive, diz Maurílio, 'viemos convers ando muito no avião do Rio para cá, pela conversa vi logo que era inocente ”.
DUDE oou dosDEDSantÉ?os = Soeir 6/06 agner
neste, não há» justiça ANT a que e não m uma provde Dudéé ;é mais te gere aa Dudé a, políci da de ariode arbitr da ais. o quase Sor Dudé pedia uma oportunidade asia p que orae rovara So nos Bcusado de um erita dicar E
y
quas caluniado, * doe a
incontestável.
Montes
Wagne
pedi:
nã
Dsdo, ta
da denúncia
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Jornal do Brasil, Rio de Janeiro,
(idéias - Suplementos
contundente: &
11/06/1988
de Livros)
Passados 10 anos
Julgamentos
gravei “Violas e member É No ano de 1997, com o apoio de amigos
e, e nesse cd, eu fiz voz e violão base e Delei Duart j o
ni uém paraa ning
botar defeitito. o. Um
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com a acústico co
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m mas ba novamente, tive pela dr º n a n impre A ). nic idade human i praga da reconceito (a maior emissoras de rádio ignoraram o trabalho. as mas , pi apoio
Novo julgamento haver sido eg Diante de todos os elementos dos autos, de amargar quase do por unanimidade, ficando em liberdade após
174————
Dudé Viana —
e
Doutor Benevides
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:
No dia 24 de junho, começou o segundo julgamento, depois de 15 anos do primeiro Júri Popular da Justiça Federal a respeito do caso e onde todos os acusados foram absolvidos, tanto do roubo quanto da chacina. O resultado anterior foi anulado pelo Tribunal Regiona l Federal. Como, ao todo, eram oito acusados, o Juiz Francisco Barros Dias, que presidia o júri, optou por desmembrar os julgamentos, pois existia m muitos detalhes que não atingiam a todos os acusados. Por isso, só o Doutor foi julgado naquele dia. Os advogados de defesa de Doutor Benevi des foram
>>
À Saga Benevides Carneiro
175
Paulo Afonso Linhares, José Wellington Pinto Diógenes e José Luis Carlos de Lima. Na acusação, atuaram os procuradores Marcelo Navarro Ribeiro Dantas e Marco André Seifert. Em seu depoimento, Doutor disse que o assalto foi praticado por Maurício Carneiro, Branquinho, Dedé e Sidney Negão. Com exceção do segundo, que está foragido, todos atualmente já estão mortos. Demonstrando muita tranquilidade ao responder as perguntas do Juiz, Doutor disse que muitos acusados foram torturados durantes as investigações policiais para que envolvessem seu nome no delito uma vez que se destacava como Lider político da família Carneiro e isso incomodava muita gente. “Até eu sofri tortura e quase perdi um olho por causa disso" queixou-se (SILVEIRA, 1999, p.3). “O assalto dos 94 milhões de Cruzeiros, transformou-se numa
espécie de épico da história dos grandes crimes no RN. O assalto envolveu personalidades importantes da região Oeste do Estado e rendeu o
assassinato de muitas pessoas, entre elas o ex-prefeito de Caraúbas Zimar Fernandes. Principal nome do episódio, Luiz Benevides Carneiro, conhecido por Doutor, virou lenda na crônica policial dos jornais. O Repórter Washington Rodrigues, na Tribuna do Norte, disse: “qualquer que fosse o resultado do Júri de ontem, o agropecuarista Luiz Benevides, Doutor Carneiro, já está na história como o primeiro prisioneiro a ser submetido a um júri popular pela Justiça Federal do RN.” (RODRIGUES,
1999, p.3)
Branquinho e Maurício, ele agora estava sozinho, mas com o mesmo esquema de segurança.
Vanzinho, Chagas do Sabão, Antônio Praxedes, Moreira e eu Na segunda-feira 28 de junho, houve o julgamento de Vanzinho, de Chagas do Sabão, de Antônio Praxedes, de Moreira, de Elcinho e de mim. Elcinho, não compareceu. A sessão começou as 9h da segundafeira e foi até as 2h30 da madrugada da terça-feira. Depois dos nossos interrogatórios, houve uma pausa para o almoço e, de volta ao trabalho, o procurador Marcelo Navarro Dantas disse: “segundo a bíblia, os últimos
serão os primeiros e hoje aqui Dudé vai ser o primeiro”. Em seguida inverteu a ordem dos libelos (libelo, acusação individual de cada réu) fazendo com que o meu libelo, que era o último passasse, a ser o primeiro. Feito isso, falou: “Os indícios contra Dudé são muito menores do que as provas de sua inocência” justifica o procurador. “Nas várias acareações feitas após o assalto e a chacina, Dudé foi inocentado e em nenhum de seus depoimentos houve contradição” (DANTAS apud Grillo, 1999,p.2). Depois que o Ministério Público retirou a acusação contra mim, o Juiz dispensou a minha advogada de defesa Maria de Lourdes Hermes (Lurdinha) e dispensou de depor os meus colegas de trabalho, o artista
plástico Antônio Estrela Arrojado e o músico Antônio Alonso Filho, ambos Ismael Fernandes Siqueira
Na sexta-feira 25 de junho, foi a vez de Ismael Fernandes Siqueira ser julgado. Na época do assalto ele pertencia ao Sindicato dos Bancários de Mossoró e era gerente do extinto BANDERN. Foi julgado pela acusação
de fornecer informações privilegiadas sobre o itinerário do dinheiro, facilitando a ação dos bandidos. Pesava-lhe a acusação de ser um dos mentores intelectuais do assalto. Ao lado de Doutor, eram os mais visados na apuração do crime que resultara no assassinato de quatro pessoas, sendo uma das vítimas, um menino de quatro anos. Diferente do júri
passado, quando Ismael foi julgado junto com Doutor, Vanzinho,
176—————.
Dudé Viana
do Rio de Janeiro. Eles ficaram uma semana em Natal, porque a Justiça Federal intimou-os para o dia 24. Só depois desmembrou o julgamento em três sessões e me botaram na última. Mas foi ótimo. Afinal de contas, “os últimos serão os primeiros”. Resultados *
Luiz Benevides Carneiro, o Doutor, condenado a 30 anos. Ismael Fernandes Siqueira, o Siqueirinha, condenado a 41 anos e 4 meses. Francisco das Chagas Teixeira, Chagas do Sabão, condenado a 62 anos e 6 meses.
A Saga Benevides Carneiro ——————
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José Wantuil Carneiro, o Vanzinho, condenado a 71 anos. Antônio Praxedes de Sales, o Toinho da lanchonete, condenado a 8 anos e 6 meses = José Moreira dos Santos, o Moreira, foi absolvido por maioria do júri popular. José Viana Ramalho, o Dudé, foi absolvido em segundo julgamento, o que lhe da liberdade definitiva. * Tribuna do Norte, 30 de junho de 1999, p. 2.
Caraúbas, Zimar foi morto no dia Fitipaldi Benevides, o Merson, 19 segundo acusado Luiz Benevides Os que estão vivos, mas não
25 de fevereiro de 1993 por Emerson anos (na época) e o crime teve como Sena, o Bené. foram julgados são: Antônio Benevides
Carneiro, o Toinho, que é irmão de Doutor; Genésio Rodrigues, João
Benevides Carneiro (Branquinho) e Antônio Benevides Carneiro, o Elcinho, que foi intimado, mas não compareceu. Após o final dos julgamentos, os advogados de defesa apelaram para que eles fossem julgados novamente em Instância Superior.
Fora do Júri
Prisão de Merson
Alguns dos Carneiros e amigos, presos por envolvimento no roubo, não viveram para ir a novo julgamento. Um dos principais acusados, Maurício Carneiro, morreu no dia 26 de
Na madrugada de quarta-feira 15 de dezembro de 1993, agentes da Coordenadoria de Polícia Civil (Codepol), em conjunto com policiais de Patú e Caraúbas, prenderam Emerson Fittipaldi Benevides, o Merson, com 19 anos na época, e Francisco Alves de Oliveira, 30 anos, que havia chegado a cinco dias de Altamira/PA. A operação Policial visava prender, além de Merson, o outro suspeito da morte de Zimar, Luiz Benevides Sena, o Bené. E o líder dos Carneiros, como era chamado Doutor Benevides, tio do Bené. Mas estes dois não foram localizados. O Doutor
janeiro de 1986, quando tentava fugir da Penitenciaria Central Dr. João Chaves, onde estava preso desde dezembro de 1982. Jailson Monteiro da Silva, o brinquedo do cão, foi morto em 12 de março de 1992 dentro da delegacia de Viçosa/RN, executado com vários tiros,
juntamente com o seu comparsa Lindomar. Antonino Benevides Filho, o Tonininho, foi morto em 13 de janeiro de
1992, :
Antonino Benevides Filho
Advogado e Eng Agrô-
às 19h, quando
chegaram
à casa
os bandidos
do advogado
e se
identificaram como policiais, pediram que
aquém o chamasse. Quando “Tonininho"
saiu na calçada, foi assassinado. Raimundo Fernandes Benevides, o Raimundo Carneiro, pai de Maurício, de Vanzinho, Branquinho e Elcinho, porque antes morreu de
AVC. Raimundo Amorim Fernandes, o Zimar, o único que não esteve incluído no grupo dos réus que foram julgados em 84. Ex-prefeito de
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Dudé
Viana
nessa época encontrava-se foragido das justiças do Rio Grande do Norte
e do Ceará. À polícia o considerava como mentor intelectual de todos os crimes praticados por membros da família, mesmo se ninguém o acusasse (parecia praga de Chica Cancão). Merson estava dormindo na casa de seu pai “Tico Carneiro” quando os policiais a invadiram quebrando as portas. Emerson tentou passar despercebido, escondendo-se debaixo da cama do “Tico”. Já Francisco Alves, foi arrancado da casa do tio “Chiquinho de André”, pai de Doutor. Em Caraúbas, Merson declarou à Juíza Carmen Verônica Calafange que resolveu participar da morte de “Zimar” porque o exprefeito era o suspeito da autoria intelectual do assassinato de Antonino Benevides Filho, o “Tonininho”. Assim que terminou o depoimento, agentes da Codepol viajaram para Natal levando Merson e Francisco Alves. O Merson, no mesmo dia, foi colocado na Penitenciaria Central Dr. João
A Saga Benevides Carneiro ———————
479
Chaves, o caldeirão do diabo, onde já estavam Galego, Baleado e Branquinho. O Francisco ficou numa delegacia distrital até sua ficha ser checada. (LELIS, 1993, p.11) Emerson Fittipaldi da Silva Benevides pegou 16 anos e 6 meses de condenação pelo crime, foi julgado em 1996 e cumpriu pena de 7 anos e oito meses entre três presídios: Penitenciaria Central Dr. João Chaves, em Natal; na Cadeia Pública de Pau dos Ferros e Penitenciaria Agrícola Mário Negócio, em Mossoró. Atualmente Emerson é evangélico, casado com láscara Kataime Silva de Góes Benevides e tem dois filhos: Messias e Abraão. Como sonho, o jovem pai quer ser pastor e estuda para transformar o seu sonho em realidade. Já Francisco Alves, Borim, como era mais conhecido até o
episódio, hoje em dia ninguém em Felipe Guerra o chama por esse apelido, nem lembram. Agora todos o chamam de “mau elemento”. Tudo porque quando ele foi preso o delegado Maurílio Pinto falou para os policiais: “tragam o mau elemento aqui!” Então o apelido pegou e o Francisco Alves, como não é da família Careiro, ganhou apenas umas bordoadas da polícia e o apelido de “mau elemento” de brinde.
Doutor acreditou na Justiça Doutor fugiu do Hospital da Polícia de Fortaleza, na capital cearense, onde estava cumprindo pena pela morte do Policial Federal, morto por Dedé, fato ocorrido em 82, na localidade do Canto do Buriti, no
Estado do Piauí. Fugido há cerca de seis anos, vivia na clandestinidade até que se apresentou à Justiça no dia 18 de janeiro de 1998. Doutor disse que fugiu porque se viu obrigado porque estava sendo ameaçado de morte pelo Tenente Gurgel, que na época havia sido expulso da polícia e estava recolhido num quartel-presídio no Estado da Paraíba,
Conrado Filho, sob os aplausos de centenas de pessoas. “Para o Juiz José Conrado Filho, da Comarca de Caraúbas na época, a decisão de Doutor em se apresentar à Justiça é uma prova de confiança à esta instituição, assim como na sociedade e na segurança da cidade. Segundo o Juiz, isso mostra que o cidadão está mais confiante na justiça e dando maior credibilidade ao sistema policial”. Na calçada do Fórum, antes de partir de Caraúbas, Doutor falou para os amigos “Estou matando
saudades” e viajou para Felipe Guerra acompanhado pela polícia. A apresentação de Doutor Benevides à Justiça e a grande possibilidade dele ser o novo prefeito de Caraúbas, já que a condenação pela morte do Policial Federal estava chegando ao final, fizeram com que no ano seguinte saísse o 2º julgamento do caso dos 94 milhões de Cruzeiros, quando Doutor foi condenado a 30 anos. Mas como já havia cumprido 11 anos e 3 meses de prisão, ficou em liberdade, fato que não agradou aos seus adversários políticos e inimigos. Mas mesmo
condenado, conseguiu eleger sua prima e esposa Celinha Benevides a vereadora de 2000 a 2004 e a Presidente da Câmara por unanimidade
de 2000 a 2002. Hoje Celinha Benevides é presidente local do PDT. Doutor foi pronunciado no processo da morte do bancário José Eriberto Soares da Silva que foi morto em 26 de janeiro de 1990, em Caraúbas. Acompanhado pelo advogado Francisco WeIlington da Silva, foi ouvido pelo
ç
onde conseguia saída com facilidade. A família montou toda uma estratégia para Doutor se justiça, para que não houvessem surpresas. O almoço com foi na casa da prima Noima, que fica na principal avenida Caraúbas. “Estou muito feliz em reencontrar essas pessoas
apresentar à os familiares no centro de amigas, que
confiam e gostam de mim”, disse ele antes de entrar na sala do Juiz José
180——
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Viana
Juiz José Conra-
Agnaldo
Benevides
Galego,
que
serviu
Carneiro,
o Exército
conhecido
em
como
Natal, foi
do e, em
foi
seguida,
transferido
Ma panda A Po eo adega va dipoe PaRR/S cada de em Caraúbas acompanhado de Baleado (um dos braços direitos de Valdetário). Fonte: O Mossoroense, 1993.
A Saga Benevides Carneiro —
Felipe Guerra, em sua terra natal
181
e onde ficou aguardando ser julgado pelo Júri Popular. Doutor garantiu que não teve nenhuma participação no crime do bancário Eriberto Soares e que seu nome foi envolvido devido a um episódio ocorrido no passado. “Havia rumores de que Eriberto teria tentado me matar, por isso envolveram o meu nome como suspeito de sua morte”, disse Doutor. Anos antes Doutor tinha sido acusado de mandar matar Nero Nazareno Fernandes e por isso sofreu um tiro de escopeta calibre 12 que o atingiu de cheio no abdômen, que foi deferido por Samuel Fernandes, filho de Nero e que também era cunhado de Eriberto.
Capítulo V Bombas matam Doutor no Piauí
Doutor Benevides Família,
e sua esposa
Celinha
Benevides.
Fonte: Acervo
da
Doutor viaja ao Piauí com o objetivo de ajudar parentes e de Branquinho, preso, quando foi depor em Caraúbas. Fonte: O Mossorcense, 1993.
conseguir a liberdade do primo Teksumi Katayama Benevides, 22 anos, filho de José Valdetário Benevides, que havia ido resgatar o pai em um esconderijo, mas acabou sendo preso, no município de Milton Brandão. Na Comarca de Pedro Il, o grupo de Valdetário estava sendo acusado de ter assaltado o Banco do Brasil, fato ocorrido na manhã do dia 7 de maio de 2001. Nesse assalto, a quadrilha chefiada por Valdetário teria levado
mais de 30 mil Reais do banco. Após a fuga, houve uma onda de tiroteios na região que durou cerca de 12 dias. Durante o sexto tiroteio, Galego foi baleado e preso, sendo morto o ex-soldado da PM Manoel Haroldo de Moraes, de Apodi. (Gazeta do Oeste, 2001, ALVES). Doutor Benevides aos 52 anos viajou para ajudar parentes, como Agnaldo Benevides Careiro (Galego) que estava baleado e preso no
Piauí. Doutor tinha informações que outros membros da família haviam 182—-———
Dudé
Viana
A Saga Benevides Carneiro ————
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sido mortos em confronto com a polícia. Chegando ao Piauí, foi preso no dia 17 de maio de 2001. Ele estava acompanhado do advogado José Felix Gomes Neto, que teve sua documentação checada junto a OAB. Doutor foi preso no Município de Piripiri e levado para um hospital, onde sofreu o primeiro infarto. Depois de ouvido pelo Coronel da PM César Lopes, foi transferido para Teresina, capital do Piauí. Doutor já não devia mais nada à justiça de nenhum Estado, pois havia recebido o alvará de soltura dias antes de ser preso. No Piauí queria apenas ajudar a reconhecer os corpos de parentes e libertar
Teksumi. No dia 18 de maio, a justiça mandou libertar Doutor Benevides depois que recebeu um fax do Juiz Expedito Ferreira de Souza, da 1º Vara Criminal de Mossoró, avisando que a pena dele havia sido concluída.
Doutor deveria ser liberado antes do anoitecer, mas antes, por volta do meio-dia, o Secretário de Segurança Carlos Lobo e o Subsecretário Menandro Pedro Luz, ouviram o depoimento de Doutor na Secretaria de Segurança. Depois de horas sendo interrogado sobre os crimes de homicídios e assalto, Doutor foi levado para a casa de custódia onde, no mês de agosto, sentiu dores no peito. Foi medicado no Hospital do Conjunto do Promorar e levado de volta para a Penitenciária.
Seguindo a solicitação da polícia, a Juiza Rosa de Souza Leal, da Comarca de José de Freitas/P|, como informa a Gazeta do Oeste, decreta a prisão preventiva de Valdetário, de Cimar, de Galego, de Alex e de Haroldo, tendo como motorista da ação Doutor Benevides com a acusação de terem assassinado, a tiros de fuzil AK-47, no dia 20 de abril daquele ano, o casal: Antônio Macedo, 68 e Maria do Socorro, 42, em Boca do Mucambo, daquele município (GAZETA, 2001). Mesmo tendo provado com documentos que não tinha participação no duplo homicídio e no assalto ao Banco do Brasil, Doutor já estava com duas preventivas decretadas no Piauí, a do Juiz Raimundo Rolland, pelo assalto, e da Juíza Rosa, pelas mortes. Em 25 de maio, Valdetário concedeu entrevista, via celular, ao radialista Otoniel Maia a uma emissora de rádio de Mossoró em que disse: “o Doutor não sabe nem dirigir, como é que ele vai dirigir carro para ladrão? Só tem dois que dirigem, eu e Galego, o resto apruma carro.” E negou a morte do casal em José de Freitas.
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Segundo comentários dos policiais que estavam dentro do pavilhão da casa de Custódia, Doutor sentiu dores no peito quando tomava banho de sol, sendo aquela a terceira vez que Doutor passava mal depois que foi preso no dia 17 de maio de 2001, no Município de Piripiri. Doutor estava preso na casa de Custódia desde o dia 19 de maio,
que é um Presídio de Segurança Máxima em Teresina, localizado no bairro Km-7. Depois que passou mal, ele teria sido levado ainda com vida para o Hospital do Conjunto Promorar, onde foi atendido pelo médico
cardiologista Manoel da Silva Moura. Morreu minutos depois, por volta das 9h30 (GAZETA, 2001, p. 8). O médico Manoel da Silva Moura em 10 de dezembro de 2001, ao prestar declarações no inquérito policial que apurava a morte de Luiz Benevides Carneiro na Delegacia Geral de Polícia Civil, na Cidade de Teresina, declarou o seguinte: “que por volta das 9h25 min. do dia 10 de setembro de 2001, encontrava-se de plantão no Hospital do Conjunto Promorar, ocasião em que deu entrada naquela casa de saúde, uma pessoa do sexo masculino; que ao iniciar os primeiros socorros, constatou que o mesmo estava com uma parada cárdio-respiratória, no entanto fez um procedimento de rotina, que envolvia massagem cardíaca, tentando pegar a veia e colocando oxigênio, para tentar a ressuscitação do paciente, entretanto não obteve êxito com tais procedimentos, haja vista que o mesmo já chegou sem vida. Que após a constatação do fato, fez o encaminhamento da vítima que se chamava Luiz Benevides Cameiro; que os policiais militares, ao darem entrada com a pessoa da vítima, informaram que o mesmo havia desmaiado, não tendo acrescentado nenhum outro detalhe, perguntado ao declarante se bombas de efeito moral poderiam ter afetado o estado do paciente, o declarante respondeu que tais bombas poderiam ter afetado e agravado o estado de saúde do paciente e até mesmo acelerar a parada cárdio-respiratória”. Nada mais a dizer e nem lhe foi perguntado. Paulo de Tarso Soares de Araújo, em 21 de novembro de 2001, ao
prestar declarações no mesmo inquérito policial e onde estava presente o Sr. Bel. José Gonçalves de Almeida Neto, delegado de polícia de 1º classe, declarou o seguinte: “que no dia 10 de setembro de 2001, por
solicitação do diretor da casa de custódia major Cruz, fizesse uma vistoria
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nos pavilhões, iniciando pelo pavilhão B, em virtude de ter havido atrito entre os detentos do pavilhão B, que haviam vários ferros dentro das celas; que por volta das 08:00 horas foram reunidos os soldados PM: J. Pires, Pereira, Adelson, Cabo J. Sousa e outros; que ao chegarem no pavilhão B foi determinado que todos os detentos que estivessem no pavilhão B, tiassem as roupas e fossem para o local coberto do pátio. Que ao chegarem determinou que fossem jogadas duas bombas de efeito moral, todos os detentos ficaram sentados. Que quando todos os
a jogar bombas de efeito moral. Quando estavam todos no pátio, os militares passaram novamente a jogar bombas nele e em seus companheiros de cela. Doutor lhe perguntou se no Estado do Piauí era normal aquele tipo de procedimento, no que respondeu que sim, pois já havia acontecido uma vez. Que uma das bombas veio a cair próximo a vítima e explodiu, no que a vítima começou a passar mal, no que trataram de pedir ajuda, no que logo em seguida chegaram os agentes
detentos já estavam sentados, um dos detentos gritou informando de que
sem vida, mesmo porque não deixaram o declarante sair do local onde
um dos detentos estava passando mal, sendo retirado imediatamente o detento e prestado os devidos socorro, colocando o detento num veículo e levado para o hospital do conjunto Promorar; Que ao chegar no hospital Luiz Benevides Carneiro, ainda chegou com vida, e que o médico que estava de plantão, ainda tentou reanimar, porém o mesmo veio a falecer. Que após a morte do detento foram tomadas todas as providências legais, ou seja encaminhado para o IML; Que tal procedimento é rotineiro e é padrão em todos os presídios do estado”. Nada mais disse e nem lhe foi perguntado. No dia 8 de novembro de 2001, os presos da cela onde estava à
estava. Que só veio a tomar conhecimento de que a vitima tinha falecido
vítima prestaram declarações na mesma delegacia geral de polícia civil, em Teresina, onde presente se encontrava o Sr. José Gonçalves de Almeida Neto, delegado de polícia de 1º classe. Os detentos: Geraldo Lucas Batista, Elivanilson Moreira Nunes, Rogério Lopes de Sousa e Naeson George Nóbrega da Silva, declararam que por volta das 8h30min, do dia 10 de setembro de 2001, quando em determinado momento, deram início uma vistoria na cela onde eles e vítima se encontravam, então os policiais militares passaram a jogar bombas de efeito moral, para darem pressão psicológica. Uma das bombas veio a cair próximo de Luiz Benevides Carneiro que, na mesma hora, começou a passar mal. “A vítima estava na cela em companhia de outros detentos há cerca de dois meses e que todos conviviam bem. No dia 10 de setembro
de 2001, por volta das 8h30min, tão logo tomaram o café da manhã, chegaram os militares dizendo que todos da cela tirassem à roupa e fossem para o pátio. Quando iam saindo da cela, os militares passaram
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Dudé
Viana
penitenciários e levaram a vítima. Porém não sabe se a vítima já estava
por volta do meio dia, através do jornal na TV Clube”, disse Naeson
George Nóbrega da Silva. Doutor Benevides era Maçon e não queria ir ao Piauí porque a sua ida desobedecia ao primeiro principio da Maçonaria que é “não fazer uma determinada coisa quando a natureza pede para não fazer”. Ele sentia em sua mente que não deveria ir aquele lugar, mas foi, porque prometera à mãe de Teksumi ir lá buscar seu filho. “Ele desobedeceu a consciência divina. O grande arquiteto do universo” disse Antônio Benevides Carneiro, o Toinho, irmão de Doutor. Doutor tinha quatro filhos: Salomão, com sua prima Nilza no Sítio
Marrecas. Raniele, de outro relacionamento. Lucélia Benevides Carneiro e Westterlley Benevides Carneiro, com sua última esposa Celinha Benevides. Com Maria das Neves, ele teve um relacionamento de 18 anos, sem filhos. Atendendo um pedido da família, o avião do Governo do Estado transportou-o até Mossoró. Doutor Benevides foi sepultado às 10h de quarta-feira 12 de setembro de 2001, no cemitério de Felipe Guerra, a
sua cidade natal. No mesmo túmulo onde já estavam os irmãos Francisco Benevides Filho e Raimundo Benevides Sobrinho, o Mundinho. O livro de presença do velório foi assinado por 3.994 pessoas. O mais curioso foi que, mesmo com todo o aparato policial com o objetivo de prender membros da família, não impediram que Valdetário, o mais procurado, passasse despercebido no meio da multidão e assinasse o livro de
presença. Ele foi o número 3.675.
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realizada uma verdadeira passeata pelas ruas de Caraúbas, mostrando os dois como sendo a mais nova dupla de ladrões da família Benevides Carneiro. Na Paraíba, foram levados a julgamento por este caso e condenados a 7 anos e 6 meses de prisão, cada um. Branquinho também foi condenado, mas estava foragido. Valdetário e Galego fugiram com um ano e sete meses de prisão, no dia 06 de novembro de 1992, quando voltavam de uma audiência na cidade de São Bento/PB. Valdetário foi pego no dia seguinte, num lugar próximo, mas Galego conseguiu fugir. Em 17 de outubro de 1995, Valdetário foi transferido para a cadeia pública de Caraúbas. Ele tirou 4 anos e 6 meses de prisão na Casa de Detenção de Campina Grande/PB, onde na cadeia ele fazia carros de brinquedo e os vendia a R$ 50,00 cada um.
“Eu não queria ser o que fizeram de mim”
Valdetário preso, entrevistado pela que
não
porque
gostava
para
ser
de
estudar,
um
bom
imprensa, antes de ser recolhido
em
Aicaçus. Fonte: O Mossoroense.
mecânico não precisava estudar. lhe falei: que para ser um bom ator, teria que estudar e muito! Ele falou que ainda era muito jovem e pela a arte, sim, poderia voltar a estudar. Nas vezes que nos falamos foram dos seus 10 até os 25 anos. Ele sempre falava de música e teatro dramático. “Eu gosto de rir... adoro comédia, mas o drama tem um quê na minha vida, que não sei explicar” dizia ele.
No ano de 1991, Valdetário e Galego foram presos e injustamente acusados no roubo de um carro Pampa, que ficou conhecido na época, como “Caso da Pampa”. Mas eles não haviam roubado. Valdetário e Galego foram amarrados e colocados numa caminhonete, quando foi
Dudé
carro a
e
treze
mil
Viana
em
;
Valdetário, deitado em caminhão de madeira, fabricado por ele na Prisão.
Fonte:
Acervo
dinheiro do pagamento “sa Família. dos trabalhadores, e embora o crime tivesse sido praticado por outras pessoas, foi Valdetário que passou a figurar camas Danas como acusado. Como noticiou a impressa da época, quem o acusou foi um funcionário do médico João Pereira irmão do prefeito Agnaldo Perei-ra. Valdetário revoltado com Valdetário, saindo da Casa de Detenção de isso porque o dono da CASA
A justificativa era que ele consertava os carros dos “doutores”. Quando
188———————
Quando Valdetário tentou reatar sua profissão de mecânico e já trabalhava, aconteceu um roubo na fábrica de Ademos Ferreira, em Mossoró. Roubaram um à
José Valdetário Benevides, o Valdetário Carneiro, nasceu em 07 de março de 1959, filho de Luis Cândido Benevides e Antonia Amabília de Paiva, único filho do casal. Valdetário, em Caraúbas, levava uma vida sossegada trabalhando em sua oficina, sendo ele considerado um dos melhores mecânicos, não só de Caraúbas, mas da região inteira. Além disso, carregava no seu eu uma força dramática para o teatro e as artes em geral. Fã do cantor Raul Seixas e do ex-guerrilheiro Che Guevara, e não descartava a possibilidade de um dia representar Che no teatro. Havia gostado muito de ter representado o Tiradentes no colégio. Uma vez ele me contou Da
GE
DETENI
Campina Grande em 17 de outubro Fonte: Acervo da Família.
1995.
fábrica Ademos Ferreira
A Saga Benevides Carneiro ————————
189
era amigo da família Benevides, fez por conta própria uma investigação do crime e encontrou os culpados. Pediu que os assaltantes devolvessem
o produto do roubo e desde então, começou o desentendimento entre alguns membros das famílias Benevides Carneiro e Pereira Simião. O fato das falsas acusações por partes de uma família amiga dos Benevides, de longas datas, fez de Valdetário, um revoltado e passando
GOVERNO DO ESTADO DA PARAGA
£&
BECRETARIA DE GSTADO DA ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA
COORDENADORIA DO SISTEMA PENITENCIÁRIO - COSIPE CASA DE DETENÇÃO DE CAMPINA GRANDE - PB
deve mo me eu IaDO
ele a levar de vez por toda uma vida de crimes. Assaltava agora como forma de manter a estrutura bélica e a síntese de sobrevivência. Preso, foi levado para a Colônia Penal Dr. João Chaves, em Natal. No ano de 1998, quando Valdetário retornava de uma audiência na cidade de Caraúbas, foi resgatado por seus comparsas na estrada que liga os Municípios de Campo Grande e Caraúbas. Assim, todos ou quase todos
os crimes de morte ou assalto da região passaram a ser atribuídos a ele e ao seu grupo armado, composto de parentes e aderentes que, foram à luta, enquanto os demais membros da família continuaram na vida lícita, decente, honesta. Infelizmente, mesmo os honestos da família não
deixaram de sofrer os efeitos da causa montada pela força do crime adversário em vários momentos históricos, Antonino, num esquema de coronelismo, política, humilhação policial praticada com aparelho de Estado, que empurrou parte da
desde a década de 60 com tráfico de influência, traição o consentimento do próprio família Benevides Carneiro à
Cernfico a pedido de pessoa interessada, que revendo a ficha de Cadastro de Presidiário-Prontuário nº 2.440, pertencente so
acusado (PRESO PROVISÓRIO) - JOSE VALDETARIO BENEVIDES, natural de Caraubas-RN, Benevides
e
Antonia
nascido
Amabiha
em 07/03/1959.
de
Paiva,
foi
filho de Luiz Candido
constutado
o
seguinte:
em
06/11/1992, já se encontrava recolhido nesta casa penal, quando foi até a
comarca de São Bento-PB, a fim de assistir audiência. no regresso fugiu e foi recapturado no dia seguinte. em: 17/10/1998, foi transferido para a cadeia pública da Comarca
de Caraúbas-RN,
do oficio nº 2.908/98-VEP de 10/10/95. prontuário seguir junto
conforme determinação Judicial stavés
Nada mais foi constatado, devido o
difícil e perigosa tarefa de fazer justiça com as próprias mãos incluindo o assassinato do Dr. João Pereira e a enfermeira Walquíria Batista na noite
de 23 para 24 de dezembro de 1999. Preso em Monteiro, na Paraíba em 4 de junho de 2000, Valdetário foi recolhido para a penitenciária de Alcaçuz dois dias depois de onde
Campina Grande, 24 de Março de 2006. Éden Jide: Egágo Guedos tofu: Ent tó Maca “o 427l
conseguiu fugir em 4 de novembro de 2000, numa operação de resgate caracterizada como cinematográfica, juntamente com o primo Francimar Fernandes Careiro, o Cimar. Alcaçuz nunca mais
Numa das fugas mais audaciosas já ocorridas no Rio Grande do Norte, 29 presos de Alcaçuz de Nísia Floresta, ganharam às ruas. Entre eles estavam Francimar Fernandes Carneiro, o Cimar e José Valdetário
1900————————
Dudé
Viana
Benevides. A quadrilha, com de 8 a 10 homens fortemente armados, chegou ao presídio por volta das 17h e metralhou as guaritas com fuzil AR-15, parafal e outras armas de grosso calibre. Uma escada de aproximadamente 10m foi fixada no muro do lado de fora, enquanto os presos por dentro usaram cordas para escalarem o muro. Os presos levaram cerca de 30 min para escalar o muro do pavilhão Il de Alcaçuz,
onde estavam Leodécio Reinaldo Pereira, o Diamor, 32, que morreu no
A Saga Benevides Carneiro ——————
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tiroteio, José Valdetário Benevides e Francimar Fernandes Carneiro, o Cimar. Enquanto estes e outros escalaram o muro com as cordas artesanais, os integrantes da quadrilha de cima da muralha trocavam tiros com policiais que estavam dentro do presídio. Vários presos como também policiais militares ficaram baleados. Os presos que conseguiram escalar a muralha, fugiram em duas caminhonetas, uma S-10 e uma Silverado. As duas caminhonetas pararam bem perto da muralha com armas em cima das carrocerias, para que os presos que viessem de dentro ajudassem no tiroteio. Outros presos aproveitaram as cordas artesanais deixadas pelos fugitivos e mais a escada do lado de fora para também fugirem do presídio. Segundo o diretor de Alcaçuz (na época) Ricardo Roland, a intenção da quadrilha
era resgatar os presos Diamor, Valdetário e Cimar. Os demais foram porque encontraram o caminho livre. O fato de os demais detentos, cerca de 350 rebelados, faziam parte do plano. Os integrantes da quadrilha do lado de fora jogaram armas para os presos que saíram atirando. (Gazeta
do Oeste, 2000 / Diário de Natal, 2000 / Diário de Natal, 2001).
Muitos foram os assaltos e homicídios atribuídos a ele e seu grupo porque tinham os mesmos Modus operantis para a polícia. Uma das maiores ações criminosas praticada por ele e seu bando foi um assalto simultâneo a três agências bancárias: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste na cidade de Macau, em 04 de junho de 2002, onde morreu o delegado da polícia civil Robson Medeiros Lira.
Um grupo de 13 a 15 homens fortemente armados e usando três
carros entra na Alguns homens única entrada e se posiciona em
cidade de Macau e prende o Batalhão inteiro da PM. ficam guardando os policiais presos e outros fecham a saída da cidade. Um carro camionete Pajero do grupo, frente à agência do Banco do Brasil e 0 bando liderado
por Valdetário assalta as três agências bancárias da cidade. E alheio ao
que estava acontecendo, um maluco roubou à camionete Pajero dos
assaltantes que estava com o motor ligado e a chave na ignição, e mais
os alimentos da quadrilha, deu um cavalo-de-pau em frente ao Banco do
Brasil, outro perto de um segundo carro do bando, voltou, deu outro cavalo-
Apesar da prima Nóima Benevides sempre pedir paz e politicamente ter estado com o Dr. Agnaldo, não evitou a chacina da noite de 7 para 8 de novembro de 2001, na qual foram mortos o então prefeito de Caraúbas, Agnaldo Pereira da Silva, sua mulher Antônia Gurgel da
de-pau em frente ao referido banco e saiu dando mais cavalo-de-pau até que parou, largou o carro e fugiu com toda comida do grupo de assaltantes, que olhava de longe, mas estava preocupado com O dinheiro
Nóbrega e mais dois policiais militares e um caseiro. O caso se deu na
O delegado civil Robson Lira, mesmo vendo os policiais militares presos saiu em perseguição ao bando. Contam que “Baleado”, um dos
RN-117, trecho entre Mossoró e Dix-sept Rosado, mais precisamente na comunidade do Sítio São João da Várzea. Valdetário acreditava na delação à polícia por parte do prefeito contra ele e seu grupo, e que ocasionou na morte de Doutor Benevides. Se for verdade ou não, se o cidadão pensasse na dor do outro, nada disso teria acontecido. Desde que passou a fazer parte do crime organizado, revoltado por ter passado 4 anos e 6 meses preso inocente, por causa do roubo que não havia praticado, Valdetário tornou-se um homem estrategista e violento. Depois da prisão, Valdetário passou a dizer que foi a própria polícia quem abriu as portas do mundo do crime para ele. E jurou que mataria as pessoas que o fizeram pagar por um crime que não praticou. Valdetário, apesar da fama de violento, era uma pessoa carismática, se
mostrando simpático. Não gostava de “drogas”, de estupradores, de matador de aluguel e nem de bebidas alcoólicas.
192————————
Dudé
Viana
grosso dos três bancos.
Ducal
homens de Valdetário, teria atirado primeiro no pára-choque e nos pneus
do carro de Robson, mas o delegado não recuou e aconteceu o pior. E à partir dessa morte o cerco começou a se fechar para Valdetário e seu grupo, tendo em vista que o Dr. Robson Lira era admirado como cidadão e
policial.
E E Valdetário estava sem quatro homens: o ex-soldado da PM Haroldo morto em maio de 2001, durante tiroteio no Piauí, Galego Carneiro
que sofreu um tiro no joelho e foi preso quando tentava socorrer Haroldo.
E ainda Cimar Carneiro que, segundo seus irmãos, estava em São Paulo
capital com Almir José - Paraguai.
E o porquê de Arivone Gonçalves da Silva, ser conhecido como
Baleado? Ele nasceu em novembro de 1968, foi agricultor juntamente
A Saga Benevides Carneiro
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com seu pai em Limoeiro-CE, depois foi carpinteiro de carteira assinada em São Paulo. De volta a sua terra natal, se envolveu numa briga com três policiais e desarmado entrou em luta corporal, levou 4 tiros, mas tomou a arma de um deles e baleou os três. Preso, foi levado para uma prisão onde estavam: Doutor Benevides, Vanzinho, Brinquedo do Cão entre outros. “Baleado” não conseguiu mais reatar sua profissão, e em 1990, entrou de vez para o crime. Valdetário na TV A atuação de Valdetário e seu grupo atingiu dimensões tão grandes que chegou a ser destaque em uma das edições do programa global Linha Direta, em 24 de julho de 2003. O caso do pacato mecânico que se tornou assaltante, foi transformado num mito quando o tratam de “novo Lampião do Nordeste”. Mas apesar da dimensão do programa, que gastou tempo que daria para mais de dois casos, não foi tão completo porque faltaram depoimentos de membros da família Benevides Carneiro para comentar os motivos que levou cada um daqueles a praticarem crimes. Faltou ao programa se utilizar da oportunidade de esclarecer acontecimentos e mostrar a família Carneiro como também vítima de uma política do
cangaço que ainda impera na região. Que mostrasse o número de membros da família enterrados no cemitério de São Sebastião em Caraúbas, tombados pelo poder do crime adversário, normalmente com a proteção do Estado. Em suma, o programa, que poderia ter sido importante para abrir um grande debate de origem sociológica e uma reflexão política e jurídica acabou sendo apenas importante para influenciar ainda mais um grupo de jovens da região, admiradores do personagem em questão, a formarem o Fã Clube de Valdetário, que em seguida foi proibido pela justiça. Morte de Valdetário Três ou quatro dias antes da morte dele, pelo menos cinco pessoas da família receberam uma carta anônima de um suposto policial de
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Natal, que se dizia gostar da família e pedia para que alguém avisasse a Valdetário, sobre o plano que existia para matá-lo naqueles dias e que ele saísse do lugar. Mas as pessoas que receberam a carta pensavam que se tratara de uma jogada da polícia para seguir quem fosse avisar, seguindo até o esconderijo. À carta trazia os nomes dos envolvidos no plano para matá-lo. Valdetário Benevides foi morto com treze tiros disparados por policiais comandados pelos delegados Ridagno Pequeno, regional de Patú e Renato Batista da Costa, da Divisão de Operações Especiais, na madrugada do dia 10 de dezembro de 2003, numa emboscada policial no Sítio Pau de Leite, zona rural de Lucrécia/RN. Para quem tem raciocínio lógico, vê que foi uma execução após uma rendição, como relata sua namorada na época, Maria Silvana Alves, e o radialista Tadeu Benevides. “Valdetário quando percebeu que não tinha como sair do local, começou a gritar se identificando e garantindo que iria sair da casa e se entregar. Implorou para que não atirassem, porque dentro de casa
estavam apenas ele, sua mulher e uma criança de 10 meses. E saiu desarmado com a mão na cabeça sem disparar um único tiro. Segundo Silvana, Vadetário foi metralhado sem piedade” (ALVES apud GARCIA,
2003). “Eu esperava Valdetário ser preso ou ser assassinado como foi. Esperava ele trocar tiros com a polícia e até morrer, sem reagir como aconteceu. Nos últimos tempos tínhamos certeza que Valdetário não era o mais procurado para ser preso porque tinha um mandato de prisão. Mas era o mais procurado para ser executado, pelo fato dele estar envolvido em vários crimes como do ex-prefeito Agnaldo Pereira, e não digo dos Veras porque, até hoje, não acredito que Valdetário tenha envolvimento no crime dos Veras, pois estas duas famílias nunca foram
intrigadas"(BENEVIDES apud GARCIA, 2003). “Vi meu filho a última vez em outubro de 2000 em Alcaçuz e não acreditava que o seu fim fosse trágico. Eu tinha a esperança de que um dia ele conseguisse sair dessa vida sofrida, mesmo que fosse longe daqui. Quero que ele permaneça os seus momentos finais em nossa casa. Ela é humilde, mas sentiu muito a falta dele nestes anos” (COSTA, 2003), destaca Amabília, mãe de Valdetário. A Saga Benevides Carneiro ———————— 195
“Tem muita gente que gosta do Valdetário mesmo sabendo que ele foi forçado a enveredar por esse caminho. E não é apenas nossa família que gostava de Valdetário. A cidade de Caraúbas e região tinham uma grande admiração por ele”, disse seu primo, O professor Onezimar
Fernandes Carneiro, para a Gazeta do Oeste, em 11 de dezembro de 2003.
O cortejo e enterro de Valdetário atraíram uma multidão e foi destaque no dia 12 de dezembro na TV Cabugi (Atual InterTV). “Cerca de dez mil pessoas acompanharam ou esperaram para ver a passagem do caixão nas ruas da cidade” (RN TV, 2003). Valdetário foi sepultado às 17h: 30, do dia 11/12/2003 no cemitério de São Sebastião, em Caraúbas. Deixou seis filhos: três com a primeira esposa, dois com a segunda e um com a terceira companheira. Após a morte de Valdetário, o Subsecretário de Defesa Social
Delegado Maurílio Pinto, deu a seguinte entrevista ao jornal Tribuna do Norte. Transcrito no Jornal de Fato, 2003, p.6. “TRIBUNA DO NORTE - Quem era José Valdetário Benevides? Maurílio Pinto de Medeiros - Valdetário Carneiro era um elemento que começou na vida do crime há alguns anos atrás, por sinal, por uma prisão injusta que ele sofreu. Lá em Caraúbas. O problema foi um roubo de uma Pampa e fizeram um 'arrumadinho" para condenar ele e
Branquinho! a sete anos. Os dois cumpriram grande parte em São Bento,
na Paraíba. Na época, ele jurou que mataria as pessoas que fizeram essa armação. O próprio Branquinho me confessou que o fato de terem sido presos sem motivo os revoltou muito. TN - E como era o criminoso Valdetário Carneiro? Maurílio Pinto de Medeiros - Ele era um elemento muito perigoso. e calculista. E demonstrou em várias oportunidades que era frio Muito
um homem de enfrentar, um homem de coragem. Ele não tinha receio
de nada, enfrentava a Polícia se precisasse, ficava na linha de frente dos assaltos e comandava as operações. Quer dizer, ele sempre demonstrou ser um homem de coragem.” Lembramos que o Galego foi quem ficou preso com Valdetário, e o Branquinho que estava foragido, também foi condenado por esse crime. Em 14 de outubro de 2005, o Dr. Maurílio Pinto me contou que a 196
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arrumação para prejudicar o Valdetário foi tão mal feita pelo delegado de Caraúbas, na época, que a capa do inquérito policial que corria na Paraíba, era do RN. Coincidência ou trama do destino, na quinta-feira, 30 de novembro de 2006, dia da minha primeira noite de autógrafos desta saga, com matéria de capa no caderno “Cotidiano”, do jornal: O Mossoroense, intitulada: “Escritor Lança Livro Sobre Trajetória dos Benevides Careiro”,
e na página 8, do referido jornal, uma matéria confirmando o que foi dito neste capítulo. Segue na integra:
Título: Advogados conduzem Branquinho Carneiro em busca de inocentar condenado “João Benevides Carneiro, “Branquinho”, e Sueldo Ribeiro Vasconcelos se apresentaram no início da tarde de ontem no Fórum Desembargador Silveira Martins ao juiz José Armando Ponte, titular da
Primeira Vara Criminal. De acordo com os advogados Félix Neto e Ricardo Costa, dos respectivos acusados, o júri que acusou “Branquinho”, e outros dois parentes, Valdetário e Aguinaldo Carneiro, pelo assalto de uma pampa em 1991 condenou os homens errados. Eles apresentaram Sueldo como o autor confesso do crime. De acordo com Sueldo, no momento do crime nenhum dos condenados estava presente. Ele afirmou ter praticado o furto e disse
que já havia confessado outras vezes a autoria. “À época, o delegado que conduziu o caso, Roberto Eduardo, pediu para eu ficar de bico calado. Ele disse que era para eu acusar o Branquinho e a família dele. Eu nem conhecia eles. Vim conhecer aqui, depois de estar preso”, confessa em
juízo o Sueldo. De acordo com os relatos do processo, o crime ocorreu em São Bento, na Paraíba, e foi o primeiro caso em que o falecido Valdetário foi condenado. O advogado de Branquinho, Félix Neto, pediu para que as partes fossem ouvidas para em seguida os dados serem repassados à Paraíba, onde 0 caso ocorreu e tramita. “Essa é a única maneira de livrar da prisão um inocente”, completa o jurista.”
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- Divemo LTDA concessionária Mercedes Bens
Coisas do destino:
- Seridó Veículos (em Natal) Concessionária Wolksvagen
Eu só cortei meu cabelo aos 7 anos, por causa de uma promessa que minha mãe fez a Santa Rita do Lima, para meu cabelo nascer. Valdetário vestiu a roupa de São Francisco até os 7 anos, por causa de uma promessa que sua mãe fez para ele não morrer bebê.
Minha primeira namorada foi uma dançarina de circo e a primeira mulher de Valdetário foi também uma dançarina de circo.
Eu fui preso inocente e nove anos depois Valdetário também foi Só que eu saí da prisão com sede de ver uma Justiça inocente. preso mais justa e Valdetário saiu com sede de fazer justiça com as próprias
mãos. Cimar, o sucessor de Val...
Francimar E undunes
Carneiro,
o Cimar
Cano nt ce
Francimar Fernandes Carneiro, o Cimar, primo de segundo grau e parceiro de Valdetário, foi morto no dia 2 de agosto de 2005, no Município de Itaporanga D'Ajuda, em Sergipe, após entrar em confronto com as equipes das polícias Federal, Civil e Militar. Cimar nasceu em 10/07/1971, era natural de Mossoró, filho de Roldão Fernandes Carneiro (já falecido) e Francisca Batista Cameiro. Ele era o caçula de 14 filhos (11 vivos) e deixou um casal de filhos. Como estudante, fez o fundamental menor na Escola Estadual
Governador Dix-Sept-Rosado,
o Ensino
E yndamental e o curso de mecânica para autos
no SENAI. Já no Centro Educacional Integrada Prof. Eliseu Viana fez Ciências Contábeis. Teve como profissão: Comerciário (balconista de peças de autos). Locais onde trabalhou:
- Oeste Veículos LTDA. Concessionária Wolksvagen
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- L.E. Pneus (peças e acessórios) - Irmãos Ribeiro Veículos e Peças.
- Maisa (Mossoró Agro. Indústria S.A.) - Dário Pneus e Peças. Acusações:
Tentativa de assalto a um supermecado em Mossoró (um vigia morto e uma cliente morta, outra pessoa ferida). Versão de Cimar: Ele deu carona ao assaltante que depois o citou como participante, Julgado à revelia, Cimar pegou pena de 46 anos de prisão. Continuou foragido “pois no Rio Grande do Norte, sendo Careiro e sem dinheiro tem que dá no pé, dizia ele”. Passou a viver no Estado do Piauí trabalhando como vendedor de peças de autos, e uma loja da capital trabalhou numa
distribuidora de medicamentos como motoboy. Paralelamente a isso, aconteciam assaltos no RN e na Paraíba que envolviam os nomes da família, principalmente o dele. Então, certa vez, o seu irmão Onezimar, conversando com Cimar por celular, comentou que a polícia do RN estava colocando o nome de Cimar em vários assaltos. Onezimar ouviu o irmão chorando, revoltado e batendo numa mesa com um soco forte quando disse: “eles nunca me viram, mas agora eles vão me ver”. Então, daí para frente entrou de vez nessa vida sem volta. Foi muito sofrimento não só para a família, mas ele mesmo sofria muito pela vida que levava. Contou para a família que passava fome e sede quando era procurado pela polícia. Cimar foi preso três vezes. A primeira em São João do Jaguaribe, no Ceará, pela Polícia Federal e chegou a trocar tiros com a polícia por cerca de 30 minutos, apenas ele contra 60 policiais. Foi levado para Fortaleza e colocado no Instituto Penal Paulo Sarasate, onde passou 11 meses preso e conseguiu fugir levando com ele outros detentos. A segunda vez que Cimar foi preso, ele estava dentro de um ônibus de Pernambuco para a Bahia e já próximo a Salvador foi reconhecido e preso pela Polícia Federal em 19 de junho de 2000. Trazido para Natal, foi colocado na penitenciária de Alcaçuz de onde fugiu juntamente com o seu primo Valdetário e outros presos, em 4 de novembro de 2000.
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A última prisão aconteceu em Maceió-AL após uma ligação telefônica de um parceiro que já estava nas mãos da polícia chamandoo para se encontrar. Nesta prisão, Cimar perdeu Olisimar, seu irmão que não devia nada à Justiça e que foi morto covardemente pela polícia, pois ele trabalhava vendendo mercadorias por crediário nas cidades do interior de Pernambuco, da Bahia e de Alagoas. No confronto com a polícia, Cimar sofreu três tiros: um no pescoço e dois na altura do coração, mas conseguiu escapar. Deus não quis que ele fosse naquele dia e ele ficou com uma cicatriz de 85 pontos no peito. Aí começou a peregrinação dele em diversos presídios do Nordeste, tratamento cruel, até os banhos de sol era dentro de uma jaula feito animal. Até para a família visitar era um dilema. Finalmente acharam um presídio para ele, a superintendência
da Polícia Federal em Fortaleza, de onde Jamais alguém teria fugido, mas para Cimar parecia que não existia segurança máxima. Ele conseguiu fugir em 6 de dezembro de 2003, mas para sair de Fortaleza, passou 10 dias trepado num cajueiro comendo só caju enquanto
esperava O resgate no dia 15. Sua fuga aconteceu três dias antes da morte de Valdetário, na noite de 9 para 10 de Dezembro. Da mesma forma que Valdetário morreu, executado por policiais depois de se entregar, com Cimar não foi diferente, após se entregar, pois já estava ferido nas pernas, foi morto com rastro de covardia e tiros disparados por policiais militares. Um repórter que acompanhava a operação policial transmitia tudo por telefone para o professor Onezimar. A família acredita, e também a maioria da população de Caraúbas e Mossoró, que a ordem era para matar e não para prender. Dos 11 irmãos vivos de Cimar, podemos destacar: Maria Nilzete Fernandes, enfermeira graduada há 20 anos e funcionária da Saúde da família (PSF). E também o professor de Educação Física Onezimar Fernandes Carneiro, 45, graduado pela UERN em 1984. É funcionário público do Estado há 21 anos, concursado. Também é funcionário da Prefeitura Municipal de Baraúna através de concurso público em 2001, e coordena eventos esportivos em Mossoró e na região. É o idealizador e um dos coordenadores da 1º corrida de Santa Luzia, realizada no dia 11 de dezembro de 2005. Foi atleta profissional de futebol durante 15 anos, atuando nas equipes do Potiguar, do Baraúnas, do Mossoró Esporte
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Clube, do Guarani de Juazeiro do Norte/CE, do ABC de Natal e teve seu ápice em 1986 quando defendeu a seleção do RN num evento a nível nacional. Trabalhou como Técnico no Desporto Escolar, como supervisor das categorias de base no Baraúnas. Já participou como preparador físico, assistente técnico, técnico no Potiguar, Baraúnas, Calouros do Ar e Seleção da Cidade de Baraúna. Além deles, tem mais nove irmãos que vivem choram e lamentam esse fim trágico fim de dois irmãos, um inocente e outro o caçula querido, que sempre ficaram unidos. Cimar foi condenado a 106 anos pelo assalto aos bancos de Macau, onde ele não estava envolvido pois, segundo seus irmãos, ele estava em São Paulo capital com Almir José - Paraguai. Em Fortaleza no Instituto Penal Paulo Sarasate, Cimar era conhecido como o “Homem do Fuzil”. Depois ficou conhecido como o “Homem de duas Almas” (está em dois lugares ao mesmo tempo). Em Alcaçuz o “Homem do Ray-Ban”. “A polícia quando está longe faz falta e quando está perto assombra”, disse o professor Onezimar Carneiro (JORNAL DE FATO, 2002). E disse ainda “nós acreditamos que não houve troca de tiros porque Olisimar não andava armado”. Ao responder a pergunta do repórter como via a morte do irmão e a prisão do outro, respondeu: “Vejo com muito pesar e tristeza o que a polícia e a imprensa andam dizendo, porque quem conhece a família da gente, especificamente os Carneiros de Mossoró, sabe que Olisimar não tinha nada a ver com o crime e, para provar isso, doutor Maurílio deu uma entrevista na televisão dizendo que foi uma surpresa para ele, porque meu irmão não tem nada com isso. E afirmo que não houve troca de tiros. E digo mais: Cimar era procurado pela polícia, mas dentro da cidade ele nunca andava armado”. O enterro de Cimar em Mossoró foi como de uma grande autoridade, acompanhado por milhares de pessoas e sob aplausos.
Caçada à Viúva de Valdetário Quando tudo parecia uma calmaria duradoura para as famílias Careiro e Simião, no início da manhã do dia 10 de abril de 2006, Elinaldo Simião Pereira foi assassinado a tiros em frente de uma pousada em Pau dos Ferros. Elinaldo era detento do regime semi-aberto na cadeia pública de Pau dos ferros.
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O crime aconteceu por volta das 5h da manhã, e às 8h a polícia em Natal já divulgava o crime nos meios de comunicação, expondo que o mesmo era mais um episódio na guerra entre as duas famílias Simião e Carneiro, dando a entender que a polícia já sabia do que estava para acontecer e nada fez para evitar. Em 9 de junho de 2006, um grupo de dez policiais civis ligados ao subsecretário adjunto de Segurança Pública, Maurílio Pinto de Medeiros, estiveram mobilizados na tentativa de prender Agnalda Fernandes Neta, viúva de Valdetário, mais conhecida por Neta Benevides, acusada de ter sido a mandante do assassinato do Elinaldo Simião Pereira, o terceiro membro da família Pereira morto num intervalo de seis anos na guerra
de sangue contra a família Carneiro. Foi assim que disse a polícia,
mesmo sem nenhuma investigação completa. Neta Benevides, entre as três mulheres que tiveram filhos com Valdetário, foi a que casou com ele civilmente e foi além de esposa uma parceira na vida movimentada do marido. Foram 22 dias de prisão em Juazeiro do Norte - CE, 6 meses na Penitenciária Dr. João Chaves, em Natal, e mais 5 meses na Penitenciária
Dr. Mário Negócio, em Mossoró, quando foi solta em outubro de 2000.
Após a sua saída, voltou para Caraúbas e vivia com o casal de filhos que teve com Valdetário. Neta Benevides, além de ser acusada de ter mandado matar Elinaldo, que teria sido um entre os que acusaram Valdetário no roubo da fábrica de Ademos Ferreira em Mossoró, crime que Valdetário não praticou, pesa ainda sobre ela a acusação de ter tramado o assassinato (que não aconteceu) do delegado da polícia civil Ridagno Pequeno,
comandante da caçada que culminou com a morte de Valdetário, em
2003, na zona rural do Município de Lucrécia, no Alto Oeste potiguar. Se Neta tem culpa ou não, não sabemos, mas como tem um mandado de prisão expedido pela justiça de Pau dos Ferros, os policiais estão batendo de porta em porta dos Benevides Carneiros do RN, de manhã bem cedo, numa operação batizada de “Levanta da Cama”. Mas tomara que não queiram fazer de Neta Benevides uma Valdetário de saia. (...) A perturbação policial sobre a família é tão grande que uma prima moradora de Ponta Negra, em Natal, voltou este ano a morar em Caraúbas
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porque não aguentava mais as batidas policiais constantes à sua residência. Há quase 4 anos da morte de Elinaldo e depois de três anos de prisão de Neta Benevides, o conselho de sentença do Tribunal Popular do Júri da comarca de Pau dos Ferros a condenou a uma pena de 24 anos e seis meses de reclusão em regime fechado por ter encomendado a morte do Elinaldo Pereira. A sentença foi expedida por voltas das 18h de quinta-feira 14 de janeiro de 2010. Já na sessão do Tribunal Popular do Júri do dia 20 de julho de 2010, os dois réus acusados direto como executores do Elinaldo, Márcio José Francilino e Rogério de Lima Costa foram condenados a 19 anos
de reclusão, cada um, também em regime fechado.
Neta Benevides,
cumpre a pena em Caicó. O destino de Bebé Carneiro e Fábio Benevides Francisco Solivan Praxedes de Melo, o Bebé Carneiro, como era mais conhecido, o filho de Francisco Ferreira de Melo (Ferreira de Soriano) e Marinete Praxedes de Góis Melo, que aos 23 anos, o destino colocou em seu caminho um erro, foi preso, cumpriu pena, foi livre, mas, em 18 de julho de 2008, dentro da “Churrascaria Igarapé Mirim”, de sua propriedade, de uma forma trágica foi dado fim a sua vida, juntamente com a vida do seu primo Fábio Benevides, o Fabinho, portador de doença mental, que nunca se envolveu em crime algum, mesmo assim, não foi poupado da fúria de um dos três assassinos. Aconteceu que os dois homens que atiraram no
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Bebé, não queriam o Fabinho, mas o covarde que dirigia o carro ao ver Fabinho correr, atirou nele. E a polícia não deu importância nem prendeu um sequer dos criminosos. Francisco Benevides de Freitas (Titico), e dona Maria, pais de Fabinho, em 1992, já haviam perdido outro filho do mesmo jeito, Chico do Posto, como era mais conhecido Francisco das Chagas Benevides, que foi morto pelo “Caboclo Bé”, primo de Valdetário por parte de mãe. Contam que Chico do Posto teria espalhado o assunto de que Zimar Fernandes era culpado pela morte do advogado Antonino Filho. Depois o Caboclo Bé foi morto e também a mando de Zimar. E neste ano um dos
matadores de Fabinho e Bebé, já teria sido morto. Cruz credo! Se continuasse assim no próximo censo do IBGE, a população dessa região estaria encolhida. O Bebé tinha quatro irmãos: Maria Socorro Praxedes de Melo Paiva, que cursou Faculdade Gestão em Saúde, em Mossoró, e tem um trabalho voluntário em Caraúbas. Os outros são Solange, Solimar e Diomar. Bebé Carneiro estudou até a 8º série e trabalhou em várias empresas como motorista. Teve quatro casamentos: Ivaneide, Ana Neri, Wandreia e kaliane (a que estava com ele no dia do acontecido). Teve quatro filhos do segundo casamento: Felipe (falecido),
Natália, Karoloyné e Vitória. Bebé gostava de curtir os domingos juntos dos pais, irmãs, filhos, sobrinhos e amigos no Igarapé.
Outra Batalha Judicial
Socorro Melo
Diferente do primeiro julgamento, que me contentei com a
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liberdade e nada mais, após o segundo julgamento, incentivado pelo slogan que a lei é igual para todos, resolvi processar a União Federal por danos morais e lucro cessantes. Pois não havia provas para me manterem preso, nem para me levarem a um júri popular e muito menos a um segundo julgamento. Não precisa ser inteligente para ver que o enfrentamento de um processo tão penoso, com uma serie de equívocos e de anos para ser encerrado, pôs por terra uma carreira considerada promissora. Antes desta maldita ação penal, os jornais do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Natal, entre outras cidades nordestinas, vez por outra traziam reportagens noticiando o meu nome como sendo uma boa promessa para a música popular brasileira, porque já estava me destacando no cenário musical nacional. Embora persistindo na luta por trabalhos musicais, as barreiras do preconceito e da discriminação se tornaram bem maiores do que a minha garra, o amor pela música e a necessidade de viver. À desconfiança de outros à minha pessoa aumentou, por mais que não quisessem demonstrar. Apenas os amigos que me conheciam de perto mantiveram o seu apoio. Nenhum empresário queria ter aproximação comigo quando sabia da história do crime, mesmo sabendo que eu havia sido absolvido logo no primeiro julgamento. Após ser absolvido pela segunda vez, também por unanimidade, e com o pedido expresso do Ministério Público Federal, venho percebendo menos preconceito e discriminação, apesar de ainda existir. Não há como ignorar que esse episódio foi uma rasteira bem dada na minha carreira musical. Foram quase duas décadas sob tensão e tendo eu que renascer das cinzas, agora, o que não é fácil. Mas, às vezes, me sinto como Myajima, ilha que resistiu ao tempo, às guerras e a bomba atômica, jogada em Hiroshima, em 1945. No entanto, mesmo com toda esta garra que tenho às vezes me sentia impotente na batalha musical. Para melhorar a motivação humana e a minha comunicação social, fiz um curso de Relacionamento Interpessoal (na área da Psicologia), promovido pelo Centro de Aperfeiçoamento da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, em 1993. Eu só não desacredito por completo nos homens da justiça porque o procurador Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, me deu certeza de que na
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justiça existem seres humanos. Absolver uma pessoa que está presa a um processo, mas que nada tem a ver com o mesmo é o maior ato de
justiça que pode existir no mundo. A reparação de dano moral, de natureza eminentemente civil, fundada no princípio constitucional de garantia da honra (art. 5º, X, da
Constituição Federal), significa dizer que é de direito a todo cidadão uma indenização financeira, após passar por situações, onde injustamente a pessoa teve o seu nome ou a sua imagem vinculada a algo que não fez. Dessa maneira, recorri à reparação de danos morais, que no meu caso, já dá uma idéia do enorme equivoco do qual fui vítima, submetido à enorme humilhação, discriminação e maus-tratos, exposto a violência
coração. O meu único patrimônio material é um violão elétrico/acústico (Crafter) no valor de R$ 500,00. Porém muita gente importante sabe do meu caráter e confia em mim, com isso vou vivendo. “ESTADO DO RIO GRANDE SECRETARIA DE SE -- SUBSECRETARIA DE +“ SUBCOORDENADORIA DE
DO NORTE ÇA PUBLICA CIA CIVIL OPERAÇÕES ESPECIAIS - SUCOPE
DECLARAÇÃO
nua e crua. O processo de danos morais corre na 5º Vara de Justiça Federal, em Natal, desde novembro de 2000 tendo como advogada Marly
Otero g
justiça a minha pessoa será bem-vinda. Se não fizer, a vida de duro não é novidade para mim. Afinal de contas meus sonhos de consumo nunca consegui realizá-los. Nos anos 70 queria comprar um DKV, mas o carro saiu de linha e nunca pude comprar, nos anos 80 sonhava com um
me aventurar novamente nesta segunda edição e fazendo das tripas
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aconheço a tima pla
, Pessoa Duna 1
Md
É
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Meus CDs são independentes e às vezes levo anos pagando a produção de um Cd. A mesma coisa foi com o livro “A Saga Benevides Carneiro”, fiz um empréstimo e quase não terminava de pagar. Agora vou
Pinto de Medéros
SUBCOORDENADOR
Dione Ara Maria de Macédo
anos venho sonhando com um FIAT UNO, mas corro o risco do carro sair de linha sem comprar um.
pe) Mauri
g orIcIo DE NOTAS - 2º CM di fofic 8Grao.e 75mu0 - Cardo - Nua
FUSCA, o danado saiu de linha'e nunca pude comprar; e nos últimos
9 Molas
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Federal da 5º Região, em Recife/PE. Mas não vou morrer por isto, se um dia a Justiça resolver fazer
Jp.
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Depois disto posso dizer, sem medo de errar, que a maior dor que existe é a dor da injustiça da Justiça e que a maioria dos homens da Justiça, nem liga para a sociedade e para a justiça, estão preocupados consigo mesmos e fazem distinção de pessoas. Já estamos em agosto de 2010, próximo a completar 10 anos e a única coisa que sei é que o processo se encontra no Tribunal Regional
Mara Gutim os Caros Costa nda Agorzados
Araújo Lins Bahia recorreu por um valor mais justo.
Declaro, para os devidos fins, que o nome do cantor e “Dudé”, não foi citado em nenhum momento durante as investiga procedidas por esta autoridade na apuração do assalto no Banco Econômico valor de noventa e quatro milhões , porém entre os acusados um chamavaDedé.
Yebasá Proica | Ota Mara Oo Niaieros Nces Priecs Manbdo Vai de mece Posvarca Serme
de Araújo Lins Bahia. A União foi condenada, em 2005, para pagar um valor que não corresponde a 10% do que sofri. Por isso a Dra. Marly de
[VÁLIDO SOMENTE COMO SELO DE UTENTES Declaração feita pelo do Dr. Maurilio Pinto de Medeiros.
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Como nos bons tempos
Oberlan
Carneiro
Gurgel e Sávia Fernandes
Medeiros Carneiro Gurgel casaram-se em Caraúbas no dia 18 de janeiro de 2002, como nos velhos e bons tempos de Fernandes e Benevides Carneiro. Oberlan
é filho de José Maria Gurgel e Maria Selma Gurgel. Ele é neto de Antonino Benevides Carneiro. Sávia é filha de Ewerton Medeiros e Maria do Socorro Fernandes Medeiro que é filha de Ozório Fernandes Pimenta da Fazenda Timbaúba. Faço dessa união matrimonial uma ponte. Vamos acreditar que essa terra pode ser outra, vamos
Oberlan Carneiro e Sávia Fernandes Acervo de Orley Carneiro Gurgel
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juntos inventar a vida e o futuro. Vamos acreditar que a nossa família não está condenada pela praga de alguém, deuses ou demônios, à prisão perpétua da miséria e da desgraça, pois para quem tem Deus no coração, o mundo é uma grande mensagem. Mesmo que nos chame de “maluco”, vamos acreditar que a partir de agora a polícia investiga e prende somente quem tem culpa e que a lei é igual para todos. Pois só não vê quem não quer mesmo enxergar: Uma família de dois mil e quinhentos membros e que meia dúzia pegou em armas e entrou para o mundo do crime, menos de um por cento da família, e os demais muitos têm pós-graduação e trabalham como também os mais humildes. Mas todos da família bebem da amargura do preconceito e da discriminação oferecida pela sociedade, que parcial julga à “revelia”, e condena de forma desumana.
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Já no ano de 2009, Monare Benevides casou-se com Eugênio Dantas Batista, irmão da enfermeira Walquíria Batista, morta por Valdetário e seu grupo durante tiroteio que matou o Dr. João Pereira. Em abril deste ano de 2010, fui com os Meirinhos do Forró a uma festa de aniversário em Santo Antônio do Salto da Onça, na casa de Marinete, uma tia deles, e lá estavam um sobrinho de Cimar Carneiro e um Simião Pereira, juntos na mesma mesa e revelaram existir uma forte amizade entre os dois. Como já dissemos anteriormente, quando Antonino Benevides Carneiro morreu já havia feito as pazes com os Saldanha e pensando bem, nos dias atuais somente o Valdetário teve problemas com os Veras. E Antonino fez certo, tendo em vista que essas famílias também estão entrelaçadas, pois Maria Aparecida, casada com Antônio Veras, ex-prefeito de Campo Grande, morto em 26/03/2010, é sobrinha de Francisca Gurgel Praxedes (Santinha) casada com Raimundo Benevides, e prima de Maria da Luz esposa de Antonino. Neste caso, os filhos de Maria Aparecida e Antônio Veras são primos legítimos dos filhos de Raimundo Benevides e de segundo grau dos de Antonino, entre outros. Caraúbas, por ser uma cidade de pessoas inteligentes e ilustres como Raimundo Soares de Brito, a poetisa Maria Silvia de Vasconcelos Câmara e os jornalistas Anchieta Fernandes e Alexis Gurgel, entre tantos outros, não deveria ser mostrada apenas como uma cidade violenta, já que comemora uma das maiores e tradicionais festas populares do estado, a festa do padroeiro da cidade, São Sebastião.
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Caro leitor! Este exemplar foi impresso sem as referências (que seguem abaixo) e por este fato o mesmo está sendo doado.
Referências ALVES, Cézar. Quadrilha escapa da polícia no Piauí. Gazeta do Oeste, Mossoró, 19 maio 2001.
. Quadrilha resgata mais de quarenta da Alcaçuz. Gazeta do Oeste, Mossoró, 05 nov. 2000.
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DENIS CENTRO ESPÍRITA LÉON Ribeiro Bento Rua João Vicente, 1.445, 21610-210 Rio de Janeiro, RJ. CEP 2452-7700 Telefax (21) Site: http:/mww leondenis.com.br E-mail: graficaQDleondenis.com.br
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