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Portuguese Pages 415 p. [417] Year 2016
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Sobre A nova razão do mundo Nilton Ota Compreender o capitalismo é tomar a sério, com todas as consequências políticas, a heterogeneidade de sua morfologia social e suas modalidades práticas de dominação. É também reconhecer a necessidade de nomeá-lo a partir de sua atualidade histórica. Eis a tarefa crítica assumida por Pierre Dardot e Christian Laval em A nova razão do mundo, uma das mais inventivas interpretações do capitalismo contemporâneo feita nos últimos anos e que desembarca no Brasil em boa e dramática hora. A aplicação de recursos analíticos pouco ortodoxos, que concilia filologia dos conceitos e investigação histórico-social, conforma o propósito dos autores de realizar a genealogia do governo neoliberal. Nesse programa de investigação, o neoliberalismo resulta de um processo histórico de construção estratégica. Seus princípios de controle pressupõem, como nas doutrinas liberais clássicas, a liberdade, mas uma outra que não a fundada sobre a relação diacrítica com a autoridade estatal. A liberdade neoliberal seria extraída da concorrência mercantil, cuja lógica terminaria por se generalizar para todas as esferas sociais, entre as quais o Estado, de agora em diante transformado em ente horizontal, em situação de competição com todos os outros agentes econômicos privados. Longe de ser simplesmente uma ideologia, o neoliberalismo configuraria uma racionalidade política global, que prescindiria de qualquer teleologia ou continuidade substantiva com as antigas formas do liberalismo. Certamente, o “espírito” do capitalismo ainda convoca condutas, mas seu corpo não se deixa mais animar pela subjetivação das normas que um dia fizeram a lei e os valores da sociedade liberal. A intensidade do engajamento e da mobilização subjetiva, inscrita nas disposições individuais da “empresa de si” e na busca da eficácia pela eficácia, maximização dos objetivos divorciada do cálculo pela melhor relação entre meios e fins, revelaria o núcleo normativo dessa nova razão do mundo. Daí por que a democracia seja, a um só tempo, seu alvo e o que a coloca em risco.
Sobre A nova razão do mundo Jorge Nóvoa Pierre Dardot e Christian Laval “descrevem” nesta obra a racionalidade neoliberal. Ao olharmos o Brasil hoje, ela desfila diante de nossos olhos: o estado de exceção, a lógica binária da política e sua “jaula de aço” a tentar nos aprisionar. Toda herança da tradição democrática e republicana termina subvertida e submetida à lógica da concorrência à morte. A crise de governabilidade se universaliza como expressão contraditória que ultrapassa a vontade e o controle conscientes dos antigos agentes sociais. Estes foram dominados pelo que André Gorz pensava ser uma “cumplicidade estrutural”. Por múltiplos caminhos, o neoliberalismo se impôs como a nova razão do mundo, não deixando incólume nenhuma esfera da vida. O que se acha em causa é a forma de existência na modernidade última. Sua norma fundamental é a competição mortífera modelando tudo da vida social introjetada na subjetividade dos indivíduos pelo capital e seu mercado. Contudo, também se observam as “contracondutas” que instituem novas práticas e novas formas de luta. O homem Sísifo continua lutando pela emancipação humana.
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PIERRE DARDOT ------------------- E CHRISTIAN LAVAL ESTADoJde s íTio
A NOVA RAZÃO DO MUNDO ENSAIO SOBRE A SOCIEDADE NEOLIBERAL
Tradução de Mariana Echalar
© desta edição, Boirempo, 2016 © Editions La Découverte, Paris, Fra.nce, 2009, 2010 Tímlo original: La Nouvelle raison du monde. Essni sur ta·sociéti niclihtr-al� Coordenaçiio editorial lva.na Jink.íngs
Edição Isabella Marcatti Asústência ediJorf(J.L Thaísa Burani Comdenação de J1mduçáo Livia Campos: Tradução Mariana Echalar Preparação l�re