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Portuguese Pages 116 [59] Year 2002
Desde os anos 80, Francisco
FRANCISCO FALCON
Falcon vem se firmando como o expoente da História Socinl entre nós. Um dos mniores historiadores de sua gemriio, dono de fenomenal emdiçlio
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certamente, o pioneiro na introdução de amplo debrtfl' sobrr '' História Cultura4 ele se comagrou, graças a inúmeros
J!Zstória Cultural I hntt
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trabalhos publicados, corno o interlocutor mais cnpttfÍirultJ
para tratar da questão.. Sua sintese sobre o ternn, nct•ss!ut•l t1 todos, é ao mesmo tempo um imtrumento de tmbrdh() prmt estudantes e pesquisadores, bem como um convite
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a ambít,rüidade do conceito que enforma a Histót
HISTÚRIA CULTURAl
nea como um todo, e as questões ou problemas mais estreita mente ligados à historiografia da cultura. O atual prestígio da História Cultural é um fato relativa mente recente, embora ela mesma seja bastante antiga. Novo, neste caso, se é que assim podemos chamá-lo, é o processo, ainda em curso, de redefinição dessa História e das suas rela ções com a História Social. Nas primeiras décadas do século XX, quando a História Po lítica reinava soberana nos meios acadêmicos, havia poucos es paços abertos a outros tipos de histórias, como por exemplo a História Econômica. Naquela época a História Cultural era certamente muito prestigiada mas, na verdade, tratava-se da Geitesgeschichte, ou seja, uma História da Cultura profunda mente enraizada em Hegel e muito mais filosófica do que pro priamente histórica. As novas histórias surgidas ou consolida das a partir dos anos 30, como a dos Annales, a New History e a History ofthe Ideas, não significaram, de imediato, a reorientação mais ou menos sistemática do campo da História Cultural. A rigor, apenas a partir da década de 1970, em função do cresci mento quase avassalador da História das Mentalidades (no âmbito da Nouvelle Histoire) novos temas culturais passaram a ser objeto de investigação histórica, simultaneamente à divul gação de abordagens e concepções teóricas distintas da tradicio nal História da Cultura. Essas novas orientações voltadas para o cultural decorreram em boa medida das questões propostas, a partir de premissas muito diferentes entre si, por autores como Foucault e Thomp son. Este último, sobretudo, mais ligado ao grupo de historia dores marxistas ingleses voltados para a História Social, subli nhou a importância dos elementos culturais como constitutivos essenciais da própria realidade social. Conviria também men-
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CAMPO PROBlEt\o\ATICO DA HISTORIOGRAFIA CONTEMPORÁN(A
HISTóRIA CULTURAL
de/necessidade de favorecer/acelerar essa evolução dos "povos primitivos" para a Civilização. Nascia então o "civilizar" como ação do "civilizado" sobre e em favor dos "não-civilizados". So bre o pedestal da "Cultura'' davam-se as mãos a História e a Antropologia. Vemos assim que, nesta espécie de paradigma, a necessida de do "progresso" imprime um sentido unitário à "história uni versal" e faz da "civilização" ao mesmo tempo meta e valor su premo e excludente. Torna-se então possível pensar também em "civilizar". Se as diferenças culturais apenas dão testemunho de estágios historicamente "inferiores" a serem de modo inevi tável superados pela própria "evolução", por que não intervir em tal processo, acelerando-o, quer dizer, favorecendo a essên cia racional presente em todo ser humano, aplainando o cami nho para todas as suas potencialidades "humanas"? Em conse qüência, do poder ser ao dever ser, da possibilidade científica ao imperativo moral, a Civilização dos europeus converteu-se em Civilização da humanidade. História da Civilização, Geografia dos Continentes ou das "Regiões extra-européias", Antropologia voltada para a "Cultu ra Primitiva" (Tylor). Cada qual desempenhando seu papel no interior do grande projeto de europeização do mundo, rotula do de "marcha da Civilização". Cada um deles, a seu modo, busca (re)conhecer "Povos e Civilizações", com especial cari nho pela cultura dos "povos primitivos", dicos "povos sem his tória'', pois apropriar-se das suas características culturais especí ficas constitui uma forma "científica" de propiciar sua incorpo ração à "Civilização" de uma maneira não só mais rápida, mas também mais racional e "humana''.
HrsróRJA CULTURAL OU HISTÓRIA DA CULTURA?
História, Romantismo, Historicismo
e
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Cultura
Ao fazer a crítica do racionalismo universalista e naturalista do pensamento iluminista, o romantismo sublinhou não pro priamente uma espécie de "sentido histórico" genérico, como proclamaram seus representantes, mas uma certa concepção de história e uma certa idéia de cultura. Nos dois casos, o particu lar, o específico, o único primam sobre o universal e genérico. Cultura e história, entrelaçadas, originam especificidades, per manências irredutíveis a leis, impossíveis de serem apreendidas por uma razão lógico-matemática que se limita a aplicar ao mundo dos homens, histórico por definição, os princípios e métodos de uma ciência da natureza - o paradigma da Física newtomana. A existência de dois mundos - da natureza e dos homens - dotados de essências tais que os tornam m utuamente irredutíveis, constitui uma das premissas básicas do "histori cismo" (ou hiscorismo), germânico por excelência. Ao retomar assim ao seu modo a velha problemática das "duas culturas" (Pretti), o romantismo foi buscar em Vico, segundo Herder, seu mais respeitável precursor. A oposição entre "natureza'' e "cultura" foi transportada do plano ontológico para o episte mológico. Coube neste caso ao "segundo historicismo" germâ nico, aquele de inspiração neokantiana (mas não só) iniciado por Dilthey, levar adiante, de maneira sistemática, muito do que escava apenas implícito no hiscoricismo romântico, a co meçar pelo "recorno a Kant", após o esfacelamento do sistema · hegeliano. Na visão do "hisroricismo", o "naturalismo" é a verdadeira essência do paradigma galilaico-newtoniano, um modelo epistemológico físico-matemático adequado ao conhecimento
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dos objetos ou "fenômenos" ditos "naturais", conforme bem o demonstrou Kam, na sua "crítica transcendental", ao analisar lhes as condições de possibilidade e seu valor de verdade. Com base no pressuposto da racionalidade e da legalidade dos fenô menos físicos, tal tipo de conhecimento supõe uma razão uni versal e eterna, sempre idêntica a si mesma, e opera por explica ções causais, baseadas na existência de leis que regeriam os fe nômenos ou fatos naturais. Ora, tais pressupostos, segundo os historicistas, são, por de finição, inadequados ao reino do "humano" ou da "cultura", o "Mundo do Espírito". Este consiste em coisas criadas pelo pró prio Homem, ou melhor, pelos homens, e se define essencial mente como um "Mundo Histórico". Enquanto o "mundo na tural" é regido por leis e aí reina o princípio da causalidade universal (modernos substitutos da antiga metafísica substan cialista das essências eternas e perfeitas), o "mundo histórico" é regido por uma "razão histórica", dada à historicidade imanente das coisas humanas. Nesse mundo histórico o sujeito do conhecimento encon tra-se sempre, quer queira ou não, diante de objetos que são criações de outros tantos sujeitos, também históricos. Não há aí, nesse mundo, um objeto "natural", distinto do suleito, pois, em se tratando de criações culturais, o que se coloca sempre é a obra (e a presença) de um outro sujeito. Logo, segundo os historicistas, a "compreensão" se constitui em pré-requisito in dispensável a toda explicação, sendo, aliás, esta última sempre relativa. Como bem demonstrou R. Aron, o projeto historicista vi sava produzir uma "crítica da razão históricá' que deveria ser para as "ciências do espírito" o mesmo que a Crítica da Razão Pura de Kant significara para as "Ciências da natureza". Na prá-
HIST0RIJ\ CULTURJ\L OU I IIST0RIA
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tica, no entanto, lograram fazer apenas uma espécie de "crítica histórica da razão" (Aron) que, por insuficiência ou incom pletude, veio a favorecer as críticas daqueles que aí viram ape nas mais uma proposta "irracionalista" (Lukács). Das contradições reais ou aparentes das concepções histo ricistas, mas sobretudo dos seus variados impasses filosóficos (ontológicos e epistemológicos), segundo seus críticos, resulta ram algumas orientações importantes para a História Cultural, quer no plano metodológico, com M. Weber, quer no episte mológico, com E. Cassirer. Muitos dos argumentos e reflexões do historicismo ficaram sem sentido, obsoletos, em conseqüên cia das transformações radicais ocorridas na teoria e na prática científicas no século XX. Sua "filosofia da ciência" fala-nos de uma "ciência" que, a rigor, já não mais existe (Cardoso). Toda via, sob novas formas, buscando outros caminhos ou resgatan do e modernizando alguns bem amigos, o argumento historicista sobrevive ainda hoje. Lembremos, apenas, a título de exemplo, o "ressurgimento" da Hermenêutica, como nos casos de Gada mer e Ricoeur.
HISTÓRIA DA CULTURA E HISTÓRIA CULTURAL
e "culturà' já não preocupa tanto, as distinções entre uma
SHistória
da
Cultura e uma História Cultural parecem ter sido
igualmente relegadas a um plano secundário. As duas expres sões são cada vez mais empregadas pelos historiadores como intercambiáveis ou sinônimas. Na prática dos historiadores cul turais as características diferenciadoras que marcam habitual mente as distâncias teórico-metodológicas entre disciplinas da constelação de
histórias algo e disciplinas da constelação de his
tórias de algo
acabaram por cair no esquecimento, ou por
irrelevantes ou por complicadas em demasia.
É
útil talvez recordarmos aqui duas definições muito co
nhecidas a respeito da "História Cultural":
1 a: Segundo Schorske, "o historiador procura localizar e in terpretar temporalmente o artefato em um campo em que se intersectam duas linhas. Uma linha
é vertical ou diacrônica,
pela qual ele estabelece a relação de um cexro ou de um sistema de pensamento com as manifestações anteriores no mesmo ramo
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-e HISTÓRIA CULTURAL
HISTÓRIA DA CULTURA E HISTÓRIA CULTURAL •
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da atividade cultural (pintura política etc.). A outra é horizon
senta como de natureza conceitual (ou axiológica). Estaríamos
tal ou sincrônica; por ela se determina a relação do conteúdo
neste caso diante de outra disciplina histórica?
do objeto intelectual com o que vai surgindo ao mesmo tempo em outros ramos ou aspectos de uma cultura".
Por sua vez, "História da Cultura'' deveria pressupor um objeto específico, cujas dificuldades já foram aqui menciona
23: Segundo Chartier, "trata-se de identificar o modo como
das. Daí, em função do conceito de cultura, como veremos a
em diferentes lugares e momentos determinada realidade social
seguir, muito diversas entre si deverão ser as histórias da cultura
é construída, pensada, dada a ler"; daí a necessidade de "consi
possíveis.
derar os esquemas geradores das classificações e das percepções
Vamos tomar aqui, provisoriamente pelo menos, como equi
próprias de cada grupo ou meio como verdadeiras instituições
valentes, essas duas expressões: história da cultura e história cul
sociais, incorporando sob a forma de categorias mentais e de
tural.
representações coletivas as demarcações da própria organização
No momento atual, os historiadores estão em geral mais inte
social"; enfim, "(pode) pensar-se uma história cultural do social
ressados na História Cultural, inclusive a maioria dos que transi
que tome por objeto a compreensão das formas e dos motivos,
taram da Antropologia para a História e vice-versa. Mas isto não
isto é, das representações do mundo social que, à revelia dos ato
significa a eliminação pura ou simples, inclusive como especiali
res sociais, traduzem as suas posições e interesses objetivamente
zação historiográfica, de uma História da Cultura, como se viu,
confrontados e que, paralelamente, descrevem a sociedade tal
por exemplo, nos países da Europa Oriental nos anos 70 e 80.
como pensam que ela é ou como gostariam que fosse".45 Compreendemos então que estamos diante de concepções que ora privilegiam uma história da cultura orientada para o
A HISTÓRIA DA CULTURA
recorte e a análise de objetos específicos ditos "culturais", ora
Gombrich, em um de seus livros, propôs-se a definir o que
sublinham a questão da forma de abordagem propriamente dita,
deveria ser uma verdadeira História Cultural. Interessante mes
concebendo-se o cultural em termos de "representações" e das "práticas" a estas associadas.
.....
Existem algumas minúcias conceituais que nos levam, em um primeiro momento, a buscar distinguir entre os significados da
mo, porém, é sua síntese crítica da velha História da Cultura, autêntico obstáculo epistemológico, segundo o autor,
à constru
ção, necessária, de uma História Cultural realmente histórica. Gombrich preferiu deter-se na explicitação das origens e
quelas duas expressões. Poder-se-ia afirmar, por exemplo, que "cul
dos pressupostos idealistas e holísticos, essencialmente hege
tural" significa mais exatamente certo tipo de enfoque ou abor
lianos, que estão nos começos e no desenvolvimento da Histó
dagem de uma História que, contudo, continuaria a ser sempre a
ria da Cultura. O alvo, portanto, é a Geitesgeschichte baseada
mesma - "Só existe uma História!". Neste caso, história "cultu
nos conceitos de Volksgeist eZeitgesti o espírito ou alma nacio
ral" equivaleria, teoricamente, a história "econômica" ou "políti
nal (ou popular) e o espírito da época (ou do tempo) - e de
ca". Discutir-se-ia então, quando muito, se tal enfoque se apre-
Weltanschauung (visão de mundo). Segundo Gombrich, esta
76 -!& HISTÓRIA CULTURAL
HISTÓRIA DA CULTURA E HISTÓRIA CUI.TUIV\L
Kulturgeschichte foi erigida, conscientemente ou não, "sobre ali
cerces hegelianos que já ruíram".46 Creio que há alguns exageros e simplificações em Gom brich, mas, no conjunto, seu livro é importante para a supera ção de uma certa concepção de História da Cultura tremen damente elitista e estetizanre. Pode ser exagerado fazer como ele faz ao colocar em um mesmo saco, como tributários da tradição hegeliana, historiadores e filósofos tão diferentes como Burckhardt, Wolfflin, Dilthey, Riegl, Huizinga e Panofsky, ape nas distinguindo entre os "metafísicos" e os "psicológicos". Porém fica evidente que o conceito hegeliano de cultura oposto, por definição, ao popular - contaminou desde sem pre a História de Cultura como o assinalaram Burke e Lovejoy. É verdade que Burke minimiza, em alguns passos, a importân cia do hegelianismo como fator-chave da natureza da História da Cultura "tradicional", pois, na verdade, se deveria buscar suas origens na Filosofia das Luzes. Burke concorda com Gombrich, porém, ao apontar como principais defeitos daque la História sua indiferença quanto à variação de tempos e espa ços histórico-culturais bem como em relação às diversidades sociais quase sempre presentes em um mesmo espaço-tempo.47 Deixada de lado sua versão tradicional, a História da Cultura muda também de nome - passa a ser agora umá' História Cultural cujas perspectivas podem ser ora ambiciosas, ora mo destas, mas serão sempre muito mais concretas em termos his tóricos. As antigas concepções holísticas, teleológicas e homogeneizantes foram substituídas pela busca das diferenças, especificidades e concretudes espaço-temporais, pela nova va lorização do "individual" - autores e obras - e por novas abordagens já agora embasadas na semiótica, na teoria literária e na estética da recepção, apenas para citar algumas delas. "'
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Enfim, é significativo que, ao tentar antecipar as futuras perspectivas, Burke já não mais se refira à História da Cultura, mas sim à História Cultural.
A HISTÓRIA CULTURAl
A noção de História Cultural também não se acha imune ou isenta de significações conflitantes. Há quem a utilize com a intenção de ressuscitar a oposição historicista entre um mundo natural e um mundo da cultura, histórico por definição, ao contrário do caráter a-histórico do primeiro. Existem também os que associam o cultural ao "espiritual" ou mesmo ao "men tal". Os críticos dessas concepções denunciam seu viés "idealis ta", sua opção ou postura anrimarxista ou simplesmente "con servadorà'. Por sua vez, não raro os marxistas tendem a identificar tal história apenas com o estudo das formas de consciência social ou com o espectro ideológico da superestrutura. Os mais influen ciados pelas tendências estruturalistas, por outro lado, discutem a questão da cultura e do cultural em temos de se ter ou não aí uma instância ou nível do "real", com as conseqüentes questões. acerca, primeiro, da autonomia maior ou menor desse nível ou instância em relação a(os) demais e, segundo, das relações de iden tidade/diferença entre esse nível e a instância do ideológico. HISTÓRIA CULTURAL OU HISTÓRIAS CULTURAIS?
Em termos bastante amplos, podemos considerar duas con cepções ou definições básicas acerca do campo de abrangência da história cultural, conforme o próprio conceito de "cultura'' que se tenha em vista:
78 .. HISTÓRIA CULTURAL
A primeira delas, o sentido restrito. A História Cultural como história da cultura intelectual ou "desinteressada'', voltada para as "coisas do espírito", sinônima de "História Intelectual" e muito
próxima da "História das Idéias". Seria uma história basicamente voltada para as manifestações "textuais", sendo plausível admi
A HISTÓRIA CULTURAL
tir-se que tal História identificar-se-ia bastante com a chamada "cultura dominante".
A segunda, o sentido amplo. Neste caso, a História Cultural compreende tanto a cultura intelectual quanto a material, a eru dita e a popular; a cultura científica, filosófica e artística mas também a cultura cotidiana e, enfrm, a "alta cultura'' (ciências, filosofia, artes, literatura) e a "cultura cotidiana" ou "do senso comum". A alta cultura é a chamada "cultura dominante" ou das elites; a outra é a "cultura dominada'', também dita "popular".
Tais diferenciações/oposições passam hoje por um processo de revisão e crítica em rápida evolução. Certos historiadores encaram com desconfiança cada vez maior as dicotomias que acabamos de expor (Chartier, Revel, Ginzburg, entre outros),
{luero abordar a partir de agora algu�s d�s muitos proble '