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Portuguese Pages 374 Year 1993
E
copyright O 1967 by Cambridgs University Press Titulo original; A tropical belle époque
de Junei ty in turn-of-the-century Rio Bite culture ando socie pelo Press Syndicate of the University E publicad
of Cambridge em 1987
Capa: Ettore Bottini sobre Largo da Lapa (e. 1900),
óleo sobre tela de Gustavo Giovanni Dallara Revisão da tradução:
Fernanda Pelxoto Massi Índice remissivo: Valter Ponte
Revisão:
Eliana Antonioli Ana Maria Barbosa
ão na Publicação (cir) Pados Internacionais de Catalogaç o, se, Brasil) (Câmara Brasileira do Livr
Needell, Jeffrey D. Belle époque tropical
Sociedade e cultura de
lo / Jefelite no Rio de Janeiro na virada do sécu. — São frey D. Needell ; tradução Celso Nogueira Paulo ; Companhia das Letras, 1993.
Bibliografia.
sun 85-7164-333-4
1. Elite (Ciências sociais) - Rio de Janeiro (3)
ia o 19 Sécul = Hist-ór
(1)o 2, Rio de Janeir
costumes 1. Título. e os Us
cn-305.52098153
Para minha mãe, Novella C. Belden he meu Passei muitos anos planejando dedicar-l vr éia. estro lide
€ Apresento-lhe agora esta obra. É a primeira,
apesar das deficiências que possa ter, vaí para quem me ensinou as coisas mais importantes:
«= Q ciência nada tem a ver com a utilidade ou perversidade das instituições. O lado social não lhe pertence, mas só o
mecânico. Demais, há um princípio de solidariedade que liga todas as instituições de um país, a loteria e a engenharia. Machado de Assis, “Balas de Estalo”” Tudo que é contemporâneo guarda alguma semelhança; os artistas que ilustram os poemas de uma época são os mesmos empregados pelas corporações financeiras. Proust, A Vombre des jeunes filles en fleurs « tente capturar o retrato da história nas representações mais insignificantes da realidade, em suas migalhas, por assim
dizer,
Benjamin, Briefe, II
PREFÁCIO
Embora tenha rompido os laços formais com o Império português
em 1822, o Brasil continuou a manter vínculos coloniais econômicos informais, estabelecidos desde muito antes, com a Grã-Bretanha. Este status econômico neocolonial, que só se intensificou no decorrer do século xIx, foi, contudo, apenas um dentre os vínculos que o país mantinha com o centro econômico e político mundial banhado pelo Atlântico Norte. Meu interesse, neste livro, concentra-se na função da cultura
nesse contexto neocolonial. Para tanto, procuro analisar o papel da cultura de origem européia na estrutura social e econômica do Rio de Janeiro, então capital do Brasil. O foco da análise incide sobre a elite carioca, o grupo mais afetado por tal cultura, no período em que esta teve seu maior florescimento, ou seja, entre 1898 e 1914, na belle époque. Minha tese central é o de que a cultura e a sociedade de elite serviram para manter e promover os in-
teresses e a visão da própria elite, e que paradigmas culturais derivados
da aristocracia européia foram adaptados ao meio carioca com esta finalidade. Embora tenha como tema principal a belle époque carioca, este estudo também faz uma análise das tendências socioculturais da elite durante o século x1x, sobretudo no Segundo Reinado (1840-89), delimitando o contexto histórico no qual se consolidaram as bases da cultura e da sociedade da belle époque. Sob vários aspectos, esta é uma história das instituições, tanto formais como informais, que eram parte integrante
de tendências duradouras na sociedade brasileira.
Com este trabalho, pretendi explorar dois temas: primeiro, as relações entre cultura e colonialismo; segundo, a cultura urbana. Como es-
tudíoso do colonialismo na América Latina e na África, eu havia me convencido da existência de um padrão comum nas relações entre a cul-
1H
gerais O proceso TAIS BAÇÕES gerais descrevem apenas em termos ingleses, ou na Índia nas regiões da África colonizadas por franceses e vas. a;
indicati Qeixânico: 2a Amnórica Latina, essas moções sãoàsapepecnasuliari dades da ex. quesaões gases Demaisfário, complicam-se devido
cedo, < devido ao pesância colonia! larize-americana, encerrada maies ao apogeu do im. eetaniaismo, que se desenvolveu paralelament
neo
,é à mudo esteiest qesialisao europeu no periodo de 1590 à 194. Ass ni unda segal
e a colo meemiixa de análiso de uma cultura ““aco””-durant
culturais, «sapo do colenialiano culreral mencionada acima. Em termos ridades per. as diSaraças pareceram menos importantes do que as simila a ace cepsineis ao época, Procurei lavestigar a natureza e o impacto dest
maior zação < adaptação da colera metropolitana no período de suz , falando mnôucia E não queria ficar sÓ na superfície, como tantos ciede Sumitação” ou “dependência cultural”, mas penetrar até onde os os mesios estrangeiros se mesclam e se fundem de modo vital com emenros malxos.
dg
prepreocupação com a cultera urbana surgiu de um conceito
«eia no estudio de José Luís Romero sobre a bistória urbana da Amér
ale apossou a fenção ideológica das transformações
s iniciais, € eles ajudam afo ágr par s trê nos da ita lic exp es cheguei à tese ir além dos aspectos matetei Ten , udo est te des o çã za ni ga ar a or a explic
elite, de modo à atingir da o nd mu do ios óbv s mai is iais e instituciona . Consideem seguida, os mais intelectuais e, s imo ínt s mai os ect asp s seu ninrestringe-se ao âmbito cultural, ão aç nt me gu ar a nh mi que se randoimpacto da influência metropoor mai o ar not ao rá de en re rp su se pguém ectro cultural — à arquitetura esp do s mai for s mai os em tr ex jitana nos , o; a literatura e à vida literária lad um por , ano urb to en am ej an c o pl na região intermediária, mais do ca li mp co e o idi fug s mai € — por outro Bnfa”: os hábitos domésticos da elite. informal, mais “antropológica melhor via
ências individuais, como à tizei o tempo todo vidas e experi s, como meios para e, no caso de certas pessoa o ad ss pa e ess a sso ace de rgir algo untos tratados. Se ao final eme ass dos e ad id ar sp di à ar fic uni mo € mundo da elite carioca — co do bal glo ão vis a um a te an semelh teóisfeito. As tomadas de posição sat por me udo — im ass era por que longo do caminho.
e demonstradas ao ricas terão sido necessariament
13
AGRADECIMENTOS
Um trabalho como este é de natureza essencialmente solitária. No
entanto, apesar de o autor responder por suas escolhas, pela pesquisa
e pelo estilo, em todas as etapas ele conta com a ajuda de muita gente — caso tenha sorte, Este foi o meu caso, Cumpro, então, à simpática
obrigação de agradecer a todos aqueles que me auxiliaram neste projeto, A idéia de realizar este estudo ocorreu-me durante um seminário
de graduação ministrado por Richard M, Morse, em Yale, Desde o momento em que lhe apresentei a idéia, recebi substancial apoio de sua parte, sob a forma de incentivos, críticas, contatos, sugestões, e reparos úteis e rigorosos, Na verdade, alguns dos trechos pessoalmente mais gratificantes foram escritos em conseqliência de questões levantadas pelo dr. Morse, Sou grato pelo prazer de aprender em sua companhia, Recebi também grande incentivo de outros colegas para levar adiante o projeto: Richard Halpern e Dana Brand, em Yale; Larry Jensen e Wylann Solomon, em Yale e Stanford, Harold Mah foi um bom ouvin-
te, assim como Richard Silver. A Dain Borges devo agradecer pelas con-
versas proveitosas sobre problemas históricos e teóricos; a Daniel Donaghy, por levantar questões metodológicas quando cheguei ao Rio. A dedicação e a pesquisa de Samuel Adamo, durante o ano que passamos
nos arquivos, serviram como fonte de inspiração. Uma pesquisa desta espécie não pode dar resultado sem a genero-
sidade e o interesse de pessoas no país anfitrião. Eu tive a sorte de ser adotado pelo Centro de Estudos Históricos da Casa de Rui Barbosa,
no Rio. Devo este favor a Américo Jacobina Lacombe. Ao chegar, fui
bem recebido pelo prestativo diretor do Centro, Francisco de Assis Barbosa, sempre disponível para me aconselhar e tornar possíveis as entre-
vistas fundamentais para o trabalho. Tanto em 1979-80 quanto em 1983, funcionários e colegas esforçaram-se para me deixar à vontade, entre 15
a Batboca de Ara tt Ma xa Ro , ho al rv Ca de a les José Murt R | , an de Volc fa , as st po m ra ui ab E MM Cuuç (amb a Vaio da.a “ a lv Bi ar om El h, ta Cl s re Ma a 6, Ei sitneita, MARA Lêda de iva Coelho, que ie res
de Pa pecial, Esqueralda Peganheha de Si ui atentelido pela ii rea e Neto Po dt. NO Cont Mi o fes a ho dá CASA O Auto ba e
via. ida Alves de So igues comi à RNA Ba Di, José Honório Rodr r Hentolett é su equi A Easter de
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ular trevistadas é partic en s oa ss pe se eza ram importante, A gentil spei que me recebe que eu indagasse a re e ami-
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os agradecimentos. A aum estrangei-
nSO esperar que co
Espero o tes anos de trabalho em pi permaneci distante,
"
ao ler este estudo, compartilhar do prazer que espos ele mea, Mar propo 2º Sm, no de minha Minha outra família foi presente
os e irmãs, bem como no Pá. irmã Seus ll. Neede de Maia Lima ma Brasil, mono Pe tivos parentes, ensinaram-me muitas coisas sobre q e à generosidade, ben nndo os maiores tesouros de seu povo — o calor omo
e os prazeres davida a sensibilidade para lidar com as dificuldades ta ho continuam a ampliar minha ligação com o país acolhida e carin
an esta edição, realizou-se a Com r. volta de te anen perm o desej durante minha permanência no Rio ne
de que um dia a obra nascida
publicada em português. Nada poderia me dar mais prazer do que E partir com eles algo que ajudaram a criar. a Fátima, teve Desde o dia em que nos conhecemos, minha esposa, e compreen. neste estudo um hóspede estranho. Ela o recebeu com graça
são e apoiou meus esforços em momentos difíceis, com fé, paciência
e determinação, Não escrevo para dizer que sou grato — isto preciso
demonstrar sempre, de maneiras melhores — mas para dar o testemunho de sua participação naquilo que fui capaz de apresentar nas pápi-
nas que seguem.
Eu gostaria de dedicar a edição brasileira deste livro, in memoriam,
a Francisco de Assis Barbosa.
Washington,
18
Jeffrey D. Needell
1987 — Gainesville, 1993
1
F RIO DE JANEIRO
Capital do século XIX brasileiro
A delle ápoque carioca pode ser considerada quer como o
a mendências especificas de longa duração, quer como
mae
apogeu
to, assinalando uma fase única da história cultural brasileira. Aqui o paidndo ck seaseinado ei ambos os sentidos. Todavia, a discussãoe análise de qualquer aspecto da belle époque remete a questões complexas, profundamente enraizadas no passado carioca. Por esta razão, convém começar por uma introdução ao contexto histórico e urbano,
capaz de esclarecer muito do que vem depois. Como a história sociocultural da elite será tratada em seguida, aproveito a oportunidade para esboçar a realidade nacional e urbana com a qual se defrontavam os canocas.
1 O IMPÉRIO: MUDANÇA E DESAFIO (1868-1888) criadas no segundo quarAsinstituições do Império brasileiro foram
realidade era obviamente muiel do século xIx; 20 final do terceiro, a do Brasil independente adaptouto diferente O edificio político inicial iedade agrária, em geral confinada se ão terreno moldado por uma soc ass adjacentes, e área ades portuári cid de eira cost a faix eita estr a uma tamanecia pouco conhecido ou habi ao passo que o vasto interior per fazendas
do. Era uma soc
, dividida entre senhores e escravos
muito izada por dois estratos. Um, cter cara ade ied soc uma os, e port 6 e comerciantes brancos; 6 ros ndei faze de to pos com , poderoso e rico e mulatos, tanto escravos coros neg por o mad for tro, muito numeroso, regados do: trabalhadores rurais, emp tes den cen des seus e , rtos libe qo s urbanos, meciros
ura, trabalhadore laticos, artesãos, braçais da Isvo atos constitolam as Ouas estr s Esse s, anie siti os uen o têos + peq O 19
úma estreita potinolpado forças nochala, que presnlonavam rais, bo , de aotores médios! profissionais libe tudo urbana
di, by
ternos, empregados don escritórios é pequenos lojistas! E
su
O contro dinâmico da atividade exportadora se e gi io + das de de Minas Gerais tes man dia e o our de cadente minas te, para os cafezais Fi Telão açuenvelra das províncias do Nordes
Rio de Janeiro, São Paulo e E entro “ul, cultivados nau províncias do vala Man, com bato, alteroni-no apenas a localização das estruty A
za delas, Mesmo « a a econômicas predominantes não a natureho, no nível de ter on mo do trabal tuals tranaforinações no rit
resarial, permanecia a audios yr,a grau e complexidade da wtlvidade emp uma restrita elite agroexportador, dez de da tuí sti con = al soci dem setores é uma pequena camada de os rav esc s ore had bal tra massa de dios =
ordem esta derivada de uma sociedade latifundiária voltada sam : acional,”
o abastecimento do mercado intern
Contudo, do final da guerra contra o Paraguai (1865-710), o Brasil entrepostos urba já sotrera três mudanças fundamentais, Primeiro, 05 onal, nox haviam crescido enquanto núcleos de concentração populaci centros políticos de e cultural e de infra-estrutura, transformando-s em encontro da elite ruum novo tipo, Não mais se resumiam a pontos de o também distritos de tal e seus aliados comerciais, Haviam se tornad empregados do comérprofissionais liberais, burocratas, empresários,
pensamento € aos exem do e estudantes = pessoas com maior acesso ao grandes proprietários de plos europeus, livres da influência direta dos ão haviam imposto sua terras que dominavam o campo, é que até ent
testação política, com vontade ao país, Nas cidades ganhava fmpeto a con modelos europeus suas conspirações, revoltas urbanas e predileção por
m ao final da épode mudança, cujas primeiras manifestações remontava
ca colonial,"
desde o início da Segundo, à escravatura, identificada com o Brasil
eiro colonização, estava com seus dias contados. O fim do tráfico negr
ultramarino, entre 1850 e 1852, e a baixa taxa de natalidade da populaescravidão estava conção cativa indicavam, para os fazendeiros, que a nas a região cafeeira tenta,
E
No entanto, como ape
ara se exa necessidade premente de mão-de-obr: o tráfico interno de ento parecia garantido pel
e ia
momento considerou-se naquele , nte ade dec te 1860 em que o perigo io o, Da década de eçã dir ra out de ha o nontanação » vin manifestou-se interm'-
ca cados íti pol da e ad id ns te in m! de or ga ti an à
te com ntemenent al
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abolicion: istas é
20
sa tuiindo umaa a ameapaç maior, constiitu
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amaputthas isdias nodo ero daosa r i e o p + do inturtor do Íhlo de Jasairo, por out
nordeste
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maneciom insatisfeitos. São Pulo passo a suportar cada
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ado à medida que va fatal pondo poa
perial, continuamente desprezad, o, : timular a insatisfação da Nova elite il VE con pauli sta edilência s Perigosa, bach
aréis residentes nas cidadesé
O MÚMero
Foram essas mudanças de plitud tituições da Monarquia tiveram de enfr entarPop Portanto, Que
ge” 8044
lançado por dois movimentos Políticos: o ipa 1868, O desafio” dy
A data em geral associada ao começo do a crise política provocada pelas circunstâncias debil Paraguai. Obrigado a escolher e; :
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em q erra de
imperador optou pelo general. Favorito do monarca ie pia
Alves de Lima e Silva, o marquês e, mais tarde, duqu, e d Último
éria,
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um conservador intransigente. E levou o imperador a rca = tm nunciaria ao comando das operações militares, caso dom sa Que re.
sob as ordens do Ministério liberal Progressista então p do io Caxias estava certo de não contar com a confiança. O | dis
or
rio, percebendo as inclinações de dom Pedro, encontrou uma Sica de renunciar
qua
que revelou de forma dramática as contradi ções dos = res constitucionais da Monarquia. Sua
saída coincidiu com o episódio em que o imperador, após consulta ao Conselho de Estado dominado pelos conserva dores, exerceu seu direito de escolha entre os três candi
datos usuais a uma vaga no Senado de maneira Provocativa e inusitada, selecionando o candidato que não dispunha nem da maioria dos votos provinciais nem da aprovação do Ministério liber al progressista A Câmara esperava que o imperador seguisse o cost ume tradicional de, após a renúncia do Ministério, convocar outro líder liberal progressista para organizar o novo Ministério, respeitando a maioria que o partido detinha na Câmara. Em vez disso, o imperador, procurando assegurar um final feliz à guerra, transgrediu a regra e chamou um con servador ao palácio, na esperança de formar um Ministério que manti
vesse um bom relacionamento com Caxias. A Câmara, evidentemente,
recusou o voto de confiança ao novo Ministério; o imperador foi em
frente, dissolveu a Câmara e permitiu que o Ministério eleição seguinte e a inevitável formação de uma maioria e leal. Indignados, os liberais progressistas consideraram coup dºétat e, em sua fúria, não pouparam nem mesmo
bási
A,
“acertasse” a conservador a manobra um as instituições
sam
eletrizou todas as facções liberais; nos dez E seguintes, alijadas do poder ministerial, muitas delas se uniram ques contra os conservadores e o imperador. Uma facção, no nosusE
foi mais longe, Enquanto a maioria dos liberais limitava-se a propo 22
sentido de restringir os poderes constitucionais do impe-
a nova causa da Abolição, esta facção mais radical lan-
Republicano (1870), exigindo o fim da própria Monar-
8 O ais tarde (1873), os republicanos paulistas se organizaram como
quis.
na província. O fato de que tanto o manifesto quanto a organi-
A di gn o con nando + MAÇA, 000 qua 9 PO tes conseguiram se estruturar na província com rapúdes, é indicativo
dt duro comscnarívticas fundamentais do movimento republicano. Pri-
meiro, sua liderança, dividida sobretudo entre Rio e São Paulo, estava isseressada no êxito de seus objetivos políticos e, para alcançá-los, eviuva questões sócio-econômicas divisionistas. Segundo, apenas um dos
dois pólos do novo movimento apoiava-se em um partido bem organi-
sado e com filiados em toda a província. Enquanto, até o final da década de 1880, a maioria dos ideólogos cariocas vivia e atuava no meio urbana, os republicanos paulistas haviam desde o início angariado apoio entre a elite rural.*
Os membros da nova elite de fazendeiros paulistas viram na Repú-
blica uma redistribuição do poder mais favorável a seus interesses re-
gonais. Eles vislumbravam uma federação descentralizada, na qual ca-
da unidade desfrutaria da receita que gerasse e seria governada por
representantes eleitos pela elite local. A influência desses membros entre os fundadores do partido foi a causa provável do oportuno esqueci-
mento da questão abolicionista.
Bastante diversa, a outra base do movimento republicano era exatamente aquele agrupamento urbano de homens movidos pela paixão por um novo Brasil, por um país em oposição à realidade agrária com & qual a elite paulista se satisfazia plenamente. Esta concepção de um novo Brasil, embora variasse segundo seus proponentes, apresentava um denominador comum: a reformulação do país conforme os modelos políticos apresentados pelos republicanos norte-americanos e franceses. Ainda mais comum eram os que propunham um modelo de desenvolvimento baseado nos mesmos mecanismos de modernização que
impulsionavam a industrialização nos países do Atlântico Norte. Encontravam-se partidários desta posição entre bacharéis em busca de car-
gos, estudantes dos cursos de direito, das escolas de medicina e das escolas militares e politécnicas cariocas; entre os formados por estas escolas que haviam obtido colocações no aparelho estatal ou seguido carreira
profissional; e entre muitos dos empresários que começaram
a surgir
no terceiro quartel do século. Todos eles se ressentiam das restrições tra-
dicionalmente impostas aos negócios, à indústria e à mobilidade social
Por uma ordem política conservadora e de mentalidade agrária.“ Bs
Se o grupo paulista proporcionava a força da 8 Pessoas de rg a ligação com os elementos da elite agroexportad Ora, 0 ga O Segundo; Cr fornecia a maior parte dos ideólogos e conspiradores » Al uantes E Uo
tro estratégico e urbano do país. Assim, durante àNT fase conc
Noe o Cn
e revolucionária do movimento, o ímpeto republicano pa “Ong ir
Artiu em ia do Rio. Mas, proclamada a República, São Paulo só MoOveriae "TA inexorável em direção ao poder, Apenas os republica nos O Paulist
as suíam uma base sócio-econômica para o poder, na Vinc ulaç
domínio da classe representada pela elite, base est
QU
ão a
E 08 setores dios urbanos definitivamente não dispunham, O movimento pela Abolição, apesar de contar Com precur
m é. é
no período da Independência, e de ter sido ao mesmo tempo a Ores
já
do e provisoriamente contido pelas limitadas reformas imperi + ESperta. ais de 187]
começou sua verdadeira arrancada na última década do Imp ério, O mo.
vimento pela República reuniu setores médios urbanos e elementos d; elite, tanto rural quanto urbana, contra a relativamente recente ai
ção da Monarquia. Já o abolicionismo foi bem diferente, Atraiu a os momentos finais — e ainda assim pelas razões mais oportunistas S
—
quase que exclusivamente elementos urbanos (de todos os estratos, embo.
ra sobretudo do setor médio) porque afetava algo muito mais arraigado
do que a Monarquia.
Ele atingia os próprios fundamentos da centená-
ria estrutura rural dominada tanto pelas antigas quanto pelas novas eli.
tes latifundiárias.”
Os abolicionistas da década de 1880, frustrados com o evidente bloqueio de suas esperanças de triunfo parlamentar, organizaram-se em duas
facções, distintas e complementares. Uma delas buscava a reforma por
meio da propaganda, saindo da Câmara para os teatros e para as ruas,
apelando aos setores médios e às massas das cidades. A outra unia a propaganda à atividade ilegal, que ia desde a criação de organizações clandestinas aos apelos aos escravos para que resistissem e se revoltassem. No entanto até mesmo a ala legalista, com sua retórica nos comi-
cios, suas ações nos tribunais e suas análises sócio-econômicas radicais clamando por reformas eleitorais, sociais e fundiárias, ameaçava à ordem estabelecida. Esgarçava-se o ecletismo constitucionalista francês do
Segundo Reinado — que havia possibilitado o consenso da elite ao conter
o fervor ideológico do Primeiro Reinado e da Regência sob o véu da
conveniência. Colocado em xeque pelo ardor romântico dos jornalistas
e poetas abolicionistas, o ecletismo desmoronou diante dos argumentos
materialistas dos críticos formados, segundo o novo pensamento europeu, nas faculdades de direito ou nos exaltados meios intelectuais das escolas e periódicos da Corte. 24
No final da década de 1880, a Abolição despontava no horizonte, já dicando O triunfo de um entusiástico movimento urbano sobre as elites agrárias cada vez mais desarticuladas. As divisões nas elites tiveram origem em circunstâncias Tegionais variadas. As antigas áreas cafeeiras do Rio de Janeiro e Minas Gerais Epson suas terras esgotadas, seu ca-
fé de qualidade inferior e sua situação financeira catastrófica — eram dominadas por uma elite francamente escravocrata, interessada em pro-
teger seu patrimônio vivo e incapaz de suportar o ônus do trabalho li-
vre. Os fazendeiros do Nordeste, do Norte e da província de São Paulo mostravam-se menos obstinados, se bem que por motivos diversos.
O Nordeste, por força de sua decadência econômica, no geral de-
dia menos de um suprimento regular de escravos e podia contar com
a possibilidade de, após a Abolição, manter a mão-de-obra necessária por meio de outras formas de servidão. No entanto, já há algum tempo a região vinha vendendo escravos para o Sul. Com a exceção da Bahia
(cuja elite ainda defendia maciços investimentos em escravos, legado de uma prosperidade relativamente recente), o movimento abolicionista conseguiu avançar bastante na região. O Norte estava muito mais dividido. A região do Amazonas nunca dependera muito da escravidão para sua
economia extrativista e, por isso, não se sentia tão ameaçada. Os índios
que levavam a seus patrões produtos da floresta permaneceriam, de qualquer modo, presos a formas locais de servidão. A elite da região podia se dar ao luxo de assumir gestos idealistas. No Maranhão e no Pará, contudo, a oposição feroz refletia os interesses consolidados de uma elite cujos precários investimentos no campo concentravam-se nos escravos. Mesmo assim, no Ceará, o empobrecimento e a venda haviam reduzido
ao mínimo a importância da escravidão, e a província iria, como o Ama-
zonas, liderar a onda abolicionista. Por fim, São Paulo, no auge de um
surto de expansão cafeeira, contava muito com os escravos, e combateu a Abolição até o último ano mais ou menos, como firme aliado das poderosas forças “escravocratas”” do Rio de Janeiro, Bahia e Minas. Mas,
quando as ações militantes dos radicais abolicionistas alcançaram as próprias fazendas, os paulistas, desesperados, resolveram mudar de tática. O tradicional medo da sublevação social sempre foi extraordinariamen-
te persuasivo. O trabalho livre imigrante, desprezado desde o fracasso das tentativas em meados do século, de repente tornou-se aceitável quando os escravos começaram a abandonar as plantações e a falar em revolta, e
quando começou a ganhar ímpeto um ataque contra os latifúndios. Colocados contra a parede, os paulistas abandonaram os escravocratas mineiros e fluminenses e tornaram-se abolicionistas. Aparentemente,
25
es-
peravam conter O potencial revolucionário do m oviment
do principal reivindicação, a qual era de qualquer modo e a tenden Vez mais % e fait accompli. Alguns tinham a esperança de reter seusRs gos escravos concedendo-lhes alforria en masse, cria de o pela Hertação O nados para que houvesse uma indenizaçã
ção. O dos ca A maioria exigia subsídios estatais para a imigra Este quadro de divisão e capitulação da elite em um co cado por ameaças de convulsão social — além da Ein
Peg
E
texto Ma.
ção na dor no pela causa abolicionista — tornou possível aAboli
esta foi apenas uma vitória parcial. O passo seguinte Yistumb 88.M muitos, com reformas sócio-econômicas mais amplas, seria o
tão. Os reformistas logo descobriririam que a posse da terra, a és Que. ção política e o modelo agroexportador da elite estavam Sis
defendidos.
im
elhor
2. A REPÚBLICA: O GOLPE (1889)º Relativamente fraco antes da Guerra do Paraguai, o Exército bra.
sileiro foi, em virtude do conflito, obrigado a um sacrifício sangrento, do qual emergiu fortalecido e com projeção nacional. Após a guerra,
os oficiais relutaram em se resignar à insignificância anterior de sua atividade. Eles temiam, não sem motivo, que o Exército fosse negligencia-
do. Anos de má administração e de desgaste no confronto sangrento com a máquina militar paraguaia haviam insuflado o ressentimento e o desprezo pelos representantes da elite no Parlamento. Os veteranos estavam convencidos de que haviam pago um preço alto demais pela indiferença e incompetência de uma elite civil indulgente e corrupta. E culpavam essa mesma elite pelo “atraso” material do país e sua consequente
fraqueza militar. Na década de 1880, esses veteranos haviam chegado
aos postos mais altos da hierarquia militar. Os escalões inferiores esta-
vam
ainda mais inquietos,
pois compunham-se
de oficiais recém-
formados por notórios centros de críticas sócio-econômicas: as escolas militares do Rio. ! Jovens das camadas médias urbanas e filhos dos pequenos propnie-
tários rurais dispunham apenas de duas vias de acesso a um diploma de curso superior e ao prestígio e posição social decorrentes. Podiam
ir para o seminário (o mais comum no início do século) ou para as &scolas técnicas do Exército (escolha frequente no final do século)“ À Escola Militar, fundada por dom João vi em 1808, foi dividida em tisé na Escola Militar e na Escola Central (rebatizada como Escola Politéc26
— e ambas continuaram
a ensinar as ciências relativas
al. Na verda-
o UÉ ; militares quanto ao progresso materi to às neces: interessava mais por estam! parte : dos est udantes provavelmente se es era serviço militar, pois somente por meio del e, do que pelo nica em
j
ses
estudos
ossível
ao aprove
obter um
nciais diploma em engenharia ou em outras áreas esse
ladas pelos progressos itamento das novas oportunidades reve mento
treina Unidos. As escolas eram o campo de dos Esta m na Europa € iosos e resolutos ““modernizadores” que atuava para 05 mais à mbic 15 PDS j à cio urbano.
sob a influência direta de posia Res estudantes, estivessem ou não “vistas como Benjamin Constant [de Botelho Magalhães] (1837-91), aba o cientificismo difundido pelo pensamento europeu da época treinados pe geral viam à si mesmos como servidores cientificamente
a futuro de sua nação — os defensores altruístas e militantes da “mo-
dodernização” da pátria. Com fregiência identificavam na classe minante seu inimigo natural: uma força que mantinha o país débil e
atrasado apenas para continuar promovendo os interesses da elite agroexportadora e garantir os privilégios dos seus membros e apadrinhados. Seria supérfluo afirmar que tais oficiais eram em sua maioria republicanos. A Monarquia, bastião da antiga ordem, não tinha vez no Brasil
“moderno” que vislumbravam.
Apesar de oficiais mais antigos e prestigiosos, como [Manuel] Deo-
doro da Fonseca (1827-92) ou Floriano [Vieira] Peixoto (1839-95) pertencerem a gerações anteriores, eles compartilhavam o sentimento de
antagonismo em relação aos representantes políticos da elite no poder. Este sentimento originou-se, como foi indicado, na devoção que dedicavam ao Exército, a qual tomou forma e foi temperada, no Paraguai, por um profundo ressentimento e desconfiança em relação aos políticos. Esta seria a chave de sua politização. Após 1883, eclodiu a chamada Questão Militar, unindo gerações de militares, quando os oficiais, apesar das punições, insistiram em seu direito de defender em público suas posições ou de questionar as decisões de seus superiores civis. Organizados em clubes militares, escolheram Deodoro como líder, protestaram e assumiram uma atitude beligerante em relação aos ministros
do imperador. Mas, para que se voltassem contra o próprio monarca,
seria preciso que fossem insuflados pelos ideólogos republicanos do Rio
de Janeiro.'é
Embora os republicanos tivessem, de início, descartado a possibilidade de uma aliança com o Exército, tanto as facções moderadas quanto as radicais do movimento acabaram por aceitá-la. Começaram por
aumentar a tensão, jogando com os sentimentos da oficialidade, que 27
se considerava atingida em sua honra, desres Peitada Em
assim por diante. Em seguida, no entanto, eles avançar
ção de problemas para o regime e começaram, junt
Seus direi
AM além
j Og
vens oficiais republicanos, a considerar a Possibitigçê com Cria,
militar.”
idade de um “do
Bolpe
O momento era propício. As elites rurais, no final
1880, haviam presenciado o fim da escravidão sob aa
da década j
no e do Partido Conservador (que formara o Ministério po oê o To, época da Abolição, em
1888). Elas também
haviam se a
Overno 4
que os dois partidos tradicionais do Império, e até à Coro ido q própria Constituição, eram em geral corruptos, corrupto Ca, além da
ditados.
TES € desagre.
Os paulistas, membros da força mais dinâmica das ravam a Monarquia centralizadora uma instituição que favorecia
Slites, consigo
as te
giões mais antigas, conforme já foi dito, No final da d écada de 1880
também passaram a vê-la como defensora parasitária dos interesses a nanceiros baseados no Rio de Janeiro, os quais exploravam dé
so a expansão econômica de São Paulo. Além disso, a força mais a servadora que apoiava a Coroa, os fazendeiros das regiões decadente s,
mostrava-se agora bastante debilitada. Não apenas haviam perdido seis
escravos, e portanto suas garantias financeiras, como isto ocorreu em meio a um acentuado declínio da participação no mercado do café que produziam. Além do mais, mesmo para este grupo parecia duvidoso o futuro de uma anômala Monarquia americana, comandada por um ve-
lho doente e ameaçada de cair nas mãos de uma herdeira reformista e de seu consorte estrangeiro e impopular. Por fim, outras reformas políticas e a ameaça
explícita de novas
reformas
sócio-econômicas,
possivelmente sob patrocínio da própria Coroa, não poderiam ser des-
cartadas.!*
Portanto, no exato momento em que o Exército completava sua guinada para a oposição e os jovens oficiais radicais, ao lado dos civis, co-
meçavam a planejar um golpe republicano, desmoronava o apoio natural da Monarquia. Quando o último Ministério tentou desarticular o movimento republicano, encampando a maioria de suas reformas, era tarde demais para cooptar os radicais e muito cedo para convencer 0s
reacionários. A Câmara recusou seu voto de confiança e foi por sua vez
dissolvida pelo Ministério. 2 ecloMilitar Resumindo a segiiência dos acontecimentos: a Questão
diu, os republicanos a exploraram, espalharam-se boatos de sanções e tra o Exército e contra seu líder, Deodoro, e este afinal aceitou partici-
par da conspiração republicana. Em uma série confusa de eventos, º 28
E derrubados as de novembro de dora Ministério preso ao presidido por Deodoro e formado porE ig 1889. o foi instalado, e a família real enviada inentes, logo republicanos proem s a. Europ na o exílio A planejaram desencadear um a contraRE nn pouco! aram Aguas ção revolu ou esper em vão por um sinal, Muitos Seguira m para o OO
ou empenharam-se em exílio, aceitaram O isolamento político
ções que não levaram a nada. Mas a maior parte da elite tradicional
aderiu à nova ordem e ficou aguardando o momento oportuno de re-
mãos tornar à cena. Por ora, o poder na capital havia passado de suas para conslicanos radicais, que se uniram
dos repub to el? Exérci PER AAdO Brasi um novo truir 3. A REPÚBLICA:
O DESAFIO DOS RADICAIS (1890-94)
Em meio à confusão dos anos seguintes, travou-se uma luta revo-
lucionária. Os novos grupos que haviam emergido nas cidades tentaram arrancar o controle do Estado das mãos das elites latifundiárias e de seus aliados. Simultaneamente, elementos dessas mesmas elites começaram a montar novas máquinas eleitorais nas províncias e a articular um novo consenso nacional que correspondesse às circunstâncias criadas pela descentralização e, mesmo assim, garantisse sua dominação em
âmbito nacional.
A história registra a violência que resultou da busca de objetivos
tão conflitantes. Em 1889, logo após o golpe militar, instalou-se um Go-
verno Provisório. Dois anos depois, uma Assembléia Constituinte elaborou uma Constituição federal e obedientemente elegeu Deodoro co-
mo presidente e Floriano como vice. No mesmo ano, Deodoro tentou um golpe contra o primeiro Congresso, desarticulado por um contra-
golpe de Floriano, que assumiu a Presidência. Em 1893, uma guerra civil no Rio Grande do Sul antecedeu uma revolta naval no porto do Rio;
os líderes dos dois levantes se aliaram, e combateram ferozmente a República até 1895. Em
1896, uma rebelião no interior da Bahia transfor-
mou-se, em virtude das repetidas derrotas republicanas, em ameaça de grandes proporções, exigindo enorme esforço do Exército para ser su-
focada em 1897. No mesmo ano, o primeiro presidente civil escapou por pouco de ser assassinado por um oficial subalterno. Todos esses eventos foram marcados do início ao fim pelo impacto debilitante de um tremendo ciclo de instabilidade econômica,
desencadeado
por um
pe-
ríodo de inflação, investimentos e especulação que ficou conhecido como o Encilhamento. 29
A praça passara, em meados da década de 1850, por uma va
ef
O Rio, centro financeiro do país, já conhecera OScilaçõe
S
Sim; Sim
to abundante e investimentos em bancos, infra-estrutura E de Crégi, ras; em 1864, uma crise no crédito resultou na falência de b Manufar
tra crise semelhante ocorreria no período de 1873 a 1878, oscilações deviam-se à posição ocupada pelo Brasil na En
dial. Como produtor agrícola periférico que abasteciaEa
àS Essas
Mia mu.
Atlântico Norte, o país dependia, para a saúde de sua is tTos do
boas colheitas e dos preços que estas alcançavam no tt cional. As próprias características do ciclo de investimento,
comercialização tornavam inevitável o recurso ao crédito, Di
das
e
o e
çava a dependência do centro financeiro mundial, Principal fonte . or.
pital. Além do mais, como os fazendeiros ofereciam como caução E ã empréstimos o patrimônio vivo representado pelos escravos, a En da Abolição diminuiu a capacidade dos latifundiários para obter RE
to. Por fim, o insignificante desenvolvimento industrial forçava o Brasil a aplicar o capital acumulado com as exportações na compra de produ-
tos manufaturados e artigos de luxo estrangeiros — a forma mais tradi.
cional de intercâmbio colonial. Em consegiiência disso, o sistema financeiro tornara-se cronicamente necessitado de capital e crédito, vulnerável à especulação cambial e muito sensível a acidentes como quebra da safra, pragas, queda dos preços, redução da oferta de crédito no mercado internacional, ameaça de libertação dos escravos e a lenta decadência provocada pela exaustão do solo.”
Em 1888, tal conjunto de fatores começou a preponderar, sobretudo no esteio tradicional da economia cafeeira, o vale do Paraíba, nas
províncias de São Paulo e Rio de Janeiro. Na tentativa de salvar a situação, os últimos ministérios do Império obtiveram um elevado empréstimo externo e aceleraram as emissões de moeda, por intermédio de uma
inédita estrutura bancária, recém-criada sob os auspícios do governo. O objetivo era fornecer crédito fácil aos fazendeiros e fazer com que a economia (e a Monarquia) superasse a crise.”
Complicados pela hesitação dos investidores estrangeiros diante do golpe de 1889, os resultados foram frustrantes. A fase inicial, ainda no Império, havia provocado inflação e especulação, fruto do crédito novo
e abundante. Em seguida, porém, cessou o fluxo de capital estrangeiro, essencial para sustentar as emissões de moeda. O ministro das Finan-
ças, Rui Barbosa, decidiu continuar com as emissões, lastreadas por bónus emitidos, mais uma vez, por bancos centralizados. Estes estavam ligados ao Estados por privilégios e garantias, atuando como seus agentes
na implementação dessa política de expansão do mercado de investimen30
tos e crédito. Rui Barbosa visava mais do que proteger a frágil situação financeira do Estado no primeiro ano da República:? ele considerava essa política vital para a reformulação do país. De acordo com o pressuposto econômico corrente na classe dominante imperial, o Brasil, no contexto da divisão internacional do traba-
lho, era um produtor natural de gêneros agrícolas para exportação. Por isso, nunca houve a preocupação de implementar uma política de estímulo à indústria. Com o recente acesso ao poder dos grupos urbanos
e dos militares radicais — muitos dos quais estavam bem distantes dos interesses agroexportadores, e firmemente comprometidos com a transformação do país nos moldes do que ocorrera no Atlântico Norte —, era de se esperar a implantação de mudanças nesse sentido.”
A industrialização havia, até então, conseguido sobreviver nos meios
urbanos (embora cendo o ciam as
graças a nichos proporcionados pelos impostos de importação criados para aumentar a arrecadação, eles acabaram favoreprotecionismo), pelos períodos de desvalorização (que encareimportações) e pelos anos atípicos em que havia capital dispo-
nível para investimentos abundantes (como, por exemplo, logo após o
final do tráfico de escravos, em 1850-52). Em 1890, no entanto, a situação no Rio tornara-se mais propícia à industrialização. A população carioca já se aproximava de meio milhão, o mercado interno fortalecia-se com o aumento do número de assalariados brasileiros e imigrantes, crescera o risco comparativo dos investimentos na agricultura, o valor da moeda caíra para a compra de produtos importados e a mão-de-obra barata afluía não apenas das áreas rurais, mas também de Portugal e da Itália.” Rui Barbosa considerou oportuno o momento e usou sua considerável influência política para promover uma enorme expansão do crédito e desregulamentação das atividades econômicas, a cada pas-
so comprometendo ainda mais o Estado.”
O resultado foi uma explosão de atividade no mercado de ações, a fundação de numerosas novas companhias e bancos e a disseminação da especulação e da corrupção. A expansão durou até 1892. Seguiu-se uma quebra catastrófica, agravada pelos gastos militares com as revoltas de 1893-95. E as dificuldades exacerbaram-se ainda mais com a especulação cambial, que proporcionou elevados lucros para os banquei-
ros, sobretudo os estrangeiros.%
O termo ““encilhamento”” revela bem de que maneira o período foi percebido por seus contemporâneos. A palavra, que obteve imediata consagração, foi tomada do jargão dos hipódromos e significava a colocação da sela antes do tiro de largada.” E, para os empresários, financistas, especuladores da praça, assim como burocratas e intermediários
31
Wa que tinham acesso à informações privilegiadas, foi mesm
reo. Nouveaux riches pipocavam em meio a uma j nusita a um bom M
Vaga deco sumo de artigos de luxo. No entanto, para muitos ont
dicional, a ressaca foi terrível. Sofreram prejuízos Pesados E da elite de de novos-ricos provocou ressentimentos. O Encilhamento pas Uta, mória da elite, e daí para a do público em geral, como ue É desenvolvimento quimérico e especulação frenética em Ma
tegridade duvidosa, dirigidas por bobos e charlatãeçs
——Utin
Ignorava-se, ou desconhecia-se, que, com os investimentos cos, transportes, têxteis, seguros etc., haviam sido lançados e Ra mentos para o desenvolvimento de um setor secundário, assim Und.
fato de que o Encilhamento era conseqiiência direta das poli
a
“
icas impe. riais.? Em vez disso, a expansão e a queda contribuíram para mar como incompetente e corrupta a política financeira da recém-criada o pública. Mais ainda, concorreram para a divisão da liderança repubi.
cana e o aumento das voláteis tensões nas massas urbanas e nos setores, médios (cujo nível de emprego e de vida havia sido o mais Prejudica.
do),” solapando, com isso, os esforços dos radicais urbanos e de seus aliados para consolidar o novo regime. Foi neste momento que Deodo-
ro antagonizou-se com outros indivíduos e forças cruciais para a sobre. vivência da República, e, em meio à desordem do colapso, coube a Floriano a missão desesperada de defendê-la.” Embora identificado com os valores purificadores e “'modernizadores” de seus jovens colegas militares, Floriano obteve surpreendente êxito na persuasão de civis de mentalidade semelhante. Seus seguidores foram chamados tanto de jacobinos (nome inspirado nos jacobinos da Revolução Francesa) quanto de florianistas. Eram oficiais subalternos,
cadetes, burocratas e funcionários públicos dos escalões inferiores, estudantes, profissionais liberais, empregados de escritórios, jornalistas
cai
Essas categorias, assim como todos os assalariados urbanos, ha-
viam sofrido terrivelmente no decorrer do último terço do século e não
faltaram porta-vozes que lhes apontassem os culpados. O aumento do
custo de vida, a falta de oportunidades ou de garantia de emprego, o l l E l 7 l
nepotismo e o desemprego generalizados, os impostos escorchantes e
O atraso econômico — a responsabilidade por tudo isso foi atribuída
aos representantes políticos dos fazendeiros e dos grandes comercian-
tes. Os movimentos abolicionista e republicano, enquanto bandeiras do
Progresso e da redenção nacional, encontraram entre esses habitantes
da cidade seus mais firmes defensores durante a década de 1880. E fo! entre eles que a República passou a recrutar sua tropa de justamente 32
choque e seus partidários mais entusiastas, no momento em que se viu ameaçada por rebeliões que logo assumiam teor monarquista, ou eram acusadas de o fazer.” A esse fato aliava-se o ressentimento popular con-
tra os portugueses, típicos empresários e comerciantes urbanos, tidos
pelos cariocas em geral como parasitas e obstáculo para as aspirações
econômicas e políticas brasileiras.”
A lusofobia e o ódio ao Ancien Régime eram aspectos de um movimento que também defendia o ideal de um Brasil autoritário, centra-
lizado, industrial 4 moderno, desfrutando da expansão da economia e
do avanço social.” Uma década de crescente demagogia urbana militante, uma obsessão com possíveis complôs monarquistas e o perigo real representado pela frota monarquista, que chegou a bombardear a cidade, levaram à união desses segmentos urbanos. Eles estavam prontos para a resistência e a retaliação. Caracterizavam-se por um patriotismo im-
pressionável e paranóico, no qual o Brasil, a República e a luta dos radicais pelo poder político e pelas mudanças sócio-econômicas eram iden-
tificados como uma coisa só.
Os jacobinos foram encorajados nesta identificação pelo próprio Floriano. Este personagem até hoje misterioso, que dominou a imaginação política da época, manteve em segredo seus desígnios e agiu resolutamente para proteger o regime. Lei marcial, batalhões de voluntários
civis, aceitação da violência jacobina nas ruas, negação dos direitos tra-
dicionalmente garantidos à oposição política — Floriano valeu-se de todos os recursos para enfrentar os rebeldes, esmagar a oposição interna e consolidar a República ameaçada, cujos cofres haviam sido esvaziados quase que por completo pelos sucessivos ministros das Finanças." No final, os triunfos de Floriano granjearam-lhe tanto o cognome de “Marechal de Ferro"" quanto a idolatria dos setores médios urbanos e dos círculos militares, além das fileiras positivistas do recém-empossado governo do Rio Grande do Sul, que a ele se aliou na luta contra os ini-
migos comuns que haviam se rebelado naquele estado.” Todavia, jun-
to a seus oponentes, quer republicanos quer pertencentes às elites tradicionais, os mesmos triunfos deram origem a um ódio visceral. Floriano foi por eles acusado de ser um ditador sanguinário, impiedoso, frio, as-
tucioso, um militar demagogo e brutal, estranho à cavalheiresca tradi-
ção parlamentar da Corte.” Ironicamente, foi a luta desesperada de 1891-94, da qual emergiu o fervoroso sentimento popular republicano
e a lenda de Floriano, que possib o surgimento de uma ia nova e ilitar
poderosa coalizão dos membros das elites tradicionais e emergentes. E essa coalizão iria dominar uma República bem diferente daquela sonhada
por muitos ideólogos e entusiastas.
3
VOLTA
4 4 REPÚBLICA:
R (1889-1902) DOS FAZENDEIROS AO PODE O fato de os republicanos de São Paulo serem Mais conse,
e conciliadores tinha muito av * com interesses de classe, PR ros constitutam parcela significativa do partido e de sua Miderao outros, até mesmo os segmentos urbanos, eram dominados im io “o
pações com questões agroexportadoras, pois todos os interesse cos e econômicos na província dependiam diretamente do a
portação do café.
OU
lt
Portanto, a maioria dos republicanos paulist SM
representava um rompimento com à antiga elite, mas apenas Sua ÀS não no Frala ma; liberal. Seu principal interesse na República baseava-se maior autonomia econômica e hegemonia política para São Po
Não surpreende, assim, que esses republicanos tenham sido capa zes de assumir o controle da antiga província sem muita resistência e de aceitar a participação de antigos monarquistas do alto escalão em
seus conselhos decisórios. Enquanto a maioria das outras elites provin.
ciais tentava, com a adesão hipócrita de última hora ou com a Aceita
ção do fato consumado, permanecer no poder ou recuperá-lo, e no Rio
Grande do Sul duas facções controladas pela elite travavam uma feroz guerra civil, a elite paulista estava numa situação muito mais confortá.
vel. Os republicanos paulistas simplesmente aceitaram a proeminência
momentânea de uma das facções que, por sua vez, acabou incorporan-
do as demais — pois, no final das contas, todas elas partilhavam dos
mesmos interesses.”
Entre esses interesses, uma vez assegurada a autonomia dentro da
federação, encontravam-se a estabilidade nacional e o reconhecimento das preocupações de São Paulo nas políticas de âmbito nacional (sobre-
tudo o restabelecimento do crédito estrangeiro para sustentar e promo-
ver o complexo agroexportador). A fim de alcançar tais objetivos, os paulistas aparentemente decidiram-se pela cooperação cautelosa e pela participação nos governos nacionais do início da década de 1890. Seus líderes de maior prestígio, tanto republicanos quanto ex-monarquistas,
foram ao Rio para assumir cargos nos ministérios do período, procurando escorar o novo regime, mesmo sob Floriano, enquanto aguardavam a oportunidade de conquistá-lo. Entre os mais importantes esta-
vam os futuros presidentes [Manuel Ferraz de] Campos Sales, Prudente
[José] de Morais [e Barros] e [Francisco de Paula] Rodrigues Alves, bem
como Bernardino de Campos e Francisco Glicério [de Cerqueira Leite], importantes líderes do partido nas primeiras
o
E
a
lutas pela
República.
E
pos republicanos históricos fizeram de Cam end ente de Morais candidatos à Presidência e à Vice-Presidência 34
já em 1891, Mas ainda era muito cedo; intimidada pelo Exército, a Assembléia Constituinte elegeu Deodoro e Floriano, como foi assinalado.
Em 1893-94, contudo, a desesperadora situação do país forçou à ascensão de São Paulo como preço a pagar pela sobrevivência da República. Neste momento, o Estado, com uma elite bem organizada, economia superior e forças armadas próprias, era claramente preponderante
— ea crise o tornou indispensável. Floriano, temendo uma invasão dos
rebeldes do Rio Grande, necessitava de São Paulo como escudo contra
a espada sulista. Em troca, concordou com a “eleição"" de Prudente de
Morais.
Apesar dos rumores de um golpe florianista, o fazendeiro
tomou posse em 1894. Pouco depois morria Floriano, assim como a rebelião no Sul. E um processo de conciliação e consolidação nacional,
conduzido por uma elite tradicional reorganizada, parecia estar em an-
damento.* O governo de Prudente de Morais assinala o arrefecimento do íimpeto revolucionário que caracterizou a era de Floriano. Prudente de Mo-
rais, escolhido pelo novo partido organizado durante o regime de Floriano para servir de sustentáculo oficial à República, era um firme aliado
de seu chefe paulista, Francisco Glicério. Mas o partido refletia a natureza ainda frágil da República, na qual a paixão dos grupos urbanos emergentes sem habilidade política ou peso decisivo se lançou contra
as diversas elites em fase de reorganização. O confronto político logo eclodiu entre as forças mais conservadoras pró-governo e os jacobinos,
que lançaram uma campanha estridente contra um regime que, na sua opinião, estava traindo a República de Floriano.”
O conflito desenrolou-se em quatro atos. Primeiro, a paz obtida por Prudente de Morais no Rio Grande do Sul, em 1895, afastou tanto os jacobinos cariocas quanto os republicanos gaúchos, que considera-
ram fácil demais a readmissão na vida política dos inimigos da República. Segundo, ao adoecer inesperadamente,
Prudente de Morais viu-
se obrigado a transmitir o cargo ao vice, Manuel Vitorino [Pereira], o qual se aliou à vigorosa facção radical do partido, dividindo ainda mais os republicanos. Terceiro, Prudente voltou ao poder sabendo que seu vice-presidente o estava traindo e conquistara o apoio de Glicério, o qual desfrutava de imenso prestígio entre os jacobinos e, de qualquer modo, ameaçava a independência de Prudente. Sua volta foi, na verdade, um golpe dirigido contra a iminente retomada do poder pelos jacobinos.
O partido dividiu-se entre muitos dos defensores históricos da Repúbli-
ca, jacobinos e gaúchos, agora em oposição declarada a Prudente, e os
que apoiavam o presidente: aqueles que tinham obrigações para com o governo e os representantes das elites que se haviam reorganizado politicamente no Congresso e nas diversas máquinas partidárias estaduais.
35
ur
No quarto ato, a volátil luta partidária que se » guiy foi d
deada por um evento que muitos republicanos, em Particula
Sena É ar og ja me ... ista monarqu manobra uma nos, acreditavam ser mais km mou Canudos (1896-97). Neste povoado do interior da Bahia
1 ra o místico que ha iaia conduz” A os seguidores de Antônio Conselheiro, seus adeptos sertanejos a uma revolta messiânica, em evidente fés “ido ano, A ps contra as imposições locais do regime republic proporções, transformando-se em confronto de grandes
devido
tt
, lançada Dor Nor tos militares iniciais dos rebeldes e à acusação ta E é Monarquia pelos ada ocin patr era ta revol a que de e jornalistas, Ustag
Prudente de Morais foi acusado de, no mínimo, ser um Fepublicane
4
instrumento da rg bio e um patriota medíocre, transformado em
traidor que to e em perigoso incompetente, ou, pior ainda, um o legado de Floriano a seus inimigos secretos e declarados. E
O dénouement foi violento. No desfile em homenagem às tropas
que retornavam vitoriosas de Canudos,
Prudente de Morais foi vítima
de um atentado, cometido por um soldado que se misturara à multidãs, O presidente escapou, mas o ministro da Guerra € dois outros oficiais
ficaram feridos. O ministro acabou morrendo. O assassinato foi obra
de um pequeno e conhecido grupo de jacobinos, notório por sua parti.
cipação nos então frequentes conflitos de rua. Prudente de Morais não
hesitou em tirar proveito do acontecimento. Organizou um enterro gran. dioso para o ministro, transformado em mártir, ao mesmo tempo em que pediu, e obteve, a decretação do estado de sítio. Passou a coordenar
a imprensa, a polícia, o Congresso e os tribunais durante a subsegúente onda de horror e solidariedade despertada pelo fracassado ataque. Esmagou a oposição, lançando sobre seus principais inimigos acusações
formais de cumplicidade. Anulou, assim, qualquer possibilidade de uma
eleição representativa para a escolha de seu sucessor.“ O país encontrava-se economicamente arruinado e os republicanos
estavam divididos e amargurados. Mal secara o sangue da guerra civil, das rebeliões e da violência das ruas. Mas, ao chegar à beira do abismo, Prudente de Morais conseguiu saltar para o outro lado. Desferiu um golpe mortal nos radicais e assegurou a transferência pacífica do poder
para outro civil paulista, Campos Sales. A República foi, desse modo,
arrebatada dos radicais e colocada em segurança nas mãos de outro latifundiário.
O governo de Campos Sales (1898-1902) consolidou o restabelecimento dos interesses da elite agroexportadora, em detrimento dos gru-
Pos urbanos emergentes.“ Dois aspectos de sua política foram fundamentais para a República que se firmava. Primeiro, a ênfase dada à 36
e
——
estabilidade econômica, por meio do conservadorismo financeiro e da
manutenção de estreitas relações com o crédito estrangeiro; segundo,
um modus operandi político que garantia o apoio dos estados para a política financeira do governo, em troca de uma política federal de be-
nefícios para as diversas elites locais estabelecidas. Era consenso da eli-
te que os alicerces agrários naturais do país haviam sido irresponsavel-
mente abalados, empobrecidos pelo intervencionismo estatal corrupto artificial, e ameaçados por terríveis conflitos civis. O momento requeria a estabilização da economia e da organização política por intermédio do laissez-faire econômico, da aceitação da autoridade presidencial e do restabelecimento da hegemonia da elite.
As dificuldades econômicas por que passava o país eram de tal mon-
ta que Campos Sales procurou soluções financeiras antes mesmo de to-
mar posse. Em Londres, fechou um acordo com os financistas da City que, desde 1822, vinham desempenhando um papel central na economia carente de capital do Brasil. Um empréstimo com juros elevados foi concedido por lorde Rothschild a fim de salvar o país da bancarrota
e da impossibilidade de honrar seus compromissos. Em troca, Campos Sales deu numerosas garantias e, ao assumir a Presidência, implementou um conjunto de medidas para deflacionar a economia e aumentar a arrecadação. A deflação e recessão resultantes dessas medidas afetaram os diversos grupos urbanos de maneira distinta — alguns trabalhadores perderam seus empregos, mas os preços dos alimentos e determinados salários melhoraram; outros, mesmo nos setores pobres e médios, beneficiaram-se dos efeitos do fortalecimento da moeda. No entanto,
há pouca discussão quanto ao impacto sobre aqueles que dependiam das novas indústrias e do mercado de capitais do Encilhamento — seguidas falências e quebras de bancos marcaram a virada do século. Da mesma forma que no antigo regime, população e empresários dos núcleos urbanos pagaram pelas políticas financeiras favoráveis à agricultura. Mais tarde, diversos elementos da elite latifundiária obteriam concessões e apoio financeiro do Estado, tanto sob Campos Sales quanto sob seus sucessores, uma ajuda antes negada às indústrias e bancos urbanos “artificiais”. Praticava-se um tipo discriminatório de laissez-faire. Após 1897, o expurgo dos jacobinos foi acelerado. Com Prudente de Morais, tanto seu partido como a oposição tinham como raison dºêtre formal o cisma entre o presidente e Glicério. Campos Sales havia conseguido, como prêmio por não ter aderido à oposição, o apoio de Pru-
dente de Morais para se eleger, sem que tivesse de apoiar o presidente de modo declarado. Como resultado, Campos Sales chegou à Presidência livre de compromissos com qualquer dos partidos. Estes, além dis-
37
a
e
personalism, O. Por, vam-se bastante enfraquecidos pelo mento de Prudente de Morais da cena política é
indo, O osso de Glicério e a súbita desorganização de
ra
e ou
mtcadas as duas novas máquinas políticas, que] Aliado,
ro, O des
deixaram desnorteadas
OgO a ye
É
E
rraram. Assim, à política começou a girar em torno dog a à do governo federal e da Presidência cada vez “oi a pps s, a fortes — o ado ma máquinas políticas locais rol
o dos est
c
DS
na for
de
e controladas pelaselites. Nesta nova ordem, perderam infénc,
o setor médio urbano e os militares AN
a
o
6 netores Urba.
nos em geral. Os radicais haviam encontrado seu campo de ação ins. tucional, após o regime de Floriano, na militância no Partido Repubii.
cano, articulada através de um Congresso nacional Porta, Agora, contudo
o Congresso estava reduzido à condição de mero intermediário entre 0 presidente e as elites estaduais.
“Isso foi feito aos poucos, com o que restou dos dois partidos ame.
riores. O presidente, cujo controle do Estado e de seus recursos natura. mente o tornava o chefe supremo, passou a buscar o entendimento com
as oligarquias estaduais. Já contava, claro, com o apoio de São Paulo, A adesão de Minas e da Bahia deu-lhe os votos necessários para garan-
tir a maioria no Congresso, reforçada pela implantação de um estratagema para selecionar os deputados. Campos Sales e seus correligioná-
rios acertaram que a validação das credenciais de deputados recém-eleitos caberia a um comitê controlado pelo presidente. Campos Sales deixou claro que apenas os candidatos aprovados pelos governadores de seus respectivos estados (ipso facto, chefes da máquina da oligarquia esta-
dual) tomariam posse. Com isso, o presidente eliminou o potencial de atuação independente do Congresso, cortou a possibilidade de proje-
cão política da maioria dos radicais e garantiu o atendimento dos interesses oligárquicos nos estados mais poderosos, enquanto proporciona-
va para si uma base firme de apoio, indispensável para a execução de
sua política. Os estados que saíram fortalecidos foram exatamente aqueles
de
melhor organização política e maior número de deputados
7 São Paulo, Minas Gerais é Rio Grande do Sul.
Etr
eres arranjos tinha a virtude da clareza: “poli-
reElonais em apoiar um | Esta refletia o consenso das poderosas elites
es e compromisso que as privilegiava, e ia se opunha de Floriano, centralizadora, refore de base urbana. red mista
meio de uma nova composi
miliio é
POS e médios, em processo
a
O controle do Estado. Por
ica, reinstitui-se uma ordem favo-
Ôômicas tradicionais. Os setores urba-
E lo, haviam sofrido uma amarga sócio-econômicas nos meados do sécu derrota.
5. A ELITE CARIOCA E O
OQUE SURGIMENTO DA BELLE ÉP Campos Sales ao A belle époque carioca inicia-se com a subida de e sob a égide das elites poder em 1898 e a recuperação da tranquilidad sensível no clima polítiregionais. Neste ano registrou-se uma mudança l, As jornadas revolucionáco, que logo afetou o meio cultural é socia ilidade e para uma vida rias haviam passado. As condições para a estab nce da mão. Em maio de 1898, urbana elegante estavam de novo ao alca a, o editor de um semanário da moda anunciav Temos
ordem
no progresso e as ordens prosperam.
à burguesia, Dissiparam-se os fantasmas que assustavam Ninguém
ora que as companhias mais está preocupado com atentados
teatrais oferecem tantas tentações (os)
O habeas-corpus, seja em atenção Já não se comenta apaixonadamente verda-
— ou a outros de cobiçadas atrizes, ao competente corpo legislativo [...) deiros corpos de delitos ou de delícias leta e em mar de rosas e em comp O Brasil vaga sereno e galhardament tudo s, nante ao pulso firme dos atuais gover calmaria... madura. Graças reais as últimas raizes de conspirações é paz no interior. Foram extirpadas ou imaginárias [...] abae às instituições momentaneamente Somos pois em plena bonança Jadas prontamente
reconsolidadas [...)
de boato, e para ceira, mas isso não passa finan crise em aqui se Falabicicleta, luxo caro. vimento do gosto pela nvol dese O s temo aí -lo prová
s to de vista de forma mai pon seu eu nd fe de o ri O mesmo semaná de sua peregrinação aos es Sal os mp Ca de ta séria, ao saudar a vol
Rothschild:
Ex. é um sintoma sido organizado por S. ter já em diz que o éri s O minist homens notáveis € notado eu olh esc Ex. S. er. end obedecedo que acabamos de exp alidade. O seu governo mor e cia gên eli int o, por sua circunspecçã os ditames. rá, pois, a esses nov tidários de farsas famosos par to jacobino e dos A exclusão do elemen presidente quer estribar ém sinal de que o futuro
mb trágicas de 93 e 94 é ta podem beneficiar servadoras, únicas que con s sse cla nas o açã campo da sua administr he novos horizontes no
descortinando-l o pais, engrandecendo-o, e da lavoura. indústria, do comércio
39
O
ai denota qu oe
Mi
ZOavel,
Ap ou sofrear, deve ser extinta de todo. Nos países novos como
EN
E o curou ui s dos porj tão praves encargos, não é tolerável a interfer Rio) ncia de e pens and form ção, egui pers de fabetos, atacados de mania soulo oss anal régui O Ado pa” satis ima, é procurando antes de tudo Satisfazer : (riotismo idéia falsíssima,
p
R
naak Sáveis, É preciso que nos coloquemos confes menos a apetitesE emporânea.
civilização
“us
a
cont
da belle époque Cariocas característicos aspectos peterminados
Criada por da base financeira política manifestariam depois, à partir eXaminare Aqui Campos Sales em quatro anos € legada a seu sucessor.
mas também aqueles mos não apenas esses aspectos novos do período, quanto os para à belle époque importantes tão que, duração longa de no governo de Campos Sales.
recentes, ressurgiram
no resto do país Pois o ano de 1898 assinala, no Rio de Janeiro e
forças trad. não só um novo começo, mas também o ressurgimento das
pela ascensão cionais. O período revolucionário de 1880-97, marcado
e derrota da reforma e da revolução sonhada pelos segmentos urbanos,
desemboca no fracasso da tentativa de contenção do domínio exercido pela elite tradicional, Esta contenção representou um importante interregno, capaz de afetar a natureza e O curso dos movimentos abolicionista e republicano, sem destruir contudo os alicerces do poder das eligoverno tes agrárias e de seus aliados, nem impedir a formação de um 1898, para atender aos anseios dos grupos mais poderosos. No ano de
esses grupos instalaram-se solidamente no topo da hierarquia sócioeconômica, triunfando sobre os desafios políticos radicais. O final do
século marca a permanente vitalidade, e mesmo o predomínio, de padrões que podem ser percebidos em todo o seu transcurso. Este fato é crucial para a compreensão da cultura e da sociedade
da elite carioca. Todavia, nem no Rio nem no tal continuidade significa ausência de mudança, Como veremos adiante, a elite no Rio — centro ças do século x1x brasileiro — viu-se obrigada contradições óbvias, passando assim por uma
Brasil como um todo, e sim seu refreamento. da maioria das mudana vivenciar e a superar rigorosa prova.
O Rio de Janeiro, afinal, era o ponto de convergência de todas as políticas a época. Foi lá que o Partido Conservador, cuja are sara A pa principalmente dos fazendeiros do inteE á rena
darcm
para assumir a hegemonia carioca durante 'o em meados do século. A cidade sediou mo-
fim ertação dosdasescravos e ao ica lib à m ara lev que i não E . ava uia ort arq imp nto Mon o qua da as mea da Repúbl 40
r a ar pai m ã o c s a d a z li ; se uma realizoua e a Te i E u q a r i a u q r r e a i m soci à a h hier e l d e r p o s a l e n a à r d e i t r t e como con : as oca,d caria ep ntrole é subv it o el c e u À se : s. à re r do pa esca s ti “aram u-se para 08 ba ro il ti re , ta is profissionais , as st m sacomo àpaul ni sien ja io asbp ic é abol 4 : a republicanos se verá incluí á ca. hum jacobino da elite que ir à a v i va ti ta rios, mas nen ap ad z € € Eà
natureza tena justamente essa . deste estudo
Apesar
dos inúmeros
desafios
lidaçã
cons lireçã período de um racterizaar i E fo ro Ii ei il as XIX br atesta lo cu sé O , es al coloni transformaçõ u sua condição mo ir af re e qu , s, comercianpara o novo país cionais: fazendeiro à maior
parte
É
na entantes das elites rtador. o eres po ex ro conjunta dos repres ag xo le mp co empresários do cidade tes, financistas e outros cipal porto fez da in pr € e rt Co mo co neiro Na segunda meo. ri pé Im cimento do Rio de Ja vo no sócio-econômico do cal mbém no ponto fo o centro político e
o transformou-a ta nt me da ci es cr l ta , ras. O aumento do ba tade do século ur rt pe te en ncialm
eaças pote delos de uma série de am eologias e dos mo id s da uo ín nt co , o impacto ortunidades, inpopulação urbana imento de novas op
o europeus, o surg o à trade comportament pendência em relaçã de in r io ma a s € to imen teresses e empreend iaram OS homens e mu nc ue fl in e qu s re ram fato dicional elite rural, fo s.
rão aqui estudada as persisJheres cujas vidas se tanto, às tendênci en no , ís pa do o st re Na cidade como no onômica colonial e seu s postas pela realidade ec
el e tentes e característica im onomicamente vulneráv ia ec qu ar er hi a um o — , tradicional corolári mo fatores limitantes ao se co mra la ve re — us at preocupada com seu st ta culs da mudança € freio desta. Al ra do la de mo as rç fo o mesmo temp odução desta pr mpenharam papel ativo na re se e de ad ed ci so ta al e tura a, até mesmo remos que, sob a Repúblic .
Ve herança sociocultural básica tativos das mudanças na econoen es pr re is e ma it s el da ro aqueles memb m um meio aristocrático. As ra ia cr re o Ri ca do ti lí mia e na função po lmente dois fe-
nto de alterar radica po a o nã s m, ma ra re or as oc nç da mu elite e sua expressão somenos associados: o controle exercido pela nô
ciocultural.
ite na capital continuaram a el de ur lt e cu ad a e ed ci e, so a ad rd Na ve do a criar um sena promover e defender os interesses desta elite, ajudan 41
os
timenti
l lecendo locais tabe esabe ticaa,, est tic crá sto i ari de da i ui inu in nt co o de
ti
co nças, reforçando valores e pressupostos É Marti para contatos € alia um sentimento de Soa promovendo talvez, lhados e, mais importante econômicas, sociais e E mação — tudo isso em meio a metamorfoses O. ue Epoq belle a o Fon mos vere , anto títicas. Nas páginas seguintes, port ressurgiu co carioca está estreitamente identificada tom 9 país que a ocorrência de mudanças no pelo: Campos Sales. Não há como negar
tadas à Circuns. do, mas a persistência de estruturas duradouras, adap mais importante. tâncias instáveis, talvez seja o dado A própria história da capital ilustra bem o modo como a belle époque significou tanto à continuidade do passado colonial quanto o pode Janeiro tencial de mudança do novo período. A história do Rio nos proporciona o cenário em que se deu a evolução da elite e a expres. são mais clara da belle époque carioca. No afrancesamento desse porto
tropical, empreendido por um filho de cafeicultor que havia estudado
uem Paris, manifestam-se muitos dos temas que aparecerão nos capít los seguintes.
6. O RIO DE JANEIRO EM 1836-68: A PERSISTÊNCIA DA TRADIÇÃO COLONIAL As datas relativas ao principal personagem
desta análise consti-
tuem pontos úteis de referência. Francisco Pereira Passos nasceu em 1836, quando a integração brasileira ao comércio e à cultura do Atlân-
tico Norte já assinalava a fase inicial do neocolonialismo. Ele morreu em 1913, pouco antes da Primeira Guerra e da dissolução do neocolo-
nialismo clássico.*
Em 1836, o Brasil já começava a se preparar para o fim da Regência (1831-40), da qual suas elites regionais mais poderosas emergiram comprometidas com um Estado centralizado e legitimado por um soberano consagrado, dom Pedro 11. Destacavam-se nessas elites os cafeicultores da província do Rio de Janeiro, patriarcas latifundiários e escravocratas que identificavam seus interesses com a paz, a segurança e os recursos da Monarquia instalada na cidade portuária do Rio de Janei-
ro.º O pai de Pereira Passos era um membro típico desse grupo: fazen-
deiro, descendente de portugueses e brasileiros, detentor do título de barão de
Mangaratiba,
figura eminente
em
fluminense onde nasceu Pereira Passos.º 42
São
João
Marcos,
cidade
Tal cenário agricola era característico do na Corte, instalada na cidade mais populosa vivia-se uma realidade distinta.” No entanto, ficativa a distância entre sua urbanidade e as e do passado
Brasil do século xix. Mas e cosmopolita do Reino, era às vezes pouco signirudes tradições do campo
colonial.
A presença ostensiva da mão-de-obra escrava é reveladora. Em 1799, os escravos formavam perto de um terço da população do Rio (cerca de 43 mil); em 1821, quase metade dos 112 mil habitantes eram cativos;
e, em meados do século, cerca de metade dos quase 200 mil habitantes
permaneciam na escravidão. Na verdade, em 1872, vinte anos após o fim do tráfico transatlântico, perto de 166 mil escravos, na província e na Corte, eram africanos, um legado vivo dos antigos negreiros por-
tugueses.”
Com efeito, tendo a maioria de sua população, africana ou descendente de africanos, em cativeiro, o Rio de Janeiro era em 1836 uma cidade tropical calma e tradicional, que sofrera desde sua fundação em 1565 uma transformação lenta e gradual. Os negócios sempre haviam
se concentrado na área do porto. Por muito tempo, eles se mantiveram em níveis irrisórios, mas, no século xvilt, passaram a florescer com o comércio de ouro e diamantes entre Minas Gerais, no interior, e a Buropa. No século xix, após um efêmero surto provincial de negócios com o açúcar e outros produtos tropicais, o Rio de Janeiro consolidou-se como o principal porto exportador do café fluminense e mineiro. A primazia da cidade recebera um impulso em 1763, quando as tensões com a Espanha no Rio da Prata levaram Portugal a transferir a sede do ViceReinado de Salvador para o Rio, que permaneceu, a partir de então, capital do Brasil. Este status trouxe consigo novos habitantes, novas cons-
truções e um novo prestígio.”
A cidade, fundada em um morro (o do Castelo), cresceu ao redor do cais, que se estendia ao longo da costa leste, ao pé do morro. Até o século xIx, havia chácaras até mesmo na área entre a Lapa e os morros de Livramento e Conceição (ver mapa 1). Na verdade, elas continuaram a marcar os limites da Cidade Velha durante boa parte do século. Em áreas como Engenho Velho, Tijuca, Engenho Novo e Gávea, produziam alimentos para consumo local; algumas chegaram a exportar açúcar e, no final do século xvill e início do xIx, as primeiras safras
comerciais de café brasileiro. Até e São Cristóvão eram utilizados pois ficavam muito distantes do mércio e na burocracia da Coroa
então, mesmo locais como Botafogo apenas para veraneio ou agricultura, porto e dos locais de trabalho no copara servirem de áreas residenciais.“
43
. + exuberante e irregular prejudicou o Q terrem oe “ caractenistivos da restão,
Morros, charoos + lagont, cariotars 4
repião,
dia
crescim ento do R th, deixave
deixavam Ponico
uma expansão No ira E eia irregular de 1560 q vm pat co para ana permaneceudescomplicada confinada ao semicíteulo faço a Cidade malhas 7 vas (ver mapa DS As administrações Malas do por ego pn as do longo dos anos, aterrando áreas peer
da cidade. Um fosso que dienava
arm
“Ma o
de Santo Anta,
adicional que mais tarde O ana ementou Gambos do sá a tubulação eculo XViD) foram cobertos pelas atuais ruas l tuguaiana é Sete de Se
tembro. Parte do mangue da Lapa Rol Aranaformada
SM UM Pequeno
À tesmo as dvvas pan lago ajardinado e em córregos do Passeto P útlico,
tanosas a oeste, onde hoje estão a praça Tirac tantos £ 0 Campo de San
começaram a ser aterradas, Um dos vice-reis proibiu, na época, tana, a utilização noturna do Campo de Santana como depósito de detritos Com isso, os barris de excrementos humanos e lixo doméstico transpor
tados por escravos passaram à ser lançados na bata, e as fossas abertas de esgoto do Campo de Santana foram aterradas, No crepúsculo da ora
colonial, a cidade em expansão fora brindada com chafarizes, ilumina
ção a óleo de peixe e um famoso aqueduto ligando os morros próximos
a uma nova praça.“
Esse padrão colonial de sucessivas alterações urbanas de pouca mon
ta manteve-se ao longo do século x1x, exceto em um momento dramá
tico. Durante o período de transição em que dom João vi, príncipe
regente e depois rei de Portugal e do Brasil, acossado pelos exércitos de Napoleão, estabeleceu sua Corte no Rio (1808-21), um administra dor enérgico, Paulo Fernandes Viana, realizou mudanças substanciais de modo a embelezar e melhorar a cidade para a Corte exilada, Ao mes mo tempo em que se instalava a iluminação pública e se pavimentavam
as ruas, proibiam-se detalhes constrangedores da arquitetura colonial, como as rótulas. Alguns edifícios imponentes, mas feios, deram lugar
Dr
o si
a
rm
ao E E
novos molhes, armazéns e chafarizes; o
e e criou-se no local um pequeno par,
Mm, algumas
novas
ruas
é um
novo
bair
ro Tesidencial, a Cidade Nova. A Cidade Nova, através d a qual se co municavam a quinta de d om João vi e a Cidade Velha, exigiu a drenagem parcial e o a terro da área pantanosa a noroeste, o complexo
Mangue-São Diogo (ver mapa 1), A iniciativa de
Mapa
1. Geografia e bairros do Rio de Janeiro
precaríssimo sistema educacional da Coroa. A única instituição a ensinar a tecnologia que se aplicava no mundo europeu, por exemplo, era a Es-
cola Militar (1808), capacitada para formar apenas uns poucos alunos. Foi ali que Pereira Passos se matriculou, em 1852, para cursar o secundário, e em sua turma apenas quatro se diplomaram.“ Quanto às con-
cessões, o capital, o planejamento e a implantação dos serviços continuavam na dependência do esforço árduo dos empresários, os quais colecionavam mais fracassos que êxitos. Não havia nenhuma política
imperial de incentivo e coordenação de tais esforços e anos se passavam entre a concessão e a concretização, nos raros casos em que esta ocor-
ria. Com
muita frequência, o capital e a operação ficavam por conta
45
dé estrangeiros, a quem os concessionários brasileiros vá i:
direitos.
s9
Ndiam
, 9 Bi Contudo, apesar da intermitência das mudanças en no qual Pereira Passos se formou (1852-56) era difer
:
zadora haviam ss “Sl eg nasceu. O café e a Monarquiaia centrcentrali aliza Ora havia m se Fortal ecig, ** tuamente, acarretando uma série de consegii
ências incidentai, cidade. Sua população praticamente dobrara entre 1821 e 1849 Para,
mando-se dos 200 mil habitantes. A recente importância é cidade como Corte havia atraído os empresários acima m
que por vezes ali conseguiram implantar melhoramentos u EnCionado Tbanos en peus com um atraso de apenas uma geração do seu uso ; em Londre;
Paris ou Nova York.“
O transporte coletivo, para a minoria que podia pa Eá-lo, teve cy, mo pioneiros os barcos que interligavam as praias da cj ida de
do século xvirt. Em
no final
1817, um serviço de carruagens já Operava ent re ;
Cidade Velha e a quinta real. Em 1822, barcos regulares Cruzavam a baía
até Niterói, sendo substituídos, depois de 1835, por um Serviço de va. pores. Em 1837, veículos para passageiros, puxados Por burros, circula.
vam em horários determinados. Em 1841, começou a funcionar um ser.
viço regular de gôndolas (veículos de dois andares), também Puxados por burros; em 1843, vapores periódicos contornavam a cidade; e, antes
de 1850, linhas regulares de carruagens estavam
em
operação.
As transformações se aceleraram por volta do terceiro quartel do século. A coleta regular de lixo foi iniciada em 1847. Em 1851, tiveram início as novas obras do porto. Em 1852, instalou -se o primeiro telégrafo. Em 1854, uma das primeiras ferrovias da América do Sul ligou Pe-
trópolis, a sede da Corte no verão, a uma estação atendida pelo serviço
de balsa que cruzava a baía até o Rio. Neste mesmo ano, foi instalado O primeiro lampião de rua a gás. No ano de 1857, implantou-se um sis-
tema subterrâneo de esgotos, a iluminação a gás em edifícios particula-
Fes e tentou-se controlar a área pantanosa do Mangue por meio da construção de um canal. Já em 1858, a primeira ferrovia de grande porte era inaugurada com a entrada em operação de um trecho inicial comPleto
e de uma estação central, construída atrás da área das novas do-
Sas, no extremo norte do Rio (ver mapa 5). Em 1859, surgiu a primeira empresa de bondes puxados por burros, mas ela só funcionaria até 1864. Seus sucessorHes, no entant o, » COnseguiram depois de 1868 implantar de forma definitiva esses veícul os.
*) Laranjeiras
o
Cosme Velho
3)
MO Comprdo
Mapa 2. Rio de Janeiro e seus arredores
47
Tanto que as linhas iniciais de todos ii sistemas de transpo, e em direção à periferia, Por
Jongavam sempre
SM"
serem
rão, e menos atingidas pelas
febres, OS ricos cada vez
se mudar para os locais antes
ie
a
maie
Tese
Tescas
po
, agiparaYez mais OPtays ão o apenas descansos amp,
esporádicos ou para e Tefinada, e egg se tornaram práticos para idas diárias à Cidade Velha. No início,4
Norte (Cidade Nova, São Cristóvão, Tijuca, Rio Comprido) ias a Zona Sul (Glória, Flamengo, Laranjeiras, Cosme Velho, Botafo poi, ram alcançados, no começo pela carruagem Pioneira, que ia Pa
(0
na Norte, e depois pelos coletivos e bondes, cujas Primeiras ia lg. viam a nova e cada vez mais prestigiada Zona Sul (ver Mapas E Em todos esses aspectos, é evidente o curso problemático e ps
danças no Rio dessa época, que coincide com a juventude d
Passos. Basicamente, a cidade recebia pouca atenção dos res
a € Pereira
POnsáyeis pela política imperial. Ao longo do século xix, as quatro mai des do Brasil não chegaram a abrigar nem um décimo da OTES cida. População do país. População, acumulação de capital, investimentos e Poder pojj.
tico continuavam sendo essencialmente rurais, ou ligados ao Comércio de base rural. Em consequência, a classe dominante e seu Boverno im. perial não se preocupavam, em geral, com os problem as Urbanos, Na
verdade, mesmo quando considerações comerciais ou políticas atraíam sua atenção para eles, a escassez de capital para investim entos nas áreas urbanas, o pequeno e pouco atraente mercado urbano e as Festrições ideológicas que incidiam sobre a ação do governo atuavam juntos con-
tra empreendimentos em larga escala — privados , públicos ou mistos — visando o aperfeiçoamento da infra-estrutura, dos serviços ou da pai-
sagem urbana.”
Embora os brasileiros invejassem a civilização e o progresso do Atlântico Norte, eles também os consideravam uma conquista especifica da Europa, ou no máximo uma possibilidade remota para o Império. Modelos mais abrangentes de mudança eram ostensivamente ignorados, ou considerados inaplicáveis em decorrência dos limites impostos pela realidade brasileira. Por outro lado, aceitava-se com naturalidade
à precária adoção de tecnologias, costumes e capitais estrangeiros no Rio de Janeiro, reflexo
das realidades neocoloniais. Na verdade, os ha-
bitantes das províncias pensavam no Rio como uma cidade magnífica,
capaz de conferir prestígio urbano a quem a visitasse. Apenas os brasii
Tangeiro vislumbravam a enorme distância que
separava sua pátria da Civilização.“
” O IMPÉRIO D N U G E S O D » A PARIS de, a. Na ver da
E a Ina a França er o ã ç a z i il m o O XIX, à Civ ros seguia ei t il as as br os i , onial p' é oca col des de a ép
íses uravam nos dois pa ê Z rna sria de tecnologia mode r té n ma e e em s enr. Sobretudo ecer: jho am muito a ofer nh ti s bo am ), vés ai teressados e à Frani ça, atra a, ci ên ri pe ex o e da ps do exempl exemplifica à Pereira Passos ão de ensino. À educaç
papai
g
pour o ver de han (apes: ar E à Inglaterr !
la €e o aci da experiên ' impor! tânci
Ko
ança.é principalmente da Fr rmou-se na Escola Militar, inspirada em re), a taiir ilita Pereira Passos fo ole Mili (Pp) rova|Vvelmente
à Éc
:
rita
onde ele,
é pois, graç: De ses.” ce an fr s ai nu ma u em do tu em Panis: es a, ez rt ce m co ché no consulado ta at o ad me no eguiu ser nária carr useira na; tos familiares, cons em sua extra ordi
: des graran
éc 4 oles da
França
j
osseguindo Para lá seguiu em 1857, pr
egado de propósito. Fipr em é o” ri ná di or ra xt “e is engenharia. O termo es de direito, nas qua geral cursavam faculdad
lhos de fazendeiros em imperial, ou para à mao çã ra st ni mi ad a e ca íti prose preparavam para à pol iliar local ao poder fam a nci luê inf a ar cul gistratura, de modo a vin ava algo similar para ej an pl sos Pas dos rca vincial e imperial. O patria e força de trou à independência ns mo de o ced m ve jo o s obseu herdeiro, ma Seguiu para Paris com um . uro fut no m ia ar iz er ct ra vontade que o ca
ts e Chaussées.” jetivo em mente: a École des Pon na icionalmente os formados ola matriculavam-se trad
Nesta esc que a Frannharia francesa na época em ge en da o tiã bas e, qu ni ch te Poly am, excepmpo. Os estrangeiros recebi ca te nes ia ac em pr su à a suí ça pos na condição de ouvintes. Mas ape la, sácur a o par sã is rm pe te, men cional os de férias
o, passavam os períod nas os estudantes regulares, no entant nseguiu mpo. Não obstante, Pereira Passos co
realizando trabalho de ca cionamento cordial com colegas as duas coisas. Aparentemente, seu rela
franceses garantiu-lhe acesso a ambas.
ele aprimorou sua Interessa mais analisar, no entanto, o meio onde nais. Paris passava por educação francesa e estreitou contatos profissio
58) das Granum período de transformação. A primeira rede viária (1853- ou. Nenhu-
do Pereira Passos cheg des Obras estava quase pronta quan ma outra lição teria impressionado tanto um estudante como ele.
A exemplo de muitas cidades européias, Paris havia crescido peri-
a Co
de circulação e epidemias freqliêntes
E
RE ope E»
Senão Hiainas por ormistas. Estas últimas eram soluções inicialmente utópipicas, e d depoise refb 49
mi ais aceitáveis para a classe dominante, naturalmente; de Cunho
á
co e administrativo, eram menos ameaçadoras do que as Soluções "E caí
“pr
íti
radicais.
quando no exílio, foi influenciado POr esseí
So.
reformista, sobretudo na Inglaterra. Ali, o governo Patrocinara Peto
formas urbanas de saneamento preconizadas pelo EX-secretário de K e, tham, Edwin Chadwick. Londres serviu de exemplo, Luís Napoleão e
in pressionou-se com o aristocrático Hyde Park, e com o lazer na cidade pontilhada de praças arborizadas. Estes elementos, Soma os
ao apelo político do aumento de empregos no setor público, levaram. no, assim que se tornou imperador,
a dar início às reformas de Paris
Para obter êxito, no entanto, necessitava de um administrador agresgi. vo: encontrou Haussmann, e, portanto, o triunfo. Juntos eles Construí.
pd
“rec, Limi date cidasde
=== Princi viaspa aber tas is por Haussmann
antes de
a,
Non1
ta Natios
Ed
ente
Mapa 3. Paris e o impacto das reformas prom ovidas por Haussmann
50
ram a Paris moderna, em três programas integrados de demolição e cons-
trução, entre 1853 e 1870,”
Nestes programas, três realizações principais se destacam (ver ma-
pa 3). Primeiro, as antigas ruas estreitas, congestionadas e mal articuladas de Paris foram adaptadas ou substituídas por sistemas de circulação precisos e bem orquestrados. Em um dos modelos, a cidade era
cortada pelo Grande Cruzamento de duas avenidas perpendiculares. Em
outro, vias radiais expressas permitiam a ligação entre os subúrbios da cidade e seu centro. Em outro ainda, o congestionamento central era aliviado pela implantação de bulevares circulares, possibilitando deste modo o tráfego entre os subúrbios, sem obrigar a passagem pelo cora-
ção da cidade. A articulação entre o novo círculo de bulevares e o anti-
go, mais próximo ao centro, assim como a ligação com o Grande Cru-
zamento se fazia através de places-carrefours, praças onde várias vias
se encontravam. A Place d'Étoile, a oeste, era a mais famosa delas —
a mesma função exerciam a Place de la République a nordeste, a Place de la Nation a leste, e a do Observatoire ao sul.”
Segundo, as novas vias das Grandes Obras destruíram, ou desmem-
braram, muitos bairros tradicionais da classe operária, superpovoados
e insalubres. Ao eliminar ou renovar potenciais centros de revolta, Haussmann adotava uma estratégia não apenas contra-revolucionária, mas também reformista. As vias aliviavam o congestionamento, levando ar e luz à cidade, e assim investiam (em conjunto com o novo sistema de esgotos) contra as condições apontadas como as principais responsá-
veis pelas recentes epidemias de cólera.”?
Terceiro, Haussmann embelezou a cidade. Ele ressaltou, por exemplo, a paisagem parisiense típica desde então: grandes perspectivas, focalizadas em grandes monumentos ou edifícios, flanqueadas por facha-
das que compartilhavam padrões comuns de aparência, e caracterizadas pelo estilo da época, o Beaux-Arts. Ele também mandou reformar ou
construir edifícios públicos imponentes, sendo o mais famoso deles a
Ópera, marca registrada do Segundo Império.
Por fim, adaptou o modelo de parque londrino tão admirado por
Napoleão r11. Projetados segundo a tradição de jardinagem inglesa, tais
parques recriavam a natureza, com séries estudadas de conceitos “ines-
perados”. Grutas, regatos, caminhos sinuosos, cascatas — estes eram
os clichês ingleses com os quais Haussmann criou o Bois de Boulogne,
o Bois de Vincennes e o Parc des Buttes Chaumont.”
Com todas essas mudanças, foi dado ao mundo europeu o primeiro exemplo de como refazer uma cidade antiga de modo a torná-la prá-
tica e bonita. Ademais, como as paisagens e o embelezamento eram os
51
itens que mais se fixavam na imaginação Popular, os planeia Oreg cidade não separaram eficiência e beleza. Pode-se Encontrar
com as refo Fmas Vien traste indicativo desta unidade na comparação ê se reformas as Viena Em 1860. ses do final da década de ONCntraa
em uma “via circular” de edifícios imponentes identificados
;
pilares Sc on ideais da burguesia, um círculo que sitiava os antigos do am
rio e da aristocracia no centro da cidade, sem articular nenh to viário, como se significassem o poder da classe médi a COnjun, Segundo
Império era ao mesmo
e cuidadosamente
prática.
Os
e A tempo extraordinariam ente SiPambriólsicdoa
bulevares
não
arrebata
vam
a Pessoa
valendo-se de um monumento burguês moderno isolado, Seguido d média; em vez disso ea tros, para corroborar as conquistas da classe
vam em conta a tradição, eram mais heróicos, tavam a pessoa em direção aos monumentos à dos franceses, enquanto articulavam a grande da.” Desta unidade Pereira Passos é outros iriam se lembrar.
mais intencionais, or Proje. glória passada e presen; metrópole industrializa, engenheiros brasileiros
8. O RIO DE JANEIRO E SUA BELLE ÉPOQUE
Pereira Passos voltou de Paris em 1860. Seu aprendizado na Euro.
pa, no entanto, não terminara: retornou ao continente em missões ofi. ciais e viagens particulares, realizando estudos na França e Inglaterra,
ao longo das décadas de 1870 e 1880. Ainda assim, de sua volta ao Bra-
sil até a passagem do século, pouco uso fez de seu contato com a refor-
ma urbana européia. O apoio para os projetos era mínimo e, quando
existia, era destinado aos europeus. Por este motivo, apesar de fascina-
do pelo saneamento urbano, ele foi levado a se empregar nos fracassados empreendimentos pioneiros na área da indústria pesada e nas ten-
tativas mais bem-sucedidas no setor ferroviário. Assim como a maioria
dos engenheiros brasileiros da época, sua carreira foi dominada pelo desenvolvimento de projetos de infra-estrutura. Na verdade, só com o transporte coletivo Pereira Passos se aproximaria dos projetos urbanos bem-
sucedidos.” Entretanto, participou de uma reforma urbana em 187476, uma experiência que depois se revelaria crucial.
Os anos seguintes à Guerra do Paraguai (1865-70) constituíram um
efêmero período de ambição imperial. O Ministério conservador (1871-75)
do visconde de Rio Branco, ao impor um programa de “modernização”
nacional (elaborado em parte para abafar o reformismo liberal), nele
incluiu providências para o combate às constantes epidemias que asso52
= javam a Corte. O ministro do Império do Ministério anterior, João Al-
fredo Correia de Oliveira, permaneceu no cargo durante a gestão Rio
Branco, € comandou este esforço. Em 1870, ele já havia nomeado Perei-
ra Passos como consultor técnico, quando assumira interinamente a pasta
da Agricultura e Obras Públicas. Em 1874, promoveu Pereira Passos a
engenheiro do Ministério do Império, solicitando-lhe que esboçasse um
anteprojeto é formasse uma equipe de colaboradores que comporiam
uma comissão encarregada de traçar o primeiro plano abrangente para a reforma do Rio. O plano, contudo, não chegou a ser implantado, sofrendo críticas
públicas de profissionais e a oposição do imperador ao que este chamou apropriadamente de “haussmannização”, Mais sintomática, tal-
vez, era a fragilidade política do plano, dependente de forças que se desarticularam de um momento para o outro. As propostas de Pereira Passos pressupunham investimento privado e apoio governamental. Sob
o impacto da crise de 1875, o espírito empreendedor e os recursos com
os quais o engenheiro contava desapareceram. Pior, como consegiência do pânico, caiu o Ministério para o qual trabalhava, deixando-o sem a indispensável proteção política.
Em resumo, as ambições do Ministério renderam parcos resultados. Antes do pânico, por exemplo, Pereira Passos construiu alguns edi-
fícios novos e reformou outros; o novo plano, no entanto, foi abortado. A reforma imperial permaneceu, assim, parcial ou decorativa. Tanto que
as transformações urbanas mais notáveis da época ocorreram nos parques. Auguste Marie François Glaziou, botânico e arquiteto paisagista francês, britanizou o Campo de Santana, transformado em miniatura
do Bois de Boulogne entre 1873 e 1880. O campo ganhou grutas, cascatas e caminhos sinuosos: um jardim europeu ““natural”* no meio de uma cidade tropical, exuberante por natureza. Um bois, e não bulevares, foi o que a década de 1870 legou ao Rio, Por toda a geração seguinte, o Rio apodreceu em sua concha colonial. Contando com um inadequado sistema de abastecimento de água
(construído em 1860, depois que as epidemias aterrorizaram a popula-
ção, e ampliado por volta de 1880), a reputação do porto como local
pestilento só aumentou. Na melhor das hipóteses os viajantes descreviam o Rio como um lugar exótico, repleto de quintas, arquitetura co-
lonial, multidões de trabalhadores e vendedores ambulantes negros com
roupas coloridas em meio à vegetação luxuriante. Na maioria das ve-
zes, contudo, predominava o temor do morticínio periódico causado pela
febre amarela e o desprezo pelas ruas sujas e superlotadas, pelo mau gosto e fedor de sujeira, suor e perfume dos locais públicos. Mesmo o
53
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do eração: Bim 1004 já puareola pumatvel dar tm pálio f fr va consid lecm te As tondências do século entavet dm ponto de coli cr turma 5) contração únlea de apormuatedades pura o belo de danelti A posar do
plantações exgotadas do interior da entao Loren abdo oupierada poly
expansão da lavei
no Oeste paulhata, reucenam
am fecennidados o
da capital, Ela não nó munniteve, cem sen palhon importância naclonal
soy
papel como centra medentalateativo, comerelal, Hinancelro e didial da
República Após um século de reforinas parotala e emporanons fruta
das, 0 Rio precisava desesperadamente can referia tibanao aque seria
a marca registrada de sua hello dpoque,
tn de Neste contexto, parecta inevitável que am reforma Pengen elsão paulista, Como aucenor de dois outros presidentes paulistas, o novo titular começou a usar om Frutos de suas vitórias pura remodelar
a capital da República, como vitrine do regime e das ligações mus ol) clentes de uma ressurgente economila neocolonialo O povo presidente
[Erancisco de Paula] Rodrigues Alves (HHAB-1910), era fazendeiroe filho
de fazendelros, e havia sido um dos próveren do Partido Conservador no Império e ministeo das Ploanças no infoio da Bepiililica Como pr sidente do estado de São Paulo, combatem com sucenso ae cpidemiis
por melo de relormas modernizadoras, Um pai que ainda chorava amor
te de uma ertança levada pela febre amarela no Rio, Modrigues Abro
representava as antigas e a novas forças dominantes, servindo delibe
radamente como seu instrumento; Argumentando que a reforma do porto era fundamental para atrale a imigração, o capital e o comércio euro RE)
pes (8 som duvida, levando em consideração o espetacular êxito das velranas parisisnses recém-concluídas em Buenos Aires), Rodrigues Al-
ves URSO
esto programa em band deeira seu governo. Um de seus
paro atos Ri à nomeação de Pereira Passos, já próximo dos setenGA AROS, PAR à prefeitura, encarregando-o de implementar o aspecto ur-
nanistico de sua politica. Os estudiosos se lembrarão também da parti-
eipação de Oswa Cruz,ldo escolhido para liderar o esfo rço de erradicação
da peste duddnica, da febre amarela e da varíola na cidade. Nosso intepesso específico aqui, entretanto, restringe-se àquilo que se tornou sinô-
mimo da delle dpogue: O afrancesamento do Rio de Janeiro.” 8 AS REFORMAS Um
URBANAS DO RIO
lugar-comum
pouco investigado é a afirmação de que as re-
formas empreendidas por Pereira Passos em 1903-6 relacionavam-se de algum modo com sua formação francesa ou com os projetos da década
de NM, Documentos do engenheiro e publicações da época confirmam
isso ressaltando a importância de Haussmann. Na verdade, a primazia
de Naussmana em relação a outros planejadores era reconhecida não
apenas por Pereira Passos, mas também por colegas seus que participa-
ram das reformas de 1903-6. De fato, as declarações destes demonstram não só que as reformas de Paris haviam sido bem compreendidas, mas também que as reformas subsequentes em Viena, Antuérpia, Lisboa, Bruxelas e Buenos Aires eram do conhecimento dos engenheiros brasileiros encarregados das reformas no Rio. A inspiração em Haussmann, portanto, era consciente e bem fundamentada, e fora decidida por um
grupo extremamente profissional.”
A existência e atuação deste grupo exige um esclarecimento. As reformas decorriam de um esforço conjunto das autoridades ministeriais e municipais. O ministro dos Transportes e Obras Públicas, engenheiro Lauro Múller, entregou a direção das melhorias na área do porto a dois colegas, representantes de um poderoso grupo de engenheiros e empresários. A Paulo de Frontin, cuja experiência anterior foi mencionada,
coube a mais notável das reformas, a abertura da Avenida Central, que atravessaria a Cidade Velha até a parte norte das docas. Miiller entregou as obras no porto propriamente dito a Francisco de Bicalho. Perei-
ra Passos, embora colaborasse com a equipe de Miiller, teve garantida
por Rodrigues Alves autoridade absoluta na condução das reformas no
restante da capital. Pereira Passou encarregou-se, portanto, do planejamento global da cidade — com exceção do porto e vias adjacentes. Isso
55
evi dia rios da época e na ligação ató rel em aro fica cl te RO entr 6 e os resultados Obtidos 5-7 o 187 eir em enh eng ' Pojag realizado pelo e er ll Mi de O de Pereira o. Em ambos Os esforços — o da equipe
é patente. — a influência de Haussmann Grande parte do estreito, abafado
e confuso mundo pr '
foram alargadas, Fecebend s rua : ixo aba o vei ha Vel ade Cid à demolição E
etário à
À
ais a; igadas, graças Ir luz, e foram melhor interl É Velhos eq t edi as Nov ra de rtu abe cios, alterações no traçado de antigas ruas e
r, foi aterra,do e Setor norte do cais, sob a responsabilidade de Miille Modem, uma grande avenida (a atual Rodrigues *
zado e costeado por Alves) a : à ta comunicava-se com os bairros operários e industriais da Zona E a Orte
——— Vias abertas na época
Cr
das reformas Vias abertas antes das reformas
——
0
AV. BICALHO FRANCISCO
1 km
/
12. Campo de Santaia. +
Rua Frei Caneca
Rua Visconde do Rio B Rua da Carioca:
Praça Vieira Souto AV. MEM DE SÁ A
Es
—S7
*, A
Praça dos Governadores
Mi
a
mimo
RUA Gomes
FREIRE
Mapa 4. Rio de Janeiro e o impacto das reformas de 1903-6 56
—— A PO o, lh ca Bi o sc io me oro Fran ci jdade spa tual avenida Ci à e ligava-s no odges renovado; € cn s io ea Ap co). “a ode tual Rio Bran e, ad o da ro ida Central (a cent , e O porto e O a Beir id en av ão apenas entr (a a id três tas a nova aven d.aA es n a a uma terceira = a ã m icaaç ção co di É ndo à comunic ta li ci fa v na ), or os cont Pereira Pass atravessavam € di e qu , vi as qe a vi as quatro, duas as € ampl ov
nda outras eva ticula acrescentou ai ar os s ss xo j Pa ei ro at qu pas i cadas. Esses : € retifi s da ga e, sem forçar É ar rt al No as na Zo apen à e Re de Velha a outras ro (ver map: dr nt ce lo pe Cecáficas da Cida ou is E artérias principa vimentou ruas, a P . is do tráfego pelas ma o it contudo, fez mu Leme (o seg 2 do l Pereira Passos, ne tú o u ri ab : faltou estradas, rbios mais BIS bú su Á s ao a truiu calçadas € as n a b aca distante de Cop à avenidaÀ liou ri € a, ic a ligar O subúrbio nt lâ ida At
de a), iniciou à aven lhorou uma série mos da Cidade Velh me , go fo ta Bo úrbi s do Flamengo € que desfigurava o l pa gando os subúrbio ci ni mu o ad rc O decrépito me rias e do outras ruas, demoliu instalações portuá s da o rt pe o tr ou ória, e ergueu Quinze
as praças bairro da Gl lezou locais como be em a, lh Ve de o, da movimento da Ci , o largo do Machad ia ór Gl , es nt de ra Ti de Junho, ou tamde Novembro, Onze a. Pereira Passos atac
Campo de Santan imeno Passeio Público e o venda ambulante de al a u bi oi Pr . as oc ri ca s em que bém algumas tradiçõe O comércio de leite , es nd bo s do ão ch tos, o ato de cuspir no iação de porcos dentro cr a a, rt po em a rt po as vacas eram levadas de a dos açougues, a pe-
posição da carne na port dos limites urbanos, à ex adas, à do com a pintura das fach ui sc de O , os di va es cã rambulação de sim torização no Carnaval, as au m s se õe rd co os o e ud tr realização do en ”.*
tumes “bárbaros” e “incultos como uma série de outros cos Grandes Obras papios que haviam orientado as
Portanto, os princí rivaAs demolições na Cidade Velha Rio. ao dos pta ada am for s ense risi s proletários por Haussmann. A ênlizaram com a destruição dos bairro e novas
o de ruas alargadas fase na iluminação e na ventilação, por mei as. A utilização de avenidas vias, foi fundamental em ambas as reform o centro caracterizava para conduzir o tráfego dos limites da cidade até
ras vias, que dirigiam o os dois planos, assim como a abertura de out
ces-carrefours fluxo para fora do centro. Além disso, o princípio das pla erfoi empregado nas duas extremidades da avenida Mem de Sá: na int ro pé = ruas Frei Caneca e Visconde do Rio Branco e no encont i iraa rua Teixeira de Freitas, aveni o E inter a pr criadas junções com rotas
4 ittoa e dos iraflSou se é óbvia nas praças da avenida Mem de Sá (hoj je :Viere
ay
Governadores), ou no largo da Prainha (hoje pra ça M E ide
intersecção da Avenida Central com a rota rua Viana
a,
Mk
de Inha, a rua Marechal Floriano (hoje substituída pelo Cruzamem to com q, da Presidente Vargas) é para o Rio o que o Grande c N FUzamen a ven, senta para Paris — duas grandes vias que cortam à Cidade e to ep
Se crus
em ângulo reto no centro.
No geral, o impacto das Grandes Obras de Pa TIS nas Rio é óbvio tanto nos planos de Pereira Passos de 187576
refo
Mas dg
reformas de 1903-6. O impacto também se evidencia em onto
méticos. A escolha do estilo arquitetônico, a ampla
ape
Nas
É
nida Central, a execução de jardins nas praças, a atenção nãos da Ava.
ao Campo de Santana e o projeto do filho de Pereira Passos a carioca da Ópera de Paris — todos estes aspectos parisienses a Versão
mordiais para O significado da belle époque carioca que a
Rodrigues Alves.”
Pri.
Biu com
10. A AVENIDA CENTRAL: FACHADAS E RUMOS NA BELLE ÉPOQUE CARIOCA
Nada expressa melhor a belle époque carioca do que a nova Avenida Central — um imenso bulevar cortando as construções coloniais da
Cidade Velha. Sua imensa importância metafórica será discutida em se. guida; por ora examinarei apenas os aspectos práticos e simbólicos da avenida propriamente dita. Atribui-se a concepção da avenida ao ministro dos Transportes de Rodrigues Alves, Lauro Miller, que teria traçado sua rota com um único gesto, deixando para Paulo de Frontin seu planejamento e construção. Apesar de os sócios de Frontin considerarem a idéia uma reorientação revolucionária do tráfego e do comércio, o conceito era no mínimo tão antigo quanto os planos de Pereira Passos da década de 1870, Posteriormente, outros planejadores enfatizaram a necessidade de articular a cidade no sentido leste-oeste, unindo as praças públicas ao longo do
eixo histórico de seu crescimento. Pereira Passos concordava, mas ha-
via planejado também duas avenidas no sentido norte-sul. Uma delas
foi traçada da rua da Prainha até o largo da Mãe do Bispo (da atual rua do Acre até a praça Ferreira Viana).
Pereira Passos havia proposto que se cortasse transversalmente à Cidade Velha de ponta a ponta, utilizando suas antigas ruas (alargadas e retificadas onde fosse necessário): primeiro, a rua da Prainha, pas
sando pela barreira de morros entre as docas e a Cidade Velha, seguida 58
Mapa
5. A Cidade Velha carioca e os bairros de elite, c. 1890
da combinação de outras ruas existentes, cruzando a cidage
, entre os morros ao sul. Múller e Frontin, no entanto, convencetido
quea proposta deles era melhor, diferindo da primeira por apr io de luções radicais para os mesmos problemas. Ela não se prenaja o“ Peritos ma restrição baseada nas ruas existentes, mas rompia por
maneira ampla, retilínea, desviada apenas pelos obstácule
rua da Pras e conveniências comerciais. Em vez de começar pela
k
rota por eles proposta saía do largo da Prainha — destinado a sero
z
terminal da avenida (hoje Rodrigues Alves) que contornaria as amp tos do. cas. A proposta deles, assim, substituiu a antiga solução de sos, unindo um bulevar norte-sul diretamente às novas Possibilidades
recídas pelo porto. O traçado direto também alterou a extremidade Ee
em vez de acabar no largo da Mãe do Bispo, que levava à rua da Aula
chegando indiretamenteà praia, tal rota seguia direto por ali, ao éticon, tro da projetada avenida Beira-Mar, ligação da Cidade Velha com « Zow
Sul. Evidentemente, este traçado e a destruição que pressupunha faziam
parte da solução haussmanniana para acabar com 0 congestionamen.
e a ineficiência do antigo centro comercial da cidade.“ o r (apaós A Avenida Central, como logo foi chamad o buleva mor do famoso ministro do Exterior de Rodrigues Alves, o barão do Ri. Branco, em 1912, a avenida foi rebatizada em sua homenagem), ficos pronta dezoito meses após ter sido iniciada em 29 de fevereiro de wu Foi inaugurada duas vezes: em 7 de setembro de 1904, em comemora.
ção ao final das demolições, e em 1905, para celebrar a construção da avenida, no aniversário da proclamação da República, a 15 de novem-
as ad s de imensa im bro. Ambas as inaugurações foram trat como evento
portância para o país, tendo Rodrigues Alves presidido concorridas cerimônias, registradas em solenes coberturas jornalísticas e reportagens
fotográficas. O empreendimento foi considerado miraculoso tanto por
sua rapidez quanto pela comoção pública que causou. Em um ano + meio, foram destruídas cerca de 590 edificações na Cidade Velha e pe-
quenos trechos dos morros do Castelo e São Bento. Pronta, a avenida estendia-se por 1996 metros, com uma largura de 33 metros — dimes
sões verdadeiramente revolucionárias para a América do Sul.“
A avenida havia sido planejada com objetivos que ultrapassavam em muito as necessidades estritamente viárias — ela foi concebida co-
mo uma proclamação. Quando, em 1910, seus edifícios ficaram prostoa se completou, uma magnifica paisagem tos, e o concei da avenid
ou ezar o Rio. A Capital Federal possuia agora um bana pass a embel
bulevar verdadeiramente “civilizado” — duas muralhas paralelas de o 50
1. A Avenida
Central,
durante o elegante Carnaval de 1907
fícios que refletiam o máximo de bom gosto existente — e um monumento ao progresso do país. Os cartões-postais mostravam que determinados prédios particulares, como o do Jornal do Commercio, atraíam a atenção geral, mas a imaginação popular era dominada pelo conjunto de edifícios públicos localizados na extremidade sul da avenida: o Teatro Municipal (1909), o Palácio Monroe (1906), a Biblioteca Nacional (1910) e a Escola Nacional de Belas-Artes (1908), graças à magnífica vista das fachadas proporcionada pela própria avenida.” Estes efeitos nada tinham de acidentais. Na verdade, o grande estudo iconográfico da avenida, o álbum de 1906, Avenida Central, demonstra isso muito bem. Nele, graças a uma decisão de Frontin e de sua equipe, o fotógrafo Marc
Ferrez associou cada um dos projetos arquitetônicos para as fachadas
da avenida com uma fotografia do trabalho concluído. Frontin e seus
sócios estavam bastante conscientes do simbolismo e do impacto que
desejavam obter. As fachadas e as forças que elas representavam e in-
centivavam haviam sido tão cuidadosamente planejadas quanto o tra-
gado da avenida.
Frontin, por exemplo, assegurou que a avenida se transformasse em
uma vitrine da Civilização por meio de um cuidadoso esquema de inde-
61
sinçdo
critério seletivo de investimento é umRS
a empresas estrangeiras e paira
7
Or ng
=, e de infra-estrutura, à recreação e ao consumo de Produro, pe, às e de luxo; a instituições vinculadas à literatura consagrada
àlgrejaca órgãos governamentais. Seguindo Haussmann,
Fr
Uta
quitetos a submeterem os projetos de fachadas a um júri Re
a
pulou a altura € à largura de cada fachada. Na verdade, obr Oi eg
Mind, foi o escolhido porque as fachadas cariocas, como as vienen tiam variações em seu estilo individual. Tal variedade pode Es adm
a Não no,
lerada devido ao conceito arquitetônico, então aceito, de
sm
cia de um edifício devia expressar sua função, E aos edifícios
cabiam funções variadas. Mesmo assim, havia uma unidade Pi à aparente diversidade que surgiu em 1906. O gosto do júri e a em ção dos arquitetos se encarregaram disso. As fachadas eram, dies
tudo, um elogio carioca ao ecletismo francês, a expressão q
w
OnSagrada
da École des Beaux-Arts.”
A École surgiu das reformas revolucionárias e napoleônicas das qe, demias reais francesas. A influência de suas Sections d'Architecrar,
tornou-se marcante no mundo europeu, em especial após a reforma de
Paris no Segundo Império, que tornou realidade muitas de seus cos.
cepções. Já foi mencionado, por exemplo, que a Ópera era considerada um emblema do estilo do período. Projetada por Charles Garnier, a Ópe
ra era, na verdade, um monumento ao ecletismo francês e aos ensina
mentos da École. Por isso, serve perfeitamente para introduzir a discws são sobre as fachadas da Avenida Central.”
O ecletismo tardio (décadas de 1860-1920) sofreu influências do ro-
mantismo, tanto em seu sentido exótico quanto histórico; do classes mo, em função de seus fortes vínculos com as diversas manifestações
éias estilo; e do barroco, no uso do “contraponto de ritmos europ deste visuais”. Era a quintessência do século xix, em sua síntese pragmárica vel essas influências a fim de alcançar um efeito intur: de todas e sensí
vo. Para esta finalidade, utilizava-se muito o vidro e o ferro fundido,
que acabavam de se tornar disponíveis. Era um estilo urbanístico, na
zava em um complexo de ruas c edit! a circulação medida em que valori
cios efetivamente existentes, em vez de enfatizar apenas a articulação
interna e abstrata do edifício projetado.”
exibe a maioria das características do eclers ra de Garnier A Ópe
mo. As pinturas, colunas, motivos e estátuas são românticos e chi
“os, em sua exibição de policromia e de distintas fases históricas do estilos clássicos. Ela é soberbamente barroca no uso dos contrapor» de seus três pavilhões com domos c a horizona! entre averticalidade “
=. dade da sua imponente estrutura principal em retângulos cruzados. Emn-
bora o vidro não desempenhe papel de destaque, o ferro fundido ador-
na luminárias, portões e balaúntres, À Opera exemplifica de forma mapistral a síntese celética, na medida em que Garnier orquestrou motivos,
períodos, volumes, materials e cores em uma composição intuitiva de
inegável força, Ela é urbanística, pois Garnier privilegiava a circulação,
a ponto de desafiar as regras românticas de correspondência entre esfrutura externa e interna, Assim, em vez de fazer uma transição brusca da rua até a poltrona, Garnier planejou passagens Interiores e exteriotes, foyers, salões e escadarias de modo a conferir uma suavidade majestática à chegada do público, deixando de lado a lição romântica, que teria restringido a colocação e o tamanho de certos elementos, como a magnífica escadaria central, Na verdade, a preocupação de Garnier
com o Irequentador da Ópera revela outra característica da École: à ên-
fase no modo como os indivíduos vivenciavam as edificações. Desde o início da década de 1800, os teóricos da École definiram o edifício como uma série de quadros a serem percebidos por aqueles que os percor-
ressem, Em 1860, Garnier descreveu a arquitetura como uma propicia-
dora de experiências de conforto principesco e espetáculo imperial, capaz não somente de provocar um impacto naqueles que a contemplavam, como também de moldar a percepção das pessoas sob sua influência,” Esta era, então, a tradição arquitetônica que orientava as pondera-
ções do juri encarregado de julgar as fachadas da Avenida Central. Entre os dez jurados, predominavaa influência intelectual francesa, Múller, Frontin, Pereira Passos, Saldanha da Gama, Aarão Reis e Jorge Lossio eram todos engenheiros educados nas instituições francófilas de
engenharia do Rio ou seus representantes: a Escola Politécnica e o Instituto Politécnico. Entre os demais — Feijó Júnior, Oswaldo Cruz, Is-
mael da Rocha é Rodolfo Bernardelli —, Cruz fora educado em Paris
(Institut Pasteur) e a família de Bernardelli estava há muito ligada à her-
deira brasileira da École des Beaux-Arts — a Escola Nacional de Belas-
Artes. Mesmo que termos pessoais, a xar de influenciar (1870-1914) marcou
a educação francesa tivesse sido insignificante em tradição da École des Beaux-Arts não poderia deio júri de arquitetura. O período pós-Haussmann o auge da influência da École, e seu impacto foi sen-
tido de Viena a São Francisco.”
Além da marca da École nas decisões do júri, não será surpreen-
dente encontrá-la também nos arquitetos participantes. Dos 77 proje-
tos aceitos, vinte (o maior número de um único autor) levavam a assi-
natura de Adolfo Morales de los Rios (1858-1928). Um projeto seu ganhou um dos maiores prêmios do júri; outro, a nova sede da Escola
63
Nacional de Belas
-Artes, tornou-se um dos marcos estéticos da É a
da. Não admira que um
Ro
de “arquiteto de maior prestígio na
Ra fluente arquiteto espanhol, seis anos em Paris
sou dois de seus
E
da
O
or
O tenha ch
Amado ale lembrar que
Ecole des Beaux-Artas
(1877-82) estudando
ESte in.
ali Pas. E Quitetura,
lecionou na Belas-Arte Estabelecendo-se no Rio, Morales de los Rios s edifícios são Pg onde foi professor de Heitor de Melo, cujos numeraso Central, O Jockey em
e incluem, na Avenida bém típicos do período losRio ) l, O próprio Morales de o Derby Club e o Conselho Municipa
que mais ipeos edifícios da sóavenida se levarmos em conta apenas OS projetou a Escola de Bel Ei não seus contemporâneos,
sionaram mas também o Palácio Episcopal (hoje antigo Supremo Tribunal Pede. ral), os prédios de O Paiz, da Associação dos Empregados no Comér-
cio do Rio de Janeiro, do Café Mourisco, o “Edifício das Águias”
q
sede da Eqjuitativa. Neles, O caráter eclético da arquitetura da École é visível. Fossem “puros” (como O classicismo do “Edifício das Águias”)
exóticos (o Café Mourisco) ou contemporâneos franceses (a Escolade
Belas-Artes ou o prédio de O Paiz), transparece a ênfase na composi. ção, no exótico, no histórico, no clássico, nos contrapontos visuais e no
uso de ferro fundido e vidro. Em seu tour de force, a Escola de Belas. THEATRO
Rio de saneiro
MUNICIPAL
2. O Teatro Municipal, em um cartão-postal da época
64
TT — ualteve a oportunidade de projetar um edifício verdad É E de iramenartes, DA a ênfase da École na circula A conumental, a ênfase da École na circulação, Personalidade papel e decor vá, foi magistralmente representada — ao Menos no ef pa
ÃO = el. Na nte dita muita foi alterada, para sua Fisteza x ecução Pp ropriameema fetadi coisa Mesmo em edifícios projetados k por arquitetos to que não se Cn É École, a i vincululaainfluência desta úl ti ma é pa tente, ke Dois Ouaqm S direta ifícios exemplares
ção
E belle époque carioca — 4 Biblioteca Nacio-
nal e O Teatro Munitipa
En
or citados.
Apesar
do suposto
arquiteto do primeiro, o engenheiro militar Francisco Marcelino de Sousa
Aguiar, ter se formado nas escolas de engenharia francófilas do Rio,
este e outros de seus trabalhos famosos (sobretudo o Palácio Monroe,
construído em St, Louis para a Exposição de 1904 e depois transferido
para o Rio) têm a marca clara da inspiração da cole. A Biblioteca Na-
cional pode muito ih ter uma origem francesa específica. Conforme a pesquisa de Santos,” o projeto original, escrito em francês, parece ter
saído da prancheta de um certo Hector Pepin, um arquiteto francês.”
As influências francesas são ainda mais fortes no Teatro Munici-
pal. O projeto, de autoria do filho de Pereira Passos, Francisco de Oli-
veira Passos, inspirou-se claramente na Ópera de Garnier — fachada,
planta baixa, vistas laterais e interior comprovam a paternidade. Só as
alterações decorrentes das restrições do local (incluindo as dimensões
mais reduzidas e o inusitado formato triangular do terreno) distinguem, de fato, o teatro carioca daquele projetado por Garnier. Em vez do par
simétrico de retângulos cruzados de Garnier, por exemplo, Oliveira Passos utilizou três retângulos cruzados, dois dos quais ligeiramente assimétri-
cos, a fim de manter o paralelismo com as ruas laterais e com os fundos. Nota-se, no entanto, uma única grande diferença — os dois pavilhões menores que Garnier situou em ambos os lados do pavilhão central
foram, na variante carioca, trazidos para a frente e aproximados entre
si nas laterais da entrada principal. O impacto visual e a circulação no
interior refletem este ajuste, mas revelam também, claramente, a influência de Garnier. O que não é de admirar: a equipe de arquitetos e auxi-
liares encarregados da construção e da ornamentação era formada, praticamente sem exceções, por franceses e brasileiros francófilos.”
Tais edifícios reforçam o significado que, na época, se atribuía ao bulevar. A avenida era a peça central das reformas cariocas e, como tal,
Em serepresentava as aspirações de Progresso e Civilização do país.
guida serão discutidas as implicações disto, mas diversos aspectos sim-
o papel da École bólicos fortuitos podem aqui ser indicados. Primeiro,
des Beaux-Arts sugere a influência generalizada da interpretação pari65
siense da civilização européia no Brasil, um tema ce
Atral esta Hg Civilização e progresso eram em geral vistos de uma Perspectiço
Segundo, deve-se atentar para o modo como sé a
desta influência ao Rio. Além da acomodação àsPr
— patente em edifícios como o Teatro Municipal — há um
iva rare,
ã “dapia,
leo
4,
aponta em direção a um clichê óbvio. Embora os grandes eq
ma
blicos governamentais, da Igreja, da literatura e das belas-a ifcios A Fes fe completos em si e integrados, a maior parte dos prédio. 8 da Aveni
da q sentava uma fachada Beaux-Arts enxertada em uma c O pre, nstruçã o Sir
e funcional, completamente divorciada, estética e fi IN CiOna
lmente
bles
sua aparência. Em suma, um corpo brasileiro com Máscara fr; + Ge n Pes Garnier havia desafiado com sucesso os ditames da École à correspondência entre aparência interna e externa, por meio poa composição inspirada que conciliava elementos díspares,9 6 á é la
carioca entre o exterior e O interior, no entanto, era de outra na Word carecendo de qualquer unidade em termos materiais. Mesmo assi tureza Mi, yr
registro mais amplo, mantinha-se a afinidade com os ensinamentos 4 ensinavam que o aspecto di:
Ecole des Beaux-Arts. Os teóricos desta no de um edifício deveria refletir sua função. Todas as construções da Avenida Central conseguiram isso, ainda que de uma forma irônica, Em
bora muitas vezes lhes faltassem coerência arquitetônica em relação à suas fachadas, continuavam
a cumprir um propósito adequadoà fun.
ção simbólica das mesmas. Afinal, por mais brasileiras que fossem, tg.
das essas construções integravam-se a uma fantasia de Civilização, Mes. mo que lhes faltassem plantas baixas e organização espacial à la Beaux-Arts, ali se vendiam artigos europeus de luxo, participava-se do
comércio com o Atlântico Norte, atendia-se ao modelo europeu de consumo e assim por diante. Os frequentadores franceses da Ópera circulavam e viam uma fantasia de refinamento e ostentação, deliberadamente criada por Garnier. Os cariocas, no edifício mais humilde e seguramen-
te mais discrepante da avenida, passavam pela mesma experiência — em termos cariocas. Apesar de lhe faltar a coerência arquitetônica do modelo parisiense, tal edifício transmitia com eficácia, por meio de sua fachada, de sua localização na avenida e de produtos ou vínculos europeus, a sensação neocolonial de Civilização. A máscara acabava À moldando os traços e afetando a visão do usuário.
Terceiro, o traçado da avenida parece ser também revelador. Na Paris
de Haussmann, os bulevares com frequência conduziam os olhos a um monumento
à grandeza histórica francesa: uma igreja, uma coluna,
um arco do triunfo. Já comparei isso ao Ringstrasse vienense, que atrafa o olhar do observador de um edifício burguês recente a outro, isolando
66
um passado aristocrático decadente, mas sem a capacidade de ressaltar um
presente seguro e enraizado. As duas extremidades da Avenida Central
formam um terceiro contraste simbólico: cada uma delas une à Colônia à Metrópole, sugerindo sua articulação na belle époque, Um monumento marcava cada uma das extremidades, como em Paris. Ao norte, havia,
em 1910, uma coluna com a estátua do visconde de Mauá, pioneiro da indústria e das finanças brasileiras, Ao sul, um obelisco, erguido pelo
empreiteiro Antônio Januzzi para celebrar a conclusão da avenida, Nenhum dos marcos, contudo, domina a paisagem, como se pretendia. Em vez disso, a ponta norte da avenida atrafa a vista para o cais e, além
dele, para o interior de onde provinha o café, A extremidade sul apontava para os bairros residenciais da elite e, mais adiante, para o Pão de Açúcar e o Atlântico — ou seja, para o local do primeiro assentamento colonial e, em seguida, para o caminho até as metrópoles coloniais e neocoloniais. A avenida, como a belle époque que simbolizava, pulsava
entre dois pólos: a realidade colonial é o dinamismo da Metrópole, em
constante contraponto, uma tensão básica para a explicação e a experiência do mundo aqui em discussão.
H.
“O RIO CIVILIZA-SE""! Para concluir a abertura deste estudo, é preciso enfatizar o modo
como eram percebidas pelos contemporâneos as mudanças por que passava o Rio sob Rodrigues Alves. Nesta percepção, encontra-se um dos
temas centrais da cultura de elite no século x1x — recusa e evasão. Pois,
nas mudanças da belle époque, a elite celebrava não só o que era feito, mas também
o que era desfeito.
Para “civilizar” o Rio, os auxiliares de Rodrigues Alves concluíram que o mapa da cidade e seu sistema de saneamento precisavam de uma reforma. Eles almejavam atingir a Civilização por meio de mudanças concretas, de acordo com os modernos padrões europeus (ou seja, franceses). No entanto, enquanto tomavam essas medidas práticas, tam-
bém compartilhavam com outros membros das elites e dos setores médios a paixão pelas mudanças simbólicas. Demonstrei certos aspectos
disto acima, mas outros exigem menção, Vale a pena notar, por exem-
plo, as batalhas de flores'? no Campo de Santana reformado, ativa-
mente promovidas pelo presidente e pelo prefeito, ou lembrar as soleni-
dades relativas ao “milagre” da Avenida Central — os novos signos de Civilização da cidade foram eficientemente manipulados de modo a causar o maior impacto possível sobre os contemporâneos. Os jornalistas, 67
O estrangeiro que aqui desembarca |...) leva de sua rápida vísiaa
desprovida cidade uma triste idéia de todo o nosso país |. |
à te
nar o Rio de Janeiro, pois, uma cidade moderna, confortável +
ta é a necessidade indeclinável e inadiável do nosso problema
“a
bem O significado da Avenida Central, a mais notável das reformas,
bem explorado. Seu significado para a época, contudo, precisa ser da detalhado. Um editor, por exemplo, argumentou que: Para os que meditam
Ma
[...] sobre o passado e futuro da Pátria,a
dessa rua é de um alcance extraordinário, não só para o engrandecinmen, material desta cidade,
como
para O seu engrandecimento moral.
E como o Rio de Janeiro é o centro do progresso e da civilização be. Icira, e como é por ele que se julga de todo o Brasil, a Avenida Come
representando conforto, higiene, opulência, irá convencer aos que jam aqui vieram e só ajuízam do que somos não raro por informações errôneu ou ditadas pelo despeito, que o Brasil não é aquilo que lhe disseram | |“
Graças ao cenário parisiense, às fachadas Beaux-Arts, ao consumo
perdulários, aos fi. os voga, aos consumidores em rtad de artigos impo neurs elegantes e aos prédios monumentais destinados a celebrar a alta cultura eurófila, a Avenida Central tornou palpável a fantasia de Croh-
vação compartilhada pelos cariocas de elite na belle époque. Ela tam
bém sugeria o potencial mágico conferido pelos cariocas à Civilização Um cronista entusiasmado ressaltou que: As ruas amplas e extensas, as largas praças ajardinadas, os altos e torno
diversões de as múltiplas ios, sos edifíc
e
Olavo
1, Quatro
d
Bilac
homens
João do Rio
fearicatura da época. por Cult que fizeram 09
a belle époque
carioca
da integração r, investimentos no estrangeiro, do colonialismo e Esultan.
te das economias ultramarinas traria err mente as mesmas Teco;
à la européenne m. pensas a todos Os povos: Civilização e Progresso E r, As reformas cariocas foram entendidas como uma maneira de elimina inar obs.
táculos acidentais à conquista pelo Brasil de tais metas univer. Sais, ede
iosos: proclamar OS resultados inevitáveis e auspic
As obras de saneamento e embelezamento da capital da Repúblic:
2 LJ vão
[...) refletir inúmeras é admiráveis vantagens [...] coube ao atu al governo a obra monumental do nosso ressurgimento como povo que q Ver Ocupar o lugar a que tem incontestáveis direitos no convívio das naç
vastidão do território e pelas riquezas materiais com que o do
reza num rasgo de assombrosa prodigalidade, o
Des, já pela
tou a Naty.
Mas estas crenças e fantasias a respeito da Civilização, cerni e ideo. lógico das reformas, continham um elemento negativo indissoci ável de
seu sentido. Pois as reformas, caso indicassem que os cariocas estavam a caminho da civilização pelo atalho da europeização, também signifi.
cavam, necessariamente, uma negação, o final de muito o que era efeti.
vamente brasileiro. Abraçar a Civilização significava deixar para trás aquilo que muitos na elite carioca viam como um passado colonial atra-
sado, e condenar os aspectos raciais e culturais da realidade carioca que a elite associava àquele passado. As reformas eram descritas como um tônico contra a “letargia tro-
pical” e como um ataque às antigas condições materiais que conspiravam para manter o Brasil tradicional (isto é, atrasado). Quando teve início a construção da avenida, por exemplo, um dos literatos da cidade, Olavo Bilac, proclamou:
Há poucos dias, as picaretas, entoando um hino jubiloso, iniciaram os tra-
balhos de construção da Avenida Central, pondo abaixo as primeiras casas condenadas [...] começamos a caminhar para a reabilitação. No aluir das paredes, no ruir das pedras, no esfarelar do barro, havia um longo gemido. Era o gemido soturno e lamentoso do Passado, do Atraso, do Opróbio. A cidade colonial, imunda, retrógrada, emperrada nas suas ve-
lhas tradições, estava soluçando no soluçar daqueles apodrecidos materiais
que desabavam. Mas o hino claro das picaretas abafava esse protesto impotente.
Com que alegria cantavam elas — as picaretas regeneradoras! E como
as almas das que ali estavam compreendiam bem o que elas diziam, no seu clamor incessante e rítmico, celebrando a vitória da higiene, do bom gosto
e da arte!”
Quais seriam estas antigas tradições, o Atraso e a Vergonha do Braal da “sil? Não eram simplesmente a insalubridade e a ineficiência coloni 70
co Cidade Velha — elas eram os símbolos de uma cultura que os cariocas
europeizados queriam esquecer. Pereira Passos não condenava apenas as ruas estreitas € imundas,
mas também
as fachadas sem pintura is
estilos rurais de consumo € os aspectos “bárbaros” do Carnaval Quem
sabe o último aspecto seja, afinal, o mais revelador; com seus entrudos
e cordões, O Carnaval expressava em parte uma cultura afro-brasileira da qual a elite afinada com Os padrões europeus se envergonhava. No mesmo número da revista da moda em que celebrou a CONStrUÇÃO da
avenida, Bilac atacou os “abomináveis cordões”, como “essa antiga usança de procissões báquicas”. “Creio que”, escreveu ele, “de todas
as cidades civilizadas, o Rio de Janeiro é a única que ara! esta eos nhosa exibição [...] é revoltante que essas orgias transbordem para as
: ruas, em cortejos eróticos [...])"""* João do Rio, o mais audaz dos jornalistas da época, salientou que “o Carnaval teria desaparecido [...] se não fosse o entusiasmo dos gru-
pos da Gamboa, do Saco [de Alferes], da Saúde, de S. Diogo, da Cidade Nova [bairros predominantemente lhadora], esse entusiasmo
afro-brasileiros, da classe trabaardente [...] que envolve e estorce a cidade
inteira”.'” Ele também registrou a origem dos cordões: [...] eles vêm da festa de N. S. do Rosário, ainda dos tempos coloniais. Não sei por que os pretos gostam da N. vam e saíam pelas ruas vestidos de tocando instrumentos africanos, e dançar e cantar [...] a origem dos se debocha
S. do Rosário. Já naquele tempo gostareis, de bichos, de pajens, de guardas, paravam em frente à casa do vice-rei a cordões é o afoxé africano, dia em que
a religião. "º
Luís Edmundo, outro jornalista contemporâneo, recorda que durante as reformas essas “tradições alienígenas” foram condenadas ou reprimidas: “O Rio civiliza-se, diz-se pelos jornais. E os ruídos bárbaros são convidados a desaparecer de uma cidade que começa à cultuar o elea civilização!” Durante o Carnaval, notou ele, “*só o aristocrata,
gante”, que havia triunfado com as reformas, não participava."
“afriais indivíduos queriam pôr um fim ao Brasil antigo, ao Brasil
apesar de se tratar cano” que ameaçava suas pretensões à Civilização,
desta havia sido prode uma África bem familiar à elite. A maior parte
por empregados nevavelmente acalentada por negras € vivia rodeada abolida apenas em 1888. gros, tendo testemunhado de perto a escravidão,
talvez mais da metaUma parcela substancial da população da cidade, e suas tradições se mesde, compunha-se de descendentes de africanos, da Cidade Velha e nos morclavam e floresciam nas áreas mais pobres barracos amontoados nos ros. Na verdade, as favelas, conjuntos de
71
sido € erguidas áram demuitos docas desu, ag n morros, haviam culo xD foi para perto lá que dase nova dirigiram inatas das mas €
“africano”:
ões decadentes da Cidade
Velha, demolidas com
6 1º Luís Edmundo recorda muito bem este; €
A
ei
antigo R
lo
O país, até essa época que foia do final do t ráf ico africano, q inda era
povoação que mais lembrava um rincão d África Que uma nação do
ne Un Mr Jam, de Rio ao chamava que corre. Bilac, com muita propriedade, iro do do Novo. E, pouco mais Ou menos, assim foi até a Madrugada da co
seu
tempo
-
- Velha Cafraria portuguesa!
skidmore"'! mostrou de que modo o racismo “científico” desta ema de intenso imperialismo europeu foi aceito no Brasil, e como ej
le Cond. o s o er ze em relaçã ao Mk ao desesp Piu a elite branca e seus porta-vo do país, Com frequência a elite percebia o Brasil de forma semeia aos colonizadores europeus da época, que em outras partes do Pia
viam as colônias propriamente ditas como uma área de riquezas Pote o ciais, cuja exploração era dificultada pela presença de raças e Ro inferiores. Isso ocorria sobretudo antes da época das reformas, Luís mu mundo relata como a alta sociedade branca considerava acidade tanto
paroquial quanto desagradável. Os homens da elite circulavam em car. ruagens importadas, sem se misturar com “gente de diminuta ou nula
representação”, e as mulheres da elite, “agradavelmente aborrecidas”
examinavam pelos /orgnons “o povaréu prosaico e mal indumentado”.
enquanto pensavam no Bois de Boulogne ou no escapulir, de quando em quando, das boquinhas como que arrancados ao fundo d'alma [...] que assim: Mas, que horror de cidade e que gente,
Hyde Park, “deixando gentis, ternos suspiros podiam ser traduzidos meu Deus!""'
Com efeito, as reformas de Rodrigues Alves, em sua condenação explícita da aparência e da cultura urbanas associadas às tradições tidas como atrasadas, bárbaras e coloniais, destinavam-se a apoiar a rei-
vindicação de um status “europeu”' — Civilização —, em parte por meio
de ataques explícitos a um Brasil antigo, singular. E, para muitos mem-
bros da elite, a vitória fora atingida:
[...] foi-se, a cidade, aos poucos A unsformando: Novas correntes imigrató-
rias para cá se orientaram [...] aumentando, de modo considerável, a nos sa população e, sobretudo, enormemente diminuindo o número de pretos
[...] Transformações até de usos e costumes [...] Mudamos tudo, chegando até o ponto de mudar, por completo, a nossa mentalidade, peada por lom
gos anos de casmurrice e de rotina. Razão, portanto, havia quando [8
as gazetas da terra [...] gritavam: o Rio civiliza-se!
72
civiligavame, vom eleltothO Progresso, que havia muito nos rondava a
porta, nem lvença de entrar, foi recebido alegremente! Hausa
dnclulra planos de natureza contra-revolucionária em
noua projetos de eficiência, naúde e beleza —
atacando os baustiões da
ja da clase trabalhadora, Perelra Passos Inclulu planos de caráter
antitradiotonalinta em sous projetos de eficiência, saúde e beleza à la eus péenne — atacando 08 bastides de um melo essencialmente brasileiro
eua cultura afro-brasileira, Nas reformas de Rodrigues Alves, confor-
me entendidas por ele e por sua platéia de elite, 0 impacto negativo se subordinava naturalmente no impacto positivo almejado. Com estas mus
danças, aliumavamo 0 Brasil iniciava seu renascimento e demonstrava
potencial para se unie a uma triunfante Civilização universal, Nossas
conclusões, contudo, podem ser mais abrangentes, No Rio “civilizado” vluntou a antiga predisposição colonial para a assimilação de aspec-
tos, tecnologias e valores europeus, e as contradições e pressupostos im-
plícitos na belle dpoque carioca se concretizaram,"?
Passemos agora a uma análise detalhada desta predisposição e à investigação das raízes dos pressupostos e contradições do Rio na pas-
sagem do século,
73
2 INSTITUIÇÕES FORMAIS DA Ey | Te
e a cultura de elite Nossa investigação sobre a sociedade encarregadas da instrução “omg
s pela análise das instituições formai
, como de diversas Outras int bem , elite da ude ent juv tual e social da iedade e aalia at ções nas quais em geral prosperavam a alta soc
e da iai Nestes meios, manifestava-se e era promovida grande part e de mundo e da dominação social da elite. Entre os locais aqui
tinham como caracterigiç há escolas, clubes e teatros. Todos eles abrangentes no interior = O, e icos públ is loca em ser de fato o mum cussão em separado. Além Fa verso da elite, o que demanda sua dis o esclarecimento da específica o as instituições selecionadas permitem
lução histórica da elite carioca, proporcionando as bases para uma Em lise das mudanças nas origens, circunstâncias e expressão tanto a ciedade quanto da cultura de elite.
1 EDUCAÇÃO SECUNDÁRIA Em geral, apenas as famílias de posses e posição tinham acessoà
educação secundária no Segundo Reinado (1840-89) e na República Ve. lha (1889-1930). Com o passar do tempo, um número crescente de fi. lhos de negociantes, burocratas do escalão inferior e profissionais liberais conseguiram acesso aos colégios, mas a maioria dos nascidos fom
do círculo das elites eram iletrados ou autodidatas. Os motivos não che
gam a ser surpreendentes. Os tutores e os poucos colégios existentes cu tavam caro, eram tradicionalmente considerados privilégio dos ricoss
claro, tirariam jovens do campo, da loja ou de qualquer outro local a de estivessem contribuindo para a sobrevivência econômica de suas far mílias. Em 1872, para adotarmos uma data intermediária, “em uma” 74
|a a pulação estimada pelo censo em 10 milhões de habitantes, o total de
matrículas nas escolas primárias não passava de 150 mil alunos”! purante a Monarquia e a República Velha, os filhos de fazendeiros ricos, grandes comerciantes
e homens
de negócios, dos burocratas do
alto escalão e dos profissionais abastados eram educados primeiro em
casa, pelos pais ou tutores (em geral, europeus). Quando atingiam a idade adequada, seguiam para o colégio, que em geral encarnava a afirmação
da liderança cultural da capital do estado ou da província. Na primeira metade do século xIX, esses colégios costumavam
empregar um ou dois
europeus, religiosos ou leigos, e talvez franceses expatriados, como o Guinard que lecionou no Rio em 1837, e queixou-se; “E eu estou condenado a passar uns três ou quatro anos neste país atrasado, no meio
desta gente sem brio e sem vergonha!”.?
Durante a Monarquia, em especial, determinadas premissas são evidentes, no que diz respeito ao tipo de educação fornecida. Contemplando
apenas uma minoria, banizador, obrigando ciais importantes e na pocêntricos definidos.
a instrução provocava no entanto um impacto uressa minoria à convivência nas capitais provinCorte. Além disso, o ensino seguia padrões euroOs mestres vinham quase sempre do Velho Mundo
(em geral de origem ou influência francesa); estudava-se em textos fran-
ceses, ou traduzidos deste idioma; presumia-se que o objetivo a alcançar era a aquisição da cultura européia.” Levando-se em conta a origem
de grande
parte
das
escolas,
dos
professores
e dos
textos
didáticos,
conclui-se que a instrução seguia a receita da França da Restauração: humanista,
conservadora
e católica.
Para as moças das famílias tradicionais, a situação permaneceu desanimadora durante a maior parte do século. Nas primeiras décadas, pouca importância se dava à sua instrução. Mais tarde, passaram
a re-
ceber ensinamentos em casa, ministrados por pais ou preceptores. Poucas frequentavam as aulas para pequenos grupos, organizadas por estrangeiros, ou se matriculavam nos colégios de freiras extremamente seletivos que aos poucos se firmaram. Outras seguiam com os pais para
a Europa, onde eram educadas em escolas de conventos franceses.”
Partia-se do princípio de garantir aos rapazes a formação intelec-
tual básica necessária para um burocrata ou um político (base à qual
ele provavelmente adicionaria o bacharelado na faculdade de direito de
Recife ou na de São Paulo). O colégio fornecia também a cultura hu-
manística exigida de um cavalheiro europeu. As expectativas quanto à educação das moças diferiam sobremaneira. Mesmo em 1898, a filha de Rui Barbosa, Adélia, foi descrita como ““[...] um dos ornamentos de nossa sociedade aristocrática. Raras são as moças que em tão tenra
o
De
ar um
cabedal
tão
rico de instrução
idade possam“es lhedassão familiares, e no piano se revela ingj moças compreendia uma
à
O la lista de a Artisan
ou seja, de
o intuito de melhorar sua reputação aos olho, ny po Re nabo é respectiva família.* de Sion s, ão o, p Neste contex to, o Colégio PedroER meo; Colltge
|
* Majç epresentativos. Cada qual serviu, em sua época, de Modelo par da cdy nom deter nos Vamos os da elite. dos rebent da secundária ais amy . os nt to me ci le be desses esta O Colégio Pedro H
O Colégio Pedro 11 foi construído sobre os alicerces Setece
da Escola de São Joaquim e inaugurado em 1837, sob a épide im
para atender à óbvia necessidade de
Mistas
uma escola Secundária
do país. Logo se tornou à instituição preferida das turmas de q à a a capital. par do da mu iam hav ou am idi res as cujas famíli 3 SÓ per
deria sua posição privilegiada durante a República Velha: n
Tás, mesmo ao deixar de ser a escola preferida dos filhos da elite, manteve o
mazia de determinar os ig cínio governamental e a consegiente pri
os nacionais para os textos didáticos e as avaliações.” Aspect s pie nte sta am con égio Pedro 11 permanecer
cos do ensino no Col
4
i.
ada ênfase no ensino das et período áureo. Primeiro, uma acentu
dades clássicas. Segundo, um corpo docente primoroso, supervisiona. do de perto pelo próprio imperador. Terceiro, a exigência de que os aly.
nos decorassem textos considerados padrão em suas áreas específicas,
O colégio buscou sua inspiração e seu currículo na educa ão clássica francesa. Desde o início, a preferência recaiu sobre línguas e litera
turas antigas e modernas, religião, história, filosofia e retórica, em de. trimento da matemática e das ciências naturais. Na verdade, a posterior inclusão destas matérias, mesmo de maneira limitada, significou uma
mudança radical na tradição brasileira.” O prestígio do ensino cientifico aumentou gradativamente no colégio, acompanhando o avanço tecnológico do país: ambos ganharam terreno apenas no final do Segundo
Reinado e na República Velha, triunfando graças às profundas reformas educacionais implementadas pelo novo regime. Mesmo antes des
sas reformas, a lenta introdução das disciplinas científicas já desperta
ra ressentimentos em muitos indivíduos educados conforme os padrões tradicionais. Ferreira Viana, ex-aluno do colégio, advogado e estadista
proeminente, escreveu, às vésperas da proclamação da República:
76
educação, mas é pres
egeada
sa os olhos da oci tên de cleo resquetát diredaici mad bela fonte dá o Nã da que O e a vida social do l ni ra vi pa preparo tivos escola de
A
a
a qa
e
a
Ad
or
asse
dE
mina
0 oo
a
'
e
la seguiam os jove to an rt po e, qu as tr ar aireção à lu das le e o saido das tr en r po e en ado por am ence e externato, reform do o ad br so e nt impone hanÉ lo eclético, ou marc ti es em 70 18 de década lo colégio perto rencourt da Silva na mantidos os at rn te in s do um Velho e dedo paos corredores de anos de Engenio e
s suburb quintas dos bairro ue, em 1865, tota(q as de rm tu as en qu Reunidos em pe sete anos, jovens Ca pois São Cristóvão. ou is se e nt ra du ), os 7 alun ava. por exemplo, 32
Reinado. Um monaro nd gu Se do s re so es of pr insupervisão dos melhores no Brasil duas situações e «[..) afirmava só haver
quista lembrou qu dro ag ofessor do Colégio Pe pr de e o ri pé Im do r consvejêneis: de senado provimento das cátedras ra pa s so ur nc co s “O u: mo Um outro afir sistência e à sissimas. Feitas com à as ro go ri o çã le se de as ov citulam pr mérito triunfava sem-
dor, O verdadeiro fiscalização pessoal do impera saber conservava-se por do s lio pré es ess por a ad ix de o , pee, ea impressã que os assistiam”. Sem dúvida s do a ri mó me l na s ve lé a de t in os i muan maiores nomes
incluindo alguns dos a lista de professores impressiona, XIX: barão de história brasileira do século Laêt, PauCapistrano de Abreu, Carlos de
m Caetano, O barão de Homem de lo de Frontin, João Ribeiro, Joaqui Rio do, Gonçalves Dias, o barão do Meio, Joaquim Manuel de Mace ão tes homens que os mefraenCoceloho Neto.” Era sob a orientaç des à
r aquilo que haviam pacienmos estudavam, levantando-se para recita ex-aluno recorda o “grande esforço
O filho de um as násticas da meas faculdades indutivas [...] exaustiv gi uisição de grandes e variados conhecimen-
“exigidas “para aq
foi daco, nosso informante conta a resposta que lhe
ofessor de seu j oportunidade de perguntar ao antigo pr
forçar os alunos a decorar lições:
E à
que não decora só não diz besteira quando compreende nho acomsece sempre. Por isso tomei o partido de exigir sempre m a matéria, porque desse modo não diriam tol ioes,
compreender o assunto,”
7”
cena
E
Portanto, tivessem ou não sido compreendidas, as gs
pesídas, com fregiência na presença de dom Pedro 1, qu
Mm
fazer visitas para acompanhar O progresso de ses Protegido,
aluno lembra que,
O vino É J dava sinal da visita do imperador ao cutégio
Uma,
O ensino ministrado sob olhares tão severos baseava
de clérigos como o (rei Francisco de São Luís, o padre Cajgg, "” Sy
Antônio Pereira, que escreveram sobre gramática latina e po” Pit
bem como em textos franceses, tais como o Alas de Delgmano” gue,
mática francesa de Stvene, as Nouvelles narrations frunçuises 8 Gore,
a História romana de De Rosoit é Dumont, 6 Cours de lime,” lts,
puise de Charles André, o Cours dlémentaire de philosophie o 7
e o Manuel d'études pour la préparation du baccalauréar en
soire de temps modernes. Os ingleses eram
de Bari
Petas
com o English spelling book; por Goldsmith, com a History sp 7
por Cliftom, com o Guia de conversação; e por Hillard, cor 5”
class reader, Havia até textos assinados por brasileiros. Afimas”” únguém escrevia a respeito do Brasil naquele tempo, e os próprio,
fessores redigiam os textos introdutórios. Entre os primeiros,
o clássico de Abreu Amoroso Lima, História do Brasil, o Comp
des.” A
de geopraphia, de P. Pompéo; e a Nova rhetorica brasileira, geÀ w
da Silva Pontes. Mas, no geral, os antigos recebiam atenções bem ma. res. Eles avançavam tendo César à frente, acompanhado por Fedro, Co,
nélio Nepos, Ovídio, Salústio, Virgílio, Cícero, Tito Lívio e Horios
e na retaguarda o nobre Tácito. Todos os autores citados constam, po
exemplo, do programa de 1862.
Nesse período específico, os nomes citados encontravam-se es»
os autores minuciosamente estudados durante os cinco anos de lat
quatro de geografia, três de francês, inglês, grego e matemática, do
de filosofia e história medieval, c um de cada uma das seguintes mas
rias: português, leitura e análise, história européia antiga, história mana, história sagrada, químicae física experimentais, história mode na, gramática filosófica e retórica, história e geografia do Brasil, hutors natural, poesia e literatura, e história natural experimental. E for + este regime intelectual que os homens destinados a dominar a belle po
que carioca, como Rodrigues Alves é Joaquim Nabuco, passaram pé
colégio. 1”
78
da edu a preconceitos A vocialização dos estudantes incorparavos
cação européia contemporânca: a submissãoà autoridade era axiomáts-
ca e a autoridade, ubiqua. Os rapazes vestiam um uniforme caracterts
traje formal de ois ico: no começo, quase um hábito religioso, depum cavalheiro. Ele estavam sujeitos a uma disciplina que lembrava as ort
gens religjosas das quais o colégio apenas em parte se afastara Um estu
dante lembra, por exemplo, “aquela sineta, que nos marcava 1 hora ex ta da entrada e de saída do Colégio, o início e o fim de cada aula, o quarto va os nossos tua ge hora de recreio, marcava, metodizava, habituava, pon
geveres, habituava-nos à disciplina, à exatidão, à pontualidade” *
Todos os horários, o comportamento e as entradas e saídas eram controlados, bem como as atividades propriamente ditas. Mantinha-se
um registro das tarefas cumpridas e das omissões.” O Regulamento do
colégio, de 1838, é claro a esse respeito:
Os alunos serão repartidos em classe de 30 a 35 cada uma, e. quanto ser
possa, dos que forem da mesma idade, e da mesma aula; a direçãoe vigia de alunas [...] Os inspetores de cada classe será confiadaa um inspetor dormi comerão à mesa com eles; seus aposentos se comunicarão com os
de tórios, de maneira que possam facilmente inspecioná-los. Ao inspetor
tantas subdivisões, quantas jul ir classe em à sua rt alunos compete: 1) repa ao aluno que lhe gar necessárias, entregando a direção de cada uma delas
o da subdi merecer confiança, o que será responsável pelo comportament sua classe, em ido visão; 7) formar um relatório diário do que houver acontec o dos alu no qual dê sumariamente conta do comportamento e aplicaçã e os trabamento nos; 3) organizar nos sábados um mapa sobre o procedi
à noite esse mapa,é lhos de cada um dos alunos; 4) entregar no sábado
tor; $) tomar conhecimento rios ao vice-rei noite, seus relató dias à s osdo to que sejam do trabalho prescrito aos alunos pelos professores, « cuidar em que devem deas lições feitas com exatidão; 6) tomar aos alunos as lições
lançando quanto corar; e examinar os trabalhos escritos que houverem feitos aos respectivos professores, o seu antes em folha separada que entregarão vezes que sairem a pasjuízo sobre eles; 7) acompanhar os alunos todas as
se todos têm sido seio; 8) examinar por vezes os livros dos alunos, e ver
reitor.” pelo dos autoriza
io, caO colégio era portanto um mundo à parte, talvez mais sombr duradouro.” Mas, por mais paz de inspirar em alguns um ressentimento
atenta, não rígidas que fossem a disciplina, a hierarquia « a supervisão
l impese questionava o status da escola e de seus instrutores, No Brasi
de ensino: rial, não se poderia encontrar melhor estabelecimento
o Imperador D. Era esta casa de educação a menina dos olhos de S. M. às solenes co Pedro 11. Comparecia a todos os concursos de professores,
7»
lações de grau de bacharéis, aos exames dos menin guntas. Durante o ano, de quando em vez, ja assisti
o
era boa ou má e dizem que certa vez reclamou da
Man
azia
rasa Tás alilas aaoh, verifi para pratos os todos de servindo-se refeitório, ICar se q... On
:
rançosa.
; r ay
Or
ka Quantos e quantos destes meninos não foram educados ; do custa à 5 ador! nho particular do Imper dog Esta assiduidade do soberano deu a ele OPortunidad os meninos, e esses, quando homens, foram os escolhidos € Contas ç 8 DOF ele nao OM ção do país, de acordo com gos na alta administra E a O seus,
aber daí o grande conhecimento que tinha dos homens e dio isas d A É :pr asij que, revela frequentaram o colégio
A lista daqueles que geração, os filhos das mesmas famílias, aparentadas entre » Eação a
ali pas.
saram, e que entre eles encontravam-se muitos dos conselheiro
tros, senadores, titulares,” assim como banqueiros, advogado,” "it cos
importantes
que
as
controlaram
fortunas
do
Brasil a e mé.
republicano.? Orgulhava-se a escola da passagem por eia Ei
E
homens como Joaquim Nabuco, o visconde de Taunay, oia
Al. ves, Washington Luís, Ferreira Viana e Antônio Prado, Ali osfilhos
grandes latifundiários provincianos, dos magnatas do comércio,
eg
recebiam sua instração tadistas e dos políticos imperiais se conheciam,
e conviviam em pequenas turmas. Não raro travavam amizade justamente com os indivíduos e as famílias com os quais conviveriam nos anos se.
guintes.? Em geral, o passo seguinte, a faculdade de direito, quer no Recife,
quer em São Paulo, somente reforçava esta congregação e socialização
da elite. E, com fregiiência, colegas de escola do Colégio Pedro 1 con.
tinuavam a morar juntos nas repúblicas, as quais não passavam de eguivalentes adolescentes mais desordeiros dos disciplinados dormitórios do
internato.” O Colégio Pedro 11 era, com efeito, o passo inicial privilegiado no cursus honorum do Império, pelo qual passariam os homens da belle époque carioca. Ademais, os filhos da elite carioca que não estudaram no colégio propriamente dito recebiam o mesmo tipo de for-
mação nas províncias, ou nas escolas dos monastérios do Rio, mantidas por jesuítas ou por outras ordens e que começaram a
ser muito
procuradas no final do século. Estes colégios religiosos cariocas eram
valorizados exatamente porque continuavam a ministrar a educação e-
clusiva, disciplinada e humanista que os membros da classe dominante
haviam recebido no Colégio Pedro 11, ou em seus equivalentes provi-
ciais, e desejavam para seus herdeiros.” 80
q College de Sion
uanto às herdeiras, o caso era diferente. Como foi ressaltado, as
as da elite nem mesmo compartilhavam da possibilidade de acesso
a limitada instrução secundária no Segundo Reinado: a elas cabia apren-
des, em casa, O que se considerava
apropriado.
As exceções se limita-
vam às moças cujos pais moravam na Buropa — caso dos diplomatas,
ou daqueles que lá desfrutavam de sua riqueza rural, comercial, ou de rendas urbanas. Estes talvez proporcionassem a suas filhas o prestígio de uma educação católica em colégios de freiras. Tais escolas con-
ventuais eram, afinal, locais bons e seguros para se manter as moças
enquanto os pais cuidavam dos negócios e se divertiam; além disso, esta era a opção aristocrática por excelência na Europa da época. A pre-
ferência recaía sobre o Sacré Coeur de Paris, cidade predileta da elite.” Esta prática manteve-se por muitos anos, mas seu custo era alto,
e havia inconvenientes que levaram à procura de alternativas. A educa-
ção européia, sobretudo, era de difícil assimilação para aqueles que, gos-
tassem ou não, passavam a maior parte do seu tempo no Brasil. Na úl-
tima década da Monarquia,
a condessa Monteiro de Barros, uma das
“titulares” mais importantes do Rio, e um grupo de amigas bem-nascidas decidiram que seria melhor se pudessem proporcionar uma formação adequada a suas filhas sem que estas precisassem deixar o país. Não buscavam, evidentemente, uma educação brasileira, como poderia aspirar um nacionalista moderno. Instrução, para elas, era sinônimo de uma formação católica e francesa, a cargo de freiras francesas.” Seria * Possível argumentar que o Colégio Pedro 11 (com suas origens e profesErores brasileiros e, ocasionalmente, textos brasileiros) exercia influência
orientação europeizante de segunda mão, estando em parte enraizado
tradição carioca (a Escola de São Joaquim). Já o collêge que a continha em mente deveria ser um transplante direto.
O as freiras do Sacré Coeur não se mostraram receptivas ao
apesar dos grandes esforços da condessa e de seus bons conta-
papal, a dama aceitou uma oferta subsegiente da Congré-
tre
Dame de Sion.” Esta congregação era recente, tendo
ente por judias convertidas, com a finalidade de
litismo cristão junto aos judeus. Mas, no ambiene educação evangélica típico daquele período da Congrégation apresentava-se como uma ordem edu-
enfrentar as selvas úmidas e o porto pestilento da n de educar na cultura cristã as filhas das famílias
início à sua missão em 1888."
anos O ensinamento ministrado pelo Sion ao longo dos
tisfeito plenamente a nobr E oiro, esse do collêge. Por um mação cultural, a maioria das freiras, a língua falada, grande
tera, Ao
franceses po do textos e o paradigma pedagógico adotado eram todos mente » Por unda Prof eram ge colle e os objetivos do
tro, a atmosfera e evangélicos, deixando, com fregiência, a marca nítida da dey
moças que de lá saíam para ocupar suas posições na classe dog
Tas
a, sem dúvida cam, O currículo deixa isto bem evidente. Havi
dispensáveis sobre gramática portuguesa e livros brasileiros » Obras tome de historia universal de Serrano. Mas em geral adotava-sea franceses, ou clássicos comentados por franceses, Havia ã
Ja littérature latine, de Pichon,
e “Jules César”
e seus Co
sur la guerre des gaules. Havia Racine, Chateaubriand, Vigny te-Beuve, Corneille, Molitre, La Rochefoucauld, Pascal e La
Havia “Tasse”, com La Jérusalem délivrée, “Xénophon"”, “Virei
cite”, “Thucydide”, “Platon” e o edificante “Plutarque”, co;
bres exemplos.”
à
No entanto, apesar da ênfase nas humanidades à la frança na década de 1900 outros assuntos se faziam presentes. Uma do Sion se recorda: Ao português [sic], juntavam-se a história da língua, o linguajar
a história da literatura e a análise literária [...] No francês est ud
res
igualmente, além da língua, a história e a literatura de Fran latim, da mesma forma. Havia a história do Brasil, a geral (a p tória antiga e a moderna), a história da arte e da música, e s filosofias, da Igreja, tudo em separado. O desenho, ea pintura, facultativas. As ciências naturais eram di istintas de biologia, de história natural, de zoologia, grafia [era ensinada] em viagens imaginárias. A jal, e ainda a matemática, a álgebra, a trigonom [também eram ensinadas]. Desdobravam-se as m
«anos Es) pe nham quase 80% de base mnemônica.
a melhor caracterização da marca de É ex-alunas encontre-se neste relato:
osa das alunas à formação moral e religi a a jassem poderiam ir par
estudar ne lições), bom comdo falta deaplicação [deixar de ou no refeitório), ou poli versar em aula, nO corredores A a rios ou colegas): O ca com as professoras, funcioná ass Cauda reforçava a formação na escola, deh fia a nto [esperado] em casa turma [a]
da
dia À sua a insígnia, cruz, é 0 cinto que correspon fim, bem como or no e eço das pela sineta no com
an controla
antes € era tocado em ocasiões Import a de reeição. O sino grande conAs famílias, menmo de um nlvel social alto,
missa, a domingos paa ra
nad
consatiria em super ficas que a educação ministrada no Sion não ortância exagerada à aparência externa.
idades sociais, [que] davam Imp eram marcadamente O status e o meio social associados ao colêge
todos titulares, e a escola gozaelitistas. OS benfeitores do collêge eram funcionava nas mansões va dos favores da família imperial, No início, antigo Palácio Impedos titulares no Rio, para depois se mudar para o a mais exclurial dePetrópolis. O Sion logo adquiriu a reputação de ser país (daí a siva e a melhor escola para meninas de “boa família” no
demanda por filiais em São Paulo e Minas Gerais). Os pais queriam
que suas filhas fossem educadas como as meninas da nobreza francesa
e certamente ficaram satisfeitos com o que ouviam falar dos métodos adotados, Deve ter provocado regozijo a informação de que suas filhas eram ensinadas a obedecer a regra do silêncio no college, trajavam um uniforme definido pela própria congrégation européia e sempre faziam a petite plongée esperada, antes de dirigirem a palavra a um superior.
Aquelas que passavam por esta experiência intelectual e social eram diferentes, e essa distinção era deliberadamente buscada, As “enfants de Sion” eram reconhecidas por seu francês perfeito, maneiras refinadas,
formação em literatura clássica e apropriada submissão à autoridade,
Uma ex-aluna foi sucinta;
Houve [...] um elemento que entrou muito em nossa formação sionense, e que eu reputo de grande importância; refiro-me à harmonia, que afina, € à estética, que aprimora, Simplicidade, disciplina, austeridade mesmo,
não exclufam, em Sion, distinção e bom gosto, A vida era ritmada como uma página de música, no badalar sonoro do carrilhão! Que harmonia, na coesão dessa sociedade em miniatura! Na observância da hierarquia, na obediência respeitosa, que não diminui ninguém,
Porque se cultua quem a exerce, e que liga à menina à mestra de classe, = AS irmãsà superiora, e todas num mesmo espírito!
isso era admirável e refinado, mas estava a enorme distância mais ampla existente fora do Colltge e dos palacetes de
Laranjeiras e Botafogo. Essa realidade era a miséria de ne-
s (que existiam para ser o objeto da caridade daqueles que
83
. cido abençoados por le Bon leu som, riqueza ê Posição); haviam sido é e, segundo diziam, “ma pas dhistoire») »
era o Brasil e nortuguês (cujos escritores, na época, não a Mundo E Sion).* O Sion e seus rivais Posteriore ai uti
dos que falava zados pelas ag
TSCRdçãO
AE
que transplantou com êxito par
Pr ao é Brasi
não apenas na forma pretendida p ela co;
Monteiro de Barros e outras titulares, a também CUMPprindo ame a Fiança e à Europa naPo ma função com fregiência po a
époque carioca — Ou seja, servindo
de condenação e Contraponto às
realidades brasileiras sobre as quais presidia
4
A elite.
Nestas duas escolas, portanto, torna-se mais do que evidente a
reza e a orientação da educação formal da elite. Em ambas, um estrito número de crianças provenientes do mesmo grupo social era reunido,
ciando um processo de interação social com seus pares que prosse;
ii
do mesmo modo e com as mesmas pessoas e suas famílias, pelo restode. :; suas vidas, a exemplo do que ocorrera na geração de seus pais. Emam.
bas as escolas, também, elementos básicos da sociedade de classesbe
colonial eram reforçados — obediência disciplinada, crença na hierar quia social, e práticas e preconceitos culturais que correspondiam à
aceitação de um mundo dominado pelas potências do Atlântico
Não se deve esquecer que, no caso, os extremos da estratifi a brasileira eram acentuados por uma educação na qual as criançasricas .
levavam uma vida inteiramente isolada e diferenciada dos setores mé.
dios urbanos e das grandes massas de pobres, tanto no campo quanto |
cidades. Isto não ocorria apenas porque essas crianças recebiam eduformal
em
determinada
escola
(embora
isso já bastasse para
em termos de experiência sócio-intelectual), nem simples: n segregadas e socializadas segundo linhas hierárquicas.
amplificados pelos efeitos de um ensino e de uma
ípio eurocêntricos. Elas não eram apenas educadas, estranhos ao ambiente local. O impacto 08 e. co quando são levados em conta também
ndo européia intrínsecos a esta ua
er s (e os franceses, provavelmente,
à
E
uposto inquestionável a superior ima Ré
as culturas do que hoje se ro
ariamente apenas desprezo ou des eum quê ca tular brasileiro no exterior descobriu
era capaz de revelar a mais assombr
osa ignorãn
nto de não ca do Sul, a po : ista parisiense Ê um jornal patiia iro”, com sua “aapat a prasileiro” , o [...) a0 fatalii sm
Jae a O Ri1o seni 1 va ca fi saber onde nhbrree Oo “cCCarAráso eu ! ev cr no Rio es e comada”, aaq qual el general iz ao nini ilismo os, € ao dos muçua lman
neiri o. É anfitrpor iã de “tos de Anatole Frano ce, a maci) o ir he an mp co à série EM 1909, paravãe “ne partiu para uma ee a te an am a. seu do típodas, comentou, quan 150, estava “nos an ele e qu , Sul do renjas pela América m, quando ap sao om lvagens”? Assi
segaios € se avaliar O Brasil à a, it de macacos, papa íc pl ex quanto ntanto implícita elite eram eficie da as nç ia rodeado Om cr oca, às sas europeus da ép ural e o das mas lt cu io me o peer de padrões ri seu próp para desprezar i s o n temé sorviam que as crianças ab em e oc ec brasileiras. pr e nta a idad são das Se levarmos em co e mestres à esta vi is pa us se de ia uiescênc é formulaessas lições ea óbvia aq . O resultado da ni fi de is ma próprios torna-se ainda coisas, à situação e manifestou seus qu te, eli da ro ar Euum memb res,” ao consider do com clareza por muitos de seus pa
de itos e, com eles, OS o ao Brasil: em contraposiçã s, mo ni nô si mo ropa € Civilização co os, pertros povos american ou dos er diz e -s de o po o espírito, € Nós, brasileiros, o mesm o, flutuante, do noss nov o nt me di se o pel temos a menor cultencemos à América ratificadas. Desde que est s da ma ca s sua inação não à Europa, por aquele. A nossa imag re sob tas des io ín om tura, começa O pred ] Não quero dizer o é, de ser humana [... ist , ia pé ro eu ser de desta últipode deixar xa, € que nós sejamos bai a e a alt a s, de da ni que haja duas huma americanos; um dia pelos seus galhos ve no re se de da ni ma hu ma; talvez a , que é um só eterrivel
no vemos, o espírito huma mas, no século em que vi vo Mundo para o lado do Atlântico; O No tr ou do á est ta, lis tra mente cen rdadeira solidão, ética ou histórica é uma ve est ão aç in ag im é que o o tud cias, das suas nge das suas reminiscên lo tão te sen se to íri esp le em que aque na se lhe tives-
O passado todo da raça huma associações de idéias, como se r de novo, soletrar outra nça, € ele devesse balbucia
se apagado da lembra
ndeu sob o céu da Ática [..)” vez, como criança, tudo o que apre
mais radical do Collêge de Sion Talveza diferença entre a alienação o Pedro 11 reflita, em termos Natureza mais “brasileira” do Colégi se, na representação insp os , outra importante distinção. Como simbólic da elite, encontrássemos as mu: titucional das ambições socioculturais realidade A
Re
as da (encarregadas do espaço doméstico) mais isolad a fim de melhor servirem como instrumento de civilização
s, por íntimo da elite; ao passo que os homens (encarregado negócios externos, públicos, na sociedade neocolonial) esem parte distantes da realidade, em uma posição interme-
85
diária. Como se esta alienação “intermediária”, inerente de
culina, reftetisse o papel “intermediário”
que eles desem, ea,
siste ma de dominação, entre dois mundos que então “ — 0 idido entre os europeizados, ou brancos euro) afro-brasileiras.
Os membros
s em seu próprio país.
da elite eram, neste as
Mas essas distinções simbólicas são, com frequência,
cáveis ao mundo
formal, público.
uma complexidade
muito maior,
Nos lares da elite,
> Melhor,
ú
ambigiúidades, cento
ções dessas polaridades no momento em que sãoPostas em
deixemos isso de lado por enquanto;
capítulo.
2 CLUBES
no
po
o tema será is
a
à
SOCIAIS
revelam as esperanças frustradas decavaleiros
sentido de conseguir um lugar parasatisfazer doi
os, Ed
p
o orgulho e a Rm
im
- maioria das vezes, os cariocas abastados simplesmente nes m a pobreza da vida noturna carioca,«
co frequentador de teatros e da inexistência de um teatro i
E
prociamevam
e não se pode gabar de que eoapune que existem, são muitos os que
estudo sobre esse ponto da nossa vida
não tem teatros.” ao comentar, naquele mesmo ano, sobreo ped!
apresentação de um duo clássico (compos
86
ueno
pablo PO
ur ico é que não bl pú o ss no atmbou: “O então vai passar ou re Canais): go , sa ca em r descrea-se fica ro, em 1908, s e por 880 deix ei rc te m U "
do qm
valor o colsasdosemque beira o desespero: d n a o eeas d ação de um mo gui dam tu o cômodos e an uc vou a Si po o tã o sã s dis ração dos teatros? Ma vistas de Portugal, com toda a i uramos e a dist Re prrooc sse € de vida para ver O quê? pe ÃO vazios [6] para nós, [cheias] dide tutos de inE tere Dmfran sivel pírito y as do lindo es eriEEtica Incompreem menos espirituos Ouvir traduções
ai
mais ou
laonze horas, é deso s la pe m si as e it no A linda cidade, à A cidade, à NOSS no aconrtável. ra se verem de novo pa os dora, é insupo os si an cm sa , de lá e do pão Os que vão ao teatro o patriarcal do chá ol ns co o da ain era se esp chego das casas, onde
cêst Oh! Não!
quente
ade um interesse perm da za li ra ne ge ta fal a ítiO problema básico era mo afirmavam os cr co e, nt ga pa o ic bl te do pú m nente e variado por par de casa, mas não co m ta sa e nt me te en id es ev ituicos; as pessoas de poss que umas poucas inst do is ma r ta en st su ra de assiduidade suficiente pa uma vigorosa tradição à te, par em e, ss ve de soções. Tal apatia talvez se camadas superiores da das as li mí fa As . os ic s entretenimentos domést igos e parentes, nos quai am de s re la gu re s ro nt co cicdade promoviam en muns, dentro dos limites co am er a nç da à o sm me aamúsica, os recitais e doméstico da alta socied o ct pe as te Es “ s. sa ca s e do conforto de sua as instipara tornar menos de seguramente contribuiu
relevantes muit
tuições públicas.
rtanto inadas a seguir constituem po As instituições públicas exam pel de destaque
e, por si só, indica o pa exceções à regra: sua longevidad velar sorioca. A história delas tem muito a re
que ocuparam na elite ca
culo iais daquela elite, no final do sé bre o caráter e as transições cruc xIx e início do xx.
O Cassino Fluminense
VM
E
“de,
am
mais longa os clubes sociais cariocas, aquele que teve vida
Beethoven, funmoso Cassino Fluminense, Certamente, o Club
aem 1882, também foi importante, mas faltavam-lhe a antiguid as possibilidades c a importância social do Cassino. Não passava
Estr em que literatos, artistas e outros “apreciadores da vida Teuniame-se para apreciar concertos de música de câmara e con-
lificantes. A relação de sócios não deixa de impressionar, in-
como Machado de Assis, Rui Barbosa, Ferreira 87
nam
e o visconde de Amoroso Lima, ou seja, literatos reç a Onhecidos bastava, não isso Mas comércio.“ do tas e magnatas » Esta, A mente, mo se comprovou pela brevidade de sua existência o » j ante Reinado. Segundo Já o Cassino era diferente. Fundado em 1845 por mens
mais poderosos
do Rio,
foi instalado em
um
dos ig
ego
clássico, sendo honrado com a presença constante da iiSdificio ho.
imperij sa e com o patrocínio do conde dºEu, consorte da i ainda, havia sido planejado para servir de ponto de enco; O trono,
|
Paraa qj.
ta sociedade. Era uma instituição cara, exclusiva (da ma
sido aceitos, os membros compravam cotas e Págavam o após terem tempos em tempos, organizava grandes bailes de gala n nado, e tanto bailes quanto banquetes em ocasiões im Estado ou para a
Xas) que, O Segundo,Rei.
Portanteg Pára
alta sociedade. Além disso, Outros clubes e
ções de escol, em um tributo à excelência das instalações e
Organiza.
dO Prestígio
do Cassino, também faziam uso do prédio do clube, Ali, promovi seus próprios concertos, banquetes e conferências, cujos rega do Passeio Público = res passavam por entre as árvores e os regatos de subirem a ampla escadaria entalhada e desfrutarem a mobília m A
nífica e os amplos espaços que causavam o deleite de todos, Atémesmo
um inglês normalmente crítico, que ali compareceu no início da década
1880, recorda a ocasião com
um sentimento de bem-estar quase
to: À noite fomos a um baile, realizado no local a que chamam de Cassino,
ão magnífico quase tão grande quanto o Kensington Town Hall, com pelo lado ia apoiada em uma bela série de pilares, que o rodeava
e bem iluminado. O assoalho era ruim, a música agradável. A f-
ial estava toda lá.
“melhor sodieFluminense reunia um grupo estável da
s de seus E Por este motivo, o breve estudo de algun o da elite carioca, fornece ao representativos
vazias. No e q de de ir além de generalizações da última fase do e a
da primeira quanto
Dá as s nomes a fim de, : através o Ê pa no eos a elite carioca, seja será útil para Eq República Velha. Isso nos seguintes. seg ja € tulo capí feitas neste
exemplo,
plo: Gama
A
;put OD
por alguém Nicolau de imPo A nhojo Nedo (
1802-97)
um latifundiár
E mineiro, sobri
arquês de Baependi, genro da condessa de Itapagipe, No-
poderoso Rc deiro, amigo pessoal do imperador, membro destacado queira era como era de se esperar, detentor de uma série de títulos hoe, Sed condecorações. Outro nome que figurava nas primeiras noríficos = ro também detinha um prestígio indiscutível — Roberto
listas N dock Lobo (1817-69). Embora faltassem a Haddock Lobo os títulos
goi sconde, sua importância na capital imperial também era in-
ana
1, Nascido em Portugal, emigrara para a Corte, onde se estabe-
médico notável e conhecido homem de negócios. Recebeu
o de cargos municipais e distinções imperiais, indícios de que am considerável poder. João Baptista Vianna Drummond,
depois barão de Drummond,
foi um dos primeiros homens de negócios a fazer investimentos na área
da infra-estrutura urbana. Dirigiu a Companhia Ferro-Carril de Vila Isa-
bel, uma das primeiras empresas de bondes puxados por burros, e fundou o Jardim Zoológico na Serra do Engenho Novo, seu legado para a cidade. Outro membro do Cassino gozava de uma posição privilegiada na Corte: Leopoldo Augusto de Câmara Amoroso Lima, barão de São Nicolau (1805-81). Gaúcho, filho de um pequeno burocrata de província, chegou a cavalariço da imperatriz, desfrutando de uma cobiçada prebenda, como guarda-mor da Alfândega do Rio, e de um casamento indubitavelmente útil com a filha do barão de Sorocaba. É importante notar que a história de diversos outros personagens desta geração do Cassino compartilham de um padrão comum. Imigranfes e homens de negócios conquistaram riqueza e títulos aristocráticos, em um duplo sucesso que ajudou a consolidar a posição subseqiiente
desuas famílias no Império. Tomemos o visconde da Estrela, por exemNascido em Portugal, Joaquim Manuel Monteiro (1800-75) tornou-se
portante
investidor e rico proprietário no Rio, casando-se com a
fi-
um senador e conselheiro de Estado. Monteiro recebeu seu título do imperador, mas do sobrinho deste, o rei de Portugal. Este mo-
ntiu o título ao filho de mesmo nome de Monteiro. Dois dos
se tornaram titulares brasileiros: o barão de Maia Monteiro. a trajetória do barão de Nova Friburgo, Antônio Cle-
; E E “mbem
(1795-1 869). Português de nascimento, morreu rico e bem-
Rio. Na verdade, era um dos mais prósperos comerciantes dos próceres do Império. Seus filhos receberam os títude São Clemente e conde de Nova Friburgo. Os dois, evi-
*specializaram-se nos negócios, nos dois setores do impé89
rio econômico
de
negócios e
que
herdaram.
São do
€ Clem lei ente
proprissetário, entrando no m Ec
vetar da Caixa onômica e Monte de Ena de poupança e hipoteca do gov “9cor
enri Fiqu
Hinanço ?
do Rjig
“omg
concentrou-se nas plantações as café, AMO Friburgo, portas
titulares e morreram
cobertos
de honrarias
SCasaram..
Sua,
O barão de Itamarati (1806-83), outro Pelo Impér
Msg
ro barão de Iamarati (morto em 1853 na » filho sorrente O primeiro Iamarati era um 3), ] exempli ra ifica também
sano do mundo comercial carioca O segund, og I .Os mo proprietário, importante financista e investi
tentava ao morrer uma impressionante lista
ris na
:
'
do êxito completo de uma carr de eira lj Co;e,te, sá igada às posstítu ibit:los daCort
da Monarquia,
às poss bilidades de e
Podemos inclui l r ainda y entre ess “SS Portugueses, Bonito, João Pereira | arr : igue de Far O (18
de
nascimento
(ele era
E
carioca)
viscondo
03-56). o NãoNéPor
ser
a ;I jo NR
no
mito, o era, As trajetórias tanto d 5 Porque seu pai, » Oo barão : i padrão dos demais casos, O pai,impor ea Ga SEEM O memo eista e detentor de inúmeras honrarias impe riais, fez todo E DS Ma mas
pc
e
ta assegurar ao filho uma educaç ão condizente com nin a e
lhe estava destinada. O segundo Rio Bonito tornou-se ; empreendedor, entusiástico incentiv ador de ferroviaEs s pa
proprietário e membro de várias com issões important A : T a figura notável da Corte, deputado e vice-pre sidente da otário
de Janeiro, vice-presidente do Banco do Bras il e tio do terceiro barão
do Rio Bonito.
Por fim, entre os membros
do Cassino, encontram-se alguns que
faziam parte do grupo de baianos que exerceu eno rme influência em
ambos os reinados. Como, por exemplo, Joaquim Francisc o Alves Branco
Moniz Barreto (1800-85), filho de um funcionário do sistema judiciário
Colonial, que se formou em Coimbra e tornou-se magistrado, antes d
abandonar a toga pela política fluminense e o j rnalismo políier Tansformou-se em figura eminente nos mei jornalísticos, fundanto J “editando o influente Correio Mercantil (1848-68), por meio do
ajudoua delinear o pensamento, a literatura e as lutas
Berações que amadureceram no Segundo Reinado. Outro baiano que se destacou foi um mestre!
O marquês de Monte Alegre, José da Costa Carvalho ( 7
bém formado em Coimbra e que iniciou sua
nado, desempenhando importante papel na oposição 90
o ke
Ê
À
di Assembléia Constituinte de 1823, assistira à derrota de
Ea
sua pat
seguida, tinha
e :
no
estabelecer uma nova base política em São Paulo, onde
o com a filha de um importante clá local, e logo asceno jornalista proeminente e editor, no então dominante Partido
o DR
O
o golpe no qual dom Pedro 1 fechou a Assembléia. Em
tarde, ainda como deputado liberal pela província da Ba-
sua ascensão às fileiras da oposição e depois foi um dos
entes a governar após a abdicação de dom Pedro 1,
o como muitos que mudaram de posição política no períofa do conturbado da Regência, Monte Alegre logo se destacou nas novas
fileiras conservadoras. Ali,apoiando a Monarquia com firmeza, alcançou inusitada projeção nacional, como negociador confiável do jovem imperador € das forças centralizadoras que o sustentavam, As recomas por seu empenho não demoraram a chegar: primeiro foi eleito deputado por São Paulo, depois senador por Sergipe, em seguída foi agraciado com os cobiçados títulos de barão, visconde e, por fim, marquês. Conselheiro de Estado, presidente de São Paulo e do Conselho
de Ministros, não houve nenhuma honra que não lhe tivesse sido con-
cedida pelo imperador ou por seu partido, Nosso último exemplo, o marquês de Abrantes, ao contrário de Monte Alegre, desde cedo gozou dos favores imperiais. Miguel Calmon du Pin e Almeida (1796-1865) pertencia a uma importante família de fazendeiros baianos. Formou-se também em Coimbra, e participou da Assembléia de 1823 como deputado. Mas sua carreira não passou por oscilações dramáticas, como a de seu conterrâneo. Abrantes acumulou
uma impressionante coleção de honrarias oficiais. Após representar a Bahia como deputado, manteve-se em evidência como ministro, senador, membro do Conselho de Estado e do honorário Conselho de Sua Majestade. Foi diplomata especial na Europa, prócer do Império, filantropo renomado, patrono das artes e anfitrião de salões, bem como in-
centivador da indústria e da agricultura. Abrantes morreu respeitado
como personagem poderoso do Segundo Reinado, coroado com a repu-
tação de um dos mais elogúentes oradores do país.
Estes homens ajudaram a conferir prestígio ao Cassino, na fase prós-
Pera da Monarquia. Seus sucessores garantiram o elitismo do clube em épocas menos gloriosas. Entre eles, por exemplo, está Antônio Francis£0 de Azeredo (1862-1936), um nome que será mencionado várias vezes
Nas páginas seguintes, Um dos principais articuladores políticos nos bas-
tidores da República Velha, Azeredo era uma figura de grande projeção :
do qual tornou-se vice-presidente, e também na sociedade
como dono de um famoso salão, Vale mencionar também Car91
tos Buarque de Macedo,
um dos mais destacados empresári
da capital federal em rápida expansão. Há ainda Fernando 1
Almeida, filho do senador Cândido Mendes de Almeida,
homônimo deste último, conde papal. Um carioca (n. 185 À
sua devoção aos interesses da Igreja, Fernando Projetou-se; mo jornalista, editando revistas literárias e científicas, e como
do respeitado (formou-se em São Paulo), Outro advogado que frequentava o Cassino éum
as
de membro da elite. Sua carreira assemelha-se àquelas dos
ciais do Cassino,
exceto por ter sido evidentemente
interro
golpe republicano de 1889. O barão de Homem de Melo (a,
cisco Ignácio Marcondes Homem de Melo, nasceu na pro
Paulo, filho do barão de Pindamonhangaba, alto oficial
cional. Homem de Melo formou-se em São Paulo, mas de
ao ensino, à política e à administração de finanças en ao direito. Lecionou na Escola Militar, no Colégio Pedro Nacional de Belas-Artes. Foi nomeado presidente de diversas províncias inspetor de Instrução Pública no Rio, diretor do Banco do Brasil Ei sidente da comissão encarregada de completar a importante ligação fer-
roviária entre São Paulo e Rio. Seus talentos e serviços foram recom-
pensados com uma pasta ministerial e um lugar no Conselho de Sua
Majestade, bem como por um vasto número de títulos honoríficos e par-
ticipação em sociedades literárias e científicas. Com o advento da Re-
Homem de Melo abandonou muitas de suas atividades, resig-
a exercer a advocacia e dedicar-se a seus interesses literários
is Quartim (n. 1854), é um caso típico. Seu paie homôni-
como comerciante no Rio, foi fazendeiro, corretor de mantendo estreitas ligações com um dos mais imporera jenses, a família Rodrigues Torres, cujo:
do Partido Conservador no Segundo Rei
poderoso tanto na cafeicultura quanto na pol
tim herdou do pai a sociedade com um dos Rodri
cio de uma carreira que o tornaria, por sua vez, notável À E financista na praça carioca. Dentre os cargos que exerceu & 1 0 de procurador do Conselho Municipal do Rio; diretor, €
dente, da Caixa Econômica e Monte Socorro; membro pet Lavourtê
do Centro Caixa de Amortização; co-fundador e diretor
92 ga ; do
.
|
diretor do Hanco do Brasil, Voltaremos a encontrádo ao an salões mala Importantes da belle époque,
contre
colmos, divíduos anal, portanto, que circulavam pela alta socieÀ tanto no Iníelo do Segundo Reinado quanto no início da cutloca velha, 1 eram entes on homens que levavam suas esposas € dade Rupia ou encontros é confraternizações entre pares no Cassino. Mas for PO venia VOZ mala, para a instituição propriamente dita, e veja-
e
ela ainda pode nos revelar,
Aquas do prestígio que gozava, O Cassino passou por problemas
financeiros apartir de 1860, quando a construção e decoração de sua
magnfíica sede não conseguiu atrair recursos adicionais de patrocínio. pividas e ameaças de fechamento tornaram-se teudas diretorias que começaram, já na década radamente uma saída,“ As dificuldades no esacerbadas pelo declínio econômico de muitas
preocupações constande 1880, a buscar desesperíodo podem ter sido famílias fluminenses tra-
dielonais, provocado pela crise nas fazendas de café.” E, numa análi-
se mais atenta, percebe-se que as ameaças à antiga elite, manifestadas
durante a década de 1890, pouco contribuíram para atenuar o problema. Muitos diretores do Cassino mudaram-se para a Europa após a proclamação da República, preocupados com os desafios radicais ao status quo, com os sentimentos antilusos, com os golpes e contragolpes dos primeiros anos e com o colapso econômico da praça carioca. Na verdade, entre 1891 e 1896, realizou-se apenas uma reunião da diretoria do Cassino, para se eleger os substitutos daqueles que haviam deixado
0 Rio” Diversos membros da elite e suas famílias jamais retornaram
ao Brasil, As temporadas periódicas em Paris, uma prática comum en-
tre eles, foram prolongadas indefinidamente. Enquanto viveram, consA
uma colônia aristocrática que aguardava os desdobramentos
dos eventos iniciais da recém-nascida República.”
A mudança de nome do Cassino para Novo Cassino Fluminense 1891, os numerosos expedientes para rever os valores das cotas e do el das instalações foram medidas que conseguiram apenas posterapuros financeiros e administrativos da sociedade. Em 1898, com no do poder pela elite sob o governo de Campos Sales, assinainício da belle époque carioca, o Cassino tentou uma recuperaOu
a abrir suas portas todos os dias, mais como uma espécie culino, no qual os sócios se reuniam para jogar e frequen-
leitura da biblioteca. Em 1900, começou uma fusão inforClub dos Diários, que alugou o segundo andar por uma quanE ao mesmo tempo em que facultava aos membros do to de participar das funções do Club e usar o espaço
93
alugado para asatividades pr dp
do Sanini
Cinco anos
de.
tudo, a dissolução iminentee a falência financeira ley; aram a om « Is, a das discussões (1906-7) sobre duas ofertas de fusão, Uma da p. Pta. aus ala al resultaram Na sua fig: Jockey Club e outra doa e
ção e fusão com este último, em 1908.
"Qiga,
É preciso notar que à elite: carioca representada NO Cassino a por uma gradual transformação, em termos sócio-econômi, a e correr do período. Como foi visto, alguns membros da fase final do
a que Pertenciam sino estavam ligados ao mesmo tipo de ambiente
primeiros sócios.” No entanto, suas fontes de renda, interesse S E mo.a do de vida refletiam as mudanças no desenvolvimento SÓcio-econômico
do Rio de Janeiro, e, portanto, nos critérios para a admissão de Novos
membros na elite durante o período de mais de meio século que sepa.
rou o nascimento e a morte do clube. Seria por demais simplista afirmar que os fundadores da institui.
ção eram todos latifundiários enobrecidos, estadistas e grandes comer.
ciantes, e que os membros da fase final, por sua vez, incluíam nego-
ciantes burgueses, políticos, profissionais liberais e financistas. Mesmo assim, há certamente uma verdade nesta simplificação que indica as
transformações por que passava a sociedade de elite. Os fundadores do Cassino ocupavam posições estáveis na Corte e na administração imperial, eram políticos formados em Coimbra, em alguns casos profissio-
nais liberais, fazendeiros titulados e comerciantes, além de homens de negócios (comerciantes e homens de negócios, vale lembrar, de origem
Portuguesa, que em geral diversificaram seus negócios, passando a atuar
também no ramo das finanças, do mercado imobiliário e da agricultu-
Ta). Ou seja, formavam um grupo coerente com o que se esperava encontrar na capital de uma Monarquia que servia de entreposto em uma
economia colonial basead a na exportação de pr odutos agrícolas e má importação de manufa turas. s que cendenAquele tes de fami dirigigiam o Cassii H no em sua fase final, quase toi dos destornado be pis
ílias tradicionais, haviam se adaptado à nova era e se elementos urbanos. Ainda restavam alguns co-
- Ca
como vimos. Mas os políticos eram agora
faculdades de São Paulo ou Recife, e não mais
“ducados em Coimbra. E, mais importante ain:
Cassino elementos obviamente urbanos:
burocratas e profissionais. O númeum, em nossa pequena amostr?) divíduos com ocupações sim”
que chama a atenção ago"?
má propensão malor para as atividades urbanas, finanças e negócios
nho urbano, profissões urbanas e mesmo origem carioca, Sinto-
de e mente, havia menos representantes da elite típica do Segundo Reios no geral combinavam agricultura com comércio e se dedicaqrês ou quatro atividades diferentes, Era mais difícil encontrar po indivíduos que possulssem ainda um pé na província e outro na capital termos de investimentos, política e atividade empresarial,
O Rio tornara-se um centro burocrático-industrial-secundário “modernizado", com uma população imigrante em expansão e um comércio urbano próspero, Infra-estrutura e instituições financeiras adequadas.
A Corte e as plantações de café haviam desapontado seus aristocratas,
mas os setores comercial, industrial e burocrático urbanos passaram a oferecer alternativas lucrativas a eles, à seus descendentes e aos novos
participantes.
O Club dos Diários Na verdade, o próprio Club dos Diários (fundado em 1895) exprime as transformações nas circunstâncias e nas ocupações da elite carioca. Sob este aspecto, os nomes das agremiações são bastante reveladores. Os termos “cassino” e “fluminense” sugerem o antigo modo de
vida. O primeiro remete à noção de diversão aristocrática; o outro, que no Segundo Reinado indicava tanto a província quanto a cidade do Rio de Janeiro, exprimia a tradicional coincidência de interesses entre am-
bas, a pulsação da riqueza e do poder que fluía entre os latifúndios e
a capital portuária,
Já “club” e “diários” referiam-se a idéias mais adequadas às vogas contemporâneas. O termo “club” originava-se diretamente dos cluque surgiram em Londres no século xvil e chegaram ao apogeu em
Paris
e Londres no século x1x como locais onde se reuniam os cavalhei-
tos refinados, Mais importante, “diários” apontava para uma nova reans
lade
ocupacional das elites urbanas cariocas. O termo deriva das via-
diárias a que se obrigavam aqueles cuja riqueza e posição lhes Mit a veranear no fresco refúgio serrano da elegante Petrópolis, mas
te exigia deles que percorressem o caminho de ida e volta
escritórios cariocas, a cada manhã e tarde, num ritual tedioso tanto os deuses da moda quanto os da riqueza.” ao passado a época em que os homens de negócios, cotendeiros e membros da Corte simplesmente passavam sepolis, ou se refugiavam em seus latifúndios para escamais quente e insalubre do Rio. Durante a belle époque, 95 Ae
O. fortuna exigiam uma vo local de obtenção de g : E e E O novotelê horas para um numer o cada vez maior deh AM moia equase
o Ro e gem
6 h ária
a
PE
elite.
i
Ê
:
de vida da elite, é i gualmente: apesar das alterações no modo Petrópolis, por cem. nnE,
mens da eli
ar os elementos de continuidade. esc iq estância de elite, desde que dom Pedro empre fora uma plo, semp ” do veraTiato elegante. Além disso, os sócios do Club
postura aristocrática, por K dos Diários conservavam uma inequívoca seus fundad;
Muitos de que se dedicassem à atividades burguesas.
-se a diversões consid eram titulares, € O próprio clube dedicava do elegantes, adotando a mesma atitude seletiva característica mais ambi Não só havia matinês, como se promoviam eventos
Diári Um convite do ano de 1900 dizia: “A Diretoria do Club dos
vine a V. Ex. que O primeiro grande Baile realizar-se-á no Cassino
”.* minense, às 10 horas da noite de 25 do corrente
Havia também um importante elemento de continuidade no: de pessoas que fregientava o clube. Por ali circulava, por exemp
“conde de Figueiredo, conhecido banqueiro, financista e economi
yrócer do Império, com o qual iremos nos deparar nas páginas seu genro, Luís Felipe de Sousa Leão, cujo pai poderí: ido no Cassino. Ou José Carlos de Figueiredo, filho do
n importante nos negócios e finanças que desempenhava, tam-
de destaque na sociedade, auxiliado por Heloisa de Figueiosa e uma das maiores beldades da época. Havia ainda Care Macedo, empresário que se destacou enquanto diretor barão de Santa Margarida, um dos primeiros presiden-
t-diretor do Cassino.
poderia ali ser encontrado era Rui Barbosa, mem-
Sua Majestade e, como mencionamos (e analisare-
r
isiva na política da República Velha. Ou então
filho do barão do Bananal, sem dúvida aparenta-
Miranda que constavam da lista de membros do oão do Rego Barros, de uma antiga família per) e empresário de serviços urbanos, patrono de um
O chique no Rio de 1898. Seria possível também en
Chaves, jornalista e editor famoso, um dos fundadode Gazeta de Notícias. E ele poderia estar conversando com Antônio de Azeredo, figura conhecida no Cassino. Pois Azeredo, em sil"
que o levou ao Senado e o tornou £ ii com a carreira política também jornalista político e editor. imo de Rui Barbosa, era
Provavelmente veríamos Antônio Januzzi, o poderoso empreite! 96
mM
at
pon va
artteipor datetaminento da criação é
BOA
5
encontrar Ieodoro eaoafalio Erata'
do Fi Ereegihentado ada renomados
Club Iulvez dá ti o nistortador do Canal e do Jovkey FER Fio, homypresr tachos
da versando com paola Eliane CEO de
tenha preterido dialogar vim K qembro do Cassino). Mas dunusol passos, engenheiro construtor de forroviga e ompro rj gro e
a encontrar mais NINO o Maussmanh val foca ça quero voltarem Eron
aianto Camo poreita Passos não entlvesse le quem nalve neu filho ——
Mil isca de Oliveira Passos, enpenhetro eautor do projeto do Teatro
Santos cu Panuizal, cipal = não estaria? E, conversando com Villela dos que,
verjaitos Francisco teixeira Leite Quimarâea um advogado palatode
um de calé, genro no Ria, se tomou empresário urbano e corretor e ele próprio membro de ma amigo de Januzzi, O barão do Rio Negro,
e extensa família de fnzondelros e comeretantos
já comentados do Como O revelam estes sócios e outros anpector continui
a Club dos Diários, Inúmeros eram os vínculos que garantam
€ 0 grupo dade entre à antiga alta sociedade que Ireqtentava o € “asno
Cassino pele dpoque do novo elube, Entre as diretortas da fase final do
mente não se cas administrações iniciais do Club dos Diários pratica Diários re registrava nenhuma diferença, As mudanças que o Club dos refletiam as transições econômicas que poderiam estar con esentava da manu em gerações de um mesmo tipo de Bamília, Isto, ao lado
como dos entretenimentos e da etiqueta do Segundo Reinado, bem de personagens deste último período, ajuda a explicar a faci : m que o Cassino acabou por se fundir ao novo clube, Tanto
simbólicos quanto materiais, ocorreu uma substituição da da base de riqueza e poder (o café fluminense) para
quanto materiais, muita coisa referente à elite e ao permaneceu inalterada, Era isso, afinal, o que se pre
eguimento à tradição do Cassino, apesar da passagem
dos San mudanças circunstanciais, Como disse Villela de posse: essante mistura de nostalgia e sentimento uldades, ado Cassino Fluminense, apesar de repetidas dific
tradições. outra sociedade recreativa terá mais belas 64 anos, às mais se realizaram, no longo período de
u O do belo ediiparecimento da sociedade não acarreto ios de modo a po O ser executadas pelo Club dos Diár truído, Ir a preencher os fins para que foi cons
pouco.
DO
mm
O Jockey Cub Muitos
—
E talvez a maioria
daqueles
mesmos
E
indiy tdaoa é
ticipavam das elegantes reuniões do Cassino e do Club dou Didri a ê
bém pertenciam ao quadro de associados do
Jockey Cluh *
ao
imepirou-se mo Jockey € luto francês, ou inglês, pois ambos “imo a importância atribuída ao turfe pela alta sociedade dos dom had ' a canal da Mancha. Desde o século xviti os clubes destinados à de cavalos serviam de local privilegiado para a diversão e o enconir
aristocratas ingleses. Em Paris, 0 Jockey Club foi fundado, em EM
ta mais elegante aristocracia anglomaníaca da Restauração Frances P desde então reinou como um dos clubes mais exclusivos da cidade? Intentos similares levaram à fundação do Jockey brasileiro. E mta
um pequeno grupo de entusiastas criou o clube, devendo o NONE é um
considerável impulso a um certo major João Guilherme de Suckow
6
major buscara em vão O apoio do governo imperial ao fundar. em tus
o Jockey Club Fluminense,
no qual foram
organizadas duas corridas
espetaculares em 1851. Seus esforços, contudo, não lograram êxito Max
a iniciativa de 1868, baseada sobretudo nos recursos dos sócios e dx
lores, foi extremamente bem-sucedida. Seu objetivo declarado
s o de realizar “corridas de cavalos”. Em 1871, estreou o pr r ue inglês do Jockey. Dois anos depois, foi adquirida, o nordeste da cidade, uma área especial para a realização das
primeiro Grande Prêmio realizou-se em 1874. No início dy que algum outro prado no mundo desfrute de tal vista
am
ps
gloriosas à toda volta, e vislumbres da baia |.) la principal é uma construção muito bonita, e pode wo
Arrisco a dizer que havia 2 mil ali, hoje, de mon
para se moverem confortavelmente O cones espaço
O local em carruagens de gala |...)
+
E, como as corridas são algo inteiramente exótico, &s cavalos correram hoje como fazem em Epsos
cavalos, como
r um incentivo à impo
e
c es “equestres” do dro das atividad
ss, ou um valo caa id para corrde
Do ei a pa voltada
a
Jock fisse se poderia dizer que o lug
da década de 1890, assim como o Cassino
1º)
pouco não fechou as portas.“ Por que, então, o Jockey *º”
+
BRR desfrutando do favorecimento permanente da elite? Mesmo as tentati
vas fracassadas de Suckow em 1851 atraíram a Corte imperial e O res-
tante da sociedade. O motivo é simples. Eles — assim como a extensa
Jista de futuros membros do Jockey — provavelmente não se reuniam por amor ao turfe e aos belos animais, e sim porque o Jockey era um
tipo de instituição cara, aristocrática, prestigiada, à qual era aconselhável pertencer. Até mesmo o fato de relatar as corridas de cavalo já conferia elegância aos jornalistas, estabelecendo um vínculo entre eles e as corridas de Ascot, o seleto quadro de membros do Jockey parisiense e as refinadas exibições em Longchamps. Em 1910, por exemplo, o “Con-
selho Diretor do Centro dos Cronistas Esportivos, em sua sessão de 18 do corrente, resolveu oficiar coletivamente apresentando ao ministro da Inglaterra pêsames pela morte do grande sportman [sic] Eduardo vai, O registro da presença da Corte imperial em 1851 pode se metamorfosear facilmente nas fotografias da belle époque em que presidentes da República e seus ministros são vistos deixando a pista, envergando cartola, com uma bengala em um braço e a mão enluvada de branco de uma dama no outro.” A Monarquia podia cair, e ser substituída pelo regime republicano, mas a alta sociedade e o Jockey permaneciam. Já se mencionou a tentativa feita pelo Jockey de se fundir com o Cassino em 1906, Deve-se registrar também que, ao longo de toda a belle époque, o clube promoveu chás vespertinos em sua magnífica sede na Avenida Central.“ Em uma ocasião, o cronista esportivo do Rua do
Ouvidor comunicou a seus leitores: |
Uma nota chic — O sr. Álvaro Martins, arrendatário dos bares do Jockey
Club, inaugurará amanhã no jardim do recinto das exposições dessa socie| dade um serviço de chá, que será feito em pequenos quiosques, de estilo japonês. É uma novidade para os nossos furfmen, sendo também uma no-
Chic para as festas do velho Prado Fluminense.”
o mais prestigiado clube de corridas de cavalos, capaz de
mesmo seu maior rival (o Derby Club), o Jockey, ao pro» diversões para a alta sociedade, obre o Rio elegante. A lista de portantes, antigos e novos, da ano esplendor da monumental bem longe do som e do
ampliara a imensa atraassociados estava repleelite carioca, um grupo sede do clube, construícheiro dos cavalos que
ia especular sobre os motivos da sobrevivência financeira
ao contrário do Cassino, conseguiu passar incólume pe-
Ências e mudanças sócio-econômicas da virada do século. Tal-
A
| |
vez a instituição tenha conseguido manter o patrocínio du elit y gor
financeiro
porque
se
mostrou
bastante
esivel
vm
tel
dospisda
sucessivas mudanças no gosto é na composição da elito A receita do Jockey era relativamente aiimplos Repr tra corridas de cavalos (e portanto 0 imprimarur da atistovracia iropis : alto custo (erigindo a desejável barreira de exclusão de classe) e q Do esnobe (o mais venerável é exclusivo clube do gênero, comprado 4 tro de uma tradição de elitismo, atraente sobretudo devida à ita dade e à relativa novidade de tantos aspectos da elite eneioca) Ainda que se possa fazer afirmações semelhantes aubre q « amino
e seu sucessor, havia outro aspecto que diferenciava o Jockey. fiufa ”
uma instituição que, em seu principal entretenimento, exiuta tina party cipação passiva: as pessoas observavam, os cavalos desempenhava Na Cassino e no Club dos Diários, esperava-se dos próprios associados uma participação ativa. E as formas pelas quais desempenhavam seja pa péis não eram perenes; pelo contrário, faziam parte da antiga sociedade
do Segundo Reinado. Nestes dois clubes, era necessário conhecer dan ças complicadas, participar de bailes grandiosos e pôr em prática huh lidades sociais intrínsecas a uma sociedade maneirista e cortesa, cuja joria dos membros estava em via de desaparecimento no Infe da
a de 1920.
O Jockey teve sua fase de bailes, como vimos, mas eram dançar o, e não bailes de gala; eles duraram enquanto o gosto da elite
r, e as atividades cortesás tornaram-se mais raras, O legítimo hor jo Cassino, o Club dos Diários, foi forçado a fechar as portas Jockey simplesmente alterou alguns itens de seu cardápio, man a sua entrée equestre; a instituição sobreviveu e prospe
era, deste modo, uma tradição da qual podiam part
nº famílias recém-enriquecidas e sem tradição, quanto que haviam perdido a prática ou 0 gosto por de seu passado.
talvez constt ição a ser discutida, o Teatro Lírico,
exceção ao triste destino reservado nos teatros cariocas O
alo x1x.? Fundado em 1871 no largo da Carioca, próximo Se
tro da Cidade Velha, este teatro funcionou até 1934, assumindo bla
tância social marcante tanto no Segundo Reinado quanto ne Mt 100
de suas instalações nem à exje não deve sua projeção ao luxo se apresen-
na EleJe seu
velha
colência am
tavasa
ali projeto acústico. Ele era o teatro porque
» ental para a alta sociedade curo speras, € à ópera — fundam iocs À ' cava o ponto alo as € a elite carioca. A ópera mar des
também era crucial para
va n a elite carioca,” ua at l qua no o an of pr É palco É que os casaisor jaja SA O» O com despeito, o preço icano cínico registrou, amer
E
inião a respeito: pela ópera, e sua op r ga pa a tos pos dis avam rocas esta e azer com iro, a ponto de não saber o qu f e h n o m i t e d n u a s t s s o Aquele que p tecedem a queda do mentos felizes que an o r m s e o t e n r t m n a e j se tas otimistas é rudeele, é dese erão dos patrio o v h de n o o d s n o a r e u câmbio para 16, q da oportunidad para gasta ar a splêndi , ncontr mente desfeito irão e una ao fazer uma pequena fort O infeliz a da ópera italian (J oite de rá mais do que uma n ” nalmente.
um e rada s para a iminente tempo a v r e s e s r a u s tiesta renda não permi o indivídu cuja mod cioo, irá, é claro, pagar propor ã ç a p i s s i d
etáculos, o teatro em si, com esp dos ade lid qua a se fos Fosse qual ava respeito nem es despojadas, não inspir
açõ seu edifício precário e instal enses. Foi tumadas aos teatros parisi os ac s soa pes das s gio elo arrancava mo une ciratriz parisiense Réjane, co descrito certa vez pela famosa m custogerações da elite adquirira que* Mesmo assim duas ou três a música e com elas o direito de ouvir sas assinaturas do Teatro Lírico, orme a crença da época. Mais imp em sua forma mais elevada, confor hia dos
e de fazê-lo em compan tante ainda, adquiria-se a possibilidad ricano se assustava com a SOcidadãos mais elegantes. Enquanto O ame instalações, os críticos regisa ma despendida e a francesa desprezav as
travam entusiasmados:
o Lírico a companhia lírica Na noite de terça-feira última estreou no “Teatr
Sansone, estando conhecido e infatigável empresário cavalheiro Giovanni do a sala quase cheia. Tudo o que a beleza, o talento e a elegância têm de mais fino, ornava os camarotes, cadeiras e varandas. Peg
si x
s de grandes e esplêndidas flores de carne, as figuras deslumbrante
a
e senhoritas apareciam no enquadramento dos camarotes,
lo à sala o aspecto de enorme exposição de floricultura animada.”
giram e desapareceram Corgo — e houve muitos que sur as, comédias leves, vaudeve, dramas boo brasileiras eportugues te. Só o Lírico oferecia as obras dos grandes com; Ticebes, e Assim DOr dian italia-
a =
Na que ma estas pérolas:
hia operísticos. Em 1898 uma compan quentadores cm uma excursão anunciava aos fiéis fre
M
Huguenotes, ana, Aida, La Gioconda, Otelo, Les
101
perto il Diavolo, La Bohêmie, Méphistophéles, 1
puuste, Rigoletto, ROLA Lombardi, dt
a o
a a
valteria Rusticana e, é claro, 1 Gug.
A também algumas novidades:
“André Cher.
de Saint-Sabns, La Ciordano, Samson e Dalila, ssenet” do Lírico tinham sua ópera interpr
mados artistas: vez em quando, pelos mais reno ae da mesma forma que con mo Tito Rufo, Caruso € outros), rcionadas
e melódicas propo outras atrações dramáticas que anualmente atormentavam: nhias européias em excursão, que à:
dizer também cionavam a alta roda do Rio. Pode-se
e o tormento — ter sido duro distinguir entre a emoção
juvent uma cantora ou atriz era um rito apreciado pela mo nosso cínico americano observou:
Uma atriz causou, aqui, o seguinte efeito sobre um crítico; *
duz êxtase, ela impressiona; ela não atrai, ela domina e;
sempre comove, mas sempre subjuga”. Nós não sabemos: metido a tal desgaste, ainda existe, ou se sucumbiu, *
A importância da ópera para a alta sociedade pode
tratamento recebido na imprensa. Evidentemente, os pel
tavam com regularidade o desempenho dos artistas. No mais importante era o destaque que davam ao modo co; tidas as mulheres proeminentes (os homens, é claro, semi noturnos formais). Tais descrições eram feitas em fran: de teatro, que especificava o camarote ou a poltrona a
Na verdade, os leitores cariocas — de uma reportagem, di uma apresentação de La Bohême — aprendiam mais so que sobre o destino de Mimi. Enquanto a pobre bohémie palco, liricamente, o crítico informava a seus leitores que Dentre as lindas e riquíssimas foilettes destacamos as
Camarote de 1º ordem à direita, nº 21, Mme. e Mile. R
da, Mme. en satin bleu brodé, de jai noir, Mile. en satin
Idem, nº 23, Mme. F. Casemiro Alberto da [sic] e Mile. Diéd en soie rose recouverte de tulle en soie garni de perles et brod: [sic] pailleteé [sic] dor. Mile., en soie crême.
jau
Idem, nº 23, Mme. e Miles. Eduardo Guinle, Mme., en soie blandl couverte de tulle noir brodé e jai, Miles., en crêpe de chine blanche
ao teatro sabendo precisamente qual a poltrona de assinatur Ta-se upada por certa dama de destaque, e que ela estaria usando u
o, confeccionado especialmente para à ocasião. 102
Um
E, sobretudo, cuidava-se das toaletes. Diziam que certas damas da haute gomnunAo ostentavam vestidos riquíssimos em competição que, infelizmente,
ca deixou de se repetir. As de origem mais humilde, que tinham tido acesso têSociedade) pelo dinheiro, eram verdadeiras vitrines ambulantes, Rivais co nhecidas formavam partidos no sereno e surgiam os episódios pitorescos.”
O que se avaliava era a riqueza eo gosto dos membros da elite, densro de um contexto e de a linguagem consagrados pelo todo-podero-
«o paradigma europeu. Há, no entanto, ainda outro aspecto. O Líri-
co, como os demais clubes sociais mencionados, funcionava como local de encontro da elite, no qual se conversava “informalmente” sobre os
negócios. Um estrangeiro notou a inusitada duração dos intervalos, que
possibilitava tais contatos, e as lembranças dos freguentadores regis-
+ram a importância que a ópera poderia ter para uma carreira.” Em
suma, a importância do Lírico não
derivava do fato de representar
no palco as fantasias da elite, e sim de tornar manifesta nos camarotes
a própria realidade dela. Pode-se argumentar, à guisa de conclusão, que o Lírico, assim como o Jockey, sobreviveu por oferecer uma atração da mesma ordem.
O Lírico reunia elementos comuns ao Cassino, ao Club dos Diários e
ao Jockey — uma atividade tida como elegante segundo os padrões eu-
ropeus, o elevado custo de admissão que selecionava a fregiência e um apelo esnobe nascido da tradição elitista —, mas compartilhava apenas com o Jockey a característica de proporcionar, como principal atrativo, uma atividade que não exigia muito de seus frequentadores e era independente de modas passageiras. O Lírico oferecia, também, uma atração da qual as novas gerações, ou os novos-ricos, poderiam tomar parte sem que necessitassem de uma preparação tradicional. Como no caso das corridas de cavalos, a ópera exigia apenas uma participação passiva. Apesar de certa familiaridade com a arte torná-la mais palatável para aqueles que sufocavam numa gravata branca ou num corpete parisiense, todos concordavam que a ópera em si era secundária, comparada à ostentação evidente e à congregação da elite, que era, de fato, o centro dos acontecimentos. Parte da platéia, de acordo com o que se dizia na época, tinha apenas uma vaga idéia do que estava ouvindo.” Mas todos, sem dúvida, tinham uma noção precisa do que estavam fazendo.
' Uma Série de pontos comuns tornam-se evidentes na análise destas
duas últimas seções: o tipo de atividade a que estas instituições ostensi-
Yamente se destinavam; o elevado custo de admissão, que servia de bar-
À
ema; ea exclusão social praticada ativamente em pelo meeles (no Cassino, por exemplo, ou no Jockey). Estes fatores o Caráter declaradamente elitista de tais instituições. Nossa pes-
sobre vários indivíduos proeminentes certamente corrobora este 103
tato. Mais importante, porém, é um
fato ligeiramente Menos
Quaisquer que fossem os objetivos à que se propunham (danças
tão, convívio, diversões elegantes, corridas de cavalos o Apreagi de óperas), é inegável que estas instituições exerctam consta fluência sócio-política. Elas serviam como cenário informal indivíduos e famílias ostentassem sua riqueza, exibisseny aum sócio-econômica e revelassem em público sua cultura, Na alta
de do Rio, cujo modelo derivava de um paradigma aristocrali
peu, tais instituições sociais permitiam que so demonstranse 0] cada um (ou o direito de cada um a seu lugar) dentro da elite o pela assimilação do estilo e do comportamento de um ah
europeu,
4
Além desses aspectos, no entanto, as instituições citadas ma a outros fins, igualmente importantes na vida da alta sociedad como se viu no caso do Teatro Lírico, esses locais permitiam q gação ampla e pública dos membros da elite (e de seus possíveis bros) e o tipo de atividade dela decorrente; discussão discreta d cios e política durante as pausas e intervalos, por exemplo, ou de conluios e alianças durante o almoço. Convinha, afinal, que quena elite em uma cidade pequena, onde tanta coisa era resolvidi a cara, tivesse tais lugares à disposição, parte integrante da ro! pessoas para fazer Os importantes contatos que uniam riqueza,|
e influência. Esses procedimentos não diferem daqueles adotados no mui
hoje — apesar de sua extensão ampliada e dos meios de comuni — de modo a exigir maiores explicações. Mas o exemplo que segui de ser ilustrativo. Nele, é possível ter um raro vislumbre dos me
mos informais da elite carioca. Trata-se de uma carta enviada senador a outro, em 1903:
Rui O Rio Branco foi ao Senado e esteve comigo e o Pinheiro até depo 2% horas da tarde, mas tinha ido procurar-te e não a nós, pois, cam
falar-te, e como receasse que ele o não encontrasse no escritório,
vei até lá. O Pinheiro, porém, lembrou o alvitre de almoçarmos junto! nhã, o que ficou combinado, apesar do Rio Branco já ter um compro so para almoçar com os bolivianos. no e Aceitando à lembrança do Pinheiro, combinei que almoçaremos o dos Diários, os três somente, às 11!4 da manhã, cabendo-me é teu o *queoR. Alves pediu-me com muita instância que promovesse E tro com o Rio Branco.
nha paciência e vamos aguentar o homem amanhã, e como ne jar alguma coisa com o R. Alves antes do almoço, eU
das9 horas em diante. [...] É
104
Beljo a mão de D, Cota e fico às tuas ordens.
O amigo dedicado,
jussinado] Antônio de Azevedo”
A natureza e a importância dos encontros informais no âmbito de instituições como O Club dos Diários revelam-se no texto, sobretudo quando consideramos as pessoas envolvidas no exemplo. Rui é Rui Bar-
bosa, claro; Pinheiro é José Gomes Pinheiro Machado; Rio Branco é
o barão do título, é R. Alves é Francisco de Paula Rodrigues Alves. Ou
seja, q carta mostra três dos homens mais importantes da máquina po-
ítica em movimento no Senado, sentados para almoçar com o arquiteto da política externa brasileira, por insistência do presidente do país. Conclui-se facilmente que o baile seguinte do Club dos Diários não seria o assunto mais importante de tais conversas.
De modo geral, essas instituições contribuíram para facilitar o convívio social entre os poderosos e suas famílias. E, em consegiiência, as amizades, Os namoros e as apresentações pessoais e contatos que torna-
vam a solidariedade de classe e a administração das relações pessoais as atividades calorosas, e certamente eficientes, que caracterizavam a elite da belle époque carioca. O Cassino, o Club dos Diários, o Jockey co Lírico eram elementos tradicionais de apenas uma das estruturas importantes e influentes nas quais se definiam as circunstâncias do poder.
105
3)
O SALÃO E O SURGIMENTO DA ALTA SOCIEDADE
A breve descrição do Club dos Diários foi nos: SO Primeiro contato com o “alto mundo” carioca na virada do século. Para aprofundar e
contextualizar esta pesquisa, conv ém examinarmos em detalhe alguns dados biográfico
s, realizando um corte transversal, cuidadosamente selecionado, daquele mundo no período de 1898 a 1914, Desta forma, à complexidade e
a natureza extremamente pessoal das Orige ns, carreiras e relacionamentos dos membros da elite se tornarão mais claras. Tal pro-
cedimento nos ajudará a compreender melhor a realidade “vivida” do fenômeno social em discussão. As generali zações analíticas só poderão ser feitas apropriadamente após a tentativa de recriarmos este ambiente, bastante impalpável, por meio da abordagem de casos específicos.
1. A ALTA SOCIEDADE E SEUS SALÕES
NA BELLE ÉPOQUE CARIOCA
Um estudo dos periódicos da belle époque e de relato s posteriores da alta sociedade produz um a ampla lista de celebrida des sociais e mu-
lheres famosas. Conf or as pesquisas melhor compreensão desme ançam nos permit ses personagens, av vinculadose aos grupos emque uma ma m o “alto mundo”, certas figuras centrais se destacam. Algumafors Já va foram citadas, outras só agora serão apresentad Se, utilizei o salão co as. ! Para esta aná mo critério de li-
e df qu
q Pp
rios: 08361913) os
”
seleção. A instituição, por ser ad
n
minantes a ép Diápor um fregiientado r PISCA ao e ho PasÊ E. e reconstrutor
Rio, Francisco “89 Surpreende encontrádo -lo ali, pois desdePer ito Pemui 106
—
fazia parte da alta sociedade carioca. Além de sócio do Club E a Jockey, era conhecido como apreciador de reuniões sodo de charme indiscutível (apesar de seu estilo profistários
gi e ríspido).* Ao lado da esposa, cujos dotes de anfitriã
siona
iavibda com carinho pela posteridade, Pereira Passos coman-
ão em sua confortável casa na elegante rua das Laranjeiforam dava um filhos, Paulo e Francisco (**Chico"), também conhecidos ã À ras, 4 ae seus charme e talento, gozavam de boa reputação enquanto figuras
por s s da sociedade.”
gs
bord
is
5
Pereira Passos alcançara esta invejável posição social graças a um “bom” nascimento € à dedicação ao trabalho, em grande parte inova-
dor e crucial, voltado para o desenvolvimento da infra-estrutura do país.
No capítulo 1, acompanhamos sua trajetória profissional: a inusitada
vocação para a engenharia, a educação francesa e a experiência euro-
péia, os projetos ferroviários e o planejamento urbano, e a consagração
gloriosa em função da reforma geral do Rio, no governo Rodrigues Alves.
Em todas estas atividades (bem como em seus negócios particulares, na condição de proprietário de uma serraria de grande porte), Pereira Passos construiu uma formidável reputação profissional e uma fortuna considerável, que lhe valeram estima na sociedade, uma bela casa em Laranjeiras, a educação européia dos filhos, prolongadas viagens
ao exterior e diversas coleções de objects d'art, tributo a seu bom gosto
easuas posses. Como um homme du monde da belle époque, era ad+ mirado por seu gosto inglês pelas boas roupas e discrição cavalheiresca, pelo requinte francês na decoração doméstica, por sua fraqueza por muIheres bonitas (desfilava com a amante francesa pelas ruas do Rio)º e Pelo prazer que sentia ao entreter o “alto mundo”. Nas diversas foto-
grafias vê-se um homem de postura ereta, dominadora, olhos impetuo“505, cabelos brancos, bigodes e barba pontiaguda (ver fotografia na ilus-
:
3). Segundo seu biógrafo,
[..] fregiientava as reuniões públicas elegantes e gostava de receber os ami-
Bos. Os políticos de maior influência procuravam-no em casa [...] Procurava as rodas sociais, deleitava-se com reuniões elegantes e considerava-se perfeitamente à vontade no meio feminino. Era um galanteador fino, um Causeur espirituoso, sabia fazer-se admirar entre gente moça.”
Um velho amigo recorda carinhosamente que Passos morreu com idade superior a setenta anos, mas sempre com o
A
Fito moço. Fazia gosto conversar com ele.
espí-
Quando ambos deixamos a Prefeitura, mais de uma vez nos encontra-
— Mose
visitamos, em
Apesar da idade,
Paris —
e eu tinha grande
não desistira das
107
façanhas
prazer em
amorosas.
ouvi-lo,
E membro do Club dos Diários era também y ' Rui Barbosa (1849, e: o Hustre senador pela Bahia, Assim como Pereira Passos, Rui Barbosa mantinha estreitos João Barbosa 0 2 9 1 Apesar do pai, O baiano rural, lite el à m vínculos co ser médico, burocráta e deputado ocasional, o Casamento ivelra, de Oliveira com famílias de latifundiá, ramos da família Barbosa uniumol Orgulhosas Rio 06 Janeiro e so, Paulo, , Ruí entanto no rios da Bahia, Minas Gerais, Passos, Como Pereira us NUMErosos “qitulares” epriisaido
de se!
s: direito,5 jornalismo e eira em ativi dades profissionais urbana fez a política, das herdadas Paulo, Rui superou as dívi Bacharel formado em São
a posição de deputado ca prática advocatícia provinciana, alcançando o e jornalista da opona Corte, além da fama de abolicionista inflamad de ministro das sição, atividades que O ajudaram a conquistar a pasta de Rui nos Finanças no Governo Provisório de 1889.” O papel crucial consaprimeiros anos da República, como ministro, senador e jurista respongrado, revelou-se uma vantagem ambígua. Rui foi considerado
osão de moeda inflacionasável pelo Encilhamento, pela efêmera expl
especulação da, pelo crédito fácil, pelas corporações fraudulentas, pela to, seguida por frenética na Bolsa e pela transitória fase de enriquecimen pou dos boaum colapso econômico. generalizado. Nem mesmo Rui esca da, tos de conivência com um dos mais notórios beneficiados. Em segui govertendo perdido seu poder ministerial e se alistado na oposição ao vel no de Floriano Peixoto, sua situação política tornou-se insustentá e, no início da década de 1890, ele partiria par um amargo exílio em
Londres. Com a queda de Floriano em meados da década de 1890, no entanto, Rui Barbosa retornou ao Rio, em uma posição de crescente in-
fluência profissional, política e social. De novo eleito senador pela Bahia, para ocupar uma cadeira efetivamente vitalícia no Senado, ao tomar posse usaria seu cargo como base para defender inúmeras causas célebres nos dois primeiros governos civis (Prudente de Moraes, 1894-98;
Campos Sales, 1898-1902), recuperando uma reputação de certa forma
conspurcada, por meio da defesa da Constituição e do bem-estar públi
(ta Rui acrescentaria à sua fama inicial de possuidor de inteligência pri-
vilegiada, habilidade oratória incomparável e coragem indomável, uma
de 1902-6, à recémoportuna reintegração, no governo Rodrigues Alves máquina política, O
estabelecida ordem republicana e sua emergente Bloco.”
108
al, após a prestígio e poder logo se somou a popularidade nacion
, na Conferên efa participação, como representante do Brasil
ional de Haia em 1907. Mas, depois disso, as coisas a para se lançar sram a piorar. No Bloco, Rui travou uma luta intern Rompeu com a máquina somo candidato à Presidência e foi derrotado. armas e moralização eleitoral como q usando os temas de governo civil ca, candidato militar do Bloco, mesmo
para derrotar Hermes da Fonse
sta de 1910 granassim disputou as eleições. A famosa Campanha Civili
o Bloco ter impedido sua vitória, jeou-lhe muita admiração. Apesar de
Rui Barbosa continuade fraudes pesadas, por muito tempo de
lembrado como a “Águia ria a desfrutar do respeito público. Seria política.” O intrépido opositor da corrupção
Haia”" e abrilhantados pelos êxi(Os louros públicos de Rui Barbosa foram Durante o exílio, tentara gatos que acumulou na iniciativa privada. interesses no Brasil. Ao nhar a vida representando clientes ingleses com , assim como braretornar, Rui voltou a representar clientes estrangeiros rea-
vantajosas. Sua maior sileiros abastados, em condições muito mais
The Light and Power lização foi ter sido nomeado advogado chefe da de canadense, dispondo Company do Rio de Janeiro. Esta companhia
sobre seus concorabundante capital para se expandir, havia triunfado pú-
rido a concessão para explorar a maioria dos serviços es e adqui rent do tiRio — constituindo-se, então, em um notório exemplo blidocos como jornalista da po de monopólio contra o qual Rui se lançara
1905, décadas de 1880 e 1890. Isto não impediu que, em polinas ão, aposiç ão em seu nome, na fase de sua reintegraç agisse o de Ruiad ocunh
e sena Edo Macindo to indiscutível dodo Bloco de fazer com
MRE
que interferisse no senti de do Sul) Gran
é pelo
4 conte dom o cargo e . Tudo foi arruma para ss Rui da “convi para os sões ; no trato um salário mensal, vultosas comis
Rui tanto se destacava € eis casos especiais nos tribunais onde a Light s nepotismo para o cunhado leal. Ma q
dose de
na que Rui acuntiu e ampliou o crédito e a apreciável fortu ar 1895. Nessa época, ele já tinha condições para compr
Com O barão da Lagoa, na rua São Clemente, em Botafogo. eclético da bar anos, mobiliou a casa conforme o gosto bi ação com sua impecável decor a o etand compl x1x, culo pelo perfume das rosas
gnados com os jardins ao redor, impre
adorava
cultivar,“
ista resp estad ido reconhecer neste ad vogado bem-sucedem 1890, quando
um jornalista francês pintou aca demoníque o ministerial: das atenções por sua controversa gestã
O centro
109
da pa, ritário, o st. Rui Barbosa é filho é auto Pequeno, nervo: so, irritável ical do Equador, suas paixões possuem uma v; imo ordinária, seu estilo uma exuberância monstruosa hia: nasci vacidade Ee Ao vermos aquela cabeça enorme em cima do corpo de a jarescontires (a flamejantes, aqueles gestos excitados, nos parece que : it
Rea jo
a explodir. n
Uma década de Tá em 1900, quando que fez as honras da um tipo ““superior”
ga
nstantemente inchado de idéias, e seu cérebro Do
duzido maravilhas, reviravoltas na sorte havia pro Rui, um diplomata e literato argentino E pato se roumost ca, iote bibl casa exibindo sua imensa oso, de mode homem, um interlocutor maravilh
possuir um escritório no centro dos impecáveis. Na verdade, apesar de casa de Botar parte do tempo em sua maio à ava pass , Velha de Cida da dava e recebia seus conhecifogo. Ali preparava artigos e pareceres, estu ração 4.) política. (Ver fotografia na ilust da e cios negó dos o mund do dos como Antônio de Azeredo, Entre eles incluíam-se amigos antigos, companheiro inseparável de Azeou, mais raramente, Pinheiro Machado, sair de sua
hado era capaz de redo e novo aliado de Rui.” Pinheiro Mac idéias com Rui, enno Morro da Graça, para trocar
própria mansão,
to de vestir, onde poderia maquanto almoçavam ou, esperá-lo no quar sabe enquanto este se vestia, quem nusear a coleção de gravatas de Rui,
. Seguiriam depois para um para ir ao Senado ou ao Supremo Tribunal rua do Ouvidor ou para uma passeio de fim de tarde pelas livrarias da
agradável sessão de cinema.!*
ença de sua linda Era também na mansão — embelezada pela pres ta de amigos poderoesposa e das filhas elegantes, reforçada com a visi Machado) de sos e abrilhantada pelo regimento (como dizia Pinheiro
mulhebelas moças da sociedade — que Rui promovia seus salões. As
res da família lembram seu estilo:
Vestia-se com sobriedade. Eram muito simples os hábitos de Rui Barbosa, ou pelo Brana azul-marinho ou cinza, feita pelo Raunier
[...] Usava roup dão, chapéu de feltro, camisa de peito duro, gravata branca [...] Nunca ia ia ver em torno dele gente a festas, mas gostava de festas em casa. Quer
areClemente, comp O R a n pe ia Clau e, Rudg pe notáveis, como Magdalena Tagliaferro, Antonieta tas al iam artisde dia Muzzio,”
r dis valentes à exibição de pode Estes eventos eram em tudo equipro movidas por Pereira Passos e social evidentes nas reuniões
ão simbólica e instru» O salão possuía uma funç o prestígio associado com à cul-
rar ir e most adquir 10
,
Re ja quanto para servir de cenário propício a contatos discre-
qurê uropea importantes.” ira Passos e Rui Barbosa são exemplos da elite da belle épotos é o
sua carreira no Segundo Reinado, o mesmo acontece
qe sd nomes seguintes: Figueiredo, Frontin e Quartim, A diferencom os em que estes têm suas origens no mundo carioca dos negócios
e não nos tradicionais círculos rurais ou provincianos. Já men-
as
“anamos o conde de Figueiredo (1843-1917)” entre os sócios do Club
dos Diários. Também ele pertencia à antiga sociedade do Segundo Rei-
nado, como membro do Cassino Fluminense e convidado habitual aos «ajões de um político do Império, o barão de Cotegipe. Este triunfo socia) estava intimamente ligado às suas realizações no comércio e nas fiFilho de um dos mais ricos comerciantes portugueses cariocas,
José Antônio de Figueiredo, Francisco abandonou a escola precocemente, estreando aos treze anos na firma do pai. Aos dezoito, já era gerente. Pouco depois, Figueiredo iniciou seu treinamento em uma outra firma na Bahia, onde começou a circular na alta sociedade. Assim deslançhou
sua carreira.
Em seguida, Figueiredo passou do comércio para a indústria urbana, infra-estrutura e altas finanças, aproveitando o surto de expansão por que passavam as cidades. Aos quarenta anos, tinha negócios nas
áreas de seguros, transporte urbano, navegação costeira e, mais importante, no setor bancário. Após ter sido escolhido para dirigir o Banco
do Brasil em 1879, um contemporâneo registrou, “não faltou compa-
nhia que não desejasse tê-lo em sua diretoria”? Referia-se, entre ouos e empresas de serviços urbanos. Um comentras, a moinh de farinha
É
ao escrever sobre Figueiredo em 1880, afirmou: “Possuidor de
da fortuna e gozando de grande crédito na praça do Rio de Jaro, tem diante de si um horizonte de esplêndido futuro”.
“Na belle époque, este futuro já se tornara realidade há algum tem-
Higueiredo não apenas desfrutava de crédito amplo, como chegou “lo na condição de fundador do Banco Internacional do Brasil ig a o dotado de impressionante volume de recurÊ O rial e economista inovador, tornou-se um dos dois
financistas da época, ao lado de Francisco de Paula Mayrink,
= Pagem central no saneamento das finanças imperiais empreendo visconde de Ouro Preto pouco antes do golpe de 1889. ApeO
4
Wiravolta que o golpe representou em sua hegemonia, Figueisoçobrou,
embora tenha sido obrigado a permanecer na » Logo só viu excluído da reorganização do sistema bancário, ngular do Encilhamento, em favor de Mayrink, a quem Rui ado11
negócios), pois, como sócio nos de o uc po (e, ro ei nc na fi de conservou poder suficiente para voltar à cena, como mentor a posição
tário, e fortaleceu su Mesmo assim, O red de sócio minori lando sua eleição para aínda que na con ia do novo regime, articu ai
E
m da Capital Federal.” E, co e Janeiro, a recém-cria ável pres-
figunsra de consider s redo era ainda rc ei gu Epoque, déFi o le o pe nd da Ciiaise € financeira pe s de me ço i as co e re ru s nas n en , efeito Da a ígio, co! os. seus múltiplos negóci de s ho un em st te , ha, ie vel lugar na alta sociedade durante esta as-
Figueiredo conquistou seu
ão nos negócios por meio da criteriosa aquisição de vários títulos. E compenss por pio ato O primeiro, visconde de Figueiredo, veio ss mas
cens:
de caridade que agradou ao imperador (Figueiredo ajudou as víti de gestões de seu aliada seca no Ceará, em 1879); O segundo resultou entou bons contatos aos do, Ouro Preto. Figueiredo, no entanto, acresc
es. Casou bem as fitítulos de nobreza, não se apoiando apenas nest
bro do arislhas* e buscou sua legitimação social e cultural como mem
ileiro. Além o tocrático e respeitado Instituto Histórico e Geográfic Bras em disso, adquiriu prestígio religioso como membro da Venerável Ord Terceira dos Mínimos de São Francisco de Paula, uma das ordens leigas
mais bem-conceituadas do Rio, e como presidente de Santa Casa de Mi-
sericórdia, outra ordem leiga então em voga e que se dedicava à caridade. Como já foi dito, também pertencia aos mais exclusivos clubes sociais. Não surpreende, portanto, que a residência de Figueiredo à rua da
Constituição tenha abrigado um salão.? Tratava-se da óbvia culminância da conquista do mundo dos negócios e da alta sociedade carioca por parte de Figueiredo. E, com efeito, é com um ar de serena satisfação gue Figueiredo contempla os observadores de seu retrato.” Um tanto corpulento, exibe um olhar firme, à vontade em sua sobrecasaca, res-
e
aa
suíças, apoiado em uma ornamentada cadeira
»
Heloísa de Godoy, como figura de proa tanto nos
o, OS ia cruzados calmamente nas costas, com atido ppa Não é surpreendente, tampouco, encontrar laxada. E lher De O herdeiro do conde, José Carlos de Figueired; a mu edo, casado com mais bela da época, Heloí
:
ci de ade
oo
a Us bedara a riqueza e os conide meio século, as parcelas indis-
& poder e prestígio do conde.*
Gustavo Paulo de Frontin (1860-1932) no ““alto
» EM Consegiiência de uma longa e bemida.” Seu pai (um engenheiro frannegócios no Rio) morreu jovem, com uma
fortui
a diminuta, € deixou Frontin em uma situação inteiramente diela
versa daqu o
que havia facilitado tanto a ascensão de Figueiredo. Mes-
pai legara a Frontin os contatos que tornaram possível sua mo assim, no Colégio Pedro 11, e isto bastou-lhe para
dar início à sua
educação
partir daí, ele abriria seu caminho como professor, engenheiro carreira, À m uma brilhante exibição de talento precoce e é empresário, en êxitos sucessivos.
A
S
Em 1882, Frontin obtivera os graus de bacharel e doutor em enge-
nharia civil e de minas, respectivamente, e uma cátedra no Colégio Pedro ne duas na Escola Politécnica. Mesmo antes de seu doutorado, em
1880, no entanto, O jovem já havia começado a trabalhar profissional-
mente, na organização de um projeto de aterro, sob a direção de dois prestigiados engenheiros, Vieira Souto e Paula Freitas. Em 1880, estava trabalhando no sistema de reservatórios de água do Rio, deixando-o depois para dedicar-se a um projeto particular, na Bahia, de suprimento
de água. Em todas estas obras complexas, sua competência seria testada e aprimorada.
Mesmo sem o saber, Frontin preparava-se para uma série de inesperados desafios e oportunidades que surgiriam em sua carreira. O primeiro desafio fez sua fama. Em 1889, o Rio foi atingido por uma seca e, naquele período turbulento, pairava na atmosfera a possibilidade de agitação popular. Para que a situação não escapasse ao controle, Frontin, em um lance ousado, prometeu às autoridades e à população que, em seis dias, faria a água chegar ao Rio.” Tratava-se de um gesto au-
“dacioso, mas o sucesso de Frontin jamais foi esquecido.” Os desafios
intes se sucederam com rapidez. Logo após a proclamação da Re, em 1890, apesar da situação econômica instável, Frontin fun-
! Empresa Industrial de Melhoramentos, que se encarregaria das
as preliminares nas docas do Rio e, mais importante, da construção
ersos trechos ferroviários. Em 1896, trabalhou para a comissão mento do Rio, ocupando depois a direção da Estrada de Ferro do Estado, um cargo importante ao qual retornaria em 1910.
s, Frontin encontrava-se entre os renomados profissionais
adiante a reforma urbana do Rio, no governo Rodrigues . Coube a Frontin, na verdade, supervisionar a abertura
tornaria o símbolo da reforma: a Avenida Central.
todas estas realizações, Frontin passou a ter enorme in-
questões municipais, posição esta que seria reforçada por
tígio nos círculos empresariais cariocas. Mais tarde, ele conver-
sede parte deste capital em dividendos políticos, elegendo-se br. Desde o Segundo Reinado, quando conquistou cargos acadêmi113
car trelra PEOfissional k dor é jnlciou sua oque . egar à belle ép epública, até ch
tável de empresário deé uma posição incontes e habilida u-so com vigor ve mo in nt ro munieipal de poder carioca, a ur ut tr es da ro cent issi. cial = insepar avel de seu sucesso profprofis. so la sa u ao na é em que estreo o ma pt ópria década OM um dos IM povo o cada de 1880, fot nato pohtic Membro do jockey desde à dé atisfel. . de outros sócios ins do la ao , 88 18 gjonalmente em ub (cargo do Derby Cl da nova agremiação te en puadadores id es pr e or e predude, elegendo-s grande incentivad tos com o antigo um toi ém mb e mor 469). Ta ão dos empreiteiros aç que ocupou até a ci so as s ia ar nh clu Club de Enge ciedade Geográfica, So sidente v jxalicio do da e . ís pa do s de Pa«nheiros mais poderoso (como O marquês te eli da os bi sá s lo ado pe r fim, pe ctentílico trequent mem de Melo).* Po
passando m golidado «já havia co
Loreto é O barão Ho vanaguá, O barão de es clubes tornando-se memest s do to m o ão aç ip ic dha part Frontin corou su conde, apesar da tra 0 título de P apal, ao receber tro da aristocracia a familia, ção huguenote de su
ofesnte, renomado como pr ne mi oe pr m me ho mo PauFoi, portanto, co de clubes exclusivos que io sóc é co íti pol , io ár Inicial sor, engenheira, empres de belle epoque ões sal s do um is ma ou uês to de Frontin comand do Flamengo, à rua Marq ro ir ba no ço re de en do seu rente no prestigia te tua Senador Vergueiro, an eg el ém mb ta na is po ho de Abrantes, e de rrer de sua carreira, Coma co de no o id ec nh co o it mu salão tornou-se da habilidade de sempre lem do ta do , o” nd mu o od “t de mem conhecido n não privava seus
protessoral de Fronti brar o nome dos outros, O Ar posa e pelas filhas, ância mundana, Auxiliado pela es
«alões de uma eleg
diam ser encontra po ali é e ad ed ci so a alt a pel cua casa era frequentada vez, como nos casos a um is Ma , as at om pl di e s uais, ministro
ão dos intelect O salão de Frontin, uma extens a, vi ób ce re pa o sã lu nc co a s, ore o anteri esentava tanto uma comemoraçã de seu lugar no “alto mundo”, repr
bem-sucedida* quanto um componente de sua carreira (18571911) guarda semeia tim
ai
Antônio Tomás Quar
mta
dios o em Sol perda
Como já fot n. ti on Fr de à m co to an qu Figueiredo e português com nt ia rc me co te an rt po im um Ú go
Rio de Janeiro, onde cidajade de quanto no interiesortado aa talattiifabunenda ro hei din r ro ei pr nh em a e o ã fé ç ca a de t r o exàp à ado ava lig licava cla de faren rios; est guea Torres, importante pre Resiri
o para o Brasil att vei m ti ar Qu .” cos íti pol es ef 8 e ch dajoveme da geração mais nov do la ao s R família Rodri da e
“a
àid
ente er aepudr 06 o, Quinet tão de cont red uei rig o Om du ada assim € vom o onde Fluinlneniao os óvi tem dos e u-s sto passos paternos. Afa o vin O)/P voltando-se patio enitro rendosos, Na década de 1RR vor apremmiten voto
expansho, pára oa quado cin na ba ur mia not eco à s colado uts e ta das Finanção cuecreas ug rt po al ari res emp do mu tor contatos no stimentos, primeiro como di róu para o rat mo
dos baricos € Inve
cal do Banco de Mimoll, dote fis mo co is po de , io rc mé Co do a panco m empresa de minetaçho ta de e ia iár rov fer hia pan com nista de uma e (om Lib o temo, , como diretor e president
ça Mem década de 1880, , por fim ica e da diatitulção de poupan respectivamente) da Caixa Económ se com a filha de um de mts só te Socorro do Rio. Além disso, casouequi s parentes para inportar os seu de ro out a -se ndo uni , cios no café is tino áreas s empreendimentos industrin seu a par os ári ess nec os ent pam o naval, da siderurgia e da construçã de co ortantes com a comunidade imp os cul vín vou ser pre m rti Qua de [si sócio do Cablhete Português nar tor se ao es ues tug por s nte mercia Jiterárias uês, proeminentes sociedades turae do Retiro Literário Portug gio múste
i
ição e prestí por imigrantes enriquecidos. Sua pos ante a tur sua longa estada em Portugal dur
circulo são indicados por por sua participação em organiza bulenta década lusófoba de 1890, e s de Lisboa Em 1907, 4 presmi ções científicas, literárias e comerciai ueses do Rio Já era fato consumado nência de Quartim entre os portug inete daquele
reunião do Gab Foi ele quem fez o principal discurso na entante diplomá audiência seleta que Inclufa o repres ano (perante uma
votante da Secretaria de Pro tico português),* e atuou como membroorigem .
paganda de Portugal em seu país de nas em parte explicam seu su Os laços portugueses de Quartim ape ição de destaque na alta socio Sesso; ele também desfrutava de uma pos completa noet
stitui surpresa, Havia dade carioca. Isso, claro, não con a. Os a, da elite da colônia portugues tação, por parte da elite brasileir ntemente se casavam
ítulo 2, freque Portugueses, como foi visto no cap fundado algumas das dinastias mais do ten a, eir sil bra te s eli da ça mo com ílias Rio Bonito, Huamarath, ntes (é só lembrar a origem das fam harmonia entre brasileiros e por Friburgo e Estrela). Esta evidente nde parte deste
, implícita em gra no plano da alta sociedade s s econômicos comuns aos doi uma base firme nos interesse go do século x1x Quartim grande parte definidos ao lon s portugueses com uma his grante um dentre os inúmeros imi do seu título de dom Pedro jucesso comercial, Ele havia recebi e suas filhas passaram a fa borava em vários jornais cariocas, famílias enriocas.* Também e, pela via do casamento, de ricas
115
ipal do Rio a partir de IBRI, e à baro. seleto da Câmara Munte tonola À Menna prestigiada ordem religlona frequentada pelo em gua ei riguelredo O salão de Quartim, como 0% outros aliás, rostdência à rua do Riachuelo (que abrigava a famosa cole.
dio
prevlsivol; coroava mais uma car. ), noera é quamo do obarão ção poder na belle époque carioca muce reconoshecid veia dedo quadt
Se alguna desses salões eram conseqiiência de vidas iniciadas em
ligadas à agrieirvunatâncias tradictonals (como no caso das famílias cultura, do comércio e à antiga combinação de uma profissão liberal
com a política), e de carreiras que prosperaram no Império, outros sa-
entes, Eles representaIoes da alta soctedade da belle époque eram difer sugeridas pela proevam, de manelra mais consumada, as realizações o na República minência de Brontiny a importância do profissional urban
se tornavelha, resultante de uma tendência cada vez mais forte que já va evidente no Segundo
Reinado.
Binbora suas famílias provavelmente dispusessem de conexões com
as tradicionais fontes de poder, o que diferencia esses personagens do
padrão que Rui Barbosa e o conde de Figueiredo exemplificam é sua origem, duplamente atustada de tals tradições, Eles eram não apenas profissionais urbanos, mas filhos de profissionais urbanos, As novas
oportunidades e o rompimento das restrições tradicionais, provocados pela expansão urbana do final do século x1x, ao lado das grandes mudanças iniciadas pelo golpe republicano, deram a este grupo sua força e potencial,
O senador por Mato Grosso citado como frequentador de clubes e amigo de Rui Barbosa com certeza pertence a este grupo. Antônio Fran-
ra
pato (8611936) não apenas adquiriu prestígio com o ad-
Ve pio de ci la verdade, ele era um produto deste sistema polímudou-se
Ea
ams é
alas pela OPA
ti
Er o
teira acadêmica foi alias
senso preciso de direção o
ma
Guinha,
Tio! Meto
firosso,
Azeredo
em busca clas oportunidades ofercci-
E go
E
dao
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ni
tados ne RUAS, sua carreira pública revela um
E
tocém-lundada Faculdade una ! ERGU o Seo Rr 1895. No s três ar
da Etecla Politécnica para a do Rio, onde se formou em
do dedicou-se à sua edideir A e dee Ra ia ira paixão, a política, da qual vinha particiPando desde a ju ventud republicano na Gazeta da Turna e de, jornal Durante a decadência da Mon: atquia, Azeredo uma do rtp e políticos, e entrego aa VOS
cio de um,
q Ton
is
rio de Notícias (1889), com objeti-
ga e provelt direção a Rul Barbosa — o que seria o iníosa amizade pessoal e política”
tó
aclamação da República, todas as peças se encaixaram
dc
om
Averedo. Tendo garantidas suas credenciais de re-
doado Edo à atuação jornalística, e depois de assegurar uma ba-
quhano ia aliando-se no mais forte dos dois clãs políticos rivais de o Averedo iniciou sua ascensão pela estreita escada do poa polico. Deputado no Congresso Constituinte, continuou a repre(1890-96). seu estado nas diversas legislaturas iniciais do regime ossense mato-gr Joaquim Murtinho (seu protetor e chefe do clã ao qual se aliara) como senador por Mato Grosso, quando aquele foi
escolhido para ministro das Finanças por Campos Sales. Azeredo ocupou 4 cadeira senatorial por mais de uma geração. Só a revolução de ao rasgar à trama que ele ajudara a tecer, pôs fim ao seu mandato 190,
ivo,
Mas, no início da belle époque, tudo isto ainda estava muito dis-
tante Quando os republicanos triunfaram em todo o país e as elites regionais se reorganizaram por meio da política dos governadores,” Azetedo viu chegar sua oportunidade de conquistar espaço. Na época não
apenas trabalhava com Joaquim Murtinho e Rui Barbosa, mas também
tomo “chefão" do Senado, Pinheiro Machado, o que era mais impor-
tante ainda, Ao lado do líder gaúcho, ajudou a organizar a máquina que ficaria conhecida como o Bloco. Eis um vislumreobr Sipam ar os no na famosa mansão que o líder poco gaúcho possuía, no morro da Graça:
som estribos pendurados. No chão, junto das cadeiras, peles. Havia
por toda parte, O ambiente cumulava-se de motivos e emblemas gaúA
salaao lado, um vaso com flores, palmas-de-santa-rita, nou-
a esta, a de bilhar, onde, de manhã, das nove até o
subir para vestir-se e sair, em geral às onze horas, Pinheiro
roupa leve, de brim e em chinelos de couro de rebordo no vezes já descia pronto, de fraque e calça listrada. Tinha visido almoço. Logo cedo chegava Azeredo, cabeça branca,
ca cheia de lingua, tratando Pinheiro por você e toda a sim
A
ra. Floria-lhe 0 paletó-saco de casimira estampada na raros senadores a não usar fraque) um cravo amarelo ou um rubra, Pinheiro Jevantava-se quase sempre para falar com
canto em voz baixa,”
da década de 1890, portanto, teve início um período de
de para Azeredo — prosperidade que, segundo seus críticos, 117
rda a questão em termos tempo rânco abo n o c m U . como o Fouché corrupção e à Pinheiro Machado o ed er Az devia-se à a e d, na 1 qual os -s referindo ma página imortal” de Chateaubrian literários, » “u do Crime aca“a visão encarnada a nd ra ey am soisTall s er do francese Azeredo pô Pinheiro Mam O Vici io". co do da ra a. Em 1915, quando tez ma cer m co foi O edido ele rar com outro político mas bem -suc o à! ntes de se encont uc po do ea qu u O amigo na vicechado foi esfa g: o, Azeredo substitui en am Fl do l te ho em um elegante nado. Se do presi dência que Azeredo e sua talentosa reen der, portanto, chega
a surp
o senador casal no “alto mundo”; importante um formassem esposa com atividades sua proeminência política tivera o cuidado de sublinhar tornou-se uma tradiNão
do casal em Botafogo de natureza social. OQ salão cabeleira branca exibia no entanto uma robusto, e baixo ção. Azeredo, jeito com as muroupas elegantes e muito leonina, um olho clínico para afável, famoso como ami-
cativante, lheres. Era considerado um anfitrião A esposa e as filhas, como as pôquer.” de
go leal e jogador fanático
e faziam, com frequência no Teatro Lírico de Rui Barbosa, eram vistas feminino aos
de Rui, o contraponto ao lado das mulheres da família ou no na mansão de São Clemente habituais almoços dos dois amigos se entrelaçavam com firmeza. DenClub dos Diários.” Os diversos fios que caractepersonalizados tro da ciranda e dos contatos extremamente
o salão, os clubes eo Lírico eram, rizaram a política na República Velha, dos instrumentos de que Azena mesma medida que seus jornais, parte para dos poderosos do Rio, todos, redo dispunha. No pequeno mundo
significavam a possio homem conhecido como o “grande operador”, própria influência. bilidade de estabelecer contatos e ampliar a
Inglês de Sousa Já o salão comandado por Herculano Marcos
mais como divertimento (1853-1918) distinguia-se por seu tom: servia
musical e literário. Code um advogado de renome, e dotado de gosto
um “doutor” provinciamo o pai de Azeredo, o de Inglês de Sousa era de onde provinha sua fano, no caso importante magistrado no Pará,
província de São Paulo. Inelês mília, e mais tarde na poderosa e dinâmica tradicional paraense. Sem dúde Sousa era filho de uma “boa” família
fora da provinvida, isto explica o fato de o menino ter sido educado Inglês
da elite. cia, Desejavam que adquirisse a formação tradicional e depois para outro Sousa foi, então, para um colégio no Maranhão — à faculdade “Oque olevou em segurança até o degrau seguinte Iniciou o curso em 1872, no Recife, e em 1876 completou-o
de São Paulo,
porada na faculdade de direito em São Paulo, In118
E
gs de Sou
começou à dedicar-se seriamente à ficção. Ao mesmo tematividade política e jornalística, trabalhando na magis-
po iniciou Jista e associando-se a Antônio Carlos.” Em 1878, realizou
tatura sa casamento com Carlota Emília Peixoto, parente de Antôum exceler
e começou sua ascensão, entrando para os círculos liberais OS,fundando jornais partidários, elegendo-se deputado provin-
mo
to nomeado presidente de Sergipe em 1880 e, posteriormente,
do Espírito Santo. Nas duas províncias, destacou-se graças à habilidade ica,
capacidade de reforma institucional, integridade e eficiência. Mesmo assim, sua carreira política naufragou de repente, quando não
conseguiu eleger-se para um mandato federal. Desapontado, Inglês de retirou-se do cenário político para exercer a advocacia em Santos
ecuidar de uma família cada vez maior. Na trangiiilidade desta prosai-
ca vida provinciana, escreveu sua obra-prima, O missionário ( 1888).º Advogado de província bem relacionado e diletante literário, nada distinguia Inglês de Sousa entre os bacharéis da época. Os eventos de
1889 mudaram tudo. Os anos de turbulência nacional desmontaram e
reorganizaram o que parecia ser uma vida resolvida. Inglês de Sousa
conhecia republicanos importantes de São Paulo e Rio. Visitando a ci-
dade por acaso, em novembro de 1889, soube de antemão o que ocorreria no dia 15, Por força de seus contatos republicanos, conseguiu ser apresentado a Deodoro, assegurando uma oferta para governar um ou
outro estado, na difícil semana que sucedeu ao golpe. As ofertas, no entanto, logo se dissolveram perante seus olhos, mergulhadas no ácido
forte das conveniências políticas.” Inglês de Sousa, ao que parece, deuse conta da virada dos acontecimentos e de suas possibilidades. Voltou a Santos, pegou todas as suas coisas e mudou-se para São Paulo. Em
1890, com a ajuda do grande financista Mayrink,“ ficou rico no Enci-
ao organizar o Banco de Melhoramentos e a Companhia Agri-
Sola, Industrial e Colonizadora de São Paulo.
Mais uma vez, no entanto, Inglês de Sousa sofreria um revés, pois,
em 1891, viu-se com a saúde abalada. Os médicos diagnosticaram asma
* recomendaram uma mudança de ares. Assim, aos 38 anos, afastado
da política, com a banca de advocacia em Santos abandonada, a famí-
Jia aumentando e os negócios ligiidados, Inglês de Sousa teve de reco) Meçar, desta vez no Rio. Sem uma sinecura, sem um padrinho, sem um
to de clientes, retomou a prática da advocacia. Apesar de tudo, em nos
de trabalho dedicado conseguiu lançar as bases para uma das SPeitadas reputações profissionais nos círculos legais cariocas.
eiras aristocráticas, calmo, educado, o barbudo Inglês de Sousa -se com suavidade e firmeza por entre os meandros das grandes 119
o. qu
be
ões
à
porré empresas e ;o to. Foi contratado e
ivíduos Participou da reforma do Código Civil, conquistou Sto
legais do momen
Es prestigioso Instituto da Ordem dos Advogados 4 Brasile; “Sllel. i irei i comercial da Faculdade Livre, a As de direito s e lecionou na cadeira
o preocupações literárias, vitais Pç
gi
às lembran.
ças, àquerida biblioteca e àparticipação na un lação da Academia Bra. sileira de Letras, da qual foi tesoureiro por mais de uma década (Ver
retrato do grupo na ilustração 6.)
É possível perceber, pela leitura das reminiscências do filho de In. glês de Sousa (entrevistado em uma confortável poltrona no Jockey Club), que a cultura foi o prazer e a tristeza do burguês abastado em
que Inglês de Sousa se transformou. Depois de sucesso e do fracasso em três atividades comuns aos homens com sua formação, aparentemente ele se sentia frustrado por não ter dado prosseguimento a suas atividades literárias. O filho recorda-se de um comentário dele, já no final da vida: “Quem havia de imaginar que eu havia de escrever um Código?!..".º Seu êxito como advogado trouxe-lhe fortuna, reconhecimento e um lugar seguro no “alto mundo” carioca, garantindo um padrão de vida adequado ao seu tipo de família. Depois de 1892, no entanto, esta opção profissional não lhe proporcionou nenhum momento livre para escrever. Inglês de Sousa não apenas trabalhava em seu escritório na Cidade Velha mas também, durante manhãs inteiras, na biblioteca de sua residência, sob a silenciosa condenação dos romances nas estantes. É verdade que, nos finais de tarde, ele podia ser encontrado folheando livros e conversando nas livrarias Laemmert ou Garnier, na rua do Ouvidor, ocasião em que homens de negócios, políticos, profissionais e burocratas tradicionalmente se encontravam e trocavam idéias.” Ninguém nega tampouco a fama de seus salões musicais e literários, em sua ““viven-
da senhorial” na rua São Clemente.“ Mas é perceptível que o papel que
ele ocupava na cultura elegante da belle époque era uma espécie de gesto compensatório de um senhor idoso, que na juventude sonhara com
O prestígio cultural e, no final da vida, se lamentava.
As alternativas disponíveis para Inglês de Sousa, assim como para de formação semelhante, tornam compreensível sua opção. A de-
o à literatura (como veremos no capítulo 6) era uma atividade im-
ao de od, mi devia Tl opção ma eum + Ai E
O
sq,
permitindo a
mente desejados
sem dispor de algum tipo de renda própria, vezes, a uma sinecura mal
se
pu Portanto, o estilo de vida e a independência co :
$ pelos homens dos setores médios ou de boa origem-
Mesmo assim alguns insistiram, ainda que em regime de meio período, Jevados pela capacidade, sonhos ou temperamento — ou pela falta de caminhos alternativos para a aquisição de prestígio. Por vezes, estas pes soas deram uma importante contribuição à cultura é sociedade de elite do período. Um exemplo deste tipo bem-sucedido de diletante, uma es pécie de elo entre os aspectos mais literários e aqueles mais sociais da belle époque carioca, é o de Escragnolle Dória. Luis Gastão d"Escragnolle Dória (n. 1869)“ era filho de Luis Ma nuel das Chagas Dória, oficial e professor da Escola Superior de Guerra, e de Adelaide d'Escragnolle Taunay, filha do barão de Taunay. Os parentes de Escragnolle Dória, por parte de pai, eram soldados e enge-
nheiros atuantes nas áreas de educação técnica e desenvolvimento do transporte urbano. Por parte de mãe, descendia de émigrés aristocráticos franceses do Primeiro Reinado, que serviram ao Império como soldados, funcionários da Corte e burocratas graduados, e que se dedicaram a profissões liberais, engenharia, literatura, artes e investimentos capitalistas urbanos.“ De fato, Escragnolle Dória nasceu em uma fa-
mília devotada à europeização material e cultural do Rio e ele apenas deu seguimento a esta tradição. Carioca de nascimento, Escragnolle Dória foi educado em casa pela mãe, tendo frequentado, posteriormente, dois colégios particulares e a facul de direito de São Paulo. Bacharel já em 1890, na virada dade do século ele parecia ser apenas mais um advogado com interesses aca-
dêmicos. Escreveu uma história financeira do Brasil, colaborou com 4
Gazeta Comercial Financeira, lecionou no Colégio Pedro n e na Facul-
dade Livre. A sede de fama literária, sem dúvida estimulada pelo exem-
plo do tio, o visconde de Taunay,” empurrou Escragnolle Dória para
as belles lettres. Ele começou cedo a colaborar com traduções e peças
hiterárias nos mais conhecidos periódicos literários e elegantes. A lista incluía as publicações preferidas da elite: Brazileira, A Semana, Gazeta de Notícias, O Paiz, Kósmos e Rua do Ouvidor. Naturalmente, era a francesa que atraía a maior parte de sua atenção. Um perfil
Dória no Rua do Ouvidor exaltava suas qualidades — de uma forma
do preconceito literário carioca — registrando os elogios
prosa de Escragnolle Dória recebera entre os consagrados littérudes Goncourts “ler no célebre Journa l París. Assim, era possível rosa referê ao nossoncia compatriota, Escragnolle Dória, e ver disso tem merecido a estima literária de Júlio Verne, de
Edmond Rostand, de Maurice Rollinat e de outros ilusTetras de França”. O perfil se encerra com uma men-
de sua tradução da obra de Prévost, Les demivierges. 121
=.
s se. tema que esta tradução eram as peça duzia Jeuilletons is Escragnolle Dória produzia, Nelas, tra
biográficas e críti. manais que em voga, € escrevia pequenas notas fi non ação de Seus leitores.” Neste trabalho, Escragnolle Dó. autores ranceses
cas para
O
Es
O as ressaltava O esmagador prestígio da cultura literária fran. qmail
ao “alto mundo” a informação e as opiniões tão
em al. no Lírico, em um salão ou as cad edu ais soci sas iss nas conver fazia para a cultura carioca de recepção. Em outras palavras, ele
parentes pjudaram, à fazer nos trans. calão aquilo que alguns de seus a uma infra-estrutura. uma
portes cariocas: providenciav
” erado um importante “auxiliar sid con ser e pod ia Dór le nol Escrag tipo de mulher que dele particito cer um o com im ass a, ioc do salão car récitas poéticas cos de um salão da época incluíam
pava. Os eventos típi
getico francês ou italiano. Em rís ope o óri ert rep no o ead bas ou canto, à fam jovens solteiras pertencentes ral, a declamadora e a cantora era parte da for-
Tais dotes faziam mília do anfitrião ou dos convidados.
” mação de uma moça bem-nascida. mais elegância que a enNinguém exibia habilidades de salão com 0).2 O campo de atuação de cantadora Bebê Lima e Castro (n. c. 188
ia das profissões liberais sua família indica, mais uma vez, a importânc
o. O pai de Bebê, João da na cultura e na sociedade de elite do períod
ião e professor de Costa Lima e Castro (n. 1855), era um famoso cirurg rado de mesmo nomedicina, nascido no Rio, filho de um alto magist
Medime, também carioca. Lima e Castro formou-se na Faculdade de presticina do Rio, onde mais tarde ocupou a cátedra de cirurgia. Seu te gio profissional e social é demonstrado pelo fato de residir no elegan bairro do Flamengo, por seus vínculos com importantes famílias lati-
fundiárias por meio do casamento, por seu cargo no hospital de caridade da Santa Casa da Misericórdia, por sua participação como membro
destacado da Academia de Medicina, por uma antiga sociedade com Pi seo renomado, o dr. Hilário de Gouveia,” e, por fim, pelas sua família com Rui Barbosa, um parente distante, com quem
ligações de
regularmente trocava convites e telegramas de aniversário.“ do a o
Í
do ba
a
a Lima e Castro, era uma combatente assídu de Rui, mas o salão deste não no pen
é nrebnia nó = egantes ao qual Bebê comparecia. As re-
DE noé mildes da
ésorna Exposiçã ESA
e em um
j
“a j
pr
de 1898. Registrou-se também
le João do Rego
Barros, no mesmo
a de 1908. ,Bebê émencionada
E o
da vida literária contemporânea.
pessoas no Rio que continuavam
122
à
Aos quarenta anos, que parecla eternamente ter ora dE gor vo tora bo nita em moça, amas o Avmor do olhar, e 0 movimento Incessanto do alegra na boca, dispensavam qualquer pecivição de traços que se lhe pudonso px
gi, Prenda tambéni — e muito = pela vos, balxa e sonora, vibrando de
calor, como tudo nela, e com notas de garanta que eram vizinhas do ixo eo chamavam, Bra a primeira a divertpse com a praça do que ela mesma dista, Também pródiga de chistes, algumas vozes edusticos pronta no pe partie o exuberante, até quase a vulgaridade; A durva que a cervava obrigava-a a procurar elegância no trajar mas certa falta de gosto ou de discrição, e a figura tendente ao peso não a ajudavam perante aos mais exigentes Os seus vestidos, chegados ou não de Paris, eram sempre fora do banal Podiam ser adequados ao seu destaque nas reuniões soctals; porém, às ve zes, ficavam mais apropriados a palcos do que a salões,
A censura delicada destas linhas, escritas pela filha de uma família distinta, sugere uma dona Laurinda indomável, Impulsionada para cima e para a frente pelas circunstâncias específicas da época, rica, independente e mulher, dona Laurinda e seu salão eram criaturas da belle époque, Eles não poderiam ter existido no Segundo Reinado, e pareceriam bizarros na República Velha, onde tantos preconceitos da sociedade
tradicional foram retomados com firmeza, Mesmo assim, capitalizados pela loucura financeira do início da década de 1890, e aproveitando-se da tolerância crescente em relação ao papel das mulheres na sociedade
de elite (assunto que será tratado no próximo capítulo), os salões promovidos por dona Laurinda no bairro de Santa Teresa tornaram-se uma
tradição, do mesmo modo que sua presença em sociedade, acompanhada do inseparável cachorrinho de estimação, Poupée.
Outros, além de dona Laurinda, revelaram na época capacidade para
a ascensão social. Estes “homens novos” não dispunham de riqueza
e famílias tradicionais, nem contatos, posições políticas ou atividades profissionais urbanas, Eles “entravam”, no entanto, por motivos bas-
tante tradicionais — dinheiro novo, ganho no final do Império e início
da República.” Talvez os mais famosos entre estes novos-ricos fossem os Guinle,“ famosos pelo charme pessoal e pelo estilo de vida cultiva-
do à custa de uma fabulosa fortuna, produto das circunstâncias espect-
ficas da época,
O fundador da fortuna, Eduardo Pallassin Guinle (f. 1912), não
Passava de mais um empresário francês no Rio, Dedicou-se à impor-
EeCrer e
E
ao
ao lado de um sócio competente, Cân-
E consepuiro a últimos anos do Império, no entanto, O ne um golpe de proporções inacreditáveis. Eles a con Gas
cessão de noventa anos para construir e operar as 124
de Santos, o porto de São Paulo, bem no momento em que a província assumia a liderança na produção de café, numa época em que o Brasil já havia consolidado sua posição como o maior exportador mun-
dial do produto. Gaffrée, padrinho de pelo menos um dos filhos de Guin-
le, morreu sem deixar filhos. Desta forma, a concessão, bem como os
outros interesses da firma, tornaram-se a galinha dos ovos de ouro dos Guinle, colocando-os desde então em uma invejável posição econômica
e social. Em 1914, um inglês registrou:
|
[...] não se pode ficar muito tempo no Rio sem ouvir o nome “Guinle”, que avulta com igual importância nos círculos industriais, financeiros, comer-
ciais e sociais. Imensamente ricos e empreendedores, este é o veredicto geral [...] Nenhuma palavra sobre as operações [da firma] pode dizer tudo — pois
eles são extremamente ambiciosos e engenhosos, e, como empreendimento privado, a firma é, suponho, a maior proprietária do Rio e do Brasil.
Muito antes da morte do primeiro Guinle ou de seu sócio, portanto, havia dinheiro sobrando para todos, e os dois fundadores, bem como os filhos de Guinle (todos nascidos na década de 1880) projetaramse socialmente. Da Costa lembra-se de Eduardo (filho) e de seu irmão
Carlos, figuras populares na sociedade, Carlos, Otávio e Guilherme eram
todos frequentadores do Club do Diários.” Carlos (n. 1883) diplomou-
se pela faculdade de medicina do Rio, casou-se com uma Oliveira Rocha e continuou nos negócios da família (mais tarde ampliados também para o setor bancário). Ele era um renomado sócio de clubes, ativo não apenas no Club dos Diários, ou no Club de Engenharia e no Jockey
!
|
(Gaffrée e seu pai haviam pertencido aos dois últimos), mas também no Derby, no Fluminense Futbol Club e, na França, no Cercle du Bois
de Boulogne e no Polo de Paris. A magnífica casa que seu irmão Gui-
lherme e o velho Gaffrée haviam construído na praia de Botafogo tornou-
se sua e, daí em diante, transformou-se num ponto de encontro da so-
E “
ciedade na década de 1930.
O mesmo perfil poderia ser aplicado a seus irmãos. Bacharéis nas
escolas do Rio, também trabalharam nas firmas da família, desenvolve-
ram seus próprios negócios e desfrutaram da vida em sociedade e de s clubes. Somaram-se à residência na rua São Clemente e ao escritóCidade Velha, na rua da Quitanda — pólos sociais e econômicos
dos quais seu pai atingira o sucesso na década de 1880 —, o edifício em estilo eclético na nova Avenida Central e as diidas dos Guinle em locais elegantes como praia do Flamene rua Marquês de São Vicente. O quadro é suficientemen125
Outra figura da alta Sociedade dy como exemplo fi ! belle épo nal das caracto Du ví st ic as do perk que Ve Poder de Paiva,” Ele Nasc e eu em 1865, ha mesm a Ma H alto de Pereira Passos (Nápo) : São João Marc os, Bilho de um culdades financ copo eiras, mudou-se Mumine o em 1871 para lho Paiv a usou 9 Pouco que
no à escola Primár ia. Daí er
Bia
res
ea habilidade de conquistar Patr onos que lhe h Sia sa ambi Enquanto ainda facilitaram do Sursava a escola Primária + Ataulfo O CaCaminho sou um jornal semanal que im de Pa pressionou os e O suficiente para OMerciantes que eles pagassem da ci as despe sas do Foi então que Albe meni rto Brandão, educad or b; em relacionado maioria na assemb léia provincial flum € lider da inense, Ouviu convenceu os Come falar NO garoto. rciantes q Permitir Ele que Ataulfo Tecebesse gratuita em seu famo instrução so Colégio Brand ão, em Vassouras, Pero Vale do Paraíb Centro do prós a.
Ataulfo formou-se ce do e lecionou na esco la de Brandão até at gir a idade suficiente pa in ra ingressar na faculd ad em São Paulo, Em e dias de estudante, trabal seus hou para custear suas de: Spesas , pr ep ar nos pa an
do alu ra entrar no Colégio Pe dro 11. Tirou seu diplom em a 18 87 , voj. tando a Barra Mansa para ex ercer a profissão. A proteção de novo resg atou Ataulfo da Província, dest a vez na era recém-in
augurada da República. Prudente de Morais en , tão governador do estado de São Paulo, o nomeou juiz mu nicipal de Pindamonhanga ba. Depois de um ano, ele foi nome ado pretor (juiz unia al menor) o no
Rio. Menos de três anos depois Pr , udente de Mora A ires da República, o tornou juiz do ' ib unal Ri o ta a anos em todos os distritos sob Juri sdição no e o H ipa e
magistrado chefe da Corte de Apel ações, e confirm: :
tavam
" «omissões que tramd todo esse tempo, At aulfo paittpou a E,
da “questão social”:
mio de chra,
tio
a
o o caridade em representou o Brasil em uma Pont e a s a de Direito Paris, onde participou ta mbém do € eigae n ue lhe valeu, ao 1º Comparado, do qual foi eleito vice-p residente, o mo de prestgio torn
ar, elogios da Ordem dos Ad vogados. RE coloco u-o no centro das soluções reformis tas pa
as mazelas socius
E irbanas da época. eos "OA as conferências intemac otaio arrnEE gamentos não eram os únicos ve íc ul os pa ra a a Letras em 1916, em ca de Ataulfo, Membro da Academ ia Brasileira 126
“ça OA qe
Se a literatura servia a seus sooretarta-geral da entidade, acionais — ele para as condecorações intern
o mento valha
Honra francesa à Ordem das de ião Leg da as, tod do eni pec tt aço rer, foi também presidente da gas roolonas chinesa. Antes de mor bunal Federal, Certa vez confesacademta é ministro do Supremo Tri ada na vida havia sido à mão da neg a for lhe que aa cal ica ain craque barão do Rio qa
ql
Nesta
das filhas do COMA QUO desejava se casar, uma
disputa pela dama, Ataulfo Levando em conta O rival em sua para deira recusara o magistrado
: a her acettou à derrota com elegância
ve tornar Meira
l etamente para um aspecto crucia O sucesso de Ataullo aponta dir presidente 0 período em questão. Ele foi e ant dur e elit de ade ied soc da alta rito um livro" e assumiu a mais da Academia “sem jamais ter esc como jurista. sem ter a menor reputação posição no Judiciário mesmo to inicreto que possulsse — e seu êxi Qualquer que foste O talento con a como ordinado ao que alguém record «alo confirma —, ele estava sub s maneiras [...] tinha o dom boa com ra rei car faz se mo co de “modelo sua politesse, bem
era famoso por de agradar aos poderosos" Palva e e modo elegante de se ves sua aparência distinta, valdad como por
dades de colégio, ele usou suas habili turº Como líder desde seus dias aiu eligente, o que impressionou €atr de dominar e agradar de modo int ou tir is a cargos importantes, nos qua o ê-l mov pro à tos pos dis patronos mais s e conseguiu colocações aínda ade nid rtu opo das to vei pro mo o máxi elegantes, frequentava
o inseparável dos impressionantes. Companheir as da rua no Lírico e percorria as calçad o camarote de dona Laurinda que era. Sua história revela
sociedade do Ouvidor como o colosso da ndo” com a estrutura ra a interpenetração do “alto mu
de maneira cla primeiro podia levar a posições no o unf tri O mo co ndo tra mos sso de poder, para à alta sociedade podia ser o ace importantes na segunda, O acesso poder, gio e de para uma posição de prestí
O alto mundo: pessoas e lugares s do “alto mundo” da belNeste exame das trajetórias dos membro ureza de grande parte deste am delineadas as bases e a nat oque, for
uiu para fazer da alta socie». Cada uma dessas pessoas cont rib é requinte que se bascava ela era: uma existência de luxo
ros. Elas assim o mente em modelos culturais estrangei ráveis da realidade entanto, como parte de carreiras insepa e prorsas, Vislumbramos aqui cariocas
qual estavam ime longo do período em que se que passaram a se conhecer ao
e
127
=.
asa
Rig
ivo
registrava O da
strutura do país e sé BESSA a infra-e icipando dos movimentos que ajudaram
a
Slando se Criava
mas urbanas do Rijo eliminar a escravi dão
Fepubli iuia, do Encilhamento, do emaranhado da políticaà prós, Monarq do cada vez mais complexo sistema legal associado ag E td E co dinâmi mundo do portuária, RE ea
ode o resutag era estrutur “alto mundo” , o açada Em resumoentrel as.estrang a gas culturais européi nte emerge à eira cultural da influência poder carioca.
;
Um aspecto importante desta trama é que estas pessoas não ape.
as áreas, mas também nas eram representativas de lideranças em todas de lideranças unidas por laços pessoais. Embora isto não seja caractese entender a cul. rístico apenas do Rio, trata-se de algo essencial para
imbricamento de tura e a sociedade cariocas da virada do século. Este is específicas e repoder sócio-econômico, práticas e concepções cultura para nossa análise. lacionamentos pessoais íntimos é fundamental
as maneiras O que se pretende aqui ficará claro se recapitularmos
da elite. Assim, pelas quais se cruzavam Os caminhos desses membros
Passos, Azeredo, nota-se que Figueiredo era colega de clube de Pereira que AtaulRui Barbosa, Inglês de Sousa, Frontin e dos Guinle. Percebe-se a. fo era amigo tanto de Bebê Lima e Castro quanto de dona Laurind O so de dona Laurinda, Joaquim Murtinho, era protetor e cliente de , Azeredo, o que explica como este conheceu dona Laurinda. Azeredo por sua vez, era um íntimo aliado político de Rui Barbosa, aparentado de Bebê e convidado habitual dos salões que Azeredo e Pinheiro Machado também frequentavam. Rui não somente promovia reuniões, como era membro da Academia Brasileira de Letras, onde sem dúvida en-
ua
€ Inglês de Sousa. Quartim, apesar de não pertencer
e ao Cassino, junto com Azeredo, Rui e FiAcademia, seguramentia
dos
& quem teria conhecido, de qualquer modo, sendo um dos pou-
financístas importantes da capital.
ne na cas e descendente em do vam na exclusiva está
o rn
famílias aristocráticas que veranea-
de muito bem ter conhecido ps
E
e Azeredo e Rui como jornalista Paulo, autor de obras sobre finano da elite, onde poo resto + Com
a Sousa, Ataulfo, Rui, Quartim,
apresentar um perfil destacado na conheciam Pereira Passos e Fron-
Quando acrescentamos a esses relacionamentos a grande probabilidade de travarem contato simplesmente por partilharem dos mesmos
locais de trabalho, de lazer, de residência, sem considerarmos as reduzidas dimensões da elite, o “alto mundo” diminui ainda mais. A Cidade
velha, onde todos eles mantinham escritórios e frequentavam clubes, e onde as mulheres iam às compras, tomavam chá e passeavam, era um
espaço restrito com cerca de 1,6 quilômetro quadrado, dentro de cujos estreitos limites pulsava o coração da cidade — talvez uma dúzia de ruas,
contando as mais importantes para a elite.” Primeiro de Março, Qui-
tanda, Rosário, Candelária, Alfândega: nestas ruas concentravam-se a importação e exportação, as instituições financeiras e as bancas de advocacia. Ouvidor, Gonçalves Dias, e, após 1904, a Avenida Central (depois Rio Branco) eram as ruas do comércio varejista de luxo, dos jornais e das livrarias, dos cafés elegantes, dos restaurantes, casas de chá e clubes exclusivos. As antigas mansões, no momento abrigando repartições públicas, ao lado dos teatros e de uns poucos clubes, encontravamse espalhadas, embora a maior parte delas se concentrasse nas imediações das diversas praças e pequenos parques — as praças Quinze de No-
vembro, da República e Tiradentes (antes largo do Rocio), o largo da
Carioca e o Passeio Público. No que diz respeito às áreas residenciais,
deve-se lembrar quantos salões realizavam-se em residências situadas nos
bairros de Flamengo ou Botafogo — sem a menor dúvida, era uma elite que se concentrava na mesma vizinhança (ver mapa 5). Quando se considera que essa elite era um grupo com provavelmente não mais do que quinhentas famílias,” as quais mantinham um estreito relacionamento capaz de se estender por gerações, como vimos neste capítulo e no ante-
rior, torna-se mais do que evidente o caráter extremamente personalista de tal mundo. Com efeito, a alta sociedade carioca da belle époque possuia raízes profundas e densamente entrelaçadas às raízes que deram origem e sus-
tentavam a própria estrutura política e econômica do país. A aparente
frivolidade perceptível em muitos aspectos da cultura da elite não deve
país. Ao passarmos da discussão do tipo de indivíduo que comalta sociedade para a análise do salão per se, a relação entre poder da elite se tornará ainda mais clara.
129
entre as institui. e de instituição po O salãoa é uma o espéci por exem. como, clubes e escolas, e as domésticas A hado pelo salão na
ções formais,
plo
ape desempen
cade
parto esclarecido pelos diversos perfis biográficos
A dp
LE Outros de seus aspectos emergem quando anaanarEre a o propriamente dito. Pois essa instituição estava vinculaÉ históricos capazes de lançar uma nova luz sobre a elite due pe
da belle époque, não apenas a elite dos poderosos da República, mas
a dos sucessores dos poderosos da Monarquia, nos termos da continuidade e da transformação sugeridas em capítulos anteriores. No ambiente agradável dos salões, pode-se observar tanto as mudanças na composição da elite quanto determinadas caraterísticas permanentes da elite carioca e de seu mundo. O Segundo Reinado era lembrado por muitos cariocas do fin-desiêcle como uma época muito melhor para a elite e seus salões. Em 1911, tal percepção foi assim expressa por um escritor da moda: Há trinta ou quarenta anos havia, no Rio de Janeiro, uma sociedade dis-
tinta e delicada, com hábitos de requintada sociabilidade e um notável cunho de graciosidade [...] A galanteria era por tal forma o distintivo da época, que o historiador tem que narrar a cada passo os saraus, as récitas, os bailes se quiser pôr os acontecimentos políticos nos seus cenários. Foi essa, sem dúvida, a idade de ouro da sociedade carioca.”
Já sabemos, a partir da an: álise de instituições como o Cassino Fluminense, que a elite do Rio ono o Reinado (1840-89) era formada pory homens de : negócios, ifundiários, burocratas do alto esca lão e pord Do
viro
Eram essas figuras, com suas mulheres, filhas e eta
Doda prepara,
salões mais importantes do período.
Em , geral, um padrão comum. O anfitriã o e um Jantar íntimo para um grupo selecionado
mM seguida, o círculo mais amplo de convida-
nd de passatempos refinado s: miúOr um mica ou declamação de poesia (normal-
,
a
cedo Pelo dono da casa, por
8um convidado), ou ainda repr e-
tro ligeira (quem sabe escrita por FePr
esentada pelo anfitr ião e pelos Cartas e conversas requintada s
ajudavam a compor o ambiente. As mulheres usavam vestidos importa-
dos, os homens sobrecasacas ou trajes formais de noite. A ocasião se dis-
tinguia de uma simples festa por sua repetição regular em determinado
dia da semana, todas as semanas, a cada quinze dias ou mensalmente.
Tais reuniões, coincidindo com o aumento da riqueza da Corte du-
rante o Segundo Reinado, e a consequente disseminação de artigos de
luxo da Europa e contatos com europeus, permitiam aos homens mais
poderosos das fazendas, firmas de corretagem, conselhos diretivos, ro-
das políticas e dos gabinetes e ministérios imperiais reunir a família, ami-
gos e conhecidos durante os meses mais amenos do ano em um meio
festivo de refinamento importado. Nessas ocasiões eles podiam fazer con-
tatos, aparar arestas e reafirmar sua importância por meio da ostenta-
ção de riqueza e sofisticação.”
Um breve exame da sociedade imperial é suficiente para demonstrar este fato. Os salões mais importantes do período eram promovidos pelo marquês de Abrantes, pelo conselheiro Nabuco de Araújo, pelo barão de Cotegipe, pelo visconde de Meriti e pelos Haritoff, Estrela, São Clemente e Nova Friburgo.” A partir de nossa discussão sobre a composição dos quadros sociais dos clubes, no capítulo anterior, podemos lembrar que as famílias Estrela, São Clemente e Nova Friburgo eram associadas aos pioneiros comerciantes portugueses e seus descendentes, estes já envolvidos também com finanças, agricultura e ferrovias. No que diz respeito aos nomes novos aqui mencionados, os Haritoff deviam sua fortuna ao cultivo de café, e Meriti era um banqueiro de origem portuguesa. O baiano Cotegipe, um dos grandes líderes partidários do Segundo Reinado, descendia, por sua vez, do clã dos Wanderley, fazendeiros de Pernambuco, da mesma forma que o também baiano Nabuco de Araújo, outro importante estadista da época, era casado com a filha de uma
poderosa família de latifundiários do Nordeste. Mencionamos Abrantes anteriormente — um político e representante das famílias de fazendeiros e comerciantes mais importantes da Bahia. Destes salões, os mais destacados eram aqueles mantidos por polí-
ticos, devido à clara sobreposição da alta sociedade do periodo aos po-
líticos da elite carioca. A Corte, na condição de sede do Império e cidada atraía os melhores membros das famílias mais europeiza do Brasil, nciais poderosas, os quais se tornavam deputados, senadores e midisso, nos meses em que o calor era mais ameno (de maio setembro ou outubro) assistiam à ronda anual de prazeres,
r
simultaneamente à rodada anual de atividade polí-
e no Senado. O salão de Abrantes, nas primeiras déca-
inado, e o de Cotegipe, na última — com o de Nabu-
va = , formaram, Guia p -
entro ns duma dpocha
ptos da cultura 6 socisdado Ga efita (ss ed, 04 GONtrOs ma rico), cujo prestígio HÃO era ralado noi mo o
contar o Cassino é o a dis reLopçÕes regulares de seus iusibaciãs, os
"
O estilo desses salões era diretamento inspirado
o
Feslia.
durante Gegundo império Francs dos pela alta sociedade parisiense para teens (uns2:70) O esplendor da Corte de Napoleão mt serviu
brasileira, 4 ser qe a mencionada influência francesa na alta sociedade No momento, contudo, úess lisada em pormenor nos capitulos seguintes, 6 sofisticação ve notar que, com a ostensiva busca de embelezamento
afranesanmenss, de estilo empreendida pela Corte imperial em Paris, O
graças du elite carioca acelerou-se de forma dramática, 1ss0 foi possírel
os co à riqueza cada vez maior proporcionada pelo café, que tormeonu tatos e O comércio com a França mais constantes, com conse
Sica lógicas em tudo o que dizia respeito & elite e As suas instituições, salões, na decoração, nas danças, na música, nos vestidos e nas frases
de efeito utilizadas na conversação, refletiam-se 04 gostos da Paris
focrática, capaz de deslumbrar o crescente número de brasileiros à
te que então começavam à visitar com frequência a capital francesa,
as om
34
jornalista da epoca descrevia o Catete, parte ds
els
,
RR
| O fuubourg Saint-Germain do Rio de
o E
o
adia É ARo
renais
Transformação
A diferença mais notável entre 09 salões do Segundo Reinado e os
a da maior fragmentaçãoda
haver
na
vida de salão na últi-
no Segundo Reinado salões mais literários,
, Apesar de estes últimos privilegiavam 9º
050%, as artes é letras cumpriam
ligeira e prestígio,” ue, apenas um ou dois eram
a de Azeredo ou o de Rui (como
deliberado no salão de Inno de dona Laurinda,
SH POr profissionais e homens de
Aos casos de Pereira Passos e Paulo de Frontin, já discutidos (em
m (capita presários engenheiros), bem como aos de Figueiredo é Quarti de salões listas financeiros urbanos), podemos acrescentar promotores
Oscar Var como Paulo Leuzinger (editor), Heitor Cordeiro (advogado), Vieira
radi (advogado, banqueiro e homem
de negócios), Luís Rafael
Souto (velho crítico de Pereira Passos, outro empresário engenheiro),s
e João do Rego Barros (médico, banqueiro, administrador de serviço
urbanos). "*
iros, Nesta passagem dos salões mantidos por uma elite de fazende
políticos e grandes comerciantes para 0s salões promovidos por profis-
o mesmo fenómeno sionais urbanos e homens de negócios, percebe-se
os” discutido, anteriormente, nos casos do Cassino e Club dos Diári e do Aqui, de novo, vemos a transição do ambiente da Corte, do café
comércio rural/urbano para o de um centro urbano em expansão que favorecia carreiras profissionais, burocráticas € empresariais.
Em vez de chefes provinciais representando as grandes fortunas co— merciais e agrícolas do Nordeste ou as fazendas de café fluminenses exerhomens que, por anos seguídos, residiam no Rio, a fim de melhor
os políticos mais cerem influência em uma Monarquia centralizadora —,
a República Veimportantes e mais atuantes na Capítal Federal durante interesses de suas [ha eram corretores de influência, tentando defender os ada da República. oligarquias estaduais dentro da estrutura descentraliz apenas passavam temNela, os líderes políticos efetivamente poderosos presidentes e ministros. A poradas no Rio de Janeiro, na condição de como a Corte o fora no capital não era tão vita] em termos políticos, partir
governava a Império. Antes, o partido favorecido pelo imperador do pofavores € nomeações, e delegando parcelas
do Rio, dispensando O centro de corretagem onde as der. Com a República, o Rio tornou-se na força
análise baseadas recompensas € punições federais, em última estaduais, eram obtidas € reou na fraqueza das diversas oligarquias s safras
a depender das grande —* partidas. A rígueza da nação continuava nas mãos dos fazendeiros. Só “exportação, e o poder permanecia s maís poderosos haviam aqueles que controlavam os estado ca descentralizada. Eso um regime com uma estrutura políti
Rio por anos a fio, para não precisavam mais residir no ; isso podia ser deitir o cumprimento de seus desejos necessitavam era políticos profissionais. O que eles do controle polítições por meio do fortalecimento bem como conduzir seus negócios
para a ganhar influência em nível federal
na belle époque indica q Ocor, | dos pro! motores des dosalões poder e da riqueza cariocas na nova pao s nas das origem famílias tradicionaisRT quanto novos nomes eram rência de alte!
e tornavam negociantes, engenhe;. atas am jornalistas e escritores, diplom o peniana pe e seus salões broa do Estado. Abrantes, Cotegi o Azeredo e Rui BarboERIHRIOS por anfitriões políticos, com
era. Agora, tan na : O Ea
i
mais € Frontin. O caso de Rui, iris como Pereira Passos perto do “tipo” que parecia estar mais ei ilustrativo: Homem ador pela endi
frustração como sen do antigo estadista, ele tinha muita inada de poder supremo no plano fraquecida Bahia, tentando a busca obst o s circunstâncias políticas; mas, por outr nacional, por causa das nova
a-voz da frustração lado, tinha muita satisfação, como advogado e port por una e fama das classes médias, em sua bem-sucedida busca de fort causa da nova realidade urbana.
Continuidade
Como argumentei ao discutir os clubes, as transformações ocasionadas pela alteração do papel desempenhado pelo Rio no contexto na-
cional não foram tão abruptas e perturbadoras quanto se poderia imaginar. Muitos membros das antigas famílias da elite carioca conseguiram prever e se adaptar ao gradual progresso econômico e social, refletido de maneira mais súbita nas mudanças e conflitos políticos. O enfraquecimento progressivo do café fluminense, do algodão e do açúcar da Bahia, e a importância cada vez maior de outras regiões e das profissões
tipicamente urbanas — evidente já nos anos anteriores à queda da Moni
— assim como o êxito de muitos em antecipar as novas possi-
e ic,
vioá aa
TRA
membros da elite da belle
erdeiros de famílias antigas que
ser exemplificado pela família Paranaguá.!”” A po-
Res
na elite carioca fora estabelecid. sto= sa da Cunha 9Scupava Paranaguá (1821-19 ecida por João Lusto
p
filho do
inda /os de
-1912), filho de um modesto coronel do
na, De d“RN
moça pertencente a uma tradicio-
eputado na Assembléia provincial, em pouco e
? É
sua ascensão ao obter o bacharela-
CE
depois senador pelo Piauí na Corte, Ali,
ias de Províncias — Piauí, + Maranhão e PerUma série de nomeaç ões para o Judiciário flu-
ais e o apoio imperial para que or-
134
| |
ganizasse o gabinete de 1882, após o que foi elevado à nobreza, com
o título de visconde, Por fim, já no crepúsculo do Império, em 1888, sua longa folha de serviços à Corte valeu-lhe o título de marquês.
Paranaguá, amigo pessoal do imperador (sua filha era muito íntima da herdeira imperial e, mais tarde, como baronesa de Loreto, acompanhou a família imperial no exílio), voltou-se para a prática da advo-
cacia após o golpe de 1889, dedicando o tempo livre a vários interesses
históricos e científicos. Seu tradicional solar no bairro da Glória (he-
rança do sogro, o visconde de Montserate) foi a casa modesta onde continuou a receber amigos — antigos colegas das fileiras aristocráticas do Partido Conservador do Segundo Reinado, que se reuniam em torno dele e de sua família aos domingos. Apesar de Paranaguá ter se retirado de cena, seus filhos progrediram sob o novo regime. Um deles, Júlio, adaptou-se logo à nova era, a seu próprio modo, dedicando-se à engenharia. Tornou-se sócio e grande amigo de Paulo de Frontin, com quem trabalhou na afamada proeza de conseguir água para o Rio em seis dias. O outro filho, José, embora levasse mais tempo, também conseguiu adaptar-se aquela época de transição. Começou trilhando o mesmo tipo de caminho de seu pai, apoiado no poder centralizador da Monarquia e na proteção imperial. Estudou no Colégio Pedro 11, frequentou as faculdades de direito de São Paulo e Recife, e, aos 28 anos, foi nomeado presidente da província do Amazonas. No entanto, sua carreira, tão típica do cursus honorum imperial, foi evidentemente interrompida em 1889; o filho do marquês
voltou-se então para o comércio. Até 1913, José passou o tempo entre a Europa e o Rio, na condição de representante dos produtores de borracha, com os quais entrara em contato na região amazônica, quando
governador. Casou-se com a filha de uma família de comerciantes cariocas de origem francesa. Utilizou o capital assim obtido para investir em propriedades no Rio, tanto na Avenida Central (o projeto predileto
do amigo de seu irmão, Paulo de Frontin) quanto na praia de Copacabana, num momento em que esta só tinha areia e ranchos de pescado-
omo muitos outros, José conseguiu substituir vantajosamente as lo período anterior por aquelas do mais recente. Treinado
administrador imperial, ele se tornou, em vez disso, emprena economia carioca em expansão. A influência cultural,
oção católica de sua esposa, unidas a uma perseverante nsolidaram sua posição na cultura e sociedade de eliconde papal, lia L'Illustration, La Revue des Deux
regularidade a Paris. 135
té ; destaque do “alto mun: do” e sempre mencNcio. Em 19O16 casal,era E Em sua nova é deslumbrante residência,
do nas sena
és, o filho do estadista do Império, enriqueci.
construida em esti casa
do por um novo Pro ç
comercial
são, comanda!
ja de exportação regional, pela fortuna
a tos na capitalº federal em expa e pelos investime! » : n. a salão quinzenal para a família, amigos, artistas e
iplomatas estrangeiros.
& O S4LÃO E A CULTURA
E SOCIEDADE
DA
ELITE
Doss elementos, portanto, eram comuns aos salões do Segundo Rei.
nado e sos da delle époque, e servirão para concluir nossa discussão. Em ambas 2s épocas, o salão era, primeiro, um aspecto importante e
informal do sistema de poder na estrutura sócio-econômica carioca e,
segundo, algo definido e expresso em termos culturais idênticos.
Um historiador do período enfatizou o objetivo prático dos salões do Segundo Reinado na política imperial — algo que também sustentei. Na política, nas finanças e nos negócios, não há a menor dúvida quanto a isto. O motivo de o salão ser útil deriva da natureza extrema-
mente personalizada da elite, que por sua vez era intensificada pelo pe-
fato de que os homens da elite
E
do Colégio Pedro n, das faculda-
pro
medicina ou da Escola
MadureiSinimbu, e outros amigos íntimos de Nabuco [de Araújo], como
ra, Pedro Muniz, José Caetano de Andrade e Pinto, o doutor Araújo, atual
barão do Catete, com quem casará depois a marquesa de Abrantes [...) es-
tréiam as belezas das províncias, cantadas por Maciel Monteiro, e as jovens belezas fluminenses, a filha de Quarahim, futura baronesa de S. Clemente, a filha de Nogueira da Gama, futura condessa de Penamacor,
incensada por José de Alencar [...] à bela filha do Luís Gomes Ferreira [...)
Provocam admiração mme. de Saint-Georges, mulher do ministro da França, dona Belisária de Paiva, dona Maria de Nazareth Costa Pinto, cuja morte inspira a todos o mesmo inconsolo que Wanderley exprime em uma carta
a Nabuco, e a chamada “estrela do Norte”, a senhora de Sousa Franco."
Um dos parentes de Abrantes, ao referir-se aos convidados habituais do marquês, cita uma lista de nomes igualmente reveladora: Olin-
da, Itanhaém, Sapucaí, Abaeté, Caxias, Tamandaré, Silva Paranhos, Zacharias, Cotegipe, Ferraz, Junqueira, Saraiva, Maciel Monteiro, Boa Vista, Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, Meneses e Sousa, Torres Homem, Justiniano da Rocha e Mauá. Ou seja, os líderes dos dois grandes partidos da Monarquia, bem como homens de letras notáveis e o decano dos empresários brasileiros."2 Esses salões eram, portanto, um ambiente mais seleto e informal para contatos e para a troca de opiniões, os quais também ocorriam em instituições mais formais como o Cassino, o Jockey e o Lírico. Evidentemente, este aspecto instrumental aplica-se também ao sa-
lão da belle époque. Na verdade, considerando o crescimento da população da cidade e o ritmo acelerado das mudanças, a importância do
salão seria logicamente realçada. Ele ajudou a manter, como antes, os
relacionamentos convenientemente personalizados. Como se recorda a neta de Nabuco de Araújo, “era uma sociedade familiar cujas portas
|
procurava forçar”."" As próprias dimensões da elite continua-
r a este resultado, permanecendo, muito possivelmente, abai-
jentas famílias.“ Este âmbito restrito, ao lado das institui-
proporcionava as condições ideais para aquela o útil à condução dos negócios da classe dominante. claro que era no círculo da classe dirigente que (e os clubes, as escolas e o Lírico) encontraFigueiredo, Frontin, Pereira Passos, Aze-
Sousa, os Guinle, não eram apenas proes ou figuras da moda; eles participavam
| parte de sua condição de homens pode-
mo essas instituições socioculturais se en. estão do modoão co!de uma posição de poder nos leva ao segun. na Tiete
importância crucial dos valores culturais que do ponto conclusivo SãO dos salões. Tanto na Monarquia quanto na
figuravam na Di
cond entemente identificava-se, nos salões, com
República Velha, à é europeu em vigor nas escolas, clubes e no teatro
o mesmo paradigma digma aristocrático de inspiração franco-inglesa, i um para: ra —
dos salões. emos tal fato mais de perto no contexto No salão, este paradigma é mais impressionante no que diz respeito às qualidades que tornaram admiradas porseus contemporâneos certas
Do
figuras que os frequentavam. No Segundo Reinado, talvez O homem mais
admirado na alta sociedade fosse Antônio Peregrino Maciel Monteiro,
segundo barão de Itamaracá (1804-68),!“ um pernambucano educado
em Olinda e Paris, médico, deputado, presidente da Câmara dos Deputados, ministro das Relações Exteriores e ministro plenipotenciário do Brasil em Portugal. Um contemporâneo sustenta que Maciel Monteiro
poderia, se quisesse, ter sido um dos grandes poetas brasileiros." Mas
ele não o quis, preferindo a
alta sociedade: o salão, a soirée, negócios
variados, todos eles abrilhantados por um dom singular para a improvisação de poesia romântica.
Ele era invejado por seus conhecimentos literários e talentos poéticos, pela “cadência fluente e sem hesitações”” de sua oratória, pela ron-
da agradável pelos teatros e bailes, bem como pelos convites que rece-
=
freqilentar as “sociedades dos círculos mais elegantes”? No » ele se distinguia sobretudo por seu estilo pessoal.
“inglês é óbvio no caso. O cul tivo Pessoal foram claramente mod edos círculos aristocráticos franS. Embora se espere que sua oratória e Pelos grandes exemplos do Parlamen-
'S eram no entanto
influêncicia da aristo cracia franYU a respeito de Maciel M on-
Os esplendores mundanos de Paris, onde viveu durante alguns anos, o am-
biente sensual dos salões, dos clubes e dos restaurantes dos boulevards aristocráticos, o romanesco dos seus heróis e dos seus poetas, revelaram a Maciel Monteiro um mundo novo e fizeram dele uma criatura original no nosso ir 120 meio.
Ele pode ter sido original, mas somente no sentido de sua consumada assimilação dos padrões culturais comumente almejados por seus
pares. A sociedade francesa de salão, há muito consolidada e famosa
pelo refinamento, havia ensinado a Maciel Monteiro as artes da conversação e outros aspectos do estilo, e também, como era de se esperar,
indicações refinadas para a consecução hábil de um caso amoroso. Não faltou o impacto do romantismo francês, como atesta o pendor do per-
nambucano para a improvisação oportuna da poesia romântica. É sintomático que um dos poucos poemas de Maciel Monteiro ainda existentes tenha sido impresso por contemporâneos em uma antologia intitulada Lamartinianas, e que ele próprio se tenha dado ao trabalho de traduzir Lamartine, para o enriquecimento cultural de seus compa-
triotas menos requintados.!! Maciel Monteiro havia aprendido bem a lição, e a alta sociedade carioca se encantava ao testemunhar seu exemplar desempenho. Na geração seguinte da elite, Wanderley Pinho observa que as qualidades que tornaram Maciel Monteiro tão admirado repetiram-se em um outro personagem e granjearam a mesma aprovação da alta sociedade. O leão dos salões da década de 1870 foi Joaquim Nabuco (1849-
1910),'2 filho de Nabuco de Araújo, que comandou um dos mais pres-
tigiosos salões do Segundo Reinado. Nabuco, assim como Maciel Mon-
teiro, era pernambucano e bacharel (São Paulo, depois Recife), e diplo-
mata famoso, liftérateur, deputado e orador. Entre as dessemelhanças, deve-se ressaltar o papel central de Nabuco no movimento abolicionista e seu legado merecidamente respeitado como historiador. Mas isso foge ao nosso assunto. Chega a impressionar o paralelismo entre as trajetórias de Nabuco e Maciel Monteiro enquanto hommes du monde. (Ver
fotografinaa ilustração 4.) 4
Seu predecessor, Nabuco destacou-se pela facilidade de ex-
gosto por roupas da moda, pela presença de espírito nas escapadas amorosas na juventude e pelo domínio da
francesa. Ao contrário de Maciel Monteiro, no entan-
139
4. Dois personagens típicos da belle époque carioca a. Joaquim Nabuco, em 1888, homme du monde e abolicionista bem-sucedid: eb. Rui Barbosa, em 1913, conselheiro e estadista (à direita)
Mais ainda, em Nabuco a influência francesa era melhor definida.
Mer
gulhado no pensamento e na literatura francesa, com uma profunda ad
miração por Renan, a familiaridade intelectual de Nabuco com o fran
cs chegava ao ponto de escrever é ter publicados seus escritos nesta
=
apenas poemas e prosa, mas também um longo tratado di
ico. Aparentemente, até mesmo
sua espirituosidade preservava
todo o seu brilho, ou agudeza, naquele idioma," —
e
ocorrera com Maciel Monteiro, à ponto es anitos Ega tio estilo de Nabuco é à inagem aris
ir
Nibdor a Ed
e
mA
Projetar, O resultado era trimnfal, mas
mporâneos de Nabuco, Um deles altine
aristocrata [...] depois de estar em contato vom
na
e perfumar-se antes de enverpar
a casaca
emporâneo, no entanto, estava indubitavelmen
9 do alto mundo quando escreveu, em uma : Aéalia a boa exltura, quando à galante Bonsciência da vida, amando se possuí
140
se te ama a edu€ das coisisaass:, quando a ns me ho s do k o nt hecime ia ta tato e grande conl um Talleyrand — de to íri esp o E e y À - E — cação de um Morn da ao vizinho ta es 1% pr i e sigo: em a ç a uç lo i ir antig! fi m, para não iri ped pio, enfi buc e segundo O conceito lizado
diplomata, o tipo do verdadeiro
ii iciente para exprimir Os suf ser co bu Na de o mpl exe Apesar de O rquia quanto es De e
do final da Mona lores em vigor nos salões tanto € o dos jovens galantes da primeira epoque (tendo sido contemporâne em ar lev segunda),”” deve-se também dos consagrados anfitriões da que e Os salões leserHOS ns da belle épo conta O estilo de outros home
uidade!” Pois, no que diz resanteriormente, para se perceber à contin a moda, também Pereira Passe vestir conforme peito ao cuidado em
consumaulfo de Paiva eram exemplos sos, Rui Barbosa, Azeredo e Ata marcantes ilidade na conversação eram dos. Maneiras refinadas e hab ours, Inglês de Sousa. Quanto aos am em Rui, Pereira Passos, Paiva e l, mesmo
documentação disponíve mais difíceis de serem detectados na eira Passos e de Azeredo. assim era conhecida a reputação de Per smo se pode dizer da Se a questão do estilo pessoal é óbvia, o me a, música € poesia que eram influência aristocrática francesa na literatur da mais tarde recordou apreciadas nos salões. Um jovem poeta da mo
] continua imoderaque, por exemplo, “o prestígio do livro francês [... do e incondicional. Com que avidez o lemos!
[...] persistimos france-
ses, pelo espírito [...].!” O mesmo poeta, ao descrever as recepções elegantes, não consegue abandonar o paradigma em vigor nem mesmo nos termos que utiliza para designar aqueles que representavam, conversa-
vam ou simplesmente frequentavam tais salões: diseur, causeur e gen-
Hleman. o O romance em que Afrânio Peixoto retrata a alta sociedade
que eram delâmadas ou representadas nos salões, como “Le chi”
da época, A esfinge (1911), menciona algumas peças típicas de salão,
a
pe
tines”
e
“C'est le vent"',”
e Broca, em suas observações so-
ed a escreve: “Que se conversava, de preferência, em ? Antes de tudo as novidades parisienses, depois o últi-
mo fomance de Anatole France, o fracasso do Chantecler, de Rostand
peça mais recente de Bataille etç?."2
refinados exibido nos salões do Segundo Reinado.
Se as
jogos de cartas e outras atividades do salão do Segundo Rei-
t apareciam, eles tampouco o faziam nos salões contem-
» O Rio apenas permaneceu au courant.
de salãa o e o “tipo” neles admira i do, tanto na Monar-
República Velha, demonstram, portanto, a vitalidade
141
s. Fosse na poesia de.
o franco-inglê continua do paradigma aristocrátic
clamada, nas canções cantadas, na música tocada, no estilo pessoal va.
ou nos oulorizado, ou no francês usado, fosse no champanhe bebido, nos díners apre. tros vinhos servidos, nos salgadinhos degustados, ou
francesas, mas te ciados, mudavam as modas européias, principalmen as
não o gosto por tais coisas." edade de elite — mais Da mesma forma que o papel do salão na soci ito uma intersecção dos círculos interligados de um mundo muito restr inavam os passatem—, os valores aristocráticos europeus que determ
douros. pos de salão e o comportamento de seus membros eram dura
o, Mantidos para contatos, conversas e formas prestigiosas de consum
a imos salões de belle époque também demonstravam, mais uma vez,
portância de tais valores na imagem que a elite projetava de si mesma. Assim como em sua educação e instituições formais, a identificação dos salões com a civilização européia era fundamental para a noção que a elite tinha daquilo que ela deveria ser. No mundo em mudança, no qual os membros, ou candidatos a membros, da elite buscavam conservar ou
ganhar posições, esses valores estavam entre as poucas coisas que indicavam a continuidade e legitimação decorrentes da tradição e da identificação com o poder.
4
ICAS T S É M O D S E Õ Ç I INSTITU DA ELITE i pd ntEe deslocou-se se fa ên a e qu do ta O leitor deve ter no do : O mas onantes € a si es pr im 5 is ma s ca ti É tr: das caracterís lidade social por ea 1 da e os du ví di ivi o in ind ment ara o estudo dos reza € O desenvolvi em pormenor à natu os em ar in am rt ex em pa e : A Seg i: , até agora apenas is ta en am : ções ainda mais fund t de institui mundo, ou seja, as ins à família da elite e seu o ut sc di ui Aq es. ci da so da tu ura e da ra a compreensão da cult pa is ia nc se as es ic st mé do s tuiçõe dade de elite.
1 A FAMÍLIA quanto os estudiosos Conforme já observaram tanto Os viajantes grande parte do pedo assunto, a família no Brasil colonial e durante iderada como ríodo pós-colonial é melhor compreendida quando cons l e relainstrumento de sobrevivência e de triunfo em um ambiente hosti tivamente intocado pela intervenção do Estado. Com efeito, o Brasil colonial e monárquico foi em grande parte criado pelos grandes clãs que
detinham a riqueza e o poder, e tudo fizeram ao longo dos anos para
garanti-los como forma de sobrevivência. A economia brasileira sempre foi precária, prosperando e definhando conforme a demanda por
aaa
e
og meios, delegava sua autoridadedo da a mal, iam ira E o raia bn co) infor mane de poder o exerc . a ários e nos Po ando Ra e fundi huma
Em tais circunstâncias
ômi
políti
ciais não surpreendem. As oportunkisda dm
REC
pet
sá
e o
duo dependiam de sua posição na família e d: poníveis para um indivi-
a posição desta na hierar-
143
:
tocal, bem como da posição da região tam
quanto na internacional, No decorrer do sécuio
certa fluidez, pelo menos nas profis d Fi ilidades a bertas aos indiviíduos. anas, que ampliou as possibibili de membros dos setores da imigrantes — assim como descendentes sai e urbanos — descobriram novas possibilidades no potencial
erescente das cidades portuárias. Basta pensar em Paulo de Frontin, An
sômio de Azeredo ou Ataulfo de Paiva. algumas variáveis Nestes exemplos, contudo, deve-se levar em conta
que Nenhum desses homens poderia ter aproveitado as oportunidades
início, com o di surgiram sem uma educação adquirida, pelo menos no
nheiro da família; e todos eles, com exceção talvez de Paulo de Frontin,
abriram caminho graças ao patrocínio dos poderosos. O apadrinhamento, como veremos, era parte integrante do esquema familiar da elite. A mobilidade social da elite tinha, portanto, como principal característica, as
limitações e possibilidades inerentes à instituição familiar.”
Uma imagem útil para se entender tal instituição é a de uma rede — uma rede trançada com carnee sangue, osso e cérebro, estendida ao
máximo para apanhar quaisquer possibilidades que as traiçoeiras corua
econômicas e políticas lançassem em sua direção, e, ao mesmo
0 a
rede flexível, facilmente recolhida e lançada em outro lopesca fosse fraca e houvesse vantagens em outro ponto. Os
peestudiosos do Brasil conhecem o triunfo e o consequente colapsopso de ca9 prosa regional — o açúcar do Nordeste, no século xvit, o ouro em Minas Gerais, no século xvin, os efémeros surtos diamantes
Produção de açúcar e algodão em várias províncias no início do
sé
Aa vi 4 ascensão k e queda da borracha nã XIX, do século, no Norna virada >
de a década de 1830, a expansão do café em diversas áreas de maltos
na região Centro-Sul em épocas distintas. é
4 história das famílias cafeeiras é típica da situação
instável que as afligia. Vale lembrar, por exemplo. «o comerciais associadas forama base das fortt À 1880. A cafeicultura experimentara seu “de Janeiro, em meados do século
de fundo o declínio re
bs que poderia arruinar pações
mal disfarça
, reforçar a posição con
tradicionais ameaças.
NIO 2 MATRIM! 'Ô
a i da eliti e plojudaE as li mí fa das genealógica ass assim O exame da árvore ares. Chega-se in im el pr s õe aç rv dra se além dessas ob : com O qual as o nt me ru st in um 1 do casamento, a. Dois exemplos se) e o proteger da ruina econômic se
a
alianças mal a das famílias e das ci ân rt po im a Enc pe te. moniais no âmbito da eli
-
emo
Guimarães
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sa = Alfredo Maria
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Pedro José Neto Teixeira filho do v. de Cruzeiro,
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= Adelaide de Besurepairo
(filha do c. de Besurepairel
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sobrinho de Maris Cândida,
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Francisco José, o e Castro Ana Coreia bo=de Vassouras. =e LR: Eufrásia Te Mia loménia exnova tpeima)
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Be Antônio, m. de Itu (E) = Antônia Rafael Tobias,
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(F) b. de Piracicaba
de = Francisco = | Ltonarda
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Pitoiporento” a de Melo “de Monte Alegre) | Sousae — = 2Marian
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do v. de Melo Franco)
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Wídia Mataida = Estêvão, m. de Vatença (FSMICDA) Estêvão (FD) Geraldo, b. de Resende (FD) Maria
logs do GS limao JoãÉ o7
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= Albino José
UR Isabel Augusta vd S) pesar nn lindo? D
= Consuela Atafi ea tia Nogueira e
es
Nogueira)
Ferreira Jacobina FD)
Pobanequeir
ta eS = senador ro, corretor, financis C = conselheiro
Mi = ministro
Nixcomerciante
Quadro 1. Famílias de elite e estratégias matrimoniais 145
Violeta “Bebê
E pisrcehord ”;
Eloi
i sta, magist; rado Surjuri
OI genealógica mais complexa (quadro 1) — assim como à mais simples (quadro 2) — é incompleta, mostrando apenas aqueles
membros importantes para estabelecermos determinadas vinculações e certos acontecimentos. Vários membros da elite, já citados, nela apare.
cem. Se isso não for suficiente para mostrar que O casamento servia para unir fortuna e poder, para mantê-los e aumentá-los, as observações
seguintes o serão.
Primeiro, deve-se notar que a árvore mais complexa, incluindo de
quatro a seis gerações, abrange na verdade seis árvores distintas (com
ramificações em outras famílias da elite): Barbosa de Oliveira, Teixeira Leite, D'Escragnolle Taunay, Ribeiro de Resende, Sousa Queirós e Gomes de Carvalho. As alianças matrimoniais indicam uma busca constante de acesso a um terreno econômico e politicamente favorável ao
reforço e garantia da posição da família. A relação das sedes regionais
de cada família (isto é, o local onde a família inicialmente adquiriu seu poder) constitui um mapa cronológico das regiões mais prósperas do país. E as atividades dos chefes de família exemplificam as posições típicas da elite do século x1x. A família Barbosa de Oliveira, fundada por membros da pequena nobreza falida de Portugal que se ““deram bem ** em atividades públi-
cas e profissionais na Bahia no século XvIII, deixou a magist ratura im-
perial ao se casar, no século x1x, com importantes famílias proprietárias de terras de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, ao mesmo tempo que mantinha membros importantes em profissões urbanas e no
funcionalismo público carioca. Ela conseguiu realizar com sucesso sua transferência do Nordeste decadente para as provín cias do Centro-Sul,
jinantendo-se Junto aos pólos de riqueza e poder urbano e rural.' família
Teixeira Leite originara-se de famílias mineiras do século Prosperou nos setores financeiro e de infra-estrutura, em Mi-
Principalmente, no Rio de Janeiro. Entre seus membros
os mais importantes financistas é corretores da provínque desbravaram orico vale do Paraíba, fundan-
o dos títulos e do reconhecimento imum dos mais poderosos clãs de fazendeiros
café.
descendia de nobres émigrés franestabeleceram na Corte, servindo esãos e professores. Esses noI Os aos franceses, adqui* NOS negócios, e se uniram
]
s de fazendeiros do Sousa Queirós.
Teoanegaco|
queaara
oa jóé Je Sá o Almeida Foicidade Morgodo Antônio (0) Antônio Josquim (N) E ndo de nfs LS mt e a m de Rocilo!P) Antônio Sá Tereza = 2 José Antônio, José, José Josquim. Barreto de(primo. a Josê Josquim Améli de Inohan «= | Maria Carolina | b.Cândido de hombi (FB) v. de taboraí (CSFEMD om segundo grau)
ETC]
ih dons Tomás
= Maria Barbara da Costa Ferreira
de Maia Monteiro, be de Estreia (NBF)
INF)
a
= Restituta Soares. = Maria Álvares [ ide Azevedo Macedo
Guinermina— Marid Cândido | Manual Amtônio 10) =Sebastião (fihadom Guimarões =? Carneiro a Cem d. de Jaguarão)
“José Joaquim, b. de hapoé Bsrbuda é Figueiroa — tu= Maria Me SonEsmeria dode Dr
José Paulo de F. (DCM) -?
RE José Tomás (SCM José Tito (40) iiPedro de Alcântara = Ana Benigna vona de Sé Barreto : e Sienando (AJO) ita “Josquim Aurélio (DM) — = Evelina =Hiório Gouveia
Abreviações: F = fazendeiro
= banqueiro, corretor, fnancista. na ' CWa= conselheiro N.= comerciante
D= deputado
A = =jurista, advogadomagistrado e =conde babado m = marquês v =visconde
Quadro 2. O papel do Rio de Janeiro nos casamentos da elite
A família Ribeiro de Resende, com origem na nobreza portuguesa
do século xvilt, enriqueceu como proprietária de grandes áreas urbanas e rurais nas províncias de Minas Gerais e Rio de Janeiro, tendo grande prestígio na Corte. O patriarca, marquês de Valença, conquistou as graças do imperador como magistrado e estadista leal, recebendo sucessivos títulos de nobreza, que, juntamente com os anteriores, facilitaram as pretensões matrimoniais de seus descendentes, possibilitando alianças invejáveis com importantes famílias paulistas.” Entre elas, novamente, estavam os Sousa Queirós. Esta família, como duas das outras, reivindicava um brasão português e raízes no século
xvrt brasileiro. A exemplo dos Teixeira Leite, destacaram-se como os primeiros grandes latifundiários de sua província, possuindo numerosas fazendas, exibindo títulos e vínculos, pelo casamento, com os poucos clãs e aliados políticos capazes de se equiparar a eles em São Paulo.* Por fim, a família Gomes de Carvalho ilustra as já mencionadas
na economia provincial e urbana. Assim como tantas ouassociadas ao Cassino Fluminense durante o período de 1900,º esta provinha de comerciantes portugueses que, no sécum-se pelo casamento a famílias de latifundiários fluminen-
omes de Carvalho completam o modelo, como rentiers e pro-
os com investimentos em fazendas de café, no comércio
imobiliário urbano.'
segundo lugar, essa observação revela que os casamentos em )incluem não apenas um movimento para fora (para famílias de de status equivalente, com prestígio profissional e boa situação na Corte, ou conexões financeiras e empresariais), mas um mo-
147
as, no insRtérior vel para dentro (em direção àquelas famili garantir a segurança). Era fundamenta! pa vimento ea
do
consolidar e manter as pos. segundo movimento, O desejo de os o: lei, além do primogênito também
mu E de acordo com a e pare mm e as familias esforçavam-s a, anç her à o eit dir ham filhos tin entes, de modo a evitar a disper
par dentro do círculo mais próximo de incorafamiliares. Apesar de ser ext os nt me sa ca por o ôni rim
são do pat rria com grande , mum O casamento entre tios e sobrinhas ele oco
qiiência entre primos.
b: Pode-se suspeitar que esta endogamia se devia aos limites restritos da vida social rural, na qual a única alternativa ao casamento
com um primo era a união com um dos filhos de outro tia No en como muitos casamentos eram arranjados pelos pais, mesmo no
terço deste século, a questão da escolha é discutivel. Mesmo quando
havia interferência dos pais, deve-se levar em conta que as famil grandes fazendeiros costumavam passar parte do ano nas casas dz dade, na capital ou em centros provinciais, e que os homens, quando jovens, com frequência passavam vários anos nas faculdades de direito de São Paulo ou Recife. A possibilidade de que um desses rapazes res
zasse um casamento com uma jovem bem-nascida não se limitava, portanto, âquelas com o mesmo sobrenome. Na verdade, o que estava em jogo era o desejo de reafirmar os vínculos econômicos e emocioneis o tentes no círculo ampliado de parentes, os quais compartilhavam inte
esses, vínculos com o passado e confiança nascida do convivio.”
A árvore genealógica mais simples (quadro 2) ilustra um terceiro
ponto — o papel do Rio como um mercado matrimonial para familias Provincianas interessadas em ampliar seu poder. A familia de Joaquim
Debooa a dastio por exemplo, embora ilustre, estava limitada pela
Ê Ripao, o Nordeste. O conselheiro José T>Joaquim, já havia feito o melhor casavínculos que estabeleceu através da es
de Sá Barreto, denota um srupo
guindo casar-se com outra rica herdeira, Evelina Torres Soares Ribeiro.” Em ambas as tentativas, a Corte foi indispensável. Que outro cenário seria mais adequado para um jovem de “'boa família” encontrar e casar-se com alguém que pudesse garantir seu prestígio, por meio da
aliança com uma família de linhagem talvez mais recente, mas certamente com recursos mais vastos? Centro político, econômico e social
do Império, o Rio era insubstituível para estes fins.
Embora seja possível alegar que o caso de Nabuco não é conclusivo,
com certeza o mesmo não se pode dizer de sua esposa. Um rápido exame de sua árvore genealógica (sua família prosperou na Corte, ou à sombra dela) deixa claro o papel fundamental do Rio nos casamentos estratégicos. Ele é evidente, primeiro, pelo número de títulos exibidos pelos ancestrais da noiva, e pelos parentes que lhe eram contemporâneos. É óbvio, também, pelas raízes principais da árvore. Os Soares Ribeiro, família pa-
terna de Evelina Torres Soares Ribeiro, tornaram-se extraordinariamente ricos no comércio carioca e com atividades empresariais urbanas e rurais, tendo realizado casamentos com famílias similares (como Estrela, Vasconcelos de Drummond e outras). Pelo ramo de sua família materna
(Rodrigues Torres), dona Evelina estava ligada a latifundiários fluminenses, corretores de café, banqueiros e políticos, cujos casamentos os vincularam a famílias enobrecidas de militares e magistrados, de origens pro-
vinciais (mas residentes na Corte).'* As possibilidades de alianças com
famílias que dispunham de riqueza, poder e contatos ampliavam-se enormemente no decorrer das gerações, caso a família em questão se manti-
vesse aceitável e residente no Rio do século x1x.
Embora estes exercícios genealógicos nos auxiliem a ver o aspecto mais importante do casamento — a elevação ou preservação do status
e das oportunidades familiares —, eles também obscurecem o lado pes“soal. Alguém podia se casar de modo a realizar as ambições de seus pa-
“rentes, mas a união de famílias era, necessariamente, também uma união
s. Em 1847, aos 38 anos, o magistrado carioca Albino José Bar» Oliveira foi informado de que seu casamento fora arranjado da noiva e por seu pai. Embora tenha concordado com pai estava “muito satisfeito” com a aquisição: a noiva, uma irós, era afilhada da marquesa de Valença), ele confessou: ne a chorar, porque apesar de desejar e precisar muito casaré este casamento muito aceitável, lamentava a perda
jade e o peso que ia tomar sobre mim”. Ele só conheiva (visivelmente amedrontada e embaraçada) pouco antes do nto; eles nunca passaram um momento a sós até se encontrarem
O quarto de núpcias. Passada uma geração, o magistrado recordava-se
149
da timidez de sua noiva e a demora constrangedora com que ela sussur-
rou a aceitação formal na cerimônia de casamento. Mesmo assim, com todos esses problemas comuns à elite na metade do século, o casamento foi feliz, pelo menos para o magistrado. Ele pediu que um verso de Virgílio, celebrando sua “felicidade conjugal”, fosse inscrito na lápide sob
a qual ele e sua “Isabelinha” descansariam juntos para sempre,
As coisas já eram diferentes na década de 1870. A corte de Joa-
quim Nabuco a Eufrásia Teixeira Leite ocorreu durante uma viagem à Europa, longe da interferência de seu pai e dos pais da dama, e o noiva-
do se desfez por decisão do próprio casal.” Quando Nabuco fez a corte
pela segunda vez, na década seguinte, de novo agiu por conta própria, Quando pediu a mão de dona Evelina, à porta de uma igreja de Petrópolis, onde encontrou-a por acaso, sozinho (algo improvável na geração anterior, como será visto), o contato entre os dois foi profundamente pessoal. Nabuco falou de sua saúde combalida e do medo de morrer antes que pudessem passar muito tempo juntos. Dona Evelina, aos 23 anos, muito impressionada, não desanimou. Quando o brilhante deputado contou-lhe que não viveria mais do que cinco anos, retrucou, “Não
faz mal, me basta”!
Apesar das diferenças nos aspectos íntimos e românticos do casamento indicados por estes dois exemplos, a continuidade é muito mais importante. Em ambos os casos, são evidentes as pressões no sentido
de uma união benéfica em termos familiares. O casamento de Barbosa de Oliveira era obviamente uma aliança familiar, arranjada pelos chefes
de Cada família, e envolvia fortunas consideráveis. O papel do pai na união
já foi mencionado, e não é difícil imaginar sua felicidade no tocante à Tiqueza. Ao escrever a seu pai, Barbosa de Oliveira com certeza descreReu em pormenores O dote e as jóias da noiva, com olho clínico de ava-
liador.” Isso era esperado, e também disfarçado com cuidado em consideração às aparências familiares, Barbosa de Oliveira confessou à filha
E “le cautelosamente evitou disputar com a família da esposa o direito
Ego do Parte da
n
forma a ressaltar o estilo aristocrático
da tática: “[...] a princípio e que afinal mostra-
era um fidalgo”
ico. Embora seu
Araújo, pesou negativamente no lado dos Teixeira Leite, durante a corte. O clã, liderado pelo barão de Vassouras, opunha-se a uma aliança com um abolicionista, anátema para as tradições escravocratas arraigadas entre as famílias de latifundiários fluminenses. Nabuco estava tão receoso com a ameaça que ele e o pai agiram em segredo ao prepararem os documentos para o casamento.2 O papel da família se fez presente na segunda tentativa de Nabuco. Embora tivesse pedido a mão de dona Evelina sozinho, seu caminho foi
facilitado por outros. Entraram em cena avalistas poderosos: apresentações, amigos comuns da família e o favorecimento declarado de uma das madrinhas da moça desempenharam importante papel. Não se pode dizer que ele tenha raptado a noiva. Como se vê, o amor não atuava sozinho. Nabuco, o mais jovem de vários filhos, havia gasto a herança recebida de uma madrinha proprietária de terras e, portanto, dependia de seu salário de deputado para viver. O casamento pode ter parecido promissor neste aspecto — a filha do casal nota que dona Evelina levou um dote substancial. Mas foi graças ao amor que o casal superou a perda desta fortuna num revés
financeiro em 1890. Eles se arranjaram na bela casa que dona Evelina herdara, enquanto Nabuco esforçava-se para pagar as contas, trabalhan-
do como jornalista e advogado.”
Podemos concluir ressaltando que, na celebração do casamento, influíam tradições muito sugestivas. Em meio a outros costumes rituais,
deve-se enfatizar a exibição dos presentes recebidos e o comparecimento de vários padrinhos (protetores rituais da noiva e do noivo).” A exibição dos presentes, comum
na tradição ocidental, é uma demonstra-
ção óbvia do status das relações do casal. No Rio, os presentes indicavam também a natureza peculiar da elite carioca. Dois tipos de presentes eram
comuns — enquanto os parentes do casal davam escravos, aos outros
ficavam reservados os artigos europeus de luxo. Os escravos serviriam Como criados pessoais na nova casa, que seria enfeitada pelas porcelanas, cristais e demais objetos em voga.” Tais presentes eram ao mes-
Mo tempo práticos e simbólicos. Por um lado, constituíam itens indis-
Pensáveis ao padrão de vida doméstica ao qual estavam acostumados à
9s
da elite. Por outro, caracterizavam a classe dominante eumem “de uma sociedade baseada na escravidão rural.
* Osegundo costume, a escolha dos padrinhos, está relacionado ao
de alianças familiares aqui discutido. Os termos utilizados, ““paSistema
drinho” e “madrinha”, referem-se etimologicamente aos pais. Como
do apadrinhamento e amadrinhamento de batismo (no Na instituição qual empregam-se os mesmos termos), as pessoas escolhidas deveriam 151
um papel parental, ainda que restrito ao âmbito da prote.
çãoe promoção dos interesses do casal” Ser escolhido para padrinho
não representava apenas uma honra. Implicava um
responsabilidades, ainda que de modo
vínculo familiar e
progressivamente atenuado no
decorrer do século. Além disso, os padrinhos também serviam para de. monstrar status, da mesma forma que a exibição dos presentes: as noti-
cias nos jornais citavam padrinhos importantes, por vezes ao lado da porcelana e da prataria.
3. SOCIALIZAÇÃO
PELA
ETIQUETA
O casamento era apenas a projeção inicial, na sociedade, do status
específico do casal. A maneira como ele se comportava em público, o modo como recebia e entretinha seus convidados, e a posição que ocupava nos círculos familiares e íntimos tornavam-se desde logo questões
importantes, caso o casal desejasse manter e ampliar o status social ex-
plícito em sua união. Nesse momento, entravam em cena as práticas que confirmavam uma socialização adequada. Essas práticas, mais uma vez, inspiravam-se na aristocracia francoinglesa. Mas nem sempre fora assim, A cultura doméstica da elite, no que tange à etiqueta, complicou-se muito no decorrer do século. Relatos de viajantes e reminiscências locais indicam que as atividades sociais extrafamiliares eram raras durante a maior parte desses anos e, quan-
do ocorriam, envolviam algumas figuras de destaque e suas relações, como nos salões do Segundo Reinado, por exemplo.” Em geral, apesar de as pessoas importantes promoverem salões, bailes de aniversário ocasionais, tanto elas quanto os demais membros da elite restringiam-se basicamente aos círculos determinados pelo sangue, pelo casamento e pelas amizades de longa data. Além disso — pelo menos até o segundo terço do século —, a presença de comida e bebida
européias era menos marcante, exceto nas raras ocasiões mencionadas.
predo
No entanto, euro
À
t
p
reuniões familiares, o característico estide salão, sempre enfatinas danças
fletia
a filiação da elite à tradição Os
e parentes, na casa do
para conversar, comer, ístico, e, quem sabe. a conversação prt do", Como decta-
sair”, mantendo
e
final do desapareceram no não s eto sel s are ili ros fam sticos ais encont garam diversos rituais domé Pelo contrário, à eles se agre amiliar. Essas a éfrequentemente extraf ad or ab el s mai o uit a
s
se
séde al-
ionadas e dos modedas amplas mudanças antes menc a. lco da sociedade carioc
novo pa um duplo cenário para o os rs ssava Ee de 1850, aCorte não pa da ca dé na , que r ra mb É bom le da polítindente do café provincial e pe de r, no me a ri uá rt po l uma capita e em um consua vez, transformara-s por 0, 190 de Rio O al. eri ca imp , profissionais e em-
teraç
carreiras burocráticas clomerado urbano, no qual as urbano mundo da elite tornou-se mais “resariais da elite eram a regra. O o e criado — majoritariamente nascid e requintado. O “alto mundo” eiro ou ncia estrangeira, ganhando dinh na cidade, mais exposto à influê atraído pelos
é — sentia-se cada vez mais castando antigas fortunas do caf ansforus, e capaz de imitá-los. Estas tr costumes aristocráticos europe sndo para a atitude dos sócios do Ca mações serviram como pano de fu sda do século, e explicam os contra sino Fluminense entre 1850 e a vira ulo, e, na belle époque, O Club tes entre o Cassino, em meados do séc tram a discussão sobre as carreigos Diários. As mudanças também ilus
oque e seus salões.” ras dos membros da alta sociedade na belle ép dade, o
esso e a fixaçã na ci Aqui, o que se deve levar em conta é que o ac ens à Europa e do númeassociados ao aumento na frequência das viag os com o gosto europeu, causaram ro de membros da elite familiarizad ciedade carioca a um impacto significativo na vida doméstic da alta so
is um sinal e no período em questão — 1898-1914. Tornou-s cada vez ma el, de status elitista exibir uma personalidade social distinta, reconhecív
terminados rituais , de evidente inspiração franco-inglesa por meio de de
ente era mais privada. que se incorporaram à vida familiar que tradicionalm disso encontra-se nas colunas dos jornais que ea ai dd
Sbiedide pi
ansiedade em relação à aparência eao estilo em
ores da cat disseminada pelas camadas médias e superi
las da elite, Pe pelo menos desde a década de 1890.
dres, deram Considerado Mais (talvez Médios avo dá E bell
a passar Jongas temporadas em Paris eLone nto social E prriruções quanto ao comportame ioE vi a Europa. , No entanto, outras famílias tradic s viajadas), assim como os novos-ricos (e os setore mais abastados e eurófilos) ansiavam por elas. Os jore perceberam e cultivaram essa ansiedade em face
O maiscp; imimporta, Ro ano exemplo
E diária
Muitas famí-
desta reação era a prestigiada coluna
Com um inóculo”, publicada entre 1907 e 1914 na Gazeta de Notícias. de homme du monde preocupado com os constantes faux 153
Pimentel opinava a respeito de pas dos confrades incorretos, Figueiredo do Rio ao uso correto do monóculo: “A mo-
tudo, da reforma urbana da”, escreveu certa vez, “é uma obra de arte, e não há obra de arte dig-
na de tal nome que não tenha o tique delicioso de personalidade, do
cérebro que a criou”? Com certeza o próprio toque de distinção de Fi.
gueiredo Pimentel ajudou a tornar o “Binóculo” o árbitro de toda a
elegância almejada na belle époque. Um contemporâneo recorda:
O “Binóculo” proferia a palavra de ordem que era rigorosamente obedeci-
da, Damas e cavalheiros submetiam-se ao que essa coluna da Gazeta lhes
dizia em matéria de vestir como em matéria de comportamento público e privado [...] as mesas dos banquetes obedeciam à regra ditada pelo cro-
nista, as festas familiares eram conduzidas segundo os seus conselhos”
Uma das idéias básicas do colunista é um conceito ao mesmo tempo contraditório e essencial para a ansiedade referente ao comportamento adequado em sociedade. Este influente crítico das maneiras assegurava
a seus leitores que a verdadeira elegância não se adquiria por meio da
riqueza, mas da boa educação:
Uma pessoa pode andar na moda, vestir-se pelos últimos figurinos e não ser elegante, Por quê? Porque a elegância é um dom especial, uma particularidade, um dote tão difícil, louvável e precioso como a graça e a inteligência [...]
Trata-se do “gentleman'” que sabe trajar e conduzir-se, com dignidade
e beleza; trata-se do homem fino, que não se destaca e veste-se sem espa-
lhafato dentro das modas e da elegância de sua época*
Em outra ocasião ele declarou que “o essencial e o mais difícil não é a riqueza, que adquire o luxo e o gozo. O mais difícil é, justamente,
saber utilizar as vantagens da riqueza [..,]".“ - - A contradição é perversa. Se a elegância é uma característica do
-
indivíduo, assim
nem cavalheiro), como se comportar, então não era realmente elegante,
mas a viam como à garantia do êxito social sugerido pelas instruções
do jornalista (os segredos da elegância, ou seja, os signos do cavalheiatentos). rismo, encontravam-se à disposição de seus leitores mais
Qutra coluna semelhante, que se ocupava das maneiras e do estilo
or no espaço doméstico, era publicada no semanário Rua do Ouvid so(1898-1913), tendo em vista o típico leitor ansioso para se adequar à elmente fisticação urbana da belle époque.* Tais leitores eram provav
semulheres das novas camadas médias e altas da sociedade urbana, no mundo nhoras que pagavam regularmente pela participação vicária
dos cada elite carioca.” Além dos perfis de celebridades e descrições
a coluna que nos marotes da ópera, salões e hipódromos, havia também
para “Norinteressa: “Indicações úteis”, modificada logo após a estréia
qualquer dos dois mas de polidez”. Seus objetivos são evidentes, sob escrito por uma consatítulos: o texto servia de manual (evidentemente familiar, de modo a grada senhora da elite)'º de socialização pessoal e ores” do Rio e da permitir a cópia do estilo e das maneiras dos “melh Europa. m em pormenores Como tal, as “Normas de polidez” nos revela (ou, pelo menos, como deveo modo como era dirigido um lar de elite obtida por outros meios. ria ser dirigido), em oposição à visão parcial o aprendizado das maneiras se Os membros da elite nos informam que família pelo protocolo ou dava a partir do exemplo, da preferência da
também recordam-se do pela etiqueta francesa ou britânica à mesa, e da importância dos cartões ridículo provocado pelas gafes dos outros, vespertinas. As lembranças de visita e da etiqueta apropriada às visitas lidade do tratamento e das registram as restrições de linguagem, a forma público, os gestos de respeito deexpressões que deviam ser usadas em fixos para se receber (o invidos às mulheres, os chás formais e os dias
a do traje adequado para aguarglês at home — em casa), a importânci à mesa de
ou para se sentar dar visitas de uma certa “categoria”,
a de convites elegantemenjantar.” A correspondência deles está replet sua obses-
s e os contos traem teredigidos,“ e os romances, Os artigo São
pelas maneiras da aristocracia européia.”
polidez"! que são desntudo, é em colunas como “Normas de Em instituições domésticas da elite. das es detalh nos peque Os s e categorizadas, € o, as diversas visitas formais são definidas traje e O comportamento adedescrito, em conjunto com o dá con-
artigo todos os atores no palco doméstico” Outrocoisa, de chapéus como manusear qualquer
ados sobre convid os lh seaos
155
ão para coma e bengalas à mão do vizinho Rc a devida consideraç posição e o grau de amizade). Ainda outro Tefere-se ao melhor modo
de se organizar um cardápio e discute visitas, convites, trajes e manej. ras condizentes com a preparação correta da atividade mais temida e valorizada, o jantar de etiqueta. Um quarto artigo define o compor.
tamento do “verdadeiro gentleman'.* Outro faz numerosas críticas,
observações e recomendações sobre a arte da conversação.“
Seria leviano concluir, todavia, que tais colunas demonstravam uma preocupação exagerada. Elas revelam, antes de tudo, a reprodução no país da insistência dos europeus em tais questões. Observadores argutos da época, como Proust, bem como estudos acadêmicos recentes sobre o assunto, mostram o quão preocupados estavam franceses e ingleses com coisas como apresentações, roupas e pequenos pedaços de papel
impressos com o nome de seu portador. Os passeios regulares e estilizados, a ansiedade em relação a visitas e apresentações “corretas”, ao lu-
gar onde colocar o chapéu ao sentar, à quantidade e tipo de cartões que
se “deixava” com alguém e à reação apropriada a este gesto, ao protocolo, distribuição de lugares e rigor de um jantar formal, eram todos, sem exceção, pontos em comum das elites dos três países.”
Um estudioso argumenta que a rigidez e a complexidade das ma-
neiras inglesas em sociedade eram uma tentativa de enfrentar e contro-
lar a ameaça que representava para a classe dominante o número cres-
cente de novos aspirantes a uma posição e ao poder na Inglaterra vitoriana.“ Outro mostra o papel que a alta sociedade e a etiqueta desempenhavam na manutenção da rede de amigos e parentes, crucial pa-
Ta a segurança e para o progresso de uma família.” Levando-se em con-
taa expansão da riqueza e da mobilidade social no Rio, o comportamento
instável da economia e o apadrinhamento na burocracia do Estado,
“do
presume-se logicamente que estes fatores também tenham predomina-
no Brasil.”
* Entretanto, ao levantarmos esta questão em termos comparativos, notar que, apesar de o estilo aristocrático ser parte integrante
des domésticas em todas essas classes dominantes, há d
de classe, mas também em ter-
lares, eles adotaram práticas que os
crático, mas, ips com o status aristo só o nã m va ca fi ti jden em sua educação, em Dn a Eropã pa mesma forma que de sum suit ú
em seus salões, também os aspectos
Rs
ubm 5:ópa-
Am erizava pela Epa ct Mera ca se ma o So nd mu o alt O definiam — ial,
to neocolon trópole em um contex
AO EXERCÍCIO DO PODER 4 SOCIALIZAÇÃO ASSOCIADA
por ário para a socialização da elite Ansa não servia apenas de cen no ação a socializ s; nela também se dava urai cult icas prát de o (ou édi interm ro do lar mos O apadrinhamento dent oal). uso do poder. Aqui, examinare pess cia dên correspon
doméstico, a na extensão do “espaço” ponente impre foi, no Brasil, um com Esse apadrinhamento sem al para a ent dam fun famílias ampliadas, algo
portante das relações nas
tão, tal famílias.“ No período em ques há o tis essa por ada enh emp des função exemplo, de várias maneiras. Por uma nhamento se manifesta
apadri
mão e a luva, na qual Machado de Assis, A po descrito na obra de lugar de sua filha morta, lhada para ocupar O afi a cria a idos sa one bar da natureza. Ele tamcorrige um acidente to men nha dri apa O A menina, coNeste caso, relações hierárquicas. às da qua ade em ord ece “matubém restaura a ntosa, € portanto mer tale e ita bon é mo a baronesa declara, família da elite.” status dos filhos ralmente”” pertencer a uma do nascimento € do ma ble pro O , A descendente de Em outro caso
to, olvido pelo apadrinhamen ilegítimos é também res sua criada negra não podia, evidentemente,
e de afeto € educaum famoso cirurgião acabava recebendo mas , tima legi dedicado ser reconhecida como , correligionário ido mar Seu . hor sen do to, conseguinção dentro da família fruta do apadrinhamen des bém tam , s de tal de um chefe político receberia os dividendo educao filh O . a seu protetor excepcional de uma do cargos graças assegurada e 0 luxo
ia à atingir capital, tendo a infânc ajudar os dependentes à justa a par tia exis isso e para dar ção secundária. Tudo relações familiares, suas com l íve um status compat de partidária. excepcionais e à Jealda€ homem de letras tenta os ent tal aos recompensa ata subalterno ,
um burocr com um No terceiro caso, os literários € sociais
PS
es. Espera proliar fami es vit con e por meio de visitas salário necess portante, Ele o fazeira e, assim, ganhar O .
contat tirar proveito de seus sua carr
casamento após um “bom” do era esp le consumo drinhame casos citados, O apa cada um deles, os os tod Em das e domésticas. Em
na
relações familiares
157
ordem hierárquica, elevando os de,
sa manter uma determinado OEM, 30 qual teriam E a
tes da elite a um status
dentro da ordem vigME
n, cambém é comumente observas,
O apadrinhanie O E
O,
inferiores,
o 4 favores) ou no relacionamento rega.
não se esperando, em casos assim, my.
lr entr superiores e ETA dos envolvidos. Um exemplo do pri a poderia ser 0 caso antes mencionado: um político especiliaa
pelo interme. aotráfico de influências recebe um pedido, encaminhado no advoga. poderoso advogado (intermediário esse que vê
diário de um
do, um parente, o seu padrinho), para tentar fazer com que uma corpo. as proração importante torne-se cliente do advogado. O político toma
vidências, e assim estreita os laços com o outro, dentro da expectativa correta de que os laços são conversíveis em moeda política.”
Os exemplos do segundo caso com fregiúência envolvem o uso de a um por um subaiterno (candidato um padrinho como intermediário, emprego, talvez), que irá então atrás de um segundo sujeito poderoso
para pedir o favor, com a carta de apresentação em punho. A correspondência da elite está repleta de cartas do gênero.” Esse uso do apadrinhamento não se restringia a sujeitos desprovidos de um sobrenome
importante. Pessoas cuja fortuna se dissolvera nas oscilações econômicas e os filhos de pais mortos prematuramente pediam aos amigos da família para usar sua influência, dar uma “palavrinha” para mantê-los
em uma situação trangúila. Afinal, era para garantir esse tipo de provi-
dência, em parte, que parentesco e amizade haviam sido cultivados des-
da
vincul 0 exercício ada da proteção entre famílias «
inter-relacionados da socialização cultural
não deve ser vista como
itóri em face contraditória
tribal de ajuda mútua. “Pessoas de
dntuém, um conselheiro de Estado, o sobrinho deadvocacia, poderia um
€ faziam visitas e davam jantares
4 contatos e Criar um meio.”
158
questão Tanto na Europa quanto no Brasil, não se tratava de uma
parte indispensáde estilo em oposição à essência, mas de estilo como , nas quais o vel da essência. As relações no âmbito do “alto mundo”
das € reapadrinhamento desempenhava um papel central, eram ordena o. Asforçadas pela etiqueta elaborada fora do país, com este objetiv prosim, a socialização por intermédio de práticas culturais não apenas
porcionava o status conferido pela aquisição de atributos aristocráticos para a manuteneuropeus, como também intensificava o uso do poder
às circunsção e promoção das relações sociais tradicionais em meio tâncias sócio-econômicas vigentes.
5. MULHERES repetidas vezes menO papel da mulher na sociedade de elite foi isto ateste sua ubiquidade cionado no decorrer desta análise. Embora rdinação das mulheres, pois no “alto mundo”, também indica a subo es. Tal questão será aproelas sempre desempenham função de coadjuvant o mundo doméstico, quase fundada a seguir, pois a ênfase recai sobre ência das mulheres da elite. sempre a fronteira que delimita a exist ões anteriores às mulheres, Mas, como se pôde perceber pelas menç não significava falta de importância. a subordinação a pais e maridos mesl, a posição da mulher era ao Dentro de um patriarcado tradiciona
mo tempo dependente e central.
intediscute a casa. As alianças no Isto salta aos olhos quando se comos ado das crianças, que selavam rior da família, bem como o cuid os derad consi ambos
da elite, eram promissos € mantinham a linhagem dos submissas aos desejos e ambições “tarefas da mulher”, mesmo que do or reminiscências, as viúvas no interi as m irma conf o Como ns. home de seus maravam as fazendas no lugar estado com frequência administ da elite, viajantes e parentes, as mulheres ridos. Além disso, recordam da casa. Levando-
do funcionamento no século xIx, encarregavam-se vos ou criaresidências, o número de escra das nho tama o conta em se de coa preparação e O fornecimento dos, a organização das compras, convidados, sua homens, às crianças e aos mida e a atenção dada aos
atuação era decisiva.”
as mulheres eram as estrelas no Além da administração doméstica, ção de roupas e jóias, o comporta-
palco da alta sociedade. Pois a exibi
semagraça que conferiam às recepções a e chás, nos e salão no mento s familiar. Todas as
confiáveis do statu nais serviam como indicadores nte a presença das sociedade requeriam necessariame atividades da alta
159
mulheres.
Portanto,cultà ura maneira preparad para desem, e socicomo edade eram da elite é fundas amental
nhar seu papelna
em nossa
A educação das mulheres da elite e a gama das atividades que exer. ciam — ampliada em proporção direta à evolução da alta sociedade no
século XIX — apontam, outra vez, na direção de sua subordinação ne
sencial. Pois a alta sociedade, por mais feminina que fosse em sua a pressão, era masculina em seu propósito. Ela servia para manter e pro mover os interesses das famílias da elite, definidos pelos pais e maridos
que os supervisionavam.”
Como já foi observado, a alta sociedade, bastante primitiva no inf. cio do século, foi pouco a pouco adquirindo complexidade e esplendor em consequência do aumento da riqueza, dos contatos com a Europa e da urbanização que tanto marcaram a elite, Este vínculo funcio nal torna-se mais evidente quando se compara as diferentes regiões brasi. leiras. A Bahia, por exemplo, província que desfrutava dos lucros efêmeros do açúcar e de outros produtos, exibia uma notáve l vida social da elite durante o século x1x, incomparavelmente superior à da capital da província de São Paulo, mais pobre. Perto do final do século, no en-
tanto, 0 café havia transformado a capital paulista. A província miserá-
PS após o concerto, e então, [quando]
Um corredor atacava uma quadrilha, Cas negras invadiam o santuário.
son, no salão oposto, As quadrilhas eram dançadas em um tapete Aubus
e a banda, mesmo bem como sobre o excelente assoalho do salão de concerto,
mal [...] sem ter um maestro, não tocava sanduíches e laranjada gelada, à la Bercom Havia um pequeno buffet excelente vinho do porto keley Street, no corredor, e eu bebi um cálice de foram, e todos os conà meia-noite, quando o imperador e a imperatriz se vidados os seguiram em bloco.
por “estabelecer uma Note-se que o salão de Abrantes se distinguia Europa e os rudes costumes ponte” entre as maneiras aristocráticas da te artistas e diplomatas eubrasileiros (Abrantes convidava regularmen
metade do século, a socieropeus).” Como se viu, até bem depois dasuas caracteristicas paroquiais dade brasileira de elite era conhecida por
comércio de luxo ainda não hae familiares. A riqueza, as viagens e o para aliviar as sufocantes reunido força suficiente nem tido tempo viam
grupo familiar ampliado, as quais, tradições que regiam o convívio no característica da alta a principal por muito tempo, foram consideradas
sociedade.
da até as últimas décadas da segun A vida das mulheres da elite, scen-
correspondentes. Ainda adole metade do século, sofria restrições com s (em geral homens estabelecidos, tes, eram prometidas a seus noivo exiiria aprendido o que à alta sociedade trinta anos ou mais), tendo já tocao de francês, liam em português, gir delas. Arranhavam um pouc s doárias de óperas ou exibiam outro vam piano, dançavam, cantavam
tes convenientes.”
mià maioria desses ensinamentos, As mulheres recebiam em casa , Nas poucas ocasiões em que saíam os. ngeir estra es tutor por nistrados sua reputes masculinos zelosos de paren por tadas escol eram as jovens lugares onde domésticas eram os únicos ões reuni as e a igrej A . tação flerte poderiam aconde algo semelhante a um pouco sinais discretos e lampejos certamente discretos e com mas osos, calor z talve tecer. Seriam Mesmo quando qualquer dos envolvidos. de no desti no real a viresultado segurança, continuavam em as, casad as jovens já se encontravam iar, administrando nos limites do círculo famil são reclu osa rigor em calor tropiver algodão, adequados ao de dos vesti dos folga pelas escraseus lares em nçando nas redes, rodeadas bala ou es tapet em cal, sentadas Os maridos, da casa, de raças variadas. ças crian pelas e itas favor vas jovens espoda linhagem, levavam suas dade inui cont a urar asseg para vidá-las, esperando o costu-
de engra sas para a cama com a finalidade cumprido por dez anos ou mais. Paa ser meiro parto anual, um dever iar, as escravas mulatas poderiam ser ou ralelamente a este esforço famil marido. Após dez anos dos desejos do utilizadas para a satisfação 161
jovem noiva estava Pério e um número equivalente de partos, a
o inta, gorda, coberta de jóias, terrivelmente enciumada de suas é de E as para a mesma espécie cuidando de preparar suas filh ua
ido a todos os partos, claro, licidade conjugal”. Caso tivesse sobreviv a para segunda uma outra prima jovem Muitos maridos escolhiam
sa, quando àprimeira morria na adolesacia,
ou sucumbia exausta na
um filho. juventude, ao dar à luz mais não espanta a impressão em Levando-se em conta o tipo de vida,
senhoras da m geral negativa que os viajantes estrangeiros guardava das em 1882: alta sociedade, Um inglês reclamou, Os brasileiros são um povo muito obtuso, as homens (...] suas maneiras não são refinadas, a conversação polida nas reuniões sociais. Na mulheres se encontram na chamada sociedade,
mulheres mais ainda que os nem a língua lhes possibilita verdade, quando homens e elas nunca parecem conver-
sar. Mas todas as mulheres tocam piano. Aparentemente, é só o que sabem
fazer. Tocam trechos do Trovatore e da Traviata, a marcha de Norma e o Carnaval de Venise com variações, algumas de maneira correta, outras nem tanto, mas raras com talento. Todas parecem dançar bem, mas valsam muito rápido, o que, em um país tão quente, é um duplo erro.”
Parece óbvio que esta limitação deriva de um ambiente fechado.
As mulheres viam-se tão constrangidas pelas barreiras do lar e das con-
venções que se criou um código usando várias flores, por meio do qual as garotas se comunicavam com os admiradores que ousavam aparecer
na rua ou na igreja para observá-las deslumbrados.”? Na verdade, pa-
rece prematuro usar o termo ““alta sociedade” para designar uma vida
social restrita à família ampliada, à igreja e aos raros eventos e bailes
da Corte.” É sintomático que o primeiro baile “público” (com ingres-
sos pagos, em vez de convites) tenha ocorrido somente em 1844.”
Não havia então nenhum motivo para permitir às mulheres instruexperiências além do pouco exigido para as funções familiares e
outra coisa, em decorrência das restri-
ivamente pobre, isolada e convencional ências em termos de realização pes-
Vale mencionar que os três pra-
“as mulheres eram a gula, olhar
caes Sa
às.
pela janela para fazer mexericos sobre os passantes e o cafuné (um di-
vertimento tradicional, em que se reclinava a cabeça no colo da jovem
escrava favorita, a qual massageava o couro cabeludo da senhora ou,
como querem alguns, removia-lhe os piolhos).* modifiRelatos e memórias de viajantes sugerem que tais hábitos
dramacaranias pouco a pouco. As mudanças, quando vieram, foram
ticamente simbolizadas pelo advento dos bondes. Estes veículos, implantados em 1868, pela primeira vez tornaram possível que as mulheres da elite se aventurassem longe de seus lares nos bairros residenciais distantes, e visitassem a área comercial da Cidade Velha em busca dos artigos
importados de luxo.”
O bonde e as novas perspectivas que eles abriam para as mulheres
no final do século xIx revelam as oportunidades e recursos da nova era.
e dos serA riqueza crescente, proveniente da expansão das importações viços urbanos, somada ao impacto da nova tecnologia européia, permi-
o que tiu o surgimento de novas experiências, requintes e complexidades,
delevou a uma metamorfose das mulheres e das expectativas a respeito ine las. Em conformidade com o papel que lhes cabia, de ornamento a addice da posição social de suas famílias, as mulheres começaram do mundo exterior, quirir maior refinamento e uma experiência ampliada o bonde, lisomente Não até então desnecessária e de difícil execução. de luxo cada vez mais acesgação com o centro comercial e seus artigos serviram para remover O síveis, mas também o vapor para à Europa,
e da alta sociedade, com novas artes véu doméstico e delinear o perfil
refinamentos.
— à proficiência no franDeterminadas expectativas permaneciam contipiano, no canto e na declamação cês, nas danças, nas roupas, no Entretanto, de uma moça bem-educada. nuavam sendo características as aruma familiaridade maior com o aprendizado de outros idiomas, franceses, à ópera e o teatro) emais tes (em particular com os romances
dos homens, mesmo dos estrangeiros, segurança quando na companhia aprenderam o que se esperava começavam a ser notados. As mulheres na Europa e na Corte, à um contato delas, porque estavam expostas, cada ponto de, durante as temporadas maior com a cultura européia (a O
mulheres da elite puderam, sem vez mais longas em Paris, algumas com aristocratas franceses). O resulmenor constrangimento, casar-se por um escritor então em voga: tado ideal deste processo foi descrito pap a todas asexigências da vida A carioca está preparada par sa e arte, guia um ne e mon
discute política Joga o tennis e o bridge, honras embaraço com que faz as cavalo, com o mesmo des
163
je uma sala,
sos e a de Paquim [sic] são leves e vaporo Ae Reg, o: id st ve os que Poucet, aprecia também os motivos est éticos,Nou ui q
hierático que folhetins literários [o] Em suma, poss
A olhar e falar? vestir-se, andar, sorri, s caminharem sozinhas ep. e r e h l u m a l as r e a v p í s MPa TApoSs no centro (desde que elas não olhassem nem Em] 910,às CjáOer ens, conhecidos ou não). João do Rio e Afrânio Pe rh quanto ora m livros nos quais mulheres de elite tinham casos, algo
ouseries
api
nas € Os
o.
s temente escandalo n a g e e l e nt é ta ci ex
.
;
ade
nid fundir a maior munda Mas é prudente não con
da mulher
vo é uma experiência i s . t l i o a e a ã p m ç a a m p r U e e b i u m l q o o c e da bell ép res eram mais extitui liberdade — as mulhe e mais abrangent não cons a, e como insdas como uma reação adequad perientes, refinadas e educa ens dos novos tempos. s cessidades e ambiçõe dos hom tos, trumen
às ne
stram bem tais Lopes de Almeida (n. 1862) ilu gio literário (romantitular, ela possuía prestí ta famoso), próprio mérito e esposa de um poe
As atitudes de Júlia mudanças. Filha de um cista de sucesso por seu
lidades que na época se abriam para à mulher e exemplifica as possibi te do que Laurinda Santos Lobo e Bebê Lida elite talvez mais fielmen s
u nselho para jovens ma e Castro. Dona Júlia escreve um livro de co , as) que tornava exesposas (o várias vezes reeditado Livro das noiv a res. plícito seu conceito sobre a posição modern das mulhe
hos do marido é A necessidade de submissão aos desejos e capric , por todo 9Livro das noivas: “O homem” opinou dona Júlia, ago
se
mpre, teno dança e E para fazê-lo feliz, como vostocu se balança r e em O vosso pensamen
cibio deripro da
i
t amena ao imporiân
m, repetiDona Júlia insiste també
.“
y
nizada: portância capital de ser mãe e dona de casa orga
er E o
Tendo a casa ou ir
er
a fazer na cozinha, acendendo o fogo par
os, var do ed à roupa, amamentando oslafilhou amar
in; pintando uma aquare Tando um bouquet, a mulher ta hopSempre à mesma poesia: a de trabalhar Para ser agradável, útil e isfazer uma necessidade moral 0! sat a par ; famíli da e o espos do É , revelando-se .amorosa e digna do doce imília dade inou go encar
lhe dest
que a socie
à educação,
oil
?
e
O malici
É
nai recomenda que tenham um
Mtil, caso o mari
E
2
i Rommel
a
te, mulheres. Acredita efirmemen
i a Oso (ela provavelment se referi Bozavam de muita popularidade) 164
deviam ser evitados, e vê a melhoria da educação das mulheres principalmente como meio de aprimorar a instrução dos filhos. Dona Júlia condena
o fato de se levar mais a sério a aprovação da alta so
ciedade que a do marido, e de se valorizar mais as jóias, à moda e o4 flertes (a nova possibilidade da era, afinal) do que a simplicidade e as realizações domésticas.” No caso, há evidentemente elementos que
representam uma reação contra diversas das novas oportunidades da
belle époque. As mulheres da elite, criadas no seio da família, silenciosas e dis cretas em público, conscientes das formalidades que implicavam respeito e subordinação, e preparadas para exercer suas funções no casamento e na sociedade desde os dezessete anos ou menos (e excluídas da alta sociedade caso este casamento fracassasse), desfrutavam na época de
uma vida mais plena, mas não de uma vida livre.“ A belle époque não
eliminou preconceitos tradicionais, apenas os modificou no mundo ca-
rioca necessariamente mais europeizado. Neste sentido, vale lembrar o quanto as mulheres da elite continuavam fiéis aos modelos desenvolvidos na França e Inglaterra. Casamentos arranjados prematuramente, uma educação particular mas superficial, uma infância e adolescência cuidadosamente vigiadas e um
regime rigoroso de preconceitos relativos à virgindade, à alta sociedade
e ao casamento — todos dirigidos para a preservação do status e linhagem da família — eram tanto parte do destino das moças francesas
e inglesas da elite quanto do destino das brasileiras, no decorrer da
belle époque até a Primeira Guerra Mundial.“ Talvez na Europa a
gidez dos preconceitos
referentes ao comportamento
ri-
fosse maior do
que no Brasil. A filha de um diplomata brasileiro recorda-se de, ao frequentar a escola em Londres, ouvir dizer que suas maneiras não eram boas nem ruins; na verdade, ela não possuía maneiras que pudessem
ser avaliadas.”
Em conclusão, podemos dizer que na belle époque as mulheres da
elite brasileira não sofriam os efeitos do “subdesenvolvimento”, e sim, em larga medida, as consegiiências de um desenvolvimento muito bem-
sucedido, pois o transplante das formas européias, nesta área pelo me-
nos, deu-se aparentemente sem grandes dificuldades. As mulheres cariocas haviam conseguido se libertar de sua tradição colonial específica
e viver sob um conjunto de restrições comparativamente mais rico, de-
finido por rituais e preconceitos mais universais.
165
6 CRIANÇAS
nem apamencionadas até agora, am for co pou e elit da , em outros estudos do período. j Mesmo assim, As crianças o as informações nas fontes primárias que nos perrecem em
encontram-se al e endáe e análises preliminares.
mitem arriscar O
Jo básico. Aquelas adolescentes levadas ao cas1 amento
vam uma realidade de ta en fr en ia nc uê eq fr a à qaternidade od tant antil. Não há a menor dúvida de que a e
ade inf as ais taxas de mortalid sas-grandes das fazend ca nas o nt ta e nt ta ns co tomorte era uma presença m dado importante em su e rt mo A as. ioc car palacetes
e a desquanto nos a nano no período m ra ve vi e qu es el qu da das as memórias dicam diosos,” minhas fontes in tu es os tr ou de ão aç nt me gu peito da ar adas com traneram aceitas nem suport o nã das eti rep das per as que ess sotemente do número de crianças que quilidade pelos pais, independen s imeiro oca relembra que, durante os pr breviviam. Um magistrado cari ,
, ele rezou a Deus surtos de febre amarela na cidade (1850)
se os filhos porque eram [...] no caso de exigir um sacrifício, antes me levas que dizia. inocentes e eu podia ter outros. Ah! Eu não sabia o
morreu a 9[.] O meu filho morreu a 6 de abril [...] Minha Mariquinhas
nal E eu durante muitos anos não me lembrava sem lágrimas dessa desgraça
Os nomes com fregiiência se repetiam na prole, passando dos mor-
tos para os vivos, quem sabe como uma tentativa de compensar perdas
profundamente sentidas. Velar o leito e cuidar dos filhos doentes, em
meio às lágrimas, era o destino comum das jovens mães.” a Mio as crian
próxi
did era contrabalançada, no mundo da elite, por nto em alguns aspectos da criação dos filhos. O mais
era a interposição de mulheres negras e de seus filhos entre E
mais ças e seus pais — negros que serviam como o elemento
do mundo da criança branca. a Rs a parte
q
Tecurso a uma ama-de-leite negra is aregra pi Ro criada servia de Substituta durante anos, , m frequência a mesma a à É
tornando-:
da PT etori resDeitadoméss” do “crias”, ou asede outras o seguinte, As suas próprias as “ria mn
a E
a E
nquedos cativos para os jovens bran-
à “sinhazinha? ou “nhô moço”, que
o oa e E
Ser rico e branco em um país
vel e descendia de africanos. Esna inocênci :
timas
oe
166
= jogos infantis e no calor
* *Tesume-se que a essas lições
nheiros se adicionavam outras, dadas pelas mães negras, pelos compa o joava panh negros de brincadeiras e pelo empregado negro que acom mundo, as hisvem branco até o colégio: lições sobre a ordem oculta do
tórias e crenças de uma cultura afro-brasileira distante apenas uma ou
duas gerações de suas raízes africanas.”
Durante este crescimento, em meio ao afeto, poder e crenças popu-
lares, sobrepunha-se a educação proporcionada pela mãe e por uma pre-
ceptora religiosa ou estrangeira (normalmente francesa), Elas introduziam à criança na alta cultura e na socialização européia,
Não era
tados, incomum que a criança recebesse maravilhosos brinquedos impor
ingleses ou franceses, nem que fosse alfabetizada em francês, às vezes a os títuantes mesmo de o ser em português. A literatura infantil incluí los da Bibliothêque Rose e da série escrita pela condessa de Ségur. A instrução formal básica era rigorosa e profundamente personalizada, com atividades diárias e uma governanta que com fregiência permanecia anos na função, como uma espécie de segunda mãe substituta, ao
lado da ama-de-leite. Esta educação era depois reforçada pela instru
o ção no colégio, já descrita, e por textos estrangeiros lidos antes mesm
do início da adolescência.”
ra, compreenEsta segunda fase da educação, a exemplo da primei também uma visão sodia não só uma visão intelectual do mundo, mas aprendia sobre o relacionacial. Assim, do mesmo modo que à criança
começava aprender as mento entre senhor e criado, branco e negro, ade-
ortamento e a aparência maneiras “civilizadas”, ou seja, O comp Aqui se aplica a imensa comquados para os filhos da classe dominante. já descrito. Dos trajes de marinheiro plexidade do ritual social europeu os pequenos cariocas passavam para e túnicas importadas da infância, raos longos da adolescência, não os ternos de lã com colete e os vestid tária. gos corporais € disciplina autori ro dentro de um regime de casti público e as
ção e a sofisticação em Os garotos aprendiam a circunspec salão e francesas, OS refinamentos de s ência rever as io, silênc o s garota
outros mais.”
com O respeito das crianças para
era seus parentes mais velhosae
Seria espantoso Pe os pais não aprendido nos gestos e na linguagem. senhor, em vez de você. As crianças exigissem o tratamento formal de EosEumeS
-mão, com O se curvavam para fazer a antiga mesura dooubeija nos encontros casuais. Da
em casa TO pedido da bênção, ao chegar honoríficas distinguiam os graus de um número de variantes verdade,
ça, como todos Ed o Tespeito que se desejava demonstrar, € à criana cada situação, de en or der a forma adequada
ternos, tinha de apren
secuntivesse um diploma escolar que m algué de do senti ou doutor (no
e vosmecê. dário) a vossa senhoria, vossa excelência 167
A lembrança do pai surge associada à imagem de UM comporta.
mento exigente, austero, marcado pelo
Tu
distanciamento
O pai
não discutia, apenas falava ou ensinaves Nunca saía
E SEU escritório
do longe da casa. Não externava suas preocupações
no ambiente do.
ou do quarto sem paletó e gravata. Mantinha seus negócios e seu mun.
méstico, a não ser talvez para a esposa. O tempo passado com afamília
tendia também a ser ritualizado: horas determinadas para levar as fj. lhas às compras na Cidade Velha, dar lições aos filhos, cavalgar até q fazenda, relaxar antes do jantar, ler o jornal em voz alta ou ouvir as filhas tocando piano, recitando e outras atividades. Mais ainda, o relacionamento se iniciava, na verdade, no princípio da adolescência. A mãe tendia a ser o deus menor. Afinal, ela comumente participava da formação básica e organizava o mundo doméstico ao qual pertenciam as crianças. Até mesmo a mãe, no entanto, podia restringir suas demonstrações de afeto e exigir o respeito devido. Aparentemente, buscava-se
junto à mãe negra a disponibilidade para o carinho.
Todavia, deve-se notar também que mesmo os papais mais distantes e dominadores eram profundamente ligados a seus filhos. Em flagrante contraste com a privação de contato que caracterizava as relações entre pais e filhos nas elites da Inglaterra e da França,” percebe-se uma enorme afeição entre as gerações brasileiras. Estrangeiros, especialmente ingleses, ficavam chocados porque os pais brasileiros insistiam em manter os filhos perto de si e chegavam ao ponto de fazer com que
os criados os levassem a eventos sociais dos adultos. Em 1887, um bri-
tânico notou que
O pai e a mãe brasileiros vivem sempre rodeados por seus filhos e os mimam ao máximo. Uma criança brasileira é pior do que um mosquito tente. As casas brasileiras não possuem nursery, e como se considera insisuma crueldade pôr os pobres queridinhos para dormir durante o dia, desfruta-
mos o prazer de sua companhia sem nenhum intervalo.”
Em 1914, do alto de sua coluna ,
Figueiredo Pimentel invectivava Contra o arraigado costum e, impune ms esmo nos círculos mais refinados:
; ER
ts
oe múlipico hábitos Pouco elegantes existentes entre nós,
S aos teat
CrRátdes & fáceis de corrigir seja o costume de levar
ema é Jeunes filles*” aos grandes bailes [...]
bi
E Se apresentam em sociedade depois de uma
erminado os seus estudos; os seus respectivos
Nós nos ac
= por toda à rn à ver as meninas — as meninas € Os '&, POr todos os cantos; nos cinemas, nas confei168
e — sobretudo os menitarias, nos teatros, nos salões fazendo “blagues”,
nos — dizendo mal da vida alheia.”
. Um magistrado O afeto transborda também na correspondência , com “teu pai muito imperial costumava encerrar suas cartas para as filhas strações de estiamante”, “teu pai verdadeiro amigo” e outras demon aHavia pais que exibiam grande interesse pelo progresso, felicid ma.
de e aniversários de seus filhos; eles poderiam ser flagrados recompen-
estudos ou sando os filhos pelo empenho com que se dedicavam aos lo do fisofrendo com as preocupações e vontades deles. Eis um exemp o de missã lho de um chefe político fluminense enviando o pai a uma
compra:
Papai. eu quero à roupa, O senhor esqueceu-se de levar o papelzinho escrito como e por isso mando escrito nesta carta como quero.
anos; três colariUma roupa de flanela de casaco, comprida para treze
r na Casa Colombo nhos a Santos Dumont e uma gravata branca, compra
não tendo lá traga da Torre Eiffel. De seu filho e amigo,
Paulino Jr.
feitio de brim.!º! N.B. A roupa não tendo de flanela traga do mesmo por uma ama negra e pela Outro caso é o do menino que, criado ado para a mansão carioca do madrinha branca na província, foi envi gio interno. Mesmo assim, ainda pai aos oito anos, € depois para O colé
do pai, cerca de vinte anos após a morte encontramos este filho, adulto, corrocionamento pessoal com O pai, escrevendo sobre seu intenso rela de sua
um profundo respeito filial borado pelas cartas, marcadas por
do pai.'? parte, e pelo orgulho e interesse
elevada mortalidade infantil e pela Talvez a ansiedade provocada pela mizar O ta se combinassem para mini situação econômica sempre incer e do resdistância dos pais verdadeiros da tas, titu subs mães das impacto impedia que se considas possíveis perdas peito tradicional. A ameaça
ões domésticomo algo garantido. As relaç derasse a família e os filhos mas se em termos de papéis rígidos, s nida defi te amen cert cas eram laços afetivos. A distância
se tratava de tornavam mais flexíveis quando à europeização ção às crianças, assim como ritualizada dos pais em rela difetrabalho dos afro-brasileiros, pelo ado marc lar um em dos brancos os separava.
lares da elite, mas não renciava os membros nos a abrigar em uma casa que chegava De fato, as crianças cresciam dos dez ntes visitantes, agregados, além até três gerações, amigos € pare abarrotado de
doméstico era portanto ou mais serviçais.'? Seu mundo 169
éhierarquicamente Organizado, pessoas, marcado pelo contato estreito
especificos de com categorias definidas de seres que seguiam padrões nuances de EN
comportamento e eram nitidamente diferenciados por da pele, cultura e poder. Neste aspecto, O lar preparava a criança Para
a posição que ocuparia no mundo externo.
Mais ainda, este mundo doméstico constituía um ambiente com.
pleto, interdependente e afetivo. Os papéis eram desempenhados no in.
terior de uma trama carregada de emoção, na qual a afeição e os rela. cionamentos informais constantemente aparavam as arestas e ampliavam
as limitações dos papéis — a família, afinal, era um organismo, não um
diagrama. Em muitos lares cariocas, os escravos que cumpriam ordens eram, por assim dizer, apenas membros mais escuros da família. Os de. pendentes apadrinhados proporcionavam à pessoa influência e uma sen. sação de superioridade, embora também representassem uma obrigação. Uma criança não era apenas objeto de disciplina, mas também de esperança. O pai, por sua vez, não era somente O patriarca respeitado, temido até, mas também o protetor amoroso. As crianças aprendiam fran-
cês e maneiras refinadas, que simbolizavam um status distinto, superior, mas também entravam em contato com os costumes afro-brasileiros que
faziam parte de uma indissociável realidade maior. Viajava-se para a
Europa, mas a vida transcorria entre familiares e subalternos em um Brasil prosaico e confortável.
7. ARQUITETURA DOMÉSTICA E DECORAÇÃO os a maior parte do século x1x,
inn
meça da
e da fazenda, a residênseds — aa três cas aree para veraneio, em Petrópolis. Examin So pe rim ta à urbana sa abordagem cuda questão+ que nos se .referem de maneira mais dire nos ulo x1x foi bem éstica do sécais dom ura itet arqu à s da mi co va. pou (os “sobraNa Cidade Velha, as casas tradicion K co convidati cidade aa
Rai, um legado desconfortável, embora espaçoso, da
E
o e
uiam-se em dois espaços Tentes à calçada, erg s ou liteiras, grandes genes ruaaçõ car Paraaco a + despensa, mod de escravos e coziar superior, dividiFama estrutura menor); o and
8 e um Corredor que levava a uma série de alco-
MAS quais as pessoas sufocavam à noite. A casa 170
toda, se fosse grande, formava três ou quatro lados de um pátio. Se não, poderia ter o formato de ““L”, onde a ala maior acompanhava o espaço amplo que servia de pátio e levava a um quintal maior nos fundos. Em meados do Segundo Reinado, um médico carioca deu seu diagnóstico: Ao examiná-las supõe-se serem construções para o esquimó ou Groenlândia; pequenas e estreitas janelas, portas baixas e não largas, nenhuma condição de ventilação, salas quentes e abafadas, alcovas úmidas, escuras e sufocantes, corredores estreitíssimos, e sempre esse esgoto na cozinha, essa sujidade bem junto à preparação dos alimentos cotidianos, tendo ao lado uma área, lugar infecto, nauseabundo, onde os despejos aglomerados
produzem toda a sorte de miasmas.'*
O consenso em relação a essas edificações de grossas paredes é que eram mal construídas, insalubres e lamentavelmente duradouras: os telhados vermelhos e paredes brancas encardidas estão presentes em três séculos de pinturas que tinham como tema a paisagem urbana. O aspecto mais agradável da casa era o jardim, localizado no pátio ou atrás dele, com uma fonte e pássaros canoros, colorido por belas flores e plantas
úteis trazidas dos portos mais distantes do antigo Império português.'*
Muito depois de terem sido abandonados e substituídos por mansões maiores (solares, palacetes) um pouco distantes da Cidade Velha,
os sobrados continuaram a existir: os térreos adaptados para o comércio, e os pavimentos superiores, para os cada vez mais numerosos escritórios de profissionais liberais. '* Destino mais grandioso aguardava os novos solares quando estes foram, por sua vez, abandonados pela elite. Construídos em estilo francês — dois pavimentos, colunas clássicas, janelas em dois estilos diferentes, estátuas de gesso, enfeites com motivos
de flores ou frutos nos cantos e divisões estruturais verticais, além de uma série de pequenas colunas curvas acompanhando o
topo das fa-
chadas —, eles sobreviveram até a República Velha, em ruas e praças pouco a pouco incorporadas à cidade, abrigando a crescente burocracia
do país. Alguns poucos, como o Palácio Itamarati, resistem até hoje.” Na verdade, desde a década de 1820 os moradores abastados do Rio
passaram cada vez mais a construir seus solares fora do velho centro. Muitos ultrapassaram os limites urbanos, fundando os bairros residenciais. Ali, nas praias e nos morros, eles desfrutavam o que se considera-
va então um modo de vida mais requintado, cercados pela natureza aprazível. Suas casas, pelo menos
no início, seguiam o
estilo neoclássico
descrito. Tais solares possuíam, no andar térreo, salões para entretenimento e recepções (e bibliotecas, salas de estar, de jantar, de bilhar etc.); 171
-
:ro
noitprimeiro
ai
andar ficavam os aposentos íntimos; a cozinha e as depen
s escravos coni tinuavam isoladas, no porão do so| at ou dências para O .
a.
5
uintal.
. a a as gia ém diferiam das construções tradicionais da Cida.
no
de Velha por ocupar terrenos maiores. Bstes permitiam belos jardins,
cerâmica, arvore. em estilo “andaluz” (pequenas elevações, jarros de
os earbus. dos e fontes, estátuas clássicas esporádicas, Earqanos calçad tos ornamentais), ou à moda francesa ou inglesa tcujo estilo destacava a simetria geométrica ou sugeria os desníveis “naturais” e as surpresas
das propriedades rurais inglesas). Associados às luxuriantes plantas tropicais e às árvores frutíferas, o efeito era tanto aristocrático quanto exó. tico. Um americano comentou
o sucesso destes jardins:
Na Cidade Velha, as residências centrais parecem indescritivelmente som-
brias, Mas o mesmo não pode ser dito das casas novas e das estupendas villas dos subúrbios, rodeadas de caramanchões, de uma profusão de folhagens e frutos pendentes. Certas partes de Santa Teresa, Laranjeiras, Botafogo, Catumbi, Engenho Velho, Praia Grande e São Domingos são insu-
peráveis em termos de belas e pitorescas casas.!*
Após a década de 1860, o estilo neoclássico pouco a pouco esgotou-
se, dando origem ao estilo eclético que, como seu predecessor, inspirava-se
principalmente na École des Beaux-Arts de Paris. O estilo eclético in-
corporava um amálgama de tradições distintas, combinando as variasões típicas das diversas reencarnações da história arquitetônica fran-
cesa e italiana às novas possibilidades técnicas do ferro e do vidro. Os telhados com mansardas, as cúpulas, o ferro fundi do e o uso de uma ampla De gama de cores no interior = tornando possível uma decora ção mais E rica — acaba aa ram, assim, Por se tornar característicos. Os melho-
h exemplos Públicos, analisados anteriormente, seriam os imponent es edifícios na As
Avenida Central, concluída em 1910. as em estilo eclético So stumavam ser espaçosas, em alguns diosas. Eram ch
amad
as de palácios ou palacetes, com os dois Os isolados da rua por jardins em est ilo inglês ou francês, uma O fundido contorna ndo o terren: O e pontilhada por pilares
As gerações que nos interessam, portanto, moraram em casas de
estilo europeu, sobretudo francês. Mesmo aqueles que viveram durante o Primeiro Reinado,
residindo nos tradicionais sobrados, exibiam em
seu interior traços da influência francesa que acabou por dominar o sé-
culo. No início, esta tendência toi gradual. Os catálogos de mobília in-
dicam que o gosto do Primeiro Reinado era variado. Os abastados tinham
móveis, ornamentos
de parede, objets d'art, roupas de cama e
utensílios de mesa que refletiam a herança colonial. Ecos esmaecidos
do Oriente suntuoso, antiga presa dos portugueses, estavam presentes
na porcelana chinesa e no marfim de Macau. A mobília, não raro pintada de vermelho e branco, refletia a influência africana ou asiática. A inevitável rede traía as tradições ameríndias, assim como tapetes suge-
riam a influência mourisca e os azulejos e motivos da mobília apontavam para Portugal e Índia. As tradições coloniais podiam ser melhor saboreadas à mesa, onde a prataria inglesa esbarrava na portuguesa, € a comida africana era misturada com a ameríndia,
servida, às vezes,
em cabaças ameríndias."º
encoraMesmo no período anterior, quando a abertura dos portos os belos trabajou o comércio de móveis ingleses e norte-americanos, e é orientais tinham lhos de adaptação nativa dos motivos portugueses mobiliário franseu espaço, já começavam a aparecer itens do excelente
interior da época 5. Palácio Itamarati, decoração
173
=.
"
a: s orientais penduradas nas cês. Entre as tapeçari
se também uma E
O
at
ENCOntrayam
de origem gaulesa, e as próprias paredes
roi
ou empapeladas com materia] a
e”
EO meio a bugigangas de Macau, surgiam bibelots rap,
cê Entre porcelanas e cerâmicas portuguesas e orientais, Começava a aparecer a de Sêvres. AO lado da prataria inglesa e portuguesa brilha. vam peças francesas, no tão imitado estilo rocaille. Os indícios mais for.
Popular tes, contudo, estavam no mobiliário. O estilo português ainda por volta de 1800 — o estilo dom João v, por exemplo — exibia o in. confundível sotaque da Regência francesa. Logo, O gosto francês não
só conferiu graça ao português, como passou a ser procurado em sua
expressão pura. Os estilos mais valorizados entre 1800 e 1850 eram Luis
xv, Império, Restauração e Luís Filipe. A procura por estes estilos era
tamanha que artesãos cariocas chegaram a se especializar na cópia de
móveis franceses."
Na década de 1860, no apogeu do café e das grandes fortunas da província fluminense, a consolidação do gosto francês no mobiliário doméstico equiparou-se à sua vitória no campo da arquitetura. As descrições e ilustrações passam impressões similares aos interiores franceses
da época.!!2 A decoração doméstica da belle époque carioca, como a da Fran-
ça, desde o Segundo Império, estava repleta de móveis especialmente dispostos para a conversação. O padrão clássico exigia um sofá, flan-
queado, em ângulo reto, por duas fileiras curtas de poltronas. Em geral, as peças eram em estilo Luís XvI, por vezes Império. O piano era um importante e inevitável monumento, ao gosto e à respeitabilidade
da elite. As paredes eram revestidas com sedas ou veludos estampados
com motivos franceses, ou, mais comumente, com papel de parede fran-
idea
a
ad
e complementavam a iluminação que os lam-
exércitos em miniatura raça Ora
Hi
tata ra dias
de Sêvres ou da Saxônia, e
tots espalhavam-se sobre todas as super-
Tefletidos nos magníficos espelhos de parede. ornamentadas eram dispostas em profusão, bem
“2FES é políticos da família, ou quadros europeus ?, 05 acabamentos básicos dos interiores, do madeira, do mármore ao vidro, eram imadequada e brilhante para uma
'O
esplendor material da casa era
doméstico de vida refi-
8 A
TRADIÇÃO
FRANCESA
BRASILEIRO
GOSTO
NO
ajuão são complexas. Duas delas As razões que explicam esta paix cesa fran tação a questão: primeiro, a repu dam à compreender melhor ocínio oficial. patr de luso-brasileira de qualidade; segundo, a tradição ração, bana arquitetura, seja na deco A excelência francesa, seja não só pela patrocínio régio (responsável de ição trad uma em seava-se Coroa, como pelo apoio
o por parte da proteção, orientação € aquisiçã al), datanto parisiense quanto provinci a, uesi burg e acia tocr aris de da rica dação das academias, sob a direção tada do século XVIL, época da fun ada ali s, arte às xIv. À proteção imposta Colbert, O ministro de Luís to e x1v, consolidou a arte, O artesana ao prestígio da Corte de Luís eudo o mun cesas como modelos para fran s ica dêm aca ções itui inst as requintes antemente aprimorados com ropeu — 08 quais foram incess s." cese as fran
dos subsequentes monarc ainda maiores nos reinados João v) adoportugueses (no estilo dom Já foi mencionado que os t, como reu na metade do século xvlI ocor Isto . eses gaul vos moti frantaram pela maestria artesanal
iração européia uma resposta típica da adm inente. No século XIX, ituição cortesã do cont inst pal nci pri pela e cesa tenham criado móa incontestável. Embora o prestígio francês permaneci tradição de arteOS ingleses viram sua I, XVII lo sécu no os veis magnífic industrial em escala. Os O advento da produção sanato desaparecer com as ao patrocínio
graç artesãos e sua tradição, franceses preservaram seus ição de artesanamo depois de 1789, a trad Mes a. uesi burg da e e da Cort corrêncês, prosseguiu sem con fran o gost no da ida to de luxo, já consol nde Exposição de 1851,
este fato na Gra cia. Os ingleses admitiram francófilas euque outras monarquias ma for ma mes da , ugal Port um gosto que era sinônimo o tad ado nas ape , anto de seu relaropéias, havia, port brasileiras, em consequência es elit As esã. cort A trade elegância acompanharam à tendência. nte sme ple sim , nial colo cionamento e na Colônia consolidou-se
na Metrópole dição da influência francesa ticamente oficial no XIX. xvrl!!º — e tornou-se pra no século
dom João ico. O príncipe regente, irôn bem o mod de Isto aconteceu Corte de Portugal pafranceses à transferir a
al vi, forçado pelos exércitos embelezar seu reino tropic Tea ari cur pro e tard mais as ra o Brasil (1807), francesas, na sequência de Waterloo. Quando recorrendo às artes foram restauraério português e à França seu lações amigáveis entre o Imp sãos franceses, em recrutar artistas € arte
promoção das, dom João vi decidiu Brasil por meio da no a ui rq na Mo a er academias franRe para fortalec s instituições reais. As
bito da as artes e ciências no âm
no para fins similares, is úte os nt me ru st velado in rensa Régia, já haviam sePorre tugal.” Após a im Jantação da Imp
Século xvi, em
gal.
p
p
175
asilos Nacional
EA
ja de Engenharia Militar, do Jardim
da suspensão de muitas das restiçõ
i
tânico, da Escola o e à manufatura, dom João vt decidiu criar uma impostas ao comércio Artes e Comércio, ao estilo francês, Assim, de. peca diretamente ligados a instituições acage.
uase E zessete homens (q contratados para fazer parte da Missão foram francesas) jais micas oficiais fra É de 1816." E da ne ea pi al foi reforçado pelas preferências nova Corte
ade ol q ram medo rico porn
s ao ado de ois elem: rodutos franceses de luxo. Estes cão francófila colonial consolidada, formaram os alceros para
o esplêndido edifício da cultura material francesa no Brasil do Século
xx, um edifício constantemente renovado pelos Comerciantes e artesãos franceses imigrados e pelas longas férias parisienses da elite. É sintomático que, na década de 1840, o marquês de Abrantes tenha reformado seu palacete de Botafogo no estilo Renascença fran-
cês.”º Curiosamente, os cânones da Escola de Belas-Artes, fundada em 1826 com a participação de membros da Missão Artística, impunham
9 consagrado neoclássico, o qual, na verdade, predominou nos solares
até a década de 1850." Abrantes aparentemente era mais sensív el aos
caprichos da moda arquitetônica
parisiense, As viagens constantes paFecem ter educado seu gosto para a acei tação do estilo au courant na época
ta ao passado, ou para o co) : Enquanto as pretensões Petitua uma fuga do presente europeu."Ê turais do Ancien Régime, por meio à
| € patrocínio aristocráem meio a tradições
Própria. Na verda-
”” acabaria se reveada pelas cirera marcada
”
de Luís Filipe. '2
Dr
nante tradicional, símbo por uma fixação aos simbolos da classe domi ções produzidas em es imita nas novas s rívei adqui mente facil estes los ep itimação simbólica foi obtida por meio do con istria.a A leg pela indústri cala pela
massa. cmo conspicuo de cópias ' produzidas em
A respeitabilidade
goso to€ contribuia para legitimar a posição da pessoa em dede seuseu gost | sociedade onde nada era mais comum do que os parvenus — e O
jativa
cativa
é Talvez o gosto pela decoração e pelo bricdesprezo pelos parvenus à mesma reação (o desejo a premamo dsnosi Y , o a
e
tra
do por
intermédio
da identificação
uma espécie de paixão por tro com culturas tradicionais), associada a
o lar burguês do século XIX féus. Os estudos acadêmicos indicam que
assemelhava-se a um
desordenado
museu de todas
jus ou conquistadas pela nova classe triunfante a
bo
as culturas espolia
is e exóticos, levado a caFoi este casamento de cânones tradiciona ucionárias da burguesia dos pai pelas necessidades e técnicas revol
deu origem ao ecletismo. Sua ses em processo de industrialização, que ismo)
ogia (também chamada de eclet base teórica está v inculada à ideol — unindo as da de 1830. Esta ideologia da burguesia francesa da déca conservae av anço burguês com o medo ambições liberais de progresso tucionais e O desejo de salv guardas insti dor de revolta sócio-politica Monarda iáveis nos compromissos indissoc de tradição — expressou-se plemento estético O estilo eclético foi o com quia de Julho (1830-48). motivos tradi niu técnicas modernas e reu Ele ca. éti ecl gia olo desta ide ava o constitucioà burguesia liberal combin cionais, na medida em que iadamen opr . O ecletismo, bem apr a autor idade dinástica o nte o Segundo Impéri
nalismo com
e à
Beaux-Arts du yra k te, floresceu na École des sia para à grande burgue sos rio di glo s , ica úbl Rep Terceira legitimação francesa buscava à Enquanto a nova €
sse dominante
tis
as, o mesmo ecle tradicionais e aristocr átic nos símbolos das culturas ilar mas dis sileira de maneira sim bra te eli da des ida , essencial mo servia às necess rna e estilos tradicionais
nologia mode l no Bra tinta. A união entre tec também foi fundamenta o, mpl exe por s, ncê Cruz Cos no ecletismo fra lart Reis (seguindo como argumenta Gou
e no Bra sil.º* Além disso, também foi important o, gic oló ide o tid sen ndo Reinado ta), o ecletismo, no à político a do Segu
elite sobre sil, Nele, o consenso da ical fosse evitada, rou que a oposição rad assegu
social, Em
eram vez disso, prevalec
por temor
à sublevação
constitucional O monarqu ismo
s da elite.” ro compromisso entre as fraçõe francês e o brasilei smo eti ecl o re ent nça a ere iy A dif a cada elite e der par al tur cul smo ecleti Simbólica do
o europeu. perifer ja do mund na s pai mo co Brasil 177
e O
esta na função da situação do n Se à burguesia fra
ti
ação ao se identificar com a cultura arise,
dona, Goulart Reis corrobora o argumento básico dese caga dicional, Goul buscara
no
iegitimação identificando-se com a Eopy Mt Ros pode ser oodocada da oeguiate macia: a fon dupo
goes francesa voltava-se para o passado e para o exótico, símboja nie que nesendtavam para pes bem-estar. À fantasia braga
va voliada para as aristocracias inglesa € francesa e seus estil os, dimboios da reconhecida caltura superior da Europa — a mesr py, ópos,
Eposameorcomal na qual x elite brasiicica tinha seu lagar. A digónça,
feita por Goulart Reis entre os diversos modos pelos quais o ejemem romântico do ecletismo “funcionou” para europeus e brasileiros é zu
trativa do tema. Os europeus reproduziam um meio clássico, medi ea ou rural como uma reação à cultura européia moderna indu strializaçe Os brasileiros reproduziram o mesmo meio no Rio, para criar algo a sociado à moderna cultura européia. A reação européia é negativa « brasileira positiva, mas ambas apropriam-se dos mes mos motivos esé. ticos de outros ambientes (períodos, lugares ou sua combinação). sem levar em conta o seu propósito original “org ânico”, Desta forma am bos os exemplos são variantes do ecletism o. “=
É patente o paralelo entre esta paixão pela iden tificação com « Es. Topa é às conclusões das páginas anteriores, refe rentes a manifestações
culturais como a do Rio “civilizando-se” , o salão, o Jockey Cluk cação secundária, entre outras.
2 céu
RE [...] O quanto isto se deve à raça e o quanto ao clima? Mas tenho a certeza
de que, se os ingleses tivessem colonizado o Rio de Janeiro, esta teria sido uma das cidades mais prósperas do mundo. Mesmo a febre amarela não é autóctone, mas sumiu há apenas alguns anos, devido à acumulação da o 2 sujeira portuguesa.
Outro inglês, em 1887, contentou-se em notar que “Petrópolis é uma elegante estação de águas, com casas graciosas e ruas bem conser-
vadas; a população está notavelmente livre da cor escura e, em geral, orgulha-se de seu aspecto europeu”, "o
Fundada por dom Pedro 11 em 1844, Petrópolis consagrou-se como um refúgio contra o calor e, depois de 1850, contra a febre amarela do verão carioca."! Coincidindo com o apogeu do Segundo Reinado e a prosperidade das fazendas e exportações fluminenses, não chegam
a ser surpreendentes a riqueza e o aspecto suntuoso da arquitetura da cidade. O melhor exemplo disto é o palácio imperial, um magnífico edi-
fício neoclássico projetado por um discípulo da Missão Artística."?
Além disso, com o aumento da riqueza e da população provocado pelo
advento dos ““diários”” na década de 1890,"º não surpreende que se en-
contrasse o estilo eclético em evidência nas famosas mansões dos ho-
mens de negócios e da comunidade diplomática estrangeira."* Em 1900, Petrópolis era considerada uma amostra da Europa aristocrática, de várias maneiras distante da realidade tropical do Rio. Era a fantasia do “alto mundo”, cultivada e tornada real, isolada do porto neocolonial. Elísio de Carvalho registra (e elabora) a fantasia em um artigo sobre os diplomatas em Petrópolis para Kósmos, uma das revis-
tas em voga na belle époque:
Na sociedade fluminense, o corpo diplomático estrangeiro constituiu sem-
pre [...] um elemento de preponderância mundana, ora apurando o fausto das nossas festas mundanas, ora animando de visões sugestivas o mundo
do bom-tom. Todos esses senhores e essas damas, metidos em suas fardas bordadas a ouro e ostentando modelos de Redfern, [...) instaladas suntuosamente € bien nées, trazem consigo essa admirável ciência da sociabilidade, feita
de sibaritismo e mundanismo, que é uma das características mais brilhan-
tes do cosmopolitismo moderno.
À exceção das soirées do Club dos Diários, organizadas sempre com muito
entrain pelo barão de Santa Margarida, e do bal des têtes da Pensão Cen-
—
ral, da fête masquée que uma comissão de senhoras promoveu no Palácio
de Cristal em benefício de alguns estabelecimentos de caridade e do gar-
den party da Villa Laurinda em honra do ministro do Chile, à iniciativa
a: dos
se devem as principais festas do verão de 1909 em Petrópo-
is, desde O suntuoso baile com que o ministro do Uruguai inaugurou a
Season aos encantadores redoutes da baronesa Riedel von Riedenau, a for-
179
m osa ministra da Áustria, uma beleza americana formada de sor dos No olha rés e com as manei ras das damas de Gainsboroug [sic],
A organização interna da casa também $ perti nente Dara esta dis.
cussão, pois reflete a relação entre Petrópolis
º O Rio; os Aposento,
distinguiam-se uns dos outros pelo valor simbólico da aparência euros
péia. Alguns deles, notadamente A sala de visitas, € quaisquer outros
designados para as atividades sociais (o salão de bilhar, a biblioteca,
o saguão de entrada e a sala de jantar formal) eram os mais Meticulosa,
mente europeizados em seu acabamento e mobiliário, Serviam Claramente
como a afirmação pública do status da família, e precisavam exibir o indispensável gosto e a riqueza compatíveis com os valor urófilos em
discussão."
Contudo, os aposentos destinados ao uso exclusivo da família e dos criados sugerem a cultura tradicional brasileira vislumbrada no univer. so doméstico infantil. Os criados, com
frequência descendentes dos es.
cravos da fazenda da família, em geral residiam no porão, no sótão, ou em acomodações externas, nos fundos (uma espécie de senzala urbana). A família passava a maior parte do tempo nos quartos de dormir e na sala de jantar familiar, onde ninguém, a não ser paren tes muito íntimos, eram admitidos. No decorrer do Segundo Reinado, o acabamento nestes espaços era menos requintado e a mobíl ia tradicional, in-
eluindo até redes e esteiras,”
Nesses ambientes fechados aos estranhos, as relações eram íntimas
e familiares, Mesmo as refeições mudavam:
ali, a comida
era servida toda de uma vez, ao contrário do estilo francês , onde predominavam 98 pratos sucessivos (algo reservado para ocasiões especiais, exceto nas
famílias acostumadas à vida na Europa)."* Um incidente ilustrativo do valor simbólico desta compartimentaçã o aparece nas memórias da filha de Nabuco:
Ri muito, certa vez, quando uma querida amiga de mam ãe [...) procuro [..] A criadinha [. ] pediu-lhe que esperasse na sala enquanto avi iãe. Dona Titha a pr[..otesto -lhe u: do sou visita de sala de visita. Sou visita de sala de jantar” 'Péia
revela-se mais uma vez evi-
aposento a outro, nos deslocaÀ pa formal do indivíduo, ' mais brasileira. Elas do com as circunstâncias.
oe
e
WA LOCALIZAÇÃO DAS RESIDÊNCIAS ELEGANTES Por fim, resta-nos examinar a geografia urbana das casas elegantes. As residências cariocas no início do século xvrrI estavam confinade das à Cidade Velha, ou seja, entre as ruas da Prainha e da Ajuda,
norte para sul, e da baía até a rua da Vala, de leste para oeste (hoje ruas do Acre, Chile e Uruguaiana, respectivamente). No final do século xvill, embora alguns poucos grandes comerciantes e funcionários da Coroa re: idissem fora do perímetro urbano — especialmente em São Cristó-
vão, Botafogo, e mesmo na Gávea —, a maioria não morava tão longe.
As ordens religiosas regulares e alguns magnatas poderiam ter capelas ou igrejas, pequenos sítios ou quintas mais perto, até no aqueduto da Carioca, nas áreas entre o morro de Santo Antônio e as atuais rua Sete de Setembro e praça Tiradentes, em torno das atuais ruas de Lavradio
e do Senado, e na área hoje cortada pela avenida Presidente Vargas, entre o Campo de Santana e a rua Uruguaiana.
Isso no caso dos morado-
res de elite que viviam fora da Cidade Velha. Na verdade, viviam muito perto dela.“º (Ver mapas 1, 2€ 5.)
No entanto, com a chegada da Corte em 1808, a situação mudou dramaticamente. A Corte e a abertura dos portos provocaram uma vaga de comércio estrangeiro. Muitos britânicos transferiram-se em definitivo para O Rio, e construíram quintas em áreas pouco ocupadas pelos ricos. Inicialmente atraídos para São Cristóvão, logo acomodaram-se na Zona Sul, principalmente na Glória, Catete, Flamengo, Laranjeiras, Cosme Velho e Botafogo. Os nobres e burocratas da Corte, bem como
os membros da elite, permaneceram nos limites da cidade, ou compraTam quintas ao norte — na região de São Cristóvão, perto da Quinta
da Boa Vista real, e no Andaraí, Catumbi, Rio Comprido e Mata Por-
cos (rebatizado com o nome mais eufônico de Estácio de Sá). Os franSeses preferiram as áreas mais distantes na Tijuca e no Engenho
Velho, !4!
Em 1850, apesar de alguns homens de negócios ainda permanece-
A Ro
M. “E
na
aaa
da Cidade Velha, a elite já começara a mudar-se para
Norte e para a Zona Sul. Na verdade, titulares como Baependi, ã Abrantes e Paraná haviam construído seus solares entre a
Boo E abara) “bd
finas, À Botafogo 1898, q
dO, já na década de 1840. Na de 1860, os palacetes de No-
Palácio do Catete) ede Itambi erguiam-se em Botafoabuco de Araújo e o Palácio Isabel (hoje Palácio Gua-
tavam oFlamengo, ao lado de inúmeras outras mansões paso da elite pelos bairros residenciais do sul, sobretudo eiras, continuou ao longo de toda a belle époque. Em
Jornalista carioca clamava:
181
Y Botafogo é o bairro
aristocrático por excelência.
de luxo, ali é que a moda se revela
em , Ali é que há toilettes das gentis e elegantes senhoras e senhorita, no
peu fuigo
s pelas vel de velhos, mancebos e crianças; ali é que as noites o trajar irrep reensh em reuniões íntimas, mas esplendorosas conv ú pra do panorama sem igual da bela enseadae [..)ida, is pa se revela pujante, cheia de grandeza harm oniosa, imponen.
'
o paraíso do Rio de Janeiro.“
Parece evidente o motivo de o trajeto da primeira linha de bonde bem-sucedida (A Ferrovia do Jardim Botânico, em 1868) ligar a Cidade
Velha ao Flamengo, Botafogo e Jardim Botânico — os empresários es tavam conscientes do sentido tomado pela expansão residencial dos mais
abastados,
Esta história das mudanças nas áreas residenciais indica mais uma
vez a direção do impulso cultural da elite nas instituiçõ es domésticas. Primeiro, porque os brasileiros seguiam os passos dos euro peus no que se refere à escolha dos locais. Antes que ingleses e outros estrangeiros tivessem mostrado o caminho, os brasileiros e port ugueses em geral preferiam as casas da Cidade Velha, junto à orla marítima. Foram os inBleses os primeiros a mudar
em peso para o norte e para o sul e, junto com outros estrangeiros, a construir quintas em vales entre morros, de modo a
-
aproveitar a brisa fresca e as belas paisagens, '*
Segundo, da mesma forma que Petrópolis, esses bairros residen-
Sais eram, arquitetonicamente, núcleos aristocráticos europeus. Neles, ainfluência da École des Bea
€, depois, no eclético,“
ux-Arts era visível no estilo neoclássico
do Segundo Reinado, e, depois, o refinamento tornaram-se um pólo de atração para as novas
Os incessantes negócios financeiros é comerciais.
minigias ua
turais quanto as sócio-econômicas
as relações neocoloniais mais Na
na
Podem
a a DO micenio se viu ao discutirmos a crescente complexidade “é Vir Cosmo polita, R a ro da alta sociedade e sua Eee o Rea SUrOpeiza, papel mais ativo das mulheres da el a e pes
ção da arquitetura e da decoração
oméstica, à europeização culhy ral
tornou-se possível na exata medida em que permitiu o aumento da E
queza, as viagens e a influência estrangeira spa um porto em expansão, Não é, portanto, uma “re-europeização”
que identificamos NO sé.
culo xIX, mas um novo grau de europeização, possibilitado por Mudar. ças em um relacionamento colonial duradouro. As influências européias, assim como o relacionamento colonial mais amplo de que faziam parte, sempre existiram — o que se vê neste século não é sua introdução, mas seu triunfo.
Nesta nova fase, as práticas culturais aristocráticas franco-inglesas serviram para reforçar e legitimar a distinção e a superioridade da elite
carioca. Elas o fizeram ornamentando visivelmente a elite com simbolos emprestados da aristocracia européia (associando-a assim à legitimação tradicional daquela aristocracia, assim como ao poder eprestigio da metrópole neocolonial), símbolos estes adaptados à maioria dos mais importantes rituais, relacionamentos e ambientes da vida doméstica. A adoção das maneiras franco-inglesas legitimou de modo novo,
com efeito, as relações tradicionais
entre senhores e escravos, brancos E negros, patrões e client: ! es, europeus e não-europeus, elite e todos os demais.
=
| de suas criadas, antigas hão sofrendo, nem mes-
entos antigos e intiia maneira especial-
5
A ASCENSÃO DO FETICHISMO DE CONSUMO
entes as impressionantes Nas instituições domésticas ficam evid adap-
idade carioca. No entanto, adaptações do paradigma europeu à real claras no Rio do século XIX: tações mais chocantes também se tornam Na medida em que O relaciosua incongruência é bastante reveladora.
ntico Norte se fortalecia, namento neocolonial entre o Brasil e o Atlâ fenômenos culturais euprincipalmente depois de 1850, a absorção dos
Este capítulo explora três ropeus aumentou, como procuramos mostrar.
a prostituição eledeles — o comércio de luxo, a moda no vestuário e
jos individuais e cee gante —, os quais, articulando profundament dese
innário social, em gritante contraste com as condições brasileiras, são
oca. dicadores do quanto a cultura européia era atraente para a elite cari
Comecemos pela análise da emergência do fenômeno cultural europeu em questão. Desta forma, espero deixar claro seu significado europeu, para melhor distinguir a sua essência e o seu significado no Rio.
1 A EMERGÊNCIA DO FETICHISMO DA MERCADORIA NA EUROPA BURGUESA
RE aviso do fetichismo da mercadoria na Europa do século
iva de mudanças tecnológicas e de mercado ligadas às tensões
Ec oi E
insegurança e da ansiedade em relação ao status social. Apefenômeno poder ser observado em vários aspectos da cultu-
mater Ta Ea ele é mais visível no vestuário. Aí, certas tensões nacionais
Menores — entre à França e a Inglaterra — logo se atenuaram. As ten-
l importantes se bascavam nas classes, ocorreram entre a arissões mais emergente, e permaneceram por um longo períoE ro
tensão nacional é importante para o Brasil apenas porque ela 185
A.
2“
cngadica as origens ça de elis
Dm
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das
adotadas mais tarde.
Após a
aristocrática foi estabelecida Pa
sidente em Paris e Londres:
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em Paris dogs mm,
a Londres, a masculina. Dur ante 0 século x, Semmúniass, e feminina eram ditadas pelos fra
nceses. A dueto
mos
pentes, ao destruir a antiga corte francesa, esta helec a hegemonia endo inglesa, acabaram com isso. A moda Bascuima inglesa, que já obtivera sucesso influenciando os modelos franceses +
através deles, aqueles adotados em todo o mundo europeu, agora exe
cia seu domínio diretamente. Os franceses reconquistaram a moda ke minina por intermédio de suas habilidades tradicionais singulares e do forte apoio governamental. O que permaneceu da moda do Ancies Re gime, tanto em Londres como em Paris, foi a primazia dos valores ars tocráticos: mesmo parecendo contraditórios, eram essenciais em uma
epoca identificada com o triunfo da burguesia.'
Escrevo “parecendo contraditórios” porque foi a própria ascen são da burguesia em sociedades sufocadas pelos valores aristocráticos que crióu a máquina da moda moderna, através de ansiedade bascada em classe, industrislização e formação de um mercado burguês urbaso No Ancien Régime, o status social do indivíduo era assinalado por de terminadas marcas prescritas, como o talon rouge, que só os nobres po diam usar. Depois da Revolução, as distinções legais para as vestimes um adequadas dos estratos desapareceram, apesar de o preconceito de “asse
é da ansiedade social permanecerem exacerbados, talvez pelas is Serneras originárias de uma estrutura de classe menos rígida. Agora, v
Ser comparado & teoria de Nos
Cliche funcionava nas tendências estevcss
to. Depois, ele se apoderava da imaginação daquele círculo, como algo
diferenciado do gosto comum. O círculo mais amplo da aristocracia rapidamente adotava a inovação para continuar na moda, consagrando,
assim, à inovação como o máximo do bom gosto. As camadas mais al-
tas da burguesia acompanhavam quase simultaneamente, para se manter emparelhadas com uma classe cuja legitimidade estabelecida continuava a invejar, mas que só podia imitar. A burguesia, como um todo,
acompanhava a moda, levando em conta o custo em materiais e os aspectos práticos do corte, de modo a permanecer “respeitável” — ou seja, para se adequar aos gostos agora consagrados pelos ““melhores””
em sociedades ainda dominadas socialmente pela aristocracia. O último passo era ainda mais rápido e econômico, devido à emergência da
produção em massa de roupas nos estágios iniciais de industrialização.
Na metade do século x1x, roupas prontas para homens, por exemplo, tinham começado a atender às necessidades dos burgueses e de seus subalternos em vestuário respeitável nos mercados urbanos crescentemente ampliados, ricos e sofisticados. Isso significava que uma inovação no vestuário era mais rapidamente tornada “comum” e, portanto, vulgar — o que levava os inovadores dos círculos de elite a uma outra mudança, de modo a continuarem a se distinguir, o que, por sua vez, galvanizava mais uma vez todo o processo.* Valores aristocráticos, ansiedade em relação ao status social, capa-
cidade manufatureira inédita e um mercado urbano em expansão eram
fatores que se combinavam para explicar a importância central da moda na cultura burguesa. Eles introduziam também o conceito fundamen-
tal de fetichismo da mercadoria. Este conceito — o revestimento dos objetos manufaturados para a venda com valores ideológicos! — pode
ser analisado aqui em três fenômenos novos, exemplificando os padrões
que acabamos de esboçar: na evolução das lojas de departamentos, no início real da moda moderna no vestuário e na criação do demi-monde. As origens das lojas de departamentos derivam diretamente das for-
ças interligadas do mercado urbano em expansão, da capacidade da in-
dústria têxtil e das tensões e mudanças sociais acima citadas. Entre eram 1780 e 1830,
ea
á
os bazares ingleses as maisons-de-nouveautés francesas e
i edicao
se tor-E oluíram a pai rtir de lojas de tecidos, para que não apenas vendiam esse produto, mas di-
peraturados de tecido e acessórios. Durante esse s de natureza comercial ideológica, que l 'de departamentos de Paris na metade do por atacado e vendas a preços baixos , preços fixos, divisão por especia-
” lidades e, o que é mais importante, O conceito da ce apra COMO uma tive
tura divertida para os ricos, na qual a cortesia, as novidades, q exibiçã
cuidadosa e a circulação despreocupada tornavam a aquisição de bg = Que atingia cadorias um mergulho em uma fantasia sociocultural porções teatrais. No início, O domínio do fetichismo da Mercadoria ng burguês foi grande, Não se mandava mais os criados às compras, ou
esperava a visita de um vendedor — ia-se pessoalmente atrás do Prazes do consumo fantasiado, comprava-se objetos cujo valor residia não no que eles eram em si, mas no que representavam socialmente, la-se às com. pras para adquirir o ingresso na aristocracia. Já em 1830, Balzac, em Ly Mode (típico periódico dos novos tempos), proclamava que “A vida efe. gante é o aperfeiçoamento da vida material e exterior... A nobreza se tra. duz em coisas”. Ele disse ainda que “A vida exterior é uma espécie de
sistema organizado que representa um homem exatamente como as cores do caracol são reproduzidas em sua casca”? Em
1888, um homme
du monde mencionou uma loja de departamentos onde, “por uma soma modesta, você pode comprar um pequeno kit para um cavalheiro”! A vida elegante, identificada com a aristocracia, havia passado pouco a pouco para as mercadorias à venda atrás das vitrines. Vejamos de que modo.
Beau Brummell e a imperatriz Eugênia” demonstraram como o processo do clichê de Poggioli era crucial para esta vulgarização e para O início do estilo moderno. Brummell é apropriado porque, precisamente no momento em que as forças em discussão se formaram, ele forneceu
os clichês básicos Para o vestuário e para o estilo masculino par excellence: a origem do traje de passeio e do modelo do dândi. Apesar de
ele não ser um nobre, o toque e a aparência aristocrática de Brummell conq
uistaram a admiração dos círculos de elite de Londres durante à
Regência. Isso permitiu
E
e francesa émigré e, portanto, conquistou
o mundo europeu. Sua ênfase singular em
Justas, nos tecidos e na combinação de cores, bem co-
(em sociedade tornaram-se estilos aristocrático, e sua
T de fetiche apropriado, como signo de status de Brummell representava também à ] ansioso em relação à posiade.
Assim, ele não repre-
Sucesso incomum dentro da “do período: a identifica-
PE SS RR moda burguesa, ção com 08 valores aristocráticos, Afinal, as fontes da icas a Jândi anglo-francês é o homme du monde, exam aristocrát
nas
a racterísticas contidas em seu estilo e, consequentemente, mais e mais
apropriadas pela burguesia: riqueza, lazer, raça corporal estudada, gosto
restrito, arrogância e relações sociais seletas,
]
A importância de Bugênia para o infeio do estilo moderno deve muito à sua colaboração com Charles Frederick Worth, o primeiro Aaut cousurier, Ela pôs em campo sua beleza, considerada quase perfeita de acordo com os padrões aristocráticos da época, e um cachet pessoal oriundo
de sua posição social como aristocrata estrangeira elevada ao trono da França imperial,"
A contribuição de Worth residia em seu dom para lidar com tecidos, para a inovação empresarial e em vislumbrar o caráter de fetiches nas mercadorias da moda." Em essência, Worth tirou proveito do fetidequar seus vestidos às mulheres, e a Eugênia acima de tochismo ujos estilos pessoais e posição pública mostravam que eles eram
capazes de lançar modas, pela forma chic'* com que eram usados. Mais
ainda, ele se concentrou na característica especial de Eugênia como uma espécie de cetro luminoso para a fantasia social, ao inventar a idéia de reproduzir e vender o modelo de vestir que ela estabeleceu, como uma mercadoria para quem pudesse pagar O preço. Antes, as mulheres imitavam estilos que observavam ou copiavam de ilustrações da moda. Agora, podiam comprar réplicas exatas de estilos associados ao charme da
Paris de Napoleão 111, Worth e seus sucessores aproveitaram o antigo valor da distinção aristocrática para o novo potencial da produção em
massa, vendendo para os ricos da França e do estrangeiro a identifica-
ção fantasiosa com a Corte imperial, Depois de 1870, haut couturiers aperfeiçoaram o mesmo processo, com mulheres-modelos que, com fre-
qiência, apenas exibiam valores aristocráticos em sua aparência ou modo
vida, como Brummell havia feito. Agora, no entanto, a fantasia era e ente projetada por mulheres cuja profissão era a própria fan-
festejadas atrizes ou prostitutas da belle époque.'s
timamente relacionadas no século xix. Na verdade, s do palco, das dançarinas de balé às grandes
encantos públicos e privados para o melhor
!
essem arranjar. Outras vezes, o palco era
al, apenas para garantir tal patroci-
séculoe do fin-de-siêcle foram cele-
dame aux camélias, Nana e A
todos, sua descrição, e Dumas
Filho, em sua obra, o seu lugar — o demi-monde. Elas SÃO importam aa
Àdevil do à união das bases de seu apelo com o fetichismo Urban,
ercadoria. Desde as categorias mais pobres de tais mulheres 4 ao comércio de mercadorias de luxo como vendedoras, ou E poe
ja área na qual escolhiam trabalha—r até as mais caras e exclusivas
associadas a um modo de vida público muito dispendioso a elas eram
propositadamente
reduzidas
à
condição
de
mercadorias
Vivas,
cuja exibição e distinção pelo preço e uso eram parte; da mesma “fan. tasmagoria” que Benjamin analisa no consumo parisiense,”
A identificação entre fantasias e mercadorias era enriquecida atra.
vés da utilização de atrizes famosas e cocottes em anúncio de haut cou-
turiers e de consumo evidente pelos amantes. Ambos fundiam ““suaç”
mulheres como mercadorias caras, em um processo de reflexo mútuo — os designers para demonstrar o caráter chic de suas mercadorias pela associação com um objeto sexual caro, refinado. Os amantes, para demonstrar sua própria riqueza e chic, exibiam o custo e o gosto das mulheres, cujos favores eles haviam ostensivamente comprado. Na verdade, as cocottes mais exclusivas, as horizontales, eram com fregiência tão bem vestidas, mantidas e cuidadas como as esposas e filhas de seus clientes, de modo que certos critérios eram empregados para distinguilas publicamente, evitando embaraços — fosse em palavras como cocodette (para mulheres elegantes da sociedade que flertavam “como” as
cocottes, mas não comercializavam o coito), ou em lugares reservados
em Longchamps.'* o valor da mercadoria horizontale estava portanto incluído nos ob-
Jetos de fetiche cuidadosamente associados à sua exibição. Tais mulhe-
Tes eram admiradas publicamente por seu estilo e por seus compradoes, da mesma forma que as mercadorias de luxo em geral o são.” Elas revela: E soal estay mn identifi
brcados para
a,
98
: é que a fantasia e o status pesa extensão com
Com Os objetos de derivação aristocrática fa-
Ra
urguesa que emergia sob o capitalis-
O desenvolvimento des-
cronologia, devido 205
7 i , A Revolução Francesa, divisor ii cultural europeu discutido ntêcio E cano! Ra ca com a chegada da Corte em I808, A Revolução E AGigREa Oao eton Régime, liberou as dinâmicas já descritas, S No entanto trazer , 1808, ; dy o Ancien sapRégime de português À ao Brasil, deu maior força'ça aa csesta didinâmica i
no Rio. Exarminemos, em primeiro lugar, este processo dentro da gência carioca dos três fenômenos analisados antes: 8: opreop rcio ci a de luxo, à moda
]
no vestuário e a prostituição elegante.
A loja de departamentos européia da metade do século surgiu no
Rio apenas na década de 1870.” No entanto, um florescente comércio de artigos de luxo iniciou-se após 1808 e encontrou endereço permanente
na rua do Ouvidor, em 1820. Ali, a comunidade de comerciantes fran-
ceses deitou raízes, desbancando o comércio inglês de produtos ordinários, €coexistindo com os portugueses. As lojas tendiam a produtos de luxo — joalheria, vestuário, perucas, cabeleireiros e barbeiros, acessó-
rios, flores artificiais, bebidas, comida, periódicos e livros. O Ouvidor
era famoso precisamente por estes aspectos da protoloja de departamenos de luxo, tos comuns na Paris da época — vitrines, variedade, produt
a um lugar cochic e lazer dentro de uma área fisicamente pequena. Ir
ficação pessoal no mo este significava flânerie e “interiorização (identi que Benjamin enfatiza lazer com as mercadorias expostas), elementos
a fundamental do fetichiscomo essenciais para a experiência de fantasi
mo da mercadoria.”
veautés provavelmente perO estabelecimento do tipo maison-de-nou o elemento consumismo até mais tarde porque
maneceu como limite do
: o Rio neo europeu estava ausente crucial para O comércio contemporâ de Paluxo comparável ao comércio de
carecia de um mercado urbano indúsimpossível, obviamente, uma rise Londres. Isso também tornou da datava de luxo (a indústria brasileira os produt de reira nufatu triama fabricava produmenos, mas naturalmente metade do século, mais ou € tecidos baratos).
de massa, como sabão realtos orientados para o consumo lojas de departamentos cariocas Quando, por volta de 1870, as mercado urbapelo lento crescimento do izadas viabil am, surgir luxo immente haver uma manufatura de não à uava contin no do setor médio, teriam resistido a comprar nte, velme prova portante. Os consumidores, vez disso, o: europeu consagrado. Em comercial algo que não tivesse um cachet apenas nto scime flore o ia mercado em expansão permit
O
ame de Paris, que só vendia imporiades Sis
za be ções, à moo e No entanto, quaisquer que fossem às dalimita relação oca a emnature ri ca de li sen bi a si do Oucadorias vendidas demonstrava As chapelarias a. up ro de a ri palmente em maté européia, princi 191
y como os cariocas na Europa, que enviavam Dara cy ta bi vidor, bem modelos, garantiram, desde cedo, o requin te com os E de certos alfalates sobreviveu desde q segundCarigg a no '
e e
como elegantes fornecedores da elite: Raunier, por
Almeida Rabello. Os retratos da época deixam claro q Qu,
os cariocas se preocupavam com sua própria imagem, Este Aspecto dy fetichismo da mercadoria se desenvolveu de acordo com q CrOnograma parisiense, mesmo que apenas para uma tração minima da População, Na belle époque, a paixão por estar “em dia” com a moda européia tor.
nou-se quase tão feroz no Rio quanto na Europa, O maravilhosamente
elegante cronista da moda, Figueiredo Pimentel, começava a espionar a moda, ou a falta dela, com seu “Binóculo”, regularmente censurando
os recalcitrantes ou os desleixados do pequeno mundo da elite,” Por fim, apenas uma pequena fração dos cariocas desfrutou da ré. Plica do terceiro fenômeno, a prostituição — pelo menos, a de “mes lhor” gênero parisiense. Mais ainda, o desenvolvimento desta mero: doria no Rio foi vacilante, enquanto os parisienses podia m compra
muito, todos os tipos deste “objeto”, Por exemplo, à explor ação cario-
ca de balconistas francesas só foi possível depois do afrancesam ento do
Ouvidor na década de 1820. A procura de atrizes e cantor as só foi possível após a metade do século, com o advento dos salões de dança, dos cafés cantantes e, sobretudo, do Alcazar Lyrique Français ,” No que diz respeito ao gênero da courtisane, mesmo ocultas, mulher Irancesas sustentadas
pelos
amantes
provavel Imente
sas modistas do Ouvidor, talvez), publicamente assumida, não apa
As etapas do desenvolvi
existiam há muito (famo
mas a horizontale, uma amante cara,
receu antes do último terço do século.
to ordenadamente, às al Wmento à Ja parisienne correspondem, mui-
conistas vieram com neo e sócio-econômicas da cidade, As balcado de luxo e & abertura dos portos, em 1808, com o restrito mers
Com O afrancesamento da rua do Ouvidor. As atrizes
fé uminense
E na ascida Psconômi ca e a urbanização
Ap
de 1850. As aparecemo msoTidação imper ial, por voldota final do See Rio crescentemente urbano d
npo
Poque, quando a riqueza, as viagens e à extação de Produtos de Juxo em larga escala
po
Sonsagrados da sociedade
oria de consumo da mercad deve m, esta prostituição das tendências sócio» eo do fetichismo da
endido simmercadoria carioca, como um todo —, não pode ser compre Rio. Anplesmente nos termos da possibilidade de sua reprodução no tes, ele deve ser analisado levando-se em conta as razões de sua repro-
dução.
Temos
de voltar ao consumidor
3. O FETICHISMO DISTINTO — A FANTASIA DO CONSUMIDOR
e suas
fantasias.
CARIOCA
No fetichismo da mercadoria analisado na França e na Inglaterra, nava com a fantasia essencial por meio da qual o consumidor se relacio ria era as manufaturas de luxo tinha a ver com classe social. A mercado
Como colocou um meio e uma realização de aspirações aristocráticas.
de burgueses, mas Cobban: “A elite francesa do século x1x era uma elite
elite de burgeois vivant seu objetivo era ser, como no século xvilt, uma
noblement"*
idor de produtos de O fetichismo carioca era diferente. O consum elite. Diferentemente do caso do luxo, por exemplo, já fazia parte da o cariocas não se articularam burguês europeu, as fantasias de consum
— pelo menos não até a asem torno de aspirações de ascensão social fanvolta de 1870. Além disso, mesmo à
censão dos setores médios, por seu poder básico da mesma fonte tasia projetada nas mercadorias extraía durante a década de 1820. O que
de ansiedade e desejo que vigorava nas mercadorias importadas de os consumidores cariocas projetavam que os burgueses europeus aliluxo era a mesma fantasia aristocrática esta fantasia tinha um significado mentavam. Só que, para os cariocas, casimplesmente de um caso de identifi distinto. No Rio, não se tratava cultural. O fetiche que os cariocas ção de classe, mas de identificação ser um de luxo tinha a ver com querer ados import nos ciavam reveren destrinchar este significado carioca aristocrata europeu. Vamos, agora, ômenos. «apartir do nossos três fen
a do Ouvidor
Petrópolis do Ouvidor (assim como rua a s, ico ból sim mos Em ter oitocentos metros a Europa. Esta rua, com era e) elit da es lar do te e par a pequena cidade. a nenhuma outra daquel de extensão, não era igual cultura e da socie-
ali que o coração da A partir da década de 1820, era pela cidade iriam e as metamorfoses sofridas
ent 6.” dade da elite batia., Som a construção da Avenida Central, em 190 com dro qua alterar este e os er lado, o comércio vulgar lqu qua a par o, irã rte qua Passando um 193
dee ss
Cr del a
mais tradicionais do Brasil se impunham — nos limite, da Tg S fi
Mo € “civilizado» : q e as últimas “conquistas + Ali, a o qui a gás e ja m, , iluminação treava: vitrines, sorvete, bondes, literatura, Todavia, o Ouvidor era mais do que apenas uma versão carioca do
Palais Royal, um santuário do comércio elegante. Era também q Bouk.
vard des Italiens do Rio, ponto de encontro da elite, o passeio elegante,
às custas dos jardins coloniais do Passeio Público, ou do Campo de San. tana, reprojetados por Glaziou na década de 1870. A cada dia, espe. cialmente depois que o bonde? tornou fácil o acesso ao local, a partir dos bairros residenciais elegantes, a rua ficava apinhada com a elite, que fazia sua aparição regular, de rigueur. O Ouvidor era, então, o local público para a expressão da fantasia de identificação da elite, não somente pela participação, como no Lirico, no Cassino Fluminense e no Jockey Club, mas pela auto-identificação
e dramatização que ali tinham lugar. As outras instituições reuniam to-
da a elite, indiscriminadamente, em um espaço comum associado à cultura européia. Isso, em termos funcionais, era uma de suas maiores van-
tagens e objetivos. O Ouvidor fazia o mesmo, só que ele também fa-
cilitava distinções gratificantes, correspondentes a categorias européias:
Era finalmente o raro lugar do Brasil onde tudo se concentrava, Nos dias
em que não havia sessão na Câmara dos Deputados ou no Senado, o desfi-
de parlamenta et res começava logo à uma hora da tarde; quando, porém, funcionava m
as duas casas do Parlamento, era depois das quatro horas 0
burburinho de deputados e senadores aos quais se juntavam os banquei-
TOs, OS corretores, os altos funcionários, altas patentes do Exército e da Ma€ generais com sobrecasaca militar e de chapeau alto, co-
rinh E o iai
grupos aqui caia tempos Jornalistas, literatos, atores etc. Formavam-se portante?
Portas dos diversos estabelecimentos de comércio im-
de seu Club de Engenharia). Os mun-
das
lojas ou esquinas, frequente-
As mulheres elegantes, após um
os grupos em horários deterdivers ris
final da tarde, depois que o Parlamento e os ministérios fechavam, que os pedestres encontravam dificuldade para circular e as carruagens eram totalmente proibidas de passar.” Os modelos explícitos para o Ouvidor, sem dúvida, eram as ruas de encontro elegante de Paris ou Londres. Lá, entretanto, elementos de cada cultura eram trocados e modificados (por exemplo, a utilização inglesa do francês, dos vinhos franceses, da moda feminina francesa; a paixão francesa pelos ternos, clubes e corridas de cavalos ingleses). No Rio, as coisas eram diferentes. Ali, não havia troca e havia poucas modificações. Tudo que existia era trazido de fora, intacto e orgulhosamente
implantado, em gritante contraste com o
resto da velha cidade portuá-
ria, e com sua grande população afro-brasileira. Luís Edmundo, recor-
dando-se do Ouvidor, escreveu: Em meio a essa parada de elegâncias, porém, não era raro ver-se surgir um negro cor de piche, bêbado, a cambalear, aos encontrões, afastando os transeuntes, nas calçadas, uma cabrocha mostrando um seio gelatinoso e luzidio fora da blusa farrapenta ou um capoeira da Saúde ou do Saco
de Alferes, em meneios de ginga, o chapéu mole a lhe sair, pelo cachaço, cigarro atrás da orelha e porrete na mão, cheirando a parati, a berrar como um louco:
— Entra, nagô, guaimu tá af! [...)?
As questões da incongruência com o meio carioca, entretanto, são
de pouca importância. A ênfase estava na reprodução calculada da cultura aristocrática urbana franco-inglesa. Na verdade, é esta a questão fundamental. O que distingue o Ouvidor (em relação a Paris ou Londres — o padrão é muito comum no mundo colonial e neocolonial) é precisamente a paixão pela reprodução pública da vida aristocrática européia, cada um identificando-se através da associação com o consumo mercadorias consagradas como um membro valioso da elite, por ser
ui
era o preferido dos velhos e no geral de todos os cidadãos da mais alta so-
* ciedade fluminense. Nas
poltronas da orquestra desse elegante teatro, em certa época, nas
primeiras filas, e alguns com lugares marcados, viam-se quase que diariamente as mesmas pessoas. Dir-se-iam assinantes e todos de elite [...]
195
idor,
Ouvidor,
das cinco horas da tarde o mundo elegante estas àn “a A
tom passear pela praia de Botafogoa * depois, era deas bomartistas e as demi-mondaines, em
sete e meia da tarde, nesse o às a mei € seis das , tar jan À hora do Fréres Bor os restaurantes da moda: Aux a hora predileta, enchiam-se ot [...] Hôtel du Brésil |. j Ha çaux [...] Hôtel d'Europe [...] Hôtel Rav
Paris [...) des Princes [...] Hôtel de
E
iam a ceiar em Bos, À noite, depois dos espetáculos, inúmeros conduz dres e outros, os viveurs de alta linhagem aps
fogo [...] ao Hôtel de Lon
tacados é as horizontais [sic] de alto coturno, quando não iam ceiar po,
da cidade.” afamados restaurantes já citados, pelo centro
Na capital portuária tropical, ao longo de suas praias de areia : morros cobertos de florestas, os cariocas refaziam Paris, com seus tea. tros, bulevares, bois, mulheres e restaurantes — uma visão incongruente, com todos os detalhes que o café podia comprar.
Vestuário adequado A preocupação carioca com a moda européia no vestir, por menos
prática que fosse, é um exemplo dramático do fetichismo específico em
discussão. Eu não pretendo com isso deixar implícito que a moda curopéia fosse prática na Europa e, como tal, seguida por uma população
racional e sagaz. À natureza da moda, como foi visto, é uma consequência da expressão e da tentativa de realizar aspirações sociais através do consumo e da exibição de uma mercadoria fetichizada. Neste aspecto. não há diferença entre os parisienses e os cariocas. Na verdade, o traço
distintivo é 9 relacionamento do consumidor com a fantasia que o fet-
Ocarioca tropeçou em uma cul estrangeira quando acomps nhou a moda para depois demonstrar tura um status superior. O parisiense,
nem os franceses nem sua civilização. Eles
ções fortes, que julga
vam superiores. Os brasileiros, contudo, não tinham um senso desta tra-
dição cultural superior e tendiam a se ver como atrasados. Assim, um fazendeiro paulista, mesmo
incondicionalmente orgulhoso
do Brasil,
olhava para a alta sociedade parisiense como uma escola de boas maneiras, onde se podiam adquirir “[...] os bons costumes e aqueles que devemos introduzir no nosso país".
A extensão qualitativa do absurdo do vestuário também precisa ser
mencionada.
De novo, não estou sustentando que o vestuário europeu
era confortável na Europa. No Rio, entretanto, o que era meramente desconfortável ou pouco prático em Paris ou Londres tornava-se um ato vivo de autoflagelação, indicando um compromisso merecedor de análise. Os exemplos vêm facilmente à mente. Os trajes masculinos do século xix consistiam em numerosas peças de lã, usadas em cima de algodão ou linho. As últimas eram brancas; as peças exteriores variavam, pelo menos na primeira metade do século. Usavam-se em geral fraques azuis ou pretos, e calças culotes jus-
tas, pantalonas ou, cada vez mais, calças compridas.
Os coletes eram
regra, e assim como o que se usava para cobrir as pernas, tendiam para cores mais claras e tecido mais fino do que os do paletó. Ocasiões menos formais, esportivas, podiam permitir que se usasse lã xadrez grossa, tweed ou outros tecidos de lã de cores mais claras. A partir de 1860, a vestimenta adequada para o dia fixou-se na lã preta sombria, pesada, apenas ocasionalmente com concessões à lã cinza, calças xadrez e coletes variados. Mesmo tais concessões, no entanto, eram dominadas pela
sobrecasaca ou fraque pretos. Na verdade tais casacos de lã, em cortes mais leves, eram usados no verão, possivelmente acompanhados de coletes e calças brancas ou de camurça, de materiais menos quentes, como o dril, no último caso para suavizar.
Sob estas duas camadas de lã havia ceroulas e camisas de manga comprida de algodão ou linho, com colarinhos apertados, brancos, de ponta virada, engomados e presos firmemente com um dos ancestrais da gravata longa ou borboleta. Os pés iam socados em sapatos abotoados e as mãos cobertas por luvas limpas e delicadas. Coroando o con-
Ra
nicartola, imbatível até os últimos anos do século, quando o
entrou na moda.
o longo de todo o século, só se permitia o uso da ““rou-
“Os fraques eram usados com um colete normalmente ipbos cortados para promover o talhe esbelto adedos de luvas brancas, gravata-borboleta jo, com
197
uma cartola para completar.”
lação
o com potica Concessão ao movi Tudo sangr issoineaeraà tem vestid me,. tudo, éra peratura ou à parcimônia. Con
tro europeu, onde homens abastados Festringiam ia cenr br0 a
Àsoa a
tos ao lazer ou às atividades no escritório, onde o inverno em,
+ o aquecimento deficiente, e as outras estações relativamente a "a das é, ainda, onde os criados cuidavam da limpeza das roupas o
trão. Pode-se também lembrar que à lã, a mais tradicional many o
inglesa, também era apropriada para o clima da Inglaterra ma,
fatores estão fora de nossas cogitações. A moda é Essencialmene ag, para à conveniência ou para O conforto do indivíduo.
Esta última afirmação é ainda mais pertinente considerando. apuros das mulheres bem vestidas. Livros de moda ilustrados tornam possiveis algumas poucas generalizações descritivas. As mulheres =: ciaram o século com roupas que deixavam seu corpo quase au natww echegaram ao final dele em roupas que exageravam sua natureza, ace:
tuando quadris, nádegas e seios. Durante o intervalo, as roupas femis
nas misturavam o exagero dos atributos com sua completa eliminação
debaixo de muitos metros de tecidos caros sustentados por artifícios es
senhosos e acentuados por caprichos dispendioso.” õesstr: z icasi ema lítl mbém ser regi taç pod anaa Umas poucas gener te das, Primeiro, o custo do bem vestir era seguramen alto. Pagava-s
Pequenas fortunas para exibir um Worth, e cada ocasião formal exps
ncias
cada vez ma”
femente concebida
para a liberação desta estrutura exagerada. Ela permitia que circunfe-
rências enormes fossem realizadas com uma armação flexível de aço.”
Quando a crinolina foi abandonada (era inevitável entre 1856 e 1868), ela foi, aos poucos, sendo substituída por uma espécie de atrofia, anquinha, que subiu e desceu através das décadas de 1870 e 1880, em va-
riados exageros afestoados das nádegas. Por fim foram abandonadas
por completo (as variações das anquinhas) e trocadas pelas caudas exu-
berantes nas décadas de 1890 e 1900.
Com tantas saias, a mulher era ainda forçada a ter uma graça extraordinária de movimentos. No período da crinolina, especialmente, transportava-se um exemplar enorme, farfalhante, de seda ao estilo eclético tão típico do gosto contemporâneo. Como a dame d'honneur de Eugênia relembra, meticulosamente: [...] o máximo de habilidade era exigido para se sair bem nos salões repletos. Era uma mistura de todos os estilos. Drapejados à la grecque eram
dispostos sobre paniers de época de Luís xvt, e as basquines do Amazo-
nas de La Fronde eram complementadas com as mangas delicadas da Renascença [...] toda a graça que provém da perfeição da forma e do hábito da observação era exigida para lidar com as dificuldades que impediam uma movimentação fácil, um andar deslizante e a liberdade de movimento [...]. A distinção nos modos e o porte, esta elegante característica da linguagem que notamos tão pouco hoje em dia, determinavam uma divisão
absoluta de casta, entre as diferentes classes sociais.”
Os homens, devemos admitir, estavam claramente em uma situa-
ção mais fácil, apesar dos colarinhos carnívoros e das camadas justas
de lã.
Ainda assim, por mais desconfortáveis que tais roupas fossem para os europeus, elas eram uma tortura mais óbvia para os cariocas e, por isso, uma demonstração muito mais poderosa da inadequação de
que falávamos antes. Em uma manhã do Rio de 1908, digamos, quando Figueiredo Pimentel estava fazendo suas recomendações para o uso de luvas durante o aa previsão para a temperatura do dia seguinte
era de 17,3ºC a 22ºC.” Além do mais, estava-se ainda na metade do
inverno. Podemos imaginar, então, a agonia diária que o ato de vestir causava, como foi descrito, no Rio. A Cidade Velha, onde os homens da elite passavam as horas mais
quentes do dia e onde suas mulheres vinham se reunir a eles por várias
horas, à tarde, era um movimentado centro portuário composto de ruelas estreitas, com um odor característico e atmosfera compacta em função da umidade dos trópicos; uma cidade onde os escritórios se com-
199
primiam, trabalho. E
E
inhados nos sobrados coloniais, convertidos em, loca Apesar de as mulheres e crianças fugirem”! overão! n "pra nos “diários”, forçados a labutar na velha Cidade go
e retirarem para as montanhas, no final da tarde. Eles tratan* rea,
Da dit ' túvel
erão tropical, nebuloso, assolado pela febre, dentr, Ei lã implesa preta. Um jornalista parisiense observou tera
fícina de 18 e 90 escreveu em sua reportagem:
Em um clima mortífero, cm uma cidade onde o termômetro atinge 4”; sombra, às vezes, onde os raios solares são, no verão, tão escaldanes q se mocre em um instante, o brasileiro continua, teimosamente, a vive * vestir à moda européia. Ele trabalha durante as horas mais quentes do vai para seu escritório das nove às quatro, como os homens de negócios q Londres, cle se movimenta em uma sobrecasaca encimada por uma carici impondo-se um sacrifício com a mais perfeita falta de consideração “
Talvez a falta de consideração fosse “para francês ver”. Pereira Pis sos, quando ainda jovem e saudável, relatou as atribulações de um ve
rão desta forma: “Tem feito aqui um calor horrível, e há mais de mês
que não chove. Tenho tido 94º Farenheit dentro de minha sala; é um
suar sem fim, que tira todo o desejo de escrever. Há três dias que me
da pessoa, é um do
des
eram corrento
Todos esses leões-de-alfaiataria, que usam casimiras da Inglaterra, espessas, duras, quentíssimas, para um clima como o nosso, coletes de afogar, colarinhos altíssimos e, não raro, gravatas de manta, de gorgorão ou cetim (presas durante um tempo com vastos camafeus de quase duas polegadas de diâmetro) fazem ponto na “grande artéria" [a rua do Ouvidor] das quatro às seis, derrubando às senhoras que passam, cartolas, cocos ou palhas, pisando solas de borzeguins batidas na sapataria do Cadete ou na do Incro-
yable, mostrando camisas mandadas cortar na Casa Coulon ou compra-
das feitas na Casa Dol [...] As senhoras vindas do largo da Carioca tomam a rua Gonçalves Dias, entre alas de cavalheiros que recheiam as esquinas, em bandos, arrimados aos portais das casas de negócio, todos em tocaia, o bigode de ponta fina e ereta à força da pomada Hongroise ou em chuveiro vertical, à Kaiser [...] Fumam cigarros de bout doré e usam perfumes no lenço e no cabelo, trazendo no bolso papier poudre para diminuir o suor do rosto, afogueado pelo calor. As senhoras vestem saias compridas, amplas, cheias de subsaias, sungadas a mão; mostram cinturinhas de marimbondo, os traseiros em tufo, ressaltados por coletes de barbatana de ferro [...] Todas de cabelos longos,
enrodilhados no alto da cabeça e sobre os quais equilibra-se um chapéu
[...] Usam, como fazendas, o surah, o faille, o chamalote, o tafetá e o merinó; calçam botinas de cano alto, de abotoar ou presas a cordão, o infalível leque de seda ou gaze na mão, sempre muito bem enluvada. Não há pintura de olhos, de lábios, nem de rosto. As mulheres cariocas são figuras de marfim ou cera [...] Quando passam em bandos lembram uma procissão de cadáveres.
Foi considerado um escândalo quando um grupo de médicos tentou mudar as coisas, passando a usar costumes de tecido leve, branco, mais apropriados ao clima.” Mas a questão da roupa escura, pesada,
pode ser muito bem compreendida. Claramente européia, ela significa-
va aristocracia, civilização e, ipso facto, posição superior na sociedade carioca. Por isso desfrutava de um prestígio sagrado, à prova de qual-
quer dor. Um contemporâneo desta moda confidenciou mais tarde:
Pergunto-me: Como agiientavam o calor? As senhoras, quando tiravam as
sapatinas, usavam em casa pantufos de lã tufada como se estivessem na Sibéria. Anos depois, ainda vi no Rio Quintino Bocaiúva à porta do WatSon, na esquina da rua do Ouvidor, de sobrecasaca de fazenda pesada e luvas [...] Em Pernambuco, nós, estudantes da Faculdade, envergávamos fraques, redingotes [...] O senador Rosa e Silva só andava de cartola. À redação do Diário de Pernambuco, Anibal Freire não chegava senão de fraque e de cartola. Como suportávamos isto? Tudo vinha do estrangeiro, os
hábitos principalmente. Salvo gente do povo, nunca vi, em Pernambuco, no meu tempo, ninguém de roupa leve [...]
Uma família abastada distinguia-se pela espessura do tecido que usava. Quanto mais hirto, grosso e crespo o gorgorão, melhor a família.
201
Umo
utro contemporâneo corajosamente, de tal costume declara que “e
doque aperto
mesmo ais
Es mesmo -
atravessar,
naquele mais embravecido dos verões, tem PO, as no braga vestindo um a Thy o e bem cortado, receberia
vaias
A timento realizado em fantasia ou Seria ici O po, nestas Mercado,
mean oa era grande demais para admitir COntemporização, sua jar am
molas de lã preta e coletes, em espartilhos aperta
passe grossas, enfrentava o calor, satisfatoriamente européia, Sis riamente Ci
distinta dos pobres mais escuros, mais arejados, ; pa que rculayas m
meio despidos, proclama n
do abertamente sua inferioridade inculta,
Prostitutas francesas caras
O fetichismo envolvido na prostituição carioca é um caso de proje
ção de fantasia igualmente claro. Isso fica patente na gama nacion al de prostitutas disponíveis, bem como na dinâmica sexual implícita nas es. colhas feitas, dinâmicas estas inspiradas pela hipocrisia que caracterj. zava as relações sexuais na elite. Como seus pares na Europa, os jovens da elite carioca faziam das domésticas e mulheres pobres em geral seus alvos sexuais, a base de proPinas
e ameaças. No entanto, a suposta dispo nibilidade sexual das mu-
m uma
cultura ond
assumidas, á a = Durante a
e fantasias em seu repertório sexual
extraconjugais para os homens eram
qi
hesitavam em atuar.
a
idor, e que podia pagar bem
i DE Bene do o CÁNtO, É que a elite estava im vês
dor QUE esta não era uma pré Negras, já que a elite tinha às
ria,
então, o exotismo das
Dois elementos distintos, entretanto, emergiram entre 1840 e 1870. O primeiro, mencionado antes, foi o surgimento dos salões de dança, dos cafés cantantes e do teatro Alcazar, locais que ofereciam sedutoras francesas para serviços sexuais, variações tropicais dos famosos temas
de Rachel e Blanche d'Antigny.” O segundo elemento era menos gla-
mouroso. Em 1867, chegaram as primeiras polacas. Estas mulheres, frequentemente judias, provinham do Leste da Europa e constituíam a maioria das mulheres vendidas no infame tráfico de escravas brancas para
a América do Sul.“
Tanto as francesas quanto as polacas eram exóticas, mas as distintas posições que ocupavam era óbvia para os cariocas: sexo com uma mulher branca não era a questão, nem sexo com alguém exótico em relação ao mundo português — sexo com uma mulher que tivesse cachet francês era o grande trunfo. As polacas eram uma mercadoria para as pontas dos setores médios mais pobres e para os marinheiros, e as mulheres francesas, mercadorias para a elite. Os ambientes distintos indicam o fetichismo em questão. As polacas, como as prostitutas de cor,
sofriam nos bordéis dos bairros de “luz vermelha” da Cidade Velha: em torno da de Setembro, res andavam talvez, como
praça Tiradentes e do Campo de Treze de Maio, Senador Dantas, nas ruas ou comumente exibiam descreveu Pires de Almeida, com
Santana e nas ruas Sete Mangue etc. Tais mulheseus corpos nas janelas, um papagaio no poleiro,
para marcar seu comércio lascivo.“ Elas eram “geridas” por empresá-
rios, com frequência judeus também, que prometiam maridos e vida nova
na América para as mulheres pobres dos territórios judeus da Rússia,
para depois violentá-las e mandá-las para bordéis do Rio e Buenos
Aires.
Apesar de as mulheres francesas (em geral consideradas como a mer-
cadoria mais lucrativa)” virem, às vezes, por intermédio de organiza-
ções de escravas brancas, a maioria aparentemente operava por conta própria ou através de madames locais ou cafetões teatrais. Como atrizes, moças de café, ou, mais obviamente, como cocottes, elas escolhiam os locais e estilos que capitalizavam as fantasias existentes, o que as tornava tão atraentes de início. Com efeito, como outras mercadorias importadas (e como as prostitutas da área parisiense do Palais Royal), elas eram luxos consagrados do centro da cidade europeu. Estas mulheres
se reuniam com seus admiradores, não apenas no teatro ou no café, mas
nos restaurantes de prestígio e nos hotéis do Ouvidor. Na verdade, os
hotéis do Ouvidor, exibindo nomes franceses e prazeres da mesa, eram
considerados pouco mais do que bordéis chiques. No final do século x1x, bordéis elegantes que dispunham dos serviços dessas mulheres
203
E com os paradigmas parisienses, mas também do commaçe
tg a asiam com a percepção das mulheres da fe carioca se oro,
mencionado, as mulheres francesas de elits. às vezes,
o
Sezundo Empião Rm do demi-monde, em comportamento. Durante o E
gumas o faziam por intermédio de seu estilo de fleriar: 20 | de sus culo, muitas o fizeram no vestir e na promiscuidade
culares.” Entretanto, como foi discutido antes. qualg==
tipo era completamente estranha ao comportamento esper=
ee
carioca. A promiscuidade sexual no lar da elite era notória mes vi; as mulheres brancas. Os jovens da elite tratavam com re:
Es Ementas
olhares nos bailes familiares ou na missa semana! O beijo ==
era escandaloso, e um passeio sem uma acompanhar:=
mente na ficção e nas memórias — ele ocorria, mas era como escanda-
loso ou decadente.º
Na Europa da época, tensão e atividade sexual eram mais difusos nas expectativas da elite sobre as mulheres. Isso fica claro, por exemplo, na pintura em voga. Veja-se o caso de Giovanni Boldini, um dos pinto-
res proeminentes da alta sociedade na época; ele mostra tanto conven-
ções óbvias da fantasia masculina para transmitir a sexualidade feminina, quanto
convenções
pictóricas sutis para transmitir um
potencial
sexual contínuo entre o demi-monde e as senhoras da sociedade.
A sexualidade e as convenções óbvias saltam à vista nos exemplos de pornografia aparentemente requintada de Boldini. As cocottes, neste caso, estão nuas — para usar a distinção de Hollander” —., elas aparecem entre lençóis ou colchas, que escorregam por suas pernas e, em
posição horizontal, com pêlos pubianos, pernas abertas e seios e nádegas arrebitados, sugerindo o uso que se podia fazer deles.
As séries e as convenções sutis de Boldoni nos retratos são, de certa
forma, mais interessantes. As senhoras da sociedade raramente são di-
ferenciadas, por suas poses e sinais faciais, de atrizes, cantoras e muIheres de outras profissões, por convenção sexualmente disponíveis. As senhoras nos encaram calmamente, com um sorriso suave, no máximo,
olhando diretamente para o observador ou para o infinito, as padas em atividades adequadas, com as possibilidades táteis cotes eliminadas pelo emprego da luz, que com fregiiência formas e enfatiza, por sua vez, toaletes caros.“ A atração
mãos ocude seus deesconde as é indireta.
na linhaEla se manifesta na beleza discreta, provavelmente inatingível,
social da pessoa gem e na riqueza, onde a corte cautelosa e a posição em questão devem ser levados em conta. pelos seus 'As mulheres “disponíveis”, por sua vez, são identificadas ou bem diretos, forsorrisos ou risadas convidativos, olhares de soslaio, para longe do cormas sombreadas profundamente e braços erguidos Aqui, então, surgiam as po, para mostrar O caminho de uma carícia. de
evidente através mulheres cuja posição social tinha que ser deixada para as quais artifícios que as mostravam como indiscretas, interessadas,
bastava um pouco de charme, palavras € dinheiro.”
ser deixada evidente” é A razão pela qual eu escrevo “tinha que era de tal ordem que esses arfundamental. A alta sociedade parisiense para distinguir o “tipo” de mutifícios da convenção eram necessários
se misturavam na alta solher, já que as demi-mondaines e as senhoras casos, estavam
e, em alguns ciedade, se vestiam no mesmo estilo das aristocratas de Boldini, somente disponíveis. Na verdade, em algumas se dissolveram,
o título esclarece qual o “tipo”
retratado. As distinções
retratista. talvez, graças à sinceridade do
205
Compare-se a relativa sutileza e dispersão dos Papéis se, tais pinturas sugerem, com as oposições Severas exigidasPs Roy 4
a percepção das mulheres influenciou O BOSto, através da
gens européias que inundavam os livros e Jornais Cari ocas, dare da
em Paris, e das revistasilustrad as pRnisiençes que eram àSSinadas É Pee ajudar a compor o estilo de vida da elite. Entretanto, Entre as ma. res “boas” e “más” do Rio, segura mente era nas Últimas queasmau
extremos de Boldini se mesclavam, eram elas que melhor roma! as fantasias sexuais dos homens da elite.
"a
Suas próprias mulheres (presas às restriçõ es familiares edessera
lizadas pelas tradições que restringiam a paix ão carnal apenas ao aj com mulheres de cor subalternas) deviam parecer santuários imacuis dos da virtude doméstica, nos quais se mantinha O respeito e, quasen, tineiramente, se gerava herdeiros, mas onde não se perdia tempo. 4 demi-mondaines, por sua vez, pers onificavam não só o fetiche de um mercadoria parisien se cara, mas também o de uma
mercadoria b; da com a sexualidade elegante que nem as elegantes esposas do Rio, as polacas embrutecidas poderiam igualar. Um pouco disso foi c: Fado nesta recordação da mais famosa das atrizes do Alcazar:
|
4 CONCLUSÃO: A FANTASIA SE LIGA À REALIDADE — A REALIDADE SE LIGA À FANTASIA O fetichismo claro no consumismo carioca revela nitidamente a fan
à fundamental de grande parte da cultura e da sociedade de elite ana isada em páginas anteriores. Aqui, em escolhas privadas feitas em locais
públicos relativas a aspectos íntimos da existência da pessoa — sumo pessoal, vestuário e preferências sexuais — vê-se novamente a identificação com os paradigmas aristocráticos franco-ingleses como elemento essencial na cultura e sociedade de elite, a linha vermelha tra
cada em todos os capítulos anteriores.
O que geralmente varia é a capacidade sócio-econômica para a re
petição bem-sucedida dos paradigmas. O desejo de expressar e promover a posição social de alguém na sociedade carioca por meio desta re-
petição é constante. Como foi visto, esta tendência é óbvia na sociedade
colonial, mesmo se realizada fracamente. Ela simplesmente ganha força de expressão no curso da história para florescer no contexto neocolonial, com sua riqueza e comunicação expandidas. Na belle époque carioca, a fantasia da identificação européia estava ligada à realidade de dominação da elite carioca. Este era o equivalente de um paradoxo maior — a realidade das relações neocoloniais do Brasil com o Atlânti co Norte se ligando à fantasia de uma cultura franco-inglesa universal,
à fantasia da Civilização. Os três exemplos particulares de demonstração pública desta Civi lização são especialmente dissonantes, porque eles estão inseridos, su
tilmente, no mundo íntimo das pessoas. Ao se movimentarem facilmente para a frente e para trás entre a experiência privada e a expressão públi
ca, eles enfatizam a ubiguidade e a importância da cultura eurófila na vida da elite. A expressão do gosto e da posição na rua do Ouvidor
era
denunciada pelos paradigmas europeus, assim como as escolhas da ima gem pública e da auto-imagem
no vestuário e na projeção dos desejos
sexuais.
Este é, com frequência, um padrão mais revelador da escolha do encon que aquele óbvio nos lares da elite. Ali, como é possível lembrar, tramos uma dicotomia público. privado na organização do espaço do
méstico. Na decoração e na utilização dos diversos compartimentos, era visível um estilo europeu para o uso público, mais formal, c um estilo mais tradicional para o uso privado.
Assim, a presença da cultura euro
péia no lar pode ser imputada à idéia de “espetáculo”:
ela servia como
demonstração pública, como instrumento de um status superior é pode ser vista de modo simplesmente funcional 207
dos
e
plicam
jemos dizer o mesmo ao observarmos os fená
Apesar de se tratar aí também de exibiaMena
tz
uma seleção por demais pessoal indicando O Quão prof e,
“
estavam os cariocas pela fetichização dos valores q. “*s
franco-ingleses. Esta era uma fantasia eurófila tão bem E, da elite que não pode ser separada sem compromete, tt pre "
OQ movimento pode ser afinal resumido: aglomerar-se todas o, em uma rua estreita, pequena, repleta de bugigangas caras e ota
preços excessivos, ou em cafés e restaurantes caros e quentes; usar pm
roupas com devoção suada e constante; discriminar tão obviamess..
ato de fazer amor é tornar manifesto a interiorização desta fans,
apontando o caminho para a realidade de seu significado, Uma fans,
sia tão profundamente internalizada revela, claramente, uma deter; nada visão de mundo. O fetichismo do consumidor carioca explica, imegridade de um mundo cujos níveis distintos estas páginas escolhe ram para analisar. Ele deixa claro o lugar que a Civilização ocupou m
beile époque carioca, como a ideologia central de dominação e idem dade. Agora vamos nos voltar à sua expressão explícita.
Too
6
NO RIO A I R Á R E T I L E A BELLE ÉPOQU culo XIX brasileiro O fim do sé
nossa zação, fundamentalse em ili Civ de te for s lo. mai ítu cap vez a cad a des A fantasia cultura da elite, o tem alta na ica asmát bel dra entes às análise, é mais s também sejam pertin
i levantada Não por falta de Embora as questões aqu específico da literatura. o cas o ar lor exp iadas pela liteartes, iremos a e contextura propic mas pela clarez Interesse pelas artes, ção. ratura à nossa investiga
necessariamente íodo, por exemplo, iria per do ica mús da e lis A aná mpo disnos levaria para um ca que ial soc ade xid ple remeter a uma com Afinal, a música preocupação primordial. sa nos a, ioc car e elit da tante erentes ina de temas, técnicas e dif let rep ava est XIX ulo séc brasileira do da como a brasociedade amplamente iletra fluências populares. Numa a todos, e a da literatura, era acessível rio trá con ao , ica mús a sileira, mas da moe difusa, seja nas diversas for contribuição do povo era rica salões da onial, ou na nova música dos dinha, enraizada no passado col smo go brasileiro, por exemplo. Me elite do século xix, como o tan le bel da to de compositores europeizados levando-se em conta o refinamen Ernesto époque brasileira, como
Alberto Nepomuceno
(1864-1920) ou
m inspiração no repertório de conNazaré (1863-1934), que procurara ocupação romântica (européia) certo para piano, seu ambiente e à pre com o “exótico” da cultura pocom temas nativos tingiram suas obras obra de Heitor Villa-Lobos pular afro-brasileira. No que diz respeito à stica adaptação da tradição muq8871-1959), sua bem-sucedida e caracterí
A a tasia da fan ga
pigs
a crescente cra nagino »
o es pr
dote o am Ae ser enc iazação ão pod ontrada do outro lado desta moes
cepa
Eça
E tenham enriquecido e tornado mai
to salão ecde mepes E icasparde es mús ados hedo as lução do se os schottisches (tão relevantes na evo
aia. nopé doja eur
209
Cas canção
s choro popular), até as Rm o au
(fundamer , con apresentadas NO Alea,
vistas musicais francesas nas d b tango co popular maxixe), muitas
”
que Français, o prestígio e a predominância da música cyropg,
como a ópera Cam A generalizados. Nas formas mais eruditas de câmara, apreciadas no Teatro Lírico ou no Club Beethoven, e
Este, sem dúvida, era q pi nação da Europa era ainda mais clara,
te de elite no qual homens como Alberto Nepomuceno e Ernes tó) ré compuseram. Um caso mais extremado, e mais esclarecedor
q
[Antônio] Carlos Gomes (1839-96), a maior figura musical da bo
cuja consagração só foi possível na Itália de Verdi, onde seu 11 Gm
(com libretto italiano) triunfou no La Scala (1870). Assim, apesa: a influência popular estar presente, as etapas e o tom cada vez m te da influência musical européia já devem ser familiares ao
Este padrão é ainda mais acentuado na pintura. Na verdade -
quanto a música era estimulada pela sensibilidade criativa das mas:
cariocas, a pintura, em uma amplitude qualitativamente distinta até me mo da literatura, refletia apenas a influência cada vez maior da Frar A escolha da literatura como objeto de análise, ao contrário, tem
com as intensas contradições explicitadas por ela. Como veremos
:=
escritores brasileiros deixaram para trás as influências estrangeira
Sriar — às vezes, mas nem sempre, com êxito — uma literatura br
]
l
pe
br
die ae
OU
apenas bncieeis
mais interessante, para nossos propósitos, ns de arte raras vezes reconhecem E E
a
ha pintura brasileira do período. Isto não decor
Missão Artística Fi formação europocêntrica, institucionalizada p= bém se explica a O na Escola de Belas-Artes (1826) ; , e Dirorinio ig do diminuto grupo de artistas da +º
e uma elite tradicional com menta! acadêmica, bem como pel stas passava E, ateliês parisi lenses dos mes 9s longos anos ) que os arti
des obras do Século, fos. Taunay (1755.1830) ou
afrancesados o mo Ví al O£O enri[de Fipuei iredo
mais consagrados. As E tres acadêmicos ;
O
émigrés franceses como Nicolas:
n-A imé Taun: ay (1803-28), ou de » bras É
“tor Meireles [de Lj ima] eMelo]
E
, dedro ADÉEe (1832-1903), Pedrc
puidue Bernadell (1858 6,2721905), Rodolfo Amoedo (1857-191! 1936) e Eli qua) a | 5 aos imites
is Eorias clássicos
ou nus asi
COS.
o
Suas
liseu [Angel ngelo)
* dos gêneros acadêmicos: retrato% ) has históricas
08 padrões europeus qu “NQUistas eram, ra da época, a tensão
a Visconti (181866-!
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heróicas
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heróicas e eé
Jo cof
ue os Pintores
ese "5 São, medidas de acorc” tur > Entre 6 ambiente Lo Slientes adotavam. NaP”,
€ brasileiro e a técnica franc
210
850-99), Alia Júniora à(1an id me Al ) de az álise da rr Fe sé on Jo ci or op pr s no de [EarM ada ao a pn pectivas explícitas çãcio entatelvezSe co m a a exo ce coric mp sufi é ussão útil econcluA siscus: são emE uma diisc expres teratura. Nesta, a úbtelinscoão,de à eli ja tão te permiti da Avenida Central seân ci o no Pb i pact ea, e o im or por quitetura dê
va. Na verdade, talvezé apenas àjocaar
contem quanto a literatura stos culturais anaE
evocativi a da belle époque amolo de vida e os ção íntima com O esti
cuja rela
AR
e
e ts mais do que evil en é es or ri te an s lo a el lisados nos capítu eferências musicais
E
x pr s da € a ur nt pi como Ei A Como no caso da incipalmente ao Rio, pr a ad ci so as va ta es E S ra teratura brasilei o. Como mostrarei, al sã fu di a su de to an qu Ei a ne tanto de sua produção mpenhou o papel que se de l, ra de Fe l X. ta XI pi lo e, depois, a Ca ória literária do sécu st hi m na ra ha en mp se reforçou a capitais nacionais de ais no Brasil apenas s cidades provinci r A pobreza maior da onômico da nação. Se político, social e ec ro nt ce do o çã ra iat bl pu de força ava viver, ou pelo menos ser
tras signific aceito como homem de le te, sempre foram um blicadas, naturalmen pu s ra ob As ” o. Ri no , ucacado capital. Como vimos, a ed da te eli da io me te no an rt po elemento im m grande ênfase li, ros da elite era clássica co ção recebida pelos memb rca de um ra, sobretudo a francesa, era a ma terária. Conhecer a literatu ras, OS versos o. Portanto, à familiaridade com as let indivíduo bem-educad
ns nãanente pelos literatos eram comu adolescentes e um respeito perm vam, à elite carioca.* Aquilo que os queles que pertenciam, ou aspira , orcionavam era, com frequência anos de governantas € colégios prop l ço por um bom sermão refletia-se reforçado pela Igreja. O tradiciona apre s tras brasileiras — poesia, declanos pontos fortes permanente das le til será nosso assunto to nação, teatro e oratória. Este meio restri e fér álise dos valores e aqui. Não tanto a análise literária per se, mas à an ns de letras desempeda história social nos quais a literatura e os home io situar a belle éponharam um papel. Em primeiro lugar, é necessár
do que em seu contexto histórico e literário, a fim de mostrar de que cimo a período
foi, nisto como
em
tendências sociais e culturais. O
DESTINO DO
1. O PAPEL
q m
a
sm
DA
tantos outros
aspectos,
a culminân
de
LITERATURA
DA
SÉCULO
XIX
FRANÇA
leitor que chegou até aqui deve presumir a influência dinâmica França nas letras brasileiras, As raízes deste fato, mais uma vez, re
ontam ao século xvil, Da mesma forma que Portugal á encontrou a
211
;
ass e Instrução no Iluminismo francês, o mesmo OCO
Acriaçã de Instituições de educação superior, sob o q
na o imo
regdoa ido marquês Pombal, o deas José 1, fois àso fran cormames E anteriores.de Após fundarministr academi similare
tugal reformou a Universidade de O oimbra e abriu colégios ilumi. > OQpatrocínio real, o apoio de Pombal, as viagens de diplomatas : = dantes é à riqueza nascida do ouro e das pedras preciosas brasileir mentaram uma era francófila na literatura que só ganhou força mos culo xx. O Brasil, também, teve suas academias e, embora elas
tenham perdurado, parte dos setores médios e da elite da Colônia as.
Quiria um gosto permanente pela literatura francesa, estimulada na Come do vice-rei no Ria, na escola reformada de Olinda ou em Coimbra,
rise Lisboa, para onde os endinheirados costumavam enviar os filha para que se educassem e fizessem os contatos adequad os.* Esta tradição explica o interesse natural pela literatur a francesano início do século xrx. Este interesse só aumentou, no entanto, devido à mesmas circunstâncias que reforçavam a influênc ia cultural francesa nm
folclóricas, privilegian-
idades do passado
atraente para as serd ção do novo Império.
eiro, anc o-brasil à: ismo :É fram ti an om “r i de proto a, i uma aespécie voivo fofoi feti et ef e REDE el cio iní io É íc O in fra s te an aj vi -1SAO),
Õ ITBB s obras de ão ao | a E constituído pela aç re mo co es ou romanc eni creviam ensaios s foi Ferdinant re so CUur ec pr es uguês, Pp rO te dest an rt i rt po o po ri im pé is Im ma O ntude pelo ionar acd u ado em sua juve sa e E el ue ug rt po da que, após ter viaj lei ra ia brasilei tradição lii terári is à empres rou distinguir à asileiros favoráve br e e seu nt me ca fi ci pe do paísí , sobr: o ad ss i às elementos es pa do is i ve Desta bre as glórias notá paisas' ens. s sua ca. Ele escreveu so de a ic ót ex e àgrandiosidad estas trOcaráter nacional e sobre ameríndios e as flor os ar nt se re ap s cê an fr torma, coube a um ' os brasileiros.” ic nt ssão em mi a su picais aos româ e condição sua m ra mi su as os ic ses Os primeiros românt dos românticos france
a influência tanto Paris, onde, em 1836, sob blicou uma pequeno grupo se reuniu e punis € comes, um se ue ug rt po dos to an qu guiram De terói. Depois, alguns se parrevista de vida curta, Ni organizar à tradição a literatura colonial para
caram a catalogar à definiram a ideologia eratura nacional. Outros lit a ria sce cre l qua da sso tir tral da literatura no Progre cen l pe pa o do en nd fe , de da missão literária eradesenvolvimento de uma Jit l o ia nc se es a Er o. çã na o da e Civilizaçã nação. ência, a memória e a alma da ci ns co a era a est s poi a, ri tura próp nticos eiros poemas € romances româ im pr am Os er ev cr es a, nd , ai os Outr l para conjunto, escrevendo em gera , do Brasil. Foram estes homens em mente, derta duração que, consciente jornais ou revistas literárias de cu
ialmente brasileira.'” ram início a uma literatura essenc rada por homens cujos noA segunda geração romântica foi lide tas José [Martiniano] de Alencar mes continuam ecoando: os romancis 82), por exemplo, ou os (1829-72) e Joaquim Manuel de Macedo (1820ônio] Castro Alves poetas [Antônio] Gonçalves Dias (1823-64) e [Ant o romantismo com suas melhores obras. Alencar o a
E
'
'
populares, nos quais a temática indianista de Ferdi-
a
o
E
es somassimo iii cqhrios
promessa lo romantismo inicial e ajudou prosa brasileira: ele morreu consagrado como
uim Manuel ds o maior nome das letras brasileiras. Outros, como Joaq Macedo e Manuel Antônio de Almeida (1831-6]), por exemplo, havi: :
a Obtido êxito com romances sobre a vida burguesa carioca, sob! É Alencar escreveu algumas obras. No entanto, , o aa rO8 ; o u s ro j na pi € s nt tu no o co tor ic en lei intico que pulsava forte no públ selva tropical do Império maisis sedução piE péri çã
213
do q que ni a reali alidade mundana
3 DETERMINISMO: CIÊNCIA E PROGRESSO
»
O romantismo devia muita coisa à reação alemã ao classic
cês e aos traumas de 1789-1815. Seu historicismo, mesclado e imprge do empirismo inglês, e a influência dos evidentes triunfos da Revos
Industrial permearam o ambiente no qual produzi ram Suas obras os HS) des pensadores do segundo e terceiro quartéis do século, Estes home,
— Auguste Comte (1789-1857), Ernest Renan (1823-92) eHippolyte di
ne (1828-93), ao lado de Charles Darwin (1809-82), Herbert Spenca (1820-1903) e Ernst Haeckel (1834-1919) — dominaram os horizonte
intelectuais da Europa e da América Latina, consagrando o Materializ mo, o positivismo, o cientificismo e o evolucionismo, que deram à infra. estrutura literária as noções “modernas”
das quais os novos auto.
Tesextraíram muito de sua força. O realismo de Balzac (1799-1850) +
Flaubert (1821-80) surgiu no segundo terço do século e, por último, o naturalismo e Zola (1840-1902) triunfaram com a monumental série Rougon-Macquart (1869-93) e seus seguidores internacionais. A religião e o idealismo passaram a ser desprezados como remanescentes metafísicos de um passado sombrio, e a prosa e crítica românticas como exageradas, vagas, idealistas e desvin culadas do progresso científico. A literatura e a crítica deveriam ser objetivas e científicas, para se empe-
Os romancistas do Amazon
5
culano Marcos] Inglês ME ao Rio e São Paulo, homens como [Her Salves de] Azevedo Sousa (1853-1918) e Aluísio [Tancredo Gon-
discípulo 4857-1913), que não Só admiravam Zola, como tami
Eça de Queirós (1845-1900), Houve também
lares, como Olavo [Braz Mar-
), a quem vimos celebrando a Ave
(É. 1937), ambos pacientes artífices dramática mudança no pensament o
Teinaram depois sobre a cultura
Cientificismo europeu (sobretudo entos para romper com
's no Império, e par?
ndo Reinado, princi-
:
Eatu
srAÇÃO,
omo ge lanta Dsye E
conhecaidaSoc
ea Monarquia, ag asso salmento à escravidão fol com frequência 1870) faculdé a (de setenta s H bnfluêne ja na raçú e cuja o n) (1839-89) pertode Barreto [de Mencze seguidores desse pi Tobias sous a deu 1870, are ante Ena em tomo de Eraç desta geração, direito do Recife, I influência À À b é iscola do Recife. pela Aboliçã o nome de É nos movimentos Brasil 0 todo por Corte, foi sentid a década de 1880. fim do Império na ao m ra va le e qu a la Repúblic
4. FIN-DE-SIBCLE:
E ANTAGONISMO
CONSUMO
e O significado nAcioA importância sócio-política do naturalismo atenção solidária dos es-
à atrair a nalista do romantismo continuaram divisória do movimento modernista tudiosos posteriores à grande linha dis-
contudo, mais relevante para esta de 1922. O período inter mediário,
Herdeiros do modernismo, leicussão, tem sido em geral negligenciado. ta
enação modernis fores e críticos recentes normalmente aceitam à cond
do e superficial, apedo fin-de-siêcle brasileiro como um período afeta cia antecipatósar de alguns registrarem, ocasionalmente, sua importân observou ria! O maior estudioso de período, Brito Broca (1903-61),
uma característica muito pertinente; o estilo da vida e da produção lite-
rária da época era, com frequência, mais importante do que a própria literatura.' O mundanismo, traduzido no modo de vida curopeizado, na moda e enfatizado nos textos, saturou o mundo literário e dominou a literatura, Como será visto, o papel que um autor desempenhava na alta sociedade, bem como o modo de vida que retratava, muitas vezes
determinavam seu êxito junto ao reduzido público leitor, Como um autor amargamente confidenciou, eram as “moças brancas botafoganas
daqui” quem chancelavam a aceitação literária; quanto ao “leitor do Rio [...] há uma coisa que ele pede ao autor: posição”,
tn
À
O
a
+
Rr
s elegantes, como e
com o fato de que o público leitor de
Botafogo, estivesse interessado em literatura e PE
PA NAS
acr scente importância deste os léliores R s aspectos da vida da elite, Como em tantas ou-
EA Cotia,
Não ps o os o RARE Os pelos autores brasileiros haviam adquiha os que, devido às viagens e à educação, tinham Pa s com o a | la moda eram ni geral pas
ni
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se
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a RRcomo que, E B
Anatole ção, foi inatacável ; relmei s m
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seus equivalentes
brasileiros, estão em eiLoreA se lembrarão, entre outros, de
s
Já são men nono os a familiares, apesaro de
215
terem estado muito em voga — Pierre Loti, Edmond Rostand, a
get, Jean Lorraine e Joris-Karl Huysmans. Em todo caso, fones do,
lidades características das obras destes escritores — intrigas amo da ironia, decadência e exotismo — que se tornaram os temas Predominç
na literatura carioca. Ao entrar na onda francesa, muitos literatos a sileiros produziram obras que serviram apenas como mais um as
do modo de vida cultivado pela elite: os divertissements leves, ma
tes e elegantes que ajudavam a pessoa a se manter au couran; ho Ps y na recepção ou no salão.'” Como lembra Gilberto Amado, Mundanismo e Esteticismo comandavam, sob o
signo da Futilida, de, não só o movimento social como o literário também. E ainda o Político, Ser mundano constituía título, razão de prestígio [...] Esteticismo e Mundanis. mo eram as duas rodas da carruagem bizantina em que se exibiam DO nos
so circo de Constantino os flácidos atletas da frivolidade.!”
A literatura, portanto, era um aspecto essencial do fetich ismo do
consumo e da ideologia da Civilização. Todavia, como se verá, na lite. ratura e na crítica, as disjunções e os antagonismos sempre são possiveis; e eles estavam presentes, com certeza, no fin-d e-siêcle carioca. Um
sentido mais preciso de como surgiram tal disjunção e fetichismo literirios da belle époque, em relação à sociedade carioca, vai ocupar a maior part
e de nossa atenção. Mas, antes, vam os nos deter nas relações entre os literatos e a elite.
A
REPÚBLICA
DAS
LETRAS
5. MARGINALIDADE BE M-COMPORTADA: OS ROMÂNTICOS
quando existia, era bastante tênue. tímida cultura literária consciente de si
idades literárias como uma espécie de OS com relativa riqueza e intimamente
Os e de elite urbanos, enquanto profissio-
Públicos, eles tinham a educação, os contaescrever e publicar, de
Tipicamente, eram fi-
urbanas, e haviam recebido
Ou realizado viagens à Europa,
TT
um diploma profissional € uma carreira na burocracia, no Colégio Pe-
dro 11, no Parlamento, no jornalismo político e na diplomacia. Seus pri-
eles escolhemeiros anos incluem algumas dificuldades, mas só porque
ram evitar O direito ou a medicina para buscar a Musa.
A medida de
«eu status privilegiado era o fato de eles terem tido a possibilidade de
escolha. Muitos logo conseguiram os favores do imperador, na forma
de sinecuras € honrarias. Alguns poucos acabaram obtendo um título,
como Maciel Monteiro, segundo barão de Itamaracá, ou Gonçalves de Magalhães, visconde de Araguaia, Torres Homem, visconde de Inho-
merim e Araújo Porto-Alegre, barão de Santo Ângelo.”
É preciso observar, entretanto, que a literatura não era apenas o
passatempo desses diletantes. Para uns poucos românticos, era também
o caminho da ascensão, pois haviam nascido pobres, ilegítimos, eram homens de cor ou carregavam o estigma de alguma combinação destes fatores. A educação, realizada com sacrifícios, revelou-lhes o mundo das letras, o talento que possuíam e o caminho para escapar da ignomínia a que seu nascimento os teria, de outra forma, condenado. Em lugar de vidas obscuras e desprezadas, o romantismo oferecia-lhes a glória de serem as vozes da nação e os favorecimentos que acompanhavam o
talento literário consagrado. Assim, para os que estavam à margem dos privilégios, a literatura era não apenas um prazer, mas sobretudo uma
saída.”
Havia dois grandes centros para os românticos: um temporário, ou-
tro permanente. São Paulo, com sua faculdade de direito, era com
fre-
qiência o campo de prova dos estudantes que, após fazerem poemas no colégio, prosseguiam com seu bacharelado e belles-lettres naquele cenário provinciano, formando uma corporação muito unida e idealis-
ta, mais interessada na literatura do que no direito. O Rio de Janeiro,
centro literário e político do Império, era o destino final dos bemsucedidos, como esperançosos aspirantes às glórias literárias e políticas.
A vida que atraía todos esses homens era, infelizmente, aquela que
se podia esperar do Rio na metade do século.? Antonio Candido aproPriadamente chama o
centro de acanhado, e o meio literário combina-
Ya com ele — um lugar atrasado, espacialmente restrito e por demais
Personalizado. Desde o início, e ao longo de toda a belle époque, ele má la se concentrado nas proximidades de uma rua pequena e estreita
Eid Ouvidor — O “salão ao ar livre” do Rio.” Já vimos que
importados
Seo
aa inbdrai a efêmeras e ds
grantes fria
da vida elegante e do consumo de produtos de luxo no fundamental para os círculos literários devia-se o Em torno dela Eita as redações das revistas
ndes jornais, muitos fundados ou dirigidos por imi= Jornal do Commercio (1827), o Correio Mercan217
»
«il (1848-68) e ODiário do Rio de Janeiro (1821-78) ts dos em apertados escritórios nos velhos sobrados de Morag PM
muitos literatos — que nãopodiam escapar das limitações : to de um mercado muito reduzido e viam-se obrigados à Publicar TR
em periódicos —, eles passavam boa parte de seu tempo o
da
casacado e apinhado dos mexericos, da tinta de impressos OR
bonhomie clubística das gráficas, cafés e restaurantes desta ds; tá bém era na rua do Ouvidor e adjacências que se Situavam as,
às pone, livrarias. Como no ramo dos periódicos, também neste os Francesa
minaram desde o início — outro símbolo das aspirações Parisiences »
valecentes nesse mundo.**
Para os poucos grandes literatos, as livrarias eram os al ares de consagração, pois só os eleitos dispunham de público suficiente para e
tificar a venda de suas obras sob a forma de livros. Para a Maioria da literatos, estas lojas eram apenas pontos de encontro, nos quais se rep. niam todas as tardes para conversar, ler seus textos em voz alia efa contatos úteis. Os jornais, no entanto, serviam a todos, para todosa
propósitos: atraíam tanto os políticos quanto os literatos em potencia.
A porta entre o jornalismo de favor e político e o jornalismo literário
era estreita, mas muito utilizada. Para aqueles que demonstravam hat-
lidade no trato com as palavras, as portas do apadrinhamento estam sempre abertas. Levado pela mão de um protetor, logo começava a c>
laborar regularmente para um dos jornais, em favor deste ou daqui: Partido; em seguida, tinha acesso a condições melhores para esco e publicar, ou para asseg urar uma eleição, uma nomeação ou até m&
de um confeiteiro. apr
o rs inas onde vendia doces. Para ele,end2end UN" fra a rua do Ouvidor. Começou à sol
Contato com [Francisco de) Paula B'. havia começa
do pobre, na Pº” A
E tipografia, a duas quad?
rua do Ouvidor, no Rocio (hoje praça Tiradentes), era um ponto de en-
contro para jovens literatos, jornalistas e políticos. Talvez por meio de contatos feitos ali, Machado conseguiu um emprego na Imprensa Na-
cional. Também foi na revista de Paula Brito, 4 Marmota (1849-61), que ele, em 1855, começou a ser publicado a sério. Na Imprensa Nacional, era protegido por Manuel Antônio de Almeida, o autor de Memórias
de um sargento de milícias (1854-55), que pouco antes havia sido nomeado chefe da gráfica também graças a um padrinho, como reconhecimento
de seus méritos literários. Almeida promoveu Machado na Imprensa; Pau-
ta Brito contratou Machado para 4 Marmota. Os contatos literários estabelecidos na rua do Ouvidor levaram Machado, mais tarde, a trabalhar em um jornal com profundas ligações com o Partido Liberal e, com o tempo, ele acabou sendo promovido ao primeiro degrau da burocracia
ea outras posições e honrarias oficiais. A rua do Ouvidor também pro-
porcionou ao escritor a oportunidade de publicar poesias, contos, ensaios críticos e crônicas regulares. Aos trinta e cinco anos, Machado aprouma ximava-se do escalão superior da burocracia e era reconhecido como
tergrande figura literária da Corte. Também havia trocado uma penúria
Joaquim Manuel eSousa E. servadas nas biografias de Teixeira Antônio de Almeida. Macedo iar essa mobilidade social em o dos pus do Ouvidor possibil Ri e, contatos
a regra. Um berço nobr Casos extraordinários, esta não era mais coas e proteção imperial eram muito
“excelentes, carreiras garantid da maio férica dentro das preocupações quas indicando que, mesmo peri ns membros a literatura era essencial para algu
das carreiras de elite, sodos. A benevolência do impee uma atividade respeitada por mo, a literarura é da Conts, o jornalis ds ligações entre a política a ser m que, apesar de a vida literári a literária da elite garantia aestr era s ela não ;
os romântico para a sociedade de elite, para
da elite, representava uma hostil. Ao contrário, nos círculos eres e uma jovens, uma recreação comum às mulh
OS BOÊMIOS 6 MARGINA LIDADE COMBATI ENTE:
"ro
cientificismo e da geração ps Embora o impacto intelectual oia pero sobre os que oe tenta tenha sido enorme, sua influênc
formidaa uma reforma e uma ruptura com as tradições coloniais foia Mona rquis ão, stionavam a escravid Romances, poetas e ensaios que
d o provincianísmo, O analfabetismo, as agruras dos pobres etc, OsNe
ido que, pela palavra, podiam contribuir para a con, ticosãohaviamonalsent truç naci , Fora do jornalismo, a maioria dos esforços literários era apolítica, com a notável exceção do abolicionismo do final do ro.
nte incen. mantismo, exemplificado por Castro Alves, que postumame diou o movimento com seus versos. Todavia, muitos dos jovens literatos
que chegaram à maturidade nas décadas de 1870 e 1880 estavam absor.
vídos por completo nesses movimentos. Mais ainda, ao contrário doromantísrmo, nascido em París e adotado no Rio e em São Paulo, os novos movimentos não eram de origem exclusivamente francesa e ganharam ímpeto no Brasil em díversas capitais de província. No entanto, os me-
Jhores talentos das províncias eram inevitavelmente atraídos para o Rio,
assim como as idéias nascídas na Inglaterra e na Prússia chegavam 20
Brasil após terem sído aceitas em Paris e em traduções francesas?
Cariocas ou províncianos, esses novos homens caracterizavam-se por
serem críticos e combativos. Estavam ansiosos para construir um novo mundo, Em 1884, um deles confidenciou a outro:
emo do deplorável estado mental to pei res a as ns pe que no do [...) letras, nosso jornalismo e nossas s [...] basta olhar para o
paí ral nos paralisa todos os ímpetos ardentes easpirações liodo desânimo géss aquedo o no ipotentes; creio, é verdade, no gencrosas [...] as influências do meio são on
dba
;
gal a soberana vontade logram homens, cujo gênio e cuj io e infundindo noto ferentismo e modificando o me
e | do indi s o nos? coisas, Maste quando tilter. emo às o eçã dir a nov e Ciências tedenO Rio de Janeiro é cidade essencialmen mercan ões, todas as idéias, o governo, política, moral, religi
estão subordinados aos tantos por cento € ao câmbio gnado as aspirarFe este pragmatismo esta Um escritor relembrou à femea
idéi à medida que essas novas 'do Recife e do exterior:
O
cn ac
ri
Comte e Spencer exerciam influência grande no meio intelectual [...) Uma aragem de liberdade de pensamento corria pelo Brasil — discutiam-se doutrinas, firmavam-se conceitos, organizavam-se escolas, Bela época! Os pensadores se aprestam à luta — enérgica, violenta por vezes, mas nunca deselegante.”
Em 1875, a Corte que estes jovens conheceram havia crescido bastante em relação ao que era como sede da Regência ou capital portuária
em ascensão na metade do século. O mesmo se deu com suas oportuni-
dades literárias. A população havia crescido em um quarto (para 235 mil em 1870), e o número do leitores aumentara ainda mais. Na década de 1880, surgiram os primeiros jornais verdadeiramente populares — Gazeta de Notícias, 1875; Gazeta da Tarde, 1880; Diário de Notícias, 1885;
Cidade do Rio, 1888; O Paiz, 1884 — vinculados à politização urbana promovida em parte pelos movimentos abolicionista e republicano. O mundo literário, então, mudara de forma dramática. Apesar de os pe-
de letras, riódicos terem sido sempre o veículo privilegiado dos homens a não ser eles nunca haviam proporcionado condições de sobrevivência, mesmo que prepara uns poucos. Agora era possível sustentar uma vida, de uma verdacária. Com isso, surgiram as condições para a formação estabelecida e deira boêmia, com uma vida independente da sociedade
completamente dedicada às letras.”
durante a breve fase Durante o romantismo, a boêmia era possível São Paulo, por exemdo aprendizado literário. Na faculdade de direito de estudando, bebendo plo, muitos viviam exclusivamente para a literatura,
entretanto, isso era apenas e frequentando prostíbulos. Para a maioria,
necessário para uma um intervalo agradável antes de garantir o diploma, estudantil paulista concarreira “respeitável”. Desta forma, esta boêmia tradição regular e aceita.” tinua mesmo após o romantismo, como uma
diferente. Mesmo com à faMas o que agora surgia no Rio era algo
recrutas, à vida literária culdade de medicina e a Politécnica fornecendo foco a rua do Ouvidor, cujos jornais emprega-
continuava tendo como
possível a existência de um pequeYam muitos dos literatos e tornavam
para à literatura e pagrupo de escritores que viviam exclusivamente timidamente as fantasias
vivendo a reforma política. Estes boêmios,
juntos, traO muito folheado Scênes de la vie de bohême,? moravamnovo impulso e davam um alhavam nos jornais de grande circulação Eles viviam a fantasia da Paris com
vida dos cafés e das confeitarias.
artéria pulsante que era a estreita da limites nos sonhavam, ue todos minoria combatente derebeldes uma do Ouvidor. Eles se viam como
através do ataque às instialtruístas, lutando pela regeneração nacional 221
:«des
TE
o rom. ais decadentes da Monarquia e escrevend sos e versos parnasianos puros e burilados, Os Matra :
cai ndaltoso: nacionais da época e as aspirações de uma men!
a et geração Brands
O é surpresa constatar que, mais tar SE neu,
ravam. Nã .* de suas esperanças O) i esquecia à década p Com poucas exceções, a maior parte desta Eeração vini ha
kg
mo meio privilegiado que seus predecessores românticos, Potcos ao. didatas pobres eram recrutados ea Ro pobreza Especial. Os in duos que buscavam a glória literária nos sótãos da Cidade Neli escolhidos, como o Café Londres, o restaurante Cailteau e a Co
Meita.
ria Colombo, haviam escolhido abandonar o conforto Prometido Po
direito ou pela medicina. Eles tinham formação clássica e um ano o
mais de faculdade atrás de si. Eram boêmios porque podiam ser litera.
tos em tempo integral apenas dessa maneira e porque isso era atraente como forma de auto-identificação literária.”
Figuras como José [Carlos] do Patrocínio (1854-1902), Olavo Bi. lac, [Henrique Maximiano] Coelho Neto (1864-1934), Aluísio Azevedo, [Sebastião Cícero] Guimarães Passos (1867-c. 1909), e [Francisco de] Pau-
la Nei (f. 1897), talvez os mais famosos boêmios, haviam nasci do em famílias de relativa riqueza e status, Mesmo José do Patrocínio , mulato
e filho ilegítimo, teve apoio paterno nos estudos e um sogro que finan-
ciava seu jornal. A maioria era da província, onde havia nascido e feito Os primeiros estudos, e republicana, e todos eram abolicionistas e fran-
cófilos. Escreviam nos jornais, compareciam a comícios, bebiam e cor-
riam atrás das cocottes e atrizes da rua do Ouvidor e passavam longas h
Para a palestra no Garnier ou no Deroche ou fica-
Vontade falando do futuro, formando planos literários — um gran
|
uma obra à indiferença do público mazorro, muito muito trabalhada, a análise
jalento, a forma
e fosse 2 ral de estilo que passasse o oceano
dos seus artistas,*6
orupo, principal orador daexplAbos” dista de imaginação parnasianos e durante
to, estilista prolífico,
mais tarde se tornaria famoso romancista e ensaísta. Aluísio Azevedo,
o mais importante dos naturalistas brasileiros, escreveu vários omano ces, aspirando ser O Zola de sua nação. Guimarães Passos, poeta parnasiano € humorista, permaneceu como símbolo impenitente da boê-
mia até sua morte prematura, na meia-idade. Paula Nei foi mais longe:
boêmio par excellence, nenhum livro leva seu nome; sua reputação foi definida exclusivamente pelo Ouvidor. Ele ficou conhecido por poemas e epigramas pessoais e populares, que recitava nos cafés. Dali, contudo, ao suas palavras voavam pela extensão da rua, um reino que ele
com uma extraordinária facilidade verbal, mesmo no meio de uma tri bo de poetas e oradores como essa.”
Eram estes, então, os homens e o meio dominante na literatura lo-
go antes da belle époque. Ao contrário dos românticos, em muitos ca-
sos confortavelmente vinculados ao Segundo Reinado e à elite da Cor-
te, os boêmios e outros literatos de sua geração colocavam-se à parte. Os românticos afastavam-se do estilo de vida da elite e de seus ideais Mesapenas na medida em que valorizavam a produção literária séria.
imperador. mo seus poetas tuberculosos morreram sob a proteção do
do avidamente Tal geração tinha a ambição de se integrar à elite, buscan
e títulos ariscargos diplomáticos ou ministeriais, cobiçando comendas sua participação tocráticos, frequentando salões e clubes e restringindo
partidos tradicionais.” política — se é que tinham alguma — aos dois sua dos movimentos políticos Os boêmios fizeram da literatura séria e
existência marginal que tais única preocupação e se identificavam com a sensatos desmembros mais velhos e interesses asseguravam. Mesmo os
(1849-1910) ou Sílvio [Vasconcelos sa geração, como Joaquim Nabuco José Veríssimo [Dias de Matos] da Silveira Ramos] Romero (1851-1914), Rui Barbosa (1849-1923), que, co(1857-1916) e outro velho conhecido, mais “respeitável” mo os românticos, ganhavam
a vida em um estilo
combae advogados), eram ainda assim dos deputa ores, profess (como as que atacavam, como osboêmios, tentes e marginais, na medida em
pela regeneração da instituições básicas da Monarquia € trabalhavam Veríssimo, mais tar-
rna. pátria, a fim de torná-la uma nação «mode nestes termos: de, relembrou a década de 1880 a um Dez anos antes surgir
movimento
talvez origem literário que tendo
uma nova ai senvolveu produzindo de se e ou tr en nc co a ipa no Norte, aqui se mo outra se não vit co s, sta nti cie de o ritores, social, a Gi ção de poetas, de esc ande preocupação gr a Um ] [... mo is o nosso romant espíritos. o E motivo todos os to jus m co va da qu na uma causa dos escravos, domi Do serviço de m-se nra sua, pusera a poesia, por ho emia.
na Acad pode falar com prazer
223
É sugestivo que Veríssimo tenha menciona do APenas ção, omitindo aRepública. O triunfo desta Eeração foj ; “Ay
A década entre a Abolição
(1888) e O governo Ci
(1898-1902) representa sua agonia.
E
Não porque a Abolição” Sa
pública não tenham se materializado, mas pelas COnseqiiênç kg
acarretaram quando se tornaram
realidade,
A Abolição ia Qu
emancipação, mas nenhuma grande recuperação através de É 4 mas sócio-econômicas. A República, por sua Vez, trouxe ia O,
Monarquia centralizada e a emergência de novas forças pol
regionais, mas não se empenhou em uma nova democratização a na abertura de novos caminhos. Assim, entre os literatos QU tinham sido jovens ou de meia-idade na década de 1880, havia um ea. pontamento típico com a participação política e uma Sensação de
fracasso quanto a seu papel na transformação da sociedade, Ag ha, do de Machado de Assis (pertencente à última geração romântica seriam estes homens desiludidos que reinaria m, agora, sobre a cu. tura da belle époque carioca.
7. LITTÉRATEURS RESPEITÁVEIS: A ACADEMIA
Os conflitos e a repressão de 1889-97 dispersaram a boêmia clás-
sica da década de 1880, com os ataques aos jornais e o exílio de dissidentes, e também dividiram e exacerbaram os ânimos do mundo literário, separando monarquistas de republicanos e florianistas do Testo. Alguns literatos desfrutaram de empregos ocasionais ou fixos
Ros governos que se sucederam. Outros perde ram suas posições paTa sempre, ou se mantiveram distantes, fiéis à antiga dinastia, ou
desgostosos com a realidade da República. Para todos, no entanto,
maioria conformou-se com
inham suas identidades de mM sugestivo desta tendênci criadores de uma cultura a foi a fundação e a natur emia Brasileira de Let ras (1897).
Mia não foi a primeira tentativa de se criar uma Or “ êos sábios francófilos ou aos intere sses dos li icistas do romantismo europeu resulta”
res eminené pela participação de titula 11 ro Ped m do de o íni roc be pat jo tanto estéril — mais um clu um ra bo em so, oro vig era
que um instituição literária ou do os ári iqu ant e e elit da s nte eta para dil diversas reviver, ao contrário das No entanto, conseguiu sob
tes, O instituto
caintelectual. m cogitadas com fregiiência era ou am gir sur que s ria erá s, sociedades lit ipou praticamente de todas ela tic par is Ass de o ad ch Ma da vez maior. lago da ativiia e submergia no pequeno à medida que cada uma aparec nta anos, prematuramente enveque cin s seu dos al fin No a. rári dade lite .”
ões de mais uma dessas instituiç e ent sid pre ito ele foi o ad olha, hecido, Mach para seus colegas, uma esc a-se de uma escolha óbvia
Tratav estava no , pois Machado de Assis ico ból sim do ica nif sig no caso, com ia publicado três reira. Em 1896, ele já hav car l na io pc ce ex sua de e ápic m de haver inuncontos e seis romances, alé volumes de poesia, quatro de décadas. nicas por mais de quatro crô e ção fic m co s ico iód dado os per principal, e, dedécadas, ele fora a figura sas des s dua em e, dad ver Na olher Machado, seus co-
cariocas. Ao esc pois, predominante nas letras te desmática a reverência amplamen dra a eir man de ram iza mal legas for eiros.“ O caráter simbólico da
ores brasil frutada pelo decano dos escrit favotude política de Machado, ati e ial soc o içã pos da va escolha deriva
urança — ambas o ativo e à busca da seg nt me ti me ro mp co não ráveis ao tos. s uma vez, entre os litera
as posições comuns, mai literatura subiu na vida através da os, vim mo co is, Ass Machado de rum burosegurança do cursus hono ue tên a r ngi ati até , ato e do patron à paixão política (ou mem frio em relação ho de em ag im Sua o. ida. crátic Abolição, foi bem combat da o cas no udo ret sob a qualquer outra), com seu jornalisa proteção dos liberais aiu atr , cio iní no , que Note-se apontam diversas ocaém mb ta s fo ra óg bi dos es polímo político. Seus devota à expressar suas opiniõ tou fur se não a ist nal apoiou siões nas quais o jor que o escritor mulato
demonstrar ticas. Ainda mais, podem
im, Machado fez ambas as ass da Ain a. ist ion lic abo sa cau a sobreclaramente a m à cautela de alguém cujui rq sta lià maneira de sua geração e co coisas
salário de burocrata. Mona seu de nas ape ia end dep vivência doencrescente, nascida da
a es com uma reserv beral, expressou opiniõ po em que ascendia tem o sm me ao e, maturidad
ça, da desilusão e da
undo tesia política do Seg cor à íam tru des a geração tornou-se realmente Ee polêmicas da nov o. Sob à República,
acostumad própria Reinado à qual estava punha de renda tem ionário, nem disser mil de mo ho fil era ren ife Não . ind cto via spe cun cir ata que cr ro bu um Era , ais ion fis O ees
mi
nistas € paulistas, indiferente Eis e conservadores, aos floria a aAr eza e habilidade recompensadas guardava
uma gentil
ções ele Suas paixões e convie . ais eri ist min se es qua 225
literatura, A esposa, os familiares eos amigos = 08 me
para a ni
fins que lizera
m um grande homem do jovem mulatinho quesa
PP” Es
e aprendeu francês na confeitaria pj Tag,
ces para escolares € qu ia triunfado.“ E "Ele heia brevivido, havia publicado, havia tri "Fa Academia foi ai em grande parte à imagem dele. ; o A idéia da fundação da Academia
surgiu em um dos e;
Peontros k
terários regulares comumente associados aos Periódicos Cariocas, Node
correr da turbulenta década de 1890, José Veríssimo, respeitadoCrítio e ensaísta naturalista, iniciou a terceira fase (1895-99) da Revista Bras; leira, recrutando como colaboradores os melhores escritores disponj.
veis.“ Alguns já vinham se encontrando em uma livraria da rua do Qu.
vidor, A estes se reuniram outros que começaram a se encontrar à tarde
nos escritórios apinhados da revista, nas imediações da rua do Ouyi. dor, para conversar e tomar chá. No ambiente amargo da década, tais encontros eram excepcionais, por serem apolíticos. As memórias dão muita importância ao fato de que monarquistas como Joaquim Nabuco, o visconde de Taunay e Carlos de Laet sentavam-se e conversavam
com republicanos como José do Patrocínio, Lúcio de Mendonça e Coelho Neto, Em 1896, foi tomada a decisão de fundar uma instituição ins-
pirada na Académie Française de Lettres e de tentar obter o apoio do governo. Na primeira década republicana, tal apoio era problemático e escasso, mas a Academia propriamente dita reuniu-se em 1897, com
toda a pompa possível nas precárias condições existentes. Embora a revista de Verí ssimo tenha fracassado, eles contin uaram a se encontrar,
mudando de um
d “ Seus membros. escritório para outro de acordo com as necessidades E a instituição acabou sobrevivendo. Mesmo reuni ndo-se esporadicamente,
Mesmo ritual
das cadeiras que passavam Ocupante, batiza; s ““fundadoindo-as com o nome dos deste modo, a linhagem literária das cadeiras. Tam"AcEs de receber e saudar os novos membros Tes € predecessores. A praxe acadêmi-
inaugurais explicitavam — tratava-se
Para fortalecer a tradição li
+ Da nação recém-nascida,
nento de uma literatura ver-
Machado, por exemplo, falou sobre a necessidade de
da língua portuguesa em uma nova era de dosoantrálzação prosseguiu dizendo: “o batismo das suas cadeiras com a
padronizaç
tino ar
claros e saudosos da ficção, da lírica, da crítica e da elo Gência n dão nais é indício de que a tradição é o seu primeiro voto
ab
ca
tratar das diferenças políticas entre os literatos, argunientou a ne [...] partimos de pontos opostos para pontos opostos, mas como astros que nascessem uns à leste e outros a oeste, temos que percorrer o mesmo circuto, somente em sentido inverso. Há assim de comum para nós o ciclo, O meio social que curva os mais rebeldes e funde os mais refratários; hos
interstícios do papel, da característica, de grupo e filiação literária ;deca-
da um; há a boa-fé invencível do verdadeiro talento. A utilidade desta companhia será [...] tanto maior quanto for um resultado da aproximação, ou
a trégua melhor, do encontro em direção oposta, desses ideais contrários, de prevenções recíprocas em nome de uma admiração comum, é até, é pre-
ciso esperá-lo, de um apreço mútuo.”
E acrescentou, esperançoso:
que eu pense que a alma Não tivemos ainda o nosso livro nacional, ainda obras de seus escritores; nas brasileira está definida, limitada e expressa Esperemos que a Academia seja somente não está toda em um livro [...] da-sua calma, venha a sair o livro em um isolador, e que do seu repouso, latura literária [..)º [que seja] o sinal da força, da muscu
romantismo e do parnasianismo, Os heróicos acordes iniciais do estava or, continuavam ecoando. Ali men tom em que mo mes , portanto e por uma uma tradição literária nacional avelha paixão romântica por nota, nas preo-
a nacional. Também se grande obra que expressasse a alm a, O pendor parde Assis com a língua portugues
cupações de Machado clássico, castiço. Ressaltam, ainico úíst ling tal men tru ins um nasiano por heirismo literários,
ta da criação e do compan quanto da, a natureza isolada e sele tanto das idéias românticas ca ísti cter cara o gêni do ão raç à sociedade ga ado o comprometimento com é a falt que O as. não “das pós-romântic geração de setenta. Os literatos da ca mar a sido a havi que “em geral tica. Eles haviam papel na regeneração polí um ter vam era sid s de con “mais missão voltara a ser, ante
romântico. Sua se retirado para o reduto estrito. Sua tarefa, como a das primeiras ge, literária, no sentido
tudo por intermédio de sua vial ion nac a alm a nir abolicioTações literárias, era defi dez anos antes um grande , uco Nab a, rári lite Borosa expressão va que: rmista político, agora argumenta nista e refo
io, da poesia e da arte, gên do tes fon as er nd fe de e fissão liteNós pretendemos soment antes ná dignidade da pro ou , gio stí pre no as tod , da grandese
ão qua ítica, isto é, o sentimento de perigo e da glória que iaest[... ] A pol rár 227
6. Uma reunião informal de literatos e artistas,
Laranjeiras,
190]
da queda do país, é uma fonte de inspiração de que Povo àlitera
tura toda de uma época, mas para a pol
O, agora eram dignos de E
idade algum órgão mais essencia -
ítica Perior às contingênciay s da polític 252
à ativismo político e o desejo de 1º
j
árbitros e Produtores de cultura impho
ntes na sociedade, ou seja, 4º “Ros,
e
não iriam tão longe RE
sob a direção de Macha-
mo nas menores quests
uc a glória da boêmia havia passado. A circunspecção pessoal de Machado e seu comentário de que a Academia era de “boa companhia” adaptavam-se perfeitamente a literatos de hábitos e gostos mais sóbrios. Embora depois tenham sido aprovados fardões evidentemente extrava-
antes (o secretário de Anatole France recordou uma visita em 1901, na qual “nunca vimos uniformes tão enfeitados, Havia mais cordões do
que costuras. E as espadas, plumas e botões de metal, grandes como fivelas. E os enfeites..”),” nenhum boêmio bêbado, irreverente e descabelado concorreu a uma vaga durante a presidência de Machado.“
No entanto, como observa Brito Broca,“ poucos dentre os boê-
mios proeminentes da década de 1880 chegaram até 1900. A morte, a
desilusão e o desejo de conseguir a segurança antes dramaticamente desdenhada haviam reduzido suas fileiras. Restaram apenas os incorrigí-
veis excêntricos, sobrevivendo como jornalistas. Muitos dos literatos agora conhecidos como boêmios eram ou pobres e fracassados ou simbolistas que haviam deliberadamente se fechado em seus mundos particulares. Assim, não havia mais entre os literatos consagrados nenhum iconoclasta escandaloso, mas apenas uma academia de homens que envelheciam prosaicamente como burocratas, professores, diplomatas e advo-
gados. Com fregiiência indistinguíveis em suas sobrecasacas pretas,
chapéus-coco ou cartolas, de colegas menos cultos aglomerados na rua do Ouvidor no final da tarde, eles poderiam ser reconhecidos por apenas duas razões: seus rostos eram em geral muito conhecidos no mundo
altamente personalista da elite e continuavam a se reunir em determina-
dos cafés e livrarias. Como veremos, havia um terceiro fator menos ób-
vio, embora mais característico: eles não só participavam do fetichismo de consumo associado à cultura eurófila da elite, como também ajudavam a reproduzi-lo. ELLE
ÉPOQUE
LITERÁRIA
COMUNICAÇÃO,
PREFERÊNCIAS g na cultura da belle époque ocorria prinexpansão e nas revistas elegantes, típicas , à expansão demográfica e a riqueza do a imprensa popular da década s:
xe ainda mais sofisticação e tecnolo-
pelo mercado cada vez maior estabelecidos, como o Jornal
do Commercio, a Gazeta de Notícias eO Paiz fora;
a
nai do Brasil (1891) e pelo Correio da Manhã (1901), um semanário elegante, o Rua do Ouvidor, Simples am E tava para vir. Em 1904, com as reformas Urbanas de 19026
vistas requintadas e caras apareceram:
Kósmos e Ren Gscen,
da, *
:
neros consagrados da poesia, crônica, conto e folhetim dba Og quase todos esses periódicos acrescentaram as inovações o modo reportagens sensacionalistas, artigos cada vez mais pers Onalizago
trevistas e perfis), uma preocupação com o
“alto mundo” « (Sobre 4
em Kósmos e Renascença) uso abundante de ilustrações, Presença”
fotografias e vinhetas art-nouveau,*
Sd
Tudo isso proporcionou aos literatos rend à € Oportunidade dep blicação. Mas, é preciso notar, esses periódicos também ditavam ta. mos da produção cultural. Como fora sempre o Caso, os livros de auto res brasileiros eram poucos e baixas as tiragens das edições. Em geral a reputação do escritor se fazia nos periódicos e, às vezes, pela repubj. cação do mesmo material em forma de livro. A pesar de uma me nção ou opiniões favoráveis de um crítico consagrad O ajudar um po uco, os leitores dos periódicos eram essencialmente aqueles que garantiam o éxit de um autor. Uma dependência tão grande em relação ao público leitor dos periódicos implicava limitações óbvias. Em 1900, este setor restrito da população
carioca (pois os leitores provinciais e rurais eram muito
menos importantes numericamente e tendiam a seguir as preferências
te delta
“O intel ectual no Brasili
ainda que tudo o separe dela, porque essa que sabe ler... e ain da assim! é a única E ilus! como? O quê? 7 De É trados, os “cultos” vi man eira g eral, os
a 60 U ”
da elite liam a literatura
cesa; mui TO faziam. Na verdade, váriosfranliter atos
| P PRquela língua. Quando liam obras de 230
€S
10 ” agia em trad E i ros em geral o faziam ileei ura ram s, 08 brasil conheciam à cult ingleses € alemãe o nã Se , os di mé De s ociado. ar sso paas "Quanto aos setore O , status a elas e s õe aç 0 iz al re ; ra leitÀ or paae am suas netão a bem, apreciav ia de um público nc tê is ex a ar s ic pl ível ex ex s fran E larmente folhetin ! do é poss
que o! utro mo literatos brasileiros traduziam regu francês traduzido? a am dr quem tantetos do de da ri la pu ses nos jornais, OU à po da tradição € da mo, ão aç uc ed da ia nc uê à infl a' Pode-se acrescentar sa e do comércio livreiro. Os editores, tipógr en te, ja o impacto da impr a franceses. Naturalmen ri io ma a su em am er as forfos e livreiros carioc franceses, da mesma os ic ód ri pe € s ra ob lojas , no que se promoviam em suas nos periódicos cariocas ilo francês ma que promoviam O est
, muito mais do que is ca Jo is Ta . do eú nt co e s refere a formato, ilustraçloões membros da elite, também explicam como as pe
ancesas: as viagens realizad tendências literárias fr s da r pa a m ha in nt ma com à os brasileiros se uiet eram à ligação vital ig Br e r ie rn Ga , de os nt me os estabeleci
Paris literária.”
ado e alimenrioca fin-de-siêcle, form ca o st go um o foi ad lt su re O minatória. forma cumulativa e discri a um s de sa ce an fr s ra ob r po tado ubriand, Musset, ica inspirou-se em Chatea nt mâ ro o çã ra ge ra ei im pr A ez, Feydeau, ; à segunda incluiu Cherbuli Lamartine, Balzac, Sue e Hugo de 1880
Scribe. Os leitores da década Feuillet, Dumas filho, Sandeau € ciavam Zola, os Goncourt, Hugo, Balzac e Flaubert, e apre
fixaram-se em 00, fossem antigos membros da ge Taine, Renan e Maupassant. Em 19 da de 1880 ou novos homens, Os Jei ca dé s da io êm a, bo nt te se de ão raç lzac, Flaubert, Zola, Renan e , tores continuavam apreciando Hugo Ba tão em voga de Anatole Frans aine... e acrescentaram a eles os nome en ysmans e Marcel Prévost.º ce, Paul Bourget, Pierre Loti, J-K. Hu s exerceram sobre as preferências jo Arca eia que tais autore cterísticas a fim , é preciso ressaltar algumas de suas cara E neas.
as ntemporâ desituarmos no contexto apropriado as obras carioc co
idos e os escritores finio os autores mais antigos são melhor conhec mais em voga durante a belle époque, estes comentáo ei io
e a
m sua , o nino dos últimos. Anatole France co
tatar Eá
te omem do mundo, que já havia visto o suficien para
perspectiva i E e desilusão mundana, deu à era sua ra domin autor mais na moda de sua época gostava de se Sela como mg aro
ido, destituído de DiEifos capas re o mundo com um interesse divert sso em um estilo clássico e de humor “ático”. Pierre Loti e benit , jeto rente, Oferecia os prazeres do escapismo refinado e Je
necessidades e inadvi equaçõões sobre o mundo colonial, em uma a narrativa de ic tr *gocên com cenários exóticos, pontilhada de ii amours com amantes sas de diversas cores. 231
Já o escapismo de Prévost era mais doméstico. Utilizava
vios parisienses de prazeres mundanos, criando um híbrido de E a mo e tensão erótica muito bem-sucedido junto a sua platéia ia
feminina. Huysmans e Bourget não eram tão recatados. Expor pectos da vida burguesa é aristocrática (ou melhor, fantasias sobre Miura tas vidas), que eram ao mesmo tempo muito exóticos e muito e que logo foram definidos como decadentes. Esseintes, Huysmans descreveu a passagem, derno, do tédio à uma vida ultra-refinada que cinante, Bourget, em sua primeira fase, fez o
Em seu Personagem py, efetuada pelo estera E seus leitores acharam fas. mesmo em larga esca
celebrando vicariamente a decadência antes da mudança de atitude qu
o levaria à cáustica condenação do ateísmo moderno e do materialismo em seus romances de traumas e desastres psicológicos.“
Com fregiiência associada às palavras “impressionista” e “decadente” (devido a sua abordagem subjetiva e preocupação com a autogratificação refinada, o materialismo e a decadência moral), ou à esco-
la simbolista (em virtude de sua utilização subjetiva e sugestiva da linguagem), a literatura fin-de-siêcle voltava-se para o interior, em dire são ao ego — narcisista, descompromissada, escapista, sensual e aris
tocraticamente refinada. De várias formas, ela expressa a reação a um Período conturbado da alta cultura francesa. Privados do consolo reliBioso ou das glórias imperiais, traumatizados com a derrota de 1870,
Sada vez mais perturb; franceses parecem
estes prazeres
zado md
iriam
tores dos Roi um futuro problemático, os escri
ter se abrigado sob este classicismo contido ou sob
€ exóticos como parte de um mal-estar generali
incerteza. No momento oportuno, outros ao MR 9 irracional e a religião. Naquela época, teme! to, o A terminisa se deba 9 materialista do século x1x estava ópria
apenas a distã ia = O futuro parecia tão sombrio quanto
traziam alívio.“ Ouanto prazer ni m au Sour Mantinha dessas tendências, os brasileiros
€ adaptaram; não se tratava apenas de copi
AIM ECO entre os escritores que procura” meio da Teelaboração particular das te”
“TOS
da elite carioca, que, pelas raZó
À inti de com a literatura par Rera dos,midauma virada em direção às Problemática ou mesmo impos”
à
'
tico 232
O, fez uma adaptação seletiva de elas. Tampouco o fez Sílvio o época, que parece haver des-
; tendências posteriores à década de 1880, José Veríssimo, ouprezado E »rítico, sem dúvida assimilou algo da ironia de Anatole France subjetiva e impressionista do crítico Jules Lemaitre ua Censo a peito mas permaneceu inteiramente hostil ao simbolismo. Na verqua jestino do simbolismo no Brasil é revelador. Esta nova escola aus pari desfrutou de um êxito rarefeito na França após 1880, fez ME os jovens poetas no Rio.“ Não conseguiu, todavia, sua
ParSantar a escola dominante, o parnasianismo. Os seguidores de le
nasse, por motivos peculiares à literatura carioca, continuaram no poder ao longo de toda a belle époque. As circunstâncias que explicam estas diversas peculiaridades da belle époque carioca são melhor entendidas no contexto das vidas e das obras dos grandes escritores. É o que fnremos agora, começando por uma evocação do período através de seus autores típicos.
9. 0 FETICHISMO DE CONSUMO LITERÁRIO E SEUS ARTESÃOS No Rio, o maior defensor de le Parnasse era Olavo Bilac, coroado Principe dos Poetas por seus companheiros, em 1907.9 (Ver fotografia na ilustração 3.) Um dos novos lembra-se de Bilac na Confeitaria Colombo: À porta da entrada eis que surge, de repente, um príncipe das letras — Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac. Alto, elegante, magro, mostra duas pupilas dilatadas por extrema miopia. É vesgo. Na linha da boca, franca e sensual, um pequeno bigode [...] Grande nome. Grande popularidade. Todos o conhecem. Todos o recitam. Todos o discutem. Vive entre os algodões em rama da admiração nacional, mimado, querido, admirado. Os novos perdem o dom da palavra quando lhe apertam a mão pela primeira vez € os velhos falam-lhe como a um grande mestre. Seus defeitos são os da
Toda, Defeitos da época [...] Ama as boutades, blagues e os mots dºesprit.S
o exemplo de Bilac nos servirá perfeitamente para introduzir as ten-
dências dominantes da belle époque carioca. Primeiro, devido ao mundanismo já mencionado. Carioca, filho de um médico que esperava que O herdeiro seguisse seus passos, Bilac rebelou-se cedo, dedicando a maior
nai de Seu tempo na escola de medicina à literatura e ao jornalismo.
NE
idos
entao
é
ei filo
o curso de direito em São Paulo, com resultados simi-
andonou a casa paterna e suas benesses pelas da rua do Ou-
nr da década de 1880, Bilac exemplifica a transição repreAcademia,
Na década de 1890, como
muitos boêmios,
anto o exílio quanto a cadeia. No final da década, tendo 233
publicado um bem sucedido ole aa Poesia, ajudou q Undar e colaborou regularmente com aGage ta de Notícias,as Ma gemia a coluna que Machad o de Assis abandonara em 1901, Devido and à posição e ao fígado combalido, Bilac bebia muito Menos do ag
tes, embora alnda visitasso boêmios Inredutíveis € seus antigos a a década de 1900, sua imagem respeitada de jornalista e og COnseqãs N
contatos proveltosos com sucessivos governos presidenciais, levara -" a uma série de bem remunerados cargos públicos, que ajudaram
nanciar
viagens anuais a Paris, Em 1904, tinha uma função na adm
tração municipal de Pereira Passos e louvava as reformas do prefei
sobretudo em sua coluna na Kósmos. Durante a voga de conferência públicas sobre literatura (outra importação parisiense), as de Bilac eram
consideradas as mais espirituosas, Indicativo da natureza do êxito lite. tário na delle époque é o fato de que, quando iam à rua do Ouvidor
e à Avenida Central para exibir seus gostos caros e comprar mercado. tias importadas, as mulheres da elite também pagassem, como piêcede resistance, para ouvir falar um poeta, a última das agradáveis paradas
em busca dos itens chiques que recendiam ao perfume de Paris.”
Em sua escrita, Bilac mantinha uma dualidade. Na época, sua poesia
làs aira de moda na França, mas sua prosa estava bem no compasso
das novidades. O parnasianismo — no princípio uma reação contra à
extravagância emocional do romantismo e uma adesão ao rigor e ao distanciamento “científico” — surgira em Paris, na década de 1860, e triun-
fara no Brasil na de 1880. Aqui, como foi dito, prevaleceu sobre o sim-
bolismo, que havia enterrado o parnasianismo na França, já em 1880. Este Paradoxo, explicável pelas imensas limitaçõ es da atividade literára ii Brasil, pede - o, Parm
um exame mais detido.
nismo talvez tenha ticularesde asia um público restrito
servido melhor às predisposições par
Tivilegiavam a destreza verbal, as imagens com
imagens e formas clássicas, felizes coincidên'onais brasileiras. Suas imagens e mitos grego dia
ialmente bem-vindas para poetas cultos leiga, e os vinculavam tanto ao class”
edificante Passado europeu. O interesse fra?”
de 1860, em parte força na década Ou imperiais PopsVais anglo-prussianos é, após SÃO ideológica (a civilização greco-0* Particular dos franceses, os quais
latina” e da “latinidade””)* Tal ção iza vil “ci da iar opr apr se am tar jen por razões que Jhes eram pró-
sileiros classicismo era agradável aos bra reconnto esta “atinidade” podia ser prias. Brito Broca sugeriu o qua ivo al brasileira era, para à elite, mot fortante, já que à composição raci
desprezo.” de consternação, medo € a escola de Bilac preservar um Talvez fossem estes os motivos de s, “latino” e acessível, o parnaconsiderável fascínio; refinado, francê ofeer. O simbolismo, por sua vez, pouco
sianismo tinha muito a oferec ao enfatizar a compreensão subjerecia, Era deliberadamente obscuro; avra, resultava numa poesia o poeta tinha da sugestão de uma pal
tiva que ma ou conteúdo temente despojada de for oblíqua, metafórica, aparen ociações culos prazeres óbvios nem as ass nem a suí pos Não is. síve aces ismo doismo anterior ou do parnasian turais gratificantes do romant se acreserva Antônio Dimas, quando obs o com da, ain s Mai e. minant re os periódicos os parnasianos exerciam sob centa a isto o controle que as puristas, O nto dos simbolistas em rod ame sol o-i aut O e os rad sag con . Uma multidão imos é facilmente entendido fracasso popular destes últ seus próprios o o Brasil, reunindo-se em tod por tou bro as ist bol de sim ando resos impenetráveis e public ver de s atrá -se ndo ira cafés, entrinche ”? ais conseguir a aceitação or, sua vistas efêmeras, sem jam como um poeta conservad ac Bil ca mar o ism Se o parnasian rigor da moda. Sua ismo O colocam ao dan mun seu e sa pro examinar volumosa a. Agora podemos nad cio men foi já ade ied posição na alta soc escrevia. O título de e com à prosa que a-s lav icu art a son per faceta de como sua dade,” aproxima esta pie e nia Iro s, aio ens uma coletânea de do escritor francês, nce. A expressão é Fra e tol Ana de ura € ensaísta cosBilac da fig esteta parnasiano o com ac Bil de a postura. Na verassim como a postur ioca que adotava tal car um era im, ass e crítico mopolita. Ainda entante da civilização res rep o com c, Bila e époque cadade, encontra-se em perfeito porta-voz da bell
a, um seus do “atraso” urbano carioc avam reservadas para est e dad pie e nia iro Sua à carar à vergonha e rioca. Aí está a chave. grande parte para mas em m via ser e compatriotas mera conveniênPereira Passos não era de ipe equ na ção ele se idenraiva. Sua fun s ideológicos — sse ere int de cia dên e coinci amorfose “civilizado”, uma met Rio o com e ent dam de cultura podia imaginar em termos
xões derivavam dos profun pai s esta que lar ecu sua esp à uns incesa. Podemos trastes, nã verdade, com sido s em sua educação; con
contraste da Cidade Velha, tendo o açã cor no ceu nas de o. Afinal, Bilac XIX. Por isso, conhecia ulo séc do Rio do Mas jo dentro da “África” as práticas do Rio africano.
rituais e imeira mão a religião, 08
235
também era o filho de um médico e o estudante de Medicina
cientificismo, além de poeta treinado na alta cultura francóri ra go Sua completa devoção à poesia significava um identificação 4 do Ri DO como a plana francesa e com Paris, onde tentou em Vão o
ni
k. cer residência. Suas atitudes em relação ao Rio tornam-se portao preensíveis — queria ver sua cidade transformada, como ele pio : a desprezava por ser como era, O racismo e o europocentrismo Pd prosa são notórios e típicos da belle époque. O leitor talvez ” Pa “antiga amo da referência do poeta ao Rio (no capítulo 1,11), como a
lândia portuguesa”, ou seu entusiástico louvor à Avenida Central o vô da metamorfose parisiense do Rio, onde clamava que “começam,
a nos encaminhar para nossa reabilitação”, ou, por fim, sua conde.
nação do Carnaval, como uma “exibição vergonhosa” de “cortejos eró.
ticos”.?é Nestas frases, a ambivalência do período e do poeta ficam cla. ras. Bilac era progressista e patriota no sentido de ter se devotado a uma
cultura “civilizada” ainda a ser implantada no Brasil. Como muito do que se refere à belle époque carioca, entretanto, isso significava um profundo desconforto com a civilização brasileira como ela de fato era” Bilac era reconhecido como o mais eminente poeta da época, e algo similar também se poderia dizer de seu antigo companheiro, Coelho Neto. Antes da morte de Machado
de Assis (1908), a posição de
Coelho Neto era claramente secundária; depois, tornou-se destacada. Até 1922, seu estilo seria considerado um sinônimo do gosto contemporâneo. Esta acabaria sendo sua perdição quando triunfou o ataque
do modernismo a esse gosto.”
A biografia de Coelho Neto revela a turbulência de uma geração literária. Filho de um modesto comerciante português no Maranhão, à vocação de Coelho Neto, como a de Bilac, encontrou oposição por par-
te do pai, que temia a penúria do filho. O garoto escondia seus primei-
ros versos “como um ladrão, nas páginas do dicionário”.” A penúria
ionário pareciam um presságio — Coelho Neto lutou contra à durante toda a vida, e o fez com um exército de palavras, utilde um vocabulário notoriamente obscuro, produzindo uma ob de volumes."
família de Coelho Neto transferiu-se para a Corte, 0 or ensinou-lhe latim e o introduziu aos clássicos po” ade secundária, incluindo cinco anos no CoÀ sacrifícios do pai e aos serviços de costur?
quinze anos, com a morte do pai, Coelho Ne-
O sustento da família, e também de suas pró” particulares. Aos dezessete, publicou se 236
e de meprimeiro poema. No ano seguinte, 1882, entrou para a iaculdad São Pauem direito estudar para 1883 em ou abandon cicina do Rio, que
lo. Entre 1883 e 1885, em São Paulo e Recife, Coelho Neto cursou três
anos de direito. Mais importante, começou a encontrar os homens que
e ma politiestavam:se tornando importantes nas letras, no jornalismo
ca. A política, é claro, era a dos movimentos abolicionista e republica-
no, é o radicalismo de Coelho Neto levou-o à um conilito com um professor do Recife. Como Bilac, abandonou o direito pela literatura e retornôu ao Rio. Ali, a boêmia da década de 1880 aproximou-o de Bi-
lac e de outros, completando sua crucial teia de relacionamentos com jovens que, na meia-idade, tornariam-se consagrados literatos, burocratas
e chefes políticos da belle époque.*
Em 1890, Coelho Neto encerrou de maneira convencional seus dias boêmios, ao se casar com Maria Gabriela Brandão. A “dona Gaby” era filha do doutor Alberto Brandão, conhecido educador de Vassouras
(padrinho de Ataulfo Paiva)” e bem relacionado membro da elite fluminense. Dizem que o casamento foi impulsionado pelo amor à primeira vista, quando o boêmio foi acompanhar um amigo em visita ao doutor Alberto. Ainda assim, não se pode negar que os contatos da noiva eram bem-vindos, somando-se àqueles que Coelho Neto já possuia, depois de anos de militância no lado que acabara de triunfar. O padrinho
de casamento” de sua esposa foi o marechal Deodoro da Fonseca, nonº 6 T vo presidente da República. Dentre os que marcaram presença mônia, realizada na elegante Matriz da Glória, contavam-se consagra
Assis, Olavo Bilac e Luis Murat, ado letras, como Machde de ns dos home de Francisco Portela, governaalém a, Repúblic etodos os ministros da dor do estado do Rio de Janeiro. Portela prontamente transformou o recém-casado em seu secretário, da mesma forma que arrumou empre go para outros antigos boêmios.
Depois de 1890, este padrão de apadrinhamento repetiu-se inúme-
obteve noTas vezes. Enquanto escrevia incessantemente, Coelho Neto
meações e cargos políticos, além de colocações acadêmicas ou burocráticas, de modo a poder sustentar sua respeitável família de maneira
apropriada. Nos períodos em que tais posições não estavam disponfveis, Coelho Neto dependia inteiramente do jornalismo literário, pro-
duzindo crônicas e romances em folhetim em um ritmo difícil de imaginar, trabalhando dez ou doze horas por dia no escritório que considerava E
um altar à sua musa.
época, às Apesar das dificuldades que a vida literária impunha na áveis. consider ser podiam Tecompensas sociais para os bem-sucedidos
Como Bilac, em 1896 Coelho Neto já era respeitado o bastante para fa237
zer parte do grupo de fundadores da Academia Brasileira de
”
tras, de romances e colunas muito populacao, tendo publi Cado 27 na
até 1900, seu prestígio no “alto mundo”
carioca era IMabaláveg
rante a belle époque, comandou um famoso salão no bairro do Flam h (perto do Fluminense Futebol Club, frequentado pela elite e do ao
autor e seus filhos eram sócios destacados), onde, em meio à esc a Pi pintores e músicos, seu filho recorda-se de figuras mais associa,
lítica, à diplomacia e à celebridade pura do que a qualquer mada musas.
Um pouco do estilo literário do período está preservado nas Jem.
branças daqueles que conheceram o salão. Sua anfitriã, dona Gaby, fo
cumulada de elogios pelo modo atencioso com que mantinha a atmos. fera graciosa, polida e estética. O anfitrião chamava a atenção com sy
corte de cabelo prussiano, bigode tipo “guidão de bicicleta”, olhar pe netrante por detrás dos óculos com aro de metal, esbelto e dotado de
uma conversa teatral. Um frequentador descreve assim a sala de visitas:
A grande mesa de jacarandá ao centro, os armários manuelinos, pejados
de bons livros camilianos; o pequeno ramo de salgueiro do túmulo de Mus
set, colhido pelo mestre; os estudos de Antônio Parreiras; os bibelôs; um
busto de Eça de bronze, de expressão surpreendente, e pairando sobre tu-
do, dando valor a tudo, a graça sem par de dona Gaby.“
Outro lembra-se de que rt jardi ei izavar
só
cade
É
nas salas Beralmente aos sábados. Pelos corredores,
-se figuras da nova e da velha geração”...] Não eram
Yiolinistas, cantores moços e velhos, pintores, &*
da Escola de Belas-Artes, iam também [..] M&s
Feuniões oera o próprio Coelho Neto com a su?
» Fesumind
os romances e as novelas que Re
transmitindo impre*
ntude, Yoz nítidindo a e epis stads a,de ajuve empoódio gesticulação perfeita, represerSomo verdadeiro ator %
9 de Coelho Neto demonstra como a cultur?
na belle époque, estreitamente inte” rito. Posição literária estava estreitamente
“alto mundo”. O salão “artístico Extensão de sua identidade na alt? do. As recordações de seu H-
que lá compareciam é o regist?? cifta de uma posição naquele
Aqui será preciso examinar um pouco mais a fundo a obra de Coe-
lho Neto propriamente dita. Ela não só ajuda a explicar seu êxito na alta sociedade, como também é, de duas maneiras, uma expressão magnífica da literatura da belle époque. Primeiro, ela foi quase toda produ-
zida com muita rapidez, para publicação em periódicos. Segundo, tanto em estilo quanto em substância, ela segue as tendências francófilas
do período, combinando ecos do romantismo, o florescimento do naturalismo e o triunfo do fin-de-siêcle. Em suma, ela ficou prejudicada pela escrita apressada, voltada para o gosto fácil e não refinado, sendo claramente de segunda mão. Bilac uma vez chegou a comentar a difi-
culdade comum, merecedora de censura: o problema de escrever para
periódicos. Instalado confortavelmente à frente do cortinado branco-
leitoso de sua decoração fin-de-siêcle, ele confessou, ao falar sobre escrever para jornais: “Oh! sim, é um bem. Mas se um moço escritor viesse, nesse dia triste, pedir um conselho à minha tristeza e ao meu desconsolado outono, eu lhe diria apenas: Ama a tua arte sobre todas as coisas etem a coragem, que eu não tive, de morrer de fome para não prostituir
o teu talento!”
Como Bilac, Coelho Neto não havia passado fome, e produzira aqui-
lo que agradava com a maior rapidez possível. Havia romances realis-
tas e românticos (Miragem e Turbilhão), como os de Balzac; textos exóticos (O rei fantasma), no estilo do Salammbô de Flaubert ou no de Loti; romances pós-naturalistas (Inverno em flor e Tormenta), conforme a moda psicológica estabelecida por Bourget; e pelo menos uma obra (Esfin-
8º) lidando com o sobrenatural. Além deste sortido banquete, ainda ofe-
receu aos seus leitores volume após volume de contos, coletados entre
sua vasta produção para jornais, bem como um ou dois volumes das conferências públicas, com as quais ele — assim como Bilac e outros
= entretinha as senhoras da sociedade.“
Coelho Neto tinha uma dolorosa consciência do fracasso de suas esperanças criativas e da natureza de seu êxito. Por isso, escolheu, como favorita, uma de suas obras da primeira fase: “O Pelo amor! Prefi-
To o Pelo amor! por uma questão de momento. Ainda naquele tempo
julgava-me capaz de alguma coisa no Brasil.” Depois reconheceu:
A verdade é que, enquanto escrevo, sinto um grande prazer e depois fico assustado com os defeitos. Tenho um processo de trabalho constante. Só as no-
velas foram acabadas e retocadas antes de serem entregues aos editores. O
os jornais [...] Não sabem resto da minha obra tem sido escrito dia a dia para
eles [o público e a crítica] que, subordinado o estilo à concepção, a pena tra-
balha quase mecanicamente [...] e principalmente recusamEppariaides a
Penha
de um escritor que resolve viver apenas da própria pena.” 239
Como notaram os críticos posterior es ao Modernismo, ex o estilo característico de sua vasta produção é que foi tão e, depois de
1922. Como era de se espe rar, dada a Posição de Cook A
to na cultura da belle époque, isso remete à questão do OSto de Ne determinada época; neste caso, a paixão pela Superficialidade a
tada, sensual, fantástica e refinada em demasia. Alfredo Bosi rei a isto como sendo uma característi ca parnasiana, devido à ênfase a escola na técnica verbal, bem
como sua associação com Preocupaçãe, formais, refinamento, imagens e mitos clássi cos.? Até MESMO à calgç
fia de Coelho Neto, com seu elaborado traço grego, trai seu “helenis. mo”, Ainda mais, esta qualid ade pode ser vinculada ao fin-de-sitelps também ao fetichismo do consum o indissociável da belle époque, Neste sentido, vale lembrar a característica sensual e deca dente de escritores como Huysmans, e a predil eção dos autores dofin-de-siêel o pelo escapismo exótico e materi alista e pelo consumo aris tocráti
finado. Como correlato compos icional, eles enfatizavam adj etivos, palavras inusitadas e frases ultra- elaboradas. Do mesm o modo que estes autores, Coelho Neto tin ha um: a obsessão quase tátil por complexas desmenta,
Coelho
Neto
[...] lembrava-se coisas co m os seus mínimos det alhes — o piano, com as arandelas de bronze em fo rma de acanto, sobre os quais cupidinhos nus
» eSparramado no chão, com a boca imensua secretária de mogn o [...]”
A nature, Za sensual das descri roupas indica o fetichismo da merções de aposentos, decoração, gente, cadoria que era Cial da é um elemento essenCom efeito, ao to rnar
- De fato, José Veríssimo cer ta vez mem do estilo do escritor com evid ente frustração: ou em dizer a fantasia, é a qualid ade sd
São rica, abundante, brilhante sobre E fato sem força criadora [...] a ima s
? à que chamarei decorativo Tre-se
nica
de todo esse bric-à-bra
ou escandinava, lem
Como à vitrine de uma elegante loja de departamentos, páginas as-
ao consumo matesim eram mais um atrativo às fantasias associadas rial, Ali, entre os anúncios dos jornais, sua ficção arrastava o leitor paou da decadência ra as emoções ou os horrores dos palácios orientais burguesa, completados por cenários luxuosos. A linha de montagem li-
terária posta em movimento por Coelho Neto simplesmente produzia
possível. Ele as conheestas mercadorias verbosas com a maior rapidez
O imporcia muito bem para dizer que estavam sendo bem produzidas.
tante era que vendiam.”
Um outro escritor da belle époque carioca exibe vários destes tra-
jornalísços distintivos com extravagância ainda maior. Se a produção
pelo decadente e pelo tica, o gosto pelos modelos franceses, a atração desiludida eram oculto, O consumo ostentatório e refinado, e a ironia
a vontade nele do que características do período, ninguém ficou mais Bilac e Coelho Neto esPaulo Barreto, seu jornalista mais eminente. Se da época, seus ““mestavam entre as celebridades culturais consagradas
(1881-1921) era seu maítres”, [João] Paulo [Alberto Coelho] Barreto do
como Bilac, era natural tre de plaisir gordo e glutão. O jornalista, profissionais liberais. Seu pai Rio, tendo nascido em um ambiente de clínica da Santa Casa da Miseera professor; o pai de sua mãe, chefe da à escrever para jornais ainda ricórdia. Ele foi educado em casa e começou aparentemente confortável, faadolescente. A despeito desta situação inclinações o colocaram à parte; tores peculiares à sua família e a suas suas conquistas. eles também podem tê-lo incitado em
Coelho Barreto, era posiO pai de Paulo, o matemático [Alfredo] smo de suas causas durante anos tivista e republicano, tendo feito proseliti e inconstante,
egocêntrica no Colégio Pedro 11.7 A mãe, possessiva, e de um traços de sua voracidade afetiva
transmitiu ao garoto não só
indicava astambém uma cor de pele que emocionalismo afetado, mas com O racismo da elite.” Edu-
cendência africana, algo incompatível circuncom uma visão crítica do meio cado por um pai comprometido os traços raciais pessoais desagradáveis e dante e tendo as características
é possível que desde desprezados da mãe que o estragou com mimos, Neste caso, da sensação de ser diferente. do acometi sido tenha ele Cedo — co a por um estigma social específi É tratava-se de uma sensação reforçadque com certeza em nada contribuiu — — sua óbvia homossexualidade
K
facilitar as coisas.”
es para que não se esperasse Todavia, se estes são motivos suficient do”, há le époque € em seu “alto mun bel na o ret Bar lo Pau de o triunf Como foi sucedida trajetória. mbe a su am ic pl ex e s melhores qu nda adolescente. Ao conai s ai rn jo OS ra pa er ev cr dito, ele começou a es 241
entretanto, escolheu continuar trabalhan, do
qrário dos QUEM, « modos de ganhar a vida com a escria A je quiro: E ! : ita, por falta de
OU
nara diversos jornaise
ora sem mrétion trabalhou pa
jovem um estilo sensacionalista, pe
1
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dominou, dinda é
adequado aos ç My
epoque. Ble nunca tentou o direito ou a medicina; ao cont Tá, belle pensar em diplomas, realizou estudos diversos na vasta vem que reualu em sua casa é nas ruas é cafés do Rio que ele vobre os quais escreveu como ninguém antes.
Diblioiag
COnhecia A
Com isso, Paulo Barreto revolucionou o jornalismo carioca - Rom. peu com as tradicionais reflexões de gabinete até então comuns Na im.
prensa carioca e salu em busca das histórias que aconteciam nas ruas tortas e úmidas da Cidade Velha e nas favelas miseráveis da Cidade No
va e dos morros, com suas tradições, mistura de crenças e rica Variedade
de experiências culturais e tipos humanos. Ele entrevistou os pais-de-san. to do Rio e suas celebridades literárias, Floreou o estilo já exuberante e bricd-brae da época, Explorou, com olho crítico e irônico, cada as. pecto da vida moderna carioca, em concorridas conferências vespertinas, Os aplausos tornaram-se ensurdecedores. Fortemente influenciada
pelos franceses, a fase inicial de reportagens sobre a cidade permitiu que
ele conquistasse, sob o pseudônimo de João do Rio, uma deliciosa notorledade, uma audiência cativa, uma boa quantidade de dinheiro e uma
certa respeitabilidade, Em 1910, com apenas 29 anos, a fama trouxe-lhe
também a consagração, ao ser eleito o membro mais jovem da Acade-
à Pe A ci
ii
de Letras.” Como resultado deste triunfo, o jornalismo
pg
alp
O acesso a uma sociedade encantada
tos.
À satisfação de Paulo Bar : : idente. ev era sucesso rápido seu com to Um retrato da época mos tra-o Eencarando o obse
rvador através de pál mta rosto Suave, eleg antemente vestido com um va E preta de bicos, gravata fina e
um colarinho rígido
dândioss do Rio, ele usava monóculo e 19” Á toma:“va maior longoes s banh nos melhores hotéis, antes de to” ê
—
à na ilustração 3.) Um grande amigo, Gik Mev
em seu auge:
Festaurante, o Sul-América, à rua Sete dº dido Campos, Fumavam ambos charuto
não fumava, enormes, baforados com
0, liso de pêlo, Paulo Barreto fala»
Um adolescente quase, branquis” blhos presos nos do escritor. US” Campos, cor-de-rosa com lavo”
res malva, Tive a impressão, olhando-os, antes de me aproximar, de que a vida parara para eles num oásis de felicidade, tal a alegria que demons-
travam. Paulo achava-se no apogeu do triunfo literário e jornalístico e lis
terário.!
Amado mostrou que, quando o jornalista foi aceito pela alta so-
ciedade, teve início uma segunda fase em sua escrita, na qual a exploração ea crítica do bizarro, do insólito e dos aspectos miseráveis da sociedade carioca moderna perderam terreno para a celebração do “alto mundo”. '? Ele não mais excitava a sociedade com experiências vicárias da modernidade; em vez disso, passou a alimentar o narcisismo do “alto mundo” com mexericos, reflexões elegantes, comentários de moda e divertissement's picantes. Estava na fase de sua coluna social chique
e da ficção ligeira para mulheres elegantes, passadas em estações de
águas, em Petrópolis e em restaurantes caros — bem distante das críticas sociais e dos botecos e favelas que o haviam atraído quando jovem. Deste modo, Paulo Barreto promoveu cada vez mais o meio do qual
grande parte da cultura de elite tirava forma e conteúdo." Ele se ocu-
pava de modelos e modas literárias franceses, cultivava atitudes afetadas para exibição e difundia idéias e preconceitos da alta sociedade européia. Mais importante, ele escreveu sobre o próprio mundo da elite carioca, não como ela era, mas como a elite gostaria que fosse. Nas fan-
tasias assim criadas da belle époque carioca, ele contribuiu para que a
elite tomasse consciência de si mesma, da maneira mais agradável pos-
sível, Mais ainda, ao fazer da cultura e da sociedade de elite o centro
de sua atenção lisonjeira, ele contribuiu para legitimá-la. No final, mes
mo sem premeditação, ele realizou os objetivos anunciados em seu dis curso de posse na Academia, em 1910;
A crescente pressão da superfluidade, a formidável flor do parasitismo e
do vício e do amor, a vida dos sentidos multiplicada por cem, obrigam o
artista a ver e sentir de uma outra maneira, à amar de um outro modo,
a se divertir de uma outra forma [...] A aspiração dos novos artistas deve
Ser a de capturar, através de suas próprias personalidades, o grande mo-
mento da transformação social de seu país no milagre da vida contemporânea, "4
Vale notar quão típica era esta atitude na escrita, Outros também ulharam conscientemente nas reluzentes fantasias modernas do pePara depois agradar ou ensinar os leitores cariocas a este respei-
Este Narcisismo didático está evidente, por exemplo, nas crônicas de à
O Pimentel, já comentadas aqui,!* que se curva tanto ao co-
Mo social e aos assuntos da moda que dificilmente podem ser cons 243
siderados como literatura. A aparição do colunista emu
so Ma fog chique de Musso se faz na melhor tradição da belle Dogue « rag,
fino está emoldurado por um Cabelo bem curto, Cavanhaque K “ teiros bigodes revirados. O terno E bem cortado, à gravata a “omg
colarinho virado para baixo, seguindo a última moda, 196 Fig mentel começou como um servidor mercenário do gosto Pop
vendo conselhos para os apaixonados no Manual dos namora
'
o B
vros infantis e introduções à literatura brasileira Pára 0 Meme E France. Sua situação mudou quando, na Gazeta de Notícias, torna dk
o árbitro dos consumistas chiques. Não surpreende, portanto, que, és vez consagrado, este antigo mercenário transformado em c Olunistaq , alta sociedade aludiss à lEite . a e ratura como uma mercador de Status pa. i a ra consumo conspícuo: O que torna uma recepção, um jan tar ou uma “soirée” elegante, não éo excesso de luxo,
de riqueza ou de convivas. A elegân cia
de qualquer festa ou reunião reside no modo de conviv er, nos gestos, nas atitudes, na graça, no espírito, na elevação das conver sações. Nunca é elegante falar dos outros e muito menos de si. Os assunt os para conversações de momento num
salão, num restaurante “chic” ou num teatro, devem ser temas gerais. Deve-se falar, num a “soirée”, sobre música, sobre poes ia, sobre literatura, escolhendo
O assunto conforme o interloc utor!”
Figueiredo Pimentel apenas recon
to mundo”. Talvez Paulo Barret o e outros como ele fizessem pior, ao
arreto e Figueiredo Pimentel, neste
Elísio de Carvalho.'º
Ao lado daqueles,fio Exemplifica a boêmia dourada (sem francês, bohôme dorée) de 1900, dúvida um termo calcado do origi cujo concubinato com o mund € com as letras era Saracterístico da época. Uma caricatura com
Nea
c
deste Personagem bem conhecido mostra-o de chapéu-coco,
ue preto, bigode espesso, bengala, le havia se casado com uma herdeira monóculo e um
e tinha, aos vi!” nO Riachuelo e uma das melhores bibliotecas E Coleção que rivalizava com a de Pereira ueiredo Pimentel, sua posição na alta E na socied? am simbióticas. Elísio simulava, contudo Studos sobre
literatura contemporán
dizia anarquista. Ainda
Bênero elegante que ele e. S de Petrópolis e sobre a “V
o
ERES
Po.
da alta sociedade”. Foi este autoproclamado anarquista também que,
vários anos após ter fundado a Universidade Popular para trabalhado. res, dedicou seu decadente Five o'clock a Paulo Barreto, observando que se tratava de um
[.) livro onde reuni as páginas mais pessoais, mais sentidas, mais vividas que tenho composto, onde verti muitas ilusões, muitas amarguras, muitas
melancolias e poucos ódios, onde derramei a essência dos meus nervos vi-
brantes, enfermos, exacerbados e afinados, um livro escrito com o sangue
do meu espirito e com a alma da minha carne. '?
Esta obra é uma das favoritas dos historiadores do período, porque sua prosa captura muito bem o estilo artificial, de “estufa”, da belle époque. Elísio o escreveu como uma espécie de diário da decadência.
Suas atrações vis-à-vis o consumo eurófilo são patentes:
|
Segunda-feira, 15. Nós gozávamos, eu e Sousa Barros, nessa bela tarde de julho, o tépido ambiente perfumado de um appartement luxuoso, um modelo de conforto discreto e artístico, revelando a marca do mais sutil bom gosto feminino, um ninho de coisas delicadas e refinadas, com preciosos bibelots d'arte e espalhados sobre os ricos móveis adoráveis objetos de amor,
fotografias, belas obras ilustradas e pequenos volumes, nas paredes alguns
pastéis de Guilhaume representando cenas da vida de Monte Carlo e uma
doce paisagem do jardim de Luxemburgo assinada por Chabas, nos finissimos jarrões de Sévres muitas flores, raras, inquietantes e voluptuosas, cujo perfume dizia muito bem a cor dessa alma de mulher que imperava, rainha “da beleza e da graça francesas, nesse minúsculo reino. Sousa Barros, esten-
“dido indolentemente sobre um divã, lançava para o ar o fumo leve de seus ;
Bird's Eye, os olhos fitos em Liliana de Fernay que animava com
-me seus últimos amores.
no
Peixoto, um médico baiano muito bem relacionado, obteda
maior com a exploração deste material. Simbolista
imBahia, Afrânio se dera bem no Rio, conseguindo
poderosos e se no governo por intermédio de contatos
não apem facilidade no alto mundo. Eu o menciono
um
mas como autor de exemplo da boêmia dourada,
elegante época: A esfinge (1911), um romance êxidatos Brito Broe uma a dama da moda. A análise de idealist à natu-
diretamente peculiar e dramático do livro remete imesma“sobretudo da ansiedade e do ens : “para a literatura em discussão
|
[...] nem Canaã, nem romance algum, anteriormente, haviam
entre nós, um êxito mundano. E
isto decerto pelo fato dos ne
se terem aplicado, até então, em dar uma pintura minuciosa
ti,
ita
a alo ” do carioca, dos salões aristocráticos, do meio diplomático
sociedade elegante que vai veranear em Petrópolis, como fio cy, [...] o essencial do romance consistia nos quadros do ambien, A do Rio, nessa época em que a Capital se modernizava epro
imitar Paris.”
Curava
my; kg
Mt,
Em essência, Afrânio Peixoto elevou as colunas de Fi Eliiredo p;
mentel ao nível da má literatura, com a diferença de que, em A es o tom deixou de ser didático ou sensacionalista, tornando-se frioe :
tante. Como João do Rio ou Elísio de Carvalho, Afrânio Tetratou ag. te carioca como esta gostaria de ser. Ao contrário deles, todavia, cer: vela menos complacência para com os resultados. Independentemene de sua atividade literária, o escritor já fazia parte do alto mundo, de modo que o conhecia muito bem e não tinha necessidade de adular seus membros. Ele demonstra um distanciamento e uma ironia mais autên-
ticos, quando comparadas à afetação saturada dos demais. Se apostura dele inspirava-se na de Anatole France, era assumida com perfeição.
De qualquer modo, ao tratar de um ambiente que conhecia bem é ao diminuir, romancear ou isolar a vida rural ou artística, ele na prática
fez o mesmo que os outros: legitimou a vida urbana da elite comoà única opção real. Afrânio Peixoto apenas pintou-a como os mesmos cosméticos com que João do Rio, Figueiredo Pimentel e Elísio de Carvlho à lambuzaram:
Era o mais requestado rapaz dos salões de Petrópolis, na estação. Chez há pouc da
o Europa, acompanhado de uma dúzia de malas, trazendo todos os requisitos de uma moda apurada no estu do dos bons exemplar
internacionais, que em Paris imitam modas ingle sas. Dizia-se que viver “cor
rera todas as elegâncias de boudoir e de alcova do grande demi-monde
dos teatros é dos salões, das praia de
o e das arquibancadas das cº” ridas [...] Em Vichy, em Montreux,s em banh Engadine ou Biarritz, onde a Sé uma elegância consagrada pela moda, ele estivera, num círculo de fds 9s ingleses e parvenus americanos, sabendo viver com largu eza e fast
'orma, mesmo enfastiado com o alto mundo, Afrâ ae Por fortalecê-lo. Em 4 esfinge, ele não apresenta nioe
decadência do alto mundo ou à comercializa ção à? do romance). Se o livro faz algo, é demonstra” : :
de ambos, se bem que com uma ironia
- Nada mais adequado do que este” 246
7. Dona Júlia Lopes de Almeida,
c 1907
dico cínico nos dar a frase “a literatura é o sorriso da sociedade”, tão
frequentemente citada desde então como característica daquela época."? Concluo esta evocação da alta cultura na belle époque com o exa-
me de um autor que, embora típico em termos literários, é interessante para O leitor moderno também por outra razão: seu sexo. Já mencionei
Júlia [Valentina da Silveira)
Lopes de Almeida (1862-1934)"* como
exemplo da mudança no status das mulheres da elite."* Como foi dito, seus méritos literários merecem atenção. Pois dona Júlia não era nem
uma diletante nem uma mulher “símbolo”. (Ver seu retrato na ilustrasão 7.) Como foi o caso de apenas uma outra mulher, Carmem Dolores
(pseudônimo de Emília Moncorvo Bandeira de Melo, f. 1911), dona Jú-
lia era reconhecida como membro legítimo da elite literária, apenas diferenciada, acidentalmente, de seus colegas — quase todos homens — Pelo sexo. Apesar de ter escrito manuais
femininos, esta parte de sua Obra foi aparentemente posta de lado na avaliação de seus contemporã-
pos. Seus colegas se debruçaram sobre seus romances pós-naturalistas (A viúva Simões,
1897; A falência,
1902; A intrusa,
1908; A
Silveiri-
ha, 1914), que com fregiiência abordavam o declínio traumático de faCariocas, e foram comparados favoravelmente aos de Eça de Quei-
* 9 Proeminente naturalista português." Assim, por intermédio dela, Somo de Coelho Neto, percebe-se de que maneira o naturalismo 247
FP
anteriores continuaram a exercer infly Ência Sit, e escolas franc esastos que dominavam a belle époque.
geração de peinin “Dona a pio
E
interessa não tanto por sua literatura ma.
República das Letras. Não havia mulheres qi” Sa
da década de 1880, e nenhuma no círculo dos E Sa.
Ea ndo ser em papéis an
geral, simplesmente não tiveram
pan
a v
Rn
E ao
As mulhe
à educação ado,
quada para desempenhar um pape AuvO na criação da cultura ny Rig As corajosas exceções feministas DO jornalismo, redescobertas Por Han,
ner, apenas confirmam a regra.
Assim, fica claro ue na belle épp.
que a oportunidade que a literatura oferecia aos mais afortunados ..
possibilitando que passassem de um papel tradicional e subordinado Para
outro mais ativo — somente foi aproveitada pelas mulheres em Circuns.
tâncias excepcionais, como acontecera antes com os homens de Cor, que
esporadicamente se destacaram ao longo do século (por exemplo, Gon. calves Dias, Teixeira e Sousa, Machado de Assis, Cruz e Sousa)! Brito Broca observou, por exemplo, que algumas instituições lite. rárias provincianas mostravam-se dispostas a admitir mulheres escrito-
ras durante esse período." Talvez, devido à relativa dificuldade de y
encontrar escritores de qualidade nas províncias, a misoginia tenha si do posta de lado. Mas não era assim no Rio, onde a Academia recusava-e a admitir mulheres, em conformidade com as restrições da Academia
francesa. No caso de dona Júlia, a injustiça foi sentida tão incisivamente que foi contornada, de maneira desajeitada, pelo expediente de se ele
ger, em seu lugar, o marido, o poeta português Felinto de Almeida.”
(Ver retrato do grupo, ilustração 6.) Quando se consideram as circuns-
Argoea
q
levaram a ser cogitada para fazer
ini
nal, dona Júlia era fls ua evidente a situação das mulheres. Ear rária E (e
)
e um titular, que incentivara sua carreira lite
pr c Provavel mente a de sua irmã, uma poeta que chegara a ser P” á
a pepenio Com Felinto de Almeida também fora basta sn
inário apóio má
e que ela lhe fez em seu manual para
dus deram a João do Rio deixam a
ia
dinar os Dia Siatividade, apesar de dona Júlia, an,
uquíssimas
literários a seu papel de mãe e espost 4
ria
da elite, nascidas no Rio de! á É
res Sâncias relativamente favoráveis. Mais im
à também o enorme talento necessi” dades? Em um mundo literário peate! ; to mercado cario
ca, dona Júlia "ºº ? Olhet ins, Tas também de vê-los editar
dos em forma de livro. Na verdade, ela acabou conquistando um grupo de leitores fiéis grande o suficiente para torná-la um dos poucos litera-
tos — junto com Bilac, Coelho Neto e João do Rio — que podiam se
dar ao luxo de fazer conferências públicas.'? O sucesso quase solitário de dona Júlia como mulher escritora e o talento obviamente excep-
cional que O possibilitou — bem como o caso inusitado de Laurinda Santos Lobo, nos salões da época — dão, em consegiência, um teste-
munho melancólico da ausência generalizada da participação feminina na cultura da belle époque carioca. É de se notar, também, que a situação não era muito diferente no meio cultural francês. Embora na França o papel da anfitriã de salão fosse muito mais comum do que no Rio, a posição das mulheres escritoras não era muito melhor do que a de suas colegas brasileiras. Pode-se lembrar uma poeta importante, a condessa de Noailles, ou Colette, mas, de maneira geral, seria o caso excepcional
de dona Júlia revelador de limitações específicas do Brasil?'?
Esta é, portanto, a natureza da alta cultura literária da belle époque carioca em seus exemplos mais proeminentes: as limitações do meio, em termos de carreira e de público leitor, as relações entre o “alto munO fetido” e os literatos, a influência cultural francesa e o modo como
cultuchismo da mercadoria eurófilo influenciou formas e conteúdos
e narcisismo rais. A evocação de uma alta cultura francófila de fantasia dos conflitos elitistas deve, todavia, ser qualificada por uma apreciação Sua comsimples. era não e paradoxos no meio cultural. A belle époque
até aqui negligenciou plexidade é indicada pelo fato de que a discussão
dois grandes jovens autoos dois maiores críticos culturais do período,
e obras serão examinadas rese as obras de seu titã literário. Suas vidas a seguir, CONFLITO
E NA
PARADOXO BELLE
LITERÁRIO
ÉPOQUE
CÍRCULOS SOCIAIS 10, CRÍTICOS E REBELDES DOS ac-
st ões sociais e políticas, car que das s rato lite dos nto ame ast Oaf | ficou uma debandada com:
249
jacentes de crítica social científica foram mais explícitas Na obr icos Sílvio José 909), Veríssimo e nato prosa ticos de Euclides ta] da Romero pp Cunha e(1866-1 enquan o realism o de n
hitária mas penetrante.
rig,
j
sílvio Romero fora um dos jovens literatos da Escol
a do
Ve
fato, após 1880, tornou-se seu mais famoso defensor, em MUmeRerocisofe s :
tumes onde explicava as origens €divulgava os valores da Escola, e dx seguia afiando o gume de sua crítica. Durante a década de 18906 o
da de 1900, quando vários nomes de sua geração haviam alcançado :
gum tipo de acomodação com a socied ade de elite e os Valores da bol époque, ele continuou na oposição. As Tazões para esta postura Sing. lar não são apenas intelectuais, mas pessoais. Quando jovem, Sílvio Ro mero se viu lutando sob a bandeira de Tobias Barreto, contra o Obscu. rantismo e a metafísica da faculdade de direito do Recife e o Tomantismy predominante na Corte. Conforme amadurecia,
Sílvio Romero conti.
nuou no papel de iconoclasta de província, o qual desde o início havia moldado sua obra crítica na periferia da cultura brasileira e agora, em seu final, a marcava no centro daquela cultura. Sua combatividade irtelectual devia-se, em parte, ao fracasso como poeta na década de 1870. A derrota do poeta aparentemente reforçou-lhe a vontade de triunfar
como crítico e destilou ácido em sua atitude passional, defensiva e amarga em relação às rodas literárias cariocas já estabelecidas e a homens
como Machado de Assis e José Veríss imo. Estes, acreditava ele, haviam negado o valor históri co de Tobias Barreto e persistido em um erro inte lectual e na má-fé, 124
o acreditando que seu valor Tesídia no êxito com que os autors
Tou um Ei
j
ti
suas épocas. Sílvio Romero nunca se conside
a se terári um crítico da sociedade que privilegia? guido,or mas de Ta ine (no que tinha m ET de mais determinise E y E oi e
Peto, Sílvio IS feronez na afi
evolucionistas ingleses e al 4 emães
Pra
o Começou a empalidece r e o fi e : e acde su cren abou asnece Nãnt o e sepotra ssçaars.iame r tav se atordena SAna
E: Eres Som tanta fregiiência do Rio, A um noE ema
ento vio de El siempde lespsrepa zara vada . ,Elenãovia a de decao d le E Meio literá Nom e ÇA
rio cariocas por seu mr
alheios às realidades get “rta vez saudou um me mbro
“q Academia é característico. Sílvio Romero descreveu como uma “extravagância”” à contradição entre uma elite de
intelectuais eivados de estrangeirices de toda casta, principalmente na ca-
pital e nas grandes cidades, e o imensíssimo número de analfabetos ou incultos que constituem a nação por toda a parte [...] O problema brasileiro
por excelência consiste exatamente em tratar de fazer tudo que for possível em prol de tais populações, educá-las no destino desta pátria. O maior obstáculo a isto têm sido as literatices dos escritores e políticos que se julgam eles, esses desfrutadores de empregos públicos, posições e profissões liberais, os genuínos e únicos brasileiros, a alma e o braço do povo. '7
A autonomeação de Sílvio Romero para o papel permanente de profeta fulminante da sociedade e da cultura contrasta agudamente com as viradas na carreira de seu rival crítico. José Veríssimo, assim como
Sílvio Romero, vinha do Norte e era um membro da geração de setenta que, na década de 1890, também se tornara um consagrado crítico no
Rio de Janeiro. (Ver retrato do grupo, ilustração 6.) Como Sílvio Romero, ele havia, na condição de romancista, editor e ensaísta provinciano, compartilhado a fé nas verdades materialistas, científicas e naturalistas Rocomo chaves para a regeneração nacional. Ao contrário de Sílvio com mero, entretanto, José Veríssimo ficou profundamente desiludido e reos desfigurados e diminutos triunfos dos movimentos abolicionista
publicano. Como tantos outros literatos, também ele mudou."*
figura Durante a década de 1890, o engagé provinciano tornou-se jamais significou central do cosmopolita mundo literário carioca. Isso
uma vida simrnar-se um homme du monde — ele continuou levando
mudança no rude austera integridade — mas implicou dramática segundo uma li“sua crítica. Ele começara avaliando a literatura a literatura à de Sílvio Romero; depois, passou a distinguir uma conforme ções sociais e econômicas, e a criticar cada do mesmo modo que e julgava mais apropriados. Assim,
perspicaz, José Veríssimo continuou sendo um crítico
a perspectidas questões sociais epolíticas, mantendo contrário de Sílvio smo) dos velhos tempos. Mas, ao
pensava serem a criticar a literatura em termos que exseu gosto pessoal, alimentado por uma leitura
subordie ampla da literatura nacional e estrangeira, Anatoes de críticos contemporâneos franceses como
havia substituído Lemaitre. O esteticismo contemplativo de
da década como comprometimento político. À decepção
o crítico ao santuário das letras.
A decisão de José Verttsimo de separar suas PAX Oey yo
suas preocupações políticas (e de ne distanciar das Últimas) uh
|
plicar o papel eruetal que desempenhou na belle “poque, Very se lembrar, reviveu a respeitada Revista Brasileira & depois dio
dou a fundar a Academia. Tornou-se também q Crítico
terá
respeitado e temido da época, além de amigo e admirador devo mt “k seu autor mais proeminente, Machado de Assis, Em essência + ele
tou no mundo literário e em sua obra fortalecer o último Tesquiçioleg suas aspirações juvenis e salvá-los dos detritos circundante E Aastang & as letras das realidades deprimentes da nação, em face das Quais se locava a uma distância anatoliana, ao mesmo tempo crítica € irônica gy Veríssimo, contudo, não pôde evitar as contradições Óbvias desga tentativa de separação, E, afinal, elas se impusera m q ele, até Mesmmy na Academia, A posição de Sílvio Romero era mais confortáve l: ele ma
dizia, como partes de uma mesma questão, tanto a elite dominante quar.
to a literatura que esta privilegiava. A complexidade de Veríssimo foi menos afortunada, Sua tentativa de separar a realidade e a literat ura nacionais, condenando uma e promovendo e purificando a outra, esa: va destinada ao fracasso, Como a literatura e o mundo literá rio do Rio estavam intimamente vinculados aos valores e à vida socia l do “alto mun do”, tal separação era impossível. Veríssimo tentou se dista nciar da ques tão por meio de uma imparcialidade crítica e de uma vida social tran quila, inteiramente dedicada à literatura, Mas as exigências do “alo
mundo” em relação à literatura carioca/e a seus literatos eram por de
mais corrosivas. RE a morte de Machado de Assis, esta característica do “alto
mundo! tornou-se inteiramente óbvia em um único incidente, A ident“a integridade literárias da Academia foram estremecidas pela ele de Lauro Miller, o festejado ministro de Rodrigues Alves durante $ do Rio. O novo acadêmico nunca escrevera um livro: At
DO as eleições “arranjadas” (das quais Veríssimo não se PEO
menos, envolvido escritores. A importância de Mil
nal,
no entanto, o tornava atraente demais, com? tais O recusassem, Extremamente desapo”
Tou seus laços com a Academia. Até gos Íntimos e limitou o resto de E co em periódicos de presto
na qual depositara profun é
ação literária: ““Deixemos 4 ertence”.
to
rara
a belle “e
e sato obras de intelectuais con seus escritos, OS quais, enquan são. Aquelas quando não obediência e ade grados, impunham respeito, siderativas. Ambos os críticos, con citas são, talvez, mais significa da época, escomo os mais importantes dos por seus contemporâneos seu tempo. isolados de seus colegas e de a, eir man sua à um a cad m, tava como uma figura temor ou contrariedade, silvio Romero era visto, com mas muito indemais para ser ignorada, osa fam , tato sem e te era sten insi a."? José Veríssimo, por sua VEZ, zad ali pin mar ser não a par oda côm nte modesto, como um purista pessoalme , ção ira adm € or tem com visto ignorado, mas importante demais para ser mas literariamente agressivo, Os dois homens eram
rginalização."? cada vez mais propenso à automa s era típico. O períoem conta. Nenhum dele
s elogiados, lidos e levado
a integridade com a crítica social ou com do nãose sentia à vontade
intelectual.
e, indicativas autores são, dolorosament As vidas e as obras de dois ha e Lima Barreto eram
. Euclides da Cun do que acabamos de descrever quanto em ter, tanto em termos sociais marginais para à belle époque assim, amas de sua escrita. Mesmo nci stâ cun cir e s ito pós pro immos dos escritores brasileiros. A
e entre os melhores bos são relacionados hoj a, embora com da Cunha foi antecipad es lid Euc de l atua portância Barreto, por seu âneos. A obra de Lima
surpresa, por seus contempor amente.” reconhecimento postum luído entre lado, só obteve amplo ais (1866) para ser inc dem de tar o cid nas do foi Mesmo ten Cunha certamente setenta, Euclides da de o açã ger da basos membros Militar, um grande formado pela Escola o eir enh Eng ro. dei her o um repuseu ação, saiu da escola com
daquela ger tos outião da visão de mundo a positivista. Como mui nci luê inf e fort sob e ca, blicano militante regeneração social epolíti destruiu sua crença na tros, a década de 1890
Como mas não por completo.
ainda acreditava na sua obra indica, ele a re-
para e empenhada, voltada ica crít a tur era lit nsformou-se importância de uma republicana inicial tra a nci itâ mil Sua hoal. ion generação nac em uma elite de grandes na, tia com que bem se Poem uma fé passiva, temporâneos), que
con ctuais e estadistas com à reali(a fina flor dos intele a comprometida tur era lit uma por Esta era er levados a agir iência e habilidade.
a, pac e elaborada com ciênci
esperança de seu trabalho.”
40 conflito co anos seguintes cin nos s ado bor ões foram ela u em Canudos, messiânica que eclodi ão eli reb uma — fa retrata era a obra apressada ou de 1895 à 1897. Não
baiano, e dur
s ocrata que produzia mai bur um de ou o mad ani rio contrá , nalista des horas de lazer. Pelo em capítulos durante $ uas 253
di
era um ato de revolta é meditação de um idealista e Patriota q o tr.
do, sonhava em ser escritor e precisava expressar
e MRciong testemunhara na Bahia. Correspondente durante a erra de Cam Euclides da Cunha ficara chocado com a resistênc la ecomo
dos sertanejos. Também ficara perturbado com as enormes dj ; e a entre o interior e a civilização urbana e europeizada do litoral e Tessequida q tradições patentes naquela imensidão agreste O
ela,
Cm eletrizar. na de preliminar” “Nota na Ele expôs a questão apaixonadamente prima, na qual examinou a lógica terrível do massacre:
O
Nós, filhos do mesmo solo, porque, etnologicamente indefin idos, Semi dições nacionais uniformes, vivendo parasitariamente à beira do Atl dos princípios civilizadores elaborados na Europa, e armados pela indis tria alemã — tivemos na ação um papel singular de mercená rios incoyy cientes. Além disto, mal unidos àqueles extraordinários patrícios pelo soh em parte desconhecido, deles de todo nos separa uma coordenada histór. ca — o tempo. Aquela campanha lembra um refluxo para o passado. E foi, na significação integral da palavra, um crime. Denunciemo-lo. 36
Euclides conseguiu tempo para escrever Os período de convalescença, diversos trabalhos de supervisionando a construção de uma ponte no mente, ele não seguiu adiante desacompanhado.
sertões entre um bre engenharia e três anos interior paulista. Feliz Começou com anoiz
sões de campo e com a ajuda de amigos que, como ele, estavam profud
amente envolvidos em pesquisas particulares sobre o Brasil: homes como Teodoro Sampaio, engenheiro e historiador regional amador, 0!
ncisco Escobar, o intelectual de província que forneceu os meios mt intelectuais para Euclides escrever sua obra. No final, contuio Sendo um fardo exclusivo de Euclides, exigindo enormeir” “8
E Pensamento crítico, e sendo composta em meio?
ção
do jornal paulista no qual colaborar
com o editor-livreiro carioca eh co Lúcio Mendonça. Aterro” a
Qiientadores da rua do Ouvi
protetor no mundo liter* do ento do livro ea
enta erros que havia ade
exemplares daquela
o. «o
a reação voltou para o interior de São Paulo, incapaz de encarar sertões, res urbanos, que O livro implicitamente condenava. Os
eh
autor es“ Eai foi um sucesso imediato e estrondoso.” O novo E a seu pai, com orgulho e excitação, que [...) recebi uma carta do Laemmert declarando-me que é obrigado a apres-
a pesar a segunda edição, já em andamento, dos “Sertões”, para atender satisfadidos que lhe chegam até de Mato Grosso — e aos quais não pode zer por estar esgotada a primeira edição. Isto em dois meses!
Mais tarde, ele escreveu sobre seu imenso êxito carioca nestes termos: O que sobretudo me satisfaz é o lucro de ordem moral obtido: a opinião nacional inteira que, pelos seus melhores filhos, está inteiramente do meu
lado [...] Venci por mim só, sem reclames, sem patronos, sem a rua do Ou-
vidor e sem rodas."
Como um homem tão pouco à vontade no ambiente da belle épo-
que e completamente divorciado da República das Letras triunfou com uma obra inusitada em termos de estilo e temática, além de explicitamente crítica em relação a aspectos essenciais da belle époque? As respostas são complexas e reveladoras. Primeiro, Canudos era um episódio ainda recente e havia sido mui-
to perturbador. A suposta ameaça monarquista dos sertanejos à recémfundada República; as extraordinárias derrotas militares; o movimento messiânico, desconhecido e ameaçador — tudo isso excitava o interesse
dos leitores. 'º
Em segundo lugar, a sinceridade, o caráter épico e a tensão dramá-
tica do estilo peculiar de Euclides cativaram os leitores acostumados a
uma prosa inteiramente diferente. Na conhecida frase de Joaquim Nabuco, Euclides “como que escrevia com um cipó”. Mesmo aqueles homens de letras indiferentes ou hostis ao assunto reconheceram o sedu-
tor estilo do engenheiro.'*!
Em terceiro lugar, os críticos mais importantes eram membros da geração de setenta, mergulhada em seu nacionalismo romântico, no realismo, no naturalismo e no legado cientificista. Apesar de não haver nada
No cânone europeu semelhante a Os sertões, suas dívidas para com as no-
Ses, Preocupações e estilos dos mestres respeitados eram mais do que
Svidentes. Taine, Renan, Buckle, Spencer, Gumplowicz, Hugo, Musset,
a “a eira 1º
emprestaram força à mão de Euclides, enquanto este molda-
Ta única, sobre uma situação difícil especificamente bra-
Assim, críticos com José Veríssimo, Sílvio Romero e Araripe Jú-
* estavam preparados para reconhecer uma obra-prima que retoma255
va as preocupações (e à linguagem) de suas Iuventudes,
à ve
um toque de surpresa e de vingança prazerosa nas Atitudes a
cos? Silvio Romero,
ui err
SEU elogia Dúby ey
RO
clides com um desprezo implícito pelo ambiente literário Contemps À k Vosso livro não é um produto de literatura fácil, ou de
dt
quietos. É um sério e fundo estudo social de nosso po DVO
POlitiquism
e,
que tem dio VOSsas O,
objeto de vossas constantes pesquisas, de vossas leituras, de vações diretas, de vossas viagens, de vossas Meditações de
toda hora
Por fim, o fato de Euclides da Cunha ter conq uistado elogios
críticos tão consagrados deve ter influído, por sua vez, para atrair oin.& teresse inédito de milhares de pessoas que, de um dia para o Outro, com. praram aquela inusitada obra escrita por um desconhe do. ci E, com ter teza, honrarias posteriores intensificaram este efeito. E M UM ano, po; exemplo, com o apoio ativo de figuras estabele cidas, Eu clides tornouas membro tanto da Academia Brasileira de Letr as quanto do Instituto Hi, tórico e Geográfico Brasileiro. Foi um tr iunfo irônico na belle époque, pois tinha sabor de censura à época, ad ministrada por membros dege Tações an teriores que aparentemente deram va zão às sua
s frustrações sociais e culturais. Se as antigas espera nças tinham esmaecido e a cult. Ta da moda tomado um novo rumo , aqui pelo menos estava um now autor que havia “lutado o bom co mbate" com êxito. Eles se apress-
ram a colocar os louros na ca beça de Euclides da Cunha — enquanto Sste aguard
ava, com seus temores escolares de ser “reprovado” — esa
com profunda emoção e gratidão .'S
Às coisas foram diferentes Para Lima Barreto. Em um capítulo an
|
O &o filho, e assistir à sua entrada na escola
“itos de um professor, teve a sort* a * Como pequeno burocrata minis uma espécie de morte menta
São particular, sua único
pretensões eurófilas fria
diariamente.
+
vez, seu diário
era a única coiia Mulato, desorganizado, incompreensível £ incompreendido,
que me encheria de satisfação, ser inteligente, muito e muito! A humanidade vive da inteligência, pela inteligência e para a inteligência, e eu, inteligente, entraria por força na humanidade, isto é, na grande mandado
de que quero fazer parte, Mº
No final da vida, a fé burguesa e européia na mobilidade social por
melo do sucesso intelectual continuava apaixonada em Lima Barreto:
O homem, por intermédio da arte, não fica adstrito aos preconceitos e prevai ceitos de seu tempo, de seu nascimento, de sua pátria, de sua raça; ele além disso, mais longe que pode, para alcançar a vida total do Universo
e incorporar a sua vida na do Mundo.!º
Do mesmo modo que Euclides da Cunha, ele encontrou seu rumo nos mestres europeus caros aos literatos das gerações passadas. Seus pa-
péis e sua biblioteca estão repletos da influência e das obras do século
xIx francês, Ele pretendia, sobretudo, emular as análises e as percep-
ções do realismo francês. Com efeito, parece simbólico que, ao morrer, ainda tivesse nas mãos um exemplar da Revue des Deux Mondes. Mais
do que Euclides, no entanto, sobressai a capacidade de Lima Barreto
em adaptar e selecionar. Como
mostrou Nicolau Sevcenko, enquanto
de Euclides era levado pelo cientificismo a aceitar os dogmas racistas Barreto, grande parte do evolucionismo europeu contemporâneo, Lima de lado tais escaldado pelo preconceito que arruinou sua vida, colocou
poeta negro teorias com raiva.*º Na verdade, ao contrário do grande
reagia ao racismo com — Cruze Sousa — cujo simbolismo e temperamento
—, Licompensatórias e desafios alusivos, raiva € frustração!
visõe
e dos literatos com acuiBarreto encarou o racismo da elite carioca
de Sá ira e desprezo. Assim, em Vida e morte de M. J. Gonzaga ri da arisfundador do Rio, protagonista, um descendente do
coluna social da belle époque:
[ali]? De jeito nobres são mencionadas que as grandes famílias com uralmente se casaram
noivos
da estão empur e Os avós da noiva ain l, azu ue ng sa er qu sem qual superstição soudo do Minho... E u não tenho
o arado no antigo fe alquer outra coisa... Eu tenho evitado a Taça, cor, sangue, casta ou qu sores, geestrangeiros, inva Ride | geiro
E
mim, eles são vos ou estrana porque para ces, sejam nati pa ra re mp se e ltura s tamoios, seus sem nenhuma cu de Janeiro, com seu
Sá, umu - Eu so
eu sou do Rio
s e seus galegos também. uzo caf s seu s, to la mu s seu Pretos,
152
Assim, enquanto os literatos cariocas endossavam
sa da Latinidade ou a noção de Helenismo, em vez
de E Moda N
com as realidades raciais do Brasil,“ Lima Barreto ; demo ong
as pessoas de cor e ridicularizava as pretensões euró Nas Tite do”. A reação dos leitores e literatos “respeitáveis” carioca alto my Sa tal dit dificilmente poderia ser calorosa. X contrár ao Barreto, Com efeito, os romances de Lima a de Os Ser. rões, desfrutaram de pouco sucesso. Eram curtos, autobiog Táficos sim ples, além de apresentarem uma visão crítica da Sociedade
recomendava para a época. Os sertões também era uma obraho dg à
sobretudo em relação aos militares e aos problemas políticos e a em geral.“ A acidez de Lima Barreto dirigia-se a grupos e individ
especificos da elite. Seu primeiro romance, Recordações do escrivão a
Caminha (que ele publicou com recursos próprios e imensa dificulda. de), era um roman-à-clef atacando o sistema literário e jornalístico* Em vez de estrear com um épico escrito em estilo grandioso e impres.
sionante, como fizera Euclides da Cunha, Lima Barreto anunciou su
presença com uma sátira nava o sucesso literário. flexível e cortante como particular, feito críticas
social e cultural da própria gente que determi. E isso foi feito em um texto amargo, irônico, um florete. Embora José Veríssimo tenha, em à obra, ao mesmo tempo em que se mostrava
impressionado com ela, e a despeito da vendagem do livro, o reconheci-
mento público foi irrelevante.“
Os romances seguintes — Lima Barreto publicou quatro, além de
um livro de contos — trouxeram apenas um reconhecimento desigual e relutante. Eles nunca o tornaram um autor aceito no primeiro time
dos escritores. Mesmo O triste fim de Policarpo Quaresma (1915), st cesso incondicional de crítica, não mudou sua condição de escritor man-
tido à distância. Por três vezes Lima Barreto tentou ser aceito na Act demia e em todas foi rejeitado. Ele queria ali ingressar porque acreditav,
“com tanto ardor quanto Flaubert, no valor transcendental da Arte, o
O caráter sagrado da profissão literária. Certa vez, quando um amigo
cularizou o termo “literato”, Lima Barreto escreveu: “Eu me
com o título e dediquei toda a minha vida para merecê-lo”.
o
n seu desejo de fazer parte da Academia: “Eu sou um &” nde ou pequeno, tenho direito a pleitear as recompor
dá aos que se distinguem na sua literatura”. é seus romances tivessem sido mais típicos da belle a (de Lima Barreto propriamente dita não o seria. ConheO à respeitabilidade do meio literário, ele compreendeu marginalidade social era mais um fator que impedia seu acesso 258
à Academia. Ele foi afastado da alta sociedade por suas farras boêmias na Cidade Velha e por não desfrutar de uma boa posição social.
Sei bem que não dou para a Academia e a reputação da minha vida urbana não se coaduna com a sua respeitabilidade. De moto proprio, até, eu deixei de fregientar casas de mais ou menos cerimônia — como é que podia pre-
a Academia? Decerto, não.“* tender
O correspondente de Lima Barreto reagiu a suas explicações com
esta nota enérgica sobre a hipocrisia da Academia:
Não podes entrar para a academia por causa da “desordem de sua vida
urbana”; no entanto, ela admite a frescura dum J do R. [João do Rio].
Os imortais, a contar de Júpiter, sempre viram com indulgência os Gani-
medes... Enfim, são brancos, digo imortais, lá se entendem “º
Com o passar dos anos, e apesar destas desilusões, o respeito dura-
douro de uns poucos literatos deu a Lima Barreto um certo orgulho. Além disso, sua atividade política cada vez mais radical e o fato de, após 1915, publicar artigos com regularidade na imprensa esquerdista pro-
porcionaram-lhe um novo público. Estes êxitos, embora o tornassem mais conhecido, não o fizeram, por motivos óbvios, mais aceitável. Contu-
do, na década de 1920, além do círculo boêmio de velhos amigos, outros começaram a frequentar sua mesa em vários bares cariocas. E ele começou a atrair O interesse de jovens escritores do Rio, das províncias
e de São Paulo. O que certamente era agradável, mas não constituía uma compensação. No final, o fracasso de Lima Barreto em ser aceito pelos literatos da belle époque, ainda que ele em geral os desprezasse como indivíduos,
significou o fracasso em alcançar o reconhecimento para a única coisa 'que lhe importava. Euclides da Cunha teve uma morte inesperada no auge de seu triunfo literário, em 1909. Lima Barreto morreu devagar, acossado pela loucura e pela bebida, um boêmio prematuramente enve-
Ihecido, amargo, maltrapilho, que nunca sentiu o gosto do sucesso, inem 1922, ano de valor. Ele morreu para seu senso pessoal
a última tentativa de ingressar na Academia. O acadêmico cujo não conseguiu ocupar era João do Rio, morto em 1921. í
fracasso de Lima singular de Euclides e o compreensívei
bem como as carreiras de Sílvio Romero € José Verissimo na revelam muito da complexidade e limitações da belle époE devemos sublinhar, em conclusão, o fato de que o trabadois críticos está ligado às obras dos dois autores pelo legado Hterárias e críticas da geração de setenta. Apesar de ne259
sua rica herança da mesma oi ado liz uti ter ro uat nhum dos q ecionou cuidadosamente entre seus fios a queles eira, A sel da um deles er as obras específicas.
riam ao tecer su
Isto poderia ser esperado: Ran o Continuidade no o com s ico típ s ore rit esc em , ito geração para geração. Comuraefe lismo € O E aimo que cui
Neto e Olavo Bilac, O nat
produziram na juventude continuaram presentes nas obras que
&
Com,
tv;
es
E
cias da cultura da belle épç,, “s a belle époque. As principais tendên o, por exemplo, subordinou se -
tretanto, eram outras. Coelho Net ac Mantiveram ' ralismo à decadência fin-de-siêcle. Nem ele nem Bil
oposição de juventude à estrutura política ou social do Brasil,Bilac
fato defendeu seus temas preferidos de progresso, como a alfabetização ea reforma urbana do Rio, e ambos, como João do Rio em sua primei.
ra fase, ocasionalmente revelavam desconforto em relação a alguns a pectos das mudanças ou à perda de alguns antigos ideais e tradições
Na maioria das vezes, porém, aceitaram a belle époque tal como ela x
apresentava.
Em relação aos quatros autores aqui escolhidos, era impossível qu fossem aceitos pela belle époque. Para eles, uma atitude crítica diane da época moderna era central e articulava-se a seus vínculos diretos com as noções e posições da geração de setenta, que os mais típicos da bel
époque haviam abandonado. É especialmente interessante notar, por
exemplo, que Lima Barreto vivia obcecado com o conceito de bovaris mo, emprestado de um crítico francês contemporâneo, uma idéia que
ele associava à sua própria percepção do modo ilusório como seus corporâneos se viam.'º Esta glosa de Flaubert
deu
a Lima
Barreto
de suas Chaves para entender o Rio de 1900: o bovarismo apontava
trais que compunham o significado da belle éro às fantas- Oiasvelcen ho escritor francês reforçou ainda mais a percepção autor brasileiro.
!
ne
outros escrit” homens, portanto, diferem dos
Em
do legado europeu apenas à
a poder analisar a realidade existen'
HADO DE ASSIS C A M DE O NF IU TR O | O tim chegou no meio da tarde, no dia 29 de setembro de 1908. Ele havia rejeitado o consolo de uma Igreja há muito abandonada, morrendo rodeado de mulheres provindas de seu círculo de amizades aris-
tocráticas e homens à ele devotados. Debilitado havia algum tempo por uma úlcera cancerosa, ele suportara muita dor. O corpo que saiu da casa no elegante Cosme Velho era leve o bastante para ser carregado por quatro mulheres. Mais tarde, também as mulheres iriam espalhar pétalas de rosa por onde passava o caixão, a caminho do cemitério. Bem
apropriado. As mulheres eram seus leitores mais dedicados. Três gera-
ções de mulheres cariocas haviam desfrutado de sua ficção e eram elas,
com frequência, os eixos em torno dos quais giravam suas tramas. Exposto em câmara ardente na Academia e, mais tarde, no funeral, ele seria publicamente velado por homens. Poucos, entre eles, eram idosos o suficiente para lembrar seu começo, nos dias gloriosos do Segundo Reinado, quando até mesmo dom Pedro era jovem e Pereira Passos ob-
servava a reforma de Paris por Haussmann. Contudo, todos os que o velavam — junto com seus leitores do Brasil e de outras partes, na América Latina ou mesmo na Europa — tinham conhecimento da fase final de sua vida. Pois Machado de Assis havia muito era conhecido como o grande autor brasileiro, o maior de seus literatos.'*
Entretanto, há aqui um paradoxo significativo da belle époque li-
terária: seu maior autor manteve-se afastado dela. Machado de Assis não pertencia a um período ou a uma escola determinados, e tampouco deixou alguém em seu lugar. Coelho Neto, João do Rio, Olavo Bilac, Júlia Lopes de Almeida, Afrânio Peixoto, Elísio de Carvalho, estes sim São autores típicos da belle époque, como Sílvio Romero, José Veríssimo, Euclides da Cunha e Lima Barreto foram seus grandes críticos e
l
Tebeldes. Machado de Assis não era nem típico da época nem explicitamente crítico em relação a ela. Sua obra transcende modas literárias e s. Do início à criação madura, a obra machadiana manteve-se
cânones. As influências ecléticas que a enriqueceram foram molservir à preferência e percepção de um autor essencialmente
junfantemente universal. 'é
culdades, triunfos e compromissos da carreira de Machado
am mencionados. É hora de tratar de sua persona literá-
olvimento de seu trabalho. Podemos começar com uma superficial com João do Rio e Lima Barreto. Para este muO para os outros dois, a literatura era O caminho da asal, à qual dedicava-se por inteiro. Além disso, muito pouco 261
aspectos das letras cariocas. C Eegon além de jornalista e repórter
já
“od isso uma intensa atividade como a havia
se Sonsagrado como
oe
RA
Na dé e critr
poeta, o era bom o suficiente elogia" para que escrevesse orânea. DX traduções de literatura francesa contemp
ele superou esta influêênc ia f cra francó ncófiê fi? ncia
havia Com ple tado a primeira , ara” fase fase de de s suata, £ Foi : belecido Sua reputação romancista: como
262
romanc
e plnsto que cle conquistou a proeminência estive colegas tudo Ses 1906 aasporâneos quanto posteriores. Os romances escritos entre 189] e ão obeas- primas, todos elaborados em surdina, enquanto o antor pro
guia com sua existência cotidiana entre o ministério, a rua do Ouvidor é sua casa, e com suas contribuições para jornais que, até 1901, man; siveram-no na posição de cronista do Rio.“ Na verdade, durante esta fase de glória, Machado de Assis movia«e com majestade simples, discrição política e regularidade burocrática
a Um colega recorda o mestre. da cidade. entre a elite literári
A sua vida, ao tempo em que o conheci, pautava-se de um modo monotonamente uniforme. Vinha todas as tardes — nesse tempo o expediente das repartições terminava às três horas — do Ministério da Viação para o Garnier. Aí se instalava numa pequena roda e conversava sobre literatura. Se alguém se aventurava em questões incandescentes de política, em grandes
questões sociais, ele se encolhia. Não dava opiniões francas.
Um jovem poeta também deixou registrada sua impressão:
o falta ao ponto da Garnier, como ao da repartiAssis jamais Macdehad
ção onde trabalha. É figura regular, na
entra, romelendo livra . Qua
Por senão =,de não éta” que outra pendo a curva augusta da “Sublime-
arco monumental que dá ingresso à vraria, derrubam-se chapéus, arqueiam-
se espinhaços: — Mestre! E, logo, rostos de todos os lados, que se voltzm para lhe ver a figurinha frágil, cerimoniosa e agitada, distribuindo cum-
Primentos, concertando mesuras, o chapéu entre os dedos, nos lábios o mais
franco dos sorrisos. Fala em surdina, pondo veludos na voz, revelando can-
dura, bondade, timidez [...].'€
Certas características distinguem a presença do indivíduo entre seus gas. A pobreza e a falta de escolaridade na infância já foram citaa voracidade discreta deste autodidata, o qual, exceto pelas cor-
pacientes de sua esposa e pelo empréstimo de livros por amigos,
de bibliotecas públicas e da prática constante de seu ofício parz vasto conhecimento
e seu celebrado estilo. Os textos que
ara Os jornais, assim como o modo como se apresentava em
im sutis e repletos de táticas. Em um ambiente literário mar-
o vendetas e estilos sociais definidos, Machad de As-
too Por sua calma, modéstia e distanciamen em relaçã
Jessoais. Também era discreto quanto ao próprio trabalho,
ãoão literária. Na vida privada profiss tente na promoç
be” na Garnier e as reuniões das diversas 2SSOCiações Mas
cais efêmeras que apoiou por mais de cinco décadas, a MR
ros ao redor da Cidade Velha, saiu do Rio apenas qu
Seido,
»
foi além do interior do estado e de Minas Gerais.
estreitas de sua vida, mapeia-se o terreno de sy
mentos merecem ênfase: uma carreira longa, adaptada à | ia, 5 City cias, e uma vida marcada pela ascensão e dep, Ois pela introvpe
mesmo local. Antonio Candido observou que a qualidade única de Machag Assis reside em seu aprendizado com os sucessos € fraca SSOS de 4
má geração literária brasileira, em vez de apenas seguir as tendências es péias, como era comum.'º Assim, Machado de Assis elaborou sua É sobre os alicerces das duas gerações românticas que surgiram e de,
receram durante sua juventude e depois continuou apanhando e é, cartando, ou reelaborando, elementos das sucessivas escolas Que apor taram pelo resto de sua vida. Sua longevidade e característica rejeiçã, à exclusividade de uma ou outra escola ajudam a explicar o desegvis.
mento de um estilo inimitável, destilado de suas próprias reflexões, &
sapontamentos e percepções.”
Aqui entra em cena o segundo elemento: as viagens de Machad:
de Assis, para cima e para dentro , no mesmo lugar. Primeiro, dev e notar seus vínculos
com o | ocal. Outros, seguindo tendências européias
a fim de produzir um rom; ance brasileiro, adotaram os ditames romisticos do indianismo é de-siêcle da decad;
Foi um triunfo baseado na compreensão dos se
daí a autenticidade e a garantia de um apelo “º 1]
outro poderia realizar, tão 9”
Machado de Assis consse””
a aO começar a publicar “A
11; Hahner, Civilian-military reiadions,
=p-“S
WS
“A presidência Campos caps. 4-5, passim; Francisco de Assis Barbosa, 503-7; Wirth, p. 180; e aio Grande, im; Lahmeyer Lobo, vol. 2, pp: 467-8, 493, 3 da
gates? PES Economie io
prio a
PP growth,growth, PP:
190-7.
a Ouvidor, 14/5/1898, p. 2-
são sobre a revolta naval «5/11/1898, po 2. AS referências a 1893 e 1894 nista. floria Sul e a reação guerra civil no Rio Grande do na, ver nota 50. Por “'neocolonialismo” entendo a combi
sobre Pereira Passos
mal que dependência econômica e política infor qaode independência política formal com 1880; de a décad na ceu da década de 1820, e flores caracterizou à América Latina depois Fur€. 5; 4, caps. , Latina mporánea de América ves Tulio Halperin Donghi, Historia conte
caps. 5-6. America, caps. 3-5; Stein & Stein, Exonomic development of Latin “A composilho, pp: 27-33, 40-1; Murilo de Carva (49) Nabuco, Um estadista, vol. 1, 104. p. 3; Furtado, Economic growth, ção social”, PP- 23-5; Haring, cap. Passos, “Adendo” Pereira Passos”, p. 1; F. Oliveira (50) Pereira Passos, “Francisco /1950 (per 7.8.2) (rr o dr. Eusébio Naylor, Rio, 21/11 para Passos ra Olivei de sco a Franci barão de Vasconcellos de, Pereira Passos, Ppp- 11-24; 33»r 5 Raimundo A. de Athay v. “Mangaratiba”; cf. vo nobiliarchico brasileiro, s. Archi , cellos Vascon de Smith & barão Stein, caps: 12 € 5. ncias na nota 3. (51) Ver seção 1, acima, e as referê ente, a aquisisufici não se reproduzia com rapidez (82) Como à população escrava . Ver Conrad,
Destrucnecessidade permanente 1, pp. ção de novos indivíduos na África era uma vol. Lobo, yer Lahme da população do Rio, ver ton, pp. 24-7, 287. Para estatísticas
1223, 135-6, 2256.
n age of Brazil, 1:3, passim; C. R. Boxer, The golde (53) Lahmeyer Lobo, vol. 1, caps. , pp. 77, 88-9, 167-8, 286-8. pp. 312-6; Prado, Colonial background Aparência do Rio 100-1, 162-3, 166; Gastão Cruls, (54) Lahmeyer Lobo, vol. 1, PP. O Rio de Janeiro Adolfo Morales de Los Rios Filho, de Janeiro, vol. 1, pp. 146, 221-2, 397; urbana da cirava Barreiros, “Atlas da evolução imperial, pp. 8, 18, 312; Edmundo Canab dade do Rio de Janeiro, figs. 8-4. l Ferreira, “O
el de Alencar Roxo e Manoe (55) Barreiros, figs. 8-14; Estélio Emanu Rio de Janeiro em seus em Fernando Nascimento Silva (ed.),
saneamento do meio físico”,
quatrocentos anos, pp. 285-8. inação e gás”; Ruy Maurício de Lima e Silva, ““Tum q (56) Roxo & Ferreira, pp. 285-90; “Anexo”, passim. da cidade do Rio de Janeiro, p- 161,
Vivaldo Coaracy, Memorias
da rua do Ouvidor, pp. 156-7; Coaracy, (57) Joaquim Manuel de Macedo, Memórias x1x”, PP- 104-6.
século Memórias, pp. 180-8; Cláudio Bardy, “O 38-40; sobre a Passos”, PP- 1.2; Athayde, pp. Pereir a Passos, “Francisco
, Rastt” cnica), ver Pereira PastosCosta, Polité a Escol de zada rebati fade pp. (ai A Escola Mar pp- 426-38; Cruz “Estatutos da Escola Polytechnica”, (58) Pereir
Murilo de Carvalho, «as forças armadas”, 220-1; pp. n, Matto ; 149-51 pp. , 86; Hall, Diário, cap. 1. vol. 2, pp. 195.6; cf, Rebouças, ; Bardy, pp. 116-8; Roxo cy, Memórias, caps. 2.4, passim Coara lo, exemp “A evolução dos transe (59) Ver, por Neto, ; Nestor de Oliveira E de opinião sobre os
passim & Ferreira, pp, 291.2; Lima e Silva, and the onset, caps. 3-4, 7, passim. Uma visão mais pon Britai m, Graha Segundo Reinapassim; “A engenharia brasileira no s, are Tav a Lyr de A. de a va do assuntoé
rm e 170; Stein, pp: 3-4, 246; NVer Prado, História econômica, cap: 16, passi onGraham, Britain and PPthe 2-4, ômic growth, pp. 104-5, 116-7, 119-20, 1234; Sweigart, ; vol. 1, pp. 101-5, 133, 155-61 , passim; Lahmeyer Lobo,
285
.
o
assim; Nabuco, Um estadista, vol. 3, pp. 580:3; Pe
cap. 17, passim; Wanderley Pinho, Salões e dei
5. E R-10,(61)passim. Coaracy, Memórias, pp. 147-9,
Bei o Ma, ! “do Reinado
161, 174; Oliveira Neto, pp.347
passim; Roxo é Ferreira, pp: 291-3; Bardy, pp. 116-8; Graham, Brifain emas
Me omg,
A:
92, 116, 118.
(62) Coaracy, Memórias, pp. 147-9; Oliveira Neto, pp. 349.52;
pp. 3756; A, Hilliard, Politics and penpictures at home and abroad, de Janeiro News, Handbook of Rio de Janeiro, pp. 14350; Hastings C]
Ê
to
pp. 57-61; Cruls, val in Brazil, pp. 235-7; Ferreira da Rosa, Rio de Janeiro,
2397-401, vol. 2, pp: 459-60, 506-17; Calmon, O marquez, pp. 237-9; Rios A rial, pp. 303, 312-6.
(63) Morse, Conniff & Wibel, pp: 37, 44-8; Graham, Britain and the onsef,|
Lobo, vol, 21-2; Furtado, Economic growth, caps. 19, 25, passim; Lahmeyer
162-6, 209-22, passim; Murilo de Carvalho, “A composição social”, pp. 10.4,
a
Luz, pp. 50-5; Rebouças, Diário, pp. 169-73, passim; Marchant, caps. 4, 9, Ridings Jr., “Class sector unity in an export economy”, pp. 432-50 e “Interest development”, pp. 25-50; Sweigart, caps. 2, 4, 5, passim, Roberta Delson a legislação municipal anterior, progressista, foi frustrada pelos interesses dos gr prietários de terras, em “Land use and urban planning”, pp. 191-214. F. N, Silva (pp,
registra o planejamento urbano natimorto de precursores, sobretudo de Grandjean de tigny, da Missão Artística Francesa de 1816; cf. Adolfo Morales de los.Rios Filho,
Frai e
jean de Montigny e a evolução da arte brasileira. Sobre a Missão Artística
O
capítulo 4.8.
(64) Ver, por exemplo, Graham, Britain and the onset, pp. 9-19, 212, ec pps ) Marchant, pp. 60-1; Nabuco, Um estadista, vol. 1, pp. 12, 17; Coelho Neto, À conquisia, 3
pp. 60, 228, 300; visconde de Nogueira da Gama, Minhas memórias, seção 1, passn; Ant de Rezende Martins, Um idealista realizador, caps. 6, 7, passim; Joaquim Nabuco, Minh
formação, caps. 4-6, passim.
(65) A questão geral da influência franco-inglesa é discutida nos capítulos semi
Sobre a influência tecnológica inglesa, ver Graham, Britain and the onset, pp.
Brasil, pp. 568, 63-6, 8-3. Sobre a influência pi no ses Gilberto Freyre, Ingle
o
ver Gilberto Freyre, Um engenheiro francês no Brasil, vol 1, pp: 219-59, past; furoorales de los Rios Filho, Dois notáveis engenheiros, pp. 40-7, passim.
ga cidade
NS AM7, amentos “Melhor et29/5,al., 5/6, Passos Pereira emdo Francisco citações as Ver doo 59 Ea 19/6, 13/6, 22/5, 18/5, o, Commerci Jornal eo Passos ao conselheiro dr. . A. Correa d
neiro, 6/3/1875 (Dep, rá
a ag; Ae
o Sop. 6); pp. 39-40. Ver também Athayde, E psi. SO vedo, pp. 174-5, 2367: a École Polyiechmiçso ROS Filho, Dois notáveis engenheiros, pp: 38-46,
369,44 a Po ( (67) Pereira Pa 107; cf. Azevedo, pp. SORA Pereira Passos”, p. 3; Athayde, pp: 15%
pares e
5 Eeoles no ATman & Barman, pp. 425-7.
ver Pereira Passos, Rascunho de a ponte Porto des pons e chausses E : seAniea + Pp. 437-8; La grande encyelopedis + Joseph Dody, French education
obsbawm, The age of revolution, DP: 41) 2 in
PP: TI, 27.9, 58.9, 202.3; jo "ce Napoleon, pp. 30-1; R. D. Anderson, Education Sobre
Pp: 07:10.
Pereira Ba
€
ohn W. Wigmore (ed
“Os na França, ver Pereira P; ra Passos, » Cf. Rebouças, Didr
— X69) Sobre as r
Paris, e 3. M, Chapm
formas,
na
d
learning
in France,
dai E e Pp “Francisco Pereira Passos +
15-6, 225.6 5 ário,ver pp. Da “ci H. Pinkney, Napoleon IH andithê
tapman, The life and times of baron Bi
gre
ai
uti!
soa
Pano
; a
ro
geral, ver Leonard Benevelo, The origins of modern town plan-
Cobre Paris, ver Pinkney, pp: 29-31, 37-40; Chapman & Chap-
68, 86-7, 195-6. Note-se (em ibidem, pp. 4, 61 e 79) que alguns elementos (por exemplo, o Grand Carrefour) eram modificações do “Plano dos Artistas” nos planos cf. Pinkney, pp. 32-3, Sobre o imperador e Haussmann, e a famosa questão nings PP
me
o ea
planejamento contra-revolucionário, ver Pinkney, pp. 35-8, 40-5, Chap-
“e Chapman, pp: 63-6, 71-4, 184-6.
moer (71) Chapman & Chapman, pp. 78-82, 180-4; Pinkney, pp. 56-9, cap. 3, passim.
& Chap(72) Pinkney, pp: 9-10, 123, 23-4, 34-6, 57-8, 67, cap. 6, passim; Chapman
A
man, pp: 184-7, passim.
(73) Chapman & Chapman, pp. 85-9, 189-97; Pinkney, pp. 19, 300, cap. 4, passim;
para o modelo inglês, ver Edward Hyams, A history of gardens and gardening, pp. 28-42.
(74) Ver Carl E. Schorske, Fin-de-siêcle Vienna, pp. 24-46, passim, sobretudo pp. 31.6; cf. Chapman & Chapman, pp. 189-95, sobretudo pp. 194-5. Na terminologia de Schorske, Haussmann seria “barroco” em sua ênfase na organização concentrada e radial; deste
modo, Pereira Passos também.
(75) Sobre a carreira inicial de Pereira Passos, e sua colaboração com o empresário e industrial visconde de Mauá, ver Pereira Passos, “Francisco Pereira Passos”, pp. 14-9; Pereira Passos ao conselheiro Je. Agostino Mora. Guimes., Londres, 5/11/1873 (pre, não cat. cop. 5), pp. 190-2; ao conselheiro visconde do Rio Branco, Rio de Janeiro, 18/7/1876 (Dep, não cat., cop. 6), pp. 267-70; sobre o trabalho estrutural dele e de outros, ver Athayde, caps. 10-4, passim; Sacramento Blake, Diccionario bibliographico brazileiro, vol. 3, pp89-90. Luís Dodsworth Martins, Presença de Paulo de Frontin, pp. 29-32, passim; Rebou-
sas, Diário; e André Rebouças, Apontamentos para a biografia do engenheiro Antonio Pereira Rebouças Filho. (76) Sobre as epidemias cariocas, deve-se notar que a febre amarela, introduzida no Rio em meados do século xIx, exigia periodicamente medidas governamentais. A década
de 1870 exemplifica o padrão; em 1873 uma epidemia matou 5% da população do Rio. Ver o sumário em Comissão de Saneamento do Rio de Janeiro, Relatorios apresentados do Exm. Sr. Dr. Prefeito Municipal pelos Drs. Manoel Victorino Pereira [...] e Nuno de Andrade [...) 3] de agosto de 1896, pp. 13-20. Sobre o papel de Pereira Passos, ver Pereira
Passos ao conselheiro dr. João Alfredo Correa d'Oliveira, Rio de Janeiro, 24/5/1874 (ppp
41111, cop. 4), pp. 444-6; ao sr. Marcelino Ramos da Silva, Rio de Janeiro, 24/5/1874
(ore 2.13.13, cop. 4), p. 447; ao conselheiro João Alfredo Correa d'Oliveira, Rio de Ja29/5/1874 (per 4.11.12, cop. 4), p. 250; Minuta de “Cargo da Commissão de Me-
mentos da Cidade do Rio de Janeiro (prr 4.11.12a, cop. 4), pp. 451-3; Pereira Passos
Oliveira, Rio de Janeiro, 4/6/1874 (pre, não cat., cop. 5), pp. 301-2; Athayde,
Nabuco, Um estadista, vol. 3, pp. 180, 202-3, 423, mn. 2-4; Blake, vol. 3, pp. Coaracy, Memórias, pp. 206-7; Dois notáveis engenheiros, pp. 40-7; Oliveira ções municipais e o desenvolvimento urbano”. A reforma planejada
relatórios (12/1/1875 e 29/2/1876); ver Francisco Pereira Passos, JerôniJardim e Marcelino Ramos da Silva, Primeiro relatorio da Co-
ntos da cidade do Rio de Janeiro e Segundo relatorio da Comissão
do Rio de Janeiro. O primeiro relatório foi criticado por Luiz
ira
ido por Pereira Passos, e então novamente criticado por Vieira
Souto, ““O melhoramento da cidade do Rio de Janeiro" "+ Jor-
25/2, 28/2, 4/3, 7/3, 9/3, 13/3, 18/3, 20/3, 26/3, 27/3, 31/3
1875; Pereira Passos ao conselheiro dr. J. A, Correa
Oliveira, Rio
13 (Dre, não cat., cop. 6), pp. 39-40; Jardim a Pereira Passos, x. ls;
287
26/5/1875 (per 1.9.1); Anon., “Melhoramentos da sidade do Rio de Júnei,., Commercio, 20/5/1875; Francisco Pereira Passos, Jerônimo R Odr +“ e Marcelino Ramos da Silva; “Melhoramentos da cidade do Rio igudees | de Ja Commercio, 18/5, 2/5, 29/5, 5/6, 19/6, 27/6, 16/7,2/8 e 3/10/1875;
ra Souto, O melhoramento da cidade do Rio de Janeiro. Sobre q impaçio q Vieira Souto, “Appendice” a OMelhoramento, pp. 172-3; Roderick ) Bare?
and government”, pp. 257-62. Sobre Glaziou, verà citação de Coaracy
o
no “Bj,
clopédia Brasileira Mérito, s, v. “Glaziou”, ou a Enciclopédia Delta Universal, t
ziou”. Convidado a vir ao Brasil por dom Pedro 1 em 1858, o francês (18334 a via trabalhado no Jardim Botânico, na Quinta da Boa Vista e na FlorestaEh e
de suas obras no Campo de Santana.
mm
(77) Ver, por exemplo, Pereira Passos ao conselheiro Teodoro Machado | Feire Persas da Silva, Londres, 17/9/1873 (pre, não cat,, cop. 5), pp. 90-3; ao SOnselheiro Je, Agr no Mora,
Guimes,, Londres, $/11/1873 (per, não cat., cop. 5) 190.2; Comissão do = mento, Relatorios, pp. 13-52; Guiseppi Fogliani, Projecto de melhoramentos ng a Rio de Janeiro, pp. 3, 33-4; Francisco Belisario Soares de Souza, “Notas de um Tila
brasileiro”, em ibidem, pp. 40-4; Antonio Martins de Azevedo Pimentel, Subsídios ja o estudo de hygiene do Rio de Janeiro, caps. 3, S; Carolina Nabuco, Oito décadas, p,(p,
Albino José Barbosa de Oliveira, Memórias de um magistrado do Império, pp. 2204; Ly
Edmundo, Vicente G. Binzer, Os =il, pp. 15,
De um livro de memórias, vol. |, Pp- 159-60; Miguel Cané, En viaje, PPS, Quesada, Mis memórias diplomáticas, vol. 1, pp. 104-5, 108, 118, 120: Ina vos meus romanos, pp. 53-4, 61-2, 71; Leclerc, Pp» 39-41, 49-51; C.C. Andrews, Bu. 25-9; Ulick Ralph Burke & Robert Staples Jr., Business and pleasure in Brail,
Pp. 36-48; Roxo & Ferreira, pp. 291-2; Jaime Larry Benchimol, “Pereira Passos — Um Haus.
mann tropical), cap. 6, pp. 352-9; Samuel C. Adamo, “The broken promise” “pp. IA
passim. Sobre as complicações das obras no porto, ver Martins,
bém, o sumário em José Barboza Gonçalves, Ministério da Viação
pp. 63-4,
65-8; ver, tam:
e Obras Públicas, Por
tos do Brazil, pp. 344-6, e o relato em Graham, Britain and the onset, pp. 192-4. Para maiores ii ver Jefírey D, Needell, “Making the Carioca belle époque concrete”, pp. n. o 4156,
(78) Ver Sweigart, cap, Stein, cap, Lahmeyer Lobo, vol. por Vol. 2, pp: 443-509, 5,passpp,im;218-9; 2. Cano, cap. 1.1, 9; cap. 3, passim; Benchimo1, l,pp. 170 cap. 0 9 divisorde águas representado por Campos Sales, vér as seções
Uransições sócio-econômicas do Rio ent Contra Vacina of 1904". (79) Ver
y
5 e 6 acima. ni
RR
906, v y D. Needell, “The Re es
no Jornal do Commercio
j
1902; O di + O Malho, 3/1/1903, [p, 2]., Ver29/12/ APP. 16871, 1901, 307.12; Bello, History, também All 1747mulo. e E. Arinos (vol, 1, pp. 170-1) registra ppo esti
+ Ver Adrian Beccar Vare Torcuato de Alvear, 4 e de Barros, “Chronica”, la, p, 124; Thomas Lopes, “Bu Ver Nancy Stepan, The beginnings of Brazilian sciences a p “Esta Eri.
“a
E Políticas de saúde pública (1889-193 0)”) CAP S
288
e
RM
ke Carta Cadastral do Districto Federal, em
a
13
ú
—. comissão d em do prefeito do Distrito Federal ..) 4 As Pira e
pos
E
nes
oa pa do Segundorelatorio são menos claras; Pereira Passos teve acess termos de orien. a (a maioria das quais era explicitamente parisiense em
de reform
feita ntes, À critica Pereie reformas européias releva (ação) à todos osregulamentos publicados exemplo, por ver, ças: Rebou de ta propos à e por vieira Souto 20 Primeiro relatorio;
Rio de Janeiro, 3/7/1876 ao conselheiro dr. José Bento de Cninha e Figueiredo, E a L. R. d"Oliveira, Rio de Janeiro, 4/6/1874 (per, não = não cat., COP: 8), pp. MAOS o, 17/8/1874 (per, não cat., cop. 6), cat Cope 9 P- 301; a L. R. d'Oliveira, Rio de Janeir cidade [...) wi”, 9/3/1875; Passos et al po 350; vieira Souto, “O melhoramento da
A. R. [Aarão Reis?). “Aveni. gundo relatorio, P+ 17; Vieira Souto, “Apêndice”, pp. 169-70; es municipais, pp. 22930 da à beira-mar — Commentario”, em Gazeta de Notícias. Questõ
Apontamentos, po S; Pereira Passos, Mensagem |...) 1 de setembro, p. 12; cf. Rebouças,
são de MelhoramenIdem, Diário, pp- 201, 2712, 275-6; [Francisco Pereira Passos] Comis
Bento da Cunha Figueiredo, Rio de tos da Cidade do Rio de Janeiro ao conselheiro José s detalhes, ver Needell, “Making maiore Janeiro, 8/4/1876 (per 4.1.6), PP- 12, 910. Para
Ver também Athayde, pp. 174-6; Martins, the Carioca belle époque concrete”, p. 417 n. 35. ra Reis, p. 127; Afonso Arinos, vol, 1, pp. pp. 76-7; Coaracy, Memórias, pp. 206-7; Olivei e urbanismo na AveniF. Santos, “Arquitetura 213:5; Costa, Rio, vol, 1, pps 30, 41; Paulo
Sobre a amplitude das referências euroda Central”, pp. 27-8; Benchimol, cap. 8, passim. et al., Segundo relatorio, pp. €7, 15: péias dos engenheiros brasileiros, ver Pereira Passos o Lisboa Janeiro”, pp. 181-2; e Alfred Souza Rangel, “Os melhoramentos do Rio de
Avenida Central”, pps [1-7]. e as reformas da belle époque (81) A continuidade entre o Segundo relatorio de 1876 pp.
(ver nota 80). Cf. Segundo relatorio, é patente, assim como sua derivação parisiense — Comissão da Carta Cadastral 123, 16, 25, 35-8, ao programa em Rangel, “Nº 30 Pereira Passos, Mensagem [...] de 1903, do Districto Federal, em 13 de abril de 1903”, e em
grupo Múller-Frontin e do Club de pp. 1-4. Para detalhes sobre o papel e interesses do e concrete”, p. 418 n. 36, pesEngenharia, ver Needell, “Making the Carioca belle Epoqu e, pp. 92-3, 1746, sim. Sobre Haussmann e a questão geral dos planos ver, também, Athayd
, vol. 1, pp. 3169, 32s, 2012, 215, 244-5, 248; Martins, pp. 75-8, 83-4; Afonso Arinos tura do Districto Fede-
3446, 350: Oliveira Reis, pp. 127-8; Benchimol, caps. 13-4; Prefei ral, Planta dos melhoramentos projectados pelo Governo Federal 1903. 1903, pp: 7-8; Idem, Mensagem do (82) Pereira Passos, Mensagem do prefeito [...] “Impre ssões de um *ex-ditador”” pO ietrio Federal [...) 1904, p. 75; Idem, Commercio, 13/2/1904; O do Idem, “Uma entrevista com o prefeito”, p. 109; Jornal
ral”, passim; Benchimol, 04; Rangel, “Nº 30 — Comissão de Carta Cadast Filho, passim; Athayde, cap. 13, passim; Afonso Arinos, vol. |, PP. 319-28; Rios
Janeiro da Primeira República”, pp. 10-5; Oliveira Reis, pp. 12535 , “Arquite-
[E (4.47
ver Santos os estilos estéticos e a atenção aos parques públicos,
s, pp. 82-3: Athayde, Afonso Arinos, vol. 1, pp. 324, 345, 350: Martin estilo arquitetônico de deite
o Oliveira Reis, pp. 232-3. Afonso Arinos chama 10 abaixo. ele é mais conhecido como Beaux-Arts ou eclético. Ver seção
908, Maiho, 14/3/1 163; Lisboa (p: 1): O Correi Arinos, vol. 1, p. 351; Martins,O paPuiz, , Manhã da o 903; 5/4/1 4/4, | do Commercio, 5/4, 21/5/1903; Rio de ne
e H. e Luis Carlos de Paranaguá, entrevista, 15/7/1980, aofps o relatorio, pp. 5-6, 12, 17, 25, 35-8; Pereira Passos E e) e Figueiredo, Rio de Janeiro, 5/7/1878 (Dep, não cat.. oop ;
E
289
E
(88) "Porto do Rio de Janeiro”, Rangel, “Comissãdao Carta Cadastral" Coe rrtemeio dam agpo 2/0 e “Melhoramda encitdaode do Commercio, 21/5/1903.s” (nov, 1904), pp. 131 2; Cidade" (ser, |
Rua do Ouvidor, 1/ 3/1904,
» Ibidem, 2/4/1904, pp. 1.3; “A, Avenida Central
da Rosa, “Avenida Cent ral”, passim,
(87) A melhor iconografia con temporânea pub
licada mos, ver, por exemplo, Ferrei ra da Rosa, “Avenida Centra l”, »
pode ser Passim. Sobre
ver Paulo Berger, passim. (88) Marc Ferrez, Avenida Centra l, reeditado co; mo Marc Ferrez , O cibumda A da Central (1982). Ver Gil berto Ferrez, “A Avenida Central e sey álbum”, 18-23, mid,
(89) Rangel, “Melhoramentos da cidade"! (nov. 1904), Pp. 131.2; M. Ferr (st, PP: 197-231; Benchimol, pp. 461-5, 498503; 0, P. “A era das demo liçõ es" mms “Concurso de fachadas par
a a Avenida Central", Pp. 66-8 ; Chapman & Chapas, pp 183, 189, 2501; Schorske, pp, 46-7, 49-50, 60; Richard Chafee, “The teaching of archiç. ture at the École des Beaux-Arts”, P. 97; Claude Mignot, Architecture OS the 1 comum in Europe, pp.
18-9,
(90) Chafee,
100-2;
ver, também,
P, F. Santos, pp.
32.4.
pp. 65-82, 96, 106-7; Mignot, pp. 248-$8; David Van Zanten, “Archioç. tural composition at the École des Beaux-Arts from Charles Percier to Charles Garnier Chapman & Chapman,
Pp. 190-1,
(91) Ver Van Zanten, pp. 219-23, 230, 232, 242, 253, 286; Mignot, pp. 94-9, JM, 13767,
(92) Van Zanten, pp. 152, 159-63, 185, 191, 281.6; Mignox , pp. 99, 102, 104, 148, 1545418.
(93) “Concurso de fachadas”, p. 67; Chafee, pp. 95, 106- Mignot, pp. e F. Santos, pp, 33-4, Note-se a ausência da art nouveau, em ibidem, p. 34 (cf. Afonso nos, vol.
1, pp. 324, 345, 352). (94) PF. Santos, p. 46. (95) Sobre Morales de los Rios, ver Adolfo Morales de los Rios Filho, Adolfo Mo tes de tos Rios, sobretud,
M. Ferrez (1982),
O Pp: 42-8; P. F. Santos, pp. 32-3, 37-8. Sobre suas fachadas, Vet
PP. 68-9 (“das Águias"), pp. 84-5
(Mourisco), pp. 92-3 (Equitativa)P16 (Escola), p. 120 (Arcebispado), p. 166 (Emp regados), pp. 170-1 (O Paiz). 06) P. F. Santos, pp. 38-9. (97) Sobre a Bibli edifício”, pp. 143-7; Bri o: teca Nacional, ver, Por exemplo, “Bibliotheca Nacional: o futuro ito Broca, A vida lite;
rária no Brasil — 1900, pp. 150-5; P. F. Santos,
,
eram reuniões, realizadas com patrocínio oficial, para os membros da rio que se dirigiam ao Campo de Santana onde acompanhavam com-
(103)
moda
alegorias florais e desfrutavam da cozinha francesa ao som de
pets de jan
vidor, 1/10/1904.
mma oreção de Barros, “Chronica”, p. 85. Ver também Lage e Cia,
“Apresentação”,
ani, p. 3, € Fogliani & Ferreira de Araújo, “*Considerações", em ibidem, p. 12;
an
gol; Gazeta de Notícias, 24/9/1901; O Malho, 14/3/1903, (2).
«A Avenida Central”, Rua do Ouvidor, 10/9/1904. Note-se que Frontin e Múl-
O Pais
toy explicitamente interessados no impacto ““civilizador” da Avenida, e que isso
era
em
ac estendê-la até mais ao sul, na direção da Cidade Velha, a despeito
a dades do comércio existente: ver Jornal do Commercio, 21/5/1903 e O Paiz,
nr e 4. C. de Mariz Carvalho, “Pulcherrima Rerum”, p. 4. Ver também os relatos
de Paul Latteux, A travers le Brésil au pays de Nor et des diamanis, p. 135; Alured Gray Bel, The beautiful Rio de Janeiro, p. 192; Gilberto Amado, Mocidade no Rio e primeira
viagem à Europa, pp. 20-1; Carlos Maul, pp. n5-7.
(106) “Drs. Lauro Miller e Paulo Frontin”, Rua do Ouvidor, 2/4/1904, Sobre os
pressupostos subjacentes, ver O discurso de Rodrigues Alves no Jornal do Commercio,
24/10/1901; Joaquim Murtinho, “Relatório da indústria, viação e obras públicas”, pp. 239-66; FA. Barbosa, pp: 3-4, 14-6, 25; Vilella Luz, pp. 180-9, e caps. 3-5, passim; Heitor Ferreira Lima, História do pensamento econômico no Brasil, caps. 9-11, passim; Steven Topik, “State interventionism in à liberal regime”, pp. 593-616. Apesar de facções da elite e dos setores
médios brigarem quanto aos meios, estavam de acordo quanto à necessidade de interven-
ão do governo na economia para se atingir a Civilização e o Progresso. Os debates se centrava na amplitudemda intervençãoe no papel do Brasil na economia mundial. Rodri-
gues Alves, assim como Campos Sales, presumia que o Brasil era fundamentalmente agrio-se tola, limitand o papel do governo ao apoio indireto, através da instalação de uma infraestrutura e do estímulo à entrada de capital estrangeiro e mão-de-obra imigrante.
(107) Olavo Bilac, “Chronica" (mar. 1904), [p. 2); ver também “Dr. Lauro Miller”,
assim; “Avenida Central”, passim; Olavo Bilac, “Chronica” (nov. 1905), [pp. 1-2].
(108) Olavo Bilac, “Chronica” (mar. 1904), [p. 1); Pereira Passos tentou um controle Obrigatória a licença: ver Jornal do Commercio, 13/2/1904.
(109) João do Rio, A alma encantadora das ruas, pp. 126:7.
10) Ibidem, p. 130. Edmundo, Rio, vol. 4, pp. 771, 773; cf. Jornal do Commercio, 18/2/1904. ver Luiz Edmundo, ibidem, vol. 4, pp. 767-74, 800-5, cap. 25, passim;
Sobretudo pp; 129-32, Nem todas as tradições do Carnaval carioca eram
Edmundo (vol. 4, pp. 767-71), por exemplo, registra seus clemendos setores médios, e mesmo da elite, celebravam uma versão es, brincadeiras e fantasias. Ver ibidem, vol. 4, cap. 25, pasdo Ouvidor, 30/1/1904; ibidem, 12/2/1904; Von Binzer, pp.
'
Eu
imo,
S, P. 41; The Rio de Janeiro News, 1/3/1898, pp. 5-6. ileiros e a elite, ver capítulo 4.5, abaixo, e as referências na , 05 bairros negros, na virada do século, estão em Ministério
Obras Públicas, Directoria Geral de Estatistica, Recenseamento ge-
[5.] 1890, pp. 404-21; ver também F. N. Silva, p. 123; Luiz Ed8, 112, passim; Idem, De um livro de memórias, vol. 1, pp. 198:9;
encantadora, p, 126; Lahmeyer Lobo, vol. 1, pp. 23759, vol. 2, pp. * Sap. 10; Adamo, pp. 4-40, 229-58; Rocha, pp. 97-107, 11624. Sobre o
291
interesse de Pereira Passos na
intervenção do Estado náquestão lhadores, ver Needell, “Making the Cari oca BelleEpoque co e a a
habitação dos trabalhadores e sua demoli ição, ver Ey
Os pobres”, pp. 89-94 e ibidem (maio 1905),
do
PP. 185.9; Benchimoi
592-609; Rocha, cap. 4, passim; Adamo, pp. 31-4 0. A nat
ureza Pereira Passos no sentido de proporcio nar novas habitações
das demolições na Cidade Velha, que resultaram no despejo;
décimo de seus habitantes. As demoli ções foram uma das cs
chamada de Quebra-Lampiões ou Revolta Contra Vacina (y sé Murilo de Carvalho, “A revolta Contra vacina”; Needell, of 1904”.
(113) Luiz Edmundo, De um livro de memórias, vol.| (114
) (115) (116) (117) te diferente
ú
Skidmore, pp. 27-32, e cap. 2, passim . Luiz Edmundo, De um livro de mem órias, vol. Ibidem, vol. 1, pp. 162-3. Rocha, cap. 7, chega a conclusões similare s a p — a da cultura popular carioca.
2. INSTITUIÇÕES FORMAIS DA ELITE (pp. 74-105) (1) Ver Azevedo, pp. 365-6, 385, 389-90, Em relação
únicas vias para educação dos que não eram da elite, ver citação é de Azevedo, p. 393.
(2) Ver Azevedo, pp. 377-8; entrevista com Américo )
neiro, 15/9/1980; entrevista com Alceu Amoroso Lima, rolina Nabuco, A vida de Joaquim Nabuco, caps. 1-2, pas Gente da minha vida, pp. 95-7; e Camila Barbo sa de Oli
A citação é de João Baptista de Mello e Sousa, Estudant
(3) Por exemplo, Imperial Colégio de Pedro n, Pro 8,10, 13, 15-6, 22:3, 26, 30. Ver Azevedo, pp. 365-7, 370,
Bueira, “Alguns aspectos da influência francesa em São Pai Jo x1x”, pp. 319:20, 330-3, 335.
(4) Ver Eugênio de Barros Raja Gabaglia, “O Colégio P 330,1;
Leclere, pp. 218, 253; e Delso Renault, O Rio
d 5758, 64-6, e passim.
nente pelo sorriso em matéria de
PP: 32-4; C. Barbosa de Oliveira, p. 109;
“Sob a proteção de Santa Cecília [...
Provável que o múmero inclua estudantes da primei“
à Imaculada Conceição, em Botafogo, que tinha um currículo mais 292
(9)is
a
Azevedo, pp: 382,
a
385, 389-90. Cf. o ideal nas descrições das ganhadoras dos
a todos os anos pelo Rua do Ouvidor a partir de 1900.
os do Rua do Ouvidor, 4/6/1898, p. 3.
na
Gabaglia, pp: 44-5; Luis Gastão d'Escragnolle Dória, Memória histórica come-
1º centenário do Colégio Pedro II; Moacyr, passim; Azevedo, pp. 379-81; “Gia conal”, em Rua do Ouvidor, 10/12/1898, p. 2 (note-se que o nome dodo colégio impe-
por um período breve, para Ginásio Nacional, após a queda icanizado ao “ador), Colégio Pedro IL, Anuário do Colégio Pedro II.
, (8) Entrevista com Alceu Amoroso Lima; entrevista com Paulo Braga de Menezes
Rio de Janeiro, 4/7/1980; entrevista com irmã Carmem Maria, Rio de Janeiro, 22/9/1980; cf. Mello e Sousa, pp. 1756.
(9) Ver, por exemplo, Azevedo, pp. 367-9. (10) Citado em Paulo José Pires Brandão, “Dois bacharéis do Pedro 1”, pp: 221-2.
ver o programa de estudo citado em Gabaglia, pp. 47-8, para 1838, e em Imperial Colégio
Pedro 1, Programa de ensino [...) 1862, e Plano e programa [...] 1876; e cf. programas em “Ginásio Nacional”, Programa de ensino [...] 1892 (Rio de Janeiro: Nacional, 1892); CoJégio Pedro 11, Regulamento do Colégio Pedro u (1911), reimpresso no Annuario [...) 1 anno, pp. 179-86. Em defesa do currículo clássico, ver Alfredo Alexander, Ginásio Nacional: Memoria historica do anno de 1906, pp. 37-8; e C. R. de Lessa, “Recordações do antigo Internato Pedro 11”, pp. 241-2. (11)O número de 1865 é de P. Moacyr, vol. 3, p. 47. A soma de todos os estudantes do Rio, na época, como foi dito na nota 5 acima, era de 2555. Em relação aos meninos bolsistas, note-se que o externato do colégio, bem como sua tradição, devia algo à anterior
Escola de São Joaquim, que se erguia no local do externato, e que fora uma instituição de caridade para órfãos. Esta herança perdurou em um número estipulado de estudantes
bolsistas. Fui incapaz de determinar o número exato de alunos gratuitos. Já em 1888 o maior número possível de meninos bolsistas era de 125, em uma população estudantil variando entre 500 e 750, Deve-se também ter em mente que os considerados elegíveis eram
dificilmente os escolhidos ao acaso entre pobres necessitados. A preferência era dada aos filhos dos funcionários do Colégio e de burocratas do governo. Ver Gabaglia, pp. 45, 92;
€ cf. Colégio Pedro n.
(12) Ver Ignesil Marinho & Luís Inneco, O Colégio Pedro II cem anos depois, pp. 17-9; Colégio Pedro 1. Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Otacílio A. Pereira (comp), Almanack do pessoal docente e administrativo até 30 de junho de 1924. As cita-
ses são de Marinho& Inneco, p. 66, e Lessa, p. 240. (13) Lessa, pp. 26, 238.
(14) Raul Pederneiras, “A vida do estudante do Colegio Pedro n em 1884”, p. 50.
Ver, também, Pires Brandão, pp. 218-9; e João Batista Paranhos da Silva, “Reminiscências
do Internato”, p. 208, Notar que um dos príncipes imperiais frequentou o Colégio e que
e diz que, por acaso, o último ato oficial de dom Pedro 1, antes do golpe de 15 de no. “embro, foi o de presidir um exame do Colégio. (15) Ver Programa [...) 1862, passim. Na década de 1880, apesar de as ciências terem as humanidades ainda dominavam — ver Imperial Colégio Pedro 1, “Ho-
das aulas do Imperial Colégio Pedro 1 para o ano de 1882”, anexo ao Programa [J
dis Gastão d'Escragnolle Dória, “Discurso do orador oficial do Colégio; Prof,
olle Dória”, p. 79.
eiras, p. 50; Paranhos da Silva, “Reminiscências”, P. 208; e Mello e SouSte último foi de um período posterior e, de qualquer modo, o mais liberal
293
é óbvi|,o =calás mu a assi,m vol, 1904), tuas CHnbndMon Colégio (nto é m6 em eyr or vig palxo estava da história do vol, |, pp, 280,1, — da Es da compilação de Moacyr,
À
tou citados
Day Anuário LJ (is p 19; Anuário [1.0] 1935-46, passim; + ovdo "Das, à ess,o Tis pp,mpr25.6 , rel ttm Nabuco qui nm Joa ; uco ir Nab 46, “O p, d p Nacional”, 1 dene AMOI acy, “Clnánio OO Lim “oura), lea o Cora ) pp: 1123; é vivald sy 2189: pp; o, randã o ha i título de prestígio oner Dé
já
confer ido ao membros do Coneiho
ho do Imperador, honorário. Titular; possuidor de um títul
) de O, Uma nl, My,
0 ou do * A efe, Malmemo ftulo de nobreza, mas que não podia norma tU um recebia que a alguém Mini, descendentes. ane us (22) Ver on dois anuários citados na nota 19;: Marinho& Inneco, pp. Wen
56 Dag E; de Pedro He Ginásio Nacional, Ntre og Sobr “olégio € Imperial pelo letras em engg réis de óbvia importân cessos dePaesMatrLeme, ce dos propolítica), cia na elite, mencionados no “Índifinanças, ioutayr , tão: Soares Ribeiro (comércio), Rodrigues Torres (café, Paes Leme*, Saldanha da Gama”, Dias Paes Leme*, Albuquerque Diniz*, Nabuco q Na jo (política), Rodrigues Alves (café, política), Delamare (Marinha), Calmon Nogyeir w le da Gama (café, administração pública), Silva Prado (café), Suckow (comércio), Rim
nolle Taunay (Exército, administração pública), Calmon du Pin e Almeida (agricultus, comércio, Estado), Duque Estrada”, Silva Paranhos (administração pública), Mayrink(j nanças), Jacobina (política), Vieira Souto (empresários, profissões liberais), Niemeyer (eg.
presários, profissões liberais, comércio), Gracie (comércio), Mendes de Almeida (profs. sões liberais), Chagas Dória (Exército, empresários, profissões liberais), Lustosa da Cunha Paranaguá (administração pública, política), Rego Barros*, Bulhões Carvalho (profis
liberais), Cochrane de Alencar”, Chapot Prévost (profissões liberais). Note-se que indea,
entre parênteses, a base para a posição na elite de cada família, conforme as melhoresir
formações que disponho. Os asteriscos indicam uma família tradicional extensa, cujatr
ses são muito diversificadas para serem citadas resumidamente.
por exemplo, Coaracy, , “Ginásio Nacional”, , p.po 46; 46; Mello e Sousa, p 3 (23) Ver,p, 219, Brandão, Os novos colégios inclufam o Santo Inácio,O
E
nossa entrevista, também enfatizou à qu
su
(isto é, escolas dirigidas por americanos,
perto da virada “progressista Fetal Iocalizadas em Botafogo) Abíli o, dirigido o "”, quiçá a mais famosa, é o E a aeee “de seus esforços, o pano de fundo real para
Pompéia, Tudo indica, contudo, que esta dução
Menor na educação secundária da elite naquet
PP: 38, 49, 54.5, 67.8, 94.5. sá “Pelo sorriso em matéria de caricatura”, PP Pp. 54,
é Delgado de Carvalho, “Sob à P! +
oteção?
“Cinquenta anos de dedicação”, *º
294
» ibidem, pp. 5, 12-5.
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Marta, Ms xado capa qa MA ds É anavem Matta; Caum em ita
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também Madalena Lacerda Bicalho, “Notre
Dra pu 27; Prates, pp. 25-9; Bica. e Delgado ale € “arvalho, “Sob a proteção”, E
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Sua
1-6,6, passim ista, e pp. Po ção ao autor durante entrev sto ; de Puro Lacerda, “Nossa forma nen-
Maria, Na q revásia COM twuá Carmem
Luís CarAauabém entrevista com Américo Jacobina Lacombe;
E) Iuacsinta, Pd M
ade
irmã Carmem Maria. entrenísia, Rio de Janeiro, 19/1980 entrevista com
Lacombe, qua) Bnvrevista com irmã Carmem Maria; entrevista com Jacobina
ps
37 — ver, em 1855, fot registrado por Gama,e cf.p. pp. 203-10, (40 ipiddente COM O parisiense, (ver Leclere, p. 204 a, OD Vo8, 48, O jornalista ora Max Leclero Proust: A biography, NR, qe Cailtaver é oltada por George Painter em Marcel
a A DR SS
do que o pretendido, Leclere (88 Net Leelero, Ps 218 em uma nota mais reveladora aos membros dos melhores salões pariqo que O melhor entre Os trasileiros se igualaria este trabalho é uma questão que provavelsines. O amenivo de os Irasileiros se darem a brasileionte ÃO passo
ou dos pela cabeça de Lectere, nem de seus leitores parisienses
ves radios.
401, 423. (89) Nabuco, Minha formação, pp. Gazeno Brasil, vol. 1, pp. 277-308, passim; a teatro O que) Ne À Galante de Sousa, frequentemente de coisa, e o Rua do Ouvidor ve de Nosíoiasé muito boa para este tipo
puistionva parts e relatos históricos pertinentes.
9/4/1904, p. 7. (ai) “Ridaltas e bastidores”, Rua do Ouvidor, 4/6/1904, po 6. (42) “Bichos e factos”, Rua do Ouvidor,
(D. (43) Mário Pederneiras, “A vida de hoje”, ps Rio de Janeiro, 10/7/1980; Carolina Carneiro de Mendonça, entrevista,
(4d) Maroos
dois capítulos. 9/6/1980; e outros. Ver os próximos Nabuco, entrevista, Rio de Janeiro, em dian(daqui Barbosa, Arquivo Histórico: Correspondência
448) Ver Casa de Rui
12/3/1886; Clubes: Club-Beethoven, te sta: Clubes: Club-Beethoven, Rio de Janeiro, e “Local Notes”, The Rio News, S/1, Pinho, pp. 296-8; a
cap. 18; Deodato Cezino Vilelta dos (86) Burt & Staples, p. 64; Wanderley Pinho, manuscrito encontra-se no Arquivo do “Cassino Fluminense (Sua história)” (este 24 é /188S.
Saitos,
do CassiAscs], baseado no antigo arquivo diante em [daqui Brasil do 8 Club Clubes: Club-Beethoven: Carta foi destruída), pp. 23-4; amaro: Co-
(daqui em diante nusm): Biblioteca Nacional, Seção de Manuscritos de Janeiro, 1/4/1883, pnsM:
do qual parte
a Paz, Rio à, 14, 2, 44: Machado de Assis Gama a desconhecido, 14/11/1902. 1-5, 22, 41: dr. José Saldanha da n a, de valor histórico”, vol.
*“Documentos fes da amostra inicial vêm de anca, acionistas do Cassino de 1856", passimt; «Sócios ento é de fevereiro
membros extraída destes dois + pessim. As informações referentes aos & Vasconcellos; Sacramen-
Vasconcellos em ordem de utilidade, de: brasileiro. Os nomes da amos» biographico Anno Macedo, Manuel de 1845-1902", baseado no ma-
“Diretorias do Casino Fluminense:
provêm de Nasonolios pe do Cassino. Informações sobre os membros Rio mercantil é industrial do adi-
(aca),
mentadas
Informações pelo Almanak administrativa News; e Gazeta de Notícias.
Laemmert); The Rio
295
cionais sobre Quartim foram encontradas em Swelg art, DP; 913
as elites do período foram retiradas das mesmas fontes,
(48) Vilella dos Santos, “Cassino”, pp, 48, 16.7 gy,
,
(49) Ver capítulo RIP
(50) Ver Vilella dos Santos, “Cassino”, pp. 14.9, (S1) Ver Roque, ps $4; e €, Nabuco, Oito décadas, Pp; 213,
(52) Vilella dos Santos, “Cassino”, pp, 19-24,
+ Paty,
(53) Ver, também, os nomes tradicionais da elite em (Ancn), “Dim no”, passim. As generalizações feitas aqui e abaixo foram baseadas nas io
nota 47, acima.
a
(54) Sobre a natureza e importância das mudanças Urbanas para AS chrrei
O Ca
ty
ver Barman, passinm; Stein, caps. 1, 5, 9-11; Sweigart, caps, 3.4; Lalneyer 7 po cap. 4, passim; Freyre, Mansions; e o capítulo de Azevedo, Sobre as fam vi de adaptação, ver por exemplo Rocque, passim; Barbo sa de € Dliveira, Aguas pa o
|
dings, “Class sector unity in an export econ omy”; Dean, cap. 1, e passim; Colon, O cendentes da elite se mostraram conscientes de como as fortunas eram feitas q l na economia agroexportadora e de base urbana, nas entrevistas (por exemplo, asentr
tas de Carneiro de Mendonça,
Braga de Menezes e Amoroso Lima),
As rendas de imóveis urbanos desempenharam importante papel nesta era de inc, tezas (entrevista com Paranaguá). Ver, por exemplo, os sobre nomes nos anexos “erre
vendidos” e “Relação geral dos prédios desapropri ados para a Avenida Central tMcdiasoe indenizaçã
o em dinheiro”, em Marc Ferrez, Avenida Central. A adaptação da famílsy circunstâncias mutáveis é discutida no cap. 4. (55) “Ribaltas e bastidores”, Rua do Ouvidor, 10/12 /1904, Ver também comen
ts de Olavo Bilac em “Chronica'* (dez. 1906), pp. (1-2); e Rocque, pp. 98-9, 101-3; (entres
com Amoroso Lima).
(56) Rocque, pp. (101-2); Maul, pp. 9-10.
(57) Ver Wanderley Pinho, pp, 145-7. Discuto Petrópolis em maior profundidadewo
ítulo 4.9.
RBanc: Clubes: Cartão dos Diários, 1/8/1900.
(taca), “Directorias do Club dos Diários: 1895-1924”, ms. datilografado, 1º 9, Historia da fusão
do Automovel Club com o Club dos Diarios, pp. 102; sobre o conde de Figueiredo, ver Vasconcellos & Vasconcellos; sobre 1% Sos Pinho, p. 309; sobre José Carlos de Figueiredo e sua esposa,
6
écadas, p. 58; Luiz Edmundo, Rio, vol, 2, pp. 332, 334, 337, O embaixads
deles também, assim como Gilberto Trompowsky (Carlos da Ponte a Rio de Janeiro, 25/7/1980; Gilberto Trompowsky, entrevista, Ro
; sobre Buarque de Macedo, ver o anúncio infor mação da aa 4 “Laemmert; sobre O barão de Santa Margarida,e a ver Vasconcellos PP: 102-3; sobre Rocha Miranda, ver Vasconcellos & Vasconcelb
Estão em axcu “Documentos de valor histórico 6 de de Barros, ver Rua do Ouvidor para a temporada de [..] 1898; a K José Thomaz Nabuco (entrevista, Rio de Janeiro, +
it
dor, 28/5/1910; sobre o papel de Azeredo como ad e
Ver amante: Azeredo, Antonio Francisco de; sobre
id
Rocque, PP. 36-7; sobre Vilella dos Santos, ver a joe Anunciaya no AImanak Laemmert e nos maio preito lorias do Cassino citadas acima; move
Capítulo 3,1; sobre Teixeira Leite Guima” ães, *
296
= ja dos (60) vilel del ye 08 S os
sócios que têm sa efetivos em 1921", em seu do b em março de 1922" e “Sócios Wi clubes incluem: Eduardo Pellew os outr a uns com são Fam a lodo Jot Azeredo, aco E e conde d'Eu, Antônio Francisco de ue ro pop indé, Elkim Hime, barão de
qe
ai
R
da
“Cassino”, pp: 234. a doDedo ver o ubiquo Vilella dos Santos, Sócios funda i o de es a id exercido cargos de administraçã
dos
a
ne
o
10 de Câmara Lima, barão de Can Clemente, conde da Estrela, de Nogldia da Gama, conde de São
Hiabado Mendes de Almeida, José Carlos de Figueiredo, Harold
mono, e
, Francisco de e Guinle, Luís Betim Paes Leme herm Guil nda, Mira ha Roc aê ie s, Luís F Felipe de Sousa Leão, Luís d da Rocha rges, Carlos Guini le, J joão Borge à s, Passo Oliveira
Course, ) Sobre o e
ver Albert Dresden Vandam, An Englishman in Paris, Pp:
jo,
na
vol. 13, sv.
ie
er
37-8;
Rees
a
ai
Tl reminiscences and recollections of captain Gronow, passim. Ellen Moers, The
64, 117-20, e passim, discute os Jockey Clubs inglês e francês. , ; 1 (63) Burke & Staples, pp. 60-1. depois velo (64) Villela dos Santos, Jockey Club, pp. 1, 342-6; o apoio do governo — Vilella dos Santos registra o fato em 1914 (p. 346); e, em 1880, “O conselheiro [João Luis Vieira Cansansão de] Sininbu e o dr. [Francisco Pereira] Passos foram feitos membros honorários do Jockey Club. Estes cavalheiros, enquanto funcionários do governo, conseguiram um prêmio imperial para ser pago nas corridas do Clube”. Ver “Local Notes”, The Rio News, 15/8/1880, p. 2, (65) Vilella dos Santos, Jockey Club. pp. 243, 247, 345-6. (66) Ver, por exemplo, “Sport: Turf”, Rua do Quvidor, 21/5/1910, p. 6. (67) O relato de 1851 foi citado por Vilella dos Santos em Jockey Club, pp. 342-3. DE
Ver fotografias em Revista da Semana do Jornal do Brasil e A Ilustração Brazileira.
(68) Entrevista com Trompowsky.
aaa
Pc
Turf”, Rua do Ouvidor, 27/8/1910, Pp. 6. “Turfmen" está, no original,
ct
more de Frontin
e
ec
em 1885) foi uma criação de Paulo de Frontin, e nunca con-
» que era considerado mais exclusivo. O Derby foi absorvido após na década de 1930, e seu prédio e capital
foram para o Jockey, que qual tido como mais atraente do que os do próprio Jockey). A
+ Rua do Ouvidor, 30/7/1910, pp. 1-2,
com Eiras e com José Thomaz Nabuco).
2
legância e refinamento como algo cada vez Guerra Mundial, até o passo final na Revotizou a perda do ambiente ass ociado ao chá Tefinadas com bri hi O, graça e flertes. E Eiras e sug eri u' que que a abssor Bolpe na exclu: orção d. o
(72) Ver Galante de Sousa, O teatro no Brasil, PP. 277.308,
* Passi; to Lírico era chamado de Imperial Teatro Dom Pedro MU até 1899 q São João, fundado em 1813, pode reivindicar uma hist Ória mais áiii
N
Notar,
Rey wk
vários teatros de seu antigo terreno. Ver Galante de Sousa, ibide liga, em na ao m, (7) Ver Coaracy, Memórias, pp. 140-4, Marcos Car IM Neiro de Mei E i isso em sua discussão de minha pesquisa no Instituto Histórico é o Ndonça o Of (Rio de Janeiro, 25/6/1980); Trompowsky confirma (entrevista com tático ay
(4) “Local Notes”, The Rio News, 24/7/1885, p, 5.
OM pomiy, * o
(78) Citado em Luiz Edmundo, vol, 2, p. 429; cf, ide; Mm, Vol, 2, Pp.3 estava gerta pela metade: Coaracy, Memórias, pp. 140-1, nota is UE O teatro foi ri ho te construído para servir também como circo. (76) “Binoculo de um dilettante”, Rua do Ouvidor, 28/5/
(77) Rua do Ouvidor, 14/5/1898, p. 7.
1910, p. a,
(78) “Local Notes”, The Rio News, 5/7/1885, p. 5. CF. Conracy Memórias
& Luiz Edmundo, vol. 2, pp. 444-7; “A Marthe Reignier”, Rua do Ouvidor, Mr” 4. Escrevo sobre o papel especial das atrizes francesas na imaginação sexual d
NO terceiro volume de Em busca do tempo peró
Club”, Ver o original a partir do qual Proust i*
refoo” de Pereira Passos(daqeuias em a Laemmert
ador”, P- q AL 1906, “Indic ; sconceltos & diante sy); Va P etudo
ssim, sobr ie Athayde, pa 196-7; Villela dos Santos; J0
Rui tenpp 242-9. Evidentemente, reputaa que e e-s ssem êxito. Not vez umai em 1919, ma k Presidência, fundos
deliberada — ele comprou, com era resultado de autopromoção a; ver Magalhães
º
aço de um jornalist c Mbarão do Rio Branco, o tempo e o esp MO4, 34-20.
Fim
El Brazil intelectual, pp. 326-71.
Garcia Mérou, Bloco, senador pelo Rio Cosses Pinheiro Machado (1851-1915), chefe do
do altamente disciplinado parti e vice-presidente do Senado, representante politica federal durante a belle
central na
st, desempenhou papel ele tornou-se pros aprendizado sangrento no conturbado estado galicho,
)
E
Pr em
pp. 164-5
Ene
exis é
de Campos Sales, em pela famosa política dos governadoresapós as derrotas radicais
nacional existente no cenário partidário Representava elementos
de Francisco Glicério. queda
ita
originários das
bem com astra MEO do sepubicaniamo, o que combinava suas bases eleitorais e ideo-
has. Sustentado de maneira sólida por 299
a
3 com prestígio e contatos nacionais, Pinheiro M,
topa € endi com os republicanos paulistas — lealdade ao noyVO stay do a
ses do Rio Grande do Sul. Ao ocupar posições
tr ac gande arado:das ração plc ga O
a
E
e
arice
A
com a eleição, em 1910, do candidato que apoiava, o Eeneral Hg e Pioà de Abranches, vol. 1, pp. 264-71, e Amado, Mocidade » DS da
Gerências citadas na nota 11 acima dão o contexto gaicho. Ver pisa ta, me
uma vez, para uma noção destas tendências, ver capítulo 1.3, é Rotas (18) Sobre Pinheiro Machado e Rui, ver Viana Filho, Rui Barbosa, pp. o;
as tivas, ver Luiz Edmundo, Ri, vol. 4, pp. 728-31; sobre o cinema, vo pivth Barbosa, pp. 29, 34. Gilberto Ferrez, cujo pai foi um pioneiro do cinema brasil ou
cionou a fascinação de Rui pelo cinematógrafo (entrevista, Rio de Janeiro, o bi
(19) Barbosa & Barbosa, p. 33. Ver, também, Viana Filho, Ru Barbosa, po 11º | =]
« Luiz Edmundo, Rio, vol. 2, pp. 330, 335.
(20) Ver Viana Filho, Rui Barbosa, p. 211, e cf. exemplo citado no final do capita? |
(21) Sobre Francisco de Figueiredo, ver Lery Santos, Pantheon Fluminense, po as
ss; vsv; Dunshee de Abranches, vol. 1, p. 343; AL 1895, pp. 635, 119, 1125, 138
“Indicador”, p. 133; AL 1905, pp. 656, 903, 924, 1905, “Indicador”, p. 2313; Magalhis Júnior, Rui, pp. 47-91, passim; Graham, Britain and the onset, pp. 198-9, 225. Sort; gueiredo na alta sociedade do Segundo Reinado, ver Wanderley Pinho, pp. 78, 182, 3091, Figueiredo foi o primeiro presidente dos Diários; ver Arquivo do Automóvel Club do Ba. sil [daqui em diante ascs), “Diretorias do Club dos Diários:
(22) se, vol. 2, p. 446.
1895-1924”.
(23) Lery Santos, Pantheon, p. 385.
(24) Ver C. Nabuco, Oito décadas, p-58; Oliveira Lima, Memórias, p. 82; Bello, e 1695, P. 1125; Serzedello Correa, pp. 4475, passim; Magalhã E » passim; O roman-à-clef de Taunay, O encilhamento. As informações SEE cena Es
a es
ii
=
isca
em Magalhães Júnior e Taunay (onde o financista e
or também, Dunshee de Abranches, vol. 1, pp. 3394. Sae na política, ver ibidem, vol. 1, p. 343.
as CURE nho (p: 309) nota que as filhas de Figueiredo se casaram com men
E
Leão e Braga.
Ed entres
aneiro, So ta com F
de Abranches, 2: 446-9; - LuísLuís
'e
Carlos &
e
Rio de Janeiro, 15/7/1980; José Thomaz se
80; José Thomaz Nabuco, entrevista, Rio de Crrez; * M Marcos i de Mendonça, entrevist acta, a. =". RIOjo de sky, Carneiro
08 do au “Vista, Rio de Janeiro, 13/6/1980; Am .
árico
é Janeiro; Gu. SCritos em respostas às perguntas do". jo
ins, Presçn OS da Ponte Ribeiro Eiras, entrevista,
Fanches, vol.
Rs
PRE
300
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9.
de Frontin.
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10 E à ban 9; Dunshee de 89 /1 /3 on25 r, do vi rneiro de Mend mplo, Rua do Ou s (por exemplo, CaCar do ta is ev o h tr ad en ci s o d so « DO -avi à era as
guá, cujo tio Os irmãos Parana e e mb evento. co La e Jacobina i nasceram após o tória oral — todos
este
dl com O empreitada) ap de Frontin OA
o his
pia do Ouvidor, 3
14, P- 8;L. de Notícias, 2/8/19 eta Gaz 1-2; PP. , JUNO
3
ra PP: 416-9 n. 36, pa époque concrete”, e ll be a oc ri Ca «Making the tin dentro dele.
| 190
nuas Pa tola
una
grupo de Fron el do Club e do 1895, po 1457. r exemplo, AL ca elite roster”.
“cario
Rua do Quvidor, de Mendonça. Ver também
904, p . 5-6. 3, AL 1895, pp: 766, 112 o o Quartim, ver z Lui trs; vsv; 9; r”, Pp: 244 85,407; AL; 1905, “Indicado o fic grá Geo € ico éo Histór pp à292 Arquivo do Institut s ius Fle ico, 573/19, Max Coleçãdoo Instituto Histór
a l pPr”, ado dic 1125, 31, 1428, “In rt, iga Swe ; 330 Edmundo, vol. 2, P: ; : nte AIHOB) Brasileiro (daqui em i dia o, eir Jan de a João Lira Filho, Rio
23/12/1982. (40) Ver capítulo 2.2. pode-se começar com a família Rodrigues Torres, (41) Ver Sweigart, Pp. 291-2. Sobre cia da família é óbvia conde de Itaboray”. A importân 159,8: 4, “Barão de Itamby”, ou “Vis
4.2. pelos casamentos que realizou; ver capítulo pasLobo, vol. 1, cap. 3, vol. 2, cap. 4, eyer Lahm im; pass 5, cap. (42) Ver Sweigart, sim; Stein, Vassouras, p. 64 e passim. (43) Ver tes, 8. v. “Quartim”.
Ridings, “Class sector unity in an ex(44) Ver Sweigart, passim, sobretudo cap. 3, €
os é menciopp: 432-50, A lusofobia das massas brasileiras e setores médi
E
ad
no capítulo 1.3.
en (entrecom um membro da femiio: de banqueiros Simons rr m (sic) como rti riz Qua Beat e na Zizi cio uco), é C. Nabuco (p. 154) men do ol Club de Petrópolis.
“ires
a no
3
A
2, pp. Soo, 346-7; à rua do Riachuelo estava, assim.
, associada anteriormente com as quintas dos cariocas ricos,
toresE de
E E
a
de AssisE podem recordar. Ver Rios Filho, O Rio de Janeiro
ión
paro baseei-me em AL 1895, “Indicador”, p. 2269; Luiz
dono é , pi
Oliveira Lima, Memórias, pp. 150, 156-7; Ar-
onal (daqui em ea
e, AG); Sacoina, Lacombe, “Carioca elite roster"”; en-
LT rg
É com Trompowsky; iss Ver
o anúncioes
1882), cuja RR
àstradicionais
muitos dos Ena
id
Mrasileiro, de diplomacia, politica externa
»
a
de Mendonça; entrevista com Eiras;
literária, p. 25.
1447. Como veremos abaixo, esta faculdade (fun-
o tentativa carioca de institucionalizar uma con-
lades provinciais das antigas elites, iria empregar como
Il. importantes advogados e intelectuais com formação em direi9 ) Viana Fi ilho, Rui Barbosa, | Pp. pp. 115, 115-66;; no:
301
(50) Afonso Arinos, vol 1, pps 156:8, vol, 2, pp, 503 8 Ver correspondência de Atoredo com Rul sobre O Papel do governo foder
ca no Mato Grosso durante O regime Campos Sales,
(51) Ver capo 14:
bt ;
Ma vio,
(52) Amado, Mocidade, p. 120,
!
(53) Oliveira Lima, Memórias, p. 150; ver, também, pp, 156.7, cr,
vol: 2, p. 510 n, 8; e Luiz Edmundo, Rio, vol, 5, pp, 975.6,
“Afonso Ay
(54) Ver “Binoculo”, Gazeta de Notícias, 24/7 e 24/8/1908, Ver, tam co, Oito décadas, p; 82; Viana Filho, Rui Barbosa, p, 115; e Broca, p, o
foi mencionado nas entrevistas de Trompowsky, J, T, Nabuco, Elras e Cart
donça, bem como no ms de Jacobina Lacombe,
| 7
My
TENSO de
o
(55) Ver nunc: Azeredo, Antônio Francisco de, passim; Viana Filho, pj
Ouvidor, 2/7/1908, p. 4; ibidem, 13/8/1898, p. 6; e Gazeta de Notícias, Ong
|
|
mencionam os Azeredos no Lírico, o salão musical de Rego Barros e q festa nr no Parque Fluminense, respectivamente,
Fi
(56) Sobre Inglês de Sousa, ver Paulo Inglês de Sousa, “Inglês de Sousa”, pp. os.
AL 1895, p. 1451, “Indicador”, p, 216; AL 1905, pp. 926, 932; Raimundo de Meg, Dicionário literário
brasileiro; su; Otto Maria Carpeaux, Pequena bibliografia crírio da
literatura brasileira; Broca, A vida literária, pp. 28-9.
(57) Quer dizer, Antônio Carlos de Andrada, filho e homônimo de um dos famogas
irmãos Andrada, tão importantes nas questões políticas da Independência, e do Primeiy Reinado, Regência e início do Segundo Reinado. Antônio Carlos era um dos grandes lie. rais do Segundo Reinado, e desfrutava de imenso. prestígio entre os estudantes da faculdad: (58) Outros romances (O cacaulista, 1876, e O coronel Sangrado, 1877) antecedem O missionário e, incidentalmente, precedem as obras naturalistas de Aluísio de Azeveiy fazendo assim de Inglês de Sousa o “primeiro naturalista brasileiro”. Ver Carpeaus,p 172, Sobre Azevedo e o naturalismo, ver capítulo 6.3, 6.
(59) Herculano Marcos Inglês de Sousa, “Diário”, apud P. Inglês de Sousa, pp. 10.
(60) P; Inglês de Sousa, p. 110. (61) Ver capítulo 6.7. (62) Ibidem, p. 117,
(63) Ver Luiz Edmundo, Rio, vol. 4, p. 742. “
164) Broca, A vida literária, Pp. 28-9; P. Inglês de Sousa, pp. 116-7.
c
(69) Sobre Escragnolie Dória, ver Rua do Ouvidor, 22/10/1898, pp. + AL “, p: 161; AL 1905
, “Indicador”, Pp. 2330; sn; AG. eiscragndie "Be (bem Os perfis de Escragnolle Dória como vsv, SS. VV. o qa do Ouvidor, 1/4/1899 e 25/5/1899. Voc AL 1895, p. 1279s e AL IOF
ascragnolle Dória ) Isco(pa Manoel das Cha, gas Dória,E avô paterno de Escragho”" a Godofredo de Escragnolle Taunay, primo ou tio E nn ano &Escragnolle Taunay, visconde de Taunay ( > Presidente de província, abolicionista,
ola Brasileira de Letras, descendente de três fan Através do casamento com à família titular rs
pi
Obras, Retirada da Laguna, Inocência, On qo histór f em Vários “os, bem como as memórias citadas em vá” » Sh € vay, cosa pulo
“Stéphas
DDS, ne
da literatura frances? 1. A importância aa OB: capítulo 6 Malarmé” (cio
resper
OE cragnolleDória não estava senao nisso, como é mostrado no capítulo 6.9.
cn Estas habilidades já eram tradicionaisem 1900; cf. Wanderley Pinho, passim. o às expectativas referentes às dntlheres da elite no capítulo 4.5 abaixo.
Di re Bebê Lima e Castro, ver à informação sobre João da Costa e Lima e Casms; AL IB9S, pe 1385, € “Indicador”, p. 241; AL 1905, pp. 904, 927, “Indicador”, 202. Bebê é mencionada por Luiz Edmundo, Rio, vol. 2, p. 333, e Broca, PP. 29-30.
E am me bascei nas entrevistas com L. C. de Paranaguá, Carneiro de Mendonça e Eiras. (73) Gouveia, genro do ponaiBearo Joaquim Nabuco, o famoso estadista, era um
dos mais importantesmédicos. o Rio, distinguindo-se por sua formação européia. Médico preferido pela colônia parisiense da elite brasileira na década de 1890, desfrutava de
jo não apenas por sua capacidade, mas também por seu monarquismo. Ver Rua do
Ouvidor, 13/5/1898, Pp. 1; e Joaquim Nabuco, Cartas a amigos, vol. 1, p. 68.
(74) Ver amanc: Castro, Violeta Lima e; A. J. Barbosa de Oliveira, p. 175 n. 51, p.
282n. 9. CE, também, rmanc: Pasta 19/10/1889, Baile da Ilha Fiscal; Convite. (75) Ver Viana Filho, Rui Barbosa, p. 211, e Rua do Ouvidor, 2/7/1898, p. 4; ibidem, 27/8/1898, p. 6; Gazeta de Notícias, 12/8/1908, p. 4. (76) Por exemplo, entrevistas com Carneiro de Mendonça; Lacombe, “Carioca elite
roster”.
(77) (78) (79) (80)
Comunicação pessoal da sra. Maria Celina do Amarante. Broca, A vida literária, pp. 29-30, n. 16; Luiz Edmundo, Rio, vol. 2, p. 333. Ver Rua do Ouvidor, 27/8/1898, p. 6; Broca, pp. 29-30. Para dona Laurinda, recorri às entrevistas com Trompowsky, Carneiro de Men-
donça, Eiras, ]. T. Nabuco; Lacombe, “Carioca elite roster””; C. Nabuco, Oito décadas, pp: 82-4; Broca, pp. 24-5. Em geral, como a
lista de Luiz Edmundo deixa claro (vol. 2,
pp. 333-5), as mulheres eram cruciais para a alta sociedade por sua “elegância e beleza”,
sua “alta distinção”, sua “graça”, e seus “*dons pessoais”. Os salões, entretanto, são os
instrumentos dos. homens, e a extensão da posição que ocupavam na sociedade. Quando Luiz Edmundo lista os anfitriões dos “grandes salões do Rio”, eles são, a não ser por duas
viúvas, dona Adelaide Muniz de Sousa e dona Germana Barbosa, todos homens. A lista
de Broca revela as mesmas características. Cf. o caso francês, onde os salões eram com
a expressão das ambições sociais e/ou gosto artístico de mulheres, em Painter,
1, pp.7, 10 e passim, ou os salões lembrados por Paul Morand, 1900 A. D., pp. 187-90. “xtensamente a posição das mulheres da elite no capítulo 4.5.
aAO Siho fez fortuna com negócios iniciados durante o Encilhamento. Ele criti-
financeiras da época quando deixou o Senado para assumir, em 1898, a
De
Sae e Ministério das Finanças, no governo Campos Sales. Ali promoveu a deflação e intervenção governamental, o que levou à falência muitas empresas cariocas, E Fecrudescimento da penetração financeira da Europa. Ver Murtinho; cap. io
Magalhães BE
ren
o
3
encies, vol. 1, pp. 109-12; Graham, Britain and (he onset, pp: 238-9;
Or Rui, p. 71; Barbosa, “A presidência Campos Sales”. com Trompowsky.
. Nabuco, Oito décadas, pp. 83-4. +
Semplo, entre outros, João Borges (filho de um varejista português que
“ suprindo as forças armadas), o visconde de Schmidt (apesar do nome, um rico
Português), Iidefonso Dutra (cunhado de Borges, e aparentemente da mesma E e Comerciante). As informações sobre estes homens menos conhecidos foi
de Eiras, J, T. Nabuco e Carneiro de Mendonça, bem como de Laentrevistas * rioca elite Foster"), 303
(88) Sobre a família Guinle, recorri a AL 1895, PPT,
mm
po 15% AL 1905, pp. MIO, 929, “Indicador”, p, 2368; British « Meias,
São Paulo and Southern Brazil, Personalidades no Brasil, p, Ma; pm
k
E Como
2, po 2; Lacombe, “Carioca elite roster"”; entrevistas com Carneiro “2 deEdoMeo à,
Perrez, J. T. Nabuco, 1, €. de Paranaguá; Villela dos Santos, a; Pênis pa (86) Bell, p. 139, Os anúncios de jornal, bem como as inclu mert, mostram os interesses dos Guinle. Bell, pp. 139-4], esclarece
80 10 Ao
na geração e utilização de energia, citando as firmas estrangeiras va: General Electric Company, American Locomotive Company,
OS internao Um
Que a fama Babçock em os
Elevator Company, Chloride Electrical Storage Compan y, Jones e Cover ( Soh, So Finch (óleos e lubrificantes), Herring-Marvin Safe Campany, 3. G Bril (bondes e
Underwood Typewriter Company, Hothert e Pitt (guindastes e aparelhos de Filas a
banks, Morse e Company (material ferroviário), Sherwin Willians Company (tina
nizes), Os Guinle, prossegue Bell, tinham participação em usinas a vapor é lides e administravam serviços nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e = com freguência através de sua Companhia Brasileira de Energia Elétrica (dado os 1909 com um capital de 2 milhões de libras). A fortuna se apoiava na Companhia das ta cas de Santos, que, segundo Bell, tinha capital de 8 milhões de libras. A família tumbes investia em propriedades e construções, sobretudo na Avenida Central, possuindo imias ve um enorme hotel e um teatro, bem como o magnífico edifício das Docas de Sus ver ilustrações em Bell, anúncio em Rua do Ouvidor, 7/5/1910, p. 6, e os apêndicos Marc Ferrez, Avenida Central, passim. Guinle pode muito bem ter tido confiança no pro jeto de Frontin, pois os dois se conheciam havia muito, do Club de Engenharia
Além de sua sociedade com Gaffré, o Guinle mais velho havia sido sócio de Adi Aschoff (1864-1904). Aschoff, nativo de Alagoas e bacharel da Escola Politécnica, fm um pioneiro da telefonia no Rio de Janeiro do final da década de 1870, utilizando as
riência adquirida nos Estados Unidos (e possivelmente com o auxílio de um sócio sore americano, James Mitchell). Ver Rua do Ouvidor, 13/2/19 04, p. 6. Aschoff ajudou sm»
trar a Guinle a importância da infra-estrutura de base urbana e da eletricidade
bi
(87) Ver, por exemplo, Gazeta de Notícias, 20/7/1908, p. 3; ibidem, 177/1981
2; British Chamber of Commerce, nota 86, acima; Pinto, passirn; e Villela dos Santos 5%
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; 26, Lacombe, “Carioca elite roster”; €
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acervo
ÍNDICE REMISSIVO
Os números em grifo remetem As págin as com Ilustrações
Abertura dos Portos, 181, 192, 272 ) abolicionismo: e declínio da Monarquia, 20; evolução do, 24, 25; e população urbana,
32; e período 1880-1897, 40; e elite cario-
mulheres, 248; e Sílvio Romero, 25); e gg. ção de Lauro Múller, 252; e eleição de Ey.
clides da Cunha, 256; e a rejeição de Li.
ma Barreto, 25%, 259
ca, 41, 128; e Joaquim Nabuco, 139, 148, — Academia de Medicina, 122 nr ia 215, 221, academias: reais francesas, 62, 175, Sn
€| 24,267; da jornalismo 2: oêmia, 21,
déca
114, 316n 121; reais portuguesas, 175, 2% românticos, 220; no Brasil Colônia, 212 de 1880, 221; e de Assis, — Académie Française de Lettres, 226, Us € José Verlssi-
Acre, rua, 56, 18] Aguiar, Francisco Marcelino de Sousa, 6º Aímée, Mile,, 206 Ajuda, rua da, 58, 60, 161 Albuquerque Cavalcanti, família, Zn Albuquerque Diniz, família, 294 n 2
Albuquerque, [José Joaquim de Camposds
Costa de] Medeiros e, 336 1 156
Alcazar Lyrique Française, 192, 195, o, 0, 321
Nr eb (Marinianode 1929:
890, M4; reforma adPoreie 285% 72, minimo, Sá, 60, 67,
Ta Passos, Sá, 5, 107; é Colégio Pedro 1,
EN qo, e encontro no Club dos Diários,
so é Rá Barhosa, 104; é Pasto de Fron-
am, MES
aves, Francisco, 327 1 24
Amado, Gilberto: sobre o vestuário, 201; sosobre o is 216;mo rio, an tre o mundlierá pútico leixor da elite, 230; sobre João do
Rio, 242
Amazonas, 25, 135
amazônica, região, 214
América do Sul, 46, 60, 8, 203
Américo, Pedro, v Melo], Pedro Américo
fede Figueiredo+
ameríndios, 25, 173, 213 Amoedo, Rodolfo, 210 Ancien Régime (Prança), 176, 186, 191 Andaral, 47, 181
vidor, 191; e cacher europeu, 19; nas ko das de departamentos cariocas, 9; e far tasia de identificação do carioca, 19%, e
associação com peostiuição. 20%, 204
Assembléia Constituinte: de 182, 91, de 189, 29, 385 Assembléia, rua da, S6 Assis, [Joaquim Maria) Machado de: 228, ; Beethoven, 87, e apadrinha: e o Clube 261
mento, 157, 268; origens e carreira, DIS,
219, 225, 248, 261:7; e desilusão, 224; e Academia, 228, 227, 228, 229, política de,
e Abolição, 225; e “respeitabilidade”, 228, 229; e resposta ao fin-de-siêcie francês,
232; e Gazeta de Notícias, 2: e Coelho Neto, 236, 237; e Sílvio Romero, 250, mor te de, 252, 261, sucesso literário, 261, 266.
267, 268, 269; João do Rioe Lima Barre to, 261, 262; e o Rio, 261, 263, 264, 265,
266; versatilidade literária, 262; influên
ansiedade social: e fetichismo da mercado-
cias sobre, 262, 265, 268; personalidade, método e estilo, 263-7; e a elite, 263, e o romantismo, 264; e José de Alencar, 268 Ataulfo, v Paiva, Ataulfo [Nápoles] de, 19
ecolanas sociais, 153, 308 nº 30; e burgue-
Atlântico Norte: e relações neocoloniais com
Andrada «Silva Filho, Antônio Carlos Ribeiro de, 119
ria, 185, 193; é moda moderna, 186, 187; sia, 188; e elite carioca, 245
Antigay, Blanche d', 203, 323 m 53
Atlântica, avenida: 56, 67,
o Brasil, 11, 90, 42, 66, 84, 143, 182, 185,
207; como modelo de mudança, 23, M, 48,
267; e tecnologia, 48; e Civilização e Pro
gresso, 48; v. 1h. Estados Unidos; França, Inglaterra; Paris
atrizes francesas: e a moda, 189, 320 n 16;
a elite, 136; segundo:
lho ol Bd. 139, 150;
ea prostituição, 189, 192, 196, 222, No n 16; no Rio, 192, 196, 203, 206, Avenida Central, w Central, avenida Azeredo, Antônio (Francisco) de: no Cassi no Fluminense, 94; no Club dos Diários, 96; e Rui Barbosa, HO, 116 carreira e ori
gens, 116, 117, 144; papel na belle époque, MT, 8, 134, 137, 141; e Josquim Murti
nho, 123; e relsções com & elite, 128, 117 Azevedo, Aluísio [Tancredo Gonçalves de) 214, 222
Baependi, Manuel Jacinio Negueira sta Cia ma, marquês de, 89, 181
Bahia: e Abolição, 28, e Canudos, 29, F54, e origens da elite carioca, 90, 91, EM, e fa
milia Barbosa de Oliveira, LOM, 146; e
conde de Figueiredo, Mt; e Punto de Por
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Paeto do b onde Sobre m Caruado ilheras fá Ouvidor, 19 4; é Hrhisp bario, 317 p eoria hi 142; Voth: so b NOMES es cíficos pa
bairros, “luz Verm Balzac, Honoré elha”, 263 de, 188, 214, Banco do Bras 234, 249 il, 90,
92, Ft, 115 bancos, y ec onomia é fina nça Barbosa de Ol iveira, família, 108, 143, 146 Barbosa Íde Oliveira), Ru i, /49, M$ é Ph Cilhamento, 30 , 31, 108, Miçe a filha ria] Adélia, 15,0 0 Clube Beethove [Ma e Club dos Diár n, 87, ios, 96,1 do
s Diários, 105, se nador pela Babia, 0;
Papel na alta Soci edade, 110, 134; quai dade Tepresentativa , [10, 134, 137, I4l ; é Francisco Mayrink, Ill;ea nova elite caroca, 116;6 Antôni o de Azeredo, 6, H& ; relações de família co m Os Azeredo, Há; e Bebê Lima e Cast ro, 122; é Joaquim Murtinho, 123
Binóculo, 0, 15%, 56, ve. mm Bloco, VOS, tom, HH, 86 em
; e relações com à elite, 128 , 137; e literatos romântic os, 223; como rePubl
boémia dererada, 244, 348. 344
Bobmios erigeeca nis 295.4 «sado Fiha, IO, 6 Oba Bs , 1% e sata tô, 237; aeistincia de ilivcs Dat ci,
icano, 282 n 10; e reputa ção de Haia, 299 n 13
Barreto, [Afonso Henriq ues de) Lima: orige
ma Barreto, 255; quo Nes
carreiea, 930 n 36 bo
ns e apadrinhamento , 137, 256; realismo de, 250, 257: marg inalidade, 254,
héme dorée, a Em Bois de Bendtogne, 5%, 43,7 Boi
256-8; formação e obra, 256: 9, UA, Ideal literário, 256, 257, 258; capaci dade adaptativa, 257, antagonismo em rela ção à belle époque, 257, 258, 260; € Eucl ides da Cunha, 257, 258; e insucesso, 256, 259,
s de Vincenges, 5
Boidii, Chove, 99, 286 1 “ bonde, 46, Wi, VAZ, 194, 149,95 4 n AZ, HT nas
borracha, 145, 144
mei 259, 269; e bovarismo, 260; é Ma-
Bosi, Alfredo, “wo sã ces
chado de Assis, 261, 262 Barreto, [Alfredo] Coelho, 241
Barreto, [de Menezes] Tobias, 215, 250 Barreto, Joaquim Francisco Alves Branco Moniz,
da elite, 48, 4 , died
90
barroco, estilo, 62
Barros, João do Rego, 96, 122, 133
Barros, Maria Eugênia Monteiro de Barros,
batalhas de flores, 67, 291 n 102
Pia
Sonisa,
Beaux-Arts, estilo, 31, 62, 6, 249 n 63
ga
Deren 390 5700 pintura
2
des Tae,
Bourget,
2, UA
a
a
belas-artes, 209, v, th, nrquiteruea; Hterattra; música;
Ta
e bs
125; e om passeio
em,
DO
bazares, 187
gre hi
Aueraão, 18, e mind
condessa Monteiro de, MI, 4
Bauer, Harold, 87
itens
Botafogo 45, E temo ta io dia so 129, 14,25 aaa
8,
ria,
02
ae
É
pe)
am
dos, as
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dois td,
do decoração, da rat p
E &
207; € . e relações culturais, 182,
belle ie co literatura, 212, 213; é carioca, 267
80; e
e e o e
7, 48; é Colégio Pedro 11, portugueses natos titulares, 89,
franceses émigrés, 121;
nromânticos, 213; e pós-roma
nte, tismo, 214; Igreja e ecletismo domina
ua
Brasil, africano, 71, 72
Briguier [livraria], 231
24 Brito [Francisco de] Paula, 218, 327 n
Broca, Brito: sobre os salões de c. 1900, 141;
vida literária c. 1900, 215, 268; sosobrea pre os boêmios, 229; sobre a “'latinidade”” 235; sobre o impacto de 4 esesacismo, finge, 245, 246, sobre a misoginia literáda elite, 276 ria, 248; fonte de enumeração
Brummeil, Geogre Bryan (“Beau”), 188,
189, 320 n 12 Buenos Aires, 12, 54, 55, 203 bulevares, 51, 52, 57, 58-61, 65-7, 196 burguês, 319-20 n 11
burguesia: 185-8, 268; francesa, 176-8, 192 burocracia: recrutamento da, 21; residências
da antiga elite, 171; e rua do Ouvidor, 194; e românticos, 216, e Machado de Assis, 219, 225, e boêmios, 237; w. tb. Estado
café: e economia
a 20, 2, 25, 30, 144; regional, E
€ políticos republicanos aeee
Monardaação Rio, 42, 43, 46; e consolid
Pe ad, 1; belle pq, 61; or.
cafés cantantes, 192, ”3
cafuné, 163 cais, 46, 54, 113
Cais, avenida dos, v.
Socorro do Rio Caixa Econômica e Monte
de Janeiro, 90, 92, 15
. es), 324 n21 calle Florida (Buenos Air cria a); é qui Câmara dos Deputados (Monar
Saise de 1868, 22; e golpe de 1889, 28; e Joa e 138; ro, tei Mon iel Mac e son, 131; r,
Ouvido quim Nabuco, 148; e a rua do
194
campanha civilista de 1910, 109 íodo Campo de Santana: 45, 56, 58; no per u, 53, zio a Gla de colonial, 44, 45; reform bae , 57; sos a Pas eir Per a de 194; reform talha das flores, 67; e residência da elite, 181; e rua do Ouvidor, 194; e prostitutas,
203
Campos, Bernardino de, 34
Campos, Cândido, 242
Candelária, rua da, 58, 129 Candido, Antonio, v, Souza), Antonio Candido [de Mello e
Canudos, rebelião de, 29, 36, 253, 255, 284 n43; v. tb, Cunha, Euclides (Pimenta Rodrigues) da, Os sertões
capoeira, 195, 312 n 92
Carioca, aqueduto da, 45, 181
Carioca, largo da, 58, 100, 129, 201 Carioca, rua da, 56 Carnaval, 57, 61, 71, 236, 291 n 1 Caruso, Enrico, 102
Carvalho, Elísio de: citação sobre Maciel
Mono ação sobr Joaquim a ja
o ã çmul es d; re as her » 140; cit soba s, oli róp re Pet o sob açã cit e, 163; elit , 179; 179; pa-
pele carreira, 244, 245; como esteta da bel. le poque nte,E
é decade
é
a
nio Peixoto, 246
244, » 245; 245, €e A Afrá.
Ino Fl é PAD 87,4, TI, 194;o) adnade o,o 88-e91;» veusseumem s mybros no Se-
gundo Rei
República Velha, 91, 92;
probi embros na
o dé, emas ceiros, 9; Impactdas
iva de andasraç de 180 1890, 93; tentat Fecupe q fusão belle épo
rios, 93, 97; mi
193, 147, 153, idea DOS Inembros, 93.5,
pão Reinado, 95; 6 dos
o do co
Diários, 96; membros compar:
Diários, 99, 100; comparação com o Tea. o Lírico, 103; e o conde de Figueiredo,
= nr iered o, 12; er te, 129, e
Hj comparado aos salões, , 137; 5 e a rui
come
do Ouvidor, 194; como fonte de lista dos
apa
Fimibros da, lite, 216; quantidade de membro
Con
Camtelo, morro do, 43, 45, 60
o ci
cai
Eae 2s, no
a
og
E
ado
a
een
do
E Maua
Usa
nai 20; falta de atenção à, dg. Ee la, sob
E
re a educação, 75: e oco
de Lima e Silva, duque
pa
epa
verao PÉ,
brasileira: após a Guerra do
.
a
n gueiredo, 111; e mobilidade a E
atração comparativa do Rio, 211; impac. to da geração Pós-romântica, 21$: e pv:
ts de ovino rerminas
254
Ri,
Ee
ço na TOR 357 1 6;
E,
o pb E
de Santos), 125, 304 n 86; e
)
popa, 49, 50; latino-america-
Artes e Comércio, Escola Real de
cientificismo: 255; nas escolas militares 27;
É com
a elite, 129; e o codend Paranae guá, 135;
ea rua do Ouvidor, 193; «
a literatura belle époque,
CIDA € vigios
Ouvidor ruado cidade,
814
Doc906, 279,am 280 m BP ir e
E pi
DaeoOlavo de BiMulheres, 204; e bogpa 222; o avo Bilac, 235; ; e João So,ms
e Lima, 122, 123, 128, 145, 164,
132,5: 78,18
tradics
O, 201; e bairros da “hz
Cast oro [Filho], João da Costa Lima e, 122,
Cate 88,, M ate o
E da elite
ajige [7 17 e aç SOMO eidnç
s,
a
es da elite, » 169, 163; q e
H
NO pensamento pós-romântico, 214, 220, ; na geração de setenta, 214, 220, 250;
j
a crítica, 250; em Euclides da Cunha, 27
rua dos (rua da Constituição), 2% I
fantasia da: e Avenida Central,
formas do Rio, 69, 70, 267; deecletismo, 178; e Petrópo“adaptação de formas cal
«a ve nense;
Club Neethoveny
Derby Cluby; Jockey cocodette, 190, 204
66; no Teatro Lírico, 103; na Cidade Volha, 129; nos salões, 131, 142; e presentes de casamento, 151; nos encontros da alta
Club dos Diários;
sociedade na Monarquia, 152, 161; e evo-
lução do papel das mulheres, 163; e cultum burguesa francesa, 177, 268; e pros
91, 94, 212 Universidade de, 24, 90, n DA E 015 , Colbert, Jenn Bapiiste, 175
Brandão, 16 “olégio religlonos, 80, 294 n 2s s Ei ltge de Colltge de Sion, v. Slon, Col23 2, Colombo, Confeitaria, 22 colonialismo, 1, 12
colunas sociais: o conde de Paranaguá 136; disseminação, 1535, 308 130; siedade social, 153-6, 308 n 30; e
nas,
e an-
Figuei-
redo Pimentel, 154, 243; e João do Rio,
243; e Mteratura, 246; e Lima Barreto, 257; como fonte de nomes da elite, 276; v. th,
Binóculo; Normas de polidez comédias leves francesas, 101 comércio; e origens do Rio, e função do, 30, 3,43, 54; e ocupações da elite, 89, 92, 95, 134, 133, 136, 149, 278; e família Rodri-
ques Torres, 92, HA, 149; e 0 conde de Fi-
nueiredo, HH; e barão de Quartim, H4; e o conde de Paranaguá, 135; e família Teixeira Leite, 146; e família Gomes de Carvalho, 147; família Soares Ribeiro, 149, é comerciantes estrangeiros, 1 rua do Ouvidor, 191; v. tb, artigos de luxo; em-
tituição, 190; ea rua do Ouvidor, 195, 196; e estilo de Coelho Neto, 240; e estilo de João do Rio, 241, 242; é estilo de Elísio de Carvalho, 243; e à belle époque, 268
Copacabana, 47, 56, 57, 135
Cordeiro, Heitor, 133
cordões, 57, 71 Correio da Manhã, 230
Correio Mercantil, 90, 217, 218 Corte brasileira: e a elite carioca, 94; e o Jockey Club fluminense, 99; e o salão de Nabuco de Araújo, 136; e família d'E; cragnole, 146; e família Taunay, 146; e aristocratas franceses émigrés, 146; e família
Ribeiro de Resende, 147; e patrocínio da
cultura material francesa, 175
Corte, francesa, 131, 175, 186, 189 Cosme Velho, 47, 48, 181, 261 Costa, João Cruz, 177
Costa], Luís Edmundo [da: citação sobre o
Rio, 71, 72; citação sobre a influência literária francesa, 140; citação sobre a rua do Ouvidor, 195; citação sobre a moda,
presários
201; citação sobre Machado de Assis, 263;
companhias curopéias em excursão, 101
compras, 185, 188, 191
Cotegipe, João Maurício Wanderley, barão de, HJ, 131, 134, 137
Comte, Auguste, 214
Conceição, morro da, 43, 45
sanada
como fonte das listas da elite, 276
públicas, 87, 234, 239, 242, 249,
couturiers, haut, 189, 190
crianças da elite: e preocupações econômi-
cas, 144, 169; como tarefas da mulher, 159;
Congresso (República Velha), 29, 35, 38, 39
Conselheiro, Antônio, 36; v. (b, Canudos; Cunha, Euclides [Pimenta Rodrigues] da;
e dona Júlia Lopes de Almieda, 165; nos
lares da elite, 166, 169; e mortalidade in-
Os sertões
fantil, 166, 169, 312 n 90; seus nomes, 166; e distanciamento dos pais, 166, 168; e pa-
Conselho de Estado, 22, 91, 294 n 21 n
pel dos negros, 166; sua educação, 166; sua
»do imperador, 91, 92, 96, 294 n21
socialização, 167, 313, e mundo domésti; familiares, 167, co, 167, 170, 180 e papéis
tdo; e recrutamento regio-
ds 21; € 0 duque de Caxias,
168; e laços afetivos, 168, 169; e compa-
ea crise da Monar-
cariocas do Rio 4 54; 6 0 | e marquês
e fluminenBranco, 52; marquês de de Parana-
1, 4 Magalhães), Benja-
ração com a criação européia, 168; sua
inocência, 312; v, 1b, educação; Pedro 11,
Colégio; Sion, Colltge de Crise de 1868, 22, 282 n 7 crítica literária; pós-romântica, 214; disjun-
ções e antoganismos, 216; e José Veríssi-
[de Botelho
mo, 226, 251, 252; seu impacto, 230; e Silvio Romero, 250, 251, 252; e Os sertões, 255, 256; e Machado de Assis, 262
da, 38, 112, 317 n 142
picuo; na Avenida Central,
365
crítica sócio-política, 214, 249, 250, 251, 253
e clubes cariocas, 86, 97.10
críticos pós-modernistas, 215, 240
100-4; e salões cario to mundo”, 131, 132; e a Pa
crônicas, 219, 230, 237, 262, 265
Cruz, Oswaldo [Gonçalves], 55, 63 cultura africana, 167, 173, 312 n 92
cultura afro-brasileira: e reformas de Perei-
drinhamento, 158, 159:
ra Passos, 71-3; seu contraste dentro da educação da elite, 86, 166, 170; e lares da elite, 169, 180, 313 n 95; contraste com a
te, 163, 164, 165; arqui
decoração, 170, 174;e gosto
tação da elite, 176-80, | 178-80; e local de re: consciência dela e neoco) 185, 272; suas origens e fe cadoria, 185-90; e fetichism: ria no Rio, 190-2; significa: rioca da, 193, 27 ; na rua do 193-6; e vestuário, 220, 201; e p; 202, 204, 205, 206; su
rua do Ouvidor, 195; e literatura, 209; e música, 209, 210; e Olavo Bilac, 235, 236;
e João do Rio, 242; seu impacto, 312 n 92, 313 n95
cultura alemã, sua influência, 214, 230 cultura burguesa,
176-8, 187, 190
cultura carioca, alta: e meio neocolonial, 41;
continuidade, 42; recusa e evasão, 67-73; ecultura afro-brasileira, 70-3, 85, 235, 236; e relação com o poder, 129; e crescente influência francesa e européia, 131, 209-11, 230-3; e fantasia da Civilização, 209-11; e literatura, 209-11, 229, 230, 233, 239-41, 243-6, 249; e arquitetura, 211; seus aman-
a elite cultural e social, alta cultura carioca, 209-11, 2
220-3; e a Academia,
226-9;
da belle époque carioca, 26
lidade literária para, 267-9; e
estudo, 271-3
cultura: 11, 12; v tb. sob tipos Cunha, Euclides da: crítica soc
tes, 230, 243; e “latinidade”, 235; e João do Rio, 243; e mulheres da belle époque,
255, 256; vidae obra,
248, 249; e Sílvio Romero, 250-2; e José Veríssimo, 250, 252; e literatura da belle époque, 267, 269; sua natureza e papel no
nalidade de, 253, 259, 260;
setenta, 253; e Os sertões,
n 43; isolamento entre os litera:
presente estudo, 271-3; v. tb. arquitetura; literatura brasileira; música; pintura bra-
253
sucesso, 255-6, 259; e Lima Barre:
sileira cultura de massa, 57, 71-3, 85, 269
dândis, 188, 196, 200, 242 decadência, 232, 245, 0a
cultura européia: seu papel no Rio, 11, 41,
decoração, 172, 175, 207, AG
131; e “modernizadores”, 27; e reformas
e a perdo Rio, 67; e a educação, 75, 167;
e valor, 178, do Brasil, cepçã o 84; seu uso
180, 207; sua influência, no Brasil, 183;
e neocolonialismo, 183, 185; e a rua do
Ouvidor, 194; formas não modificadas no Rio, 195, 196; seu impacto literário especial, 268; impacto do pós-guerra, 269
cultura humanista, 75, 76, 80, 82, 85
cultura urbana, 11, 12, 20; v: tb sob outros tipos de cultura
cultura, paradigmas da, 11, 12; e republicanos, 23; e modernizadores, 27; e mudan-
ças, 41; e reformas urbanas, 44, 68-72;e melhoramentos urbanos, 48, 49-52; e tece educação, nolog ia 49; e desenvolvimen-
to brasileiro, 54; e repressão cultural e re-
forma, 57, 67-72; e a Avenida Central, 61,
Ra
va
da elite, 75, 76, 83-5, 63-70; e educação
366
qurdiie Di 4 79 race
jo brasileiA Ss7, 178, na ue 8; a ia
fi
a, Ea a 184; 1 pp , 8 7 1 , , e -6 B s aima DO nei 2H, 2 ria francesa, mbalina, ra, 211; reforma po ,
, 23, 133%; 29; e polítio, ca da déca 1889, 28,
edito agroexpo!
ja)
32, 349; e pera
da de 1890, 29, 30, 94; inf que, 402; exemplos cariocas,
lira, 115; poder SE las elites luso-brasi lo, 143, 14% Estad ão aona relaçio trademic
E w th elites regionais . ablic repu 21;e a, rqui Mona e elite paulista:
nismo, 23; e abolicionismo, 25; política da década de 1890, 34-40, 41
elite tradicional: 145, 147; e o Encilhamen-
ntra62,l,671,, is, esto aaoAvendaidaCoCe gi lé o Pedro
8a xo et
e moda, 199; ideologia edlética, 177, 178; -
ecle edad Jaz, tiMá 109% 4 1 BRR aa
, 178, ideologia, 24, 177
E
to, 32;e Floriano, 33; mudanças urbanas, 41; desaparecimento, 100; famílias exem-
plares, 145-9; w. th. elite agroexportadora
elite, grupo de, 275, 277, 280 elites regionais; divisão, 21, 25; política da
década de 1890, 29, 33, 38, 117; Regên-
cia, 42; representação, 282 n 6; v. tb. elite agroexportadora
émigrésno Brasil, aristocratas franceses, 121, 146, 181, 212, 313 n 93
empirismo inglês, 214 Tapio
E
sinamens en, i 626; At
ni em
13, 182
St
ondas
Rs
ças
Papai
afro-brasileiro, 71;
da elite, 167, 169; lar:
169, 180, 308 1 25, 314 n 103; ns
sexual, 202; seu número nos lares,
103; v. tb, escravos; negros
N
314
ae a
i ana o, 282 110; entre à 92,27, 94, 96, 128, 132, » 133, 134Ro 278; melhoramentos ,nos137 4
empresários: entre os “*
Senhei
engenheiros, engenh aria:
& Pereira Passos, 49; : elite, » 49, 133; e formação pi sa, 49,63;€ formaç ão Carioca, 49, 63; Bi sile infra-estrutu g eo tin, 54, na
113; Brasil
e sofisticação dos, 55; e Sousa Aguiar, 65; e Paula Freitas, 113; e Vieira Souto, 113 , 133,287n76
;c0 Club de Engenharia, 14, 194; é família de dEs cragnolle Dória, 121; e Júlio de Para na-
guá, 135; e Euclid
e Família, 143;
SE Olive
o Unidos, E)
i gundo Visconde lanue de, 89
Estrela, Joaquim
Man ha, » 253, 253, 25. 254; visi no censo, 278; vb.es EndageCun nh aria, Club d. Estela Josi Engenho Novo, 43,4 , 7
Engenho Velho, 43, 47 entretenimentos da soc iedade, 87, 104, 105; vi tb, clubes; salõeE s, carioE cas; Teatr o Líri-
o Teatro Municipal Ê
entretenimentos
161
domésticos,
87, 152, 160,
entrudo, 57,7
epidemias, 49, 52, 53, 54, 287 n 76 escolas militares, 26
rão d 8 E eliueça, 1 o Eu, Louisa Gaston Eugênia, pen
vel MonOmi ti
pi
Se Maia Mon
Od”
a Conde d g )
Europ comérEpoqu cio e com Rio, o , noSianafo ção a:na ebelle carioca
Íheres da elit, 163; viagensda cs e influência cultural frances a, 175;
mação da elite, 178; emergência y do fa
chismo da mercadoria na, 185, 190;
escolas técnicas, v. escolas militares; Politéc-
tidade simbólica com Petrópolis ea ra
Luís Gastão
de para moda européia, 197, 198; maior tensão e atividade sexual da elite, 205, 6
nica, Escola
do Ouvidor, 193; sua maior adequabilida-.
sua influência na música, 210; e pensado-
res deterministas, 214; e Machado de As.
sis, 261; v. tb. Atlântico Norte; Françalo; glaterra; Paris
Eusébio de Queirós, rua, o
evolucionismo, 214, 250, 2:
Exército brasileiro: e a Guerra do a 26; e camadas médias, 26; €08 de
nizadores”, 27; e a Questão a 29; e o golpe de 1889, 27, 29:64
de 1891, 35; e Canudos, 36;
,
E
ição, 25 € sociedade, 19; e Abol131, 133
ie 89, 93, 94, ublicaç) da e lite Oo 25;20;aprepoi à oCoEcionismo, ision lic abo ça ea o am pela crise, 32; €
te carioca, des da elite, fa41;m e eli rbosa de Ba e 9; 14 990,94, 146131, e família Sousa Queirós, Die, 15; efaLeite, 146, 8; e família Teixeira , 147 riquezdea, alho rvs “ia GodemCaee duleo, 160; seus d SãoaPa em i c o s a Cat ; e números do 216 , tos era lit fihos como m 76 feamsarela, 166, 119, 287/n Feijó Júnior, 63
de dea burguesa, 188, 190; elojas 193, 196, 197, 241; e literatu-
fluência na vida noturna carioca, 86; aristocracia da Restauração e o Jockey Club, 98; sua influência na elite do Segundo Im-
Ferreira Viana, praça, 58 Ferrez, Marc, 61
ierrovias: primeira, para Petrópolis,eir46;a PasPer eiros, 52, deto, 90; e o o Boni Rin do o 107; € o visc
, 92; e Paulo de Melom de e barão de Hom tim, 115; Quãaro
de tin, 13; easo b128a, r 131; e ordem neote, ir eli da re ar ec colonial, 183
ta
e an, 190; emera eua rodo,péia190do, , 193185 iioc ; e fantasia de “Bência car lidae
Coelho Neto, 240, 260; e Sílvio Romero,
232, 250 “fin-de-siêcle francês, 215, 231, 232, 239, 240, R 250, 264 rro residenFlamengo: 45, 47, 58: como bai ormas de cial da elite, 48, 129, 181; e ref Paulo Pereira Passos, 57; e residência de Lim a e a de nci idê res e 114; n, de Fronti Castro, 122; e residências dos Guinle, 125; e residência de Coelho Neto, 238 Flaubert, Gustave, 214, 231, 239, 258, 260 florianistas, 32, 33, 35, 36, 224, 285 Fluminense Futebol Club, 238 fluminense, elite, 42, 237 folhetim, 230, 231, 237 Fonseca, Deodoro da, 27, 29, 32, 35, 19,237 Fonseca, Hermes da, 109, 300 n 17 França: como modelo especial de Civilização, 49, 131, 184, 197, 267; como fonte de tecnologia, 49; e Pereira Passos, 49, 52; e gosto arquitetônico, 62, 67; sua centralidade nas reformas do Rio, 67; sua influência no Colégio Pedro 11, 76, 78; sua influência na autopercepção da elite, 84; sua influência no Collêge de Sion, 81, 83 sua função na belle époque carioca, 84;
feminismo, 248, 334 m 121
pe
, es comparado aos “novos homens 1900, 116; e relações com a elite, 128; do, 317 n 142 dereços Heloisa de, 96, 112 e an 112 Figueiredo, José Carlos de, 96, iad negligenc o, carac- 219; fin-de-siecle brasileiro: condenado, 215; e Brito Broca, 215; o, 215; terísticas, 215-6, 232; e mundan;eismestilo de 231 215, sa, nce influência fra
com a aristocracia, 187, 189;
sua percepções sobre o Brasil, 84; sua in-
pério, 131, 138, 142; sua influência nas re-
feições, 142, 156, 180; e preocupação com boas maneiras, 156; e modelo para as mulheres, 165, 303 n 80; sua influência na educação das crianças, 167; sua influência na arquitetura doméstica, 171, 172, 174;
sua influência na decoração, 172, 174; e
origens do gosto carioca, 175; tradição
acadêmica e artesanal, 175, 315 n 115; e ica são Mis
Artíst
Francesa, 176; e a vinda
e, 175, 212; imigrantes da, 176, 212; da Cort parações socioculturais com oBrasi IL com
176, 178; cultura burguesa na, 176, 178º 176, 178; à,
seus imigrantes e bai
Taba » ADE, 186, TRO188,, 19 189;
CA sTOCdeaS,ep181;a.e c loja
mentos, 187, SS e prostitu ição, 189, 19 0; Somerciantes
E das 19
CASO da merc2, 202, 209, adoria, 1
, 19)
205,
x
VS Com a Ingl lações cui. aterra, 194 Te 196, 19; ficia mus NO ; sua influê ncia na Acia na litera tura,
Gamier, €
Garnier, Li y
boêmios, 22%eo 32 7 n dg €
Garret, AlmeiMachado. ms Gávea, 43, “ 71
Guzeta da
j
de Notíci € Escragnoli as;e e Bia; origens, Di Olavo Bilae, ; e beijo, Báe 244; como. font ) e de
Glaziou, Augu ste 28n876
irona
ea da elite, 78 , 82,
helenismmo, 234, 240 97, 297 n 61 Elkim,
U
Lacarioca, 19, 40, 42; da América
é Pereira Passos, $2, e o barão de Drum-
mond, 89; e papel modernizador no Rio €. 1900, 95; Light and Power Company do
Rio de Janeiro, 109; e o conde de Figuei
redo, 11;e Paulo de Frontin, 113; e a fa-
mília Dória, 121; e ocupações da elite, 128
Inglaterra: modelo de Civilização, 49, 267, fonte de tecnologia, 49; parques e refor
mas urbanas, 50; e Pereira Passos, $2;e curriculum do Colégio Pedro n, 78; tea
horizontales, 190, 192, 196
Hugo, Victor Marie, 220, 231, 255
232, ,240 231, rl 216, Ka Huysmans, Joris-
Hyde Park, SO, 72
idealismo, 214 Tgrejá: representada na Avenida Central, 62, 64; escolarização da elite, 80; e Congré-
qgation de Notre Dame de Sion, 81; refor-
ma social e evangelização, 81; e Fernan-
“do Mendes de Almeida, 92; e prestígio
“social, 112, 116; como local de encontros “amorosos, 150, 163; seu reforço literário Brasil, 211; como alvo do cientificis-
tros e clubes cariocas, 86, 95, 98; e Jos quim Nabuco, 139; preocupação com etiqueta, 156; modelo para as mulheres, 165,
168; e criação dos filhos, 168; e modelo
de jardins, 172; influência sobre a decoração, 173, 175; comerciantes, 182, 191; centralidade, na ordem neocolonial, 183; sua cultura e mediação francesa, 230; e moda, 185, 186, 188; e lojas de departamento, 187; fetichismo da mercadoria, 193; relações culturais com a França, 195, 196, 197; maior adequabilidade para a moda européia, 197, 198; vestimentas, 200;
e origem das idéias pós-românticas, 220, 250; mediação francesa da cultura, 230-1;
sua literatura e Machado de Assis, 262 Inhomerim, Francisco de Sales Torres Homem, visconde de, 137, 217
Inohan, barão de, 147, 307 n 14
Isabel, princesa, 88, 181 Naboraí, José Joaquim Rodrigues
visconde de, 92, 147, 307 n 14
Torres,
Hália, 3, 101, 172
Itamaracá, Antônio Peregrino Maciel Mon
veiro, segundo barão de, 137, 134, 139, 217 Itamarati, família, 90, 11$ tramarati, Francisco José da Rocha Leão,
primeiro barão de, 90
Itamarati, Francisco José da Rocha, segun do barão [depois conde) de, 90
Jtambi, Cândido José Rodrigues Torres, ba ão de, 147, 181, MT n 14
família, 294 n 22
32, 33,35,37,39, 4h;
HE
mem, visconde de
radticais urbanos
dd flo
Januzzi, Amônio, 67, 97, 514 n 104
Jardim Botânico, 176, 182, 288 m 76
Jardim Bosânico, Ferrovia do, 182
NA
th parques
Vas ce
depois rei de Por. ci
sob, 44; aumento da in-
$a, PR, A; ed er
€ ndemaficaçdo Ronda, VIR Pet as fesrimas cradaais ar RAN, 188, 22%; medo a Frog , PRB tea
;
de Dito do Ra Sets Enix Desoe t te, a,
Rixetra, De, as 15) U
O fude Uurques,34,
cs PET, 2
s 226, cia da Atademia ân rt po im ; 24 22,2 e público leitor belleE 229; e impacto do 2, s, de sitcle francê quie, 230, 334; fin mo €parnasianismo, is am n 66; simbol to comparativo, — ri st re 233: público belle ade”, 233; estilo id in at “l e o Em mun241, 245; e “alto époque, 236, 238, isrn impacto do jo al do”, 238, 244, 245; 246; como é coluna social, ma, 241 s-naturalismo, =, mercadoria, 244: epó op
1 eSe qnosi, r feeds
=1s, 230 e Paris, 2 :
ação
as
ES
+2>, e mobilidade Quvidos 2185 e Ma
mulheres, 247:º 260; e papel das 29, da belle époque, ção às tendências mero e José
v io Ro 260; percepção de Sil ção de Euclides da Verissimo, 251; posi o, 253; fracassos € Cunha é Lima Barret ue, 260; é Machasucessos da delle époq tureza não cumudo de Assis, 263, 267; na bei-
ado mais amplo da ativa, 268; signific ibilidade especial te époque, 267, 269; sens ropeus, 267; difepara os paradigmas eu e épo-
o leitor da SS 256 é impacto do públic dução do frane eso, 230, 234; tra
e francês, «és Dt; reação ao fin-de-siêci , BH e
rica da bell rente qualidade eurocênt
236 23 e Olavo Bilac, 234, 335, que, 254: epo le bel da o ess Sarerera do suc
que, 268, 269 ão da elite, 75. hiteratura francesa: na educaç
Ri, 122; 76, 78, 82; e Escragnolle Dória, uquim Nab € Maciel Monteiro, 139; e Joa
243: >44, 243, 259; e Figueiredo Pimentel, es , Lop a ho e Júli al 244; + Elisio de Carv
salões cariocas, 140, 142; e mus co, 13e 9; e demi-monde, lheres da elite, 163, 164;
é Almeida, 247, 249; oposição à delle
epoque, 349, 256, 259, 26% e Sílvio Ro251, imo, mesa, 250, 259; e José Veriss250,
252 259; e Euclides da Cunha, 253, 256,
257, 259, 260; 256,o, 253; é Lima Barret e époque, 267; seu e papel especial na deit Lars oi
tinidade”,
; é simbolismo, 234; e
é Coelho Neto, 239, 240;
e Olavo Bilac, 239; e João do Rio, 241, M3; e Júlia Lopes de Almeida, 248; e Lima Barreto, 257
12% literatura: e carteira de Inglês de Sousa, devos objeti e 120; a, carteir de a e escolh ções disjun 4; par istas termin
ragonismos, 216; como uma mercador a,
244; como
intismo francês,
21 , 213,
BIZ, 213; missão român-
Dgresso
e Civilização, 214;
213; e geração de se-
; e fin-de-siêele,
215,
à alta sociedade, Ação fetichismo de consumo, & Civilização, 216; e mo7a as 9, 248; elos comcom jor-
A
pio.
BS; origens pás-ro-
santuário, 251; vo 44x, literatus
ra brasileira; literatura francesa Livramento, morro do, 43, 45 livrarias: da rua do Ouvidor, LO, 194, 218y na Cidade Velha, 129; e literatos, 194, MS, ses e o ramo livreiro, DIS, 2M, 826 n 24; v th Garnier, Livrarias Laemmertl, Livraria Livro das noivas,
164, 247, 248
Lobo, Laurinda Santos, 123, 124, 127, 128,
164, 249, 2 2 79
is
Roberto Jorge Haddock, 89
ondres: Campos
Tancesas, 220; e boêmios,
ramentos
383
5
IS R
:
tdo aa ur 467 8 teform
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Dana, sa, Origem de citros qm, ” NOR, Commitinr indo a
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Bruemmei!
188,
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drtaqem de huma, 19] é EA tua do Cru ridor, r9%
Na, 216,
93,93,
5
24, 239
Meneses é Serra, hucho ds Pr ima m
Emílio de, 104 4
percado. burguds achem,
MM
sm
Meriti, Mane! Loçes Premra Natas cum de de 1
Mestre Vdensom é seios vasensom ta ro
Eu
do, 264 18
em
dos qorermadono”
A, vo4 t funo De
Me, dA A o Ssda A 5
in, 56
Basil
1; como fenômeno no 185, 187; e Beau
6 ag e a imperatriz Eugênia,
e oria ensiilidade carioca, a 191;e InglaFranç na s partilhada o significado carioca peculiar,
1h. vestuário; moda
e de 200, 201 o 14,185, 187, 196, 198, 318 1 4, 323 146 qa de 1922, movimento, 215, 269
demizadores”, 21, 32, 282 inha,
a
209
mudança e crise, 19-27; golpe
de 1889 encerra a, 26-9;
importância do
Rio, 41, 42, 46, 133; consolidação, 40, 42,
46, 192; e o marquês de Monte Alegre, 91;
incertezas econômicas, 134; e padrão de carreira da elite, 133, 135; e dom João vi, 175; fetichismo da mercadoria, 192; ataques pós-românticos, 215, 220, 222, 223 monarquistas: e golpe de 1889, 29; e florianistas,33; € a década de 1890, 33, 224; republicanos de São Paulo, 34; e Canudos, 36, 255; e Machado de Assis, 225; e Academia, 226; entre os brasileiros da colônia de Paris, 303 n 73; e Hilário de Gouveia, 3031 73; e Joaquim Nabuco, 306 n 129, 329 n39
Monroe, Palácio, 61, 65 Monte Alegre, José da Costa Carvalho, mar-
quês de, 90, 9], 136, 145 Monteiro, [Antônio Peregrino] Maciel, w ItaRea ato) Maciel Monradio, Antônio de Maia Monteiro, baAuguste Henri Victor Grandjcan de; 286 n 63, 316 n 121
E
ate, Joaquim José Pinheiro de Vas-
Eoncelos, visconde de, 135, 181
“los pobres urbanos, 71, 291 n 112
Prudente [José] de, 29,
sexual, 161, 162, 204, 206; procriação é cui-
dado das crianças, 161, 164, 312 1 82; res trições sociais, 161, 162; realização pessoal limitada, 162, 165; impacto e simbolismo
dos bondes, 163; novas expectativas pela
belle époque, 163, 164; nova exibição com a belle époque, 163; e nova mundanidade, 164; e Júlia Lopes de Almeida, 164, 241, 249; comparadas aos modelos curopeus, 165, 249, 303 n 80; e a rua do Ouvidor, 194, 323 n 46; como público leitor, 215, 219, 230, 234; e conferências públicas, 234; é João do Rio, 243; e Carmem Dolores, 247; papel na alta cultura, 247, 249; e Machado de Assis, 261; historiografia, 310 n 61; v. tb. Sion, Collêge de; educação das moças mulheres francesas de elite, 190, 204 Miller, Lauro, 55, 58, 63, 252 mundanismo, 215, 233, 235, 244, 269 Municipal, Teatro, 61, 64, 65, 66, 290 n 98 Murger, Henri, 328 n 32 Murtinho, Joaquim [Duarte], 117, 123, 128, 303 n 81 música: e salão, 122, 130, 131, 141, 142, 209, 210; e influência francesa, 131, 141, 142; e mulheres, 122, 130, 161, 163; e divertimento doméstico, 152, 160; sua evolução einfluências popular e européia, 209, 210;
e Rio, 21; ». tb. ópera Musset, [Louis Charles] Alfred de, 231, 238, 255
Nabuco [de Araújo], Joaquim (Aureliano Barreto): 139, 147; e o Colégio 78, 80; sobre civilização e Europa,Pedro 85; so bre 0 salão paterno, 136; como exemplo da elit, 139-41, 306 1 127; formação, car. reira, e casamento, 148-50, 305 n 123; é seu pai, 169; e boêmios, 151, 223; e Acade. mia, 226, 227; e Euclides da Cunha, 255; política, 306 n 127
Nabuco
de Araújo,
família, 147, 148 Nabuco, Carolina, Citação, Nacional de 1908, Exposiç124, 137, 165, 180
Cacio
apéis,
124, 159, 163, 137, 1
Napoleão,
ão, 123
ur, imperador da França,
50, 131
Artur,
324 n 1 naturalismo: e literato s pós-romântio 264; e boêmios, 222; e Aluísio do, 223, 302 n 58; e José VeríssiER mo, 236
fiedade emevolução
251; e Coelho Neto,
, 160, O, 161, 162, 163, 164, 292 n
239, 249, 260) e figo: Lopes de Almeida, 247, 249: ecr 249; e erica crf aso. ela 249; 6 Os sendo +248!
161; ausência de lib erdade
+ 255; impacto do,
375
mn,
Nasnro,
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Demevro,
NA, [Francisco
oilênsico,
208.
2"
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del Paus a,
exis,
Menos manemo,
Pa
MAmbrica Latvia, Brass!
17
17]
12
12
das isudanças,
44.2 Favo oiço, 42, e mefivormncerios inicia, 42. dis true, da olormas de Rodrigues Alves. Sa, sx JAwenida Central, tt, e edu cação o forma Más elite, 64, RS, origens da ciis e voça Com a Mesrcpese, 147 TE, 184; fas
4199, emerpêncaa do, 83; e relações cu
Cone de Jrumdos Opera (Para; Ópera comeentedade. um " Pertóro, 13 emprdamaa. sts 157 € Cortes Cho, lísias da ci oratória, 91 Ordem dem to da, 1,
Oriente, imfhadunto do, 173 Quo Preso. Afonso Cubo de Aus Figos dado, socio e to
msm dos e Roi Must, de Sema, UDO: o sndos do hmm b NES, JO. e Monail
da is, DPS de tenastamema mo o ento
e e e
scimento € o pereira, 69; na 4% iniluênsc ci an Fr , os ss Pa ação, 45, 9» %
N 42, 126; educ astra, família, n, 49, 52, 261, an sm us Ha de cia ancesa € n BO; intluên ja fr
87 n.76, 288
52, 107, a 32, 107: carreira, de 18746, a orm ref de nos pla 16; 75, 287 n 76, 288 n 80; e reformas de n ue
fonório Herm
E de, 145, 147, E ja, 134, 294 1 ca famíli
sa, 287
76, 288 1 80; e 1903.6, 55-8, 107, 58,287 63;n e Teatro MuniAvenida Central, condena cultura tracipal, 65, 290 n 98; Diários, 97, dicional, 71, 73; e Club dos , 137; salão 106; papel na sociedaderep, res106entativa, na, qualidade
de, 107, 110;
e, 128; e cl137, 141; relações com a elitac, 234, 235;
ma carioca, 200; e Olavo Bil vários clude é biblioteca, 244; membro , 297 n 64 ub Cl key bes, 297 n 61; é Joc
Passos, Paulo de Oliveira, 107 Pasteur, Institut, 63 , 222, 226 Patrocínio, José [Carlos] do,; 116 176, 163, 131, 135, 153, bilidade mo e 136, 137 303 patrocínio: e salões,artes, 93, a, elite brasileir , e família ; 176 , 175 social, 144; das , 95; e Teatro Lin'73 origem dos ; e Ma, 237 tos era lit e ; 159 , 156 e, da elit 121, ate de,urs rio, 101; influência dos littér chado de Assis, 265 ncia 131; 268 Segundo Império, influêdo, ro 1, imperador do Brasil, 91, 146ativa, Ped . eres mulh e 139; , 138, eiro é Maciel Mont ro 11, Colégio: qualidade represent Ped anda lite, 163; e gosto do marquês de Abr 76; origens, 76, 293 n 11; seu papel e seus e lojas de te, 176, emoda, 186, 189, 268;to s, alunos, 76, 79, 80, 136, 294 1 22; curris en 191; e comércio de lu187,am depart lo, 76, 77, 78; internatos, 77, 80; socialixo carioca, 191, 234; e a rua do Ouvidor, zação, 79; comparado ao Collêge de Sion, 195; como modelo de fantasia carioca, 81; impacto, 84, 85; e Paulo de Frontin, , 206; eres mulh de ens 196,19, 268; imag s, 113; e Escragnolle Dória, 121; e Ataulfo dantes braesturo 210; eei epintores brasil va, 126; e o conde de Paranaguá, 135; ros, Pai os 213, ilei ntic bras româ siiros, 212; e e literatos, 216, 218; e Coelho Neto, 236; 218, 224; e público leitor do fin-de-siêele, 215,231, 331 n 66; e boêmios, 221; e Mare alunos gratuitos, 293 7 11 26; Pedro 1, imperador do Brasil: e crise de Eros ns 1868, 22; e fim da Regência, 42; e o Coléconferências públicas, 234; e parnio Pei. Pedro 1, 76, 77, 79, 293 n 14 e o visgio Afrâ de m, ora na 234; is Pr de da li ra , nt de e na bell époque Joto, 246; ce con de Nogueira da Gama, 89; e o marquês de Monte Alegre, 91; e Petrópolis, 96, ra ratu lite 331 66;y 1, França;
179; é o conde de Figueiredo, 112; e Pau-
brasileiro, 26, 194, 195, 217
inglês, 138
E E Frontin, 114; e o barão de Quartim,
Eis
; e o marquês de Paranaguá, 135; e émi-
grés franceses, 146; como patrono da li
Parnasianos brasileiros fa-
& boêmios, 222; e AcaBilac, 233, 260; na 234, 235; e estilo de 56, 58, 88, 129, 194
TO] Guimarães, 222,
fisco de Oliveira, 58, 65,97, 107,
teratura, 217, 219; e Instituto Históricoe Geográfico, 225; tugjuval,entude, 261
po v, rei de Por ixoto, Afrânio, 141,
91
Peito, Carlota adro as ixoto, Floriano
27,29;
[Vieira]:
as po
s
e G Penamacor, Francisca Catm, 6, 39,40, 108
Gama, condessa de, 137 on do Valle da
periódicos cariocas: e Abolição, 24; e estu.
377
do dos “lubes e da noite ca r O, W6 ta, 102; es A tudo da elit e, » 1067106; 6 Po 6 be. República V lític; ad, elha, Hg; lite
Siedd ado e e, c19u 00,t 121; * Av rários é alta e Ibos de caç samen.
Queta, 153; e à rua 219,e imagens de mi
ticos, 213; e bo s, 2; e Ac; 226; e literatos daêmio bel le “oque, 230; am. biente e Público leitor belle “poque , 230, 268, 330 n 59; infl 230,327n2Yy;e Pa uência francesa, 217, rnasianismo, 235; e sim. bolismo, 235; e José
Veríssimo, 226, Periódicos france 282 ses, 206, 230
Pernambuco, 96, 131 , 134, 148, 201 Petrópolis: e ferrov ia para o Rio, 46; segreBação e preferências da Clite, 128, 136, 200; eo Club dos Diários, 96; e corte de Joaquim Nabuco, 150; e lares da elite, 17%; significado Cultural , 178, 182; ca rua do
193; e João do Rio, 243; e BI. 244; e Afrânio Peixoto, 257
e educação das
€ Civilização,
POPUÍaçã; o carfoseira, 241 economEia, danças, 41, 46, :q €cr brasileiros, 71,72, 345avoO 63 mu e af te no Segundo Rei nad
Gar nho da elite na bella o,doq|Be ue, p a qtde errante cultura, 19,
dados terárias, 231, 357 gg,0 227749, 5 Fig Senso sobre, 277.8)” "da
dos População Escrav a, 20, 28, 243 ns População
gy
urbana, nº Porto Alegre, Manuel26/ José Santo Ângelo, Manuel Todode Ao ão de Portugal; burocratas br E as, 23; imigração de, 31; tranferência da sede do vice-reinado para o Rio, de Quartim, 115; € Maciel Mon43,0 barão o, 1%, € influência francesa, 173.5, ter 212; fuga de dom João wi, 175; e academias ren, 175; e influência literária francesa, 22. teratura de, 213
portugueses: imigração, 31; no Rio, 33 elusofobia, 33; e elite carioca, 89, 0, a, 4,
146, 147; comunidade de comerciantesa-
riocas e elite, 89, 90, Há, 15, 134,19;e
gosto aristocrático no Rio, 16, ar
de residência, a e e itivismo, 214, 325 n
poeivldas! 27, 33, 24I, 253, 256 Prado, Antônio lda Sia,0 Prainha, largo da, 58, 58,
rainha, ria da, 38 81
oo
Do Io,ngi o1 siooo da o preconceito de classe, pah reform asdo E
1
trópol E
al e cul
:
-
313 193% e si
“doméstico, 186;
he
Redite, Escola do 5.00 | ação, Recife, Faculdade de Direito o qq 21; e filhos de fazendeiros,
+
oe
ção dos rapazes, 75, 148; congregação
o ' : mudanças socialização da elite, 80, 16: 1 a a formação da elite, 4; e Inglês de O e
sa, 118;é € o conde NS! co, de 139; Paranaguá, e vestuário dos es-
Joaquim drag Tobias Barreto, 215; e te e 315, 220, 221; e Coelho Neto, 237; e Silvio Romero, 250
panas: no Rio colonial, 42-4; no
fer “da Monarquia, 44, 48; européias, 49, a
a de 1870 no Ria, 52, 53 sucesso sob Ro-
srigues
Alves, 54-5; e Avenida Central do
Ria, 58-67; significado, 67-73; impacto so
bre as afro-brasileiros, 71, 72; e origens da
elite, 128; e revistas da belle époque, 230; » tá melhoramentos urbanos; relatórios de 1875 e 1876; Rio de Janeiro (cidade)
Regência, 24, 42, 91, 221 aruilbces Scuncesas, 202, 215, 222; polacas, HS; e semeado da elte no Rio,
254 e sermalidade da elice na Enroça,
DE, 205, e gostos sermeis dos homens da die, Dé, 265; « feúchismo, 206
aeção is ams, 105, DO
Reis Filho, Nestor Goulart, 177
Reis, Aarão, 63
Réjane [pseudônimo de Gabrielle Charlot-
te Réjul, 101
Relatórios de 1875 e 1876, 287 n 76 Renan, Ernest, 140, 214, 231, 255 Renascença, 230
rendas, imóveis urbanos, 296 n 54
República (instituição), 23, 32, 33, 34, 38, “1,255 República das Letras, 216, 248, 255 República Velha: fundação, 29; definida polisicamente, 29, 42; e Rio, di, 133; eo Jocpcedo com o conde de Figueiredo, 1IS. Key Clus, 99; e novos membros da elite, 2562. qualiênde reoreseneariva de. 11, 116, 117; e papel das instituições informais da elite, 118; é continuidade dos valores da elite, 124, 224; e Ataulfo de Paiva, 126 República, praça da, 58, 129 republicano, movimento: origens e evolução, 22,23, 273; e golpe de 1889, 27,28: e Flo. iano, 32; impacto na estrutura sócio-
política, “40, 223; papel do Rio, 41; e elite
carioca, 41; e Ruí Barbosa, 108; e Antôaio de Azeredo, 116; é origens da elite caroca, 128; e gerações pós-românticas, 215;
+ jornalismo da década de 1890, 221; bot. mios e a gerução de setenta, 222, 223, 267e Coelho Neto, 237; e José Verissimo, 281. adeptos, anita 282 1 10; v th República Ventelha; republicanos: cariocas, 27, 28,29, 224, 226,
379
Asas “Summem Sqrentcêms
cai o Memes
sas
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sem
4 Aedeesiços,
Do
im
aos 0 UM o mas do culo o mo * mação mma + rosado tatame a ma Cota Qual A ques teca iria + presas = = + tos came ns sermão, mama teresa
7 mm
E são Peso moeda du São Clemente,
e
o
anne
Epa
ja Fernandes Chaves,
condessa de, 90, 131, 137
pe
Barros, 9, 133; de
função, IO, 114,
LGbesa, 30HO, ,132 1, 136, 142, 157; de gipe Rui , Bardo; barão de Cote 11,
181; do conde de Figueiredo, 112, 133; de Padeul Froaotin, 114, 133; de Inglês de
Seus, 3, 20, 132; e Escragnol Dórilea, BB;
emul 122,he 303 n re 80; e Beb ê Lis, 122, 123; eventos, 122, 130,
209; e Laurinda Santos Lobo,
2; duranteo Segundo Reina-
81, 133, 134, 135, 142, 153; disno Segundo Reinado, 131;
Araújo, 131, 136, 139; do
Meriti, 131; dos Haritoff, 131; 131; dos São Clemente, 131-
São Clemente, rua, SE, 109, 120
São Cristóvão, 43, 45, 48, 77, 181
São Diogo, 44, 45, 71
São João Marcos, 42, 126
São João, Real Teatro de, 29%
São Joaquim, Escola de, 76, £1, 293 n 11
São Nicolau, Leopoldo Augusto de Câme-
ra Amoroso Lima, barão de, 89, 297 n 61 São Paulo (cidade): nível cultural, 160, e Naturalismo, 214; e romantismo, 217; seus es-
critores e Lima Barreto, 259; e movimen-
to modernista, 269, w 1h. Direito de São Paulo, Faculdade de
São Paulo (província, depois estado): mudança regional e política, 21; e café, 20,
144; e republicanismo, 23; e abolicionis-
Er, 133; de Heitor
mo, 25; e política da década de 1899, 34, 38; e reforma de Rodrigues Alves, 54: e Collêge de Sion, 83; e o marquês de Monte Alegre, 91; e o barão Homem de Melo, 92;
a elite da belle
glês de Sousa, 18; e Santos, 125; e admi-
» 131; centralidade da 31, 138-42; durante
2, 134, 137, 142, 153,
Varadi, 133; de
128; do conde de
inglesa, 138;
134:6; comparado
» € associação
142, 178; eli.
e os Barbosa de Oliveira, 108, 146; e In-
nistração de Prudente de Morais, 126; e
família Sousa Queirós, 147; sua economia
€ alta sociedade,
160; e Euclides da Cunha, 254, 255; e os Guinie, 304 n São Paulo,
Faculdade de
-
Nena, M A Seta, Ra S as “eo
Re Sinos, Me de vao Sata C + BM, tag Seas, ar BS 3go am » na SsSor
o
, Ro à os À Té A DES,5, De o ça t st Set Segndo Re imão:
BR
ra,
Mensrquio, IM , a ns O 8 Va é Anid aão: + AS eo Soco”, Ve Ago , tos, e Rui Barbosa,
D, TUR dom
181
108
Dantas, rua, 203 Are rua, 58, 14
O Nova, 89 233, 256, 288, 284 43 Tua, SR, St, DS, MO Gs origens, 218; imp 259, 260: Fracasso, 224, acta, 26% e
Sousa, Toão da Cruz
e usa Sousa], Antonio. Candido [de os
Sousa), Washington Lois (Por Souto, [Luis Rafael) Vieira, 1 7” Souza, [João Cardos o. dej Tanapiacada, [João Car do
Spencer, Herbert, 24, 201, 2857 Sublime-Porta”, 263
Suckow, João Guilherme
laide d"Esoragndd as Ade AdriensAimé, 20 Taunay, Alfredo Maria Md nolle Thunay, visconde 26, 30216
vidor, 194; com137; CA TUA do Ou cipal, 298178
do com o Teatro Muni e ingleses,86; antecedentes franceses
teatros: 86; destaque escaráter efêmero no Rio,, 100; papel essenico ial do Teatro Lír
136; €mulhers “il e objetivos, 104, 105,iense do Rio, 196 par da elite, 163; fantasia pec
itares, 27; e educatecnologia: e escolas. mil nizadores”, 27; er ção científica, 2º “mod e Escola Central, 45; 26, r, é Escola Milita 27; prestígio ne26; e Escola Politécnica, ília Escragnolfam e 76; , eligenciável 49, laterra, 49; le Dória, 121; é França e Ing ;
no, 163 impacto da, sobre o mundo feminincia do dem neocolonial, 183; eemergê e or 7 , fetichismo da mercadoria 185, 18 57 , s, rua ita Fre de ira
, 151 ixeira Leite, família, 97, 145, 146, 147 telefonia, 304 n 86
Teresa Cristina, imperatriz do Brasil, 89 Tijuca, 43, 47, 48, 181
Tijuca, Floresta da, 288 n 76 , 203, Tiros praça, 44, 57, 58, 129, 181 9 arino, 20, bri negreiro: interno, 25; ultram Treze de Maio, rua, 203 Uruguaiana, rua, 44, 58, 181 Vala, rua da, v. Uruguaiana, rua Valença, Estevão Ribeiro de Resende, marquês de, 145, 147
Valença, Ilídia Mafalda Sousa Queirós Ri-
de Resende, marquesa de, 145 Oscar, 133
pas 251, 252; carreira € lvio Romero, 250, 6 à geração de setentê, y pel, 251, 252, 259;251; diferencia crítica so250; e desilusão, ancesa, ; € influência fr o licial e literária, 251 vo 252; de çã
de Assis, 251; e Machado 255; € clides da Cunha, terária, 251; e Eu 156 336 n Lima Barreto, 258, ; te: eEugênia, 189 gan ele no ni mi vestuário fe ; forto no Rio, 202 natureza, 198; descon , 201; v. tb. mO200 o, ad ic custo, 200; signif ia pé ro da; moda eu gante: e Beau Brumvestuário masculino ele ; descon-
198, 199 mel, 188; natureza, 197, to, 200; signicus ; 202 , 199 , forto no Rio ; moda euda ficado, 200, 201; ». tb. mo
ropéia século x1x, 53; viajantes: reação ao Rio do Cassino reação ao Brasil, 85; reação ao Jockey O re Fluminense, 88; relato sob
a, 143; Club, 98; observação sobre a famíli ade, observação sobre a alta socied
152,
es, 159, 160; observações sobre as mulher ser-
; ob , 162; preconceitos e utilidade 162 ão aos aç re ; 168 as, anç cri as re vações sob bairros residenciais da elite, 172; reação
a Petrópolis, 178, 179 76, 80, 87 Viana, [Antônio] Ferdereis,ra, Viana, Paulo Fernan
44
vice-reis, 43, 212
Vieira Souto, praça,63,56,66 57 Nie 52, 55, 62, ila Isabel, Comi
Vila-Loto
j
oa
E
elos FO
vinda da Corte Por rtuguesa (1808), 44, 181, 191, 212 Visconde de Inhaúma, rua,
Visconde do Rio Branco, a
seu [d'Angelo], 210 * Viscons,ti,155Eli , 204, 309 n 42 visita
Wanderley, família, 131 Worth, Charles Frederick, 189 E Zacharias, v. v. Góes [e Vasconcelos], ZachaZola, q Émile, » 214, 214, 223, 23) Zona Norte, 45, 48, 56, ro Zona Sul, 45, 48, 57 60, 181
383
Em Belle époque tropical, o historiador Jeffrey
D. Needell analisa, sob os mais diversos aspectos,
o processo de colonização cultural da elite carioca
durante a belle époque, do final do século XIX
às primeiras décadas do século XX. Da urbanização e arquitetura à literatura, dos salões e clu-
bes à escola secundária, da organização familiar
à prostituição, ele mostra como uma classe domi-
nante eminentemente urbana reproduz de maneira acrítica ideais e valores ingleses e franceses.
Trata-se, pois, de um estudo abrangente dos hábitos e noções daquelas personagens que nos ha-
bituamos a ver nos romances de Machado de Assis — ele próprio presente no livro — e que aqui ressurgem como que em carne e osso, com todos os impasses e contradições de um país que, enquanto se modernizava, via o Segundo Reinado prolongar-se na República Velha.
=7164-333-4
3338