Irmãos germanos

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augusto de campos IRMÃOS GERMANOS

EDITORA

NOA

NOA

)

POEMAS DE lIA L FLEMING

- ANGELUS SILESIUS11 L ERLIN - ARNO HOLZ - HUGO VON I.'FMANSTAHL - RAINER MARIA RILI' IG, HRISTIAN MORGENSTERN - AU(:l f-lT STRAMM - KURT SCHWITTERS II

TRADUÇAO E INTRODUÇÃO DE

AUGUSTO DE CAMPOS

I~ o I T l l ho

oRA

NOA NOA

d e Santa

Catarina

I

9

Dírettos Capa:

da tradução! Augusto

Augusto

de Campos

de Campos,

Fisches Nachi qesan q (Canção Noturna do Peixe)

Christian Morgenstern - 1905

INTRODUÇÃO

1'11I1tJl:zada cultura e do idioma merece muito mais do que 1111I'lIdt dur até aqui, Não sei explicar porque traduzi tão pouco a 1"1 1111111 111I, Afora o ciclo do Pierrô Lunar (a partir do texto-tradução 11 IIIII1 1IIII'Ikbcn), derivado do meu interesse pela música de SchoenI I I 1111lon I poema "Barocke Marine", de Amo Holz (tradução 111 11' ti rum l Iaroldo ), não me aconteceu mais do que o pequeno 111/11 II Ijll' oru r úno neste livro. II

I) '( Iltl .ntc, por linha materna, de irlandeses de Galway - os /I, /lII'IIl' - e, antes, de provençais de Lusignan, na província I (11 unl i a Peitieu) - os Lebrun ou Le Brun, progênie dos • (JU '111 abe se uma intimação atávico-genética não me 1I I 11 11II1 1011.m nte para a língua inglesa, a francesa, e por fim a li, t'ur: "1\1) l'alcn tir vas me l'aire / qu'ieu sen venir de Proensa" I1 111II 1111/110 uspir o ar / que eu sinto vir de Provença), como 1/1111 1'1 11 Idol. 11, I Ildll

IIIIIIIH'III 11110me perguntem a razão da escolha de textos tão 111 I 1111 III1I i' rn o são as digressões conceitistas sobre o Tempo, 1 I /11111II 1 111111,'1 I 1in , e o "poemas da loucura", de Hõlderlin, as 11 I til!' 11 rem ridade, ele Hofrnannsthal, e os "zoomeses" das I '/11 '''IIII'fl ti M r cnstern. O telegráfico Stramm e o sintético 1111I I1 I () viu nt S que não precisam de justificativa. Editora

Noa

Noa:

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287 ~ Fpolís

cep 88000

o leitor

atento encontrará em todos a concisão e a precisão que eu admiro na poesia, e o mais avisado há de perceber que o meu Rilke é o dos Dinggedichte, o dos poemas-coisa, não menos metafísicos, porém mais substantivos e mais voltados à concretude da linguagem um Rilke para o qual a própria morte se concreta. Quem conhece o que eu penso da arte de traduzir relevará, eu espero, a escassez de textos e de autores, sabendo que a raridade, nesse tipo de empreendimento, é até certo ponto previsível, e preferível à abundância facilitária. Pois a minha aspiração (e a de mais alguns poucos, minoritários e marginais) - contra a ideologia dominante das traduções-ônibus, quantitativas e sem qualidade - é a de criar, a partir da provocação do original, verdadeiros poemas. Textosesteticamente apreciáveis em português, e não o mais ou menos dos aleijões em pésquebrados, indefectível e incurável hábito entre nós. A meta - em suma - é a tradução-arte. Essa modalidade de tradução só pode ser rara, porque mais exigente e rigorosa. E se é mais exigente e rigorosa é porque sabe que a poesia é rara. Como disse Borges: "Es muy raro, en verdad, escribir un poema.". É preciso respeitar mais a poesia. E os poetas. Irmãos germanos.

INDICE

) Introdução

9

Paul Fleming Gcdanken

(1609-16.:10)

uber der Zeit

12

Meditação sobre o Tempo

13

Angelus Silesius (1624-1677) Ohne Warum / Dein Kerker

bist du selbst / Beschluss

Sem Porquê / Tu és tua Prisão / Fim

14

15

Holderlin (1770-1843) Vormals

richtete Cott

16

Outrora Deus julgava 17 l'om A bgrund / Do Abismo Das Schicksal / O Destino

18 19

Arno Ho]z (1863-1929) Draussen die Diine / Lá Fora as Dunas 20 /ch bin ein Stern / Sou uma Estrela 21 Ilugo von Hoffmanstahl (1874-1929) Ballade des Ausseren

Augusto de Campos 1992

Lebens

Balada da Vida Exterior

22

23

Terzinen iiber das Vergiinglichkeit

/ Tercetos sobre a Efemeridade

Rainer Maria Rilke (1875-1926) Schluss-stiick / Conclusão 25 Der Panther / A Pantera 26 Der Dichter / O Poeta 27 Der Tod des Dichters 1\ Morte do Poeta G burt der Venus

28

29 30, 32 No cimento de Vênus 31, 33

24

V

11

Sonette

an Orpheus

De Sonetos 'a Orfeu 1,3 (Ein Gott vermags.

Wie aber, sag mir, soll )

34

(Um deus pode. Mas como erguer do solo) 35 1,22 (Wir sind die Treibender} / (A nós, nos cabe andar) II, 1 (Atmen, du unsichtbares Gedicht!) (Respirar, invisível dom - poesial) 37 lI, 15 (O Brunnen-Munâ, du gebender, du Mund) (6 doadora, boca-chafariz) 38 Die Frucht / O Fruto 39

36

Christian Morgenstern (1871-1914) Die Lattenzaun / A Cerca de Paus 40 Wie sich das Galgenkind die Monatsnamen markt

POEMAS

Como as Crianças da Forca memorizam os Meses 42

41

Die Trichter / Os Funis

August Stramm (1874-1915) Verzweiielt / Desesperado 43 Kurt Schwitters (1887-1948) / Expassos 44

Beingrenzen

NOTA INFORMATIVA SOBRE AS TRADUÇÕES

45

PAUL FLEMING

MEDITAÇÃO SOBRE O TEMPO

(1609 - 1640)

GEDANKEN

üBER DER ZEIT

lhr lebet in der Zeit und kennt doch keine Zeit; So wisst ihr Menschen nicht, von und in was ihr seid. Dies wisst ihr, dass ihr seid in einer Zeit geboren Und dass íhrwerdet auch in einer Zeit verloren. Was aber war die Zeit, die euch in sich gebracht ? Und was wird diese sein, die euch zu nichts mehr macht? Die Zeit ist was und nichts.ider Mensch in gleichem Falle, Doch was dasselbe Was-und-Nichts sei, zwifeln alle. Die Zeit, die stirbt in sich und zeutgt sich auch aus sich. Dies kõmmt aus mir und dir, von dem du bist und ich. Der Mensch is in der Zeit; sie ist in ihm ingleichen, Doch abert muss der Mensch, wenn sie noch bleibet, weichen, Die Zeit ist, was ihr seid, und ihr seid, was die Zeit, Nur dass ihr wen'ger noch, als was die Zeit ist, seid. Ach dass doch jene Zeit, die ohne Zeit ist, kâme Und uns aus dieser Zeit in ihre Zeiten nahme, U nd aus uns selbsten uns, dass wir gleich kônnten sein Wie der itzt jener Zeit, die keine Zeit geht ein!

110 'I'empo

°

sem saber que é o.Tempo ; 11111111' ~H de onde vens e no. que te detens. 111111 up nas que num Tempo. foste feito. I', 11"' num outro Tempo. ainda serás desfeito. 11' n q U foi o.Tempo. que te trouxe incluso? I, 11 11I I(' I de ser aquele que te faz sem uso? \'1'

á

II '1111I11P

,

sim e não, o.homem se multiplica,

I, li qu é este Sim-e-Não ninguém explica. 1 'li, ItlpO morre em si e a si mesmo. renasce. II

ti,

II

1III1I1IIIn

~I

tu e eu viemos, de nós mesmos nasce. stá no Tempo e o.Tempo está no homem, li 'I': mpo resiste enquanto. o.homem some. 1111(1

\ o que és e és o.que é o.Tempo, t nhas menos do. que o.Tempo tem. li, I i HI-! outro Tempo, sem Tempo, chegasse I 1 110 d nosso Tempo, esse Tempo arrancasse, I dI III1H m mos, nós, para sermos também I "11111 I' IH( T mpo, que nenhum Tempo contém. 1I'I"lIllpO

I

11111111'

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ANGELUS SILESIUS

SEM PORQUÊ

(1624.1677) I i'

OHNE WARUM

"

Die Ros' ist ohn' Warum, sie blühet, weil sie blühet, Sie ach't nicht ihrer selbst, fragt nicht, ob man sie siehet.

rm

de si nem quem a vê. TU ÉS TUA PRISÃO

não te prende, és tu o Universo r::t, prisioneiro, em ti mesmo submerso.

IlIillll) 11

DE1N KE.RKER BIST DU SELBST Die y./ elt die halt dich nicht, du selber bist die .Welt, Die dich in dir mit dir so stark gefangen halt,

porque é, e sem porquê,

11)(1 11

III

I.

111

I,

FIM fim. Se queres mais ciência, I orma-te a ti mesmo em Livro e Essência.

i I. i\

O

BESCHLUSS Freund, es ist auch genug. Im Fall du mehr willst lesen, So geh und werde selbst die Schrift und selbst das Wesen.

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HÚLDERLIN

(1770- 1843)

VORMALS RICHTETE

GOTT

Vormals richtete Gott. Konige. Weise. l.N er ríchtet denn jetzt? V olk? die heilge Gemeinde? N ein! o nein! Wer richtet denn jetzt? Ein N atterngeschlecht! feig und falsch ! (Das edlere Wort, nicht mehr íiber die Lippe.) O, im Namen rufich dich herab, al ter Damon, wieder!

OUTRORA DEUS JULGAVA ra Deus julgava. Reis. Sábios. a 'ora quem julga? comunidade santa? O povo Illlid ? /I () I h não! Mas quem agora julga? 111111t tirpe de víboras! falsa e vil! palavra nobre não mais 11111' lábio.) )lOI' teu nome d, IIOV ()\I

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,lho d mônio! iVI 11111H-nos 111II 11('1"6i

Oder sende einen Helden oder die Weisheit.

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111H I( IOria,

16

VOMABGRUND Vom Abgrund namlich haben wir angefangen und gegangen sind wir dem Leuen gleich in dem Brand der \Vüste.

DO ABISMO

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CHICKSAL

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chicksal, will h eissen :

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onne Peitsch und Zügel.

,) I )(IHtino I' () i to: II't\j)

açoite do Sol.

Do abismo fomos vindo e temos ido como o leão que jaz no fogo do deserto.

IN

I)

I() I1 BtN EIN STERN

ARNO HOLZ (1863-1929) DRAUSSEN

DIE DüNE

Draussen die Düne. Einsam das Haus, eintonig, an Fenster der Regen. Hinter mir, tictac, eine Uhr, meine Stirn gegen die Scheibe.

11,11

11/l11f\

in stern. Ich glanze,

Traurig, I'l ih nd, tranenbleich, d 1 zu mir dein Gesicht. Deine hande wemen. "Traste mich!" Ich glânze,

A 11 meine Strahlen

Nichts. Alles vorbei.

zittern in deine Herz!

Grau der Himmel, grau die See und grau das Herz. LÁ

hin

,()

UMA ESTRELA

FORA AS DUNAS

Lá fora as dunas. A casa só, monótona, chuva na janela. Atrás de mim, tictac, uma hora, minha face contra o vidro. Nada. Tudo passa. Cinza o céu, cinza o mar, cinza

I

estrela. Eu brilho.

1111 11111'

Triste, 11' I) Ii . , lacrima 111

pálida, I ara mim teu rosto.

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r'J1uasmãos horam, "C n ola-me !" li" ~ brilho. , 1'0(/

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li!)

eu

m us raios m m

ra ão!

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HUGO VON HOFMANNSTHAL

(1874-1929) BALADA DA VIDA EXTERIOR

BALLADE DES XUSSEREN

LEBENS

Und Kinder wachsen auf mit tiefen Augen, Die von nichts wissen, wachsen auf und sterben, Und alle Menschen gehen ihre Wege. Und süsse Früchte werden aus den herben Und fallen nachts wie tote Vogel nieder Und liegen wenig Tage und verderben, Und immer weht der Wind, und immer wieder Vernehmen wir und reden viele W orte Und spüren Lust und Müdigkeit der Glieder. Und Strassen laufen durch das Gras, und Orte Sind da und dort, voll Fackeln, Baumen, Teichen, Und drohende, und totenhaft verdorrte ... Wozu sind diese aufgebaut? und gleichen Einander nie? und sind unzahlig viele? \Vas wechselt Lachen, Weinen und Erbleichen? Was frommt das alles uns und diese Spiele, Die wir doch gross und ewig einsam sind Und wandernd nimmer suchen irgend Ziele? Was fromrnts, dergleichen viel gesehen haben ? Und dennoch sagt der viel, der" Abend" sagt, Ein Wort, daraus Tiefsinn und Trauer rinnt Wie schwerer Honig aus den hohlen Waben.

'11 'J

E outras crianças crescem com olhos tristonhos, Ignorantes de tudo, crescem e perecem E os homens vão seguindo em busca dos seus sonhos. E os doces frutos de outros frutos murchos crescem E à noite caem como pássaros feridos E jazem algum tempo e depois apodrecem. E sempre o mesmo vento e sempre nos ouvidos A antiga fala e o som da palavra que passa E o gozo e a lassidão cansam nossos sentidos. E as ruas correm pela grama e há uma praça E.m.cada qual, com seus jardins, tanques, fanais, Sinistras ameaças, pálida carcaça ... or que as fazem assim? Por que tão desiguais Entre si, a ruir, cidade após cidade? or que se alternam dor e riso, guerra e paz? e que nos valem esses jogos, na verdade, ao cabo somos sós, vamos sós dia a dia , " i a sos vagamos sem qualquer finalidade? 'I' r visto e ouvido tanto, enfim, de que nos vale?

F no entanto diz muito aquele que diz "tarde", ] . lavra de onde vaza esta melancolia i

mo o mel que se esvai da colméia vazia.

TERZINEN üBER VE.RGXNGLICHKEIT Noch spür ich ihren Atem auf den Wangen: Wie kann das sein, dass diese nahen Tage Fort sind, für immer fort, und ganz vergangen? Dies ist ein Ding, das keiner voll aussinnt, Und viel zu grauenvolI, als dass man klage: Dass alIes gleitet und vorüberrinnt Und dass mein eignes Ich, durch nichts gehemmt, Herüberglitt aus einem kleinen Kind Mir wie ein Hund unheimlich stumm und fremd. Dann: dass ich auch vor hundert Jahren war Und meine Ahnen, die im Totenhemd, Mit mir verwandt sind wie mein eignes Haar, 80 einst mit mil' als wie mein eignes Haar.

TERCET08

SOBRE A EFEMERIDADE

Ainda sinto o seu alento em minha face: Como é possível crer que tenha já passado O dia que passou e para sempre passe? algo que entender não pode a nossa mente E é terrível demais para ser lamentado: Que tudo flua em vão e acabe de repente,

É

E que o meu próprio ego seja a projeção De uma criançaque houve em mim anteriormente Tão muda para mim, e alheia, como um cão. E ~ que eu já estava 'ali, há um século, sem sê-Io, ~ os meus antepassados, nos sepulcros, são Comigo tão unidos como o meu cabelo, Tão parte de mim mesmo como o m u ab 10.

RAINER

MARIA

RILKE

(1875 -1926)

8CHL US8-STüCK Der Tod ist grosso Wir sind die Seinen lachenden Munds. Wenn wir uns mitten im Leben meinen, wagt er zu weinen mi tten in uns.

CONCLUSÃO A Morte é grande. Nós, sua presa, vamos sem receio. Quando rimos, indo, em meio à correnteza, chora de surpresa em nosso meio.

DER PANTHER (Im Jardin des Plantes, Paris)

DER DICHTE,R

Sein Blick ist vom Vorübergehn der Stabe so müd geworden, dass er nicht mehr halt. Ihm ist, aIs ob es tausend Stabe gabe und hinter tausend Stabe keine Welt.

tfcrnst dich von mir, du Stunde. \Vlllld n sehagt mir dein Flügelschlag. 1111il!: was soll ich mit meinem Munde? II1 I mciner Nacht? mit meinem Tag?

Der weiche Gang geschmeidig starker Schritte, der sich im allerkleinstein Kreise dreh t, ist wie ein Tanz von Kraft um eine Mitte, in der betaubt ein grosser Wille steht,

I,

1III

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1,,11 habe keine Geliebte, kein Haus, 11(\ telle, auf der ich lebe. 111\ I inge, an die ich mich gebe, III'!! -n reich und geben mich aus.

Nur manchmal schiebt der Vorhang der Pupille sich lautIos auf -. Dann geht ein Bild hinein, geht durch der Glieder angespannte Stille und hort ím Herzen auf zu sein.

o POETA I I Iti ri

pedes de mim, Hora. lpe de asa é o meu açoite. " q ti fazer da boca, agora? 111111 r: ~ r do dia, da noite?

I', II

A PANTERA

I'

(No Jardin des Plantes, Paris) De tanto olhar as grades seu olhar esmoreceu e nada mais aferra. Como se houvesse só grades na terra: grades, apenas grades para olhar.

em amor, sem teto, pela vida afora. Ilulo aquilo em que ponho afeto I li' I IIlrliH rico e me devora. , 111 pa7.,

I

1111 11 h

A onda andante e flexível do seu vulto em círculos concêntricos decresce, dança de força em torno a um ponto oculto no qual um grande impulso se arrefece. De vez em quando o fecho da pupila se abre em silêncio. Uma imagem, então, na tensa paz dos músculos se instila para morrer no coração.

.,

.

27

..

DER TOD DES DICHTERS A MO,RTE DO POETA Er lago Sein aufgestelltes Antlitz war bleich und verweigernd in den steilen Kissen seitdem die Welt und dieses von ihr Wissen , ' von seinen Sinnen abgerissen, zurückfiel an das teilnahmslose Jahr. Die, so ihn leben sahen, wussten nicht, wie sehr er eines war mit allem diesen denn dieses: diese Tiefen, diese Wiese~ und diese Wasser waren sein Gesicht.

o sein Gesicht war diese ganze Weite die jetzt noch zu ihm will und um ihn 'wirbt· und seine Maske, die nun bang verstirbt ' . ' 1Stzart und offen wie die Innenseite von einer Frucht, die an der Luft verdirbt.

,H

sua face, antes intensa, 1'"1 du negação no leito frio, I. d( ue o mundo, e tudo o que é presença, d'l -u sentidos já vazio, • 1'\'(' lheu à Era da indiferença. I

IV,

II

I li

r.

ruém jamais podia ter suposto ("

tudo estivessem conjugados

II"( tudo, essas sombras, esses prados, I a rua mesma eram o seu rosto.

rosto era tudo o que quisesse '1111' ainda agora o cerca e o procura; , III LH .ara da vida que perece 11101 aberta como a carnadura " 1111\ fruto que no ar, lento, apodrece. 111, H 'U

GEBURT DER VENUS An diesem Morgen nach der Nacht, die bang vergangen war mit Rufen, Unruh, Aufruhr,brach alles Meer noch einmal auf und schrie. Und aIs der Schrei sieh Iangsam wieder schIoss und von der HimmeI bIassem Tag und Anfang herabfieI in der stummen Fische Abgrund - : gebar das Meer. Von erster Sonne schimmerte der Haarschaum der weiten Wogenscham, an deren Rand das Madchen aufstand, weiss, verwirrt und feucht. So wie ein junges grünes BIatt sich ruhrt, sich rcckt und Eingerolltes Iangsam aufschlagt, entfaItete ihr Leib sich in die KühIe hinein und in den unberührten Frühwind. Wie Monde stiegen klar die Kniee auf und tauchten in der Schenkel W olkenrander ; der Waden schmaler Schatten wich zuriick, die Füsse spannten sich und wurden licht, und die Gelenke Iebten wie die Kehlen von Trinkenden. Und in dem KeIch des Beckens lag der Leib wíe eine junge Frucht in eines Kindes Hand. In seines N abels engem Becher war das ganze Dunkel dieses hellen Lebens. Darunter hob sich licht die kleine Welle und fIoss bestandig über nach den Lenden, wo dann und wann ein stilles RieseIn war. Durchschienen aber und noch ohne Schatten, wie ein Bestand von Birken im April, warrn, leer und unverborgen lag die Scham.

NASCIMENTO

DE VÊNUS

Esta manhã, depois que a noite inquieta esmoreceu entre urros, sustos, surtos, o mar ainda uma vez se abriu e uivou. E quando o grito aos poucos foi cessando e do alto o dia pálido emergente caiu no vórtice dos peixes mudos o mar pariu. Ao sol reluzem os pelos de espuma do amplo ventre da onda, em cuja borda surge a mulher, alva, trêmula e úmida. E como a folha nova que estremece, se estira e rompe aos poucos a clausura, ela vai desvelando o corpo à brisa e ao vento intacto da manhã. " Como luas erguem-se os joelhos claros, résteas de nuvem soltam-se das coxas, das pernas caem pequeninas sombras, os pés se movem bêbados de luz, vibram as juntas como gorgolhantes gargantas. N a taça da bacia jaz o corpo, . .omo um fruto na mão de uma criança, o estreito cálice do umbigo encerra tudo o que é escuro nessa clara vida. , 1 m baixo alteiam-se as pequenas onuas que escorrem, incessantes, pelas ancas, , inde, de quando em quando, a espuma C110V8. ] rém exposto sem sombras, emerge, . mo um maço de bétulas de abril, qu nt ,vazia descoberto, o sexo.

Jetzt stand der Schultern rege Waage schon im Gleichgewichte auf dem graden Korper, der a~s dem ~ecken wie ein Springbrunn ausfstieg und zogernd in den langen Armen abfiel und rascher in dem vollen Fall des Haars.

A balança dos ombros paira, ágil, em equilíbrio sobre o corpo ereto que irrompe da bacia como fonte vacilante entre os longos braços fluindo veloz pela cascata dos cabelos.

Dann ging sehr langsam das Gesicht vorbei: aus dem verkürzten Dunkel seiner Neigung in klares, waagrechtes Erhobensein. Und hinter ihm verschloss sich steil das Kinn.

Então bem lentamente vem o rosto: da sombra estreita da reclinação para a clara altitude horizontal. Após o qual fecha-se, abrupto, o queixo.

J etzt, da der Hals gestreckt war wie ein Strahl und wie ein Blumenstiel, darin der Saft steigt, streckten sich auch die Arme aus wie Halse von Schwanen, wenn sie nach dem Ufel' suchen. Dann kam in dieses Leibes dunkle Frühe wie Morgenwind der erste Atemzug. Im zartesten Geast der Aderbaume entstand ein Flüstern, und das Blut begann zu rauschen über seinen tiefen Stellen. Und diesel' Wind wuchs an: nun warf er sich mit allen Atem in die neuen Brüste und füllte sie und drückte sich in sie, dass sie wie Segel, von der Ferne voll, das leichte Madchen nach dem Strande drângten. So landete die Gôttin.

Eis que o pescoço surge como um fluxo de luz, ou talo, de onde a seiva sobe, e se estiram os braços como o colo de um cisne quando busca a ribanceira. Então, da obscura aurora desse corpo, ar da manhã, vem o primeiro alento. No fio mais tênue da árvore das veias há como que um bulício e o sangue flui a sussurrar nas fundas galerias, é essa brisa se expande: agora cresce com todo o hausto sobre os peitos novos que se intumescem de ar e a impulsionam, e como velas côncavas de vento a jovem leve levam para a praia. Assim aportou a deusa.

Hinter ihr, die rasch dahinschritt durch die jungen Ufer, erhoben sich den ganzen Vorrnittag die Blumen und die Halme, warrn, verwirrt wie aus Umarmung. Und sie ging und lief.

Atrás dela, pisando a terra nova, lépida, ergueram-se toda a manhã flores e caules, quentes, perturbados, como num beijo. E ela foi e correu.

Am Mittag aber, in der schwersten Stunde,' hob sich das Meer noch einmal auf und warf einen Delphin an jene selbe Stelle. Tot, rot und offen.

Porém, ao meio dia, na hora mais intensa, o mar se abriu de novo e arremessou no mesmo ponto o corpo de um delfim. Morto, roxo e aberto .

..

I'

Von SONETTE AN ORPHEUS De SONETOS A ORFEU l,3

I, 3 Ein Gott vermags. Wie aber, sag mir, sol1 ein Mann ihm folgen durch die schmale Leier? Sein Sinn ist Zwiespalt. An der Kreuzung zweier Herzwege steht kein Tempel für Apoll. Gesang, wie du íhn Iehrst, ist nicht Begehr, nicht Werbung um ein endIich noch Erreichtes; Gesang ist Dasein. Für den Gott ein Leichtes. .Wann aber sind wir? Und wann wendet er an unser Sein die Erde und die Sterne? Dies ists nicht, Jüngling, dass du Iiebst, wenn auch die Stimme dann den Mund dir auf'stõsst, -lerne vergessen, dass du aufsangst. Das verrinnt. In Wahrheit singen, ist ein andrer Hauch. Ein Hauch um nichts. Ein Wehn im Gott. Ein Wind .

•1

.I,

P d . Mas como erguer do solo, li' Ia lira, o canto de uma vida? III I doi : no beco sem saída 111'111'0 não há templos de ApoIo. II

11111 IlIlHillU ,,1111' I

,

cantar não é a vaidade

I'j I da meta cobiçada.

I /111

r. Aos deuses, quase nada. 1 quando é que somos? em que idade

Ii H

1111

dl'\'lIlv .m a terra e as estrelas?

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11111,

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