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Portuguese Pages 199 [201] Year 2009
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NAZISMO
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Titulo do original: Storia illustrata del Nazismo
Copyright O 2002 by Giunti Editore S.p.A,, Firenze = Milano www. giuntiit
Copyright O 2009 by Larousse do Brasil Todos os direitos reservados.
Foto capa: O CORBIS, 1934 (Adolf Hitler ascends stairs during a Nazi rally in Buckeberg, Germany, in 1934) Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida sob quaisquer meios existentes sem autorização por escrito dos editores. Edição brasileira
Diretor editorial Gerente editorial Editor
Alexandre Faccioli Solange Monaco IsneySavoy
Assistente editorial Tradução
Soraya Leme Ciro Mioranza
Preparação detexto
Fátima de Carvalho M. de Souza
Revisão
Coordenação de Arte Capae diagramação
Produção gráfica
Maria Aiko Nishijima
Thaís Omeito Maria Rosa Juliani
Maykow Rafaini
Edição italiana
Projeto gráfico
Enrico Albisetti
Autora dos textos | Alessandra Minerbi
Cartografia
Sergio Biagi Comunicazione Grafica
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Minerbi, Alessandra
A história ilustrada do nazismo / Alessandra Minerbi ; tradução de Ciro
Mioranza. - São Paulo : Larousse do Brasil, 2009.
Título original: Storia illustrata del Nazismo ISBN 978-85-7635-457-4
1. Alemanha
— História - 1918-1933 — Obras ilustradas 2. Alemanha
História — 1933-1945 = Obras ilustradas 3. Nazista - Obras ilustradas |. Título.
CDD-320.533
09-00771
Índices para catálogo sistemático; 1. Nazistas : Obras ilustradas : Ciência política
320.533
1º edição brasileira: 2009,
por Direitos de edição em língua portuguesa, para O Brasil, adquiridos Larousse do Brasil Participações Ltda. 8-000 Av. Profa. Ida Kolb, 551 - 3º andar - 5ão Paulo - SP - CEP 0251 Tel; 55 11 3855-2290/Fax:55 11 3855-2280
E-mail: infoglarousse.com.br www.larousse.com.br
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Sumário
Apresentação
A fundação da República de Weimar O nascimento da república O tratado de paz e a “punhalada nas costas”
13
= O nascimento do NSDAP
15 16 18
Emest von Salomon Rosa Luxemburgo Ernest Toller O programa do NSDAP A constituição de Weimar
15 16 117 18 19
Da estabilidade à crise
21
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22 23 21 26 29 32 54 36
Reparações e inflação Retomada econômica e agroindustrial Trabalho e sindicatos O “espírito de Locarno” A vida cultural Crise econômica e desemprego O crescimento do NSDAP À desagregação da república
A ocupação da região de Ruhr O putsch de Munique Sociedade de massa e tempo livre Alfred Hugenberg O livro Mein Kampf A cidade e a política habitacional
24 25 30 34 36 31
A “revolução nacional”
39
= O incêndio do Reichstag
40 4] 42, 48 50 51 52
= Depuração do Estado e da sociedade
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As igrejas e o nazismo À noite das facas longas O Estado totalitário À ideologia nazista Simbologia e ritos do NSDAP
A queima dos livros
Adolf Hitler Paul von Hindenburg Joseph Goebbels
44 46 49 55
O enquadramento da sociedade
BY
= Os jovens = As mulheres Rádio e imprensa = Literatura e teatro = Artes figurativas e arquitetura a Escola e universidade
1 O partido e o Estado
38 61 63 64 65 66 68
Baldur von Schirach Gertrud Scholtz-Klink Leni Riefenstahl Albert Speer Esportes e Olimpíadas
59 62 64 69 (1
A política econômica
(3
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14 T6 tl 18 80 83 35
As primeiras medidas À luta contra o desemprego À política agrícola À classe operária A organização do trabalho O plano quadrienal Política e economia
Walter Darré Robert Ley Hjalmar Schacht Hermann Góôrng O Fusca
tt 19 32 34 81
Terror, perseguição, oposição
89
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A administração da justiça Entre consenso e silêncio Ordem e terror À oposição interna O descontentamento popular À emigração política À emigração intelectual
Heinrich Himmler As SA As SS
Os campos de concentração O “mito” do Filhrer
90 91 92 95 96 98 101 90 95 94 100 103
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À comunidade do povo
105
106 108
E O antissemitismo E E FEPuEaçãO racial
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Doenças
= Os ciganos
hereditárias e esterilizaçã
E Ás leis de Nuremberg
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Às organizações judaicas A emigração judaica A pa
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A política externa
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113
115
à barbarização do conflito a o m |
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O Nas Tn Seia
À ocupação da Itália O colaboracionismo
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116
ar de Dresden resistência ao nazismo A “Ordem Nero”
110 112
A Shoah
107
BE agia 121
m À revisão do tratado de Versalhes
122
na Espanha = Mudanças nos vértices militares
123 125
m O pacto nazi-soviético
132
m À aproximação da Itália e a intervenção
As armas do Reich
m Os Ren m As deportações
e Os assassinatos em massa
m Os campos de concentração
E Os campos de extermínio
m Eutanásia e extermínio dos ciganos
m Os prisioneiros do Reich
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141
146 o
154 156
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166
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169 172 173 174
176
178
180
127 128 130
Auschwitz: o símbolo da Shoah Adolf Eichmann: o burocrata do extermínio O extermínio: quem sabia?
177 181 182
Joachim O von Ribbentrop
126 DO
Cida Um paíserra
185
O fascismo na Europa
134
A guerra
137
m m E m
= À Anschluss = Berlim, Roma e Tóquio E O desmembramento da Tchecoslováquia
CER a O ataque a Polônia
m Oataqueà França E À guerra no norte da Africa
m Operação Barba-Roxa m À nova ordem europeia
191 192
157
144 145
Nuremberg Repensar o nazismo.
187 192,
TAbelasterenoLópicas Índice dos nomes
195 199
140 143
147 152
= O segundo front e a mudança do destino da guerra m As conferências aliadas
160 162
m A derrota
186 187 188 189
m À República Federal Alemã E À Republica Democrática Alemã
interna Ae = O sistema de poder nazista nos anos da guerra
m Economia e armamentos = O sistema financeiro do Grande Reich
À Alemanha no pós-guerra (Os processos À ocupação aliada e o aumento das divergências As duas Alemanhas
155 151
164
E À reunificação
Os locais da memória
192
194
Apresentação As consequências da derrota da Alemanha guilhermina na Grande Guerra, os devastadores
efeitos da hiperinflação e a consequente crise econômica, a desagregação dos tradicionais segmentos da sociedade e do frágil sistema político da República de Weimar, o desgaste dos equilíbrios decorrentes da Paz de Versalhes entre os anos 1920 e 1930: estes são os elementos nos quais se deve situar a ascensão do Partido Nacional-Socialista e a chegada de Hitler ao poder, em janeiro de 1933. A partir daí, teve início a construção do novo Estado nazista, com o sistemático uso do
terror e o enquadramento das massas sob a égide de uma disciplina coletiva baseada na diserimi-
nação racial.
Do regime totalitário são examinadas as bases ideológicas, as leis raciais e a perseguição dos judeus, o aniguilamento dos partidos de oposição, a ordem institucional, a nova organização
do trabalho, os instrumentos e aparatos do terror político e policial, as principais autoridades do regime, as organizações para o disciplinamento da população, o culto do Fihrer, a propaganda e
a cultura, as medidas econômicas e a política do rearmamento. Para contrabalançar, em política
externa, o projeto da “nova ordem europeia” sob
a égide da Alemanha nazista. A supremacia do
Grande Reich e o desígnio de dominação conti-
nental, por meio da aliança com os regimes fascistas, culminaram na subversão do sistema das
relações internacionais e na eclosão de um conflito que, em poucos anos, se estendeu da Europa
para todos os cantos do mundo. Esta obra dedica atenção especial às operações militares que opuseram a Alemanha aos Aliados, entre 1939 e 1945, ao genocídio dos judeus
e à peculiar conotação que o nazismo conferiu à “guerra total? voltada ao extermínio de populações consideradas inferiores, conectando todos esses temas às bases sobre as quais havia sido erguido o Terceiro Reich. Completam o quadro a capitulação alemã, o processo de Nuremberg e a questão da “memória”, a ocupação aliada, a divisão do país e a herança de um incômodo passado na época da Guerra Fria.
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A fundação e
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da República de Weimar o decorrer do primeiro decênio de 1900, os equilíbrios internacionais se tornaram sempre mais precários por causa das crescentes
rivalidades que opuseram especialmente a Alemanha à França e à Grã-Bretanha. A região dos Bálcãs constituía um dos mais perigosos focos de tensões, e o assassinato do herdeiro ao trono da Áustria — ocorrido no dia 28 de junho de 1914 pelas mãos dos nacionalistas sérvios — fez eclodir um conflito que viu contrapor-se duas forças: Áustria e Alemanha de um lado e, de outro, Grã-Bretanha, França e Rússia.
A classe dirigente alemã estava decidida a entrar em guerra para fortalecer o próprio poder e assumir um papel central no continente. Em 1914, o estado-maior do exército
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EE HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
ECLIPSE DO soOL (1926)
Na pintura de George Grosz, sentam-se, em torno de uma mesa,
militares, capitalistas e homens sem cabeça: uma metáfora da derrota
da Alemanha transtornada pela
crise econômica (p. | 2).
ELMOS DE AÇO
Desfile da associação dos combatentes contra o tratado de
Versalhes (na abertura).
E PRISIONEIROS
(embaixo).
GUERRA ALEMÃES
alemão estava convencido de que o conflito seria breve. Depois dos primeiros embates bem-sucedidos, ficou claro que se iniciava uma guerra de trincheira, baseada no desgaste recíproco e na força econômica dos beligerantes. A longa batalha travada em Verdun contra os franceses (fevereiro a setembro de 1916) não resultou na esperada guinada militar, mas provocou significativas mudanças políticas. O imperador Guilherme II tinha consciência de que seu papel era sempre menos determinante e confiou o comando supremo do exército ao marechal Paul von Hindenburg e a seu chefe do estado-maior Erich Ludendorff, criando as condições para uma verdadeira e característica ditadura militar. A política dos novos vértices visava, de um lado, a acentuar a mobilização para explorar ao máximo os recursos disponíveis e, de outro lado, a agir com os meios mais persuasivos no plano militar, estimulando particularmente a guerra submarina.
No decorrer do ano de 1917, a situação bélica do Reich se apresentava sempre mais comprometida. A isso se aliava
uma crescente carência de gêneros alimentícios, o cansaço dos soldados no front e da população civil, elementos que contribuíram para exacerbar as tensões de classe. A exemplo do que havia acontecido na Rússia — a conquista da paz e de uma nova ordem revolucionária —, encontrava eco sempre maior numa população já prostrada. O estado-maior esperava ainda poder chegar a uma paz de compromisso. A rendição incondicional havia sido, no entanto, necessária por causa do crescente poder dos Estados Unidos e do declínio da Áustria, e principalmente em razão do esfacelamento da frente interna. Para evitar a desagregação do país e salvar a monarquia, o governo, presidido pelo chanceler Max von Baden, procurou convencer o kaiser a abdicar e promoveu uma reforma do poder político, cujos pontos fundamentais eram o sufrágio universal e a
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REPRESSÃO DOS MOVIMENTOS ESPARTAQUISTAS EM BERLIM Soldados a postos no telhado de uma casa se preparam para abrir fogo (janeiro de 1919).
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DA REPÚBLICA DE WEIMAR
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A GRANDE CIDADE (1927)
No quadro de Otto Dix é retratado um ex-combatente apoiando-se em muletas (embaixo).
plena atribuição dos poderes legislativos ao parlamento. Mas o descontentamento já estava amplamente difundido e
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quando, no final de outubro, os marinheiros do porto de Kiel
se amotinaram, o protesto se estendeu, atingindo muitos outros centros industriais em Berlim e nos regimentos descolados no front franco-belga. Com isso, o kaiser foi obrigado a fugir para a Holanda.
O NASCIMENTO DA REPÚBLICA
Depois da abdicação do kaiser, Von Baden convenceu Friedrich Ebert, chefe do Partido Social-Democrata Alemão (SPD), a formar um governo. O SPD não tinha nenhum projeto político a longo prazo e viu-se despreparado diante dos acontecimentos. A república, proclamada em Berlim em 9 de novembro de 1918, foi um gesto impelido pela multi-
ao qual a guerra havia infligido o golpe decisivo. O SPD, protagonista contra sua vontade dessa mudança radical, procurou deter as tendências mais radicais, tornadas suas pelo movimento dos “conselhos”, cujos principais centros eram Berlim e a Baviera. O novo governo recorreu, portanto, ao apoio do estado-maior monárquico e reacionário e aos Freikorps (“corpos livres”, i.e., milícias paramilitares) formados por nacionalistas, aos quais foi concedida certa liberdade de ação contra a esquerda revolucionária. Em janeiro, uma
chegada do longo processo de dissolução do império alemão,
tentativa de insurreição do Partido Comunista foi sufocada com uma sangrenta repressão. No mês seguinte, Kurt Eisner, presidente da república dos conselhos na Baviera, foi assassinado em Munique. Ficou evidente a incapacidade da social-democracia de acolher as instâncias revolucionárias da ala radical do movimento operário alemão — animadas pelo outubro russo e pelo biênio
ERNST VON SALOMON
era importante que aquilo que fazíamos fosse correto; impor-
dão revoltada. Essa ruptura institucional marcou o ponto de
Nascido em
1902, filho de
um oficial prussiano posteriormente chefe da polícia criminal de Frankfurt, foi um dos expoentes da geração que saiu da experiência da guerra e se caracterizou pelo estado de revolta tanto contra a velha ordem imperial como contra a nova ordem democrática, considerado incapaz de guiar O renascimento do povo alemão e de restituir ao país o papel de grande potência. Von Salo-
mon militou nas corporações livres” (Freikorps) e foi ativo contra os espartaquistas em Berlim. Em 1920 participou do putsch de Wolfgang Kapp e, em
1922, do assassinato do
ministro do Exterior Rathenau. Preso, foi condenado a cinco
anos de reclusão e, depois da libertação, dedicou-se à atividade editorial e de publicidade. Em 1930, publicou sua autobiografia — Os proscritos — que mais que qualquer outro texto da época testemunha o misto de rebelião e de ativismo que caracterizou sua geração: Não
tava que nesses dias sufocantes se agisse. À sorte da Alemanha estava nas mãos de cada um, e cada indivíduo naqueles momentos incomparáveis de graça estava em relação com o destino alemão”. Preso em 1945 pelos americanos, ficou encarcerado até o ano seguinte e depois
se dedicou à publicidade. Morreu em 1972.
16
E
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
KARL LIEBKNECHT Pacifista, fundador da Liga de
Espártaco e do Partido Comunista
Alemão, foi assassinado em Berlim, em janeiro de |919.
“ESTRELA VERMELHA”
Orgão oficial dos comunistas
alemães. Abandonando a via dos movimentos revolucionários, nos anos 1920 o partido conquistará amplo consenso entre as classes trabalhadoras, flageladas pela crise econômica.
tas, democratas e católicos), assinalando uma clara derrota
dos conservadores e da extrema esquerda. As duras cláusulas do tratado de paz imposto pelas potências da “Entente” tornaram ainda mais difícil a tarefa dos próprios partidos, que se reconheceram na chamada “coalizão de Weimar”. No ano seguinte (junho de 1920), por ocasião das primeiras eleições políticas, houve uma nítida inversão de tendência: a coalizão baixou de 76% para 43,6%, e cresceram os partidos mais radicais, tanto de direita como de esquerda. Desse modo, teve início um longo período em que o país foi dirigido por governos minoritários obrigados, em sucessivos momentos, a contar com o apoio dos social-democratas ou dos conservadores.
ROSA LUXEMBURGO Nascida na Polônia em 1871, estudou em Zurique, onde entrou em contato com os líderes da social-democracia polonesa. Transferindo-se para Berlim em 1898, nos anos sucessivos foi uma das teóricas mais lúcidas e empenhadas do movimento socialista. Ao eclodir a guerra, denunciou a
política de lealdade patriótica da social-democracia alemã e desempenhou um papel determinante no surgimento
do movimento espartaquista. Embora elogiasse a revolução bolchevique, soube apontar
os perigos que pesavam sobre a gestão do poder político soviético. Depois da fundação da República de Weimar,
foi bastante crítica com relação à política mo-
A conferência de paz foi aberta em Paris em maio de 1919. Os representantes das potências vitoriosas estavam convencidos de que somente a Alemanha tinha sido responsável pelo desencadeamento do conflito e que o melhor modo para neutralizá-la seria enfraquecê-la nos planos econômico, político e militar. O tratado de Versalhes, com o qual os vencedores impuseram ao Reich vencido suas condições, foi assinado
em 28 de junho de 1919. Os alemães perderam 13% de seu território, que compreendia áreas industrializadas com 75% das jazidas de ferro e 25% das minas de carvão. A Alsácia e a Lorena foram devolvidas aos franceses, que as haviam cedido em 1870, e uma parte da Prússia passou a fazer parte da recém-criada Polônia. As colônias alemãs foram divididas como “protetorados” (que na prática equivaliam a domínios coloniais) entre a França, a Grã-Bretanha, a Bélgica, o Japão somente com uma ruptura radical com o passado teria sido possível criar as bases para uma igualmente radical renovação democrática da Alemanha. Participou da fundação do Partido Comunista Alemão e se posicionou a favor da participação nas
eleições
derada e de
compromisso da social-democracia, porque
O TRATADO DE PAZ E A “PUNHALADA NAS COSTAS”
para a
d
assembleia constituinte
e contra toda tentativa de insurreição. Durante as sublevações de Berlim de 1919 — ver-
dadeiros episódios de guerra
|
morta junto com necht. Sua morte depois de pouco repressão contra
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civil — Rosa Luxemburgo foi
Karl Liebkfoi seguida, tempo, pela o movimen-
;
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to dos conselhos na Baviera:
dois episódios que constituíram uma ulterior reabilitação das velhas forças militares e confirmaram a tendência da república de privilegiar a aliança com a direita em perspectiva contrarrevolucionária.
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vermelho em toda a Europa — sem recorrer aos pilares da velha ordem. As primeiras eleições convocadas com sufrágio universal para a assembleia constituinte (janeiro de 1919) foram vencidas pela coalizão republicana (social-democra-
a
A FUNDAÇÃO
DA REPÚBLICA DE WEIMAR ELEJAM
E
17
ESPÁRTACO
O punho dos comunistas se abate sobre a frágil democracia parlamentar de VYeimar. ESPARTAQUISTAS COMBATEM
NAS RUAS DA CAPITAL
(no centro da página).
O DETENTO ERNST TOLLER O dramaturgo alemão é retratado no período de sua detenção (abaixo).
ea Austrália. As reparações que a Alemanha deveria pagar num prazo de trinta anos chegavam a 132 bilhões de marcos de ouro. Graças especialmente ao empenho do presidente americano Woodrow Wilson, foi fundada a Sociedade das Nações, com sede em Genebra, organismo que deveria ser local de mediação permanente e de resolução arbitral e pacífica dos conflitos
permanecia fora dela. A dureza das condições impostas alimentou o descontentamento em amplas camadas da população. O novo governo democrático era considerado responsável pelasituação, causa de todos os males decorrentes da derrota. O efeito inevitável foi a humilhação de uma nação que tinha confiado a própria identidade, antes e durante a guerra, à
força militar, e difundiu-se a
lenda da “punhalada nas costas”, desferida pelos próprios
internacionais. À Alemanha foi, no entanto, excluída, confirmando
novos governantes, acusados de uma política renunciatária e de não terem sabido defender a
a vontade punitiva para com ela e evidenciando as frágeis bases sobre as quais nascia a Sociedade, visto que um dos prin-
honra da Alemanha na mesa das negociações.
cipais países europeus
ERNST TOLLER
Toller afirmou sua fé numa
Nascido em 1893, numa abas-
pois de seu fracasso, afastouse da esquerda extremista, apoiando a necessidade de
tada família de origem judaica, foi voluntário na guerra e, durante o conflito, converteu-se
ao pacifismo. Em 1918 aderiu à esquerda revolucionária e participou na instauração da república bávara dos conselhos, tornando-se por breve
tempo seu presidente, depois
do assassinato de Kurt Eisner.
(Com a queda do governo, foi condenado a cinco anos de detenção. No decorrer da
experiência revolucionária,
“revolução do amor” e, de-
uma solução não violenta dos
conflitos sociais. Depois de li-
bertado, continuou a atuar no
movimento pacifista e esteve entre aqueles que na esquerda refutavam tanto o extremismo comunista como o moderantismo socialista. Nos anos de VVeimar compôs suas principais obras que fazem dele um dos mais inquietos
protagonistas da dramaturgia
expressionista. Em 1933, exilou-se nos Estados Unidos onde colaborou em numerosos periódicos sobre emigração. Suicidou-se em 1939, com a notícia da entrada das tropas franquistas em Madri. Entre suas obras mais significativas, cumpre citar Homem massa (1921), sobre os contrastes na esquerda alemã, Opla, vivemos
(1927), sobre a esqualidez ideal da experiência republicana, e a autobiografia Uma juventude na Alemanha, na qual transparece o trágico destino da burguesia judaico-alemã.
E:
E HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
ELMOS
DE AÇO
Hindenburg era presidente honorário da organização paramilitar nos anos 1920.
CARTAZ DO NSDAP
para as consultas de 1930 (abaixo).
O NASCIMENTO DO NSDAP! O primeiro núcleo do partido nazista foi fundado em Muni-
que em 1919 e, no ano seguinte, tomou o nome de Partido
Nacional-Socialista alemão dos trabalhadores. Em 1920 foi divulgado seu programa, embora o aspecto característico do novo movimento fosse um ativismo desenfreado, muito mais importante que qualquer princípio programático. O NSDAP
logo se transformou em um grupo paramilitar: a maioria de seus membros era proveniente dos Freikorps e da Reichswehr e tinha a intenção de continuar a luta contra o governo de Weimar, sem se ater a qualquer regra democrática. Adolf Hitler assumiu a direção do partido. Foram formadas as SA (tropas de assalto) como força fundamental na condução dos choques em locais públicos. No final de 1920, saiu o diário Volkischer Beobacther, graças ao financiamento da Reichswehr e de setores privados. Ao lado de Hitler e dos expoentes de primeira hora, começou a perfilar-se o peso crescente de personalidades que, a seguir,
O PROGRAMA NSDAP O primeiro programa do partido nazista foi redigido em 1920. Hitler sempre defendeu a necessidade de não vincular-se a nenhum projeto rígido e este foi concebido essencialmente como instrumento de propaganda, mas continha muitos elementos que teriam permanecido pontos de referência da ação política, mesmo nos anos seguintes. O programa requeria a su-
peração da paz de Versalhes
e a criação de uma Grande Alemanha, fosse para restabelecer as justas fronteiras, fosse
para oferecer terras a uma população em contínuo crescimento.
Amplo espaço era conferido à polêmica contra o pluralismo dos partidos e o parlamentarismo, aos quais se contrapunha a existência de uma comunidade nacional que teria tornado inúteis e danosos os
partidos políticos.
teriam um papel fundamental: Alfred Rosenberg, Rudolf Hess e Hans Frank. Em janeiro de 1923, realizou-se o primeiro congresso do partido: os inscritos eram 20 mil. O NSDALE, portanto, tinha crescido muito, embora ainda estivesse restrito à região da Baviera e não pretendesse se tornar um partido que, como os outros, haveria de defender os próprios interesses no âmbito da batalha parlamentar. A marcha sobre Roma
(outubro de 1922) e o advento
do fascismo na Itália tiveram um efeito galvanizador sobre o movimento nacional-socialista, mesmo que este tirasse suas
forças da própria situação alemã, do clima de exasperação nacionalista e do protesto social, provocados pela difícil situação do pós-guerra. As raízes sociais do proselitismo do NSDAP estavam na inflação e na grave crise de confiança que atingiram a classe média e a pequena burguesia, que não estava disposta a unir-se ao proletariado numa batalha comum de reivindicação social. Além disso, declarava-se — e este teria sido um permanente ponto-chave da propaganda do partido nazista — que dessa comunidade een poderiam fazer E ap [ parte somente os cidadãos de sangue alemão; todos os outros, e em primeiro lugar os judeus, podiam viver na Alemanha na qualidade de
Rb quai:
hóspedes.
|
O partido, portanto, já em 1920, se caracterizava como um movimento racista e antissemita. Os aspectos mais
demagógicos eram o pedido de um acentuado estatismo ea luta contra a denominada “escravidão de interesses”,
isto é, a eliminação dos fenômenos especulativos, próprios do sistema capitalista.À aliança sempre mais estreita com amplos setores
da indústria e das finanças in-
duziu o NSDAR no final dos anos 1920, a abandonar essa posição.
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A FUNDAÇÃO
A CONSTITUIÇÃO DE WEIMAR
característica liberal, foi re-
sultado de um compromisso com as outras forças democráticas: socialistas e católicos. Os dois partidos socialistas tinham realmente peculiares objetivos de política constitucional, mas não uma ideia global e, deixando a Hugo Preuss, novo secretário de Estado,a responsabilidade da redação da Carta Magna, reconheciam a experiência superior do setor liberal.A constituição de VVeimar delineava um sistema no qual o poder executivo estava ligado às coalizões que se formaram no parlamento. Um papel específico cabia ao presidente da república que, eleito por sufrágio universal, podia, em situações de emergência, governar com
base em
decretos presidenciais (artigo
E
19
“Der Sieg des republikanifchen Gedankens” o Von
Von
A constituição promulgada em VYeimar, em 1919,foi uma das mais avançadas do primeiro período pós-guerra. De
DA REPÚBLICA DE WEIMAR
48) e tinha, portanto, um papel fundamental de alternativa ao poder do parlamento.A lei que deveria definir, dentro dos limites do possível,a situação de emergência, nunca foi emanada, deixando vaga, portanto, sua avaliação. O papel legislativo do Reichstag (Parlamento) era, além disso, limitado pela introdução do referendo. No que diz respeito ao ordenamento da sociedade, a constituição
não decidiu entre capitalismo e socialismo, mas se referiu somente a um consenso miínimo:a base da futura legislação seria a organização existente, fundada sobre a propriedade privada, que, no entanto, de-
veria ter certa propensão em sentido social e, quando se tivesse a necessária maioria nos órgãos legislativos, poderia ser modificada em sentido socialista. Essa situação, de fato, nunca se verificou nos anos sucessivos. Com relação ao mundo econômico,
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begrásst.
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prospectava-se uma gestão solidária:o artigo 165 previa o princípio da paridade entre capital e trabalho e assegurava o reconhecimento estatal aos parceiros dos contratos coletivos e a seus acordos. Aqui o texto da constituição era mais concreto que em quase todos os outros pontos relativos a questões econômicas e sociais. Sobre o tema da
socialização continha disposições que não ultrapassaram a “lei de socialização” de
março de 1919. Na parte mais diretamente inspirada nas
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concepções social-democratas, os direitos civis encontravam amplo reconhecimento e eram delineados os contornos de um Estado assistencial. Fruto de diversos ajustes, pactos e compromissos, a constituição foi aprovada em 31 de julho de 1919 com 262 votos favoráveis e 75 contrários. À VITÓRIA DO PENSAMENTO REPUBLICANO
Charge de George Grosz.
JOVENS ALEMÃS
São ministrados cursos de culinária
a jovens candidatas.
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terizaram por uma relativa estabilidade política, ainda que a Alemanha fosse dirigida por governos de minoria que podiam contar sucessivamente com a tolerância dos social-democratas ou dos nacional-populares. Foram
anos de retomada econômica, de retorno da Alemanha à cena
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política internacional e de maior tranquilidade social. Nesse período emergiram, porém, as contradições e os limites sobre os quais estava baseada a experiência da república de Weimar e que teriam explodido na década seguinte. Em abril de 1925, foram realizadas as primeiras eleições presidenciais por sufrágio universal. Foi eleito o marechal Paul von Hindenburg, o herói da Primeira Guerra Mundial, apoiado por todas as forças nacionalistas, pelos militares e pangermanistas, que, por algumas centenas de votos, conseguiu derrotar o candidato católico da coalizão governista.
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HISTÓRIA
ILUSTRADA DO NAZISMO
DESFILE NACIONALISTA (p. 20). ESPERANDO
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Esse resultado marcou uma etapa fundamental no processo de desgaste no qual, desde seus primeiros anos, se debateu a república. Com efeito, esta reduziu a interpretação da democracia unicamente a nível parlamentar, excluindo o apoio da
participação popular também em outros setores, e não pôde contar com um aparato do Estado renovado e inteiramente fiel aos pressupostos da democracia. Em 1928 foram realizadas
as eleições parlamentares que trouxeram à tona evidentes sinais de crise. Saíram vitoriosos os social-democratas e os comunistas, enquanto os partidos democratas foram derrotados. Os votos perdidos pelas forças que até aquele momento tinham formado os governos republicanos se dispersaram entre diversos grupos locais, sintoma da incapacidade dos partidos burgueses de conquistar o centro do conglomerado político. Comunistas e socialistas, além disso, estavam em posições inconciliáveis e, dilacerados pelos contrastes recía
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Ex-presidente do colosso elétrico AEG, como ministro da política externa de VVeimar obteve uma parcial redução das reparações.
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procos, recusaram-se a uma aliança contra as forças da direita, que foram as primeiras a beneficiar-se com a crescente insta-
bilidade política da Alemanha.
REPARAÇÕES E INFLAÇÃO As reparações impostas pelas potências vitoriosas à Ale-
manha derrotada eram pesadíssimas, impossíveis de serem
pagas em vista da desastrada economia de um país exaurido pela guerra. A questão do cumprimento se tornou um dos nós centrais da vida política alemã, uma das principais causas de instabilidade dos governos e de agitação ideológica das forças extremistas de direita e de esquerda. Walter Rathenau, ministro da Reconstrução e das Relações Exteriores (1921-22),
foi um daqueles que mais se empenharam em resolver essa complexa situação, convencido da necessidade de atender aos pedidos das potências vitoriosas, mas consciente de que
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1924
previdência social, os custos da manutenção das viúvas e dos
órfãos de guerra e a enorme emissão de papel-moeda, que na Alemanha, como em outros lugares, tinha financiado a guerra, causaram uma inflação galopante. Na eclosão da guerra, 4,2 marcos valiam 1 dólar; em janeiro de 1920, a proporção era de 64,8 por 1; em 1922, saltou para 17.972 marcos. Em 1923, a inflação atingiu o ápice, queimando uma enorme parte da riqueza nacional. Os mais atingidos
foram os segmentos de baixa renda fixa — classe operária e média — e os credores — particularmente, as instituições industriais, em contrapartida,
tiraram
vantagem da situação, obtendo créditos facilitados e conse-
guindo, desse modo, realizar maiores investimentos e formar
grandes concentrações. Também os camponeses e todos os
titulares de créditos hipotecários foram favorecidos, pois
puderam saldar suas obrigações com dinheiro desvalorizado.
Graças ao empenho do ministro da Economia Hans Luther, a situação de emergência chegou ao fim em 1923, depois de uma reforma monetária. As dificuldades econômicas mais graves foram então superadas, mas os anos de grande inflação deixaram uma sensação de insegurança e desconfiança no Estado. RETOMADA
ECONÔMICA
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AGROINDUSTRIAL
As dificuldades ligadas a reparações muito elevadas eram evidentes. Os Estados Unidos, que logo depois da guerra financiaram amplamente a retomada econômica de muitos países europeus, estavam convencidos da necessidade de que a economia alemã não fosse completamente estrangulada. Em 1924, o banqueiro e político estadunidense
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integralmente. O elevado montante das reparações, as despesas com a
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HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
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Os ministros das Relações
Exteriores (à esquerda, o soviético Litvinov; no centro, o alemão Rathenau) assinaram, em abril de 1922, o tratado de Rapallo, com o qual os dois países iniciaram uma cooperação econômica.
SABOTAGEM DO RUHR
NA REGIÃO
Locomotiva francesa inutilizada
pela ação dos ferroviários alemães
(embaixo).
Charles Dawes elaborou um plano que reduziu as reparações, subdividindo-as em parcelas anuais para favorecer a retomada alemã. Um grupo de bancos americanos, além disso, concedeu ao país um empréstimo de 800 milhões de marcos. Com o plano, Dawes retomou o fluxo de créditos estadunidenses e a economia alemã entrou numa fase de reestruturação e de racionalização. Em 1927, a Alemanha atingiu o nível de produção de antes da guerra e retornou a um sistema de importações e exportações. Acentuaram-se as tendências já presentes no início do século: crescimento das grandes empresas e criação de cartéis, introdução de formas modernas de gestão empresarial, racionalização produtiva, presença sempre mais forte do Estado na economia. Os
setores produtivos mais importantes (químico, siderúrgico, elétrico, de mineração) aperfeiçoaram no decorrer dos anos
1920 seus acordos de cartel. Em contrapartida, o setor agrícola se encontrava numa
A OCUPAÇÃO DA REGIÃO DO RUHR No final de 1922,a França aproveitou o atraso de fornecimentos alemães por conta
das reparações para invadir O distrito do Ruhr: oficialmente, para garantir “penhores produtivos”, na realidade, para apolar a separação da Renânia e do Ruhr do Reich. A resposta foi uma onda de movimentos nacionalistas instrumentalizados pelo governo e a proclamação da “resistência passiva”. Na
região, a população foi conclamada a não colaborar com os ocupantes. O governo central, uma vez proclamada a greve geral, assumiu o ônus de pagar salários e estipêndios. No verão de 1923, desenhou-se o fracasso dessa estratégia, por-
que a inflação crescia vertiginosamente e o Ruhr já estava prostrado. A grande coalizão formada e dirigida por Gustay Stresemann tentou, no outono, uma mudança de rota: não
restava outra escolha a não ser a capitulação ante a França. No entanto, a vitória da França
crise profunda, cujas raízes eram antigas: seus interesses
divergiam cada vez mais daqueles da indústria e já não sub-
sístia mais o bloco de poder com a grande indústria que
tinha sido a base da Alemanha da época de Bismarck. No pós-guerra, muitas pequenas empresas agrícolas faliram e
as grandes propriedades, especialmente a leste do rio Elba, mantiveram seu caráter latifundiário e escassamente produtivo, impermeável a qualquer tipo de mudança. À prome-
tida e jamais realizada reforma agrária foi, por outro lado, uma das mais graves concessões do governo de Weimar à continuidade dos poderes do segundo Reich. O mundo agrícola em seu conjunto foi, de fato, adversário da república e constituiu um dos núcleos de força da reação que, especialmente a partir de 1925, depois da eleição do presidente Hindenburg, encontrou um espaço sempre mais amplo e, com a crise econômica de 1929, constituiu uma força fundamental para a tomada do poder nazista. transformou-se, nos meses
seguintes, num sucesso alemão, em razão do esgotamento dos contendores. O novo curso econômico e a aceitação do plano Dawes garantiram a solvência dos pagamentos. Nesse momento, a política
de Paris passou a ser atingida. Pressionada por seus aliados, foi obrigadaa anunciar sua retirada do território ZE ae 1925. Chegou ao fim,
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desse modo,a prova de força da Primeira Guerra Mundial, favorecendo em ambas as par tes a disponibilidade para uma
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DA ESTABILIDADE À CRISE
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Para o NSDAPR 1923 foi um ano de reviravolta.A que-
da do marco e a explosão do nacionalismo depois da ocupação do Ruhr foram determinantes para desferir um ataque ao regime democrático. Na noite de 8 de novembro, Adolf Hitler,
presidente do partido na-
zista, tentou tomar o poder
na Baviera e de lá marchar sobre Berlim para conquistar o Reich, a exemplo da marcha sobre Roma de Mussolini. O golpe de Estado fracassou porque os ambientes conservadores bávaros desconfiavam de Hitler, mas as circunstâncias que tornaram possível essa tentativa, como teria mostrado o processo contra os revoltosos, colocaram em evidência o potencial de cumplicidade de
que gozava o NSDAP
para
derrubar o sistema democrático. O próprio processo foi uma importante ocasião para mostrar a fragilidade da república, visto que Hitler,
mesmo condenado a cinco
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de apenas um ano de prisão, Hitler já estava convencido da necessidade de mudar de tática: não uma derrubada violenta do poder, mas uma conquista gradual e por vias legais.
anos de reclusão, conse-
guiu emergir com notável superioridade em relação
aos próprios aliados e seu ataque à democracia foi explicado como amor à pátria. Posto em liberdade depois
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PRINCÍPIO
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Hitler retratado como
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HISTÓRIA ILUSTRADA
DO
NAZISMO
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PARTIDÁRIOS DO RECÉM-NASCIDO PARTIDO NAZISTA
DA ESTABILIDADE À CRISE
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Nós ESTAMOS COM ÁDOLF HirLeER! O NSDAP procurou atrair, desde o início, a simpatia dos trabalhadores.
PÃO E TRABALHO A promessa dos nazistas aos eleitores. SLOGANS ELEITORAIS Da esquerda para a direita: propaganda dos social-democratas
que mostram o perigo nazista, dos comunistas (conclamando para O
fim do sistema) e dos populares que
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Wationalsozialismus Liste
JRABALHO E SINDICATOS O poder contratual no mundo do trabalho e em particular, dos sindicatos organizados cresceu sensivelmente nos anos de Weimar. À guerra tinha comprovado de modo irrevogável a importância do papel produtivo da classe operária
que deu vida à comissão central paritária para a cooperação entre sindicatos e industriais. Havia sido criado, desse modo, o primeiro quadro institucional para a cooperação, e a introdução da jornada de trabalho de oito horas mostrou a disponibilidade dos empresários em acatar algumas con-
razão social da comissão perdeu força, e os conflitos salariais
virulência, visto que agora estava em jogo o próprio sistema democrático e social. O mundo do trabalho via-se, além disso, sempre mais marcadamente dilacerado pelo radical contraste entre os trabalhadores organizados, entrincheira-
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atrás. No dia 15 de novembro de 1918, foi assinado o acordo
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a guerra civil (embaixo).
se exacerbaram, enquanto os empresários tentaram descarregar nos ombros dos trabalhadores a pressão dos preços, aumentando a carga horária para além das oito horas. Toda perspectiva corporativista fracassou perante a dura realidade dos conflitos de classe. O mundo empresarial teve atitudes muito diversas com relação a essa nova realidade: como tendência, os setores mais modernos eram também os mais favoráveis à cooperação. Entre 1924 e 1928, as margens para uma superação por via negociada do conflito se restringiram sempre mais. Os empresários queriam reconquistar a plena liberdade de ação e pôr fim a todas as garantias e contribuições do Estado social.
e, na Alemanha da desmobilização, não era possível voltar
quistas materiais que ultrapassavam as normas existentes. A base econômica que permitiu estabelecer essa política de cooperação foi a inflação. Quando a estabilização da moeda pôs fim a toda margem de manobra inflacionária, também a
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HISTÓRIA ILUSTRADA
GUSTAV
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Entre os fundadores do partido popular, foi por breve tempo chanceler à frente de uma grande coalizão. Em seguida, assumiu O
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Ministério das Relações Exteriores
e, até 1929, procurou atenuar as
tensões com a França. Em 1928 recebeu o Prêmio Nobel da Paz. MANIFESTAÇÃO
O TRATADO (embaixo)
CONTRA
DE VERSALHES
dos na defesa dos próprios privilégios, e a massa crescente dos desempregados.
O “ESPÍRITO DE LOCARNO”
As potências vitoriosas, especialmente por vontade da
França, não somente tinham imposto à Alemanha derro-
tada altíssimos custos, como também tentado anular seu
peso político internacional, excluindo-a da Sociedade das Nações e procurando isolá-la. Gustav Stresemann, ministro das Relações Exteriores de 1923 a 1929, foi o maior artífice da superação dessa situação. Em 1922, um primeiro passo importante foi a assinatura em Rapallo de um tratado de amizade com a União Soviética, que deu à Alemanha importantes
vantagens econômicas em decorrência das possibilidades de intercâmbio que dele derivaram. Nos anos seguintes, eliminada a emergência da inflação e conquistada, desde 1º de janeiro de 1925, a plena liberdade
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Territórios contestados
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Sob controle da SDN
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comercial, a Alemanha começou a desempenhar um papel de maior peso em nível internacional. Stresemann estava convencido de que uma situação de equilíbrio na Europa podia ser garantida somente se o próprio país tivesse saído do isolamento, e essa posição era compartilhada, em mea-
dos da década de 1920, tanto pela Grã-Bretanha como pela França, em particular por Aristide Briand, ministro francês das Relações Exteriores de 1925 a 1932. Ponto de chegada desse novo curso foi a conferência de Locarno, de outubro de 1925. Os participantes garantiram uns aos outros as fronteiras nacionais, repelindo o uso da força para resolver eventuais contenciosos. No ano seguinte, a Alemanha foi
admitida na Sociedade das Nações. Em 1926, Stresemann assinou um novo pacto de neutralidade e recíproca amizade com a União Soviética, para mostrar que a política externa alemã já tinha reconquistado plena autonomia. Muitos conservadores alemães criticaram as excessivas concessões
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cional e da escola do Bauhaus de
Weimar, do qual realizou o edifício
de Dessau (embaixo).
TRAMA NEGRA (1922) Partidário de uma concepção anti-
naturalista da arte, O pintor russo
Kandinsky, que se transferiu para a Alemanha no final do século XIX, foi um dos expoentes da escola do abstracionismo (à direita).
haviam surgido nos anos precedentes, puderam se exprimir com maior liberdade. O desenvolvimento dos meios de comunicação de massa encontrou seu interlocutor natural num público sempre mais amplo e variado. A literatura e O teatro procuraram desse modo novas formas: da difusão da reportagem como gênero literário, à grande experiência do teatro político de Erwin Piscator, ao cabaré. A produção em série de objetos domésticos levou ao desenvolvimento das artes aplicadas, de escala artesanal a um nível industrial. O surgimento do Bauhaus como centro formador e cultural, empenhado na renovação da arquitetura habitacional e de projetos de decoração, reuniu, primeiro em
aquelas mesmas potências que tinham assinado as rígidas
cláusulas da derrota e julgaram sua política exterior incapaz de restituir ao país seu papel hegemônico na Europa central.
A VIDA CULTURAL
Depois de 1918, a vida cultural alemã apresentou aspectos contraditórios. Ao lado de experiências pedagógicas e didá-
tanto nos programas como na organização do sistema escolar. A maioria do corpo docente nunca aderiu com convicção à causa republicana; pelo contrário, manteve-se muitas vezes em posições antidemocráticas. No campo artístico, a Alemanha de Weimar viveu, no entanto, um período de grande riqueza cultural e inovadora, no qual muitas tendências, que
Weimar e depois em Dessau, arquitetos (Walter Gropius),
pintores (Oskar Schlemmer, Wassily Kandinsky, Johannes Itten), fotógrafos (Lazló Moholy-Nagy, John Heartield). Em oposição ao decorativismo “decadente” e burguês, surgiram tanto o movimento da “nova objetividade” como aquele
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Em 1927, Stresemann e Briand receberam o Nobel da Paz: na Europa, muitos estavam convencidos de que a paz já estivesse garantida para os anos futuros.
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HISTÓRIA
ILUSTRADA
DO
NAZISMO
SOCIEDADE DE MASSA E TEMPO LIVRE No decorrer da década de
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1920, a Alemanha
núcleo familiar.À introdução da semana de trabalho de 40 horas e das férias remune-
tinha uma
radas criaram as premissas para a organização do tempo livre dos assalariados.À ideia moderna do tempo livre (um luxo que até então tinha sido reservado à burguesia) estava potencialmente ao alcance de todos. Difundiu-se a moda dos parques de diversões, dos teatros de variedade e dos salões de baile. Cinemas, arenas
maiores com
relação ao tra-
dicional associacionismo de antes da guerra, uma vez que
sempre mais frequentados, particularmente pelos jovens. O associacionismo teve notável expansão em todos os níveis: operário, juvenil, cultural e esportivo. Depois da crise dos velhos modelos liberais
havia aumentado a disponibili-
dade política das massas para as grandes mobilizações e a
tecnologia para a manipulação da opinião pública passara por uma grande transformação. As massas organizadas, a partir
e autoritários, da mobilização
em massa promovida pela Primeira Guerra Mundial e das transformações políticas, socioculturais e tecnológicas, as formas da vida pública conheceram uma notável mu-
daí, começaram a participar
dos cortejos e das grandes manifestações políticas.
dança. Foi necessário recorrer
À MARGEM DO LAGO
a fórmulas de expressão coletiva de dimensões e alcance
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boa dotação de bens industriais e de amplo consumo. Em 1932, 66 habitantes de cada 1.000 possuíam um aparelho de rádio, 52 uma televisão e um automóvel (a média europeia era de 38, 20 e 7, respectivamente). O grande processo de industrialização tinha criado as premissas da produção e do consumo em massa.À urbanização tinha reduzido a produção autár-
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VENDA NUMA
DE HORTALIÇAS CIDADE ALEMÃ
POLÍCIA CONTRA OS
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Causados por uma excessiva emis-
são de moeda, os impressionantes indices de inflação, que marcaram os anos de VVeimar, enfraqueceram o poder de compra do marco, atingindo especialmente todos aqueles que garantiam sua subsistência
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expressionista, que se apresentavam como verdadeiros intérpretes da vida cotidiana, próximos das pessoas. Contra as decorações e o catálogo dos estilos em arquitetura, passou-se a defender uma construção liberada do ornamento ou imediata e direta. As novas técnicas fotográficas e cinematográficas permi-
tiram o desenvolvimento de linguagens autônomas, ligadas à imagem e à cultura da metrópole, não mais tomadas da
literatura e do teatro, com o trabalho de maestros como Fritz
Lang, Max Ophiils e Friedrich W. Murnau. Elemento característico de grande parte das expressões culturais foi a falta de identificação com os novos valores republicanos e democráticos por causa dos limites do reformismo da política social-democrática, que assinalaram também sua incidência na vida cultural e sua elaboração ideológica. Muitos dos intelectuais mais ativos e atuantes do
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período foram profundamente críticos com relação à nova
ordem, a seu ver incapaz de se tornar portadora de uma inovação realmente radical.
Os últimos anos da república foram caracterizados por uma guinada para a exaltação da guerra, que preparou e difundiu a mentalidade e a ideologia fascista. Diante dessa polarização e radicalização, no início da década de 1930, muitos intelectuais se retiraram da vida pública, afirmando a primazia da interiorização.
CRISE ECONÔMICA E DESEMPREGO À crise econômica de 1929 teve suas raízes essencial-
mente no desenvolvimento capitalista e financeiro dos Estados Unidos. Os estreitos laços que a Alemanha tinha, desde o início da década de 1920, com a economia ameri-
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pela crise. À recessão produtiva assumiu níveis dramáticos, em particular no setor dos bens de consumo. Os salários sofreram uma maciça contração, em parte por causa do corte dos salários mínimos decretado pelo governo, como também
pela falta de cumprimento dos contratos coletivos de traba-
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lho pelos empresários; os preços, ao contrário, continuaram a aumentar. Os índices mais alarmantes se referiram, contudo, ao desemprego que passou de 8,5% de 1929 a 29,9%
em 1932, isto é, cerca de 5,5 milhões de desempregados registrados, aos quais devem ser acrescentados cerca de um milhão de não oficiais. Os mais atingidos foram os operários, em particular
os mineiros e os trabalhadores da indústria pesada, e os
empregados. Muitos funcionários públicos não perderam o emprego, mas sofreram uma nítida redução do estipêndio; pequenos lojistas e comerciantes foram atingidos pela queda
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dos preços e pela redução de seu poder de compra. Tanto o seguro contra o desemprego, garantido por lei desde 1921, como o subsídio de crise eram suficientes para um período relativamente breve. À pobreza crescente se juntavam um difundido senso de frustração e a falta de perspectivas. Com a crise econômica, a república de Weimar perdia ulteriormente sua legitimidade, em vista de sua conclamada falência no setor social. Os grupos militarizados de direita e de esquerda ofereciam coesão e oportunidades para preencher o dia que os desempregados não encontravam em outro lugar: a disciplina da organização substituiu a do trabalho. A crise econômica mundial foi uma das causas fundamentais do colapso definitivo da república: de um lado, promoveu uma radicalização das massas dispostas a tudo para sair do angustiante presente; de outro, concedeu aos conservadores ocasião de desferir o golpe definitivo ao sistema que se havia firmado em 1918.
CARCAÇA DE CAVALO NA RUA No auge da crise, populares tentam retirar um pouco de alimento da carne do animal exposta na via pública.
34
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HISTÓRIA ILUSTRADA DO
NAZISMO
CAMINHÃO DE PROPAGANDA NAZISTA ATRAVESSA O PORTÃO DE BRANDEMBURGO (BERLIM)
No início, o partido nazista agiu sobretudo como força de pressão nas praças e como organização
que reunia ideologicamente os
conservadores e os segmentos populares atingidos pela crise.
O CRESCIMENTO DO NSDAP
Os efeitos da grande crise mundial coincidiram com o
crescimento eleitoral do partido nazista, cuja força provinha principalmente do esfacelamento progressivo das instituições republicanas e do redimensionamento em ato no setor de direita do alinhamento político. O NSDA?P foi favorecido pelo desmantelamento da ideia de democracia na consciência popular: a maioria da população, profundamente abatida com o desemprego e a incerteza, reclamava uma ordem qual-
quer, capaz de garantir estabilidade para o futuro. A tradição
autoritária da Alemanha imperial tinha raízes profundas e era fácil induzir a maioria a pensar que a única solução seria o retorno àqueles princípios que a república tinha se proposto eliminar, mas revelando-se incapaz de substituí-los por novos conteúdos. A partir de 1930, o partido nazista
continuou a crescer, favorecido também pela impotência das forças democráticas diante da expansão da crise. O NSDAP
ALFRED HUGENBERG Nascido em Hannover em [865,a partir de 1890 fez parte de numerosos círculos e organizações nacionalistas. Grande industrial, durante a guerra construiu um imenso império econômico, graças especialmente ao controle de grande parte da imprensa e de outros meios de comunicação, que soube utilizar para combater violentamente a recém-constituída república,
Eleito em 1928 à presidência
do partido nacional alemão, sua afirmação marcou uma etapa fundamental para a concentração em torno do INSDAP das forças nacionalistas e pangermanistas. Financiou o partido nazista, decidido a utilizá-lo, precisamente por sua grande capacidade de atração nas praças, como cabeça de ponte para destruir o sistema weimariano. O peso
econômico de Hugenberg e seu papel político foram a prova mais concreta de como, por detrás do crescente sucesso do NSDAR se dese-
obteve sucesso decisivo nas áreas rurais e nas cidades peguenas e médias, enquanto nos grandes centros urbanos os partidos operários mantiveram certa força. Os dados eleitorais demonstram que, entre 1930 e 1933, os nazistas conseguiram
a maioria de seus votos no tradicional eleitorado das forças burguesas. O aumento do número dos deputados permitiu aos nazistas utilizar o parlamento como caixa de ressonância de suas palavras de ordem. O aumento de inscritos e simpatizantes se traduziu num ativismo de praça pública, capaz
de canalizar a insatisfação e a rebeldia. A grande habilidade do NSDAP foi utilizar todas as técnicas de manipulação dos comportamentos coletivos. Uma contribuição essencial para sua vitória foi dada também pelos setores de ponta da economia alemã que, especialmente depois de 1930, estavam convencidos da necessidade do restabelecimento de uma ordem autoritária e antissocialista, e financiaram generosamente o partido. nhava também o apoio dos
setores fortes da economia,
mas também de como os representantes dos partidos conservadores pensavam em explorar a força de pressão nazista para romper definitivamente a frente democrática e, depois, centralizar nas próprias mãos o poder político
e repropor um alinhamento conservador de tipo imperial, mais que um novo sistema de alianças. A decisão de
Hungenberg de resolver a crise alemã por meio de um golpe de força antiparlamentar
levou a superar as rivalidades existentes entre os partidos da direita nacionalista a que
todos visavam, com poucas diferenças de perspectiva, a uma restauração autoritária. Com relação a estes,o NSDAP ti-
nha, porém, a vantagem de ter introduzido na política o mêtodo das esquadras de choque em praça pública. O destino do partido de Hugenberg, que se dissolveu pouco depois de janeiro de 1933, teria mostrado nos anos seguintes a falta de fundamento desses projetos de restauração.
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DA ESTABILIDADE À CRISE
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DE LEITE No início dos anos 1730,a cada dois trabalhadores um estay
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edade, com consoci da ldes humi mais res seto aos ntes ence pert ãs alem ílias fam as a " desempregado. Isso teve efeitos devastadores par o no país após a guerra, ndid difu a havi se que a ranç segu in de ma cli ado pes já o m ra e materiais que exaspera
* sequências psicológicas
36
E
HISTÓRIA ILUSTRADA DO
NAZISMO
SUÁSTICA NAS BANDEIRAS Símbolo do valor mágico-religioso difundido em suas origens entre populações do tronco linguístico
indo-europeu, transformou-se, com
o prolongamento de seus braços, na cruz gamada que os nazistas adotaram como emblema de sua organização política,
PROIBIDO FALAR
Hitler amordaçado num cartaz de
propaganda nazista de 1926.
1930, o presidente Hindenburg conferiu ao católico Hein-
À DESAGREGAÇÃO DA REPÚBLICA
rich Brining o mandato para formar um novo governo,
Foi a crise econômica que infligiu o golpe de graça à coalizão de Weimar. Os contrastes entre os partidos de governo sobre como enfrentar a emergência econômica eram sempre mais marcantes e a luta política assumiu um radicalismo e uma virulência extremos. Os partidos operários, embora continuassem a reunir a maior parte do
aplicando o artigo 48 da Constituição: este não deveria
responder ao parlamento sobre sua atuação, mas dependeria exclusivamente da confiança do presidente. Inau-
gurava-se assim o período de gabinetes presidenciais que, sem poder ser considerados como a inevitável premissa do triunfo nazista, desferiram um derradeiro golpe ao sistema
eleitorado proletário, foram incapazes tanto de enfrentar a
emergência social e econômica como de perceber a ameaça representada pelo NSDAP. Este último, com efeito, incitava o protesto em praça pública, agressivo e terrorista, contra os partidos operários e contra todas as forças que se identificavam de algum modo com o sistema democrático: organizações pacifistas, movimentos antimilitaristas, intelectuais.
democrático. Entre 1930 e 1933, as forças conservadoras
se aliaram ao partido nazista, a fim de utilizá-lo como força
de pressão para derrubar o sistema, convencidas de que teria sido possível privá-lo de seu potencial subversivo e integrá-lo depois numa coalizão de governo. Os conservadores davam por certo o fim da república democrática, mas não souberam avaliar o peso subversivo e inovador do NSDAP, tornando-se eles próprios vítimas, depois de 1933, de sua estratégia.
No âmbito governamental delineava-se o alinhamento
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de forças que teriam sepultado a república. Em março de
1924, durante a de-
tenção, depois do fracassado putsch de Munique. O primeiro volume saiu em 1925 e o segundo, no ano seguinte. Nele eram expressos alguns pontos fundamentais de sua concepção política e ideológica, em particular
6 línguas e, até 1940, foram
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no tocante ao espaço vital
e à questão judaica, dois aspectos profundamente ligados: “Um Estado — es-
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publicados |O milhões de exemplares.É difícil estabelecer quantas pessoas realmente o leram e quantas, entre aquelas que o leram, entenderam sua mensagem. Além dis-
so, nas manifestações e
nos discursos de propaganda prevaleceu sempre a tendência a adap-
tar-se às circunstâncias contin-
gentes, prometendo aquilo que se sabia que era do agrado dos
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decadência das raças, dedica-se aos cuidados de seus melhores elementos raciais deverá um dia tornar-se dono do mundo”,
Minha luta foi redigido por Hitler em
Em contrapartida, o espaço dedicado às questões econômicas era bastante escasso e havia somente afirmações muito vagas. Mein Kampf foi traduzido em
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crevia — que, numa época de
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O LIVRO KAMPF
presentes, sem preocupar-se
com as reais possibilidades de
atuação. Seria errôneo, con-
tudo, pensar que, já em 1924, Hitler visse claramente todo -
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o sucessivo desenvolvimento
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político: Mein Kampf é mais um q testemunho das linhas mestras|
de seu pensamento, que foi
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possível em boa parte realizar |RE por meio de um concurso: de É circunstâncias que certamente não era previsível em meados da década de 1920.
DA ESTABILIDADE À CRISE
A CIDADE
E
37
E A POLÍTICA
HABITACIONAL
As experiências urbanas promovidas antes da Grande Guerra (movimento das cidades-jardim, intervenções para construir aldeias rurais ou de filantropia industrial,
bairros-modelo) tiveram re-
novado empenho na década de 1920 em teorizações e,
às vezes, em realizações que
tinham por objeto a cidade
do trabalho (Trabantenstadt),
a cidade socialista, alternativa à cidade burguesa do século XIX (Ernst May, Ludwig Hilberseimer). O mesmo modelo
de metrópole (Groszstadt) foi pensado não mais como demonização do grande número, mas como horizonte
reformista onde a cidade era não somente o lugar da fábrica racionalizada (AEG, Siemens), mas também de uma vida cotidiana em parte liberada do trabalho, racionalmente organizada inclusive no tempo livre: exemplo disso foram os bairros-modelo e as escolas de Ernst
May em Frankfurt, as cidadesSatélite, os parques, os estabelecimentos balneários de
Martin Wagner em Berlim, as grandes cortes de Fritz Schu-
macher em Hamburgo. Esses cenários serviram de fundo para Os romances de Alfred Dôblin sobre as repentinas transformações urbanas ou para as reflexões de Walter Benjamin sobre a Berlim em movimento. A política da casa, fortemente incentivada em formas cooperativas ou tutelada por acordos com as centrais sindicais, conheceu um feliz período de experiência
lógicos, traduzidos em requisitos habitacionais, impuseram
as medidas mínimas do habitar. Interessantes as experiências que num horizonte reformista
enfrentaram o tema da racionalização doméstica e da vida da mulher, em particular a Frankfurter Kiche de Grete Schiltte-Likowsky.
na construção de bairros com
objetivos de alta qualidade de vida (Berlim Britz de Bruno Taut, por exemplo). A necessidade de alojamentos levou à massificação da produção (as fábricas de casas) e a extremizações e slogans como o Existenzminimum, segundo o qual enxutos parâmetros socio-
EMPÓRIO VWVERTHEIM EM BERLIM
O edifício era um local para
as compras da classe média da capital (no alto). CENTRO RESIDENCIAL CARL LEGIEN Na década de 1920,
Berlim esteve na vanguarda, na arquitetura urbana.
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ntre 1932 e 1933, existiam ainda possibilidades de compromisso entre a classe política, as velhas elites sociais eo NSDA?P que, nas eleições para o Reichstag de setembro de 1930, havia obtido 18,3% dos votos. O alinhamento em torno do presidente do Reich fez com que
fosse superada a desconfiança que tinha impedido até agora a
nomeação de Hitler como chanceler, pensando que seria “cercado” pelos homens de confiança da direita. Em 30 de janeiro de 1933, o marechal Hindenburg confiou a Hitler a missão de formar o governo. À preocupação inicial do novo chanceler foi demonstrar a própria moderação. Seu gabinete foi formado por uma minoria de nazistas, ao lado dos quais havia os representantes das várias correntes da direita conservadora e das forças armadas, certos ainda de poder controlar a situação. Franz von Papen, vice-chanceler, Hugenberg no Ministério da Economia, Werner von Blomberg na Defesa e Franz Seldte, no Ministério do Trabalho, pareciam suficientes para neutraart
40
E HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
O cHANCELER HITLER E O PRESIDENTE HINDENBURG EM 1933 (p. 38)
O
INCÊNDIO
(na abertura).
DO
PARLAMENTO
PROPAGANDA O cartaz nazista, que acusa os comunistas de ter ateado fogo ao Reichstag, convida a votar na lista liderada por Hitler.
lizar os nacional-socialistas Frick, no Ministério do Interior,
e Hermann Góring, ministro sem pasta. Em poucos meses, foi posta em movimento a chamada “revolução nacional” que se estendeu muito além do projeto dos conservadores e mudou a concessão do poder em tomada do poder. O cartel das elites da economia, do exército e do NSDAP que entrementes se havia consolidado e que tinha como fins comuns a destruição do movimento operário, a instauração da ditadura e a aceleração forçada do rearmamento, acabou por se configurar como a estrutura de poder do Terceiro Reich. Os dirigentes dos partidos operários e dos sindicatos estavam, no início de 1933, resignados e passivos. Ainda que partindo de perspectivas diversas, os partidos antifascistas tinham sido incapazes de colher as mudanças em ato e, entrincheirados em suas posições, renunciaram a uma estratégia comum. No
dia 30 de janeiro de 1933, o princípio da ação tinha passado definitivamente para outras mãos. Um MONTE DE RUÍNAS
O que restava do plenário do Reichstag depois do incêndio de 27 de fevereiro de 1933. O ato criminoso foi instrumentalizado por Hitler para baixar um decreto fortemente limitativo das liberdades civis e políticas e que reintroduzia a pena de morte.
O INCÊNDIO DO REICHSTAG
Na noite de 27 de fevereiro de 1933, o Reichstag foi
incendiado. O culpado, o comunista holandês Martin Van
der Lubbe, foi preso e condenado à morte. Ainda hoje é con-
troversa a questão das reais responsabilidades desse gesto:
certo é que o episódio foi habilmente explorado pelo novo governo. No dia seguinte, Hitler fez Hindenburg assinar um “decreto para a proteção do povo e do Estado” que abolia alguns princípios fundamentais como a liberdade de opinião, de imprensa, de associação; suspendia o segredo epistolar, a inviolabilidade do domicílio e reforçava as penalidades para certas acusações, restabelecendo em alguns casos também a pena de morte. A detenção por razões de segurança foi legalizada como medida preventiva que permitia deter inimigos
políticos e aplicada especialmente contra os comunistas.
A medida de 28 de fevereiro não vinculava de modo algum o chanceler à autoridade do presidente do Reich; E
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A "REVOLUÇÃO NACIONAL"
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FRANZ VON PAPEN No governo do país por alguns meses em 1932, geriu a última fase da agonia da república de VYeimar. Deixou livres os esquadrões paramilitares nazistas e foi nomeado vice-chanceler no primeiro gabinete de Hitler. CARTAZES
ELEITORAIS
REVOLUÇÃO NACIONAL Cartaz nazista (embaixo).
qual ficavam praticamente excluídos os comunistas; foi
DEPURAÇÃO DO
votada uma lei que atribuía plenos poderes ao Fiihrer: eram
ESTADO E DA SOCIEDADE
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executivo e o definitivo desmantelamento do sistema de Weimar. A lei foi aprovada com 444 votos favoráveis e 94 contrários. À oposição ficou a cargo dos social-democratas e seu presidente Otto Wels denunciou com coragem o sepultamento da democracia. Os representantes de todos os outros partidos votaram a favor, convencidos de que era necessário ter um executivo forte para garantir um retorno ordem. Daí em diante, os parlamentares se reuniram raras
O plano das forças conservadoras de “cercar? o partido nazista e dobrá-lo a suas exigências revelou-se muito cedo uma ilusão. No dia 9 de março, tinham sido anulados os mandatos parlamentares dos comunistas: muitos deputados e funcionários foram presos ou obrigados
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colocadas, desse modo, as bases para o fortalecimento do
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No dia 23 de março, reuniu-se o novo parlamento, do
ada!
convocadas para 5 de março de 1933 se desenvolveram num clima de violência terrorista. Com 43,9% dos votos, o NSDAP não obteve a maioria absoluta como esperava.
vezes e somente para aplaudir e ratificar as decisões do Fiihrer. Todo resíduo de colegialidade política havia desaparecido.
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foi assim institucionalizado o estado de emergência que caracterizou toda a duração do regime nazista. As eleições
42 “Nossa HirLER”
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO ÚLTIMA
ESPERANÇA:
SOCIAL-DEMOCRATAS
= JUDEUS
A frase “Eu, bisneto de Mardoqueu Marx, lhes dei meu simbolo” alude
com sarcasmo ao fato de que os cabelos crespos dos judeus se
tornam flechas, simbolo da socialdemocracia alema. DESFILE
DAS SA
Os cartazes
intimam:“Não
com-
prem dos judeus!” (embaixo).
a deixar o país. A social-democracia, decidida a manter-se no âmbito da legalidade, tinha, no entanto, enviado ao exterior alguns de seus funcionários mais importantes e,
quando no dia 22 junho, o partido foi declarado ilegal, o grupo dirigente decidiu continuar no exterior sua batalha antinazista. Os outros partidos se dissolveram e, no fim de junho, o NSDAP era a única força política legal. A situação ficava sempre mais difícil para todos aqueles que se haviam empenhado contra o regime; para fugir do perigo iminente e poder continuar a se exprimir livremente a fim de denunciar o que ocorria em seu país, muitos intelectuais escolheram o caminho do exílio. No dia 7 de abril foi criada a lei “para o restabelecimento da burocracia profissional”, destinada a subordinar o aparelho administrativo aos ditames do novo regime. Foram despedidos os funcionários que haviam entrado em serviço depois de 9 de novembro de 1918 e aqueles que eram de 1 E
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origem “não-ariana”: antes mesmo que fosse criada uma legislação racial, o princípio racista era sancionado num
setor essencial da vida do Estado. Ao mesmo tempo as vioIências de rua, revoltas num primeiro momento especialmente contra os partidos operários, começaram a atingir
também os judeus. No dia 1º de abril foi organizada uma
ação para boicotar lojas de judeus, que inaugurou a série de ações coordenadas pelo governo e, embora essa iniciativa
não fosse realmente coroada de êxito, começou a difundir-se em setores sempre mais amplos a convicção da culpa e da inferioridade dos judeus.
AS IGREJAS E O NAZISMO As igrejas católica e evangélica tiveram, nos primeiros
anos do governo de Hitler, um importante papel no fortalecimento da autoridade do Estado nazista e na eliminação de possíveis núcleos de oposição.
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perseguição, OPOSIÇÃO polícia foi o instrumento que o nazismo utilizou para executar a vontade do Fiihrer e garantir a
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ordem e, embora fosse a única instituição auto-
rizada a exercer o poder de coerção, nela prevaleceu claramente a instância do partido em vez da estatal. A estrutura da polícia foi um dos setores que confirmou a compenetração entre Estado e partido. Logo depois da tomada do poder, Hermann Góring, ministro do Interior na Prússia, procedeu a uma radical reorganização dos serviços de segurança, criando a polícia secreta do Estado (Gestapo). Também em todas as outras Lânder (regiões) foi criada a polícia política, e, na Baviera, Heinrich Himmler foi nomeado diretor-geral, que, a partir de 1929, foi também chefe das SS. Seu colaborador, Reinhard Heydrich, criou, em 1931, o Sicherheitsdienst (serviço de segurança), um poderoso instrumento de controle tanto dos partidos e das organizações inimigas como da oposição interna ao partido. Após a eliminação das SA em 1934, o
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HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
HITLER NUM AFRESCO DO PINTOR MEXICANO
DiEGso RivErA (1933)
(p. 88)
ÀS
FLORES PARA O FÚHRER A imagem de Hitler foi objeto de devoção em muitas casas alemãs
(na abertura).
DISTINTIVO DE IDENTIFICAÇÃO DA POLÍCIA SECRETA
DO ESTADO (GESTAPO)
poder de Himmler cresceu notavelmente: foi unificada sob seu comando toda a polícia política, exceto a prussiana. Em junho de 1936, um decreto de Hitler, destinado a regulamentar esse complexo aparato, centralizou a estrutura
da polícia e a pôs sob o controle de Himmler, que era formalmente subordinado ao Ministério do Interior, mas de fato
autônomo. Na união entre polícia do Estado e polícia política prevaleceram claramente as SS, de tal modo que Himmler não teve sequer um escritório no Ministério do Interior. No mesmo ano, ele reorganizou a polícia, dividindo-a em polícia da ordem e polícia de segurança, confiando a Heydrich o controle desta última.
A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
O direito no regime nazista se tornou instrumento para a perseguição dos inimigos e dos indesejáveis. Não houve,
após a tomada do poder por Hitler, mudanças de relevo no
HEINRICH HIMMLER
próprio Ministério da Justiça: a maioria dos funcionários era da ala conservadora e pronta a conformar-se com a vontade do novo governo. Foram afastados os judeus e, a partir de 1935, as mulheres não puderam mais ser juízes. No setor administrativo, o fim das autonomias locais fez com que o ministério tivesse o controle sobre um sistema bastante amplo, porquanto, até aquele momento, havia prevalecido a descentralização. As mudanças ocorreram fora das estruturas administrativas: foram criados amplos espaços de autonomia jurídica para as SA e depois para as SS e muitos aspectos do direito passaram por significativas mudanças. Isso afetou particularmente o direito privado: depois do incêndio do Reichstag, foi restabelecida a pena de morte para alguns delitos. Setores sempre mais amplos foram subtraídos da administração comum da justiça e foram instituídos tribunais especiais. Enquanto aquele especial para os delitos políticos e a corte SS e, no ano seguinte, eleicoa a
ao Reichstag. Como chefe | a abriu, Si da pala de
Nascido em Munique em
1900, numa família de estrita
observância católica e monárquica, em 1923 tomou parte no putsch de Munique junto com Hitler. Em 1925 se inscreveu no NSDAP e ligou-se a Gregor Strasser; no mesmo ano se tornou subs-
tituto do Gauleiter (respon“sável) da Baviera meridional
e, de 1926 a 1930, substituto
E chefe da propaganda. Em 1929 foi nomeado chefe das
pos. Em 1934 esteve enge ca , mais entusiastas organizado: | | res do massacre das SAdide + Rôhm. Nos anos seguintes, a sua carreira coincidiu com | a E o crescimento do
dos mais poderosos mem
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bros do aparato político « eRr regime e teve margens &de a
ia TERROR, PERSEGUIÇÃO, OPOSIÇÃO
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9]
REINHARD HEYDRICH Membro das SS desde 1931, teve um papel de primeiro plano na
“noite das facas longas”, nas violências antijudaicas que culminaram “na noite dos cristais” e no planejamento do extermínio dos judeus a
da Europa (à esquerda).
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WILHELM FRICK Ministro do Interior do Reich
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de 1933 a 1943 e depois Reichsprotektor da Boêmia-
“Morávia, foi condenado à forca
em Nuremberg.
popular de justiça eram ainda dependentes do Ministério da
Justiça, os novos tribunais da Wehrmacht eram autônomos
e, a partir de 1936, tiveram também autonomia, em determi-
nadas circunstâncias, de julgar os civis. De acordo com esse
modelo, Heinrich Himmler fundou em 1934 um tribunal de honra para as SS. Foram introduzidas mudanças também no direitode família: a tutela da pureza racial contemplou a proi-
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bição de casamentos por razões eugenéticas e foi incentivada
a separação dos casais mistos.
Fundamento da concepção nazista do direito não foi mais
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a proteção de cada pessoa e a igualdade de todos os cidadãos perante a lei, mas a prioridade do interesse da comunidade do povo e o dever de servi-la. Muitas novas penas foram aplicadas retroativamente. Houve, além disso, uma intensificação geral das medidas punitivas, como demonstra O
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crescimento exponencial das condenações à morte, em
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ENTRE CONSENSO E SILÊNCIO
À adesão ao nazismo não foi unânime entre a população alemã, como queria a propaganda do regime. O entusiasmo foi apenas um fenômeno de fachada e, na realidade, após a tomada do poder, o movimento nacional-socialista se caracterizou pela luta pelo poder pessoal e por um ritual totalmente exterior de desfiles, enquanto a massa politicamente indiferente da população caiu num passivo mau Mo humor e numa série de compromissos pri| vados com o regime. Houve, no entanto, muitos aspectos da política nazista que tiveram amplo apoio, em primeiro lugar os sucessos na política externa: o fato de que a o
particular após a eclosão da guerra. w
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(grupos de operação) nos territórios ocupados pela Wehrmacht, nos guetos e nos campos de extermínio. Foi também responsável pela germanização dos territórios anexados e, portanto, esteve entre os principais estrategistas da condução da guerra total” no leste. Na primavera de 1945 foi afastado de todos os cargos e expulso do partido, porquanto se declarou favorável à capitulação parcial, na ilusória esperança de continuar combatendo contra a URSS, ao lado das
nobra sempre mais am-
EE Entre a elite dominante, não. granjeou simpatizantes, mas de qualquer modo foi
temido pelo obsessivo cui-
dado nas questões que dependiam dele. Empenhou-se “pela tutela da “raça ariana”, em particular por meio da Criaç cão da casta elitista das SS é pela fundação do Lebensborn. - Depois da eclosão da
guerra, esteve entre aqueles
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potências ocidentais. Nos dias seguintes à capitulação da Alemanha, tentou fugir com documentos falsos, mas, feito prisioneiro pelos ingleses em 23 de maio de 1945, suicidou-se com cianureto quando sua identidade foi descoberta.
92
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
SOMENTE HITLER Esta declaração de Baldur von Schirach confirmava o culto de que era objeto o Fiihrer:“Adolf Hitler, nós cremos em ti. Sem ti seríamos
apenas indivíduos, por meio de ti somos um povo. És tu que dás um sentido à nossa juventude”. HITLER PELAS RUAS DE NUREMBERG EM 1934
(embaixo).
Hitler tivesse conseguido, num breve espaço de tempo, anular as cláusulas discriminatórias do tratado de Versalhes e realizar antigas reivindicações territoriais (como a unificação de
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Fizssd ti TU
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todos os alemães numa grande Alemanha) foi acolhido com
grande entusiasmo pela imensa maioria da população. O que contava para muitos alemães não foi somente o sucesso no plano dos resultados, mas também dos métodos: depois de um decênio de política exterior titubeante e contraditória, sob a insígnia do compromisso, Hitler deu aos alemães a impressão de que sua estratégia, arriscada mas ao mesmo tempo eficaz, tinha obtido grandes resultados. Muitos alemães fizeram avaliações análogas com relação às medidas econômicas e sociais do regime. Parecia que o novo governo tinha efetuado uma reviravolta radical: após a incerteza e o desemprego, a partir de 1936-1937 foi pelo menos garantida a todos a satisfação das necessidades fundamentais de alimentação e trabalho. Teve grande apoio até mesmo a política do terror quando prometia
pôr “ordem”, embora incluísse a perseguição dos opositores é a supressão violenta de toda dissensão, por menor que fosse.
O fato de que se pudesse deixar a bicicleta sem cadeado na
frente de casa, sem que ninguém a roubasse, ou que não circulassem pelas ruas tantos “transviados”, foi atribuído como
mérito exclusivo do regime. Todos esses aspectos contribuí-
ram para fazer crescer o mito da imensa superioridade do Fiihrer, ao qual eram atribuídos todos os sucessos, e constituiu um poderoso elemento de agregação e de consenso.
ÓRDEM E TERROR
O apoio de amplas camadas da população para alguns
aspectos da política nazista incluiu também a concordância
com a política do terror, que não é possível etiquetar como simples envolvimento passivo por parte dos alemães. Depois de 1933, Hitler se declarou contrário às formas espontâneas
de terrorismo dos camisas-marrom e, com a morte de Róhm
TERROR, PERSEGUIÇÃO, OPOSIÇÃO
AS SA
uma espiral de agressividade sempre mais marcante, a que muitos membros do partido queriam pôr fim. Depois da tomada do poder, por ». decreto de Górins, y as SA puderam abrir prisões, 5 administrar
As SA (Sturmabteilung, divisão de assalto) foram criadas em 1920, como polícia do
partido, para defen-
der suas iniciativas e constituir
uma poderosa força de repressão
nos
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cerca de 300 membros; em
* ea 7 1933 eram mais “q de 400 mil. Ernest Rôhm se empenhou para que as SA se transformassem numa organização paramilitar, mas, em crescente conflito com Hitler, demitiu-se do partido em 1925. Em 1931, voltou à direção das SA por vontade do próprio Hitler,
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de choqques aa a x contav
cargo que ocupou ate seu assassinato em 1934. As tropas com o uniforme marrom conduziram sua luta política especialmente nas ruas, procurando criar locais de agregação precisamente nas cidades e nos bairros operários e angariando informantes entre os mais jovens. Sua tática baseou-se na provocação e na violência, chegando
a criar, dessa forma,
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campos de
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concentra-
o - e faze çã or E detenções. Entre as mais conhecidas iniCiativas das SA está o boicote das lojas judaicas no dia |º abril de 1933.A situação política confusa e contraditória que caracterizou o ano de 1933 fez com que muitos membros das SA ocupassem cargos E FFo OESNE REA BI ES ea E
públicos que, no entanto, era
necessário canalizá-los para o Estado nazista. Os projetos
A VORAN
de normalização de Hitler não
tinham mais nada em comum com aqueles de uma “segunda revolução” que as SA exigiam e por isso se chegou à decisão da matança da “noite das facas
longas”. Nos anos seguintes, a atividade das SA concentrouse na preparação pré-militar dos jovens e nas manifestações
públicas. Sua vocação terroris-
ta, nunca realmente adormecida, transpareceu em toda a sua crueza no decorrer
da “noite dos cristais” (9 de novembro de 1938), quando foram mortos dezenas de judeus e foi ateado fogo as sinagogas, às casas e às EN lojas de alemães de em ligião jjudaica. religião ato m
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Cartaz em que se destaca um inquietante camisa-marrom. ENCONTRO
ASSALTO
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DE DIVISÕES
1920.
DE
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AS
E
HISTÓRIA ILUSTRADA
DO NAZISMO
SS
As 55 (Schutzstaffeln, esquadras de proteção) foram criadas em 1925 como guarda-costas de Hitler. Nos primeiros anos eram subordinadas ao chefe das SA e formalmente essa situação não mudou quando, em 1929, Himmler se tornou seu comandante. Este procurou, no entanto, conferir a essas esquadras uma marca correspondente à
sua concepção de guardas que do movimento cialista, criando
de um corpo fosse a elite nacional-souma ligação
muito estreita com o Fiihrer (segundo a palavra de ordem:
“Homem das SS, tua honra se chama fidelidade”). Com
sua situação
mudou consideravelmente quando, apoiado pelo ministro do Interior Wilhelm Frick que queria superar O particularismo regional também na organização do apara-
to policial, ele se tornou chefe
da polícia política de toda a Alemanha. Gôring, presidente dos ministros da Prússia, viu
2
Tui
poucas centenas do final da década de 1920, formavam em [933 um exército de mais de 50 mil homens, destinado em
polícia e em parte a desenvolver-se como exército voluntário de soldados políticos do INSDAE se tornaram os gestores do aparato terrorista do regime. As 55 assumiram o controle direto dos campos de extermínio e de concen-
acentuou esse papel, porquanto sua tarefa principal foi a germanização dos territórios ocupados.
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tração, confiado a divisões
especiais (ditas “cabeças de morto”). Casta privilegiada ligada a Himmler e a Hitler por um juramento que acen-
HIMMLER COM ALTOS OFICIAIS DAS SS EM UNIFORME PRETO
(no alto).
tuava características de seita,
as SS foram consideradas por Himmler como fonte da pureza ariana. À eclosão da guerra
parte a cobrir os postos de
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QUEPE, ANEL E PUNHAL DAS SS Na lâmina do punhal está escrito “Minha honra se chama fidelidade”, que ecoava o juramento dos cavaleiros das lendas teutônicas.
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no ano seguinte
com agrado esse crescimento do poder de Himmler numa fase em que tinha todo o interesse em enfraquecer as SA. Depois da “noite das facas longas”, o poder das SS aumentou expressivamente. Os homens das SS que, das
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função de polícia do partido. Depois da tomada do poder, o papel de Himmler continuou inalterado, mas
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a constituição de um serviço de informações sob a direção de Reinhard Heydrich, as SS adquiriram cada vez mais a
TERROR, PERSEGUIÇÃO, OPOSIÇÃO QUEIMADA
E
95
EM PRAÇA PÚBLICA
UMA BANDEIRA COMUNISTA
RAPAZES DA JUVENTUDE COMUNISTA EM BERLIM Os adversários políticos do
nazismo, entre os quais havia na
dianteira os militantes comunistas, foram objeto de vasta operação de aniquilamento físico, visando a eliminar qualquer vestígio de dissensão (embaixo).
que eram considerados “desviadores” ou inimigos da “comunidade do povo”. Essas mudanças certamente não ocorreram em segredo, pelo contrário, falava-se delas publicamente nos
jornais, no rádio e em toda ocasião em que se desejava sublinhar a guinada histórica do nazismo. À brutal repressão de 1933 contra a esquerda foi acolhida
pela maioria dos alemães como uma promessa que, a partir daquele momento, a ordem ameaçada teria sido restabelecida
até mesmo com a força. Nos anos seguintes, as instituições da
emergência não foram dissolvidas, mas modificadas e reforcadas para fins de controle totalitário sobre a sociedade. Um grande número de cidadãos privados denunciou vizinhos de
casa, amigos e colegas, mas também pais ou filhos, quando estes se manchavam com comportamentos “desviados”. Essas
a possibilidade de exercer uma forma, mesmo que mínima,
de poder social ou de resolver conflitos pessoais. Cada um, portanto, se transformou em inimigo potencial, um possível delator. É precisamente nessa profunda subversão do tecido social que se deve detectar um dos maiores efeitos da política terrorista do nazismo. À. OPOSIÇÃO INTERNA A sociedade do Terceiro Reich era muito mais fragmentada e contraditória do que apregoava a propaganda. Muitas foram as áreas de aberto desacordo, em primeiro lugar, a oposição organizada pelos partidos políticos. O partido comu-
nista estava pronto, desde o final de 1932, a passar para a
ilegalidade e, embora fosse a primeira vítima das violências terroristas do novo regime, não entrou inteiramente despre-
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aparato repressivo para manter a ordem contra todos aqueles
denúncias foram atos espontâneos, não impostas do alto, e seu elevado número é a prova de como a população utilizou
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e das SÁ, pôs fim ao componente movimentista do partido, mas organizou depois, de modo burocrático e sistemático, o
96
E HISTÓRIA
ILUSTRADA DO NAZISMO
As SA PUXAM NUMA CARROÇA UM OPOSITOR OBRIGADO A VARRER AS RUAS DA CIDADE DE CHEMNITZ,
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MARÇO
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1933.
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mente no intercâmbio de material informativo. À repressão sempre mais capilar do aparato policial conseguiu, no
entanto, eliminar, nos anos 1938-39, a oposição dos partidos
operários. Ao lado dos comunistas e dos socialistas, houve outros pequenos grupos que, graças à sua maior agilidade organizativa e ao fato de serem menos conhecidos da polícia, foram muito ativos.
O DESCONTENTAMENTO POPULAR
Ao lado das formas de oposição política, declaradamente destinadas a pôr fim à ditadura, houve uma insatisfação mais
com o propósito de organizar e dirigir a atividade daqueles que haviam permanecido ativos na ilegalidade. A maioria DURE
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sempre mais esporádicos e, de fato, se resumiram especial-
ceu no exterior, primeiramente em Praga e depois em Paris,
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contatos. Os contatos entre aqueles que continuaram ativos na ilegalidade e o grupo dirigente no exterior se tornaram
de 1933 e, durante modus vivendi com o que não era possível dirigente se estabele-
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pessoal ou permanecendo dentro de um restrito círculo de
A social-democracia, em contrapartida, foi colhida de
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dos militantes social-democratas abandonou, contudo, a atividade política, continuando fiel aos próprios ideais em nível
parado para a nova fase de luta; seus militantes tomaram iniciativas tão espetaculares como perigosas que causaram numerosas prisões sem obter efeitos concretos. Em 1935, para enfrentar a gravidade da situação, foi abandonada essa estratégia de choque frontal para passar a iniciativas menos espetaculares, mas bem mais centradas, voltadas a organizar o potencial de desacordo que serpenteava nas fábricas: os militantes tiveram de realizar um trabalho capilar e certamente mais fragmentado, mas menos arriscado.
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CHAMADA DOS DETENTOS NO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DE ORANIENBURG FLAGRADA NUM ESTABELECIMENTO EM QUE SE PRODUZIA CERVEJA
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improviso pelas mudanças de janeiro alguns meses, tratou de encontrar um novo regime. Quando ficou evidente nenhum tipo de compromisso, o grupo
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TERROR, PERSEGUIÇÃO, OPOSIÇÃO
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HELMUTH JaMEs GRAF Von MoLTKE EM 1928
Estará entre os opositores do nazismo condenados à morte
depois do fracassado atentado contra Hitler em julho de 1944. PADRES JESUÍTAS ALEMÃES A Ordem dos Jesuitas foi posta sob estrita vigilância pelo regime
(embaixo,à esquerda).
MILITANTES COMUNISTAS JOGAM FUTEBOL NA FRENTE DA SEDE DO PARTIDO NOS PRIMEIROS
ANOS DA DÉCADA DE
(embaixo, à direita).
latente e difusa, que se manifestou com atos e comportamentos que podem ser interpretados como manifestação do esforço ininterrupto de adaptar-se a um regime que interfe-
ria em cada aspecto particular da existência cotidiana, rei-
vindicando um poder total sobre a sociedade. Múltiplos são os exemplos: a não-inscrição de um filho na Hitlerjugend, a recusa da saudação “Heil Hitler”, a compra de mercadorias nas lojas de judeus e a confraternização com os trabalhadores estrangeiros — gestos não considerados de recusa total, mas
a
infrações específicas. Muitos desses comportamentos cotídia-
nos não tinham relevância política, embora numa sociedade democrática esses atos heterodoxos tivessem sido permitidos ou tolerados, porquanto inerentes ao âmbito privado. Em vez disso, o regime conferiu a esses comportamentos um significado diverso: o totalitarismo nazista politizou a tal ponto a sociedade em todas as suas esferas, que introduziu obrigações políticas até no âmbito privado, destruindo assim
1930
o espaço separado, reservado à política. Espalharam-se boatos e queixumes relativos especialmente à má qualidade ou à insuficiente quantidade dos produtos alimentícios e à lentidão com a qual procediam as reformas no campo social. Hitler nunca foi, porém, alvo dos críticos, não foi considerado
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28
E
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
HEINRICH MANN (DE PERFIL) E ALBERT EINSTEIN CRIANÇAS JUDIAS FUGITIVAS
DA ALEMANHA, DA ÁUSTRIA
E DOS SUDETOS EM SUA CHEGADA NA INGLATERRA, EM
DEZEMBRO
DE
1938.
JUDEUS ALEMÃES DESEMBARCAM NA GRÃ-BRETANHA (embaixo).
responsável por aquilo que não funcionava. porque prevale-
cia a convicção de que não estava a par disso. Esses atos, assim como as diversas manifestações de insatisfação, conviveram
com o parcial reconhecimento do regime ou pelo menos com um comportamento passivo perante o poder público. Precisa-
mente essa contraditória convivência de aspectos, inclusive
muito diversos, constituiu um dos elementos de força do sis-
tema nazista: no comportamento cotidiano de cada um não
foi possível separar claramente os momentos de desacordo daqueles de passiva adesão ou de consentimento ativo.
À EMIGRAÇÃO POLÍTICA Em
1933, muitos dirigentes, em particular dos partidos
operários e dos sindicatos, decidiram, por motivos de segurança, deixar a Alemanha. Somente os partidos de esquerda — social-democratas, comunistas e alguns grupos menores — constituíram núcleos ativos e organizados fora do Reich,
enquanto os membros dos partidos burgueses que emigraram foram menos numerosos e viveram, na maioria das vezes,
isolados. Fugiram para o exterior entre 30 mil e 40 mil pessoas, estabelecendo-se, pelo menos até a eclosão da guerra, especialmente na França e na Tchecoslováquia. A escolha
de uma terra de asilo próxima da Alemanha era ditada pela esperança de um breve retorno, mas também e talvez sobre-
tudo pela vontade de manter contato com os companheiros que ainda continuavam ativos na ilegalidade. Comunistas e socialistas conseguiram, pelo menos até 1938, criar uma boa rede de contatos dentro do Reich, graças à mediação de pessoas de confiança que viviam nas áreas de fronteira. Sua atividade política se limitou, contudo, quase exclusivamente à troca de material informativo: na Alemanha eram coletadas e enviadas ao exterior as notícias sobre o estado de espírito da população, notícias que tinham, no entanto, uma clara cono-
tação política e, do exterior, chegavam jornais e livros.
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100 E HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
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OS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO Em poucas semanas, depois da tomada do poder por Hitler, os aparatos de polícia alemães ficaram nas mãos de membros confiáveis das SS, das SA e do partido. No dia 20 de março, foi instalado o primeiro campo de concentração, utilizando a fábrica de pólvora de Dachau, nos arredores de Munique. Às prisões efetuadas pelas SA e pelas SS, seguiu-se a abertura de outros campos. No ano seguin-
te, foi iniciada a normalização
e foram fechados muitos “Lager selvagens”, procurando inclusive regular a situação das prisões e das relações entre polícia e SS. Depois da “noite das facas longas”, que
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lecimento do regime, tanto
na política interna como na externa, tomou forma o novo
sistema de detenção nazista com quatro grandes campos: Dachau, Sachsenhausen, Buchenwald e Lichtenburg. Foram detidos especialmente homens ainda capazes
de trabalhar, demonstrando como estava adquirindo sempre mais importância a exploração da mão-de-obra. Muitas indústrias, para as quais trabalhavam os prisioneiros, dependiam das SS e, desse modo, foram abertos
novos campos, por exemplo, nas proximidades das pedreiras de granito, como os de Mauthausen e Flossenburg, O aumento dos prisioneiros
nesses anos esteve vinculado
também
à expansão terri-
torial do Reich. Os judeus
foram encerrados nos Lager
com o preciso objetivo de acelerar sua emigração; aqueles que demonstraram poder
emigrar foram, com efeito, liberados e foi-lhes permitido deixar a Alemanha.
PRISIONEIROS NO TRABALHO NUM CAMPO
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levou à prestação de contas com as SA (30 de junho de 1934),as SS substituíram as SA também na gestão dos Lager. Os anos de 1934-35 representaram uma fase de transição de um duplo ponto de vista: fechamento de diversos campos, redução no número de prisioneiros e controle da violência e de arbítrios. Além disso, com o processo de concentração dos poderes da polícia nas mãos de Himmler, criou-se um modelo de Lager— o de Dachau — especialmente no que dizia respeito ao tratamento dos prisioneiros e das regras internas. Ali, com efeito, foram organizadas
também, graças sobretudo a Theodor Eicke, que foi seu diretor nesses anos, tarefas diversificadas da polícia e do pessoal de vigilância. Entre 1937 e 1938, com o forta-
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NOSFERATU, O VAMPIRO (1922),
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ERNEST LUBITSCH EM HoLLYWOOD Emigrado nos Estados Unidos, o diretor alemão, no centro da fotografia abaixo, dirigiu Greta Garbo na brilhante comédia intitulada Ninotchka (1939) e, em 1942, realizou Queremos viver!, irônica comédia ambientada na Polônia ocupada pelas tropas nazistas.
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DE FRIEDRICH
Não houve, em contrapartida, uma direta influência polí-
tica: quem estava no exílio, ainda que se declarasse porta-voz da maioria do próprio partido, obrigada ao silêncio no Reich, agiu independentemente dela, e quem estava no país não foi concretamente influenciado pelas decisões dos grupos emigrados. A emigração política se caracterizou por contrastes e rupturas que
haviam dividido os partidos operários até 1933. A única tentativa concreta de criar uma plataforma comum foi promovida em
Paris em 1936. Heinrich Mann, a exemplo da experiência de governo das frentes populares na Espanha e na França, procurou promover um Volksfront entre os emigrados. Mas não se conseguiu ir além de uma comum declaração de intenções, à qual os socialistas aderiram, por outra, a título pessoal e não como
partido. A emigração política deixou-nos, contudo, numerosos informes de grande interesse para a denúncia do nazismo e atentas análises sobre a situação internacional, além de umarica produção de livros, particularmente por parte dos comunistas.
Com a eclosão da guerra, foi necessária, para muitos, nova
fuga: a maioria se refugiou na Inglaterra ou deixou a Europa para dirigir-se aos Estados Unidos e à América do Sul. Não foi mais possível contato algum com a Alemanha, e a atividade dos núcleos ainda ativos se redirecionou para estabelecer, com pouco êxito, contatos com os Aliados, na tentativa de ter um papel concreto na estratégia bélica e elaborar projetos e programas para a Alemanha do pós-guerra. A maioria dos emigrados políticos retornou para a pátria após o fim da guerra e retomou suas atividades.
A EMIGRAÇÃO INTELECTUAL A emigração intelectual foi o núcleo mais característico do exílio alemão: deixaram o próprio país os maiores escritores (de Thomas Mann a Bertolt Brecht), diretores de cinema,
músicos, compositores, atores. Para cada um deles, inclusive
para os poucos já muito conhecidos no exterior, foi bastante
102 E OTTO
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO KLEMPERER
E THOMAS MANN Ambos se exilaram nos Estados
Unidos: o primeiro (de perfil) foi diretor da Filarmônica de Los
Angeles de 1933 a 1947. UMA
CENA
DE METRÓPOLIS
(1926) E O PÓSTER EM PURO ESTILO EXPRESSIONISTA DO FILME DIRIGIDO POR FRITZ
LANG (embaixo).
difícil continuar a própria atividade: o primeiro obstáculo
foi a língua, e a necessidade de detectar um público a quem dirigir-se constituiu muitas vezes um problema insuperável. Muitas das grandes obras-primas da literatura alemã foram publicadas no exterior e alguns intelectuais, entre eles Heinrich Mann, foram incansáveis promotores de iniciativas voltadas para denunciar o regime; a imprensa do exílio teve sua marca mais incisiva conferida precisamente por escritores e
jornalistas ativos nos anos da república de Weimar. Amsterdã e Suíça foram os maiores centros editoriais, Paris foi até 1939 o maior centro de agregação: nessa cidade foram redigidos numerosos periódicos que reproduziram o multifacetado arco ideológico e cultural weimariano, nela se desenvolveram iniciativas, encontros e debates, embora tenha sido o isolamento que caracterizou a vida dos intelectuais exilados. Para aqueles que se transferiram para os Estados Unidos foi ainda mais difícil encontrar uma ocupação, ainda que surgissem novas LM
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possibilidades de trabalho para alguns diretores de cinema (entre outros, Fritz Lang e Ernst Lubitsch) que trabalharam em Hollywood. Graves foram as perdas no mundo científico da Alemanha
nazista: cerca de um terço dos acadêmicos e pesquisadores
de diversas categorias foram despedidos por razões políticas ou raciais e dois terços destes abandonaram o país, deixando
vazios consistentes nesses setores, da politologia (ciência política) à sociologia, da bioquímica à física atômica, que se
haviam desenvolvido com intensidade na década de 1920. Emigraram com frequência os mais jovens que, graças par-
ticularmente às organizações de auxílio, conseguiram, excetuando os médicos, encontrar novo emprego. À maioria foi para os Estados Unidos sem deter-se na Europa, e o abandono do próprio país foi quase sempre definitivo. Ma
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TERROR, PERSEGUIÇÃO, OPOSIÇÃO
o “MITO” DO FUHRER Hitler se desenvolveu no de-
correr da década de 1920 com
superioridade. Depois da eclosão da guerra e dos rápidos
uma série de mudanças que seguiram as sucessivas fases da
sucessos militares, cresceu mais ainda o apoio prestado a ele. Quando, porém, a partir de 1943,as destruições e os bombardeios aliados, a fome e o frio começaram a dominar a vida cotidiana dos alemães,o
história do NSDAR. A crise política e social da democracia na república de VVeimar suscitou em amplos setores da direita conservadora a necessidade de um condutor forte e autoritário, de um líder capaz de garantir o renascimento nacional. No primeiro ano de vida
mito de Hitler passou a vacilar. Exatamente por força de sua
natureza carismática, não destituída de tons messiânicos, não
do partido nazista, Hitler se considerou defensor dos ideais
À guinada principal ocorreu depois do fracasso do putsch de Munique quando Hitler, no decorrer do processo movido contra ele, soube pôr à sombra a figura do general Ludendortf para emergir como único líder
da extrema direita. Durante sua detenção, seus seguidores cultivaram o mito do herói encarcerado para o bem da nação, e se convenceram que daí
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tamente por Hitler, ele soube mostrar-se estranho a todas as instâncias da administração normal e a todos os conflitos, confirmando sua intangível
O mito relativo à figura de
do movimento e seu principal porta-voz, mas não o homem chamado a mudar os destinos da nação. Depois da marcha sobre Roma de Mussolini (outubro de 1922), Hitler começou a mudar a imagem que tinha da própria função. Seus seguidores começaram a chamá-lo de “Mussolini da Alemanha? e a atribuir-lhe qualidades salyvadoras para o país inteiro.
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podia transformar-se em outra
forma de poder, mas somente
desabar junto com o Reich. PRIMEIRO
PLANO
DO FÚHRER
PISTOLA DOADA A HITLER
Traz a escrita: “Para derrotar a
Frente Vermelha e a Reação e para proteger nosso Fúhrer”.
em diante seria necessário um partido organizado de modo verticista. Um sinal exterior de como o culto do Fúhrer haveria de se tornar um elemento central do partido foi a introdução, em 1926, da saudação a Hitler (“Heil Hitler”). Nos anos seguintes, acentuou-
“se a força coercitiva dessa mitificação da figura do chefe que pôs na sombra Os contrastes internos do partido e, nos anos da crise econômica,
a perspectiva de um poder extremamente capaz de imprimir uma guinada radical, precisamente em virtude de sua liberdade de ação, conquistou sempre maior apoio. Depois da tomada do poder, ficou evidente, para todos aqueles que tinham acreditado poder
instrumentalizar a força do
RETRATO EXECUTADO
POR HEINRICH KNIRR (1937)
NSDAP para depois relegá-la, que Hitler se tornava sempre mais autônomo e que o sucesso do regime era atribuído exclusivamente a ele pela maioria da população. Com a morte de Hindenburg, a autoridade do Fúhrer não conheceu mais nenhum limite:as formas e as estruturas do regime dependiam exclusivamente de sua vontade. O gabinete, que até 1934 se havia reunido com certa reem 1935 se reuniu gularidade, doze vezes, em 1937 apenas seis. O chefe da chancelaria, Hans Heinrich Lammer,
constituiu a única ligação entre o Fúhrer e os ministérios. Embora muitas decisões fos-
sem tomadas dire-
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m dos fundamentos da ideologia nazista foi a nítida contraposição entre aqueles que faziam parte da Volksgemeinschaf (comunidade do povo) e aqueles que eram excluídos dela. O regime desenvolveu um imenso aparato propagandista, ideológico e repressivo tanto para doutrinar e enquadrar os primeiros como para discriminar
os segundos. Principais vítimas, logo após a tomada do poder, foram os inimigos políticos, encerrados em campos de concentração para serem “reeducados”. Outras minorias, como os homossexuais ou os “antissociais”, embora indesejáveis e qualificados como indignos de fazer parte da comunidade popular, foram considerados reinseríveis na sociedade, desde que mudassem seus hábitos. Outros, ao contrário, foram estigmatizados como racialmente inferiores, como os judeus, mas também os ciganos e os doentes mentais: a estes devia ser proibido qualquer contato com os alemães e foram gradualmente, mas capilarmente, excluídos de todos os setores da sociedade.
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106 E
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
JOVENS FAZEM A SAUDAÇÃO
COM O BRAÇO ESTENDIDO (p. 104)
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PROPAGANDA ANTISSEMITA NO “DER STÚRMER” E SUSS, O JUDEU
O filme, realizado por vontade de Goebbels em 1940, tinha a precisa cs judeus.
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A operação de mistificação ideológica realizada pelo regime foi de grande importância: o apelo ao privilégio de
todos pertencerem à comunidade única foi um incentivo bas-
tante forte para a consolidação da disciplina coletiva. O sentido de que os membros da comunidade eram todos partícipes dos destinos dela, embora ilusório, representou um elemento de homogeneização dos comportamentos que pareceu convalidar a tese do regime sobre a existência de uma sociedade sem conflitos. Além das delimitações jurídicas, foram projetados mecanismos de exclusão, injetados na psicologia de grandes
massas que, perante as vítimas, assumiram uma violência per-
secutória muito mais incisiva e interiorizada, e identificada
com um imperativo não político, mas ético.
O ANTISSEMITISMO O antissemitismo foi uma das características culturais e
políticas comuns a boa parte da Europa, depois do fim da Pri-
CR
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meira Guerra Mundial. Profundas especificidades nacionais, mas também condições e motivações gerais, estiveram na base da difusão do fenômeno: em primeiro lugar, um obscuro senso de catástrofe da civilização, acompanhado da consta-
tação do declínio da Europa e de sua hegemonia, e a ressonância com a qual se difundiu o mito da revolução bolchevique associada ao papel central que nela desempenharam os judeus. O estereótipo do “judeu-bolchevismo” constituiu um slogan de fácil efeito e foi um poderoso fator multiplicador. Um texto fundamental do antissemitismo, Os protocolos dos antigos sábios de Sião — dedicado a uma pretensa conjuração tramada pelos judeus para a conquista do mundo — começou a circular em toda a Europa entre as duas guerras; a primeira edição alemã apareceu em 1919. Esse texto contribuiu para difundir a ideia de um complô, obra de um poder oculto e invencível, que exatamente por isso devia ser combatido com a máxima violência e eficácia.
O caRTAZ DAS SA INTIMA: “ALEMÃES, DEFENDAM-SE! NÃO COMPREM DOS JUDEUS!”
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A COMUNIDADE
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AS ORGANIZAÇÕES
JUDAICAS
apresentou como à organi-
zação oficial dos judeus na
Alemanha. Paradoxalmente, OS judeus alemães foram o único grupo dentro do Reich que
ápice no início de 1938 com o Anschluss e levou também ao agravamento da situação dos judeus: uma lei de março de 1938 dissolveu as comunidades. A Reichsvertretung se
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transformou em associação
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tes. Três foram as alternativas para os judeus alemães nesse momento: o esfacelamento total diante do terror nazista; a aplicação do princípio hierárquico também no interior da própria organização; ou a continuação da tradição pluralista e democrática da sociedade hebraica, como se havia configurado depois da emancipação. Esse foi o caminho escolhido e continuou até o completo aniquilamento da vida dos judeus alemães.A organização nacional (Reichsvertretung), que representava todos os grupos, adquiriu nesses anos um peso crescente, Nunca pediu o reconhecimento oficial do governo, mas em diversas ocasiões se
os jovens, começou a ser uma alternativa apreciável. A crescente agressividade da política nazista atingiu O
fossem cessar. Até março de 1938, aumentou o peso representativo do sionismo
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durecidas nos anos preceden-
que, particularmente para
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diferentes ideias políticas e
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a tomar consciência de sua identidade hebraica. O efeito das leis de Nuremberg foi deixar mais clara a situação jurídica e a Reichsvertretung se iludiu ao pensar que sua atividade pudesse prosseguir mais tranquilamente que antes; além disso, “a pausa”, por ocasião das Olimpíadas, induziu a esperar que também
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na nova ordem. Às outras or-
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contrário, muitas associações hebraicas, de modo particular as mais conservadoras, esperavam poder ser integradas
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dentes na Alemanha e, pelo
A crescente influência da Rei. chsvertretung na vida de cada organização e de cada judeu alemão mostra que muitos
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O mês de janeiro de 1933 não foi percebido como momento de profunda mudança pela maioria dos judeus resi-
nacional (Reichsvereinigung), de caráter mais centralizado que a precedente, embora permanecesse inalterado o princípio da representação. Nesses anos teve continuidade em todas as maiores comunidades — até que o início das deportações pôs fim a toda possibilidade de ação — uma intensa atividade cultural e espiritual; o crescente número de guetos não conseguiu desmantelar totalmente a vitalidade judaica, embora lhe tenha marcado profundamente as características,
conservou sua própria estru-
tura autônoma e com base
democrática. Seu empenho se concentrou especialmente nos setores da assistência, da educação — também dos
adultos — e da vida cultural,
CRIANÇAS ALEMÃS NUMA ESCOLA RABÍNICA
(no alto).
Os TALMUDISTAS (1934), DE Max VYEBER
108 E HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO ACOLHIDA FESTIVA A JULIUS STREICHER
A ilustração estava inserida num
livro de texto para escolas primárias distribuído às centenas de milhares de exemplares e publicado pelo próprio Streicher em 1936.
“EvITEM
OS MÉDICOS
E OS ADVOGADOS JUDEUS!
Cartaz antissemita nas ruas de uma cidade alema.
O nazismo soube apropriar-se de todo o patrimônio ideo-
A DEPURAÇÃO
RACIAL
lógico do antissemitismo que se havia desenvolvido desde Depois das eleições de março de 1933, a violência contra a década de 1880, acrescentando-lhe, especialmente por — os judeus continuou aumentando. No dia 1º de abril ocor-
obra de Goebbels e Julius Streicher, uma virulência inédita e uma conotação biológica, prelúdio de um choque extremo entre as raças. O judeu, portanto, foi considerado não somente criatura racialmente inferior, mas perene |
reu o boicote que já havia sido, reiteradas vezes, previsto e desejado pelos componentes mais radicais do nazismo Bm. — ex-combatentes, membros das SA e militantes Em de base do partido. Mas os radicais nunca tiveram um poder tal para obrigar Hitler a dar passos contrários à sua vontade. O boicote foi, de modo eeral, acolhido friamente pela maioria da popu-
ameaça à nova ordem que se pretendia criar, além
de ser apontado como bode expiatório de todas as desgraças e dificuldades da Alemanha. A violência
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lação alemã, favorável a limitar a presença
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em particular se tor-
a continuar dos judeus, mas decid ida comprando nas lojas deles. Hitler adotou, nessa ocasião, a linha de conduta que
naram mais um instrumento de controle social.
tornado típica de suas ini-
exercida contra os judeus assumiu
uma característica exemplar de intimidação diante de todosos
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outros: O racismo e o antisse-
mitismo
PAI DE TODAS AS CRIANÇAS
ALEMÃS
O fato de Hitler não ter filhos e não estar sequer casado foi um dos elementos utilizados pela propaganda do regime para fortalecer o halo mítico em torno de seu papel de “chefe de família”. Seu poder carismático provinha
também de em público, cia dotado, alemães, de
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ILUSTRAÇÃO LIVRO
ciativas antijudaicas: um aparente compromisso entre os
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pedidos dos radicais do partido e as mais pragmáticas reservas dos conservadores, dando à opinião pública a impressão de que não era ele que se ocupava dos detalhes operacionais. No dia 7 de abril foi registrada a primeira lei antijudaica
de alunos das escolas e das universidades estabeleceu que a matrícula de novos estudantes judeus em todas as escolas fosse de 1,5% do total dos inscritos e, de qualquer forma, em
cada instituto não podiam superar 5% do total). No dia 14 de julho foi votada a lei sobre a revogação da cidadania alemã, que aboliu as naturalizações ocorridas entre o fim da guerra
sobre a reclassificação dos funcionários públicos de carreira.
O parágrafo 3 — definido “parágrafo ariano” — estabeleceu que
e 30 de janeiro de 1933, e instituiu a proibição de imigração para os judeus orientais.
os empregados de origem não-ariana deviam ser aposentados.
Até esse momento os nazistas tinham humilhado e boicotado os judeus com base em simples suspeita, que podiam de algum
DOENÇAS HEREDITÁRIAS E ESTERILIZAÇÃO
modo ser identificados como tais, mas não tinha havido ainda
Durante a década de 1930, o regime baixou várias medidas que excluíram da comunidade nacional todos aqueles que podiam minar sua pureza. A lei de 14 de julho de 1933, sobre a esterilização dos indivíduos portadores de deficiências físicas e mentais, constituiu um momento fundamental nesse processo e uma pedra angular para a
nenhum ato formal de privação dos direitos legais, baseado numa definição discriminatória. Nos meses seguintes, com a lei sobre os funcionários públi-
cos, os judeus foram afastados de todos os setores-chave do
Estado, foi-lhes proibido exercer a profissão de médico em favor da saúde biológica da comunidade nacional, ser advogaE
DE CAPA DE UM INFANTIL EM IÍDICHE
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JUDEUS EM UM CARRO DA POLÍCIA OBSERVAM OS AGENTES CONTROLAM DOCUMENTOS DE QUE
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Os cidadãos de religião israelita eram julgados como o maior perigo para a Alemanha, porque
encarnavam a ameaça da contaminação da raça ariana. No livro Mein
Kampf, Hitler tinha escrito: “Há uma porcaria qualquer, uma infâmia qualquer, em particular na vida da sociedade, em que não tenha participado pelo menos um judeu?”.
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A COMUNIDADE
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
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pido foi muitas vezes longa e sofrida. De fato, muito poucos retornaram depois de |945., Shoah tinha aberto uma ferida
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consciência de que ele já havia
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Durante o nazismo, cerca de 350 mil judeus deixaram a Alemanha. Os períodos de sua partida estiveram ligados às etapas da política antissemita; o fluxo foi constante no decorrer dos anos e atingiu seu ápice em 1938, depois da “noite dos cristais”. Foi sempre mais difícil encontrar uma meta, porque as políticas de imigração das possíveis terras de exílio impuseram cotas
prioritária a Alemanha. À necessidade primária, para uma emigração que, contrartamente aquela política e intelectual, caracterizava-se essencialmente de núcleos familiares, foi reconstruir as premissas para poder viver em outro lugar. A maioria dos judeus que deixou a Alemanha o fez quando se deu conta de que não existiam mais condições econômicas, sociais e de incoumidade pessoal para continuar a residir nesse país. Para muitos, o longo e contradi-
de ingresso muito baixas; a maioria daqueles que permaneceram na Europa foi para a Inglaterra e, fora da Europa, para os Estados Unidos. A própria Palestina não foi uma meta fácil, porque a liderança palestina não permitiu um maciço fluxo proveniente da Alemanha. Poucos entre os que deixaram o país por motivos raciais se empenharam ativamente no exílio na denúncia do regime nazista ou, então, em atividades que tivessem como referência
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A EMIGRAÇÃO JUDAICA
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SÃO BEM-VINDOS A escrita na figura caricatural estava no ingresso de uma taverna na
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saúde hereditária”, criados especialmente para isso. Além
da intervenção cirúrgica, que tornava homens e mulheres incapazes de gerar, iniciou-se também a redução do nível de assistência daqueles que eram hospitalizados para causar“lhes indiretamente a morte. Entre 1933 e 1945, 400 mil pessoas foram submetidas à
esterilização forçada: alcoólatras, “antissociais”, portadores
de deficiências e muitos outros. Em outubro de 1935, um
mês após a promulgação da lei que proibia o casamento entre judeus e alemães, foi baixada a “lei para a proteção da saúde hereditária da nação alemã”, que proibia a união entre alemães e aqueles que não eram desejáveis para a comunidade
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“racialmente idôneos” para casar-se. Um decreto suplementar proibiu os alemães de contrair matrimônio ou manter relações com pessoas de sangue estrangeiro, diverso dos judeus; doze dias depois foi especificado que se tratava de ciganos, negros e “seus bastardos”.
No verão de 1939, pouco antes da eclosão da guerra, teve início a chacina dos adultos inábeis, que foi mascarada como projeto de eutanásia. Tudo ocorria em segredo, e os parentes não eram informados sobre as transferências de seus familiares para os centros de matança, que foram implantados em diversas áreas da Alemanha. Antes mesmo que o conflito mundial desse início à realização da nova ordem europeia e ao extermínio dos judeus, o assassínio de Estado, portanto, tinha sido legalizado e atuado em larga escala. ARREGIMENTAÇÃO DAS
MASSAS
A difusão do antissemitismo na
Alemanha alavancou teorias pseudo-científicas baseadas no conceito de raça: a “superioridade ariana” do povo alemão, que o regime nazista considerava “eleito para realizar uma missão civilizadora, a fim de apagar a “ameaça judaico-bolchevique”, devia ser salvaguardada a qualquer custo...
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casos controversos deveriam intervir os “tribunais para a
uma licença matrimonial que certificava que os dois eram
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familiares puderam requerer a esterilização, mas também os próprios médicos, sempre que julgassem oportuno. Nos
do povo, requeria o registro das raças estrangeiras ou dos grupos “racialmente inferiores” e impunha a obrigação de
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legislação eugenética e racial. Essa lei introduziu o princípio da coerção, porquanto não somente os inábeis ou seus
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DO POVO
Os JUDEUS NÃO
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A COMUNIDADE
[12 EE HISTÓRIA ILUSTRADA CASAMENTO
DO
NAZISMO
ARIANO
À Alemanha deparou com um aumento dos casamentos que
foram estimulados também por incentivos materiais do regime. CRIANÇAS NASCIDAS DE MÃES “RACIALMENTE PURAS” E DA ELITE MASCULINA DAS SS (embaixo).
1933, os ciganos constituíam 0,05% da população
na Alemanha. Tinham geralmente empregos regulares,
mesmo
que muitas vezes itinerantes, como o comércio a
cavalo e as artes circenses. Mesmo antes de 1933 tinham sido discriminados e perseguidos pela polícia e, de início, os nazistas nada mais fizeram que continuar essa política, embora com progressiva exasperação. A propaganda criou uma imagem que mirava dois alvos: o estrangeiro com sua inaceitável cultura e o pretenso “a-social” que não estava disposto a aceitar a disciplina do trabalho e as relações estáveis e contínuas.
Essa perseguição se baseou na pretensa hereditariedade biológica desse desvio e, portanto, como os judeus, também Os ciganos não foram considerados “reeducáveis”; o único modo para tutelar a pureza da “comunidade do povo” foi uma progressiva exclusão do corpo social que, também nesse caso,
A partir de 1935 foram abertos campos para o confinamento dos ciganos: eram caracterizados por péssimas condi-
ções higiênicas, cercados de arame farpado e a vida dentro deles foi rigidamente regulamentada. O maior campo foi instalado em Marzahn, na periferia de Berlim, e camuflado para não ser visível aos olhos daqueles que tomaram parte nas Olimpíadas. A discriminação assumiu novos aspectos com o aparecimento de publicações que continham os resultados de pretensas pesquisas de biologia das raças; um papel de relevo teve o doutor Robert Ritter que, a partir de 1936, dirigiu em Berlim o Instituto de Biologia Criminal. Em dezembro de 1938, Himmler baixou disposições para que “a regulamentação da questão cigana fosse baseada na natureza dessa raça”. Um decreto de 8 de dezembro sobre a “luta contra a praga dos ciganos” exasperou ainda mais a tradicional instrumentalização de detenção da polícia.
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ça, Bélgica e Noruega, Nesses centros nasceram cerca de 8 mil crianças. Além de uma política racista e antissemita voltada para a expulsão de todos
Do
Associação das SS, funda-
da por Himmler em 1935 e financiada por doações obrigatórias das próprias SS, a Lebensborn (fonte da vida) teve especificamente o objetivo de apoiar a política racista do regime. Seus membros se empenharam, com efeito, na luta contra o aborto e a favor do aumento da natalidade. Do ponto de vista administrativo,
dependiam da divisão econômica das SS, mas para suas funções estavam ligados ao
os elementos “indignos” de
viver na Alemanha, o regime
departamento das 55 encarregado das questões raciais. No decorrer da guerra foram criadas sedes destinadas a acolher as mães não casadas e “racialmente puras”, a fim
de que se unissem à elite racial do regime, precisamente as 55, e procriassem filhos “sadios”: na Alemanha foram abertas onze sedes, nove nos territórios ocupados da Fran-
nazista se empenhou, portanto, em promover a procriação também fora desses vínculos familiares e matrimoniais e não se cansou de divulgar como o fundamento da sociedade. Diante da necessidade
de salvaguardar a raça, até a ordem constituída passou a um segundo plano,
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se teria concluído no decorrer da guerra com o extermínio.
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O jornal dirigido por Streicher
publicou sem cessar artigos ilustrados sobre judeus que violentavam mulheres arianas.
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agiu como ponta avançada, especialmente por meio do jornal
Der Stiirmer, dirigido por Julius Streicher. Em setembro de 1935, por ocasião do “Congresso da Liberdade”, foram anunciadas as leis de Nuremberg. A “lei sobre a cidadania do Reich” estabeleceu que os judeus, não mais cidadãos como os outros, fossem privados dos direitos políticos. A “lei para a defesa do sangue e
da honra alemã”
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proibiu o casamento entre judeus e arianos, com a consequente
nulidade dos casamentos contraídos, as relações sexuais extramatrimoniais entre os mesmos grupos e impediu aos judeus de
manter a seu serviço mulheres alemãs de idade inferior a 45 anos. Nos meses seguintes foi enfrentada a questão dos chama-
dos Mischlinge (mistos), estabelecendo que quem tivesse três
avós judeus era de fato judeu. Em seguida foram sistematicamente identificados e notificados todos os aspectos da vida cotidiana e todas as atividades profissionais em que o contato entre arianos e judeus podia ter implicações sexuais. Os judeus, por exemplo, foram afastados das piscinas públicas; a partir da primavera de 1936, a maioria dos departamentos de medicina proibiu aos l estudantes judeus de proceder a exames nos órgãos 7 genitais de mulheres arianas. Mesmo depois da promulgação das leis de Nuremberg, a maioria da população continuou contrária a atos de violência, mas
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física, isto é, biológica. Os casamentos mistos e as relações sexuais entre alemães e judeus passaram a ser objeto de incessantes e muitas vezes violentos ataques do partido; a imprensa
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AS LEIS DE NUREMBERG Quanto mais capilar se tornou a exclusão dos judeus da sociedade alemã, tanto mais crucial foi a questão da separação
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HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
doria possível vai de aldeia em aldeia. Elogia sua mercadoria
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1938, O cogumelo
mãe procurar cogumelos no bosque. [...] Pelo caminho,a mãe diz: — Olha, Franz, como acontece com os cogumelos no bosque, o mesmo ocorre também com as pessoas na terra. Há cogumelos bons e pessoas boas. Existem cogumelos venenosos, cogumelos maus, e pessoas más. E dessas pessoas é preciso ter cuidado como com os cogumelos venenosos. Entende? — Sim, mãe, compreendo — diz Franz —, se confiarmos
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em pessoas más, pode ocorrer uma desgraça, assim como se comermos um cogumelo venenoso, podemos morrer! — E sabes também quem são essas pessoas más, esses cogumelos venenosos da humanidade? — pressiona a mãe. Franz demonstra segurança, — Certamente, mamãe! Sei muito bem. São... os judeus. q)
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Nosso professor o diz com frequência na escola. [...]
— Exatamente! — aplaude a mãe. E depois continua falando, muito séria.
— Os judeus são pessoas más. São como os cogumelos venenosos. E assim como é difícil muitas vezes distinguir os cogumelos venenosos dos bons, é igualmen-
te difícil reconhecer os judeus como pilantras e delinquentes. Como os cogumelos venenosos se apresentam com as mais variadas cores, assim também os judeus conseguem tornar-se irreconhecíveis, assumindo os mais estranhos aspectos. — Em que aspectos estranhos pensas? — pergunta o pequeno Franz. A mãe compreende que o menino não captou ainda totalmente o sentido. E, imperturbável, continua explicando. — Então, escuta! Há, por exem-
plo, o judeu ambulante. Com
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LEEM O COGUMELO
VENENOSO (no alto).
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ILUSTRAÇÕES DE
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UM LIVRO ANTI-SEMITA
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os judeus que criam animais,
com os judeus dos mercados,
com os açougueiros, com os médicos judeus, com os judeus batizados etc. Mesmo que finjam, mesmo que se mostrem
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Na realidade, é a pior e a mais cara. Não deves confiar nele!
[...] O mesmo ocorre com
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texto para as escolas em que transparecia com mais clareza a virulência antissemita difundida na sociedade alemã: O pequeno Franz foi com sua
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venenoso é um dos livros de
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gentis e, se mil vezes dizem que querem apenas nosso bem, não podemos acreditar neles. São judeus e continuam sendo judeus. São venenosos para nosso povo! [...| Do mesmo modo que com um cogumelo venenoso se pode matar uma família inteira, um único judeu pode aniquilar uma aldeia inteira, uma cidade, até mesmo
todo um povo. Franz compreendeu a mãe. — [Mãe, todos os não judeus sabem que o judeu é perigoso como um cogumelo venenoso? — Infelizmente, não, meu filho. Há muitos milhões de não judeus que ainda não conheceram o judeu. E por isso devemos informá-los e deixá-los de sobreaviso com relação aos judeus. Devemos, porém, advertir também nossa juyentude sobre os judeus. Nossos meninos e meninas devem
saber imediatamente quem são Os judeus. Devem saber queo
judeu é o cogumelo venenoso: mais perigoso que pode existir. Como os cogumelos crescem
em toda parte, assim também.
O judeu se encontra em todos.
Os países do mundo. Como os |
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u graças, assim também o judeé. Causa de miséria e sofrimento, de infecção e de morte.
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A COMUNIDADE
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PASSAGEIROS JUDEUS NUM NAVIO NORTE-AMERICANO QUE OS LEVA A SALVO PARA ALEM DO ATLÂNTICO
VITRINES DE COMERCIANTES JUDEUS
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ESTILHAÇOS
NUMA CIDADE ALEMÃ À partir da “noite dos cristais”, a gestão da política antissemita foi de exclusiva competência das 55 (embaixo).
às medidas tomadas perante a minoria judaica, de cujo destino se teria encarregado, a partir de agora, o próprio Estado.
“A NOITE DOS CRISTAIS” O ano de 1936 marcou o início de uma nova fase na per-
pelo menos em parte à nova situação econômica e à sempre maior confiança nos setores comerciais e industriais de que
eventuais represálias dos judeus não teriam constituído um risco. Em setembro de 1936, pela primeira vez, o regime falou da emigração como prioridade absoluta. Uma das maiores dificuldades para eliminar os judeus da
seguição antijudaica. A plena ocupação havia sido concluída
sociedade alemã residia no fato de que eles eram parte inte-
esperar, portanto, uma radicalização por parte desta. Nessa
tar continuamente novas medidas para romper todos esses vínculos. A partir do início de 1938, todos os judeus foram
e a fraqueza da frente antialemã parecia evidente: era de se atmosfera de acelerada mobilização, a questão judaica assumiu aos olhos dos alemães uma nova dimensão e desenvolveu uma nova função. Com uma virulência ainda desconhecida, os judeus foram definidos como uma ameaça mundial e as iniciativas antijudaicas foram utilizadas como justificativa
para o choque que teria eclodido; os discursos de Hitler assu-
orante em todos os setores; assim, o sistema teve de inven-
obrigados a entregar o passaporte, que foi restituído somente
para aqueles que emigravam, e todos foram fichados e controlados; escapar da rede repressiva, cujas malhas se tornavam
sempre mais apertadas, foi quase impossível. Uma nova série
de leis no decorrer de 1938 despedaçou completamente o
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civis. Visto que a segregação já tinha sido estabelecida por lei, a maioria se sentiu livre de qualquer responsabilidade com relação
miram um tom sempre mais ameaçador. Teve início a acelerada arianização dos bens pertencentes aos judeus, vinculada
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não à marginalização dos judeus e à abolição de seus direitos
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RESERVAS: JUDEUS
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HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
TRANSPORTADOS COMO GADO
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Fotomontagem realizada em 1939 por John Heartfield, artista comunista alemão exilado na Inglaterra. No centro da imagem impera Himmler, que brande um chicote. Suas obras permanecem um dos exemplos mais eficazes da arte a serviço da política.
que restava da economia judaica. A partir do verão, eclodiu novamente a violência antissemita. O dia 9 de novembro de 1938 (conhecido como a “noite
dos cristais”) marcou outro divisor de águas na perseguição dos judeus na Alemanha, porquanto a ação do Estado passou da discriminação legislativa e administrativa à violência aberta. O episódio que desencadeou essa nova onda de violência
| | | |
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foi o assassinato de Ernst von Rath, funcionário da
embaixada alemã em Paris, por parte de um jovem judeu, mas a campanha da imprensa havia preparado com muita antecedência essa guinada. À notícia da morte de Von Rath, judeus foram agredidos e maltratados publicamente em todo o território alemão, sinagogas foram queimadas, lojas foram depredadas. Nos meses seguintes, novos decretos sancionaram a exclusão definitiva dos judeus da sociedade alemã: seu confinamento no início da guerra era completo. CASAMENTOS DE RITO HEBRAICO NA ALEMANHA
Os ALEMÃES E O RACISMO
Não é fácil avaliar que importância a maioria dos alemães atribuiu à “questão judaica”. A estabilização política,
o desmantelamento das esquerdas, a retomada econômica, o renascimento nacional e a política de expansão sempre mais agressiva foram todos elementos certamente mais presentes na mente dos alemães que os incertos contornos da perseguição antisemita. Os temas e os desafios da vida cotidiana numa época de mudanças políticas e de insegurança econômica constituíram os principais pontos de interesse, mas a
imensa maioria não se opôs, contudo, às iniciativas antijudaicas. À identificação de Hitler com a política racial e a consciência de que sobre essa questão ad
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A COMUNIDADE
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HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
ALFRED ROSENBERG Nascido em 1893 numa família de comerciantes, formou-se em arquitetura na escola politécnica de Riga em 1918. Com
as mudanças territoriais
que se seguiram à Primeira Guerra Mundial, a cidade passou a fazer parte da União Soviética e Rosenberg transferiu-se em 1919 para Munique. Nessa cidade teve os primeiros contatos com os ideais da extrema direita antissemita e iniciou uma intensa atividade jornalística. Em 1920, aderiu ao partido alemão dos trabalhadores, que se teria transformado no NSDAP no
ano seguinte,
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e começou a escrever para
Beobachter, do qual se tornou redator-chefe a
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partir de 1923,
cargo que conservou (com uma interrupção
entre 1924 e 1926) até 1937. Tomou parte no putsch de Munique e, durante a prisão de Hitler (visto que o NSDAP
havia sido dissolvido), participou ativamente na organiza-
ção do partido que o substituiu. Em 1929 fundou a liga de combate pela cultura alemã com o declarado objetivo de
liberar a Alemanha da “arte degenerada”. Nas eleições de 1230 foi eleito para o parlamento e dedicou-se à política externa. Em 1933 tornou-se diretor do departamento do partido responsável pelas relações com as organizações nazistas no exterior. Em janei-
ro de 1934 foi nomeado “encarregado do Fiihrer para a supervisão da educação
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te conflito com osministros da Educação e da Propaganda.
Em 1939 fundou
o instituto para O
estudo da questão judaica,
que tinha especificamente o objetivo de saquear as bibliotecas, as galerias de arte e os bens de diversa natureza de propriedade dos judeus. Depois da eclosão da guerra, ocupou-se especialmente da transferência das obras de arte dos países ocupados para a Alemanha. Em 194] foi nomeado ministro dos ternitórios orientais ocupados. A contribuição mais significativa ao partido está relacionada à sua produção teórica, Seu texto mais conhecido, O mito do século XX (1930), nunca teve o reconhecimento oficial do partido, mas teve uma tiragem de 2 vue
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milhões de exemplares. Nele, Rosenberg propugnava uma nova religião anticristã e antissemita e, como no restante de seus escritos, tentou cons-
truir uma nova mitologia da revolução que deveria apagar todo vestígio do passado e levar ao renascimento de toda a civilização, graças à defesa do homem nórdico e ariano. Foi condenadoà morte no |
processo de Nuremberg. ALFRED ROSENBERG
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A história, a seu ver, era domit n da: pela luta entre os valores, de «
eram portadores os “nórdicos”
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A COMUNIDADE
DO
POVO
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119
CAMPONÊS ARIANO E CARICATURA DO JUDEU EM
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TEXTO
ESCOLAR
À FAMÍLIA DOS CAMPONESES KALENBERG, DE ADOLF WISSEL (1939) Coube às artes figurativas a tarefa de difundir o sentimento de pertencer à “comunidade do povo”,
baseada na supremacia ariana (embaixo).
frente, aumentaram provavelmente a inércia ou talvez até mesmo a passiva cumplicidade das massas.
Houve, dessa forma, uma difundida aquiescência com relação à política de segregação e à exclusão do serviço público e civil, além de iniciativas individuais voltadas a tirar proveito das expropriações, mas sem demonstrações de contentamento ao assistir à degradação. Depois da “noite dos cristais”, muitos criticaram o excesso de violência, o desperdício, o dano a tantos bens de consumo, mas poucos intervieram ativamente em defesa dos perseguidos Cr
ou levantaram a voz contra os responsáveis. Prevaleceu um misto de passividade e de aceitação que, no entanto, implicou também o apoio, pelo menos implícito, às formas mais extremas de violência. Mas a passividade e o costume crescem em si, e a eclosão da guerra e a realização da “solução final” teriam levado esse comportamento a consequências extremas: esse foi um dos maiores sucessos
do regime nazista que, mesmo onde não obteve aberto e incondicional apoio,
teve pelo menos,
a seu favor, um
silêncio passivo.
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À política externa DT
derrota sofrida pelo Reich na Primeira Guerra Mundial e as cláusulas do tratado de Versalhes deixaram
insatisfeita a maioria dos alemães e
convencida, já no imediato pós-guerra, de que
era necessário mudar a situação. A Alemanha perdeu no total 70 mil km? de território com mais de 6 milhões de habitantes. Regiões antes alemãs foram cedidas à França, à Polônia ou postas sob o mandato da Sociedade das Nações. O exército foi reduzido a 100 mil unidades, com a proibição de abrigarem armas pesadas, canhões e aviões.
Entre os principais motivos da propaganda do NSDAP estava a necessidade de rever as cláusulas de Versalhes, atribuindo ao governo da república de Weimar a responsabilidade de ter aceitado condições tão humilhantes — um dos temas que No encontrou maior eco entre os simpatizantes do partido. URSS principalna inimigo o indicou Hitler Kampf, livro Mein —, expandir-se deveria Alemanha a qual da detrimento — em aliada ideal como individuada foi Grã-Bretanha a enquanto ia pe ro eu ia nc tê po de l pe pa um ter a se as rn to para que o Reich
122 E
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
ÁGUIA
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(p. 120).
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(na abertura). UNTER
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Vista noturna do cenário montado
na principal artéria de Berlim para
a visita de Mussolini, em setembro de 1937. O
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IORQUE (embaixo).
e mundial. Depois da tomada do poder, o governo nazista escolheu uma linha de ação moderada, especialmente para não alarmar os demais países europeus: o tratado de Berlim com a União Soviética, estipulado em 1926, foi confirmado em maio; a Concordata com o Vaticano em julho seguinte foi vista com bons olhos, particularmente pelos países católicos, como a Espanha e a Itália. Mas os verdadeiros projetos de Hitler eram bem claros. Em outubro, a Alemanha abandonou
tanto a Sociedade das Nações como a conferência sobre o desarmamento, refutando a estratégia da segurança coletiva e
reivindicando a liberdade de estipular tratados, desvinculada de toda coação externa: desse modo foram postas as bases para as etapas sucessivas da expansão nazista.
A REVISÃO DO TRATADO DE VERSALHES
Após ter abandonado a Sociedade das Nações, a Alema-
nha iniciou uma série de tratativas bilaterais, fosse para evitar
o risco de isolamento em nível europeu, fosse para obter condições mais favoráveis no Ambito de negociações internacio-
nais. Em janeiro de 1934, celebrou um pacto decenal de não
agressão com a Polônia, cujas cláusulas tiveram para Hitler
a única função de garantir a neutralidade polonesa no caso de ataque à Áustria e que nunca foram concebidas como um vínculo real para o expansionismo alemão.
O território da região de Saar foi posto, depois do fim da guerra, sob o controle da Sociedade das Nações com o acordo de que um referendo popular teria estabelecido, em 1935, se deveria ser o caso de confirmar o status quo ou se deveria ser anexada à Alemanha ou à França. O Reich nazista montou um enorme aparato propagandista para apoiar a união com
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123
ALEMÃ
DA RENÂNIA HITLER PASSA EM REVISTA UM REGIMENTO DA VWVEHRMACHT
(embaixo, à esquerda).
BEnNITO MUSSOLINI Os vínculos entre a Itália e a
Alemanha se estreitaram depois
que, no decorrer da guerra da Etiópia, Hitler ofereceu a Mussolini o carvão alemão em substituição
ao inglês (embaixo, à direita).
os “irmãos alemães” e, no dia 13 de janeiro de 1935, dia do
referendo, foi feito amplo uso de métodos terroristas e intimidadores. Noventa por cento da população de Saar votou
pela anexação ao Reich, resultado que constituiu um enorme sucesso e um grande aumento de prestígio para a Alemanha, porquanto em eleições livres uma clara maioria havia dado
seu apoio ao regime nazista. Dois meses mais tarde, Hitler anunciou o reintrodução do alistamento obrigatório, violando o tratado de Versalhes. Em março de 1936, as tropas alemãs marcharam sobre a Renânia,
desmilitarizada desde 1919, contra o que previa o tratado de Locarno, assinado em 1925. A Alemanha deu início à própria política de potência sem que os demais países interviessem: a França e a Grã-Bretanha não tomaram qualquer iniciativa concreta, e a absoluta maioria dos alemães apoiou incondicionalmente esse novo curso que restituía ao país a dignidade perdida. o
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A APROXIMAÇÃO COM A ITÁLIA E A INTERVENÇÃO NA ESPANHA
As relações do Terceiro Reich com a Itália fascista foram assinaladas por conflitos territoriais, especialmente relativos à Áustria. Nesta, estava no poder Engelbert Dollfuss — cujo governo clérico-fascista se inspirava no modelo italiano — que foi morto em maio de 1934 por nazistas austríacos. Embora ainda continuem obscuras as circunstâncias e as responsa-
bilidades relativas à sua morte, ela certamente favoreceu o
projeto de anexação de Hitler. Nessa ocasião transpareceram também os contrastes com Mussolini, porque a Itália, temendo uma iniciativa nazista,
colocou suas próprias tropas na fronteira com a Áustria.
No ano seguinte, porém,
a situação internacional começou a mudar. Mus-
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
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HITLER E FRANCO Em vão o Fihrer pediu ao caudilho que interviesse no segundo conflito mundial ao lado do Eixo (embaixo à esquerda).
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ESTANDARTE DOS COMUNISTAS ALEMÃES QUE PARTICIPARAM
DA GUERRA DA ESPANHA
(embaixo, à direita).
solini atacou a Etiópia para garantir à Itália “um lugar ao sol”; a Sociedade das Nações condenou a agressão e decretou sanções contra a Itália que foram, aliás, inteiramente descumpridas. A ajuda econômica oferecida pela Alemanha à Itália nessa ocasião constituiu o primeiro passo para uma aproximação entre os dois países que, no ano seguinte, foi fortalecida em terras espanholas. No verão de 1936, havia eclodido na Espanha uma guerra civil que logo se transformou em um conflito internacional entre fascismo e antifascismo. A Alemanha decidiu intervir para mostrar a força da frente antibolchevique e abalar a resistência do antifascismo internacional num momento
em que a França e a Espanha eram governadas por frentes populares formadas por socialistas e democratas com apoio comunista. Hilter explorou essa ocasião para pôr à prova,
com um maciço envio de homens e armas, a eficiência mili-
tar da nova Wehrmacht e das técnicas ofensivas que seriam depois utilizadas no decorrer do segundo conflito mundial e
para constituir uma base de apoio territorial e logístico no Mediterrâneo. Foi durante a guerra da Espanha, concluída em março de 1939 com a vitória dos nacionalistas comanda-
dos pelo general Francisco Franco, que a aliança entre Itália e Alemanha se solidificou definitivamente numa posição antibolchevique.
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A POLÍTICA EXTERNA
E
125
SUBMARINO ALEMÃO
As despesas com o rearmamento, que nos anos 1936-37 atingiam
mais de um terço do orçamento do
Terceiro Reich, garantiram a plena
ocupação da classe operária alemã.
FRANZ VON PAPEN (A ESQUERDA) E O MARECHAL WiLHELM VON KEITEL
Ferido no decorrer da Primeira
Guerra Mundial, Keitel fez parte dos Freikorps. Em 1938, Hitler
nomeou-o chefe do staff do alto-comando das forças armadas do
Reich (embaixo).
MUDANÇAS
NOS VÉRTICES MILITARES
Depois da promulgação do plano quadrienal, da remilita-
rização da Renânia, da aproximação com a Itália fascista e da
participação no conflito espanhol, o caminho para um novo conflito estava traçado. Em junho de 1937, Werner von
Blomberg, comandante supremo da Wehrmacht e ministro
da Defesa, baixou algumas diretivas para as forças armadas, a
fim de predispor uma “preparação conjunta de uma possível guerra”, levando em consideração duas hipóteses: guerra em duas frentes com centro de gravidade no sudeste da Europa ou com centro de gravidade no ocidente. A disposição alemã para o conflito era explícita e, enquanto se tinha certeza de uma frente franco-russa, esperava-se ainda poder aliar-se com a Grã-Bretanha. Numa reunião com os comandantes militares, que se realizou
em novembro seguinte, Hitler colocou prazos precisos que coincidiam com os ritmos do rearmamento estabelecido pelo plano quadrienal, declarando, além disso, ter como objetivos imediatos a destruição da autonomia da Áustria e da Tchecoslováquia para poder, em seguida, seguir em direção leste. Blomberg e Werner Fritsch, comandante supremo do exército, embora de acordo no mérito da questão, expressaram algumas reservas técnicas. Os tempos do rearmamento e particularmente o estado de aberta crise no sistema das relações internacionais fizeram com que Hitler já se sentisse seguro, a ponto de impor mudanças nos vértices militares, que foram justificadas oficialmente por reservas morais sobre o comportamento dos dois chefes militares. Blomberg foi
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, acusado de ter casado com uma MB mulher de dúbia moralidade,
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HISTÓRIA ILUSTRADA
NAZISMO
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126 E
JOACHIM VON RIBBENTROP Ribbentrop nasceu em 1893, numa família em que o pai era militar de carreira. Sem ter concluído os estudos, transferiu-se para o Canadá em [910 junto com o irmão, onde viveu atuando em diferentes profissões. Com a eclosão da guerra, voltou para a Alemanha e combateu no front, onde foi ferido em 19217. Depois da guerra, sem uma sólida preparação profissional, trabalhou para um comerciante de Bremen e, em 1219, abriu uma empresa de comércio de vinhos que teve enorme sucesso e que o levou a enriquecer na década de 1920. Substancialmente desinteressado pela política, Ribbentrop teve os primeiros contatos com o partido nazista em 1930; filiou-se ao INSDAP em 1932
e o financiou
generosa-
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mente durante esses anos, colocando a própria mansão de Dahlem (um bairro residencial de Berlim) à disposição de Hitler para os numerosos encontros políticos dos primeiros meses de 1933. No mesmo ano foi eleito ao Reichstag e começou sua carreira, primeiramente como encarregado das questões do de-
sarmamento (1934) e,a partir de 1935,
como embaixador em Londres. Em 1938 foi nomeado ministro das Relações Exteriores em substituição ao ultramoderado Von Neurath.
A concepção
profundamente anti-inglesa e mais favorável a uma aproximação com
o Japão de Ribbentrop era bastante diversa daquela de Hitler. Por sua vez, este soube explorar essas posições para conservar a simpatia daqueles grupos conservadores que compartilhavam com Ribbentrop uma linha que se reportava às concepções guilherminas.
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O MINISTRO DO EXTERIOR
JAPONÊS JosukE MATSUOKA E COM DINO ALFIERI, EMBAIXADOR ITALIANO EM BERLIM EM [940
VON RIBBENTROP EM 1938 Hitler teve em Goring o mais tenaz adversário à sua política | externa fortemente anti-inglesa.
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Reich até a metade do conflito, | mas em seguida perdeu toda | E
influência. Capturado pelos ing em 1245, foi julg
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A POLÍTICA EXTERNA
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O CADÁVER DE DOLLFUSS Artífice de um regime corporativo
e autoritário que pôs na ilegalidade todos os partidos, o chanceler foi assassinado em 1934 pelos nazistas
austríacos favoráveis à anexação
do pais ao Reich. ACOLHIDA
FESTIVA
Tropas alemãs entram na Austria em março de 1938 (embaixo).
Grã-Bretanha tinham mostrado sua fraqueza e substancial desinteresse por uma política de oposição ao expansionismo nazista que, desse modo, pôde proceder sem obstáculos, favorecido inclusive pela progressiva aproximação da Itália fascista.
Eritsch por ser homossexual. Foram substituídos, em fevereiro de 1938, por homens fidelíssimos ao Fiihrer: Wilhelm
Keitel foi nomeado chefe do comando supremo da Wehr-
macht e o próprio Hitler se pôs no vértice do Ministério
da Guerra. Nesse mesmo período, o ministro do Exterior Kostantin von Neurath,
A Áustria, entretanto, tinha permanecido sempre mais
um conservador da velha escola
isolada em nível internacional. No dia 12 de fevereiro de 1938, Hitler convocou o chanceler austríaco Kurt von Schuschnigg para incluir em seu governo, como ministro do Interior, o chefe dos nazistas austríacos Arthur SeyssInquart e conceder plena liberdade de ação aos nazistas. De retorno a Viena, Schuschnigg fez uma derradeira tentativa para defender a autonomia de seu país e anunciou um referendo popular sobre a independência austríaca, o que Na . nazista va ofensi a r cadea desen para o ocasiã tuiu consti noite de 10 de março, Hitler deu ao 8º Exército a ordem de marchar sobre Viena; no dia seguinte, Góring impôs
diplomática, foi substituído pelo mais dinâmico e petulante Joachim von Ribbentrop, confirmando como essas mudan-
cas eram o prelúdio de uma fase ainda mais agressiva da política nazista.
O ANSCHLUSS
Em 1936 Hitler proclamou o início do plano quadrienal, a fim de preparar todas as estruturas necessárias para os o desencadeamento do conflito. No decurso de 1951, daequilíbrios internacionais já tinham mudado profun
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128 E
HISTÓRIA ILUSTRADA DO
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BANDEIRA NAZISTA PACTO
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ANTIKOMINTERN
Os ministros do Exterior da Itália
(Galeazzo Ciano é o primeiro à
esquerda), da Alemanha e do Japão na cerimônia de assinatura da
aliança em 1937 (embaixo).
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a demissão de Schuschnigg e Seyss-Inquart proclamou a anexação da Áustria ao Reich, coroando assim o sonho de uma reunificação dos “irmãos alemães” e da criação de uma “grande Alemanha”. No dia 12 de março, tropas alemãs entraram em Viena, acolhidas pela população em festa. O novo regime desencadeou uma violenta repressão contra os inimigos políticos e contra Os judeus e, em poucas semanas, realizou aquela depuração capilar que no Reich havia exigido alguns meses. No dia 10 de abril, um referendo aprovou o Anschluss com 99,73% dos votos favoráveis.
BERLIM, ROMA E Tóquio
A colaboração no teatro de guerra espanhol teve a função de consolidar de modo definitivo a aliança entre Itália e Alemanha. No final de outubro de 1936, o ministro do Exterior italiano, Galeazzo Ciano, se dirigiu a Berlim e obteve
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o reconhecimento do império na Etiópia. No mês seguinte, num discurso em Milão, Mussolini proclamou o surgimento de um eixo Roma-Berlim. Daí em diante, a Itália apoiou de modo sistemático, embora tácito e subalterno, as iniciativas expansionistas alemãs. Hitler considerou esse eixo particu-
larmente como um instrumento para induzir a Grã-Bretanha a uma aliança numa perspectiva antibolchevique, enquanto Mussolini visava a ampliar sua esfera de influência em detrimento da Grã-Bretanha e da França.
Nesse meio tempo, o Reich procurou fortalecer a própria
posição internacional, em particular no Mediterrâneo e no norte da África, aproximando-se do Japão. Os dois países
assinaram, em 25 de novembro de 1936, o “pacto Antikomintern' que constava de um acordo de colaboração para a repressão da atividade da Internacional Comunista e de um acordo adicional em que os dois países se empenhavam em não fortalecer a posição da União Soviética, caso um dos ay Xá
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A POLÍTICA EXTERNA
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Em 22 de maio
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“macto de aço”, com o qual o
do Reich assegurou a aliança regime fascista em vista do desencadeamento da guerra. A Itália subscreveu-o sem que o lhe fosse dado a conhecer
desenrolar da iniciativa alemã com relação à Polônia e sem que fossem definidos os objetivos da aliança. O artigo 3
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dizia: “Se, apesar dos desejos
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envolvida em complicações
surar para O caso previsto a rápida aplicação das obrigações da aliança assumida s com o artigo 3,0s membros das duas partes contratantes aprofundarão mais especificamente sua colaboração no campo militar e no campo da economia de guerra. De forma análoga, os dois governos se manterão constantemente
e das esperanças das partes contratantes, devesse ocorrer que uma delas viesse a ser
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bélicas com outra ou com outras potências, a outra parte contratante se alinhará imediatamente como aliada
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a seu lado e a apoiará com
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todas as suas forças militares,
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por terra, por mar e pelo ar”. Nisso se contradizia claramente a prática geral da diplomacia internacional, segundo a qual o compromisso de ajuda de outro país era subordinado ao fato de que
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este fosse vítima de agressão por parte de terceiros. Neste
“caso, pelo contrário, a própria agressão teria posto em movimento o mecanismo da
ajuda recíproca; o pacto favo-
“recia, portanto, os projetos
| da Alemanha de uma próxima
"invasão da Polônia. O próprio compreendeu os Mussi * riscos implícitos nessa cláuE E a. visto que, poucos dias E “depois, enviou a Hitler uma y — carta em que declarava que à en: É —lN eália não estaria pronta à E: * trar em guerra antes de 1943.
“Oartigo 4 do pacto rezavà.
“ “Com o objetivo de asse-
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em contato para a adoção das outras medidas necessárias à aplicação prática das disposições do presente pacto [...]”. Esse “constantemente informados” foi logo contestado por Hitler que, no dia seguinte, num relatório aos comandantes militares relativo à preparação bélica, afirmou que a premissa de-
EE 129
cisiva do sucesso era a mais absoluta reserva em torno
dos objetivos operacionais,
mesmo com relação à Itália e
ao Japão.
HITLER E MUSSOLINI NA PRAÇA “DELLA SIGNORIA”,
EM FLORENÇA, EM 1938.
130 E
HISTÓRIA ILUSTRADA DO
NAZISMO
SOLDADOS ALEMÃES EM PRAGA
Na fotografia, tirada em setembro de 1938, é evidente a raiva dos tchecoslovacos por causa das decisões tomadas pelas grandes potências em Munique.À conferên-
cia abriu caminho para a expansão do Reich na Europa centro-oriental, abandonada a si própria pelas diplomacias francesa e inglesa. HITLER ENTRA NA
TcHECOSLOVÁQUIA (embaixo).
Tchecoslováquia, onde vívia uma
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uma guerra de agressão.
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militar, mesmo no caso de
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e, dois anos após, em maio de 1939, pouco depois do fim da guerra da Espanha e do desmembramento da Tchecoslováquia, Itália e Alemanha assinaram o “pacto de aço”, com o qual se garantiam recíproco apoio
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Em 1937, também a Itália aderiu ao pacto Antikomintern
ender que podia agir sem que a França e a Grã-Bretanha se opusessem à sua estratégia de subversão do precário equilíbrio fixado pelo tratado de Versalhes. Neville Chamberlain, primeiro-ministro inglês, declarou preferir as negociações com o governo alemão, mesmo que tivesse de deixar de fora de qualquer acordo a União Soviética: a escolha da política de abpeasement contribuiu para acelerar o ritmo já posto em ato pelo expansionismo nazista. Poucos dias depois da Anschluss, Hitler iniciou uma violenta campanha de agressão verbal contra a
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qualquer mediação internacional.
Os acontecimentos austríacos levaram Hitler a compre-
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União Soviética e na subversão da ordem mundial, excluindo
O DESMEMBRAMENTO DA ICHECOSLOVÁQUIA
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dois signatários fosse agredido. Esse pacto, declaradamente destinado à luta contra o comunismo, constituiu na realidade uma ligação para as políticas agressivas e belicistas da Alemanha e do Japão, ambos interessados no enfraquecimento da
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A POLÍTICA EXTERNA
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132 E
HISTÓRIA ILUSTRADA DO
NAZISMO
AGARRADO PELO PESCOÇO Na charge inglesa, o Duceé
apertado pelas mãos de Hitler: emblemática representação do papel que tocava à Itália no pacto
italo-alemão.
CONFERÊNCIA DE MUNIQUE Da esquerda para a direita: Neville Chamberlain, Edouard Daladier, Hitler, Mussolini e Ciano (embaixo).
minoria alemã formada de cerca de 3 milhões de pessoas. Berlim financiou generosamente Konrad Henlein, chefe dos alemães dos Sudetos, para que encaminhasse ao governo de
Praga pedidos de autonomia sempre mais prementes, até a
pretensão de ceder os Sudetos (28 mil km? que constituíam 20% do território tchecoslovaco) à Alemanha, afirmando
que esse seria o último pedido de parte da Alemanha. No dia 30 de setembro, reuniram-se em Munique, com a mediação de Mussolini, os chefes de governo inglês, francês
e alemão e foi assinado o “pacto de Munique”, com base
são militar e da subversão interna. À Eslováquia foi for-
cada a declarar-se estado independente e a colocar-se sob a proteção nazista. Os territórios tchecos, cujo potencial
industrial e cujas matérias-primas eram essenciais para levar adiante os projetos expansionistas alemães, foram postos sob o direto controle de Berlim como “protetorado da Boêmia e Morávia”. O caminho para o ataque à Polônia já estava pronto. O
PACTO
NAZI-SOVIÉTICO
no qual foram aceitos os pedidos nazistas e reconhecida a anexação dos Sudetos ao Reich. A França ea Grã-Bretanha julgaram então que tinham satisfeito todas as pretensões
cio do ano seguinte. Os equilíbrios internacionais estavam sempre mais comprometidos, mas nem a França nem a Gra-
com efeito, proceder à expansão do Terceiro Reich para o leste: em março foi completado o desmembramento da Tchecoslováquia, continuando a agir na dupla via da pres-
limitando-se a declarar-se fiadores das fronteiras da Pol6nia (31 de março). Em abril, Hitler denunciou o pacto de não agressão com a Polônia, estipulado em 1934, e o pacto
nazistas, mas logo ficou claro o engano. Hitler pretendia,
Em abril de 1939, Hitler decidiu atacar a Polônia no iní-
“Bretanha tomaram iniciativas radicais contra a Alemanha,
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A POLÍTICA EXTERNA PACTO
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133
NAZI-SOVIÉTICO
Oficiais alemães e soviéticos tra-
çam as novas fronteiras da Polônia,
CONGRESSO DA PAZ Cartaz do congresso do NSDAP,
que não foi realizado por causa da guerra.
RETORNANDO DE MUNIQUE O primeiro-ministro inglês procu-
rou refrear a corrida para a guerra, mas sua linha de conciliação revelou-se um fracasso ante a agressivi-
dade do nazi-fascismo (embaixo).
naval com a Grã-Bretanha do ano seguinte. Nem mesmo a
neutralizar um eventual bloco franco-inglês em caso de ata-
que à Polônia; Stalin foi movido pelo propósito de manter
Grã-Bretanha e a França se decidiram por uma aliança em perspectiva antialemã com a União Soviética, porque suas
neutro seu país, caso eclodisse um conflito entre os países capitalistas, de se expandir para os países bálticos e espe-
desconfianças estavam profundamente enraizadas e os con-
cialmente de refrear as aspirações de expansão de Hitler em direção dos territórios soviéticos. A assinatura desse pacto lançou o movimento comunista internacional numa profunda crise, porque anulava de improviso uma luta decenal contra o
trastes e as tratativas seguiam morosamente.
Hitler soube, portanto, aproveitar habilmente a situação e inserir-se no jogo diplomático, oferecendo à União Soviética a normalização das relações, buscando também garantir reciprocamente as fronteiras. Em 25 de agosto, foi assinado o
inimigo fascista. Na realidade, Hitler não tinha
“macto de não agressão” entre a Alemanha nazista e a União Soviética, que pôs fim repentinamente a anos de violenta propaganda e de radical oposição ao mundo comunista. Nele foi estabelecido que os dois contratantes se teriam abdicado de recíprocas agressões (art. 1), que em caso de guerra de um dos dois países contra um terceiro, este último não receberia nenhum apoio (art. 2) e que se procuraria resolver qualquer conflito de modo pacífico. Desse modo, Hitler pensou em —
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mudado seus projetos, o pacto lhe deu a possibilidade de garantir para si a frente oriental no momento da
agressão à Polônia.
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HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
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cistização” em muitos países, caracterizado por um sistema institucional e constitucional
sempre mais antidemocrático,
que assumiu tanto a forma de
aqueles elementos plebiscitários — em particular, o mito
do chefe e o enquadramento dos jovens — que distinguiram
a experiência italiana e alemã.
A Áustria constituiu um claro exemplo de desenvolvimento
autônomo
em sentido autori-
tário. Principal característica desse regime de nítida marca clérico-fascista foi a solidificação do partido de governo, os socialistas cristãos, com as Heimwehren, a milícia filofas-
cista financiada por Mussolini (1930).
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Entre a Itália fascista e a Alemanha nazista havia profundas analogias: a criação de um poder que aspirava a tornar-se totalitário, a luta contra toda forma de pluralismo, o papel do ditador, a arregimentação das massas, uma organização econômica e social corporativa. A categoria de fascismo pode servir para definir esses regimes que exerceram, além disso, uma notável influência em nível internacional, propondo um modelo de solução aos problemas de uma
Europa atingida, em formas e condições diversas, pela crise econômica, pelo desemprego, pelos extravasamentos nacionalistas e pelo antissemitismo. Os regimes instaurados no decorrer da Segunda Guerra Mundial pela ocupação nazista não foram impostos do exterior, mas constituíram o ponto de chegada de acontecimentos nacionais que, se não estavam necessariamente destinados a desembocar em um fascismo completo, apresentavam muitas características que se aproximavam dele. Verificou-se, portanto, durante a década de 1930, um processo de “fas-
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O FASCISMO NA EUROPA
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A POLÍTICA EXTERNA
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As etapas sucessivas mais
importantes foram a violenta
repressão do movimento operário (fevereiro de 1934) ea promulgação de uma nova
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gião patriótica. Diversamente
das outras ditaduras, O regime espanhol se formou no decorrer da guerra civil que, entre outras coisas, determinou uma transformação dos
equilíbrios internos nas forças reacionárias. Durante todo o período franquista, aumentou, desse modo, o peso ideológico da Igreja católica e aquele
militar das forças armadas. Em
Portugal, a concepção fortemente organicista do Estado
encontrou sua expressão na nova constituição (1930) e, especialmente, na introdução
de um sistema corporativo (1933). Também a Hungria e
a Romênia conheceram o de" senvolvimento autônomo de
4 || fortes movimentos de marca
FP e
fascista: o Partido da Vontade
"Nacional
(fundado em
1935)
E " ea Guarda de Ferro (que já | nas eleições de 1937 obteve 16% dos votos), unidos parti"| cularmente por um virulento | antissemitismo.
| ATESTADO DO GOVERNO FRANQUISTA
AOS
SOLDADOS
| ALEMÃES QUE COMBATERAM NA ESPANHA
(no alto, à esquerda).
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Segunda Guerra Mundial se caracterizou pelo
entrelaçamento de múltiplos fatores que tornam complexa uma definição única do conflito. Em contrapartida, não é difícil individualizar na agressividade do Reich nazista a causa fundamental de sua explosão. À guerra foi, acima de tudo, um choque pela hegemonia entre potências, mas também entre ideologias e regimes e, portanto,
entre fascismo e antifascismo, embora com profundas diferenças entre as democracias ocidentais e a União Soviética. O aspecto da guerra antifascista transpareceu em particular nas áreas
diretamente vítimas da agressividade nazi-fascista, enquanto o choque entre os Estados Unidos e o Japão foi especialmente destinado a ampliar as respectivas esferas de hegemonia política
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138 E
HISTÓRIA ILUSTRADA
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A SUÁSTICA
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DO ATAQUE
A POLÔNIA
e econômica. O conflito, muito mais que a Primeira Guerra Mundial, foi também uma guerra total, fosse pela exploração sempre mais intensa de toda reserva de cada uma das sociedades nacionais, fosse porque a contraposição de projetos totalizantes de reestruturação da sociedade europeia investiu como nunca, não somente contra vastas áreas, mas também contra
sistemas estataise sociais e componentes nacionais. A conduta bélica alemã assumiu, em algumas partes da
Europa, a característica de verdadeira e própria guerra de extermínio: isso transpareceu no ataque à Polônia e foi programado desde o início da agressão à União Soviética. Com efeito, não se pretendia somente derrotar o inimigo, como no
oeste, mas aniquilá-lo para ter um território submetido às exigências do Reich. A guerra de extermínio gerou por sua vez fenômenos característicos desse conflito, como a Resistência e os movimentos clandestinos, que se desenvolveram nos países ocupados pelas potências do pacto tripartite, sempre ns
que se opuseram alinhamentos e regimes colaboracionistas e movimentos de resistência aos próprios ocupantes. Os objetivos de guerra das grandes potências foram deter-
minados em primeiro lugar pela necessidade de combater a expansão da Alemanha nazista. Este foi o elemento que uniu em fases e em períodos diferentes Grã-Bretanha, Esta-
dos Unidos e União Soviética e outras potências menores, mesmo que, além disso, cada país cultivasse objetivos particulares. A Grã-Bretanha tentou defender sua hegemonia no Mediterrâneo e no subcontinente indiano. De arsenal militar, os Estados Unidos tornaram-se uma potência mundial. O
entrelaçamento entre uma guerra defensiva e a conquista de novos espaços ficou particularmente claro no caso da União
Soviética. A Itália, como aliada, foi realmente um satélite da
Alemanha e tentou tecer para si um espaço de autonomia; mas, em vez de reforçar sua posição, foi sufocada por essa escolha estratégica.
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A GUERRA
E
139
À DROLE DE GUERRE (A GUERRA ENGRAÇADA)
Numa charge de abril de 1940, na qual Hitler é pescado pelo anzol do peixe francês, é representado o
estado das operações militares que precedeu o ataque à França. Rua de Varsóvia depois dos bombardeios alemães (embaixo).
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O ATAQUE À POLÔNIA Na aurora de 1º de setembro de 1939, sem declaração de guerra, à Alemanha invadiu a Polônia. Havia meses que o
regime nazista tinha optado pela solução de força e o pacto de aço com a Itália, os crescentes contrastes com a França e a Gra-Bretanha e o pacto nazi-soviético constituíram outras tantas etapas do crescente isolamento internacional da Polô-
pia. A guerra foi conduzida segundo os princípios da Blietzkrieg (guerra-relâmpago), empregando um elevado número de for-
ças blindadas, que atacaram o país a partir de diversas partes
convergindo para o centro. No dia 3 de setembro, a França e a Gra-Bretanha declararam guerra à Alemanha. O exército polonês logo esteve em dificuldades e, em poucos dias, os
destinos do conflito foram definidos. Varsóvia, quase completamente destruída pelos bombardeios alemães, capitulou no final de setembro e, poucos dias depois, foi assinado o armis-
tício. Os territórios ocidentais foram anexados ao Reich, os
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centrais formaram o Governo Geral dirigido por Hans Frank e os orientais, segundo as cláusulas do pacto nazi-soviético, foram ocupados pela União Soviética. No decorrer da campanha polonesa, o regime nazista pôs em prática o método de guerra que teria depois, sem grandes variações, utilizado nos meses seguintes: a surpresa e a brutalidade do ataque esmagaram as forças armadas inimigas em pouco tempo, o terror paralisou a população civil e a “quinta coluna” desintegrou a partir de dentro o adversário. Enquanto na frente ocidental a situação se conservava estacionária, o conflito se estendeu para outras direções: no dia 30 de novembro, a União Soviética atacou a Finlândia,
acelerando também os planos alemães de controle da península escandinava, ligados especialmente à presença de jazidas de ferro. No dia 9 de abril, a Alemanha invadiu a Dinamarca
e a Noruega: a primeira foi derrotada em pouquíssimo tempo; a segunda, mesmo com a intervenção das forças aeronavais
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140 E
HISTORIA ILUSTRADA DO NAZISMO
PRISIONEIROS FRANCESES O ataque à França foi uma obra-prima de estratégia militar dos altos comandos alemães. As repetidas manobras em círculo das divisões blindadas do Reich estiveram
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inglesas, capitulou no dia 10 de junho. O Reich, que se propunha a isolar a Grã-Bretanha, começou a ofensiva na frente ocidental.
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A queda da França constituiu o ápice do triunfo nazista no Ocidente, revelando as fraquezas da preparação e da estratégia militar francesa. Também a frente interna, politicamente dividida e moralmente abatida, cedeu. O país foi
O ATAQUE À FRANÇA
ocupado parcialmente: a zona alemã se estendeu à França
Em 10 de maio 1940, a Alemanha invadiu a Holanda, a
centro-setentrional e a uma faixa ao longo do Atlântico até a fronteira espanhola, que englobava a maior parte dos distritos industriais e todos os portos sobre o Atlântico. Grande parte da França centro-meridional, ao contrário, permaneceu sob o controle do novo governo conservador dirigido pelo marechal Pétain, com sede em Vichy. Hitler julgou então necessário que um governo francês continuasse a funcionar
Bélgica e Luxemburgo sem declaração de guerra, derrotando“Os rapidamente, graças inclusive aos maciços bombardeios aéreos. Em 24 de maio, tropas alemãs chegaram ao Canal da Mancha, diante de Dunquerque, onde se detiveram, permitindo o reembarque das forças inglesas e de numerosos destacamentos franceses, provavelmente na esperança de que a Grã-Bretanha encerrasse as hostilidades. As tropas nazistas avançaram em direção das regiões do Meuse e das Ardennes, rompendo depois a linha da retaguarda francesa entre os rios
numa parte do território nacional, a fim de impedir que este se transferisse para a Inglaterra, de onde teria podido continuar combatendo com liberdade de ação bem diversa. Além disso, não reclamou a entrega da frota, nem fez exigências sobre os domínios coloniais; seu objetivo principal nesse
Somme e Aisne; em 14 de junho, entraram em Paris e, no dia 22, foi assinado o armistício.
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da tonelagem daquela britânica, o almirante Erich Raeder tinha montado um ambicioso plano de construções navais, mas em 1939 mal havia começado. Além disso, uma controvérsia
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marinha de guerra com a Luftwaffe e Hitler a havia resolvido em favor do chefe desta última, o marechal Góring: a aviação, tanto com bases em terra comono mar teria continuado a
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mirante Raeder não conseguiu confiar a guerra no mar a um único chefe que comandasse ao mesmo tempo as forças navais
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te e a fabricação em série tinha começado so-
mente em 1938. Apesar disso, em setembro de 1939,a Luftwaffe possuía mais de 4 mil aparelhos. No decorrer do conflito, par-
ticularmente a partir de 1943, quando a perspectiva de vitória começou a parecer sempre mais remota, a propaganda insistiu na existência de armas secretas. A pes-
quisa científica alemã chegara a novas descobertas que teriam revolucionado a guerra naval e aérea, mas que, não sendo em benefício das forças terrestres,
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MÍSSEIS V2 As Vergeltunsgswaffen (armas de represália) foram fabricadas no final da guerra. O V2 era um foguete de 12,9 kg, dotado de cerca de uma tonelada de explosivos e capaz de desenvolver uma velocidade de 5,6 mil km/h.
nenhuma mudança da guerra na frente oriental. Houve desenvolvimentos significativos sobretudo para os submergi-
veis e para os aviões à reação, mas as armas com as quais,
ainda em 1944, Hitler julgava poder redirecionar os destinos do conflito foram os aviões VI sem piloto e os foguetes V2, lança-
dos especialmente sobre Londres,
mas que não determinaram uma reviravolta: o Reich já tinha praticamente perdido a guerra, embora tivesse ainda a força de entregar à morte centenas de civis.
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ataque alemão, muitas obras de arte do Louvre foram transferidas para locais seguros,a fim de protegê-las dos bombardeios. A depredação de quadros e esculturas na Europa ocupada pelos exércitos do Reich foi um dos aspectos mais odiosos da dominação nazista.
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A GUERRA
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143
GUERRILHEIROS GREGOS A Resistência grega foi um espinho nos flancos para as tropas de ocupação do Eixo.
A “RAPOSA DO DESERTO” Erwin Rommel, com o braço erguido, foi o mais brilhante estrategista da guerra com meios blindados no deserto africano. Próximo dos circulos militares que organizaram o atentado contra Hitler de 20 de julho de 1944, foi preso e forçado a suicidar-se (embaixo). x
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momento era enfraquecer a Grã-Bretanha, impedindo que se unisse ao que restava das forças francesas. O projeto de
Hitler previa, portanto, a máxima exploração econômica da França em proveito da Alemanha e a presença de um governo que mantivesse as aparências da soberania.
A derrota da França marcou o primeiro verdadeiro triunfo
político-militar nazista, porquanto foi batido um adversário
histórico e foi eliminada do continente toda a força inimiga restante. A operação “leão-marinho” (o ataque à Gra-Breta-
nha), no entanto, foi adiada, e o Reich foi obrigado a intervir
na Grécia e na lugoslávia ao lado da Itália, para evitar a derrota (abril de 1941).
A GUERRA NO NORTE DA ÁFRICA
Em janeiro 1941, Hitler decidiu socorrer as tropas italianas que estavam em dificuldade na Líbia. Foram enviadas
duas divisões blindadas que, sob o comando de Erwin Rom-
mel, tomou o nome de “Afrikakorps”. Incansável e fulmíneo na concepção e nas decisões, Rommel logo ganhou o apelido de “raposa do deserto” e, mal chegou, deu início por iniciativa própria a uma guerra-relâmpago. Favorecido com o vazio criado pelo envio de tropas britânicas para a Grécia, Rommel começou a avançar sem tomar conhecimento da opinião dos comandantes italianos, a quem deveria ficar subordinado. Em abril reconquistou a Cirenaica, chegando quase até a fronteira egípcia, onde foi retido numa longa batalha para a conquista de Tobruk, conseguindo expugná-la em junho do ano seguinte, sabendo aproveitar-se, com a habitual habili-
dade, de uma série de acontecimentos adversos que atingiram a esquadra inglesa no Mediterrâneo.
O “Afrikakorps” continuou a avançar, chegando, no final
de agosto, a cerca de 100 km de Alexandria. A situação se tornou sempre mais séria para os ingleses, uma vez que seus suprimentos estavam destinados ao controle do Canal
144
E
HISTÓRIA ILUSTRADA DO
NAZISMO
HEINZ GUDERIAN O maior teórico da guerra com meios blindados. No decorrer da invasão da União Soviética, obteve fulminantes sucessos e, com seu
exército Panzer, chegou até as portas de Moscou.
BLINDADO ALEMÃO DESTRUÍDO Em novembro de 194l, ficou claro
que a Blitzkrieg, que deveria ter levado à capitulação da União Soviética, havia fracassado (embaixo).
de Suez e à manutenção das bases aéreas no Egito centro“oriental. No dia 23 de outubro de 1942, o general inglês Bernard Montgomery, que havia recebido reforços decisivos, lançou uma contraofensiva contra as forças do Eixo,
que se concentrou em El Alamein e terminou nos primeiros dias de novembro com uma pesada derrota para as forças talo-alemãs, que tiveram de recuar para a Líbia. No dia 8 de novembro de 1942, os anglo-americanos, após acurada preparação tornada possível pelo emprego sempre maciço da gigantesca máquina bélica estadunidense, desembarcaram no Marrocos e na Argélia. No dia 13, os ingleses reconquistaram Iobruk. Em janeiro de 1943, Rommel abandonou a Líbia e, em maio seguinte, os anglo-americanos obrigaram as tropas ítalo-alemãs a capitular na Tunísia.
OPERAÇÃO BARBA-ROXA
Em 22 de junho de 1941, teve início a agressão nazista à União Soviética. A Alemanha atacou com 153 divisões,
a Itália enviou um corpo de expedição mal armado e des-
preparado e a Romênia enviou a maior parte de suas tropas.
Hitler pretendia conseguir a vitória em poucos meses e, de
início, tudo caminhou mais ou menos segundo as previsões. Como nas campanhas da Polônia e da França, as manobras alemãs, após a conquista do espaço aéreo, desenvolviam-se por meio da ação conjunta de forças imponentes na primeira fase da ofensiva; em seguida, o ataque teve o apoio das colu-
nas blindadas (o ponto fraco do adversário) com a cobertura
da aviação.
Os primeiros avanços foram arrasadores: em setembro Leningrado foi sitiada e, em outubro, as tropas alemãs che-
garam às portas de Moscou, mas ali se detiveram. O outono estava chegando e o Exército Vermelho tinha sofrido gra-
A GUERRA
E
145
DESFILE DO ExéÉRCITO VERMELHO O fulgurante avanço alemão em território russo foi favorecido pelo fator surpresa e pelo despreparo militar de Moscou.
METRALHADORES ALEMÃES NA
NEVE
Os exércitos do Reich viram-se combatendo em condições proibitivas no decorrer do longo inverno russo (embaixo).
ves perdas, mas não tinha sido aniquilado. Em dezemb no coração do inverno russo, ao qual as tropas pp
estavam preparadas, o Exército Vermelho começou a contraofensiva. Com a campanha russa, teve fim o glorioso período
da guerra-relâmpago paga pelo vencedor com perdas de pouca
monta, amplamente compensadas pelas riquezas depredadas,
pelos territórios ocupados e pelos adversários subjugados. As
dificuldades e as derrotas criaram discórdia entre os gene-
rais e profunda desmoralização se apoderou dos soldados. Foi
necessário substituir os combalidos, aumentar e renovar os
armamentos e o conflito se transformou numa guerra de des-
gaste, de êxito incerto e de duração imprevisível. Para tentar vencê-la, a Alemanha teve de mobilizar todos os seus recursos
eutilizar todos os homens válidos, mesmo que isso significasse afastá-los das fábricas e dos postos-chave na frente interna. Toda a Europa conquistada deveria ser explorada, para que o Reich milenar pudesse coroar seus sonhos de glória.
A NOVA ORDEM EUROPEIA
A partir da agressão à União Soviética, ocorreu
uma
profunda reviravolta na condução da guerra, porquanto se desdobrou a lógica da guerra nacional-socialista que, ao choque entre as potências, acrescentou o choque frontal
de ideologias e raças. O objetivo era a conquista de um
interminável “espaço vital”, de modo a garantir ao Reich imensos recursos e a criação de uma “nova ordem europeia”, ou seja, de um sistema de estados-satélites sujeitos à Alemanha. Esse objetivo implicou uma ocupação que deveria ser definitiva, em vista da futura dominação nazista. Com
efeito, foi nas áreas destinadas ao assentamento dos alemães que se realizou esse processo de germanização indissociável do objetivo racista: introdução de alemães, portadores de valores raciais superiores, e expulsão de grandes massas de população local para deixar trabalho e bens aos ocupantes. Essas maciças transferências de população constituíram, na
146 E
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
A BARBARIZAÇÃO CONFLITO
A condução da guerra e a administração das zonas ocu-
padas seguiram as normas da ideologia nazista, muito mais que as regras dos direitos dos povos. No leste, os soldados alemães fizeram uma guerra ideológica e de extermínio, cujas regras, com raras exceções, foram compartilhadas por toda a VVehrmacht. Em 22 de agosto de 1939, poucos dias antes da agressão à Polônia, dirigindo-se ao alto-comando militar, Hitler declarou: “Em primeiro plano está a destruição da Polônia. O objetivo é a eliminação das forças vitais, não a conquista de determinada linha. Mesmo que tivesse de eclodir a guerra no Ocidente, o aniquilamento da Polônia permanece
em primeiro lugar. Em vista da estação, decisão rápida. Darei o pretexto de propaganda para o desencadeamento da guerra, não importa se digno de credibilidade ou não. Ao vencedor não se pedirá mais tarde se disse ou não a verdade. Ao dar início e ao conduzir a guerra, O que importa não é o direito, mas a vitória. Fechar o coração à compaixão, proceder de modo brutal. É necessário fazer justiça para
comissários políticos: “As tropas devem estar conscientes de quanto segue: |. Nesta luta, está errada uma atitude de indulgência e de respeito do direito internacional no que diz respeito a esses elementos. São perigosos para sua segurança e para uma rápida pacificação dos territórios conquistados. 2. Os comissários políticos são promotores de bárbaros e asiáticos mé-
80 milhões de homens. É pre-
ciso garantir sua existência. Será o mais forte a ter razão. A máxima dureza”. Em 6 de junho de 1941, pouco antes do ataque à URSS, foi dada a ordem do comando supremo da VVehrmacht sobre o tratamento a ser reservado aos
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vida, com toda a aspereza, Por conseguinte, eles deverão ser imediatamente passados pelas armas quando forem captura-
dos em combate ou em ações de resistência”. GUERRILHEIROS FRANCESES ANTES DO FUZILAMENTO (no alto) E PRISIONEIROS RUSSOS (à esquerda).
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CRIANÇAS REFUGIADAS
Além da destruição de muitas cida-
des, o conflito provocou o êxodo forçado de milhões de pessoas.
PROPAGANDA ALEMÃ NOS PAÍSES OCUPADOS
Cartaz em língua flamenga que
exorta o alistamento nas 55
(embaixo, à esquerda). SOLDADOS
DE INFANTARIA EM
CIMA DE UM CARRO ARMADO NO FRONT DE DON
(embaixo, à direita).
economia da guerra nazista, um instrumento de dizimação
e de seleção de grupos étnicos e sociais, num contexto em
que a desagregação dos estados e do tecido social, os deslocamentos de fronteiras e a hierarquização de nacionalidades foram parte de um único projeto de transformação
da Europa. Isso significou sobretudo a exploração da força
de trabalho nas formas mais diversas: da dependência nos lugares de produção originais à utilização nos serviços da
administração bélica alemã, à deportação nos complexos
produtivos, na agricultura e nos campos de concentração do Reich. Outra característica desse projeto de germaniza-
ção foi a exploração dos aparatos produtivos e dos recursos naturais para realizar um gigantesco processo de integração continental em sentido único: um sistema de subordinação total das exigências da periferia ao centro do império, representado pela Alemanha.
A FRENTE INTERNA
À guerra mudou também a vida cotidiana dos alemães. As rações de gêneros alimentícios continuaram a diminuir,
a qualidade do pão a piorar, a falta de gorduras animais se tornou crônica. A duração da semana de trabalho útil passou de 48 para 50 horas. Quanto mais durava a guerra, mais se tornou maciça a intervenção sobre os jovens. Os rapadjs zes de 14a 18 anos | tiveram de participar de cursos GH
148 E
HISTÓRIA ILUSTRADA DO
NAZISMO
HOMENS DO NORTE, COMBATAM PELA NoRruEGA! HOLANDESES:
As SS os CHAMAM!
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Propaganda nos países ocupados.
GOEBBELS NUMA CARICATURA RUSSA O ministro da Propaganda procurou em vão transformar a derrota de
Stalingrado na heroica resistência do Reich milenar às “hordas bolche-
viques” (embaixo,à esquerda).
INFANTARIA RUSSA AO ATAQUE (embaixo, à direita).
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ministrados pela Hitlerjugend, de características sempre mais belicistas. Além disso, substituíram os homens que partiam para o front, especialmente nos trabalhos agr ícolas e na administração. A propaganda se tornou maciça e a guerra entrou ainda mais ostensivamente nas salas de aula: nas escolas foram organizadas visitas de soldados em licença
que contavam, em termos entusiásticos, suas experiências ;
nas paredes, mapas assinalavam o glorioso avanço do Reich e a produção de opúsculos de propaganda aumentou, entre 1940 e 1941, de modo exponencial.
Foram intensificados também todos os instrumentos da repressão interna e todo o aparato terrorista do regime exerceu sua função de intimidação e de disciplina para com todas as camadas da sociedade, e isso muito além da simples hierarquização já implícita na concepção da Volksgemeinschaft. A pressão do regime cresceu com os reveses militares. Para contrastar o abatimento que, depois da derrota
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de Stalingrado, se difundia cada vez mais entre a popula-
ção, Goebbels, no famoso discurso de 18 de fevereiro de 1943 no palácio dos esportes de Berlim, procurou invocar o fanatismo e a vontade de resistência dos alemães com
ênfase retórica que culminou com a pergunta: “Querem
a guerra total?” Também o terror foi intensificado e, em agosto de 1944, com a “operação tempestade”, cerca de 5 mil ex-funcionários e políticos da república de Weimar foram encerrados em campos de concentração. Foram suspensas as últimas prerrogativas da Wehrmacht nas questões de política interna e foi criada a “milícia popular alemã”, da qual deviam fazer parte todos os homens entre 16 e 60 anos. Com os primeiros bombardeios das cidades alemãs, também
a população civil começou a sentir na pele os horrores da guerra e ficou sempre mais difícil continuar alimentando o mito da superioridade e da invencibilidade do Fiihrer e do Terceiro Reich.
A GUERRA E |49
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NKO, DO CONSERVATÓRIO DE MOSCOU, TOCA VIOLINO PARA AS TROPAS
E O PROFESSOR ILCH A FRENTE SUL Numa imagem realizada por um dos mais famosos repórteres soviéticos de Pd S A D A N O RUSSAS ESTACI Exército Vermelho ouve música depois de um dia de combates — Anatoly Garanin/Magnun Photos. o d a i r a t n a f n i o de t n e m i g e r m u , a r r e gu
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150 E
HISTORIA ILUSTRADA DO
NAZISMO
STALINGRADO Hitler atacou a União Soviética com a certeza de vencê-ja em poucos meses. Depois dos primeiros e arrasadores sucessos, o avanço estancou e o rígido inverno russo colheu os exércitos alemães despreparados. Às portas de Stalingrado se configurou, por mais de um ano, um dos choques mais decisivos entre os dois blocos. A resistência e depois a ofensiva do Exército Vermelho a partir do final de 1942 se tornaram, aos olhos de todos, o símbolo do resgate da agressão nazista e constituíram a esperança mais concreta das potências aliadas de chegar à inversão das sortes do conflito. Para
o Reich nazista,a batalha de Stalingrado constituiu uma enorme perda de homens e meios: quase um quarto das forças do Eixo empregadas na campanha da Rússia, em
sua maioria soldados alemães, pereceu no cerco da cidade. Logo ficou claro para Goebbels que era necessário inverter o significado do ocorrido, transformando a derrota numa aparente vitória: Stalingrado, do momento supremo da derrota do bolchevismo, se tornou símbolo
da heróica resistência dos alemães contra o bárbaro avanço dos soviéticos.À máquina de propaganda do regime declarou o início da “guerra total”, todas as es-
truturas repressivas do Estado foram reforçadas e cada
cidadão foi chamado a dar
sua contribuição para a salvação da pátria. Mas o próprio “mito” do Fúhrer começou a vacilar e teve início o esfacelamento da frente interna, premissa da crescente refutação da guerra e das trágicas consequências que esta trazia consigo.
SOLDADOS RUSSOS COMBATEM ENTRE AS RUÍNAS DE STALINGRADO
À reconquista da cidade às mar-
gens do rio Volga destruiu o mito da invencibilidade da Wehrmacht
(no alto).
CARROS ARMADOS BLOQUEADOS PELO GELO E SOLDADOS COM METRALHADORAS NUMA
TRINCHEIRA (à esquerda).
A GUERRA E |5]
ocorrida nos dias mbe ato hec A O AD GR IN AL ST DE A AÇ PR MA NU S ROS SOVIÉTICO a vitória do épic a MONUMENTO AO S PIONEI po, tem mo mes Ão sta, nazi ime reg no s mãe ale decenal abalou a confiança dos u se a av br le ce h Photos. ic Re um agn a/M Cap ro ert ei Rob rc Te o a étic Sovi e qu ão Uni da em e militar vamen te Stalin como indiscutível líder político
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HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
152 E
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FILAS DO RACIONAMENTO NA FRANÇA
Até novembro de 1942 o país,
ocupado em três quintos, conti-
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(embaixo).
O SISTEMA DE PODER NAZISTA NOS
ANOS
DA
GUERRA
O sistema burocrático e administrativo do Terceiro Reich se caracterizou, no decorrer da guerra, por um caos crescente. A última sessão do gabinete teve lugar em fevereiro de 1938. Acrescente-se a isso que, para os vários ministros e responsá-
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veis políticos, passou a ser sempre mais difícil durante a guerra ter contatos diretos com Hitler. O poder se concentrou, de fato, sempre mais nas mãos de três homens: Hans Heinrich Lammer, chefe da chancelaria do Reich, cujo papel foi equiparado ao de um ministro; Martin Bormann, onipresente e superativo secretário particular de Hitler; e Wilhelm Keitel, chefe do comando superior da Wehrmacht de 1938 a 1945. Toda diretiva, medida e circular emitidas pelo Fiihrer eram redigidas e divulgadas somente por esses respectivos membros do partido.
Hitler se isolou cada vez mais com relação ao exterior
e Bormann se empenhou para que ele tivesse poucos contatos com ministros, Gauleiters e chefes de partido, mesmo
quando se tratava de antigos combatentes. Desde a eclosão
da guerra, o Fúhrer permaneceu quase exclusivamente em
seu quartel-general, de onde dirigia inclusive as operações
militares. Em janeiro de 1945, transferiu-se para o bunker
construído debaixo da chancelaria do Reich, em Berlim, e
dele não saiu mais até sua morte. Enquanto Góring, após o fracassado ataque aéreo contra a Inglaterra em 1940, perdeu sempre mais autoridade, Goebbels, Himmler e Speer, fiéis até o fim a seu chefe e em perene rivalidade entre si, disputaram o poder continuando a administrar, cada um em seu próprio âmbito, a louca con-
dução da guerra nazista. O império nazista
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A GUERRA
A MÃO-DE-OBRA ESTRANGEIRA Durante à Segunda Guerra Mundial foram deportados
para a Alemanha quase 8 milhões de civis estrangeiros e prisioneiros de guerra para
serem empregados na indústria alema, especialmente
nos setores da produção de armamentos e na agricultura. No conjunto, os trabalhadores estrangeiros forneceram cerca de um terço da mão-
de-obra das indústrias bélicas,
atingindo às vezes até 50%,
como no caso das fábricas de carros armados Krupp em Essen. Eles chegaram ao Reich provenientes de todos os países compreendidos no projeto da “nova ordem europeia”. O recrutamento teve
tre os próprios trabalhadores estrangeiros, tornando desse modo ainda mais difícil toda aliança e confraternização.
FRITZ SAUCKEL Idealizador do sistema de trabalho forçado para milhões de prisioneiros de guerra russos (à esquerda). OPERÁRIAS FRANCESAS NUMA FÁBRICA ALEMÃ
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soviéticos e poloneses foram confinados na base inferior da pirâmide. As condições de vida e os salários variavam de
de acentuar as diferenças en-
visto que as campanhas para arregimentação não tiveram o sucesso desejado, os nazistas procederam à intimação co-
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estirpe germânica, enquanto
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acordo com a posição ocupada. Essas hierarquias foram mantidas e aguçadas pelo regime, inclusive com o objetivo
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agida com invasões, durante as quais eram recrutados todos os homens aptos para O trabalho. Até 944 foram deportados mais de um |.5 milhão de poloneses.A partir de 1942 começou uma maciça transferência de civis soviéticos (cerca de 2,5 milhões), uma vez que os prisioneiros de guerra, por causa do brutal tratamento ao qual eram submetidos, quase nunca estavam em condições de desenvolver
Os trabalhos massacrantes a que eram forçados. Em março de 1942, Hitler nomeou Fritz Sauckel, Gauleiter da Turíngia, plenipotenciário para o recrutamento dos trabalhadores; este procedeu a maciças arregimentações na Europa nazista e estabeleceu uma rígida hierarquia racial no tratamento das vítimas, em cujo vértice estavam os trabalhadores de
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154 E
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
A OCUPAÇÃO DA ITÁLIA
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Em 5 de setembro de 1943, a Itália assinou o armistício,
pondo fim desse modo a três
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anos de condução bélica desastrosa. A coroa foi salva, mas o país permaneceu nas mãos das tropas alemãs que, já depois de 25 de julho, dia da queda de Mussolini, haviam começado a reforçar sua presença no ter-
ritório. O objetivo principal da Alemanha foi explorar tanto o potencial produtivo italiano,
agrícola e industrial, como a
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mão-de-obra. Dessa forma, teve início uma varredura in-
ração demográfica e territorial.
casual, para deportar o maior número de italianos para as
ralização de comportamentos em que a agressividade e o
discriminada, e muitas vezes
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Houve, no entanto, uma gene-
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que atingiram em massa à po-
pulação civil. A intimidação foi, portanto, um componente fun-
tas mostraram seu domínio
sobre o território. Quase 7 mil judeus italianos foram deportados para os campos de
indústrias do Reich. Nos meses seguintes, o recrutamento foi racionalizado por meio da
arbítrio foram considerados legítimos. O caráter opressivo da ocupação não se manifes-
damental das ações do exército alemão; a repressão contra as ações da resistência atingiu
extermínio nazistas e a polícia da república de Salô deu uma ativa contribuição para sua
organização lodt.A ocupação
à rebelião da população, e
os civis inermes e a prática da
dos comboios que os teriam
uma extrema brutalidade, ainda que houvesse uma Stan! diferença entre a conduta bé-
sempre estiveram em relação causal com o ocorrido, mas ulterior prova de força. À vio-
nazista se caracterizou por
massacres e represálias nem
lica em outros contextos, em
o projeto nazista de reestrutu-
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FORTE ATLÂNTICO
Por detrás das fortificações de concreto, os comandos alemães
haviam disposto as divisões blinda-
das para repelir o previsto desembarque aliado.
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O primeiro avião à reação produzido pela indústria alemã em 1942. Foi utilizado, porém, em operações bélicas somente a partir de julho de 1944 (embaixo).
ECONOMIA
E ARMAMENTOS
Uma prescrição de 4 de setembro de 1939 decretou 50% de majoração do imposto de renda e o aumento das taxas sobre o consumo de numerosos produtos. Essas medidas não
foram, contudo, suficientes para cobrir as despesas para a produção de armas e o saldo foi obtido com as contribui-
ções dos países ocupados. Embora obrigando o Reich a um esforço fiscal considerável, o regime nazista procurou evitar o aumento dos preços, para reduzir ao mínimo o descon-
tentamento. O resultado foi o recurso à emissão de papel“moeda e um notável endividamento do Estado, mas apesar da tendência ao aumento dos meios de pagamento, o regime soube habilmente manter a estabilidade da moeda por quatro anos. Pelo menos até 1943, as condições de vida dos alemães foram superiores àquelas dos ingleses. Embora tendo entrado em guerra com uma indústria bastante moderna e uma produção de armas equivalente
ao dobro daquela da Grã-Bretanha, a Alemanha estava preparada apenas para uma guerra de curta duração. À organização da produção bélica dependia de Góring, responsável pelo plano quadrienal e, como tal, dos ministérios da Economia, do Trabalho e do Abastecimento. Fritz Todt tinha o controle do Ministério dos Armamentos, bem como da empresa de trabalhos nacionais que levava seu nome e os dois
organismos eram praticamente autônomos. Em fevereiro de 1942, Speer substituiu Todt (morto em um acidente aéreo)
e desde então, de modo sempre mais claro, foi dada prioridade absoluta às indústrias de armamentos. Ele ampliou
o sistema inaugurado por Todt dos comitês compostos por especialistas da indústria e não por militares, encarregados de estabelecer os melhores procedimentos para construir cada arma. Speer, formalmente subordinado a Góring, assumiu a efetiva direção da economia de guerra, embora fosse responsável apenas pelos armamentos do exército e não
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156 E
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
manha nazista. À colaboração
de elementos integrados no tecido social e administrativo dos territórios ocupados era para a Wehrmacht uma exigência primária. Não somente do ponto de vista da
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propaganda para afirmar a função do Terceiro Reich na cruzada pela nova Europa, mas
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serviço da Alemanha nazista.À colaboração foi, contudo, um processo em sentido único: o Reich tinha necessidade dela nos países ocupados para poupar homens e meios, para introduzir-se nos aparatos administrativos e em ambientes sociais dos quais não podia prescindir, para obter suprimentos e estimular a produção industrial e agrícola dos países ocupados para seus territórios, para recrutar a mão-de-obra necessária a seu esforço bélico e também para transmitir, através de mediadores locais, uma imagem e uma mensagem tranquilizadoras. Muitos movimentos pró-fascistas e pró-nazistas ofereceram sua colaboração à potência ocupante — uma das características fundamentais
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também em termos bem mais concretos do ponto de vista da mobilização de forças e de energias para serem postas a
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O colaboracionismo caracterizou muitos países envolvidos no segundo conflito mundial e assumiu pesos e formas novas com relação ao fenômeno da colaboração com uma potência ocupante, como se havia verificado no curso de outras guerras e conquistas territoriais e coloniais. Os regimes instalados com a ocupação alemã foram muito além das simples necessidades bélicas e deram à sua intervenção um caráter bem mais global, ou seja, destinado a envolver a organização política e institucional do país. No âmbito da “nova ordem europeia”, o uso do colaboracionismo deveria ter sido um dos instrumentos de agregação do consenso e das forças em torno do desígnio de expansão da Ale-
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PES
O COLABORACIONISMO
Jal
do fenômeno do colaboracionismo — com a esperança de realizar suas aspirações políticas. Por vezes, porém, num paradoxo só aparente, a Alemanha nazista preferiu apoiar-
-se nas estruturas tradicionais
de poder — como na Bélgica
— em detrimento das forças fascistas, mas caracterizadas
igualmente de um forte componente nacionalista. A república social italiana constituiu um significativo exemplo de como muitas vezes os alemães consideravam as forças locais mais como um obstáculo do que uma ajuda para a atuação de sua política. FRANCESA DE CABEÇA RASPADA A ZERO
Punida por ter tido um filho de um soldado alemão (O Robert Capa/ Magnum Photos (no alto). JACQUES DorioT O líder colaboracionista francês (de uniforme escuro) combateu como voluntário na Rússia.
CARTAZ DAS SS BELGAS
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157
NO FRONT
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PARA A VITÓRIA!
Trabalhadores alemães são incita-
dos a empenhar-se para vencer a guerra. Navio ALEMÃO EM COMBATE
(embaixo, à esquerda).
SOLDADOS DA WVEHRMACHT ADQUIREM
CARTÕES-POSTAIS
(embaixo, à direita).
daqueles da marinha e da aviação. A partir de então, a produção bélica continuou crescendo sem, no entanto, jam ais atingir Os níveis do arsenal norte-americano. à
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O SISTEMA FINANCEIRO DO GRANDE REICH
As despesas militares alemãs tinham passado de 41 bilhões de marcos em 1939 a 60 em 1940 e 91 em 1942. O ministro das Finanças Walter Funk, para poder enfrentar a situação, havia recorrido à tributação e a um sistema que foi definido de “financiamento tácito”: os cidadãos privados eram induzidos à poupança e os organismos eram obrigados a remeter ao Estado seus fundos em troca de bônus do tesouro. Para fazer frente a despesas tão ingentes era necessário, contudo, organizar um sis-
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tema muito mais complexo e capilar, que Góring
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comunicou aos comissários do Reich e aos coman-
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dantes militares em 10 de agosto de 1942: “Sei saquear de forma perfeita e organizar verdadeiras caçadas”. Em todos Os países em que entraram como vitoriosos, os regimentos alemães saquearam, expropriaram e requisitaram. As auto-
ridades ocupantes se abstiveram, nos meses seguintes, de medidas tão brutais e escolheram vias muito mais astuciosas e eficazes. Uma primeira medida consistiu em revalorizar arbitrariamente o marco — tornando-o uma moeda europeia — em relação às moedas dos países conquistados. Isso reduziu o poder de compra dos produtos alemães que se tornaram mais caros e, vice-versa, aumentou a possibilidade para os alemães de maiores aquisições nos países ocupados. Os pri-
meiros a beneficiar-se disso foram os soldados.
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HISTÓRIA
ILUSTRADA
DO
NAZISMO
O BOMBARDEIO DE DRESDEN
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do sempre mais agudo e sempre mais ensurdecedor dos voos que se aproximavam, faltou luz, foi ouvida uma explosão nas proximidades. [...]
mim somente uma espantosa tensão, creio que estivesse
esperando o fim. [...] Tinha perdido a noção do tempo, foi uma eternidade, enquanto, no fundo, não durou muito,
porque em certo ponto começou a clarear o dia. À cidade continuava queimando”.
BOMBARDEIO DE COLÔNIA Na fotografia tirada de um avião inglês distinguem-se a catedral, a ponte Hohenzollern e a estação ferroviária (no alto).
precisamente a destruição da
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começamos a ouvir o zumbi-
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agora que se sobrepõe a ele a sucessiva catástrofe, já se confunde no perfil geral. Logo
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cidade que o salvou. As páginas dedicadas ao bombardeio
Uma vista da cidade em 1946 O Werner Bischof/Magnum Photos. E
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aquele momento, enquanto
Depois tudo ficou mais tranquilo e o alarme parou de soar. Eu tinha perdido a noção do tempo. Fora estava claro como o dia. Na Pirnaischer Platz, na Marschallestrasse e às margens ou do outro lado do rio Elba, a cidade estava em chamas. [...] Diante de mim abria-se um grande espaço vazio, irreconhecível, e no meio dele uma gigantesca cratera. Estampidos, iluminação como se fosse dia, explosões. Não pensava em nada, não tinha medo, havia em
Uma pausa para retomar fôlego, ajoelhamo-nos dobrados entre as cadeiras, de alguns grupos erguiam-se lamentos e prantos; avizinhavam-se novamente, novo aperto pelo perigo mortal, nova explosão. Não sei quantas vezes tudo isso se repetiu. De improviso, a janela da adega em frente da entrada saltou, sobre a parte posterior, e fora havia luz como em pleno dia. [...]
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de Dresden são um testemunho insuperável desse trágico episódio: “Foi então que chegou o alarme geral. — Se apenas destruíssem tudo! disse amargurada a senhora Stiihler, que durante o dia tinha feito de tudo na tentativa, evidentemente vã, de resgatar seu menino. Se a coisa tivesse parado naquele primeiro ataque, teria ficado impresso em mim para sempre como o mais espantoso, desencadeado até
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No decorrer da conferência de Casablanca, Churchill convenceu Roosevelt de que, para acelerar a derrota da Alemanha e para utilizar na Europa o potencial bélico norte-americano, era necessário intensificar os bombardeios aéreos. O objetivo era tríplice: destruir o potencial militar, industrial e econômico do Reich, minar o moral dos alemães, e preparar o desembarque na França, enfraquecendo a capacidade defensiva do inimigo. Uma frota aérea norte-americana fixou a base no sul da Grã-Bretanha. Enquanto estes continuaram as incursões noturnas nos centros urbanos, aqueles atuaram de dia procurando atingir os objetivos militares. O auge dos bombardeios foi alcançado no dia 13 de fevereiro de 1945 com a ação sobre Dresden que durou |4 horas e durante a qual morreram |35 mil pessoas.Viktor Klemperer, filólogo de origem hebraica e professor na Universidade de Dresden, da qual foi afastado em 1935, mantinha havia anos um diário que constitui um dos documentos mais interessantes sobre a vida cotidiana durante o nazismo. No momento do bombardeio, ele não havia sido ainda deportado porque, tendo casado com uma mulher ariana, tinha sido poupado da “solução final” que já havia feito a maioria de suas vítimas nos campos de extermínio poloneses. Foi
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A GUERRA
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159
SOLDADOS DA WVEHRMACHT DIANTE DO TEMPLO DE DELFOS NA GRÉCIA
CENTRAL
PosTO DE FRONTEIRA
entre a França ocupada e o território da República de Vichy (embaixo).
Tiveram início relações econômicas caracterizadas por
aparente regularidade. Transações comerciais transferiram
para à Alemanha enormes quantidades de produtos. Todas
as trocas econômicas da Europa ocupada foram dirigidas para
o Reich e para seus satélites. Na Europa central o domínio efetivo que a Alemanha tinha conquistado antes da guerra transformou-se num monopólio. O projeto da “nova ordem europeia” previa, entre outras coisas, que depois da guerra à Alemanha teria reservado uma espécie de monopólio da indústria europeia, em particular no setor da metalurgia e da química. Berlim se transformaria no centro das artes, das
letras, da moda, do espetáculo. As despesas de manutenção das tropas de ocupação eram de responsabilidade dos países vencidos e o montante não foi
estabelecido com base no número de soldados, mas na suposta riqueza de cada país; as ingentes somas excedentes eram utili-
zadas pelo Reich para pagar a mão-de-obra estrangeira empre-
gada no próprio território e para intervir nos diversos sistemas econômicos nacionais, adquirindo cotas de participação. A
Alemanha, que entrara em guerra sem reservas de divisas estrangeiras para o financiamento das próprias aquisições, tinha adiado para o final do conflito o pagamento de seus crescentes débitos. Para sufocar a inflação, consequência inevitável dessa estratégia, o Reich se arrogou, além disso, o direito de vigilância sobre as instituições
de emissão de cada país.
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160 E
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
ROBERT CAPA O “maior fotógrafo de guerra”, aqui retratado antes do desembarque na
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Normandia, trabalhou na Espanha
durante a guerra civil e depois na China. Com suas imagens documentou o conflito no Oriente e na Europa. Em 1946 fundou, com Henri Cartier-Bresson e David Seymour, a
agência fotográfica Magnum. Morreu na Indochina em 1954 O Robert Capa/Magnum Photos. SOLDADOS NORTE-AMERICANOS COM UMA BANDEIRA NAZISTA
(embaixo).
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SEGUNDO
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A MUDANÇA
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Depois de longas negociações entre as forças aliadas, foi
decidido abrir uma segunda frente na Europa para infligir à Alemanha a derrota definitiva. O ataque à “fortaleza Europa” teve início no dia 6 de junho de 1944 com o desembarque na Normandia de mais de 600 mil homens sob o comando do general norte-americano Dwight Eisenhower. Os Aliados puderam contar com uma superioridade numérica e com maior
eficiência, visto que muitas das tropas alemãs estavam duramente provadas por longos períodos de guerra em outras frentes. O sucesso aliado foi reforçado pelo fator surpresa e pelas incertezas táticas do comando alemão. O avanço aliado procedeu com
bastante velocidade. No dia 25 de agosto Paris foi libertada, em 3 de setembro os Aliados entraram em Bruxelas e em 21 de outubro chegaram à primeira grande cidade alemã, Aachen. Também nas outras frentes a sorte da Alemanha mudou rapidamente. Em setembro de 1943, após o desembarque dos Aliados na Sicília e o golpe de Estado contra Mussolini, a Itália assinou o armistício. Na frente oriental também fracassou a última ofensiva alemã, e o Exército Vermelho continuou
seu avanço para oeste, chegando em outubro à Prússia oriental. Depois da saída da Itália do conflito, na segunda metade de 1944, acentuou-se a progressiva erosão das alianças em torno da Alemanha: Finlândia, Bulgária e Romênia capitularam uma após outra.
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162 E
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
VI NA RAMPA DE LANÇAMENTO
Dita “bomba voadora”, foi utilizada pelos alemães para o bombardeio das cidades inglesas no final do conflito.
AS CONFERÊNCIAS ALIADAS
No decorrer da guerra, os Aliados deram forma, numa série de conferências, ao projeto de uma ordem da Europa do pós-guerra. À finalidade comum foi derrotar e punir a Alemanha para impedi-la de desencadear uma nova guerra. Em janeiro de 1943 em Casablanca, o presidente norteamericano Franklin Delano Roosevelt concordou com Winston Churchill a fórmula da “rendição incondicional” da Alemanha. Em novembro do mesmo ano, em Teerã, Roosevelt, Stalin e Churchill estabeleceram o deslocamento da fronteira da Polônia até o Oder e atribuíram a parte setentrional MOTORISTA ALEMÃO MORTO POR MEMBROS DA RESISTÊNCIA NUMA CIDADE HOLANDESA
Na Itália, na França, na Iugoslávia e na Grécia a guerra de libertação do ocupante alemão teve um cará-
ter de massa.
da Prússia oriental à União Soviética. A Alemanha não era ainda o elemento central das divergências entre os três grandes,
mas surgiram,
no entanto,
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tanto dis-
cordantes. Roosevelt sustentou a necessidade de desmembrar a Alemanha em seis regiões autônomas, privando-a desse modo dos pilares de seu sistema de poder: supremacia da Prússia, unidade territorial e potência econômica. Os ingleses projetaram uma ocupação militar tripartite de todo
o território alemão, a desnazificação e a desmilitarização
totais e pesadas repartições de guerra. Pouco depois foram estabelecidas as linhas de demarcação dos futuros setores de ocupação na Alemanha.
A GUERRA
E
163
A RESISTÊNCIA
Ao NAZISMO
Na Alemanha nunca foi organi-
ado um movimento de resisrência armada como, em con-
trapartida, foi ativo em todos os países ocupados pelos nazistas e
que, embora com profundas diferenças nacionais, sempre deu uma importante contribuição militar, política e ideológica para 4 condução da guerra aliada. A frente interna se caracterizou
por crescentes rupturas, ainda que a maioria dos alemães — impelida pela política terrorista ou seduzida pela propaganda — permanecesse passiva até o fim do
te nas grandes cidades, onde conseguiram unir-se a uma preexistente rede de contatos e Os mais ativos conseguiram ter uma rede de ligações bastante ramificada.A maioria deles caiu
nal-conservadora, portanto, foi formada, embora com matizes e pressupostos muito diversos, por homens que não haviam se oposto ao novo regime desde
bém formas de oposição entre Os jovens que não toleravam esse estrito controle ao qual eram submetidos na Hitlerjugend e estavam desiludidos pelas promessas de renovação. Muitos deles se refugiaram em grupos desprovidos de uma conotação política, mas que precisamente por isso mostravam o fracasso do projeto totalitário nazista. Entre os estudantes universitários,o grupo da “Rosa Branca”, ativo em Munique desde junho de 1942 a fevereiro de 1943, foi o mais conhecido e atuante. Os irmãos Scholl, principais animadores, transformaram-se em promotores de apelos de cunho cristão humanitário contra a guerra, particularmente
traços criminosos do governo nazista constituíam sua essência
vitima do opressivo controle da Gestapo. Difundiram-se tam-
conflito. Quanto mais durava a
guerra e quanto mais se distanciava a perspectiva de um fim rápido e vitorioso, tanto mais
começou a desenvolver-se em diferentes meios uma oposição ativa. Os opositores de Hitler, de formação política bastante diversa, não estavam de acordo nem em relação aos fins nem em relação aos métodos de ação. Além disso, eles tiveram, na maioria das vezes, um raio de ação limitado a um nível local e muitas vezes não chegaram sequer ao conhecimento da existência de outros grupos. Aque-
les que pertenciam aos velhos
quadros políticos e sindicais op-
taram por uma tática ligada aos
tradicionais métodos de luta, inclinados para a propaganda e a penetração entre as massas. Entre eles, os comunistas foram OS mais ativos. Estes se tornaram
por meio da distribuição de folhetos. Depois da derrota de Stalingrado, conclamaram para a luta aberta contra o regime. A eclosão do conflito e, de
sempre mais independentes em relação ao grupo dirigente mos»
modo particular, a insensata condução bélica constituíram para muitos conservadores a ocasião para tomar distância do regime. A resistência nacio-
covita e se empenharam na dis-
tribuição de folhetos, em sabo: a Ê
tagens e na difusão de notícias sobre o andamento do conflito.
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1933. Ao contrário, foi neces-
sária uma longa aprendizagem para compreender que os
íntima. Na resistência nacional-conservadora e, em particular, nos grupos cuja atividade confluiu depois na organização do atentado contra Hitler de 20 de julho de 1944, foi muito raro o debate sobre as futuras linhas políticas; todas as hipóteses concordavam num programa mínimo de uma “revolução proposta do alto”. O objetivo era
toritário, uma redução da influência política do NSDAP e do nacional-socialismo, sem anular,
por outro lado, alguns aspectos introduzidos pelo regime, como
a destruição do movimento operário organizado, a formação da “comunidade do povo”, o rearmamento, os primeiros passos da política expansionista.
“TRIBUNAL POPULAR” QUE JULGA OS CONSPIRADORES DE 20 DE JULHO DE 1944
(no alto, à esquerda).
HANS ScHOLL (no alto,à direita). MUSSOLINI EM VISITA AO QUARTEL-GENERAL DE RASTENBURG NA SALA SEMIDESTRUÍDA PELO ATENTADO
uma reestruturação do regime
num sentido conservador-au-
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ia,
164 E HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO CHURCHILL, ROOSEVELT
E STALIN EM YALTA
A conferência realizada na cidade
russa garantiu a colaboração aliada
até o fim do conflito. Stalin pediu
para dividir a Alemanha, depois de concluída a guerra, e reafirmou que a URSS estava determinada a desempenhar um papel hegemônico na Europa central. CAPTURA
DE SOLDADOS
ALEMÃES EM LEIPZIG, EM 1945 O Robert Capa/Magnum Photos (embaixo).
Em fevereiro de 1945, os três grandes subscreveram acordos em Yalta sobre a divisão do Reich em zonas de ocupação, a distribuição do território de Berlim e o reconhecimento da França como quarta potência de ocupação. Stalin se mostrou o mais intransigente a respeito das reparações a impor ao Reich, visto que seu país havia sofrido mais que qualquer outro a agressividade nazista. Churchill e Roosevelt, em contrapartida, temiam que lhes tocasse o ônus da sustentação e da retomada da Alemanha, num provável empobrecimento
desta. Pouco depois do encontro de Yalta, Stalin, porém, foi contrário à divisão da Alemanha; de fato, ele atribuía mais
peso que os outros aliados à questão das reparações admi-
nistrável somente num contexto unitário e estava interes-
sado no controle comum sobre o Ruhr e, desde que pudesse explorar seus recursos, estava pronto a muitas concessões. À França era contrária a essa perspectiva e logo aflorou a impossibilidade de gerir de modo coordenado o país derroana
tado: as diferenças políticas entre os Aliados foram postas em segundo plano enquanto durou o esforço comum para
derrotar o Reich. Mas, com o fim da guerra, a necessidade
do acordo a qualquer custo fracassou e prevaleceram os inte-
resses nacionais e as divergências ideológicas.
À DERROTA
Enquanto os Aliados prosseguiam seu avanço para o coração da Alemanha, do leste para o oeste, os bombardeios destrufam as cidades alemãs. Colônia, Dresden e Berlim contaram dezenas de milhares de mortos, a maioria das casas foi
destruída, a vida cotidiana dos alemães era orientada pelos alarmes aéreos. Quanto mais a situação se apresentava desesperadora, mais Goebbels prosseguia em sua batalha ideológica, reafirmando a confiança no triunfo final do Reich. Embora insistindo sempre no perigo judaico-bolchevique, difundiu novos argumentos de propaganda. Hitler não foi E
A GUERRA EE 165
soldado norte-americano abatido por um um de cadáver o Capa, Robert de a fotografi Na DOR A R I T MORTO POR UM A rada resistência oposta ao desespe A 1945. de abril em Leipzig, em casa uma de telhado no do franco-atirador alemão posiciona
e que Hitler havia decretado também para os jovens recrurender-s de o proibiçã pela a erminad t e d s e z e v muitas avanço aliado era
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166
E
HISTÓRIA
ILUSTRADA
DO
A “ORDEM NERO” Quando a derrota pareceu
inevitável, Hitler deu ordens draconianas, do bunker da chancelaria, para evitar a total vitória aliada. A “Ordem Ne-
ro” foi divulgada no dia 19 de março de 1945:"A luta pela existência de nosso povo im-
põe explorar, também no interior do território do Reich, todos os meios que enfraqueçam a eficiência bélica do inimigo
NAZISMO
e que lhe impeçam continuar avançando. Devem ser exploradas todas as possibilidades de causar direta ou indiretamente danos mais duradouros a eficiência bélica do inimigo. É um erro julgar poder repor em funcionamento, para nossa vantagem no ato de reconquista dos territórios perdidos, instalações dos transportes, das comunicações, da indústria e dos suprimentos não destruidas, apenas por breve tempo paralisadas. Em sua retirada,o
inimigo nos deixará somente
terra queimada e abandonará todo o respeito para com a população. Por conseguinte, ordeno: Todas as instalações militares, dos transportes, das comunicações, da indústria e de suprimentos, bem como materiais de valor, existentes
dentro do território do Reich,
que podem resultar imediatamente ou em tempo menos próximo úteis ao inimigo para a continuação da luta, devem ser destruídos”.
JOVENS SOLDADOS ALEMÃES ENCAMINHADOS PARA OS CAMPOS DE PRISIONEIROS A “Ordem Nero”, baixada por Hitler, ligava-se ao princípio da “terra queimada” que as forças armadas alemãs tinham posto em prática no decorrer de sua retirada dos territórios da Europa oriental. Ao Exército Vermelho, que chegava aos arredores de Berlim, o Reich pôde opor apenas os batalhões da recém-criada Deutscher Volkssturm (milícia popular alemã), constituída de rapazes nascidos em 1928.
A GUERRA ENCONTRO A
PONTE
E
167
SOBRE
ENTRE
RUSSOS
E NORTE-AMERICANOS
Soldados das duas principais potências vitoriosas apertam as mãos sobre o rio Elba.
A RENDIÇÃO DO TERCEIRO REICH 9 de maio de 1945: 0 marechal-de-campo Wilhelm Keitel, no centro, antes da assinatura da rendição
incondicional no quartel-general do
marechal soviético Georgij Zukoy, em Berlim (embaixo).
mais apresentado como o maior gênio militar da humanidade — depois de Stalingrado, não era mais possível — mas como o gigante “Atlas que carregava sobre os ombros o peso do mundo”, e o soldado alemão se tornou o “defensor da civilização”. Inclusive a existência de armas secretas foi um dos motivos recorrentes de suas declarações. Pouco depois do desembarque na Normandia, foram lançadas da costa do Canal da Mancha as primeiras bombas voadoras VI contra a Inglaterra, que produziram ingentes destruições, especial mente na área urbana de Londres, mas que se desintegraram contra as defesas antiaéreas e não tiveram nenhum peso sobre
dades. A maioria da população, já extenuada, esperava o fim da guerra. Nos primeiros meses de 1945, os Aliados, de leste para o oeste, chegaram até o coração da Alemanha, descobrindo em seu avanço os campos de extermínio e os horrores da Shoah. Em abril, praticamente nenhum dos mais fiéis paladinos do Fihrer julgava que os destinos do conflito mundial pudessem ser revertidos. Em 30 de abril, Hitler se suicidou, nomeando como
Em 7 de maio foi assinada a capitulação da Alemanha. Desse modo, tiveram fim as hostilidades na Europa.
os destinos do conflito.
O balanço da Segunda Guerra Mundial foi trágico: mor-
O atentado contra Hitler de 20 de julho de 1944, por obra do coronel Claus von Stauffenberg, mostrou que no
reram 13 milhões de homens, dos quais 6 milhões de judeus, 3 milhões de prisioneiros de guerra soviéticos, 2,5 milhões de poloneses. Perderam a vida mais de 4 milhões de soldados alemães e cerca de 17 milhões da parte dos aliados. No conjunto, perderam a vida cerca de 50 milhões de pessoas.
interior das estruturas de poder nazista se havia aberto uma
luta entre os fautores da guerra até o fim e os partidários de um golpe de Estado, prelúdio da cessação das hostili-
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seu sucessor, no testamento, o almirante Karl Dônitz.
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extermínio dos judeus, conhecido também como “solução final”, não constituiu um projeto elaborado em detalhes por Hitler desde a década de 1920, mas foi consequência de um complexo, e por vezes contraditório, processo decisório que se delineou no decorrer dos anos e que, somente depois da eclosão da guerra e da agressão à URSS, foi possível realizar e no qual Hitler teve, de qualquer modo, um papel fundamental ao estabelecer modalidades e tempos de execução. Em setembro de 1939, no ímpeto da vitória sobre a Polônia, Hitler aprovou um plano inicial para a reorganização demográfica da Europa oriental, que se baseava em princípios de seleção racial e que previa, entre outras coisas, a transferência forçada dos judeus para o leste. Em maio de 1940, no decorrer da Blietzkrieg em território francês, aprovou o memorando de Himmler sobre o tratamento das populações orientais e o “plano Madagascar”, que previa uma
deportação em massa dos judeus para a ilha africana. Para esse fim, contudo, era necessário derrotar não somente a França,
170 E
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
SAPATOS NO
DE DEPORTADOS
CAMPO
DE
DE AUSCHWITZ
EXTERMÍNIO
(p. 168).
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JUDEUS NUM LAGER (na abertura).
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CoMPLÔ JUDAICO
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Cartaz alemão que estabelece
uma conexão entre EUA, URSS e Grã-Bretanha.
CARTAZES ANTISSEMITAS
NAS LOJAS DE COMERCIANTES
JUDEUS (embaixo).
mas também a Grã-Bretanha e, em meados de setembro de
1940, ficou claro que isso não deveria ocorrer a curto prazo. Em julho de 1941, depois que os exércitos nazistas penetra-
ram maciçamente no território soviético, Hitler aprovou o
esboço de um plano para o extermínio dos judeus da Europa. À política racial nazista se radicalizou, portanto, com saltos de qualidade que coincidiram com os sucessos militares alemães e, somente no decorrer da guerra, assumiu os espantosos contornos que a caracterizaram. Durante a conferência de Wannsee (20 de janeiro de 1942),
não se decidiu proceder à solução final, mas foram definidas as linhas de sua realização. Nessa ocasião, reuniram-se os organismos representativos do Reich, convocados pelo chefe da polícia de segurança Heydrich, que estabeleceram a coordenação das operações. Foi também redigida a estatística relativa ao número de judeus europeus que eles se propunham exterminar: 11 milhões, incluindo aqueles dos países aliados. -——. en
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Os JUDEUS NA ALEMANHA
Depois da “noite dos cristais” começou outra fase da perseguição antissemita: o agrupamento dos judeus em grandes
cidades e sua separação da população alemã. O agrupamento
foi consequência das restrições econômicas e não foi organizado diretamente, enquanto a separação foi planejada em
todos os detalhes. Na Alemanha e no protetorado da Boêmia e Morávia, não foram criados verdadeiros guetos como na Polônia e na Rússia, mas foram impostas condições de vida análogas. O verdadeiro salto de qualidade na perseguição antissemita foi a definitiva imposição da ruptura das relações sociais entre judeus e alemães. Foram delimitados os lugares de residência dos primeiros, que foram desalojados quando tinham a possibilidade de se transferir para outro lugar. A partir de 1941, foi ordenada a transferência de todos os judeus em Judenhiuser (casas de judeus), cuja administração foi con-
fiada às próprias comunidades judaicas. Os deslocamentos
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DEPORTAÇÃO
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DO GUETO
DE VARSÓVIA
A guerra racial da Wehrmacht logo se tornou uma gigantesca e brutal operação de reorganização demoe social, que encontrou na gráfica , mi Polônia ocupada pelo Reich sua
primeira realização (embaixo).
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hebraica, residentes no país duran-
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CAMPO DE CONFINAMENTO DE DRANCY Aqui foram encerrados judeus franceses e estrangeiros de religião
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diários foram rigidamente regulados e reduzidos: em 1938 foi confiscada a carteira de motorista aos judeus; no ano seguinte
foi-lhes proibido ficar fora de casa depois das oito horas da noite. Em 1941 foi decretada a proibição de sair do município
de residência, de utilizar os meios públicos nas horas de pico, de ter um telefone. A partir de 1942, não lhes foi permitido servir-se de qualquer meio de transporte público. Além disso, foram introduzidas medidas específicas de identificação. Em 1938 foram emitidos passaportes marcados com a letra ), inicial de Jude (judeu). A partir de 1941, tornou-se obrigatório exibir uma estrela amarela sobre as roupas, de modo que fossem imediatamente identificáveis inclusive pelas forças de polícia. A emigração, incentivada
até 1939, foi proibida no outono de 1941. Desse modo, foi sancionado o absoluto isolamento dos judeus em relação à população alemã. O passo seguinte, a deportação, era somente questão de tempo.
Os GUETOS
Pouco depois do ataque nazista à Polônia, em 21 de setembro de 1939, foi decidido instituir os guetos e formar em cada comunidade um Judenrat (conselho judaico), respon-
sável pela atuação das ordens do Reich. O primeiro grande gueto foi constituído em Lodz, em abril de 1940; em outubro, seguiu-se o de Varsóvia e numerosos outros nos meses seguin-
tes. Embora não houvesse uma diretiva uniforme, análogas
foram em toda parte as questões a resolver. Os preparativos foram feitos em segredo e a transferência da população judaica ocorria de surpresa, de modo a impedir eventuais fugas. Algumas comunidades judaicas foram encerradas em pequenas cidades que se transformaram em cidades-gueto. No final de 1941, todos os judeus dos territórios incorporados e do Governo Geral da Polônia estavam segregados. Isolado completamente do restante do mundo, o gueto teve de resolver com suas próprias forças muitos problemas
172 E
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
EXECUÇÃO
A SANGUE-FRIO
Um habitante dos territórios ocupados da Bielo-Rússia antes de ser morto por um soldado alemão.
REVOLTA DO GUETO DE VARSÓVIA
À insurreição na capital polonesa
teve início no dia 19 de abril de 1943 e terminou, depois da deses-
perada resistência das milícias armadas judaicas, no dia 16 de
maio. Pereceram mais de 56 mil judeus. O que restava do gueto
foi pouco depois arrasado pela VYehrmacht (embaixo).
internos. Os contatos além da fronteira foram proibidos ou muito reduzidos; todos os judeus deviam usar a estrela amarela e respeitar o cessar-fogo. Foi impossível adquirir gêneros de primeira necessidade no mercado livre e os gêneros alimentícios obtidos no mercado negro, ou com o contrabando, eram insuficientes. Desnutrição, doenças e morte,
especialmente por epidemia, se espalharam rapidamente e 25% da população judaica morreu antes da deportação para os campos de extermínio. À criação dos guetos deu o golpe de misericórdia às comunidades judaicas da Europa oriental. As empresas judaicas foram liquidadas, muros cercaram fábricas e laboratórios artesanais ainda ativos. Os conselheiros judeus tentaram superar essas dificuldades, mesmo que tivessem de obedecer às ordens dos alemães, e a complexa condição de um poder suspenso entre judeus e nazistas, vítimas e carrascos, não
facilitou suas tarefas.
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Os EINSATZGRUPPEN E
OS ASSASSINATOS
EM MASSA
Os Einsatzgruppen foram unidades móveis empregadas especialmente nas campanhas militares na Europa oriental. Ativos pela primeira vez em 1938, durante a ocupação da Áustria e como unidades de serviço secreto da polícia em apoio às forças de invasão, atuaram no decorrer da invasão da Tchecoslováquia e da Polônia para tutelar a segurança do regime dos ocupantes. Em abril de 1941, após o ataque à URSS, foram constituídas novas formações, divididas em 4 grupos compostos de cerca de 3 mil homens: unidades móveis de que faziam parte membros da polícia de segurança e do serviço de segurança, cuja tarefa fundamental foi a eliminação dos inimigos políticos e dos elementos “racialmente indesejáveis”. Esses grupos podiam atuar tanto na retaguarda como
no front. Para chegar mais rapidamente ao maior número possível de cidades, os Finsatzgruppen seguiam o avanço da
A SHOAH
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173
JUDEUS DE LODZ AMONTOADOS NUMA
CARROÇA
Nessa cidade da Polônia foi permitido aos judeus trabalhar para a economia do Reich antes de serem conduzidos ao extermínio, MULHER COM
IDOSA
A ESTRELA
AMARELA
(embaixo, à esquerda) MONTE DE RUÍNAS O que restava do antigo gueto de Varsóvia, depois que os alemães decretaram sua destruição
(embaixo, à direita).
Wehrmacht e puderam assim capturar suas vítimas antes que tivessem tempo de fugir do destino que as aguardava. De início, foram mortos apenas os homens adultos: logo, porém,
foi a vez de mulheres, velhos e crianças.
A Wehrmacht deu muito mais que um simples apoio logís-
tico a essas operações: com efeito, empenhou-se em entregar
osjudeus aos Einsatzgruppen, pedindo para intervir em algumas operações, participar em execuções coletivas e fuzilar reféns como represália por ataques contra as tropas de ocupação. A
partir da segunda metade de 1941, começou-se o extermínio
empregando os caminhões com o gás de descarga dirigido para
o interior deles, sistema menos brutal para os executores do que as chacinas em massa, nas quais atiravam de uma distância bem próxima. No decorrer do avanço alemão para o leste, foram exterminadas cerca de 500 mil pessoas. AS DEPORTAÇÕES Em novembro de 1941, com a deportação sistemática dos judeus da Alemanha, teve início a última fase do extermínio. Em outubro de 1941, os judeus foram informados sobre os pontos de “coleta” preestabelecidos, as regras de comportamento, a bagagem indispensável para aquilo que foi apresentado como
[74 E EDIÇÃO
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO FRANCESA
DOS
PROTOCOLOS DOS SÁBIOS DE SIÃO
PUBLICADA
EM VicHYy, EM
1943
A propaganda antissemita nazista fez amplo uso da farsa elaborada
|
TS PROTOCOLES ELE D SL,
com arte pela polícia czarista no início do século XX.
JUDEUS DO GUETO DE VARSÓVIA As desumanas
condições
de vida
a que eram submetidos seus habitantes logo transformaram o gueto num foco de doenças (embaixo).
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“uma transferência para os territórios orientais”. Foi-lhes ordenado deixar suas casas com as taxas pagas e comunicado que
todos os bens haviam sido requisitados pela polícia com efeito retroativo. As comunidades judaicas forneceram à Gestapo listas, com base nas quais era feita uma seleção e, visto que o número de vítimas era muito superior ao dos trens em partida, foi possível pedir adiamentos e trocas por aquilo que se pensava que fosse uma transferência para campos de trabalho num indefinido território do leste. Numa segunda fase, quando entraram em funcionamento os campos de extermínio, foram
utilizadas as listas das comunidades e dos comissariados, irrom-
pendo nas casas sem qualquer aviso. As deportações começaram pelo território do Reich; depois foi a vez da Polônia, onde os guetos foram esvaziados progressivamente. À expansão geográfica da “solução final” constituiu a operação administrativa mais complexa do extermínio dos judeus da Europa. Aos poloneses e aos russos não foi reconhecida
nenhuma autoridade para administrar esse complexo mecanismo; nenhum poder central que não fosse alemão estava autorizado a funcionar. Os europeus do norte, do oeste e do sul eram, em contrapartida, aliados em potencial, e nesse “arco semicircular” os alemães deram instruções a escritórios centrais
fantoches e apresentaram seus pedidos aos governos-satélites. Enquanto os guetos poloneses eram esvaziados e prosseguiam os massacres no leste, a solução final foi estendida à Europa ocidental com a sincronização das deportações da França, da Bélgica, da Holanda e dos estados nórdicos. Em março de 1943, foram deportados os judeus da Salônica e depois de toda a Grécia; em outubro seguinte, os estabelecidos na Itália.
Os CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO A eclosão da guerra marcou uma ruptura significativa no
complexo sistema de concentração. Houve uma grande onda “de prisões e um decreto de 20 de setembro 1939 permitiu matar
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175
ESTRELA AMARELA Em muitas cidades da Europa oriental, a deportação dos judeus para os campos de extermínio,
ordenada pelas forças de ocupação
do Reich, foi precedida por verdadeiros pogrons de nacionalistas locais em detrimento das comunidades judaicas.
os prisioneiros que tivessem cometido graves delitos: as mortes,
portanto, não se deviam mais a causas indiretas (doe nças, epi-
demias, desnutrição), mas explicitamente autorizadas. Diminuiu percentualmente o número de alemães detidos, enquanto aumentou o dos estrangeiros e o dos judeus. Até 1941 as deten-
ções aumentaram de modo gradual, especialmente com relação às chegadas dos cidadãos dos territórios ocupados. A partir de
1941, foram criadas repartições especiais para os prisioneiros soviéticos. Foi iniciada a construção de novos Lager, entre os quais os de Auschwitz, de Neungamme, de Gross Rosen. Em 1942 foi registrada nova guinada, ligada à fase decisiva da
“solução final”? e, desde então, os judeus constituíram a absoluta maioria entre os detentos reclusos.
Já a partir de 1938, os campos de concentração não foram mais utilizados somente para “reeducar” os inimigos do Estado, mas em sua gestão adquiriram crescente peso os interesses econômicos das SS. No inverno de 1941-42, a
utilização dos prisioneiros para o trabalho se tornou preponderante e os campos, além de locais de detenção, se transfor-
maram em locais de trabalho forçado, marcado por condições e ritmos desumanos. Em março de 1942, a gestão dos Lager ficou subordinada à administração econômica das SS, que procederam a um embate ainda mais impiedoso na exploração da força de trabalho. Os campos de concentração foram organizados de modo que sua própria estrutura fosse parte integrante da repressão.
A planta era geralmente quadrangular, com torres de controle em cada ângulo, de modo a poder vigiar os reclusos; os limites foram cercados com arame farpado e sobre essa linha demarcatória, destacando a impossibilidade de ultrapassá-la, foram concentradas as medidas de vigilância. A porta foi a própria metáfora do isolamento absoluto para o mundo externo, ressaltada pela sádica inscrição “o trabalho torna livre? colocada à entrada de Auschwitz. CASA DE ANNE FRANK A menina alemã, obrigada a refugiar-se em Amsterdã e cuja aventura foi transformada em símbolo
da Shoah, deixou-nos em seu diário
um terrível testemunho sobre as atrocidades cometidas pelos
nazistas. Anne Frank foi deportada e morta, junto com seus familiares, no Lager de Bergen Belsen.
E TRE:
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
ZYkLON B
Ácido cianídrico fixado em pastilhas de sílica e utilizado para asfixiar os deportados nas câmaras de gás.
RESTOS
DE
UM
CREMATÓRIO
FORNO
DE
BIRKENAU
SOLDADO NORTE-AMERICANO OBSERVA OS CADÁVERES DE
JUDEUS NO CAMPO (embaixo).
DE DACHAU
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176 E
Os CAMPOS DE EXTERMÍNIO
Entre
1941
numerosas articulações do aparato do Estado e da própria
e 1942, entraram em funcionamento
na
Polônia ocupada os campos de extermínio de Sobibor,
Treblinka, Chelmno, Majdenek, Belzec e o campo de Auschwitz II (Birkenau), destinados para a matança dos
deportados. Neles
foram
exterminados
entre
2,5
milhões
e 3
milhões de pessoas, principalmente judeus. A criação dos campos de extermínio tornou o massacre não mais uma prática marcada pela ferocidade selvagem das repartições especiais, mas o resultado da premeditação científica da chacina programada e industrializada. Os campos de
extermínio não constituíram somente a exasperação das
práticas de segregação de uma grande parte da sociedade,
já posta em prática com os campos de concentração e os guetos: exigiram,
direta ou indiretamente,
no extermínio
em massa planejado, a participação e a cumplicidade de
sociedade alemã, bem como dos colaboracionistas nos países ocupados. Na chegada aos centros de extermínio não era feita nenhuma seleção, porquanto todos eram destinados à morte
imediata. A espera durava no máximo algumas horas e as vítimas eram logo enviadas para as câmaras de gás, embora lhes fizesse crer que se tratava de uma etapa de trânsito, antes de ulterior transferência para o leste. Essa trágica encenação era escrupulosamente organizada: as roupas deviam ser deixadas fora das câmaras de gás, os objetos de valor, depositados num local específico. Todas as medidas foram criadas, na realidade, para facilitar a reciclagem dos bens daqueles que eram encaminhados para a morte. Foram temporariamente poupados somente aqueles utilizados na transferência dos corpos das câmaras de gás aos fornos crematórios ou às valas comuns, a fim de ocultar as provas.
AUSCHWITZ: o SIMBOLO DA SHOAH
de 1943,a tras quilômet ros de distância de Auschwit z | e foi continuamente ampli ado
Foi o maior campo de concentração e de extermínio nazista, hoje transformado em
uma extensão de cerca de 200 hectares. Foi dividido em Vá rios subcampos, entre os quai s aquele destinado os cigano s, Os únicos detidos por núcleos
critos por pessoas ali detidas. O primeiro núcleo do campo (Auschwitz |) foi instalado em 1940, utilizando as estruturas de um quartel polonês de ar-
tilharia. Os prisioneiros foram empregados em trabalhos forçados, tanto agrícolas como industriais em fábricas de pro-
priedade das SS. Em 1943, havia
nele 20 mil pessoas detidas, e foram executados membros da resistência, reféns poloneses e membros da intelligentzia de diversas nacionalidades. O campo Auschwitz Il, conhecido como Birkenau, foi aberto entre o final de 1942 e o início
tados de TheresienstadAuts. chwitz III, na localidade de Monowitz, foi construído para a indústria química IG Farben no final de 194], com o objetivo de explorar o trabalho forçado para a produção de matérias sintéticas. Deste dependiam todos os Lager, cerca de 40, que se encontravam na alta Silésia. Em setembro de 1941, começaram no campo de Auschwitz | as chacinas por meio do gás com o Zyklon B numa cela localizada no bloco Il do campo. Esta, porém, se revelou muito pequena e por isso foi construída, no crematório, uma câmara de gás, utilizada sobretudo para prisioneiros de guerra sovié-
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quais O livro É isto um homem?, de Primo Levi — foram des-
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símbolo da Shoah. Alguns dos testemunhos mais conhecidos sobre a deportação — entre os
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até O fim da guerra, até atingi r
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ticos e pequenos grupos de judeus.A câmara permaneceu em funcionamento até 1942. No início de 1942,a “solução final” assumiu dimensões tais que, no campo de Birkenau, foram construídas novas e mais amplas câmaras de gás. Nelas foram exterminados os judeus que provinham de todos os territórios anexados e ocupados pelo Reich. Na chegada a Auschwitz, os deportados
eram selecionados enquanto estavam ainda na plataforma do trem: os que eram julgados incapazes de trabalhar — entre
os quais todas as crianças e Os idosos — eram imediatamen-
te enviados para os fornos
crematórios; os outros eram
poupados para serem depois mortos por meio de ritmos de trabalho e de condições higiênicas desumanos. Por ordem de Himmler, as câmaras de gás começaram a ser destruídas no final de 1944; a última foi demolida em janeiro de 1945,
poucos dias antes da chegada das tropas soviéticas. Em Aus-
chwitz foram mortos mais de 2 milhões de homens, mulheres e crianças.
178 E
HISTÓRIA ILUSTRADA
DO NAZISMO
JUDEUS ESPERANDO SER ENCAMINHADOS PARA OS CAMPOS
DE EXTERMÍNIO
Notícias sobre o extermínio nazista
se espalharam nos primeiros meses
de 1942, Aquelas enviadas pelo nún-
cio apostólico de Bratislava à Santa
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EUTANÁSIA E EXTERMÍNIO DOS CIGANOS
Em abril de 1940, Hitler decidiu dar início à operação T4,
Isto é, a eutanásia dos doentes mentais e dos portadores de
deficiências: este foi o primeiro capítulo do genocídio nazista. A ideologia, o processo decisório e a técnica vinculam eutanásia e “solução final”: todas as vítimas foram sacrif icadas
em nome do racismo biológico nazista. A esterilização e a eutanásia foram destinadas a preservar a pureza da comunidade do povo, enquanto o extermínio dos judeus — embora igualmente entendido como um processo de purificação racial — foi essencialmente uma luta contra um inimigo que se julgava estar ameaçando a sobrevivência da Alemanha e do mundo ariano. Os centros de morte da eutanásia, dispostos em locais isolados, funcionaram com procedimentos
destinados a esconder das vítimas seu trágico destino: eram registradas, submetidas a uma “consulta” médica e depois encaminhadas a uma câmara de gás com uma prática aná-
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loga àquela dos campos de extermínio. Nesses centros foram mortas mais de 100 mil pessoas. O sucesso da operação eutanásia convenceu o regime de que era possível praticar o homicídio em massa, quer porque
havia funcionários dispostos a fazê-lo, quer porque a maioria
dos alemães escolheu o silêncio e não constituiu um real impedimento ao desenvolvimento das operações. O extermínio dos ciganos se caracterizou por etapas aná-
logas àquelas da “solução final”: a guerra marcou também neste caso uma guinada na prática persecutória. No dia 2
de setembro de 1939, foi proibido no Reich o nomadismo
dos ciganos; no mês seguinte foi-lhes impedido de deixar o domicílio. Em maio de 1940, começaram as deportações para os campos de concentração e, em 1941, foram vítimas da fúria homicida dos Einsatzgruppen na frente oriental. Uma ordem
de Himmler, de 12 de dezembro de 1942, marcou a etapa final do extermínio. Embora seja difícil estimar com precisão o
A SHOAH
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polonesa que havia vivido dois anos num menina uma a, Theres casa, uma ar desenh de ação solicit À ESA R E H T A CASA DE que traçou no sinais Os vivida. ência da experi horren da o depois io psíquic o bloque própri do unho testem ste € m Lager, respondeu co extricável emaranhado de linhas, representado pelo arame farpado.O David Seymour/Magnum Photos. in ao m a t i m i l quadro-negro se
179
180 E
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
PRISIONEIROS
RUSSOS
Entre 5 e 6 milhões de soldados do Exército Vermelho cairam nas mãos dos alemães durante o con-
flito. Destes, mais de 3 milhões morreram de privações, doenças, trabalhos forçados e por causa do tratamento desumano dispensado a eles. MULHERES DE
NUM
TRABALHO
CAMPO FORÇADO
À sua chegada nos campos de trabalho forçado, as mulheres
grávidas eram obrigadas a abortar (embaixo).
número de vítimas, calcula-se que quase meio milhão de ciga-
nhóis. Na massa caracterizada pelo adensamento máximo,
um tirava o lugar do outro, ninguém estava jamais só, mas nem junto com os outros; a convivência forçada tornou quase impossíveis formas de autonomia social. A confraternização foi bastante rara e muitas vezes ditada por exigências de sobrevivência, como trocas de comida ou de gêneros de primeira necessidade. Na chegada, as vítimas eram logo introduzidas com violência nesse novo sistema, raspadas, obrigadas a vestir um uniforme, privadas de sua individualidade e reduzidas a número, gravado a fogo no braço, para sublinhar o cancelamento total de seu passado e o início do processo de aniquilamento. A divisão entre detentos e o pessoal do campo, entre víti-
nos tenha sido sacrificado nos centros de morte nazistas.
Os PRISIONEIROS DO REICH
Os prisioneiros foram classificados de acordo com a raça e
a proveniência geográfica, isto é, de acordo com o lugar que
ocupavam na hierarquia racial nazista: um triângulo colorido sobre o uniforme tornava visível o status de cada um. Essa sub-
divisão teve, além disso, o objetivo de acentuar os contrastes
entre as vítimas, de modo a tornar quase impossível qualquer forma de solidariedade. Esse sistema classificatório, que res-
pondia a reais diferenças ou a estereótipos preexistentes, foi
assumido pelos próprios prisioneiros, acentuando assim os contrastes recíprocos. A babel de línguas tornou ainda mais difíceis os contatos, favorecendo aqueles entre concidadãos.
mas e carrascos, foi cautelosamente administrada, de modo a
não se mostrar muito rígida e clara. Foi criada uma complexa escala hierárquica, baseada nas diferentes tarefas confiadas a
A coesão de alguns grupos foi, portanto, uma exceção, como
no caso das testemunhas de Jeová ou dos republicanos espaa] a
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ter interrompido os estudos de engenharia, trabalhou como "comerciante. Em 1932 tor-
nou-se membro do NSDAP
austríaco e das SS. Transferiu-
-se depois para a Alemanha e,
a partir de 1934, foi respon-
sável pela questão judaica no
escritório do serviço de segurança em Berlim. Ocupou-se ativamente das possibilidades de transferir os judeus para O estee,em 1937, empreendeu
uma viagem para compreender
que concretas perspectivas
havia para a realização desse Plano. Depois da Anschluss,
dirigiu em Viena o organismo
EXTERMÍNIO que administrava a emigração
judaica. A partir de outubro
de 1939, foi diretor, em Berlim,
do escritório central para a emigração. Graças a esses encargos, tinha adquirido grande experiência sobre a expulsão e a deportação dos judeus. Em dezembro seguinte, tornou-se responsável pela seção IV B4 (questões relativas à evacuação dos judeus) no escritório central para a segurança nacio-
nal e, portanto, foi o principal responsável pela gestão das deportações dos judeus na Europa ocupada. Em março de
1944, Eichmann foi enviado à Hungria, onde organizou a dez
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portação dos judeus húngaros para Auschwitz. Depois do fim a, da guerra, viveu
escondido na Alemanha até 1950, quando se estabeleceu em Buenos Aires com o nome de Ricardo Klement. Descoberto pelos serviços secretos israelenses, foi
levado a Jerusalém e processado. No decorrer do debate, declarou ter sido uma minúscula engrenagem e um simples executor das ordens baixadas por seus superiores no complexo sistema de extermínio. Foi enforcado em 1962. Com O UNIFORME DAS SS E NO BANCO DOS RÉUS NO PROCESSO
QUE SE REALIZOU EM JERUSALÉM
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18|
182 E
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
O EXTERMÍNIO: QUEM SABIA? O silêncio de todos aqueles que tinham conhecimento das chacinas e que não reagiram constituiu uma das condições que tornaram possível o prolongado funcionamento da indústria nazista do extermínio. O automatismo da máquina da destruição e a normalização burocrática do pessoal que constituiu seu núcleo operacional foram elementos fundamentais, mas também a tradição do antissemitismo,
particularmente na Alemanha, favoreceu a queda de qualquer inibição e a indiferença de muitos diante do extermínio. Embora cercada pelo segredo e por cautelas infinitas, a destruição dos judeus era um fato demasiado complexo e extenso para que não transparecesse. À difusão da informação
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À SALA DO TRIBUNAL DE NUREMBERG
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A Igreja não regateou ajuda aos perseguidos, mas faltou uma explícita condenação dos crimes. Os dirigentes da Cruz Vermelha Internacional
alemães, o açougue em que se recolhem e se massacram os judeus, não somente poloneses, mas de toda a Europa. Os governos aliados e colaboracionistas
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a qualquer outra consideração, embora se tratasse da vida de milhões de seres humanos. O Vaticano também estava informado: por meio dos canais eclesiásticos chegavam, com efeito, notícias de todos os países.A tradição antissemita de amplo setor da Igreja Católica esteve certamente na origem de reticências, insensibilidade e cumplicidade.
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eram prioritários em relação
Polônia tornou-se, graças aos
Os principaiscampos de extermínio
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dezembro de 1942, os Aliados condenaram a política do extermínio dos judeus e prometeram sanções por esses crimes, mas então a derrota da Alemanha e o fim da guerra
por aqueles que conseguiram escapar ou por outras mil modalidades de vazamento de notícias, como o testemunho dos próprios alemães, eram, no entanto, suficientes para dar uma ideia do destino que recaía sobre os judeus. À gravidade do que acontecia no coração da Europa foi conhecida bastante cedo: emissários do governo polonês no exílio divulgaram notícias sobre os campos de extermínio desde o inverno de 1942. Num opúsculo da propaganda inglesa, difundido provavelmente no início de 1943, lia-se: “A
Fronteiras de 1937 Campos de extermínio
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183
CADÁVERES DE RECLUSOS NUM LAGER, ABANDONADOS NUM VAGÃO FERROVIÁRIO
LIBERTAÇÃO
DO
CAMPO DE DACHAU
(embaixo).
cada um e nas formas de delegação de competências a grupos
auxiliares de reclusos que, em troca de um melhor tratamento alimentar, foram por isso obrigados a uma fidelidade absoluta ao pessoal do campo e a defender sua posição dos ataques dos rivais. Esta foi uma das perversas habilidades do sistema de dominação nazista, que soube transformar algumas de suas próprias vítimas em cúmplices. Obrigados
a viver
em
condições
desumanas,
mui-
tos deportados nos Lager logo perderam toda esperança de sobrevivência, forçados pela violência a um eterno presente,
incapazes de imaginar uma
perspectiva
de melhoria. Muitos se reduziram ao irreversível estado de Muselman (muçulmanos), verdadeiras e
próprias larvas humanas, desprovidas de todo senso de autoconservação, e votados à morte certa.
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Alemanha derrotada foi ocupada pelas tropas aliadas. A capital Berlim foi dividida em quatro setores e governada por um “Conselho aliado de controle”, órgão colegial preposto à administração do país, mas na realidade incapaz de agir. Na segunda metade de junho de 1945, realizou-se em Pots-
dam uma conferência interaliada para decidir sobre as questões primordiais, como as fronteiras da Alemanha, o montante
das reparações, a futura organização europeia. O acordo prevaleceu nos aspectos punitivos: destruição do poder central alemão, condenação dos criminosos nazistas, depurações, fim das grandes concentrações econômicas, desmantelamento da indústria bélica, reparações, interdição das forças armadas e fim do militarismo, cessão de territórios da Prússia oriental à
União Soviética e transferência para a administração polonesa
aqueles a oeste da linha Oder-Neisse. Em contrapartida, não
foi enfrentada a questão da divisão da Alemanha como havia sido projetada nos precedentes encontros entre os Aliados, mas a indeterminação das concretas medidas políticas, econômicas EH]
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HISTORIA ILUSTRADA DO NAZISMO RECORDAÇÃO
DE
SOLDADOS NORTE-AMERICANOS NO ESTÁDIO DE NUREMBERG
O Roberto Capa/Magnum Photos (p. 184);
BERLIM: UM
MONTE
DE RUÍNAS
(na abertura). CAMPO
DE DETENÇÃO
ALIADO
NA ALEMANHA
Os viTORIOSOS NA CONFERÊNCIA DE POTSDAM (embaixo).
e sociais para a administração das zonas de ocupação continha em si as premissas da divisão que se tornou perspectiva
concreta quanto mais o país se transformou num terreno de choque entre os dois blocos. A. mais evidente contradição que emergiu em Potsdam
estava relacionada às reparações: foi estabelecido que, apesar da divisão da Alemanha em zonas, a gestão deveria ser a de
um Estado único; cada potência deveria obter, contudo, as
reparações de guerra da própria zona de ocupação, com um acréscimo em favor da União Soviética, que havia sofrido no decorrer do conflito os danos materiais mais ingentes.
A ALEMANHA NO PÓS-GUERRA
Os maciços bombardeios aéreos aliados tinham destruído especialmente os centros urbanos, e cerca de 7 milhões de pessoas tinham ficado sem teto. O sistema de transportes foi duramente atingido, enquanto o aparato industrial, sobre-
tudo na zona de ocupação soviética, permaneceu em boa
parte incólume. A fome constituiu o problema mais grave: no decorrer do inverno de 1946-47, insolitamente longo e frio, as colheitas foram arruinadas pelas geadas, ficaram esgotados os estoques e começaram a faltar fontes de energia. Em 1936, o consumo médio dos alemães era de 3 mil calorias por dia; dez anos depois tinha caído para pouco mais de 1.000. O mercado negro se tornou uma realidade difundida, contra a qual as medidas dos Aliados nada puderam fazer. A situação foi agravada pelo maciço afluxo de prófugos da Europa do leste, impelidos tanto pelo avanço das tropas soviéticas quanto pela política de expulsão dos alemães, por parte dos governos polonês e tchecoslovaco. Em cada uma das zonas de ocupação inglesa, americana e soviética, a população aumentou em cerca de 3
milhões, com os consequentes problemas de abastecimento, alojamento e trabalho. Difundiram-se a criminalidade e as
UM PAÍS DIVIDIDO
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|87
Os KRUPP NO BANCO DOS RÉUS
Um membro da família proprietária das metalúrgicas do aço (centro) julgado por um tribunal norte-americano no pós-guerra,
ÂNGULO DO BANCO DOS DO
RÉUS
NA SALA
TRIBUNAL
DE INUREMBERG
(embaixo).
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doenças, como o tifo e a tuberculose. De acordo com o que foi decidido em Potsdam, foram desmanteladose desmembrados
“setores nevrálgicos da economia e da indústria, e as consequências psicológicas foram mais graves que as financeiras. A maioria dos alemães percebeu, com efeito, esses atos como uma injusta punição a seu passado, com relação ao qual não se julgavam responsáveis. Antes que a vontade de refletir sobre | | asrazõesca herança do nazismo, prevaleceram o afastamento da política e a tendência a isolar-se na vida privada.
Os PROCESSOS
Na declaração conjunta de Moscou, de novembro de 1943, os Aliados deixaram claro que queriam punir os principais responsáveis dos crimes de guerra. Uma corte internacional, formada por advogados e juízes franceses, ingleses, americanos e soviéticos, processou em Nuremberg
24 réus, conside-
rados os principais responsáveis pela política nazista.
NUREMBERG No decorrer do processo que se desenvolveu em Nuremberg, de outubro de 1945 a outubro de 1946, pela primeira vez na história os mais altos dignitários de um Estado foram levados perante um tribunal e julgados. Durante a guerra muitas vezes tinha sido reafirmada a necessidade
de punir os crimes nazistas, mas em 1944 americanos e
| ingleses refutaram a ideia de esso, declarando-se, to, favoráveis a uma E contrário R"ao
execução dos culpados. As posições dos Aliados em relação aos nazistas derrotados foram consequência do modo diverso pelo qual os respectivos países tinham sofrido os danos da guerra. Uma vez estabelecida a realização de um processo, os problemas surgiram no tocante à individuação dos réus e de seus delitos. Os anglo-americanos privilegiaram os crimes contra a paz e, portanto, todas as organizações nazistas que tinham concorrido paraà a ãoO da nduc RS CU preparação e a co
Nos anos seguintes desenvolveram-se outros numerosos processos sob a jurisdição de cada uma das forças de ocupação. Os americanos realizaram, sempre em Nuremberg, outros doze que se concluíram na metade de 1949 e no decorrer dos quais foram julgadas 184 pessoas. Os processos, dedicados a aspectos peculiares da política nazista — rearmamento, guerra nos Bálcãs, diplomacia e ruptura dos acordos interna-
cionais —, tiveram um papel muito importante por trazer à
luz o complexo aparato de poder nazista, as responsabilidades e as conivências. Foram julgadas as elites do regime, dos Gauleiter aos secretários de Estado, dos generais aos chefes das SS. Funcionários da política nazista de ocupação durante a Segunda Guerra Mundial foram processados também em diversos países, como Holanda, Itália, Polônia, Tchecoslováquia, entre outros. Somente a partir dos anos 1960 também os alemães começaram a ocupar-se dos crimes cometidos
durante o nazismo: alguns dentre os mais importantes proguerra. Franceses e soviéticos que, ao contrário, tinham
sofrido mais diretamente em seu próprio território os efeitos do conflito, pediram que fossem destacados os crimes de guerra. Em Potsdam foi estabelecido que as peças de acusação deveriam ser: crimes
contra a paz e complô, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. A presença dos réus foi ligada aleatoriamente à sua captura: havia quatro membros do exército — pela
insistência americana sobre a guerra de agressão — enquanto a grande indústria não era representada. Os Aliados atribuíram ao processo de Nuremberg um grande significado ético-político, mas a maioria da opinião pública alemã considerou-o uma vingança dos vitoriosos.
|
188 E
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
CHECKPOINT CHARLIE
Soldados norte-americanos observam com binóculos a área do local
de guarda que presidia a passagem entre os dois setores de Berlim
O René Burri/Magnum Photos. BRINCADEIRAS
DE CRIANÇAS
À imagem espectral de uma praça
de Friburgo no final de 1945 O Werner Bischof/Magnum Photos
cessos referiam-se à gestão dos campos de concentração e extermínio, como o debate sobre Auschwitz-Birkenau que se desenrolou em Frankfurt e aquele sobre Treblinka, que se realizou em Diisseldorf. Muitos criminosos nazistas conseguiram apagar as pró-
prias pegadas ou fugir para o exterior, graças também à ajuda das Igrejas católica e protestante. O processo de Jerusalém contra Adolf Eichmann, um dos principais organizadores do extermínio de judeus, trouxe pela primeira vez ao conheci-
mento de amplos setores da opinião pública as espantosas dimensões da Shoah. Mas com o aguçar-se da contraposição entre os dois blocos, os tribunais aliados cessaram sua atividade e muitos criminosos ou expoentes do regime nazista, já condenados, se beneficiaram com anistias.
À OCUPAÇÃO ALIADA
E O AUMENTO DAS DIVERGÊNCIAS
As divergências entre as três zonas ocidentais e a soviética se acentuaram nos meses sucessivos ao fim da guerra, não somente sobre questões alemãs, mas como reflexo do choque mais geral pelo controle dos equilíbrios internacionais. Em nenhum outro lugar como na Alemanha a guerra fria teve consequências tão radicais e imediatas, ainda que o tabuleiro dos conflitos já fosse bastante amplo: na Turquia, na Grécia e no Irã chegou-se ao choque aberto entre interesses soviéticos e anglo-americanos e, portanto, a um confronto de dimensões mundiais entre o bloco soviético e as potências ocidentais. Em julho de 1946, os Estados Unidos propuseram a unificação econômica das quatro zonas de ocupação para
melhorar o abastecimento da população, mas a União Soviética declarou-se contrária. O governo de Washington decidiu então acelerar o processo de
UM PAÍS DIVIDIDO
E
189
VIA LIVRE AO PLANO MARSHALL
No cartaz, um caminhão americano
carregado de mantimentos passa pela alfândega alemã. O European Recovery Program, mais conhecido como Plano Marshall, foi essencial para a retomada econômica da Europa ocidental e reforçou o consenso para Os novos governos democráticos.
unificação das zonas ocidentais e, no dia 1º de janeiro de
com o objetivo de forçar os Aliados a abandonar a cidade. Estes responderam com a criação da maior ponte aérea da
1941, nasceu a “Bizona”, economicamente unificada, que uniu a zona americana e a britânica; no dia 8 de abril, foi a vez também da francesa e nasceu a “Trizona”. O programa
história: em pouco menos de um ano, aviões americanos
efetuaram mais de 200 mil voos, transportando cerca de 2 milhões de toneladas de mercadorias. A guerra fria tinha praticamente iniciado e Berlim se tornou o símbolo da luta entre os dois blocos.
de ajuda baseado em créditos, fornecimento de gêneros alimentícios e de matérias-primas, promovido pelo ministro do Exterior norte-americano George Marshall, teve uma função bastante importante inclusive para a reconstrução
AS DUAS ALEMANHAS
das zonas alemãs ocidentais, enquanto a URSS recusou-se a aderir a esse programa, considerado premissa para um controle político total da parte americana. À reforma monetária
O bloqueio de Berlim levou os Aliados a acelerar os projetos de unificação política da “Trizona”, atribuindo a um governo alemão os poderes civis e criando assim a
introduzida na “Trizona” em junho de 1948 (lançamento do deutsche mark) para poder usufruir da ajuda do plano Marshall, a zona oriental respondeu com sua própria reforma monetária que deveria se estender a toda Berlim. No dia 18 de junho de 1949, a tensão se transformou em choque aberto: a URSS bloqueou todas as vias de acesso a Berlim,
república federal. Em setembro de 1949, as eleições foram
vencidas pelos conservadores e Konrad Adenauer foi nomeado chanceler. Prefeito de Colônia durante a república de Weimar, depois da tomada do poder pelos nazistas,
tinha sido afastado de seu cargo; não se havia, portanto, PARADA MILITAR NA RDA
Desfile de regimentos do Nationale Volksarmee. À constituição de um exército nacional na Alemanha
oriental foi seguida pela entrada
do país na aliança político-militar
do Pacto de Varsóvia, instituída em maio de 1955..
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190 E
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
TORRE DE CONTROLE AO LONGO DO MURO DE BERLIM Para deter o fluxo de alemães
do leste para a república federal, autoridades militares fecharam as
passagens ainda abertas entre os
dois setores de Berlim. Depois seguiu-se a construção da muralha de blocos de cimento que um comunicado do governo da RDA definiu como o “muro da defesa antifascista.
ZONA
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DA
DA CIDADE
comprometido com o regime. O governo formado por ele estava ainda sob a tutela dos Aliados, que se reservaram não somente o controle sobre a região de Ruhr, mas também sobre a política e o comércio exteriores, além de todas as questões militares.
soviéticas e sua economia foi por anos atormentada pelos pagamentos das reparações.
No plano político, as autoridades de Moscou mantiveram sob um rígido controle a situação, e as posições-chave da administração, deixadas aos alemães, foram assumidas por expoentes comunistas. Os partidos foram unificados num “bloco antifascista” ao qual se seguiu, em 1946, a fusão dos partidos comunista e social-democrata que formaram o SED (Partido Socialista Unificado Alemão) e que assumiu a condução do país num processo de rápida e pn progressiva marginalização das outras a forças políticas e, no interior do qual, os próprios social“democratas perderam sempre
Os soviéticos mantiveram sua sólida influência sobre
a parte oriental e nacionalizaram os bancos e a indústria pesada. As grandes propriedades de terras foram confiscadas sem indenização. Algumas indústrias foram transferidas para a URSS por conta das reparações; outras foram geridas diretamente pelos soviéticos e levadas a trabalhar sempre para o próprio país; outras, finalmente, constituíram a base da refundação econômica da Alemanha oriental. Em outubro de 1949, um mês após a fundação da república
federal, nasceu a república democrática. Mantida sob estrito
mais prestígio.
controle militar por um exército de ocupação soviética, a
Alemanha oriental se desenvolveu seguindo as diretivas É
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KONRAD ADENAUER Artifice da reconstrução alemã,
no curso de seu longo período como chanceler, Adenauer esteve também entre os protagonistas da unidade europeia,
A REPÚBLICA FEDERAL ALEMÃ
Adenauer permaneceu no poder até 1963: seu governo, que contava com ampla maioria parlamentar do Partido Democrata-Cristão (CDU), se caracterizou por uma estreita aliança com os Estados Unidos e por uma moderação político-social em profunda sintonia com os interesses do grande capital. O crescimento econômico da Alemanha federal nesses anos foi espetacular: ritmos intensos de trabalho, considerável ajuda norte-americana, reparações pouco onerosas fizeram com que a retomada fosse muito rápida (entre 1950 e 1963, o índice da produção industrial saltou de 100 para 293). A estabilidade interna nesse período foi consequência do “milagre econômico”, mas esse boom tornou sempre mais pesado, para amplas camadas da população, o acentuado autoritarismo de Adenauer. Ele, se havia conduzido a Alemanha federal a um
papel de prestígio no contexto europeu e se havia feito dela o principal baluarte contra o mundo comunista, tinha também
refutado toda reflexão sobre o passado e conferido uma marca profundamente conservadora à sua política interna.
No início dos anos 1960, terminou a fase mais aguda da
guerra fria; nas eleições de 1961, o CDU perdeu a maioria absoluta, e Adenauer, representante de uma época que chegava ao fim, deixou a chancelaria em 1963. O desenvolvi-
mento econômico dos anos precedentes começou a diminuir, os fermentos de oposição se acentuaram e, a partir de 1964,
registrou-se um constante aumento dos preços. À insatis-
fação pela falta de renovação política cresceu particularmente no universo juvenil, e 1968 viu surgir, aqui como em
outros países europeus, um forte movimento estudantil. O peso do Partido Social-Democrata (SPD) tinha entrementes crescido e, em 1969, Willy Brandt foi eleito chanceler. Sua política se caracterizou pela busca de melhores relações com a Alemanha do leste (Ostpolitik) e com o propósito de “ousar mais democracia”. Sa co
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DE JOELHOS DIANTE DO
MONUMENTO ÀS VÍTIMAS DO
EXTERMÍNIO
NAZISTA
A tragédia da Shoah constituiu um dos problemas mais espinhosos nas relações entre a Polônia e a Alemanha. Na foto, Willy Brandt que, com um gesto de enorme alcance político e moral, em 1970 prestou homenagem às vítimas do gueto de Varsóvia.
192 E
HISTÓRIA ILUSTRADA DO NAZISMO
ERiCH
HoNECKER
Sucedendo a Valter Ulbricht no vértice do SED
em
[971], deu
ini-
cio a uma política de abertura em relação a Bonn. Sob sua liderança,
a RDA confirmou sua posição de país mais industrializado do “bloco socialista”.
A REPÚBLICA DEMOCRÁTICA ALEMÃ
A propaganda sobre a criação de um Estado socialista deu um forte impulso idealista à RDA, mas os resultados econômicos não foram imediatos e a vida social e política era rigidamente calcada no modelo soviético. A Alemanha oriental se empenhou num grande esforço de reconstrução que determinou um nível de vida muito baixo. O SED controlava o Estado e a sociedade e guiava a economia planejada. O Ministério para a Segurança do Estado, criado em 1950, agiu de modo capilar contra toda forma de oposição, a vida pública foi sempre mais militarizada, o culto do Estado e do comunismo caracterizaram toda manifestação cultural.
O padrão de vida e a qualidade dos produtos continuaram a ser muito inferiores aos da Alemanha ocidental, ainda que a
economia da Alemanha oriental fosse a mais dinâmica entre os países do bloco comunista. Em junho de 1953, verificou-
-se em Berlim a primeira greve operária por causa da rígida
REPENSAR NAZISMO
O
As duas Alemanhas tiveram de enfrentar problemas análogos depois do fim da guerra: a necessidade de superar as consequências materiais e morais do conflito e da derrota, de julgar os responsáveis pelo regime nazista, de dar respostas às expectativas das vítimas e da comunidade internacional e de integrar muitos ex-nazistas na sociedade As vicissitudes do pós-guerra. da divisão da Alemanha são
também a história de uma lembrança dividida do passa-
do nazista e da oposição ao regime hitlerista. Durante a
guerra fria, ambos os estados
procuraram apresentar-se como a única Alemanha legítima depois de Hitler: a República democrática, porque tinha apagado as raízes econômicas do nazismo; a República federal, como alternativa antitotalitária. Houve, portanto, um
duplo limite na elaboração da própria história: em relação
ao nazismo e em relação à
outra Alemanha. Na tentativa
coletivização, do baixo padrão de vida, da excessiva intensificação dos ritmos de trabalho; o protesto se estendeu por todo o país e foi sufocado pela intervenção das tropas soviéticas.
O SED tomou conhecimento, dessa forma, dos limites de
seu poder e da própria dependência da União Soviética. A construção do Muro de Berlim, em 1961, marcou de modo trágico a necessidade de manter rigidamente separados dois mundos, dos quais um, o ocidental, exercia uma poderosa força de atração sobre o outro.
A REUNIFICAÇÃO Uma das consequências mais significativas da queda do comunismo foi a reunificação da Alemanha. Na noite de 9 de novembro de 1989, foram abertas as primeiras brechas no Muro de Berlim, pondo fim, desse modo, à sepa-
ração entre as duas Alemanhas, que era a consequência mais evidente da derrota do Reich nazista e da época da de reconquistar uma credibilidade internacional, os dois estados se tornaram concorrentes até no reelaborar o passado. Na República democrática, o processo de desnazificação foi mais radical que no oeste,
mas o antifascismo foi imposto do alto e se transformou em propaganda de estado. Considerou-se ainda válida a definição dada pelo Komintern, em 1935, do fascismo como forma extrema do capitalismo, e tê-lo desmantelado foi considerado passo necessário e suficiente para
assinalar a nítida ruptura com o passado nazista. Afirmou-se que somente o partido comunista tinha levado adiante uma coerente luta contra o regime e, portanto, agora era o único legitimado para governar o país, sem indagar as reais relações de força, as conivên-
cias e os silêncios da maior parte da população, sem refletir sobre a continuidade de longo período e sobre a necessidade de que a renovação ocorresse em outros
níveis. Na República federal,o antifascismo foi repelido por-
UM PAÍS DIVIDIDO
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193
TRABANT
Dotado de um motor de dois
cilindros em dois tempos, orgulho
da indústria automobilística alemã-
-oriental, permitiu a muitos cidadãos da RDA aceder aos benefícios da motorização em massa.
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guerra fria. As causas da queda do Muro foram ligadas às complexas mudanças que se verificaram em todo o bloco comunista, a começar pela União Soviética, no decorrer dos anos 1980, graças especialmente à política de reformas promovida pelo líder do Kremlin Mikhail Gorbatchov. Na Alemanha oriental, a partir do início de 1989, aumentou o dissenso popular; muitos cidadãos não voltaram das férias e pediram asilo nas embaixadas da Alemanha ocidental de Praga e Budapeste; as passagens através do Muro favoreceram um fluxo contínuo de pessoas. Foram constituídos grupos de oposição, como “Neues Forum”, favoráveis à extensão das reformas soviéticas também na Alemanha
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oriental.
Depois da derrubada do Muro, a perspectiva da unificação entre os dois Estados se tornou sempre mais concreta. Os alemães orientais se iludiram ao pensar que o modelo ocidental se estende-
|
que era visto como ideologia soviética, e substituído em sua
legitimidade histórica com à adesão a um ostensivo anticomunismo capilar e difundido. O passado estava presente de modo particular nas numerosas iniciativas para acelerar o processo de desnazificação era iniciado pelos Aliados. A peAdenauer se caracterizou do ria teo à ; nto ime uec esq | lo idamente É* totalitarismo foi rap
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mal totalitário, e o novo Estado alemão, aliado do Ocidente, encontrava agora sua legitimidade e saldava sua conta com o nazismo,
combatendo a ameaça comunista. A guerra fria reabilitava implicitamente o passado nazista. Os
entre os Estados Unidos e a União Soviética e, no dia 3
de outubro de 1989, o presidente da República federal
Richard von Weizsãcker anunciou a unificação. Embora não houvesse provavelmente alternativas para esse curso, ele ocorreu depressa demais, porquanto se tratou de uma “anexação” da parte oriental à ocidental, sem que se mantivesse qualquer vestígio da experiência da RDA. Mas décadas de vida em sistemas políticos diferentes não foram anuladas num dia e logo emergiram as dificuldades e os ressentimentos recíprocos. Os suces-
sos eleitorais dos partidos de extrema direita na ex-Alemanha oriental, no início dos anos 1990, eo crescimento
exponencial de atos de racismo e xenofobia foram expressão de um profundo mal-estar. seguintes à guerra foram dominadas por um senso de inocência coletiva. O silêncio foi rompido no decorrer dos anos 1970:0 processo Eichmann, em 1961,e os novos agentes no mundo dos jovens puseram os alemães diante daquele passado que tinham procurado remover.
ex-nazistas tornavam-
se alemães que tinham cumprido seu dever como soldados ou funcionários do Estado. As duas décadas do
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ria velozmente a todo o país. Iniciaram-se diversos pactos
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CABEÇAS RASPADAS Os “naziskin” alemães tornaram-se protagonistas de atos de xenofobia e de racismo em detrimento das
comunidades de estrangeiros residentes na Alemanha.
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IMAGEM-SÍMBOLO
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XX No dia 9 de novembro de 1989, depois que o governo da RDA tinha concedido a liberdade I
expatriar seus próprios cidadãos, os berlinenses dos dois setores da cidade se uniram num clima de festa popular que constituiu o primeiro passo fl
a reunificação das duas Alemanhas. Essa data marcou o vértice do terremoto político que naquele ano havia subvertido as bases da Europa oriental
OS LOCAIS
DA
MEMÓRIA
A RDA dedicou notável atenção à readaptação e ao cuidado dos campos de concentração: nos primeiros anos da década de 1950, o Estado
se encarregou de todas as despesas de restauração, impedindo que as próprias estruturas ruíssem, mesmo que isso tenha sido feito com um preciso projeto político. A memória dos Lager foi, com efeito, administrada de maneira unilateral, com o objetivo de legitimar — por meio da afirmação da continuidade do antifascismo — a dominação do partido comunista como partido único. Na apresentação dos Lager, nas manifestações ligadas às datas comemorativas nos museus,
foi reservada uma posição privilegiada, se não até mesmo exclusiva, aos mártires dos
comunistas e do antifascismo alemão, colocando em segundo plano tanto o componente internacional das vítimas como a perseguição dos judeus. Na Alemanha federal, ao contrário, os locais da memória se tornaram patrimônio do Estado e sua preservação e manutenção foram ligadas à iniciativa de privados, comitês de vítimas etc., como demonstra, em particular, o
ocorrido com o campo de Dachau. Somente a partir da
metade dos anos 1980, começou-se a preservação dos antigos campos de concentração (muitas vezes graças a longos trabalhos de recuperação de uma parte deles), não somente como museus, mas como centros de pesquisa. Um impulso
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muito grande para
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as modalidades da iz YKL o N rh of = DE memória seguiu-se 4 qe] depois da reunificação que, além dos problemas mais gerais derivados da relação do novo estado nacional com o passado da Alemanha, pôs em termos imediatos a aquisição pela Alemanha unificada dos campos de concentração administrados pela RDA. Isso deu lugar a uma reflexão mais a,
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geral, seja sobre os conteúdos da memória a transmitir (isto
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quisa histórica mais avançada), seja sobre as técnicas da comunicação hoje adotadas. Além das muitas expressões possíveis para evocar a memória de locais, de fatos, de pessoas — dos monumentos as lápides à simples toponomástica — desenvolveu-se
recentemente uma verdadeira estratégia de exposições e de
mostras históricas. A exigên-
cia para preservar essa memória é aguçada pela crescente consciência da ruptura em ato entre gerações, pela rup-
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tura dos canais tradicionais de
transmissão, pela morte das testemunhas e, com elas, da
continuidade das memórias
familiares.
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1918
9 de novembro Abdicação do K nasce a República de Weimar.
1919
5 de janeiro
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1933
30 de janeiro Hitler é nomeado chanceler por Hindenburg. 4 de fevereiro Decreto “para a defesa do povo alemão” que autoriza medidas limitativas da liberdade de imprensa. 27 de fevereiro Incêndio do Reichstag. 28 de fevereiro Decreto “para a defesa do povo e do Estado” que procede à abolição
Fundação do Deutsche
Arbeiterpartei. me
representativo, com 37,4% dos sufrágios.
EPT
24 de fevereiro O Deutsche Arbeiterpartei se transforma no NSDAP e é redigido o programa dos 25 pontos.
1923 janeiro Ocupação das tropas francesas na região do Ruhr. 8-9 de novembro Puisch de Hitler em Munique.
1924. amo | | abril Condenação Ee ER a 5 anos de prisão. dezembro Libertação de Hitler. ã
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fevereiro Reconstituição do NSDAR. abril Paul von Hindenburg é eleito presidente da República.
31
de julho
governo prussiano.
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Raia janeiro O NSDAP governo regional na Turíngia.
21 de abril Rudolf Hess nomeado substituto do Fiihrer. 2 de maio Supressos os sindicatos. IO de maio Queima dos livros. Fundada a Frente Alemã do Trabalho.
Nas Eleições nara O
o mais id rt pa O se arn to P A D S N o g, Reichsta É
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dos direitos fundamentais, autoriza prisões preventivas e bane o partido comunista. > de março Eleições para o Reichstag em que o NSDAP obtém 43,9% dos votos. 13 de março Goebbels nomeado ministro da Propaganda. 22 de março Abertura do campo de concentração de Dachau. 23 de março Aprovada a lei que dá plenos poderes ao governo. Iº de abril Boicote contra as lojas dos judeus. 7 de abril Aprovada a lei que prevê o afastamento dos empregos estatais, elementos politicamente não confiáveis e os judeus. II de abril Hermann Góring nomeado vice-lugar-tenente do Reich e presidente do
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I9 de maio A “lei sobre os fiduciários do trabalho” suprime a autonomia contratual,
I7 de junho
Baldur von Schirach é
nomeado líder da juventude alemã.
I4 de julho A lei contra a reconstrução dos partidos legaliza o monopólio político do NSDAPR. Lei para a prevenção das doenças hereditárias. 20 de julho Concordata com o Vaticano. setembro “Congresso da vitória” em Nuremberg. 22 de setembro Lei constitutiva da câmara da cultura. 29 de setembro Lei sobre a transmissão hereditária dos fundos campestres. 14 de outubro Retirada da Alemanha da Sociedade das Nações. I2 de novembro Eleições em lista única para o Reichstag: o NSDAP obtém
92,2% dos votos.
|º de dezembro Lei sobre a unidade entre Estado e partido.
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27 de fevereiro Lei sobre o sistema do “trabalho nacional”. 20 de abril Heinrich Himmler é nomeado chefe da Gestapo. 30 de junho “Noite das facas longas”. 3 de julho Hjalmar Schacht é nomeado ministro da Economia. 1º de agosto Unificados por decreto os cargos de presidente e chanceler do Reich. 2 de agosto Paul von Hindenburg morre e Hitler torna-se “Fiúhrere chanceler”. setembro “Congresso do triunfo da vontade” em Nuremberg. Schacht elabora o “novo plano”,
4
7 de março A Wehrmacht ocupa a região desmilitarizada da Renânia. 29 de março Plebiscito sobre a política hitlerista: 99% dos votos favoráveis. 17 de junho Himmler é nomeado “Reichsfihrer das SS” e chefe da polícia alemã no Ministério do Interior. julho Intervenção militar alemã na guerra civil espanhola. agosto (Criação do campo de concentração de Sachsenhausen. Realização das Olimpíadas em Berlim. setembro “Congresso da honra” em Nuremberg e anúncio do lançamento do plano quadrienal.
e de fevereiro
Demissão de Schacht.
Destituição
do ministro
da Guerra, do comandante supremo do exército e do ministro do Exterior em vista
; de abril A EH ade: a Dinamarca e a Noruega. IO de maio A Alemanha invade os Países Baixos, a Bélgica e a França. 14 de junho Chegada dos alemães em
da preparação da guerra.
I2 de março Anexação da Áustria ao
Reich. abril Início da arianização das empresas de propriedade judaica. 29 e 30 de setembro Conferência
Paris.
22 de junho A França assina o armistício com a Alemanha. IO de julho Início da batalha da Inglaterra. 27 de setembro Alemanha, Japão e Itália assinam o pacto tripartite. outubro Instituídos numerosos guetos judaicos na Europa do leste. 18 de dezembro Diretiva n. 21 de Hitler: preparação do ataque à União Soviética.
de Munique: cessão dos Sudetos à Alemanha. Iº de outubro Tropas alemãs invadem a Tchecoslováquia. 9 de novembro “Noite dos cristais” pogrom contra os judeus. 8 de dezembro Decreto de Himmler sobre o recenseamento e os procedimentos de identificação dos ciganos. sd Ea:
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26 de novembro
Polônia: início da Segunda Guerra Mundial. outubro Autorização escrita de Hitler para a atuação do programa de eutanásia.
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julho a o! campo es Co RCEnTERAs! de Buchenwald. Inauguração, em Munique, da exposição sobre a “arte degenerada”. 5 de novembro Encontro de Hitler com os vértices militares, no qual são baixadas as diretivas para a invasão da Austria e da Tchecoslováquia.
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setembro Realização do “Congresso da liberdade” em Nuremberg no decorrer do qual são emanadas a “lei para a defesa do sangue e da honra alemã” e a “lei sobre a cidadania do Reich”. I8 de outubro Criação da lei para a defesa da pureza biológica hereditária do povo alemão. |3 de dezembro Instituição das “Lebensborne”.
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recrutamento obrigatório.
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26 de fevereiro Lei constitutiva da carteira de trabalho para controle da mão-de-obra. I6 de março Reintroduzido o
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Saar.
15 de março Ocupação da Tchecoslováquiae instituição do protetorado da Boêmiae Morávia. 23 de março Os nazistas invadem a região de Memel. 22 de maio Assinatura do Pacto de aço com a Itália. 23 de agosto Pacto de não agressão entre Alemanha e União Soviética. 27 de agosto Racionamento dos gêneros alimentícios. Iº de setembro Ataque alemão à
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Referendo da região de
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I3 de janeiro
23 de outubro Proclamação do Eixo Roma-Berlim. 25 de novembro Estipulação do pacto antikomintern com o Japão. 1º de dezembro A Hiilerjugend torna-se Juventude de Estado.
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1935
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II de fevereiro Chegada de Erwin Rommel na Líbia. I7 a 30 de março Hitler declara que a iminente campanha da Rússia deverá ter o caráter de “guerra de destruição”. 6 a 8 de abril Tropas búlgaras, alemãs e italianas invadem a Iugoslávia e a Grécia. IO de maio Martin Bormann é nomeado responsável pela chancelaria de partido.
22 de junho A Alemanha invade a URSS. 14 de julho Rosenberg é nomeado ministro para os territórios orientais ocupados. Iº de setembro A utilização da estrela
março Partem para Auschwitz os primeiros trens de judeus provenientes da Alemanha e da Europa oriental. 21 de junho Rommel conquista Tobruk.
junho Em Auschwitz-Birkenau tem início o extermínio em massa dos judeus. 1º de julho Início da primeira batalha de El-Alamein. 13 de setembro Início da batalha de Stalingrado. 24 de outubro Início da segunda batalha de El-Alamein. II de novembro A Alemanha ocupa a França de Vichy.
amarela passa a ser obrigatória entre os judeus.
Iº de outubro Proibição da emigração de judeus. I4 de outubro Deportação dos judeus alemães para os guetos da Europa oriental.
6 de dezembro Início da contraofensiva do Exército Vermelho. 7 de dezembro Ataque japonês a Pearl Harbor. | I de dezembro A Alemanha declara
guerra aos Estados Unidos.
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20 de janeiro
Conferência de Wannsee:
coordenação das medidas voltadas à “solução
final do problema judaico”. 8 de fevereiro Albert Speer é nomeado s. ministro para os armamentos e as mun içõe
21 de março Fritz Sauckel é nomeado responsável geral para a utilização da mão-de-obra.
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14 a 24 de janeiro Conferência aliada de Casablanca. 2 de fevereiro Capitulação alemã em Stalingrado. I8 de fevereiro Goebbels proclama a “ouerra total”.
I3 de maio
1944
20 de fevereiro
Início da ofensiva
|
aérea anglo-americana contra a Alemanha.
6 de junho Desembarque aliado na Normandia. 20 de julho Fracassa o atentado contra Hitler. 24 de julho Os soviéticos libertam o campo de extermínio de Majdanek. 25 de julho Goebbels é nomeado encarregado geral para a mobilização bélica total e Himmler, comandante supremo do exército de reserva. 8 de setembro O primeiro foguete V2 atinge a Inglaterra. 7 de outubro Retirada alemã da Grécia. 21 de outubro Aachen é a primeira cidade alemã a ser ocupada pelas tropas norte-americanas.
|Iº de novembro
Himmler ordena
a suspensão do extermínio dos judeus em
Auschwitz-Birkenau.
Capitulação do Eixo no
norte da África. 26 de junho Speer assume o pleno controle sobre toda a produção bélica. 8 de setembro A Itália torna conhecida a rendição aos Aliados. 9 de setembro (Os alemães ocupam Roma e grande parte da Itália. I2 de setembro (Os alemães libertam Mussolini.
13 de outubro A Itália declara guerra à Alemanha. 28 de novembro a Iº de dezembro Conferência aliada em Teerã.
14 de janeiro
O Exército Vermelho
invade a Prússia oriental. 27 de janeiro As tropas soviéticas libertam Auschwitz-Birkenau.
19 de março
Proclamada a “Ordem de
Nero”. 30 de abril Suicídio de Hitler. 7 de maio Alfred Jodl assina em Reims
a rendição incondicional da Alemanha aos Aliados. 17 de julho a 2 de agosto Conferência aliada de Potsdam.
Indice dos nomes A
Adenauer, Konrad 189, 191, 193 Alfieri, Dino 126
Amann, Max 63 Antonescu, lon 135
B Baden, Max von 14, 15 Bayer (indústria) 79 Benjamin, Walter 37 Bischof, Wemer 158, 188 Blomberg, Werner von 39, 125 Bormann, Martin 152 Brandt, Willy 191 Brecht, Bertolt 65, 101 Briand, Aristide 28, 29 Brúning, Heinrich 36, 49 Burri, René 188 C
Capa, Robert 151, 156, 160, 161, 164 165, 186 Cartier-Bresson, Henri 160 Chamberlain, Neville 130, 132 Churchill, Winston 158, 162, 164 Ciano, Galeazzo 128, 132 Cramm, Gottfried von 71 D Daladier, Edouard 132
Darré, Walter 77
Dawes, Charles 24
Dietrich, Marlene 99 Dix, Otto 15 Doóblin, Alfred 37
Dollfuss, Engelbert 123, 127 Dônitz, Karl 167
Doriot, Jacques 156 E Ebert, Friedrich 15 Eichmann, Adolf 181, 188, 195 Eicke, Theodor 100 Einstein, Albert 98, 110 Eisenhower, Dwight 160 Eisner, Kurt 15, 17
F Farben, (indústria) 1717 Feder, Gottfried 74 Federico II, (imperador) 52 Franco, Francisco 124 Frank, Anne 175 Frank, Hans E ; e Freud, Sigmun E Frick, Wilhelm 40,91,94 = Fritsch, Wemer 125, 127
Funk, Walter 157 RE Tr
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Furtwângler, Wilhelm 85 6
Garanin, Anatoly 149 Gauguin, Paul 66 Joebbels, Joseph 43, 48, 54, 55, 58, 64, 65, 70, 71, 79, 106, 108, 148, 150, 152, 164 Gorbatchov, Michail 193 Góring, Hermann 40, 48, 49, 82. 83, 84,85, 89, 93,94, 126, 127, 141, 152, 155, 157 Gropius, Walter 29 Grosz, George 14, 19 Guderian, Heinz 144 Guglielmo II, (imperador) 14 H Heartfield, John 32, 116 Heckel, Erich 66 Henlein, Konrad 130
Hess, Rudolf 18, 52
Heydrich, Reinhard 89, 90, 91,94, 170
Hilberseimer, Ludwig 37 Himmler, Heinrich 48, 77,89,90,91, 94, 100, 112, 116, 152, 169, 177, 178 Hindenburg, Paul von 14, 18, 21, 24, 36, 39,40, 44, 48, 49,50, 52,103
Hitler, Adolf 18, 26, 27,36, 39,40, 41,42, 46, 48,49,50,51,52,54,55, 58,59, 61, 64,66, 68, 69, 74, 75, 76, 17,19,682,83,84,90, 92,93, 94,97, 100, 103, 115, 116, 118, 121, 122, 123, 124, 125, 126, 127, 129. 130, 132, 133, 135, 138, 139, 140, 141, 143, 144, 146, 150, 152, 153, 163, 165, 167, 169, 170 Hoffman, Heinrich 46 Honecker, Erich 192
Hugenberg, Alfred 34, 39 I Ilchenko 149
[tten, Johannes 29 K Kandinsky, Wassily 29, 66 Kapp, Wolfang 15 Keitel, Wilhelm von 125, 127, 152, 167 Kirchner, Emst Ludwig 66 Klee, Paul 66 Klement, Ricardo 181 Klemperer, Otto 102 Klemperer, Viktor 158 Knirr, Heinrich 103 Koller, Peter 87 Krupp, Gustav 74, 75, 153, 187
L
Rivera, Diego 90 Rôóhm, Ernst 48, 50, 90, 93,95 Rommel, Erwin 143, 144 Roosevelt, Franklin Delano 158, 162, 164
Lammer, Hans Heinrich 103, 152 Lang, Fritz 32, 102
Legien, Carl 37 Ley, Robert 79
Liebknecht, Karl 16 Lindbergh, Charles 77 Litvinov, M. Maksimovié 24
Losch, Maria Magdalena von 99
Lubitsch, Emest 101, 102 Ludendorff, Erich 14, 49, 103 Luther, Hans 23 Luxemburgo, Rosa 16
M
Mann, Heinrich 43, 98, 101, 102
Mann, Thomas 55, 65, 101, 102 Mardocheo, 42 Marshall, George 189 Martin, Wagner 37 Marx, Karl 42, 43 Matsuoka, Josuke 126 May, Ernst 37 Mercedes-Benz, (indústria) 75 Messerschmitt, Willy 74 Moholy-Nagy, Lazló 31 Moltke, Helmuth James Graf von 97 Montgomery, Bernard 143 Murnau, Friedrich W. 32, 101 Mussolini, Benito 25, 103, 122, 123, 128, 129, 132, 134, 135, 160, 163 N Neurath, Konstantin von 128, 129
O Ophiils, Max 32 Ossietzky, Carl von 44 Pp Pacelli, Eugenio (papa Pio XII) 47 Papen, Franz von 39, 41,82, 125 Paulus, Friedrich von 84 Pétain, Henri-Philippe 140 Picasso, Pablo 66 Piscator, Erwin 29
Pohl, Oswald 69 Porsche, Ferdinand 87 Preuss, Hugo 19 R Rath, Ernst von 116 Rathenau, Walter 15, 22, 24 Reader, Erich 141 Remarque, Erich Maria 44, 55 Ribbentrop, Joachim von 126, 127 Riefensthal, Leni 64, 65 Ritter, Robert 112
Rosenberg, Alfred 18, 118 S Salomon, Ernst von 15 Sauckel, Fritz 69, 153
Schacht, Hjalmar 74, 75, 76,82
Schirach, Baldur von 59, 92 Schlemmer, Oskar 29 Scholl, Hans 163 Scholtz-Klink, Gertrud 62
Schônberg, Arnold 66 Schumacher, Fritz 37
Schuschnigg, Kurt von 127
Schiútte-Likowsky, Grete 37
Seghers, Anna 65 Seldte, Franz 39 Seymour, David 160, 179 Seyss-Inquart, Arthur 127 Shahmn, Ben 110
Siemens, (indústria) 37, 74
Speer, Albert 54, 66, 67, 69, 79, 131,
152, 155 Stalin, losif Vissarionovié 162, 165
Stauffenberg, Claus von 167 Strasser, Gregor 48, 55, 90
Streicher, Julius, 108, 113
Stresemann, Gustav 24, 28, 29, 49
Stúhler, (Sra.) 158 T
Taut, Bruno 37
Todt, Fritz 69,79, 154, 155 Toller, Emst 17
Tucholsky, Kurt 44
V
Van der Lubbe, Martin 40
Van Gogh, Vincent 66
W Warburg, Aby 79 Weber, Max 107 Weizsicker, Richard von 193 Wels, Otto 41 Wertheim, (empório) 37 Wessel, Horst 55 Willrich, Wolfang 106 Wilson, Woodrow 17 Wissel, Adolf 119
Z Zukov, Georgij 167 Zweig, Stephan 65
nejéis
Mais de 200 imagens dos arquivos fotográficos Roger-Viollet e Magnum/Contrasto
Notas |
Sigla em alemão para Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei — Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores, mais conhecido como Partido
2
Emalemão, Defesa do Império ou Defesa da Nação; era o conjunto das forças armadas alemãs entre as duas guerras mundiais, de 1919 a 1935, quando foi criada a
3
Palavra alemã para designar golpe ou tentativa de golpe de Estado. (N. do E.)
4
“Força de defesa”, em alemão, foi o nome do conjunto das forças armadas do Terceiro Reich, de 1935 a 1945. (N. do E.)
Nazista. (N. do E.)
Wehrmacht. (N. do E.)
Referências fotográficas O Roger-Viollet/Contrasto 13, 14a/b, 15a,16as/ad/b, 17c/b, 18a, 19b, 20, 21, 22as/b, 23, 24a, 25b, 28a/b, 29as, 32a/b, 33, 34, 35, 36as/b, 38, 39, 40b, 4la, 43b, | 44b, 45b, 48bd, 49b, 50b, 51b, 52as, 53, 54, 55a/bd, 56, 57, 58a, 59a/b, 60b, 6la/b, 62a/bs/bd, 68b, 69a/e/b, 710a/b, 71bs, 74a/bs, 5a, Ta; 79b, 80as/b, 82a/b,83b, | 84a, 85b, 86b, 87b, 90b, 91as/ad/b, 94a, 95b, 98as/AC/b, 99, 101a/b, 102as/ad/bs, 103a, 108ad/b, 111b, 113b, 118a/b, 121, 122b, 123a/bs/bd, 124a/bs/bd,125a/b, 126a/b, 127a, 128a/b, 129, 131, 133as/b, 134b, 135, 136, 137, 139a/b, 140, 141, 142, 143b, 144a, 145b, 146a/b, 147a/bd, 150b; 152b, 153e/bs, 154b,155a/b, * ) 156bs/bd, 157bs/bd, 158a/b, 159a, 162a/b, 163b, 166, 170b, 171a,180a, 181b, 183a, 186a, 187a/b, 191a. O Magnum/Contrasto 41bs, 44a, 45a, 49a, 52b, 58b, 92b, 115b, 127b, 130a/b, 132b, 138a, 143a; 144b, 146a, 148bd, 149, 1504; 151, 152a, 154a, 156a, 158b, 160a, 161, 164b, 165, 167a/b, 168, 169, 171b, 172b, 173a/bs/bd, 175b, 176ad/b, 177b, 178, 179, 180b, 181a, 183b;, 184,185, 186b, 188a/b,"189b, 190a; 192,
193a/b, 194.
O Olympia/Publifoto 24b, 120, 197b, 191b. O Corbis/Contrasto 80
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à a (no alto), ac (no alto, ao centro), ad (no alto, à direita), as (alto a sinistra = no alto, à esquerda), b (basso = embaixo), bd (basso a destra = embaixo; 1a direita), bs (basso a sinistra = embaixo, à esquerda), c (centro da página)
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As consequências da derrota da Alemanha guilhermina na Grande Guerra, os devastadores efeitos da hiperinflação e a consequente crise econômica, a desagregação dos tradicionais segmentos da sociedade e do frágil sistema político da República de Weimar, o desgaste dos equilíbrios decorrentes da Paz de Versalhes entre os anos 1920 e 1930: estes são os elementos nos quais se deve situar a ascensão do Partido Nacional-Socialista e a chegada de Hitler ao poder, em janeiro de 1933. À partir daí, teve início a construção do novo Estado nazista, com o sistemático uso do terror e o enquadramento das massas sob a égide de uma disciplina coletiva baseada na discriminação racial. Em política externa, o Estado totalitário lança o projeto da “nova ordem europeia” sob a égide da Alemanha nazista.A supremacia do Grande Reich e o desígnio de dominação continental, por meio da aliança com os regimes fascistas, culminaram na subversão do sistema das relações internacionais e na eclosão
de um conflito que, em poucos anos, se estendeu da Europa para todos os cantos do mundo.
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