292 108 6MB
Portuguese Pages [420] Year 2017
Avaliação das neoformações psicológicas da idade pré-escolar
FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS E DIDÁTICOS DO ENSINO DESENVOLVIMENTAL
José Carlos Libâneo
Andréa Maturano Longarezi Roberto Valdés Puentes
Ensino Desenvolvimental Antologia Livro I
Organizadores
Conheça outros livros da Série Ensino Desenvolvimental
Os autores dos capítulos deste livro convergem no reconhecimento do papel da educação e do ensino no desenvolvimento psíquico, na ideia de que esse desenvolvimento ocorre pelo processo de interiorização, implicando o caráter ativo do sujeito que aprende. Além disso, eles também concordam que a culminância desse processo é a formação do conteúdo de sua personalidade, em consonância com Vigotski no que concerne ao fato de que a mediação cultural, por ferramentas físicas ou signos, torna possível o controle do comportamento e de seus processos mentais. É na escola que se realiza o processo sistematizado de ensino-aprendizagem, em uma determinada sociedade e em circunstâncias concretas, nas quais o aluno se apropria da experiência humana socialmente elaborada como condição para o seu desenvolvimento psicológico, isto é, para a formação de sua personalidade. Este livro [...] oferece contribuições teóricas e práticas para ajudar os pesquisadores, os formadores de professores e os professores em atividade a fazerem frente às políticas curriculares que não têm alcançado o caráter dialético da formação escolar humana [...] Os capítulos dão aval a uma proposta pedagógica que propicia aos professores instrumentos conceituais e meios para ajudar a promover o pensamento teórico-conceitual dos alunos para que possam se desenvolver cognitiva, afetiva e moralmente.
Série: Ensino Desenvolvimental v. 5
Conheça outros livros da Série Ensino Desenvolvimental
Ensino Desenvolvimental: vida, pensamento e obra dos principais representantes russos Livro I
Andréa Maturano Longarezi Roberto Valdés Puentes Organizadores
FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS E DIDÁTICOS DO
ENSINO DESENVOLVIMENTAL
Andréa Maturano Longarezi Roberto Valdés Puentes Organizadores
Ensino Desenvolvimental: vida, pensamento e obra dos principais representantes russos Livro II
Apoio: Realização:
Fundamentos psicológicos e didáticos do Ensino Desenvolvimental
Fundamentos psicológicos e didáticos do Ensino Desenvolvimental Realização:
Apoio:
www.edufu.ufu.br Universidade Federal de Uberlândia
Av. João Naves de Ávila, 2121 Campus Santa Mônica – Bloco 1S Cep 38408-100 | Uberlândia – MG Tel: (34) 3239-4293
Copyright 2017 © Edufu Editora da Universidade Federal de Uberlândia/MG Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total por qualquer meio sem permissão da editora.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Sistema de Bibliotecas da UFU, MG, Brasil.
www.edufu.ufu.br
Av. João Naves de Ávila, 2121 Campus Santa Mônica – Bloco 1S Cep 38408-100 | Uberlândia – MG Tel: (34) 3239-4293
Copyright 2017 © Edufu Editora da Universidade Federal de Uberlândia/MG Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução parcial ou total por qualquer meio sem permissão da editora.
Universidade Federal de Uberlândia
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Sistema de Bibliotecas da UFU, MG, Brasil.
Glória Aparecida CRB6-2047
E59a
CDU: 37.02
Fundamentos psicológicos e didáticos do ensino desenvolvimental / Andréa Longarezi Maturano, Roberto Valdés Puentes organizadores. - Uberlândia, MG : EDUFU, 2017. 416 p. : il. Biblioteca Psicopedagógica e Didática. Ensino Desenvolvimental ; v 5.
1. Didática. 2. Aprendizagem. 3. Psicologia educacional. 4. Educação – Estudo e ensino. I. Longarezi, Andréa Maturano. II. Valdés Puentes, Roberto. IV. Série.
ISBN: 978-85-7078-460-5. Inclui bibliografia Vários autores.
ISBN: 978-85-7078-507-7. Disponível em: www.edufu.ufu.br DOI: 10.14393/EDUFU-978-85-7078-507-7. Inclui bibliografia Vários autores.
1. Didática. 2. Aprendizagem. 3. Psicologia educacional. 4. Educação – Estudo e ensino. I. Longarezi, Andréa Maturano. II. Valdés Puentes, Roberto. IV. Série.
Fundamentos psicológicos e didáticos do ensino desenvolvimental [recurso eletrônico] / Andréa Longarezi Maturano, Roberto Valdés Puentes organizadores. Uberlândia, MG : EDUFU, 2017. 411 p. : il. (Biblioteca Psicopedagógica e Didática. Ensino Desenvolvimental ; v 5).
CDU: 37.02
E59a
Andréa Maturano Longarezi Roberto Valdés Puentes (organizadores)
Volume 5 Ensino Desenvolvimental Série Biblioteca Psicopedagógica e Didática Coleção
Fundamentos psicológicos e didáticos do Ensino Desenvolvimental
Fundamentos psicológicos e didáticos do Ensino Desenvolvimental Coleção Biblioteca Psicopedagógica e Didática Série Ensino Desenvolvimental Volume 5
(organizadores)
Andréa Maturano Longarezi Roberto Valdés Puentes
Universidade Federal de Uberlândia
COLEÇÃO Biblioteca Psicopedagógica e Didática
ORGANIZADORES: Andréa Maturano Longarezi Roberto Valdés Puentes
DIREÇÃO Roberto Valdés Puentes Andréa Maturano Longarezi Orlando Fernández Aquino
VOLUME 5
REITOR Valder Steffen Jr.
DIREÇÃO Profa. Dra. Andréa M. Longarezi Prof. Dr. Roberto V. Puentes
CONSELHO EDITORIAL VICE-REITOR Prof. Ms. Achilles Delari Junior – Pesquisador Aposentado – Brasil Orlando César Mantese Prof. Dr. Alberto Labarrere Sarduy – Universidad Santo Tomás – Chile Profa. Dra. Andréa Maturano Longarezi – Universidade Federal de DIRETOR DA EDUFU Uberlândia – Brasil Prof. Dr. Antonio Bolivar Gotia – Universidad de Granada – EsGuilherme Fromm panha Profa. Dra. Cláudia Souza – ESEBA – Brasil Profa. Dra. Diva Souza Silva – Universidade Federal de Uberlândia CONSELHO EDITORIAL – Brasil Carlos Eugênio Pereira Profa. Dra. Elaine Sampaio Araújo – Universidade de São Paulo – Brasil Profa. Dra. Fabiana Fiorezi de Marco – Universidade Federal de UberDécio Gatti Júnior lândia – Brasil Emerson Luiz Gelamo Prof. Dr. Francisco Curbelo Bermúdez – AJES – Brasil Fábio Figueiredo Camargo Prof. Dr. Humberto A. de Oliveira Guido – Universidade Federal de Uberlândia – Brasil Hamilton Kikuti Profa. Dra. Ilma Passos Alencastro Veiga – Universidade de Brasília Marcos Seizo Kishi – Brasil Prof. Dr. Isauro Núñez Beltrán – Universidade Federal de Rio Grande Narciso Laranjeira Telles da Silva do Norte – Brasil Reginaldo dos Santos Pedroso Profa. Dra. Liudmila Guseva – Universidade Técnica Estadual MagSônia Maria dos Santos nitogorsk – Rússia Prof. Dr. Luis Eduardo Alvarado Prada – Universidade Federal da Integração Latino-americana – Brasil EDITORA DE PUBLICAÇÕES Prof. Dr. Luis Quintanar Rojas – Universidad Autónoma de Puebla Maria Amália Rocha – México Profa. Dra. Maria Aparecida Mello – Universidade Federal de São REVISÃO DE PORTUGUÊS Carlos – Brasil Marina Araújo Profa. Dra. Maria Célia Borges – Universidade Federal do Triângulo Mineiro – Brasil REVISÃO DE REFERÊNCIAS Prof. Dr. Orlando Fernández Aquino – Universidade de Uberaba Hanny Angeles Gomide Prof. Dr. Pascual Valdés Rodríguez – Universidad Central Marta PROJETO GRÁFICO, CAPA E EDITORAÇÃO Abreu, Santa Clara – Cuba Profa. Dra. Patrícia Lopes Jorge Franco – Universidade Estadual de Ivan da Silva Lima Minas Gerais – Brasil Prof. Dr. Reinaldo Cueto Marin – Universidad Pedagógica de Sancti Spíritus – Cuba Prof. Dr. Roberto Valdés Puentes – Universidade Federal de Uberlândia – Brasil Prof. Dr. Ruben de Oliveira Nascimento – Universidade Federal de Uberlândia – Brasil Prof. Dr. Serigne Ababacar Cisse Ba – Universidade Federal de Goiás – Brasil Profa. Dra. Silvia Ester Orrú – Universidade Federal de Alfenas – Brasil Profa. Dra. Suely Amaral Mello – Universidade Paulista Júlio de Mesquita Filho – Brasil Profa. Dra. Waleska Dayse Sousa – Universidade de Uberaba – Brasil Prof. Dr. Wender Faleiro – Universidade Federal de Goiás – Brasil Profa. Dra. Yulia Solovieva – Universidad Autónoma de Puebla – México
SÉRIE Ensino Desenvolvimental
SÉRIE Ensino Desenvolvimental
IMPRESSÃO E ACABAMENTO
IMPRESSÃO E ACABAMENTO
CONSELHO EDITORIAL Prof. Ms. Achilles Delari Junior – Pesquisador Aposentado – Brasil Prof. Dr. Alberto Labarrere Sarduy – Universidad Santo Tomás – Chile Profa. Dra. Andréa Maturano Longarezi – Universidade Federal de DIRETOR DA EDUFU Uberlândia – Brasil Prof. Dr. Antonio Bolivar Gotia – Universidad de Granada – EsGuilherme Fromm panha Profa. Dra. Cláudia Souza – ESEBA – Brasil Profa. Dra. Diva Souza Silva – Universidade Federal de Uberlândia CONSELHO EDITORIAL – Brasil Carlos Eugênio Pereira Profa. Dra. Elaine Sampaio Araújo – Universidade de São Paulo – Brasil Profa. Dra. Fabiana Fiorezi de Marco – Universidade Federal de UberDécio Gatti Júnior lândia – Brasil Emerson Luiz Gelamo Prof. Dr. Francisco Curbelo Bermúdez – AJES – Brasil Fábio Figueiredo Camargo Prof. Dr. Humberto A. de Oliveira Guido – Universidade Federal de Uberlândia – Brasil Hamilton Kikuti Profa. Dra. Ilma Passos Alencastro Veiga – Universidade de Brasília Marcos Seizo Kishi – Brasil Prof. Dr. Isauro Núñez Beltrán – Universidade Federal de Rio Grande Narciso Laranjeira Telles da Silva do Norte – Brasil Reginaldo dos Santos Pedroso Profa. Dra. Liudmila Guseva – Universidade Técnica Estadual MagSônia Maria dos Santos nitogorsk – Rússia Prof. Dr. Luis Eduardo Alvarado Prada – Universidade Federal da Integração Latino-americana – Brasil EDITORA DE PUBLICAÇÕES Prof. Dr. Luis Quintanar Rojas – Universidad Autónoma de Puebla – México Maria Amália Rocha Profa. Dra. Maria Aparecida Mello – Universidade Federal de São REVISÃO DE PORTUGUÊS Carlos – Brasil Marina Araújo Profa. Dra. Maria Célia Borges – Universidade Federal do Triângulo Mineiro – Brasil REVISÃO DE REFERÊNCIAS Prof. Dr. Orlando Fernández Aquino – Universidade de Uberaba Hanny Angeles Gomide Prof. Dr. Pascual Valdés Rodríguez – Universidad Central Marta PROJETO GRÁFICO, CAPA E EDITORAÇÃO Abreu, Santa Clara – Cuba Profa. Dra. Patrícia Lopes Jorge Franco – Universidade Estadual de Ivan da Silva Lima Minas Gerais – Brasil Prof. Dr. Reinaldo Cueto Marin – Universidad Pedagógica de Sancti Spíritus – Cuba Prof. Dr. Roberto Valdés Puentes – Universidade Federal de Uberlândia – Brasil Prof. Dr. Ruben de Oliveira Nascimento – Universidade Federal de Uberlândia – Brasil Prof. Dr. Serigne Ababacar Cisse Ba – Universidade Federal de Goiás – Brasil Profa. Dra. Silvia Ester Orrú – Universidade Federal de Alfenas – Brasil Profa. Dra. Suely Amaral Mello – Universidade Paulista Júlio de Mesquita Filho – Brasil Profa. Dra. Waleska Dayse Sousa – Universidade de Uberaba – Brasil Prof. Dr. Wender Faleiro – Universidade Federal de Goiás – Brasil Profa. Dra. Yulia Solovieva – Universidad Autónoma de Puebla – México
VICE-REITOR Orlando César Mantese
DIREÇÃO Profa. Dra. Andréa M. Longarezi Prof. Dr. Roberto V. Puentes
DIREÇÃO Roberto Valdés Puentes Andréa Maturano Longarezi Orlando Fernández Aquino
VOLUME 5
REITOR Valder Steffen Jr.
COLEÇÃO Biblioteca Psicopedagógica e Didática
ORGANIZADORES: Andréa Maturano Longarezi Roberto Valdés Puentes
Universidade Federal de Uberlândia
Sumário
7
Apresentação
17
Prefácio
25
Parte I – Fundamentos psicológicos do ensino desenvolvimental
27
La relación enseñanza-desarrollo psíquico en el enfoque histórico cultural Laura Domínguez García
45
Aspectos e indicadores do desenvolvimento intelectual Francisco Curbelo Bermúdez
55
Determinantes y periodización del desarrollo psíquico en el enfoque histórico cultural Laura Domínguez García
89
Caracterização geral da atividade da pessoa Lev B. Itelson Aportaciones de L. S. Vigotsky y su enfoque histórico-cultural a la psicología del desarrollo Yulia Solovieva Luis Quintanar Rojas Zona de desenvolvimento próximo e o amadurecimento das funções psíquicas Ruben de Oliveira Nascimento
163
El estudio de los estilos de aprendizaje desde una perspectiva vygotskiana: una aproximación conceptual Gloria Fariñas León Juan Silvio Cabrera Albert
185
Parte II – Fundamentos didáticos do ensino desenvolvimental
187
A didática desenvolvimental: seu campo conceitual na tradição da psicologia histórico-cultural da atividade Roberto Valdés Puentes Andréa Maturano Longarezi
225
Transição na educação russa: o sistema zankoviano no atual ensino fundamental Liudmila Grigorievna Guseva
243
El desarrollo de estrategias de aprendizaje desde los presupuestos de una didáctica desarrolladora Silvia Olmedo Cruz José Zilberstein Toruncha
243 225 187 185 163
El desarrollo de estrategias de aprendizaje desde los presupuestos de una didáctica desarrolladora Silvia Olmedo Cruz José Zilberstein Toruncha Transição na educação russa: o sistema zankoviano no atual ensino fundamental Liudmila Grigorievna Guseva A didática desenvolvimental: seu campo conceitual na tradição da psicologia histórico-cultural da atividade Roberto Valdés Puentes Andréa Maturano Longarezi Parte II – Fundamentos didáticos do ensino desenvolvimental El estudio de los estilos de aprendizaje desde una perspectiva vygotskiana: una aproximación conceptual Gloria Fariñas León Juan Silvio Cabrera Albert Zona de desenvolvimento próximo e o amadurecimento das funções psíquicas Ruben de Oliveira Nascimento
145
125
Aportaciones de L. S. Vigotsky y su enfoque histórico-cultural a la psicología del desarrollo Yulia Solovieva Luis Quintanar Rojas
125
145
Caracterização geral da atividade da pessoa Lev B. Itelson
89 55 45 27
Determinantes y periodización del desarrollo psíquico en el enfoque histórico cultural Laura Domínguez García Aspectos e indicadores do desenvolvimento intelectual Francisco Curbelo Bermúdez La relación enseñanza-desarrollo psíquico en el enfoque histórico cultural Laura Domínguez García Parte I – Fundamentos psicológicos do ensino desenvolvimental
25
Prefácio
17
Apresentação
7
Sumário
265
Sobre os autores
Atividade pedagógica na unidade signicado social-sentido pessoal Andréa Maturano Longarezi Patrícia Lopes Jorge Franco
409
293
A Atividade de Situações-problema em Matemática Héctor José García Mendoza Oscar Tintorer Delgado
A organização didática da aprendizagem que desenvolve: reexões com base nas contribuições da teoria de assimilação de P. Ya. Galperin Isauro Beltrán Núñez
377
325
Princípios didáticos da teoria de Davýdov: uma reexão sobre sua proposição para a interpretação de problemas matemáticos Josélia Euzébio da Rosa Ademir Damazio Cristina Felipe Matos
O experimento didático-formativo: contribuições de L. S. Vigotski, L. V. Zankov e V. V. Davidov Orlando Fernández Aquino
351
351
O experimento didático-formativo: contribuições de L. S. Vigotski, L. V. Zankov e V. V. Davidov Orlando Fernández Aquino
Princípios didáticos da teoria de Davýdov: uma reexão sobre sua proposição para a interpretação de problemas matemáticos Josélia Euzébio da Rosa Ademir Damazio Cristina Felipe Matos
325
377
A organização didática da aprendizagem que desenvolve: reexões com base nas contribuições da teoria de assimilação de P. Ya. Galperin Isauro Beltrán Núñez
A Atividade de Situações-problema em Matemática Héctor José García Mendoza Oscar Tintorer Delgado
293
Sobre os autores
Atividade pedagógica na unidade signicado social-sentido pessoal Andréa Maturano Longarezi Patrícia Lopes Jorge Franco
409
265
7
Apresentação FUNDAMENTOS PSICOLÓGICO-DIDÁTICOS PARA UM ENSINO NA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL: A UNIDADE DIALÉTICA OBUTCHÉNIE-DESENVOLVIMENTO. ...obutchénie1 não é o mesmo que desenvolvimento. Por outro lado, a organização correta da obutchénie resulta no desenvolvimento intelectual da criança, causando assim uma série de processos que fora do con-
1 No português não existe uma tradução adequada para obutchénie, razão pela qual decidimos utilizar o termo em russo (em sua forma transliterada). Poderíamos empregar as expressões “ensino-aprendizagem” ou “ensinagem”, mas ambas têm construído uma tradição conceitual no interior de concepções pedagógicas muito diferentes da que aqui se defende. No espanhol, diferentemente, a palavra “enseñanza” parece mais pertinente porque expressa em si a unidade dos termos ensino e aprendizagem. Na cultura russa, a palavra obutchénie expressa justamente a unidade constitutiva da atividade docente que encerra tanto a atividade didática do professor quanto a atividade de autotransformação dos alunos. Esta questão será melhor desenvolvida ao longo da apresentação. (Nota dos autores). 2
,
,
, ! . , , !
, (" , 1956, p.449).
texto dela seria impossíveis realiza-los. Desta forma, a obutchénie em si é um momento necessário e universal para que se desenvolvam na criança não apenas as características humanas não-naturais, mas também aquelas historicamente formadas. Lev Vigotski (1956, p.449)2 Lev Vigotski (1956, p.449)2 bém aquelas historicamente formadas. criança não apenas as características humanas não-naturais, mas tamsi é um momento necessário e universal para que se desenvolvam na texto dela seria impossíveis realiza-los. Desta forma, a obutchénie em 1 No português não existe uma tradução adequada para obutchénie, razão pela qual decidimos utilizar o termo em russo (em sua forma transliterada). Poderíamos empregar as expressões “ensino-aprendizagem” ou “ensinagem”, mas ambas têm construído uma tradição conceitual no interior de concepções pedagógicas muito diferentes da que aqui se defende. No espanhol, diferentemente, a palavra “enseñanza” parece mais pertinente porque expressa em si a unidade dos termos ensino e aprendizagem. Na cultura russa, a palavra obutchénie expressa justamente a unidade constitutiva da atividade docente que encerra tanto a atividade didática do professor quanto a atividade de autotransformação dos alunos. Esta questão será melhor desenvolvida ao longo da apresentação. (Nota dos autores). 2
,
,
, ! . , , !
, (" , 1956, p.449).
7
tual da criança, causando assim uma série de processos que fora do conorganização correta da obutchénie resulta no desenvolvimento intelec...obutchénie1 não é o mesmo que desenvolvimento. Por outro lado, a DIALÉTICA OBUTCHÉNIE-DESENVOLVIMENTO. NA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CULTURAL: A UNIDADE
FUNDAMENTOS PSICOLÓGICO-DIDÁTICOS PARA UM ENSINO
Apresentação
8 • Andréa Maturano Longarezi | Roberto Valdés Puentes
8 • Andréa Maturano Longarezi | Roberto Valdés Puentes
No texto de Vigotski em epígrafe, escrito em 1933/1934, mas só publicado em 1956, destacam-se duas questões. Em primeiro lugar, a natureza dialética que caracteriza a relação entre (obutchénie)3 e
(desenvolvimento) na pespectiva vigotskiana. Em segundo, o papel que se atribuí ao processo de obutchénie no desenvolvimento do psiquismo humano. Segundo o autor, a organização adequada desse momento não apenas conduz ao desenvolvimento, mas o condiciona e evoca sem ser sua causa. Antes de Vigotski, e ainda depois dele, os temas sobre obutchénie e desenvolvimento têm sido caros para a pedagogia e a psicologia em suas diferentes abordagens. A relação entre ambos conceitos se constitui objeto nesses campos de conhecimento assumindo compreensões bastante distintas, muitas vezes, antagônicas sobre o lugar que ocupam e o papel que desempenham; sobre a força motriz que os compõem e sua importância no processo de constituição da psique humana e, num sentido mais amplo, da própria humanidade. Há um ponto de vista que os considera como processos independentes entre si; há outro em que eles aparecem como um único processo, suas essências compreendidas como idênticas; e, por m, um terceiro ponto de vista, que considera a obutchénie enquanto desenvolvimento, mas não como sinônimos. Desde a primeira metade do século passado, a Psicologia Histórico-cultural, da que Vigotski e Rubinstein de maneira paralela assentaram as bases (com grupos de numerosos colaboradores: A. N. Leontiev, A. R. Luria, A. V. Zaporozhots, D. B. Elkonin, L. Bozhovich, B. G. Ananiev, B. F. Lomov, etc.), vem construindo uma posição diferente, ao estabelecer um novo tipo de relação entre os componentes que integram esse processo, visto como unidade dialética na qual a obutchénie assume papel de “alavanca” do desenvolvimento psíquico humano, precedendo-o.
3 A palavra russa “ ” será aqui tratada sob a graa “obutchénie” assim entendida: “Transliteração para Língua Portuguesa da palavra russa “ ”, […] “é a forma nominal associada ao verbo ativo uchit’, (“to teach”) e ao verbo reexivo uchit’sia (“to be taught”, “to learn through instruction”, “to study”).” (Rieber; Carton, 1987, p.388, nota 11; apud Prestes, 2010, p.184). Não se trata, portanto, de ensino; tampouco de aprendizagem. Não se localiza na ação do educador, nem do aprendiz, contempla o processo enquanto totalidade, tomando o ensino e a aprendizagem numa unidade. Por isso, a diculdade de encontrar um termo em nossa língua que melhor traduza essa ideia de totalidade, razão pela qual aqui traremos o próprio conceito em sua forma transliterada: Obutchénie” (Longarezi, 2017, p.4).
3 A palavra russa “ ” será aqui tratada sob a graa “obutchénie” assim entendida: “Transliteração para Língua Portuguesa da palavra russa “ ”, […] “é a forma nominal associada ao verbo ativo uchit’, (“to teach”) e ao verbo reexivo uchit’sia (“to be taught”, “to learn through instruction”, “to study”).” (Rieber; Carton, 1987, p.388, nota 11; apud Prestes, 2010, p.184). Não se trata, portanto, de ensino; tampouco de aprendizagem. Não se localiza na ação do educador, nem do aprendiz, contempla o processo enquanto totalidade, tomando o ensino e a aprendizagem numa unidade. Por isso, a diculdade de encontrar um termo em nossa língua que melhor traduza essa ideia de totalidade, razão pela qual aqui traremos o próprio conceito em sua forma transliterada: Obutchénie” (Longarezi, 2017, p.4).
No texto de Vigotski em epígrafe, escrito em 1933/1934, mas só publicado em 1956, destacam-se duas questões. Em primeiro lugar, a natureza dialética que caracteriza a relação entre (obutchénie)3 e
(desenvolvimento) na pespectiva vigotskiana. Em segundo, o papel que se atribuí ao processo de obutchénie no desenvolvimento do psiquismo humano. Segundo o autor, a organização adequada desse momento não apenas conduz ao desenvolvimento, mas o condiciona e evoca sem ser sua causa. Antes de Vigotski, e ainda depois dele, os temas sobre obutchénie e desenvolvimento têm sido caros para a pedagogia e a psicologia em suas diferentes abordagens. A relação entre ambos conceitos se constitui objeto nesses campos de conhecimento assumindo compreensões bastante distintas, muitas vezes, antagônicas sobre o lugar que ocupam e o papel que desempenham; sobre a força motriz que os compõem e sua importância no processo de constituição da psique humana e, num sentido mais amplo, da própria humanidade. Há um ponto de vista que os considera como processos independentes entre si; há outro em que eles aparecem como um único processo, suas essências compreendidas como idênticas; e, por m, um terceiro ponto de vista, que considera a obutchénie enquanto desenvolvimento, mas não como sinônimos. Desde a primeira metade do século passado, a Psicologia Histórico-cultural, da que Vigotski e Rubinstein de maneira paralela assentaram as bases (com grupos de numerosos colaboradores: A. N. Leontiev, A. R. Luria, A. V. Zaporozhots, D. B. Elkonin, L. Bozhovich, B. G. Ananiev, B. F. Lomov, etc.), vem construindo uma posição diferente, ao estabelecer um novo tipo de relação entre os componentes que integram esse processo, visto como unidade dialética na qual a obutchénie assume papel de “alavanca” do desenvolvimento psíquico humano, precedendo-o.
Apresentação • 9 4 # ,
$ , $ , ! % . %,
. & ' , !
, ! %
. " $ %
. * . * , $
, , , %! % , , $ !
. + % ', % !
. % ,
Segundo Van der Veer e Valsiner (2009), no nal de sua vida Vigotski volta a examinar os problemas de ensino na escola, com foco na relação entre educação e desenvolvimento. Esses autores comentam que Vigotski aborda pela primeira vez essa relação em 1933 para seus alunos no Instituto Pedagógico Herzen (localizado na atual São Petersburgo) e pela última vez no capítulo 6 do livro Pensamento e Fala escrito em 1934, intitulado Estudo do desenvolvimento dos conceitos cientícos na infância (Vigotski, 1934/2012c). Nos meses que compreendem esse período, fez várias palestras sobre o assunto, aplicando-o a problemas práticos e temas teóricos (Nascimento, 2014, p.244).
Foi, então, na década de 1930, que Vigotski identica e analisa os diferentes pontos de vista concernentes às formas de se abordar o ensino e o desenvolvimento nas suas possibilidades de relação; assume uma posição crítica frente a elas e direciona-se para uma perspectiva nova.
sivel (Vigotski, 1999, p.236).4 limites de um período determinado pela zona de desenvolvimento posPortanto, a obutchénie apenas pode ser frutífera quando acontece nos volvimento... possivel. É nisto que consiste o papel principal da obutchénie no desen-
A obutchénie seria inútil se usasse apenas o que já está maduro no de-
encontravam em fase de amadurecimento e na zona de desenvolvimento
senvolvimento, se ela mesma não fosse fonte de desenvolvimento e de
ela desperta e provoca o surgimento de uma série de funções que se
criação de algo novo...
A obutchénie só é boa quando está à frente do desenvolvimento. Assim,
A obutchénie só é boa quando está à frente do desenvolvimento. Assim,
criação de algo novo...
ela desperta e provoca o surgimento de uma série de funções que se
senvolvimento, se ela mesma não fosse fonte de desenvolvimento e de
encontravam em fase de amadurecimento e na zona de desenvolvimento
A obutchénie seria inútil se usasse apenas o que já está maduro no de-
possivel. É nisto que consiste o papel principal da obutchénie no desenvolvimento...
Foi, então, na década de 1930, que Vigotski identica e analisa os diferentes pontos de vista concernentes às formas de se abordar o ensino e o desenvolvimento nas suas possibilidades de relação; assume uma posição crítica frente a elas e direciona-se para uma perspectiva nova.
Portanto, a obutchénie apenas pode ser frutífera quando acontece nos limites de um período determinado pela zona de desenvolvimento possivel (Vigotski, 1999, p.236).4 4
# ,
$ , $ , ! % . %,
. & ' , !
, ! %
. " $ %
. * . * , $
, , , %! % , , $ !
. + % ', % !
. % ,
Apresentação • 9
práticos e temas teóricos (Nascimento, 2014, p.244). período, fez várias palestras sobre o assunto, aplicando-o a problemas na infância (Vigotski, 1934/2012c). Nos meses que compreendem esse 1934, intitulado Estudo do desenvolvimento dos conceitos cientícos e pela última vez no capítulo 6 do livro Pensamento e Fala escrito em no Instituto Pedagógico Herzen (localizado na atual São Petersburgo) Vigotski aborda pela primeira vez essa relação em 1933 para seus alunos ção entre educação e desenvolvimento. Esses autores comentam que volta a examinar os problemas de ensino na escola, com foco na relaSegundo Van der Veer e Valsiner (2009), no nal de sua vida Vigotski
10 • Andréa Maturano Longarezi | Roberto Valdés Puentes
10 • Andréa Maturano Longarezi | Roberto Valdés Puentes
Nesse mesmo sentido, armou:
%
,
, (" , 1999, p.236). 5 @&@&@&", 2012).
Na sequência, o professor propõe que os estudantes igualem a medida dos volumes de líquido dos dois recipientes, com a seguinte condição: o recipiente com menor volume de líquido deverá atingir o mesmo volume do outro. Para tanto, acrescenta-se líquido no primeiro recipiente até atingir o nível de líquido do segundo, a diferença (ilustração 3). O mesmo procedimento é realizado com os segmentos, ou seja: o comprimento do menor é prolongado até atingir a medida do comprimento do outro. Para nalizar, os estudantes destacam, no segmento alterado, a diferença entre as medidas iniciais e nais representativas dos volumes ( et. al., 2012; @; # ;