Educação e a Crise do Capitalismo Real. [6a ed.] 9788524916168


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Portuguese Pages 240 [120] Year 2010

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Educação e a Crise do Capitalismo Real. [6a ed.]
 9788524916168

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Gaudêncio Frigotto

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Frigotto, Gaudêncio Educação e a crise do capitalismo real / Gaudêncio Frigotto. - 6. ed. - São Paulo: Cortez, 2010.

Educação e a crise do capitalismo real

ISBN 978-85-249-1616-8 1. Desemprego 2. Educação profissional 3. Sociologia educacional4. Trabalho e classes trabalhadoras - Educação L Título.

10-05930

6a edição

CDD-370.113 índices para catálogo sistemático:

1. Crise do trabalho: Efeitos da educação

370.113

@CDRTEZ

~EDITOR~

EDUCAÇÃO E A CRISE DO CAPITALISMO REAL Gaudêncio Frigotto Capa:aeroestúdio Preparação de originais: Elisabeth S. Matar Revisão: Maria de Lourdes de Almeida Composição: Linea Editora Ltda. Coordenação editorial: Danilo A. Q. Morales

Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida expressa do autor e do editor. © 1995 by Gaudêncio Frigotto Direitos para esta edição CORTEZ EDITORA Rua Monte Alegre, 1074 - Perdizes 05014-001-

São Paulo - SP

Tel.: (11) 3864-0111

Fax: (11) 3864-4290

E-mail: [email protected] www.cortezeditora.com.br Impresso no Brasil-

setembro de 2010

ou duplicada sem autorização

Em memória ao meu velho pai Miguel Domingos, de quem guardo imensa saudade. À lrma que, com dignidade, luta por ver reconhecidos seus direitos de mulher camponesa e que me dá força nos pequenos e grandes embates. À Edith Ione, companheira no amor, nos sonhos e na construção humana e intelectual. À Giovana, Larissa e Alexandra que me asseguram sem dizê-Ia, que é preciso ter utopia, pois nela reside a esperança de um novo modo de fazer a aventura humana. Às Sandras e aos Eribertos, símbolos de uma nova consciência que emerge das classes populares historicamente silenciadas pela violência, arbítrio e exclusão social.

lêCDRTEZ

'5EDITORA

Sumário ,'i Ias

9

Pr fácio

11

Introdução..................................................................................... 17 I. A EDUCAÇÃO COMO CAMPO SOCIAL DE DISPUTA HEGEMÔNICA......................................................................

27

A segmentação e fragmentação como estratégias da subordinação dos processos educativos ao capital...

32

1.

2. A educação alçada a capital humano -

uma esfera específica das teorias de desenvolvimento......

43

3. Os homens de negócio, a sociedade do conhecimento

e o fim da sociedade do trabalho................................. 11. NATUREZA, ESPECIFICIDADE E CUSTOS HUMANOS DA CRISE DOS ANOS 1970-1990

56

63

1. Natureza e especificidade da crise: o esgotamento

do Estado de Bem-Estar e do modelo fordista de acumulação e regulação social., :..................... 66 1.1 A natureza estrutural da crise

67

1.2 A especificidade da crise do Estado de Bem-Estar e do modelo fordista de regulação social............

73

2. Os caminhos alternativos de enfrentamento da crise..

83

3. Os custos sociais e humanos da alternativa

neoconservadora

,

89

GAUD~NClO FRIGOTTO

8

11I. O FIM DA SOCIEDADE DO TRABALHO E A NÃO CENTRALIDADE DO TRABALHO NA VIDA HUMANA...............................................................................

~CDRTEZ

~EDITOR~

9

97

1. A crise da sociedade do trabalho e a não

centralidade do trabalho...............................................

98

1.1 Claus Offe e a tese da perda da centralidade do trabalho na vida social......................................

102

1.2 Adam Schaff e o anúncio do fim do trabalho abstrato na sociedade inÍormática

106

1.3 Robert Kurz e o colapso da modernização: a crise do trabalho abstrato....................................

110

2. Da compreensão da crítica da centralidade do

trabalho à crítica da crítica IV. EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO HUMANA: AJUSTE NEOCONSERVADOR E ALTERNATIVA DEMOCRÁTICA....................................................................

114

ANPEd Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação BlO Banco Interamericano de Desenvolvimento BIRO Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento

144

CAM Computer Aided Manufacturing CBAl Comissão Brasileiro-Americano de Educação Industrial

1. Os apologetas da sociedade do conhecimento e os

homens de negócio blefam e apostam no cinismo?

Siglas

146

COA Computer Aided Design

2. Formação e qualificação abstrata e polivalente e

CEPAL Comissão Econômica para a América Latina e Caribe

a defesa do Estado mínimo: a nova (de)limitação do campo educativo na lógica da exclusão

CESIT Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Universidade Estadual de Campinas - SP)

149

CIAC Centro Integrado de Atenção à Criança

3. A formação humana unitária e politécnica:

CIEP Centro Integrado de Educação Pública

o horizonte dos processos educativos que se articulam aos interesses da classe trabalhadora

182

3.1 Escola unitária e politécnica: a formação na óptica da emancipação humana............................

184

3.2 A dilatação da esfera pública: da resistência à alternativa política ao neoconservadorismo na educação..............................................................

INTERFOR Centro Interamericano de Pesquisa e Documentação sobre Formação Profissional CNI

Confederação Nacional da Indústria

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico 194

OOEPLAN Companhia do Desenvolvimento do Planalto Central CRUB Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras

V. CONCLUSÃO

Referências bibliográficas............................................................

207 221

CUT Central Única dos Trabalhadores FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo FMI Fundo Monetário Internacional

10

GAUDtNClO FRIGOnO

GAIT

Acordo Geral de Tarifas e Comércio

IBAD

Instituto Brasileiro de Ação Democrática

IBGE

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IEDI

Instituto de Estudos para o Desenvolvimento

IEL

Instituto Euvaldo Lodi

lliL

Instituto Herbert Levy

IPES

Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais

LDB

Lei de Diretrizes e Bases

OEA

Organização

dos Estados Americanos

OIT

Organização

Internacional

ONU

Organização

das Nações Unidas

OREALC PNUD PT

das Nações Unidas para o Desenvolvimento

Partido dos Trabalhadores Serviço Nacional da Aprendizagem

Comercial

SENAI

Serviço Nacional de Aprendizagem

Industrial

UNESCO USAID

Prefácio

do Trabalho

SENAC

TWI

11

Industrial

Oficina Regional de Educación para America Latina y Caribe Programa

taCDRTEZ ~EDITORr:l

Trainning Within Industry Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura United States Aid Internacional

Development

Os socialistas estão aqui para lembrar ao mundo que em primeiro lugar devem vir as pessoas e não a produção. As pessoas não podem ser sacrificadas. Nem tipos especiais de pessoas - os espertos, os fortes, os ambiciosos, os belos, aquelas que podem um dia vir a fazer grandes coisas - nem qualquer outra. Especialmente aquelas que são apenas pessoas comuns (...). É delas que trata o socialismo; são elas que o socialismo defende. O futuro do socialismo assenta-se no fato de que continua tão necessário quanto antes, embora os argumentos a seu favor não sejam os mesmos em muitos aspectos. A sua defesa assenta-se no fato de que o capitalismo ainda cria contradições e problemas que não consegue resolver e que gera tanto a desigualdade (que pode ser atenuada através de reformas moderadas) como a desumanidade (que não pode ser atenuada). ERIC HOBSBAWM (1992b)

/\ pígrafe de Hobsbawm é apropriada para começar estas I 11'('V 'S palavras sobre o novo livro de Gaudêncio Frigotto. Não IIII( 'nc porque o historiador inglês constitui urna das referências 111'1'111, nentes (tácitas ou explícitas) desta obra, mas também !lI )I'q LI o seu conteúdo resume três das principais razões que 111' (')'1 tam a estimulante reflexão teórica aqui proposta pelo 1111101' do presente volume. Primeiramente, a necessidade de

12

GAUD~NClO FRIGOnO

pensar as condições históricas que dão origem à profunda crise que atravessa hoje o capitalismo real, ultrapassando as visões apologéticas e apocalípticas. Em segundo lugar, a opção por realizar essa tarefa partindo de uma reflexão rigorosamente crítica desde a perspectiva do materialismo histórico; um materialismo histórico renovado e capaz de reformular-se ele próprio à luz do colapso do socialismo soviético e da queda dos regimes comunistas da Europa Oriental. Por último, embora certamente não menos importante, o livro de Frigotto propõe um enorme desafio ético: pensar e compreender a crise do capitalismo desde um renovado enfoque socialista como forma de contribuir para a construção de uma sociedade democrática e radicalmente igualitária, fundamentada nos direitos e que respeite as diferenças, a diversidade, uma sociedade - segundo Hobsbawm - de pessoas comuns, das maiorias, justamente aquelas condenadas pelo mercado à mais absoluta miséria. Este livro, de alguma forma, é a continuação mais eloquente de A produtividade da escola improdutiva, texto que ainda hoje continua sendo de consulta obrigatória para aqueles que desenvolvem pesquisas na área de Educação e Trabalho. Essa linha de continuidade entre duas obras separadas por uma década constitui, ao mesmo tempo, um dado alentador e trágico. Alentador, porque Frigotto continua discutindo de forma clara e decidida os enfoques economicistas que reduzem a educação a um mero fator de produção, a "capital humano". Trágica, porque ainda hoje esta última perspectiva continua expandindo-se com novas roupagens, com inéditas e sedutoras máscaras que convencem, inclusive, muitos intelectuais que as combatiam no passado. Tal continuidade entre ambos os trabalhos não deve nos fazer pensar que, em seu novo livro, Frigotto limita-se a denunciar que" o velho" ainda não morreu e que" o novo" é apenas uma armadilha que encobre um status quo imune ao passar do tempo. Justamente um dos valores mais destacados deste trabalho reside em que o autor pretende discutir a racio-

II>UCAÇAo

E A CRISE DO CAPITALISMO REAL

13

nnlidade (ou irracionalidade) que encerram os enfoques do 1)' capital humano no atual contexto de profundas mudanças vividas pelas sociedades de classe neste fim de século. A espedfi idade da crise estrutural que atravessa hoje o capitalismo tra! é o marco no qual cobram materialidade as perspectivas liis utidas por Gaudêncio neste novo livro. De fato, o contexto mais amplo da reestruturação capitaIisla contemporânea no plano político, econômico, jurídico e \. lucacional funciona como um enquadramento iniludível pura avançar tanto na crítica teórica aos enfoques apologéticos cln ociedade pós-industrial, quanto para recusar as saídas in ividualistas e místicas que acabam defendendo os intelecI~I is apocalípticos. Educação e a crise do capitalismo real é um Ii v 1'0 para ser lido à luz da atual hegemonia dos regimes neoIil crais e neoconservadores (tanto na América Latina quanto ('lI um número nada desprezível dos países do Primeiro Mundo), e reconhecendo as novas condições materiais e cullu rais criadas a partir da crise do regime de acumulação fordi ta, de seus Estados de Bem-Estar e da própria reorganiza~'J (ou desorganização) da classe operária que é derivada de I,) l processo. E aqui cobra sentido a dupla tarefa crítica à qual se propõe l'rigotto.

Em primeiro lugar, discutir as novas concepções do "capital humano" que se respaldam na suposta legitimidade das I' es do fim da história e das ideologias, segundo as quais (e nfortunadamente) o mundo é e será para sempre capitalista. A r' usa de tais perspectivas conduz o autor a discutir a validade 1