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Portuguese Pages [125]
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NAVIOS PORTUGUESES NO ORIENTE SÉCULO XVI
TELMO GOMES
NAVIOS PORTUGUESES NO ORIENTE /
SECULO XVI
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Com os meus agradecimentos ao senhor Comandante Saturnino Monteiro e ã Livraria Sá da Costa Editora, pelas facilidades concedidas.
• Contar-te longamente as perigosas Coisas do mar, que os homens não entendem. .. • Lu1s
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CAMól!s -
Os Lusíadas
PREFÁCIO Portugal, todos sabemos, ocupa a maio r parte da costa ocide ntal da península Ibérica e, por consequência, o ma r é a sua vocação mais dete rminante. A p ró pria designação do nosso País vem dum porto e as embarcações são o meio de responder a este desafio q ue irá ser uma constante. Ao longo da nossa histó ria, as diversas e mbarcações portuguesas desce ndem de o utras que foram utilizadas pelos povos que aqui se estabeleceram antes da formação de Po rtugal. Por isso, essas embarcações acusam influê ncias que r do Norte da Europa quer da bacia mediterrânica. O que é certo é que no século xv dispunhamos de facto quer das embarcações que r dos meios técnicos que nos levaram a organizar a aventura dos Descobrime ntos e marcar o comacto com ho rizontes igno rados, outros povos e outras civilizações. Os Descobrime ntos confirmaram de facto o nosso carácte r como povo e marcam ainda, na me mó ria viva da co munidade de língua portuguesa, os passos a que o futuro insiste nteme nte nos chama. Assinalo com agrado a coragem do autor em afirmar a grandeza de q ue os Portugueses foram capazes, nesta época que deliberadamente tudo ig nora, e, ao mesmo tempo, desenvolver com mestria e tale nto o texto a poiado na docume ntação e numa cuidada investigação e as image ns que nos ap roximam dessa realidade que o véu do te mpo parece ocultar. Esta obra será um útil instrume nto pa ra p ro fessores e investigado res ela maté ria e constitui um valioso docume nto pela forma sistemática e clara como Telmo Gomes nos apresenta o seu estudo .
A História O Mar
Os Navios Tudo isto sempre me fascinou . E ao reler Camões, Castanheda, Diogo do Couto, Gaspar Correia, ou ao voltar a fo iiH:ar vezes sem conta os Roteiros de D. J oão de Castro, o Livro das Armadas, Lisuarte de Abreu, a preciosa cartografia , os portulanos e tantos e tantos o utros que nos fa lam da gesta maravilhosa dos Portugueses no Oriente onde realizaram feitos espantosos, a minha imaginação voa e parece que vejo os navios, o iço os gritos dos ho me ns e os tiros das bombardas ... São recordações de factos, de nautas, de embarcações e de muitos outros pormenores que nunca será por de mais fazer reviver e divulgar. Na cre nça de que uma imagem vale mais que mil palavras, e após exaustiva procura e reconstituição de elementos históricos de todos conhecidos, conto através das minhas gravuras aquilo que outros têm contado pela escrita. Não é certamente um trabalho de investigação, longe disso, mas sim e apenas de divulgação, e uma sentida home nagem a esses homens e a esses navios •pelo muito que fizeram na Arábia, Pé rsia e Índia•, ajudaram a construir um Império e mudaram a História do Mundo. Telmo Gomes
INTRODUÇÃO Em Maio de 1498, a Armada de Vasco da Gama atingia as praias do Malabar; p e la primeira vez na História da Humanidade, europeus a lcançavam as costas indianas por via exclusiva mente ma rítima. Os motivos que atraíram os navios portugueses ao Orie nte confunde m-se com os que nos três quartos ele século a nteriores os tinham levado a sulca r os ma res, inicia ndo e ntão a ·descompa rtime ntação· do Mundo. A Índia tinha-se conservado miste riosamente afastada, d esconhecendo o mundo ocidental, e nunca nenhum monarca indiano havia pe nsado na Eu ropa senão quando em 1498, um dia ao pôr do Sol, três navios desbaratados e ntraram e m Calecut. O fo rmigue iro da multidão o riental juntou-se na praia a olhar as estranhas embarcações e os homens desconhecidos que vinham dos fins elo Mundo; e com a lua que morria, acabou uma época na Histó ria da Humanidade . O esp lê ndido isolame nto do O rie nte acabava p ara sempre . De 1498 a 1591, os Portugueses foram o único povo e uropeu a p e ne trar no mundo asiático. A circum-navegação da África exigiu o itenta e três anos de sacrifício e obstinação: o Catai, a actual China, foi alcançado cem anos após o início da aventura portuguesa, e o Japão trinta an os depois, em 1543. O emp reendime nto maravilhoso dos Portugueses não se mediu e m anos, mas sim e m gerações. Q uando , passado século e me io, se e ncerrou o pe ríodo mais significativo da presença portuguesa na Ásia, as alterações que daí haviam resultado para o contine nte não e ram talvez de monta; mas as suas costas, e principalmente o oceano que lhes dá vida (o Índico) , não eram os mesmos que tinham visto chegar as naus de Vasco da Gama. A presença portuguesa estabeleceu uma nova ligação com o contine nte e urope u através dos oceanos; d eu a conhecer a civilização ocid ental e a sua re ligião; impôs uma nova ordem sobre as águas, unindo definitiva mente o destino dos Asiáticos ao dos Europeus.
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COM OS OLHOS NO HORIZONTE DO ORIENTE Um dia, naus com a Cruz de Cristo nas velas e estandartes multicores ao vento , aportavam a esse mítico Oriente . Portugal chegava! ·Mas da sobe rba Europa navegando , Vamos buscando as terras apartadas Da Índia, grande e rica, por mandado De um Rei que temos, alto e sublimado· LUi S DE CAMÕES -
Os Lusíadas
Resistindo aos conselhos de fidalgos da sua casa, que apontavam os inconvenie ntes de se descobrir o caminho marítimo para a Índia, D. Manuel resolve prosseguir nesse descobrime nto. Encontrando-se e m Mo ntemor, ma nda chamar Vasco da Gama e os capitães que seguiam na sua companhia, e a todos falou sobre as grandezas que tal viagem podia trazer para o Re ino . ·Com a mão sobre a imagem de Cristo, jurou: Eu Vasco da Gama, que agora por mandado de vós, mui alto e poderoso Rei, meu Senhor, vou descobrir mares e as te rras do Oriente da Índia, e juro pelo sinal desta Cru z onde ponho as mãos, que po r serviço de Deus e Vosso, eu a ponho asteada e não dobrada ante a vista dos gentios, e que com todos os perigos de água, fogo e ferro, sempre a guardarei e defende rei até à morte.· ·Em nome de Deus, ámen! Na e ra de 1497 mandou El-Rei D. Manuel, o primeiro deste nome em Portugal, a descobrir quatro navios, os quais iam e m busca da especiaria, e dos quais navios ia por capitão-mor, Vasco da Gama. Partimos do Restelo um sábado, que eram oito dias do mês de Julho da dita e ra de 1497, seguindo nosso caminho, que De us Nosso Senhor deixe acabar e m seu serviço, ámen.• Já sobre a barra baloiçavam as naus! Cada mastro levava bandeiras e galhardetes a drapejar ao vento, e as velas e no rmes, que pe ndiam das vergas, ostentavam a Cru z de Cristo! As bocas das bombardas saíam ameaçadoras dos costados, e em cima da coberta o bronze da artilharia luzia os raios do sol. Le ntame nte , as naus içam as grandes velas para ir e nfunando ao vento, tal asas de aves marinhas pairando no horizonte, até mergulhare m no azul infinito do mar. A 8 de Julho, os navios largam rumo aos mares o nde nasce o Sol ... O primeiro e ra a S. Gabriel, no qual seguia Vasco da Gama, o segundo a S. Rafael, comandado por Paulo da Gama, seu
irmão, e o terceiro a B érrio, sob as ordens de Nicolau Coelho; e na sua esteira a nau de mantime ntos comandada po r Gonçalo Nunes. A armada toca em S. Tiago, Cabo Verde, e de po is e m Santa He le na. Segue avante e , a 20 de Nove mb ro , d obra o cabo da Boa Espe rança, tocando em Moçambique e em Mombaça , o nde mete piloto árabe que a leva até Calecut. Chega, po r fim , a 20 d e Maio de 1498, princípio de Inve rno naquela terra. A grande viagem e aventura estavam te rminadas. Pouco depois, Vasco da Gama manda recado ao Samorim (senhor do mar), a quem pede audiê ncia, entregando-lhe duas cartas crede nciais do Re i de Portugal, uma em português o utra em árabe, com propostas de comércio que pretendia fazer ·de sedas, ouro, pratas e outras preciosas me rcadorias, em troca de p ime nta e muitas especiarias, ficando o Samorim apare nteme nte satisfeito com as propostas·. Após te r conside rado cumprida a sua missão, Vasco da Gama larga de Calecut de regresso ao Reino, e em princípios de Sete mbro, •todo e ngalanado nas vestes e nas naus•, entra na barra de Lisboa de regresso da ~loriosa viagem da Descoberta do Caminho Marítimo para a India. D. Manuel realizara o seu sonho, e Vasco da Gama cumprira o seu jurame nto. O empreendimento e m que uma ge ração inteira se tinha gasto fora, e nfim, coroado de êxito retumbante. Estavam finalmente abertas, de par em par, as portas do Oriente que durante mil e quinhentos anos se conservara fechado à Europa. De Taprobana e Malabar até Constantinopla , Danúbio acima quase até Viena, o turco manda! Qual gigantesco polvo, este nde os seus b raços por sobre o Oriente, domina e comanda tudo o que é grande e rico e, através de Ve neza, uma Europa depe nde nte e amedrontada sorve os restos que lhe atira desdenhoso o magnífico Islão ...
E é no meio deste panorama, ao findar de um século, a 11 de Maio de 1498, que alguns olhos curiosos e espantados vêem aportar ao Malabar três frágeis embarcações, vindas sabe-se lá de onde, de que profundezas do mar! ... Trazem nas velas sinais nunca vistos, falam uma língua que ninguém e ntende e parecem gastos por uma jornada de um século!... Velas gastas e rotas pelos ventos de muitos mares. E, nessa noite, brilho u com mais fulgor o Cru zeiro do Sul; e o crescente da lua, ao morrer no mar, tinha um rasto mais dé bil! ... 3
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PODER NAVAL ·Saiba certo que, e nqua nto no ma r fo rdes pode roso, tere is a Índia por vossa, e se isto não tiverdes no mar, pouco vos prestará forta lecer em te rra ... • (carta de D. Francisco de Almeida a El-Rei D. Manuel)
Nos finais do século xv, o Índico e ra um lago muçulmano. Com o aparecime nto das prime iras frotas portuguesas no litoral do Malabar, os islamitas tomaram consciência de que •OS ventos da monção· passariam a trazer consigo novos navios cristãos todos os anos. A inexistê ncia de poderosas frotas que fizessem frente aos Portugueses e ra justificada pela re ligião hind u, que considerava impuros os qu e navegavam pelos mares, o que levou a um profundo desinte resse pela navegação por parte dos governantes indianos. Segundo a tradição, ao re i cabia governar a te rra e não interferir nos assuntos do mar. Este factor inibidor tinha dado aos Muçulmanos o controlo do Oceano; e não que re ndo perdê-lo, e les lançaram-se na guerra contra os Portugueses, mal estes chegara m e rompe ram a Pax Islamica nos mares da Índia. Tendo sempre o mar como travemestra na vida e na política naciona l, D. Manue l, em 1500, tinha pensado que bastaria instalar fe ito rias nas p rincipais cidades da costa indiana e fazer amizade com os reis locais para se ap oderar do monopólio das especiarias. Em 1502, havia che gado à conclusão de g ue, além das feitorias, era també m necessário manter na India uma armada p e rmane nte p ara as proteger. Veria depo is que isso ainda não e ra bastante: era também necessário construir fortalezas e m todos os locais onde havia feitorias, não só pa ra maio r segurança destas, como também pa ra servirem de apoio às armadas. Em pouco mais de quatro anos, os Po rtugueses tinham descoberto a ·fórmula mágica· que lhes iria d ar, d ura nte mais de um século, o domínio militar, político e económico do oceano Índico: o trinómio Feitoria-Fortaleza-Armada. Os ares do Malabar são tu rvos e estranhos! ... Há grandeza na pompa e gra ndeza no ó dio! E os e missários do grande re i desconhecido , que deram voltas a te rras e a mares que ningué m mais conhece, trazem nos lábios pa lavras de paz e amizade. E o mouro vê com espanto surgir do Sul, despontar da infinita, desconhecida e negra imensidão do Mar A ustralis a cru z que se agiganta, hora a hora, dia a d ia, a no a ano ... E o aráb ico, cam po sacrossanto de heroísmo e glórias, é teatro de lutas e embates que deixam, de onde em onde, tintas de sangue as su as águ as claras, mo rnas e tra nq uilas. De Guardafui a Cambaia cruzam naus portuguesas; de Cambaia a Camarim são as velas cristãs que comandam o mar. Há feitorias na costa e EI-Rei é senho r do comé rcio!
Esboça-se um império. Constroem-se fortale zas e firma-se a paz. Apartadas a Cochim, parte m as a rmad as para Adé m , Socoto rá, Maldivas e Ceilão; a partadas a Malaca, partem para as Ma lucas, Sião e China; a pa rtadas à China, chegam ao Japão; apartadas às Malucas, chegam à Austrália ... Mas o mar não tinha caminhos marcados po r onde os navios caminhassem. O mar era e no rme ! Durante século e me io , e m todos os mares, os navios de Portugal estiveram presentes, dia a pós dia, noite após noite . E como que numa nova cruzada, os navios transformaram-se na cavalaria do mar, apenas com a dife re nça de que a Cruz de Cristo não era usada no pe ito, mas nas velas e nos estandartes. O pode rio dos Portugueses, impondo-se como Imperado res do Mar, assento u fundamentalme nte na supe rioridade da sua estratégia naval. E a elevada e ficácia da sua artilha ria, a liada à mobilidade dos navios, pe rmitiu que as a rmadas portuguesas se superio rizassem, p or vezes com grande facilidade, às dos seus adversários.
E OS OCEANOS IAM CONHECENDO A CRUZ DE CRISTO! Nos começos do século XVI, a Europa ainda vivia dominad a pelo terror dos Turcos que se encontravam a curta distâ ncia de Vie na e infestava m o Medite rrâneo com as suas armadas. Para os Europe us, Meca, a cidade santa dos Muçulmanos, era qualq ue r coisa de inacessível. Nestas cond ições, poderá imagina r-se o e feito produzido pe la notícia de q ue os navios do Rei de Portugal, depo is de terem contornado a África p or caminhos só deles conhecidos, tinham tido a audácia de ir ·desafiar• a armada do Sultão do Cairo, mesmo às po rtas de Meca! Parecia um acontecime nto impe nsável, uma coisa fa ntástica, um feito prodigioso! Os navios portugueses tinham atingido Tor, cidade situada à entrada do golfo de Suez, no sopé do Monte Sinai. Nesse lugar, de entre todos sagrado, estava edificado o lendário Mosteiro de Santa Catarina, onde monges cristãos, à sombra da tolerância turca, levavam uma vida de penitência e meditação. Mas eis que a sua quietude é subitame nte abalada pelo ribombar dos canhões ali tão perto! São os navios do Rei de Portugal que, vindos do cabo do Mundo, por mais incrível que p udesse parecer, estavam ao largo de Tor, ostentando nas suas velas e nas suas bandeiras a Cruz de Cristo. A emoção causada pela presença de navios p ortugueses a tão curta d istância do Cairo foi enorme , ta nto na Índia, como na Turquia, como na Europa . Tinham chegado até onde parecia impossível! 5
O Monte Sinai e o Suez eram o coração do inimigo. Durante o século XVI fo ram a fronteira entre o cristianismo e o islamismo. Durante os reinados de D. João III e D. Sebastião, o Império Português da Índia continuava rico e poderoso , praticame nte auto-suficiente em relação à metró pole, não tendo parado ainda de se expandir. Foi durante o re inado de D. João III que os navios de Portugal chegaram a Suez e Baçorá, e ntraram no Indo e alcançaram as costas lo ngínquas do Japão, coisa que nem Gregos, nem Ro manos, nem nenhum outro povo do Ocidente tinha jamais sonhado, quanto mais realizado! A verdade é que graças ao poder naval, utilizado pela prime ira vez na Histó ria da Humanidade à escala planetária, Portugal tornara-se indiscutivelmente uma das grandes potências da Europa e dominava toda a imensa orla marítima do Brasil, da África negra e da Ásia das monções. Domínio esse que conservou intacto até aos começos do século XVII. Em toda a costa ocide ntal da Índia, de Diu até à ponta de Galle, no extremo sul de Ceilão, o domínio do mar pe los Portugueses era absoluto. E de tal modo que nenhum
navio de certa dimensão se atrevia a navegar sem ir munido de um ·carra z· (espécie de salvo-conduto), passado pelo capitão de qualquer das inúmeras fortalezas po rtuguesas existentes ao longo das costas. No reinado de D. João III, o pode r naval português no Oriente atingiu o zénite. Diz Diogo do Couto: ·e quando foi e ntrada de Setembro (1558) tinha no rio de Goa a mais poderosa armada que a Índia teve, porque eram vinte e cinco os galeões e fustas e caravelas•, somente no rio de Goa! sem falar nos navios de El-Rei que estavam em Ormuz, Diu, Baçaim, Chaul, Cochim, Colombo, Malaca e Molucas, e dos que andavam pelo golfo de Bengala, pelo Sião e pela China! Em meados de 1571, andavam fora de Goa nada menos do que treze galeões operacionais, sem falar nos que ficaram no Mandovi, nem nos vinte de remos que constituíam a armada do Malabar, nem nos que estavam varados na ribeira de Goa! Era na verdade a maior armada do Mundo, aquela que os Portugueses possuíam na Índia no reinado de D. Sebastião. (SATURN INO M ONTEIRO - Combates e Batalhas Navais da Marinha Portuguesa - adaptado)
Galeão
O galeão Trindade, um dos mais famosos navios do seu tempo, notabilizou-se na conquista de Goa (1510) e na de Malaca (1511). Era um navio de a lto bordo, deslocando entre 500 e 600 to neladas (ou tonéis) e poderosamente artilhado. Os galeões armavam normalmente quatro mastros: o grande e o do traquete com pano redondo, e os dois de ré, o da mezena e o da contramezena, com pano latino. Possuíam gurupés com cevadeira e um beque poderoso . (recriado d e História Americae)
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Galé c nau
Era uma embarcação poderosamente armada, muito baixa e alongada, que montava entre 25 e 30 bancos de remadores, embora as suas dimensões não ultrapassassem normalmente os 40 metros. Foram muito utilizadas pelos Portugueses, sobretudo a partir do ·governo de Afonso de Albuquerque. (reconstituição artística do autor)
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Nau do trato
No Japão a aura do desconhecido e do fa ntástico pesou lo ngo tempo a nosso favor. Contavam que os Portugueses (os Namban-Jin como lhes chamavam), tinham partido de um país lo ngínquo, muito a ocidente , nos melho res e mais adequados navios jamais construídos para sulcare m os mares; que se defendiam com canhões de potê ncia e alcance superior a quaisquer outros. Com esses navios, os Namban-Jin passaram anualmente da China ao Japão, no grande ·barco negro•, carregado de mercado rias entre as quais avultavam as cobiçadas sedas, porcelanas, ouro e chumbo. Em sentido inverso, transportavam cobre, lacas e a prata fina de que fala Camões. (recriação do autor baseado em Os Biombos e a Arte Namban).
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Galeão S. Mateus
Um dos mais notáveis galeões portugueses do século XVI. Tornara-se rotina enviar todos os anos uma poderosa armada de galeões para as proximidades do cabo Guardafui, com a missão de dar caça às ·naus de Meca•. Com esta medida, os Portugueses conseguiram, por volta de 1530, interromper praticamente todo o comércio marítimo dos Turcos com o Oriente, o que apenas foi possível em virtude do imenso poder naval que os Portugueses possuíam. A armada de D. Garcia de Noronha, Vice-Rei na época, era composta por dezoito galeões, quinze naus, sete caravelas, dezoito galeotas, quarenta e dois bergantins e fustas, trinta e três catures e trinta navios diversos, guarnecidos por cinco mil soldados e mil e quinhentos marinhe iros portugueses e alguns milhares de escravos de peleja, marinhe iros e re madores canarins e malabares. (reconstituição do autor baseada num portulano da época)
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Pormenor de nau ·A bordo, os Namban-Jin (homens bárbaros vindo do Sul), descansam das suas fainas inerentes às longas navegações. Dormitam uns, conversam outros, comem ou refrescam-se com bebidas os mais graduados. As cadeiras de tesoura, em que se sentam, acharoadas de vermelho e ouro, tinham sido trazidas da China, assim como as minúsculas mesas e "caixas de vários sobrados".• Os biombos Nambam da escola de Kano caracterizam-se pela importância dada ao grande ·barco negro•, a nau portuguesa do comércio com a China. O impacte que a visão deste navio ocasionou nos artistas japoneses leva-os a exagerar-lhe o volume, a altura dos mastros, a grossura dos cabos, etc.
(recriação do autor baseada em Os Biombos e a Arte Namban).
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Caravela redonda Ou caravela de armada, e assim se chamava e m virtude de ser um tipo de e mbarcação que , pelas suas características, acompanhava as armadas como navio bate dor e de exploração. (reconstituição do autor baseada no Livro de Lisuarte de Abreu)
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Nau
A nau é classificada de •nau redonda•, em virtude de armar nos mastros, grande e traquete, pano redondo (velas quadrangulares). Possuía três mastros: o de traquete no castelo, o grande a meio, no chapitéu o da mezena, e pela proa, formando ângulo muito arrufado, o gurupés com cevadeira. (recriação do autor baseada no Ltvro das Armadas)
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Nau Po rtugal tem nas naus algu ns d os seus momentos de maio r glória e esplendo r guerreiro. Elas fo ram a toda a parte, levand o a civilização ocid ental aos confins do Mundo que os Portugueses haviam descoberto. Ex istiram mais de mil naus.
( recriação do auto r baseada no Liv ro das Arma das)
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Galeão - arte Namban
A partir 1571, a cidade de Nagazaqui to rnou-se o principal ancoradouro o nde se efectuavam as trocas comerciais e ntre portugueses e japoneses. Tendo começado por desembarcar na peque na ilha de Tanagaxima, os portugueses causaram o espanto dos habitantes como estranha gente e pelas a rmas desconhecidas que consigo traziam. O senhor local ficou de tal modo impressionado com o alca nce de tais armas que, conseguindo obter uma, a mandou imediatamente copiar e servir de modelo para a fabricação de milhares de exempla res, passando tal arma a ser designada por •tanagaxima•, que significava espingarda. (recriação do autor baseada nos Biombos Namban)
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Nau As grandes naus portuguesas, poderosas e altaneiras embarcações
de alto bordo, foram sempre utilizadas como principal supo rte do poder naval português no Oriente. No entanto, a partir de 1521 , foram postas praticamente de lado, sendo substituídas para a guerra do mar por e mbarcações próprias de cada região. Os Portugueses, embora utilizando largamente os navios de remo, sobretudo fustas, não deixaram de recorrer aos navios de alto bordo sempre que estava em causa o domínio do mar. (reconstituição do autor baseada no Livro de Lisuarte de Abreu)
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Fusta
Embarcação muito baixa e alongada, semelhante na sua silhueta a uma pequena e elegante galé. Era propulsionada a remos e vela, possuindo entre 12 e 18 bancos de remador, sendo as suas dimensões de aproximadamente 25 metros de comprimento. Armava um ou dois mastros com longas vergas de velas latinas e, eventualmente, redondas. Estava muito bem artilhada, era muito rápida e manejável, de fácil construção e, na época da monção, permanecia normalmente varada em terra. (recriação do autor baseada nos Roteiros da Índia, de O. João de Castro)
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Nau e catures As grandes naus portuguesas que até 1521 tinham sido o expoen-
te máximo do poder naval utilizado pela primeira vez na história da Humanidade à escala planetária, passaram a estar fundeadas muitas vezes em locais abrigados ao longo da costa, nas cidades onde existiam fortalezas, e principalmente em Goa, Damão, Diu e Baçaim. Como navios de apoio e combate, os Po rtugueses utilizaram em larga escala catures, pequenas embarcações de construção local que, após adaptações aconselhadas, passaram a integrar em grande número as armadas do Oriente. (composição do autor baseada nos Roteiros do Mar Roxo, de D. João de Castro)
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Galé
As galês, pelas suas características, longas, rasas, com pouco calado mas alto poder de fogo e operacionalidade, fo ram dos navios mais utilizados pelos Portugueses no Oriente, chegando a existir armadas compostas apenas por galês. Foi uma dessas armadas que, numa acção de louca temeridade, penetrou no mar Vermelho atê perto de Suez. (recriação do autor baseada nos Roteiros do Mar Roxo, de D. João de Castro)
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Nau ·As naus de Portugal para a Índia e da Índia para Portugal, Deos
as leva e Deos as traz•, erguiam com orgulho rumo aos céus catedrais de aprestos e de mastros prestes a romper-se; e as velas eram lentamente içadas, sacralizadas pelas imensas cruzes vermelhas da Ordem de Cristo, que se desfraldavem erguendo-se para o céu. (reconstituição do autor)
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Nau
Era uma poderosa e altaneira embarcação de alto bordo e armava três mastros: o do traquete no castelo, o grande a meio, com velas redondas, e, no chapitéu, o da mezena, com vela latina. As suas dimensões eram variãveis, pois existiam naus que deslocavam entre 200 tonéis e outras que atingiam os 1000 tonéis de deslocamento. Estavam poderosamente armadas, montando entre seis a dez canhões de grosso calibre, por bordo. (recriação do autor baseada no Livro das Armadas)
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OS NAVIOS ·Já no largo Oceano navegavam, As inquie tas o ndas apartando; Os ventos brandamente respiravam, Das naus as velas côncavas inchando· LUIS DE CAMÕES -
Os Lusíadas
O poder naval português no Orie nte durante o século XVI assentou fundamentalmente nos seguintes tipos de navios:
CARAVElA lATINA
A caravela latina era uma embarcação ligeira, com cerca de 50 a 100 tonéis, ap arelhando dois ou três mastros armados com velas latinas, o que a capacitava para navegar contra o próprio vento. Foi muito utilizada no século xv e princípios do século XVI, pois foi este navio q ue deu a Portugal as ho ras de maio r glória da sua epopeia nos mares. CARAVElA REDONDA ou de Armada
NAUS GALEÕES CARAVELAS REDONDAS CARAVELAS LATINAS GALÉS FUSTAS GALEOTAS BERGANTINS NAU
Era uma poderosa e altaneira embarcação de alto bordo. Tinha popa e proa alte rosas e previame nte acasteladas, com um curto beque recurvado o nde nascia a figura de proa, e a sua linha de bo rda, em curvas caprichosas, adaptava-se e acompanhava os pavimentos. Armava três mastros: o traquete no castelo, o grande ao meio, com velas redondas, e no chapitéu o da mezena, com vela latina. Pela proa , no rmalme nte muito arrufado, saía o gurupés da cevadeira. Era pode rosamente armada e deslocava habitualmente entre 200 e 800 toneladas. GALEÃO
O galeão e ra um navio de alto bordo utilizado para o transporte de cargas várias, assim como para a gue rra , e que de rivou da galé, da caravela redonda e da nau. O seu aparecimento ocorre u por volta de 1520. Era um navio menos alteroso que a nau, mas com mais quilha e menos lançamentos, e de care na mais afilada . Armava normalmente com quatro mastros: o grande e o do traquete , que mo ntavam pano redondo, e os dois de ré, o da mezena e o contramezena, com panos latinos. Possuía gurupés com cevadeira e um beque poderoso que lhe dava um ar agressivo . Ostentava na popa o chamado ·castelo· e possuía d uas ou três cobertas e, por vezes, quatro; deslocava normalmente entre 500 e 600 tone ladas e era poderosamente armado, caso do S. joão Baptista, o famoso ·Botafogo• que chegou a mo ntar cerca de 366 canhões.
Por ter de se navegar em todos os mares e aproveitar todos os ventos, construiu-se uma caravela de características totalmente novas. Era classificada navio de alto bo rdo e poderosamente armada, embora a sua tonelagem não excedesse os 150 a 180 tonéis. Armava o antigo aparelho latino de três mastros, mas foi-lhe acrescentado um mastro de traquete com aparelho redondo. Era um apare lho que lhe conferia um aspecto especialmente gracioso e elegante, e a ela se passou a chamar vu lgarme nte ·Caravela Portuguesa•. Também se chamava ·Caravela de Armada·, em virtude de ser um tipo de embarcação que acompanhava as armadas como navio de apoio, auxiliar e de exploração.
GALÉ
Era uma embarcação muito baixa e alongada, possuía e ntre 25 a 30 bancos de remadores que manejavam, cada um, um longo remo de cerca de 15 metros de comprimento apoiado sobre uma estrutura longitudinal situada no exterior do casco, chamada ·apostiça•. Este dispositivo, ao apertar o ponto de articulação do remo, funcionava com o efeito de alava nca pelo impulso que lhe davam os remadores. Para equilibrar o re mo, o punho estava carregado com chumbo. As d imensões das galés eram variáveis, mas no rmalmente rondavam os 40 metros de comprimento. Na po pa existia um espaçoso tombadilho, coberto com um to ldo, no rmalmente decorado com a cruz da Ordem de Cristo ou a Esfera Armilar, ou ainda com as cores pessoais do seu comandante. Armava um ou dois mastros com velas latinas, mas os Portugueses acrescenta ram-lhe um mastro de traquete com velas redondas, o que lhes proporcionava uma extraordinária facilidade de manobra e um melhor aproveitamento dos ventos. Armavam entre três e cinco bombardas de grande e médio calibre.
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FUSTA
Era uma embarcação muito longa, achatada de configuração, propulsionada por remos e velas . Possuía um ou dois mastros e media até cerca de 25 me tros de comprimento. Armava velas latinas e, eventualme nte, redondas. Foi um dos navios mais utilizados pelos Portugueses no século XVI, e toda a sua imagem era a de uma pequena e elegante galé. Armava normalme nte uma bombarda grossa e duas a quatro pequenas num reduto situado na proa. Possuía, como as galés, u m to ldo deco rado na popa . BERGANTIM
Era uma peque na emba rcação de proa abe rta, que eventualme nte podia ser fechada. Possuía entre 8 e 16 bancadas de remadores. Media aproximadame nte entre 15 e 18 metros de comprido, armava um o u do is mastros com velas latinas e montava na proa uma bombarda grossa . Entre todas as espécies de navios utilizados, as naus e as caravelas deram a Portugal um renome incomparável. Às naus cabe, todavia , uma acção ainda mais ampla, mais estável. Representam o expoente da actividade navegad ora dos Portugueses por todos os mares do globo. A caravela não fo i a pe nas o navio dos Descobrime ntos. Ela foi também, d urante o século xv e princípios do XVI, um excele nte navio de guerra que permitiu a Portugal impor às outras nações da Europa a do utrina do M are Cl ausu m, ou seja, a doutrina de q ue nos ma res descobertos pelos Portugueses, para sul do cabo da Boa Esperança, ape nas podiam navega r os seus navios, e mais nenhuns!
Nos primeiros anos da conquista da Índ ia, os Portugueses utilizaram principalmente as caravelas como navios de guerra. Po rém, a partir do governo de Afo nso de Albuque rque, passaram a dar preferência aos navios a remos: galés, galeotas, fustas, etc. As principais vantagens das galés, e sobretudo das fustas, sobre as caravelas eram muitas: e ram mais facilme nte construídas com os recursos locais; durante a ·Monção·, ou quando desnecessárias, podiam ser varadas em terra; tendo menor calado, podiam mais facilmente franquear as barras e subir os rios; sendo navios de p ropulsão mista de remo e vela, podiam continuar a operar mesmo com calmaria ou ventos contrários. No e nta nto, as caravelas também possuíam vantagens, tais como: dispor de maior poder de fogo; ter maior velocidade com vento fresco; ter muito mais autonomia; aguentar muito melhor mar grosso; possuir uma guarnição muito menor. Uma única caravela bate-se contra várias dezenas de navios a remo levando sempre a melhor, o que confirma a superioridade do navio de alto bordo sob re os 38
navios de remo, desde que convenie ntemente artilhado e com condições favoráveis de vento. A partir de 1521 , os Portugueses puse ram praticamente de lado as caravelas, as naus e mesmo as galés, e passaram a combate r no mar utilizando os navios próprios de cada região: terradas em Ormuz, fustas na Índia, lancharas em Malaca, juncos nos mares da China e coracoras nas Ma lucas . De notar que nas Ma lucas os Portugueses raramente utilizavam os navios de alto bordo em combate, provavelmente devido à dificuldade que te riam para manobrar com os ve ntos existentes naquela região: ventos fracos e soprando durante muitos dias sempre na mesma direcção. (SATU RNINO M ONTEIRO - Combates e Batalhas Navais da Marinha Portuguesa - adaptado)
Para se protegerem das abordagens, as naus e os galeões cobriam-se com grossas esteiras, principalme nte nos costados, junto às amuras e na parte inferior das enxárcias, para que os arpéus de fixação do inimigo não tivessem onde agarrar. Em 1504, Duarte Pacheco Pereira, além de criar um novo tipo de navio, o •monito r•, armou barcas com uma boca de fogo de grosso calibre, à proa. Nasciam assim as célebres barcas-bombardeiras q ue tão bons serviços prestaram e que continuaram a usar-se até finais do século XIX. Todas as naus p ortuguesas, quando e m combate, estavam forteme nte protegidas, com os castelos e convés cobertos por fortes redes. Além disso, tinham os costados protegidos por ·arrombadas•, constituídas por sacos de algodão cobertos com peles de bo i molhadas, para evitar a p ropagação dos incêndios, que na época eram o terror dos navios. A grande inovação dos Portugueses nos navios de alto bordo foi a instalação da artilharia debaixo da coberta, exigindo a abertura de portinholas para o disparo, com a dupla vantagem de possibilitar a instalação de peças de maior calibre nas cobertas e, deste modo, com tiro rasante, atingir os navios adversários mais p erto da linha de flutuação. Os Portugueses utilizavam largamente os navios de remo, sobretudo fustas. Contudo, nem por isso deixavam de recorrer aos navios de alto bordo, galeões, naus e caravelas, sempre que estava em jogo a luta pelo domínio do mar. O junco terá sido, porventura, o melhor navio de vela de sempre . Essa a razão por que os Portugueses o utilizaram em grande número nas suas esquadras do Orie nte. Os Portugueses utilizaram em larga escala os seus ·batéis· artilhados e empavezados, o que lhes conferia grande mobilidade e superioridade táctica sobre os inimigos. ·A Marinha Portuguesa na época de 1500, era a mais respeitada, numerosa e instruída de todo o Mundo•. (CELESTINO SOARES -
Quad ros Navais)
ALGUNS NAVIOS FAMOSOS
Armada de Vasco da Gama - século xv
Nau Flor de La Mar - século XVI
Depois da morte de D. João 11, D. Manue l tratou de concluir a expedição que já se o rganizava para passar à Índia, como comple me nto das viagens a nte riores. Para a realizar fo i escolhida a nau Redonda, e Vasco da Gama pa ra capitão dessa armada, que se compunha de quatro naus. Bem conhecidos são os pormeno res da derrota e as pe ripécias da estada e m Moçambique, em Mo mbaça, e m Melinde e em Calecut. Uma das naus que servia de apoio logístico foi destruída na aguada de S. Brás. À vo lta, a S. Rafael fo i queimada num baixio a que legou o seu no me, e a Bérrio e a S. Gabriel aferraram a salvo ao pátrio Te jo.
Nau de 400 to né is que e m 1502 velejou para a Índia ao mando de Estêvão da Gama, na armada de 20 velas do almirante D. Vasco da Gama. Na volta para o Re ino, em 1505, abriu uma água grande no cabo e a rribou a Moçambique. No ano seguinte, depois de re parada, uniu-se à esquadra de Afonso de Albuquerque que operava na Boca do mar Verme lho. Segundo João de Barros, e ra o navio mais pode roso que então navegava em mares indáticos. Tomou parte em várias empresas guerreiras, como na conquista de Ormuz (1507), na batalha de Diu (1509), na conquista de Goa (1510) e na tomada de Malaca (1511). Pe rdeu-se em Novembro de 1511, sob violenta te mpestade no baixo Aru, na costa de Sumatra, quando regressava de Malaca à Índia , com o grande Afonso de Albuque rque .
Nau S. Gabriel
A maior, de 120 toné is. Foi escolhida para capitânia e ne la e mba rcou Vasco d a Gama, levando como piloto o experime ntado Pê ro de Alenquer. Nau S. Rafael
De 100 tonéis, era comandada pelo irmão de Vasco da Gama , Paulo d a Gama. No regresso d a Índia, e ncalho u nuns baixios da costa de Moçambique que a inda hoje conservam o seu nome. Fo i queimada pela tripulação que reforçou as restantes naus já com grande falta de braços devido à doença.
Galeão S. João, mais conhecido por Botafogo
Armava 366 peças de artilharia e e ra tido como o navio maio r e mais poderoso existe nte na é poca.
PRESUMÍVEIS TIPOS DE EMBARCAÇÕES QUE OS PORTUGUESES ENCONTRARAM QUANDO CHEGARAM AO ORIENTE E QUE POSTERIORMENTE, E APÓS ADAPTAÇÕES, PASSARAM A UTll.IZAR NAS SUAS ARMADAS
NauBérrlo
A mais pequena da armada, de 50 tonéis, comandada po r Nicolau Coelho e le vando como p iloto Pêro Escobar. Nau S. Catarina do Monte Sinai - século XVI
Esta formosa nau de 800 toné is, foi construída e lançada à água, em Cochim, no ano de 1512, e sendo artilhada com 140 peças e ra uma das mais pode rosas naus da s ua é poca. Serviu na carreira da Índia até 1520, ano e m que subiu o Tejo, de regresso de Goa, tendo então sido apare lhada como nau-capitânia de uma armada que El-Re i O. Manue l mandou preparar para conduzir a Itá lia, em 1521, sua filha, a Infa nta D. Beatriz, que iria desposar Carlos III, Duque de Sabóia. Após esta honrosa missão , voltou aos mares da Índia, no mês de Abril de 1524, como navio-chefe da armada do Vice-Rei D. Vasco da Gama. Ainda como na u-capitânia do Governador D. Nuno da Cunha, tomou parte na conquista de Mombaça, sendo notável a sua acção e deixando fama o pode r de fogo que as suas 140 peças lhe confe riam.
Foram muitos os navios de construção local que os Portugueses adaptaram p ara seu u so, tais como: a lmadias, balões, cala luzes, catures, champanas, coracoras, cotias, juncos, la ncha ras, lanteas, lorchas, ma nchuas , p ague ras, paraus, te rradas, te rranquins, zambucos, etc . .. Algumas Características
Catur - espécie de fusta mais pequena (6 re mos p or bordo). Coracora - espécie de grande piroga que armava velas de esteiras, mas normalmente propulsionada por remos de pangaio. Lanchara- pequeno navio a remos e velas. Parau - praticamente igual à fusta . Terrada - espécie de fustas (embarcações a re mo e vela, mas mais peque nos que as fustas). Terranquim - e mba rcação semelhante à te rrada , mas mais pequena . Zambuco - semelhante aos paraus indianos. As fustas e os catures nas suas longas viagens utilizavam vergas horizonta is armando velas quadradas, ao passo que na navegação com ve ntos de través, armavam as compridas vergas inclinadas, enve rgando velas triangulares.
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ALGUM TIPO DE ARTIUIARIA UTILIZADA A BORDO DOS NAVIOS PORTUGUESES DO SÉCULO XVI
·Que das bo mbardas dos portugueses vinhão tantos pedaços de pedras, que como chuiva matarão toda a gente• (CASTANHEDA)
As justas - no rmalmente, dispu nham a pe nas de uma bombarda média. As galés - as portuguesas estava m armadas com três canhões à proa, do is de menor calibre à popa e quatro ·berços· em cada bordo. A caravela - dispu nha de três canhões de grosso calibre em cada bordo. Os galeões e as naus - dispunham de seis a dez canhões de grosso calib re por bordo.
TIPO DE CANHÕES
Basiliscos - bombardas de calibre máximo. Camelos- canhões de grosso calibre, dos quais o galeão e a nau d ispunham normalme nte de seis, e cada batel de um. Berços - peças de peque no calibre. Falcões - peças de médio calibre.
Os canhões de bronze dos Portugueses e ram muito mais potentes que os canhões de fe rro que até então se utilizavam no oceano Índico. Os Portugueses souberam tirar partido até à exaustão da sua artilharia e da melhor qualidade dos seus navios.
Galeão
Eram navios de alto bordo, utilizados tanto para o transporte de cargas (normalmente valiosas) como para a guerra. Foram um dos pilares do poder naval português no Oriente. O seu aparecime nto ocorre u por volta de 1520, e é um derivado da galé, da ca ravela red onda e da nau. Eram navios me nos alterosos que as naus, mas com mais quilha e de care na mais a filada. Armavam normalme nte quatro mastros: o grande e o do traquete com pano redondo, e os dois de ré, da mezena e contramezena, com pano latino. Deslocavam normalmente e ntre 500 e 600 tonéis, e eram muito bem artilhados. Foram navios poderosíssimos para a é poca e, juntamente com as naus, ditaram o poder nava l português no Oriente. (recriação do auto r baseada nos Roteiros da Índia, de D. João de Castro)
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Nau
Entre todas as espécies de navios utilizados, as caravelas, mas principalmente as naus, deram a Portugal um renome incomparável. Às naus cabe, todavia, uma acção ainda mais ampla, pois representaram o expoente máximo da actividade navegadora dos Portugueses por todos os mares do Mundo. (reconstituição do autor)
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Caravela latina
Era uma embarcação ligeira, que deslocava entre 50 e 100 tonéis, aparelhando dois ou três mastros com velas latinas, o que lhe permitia navegar contra o vento (bolinar). Foram os principais navios dos Descobrimentos, e que deram a Portugal as horas de maior glória da sua epopeia nos mares. (reconstituição do autor)
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caravela redonda Por terem de navegar em todos os mares e de aproveitar todos os ventos, os Portugueses construíram uma caravela de características totalmente novas. Era classificada navio de alto bordo, embora de fraca tonelagem. Armava o antigo aparelho latino de três mastros e longas antenas, tendo-lhe sido acrescentado um mastro de traquete, com aparelho redondo. Era uma armação que lhe concedia um aspecto muito gracioso e elegante. Chamavam-lhe ·caravela portuguesa·, ou caravela de armada. (recriação do autor baseada no Livro de Lisuane de Abreu)
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caravela redonda, ou caravela de armada Era classificado de navio de alto bordo e poderosamente armado, deslocando entre 150 e 180 tonéis. Armava três mastros com velas latinas, e o traquete com pano redondo. Era chamado de ·caça-piratas•, pois foi dos navios mais utilizados e eficazes contra a pirataria que infestava os mares do Oriente. (reconstituição baseada no Livro das Fortalezas de El-Rei D . Manuel)
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Galé As dimensões das galês eram variáveis, e calavam cerca de três
metros. Dois mastros armados com vela latina envergada numa longa antena, garantiam a propulsão quando o vento era favorável. Eram navios armados com 3 a 5 peças de artilharia de vários calibres apontados na direcção da proa, razão pela qual os navios deviam combater frente a frente com o adversário. Este tipo de embarcação, herdada da antiguidade, perpetuou-se até ao século XIX. (recriado pelo autor nos Roteiros da Índia, de D. João de Castro)
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Fusta Eram embarcações muito longas, e achatadas de configuração, d e muito pouco calado, movendo-se à vela e a re mos. Possuíam um ou dois mastros e mediam até cerca de 25 metros. Armavam longas ve las latinas e, eventualmente, redondas. Foram muito utilizadas pe los Portugueses durante o século XVI, e toda a sua elegante imagem era a de urna pequena galé . Os Árabes chamavam-lhes ·faluchos•.
(recriação do autor baseada no livro, Sucesso do Segundo Cerco de Diu)
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Berpntim
Era uma pequena embarcação de uma só coberta, com dimensões aproximadas de 16/ 17 metros de comprimento, possuindo entre 8 a 16 bancadas de um só remador. Montava uma ou duas velas latinas, e era, para as suas pequenas dimensões, um navio muito bem artilhado - montava na proa uma bombarda grossa (camelo). (reconstituição do autor)
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Embarcação indo-portuguesa Quando os Portugueses chegaram ao Oriente, encontraram dezenas e dezenas de tipos de embarcações tradicionais que estavam totalmente adaptadas aos mares e aos ventos existentes. Com o início das construções em Goa, Cochim, Damão, etc., onde os Portugueses edificaram excelentes estaleiros, novas tecnologias e nova arquitectura naval se criou. A influência oriental, a que os Portugueses foram sensíveis, fez aparecer novos tipos de navios, principalmente de pequena dimensão, que passaram a apetrechar as suas poderosas armadas. interpretação do autor (de uma gravura de). T. Bry)
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Embarcação do golfo Pérsico O dungiyah era um barco ãrabe de cabotagem característico do golfo Pérsico. Muito antigo, d iz a tradição que já existia quando Alexandre, o Grande, subiu o Eufrates. A ·baagala· ou ·bag hala· era um muito peculiar barco árabe do golfo Pérsico, das costas de Adém e do mar Vermelho. Pela sua finura e lançamento de proa, era uma embarcação muito característica. Presume-se que os navios usados pelos Portugueses fossem semelhantes. (reconstituição do autor)
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Embarcaçio da costa Aribica Nos primeiros anos da conquista da Índia, os Portugueses utilizaram principalmente as caravelas como navios de guerra. Porém, a partir do governo de Afonso de Albuquerque, passaram a dar preferência aos navios a remos: galés, galeotas, fustas, etc., utilizando embarcações de características e construção locais em larga escala. Este é um dos presumíveis tipos de navios utilizados pelos Portugueses na costa Arábica. (reconstituição do autor)
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Embarcaçio do mar Vermelho O dau ou dhou era um antigo barco ãrabe utilizado para a navegação de cabotagem no sudoeste da Arábia. A fim de proteger as cargas que transportava das intempéries, utilizava um abrigo feito de folhas e canas, ao centro do barco. Usava um aparelho bastante primitivo, mas bom para a guerra pela grande velocidade que imprimia ao navio. A artilharia era colocada na coberta e no tombadilho. Os sambucos, assim como o zaruk, também foram muito utilizados ao longo da costa e em todo o mar Vermelho.
(reconstituição do autor)
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COMBATES NAVAIS •Que tamanhas vitórias, tão famosas, Hajam os po rtugueses alcançado Das indianas gentes belicosas.· LUIS DE CAMÕES - Os Lusiadas
O sultão do Egipto constrói, no Suez, pode rosos navios, reunindo e congraçando, desde o Egipto ao Ceilão , todo o poderio árabe numa te ntativa desesperada de aniquilar os Po rtugueses e afundar a odiada Cru z d e Cristo nos oceanos. O sultão de Constantino pla ameaça o Papa com represálias em Je rusalé m contra o Túmulo d e Cristo, mas D. Manuel respo nde ao desafio, afirmando a sua intenção de arrasa r Meca e roubar o Túmulo do Profe ta. Para a alma de um mouro é como se um fogo vivo lhe devorasse doravante as entranhas. O ódio é implacável! E o Rei de Portugal manda Afo nso de Albuque rque cruzar o estre ito que abre as portas ao ·Mar Roxo· e pe netrar bem fundo nele, para que os areais da Arábia dêem teste munho de que a ameaça não é vã!
Batallia Naval de Diu A armada portuguesa comandada por D. Francisco de Alme ida, no intuito de vingar a morte de D. Loure nço, seu filho, d irige-se para Diu e avista a cidade a 31 de Janeiro de 1509. Diu é a pé ro la do Guzerate! Diu a magnífica, aparece fabulosa com suas construções de alvenaria, edifícios grandiosos, templos ricos e uma fo rmidável e arrogante fortaleza, barrando a e ntrada do porto! O. Francisco olha o céu, numa inte rrogação muda.. . lá de ntro, pa ra lá da barra, estão os assassinos do filho, as naus de Mir Hocem! Ao meio-dia de 1 de Fevere iro começou a soprar uma brisa do mar. A armada levanta ferro e vai fundear mais pe rto de te rra, fora do alcance dos canhões da fortaleza, exibindo muita orde m e segurança. Os Mo uros tinham para cima de 100 navios, e ntre grandes e pequenos. Fora isto havia ainda a fustalha, constituída por cerca de 250 emba rcações q ue deveriam atacar os Portugueses pelas costas, quando empenhados no combate com as naus inimigas. A parte mais impo rta nte e de maio r valor milita r era constituída pelas 10 na us e 10 galés do sultão do Egipto, de pode r aproximado aos navios po rtugueses do mesmo tipo; 4 naus de Cambaia e o magnificente galeão de Melique Yaz, o maio r navio que existia no Arábico, abrigando, ele só, mais de 700 home ns de armas. Saem os rumes ao mar, no dia 2, a tomar posições. Ficam este nd idos ao longo da costa, por fo ra da barra, de p roa ao mar, protegidos pelo fogo de te rra e amarrad os pelo través uns aos o u tros para se socorre rem mutuame nte durante as abordagens.
A fustalha fica de ntro, pronta a cair como bando d e abutres logo que as naus se empe nhem na luta que se avizinha . O. Francisco abarca num relance a intenção do adversário. É urgente modificar os planos que traz, agora que sabe o que o inimigo quer. Os seus navios, amarras a pique, estão p rontos. O Vice-Rei vê com alegria que o inimigo não se dispõe a atacar, antes espera, consciente da vantagem do número. O rdena q ue se não dê um tiro. Os baté is vão e vêm num bulício afanoso, abastecendo os rumes ... Cai a tarde!... Serena mas pálida como se ho uve ra medo d o dia que há-de vir .. . Chegam de terra os ecos apagados dos gritos e algazarras dos mo uros, tocando instrume ntos de gue rra. A acção será, pois, para o d ia seguinte, quando o vento rondar o mar, o q ue se espe ra se dê por volta d o me io-dia . Depo is do ro lar das amarras, cai sobre as águas de Diu o silêncio da no ite ! Quem de entre aqueles que vão jogar amanhã suas vidas poderá conciliar o sono? Brilham no céu as estrelas, e nas gáveas os olhos dos vigias. Aos primeiros alvores, todos olham a terra. Os rumes lá estão, esperando. O Sol despo nta. Sopra bonançoso o vento de te rra, mas o inimigo, admirado e surpreso ao ver as novas posições das naus, não vem abalroar. Por volta do meio-dia, e ncrespa-se o mar que é já azul. Um vento do céu, soprando do mar, vai crescendo le ntamente . Desfraldam-se as velas ao sinal do chefe, rolam as amarras pelos escovéns das naus, e cada uma, impelida pe la brisa, vai ao encontro dos alvos escolhidos . O mouro o lha essa Cru z das velas, caminhando para ele , crescendo de instante a instante ... Re percutem os tiros pelas grutas e falésias da costa de Diu! Saltam jactos de espuma à popa das naus! São os fe rros da roça q ue ali buscam o fundo. A artilharia portuguesa faz já grandes estragos, e o vento, sempre crescendo, e nvolve o inimigo no fumo da pó lvora. O fragor das abo rd agens atroa os ares! A confusão é terrível! Combate-se já de ntro das naus inimigas e reboa o grito ·POR SANTIAGO, AOS MOUROS·. Na capitânia dos rumes, fe rida de morte à linha de água, brilham ao sol sufocante as espadas e as lanças. Aqui e além, o sangue corre no convés das naus. As setas, vindas das enxárcias, são a morte pe rdida nos ares ... Luta-se num fre nesim louco. A peleja demora a tarde inteira. Para os lados d a ponta de Diu o Sol baixa em cambiantes de fogo. Sopra o vento de terra ... As naus vêm fundear ao largo. Nem uma só se perdera! Contra esse pano de fundo maravilhoso que é o fugaz crepúsculo dos mares da Índia, recortam-se as silhuetas dos navios gloriosos - as naus de El-Rei de Portugal!
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Batalha contra o s Achéns ·Ao outro dia que forão três dias de Fevere iro d 'este anno de 509, dia de Sam Brás, sendo me nhã clara, que a nossa armada assy estaua prestes pera se os Rumes sayssem a batalha , o que eles nom tinhão e m sentido. Sendo oras de meo dia começou a ventar a veração do mar, que era à po pa pera os nossos, com que todos vegiarão os sinais do Visorey que auia de fazer, que aguardou que o vento foy esfo rçando, ao que o Visorey se pôs de joelhos e desfe rio bandeira, em louuor da que Nosso Senhor ] esu Christo le uou na mão no dia da sancta ressurre ição, enuocando o nome de Sanctiago, ao que a gente da nao respo ndeo com grande grita : Senho r Deos misericordia! Sanctiago! com que as bandeiras fo ram desenroladas, e outras muytas que tinha a nao deitando este ndartes, tangendo as tro mbetas e atabales; o que sendo visto d'armada, em toda se aleuanto u grande grita: Senhor Deos, misericordia! Sanctiago! e le uarão as ancoras q ue estauam a piq ue e de rão os traquetes, o que assy fizerão todos. E o Visorey fez a primeira salua ... • ·Acabada a sancta victoria já noite, tod'armada se reterou pera fo ra a suas amarras.• (CASTANHEDA -
História do Descobrimen to e Conquista da Índia
pelos Portug ueses)
A batalha terminara com uma estrondosa vitória dos Portugueses! Sem terem perdido um ú nico navio, foi indub itave lme nte a mais importante de toda a História d a Marinha Portuguesa e umas das mais importantes da História Universal. Sob o po nto de vista táctico, fo i uma batalha de aniq uilame nto que só e ncontra paralelo em Le panto (1 571), Aboukir (1798), Trafalgar (1805) ou Tsuchima 0905). Sob o po nto de vista estratégico não terá sido me nos impo rtante que q ualque r destas, a ntes pe lo contrário , porquanto assegurou aos Portugueses, dura nte q uase um século, o domínio absoluto do oceano Índico, abate u consideravelme nte o poder e o prestígio dos Turcos, que e ram então o te rror da Europa, e marcou o início de um longo período de domínio da Ásia pelos Europe us. Depois da batalha, calculou-se que nessa tarde as bombardas da Flor de la M a r, navio-chefe, te riam disparado para cima de mil e novecentos pelouros. Em alguns navios portugueses puderam contar-se, depois da batalha, mais de cinco mil flechas e centenas de pelo uros que os ti nham atingido.
·Os navios aché ns, navegando à vela e a remos e arrastados pela corre nte do rio que e ra muito forte, vinham animados de grande velocidade, o q ue fazia prever que o embate com os po rtugueses seria te rrível. Mas quando se ap roximavam da nossa armada, os bombarde iros inimigos precipitaram-se e abriram fogo cedo de mais, o que resultou a maior parte dos seus tiros te re m saído curtos. Mais expe rie ntes, os bombardeiros portugueses aguardaram até que os navios inimigos chegassem a curta distância, e só e ntão puseram fogo à pólvora. Os resultad os d esta prime ira salva foram devastadores, ficando a batalha praticamente decidida. As três galeotas turcas que vinham à fre nte ficaram de imediato arrombadas e cheias de mortos e feridos. Mas muito mais importante do que isso foi o facto de um tiro de um "camelo", d isparado po r uma fusta, ter abe rto um grande rombo na amura da capitânia inimiga no preciso mome nto em q ue esta abalroava a nossa capitânia, alagando-se po r completo; em po ucos minutos a capitânia do achém foi ao fu ndo, perecendo afogados mais de cem dos seus tripulantes. Logo q ue viram o navio-chefe afundar-se, as galeotas suspenderam o seu movime nto e m direcção à nossa armada procurando acercar-se de le para salva r o que restava da tripulação. O pior é q ue a sua paragem súbita, inespe rada para as fustas que as seguiam, fez com q ue estas se emaranhassem umas nas outras. Em poucos minutos, a poderosa armada achém estava reduzida a um montão de navios incapazes de se moverem e que, em conjunto, constituíam um alvo ideal para os bombardeiros portugueses. Aproveitando-se da confusão e m que estava mergulhado o inimigo, as nossas fustas arre mete ram pelo me io dele, descarregando incessantemente as espingardas e a artilharia, ficando completame nte desorie ntados pelo vendaval de fe rro e fogo que os açoitava. Entretanto , o combate prosseguia e ncarniçado à lança , espada e a tiros de espingarda e de bombarda. Uma após o utras, as fustas e as lancharas do achém iam sendo tomadas pelos po rtugueses. A batalha chegara ao fim numa vitó ria total dos portugueses. Dos cinque nta e oito navios que tinham e ntrado em acção, apenas três conseguiram escapar-se; dez foram afundados pela nossa artilharia, e quarenta e cinco foram capturados! Reza a tradição, que em Malaca, no preciso momento em que começou a batalha, o padre Francisco Xavier, q ue estava rezando a missa de domingo, e ntrou em transe, ficando alheio de tudo q ue se p assava à sua volta durante cerca de uma hora. Depois, com o semblante alegre e sere no, pediu aos fiéis q ue agradecessem a De us a grande vitória que acabava de concede r aos portugueses ... • (SATURNINO MONTEIRO -
nha Portuguesa)
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Combates e Batalhas Navais da Mari-
O galeão po rtuguês, envolvido p or espessas nuvens de fumo negro, disparava salva após salva, num ritmo infernal. Nas cobertas, numa atmosfera quase irrespirável, os próprios fidalgos ajudavam a carregar e disparar as bombardas como qualquer soldado, o que fazia duplicar os esforços dos bombardeiros e serventes. Por seu lado, as galés turcas q ue rodeavam por comple to o galeão português, disparava m de uma assentada toda a sua artilharia, e logo se apartavam, para , pouco depois, volta rem à luta após terem re municiado os canhões. Cerca de seis horas deverá te r durado este combate épico, durante o qual teve lugar um dos mais violentos duelos de artilharia que se travara até então nos mares do Oriente. O combate que se travo u ao largo do Ac hé m, em Maio de 1569, é um dos mais espantosos combates navais de todos os tempos, em que uma única na u , guarnecid a apenas por quare nta soldados, se bateu durante três dias consecutivos com mais de duzentos navios inimigos, d os qu ais afundou cerca de quarenta, obrigando os restantes a bater em retirada, muito destroçados. Os portugueses bateram-se como demónios, parecendo mais empenhados e m vingar s u as próprias mortes do que e m salva r as vidas. Na véspe ra do combate, à e ntrada do canal acumulam-se fustas embande iradas e atulhadas de gente de armas e, sobressaindo no meio delas, a galé do governador está bem à vista, com o estandarte de Portugal iluminado durante a lo nga no ite por quatro tochas, que dão um aspecto irreal e fantasmagórico ao cenário. Reza-se a missa à luz das estrelas que empalidecem e é dada a absolvição geral. Os homens preparam-se para lutar e para morrer. Quando surgem os primeiros alvores, um numeroso grupo de fustas avança em direcção à praia, tocando trombetas, tambores e charamelas, ao mesmo tempo que as suas guarnições fazem uma algazarra infernal. Todas as bombardas da fo rtaleza abrem fogo. O ruído é ensurdecedor e o ar
enche-se de densas nuvens de fumo negro! Nesse instante, os portugueses, sedentos de glória, arremetem irresistivelmente contra os inimigos ... Parecia milagre como três navios minúsculos (uma caravela e dois batéis) iam conseguindo deter aquela mo le ime nsa que ava nçava contra e les e parecia submergi-los. E mais uma vez os paraus do Samorim, durante mais de três horas, lançaram sucessivos ataques sobre os navios portugueses, sendo de todas as vezes rechaçados com elevadas perdas. E com tudo isto andavam os malabares e os mouros assombrados, dizendo que certamente o Deus dos Portugueses estava combatendo por e les, pois de o utro modo não se podia explicar como é que sendo tão poucos alcançavam sempre vitória. Vinham sempre mais e mais paraus procura ndo desesperadamente abordar a caravela e os batéis. No inte rior deles, os portugueses, e nsurdecidos pelo ribombar contínuo dos canhões, cegos pelo fumo da pólvora, e nsopados em suor, de dentes cerrados, repetiam mecanicame nte os mesmos gestos: carregar, disparar, carregar, disparar, carregar, disparar ... Com nove nta soldados, duas caravelas e dois batéis, fizera m frente durante quase três meses a um exército de o ite nta mil homens e a u ma armada de cerca de trezentos navios. E tudo debaixo de um sol abrasador que dificultava o uso das a rmaduras, de uma chuva torrencial que molhava a pólvora e encharcava o pessoal até aos ossos, numa terra estranha, rodeados de uma população hostil e traiçoeira, e a milhares de milhas da Pátria . As grandes batalhas e combates navais na costa indiana tinham-se, por então, acabado. As pazes celebradas com Cambaia, em 1539, e Calecut, em 1540, haviam posto fim às actividades das poderosas armadas portuguesas. (SATURNINO MONTEIRO - Combates e Batalhas Navais da Marinha Portuguesa - adaptado)
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Combate entre uma nau portuguesa e uma galé turca ... E lançaram sucessivos ataques sobre o navio português, sendo de todas as vezes repelidos com elevadas perdas. E com tudo isto andavam os Mouros assombrados, dizendo que certamente o Deus dos Portugueses estava combatendo por eles, pois de outro modo não se explicaria como, sendo tão poucos, alcançavam sempre vitória. (interpretação artística do autor sobre o combate)
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Combate naval entre um galeio português e paraus indianos ... O galeão, envolvido por espessas nuvens de fumo negro, disparava salva após salva num ritmo infernal. Nas cobertas, numa atmosfera quase irrespirável, os próprios fidalgos ajudavam a carregar e disparar as bombardas. Cerca de seis horas deverá ter durado este combate épico, durante o qual teve lugar um dos mais viole ntos duelos de artilharia que se travara até então nos mares do Oriente.
(interpretação artística do autor sobre o combate)
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Combate naval entre um galeio português e galés turcas . .. As galés turcas, que rodeavam por completo o galeão português, disparavam de uma assentada toda a sua artilharia, e logo se afastavam para, pouco depois, voltarem à luta após terem remuniciado os canhões.
(interpretação artística do autor sobre o combate)
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Combate naval entre uma nau portuguesa e paraus do reino doAchém E mais uma vez os paraus do Achém, durante mais de três horas lançaram sucessivos ataques contra o navio português, sendo de todas as vezes rechaçados com elevadas perdas. E vinham sempre mais e mais paraus procurando desesperadamente abordar a nau, mas no seu interior os portugueses, ensurdecidos pelo ribombar contínuo dos canhões, cegos pe lo fumo da pólvora, e nsopados em suor, de dentes cerrados, repetiam mecanicame nte os mesmos gestos: carregar, disparar, carregar, disparar, carregar, disparar. (interpre tação artística do autor sobre o combate baseada no Livro de Lisuarte de Abreu)
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CIDADES E FORTALEZAS ·Fortalezas, cidades e altos muros· .Yereis a inexpugnável Dio ... Goa vereis aos mou ros ser tomada Vereis a fortaleza sustentar-se De Cananor, com pouca força e gente; Cidade populosa e tão potente; E vereis e m Cochim assinalar-se Tanto um peito soberbo e insolente• ( Luis DE CAMÕES - Os Lusíadas)
Em pouco mais de quatro a nos, os Portugueses tinham descoberto •a fórmu la mágica· q ue lhes iria dar, durante mais de um século, o domínio militar, político e económico do oceano Índico: o trinómio Feitoria-Fortaleza-Armada D. Manuel, em 1500, tinha pensado que bastaria instalar feitorias nas principais cidades da costa indiana. Em 1502, considerou que e ra também necessária uma armada pode rosa e permane nte para as proteger. Veria, depois, que isso ainda não era bastante: e ra também necessário construir fortalezas em todos os locais onde existiam feitorias; não só para maior segurança destas, como para servirem de apoio às armadas. Durante todo o século XVI, desde Cambaia ao Achém, não houve rajá que não ordenasse às suas forças que atacassem as feito rias, cidades e fortalezas de Portugal. Durante a monção de 1525, o Samorim de Calecut havia posto cerco com um exército de noventa mil homens à fortaleza que os Portugueses possuíam perto da cidade de Tanor. Mas mais uma vez se provou ser verdade o que Afonso de Albuquerque escrevia a D. Manuel em 1512: ·As vossas fortalezas feitas à nossa usança com cavas, torres e artilharia, bem providas e (com boa gente com a ajuda da paixão de Nosso Senho r não te nhais receio delas nestas partes ainda que vos lá digam que estão cercadas; porque, mediante Deus, se aí não houver traição, não há aí que vos temer de os mouros contrariarem vossas fortalezas e causas de que vos convém lançar mão; não é de estranhar cercarem-nas os reis e senhores a que as tornardes e sere m cercadas uma e duas e dez vezes; mas a portugueses cos capacetes nas cabeças entre as ameias não lhes tomam assim a fortaleza!·
ORMUZ ·El-Rey Dom Manuel, como tinha os espíritos grandes, no grande desejo que tinha de ganhar, e de sojigar a seu senhorio toda'Índia, e sendo informado da riqueza da cidade d'Ormuz por seu grande trato, e que senhreaua muytas cidades e terras, e era grande reyno, assentou em seu conselho a mandar conquistar e ganhar.· (CASTANHEDA)
Ao raiar do dia 27, começou a aproximar-se do fundadouro principal da cidade de Ormuz uma estranha esquadra de seis naus cobertas de bandeiras e pendões q ue nunca haviam sido vistos por aqueles mares . Tratava-se de uma esquadra portuguesa que partira de Lisboa no fim do Inverno de 1506, integrada na armada de Tristão da Cunha. O seu capitão-mor chamava-se Afonso de Albuquerque. Ormuz era então a cidade mais importante do golfo Pérsico e a chave do comércio marítimo e ntre a Arábia, a Pérsia e a Índia . Os seus palácios e casas de habitação em nada ficavam a dever aos e uropeus . Pois fora precisamente esta cidade rica e poderosa entre todas, que o Rei O. Manuel de Portugal decidira subjugar erguendo nela uma forta leza, e era a isso que vinha a esquadra de Afonso de Albuquerque ... GOA
No século XVI, Goa era a cidade-santa do Oriente cristão. Esplendorosa nos seus palácios, nas suas igrejas e nos seus conventos, nela se aglutinavam milhares e milhares de gentes de todas as raças e credos. Era um linguajar contínuo, um grito constante que varria os d ias de Goa, que se transformou no centro do poder militar-naval português no Oriente, já que foi no seu gigantesco arsenal que se passaram a construir, reparar e equipar a maior parte dos navios das armadas da India. No Japão construíram os Portugueses a magnífica cidade de Nagazaki, mas mais longe, muito mais longe, criaram duas cidades na China - Lianpó e Chincheu - ambas destruídas mais tarde, ambas substituídas por Macau que cedo se transformou no santuário católico da China, Cochinchina e Japão. O. Manuel, em 1505 , encarrega O. Francisco de Almeida de garantir o domínio da costa do Malabar, construindo fortalezas em Angediva, Cananor, Cochim e Coulào. Mas, já em 1506, enviava Afonso de Albuquerque a estabelece r uma feitoria e, se possível, uma forta leza em Ormuz. Em
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1508, manda outra esquadra para fazer o mesmo em Malaca, uma das cidades mais ricas de todo o O rie nte, por ser nela que se fazia a permuta de produtos q ue iam do Sião, da China e do Sueste Asiático, com os que iam da Pé rsia e da Índia.
para o Japão e a trazer prata para a China. Com este negócio resultou que a cidade de Macau atingiu um grande surto de prosperidade.
DIU
Malaca e ra uma das mais preciosas cidades do Orie nte. Conquistada por Afonso de Albuquerque em 1511, graças à sua esplê ndida situação geográfica , dominava a passagem marítima para quem fosse ou viesse às ilhas das especiarias ou ao Extremo Oriente . Longe de Goa, a cidade estava cercada, trinta anos após a morte de D. João de Castro, por armadas dos re is do Achém e Johor. Os exércitos dos atacantes era infindáveis , Malaca resistia com fome, dor e valentia.
Diu , a magnífica, apa rece fabulosa com suas construções de alvenaria e edifícios grandiosos, templos ricos e uma formidável e arrogante fortaleza barrando a e ntrada do porto. MACAU
À custa do comércio com Malaca , Goa e o utras, Macau transfo rmou-se e m pouco tempo nu ma rica e fo rmosa cid ade. Em finais de 1543 teve lugar um acontecime nto que haveria de pesar definitivame nte no futuro de Macau: um junco em que iam três portugueses, destroçado po r um tufão, foi dar às costas do Japão, o nde até essa data não tinha posto pé qualque r e uropeu . Desta fo rma, por mero acaso, ficaram os Portugueses a saber exactame nte onde ficava aquele país e q uais as va ntagens que poderiam colher estabelecendo comércio marítimo com ele. Por essa época, a China e o J apão estavam de relações cortadas, não havendo qualquer intercâmbio mercantil e ntre eles. Não obstante, era grande a ape tência dos Japoneses pela seda chinesa, e não menor a dos Chineses pe la prata do Japão. Aproveitando-se dessa circunstância , os Portugueses começaram a levar nos seus navios as sedas chinesas
MAIACA
No dia 20 de Jane iro de 1568, estava à vista de Malaca mais uma poderosa armada do Achém. O esp ectáculo e ra impressionante: na faina de fundear diante de Malaca estavam quatro galés, três galeotas, sessenta fustas, mais de du zentas lancharas, cerca de oite nta balões e duas champanas carregadas com mantime ntos e munições. Em todos esses navios vinham embarcados quinze mil soldados malaios e cerca de quatrocentos turcos, além de duzentas bombardas de bronze de grosso calibre , destinadas a bate r de uma vez por todas as poderosas muralhas da cidade de Ma laca. Nessa altura , a guarnição de Malaca ascendia a cerca de mil e duzentos combate ntes, dos q uais apenas duzentos eram portugueses. (SATURNINO M ONTEIRO - Combates e Batalhas Navais da Marinha Portuguesa - ada ptado)
Morro de Chaul e galé
Cidade e fortaleza a norte de Dabul. Em 1505, aquando da chegada dos Portugueses, dependia do Nizamaluco, um dos doze capitães do Decão. Em 1521, o governador, Diogo Lopes de Sequeira, com o consentimento do Nizamaluco, fe z uma fortale za aí para manter em respeito as forças de Cambaia. Nos anos seguintes, Chaul tornou-se uma das principais bases do poder lusitano na costa indiana e onde as armadas de galés tinham um abrigo seguro no seu grande porto. (recriado do Atlas das Cidades e Fortalezas do Oriente)
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HOJtlO DE CHAVL
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Cidade e fortaleza de Diu e galé Diu - pequena cidade indiana situada numa ilha separada da costa sul da península de Guzarate por estreito braço de mar. Depois dos vãrios cercos a que foi sujeita, acabou por ser definitivamente cedida a Portugal em 1535, como recompensa pelo auxílio prestado contra os invasores mongóis. A galé era um dos tipos de navios que preferencialmente faziam base em Diu. (Recriação dos Roteiros da fndta, de D. João de Castro)
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Tavoa da Cidade de Çuaquem e fusta A fusta é um dos navios mais representativos desta Tavoa. D. João de Castro, herói da Índia, para onde embarcou em 1538, escreveu os famosos Roteiros. Nomeado, em 1545, 13.11 governador e, em 1548, 4.11 Vice-Rei da Índia, libertou Diu e esmagou os inimigos em Cambaia. Grande chefe militar e cientista, acabou os seus dias doente e sem dinheiro para o seu próprio sustento. Assistiu-lhe à morte S. Francisco Xavier. (recriação dos Roteiros da Índia, de D. João de Castro)
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Fortaleza de Malaca e caravela redonda Malaca, poderosa cidade e porto da Malásia que dá o nome à península, estado e estreito em que se situa. Foi importante encruzilhada comercial entre a China, o Japão, a Índia e o Ocidente. Foi conquistada por Afonso de Albuque rque em 1511. Segundo rezam os cronistas, existia, ou devia existir, uma armada permanente, cujo poder residia principalmente nos navios de remos. Como embarcação mais poderosa de apoio, as ·caravelas redondas•.
(recriado de Lendas da lndia, de Gaspar Correia)
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Cidade de Ormuz e ~ Ormuz - ilha do golfo Pérsico, vital na rota da Índia e rico empório comercial da Ásia, foi conquistada em 1507 por Afonso de Albuquerque, que logo nela construiu uma poderosa fortaleza. As galés eram das embarcações com base permanente em Ormuz. (recriado de Lendas da lndia, de Gaspar Correia)
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01\MUZ
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Fortaleza de Cananor - galé e fusta
Cananor - cidade do troço meridional da costa ocidental da Índia, a norte de Calecut. Foi conquistada por D. Francisco de Almeida em 1506. Esteve na posse de Portugal até 1663, ano em que foi conquistada pelos Holandeses. As galés e as fustas faziam parte da armada dos navios de remo que apoiavam a cidade e fortaleza de Cananor. (recriado do Atlas das Cidades e Fortalezas do Oriente)
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CANANOJt
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Fortaleza de Challe e galé
Poderosa fortaleza na costa do Malabar, a sul de Calecut. Pela sua posição estratégica, era uma das fortalezas portuguesas mais importantes do Oriente, servindo como base de apoio à armada de galés que percorria a costa do Malabar. (recriado do Atlas das Cidades e Fortalezas do Oriente)
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CHALLE
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CARTOGRAFIA Apesar da palavra ·cartografia· datar do século XIX, introduzida pelo Visconde de Santarém, a ciência cartográfica é tão antiga quanto as primeiras civilizações. O Homem sentiu sempre a necessidade de representar graficamente o espaço que o rodeia. No século XII , o árabe Idrisi, apesar de seguir a mesma concepção errónea de Ptolomeu , foi sem dúvida o maior ·expoente em geografia e cartografia. No século XIV , as cartas começaram a ser utilizadas na navegação com bons resultados . Uma jóia importante desta época, datada de 1375, é o célebre Atlas Catalan, também chamado ·Atlas de Carlos V•, actualmente na Biblioteca Nacional de Paris. É atribuído aos astrólogos e cartógrafos maiorquinos Abraão e Jafuda Cresques, pai e filho. Este último foi chamado para Portugal pelo Infante D. Henrique, tendo chegado por volta do ano de 1434. Nomeado em Portugal Mestre Jácome de Maiorca, soube passar à cartografia os dados da observação directa dos factos e da natureza , criando uma escola já de cunho científico. A mais antiga carta portuguesa de que hoje se tem notícia precisa é o planisfério chamado de Cantina, existente em Modena , o qual, apesar de não assinado nem datado , se sabe ter sido terminado no final do ano de 1502. Entre as cartas portuguesas assinadas , a mais antiga data também do ano de 1502; está em Munique e foi desenhada
por Pedro Reynel. Entre as assinadas e datadas , a mais antiga é a de Pêra Fernandes de 1528, que agora se encontra em Dresda. Se são poucas as cartas portuguesas do século xv que se conhecem, do século XVI, em contrapartida, restou-nos imensa documentação. Pedro e Jorge Reynel, pai e filho, foram dois dos cartógrafos mais conhecidos e requisitados nos princípios do século XVI . Jorge Reynel trabalhou em Sevilha, na preparação da viagem de Fernão de Magalhães. O período mais brilhante, criativo e inovador da Cartografia Portuguesa, que se iniciou por volta do segundo quartel do século XVI , conta com nomes como os de Lopo Homem, ·mestre das nossas cartas de marear, e corregedor de agulhas•, Gaspar Viegas e Fernão Vaz Dourado. Em 1571 , este último fez um mapa do Mundo que trata de •todos os reinos , terras e ilhas•. Existe hoje , embora mutilado, na Torre do Tombo, em Lisboa . De Lopo Homem ficaram-nos dois planisférios, um de 1519 e outro de 1554, respectivamente em Londres e Florença , e uma outra peça cartográfica que lhe é atribuída , actualmente na Biblioteca Nacional de Lisboa. No seu mapa de 1569, Mercator revolucionou a ciência cartográfica introduzindo projecções em latitudes crescidas, consequência dos estudos principiados pelo português Pedro Nunes sobre ·as curvas loxodrómicas•.
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Pormenor de mapa e junco Os Europeus chamavam ·junco· à maioria das embarcações chinesas. Esta palavra procede do malaio ·djong•, através do português, pois os Lusitanos foram os primeiros a dar a conhecer este tipo de navio ao Ocidente. Embora a maioria dos juncos fossem pequenos, sólidos e ligeiros, aguentavam muito bem o mar. Como todas as embarcações do Extremo Oriente, os juncos têm o vau-mestre mais à ré do que à vante e a boca mede mais do dobro do pontal. Como disse o vice-almirante Paris, na parte submersa parecem-se mais com patos do que com peixes. Os grandes juncos de guerra chegaram a ultrapassar os 35 metros de comprimento e uma boca de 8 metros . Apenas não navegavam tão bem como os mais pequenos devido ao excessivo peso dos grossos mastros e das velas gigantescas. Os juncos terão sido, porventura, os melhores navios de vela de sempre, sendo uma das razões principais porque os Portugueses os passaram a utilizar em larga escala nas suas armadas dos mares da China. (recriação do autor baseada no Atlas de Lopo Homem)
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Pormenor de mapa A sul, o mar mantinha-se igual e as caravelas iam e vinham, pesquisando rios e baías. Os mestres desenhadores procuravam reproduzir todo o caminho: os montes, as palmeiras, a zona herbórea, a foz de um rio, as povoações, etc. , O Português já desenhava o hemisfério sul enquanto a Europa só desenhava os seus reis e os seus reinos. O mar, porém, não era só a sul. Portugal afrontava um longo mar a ocidente e sabia da existência de outros mares a nascente. O grande desafio era descobrir o caminho. Pedro Reynel e Jorge Reynel, pai e filho , foram dois dos cartógrafos mais requisitados e conhecidos do século XVI . Jorge Reynel trabalhou em Sevilha na preparação da viagem de Fernão de Magalhães. A nau representada era um dos elementos fundamentais de decoração que os cartógrafos utilizavam na ornamentação e enriquecimento dos seus mapas e atlas. (recriação do autor baseada num mapa de Jorge Reynel)
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Pormenor do Atlas de Sebastião Lopes e nau Apesar da palavra ·cartografia• datar do século XIX, introduzida pelo Visconde de Santarém, a ciência cartográfica é tão antiga quanto as primeiras civilizações. O Homem sentiu sempre a necessidade de representar graficamente o espaço que o rodeia. O período mais brilhante, criativo e inovador da preciosa cartografia portuguesa iniciou-se por volta do segundo quartel do século XVI. Esta gravura recria um pormenor do Atlas de Lopo Homem, ·mestre das nossas cartas de marear e corregedor de agulhas•. A nau representada era um dos muitos tipos de navios com que os cartógrafos ornamentavam os seus mapas.
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Pormenor de mapa e nau As viagens dos Portugueses por todos os cantos do Mundo permitiram-lhes, na primeira metade do século XVI , a criação de uma imagem global da geografia da Terra, que contrastava profundamente com a que tinha existido no mundo medieval. A cartografia, tal como uma notável literatura portuguesa da Expansão, reflecte os feitos dos Portugueses. Ainda hoje podemos revisitar uma história feita de traços de mapas do Mundo, que tantas vezes foram marcados pelo cheiro das especiarias e do sangue. (recriação do autor baseada num mapa de Sebastião Lopes)
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Pormenor de mapa e nau AB cartas portulano que começaram· a ser feitas na segunda metade do século XIII em Itália e na Catalunha, traduzem já uma geografia avançada, traçando com grande rigor as margens do Mediterrâneo e, muitas vezes, do restante espaço europeu e africano até às Canárias. Este tipo de mapas era desenhado pelo método chamado de rumo e estima; os contornos dos litorais eram traçados tendo em conta cálculos empíricos de distâncias, de direcções e rumos, medidos com bússolas. A cartografia portuguesa, herdeira dessa cartografia mediterrânica, reflecte tal realidade, sendo frequente, nos cartógrafos portugueses, a reprodução desse espaço nos atlas ou em cartas isoladas. Fernão Vaz Dourado, em 1571, fez um mapa do Mundo, que trata de •todos os reinos, terras e ilhas•. Dentro da mesma linha herdada , os cartógrafos portugueses ilustravam os seus mapas e atlas com pessoas, árvores, animais e barcos. (recriação do autor baseada num mapa de Diogo Homem)
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Pormenor de mapa e nau A cartografia portuguesa dos séculos xv e XVI constitui um dos mais notáveis reflexos da época dos Descobrimentos, pois foi a base da moderna geografia do Mundo. Foi graças a essa cartografia que na Europa se passou a visualizar a localização correcta ·de muitas zonas da Terra, até então desconhecidas, sem esquecer o espanto gue os Portugueses provocavam a povos tão diferenciados, da Africa ao Japão, quando desdobravam os seus planisférios e revelavam a forma do Mundo às mais variadas civilizações. (recriação do autor baseada num mapa de Sebastião Lopes)
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Mapa ãrabe
Mapa de um atlas árabe do século XVI, o de Moamed Al-Sarqui, cujo original se encontra na Biblioteca Nacional de Paris. Entre os vários símbolos representados, vêem-se alguns países islâmicos unidos por raios ao santuário de Meca, indicando-se a orientação desses países relativamente à cidade sagrada do Islão. Conforme era hábito entre os cartógrafos árabes, o Norte situa-se na parte inferior do mapa. (recriação do autor baseada no mapa de Moamed Al-Sarqui).
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OS HOMENS ·E julgareis qual é mais excelente, Se ser do mundo Rei, se de tal gente.• Luís
DE CAMÕES -
Os Lusíadas
Poderia , p01ventura, Portugal existir sem o mar? Quase se imagina que também o mar não· seria o mesmo que é hoje se Portugal não existisse! A sua maravilhosa epopeia •por mares nunca dantes navegados .. foi , sem dúvida , um magnífico contributo de um povo para o enriquecimento do patrimó nio comum da cultura ocidental. O antigo Egipto revelou ao Ocidente os segredos e os mistérios do Levante; os Fenícios desenvolveram as relações mercantis do mundo antigo; a Grécia deslumbrou o mundo com os tesouros da sua filosofia e da sua arte; Roma foi uma potência dominadora; e Portugal, graças à epopeia iniciada por Henrique, o Navegador, deu, no decorrer de um século, novos mundo ao Mundo e levou aos confins da Terra o prestígio civilizador do Ocidente. Se, no âmbito dos descobrimentos marítimos, o Infante D. Henrique foi o iniciador, o grande sonhador, D. João II foi o gigante da realização. Foi ·O HOMEM·, como lhe chamou Isabel, a Católica, Rainha de Castela. A D. João II, que morreu sem ver realizado o plano da primeira viagem marítima que ligasse o Ocidente à Índia, plano que deixou em adiantada execução, sucedeu no trono D. Manuel I - que foi bafejado pela glória dos grandes descobrimentos e das conquistas no Oriente. D. Manuel reinou no período em que a nação portuguesa atingia a hora da sua maior grandeza. Quando Bartolomeu Dias dobrou o cabo da Boa Esperança e subiu a costa do Índico até ao rio do Infante, pode dizer-se que surgiu a Índia e toda a epopeia do Oriente. Em breve, o ·Rei de Portugal e dos Algarves d 'aquém e d'além-mar em África, senhor da Guiné·, era também ·senhor da conquista, navegação e comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia·. Em Novembro de 1508, Afonso de Albuquerque ·O leão dos Mares· como lhe chamara o xeque Ismael da Pérsia, recebeu a carta que lhe entregava a governação da Índia. Logo pensou em criar o Império do Oriente, com o qual sempre sonhara. Em 1510, conquistou Goa, para dela fazer uma cidade portuguesa e uma capital, e no ano seguinte conquistou Malaca para ter um empório a oriente do seu Império, como já tinha o de Ormuz a ocidente. Seguiu-se a cdnquista do arquipélago malaio. E, ao morrer, deixou fundado o Império. Simultaneamente, os navegadores portugueses descobriram novas terras e novos mares . Em 1507, D. Lourenço de Almeida chegou às Maldivas. Pedro de Mascarenhas, em 1513, aportou às ilhas que fica-
ram com o seu nome, entre as quais se encontram a Maurícia e a Reunião. Em 1509, Diogo Lopes de Sequeira tinha chegado a Malaca, depois de ancorar em vários portos de Samatra. Em 1511 , uma expedição comandada por António de Abreu partiu de Malaca para ir descobrir as Malucas, as Ilhas das Especiarias. Seguiram-se depois, com idêntica missão, as expedições de Francisco Serrão, Gomes de Sequeira e D. Jorge de Meneses. Assim foram encontradas as ilhas de Java e Bornéu , as Celebes e a Papuásia. D. João da Silveira visitou, em 1518, a foz do Ganges e os portos da costa oriental da Índia. A primeira expedição às costas da China foi comandada por Fernão Peres de Andrade, que fundeou , em 1517, no porto de Cantão. Em 1542, chegaram ao Japão António da Mota, Francisco Zeimoto e António Peixoto. Os Portugueses tinh a m-se dispersado por todo o Oriente ... (FREDERIC P. MARTJAY -
adaptado)
Os soldados portugueses do século XVI foram realmente heróis de glória, conquista, festa e orgulho, que a Pátria nunca reconheceu devidamente e como tal, mas aos quais muito ficou a dever pelo que fizeram na Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia . Não obstante, os heróis rudes do Rei de Portugal continuavam a partir para o mar e, para o servir, usavam bússolas, sextantes , ca ravelas ligeiras, velas para todos os ventos. E eles sabiam de cor o Mundo, mas foi preciso aprender a ler as marés , a construir barcos, a desenhar mapas ... E o rei , atribuindo-se o título de Rei do Mar, mandava-os partir. E eles partiam. A princípio só com Cristo nas velas, fé no coração, obediência ao rei no corpo e temor na alma. Foi uma longa aventura humana ... E ano após ano, geração após geração, uma nação jovem, forte e destemida, arrojava ao mar o melhor de si mesma, por entre dores, martírios, brados e glória. Os soldados portugueses do século XVI batem-se nos rios e nos deltas, de Bengala à Birmânia, nas profundezas das matas da Tailândia, nas fronteiras do Camboja ou nos arrozais da Indochina, e de tal modo deixaram as suas marcas que ainda hoje em algumas paragens da Birmânia os camponeses se consideram portugueses. A moral, o espírito combativo e o entusiasmo dos soldados portugueses a bordo dos seus navios eram de tal modo elevados, que a simples ordem de um comandante prestigiado era prontamente acatada. É realmente de pasmar como era possível que depois de uma campanha duríssima em que tinham estado empenhados, e que durara 111
mais de dois meses, em que os militares estiveram praticamente sempre embarcados nas fustas e nos catures onde mal se podiam mexer, e eram obrigados a comer e a dormir ao relento, o capitão-mor tivesse a coragem de dar ordens para voltarem de novo ao mar e fosse prontamente obedecido sem o mais leve queixume ou sinal de descontentamento. Eram realmente homens de ferro os portugueses que naquele tempo andavam embarcados nos navios da Índia! Apenas quatro dias depois de ter chegado a Cochim, já a armada portuguesa estava de novo no mar navegando a caminho de Cananor, pronta para novos combates. . um jovem comandante, que em determinada ocasião fora criticado por um velho almirante estrangeiro que visitara as suas naus, por com trinta anos apenas comandar tão numerosa força e dirigir homens que dentro em pouco iriam certamente morrer, responde-lhe sorrindo: "Almirante, com trinta anos já se é um herói velho em Portugal. Eu tive a sorte de chegar a esta idade ."• Regra geral, os capitães portugueses não gostavam de navegar em conserva, isto é, na companhia uns dos outros. Ciosos da sua independência, preferiam fazer a viagem isolados, embora isso acarretasse perigos de vária ordem. Cada capitão considerava que inimigo avistado era inimigo que tinha de ser imediatamente atacado, sob pena de ficar desonrado. Também era hábito não efectuar qualquer manobra táctica, por mais aconselhada que fosse , que pudesse ser tida como fugir ao inimigo. Quando este avançava, por mais desproporcionadas que fossem as forças , apenas sabiam responder de uma maneira: esperá-lo a pé firme e combater. .. E passaram deste modo anos a matar e a morrer, às vezes por quase nada! (A.
A Aventura Portuguesa - adaptado I Combates e Batalhas Navais da Marinha
PEREIRA BRANDÃO -
SATURNINO MONTEIRO -
O capitão António Abreu, que andava de um lado para o outro indiferente aos projécteis que rebentavam na coberta do seu junco, recebeu um tiro no queixo que lhe fez saltar quase todos os dentes e um pedaço da língua. Afonso de Albuquerque, que estava num barco ao lado, ordenou-lhe que se recolhesse à armada para tratamento, e António Abreu levou isto muito a mal. Tinha ainda pés para se suster, disse ele, e mãos para combater! Tinha até parte da língua para dar ordens. Para que havia ele de ceder o seu posto a outro? Impressionado pela dificuldade que tinham as nossas caravelas e navios de remo de alcançar os paraus malabares quando estes procuravam evitar o combate, Vasco da Gama, logo que chegou a Cochim, para resolver o problema mandou construir dois bergantins muito ligeiros para lhes dar caça . A característica mais original desses bergantins era o facto de os seus remadores não serem indianos mas , sim, soldados portugueses mais bem pagos que os restantes, que levavam debaixo dos bancos as armaduras e as lanças bem como duas panelas de pólvora (espécie de granadas de mão). Sendo mais fortes e remando com mais vontade que os remadores indianos, conseguiam imprimir mais andamento aos navios e, além disso, após a abordagem, mais que duplicavam o número de combatentes. Malaca e as Malucas, isoladas, perdidas e esquecidas lá no fim do Mundo, lutavam com enormes dificuldades, mas em Malaca havia falta de tudo, excepto de coragem. Encerrados na cidade e nos navios , sempre de armas na mão e vigiando noite e dia , os trezentos portugueses que havia em Malaca, apesar de fracos e doentes , conservavam uma inabalável confiança em Deus e em si próprios, ficando com os olhos postos no mar, para ver quem aparecia primeiro: se os socorros da Índia, que nunca mais chegavam, se mais uma armada do Achém para os atacar.
Portuguesa - adaptado)
Seguindo o parecer do comitre (chefe dos remadores) , foi aconselhado D. Jorge de Meneses a mandar ciar (remar ao contrário) para pôr a sua galé em linha com as outras mais atrasadas, pois corria grande perigo em ficar isolado no meio dos paraus inimigos. Contudo, D. Jorge não quis ouvir falar em ciar na presença do inimigo, receando que essa manobra fosse tomada como um movimento de retirada e, arrancando da espada, ameaçou cortar a cabeça ao primeiro remador1 que começasse a ciar!
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(SATURNINO MONTEIRO - Combates e Batalhas Navais da Marinha Portuguesa - adaptado)
Valeu a pena? Tudo vale a pena Se alma não é pequena. (Fernando Pessoa)
BIBUOGRAFIA
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Principais fontes de consulta: Biblioteca Central da Marinha Museu de Marinha
Revista da Armada
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ENGUSH SUMMARY
This is a book, which celebrates the feats of the Portugüese in the East during the XVIth. Century, where the ship is omnipresent The book starts with the epic poet Luis de Camões: 'Til teU you at length of the dangerous things that come from the sea, Things that man does not understand" The author teUs us through his prints what many have told us through the pen. This is a collection of fifty original prints re-creating ancient Portuguese authors. These are divided into six, chapters that are: Naval Power; The Ships, Naval Combats, Cities and Fortresses, Maps, and Men. These are the ships of our memory and in arder that they do not become the ships we have forgotten, Telmo Gomes reminds us of facts about vessels and many other details which are never toa many to be remembered. Once the ships that set sai! with Cross of Christ on their sails and fluttering banners in the wind, Portugal carne to port in the mythical Orient! Having set sai! from a superb Europe Let us go in search of the lands of India, Lands that are great and rich, for we have been sent By our sovereign lord, the King. In May 1498, the ships commanded by Vasco de Gama reached the beaches of Malabar; for the first time in the history of man, Europeans had reached the coast of India, by way of a sea route. The motives, which attracted the Portuguese to the East, have been confounded, after three-quarters of a century of breaking new ground, discovering new parts of the globe. India had kept itself miraculously distant, unknown to the western world and no Indian monarch had thought of Europe, so that in 1498 at sunset when three ships entereei the port of Calecut. A mob of Orientais joinecl together on the beach to stare at the vessels and the strange looking men, who had come from the other side of the world. It was as if a moon had disappeared, an epoch of the History of Humanity had come to an end. The splendicl isolation of the Orient had come to an end forever. From 1498 to 1591 the Portuguese were the only Europeans to reach the Asian world. The circumnavigation of Africa demanded eighty-three years of obstinacy and sacrifices. Catai, toclay's China was reached one hundred years after the start of the Portuguese adventure anel Japan thirty years after that, in 1543. The fantastic undertaking of the Portuguese cannot be measured in years but in generations. After a century and a half, the most significant periocl of Portuguese presence in Asia clrew to a dose . The chan-
ges that had taken place on the continent perhaps were not that markecl. Although along its coast and principally around the ocean which gives the continent its life - the Indian Ocean, this part would never be the same as it was when it witnessed the arrival of Vasco de Gama and his vessels. The Portuguese presence established a new link with Europe by way of the oceans. lt introducecl European civilisation and its religion. 1t introduced a new arder to the oceans, which joined Asians and Europeans to the same destiny. From Taprobana to Malabar to Constantinople. Ali the way up the Danube almost to Vienna, the Turk reigns supreme! Like a gigantic octopus, that stretches its tentaeles as far as the East anel dominates ali that is grand and rich. From Venice, Europe is threatened by the sway of Islam. It was with this background that some very curious eyes with an air of surprise and curiosity beheld three fragile vessels in Malabar, where hacl they come from? Perhaps from the bottom of the ocean! The sails had signs on them never before seen, they spoke a language never heard before and no one understood. The crew looked worn out as though they had been travelling for a century . . . the sails was rippecl by clays of incessant wincls. On this night, the Southern Cross shone brighter and the crescent moon had a more delicate path as it set over the sea.
At the encl of the XVth. Century, the Indian Ocean was a lake of Islam. With the appearance of the first Portuguese fleets on the Malabar Coast, the Muslims realised that the winds had changed anel there would be more Christian ships every year. The non-existence of powerful fleets of ships to confront the Portuguese was justified by the Hindu religion that considers those who travei the oceans to be unclean. This theory lead to a complete lack of interest in navigation by the Indian rulers . The rule was that the King ruled the earth and took no part in the sea. This inhibiting factor had given the Muslims total contrai of the Ocean, and they had no intention of losing it, so they launched into a war with the Portuguese. For they had arrivecl on the scene and broken the "Pax Islamica" of the Indian Ocean. King Manuel considered that the founclation of national policy should be based on the sea . Thus in 1500, he had already thought of setting up markets and fortified trading posts in the principal cities clown the Indian coast as well as making friends with the local rulers, in arder to take advantage of the spice monopoly. By 1502 the King had reachecl the conclusion that maintaining fortifiecl trading posts also called for the maintenance of a permanent standing 115
army in India, to protect them. Following this , fortifications were built along the coast to protect commerce and also to support the navy. Within four years the Portuguese had discovered the "magic formula ", which would give them economic, military and political domination of the Indian Ocean for more than a century: the Trio - Fortified Trading Posts - Fortresses - the Navy. The air of Mala bar is both thick and strange! ... There is greatness in pomp and greatness in hate! And the emissaries of a great but unknown king, whose subjects had sailed around the world visiting seas and lands that no one had known before, bringing with them words of peace and friendship. Thus the Moor saw the strange cross on the ships sailing into infinitum, into the black immensity of the "Australis Sea" hour by hour, day by day, year by year. The Arab fields of battle, where glorious and sacred heroes spilled their blood. From Guardaful to Cambaia and from Cambaia to Camarim the vessels criss-cross the oceans with their Christian sails commanding the seas. The king is master of Commerce and the Empire; he constructs fortresses and peace. At the gates of Cochim the fleets parted for Aden, Sacotora , the Maldives and Ceylon. Docked in Malacca they set sai! for the Malucas, Siam and China. Put into port in China and then on to Japan and then on to the Malucas and so, on to Australia. But the sea does not have its lanes set out, no the sea is so enormous! For a century and a half, vessels from Portugal marked their presence - day by day and night by night. lt was as if a new crusade had been undertaken with the knights in armour transformed into cavalry vessels of the high seas, the only difference being that the Cross of Christ was not worn on the horsemen's breast plates but on the ships' sails and pennants. The power of the Portuguese imposed itself as Emperor of the Seas, based on their superior naval strategy. This was allied to their accurate marksmanship and the velocity of their vessels. The result was that the Portuguese navy reigned supreme over the oceans and its foes. At the beginning of the XVIth. Century, Europe stilllived under the threat of the Turks, that were only a short distance from Vienna and had infested the Mediterranean with their fleets. For the Europeans, the holy city of Mecca was something completely inaccessible. Therefore one can imagine the Muslims' reaction to the ships of the King of Portugal, which had sailed round Africa and into seas that were only known to them - what audacity to threaten the Sultan of Cairo's fleet at the very doors of Mecca!
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lt seemed to be an unthinkable event something both fantastic and prodigious. The Portuguese ships had reached the city of Tor in the Gulf of Suez, so near Mount Sinai. Here in this sacred place, the Monastery of Saint Katherine was built. Here Christian monks lead a life of penitence and meditation but were tolerated by the Turks. Suddenly the peace was broken by the sound of cannon. They were from the ships of the King of Portugal, off Tor showing off the Cross-of Christ. The emotion caused by the presence of Portuguese ships so near Cairo was great. The same went for India, Turkey and Europe it seemed like an almost impossible feat. Mount Sinai and Suez were in the very heart of enemy territory and in the XVIth. Century this was the frontier between Christianity and Islam. During the reigns of King ]ohn III and King Sebastian, the Portuguese Indian Empire continued rich and powerful and almost self-sufficient. lt was during the reign of King John III that Portuguese vessels reached Zuez and Bassora; they also sailed into the Indus and reached the distant shores of Japan. These were things that neither Romans or Greeks had achieved nor any other nation had even dreamed of! But it is true that thanks to the naval power used for the first time in the History of Mankind, making Portugal one of Europe's greatest powers that dominated the coast of Brazil, Africa and Asia. This domination continued until the beginning o f the XVII. Century. The whole West Coast of India, from Dio to Galle to the Southern point of Ceylon. The Portuguese dominion of the seas was absolute, to such a degree that no ship of a certain size would risk sailing without a (a kind of safe-conduct). The Captain of one of the numerous Portuguese forts along the coast would issue this. During the reign of King ]ohn III, Portuguese Maritime Power in the East reached its zenith. Diogo do Couto stated "when we entered the Goa river in September (1558) it was the most powerful navy India had ever had, as there were twenty five galleons, galleys and caravels" and this was only in the river Goa! That is without talking about the King's ships in Ormutz, Dio, Baçaim, Chaul , Cochim, Colombo, Malacca and the Malucas and the others at sea off the Gulf of Bengal, Siam and China. During 1571 there were at least thirteen operational galleons off the coast of Goa as well as more off the coast of Mandovi and the twenty rowing galleys, which made up the Malabar fleet . In the reign of King Sebastian, it was without doubt the largest fleet India had ever had.
"Was it worth while? Everything was worth while As long as the soul is not small". (FERNANDO PESSOA)
ÍNDICE
INTRODUÇÃO
1
PODER NAVAL
5
O S NAVIOS ........ . ....... . .... . . . ......... . .. .. . ... .. . ..... . . . .
37
COMBATES NAVAIS .......... . . . . . .. . ... . .. ... . . . .. . ... . . . . . .
67
CIDADES E FORTALEZAS
79
CARTOGRAFIA .... . . . ... . . . . . ........ .. .. .... .. . .. .. . . . . . . . .. .
95
O S HOMENS ... . . . .. . . . . . . .. .. ...... . . . ....... . . .. ..... .. . . . .. .
111
BIBLIOGRAFIA ......... ... . . . .......... . .. ... . . . .. . . .... .. .. . .
11 3
RESUMO EM INGLÊS
115
Translated by Desmo nd L. A. Ro me
Índice d as legendas das gravuras Ga leão . ... ... .. .. .. ... . . .... ... . ... . .... . .. .... . .. ... .. .. ..... . .. . ....... . . Ga lé e na u . ... ... . .. ... . .. .... . ....... . .......... .. ..... . ......... . .... . . Nau d o trato .. .. . .. ... . .. ... .. ... .... . .......... .. .... . ..... . .... . .... . . Ga leão S. M a teus ... .. ...... .. .. . ... . .. . .. . .. .. .. .. ...... ... . . .. .. ... . . Porme no r ele nau ... .. . .. . . . . .. ....... . . .... .. . ... . .. .. . .. ... .. ... .. .. . Carave la re do nda . ... . .... . . .. .. . .... .. . ... . ... . . .. .. .. .. .. .. . ... . ... . . Na u . ... . ... .. . .. . .. ... .... ... . . . .. ... .... .. .. · ·· ·· · ··· · ·· · · · · · ··· · ·· · · ·· · ·· Nau . ... ... . .. . .. . . . ... ... . ........... ... . .... .. .................... . ...... . Galeão- Arte Namban .. .. . . .. . . .... . .. ... . . ....... .. . . ....... .. ..... . Nau ............................ .. .... ... .. . . ··· · · · · ·· · · ·· · · · ·· ·· · · ··· ·· · · ·· Fusta ....... ..... . .. ... . . .. .. . ....... .. . .. .. . . ....... .... ... .. . . .. .... ... . Nau e catures . ... .. .. ... .. .. .. .. . .. .... . ... .. .. .. .. . ... .. . .. .. .. .. . . ... . . Galé .. .. . .. ... ... ... .. .. . . . . .. . .... .. .. .. . ... ....... . .. ... . ... . .. ... .... .. . . Na u .. .. . .. . .. ... .. ..... . ....... ... . ... .. . ............ .. ... ... .. . ... .. .... . . Na u .. .. . . .... ... .. . . .. ............ . .... . ...................... . .......... . . Galeão .... ... .... .. . .. .. . .. .. .. ... .. . . .... .. .. ...... . . .. .. .. .. .. . .. ..... .. . Nau ....... ..... .. . .. .. ... ... ... ... . ... ..... .. . . .. .. ... .... . .. . . .. .. ... ... . . Carave la latina ... .. .. ..... .. ... ... . . ..... . . ... . .. .. .. .. .. .. ... ... ... . . . Caravela red o nda .. .. ... .. .. . .. . . ... . . ... .. .. .. .. .. .. .. .. . . ......... .. . Carave la red o nda o u ca rave la de armada . .. .. .. . .. . .. .. . .. . . . Galé . ... ... ... . .. . . .. .................................... . . . ... .. . . ... . .. .. . Fusta ..... .. .......... . . . . ... ... .. ... .... .. . . ... .. .. .. . . .... ... .......... . Be rganti m .. . . ... .. .. .. .. ........... ..... ... ....... .. ... ... . .. ... . .. . ... . Embarcação indo-po rtuguesa .. .. ... . ... .... .. ... . . ... . .. . .... ... . . .
6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28
30
32 34 40 42 44 46 48
50 52 54 56
·Sa mbuco· do mar Ve rme lho . . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . Embarcação do golfo Pé rsico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Embarcação ela costa Arábica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Embarcação do mar Ve rme lho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Combate e ntre uma na u po rtug uesa e u ma galé turca . . . . . . Combate e ntre um ga leão p o rtuguês e pa raus ind ianos . . . Combate nava l e ntre um galeão português e galés tu rcas Combate naval entre uma nau po rtuguesa e paraus do re ino do Aché m . ......... .................................................. Mo rro de Chaul e galé ... .. . .. ..·. .. . .. . .. .. .. .. . .. . .. .. . . .. ... . . ... . .. Cidade e fo rta le za de Diu e galé . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ta voa da Cid ade d e Çuaq ue m e fusta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Fo rtale za ele Ma laca e ca rave la redo nda . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . Cidade d e O rmuz e ga lé . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Fo rtaleza de Cananor - galé e fusta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Fo rtaleza de Cha lle e galé . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Porme no r d e mapa e ju nco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Porme nor ele mapa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Po rme no r do Atlas d e Se bastião Lopes e na u .. ... . . . . .. . .. . .. . Po rme no r d e ma pa e na u . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . .. . . . . . . Porme no r de mapa e nau . . .. .. ... . .. ... . .. .. .. .. .. .. .. . . .. ... .. .. . Po rme nor de ma pa e na u . . . . . ... . . . ... . . . . .. . . .. .. . . .. . . . . .. . . . .. . Mapa árabe. .... .. ... ... .. ... .. ..... . .. . .. .. . . .. .. . . .. .. . . .. .. .. . .. . . ... ..
58 60 62 64 70 72 74 76 80 82 84 86 88 90 92 96 98 100 102 104 106 108
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