202 111 40MB
Portuguese Pages [97] Year 2010
Maratona 490 a.C.
GRANDES
BATALHAS
Maratona 490 a.€. Desafio Helénico à Pérsia Nicholas Sekunda Ilustrações de
Richard Hook
(OSPREY
PUBLISHING
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otario, antes de mais, de agradecer a Richard Brzezinski o seu apoio moral e a sua valiosa ajuda ao longo do árduo período de gestação deste livro. O mérito de tornar este livro compreensível para um público não especializado é completamente seu. Também gostaria de expressar o meu agradecimento a Basil Petrakos, éforo honorário de antiguidades para
a Ática, pela sua ajuda na altura de facilitar ilustrações e mate-
riais de investigação, assim como a Lee Johnson, por não perder a paciência perante um processo de redacção que se prolongou para além de qualquer limite razoável. Por último, gostaria de agradecer a Michael Vickers pela sua ajuda e conselhos. Todas as imagens não atribuídas são provenientes da colecção do autor.
O 2010 RBA Coleccionables, S.A. da tradução Pérez Galdós, 36 bis
08012 Barcelona (Espanha) wwm.rbacoleccionables.com
Realização editorial: EDITEC Edição: Mônica Municio, João Piroto
Revisão: Maria João Moreno
Paginação: Alejandra Villanueva
Tradução; Beta Projectos Editoriais, Lda.
Título original: Marathon 490 BC: The First Persian Invasion of Greece Primeira edição na Grã-Bretanha, 2002. Osprey Publishing Ltd. O 2002 Osprey Publishing Ltd, www.ospreypublishing.com
ISBN Obra Completa: 978-84-473-6796-2 ISBN Volume 1: 978-84-473-6883-9
Depósito Legal; M-23,392-2010
Impressão e encadernação: Dédalo Offset, S.L.
Impresso em Espanha. Printed in Spain
|
São rigorosamente proibidas, sem a autorização escrita dos titulares - do copyright, sob as sanções estabelecidas nas leis, a reprodução parcial ou total desta obra por qualquer meio ou procedimento,
compreendendo a reprografia e o tratamento Informático, e a distribuição de exemplares através de aluguer ou empréstimo público.
tradutor
e
Nalguns casos foi-nos impossível consultar a fonte original de
referências ou citações dos autores clássicos. Por este motivo, algumas citações grafadas entre aspas são traduções dos livros originais.
SUMÁRIO
ANTECEDENTES
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Tirania e democracia
EXÉRCITOS
atenienses
EM
persas
18
CONFRONTO
2(
A CAMPANHA
29
A BATALHA
24
DEPOIS DA BATALHA
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PLANOS A campanha
« Comandantes
CONFRONTO
Os atenienses
|
10
* A revolta jónica, 499-494 a.C.
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Comandantes
CONFRONTO
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em Atenas
COMANDANTES
BATALHA
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* Os plateenses
e Os persas
nas Cíclades «e A queda de Erétria « O desembarque em Maratona A marcha ateniense para Maratona s O campo de batalha * Prelúdio da batalha
Ordem
da batalha ateniense « A carga dos atenienses « A corrida para Falero
O CAMPO
DE BATALHA,
HOJE
38
CRONOLOGIA
93
BIBLIOGRAFIA
94
ÍNDICE
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499-492
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492 aC. A frota persa a frente às costas do monte Atos.
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493 a.C. Os persas conquistam
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uma vitória naval decisiva sobre|
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ANTECEDENTES DA BATALHA
s persas tentaram invadir a Grécia continental em duas ocasiões, em 490 a.C. e novamente em 480-479 a.C. Os historiadores referiram-
-se habitualmente a estas invasões como a primeira e segunda guer-
ras médicas. Esta terminologia não é completamente satisfatória, uma vez que denota a perspectiva grega e eurocêntrica. Por isso, é preferível falar de primeira e segunda invasões persas da Grécia. No caso da primeira cam-
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panha, a principal batalha foi Maratona. A sua importância estratégica foi limitada, pois não conseguiu evitar a segunda invasão, mas o seu efeito sobre o moral dos gregos foi enorme. Pela primeira vez, um exército grego tinha conseguido derrotar as tropas persas, demonstrando assim a superioridade das tácticas e equipamento dos hoplitas.
a
TIRANIA
E DEMOCRACIA
No ano da batalha de Maratona,
EM
ATENAS
a democracia acabava de ser instaurada
- em Atenas, após quase meio século de tirania sob a dinastia dos Pisistrátidas. Há que ter em conta que a definição grega de «tirano» não tem a mesma conotação dos nossos dias. Um tirano, fosse bom ou mau, era um governante absoluto que tinha tomado o poder pela força, ao contrário do rei que governava como era costume. Pisístrato nomeou-se tirano pela primeira vez por volta de 561 a.C. Os seus inimigos conseguiram expulsá-lo, mas conseguiu voltar à Ática em 946. Depois de desembarcar em Maratona, Pisístrato derrotou os seus inimigos em Palene e reconquistou Atenas. Depois da morte de Pisístrato por doença em 527, os seus dois filhos, Hípias e Hiparco, passaram a partilhar
Os testemunhos
provenientes
de fontes literárias podem
ser complementados
até
certo ponto por testemunhos iconográficos. A fonte mais
abundante é a taça, conservada em Oxford, do pintor de Brigos,
assim chamada porque o artista pintou o seu nome numa das asas. Apesar de não se poder
definir a data de elaboração da taça com total segurança, é plausível que se refira
à batalha de Maratona.
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ea
Representação antiga do assassinato de Hiparco às mãos de Harmódio e Aristogíton num vaso pintado pelo «pintor
DME
de Copenhaga». É possível que
represente um grupo escultórico antigo pertencente à Acrópole e destruído durante o saque persa de 480-479 e mais tarde substituído por uma
composição
mais dramática elaborada por Critius e Nesiotes em 477-476. (Langlotz, Griechische Vasen in Wiirzburg il. 82)
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o poder como tiranos. Naqueles anos, a situação de Atenas era a perda de várias regiões tributárias provocada pelo avanço persa. Por outro lado, em 514 Hiparco foi assassinado pelos tiranicidas, Harmódio e Aristogíton. Tudo
isso fez com que Hípias se tornasse mais cauteloso e procurasse uma aliança para fortalecer a sua posição. Essa aliança consistiu em dar a sua filha em casamento a Eantide, filho de Hipodo, tirano de Lâmpsaco e personagem influente na corte do rei Dario. Irês anos depois, Hípias foi deposto em consequência da invasão do rei lacedemónio Cleómenes, Sob a protecção de uma trégua, Hípias fugiu para Sigeu e daí para Lâmpsaco, para finalmente terminar o seu péríplo na corte de Dario. Hípias teve que esperar mais 20 anos antes de poder voltar à Ática, já velho e acompanhado pelo exército persa. Após o desterro de Hípias, Clístenes promulgou uma nova constituição e Atenas tornou-se uma democracia em 508-507.
A REVOLTA
JÓNICA,
499-494
A.C.
O Império Persa alcançou o Egeu em 574 a.C., propiciando a chegada ao poder de uma nova vaga de senhores nas cidades gregas daquela parte da Hélade. Durante os reinados de Ciro e Cambises, a expansão persa tinha-se orientado para outros confins do Império, mas a partir da entronização de Dario, em 521, a Pérsia voltou a pôr os seus olhos no Ocidente. Chegado
o momento, Dario saiu de Susa para começar uma campanha contra Cítia. Atravessou o Bósforo e o Danúbio em barcaças, foi obrigado a retirar-se por * causa da resistência que encontrou, e passou o ano seguinte em Sardes, de
onde regressou a Susa. Quando partiu, Dario deixou o seu irmão Artafernes
Eros, paid sai
como sátrapa de Sardes. Na ausência de Dario, os generais Megabazo e Ota-
?
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| |
Pormenor do Grande
Relevo
de Dario, procedente de
Behistun, Irão, gravado cerca de 30 anos antes de Maratona, quando
Dario chegou
O rei, segurando
ao trono.
um arco,
é representado em tamanho
natural (1,78 m). Atrás de si encontra-se o comandante de lanceiros, Gobrias, o
segundo homem
do Império.
(Fotografia: Claus Breede,
Departamento da Ásia
Ocidental, Royal Ontario Museum)
nes continuaram a pacificação gradual dos territórios europeus a sul da Cítia. Cada vez mais pressionados pela crescente ameaça de Esparta, os emissários atenienses entraram em negociações com Artafernes de Sardes em 508. Quando o sátrapa lhes exigiu terra e água, os emissários atenienses concederam-lhas (Hdt. 5, 73). Não se sabe exactamente o que representavam estas ofertas simbólicas para a diplomacia aqueménida: aliança, submissão ou hospitalidade? É possível que os emissários atenienses tenham interpretado mal o alcance do compromisso que acabavam de contrair, motivo pelo qual as suas decisões foram desautorizadas pela assembleia ateniense. Em 505, Hípias apresentou-se em Sardes e Artafernes ordenou aos atenienses que o levassem consigo (Hdt. 5, 96). Os atenienses recusaram, circunstância que precipitou a deterioração de relações entre Atenas e os persas. Este incidente foi a causa da participação de Atenas na revolta jónica, a qual desencadeou a primeira invasão persa. À revolta foi liderada por Aristágoras, tirano de Mileto. Aristágoras procurou apoio para a revolta entre os Estados da Grécia continental. O rei Cleômenes de Esparta recusoulhe o seu auxílio, dadas as suas dúvidas em envolver-se numa campanha predominantemente naval. Por seu lado, os atenienses concordaram mandar 20 trirremes em ajuda dos jónios e os erétrios enviaram 5 trirremes. A frota desembarcou em Efeso em 499, apoiada por navios trirremes jónicos e milésios. A força expedicionária avançou sobre Sardes, a capital administrativa persa para as províncias mais ocidentais, e conseguiu ocupar a cidade, obrigando Artafernes a retirar-se para a cidadela. Um incêndio provocado por um soldado grego estendeu-se com rapidez, queimando totalmente a cidade e provocando uma considerável perda de vidas. Por causa do incêndio, os atenienses tiveram que zarpar de regresso à sua pátria sem espólio. Heródoto (5, 101) não transmite a indignação que os persas devem ter sentido por causa do incidente. Uma campanha vingativa contra os atenienses e os erétrios era agora inevitável.
Os persas só conseguiram sufocar a revolta jónica depois da decisiva
vitória naval de 494 em Lade e a destruição de Mileto. À frota persa navegou ao longo da costa oriental do mar Egeu, subjugando ao mesmo tempo as ilhas de Quios, Lesbos e Ténedos. Os persas chegaram a Ténedos em 493. No ano seguinte, um numeroso exército persa, sob o comando de
Mardónio, invadiu a Macedónia. Heródoto
(6, 43, 4) considera que o seu
objectivo era chegar a Atenas e Erétria. A expedição consistia numa operação combinada por terra e mar, mas foi cancelada quando metade da
armada persa naufragou numa tempestade frente às costas do monte Atos. Dario mandou emissários aos Estados gregos em 491 (ou, possivelmente, em 492) exigindo terra e água. Os Estados reagiram de várias maneiras. A maioria das ilhas e muitas cidades continentais acederam ao pedido dos persas. Os atenienses, conta-nos Heródoto (7, 133), atiraram os emissários de Dario para um abismo, ou barathron, onde executavam os criminosos mais
perigosos. Segundo Pausânias (3, 12, 7), Milcíades foi o responsável pelas
suas mortes. Em Esparta, os emissários de Dario foram atirados a um poço
para «recolherem a sua própria terra e água». Assim, como em Atenas, O assassinato dos emissários deve ter sido concebido como uma estratégia para tornar os cidadãos cúmplices do crime e dessa forma uni-los contra a Pérsia (Sealey 18). Perante o desafio de Atenas e Esparta, Dario iniciou os preparativos para a guerra e ordenou a construção de novos navios de guerra,
assim como de transportes para a cavalaria (Hdt. 6, 48-49).
COMANDANTES EM CONFRONTO COMANDANTES
ATENIENSES
estrutura de comando do exército ateniense evoluiu constantemente durante a primeira metade do século v. À forma que alcançou em 490 não foi completamente compreendida. O comando do exército, segundo explica Aristóteles na Constituição
dos Atenienses, correspondia a um dos três principais magistrados ou arcontes, o chamado polemarca (22, 2). Este cargo foi criado «porque alguns reis foram fracos para a guerra» (3, 2). Segundo Heródoto (6, 109, 2), na época de Maratona o polemarca não era eleito por votação, mas por
sêa
sorteio, embora Aristóteles (22, 5) diga que a escolha dos
arcontes por sorteio só tenha sido introduzida em 487-486. Talvez Aristóteles tenha razão. Depois desta data, o papel do polemarca diminuiu de importância e rapidamente foi relegado para as funções religiosas necessárias para o exército. Na época de Maratona, o polemarca tinha ainda muitas obrigações, além dos seus deveres religiosos. O polemarca
comandava o exército a partir do momento que partia mais
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além dos limites da cidade e ocupava o posto de honra no extremo da ala direita na linha de batalha. Apesar do que Heródoto dá a entender, é possível que o polemarca ainda conservasse a última palavra sobre as decisões da junta de strategoi. E possível que Heródoto procurasse enfatizar o papel que Milcí- . ades desempenhou na batalha à custa de minimizar a importância de Calímaco. O exército ateniense foi reestruturado em 10 regimentos tribais de hoplitas em 508-507. A estrutura de comando modificou-se em 501-500, para se adaptar a esta mudança. A partir dessa data, 10 generais (strategoi) foram
eleitos, um por cada tribo. Nos finais do século v, os strategoi foram afastados do comando dos regimentos tribais e no seu lugar um dos 10 era eleito comandante supremo para uma força expedicionária em particular. A sua principal função em
Maratona ainda consistia em comandar os 10 regi-
mentos tribais. Por último, os strategoi reuniam-se numa junta de generais para tomar decisões conjuntas para todo o exército.
Calímaco de Afidnas ocupou o cargo de polemarca em Maratona. Segundo parece, durante o seu ano no cargo foi-lhe dedicado um monumento na Acrópole de Atenas. O monumento a Calímaco seria destruído em 4804:79 durante o saque persa de Atenas. O monumento consistia numa coluna sobre a qual se levantava uma figura alada feminina, representando Íris “(a mensageira feminina dos deuses) ou Nike (a deusa da vitória). Embora
| Só tenha chegado até nós a inscrição, o fragmento conservado permite “identificar Calímaco de Afidnas, que lutou com bravura na batalha.
Fragmento
de um
vaso
de Elêusis (1223) pintado por Eutímides. No fragmento
aparece Íris, personificação do arco de cores homónimo e mensageira dos deuses.
É reconhecida pelas asas
e pelo caduceu ou kerykeion. Apesar de ter sido pintada duas décadas antes da batalha de Maratona, mostra
a popularidade de Íris no fim
do período arcaico de Atenas
e dá uma ideia do aspecto que teria o motivo principal no monumento a Calímaco. (Hesperia 5, pág. 66, fig. 5)
4 ge TA ad
a
IN A
[porque fui vitorioso quando fui polelmarca, no festival dos atenienses.
E lutando com mafior valentia] que todos os outros, ganhou-se [a mais bonita fama]
Museu Epigráfico 6339) foi reconstruída a partir dos
para um soldado ateniense e um memorial ao seu próprio valor].
escombros
Esta inscrição ajuda-nos a entender a função de Calímaco em 490.
480-479. Os problemas para ler a inscrição são evidentes. À inscrição foi restaurada
do mês de Flekatombaion, mais ou menos oito dias antes da chegada a Atenas da notícia sobre o desembarque persa. É provável que se interpretasse esta vitória como um bom augúrio para todo o exército. Outras reconstruções da inscrição são possíveis. Numa delas Calímaco promete levantar um monumento se vencer, aparentemente depois de fazer uns votos pessoais a Íris. Uma coisa é certa. A coluna era um impressionante monumento levantado pelos atenienses em honra a Calímaco. Foi colocado na Acrópole, vistas para
a cidade,
e foi construído
pouco
depois
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Calímaco (IG É 609, Atenas,
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A coluna do monumento
Segundo um restauro da inscrição (veras ilustrações), Calímaco ganhou os Jogos pan-ateneus de 490, antes da batalha. O festival realizou-se no 28.º dia
com
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o Eid
[Calímaco] de Afidn[as] dedicou [me] a Atena: eu sou a mensfageira dos imjortais que têm [os seus tronos nele] Oflimpo]
da
batalha.
Ao mesmo tempo que isto acontecia, Milcíades estava a morrer na prisão, condenado a pagar uma multa de 50 talentos por enganar os atenienses. À versão que temos dos papéis desempenhados por Calímaco e Milcíades pode estar seriamente distorcida pela campanha de propaganda que em 460 o filho de Milcíades, Címon, montou, com o objectivo de glorificar a memória do seu pai. O monumento, de 490, é um testemunho em pedra dos atenienses convencidos de que Calímaco tinha lutado com mais coragem «que todos os outros» e que ele, e não Milcíades, tinha sido o grande herói da batalha.
do saque persa de
a partir da interpretação de Harrison. Não há consenso na altura de identificar os dois fragmentos que se conservaram da figura feminina na parte superior (Atenas, Museu Epigráfico, 690). A maioria dos
historiadores inclina-se por Íris, mas
na opinião de Harrison
trata-se de Nike. A referência à «mensageira dos imortais»
sugere que se trata de Íris. (Ilustração de Helen Besi a
partir de P. Lemerle Bulletin de Correspondance Hellenique 58 [1938] 443)
Milcíades nasceu nos finais da década de 550, filho de Cimon,
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Milcíades, nomeou-se a si próprio senhor
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bém chamado
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da família nobre dos Filaidas, opositores desde o início à tirania pisistrátida. Címon deixou Atenas e o seu irmao, tam-
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do Quersoneso Trácio juntamente com um grupo de colonos atenienses. Durante o seu segundo período no poder, Pisístrato conseguiu reconciliar-se com algumas das famílias nobres que se lhe opunham, incluindo os Filaidas. Címon voltou a Atenas, mas perdeu a vida nas lutas de poder que se seguiram à morte de Pisistrato. | Milcíades, filho de Címon, continuou a gozar do favor dos poderosos em Atenas. Foi nomeado arconte | em 524-5928, e nessa altura casou-se pela primeira vez, possivelmente com uma mulher da família de Hípias. Por volta de 516, Hípias enviou Milcíiades para governar o Quersoneso Trácio. A nomeação foi consequência da morte do seu irmão, Esteságoras, que tinha, por sua vez, sucedido ao seu tio Milciades, o Velho, quando este morreu sem descendência.
As relações entre Milcíades e Hípias foram-se crispando com o tempo. É provável que Milcíades se divorciasse da sua primeira mulher quando Hípias entregou a sua filha em casamento a Eantide de Lâmpsaco. A cidade de Lâmpsaco, no lado oposto do Helesponto, era a grande rival do Quersoneso Irácio. Milcíades tomou então como segunda esposa Hegesípila, filha do rei trácio Óloro. O seu filho e herdeiro, chamado
Címon como o seu
avô, nasceu em 510. Durante a campanha contra a Cítia, Milcíades foi obrigado a procurar um acordo com os persas e acompanhou Dario como súbdito. Milcíades ficou encarregado da ponte de barcaças sobre o Danúbio juntamente com os outros comandantes jónios. Algum tempo depois, Milcíades afirmou ter recomendado aos gregos que destruíssem a ponte de maneira que Dario ficasse isolado na Cítia, mas esta poderia ser uma versão apócrifa concebida para melhorar a imagem de Milcíades em Atenas. Milcíades sentia-se cada vez mais inseguro. Procurou uma aproximação com o novo governo democrático de Atenas e cooperou com os atenienses na captura da ilha de Lemnos (possivelmente em 499). Depois do fracasso da revolta jónica, Milcíades fugiu para Atenas com a chegada da frota
persa a Ténedos, em 493. Conseguiu sobreviver a um julgamento por tirania e incorporou-se de novo na vida política ateniense. Metíoco, o seu filho do primeiro casamento, foi capturado pela frota fenícia e nunca conseguiu voltar a Atenas, embora, em contrapartida, Dario lhe tenha concedido uma
esposa persa e terras. Os reis persas gostavam de coleccionar nobres gregos exilados, que podiam pôr ao seu serviço se as circunstâncias o requeressem.
Milcíades estava com sessenta e poucos anos quando se travou a batalha de Maratona, pelo que só tinha vivido um ou dois anos na nova Atenas demo-
crática. Seria um erro retratá-lo como um apaixonado defensor da liber-
dade e da democracia, tal e como muitos autores da Antiguidade sugeriram. Na realidade, Milcíades não tinha outra escolha senão regressar e lutar
por Atenas. Há motivos suficientes para pensar que, nas fontes, o papel desempenhado por Milcíades na vitória foi exagerado a expensas de Calímaco. Ape- sar disso, o seu serviço no exército persa durante a campanha cita deve terlhe proporcionado amplos conhecimentos sobre os métodos persas de combate, uma informação que, sem dúvida, foi de incalculável valor para
EM CIMA O interior desta taça, pintada por Dúrides por volta de 490, mostra um adulto deitado e um jovem. A inscrição
pintada reza «Calímaco é
justo». É possível que o adulto represente Calímaco de Afidnas,
cuja idade é desconhecida, embora o mais provável é que esta taça fosse destinada a um homem mais jovem com o mesmo nome, talvez um familiar. É uma interpretação geralmente aceite que as inscrições deste tipo tenham
um
conteúdo homossexual. (Paris, Louvre C 10907)
A inscrição neste capacete
coríntio procedente de Olímpia
(B 2600) diz que foi oferecido
a Zeus por Milcíades. Segundo Kunze (Olympiabericht v 1956), a forma do capacete e o tipo
de letra apontam para uma data por volta do ano 520,
o que indica que a dedicatória se referiria a algum episódio anterior na vida de Milcíades e não a Maratona. (Atenas, Deutsches Archãologisches Institut)
NA PÁGINA ANTERIOR, EM BAIXO,
Cópia romana de um busto de Milcíades,
quase completa,
com excepção de um fragmento próximo do olho direito. O estilo sugere que foi inspirado num
original de meados do
século v, o que o tornaria uma das estátuas-retrato gregas
mais antigas conhecidas. Este busto tem uma história peculiar. Foi encontrado em 1553 em
Roma e passou para
a colecção do cardeal Hipólito d'Este antes de se perder o seu rasto. Em
1940 foi
redescoberto por uns pescadores na desembocadura do rio Reno, juntamente outros bustos. Sem
com
dúvida,
o carregamento de bustos tinha pertencido a um barco que se tinha afundado.
À inscrição principal em grego identifica-o como Milcíades. Uma segunda inscrição em grego e em
latim reza: «O que
derrotou os persas na planície de Maratona, pereceu por causa da ingratidão da sua pátria e dos seus concidadãos. Todos conhecem, oh, Milcíades!,
as tuas façanhas bélicas, os persas e Maratona, santuário do teu heroísmo.» (Ravena,
Muzeo Nazionale 31378)
os atenienses. Grande parte do mérito pela vitória ateniense deveu-se à coragem e determinação de Milciades, embora tenha sido apenas para salvar a
sua própria pele.
Arimnesto estava ao comando do contingente plateense em Maratona. Com
a sua parte do espólio obtido na batalha, os plateenses construíram um templo a Atena Areia, a Belicosa, na sua cidade natal de Plateias. Um retrato de
Arimnesto encontrava-se aos pés da estátua da deusa. Segundo Pausânias
(9, 4, 2), Arimnesto esteve ao comando dos plateenses na batalha de Mara-
tona, assim como na batalha de Plateia ocorrida 11 anos depois. O facto de que a mesma pessoa tivesse o comando em duas campanhas tão cruciais mos-
tra o papel decisivo que Arimnesto deve ter desempenhado na política de
Plateias. E provável que a sua influência fosse determinante no momento de persuadir a minúscula cidade para tomar uma decisão tão corajosa como a de apoiar os seus aliados atenienses. Um grande número de historiadores (Lazenby 10-11) acreditam que Arimnesto é a fonte inicial para a versão de Heródoto (9, 72) sobre a morte de Calicrates, o Lacedemônio, na batalha
de Plateia. É possível que também proporcionasse informação a Heródoto sobre a batalha de Maratona,
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Fragmento de um capacete
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oferecido na Acrópole. Os pontos repuxados
preservam algumas letras de uma inscrição (IG i, 453). A inscrição testemunha
que também foi capturado em Lemnos. Tal como a maior
parte dos metais obtidos com o espólio, este capacete foi
utilizado para cobrir as vigas de algum templo. Assim o indica o buraco que um prego deixou na parte
inferior esquerda. (Atenas, Museu Nacional 7322)
COMANDANTES
PERSAS
O sátrapa era o representante do rei em cada satrapia, ou província, do Império Persa. O principal sátrapa da Anatólia Ocidental era Artafer-
nes, o Velho, que tinha a sua capital em Sardes. Era um costume persa separar as funções administrativas das militares num mesmo território,
embora uma dante militar rança na sua também não
mesma pessoa pudesse ser sátrapa numa província e comannoutra. Artafernes, apesar de ser o responsável pela segusatrapia, não tomou o comando da expedição. O rei Dario o fez. No momento da expedição, Dario reinara durante
mais de três décadas. Não sabemos a sua idade com exactidão, mas sabe-
-Se que morreu pouco depois da campanha, em 486.
Dátis foi nomeado comandante supremo da força invasora em 490, em
vez de Mardónio, cujo nome se associava à desafortunada expedição de 493 no Egeu Setentrional (Hdt. 6, 94). Sabe-se muito pouco sobre Dátis. Tanto Heródoto (6, 94) como Diodoro da Sicília (10, 27) afirmam que
era «de raça meda», mas esta atribuição bem poderia ser pelo desconhecimento por parte dos gregos do costume aqueménida de designar persas ilustres pelo nome das províncias que governavam. Na sua Moraha (305B) Plutarco diz que Dátis era um sátrapa, informação repetida em Suidas (Hípias). É provável que Dátis fosse persa, ocupando o cargo de sátrapa da Média em paralelo com o de um comando militar. E possível que Dátis seja mencionado numa tabuinha escrita em elamita procedente de Persépolis (Lewis): «7 marris de cerveja recebeu Datiya como víveres. Levou um documento selado do rei. Partiu de Sardes [via correio] rápido, foi para o
rei em Persépolis. Mês 11.º, ano 27. [Em] Hidali.» E possível que «Datiya» seja o Dátis dos textos gregos. Poucos indiví-
duos mencionados nos textos económico-administrativos de Pérsepolis são despachados com provisões de 80 litros de vinho ou cerveja para repartir
Um capacete coríntio em muito
bom estado de conservação, descoberto durante as escavações em Olímpia. O capacete apareceu pela
primeira vez na publicação de Emil Kunze Festschrift C. Weikert (Berlim 1955) 9-11. A inscrição diz que foi capturado em Lemnos e oferecido pelos atenienses. (Atenas, Museu Nacional 15189)
entre o seu séquito, o que significa que Datiya devia ocupar um cargo de | |
extrema importância no império. À tabuinha foi escrita entre 17 de Janeiro |
e 15 de Fevereiro da 494 em Hidali, a apenas três estações no caminho.
para Persépolis. A data corresponde ao Inverno anterior no final da cam- | panha que pôs fim à revolta jónica. A personagem mencionada na tabuinha |
viaja com a autorização do rei. As viagens normalmente eram autorizadas:
no ponto de partida, pelo que «Datiya» estaria a regressar de uma viagem .
a Sardes ordenada por Dario. Esta poderia ter sido uma viagem de ins- 4y
pecção e coordenação com vista à campanha final. Datiya (Dátis?) pode- |
ria ter ocupado antes uma posição de comando no Ocidente. 1 Ão juntar estes poucos fragmentos de informação, parece que Dátis |
foi o comandante-geral de todas as forças persas no Ocidente, superior |
em categoria a todos os sátrapas e a outros generais nomeados pelo rei. |
Dátis teria possivelmente
ocupado
este cargo
nos últimos
tempos
da |
revolta jónica e durante toda a campanha de Maratona. É possív el que! o seu título tenha sido o de «chefe das Hostes», hara-naya.
A excepção de Dátis, Artafernes, o Jovem, é o único comandante persa É que se menciona em Maratona. Heródoto (6, 94-95) apenas diz que Dátis | e Artafernes tinham o comando da expedição. Segundo Heródo to, Arta- | fernes e Dátis separaram-se do rei, partiram para a Cilícia e assumiram À o comando das frotas que lhes foram atribuídas. Este facto pod eria fazer É pensar que ambos tinham o mesmo cargo, mas é claro que Dátis era o. comandante-chefe. Pausânias (1, 32, 7) mencio na numa referência muito ; | HARIA
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Uma das tabuinhas da fortaleza escavada
em
Persépolis. O corpo principal
do texto no anverso menciona
o regresso a Persépolis de Datiya (Dátis?) desde Sardes
em 494. No reverso encontra-se
um pequeno selo suportando
uma figura na parte esquerda.
Esta figura está situada frente a um altar, com um animal e uma lua. Este é o selo de Datiya ou talvez o de
um emissário que o estivesse a representar. O bordo esquerdo está selado com um selo muito mais simples, que talvez pertencesse ao fornecedor de abastecimentos em Hidali. (Universidade de Chicago,
Instituto Oriental, Q-1809)
posterior as «manjedouras dos cavalos de Artafernes» nas rochas de Maratona, o que indica que Artafernes teria a cavalaria sob o seu comando. Artafernes, o Jovem, era filho de Artafernes, o Velho, irmão de Dario
e sátrapa em Sardes. Heródoto distorce o seu nome e o transforma-o em Artáfrenes, enquanto Ctésias chama ao seu pai Artafernes. Esta grafia é a mais parecida com a original em persa antigo, Atrfarnah: «com a majestade do deus-fogo.» Sabemos muito pouco de Artafernes, o Jovem. A primeira vez que é
mencionado é durante a campanha de Maratona. E possível que tivesse acumulado
certa experiência no Ocidente, servindo junto do seu pai.
Depois da campanha de Maratona, acompanhou Dátis de regresso a Susa com os prisioneiros erétrios (6, 119). Em 480, Artafernes, o Jovem, tomou parte na campanha persa contra a Grécia ao comando de um dos contingentes do exército (7, 74).
PRE
EXERCITOS EM CONFRONTO
OS ATENIENSES 4%
exército ateniense em Maratona era formado na sua
à totalidade pela infantaria hoplita. O exército foi ” completamente reorganizado por Clístenes em 508-
-507. Antes desta reforma, as diferentes facções atenienses
tiravam os apoios de três regiões na Ática conhecidas como a «cidade», a «costa» e o «interior». Os tiranos pisistrátidas obtiveram grande parte do seu apoio do interior, a região montanhosa da Ática. O objectivo de Clístenes era misturar contingentes de diferentes regiões numa nova unidade política e militar chamada «tribo» (phyle). Clístenes comandou uma lista de 100 heróis a Delfos, entre os quais a pitonisa escolheu 10. A cada uma das tribos recém-criadas deu-se o nome de um destes heróis. Cada nova tribo tinha três «tritias» (trittyes) que lhe correspondiam por sorteio, uma por cada uma das três regiões. No total existiam 30 tritias, 10 na cidade, 10 na costa e 10 no interior. Cada tritia tinha um tamanho semelhante e alistava uma companhia (lochos) de 300 hoplitas sob o comando de um lochagos. A Ática foi dividida em mais de 100 «paróquias», cada uma conhecida como um demo com um
demarchos à cabeça. Os censos dos demos foram
a base para realizar eleições e mobilizar as milícias. Um cidadão ateniense podia estar sujeito ao serviço militar fora das fronteiras da Ática até à idade de 50 anos. Em períodos de ameaça à segurança nacional, todos os varões capazes de pegar armas eram obrigados a servir no exército. Os demos vizinhos eram agrupados em tritias. O número de demos numa tritia variava. Um exemplo seria a tritia de Acarnas, uma cidade nos arredores de Atenas, formada por apenas um demo, também chamado Acarnas. Clístenes estendeu o poder militar de Atenas, concedendo a cidadania aos libertos e aos estrangeiros livres residentes na Ática. A estes novos cidadãos alistara-os nos demos menos povoados, distribuindo-os de modo
que cada tritia contasse com 300 homens e o total do exército alcançasse
o número de 9.000 homens.
E possível que o equilíbrio de forças entre as diferentes unidades administrativas tivesse sofrido alterações durante os 17 anos que decorreram
entre as reformas de Clístenes e a batalha de Maratona. O número de cidadãos demasiado velhos para continuar ao serviço raramente corres-
ponderia ao número de cidadãos jovens que se incorporavam nas filas pela
primeira vez. Por isso, é provável que o número de tropas do exército oscilasse à volta dos 9.000. Pausânias (7, 15, 7) conta que Milcíades e os atenienses libertaram escravos antes da batalha de Maratona. Mais à frente (10, 20, 2), comenta que
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Nesta imagem
da parte
posterior da taça do pintor de Brigos pode ver-se a armadura usada pelos
guerreiros atenienses da época.
As placas foram substituídas
por um tipo de armadura composta. Esta alteração vê-se com clareza nas peças que cobrem
o ombro:
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|.
|
as
escamas foram colocadas de baixo para cima. A destacar
o protector rectangular da nuca como extensão das ombreiras.
O cimo do capacete é de um tipo extremamente
e interessante. Também
raro
tem
uma
estrutura composta, combinando placas ou escamas
cobertas de couro. As manchas de cor clara provavelmente representam as pontas de uns debruns. A panóplia completa-Se com umas grevas e um escudo de hoplita. A interpretação mais plausível da cena é a dos veteranos de Maratona a rearmarem-se para voltarem a defender a sua pátria.
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e flexíveis grevas de bronze.
Ambos
os escudos têm as
típicas armações de bronze, embora apresentem características particulares.
O escudo estendido no chão
está decorado com losangos, quase de certeza pintados directamente sobre a superfície de bronze ou sobre uma camada de couro colada ao bronze. No caso do segundo escudo, é difícil reconhecer
algum
elemento
do desenho
para além da presença de escamas.
Sendo assim, seria
possível que nas primeiras décadas do século v também o escudo hoplita tivesse uma estrutura
composta.
mais de 9.000 atenienses marcharam para Maratona «incluindo os velhos e os escravos». Isto dá-nos a entender que o exército tinha decaído de maneira significativa desde a sua formação, inclusive depois de ter alistado «homens velhos» com mais de 50 anos. Consequentemente, Milctades persuadiu a assembleia ateniense para que aprovasse a legislação necessária que permitisse libertar um número importante de escravos. Estes escravos deviam servir para engrossar as filas do exército, até alcançar o número original de 9.000 hoplitas. Segundo Hammond (1992, 147-150) os escra-
vos deveriam lutar numa unidade à parte, mas face às práticas anteriores é mais provável que os escravos fossem integrados nos regimentos tribais para que assim melhorasse o seu rendimento.
OS
PLATEENSES
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Outro pormenor do armamento hoplita da época: à direita, uma vista posterior das finas
À pequena cidade beócia de Plateias, situada na fronteira da Ática, tinha sido aliada de Atenas durante três décadas quando aconteceu a batalha de Maratona. Plateias procurou a protecção de Atenas contra Tebas, a cidade mais importante da região, e contra os planos a longo prazo dos tebanos de dominar a totalidade da Beócia. Heródoto não documenta o número de tropas nos contingentes plateenses, mas afirma (6, 108, 1) que enviaram uma leva completa (pandemei). Justino (2, 9) e Nepote (Mile. 5)
dizem que tinha um total de 1.000 hoplitas plateenses. Chama a atenção
que ao lutar contra os persas 11 anos depois, em 479, Heródoto ponha o
número de plateenses em 600 (Hdt. 9, 28). Poderia acontecer que alguns
plateenses tivessem passado para o lado persa, como tinha acontecido com a maioria de Estados beócios. Um contingente plateense de 1.000 soldados em Maratona parece razoável. Pausânias (1, 32, 3) dá notícia de um túmulo de plateenses e escravos
em Maratona, embora alguns historiadores modernos tenham duvidado que cidadãos plateenses e escravos atenienses tivessem sido enterrados jun-
tos. Van der Veer (303) estima que, não se tratando de atenienses, é pos-
sível que tivesse acontecido. Não sabemos se os escravos foram libertados
antes da batalha ou se lhes foi prometida a liberdade como prémio no fim da contenda, em cujo caso os caídos teriam morrido como escravos.
Marinatos pensou que o túmulo «clássico» em Vrana
era
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PRA moderna
e
e permite
ver as sepultaras ho Cato do
túmulo que não foram cobertas de terra depois da escavação.
Mesmo no caso de terem sido libertados antes da batalha, isto não sig- | nifica que recebessem a cidadania ateniense. q
Em 1970, Spyridon Marinatos identificou um impressionante túmulo de | :
A * mais de 3 metros de altura e 30 metros de diâmetr o como o túmulo dos i Í :
:
s plateenses. Marinatos realizou esta identificação, apesar de se encontrar |
em Vrana, a 2,5 km do Soros. A validade deste achado apresenta dificulda- | des óbvias, sobretudo tendo em conta que Pausânias dá a entender que o
túmulo dos plateenses se encontra próximo do dos atenienses, documentado com certeza no Soros (Welwei, História 28 (1979) 101-106). Se os túmulos não pertencem aos plateenses e escravos, a data das sepulturas e o túmulo | erigido sobre elas indica uma ligação com a batalha (Van der Veer 304).
OS
-
PERSAS
Heródoto dá-nos os números sobre a quantidade de tropas no exército persa |
e efectivamente os gregos não tinham maneira de ter uma ideia precisa do +
tamanho do exército inimigo. Pouco mais de dez anos depois da batalha, os atenienses já se vangloriavam de ter derrotado 46 nações em Maratona . | (Hdt. 9, 27, 5). Na ausência de provas, os autores posteriores exa geraram
|
para além de qualquer proporção o número de persas combatentes. O autor | romano Ampélio (5, 9) situa o número de tropas sob o comando de Dátis
(e Tissafernes!) em 80.000. Simónides, num epigrama encomendado pelos |
atenienses para comemorar a batalha, cifra o exército persa em 90.000, um número que Hammond (1968, 33) julga «dentro dos limites do razoável».
Segundo Nepote (Milc. 4) Dátis estava ao comando de um exér cito de
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|
200.000 soldados de infantaria, dos quais 100.000 combateram na batalha, + enquanto Artafernes comandava 10.000 tropas de cavalaria e uma frota de *
500 navios. Em Moralia (305 b) Plutarco situa o número de persas em 300.000,
|
um número repetido em Pausânias (4, 25, 5) e Suid as (Hípias 2). Platão | (Menexeno
2404) diz que foram atribuídos 500.000 homens e 300 navios a +
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O túmulo «clássico» era composto
por 11 sepulturas: nove homens
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de idades entre os 20 e 30 anos,
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uma criança com cerca de
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do 1 ao 9 e as duas cremações
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estão marcadas com as letras
homem mais velho tem o nome de Arquias gravado nela. Marinatos pensa que Arquias
foi um oficial plateense, mas
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o túmulo, feito com seixos de rio, foi amontoado sobre as
sepulturas em data posterior.
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as letras estão no alfabeto ático
e não no beócio. Seguramente
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sepultura 4 estavam entre os
melhor conservados de todo o grupo. Poderia tratar-se de um dos
plateenses mortos em Maratona.
As oferendas funerárias são muito pobres. A cerâmica é de 500-490 e inclui este prato ático decorado
com pintura negra
(Museu de Maratona K 156). O prato mostra dois hoplitas a correr. Os hoplitas usam capacetes coríntios e, excepcionalmente,
capas.
(Archaeological Society
of Athens)
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O esqueleto e o crânio da
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10 anos e um homem de cerca de 40. Marinatos tinha sugerido ea aa sido que a cara utilizado para um mensageiro
transmitir ordens. Às nove
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Dois exemplares
posteriores
de escudos spara descobertos
no decurso das escavações em Dura-Europos. O exemplar em
completo
encontra-se
Damasco
(122) e o que se
encontra
em
em New
fragmentos,
Haven
(1929.417).
O spara elaborava-se colocando varas de vime nos buracos geometricamente colocados num
pedaço rectangular de
couro sem curtir. As varas de vime e o couro estavam pintados de cores diferentes.
À medida que o couro secava e o vime esticava, o escudo
mais resistente
ba LL Si qe
ço
ne
e flexível. O cabo estava unido ao centro do escudo. (Galeria de Arte da Universidade de Yale,
colecção Dura-Europos 1933)
Dátis; algo fisicamente impossível. Lísias (2, 21) também cita 500.000 homens,
a
tornava-se
AS al aia
ia
enquanto Justino (2, 9) eleva o número para 600.000. O nosso ponto de partida para elaborar uma estimativa das forças persas deve ser a afirmação de Heródoto (6, 95), que cifra a frota persa em 600 trirremes. Esta quantidade parece ter sido a habitual para uma frota + H. Macurdy publicou
a ilustração deste lekythos ático «provavelmente elaborado não muito tempo depois da
batalha de Maratona» e talvez representando uma cena desta mesma batalha. O persa caído está armado com uma espada tipo Kopis, cuja bainha aparece pendurada na sua cintura. Na opinião de Macurdy, o objecto que se encontra sob o escudo do hoplita é um spara persa, mas poderia tratar-se de uma túnica de hoplita. Macurdy considerava que o significado das argolas de ouro que a personagem persa leva nos tornozelos era para indicar o seu posto, mas, na realidade, poderia tratar-se da dobra das
calças. No caso das árvores do fundo, possivelmente trata-se de um motivo convencional e não aludem
ao arvoredo sagrado
de Maratona. (American Journal of Archaeology 36, 1932, 27)
persa em pé de guerra. A frota reunida para a campanha cita (4, 87, 1) e + para a batalha de Lade (6, 9, 1) tinham ambas este número de navios, assim
,
como muitas outras frotas persas mobilizadas ao longo do século Iv. Sabe- | |
mos que se uma trirreme contava com toda a sua tripulação de remadores,
podia levar no máximo 200 homens; 170 remadores e 30 passageiros. Portanto, o número máximo de pessoas que a frota poderia ter transportado é de 120.000. As trirremes utilizadas para o transporte de tropas tinham um
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de um sparabara
persa procedente da taça do pintor de Brigos. A cena mostra o momento em que a carga hoplita choca contra o muro de escudos
persas.
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Este persa abatido por um hoplita, também
procedente
da taça do pintor de Brigos, usa uma couraça composta, idêntica à que os gregos
usavam.
número inferior de remadores. Sugeriu-se o número de 60 remadores
no caso da frota de Dátis, baseando-se numa
comparação
com as práti-
cas da época (H. T. Wallingha, Ships & Sea-Power before the Great Persian
War, 1993, 184). No caso de uma batalha naval, estas tripulações reduzi-
das podiam agrupar-se num número inferior de trirremes de combate totalmente tripuladas. O objectivo da expedição era escravizar a população de Erétria e Atenas — dezenas de milhares de pessoas — e levá-las à presença de Dario, de modo que teria que deixar espaço livre nos navios para esta carga de seres humanos. De forma semelhante, as necessidades de armazenamento para as provisões na viagem de ida impediam que os navios estivessem carregados com o máximo de combatentes possível. Heródoto (7, 184) documenta o facto de que, durante a invasão da Gré-
Segundo soldado persa da taça do pintor de Brigos. À sua couraça está parcialmente coberta couro decorado
com
e as placas
dos lados e dos ombros feitas de escamas
são
de bronze.
cia encabeçada por Xerxes, cada trirreme transportava 30 persas, medos ou sakas. Este é o número habitual de combatentes que poderíamos esperar numa trirreme grega ou persa. As trirremes quiotas transportavam o número máximo registado, 40, na batalha de Lade (Hdt. 6, 15, 1). Isto daria um número total de 18.000 ou 20.000 homens. Lazenby (46) chega ao segundo
Duas reproduções dos arstibara (lanceiros) persas de Persépolis. Ao contrári o dos arqueiros que disparavam a partir da cobertura que lhes proporcionavam os escudos dos sparabara, os arstibara socorriam-se principalmente da q º sua lança. Os persas do ce ntro | da linha em Maratona teriam levado este tipo de armamento,
Pode observar-se o pormenor
em forma de concha que
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aparece num lado do escudo, (Michael Roaf)
número seguindo o mesmo raciocínio. Outros historiadores chegaram a cálculos semelhantes por diferentes métodos. Segundo Hammond (1968, 32), o exército persa devia contar com um mínimo de 25.000 combatentes, uma vez que tinha que fazer frente a uma força em potência de mais de 20.000 hoplitas procedentes de Erétria, Atenas e Esparta. O exército persa estava organizado em «milhares», de hazarabam, de 1.000 homens, e «miríades», de baivarabam, de 10.000 homens. É provável
que o principal corpo de infantaria persa em Maratona consistisse em dois baivarabam. Se é verdade que Dátis ocupava o cargo de sátrapa de Média, estas tropas poderiam ter sido recrutadas nessa região. Ctésias (18) diz que a frota sob o comando de Dátis era «meda», mas as fontes gregas utilizam com frequência esta palavra como um sinónimo de persa. Estas tropas teriam sido de arqueiros, cuja táctica consistia em disparar as suas setas sob a protecção de um muro de escudos de corpo inteiro, chamado escudo (spara), apoiados por tropas chamadas sparabara, em persa antigo, e gerrhophoroi, em grego. Além destas tropas estariam presentes alguns hazarabam de infantaria de elite. Heródoto (6, 113) menciona que, durante
a batalha, o centro da linha persa esteve ocupado pelas melhores tropas: os próprios persas e os sakas. Estes persas é provável que fossem hazarabam de
lanceiros (arstibara). Era uma prática habitual entre os comandantes de maior
graduação irem acompanhados por um guarda-costas destes corpos. Seguramente havia dois ou três hazarabam de sakas. A frota também transportava um número de soldados eólios e jónios, embora pareça que estes não tenham tomado parte na acção. Também havia um contingente de cavalaria. Heródoto (6, 95) menciona os transportes para cavalos, além do resto da frota atribuída a Dátis e Artafernes. O número de transportes não é bem conhecido. Dado que Atenas, Erétria e Esparta não contavam com cavalaria naquela época, inclusive um número modesto de tropas de cavalaria teria assegurado a superioridade persa nesta arma. No momento de precisar o número, é necessário recor-
rer de novo às conjecturas. Hípias teria sabido que 1.000 soldados tessálios a cavalo tinham sido suficientes para vencer o exército ateniense em 511 (Hammond 1968, 44). E possível que a expedição contasse com um hazarabam de 1.000 tropas de cavalaria, ou talvez dois: um para cada ala do exército. Tucídides (6, 43) diz que os atenienses enviaram uma trirreme carregada com 30 cavalos numa frota com destino à Sicília em 413 a.€., o que indica que para 2.000 cavalos teriam necessitado de 70 trirremes. Os ginetes viajavam certamente nos mesmos navios que os animais. Esta poderia ser a frota atribuída a Artafernes separadamente. A taça conservada em Oxford do pintor de Brigos (Barrett e Vickers) contém uma grande quantidade de informação visual em relação às tropas
a lutar no lado persa. Estas representações poderiam ser fruto da observação pessoal do artista ou de esboços feitos a partir do equipamento e das vestimentas dos mortos. Sabemos que persas, sakas e homens de outras nações lutaram em Maratona, pelo que é impossível estabelecer a nacionalidade das figuras da taça. As personagens que aparecem reproduzidas na taça vestem túnicas com mangas e calças feitas de couro ou feltro, muito decoradas com pas-
samanaria de várias cores. As mangas, de uma maneira geral, têm uma fita cosida na parte superior e inferior da costura. O resto da manga está decorada com fitas cosidas em sentido horizontal, em linhas rectas ou ondula-
das, ou em sentido vertical às riscas. Nalguns casos, cada manga tem uma
decoração diferente e noutros ainda as duas mangas são iguais. As mangas
estão rematadas com uma pequena dobra nos punhos.
As calças estão decoradas de maneira semelhante. Uma fita de cor escura
percorre a parte anterior e posterior de cada perneira, supõe-se que a seguir
a costura. Por vezes, a fita está cosida no lado exterior da pereira, como nas calças militares do século xIx. A área das calças delimitada por estas costuras verticais fica por vezes sem decoração ou decorada com fitas cosidas em sentido horizontal, em linhas rectas ou onduladas.
O capuz persa de cinco pontas, tal como aparece no sparabara da página 23 (superior), não é habitual na arte grega. Isso indica que o artista se baseia
em fontes específicas da batalha de Maratona. A couraça também não é ha-
bitual. Os pequenos pontos no centro dos losangos poderiam representar
rebites utilizados para prender placas de bronze colocadas entre duas cama-
das de couro, uma no interior e outra no exterior da couraça. As linhas dia-
gonais representam seguramente as costuras. Este é o equivalente aqueménida da brigantina medieval. A parte inferior termina numa saia de pteruges. Esta saia parece ser feita de couro duro, deliberadamente cortado em franjas para evitar que entorpeça o movimento das coxas. As calças estão decoradas com aplicações cosidas de um material mais escuro em forma
de losangos ou folhas de contorno irregular. As botas estão atadas com uma tira larga de couro que envolve os tornozelos. Estas tiras terminariam
numas correias a modo de cordões, que se atariam por baixo das calças, mais acima do tornozelo. As botas teriam a cor natural do curtido, sem
tingido, embora nos tenham chegado pinturas representando botas persas pintadas de amarelo, vermelho ou inclusive azul, Na página 23 (inferior esquerda) mostra-se um segundo soldado persa procedente da taça do pintor de Brigos. A parte da sua couraça correspondente ao peito está coberta por uma camada de couro decorada com losangos. De ambos os lados da couraça vêem-se umas escamas de bronze cosidas a uma base dura e sem forrar. As ombreiras também são feitas de escamas de bronze com os extremos arredondados e atadas nas pontas com uma fita de couro. À saia está confeccionada com placas de metal rectangulares e terminadas em curva. Estas placas estão cobertas com couro e foram pintadas metade brancas e metade pretas, seguindo uma diagonal. Debaixo da saia, o soldado veste uma peça que não parece uma túnica, mas mais um avental elaborado num material maleável. Esta peça envolver-se-
ja à volta da braguilha para uma maior protecção. A sua decoração consiste numa só linha escura traçada paralelamente ao bordo.
Na imagem central da página 23 aparece um terceiro persa a cair sob a
carga de um
hoplita. No escudo do hoplita, que ocupa o centro do frag-
mento, pode ver-se a parte inferior da cabeça de um touro. Debaixo do escudo do hoplita encontra-se o spara (escudo) do persa. A couraça do persa é idêntica ao tipo de couraças compostas utilizadas pelos gregos. Quase não
se distingue uma peça enrolada na cintura por baixo da saia. Destaca-se a
magnífica barba. Na parte esquerda do fragmento, o antebraço direito segura
uma espada tipo kopis, da qual só se vê o punho. Os kopis eram semelhantes às navalhas, com a folha de aço a curvar-sse ligeiramente para o exterior
da ponta. O punho destas espadas carecia de guardas e constava de um cabo
feito a partir de duas placas de madeira ou pedra presas de cada lado da
folha de aço. As bainhas dos kopis consistiam em duas tábuas de madeira unidas entre si e cobertas de couro. Os artistas gregos omitiram com fre-
quência as bainhas nas pinturas dos vasos. a
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Em
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PLANOS EM CONFRONTO
s objectivos persas não são absolutamente óbvios. A íntima ligação das nossas fontes com os interesses atenienses impede de proporcionar uma visão de conjunto. Suídas (Hípias) recolhe uma fonte segundo a qual Hípias, o antigo tirano de Atenas, convencera Dario a enviar a expedição, valendo-se da fraqueza que o rei tinha pelos figos da Ática. Heródoto (6, 94) afirma que a missão dada por Dario aos comandantes persas era escravizar Atenas e Erétria, assim como levar os escravos à sua presença. Esta versão foi confirmada por Platão (Menexeno 240B), que
acrescenta que Dátis recebeu estas ordens sob pena de morte em caso de incumprimento. ) Plutarco (Arist. 5, 1) diz que o verdadeiro objectivo de Dario não era
apenas castigar os atenienses por queimar Sardes, mas subjugar toda a Grécia. Este ponto de vista é partilhado por Sealey (1976, 17). Em 492-
“491, Dario enviou emissários a muitas cidades-estado da Grécia, além de
Busto de Heródoto encontrado no Egipto. Trata-se de uma cópia de um original de princípios do século Iv.
Heródoto aparece retratado na plenitude da sua vida.
Destaca-se a testa alta, sinal
de inteligência, e o olhar crítico e penetrante. Estes são os
traços mais apropriados
para «o pai da História», tal
e como o designou Cícero. (Nova lorque, Metropolitan Museum 91.9, doado por
George F. Baker em 1891)
Atenas e Erétria, exigindo submissão. Sealey pensa que a expedição de 490 tinha como finalidade «subjugar Atenas e Erétria para as utilizar como bases para o desembarque de uma força maior, a qual continuaria com a missão de conquista».
Inclusive antes da expedição cita, Dario enviou uma delegação de 15 persas a terras gregas. O seu guia foi Demócedes de Crotona, um médico grego da corte persa. O envio desta delegação demonstra que os interesses de Dario iam para além de Atenas e Erétria. A delegação navegou desde Sídon até às mais afastadas cidades gregas em Itália, fazendo observações da costa à medida que viajavam. Estas observações poderiam ter sido esboços ou notas redigidas por escribas. A delegação naufragou em Itália e foi escravizada até que Dario redimiu os seus homens e os devolveu à Pérsia. Em 501, no início da sequência de acontecimentos que desencadeou a revolta jónica, Aristágoras, tirano de Mileto, tinha indicado que Eubeia podia ser facilmente atacada por Naxos, Paros, Andros e o resto das ilhas Cíclades (Hdt. 5, 31). Quando chegou o momento de sufocar a revolta,
a expedição não foi para além de Naxos, mas o plano, que chegara até Dario para obter a sua aprovação, continuou vivo na memória. Depois de esmagar a supressão da revolta jónica, as tropas persas avançaram sem cessar para o Ocidente, seguindo a costa norte do Egeu, até chegarem à Macedónia. Segundo parece, o naufrágio da frota persa na costa do monte Atos fez com que Dario repensasse a sua estratégia. Em 490 a rota das Cíclades seria tentada de novo. Os persas estavam muito conscientes de que a guerra é a continuação da política por outros meios. O seu método favorito era ganhar sem luta, e tudo indica que não levavam material de cerco com eles. A ser possível, Atenas e Erétria deviam ser capturadas por meio de intrigas políticas.
A teem s io ár ri id rt idá pa us se 5 05 m co to ac nt co em te en Hípias estaria secretam posé e , da ni eó cm al clã so ro me nu : e r a nas, em primeiro lugar com o rico € de do cida a pôr a podi P ele que sas sível que Hípias assegurasse aos per seu lado. No caso de ser necessário dar batalha, os persas sabiam queda TALO vantagem residia na cavalaria. Esta é a razão pela qual Dario ordenou
a
construção de transportes para cavalos. No entanto, estes barcos impunham limitações à actividade da frota. As operações anfíbias e as operações nocturnas eram muito arriscadas. Idealmente, a força expedicionária teria que desembarcar, sem encontrar resistência, numa faixa de praia onde
pudesse descarregar os cavalos, as tropas e as provisões, com risco mínimo para os navios e perto de um ponto para ancorar protegido das tempestades. A praia teria que limitar com uma planície aberta com suficiente extensão para que a cavalaria pudesse manobrar nas melhores condições. Por último, teria que se encontrar perto de uma fonte de água que abastecesse homens e cavalos. Nas ilhas de Eubeia, a melhor praia para um desembarque era a da planície de Lelantina, situada entre Cálcis e Erétria. Na Ática, as opções eram mais variadas. Havia planícies aptas para a cavalaria próximo de Atenas, por exemplo na planície da Triásia, no lado oposto de Salamina, e na planície situada entre Falero e Atenas. Apesar de o desembarque em qualquer destas duas planícies aproximar a expedição do seu objectivo primordial, Atenas, era quase certo que o prolongado processo de desembarque encontraria resistência nestes lugares. Em Maratona, as forças persas podiam desembarcar de forma segura (Whatley 138). Recentemente, tinha-se indicado a baía de Loutsa como outro ponto apto para o desembarque (Hodge 2001). O facto de os persas (seguindo os conselhos de Hípias) decidirem desembarcar em Maratona, indica que o seu objectivo táctico era atrair o exército ateniense para fora de Atenas, Na ausência dos hoplitas atenienses, os persas esperariam que os aliados na cidade aproveitassem a oportunidade para tomar o poder e entregar-lhes a cidade (Munro 1899). Erétria e Atenas decidiram resistir à Pérsia, e Esparta declarou a sua intenção de se juntar a elas. Esparta conseguira uma posição hegemónica na Grécia e desejava mantê-la a qualquer preço. Uma recusa de apoiar
qualquer dos dois Estados teria debilitado a força da sua aliança. Por outro lado, uma derrota teria levado os persas, a única alternativa de poder era uma aliança de Estados gregos, até às portas de Esparta,
Logo que se tomou esta decisão, as linhas de acção militar disponí-
veis para os aliados gregos ficaram limitadas. A primeira possibilidade era
um ataque preventivo em solo persa, mas a política espartana não concordava em enviar tropas por mar para o outro lado do E geu. Este princípio tinha sido instaurado ar o tirano Polícrates de Sp ti raio =: e go e ai na olítica, o rei Cleómenes de Esparta Ci
as de Mileto durante a revolta jónica. Consequent
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foi cedida aos persas. Os gregos 7 teriam Ra só ee que es per:ar e reag ir face: aos movi-
mentos persas. Isto provocou dissensões mternas em Erétria e Atenas sobre o com
actuar logo que os persas tivessem desembarcado.
A CAMPANHA
epois de se separarem de Dario, os generais persas marcharam com o exército para a planície de Aleo na Cilícia, onde acamparam. Tal como diz Heródoto (6, 95), aí se juntou «a totalidade da frota atribuída a cada um dos generais». É provável que a maioria da frota tivesse sido fornecida pelas cidades fenícias (Hdt. 6, 118). Na planície de Aleo os cavalos foram carregados nos transportes, as tropas embarcadas e toda a frota rumou para a Jónia.
A CAMPANHA
NAS
CÍCLADES
À primeira escala da frota poderia ter sido Rodes. Lindos foi a maior cidade antes da unificação da ilha e da fundação da cidade de Rodes.
À presença da frota persa perto de Rodes está documentada numa inscrição conhecida como a Crónica Líndia, que recolhe a história mitológica do santuário de Atena em Lindos (M. Hadas, Fellenistic Culture
[1959] 166-167):
Quando Dario, rei da Pérsia, enviou um grande exército com o propósito de escravizara Elélade, esta ilha foi a primeira onde fundeou a sua frota. Os habitantes do país estavam aterrados pela proximidade dos persas e fugiram para as fortalezas em busca de protecção. A maioria deles juntou-se em Lindos. Em seguida, os bárbaros começaram a cercá-los, até que os líndios, desesperados devido a falta de água, começaram a desfalecer e a querer entregar a cidade ao inimigo. Nesse preciso momento, Atena apareceu no sonho de um dos magistrados da cidade e pediu-lhe que tivesse coragem, pois ela procuraria a água de que necessitavam por intercessão do seu pai. No dia seguinte, o magistrado contou aos cidadãos a visão que tinha tido de Atena e transmitiu-lhes o pedido da deusa. Devido a isto, os cidadãos averiguaram quanta água lhes restava e concluíram que só tinham reservas para cinco dias. Consequentemente, pediram uma trégua aos persas por esse número de dias, manifestando que Atena tinha ido pedir ajuda ao seu pai e que se esta não chegasse no tempo estabelecido, entregariam a cidade. Quando Dátis, o almirante de Dario, ouviu este pedido, riu à gargalhada. No entanto, no dia seguinte uma grande nuvem cobriu a Acrópole e descarregou uma forte chuva sobre a cidade. Contra qualquer expectativa, os cercados receberam água em abundância, enquanto os persas sofram de escassez. Ao ver tudo isto, o bárbaro recordou a epifania da deusa. Tirou os seus adornos pessoais e enviou-os como oferenda: o seu manto, o seu colar, as suas braceletes, além da sua tiara, a sua cimitarra e, inclusive, o seu carro.
Quanto a Dátis, partiu para as suas futuras empresas, depois de acordar a paz com os cercados e de declarar publicamente: «Estes homens estão protegidos pelos deuses.»
A CAMPANHA '
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Afrota persa faz reféns em Tenos e Andros.
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Rota de Dátis e da frota
Astipaleia
dica
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Heródoto não menciona nenhuma actividade militar antes da chegada da frota à Jónia, o que levou os historiadores modernos a situar o cerco de Lindos, no caso de ter acontecido, no final da campanha contra a revolta
Jónica em 494 (Burn 1984, 210-211, 218). Outra possível interpretação seria que o cerco aconteceu durante a campanha de 490, e que a sua ausência na crónica de Heródoto não seja senão uma entre várias omissões. A frota navegou a seguir para Samos e daí para Erétria, em linha recta
pelo mar Icário. Heródoto (6, 95) acredita que tomaram esta rota para evi-
tar as perigosas águas da costa do monte Atos e para tomar o controlo da ilha de Naxos. Dez anos antes, os náxios tinham resistido com êxito durante quatro meses ao cerco de uma frota persa de 200 navios. Nesta ocasião, conta Heródoto, os náxios fugiram para as colinas. Os persas escravizaram todos
os náxios que encontraram, além de incendiarem a cidade e os templos.
Plutarco (Mor. 869B) apresenta uma versão diferente. Plutarco, baseando-se em cronistas náxios, diz que Dátis foi expulso da ilha depois de queimar os templos, mas não tentou infligir qualquer dano aos habitantes. E possível que a partir de Naxos os persas fossem para Paros, uma
vez que Heródoto (6, 133) faz constar que os pários serviram com os seus
navios os persas em Maratona. Pausânias (1, 38, 2-3) documenta uma tradição segundo a qual os persas, convencidos do seu êxito, pegaram num | bloco de mármore pário onde escu
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NAS CÍCLADES
lpir um troféu de vitória. A derrot a persa inha sido infligida pela deusa Né mesis, deusa da vingança, como castigo pela presunção persa. Némesis tinha um santuário em Ramnunte , nas |
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proximidades de Maratona. Segundo Pausânias, Fídias esculpiu uma está-
tua a Némesis neste mesmo bloco de mármore, capturado depois da batalha. Os délios fugiram para Ienos quando a frota persa se aproximou. Dátis
respeitou a santidade de Delos, fundeando na ilha vizinha de Rerea. Então
enviou um emissário e, por mediação sua, explicou que tinha sido ordenado
por Dario que não se fizesse nenhum dano à ilha nem aos seus habitantes pelo respeito que se devia aos deuses gémeos, Apolo e Artemisa, nascidos na ilha. A seguir, mandou queimar 300 talentos de incenso no altar, pro-
vavelmente para satisfazer a sensibilidade religiosa dos jónios que serviam
na expedição (Grote 258). Quando zarpou das imediações de Delos, a ilha
foi sacudida por um terramoto. Os délios contaram a Heródoto que aquele tinha sido o único terramoto de que se tinha conhecimento em Delos. Heródoto menciona que foi um presságio dos males que iam chegar.
A QUEDA
DE ERÉTRIA
Dátis continuou para Erétria «levando consigo contingentes jónios e eólios» (Hdt. 6, 98). A frota não se deteve em Eólia, região situada a norte da Jónia. É possível que os eólios se tivessem unido a Dátis em Samos. Alguns dos jónios poderiam ter sido náxios escravizados. Heródoto (6, 99) diz que alguns eram filhos dos habitantes das ilhas compreendidas entre Delos e Erétria. Estes gregos tinham sido embarcados como soldados ou reféns. Este grupo de ilhas, Tenos, Andros e talvez outras, não tinham sido anteriormente submetidas ao domínio persa. O objectivo não era castigá-las por rebeldia, mas
aceitar a sua submissão como futuros Estados tributários do império e recrutar um novo contingente de soldados. Ao chegar a Eubeia, a frota fez escala em Caristo e, seguindo o mesmo
procedimento, exigiu soldados e reféns. No início os habitantes de Caristo recusaram, alegando que não lutariam contra os seus vizinhos atenienses e erétrios. Então os persas cercaram Caristo e devastaram as suas terras até que os rebeldes se juntaram à sua causa, O general sir Frederick Maurice (19) observou que «a escolha da baía de Caristo como uma base avançada demonstra que os comandantes persas sabiam o que faziam. A posição proporcionava um bom abrigo para toda a frota, assim como um fornecimento de água doce e víveres. A loca-
lização da baía fazia com que um ataque contra Atenas ou contra Erétria fosse igualmente factível, pelo que a sua ocupação não deu indícios aos gregos sobre o próximo movimento persa». Diz-se que os erétrios foram pedir ajuda aos atenienses. É possível que também tivessem pedido auxílio aos lacedemónios. Os atenienses ofereceram o apoio dos seus colonos baseados numas terras próximas da fron-
teira com a Erétria que tinham sido arrebatadas a Cálcis em 506. Heró-
doto (5, 77; 6, 100) cifra o número de colonos em 4.000, parece excessivo (Berthold 86 n. 16). Segundo Claudio havia 2.000 colonos. Platão (Menexeno 240B) afirma que tavam entre os guerreiros mais famosos da Grécia e que
mas este número Eliano (VH7, 1), os erétrios se cono seu número de
maneira alguma era inferior ao dos colonos atenienses. Em 490, o seu
número teria aumentado de forma considerável para cima dos 3.000 hoplitas, 600 cavalos e 60 carros (Estrabão 10, 1, 10). Apesar de serem tão numerosos, os erétrios foram incapazes de elaborar um plano coerente. Alguns
eram partidários de abandonar a cidade e fugir para as colinas; outros esta-
Platão legou-nos valiosos pormenores sobre a queda de Erétria que não estão em conformidade em vários pontos com a versão de Heródoto.
Platão também menciona que os espartanos chegaram tarde porque estavam ocupados a sufocar uma rebelião messénia.
Este retrato está reconstruído a partir de diferentes bustos de mármore romanos,
provavelmente inspirados por sua vez em dois retratos
da época. (G. R. Levy, Plato in Sicily [1956] frontispício)
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vam dispostos a entregar a cidade. Segundo Heródoto (6, 100), um dos líde-
res erétrios, Ésquines, filho de Noton, avisou os atenienses da situação e recomendou-lhes que dessem prioridade à defesa da Ática. Em resposta, os colonos atenienses abandonaram os seus assentamentos em Eubeia, atra-
vessaram o estreito para Oropo, e marcharam para Atenas para se juntarem ao grosso das forças, Os persas apoderaram-se de Taminas, Quéreas e Egília em território erétrio. Segundo Whatley (138) estes três pontos de desembarque foram capturados de modo que os persas tivessem a segurança de contar pelo menos
com uma praia onde desembarcar sem encontrar resistência. A seguir, os persas deslocaram a sua cavalaria com êxito na planície de Lelantina e prepararam-se para atacar o inimigo, Os erétrios recusaram-se a dar batalha, confiando na solidez das suas muralhas,
O ataque persa à Erétria prolongou-se por seis dias, provocando muitas
baixas em ambos os lados. No sétimo dia, Euforbo, filho de Alcímaco, e Fila-
gro, filho de Gíneas, dois notáveis erétrios (confrontar com Paus. 7, 10, él
atraiçoaram a cidade em troca da promessa de receber terras dos persas (Plut. Mor: 510B). E possível que outro erétrio, Gongilo, acompanhasse Dátis
para servir de ligação com os erétrios que estavam dispostos a entregar a ci-
dade. Neste sentido, o papel de Gongilo seria parecido com o de Hípias
em Atenas (Avery 1972, 17). Xenofonte (He. 3, 1, 6) diz que Gongilo foi o
único erétrio a apoiar a Pérsia, razão pela qual foi desterrado. O rei pers a concedeu-lhe as cidades de Gambrio, |Velho Gambrio, Mirina e Grinea , Cidades onde os seus descendentes continuavam a viver 100 anos depois. Por outro lado, Grote (259 n. 2) não faz menção a nenhuma traição em Erétria. Segundo Heródoto, os persas entraram em Erétria, escravizaram os habitantes, saquearam e incendiaram os templos como vingança pelos templos 240 a.C.) tamb queima dos em Sardes. Platão (Menexe | : no ém conta uma versão diferente dos factos. Segundo o filósofo ateniense, a resistência dos erétrios
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alimentavam a Grande Marisma, | onde o contraforte rochoso do | à planície. Este lugar fazia parte. do antigo demo de Tricorinto.
durou três dias, após os quais Dátis mandou bater o país a fundo. Os seus
soldados marcharam até às fronteiras da Erétria e fizeram uma cadeia humana de costa a costa. Os soldados arregaçaram as mangas e rastrearam a totalidade do país, de modo que pudessem dizer ao rei com segurança que nenhum erétrio lhes tinha escapado. Heródoto não menciona esta batida do território erétrio, enquanto Estrabão (10, 1, 10) se engana ao afirmar
que é Heródoto em vez de Platão quem menciona a operação.
Noutra das suas obras, Leis (3, 698 D), Platão apresenta uma versão ligei-
ramente diferente. Platão conta que Dátis enviou para Atenas uma crónica de como nem um só erétrio lhe tinha escapado e que esta crónica «quer porque era verdadeira ou pela forma em que tinha chegado» causou pânico aos gregos em geral e aos atenienses em particular. Se os persas fizeram uma batida em toda a Erétria, teria sido com fins propagandísticos, com a ideia de atemorizar os atenienses e subjugá-los. Apesar da propaganda persa, suficientes erétrios sobreviveram para tripular sete trirremes na batalha de Salamina cerca de 10 anos depois (Hdt. 8, 1, 46). Finalmente, os erétrios e os seus vizinhos, os estíreos, proporcionaram
600 hoplitas para a campanha de Plateias (Hdt. 9, 28).
O DESEMBARQUE
EM
MARATONA
Depois de passar uns dias em Eubeia, Dátis rumou à Ática. Segundo Heródoto (6, 102) foi Hípias quem guiou os persas até Maratona, considerado como o lugar mais apto para a cavalaria e o ponto mais próximo de Erétria. Na noite anterior à partida da frota, Hípias sonhou que jazia com a sua mãe. A interpretação de Hípias do seu próprio sonho foi que voltaria a Atenas e, depois de recuperar o poder, morreria na sua pátria já velho (Hat. 6, 107). De caminho para Maratona, os persas desembarcaram os erétrios escravizados na ilha de Egília pertencente à Estira.
O actual leito seco do lago Stomi visto a partir do cabo Cinosura. Em primeiro plano na fotografia pode ver-se a praia de Schinias, seguida de uma floresta de pinheiros. O lago ocupava a área coberta de erva entre a massa de pinheiros e o monte Drakonera ao fundo.
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recomendável é descer duas paragens depois do túmulo dos atenienses. Os principais sítios de interesse em Maratona são a Torre Franca (lugar do troféu), o manancial de Macária (vestígio da Grande Marisma), a praia de Schinias (lugar de desembarque e acampamento persas) e o museu. É importante que siga com muita atenção as indicações que se seguem pois é fácil perder-se. Da paragem de autocarro, vá pela estrada que se desvia para leste em direcção a Schinias e a Kato Souli. Pouco depois de passar o cruzamento, atravesse o rio Caradro por uma ponte moderna de cimento. No leito do rio poderá ver um sistema de valas antitanque da II Guerra Mundial (ver fotografia, página 49). Continue pela estrada sem se desviar para a estrada de pavimento de pedra indicada à direita. A esquerda da estrada (norte) pode ver-se um contraforte do monte Stavrokoraki. Um pouco mais adiante e à esquerda encontra-se a capela de Agios Giorgios. Neste ponto, a estrada vira bruscamente para a esquerda. Continue pela estrada principal e passe dois cruzamentos de menor importância à direita, A estrada continuará a virar para a esquerda, embora mais suavemente. A direita, seguindo o traçado da estrada, verá um arvoredo de ciprestes. A meio do arvoredo, encontram-se as ruínas de um albergue de
viajantes do período otomano (kháni). Continue até passar os ciprestes e vire para a direita (sudeste) por uma estrada secundária empedrada.
Decorridos 15 minutos depois de ter abandonado a estrada principal, depois de deixar várias quintas e uma velha fábrica à sua direita, chegará a uma igreja branca. A igreja está rodeada por um muro de pedra
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delimitado por ciprestes. As ruínas da Torre F ranca encontram-se no centro do terreno rodeado pelo muro. Alguns dos blocos cinzelados, que ainda se podem ver na base da torre, são provenientes de túmulos do século IV. O lugar onde se encontrava erigido o troféu não se enc ontra
longe deste ponto. Volte para a estrada principal e continue para noroeste. Chegará a um cruzamento com uma placa a indicar que Schinias se encontra a 2,5 quilómetros para a direita (a sudeste). Siga a direito em direcção a Kato Souli.
A estrada, ladeada de oliveiras, faz primeiro uma curva à esquerda e depois à direita. Ao longo do lado esquerdo da estrada pode ver-se um aqueduto de pedra e cimento fora de uso. À esquerda, verá outro aqueduto de pedra que ladeia a estrada em ângulo recto. Mais adiante, à medida
que a derivação da montanha penetra na planície, a estrada faz umas cur-
vas muito pronunciadas para a direita e para a esquerda. Na Antiguidade,
os mananciais de Macária flufam do lugar em que a derivação da mon-
tanha se encontrava com a Grande Marisma. Uma velha torre de vigia otomana (recomenda-se a sua visita) pode ver-se na derivação mais acima
e, à medida que contorna o ramal, começa a ver-se uma velha instalação
gem =
db
de bombeamento. Houve um tempo em que a água desta estação abastecia Atenas. Durante a II Guerra Mundial estava vigiada por uma senti-
nela, razão pela qual ainda se conserva um ninho de metralhadoras no lado
direito da estrada. A sul da instalação de bombeamento
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Fragmentos
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que se conservam
do monumento
à vitória de
Maratona (o «troféu de mármore branco» de Pausânias) e que
foram
reunidos para serem exibidos no museu de Maratona. Perderam-se muitos tambores do fuste da coluna.
Um
ninho de metralhadoras da Il Guerra Mundial na estrada para Kato Souli que «protege»
o acesso à instalação de
bombeamento
de Megalo
Mati. Tal como muitos ninhos de metralhadoras da época, não poderia ter sido colocado num lugar menos adequado:
nesta localização, o seu raio
de visibilidade não ultrapassa
os 50 metros,
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am er ec ar ap p sa de À o nã e qu À ua ag m co os en rr tanque. Este é um dos escassos te qu q e teria o ct o pe ect asp do i e d i ia a ide um dá a um e da dá drena e a | ad en dr foi a quando a Grande Marism SA ; e. ad id gu ti An q | toda a zona na a inias. Sch de ção ica ind a m co a rad est da to en am uz Volte 20 cr
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nhando a direito nesta direcção, necessitará de meia hora para chegar ao de o yentos Os Verao, do fim No s. Schinia de praia da te sudoes o extrem E uma rio necessá É praia. da e sudoest metade na r interio o para sopram para caminhar até à metade nordeste da praia, protegida dos ventos pelo
cabo Cinosura. À esquerda, verá os canaviais do que foi a antiga marisma
de Schinias antes de ser drenada e o leito dessecado do lago Stomi. O terminal de autocarros de Schinias encontra-se junto de uns restaurantes no extremo nordeste da praia.
Se caminhou durante algumas horas debaixo do sol do fim do Verão, terá uma vaga ideia da fadiga que os participantes na batalha teriam sentido. Um grande número de reconstruções da batalha afirma que os ate-
nienses, depois de realizarem a carga e lutarem na batalha, correram para os navios persas ancorados próximo do cabo Cinosura, Depois de fazer este
percurso, perceberá o absurdo destas especulações sem fundamento. À praia
de Schinias é uma praia agradável, graças à sombra que os pinheiros proporcionam e à sua areia branca. É uma praia popular entre os banhistas de Atenas e um bom lugar de descanso. Merece a pena visitar o museu, construído graças à generosidade de Evge-
nios Panagopoulos, um entusiasta da arqueologia, O horário de abertura do museu é das 08h30 as 15h00 todos os dias, excepto à segunda-feira. A entrada no museu também dá direito a visitar o túmulo dos atenienses. Se decidirir a pé, siga as placas que indicam o caminho para o museu desde a estrada de Maratona até Nea Makri, À direita, verá o túmulo «clássico»
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(indicado como «túmulo dos plateenses») a cerca de 200 metros da entrada do museu, Quando estiver próximo do museu, verá a pouca altura, do lado da montanha, à esquerda, a Igreja de São Demétrio. O professor Soteriades situou a área do Herácleo entre o ponto onde se encontra neste momento a Igreja de São Demétrio. No museu exibem-se os restos do troféu, cerámica procedente do túmulo «clássico» e duas inscrições originárias de Valaria que mencionam o culto a Héracles. Todas estas peças se encontram na galeria II. Outra peça de interesse é um magnífico monumento funerário do século IV. O monumento consiste num leão erguido, encontrado perto do manancial de Macária. Voltar a Atenas é mais simples do que chegar a Maratona, Vários autocarros passam pela estrada principal de Maratona para Nea Makri e circulam até ao fim da tarde. Em Setembro, anoitece por volta das oito da tarde.
CRONOLOGIA
499-494 a.C. Revolta jónica. 494 a.C. Vitória naval persa em Lade. 493 a.G. Milciades regressa a Atenas. Os persas
conquistam Quios, Lesbos e Ténedos. 492 a.C. Mardônio invade a Macedónia. A frota persa naufraga frente às costas do monte Atos. Milcíades sobrevive ao julgamento por tirania e regressa
a vida pública ateniense. 491 a.C. Dario envia emissários aos diferentes Estados gregos exigindo terra e água. Dario ordena que se construa uma frota e que se recrute um exército. 490 a.C., princípios do Verão Dátis e Artafernes abandonam a corte de Dario e marcham para a Cilícia. Julho A frota persa zarpa a partir da Cilícia. Cerco à cidade de Lindos, em Rodes? A frota persa chega a Samos. 25 de Julho Início do ano cívico ateniense: os generais atenienses tomam posse dos seus cargos. Princípios de Agosto Campanha persa nas Cíclades. 22 de Agosto Jogos Pan-Atenienses. Vitória de Calímaco? Finais de Agosto A frota persa zarpa para Eubeia. Obriga-se Caristo a passar-se para o lado persa. Cerco e queda de Erétria. 1 de Setembro? A frota persa desembarca em Maratona. 2 de Setembro A notícia do desembarque persa em Maratona chega a Atenas. Filípides parte para Esparta. 4 de Setembro Filípides regressa a Atenas. A assembleia ateniense aceita a moção de Milcíades de «partir logo que tenham conseguido as provisões» para Maratona. É enviado um emissário aos plateenses para os exortar a juntarem-se aos atenienses em Maratona. Noite O exército ateniense parte para Maratona. 5 de Setembro, de manhã Os atenienses acampam no Herácleo. Entardecer? Os plateenses juntam-se aos atenienses em Maratona. 6 de Setembro? Dátis ordena aos atenienses que se rendam. Controvérsia entre os generais atenienses. 9 de Setembro, ao amanhecer A guarda avançada lacedemónia abandona Esparta. 10 de Setembro Os persas levantam o seu acampamento. Metade das forças persas, incluindo a cavalaria, embarca e permanece no mar, Noite Os jónios informam os atenienses que «a cavalaria partiu». 11 de Setembro, de manhã Batalha de Maratona. Entardecer Os atenienses marcham para o santuário de Héracles em Cinosarges. 12 de Setembro Chegada da guarda avançada lacedemónia a Atenas. A frota persa abandona a baía de Falero e ruma para Míconos.
10 de Outubro Primeiro sacrifício a Ártemis Agrótera
celebrando a vitória. Outubro Milcíades encabeça a expedição contra Paros. Milcíades regressa a Atenas sem ter conseguido capturar Paros.
Novembro? Julgamento, prisão e morte de Milcíades. Nota: A cronologia utilizada para datar a batalha a 11 de Setembro (1 7.º dia de metagitnion) é explicada nas páginas 37 e 50. A comparação do calendário ático com o calendário moderno baseou-se em Heródoto (6, 106) quando afirma que o plenilúnio teve lugar no 15.º dia do segundo mês do ano de Maratona. Os cálculos astronómicos estabelecem que houve lua cheia a 9 de Setembro de 490 a.€. Por conseguinte, o 15.º dia de metagitnion deve corresponder a 9 de Setembro do 480 a.C. O ano ateniense estava dividido em 12 meses luni-solares de 30 dias cada um (um total de 360 dias). O mês estava dividido em 3 períodos de 10 dias. A semana de sete dias é uma contribuição do calendário judeu, que só entrou na Europa muito tempo depois com a conversão ao cristianismo. No caso ático, intercalavam dias extra de um modo um pouco ao acaso para manter o calendário sincronizado com as fases da lua e o sol. Por esta razão, não é possível chegar a uma certeza absoluta na datação. De qualquer maneira, não é provável que existisse uma discrepância de datas no princípio do ano. Todas as outras datas têm carácter especulativo e foram extrapoladas a partir da data conhecida da saída de Filípides para Esparta e da data de chegada do avanço das forças lacedemónias a Atenas.
13 de Setembro Os lacedemónios deslocam-se para Maratona e inspeccionam os cadáveres persas.
93
É
e
Em
a
Gi
E
BIBLIOGRAFIA
er reconstrução A principal fonte escrita para Maratona é Heródoto. Qualgu
da batalha deve basear-se em primeiro lugar na versão de Heródoto. Há
otestemunhos que indicam que Heródoto investigou a batalha pormen rzadamente. Não há dúvida de que fez diversas entrevistas para tentar esclarecer as circunstâncias que provocaram a cegueira de Epízelo durante a batalha, pois Heródoto menciona ter «ouvido contar que [Epízelo] narrava, a propósito da sua desgraça, pouco mais ou menos à seguinte história». Heródoto relatou pela primeira vez a sua História por volta de 425 a.C.
em Atenas (esta data é muito controversa e alguns historiadores situam este acontecimento uma década depois). Nessa altura, Aristófanes aca-
bava de pôr em cena Os Acamienses, obra que menciona na linha 180 e
seguintes que alguns veteranos de Maratona, «uns velhotes fortes, teimosos como burros», continuavam ainda vivos. Por vezes, Heródoto pode ser complementado por diversas fontes escritas posteriores, A mais importante é Milclades, de Cornélio Nepote, escrita por volta da segunda metade do século 1 a.C, O estudioso Hammond (1968, 53) sugere que esta obra e vários fragmentos de passagens recolhidos em O Lexicon, de Suidas, assim como em diferentes fontes
posteriores, poderiam estar baseados em Demon. Demon escreveu uma
história da Ática e uma colecção de provérbios por volta de 300 a.C. O guia de Pausânias para visitar a Grécia é também útil. Apesar de ter sido escrito seis séculos e meio depois da batalha, descreve em pormenor a
topografia da planície de Maratona na Antiguidade. Pausânias recolhe também tradições locais sobre a batalha, algumas de valor questionável. Apesar das fontes mencionadas, há ainda algumas lacunas no nosso conhecimento sobre o que aconteceu na batalha, Num artigo publicado em 1964, Whatley (123-124) mencionou a quase impossibilidade de reconstruir uma batalha da Antiguidade, dado que as fontes escritas disponíveis são por natureza desadequadas. Whatley insistiu na necessi-
dade de investigar a topografia do campo de batalha como elemento-
-Chave para chegar a uma reconstrução plausível. A arte de reconstruir a batalha de Maratona consiste em entender Heródoto com precisão e complementar a sua narração com a topografia da planície de Maratona na Antiguidade.
LEITURAS COMPLEMENTARES Correram rios de tinta sobre Maratona, Cada manual de história grega contém uma explicação. A seguinte lista inclui apenas as obras que foram de especial ajuda e às quais o texto se referiu em mais de uma ocasião, H, G. Avery, Herodotus 6.112.2, Transactions of the American
Philological Association 103 (1972) 15-22. H. CG. Avery, The Number of Persian Dead at Marathon, História 22 (1973) 757.
E. Badian, The Name of the Runner, American Journal of Ancient History 4 (1979) 163-166. A. A. Barrett, M, J, Vickers, The Oxford Brygos Cup Reconsidered, Journal of Hellenic Studies 98 (1978) 17-24,
- | Richard M. Berthold, Which Way to Marathon?, Revue des Études Anciennes 78/9 (1976/1977) B4-95,
Bicknell, The Command Structure and Generals of 7E à -asRJ, Sie ao Campaign, LU Antiqu ité Classique 39 a
Aro
A. R. Burn, Thermopylai Revisited and some Topographical Notes on Marathon and Plataiai, Greece and the Ancient Mediterranean
in Ancient History and Prehistory. Estudo apresentado por F. Schachermeyr ed. K. H. Kinzl (1977) 89-105.
A. R. Burn, Persia & the Greeks (1984)
J. A. S. Evans, Cavalry About the Time of the Persian Wars: A Speculative Essay, The Classical Journal 82 (1987) 97106.
F. Frost, The Dubious Origins of the Marathon, American Journal of Ancient History 4 (1979) 159-163.
Robert Garland, Introducing New Gods. The Politics of Athenian Religion
(1992). George Grote, A History of Greece IV (ed. 1869).
N. G. L. Hammond, The Campaign and Battle of Marathon, Journal of Hellenic Studies 88 (1968) 13-57.
N. G. L. Hammond, Plataea's relations with Thebes, Sparta and Athens, Journal of Hellenic Studies 112 (1992) 143-150. Evelyn B. Harrison, The Victory of Kallimachus, Greek, Roman and Byzantine Studies 12 (1971) 5-24, A. Trevor Hodge, Marathon: The Persians Voyage, Transactions of the American Philological Association 105 (1975) 95-113. A. Trevor Hodge, Reflections on the Shield at Marathon,
Annual of the British School at Athens 96 (2001) 237-259.
W. W. How and J. Wells, A Commentary on Herodotus ll (1912)
J. F. Lazenby, The Defence of Greece 490-479 B.C. (1999). D. M. Lewis, Datis the Mede, Journal of Hellenic Studies 100 (1980) 194-195 d.C. F. Maurice, The Campaign of Marathon, Journal of Hellenic Studies 52 (1932) 13-24, W. MeLeod, The Bowshot and Marathon, Journal of Hellenic Studies 90 (1970) 197-198. J, A. R. Munro, Some Observations on the Persian Wars. 1.
- The Campaign of Marathon, Journal of Hellenic Studies 19 (1899)
185-197. Basil Petrakos, Marathon (1996).
W. K, Pritchett, Marathon, University of California Publications in Classical Archaeology 4, N.º 2 (1960).
W. K. Pritcheit, Studies in Ancient Greek Topography Part | (1965). A. Raubitschek, The Gates in the Agora, American Journal
of Archaeology 60 (1956) 279-282.
A. Raubitschek, Das Datisleid, Charites K, Schauenburg (1957)
234-242., P. K. Bailie Reynolds, The Shield Signal at the Battle of Marathon, Journal of Hellenic Studies 49 (1929) 100-105.
Raphael Sealey, The Pit and the Well, Classical Journal 72 (1976) 13-20. |. G. Shrimpton, The Persian Cavalry at Marathon, Phoenix 34 (1984) 20. E. Vanderpool, A Monument to the Battle of Marathon, Hesperia 39 (1966) 93-106. E. Vanderpool, The Deme of Marathon and the Herakieion, American Journal of Archaeology 70 (1 966) 319-328.
d, A. G. Van Der Veer, The Battle of Marathon. A Topographica l Survey, Mnemosyne 35 (1982) 290-321. W. P. Wallace, Kleomenes, Marathon, the Helots, and Arkadia, Journal of Hellenic Studies 74 (1954) 32-35. N. Whatley, On the Possibility of Heconstructing Mar athon and Other Ancient Battles, Journal of Hellenic Studies 84 (1964) 119-139, D. Williams, A Cup by the Antiphon Painter and the Battle of Marathon, em Studien zur Mythologie und Vasenmalerei Konrad Schauenburg (Mainz am Rhein, 1986) 75-81.
ÍNDICE
Acrópole estátuas 10, 14, 86
Leontida 55-58, 61, 70
Berthold, Richard M. 41
Brigos, taça do pintor de 7, 18, 23, 25-26, 65,
gruta de Pã 84, 85
68, 71, 80
Agrieliki, monte 46, 48, 48, 51
alemeónidas 73-76, 80
cabo Cinosura 35
Ampélio 20
caduceu, varas de 36, 38-40
Apolo 86 Aqueloo 49
Arimnesto 12, 13
Aristágoras 9, 27
Aristides (século V a.C.) 44, 45, 53, 55-57, 82 Aristides (século 11 d.C.) 85
Aristófanes 37, 44, 47, 49, 64, 94
Aristogiton 8, 8
caldeiros 86 calendário ateniense 93 Cálias 82 Calímaco 10-11, 37, 45, 55, 71, 71, 86 Calímaco, monumento a 10-11, 11, 36 Calixeno 73, 76, 76
capacetes 15, 18 ático 66-68
Aristóteles 10, 36, 49, 76 armadura
ateniense 18, 19, 65, 66-68, 78-80
persa 23, 26, 66-68
armamento ateniense
escudos 18, 19, 22. 66-68, 78-80
lanças 18 armamento persa escudos 24
escudos spara 22, 66-68
espadas kopis 22, 26, 66-68
lanças 66-68 setas 60
Artafernes, o Jovem 16-17, 85
Artafernes, o Velho 7-8, 12, 17
Artemis Agrótera 37, 83, 86
Atenas celebrações da vitória 4546, 84-85, 86
c a revolta jônica 8-9 e os emissários persas 9
notícia do desembarque persa 35-37
sob os tiranos 7-8
tentativa persa de captura 73-81
Atena 45, 48, 55, 86
ateniense, campanha de Maratona
e exército a marchas forçadas para Atenas 77-81,
78-80
baixas 76, 83
carga contra o inimigo 64-65 comandantes 10-13, 52-53
controvérsia dos generais 41-46 estratégia e tácticas 64-65, 87
boécio 69, 70 coríntio 13, 14, 16, 21, 66-68
ilírio 66-68 Caradro, rio 49, 49, 50, 52, 60 Caristo 31 Cicero 72 Ciclades, campanha das 29-38] Cimon, filho de Milcíades 11, 12, 61, 85, 86
Címon, pai de Milcíades 11, 12 Cinegiro 55, 72, 72
Cinosarges, Herácleo no 78-80, 81
Citia, campanha de Dario contra 8, 12, 22 Cláudio Eliano 31, 37, 69 Clemente de Alexandria 41
Cleómenes, rei de Esparta 8, 9, 28, 51
Clistenes 8, 18, 86 Ctésias 17, 25, 72 Dario 9
campanha cita 8, 12
campanha de Maratona 15, 27-28, 85 interesse pela Grécia 9, 12, 27
Dátis
chamamento para a submissão
de Atenas 44 e Hípias 34 em Erétria 33-34 em Maratona 51-54, 79 nas Cíclades 29, 31
repercussões da batalha de Maratona 17, 84, 85
tentativa de captura de Atenas 76 trajectória pessoal 15-16
lugar de sepultura 53, 60-64, 81, 82-87
Delfos, santuário e oráculo 18, 69, 86
número de tropas 19
Demócedes em Crotona 27 Demon 49, 94 demos, atenienses 18 Demóstenes 35, 36, 69 Diodoro 15, 44, 46
marcha para Maratona 41
ordem de batalha 54-58 ateniense, características do exército armadura 18, 19, 65, 66-68, 78-80 armamento 18, 19, 22, 66-68, 78-80
capacetes 18, 66-68, 78-30
estrutura de comando
hoplitas 21, 64, 65
10-13, 52-53
organização e recrutamento 18-19 tácticas 64
Sao vestimenta 66-68 ateniense, regimentos tribais do exército Ajantide
55,
71
Delos 31, 84
Diomnesto 82 Dodwell, Edward 47
Drakonera, monte 50
Dúrides 12
éforos 38-40
Egeu 6
Enoé 49
Epizelo 55, 69 Equetlo 69 Erétria e os erétrios 9, 17, 28, 31-33, 77, 85 Eschenburg, capitão Von 83 escravos, no exército ateniense 18-19
escudo, sinal do 73-76
Esparta
campanha de Maratona 28, 36, 37, 38-40, 50, 81 ca revolta jónica 9
e os persas 9
éforos 38-40
invasão de Atenas 8, 51
Ésquilo 48, 55, 55, 72, 72, 73
Ésquines 32 Esteságoras 12
Estesilau 55, 71,71
Estrabão 32, 33 Euforbo 32 Eutimides 10
Fauvel, L. F. S. 50, 52 Fidias 31, 86 Filagro 32 Filípides 35-37, 38-40
Frontino 51, 81
Frost, E 77
Garland, Robert 84 Gobrias 9
Gongilo 32
Grande Marisma 48, 50, 90, 91 Grande Relevo de Dario 9 Grant, J. R. 72
gregos, estratégia dos aliados 28
Grote, George 31, 32, 47, 48, 65
Hammond, N. G. L. 19, 20, 25, 50, 52, 58 Harmódio 8, 8 Herácleo em Cinosarges 78-80, 81 Herácleo em Maratona 41, 48 Héracles 55, 78-80, 99 Heraclides Pôntico 77, 82 Hermes 40, 55 Heródoto 27 comentário a 72 fontes 13, 94
sobre a expedição persa 16, 22, 95, 97, 29-35, 37
sobre a tentativa persa de tomar Atenas 73,77
sobre as repercussões das batalha 72, 81, 83-85
sobre Filípides 37, 40, 50
sobre Maratona 19, 20, 41, 52, 54, 57, 64,
65, 69, 70, 71, 85, 87 sobre os polemarcas 10
sobre os preparativos 9, 15 Higgins, prof. C, 50
Hiparco 7-8, 8
Hípias 7-9, 12, 27, 33, 34, 72
hoplitas (ver ateniense, características do exército)
hoplitodromos 65
=.
ilustrações.
==
Antioquea 55-57, 61, 70, 8º
ii a o ii
Os números em negrito correspondem a
trajectória pessoal 9, 11-13
Milcíades, monumento a 58, 60
moedas 45
navios (ver trirremes) Naxos 27, 30
Nemeia, leão de 55 Nepote, Cornélio 19, 20, 36, 50-52, 81, 84, 85
Nike 10
Oinofile, pintor de 65
Ostraca 45, 45, 73, 76, 76
Otanes 9
lugar de sepultura 19-20, 20, 21,
92 marcha para Maratona 4]
número de tropas 19 ordem de batalha 54-58 plateense, exército capacetes 69, 70
soldados 70
Plateias, batalha de 13, 33
ver também ateniense, regimentos tribais
(pi a à ini
a
tribos atenienses 18
et
Travlos, John 59
90, 92
Tucídides 25, 83
ti O
tnirremes 9, 22 tritias 18 troféu, monumento do 57, 59, 60, 61,
MS
do exército
Van der Veer,J. A. G. 19, 35, 48, 60
Vanderpool, Eugene 48, 60, 6]
veteranos d4
Vrexiza, marisma de 48, 49
Whatley, N. 28, 32, 64
RT
Torre Franca 52, 57, 59, 90
o TO
Teseu 69
ETR
e Maratona 10, 12, 18, 36, 53, 57, 85 morte 84
Petrakos 48, 83 Pindaro 48 pintor de Copenhaga 8 Pisistrato 7, 12 Platão 31 com os persas 20, 27 em Dátis 85 na queda de Erétria 31, 38 sobre os movimentos espartanos 37, 51,8] plateense, campanha de Maratona e exército comandante 13 e repercussões da batalha de Maratona 76, 82 em Maratona 70
Tersipo Erquieu 76
O
Metíoco 12 Míconos 84 Mileto 9 Milcíades, o Velho 11-12 Milcíades, o Jovem 12, 14 capacidade táctica 87 controvérsia dos generais 41, 44-46 e as repercussões da batalha de Maratona 81
Temistocles 55, 57
PA a
Megalo Mat 32, 88, 91
vestimenta 25-26, 66-68 (ver também armamento persa)
Suidas 15, 20, 27, 41, 51,52, 72
e
Megabazo 9 Mégacles 76
Stomi, lago 33, 50, 50 strategoi 10
Xantipo 84
Xenofonte 32, 37 Xerxes 85
Zeus Eleutérios, santuário de
86
q
McLeod, W. 64, 65
Stais, Valerios 81, 87 Stoá Poikíle 69, 70, 72, 85
ri
Marinatos, Spyridon 20 Maurice, gen, sir Frederick 31, 60
cavalaria 25, 51 estrutura de comando 15-17 frota 22-25, 29 organização 25, 68 segunda campanha contra a Grécia (480 a.C.) 17, 85 sparabara 23, 25, 66-68 tácticas 66-68
Soteriades, George 48, 60, 92
hd
Mardónio 9, 15, 85
arstibara 24, 25
Sexto Júlio Africano 85 Simónides 20, 84 Soros, monumento do 53, 60-61, 64, 81, 87
e ho
Maratona (povoação) 49
arqueiros 25, 70
Séneca 49
E
Maratona, monumento à vitória de 91
armaduras 23, 26, 66-68
Scaley, Raphael 9, 27
a
monumentos e festividades 45, 84, 85, 86, 91 ordem de batalha 54-58 presenças sobrenaturais 69-70 sepulturas 83
Schinias, praia de 35, 90, 92
á
localização 58-64
Sardes, destruição de 9
-
carga ateniense 64-65 choque 65-71 datas 50-51, 93
'
50, 52, 53, 58. 82, 88-92, 88, 89, 90,91
sakas 23, 25, 54, 61, 70, 87 Salamina, batalha de 33
[la
campo de batalha 46-50, 46, 47, 48, 49,
LS
Macurdy, Grace H. 22 Maratona, batalha de 50-72, 65, 66-68 baixas 83 batalha junto aos navios 71-72, 72
Raubitschek, A. 44, 45, 53, 54, 57-58 revolta jónica 8-9 Reynolds, P. K. Baillie 76 Rodes 29, 37
-
Macária, mananciais de 32, 49, 91
Quersoneso Trácio 12
rar
Luciano 77
sobre os preparativos 9 persa, campanha de Maratona baixas 83 campanha das Ciclades 29-31 comandantes 15-17 desembarque em Maratona 33-35 lugar de sepultura 83 número de tropas 20-26 objectivos 27-28, 44 ordem de batalha 54 queda de Erétria 33-35 regresso à pátria 84-85 tentativa de captura de Atenas 73-8] persa, exército
Pritchett, W. K. 50, 57, 60
o
Lolling, H, G. 58, 60
10, 11
=
Lísias 22
sobre os lugares de sepultura 19, 20
polemarca
E
Lindos 29-30
na campanha das Cíclades 30 na queda de Erétria 32 sobre as repercussões da batalha de Maratona 77, 82 sobre os persas 20, 27
pesei
Lemnos 12, 14, 15, 16, 72
de Maratona 83, 86 sobre Maratona 13, 69, 70, 72
em Maratona 35, 37, 55, 69-71
aa
Lade (494 a.C), batalha de 9, 22 Lazenby,J. E. 23,77 Leake, coronel 47, 49, 60, 6]
Paros 30, 84 Pausânias sobre a expedição persa 30-31 sobre a topografia 16, 35, 50, 60 sobre as repercussões da batalha
Plínio 83 Plutarco em Dátis 15
ig
jónios, com persas 51-54 Justino 19, 22, 36, 55, 57, 64, 72, 83
Pa 36, 37, 37, 84, 84, 85 Panaghia Mesosporitisa, igreja de 52, 56, 57
a
Ilíada 73 Íris 10, 10, 11
os
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Maratona 490 a.C. Desafio Helénico à Pérsia
Nicholas Sekunda Ilustrações de Richard Hook A história da campanha de Maratona é uma das mais épicas do mundo antigo. Quando os gregos da Jónia se rebelaram contra o domínio persa, em 499 a.C., as
cidades de Atenas e Erétria foram em seu auxílio. Dario,
rei dos persas, jurou vingar-se e no ano 490 a.C. enviou uma frota de 600 navios para castigar os atenienses. Este livro explica em pormenor como os gregos avançaram sobre os persas na batalha de Maratona e os obrigaram a fugir nos seus navios. O efeito desta vitória no moral dos gregos foi enorme. Pela primeira vez na história, um exército grego tinha derrotado os persas, mostrando assim a superioridade táctica dos hoplitas.
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