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Portuguese Pages [438] Year 1993
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Este
livro é o resultado de
vários anos de experiência da AutoÍa nos seus cuÍsos de macroeconomia no LTniversity Co11ege, de Londres, e de seu profundo conhecimento da obra clássica de Keynes - a Teoria Geral do Entprego, doJuro e da l,Ioeda. No presente trabalho, de grande importância 1)an o estudo da teoria econômica moderna, \zictoria Chick, uma das economistas contemporâneas de maior renome internacional, se propôs a demonstrar que a macroeconomia que sucedeu no tempo à Teoria Geral náo a seguiu no espírito. A Autora reconhece, de um ponto de vista crítico, que a contribuição de Keynes ainda é uma fbnte muito rica de conhecimento da estrutura das interações macroeconômicas e dod seus métodos de análise.
MACROECONOMIA a APOS KEYNES
VICTORIA CHICK
MACROECONOMIA APOS KEYNES Um Reexome do Teoria
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estantevirtual - RELETTURA - Rio de Janeiro. {www.esta ntevi rtu a l.com. b r)/
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Macroeconornia pós-keynesiana: Victoria Chick üata compra 79tT2Í20\6. R$ 70,09 - U5$ 20,0ü 1993.
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FoRENSE UNIVEBSITÁBIA
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ediÉo
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1993
Título original: Macroeconomics after KeYnes @
Copyright:
Vicaria Click Traduçáo J efferson Chaves
B oechat e
Daniel
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amarinho
Reviúo técnica Lia Hasanclever Capa:
AG/Carlos Studart
Fiitora$o eletrônica: (P VIDA - Editoraçáo por Computador
CIP-Brasil. Cataloga$o-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Uwos, RI.
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Chick, Victoria. 1936 Macrceconomia após Keynes : um reexame da rcoria geral / victoria chick ; deJaneiro : Forense trâduÉo deJefferson Chaves Boechat eDaniel camariúa. -Rio Universitária, 1993. Traduçáo de: Macroeconomics after Keynes.
Bibliografia. ISBN E5-218-0115-7 1. Keynes, John Maynard, 1E83-1946. moeda. 2. Economia Keynesiana' I. Título.
A teoria geral do emprego'
juro e da
cDD - 330.156
cDU-330'834
93-1241
Proibida
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a
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partirdestelivro,
de qualquer forma ôu poiqualquer meio eletrônico ou mecânico, inclusive através de pÍocessos *".ogan*r, de fotocopia e-cle gravaçáo, sem permissáo do Editor. (l-ei no 5.988 de L4.L2.7?)
Reservados os direitos de propriedade desta ediçáo pela
EDITORA FORENSE I,]MVERSITARIA Rua Visconde Si Na, 32 - 22Ü L-090 - Rio de Janeiro largo de São Francisco, 20 - 01005'010 - Sáo Paulo Impresso no
- RI -
SP
ApresentoçÕo
prazer que o Departamento de Economia da Universidade É Federal "o-"oot-" do Rio de Janeiro colabora com a Editora Forense Universitária desde o processo de indicação do presente livro para tradução até a revisão.técnica dó mesmo. Esta é uma nova fase de relacionamento entre as duas in§tituições que poderá ser bastante profícua. Sabe-se que o mercado de livros brasileiros traduzidos e voltados para o ensino superior tem uma enoÍrne defasagem entre a sua produção original, no eúerior, e a sua versão brasileira. O trabalho de tradu$o e editoração em língua portuguesa encontra urr.'mercado bastante restrito, não permitindo que as poucas iniôiativas sejamplenamente recompensadas pelos fnrtos do próprio mercado. Na área da teoria macroeconômica, o que se observa é o privilégio da tradu$o de manuais que permitem o alcance de um público mais amplo do que aquelé ligado estritaménte aos cunos de economia. Uma exceçáo a essa estratégia fol a edi@o dos clássicos do pensamento econômico. Entretanto, essa iniciativa, apesar dé louvável, não supre o mercado, principalmente devido ao seu sistema Aã aistriUuigo e escopo da cole$o. A distribui$o é feita exclusivamente nos períodos de-lançamento em bancas de jornais, sendo a mercadoria não vendida recolhida à editora. Ou seja, uma distribui$o úo continuada e também não coincidente com os peíodos escolares. O escopo da coleSo é restrito aos autores clássicos do pensamento econômico. Úma enorme quantidade de trabalhos, com relevantes contribuirestrita às áreas de ções contemporâneas ao estudo da economia, perÍnanece barreira 'ao coúecipós-graduaçâo onde o idioma não mais representa uma que graduação, de cursos dos a qualidade prejudica mento. Esse fato não só estão sempre defasados emrela$o à fronteira do conhecimento, como também impede a ãesejada difusão dos novos avanços teóricos para a fertiliza$o de novas idéias e debate das antigas. Entre importantes contribuiçóes à área da teoria macroeconômica
destaca-se
o trabalho de Victoria Chick, da Univenidade de Londres,
VI Grã-Brctanha, publicado pela primeira vez em 1983. Seulivrc, Macroeconomto após Keynes,pode ser considerado como uma alternativa aos manuais de teoria
rmcroeconômica. Além de interpretar as várias passagens controversas do clássico livro de Keynes, Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda , comenta as principais versões dos livros-texüos surgidas após a sua publicação. Dessa forma, resgat a cofiribuição de Keynes para a compreensão da economia rnonetária da produSo, na maioria das vezes desprezada pelos livros-textos convencionais. Importante observar, entretanto, como a autoÍa mesma frisa, em sua apresentaSo do livro, que não se tÍata de dizer "aquilo que Keynes realmente quis dizel'. Isso seria até mesmo impossível do ponto de vista filosófico. O que importa é ser coerente com o ponto de vista do autor e avaliar a sua relevância para os problemas empauta. A questão da relevância, a propósito, é o critério que domina toda a argumentação do livro tanto na análise das idéias de Keynes
frente a seus predecessoÍes e seus Íepresentantes modernos, quanto
à
aplicabilidade de suas idéias ao presente. Esse é o fato que mais contribuiu para nós, do Departamento de Economia, selecionarmos o trabalho de Victoria Chick para indicação à Editora Forense Univenitária. O critério de relevância paÍece muitas vezes teÍ sido esquecido pela maioria dos economistas. Em geral, seus trabalhos são pertinentes, mas não relevantes. Ou seja, dizem respeito aos principais problemas econômicos de nossa sociedade, mas dificilmente contribuem para transformá-la em uma sociedade menos hostil e mais igual. Por exemplo, o Brasil temuma das mais baixas participações dos salários no produto industrial, tanto quando comparado com os países mais desenvolvidos, quanto quando comoarado com a Coréia. Entretanto, toda vez que se discute a questão da forma$o de preços no
Brasil, tentando-se conter o processo inflacionário, a única componente dos custos Íespom abilizada é o salário. A principal contribuição que este livro traú ao ensino de cconomia nos cunos de gadua$o é justamenúe aprender a importância da relevância para a sele$o e análise dos prirrcipais úemas de economia. Dessa forma, poderemos esperar melhores contribuições futuras para a transforma$o de nossa sociedade.
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
Prefócio
Objetivo I)este Livro Fste é um livro sobre outro livro: Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, de J. M. Keynes. É o resultado da experiência di vários anos de utilização da Teoria Geral comobase de meus cursos de macroeconomia para alunos dos cunos de gradua$o do University College of I-ondon. Creio que ele lança uma luznova sobreo livrodeKeynes,e, nessesentido, opúblico quevisei são os meus colegas de universidade, mas também é destinado aos alunos: penso que a prâtica atual de selecionar os leitores, teservando as novas idéias paÍa os profissionais e oferecendo aos alunos tão-somente o que é geralmente aceito, não apenas é condescendente com os alunos, mas também nociva à vitalidade e ao progÍEsso do nosso objeto de estudo. Por isso, espeÍo com esúe livro encorajar outros a reintroduzir a Teoria Geral no ensino vigente, não por haver algo de intooável em Keynes, mas poÍque eu diria (e, de fato, o faço neste livro) que a Teoria Geralpropotaona
uma compreensão muito mais fecunda da estrutura das interações macroeconômicas até agora.
e
dos métodos de analisá-las do que muito do que foi escrito
Amacroeconomia desenvolvida após Keynes, embora afirme inspiraror ia G er al, não foi, a meu veÍ, nem no método, nem em sua peÍspectiva ou discernimento, macÍoeconomia segund o o estilo deKeynes. O meu trabalho pretende evidenciareste fato chocante: a macroeconomia que sucedeu a Teoria Geral no tempo não a seguiu no espírito. E é deste que precisamo's. Eu chegaria a ponto de afirmar não só que a economia keynesiana não é Macroeconomia segundo Keynes, mas que sequer é macroeconomia! Consrderem a maneira de tratar de qualquer livro-texto, onde nos dizem haveÍ em se
ta
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Keynes três equa@es fundamentais de comportamento: a fun$o de consumo, a equação de invéstimento e a preferência pela liquidez. Isto não é destituído de rãáo. Segue-se, então, uma exposição muiúo detalhada dessas três fun$es,
VIT inteiramente baseada em princípios relativos ao comportamento individual. Nada há de errado na escolha do nível individual: é onde essas decisões são tomadas. Mas, depois, conhadizendo o que (geralmente) é diúo ao apresentar teoria macroeconômica sobre a falácia da composi$o, as equaçóes representativas do comportamento individual são vistas como vinculadas aos agregados e recebem o tÍatamento da solução simultânea. O enfoque da síntese neoclássica é o de dividir a teoria em componentes, costurando as paÍes semnunca questionar se ainda se ajustam legitimamente numa teoria coerente no nível macroeconômico. Tampouco se contç-§ta o método das equaç6es simultiineas. Keynes, em contraposição, estabelece como objetivo forneceruma teoria do "produto como um todo", uma teoria que admita a possibilidade do desemprego que não seja nemvoluntário nemtransitório. Neste quadro geral, os componentes eramvistos como elementos fundamentais.Adiferença é entre uma atitude "holística" e uma atifude "reducionista" em relação à teoria. Creio firmemente que a ânsia de simplificaruma teoria, de reduzi-la às parúes que a compõem, principalmente por estas serem mais fáceis de manipularmecanicamente, é, emgrandeparte, responsável pela triste situação da questão e da política econômicas. a
Considere-se, poÍ exemplo, uma conseqüência da apresentação da "teoria macroeconômica" como as três equa@es comportamentais acima citadas (substitua, para maiorfamiliaridade, uma função de poupança poruma
função de consumo, embora eu sust€nte neste livro que tal substituiÉo foi desastrosa) e um suprimento exógeno de moeda. Separe o "monetário" do "real" numa cuwa LM e numa curva 1S, respectivamente. Então é fácil falar de política fiscal, sem considerar as conseqüências do modo de seu financiamento, como se os efeitos "monetários" operassemexclusivamente através da demanda de tweda. Duranúe muito tempo foi este o padrão teórico "keynesiano", que ignorou o que Keynes realmente disse sobre os efeitos do financiamento e foi insensível ao que ele, nãoprevendouma inúervenção emtalescala,defato não disse. Assinr, foi deixado inteiramente aberto o camiúo para o desafio do monetarismo, e a úeoria debilitada tornou-se fúgil demais para combatê-lo efetivamente. Foi a miúa insatisfaçáo com a teoria macroeconômica convencional que inicialmente me levou, na busca de algo melhor, a retornar à Teorin Geral e a uüliá-la, em lugar de um livro-texto, em meus cursos de macioeconomia para alunos do segundo ano de graduação. Parece-me não haver em absoluto nzÁo pan pÍpetuar a sifuação afual, ensinando os alunos sobre o "Debate Monetaristas x Keynesianos", ou sobÍe alternativas mais recentes, tais como as teorias econômicas neocambridgeana e neoclássica, fundamentadas nas excessivas simplifica$es e rnanipula$es algébricas predominantes nos livros-texúos,pois dessemodoúo sedá r elesumcritério deavaliaçãodasteorias
D( ou de escolha entre elas. A miúa experiência é que os alunos acabampor dizer simplesmente que "a teoria de X é esta" e "a teoÍ'a de Y é aquela", sem tentar
avaliar ou escolher - se é que escolhem -, @r base em suas preferências políticas, alguma prescri$o de política econômica associada a uma determinada teoria. Se as conclusões de política econômica não resultam da teoria (o que ocorre com demasiada freqüência), o esfudante está, a meu veÍ, numa situação intelectual pior do que se jamais tivesse aprendido economia. Assiur, este não é umlivro particularmente fácil, e não me desculpo por isso. Por sua própria nat:uteza, a macÍoeconomia exige que estejamos atentos simultaneamente a um gÍande número de coisas, e uma visão holística é algo que cada leitordeve construirporsi mesmo, a partirdos "dados dopensamento que você está procurando transmitir a ele".* Os alunos tampouco acham a Teoria Geralparticularmente fácil: para começar, ela é constituída unicamente de palavras, comumúnico diagrama e
raras equações a apreender. A análise freqüentemente é pouco clara e especialmente difícil de penetrar após estudar algumas "economias keynesianas". (Os alunos ficam inteiramente aturdidos ao ver quão diferentes as duas são, e muitas vezes se mostrambastanteperturbados coma descoberta). Inicialmente, portânto, concebi este livro como uma contribui$o à compreensão da Teoria Geral, partilhando o que havia aprendido ao voltar a ela - um exercício, se preferirem, de restauração, de retirada de mãos de verniz "keynesiano", para qie o objeto original pudesse ser visto. É claro que isso já fora feito tambémporlrijonhufuud (1968), mas senti que ele ainda tiúa mais camadas a retirar. O mesmo aconteceria comigo. Aprimeira tentativa, eml974 (!), malogrou ao tratar do fluxo circular da renda. Mais tarde, compreendi não serem realmente compatíveis o fluxo circular e o tratamento dado por Keynes às finanças e à moeda. Era certo que eu devia fracassar. C.omo inicialmente o concebi, o livro era também, em gnnde paÍe, um "antitexto", criticando pormenorizadamente os textos de macroeconomia. Verifiquei, porérq que os keynesianos sempre se colocavam no camiúo da miúa tentativa de dizer o que pensava do que Keynes tratava. E eu queria também reelaborar e ampliar partes da teoria e indicar a maneira de realizar as mudanças necessárias. Esses objetivos tiveram prioridade, de modo que, com algumas exce$es, onde eu sentia que as concepçóes prevalentes necessitavam sertratadas explicitamente, deixei os keynesianos mais ou menos empaz. Emtodo caso, havia inimigos mais sinishos ao meu redor na época em que retornei ao projeto. Este não é um livro de história da doutrina econômica como tal, que se ocupa em esclarecer, tão claramente quanto possível, o ponto de vista do autor,
*
Ia KEYNES , Collected Writings, vol. Xll, p. 470.
x em seus próprios termos. Espero que, em vários pontos, eu teúa feito isto, embora não pretenda que este livro revele "o que Keynes realmente quis dizer". Evidentemente é impoÍante, quando selê u mautor, usara sua púpria simpatia e intuição para abordar, tão exatamente quanto possível, o ponto de vista dele, tentar compreendê-lo com o melhor do seu talento. Fste esforço e respeito básico é necessário mesmo para fazeruma crítica efetiva - ninguémé obrigado a concordar. Mas é uma impossibilidade filosófica saber o que outra pessoa "realmente quis dizer"; o que importa é compreender de forma coerente para si o que um autor diz e avaliar sua aplicabilidade ao problema em pauta. Em última análise, a questão da pertinência predomina no livro, quer avaliando as idéias de Keynes em face das de seus predecessoÍes o de seus representantes modernos ou a aplicabilidade de suas idéias ao presente. A teoria é com demasiada freqüência apresentada como se as suas origens fossem totalmente abstratas. Isto ajuda a fortalecer á impressão de que as idéias posteriores são melhores, assim como a Verdade gradativamente supera o Erro. Quando as teorias são apresentadas pelo que são - produtos de inteligências de seres humanos, com seus interesses, forças e fraquezas específicos, atuando numlugare época determinados - os alunos podemcompÍeender que certas inteligências captama essência doproblema melhordo que outÍas e que até a melhor teoria é apenas provisória. E pena que, em rnâcroeconomia, uma teoria muito boa teúa sido superada por outras muito mais limitadas, mas, mesmo quando a melhor teoria tenha sido compreendida, náo devemos nos deter nela. O livro frnaliza sugerindo áreas em que é necessária uma revisão substancial, talvez radical. Porconseguinte, o aluno que busca aqui a Verdade não ficará simplesmente desapontado; nele teú sido inculcada a idéia perturbadora de que realmente não existe tal coisa. As teorias raramente são Verdadeiras ou Falsas, mas podem ser julgadas mais ou menos pertinentes ao lugar e à época a que se aplicam.
Dito isto, parecerá estraúo ao leitor, pata dizer o mínimo, que haja muito pouco neste livro sobre os aspectos internacionais da economia, ou sobre o governo fora do quadro de referência da política de estabilização. Este é o caso, apesar da insistência de muitos que viram o manuscrito em várias etapas para a inclusão dessas questões. Permitam-me dizer imediatamente que concordo com eles em que é uma questão de grande importância, até urgente, desenvolver um modelo macroeconômico que incorpore plenamente estes aspectos. É, assirq com pesaÍ e escusas que não obedeci aos seu§ corselhos; muito simplesmente, não me senti coma necessária profundidade de compreeasão para tratar desses aspectos no mesmo nível do que é apresentado aqui e integrá-los ao restante da análise ao invés de simplesmente aditá-los e creio firmemente que "aditar" não é suficientemente bom. Em alguns pontos há algumas sugestões nessa direção que outros poderiam gostar de seguir. Fazemos o quesentimos que sepode fazeredeixamos o restantepara os outros"
XI Agradecimentm Não podemos seqrrer faze r o que nos
é
possível sem a ajuda e o apoio de
outms, e eu úeúo muitrs dívidas. Algumas deles são muib antiga§, remontam los meus tempos de estudante em Berkeley. Ali, David Alhadeffe llarvey Leibenstein ensinaramme microeconomia de um modo que me permitiu ver, na aúlise da oferta e da demanda, mais do que o ponúo de intenecção de duas cuÍvas. Esta percepção é o fulcro em que se apóia quase toda a aÍgumentação teórica deste livro. Também em Berkeley, Hyman Minsky tentou ensinar-me a Teoria Geral, mas eu realmente não percebi então a sua importáncia. Desejo agmdecer-lhe por haver tentado e desculpar-me por seÍ na época tão obtusa. Tive a esplêndida oportunidade de pôr à prova muitas das idéias deste livro em semiúrios realizados em muitas universidades britânicas e italianas e, num período de tempo maior, como professora visitante nas univenidades McGll e Aarhus. Sou muito gnta por esses convites e pelos estimulantes debates que deles resultaram. Há muitas pessoas a agradecer pela leitura, em várias fases, de paÍte ou detodo o original. SusanHowson, David Laidlereumaluno do curso, Hygtnus I-eon, leram quase todo o original e Richard Lipsey unn grande parte dele. Recebi tamEm de Michael Danes, Shcila Dow, Peter Earl, Nicolas Rau, Colin Rogen, Kerry Schott, Thanos Skouras, JohnSutton, ChristopherTorr, Valeria Termini e Claus Vastrup várias observaSes sobre determinados capítulos. Agradeço a todos eles porme haverem, de modo tão generoso, concedido o seu tempo e posto à miúa disposi$o scus coúecimentos e críticas. Eles não devem ser responsabilizados pelo resultado.
Aquelcs que me ajudaram a dar forma material ao livro também nrcrecem agradecimentos. Tanlos se ocuFrÍam da datilografia, em várias etapas, que é impossível nomeálos. Sou grata a todos eles, rnas em especial a Celia Rhodes. Celia, uma ex-aluna (ogo sabia o que eu estava fazendo), irrcumbiu-se não só de enormc porÉo da datilografia no estágio Íinal como também das tarefas editoriais, inclusive da rnaior paÍe da responsabilidade pela elaboração do índice. Não só a sua datilognfia quase irrepreensível e o seu trebalho editorial inteligente foramuma dádiva, como tambéma sua calma que minorou sobremaneira o estresse de tal projcto. Tivc muita sorte - na verdade, me pergunto se cste livro teria sido publicado sem ela. Desejo também agradeccr a Philip Allan, primeiro pela sua paciência e depois, igualmente, por saber exatrmente quando e como perdêJa. Ambas foram fundamentais, do mesmo modo que o seu apoio e entusiasmo peÍmanentes. DevoJhe também agradecimentos poÍ orgattzn de maneira quase impressionantemente úpida a produção deste liwo. Gostaria de agradecer particularmente a Ann Hirst, que foi uma excelente editora texüual e com quem
xII foi tão prazcroso trabalhar. Geoffrey Harcourt briram alguns erros finais.
e
Basil Moore também desco-
Observaçóes sobre a leitura deste livro Keynes era um hábil estrategista: formulou o esboço principal de sua teoria e iraçou as linhas de discordância com a teoria existente após um primeiro capítulo de apenas meia página. Considerando rctrospectivamenÚe, poderia térsido prudente, adotando esseplano. o meu capítulo 4 corr" esponde ao-Capítulo 3 dele e os três capítulos anteriores podemserbastante dificeis de situar. O meu conselho é faz7.'1.tenlativas, mas sentir-se livre para saltar para os capítulos 4 e 5 e depois voltar atrás (Mas fazêJo de fato: há muita coisa baseada nesses capítulos iniciais). Antecipei pãra o Capítulo 8 a análise das mudanças nos salários reais; outros tópicoi sãó claramente indicados pelos títulos do capítulo.Há umquadro de coneJpondências entre os capítulos da Teoria Geral e este livro acompaúando o Sumário. Para propósitos de ensino haverá, sem dúvida, necessidade de cortes. Todos os anos óorto ou passo uma rápida vista d'olhos sobre diferentes dados. Qualquer coÍe prejudica a coerência, mas não é útido aquilo que é mais dispersável. (Seiu soubesse, o livro seria menor). Penso que o equilíbrio seria detãrminado pelo que efetivamente atrai ou não os alunos e professores. os alunos provavelmente necessitampara o Capítulo 9 de uma base maior do que a que pude oferecer sem distorcer a forma do livro.
ãu
Reconhecimento
A autora recoúece com gratidão a permissão da Royal Economic Society e da Macmillan Press para citar o§ textos de Keynes. Notabibtiognifica Embora outras referências sejam indicadas poÍ autoÍ e data, a Teoria Geral e os itens para os quais os Textos Reunidos são a única e mais adequada fonte foramindicados, rêspectivamente, Por T. G. e L R. (acompaúados do número do volume). As referências à página da Teoria Geral são da edi$o
original de 1936.
xIII Nota da Autora
Foi bastante opoúuna miúa visita ao Brasil, exatamente quando esta edição empoúuguês encontrava-se emseus últimos estágios depreparação. Os Editores tiveram a gerúileza de permitir que eu e meu antigo aluno Rogério Studaú (atualmente professor da UFRI) fizéssemos uma leitura final nas provas. Além disso, demonstraram preocupação com a coÍreta apresentação desta edição, o que é da maior importância para os autores. Sou por isso mesmo, gnta aos Editores por essa manifesta$o de apreço
Victoria Chick Londres 8 de novembro de 1993
Capítulos da Teoria Geml reÍerentes aoo capítulos deste livro M acr oec onomia
aPó s KeYne s
lIPARTE 1
2 3
Teoria Geral
L,2
q,z,l
2APARTE 4
3,5
5
3,20
6 7 8
8,9,11, L2 2,19
3APARTE 9
13,14, 16
10
13, 15
11
13
12 13
18
4APAR'IE
t4
10
15
20,21
t6 t7
22
5I PARTE 18
t9 20
l7
Sumório
Panrr I keliminarrcs e Fundamentos CapÍrulo L KeyneseaMacroeconomia . Capfrut-o 2 O Método da Teoria Geral . CapÍrut-o 3 A Estrutura Agregadora Panrr
II
Um Modelo Estritico de um kocesso Dinânico . . . . .
1
J
L6
38
67
4 A Teoria do Produto e do Emprego 69 Capfru-o 5 Os Microfundamentos da Oferta Agregada . . . . 90 CapÍru.o 6 A Demanda Agregada lLL Capfrwo 7 O Mercado de Trabalho: Keynes Versus os Clássicos 144 CapÍruo 8 A Demanda de Mão-de-Obra Considerações Adicionais 174 PmrgIII ttFinance". 189 CapÍru-o 9 Poupança, Investimentos, Juros e Financiamento Lgl CapÍrur-o10 Incentiv-osàLiquidez...... 214 CapÍrut-o 11 A Determinação da Taxa de Juros 243 CepÍrmo 12 O Sistema Banciírio 257 CapÍru-o 13 O Modelo Estático: Recapitula$o . . . . . . . . . . 269 CapÍruo
Panrr fV A Dinâmica do Sistema
OMultiplicador.... CepÍruto 15 Preços e Produ$o. CapÍrum 16 Flutuações Cíclicas CapÍruo 17 AMoeda CapÍruto14
277 279
299
3I4 323
\\I Panrt Y
Questóes de Política Econômica
CapÍrur-o
18
CapÍrur-o
19
CepÍruro
20
347
Política Econômica:
Cor»eqüências Monetária e Fiscal A Política Econômica numa Penpectiva de Mais Longo Prazo . A Aplicabilidade da Teoria GeralHoje Para a
349 372
39t
RrrrnÊxcns BmltocnÁncAs...
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PARTE
I
Preliminores e
Fundomentos
cnpÍuro I Keynes e o
Mocroeconomio
Uma Teoria Monetríria da hoduçáo Em certo sentido, a Teotria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, de Keynes é, macroeconomia e, noutro sentido, muito real, a macroeconomia moderna fez um longo camiúo no sentido de restabelecer a teoria que existiu antes de Keynes ter escrito e que ele pensou ter demrbado. Toda teoria é simplificação, abstraçáo, estiliza$o. Ateoria não espelha a realidade; extrai as características salientes que expressama essência dessa realidade, do mesmo modo como um artista pode usar aPenas umas poucas liúas para sugerir tanto forma quanto sentimento. As boas teorias são abstrações pertinentes, e a pertinência se alÚera quando a história evolui. Em economia, as velhas teorias ratamente são errôneas; apenas se tornaramnão pertinentes. Examinando a teoria econômica em que fora formado, Keynes sentiu que ela não era mais aplicável ao mundo que ele coúecia: Falta-nos uma teoria monelária da produ$o. Uma economia que usa a moeda, mas somente como um elo neutro nas transaçóes de bens e ativos reais, e não permite que ela participe de motivos e decisões, poderia ser chamada -na falta de um nome melhor - uma economia de trocas reais... Amaioria dos tratados sobre os princípios de economia ocupa-se principalmente, senão inteiramente, de uma economia de trocas reais; e - o que é mais singular - a mesma coisa é também, em grande parte, verdade em relação à maioria dos tratados sobre a teoria da moeda.., A teoria que desejo trataria, ao contrário, de uma eoonomia em que a moeda desempenha o seu próprio papel e afeta motivos e decisóes e
é, em suma, um dos fatoÍes atuantes na situação, de modo que o curso dos acontecimentos não pode ser previsto, quer a curto ou a longo prazo, sem um coúecimento do comportâmento da moeda entre o primeiro e o último esúgios. E é isto que devemos querer dizer ao falarmos de uma economia monetária-." Todos certamente concordariam que é numa economia monetária, tal como entendo o termo, que realmente vivemos."
No entanto, creio que os expoentes da economia tradicional subestimaram grandemente as importântes e, em certos âspectos, fundamentais diferengs ãntre as conclusões de uma economia monetária e as de uma economiâ mais simples de trocas reais, resultando daíque omecanismo depensamento com que a economia de trocas reais equipou as mentes dos profissionais do mundo de negócios, e também os próprios economistas, levou, na prática, a muitas coiclusóes e políticaserrôneas.Aidéia dequeécomparativamentefácil adaptar as conclusõei hipotéticas de uma economia do salário real ao mundo real da economia monetária é um erro. É extraordinariamente difícil fazer a adaptacom alguns detalhes, ção... Desse modo, creio que a próxima tarefa é formular, uma teoria monetária da produ@o... Essa é a tarefa de que estou me ocupando âgora, nâ esperançâ de não estar desperdigndo o meu temPo'
(7. -R. XIV, PP. a08'411)
extraordinário que uma teoria de trocas reais seja aplicada iuma nação industrializada. Poder-se-ia até mesmo considerar esirai c quetal teoria tiúa sido construída emprimeiro lugar. ConsideÍe-se, no entantô, que tipo de economia se elaboraria, se se vivesse numa sociedade que fosse, emgrande parte, agrícola, na qual a maiorpaÍedo comércio interno O aluno poderia considerar
não fosse monetizada. uma teoria detroca direta detempo detrabalho por"trigo", a metcadoria Íepresentativa, não seria desarrazoada. A moeda entÍaria em cena na se$o de co'mércio internacional. Se o trabalho de alguém é bastante bonr, pode captar as atenções das gera@es sucessivas táo completamente que a-.análise e os hábitos"mentais alpropriaAos a uma situação continuam a ser utilizados muito depois que a situáção. que são aplicáveis tenha se alterado tânto a ponto de uma mudança da teoria. As leis da inércia aplicam-se ao pensamento
"*igirquanto ao mundo fisico. tânto
À economia que Keynes observou não era nada parecida com essa. Era um mundo que, dô modô geral, se assemelhava ao no§so (embora haja, naturalmente, diierenças, al§lmas delas importantes)' Eleviu, como nós-, uma economia industrial, de forma capitalista,l comum sofisticado sistema financeiro para preencheÍ a lacuna entre a po§Se do capital poÍ un§ poucos o a n"".riidudê de uma ampla fonte de fundos para financiar essa Posse: uma economia monetária de Produção.
Naturalmente, pode-se pensaÍ: mas qual é o problema àoje? Keynes foi seguramente bem-sucedido em sua tarefa e a questão está resolvida? Não, ela nao está resolvida. De um modo bizarro e dramático, embora o resultado de seus esforços ainda seja considerado entre os três ou quatro livros mais impoÍantes de economia já produzidos, foi, ou tem sido até o presente, uma perda de tempo. Em três etapas, muito da antiga teoria de trocas reais foi restabelecida. Agente sepergunta o que há de tãoprofundamente atraente nela. A primeira e maior etapa era a "síntese neoclássica", baseada no esquema IS-LM, no qual a teoria de Keynes foi conservada em sua forma exterior, mas perdeu em substância. Os três elementos essenciais do comportamento estão ali - a função de consumo, a eÍiciência marginal do capital e a preferência pela liquidez -, nüts são reunidos num quadro de equações simultâneas - um método apropriado somente à análise da troca2 - e tudo, mesmo a função de preferência pela liquidez, é "real". O restabelecimento do método adequado à teoria de trocas reais foi o passo importante, mas o monetarismo forneceu mais dois: primeiro, a distin$o entre consumo e investimento, já debilitada na análise -I§-trM, foi virtualmente obliterada,3 levando-nos de volta à economia do "trigo"; segundo, o desenvolvimento das "expectativas racionais", embora fazendo a análise parecerlidar com a incerteza e a previsão, leva-a de volta quase ao modelo da cÊrteza perfeita; só permanecem os eÍros aleatórios, que não são previsíveis. Na teoria de Keynes, as alterações no investimento são ulna causa importante de perturbação (para melhor ou pior) da economia. O efeito do restabelecimento de uma teoria de produto indiferenciado é eliminat esta causa de perturbação, deixando a política governamental como a causa principal das flufuações. Esse é um grande passo no sentido de restabelecer o teorema, prevalente antes de Keynes, de que o sistema econômico era "auto-regulável": as flutuações eram temporárias e auto-reversíveis e a melhor política era não mexer na economia. A introdução das expectativas racionais reforça esta conclusão, visto que os planos de gastos não se baseiam mais, como os planos de investimentos de Keynes, no longo prazo, sendo as previsões muito incertas e os gastos governamentais anulados emseus efeitos pelo conhecimento de que eles são igualados por obrigações futuras de impostos. Passamos da economia de Keynes para a "teoria econômica do Dr. Pangloss".4 O status quo ante é virtualmente restabelecido, e isso, acredito, é,trâglco tanto para a teoria como para a política. Como isso aconteceu? A maior parte do problema talvez resida na complexidad e da Teoriu Geral e ro desejo dos intérpretes de simplificar a sua mensagem, ao invés de dar-se ao trabalho compreender a sua complexidade. Parte da dificuldade reside no fato de as hipóteses do modelo atual de trocas reais seremtácitas, como eraÍn na versão atacada por Keynes. Podemos assim
nos enganar com as palavras que usamos -note a obsewa$o de Keynes sobre o caÁter"real" da teoria monetária,e eu afirmei que a teoria da produção dos livros-textos padrões é, na realidade, uma teoria de troca. (Não se pode ver as hipóteses dos outros comclareza, se não coúecemos a nossa própria. Por essa razão, devemos prestar muito atençã o ao método.) Assi4y'* embora em alguns pontos o mundo ao qual a úeoria de Keynes se refere mais estritamentedifira donosso, a difercnça émuito menordo queoabismo que separa a realidade da economia industrial moderna da quase perfeitamente correta econcgnia detroca deumaúnica mercadoria da macroeconomia moderna. Este fato - é um fato tal como o vejo - é a raison d'être deste livro.
Moeda Amacroeconomia jamais chegou realmente a umacordo coma moeda. (Tampouco a microeconomia.) Poucos compreenderam com esta espécie de çlarcza o que a mudança para uma teoria monetáia acaneta: da teoria monetária é muito mais ampla do que geralmente se admite;... cabe a ela nada menos do que abarcar uma segunda vez todo o campo que é tratado pela teoria pura baseada na hifrtese de escambo, e investigar que mudanças se
A tarefa
fazem necesMrias nas conclusões da teoria pura pela introdu$o dâ trocâ indiretâ.
(Von Hayek, 1935, p. 110)
A moeda, como é bem sabido, permite separar o ato de compra de bens do ato da sua venda, isto é, a troca indireta. Em geral, na teoria econômica, mesmo hoje, este atributo da moeda étratado comouma pura comodidade. Ern tal teoria, a suposi$o é de que a existência da moeda nada faz para mudar a natuÍeza das transa$es; em sua falta, as mesmas vendas simplesmente ocorreriam com maioÍ ineficácia e a um custo real mais elevado. Os preç.os relativos permanecemos mesmos; a moeda é neutra. Os bens são trocados por bens: a economia de trocas reais" Atroca indireta r,ignifica uma separação no tempo entre a@es envolvendo bens reais. O valor real de uma transação de vendas, portanto, não pode ser coúecido com certeza. Neste sentido, toda transa$o é uma especulaSo (Hicks, 1939) e, na possibilidade de o intervalo entÍe as transa@es poder ser longo em termos agregados, Marx encontra uma explicação paÍa a "crise".5 Mesmo uma teoria de uma economia monetária de trocas pode dar resultados
importantes. Produção
A produção também, poÍ
sua própria \afi;irezÃ, con§ome tempo.
O caáter consumidor de tempo da produ$o impõe aos produtores
a
necessidade de tomar decisóes corn base numa estimativa, nurrn previsão da demanda do seu prcduto: os bens devemserpostos no mercado antes que as pessoas possam comprílos e, portanto, ante§ que a demanda possa seÍ coúecida.6 A ãxistência da-morda pode aumentat a dificuldade de se fazer essa estimativa, pois, quando poupailr para compras futuras, as pessoas não plecisam fazer.pedidos eipecífiôos àesmo que saibam do que precisaáo e quando. Ao invés disso, elas podemmantera moeãa ouumdos muitos direitos de moeda futura queumsistema financeiro desenvolvido proporciona. Esta atitude úo oferece aos produtores nenhuma indica$o quanto aos seus Planos futuros. São estes ós fatos básicos incorporados pela teoria de Keynes, e, usandoos, ele ataca a ortodoxia prevalente. O ataque foi a umsó e mesmo tempouma declaraSo de guerra total e uma luta porumobjetivo específico. Esse objetivo, uma manifestação da ortodoxia predominante, foi a teoria do emprego' Os acontecimentos determinaÍam seu objetivo específico, pois, enquanto Keynes sabia que a sua teoria era uma crítica completa da Economia de Trocas Reais, a situação da economia britânica, na década de 30, era terrível demais para permitiiuma abordagemaltiva e livre, mesmo que o temperamento de Keynes o tivesse permitido.
Condigóes Históricas Todos os livros são produto de sua época e lugar. E a época e o lugar que servemdeba seàTeoriaGeralsão extraordinários. Aépoca, o iúcio da década de 30;7o lugar, Cambridge. Ambos influíramna forma e no conteúdo do livro"
Primãiro, a forma. Os estilos mudam.
A
economia hoje tem por
fundamento uma linguagem técnica (ou aparentemente técnica), infiltrada pela matemática. Afeoría Geral é qtasetotalmente verbal. As palavras, cujo era tido como dado, eramas deuso comumna época emCambldge. Existiam outras palavras cujo sentido é hoje (penso que erroneamente) tido
iignifi""ao
como comum, que, mesmo éntão (e lá), estavam sujeit4s a acaloradas discussões - poupançá, por exemplo. Uma plena compreensão do livro, 9.ue eu reivindiio para mim, exige um coúecimento da linguagem especial vlgente naquele grupo estreitamente unido de economistas entre o9 quais Keynes estãva trúaÍhando. Pelo menos deve-se e staÍ atento à "falácia da linguagem comuÍÍr's e à necessidade de exercitaÍa imaginaSo interpretativa: AEconomia de cambridge era (e ainda é) uma tradição intelectual distinta. o leitor da Teoria GeraT deve fazeÍ uma tradução da linguagem de Cambridge na década de 30 para a atual. ivtais importante, o conteúdo. Énecessário considerara Teoria Geralno ambiente histórico, tanto a história da economia britânica como a história do
pensamento econômico.
A
Teoria Geral é uma reação direta à doutrina
estabelecida. Uma passagem famosa do prefácio de Keynes qualifica o livro como: uma longa luta de liberta$o... -uma luta de liberta$o dos modos habituais de pensamento e de expressão... A dificuldade está não nas novas idéias, mas em se libertar das idéias antigas, que se ramificam... por todos os cântos de nossas
mentes.
(7. G.,p.VIII)
Talvez eu não possa ofereceÍ uma exposição completa da teoria macroeconômica tal como existia antes de Keynes,e muito menos arrolar o conteúdo de sua mente antes de iniciar a série de idéias que resultou nesta obra.lo Mas um esboço das idéias mais importantes é dado a seguir, pois a sua
oposição à ortodoxia reinante dá forma a toda a aÍgumentação. É uma ortodoxia que, de forma alguma, desapareceu, embora teúa mudado ligeiramente a sua forma.ll Keynes estava ansioso por refutar uma manifesta$o particular da teoria oÍtodoxa, ou seja, a I-ei de Say e o teorema derivado dela: que o desemprego involuntário é impossível. Era dificil acreditar nisso, na Grã-Bretaúa do início da década de 30, quando Keynes começou a trabalhar as suas novas idéias. Desde 1921, quando dadirs confiáveis se tornaram disponíveis, as taxas de desemprego no Reino Unido não eÍam um espetáculo agradável. Naquele ano, a porcentagemde trabalhadores desempregados segurados eru de 15,670. Caiu para 9,7V0 eml927, e chegou ao ponto máximo de22,l7o eml932:2,8 milhões de pessoas. O número registrado de desempregados era de cerca de dois milhões até o final de 1935. Estes são dados para o país como umtodo; eles são indicados integralmente na Tabela 1.1. Os dados regionais constituem um registro terrível. Dessa forma, quando Keynes estava escrevendo, uma economia em depressão tiúa se tornado uma caracteística familiar ao Reino Unido poÍ um período muito longo, por razões específicas - alguns diriam por uma razão específica: uma determinação de fazer voltar o padrão-ouro na Grã-Bretaúa à taxa de câmbio anterior à guerra. Se isso acontecesse, os preEos e os custos teriam que seÍ reduzidos a níveis compatíveis com os dos Estados Unidos, à taxa de câmbioantes da guerra. Para chegara isso,peneguiram-se, deliberadamente, políticas deflacionários. Uma vez alcançada (em1925), a taxa sobrevalorizada fez o seu próprio trabalho: a deflação continuou em paúe, porque " as exportações eram caras demais, baixando desse modo as vendas e a renda"
Odeclínio g/obalaparccetmais tarde, quando a América tambéúsofreu uma depressão, favorecida ou precipitada pelo colapso de Wall Street em 1929 .12 E,nfie 1929 e a baixa de 1933, o Produto Na cional Líquido, em preços correntes, caiu mais de 50% e, em preços corstantes, em mais de um terço.l3
TABEI.A 1.1 Salários, Preços eDesemprego na GráBretanha no peíodo de entre-guerras
Ano
Taxa de salário semanal médio 1958 = 100
t92o rezt re22 Le23 1924 1925 L926 1927 t928 1929 1930 t92t 1932 t933 t934 1935 t936 t937 1938
Preços
no varejo
(1)
1958 = 100 (2)
(47)*
Índice de salário real
Percenfual de
(r)t(2)
(4)
desemprego
58
(0,81)
2,5
(46)
53
(0,87
15,6
(36)
43
(0,84)
14,3
(32)
4T
(0,78)
Il,7
32
47
0,78
10,3
32
4t
0,78
ll,3
32
40
0,80
12,5
32
39
a,82
9,7
32
39
o,82
10,8
32
39
0,82
lO,4
32
37
0,86
16,0
31
35
0,89
21,3
31
34
0,91
22,7
30
33
0,91
19,9
30
33
0,91
t6,7
31
34
0,91
15,5
3t
35
0,89
13,1
33
36
0,92
10,8
34
37
0,92
L2,9
Fonte:
I-ondon and Cambridge Fronomic Service" Key Statistics of the British Economy, 19A0-D62, Tabela F. * Os parênteses indicam estimativâs "particularmente aproximadas".
O desemprego subiu de3,27o em1929 paÍa23,680 na depÍessão: quase
13 milhões de pessoas.la Bancos faliram e os depositantes não estavam garantidos. Nada disso contribuiu pam o comércio mundial: importante fonte de demanda, entÍaÍa em tempos dificeis.
a
América, uma
10
a
Os economistas pré-keynesianos tiúamassistido antes a quedas bruscas e colapsos financeiros etiúamteorias de flutuaSes dos negócios. Mas supuúam
que o sistema, como um barco bem construído, iria, sem excessiva demora, corrigir-se. OqueeÍa novoera apersistênciadocolapso.Eédestaperspectiva que a demonstra$o de Keynes da possibiüdade de equilíbriocomsubemprego deveria ser comprcendida.ts E um teorcrna que se perdeu com o ressurgimento da teoria neoclássica e a concentra$o nas conclusões políticas de Keynes.
A Economia Auto-Re gulável Os economistas da década de 30 tiúam uma visão do mundo diferente dos que foram educados depois da guena. A visão fundamenÍal dos sistemas
econômicos era de que eles tendiam para a estabilidade. Esta visão foi concretizada na teoria da situa$o estacionária. Em torno de um nível esúvel de desempeúo havia ciclos e anormalidades irregulares devidas a fatores especiais, tais como as quebras de safra.16Hojepensamosnocrescimento como norÍna, com flutuaçóes em torno de uma tendência ascendente. E difícil para nós compreendermos o modo de pensar deles. O desemprego era visto como uma conseqüência das flutuações emtorno da norma estável. As flutuaçóes exógenas não eramprevisíveis, mas os ciclos eram passíveis de análise. As explica@es paÍa o desemprego eranl podanto, parte da teoria do ciclo de comércio. As flutuações são, por rratluÍez , transitórias. Era um princípio fun-
a
damental da ortodoxia pré-keynesiana que nunca poderia surgir, poÍ um
período considerável de tempo, uma oferta global excessiva de produto (uma "superabundância geral"). A indústria poderia ter necessidade de diminuir temporariamente a produção para se ajustar a uma mudança no padrão de demanda. Isto geraria desemprego "atritivo", quando os trabalhadores procuÍassem novos empregos - evidentemente apenas um fenômeno transitório.
A suposi$o clássica era que a mão-de-obra não se ofereceria pa.ra emprego se não quisesse usar a renda assim obtida para comprar o que produzira. Essa é a versão mais simples da Lei de Say.lTAoutra parte do argumento é de que os preços flexíveis podem sempre eliminar as demandas ou ofertas excessivas-nesse caso, uma oferta excessiva de mão-de-obra. Desse modo, a causa ou causas de desemprego e as medidas que podem ser tomadas para minorá-lo ou corrigilo não eram questóes de muito interesse para os
economistas clássicos; eles estavampreocupados principalmente com o longo prazo, não com as flutuações transitórias. Se se deve eliminar um excesso de demanda ou de oferta, quer através de medidas políticas, quer através das "forças naturais", é plausível observar o pÍeço adequado para fazêJo. O preço adequado do tempo de trabalho é o
"salário real": o poder de compÍa, em termos de bens-salário, do salário
11
nominal. Os prcços dos bens-salário são estabelecidos como o produto de uma extensa lista de atividades econômicas, sem ligação direta com o processo de obtenção e concordância de aceitarumtrabalho. Porconseguinte, a atenção se volta para o salário nominal como a variável de ajuste. Em qualquer momento e em qualqueÍ caso, uma mudança no salário nominal é uma mudança no salário real. Assim, é tentador argumentar que, uma vez que o desemprego significava que deve haver um excesso de oferta de mão-de-obra, o seu preço era alto demais. O salário, em termos do que poderia comprar, era mais alto do que o necessário para obter a força de trabalho realmente empregada; e, sendo o salário real maior do que a desutilidade marginal do trabalho, mais pessoas procurariam empÍego. Quando os salários caísserq como confiantemente se esperava que acontecesse, a situa$o de desequilft{o se corrigiria normalmente: os salários mais baixos reduziriam, simultaneaménte;oaúmero daqueles à procura de emprego e tornariam vantajoso oferecer mais empregos. Acrença no automatismo de tal mecanismo de ajuste foi desafiada pelos acontecimentos das décadas de 20 e 30 no Reino Unido. Os salários nominais caíram drasticamente entre 1920 e 192318e os salários reais caíramacentuadamente menos como conseqüência da deliberada
política deflacionária do governo em preparação paÍa um retorno ao padrãoouro. A Tabela 1.1 mostra claramente que a deflação da demanda teve mais inÍIuência sobre as taxas de desemprego do que a deflação dos salários. Após 1922, os salários nominais se estabilizaram durante oito anos e caíram apenas 6% de l93Oaté a depressão de 1933-34. Os salários reais, durante essepeíodo, para aqueles bastante afortunados para manterseus empÍegos, eram Íealmente ascendentes. (Observe-se cuidadosamente a coluna 2 da Tabela 1.1. Edifícil, nesses dias, acreditar no fato de que os preços possam efetivamente cair.)
Teoria
e
Política
Apenistência do desemprego tornou claro que algo precisava ser feito. Boa pafie da discussãote envolvia a questão de se o salário real era alto demais. Pigou acreditava nisto (1927), mas estava menos certo de queuma política para reduzir o salário real pudesse ser levada a cabo. Há duas maneiras de o salário real cair - ou os salários nominais caem, ou os pÍeços sobem. À primeira vista, ambas deveriam dar resultado. Salários nominais mais baixos sigrrificamcustos menores paÍa as empresas e a mão-deobra mais barata deveria ser mais empregável. E há uma certa lógica na idéia de que o desequilíbrio no mercado de trabalho deveria ser eliminado mediante a alteração no preço adequado da mão-de-obra. Do ponto de vista teórico, Keynes questionava a validade da generaTizados resultados de uma abordagem de equilíbrio parcial de um mercado $o
12 único a um agregado tal como "o meÍcado de trabalho". Épossível esperaÍ que as mudanças nos salários reais tenham repercussões noutras partes do sistema e sejamafetadasporvariáveis que, à primeira vista,parecembastante remotas. Não se pode considerar o mercado de trabalho isoladamente.
Do ponto de vista prático, ele argumentava que uma política de encorajamento da redução salarial não seria tão útil como sugeÍe a abordagem do equilíbrio parcial, e poderia até mesmo ser contraproducente. Keynes, portanto, propunha uma mudança radical na perspectiva de se pesquisar as causas das mudanças nos salários e nos pÍeços. Os componentes são o nível de demanda e os custos, onde a renda do trabalho figura em ambos. Desta nova penpectiva, resulta a surpreendenúe conclusão de que a causa principal do desemprego não é tanto o fato de o salário real sermuito alto, mas de a taxa de juros ser alta demais. Algo implausível de dizer' Que relação poderia haver entre o desemprego, o mais humano dos problemas, e a taxa de juros, a mais árida das variáveis econômicas? Este é um tema importante da Teoria Geral. Ele resulta diretamente do choque entre a teoria e os acontecimentos das décadas de2O e3O, e a nova teoria produziu, por sua vez, as novas prescrições políticas que muitos entendem como "keynesianismo". A concentra$o nos ante cedentes históricos imediatos da Teoria Geral não pretende sugerir que a aplicabilidade da teoria se restringe àquela época ou a períodos de desemprego geral. Ilaveria insuficientejustificativa paÍa se prestar tanta aten$o a este fato, se ele fosse verdadeiro. De várias maneiras é "economia dedepressão"-maneiras quesão muitas vezesextÍemamentesutis equeestelivro se esforça por mostÍaÍ, de modo que possam ser feitas as mudanças onde sejam necessárias. Mas o seu alcance é muito mais amplo do que a análise de curto prazo do desemprego, como é muitas vezes caracteizado.Ele engloba uma teoria das
flutua$es cíclicas esuas conseqüências delongoprazo.Asua análisepodevoltarse para o
problema da infla$o tanto quanto da depressão.
Tempo, Incerteza, Moeda e I-ci de Say
A força da Teoria Geral não reside, no entanto, na extensão da lista de problemas a que pode ser aplicada. O objetivo primordial da Teoria Geral, e
a principal justificativa para se classificar a sua mensagem como uma Revolução, foi a sua destruição da Lei de Say, a idéia de não haver nenhuma razÃoparaaprodu$o não atingiro nível dopleno emprego e, porcorseguinte, o desemprego ser apenas um fenômeno transitório. Keynes utilizou a moeda como instrumento para destruir a I-ei de Say, ou assirq de qualquermaneirat paÍece. Éna sua insistência numa base realista para teoria do emprego-a mão-de-obra épaga emsaláÍio nominalesó sepode estimar de Say. valor real - que ele é mais explícito sobÍs as rcpercussões para a Na realidade, Keynes destúi a I-ei de Say em Íodos os pontos em que as famíias
a
o seu
Iri
13
- no mercado de trabalho, através do nexo poupançainvestimento, e no mercado de produto - e úo é realmente a moeda que causa o problema, Ínas o tempo - o simples fato de os compromissos se basearem nas demardas funtrcs, nos custos e nos preços. Estes não podem ser coúecidos com certezÀ, mas, apesar disso, os compromissos devem ser assumidos. A necessidade do compromisso não é menos premente numa economia que é bem-sucedida sem muita utilização de moeda, e as penalidades para as decisões insensatas de produção são igualmente ou mais desagradáveis. A moe da, em contrapartida, dá a impressão razoavelmente seguÍa de um direito sobre os Íecursos. Esta ilusão de segurança, ou liquidez, agrava os problemas criados pela itcerteznessencial, afuando para encobrir, até certo ponto, aquela incertezz dos participantes do mercado. A moedà e os direitos postergados sobre a moeda também dão uma pequena indicação das necessidades futuras.a As minúcias filosóficas de indicar exatamente o que destruiu a Lei de Say - a moeda, o tempo ou a incerteza - náo eram realmente a preocupação de Keynes. Ele estava mais interessado no mal de uma determinada economia, uma economia industrial em que todos os três elementos estavam PÍesentes, e tomou essa realidade como seu ponto de partida. A introdu$o de qualquer uÍn deles teria constituído um rompimcnto com as teorias clássica e neoclássica. Amoeda foi escolhida como a causa devido emparte à própria ênfase de Keynes. Ele estava escrevendo, do princípio ao fim, sobre uma economia que era intensamente monetária. Todas as transações com as quais ele se ocupava envolvem o uso de moeda. Isto não quer dizer que o escambo, os presentes e o trabalho não remunerado não teúam significação econômica; apenas tais transaçóes não desempeúam papel significativo no problema em questão - a e as empresas interagem
natueza das rela@es entre produtores e consumidores, empregadoÍes
e
empregados, tomadores e emprestadores, e quanto essas relações podem criar uma situa$o que, embora insatisfatória para praticamente todo mundo, pode ser mantida virtualmente por tempo indeterminado. Os keynesianos contemporâneos acentuaÍam o papel da moeda no mercado de irabalho; a inÍlexibilidade dos salários nominais é corsiderada resporsável pelos resultados de Keynes. Devo argumentar que o tempo é a chave: q]ue a Teoria Geral é um modelo estático de um processo dinâmico, o pro".rsô d"produção. E ela é tão completamente monetária quanto.a economia que tenta explicar. Mostrarei que a ruptura causada pela impossibilida.de, pela ÃaÍtrcza da§ coisas, de chegar a uma bargaúa no salário real é uma imagem refletida do deslocamento causado por tentativas prematuras de poupar e pela ação especulativa destinada a aumentar o valor da sua riqueza. O irodelo keynesiãno nos leva a concluir que, quando os pieços sáo incertos, o simples faio da barganha por um salário nominal poderia destruir a Lei de Say' A desigualdadl entre poupang planejada e investimento (seja o que for que isto
t4 possa significar) também destrói a Iri de Say. O mesmo mecanismo opera exatamente no segundo caso como no primeiro. O fato de a pouPança ocorreÍ mediante a renúncia a gastar moeda em mercadorias, canalizando-a, ao invés disso, para ativos financeiros, éumfato tão fundamental quanto o da bargaúa
pelo salário nominal. Em sua preocupação com as magnitudes "reais", a macroeconomia "keynesiana" moderna esqueceu quase por completo que a moeda também é real: numa economia monetária a busca de renda, lucros e riqueza, sem exce$o, assume em algumtempo a forma monetária. Os valores "Íeais" estão no futuro, são incertos, e podem surpreender. Dúzias de artigos são escritos questionando por que os planos de agentes
econômicos diferentes deixam de se ajustar. Seria surpreendente que o fizessem. O mistério é que a economia, considerada como umtodo, efetivamente exibe, de modo geral, algumtipo de comportamento coerente, embora nem sempre atraente.
Atarefa que tenho diante de mimé desenvolver estas observaSes. Mas, em primeiro lu gar, d evemos considerar o mé todo utilizado por Keynes em sua análise, pois é o método a mais robusta das criações de KeynesnaTeoriaGeral. Compreendendo o método, temos uma possibilidade de manteÍ ou readquirir a capacidade de perceber a pertinência do raciocínio de Keynes em relação às circunstâncias históricas modificadas e adapüáJo a acontecimenúos ainda não previstos.
Notas Otermo "capitalista"éusado, em certa literafura marxista, deummodo sumamente emotivo; não obstante, o seu uso técnico refere-se à propriedade do equipamento de capital produtivo por um grupo de pessoas, não coextensivo ao grupo que trabalha com esse equipamento, para gerar o produto da economia. Um antônimo é o termo "cooperativo", que designa um sistema em que os trabalhadores são conjuntamente donos do equipamento. Não há nenhum rótulo evidente para a situaçáo, somente sustentável onde o montante de capitâl não é grande, onde cada família é dona dos seus próprios meios de produçáo. Keynes chama a primeira de "economia empresarial" e a segunda de economia "cooperativa" ou de "salário real" . (7. R. XXIX, especialmente pp. 7 6 -7 8.) Este fato é reconhecido por Hicks (1980/1981), que deveria saber.
Brunner refere-se a isto como "falta de detalhe alocativo". Ver, por exemplo, Brunner (1970)" Esta desoição da "nova teoria macroeconômica''é de
Marx (1867), p. 128.
Willem Buiter (1980).
15
Produzir por encomenda é, naturalmente, umâ exceção a isto, exceçáo que é mais importante nas indústrias de bens de capital do que nas indústrias que produzem bens de consumo, mas, na opinião de Keynes, presumivelmente nãosuficientemente importante para exigir um tratamento especial no âmbito de uma teoria da "produ$o como um todo".
ATeoia Geral foi publicada em 1936,
mas o desenvolvimento de suas idéias teve
início em 1931. Ver os artigos de Patinkin, Moggridge e Johnson em: Patinkin e
l*ith
(1977), e, para uma apreciação direta, consultar os 7.
.R.
XIII.
Evocada geralmente em relaçáo a conversas com naturais de língua inglesa de outros países, mas também aplicável aqui neste contexto: "O passado é outro país; lá as coisas são feitas de modo diflerente" (L. P. Hartley, T| Go-Baween).
À guisa de orientaçáo, ver Sowell (1972 Â.
e 1974) e Eshag
(1963), assim como os ?.
xltr.
O seu Tratado sobre a moeda (1931) e as partes iniciais dos evidentemente, as obras a consultar.
L À. XIII são,
11
A nova versão
t2
Se a crise financeira provocou a depressáo americana da década de 30 ou foi simplesmente um sintoma da debilidade subjacente da economia americana, é ainda matéria de muita controvérsia, mas não está em questão aqui.
13
Friedman e Schwartz (1963),p.2.
t4
HistoricalStatistics oftheUnitedStates,TabelaD46-47;US Bureauof the Census,
da ortodoxia constitui a minha base, para me libertar da qual tive, sucessivamente, um luta duradoura.
Statist ical Abst ract, Supplement. 15
Esse não é o único resultado da teoria de Keynes; nãohá razÁo para pânico, nem necessidade alguma, para os economistas sérios, de rejeitar esta conclusáo analítica
como um "slogan" (Mayer, 1978). Jevons não estava preparado para admitir estas idéias como aleatórias, mas relacionava as flutuações agrícolas com as variações cíclicas da atividade solar (manchas solares). t7
Para um antídoto a esta simplificaçáo, ver Sowell (1972) e/ou Baumol (1977).
18
Moggridge(1969),p.16,utilizando dados deRouth(1965), dizqveéqtasede4OVo. Os dados da Tabela 1.1 indicam um pouco menos, mas inteiramente satisfatório.
19
Hancock (1960) e Winch (1969) fornecem explica@es interessantes.
20
C,omparar uma reivindica$o bilateral que surge sobre uma produ$o individual de mercadorias específicas. As reivindica@es diretas sobre mercadorias não obrigam o credor com o consumo final dessas mercadorias, mas, do ponto de vista do produtor, as vendas estão virtualmente garantidas.
cnpíruro 2
O Metodo do Teorio Gerol
de captar na Teoria Geral é o seu método analítico. modelos que consistem numa série de equaçóes, aos acostumados tão Estamos com ou sem intervalos, a serem manipuladas paÍa se encontrar a sua solução simultânea, que chamamos equilíbrio, que é agora viÚualmente impossível perceber em qu" consistia o método de Keynes. Há muita controvénia, quer àm publicaçõés ou emartigos para discussão, sobre se o método de Keynes era de equilíbriô parcial ou geral, esútico ou dinâmico, de equilíbrio temporário ou dê desequitibrio. Essa controvérsia está ocorrendo entre economistas cuja concepção da teoria esú firmemente baseada em sistemas de equações simultâneas, sejam estas as equações de oferta ou de demanda de equilíbrio parcial de Manhall ou o grande plano de Equilíbrio Geral. Neúumdestes métodos teria servido ao objetivo deKeynes'Asua meta era analisar os efeitos sobre a economia como um todo de um número de decisões fundamentais,tomadasporfirmas individuais eas famílias emintera$o. De modo que o equilíbrio parcial não serviria. E devido a razóes que hoje se tornaram
A coisa mais dificil
evidentei gfaçasã insistência de Joan Robirson e do professor Slackle e ao recoúecimento de FraúHahn, o equilíbrio geral tampouco serviria. É até discutível se se deve chamar de método a estrutura de sua análise; ela tem antes o caráter de um recurso . Acaracteiza$o de Shackle pode estar muito mais perto da verdade. Ele classifica o método deKeynes de caleidostático,
tentando criaruma imagemdeummétodo que congela,temporariamente, uma imagem em contínua modificação. Uma imagem caleidosópica, no entanto, ." ultera aleatoriamente. O método de Keynes é mais como um filme, uma
imagem que se move, feita de instantâneos (como são os filmes), cada instãnáneo relacionado sistematicamente com o que veio antes. E uma história cheia de retrospectivas
-
e
projeEões futuras.
t7 O Objeto Dita o Método Tanto no equilíbrio geral quanto no parcial, os bens e serviços postos à venda são numeÍosos e cada um é considerado como relativamente trivial do ponto de vista da economia comumtodo. O método deMarshall utilizava esta característica para analisar o comportamento de um mercado singular, não permitindo que o que acontecia nesse mercado influísse na economia como um todo. Este era o método que Keynes aprendera, mas não era adequado ao seu propósito: analisar os mercados onde as repercussões macroeconômicas não pudessem serignoradas -os mercados detrabalho, de moeda, e dos principais agregados das mercadorias produzidas. O método de Manhall foi posto de lado. O equilíbrio geral tambémo foi, mas não principalmenteporsua nattuÍeza desagregada - era o seu congelamento do tempo que não era apropriado. A principal característica de uma economia de produSo, de que a produção requer tempo e as decisões de produ$o devem ser tomadas ignorando as condiçôes que prevalecerão quando o produto for posto à venda, é tirada da análise do equilíbrio geral. Para Keynes, a necessidade de os produtores darem umsalto para umfrrfuro desconhecido, comprometendo recursos à medida que afuam, era fundamental, Aanálise do equilíbrio geral incorpora umprincípio essencial ao objeto
de estudo de Keynes: a idéia de interaSo das decisões econômicas. As intera@es põema análise emnítida divergência como isolamento de mercados que caracterizava o método de Manhall. Não obstante, a anula$o do tempo e aincerteza no equilíbrio geral tornam esse método incapaz de explicar como uma economia poderia apresentar flufuações, exceto como conseqüência de choques exógenos. Tal resultado é, psicologicamente, atraente - podemos culpar os acontecimentos externos -, mas isto não é nem sadio, nem particularmente útil, sobretudo se não é correto. O método de Keynes é algo como uma concilia@o, utilizando o método
de equilíbrio parcial para analisar um mercado isolado, introduzindo em seguida o resultado no fluxo principal dos eventos econômicos, que, entrementes, estavam em movimento. Há um distinto fluxo temporal de eventos, em útido contraste com o equilíbrio geral, onde tudo acontece simultaneamente, ou com o equilíbrio parcial, onde tudo acontece no mercado que está sendo analisado e nada é permitido acontecernos outros mercados, enquanlo o economista está de costas para eles. Corsidere-se, como uma analogia, a tentativa de explicara propulsão de
umautomóvel. Ummétodo válido é explicarprimeiro o mecanismo de direção, depois o sistema elétrico e, por fim, os pistões e o eixo de transmissão. Na pútica, um automóvel anda devido à interação, mais ou menos oportuna, de todos esses fatores. Mas ganha-se clareza aodescreverimportantes subsistemas
isolados, reconhecendo, durante todo o tempo, que não adiantará ter um
18
distribuidor perfeito e velas limpas, se se estiver sem gasolina, sendo inútil saber, em princípio, como dirigir o veículo, se ele não vai a parte alguma. (A dire@o é diferente quando o automóvel está em movimento do que é "em princípio", devido às curvas das estradas onde o automóvel está circulando). Keynes agiu de modo semelhante, analisando os principais componentes da economia e depois ajustando-os para formar uma teoria do produto como um todo. Ninguémfizera nada igual a isso antes e ouso afirmar que ninguém o fez desde então.
Estática, Dinômica
e
Anólise do Processo
Dificilmente se pode dizer qtse a Teoria Geral se refete a urur economia estática. No entanto, paradoxalmente, o método utilizado era estático. Joan Robinson (1952) resolve assim o paradoxo: "A história passada é posta nas condições iniciais, de modo que a análise é estática em si mesma e, não obstante, é parte de uma teoria dinâmica." Benavie (1972) mostrou a rela$o formal entre a estática comparativa e a forma diferentedo que é comumenteentendidocomoanálise dinâmica, que inclui várias defasagens nas equações comportamentais: é o método estático que é usado paÍa traçar os camiúos das variáveis desde os seus pontos de partida até o equilíbrio final, período a peíodo. A solu$o do sistema para um dado peíodo
pod- ser chamada de equilíbrio temporário - temponírio porque a dinâmica ine 'nte deslocaú o sistema para outra posi$o, no próximo peíodo.
Keynes, no entanto, não poderia usar esta forma de análise dinâmica,
pois a estrutura defasada que ele estava tentando descrever e analisar era complexa demais; o sistema de Keynes é um sistema no qual as coisas oconem em velocidades diferentes e o comportamento pode se alterar em reaçáo aos acontecimentos. O sistema não pode ser transmitido em sua totalidade de uma só vez, empalavras ou atémesmoemequações. Alémdisso, a análise dinâmica padráo considera o efeito de uma mudança numa variável exógena, permitindo que tal mudança alcance equilíbrio combase emreações comportamentais que são representadas por fun$es esúveis. Para Keynes não bastava considerar os efeitos de uma mudança no "sistema", permitindo que esta mudança alcance o equilíbrio, pois isso impediria a introduSo de novas informações de outras paÍes do sistema à medida que ele evoluísse no tempo. Ao invés disso, é permitido aos acontecimentos, às vezes, criar novas condições iniciais para períodos subseqüentes, embora as condições nos mercados que mudaram menos sejam muitas vezes fixadas para um peíodo de tempo maior. Nesses mercados que são afetadospelo acontecimento inicial, as decisões são alteradas com base nos resultados obtidos ao longo do percuno. E esta a essência da análise do processo. O que Keynes criou foi um incômodo meio-termo entre o método da estática comparativa e as preocupações da dinâmica do processo.
t9 Horizontes Temporais Aescolha do que variar e do que manter constante foi ditada pelos diferentes horizontes temporais e pelas velocidades de ajustamento inerentes às muitas decisões de uma economia capitalista avançada. Os horizontes temporais adequados a diferentes condições de produ$o estavambemarraigados na economia de Cambridge como parte da tradição marshalliana: a produ$o que utilizava o
estoque de capital já de posse de alguém era chamada de curto prazo. As oportunidades de produzirutilizando uma fábrica ampliada ou mais eficiente, só disponível algum tempo no futuro, corstituíam o longo prazo. Embora o tempo esteja envolvido na obtenção de uma nova fábrica e equipamento, esses "prazos" não devem ser identificados com um período de tempo cÍonológico; a caracteística saliente é a fixidez do equipamento de capital no curto prazo do ponto de vista da produ$o. Toda produção ncorre no curto prazo: devemos produzir com o capital de que dispomos. Pode-se. contudo, perguntar, ao mesmo tempo, se este é o estoque de capital que se necessita, ou se se deveria tomar providências para alterá-lo. A decisão de produzir e a de investir são çonceitualmente independentes, embora possam ser tomadas simuitaneamente. Quando se toma uma decisão de investimento, o equipamento é encomendado e a construção empreendida; estas são contribuições para a demanda, embora a produção corrente não possa ainda tirar vantagem da contribuição
potencial do novo capital para a eficiência da oferta; isto só pode vir posteriormente, quando os bens de capital tiverem sido produzidos, enviados aos que os compraÍaÍÍL e instalados. O primeiro aspecto do investimento é inteiramente compatível com o curto prazo. Mais tarde, quando for permitido ao investimento afetar as condições de custo, as condições prévias de curto prazo não prevalecemmais. Aanálise de Keynes (comexceção do Capítulo 17, que trata do longo prazo) reconhece o primeiro aspecto, a demanda, do investimento e suprime o último, a oferta. Talvez fosse útil adotar a perspectiva de um produtor de equipamento de capital. A sua empresa recebe encomendas: há uma demanda de investimento. Os bens são produzidos com o equipamento de capital existente. Ele esú no curto prazo. Seus clientes fizeramseus investimentos, com vista ao lucro de longo prazo. Quando eles instalameusamo equipamento, avançamuma parte das suas possibilidades de produção de longo prazo, umtanto paradoxalmente, para outro período de cuÍo prazo (porque o seu equipamento está fixo mais uma vez). O produtor de berus de capital pode, entrementes, fazer também melhorias na sua fábrica. Na prática, naturalmente, o estoque de capital está sendo alterado continuamente, uma vezque as decisões iniciais de investimento são realizadas e o equipamento velho se deprecia ou é sucateado. Assim, a distin$o entre
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curto prazo e longo pÍazo \ão pode ser feita empiricamente; ela é um instrumento intelecfual para evitar que fudo ocoÍra ao mesmo tempo.l A distin$o manhalliana repousa no caráter das possibilidades de produ$o que se abrem ao empresário. Em Keynes, embora a distinção seja preservada, coexiste umoutro uso dos termos cuÍo prazo e longo pÍazo no que diz respeito ao horizonte das expectativas que motivam, respectivamente, as decisões de produ$o e de investimento. Ambas dependem de estimativas da demanda fufura, mas o investimento envolve um compromisso de longo prazo paÍa uma fábrica com caracteísticas particulares de operação, inclusive uma produção ótima. Enquanto isto (numpeíodo de tempo mais curto), os produtos podemser divenificados pela alteração dos fatores variáveis que se combinam com o capital para gerar o produto: principalmente, a mão-de-obra.z Logo, as expectativas peúinentes ao investimento abrangemmuitos períodos de decisão de produzir.
Formalizemos estas idéias (um procedimento perigoso) com a ajuda de um diagrama que indica horizontalmente-a passagem do tempo. Reportemonos aos diagramas intitulados PRODUÇAO e INVESTIMENTO na Fig.2.1. Façamos o tempo começâr em 0, com uma reunião da diretoria para decidir sobre os níveis de produção e a política de preços e (como um corolário) as necessidades de mão-de-obra. Estas políticas devem se basear numa estimativa da demanda, e consideramos o horizonte dessa estimativa como a duraSo do que chamaremo s de período de produçao,e aoqual atribuímos uma unidade de duração: no tempo 1, estas decisões são revistas. O resto do diagrama deveria dispensar explicação, embora não trate de maneira adequada a natureza coincidente das vendas e dos pagamentos de salários. Os niveis de demanda e de custos que devem ser estimados ao tomar a decisão de investir não são os do futuro imediato, mas só começam depois que o equipamento é efetivamente utilizado na produ$o (i. e.,fora do limites do curto prazo) e duram durante a vida do equipamento. No esquema supomos (arbitrariamente) que o período de gestação abrange três períodos de produção e que o equipamento dura seúe períodos de produSo (veja os números 3 e 10). Em firnção deste esquema, as "expectâtivas de curto pÍazo" de Keynes são relativas às vendas esperadas ao fim do período corrente de produSo e as "expectativas de longo pÍazo" se referem às vendas esperadas nos períodos
de3a10. Embora Keynes não teúa feito uso muito explícito de conceitos semelhantes para os consumidores, eles também conduzem seus negócios com vistas a diferentes horizontes de tempo. O horizonte de vida, ou mesmo entre gera$es, é aelequado a ajustes contratuais depoupança e aos principais dispêndios de capital í:. ex.. habitação,preparaSoparauma profissão), enquanto as compras repetidas r,ida são efetuadas, e os planos referentes a elas mudados com muito maior ':,: .,ti.n,:it. 0 conceito de poupança de Keynes, que é de caráter essencialmente
'
23
agÍegativo, só é compatível com os aspectos de pnzo mais curto da poupança individual, se é que é compatível.3 A poupança agregada rta Teoria Geral é tm Íemanes@nte da renda após o consumo. Se esta concepSo fosse aplicada ao
comportamento individual, implicaria uma sonu poupada como que por acidente, que é depois aplicada principalmente emativos financeiros. Nenhuma concessão é feita à caracteística antecipatória da poupança contratual, que restringe a liberdade com que a renda corrente pode ser utilizada.a Os horizontes importantes referentes ao comportamento do consumidor na presente situação são o período da renda, que poÍ muitos motivos, será conveniente admitirser da mesma dura$o do período deproduSo ou menoÍ, e o período de decisão de manter a carteira de ativos. Na figura, a poupança é colocada em ativos financeiros segundo um plano que somente é reavaliado após três peíodos de renda. Exatamente a relação oposta entre esses dois horizontes éprópria deuma categoria depessoas chamadas especuladoÍe§, que revisam muitas vezes a sua carteira de ativos durante um peíodo de renda.
Equilíbrio O método de Keynes exige que repensemos a nossa no@o de equilíbrio.
Há dois conceitos de equilíbrio em economia:
1. 2.
de repouso; as forças que levamà mudança estão ausentes ou contrabalançadas. Equilíbrio é um ponto no qual a oferta se iguala à demanda.
Equilíbrio éumponto
A segunda definiSo é um subproduto da primeira. Refere-se a caso§ especiais em que tanto o excesso de demanda quanto o excesso de oferta cria uma força que leva a uma mudança (por exemplo, nos preços) que eliminará o exces.o ãe demanda ou de oferta, e a(s) variável(eis) de ajuste será(áo) esüável(eis) quando for estabelecida a igualdade entre ofeÍa e demanda. Não apenas num mercado único marshalliano como) num sistema de equilíbrio geral walrasiano as duas definições coincidem. A predominância destes dois modelos levou à fusão dos dois conceitos de equilíbrio. A identificação completa do equilíbrio com a consecução da utilidade e a maximização do lucro é energicamente expressa porHicks (1973): Há equilíbrio quando todos os indivíduos estão escolhendo as quantidades que preferem produzir e consumir. Devemos continuar acreditando firmemente numa concep$o de equilíbrio que seja deste tipo.s
É u* er.o, no entanto, identificar desse modo o equilíbrio com a universal maximização do lucro e da utilidade no sistema delineado por
24 Keynes. A suposi$o de que o excesso de oferta e de demanda constitui duas forças de igual poder para mudar não tem aplica$o no mercado de trabalho, onde as empresas decidem no iúcio do período quantos empÍegos oferecerão
ao salário corrente, e neúuma opoúunidade de recontratação é dada ao trabalhador, se portal salário há menos empregados do que elas gostariam. Se fosse possível a recontratação, as empresas talvez preferissem mais mão-deobra por um salário menor, mas a oferta foi feita e aceita pelos afortunados. Os demais ficarão desempregados e a situação permaneceú assim até que os empresários teúam razões para mudar de idéia. Se no final do período de produ$o os empresários venderemtoda a produção que e§peram vender, eles
neúum motivo para mudar de idéia. Não haveú nenhuma mudança. Essa é uma situação de equilíbrio, mesmo que a desutilidade marginal do trabalho esteja abaixo do salário corrente, mesmo que os trabalhadores esperassem um nível mais elevado de emprego.6 Haverá desequilíbrio se, e somente se, os indivíduos cujas expectativas foramfrustradas tiverem o poder de efetuar a mudança. Se as expectativas das empresas foremfrustradas - se elas úo puderem obter mão-de-obra suficiente pelo salário esperado ou suas vendas as surpreenderem (em qualquer sentido) - o salário e a oferta de emprego se alterarão na próxima oportunidade. Isso não terão
é desequilíbrio.
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quilíbr io
Pelo que se disse anteriormente, torna-se claro que as expectativas desempeúamum importante papel na determinação do equilíbrio: quando as expectativas são frustradas há um deseio de mudança. Onde esse desejo se combina com o poder de efetuar mudanças, temos desequilíbrio' Que expectativas sáo importantes depende da atividade. Portanto, o equilíbrio, que, como o "peíodo" ou o "prazo", é um constructo intelecfual, é definido com referência às restrições impostas para analisar a atividade. O equilíbrio de preços, de produto e de emprego a c;trto ptazo é definido em termos das expectativas de lucro a ser ganho pela produção: demanda e custos esperados. Os custos têmrelaSo coma produção comum dado estoque de capital. As expectativas dos trabalhadores de remuneração do seu trabalho afetarão a situação de equilíbrio, se afetarem os custo§ esperados pelas empresas.
-
O equilíbrio entre preEos e produtos, admitindo-se que o trabalho seja disponívelpelo salário esperado, depende de que a previsáo de vendas, feita no iníõio do peíodo, se concretize no fim dele. Portanto, a prova objetiva de que a decisão tomada em r= 0 foi uma decisão de equilíbrio exige a observação das decisões da empresa pelo menos emdois pontos: a própria decisão é observada no iúcio de um período de produção e o resultado observado no final.
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De modo geral, não seria desejável definir equilíbrio tão precisamente e num contexto de um peíodo único, pois podem ocorrer variações aleatórias na demanda. Os inventários são mantidos para atender as variaç6es aleatórias, e é provável que a revisão das decisões de produção exija muito mais provas
do que a observação de um único período. Os custos de ajustamento podem também retardá-lo, mesmo onde as flutuações não sejam aleatórias. Seria tedioso qualificar cada proposição que leve emconta estes fatores; transferimos esse ônus ao leitor.
Oequilíbrio relacionado comas decisões de investimento implicaria, por analogia, que fossemsatisfeitas as expectativas de longoprazo.Tlsso não figura em nossa história por três razões. Uma é que, mesmo que as expectativas peúinentes fossemprecisas, tomariamum longo tempo para seÍem confirmadas ou frustradas. Para considerálas, ter-se-ia que estender a análise além do curto prazo. A segunda é que estas expectativas não podem serjulgadas antes que a nova fábrica e o novo equipamento comecema funcionar, ou seja, quando a empresa poucopode fazerpara modificara sua decisão (independentemente, não obstante, do princípio de custos reduzidos). Aterceira é que o sucesso de um investimento tem pouca relaSo com o cálculo de se se deve repeti-lo posteriormente; entrementes, muitos fatores terâ o mudado. O abordagem adotada neste capítulo de definição do equilíbrio em Keynes é bastanúe diferente do critério convencional, no qual dois equilíbrios são diferenciados, não pelas duas atividades distintas produção e investimento, mas antes relacionadas com estoques e fluxos. A prova do equilíbrio é que os valores dasvariáveis peÍinentes não estão mudando. Enquanto o investimento líquido é positivo - ou negativo -, o estoque de capital está mudando; por conseguinte, a economia não pode estar em equilíbrio no sentido de que as magnitudes de todas as variáveis, estoque assim como fluxos, estão estacionárias. Contudo, se nos aproximamos do estoque de capital desejado a uma úaxa tal que o fluxo de poupança se iguale à taxa de investimento, não se poderia dizer estar em equilíbrio de fluxo no sentido de que o nível de renda - uma variável de fluxo - não está se alterando. Isto é o que se entende, geralmente, por equilíbrio de curto prazo. Dessa perspectiva, o equilíbrio do investimento no sentido de que as expectativas de longo prazo sejam realmente satisfeitas se relaciona com o equilíbrio do estoque de capital, não como equilíbrio da taxa de investimento, e há alguma :rizão pa:lla isso. Entretanto, esse não é um debate que precisemos tÍavaÍ, pois a questão importante é que não há, dentro do horizonte de tempo do curto prazo, nenhu ma ruzão para apurar se as expectativas de longo prazo são satisfeitas ou não. Se as expectativas de longo prazo se concretizam insuficientemente, é apenas má sorte; uma surpresa agradável não é mais útil; ela chega tarde demais. O equilíbrio do estoque tal como definido por ^áK= 0 não está em questão na Teoria Geral.
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Organizar nossas idéias em úorno de fluxos e estoques pode ser julgado bastante anódino. Mas há uma diferença significativa entÍe a igualdade da poupança e do investimento planejados e a igualdade das compras planejadas e das vendas antecipadas. As empresas e suas expectativas (de vendas) não desempeúam neúum papel na definição anterior. Há o azar suplementar de que as definições de Keynes de poupança e investimento são tais que as tornam idênticas (um antigo fardo, aqui revivido nos Capítulos 3 e 9), de modo que equilíbrio e desequilíbrio não aparecem. Uma conseqüência adicional é que se julga que o limite entre o longo e o curto pÍazo se deve à insignificância quantitativa de investimento emrelação ao estoque de capital, o que é umerro total de compreensão.
Expectativas
e
Modelos
Uma vezque osprodutorestêmdois grupos de decisões a tomar,baseadas em expectativas diferentes, poder-se-ia predizer que haveria modelos diferentes para explicar estas coisas. Há, no entanto, mais de dois modelos possíveis, pois os dois problemas não são independentes quanto ao explicandurn: o nível
de emprego.
Os modelos podem ser distinguidos pelo que está sendo suposto em às expectativas. Kregel (1976) distingue os três seguintes modelos:
rela$o
(D (ID (II)
tanto as expectativas de curto quanto as de longoprazo são estáveis" Isto implica que as expectativas de curto prazo são satisfeitas e que os fatores econômicos e não-econômicos que influem nas expectativas de longo prazo são estáveis; as expectativas de longo prazo são estáveis, mas as de curto prazo podem não se concretizar' as expectativas d"ioogo prazo não são estáveis: (a) querporseremafetadasporexpectativas malogradas de cuÍo prazo, 0) o, porque as influências autônomas sobre elas estão mudando.
Kregel (1976) chama (I) de modelo estático, (II) de modelo estacionário, de modelo móvel. Os dois primeiros modelos são, na realidade, dois aspectos do mesmo problema: a determina$o do produto e do emprego quando a atmosfera das expectativas de longoprazo édada. O"Modelo (I)"dizrespeito à determinaçâo do equilíbrio de produto e emprego e o "Modelo (II)" ao ajuste ao desequilíbrio. As expectativas de longo prazo sempre afetanç porque o investimento é determinado por elas, mas é importante impedir que variem enquanto se analisa a influência das expectativas de curto prazo, ou haverá um número demasiado de eventos para que se obtenha um resultado coerente. Assim é e
(trI)
27 também importante, do ponto de vista do método da Teoria Geral, deixar que as expectativas de longo prazo se manteúam inalteradas, mesmo quando as expectativas de prazo mais curto não sejam satisfeitas: isso ajuda a manter a separação de curto e longo prazos. A independência da-s expectativas de longo prazo pode também ser empiricamente Íazoâvel. E um dado de experiência geral que quanto mais tentamos preveÍ o futuro, menos capazes nos sentimos de fazet julgamentos específicos. No entender de Keynes, o investimento de longo prazo tem origem mais em palpite e em instinto de jogo do que em cálculos exatos. Esta opinião pode ser exagerada, mas é provável que as expectativas de uma empresa se baseiem mais sobre previsões do estado geral da economia ou da indústria e seus concorÍentes estrangeiros do que sobre úveis específicos da demanda daqui a vinte anos, e que os fatores que entram na previsão e em sua avaliação incluam fatores não-econômicos e subjetivos. Os resultados das vendas no passado recente podem ser irrelevantes. As expectativas de cuÍo prazo podem e devem ser mais precisas: estas expectativas são constantemente testadas. Se sempre se permitisse que estes resultados influíssem nas previsões da demanda de longo prazo e, desse modo, nas decisões de investimento, invariavelmente o investimento feito seria pequeno. Na linguagemprofissional, a frrn@o de investimento seria sumamen-
te instável. No entanto, nem sempÍe é útil manter a separação, mas permitir que as expectativas de longo prazo sejam afetadas poÍ surpresas das expectativas de curto prazo (Modelo III (a)), ou permitirvariações exógenas nas expectativas de longo prazo (Modelo III (b)), para que se possa analisar os efeitos sobre o produto e o emprego. E no "modelo móvel"(Modelo III) que se admite que o investimento tenha a a$o transitória que alguns diriamser a essência da teoria de Keynes. Mas todos os três grupos de hipóteses são, de fato, importantes para a análise.
Caracterizaçáo da Empresa
As decisões das empresas são fundamentais para a Teoria Geral. É necessária uma discussão bastante longa sobre a espécie de empresa emque §e pensa, pois a empresa típica para Keynes é uma anomalia do ponto de vista da opinião estabelecida: é uma pequena empresa "polipolista" ou atqmizada que opera sob o domínio daincefieza e, poÍ conseguinte, não é tomadora de preço
Qtrice taker). Intérpretes e comentaristas expressaram muitas vezes desapontamento com a escolha de Keynes de uma pequena emPresa com o pretexto empírico de que a situa$o do mercado representada pela coircorrência perfeita só existe, se é que existe, muito raramente, por exemplo, na bolsa de valores ou no
28 meÍcado de bens primários (trigo, cacau etc.). Ouhos desejam, implicitamente ou de outro modó, negar a base da pequena empresa da Teoria Geral, devido à associação desta forma de mercado com modelos que só se mantêm em equilíbrio estático, intemporal e coúecimento ou previsão perfeitos. Estes modelos não são de modo algum concordantes coma análise de Keynes ou com a sua concepção de equilíbrio e são incapazes de gerar "equilíbrio de subemprego'i, que é um rêsultado possível (de fato Keynes julgava o resultado mais provável) da teoria geral do empÍego. Mesmo que a pequena empresa não seja mais a forma de negócio predominante, ébomqueKeynes a teúa escolhido como modelo, pois, aofazÊ,' io, enfrentou a teoria neoclássica no próprio campo desta. Só a admissão do coúecimento perfeito foi mudada. Aqueles que queÍem exigir um maior realismo para ateoria, introduzindo elementos monopolísticol, 1qo PaÍecem recoúecãr que, agindo assim, debilitam a aÍgumentaSo de Keynes: ele mostrou que, mesmo admitindo a hipótese da análise neoclássica, poderia produzir iesultados não neoclássicos. os elementos de monopólio então esta não depende deles. reforçam -A a argumenta$o, mas escolha de um mercado polipolístico provocou grande perplexi'dadet como pode a teoria se baseaÍ na pequena empresa, mas SeÍ uma teoria sobre as conseqüências de se produzir, qúando o mercado para o produto é incerto?'Na represônta$o costumeira da pequena empresa, logo que o pÍeço é determinadó, não há inçerteza em relação à negociabilidade do produto àquele preço. O pÍaço represen a a demanda ne ste sistema, e, §endo ele "dado" pelo mercado, ãs ernprãsas não têm necessidade de prever a demanda. Ela é "coúecida". A única ãecisão que as empÍesas precisamtomaré quanto produzir e essa decisão é tomada combase noJ custos que também se supõem coúecidos, dados o
salário e uma tecnologia coúecida. Esta estória é coirente num mundo onde os preços são estáveis e foram estáveis durante algumtempo, noutras palavras, se tivermos ou tivermos tido a não ser que se admita a hipótese do coúecimento ou dá previsão perfeitos, os Preços, ou demandas, que a§ firmas enfrentam não
equilíbrio. Entretanto,
poderão ser considerados conhecidos ou dados, se a demanda do mercado êstiver sujeita a mudar, pois as informações deverão ser coletadas novamente sempre que haja uma possibilidade de mudança. A teoria moderna-adota a hipóleseàa prwisão perfeita, muitasvezes de modo implícito,pare_cendo_assim legitimar o uso da teoria para a análise das altera$es na demanda.Mas 5"y,"' iniistia em que o aspeôto fundamental da produção era a necessidade de empeúar reiunos na produ$o paÍa um mercado que, por sua própria naúreza, existe no futuro e,portantó, éincerto. Ahipótesê da previsãoperfeita retiraria da Teoria Geral Íànto o seu objeto de estudo quanto a sua grande
contribui$o, pois a diferença entre
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conclusões
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aúlise neoclássica
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Desse modo, como se compoÍta uma pequena empresa quc nao c toma dora de preços ? Inevitavelmente, ela dev e crjar exp e ct q tiv a s de dema nda por seu produto (expectativas de cuÍo prazo). A situação esperada da curva de
demanda que enfrentaú, no futuro próximo, determinará o pre§o que deve estabelecer paÍa seu produto e as quantidades a serem produzidas. Pode-se tÍaçaÍ a demanda estimada (esperada) pela empresa como uma curva horizontali tal qual a curva de demanda paÍa uma tomadora de preços.lo A única diferença é que a curva é baseada em expectativas tanto da demanda do mercado quanto das reações de oferta das demais empÍesas, sendo as últimas necessárias para se determinara posição da curva de oferta da indústria. Se os consumidores são indiferentes quanto às suas fontes de oferta e se as outÍa§ empresas prevêem o preço "correto", então, para uma empÍesa que estabeleça o séu preçô muito acima das demais, as vendas serão nulas naquele período e o pÍeç! e o produto serão subseqüentemente revistos. Se ela estabelecer um preço muito abaixo, venderá toda a produ$o e todo estoque. A mudança inesperada no estoque e lmlvez outras informa@es que não envolvam vendas, por exemplo, o número de sondagens de preço, clientes não atendidos etc., sinalizam para uma mudança na estratégia subseqüente de preço do produto. Estes são resultados e não determinam a produEão no peíodo. As implicações deste modelo de empresa e os problemas associados à agregação serão examinados novamente nos Capítulos 3 e 5.
O Papel do Julgamento Empírico Toda teoria se baseia, essencialmente, em julgamento empírico. Tende-
mos a esquecer isto: a teoria tornou-se tão antisséptica que é natural
se
concordar com a opinião de que as funções de demanda e oferta que caracterizam os nossos modelos resultam de postulados de comportamento racional, semneúuma interven$oporparte do economista, exceto para descobriro que o comportamento racional acarreta. O trabalho empírico é então canalizado para a avaliação da importância quantitativa das variáveis que entram nas êquações. O julgamento empírico inicia-se de fato muito mais cedo: a própria escolha dos agregados, de que depende a estrutura formal da macroeconomia, deve ser decidida em bases empíricas. Não há regras para orientara nossa escolha dos agregados significativos. ATeoria Geral baseia-se na crença, fruto da observação, de que a intera$o de empregadores e empregados, produtores e corsumidores, é o que dirigc a economia ao longo de seu camiúo, para metrhor ou pior' A divisão do produto emdois agregados de bens, consumo e investimento, embora ditada mais pela velocidade comque as expectativas de venda sãó frustradas, ajusta-se também, de modo conveniente, à divisão setorial entre famílias e empresas, como veÍemos adiante.
30 É fundamental a escolha dos agregados, mas há outras duas hipóteses empíricas, dois pontos-chave, nos quais se baseia a argumenta@ o da Teoria Geral: o de que o capital não é, nem será no futuro previsível, abundante, e, enquanto os produtores puderem conseguit sempre a mão-de-obra de que necessitam, os trabalhadores não poderão tomar qualquer atitude para pÍomover o seu próprio empÍego. Sem estas hipóteses, a argumentação da Teoria Geral talvez tivesse se perdido na taxionomia; foram estas hipóteses que permitiram reduzir a um tamanho administrável o número de possibilidades deixadas em aberto pelo caráter seqüencial da teoria. Estas hipóteses erampaúicularmente adequadas ao peíodo emque Keynes escreveu. Nas condi$es atuais, a pertinência de ambas as hipóteses pode ser (ou tem sido) questionada. A emergência de períodos de escassez de mãode-obra e a prática de sua ma
nuten$o, para não fala r do
ma ior poder de
bargaúa
da classe
trabalhadora e a preocupa$o do governo com os níveis de emprcgo, exigenr, sem dúvida, um reexame da teoria dos salários e do emprego apresentada ra Teoria Geral.Ista, naturalmente, já foi feito por especialistas nesse assunto. O que está faltando é a integra$o de suas idéias à teoria macroeconômica. Menos fácil de avaliaré a abundância de capital. Na miúa opinião, está setornando cada vezmais evidente que, enquanto o capital comoumtodo (seja o que isso possa sigrrificar) pode ainda ser menos do que ótimo (não impoÍa como seja definido), certas modalidades de investimento tornaram-se hoje,
indevidamente, métodos pródigos de manutenção do nível da atividade econômica.
Sem demonstrar o papel dessas hipóteses na Teoria Geral, a minha
afirma$o de que elas são fundamentais pode não ser mais do que uma assertiva" A questão é levantada neste primeiro estágio para alertar o leitor do que se segue, não para convencê-lo - ainda.
Estilo e Estrutura
ATeoriaGeraléumlivro complexo e sutil, abrangendo umvasto campo, numnúmero extraordinariamentepequeno de páginas. Keynes não deleita seu leitorcomlistas dehipóteses e classificações-elas são freqüentementetratadas numa simples frase. E as idéias que foram desenvolvidas nas principais áreas depesquisa são tratadas numa sentença ou duas;porexemplo, a distinção entre comportamento de consumo de curto e de longo prazo, mais tarde Iongamente desenvolvida por Duesenberry (1959) e Friedman (1957), é objeto de um curto parágrafo (p. 97). Umestilo umpouco elíptico, pe nsava Keynes, era inevitável: Penso que é da essência da exposi$o sobre ecoiromia que se apÍesente, não um
relatocompleto que, mesmosefossepossível, seria prolixo ecomplicado a ponto de se tomar obscuro, mas uma proposi$o simbólica, por assim dizer, de todas
31 âs coisas que poderiâm ser ditas com a inten$o de sugerir ao leitor todo o conjunto de idéias associadas" de modo que, se ele apreender o conjunto, não irá, de forma alguma, ficar confuso ou ser impedido pela insuficiência técnica das meras palavras escritas pelo autor, tomadas em si mesmas.
(?. Â.
xII, p. a70)
Pode haver ainda mais sobre o assunto do que o exposto. Fouraker (1958) argumentou que Keynes partilhava com Marshall o desejo de atingir um público maior, nãouniversitário, quesesentiria desestimuladopordemonstÍa@es enfadonhas e listas de classificações. Com isto em mente, Fouraker diz:
eles usavam um curioso sistema, quando chegava a hora de registrar os resultados de suas pesquisas. Ao invés de guiar o leitor através dos intrincados processos analíticos que suas próprias inteligências tinham recentemente atravessado, forneciam um atalho, na forma de uma hipótese, cujo objetivo era justamente eliminar o exame do difícil problema que haviam enfrentado e resolvido.
(p.oo) EShackle (1961) comenta: "Setodos os críticos deKeynestivessemtido a percepção de Fouraker, quantos rios de tinta poderiam ter sido poupados""
De fato. No entanto, não é correto depositar fé num autor. Cabe, portâ nto, ao leitor convencer-se de qu e o problema /oi enfrentado e soluciona do corretamente. Muito da controvénia passada e do presente livro ocupa-se destas lacunas, e, às vezes, temo que este livÍo ilustre a observa$o de Keynes sobre a exposi$o ser "prolixa e complicada a ponto de se tornar obscura". Por
outro lado, é bom lembrar que a lógica nunca é suficiente; continuando
a
passagem anterior, Keynes diz: Um escritor de economia exige do seu leitor muito boa vontade e inteligência,
e uma grande dose de cooperaSo; ... há mil obje@es fúteis, ainda
que
verbalmente legítimas, que um opositor pode levantar. ".. Se houver uma deficiência na suâ própria capacidade de persuadir e expor ou se a cabeça do leitorjá estiver ... repleta de idéias contrárias ... ele não poderá apreender as indicações do pensamento quevocê es.tá tentando lhe
transmitir. (loc. cit.) O sistema econômico é uma coisa diabólica para se escrever a iespeito, público, porque as suas parte§ estão interligadas, mas devem
seja qual for o seu
ser analisadas ou descritas em seqüência, assim como uma palavra segue a
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Tradicionalmente, a renda tem sido definida com Íeferência à riqueza:e renda é o que pode ser consumido enquanto se deixa intacta a riqueza. Esta definição apenas transferea responsabilidadepara o que se entendepor riqueza e consumo. Umnúmero de possibilidades é esboçado na Tabela 3.3. Ocupemonos, em primeiro lugar, com o consumo. A no$o mais intuitiva de consumo talvez seja a de "exaurir a utilidade" ou fazer desaparecer materialmente, como se consome o alimento ao comê-lo. Esta idéia de consumo fazparte do que é chamado, na Tabela 3.3,,de abordagemda "durabilidade", qu,e ê claÍo no caso de bens perecíveis, mas suscita problemas quando os bens duúveis são produzidos e aÍrnazenados (como sempre são). Somente uma parte de qualquer bem duúvel, seja equipamento de capital ou um bemde consumo, sofre desgaste no peíodo. O"consumo" setorna, para essesbens, uma questão de estimativa de deprecia$o algo que as empresas fazem regularmente, mas que só raramente as famílias fazrm. Porconseguinte, o "investimento", neste quadro de referência, é equivalente à produção de qualquer novo bem durável, seja ele destinado a ser comprado pelas famílias ou pelas empÍesas e independentemente de sua finalidade -o fornecimento de serviços finais ou a simplificação da produção de outros bens. A distinção por finalidade é uma característica da "produtividade" e das abordagens "setoriais". Falei de produSo ao invés de compra devido à perspectiva macroeconômica adotada, Do ponto de vista das empresas individuais e das famílias, o critério de "durabilidade" apresenta uma corrcspondência bastante estreita comas compras dos dois sctoÍcs: as cmprcsas compram muihs máquinas duráveis e pouco peixe e ovos. Poreste critério, no entanto, a compra deumcano ouumrcfrigeradorpor um indivíduo particular conts como "investimento", porque espers-§e que estas coisas devam durar. A compra doméstica, genlmente a maior e mais duúvel
-
despesa do corsumidor, é oficialmentc cotuiderada (na eshtística da Renda Nacional) como investimentol só o alugrel atribuído a casas ocupadas pelos seus
prcprietários é tido como cotsumo. As compras pelas empresas de artigos relativamentc perccíveis (matérias-prirnas a sercmtransformadas emproduçáo, material de escritório, energia elétrica etc.) seriam contabilizadas como coluluru) dasempresas;emoutÍasdefini$es, seriam"capitalprodutivo ou de giro".Embora intrinsecamente compatíveis, as defini$es de "durabilidade" conhastam nitidamente coma de Keynes, como veremos. Aidéia de corsumo como desaparccimento físico é fácil de integratà idéia de "deixar inacta a riqueza", onde riqueza é definida cromo o estoque de ativos fisicos exisrnEs. Renda é o que r*;tÁ disponível para consumo; investimento rcpresenh urna decisão de aumenht a riqueza em vez de consumir. Teoricamente, é igralmente fCeil peruar nesta tenda em termos reais, como uma lista de bens, ou em tetmos de algum numerário @or exemplo, moeda), como um valot agregado. Na prátiea, nahrtalmente, seria impossível
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comparaÍ com exatidão a Íenda de um ano com a de outro, salvo se a composição do produto fosse constante e a composi$o do estoque de capital fosse inalterada no final do período, quando comparada ao seu início. Estes são exemplos do problema do número-índice inerente ao lidarcombens heterogê-
neos, um problema que é, em princípio, insolúvel, embora na prática haja diferentes índices, cada um dos quais nos informa algo útil.
Adefini$o usual de renda, nos livros-textos de macroeconomia, é a de "bens sewiços recém-produzidos". Faz-se uma distin$o entre renda líquida e renda bruta para levar em conta a deprecia$o do capital mantido pelas empr€§as, rms não a deprecia$o dos bens duráveis de consumo. Aversão "líquida"temalgrma semelhança oom a idéia de renda como o que pode ser consumido, embora deixando intacto o capital, mas o capital ou riqueza agora se restringe a bens do produtor - maquinaria e prédios que servem ao prooesso produtivo. A subdivisão em consumo e investimento também é determinada funcionalmente: bens de consumo são aqueles que se destinam aos compradores finais (por hipótese, as famílias), enquanto uma mercadoria destinada ao e
uso na produção é um bem intermediário ou útil, e a sua compra é um "investimento", mesmo que não seja duúvel. O equipamento que não é de neúuma utilização particular, exceto como instrumento de produção é, por definição, sempre comprado pelas empresas, mas muitos artigos apresentam ambigüidades que são bem coúecidas. Por exemplo, o carvão usado para aquecer urna casa é umbem de consumo; usado pam aqueceÍ um alto-forno, torna-se um bem útil, matéria-prima, capital produtivo. Arenda, nesse enfoque de "produtividade" pode ser entendida tanto em termos físicos quanto em termos de valor. A diferença não é simplesmente de preço do produto; a distin$o impoÍante diz respeito ao tratamento do capital.
Pelo critério de "durabilidade", a deprecia$o é o desgaste material. No enfoque da produtividade, podem-se levar em conta as perdas de valor devidas à obsolescência econômica assim como à deterioração material. O valor do capital produtivo pode ser definido para refletir o fluxo antecipado de ganhos associado ao equipamento existente. Similarmente, se os estoques de bens acabados são reavaliados, com mudanças nos seus valores de mercado reais ou antecipados, as mudanças nos estoques refletem mais do que o investimento fisico ou o desinvestimento. tlma terceira série de conceitos começa desde as raóes de vantagem dos "bens": a sua utilidade. Aqui, o coltsumo é dos serviços que o§ bens prestam. Esta concepção separa o consumo tanto da produção quanto da compra, pois é possível "consumiÍ os serviços de" - isto é, apreciar - um quadro durante muitos anos, embora só o comprando uma única vez e sem que o objeto sofra, mais ou menos, qualquer estrago material, seja sendo olhado ou ignorado. No exhemo oposto, as separações entre compra, uso (destrui$o) e utilidade são minimizadas. Mesmo no caso de bens mais duráveis, a separação
50 nem sempÍe é completa; alguns bens não podem ser desfrutados, não proporcionam qualquer serviço, a não ser que sejam utilizados de maneira que o§ expoúa a uma depreciação adicional à resultante da passagem do tempo. Rodar com um automóvel é um exemplo claro. Por outro lado, a deprecia$o e a utilidade poderiam ser vistas como antitéticas: como diz excelenúemente Boulding (1950), quanto menos o seu automóvel é "consumido" no sentido de desgaste, mais sewiços presta. Num contexto ligeiramente mais amplo, pode-se ver que é no critério de utilidade que os economistas pensam, quando propõem que o consumidor é o objetivo final da atividade econômica; dificilmente poder-se-ia esPenr que eles quisessemdizer quetoda a máquina econômica existeprincipalmente para serdesgastada!Entretanto, a renda pelo critério da utilidade é completamente intangível e subjetiva: renda é satisfa$o. Noutros teÍmos, ela é, na mesma abordagem, idêntica à noção de consumo. Tal definição não é muitoútilpara opropósito a queKeynes se con§agÍa: a determinação do produto e do emprego. Estes são determinados como resultado da busca de lucro pelas empresas e os lucros são obtidos por meio das vendas. Uma emprcsa quevendetelevisores émais oumenos indiferenteao fato de você assistir ou não televisáo; o único significado que o uso pode ter é a sua conela$o como desgaste e, desse modo, como momento da substitui$o. (A maioria das empresas temconfiado mais empenuadir as pessoas de que a sua aparelhagem é antiquada do que espeÍaÍ por uma autêntica necessidade de reposi$o, de modo que mesmo essa conexáo é vaga.) Uma notável característica dos conceitos de durabilidade, produtivida' de e utilidade do consumo e investimento que acabam de ser esboçados é que eles têm a veÍ com propriedades intrínsecas dos próprios bens quão apropriados são para serem incluídos no processo produtivo ou uso particular final e quão rápido é o seu desgaste. O critério de Keynes, pelo menos no Capítulo 6 da T, G,, é,no entanto, o seguinte: quem os comPra. Chamei-o, assim, na Tabela 3.3, de enfoque setorial: cotulumo é o que os consumidores
-
compram, investimento é o que as empÍcsas comPÍam. E também uma abordagem monetária: é a despesa, e não a utilidade, que incitâ âs empÍesas a produzir. As quatro abordagens da renda foramexaminadas a partirdo que chamei uma peÉpectiva abrangente. Antes de retornarmos àquela peÍspectiva paÍa analisar pormenorizadamente o conceiüo de renda de Kcynes, é preciso dizer algrmas palavras sobre a renda de um ponto de vish individual.
A Renda Indivüual
Épossível queuma pessoa entenda como renda o quc ela pode gastar, embora deixando intacta a riqueza, mas não é provávcl quc esta idéia, de uma
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perspectiva social, "seja consistente" com a renda agregada, nem é fácil imaginar esta idéia, mesmo em princípio, em termos reais. Enquanto a renda real da economia é o que é produzido e (se o capital é constante) é inequívoca, a renda real de um indivíduo depende do subgrupo desses bens em que ele escolhe compraÍ, o qual é provável que se alteré com o nível de renda. Se o "sujeito" é uma empresa, o conceito de lucros reais é ainda mais duvidoso. Adiferença entre a riqueza individual e a social é ainda mais acentuada. Uma parte da riqueza individual se manteú sob a forma de ativos financeiros
-
pe.lo menos em depósito bancário. Tais ativos financeiros, embora riqueza para o indivíduo, não são parte da riqueza produtiva da economia. Constituenr, desse
modo, uma gnnde fonte de divcrgência entre riqueza agregada avaliada diretamente no úvel agregado e o agregado da riqueza dos indivíduos. Uma parte da riqueza agregada corniste de ativos tais como rodovias e ferrovias que contribuem paÍa o potencial produtivo da economia, poÉmnão são propriedade individual, maspropriedade do EstadopaÍa uso comum. Porestas razóes, o conceito de renda como o que pode ser consumido, embora mantendo a riqueza intacta, não se relaciona facilmente com o mesmo conceito a nível individual.
O Conceito de Renda de Keynes
A busca e a utiliza$o da rcnda tal como entendem os indivíduos e as empresas moüvam o coÍnpoÍtamento econômico. As deÍiniçóes de rcnda de Keynes - pois há duas - são uma curiosa e incômoda mistura da perspectiva agregada coma perspectiva dos dois setores, Famfl ias e Empresas. Enrboriambas sejamconceitosagregados,umdeles,odercndabruta,serelÀciona comas decisões das empresas de fabricarprodutos, e o ouüo, o de rcnda líquida, determina o que pode ser consumido. No Quadro 3.3 isto é chamado de abordagem "setorial,i. Na Teoria Geral, a renda é definida em termos de valor. Isto não é simplesmente Íecoúecer as insolúveis dificuldades de definir rcnda real de maneira inequívoca em nada menos que um estado estacionário, embora se chegue ao ponto desejado; E questáo mais importante é que as economias ocidenhis avançadas são economia s monetári.as. A moeda não apenas serve como uma unidade de cálculo e nos permitc somar o valor dc maçãs e laranjas; mais importante, a suâ aquisição é a moüvação imediata da atividade econô. mica: os trabalhadorcs vendem o seu trabalho por um salário nominal, mesmo que o façampoÍperuârcm no que o diúeiro comprará; as empÍesas produzem bens embusca de lucros monetários e a prcdução não é lucrativa, eiceto se os bens forem vendidos -por diúeiro Nâo obstante a ênfase na motivação, era necessário, no entanto, ir além das definições setoriais de renda no sentido de umagregado, pois renda para as famílias é um custo para as empresas, embora um custo que proporciona o
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poder de compra de que dependem os próprios lucros das empresas' Era a insuficiência da economia em geraÍ uma renda agregda satisfatória para manter o seu pessoal empregado que exigia explicação. Esta insuficiência se deve diretamente à relutância das empresas em opeÍaÍ num nível suficientemente elevado de produ$o; essa relutância, por seu turno, é devida às suas estimativas, ratificadas no caso de equilíbrio de desemprego, de demanda inadequada dos seus produtos. Os dois lados - a demanda (tanto dos consumidores quanto das firmas) e a oferta (das firmas) - atuamum sobre o outÍo paÍa produzir alta ou queda repentinas. Esta concentração nos motivos que estão na base da ofeÍa e da demanda é responsável por outra caracúerística que debilita o conceiüo de renda de Keynes: a sua incorporação, mediante o conceita de custo de uso, das expectativas do ftrturo valor do capital: é na manuten$o do valor, resultante não apenas da produtividade fisica, mas também das condi@es da demanda frrtura, que as empresas estão interessadas, quando decidem se põem as máquinas a produzir ou não. Em suma, antes de entÍarmos em mais detalhes: Keynes associava o conceito de renda às suas conseqüências para o comportamento dos dois setores-chave, formulando-o emtermos monetários para se ajustar às realidades de uma economia de mercado voltada para o lucro'
Renda Relacionada à Produção (Renda Bruta) Keynes define, de iúcio, a renda com rela$o às decisóes de produção: renda bruta. As empresas estão sempre tomando estas decisóes nas circunstâncias do curüo prazo, isto é, como uma determinada fábrica e equipamentos que
lhes são disponíveis. As empresas que buscam a maximização dos lucros optarão pelo nível de produ$o que acreditam que aumentaú os seus lucros brutos, iito é, a receita de vendas da produção final menos os custos variáveis (ou primários) de sua produção. Os custos primários são os pagamentos dos fatoies de produção menos o custo de uso do capital para produzir os bens de que resultam os lucros. Para generalizar esta proposição aÉ o nível agregdo, é necessário levar em conta o fato de quq os custos prim.ários da empresa Á incluem a compra de coisas como matérias-prirnas e pegs de reposi$o da empresa B. Desde que, como explicarcmos posteriormente, todas as oompÍas entrc empresas são chamadas investimentoe tratadascomoaltera@esdocapital,oproblemadederivaramedida agregada que inclua o tratamento adequado das trarsaSes entrc empresas não pode ser abordado sinplesmente em rela$o à produ$o em cu§o.
Produção, Lucro e Estoque de Capital: As empresas produzem bens para venda e, enquanto isso, o capital se esgota. De fato, o "capital produtivo" -
53 estoques de matérias-primas -se exaure completamente, no sentido de que as matérias-primas são transformadas em algo inteiramente distinto. O capital também se deteriora com a simples passagem do tempo, mesmo que não seja utilizado, e porcausa de danos acidentais. Mas, numa economia moneúria, um
fator adicional entra nos cálculos dos empresários: o "valoÍ", em termos monetários, do capital. Este valor depende da receita líquida esperada do fluxo de produção que se prevê que o capital produza no futuro. Uma queda na demanda de tecido reduz o valor dos teares (mesmo que a empresa não teúa neúuma intenção de vendêlos), e o mesmo ocorre com a invenção de equipamento superior que competiní com os antigos teaÍe§. Como os valores de capital estão sujeitos a flutuaSes poÍ causa das mudanças na demanda ou das inova$es, a manutenção fisica de uma máquina pode ser de grande interesse num momento e de nenhum em outro. Em meio a todas estas raóes - deteriora$o pelo tempo e pelo uso e a manuten$o do valor - há muitos ajustes interessanúes que devem ser feitos. Em primeiro lugar, há um ajuste entre despesa de manutenSo e durabilidade da rnáquina. Uma m.íquina não utilizada, cuidadosamente protegida dos elementos clinuíticos (lubrificada, pintada, mantida em temperatura constante etc.) pode-se prever que duÍe n anos. Se não for mantida, não traz despesas, mas apenas dura, digamos, n - h anos. No entanto, nÁohá nzÁo para têJa, a menos que se espeÍe usáJa, porquanto, não sendo sequer potencialmente produtiva, é destituída de valor. Quando for utilizada, desgastar-se-á tipicamente mais depressa, e o ritmo do desgaste será uma fun$o positiva do nível do produto resultante dela. Nemtodas as possíveis fontes de mudança no valorsão debitadas à renda. Há prejuízos decorrentes de calamidades naturais, sobre as quais os empresários não têm o mínimo controle, e que são táo imprevisíveis que não podem ser segurados. Mesmo as previsões feitas poroutros empresários afetarão, de modo imprevisível e incontrolável, o valor do capital de uma emPÍesa. Mudanças causadas por eventos imprevisíveis fora do alcance da decisão do produtor, inclusive mudanças imprevistas nas perspectivas de venda do produto de uma
parte do equipamento de capital ou desenvolvimento de um equipamento competitivo, são convenienúemente tratadas como gaúos evenfuais e "lançados na conta de capital". ImpoÍtantes na definição da renda são a deterioração pelotempo e a deterioraçãopelouso, sobreas quais o empresáriopode, atécerto ponto, ter controle. Custo de Uso: A deprecia$o que, apropriadamente, entra na definição de renda é a que se deve ao uso. Ela é chamada custo de uso. Este cusÚo é diretamente impuüível à produção e varia com o nível de produ$o e é assim paúe do custo primário ou variável. Incorre-se necessariamente nele quando se decide usar o capital para produzir bens. Do ponto de vista agregado, o custo de uso é a parte do produto em circula$o que é utilizada na produ$o de outro produto.
54 Não é um conceito fácil. A dificuldade reside em desvencilhar este custo de outras fontes de mudança no estoque de capital. São necessárias algumas definições. Segundo a Teoria Geral, temos;
I = renda Á = vendas de produto final, das quais Ár = vendas entre empresários G = valor real do equipamento de capital + estoques de matérias-primas + estoques de mercadorias acabadas não vendidas + trabalho em andamento no final do peíodo = valor desses estoques no início do peíodo + vendas (Ár) -
F= U=
exaustão devida ao uso manutenção ótima do capital, se deixado semutilização valor do equipamento de capital e estoques no final do período, no caso de ocorrência de B' o valor líquido máximo que poderia ter sido conservado do peíodo anterior, se não tivesse sido utilizado para produzirÁ custo do fatorpara produzirÁ custo do usuário deÁ
Z=
lucro bruto = receita total de venda menos custo primário
B'=
G'=
G' - B'
=
O custo de uso é definido como
U=G'-B'-G+A,
(3.1)
G é o estoque de capital (interpretado de modo geral) no iúcio do peíodo. Uma parte desse estoque se deteriorará, mesmo que não seja usado, com o pa.ssar do úempo. Há outras causas possíveis de mudança no valorfi nal do capital-mudanças esperadas na demanda,tecnologia concorrenteetc.-mas,porenquanto,ignoremnas. B'mede, então, o quanto vale a pena agir contra os estragos causados pelo
tempo na manuten$o do estoque (proporcionando, por exemplo, annazenagem seca). Se a manuten@o ou ouha providência no sentido de prcseÍvar o cÍlpital for efetivamentetomada, haverá umcusto a seÍarcado pelos recursos corentes. §ão há suposi$o de que a medida seja de fato adotada.) Quando utilizado, o capital se deúeriora numa proporção ainila maior. A perda de capital, tanto devida ao tempo quanto ao uso, pode ser atenuada pela manuten$o ou serrevertida pela substituição -porumcusto. Aempresa pode fazer isso com seu próprio pessoal, caso em que a pÍeservação do capital se refletiú no custo da sua mão-de-obra, náo, porérq no produto posto à venda. A "manutenção feita na empresa" não apresenta neúum problema de agregação. A dificuldade surge quando ela é suprida por outras empresas.Ár,
55
que, como foi mencionado antes, representa aquisições de capital, mede a amplitude deste suprimento. Imagine Á, como compras de matérias-primas, peças sobressalentes, equ ipamento novo ou de reposição, e manutençã o contratada
a
terceiros. Esta s,
ao contrário de B', são despesas reais, exigibilidades sobre a produção atual. As despesas indicadas porÁr compensam, entÍetanto, tanto pelo tempo quanto pelo uso. Não há nenhummodo pútico de distinguiro objetivo de determinada despesa de investimento. B' serve pam separar os dois, indicando que proporção deâ, é apropriadameúe debitada ao uso, não importa o que os diretores das empresas pensem que estáo fazendo. Um exemplo extremo pode ajudar. Suponha que o uso é a causa única de depreciação (B'= 0). Então se se prevê que a demanda e os custos se mantenham
inalterados no futuro, de maneira que não haja nenhuma vantagem em aumentar o estoque de capital, U = A; as empÍesas cJmpram umas das outras apenas o suficiente paÍa repor o que foi utilizado para produzir. B'é o trunfo, pois úo é evidente (e tampouco Keynes sugere isso) o que constitui manuten$o ótima. Isto depende do estoque de capital que se considera ótimo para começâÍ o período seguinte. O ótimo não é a minimizaSo absoluta dessa perda de valor do estoque, pois isso pode acarretar despesas indevidas. Se é ou não "indevido" um dado montante de despesa de manutenção depende da expectativa da demanda no futuro. Retire a hipótese formulada antes de que não se espeÍa a mudança da demanda futura. Num extremo, supoúa que se espera que a demanda do próximo ano seja nula (como ocorre com os artigos de moda). Então a ação racional que se deve ter é acelerar ao máximo as máquinas (se a demanda atual absorver o produto) e não mantê-las. O valor fu turo das máquinas, G', B' e U, é zero. Se, em contraposição, se espera que a demanda melhore no período seguinüe, de modo que o equipamento se valoize, ainda mais esforços devem ser feitos para conserváJo do que se se esperasse que a demanda fosse estável. Pode-se veÍ que G' e B', e, poÍ conseguinte, U, não são definidas em rela$o exclusivamente ao peíodo corrente, eunicamente de maneira objetiva. As expectativas do futuro estão inevitavelmente envolvidas. Renda Bruta: Removido o custo de uso, o resto é fácil. Irmbre-se de que o lucro
bruto é a renda das vendas dos produtos finais menos os custo§ variáveis (primários) de produ$o, e os custos prirnários são os pagamentos dos fatores (custo da mão-de-obra) mais o custo de uso:
ff =A - (F + U)
Q.2)
A renda bruta é a soma dos lucros brutos e dos custos dos fatores e, portanto, o valor do produto menos o custo de uso:
56
Y=F+ff=A-U
(3.3)
Hátrêscoisas a observaremrela$oa esta defini$o. primeiro, ela sebaseia num conceito de lucro muito usado em microeconomia; não se subtraem os custos fixos antes de calcular o lucro. c-omo os cusüos fixos devem ser pagos, poder-seia dizerque estes nãosão,demodo algurq lucros. Noentanto, como õs cusüosfixos não afetam a decisão de nível de produ$o, está correto excluí-los para o objetivo emüsta. Tendo maximizado (ou tentado maximizar) o lucro bnrto, os custos fi xos determinam o primeiro estígio da distribuiSo desse lucro.
Em segundo lugar, embora o custo de uso não receba, por razões de espaço, a atenÉo que merece no resto deste livro, lembre-se de que coisas como mudanças nos preços das matérias-primas entÍam na renda poi intermédio do custo de uso.
Em terceiro lugar, devido à incorporaEão do custo de uso, a renda não é auto-suficienúe dentro de umúnico período, e não é inteiramente passível de mensuração objetiva. Durante a maior parte do tempo, Keynes ignora essas características complicadas - mas nem semprc. Ni maioi partJdo tempo, lamentavelmenüe, teremos que fazer o mesmó. Renda Disponível para Consumo (Renda Líquüa)
Nemtoda a renda bruta poderia ser consumida e ainda deixar o capital intacto: uma subtraSo adicional deve ser feita. o capital se deprecia nãà só
como conseqüência da opção deliberada de usá-lo, mas também
involuntariamente. Parte dessa perda pode ser imprevista; são as perdas fortuitas referidas anteriormente; outÍas perdas, no entanto, embora involuntárias, não sáo inteiramente inesperadai, sobretudo as que resultam da passagem do tempo.loKeynes dá a este tipo de deprecia$o o nome de:
Y=
custo suplementar
os-lucros líquidos de ambas as formas de deprecia$o previsível do capital, e I/, são
II=A-(F+U)-V
u
(3.4)
e a renda disponível para consumo, renda líquida, é
Y'=A-U-V
(3.5)
I'está "disponível para consumo" no sentido de ser o montante que poderia serconsumido, deixando intacto o valordo estoque de capital: ambis aúormas
57 de deprecia$o, U eV, foram explicadas. A importância da distinção entre U e Y- embora possa ser difícil distinguilas com muita precisão na prática - é que V, sendo independente do produto, não afeta a geração da renda, mas, de fato, influencia a sua venda. Aimportância da distinção entre renda bruta e renda líquida provémdo fato de serimpossível sincronizar a retenção do lucro para reposição do capital com a despesa de reposi$o. Quando as reten@es são maiores do que os gastos, as empresâs, na verdade, estão poupando: isto é deflacionário. Se a despropor$o se inverte, o efeito é expansionário.
Conceitos Conüíbeis O tratamento dado à "teoria econômica keynesiana" pela maioria dos
livros-textos não obedece às defini$es de Keynes, rnas se mantém fiel
às
práticas contábeis expressas nas demonstrações de resultado do tipo apresentado na Tabela 3.2. Existem várias diferenças. A abordagem contrábil começa definindo a renda bruta, ou o Produto Nacional Bruto, como bens ou serrriços
recém-produzidos, levando em conta as mudanças no estoque de capital produtivo (matérias-primas, trabalho em cuÍso, e estoques de produtos acabados), mas não as mudanças no valor das formas mais duradouras de capital. Noutros termos, as perdas de matérias-primas são inteiramente atribuídas ao custo de uso, e os acréscimos de trabalho em andamento e os bens acabados são chamados de investimento. Ao lidar com a maquinaria durável e os prédios, é feita uma distin$o não pela origem, mas porterhavido ou não gasto real em
manutenção e substitui$o. Os gastos correntes são incluídos como custos, quando do cálculo contábil do lucro bruto e a "deprecia$o" não é, de modo algum, despesa, mas um firndo de amortiza$o não utilizado. O custo de uso, em contraposição, se aplica tanto às matérias-primas como ao capital mais durável, e abrange o gasto efetivo e o desgaste físico para o qual não há neúum remédio exceto a total reposição futura. O custo suplementar está, primordialmente, mas não exclusivamente, relacionado ao capital mar§ durável (ele incluirá, contudo, qualquer deteriora$o nas matérias-primas, causada, digamos, pela exposi$o ao tempo), e espera-se,poÍanto, queseja emgrandepaúe, mas não exclusivamente, um fundo de amortiza@o. As convenções contábeis são, necessariamente, a estrufura na qual as empresas operam: as dificuldades práticas do crálculo preciso de U e Y são insuperáveis. A teoria, no entanto, pode estabelecer as principais distinçóes. Os valores registrados pelos contadores são apenas um guia grosseiro das grandezas que orientam a produ@o; destinam-se a outro objetivo - o controle e a regula$o dos fluxos de caixa. Aposição dos dois fluxos de caixa, no esquema de Keynes, ainda não está estabelecida: o que aconteceu aos custos fixos e qual a rela@o entre os lucros
58 e os pagamentos de dividendos? Os custos fixos são pagos dos lucros brutos, depois de cobertos os custos variáveis (pois estes são essenciais à manuten$o
do funcionamento das empresas). Quando desembolsados, eles se transformam ou em lucro para outras empresas ou em renda (aluguel ou juros) para as pessoas. No último caso, eles estão, obviamente, "disponíveis para consumo"; no primeiro, estarão dispoúveis na medida em que não sejanr, por seu turno, retidos como um frrndo de amortiza@o. Em ambas as situações continuam sendo parte da renda agregada, do mesmo modo que os custos da mão-de-obra. Poder-se-ia proporuma terceira definição de lucros, relativa às questões de organização industrial, que não era fundamental para a investigaSo de Keynes. Esta defini$o, -I7, seria livre dos custos fiixos assim como de todos os fatores anteriormente considerados e se amoldaria à definição contábil de lucros após a deprecia$o, mas sem deduzir os impostos diretos. Os acionistas têmo direito final sobre os lucros -sobrc.ITisento de impostos mesmo então, dentro dos limites estabelecidos pela insatisfa$o dos acionistas e suas implica@es, o pagamento de dividendos é arbitr.írio. Os fundos não distribuídos, os "lucros retidos", ficamdisponíveis para financiaro investimento. (Iornar-se-á claro na póxima se$o que as emprcsas não consomem.) Os dividendos tornam-se a renda das famflias e podem financiar o consumo. (O "consumo dos lucÍos", no entanto, pode incluir o consumo dos salários dos empresários, do aluguel edos rendinrntos dejuros,sesequiserdefinirlucÍo como tudo que não for renda do trabalho, como faz a tradi$o cambridgiana). e
Renda: Sumário As caracteísticas distintivas do tratamento que Keynes dá à renda são (I) a sua defini$o emtermos devalor, como condiz iuma eóonomia monetária, (I) a base setorial para a defini$o de todos os agregados sociais, e (II) o papel das expectativas na defini$o do limite entÍe conta de renda e conta de capital. Resulta de
(IIf
que esse limite só pode ser definido com precisão quando as
expectativas são constantes, i. e., num estado de "tranqüilidade" ou de equilíbrio de longo prazo no sentido marshalliano. Resulta, também, que os conceitos aqui desenvolvidos têmapenas vaga relação comas Contas de Renda Nacional, que estão voltadas para o passado, e nos dizem o q\e aconteceu, enquanto estas defini$es se reportamao futuro, dependendo de como formem expectativas. Somente uma medida voltada para o ftrturo pode servir de guia para a tomada de decisões. Os Componentes da Renda naTeoria Geral
No Capítulo 6 (da L G.) tudo parece fácil de compreender. Os componentes da renda são distinguidos pelo comprador. O consumo (C) - mais
59 corretamente a despesa dos consumidores - é o total das vendas, Á, menos as vendas entre as empresas,Ár, isto é, o valor da produção vendida às famíias:
C
=A-Ar
(3.O
O investimento bruto (I) são as vendas entre as empÍesas menos o custo de uso:
I=Ar-U
(3.7)
As características dos bens -sua durabilidade ou produtividade - não eslão realmente em questão. Os bens de consumo são investimento enquanto acréscimos intencionais dos estoques; somam-se ao capital no final do período e entram no custo de uso negativo, produção não vendida à conta da qual pagamentos dos agentes comerciais foram efefuados. Ao serem vendidos, tornam-se consumo. Algumas Difiruldades: I. As Definições do Capírulo 7
No Capítulo 7, Keynes torna menos clara a distin$o oferecida pela abordagem setorial, quando tenta se adaptar à linguagem popular, definindo investimento como a comp ra de qual quer ativo, real ou fina nceiro (L G., p. 7 5). O investimento agregado identifica-se com a compÍa de ativos reais recémproduzidos mediante o processo de agrega$o, em que a compra de ativos antigos -investimento porparte de alguém-é cancelada pela sua venda pelos proprietários anteriores (desinvestimento). Os ativos financeiros são constituídos para desaparecer por um processo similar: todo ativo é um passivo para alguém.1i Apesar da sua afirmativa (p. 75), o resultado não condiz com a mesma definiSo de investimento do Capítulo 6, mas difere em dois aspectos: (I) a definição do Capítulo 7 inclui mudanças não intencionais nos inventários (ver p. 75-6), excluídas no Capítulo 6; e (II) na definição do Capítulo 7, tanúo as famílias quanto as empÍesas podem fazer investimento, enquanúo no Capítulo 6, o investimento é uma atividade estritamente empresarial. O tratamento correto dos bens não vendidos é importante,.pelo menos porque a análise de "renda - gastos" dos livros-textos deu tanta importância às mudanças de inventário quanto a ummecanismo de ajuste. Os livros-textos seguiram o Capítulo 7, onde o investimento é despojado de sua característica volitiva pela inclusão nesse agregado dos resultados de erros de previsão da demanda (que é o que indicam as mudanças não intencionais nos estoques). Compare-se a maneira de tratar do Capítulo 6, onde o investimento bruto é definido como:
60
I = At-U
=
G-(G' + B)
(3.8)
C.omo G'é o valordos estoques de capital ao fi nal doperíodo que as empresas esperam seja ó timo, e Aré voluntário, não há lugar para mudanEas involuntárias nos inventários devidas a variaçóes inesperadas nas vendas. Decompordo as vendas totais emconsumo,Á -Ár, e investimento, como definido acima, podemos rcescreveÍ a defini$o de lucros brutos da seguinte maneira:
If =A-(F
+
4 - A-Ar+ At-U
-F =C + I -F
(3.e)
Bens não vendidos não aparecem emÁ. C.ontudo, os bens produzidos no peíodo acarretam custos prinuírios, sejam vendidos ou não. Se a produ$o para estoques éplanejada, deve haveruma raáo: as empresas devemespenÍque os custos ou a demanda subam no futuro em compara$o ao prcsente, afetando, poÍtanto, G', o estoque ótimo de capital úo utilizado ao final do peíodo (e sua
deriva$o prátia, o estoque ótimo usado), e justificar os custos prim.ários decorrentes agora ao invés de no futuro, a despeiúo da falta de receita corrente. Ela é contabilizada como custo de uso negativo, uma decisão deliberada.
Um acréscimo não planejado e inesperado de estoques importa no mesmo custo de fator, mas não há elevação emG'. Donde se conclui, de acordo com o senso comuÍÍ\ que adições não intencionais nos estoques reduzem os lucros abaixo do valor esperado. Assim, a definição do Capítulo 6 mantém tanto a naÍ;rÍeza volitiva do investimento quanto uma definição sensata de lucro. Define também, de maneira consistente, os agregados por quem os compra, enquanto as definições do CapítuloTincluemosbens queas empresas produtoras podem simplesmente reter involuntariamente; eles não são absolutamente vendidos. E difícil conciliar isto com a defini$o de .I como Á - Ár. As definições do Capítulo 7 são compatíveis não complanos e expectativas, mas com os fatos, ex post Parte do atrativo das definições do Capítulo 7 re side no fato de elas terem estreita semelhança com as estatísticas da Renda Nacional. Não há, porém, em miúa opinião, dúvida alguma sobre que definições são, para fins analíticos, superiores. Algumas Dificuldades: II. Poupança Resta a questão de definir o agregado chamado pouparça. ATeoria Geral podeia ter sido escrita sem esse conceito e teria sido melhor que isso tivesse ocorrido. Ela só foi necessária para combater a proposição clássica de que a poupançá determina o investimento, nos termos da dita proposi$o. O resultado do uso do conceito foi uma enoÍrne confrtsão, que resultou inteiramente, a meu veÍ, de uma falta de percepçáo da diferença de significado entre poupança individual e agregada.
6t Aquestão do significado
da poupança e suas mudanças através
dotempo,
medida que o ambiente mudava (sendo fundamental o desenvolvimento das instituições financeiras) é discutida plenamente no Capítulo 9. Aqui temos que lidar apenas com a sua definição, que é bastante precisa. . Keynes parte da proposição de serincontestável o fato de que a poupança é, a parte da renda que não é consumida. Ele tem duas defini@es de rindà, líquida ebruta; logo, ao subtrairo consumo de cada uma, obtémduas definições correspondentes de poupançá. A poupança bruta, S, é: à
S=Á-U-(A-A)=A\-U
(3.10)
e a poupança líquida, é: ^S',
S' =Á - U - V - (A
-
A) = Ar-
U-V
(3.11)
A primeira evidentemente
é idêntica ao investimento bruto,l2definido, neste ponto, como "o acréscimo ao valor do equipamento de capital que resultou da atividade produtiva no período" (7. G., p. 62).A segunda é i.dêntica ao investimento líquido: investimento bruro menos a perda de valor decorrente de outras causas que não o uso (que é incorporada em [/) ou perdas imprevistas (que são debitadas à conta de capital).
Embora definida emtermos devalor, a concel4áo contida nessas deÍini@es real: a visão é do capital corrente sendo produzido e fisicamente destruído. Não há men$o do equipamenüo sendo realmente vendido, ou do lucro esperado da é
produ$o sendo realmente realizado, ou de mudanças de avalia$o devidas expectativas alúeradas. A concel4áo "real"
é até
a
mesmo mais chocante no caso do
investimentolíquido,onde I{aprovisãofinanceirapara reposi$o, é üomada agom como urna medida da efetiva necessidade de reposiSo fisica. Analogamente, o conceiüo depoupança éreal (embora tambémelpresso em termos de valor). Se se pensa sobre o que pode significar a pouponçâ emtermos agregados, pode-se veÍ que não há meios de a sociedade como umtodo poup6r, exceto através da produ$o de bens que não são consumidos -onde cor»umo agon contém em seu bojo a foqa de ser destnrído (ou hansformado). Pouprnça, desse modo, é o acéscimo líquido aos bens que restamao final do peíodo paÍa sercm trar»posios para o seguinte. Está claro agora que um dos dois agregados é superfluo; eles são, tanto conceitual quanto tecnicamente, idênti«is. Poupança
e Decisão: Observe-se que a poupançâ não foi definida como um ato positivo, Írils como uma falta de a$o: poupaÍ é "não consumi/'. Consumo e investimento são ambos atos positivos, o primeiro executado pelas famílias, o segundo pelas empresas. Junüos, eles deúerminam a renda corrente. Apoupança, ao contrário, não é coúecida ate que a renda seja determinada. Embora um
62 indivíduo possa coúecer de antemão a sua renda, ao menos em úermos moneúrios, a renda agregada não pode ser coúecida até o final do período, depois que os lucros correntes sejamdeterminados. Segue-se que o agregado "poupa.nça" de Keynes é umconceito totalme ntefactual, ex po sr, que não temrelaSo complanos ou decisões. Etotalmenteumresíduo: sea poupança épositiva, a raáopode estar
no fato de que, de forma agregada, as famílias decidiram comprar menos do que receberam ao produzir, ou, o que é o mesmo, porque a renda conente agregada foi maiordo que a espenda. Apoupança nío é,seguramente, como Keynes afirma, "o resultado do comporlamento coletivo dos corsumidores individuais..." (P. 63); o conceito keynesiano de poupança agregada carece de qualquer fundamento no
comportamento microeconômico. O conceito da poupança agregada nada tem a ver, obviamente, com os planos das famílias ou com o que elas realmerrÍe fazerz quando economizam. Elas (por hipótese) não compram bens de capital produtivo ou decidem a composição da produ$o entre bens de capital ou de consumo, e dificilmente se pode esperar que dêem importância ou mesmo teúam consciência dos bens estocados nas prateleiras como resultado da sua incapacidade de compú-los. A intuição sugere que, quando compÍam, as famílias compÍam ativos financeiros ou deixam o diúeiro no banco. Tal intui$o está de acordo com o esquema de agregação setorial exposto anteriormente neste capítuIo. Se, como se supôs, somente as famílias consomeÍn, a Poupansá é a renda meno§ o soruiumo, e as famílias não investem; nesse caso, o único modo pelo qual as famílias podempoupar é comprando ativos financeiros. Se nós admitimos que as empresas poupam, e desejamos definir a Poupança somo uma maneira diferente de fazm investimentos,l3 então elas também não têm outra opção a não ser comprar ativos financeiros. E isto exatamente o que ocone com o§ fundos de amortização que não são gastos comumente em reposição de capital.
A raáo da diferença entrc a poupançâ agregada e a individual agora torna' se clan: os ativos financeiros "se corsolidam" pan a economia como umtodo. A poupança em nível individual éwln decisão apropriada. A decisâo é a de adquiiiraiivos financeiros ou mânter o saldo bancário maior do quc o anterior. EIa pode ser complemenhr à decisão de consumo especirlmente §e o ooÍl§uÍx, estivernoníveldas necessidadesbásicas,emquequalquerpoupanç: será rúo mais que um acidente . E u po st ela pde ser diferente daquela que foi plancjada. Esses aspectos d0 poupança individual, no entanb, rúo fazemdela umÍʧíduo no mesmo sentido que a poupansá agregada é um resíduo. A poupang _âgregpda, Pol depender, inteiallk,dos lucros realizados, envolve elementos sobrc os quais os poupadores não exerc€m neúum controle. Desde que os luctos corrcntss sâo um rcsíduo, a poupançr agregada hmbémo é. Este exame da poupança emnível individual subcstima a impoÍância da pÍoposição de que a poupançs e o inve§timento náo sâo aPenas atividades éxeicidCs por gnrpos diferentes de pcssoas, mas envolvem fatos divenos
-
63
investimento é a aquisição de máquinas e prédios, poupança é aquisi$o de ativos financeiros e diúeiro exha. Unidades de Medida Toda esta discussão sobre a renda eseus componentes utilizousomente dois conceitos de medida: o conceito teórico de uma relaSo de produtos e o conceiüo
óbvio de valores monetários. A dificuldade no uso de valores monetários no contexto das motiva$es das decisóes é a sugestão de "ilusão monetária" - a incapacidade de recoúecer que uma eleva@o do valor monetário úo tem contrapartida nos bens reais. Para obter um padrão de "renda r€al", tornou-se habitual deduzir do valor monetário um índice de "renda rcal", identificado (úo muito exatamente como vimos) como produtc real, deflacionando-oporumíndice geraldepreços. Medidas dessetipo foramasurddadesaceitasporManhallePigou emsua obra teórica, que são aprcsentadas nas estatísticas da Íenda nacionâl e estão na base de quase todas as teorias macroeconômicas modernas. Keynes, poÉnr, não
as aceitou. Ele invectiva, com ceÍta minuciosidade, a sua imprecisão e a dificuldade de evitara introdu$o de noções de valorpela porta dos fundos (fl G., p. 37-aQ. O "produto leal" e "o nível çral de prcços" não erarq a seu ver, conceitos inúteis, lnâs o seu
lugar apropriado... está no campo da desoição histórica e estatística... para qual
a
precisáo perfeita... não énem comum nem necessária. Dizerqueoproduto líquido hoje é maior, mas o nível de preços menor do que há dez ânos ou urn ano atrás, é uma asser$o equivalente a afirmar que a Rainha Vitória foi uma rainha a
melhor, porém não uma mulher mais feliz do que a Rainha Elizabeth afirmação não destituída de significado para o cálculo diferencial.'
e intenesse, mas
-
uma
inadequada como dado
(?, G,, p.40)
§ão
que ele, de fato, Íizesse uso de muito cálculo).
Pode haver uma razáo adicional, implícita na estrutuÍa da teoria. A utilizaçáo deumnível geral de prcços diminui a importância da distinção entrc consumo e investimento. A divisão em dois agrcgados é essencial à explicação de como a economia se comporta. O consumo e o investimento juntos corutituem a demanda agregada, mas são determinados por motivos muito diferentes. O consumo destina-se a satisfazer neccssidades atuais; o investimento é providência para a produção de bers destinados a satisfazernecessidades futuras. Os beiu de investimento são duradouros e o seu lucro líquido para os compndores se estende ao futuro distante. O fluxo esperado de lucros que torna vantajosa a sua aquisição não comesá sequeÍ no presente, quando a decisáo de investit é feita, pois há um "período de gestação" antes de o produto
64 das novas máquinas ou fábrica chegar ao meÍcado. Enquanto isso, a compra tem que ser financiada; este compromisso se estende pelo menos durante parte
da vida útil do investimento. Desse modo, os elementos que determinam a demanda de investimento se referem a um esquema temporal completamente diveno do que determina o consumo. De modo muito notável, a taxa de juros, o preço relativo do diúeiro no frrturo em termos do dinheiro atual, entra na determinação do valor esperado dos ativos de investimento e na demanda de investimento; o seu papel na determinação do cortsumo é comparativamente banal. Ademanda e, portanto, os determinantes do preço, são, pois, fundamen-
talmentediferentespara osdoistipos debens. Umíndicegeraldepreços, nessas circunstâncias, não é adequado. Alémdisso, opreço debenspara os consumidores entra na determinação do valor "Íeal" da renda familiar, enqr anto o pÍeço de bens de investimento não-exceto se se quiseriralémdo limite, da maneira mais indireta, comouma
influência remota na firtura renda real. Como é muito improvável que a exparsão ou contração da produção seja equilibrada de tal maneira que mantenha o preço relativo dos bem de cor»umo e inalterados os bens de investimento, a utilização de um índice geral de preços é um guia insuficiente paÍa as conseqüências de tais mudanças nas famílias. Para alguns outros objetivos Keynes usou as horas de trabalho como um numerário, medindo a renda em "unidades de salário". (Este expediente é explicado no Capítulo 4.) Isto está tão próximo da "renda real" do livro-texto "keynesiano" quanto encontÍamos na Teoria Geral. Notas Veja Kregel (1971) Caps. 7-12, para uma revisão e referências bibliográficas. Os rentistas, pessoas cuja renda resulta principalmente dos rendimentos dejuros sobre investimentos de dívida, são agora uma especie quase em extinção. Nos Estados Unidos, os rendimentos dejuros, sobretudo casados com dividendos de açóes, sáo ainda importantes, embora os rentistas nunca tenham formado uma classe social distinta como na Inglaterra, e aqueles que receberam (ou recebem) renda substancial dessa maneira sempre tiveram tipicamente um papel empresarial nos EUA. Isto era menos comum na Inglaterra. Agora, as instituições financeiras e as divisões de finanEs das empresas são as maiores portadoras de instrumentos de dívida.
Tal afirma$o supóe implicitamente a independência da decisão individual -uma hipótese-padrão de quase todas as análises econômicas (mesmo onde se reconhece a interdependência essencial das empresas numa mesma indústria). A "psicologia dogrupo" éparticularmenteimportantena teoria doinvestimentode Keynes, assim como na preferência pela liquidez. Há aqui oculta uma questão mais grave,Paraa qual alerto o leitor, mas que não me proponho resolver, sobre o individualismo e o
65 comportamento grupal, e a validade de deduzir agregados das respostas de indivíduos que são membros de um grupo. O tratâmento que o próprio Keynes dá a esta questão não é muito proveitoso, pois ele raramente distingue com clareza o nível a que se refere uma afirma$o.-Em especial, é muitas vezes difícil descobrir se ele eslá se referindo a planos ol a grandezas reais observáveis ou a indivíduos ou a agregado. Tampouco é sempre claro se os "planos" se referem a um progrâma ou a úm nível eipecífico. Seiao bastante copiosas as ilustrações da importância destas distinçóes, e em parte alguma elas são mais importantes do que na controvérsia poupança-investimãnto, como veremos adiante. As comissóes obtidas na negociação de ativos contam como renda;
a
fonte de renda
é, no entanto, o fornecimento de trabalho etc. pelo intermediário ou banqueiro comercial; mesmo que a comissão dependa da venda bem-sucedida da garantià, esta venda não será a fonte da renda.
Ojuro podesercontratual, como nas apólices ou debêntures,ou atribuído, como nos ativos de curto prazo que são vendidos abaixo do par. Uma defini$o mais ampla de juro como uma taxa de retorno incluiria dividendos rie açóes, embora não hãja nenhuma obriga$o contratual das empresas de pagar dividendos. Alguns direitos não são negociáveis (por exemplo, umâ conta bancária), Nem todos os direitos que rendem juro variam de fato de valor com a taxa dejuro (por exemplo, de novo, as contas bancárias). 9
Ver os ensaios em Parker e Harcourt (1969).
10
Keynes também arrola mudanças no valor de mercado, obsolescência e ca!ástrofe. O componente previsível destes aumentos mmo o espâço de tempo considerado se amplia; para o curto prazo eu deveria ter pensado que provavelmente se devia fazer somente alguma provisão muito ampla, sendo o resto tratado como perdas evenfuais.
l1
As mudanças no estoque de dinheiro apresentam problemas especiais de agrega$o; estes não podem ser tratados tão facilmente como Keynes sugere (p. 75). O esboço de Keynes de 1934 é perfeitamente claro: "para a comunidade como um todo, o investimento e a poupança são necessari amente, e por definição,iguais (8,
R.,p.476, grifo meu). Uma vez mais o Capítulo 7 é um desastre. As compras individuais de ativos financeiros sãoconsideradas investimento. Não parecede ter sido deixado um modo qualquer de poupar. Nas definiçóes do Capítulo 7, a poupança é, desse modo, exibida como não tendo significado algum, mesmo para os indivíduos.
PARTE II
Um Modelo Estótico de um Processo Dinômico
cnpíruro 4
A Teorio do Produto e do Emprego
O Princípio da Demanda Efetiva O principal objetivo da Teoria Geral é pÍopor uma teoria do emprego; de investimento é tomada, com a rara exceção dos momentos em que novo capital
o título do livro não é um acidente ou capricho. E como a decisão
é posto em uso, num contexto de um dado capital fixo, a determina$o do emprego implica a determinação do produto. Produto e emprego são determinados pelo Princípio da Demanda Efetiva. Esüá na operação deste Princípio que as características de uma economia de produção, organizada em liúas capitalistas, desempeúam seus
papeis mais claramente; os produtores determinam o úvel do produto; portanto, o Princípio da Demanda Efetiva Íepousa sobre um modelo de comporta mento das empr es as. Emtermos das distinçóes metodológicas do Capítulo 2, a determinação do produto e do emprego se configura numproblema no período de produção. O investimento é visto, nesse contexüo, como algo que foi decidido segundo expectativas de longo prazo que são supostas como dadas para os objetivos ora almejados. Se se quiser ser mais exato, pode-se dar uma unidade de tempo ao peíodo de produção e presumir que as expectativas sejam aquelas que, esperadas em Í= 0, serão preenchidas em Í= 1, ou mais para o final do período que tem início em Í = 0 e termina em, = 1 (período 0).
. Está na natuÍeza do negócio de produSo para a venda que a esólha do que edo quanto produzir, e de quanto cobrar, devé serfeita segundo estimativas dos custos e uma previsão da demanda. Como a produ$o leva tempo, o produtor não tem escolha salvo estimar a demanda para seus produtos e
70
prosseguiÍ, de acordo com a sua estimativa, apesaÍ de não estar muito certo sobre ela,1e poder estar até errado a seu respeito. Tanto o custo quanto
a
demanda se elevam com o aumento do produto, mas,
por algum tempo, elevam-se também os lucros. Pressupóe-se que as emPresas escolhamproduzir qualquervolume do produto que achemque maximizará seus lucros, dadas as suas estimativas de custo e as suas pÍevisões de demanda, e elas contratarão exatamente aquela quantidade de mão-de-obra que lhes Permitâ produzir tal produto. O Princípio da Demanda Efetiva é a geteraliza$o desta proposi$o microeconômica de determina$o do produto como umtodo. Para explicar inteiramente o Princípio, deveremos apelar para a teoria da
emprcsa, mas agoÍa a suporcmos simplesmente como urrur generaliza$o macÍoeconômica. O Princípio afirma que o nível de produSo coÍno um todo e o nível geral de emprego são determinados pela intene$o de duas funções do nível de emprego,M oferta agregada,Z(N),eas estimativas de demanda agregada das empresas,.D(lÍ). O ponto de inteneSo é chamado de ponto de demanda efetiva. Ambas as fiinções são definidas com isen$o de custo de uso porque tal inclusão traria problemas.2(Tentaremos dizer mais sobre este ponto.) Tendo omitido o custo de uso, os custos prirnários se constifuem somente de trabalho. Portanto, a curva de oferta agregda incorpora as estimativas dos cusüos do trabalho associados a cada nível de emprego: ela indica o volume de renda da venda do produto associada a cada nível de emprego que dariam às empresas o incentivo para empurrar o úvel deproduto e emprego até aquele nível. Arenda estimada associada a cada nível de emprego é dada pela curva de demanda agregada. Estabelecida a posi$o de Ü(N), é determinado o ponto apropriado entre todas as possibilidades de maximiza$o de lucro proporcionada pr Z(N). Os planos de produSo são feitos e os emPrcgos oferecidos nesta base. A Fig. 4.1 rctrata Z(N) e D'(N). O emprego se localiza no eixo horizontal e o valor da produ$o no veÍical. As suas inclinações serão explicadas oportunamente. O ponto E é o ponto de demanda efetiva. N* é a quantidade de emprego determinada por este ponto. Pode-se veÍ que esta proposição depende das inclinaçóes relativas das duas curvas: a inclina$o D"(N) deve ser menor que a de Z(N) na vizinhança da sua interse$o, de outra forma não haverá incentivo à expansão ulterior, visto que a demanda à direita de N mais do que cobriria o custo adicional. Não há presunção de que N* seja um ponto de pleno emprggo; pode ser simplesmente um nível de emprego que não satisfará plenamente à demanda poÍ empÍegos. A mera existência de desemprego não constitui por si mesma uma:,lazãopaÍa as empresas expandiremainda mais o volume de seu produto. Se a demanda estimada não for adequada para comPen§ar o§ custos adicionais existentes na produ$o de um úvel maior de produto que N horas-trabalho podem produzir com o equipamento de capital e de emprego existentes, este será o fim da questão.
7l
N.
N(
Figura 4.1
AArmadilha Semôntica Discutiremos brevemente as formas das firnções; neste capítuIo, a discussão será breve e serão usadas hipóteses simplificadoras, pois os dois próximos capítulos serão reservados aoi fundamentos dessas duas fun@es' ' Devemos, primeiro, enfrentar um problema semântico que provocou
muitos mal-entendidos. Aescolha dostermos deKeynes é muito confrrsa, e ele próprio não se utiliza deles de maneira coerenÚe. Há dois conceito§ comnomes
muito semelhantes: demanda efetiva e demanda agregada' E mesmo
a
demanda agregada tem dois aspectos, sobre os quais Keynes não fez muita cerimônia.-Delmanda agregada é uma rela$o que representa o volume de a despesa de acordo comã úel de renda e a atividade econômica associada dos gasto de planos aos tanto cadà nível de emprego. Ela pode se referir consumidore. ugrigúo. quanto aos das empre§as inver§oras, ou- pode se referir ao ugr"gãaõ de eitimativas de gastos q-ue _as empresas fazem ao determinar õ uõlu*" apropriado de produção. Na determinação dos níveis
é claraménte o últi-o conce ito que é importante,s reais de produçao e "mpi"gà tornam-§e importantessoinente quando consumo os planos de investimentoi é posta à venda' Neste ponto, se as já realizada, sido ter que deve piodu$o, a das vendas demonstrarem que as exPectativas estão corretas, as estimativas guinte' se dopeíod.o produção o assim deverão ser revistas, afêtando empresas -Keynes não deu maiores detalhes sobre o pro".sso pelo qual as estimativas são ieitas; há pouca teoria explícita sobre como as emPresas percebem o
r
provável níveláe dêmanda.Keyne§prcferiu continuardiscutindo, nos capítulos
72 sobre o comportamento de consumo e de investimento, os deúerminantes da demanda agregada como planejada pelos consumidores e pelos empresários investidores, em detrimento da estimada pelos produtores ãe bens di capital e de consumo. A útica deriva da hipótese, sustentada na maior partã do primeiro livr o da Teoria Geral (a excrção é o capítulo 5), de que as estimativas das empresas da demanda agregada planejada ião essenciaimente corretas.a Diferentemente da demanda agregada, a demanda efetiva não é uma relaSo - é o ponto na relação de antecipação da demanda agregada das
em,presas que se "torna efetivo" pelas decisões de produSo das emprisas. É o volume de produção que decidem gerar, avaliadõ ao pieço demandado; é o valor das vendas antecipadas. Demanda efetiva é nm iermo infeliz, pois realmente se refere à produção que seú oferecida;em geral nãohá certeza de que ela seja também demandada. A única conexão da demanda efetiva com a demanda no sentido comum reside no fato de a determinação do nível de emprego determinar a renda das famílias e, estabelecendo, assinq que ponto na função descritiva dos gastos planejados das unidades "se tornarã" eietivo
no mercado. - Como se a distinção feita há pouco não fosse suficientemente sutil, uma conftrsão foi engendrada na literatura pela transformaEão da expressão "demanda efetiva" em "uma demanda que pode ser sustentada pelo poder de compra". Este sentido é geralmente contrastado com algo chamado .,demanda Íeóica", que denota "aquilo que seria demandado, se si pudesse vendertodo o trabalho que se quisesse vender" -isto é, demanda empleno emprego. Esses termos se referem a dois pontos na firnção de demanda agregada, a .,ãemanda nocional" correspondendo à demanda empleno empregó,Nn e a ..demanda efetiva" correspondendo ao ponto de inteneção am Z. Atificuldade em definir a demanda efetiva desta maneira é que tal defini@o elimina totalmente apossibilidade deuma solução empleno emprego dentro da estrutura da Teoria
Geral; ela restringe a análise previamente a um ponto abaixo do pleno empÍego.
Além disso, tal uso torna menos nítida a distinção entre as demandas estimadas das empresas e a curya representativa do gasto planejado. Se a estimativa da demanda agregada planejada for precisa (comoiupõê Keynes), então o que talvez se preferisse chamar de ponto de oferta efetiva fosse, de fato, umponto de gasto efetivo ou demanda efetiva, mas previsões exatas não devem ser geralmente esperadas. Assim, deveríamos dizer que demanda efetiva é aquele valor de produto agregado, ou aquele volume de vendas que as empresas, consideradas em conjunto, screditam que produzirá lucros máximos, dada sua expectativa da posição da função de demanda agregada. Nesse ponto, será suÍiciente indicar, em liúas gerais, as basei da oferta
agregada e das curvas de demanda. Os muitos detalhes, qualificações e dificuldades conceituais ligados encontram-se nos dois próximos capítulos.
73
A Funçáo da Oferta Agregada Resumidamente, a forma da frrn$o da oferta agregada depende dos custos de produção e do grau de monopólio, assim como da composi$o industrial do produto, na medida em que o gÍau de concentração varia entÍe as indústrias. Para os fins emquestão, supoúamos: 1) microempresas;2) que o trabalho seja o único fator variável de produção a ser levado em conta (lembrese deque na curva não entra o custo dousuário);3) quea composição doproduto e da demanda não se altere como volume úotal deproduto,Q.sQtorna-seentão uma mercadoria composta hicksiana.
Acurto prazo, o produto depende do volume de mão-de-obra empregada com o estoque de capital dado. Na hipótese acima , ZQtÍ) é reslltante da função de produção agregada. (4.1)
Q =QQr)
Esta relação, e o teorema de que a empresa que maximiza o lucro expande
a produção até que o custo marginal iguale o preço, determina a oferta agregada. Como o custo marginal é o salário dividido pelo produto físico marginal do trabalho (Q'), temos:
wlQ'=
P
(4.2')
Multiplicando ambos os termos da equação pot Q,temos:
(w\Q')Q=PQ=Z
(4.3)
Para fazer de Ztma frrn$o explícita de,À[, escrcva:
*AN=z -' E"
(4'4)
ondeÁ = QlN, o produto médio do trabalho. Neste ponto, convém dizer que Z ser,í definido para um dado salário. Assim, há uma família de funçóes Z, Z, wa para cada salário específico,wt. Estasimplificagãopermite que a forma dequalquerZrdependa da rela$o entrê a média e os produtos marginais do trabalho,Á/p'.Por ora, seguiremos a hipótese dos retornos decrescentes, de Keynes. Desse modo, o produto marginal do trabalho é positivo, mas declinante numa taxa constante ou crescentet Q' > 0, Q" 0, Q"' 2 0. Quando a função de produção úem essas características, tanto Á quanto Q' diminuem quando p
I
74 aumenta. Portanto,Á está acima de Q' e diminui menos rapidamente do que g' eAlQ' aumenta quandol[aumenta, dando a forma indicada na Fig.4.1. Se tivéssemos suposto retornos constantes (A = Q'), a função seria uma liúa reta com a inclinação dada pela taxa de salários. Observe algumas semelhanças e diferenças no tratamento das mesmas idéias em teoria microeconômica. E comum determinar a produ$o que aumenta o lucro para determinado nível de demanda e estmtura de custos marginais. A curva de custos marginais, como 2., é definrda PaÍa um dado salário" Em microeconomia as implicações paÍa a demanda de mãode-obra ficamsubentendidas, enquanto, no caso de Z, é a divisão entreP e Q que fica implícita. A rela$o entre os conceitos teóricos de empresa e Z serâ esfudada no próximo capítulo.
A Demanda Agregada
A função da demanda agregada é mais dificil de tratar do que a oferta agegada por duas razões. Aprimeira é que a fun$o pertinente é a avalia$o das empresas, e nem Keynes nem ninguém posteriormente foi muito útil quanto à questão de como esta avaliaSo é feita. O expediente de Keynes foi supor que as empresas faziama avalia$o correta; esta hipótese lhe permitiu ignorar a guestão da forma$o de expectativas, pois a cuwa é, com efeito, determinada pelos planos de gastos daquelas que irão efetivamente gastar. Seguiremos o mesmo procedimento para os fins que temos em vista. Enquanto essa hipótese for sustentada, esiarcmos lidando com o que Kregel6 chama de modelo esiático' A segunda dificuldade é ã da especificação. É apropriado derivar a função da oferta agregada emtermos monetários, porque as empre§as buscam lucros monetários. Contudo, no caso da demanda agrcgada, o objetivo da despesa náo é gastar diúeiro, mas obter bens que proporcionem satisfação real. Isto significa que os planos dos consumidores são especificados adequadamente em termos reais: o consumo real e o equivalente em bens de suas rendas monetárias. Os empresários, também, querem instalaçóes e equipamentos reais.Isto significa que a base comportamental da demanda agregada é especificada apropriadamente em unidades diferentes das usadas para especificar a oferta agregada. Não há nenhum modo de suPeÍaÍ este problema: uma função comportamental pode ser traduzida, mecanicamente, em outras.unidades de medida, mas devi ser, antes de fudo, especificada em teÍmos que tenham rela$o com ela. A necessidade de especificaÍ em "termos reais" deu origem ao esquema keynesiano das unidades-salário, como logo veremos. Afunção da demanda agregada é a soma de dois importante§ componentes, determinados pelo esquema de agregação adotado: as demandas porbens de consumo e bens de investimento. A hipótese não surpreendente é que a demanda agregada varia diretamente com o nível de emprego.
75 Ésobretudo
a
reação da despesa de consumo às variaSes de emprego que
justifica esta hipótese. Embora a afirma$o de que o investimento também varia com o nível geral da atividade econômica e, por conseguinte, com o nível geral de emprego, teúa tido um certo apoio,T a idéia alternativa de Keynes, de que o investimento é sersível principalmente à demanda espeÍada no futuro e às taxas de juros correntes, é mais fácil, dado que o propósito do investimento é satisfazer a demanda futura. Se o investimento não for uma função dos úveis gerais da atividade e do emprego e a taxa de juros for excluída da análise (como será até a Parte III), então a hipótese das expectativas de longo prazo dadas, anteriormente mencionada, sigrrificará que o investimento é exógeno para o§ objetivos presentes. Assim, a demanda de consumo determina a natureza da relação entre demanda e emprego. O"verdadeiro"determinantedo consumo é,porhipótese, a renda real.Mas, para ser companável à ofeÍa agregada, úo apenas urn ou outra funSo deve ser traduzida de termos reais para termos monetários ott vice-versa, mas o coltsumo deve serrelacionado como emprego, não coma renda. (Cf. novamentea Fig.4.1.) Arenda realéuma medida expressa embens: repÍesenta osbens quea renda compraú. Desse modo, é derivada da renda monetária pela divisão desta pela taxa de troca de moeda por bers: o nível de preço. Da mesma forma, pode-se medir a renda real em termos de horas de trabalho, usando a taxa de troca de trabalho por berls: o salário real. Pode-se, assinr, avaliar que variações do emprego serão um bom substituto das variações da renda real, se o salário real for relativamente estável. Isso será válido mesmo que a varia$o absoluta do salário rcal não seja pequena: bastaú que ela seja pequena em rela$o à varia$o de emprego. Tal hipótese resolveria o problema de usaro emprego como umsubstituto da renda real e, nas condições da depressão da década de 30, a hipótese de que oemprego é o elemento maisvariável da renda náo éimplausível. Numpeíodo de subida de salários e de preços, no entanto, a hipótese pode não ser útil. Seja como for, esta justificativa não resolve o problema da coerência de unidades entre as variáveis dependentes Z e D. O modo de Keynes contornar todo o problema foi converter todas as variáveis numa unidade de medida chamada "unidade-salário", que, embora ele prefira chamar assinq mede as coisas em termos de trabalho: é realmente uma espécie de "unidade-trabalho".
(Ini.dades-Saldrio: Nas equações (a.1) a (4.2) acirn, admitiu-se, implicitamente, que o trabalho seja homogêneo. De acordo com essa hipótese, a renda moneúria seria medida emtermos de trabalho (horas), simplesmente dividindopelo salário (que étambémhomogêneo). Entretanto, otrabalhonão é defato homogêneo e os salários diferemsegundo qualificações distintas. Compare-se, comtrabalho heterogêneo, urhaumento na renda (/I) devido empregode, digamos, l0horas detrabalho não qualificado aumsalário deuma unidade (a renda monetária se eleva de 10) comumaumento devido à contrata$o ao
de
lOunidadesdetrabalhoqualificadoaumsaláriode2(arcndamonetária seeleva
de 20). Convertendo em unidade trabalho, mediante a divisão por w, chega-se a ÁY emrela§o a unidades-trabalho de 10 em cada caso. Para a força de trabalho emprcgada como umtodo, o salário terá mudado. Uma alternativa (a adotada por Keynes) é considerar unidades básicas o salário do trabalho não qualificado e as horas de tempo de trabalho ordinário.
Chamemos tais unidade, respectivamente, de 0 e f, para distingui-las do salário médio e das horas-homem reais. (Ao ler a Teoria Geral, observe que Keynes usa Npara indicar o que chamaremos de tr). Estas unidades seÍvem para transformar o trabalho numa medida homogênea: uma hora de trabalho de um trabalhador qualificado cujo salário é duas vezes o de um trabalhador comum é considerado como duas unidades detrabalho, pelas quais lhepagamduas unidades de salário. Nestas unidades, o problema acima poderia apresentaÍ-se assim: a elevação da renda moneúria resultante da contratação de 10 horas-trabalho é uma elevaSo em "unidadessalário" (isto é, unidades de .O) de 10. Aelevação que resulta da contratação de 10 horas de trabalho qualificado aumenta de 20, não apenas a renda em "unidades de salário", mas tambéma renda monetária. A"unidade de salário" é inalterada emunidade; a mudança no salário médio realnão é considerada. As unidades de salário são uma medida satisfatória sujeita apenas à condição de que as relações entre as taxas de salário para diferentes ocupações sejam bastante estáveis (o que, pela observaçáo de Keynes, elas eram); por conseguinte, as varia@es no salário básico são uma rnedida razoável das mudanças salariais em geral e não transtornam os pesos relativos dados a diferentes tipos de trabalho. O uso da unidade de salário como um substituto das grandezas "Íeais" permite que o nível geral dos salários -'ariemsemalterara fun$o medida nestas unidades. Considere-se uma elevaçáo na renda monetária causada exclusivamente porumaumento na unidade de salário (o salário básico). Como o emprego não se alterou, a "renda em unidades de salário"(isto é, nestas unidades de trabalho especialmente definidas) tampouco se altera. A medida é assimindependenúe das varia@es nos salários nominais, quepodesertudo quesequeira.Isüo é, devezem quando, uma enonne vantagemlnÍa a exposiSo da teoria de Keynes. Consumo em Unidade de Saldrio: C-amourna aproxima$o às grandezas "reais", a frrn$o que descreve o comportamenüo de consumo postulado é especificada inteiramente em unidades de salário (indicadas s€mprc poÍ um w subscriüo):
c*=X
(Y)
(4.5)
Esta formulação é pelo menos bastante "Íeal" paÍa evitar a sugestão de que as mudanças de salário pÍovoquem uma ilusão monetária da parte das famílias
77
e previne as dificuldades causadas pela medição em unidades de produto heterogêneo, estudada no capítulo anúerior. Aequação (4.5) é a propensão a consumir, e, corno (quase)todo estudante sabe, sustenta-se que a propersão marginala consumir,C'.(Y), temumvalor entre zero e urn
A equa$o (4.5) é uma equa@o que, com apenas urna pequena restri$o, pode ser utilizada para rclacionaÍ o consumo ao emprcgo: Y é expreso em unidades de trabalho, mas pode não estar exclusivamente relácionado com o volume de emprego, na medida em que as necessidades da força de trabalho de diferentes tipos de produto variam e o fazem sistematicamente (por exemplo, se a expansão das indústrias de bens de capital formais intensiva emtrabalho do que nas indústrias de bens de consumo e a renda tiver que se expandir por causa do novo investimento, um acréscimo de emprcgo exagenÁY). OfertaAgregada em Unidades de Salório:A aproximação de uma fun$o de consumo "rcal" com C,(Ç é imperfeita, mas não é dificil de compreender. A formulação da oferta agregada em termos de unidades de salário criou, no entanto, algumas dificuldades conceituais: há hoje uma vasta literatura sobre a interpretação desta fun$o.EO problema essencial resulta do fato de a teoria da empresa serelaborada emtermos moneiários, porque o objetivo da empresa é a busca de lucros monetários. E necessário repensá-la em termos de ,0, a unidade de trabalho não qualificado. A oferta agregada em unidades de salário, Z*(que é realmente expressa em unidades de trabalho comum) é Zlfr. Antes de considerarmos as suas propriedades, observe o resultado da divisão deZpelo salário uniforme, w, gue se aplicou ao caso do trabalho homogêneo.Isto daria (A1Q'Y,{. Ainclinação de Zlw (não confunda cnmZ) depende da relação entreÁ e p', quanto a Z em üermos moneúrios, embora ao contnírio de Zemtermos monetários, Z não se altere com as mudanças dos salários. Considere agoÍa o que significa transformar Z numa fun$o expressa em trabalho padrão, f, conjugado à asser$o de que cada tipo de trabalho tem o seu valor de produto marginal como seu salário. Prossigamos compa.rando os rcsultados de um aumento no empÍego de trabalho qualificado e de trabalho não qualificado. Supoúa que sepague ao trabalho qualificado três vezes mais do que ao trabalho não qualificado. Se se contrata umtrabalhadorqualificado adicional, o emprego em unidades de trabalho, .0, sobe, não de unr, mas de tÉs, enquanto a unidade de salário, o, o salário do trabalhador não qualificado, úo se altera. Se todos recebem como salário o valor marginal de seu produto, o crescimento de emprego, de qualquertipo de trabalho, acareta um acréscimo equivalente no valor do pro duto: üt{ = ÁN. Isto implica, como diz Keynes em nota de pe de página (7. G.,p.55), que provocou tantos aborrecimentos, que a inclinação de Z_é unidade.e
78 Este resultado não está, de forma alguma, em desacordo com a forma convexa (de baixo para cima) de Z ot Zlw.É ditrcit, porém, relacionar { (fr) com a teoria da empresa,lo porque o insumo é definido em "unidades de
eficiência", isto é, o produto resultante
-
o que trata todas as
questões
interessantes, incorrendo em petição de princípio.
A relaçáo entre Z*e Dn O exame das unidades de salário foi enfadonho e toÍturante, mas à questão a quetudo isso conduziu: a rela$o entre inclinaç6es de Z*e D*. A partir daí a rela$o entre as inclinaçôes de Z e D, que é o que realmente queremos, vem a seguir, A inclinação d e Z *é umdade. A inclinação de D. depende da inclinação da função de consumo (unidade de salário) C*(Y), isto é, da propensão marginal a consumir, que é menor do que um. Portanto, Dncorta Z*de cima para baixo" Tal resultado é fundamental para toda a argumentação de Keynes, como logo veremos.
necessário. Chegamos agora as
a
A inclina$o de C" (Y) pouco significa em rela$o à inclina$o de C QI), funSo em termos monetários, mesmo que ff e Y variem aproximadamente. A
diferença ente as duas funções depende dos preços. Quando o empÍego cresce, os
preços subirão, de modo que o consumo em termos monetários subirá mais rapidamente do que em termos Íeais, se a eleva$o de preço for prevista. Assim C 0D - portanto, D (if1- terão uma inclina$o maior do que C, (Ç; pode até superar ", a unidade e a segunda derivada poderia ser positiva. Isto não infringiria, de modo algum, a hipótese básica de uma propensão marginal a consumir ftacionada (rryc), visto que ela se relaciona coma funSo emunidades de salário, onde as variáveis dependente e independente estáo expressas nas mesrnas unidades. Sabemos, no entanto, combase nesta aúlise da unidade de salário que a inclina$o deve ser menor do que wAlQ', a inclina$o de Z (Il).11 A Lei de Say É importante o resultado de que D deve co rtar Z de cimapara baixo, pois ele assegura haver um limite para a expansão lucrativa da produção e é a base da primeira etapa da refuta$o da Lei de Say feita por Keynes.12 Há muitas versões e interpretações da Iri de Say,13 mas emsua forma mais siúples, a idéia
era de que a produção, ao geraÍ renda, criava simultaneamente o poder de compra, e, visto que a disposi$o de trabalhar era motivada pelo desejo de corsumir, não poderia haver impedimento à venda de qualquer volume de produção e, poÍ conseguinte, neúum motivo para desemprego, exceto uma falta de decisão. A supeqprodu$o ou a subprodução geral, exceto paÍa cuÍtos períodos de transi$o, eram inexpliúveis, se não impossíveis.la
79 Se a Lei de Say êválida, não há neúum obstáculo ao pleno empÍego; a produSo pode ser aumentada até a abso$o do excesso de mãode-obn, pois a própria renda obtida na produSo cria um mercado para a produSo adicional. Quera produSo fosse alta ou hixa, ela sempre era o nível "coreto" de produ$o, no sentido de que a sua demanda sempreera igual à sua oferta. Nestas condições, a produ$o com equilíbrio é indeterminada; o sistema é de "equilíbrio neutro", onde um nível de atividade é tão bom - ou seja, üio lucrativo - quanto outÍo. Keynes afirmava que a hipótese sobre a qual se apoiava esta versão da de Say não era compatível com o compoÍamento real; não se poderia contar que os trabalhadores gastassemtoda a renda dotrabalho adicional, e, poúanto,
Iri
havia um limite para a expansão lucrativa da produção, determinado pela inteneção das funções de oferta e demanda agregadas. Não havia raáo, afirmava ele, para que este limite fosse alcançado apenas após a obten$o do pleno emprego" Era igualmente impossível que ele fosse atingido enquanto ainda existisse desemprego. E fácil ver agora que o desemprego temporário poderia ser causado por uma previsão pessimista da demanda agregada. Mas acreditava-se que as previsões inexatas seriam posteriormente corrigidas e restabelecido o pleno emprego. Foi, de fato, justamente com o propósito de afastar a discussão desta linha de raciocínio que Keynes adotou, nos capítulos i mciais,a hipótese de que as previsões de demanda agregada realizadas pelas empresas erom, de modo geral, corretas.15 Keynes queria demonstrar a possibilidade de limites para a expansão lucrativa da produção abaixo do pleno emprego, mesmo quando a demandq fosse corretamente estimada. Neste ponto reside, para Keynes, a importância da função de consumo, pois a primeira fase desta demonstração baseia-se na "lei psicológica fundamental" do comportamento do consumidor: qne a mpc (propensão marginal a consumir) é menor do que um. Com a rnpc menor do que um, a venão simples da I.ei de Say é definitivamente refutada. Para a refutar completamente a Lei de Say tiúa que ser estabelecida a desigualdade potencial entre poupança e investimento. Isso foi postergado por Keynes e adotaremos a mesma tática a fim de realçar a importância da mpc e a hipótese de que as expectativas são satisfeitas. D
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O segundo ponto principal a ser compreendido sobre o Princípio da Demanda Efetiva é que ele dá sentido ao conceito de desemprego involunúrio -sentido negado pela teoria então reinante. Baseando o seu pensamento na Iri de Say, os "clássicos" não tiúam lugarpara um conceito de desemprego involuntário que fosse mais do que uma ruptura provisória provocada por mudanças la composi$o da produção agregada. Como teóricos da economia, estavam prontos a admitir que leva tempo achar um trabalho novo, mas não
que o nível de produSo possa persistir num úvel táo baixo Para su§tentaÍ o pleno emprego-. Sugêrinao políticas para lidar com o desemprego que fora grave duántã os dei anos anteriores à publicação da Teorin Geral, os adepos ãa análise neoclássica deixaram claro, através de suas prescriç6es políticas,
não estaremalheios à realidade. Suas muitas propostas de modos de lidarcom o desemprego contradiziama idéia de que ele desapareceria espontaneamente
pelo menõs num peíodo aceitável ãe tempo. Mas a sua teoria não podia explicar a realidade à sua volta, na G'rã-Bretaúa do peíodo,entre-guetras, ne-mforn"""rumfundamentoteórico racionalpara planos deaçãopolítica, tais como gastos do governo, que muiúos estavam advogando. Foi esta^carência de uma bise teóricaldequada que motivou Keynes. O primeiro pa sso foi sustenta r a possibilidade de desemprego involuntário. ' É seguinte a aefiriiçaã de Keynes de desemprego involuntário: ^
-
Haverá desemprego involuntário se, no caso de uma pequena alta no preço dos bens de salário em relaçáo ao salário nominal, náo apenas a oferta agregada de mão-de-obra disposta a trabalhar pelo salário nominal vigente como a demanda agregada por ela por esse salário forem maiores do que o volume existente de
emPrego'
(?. G., p. 15)
é expressa em teÍrnos de demanda e oferta de mão-de-obra com refeÉncia ào saláriô Íeal e evoca imediatamente aFig.4.2, em rela$o à qual a definiSo paÍece, à primeira vista, paradoxal: como é qu;e tann. ot".t como a demanda ôrescerão i Mas a referênõia é à quantidade demandada e à quantidade oferecida, não às rela@s. As condi@es serão satisfeitas, se o emPÍego for um ponto da curva de demanda de máo-de-obra, mas não da curva de oferta' ConsideÍeumPonto como§ na Fig. 4.2, que indica umnível deempÍego
Esta
defini$o
determinado pela Demanda Efetiva. (Diagnmaticamente não é possível a transposição ãa Fig.4.1para a figura emquestão, embora todog os elementos estejâm piesentes õ faremos alusão a eles.) Na figura /Vr1M" s_ão as curvas de demandâ e oferta de mão-de-obra, w"o" salário nominal e P "o" preço dos bens de salário ou os bens de corsumo. O firndamental é compreendeÍ que a curva de oferta de mão-de-obra indica o volume móximo denão-de-obra que se oferece voluntariamente a cada salário real.16 À esquerda de.lÍ", há sempre mão-de-obra querendo trabalhar, mesmo Ere ela pr$erisse ainda mais emprego. Assim, uma alta no preço dos bens de salário, com o salário r.ominal vigente se mantendo constante ,acaÍteta umsalário real menot, mas a mão-de-obra quedeseja trabalharpelo salário real (wlP \^,q\eéobtidoemÁ, ainda estaria disposta a trabalharporumsalário real à"i*í'âê @p)r; qualquer queda no salário real de (wlP")opara um salário acima de (ilpjrtórrpàtiref comuma oferta de mão-de-o6rã maior do que,ly,
81 ,,l
ll
wP"
f' (VPJ,
(vPJ,
No
Figura 4.2 o volume do emprego real, embora, nafuralmente, a quantidade máxima de mão-de-obra oferecida caia, quando comparada a.tV, , o máximo disponível pelo salário de (dP.)'. Não é difícil aceitar que a demanda de mão-de-obra pela empresa suba, se pelo salário nominal vigente houverumpreço maiorpara os bens de salário. Aelevação emP., prova de aumento da demanda deproduSo, permite que as empresas cubram os custos mais elevados impostos pela diminui$o dos gaúos como um acessório da expansão lucrativa. Assinq estabelecemos que o ponto Á é um ponto de desemprego involuntário: ele se ajusta à definição. Umponto comoB não seajustaria, pois, embora a quantidade demandada aumentasse seP aumentasse, a quantidade oferecida não aumentaria.B éumponto depleno emprego: todos os quequeÍem trabalho, poÍ um salário peÍinente, o conseguem. Ora, não hâ razão pam espeÍar que o ponto de demanda efetiva indique uma produção suÍiciente paÍa empÍegar todos os que queiram trabalhar pelo salário que as empresas espeÍavam pagar e em que basearam suas ofertas de emprego. A demanda efetiva determina o ponto na Fig. 4.2 quê relaciona a demanda de mão-de-obra comos salários reais pelos quais as empresas optam
por trabalhar. rlI
1 i
I
A
determinação da demanda efetiva também asseguÍa
a
existência de um único preço maximizador de lucro que se espeÍa desimpeça omercado para a produ$o. Dessemodo, sea dernanda eoferta de mão-de-obra são definidas em função de salários nominais., a demanda efetiva determina, nesse espaço, qual das curvas da família de curvas de demanda de mão-de-obra,
82 cada qual definida para umdado nível de preço, é a pertinente e determina o ponto eficaz dessa curva. Para prevenir a argumentação posterior, admitamos uma hipótese bastante normal, de que, na falta de uma ruzão em contrário, as empresas espeÍem que os salários hoje sejam quase os mesmos de ontem. Enquanto o volume de empregos que as empresas desejam oferecer pelo salário usual não for maior do que o máximo oferecido voluntariamente, N', a análise não criará problemas: haverá pleno emprego em alguns pontos de M, e, se o nível da demanda efetiva indicaruma demanda menor, só o montante demandado será de fato contratado - não havendo neúum estímulo a que as empresas
empÍeguem mão-de-obra que não desejem.lT
Equilíbrio com I)esemprego O que foi dito acima mostra a compatibilidade do princípio da demanda efetiva com o desemprego. Mas o propósito de Keynes era apenas demonstrar que o desemprego involunúrio erupossível, mas que havia circunstâncias nas
quais ele persistiria. Uma indicação da teoria que leva a este resultado é oferecida na seguinte passagem: ...[Uma] queda no emprego, embora necessariamente associada ao recebimento pela mão-de-obra de um salário de valor igual a uma quantidade maior de bens de salário, não se deve necessariamente à exigência pela mãode-obra de uma quantidade maior de bens de salário...
(7. G., p.18, grifo no original)
Uma ampla discussão sobre o raciocínio implícito nessa afirma$o apresentada no Capítulo 7, mas umesboço da argumenta$o
é
apresentado agoÍa. A incapacidade relativa do setor familiar referida por Keynes resulta da combina$o de condi@s de desemprego reinantes, a falta de bargaúa coletiva e o caráter seqüencial das decisões como devem ser tomadas numa economia de produ$o. Numpeíodo de desempÍego geral, as empresas podemrazoavelmente é
esperar conseguir tanta mãode-obra quanto desejarem pelo salário que vêm observando no passado rccente. A cuwa da oferta de mãode-obra mostn a quantidade rruúximc disponível por um determinado salário - para a esquerda da cuÍva, a mão-de-obra semprc é disponível. Não M, assiÍrL necessidade de elevar o salário para conseguir mais mão-de-obn. A falta de barganha coletiva suposta
porKeynessigrificaque asfamíliasúoestãoemsitua$odefazerconhapropostas, se a combina$o salário/emprego não for do seu agndo. Os trabalhadqres estáo antes na situaSo dos fregueses de lojas de preços fixos; o salário é fixado pelas empÍesas
e os
que recebemoferta de emprego podemaceiú-la ou não. Na verdade,
o trabalhador individual não tem estímulo paÍa se ofeÍeceÍ para trabalhar por
83 menos que o salário corente, salvo se já tiver tido várias negativas de emprego. Alémdiiso, os trabalhadores que atuamindependentementenão têmcomo avaliar as conseqüências de suas a@es individuais no nível geral de emprego e, portanto, de suas próprias perspectivas. Razões institucionais tornamdificil tambémPara as emPresas reduzirem
os salários. Embora observem uma oferta excedente de mão-de-obra, e isto indica que a mão-de-obra esteja disposta a trabalhar por menos, a convenção estabelecida de um salário uniforme pam o emprego implica que as empresas não podem contratar,novos trabalhadoÍes por menos do que pagam aos_seu§ atuais empregados. E uma negociação extremamente difrcil levar a sua força de trabalho a aceitar salários menores. A alternativa - a demissão de sua própria força detrabalho ea contratação deuma nova-§abe-sequeocorr-e, mas ê uàa forma bastante onerosa de tentar, em última instância, reduzir salários. E se um número expressivo de empresas obtém sucesso em diminuir o salário nominal, é prováve1 que isto seja contraproducente; esta parte da estória será apresentadã posteriormente, bem como ulna elabora$o dos pontos recémapresentados. O que é necessário ressaltara esta altura é que o cortede salálios e aitcit tanto para as empresas como Para os trabalhadores, agindo como unidades descentralizadas de decisão. O caráter seqüencial das decisões produtivas opera também contra o trabalhador, pois, embora ele possa exigir salários nominqis mais altos, se o nível de atividade o garantir. não há segurança de que as errpresas não aumentarão em conseqüência os preços, após ter sido rcalizada a barganha. E são estes preços que o trabalhadordeverá pagarpara seu con§umo. Mesmo em épocas favoráveii, o trabalhadornãopode irsistirnumaumento do salário real. E, se eles reivindicaremsalários nominais mais elevados, quando a§ empresas não estão otimistas, o resultado será o desemprego. Preços decrescentes associados a uma queda da atividade econômica elevarão os salários reais, mas estes sobemcomo corseqüência das decisões sobrepreços dos empresários, não porque os trabalhadores exijam uma renda real aumentada para aqueles que têm bastante sorte para peÍTnaneceÍem empregados. Estes fatores concorem para tornar dificil à mão-de-obra ter pleno poder na determina$o do salário nominal pelo qual tnbalha e impossível aos trabalhadores apresentar aos emprcsários exigências exeqüíveis de salários reais compatíveis simultaneamente com as expectativas das empresas. Se há desemprego e a expectativa geral é de estabilidade total dos preços, com declínio de preço futuro imediato, como foi o caso da década de 30, é provável que as emPÍe§as espeÍem poder e sejam capazes de obter a quantidade de mãode-obra que desejampelo salário de.,ontenf,, mesmo que esteja implícita uma queda dos salários reais. se, alémdisso, elas estimaramcorretamenteademanda agregda (esópreciSamfaz.et isso perto da demanda efetiva), as suas expectativas de vendas, no agregado, tamúmserãosatisfeitas.Ilí, desse modo, equilíbrio deprodu$o eemprego,pois,
84 upectativas das empresas em relação aos produção no nível agregado são satisfeitas, não importa se o nível de
no ponto de demanda efetiva , todas as
planos
de
ÊmpÍego é pleno ou não.
Em relação à Fig. 4.1, a demanda real será ipal à demanda efetiva em E. No pleno emprego, dado o salário implicitoemZ,ademanda seria, digamos, C. Embora sendo um nível mais elevado de demanda do que d ela não teria sido suficientemente alta para cobrir os custos da contrataSo de todos os que desejavam trabalhar. As empresas necessitam apenas de.f[* de mão-de-obra e, no úvel de renda gerado por esse nível de emprego, a necessidade cai para E.Assim, as expectativas das empresas são satisfeitas. Nãotênr, porconseguinte, razáo para Íever seus planos de produção ou paÍa aumentaÍ o úvel de ernprego. A economia está em equilíbrio com subemp Íego, e isto níio é um err o Foi esta a situa$o que Keynes observou existirna economia briüinica no começo dos anos 30. Durante quase uma década, o emprego e a produção viúam declinando. Q,uando a Teoria Geral foi publicada, a economia estagnara; havia pouca perspectiva de desenvolvimento espontâneo. Umbaixo
nível de emprego significava uma baixa renda, e esta representâva baixa demanda, que dificilmente estimula aumento de emprego. O equilíbrio com desemprego é um conceito algo curioso, quando contraposto ao corpus da teoria econômica, pois não há neúum rzecanismo específicr que o faça ocorrer.Ele dependedeque as empresas avaliem, demodo aproximadamente correto, a demanda agregada nas viziúanças da ofeÍa agregada, de modo que as suas expectativas de vendas e de contratação de mãode-obra sejam satisfeitas. Keynes, no entanto, não oferece neúuma teoria do processo pelo qual as empÍesas chegam a avaliar a demanda agregada; a necessidade de tal teoria é remediada pela hipótese de Keynes -adotada, como indicamos acima, para realçar a importância da lei de consumo na refutação da Iri de Say - de que as estimativas das empresas eram corretas. Não há, igualmente, neúum estudo detalhado da dinâmica do ajuste dessas estimativas, quando se revelaminconetas. Há tão-somente menção ao fato de gue esses ajustes serão realmente efetuados (T. G.,pp. a7-a$.
Com a perspectiva histórica, pareceria que estas caracteísticas da análise de Keynes não lhe serviram muito. Em primeiro lugar, serviram para reforçar a confirsão entre demanda agregada e demanda efetiva, pois a última sempre foi um ponto, o ponto eficaz, na ftrnção da demanda agregada, e, naturalmente, os deslocamentos na função deslocam o pônto. De modo que o mesmo ocorrerá na fun$o da oferta agregada, mas a semelhança dos dois termos da "demanda" encoraja o uso intercambiável de ambos. Assim, acabousepoÍcompÍeender quea demandaagregada determina o desemprego: o papel da oferta é esquecido. O prejuízo que resulta para a orientação política foi consideúvel; esperava-se que a política dirigida para a demanda agregada tivesse umefeito imediato sobre a demanda efetiva, semlevarmuito emconta
85 as condiçóes da oferta ou sem considerar os diferentes resultados sobre as expectativas das empresas em diferentes momentos. Em segundo lugar, o equilíbrio com subemprego, como conceito, é uma ameaça às formas neoclássicas de pensamento e foi quase universalmente rejeitado. Não há dúvida de que não há nada, no sistema de Keynes, que conduza a economia para esse ponto: já mencionamos as escassas referências ao ajuste. As circunstâncias que geram o equilíbrio com subemprego podem surgir quase por acidente; tudo que é preciso é que a demanda prevista paÍa que a produ$o caia ou os trabalhadores se tornem mais ávidos em aceitar trabalho pelo salário corrente (umdeslocamentopara a direita emi[), semqueprimeiro mostremuma ânsia crescente de comprar. Nesse caso, se justifica a expectativa de que o salário de ontem prevaleça, e, enquanto a demanda agregada for estimada com maior ou menor coÍreção, o equilíbrio com subempÍego prevalecerá. Um equilíbrio com pleno empÍego não seria menos acidental. Sendo o equilíbrio comsubemprego umconceito agregado, é impossível acreditar que ele seria obtido rigorosamente: a probabilidade de achar com exatidão o ponto pertinente na demanda agregada deve ser insigrificantemente diferente de zero. Certas empÍesas sempÍe se surpreenderão. Os teóricos mais preocupados com a p!Íeza do que com a pertinência e que não podem aceitar aproximações, argumentarão, portanto, que alguma força no sentido do ajuste, por fraca que seja, deve sempre estar presente. e, como Keynes não estipula neúumprocesso dinâmico de aprendizagempelo qual as estimativas de demanda sejamajustadas, quando incorretas, aos olhos deles ele decepciona comoteórico. Emtodas estas objeções, perdeu-sedevista o ponto fundamental, de que a propensão marginal a consumir estabelece limites à produEão lucrativa numa determinada situação de expectativa.
Desequilíbrio com Subemprego
e
diustamento
Numa economia emdesenvolvimenúo, há realmentehá pouca raáopara estabelecer um teoria de como as empÍesas estimam a demanda de novo.Mas é úül um exame geral do comportamento do sisúema em desequilíbrio (em contraste com a situação especial da Grande Depressão), não apenas porque livra os neoclássicos de qualquer crença imaginada (que penso ser muito difundida) de que Keynes pretendia qlue todas as situações de desemprego fossem situações de equilíbrio com desemprego. A existência de u'm equilíbrio com desemprego não impede, afinal de contas, a existência de desequilíbrio com desemprego. O desequilíbrio se manifestará, quando a produção verdadeira avaliada pelo preço de venda determinado ou previsto no início do peíodo (demanda efetiva) acaba por exceder a demanda agregada efetiva ou por tornar-se insuficiente. A fim de examinar a última possibilidade, suponhamos que, poÍ
a 86 alguma Íazão, a demanda agregada se eleva, enquanto as emPresas ainda estão op"erando no úvel de deáanda do "último período". Por conseguinte, a dãmanda efetiva,Á, sebaseia numa subestimativa geral da demanda agregada, D" naE ig. 4.3. Zo se ba seia no sa lário wr. Supoúa, poÍ €nquanto, que a d emanda não sejímateiálmente afetada pela iedistribui$o de renda provocada _pelas mudanças no nível de emprego. Õponto depleno emprego está emalgumlugar à direita do ponto da demanda efetiva,Á. As empresas observarão, quando a produção planela{a chega.ao mercado, que a de'manda excede a oferra no montante de AC, Dentro do período reguiado pelos compromissos anteriores deprodução, há três reações possíveis a ãsta situação: os compradores potenciais podem ficar decepcionados; os estoques poà"rr, r" esgotãr; ou os preços podem subir. Na pnítica, todas estas ."rçõ", têm, até ceÍJponto, probãbilidade de ocorrer'l8 " Fstes ajustamentãs a expectativas incorreta§ ocorremno final do peíodo que de produ$oié evidente que qualqueruma destas reaçôes !oT"* indícios sentido no deslocará se O sistema pàtacima.le d e D' à cone$ô deveriam levar do nível máximo de emprego, detendo-se no ponto B.r A c onsecrtçãojo pleno empÍego dependerá da poúção da curva deôfefa de mão-de-obra (dado por wJj ,.Io ponto de pleno .rnpr.go estiver à direita de B, ele será inatingível; o rrb.*pr.gà ã atingido por um processo de ajustamento .{ílfiUtó estiverã esqúerda de 8, os salários começarão a o pleno pôrf.ito. Se"orn "*pr.go àumentar ant"i d" r" alôançar o equilíbrio. As mudanças nos salários causam grande dificuldade para a ,iálire, -mo o Capítulo 7 demonstrará; o equilíbrio que ãstará provavelmente à esquerda de.l{n na Fig. 4.1 a um salário maior do wr. (Ai alterações nos preçôs também áão origem a dificuldades analíticas que
ignoramos aqui.) Este
prà""rro
de ajuste pode atuar também na direção descendente. Se,
por alguma razão, os coúumidores decidempoupar mais, de modo que a curva queda àa deÃrnda agregada se desloca para baixo, ás empresas constatamuma
nas vendas q"u""., obriga, ao ãjustarem as sua§ expectativas,.a diminuir (e ta-mbémpieços). Este ajustamento descendente ocolre produSo
" "*pr"go pontô didemanda efeiivicoincide com a nova funSo de demanda sendo um processo de- convergência para um equilíbrio E-bora ugr"g.a". t"ma desastrosa conseqüência de frustrar a tentativa de poüparuma .ítá.7"1,
àtC quà o
"1" soma de dinheiro maior, pois, embôra
o
plano depoupança teúa
se deslocado
para cima,os consumiáôres se encontram mais à esquerda dess'ê novo plano, tal modo q'e o nível de poupança caiu. Este fenômeno é coúecido como
ie
de o paradoxo da economia, pàrqr" a tentativa de atingir um nível superior poupança é autofrustrante Estando no sentido descendente, o Proces§o acima descrito poderia começar de uma posição de pleno emprego; ne§se caso, o deslocamento nos planos de poupang cria umf situaso de desequilíbrio compleno emprego -
87
Figura 4.3 outra "contradição emtermos" que, não obstante, pode ser muito verdadeira' O desequilíbrioê resolvido pelo processo de ajustamento para o equilíbrio com subemprego. Na verdade, a posiSo de equilíbrio compleno emprego seria tãofortuita de equilíbrio com desemprego (que foi quanto o nosso 6meiró através de ajustamento). O equilíbrio com pleno direhmãnte, não "xemplo "iiogiA, r.querque a demanda agregada (e a sua estimativa pelos empresários) "*p-r"go corte ioferta agregada exatamente no nível máximo de emprego que a mãode-obra aceite pelõsahrio que os empresários esperame para o qual a oferta agregada peúinente é definida.
-
-
Para expressaÍ o mesmo na linguagem dos livros-textos: é improvável que a quantidãde de poupança desejada no pleno empÍego se-igualasse a um volumô correspondente de investimento (esperado). Esse modo de formular a questão obscuiece o lado de oferta da defini$o de renda, mas realmente realça ó caráter foúuito do equilíbrio, pois não há neúuma conexão que faça o investimento preencherl lacuna de gasto existente entre o consumo e a renda. Isto é igualmente verdadeiro, no entanto, queÍ se esteja falando de pleno ou de equilíbrio com subemprego. emprego Ãperspectiva de longo pÍazopaÍa o pleno emprego não é,-na opiniáo de Keynes, melhor do que a de curto prazo. O equilíbrio "pleno" ou de longo prazo é caracteizado pelíestabilidadeão estoque de capital. Desse modo, no pleno equilíbrio, o investimento apenas cobre a reposi$o' PoÍanto, o nível de
88 equilíbrio da produção é aquele que induz neúuma poupança líquida. Keynes achava ser improvável a coincidência destas duas condi@es, a menos que o desemprego (e, desse modo, as baixas rendas) contivesse a poupança.
A única situação altemativa... seria dada por uma situa$o em que [o] estoque de capital... representa uma quantidade de riqueza suficientemente grande para
saciar plenamente o desejo da parte do público de fazer provisão para o futuro, mesmo com pleno emprego... Seria, contudo, uma coincidência improvável.,,
(7. G.,p.218)
Mas isso é avançar a estória. Notas a uma decisão prática quanto à sua escala de produção, não considera, naturalmente, uma única expectativa incontestável sobre
"Um empresário, que tem que chegar
qual será o lucro da venda de determinado produto, mas várias expectativas hipotéticas concordantes com graus variados de probabilidade e certeza. Por sua expectativa de lucro quero dizer, portanto, que uma expectativa de lucro que, se fosse mantida como certa, levaria ao mesmo oompoÍtamento que uma por$o de possibilidades vagâs e mais variadas que constituem realmente o seu estado de expectativa quando ele chega à sua decisão." (7. G.,p.24,n.3) Estas estão esboçdas na T. G.,
p,24, n. 2.
"As decisóes ex ante em sua influência sobre a demanda efetiva se relacionam exclusivamente com as decisó* dos empresárrbs. " (Notas para a conflerência de Keynes em 1937 , E. C. XIV, pp. 182-183. O grifo é de Keynes.) Kregel (1976) enfatizaeste ponto. É pena que Keynes não o tenha desenvolvido. Este é um recurso extremo, justificado apenas pelas complexidades que enfrentamos aqui. Posteriormente deve ser abandonado.
Ver Capítulo 2. O principal argumento équeo investimentoé pelomenos paralelamentefinanciado pelos lucros correntes,e os lucrosvariam certamentecom onível atual de atividade.
Importantes artigos para os propósitos em questão são os de Patinkin (L979), C:sarosa (1981), Tarshis (1979) e Torr (1982). Keynes prossegue, nessa nota de rodapé, afirmando que a inclina$o da fun$o de oferta agregada, que para ele significa oferta agregada em termos monetários como uma funçáo de f, é o inverso do salário nominal. Patinkin (1976, p.88, n. 8) salientou que o termo de referência deve sero eixoZao invés doNcomo seesperava. Além disso, "o salário'deveria ser interpretado como *a unidade de salário".
89 Adverte-se o leitor de que toda a matéria da referida nota permanece uma questão em aberto e que, pam os objetivos do momento, Ítáo é tão importante. Esta dificuldade é que tem dado origem aos problemas suscitados numa série de artigos publicados nos anos Íecentes, parte dos quais são os citados na nota 8.
Ainclina$o deZse modificará,
se não se
mantiver
a
hipótese da pequena empresa.
Ver o próximo capítulo. 12
Ver Sowell (1972), Baumol (L977).
l3
Uma das mais influentes, a que se deve a l-aage(1942),parece-me não perceber a idéia de Say e dos autores clássicos que com ele concordaram (por exemplo, Mill), nem parece espelhar o modo como Keynes pensava na Lri de Say. Só porque não se pode explicar algo não significa que não exista ou não ocorra, embora a tentação seja acreditar que não exista.
l5
É dada, seguinte justifi cativa: "Será muitas vezes prudente omitir uma referência expresse â expe ctativa de curto pram-(isto é. expectativas de demanda pertinentes a decisóes de produção), mnsiderando que, na prática, o processo de revisão das expectativas de õurto piazo é gradual e contínuo, levado avante geralmente tendo em mente os resultados realizados; de modo que os resultados esperados e realizados se conjugam e se sobrepõem mutuamente em sua influênaa." (7. G., p.50) O signihcado de'volun!ário" é o mesmo de quando dizemos ao organizador de um passeio a pé que *queremos caminhar dez quilômetros". Subentende-se que dez quilômetros é o máximo que caminharemos, não absolutamente que caminhãremos dez quilômetros ou não.
As coisas podem ser diferentes dentro de condi@es de pacto mletivo ou com expectativas inflacionárias como veremos no Capítulo 8.
Yer T. G.,pp.723-124. Compare isto com as muitas exposi@es em que todos os ajustes incidem sobre os estoques; isto resulta da hipótese de preçoi fixos, tão saliente nos modelos "keynesianos'.
Ver o exame de Keynes sobre a determinação destas expectativas de curto prazo, pp. 50-51. As empresas podem precisar de algumas observapes que T.
-9.,
indiquem que a mudança é "permanente", antes de decidir modificar os planos, mas essa é uma questáo secundária. Qualquer efeito desfavorável na demanda proveniente dos preços ascendentes foi incorporado, uma vez que a demanda é especificada em termos monetárim.
CAPíTULO
5
Os Microfundomentos
do Oferto Agregodo
Apesar da igual importância dada à oferta agregada e à demanda agregada, no Capítulo 3 da Teoria Geral fteqientemente alega-se.que o
riÉt"á,
de Keynés ignora a
ofeÍa! Há muitas
razóes para isto.
Emprimeiro
lugar, Keynes- pareú ter admitido que o aspecto da oferta era facilmente
em Keynes- "toda a
estava !) Em .lugar,da demanda no lado está ação^" -particularmente, o investimento é o elemento hansitório,Háboas razões teóricãs para isto, baseadas emhipóteses específicas
---pr".odido. lQua o errado
segundo
incorporadas pela teoria de Keynes. Esperamos torná-las claras no decorrer desteiirrro, pois as condições domundo ieal de que as hipótesesse aproximam não são imú6veis, e há úma necessidade de repensar a teoria.l uma terceira razÃo Íem origem na ânsia de Keynes de distingrir, tão nitidamente quanto possível, a sua teoria da tradi$o ricardiana, na qual os custos (isto é, as condi@es da oferta) são de suma importância e não se dá neúumpapel Àlgnin*tiuo à demanda. Diante disso, parece_absurdo igrroqr.a demanda, mas iú resulta de encarar-se as fun$es agregdas como se originando ou tendo validade diretamenúe no nível agregado, emlugr de derivar do comportamento microeconômico. Patinkin (1976,p.82) dá testemuúo de como era novo e difícil... pensar em termos de uma demanda de produto agregado como um todo - uma demanda que era, de algum modo, diferente da rendã agregada real... Como ... se poderia falar de uma funçáo de demanda dos agregados de todos os bens considerados em conjunto?
A dificuldade expressa por Patiúin foi exatamente o que de-u origem à-Iri de Say na fom12 examinada nã capítulo anterior. Hawtrey (1955), pensandolambém diretamentenonível agregaão,achaigUalmenteimpossívelconsiderarademanda agrcgada e a oferta agÍegãda como funioes que não sejam idênticas'
91
Com tal orienta$o, uma das funções se torna redundante. É então tentador ver Keynes antes invertendo do que refrrtando a I-ei de Say: em vez de "AofeÍa cria a suaprópria demanda", temos "Ademanda cria a sua própria
oferta". Estes s/ogczs não fazem justiça nem a Say nem a Keynes. A contribuição de Keynes, no aspecto "genuíno" de sua teoria foijustamente dar à oferta o grau de independência necessário para invalidar a Iri de Say. Isto é obtido mediante a ligaSo das funções agregadas aos motivos e decisões das unidades familiares e empÍesas. Em toda a Teoria Geral,Keynes esteve longe de ser claro em rela$o ao vínculo entÍe as decisões das unidades individuais e o comportamento das variáveis agregadas. Encontramos isto náo apenas na parte em que trata da demanda agrrgada e da oferta; ocorre também quando define poupança e investimento. Talvez seja, porém, na parte em que tÍata da oferta agregada que o vínculo é mais difícil de estabelecer, principalmente devido às deficiências notratamento dateoria das microempresas nos livros-textos demicroeconomia. As empresas produzem a fim de gerar lucros. É esrc o fato frrndamental em que se baseia a curva da oferta agregada: os empresários se empenharão em
fixar o montante de emprego no nível em que esperam aumentar o excesso de rendimento (aquilo que os empresários esperam receber da produção correspondente) sobre o fator custo. (7. G.,p.25)
Noutros termos, as empresas maximizam os lucros esperados. (Keynes diz fator custo emvez de custo variável prirnário ou total, poÍque o custo de uso foi excluído tanto da oferta agregada como da demanda agregada.) Os lucros são computados em termos monetários: rendimentos (ou receitas, ou vendas)
menos custos. Assim, é mais fácil ver a relação entre a oferta agregada e o comportamento das empresas no caso de Z do que de Z*. As primeiras noções já foram apresentadas no último capítulo. Duas palavras do par.ágnfo anterior soarão como anômalas no que toca à microempresa: lucro esperado. Supõe-se que as pequenas empresas têm mercado garantido: são "tomadoras de preços", não? Eaí que começa a dificuldade: a identifica$o da pequena empÍesa com 'tomada de preço". E então devemos começaÍpor aqui, desenvolvendo o que foi dito nos Capítulos 2 e 4.
Formas de Mercado
e
Fixaçáo de Preços
Aprodu$o ea comercializa$o dos benspodem ocorrerde várias maneiras. A teoria econômica tratou esses dois processos como uma unidade, definindo a combina$oresultantecomo "mercado"-para
o
bemX, para a mão-de-obra,
e
até
92 paÍa os bens que não têm neúum mercado no sentido comuÍn, por exemplo, "o mercado do diúeiro". Os "mercados" (no sentido dos economistas) de mercadorias são classificados segundo duas características: o modo como os preços são
fixados e o número e tamaúo das empresas na indúshia. Esta última foi identificada com a "estrutura competitiva" da indústria: muitas empÍesas = "concorÉncia", poucas empresas = "concorÍência imperfeita", e, nesse caso, a "concorência" cedetereno ao oligopólio, ao duo$lio, ao monopólio, mesmo que as indústrias com poucas emPrcsas Possam ser as mais encarniçadamente
competitivas de todas. Esta identifica$o é evitada pelo termo "polipólio", que significa simplesmente "muitos vendedorcs". Emteoria econômica, há dois tipos de mecanismos de fixação de preços: diz-se que os pÍeços são fixados "pelo mercado" ou pela§ empÍesa§, quando estas têm "algum poder de monopólio". Estando este poder identificado com o tamaúo e ó número de empresas na indústria, a fixação de preços é negada às pequenas. Diz-se que as Pequenas empÍesas "têmpela frente" e "adotam" pÍeçoa estabelecidos pelas "forças impessoais do mercado", cuja natureza e modo de operarsáototalmente inexplicáveis. Afixa$o depreços é deixada por conta do "mercado", porque neúuma emPresa é suficientemente grande para influir no preço através de suas próprias ações. Diz-se que o preso é estabelecido pela "oferta e procura"; examinemos o que isto significa. No tratamento habitual dos livros-textos, cada empresa "adota" uma série de preços possíveis de mercado e, pela maximização do lucro, dados seus custos e estes Preços, deúermina a sua curya de oferta. O agregado das curvas assim derivado, a "curva de oferta do mercado" é então ónfiontada ooma curva de demanda do produto e o preço é determinado com a ajuda de consumidores bem informados e o interesse próprio das empresas
-
de algum modo que é, superficial e intuitivamente, atrativo, mas não tem nenhúma base nasinstituiçoes ou no coúecimento disponível aos paÍicipantes do mercado. No mundo real, ospreços são sempre estabelecidosporpessoas, nãopelas forças impessoais do mercado: varejistas, atacadistas e corretores. A qlestão do númerô de empÍesas na indústria e de como interagem é totalmente distinta do mecanismo de fixa$o de pregos. Mesmo um vendedor ambulante numa feira tem que fixar seus preçrs - quem mais o fará? Naturalmente os preço§ na feira não são extremamente distintos de uma barraca para outra, mas o próprio mercado não pode estabelecê-los. (Quem fixa os seu§ pÍeços em primeiro lugar? E como o faz?) As grandes empresas podem ter que "adotar" preços de atÀcadistas ou varejistas, de empreiteiros ou corretores, emmercados organizados. Estes fatos dissociam o polipolio da "tomada de preços"' Quando sereconsidera a versão dos livros-textos sobretomada depreços, apresentam-se anomalias..Diz-se que a curva de oferta é derivada da utilização dôs preç.os "dados pelo mercado". Estes preços, por§ua vez, dependemda soma
93 das curvas de oferta das empresas. os críticos do modelo apresentaramvárias soluções para este paradoxo. (1) Tudo é simultaneamente determinado. (sto
dá como provada a questão do que sigrrifica "tomando", uma vez que
as
decisões de oferta das empresas influem no resultado.) Esta solu$o restringe a análise a peíodos singulares e realmente determina apenas um ponto na curva de oferta de cada empresa - o ponto de "equilíbrio" ou de libera$o do
mercado. (2) O preço (ou nível de demanda) é considerado comó predeterminado (e, desse modo, "aceitável"). Isto permite a ampliação da análise
mais deumpeíodo -na verdade, a ampliação é necessária -mas o preço não deve mudar. Este é o modelo da "tranqüilidade", uma sucessão de períodos cujas caracteísticas não se alteram. Como tal, a economia tranqüila participa da intemporalidade, da certeza, e da perfeita informação que caracterizam a solu$o simultânea encontrada pelo Contadorou I*iloeiro Todo-Poderoso. (3) Para levar em conta mudanças de preços, alguns imaginaram que a idéia da úomada de preço implica a colocação da sua produção no mercado por qualquer pÍeço que se coruiga. Adecisão sobre o plano deprodução devetersidotomada combase emalgumpreço prevalente no passado; a modifica$o dopreço ocorre entre esse momento e a realização do plano. Deste ponto de vista, a empresa é passiva até mesmo a pontc Ce não ter um preço de reserva, o que é baJtante a
improvável. Todo o paradoxo pode ser resolvido, como deve, se quisermos comprcender o comportamento das empresas dentro de uma situação de incriezt, distinguindo-se três etapas na tomada de decisão, frrndamentadas, respectivamente, nos níveis de demanda hipotético, esperado e real.
A Derivação dq Curva de Oferta de uma Empresa Pedimos paciência ao leitor, se começâmcs como óbvio. Uma curva de oferta, um /ocus de níveis ótimos de produSo2destinada à venda, depende (I) do critério de otimização, (II) dos custos, e (III) dos úveis variados de ãemanda com que a empresa se depara. (I) A maximização dos lucros será tomada, do princípio ao fim, como critério; o leitor pode adotar outros critérios de sua preferência. (I) Comexceção do custo de consumo, que será ignorado até o fim deste capítulo, os custos são determinados pelos preços dos insumos (salários) e da tecnologia. Aúecnologia é constante (hi$tese de curto prazo) e os preços do insumos, por conven$o, são fixados para qualqueÍ curva de ofertidaãa. E o significado de (III) que tem gerado tantos problemas, pois chegouse a acreditar que uma curva de oferta só pode ser derivada paÍa a pequena empresa "tomadoÍa de preço", poÍque apenas para estas empÍesas a demanda é conhecida e dada independentemente ('pelo mercado"). No entanto, o preço determinado pelo mercado é totalmente inadequado para a tarefa de desenvolveÍ uma estratégia de ofeÍa, pelas razões acima apresentadas.
94
Éum equívoco pensar na curva de oferta como um conjunto de reações ao mercado. Há um teste de raciocínio: um produtor pode formular questóes sobre ofeÍa ótima para condições de demanda de que não teve experiência pessoal, mas que pode imaginar. Para isto ele não precisa de nenhum preço dado pelo mercado; na verdade, isto o restringiria à experiência passada, incapaz de reagir a situaSes novas. As possibilidades da demanda, uma série de curvas hipotéticas de demanda, são aquilo que ó necessário. Uma vez que os níveis de demanda que entram na formaSo da curva de oferta são meramente hipotéticos, a curva da oferta é inteiramente independente, conceifualmente, quer do úvel de demanda esperada,3quer do úvel real de demanda -embora todos os três teúampropriedade comuns de adequabilidade à estrutura institucional na qual opera a empÍesa. Fste é um ponto ao qual ÍetornaÍemos posteriormente. A curva de oferta de uma empresa indica o nível maximizador de lucro da produção e do preço, dados os vários níveis hipotéticos de demanda, supondo não haver nenhum plano para a acumulação ou liquidação, de modo sistemático, de estoques de produtos acabados, a fim de alterar os seus níveis rnédios. Para cada nível possível de demandí, encontra-se a combinação
preço/quantidade maximizadora dos lucros ;ualando o custo marginal à receita marginal adequados a cada nível de demanda. O resultado é uma estratégia global, disponível para qualquer expectativa específica de demanda. Essa estratégia é a curva de oferta. O princípio de sua derivação é inteiramente geral, aplicável, de maneira similar, a pequenas e grandes empÍe§a§. e Decisões de Preços: As decisões efetivas de preço e produ$o exigem \rM expectativa especifica de demanda: deve-se escolher uma das curvas hipotéticas de demanda como a mais provável. (Isto não significa que o produtortenha uma "única e indubitável expectativa", mas que deve decidir sobre o resultado mais provável -é essa a significação de "expectativa" -e agir
Produção
de acordo sua escolha.) Uma vez que o produtor escolheu o nível esperado de demanda, o ponto da curva de oferta que deveria ser implementada é selecionado. Desse modo, as demandas hipotéticas entramna curva de oferta eesta, combinada cnmumq
expectativa específica de demanda, determina a produção da empresa, a política de preços e as ofertas de emprego até que essa expectativa, ou algum fator de custo, mude. Estas duas etapas da tomada de decisão, a formação de uma estratégia geral e a tomada de uma decisão específica, não implicam o nível real de demanda. Na verdade, elas não podem implicar, pois o nível real de demanda não se evidenciaú até muito depois de tomada a decisão de produzir e estabelecerpreços. Nos termos desenvolvidos no Capítulo 2, ainda estamos no
Po
Pú
Qo
G)
Q.n mr Q'
mr'
&) Figura 5.1
96
começo do peíodo de produção. Assim, é inequívoco que tanto a curva da oferta quanto a quantidade produzida são independentes da demanda real. Naturalmente o produtor espeÍa que sua expectativa seja correta, e quando nível esperado de demanda e a quantidade real produzida são iguais à demanda real. Nessa situa$o, que podemos chamarde equilíbrio, não há neúumestímulo é, o
mudar, nos períodos subseqüentes, no seu nível de demanda esperado. Se o úvel de demanda esperado, quando a decisão de produzir foi tomada, não se revelar correto, pode-se então entrar numa terceira etapa de tomada de decisão, na qual o nível de demanda real, agora passado, irúluencia as expectativas atuais, fazendo com que o produtor escolha ouho nível hipotético de demanda como base para sua decisão.Asua rea$odeoferta aessa e4pectativaalterada,no entanto,já seformou: está incorporada na curva de oferta.a Para fixaridéias, considere-sea Fig. 5.1 (a), quedizrespeito a uma pequena emprcsa. As liúas de demanda d, d" ek.são níveis hipotéticos de demanda. A sua inclinação horizontal é determinada apenas pelotamaúo da empresa. Acurva de oferta '§" começa onde os custos variáveis estão cobertos, isto é, no mínimo deAVC, a curva do cusüo médio variável, e é uma liúa mais escura..D é o nível esperado de demanda. Poe posão os preços que maximizam o lucro e a quantidade, dadoessenível de demanda prevista; o pontoÁ corresponde aoponüo de demanda efetiva em análise agegada. O nível real de demanda pode estar em qualquer
a
lugar, a sua posi$o seú coúecida posteriormente. A Fig. 5.1 O) se refere a uma empresa não tão pequena. (Para evitar preocupaSo com reações entÍe empresas, pense nesta como uma emPÍesa monopolista.) O mesmo comportamento leva a uma curva de ofeÍa acima de MC. Arelação entre pÍeço eMrR (ou MC) é dada por:
"=l!n lnl-t onde lrll é o valor absoluto da elasticidade da curva de demanda no ponto pertinente.5 Agregação
a
Nível Industrial
Pode-se discutir a agregação em dois estágios, para separar as dificuldades referentes a cada um: a agregação ao úvel industrial e à economia como um todo. O primeiro é verdadeiro (pelo menos teoricamente) para problemas associados à produ$o heterogênea, mas levanta claramente questões sobre a compatibilidade das expectativas das empresas ou, então, sobre a relação entre a demanda do mercado e as demandas das empresas individuais, sejam estas demandas hipotéticas, esperadas ou reais"
97 Comprcende-se rapidamente o problema, se se considera
a
relação entre
a percepção da demarda das pequenas empÍrsas individuais e a curya de demanda para a produção da indústria comoümtodo: a primeira é horizonlal, a últirna dc inclineção descerdentc. A agrcgação de curvas horizcntais rúo dará uma curva de irrclinação desccndcntc. Masporque se dcveria examinaroproblenu dessa forma? Os produtorcs ceÍamente estimcm a dananda de seus produtos e tiram conclusões ptÍa rs suas eÍRpr€sas, n6o o corúrário. Corltr_ pode set de rmneire diferente? O problema para a pequena cmpÍesa é, segunmente, inferir o prcço corrcto dr curva dc demanda do mcrcado. Para fazer isso perfeitamente, devem contecer a rea$o de ofertr das outra§ empresas, o quc é evidenterrenúe irqossível. Dsse modo, formulam-se lipótcses ern reh$o às taç5es de oferta e de preço dc outns empresas. Estes são ocultado pelo paradigmr dr tornada dc proço, que também encobre o fato de çc o polipólio não é diferen&, rrste aspeÉo, de ouhas formas de mercado desprovilar de nrcnopólio. A curva de demanda horizontrl é apropriada a uma pcqüena empltsa, úo porque esta pode perfeiteÍnente \render qualquer quantidade por um pleço escolhido, mes porque, se ela cstabelece prcçls bastante baixgs para vender tudo, pode vender pel,o rtenos tanto quanto p,rodu4 a curve da demanda se tqnará uma inclina$o descendente emalgumpontti determirddo pela erva de dernanda do mercado e pela parcrla dr enryresa pcquena rao rnercado (cru
cntio, o número de empresrs
&
um tamaúo padrão). Pode.* ver iso,
imagtnando que todr âs emPÍeüs tfui orvrs de custo id&rtitts: se úodat estimarem conetarnente o nível de dernanda, elas setisfarão e csgotarão a demanda do mercâ{o poresse pseço. As surs ctrnãs individuais de denrelda
ú dectinarão
no ponúo de i*erse$o coÍt o crsto anrginal. outroladodo€rpcchc, suponhaqucâ cstie.tiva deuau errpresa úo esteja rlinha& @Srs oatms, Sc eh estrbdeccr pÍeço alúo denüis, pcrdeá bdôs os fÉgueses; seesE furhixo dernah, r sua dtrra dc órrnaoda corúianrá horizontal até atiagir o nível de derrnndr do rnercrdo poÍ esse pÍeço. E o tamaúo rehtivo da empresa, e nrdr mris, que dctermina a incüna$o adequada da curvr de dernandr de urnn errPrcsâ. O tenraún
h
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é em prb uma çes!ão não àpenas de ecela dc operr$es, rius do comportamento de fixaçáo de preço drs outras empresas.6 (Os efeiúos de, digamos, rcdu$o de preços scrh evidente.)
rchtivo
Aimpoúância do conloorhnpnto
de
fixa$o &preço
das outrao
firms
torna-sc explícita na ompelição monopolístkz ou ne teorh do oligopólio, ma* esüe é o ponúo imp,ortaute-o princípio não é difcrenteno caso dopolipólio. Esta proposiSo justifice intciramente a nossa liberdade prra traçar cúnts de oferta pam empresas cmtodas as formas de mercàdo,7 o que é igualmcnte juto,
-e
urru vez que todas as empÍsses devem tcr uma estratégia de oferta. Âs informa$cs de que as empÍeses maiores necessitam podcm PâreceÍ seÍ
98 maiores - elas precisam coúecer a elasticidade da demanda tanto quanto o custo marginal - mas, na verdade, o problema de deduzir o nível correto de demanda (horizontal) a partir de uma previsão de mercado é pelo menos tão difícil para os gerentes de uma pequena empresa, quando o que está envolvido é de fato compreendido. Aconfiguração çonetada curva de demanda de uma empresa individual, seja hipotética ou esperada, não depende da tomada ou da formaçáo de preço, fins do tamaúo relativo da empresa, do grau em que os produtores na indústria provavelmente vêem da mesma maneira os desenvolvimentos do mercado e o grau em que fixam independentemente o pÍeço de seu produto. Não sepode geralmente esperarquetodos os produtores tiremconclusões corretas para as suas empresas, mesmo que todos estimem corretamente a demanda do mercado. Desse modo, haverá, sem dúvida, algumas "falhas de coordenação". Pode-se, de fato, esperar tais falhas, exceto de quem coúece tudo sobre outras empresas da indústria" Ora, as empresas simplesmente não estimam o comportamento de ofeÍa de todas as suas concorrentes, nempodem fizê-lo" As conseqüências de não fazr.r tal coisa são bem coúecidas, por exemplo, na produção agrícola, onde um preço elevado pÍovoca superprodu$o e uma baixa de preço devido a oferta maior no ano subseqüente. Esta espécie de repetição desempeúa umpapel no exame que Keynes faz do corte de salário (Capítulo 19), quando as empresas acreditam que as suas peÍspectivas de lucro sejam maiores do que são quando outras empresas também crescem.Elas aprendemcomos seus erros eajustamas suas expectativas. Para traçar uma curva de oferta agregada basta exigir que os produtores faEm deduções conscientes a partir da demanda do mercado e de sua estrutuÍa industrial e corrijamseus erros, quando o comportamento das outras empresas é inesperado. Agr e gaç ão das Indú str ia s O problema mais evidente na agregação ao nível da "economia" é que produção não é homogênea. No capítulo anteriot, utilizamos o estratagema do bem composto hicksiano, mas era um estratagema. O valor é a dimensão óbvia na qual trabalhar, e por isso a oferta agregada é especificada emtermos de rendimentos (ou receita) que justifiquemumdado volume de emprego. Na teoria da emprcsa,trabalha-senas dimensõesPeQ, easimplica@s do empÍego são deixadas implícitas. No agregado, trabalha-se nas dimensões.@ e ,tr[e a divisão entre P e p são deixadas implícitas. (Isto rúo causou o término do problema.) Na teoria microeconômica, a fun$o omitida, a demanda de mão-deobra, é tratada separadamente, mas deriva da mesma fun$o de produ$o que origina as cunras de custo. Na teoria macrceconômica, a pópria função de a
I i
99
I
produ$o, que forne ce o vínculo entre O e.f[e desse modo determina a divisão entre P e Q é omitida. Não significa que a divisão seja indefinida ; muitopartbularmente, não significa que uma mad.ança incida apenas sobre P ou Q segundo o capricln do teórico, como geralmente se acredita. (Vale a pena fazer uma digressão para ressaltar que a razáo pela qual se tornou uma cÍença geral que a úeoria de Keynes é exclusivamente de ajustes de quantidade tem relação com a total omissão da curva de oferta agregada, na versão IS-LM da teoria keynesiana.E)
O transporte do espaço P, Q pan o espaço ry, N foi demonstrado algebricamente no capítulo anterior, considerando a pequena empresa como típica numa economia produtora de uma "mercadoria composta". As ctwas Z para empresas que não são pequenas assumem a forma
,,-#t*,
(5.1)
o i subscrito indicando urna empresa individual. Esta equa$o é, na verdade, a fórmula geral, com lrf[(lnl - 1) reduzindo-se a unidade paÍa a emprcsa pequena. E uma evidência que a economia é composta de pequenas e grandes empresas, que a propo$o na qual uma mudança de demanda baixa empreço ou em quantidade depende em parte da importância relativa dos dois tipos de empÍesas, e que isto, porsua vez, depende das demandas relativas dos produtos das indústrias polipolistas e das indústrias altamente cpncentradas. Disso resulta, de modo igualmente óbvio, que uma cuÍva de oferta agregada deve pressuporalgo sobre a composi$o da demanda em diferentes níveis de atividade. Duas hipóteses nos ocorrem: ou que a composição do produto não varia consideravelmente entre as indústrias ou simplesmente que a distribui$o do produto está exclusivamente relacionada com o nível de produção. Aprimeira permite que se pese a importância da oferta de cada firma relativamente ao agregado Z f Z, e os pesos podem se manter constantes ao longo de Z. Fsta é a hipótese qúe S. Weintraub (1958) admitiu, na sua sumamente importante contribui$o. Na Teoria Geral, Capitllo 20, no entanto, Keynes elaborou a segunda hipótese, admitindo que toda expansão ocorreu nas indústrias de bens de investimento. Essa hipótese se ajustava evidentemente com o seu objetivo analítico. Não existe umúnico "camiúo certo". Tendo sido a composição da demanda agregada solidamente vinculada ao nível do total, pareõe qúe se poderia começar no nível mais baixo da demanda (agregada), no qual algumas empÍesas estariam preparadas para contÍataÍ absolutamente todo mundo, e somaÍ todo emPrego nesse nível, em segrida fazera mesmâ averiguação numúvelrnais alto de demanda, e assim pordiante. Os oferecimentos de empregotêmorigemnas decisões de oferta das
100 empresas individuais. Isto sugere que a fórmula geral de Z para as empÍesas individuais paúicipa do agregado:
"- lql wA^, '-ç1V"
(52)
onde a falta de um índice indica agrega$o. Custo de Uso'.HÁ uma restri$o a este procedimento, que tem a ver com o fato de quetanto a demanda agregada quanto a oferta agregadasão custos líquidos de uso. Étendência pensarno custo de uso emtermos de desgaste de equipamento de capital. A idéia era mais geral, abrangendo esse elemento do capital que
se consumia mais completamente no processo de produção: as matériasprimas. Na medida em que estes e outro§ elementos dà custô de uso, tal como peças de reposi$o para a maquinaria, são fornecidos pela produ$o atual de outras empÍesas, eles não se incluem na demanda ou oferta agregada. Se nada mais, a alta dos preços do petróleo nos meados de 70 mostra que, embora possa ser difícil lidar com o custo de uso, ele deve ser inúegrado na macmeconomia pad{o. Como as coisas estão, o lado da oferta total é igrrorado e quase ninguém ouvir falar de custo de uso.
Da exposi$o do Capítulo 3 pode-se compreerder poÍ que isso foi ignorado: é um conceito difícit. E o tratamento adequado em termos de Z e D é ainda mais difícil: O ponto essencial é que a renda agregada e o preço da oferta agregada de custo
líquido de consumo possam ser definidos unicamente e sem ambigüidade: ao passo que, visto o custo de uso depender obviamente tanto do grau de integraçáo da indústria quanto da medida em que os empresários compram uns dos outros,
não pode haver defini$o das somas agregadas pagas pelos compradores, inclusivedocusto deuso,queéindependentedesses falores. Há uma dificuldade semelhante até mesmo ha definição do preço da oferta no sentido comum para um produtor individual: e, no cilso do pr"p da oferta agregada de produção como um todo, estdo implícitas sérias dificuldades de duplica$o, que nunca
foram enfrentadas. Se o termo deve ser interpretado @mo custo bruto de consumo, elas só podem ser superadas por meio de hipóteses especiais que relacionem a integraçáo dos empresários em grupos segundo produzam bens de consumo ou bens de capital, que são em si mesmas obscuras e complexas e não correspondem aos fatos. Se, no entanto, o prego de oferta agregada é definido como estando acima do custo líquido de uso,'estas dificuldades não aparecem.
(7. G.,p.24)
101
É este o pensamento da teoria macroeconômica: toda a matriz produtoinsumo está implicada. O abatimento do custo de uso evita a dupla contagem do produúo, colocando a oferta agregada numa base de valor adicionada.e Ocomportamento do custo deuso no lado do custopode não sertão difícil de coúecer por intuição. Há dois componentes principais: o desgaste fisico e o valor ótimo do capital no final do período. O desgaste físico deveria ser efetivamente relacionado com o produto; isúo é evidentemente verdadeiro quanto às matérias-primas, e a maquinaria também tende a se estragar mais rapidamente e ser mais dificil de conservar quando trabalha ao máximo. Por conta disso, o custo de uso pouco acrescenta a Z em baixos níveis de produ$o e mais em níveis mais elevados. O valor ftrturo ótimo pode não acompanhar tão de peÍo a produção: num período de recupera$o, poÍ exemplo, espera-se uma valorização crescente do capital, quando as expectativas de lucros futuros aumentam. No peíodo de recessão, o custo de uso poressarazão é quase nulo: a maquinaria é praticamente um bem livre e a queima de estoque é benéfica paÍa a situação de caixa. Da igual modo, num peíodo de recuperação econômica, o aspecto de expectativa do custo de uso pode ser maior do que no auge de um surto de desenvolvimento, quando o otimismo se desvanece. Em vista das dificuldades e incertezas que ceÍcam o custo de uso, continuaremos a definir Z (e D) sem consideraÍ o custo de uso, a não ser expÍesso de outro modo, esperando que umespecialista eminsumo-produto se interesse por teoria macroeconômica e sugira um simplificação convincente.
hopriedades deZ Z
e
Salárbs
Como no caso das curvas de custo marginal, fundamentais para a elabora$o de Z, "o salário" é considerado como dado ao longo de um determinado Z. Tornar-se-á claro, após ter examinado o conceito de unidade de salário, que "o salário" aqui simboliza a estrufitra de salário, sendo as condições de pagamento e trabalho entre os diferentes níveis de qualificação consideradas mais ou menos constantes. O úvel de salários determina os pontos inicial e final de cada Z. Quanto mais alto for o salário, maior será a receita necessária para poderproduzir. Irmbre-se de que, mesmo no cuÍto prazo (aqui, no sentido de um curto período de tempo, durante o qual umnível baixo de demanda é visto como temporário), não haverá neúuma produ$o que não garanta a cobertura do custo variável - isto é, à esquerda de B na Fig. 5.1 (a). Há um ponto correspondente para o início de Z.ro Se os salários são especificados, mas o.emprego e a produção podem variar - isto é, se Z éuma linha, não um pontq segue-se que os pontos nessa linha correspondem a posiçõesposteriores à curva de oferta de mão-de-obra.
102
w w, w1 w3 w2 w1
w
'r*l
'4w
0NoN,N,N3N.N5 Figura 5.2 O ponto no qual é impossível produzir mais sern elevar a oferta de salário é aquete onde foi atingião o limite da oferta de mão-de-obra: pleno emprego (a esse salário). Esse é o ponto final de um dado Z.
103 estas asserções. o diagrama superiorretrata uma curva O diagrama inferiór repre§enta curvas Z para cada dã mão-de-obra. de oferta umdos vários níveis salariais, wr-wr, etc. comegndonoponto decustovariável
AFig.5.2 ilustra
mínimo da empresa mais eficiente.]\lro,Nr, etc. são os ponto§ finais de z, corespondentei
a estes
níveis salariais. Pode-se traçaÍuma curva envolvente,
2"", correspondente ao pleno empÍego e indicando um salário variável. Poderéí".qu" ó pleno emprêgo exige quãa demanda agregada esperada, ao salário roi"r quã pá gar, di gamos w, corte o ponto fin al de Z(w que as empresu. como mostrado.
"rp"..
),
A Inclinação de Z A inclina$o de z se relaciona com a questão dos rendimentos crescentes ou decrescentei. A asserção de rendimentos decrescentes é um asPecto importante da Teoria Geral. Ha proporciona fundamento lógico para a acôitação da primeiro postulado c1ássico, pois é a necessidade de que os preços subam para àbtit ot ôustos progressivosiomo recuperação de uma Íenda em queda àue dá a relação inúnã entre emprego e salários Íeais, quando os àtários nominais sãõ firmes - na verdade, mesmo quando são permanentes. A hipótese de que os preços sobem com a ampliaçáo da produção caiu em desgrag devido, em graode parte, ao ceticismo com referência aos rendimútoi decrescentes. Éa p"to menos duas origens possíveis paÍa e§te ceticismo. Primeiro, há o fato dã que o uso de modernas técnicas de produção em massa dá origem a economiasãe produção em gr!1de escala. A utiliTaçá9 eficiente de tais-técnicas exige um eievadõ nível inicial de produSo; isto é, ganhos crescentes predominãm durante um considerável p9{o.d9 de tempo' Ém segundo lugar, há uma indicação empírica. Um estudo inicial e influente das cúdições de custo (Johnston, 1960) verificou que custos constantes pareciam predominar durante uma larga escala de produção, e estudos posteriores não desmentiram esta conclusão. ^ kvando emconta estes pontos, é bomreveras condi@es sob as qu1§ poa" ocorrer a produ$o lucrativa, na faixa dos rendimentos cÍescente§. Note-se primeiramànte qu" n"* sempÍe é claro o que entendemos por rendimentos
irescentes ou dórescentes: o argUmento da produ$o em massa tem rela$o com ctsns méd;a s (ATC ou AVC )deõrescentes. Ã indica@o e-m.pírica sugere queÁ VC é mais ou menos constante e, poÍ conseguinte, MC também é con§taxte. Consulte a Fig.5.3, quó te:úa:r,AÍC,AVC eMC mhipótese de qneAVC eventualmente cres[a. Alguém que defina rendimentos crescentes/decrescenalgum tes combase emATC foãlizaríropontoÁ, edirâ,talvez, que, durante se tempo, os Íendimentos aumentami, em seguida, diminuem.IVÍas observe: .,pequena,,, fixando o preço pelo custo marginal, a Escala I é esta'empresa é não rejeitadã, mer-o pui. o curto prazo, uma vez que é melhor absolutamente
-
Ial
105
produzir do que fazê-l,o nessa escala. AEscala II é una escala que dá prejuízo, onde a produ$o prosscguirá por ternpo limitado. Para a empresa maior, no erúanto, paúc da Escala I se torna frctível no curto prazo (Ib,Ic da Fig. 5.a) e pode até ser factível na longo prazo (Ic). G rendinrentos crtscntes podem sér uma possibilidade. Quanto às constantesÁYc eMC, rnostramos quc úo é necessário haver incompatibilidade da p€quena €mpÍesa com os custos constanúes, pois a dema nd a que a pcqueni empresa enflenta nã ose estende i ndefinidamenie pa ra a direita, exceto para as situaçóes passageiras em que ela reduz preços, mas antes começa a dcclinar, quando a demanda do nrercado .e dirriáe errtre
emprcsas da indústria.11 Mas os que questionam o exemplo cmpírico tanto para custos corrstantes quanto para um grau de.poder de rnonofflio devem encaÍar o fato de que, se
foremmaximizadoras de lucros, os preç!§ subirão *"r-o qu" * rendimentos sejam corstantes pois o iilervãlo entre MC e a deáanda (espenda) estará continuamenúe cresccndo Isto constitui o ponto fundanrcntal: o desenvolvirnento dos preços d1rr1rc a expansão nada tem a vcr com ATC Qtara uma empresa'maxi_ luzadgra de lucros) e sim com AVC apmt quàdo AVC detàrmm MC. Quando Á vc úo é constante, neúu ma produçãó é hcrativa onde MC nã o está subindo. A única possibilidade de quãda dõs preços com a ampliação da as empresas
dernanda é qrle a elasticidade da demanda caia su-ficiéntemente para'contot"lanEr a subida de MC, Eles podem permrneccr constantes, se fcompensação é exata. preços podemtambémse manter cor»tantes n.s p"qu"n", ômpÍBsas
-os comÁYC's corutantes,
tais existirem. um bocado de dific,rdade, como sc a eskutura de
se
o argumento criou
custo determinasse inteiramente os preços em todos os casos, csqueoendo que, para "se mover ao longo de urna curva de custo", a demanda espãrada tem que estar aumentando. E é a curva de custo rza r ginal, nãoATC ou mesmoÁ yC, que introduz (e nas pequenas empresas determina) os preços.
Z
e
Distribuiçdo de Renda
.. O salário é fixo para um dado Z. por conscguinte, podemos sobrepor num diagrarna de Zuma linha representando os custoJsalariáis -uma linhaita que passa pela_ oriçm comllcli-nagã9 w. Ver a Fig. 5.5. Z «imeg no ponüo
correspondente a Q . nas Fig.5.1(a) e (b). Adistância v erticaleúteâsemotusto de uso e xd[ ou custo prirnírio sem o cusüo de uso é, naturalmenüe, o lucnc bnrto.l2 Pode-se ver, a partir desta ÍiguÍa, que para cada ponto de Z,e,çnrtanta, cada ponüopotencial dedemanda efeúva, existe umaúnicaãistribui$odirenda.podese ver também que, embo ra todos os pontos de Z sejam de maiimiza6o de lucro, o volume doslucrcs crcsce quando a p,roduçáo aumenta, no curto praâ e paÍa um
106
Figura 5.5 dado salário. A distribuiSo de tenda, como entre lucros e salários, claramente Se desloca favoravelmente aos lucros numa expansão.
Notas da teoria econômica da oferta nos poucc últimos anos é o reconhesérie cimerito deste ponto, mesmo que o que é entendído Por esse termo seja uma de idéias antikeynesianas.
o surgimento
as Esta definiso pressupóe um estoque médio estável de bens finais e ignora uma flutuações tiansitórias nos estoques. Se a empresa adotasse, por algum tempo' p"ffiià de acumula$o ou desácumula6o Jistemática de estoque, esta definição teria que ser restringida.
(1964), que Nesse ponto, o presente tratamento diflere do de Davidson e smolensky
in*.pàr"m
"
demanda esperada a
Para os leitores de
;;;il**
*pés
ào"."tô.
Z eignoram
o papel da demanda hipotética.
no chão" devo dizer que não creio que conscientemente os
utilizem com exatidáà estes oonstructos. Em especial,
a
ieaçfes de oferta podem ser flormuladas no espírito do produtor para uma escala muito restrita de variaçáo de demanda.
t07
s MR=P+Off -d8 IP
-p+e?_) tlQ
onde q é definido como negativo
MR = P(l+
6
1
l)-.,u
rl'
7 MR= r:un=,|!l un. P=1+ (1/r) t-(t/lnD lnl-t
Stigler (1966, Apêndice B) apresenta uma demonstra$o formal da relaçáo entre a elasticidade da curva de demanda de uma empÍesa e o seu tamanho relativo, no qual a influência da hipótese das mudanças simultâneas nos preços t1m!ém é patente. É uma pena que este tratamento não tenha se tornado parte do modo de tratar padrão
dos livros-textos.
7
'
Alega-se muitas vezes que istonão pode ser feito. Tudo que é necessário,no entanto, é a hipótese de que a empresa não controla ou manipula a demanda (isto reduziria uma série de níveis hipotéticos de demanda a uma curva de demanda e reduziria a oferta a um ponto, ao invés de uma rela$o), e de que o efeito da interaçáo entre empresas nas indústrias oligopolistas pode ser explicado pela estimativa da empresa de sua própria demanda. agregadâ Penetrou nos livros-textos na última década, mas não tem nenhuma base no compoÍtamento de busca de lucro das
Algo chamado curva de oferta emprresas.
Sem Tarshis (1979) eu não teria, de nenhum modo, percebido claramente este ponto. Alguns autores acreditam que Z deveria passar pela origem. Embora seja verdade que não haverá produ$o se não houver emprego, esse raciocínio não é suficiente. Malinvaud (1977) chamou-o erroneamente de "racionamento", mas isso realmente tem a ver com parcelas de mercado. Asoma dos custos fixos indicará o ponto de viabilidade de longo prazô da empresa, mas essepontonão tem nenhuma importância para oPrincípioda Demanda Efetiva.
APÊNDIcE
Ao cAPíTULo 5
DerivoçÕo do Demondo de MÕo-de-Obro
Mostramos, neste capítuIo, que a curya de oferta de mão-de-obra dá os porúos finais de Z e que a tecnologia e o salário hipotético dão o restante de Z. Seria bom, na preparação para o capítulo 7, explicar também a relação entre Z e a demarLü de mão-de-obra. Pode-se especificara demanda de rnáo-de-obra de duas maneiras: como furção do salário real ou como fun$o do salário nominal, sendo dados os pÍeços esperados. Os princípios envolvidos na deriva@o da primeira são mais fáceis de explicar; portanto conreçamos por eles. Restringimos a análise a um univeno dc empresas polipolísticas. O salário é fixado para cada Z, de modo que a demanda de mão-de-obra é, ao longo de uma dada Z, frrnção do preço esperado, isto é, do nível de demanda esperada, ou, como estamos tratando da fun$o total, do úvel de demanda hipotética. Movimentos para a direita ao longo de ZindicampreEls em asce&são, poúanto as ofedas de emprego e os preços estão relacionados positivamente; conseqüentemente, a demanda de mão-de-obra (i[) e o salário real estão relacionados negativamenúe. A inclinação da curva de demanda de mão-de-obra é determinada peh medida emque urna dada elevação em.À[está associada a uma elevação de P ou Q.Est^ divisão é dada pela medida em que os rendimentos diminuern: P = w I Q' . P or conseguinte, a o longo de uma Z dada, o salário real decresce com.ND, quando Q'(N) cai:. wlP = Q'(N): a curya neoclássica básica de demanda de mão-de-obra. Há urna diferença ftrndamental de pelos Írenos alguns tratamentos neoclássicos: é explícito aqui que.fíDdependedeZ. Ademanda de mão-de-obra
109
'z{vv)
P.qN)
ftgura 5A.1 resulta das expectativas de demanda dos produtores pelo pr« duto, expectativas que dão.oponto pertinente sobre z; assim, a cutva e a"rivada da faixa "o.'.ptôt"(pan umtrataÍnento depossibilidades de demanda de produb que delineiamz.
neoclássico contrastante, veÍ lro apftulo 13 o exame do modelo Ií-LM desenvolvido.) Mostramos como.l[D (w/p) pode ser derivada de uma ifirreA Z,mas não é necessário restringir--se a um daão salário: wlp é awnasr-" oaã. -ego"se, no entanto, do que foi dito que.à[D é inteiramente ditcrminada plos fatores que entram em toda família de z's denvada pa-m deúerminada tecnologia. se quisermos derivar a relação entre .À[D e w o salário nomiirel -, deveremos, de fato, utilizar mais dé uma z.A Fig. 5A.1 mostra rpr*. aurt
.
-
110
Zs, mas imagine toda a família. Agora a curva microeconômica No (*)
pressupõe um nível de demanda, representado paÍa uma microempresa por êrto nível de preço. No agregado, contudo, o nível de produ$o varia comN' Assim, sobrepõmós a funçao deprodução, Q (N), a Z, multiplicada porumnível de preço arbiirariamenteiscolhido, Po,pata representar esse nível de producom um preço $o-, óm i{ variável, que as empresâs poderiam produzir. õonstante. Então as Z's nos mostram o salário que maximizaria os lucros, tomando-se tal atitude. Doispontos sobreND (W)paraPosão dados pelos pontos
A
e
B: wJ,loewt'lr.
ai"ütuui de demanda hipotética, por exemplo, d e d", cortamÁ e B, naturalmente (e todos os outros pontos também). Elas são mais inclinadas do dispostos a pagar pÍeços mais altos, Ete PB (Ç, pois os compradorês e.s1ã9 do produto, quando ! Preço sobe' quantidade a:.rimãoàó a compraÍ mãior Este exercícú expressa bim a importância dos três tipos de demanda. O Capítulo 6 mostrará aíligações entre a oferta de mão-de-obra e a demanda agrigada (gasto planejado). Este capítulo mostrou que a oferta de mão.-de-obra aãteãninüp"nâs o* ponios finaiJde Z e que a demanda de mão-de-obra é totalmente determinada porZ, que, por seu turno, deriva de níveis hipotéticos de demanda e custos. umn ívelespeõífico de demanda de mãode-obra e, desse modo, um ponto sobre a curvi de demanda de mão-de-obra fixado pela estimativa di salário do produtor (que escolhe assimuma determinada Qepelo nível de dema nda esperada(que dêtermina o ponto pertinentedeZ,oponto de demanda efetiva). As curvas de oferta e de demanda de mão-de-obra são essencialmente desnecessárias: tudo está englobado nas curvas de oferta e demanda agregada" São, entretanto, de uso conveniente para ceÍtos objetivos.
CAPíTULO
ó
A Demondo Agregodo
I)emanda Esperada
e
Demanda Real
Na TeoriaGeral, aligaçãoentre a demanda agregada que consumidores produtores projetam cumprir (seus planos) e a demanda tal como espeÍam os produtores é estabelecida apenas de modo casual evago. Os que lamentamnão haver uma teoria da formação das expectativas de demanda estão com toda a razão, e não iremos tornar melhor a situação. Isso não significa que se deva banir da teoria a curva da demanda esperada e tampouco que os determinantes da demanda, do ponto de vista dos consumidores e dos produtores-inversorcs, não sejam de interesse. Os planos de compra se manifestarão em qualquer nível de atividade e emprego dercrminado pelas expectativasdosprodutores; eseas vendas resultantes estiveÍemem desacordo com as expectativas, estas serão posteriormente revistas. Em nada mais que umperíodo de produção, os planos ãos compradores e as expectativas dos produtores são iguais na teoria. Há, porém, uma diferença na relação entre consumo estimado e consumo e
real, de um lado, e investimento estimado e investimento real, de outro, diferença esta no nível de dificuldade enfrentado, na estimativa da demanda por um produtor de bers de corsumo e um produtor de bens de capital. Bens de consumo sáo adquiridos bastante regulãrmente (isso é mertoi verdade, naturalmente, para os duráveis, que hoje são mais importantes do que no tempo de Keynes), de modo que os produtores têmumfluxo contínuo deinformagões, sendo as suas expectativas de lucro testadas junto ao mercado quase continuamente. E o consumo dirige-se firmemente para os níveis correntes de atividade. Os produtores de bens de capital estáo antes na posição de tentar adiviúar as expectativas de longo prazó de seus clientes, para formar as suas
tt2 próprias expectativas dc curto pÍazo; a experiência Íccente pode não seÍ um bom guia. A única coisa que mantém este proccsso nos trilhos talvez seja que os principais bens de capital comuma expectativa de vida mais longa úendem a ser produzidos por encomenda. Os que lamentam que as demandas agregadas de Keynes - o consumo e o investimento - não cstáo enraizadas no comportamento microeconômico tambémÉmraáo, pois há problemas qup Kcynes evitou na urgência de criar uma autêntica teoria macroeconômica. E, na verdade, surpreendente a quantidade de trabalho realizado subseqüentemente, tanto nos fundamentos teóricos do consunx) e do investinrcnto, quanto nos estudos empíricos. Ao leitor podeparecerincorreto que escolhamos ignorara rnaiorpartedisso, mas há uma razão: quase úodo esse trabalho se baseia no cortpoÍtamento microeconômico (de fato, os planos e decisões devem ser formulados ncsse nível), embora, no caso específico do investimerúo, não baseado em quaisquer sólidos princípios microeconômicos (por uma boa máo), e não orientado no sentido da reintegração coma macroeoonomia. Atcoria macroeconômica tornou-se o modelo IS-LM mais o multiplicador-acelerador; estes modelos não foram materialmente afetados por esse volumc de investigação. Queremm considerar as coisas de nrodo umpouco diferente: necessariamente a umnível razoavelmente rudimentar, mas direcionado no sentido do esquema geral da teoria. E, assim, retornamos o assunto onde Keynes o deixou.
A Demanda de Consumo Como virnos no Capítulo 4, Keynes apresenta a propensão marginal a a unidade como urta "lei psicológica". Ateorit econômica dopós-guerra,na ânsia de fornnlizarpropostas econôrnicas,rchouinsatisfatórb esse argumento, ou a faltr delg ernborr, basicrmente, tal pmpostt só possa seÍ uma questão de critério. Ao tentarforjarumvíacub foÍe comoa princípios ée escolha, a pcsquisa sobre a teoria do consurno concentrou-sc rn motivaSo individual. As especificações rnicroeconômicas úo gueralizadas ao úvel agregado semexame Írmreshição, da mesma fornra como o são na teoria da denunda de moeda. Este procedimento nem senpre é legítimo: a irrclusão de variáveis de riqueza financeira é o exemplo mais evidente. Considera-se que os sucessores de Keynes não podemsercensurados: em toda a Teoria Geral,Kcyrws resvala entre agreg$o total, agregaSo ao nível do setor pertinente, e o nível completarnente desagregrdo. A sua discussão do consurlo é exce$o. IIií grandes dificuldades na agregr$o; a escolha de um consumidor representativo não podení ser tida como indiceção c'on{iável de consumo agregado, se a distribuição de renda mudar substancialmente. (A mesrna questáo surgiu no Capíulo 5 com as mudanças na composição da atividade produtiva.) cortsumo menor que
tt3 É esclarecedor, porén1 usar a teoria da escolha do consumidor paÍa analisar a relação entre consumo e renda de uma forma que mostre o vínculo entre a relação de consumo e as condições no mercado de trabalho, considerando representativa a unidade familiar individual. Fste exercício ocupa a maior parte da nossa aten$o. Mas comecemos relembrando como Keynes falou sobre consumo" Fatores Objetivos
e
Subjetivos
O método da teoria da escolha baseia-se num sistema de preferências que refletem gostos subjetivos, de que os compradores se servempara fazet suas melhores escolhas, sujeitas a alguma restrição objetiva. Asuave "frrnção de utilidade" encontÍa sua mais vívida réplica na lista keynesiana de "fatores subjetivos" que Íegem o consumo: oPrazer,o Imediatismo, a Generosidade, o Erro de Cálculo, a Ostentação e a Extravagância.l Pode-se presumir que estes fatores têm, semrisco de erro, raízes na "natureza humana" moldada por
uma estrutura social relativamente estável. Dessa forma, são os "fatores subjetivos" -tal como a renda - os principais responsáveis pelas alterações no nível de consumo. Entre os fatores objetivos, a renda é o que temapimazia. O resto são restriçóes: (1) uma mudança na unidade de salário, (2) uma muda.nça na diferença entre renda e renda líquida, (3) mudanças inesperadas nos valores de capital, (4) mudangs na taxa de desconto do tempo: a preferência relativa por um bem atual a um bem firturo, (5) mudanças na tributação e na política governamental de resgate de dívidas, (6) mudanças na renda futura esperada
comreferência à renda atual. Os fatores (a) e (6), embora muito caros aos pesquisadores de índole neoclássica, foram incluídos por Keynes mais por motivos de completação do que pela sua importância. Keynes considerava (6) incerto e variável demais sobre os indivíduos para tirar conclusões categóricas. Numa época de expectativas inÍlacionários, a necessidade de fazê-lo, senão a capacidade para tal, talvez seja mais premente do que no tempo de Keynes.2 Keynes considerava que o fator (4), púximo da taxa de juros, tiúa um efeito mínimo simplesmente por intermédio da preferência temporal, embora teúa conferido importância aos efeitos sobre o collsumo, resultantes de mudanças no valor dos ativos financeiros devido a altera$es na taxa de juros. Evidentemente, aqui ele está pensando no nível microeconômico, pois os portadores de bens mobiliários como umtodo não podem rcalizar gaúos de capital e gastaÍ os rendimentos; o afã de agir desse modo torna a demtbar os pÍeços desses ativos. Mesmo elevar o nível de consumo a partir da renda, quando os valores financeiros são assim elevados, tem apenas uma base microeconômica. O mesmo é verdadeiro para o fator (3)'
tt4 Observe-se, porém, o fator (2)! (Um lembrete: renda líquida não significa, como nos livros-textos de teoria macroeconômica, renda pessoal livre de impostos; mais exatamente, a distinSo feita é intencional: renda bruta menos cusúo suplementar). E inteiramente impossível as pessoas perceberem as mudanças no custo suplementâÍ, exceto quando se refletemnos rendimentos dos dividendos dos indivíduos. De modo análogo com o fator (5): embora um indivíduo perceba as mudanças ocorridas nos impostos ou nos tributos, a
mudança líquida agregada na política tributária será para ele de difícil compreensão. (Não obstante, mesmo a agregação de todos os consumidores não é suficiente para aqueles que, entre nós, sustentam seÍ o consumo afetado pelo reconhecimenúo de luuras obriga$es tribuüírias resultantes de uma política de empréstimo do governo tal que torne ineficaz as mudanças nessa política; eles devemigualmente teÍ que agregaÍ durante geraçóes). Aquestão do nível
de
agrega$o aplica-se mais agudanrcnte ao determinanüs
primordial, a própria renda. Pensando no úvel individual, poder-se-ia propor (como fizeramRobertsorq Hicls
e Samuelson) C,=f (Y,), pois só sepode gastar quejá se gaúou. Pensando no nívelagregado, osperíodos depapmento de salário se sobrepõeme são mais freqüentes do que os períodos deprodu$o (quetambemse sobrepõem); alémdisso,opactosalário/empregoéfirmado noiníciodoperíodo,de modo que C e Yseriam coincidentes. A tensão entre micro e macro também levanta a questão do papel da o
renda; deveríamos vêJa como urna restrição ao cortsumo ou simplesmente como um determinante? No nível individual, é apenas uma restrição ao consumo dos que nã o podem contrair empréstimo. No nível a gregado, será uma restrição apenas se for impossível o empréstimo eúerno. Para uma economia fechada, no entanto, a renda agregada estabelece limites ao consumo em circunstâncias de períodos normais de paz, quando o corrsumo resultante da
riqueza, através da deterioraçáo gradativa da riqueza, é raro, exceto em deprcssões proftrndas. Arenda futura esperada desempeúa umcuriosp papel aqui: permite-se que o capital se deteriore, se a renda (agregada) esperada e a demanda caem, rnas os indivíduos podem corsumir mais (através de empréstimos), quando a sua renda futura esperada se eleva. Ebastante claro que a hipótese implícita de Keynes era gue as unidades familiares fi zessempequenos empréstimos, querindividualmente ou como um setor, e isso era, em grande parte, verdade. O crédito ao consumidoÍ tornouse desde então muitíssimo mais importante, embora não tanto que converta o setor pessoal num setor de empréstimo líquido. Consumo, Renda e Oferta de Mão-de-Obra
Qualquer que seja o papel da renda, num ponto Keynes e os autores subseqüentes estão de acordo: o consumo "é, evidentemente, muito mais uma
115
função da (num certo sentido) renda real do que da renda monetá ia"(T. G., p. 91, grifo no original). O tratamento dos livros-textos padrões não revela nenhuma hesitação: "real" significa "em termos de produção"; renda monetária é convertida em "termos reais" (isto é, unidades de produção) através da divisão pelo índice de preços, ou possivelmente pelo índice de preços ao corsumidor, e esse é o fim da questão. A falta de confiança de Keynes nos índices de preço e de produ$o levou-o à formulação que é tão conveniente pelo lado da produção: o uso da unidade de salário (ou unidade de trabalho) como um substituto de produção. Keynes cor»eguiu o que queria a partir disso: a prova de que Zcrescia mais rapidamente do que D. Mas há pouca dúvida de que a especifica$o correta, de um ponto de vista conceptual, é a de unidade de produção: os consumidores querem os bens, e a restriSo à sua posse dos bens é a renda em termos de bens. Tudo mais é ou uma aproximação ou uma transformação da função original. A transformação de uma hipótese em unidades de produção para unidades de salário requer defla$o pela taxa de câmbio entre produção e trabalho, a saber, o salário real. Assim, se se presume que a relaSo entre consumo e renda real em unidades de produ$o é linear como na equação
co= a +
bYo
(6.1)
(o O subscrito indica unidades de produção), a mesma
firn$o emunidades
de
salário se apresentaria da seguinte forma:
7_-Co - a *5Yo v*-
*p-W.',p
A equaSo (6.2) só representará fielmente P for constante.
6.2,) a
hipótese "verdadeira" (6.1), se wl
Keynes, num alaque de fantasia, admite essa constância: ... A renda real de [um] homem subirá ou cairá com o montante do seu controle sobre as unidades de trabalho, isto é, com a soma de sua renda medida em unidades de salário; embora, quando o volume agregado de produto mudar, a sua renda real suba (graças à influência de rendimentos decrescentes) menos do que proporcionalmente à sua renda medida em unidades de salário. Como uma primeira aproxima$o, portanto, podemos admitir sensatamente que, se as unidades de salário se alterarem, as despesas de consumo correspondentes a determinadonível deempregomudarão,como os pÍeçrs,na mesma proporçáo...
(7. G., pp.9l-92)
t16 Nas três últimas
liúas,
ele propõe
qtePCJw, que (6.2) mostra
é invariável com relação a mudanEas na unidade de salário" Estas
C, liúas
ser
parecem contradizer a hipótese de rendimentos decrescentes levantada pouco antes. No Capítulo 19, ele admite, de maneira semelhante, que os pÍeços acompaúam as mudanças de salários deixando inalterados os salários reais. O que foi dito acima torna claro a hipótese necessária para que C-(Ir) seja
um substituto perfeito de Cr(Y): os salários reais fixos. Essa hipótese é restritiva demais paÍa a análise dos microfundamentos da demanda de consumo. Por isso, retornamos às unidades de produto. O que pretendemos demonstrar a seguir é o carátet preciso da interação entre a determinação da oferta de trabalho e os planos de consumo. Como estamos lidando corn a formação deplanos, a "renda" étomada como significando renda dasunidades familiares, e o papel da distribui$o da renda agregada entre estas, enquanto se ignora por oÍa a conta de salário, as emPresas, como lucro. Consumo eOferta deMão-de-Obra:Bxaminemos agora o processo de escolha pelo qual as unidades familiares poderiamdeterminar o consumo. Comecemos porum modelo em que se supõe que as unidades familiares façamplanos para umnúmero hipotético depossibilidades de salários e preços. AqualqueÍtempo, elaspodemterexpectativas de que úveis de salário epreço são maisprováveis,3 mas estas "estimativas pontuais" não entramna exposiSo, pois as,funções que derivamos devem valer para todas as eventualidades. Admite-se que a disposição de trabalhar é regi-da pelo desejo de consumir, de modo que a função de consumo e as curvas de oferta de mão-de-obra são determinadas simultaneamente, como mostra a Fig.6.1. Comecemos pelo quadrante esquerdo, coma escolha entre renda e lazer. As horas trabalhadas estão à esquerda do centro. N * indica certa quantidade máxima de trabalho fisico que é possível oferecer. A quantidade ótima de trabalho a oferecer -depende das prioridades e do salário real esperado. Os planos podem ser elaborados para toda a série de salários reais hipotéticos, seis dos quais são indicados pelas inclinações das liúas diagonais OZ'; i= l, '..,6. (A altura de cada liúa emÀl*dá a renda máxima que se pode obter a cada salário). As tangências com á'ilurvas de indiferença indicam a oferta de trabalho ótima da unidade familiar a cada salário real. O seu locus, a atwa de oferta de trabalho, é indicada por OÀI, e o nível da renda real dado Por este ótimo a cada salário Esies níveis de renda tornam-se úma restrição orçamentária de 135o no quadrante da direita, onde Co (fo) incorpora a disposição preferida entre cons'umo (eixo vertical) epoupánça. Esta apresenta$o ignora coisastais como se uma flutuação da renda é vista como temporária ou permanente, com os atrasos resultantes nos ajustes; é uma estrutura puramente e§táticâ. Somente
tt7 são mostradas as op$es de consumo pertinentes aos seis níveis ótimos de renda. A função de consumo é o locus dessas opSes" Esta fun$o foi estabelecida de maneira totalmente neoclássica e com referência apenas às situaSes de pleno emprego. Afinal de contas, é profrsito do processo de formula$o deplanos obtero rcsultado ótimo emfu nSo de parâmetros hipotéticos - nesse caso, prcços e salários. A fun$o de consumo, no entanto, tem uma aplicabilidade mais ampla; ela se aplica igualmente bem às situações abaixo do pleno emprego, tópico desagradável a que agoÍÍt voltamos. Desemprego e Consumo: Analisamos a op$o trabalho/consumo utilizando o procedimento tradicional de variar os salários reais hipotéticos. A outra maneira óbvia de variar a renda é manter Íixos os salários e variar o emprego, situaSo em que a oferta de trabalho ótima da família não é considerada. De fato, poder-se-ia sustentar que tanto a relaSo de consumo de Keynes quanto a asserção clássica da falta de impedimento ao pleno emprego se baseiam na reação postulada do comportamento de consumo quando o emprego aumenta: a posição clássica de que o emprego sempre se justificará nas vendas não é uma asser$o sobre o comportamento dos trabalhadores quando os salários reais mudam, mas antes sobre a sua reação a uma renda aumentada a partir de empregos com salários dados - isto é, começando numa posi@o à direita de OM, onde, sendo a desutilidade do trabalho menor do que o salário, o trabalho estará disponível táo certamente quanto no próprio Oflo. As famílias ainda devem fazerplanos de consumo, quer se possa ou não obter plenamente o úvel de trabalho desejado. Ateoria da opção de consumo declara que a decisão de consumo-poupânça depende da renda, independentemente de sua fonte em horas trabalhadas ou da taxa de salário. Assim, para a decisão de consumo, o fato de que a um salário superior poder-se-ia gostar de trabalhar mais do que é possível, dada a disponibilidade de emprego, não está aqui nemlâ.I-ogo,C o(Yo)valepara todos ospontos à direita de OM, assim como para os pontos sobre ele. Esta afirma@o pode ser considerada de maneira muito simples' Considerese o pontoÁ na liúa de salário OI^0. Arenda genda pela oferta ótima de trabalho a este salário, O{, pode tambem ser obtida a partir da combina$o emB: menos horas a um salárià superior. (Itá outra possibilidade emOY ,, não assinalada') A curva de indiferença emB corta a linha de renda. Se a desutilidade
marginal do trabalho é menor do que o salário, a inclina$o da curva da
indiferença é menor do que a inclinaSo da liúa de salário, como traçado. Apenas emD elas são iguais. D é um ponto de pleno emprego. Outras curvas de indiferença ao longo de OYu existem em úveis de renda encontrados inicialmente para combinações di,e salários e horas no pleno emprego. (Elas podemsertraçadas ao longodetodas as liúas de renda, naturalmente, mas isto desordenaria o diagrama.)
118
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119
Cada uma das inteneSes traçadas representa uma renda derivada do trabalho do número de horai oferecido pelas empresas: olÍDhoras produz a renda I/,, do mesmo modo que Yotambem foi produzida portrabalharMo horas quandob salário era inferiôr. Observe também que para os que estão empredepleno emprego: a me-sma renda §ados, a situaçãoB éprefeível à situaçãoÁ ã obtida por menos tãbaho. (Ao salário indicado por OY ra situação na parte superior do diagrama, D, serià, certamente, preferida a quálquer uma destas')
^
Consideré-se o consumo, quando o empÍego e os salários estão,como em B. A renda seráYo,embora Yuseja preferida. o consumo é dado pela_renda e pelas preferências'no ponto E e é Cn como quando Yfoi gerado poriY"o horas àe trabalho. O mesmo é verdade ern-todas as outras situa$es de subemprego formuladas - e não formuladas. O pleno emprego emOY rdâ a situação de consumo d umponto mais acima ao longo de uma firnção que é ina ltera da com a queda do pleno emPrego paÍa um ponto abaixo deste.
Novamente
alei
de Say
Poder-se-á ver mais facilmente a importância do resultado recémdemonstrado - que a posição da ltrnçáo de consumo é invariável em relação ao nível do empr"go - sã ignorarmos o investimento. (Isto simplesmente sjmplifica a exposiçãõ; o leitoi pode à vontade levar isto em conta.) A conseqüência é que os ôustoi de produSo devemsercobertospelas vendas aos consumidores/ trábalhadores, qui rgori são plenamente não apenas os custos.primários das empresas como o mercado para os seus-produtos. A contradtção bâslca e eviàente: os produtores queiem trabalho barato, mas consumidores ricos. O equilíbrio é alcançado no ponto da demanda efetiva. da oferta agregada cruze o pontoE (Fig' 6-2(a))' Supoúa-oi qu" u "u-a Sabemos que, a paÍir daí, ela sobe maisiapidamente do que Co(Y)' Assim, o simples fato de o cort§umo ser maior, em valor absoluto (compare+e F com E), nàojustifica que o emprego se expanda de modo que atinja F' Ele não é, por assim dizer, suficientemente maior.
Este resultado contrasta com ulrüt interpretação corrente: a de que se ao menos os prOdutores soubessem que o con§umo cresceria se eles Oferecessem mais empàgos, a situação de pleno emprego poderia ser alcançada. Esta idéia (associaàa iotadamentê a Irijoúufuud, 1968) encara a pÍesença do desemdecorrência da falta de informação, baseada na incerteza quanto p."go "o-o âs intencões dos consumidores. Não era essa a idéia sustentada por Keynes. Éiossível que a miúa primeira intui$o, que resultou falsa, fosse achada atraente por muitôs: eu pensava que deveria haver duas funçoes- de consumo,
de pleno emprego aóima da que representa"" -t- {9ma}9a com *U"*pr"go. 1'à imug"nipossibilita a interpreta$ô inconeta. Na Fig. 6.2(b), Cr"
ficando e
à
C,reiresãntamtais fúnçoãs,sendopostulado semprova
qu
eZ crtrza C n topontn
120
zc"
NU (b)
Figura 6.2
NE
tzt l["rque indica pleno eTpÍeg9 de.mão-de-obra. Se o empre_gose detémemNr,é afõnas poÍ causa do descoúecimento da possibilidade F. Esta interpreta$o contradiz a hipótese de que o consumo depende da renda, independentemente de sua fonte: de nÀ[ ao invés de w e.l{ separadamente. Observe-se que, na história da "informaSo imperfeita", admitiu-se a
existência de uma solução de pleno emprego sem prova. O restante da discussão, nesta seção, trata desta questão.
A derivação de C JY ) a partir de C o(Y) realça um ponto que Keynes, passagemcitada, não ievôu emconta ou talvezteúa passado porcima como complicada demais. Refere-se ao papel dos preços. Antecipando um Pouco o próximo capítulo, considere-se novamente a proposi@o que Keynes atacava a Leide Say. Segundo Keynes, a Iri (emsua forma simples, relacionada aPenas com o consumõ) só é válida se as fun$es Z e D (ou Z-e D) coincidem (não na
se cruzaÍL coincidem). Certamente a maneira como os teóricos clássicos falaram sobre a produSo como provedora da renda que permite a continuidade da produ$o sugeriria a
interpreta$o que Keynés lhe deu. Mas impor a sua estrutura foi um erro.
A
estrutura de Keynes se opõe à penpectiva dos clássicos ao dizer que, na verdade, a renda fornece os meios, mas o desejo de gastar deve também estar presente: a demanda é composta de preferências (ou propensóes), assimcomo uma restriSo orçamentária - e a propensão a consumir nã o crcscepari pasxtcoma capa.cidade de consumir. Isto é suficiente para liquidar "os clássicos". É duvidoso se alguém Loje eipressaria a frustra$o pré-keynesiana de Harrod ou Patiúin (ver o Capítulo 5) quanto à não identidade da demanda agregada e da oferta. Fomos educados de maneira diferente. E o argumento mudou: uma proposi$o não diferente da Lei de Say, mas baseada na demanda
ao invés da simples capacidade de gastar tornou-se um axioma largamente aceito, de que se ao menos os preços e salários fossem flexíveis, o pleno emprcgo se estabeleceria como a solução de equilíbrio. De acordo com este ponto de vista, é somente a igSdezdo salário e do preço ou as imperfeições-de algum tipo do mercado que são responsáveis pelo resultado de Keynes. E a existência da versão (neoclássica) moderna que torna a polêmica em torno da Iri de Say digna de discussão. A falha essencial do argumento clássico, uma noção defeituosa de demanda, foi conigida, mas isto não tem a veÍ com a idéia neoclássica de que só a rigidez de preço e salário pode manter a economia distante do pleno emprego. Observemos apenas o que é necessário Para o equilíbrio do pleno emprego. Emprimeiro lugar, a mão-de-obra deve estardisposta a produzirum produto que maximize o lucro a um salário real que rigorosamente esgote a sua disposição de trabalhar, e, em segundo lugar, osconsumidores e produtoresinvestidores devem estar inclinados a adquirir os produtos pelos pÍeços que a§ empÍesas esperavam que o produto fosse vendido.
122
AFig. 5.2 apresentou uma situa$o de equilíbrio de pleno empÍego em função de Z e D. Eles devem se cruuÍ exatamente no ponto onde Z deixa de ser dçfinido. Ora, sabemos pelos Capítulos 4 e 5, que cada ponto de Z implica umsalário real diferente, e sabemos, combase neste capítulo, que a fun$o de consumose a lteraquardoos salários reais se modificam. Portanto, o equilíbrio apresentado por estas condiç6es é um ponto único, não o equilíbrio neutro obtido ao se ignorar o aspecto de preferência da demanda. E desde que, além disso, a distribuição de renda implícita no ponto final de Z deve corresponder àquela inerente ao nível da demanda, torna-se extremamente claro que as condições necessárias ao equilíbrio depleno emprego são muito rigorosas. Não pode haver neúuma dúvida quanto à coincidência de Z e D em toda a sua exúensão: será uma sorte encontrar uma soluçáo de pleno emprego. A solução é tão improvável quanto as hipóteses que lhe dão origem: a perfeita flexibilidade de preços e salários. O que esta hipótese aparentemente inofensiva significa é não apenas que preços e salários podem se modificar, mas que eles mudam a ntes que quaisquer compromissos sej am assumidos com base em preços e salários "errados". Esta hipotese foi formulada por Walras, o fundador da teoria do equilíbrio geral, através de um sistema @em elaborado) de "recontrah6o", de modo que, se o pÍeço -ou o salário -úo é "correto"(isto é, úo equilibra o mercado) elepode ser mudado anies de qualquerproduto ser efetivamente produzido. O efeiüo destahipótese é abolir a ircnrteza inerente ao mundo do produtor e asseguÍar que o salário real obteúa o pleno empÍego. No mundo neoclássico, ou walrasiano, os preços e salários momentaneamente flexíveis podem obter o pleno enprego. Mas no mundo real, onde preços e salários não se alteram instantaneamente, Inas com o tempo, a produ$o se baseia na expectativa da demanda, não na certeza, e as expectativas estão baseadas, nurna certa medida, na história, não existe tal garantia. Este é, em parte, o úema do próximo capítulo. Consumo e Renda Náo-Proveniente do Trabalho As categorias impoÍantes derenda nãoprovenientes dotrabalho são ojuro, o aluguel e os lucros. Estas fontes de renda apresentamduas questões: (Í) o úvel apropriado de agreg$o (de novo), e (II') os efeitos da distribui$o de renda sobre o consumo, que foramtratados bastante ocasionalmente anteriormente A segunda destas questões temtido a maior divulgação naliteratura. A primeira tem rela@o com o tratamento setorial da agregação dispensado no Capítulo 3. Ela pode ser tratada de maneira simples.
Se o consumo for definido como o que as famílias gastanq então as empÍesas não podem consumir. Apenas as famílias obtêm renda do trabalho e só as empresas produzem lucros. A renda resultante de juros e os aluguéis
podem aumentar os membros de ambos os setores, mas não faria mal
t23 consideú-las como sendo principalmente renda familiar. Adivisão importante é entre lucros e o resto, e a nzão importante é que as emPÍesas controlam a distribui$o dos lucros para as famílias, e somente aos lucros distribuídos se aplica qualquer idéia de uma propensáo marginal a consumir. Os lucros retidos pelas firmas podem ser utilizados para financiar o investimento ou prover um frtndo de amorti zaçã o, ma ntido em ativos fi nanceiros, para cobrir o investimento de reposiçã o. Tanto quanto um custo suplementar é responsável, mas não igualado, pelos pedidos correspondentes de investimento de reposiSo, existe uma influência deflacionária indireta sobre o consumo, quando a diferença entre a renda bntta e líquida não se iguala à renda resultante do investimento (segundo fator objetivo de Keynes). Assim, os efeitos da participa$o do lucro sobre o con§umo têm a ver mais do que com diferenças nas propensões marginais a consumir por cau§a de diferentestipos de renda. Embora o efeito líquidopossa seÍexpÍesso poÍum mecanismo assim, ele implica a soberania do consumidor sobre a disposição de fundos que os consumidores, de fato, não controlam. O mesmo é verdade, em grau menor, para os juros e o aluguel que vão para a§ empresas. A Distribuiçõo da Renda
Há duas maneiras de ver a distribuiçáo da renda: pelo tipo de renda e pela magnitude ('distribuição pessoal"). Como indicamos, no final da última seção, as duas não são independentes. A renda média das famílias cuja renda consiste principalmente de juros, aluguel ou lucros distribuídos, é maior do que a das famílias que recebem quase integral-
('distribui$o funcional")
mente renda do trabalho.
Há razões paÍa supoÍ que as famílias de renda elevada têm uma propensão marginal a consumir menoÍ do que as de baixa renda, e há testemunho evidente para sustentar essa opinião. Assim, pode-se argüir que uma redistribuição de renda a partir da renda do trabalho no sentido da renda, digamos, de aluguel provavelmente diminui a propensão marginal a consumir naquele nível de renda. A fortiori um deslocamento no sentido do lucro tem este efeito, no que se refere a alguma parte do lucro (aquela que é reüda), uma propensão marginal a consumir zero. Se aprnc for diferente em diferentes grupos de renda, a redistribui$o de renda alterará a função de consumo. Pode-se ver isto na Fig. 6.3. A função de consumo Íepresenta o compoÍamento de dois grupos deindivíduos comrendas diferenúes. Observe-se que os que têm renda baixa, Y, têm uma pnc maior do que os que têm renda mais altl., YH. Se a renda agregada for distribuída igualmente entre os dois grupos, a renda agregada média ficará em { a meio caminho entre { eY, O consumo agregado médio, C,ficatá, a meio caminho entreCreC nouieja, numponto sobreuma reta entreÁ eB, emY. Compare-se
124
o
Y
Figura 6.3 obteíamos se Yfosseigualmente global, a renda média permanece
este nível ao montante de consumo médio que
distribuída. Mantendo-se constante
a renda
eleva-s_e, poÍque o baixa renda aumenta o seu consumo nurna proporSo maior do que o consumidor de renda elevada aumenta o seu. Quasetoda mudanEa nos preços, salários ou empÍego terá algumefeito sobre a distribuição de renda, ao menos porquetais mudanças nunca ocorremsimultaneamente em todos os mercados (de bens ou de trabalho). Mas pare'ce seguro sugerir que mudanças na renda devidas a mudangs no úvel de emprego, que tiram as pessoas do segurodesempÍego e as levam a níveis de renda consideravelmenté mais elevados,têmprovavelmenteumefeito redistributivo muito maior entrc os assalariados do que mudanças nos pÍeços ou salários. De fato, Keynes supuúa que os salários relativos erammantidos regularmente constantes devido à sênsibiüãadeda mão-de-obra emrela$oa eles; ébastanteevidentea importância das relatividades como uma questão de negocia$o' Mesmo se ocorremmudanças significativas nos salários reais relativos, é ainda uma questão empírica se a fun$o de consumo tem uma cürvatura suficiente pa:iafazer da distribuição de renda uriu questão principal ou não ou, na veÍdade, se a extensão da redistribui@o da renda é bastante grande que impeça a função de consumo de se aproximar de uma reta (cnm a pmc
Co(Y) em Y: o ponto D. O consumo médio (e agregado) cõÀümiaor
Oe
725
constante). É provável que a distribuição entre amplas classes de renda, inevitável durante a expansão no curto prazo, seja de maior expressão, mas se ela for de excessiva importância, os deslocamentos em C(i{) solaparão a exposi@o do Princípio de Demanda Efetiva no Capítulo 4. Evidentemente, Keynes persava que a função de consumo era perfeitamente estável" O Consumo no Longo Prazo Talvez uma razão para dar menor importância às mudanças de curto
pÍazs ta distribuição de renda conseqüente fosse uma cÍença implícita na estabilidade de longo prazo da piopensão a consumir-urna cÍença coroborada nos estudos empíricos do pós-guerra -, baseada, poÍ seu furno, numa expectativa de uma popula$o e uma e strutura social estáveis, nas quais a renda e o consumo poderiamcrescer gradativamente a umnível satisfatório e nele serem
mantidos. A hipótese de uma pofulação estável teria sido inÍluenciada pela experiência de taxas relativamente baixas de crescimento populacional -uma
XVIII e de l,3l7o to século XIX, caindo para 0,47 Vo nas dóra da s de 20 e 30 ; o que nã o repÍesentava um gra nde incentivo a o consumo de bocas extras a alimentar e de corpos a vestir e abrigar! Unla sensa$o de estabilidade social peÍpassava o mundo de Keynes, a despeito da guerra de l9l4-18, abrangendo uma impressão de um padrão estável de consumo. Este padrão era amplamente determinado pelas classes sociais e o consumo da classe trabalhadora estava esheitamente ligado à renda geral. Os bens duráveis, adiáveis emrela$o ao momento de sua compra e exigindo muitas vezes crédito, desempeúavam um papel nitidamente menos importante. Após a guerra de 1939-45,odesenvolvimento da teoria "keynesiana" foi média anual de 0,5L% no século
o seu maior crescimento populacional (taxas anuais de crescimento populacional, no século XIX, de27o a cerca de 3,570, sendo a média para 1949-75 duas vezes maior do que a taxa do Reinc Unido). Estas taxas de crescimento poderiam por si só ter sido suficient:s para desafiar a estabilidade da relação consumo-renda, mesmo sem os fatores adicionais, deliberadamente estimulados, da demanda de consumo observada por Galbraith (entre outros) e uma estÍutura social em que se mostmva muito "empenho em ter um padrão de vida igual ou melhor que os viziúos" (enfatizado por Duesenberry). transposto largamente para a América, com
O Trabalho Empírico Inicial sobre o Consumo: A tendência ascendente da propensão a consumir foi uma descoberta empírica, não teórica. As estimativas empíricas começâÍam a ser feitas quase logo que foi publicada a Teoria Geral. Estas estimativas se tomaram uma questáo de interesse político urgente durante a Segunda Guerra Mundial, pois havia o temor de «rúe a demanda caísse em
126 conseqüência da desmobiliza$o. o nível de consumo prognosticado era muito ,oroorio qu" o nível de demanáa queefetivamentese aprcsentou. Os planejadorcs políticos nafuralmente não ficaram desconÚentes com isso, tna§ o§ economistas ãificilmente teilam nzÁo para ficar satisfeitos; as sua§ estimativas sobre os
o dados de entre-grerras falharam de maneira impressionante ao predizerem rcla$o.simpleg de uma a utilidade em dúvida consumo de poJgrrerra, e isto pôs entre o consumo e a renda. eigrars variáveis fonm acrescentadas e "novas" úpot"*", forampropostas, alguimas das quais estão muito claramenteprcnunciadas na própria Teoria Geral. ,ti prim"iras ,oariáveis a serem consideradas foram a riqueza e os ativos ',inanceiros duranteumpeíodo líquidos: afirmava-se que o acúmulo de ativos r"rrdas fossemrazoavelmente elevadas, mas os bens de consumo não
"Àqr"u* estava financiando a demanda reprimida-pelas restri"*iiio."-aisponíveis, aeix"aas ielo período de guerra. (Era inteiramente justo incluir os ativos tães
ànanceiros
ni
troçao de coisumo agregado, enquanto as taxas.de juros
estivessemestabilizádas poruma questão depoiítica,pois as perdas dc capital, nessas circunstâncias, oáo u"o*pàúam as vendas em grande escala.) chamava-se também a atenção para o fato de que as estimativas que abrangiam um curto período de tempo, o que implicava u1 úvel positivo de co-renda zero, talvez não pudessemsersustentadas no longo prazo. "o*u-mo ot ajustes de curto e longo prazo do Apossibilidade de uma diferença
"ntt" compoÍamento de consumo àóvaria@es na renda foi prenunciada nesta (P. 97): passãgem da Teoria Geral
padrão habitual de vida de um homem tem geralmente prioridade em sua ,"nd., ele tende a poupar a diferença que se Patenteia entre a sua renda real " seu gasto às e as despesas de seu paárão habitual; ou, se ele ajustar de fato o
o
mudançasemsuarenda,durantecurtosperíodos,ofarádemodoimperfeito.
Assim,umarendacrescentese[aúcomfreqüênciaacompanhardeuma poupança aumentada, e uma renda decrescente de umaloupang diminuída' numa escala maior de início do que posteriormente'
Ahipótesedequeafirn$odeconsumodelongoprazodiferiadad,ecurto
prazo foi àefendida àmpiricamenrc. Kulets, em siufamoso estudo (1946), utiliro, médias móveis de dez anos de dados desde 1869 a 1938 e encontÍou uma fun$o de consumo de longo prazo da forma
CLo = bYo
umafun$osemnenhumaintercepta$osignificativaeumainclinaçãomais
acentuada do que as encontradat patà funçoes adaptadas a dados anuais' compreôndeu_se al'simque ima função de curto prazo da forma didática
t27 cso= a +
bYo
havia se deslocado para cima com o tempo. E, naturalmente, a série de obsenações se desloca para
a direita quando ocorre o crescimento secular, de modo que a regressão para o período como umtodo ficaria, de fato, "inclinada paÍa cima", como mostra a Fig. ó.4. Sugeriu-se que as mudanças se deviam a
fatos como a queda do setor rural, a redistribui$o secular da renda, e a introdução de novos produtos, mas a significa$o quantitativa desses fatores mostrou-se inadequada. A "hipótese alternativa" formulada por Duesenberry era, na verdade, justamente a proteção dos padrões de consumo propostos por
Keynes. Formalmente, Duesenberry propôs ser o consumo função da renda corrente e do seu pico precedente, de modo que os consumidores dele ajustam para baixo umquantidade menordo que o volume sugerido porqualquerqueda na renda
corrente (sendo o consumo mantido, como era, pela obsewação de um
nívelpróprio superiorepela esperança dese retornara ele),
mas eles
ajustariam
para cima completamente, quando a renda corrente atinge ou supera o seu pico anterior. Portanto, as partes peÍinentes da Fig. 6.4. são a funSo de longo prazo, que se aplica quando o pico anterior está sendo superado, e as funções de cuúo prazo à esquerda de Cr, quandoa renda corrente cai.
Há aqui urna conexão côh o papel da riqueza, pelo menos para o indivíduo, pois a busca da proteção do consumo no cuÍo prazo requerum ajuste planejado da acumula$o planejada da riqueza, e pode mesmo exigir o ato de não poupar. A hipótese da renda permanente de Friedman (1957) destina-se também a resolver a disparidade entre o comportamento de consumo de curto e longo prazo,a A hipótese, em sua forma mais simples, é que, com base na sua experiência passada, se considere o perfil da renda de longo pÍam e o padrão geral de ocupação dos outros, e, combase nesseperfil, se estabeleça umplano de consumo de longo prazo. Admite-se que os desvios da renda de curto prazo de seu nível permanente, chamados renda tra*sitória, sejam aleatórios e não afetem o consumo, que tambémtem um componente aleatório. Desde que as pessoas cuja renda transitória é negativa se achem deslocadas para a esquerda na escala de renda, enquanto o seu consumo varia aleatoriamente emtorno de seu nível permanente, e as que têmuma renda transitória positiva se desloquem analogamente para a direita, tambémsemumdeslocamento sistemiítico do seu consumo, a relação entre a Íenda Íeal e o consumo terá uma inclinação menoÍ do que a existente entre os componentes permanentes de ambos, que é a relação de longo prazo. O principal valor do trabalho empírico foi ilustrar a falta de estabilidade
da simples relação consumo-renda por consideráveis períodos de tempo. Seria aceitável, em muitos casos, replicaÍ que o longo prazo não era o que Keynes tiúa em mente. Tal comentário não apenas confunde o sigrrificado
r28
Figura 6"4
também ignora técnico de "lo ngo ptazo" com "um lon go Pfizo de anos", mas
se ocupa, em muitos pontos' com a§ prazo em ambos i*púiã",i à, suífunção de consumo formulada no longoCapítulo 17. Basta o aguardaraté deve os ientiáos. Umestudo áetalhado disso contÍa esperança uma ofereceu e-empírico teórico que o trabalho Oirtt tunção.de curto "qui projeção uma y*9 conduz. que a ;;;;ú-J";essimismo 9" desÀa projeção é uma estagnaçáo frãro puo á futuro - pois à conseqüência prazo. de - longo ú*'urpecto da teoria do consunro que, pelo que sei, nunca foi examinado seria de empiricamente e que, tendo em conta õ quã se árgrmentou acima' oonÍiu' de é se as diferengs sistemáticas no comportamento
o fato de qu"-Kôyn"t na verdade
-
Ã'na"
interesse,
com as -üdroçrr de renda resultantes de mudanças de il;;ü;;;;;rd" deste capítulo' ;ptd;, salários nominais ou pr"çó.. o trabalho noeminício relação à origem da nao ser invariáveis poaem ;. resultados il;ãã;; nrudança.s
Investimento I
oinvestimeniucoí§;ituiosegrndocomPonentedafirnçãodedemanda agregada.
t29
o tratamento da demanda de investimento, na Teoria Geral, tecr]*u muitas cíticas, nem todas elas, parece-me, bem aceitas. A teoria apiesentada pot Keynls é tal que pode ser tiatada de maneira simples, mas é, à meu ver, bastante fecunda. Ela depende da distinção entre á avaliação do capitai existente e o preço pelo qual o novo capital pode serproduzido lücrativamente, e entre a taxa de retorno do equipamento de capitai e a taxa dejuros -coisas que a teoria neoclássica muitas vezes confrrndé. A Decisdo do Produtor.' Por que um produtor deveria quereÍ
investir? considere-se, poÍ um instante, odiagrama familiar de curvas sucessivas de custo médio d19uú_o prazo, por exemplo, a Fig. 6.5(a) ou O). O movimento de srRÁc para srRÁc', obtido peloinveitimentol reprêsenta,'nô primeiro caso, uma reduSo dos custos primários, no segundo uma reduçâo dos custos compreendendo um aumento de produSo. Assim, p"*r*or, se a demanda estiver no nível Q por que o proãutor não investe? seu lucro aumentaria. A resposta é que o investimento implica custos não mostrados no diagmma, e que só serão ressarcidos se a demand] se mantiver emD durante u* páriooo de tempo, também não mostrado no diagrama. Este período de tempo "ã.to ânvolve necessariamente vários períodos de produ$o (estãs cobertos peia dura$o prevista do capital), e começa emalgumpeíõdo futuro, quando oinvestimento c.omeçi a produzir. E neste sentido_que o investimentoãepende das expectativas de longo prazo e é, portanto, independente dos úveis gerais de rãnda. os beneficios do investimento sãõ os lucros futuros diietamente impuúveis ao investimento; estes devem ser comparados aos custos gerais-do equipamento de capital e, em seguida, o resultãdo líquido alternativa de emprestar diúeiro1 juros ou com o do "o*puruão .rnpié.ti*o,"o*. ." ," "urto tiver que procuraÍ financiamento. o lucro advémno futuro; o custo temrelação como presente. As somas de dinheiro não podem,.no entanto, jamais serco'mparadasportempo, mesmo nos períodos de estabilidade de preços: o dinheiro hojeiale do qu" -uir 1pg"lã, poÍ causa dos usos alternativos que se pode fízer dele,se temos o dinheiro hoje. Especialmente, ele pode ier utiiizado para adquirir aiivos financeiros que rendam juros. se toO libras pudessem valer hoje 105 libras em um ano mediante o gaúo de 5% de juros, então 105 libras de lucro poderiam, em um ano, ter um valor atuar de 105 libras/1.05 100 libras: o = montante é descontado de 1 + r, sendo r a taxa dejuros. Se tanto ojuro quanto o principal foremreinvestidos, as L00libras valeriam 100libras (t.S)reinaois anos; assim, o fator de desconto para o diúeiro obtido a partirde áois anos s.erá (! + r)2, e assimpor diante. Sã supusermos que os lucrôs crescemno final de cada ano, então o valor atual de fluxo de lucios previsto durante o tempo de vida de uma máquina (z anos) que começa a pioduzir ganho no tempo
7 será:
(b)
Figura 6.5
131
tÍi
ê
àl"3
onde íÍ é o lucro. O valor residual, se houveÍ, é adicionado, descontado de (1 + r)'para obter o valor da máquina, a §eÍ compaÍado com o seu preço. Poder-se-ia fazm a comparaçáo por outro método, que, se §e espeÍa que taxa de juros seja constante, é equivalente. Comece, como antes, como fluxo previsto ãe lucros e o pÍeço do novo equipamento, P; mas, em lugar de àescontar o fluxo de luõrospela taxa de juros de mercado, ache e§§a taxa de desconto, d, que igualaÁ P*ao valor atual do fluxo de lucros; ista é' resolva a equação seguinte pata encontrar d:6 a
aoL
J[, -t?=t(7+r)'
Keynes chama de d a eficiência marginal do capital (emc)J Ela mede a taxa de ietorno deumgasto comovalorP*etema mesma dimensão da taxa dejuros. Se ela for maior que a taxa de juros, o retorno do investimento na máquina será maior do que o rõtorno de um empréstimo de uma soma equivalente à taxa de juros em curso, de modo que o produtor decidir,á em favor da máquina' Tudo isto é muito préciso e, naturalmente, o investimento se baseia num alto graq de incerteza. É muito duvidoso que qualquer empÍesa @ntinuaria inveúndo até onde d = r, embora seja isto que a teoria sugeÍe. Em primeiro lugar, é duvidoso que muitas empresas tenhamtantos projetos empenpectiva qri um deles seja marginal. E seria sensato levar em muita conta o risco. Êntretanto, se foisem empreendidos apenas os projetos que exigem cautela, é provável que o volume delnvestimento fosse de fato de pouc.a 1o1t1io instinto ãe jogo fornece um contnpeso à prudência. Na verdade, a visão de Keynes era de que o " animal spirlts" (ou "ímpeto empresarial") prevalece fundamentalmente na decisão de investir. O que expusemos acima é simplesmente a parte da decisão acessível à análise econômica.
"Finance" an Financiamento de Curto Pram:* Um aspecto tratado ats agora superficialmente foi a questáo do financiamento. De fato, ao sugerir que a alternativa para o investimento era o empréstimo do diúeiro,'admitiu-se implicitamente que a empresa possuísse bastante diúeiro patafazmtalescolha. A retenSo de gaúos tornou-se importante no financiamento do investimento: se as reten(óes dévem ser utilizadas, a taxa de juros mede o custo de opoÚunidade
*
o termo ,,finance" significa crédito de curto prazo criado pelos para financiar a
produ$o ou o investimento. (N' do T')
bancos comerciais
t32 envolvido na liquida$o de bastantes ativos financeiros nos quais estes frrndos foram colocados para realizar o investimento, ou pelo menos iniciá-lo, contandose com os lucros fufuros para o restante do financiamento necessário. No final da vida útil de uma nr^áquina uja emc seja pelo menos igual a r, terão sido gerados fundos suficientes para a reposi$o do equipamento (se esta for desejada) e pam proporcionar lucro aos acionistas (igual a P") à taxa de juros do mercado. E, no entanto, t pi* do setor de negócios como um todo ser um tomador líquido de empréstimo. Se a empresa se propõe a financiar o seu investimento através de empréstimo,ataxa de juros representa o custo do capital. O retorno do investimento deve ultrapassar r (pelo menos um pouco), a fim de gerar suficiente capital para saldar o empréstimo e pôr a empÍesa em condições de fazer novos empréstimos, se desejar substituir o equipamento. Vale a pena salientaÍ que nem a depreciação nem os custos dos empréstimos se incluem no cálculo da emc. Somente os custos diretamente associados à compra e opera$o do equipamento são incluídos. Anecessidade de prevenir-se para reposiçáo ou reembolso esüá implícita na comparação de emc com r. Igualmente implícita está também a hipótese de que, quando os lucros se capitalizam, eles são investidos em ativos financeiros (à taxa de juros corrente) até que sejamnecessários, no tempo n, para financiar a reposição, ou são utilizados para amortizar o empréstimo. A primeira hipótese se aplica ao uso de capital interno, a última aos empréstimos. Para fixar idéias, consideremos alguns exemplos numéricos. Por exemplo, ur rnáquirn com urür vida de quatro anos, rendendo 100 libras ao final do primeiro ano. O seu valoratual a l0Vo é de3l6libras. Supoúa que o projeto seja marginal, isto é, o preço do equipamento seja tambémde 316 libras. Se a empresa utilizar os gaúos retidos paÍa comprar, ela pode reinvestir o capital (lucros) quando estes se capitalizarenq obtendo 100libras (1, + r)3pelo produto doprimeiro ano, 100libras (L + r)'?,pelo dosegundo,e 100libras (1 + r),pelodoterceiro,como se mostra na Tabela 6.1. Adifereng entre a receita total e a despesa inicial, L48 libras, fica disponível para distribuiSo aos acionistas. O juros deLOTo sobre 3L6 libras, acumulados durante quatro anos, dão 148,80 libras, o que demonstn que (excetuando erros de anedondamento) a distribuição potencial é equivalente à taxa de juros que os acionistas poderiam obter das 316 libras no mercâdo aberto. A empresa fica então aperus com o diúeiro suficiente para substituir a rnáquina e repetir o processo. Será igualmente lucrativo pedir emprestado ao banco ou noutro lugar 316 libras, se o contrato permitiro pagamento do principal e do total dos juros no final da vida da máquina. A empÍesa deverá investir os lucros à medida que eles se capitalizam, se quiser liquidar a dívida. Alternativamente, um contrato mais realista pode ser feito com o banco
onde o empréstimo é continuamente amortizado. A Tabela 6.2 ilustra este sistema. Todos os lucros são pagos ao banco. Ojuro é de 10% do saldo devedor.
133 O restante fica disponível para pagamento do principal. No último período, os juros restantes e o principal podemser liquidados, ficando umpequeno resíduo resultante do caráter aproximado do cálculo.
Tabela 6.1 Ano Lucros (II)
1
2
3
f100
,100
[ 100
10
11
Juros sobre II1 Juros sobre il2
10
Juros sobre II3
4
Total
t100 t400.00
t2.1 11 10
33.10
2t.00 10.00
Í.464.10 §.3t6
Desembolso
316.00 1148.1 0
Tabela 6.2
0
Ano
1
2
3
4Resíduo
J100.00 1100.00 f100.00 J100.00
Lucros
31.60 24.76 17.24 68.40 5.24 82.76
Juros Reembolso do
7
8.96 89.60
Principal
Principal
f316.00 247.60 t72.36
89.60
f.t.44
Pendente
Agregação Tendo estabelecido os princípios gerais que noÍeiam a parte analisável das decisões individuais, é necessário prosseguir para determinar o investi-
mento agregado.
A
transição não é simples. Há dois problemas:
a
heterogeneidade do capital e o cálculo do preço de oferta do capital. A heterogeneidade não causa neúuma dificuldade séria. A emc calculada para cada projeto e para cada empresário (pois não hánzÁoparasuporque todos os empresários teúam a miúa opinião sobre as penpectivas deumprojeto) pode ser classificada em ordem descendente; umvolume de gasto em investimento associado a cada valor da emc pode então ser determinado e disposto segundo o
t34 valor da ernc. Assinç na Fig. 6.6, projetos avaliados em OÁ libras têmumretorno previsto deZsVo,projetos que valem/-B libras têmum rctorno pÍevista de l5%,
êassimpordiante.Seataxadejurosforde llfio,seráhtcrativolevaracabotodos osprojetos incluídos emoB. os Íestantesrúo§eráo.Dessemodo,aigualdadeentre emc e r determina a demanda de investimentos.
Para o empresário individual os projetos eram avaliados ao preço de mercado. No úvel microeconômico, poder-se-ia supor que o preço de um equipamento novo fosse facilmente determinado, e a demanda de uma empresa náo ãfetr.i, tipicamente a materialidade do preço. No úvel agregado, isto não é verdadeiro: o prcço do equipamento de capital será afetado pela pressão
exercida sobre ós fornecedores de bens de capital, cujo preço de oferta naturalmente sobe com o volume de encomendas feitas. Ou pensemos da seguinte foÍna: uma gÍande quantidade de equipamento de capital para a empresa individual pode ser fornecida dos estoques. Mas, para a economia em seu conjunto, isto não pode ocorrer. Em média, com o passar do tempoo as encomendas devem ser atendidas por nova produção. Se ãstivéssemos apenas preocupados com o equilíbrio, não haveria neúum mal em utilizar o preço de mercado do equipamento de capital como medida de valor; mas, para uma função geral, projetada para valer também em situa@es transitórias, a medida pertinente não é o preço de metcado, mas o preço de oferta - o que os que demandam bens de investimento devem oferecer aos produtores desses bens a fim de que os bens sejam produzidos. - O preço de oferta dos bens de capital é (se nos atemos aos rendimentos decrescentes) uma função de inclinaSo ascendente, seja para uma empresa ou no agregado. Por conseguinte, o preço de ofeÍa do capital depende de quanto capital esú sendo demandado (no agregado), e a curva agregada deve levar isto emconta, mesmo que as empresas individuais não o façam-de fato não podem. A lacuna lógica revelada por este fato é inevitável e não pode ser preenchida
por nada menos que a integral exposição dos planos de ambos os lados do meÍcado. Vimos este problema, no último capítulo, e propusemos tratar dele aqui da mesma maneira: simplesmente observando exatamente o que está envolvido e dizer que é ir função agregada o que se quer. As empre§a§ podem subestimar os custos de seus planos de investimento §empÍe que a oferta ou a demanda de bens de capital se alterar.s O mal-estar de alguns leitores neste ponto poderia ser suavizado ao consideÍaÍ a hipótese bastante :,t ,zoável de que os fornecedores de bens de capitaltêmuma idéia precisa do nívelprovávelde demanda e conseqüentemente fixam as suas quotas para as empre§as, caso em que os PÍBços cotados e os preços de oferta de capital não são incompatíveis. Os fornecedores de bens de capital devem, afinal de contas, ter uma visâo futura da dêmanda do seu prãduto. Na verdade, se a hipótese de previsões exatas de demanda, formulada iro Capítulo 3 de Keynes, fór utilizada, esta se verifica naturalmente, embora
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extremos sejamnecessários apenas para uma coerência lógica absoluta que
ninguém tem o direito de esperai em rira"roe"onomia. Quando os nrodutores de bens de capitar avaliam realmenúe, de maneira correta, a demanda de investimento, a côncretização de suas condições de gferta no plano de demanda de investimento agregado significa que a Deve-se observarquepode-sepreverque a expansão de tmdeterminado tipo de equipamento de capitat diminua a ãrnc deise equipamento, no nível macroeconômico, por duas nzÁes: (I) mais equipamentó iàplica uma produ-
So maior,
mas o produto só pode ser vendidó a da oferta de capital aumenta.
pr.ço, -"nàr"r; (II)
ó preço
Objeções
Ateoria do investimento acima exposta foi objeto das quais são dignas de menção:
Q
de muitas críticas, três
que êla não,eguia
(IIj que
", "xpectativas; ela adota uma taxa de juros constante, e (II) (decididamente o pooà -ài, i.mlorgnle) gue ela determio, .p"nu. . â"ànâ, poru*a mudança no estoque de capital, não uma taxa de mudança no tempo. . E claro que a obje@o referente às expeãhtivas é perfeitamente correta e bastante compatível com o métod o da Teària Geral; ios capítulos iniciais, as expectativas de lucro de longo prazo são tidas como dadas e, mais tarde (no capítulo L7 da T. G.), elas segueú rumo previsto para elas quando o l 9 se acumula e diminuem._Mas não é explicádo, em momento ãlgum, como ""pitos produtores as formulam.Isso foi suficientepara mostÍaras sras õ*eqüências. Posteriormente, _ acelerador-mas
é claro, foi enxertadã no sistema de Keynes o p;rr"çio semque se examinasse a possibilidade de o princípio poãer se visto como um modelo de ajustes das expectativas dos produioré. resposta a uma inesperada varia$o da demanáa. "A r"g,rnda obje$o também é correta, quando aplicada ao cálculo da emc. _ .. EvidentemenÍe, se tivermos que compaÍa t a emc â axa de juros corrente, ignoraremos a possibilidade de varia$ei fu turas a essa taxa ã primeira vista uma estranha justaposiSo com o caráter de expectativa do fluxo dó lucros. o método de valor atual evita a necessidade de limiÍar a taxa de juros a um valor constante: uma- série tgmporal de taxas de juros esperadas no filfuro, r,,,,i=l,...n,pode ser
do
usada para descontar o
fluxo de lucros. Isso temsido considéIado uma vântagem da abordagem do valor atual sobre aquele utilizado pela Teorin Geral" Não é, porém, uma questão de importânciaàbsoluta levar em conta as taxas dejuros variáveis. Se quisermos {azê-lo,isso dependení não só do fato de que as taxas dejuros variem significativamente no úorizonte pertinente do
tempo, mas também da forma de financiamento
escolhida.
-
t37 o c.álcllo deKeynes se aplica perfeitamente ao investimento financiado por um empréstimo a juros fixos contraído no início e vigorando durante a vida útil da nr,áquina. Neste caso, a hipótese de juros fixadoJnão causa absorutamente neúumprejuízo. Nãosão os cálculos maisadequados noambienteatual: as novas emiss6es de títulos de juros fixos durante os últimos dez anos tiveram insignificante importância. As empresas não sedispuserama levantarempréstimos a taxas que variavam com a irúla$o e se voltaramlxln os empréstimós banciírios. As variaSes futuras das taxas de juros seúo obviamente importantes, se o
financiamento for financiado por um crédito de prazn menor do que a vida da
máquina, pois o custo de "rolagerni' do empréstimo inicial é inicialmente descoúecido. Seúo importantes tamberq embora emgmu menor, se a emprcsa estiver utilizando lucros retidos para financiar o projeio, pois os lucros retidos como um fundo de amortiza$o para substituição de equipamentos devem ser reinvestidos e os rendimentos previstos. o mesmo é verdadeiro para o financiamento através da venda de novas aSes, embora na prática os dividendos variem muito facilmente para constituir um déficit nos rendimentos de juros. Aterceira objeção é a mais interessante. Foi apresentada primeiramente _ g.r^r_*.y:]To (1960) _e retomada, entre ourÍos, por Witte lieO:;, Minsky
(1975) e wells (1965). o argumento é que o cálculo da ern c esta'b erecetmnível desejado de estoque de capital - e, dado o úvel exisúente, também a mudança desejada no capital -, mas o investimento tem a dimensão de um fluxo: a taxa de mudança por ano. Se a eficiência marginal exceder r, a mudança setá positiva, mas a taxa de mudança é indefinida. Este argumento ignora não apenas a regula$o temporal do fluxo de _ lucros, mas tambéma dimensão temporal inerente aó preço da oferta. Aúltima tem_relação paÍicularmente no nível agregado. porcáusa da eleva$o do fator de desconto à medida que o tempo se estende ao futuro, um projeio digno de ser empreendido hoje não valerá a pena se for adiado. comparé-se o valoi atual dos_lucros de quatro períodos, de 100 libras cada, começando no final dos períodos 1,2,3,4 e 5, como mostra a Tabela 6.3.
Tabela 6.3 Lucro do Per'ndo
Valor atual
].a4 2a5
f316
3a6
f262
4a7
f238
5a8
f217
Í288
138 Se o preço do capital for fixo, é evidente que, se valera pena fazer o d"rr".iu ser efetivado de imediato paÍa que o flixo de lucros investimento, "1" tenha início tão depressa quanto possível, de preferência imediatamente. O preço do capital recém-fornecido não é fixo, contudo, e, mesmo que .e ignoró o tlmpo dô instalago e de iúcio de funcionamento, o investimento
No imeãiato só será possível, se ó equipamento estiver disponível emestoques. Jrr"l -u"ro""oriô-i"o, por conseguinte, o investimento momentâneo é impossível; alguma demanda de inveslimento será atendida a partir da produção corrente", onde o preço está relacionado positivamente como volume fornecido por período.Setortscolhida uma datã de entrega muitopróxima, 9 eqlipl'-.ríto só podeú ser fornecido poÍ um preço consideravelmente mais alto do qu" t" fotàuao ao produtor uropr.zo -áior até a entrega, devido à necessidade é possível ao áe pagar hor"s extãs. À medidi que a data de entrega se alonga, os custos caso nesse mesmo mas mão-de-obra, mais contratar forneõedor aumentarão, devido aos rendimentos decrescentes de curto prazo. Numprazo ainda maiol à medida que os fatores se tornam cada vez mais variáveis e o ae aumento da ificiência melhora, o preço da oferta pode cair. Assim, totencial
pod" h"rr"rrma conciliaSo entÍe a necessidade de lucro inicial e a vantagem de um custo mais baixo. AFig.6.7 ilustra este ponto para o curto prazo' O diagrama^da esquerda apresenta icurva de oferta dã indústri. de bens de capital' O primeiro s egmento é'elástico, indicando que em média o volume s, do bem de capital está disponível, em estoque, a cada período. Depois disso, as encomendas devem ser'atendiáas pela piodução conente a um pÍeço de oferta crescente' A soma total do inveitimónto é' 1,,. É, impossível fornecer este montante com os o estoques. Se o total de,Ir, àeve sei fornecido no final de um só período' atual valor o indica direita da diagrama O preço. sàu como cota fornêcedor { de quatro de Id, fornecido ein datas prôgréssivamente afastadas, até o final do pV termos os acnitaúr árjo o empres , P., e p.rioOo.. No fim do períoáo i ^fornecedor.
para O investímento deixa de valàra penã se a entrega é transferida é maior pedido preço o caso, pois, nesse peíodo, segundo do do final depois ào!u" o urloratual. Ã cotações do fornecedorpara entrega no final doperíodo
da suposi$o d" qu" a produ$ó da encomenda se distribui uniformement" pàto oúrrr".o p"ttio"nt" de peíodos' Desse modo, I'r!u
i ,J.utt"*
entie O e Id r; Iàrftca a um terço áo caminho' e /oa um quaÍto' "qiiiai.t"ot" pode-se ver que, rà'u du*" da ofertà cresceu mais acentuâdamente, de ga inic ial maneira qu e SP" cartaPV de cima para baixo, as cotações para a entre seriam recusadas.
SesurgirumalacunapositivaentrePVeSP*eosempresáriosestiverem
aleÍas, o roi'u*" de investimento crescerá até q.uda lacuna seja eliminada. Se SP.rriirtar PVde cima para baixo (e cortar apena§ uma vez), os empresários ãpfoueit.rao a primeira opoúunidade para investir lucrativamente, apesar do
139
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140
fato de PYexceder progressivamente SP"em direção à direita da interse$o, devido ao temor de competi$o dos outros êmpresários. Desse modo, enquanto o investimento for impelido na direção do ponto onde a emc se iguala a r (ou PV = SPx), haverá wa taxa determinada de investimento agregado.e Se, por outro lado, o volume total de investimento for/,, só a compra de estoques será lucrativa. Tal investimento, quando se verifica, se dá então a uma
taxa "infinita", validando assim a objeção de Haavelmo, mas, em nível macroeconômico, este caso é irrelevante.
Expectativas
Atabela de eficiência marginal relaciona investimento à taxa de juros dadas as expectativas de lucros futuros. Mas o que, então, determina as expectativas? Keynes ficou impressionado com a natureza subjetiva de sua forma$o e com a necessidade do "animal spirits" e do instinto de jogo para a ocorrência real do investimento. Os levantamentos das intenções de investimentolo são uma indicação do estado geral de otimismo ou pessimismo, mas ninguém sabe realmente o que provoca flutuações nas percepções dos homens de negócios quanto ao futuro. Essas flutuações de expectativas são fundamentais para a explicação de Keynes das flutuações na economia como um todo: um colapso da confiança (um desvio para a esquerda da função de demanda de investimento) precipita a recessão, e as políticas para restaurar a confiança, como veremos, são a chave para restabelecer a atividade e o emprego. Essas expectativas não podem estar tão estreitamente ligadas ao fato quanto as expectativas de demanda sobre as quais os planos de produção estão baseados. Aprodução é vendida continuamente, ao passo que não sepode saber plenamente a lucratividade de uma n,.íquina até que a vida destã acabe. É evidente que, entrementes, podem ser feitas estimativas, mas isso não altera a proposi$o básica de que muito tempo deve transcorrer antes que as empresas teúam uma idéia da sensatez ou loucura de seus empreendimentos. E este lapso de tempo que dá tal força às mudanças subjetivas de atmosfera e opinião na determinação do investimento. Os produtores de bens de consumo constantemente submetem as suas expectativas ao teste de mercado de um modo que não é possível aos produtores de bens de capital. O horizonte de expectativas dos investidores leva emconta a considerável independência da confirma$o ou falsifica$o das expectativas de curto prazo. Se se está construindo uma usina de energia nuclear, as variações ano a ano na demanda de eletricidade não nos fazemabandonare retomar o projeto. Por esta razão, foi possível a Keynes analisar a determina$o do prodüto e do
emprego com base no fato de que as expectittivas de longo prazo eÍam fornecidas e independentes dos resultados de atrto praza.
t41 A Fvidência Empírica:Íiuença geral que para o investimento a taxa de juros é irrelevante. Os estudos de Hendersón (tO:S; e Sayers (1940) foram os primeiros. Respondendo ao questionário deles, os homens de negócios afirmavam que a taxa de juros tiúa, por assim dizer, pouca inÍluência em suas decisões de investir. Posteriormente a prova ecãnométrica não foi mais estimulante. ates, po,rém, de abandonar a idéia, considere quão difícil é captar tal influência. E bastante problemático perguntar a um homem de negócios que infl uência poderia ter a ta x a de jur os, sendo tudo m a is c on s tan te, quando esse "tudo mais" são estimativas de lucro sumamente incertas. Além do_fato de que o retorno esperado deve incluirumconsiderávelprêmio de risco sobre a taxa de juros, mesmo que marginal, a maioria dos invãstimerrtos não será marginal" . O pesquisador de econometria não está em melhor situa$o. Ele investlga-ess9 problema das flutuações cíclicas quando tanto a emc quanto a oferta de fundos (ou a taxa de juros) estão variando. considere o que ere poderia obsewar. Em primeiro lugar, é razoável supor que os ftrndoJinternoi serão avaliados abaixo dos fundos externos, de modo que há uma descontinuidade quando as empresas devem procuraÍ financiamento externo. Suponha que a
oferta de fundos internos e externos apresente uma inclina6o ascendente ê que as empresas sempre que podem utilizam financiamento interno. Considere.a_goÍa quatro fases de um ciclo: (1) mudança para melhor, (2) . crescimento rápido, (3) queda de atividade, (4) recessão. podir-se-ia esperar que o investimento fosse positivo, mas pequeno na mudança pu.u rn"iho., aumentarrdo à medida.que a capacidade excessiva seja esgotádina mudança para melhor e diminuindo quando o nível de atividade déclina, tornando-se talvez negativo na fase (4) d o ciçLo. Aemc, medida no ponto médio de cada fase do ciclo, poderia se deslocar como na Fig. 6.8. (A rela$o entre estes níveis úem ape-nas a inten$o de dar uma idéia geral.) Enquanto isso, a função de oferta de fundos sF está quase certamente se deslocando. uma descrição aproximada do comportamento cíclico desta fun$o indica o seguinte: na fâse (1), os estoques de ativ-os líquidos são abundantes e crescentés em viúude da rápiaa acumulação de frrndos internos. os pagamentos de dividendos são baixos, as margens de lucro elevadas e os lucros aumentam. Tudo isto indicaria que exclusivamente os fundos internos bastampaÍa financiar o investimento e que a fraSo da curva dos fundos externos é irrelevante. Na fase (2), os gaúos retidos se nivelaram e os saldos dos ativos líquidos estão em'declíni;. (os fundos internos estão sendo utilizados mais rapidamente do que repostos.) A fraÉo da curva dos fundos internos está se redulindo numa exiensão absoluta. A inclinação da fração externa de sF aumenta à medida que os emprestadores se tornam menos líquidos e o custo dos fundos internos é também considerado mais alto. os frrndos internos diminuem ainda mais na queda da atividade e
t42
\l
Figura 6.8 podem ser recuperados na fase (4), quando os estoques se esgotam e a máo-deôbra é despedida. Os fundos externos se tornam mais baratos' o resultado líquido é uma falta de qualquer relação sistemática eltre o investimento observãdo e as taxas de juros: os níveis e taxa§ observados da Fig. 6.8 são dados pelos pontos 1,2,3,4.
Notas A necessidade de consumir para sobreviver não parece ter ocorrido
a Keynes.
Asurpresa com o comPortamento da taxa de poupang na infla$o inglesa da décadã de 70 ilustra minha(s) idéia(s). ver Bulkley (1981) e referências citadas por ele. Por exemplo, num período de estabilidade, eles podem esperar que os preços e salários de amanhã sejam os mesmos de hoje. sua defini$o de consumo obedece ao esquema da 'durabilidade" (Tabela 3.1), mas este coniraste com a defini$o não é importâote para os presentes obietivos. (E importante de outras.maneiras.)
A
goy"'
Esta questão fervilha sob o efeito da minha cítica à reinterpreta-ção-qY: trijontruftua fazem de Keynes. ver chick (1978), Clower (1965) e trijonhufvud
(1e68).
143 Há soluçóes múltiplas, que podem ser enfadonhas. Ver Johnson (1971, pp. 38-9) para um exame simples. Este nome talvez não seja feliz, pois fomenta confusão entre dois conceitos, a eficiência marginal do estoque de capital (que, em princípio, pode ser medida para qualquer nível de estoque de capital) e a eficiência de um acréscimo do estoque de capital existente. Pergunta-se como surgiu a confusão: o contexto, acréscimos à margemdoestoque decapital,historicamentedado, éclaro oomoágua. No Capítulo 17, onde a hipótese de curto prazo é relaxada, e permite-se o acúmulo de capital, o primeiro conceito enha em jogo, mas apenas na medida em que os dois conceitos dão o mesmo resultado.
Aimakopulos (1971) considera o preço de oferta do capital como a introduçáo de alguma inflormaso expostn fun$o de investimênto. Isto talvez seja mais fácil de admitir num único nível, mas desloca a teoria no sentido de um esquema de equaçóes simultâneas. 9
Uma curva de financiamento ascendente teria o mesmo efeito.
10
Por exemplo, pelo Financial Times.
cnpÍuro
7
O Mercodo de Trobolho: Keynes Versus os Clóssicos
O estudo dos microfundamentos da demanda e oferta agregadas, nos Capítulos 5 e 6, demonstrou a conveniência técnica de suporumdado nível de salários nominais. Entretanto, o uso dessa suposição é perigoso, pois pode levar o leitor a aceitar a crença muito sustentada de que a persistência, e até mesmo a existência, do desemprego se deve a uma suposta rigidez de salários. A idéia de que a Teoria Geral se baseia em salários fixos é flagrantemente incorreta. Se este ponto não é evidente a partir do título do Capítulo 19, "Variações nos Salários Nominais", corsidere que, se os salários fossern Íixos, não haveria necessidade de dar-se o trabalho de utilizar a unidade 1iÍ o É9É
&ü
o (e.é medido entre dois pontos sobre curvas diferentes). Euma alta de preçós se toán uma necessidade, se as empresas quiserem manteÍ a sua
se o máximo se toíxa eftcaz116 condi@o úo sindicalie a alta dos preços virá em seguida. subir zada, os salários devem As empresas só podem, no entanto, conceder aumentos de salários, se têmlucros excedentés e acreditamque permitir que os lucros sejamerodidos pela concessáo de um aumento salarial é melhor do que uma-greve; ou (II) se u demanda cresçâ, o que permite que os preço§ altos subam ainda ã.p"r"* qu" -história pós-guerra da eóonomia britânica, coúecemos por.-experi-âir. Nu ência própria u-á gnnd" quantidade da situa$o (II) e algumas a.1 (). Acãracteístiôa da situa$o (I) é que os salários se elevamreagindo a uma expectativa de demanda crescente, sendo as expectativas mantidas, no fim das co'ntas, pelos trabalhadores. Se expectativassemelhantes foremmantidaspelas empre.ãs (nada garante que sejam as meslna§ ou que qualquer das partes intéressadas esteja certa), temos a situação (II). Com exceção das mudanças exógenas na demanda privada, há duas fontes de demaurda que âs emPÍesas podem antevel, se elas concedem o aumento salarial. Primeiro há o apoio a consumo devido ao próprio aumento dos salários, nas mesmas bases redistributivas que as indicadas no Capítulo 6, rnâs agora na dire$o positiva. Os efeitos indiretos sobre a demanda, que ocupaiam Keynes no Capítulo 19, são mais problemáticos; não seris sensâto
situa$ô. De igual modo,
o
contaÍ com eles. Se estes efcitos bootstrap fossem tudo com que as empresas pudessem contâr, um aumento salarial seria verdadeiramente um risco. Os salários devem ser pagos antes que teúam muita chance de inÍluenciaÍ a demanda, embora alggú possam ser gastos antecipadamcntc, attavés do crédito ao consumidoJ. Mais direto, no êntanto, é o fato de que a§ Êmpresa§ não podem BspemÍ que a demanda de seus próprios ploduto§ cÍesçá.como resultad.o das rendas maiores de seus próprioJempregados e não se arri§cama dependet do aumento simultâneo do§ saftrios daJoutra§ emPresas, e proporcionando assim a renda agregada necessária a enftentar a demanda. Menos precária, entre Beveridge6 e a Sra' Thatcher, eÍa a peͧpectiva de apoio governamental à demanda para proteger o nível de ernprego" Até récentemente, isto tem sido acessível pelo menos âté c€rto Ponto, quct â cau§a do ladô da demanda ou do custo. (O desemprego pode sempre Àer ãncarado como umproblema de demanda insuficiente, seja qual for a causa principal.) se se pode contsÍ com o governo paÍa compensar
inicial do descmprcgo estivesse
"controleda demanda", as empresas têmmenos razáo para opor-se aos aumentos salariais. Se o governo compensa rigorosa' ós custos mais altos atràvés do
309 mente, €*= l, € O e e, = 1 (Devido ao fato de haver nruitas empresas, cada qual produzindo"=uma série restrita de produtos, ainda permanece o problema de que a demanda pode não atingir aquelas cujos custos aumentaram. O controle da demanda não funciona tampouco para as empresas cuja demanda é oriunda sobretudo do exterior.) A dificuldade é que, depois de certo tempo, a "ratifica$o" governamental das reivindicaçôes salariais começa a serprevista não apenas pelas empresas, rrlÍts também pelos trabalhadores, que podem conseqüentemente harmonizar as reivindica$es. Nesse caso, uma teoria das mudanças nos Preços e no produto não funciona muito ben5 pois os trabalhadores esÍio calculando (estimando, ou prevendo) o quepodemconseguir das empÍesas e estas estão avaliando as reaSes dos compradores e (fundamentalmente) da política governamental. (A natur.eza do processo se torna ligeiramente menos clara, quando as negociaçôes começam comumvalorque incoÍpora uma alta de preço, de forma que o acordo paÍeça ser o resultado e o governo pode adotaruma liúa dura da qual se esquiva quando surgemas conseqüências, esperandopela burla atenuar a elevação salarial.) Se os sindicatos se arriscamemdemasia eas empresas julgammal, então
e-> l,e.< 1, e,> l.Emborasejaperfeitamentepossívelincorporarestesfatores no enfoque de Keynes, a teoria dos jogos poderia oferecer uma estrutura melhor. A estrutura de Keynes é mais apropriada, quando a perturbação aparece devido a uma mudança numa única quantidade esperada (por exemplo, na demanda ou nos custos) e que não é dificultada pelas partes pertinentes que blefam e apóiam a previsão uma da outra.T E, contudo, pelo menos um alívio não haver nada nela qrte impeça a compreensão da jun$o de desemprego e inflação.8 A estrutura funciona bem em compaÍação com a que nos fornece o modelo IS-LM , que só prediz os aumentos de preços, quando há excesso de demanda de máo-de-obra ou uma
ofeÍa excessiva de moeda no pleno emprego. Outra escola,e que pretende (com fundamento, mas não paÍicularmente neste ponto, penso eu) ter origem na Teoria Geral,afirma que a teoria de Keynes é de que os preços dependem dos salários acrescidos de uma percentagemfixa sobre o custo do produto, de modo que os pÍeços aumentam apenos quando os salários sobem, quer o§ salários aumentem em resposta a uma demanda excessiva de mão-de-obra, quer de maneira autônoma. Pode-se dizer que a teoria dos preços de Keynes se baseia em dados razoavelmente dignos de confiança e em acréscimos percentuais variáveis sobre os custos do produto, dependentes da demanda esperada. Os custos dependem da tecnologia e dos preços da mão-de-obra e das matérias-primas. Na situação atual (década de 80), as razões tecnológicas são insignificantes ao lado da incerteza que ceÍca os salários e os preços das matérias-primas. Para explicar o estabelecimento dos preços, nesta sifuação, seria necessário formar
310
uma opinião sobre como se formam todas as expectativas pertinentes;
a
estrutuÍa de Keynes serve apenas para tornar evidente essa necessidade.
keços no Longo kazo Fora dos limites do cudo prazo, as funções de custo podem se deslocar
e as restriSes de capacidade podem ser superadas, quando projetos
de
investimentos passados começam a se desenvolver. Num prazo ainda mais longo, as normas sociais quanto à jornada detrabalho ou a composi$o da força de trabalho podem sofrer alteraSes e haverá varia@es na taxa de natalidade; esúes
fatores afetarão a situação da curva de oferta de mão-de-obra.
Os períodos de expansão econômica sustentada são quase sempre acompade mudança técnica: as recompensas à simples ampliaSo do capital aumentando a quantidade dos tipos de capital já existentes - são menos fáceis de
úados
-
sustentar sem um estímulo exógeno à demanda (por exemplo, crescimento populacional). Desse modo, num período de expansão susúentada poder-se-ia espenr que os custos baixasseÍr\ quando novas técnicas substituemai antigas. É possível assim baixar o preço de oferta e obter o mais alüo volume de demanda necesúrio para chegar ao nível de produ$o ótima para o novo equipamento. Coincidindo este período comum afluxo de força de trabalho, os aumentos salariais serão moderados, reforçando a tendência de queda dos preços. Como força de contraposição há a elevação moneúria que acompanhou o investimento e que não será compensada até o final da vida útil do estoque de equipamento corrente, quando deve haver novo investimento com uma demanda equivalente de novo crédito, ou pode haver uma queda brusca, e (persando em termos de uma oferta de moeda estável como a norma) uma redução emMcomo reembolso ou cancelamento de crédito pendentepor atraso ou falta de pagamento. Tudo isso é excessivamente simplificado, ignorando o processo de financiamento gradual analisado no capítulo anterior. Considerando uma alteração definitiva no volume de investimento na situação de curto prazo, é possível permitir-se ignorar os efeitos da oferta de
moeda sobre o investimento. Mas na situação de uma exparsão que é sustentada por qualquer período de tempo, é provável que a oferta de moeda aumente significativa mente. Os efeitos detal aumento dependemde o
diúeiro chegaratéos mercados
financeiros ou de se refletir apenas numa eleva@o da demanda (monetária). Para analisar os efeitos de uma elevação moneúria sobre os preços ou a produção tudo que é necessário é introduzir outra elasticidade,
eo= dlogDl dlogM;
(15.e)
a rea$o da demandalo às mudanças emM,e então prosseguir como antes.
311
O efeito de M sobre D tem três componentes: O a propor$o em que o diúeiro novo é absorvido emM, ouMr, (II) o efeiüo da taxa de juros associado à absor$o emMr, (III) a elasticidade dos juros do investimento. Desse modo, é possível que e, seja igual a uÍÍ! tanto emrazão detodo Ált[,do ponto de vista
teórico-quantitativo, participar deMr, como para o "mecanismo de transmissão " ser o camiúo de Keynes através de (II) e (III), com M, desempeúando um papel meramente passivo. (Esta idéia é desenvolvida no Capítulo 18.) Se eo = 1, os efeitos de uma elevação monetária sobre os pÍeços e a produção dependerão, como antes, das condiçóes tecnológicas e do mercado de trabalho. Para que a proposi$o teórico-quantitativa dlogPl dlogM = | se aplique numa peÍmanente economia de produção (ao contrário de um univeno estático-comparativo em que todos os valores monetários são alterados da noite para o dia), não apenas eodeve ser igual a 1, mas também e odeve ser igual à unidade. Os requisitos de curto prazo para que e,seja igual a' 1 são bastante rígidos, mas no longo prazo a mudança l6cnica e o crescimento populacional podem sobrepujar as pressões crescentes do curto prazo sobre os preços. No outro extremo, se e, = 0, uma eleva$o emM nãotetâ absolutamente nenhum efeito sobre a demánda. Este será o caso, se (I) todo o diúeiro for mantido inativo ou (I) o investimento for inelástico em relaSo aos juros. Poder-se-ia sensatamente espeÍar que e, ficasse comumente entte zeto e um. Compreender-se-á que, numa expansão sustentada, elevações monetárias sucessivas agirão no sentido de aumentar a demanda monetária e, portanto, de modo geral, os preços e a produção. As influências monetárias atenuarn, desse modo, parcial ou totalmente, a necessidade de baixar os preços para vender o maiorvolume, o que é mais vantajoso para os novos equipamentos ou as instalações ampliadas; simultaneamente elas opõem a tendência a baixar os preços resultante da mudança técnica e ampliam a possibilidade de êxito dos projetos de investimento. A conseqüência para os preços é, natural-
mente, incerta. ... a relaçáo de longo prazo entre a renda nacional e a quantidade de moeda dependerá das preferências pela liquidez. E a estabilidade ou instabilidade dos preços no longo prazo dependerão da força da tendência ascendente dos (custos) comparada à taxa de crescimento da eficiência do sistema produtivo. (r.'G., p. 30e)
A Curva de Phillips Realizar uma discussão sobre mudanças de preços sem mencionar
a
curva de Phillips poderia pareceÍ ao leitor absolutamente estranho; desde
312 meados da década de 60 os economistas que analisam a inÍlação lançam mão
desta ferramenta. Há várias razões para eu não a haverutilizado. Fundamentalmente, não creio que ela se destinasse a isso.ll Em segundo lugar,- penso que ela foi não entendida como uma explicaçáo, na crença de que o modelo de Keynes fato ao deve se p9Í sua-vez, tinha qualquer explicação pui, o. preç-os, 9 qle, de a ofirta à a obténSúo lucro terãm ficado fora da versão IS-IMde Keynes. Aligação da curva dL phittips (na inÍerpretação dada porlipsey) coma IS-LM para"eiplicar os preços (oú oi salárioi) assemelha-se, para *iT: L repoÍ a§ uitu-inã, na farinha refinada e chamar a produto de "enriquecido". Finalmente, o enfoque sobre as elasticidades de Keynes deixa 9!ry nam o usuário a necessidade de formular um número nzoável de hipóteses sobre a situa$o do mercado de_ trabalho, o volume le.capital e a "*firi.", hisiória recente da acumulação de capital e de moeda. Acurva de Phillips é uma forma reduzida, compatíveicomas tàorias da pressáo dos custos e da demanda e as teorias monetaristas da inflação. Como uma forma reduzida, ela tem o atrativo da simplicidade, mas é neis6 própria simplicida-de que reside o perigo
de se considerar tão-somente os fãtores do mercado de trabalho como determinantes dos preços e/ou salários.
Os monetariitas enfatizam o fato de a çuÍva original de Phillips particularizar uma rela$o entre o desemprego (que. represtÚa a amplia o
àrrocho ou o afrouxame'nto nos mercados ãe tiabalho) e os salários nominais em lugar dos salários reais, desse modo - como eles diriam - introduzindo a ilusão"monetária na conduta do mercado de trabalho. Eles aconselham a acrescentaÍumtermo de expectativas de preEos para corrigir a situação. Tudo isto está muito bememcircústâncias como ai do final da década de 60, quando as expectativas de preços se tornaÍamum elemento vigente no estúelecimento dos dos salários, *ur pouóo Íazpara restabelecer as expectativas de demanda adequada primazia e não é melhor do qle.a curva de salário "*pr.rator phillips .o l"rri em conta, de modo explícito, varia$es na noàinal de "msua capacidade ou naJtaxas da expansão monetária' Notas A derivago de (15.5) segue Friedman (1972), p.931' Há aqui uma hipótese implícita de homogeneidade da força de trabalho. Ver o Crpítulo 4.
e é a elasticidade
do emprego em rela$o à demanda em unidades salariais.
que
nossa análiie d-as unidadeisalariais no Capítulo 4, pode-se ver vez e é idêntico a 1, contanto que Z-passe pela origem, ou, mais exatâmente' uma origem' a com alinha se q'ue ela não poá" ." aproximar ãã origem, Z.
ii"i;ú;;J;"
3t3 Friedman (1972), pp. 930-31, está certo aodizer "As elasticidades são simples-
mente definiçóes; a fórmula que as liga ... é um truísmo resultan[e ... das identidades". A análise começa com a equa$o (15.5); ela não termina aí. O leitor pode julgar por si mesmo a divertida avalia$o de Friedman: "Considerar (as elasticidades) como 'suporte teórico'das hipóteses de Keynes sobre o nível de preços é o mesmo que considerar a equaçáo (a + b)2 = a2 + 2ab + ó2como suporte teórico da lei da queda dos corpos". Dever-se-ia acrescentâr, para completar, a impossibilidade da obtenção de matérias-primas. Seus dois Relatórios: §egaro,Social eServiçosá,flns" denovembrode1942,ePleno Emprego numa Sociedade Livre, de 1944, exerceram influência na obtenção do
compromisso do governo britânico com uma política de pleno emprego. 0 Employment Act de 1944 representava um compÍomisso semelhante por parte do governo dos Estados Unidos,
Para uma exposi$o da pobreza da teoria moderna em explicar a atual fixa$o dos salários, ver Wiles (1973); e a teoria "modema" é muito menos flexível do que o enfoque esboçado aqui.
exposi$o deste problema de uma forma facilmente transposta para estrutura de Keynes, ver Chick (1973b, pp. 1a0-1a5).
Para uma
a
Esta escola pode ser representada pela obra de S. Weintraub (ver, por exemplo, 1es8). Keynes diz "demanda efetiva" (7. G., p. 305), mas D deveria referir-se à demanda agregada esperada. 11
Estou convencida pelo argumentodeDesai (1975), que sustentâ que a curva nãodiz respeito ao domínio do tempo: a tecnica de Phillips "não corresponde'às flutuaSes cíclicas e retrata a rela$o entre a taxa de mudança dos salários e o nível de desemprego independentemente da orientação com que enfocamos cada nível de deseTprego. Ao fazer observaçóes em tomo de seis níveis representativos deutàl qlrc U é, em média, zero dentro de cada uma das âmostras, a curva de Phillips dá a relaçáo típica entre úe U, quando o nível de Utiverpermanecidoporalgumtempo em seu nível representativo - um fato raramente observado no domínio do tempo. Upsey (1960), em cuja interpretaçáo se baseia toda compreensão da curva de Phillips, apresenta uma justificativâ para os resultados de Phillips, que está no domínio do tempo e é, assim, diretamente aplioável às circunstâncias do mundo real mesmo durante um curto peíodo de dados.
O leitor deve consultar Phillips (1958), Lipsey e Desai e chegar à sua própria conclusão.
cnphuto I ó
FlutuoçÕes Cíclicos
Os Ciclos em Dois Contextos
A frase, de aparência inócua, da abeÍura das "Notas sobre o Ciclo de Comércio" (?. G., Cap.22) irrdica a radical diferença entre o enfoque de Keynes e o dos escritores clássico e neoclássico:
Visto que sustentâmos ter mostrado, nos capítulos precedentes, o que determina, em qualquer tempo, o volume de emprego, segue-se que, se estamos certos, a nossa teoria deve ser câpaz de explicar os fenômenos do Ciclo C-omercial.
(?. G., p. 313) Para Keynes, o Ciclo Comercial era parte integrante da experiência econômica, algo a ser compreendido no mesmo quadro de referência que, paÍa sua satisfação, explicava, de modo geral, o nível de emprego e a produção- Para um."ooomi.ta ciássico ou neoclássico, as flutuases cíclicas eram desvios da norÍna, aberra@es temporárias. A explicaSo deles tem por base identificar o
que, entre as rela@es econômicas normais, se desviara. Encontravam-se explicações distintas, como, por exemplo, algo no nexo moeda/crédito perturbando as rela$es normais entre a produtividade e a poupança. - Dessa fõrma, a teoria do Ciclo Comercialpoderia servista tainbémcomo contribuindo para a separação da teoria "monetária" e a do "valoÍ" ou "Íeal", o que Keynes deplorava. Para ele o sistema monetário era um fato sempre prósente âa vida- econômica, um fato com conseqüências reais, às vezes desagradáveis. Fundamentalmente, no entanto, a diferença pode ser encarada como a separação, no pensamento clássico, entre o longo prazo e o§ eventos que eÍam
315 considerados desvios temporários sem neúuma conseqüência para as carac-
teísticas do longo prazo. O ponto de vista de Keynes era diferente: embora implicitamente acreditascomo os economistas clássicos, numlongo prazo essencialmente esúvel, não só o nível de bem-estar econômico que se podia obter, mastambéma velocidade com que se chegava a ele eram alterados pelo rumo tomado no sentido de tal condiSo" O longo ptazo eÍa o resultado de uma sucessão de curtos prazos. As depressões, portanto, eram desastrosas não apenas devido à miséria padecida na época, mas pela demora, causada por deixar os recursos inativos, na obten@o de um melhor padrão de vida.l Havia quem defendesse a idéia de se evitar as depressões mediante o combate ao excesso de otimismo. Apresentavam razões no sentido de que se detivesse o suÍto antes que ele tivesse ido longe demais a ponto de criaÍuma reversão das expectativas devido à decepção dos otimistas excessivos. Keynes investiu contrã eles por c.ausa do deciínio social, preferindo, em vez de uma elevação desestimulante na taxa de juros, se,
quando o suÍo está em curso, baixar a taxa de juros para promover continuidade dele. Para Keynes havia um objetivo:
a
Eu mesmo estou impressionado com as grandes vantagens sociais do crescimen-
to do estoque de capital até que ele deixe de ser escasso.
(7. G.,p.325) O ciclo comercial era um obstáculo a esse objetivo, e tudo que poderia ser feito para estimular o pleno emprego devia ser feito. Eram estes os resultados que ele considerava: Na verdade, é bem possível que a manuten$o aproximada do pleno emprego durante um período de anos esteja associada, em países táo ricos como a GrãBretanha ou os Estados Unidos, se admitida a atual propensão a consumir, a um volume de investimento novo tão grande que levaria conseqüentemente a uma situa$o de pleno investimento no sentido de que uma renda bruta agregada superior ao custo de reposiSo não pudesse mais ser esperada numa estimativa razoável de um incremento adicional dos bens duráveis de qualquer espécie. Além disso, esta situação poderia ser alcançada em tempo relativamente curto - digamos vinte e cinco anos ou menos.
(7. G:,pp.323-4)
Ciclos Comerciais Em 1968 realizou-se emLondres uma confeÍência sobre o tema "Está o
Ciclo Comercial Obsoleto?"(Bronfenbrenner [1969]). Nela conclui-se que
31,6
não. Mas o fato de que tenha havido dúvida é uma indicação suficiente de que a sensação de regularidade que dera origem inicialmente à descrição dos "ciclos"não era mais segura. Acreditava-se geralmente, na década de 60, que a interven$o keynesiana havia banido os ciclos. Keynes escrevia tendo na lembrang a experiência do século XIX. As
flutuações desse século forambastante regulares e se caracterizavam também
pelo fãnômeno da "crise" - um súbita ruptura no auge precipitando um ãcentuado declínio. Uma intensidade semelhante não foi vista, quando o declínio se transformou em recuperação. Eram estes os fatos que Keynes procuÍou encaixar na estÍutura de sua Teoria Geral. Diante disso, é improvável que a tarefa seja bem-sucedida. A Teoria Gerql contémuma teoriaêstática desenvolvida e os primórdios de uma análise dinâmica do multiplicador. De onde se origina a explica$o dos ciclos? Não se pode esperar umfteoria abrangente num capítulo intitulado "I'{otas sobre o -Ciclo Côm".cial,,, mas é interessante observar Keynes manipular suas idéias no contexto cíclico e poder contrastar o seu enfoque com os posteriores (entretanto, trataremos apenas ligeiramente disso). A análise está estruturada emtorno das conseqüências de determinados fatos materiais, resporsáveis pela regularidade do ciclo, e aspectos psicológicos, importantes na crise. Algumas Regularidades Comecemos com uma queda de investimento novo em equipamento de capital causada por uma queda na eficiência marginal do capital, cuj a tazáo, poi enquanto. deixamos de explicar. Espera-se que a demanda caia e -se não poroutra causa que a diminuição doinvestimento-ela de fato cai. Dessemodo, ã expectativa se confinru e as emPresas decidem economizar. Há quatro tipos de capital, quatro espécies de investimento, implicados nessa compressão de despesas e na retomada subseqüente: o equipamento de capital (intêiramente de longa duraçáo) e os três tipos de capital correspondentes aos três estágios de produção: as matérias-primas, o trabalho em curso e os estoques de bens acabados. Se a recessão for profunda, o problema fundamental será a depreciação
do equipamento de capital. Não o desgastamos no sentido fisico, mas permitimos que se depiecie com a simples manutençáo para-conserváJo produtivo. Alguns equipamentos serão deixados totalmente inativos, quando ã produção cai devido à diminuição da demanda. (O multiplicador está agora agindo no sentido negativo e o con§umo, assim como o investimento, é afetado.)
Com o fluxo de caixa oriundo das venda em declínio e os custos fixos sempre os mesmos há uma nece ssidade urgente de reduzir as outras formas de
3t7 capital. Mas o trabalho em curso ainda está sendo terminado - a produção declinou, nãoparou totalmente-demodo que oestoquedebens acabadospode inicialmente se acumular, dada a queda da demanda. As encomendas de matérias-primas serão drasticamente reduzidas. Eventualmente o volume de trabalho em andamento é compatível com novos níveis de demanda e a produção
eo
estoque de matérias-primas estão no
mínimo. Se a recessão for profunda, eles permanecem nestes níveis até que transcorra mais tempo, enquanto o equipamento de capital se deteriora ainda mais. Quando até mesmo o baixo nível de produ$o, característica da depressão, não pode ser mantido com o capital existente, o investimento de reposição provê o estímulo para a retomada. Pode-se entender por que a depressão pode ser tão mais longa e mais regular do que o auge, e como o aspecto do ciclo vaiará coma durabilidade do capital. O leitor pode calcular o curso provável do restante do ciclo. Keynes não está apresentando aqui nada de novo. A importância desta descriSo é indicar a base física dos eventos psicológicos e financeiros. Estes últimos, não estando ligados ao desgaste material e aos fatos da liúa de produção, são muito mais transitórios. A regularidade do ciclo é atribuída aos fatos fisicos, a crise, e poder-se-ia dizer o começo do ciclo, à subjetividade e à inconstância potencial da eficiência marginal do capital.
Eryectativas e Crise É na explicação da queda da atividade econômica que Keynes se põe contta a teoria então dominante, que tendia a ver os ciclos em geral e a crise emparticularemtermos da taxa dejuros. Ora, oinvestimento éfunçâo dopreço de oferta de capital, da taxa dejuros e das expechtivas de longo prazo, e Keynes admite que a eleva$o dos dois primeiros, como urna melhoria da renda,2é desestimulante pârâ o investimento. E, porém, para um colapso da eficiência marginal do capital que Keynes dirige a sua atenção. E aqui que a brincadeira começa, pois a emc, com relaçâo a isto, pode §e referir a uma de duas coisas. Um problema (vejo-o como um problema) não analisado nos Capítulos 10 e 11 diz respeito âo tratamento que Keynes dá à demanda e às ações que não dão dividendos fixos e ao equipamento de capital, ambos em termos da eficiência marginal do capital.
Anzão disso, supoúo,
é que a renda esperada da posse das ações que
não dão dividendos fixos está relacionada com os lucros esperados. Nos Capítulos 10 c 11 os dividendos foramtratados como lucro, porque o tema era o interesse destas ações parâ os poÍtadoÍ€s de títulos. Do ponto de vista da empresa, no entanto, o cusúo do empréstimo attavés da emissão de direitos é representado pelo preço das ações. Uma queda nos lucros esperados, que são os componentes-chave da euc, baixa os prcços das ações que não dão
318
dividendos. Do ponto de vista do impacto sobre o investimento, uma queda na emc eqvivale a uma elevaSo na taxa de juros. Opróximo capítulo entra emdetalhes emrelação aoporqueeles deverão ser tratados separadamente, mas isso pode esperar. O importante para o propósito do momento é que não está claro se, na opinião de Keynes, é o colapso dos preços do mercado de títulos ou as expectativas de demanda de longo prazo dos empresários que causam realmente a dificuldade. Um trecho alude claramente às expectativas dos produtores: A desilusão surge porque
de repente nasoem dúvidas sobre a oonfiabilidade dos rendimentos possíveis, talvez porque os rendimentos atuais apresentam sinais de queda, quando o estoque de bens duráveis recem-produzidos aumenta regularmente. Se os custos atuais de produção são considerados maiores do que serão posteriormente, essa seú uma razÁo adicional para uma queda da eficiência marginal do capital. (7. G., p.3r7)
Nesse trecho, está condensado um mecanismo aceleÍador rudimentar. Noutra parte, porém, a culpa é do mercado de ações: É da natureza dos mercados de investimento, sob a influência de compradores em grande parte ignorantes do que estão comprando e de especuladores mais ocupados em prever a próxima mudança do sentimento do mercado do que com uma estimativa razoável dos rendimentos futuros dos títulos de capital que, quando a desilusão se abate sobre um mercado excessivamente otimista e comprador, ele caiú com ímpeto repentino e até catastrófico. (7. G., pp. 315-16)
Uma nota de rodape ao tÍecho acima Íesolve esta questáo: ... embora o investidor privado raramente seja responsável direto pelo investimento novo, no entanto os empresários, que são diretamente responsáveis, considerarão financeiramente vantajoso, e muitas vezes inevitável, aceitar as
idéias do mercado, mesmo que eles mesmos estejam mais bem informados.
0 colapso dos
preços do mercado de útulos tem Íepercussões ulteriores:
uma mudança desfavorável na prope.nsáo a consumiÍ e um aumento na preferência pela liquidez por causa de uma incerteza ampliada. A primeira deprime ainda mais, de forma direta, a demanda e a segunda redunda numa diminuição do desejo de emprestar que impede uma queda salutar da taxa de juros e pode até provocaÍ a sua altâ.
319 O rumo que a taxa de juros toma depende da demanda de fundos. Keynes
afirma que ele subirrá. Talvez imaginasse que a queda da demanda de financiamento para investir fosse contrabalançada pela tomada de empréstimos de emergência, quer da parte dos empresários ou dos especuladores do mercado de títulos. A direção absoluta da taxa dejuros é uma questáo de detalhe. A questão essencial que Keynes deseja ressaltar é que é o colapso das expectativas de lucro, não uma elevação da taxa de lucros, que, em sua opinião, dá origem à crise. Nesse ponto ele contrapõe o enfoque monetário do ciclo comercial à sua conclusáo política: que uma política de taxas de juros mais baixas é suficiente para dar início à recuperação. A demanda de investimento é uma função de duas variáveis, a emc e a r. Ela é (na opinião de Keynes) uma função invena de r, de modo que, em princípio, não há nada de ruir numa política de taxas de lucros baixas como ummecanismo estimulador; é verdade que a função tambémse deslocou para a esquerda, provavelmente a umâ distância suficiente para anular qualquer efeito da taxa de juros. E, enquanto isto, o movimento no sentido da liquidez torna sumamente difícil pôr em pr.ítica uma política de baixas taxas de juros.
A descri$o do comportamento do mercado de títulos, baseada em exllectativas mais inconstantes e intensas do que as que os produtores provavelmente tênr, assim como Bs flufua@es n emc, acÍescenta grande significa$o ao argumento de Keynes, dirigido a umpúblico comulna viva lembrança de 1929. A queda das atividades econômicas, no entanto, nã,o depende das desilusões do mercado de títulos. O fator de elevação dos preços da oferta no curto prazo e o fator de emc declinante no longo prazo, quando o estoque de capital sobe por um período considerável, seriam suficientes, embora o resultado da ação desses fatores provavelmente não cause impressão. A contribuição específica do aspecto financeiro étrarsformaruma queda gradativa da atividade econômica numa crise aguda. Interaç õo Multiplic ador -Aceler ador Quando se srparàmanaliticamente as influências "reais" das financeiras (embora re coúr.cendo a sua simbiose), é possível uma avaliação por contraste
da mais comum e simples explica$o do ciclo: a teoria do multiplicadoracelerador. A teoria moderna do ciclo comercial é muito mais rica do que os modelos si'nples que têm esse nome, mas se ajustam ao nosso propósito, que ácomparàr e contrastar uma teoria comum com a estrutura de Keynes. Samuelsonviu em seu famoso artigo (1939) o seguinte: o multiplicador estava muito berq mas não explicava aquilo a ser multiplicado, ou seja, o investimento.
324 Formalmente, era este o seu modelo:
C,= a'Y,-,
I,= =
(16.1)
p(C,- C,.r)
0Ê({-, -Y, ).
(16.2)
Com o gasto governamental estabelecido em 1, a definiSo
Yr= Cr+
It+
(16.3)
G,
e as duas equações anteriores dão:
Y,=1+
cr(1 + p)Y,-r-aBY,_,
(16.4)
Este modelo tem várias características interessantes. Ver-se-á pela equa$o (16.1) que a função de consumo é do tipo microeconômico, dos fundos empresúveis. Sup6e-se que o investimento seja uma função dos úveis atual e passado da demanda final: o investimento é empreendido para produzir bens de consumo. Em rela$o ao esquema apÍesentado no Capítulo 14, no entanto, o investimento atual é decidido combasenumúvel dedemanda que talveznão possa ser coúecido: C, e 1, são coincidentes. As expectativas dos produüores, sejam de longo ou de curto prazo, estão visivelmente ausentes. Estas características são nitidamente não-keynesianas. Pequenas modificagões feitas tendo em mente as análises anteriores destes pontos (nos Capítulos 9 e 14)podemserrealizadas semalterata equação fundamental(16. 1). Substituamos as hipóteses
C,=
(16.1a)
bY,
e
I,= v(Y,.r-Y,-) e manteúamos a hipótese de que G, = 1.
,,'fi*fi(Ynt'Ynz) uma equação idêntica na forma a (16.a).
(16.2a)
A substituição em (16.3)
dá
(16.4a),
321
ftuações diferenciais de segunda ordem como (16.4) e (16.4a) podem tornarmuitas coisas imagináveis, dependendo da relação entre cr e p (em 16.a) ou b e v (em 16.4a): o caminho de Ipode convergir, explodir, ou oscilar. Porque pode oscilar, este modelo foi associado à teoria do ciclo comercial; na verdade, poder-se-ia dizer que é a peça central da moderna teoria do ciclo comercial. O fato de o modelopodergerarumcamiúo explosivopara Ífoi contristador, mas um máximo e ummínimo de pleno emprego apresentados poruminvestimento bruto igual a zero contiúam os seus resultados desagradáveis. Ora, isto é muito incorreto coma teoria do ciclo,3comoadverti, mas a característica essencial da teoria é bastante clara: (I) Essencialmente, ela temrela$o comas decisões de gasto. Aoferta agregada não desempeúa neúum papel significativo: daí a ausência de qualquer tratamento explícito das expectativas de curto prazo. Deve-se admitir que
(ID (III) (I9
(V)
elas são satisfeitas, e como os preços não entramno modelo, elas devemser satisfeitas através das mudanças no nível da produ$o.
A questão das expectativas de longo prazo também é omitida, embora possa seÍ incorporada, como mostramos. Os fatores financeiros - especulaSo e tudo mais que teúa relação com a moeda - estão toÍalmente ausentes. A causa da assimetria associada à "crise", proposta por Keynes, não está presente, e não há nada para substituí-la. As decisões de investir são adaptadas à produ$o poÍ uma razão, v, de produ$o/capital Íixa. Isto significa que o capital é sucateado em vez de ser subutilizado quando a demanda diminui. A estória que estabelece um elo entre a dura$o do ciclo e a vida média do equipamento de capital não pode ser contada. A teoria é mecânica. Com isto quero dizer que dados os parâmetros e as condições iniciais (os dois primeiros níveis de renda), ela pode ser inteiramente desenvolvida. E o que Shackle (1965, p. 125) chama um"mecânismo", uma teoria que depend e"para seu ciclo total de fases, seu padrão total de movimento, de um único princípio de projeto". Não existe neúuma aprendizagem, neúuma altera$o do modo como as expectativas se formam (se reconstmímos a teoria para admiti-las de algum modo).
Esta falha contrasta muito vivamente corn o tratamento de Keynes. Observe que em conseqüência da queda da emc não apenas a propensão a consumir como a preferência pela liquideztambémse deslocaram; As políticas de controle de estoque também mudaram durante o ciclo. A teoria de Keynes é o primeiro exemplo do que denominamos, no Capítulo 2, equilíbrio rnóvel. As interações das relações comportarnentais básicas partilham com o aspecto financeiro a responsabilidade pela assimetria entÍe a queda precipitada e a retomada gradativa. Os aspectos financeiros e reais são totalmente integrados.
322 Ausentes, porém, estão as possibilidades de implosão financeira devida uma carga de dívida aumentada, como IrvingFisher(1933) eHymanMinskya salientaram, ou a falências bancárias, tão importantes na "Grande Depressão"5
a
nos Estados Unidos.6
É b"m possível, como Íecentemente afirmou Minsky,? que tenhamos aprendido a evitar implosões financeiras ao tomar medidas deliberadas e amplas paÍa pÍoporcionarliquidez emtempos arriscados. A operação "§alvavidas" na Inglaterrasna crise de 1974-75 é,tmexemplo ilustrativo. Entretanto, provavelmente é prematuro perguntar: "A crise está obsoleta?" Notas
1 2
Esta idéia foi incutida com sucesso no pensamento americano , no início da década de 60, por Arthur Okun, embora já então o crescimento contínuo, jamais estabelecendo uma situação estável, tenha se tornado a norma aceita.
O preço de oferta do capital se eleva, quando as indústrias de bens de capital funcionam muito próximo de sua plena capacidade; a taxa de juros sobe, quando aumenta a demanda de moeda para sustentâr a atividade mais elevada.
3
Para uma correção adequada, leia o esplêndido livro de Matthews (1959) e as conferências editadas por Gordon e Klein (196ó). Uma coletânea de ensaios de Minsky sobre este tópim deve ser publicada este ano (Minsky, 1982). O
título do capítuloquehata de 1929-33 na obra deFriedmateSchwarL,Monetary
History of theUnitedStares (1965).
Ver Kindleberger (1978) para uma descriçáo e análise das crises na Europa América do século XVIII em diante. Ensaio apresentado num seminário na Rutgers University, em abril de 1981. Ver Banco da Inglaterra (1978),
e
cnpfturo I
7
A Moedo
A inÍluência da moeda permeia a teoria da produ$o e do emprego de Keynes. A quantidade de moeda e a preferência pela liquidez determinam ã laxa dejuros,comtudoquenecessariamenteacarÍeta.Esuasimples
etcistênciaêítil
noestabelecimento,emprimeirolugar,dapossibilidadededesenpregoinvolunüírio e, em seguida, tanto da possibilidade quanto da probabilidade de equilíbrio no subemprego - até mesmo, talvez, da sua inevitabilidade. Uma economia moneúria é fundamentalmente diferente de uma economia de permuta.
Como vivemos numa economia monetária, é bom considerar o seu destino.
Aresposta de Keynes, de que o desejo depoupar finalmente superaria as saídas lucrativas para a poupança em investimenúo, levando a renãa a ficar abaixo do úvel do pleno emprego - a hipótese da "estagnação secular,, não agradou, na década de 60, quando se acreditava que o crescimento econômico poderia prosseguirpara sempre. Por mais desagradável que fosse a previsão de Kcynes, a sua rigorosa argumentação deveria ser examinada e suas conseqüências avaliadas nos próprios termos da argumentação ao invés de sãrem imediatamente rejeitadas como temocorrido pormuitos anos. Aargumentação s_imp,lgsmente poderia ter algo a revelar, que os rápidos avanços tecnológicos das décadas de 50 e 60 ocultaram. Antes deabordaresta questão, queexigeuma penpectiva delongoprazo, parece aconselhável resumiro papel da moeda no estabelecimento da possibilidade de o desemprego não ser simplesmente um fenômeno de transtornos temporários"
Moeda e Lei de Say
-
Para estabelecer
refutar a I-ei de Say.
a
possibilidade de desemprego involuntário, era preciso se pÍocessou em três partes e trêJ níveis
A refuta@o
324
distintos de análise. Eles foram examinados separadamente nos Capítulos 4, ? e 9, mas talvez fosse útil sintetizar os argumentos desses capítulos num só lugar, para concentrar a atenção no papel da moeda para cada estágio da anTlise. No interesse da brevidade, é inevitável, no entanto, uma supenimplificação. -
da I-ei de Say é tal que talvez se aplique a uma os trabalhadores só trabalhampara consumir, da subsistência: próxima economia portantouma oferta detrabalhoequivale amanifestara intenSo decomprarbens, ã assimnãopode haverneúuma hesita$o emofereceremprego aos trabalhadores dispostos a trabalhar, pois a demanda de sua produ$o esú assegurada' Pode-se imediatamente objetar que os trabalhadoÍes nem §emprc gstam toda a sua renda, nlils essa é a segunda fase da estória. Supoúa que eles o façam. Como podem os empregadores deduzir que a§ ofertas de emprego gerarão demanda? se os trabaúadores sãopagos emespécie, é compreersível que recebam diretamente, como Flgamento, os bens que desejamconsumir. Nessa condições, não apenas os emprêgdores sabemdas implica$es da demanda da mão-de-obra que Contratanrç mas õs trabalhadores também sabem o potencial de consumo de uma hora detrabalho; istoé,a máo-de-obra éoferecida e demandadaporumsalário real que é conhecido por ambas as partes'
A úrmação mais simples
Nesta circunstância mais favorável, porém completamente ideal, a cessa$o da expansão ocorre quando a queda do salário real resultante dos 1snírimentos decrescentes é suficiente para desestimular os trabalhadores a tral ,lhar mais: o equilíbrio clássico do pleno emprego. Emtermos práticos, no entanto, estas condlções jamais serão alcançadas, mesmo numa economia de trocas: o homenl nãô deiejando viver exclusivamente de pão, trocará os bens que recebe, e só poderá calcular aproximadamente o valorde troca deles. Numa época de grandé estabilidade de preços a estimativa não será difícil de fazer e ,ror rprori*umos do primeiro caso, mas não se pode generalizar a partir dessa situaçáo particular. onde os trabalhadores são costumeiramente pago§ em dinhàiro,-todo o valoÍ "real" do salário é, no momento em que concordam em trabalhar, uma questão de conjectura. o trabalhador não pode conhecer oselu salário real antes de comprometer seu trabalho. Tampouco o empregador pode saber, pelo fato de lhe ser possível obter horas-honiem adicionáis, que o gasto com esta mão-de-obra se refletirá nas vendas. Os trabalhadores não compram apenas de seus empregadores - na verdade, se a empresa produz bens de capital, eles não compram' de modo algum, áela. Parf a emlresa individual a vantagemde expandir o emprego é tãõ hipotética quanto õ valor real da oferta de salário da empresa é para o trabalüador. Désse modo, a mescla de produtos pode não coincidir com a composição da demanda. Numa economia monetária, porérrç o problema pode não ôer apenas de composição (ou, como reflexo disto, os preços relativos dos bens podem não ser iais que igalem oferta e demanda). Numa economia
325 monetária não apenas as expectativas das empÍesas individuais podem ser frustradas: não há neúuma garantia, como exige a Lei de Say, de que o gasto
agregado seja igual ao que as empresas, consideradas em média, esperavam quando o emprego foi oferecido. Este resultado depende significativamente do fato de que a existência de moeda oferece uma forma de "acumular riqueza" adicional à reten$o de ativos reais. Numa economia sem moeda a única maneira de garantir um grau de independência entre o consumo e a renda é emprestar a sua força de trabalho ou bens duráveis contra promessas de retribuição (novamente em espécie). (Fstes arranjos serão encontrados até em economias simples, pois sem eles a produ$o virtualmente se restringiria aos resultados dos esforços auto-suficientes, porque diferentes coisas levam tempos distintos para serem produzidas e consumidas.) A oferta de mão-de-obra é um indício da demanda presente ou futura, e a regulagem do tempo e a composição das mercadorias da demanda futura são, até certo ponto, especificadas ou entendidas implicitamente. A opção de reter moeda abre a possibilidade de não dar sinal algum em relação queÍ ao tempo ou à composição de demandas futuras. A teoria clássica sustentava que a moeda não é rctida com o propósito de mudar a temporalidade do consumo (isto é, "possuir nqteza"),porque existe a possibilidade de emprestáJa a juros. A moeda, no entanto, é um ativo seguro, mesmo que seja improdutivo, e em ceÍtas expectativas, os riscos de manter ativos gue rendem juros não são convenienúemente compensados pelos gaúos de juros. E por isso que a moeda pode ser retirada de circula$o por um tempo longo suficientepara causarproblemas, ea taxa dejuros pode seralta demaispara tornar o volume de investimento no pleno emprego um empreendimento lucrativo.
Capítulo 17: As Caracteúticas Essenciais do Juro
e da Moeda
No capítulo que mais desagradou os primeiros comentadore
s da
Teoriq
Geral,tKeynes retorna a estas questões de uma perspectiva diferente. Ateoria da moeda como foi usada por Keynes para demrbar a Lei de Say poderia ser considerada num contexto puÍamente provisório. Esta, de fato, se tornou uma da moeda pode sertransferida para saldos inativos durante certo tempo mas, finalmente, retornaria para o fluxo de gasto e renda, seja simplesmente porque toda a riqueza monetária é acumulada apenas para ser gasta, e deve chegar a hora de ela ser trocada por bens, seja poÍque a penistência de determinada taxa de juros compatível com um certo
interpreta$o estabelecida: umparte
volume de saldos inativos e uma grande quantidade de moeda alteraú, gradualmente a taxa de juros normal no sentido da taxa efetiva até que os saldos inativos sejam postos em circulação. O primeiro argumento é uma generalização insubsistente do comportamento individual; um indivíduo gastará eventualmente a sua poupança, rnas
326 raramente a sociedade, na realidade, faz isso. O segundo, que é a principal maneira de os neoclássicos modernos debilitar a demanda especulativa e as suas conseqüências, depende de ter havido sufi cientes observações de uma taxa de juros estável para que essa taxa seja considerada "normal". O desaparecimento de saldos monetários inativos, quando as pessoas não têmmais dúvidas quanto à taxa, é evidente,2 nus a ceÍeza dificilmente é a base da teoria de Keynes - ou da realidade, uma vez que as taxas, fixas dunnte a guerra e a recupera@o, foram liberadas no início da década de 50. Ao invés disso, ele representa a reafirma$o das condições que levaram os economistas prékeynesianos a negar uma base racional paÍa os saldos inativos. A teoria de Keynes depende da incerteza, criada pela variabilidade da taxa de juros. O equilíbrio da teoria macroeconômica de Keynes não é definido pela falta de qualquer variaçáo, seja das variáveis ou das opiniões sobre o seu frituro rumo. No mundo real, a variação e, porconseguinte,aincerteza, estão sempre presentes, apenas aumentando ou diminuindo de importância com as condi@es gerais de estabilidade, e os modelos estáticos e estacionários de Keynes foram construídos para ajustar esse fato. Os saldos inativos, portanto, são totalmentecompatíveis comosistema de equilíbrio decurtoprazo (marshalliano) desenvolvido no corpo do livro. O que o sistema diz é que se a demanda agregada não for suficiente para produzir o pleno emprego, não adianta fazer com que o consumo potencial preencha a lacuna. E o investimento permanecerá fixo, enquanto a taxa de juros e a ernc (ou as expectativas de longo pazo) se mantivereminalteradas. Não há nada essencial no sistema queas altere.Por isso, o desemprego persistirâ,nafal1a de interven$o, enquanto as expectativas que determinam o investimento permaneceÍem as mesÍus - e isto pode durar um longo tempo. O modelo de "equilíbrio móvel" analisado no Capítulo 16, embora esboçado rn Teoria Geral, ocupa-se com revisões de expectativas em rela$o a coisas como a taxa normal de juros e a eficiência marginal do capital. Admitese pela primeira vezrra análise o efeito da acumulação gradativa de capital sobre a taxa de produção e a eficiência marginal do capital. O Capítulo 17 r;cupa-se seriamente deste fenômeno de longo prazo. Nessas condições, a pergunta de Keynes não é se o equilíbrio com desemprego é possível,pois isso já fora estabelecido, mas se o sistema tenderá, em última análise, no sentido desta solução (mesmo que o pleno emprego seja ocasionalmente atingido no curto prazo). Ao formular esta pergunta, a assertiva clássica do pleno emprego a longo prazo é contestada ainda noutro nível, e mais profirndo. A contesta@o de Keynes era que é sumamente improvável que a lucratividade do investimento continuasse a fornecer suficiente estímulo para iirvestir até que fosse saciado o desejo agregado dos poupadores de acumular iqueza, a partir da renda do pleno emprego. Isto é (afirma Keynes) Porque há algo essencial na economia
327
monetária q\e é capaz de manter a taxa de juros "alta demais" para sustentar a lucratividade exigida do investimento até que o desejo de acumular seja satisfeito no nível de renda do pleno emprego. O problema está relacionado com a existência de "um ativo cuja própria taxa de juros reluta em declinar, quando a produção aumenta" (7.G.,p.229). Numa economia monetária, conclui ele, é rnuito provável que este ativo seja a moeda. A argumenta$o prossegue de uma forma que não é fácil acompaúar como Keynes a desenvolveu, emparte porque há algrmas dificuldades lógicas, algumas das quais pelo menos foramagora aclaradas3, e emparte poÍque a estrufura da sua argumenta$o não é indubitavelmente clara. De modo geral, ele comeg com a pergunta: "O que é específico emrela$o à taxa de juros?" Isúo é respondido por
ouhas perguntas: "O que é específico em rela$o à moeda? Quais são as caracteísticas essenciais da moeda?" A paÍir destas perguntas, ele deduz as conseqüências para o funcionamento e a tendência de longo prazo do sistema econômico, o que, a meu ver, deveríamos considerar pela sua importância contemporânea. Porisso,peç-o ao leitortolerância ao mergulharmos numa análise bastante misteriosa, cujo objeto só poder.á surgir no final.
A Generalização do Conceito
de
Juro
Os termos da pesquisa são inteiramente gerais: a moeda é o meio de troca e existem amplos mercados para adquirir direitos a futuras somas de moeda que podem serusadas pelas empresas ou pelos indivíduos para facilitar compras acima do nível de renda corrente, e pelas quais, como retribuição, eram pagos juros. Eesta taxa de juros quedetermina, dada a eficiência marginal do capital, o ritmo do investimento. Porquê? O que étão específico na taxa de juros sobre a moeda? Afrnal de contas, qualquerativo temincluída uma taxa de juros, pois assim como a taxa de juros sobre a moeda é"a percentagem que excede uma soma de dinheiro contratada para resgate no futuro, por exemplo daqui a um ano, acima do preço spor (corrente) da soma contratada na época para resgate ftrturo, há uma quantidade definida de (por exemplo) trigo a ser resgatada daqui a um ano, que possui o mesmo valor de troca hoje que 100 quarters de trigo para liberação imediata" Q. G., p.222). Em princípio, pode-se usar qualqueÍ"taxa de juros" como padrão de medida da eficiência marginal do capital para determinar se vale a pena fazer o investirnento emquestão. Éconvenienteutilizara mais elevada destas "taxas de juros" como critério de qualquerinvestimento possível: se se pudesse obter mais do que o rendimento espe.rado com o investimento pretendido, éste não deveria ser feito. Aargumentação prossegue, aprêsentando razões para espeÍaÍ que, como tempo e a acumula$o de capital, a taxa de juros sobre a moeda com toda a probabilidade se torne a mais alta destas taxas e, desse modo, o padrão
328 âpropriado de comparação. Keynes então argumenta que as características da moeda sãotais quenão éprovávelquea taxa de juros caia suficientementepaÍa proporcionar um nível de investimento de pleno emprego no longo prazo" Uma Teoria Geral da Demanda por Ativos.' Se não houvesse ativos duráveis nenhum compromisso de fornecimento de bens futuros, não haveria como superaÍ a renda em cuÍso; o consumo e a produção seriam tão inseparáveis como, digamos, a eletricidade. Nestas circunstâncias, há três formas principais de converter recursos corrente em ativos futuros (e às vezes vice-versa): (I) pedir emprestado ou emprestar; (ID c.ompÍar ou Íeter um ativo durável para (a) consumo final posterior ou (b) revenda; ou (III) usar um ativo de capital para produzir bens finais para venda futura. Fstas opções não são todas amplamente acessíveis às empresas e famíias de maneira semelhante. Por hipótese, as empresas não são consumidoras finais e as famílias não são produtoras, de modo que, embora ambas possam pedir emprestado e emprestar, ou reter ativos para revenda, a op$o (II)(a) só é acessível às famílias e a (II) só às empresas. Uma empresa ou uma família, considerando as op$es que lhes sâo acessíveis, calculama taxa líquida de retorno que Íesultará da retenção de cada e
ativo hoje, ao invés de postergar a acumulação, por algum peíodo fixo, digamos, um ano. A taxa líquida de retorno de qualquer ativo pode ser calculada, em princípio, mesmo onde a maioria dos elementos seja subjetiva ou onde a revenda eos mercados futuros do ativo sãoespanos ou não existentes, e convertida às proporções de uma taxa de juros. De novo, emprincípio, a taxa líquida de retorno pode ser medida em termos do próprio ativo ou de algum outro ativo tal como a moeda. Keynes começou utilizando a primeira medida, que ele denominou "taxa de juros própria". Não foi um início auspicioso para o capítulo: a idéia atraiu muitas críticas.a Mas com o trabalho esclarecedor de Conard (1963) e uma mudança de terminologia, podemos começar a partir da mesrna base com relativa seguÍança. Três elementos principais participamda determinação do lucro líquido da retenção do ativo. Cada ativo temumrendimento, q, emtermos da satisfaSo direta ou da capacidade de produzirumproduto vendável. Temtambém custos de manutençõo, c, provenientes da necessidade de guardar ou aculnular o ativo com seguÍança. E ele pode também ter tm prêmio pela liquidez, /. Já que estamos tratando de taxas próprias, I é pura negociabilidade - a facilidade de trocar o ativo por algo mais.Isto é determinado pelas características inerentes ao ativo, por exemplo, a divisibilidade, não ao preço que ele possa alcançar. A ' iaxa de juros própria", isto é, a taxa líquida de retorno que se obtém com a rctcnção do ativo porum determinado período, medida emtermos do próprio
.;iivo, é a sonra
329
q-c+1, cada um definido como urna taxa de retorno para esse peíodo.
Para transformar essas "taxas próprias" em unidades comparáveis, acrescente um fator a para indicar a valorização (ou depreciação) do ativo em termos de um ativo escolhido como numerário. Se a moeda é o numerário, a é a mudança esperada no preço nominal do ativo durante o peíodo. AssinL 7
mais a assemelha-se à definição mais comum de liquidez: a facilidade de conversão em moeda sem prejuízo. Um bem durável de consumo final tem um retorno esperado em termos de préstimos diretos. O seu custo de manutenção deve ser alto e não independente da posse de outros ativos (tal como uma casa) que proporciona a annazenagem. A liquidez de tais ativos varia: pode ser muito elevada para móveis e quadros antigos, mas baixa para artigos domésticos rotineiros. Um parcela do equipamento de capital produtivo tem duas fontes de retorno possíveis, da mesma forma que o bem durável: a revenda do próprio equipamento ou a venda do seu produto. Uma empresa que decide adquirir uma parcela de capital produtivo paÍa uso na fabricação o faz segundo critérios semelhantes aos que foramesboçados no capítulo sobre investimento, mas que são modificados paÍa se ajustar a uma questão sutilmente diferente. Ateoria do investimento levantou a questão de "quanto capital será vantajoso adquirir agora, supondo que a maquinaria permaneça, nesse caso, em nosso poder indefinidamente". Agora a questão é "qual é o lucro da aquisição desta parcela de equipamento hoje ao invés de adquiri-la no próximo ano nesta época" ou "qual é o lucro de continuar mantendo este equipamento durante o ano ao invés de vendô-lo ou sucateá-Io".s Os custos de manutenção foram ignorados no desenvolvimenÍo da emc;e uma menção da possibilidade de umvalor de sucata (scrap value)positivo foi o mais próximo a que chegou ao considerar a liquidez do equipamento. Aqui estes fatores são levados em conta. O outro conjunto de escolhas compreende vários ativos financeiros: direitos sobre ativos reais (ações que não rendem dividendos) ou sobre o pagamento futuro de moeda (dívidas), e "diúeiro à vista". Os retornos são somas (esperadas) em moeda, com exceção do rendimento sobre moeda, que não tem um retorno explícito. Os custos de manutenção são mais baixos e a liquidez mais alta do que sobre os ativos reais. A moeda é retida inteiramente pela sua liquidez: a sua capacidade de troca por outras coisas.
Conclui-se do princípio da maximização do lucro líquido6 que os Íecursos que não são necessários para a compra geral de mercadorias perecíveis serão distribuídos entre os ativos disponíveis mediante a comparação de seus retornos líquidos. Ademanda incidirá sobre os ativos cujas taxas de retorno são mais altas. O efeito imediatoserá a elevação dospreços dos ativos quetêmtaxas
330 de retorno acima da média e a redução dos preços dos que têm retorno abaixo da média, até que as taxas de retorno sejam igualadas"
Ativos Rentóveis e Estoques Existentes
A estória não pára nas taxas de retorno iguais, onde alguns dos-ativos são objeto de nou" ,ená.. A maioria dos capitais produtivos é capaz de tornar a ,"od"a, o processo envolve o emprego de mão-de-obra. Em contraposição, os " que nesta estrutura servem como uma alternativa para. o uso ativos finaiceiros, de frrndos, são capázes de se expandir sempre que algum agente econômico necessita se individareencontra quemsedispoúa a emprestaÍ, mas oproce§so de expansão não contribui para irenda agregada, exceto no.qlle se refeÍe ao§ serviços dos gravadores, impressores e banqueiros comerciais, dos quais os últimos o"goõium o "produtó". O valor nominal de um ativo financeiro não é, no entantolmais do que wcréditosobre o produto ou capital; nesse sentido, o crédito financeiro não é um "ativo rentável". Para facilitar, con§idere o volume de créditos financeiros pendentes como fixo. Similarmente, embora por razões adicionais que serão examinadas posteriormente, considere como fixo o "estoque de moeda". Estes ativos são, entáo, "não-Íentáveis".
Quando o preço de um ativo renúvel sobe, refletindo uma avaliação favorável da sua taxa líquida de retorno, há um incentivo PaÍa -que §eus produtores expandam a plodu$o. Se algum consumidor estiver disposto a õo^prur u^ ,iivo durável a um prego suficiente para induzir a sua produção, a pôdução dos bens de consúmo aumentaÍá. Da mesma forma, se um empresário pensa que é suficientemente vantajoso "reter" um ativo produtivo, ele pode optãr por usar uma parte da mão-de-obra de sua própria empresa paÍa construir ô equipamento ou estrufura, ou pode comprá-lo de outra €mpÍesa. Desse modo, a-eficiência marginal do capital oferece um critério para a disposição de reter o ativo por paÍte da empresa que-tenciona comprar, mas tamUém inctui no preço de oferta de capital á disposi@o de oferecer um ativo, com base na expeótativa de que essa disposi@o se manteúa. Conard (1-963) enfatizaa diferença conceitual entre a reterumativo para uso final ou ràvenda e a sua retenção para obter um lucro sobre o produto, chamando o retorno sobre oprimeiró deêficiência marginal da retçnçãoe sobre o segundo de eficiência maiginal do investime{9 (qu" é equivalente à nossa é útil porque distiãgue fontes muito diferentes de retorno, a última "*í1.I"to das quais é acessívél exclusivamente às empresas.T Mas, ao mesmo tempo, .."ond" a importância, para os produtores, da disposição de reter do§ outros, a quem eles disejam vender. Es-te é o elo crucial entre o enfoque de "estoque" diescolha de ativos e a geração de renda, tanto para o consumo quanto paÍa o investimento.
331 A Regulaçao dasCompras.. Embora exprcssa e mtermos de escolha de estoques de ativos, a taxa líquida de retorno explica não apenas por que, mas também quando as coisas são compradas. Se todas as alternativas de retenção de moeda têmum rendimento mais baixo do que o ágio da liquidez de moeda (considerando que o custo de manuten$o seja zero), então a moeda será mantida inativa ao invés de ser gasta, neste ano. O seu detentor prefere manter as suas opções de compra abeÍas pelo menos durante esse úempo. As compras ocorrem quando o retorno líquido da posse de algo no presente, para o próximo ano, é maior do que o ágio da liquidez da moeda, /_. Da mesma forma, a moeda é emprestada quando o lucro líquido da posse de um título é maior do que /.. O retorno sobre os títulos é a "taxa de juros" e não há viúualmente nenhum custo de manutenção, donde se pode concluir que o_ato de emprestar continuará até que a taxa de juros seja igual a / . Quando
ele atingiu a igualdade com /-, não compensa mais pela perda dã liquidez envolvida na liberação da moeda: esta é a teoria do juro de Keynes considerada de outra perspectiva.
A Taxa
de Retorno Decrescente no Curto Prqzo: Considere agora as implicações da relação entre a retenção de ativos e produto num "período" maior do
que o período de mercado que ocupou primeiramente a nossa aten$o. No os preços se movimento de modo a igualar as taxas de retorno. As empresas que produzem os ativos preferidos têm agora um incentivo para produzir mais deles. Esta expansão envolve um nível mais alto
peíodo de mercado,
de emprego. Dessa forma, se o pleno emprego deve ser atingido, a lacuna entre o retorno sobre os ativos rentáveis e a taxa de juros não deve preenchida antes
que o pleno emprego seja alcançado. Por que ela jamais deveria ser preenchida? A resposta de Keynes era que havia razões para acreditar que a taxa de juros não cairia tão rapidamenle quanto a taxa de retorno sobre os bens rentáveis. Isto pode ser analisado em duas paÍes: primeiro, porque as taxas de retorno sobre os bers rentáveis têmprobabilidade de queda, e, segundo, por que a taxa dejuros é relativamente pouco inclinada a cair? Aprimeira parte da pergunta apresenta tanto umaspecto de curto prazo quanto de longo prazo, dos quais apenas o de longo pnm é analisado no Capítulo 17 da Teoria Geral. A razão disso é que os "ativos" não foram definidos de forma a englobar os bens duráveis, de acordo a.defini$o de consumo do resto do livro. Mas aqui o critério de "durabilidade" é pertinente (ver Capítulo 3). No curto pÍazo, o estoque de capital é fixo (apesar do fato de o investimento estaÍ sendo feito), de modo que o ajuste das taxas de retorno sobre os ativos de capital deve ocorrer através de mudanças nos preços. Supoúa agom que a produ$o aumente. A produ$o de bens de consumo adicionais nãogarante, no entanto, a sua venda: a propensãomarginala consumir é menor que um e a lacuna entre C e Ycresce, quando C e Yaumentam. Na
332 linguagem atual, a eficiência marginal da reten$o de bens de corsumo declina com o tamanho do estoque de bens retidos, seja porque a utilidade marginal dos seus serviços diminui ou porque os custos de armazenamento se elevam. Desse modo, quanto maior for a produ$o de bens de corsumo, maior será a dificuldade de vendir estes bens e menos interessante a expansão adicional da produ$o e do nível de emprego nas indústrias de bens de consumo. Por sua vez, torna-se menos vantajoso parfestas indústrias investir e paÍa as indústrias de bens de capital ampliar a capacidade de atender às demandas das outras indústrias. No curto prazo, conseguir ou não o pleno emprego depende do nível de investimento que iguala a emc a r; foi estabelecido antes, noutra linguagem, que somente por acidente esse nível proporciona o pleno emPrego. AtraduSo das proposições de curto prazopaÍaa estrutura deste capítulo foi feita para assinalarclaramente a divergência metodológica do Capítulo 17. A necessidade de baixar os pÍeços, quando a produção aumenta, é real tanto para o curtoprazo quanto para o longo prazo. Acaracterística saliente do longo prazo é que a acumulação de capital (através do investimento) pode afetar o ietorno sobre acréscimos adicionais ao estoque de capital (empaÍe através do efeito sobre os preços que estivemos justamente analisando). Taxas Decrescentes de Retorno no Longo Prazot A eficiência marginal do capital foi calculada, no capítulo sobre investimento, com a condi$o de que uma certa quantidade de capital já existia, como é peculiar ao curto prazo- A eficiência marginal de um ativo tende, porém, a cair quando o estoque desse ativo aumenta: o ativo torna-se menos e§casso e suas rendas virtuais caem. Outra forma de considerar isso é que o efeito da acumulação é aumentar a produ$o de qualquer coisa que o ativo gera; o preço de demanda do produto, portanto, cai e o investimento adicional no ativo torna-se menos lucrativo. Atendência de longo prazo da eficiência marginal dos ativos cair é, na
pútica, atenuada ou até inteiramente contrabalançada pela mudança iecnológica, que pode não só melhorar a produtividade de uma espécie de equipamento ãe capital (na verdade, não é mais o mesmo tipo de equipamento dé câpital de antes), mas pode também, através do fornecimento de produtos finaiJ novos ou melhorados, fortalecer a demanda em declínio. A mudança tecnológica era urna força tão poderosa nas duas primeiras décadas depois da guera que o efeito fundamental da acumulaSo sobre a erac foi freqüentemente ésquecião ou negado, e o fato de a mudança tecnológica ser negligenciada na argumentação déKeynes foi considerado uma grande fraqueza ao invés deuma hipótese cuja impoÍância para a aÍgumentação precisasse ser avaliada. No entanto, a mudança técnica não é nemuma circunstância simultânea inevitável da acumulação nem é e,xplicada teoricamente: na teoria do crescimento ela é considerada exógena. E melhor, portanto, considerá-la como urna força que compensa a tendência da eficiência marginal a cair, quando ela falta.
333 Dada a tendência geral de queda do retorno sobre o investimento, quando produção (de bens de capital) cresce, o investimento novo líquido finalmente cessará, a não serque a taxa dejuros esteja caindo pelo menos tão rapidamente quanto a emc. Aeconomia se aquieta numa situa$o estável. O resto da argumentação se refere ao papel do prêmio de liquidez que se agrega à moeda para evitarque r caia abaixo decerto nível-e,pensava Keynes - esse nível é alto demais para permitir o pleno emprego. a
A Resistência à Queda da Taxa de Juros Estabeleceu-se que a taxa dejuros deve tender no sentido da igualdade como prêmio pela liquidezda moeda. Se rformais elevada do que /, aspessoas estáo prontas a renunciar à liquidez e adquirir títulos, e se for mais baixa, elas venderão os títulos. (Isto admitindo que os custos de manuten$o de ambos os tipos de ativos sejam semelhantes.) Portanto, a questão do que acontecerá às taxas de juros, quando a produ$o cÍesce, deve, em princípio, poder ser analisada, quer do lado dos títulos, quer do lado da moeda. Keynes, como eÍa de esperar, analisa a partir do lado da moeda. Há duas caracteísticas fundamentais da moeda em rela@o a isto: a sua "elasticidade de produção" e a sua "elasticidade de substituiSo" são iguais a "zeÍo otJ, de qualquer modo, muito pequenas". A primeira caracteística tem vários elementos. A moeda não é (ou melhor, não era) prontamente produtível pela empresa particular, diferentemente da autoridade monetária, e a produção da moeda, ao contrário da moeda metálica, exige muito pouca mão-de-obra. Tal mão-de-obra, quando é de fato lutilizada, não está rigorosamente relacionada com o volume de moeda produzida: étão fácil produzir uma nota de L0 libras quanto uma de 1 libra. Se a produção de moeda utilizasse mão-de-obra, "se a moeda pudesse ser cultivada como uma colheita ou fabricada como um automóvel", a queda progressiva nos preços dos bens, quando a produção e os estoques de bens aumentassem, estimularia o desvio da mão-de-obra para a produção de diúeiro, mantendo-a, desse modo, empregada. Keynes recoúece que, embora a inelasticidade da oferta seja (ou tenha
sido)uma caracteística essencial da moeda, não é exclusiva dela. Epartilhada pelos ativos que não são produtíveis, tais como obras de mestres antigos ou terras. Como a mão-de-obra não pode ser desviada para a sua produção, o efeito depreciador de uma eleva$o (de longo prazo) da produção sobre a emc estabelece uma pressão ascendente nos preços dos ativos não produtíveis, a fim de aliúar a eficiência marginal da reten$o dos ativos coma emc. é a pequena elasticidade de substituiçáo, que decorre da peculiaridade da moeda de que a sua utilidade resulta exclusivamente de seu
A segunda característica
334 valor de trocâ ... com a conseqüência de que, quando o valor de troca da moeda cresce, não há nenhuma tendência a substituir algum outro fator por ela.
(7. G.,p.23r) Desse modo, Keynes argumenta, o retorno líquido da reten$o de moeda deixa decair, enquantoosretornosdos ativosprodutíveisrealmentecaen5 quando o produto destes aumenta. Os recursos são desviados para a reten@o de moeda, que pode se tornaÍum"poço semfttndo para o poderde compra"-a demanda deixa de continuar flutuante até que o pleno empÍego seja alcançado.
A argumenta$o parece seÍ que, quando os preços dos produtos nãomonetários baixampara permitir a venda de quantidades maiores, as pe§§oa§ em vez disso reterão mais moeda devido ao seu valor de troca maior. Nesse ponto, algo paÍece errado. Embora seja incontestável a proposi$o de que a utilidade da moeda resulta exclusivamente do seu valor de troca, sem dúvida era parte da estória sobre o papel estabilizador da moeda metálica que, quando a mão-de-obra fosse desviada no sentido de aumentar a sua oferta, a moeda resultante seria gasta, e a lucratividade da produção de bens não-monetários seria restabelecida.E Uma das explicações seguintes pode agradar. A primeira é que este é outro exemplo da separação feita por Keynes entÍe moeda e o ato de gastar: os planos de consumo se alteram com a tenda, não com a moeda dispoúvel, e as precondições monetárias do investimentos não são tornadas claras. A outra possibilidade é que um declínio constante dos preços, quando a produ$o cresce regularmente, foi tida como certa. Se este futuro for antecipado, o incentivo paÍa Íeter moeda ao invés de comprar coisas será claro. Deve-se ressaltar, no ertanto, que a questão não é posta desse modo. Aafirmação feita é de que "não há nenhum valor da [moeda] (isto é, não há nível de preços dos bens suficientemente baixos) no qual a demanda é desviada - como no caso de outros fatores de renda [bens com oferta fixa] - paÍa transbordar numa demanda de outras coisas" (?. G., p. 23 L). Essa é uma afirmação sobre a reação aos preços correntes, não às expectativas. Supõe-se que este ponto, na estrutura da argumentação de Keynes, distingue a moeda de outros bens não-reprodutíveis, mas é discutível se, de fato, ele realmente o faz. E igualmente possível que o retorno da posse de terras ou quadros de artistas famosos aumerrte paripassu com os seus preço§. Isto será mais provável, se se admitir que os seus preços continuarão a subir, mas, com objetos que têm utilidade imediata assim como "liquidez", mesmo uma expectativa de preço esúvel pode bastar. Um episódio de especula$o com propriedade demonstrará que a terra também capaz de seÍ um "poço para o poder de compra" - embora seja é duüdoso se é "sem frtndo", como de fato também o é em rela$o à moeda.e Nesse episódio as pessoas estão prontas a pagaÍ os preços que implicam um
335 rendimento muito abaixo de qualquerpossível objeto deutilidade imediata, por causa do prêmio de liquidez agregado à terra. Se se mantémeste procedimento, a moeda será deslocada para um ativo que não tem nenhuma elasticidade de emprego. A moeda é simultaneamente mantida fora dos mercados por vários instrumentos de empréstimo, desestimulando o investimento da mesma forma que se a moeda fosse mantida inativa. Se a terra ou as obras dos mestres antigos podemdesempeúar este papel, e ninguém duvida que possaÍÍ! então o fato de a utilidade da moeda resultar exclusivamente de seu valor de troca não estabelece a singularidade da moeda, mais do que a sua relativa rigidez de ofefia. É uma questío de grau - os títulos são mantidos pelo seu valor de troca e a sua renda (que, sendo em moeda, é também avaliada pelo seu uso na troca), a terra e os quadros podem ser mantidos exclusivamente pam uso fuoruma família dinástica ou uma universidade), exclusivamentepara revenda (especulaEão pura) ou alguma combina$o destes motivos. A relação entre estas fontes de valor e liquidez necessitam ser eúensamente analisadas.
Liquide4 um Exame mais Extenso Dz-se sempre que a moeda é o ativo mais realiável, até mesmo o "ativo perfeitamente realiável". Muitas vezes, tudo o que isso quer dizer é que a moeda é prontamente negociável; ela pode ser sempre trocada poÍ outÍa coisa. Mas a maioria das coisas é negociável, mesmo as que são qualificadas de ilíquidas, como as casas. Uma casa poderá servendida muito rapidamente, se opreço forbastante baixo. E empaúe a recusa a aceitarumpreço corsideravelmente abaixo daquele que poderia ser obtido procurando pelo comprador ceÍto que torna urn casa "ilíquida". O outro aspecto são os custos da transaSo: venderuma casa implica despesas com corretores e advogados pa.ra o vendedor e pagamento de imposto de trarsmissão e taxas legais para o comprador. A dificuldade de obter um pÍeç, "adequado" está relacionada com a "estrciteza"domercado,agravadanocasodeativoscomocasaspelaheterogeneidade. Umativo commuitos compradores à mão não iú, geralmente, alcançarumprcço significativamente mais alto gastando-se mais tempo à procura do compradorum pouco mais enfusiasmado. Muitos ativos financeiros têm mercados "secundários"
bemdesenvolvidos emovimentados: estesativossãomaislíquidosdoqueas casas. Quanto mais curto for o prazo de resgate do ativo, maior será a sua.liquidez, pois úo ape.nas há cnrteza de realiza$o do seu valor nominal no vencimento, mas a variabilidade do preço é menor para qualquer mudança percentual nas taxas de juros do que para os títulos de longo prazo. Pode-se ver poÍ estes exemplos que a liquidez têm três dimensões: uma probabilidade, umpreço e umperíodo de tempo. O ativo perfeitamente líquido
temumaprobabilidadeigual
a
umderealizaroseuvalorintegralimediatamente.
336 é o ativo essencialmente líquido no sentido específico de que sempre é aceita pelo valor nominal. Mas isto pode não significar nada mais do que sempre poder trocar urna nota de uma libra por outra. E evidente que todos os ativos homogêneos são perfeitamente líquidos no sentido de que são por si mesmos permutáveis ao paÍ: deve haver nessa estória mais do que isso. Amoeda éaceita pelovalornominal no sentido de que ela é o meio convencional depagamento. Mas ospreços dosbens sãovariáveis: desse modo, a moeda não é perfeitamente líquida, quando medida emtermos dos bens que ela comprará. O seu valor de troca é uma questão de probabilidade.
Amoeda
Quanto mais estável for o preço de um bem, mais líquida será a moeda em relaSo a esse bem - perfeitamente líquida se o preço na certa for estável. Na medida em que a variabilidade dos preços de diferentes bens em relação à moeda não é uniforme, a incerteza sobre o valor de troca da moeda e, por conseguinte, um aspecto de sua liquidez, difere de acordo com os bens basicamente desej ados. Pode-se imaginar facilmente que um par de ativos diferentes da moeda podem ser mais líquidos em rela$o um ao outro do que em rela$o à moeda, quando seus preços tendem a variarjuntos (por exemplo, bens que partilham o mesmo padrão sazonal ou ativos reais em relação um ao outro durante a inflação). Isto'sugere que o prêmio pela liquidez, /, e o termo de elevação do preço, a, não são independentes. A sua interdependência é apreendida pela afirmação de que uma casa é mais líquida num mercado imobiliário crescente do que num que seja estável ou esteja em queda. Se a e / não são distintos, a conseqüência é que o valor ligado a cada um é afetado pela escolha do numerário escolhido para converter as taxas próprias num padrão uniforme. A escolha do numerário não é, como foi sugerido anteriormente, uma questão de neutralidade. A ra zão pela qua I a moeda pa rece seÍ uma opção na rur a/ como numerá rio é também a base de um aspecto da liquidez não apresentado por outros ativos, resultante da função da moeda como meio de tÍoca. Graças ao fato de a maioria das mercadorias seremtrocadas por moedas, os preços são geralmente cotados
em termos de moeda, o que torna conveniente o calculo de a em termos monetários.lo Mas a aceitabilidade geral da moeda também contribui francamente para a sua liquidez. Devido à ampla série de ativos pelas quais ela é aceita, os detentores de moeda podemevitaruma perda do valordetroca através da mudança tanto do timingcomo da composição do que comprampara obter a maior vantagem. Esta caracteística não existe para outros ativos cujos preços relativos em relação a uns poucos outros ativos podem até ser mais esúveis do que os pÍeços da moeda, pois a troca não é geralmente direta entre esses ativos; ao contrário, um ativo primeiro é vendido por moeda e esta é então utilizada para compÍar o ativo desejado. Aposse de ativos diferentes de diúeiro pelo seuvalordetroca
337 sempÍe põe em jogo dois preços incertos: o pÍeço monetário do ativo vendido e o pÍeço monetário do ativo comprado. Este fato geralmente torna o valor de troca, digamos, uma casa porum iate mais incerto do que o valor de troca da moeda por um iate. Os custos das transações e a elevada ircerteza envolvida na manutenção dos ativos não-monetários pelo seu valor de troca restringem o seu prêmio de liquidez, exceto quando a infla$o é geralmente esperada. Quando se espeÍa que os preços da maioria das coisas aumente, a manutenção da moeda como urna reserya de valor não é francamente desejável, e a caracteística de "pouca elasticidade de substituição" pode se deslocar para os ativos reais: o fato de a moeda ser mantida apenas pelo seu valor de troca não estabelece um papel únicopara a moeda como o "poço semftrndo dopoderdecompÍa"eo ativo cujo rendimento cai muito rapidamente. Esta ó uma questão importante sobre que percaÍ no momento afual, e deveremos examiná-la. Os Salários Rígidos e o Prêmio pela
Liquüez
Keynes sugeriu que "a expectativa de uma rigidez relativa dos salários em termos monetários é uma conseqüência do excesso do prêmio pela liquidez sobre os custos de manutenção ser maior para a moeda do que para qualquer outro ativo" (7. G",p.238).Esta é uma proposiçáo intrigante, levando emconta a história recente, emqueospreçoseossalários estiveramlongeda estabilidade e a confiança na moeda diminuiu, reduzindo a esfera em que o seu prêmio pela liquidez é superior a outros ativos. Ficou implícito na argumentação da seção anterior que o prêmio pela liquidez de um ativo depende da estabilidade dos preços dos bens emrela$o a esseativopelo qual elepodesertrocado -ou, como disse Keynes, a liquidez da moeda depende da expectativa de que o valor do produto varie menos em termos de moeda do que de outras coisas, quando a
produção se expande e se restringe. Para que esta caracteística se ligue à moeda, diz ele, duas condições devemserpÍeenchidas: os salários monetários devem ser ígidos e a moeda deve ter um baixo custo de manutenção. Esta parece, à primeira vista, uma forma singular de argumentar, pois a primeira condição torna o argumentação circular (os salários ígidos são tanto uma corseqüência como uma precondição para o prêmio pela liquidez a ahibuir à moeda) e a segunda tolda os atributos que distinguem / e c. Há, no entanto, algo interessante a examinar aqui. A circularidade inerente ao primeiro ponto deveria ser familiar a todos os que trataram de decifrar a natureza da moeda. Para ser "moeda", um ativo deve ser amplamente aceitiível. Um ativo torna-se amplamente aceitável poÍque se acredita que seja líquido. Ele élíquido justamenteporseramplamen-
te aceitável. O fato de a argumentaSo ser circular não a torna menos verdadeira. As caracteísticas da moeda são autofortalecedoras.ll Continuando:
338 a
moeda
é
amplamente aceita, quando se espeÍa que os preços da moeda sejam
relativamente estáveis, e nesse particular se apóia a estória sobre os salários. Os preços estão ligados aos salários, porque estes sáo (geralmente) o mais importante componente dos custos. Quando os salários não reagemàs mudanças na produção (porque há desemprego), as mudanças no nível de produção afetarão os preços apenasl2 até o ponto em que não haja retornos constantes. Os preços variarão mais se as mudanEas na produ$o resultarem em (ou coincidirem com) mudanças nos salários, quanto menos dispostos estiverem os trabalhadores a aceitar contratos de salário em termos monetários, tanto mais tentarão fixá-los emtermos reais -isto é, tanto menos estável será a curva de oferta de mão-de-obra em rela@o aos salários monetários. Quanto mais eles tentarem fixá-los em termos reais, tanto mais os custos e, portanto, os pÍeços variarão e tanto menos líquida a moeda se tornará.
Se a variação for principalmente numa direção, tal como durante a década de 70, quando a única questão en quanta inÍlação haveria, não se haveria inflação ou deflação, a moeda perde ainda mais a confiança do público: "Aexpectativa de uma estabilidade relatividade nos custos monetários futuros do produto poderia não ser nutrida com muita confiança, se o padrão de valor fosse uma mercadoria com a elevada elasticidade de produção" (7. G., p.237). O resultado é uma tentativa de antecipar a inflação na negociação salarial, produzindo desse modo uma compressão no lucro e na liqui,lez. Se a compressão for atenuada pela expansão monetária, há toda pro rbilidade de que a antecipação da inÍlaçáo seja verificada, e a confiança
ficará ainda mais prejudicada. Mas poÍ ser extraordinariamente dificil usulpar uma moeda estabelecida como meio de troca e de pagamento, o prejuízo de sua função como reserva de valor não é suficiente para "privar taxa de juros da moeda de seu estímulo" (7. G-, p. 238). Parte da ruzão pela qual é tão difícil encontÍar um substituto para
a a
moeda como meio de troca é que as alternativas não têmcustos de manutenção tão baixos - o que nos leva à segunda questão de Keynes. Poder-se-ia pensaÍ que a fixação dos salários em termos monetários e a negociação com base na antecipa$o de preços (inclusive a expectativa de estabilidade) é um método indireto de garantir um salário real. O método direto é negociar e §eÍ pago em bers-salários. São dois os principais obstáculos à adoção desta alternativa: o elevado custo das transações da troca direta e o alto custo de manutenção da maioria das mercadorias. Dado que os gostos variam entÍe os indivíduos, nenhum pacote satisfaria a todo mundo, e ocorrerá a troca. E fácil avaliar a inadequação dos arranjos resultantes, quando comparados às transações monetárias. E a retenção de um estoque destas mercadorias, quando se quer "poupar", expõe o proprietário a perdas devidas à deteriora$o e ao§ custos de armazenagem. Tanto as transaçóes quantos os custos de manutenção
diminuem
a aceitabilidade e, portanto, a liquidez, dos bens-salário no
339 pagamentodos salários. Dessa forÍra, /e csão, atécertoponto, interdependentes,
assimcomo/ea. Caracteústicas de uma Oferta Elástica de Moeda As caracteísticas da moeda de que depende a argumentação de Keynes não eslão ligadas à moeda exclusivamente ou à moeda emtodas as circunstâncias. Emparticular, se a oferta de moeda foi insuficientemente inelástica, desse modo apoiando ou criando condições ou expectativas inflacionárias, é provável que o prêmio pela liquidez se transfira para um ativo real.13 Os sistemas moneúrios de quase todos os países, e agoÍa o "sistema" monetário internacional, são completamente livres de vínculo.'como ouÍo ou qualqueroutroativo cuja oferta fisica seja inelástica. Isto foiconsiderado como uma passo inequivocamente progressista: o padrão ouro era inconstante em épocas de descoberta de novas fontes, e o restante do tempo ele impuúa, se tivesse que funcionar de acordo com o planejado (o que, de modo geral, não ocorria). uma restri$o à exparlsão da produSo: particularmente, o crescimento liderado pelas exportações tiúa um fim ern preços não competitivos. A inelasticidade da oferta de ouro a uma taxa cambial incorreta poderia dar origem a prolongado desemprego.ra Com o tempo, as restrições de uma moeda inelástica podem ser superadas, como atesÍa a história: criaram-se substifutos paÍa o ouro primeiro as cédulas (originalmente direitos sobre o ouro), depois os depósitos bancários (primeiramente direitos sobre a moeda física e, depois, sobre as cédulas). Finalmente, um leque de títulos financeiros intermediários (direitos sobre depósitos bancários) contribuiu para a liquidez. Estas inovações. no entanto, surgiram geralmente em decorrência das necessidades de uma rápida expansão da produção e do investimento, e não de uma economia deprimida: o timing destas inovações não contribuiu em nada na luta contra o desemprego.
Neste ponto, é importante um aspecto da inelasticidade da ofeÍa mencionado, mas não desenvolvido por Keynes: o fato de o setor privado ou não poder iniciar as mudanças na oferta de moeda ou fazê-lo numa hora em quetalveznão fosse a melhor. Osetorpriv ado tem sido claramente responsável pela inovação financeira. O problema é que o incentivo, a lucratividade de expandir a moeda e o crédito. ou de criar novas instituições fin4nceiras está ausente numa desaceleração, quando é mais necessária. Seja como for, uma inovação geralmente leva muito tempo (embora desde a guerra as instituiçóes financeiras teúambrotado como cogumelos -e algumas parecemtambémterse tornado venenosas. No curto ptazo, o setor privado está restrito á buscar meios de fazer as instituições existentesfornecer mais diúeiro-porexemplo, pela demanda de crédito bancário.
340 Numa desaceleração, ninguémfica clamando porcrédito bancário, pois investimento não é promissor. Mesmo que o fizessem, os gerentes dos bancos avaliaram os seus riscos de maneira mais pessimista do que o fariam normalmente. O motivo lucro, quando se aplica aos bancos, atua no sentido d e reforçar os altos e baixos das expectativas de negócios ao invés de atenuá-los. O setor privado pode ser capaz de mudar a ofeúa de moeda numa retomada, mas somente dentro dos limites das reservas bancárias. Emprincí pio (e em ceÍtos momentos e lugares também na prática), estas podem ser fortemente influenciadas pelas autoridades. Se as autoridades estão aplicando uma política monetária restritiva (comêxito), então a ofeÍa de moeda (definida de modo coerente e bastante estrito) torna-se de fato, em grande medida, inelástica no sentido de estarfora do controle do setorprivado.l5Esta era a idéia principal da distinção feita por Gurley e Shaw (1960) entre moeda "interna" e "externa" - sendo a moeda interna toda aquela criada em frrnção da dívida do setor privado - isto é, manipulada pelo setor privado - e moeda externa a que eÍa fornecida, seja pelo governo ou pelos bancos, em resposta a tudo que fosse diferente da dívida privada.16 O setor privado não tem poder para influir diretamente na oferta da moeda externa, e o seu poder de influir na oferta da moeda interna pode ser limitado, no cuÍo prazo, pela política monetâia. Estes fatos 1ançam a questão o
da
inelasticidade da oferta para as autoridades, que, antes da internacionalizaSo
do sistema bancário, poderiam tornar uma oferta de moeda moderna tão inelástica quanto a de ouro, se quisessem, ou, no extremo oposto, ajustar completamente a oferta à demanda do setor privado. A moeda administrada oferecia a perspectiva de que, através da a$o de uma política sensata que evitasse ambos os extÍemos, ela pudesse vir a flutuar anticiclicamente ao invés de pró-ciclicamente. Alibera$o da moeda das incertezas da mineração do ouro e do balanço de pagamentos permitiu que as autoridades monetárias tivesse uma considerável influência sobre a moeda para melhor ou pior. Algumas possibilidades de política monetária são analisadas no Capítulo 18. Aqui é mais importante examinar as conseqüências de um grau menor de inelasticidade da oferta tornada possível por uma estrutura monetária modificada. Esta possibilidade, naturalmente, está distante de serhipotética: as estatísticas de oferta monetária da maioria dos países ocidentais mostraramuma forte tendência altista desde a guera; as autoridades monetárias hoje se preocupam com o controle da taxa de crescimenro da moeda. Os preços também revelam uma tendência de alta com algumas observações anuais espetaculares. Estes fenômenos, que tendemos a considerar normais, são, de uma perspectiva histórica, muito incomuns emtempos depaz.lTAespeculação comterras e moedas estrangeiras e as várias propostas de reforma monetária sugeremque a confiança na moeda não é forte. Quais são as conseqüências para a análise acima de uma transferência para
341
outÍos ativos do prêmio pela liquidez aqui atribuído à moeda? Que papel desempenharia a taxa de juros? A aúlise de Keynes sugeriria o seguinte raciocínio. O ativo ao qual se vincula omais elevadoprêmiopela üquidezestabeleceopadrãopara oinvestimento, porque não faz sentido investir em algo que temuma taxa de retorno menor do que a deste ativo. O prêmio pela liquidez desse ativo também estabelece uÍna taxa dejuros mínima,pois aincertezaquefez, sobpreços estáveis,ostítulossetomarem menos atraentes do que a moeda, porserem menos líquidos, agora se a grega a todos osativosmonetiários. Oprincipal objeto deinc,ertszaêagora ospÍeçosouosvalores de capital emtermos reais, ao invés da taxa de juros ou os valores de capital em termos moretários. Neúum ativo será mantido na forma denominada moeda, incluindo a própria moeda, cuja taxa de juros não compense tanto a demanda esperada nos pÍeços quanto o risco de mudança na taxa dejuros, ajustada aos menoÍes custos de manuten$o e transa$o dos ativos financeiros, quando comparados aos ativos reais. Isto não é o que observamos. Amoeda que não rende juros continua a ser retida e por um extraordinário número de anos desde a guerra as taxas reais de juros sobre os títulos e mesmo sobre as ações têm sido negativas. Poder-se-ia imputar as taxas de juros negativas a uma substituição das taxas de inÍIação. Há provavelmente muita coisa nisso, mas umteórico pouco pode fazer com isso. Acredito que a questão teóica seja o enfoque de"earteira de títulos" adotado por Keynes no Capítulo lT.Entre outras coisas, este enfoque impõe um único peíodo de tempo paÍa as decisões de manter ativos, de modo que todas as taxas de retorno, que só podem ser defi nidas para um peíodo de tempo específico, sejam comparáveis. A duração do período é arbitrâria. O período de tempo único e arbitúrio torna a análise da moeda na infla$o eÍremamente confusa. A liquidez da moeda durante um ano, digamos, é muito diferente da liquidez da moeda durante a seÍnana entre os pagamentos de salário, embora seja a mesma moeda no mesmo ambiente de irúla@o. Se se espen que os preços fiquemestáveis porumano, no entanto, não surge esta dicotomia. O último era o mundo de Keynes, o primeiro é o nosso. Os dois períodos de tempo também correspondem a diferentes funç6es da moeda na teoria monetária tradicional: o período de renda define o limite entre a demanda de transações e os outros usos da moeda. A moeda utilizada para transaSes diárias, repetitivas, geralmente não compete comoutros ativos e é improvável que esteja dispoúvel para a compra de títulos numa quantidade apreciável. A sua influência sobre a taxa de juros é, poÍanto, indireta: as necessidades de transaçóes absorvem a moeda que poderia ser mantida para fins especulativos. Tanto a teoria quanto a evidência empíricalS sugerem que até que o sistema monetário fique inteiramente fora de controle , algum prêmio pela
342
liquidez continuará a seÍ pago pela moeda, pois a moeda é líquida
nas
transações do dia-a-dia, mesmo quando perde parte da sua atratividade como ativo líquido para manter por um período mais longo de tempo. O horizonte de manuten$o de títulos pertinente à moeda como reserva de valor e ao prêmio pela liquideztemdura$o indefinida. Ele é, pordefiniSo, mais longo do que o período de renda, rnâs a sua rela$o com o horizonte que regula oinvestimentoéoqueimportapaÍa a aÍgumentaçãodeKeynes.Indubitavelmente, o horizonte de manutenSo de títulos moneúrios é mais curto, pois somente as reten@es precautórias e especulativas estão envolvidas; a reten@o de moeda por um longo peíodo é improvável. Por outro lado, a possibilidade de reter ativos denominados moeda porumpeíodo até mais longo do que o horizonte de muitos projetos de investimento é inteiramente vantajosa, embora hoje excêntrica: por exemplo, poupaÍ para a sua aposentadoria em Consols. Com horizontes temporais tão variáveis, os cálculos tanto da vantagem líquida quanto da taxa real de retorno apropriada são umpouco problemáticos. Mas não totalmente, pois há uma força, assim como a fraqueza que acabei de assinalar, no horizonte temporal unificado que a teoria da carteira de títulos adotou. A força se relaciona com a capacidade que se tem de alterar a carteira de títulos mediante a compra e a venda de ativos. Não se está completamente preso a ela. Por outro lado, a escolha de alguns ativos de fato não nos prende numa medida muito grande; não é fácil comprar e vender casa ou empresas por capricho. As tratar as ações como algo quase equivalente às empresas que elas representam, Keynes passa por cima de algo extremamente importante, e a subseqüente teoria da carteira de títulos o acompaúou nisto. E também o caso de que em muitas circunstâncias a pessoa é "deixada de fora": as escolhas das carteiras de títulos pelos indivíduos não abrangem geralmente toda a série de ativos. Do ponto de vista de uma carteira de títulos, só os muito ricos conseguem um vínculo entÍe o capital real e os ativos financeiros. ('Comprarei ações do ?inesou investirei emtítulos seguros?" não é,para a maioria de nós, a convena do início do café da manhã.) E aí, penso, que se deve encontrar muito da explica$o sobre taxas reais de juros negativas. As taxas de juros reais negativas sugeÍem que a inflaSo rompeu a barreira da taxa dejuro estabelecida pela moeda (a análise de Keynes era, afinal de contas, baseada numa ofeÍa de moeda com baixa elasticidade de oferta) e aparentemente não substituída pelo Íetorno de qualquer outro'ativo. Não se pode, contudo, concluirque a taxa dejuros nominal náo temmais importância. A sua importância é melhor avaliada do ponto de vista de um fluxo de fundos do que de um enfoque da teoria da carteira de títulos. Da perspectiva ,ias necessidades de empréstimo do investidor pretendente, a taxa de juros rur.irrtónr a sua importância, enquanto a moeda é o meio de pagamento. E a r11:rçri:,i que deve serachada para financiaro investimento, e se ela deve ser
343 tomada emprestado, os lucros esperados devemcobriro pagamento comjuros, ou, de modo equivalente, a emcdeveserpelo menos igual a r. Entretartto,a emc do investimento proposto deve também pelo menos ser igual ao ativo que tem oprêmiopela liquidez,pois, do contrário, a ato inteligenteéadquiriresseativo, não o investimento proposto.
Sumário O velho quebra-cabeça pernanece: como devem funcionar as instituipara agir como ouro, de oferta ções? Se o papei-moeda e os defrsitos são feitos
inelástica, há, na falta de estímulos extemos, tais como o crescimento populacional, o progÍesso técnico ou a expansão do comércio mundial, uma iendência do sisteml a parar o movimento antes que o pleno emprego seja alcançado. Se a restrição da oferta for removida, deixando que corrobore, por sua vé2, as expectativas de salário real da mão-de-obra e as expectâtivas de lucro das empresas, temos inflação. Uma terceira alternativa, a adoção de uma regra fixa paia a expansão monetária,le pode evitar os rigores de uma oferta completamente elástica, enquanto não permite que a inflação fuja do controle, ou pode, pela sua própria previsibilidade, resultar na absor$o total das mudanças monetárias pelas altera@es nos Pteços e nos salários, não conseguindo, desse modo, fornecer a necessária elasticidade para o crescimento do produto real, à qual se destinava a proPosta. Uma política discricionária, por causa da flexibilidade com que as mudanças monetárias podem ser reguladas - na verdade, pela sua própria imprevisibilidade -deve ser capaz (a menos que a preferência pela liquidez reaja com obstinação) de minimizar o impacto inflacionário das mudanças monetárias. A história da política discricionária não é encorajadora. Porestaruzão,alguns apóiamuma noÍrna para controlar as autoridades ou um retorno ao ouÍo,a enquanto outros são favoráveis ao desmantelamento do poder do Estado sobre todos os aspectos do problemas monetários21 e alguns inventam esquemas engeúosos para tornar a expansão monetária não luórativa.22 O padrão-ouro e um sistema bancário livre também tinham os seus defeitos. No meu entender, uma política ativa continua sendo a melhor alternativa -se é que ainda exeqüível. No próximo capítulo voltamos ao uso adequado da autoridade monetária, embora nos capítulos seguintes questionemos se muito controle pode, na presente situa$o de desenvolvimento do sistema monetário, ser empregado.
344 Notas
A avalia$o mais extrema
é a de Hansen (1953, p. 159): "Imediatamente após o aparecimento da Teoria Geral, houve um certo fascínio pelo Capítulo 17, devido, em parte, sem dúvida, à sua obscuridade. No entanto, as escâvaçóes nesta área logo cessaram depois que se verificou que o capítulo não continha nenhuma mina de
ouro." Keynes mesmo disso isso. YerT. G.,p.306.
Ver especialmente Conard (1963, cap. 8), de que depende muito da presente exposiSo. Ver sobretudo trrner (1952)
e
Turvey (1965).
Essa é a razão pela qual o q único, ao invés de uma série de quase-rendas ou lucros brutos sobre a duraçáo esperada do equipamento, é pertinente aqui.
Eu não disse "maximizaçáo da utilidade" porque
a característica de liquidez não se ajusta bem à análise da utilidade, embora muitos autores de teoria monetária escrevam como se não houvesse nenhuma dificuldade.
Isso também esclarece a base apropriada ao cálculo da taxa líquida de retomo: no caso do ativo "não-produtível" é o preço de mercado que é apropriado; para o ativo "produtível", em qualquer período "maior" do que o do mercado, o custo de reposi$o ou o preço de oferta é a base @rreta. 8
Ver, por exemplo, o tratamento em Burstein (1963).
9
Keynes se refere
a esta possibilidade (p. 241), mas como um fenômeno que ocoÍreu episodicamente na história passada. Não há nenhuma indica$o de qúe possa se repetir.
Os economistas que enfatizam o papel informativo da moeda ligariam este fato a uma cÂrteza maior quanto aos preços monetários, com base em que os preços
relativos diretos entre bens sãoraramente calculados. Eles seriam calculadosse (ou são calculados quando) os preços monelários se tornam muito variáveis. l1
Ver Chick (1978).
t2
Suponha agora que todos os outros custos primários estão ligados aos salários.
13
"Amoeda
... perde rapidamenteo atributo de'liquidez', sese espera que futura sofra mudanças abruptas" (7. G., p. 241, n. l).
"A
a sua
oferta
característica que tradicionalmente se supôs tornava o ouro especialmente
adequado para a utilização como padrão de valor, a saber, a sua inelasticidade de oferta, acaba sendo justamente aquela que está na base do problema" (7, G., pp.
23s-6). Os bancos podem ter a capacidade de manipular as preferências do setor privado por moeda corrente e depósitos para conseguir mais reservas,
345 Por exemplo, a compra por um banco da dívida do govemo, uma mudança nas reservas internacionais ou a impressão de mais cedulas. Para dados mais amplos do que a tabela 7.1., @nsultar Mitchell e Deane (L962). Para um quadro dramático do comportamento dos preços na Inglaterra desde 1300, ver Pearce (1982). O estudo da hiperinfla$o mostrou que â moeda continua a ser utilizada como meio de pagamento dos salários e dos bens de consumo a altíssimas taxas de infla$o
(Cagan, 1956). t9
Esta idéia começou com Henry Simons (1936) e foi apoiada geralmente pelos monetaristas. Um grupo de pressão a favor do padrão ouro foi operante nos poucos últimos anos nosEstados Unidos. Na Grã-Bretanha a questãofoi levantada porMorganeMorgan (1e7e).
2t
Por exemplo, Von Hayek (1976). Pearce (1982).
PARTE
V
Questóes de Político EconÔmico
cnpíluro I 8
Conseqüêncios poro o Político Econômico: Monetório e Fiscol
Éuma curiosa ironia quea "economiakeynesiana"seja entendida comoum
certoconjuntodeprescri$espolíticas,aindaque na TeoriaGeralsejadadomuito pouco espaço às conseqüências da teoria para a política governamental.Talvez fosse pnrdente não dar êtfaseà política, pois esta deve ser reservada a circunstâncias específicas e a teoria abrange uma ampla esfera de circunstâncias.
No desenvolvimento das conseqüênciaspolíticas, nas décadas de 40e50,
contingência da política na circunstância histórica não foi ressaltada, comum resultado desastroso: ficou estabelecido como "critério keynesiano,, que a economia poderia ser "estabilizada" e o crescimento estimulado através de políticas -principalmente variações dos gastos governamentais e tributação destinadas a alterar o nível da demanda agregada, enquanto a política monetária era rejeitada como impoüente, não simplesmente nas circunstâncias particulares da década de 30 e, mais tarde, na de 45, mas geralmente: ,.Amoeda a
não importava."
Esta era, mais ou menos, a doutrina keynesiana, até ser contestada, principalmente pelos economistas ligados à Universidade de Chicago, QUe se tornaramcoúecidos como "monetaristas" devido à sua insistência emque,.a moeda é importante". O longo e umpouco infrutífero debate sobre esta quéstão, que tomou agora outras direções, semser resolvido, jamais precisava, de modo algum, ter ocorrido, se o multiplicador mecânico do produto real não tivesse sido levado tão a sério e se tivesse sido considerado o contexto histórico dos comentários de Keynes sobre política. O contexüo histórim abrange não apenasas circunstâncias geraisprevalentes quando Keynes estava escrevendo, mas também o problema político específico: atenuaro desemprego. Apolítica "keynesiana"dizrespeitoa objetivos múitomais gerais
e
amplos. Eumpassopequeno,mas fundamental, desdea meta deaumentar
350
o empÍego, quando o desemprego é nitidamente muito grave, até evitar, em priméiro-lugr, o surgimento do desemprego ('estabiliza$o")- E-quando a até meados da década de 60, compresegunda meta exige o crescimento do estoque de capital para dar suporte à crescente necessidade de emprego. Ora, a estabilização e o crescimento podem ser metas valiosas, mas são
populaÉo eítá crescendo, como aconteceu
ãrà.-r" qu..sta
muito mais importantes do que o problema que exigia urgentemente uma solu@o na década de 30, e as políticas que serão mais eficazes em sua realização não são necessariamente a combinação que melhor se ajustava ao problema que Keynes enfrentava. Pelo menos, as características gerais da ãconomia (por exémplo, o úvel da taxa de juros, as expectativas de preços, o comportamiento dos iindicatos) variarão tanto devido às flutuações econômiôo-o quando há acumulaçáo de capital. Em sentido amplo, não só o "r. Oçidente é Loje relativamente rico de capital, mas toda atlafiircza do sistema monetário muãou e as relações de podercomos seus fornecedores se alteraram. Adesilusão como..keynesianismo" nos anos Íecentes foi causada pelo fato de as políticas "keynesianas" terem sido aplicadas a um mundo para o qual nunca foram projetadas. Co*o co^.qüência desta desilusão com a política há uma grande probabilidade de que a teoria de Keynes seja rejeitada junto com a_política akeynesiana". Istoseria urna pena, pois, com aperfeiçoamento e amplia$o, a teoria é mais útil do que muitas das alternativas sugeridas.
I-embremo-nos das características do problema que Keynes estava tentando resolver: desemprego elevado por mais de uma década e sem mostÍaÍ nenhum indício de mehórar, empresários desestimulados, grande excesso de capacidade não obstante a economia estar geralmente subcapitalizada: ... uma condiçáo em que há uma escassez de casas, mas em que, no entanto, ninguém pode ter os recursos para viver nas câsas que existem'
(7. G.,p.322)
Para melhorar o emprego era necessário elevar a demanda efetiva (efetiva, não agregada). Emprincípio, isto poderia ser feito, quer reduzindo Z ôu aumentandó D-. A curto prazo, no entanto, a única forma de red'tzit Z era mediante a redução dos salários e isso provavelmente, após considerar o efeito retroativo sobre D, devia ser inútil ou até contraproducente' Há dois modos de aumentarD: modificando a propensão a consumir ou alterandoo investimento.Aprimeirapoderia serfeita através da redistribuição de renda. Embora Keynes apóie esta política pala a manutenção dascgndições desenvolvimento, quando este começa a cedçr, ele não faz menção a ela nas condições de queda brur"a, provavelmente porque para alcançar um efeito perceptível a mudança precisaria ser muito grande.
de
351 Desse modo, volta-se a atenção para o investimento. Por sua vez, há dois modos possíveis de estimular o investimento: elevando a emc - o que, de fato, significa expectativas de luçro - ou baixar a Íaxa de juros. Quando a taxa de juros, no entanto, já está tão baixa como jamais esteve, há pouca perspectiva de mudança, e com uma subutilização muito grande do equipamento existente, a espeÍança de aumentar o investimento, mesmo através da melhoria das expectativas, não é grande. Aúnica possibilidade que fica para o futuro é preencher a lacuna entre a produção e a demanda corrente com os gastos governamentais, O efeito do impacto do gasto seria imediatamente benéfico paÍa o úvel de emprego e reduziria o custo do seguro-desemprego. O consumo induzido pelo gasto inicial (efeito multiplicador) melhoraria mais o emprego e, se as renda s cresces sem suficientemente, talv ez eleva sse a lgu ns impostos " Desse modo, um déficit não seria tão dispendioso (para o governo) quanto poderia parecer. E o efeito sobre os pÍeços seria mínimo com tais níveis de produ$o
muito baixos.
Como uma esperança mais longínqua, a eleva@o da renda poderia alterar suficientemente as expectativas dos empresários por um posterior restabelecimento do investimento. Essa era a lógica geral do enfoque de Keynes. É claro que cada elemento dela depende das caracteísticas da situação enfrentada pelos formuladores de políticas. A avaliação associada a Keynes - de que a política fiscal funciona e a política monetária não - não foi justificada como um principio geral. E de interesse especular sobre as razóes pelas quais esta generalização pegou. Fundamental, penso eu! era a idéia de que a contrapaÍida financeira do gasto autônomo não tinha nenhuma função a desempeúar no processo multiplicador. I-embre-se da análise do Capítulo 14, em que as conseqüências financeiras foram examinadas. Mesmo sem apresentar as conseqüências para a taxa de juros dos diferentes tipos de financiamento, a argumentação ficou muito pomposa, de modo que pode-se simpatizar com o desejo de ignorar o financiamento como teórico, se não como formulador de política. Uma conseqüência de se considerar em separado o gasto governamental e seu financiamento foi uma mudança sutil de linguagem e conota$o em falar de opções políticas. Keynes falou de "obras públicas"; os keynesianos falamde
"política fiscal""
A expressão "obÍas públicas" sugeÍe gastos governamentais feitos em circunstâncias especiais, distintos dos gastos regulares. "Política fiscal" abrange tanto os gastos governamentais (G), o aspecto expansionista da política fiscal, quanto a tributaSo (7), o aspecto restritivo. Como ambos têm uma função na política de estabilização, a expressão mais ampla - política fiscal -entrou emuso. Ao lado desta mudança, no entanto, veio a identificação de tudo que envolve G ou T como política fiscal, independente da origem ou
352
I Keynes, ao contrário, foi bastante explícito emrelação à origemde financiamento das suas "obras públicas": moeda nova. Enquanto para um monetarista tudo que implique uma mudança na oferta de moeda pode ser considerado como política monetária, Keynes, quando falou de política monetária, queria dizer claramente uma política de mercado aberto, destinada a afetar as taxas de juros. Os keynesianos nas décadas de 50 e 60 incluíram na política monetária coisas como as variações das reservas bancárias ou exigências de Íeserva, destinadas a agir sobre a liquidez e/ou a oferta de crédito. uso dos fundos ligados a G ou
A "Restriçáo Orçamentríria" do Govento O que foi dito antes pode sertratado sistematicamente dentro da estrutura deuma declaração de rendimentos e deumorçamentopara o governo.Arenda do governo vem da tributação; qualquer despesa superior às receitas dos impostos deve ser financiada através de empréstimo ou emissão de moeda recém-criada.1 Expressamos esta idéias com símbolos bem coúecidos:
G-T=ÁB+Ál[,
(18.1)
orrdeÁ8, neste contexto, se refere à mudança nos títulos do governo. Esta equação diz respeito ao fato de que deve haver fundos suficientes para financiar as despesas.2 Ela é denominada geralmente "restrição orçamentária" do governo, embora paÍeça uma denominação paradoxal, quando há as possibi-
lidades de tomar emprestado e criar poder de compra simultaneamente com a despesa e quando as receitas de impostos não são conhecidas no início: é uma relaSo completamente expost ettre as entradas e saídas de fundos como uma declara$o de rendimentos (ver Capítulo 3) ou representa umplano coetenúe, em que são recoúecidas as conseqüências financeiras. Portanto, há o resíduo da aSo governamental passada: os títulos e o diúeiro a receber. As suas proporções podem ser alteradas através das operações de mercado abeÍo (ou uma política de controle da dívida) e sua soma através de incrementos resultantes do financiamento da despesa e do uso do superávit líquido para retirar de circulaSo títulos ou moeda. Desta forma, a declaração de rendimento afeta o saldo dos créditos a receber. Qualquer política realista será uma mistura de possibilidades teóricas definidas pelo orçamento governamental e pela declara$o de rendimentos, que são as seguintes:
(1) G (2) G -
T = 0 Umorçamento equilibrado T = ÁB Um déficit financiado por empréstimo usado para liquidar débito
ou um superávit
353 (3) G -
T=
Álu{ Umdéficitfinanciadopormoedanova ouumsuperávit para absorver moeda da economia
(4) - ÁB = Áll[ Uma compra de mercado aberto (+ ÁB,venda). Uma possibilidade adicional para os que gostam de fantasiar é uma elevação "teóica" da oferta de moeda. Como introduzir a moeda em troca de nada contéma inocência do argumento ceterisparibus, foi sugerido imaginar a moeda tendo sido lançada na economia por um helicóptero: ç) ÁIuf Uma elevação monetária "te6ica".
A política do helicóptero poderia ser complementada por uma política Hoover empeíodos de excesso de liquidez. Os keynesianos pÍocuram encontrar G e ?, chamam as políticas referentes a eles de "fiscal" e as demais de "monetária". Assim, (t) a (:) são políticas fiscais e somente (4) é considerada monetária. Eles não aprovam (5). Os monetaristas olhampara o outro lado da equação, por assim dizer, e consideram tudo que envolva.á11{, isto é (3), (a) e (5), como política monetária. Tudo mais, isto é, (1) e (2), é política fiscal. Keynes especificou (3) quando recomendou obras públicas e concebeu (4) como política monetária. A Tabela 18.1 sintetiza o que foi dito acima. Tabela 18.1 Política Fiscal
Política Monetária
Keynesianos
(1), (2), (3)
(4)
Monetaristas
(L), (2)
(3), (4), (s)
(3)
(4)
Keynes
Deveria ser de senso comum que o que é verdade para (3) não precisa ser para (1) ou (2); é importante que se olhe ambos os lados do orçamento. E a
oportunidade para falar de objetivos opostos é bastante clara quando se considera a política (3). Observe também que (2) mais (4) é igual a (3). Para ilustrar a confirsão a que leva esta complicação semântica, considere a política de cortes nos gastos governamentais a fim de conter a oferta de moeda. (Eassim que o atual governobritânico classifica a sua política.) Nestes dias de tendência à elevação da oferta de moeda, a diminuição da taxa de crescimento equivale a uma redu$o de M em tempos mais estáveis. Desta forma, pode-se veÍ que esta política não é mais do que a política (3) dirigida no sentido da deflação. Ela é chamada de política monetarista devido ao seu ostensivo propósito de reduzir a taxa de crescimento da oferta de moeda. Como, porém, ela nada
354 faz diretamente para controlar as fontes não-governamentais de crescimento da oferta de dinheiro, ela poderia sermelhorqualificada como "keynesianismo negativo"; uma política deflacionária pelos meios mais eficazes, utilizando o "controle da oferta de moeda" como desculpa. Como qualquer leitor atento da Teoria Geral, ol mesmo do Capítulo 7 precedente, poderá ver, há uma assimetria entre inflaçáo e defla$o. Pois, enquanto uma deflação da demanda efetiva abaixo do nível exigido para o pleno emprego diminuirá tanto o nível de emprego quando o dos preços, uma infla$o de (demanda) acima deste nível afetará simplesmente os preços.
(7. G.,p.29t)
O Financiamento e o Multiplicador Oenfoquemecânico e de equilíbrio do multiplicadorintroduziu três itens no substrato do "pensamento"dos economistas. Umdesses itens era queo gasto do governo era, de certa forma, autofinanciado, de modo que, nafuralmente, o financiamento deveria ser ignorado. O segundo era que, salvo no pleno emprego, os efeitos do multiplicador recairiam totalmente sobre a produção'
O terceiro era que, como o multiplicador de efeito único produz
apenas
resultados transitórios, doses repetidas de gasto governamental (ou investimento ou consumo induzidos) eram necessárias para efefuar qualquer mudança significativa. -Suponho
-
que, mesmo no início da década de 60, ninguémque fosse confrontado com estas proposições, tão mal formuladas, teria dito acreditar nelas sem restrições. Elas não constituíam tanto uma doutrina conscientemente sustentada e ativamente disseminada como uma espécie de instinto subconsciente. Desse modo, foi comum certo sobressalto que foram recebidos os dois artigos de Carl Christ (L967, 1968). Estes artigos indicavam que, devido à restri$o orçamentária do governo, um déficit orçamentário constante significava uma dívida pública peÍmanente ou uÍla quantidade crescente de moeda, até o equilíbrio.Esteequilíbrio (determinado na maneira usual do multiplicador) se caracterizava poÍ um oÍçamento equilibrado. Para alcançá-lo, a renda teria que cresceÍ suficientemente para aumentar os impostos adequados, assim como tem que crescer suficientemente para gerar a pouPança adequada, quando o equilíbrio é definido porS = L A inser$o da restri$o oqamentária do governo, embora mantendo o enfoque mecanicista do multiplicador, levou à proposi$o de Blinder e Solow (1973) de que o financialnento através deempÉstimo é mais expansionistâ do que o financiamento através de moeda nova, po4lue os impostos (na situa@o de
-
355
- T, que é o ponto de referência deles) terão que aumentaÍmais que aumento do gasto govemamental: eles devemtambémcobriro serviço da dívida.
equilíbrio G o
Embora esta conclusão seja tecnicamente correta em seus próprios termos, seria muito lamentável se um formulador de política levasse esta proposi$o a sério. Uma coisa éfazmtma afirma$o hipotética sobre o que é necessário para produzir um equilíbrio e outra esperar que ela funcione na prática. O bom senso, superioÍ neste ponto, indica que o financiamento através de moeda nova, tanto por introduzir uma nova liquidez no sistema quanto por não haverneúumefeito da própria ação política sobre a taxa de juros, terá um efeito expansionista maior do que o financiamento através de empréstimo, que elevará a taxa de juros e tenderá a desestimular o investimento. Fste efeito sobre as taxas de juros e o investimento foi redescoberto, no final da década de 60, quando se tornou coúecido cnmo crowding out.l O endividamento governamental exclui o endividamento privado e por isso é
ineficaz. Nesta forma extrema, é desnecessáio dizer, é uma doutrina monetarista. Para apoiáJa deve-se admitirque a oferta de fundos emprestáveis é totalmente inelástica: uma demanda de crédito não pode ser feita e satisfeita semdeslocara de alguémmais. De fato, nãohá saldos inativos eabsolutamente neúuma pausa no sistema bancário. Numa forma menos extrema e caracteristicamente mais complexa, isso é um efeito plenamente recoúecido por Keynes. (Ele credita a sua origem a
Kahn.) Assim: O método de financiar a política e o capital de giro ampliado, reconhecido pelo aumento do nível de emprego e o aumento associado dos preços, pode tero efeito
de aumentar a taxa de juros e, desse modo, retardar o investimento noutras direçóes, a menos que a autoridade monelária tome medidas em contrário...
(7.
A argumenta@o, naturalmente, mudou
G.,p.ll9)
de posição, passando do
equilí-
brio final paÍa os efeitos imediatos da política. Desde que se deixa de argumentar hipoteticamenüe, um horizonte de tempo cuÍo é o único possível por assim dizer, alguns ciclos do multiplicador. O efeito de crowding-out (exclusão) se refere somente ao primeiro ciclo. Na passagem citada, Keynes observa não apenas o efeito do financiamento inicial, mas também os efeitos
-
subseqüentes causados pela eleva$o emM, como resultado da'expansão e a necessidade de uma política monetária (isto é, uma política de taxa de juros)
para neutralizâ-los. E interessante que Keynes se deu ao trabalho de alertarcontra a admissão de uma elevação da taxa dejuros, pois ter-se-ia pensado que a possibilidade de crowding-ouÍestava no seu ponto mais baixo no tipo de depressáo da década de 30. Coma taxa de juros já mais altas do quea eficiência marginal do capital,
356 o novo investimento era mínimo e muito capital não estava sendo mantido ou reposto, quando se esgotava. Nesse caso, o que ocoÍre com a taxa de juros
reãlmentê não tem impoÍância. Além disso, numa profttnda depressão, é muito poucoprovóvel queaconteça algo coma taxa de juros. As taxas já estão táo baixas que deveria havergrande quantidade de diúeiro inativo disponível para atendei às necessidades anrpliadas ile transações com apenas umpequeno aumento das taxas.a Keynes, no entanto, não vincula as suas assertivas políticas tão diretamente às circunstâncias particulares ao seu redor. E este cuidado poderia tambémserconsiderado como uma refirta$o àqueles que julgavamque mesmo a tomada de empréstimospelo governo poderia serperigosamente inflacionária - e mais ainda, criando novo dinheiro. §a realidade, isto pode acontecer, se a tomada de empréstimo por parte do governo perdurar por muito tempo. Este é o assunto do próximo capítulo.) Observetambémque ele preparou esses mesmos alarmistas da infl a$o para umelevaçáo nospÍeços como resultado deuma política expansionista (lembre-se da aruílise da infla$o "verdadeira" e "falsa" do Capítulo 15), ainda que, naquele b-po, ele escrevesse que era mínima a probabilidade de os preços subirem.
As Taxas de luros
eo
Multiplicador
Vale a pena considerar o comportamento das taxas de juros como previu um dos nossos modelos dinâmicos de multiplicador, quando há um gasto governamental realizado para umúnico projeto financiado pordiúeiro novo. Suponha, por enquanto, que não haja neúuma tributação induzida. A nova renda é parcialmente gasta, parcialmente poupada. A renda aparece sob a forma de diúeiro novo, não há qualquerproblema de liquidez que impeça o gasto. Não há neúum efeito inicial sobre as taxas de juros. Este Íesultado é muitas vezes repÍesentado na análise IS-LM pot deslocamentos iguais nas curvas, mas isso é apenas efeito da primeira rodada. , A renda e as oferta de moeda se elevatam numa meslna quantidade, portanto, admitindo k < lhâ moeda emdemasia a ser absorvida pela demanda d: transações. O excesso pode ser mantido inativo ou usado para comPrar títulos; a proporção dependerá das expectativas emrelação à taxa dejuros. A taxa de juros cairá, quando os títulos forem demandados. Nos períodos subseqüentes, há um certo consumo induzido para compensar a reiração da demanda governamental, mas a renda gradualmente cai, voltando ao seu úvel original. Quando isto acontece, alguns saldos de transaçóes se tornamdisponíveis para serem retidos, queÍ como diúeiro vivo para especulação ou como títulos; a taxa de juros cai mais. Finalmente, toda á moedã nova acaba comsaldosMr; no final da estória do multiplicador, a renda voltou ao seu úvel anterior e nãole requer aumento líquido emMr. A taxa de
357
Figura 18.1 uros ca iria permanentemente para um nível mais baixo para que a nova moeda seja mantida voluntariamente inativa. Em termos de IS-LM, a curva 15 se desloca para fora temporariamente, mas a LM o faz permanentemente. A curva 15 é vertical, visto que não há investimento induzido pelos juros. Na Fig. 18.1, o deslocamento temporário é indicado poÍ uma linha tracejada. Há um movimento de Á para B como corseqüência dos efeitos do gasto governamental e de B paru C como conseqüência dos efeitos sobre M re Mrdo consumo induzido, quando a renda retorna ao seu nível anterior. Keynes, ao contrário (7. G.,p.2(X) - esta passagem será citada abaixo, noutro contexto), permite que a queda em r teúa um efeito s obre o investimento e, portanto, sobre a renda. A demanda porM, subirá com a renda, talvez até a ponto de reverter a queda nas taxas de juros. O comportamento da taxa de juros, quando o multiplicadorevolui, é, portanto, caire, emseguida, se inverter parcial ou talvez até completamente. Pode-se esperar que a velocidade de rea$o ao investimento seja umpouco irregular, dando um padrão emático pa.ra a taxa de juros e, ru prática, a posi$o final seria inteiramente imprevisível. Acoisa importante a observar, no entanto, é que o nível final da Íenda pode ser mais alto do que o úvel inicial, emdesacordo comomodelosdoslivros-textos: umúnicoperíododegastosgoveÍnaÍÍrentaispode ter um efeito duradouro, mesmo que os efeitos da acumula@o de capital sobre a eficiência úo possam ser considerados no cuÍto prazo.
j
358
Yo
Yr
Figura 18.2 A Fig. 18.2 rctrata a estória dinâmica de Keynes em termos de IS-LM. A curva 15 se desloca temporaria mente como antes, Ínas a gora é negativamente inclinada. A curvaIMse desloca permanentemente. I{á ummovimento inicial de Á para B, seguido de uma queda nas taxas de juros para C, depois um movimento para D, quando o investimento se eleva, mas é superado pela queda dos gastos governamentais. O efeito líquido permanente é uma eleva$o da renda de YoparaY" Per spectivas Adicionais do Investimmto Induzido
O investimento depende de dois fatores: emc e r. Os economistas americanos, bem antes da publicação da Teoria Geral, advogavam déficits fiscais com base em que o aumento da demanda causada pelos gastos governamentais persuadiria os empresários, particularmente se a política fosse sustentada por um certo peíodo de tempo, de que as penpectivas de lucro estavam melhorando. Se e quando isto acontecesse, a emc se elevaria e o investimento seria estimulado. Esta política recebeu epíüeto simples de pump-primirg.* Despeja-se água - me disseram- numa bomba manual a fim de fazer a á gua do poço subir; esse processo é chamado de "caÍregaÍ" Qriming). Uma boa metáfora.
*
Estímulo ao comércio por meio do investimento. (N. do T.)
359
As bombas, no entanto, funcionam com base em princípios físicos confiáveis. O investimento não. A reação da emc aos gastos governamentais provavelmente náo apenas varia de acordo com a situação geral da economia, 'mas pode mesmo sór ruim: "Com a psicologia confusa que muitas vezes predómina" (7. G.,p.120), o simples fato da intervenção governamental pode diminuir a confiança ebaixataemc, Admitindo que a psicologia dos negócios não é ruim, pode-se ainda dizer
que o provável sucesso ãa operação p ump -p r iming v atta rá co m a situa$o gera I
da e"onomi". Se a expectãtivai estiverem profundamente abatidas e, além disso, existir uma grande capacidade excedente, o governo pode ter que prosseguir o gasto aitcitario ãurante muito tempo antes que o investimento melhoie. Um-estímulo durante uma recessão amena, digamos, uma recessão causada pela queda dos estoques, quando as empresas liquidam os estoques excedenies, ús não param o equipamento, é mais provável que tenha um efeito. Por conseguinte, uma profunda depressão é justamente o_mo,mento em que o investimenío é mais difícil de ser estimulado, embora
d"
possam melhorar rapidamente (desde que
a
produção
eo
nível
o custo de uso do
"-pt"go inativo seja virtualmente nulo). equipamento Curiosamente, Kàynes ..ão faz men$o à possibilidade de "carregar a bomba,, - somente à posiibilidade deuma reação psicológica ruim e aos efeitos contrário dos preços crescentes do equipamento de capital sobre a emc ta recupera$o. Úm modo de ver isto é que Keynes concordava rigorosamente comi separa$o entre as expectativas de longo prazo e as observações-da renda corrente. Ouira é a possibilidade de que ele teúa omitido esta forma de investimento induzido devido à sua inadequação ao peíodo.s Fsta última sugestão não seajusta bemcomo fato dequeeleadmitia quedas na taxa de juros paia induzir o investimento. Se a capacidade excedente ou uma lacuna intransponível entre a emc e r forem razões contra uma dessas explicaçóes, devem ser razóes contra as duas, Sejam quais forem as razões de Keynes, parece relativamente certo que a desilusâo coma idéia dos gastos governamentais como estímulotempoÁno surgiu da falta de investimento para reagir na década de 30.6 uma vezmaisvemos que algo considerado como umprincípio.teórico geral é, na verdade, moldado pela-situa$o histórica. Éumestraúo desvio da história das idéias que a falta de ummecanismo acel endor tta Teor fu Ger al seja geralmente encârado óo*o ,n ponto fraco, enquanto a idéia de política fisçal como um estímulo ao investimêilo teúa dado lugrparapen§aÍnos gastos governamentais como compensaçãopeloinvestimento que não está ocorrendo, apesardo fato de as circuns-tânciai quã irrvalidam o pump-priming rrão serem gerais'
360 A PMC durqnte o Ciclo
A reação do consumo ao estímulo fiscal pode também ser variável durante o ciclo. Em primeiro lugar, é plausível, embora empiricamente não constatado, que a pmc seja maior a níveis baixos de rcnda ãgregada, assim como de renda individual. Emsegundo lugar, se a renda estiverrelativamente estável e, em seguida, começâr a mudar, ô úvel de consumo provavelmente mudará pouco de iúcio, ajustando-se lentamente a um novo úvel ou taxa de mudança da renda logo que ela seja estabelecida. (Estas questões foram examinadas no Capítulo 6.) . Numa queda da atividade econômica, estas duas considerações permitem interpretaSesconflitanües.Pode-severistonaFig.18.3,emqueafrrnSo consumo de "curto prazo",CP,coÍta a funSo de longoprzzo, LP, ao nível de renda y, que pernaneceu estável. Se os consumidores não se adaptararq eles seguernCp, quando a renda cai; a inclina$ o de LP ê menor do que a de Ip em y, de modo que o gasto que seria necessário pra evitar uma queda da renda, digamos, y, poderia ser considerado como inesperadamente pequeno (se os formuladores de política tivessemavaliado que aprnc fosse a i1rçlinação derp ou inesperadamente grande, se a previsão fosse baseada na inclina@o de cp em yo(na figtra cp est.). Quando a recessão se agrava e os consumidores se adaptanl a inclinaÉo dezp se torna relevante. Quando mais intensa fora depressão, é provável que maiorseja
Figura 18.3
361
inclina$o-pelo Ínenos, como Keynespensava.Esta era a base da sua rejeiSo da pmcsugeida pelos dados de Kuznets (Estados Unidos, 1919-33), que não era maior do que 60 a TOVo: "(Fste é) um número bastante plausível para o surto econômico, mas surpreendentemente, e a meu ver, improvavelmente baixo para essa
a
desacelera$o" (7.G, p. 128).
O testemunho empírico sugere que a função de consumo de longo prazo linear, mas isto não afeta a proposi$o de que os efeitos multiplicadores dos gastos governamentais possam ser maiores quando um baixo nível de renda tenha sido umpadrão de vida durante algumtempo -exatamente as condi@es é
em que Keynes escrevia
-pois os consumidores ter-se-iamadaptado ao padrão de longo prazo cuja inclinação é maior. A conversão da política no objetivo de crescimento levanta a mestrn questão no sentido ascendente, mas, neste conteúo, admitindo a função de @nsumo de longo prazo de Keynes, vê-se que se se tomar apmc avaliada em função da experiência recente (isto é, perto de Yr), os efeitos do multiplicador serão superestimados, tenham ou não os consumidores tido tempo para se adaptar. Esta conclusão será, naturalmente, modificada, selPforlineaÍ, mas, em qualquer caso, pode-se ver {ue será necessário algum tempo para que os efeitos do multiplicador sejam significativos. Estas questão, de importância evidente para a política, não são tratáveis pela análise do equilíbrio incorporada às versões algébricas (esúticas) do multiplicador. A Efic,úcia da Política Fiscal: Sumária O objetivo da política fiscal é proporcionar, direta ou indiretamente, um estímulo à produção através do aumento da demanda. Só que a magnitude do seu efeito sobre a demanda dependerá, como vimos, das circunstâncias específicas que condicionam a sua utilização. E o grau em que o estímulo à demanda se traduz na produção e no emprego, emvez dos preços, depende dos fatores que foram esboçados no Capítulo 15, que também são variáveis ao longo do tempo. Se há umúnico princípio a surgir da primeira parte deste Capítulo é que a eficácia da política fiscal depende, não da medida dos parâmetros das funções comportamentais fixas, mas da perícia com que é julgada a opoúunidade de sua utilização. Embora seja exigida, emprincípio, certa finura de tratamento, na prática é quase impossível alcançáJa, devido ao çaráter imprevisível das expectativas de longo prazo que determinam o investimento e a variabilidade dos atrasos com que podem reagir o consumo e o investimento. O controle da demanda não só é diÍícil, como ele estará, sem o apoio dos
estímulos exógenos ao crescimento (mudança técnica, crescimento populacional), fadado a umeventual fracasso, se forseguido continuamente. Este é o tema do próximo capítulo. Voltemos agoÍa a um exame da política
362 monetária, no qual estudamos uma diferença fundamental de pontos de vista entre as análisçs de Keynes e dos monetaristas.
A Política Monetária A história do desenvolvimento das políticas para agir sobre os bancos, os créditos financeiros, o crédito e a moêda e dos seus fracassos e êxitos é pitoresca e variada e não há tempo para tratá-la emsua totalidade' Esta seção ie limitará a apenas três objetivoi inter-relacionados: examinaro "mecanismo keynesiano dà transmissã-o" e a convicção afim na impotência da política mónetária e apontar a distinção entre a visão dos monetaristas sobre o papel da moeda e a d'e Keynes.Inevitavelmente serão repetidos pontos dos capítulos que de um modo que ponha em harmonia pontos 9 e 11, ma. "spe.êmos aparentemente discrePantes.
O "Mecanismo de Transmissão" Provavelmente
a
própria noção de um"mecanismo de transmissão" seja
incompatível com Keynes, pois sugeÍe uma dicotomia entre os aspectos monetãrios
e
reais da
em que ele via a economia como basicamente entre M e a demanda
"óono-ia, monetária. Mas não tiúa dúvidas quanto ao vínculo monetária agregada:
o
eieito fundamental de uma mudang na quantidade de moeda sobre
a
quantidade de demanda efetiva é a sua influência sobre a taxa de juros.
(7. G.,p.ze9)
Há dois níveis em que este vínculo pode ser pode ser analisado.
o mais
simples tem rela$o coú os efeitos da política monetária interpretados de maneira restrita. b outro é bastante amplo para proporcionar um autêntico confronto com o monetarismo.' o enfoque mais adequado desta assertiva é a análise da oferta e da demanda feitá por Keynes. A oferta de moeda, na sua teoria, é exógena, portanto são os determinantes da demanda que,devem operaÍ um novo àquilíbrio, quando a oferta de moeda muda. E Keynes fez 1m3 enorÍne juros e a demanda especulativa de moeda. Isto levou -of,r.ao ioü." u taxa de à idéia de que MD = L(r) era a "Teoria Especial" de Keynes, um caso extremo da sua fórmula mais ge.ral MD = L (Y, r).Estafoi a interpretação do artigo que, mais do que qualquãr outto, formou a nossa compreensão- do sistema de Keynes: Ur. X"ynàt and the Classics (I1icks.,_ 1937). Uma alternativa que é equilíbrio entre a oferta e a demanda -.ío. restritiva éque ré responsávelpelo de mudar. (Modigliani ,1944'talvez de moeda anles quê a renda ieúa tempo
363 artigo de interpretaSo de maior inÍIuência -adotou esta idéia, como fizemos no Capítulo 11.) O próprio Keynes diz claramentei "... é tirando proveito do motivo especulativo que o controle monetário... é aplicado ao sistema econômico" (7. o segundo
G.,p.196) PoÍanto, considerava-se que o mecanismo de transmissão dependia da existência de uma significativa elasticidade de juro da função de demanda de moeda, e a busca prosseguiu. Não há absolutamente nada de errado nesta interpreta$o, mas parcce-me que ela úo dá importância a uma questão que, levando em conta a história posterior, foi lamentável os keynesianos terem ignorado: o fato de Keynes querer dizer com controle monetário algo bastante específico: opera@es de mercado aberto. Até l97l en evidente que as opera$es de mercado aberto mantinham ou eram mantidas pela taxa bancá ria. Tanto o modus operandi quanúo o objetivo das opera$es de mercado aberto, como compÍeendidas então, deviam afetar a taxa de juros. As operaSes de mercado aberto porsua própria natureza não podem ser transferidas, a menos que mudem as taxas de juros. O motivo especulativo era importante, porque os especuladores, ao conhário de muitos investidores de longo prazo, são sensíveis aos incentivos das taxas de juros e oferecemummercado emque o agentegovernamentalpode comprar e vender. Se todo mundo está comuma "carteira de títulos cquilibrada" e não recepiva, ele não pode pôr em prática a política pretendida. E evidente, portanto, que a elasticidade do juro de M^é de importância fundamental para a política moiretária. Mas, entre todos os estudos empíricos desta função,8 somente Eisner (1963) menciona que não apenas não é necessária uma elasticidade infinita do juro para a posiçáo keynesiana (como geralmente se pensava então), rnas, ao contrário, o que é importante é que mesmo uma fun$o de elasticidade constante seja mais inclinada a níveis baixos de r. Isso é tudo que é necessário para a posição de Keynes, ou seja, é improvável que a política monetária teúa êxito numa queda da atividade econômica. A incapacidade da política monetária não foi planejada como a proposta geral que veio a ser. Os estudos sobre a demanda de moeda da década de 60 foram empreendidos no contexto, como dissemos, da questão de saber se a política monetária era eficazoundo, e não de quando era ou não. O objetivo das investigações empíricas era achar a funçáo da demanda de moeda. Presumia-se que ela fosse algo bastante estável paÍa se ajustar às técnicas econométricas com os dados disponíveis, de modo que uma boa série de anos teve que ser incluída. Ora, tal como Keynes explicou a demanda especulativa, a estabilidade talvez não fosse a coisa mais evidente a esperaÍ. Quanto a minr, acho surpreendente que, nestas investigações, as variáveis da renda teúamtido um desempeúo sensivelmente melhor do que as variáveis da taxa de juros. Os
364 deslocamentos devidos tanto
às
mudanças na taxa normal, independentemente
política, eemreaçãoà política econômica foramlevadas emconta na teoria, mas não nas interpretações subseqüentes ou no trabalho empírico. da
Uma Operação de Mercado Aberto
dejuros que resultam das [É1... importante distinguir entre as mudanças na taxa mudanças na oferta de moeda disponível para satisfazer o motivo especulativo, sem ter havido qualquer mudança na funçáo de liquidez, e as que resultam principalmente das mudanças nas expectativas que influem na própria funSo liquidez. As operaSes de mercado aberto podem, de fato, influirna taxa dejuros através de ambos os canais; como podem não apenas alterar o volume de moeda, mas também dar origem a expectativas modificadas em rela$o à política futura do Banco Central ou do Governo.
(7. G.,pp.196-7) de uma operação de mercado aberto pode serre alizada em duas
A análise
paÍtes. Primeiramente, supoúa que as exPectativas não sofram a influência das notícias. Esta análise é semelhante aos exercícios do Capítulo 11. Afunção Mré estável (Fig. 18.a). Uma compra de títulos no mercado aberto é expressa
\ M,
.
M',
x
Í2
rl
lú
- tvt
^ú-M, Figura 18.4
Mr+B
365
poÍ um deslocamento para a direita na reta que indica o montante de moeda que restou de Mre disponível para reten@o especulativa: a oferta de moeda aumenta, mas M, é fixa, porque a renda não mudou. A extensão total da reta, que mede a totalidade dos fundos na esfera especulativa, pode mudarumpouco em fun$o de uma reavaliação, mas isto não é levado em conta. A questão formulada ankriormente sobre a difi culdade crescente de efetuar mudanças na taxa dejuros, quando as taxas são baixas, é apresentada pressupondo-se incrementos monetários de igual tamaúo. Pode-se veÍ que 14- 13> 12- rr Considere agora como uma mudança de política pode afetar Mre, por conseguinte, o resultado. Apolítica monetária británica temuma longa tradi$o histórica de utilizar uma declara$o de suas inten@s para alcançarseus objetivos políticos compouca atividade de mercado. A Taxa Bancrária foi c*ncebida principalmente como urna indica$o do nível das taxas de juros que o Etnco desejava, e a Taxa Mínima de Empréstimos, após umbreveperíodo de acompaúamento das taxas de mercado (pelo menos até ceúo ponto), assumiu a fun$o de pauta até sua recente eÍin$o. As expectativas estão fadadas a mudar, quando esta taxa se altera ou, de fato, quando uma altera$o importante da política é anunciada. Supoúa que o Banco teúa sinalizado que deseja que as taxas subam de r, (sem indicar o úvel exato que ele deseja). A"tzxa normal" (no sentido de Keynes) então tambémsobe e as taxas anteriormente tidas como seguras (isto é, improváveis de subirem) seriam corsideradas arriscadas. Mr se desloca para a direita até M'r(a liúa pontilhada da Fig. 18.4). Aqueles para quem a taxa vigente parece agoÍa arriscada se transferempara a moeda. Ataxa sobe. Uma operação de mercado aberto pode até mesmo não ser necessária. Este "efeito dedeclara$o"tambémpodersermais fraco, quando as taxas já são baixas e as autoridades estão tentando contê-las ainda mais. Como a taxa não pode cair abaixo de zrro, a confiança no êxito das autoridades está fadada a tornar-se nula no caso de taxas baixas. A conclusão obtida anteriormente, de que quanto mais baixa for a taxa maior será a necessidade de operação de mercado aberto, é até reforçada.
Keynes
ve
rsus Monetaristas
Um monetarista veria uma compra de mercado aberto de forma totalmente diferente. Sua atenção se voltaria para as mudanças na quantidade de moeda ocasionada pela operação. Ficaria perplexo pela aten$o exclusiva de Keynes arenãoaÁIv[. Há dois aspectos na falta de atenção de Keynes a M,I. O primeiro está relacionado com o fato, mencionado anteriormente, de que é improvável que uma mudança de política não afete as expectativas dos especuladores, como admitimos até agora. Atenuando essa hipótese:
366 noticiário afeta exatamente do mesmo modo o julgamento e as exigências de todos, a taxa dejuros... se ajustará imediatamente à nova situação, sem que sejam necessárias transaçóes de mercado. Dessemodo, no caso mais simples, em que todos separecem eestão colocâdos de modo semelhante, uma mudança das circunstâncias ou das expectativas não
Se a mudança do
-
será capaz de causar qualquer deslocamento da moeda; ela simplesmente âlterará a taxa de juros num grâu necessário para compensar o desejo de cada indivíduo, sentido com a taxa anterior, de converter a§ suas retençóes em
dinheiro como reaçáo às novas circunstâncias ou expectativas... Em geral, no entanto, uma mudança das circunstâncias ou das expectativas causará um certo realinhamento nas retençóes individuais de dinheiro... (mas isto) está sujeito a diferenças individuais... (Mesmo) no cÍtso geral, (em que há alguma mudança nas retenÉes individuais), a alteraçáo da taxa de juros é geralmente a parte mais saliente da reação a uma mudang do noticiário' O movimento nos preçns dos títulos é, como os jornais costumam dizer, "totalmente desproporcionado em relação à atividade de negocia@o"; - que é como deveria ser, em vista de os indivíduos serem muito mais semelhantes do que diferentes em suas reapes ao noticiário. (L G., pp. 198-9)
Uma Teori-a Monetóriu O monetarista, fixando a atenSo emÁluI,Íaciocina de modo diferente. Seguindo Friedmane Schwartz(1963),e aestória é a seguinte. Uma compra de meicado aberto aumenta o saldo de moeda dos que vendeÍamseu§ tífulos. Ora, a moeda é apenas um "domicílio temporário de poder de compra"; os portadores de moeda Íecém-ofertada logo exigirão outros ativos emtÍoca. Estes
podem seÍ bens de produção ou bens de consumo, seja o,que.for_que os portadores queiram (mas não títulos -estes agoÍa estão caros demais). O efeito sobre a demanda é direto. Há duas diferenças fundamentais emrelação a Keynes: (I) os monetaristas admitem que não existe nenhum peíodo de tempo substancial duÍante o qual, individual-mente e também no agregado, â moeda seja mantida inativa numa quantidade expressiva,lo e (II) eles admitem que o gasto dos que tra-nsacionam é restringido pêla üquidez (saldos para transa@es) e que as Íeceitas das vendas ao agente governamental serão gastas embens e serviços. ^ - Isto ios faz voltar à rupturá fundamental que Keynes fez com o enfoque da moeda çirculante e dos fundos emprestáveis para a modelação econômica, pois, para ele, o gasto total tinha pouco ou nada a veÍ com a quantidade de inoedã existente - exceto quando afetava a taxa de juros. Quanto ao mais, a renda determinava o consumo: os saldos das transações eÍam apenas uma comodidade.
367 E verdade que Keynes admitia que a moeda inativa era muitas vezes mantida, mas esse fato não é essencial, pois se a renda aumentasse, a moeda muito provavelmente aumentariam também, fosse a origem da nova renda os gastos do governo financiados por dinheiro novo ou investimento financiado por empréstimos bancários. Se o volume de moeda não aumentasse, a taxa de juros subiria e a renda aumentaria de um valor menor. Qualquer que fosse o aumento efetivo da renda, ela seria automaticamente mantida ou pela ativação dos fundos inativos atravós da elevação das taxas de juros ou do dinheiro novo. Keynes diverge dos monetaristas em sua hipótese quanto ao que os negociadores que transacionam com o agente governamental fazem da moeda que obtêm, Na análise de Keynes, o agente governamental têm êxito na venda de títulos porque oferece um ganho de capital aos poÍadores existentes. Mas, embora essa venda aumente a liquidez imediata da economia, ela própria não gera realmente renda, e emKeynes somente a renda e aspreferências motivam o gasto. Uma decisão de gastar a partir da conta de capital, que é o que significa o gasto da receita de uma venda de títulos, exige ou que surja uma contingência para a qual os saldos precautórios foram retidos, ou que as preferências a consumir e poupar teúam mudado. Estas circunstâncias só aparecem forruitamente ao mesmo tempo que uma compra de mercado aberto e, portanto, não podem ser chamadas previsóes da teoria. Além disso, mesmo que as preferências individuais de fato se alterem deste modo, a questão levantada no Capítulo 6, de que, embora os individuais possam gastar os lucros das vendas de títulos, deve ser lembrado que, no agregado, o incremento do gasto é limitado aos gaúos de capital. Nesse ponto, creio que os monetaristas estão simplesmente errados levando a sua análise até o úvel agregado. Considerada em seu rigor didático, a Teoria de Keynes pode ser vista como admitindo que o financiamento do investimento depende inteiramente da existência deumpool de saldos inativos, que é ampliado por urna política monetária cujo propósito principal é incentivar os empresários a utilizar esse pool; e o modelo de Friedman e Schwartz propõe um uso direto dos fundos fornecidos deste modo, servindo a queda da taxa de juros para inclinar a balança da escolha intertemporal a favor do gasto vigente. Keynes rejeita qualquer influência da taxa dejuros sobre o consumo e a sua inÍluência sobre a regulação do investimento não é claru. Sobre a questão da regula$o, pode encontrar um meio-termo entre os dois extÍemos, ocupado pelas duas fontes de investimento que não meÍeceram muita atenção na Teoria Geral: o financiamento interno e os bancos. Consideremo-los.levando em conta o contraste anteriormente citado entÍe as teorias.
368 O Financiamento Interno: As empresas mantêm ativos líquidos para a possibilidade de arrocho creditício, taxas mais altas de juros etc., a fim de estabelecer um certo controle sobre o financiamento de reposi@es essenciais e sobre a regula$o dos gastos do capital novo. Eslas retenções são, de fato, saldos precautórios. E como no caso de saldos precautórios mantidos por indivíduos, a empresa manterá geralmente algum dinheiÍo para se prevenir contra o financiamento escasso ou muito caro, ou contra pesadas perdas de capital, se tiver que vender títulos, quando um gasto é ineviúvel. Mas, tendo estabelecido dessa forma certa prote@o, o restante pode servir a um duplo objetivo. Mantendo em seu poder títulos negociáveis, sempre haverá financiamento a um alto preço e se o preço for alto demais o investimento seú adiado. As empresas bastante grandes para manter um departamento de controle financeiro também especularão com estes fundos, de modo que o seu compoÍtamento também participa das características dos saldos Mr. Uma venda vantajosa ao agente governamental pode ser utilizada pata executarumplano de gasto de capital antes do que foi inicialmenteprojetado. Aqui o aumento da liquidez pode mudar a cronologia de um plano de investimento, antecipando-o. O lucro da venda, enquanto retida como moeda, poderia ser considerado como o atendimento do motivo finanças. Como o valor real da lucratividade de umprojeto é aumentado pela sua rcalizaçáo mais ced o (ce te r is p ar ibus), a moeda " fina nças " não é, sem dúvida, mantida por muito tempo: ela é um domicílio temporário do poder de @mpra. Portanto, o financiamento interno estabelece uma ponte entre as duas teorias, desde que as empÍesas teúam uma agenda de projetos de investimento que
possam ser antecipados. Mais uma vez a base cicliça é, decisiva: o efeito recém-descrito é pouco provável numa queda da atividade econômica; os ativos líquidos das empresas devem provavelmente se comportar mais como saldos de M, do que se ajustar ao modelo de Friedman e Schwartz. O resto do tempo um efeito "finanças" paÍece inteiramente provável.
O Financiamento Bancárbr A situação imaginada por FriedmanSchwaÍz abrange explicitamente os bancos. Uma compra de títulos de mercado aberto feita neles, dizem eles, aumenta as suas Íeservas de dinheiro. Estas não são mantidas inativas; ao contrário, os bancos procurarão meios de emprestá-las e os tomadores gastarão os lucros. Arelevância deste ponto depende de que os títulos envolvidos na compra não sejamsubstitutos perfeitos do dinheiro das reservas dos bancos.ll Combase nas reservas em diúeiro, uma compÍa dos bancos forneceria a eles reservas e prepararia o sistemabanúriopara uma exparsão múltipla de empréstimos. Em
algumas ocasiões os bancos retiveram ativos líquidos significativamente superiores às suas necessidades, mas não é evidente que a liquidez excessiva teúa sido mantida pormotivos especulativos -é mais provável que isso teúa
369
sido devido à falta de interesse e de tomadores adequados. Voltamos à necessidade de que as expectativas de investimento sejam razoavelmente flutuantes paÍa que a política monetária teúa algum efeito.
AMoedaroJuroeoGasto A idéia de Keynes da função da moeda é expressa da sua forma mais geral, senão mais clara, no seguinte trecho: em M com Y e r depnde, em primeiro lugar, do modo pelo qual se dão as mudanças em M... (Se) as mudangs em M forem devidas à emissão de moeda pelo Governo para atender os seus gastos atuais... a moeda nova se acumula como renda de alguém. O novo nível de renda, no entanto, não continuará suficientemente alto para que as necessidades de M, absorvam todo oaumento emM; e uma parte da moeda procurará uma saída na compra de tífulos ou outros ativos até que r tenha caído de modo que cause uma elevação na magnitude deM, e, ao mesmo tempo, estimule um aumento em Ia tal ponto que a nova moeda seja absorvida ou por M, ou por M, que corresponde à elevação em Yprovocada pela queda em r. Assim, de uma só vez, este caso se torna igual ao caso alternativo, em quea moeda nova só pode ser emitida, em primeiro lugar, durante uma redu$o das condições de crédito pelo sistema bancário, para induzir alguém a negociar com os bancos um débito ou um título em troca do dinheiro novo. Será, portanto, seguro para nós considerar o último cilso como típico. Podese admitir que uma mudança em M se efetue mudando r, e uma mudançâ em r levará a um novo equilíbrio, em parte mudando M e, em parte, mudando Y e, portânto,M1. (7. G., p.200)
A rela$o de mudanças
Aqui, as mudanças na oferta de moeda, quer introduzidas como paÍte de obras públicas ou em busca de taxas de juros mais baixas, têm o mesmo papel a desempeúar. A aparente contradi$o entte a oração do começo e a solução final depende da frase"deuma sóvez".Aessência do exemplo depolítica fiscal é que o fluxo monetário é idêntico ao efeito inicial sobre a Íenda, mas a moeda nova continua a existir para ter efeitos posteriores. Esses efeitos, poÍém, são independentes das decisões de gasüo. Um monetarista rigoroso teria dito, ao contrário, que a introdução de moeda nova produziria uma oferta excessiva de moe da, que levaria a um gasto maior, até que os pÍeços ou a produção aumentassem paÍa eliminar a oferta excessiva mediante a eleva$o da demanda de transa$es O caso da expansão do crédito bancário, naturalmente, é semelhante à operação de merca do aberto : a mudança em r é um efeito inicial. Os a créscimos
370 monetários provocados porumdéficitfiscal
e uÍvr expansão do crédito dão no mesmo, no sentido de que o segundo eslígio da política fiscal é igual ao primeiro estágio posterior à atenuação do crédito bancário. Este trecho ilustra mais claramente do que qualquer outro a proposição introduzida no Capítulo 9 de que Keynes separa a moeda como renda da moeda como riqueza" Essa separa$o não nega a circula$o da moeda no fluxo de renda, mas acrescenta uma compreensão bastante diferente a muito do debate
entÍe monetaristas e keynesianos.
O I-ongo Prazo Embora uma compÍeensão clara desta diferença metodológica ajudasse
muito a resolver as divergências entre monetaristas e keynesianos, resta
a
dúvida de saber se Keynes concordaria com os monetaristas de que a origem do acréscimo monetário é irrelevante no final. Keynes afirma explicitamente que o caráter do novo equilíbrio, definido como as condições em que a moeda nova é voluntariamente absorvida pot Mre Mr, depende dos muitos fatores descritos em seu Livro V - idéias em excesso para o método monetarista de modelos simples - e não é evidente (na realidade, é bastante improvável) que Keynes espeÍasse que as duas políticas chegassem ao mesmo equilíbrio. O conceito monetarista de equilíbrio é um resultado de "longo pÍazo", não no sentido marshalliano, Íns, ao contrário, umlongopÍazo clássico (com o qual, como é bem coúecido, Keynes tiúa pouca paciência),l2 em que não apenas os efeitos iniciais, mas até mesmo as disparidades no volume de invesümento estimuladas ao longo do caminho porpolíticas diferentes não são considerados. A noção clássica de equilíbrio acarreta a obten$o de uma combinação ótima de capital, caruçteizada por taxas uniformes de lucro. Avariante neoclássica do equilíbrio clássico é tornar o capital maleável ('manipulável"), de modo que este longo prazo demore uma eternidade para ser alcançado. Mas o mundo não é constituído de coisas manipuláveis, e as políticas que, não havendodiferença no mais, obtêmmais investimento, deixam para trás mais capital e capacidade produtiva. Emmeados da década de30, havia capital desobra. Mas Keynes fezuma advertência: Toda vezque garantimos o equilíbrio hoje por meio do acréscimodeinvestimento estamos agravando a dificuldade de garantir o equilíbrio amanhã.
(7. G., p. 105)
Épara este fantasma da estagnação que agora voltamos a nossa atenção, considerando o período após a guerra como um todo.
37t Notas
o processo é mais complexo do que sugeÍe a frase "imprimir dinheiro', usada muitas vezes neste contexto, mas a essência da questão é muito bem apreenúda por esta frase sem (espero) ser enganosa. A
existência da "restriçáo orçamentária'foi inicialmente reconhecida e suas analisadas por ott e ott (1965), embora os artigos de christ (1967,
lnseqüências
1968) chamassem mais a atençáo.
o
trabalho foi desenvolviaã por
curle (rezsj
eestendidoaosetorprivado,deummodoqueela não faria agora, porchick(rb73a).
o termo foi popularizado por Andersen primeiramente por Culbertson (1963).
e
Jordan (1968)
e
foi provavelmente usailo
Observe.que tudo isso se relaciona com o ambiente de Keynes, antes que as expectativas inflacionárias se estabelecessem firmemente. É muito difícil, nos nossos dias, interpretar a taxa de juros. Penso que ninguém sabe se ela é alta ou baixa, quando a taxa nom i nal é, digamos, de 1 4vi e a taxá rear de infl aso é de 2ovo. Hegeland (195
!), pp.2lL-215, é o único autor que encontrei que coloca a questão da omissão de Keynes.do acelerador por esta raáo. Ninguémque eu saiba fez tal sugestâo metodol ógi ca. 6
Ver C.olm (1947,p.463), Hansen (1938).
1
Há muitas batalhas simuladas. Ver Chick (1973b).
8
Admiravelmente resumido em t:idler (1969).
9
Uma exposi$o semelhante aparece em Friedman e Meiselman (1963).
l0 segundo a
visão da teoria quantitativa da demanda de moeda, a moeda é retida somente para fins de transação e de precauçáo.
A prática americana
se baseia nas reservâs de dinheiro; na Grã-Bretanha essa prática envolve várias formas de razões entre ativos líquidos; assim, este ponüo üem uma força geral menor aqui e as particularidades da compra e os regulaàentos ou conven@es admitidas no momento seriam pertinentes.
Keynes (L923),p.65.
cnpfturo I 9
A Político Econômico numo Perspectivo de Mois Longo Prozo.
Durante a década de 50 e iúcio da de 60, as fases periódicas de desemprego e subutilização de recursos forama principal preocupa$o política. Compreendia-se que, naqueles tempos, as políticas expansionistas provavelmente deveria m ser i nfl acionárias, mas isto era gera lmente a ceito como um preço que valia a pena pagaÍ, até a inÍlação começaÍ a se acelerar no final da década de 60. As interpretações das taxas de inÍlação mais altas do final da década de 60 e 7O tenderam a pôr em evidência as causas imediatas o papel dos
-
"sindicatos irresponsáveis" ou das "autoridades monetárias negligentes" (dependendo da interpretação do expositor dos dados e das suas tendências a compÍa detrigoporpartedos russos e da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Tais fatores são, evidentemente, importantes, mas náo se deve permitir que desviem a atenção de umfato perturbado, básico. Corsiderando o padrão de inflação na Grã-Bretaúa e Estados Unidos durante todo o período da guerra da Coréia, evidencia-se uma elevação constante da taxa de inflação ao final dos movimentos cíclicos. Aretomada, paÍindo deumpataÍnarque se eleva, temgeradopicos inÍlacionários progressivamente mais altos (na Grã-Bretaúa o pico de 1956 representa uma exce$o a esse padrão de comportamento). A'Tabela 19.1 fornece os dados.
políticas)-e caracteísticas especiaistais como
*
Este capítulo é uma versão revista de Chick (1978). Agradecemos
of Economic Issues
pla
autorização.
à
BrrrlshRewew
373
Na década de 70, tornou-se evidente que a inflação estava crescendo e que, se isto era apenas um subproduto das políticas para amenizar o desemprego, estas políticas não estavamfuncionando como antes. Aidéia que começou comKeynes equefoi mantida poralgumas interpretações da curva dePhillips, de que o desemprego e a infla$o eram fenômenos que se compensavam mutuamente (trade-off) -um pouco mais de um conseguiria um pouco menos do outro - foi enfraquecida quando o desemprego também deu sinais de crescimento ciclo após ciclo (ver Tabela 19.2).Embora os dados sejampara a Grã-Bretanha e os Estados Unidos, o problema envolve, de forma mais geral, todos os países da OCDE.I
Tabela 19.1 Taxas de Inflaçáo no Auge e na Depressáo Cíclicos Mudanças Percentuais desde o Ano Anterior 1) EUA: Deflator Depressão
1949 1953 t962 t972
-0.6
0.9 1.1
3.2
PNB Auge 1951 t957 t970 t97 4
2)
RU: Deflator Para
o Total do
Depressão 6.7 3.1 1960 1.4 5.5 1963 2.2 10.0 1967 2.9 6.8 r91 | L978 9.0
Gasto Final
Auge
1956 1962 1965 lg',lt t97 5
5.6 3.2 4.4 8.0 24 .3 ,
3) EUA Ínilice ile Preços ao Consumidor { RU Índice ile Preços no Varejo
Depressão
Auge
Depressão
1
955
0.4
1
959
0.8
1961
1.0
t972
3.3
197 6
5.8
1951 t957 19ó0 t970 1974
7.9 3.6 1.6 5.9 11.0
1959 1963 1967 t972 1977
0.6 2.0 2.5 8.9
Auge
1956 1962 1965 r97l 1975
3.7 4.2 4.8 11.1
25.6
7.7
The National Income anil Proiluct Accounts of the US' 1929-1965 e Survey of Cunent Business, várias datas. (2) C-entral Statistical Office, National Income anil Erytend.iture (Blue Bodc): L98O' Tabela 2.6; l914,Tabla 17;1963, Tabela 16. (3) Economic Re2nrt of the Presid.a*, janeiro de 1980. (4) Centrd SEtisticalOffre, Annual Abstract of Sntisics: 1982, Tabela 18.1; 1968,
Fonles: (1)
Tabela 379.
374
Tabela 19.2 Taxa de I)esemprego no Auç e na I)epressáo (O auge indica baixo desempr€go)
(1)
Depressão 1950 5.3 1.954 5.5 1958 6.8 1961 6.7 t97 L 5.9 t97 5 8.5 Fontes:
(l)
(2)
(2) Reino Depressão
EUA Au ge
1953 1956 1960 1969 197 3 t979
2.9 4.1 5.5
3.5 4.9
t952 1.9 1958 2.1 t963 2.6 L972 3.8 t977 6.2
Unido
Auge
1955 1961 1965 1974 1979
1.1 1.6 1.5
2.7 5.7
5.8
the Praiilat, jareko de 1980. Central Statistical Office, Árnual Abstract of Sutistics: 1982; Tabela 6.8; Tabelas
Econonic Report of
t33,142.
A meu ver, a inÍlação é melhor entendida como o ponto culminante de um processo que teve iúcio no final da Segunda Guerra Mundial, e para o qual os fatores especiais mencionados acima contribuíram com um ímpeto adicional. A miúa tese é de que urna causa essencial da inflação vigente está na má aplicação da prescrição de política da Teoriq Geral: uma política elaborada como remédio de curto prazo foi transformada num esúmulo de longo prazo ao crescimento, sem qúe se examinassem as suas conseqüências de Íoogo prazo. Mudanças fundamentais no sistema monetário são umcenário essencial pam o aÍgumento. Não está claro se estas mudanças são resultado da política ou não; penso que são. Amensagemmais simples extraida da Teoria G eralfoi de que a eleva6o da renda deveserprecedida deinvestimento. Porconseguinte,apolítica dopósguena prcporcionou estímulo direto ou indireto ao investimento. Concessões especiais nos impostos para reter as receitas e os gaúos de capital, subsídios e auxílios para o investimento e provisões para depreciação acelerada foram utilizados continuamente; a política monetária que visava baixar as taxas de juros e a política fiscal delineada para elevar a economia fofam
usadas
esporadicamente.
-
Aprescrição de política de Keynes foi elaborada para um mal específico o desemprego e o excesso de capacidade do capital num mundo onde ainda
havia um grande ganho poúencial de uma maior acumula$o de capital. A receita, além disso, era para uma dose limitada, destinada a chocar o paciente, provocandouma recupera$o auto-sustentada. Ela náo se destinava a mantê-lo
375 poÍ um longo período.2 Ao administrar o remédio keynesiano continuamente, durante os últimos 30 anos (embora em doses intermitentes), deixamos de seguir a advertência citada no final do capítulo anterior: Toda vez que garantimos o equilíbrio hoje, mediante um investimento maior, estamos agravando a dificuldade de o garantirmos amanhã. (L G., p. 105)
Irmbre-se
do Capítulo 16 e de outros trechos onde, embora Keynes fosse
favorável à sustentação de um surto de atividade econômica, ele sempre teve em mente a idéia de que o estado estacionário era o ponto final de equilíbrio. Não há nada inerentemente desagradável na estado estacionário: uma economia funcionando com pleno emprego e capital adequado, inclusive o setor habitacional, seria excelente. Mas Keynes achava improvável que o desejo de poupar fosse satisfeito antes que a lucratividade do investimento caísse abaixo da taxa de juros (este era o peso da argumentação do Capítulo 17): desta forma, o estado estacionário seria algo desagradável. Os "partidários da estagna$o" não estabeleciamdiferenciaSo entre essas duas possibilidades; assim qualquer estado estacionário era visto com alarme. Durantetodo o1ús-guerra, o crescimentotemsido oprincípio predominante; mas para sustentar níveis de renda cada vez mais altos, o investimento ou os gastos governamentais têm que se expandir continuamente - pelo menos em termos absolutos etambémno curto prazo emrela@o à renda nacional -para preencher a lacuna entre a renda e o corlsumo que está sempre aumentândo. Os keynesianos, com exce$o de Keynes, tendiam a admitir que uma política expansionista teria pouco efeito sobre os pÍeços, quando houvesse desemprego. Esta expectativa otimista de estabilidade depreços talvezpudesse se justificar, no caso do curto prazo ou de uma única tentativa de utiliza$o da política expansionista, mas não em termos de preço ftxo (ftryrice), mas em termos das condiSes de depressão, sendo particularmente favoráveis à estabilidade de preços no curto prazo e no longo prazo, havendo compensação pela tendência altista na capacidade de se baixarem os preços graças a uma eficiência maior. Assim, confia-se que uma economia em crescimento teúa a capacidade de absorver o dinheiro novo utilizado para financiar os déficits ou para monetizar a dívida pública.
Mas o efeito de longo prazo de uma política expansionista semicontínua tende
a ser
inflacionário, pois
o
crescimento não pode ser sustentado
indefinidamente. Os teoÍemas de crescimento equilibrado dependem do crescimento populacional e da mudança tecnológica; sem eles, a solução de equilíbrio da economia é o estado estacionário. A teoria do crescimento também ignora os problemas criados pelo resíduo de moeda e dívida que o investimento deixa em seu rastÍo.
376
No mundo real, espem-se que a eficiência marginal do investimento decline quando o esúoque de capital aumenta, exceto se houveruma mudança técnica compensatória. Mesmo assim há limites para a lucratividade de métodos de produção cada vez mais indireúos, porque o inc entiv o a implementar invenções, incorporando-as em novo equipamento a umâ taxa suficiente para preencher a crescente lacuna entre consumo e renda gerada pelo crescimento exige a expectativa de uma demanda sempre crescente da produção de tal equipamento. Na falta deuma significativa redistribuição de renda, a obtenção da necessária taxa de crescimento da demanda depende do crescimento populacional. Comuma população estável são necessários incentivos cada vez maiores para que seja mantida a lucratividade e o crescimento da renda, e estes geram, no tempo, uma crescente quantidade de moeda que deve ser absorvida. Déficits contínuos ou taxas de juros cada vez menoÍes trazem consigo mudanças na oferta de moeda, que podem variar de ritmo, mas não de dire$o. Ainfla$o, desde a guerra, podesercorsiderada conseqüência da tentativa de antecipar o resultado inevitável de um crescente estoque de capital. Ela é tanto simultânea às políticas fiscal e monetária elaboradas para promover o crescimento - de fato para manter a viabilidade da empresa corporativa como a conhecemos - quanto um instrumento útil em si mesmo, pois reduz a taxa real dejuros e com ela a cÀÍga das dívidas pública e privada. O Período de Crescimento Rrípido e a I)esaceleraçáo O período de pós-guerra começou com a necessidade de uma maciga acumulação de capital paÍa a Íeconstrução da Europa. A Grã-Bretaúa era particularmente carente, tanto de capital produtivo quanto de habita@es, tendo atravessado no entre-gueras um período recessivo mais longo do que os Estados Unidos ou a Europa em conseqüência da alteração na taxa de câmbio decidida em 1925, Na realidade, as taxas de investimento viúam sendo baixas, mesmo antes da Primeira Grande Guerra. No período entre-guerras, o investimento como propor$ o da renda na cional atingira apenas 8,8 % e m t929 e lA3% em comparaçáo ao próspeÍo ano de 1937. Embora não sofresse a destruição direta deseu capitalindustrialedeseu setorhabitacional,a América também entrou, no peíodo do pós-guerra, com um estoque de capital depauperado emrela$o ao que seria adequado à produ$o emtempos depaz. O redirecionamento da produção paÍa os bens de consumo propôrcionou um foÍe estímulo ao investimentq enquanto a demanda reprimiãa, ieforçada pela expansão demográfica, podia ser financiada pelos altos níveis de ativos líquidos adquiridos durante a guera. Além disso, a guera é um grancle incentivo ao pÍogÍesso tecnológico; modos de produção mais novos e mais intensivos em capital estavam aguardando para serem aplicados nos tempos de paz e o puro hábito da invenção
377
havia se estabelecido. A década de 50 viu muitos produtos novos, que mantiveram a demanda elevada, enquanto a incorporação de um grande progÍesso tecnológico reduziu os custos e os prc§,os relativos dos bens de consumo duúveis e elevou o padrão de vida em geral. O aumento dos lucros e dos salários reais era compatível. Ao nível do empirismo casual, poder-se-ia dizer que, particularmente nos Estados Unidos, as falhas do sistema começâram a apareceÍ no final da década de 50: a obsolescência programada e a criação de necessidades através da propaganda eram sinais de que a "demanda genuína", não importa como seja definida, não estava sendo atendida a contento.
Aobservação acimaserefere à qualiàade da mudança técnica. Estima-
tivas para a Grã-Bretanha (Schott, 1976) indicam que a escala geral da mudança técnica também diminuiu, ainda que mais tarde - na década de 60. O gasto industrial privado empesquisa e desenvolvimento, deflacionado por um índice de custos diretos (trabalho, insumos e aluguel), subiu de maneiÍa estável de 1950 a 1962, e aí então caiu por dois anos, recuperou-se nos dois anos subseqüentes, e tornou a cair de 1967 a 1970. Nos Estados U_nidos, o Conselho de Consultores Econômicos (Council of Economic Advisors), em seu relatório de 1977, constatou uma queda no produto por homens-hora de 3,3V0 ao ano, entre 1948 e 1966, para Z,lVo, entre 1966 e 1973. Esta queda foi atribuída a uma redução do ritmo de crescimento do capital, embora não se possa afirmar se isto resulta de uma redução na incorporação da mudança técnica. O gasto empesquisa e desenvolvimento sofreu uma queda na década até 197 5 (Schott, 1981). Oquadro geral éo deuma diminuição da velocidade da mudança técnica, quantitativa e qualitativamente, e, emtais circunstâncias, dever-se-ia esperaÍ assistira umdeclínio na eficiência marginal do capital.Isto implica uma queda no incentivo ao investimento, exceto se este for compensado poruma cre scente tendência a consumir ou por uma taxa de juros sempre decrescente. Poder-se-ia espeÍaÍque
a
propensão marginal a consumircorrespondesse
populaSo ou a uma redistribuição de renda que favoÍecesse o grupo de menor renda. Desta forma, a surto demográ Íi cn (b aby boom) do posguerÍa pÍopoÍcionou sustentação porumcertotempo, mas a taxa de crescimento populacional üem decrescido em ambos os países. A evidência em rela$o à distribuição de renda não é conclusiva. Os dados fornecidos por Atkinson (1975, pp. 51, 53) indicam uma redistribuição na Grã-Bretaúâ, logo após a guerra, favorecendo as faixas de renda média e em detrimento das faixas de renda alta e baixa. A distribuição americana mostra algum ganho para os ao crescimento da
grupos de menor renda; não obstante, os seus baixos úveis absoluúos de renda limitariam a elevaEão da demanda em termos absolutos. De modo geral, parece-nos certo dizer que houve pequeno incentivo explícito ao investimento oriundo de uma redistribui$o de renda.
378
Tabela 19.3
A Razáo entre Lucros Ano
e
PNB
Reino Unilo:
EUA:
Lucros como percentagem do Produto Final Total
Lucros das corporações como percentagem da Renda Nacional
ab
b 1946
?5.6
n. d.
1950
23.4
t2.2
1955
23.6
13.1
1960
24.4
t2.t
1965
23.5
13.3
1966
22.6
22.3
1967
22.8
22.5
t3.2 L2.t
1968
22.9
21.7
tL.4
1969
22.1
1970
21..t
2t.7
7.9
t971
21.5
22.4
8.4
1972
22.3
23.6
9.0
t973
21..5
23.5
't.6
93
1974
18.4
?Ã.0
4.0
7.4
t975 t976
18.1
19.0
6.6
7.9
18.5
20.0
n.d"
93
9.6
L977
2t.6
9.8
1978
22.6
9.7
1979
2t.6
9.3
1980
20.6
n.d.
Notas e Fontes:
Reino Unido:
Lucros brutos e outras receitas comerciais antes das provisões para deprecia$o mas após a provisão para valorização do estoque.Fonte: Blue B ook Col. a, l97 5; Col. b, 1969 e Blue Books anteriores;.Col. c, 1981.
EUA
Lucros das corpora$es antes do imposto e da dedu$o da depreciaçáo mas após o ajuste da avaliaçáo dos estoques. Fonte: StatisticalAbstract of the US. Col. a, L977; C-ol. b, 1980.
Tudo isso sugeÍe que a tendência geral da emc a cair foi vigorosamente contrabalançada pela mudança técnica e pela demanda flutuante no iúcio
379 deste peíodo, mas, em meados da década de 60, estas forças compensatórias começaram a se debilitar. Taxas de juros reais negativas talvez pudessem ter ajudado, por algum tempo, mas evidentemente não quando os custos começaram a se igualar à
inÍlação de demanda. Atendência à queda da lucratividade dos investimentos é, naturalmente, intolerável para a empresa, e, no final da década de 50, ela era também inaceitável paÍa os consumidores, que haviam se acostumado à idéia de uma constante elevação de sua renda. O investimento deve se elevar para alcançar tal crescimento, mas o incentivo a investir proporcionado anteriormente pela mudança tecnológica diminuíra, e o estoque de capital já havia se desenvolvido substancialmente naquela ocasião. Portanto, era necessária uma ação política mais ampla paÍa sustentar determinada taxa de crescimento. Umindício da queda dos lucros3 é dado na Tabela 19.3. A relação lucros/ PNB foi utilizada ao invés da rela$o lucros/capital, teoricamente preferível, devido à impossibilidade de determinar a última. O grau de produção indireta aumentou durante o peíodo, porisso a tabela apresenta uma subestimativa da tendência de queda da taxa de Iucros sobre o capital.
Tabela 19.4 Parcela dos Gastos Governamentais no PNB/PIB Médias Qüinqüenais
195G54
ReinoUnido
il.rA
14.9
192
1955-59
li5
19.6
tg60e
16J
?fr5
1965ó9
173
21.9
t97G-74
18.4
22.O
tyl5:79
20:7
27.O
Notas eFontes: Reino: 1950-59: Gastos das autoridades públicas com bens como parte do PIB a Unido preços correntes. Blue Book 1962. (Interrup$o dos dados na linha tracejada)
EUA
1960-79: C-onsumo geral final do governo como parte do PIB a preços correntes. Blue Book 1981; Tabela 1.1. Aquisição pelogoverno de bens e serviços como parte do PNB . Statistical Abstract of the United States 1980; The National Income and Product
Accounts of the US, 1929-65; e Survey of Current Baslzess, vários números.
380 No fimda década de60, quando setornarampatentes astaxas decrescentes propor$o dos gastos do governo no PNB conrcçou a s-e-elevar na Grão sãu crescimento constante nos Estados Unidos (tabela Bretaúa, "'cgotinüou de juros eda demanda aoinvestimento dastarifas,dastaxas L9.4): se osincentivos se mostraram insuficientes para preencher a lacuna entre a renda e o consumo, os gastos governamentais devêriam fazê-lo. Ao mesmo temlo, na Grã-Bretaúa a áxa Aeínfla6o aumentou aceleradamente em 1968 e continuou §ua surpreendente escalada ãté t"*" de 24Vo em 1975. A taxa americana apresenÚou o padrão cíclico elevado "indicado anteriormente Qabela 19.1). de lucros, a
da inflação nessa época, possivelmente já em vias de Íecupelar as p"rdus nos investimentos do setor privado, em que o retorno não satiúez as eipectativas, teria sido agravada pela baixa produtividade econômica (em comparação com a social) ou pelo longo período de pagamento de
A acelera$o
muitoà gastos do governo; quando o gasto gerador de renda antecede de muito a produ!ão, é quase uma questão delritmética que o§ preços subirão'a
A InsuÍiciência do Capital como Base para
a
PoÍtica Econômica
No Capítulo 16, indicou -se que era essen cial ta Te or ia G er al a hipótese, baseada emfatos da época, de que o capital estava longe de ser suficiente. Na visão de Keynes, mesiro o paísôoma maiorexigência de saturaçã-o de^TPital, os Estados Únidot, estava inuito longe dela em1929 (T.G.,pp' 322-3)' Esta avalia$o empírica alia uma necessidade de curto prazo a umx çsnvsniência de curio pruzõ,nu defesa de fornecimento pelo governo de um estímulo, não apenas àtemanda geral mas, em especial, ao investimento. ' Era fácil compreender a mensagem de que o estimulo ao investimento promoveria o crescimento e o emprego, e os keynesianos_a recebeÍam com ãntusiasmo. Um país cujo capital estava aumentando evidentemente estava crescendo, e.t" ii.to também como §e estivesse se tornando mais eficiente. Seguindo o modelo americano, a eficiência das técnicas pro_dutivas era .uíliud" emtermos de prod\ção per capita:os métodos de produção de capital intensivo eramsistematicamãnté estimulados. Particularmente, a incapacidade de competir da indústria britânica tiúa (e ainda tem) comoresponsável em grandeparte a carência de equipamentotécnico (isto é, poupadorde trabalho).
Fora* ãfastados os temorõs ãe demissão de mão-de-obra: era a doutrina
keynesiana de que o investimento criava renda e emprego; a importância da teoria de curto prazo foi virtualmente ignorada. As razões de Keynes para concentrar o estímulo à expansão na demanda
de investimento eram, no entanto, um pouco diferentes da argumenta$o sobre produtividade. O gasto em investimento, dependendo fortemente da expecàtiva, é transitóriõ; pode ser manipulado, enquanto as expectativas podem ser alteradas.
381 O gasto embens de investimento tema vantagemadicional de o criténo desse gasto não estarsujeito à r.ápida deturpação através do confronto imediato coma demanda do mercadopelo seuproduto.Há uma defasagemúemporal; não apenas há ,.rmpeíodo de gestação antes que apareça umproduto, mas os lucros são realizados durante um longo prazo de produção, no qual as flutua$es da. demanda seriam normalmente esperadas. Umúnico ano de insucesso não seria cônsiderado um indício de o investimento ter sido um erro. PoÍanto, a partir
de uma mudança bem-sucedida das expectativas no sentido de um maior otimismo, é possível esperaÍ que um fluxo de investimento seja induzido por um grande período. Em contraposição, a expansão da produção de bens de consumo é rapidamente submetida ao tesúe do mercado e não se pode confiar nela para sustentar o suÍto econômico, exceto se se confiar em que a própria demanda se manteúa elevada.
A Lacuna entr.e a Renda
e o Consumo
0 investimento foi favorecido, como o componente da demanda mais facilmente manipulado pela política destinada a remediar uma queda cíclica da atividade econômica. Eletambémfoi essencial para a expansáo: uma parte da produção deve sempre ser destinada a ele, se a renda tiver que ser permanentemente elevada a um novo úvel. (Se) não houver mudançâ na propensão a consumir, o emprego não poderá aumentâr, a menos que, ao mesmo tempo,Dresteja aumentando para preencher a lacuna crescente entre Z e Dr. (7. G., p.30)
Esta deve ser uma das mais bem corthecidas proposições da macroeconomia, mas sua importância de longoprat,o Parccetersido totalmen' te esquecida . O próprio Keynes teve maior discernimento: O consumo para o qual podemos vantajosamente nos prevenir de antemão não pode se estendido indefinidamente ao [uturo... Além disso, quanto maior for o consumopara oqual deantemãonos prevenimos,maisdifícil seráencontraralgo mais para prevenir de antemão, e maior será a nossa dependência do consumo atual como fonte de demanda. Entretanto, quanto maior for a nossa renda, maior será, infelizmente, o limite entre as nossas rendas e o nosso consumo ... Assim,
garantirqueonovoinvestimentodecapital deva sersempremaior do que o desinvestimento a fim de preencher a lacuna entre a renda !íquida e o consumo apÍesentâ um problema que se toma cadavez mais diffcil, quando o capital aumenta ... (Não há) solu$o para o enigma, exceto que deve haver suficiente desemprego para nos manter tão pobres que o nosso consumo fique
o problema de
382 abaixo de nossa renda de não mais que o equivalente da provisão física para o consumo futuro que compensâ produzir hoje. (7. G., pp. to4-5)
Isto é, o sistema converge para a estado estacionário e não para a situação de crescimento constante que nos acostumamos a espeÍaÍ e que a teoria do pósgueÍra no§ levou a crer que poderíamo§ ter. O Consumo Estóvel e a Diminuição da Eficiência Marginal do Capital
A diferença entre Keynes e os defensores do cÍescimento no estado estacionário talvez tenha dois fundamentos (efetivos). Um diz respeito à dependência do investimento emrelação ao crescimento esperado do consumo futuro. Sem crescimento populacional não se pode esperar que o consumo cresça ilimitadamente. E o potencial de aumento do consumo da redistribuição
de renda tem limites, mesmo quando a própria redistribuição não sofre oposi@o política. Além disso, há razões para supoÍ que o acréscimo do consumo se dirigirá paÍa as indústrias que teúam grande competência para aumentaÍ os seus métodos indiretos de produção, e estas é que devem ser estimuladas, se os investimentos devem ser mantidos. No iúcio do pós-guerra, o desenvolvimento de novos produtos ajudou a manter a demanda, Mas, embora as empresas possam empÍegar uma grande dose de imagina$o neste domínio, não há garantia de que desenvolvam produtos com maior potencial de demanda. Keynes constatou que este ponto era valorizado no contexto do gasto público, [las, na verdade, tiúa mais influência na esfera do investimento do setor privado:
A obje$o comum
aos esquemas para elevaçáo do emprego através do investimento patrocinado pela autoridade pública é que isso acumula problemas para o futuro^ "O que faremos", pergunta-se, "quando tivermos construído todas as casas e estradas e prefeituras e redes elétricas e sistemas de abastecimento de água, etc. que se pode esperar que a população fixa futura exija?" Mas não se compreende tão [acilmente que a mesma dificuldades se aplica ao investimento privado e à expansão industrial; especialmente à última, visto que é muito mais fácil ver umâ saturaçáo inicial da demanda de novas fábricas e instalaçóes industriais que absorvem isoladamente pouco dinheiro, do que'da demanda de casas residenciais. (7. G., p.106)
É a expansão ao longo de oportunidades bem trabalhadas que exauÍe a demanda e diminui a eficiência marginal de novos investimentos naquelas oportunidades.
7-
383
A eficiência marginal declinante
aumenta o problema iniciado pela
crescente lacuna entre o consumo e a renda: Não apenas a propensão marginal a consumir é menor numa comunidade rica, mas, devido à sua acumula$o de capital já ser maior, as oportunidades de investimentos adicionais são menos âtrativas, exceto se a taxa dejuros cair num ri tmo sufi cientemente rápido.
(r. c.,
p. 31)
Desse modo, a taxa de juros deve cair num ritmo sempre crescenre (tudo mais permanecendo constante) até chegarao seu mínimo, após o qual o investimento será igual a zeÍo -a estado estacionário -, a menos que haja mudança técnica. Eis aqui a segunda fonte de divergência comos "teóricos do crescimen-
to". Eles vêem o crescimento principalmente como a concretização
da
mudança técnica, que se opõe à eficiência marginal. Eles parecem esquecer que não basta ter novas idéias; os progÍessos técnicos são dignos de serem concretizados. É sumamente significa-tivo que, na falta do ciescimento da população ou de uma mudança tecnológica permanente, não só Keynes mas também a moderna teoria do crescimento prognostica a convergênóia para a estado estacionário.
Investimentos que Poupam o Trabalho
Para alguns parece bastante ruim qualquer estado estacionário;
"revolu$o
a
das expectativas crescentes" não se restringe ao Terceiro Mundo. Mas a probabilidade de que a economia convirja para um estado estacionário abaixo do pleno emprego é agravada pela tendência no sentido do investimento em técnicas que poupam o trabalho.
O debate sobre os efeitos de longo prazo no nível de emprego da substituição do capital pelo mão-de-obra ainda está positivamente fora dç moda. Maurice Scott (1978) teve a coragem de analisar o problema. A substitui$o da mão-de-obra por técnicas que envolvam grande inversão de capital só será empregada enquanto a economia estiver creicendo -e, para um keynesiano, o investimento é a causa do crescimento. Ele é a causa do crescimento no curto pram" No entanto, há razões muito fortes pal. a tendência à grande invenão de capital: é muito mais difícil de controlar o trabalho . No longo prazo, porque não é razoável esperar o que a análise de Scott mostra: o equilíbrio do emprego será menor na economia com mais inversão intensiva de capital.
384 A Evitação do Estado Estacionário
O que se disse anteriormente sugere que a política governamental destinada a estimular o investimento pode ser útil por algum tempo, embora esüeja fadada ao insucesso na falta de modificações na composiSo da produ$o no sentido de tipos de produtos mais lucrativos. Estes, por sua vez, exigem o crescimento da população, mudanças técnicas, a redistribuição de renda ou a abertura de fronteiras. As empresas que vivem e crescem buscando novos camiúos paÍa se expandir não aceitarão facilmente a situação a que conduz inexoravelmente a acumulação de estoques de capital: em que o investimento cobre apenas a reposi$o e o lucro não pode ser maiot do que o estritamente necessário para manteÍ a máquina produtiva funcionando em marcha lenta. As família s, que até recentemente pelo menos a creditavam estar obtendo umretorno paÍa as suas poupanças, tampouco gostarão: o ensejo para poupar com uma taxa de juros maior que zeÍo era, pensava Keynes, neúum: [Um] pouco de reflexão mostraú que enormes mudanças sociais resultariam do desaparecimento gradativo de uma taxa de retorno sobre a riqueza acumulada. Qualquer um seria livre para acumular a renda que ganhasse com a intenSo de gastá-la mais tarde, Mas o seu acervo não cresceria. Ele estaria simplesmente na situaçáo do pai de Pope, que, ao se aposentar, levou consigo uma arca de guinéus para a sua casa de campo em Twickenam e, quando necessário, com ela enfrentou as despesas domésticas.
(7. G.,p.22L) Este é o teoÍema do consumo-empÉstimo Para um popula$o estável (Samuelson, 1958; Robinson, 1960). A negociação entre os setores que trabalham e os que não trabalham pode tornar a taxa de juros disponível a um determinado gnrpo diferente de zero, mas no agregado o excedcnte vai para a reposição de capital. As conseqüências políticas
e
sociais dessas características da estado estaci-
oúrio sãoevidentementealarmantes.Eunãoasvidiscutidas.Nãoédificilverque longoprazo da acumula$o decapital ameaça a atualestmtura social, governo começasse a agir para evitar isso. ILí contradiçóes, naturalmenúe, entre a necessidade de investimento de curto prazo e as conseqüências de longo prazo dos investimentos. Mas há um sentido no qual o controle da demanda ou as políticas dejuros baixos seguidos com objetivos anticíclicos ajudam a antecipar o longo prazo. Este efeito não se deve ao aumenúo na demanda ou às próprias taxas baixas, pois estas são, em última análise, inadequadas -mas resultam, ao invés disso, das conseqüências inflacionárias destas políticas. Examinemos mais de perto o mecanismo.
oresultado
a
e seria desejável que o
385 O M ecanismo
Intlacionário
Quando um coÍe nos impostos ou um aumento dos gastos governamentais aumentam a demanda, as rendas monetárias crescem antes da produção. Para uma dada situação da economia, o impacto irúlacionário é mais acentuado quanto maior for a propor$o do déficit financiado pela moeda nova. A elevação da renda moneária desloca a curva da demanda agregada para cima. Se o salário nominal não se alterar, a conseqüência será o aumento da produção maximizadora de lucro da indústria e a permissão de qualquer aumento de preços necessário para compensar os retornos decrescentes. Tanto a produção quanto os preços aumentam; os lucros sobem e os salários reais caem. Podese também utilizar a política expansionista para elevar a demanda e cobrir os aumentos de salário ou outros custos. Nem todas essas eleva@es de preços são "infla$o verdadeira", mas aumentos de preços são essenciais à e4pansão em quase todos os casos, com exce$odos casosextremosa curtoprazo.Ea política sempreopera nocurtoprazo. Os seus efeitos, entretanto, são de longo prazo. Temos aqui duas influências conflitantes. Se o investimento melhora a eficiência, os custos cairão
e os
preços podem ser reduzidos. Mas, com o tempo, para se ter o mesmo
volume de investimento, serão necessários estímulos cadavez maiores, e, no curto prazo, isto significa aumentos progressivamente maiores de preços . As mesmas observações se aplicam à política de taxa de juros mediante a monetiza$o da dívida pública. Durante o pÍazo mais longo, deve-se fazer com que a taxa de juros caia a taxas sempre mais rápidas paÍa que se corsiga o mesmo resultado do investimento. Aumentos cadavez maiores na oferta de moeda são necessários e isto deve ser inÍlacionário. A Inflaçõo, a Taxa Real de Juros e o Peso da Dívida: Aiúlação não é apenas um subproduto das políticas fiscal e monetária (nem é exclusivamente um subproduto destas políticas). Uma inflação de demanda tem um efeito diretamente benéfico sobre o investimento e também é beneficiada pela redução da taxa real de juros e do valor efetivo da dívida pendente. Aqueixa desesperada de Keynes eÍa que a taxa de juros não poderia ser diminuída indefinidamente; o seu limite absoluto era estabelecido pela existência de um ativo aceitável que não rende juros, e para fins práticos o ponto mais baixo eÍa um pouco mais elevado, determinado pela creng em relação à taxa normal. A inflação, porém, rcdtz a taxa real de juros. As taxas reais podem ser (e têm sido) negativas e podem continuar a cair ao longo do tempo, enquanto a inflação não fortotalmente prevista pelos poupadores ou eflquanto eles não tiveremuma série de a@es adequadas pára garantir a obtenção de uma taxa satisfatória de retorno. Ambos os fatores podemoperarporumconsiderável número de anos antes que se alterem, emprimeiro lugar, as previsões e
386 mais tarde os arranjos institucionais. Durante este tempo, a inÍla$o permite que os tomadores de empréstimos, sobrefudo as empresas e o governo, obtenham fundos baratos. A inÍlação realiza uma transferência permanente do controle sobre os recursos dos setores superavitários para os deficitários, e uma destruição permanente de uma parte do valor real da riqueza financeira. (Os credores podempreverpaÍedisso e a taxa de juros demandada pode assimserajustada).
Entretanto, a utilidade da inflaçáo na redução da taxa de juros real e na transferência de fundos terq de fato, limites, quando os custos se igualam à demanda. Pode-se arriscar um palpite, dizendo que a utilidade da inÍlação cessou por volta de 1972. Investimento Mal Orientado
e
Perdulário
O volume de inflação gerado por um dado estímulo expansionista dependerá de como os fund os são c orr et am ente çanalizad os para o investi men-
to produtivo. Após anos de atenção concentrada nos amplos
agregados keynesianos, o governo britânico finalmente compreendeu esta questão, como ilustram estas observações de Denis Healey, Ministro daFazenda (1975): bom desperdiçar dinheiro para manter empresas ou indústrias funcionanproduzindo o tipo de coisas que as pessoâs irão comprar. ... O fato é que a nossa indústria está atualmente terrivelmente equivocada. Fstamos fabricando coisas demais que as pessoas não querem porpreços que não podem pagar. Não
é
Go, se elas não estão
A
conseqüência de curto prazo é evidente. Se estamos dispostos a aplicar seletivamente o remédio keynesiano, devemos seÍ capazes de manterum certo nível de empÍego poÍ um custo muito menor em termos de inÍlação. Considerando a questão do lado oposto, o impacto inÍlacionário dos gastos desnecessários pode ser mais facilmente visto no caso extremo, quando, pelo menos no cuÍto prazo, as rendas monetáÍias são geradas, mas não há nenhuma produ$o adicional. Este caso é semelhante ao investimento lucrativo com um prazo de retorno mais longo. Na realidade, por um longo prazo não se pode distinguir os dois casos. Os aumentos de preços podem compensar os projetos de investimento q\e, ex post, demonstrem não ser trio lucrativos quanto eles esperam, por isso
podem ser usados para livrar do ônus do erro empresarial os que são diretamente responsáveis pelo público em geral. Quanto maior for o número investimentos, mais inflacionária será qualquer política expansionista. é tão evidente que nos perguntamos poÍ que um enfoque não seletivo da política tem sido adotado até agora. Sugiro três razões. A primeira de tais
A questão
387
é que isso evita qualquer sugestão de planejamento ou direcionamento de atividades que, acredita-se geralmente (sobretudo nos Estados Unidos), deveriam ser controladas pela iniciativa privada. Asegunda razão resulta doambientequedeu forma às idéias deKeynes: numpeíodo de desemprego emgrande escala não importava muito o que eÍa produzido, enquanto mais empregos fossem oferecidos. Além disso, mesmo os gastos perdulários e mal orientados teriamefeitos multiplicadores -e estes afetariam largamente a produção, não os preços, num período de capacidade oclosa: É possível que (uma política de desencorajamento do otimismo excessivo com altas taxas dejuros) não se dê conta da vantagem social resultante do aumento
do consumo que acompanha até mesmo o investimento que revela ter sido totalmente mal orientado, de modo que mesmo tal investimento pode ser mais benéfico do que absolutamente nenhum investimento.
(7. G.,p.327)
Não que ele aprovasse: Seria, na verdade, mais sensato conshuir câsas e similares; mas, se houver dificuldades políticas e práticas que impeçam isso, o que foi dito acima seria melhor do que
nada'
(7. G.,p.129)
A terceira possibilidade é que os gastos perdulários sejarn um beneficio disfargdo ! Pode atétersido encorajado de maneiÍa semiconsciente para servir um autêntico objetivo social, pois posterga o dia em que "a abundância de capital prejudicará a abundância da produção". a
O Egito antigo foi duplamente feliz,e, sem dúvida, devia isto a sua fabulosa riqueza, pelo fato de possuir duas atividades, ou seja, a constru$o de pirâmides, assim como a busca de metais precicos, cujos frutos, como náo podiam servir às necessidades de consumo do homem, não se deterioravam com a abundância.
A
Idade Média construiu catedrais e cantou réquiens. Duas pirâmides, duas missas pelos mortos, são, para todos os efeitos, duas vezes uma; mas duas estradas de ferro de Londres a Nova Iorque náo é a mesma coisa. (2. G., p. 131)
Por isso estamos aqui hoje, com as artes (com utilização intertsiva de mão-de-obra) ávidas de dinheiros e muitas empÍesas de aviação voando entre Londres e Nova Iorque -o que talvez mostra que pode-se até orientar mal o seu
t88 "perdulário". Não seria hora de perguntar se uma redistribui$o de gastos não atingiria um nível mais alto de emprego com menos infla$o? qa sto
O Sistema Monetário Duvida -se que as taxas de infla$o dos anos recentes pudessem ter ocorrido no sistema moneúrio da época de Keynes. Embora a Grã-Bretaúa -e o resto da Europa -estivesse fora do padrão-ouro na época da publica@o da TeoritGeral é totalmente claro que Keynes considerava algo semelhante aopadrão-ouro @rno anarrna: uma caracteística essencial da moeda, para ele, eÍa a sua inelasticidade de oferta.Defato,essa inelasticidadeera acausa da dificuldade emcorseguiruma taxa de juros suficientemente baixa, e quando chegou o momento, no fim da guerra, de reorganizar o sistema monetário internacional, Keynes queria uma elasticidade maior do que o padrão-ouro permitira. O que o mundo teve, naturalmente, foi umsistema de câmbio-ouÍo com o dólar como moeda-chave. Enquanto isso, as moedas nacionais foram liberadas de seus vínculos com o ouro. Repassemos agora os passos da argumenta$o com estes fatos claramente na memória. Começamos novamente no final da guerra, o fato extraordinário são as baixíssimas taxas de inÍlação na América, com exceção do ano da
Guerra da Coréia.
A
rápida taxa de crescimento real seria parcialmente
responsável por isso; o resto, penso, é explicado pela escassez de liquidez internacional. Os déficits comerciais americanos foram compensados pela absorção de dólares das reservas internacionais: uma forma de saldos inativos, pelo menos do ponto de vista dos americanos. As pressões inÍlacionárias
nacionais foram parcialmente aliviadas por esta via. O desejo de outros países de adquirir dólares começou a diminuirno final da década de 60. Apressão internacionalpara que os Estados Unidos "fizessem alguma coisa" em rela$o ao seu déficit parece ter tido pouco efeito sobre a política - medidas deflacionárias eram desagndáveis. Nessas circunstâncias, as taxas de
inÍla$o começaram a subir - justamente
no momento de uma fase
nzoável e sperar que os preços começassem a cair: investimentos intensivos, que incorporavam grande pÍogÍessos técnicos, tiúam ocorrido, mas os beneÍícios em termos de redu$o de preços de crescimento em que seria bastante
não estavam em evidência. Os keynesianos apaÍentemente não os esperavam e não indagavam por que eles não estavam mais em evidência - se havia pressões inflacionárias que os progressos passados em eficiência estavam
melhorando
-
e dissimulando.
O sistema de taxas de câmbio fixas operou, no pós-guerra, de maneira diferente na Grã-Bretaúa, que tinha perdido a sua condição de detentora da moeda padrão. A ameaça de perdas de reservas tendia periodicamente a
I 389
frustrar as políticas expansionistas britiinicas e provavelmente esse fator conteve em parte a inflação no Reino Unido.
As restrições impostas pelas perdas de reservas foram suprimidas mediante a utilização de taxas de câmbio flexíveis, embora os déficits do balanço de pagamentos ainda possam evocar reações da política deflacionária, quando os governos não estão dispostos a admitir depreciações da moeda. No entanto, há mais flexibilidade potencial da reação política. Enquanto o sistema de Bretton Woods estava entrando em colapso, o sistema bancário privado estava se transformando, libertando-se dos controles tradicionais e tornando-se uma rede internacional. A oferta de moeda totnou-se realmente muito elástica e não há nenhuma garantia de uma "diminuição do poder de compra" compensatória, na forma de uma moeda que absorva uma oferta excessiva. As pressões inflacionárias ficaram livres paÍa se manifestar plenamente. Sumário e Conclusóes A argumentação deste capítulo é de que as políticas de controle destinadas a atenuar o desemprego, quando as expectativas de longo prazo desmoronaÍam, foram, na verdade, dirigidas para a meta do crescimento a longo prazo e isto tem uma tendência basicamente inflacionária, que provavelmente será pior quanto mais indireta se tornar a produção e maior for o estoque de capitai acumulado. A maior produção indireta aumenta a lacuna entre a renda monetária e a produção disponível, mas protela a queda da emc. Finalmente, no entanto, a maior acumulação torna mais difícil o estímulo ao investimento privado.
Atendência inflacionária foi, empaÍte, contrclada nos anos iniciais do frsguelra poÍ uma escassez de liquidez internacional e, em paÍte, dissimulada nas principais nações industriais pela irúluência desse mesmo sistema monetário. Os sistemas bancários dos Estados Unidos e do Reino Unido fi caramentão recepivos aos controles tradicionais. O sistema moneúrio, nacional e internacional, foram transformados, e as pressões inflacioúrias latentes se manifestaram. O surgimento de uma grave inflação não é motivo adequado para "camiúar em sentido oposto", tentando diminuir a inÍlação pela redu$o de gastos, como está sendo feito atualmente no Reino Unido: o próprio Keynes adveÍiu (7. G.,p.291) que o sistema não era simétrico e que os efeitos de tal atitude seriam sentidos mais no emprego do que nos preços. E ele estava pensando emtermos deuma situaçãomonetária estável enuma oferta demoeda razoavelmente constante. A análise deste capítulo é apresentada não como uma justificativa para a atual política (1982), mas como uma advertênoia: se não se compreende bem as hipóteses de uma teoria, ou se muitas vezes não se avalia suficientemente
390 correspondência entre a teoria e a realidade, pode-se pôr em prática uma série de políticas, cada qual mais sensata de uma perspectiva de curto pÍazo, rnas comumresultado de longo prazo inesperado e indesejável. Aestagflação é em si mesma bastante desagradável e ainda piorpara estimulara prescriSo do tipo de remédio que provavelmente fará mal ao paciente. a
Um seletividade maior e um melhor planejamento do investimento poderia ter evitado algumas das dificuldades atuais. Uma utiliza$o maior da redistribuição de renda em vez da expansão das rendas monetárias globais poderia ter tido efeito semelhante. De certo modo, o pensamento político tem sido, de uma perspectiva de longo prazo, demasiadamente agregativo - e, embora os agregados teúamse deslocado de C + I + Gpan as Exigências de Emprésümo do Setor Público e tM3 - ainda são.
Notas OCDE (1977), sobretudo a Tabela 1,p.42 e o gráfico 15, p. 105. Hansen (1938) também se serve de uma metáfora médica, que pode se ajustar melhor âos que não gostârâm das minhas sugestões homeopáticas: É da maior importância não ter tanto medo da infla$o a ponto de mergulhar de cabeça na estagnaçáo. Se não estivéssemos acostumados à eficácia das vacinas, pareceria absolutamente louco provocar uma condiçáo moderada de doença para evitar uma doença devastadora. No entanto, é algo deste tipo que se precisa empregar hoje na terapia eoonômica. (p. 319) Algumas vacinas perdem a eficácia e devem ser repetidas, mas ninguém pensaria nelas como um sucedâneo da saúde essencial do organismo. Para um exame minucioso dos dados e dos problemas, ver King (1975).
A única maneira de atenuar viria de uma tendência maior na forma de saldos inativos
-
a poupar, de preferência uma coincidência improvável.
cnpfuuro 20
A Aplicobilidode do Teoilo Gerol Hoje
Quanto à questão da aplicabilidade, a posi@o assumida no capítulo de abeÍtura destelivro era esta: a TeoriaGeralerauma obra comraízes emsua própria época, mas a sua análise é muito mais impoúante para o nosso tempo do que a
maioria da teoria macroeónomica - inclusive a rofulada de "keynesiana" desenvolvida desde então. Prosseguimos nessa base, indicando as áreas de dissonância entre a teoria e a realidade posterior, à medida que avançamos. Agora é hora de reunir aqueles pontos e decidir se -ou até que ponto a teoria ainda é útil e observar as áreas em que a sua revisão parece imperativa. Omissóes
Algu* assuntos muito importantes são tratados tangencialmente na teoria - e neste livro também. O governo entra somente como um agente ocasional, empeúando-se em ações políticas, quando estas são julgadas necessárias. O comércio e os pagamentos internacionais também desempeúam uma função de menor importância; a teoria é essencialmente de economia fechada. A última era uma hipotese irrealista, mesmo quando a obra foi escrita. Poder-se-ia argumentar que o comércio internacional, na década de 30, se reduzira drasticamente para justificar esta hipótese, nüts não no contexto de uma teoria destinada a apreender uma ampla variedade de circunstâncias. Acreditava-se quase univenalmente que a queda do comércio na ailtosuficiência eÍa um fenômeno de depressão, se bem que muito sério. O papel do governo naturalmente sofrera uma considerável alteração. O
governo então paúicipa da produção levando em conta o longo prazo.
A
392 economia empresarial tornou-se uma economia mista, nem era uma iniciativa puramente privada nem era planejada. Se isso constitui ou não uma diferença substancial é uma questão em aberto. A resposta depende da idéia que se úeúa sobre os motivos do governo -edas empresas-na esfera produtiva. Se os doisagemdemaneira semelhante, não há nenhum mal em tratar este aspecto do governo como parte do setor empresarial. Há muitos, no entanto, que argumentariam que a estrufura bissetorial da Teoriq Geral não é mais suficiente. Algu^ diriam também que o tipo de produto gerado pelo governo é suficientemente distinto para garantir um tratamento especial. Bacon e Eltis (1976) são representantes radicais deste ponto de vista; eles previnem que o produto associado aos gastos governamentais não tem neúuma expressão econômica (embora provavelmente admitissem um certo teor de bem-estar). IJma vez mais, a validade e importância deste argumento é uma questão de
julgamento individual. Seja qual for a decisão do leitor, ele é obrigado
a
lembrar que urna coisa é
se queixar de que certos aspectos do mundo real - mesmo aspectos importantes -estão faltando e outra incorporaÍ esses aspectos numa teoria e fazer com que ela desmorone sob o peso da sua própria complexidade. Aboa teoria é simplifica$o relevante; a simplifica$o é tão importante quanto a relevância.
Seis Hipóteses Fundamentais
A Teoria Geral tal como se manténr, a teoria da interação dos dois aspectos da indústria numa economia fechada, baseia-se, a meu veÍ, em seis hipóteses fundamerrtais. Elas não são igualmente de impoÍância vital, mas serão analisadas em pé de igualdade. Todas se baseiam no mundo que Keynes observava; devemos decidir se o nosso mundo é significativamente diferente. (1) Ebemsabido que Keynes tratou da questão do desemprego' Na verdade, a impressão que às vezes nos chega é que a teoria só se refere às situa$es de desemprego. Sua pretensão à generalidade, no entanto, Íepousa na aplicabilidade de sua teoria tanto à situa$o de desemprego quanto à de pleno emprego. A verdade é que ele considerava o desemprego como a ÍegÍa e o pleno emprego como a auspiciosa exceção. @ Há uma suposi$o de ampla estabilidade de preços durante umperíodo de anos que inÍluenciaria as decisões de oferta de mão-de-obra. Haveria, nafuralmente, variações cíclicas, mas em torno de um nível estável. (3) Keynes formou opinião sobre o sistema monetário baseado essencial-
mente no padrão-ouro, com as suas conseqüênçias de uma oferta monetária relativamente inelástica e taxas cambiais fixas. O fato de, quando a Teoria Geralfoi escrita, a Grã-Bretaúa estar fora do padráoouro eastaxascambiais estaremflufuando não invalida omeu argumento
393 de que as características associadas ao padrão-ouro eÍam consideradas como a regra. Aquarta hipóteseé coúecida detodos, ouseja, o curtoprazo marshalliano com um determinado estoque de capital e a "situaçáo dos oficios", isto
(4) (5),
é, neúum progresso técnico. Finalmente, há duas características básicas que vêm a seÍ,. creio, muito importantes. Uma é que a população é relativamente estável. A outra, dificilmente mencionada, é que neúuma economia ocidental, na opinião de Keynes, chegara, até então, ao ponto em que o estoque de capital fosse, de ceÍto modo, suficiente. Em resumo, estas são as seis hipóteses que acho decisivas na preparação
(6)
da Teoria Geral:
(1) (2) (3) (4) (5) (6)
odesemprego éarcgra; há uma ampla estabilidade de preços; a ofeÍa de moeda é inteiramente inelástica; o estoque de capital e as técnicas são dados; a população não esú crescendo consideravelmente; o estoque de capital é "inadequado".
(1) O Desemprego Os Capítulos 4, 5 e 7 mostraram a importância técnica de "afastar-se da curva de oferta de mão-de-obra para a esquerda". Isto permite uma grande
variação na demanda de mão-de-obra em ambas as direções semuma mudança
nos salários nominais, o que, por sua vez, permite que se discutam os movimentos ao longo de uma dada curva de oferta agregada em termos moneúrios. As mu dança s em w fazem com que tanto Z como D se desloquem de um lado para outÍo, a última de um modo ligeiramente imprevisível. A hipótese de desemprego como uma condição normal pode ter sido moldada pela experiência da Grã-Bretaúa nas décadas de20 e 30. Os dados indicativos da persistência do desemprego naqueles anos foram apresentados no Capítulo 1. Apesar das taxas de desemprego acima de 10% durante este período, o índice de salários caiu apenas 8 pontos do seu ponto mais alto de 105 émt925 para97 em 1934-5 e subiu PaÍa apenas 107 em 1938, quando a GrãBretaúa se pÍeparava paÍa a guerm. A experiência americana neste peíodo foi muito diferente: não houve recessão nã década de 2O e os salários caíram muito mais na depressão. No tocante à aplicabilidade empírica, a teoria de desemprego de Keynes como regra ea conclusão desuateoria a respeitodos salários seajustavammuito mais estritamente à Grã-Bretaúa do que aos Estados Unidos. Na década de 70, emambos os países, testemuúamos a combinação de altos níveis de desemprego e salários crescentes,uma associação impensável
394 na época de Keynes, exceto talvez numas poucas indústrias. Esta
combinação
deve estar relacionada com a altera@o no sistema monetário analisada nos Capítulos 12 e 19 e, poÍtanto, tem relação com a hipótese (3). A conseqüência para a teoria é que podemos ter que tratar seriamente dos deslocamentos simultâneos de Z e D mais completamente do que já foi feito. O método da unidade salarial de Keynes, há muito esquecido, poderia ajudar a evitar muitas das dificuldades. O problema da rela$o entre D e a redistribuição de renda é trazido para o primeiro plano. (2) A Estabilidade de Preços
Por trás dessa experiência de entre-guerras estava a Pax Britannica. Durante este longopeíoão, os cemanos desde o fimdas Guerras Napoleônicas até a Primeira Guerra Mundial, a atividade econômica flutuou, às vezes com graves crises financeiras, e os preços subirame desceramcomestas flutuações. I-embremos que, na Tabela 7.1, os preços apresentavam grande movimentaSo, mas não o fenômeno que tínhamos como certo de que os preços iam apenas numa direção, sendo a única dúvida a sua taxa de crescimento. E evidente que a estabilidade de preços do tipo do século XIX não se mantinha mais e a curva de oferta de mão-de-obra tornou-se sensível à inÍlação esperada. Este fato foi em parte responsável pela tendência ascendente nas taxas de salário (emtermos nominais), durantetodo opeíodo desdea Segunda Guena Mundial. E o aumento dos salários ajuda a elevar os preços. Tem-se dito que Keynes postulou a ilusão moneúria para os trabalhadores, mas úo para as emprcsas. Esta acusa$o é demasiadamente superficial. A assimetria da reaSo deles é explicável justamente nas condições descritas-ciclos em torno de uma estabilidade básica - dada a natureza das decisões que as empresas e as famílias tinha m pela frente. Como produtoÍas, as empresas têm que prever mudanEas na demanda e tornar, com bastante freqüência, decisóes em rela$o a preços e produSo a fim de obter lucros suficientes. A empresa na Teorin Geral épquena e maximizadora de lucro, mas úo setemque suporajuste contínuo, uma maximiza$o de lucros de curtíssimo prazo, para afirmarquetais empresas ajustarão a sua demanda de mão-de-obra segundo as flutuações percebidas ou antecipadas na demanda do produto, que se refletirão nos preços. O conceito marshalliano de preço normal, a idéia de que os preços não se ajustam a todas as variações da demanda, é bastante compatível'com isto: as varia@es cíclicas são bastante fortes e exigemum ajustamento das demandas de mão-de-obra e de produto às mudanças da demanda que, pela natureza de suas atividades, os produtores devemprever. Opóprio fato de se observaremciclos no emprcgo, na produ@o e nos pÍeços ratifica isto. Parece-me que, embora os deslocamentos emÀÊ, devidos às expectativas de preço, devamser agora'incorporados à teoria, seria umerro impor a hipótese
395 de que a mão-de-obra faz previsões de preços no horizonte temporal
às empresas.
A forg
aplicável
de trabalho está numa posição fundamentalmente
diferente da das empresas. Estas devem antecipar as mudanças na demanda e fixar os pÍeços. A mão-de-obra tem um papel mais passivo. Não estabelece pÍeços;apenas seadapta a eles ou às suas antecipa$es. Numambiente emque se observa que, em geral, os pÍeços caem com tanta freqüência quanto sobenq
poderia não valer a pena para a mão-de-obra, individual ou coletivamente, renegociar as taxas de salários, durante as subidas cíclicas, para manter os salários reais constantes, mas antes prever que os preços cairão posteriormente e contar com a média das flutua$es nos salários reais. As empÍesas, naturalmente, resistiriam, de qualquermodo, à elevação dos salários (nominais), mas sobretudo em vista da dificuldade institucional de reduzi-los depois, e os trabalhadores devem estar cônscios disto. O resultado final é uma explicação possível para uma certa falta de sernibilidade da curva de oferta de mão-de-obra para anteciparas mudanças de preço que resultamtanto das próprias previsóes quanto da morosidade em influir nelas. A assimetria entre as empresas e os fornecedores de mão-de-obra é minorada, quando a expectativa de preços estáveis com variação cíclica dá lugar à experiência de uma tendência de preço que solapa constantemente a validade do salário nominal como um substituto para o salário real. Quando uma tendência ascendente de preços se torna a regra, não se pode esperaÍ que a mão-de-obra "aguarde um ciclo", mas não é absurdo que o seu horizonte de expectativas seja diferente do das empresas.
Quanto mais rápida e completamente a mão-de-obra se ajustar à possibilidade de infla$o, menos sustentável será a orientação da demanda do keynesianismo convencional. Quando os salários mudam, o ponto da demanda efetiva é determinado tanto pelos deslocamentos na oferta agregada quanto pelos deslocamentos na demanda agregada, com efeitos imprevisíveis, como dissemos antes.
(3) O Sistema Monetário Vale a pena indagar se a constatação atual de que os preços só variam numa dire@o é uma visão míope, se não estamos apenas vendo o aspecto ascendente de algum ciclo longo. Se essa pergunÍâ tivesse sido feita no início da década de 70, a resposta teria que ser muito menos conÍiante. Uma coisa é testemuúar a subida de preços quando as economias do Ocidente estavam em expansão, mas outra inteiramente diferente chegara umacordo comos preçrs continuando a subir, quando a produ$o está caindo e o desemprego é alto e cÍescente. O capítulo anterior foi consagrado à questão da mudança secular no sentido da situa$o em que tais constatações são possíveis. O aspecto "real" da
396 argumentação desse capítulo poderia seÍ muito contestado. Mas é dificil contestar que os preços não podem continuar a subir durante longos períodos de tempo sem uma mudança fundamental nas medidas monetárias em
compara$o com as da época de Keynes. A teoria da moeda controlada implica que as autoridades moneúrias estejamnão apenas capacitadas mas queiram controlar a oferta de moeda, pondose no lugar das restri$es umtanto fortuitas do custo da minera$o auífera e do balanço de pagamentos. Esta suposição foi desafiada por duas visões diferentes: uns questiona :,ama capaci.dade do banco central para controlar a oferta de moeda ou a base monetária, ouhos contestama sua disposildodefazô-lo-umponto de vista que geralmente se apóia no argumento de que a meta do Banco é controlar algo mais, isto é, as taxas de juros. Penso que estas idéias, embora válidas e interessantes em si mesma§, deixam de tratar das questões essenciais: a radical transformação das relações entre as instituições monetárias e as empresas coletivas, e a falência de qualquersistema monetário internacional. Umsistema bancário internacional se desenvolveu, destruindo as fronteiras nacionais, da mesma forma que as ernpresas multinacionais o fizeramdo lado "real". Estes bancos gozamhoje da garantia das vantagens de emprestador de última instância dos principais bancos centrais, sem neúum controle simultâneo da sua expansão. A oferta internacional de moeda de acordo comas medidas atuais pode, na verdade, se expandir muito rapidamente, quando tal expansão é vantajosa para os bancos, e é dificil para os países avançados do Ocidente "esterilizar" o impacto monetário resultante sobre o que é exoticamente denominado suas economias "internas", como se se pudesse ainda fechar as portas para o mundo
exterior. Os sistemas monetários nacionais, também, são atualmente cuidadosamenteprotegidos contra o colapso. Dada a capacidade dos sistemas financeiros de implodir (crise), esta proteção é, semdúvida, uma coisa boa, mas está fadada a aumentar a oferta de moeda. E quanto mais rapidamente aumentar a ofeda de moeda, maior será o impacto sobre os preços em rela$o à produção, senão por outra :,lazão a de que a produção leva tempo para se ampliar. Em nossa opinião, a elasticidade do sistema monetário do pós-guerra é provavelmente a única área mais importanúe de afastamento da hipótese de Keynes e, com as suas conseqüências para as expectativas de preços e o locus do prêmio pela liquidez, representa a área da teoria que mais precisa de
meticulosa reformulação. Não basta simplesmente converter a teoria
macroeconômica padrão de níveis das variáveis em taxas de mudang. Muitas das modificações necessárias já forammencionadas na liüeratura. Aquestão de se o novo sistema monetário exige uma simplificação diferente da encontrada por Keynes não recebeu, entretanto, muita atenção. E possível que seja opoúuna uma revisão radical.
397
(4) O Curto Prazo Corsiderar fixos o estoque de capital e a técnica incorporada é sempre uma hipótese coneta paÍa um cuÍto peíodo de tempo. A dura$o do tempo na qual ela perrnanece "corÍeta" - isto é, pertinente - varia de um momento histórico para outro. Talvez em neúum momenúo da história econômica moderna da Bretaúa ela foi tão aplicável quanto na década de 30, com muitos anos de baixas taxas de acumula$o de capital antecedendo essa época. Os vinte anos posteriores à guerra nãoforamahora de aplicar a hiStese do curto prazo durante umbreve período de mais do que uns poucos anos. E possível que ela seja mais pertinente hoje do que no apogeu do keynesianismo, quando, sulpreendentemente, estava em desacordo com o mundo ao qual se supuúa dizer respeito.
ff-
(5) A Populaçdo Estável
A hipótese de uma população esúvel tambémvoltou a meÍeceÍ crédito. Coma redução do ritmo do desenvolvimento técnico emmeados da década de 60, o investimento muito reduzido desde meados da década de 70 e o crescimento populacional da Grã-Bretanha aproximando-se de zero, a miragem do crescimento como ÍegÍa, que maÍcou a década de 60, teve que ser abandonada, dando lugar a uma expectativa de um alto úvel salarial com curtos períodos de intensa atividade em resposta, digamos, a alguma nova invenção (uma idéia schumpeteriana?) e períodos de desilusão. Creio que uma taxa de crescimento populacional na Grã-Bretaúa, em declínio gradual a uma média de 1,5%o ao ano, entre 1821 e 1831, e chegando virtualmente a zero entre L911e 1931, éumelemento importante na teoria de Keynes de uma estável tendência a consumir. No espírito de Keynes, uma popula$o estável ter-se-ia associado à idéia de um modelo de consumo social iaioavelmente estável. A estabilidade do modelo mudou e isto pode diminuir, até certo ponto, a importância do retorno, nos anos Íecentes, a baixas taxas de crescimento da população. (6) O Estoque Insuficiente de Capital
Com a idéia de uma função de consumo em mente, ch.ego à última hipótese fundamental. De muitos modos, Penso que ela é a mais importante, embora Keynes não a apresente até bem mais tarde: ele acreditava que, nem no Reino Unido e nem mesmo nos Estados Unidos, o estoque de capital tivesse atingido o ponto que ele denominava de pleno emprego - situação eni que não se póde esperaÍ que um aumento do estoque de capital renda suficientemente para cobrir os custos de reposi$o, mesmo que a demanda de pleno emprego seja sustentada do princípio ao fim.
398 Keynes distingue o superinvestimento do pleno investimento. O primeiro é aquele emque o rendimento esperado de uminvestimento não é alcançado em corseqüência de uma retra$o cíclica (desemprego e vendas reduzidas),
contudo se o pleno emprego fosse mantido, este rendimento teria sido alcançado. O segundo, como definido no parágrafo anterior, é o que não se justifica mesmo nas mais favoráveis condições. O pleno investimento é, portanto, uma noção de saturação de capital ou suficiência de capital que é possível no pleno emprego. Keynes aÍgumentava, de modo incisivo, que tal situação não fora vista em neúuma economia avançada da época, inclusive nos Estados Unidos, por mais rico que este paÍecesse ser; essa era a sua opinião. Emtal situação, onde se acredita que o Íetorno social do investimento tende a serpositivo e onde (talvez) haja menos razÁo para questionar a identificação da capacidade das empresas de obter lucros com a sua capacidade de atender as necessidades do que desde o surgimento da compaúia gigantesca, é umpasso natural para a proposi$o de que a taxa de retorno social do investimento adicional provavelmente também não seja zero.
Naturalmente, esta proposição é feita para os agregados, e isso significa em média. Ninguém está sugerindo que todo o investimento realizado foi, nesse sentido, bem-sucedido. Num mundo em que se acredita que o retorno social do investimento é quase fatalmente positivo, gnase todo investimento é, portanto, uma Coisa
Boa: não apenas proporciona realmente emprego no curto prazo, como também é um acréscimo benéfico da capacidade produtiva. Keynes admite a possibilidade de investimento mal orientado, isto é, investimentos que alocam mal os recursos, porque a atividade nã o compensa no sentido definido, mas esta não é evidentemente uma possibilidade que o assuste. Embora para algumas indústrias isoladas o capital não seja suficiente, é justo dizer hoje que, para a economia em geral, estamos mais próximos da satura$o de capital do que estávamos em 1932? De fato, é evidente que algumas indústrias estáo sobrecapitalizadas, nas condi$es de concorrência mundial. Nesse caso, a irsípida hipótese implícita na teoria macroeconômica usual e na opinião política, de que um investimento é tÁo bom quanto outro qualquer, éumanacronismo e de alto preço. Não é hora de formulara pergunta feita no capítulo anterior: podeíamos obter mais emprego. a um custo inflacionário menor, dando atenção à orientação política do investimento estimulado ao invés de dar incentivo, de maneira indiscriminada, ao investimento como umtodo? Esta é uma pergunta que julgo ter-se tornado atualmente de suma importância. Ela não foi respondida desde que o próprio Keynes a
formulou. (Ela é, politicamente, muito difícil.)
t 399 Conclusáo Que se conclui das investigações deste livro? A conclusão mais evidente teoria econômica não éumcorpo de análise lógica abstrata, baseado em princípios gerais aplicáveis a todas as épocas e a todos os tipos de sistemas econômicos. Isto, no entanto, não significa que toda teorizaSo seja inútil e que sejamos obrigados a nos restringir a uma descrição institucional e histórica. Tampouco é legítimo concluir que o nível de generalidade da teoria econômica é que a
esteja limitado pelo caráter histórico do objeto de estudo: ele também esú
limitado pela nossa capacidade imaginativa e pela atualidade de nossa disciplina. Mas seja qual for o nível de generalidade que se alcance, a capacidade das teorias de apreender os fatos salientes deve permanecer sob constante reexame. Penso que é justo dizer que a teoria macroeconômica que temos atualmente não progrediu suficientemente coma época. Isto é particularmente verdadeiro em rela@o à teoria macroeconômica ensinada nos livros-textos, mas é verdade, também, em relação à inspiração inicial dessa teoria. No entanto, apesarda importância das mudanças que esbocei, penso que a Teoria Geral ainda enceÍra muita coisa útil: a idéia de agregar os gastos de acordo como grau de autonomia da renda vigente (embora, como aumento da importância tanto dos bens de consumo duráveis e do crédito ao consumidor, possamos tÍaçar a linha em qualquer lugar), o restabelecimento a paÍir dos autores clássicos da impoúância periódica da especula$o e seu deslocamento para a esfera financeira, e a integração da conseqüência da retenção de ativos aos fluxos de produção e investimento, são idéias ainda válidas. E a relação contraditória fundamental entre as famílias e os produtores ainda é o cerne do problema de como o capitalismo funciona, embora hoje ele esteja funcionando com um grau de integração não previsto por Keynes e com a mediação governamental numa escala em que a teoria não tinha emprego. Acredito que, mesmo nas condições afuais, alguns elementos da teoria de Keynes podem ser mantidos, desde que ampliados ou modificados. Os leitores deste livro podem ter uma opinião diferente. E assim que deveria ser, poisnenhuma teoria édefinitiva. Oalunopode julgaresse fato inquietante, mas deveria achá-lo encorajador: se ele se tornar um economista, haverá muita coisa que poderá descobrir e fazer. Ele pode não estar em equilíbrio, mas não precisa estar subempregado.
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Os números entre colchetes no
final de cada item indicam
o
local das citações no texto.
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lndice de Assuntos
,A,celerador 292,319
Ações 317
Agrega$o e decisóes descentralizadas 39-44
de ativos fi nanceiros 44-45, 5? e investimento 134 por setor 38-44 e curvas de oferta 96-100 por tipo de produto 44
Ativos demanda de214-242
rentáveis e não-rentáveis 330 taxa de retorno dos (ver taxa de
juros) Câmbio (taxas de) fi
xas (flexíveis) 388-389
e especulação
232
Câpitâl capacidade de utilização 303 deterioração (uer Custos de uso; custos suplementares; Deprecia$o) insufi ciência 30, 380, 393, 397 -398 preço de ofeúa 134-136,137-l4l
Ciclos (comércio, negócios) 314-322 pmc Dos 360-361 preç.os nos 305-306 Consumir, propensão marginal a 78, 79,
t72, t23,360-361 Consumo ll2-128 mnceitos de consumo agregado 4ó50, 58-59 [un@o 75, ll2-128 distribuigo de renda e 123-125
oferta de mão-de-obra e 113-119 longo prazo e curto prazo t25-128 significado na Teoria Geral 58 em unidades de produto lt4-lls planejado, efetívo 42 desemprego e ll7 -lI9 em unidades salariais 76,115-716 riqueza e 126 Crédito (ver sistema bancário) Crescimento
perspectiva histórica 376-380 Crises 6, 316-319,322 C rowding out 263 -264, 35 5 Curto Prazo e tempo de calendário 19-23
importáncia empírica 205, 393 -397 e capital frxo 19-23,331 determina$o do produto no 69 e estoques e
fluxos 25
(ver também Expectativas) Custo marginal de contrata$o 174-178 Custos constantes (ou crescentes) (uer Retornos)
[ator 54-55
fixo 56-58 mão-de-obra 70
marginal, média 94, 97,103,105,
129,168 primários (variáveis) 52, 55, 70 matérias-primas 56 suplêmentar 56 de uso 52-53, 56,70,91,100-101
412 auto-regulável (ver tambéml*i de Say) 5, 10-11 Eficiência Marginal do Capital 70-71,
Demanda agregada (funçao) controle (uer Política) de produto 92 e demanda efetiva 72 esperada
t57,176-177,269-273
erealTl-72
introduçáo 7 O, 7 3 -7 6, 7 I -7 9 microfundamentos 111-142 corte salarial e l7O-172 em unidades salariais 77-78 real, esperada, hipotética 93, 97 (ver também Consumo; Investimenro)
Demanda efetiv a 7 l-7 2,
7 9
-82,
ll9,
755-157
,168-169 Princípio da 69 -7 O, 7 8-88, 269 -27 3 e o multiplicador 280-281,283 e a [-ei de Say 78-79, LL9-122 e equilíbrio com desemprego 8285, tt9-t22 Depreciação 57,78 (ver também Custos de uso; custos suplementares) Desemprego (ou subemprego) e demanda efetiva 70
equilíbrio e desequilíbrio 82-88, 323 entre-guerras 8-10
involuntário
79
-82, 148, 152-153,
323 e
"imperfei@es do mercado" 147,
153
como "norma" 30,393 pós-guerra 372-376 e preços (ou infla$o) 3C[,306,3'12390 voluntário, temporário, fictício salários e
Desequilíbrio 23 (ver também Equilíbrio) Dívida (o ônus da) 321,385-386 Dívida Política de gerenciamento 350
Dividendos 58,3t7 Economia monetária de produSo (ou empresário) 2-8 troca real (ou coopera$o) 2-8
Emprego 144,187 teoria clássica do t44, 149 objeçóes de Keynes 154,172 determinaçáo do 131-137, l4O-142, t92, 376 -319, 330-333, 360, 37 6, 382-383 na IS-LM 273-276 nos modelos neoclássicos 272 (Ver também Pleno emprego; Desemprego; Princípio da demanda
efetiva) Empresas, tamanho das e concorrência
9t-92 e elasticidade da demanda 98 Empresas pequenas 27 -29, 43-44, 91,
93-94 Empréstimo custo (uer Taxa dejuros) direto e indireto 193-194 Entesouramento L96
Equilíbrio conceitos de23,26 pleno emprego (ver tambéml-.ei de Say) r22
parcial, geral 11-12, 16-18 curto prazo, longo prazo U-26,82-
89,272-273,326
ll9, 122, 326 EspeculaSo 225-230 e manutençáo de ativos (ou investimento) 223 -224, 23 5 -241, desemprego 28, 82-85,
362 em moeda estrangeira 232 e lucros de longo prazn 2?Â-229 em propriedades reais 230-232,335 Estado estacionário 375, 382-389 "Estagnação secular" (hipótese da) 323,
375 Expectativas e a defini$o de renda) de uso)
(ver Custos
413 e
equilíbrio 24-26, 82-88,269-273
de salários reais (da mão-de-obra) 24, 42, 163 -L65, 183-l-86, 3O2, 306 -
400,31.2 de longo prazo 22, 24-27, 69, 8'7,
t29 , 136-t4t, 291,-t93, 317 -322 do valor do capital (pelos produtores) (uer Custos de uso) de
curto pÍaza 22,24-27 ,29,82-88
de ganhos de capital (dos especuladores e investidores) 223-226
racionais 5 Financiamento
agregago 134-136 autonomia do 74 conceitos de 45-50, 59-61 induzido 358-359 (ver também acelerador) poupançâ de mão-de-obra 383 e expectativas de longo prazo 129-
133,136-14t,291-293
significa$o na Teoria Geral 59-60 microfundamentos do129-133 e a taxa
os bancos e o 209-211, 259, 368 dos gastos governamentais 352-356,
369-370,384-386 do investi mento 132-133, l4O-142, t9 2 -t9 4, 218 -22t, 287 -289 e o multiplicad or 285 -290, 351, 35 4310, passim fundo de amortiza$o e fundo crescente 266-267 (ver também Lucros retidos) Fundo de Amortiza$o 57-58 (ver também Custos suplementares)
Fundo rotativo 258, 265 -266, 288 Fundos emgrestáveis 192, 196, 366 Abordagem 285,320,366 teoria, (uer Taxa de Juros) Governo "restri@es orçamenlárias" do 352-354 Hipótese de renda permanente t27-128 Horizonte de tempo 19-23 das decisões de consumo e poupansá dos possuidores de ativos financeiros 22-23, 214, 222-225, 241, 341-
342 das decisóes de produção e
Investimento
investi-
mento 19-23
(ver tamMm Período de renda; Período de produgo)
lncerteza 13, 17, 27 -29 70, 93, ll9, " 217 , 221-222, 236-239 , 326, 341 Infl a@o 306-309, 37 2-37 3, 385-386 lver também Taxa de Juros) Intermediários fi nancei ros l-93
dejuros 129-142,193
perdulário, mal orientado 386-388 (ver também Financiamento; Eficiência marginal do capital) IS-LM (o modelo) 5, 99, ll2, 273-27 5, 356-358 Juros
definigo l9L-192 taxa de 258-259 e
empéstimo banoário 258-259
teorias clássica e neoclássica dos (ou fundos empresráveis) 195-197, 2Ol-
2t2 conceito generalizado 327 -33A inelasticidade à queda 333-335
inflago e253-255,343 (ver também taxa real de juros) e investimento 129 -142, 192-19 4, 202-208 teoria de Keynes 243-253 e preferência pela liquidez 217-218, 225 -232, 243 -25 3, 3 62 -3 69 e o multiplicador 356-358
normal225,253 e política 3 49 -37 !, pas s im rcal 341 -343, 379, 385-386 e o retomo sobre o capital L99-200
sobre a@es 2OL-202,225 Keynesianismo, keynesiarios 145, 282-
283,299,350-353,374 (Ver também Modelos de IS-LI+4) Liquidez 335-339 Preferência pela 5, 2t4, 232, 235-242,
250-25t,362-370
414 Prêmio pela
defini$o 328 na inflaçáo 341-342 sobre a moeda 333 e ativos não monelários 335-336 e salários inelásticos 337-339,
34t hngo
Prazo 19, 25, 305, 310-31 1, 314-
315
(ver também Expectativas) [-ucros
contabilidade 57-58 defini$o na Teoria Geral 54,56 desde a guerra 378-379 (esperado) e oferta agregada74,9L e investimento 131, 136-140 retidos (fundos internos) 57 -58, 132, 1.41-143,193, 368, 369 salários e emprego 179-184 maximiza@o (ou busca de lucros) 52, 7 0,',72, 77 -78, 81, 91-100, 131, 299-300 Mão-de-obra demanda 79-82, 108-110, I47 -148,
liquidez) características essenciais de 325 -338 exogenei dade/endogeneidade 257, 259 -261,, 269, 27 L, 339-340 e gastos 285-290
intema/extema 340 e política 349-370 e preçrs 310-311 e a [-ei de Say 323-325 elasticidade da oferta de 339-343, 388-389, 392,395-396 e desemprego 323-325 ilusão moneúria 63, 15 4-155, 763,
L83-t86,312
174-t87 oferta 80-82, tl3 -117, 147 -148, 163-166 (ver também Postulados clássicos; Desemprego; Negociaçáo coletiva; Demanda Efetiva) Matérias-primas (ver Custos de uso; Preços) Maximização de lucros (ou a busca do
lucro) 52, 70, 72,
77
-78,82, 91-100,
131, 299-300 "Mecanismo de transmissão" 362-364
Medidas (ver Unidades de medida) Mercado forqzs do (e forças de ajuste) 92,
148,157-166 im perfei @es
Método (estatística, dinâmica, etc.) 1618, 198, 236, 243, 257, 264 (ver também Equilíbrio; Modelos da Teoria Geral; Previsão perteita) Modelos da Teoria Geral26 modelo estático 269 -27 L Moeda 6, 12-14,323-344 ativos incluídos na 223 -224 e crédito bancário 259-26L demanda de (ver Preferência pela
l2I-122, 148
Mercado aberto (Operaçóes de) 246-
247,352,363-366 Mercadoria composta 73, 98
Monetarismo, monetaristas 5, 26 4, 27 I,
349-353,365-370 Monopólio poder de 28,37 , 92
Motivo especul ação 221 -232 e manutenção de ativos 223-224,
230
política monetária 362-367 Molivo Finance2lS-221 Motivo precaução 216-2t8 Mudança tecnica 3 10-3 L l, 332-333, e
375-378
Multiplicador e
acelerador 3'19-321
emprego 281 e expectativas; curto prazo 293-295 longo prazo 325 -344, 372-390 e despesas e produ$o 282'783,293-
295 e financiamento 285-300, 354-362
osjuroseo356-358
415 e a preferenciâda pela
liquidez "teoria lógica da" 296 e o Princípio da Demanda Efetiva 280-283 estático e dinâmico 280-293,297-
298
NegociaSo mletiva 82, 152-153, L59 163,178-183 Oferta agregada (fungo) e a demanda de máo-de-obra 108-
Foupança agregada, conceitos 46-47, 60-62 negócios 194 (ver iambém Fundo de
amortiza$o; lucros retidos) "financiamento" (ou empréstimos ou fundos a emprestar) 192,203204,209,286-29L "forçada" t97, 257, 261-264 individual e agregada 6l-62,91, e
t97-20t
110
e manutençáo da moeda
introduçáo 65, 70
219
IS-LM 99 microÊundamentos 90-101 ausente na análise "keynesiana" característi cas 9 ç | 282 -283, 292 -
e a taxâ
e
272,291 Phillips (curva de) 311,-312 Pleno emprego 70,80,86-88, 326 conceitos de 150-153
Polipólio (ver Pequenas empresas) Política econômica 349 -37 I metas 349-350 eficácia da 351-361
política fiscal 352-362 na Teoria Geral349-363 de prazo mais longo 372-390
26t-264 i gualdade 60 -63, 7 9, 197 -2A2 Preçns 74, 94-100, 299-313, 351, 361 dados 9, 164-165 expectâtivas (uer Expecta tivas)
fixos 282,299,305-306 mudanças nos 300-309
flexibilidade (ou rigidez) !22, 282, 299,305 índice geral 63-64 estabilidade 392, 39 4-39 5 contÍole 28-29, 37, 44, 9l-93 (ver também Maximização de lucro) no longo prazo 310-31 1 moeda e 310-311 das matérias-primas 56-57, 305-306, 309
(ver também Custos de uso) mercado de estoque 318-319 Previsão perfeitâ (ou certeza ou conhecimento) 28-29, 43 -44, 93,
2!5,222,324,326
operações de mercado abeÍto 246-
e
247,352,363-366
t22
Política monetária 353 -354, 362-37 0 Populago 37 7, 382, 393, 397 Postulados clássicos t03, 144-187, passim
apresenta$o 147
dejuros 195
real 61, L99,208 e investimento prioridade causal 195, 202-211,,
294,321 propriedades 101-105 custo de uso e 70,91,93, 100-101 e mudanças salariais 168-170 em unidades salariais 76-79 Oferta de produto (curva da) e oferta agregada 98-100 da empresa ou indústria 93-98 Otimismo e pessimismo 250, 258-259, 340 Padrão-ouro 8, 11,340 Período de produgo 22,24,276-217,
216-277,
equilíbrio com desemprego 119-
Produção (ver Produto; curva da oferta
(do produto) Produto 73, 9 4, 99, 281, 299, 313 Pump-priming (carregando a bomba) 358-360
4L6 Quantidade (teoria da) 215, 218, 280
e produto marginal da mão-de-obra
Recontrata$o 122
t4'1 -148,
Os tickets de Walras 155 Renda conceitos de renda agregada 45-58,
e
60
determina$o da renda agregada2Tl na Teoria Geral (retda bruta, renda líquida) 51-57 Renda Nacional (estatística) 45, 60, 64 em unidades salariais 75-76 distribuigo da 105-123 e oferta agregada 105-106 e consumo 123-125, 382-383 desde a guerra 376-380 peíodo 22-23, 215 -217, 288, 341
Retorno 327-333 taxa de 331-333 queda 33L-333 sobre ativos financeiros (ver Taxa de Juros) sobre o capital real (uer Eficiência marginal do capital) Retomos 101, 299, 305-306 constantes (ou custos constantes)
tos,299-305 decrescentes (ou custos crescentes) 103 crescentes (ou custos decrescentes)
73,103 Riqueza 46-48,50 Risco 131,236-239 Salários 144-187, pas s im e oferta agregada 73,77 , l0l-l03 mudanças nos 83, 162,166-172 teoria clássica 744-150, 160-163 e emprego 9 -12, 79 -84, 103 flexível (ou rígido) l44,l6l-L62, 166-172,275 história e nível dos 176-177 entre-guerras 10-11 e desutilidade marginal do trabalho (ou emprego) 147-t48,150, 154157, 161,184
t55-t57, 174-176
pÍeçrs 300-310
inelásticos 144, 153, 162, 167, L77 178 e prêmio pela liquidez 337-339 de ontem (ou "o salário corrente")
82-84,156 Say (lei de) 8,10,12-13,78-79 Sindicatos 158-159, 178-183 (ver tamMm Negocia$o coletiva) Síntese neoclássica (ver mcd'elo IS-LIUI) Sistema bancário 257 -268 criago do crédito ?57,261-266 desenvolvi mento 2L0-212 Sistema monetário 339 -344, 37 4, 388-
389,392,395-396 (ver também Padrão Ouro; Taxas de câmbio) Sistema moneúrio intemacional (ver Sistema monetário; padrão-ouro; Taxa real dejuros (ver taxa dejuros) Tempo 6, 12-13, 17, 273-27 4, 288 (ver também Horizonte de tempo) Teorema consumo-empréstimo 384 Teorema do "fio do navalha", de Harrod 293-294 Teoria Clássica do emprego 147-749 objeçóes de Keynes 154-171. do juro 195 -197, 2Ol-212 Teoria da carteira de títulos (ou enfoque) 235 -242, 34L-343 Teoria Geral A condi$es históricas 7-12 método 13-14,76-64 aplicabilidade 391-399 estrutura da32-35 estilo da 30-31 Transaçóes (motivo) 214:218 Unidades de medida 51, 63-64, 115
Unidades salariais 7 5 -78, 300 Valor atual 129, 137 -l4O Vendas 52-53,58-60 (ver també m Expectativas)
7
4-78,
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RELIi]'uRA- Rto de Janeiro. e {wwtv. esta nt evi rtu a L co m, h r) 1 N P e d i d o 202Q*947 Macroeconomia pós-keynesiana: Victoria Chick Data compra 29i02./"21j:6. R$ 70,Ü0
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us$ 20,00 1993.
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Victoria Chick fez toda a carreira como Professora do University College, de Londres. onde supervisiona e orienta os estudantes do irível de Ph.D. em Economia, e faz conferências e seminários sobre Macroeconomia e Teoria Moneúria nos cursos de graduação. Ministra cursos em Universidades dos Estados Unidos, Canadá, Dinamarca e Bélgica. É membro da Royal Economy Society, da European Association for Evolutionary Political Economy e do Post Keynesian Economics Study Group. Pertence ao Conselho Editorial da Reuiew of Polüical Economy e do European Journal of Political Economy. Macroeconomia Após Kqtnes foi publicado.originalmente na Inglaterra e tem edições nos Estados Unidos, Iúlia, Espanha, Japáo e,.agora, no Brasil.
Nesta obra, editada no Brasil pela FORENSE LIMYERSITÁRIA, o leitor tomarâ conhecimento de uma das mais importantes e aAnlizadas contribuições no campo da macroeconomia, de autoria de Victoria Chick, Profêssora de Economia do tlniversity College, de Londres. Trata-se de um livro em que a Autora propÕe uma releitura crítrca da teoria macroeconômica exposta por J. M. Keynes no seu trabalho fundamental - Teoria Geral do Emprego, d.oJuro e da Moeda-, e discute o modo como ela vem sendo ensinada e aplicada por prof'essores e economistas. Esta publicação constitui certamente obra de extremo interesse e utilidade para estudantes universitários,
prof-essores e profissionais da ârea de Economia e de Administração de Empresas.
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