264 1 19MB
Portuguese Pages 271 [137] Year 1972
a
H
4'
H
LSTÕRia SÕOIO-EOOHÕMI
'\
4 8
q
COLECÇÃO
dlçõesnaturaisel wbm un=
ld
hbtóricas
.cte. ricas e proble: nan $ prc
,e]
ver a
desmenti encara }ntído que o títul :eza & uma
nos abrigam
Ç
om n T .as. ã acerca de t onde avult naciona) portuguesa que mantenha .a q lalquer :peciacid re e ) $e nuxff.+] Ea5H rgas persa uvas huntaxlas. lãa Pol'tug n programados para !nlcia: a
r
d
'«j
@b,i-ãR:iii3ãli:S$i feudal ou outra. hislória da propriedade.da colação
H
B
a
vida
s que
tÍiã
parara actos históricos aujactuais, literários, do â
lto especi n3tituírão, decerto. LIGO
:gado o
intF
qu ,rtístÍc
,brang :con61r
intex'disciplinar .premi! :ve.
;ssa consciência de civílizad s e de p rtugue
ou
ARMANDO CASTRO
ESIOBOS ..HISTORIA POBT06ÃI
$BDTFFLC
BBD-FFLCH-USP
Colecção CIVILIZAÇÃO PORTUGUESA 15 REVISÃO TIPOGRÁFICA DE HORÁRIO MOLEIRA CAPA E DIRECÇÃO GRÁFICA DE ARMANDO ALVOS
BíntiÕTECA FFLC
'/s'-7/'2
EolrORiAL !Nov.A o
PORTO
PRETA CIO O..conjunto
fun(iümentat
dos
uoZwme refere-se directamente
tentos
à história
coligidos
m.ente
económico-iooíaZ
pu'tuguesü.
N'oienfarta, meado dentro cZe8tevasto (ím,bato, é p08M pai8,
eZ asse?miar segundo
que
os fipoõ
se dê idem
em cloü
de aproz4mação
aom
grados
pd?&o&-
qwe foram.
eZa+
bocados. üm de ses grupos abrange o-s dois 2lrimeãros estudos, dos qlmã6 0 inüial está ligado a questões referetttes -à teorização
gwesa, enqtmnto
(
nl
eco?zómüa
o o tro,
(!tz
ê(Za medieuaZ portw-
0 8egwntZo, abru7zgen(ío igwaZ-
mente a l#oca me.dielmZ, tenta uma ínfese (ZeaZgutwpro. Gessosdo seu madame»fogZoZ)oZ, proa rondo captar a {nterconezão dzóm conjunto
de vazias deter'mi?rações do pro-
cesso hi8tó7ico med euo, posto q'zte inqwe']('por razões ezpoait lms e tzão Feio facto de ae Zheatribuir ma cagua primordãüZ,)o papel da «Reco»qwüfa» nesseprocesso global. (7onst quem estes dds tezt-oõ as coma cações arte' sentadas pelo autor no «Can,grosso L\mo-Eapanmü de Está,-
dos Wedãe'a s» realizado :ii,&éãda,de do Porto em Jun)lo ãe 2968; a.furtou-se-Zkeainda o tento d ma cwrfa propoafa entregue nesse aó%grosso reza circzónafáKcia de as ideias 11
que a ong matam gerem de dndüc tíueZ 4nteresõe na pZczHO
da cooperaçãodettf/4ca enter?mdotmZ, seja reza 'lha ü{ sugerida, õe.japari;e7ttwnapm' owtrcb?z i ímpias ow ma 6 c02zcrefa. Estes são os dois trabalhos em que transpirctm, ü orielt-
tüção de investi,güçãoe üs concepções gnose(úógàcüs dü constrlx,çãohistoriográfücl l)elas qlmis nos 'úmo$ batendo hd wm. qtmrto
e sariZAar
áe séczdo bem como ü preocupação
as armas
(Za críticct
.de .Ía?Mais
'úõfo (lsabe?'mos qtóe5.êsõo
seria re2zwmc ar a õer ir os ãomenõow,aá da pior, tendo enl conta as Ziw7as mentras d0 7zossolabor teórico-prático, ser a traí-Zos; ?ms a esmagadora 77mioria dos qwe aqtú
e
reuniram para ü prece%tepwbZcação qae com s mpatii$ nos foi sugerida, abrange anta série de e8ttxxios du;ma índole algo ãiferewte. Tmízfa-seüde a?táZiseõ sobrell os nasswntoõ mais dduer80a! da lí fóz'ia\\Sócio-Ecozü?tz4( de Pari'ügaZ, com a tónáact nesta tZZtêma, elaborados para o«Z)4cdowdrio de História de PortwgaZ», ezceptwando ü icamenfe doáõ
deles Z)ü rezamua uadedade de entradas com q e cooperamos nessa obra coZectd a escoZ#e7tmsi:aquelas qwe mos
pareceram. re"oesfirem õe dum temesse me%os restrito, o sentido de toalzrem q er em problemas de maior projecção goraz, qtta' detido à: c rc sf(í»cda de aborchrem aZg
8 dose/enómenos lq e frad
zembproceõsos.c?lave
da
m,arc7zada aoaiedade porfwgweõa, mwifoslldeZes durante o
longo:.Fadado q e a (Zaerclmede aZaoõ começos do seca Zo e?n q e 1%ue7nos. .É claro que :em. todo
ente canja fo, dada a ítzdaZe
especifica, dn (ibrü 'Fará'--a,qml foram. 8d.idtad08FWedomitziam os aapeotos ãesorif do eó/orça 12
oõ,:, embora
em :abaHdowo
êttd4spe?wdueZ àt inte7'predação
da essa?m ai do
Wocesso hütórüo;
ü isto de'Dera ajuntar-se--
enüorü
feZizme te este.ja77zoa conuewc dos de qwe será cada ea menos necesõár4o 4ns sf r muito este ponta -- que qwaZ-
q'üer estudo, mesmo em Zin/mõ gemwáõem abattdono dos aspectos
de8crifêvos
('aliás
4nd
pena áue s como
ma d:zs
argümaõsas em qwe se molda cl eapZeaação teóráoa,), desem-
pentm a fuvKão:-üdãciovml de confãamar ü ãm/possãbillãda.de de ?wga?' ü objectitMdade
($ü real dada sociaZ) histódaü
ow
aot'üaZ,e por consegtói te sempre düáa(Za,pds os es/w'ços em õextido -Contrário8ão tão vãos como querer devorar a
própria sombra! Além disso, se é certo que qwaZqwer esfwdose wão pode
anca considerar
total
e ên ZtrapasõcíueZ, é JtíãZ
de uer. q e a miaioria dos trübaZ/tos a q'üe nos re/elmos, co st tw tido
awáZises gerais
e reslümêdat8, deitam
w?z
cociewte qwe não ae pode despregar; cwmprã7"üm,porém, a tenção qz&ediMgi a stm elaboração na A pótese de, simzóZfá2zeameHfe,/07'nega'em wma informação õesfemátüa dentro do sew grau de ga&eraZ4dade e e?'em po-ltfo
de partida para estudos mais (ksGHUOlrDãdOS. Faltarão, em qüüZq er casa, desfie q e ?zão contribtmm coKheca' cer
e
a E7ütó píriccz
a «interêorm,ente»
e s pe:rfá(#üZm,ente«de
em
para
se
ez de se co?&he-
z?&cMó?'il%».
Por fiutir, julgámos canuenãente ãndioür o critério qu.e aconõeZhou a agruparam-ae nw?m seg ndct parte do
Ziw'o os três tentos com a entre't;alas qzóedemos para jor?mis acerca. dtótlza obra (Za nossa p.róprea autoria. Posto se trate do labor infeZecftmZ a qtóe moe dedicando hd muitos a os o ce tro do woaso es/oro e preoatzpüções, wão/oi
cerfamewte para chc&ntar iq atenção parca
eZü q e o JP&emos. F(# some%te para Zeuawtar e sabia ; ar
qweõtõee qwe reputamos .dedMuas
o qwe resZ)e4faa to(h 13
r cüànteTWa'etação cãentâficcç dü Hhtóriü e dos m.étai08 apto" pr4ados
para
tornar
pos8íveZ
essa 4 terprefagão.
Oo?made.-
ramos que casa prátüa dlz teoria é o eZeme fo por eaceZê?tca q e iZ sfra esta poõ4ção el? stemoZógica zzwm domí-
nio do co hecime fo tão se sípaZe oompZeaocomo safe dâdgádo para a 'uá(Za oc aZ ao longo do tempo, sem eaqwe-
cer mw4tos ozótr08 pZaaos em que o inferea e deite combate é ?tmni/eõfo;
afã ge ãncZusiue fatia
iaqweZa teHfa-
tàtüs que no fãm de cantü8 nos querent despojar dü nossa História, dncZwê?zdonatw7'wZmente aazóe.Zesq e actuam á ocaHdo-a com ?'uÍdo./
OS PROCESSOS FUNDAMENTAIS.DE MOVIMENTO,;ECONÓMICO NA SOCIEDADE MEDIEVAL PORTUGUESA
Outubro de 1971
Para se compreender a perspectiva e a própria metodologia .que guiarão,i as nossas intervenções
neste Con-
guessoé imprescindívelformular um esclarecimentoprelim.mar.
Elas resultam do sentido e da índole.iepistemológica
da construçãohistoriográfica a que nos,.dedicamos. Com efeito, e$1l$mos empenhado!-e;)]#traçadl-a. :qgonómjça-de
P9FtuggLp!;abre-o.!.
hiptóri+
$éculQS }(l!-e
sóQip-
Xyz...bem
como em elajbQra:Lg:.leQrlê qçQnó;pica gera! .da.sgçiedade. portuguesa ''da::. época-mgdieyal ; tentamos, simultâneamest(;: iiaç4r
os . processo!
centrais: ,de interli.gabão.
uniam égl dojg;,.a$peçtóa, dl4Q11.dizêlíl procuramos
que
dominar
as pí;inãpais cateàoriãs económico-sociaisdessa colectividade histórica, formular as grandes leis económica! que a.guiaram
e algumas das leis dQ. çomporÇamçntovsçlçiãl
q!!g..gela..jptiiUlieBaiq, esboçandodepois a te(4114:de sectores-chave da actividade: deste Povo durante a Idade Média CQM.assuq6 .PQçy1liaridêl4Q$, como sucede com as leis gerais da vida económico-saciar e com: determinados aspectos, 14
15
de que poderia salientar o mercado e a circulação mone-
tária medievais.Além disso, a partir de semelhanteteo-
Porém, nos limites
duma comunicação
que tem de
principaissentidosde desenvolvimento. Este último
ser breve para não prejudicar as restantes intervenções que seguimos com enorme interesse, omitiremos a identificação pormenorizada das fontes de informação histórica que utilizamos para esta construção, limitando-nos a remeter para o nosso trabalho em publicação onde elas são assinaladas. Permita-se-me, . ainda, que, antes de'íencerrarestas
esforçoconduziuinclusive a um trabalho que-tem em
indicações
vista
alcance que esta orientação assume, independentemente. do
rização, procuramos erguer-nos a uma síntese que utilizando os processos lógicos internos da vida desses séculos (que aliás nos competiram
naturalmente
a remontar
às
vezes a. um período bem anterior ao século XII), torne
viável surpreendero processohistórico geral nos seus colher
processos históricos
-concretos
da . vida
do
Povo Português até ao início da expansão-pelo mundo, quer dizer, até 1415, trabalho que nos compeliu a inte-
grar aindano estudodiversosaspectos da sua vida política, jurídica, administrativa e cultural. $. pois d(:ntío deste domínjg.g..ép$ta ciue interB:#'Qlpçls..3qutl:.
oriqiÉação. gQrq:!:
Todavia, admitimos que a nossa experiência de longos
anos de trabalho poderá revestir-se de algum interesse para todos os investigadoresde história''na medida em que, ao mesmo tempo..que coloca numerosos'jproblemas tanto
epistemológicos
como ~metodológicos,
pode abrir
ulteriores perspectivas nessa tarefa comum que é a explicação do homem e da. sua condição.,social.
preliminares,
ouse chamar
a atenção para o
grau de aproximaçãoque esta contribuição trará à sua efectiva elaboração. É que para nós, efectivamente,a pesquisade dados de informação e o seu registo empírico, bem como a sua própria interpretação (de restos.só fecunda quando integrada no contexto global em que esseseventos históricos se verificaram) são sàmentet um&li fase -darínecessária investigaçãoilmas nãoÉsão, de modo 'algum, o alfa e!(o omega da reconstrução explicativa que cabemaoéhisto-
riador numa tarefa intérmina masode constante avanço de domínio do conhecimento. Estamoso firmemente convencidos deo que por isso mesmo este sectorõ especializado emoque; se . combinam
a história) económica eúsocial com a: teoria económico-
Nesta ordem de ideias çlçpl!!gm98 para á-.p111meir< das.nossas,. duas comunicações, .ym prQtlb!!!g
teórico-econóplca.da formação social nortuguÊ?g.da ].çlade Média, dedicando a(ê$gundê) a pm:atentame. de. píntçse histórica sob um. ponto. particular
-social das sociedadeshistóricas se reveste duma importância nada desprezível, coadjuvandoo mesmo outras esferas da investigação histórica, aol:mesmo tempo que aproveita das contribuições de todas as disciplinas histó-
e concrçlou.g-f.çnQlpçpg. da-RQÇ.onquista neogoda .dQ.:çqldlEório portuç41ensl?, de
ricas, corte
resto
a historiografia encara uma realidade que constitui um
directamentütligado
constitui
ao evento - cuja
o catalisador' deste Congresso.
comemoração
visto só metodolõgicamenteerbse compreender )© da investigação em' sectores distintos, c porque
todo não fragmentadodentroqdaáobjectividadeglobal
16
17 2
que a define. E daí que as disciplinas a que nos dedi-
materi.a,i!
camos não possam alhear-se de todas as demais, desde
a substituição dos projectos de trabalho, dos utensílios e das fontes de energia gastas em cada ciclo produtivo;
a história social,no seu sentidomais lato, até à história política, jurídica, administrativa, cultural, à etnologia
tempo,
deve!!qQ:tlgsses - nEgc8ssoq..ecgnç5Micos
histórica,r.etc., etc. Guiamo=nos pela preocupação de oferecer uma problemática cuja razão de ser assente na orientação que
gare!!j;41..também.3 .gxistênçig=.e.!eploduçãç! das-estruturas
entendemos ser indispensável imprimir cadavez mais
se realize.
esforçadamente a alguns sectores da investigação históricas em paralelo e em cooperaçãometodicamenteorgânica com todas as.restantes, das quais algumas já atin-
giram, aliás, um acentuadodesenvolvimento.Mas como infelizmente não sucede o mesmo com as disciplinas que são objecto das nossas atenções, os aspectos que vamos tratar poderão talvez sublinhar.ía orientação que se acabou de proclamar trazendo então uma contribuição útil e permitindo sobretudo aproveitar os ensinamentos colhidos neste Congresso graças à sua discussão.
Nãos poderíamos perder a oportunidade de apelar
para estai.problemáticae para a:sua consideração,visto permitir sem dúvida não só)desenvolver a suarlformulação e o seu enriquecimento,-o que estamos convencidos constituir interesse central param todal=as historiografia internacional, na=tprossecução ndum.etrabalho quemopera para qualquer dos seus ramos, visto existir para cada um deles,}rpara o esforço de estabelecer as suas ligações
l
ao:!pesmcl
qug .qssggqr#!!!....â...gpq,..,gllbg!$ilêpçia, : logrando
mútuas e para allconstrução de grandes sínteses históricas que os envolvemnsistemàticamente na missão grandiosa, de criaçãoüdumaisantropologia científica global. Não constitui novidadepara ninguém recordarsque qualquer sociedadebístóric4. ou actual não poderia existir sem. assegurar ininterruptamente.a: produção- de bens 18
sociais que car4çllg11jgam-qualquçt.-$ociedaqe, tem dê haver um
condicionalismo
objectivo
em que tudo 'isso
A formulaçãoda teoria económico-social da colectividade portuguesa-medieval,como de qualquer outras exige portanto quq se conheçam os processos.que .caracte: rezavam .g-circulqçãQ .g..a-reprodução.
QC.anémicas, desco-
brindo as leis que regiam essesprocessos. O conhecimento..desta açtjyidadç, isto é, das condições sociais objectivas em que os homens garantiam,;.a reprodução dos bens qqe satisfaziam
as suas necessi. danes é..realmente .:Êgllgg;neptq:apara-sç-e.ptepdereWLqs çglyijçõeq..eig .gue.-exi;!til!..gu%!.quer.qQçiedqdq.histórica a que tal estudo se reporte. Além disso,.3jBda.até a encon:
arar as determinantes dos sentidos da:'marcha da base
material da sua existênciahistórica e é porünto um elementoàindispensável
para
se traçar
o quadro
do seu
desenvolvimento,descobrir os seusvritmos elencontrar algumas das causas básicas que -os explicam.
:B a essa tentativa que faremos referência a seguir, pma tentativa que. nartipdo dq domíniodqlonheciggpto 4os processos 81ndame4tpis
movimento
da sociedade
medieval portuguesa, permite traçar um quadro. quan{iiíiãdã''ã$i;õxiüaãá
dg:.Õêilâiliça...ug
mica na Idade Média. .em PgrtugQIÍ' naturalmente
tanao-se esta expressãojualntitativa
repor-
a, determinada oca19
sido, pois os dadosnuméricosvariaram ao longo dos séculos.
Não: surpreenderá, no entanto, que frisemos forte-
mente que uma parcela importante dos números que I'amosutilizar é puramentehipotética, posto que o seu carácter conjecturarnão quer dizer que seja arbitrário na medida em que resulta dum conhecimento aproximado da importância relativa das principais actividades produtivas medievais e das principais relações económicas aí estabelecidas.
Escolhemos o..primeiro gua1ltel dg. século XIV não só polqui!
Qslaq:doslhistóricgs
çomplçtQg para
essa altura,
:l.qua!$itativos.
CQmQ ainda pelo
!ãQ ..giais
eact(2-4.g
que o modelo retardado a essa,época.nqp.perda..a= vplida4e pa111 ilB?tla! . a!..londiQõesn doq movimento económico ;nedievql da própria época...qnterjor g dpi. guQ:..!e Ihe s.eguiu imediatamente, dgDlrQ..dQj.eçlo11:socía4. a queueste
modelo se aplica : Q sector :2redggli4q:!!!g.constituído pelo mundo ]ia:..:altivig!!ge
aue enl:g1l:!ãAsqnhç)reqü.g...Folgnqsa
(agrícolas, pescadores, trabalhadores das salinasi:dasorla
marítima, caçadores,etc.). Apesar da existência doutros sectores, o sector em que actuavam patrões e{.assalariados e; o sector mercantil, cuja importânciaocrescia mas que eram relativamente diminutos, çr4..êi, ng .mundo em que se yerif+çavam.g=$.r$1açõçg de dependência.caracte-
rísticas..gglerlÜélblgüyglég.gçsqe.. Q.jécylo.Xlllüera aí que se situava..g esmagadora maioria dai. população e .çrQ .aí.. que=pe mobiljgava aü esmagadora :maioria.ida [!gBe3g social e do rendimgp.Çg..q]!..Él2Bçç$jYidade.
A pergunta a que temos de responder primeiro é esta :
--.Quais as condiçõe! objectivas em-qqe-$g.prgçgglaya a-!ecgnstjtuiçag. incessante da actividade. económ:jlê-de. 20
produção no interior das !çlaçõe! .de dependênciae\g!!g8 as coil4}ções
objectivas
qug. permitiam
)passe.guraz. ao
mesmo tempo .g=..S.stElt!!!jdg:$q.ç-a-reprodpçãç!.gç)f!.l.açor
sociais estabelecidos? A sua manutenção e multiplicação estáveis mostram que esgar condições não çgp! arbitrárias, sendo Eggj4R.s por factores objectivos necessários, pçl!;...!ejs:.Qcop991iç4g. Q...p'o4ylg.pgga=1.. criado em cada. ciclo. de actividade
no interiorl.:da. sociedade portuguesa. desta época(e!!Çle 132Q .e ..1325)..dividia-se
em .:çCé4.joq:grupos-para
os quais
era também canalizadoporildiversos meios. Se concentrarmospaij atenção nos principais gpggç! .g!;!!i112111je canais verificamos que x411tlg:.p31çglg(bg.4çstiüava .&.gssegur$r a e4jgÇêpcjR 4q:.classe.. senhori41.no seu con-
junto (reine família real, clero e nobreza), constituindo aprenda feudal. Q!!trg..ggipg
era destinado.a
.garqnlljr
a autQm4pu-
tg!!:ç4g.gQ!..çgongg.da classe senhorial (agricultores, pastores, marnotos,
etc.) .
!Jnl terceiro destinava-se. à tbltqEiQr.)»ctljyid$dg..prod!!tava, como sementes de cereais
(trigo,
centeio, aveia,
milho?miúdo), fabricoilde alfaias agrícolas que se gastavam, fabrico 'dos utensílios dos artífices e de matérias: -primas
(como barro,
cal, cortiça,
madeiras,
fiostçpara
redes de pesca e outros fins) , construções fixas8(edifícios para recolha das alfaias agrícolas e do gado, dos aprestos de pesca, oficinas
dos homens dos':mesteres) + obtenção
de fontes de energia, como combustíveis (lenhas é carvão fabricado a partir de produtos vegetais), energia hidráulica aproveitada para moversmoinhosl pilões e forjas, energia eólica utiliza:da? em escala acrescente =-desdelio século XIV, etc., etc. 21:
Existiam ainda outros núcleosque absorviam uma parcela do rendimento plloduzido, g}4s que embora duma enorme
importância
por esta altura,
qãg..abrangiam
}!o
mundo.das relações dg dependênciae.que por isso estão fora do centro deste esquema-- A parte que cabia aos mercado1lesque transaccionavam dentro do País.e com os países estrangeiros, a parcela..jquecabia à camada relativamente ténue dos asgalali4dos e a que compunha o lucro dos empregadores que ocupavam esta mão-de-obra. O pcouhecimento
dali funcionamento
da vida
econó-
mica no âmbito do 8eçÇç)[.goela!:.p]g:!g.Blpplo que abrangia a classe senhorial
e os produtores
directos
colocados
Q exameanalíticoe a reconstrução.explicativa do sistema económico.sob que viveu a sociedade.deste extremo ocidental da Europa ao longo desta época histórica pçlmitiu.Jerifiçq!-qug..êg.
deÇermlpal!!es: .4gg ggus. eixos
fiiítliãligs neste-ãbi;iinio das relações de dependênciade tipo feudal, a despeito dos seus evidentes particularismos próprios,
.g]élB..gÊ...ggsentar
na.. posqç.dominó.a!..da
lepra
e
de outras forças naturais imobiliárias em condiçõesde exclusivo total aquém do século Xll, !çsultoü.doutros factores obiçctiyg!.g dgs-rçlaçqq!. quq-elgp.ímp!içaram. Entre
esses factores
avi41g.m, para'ise
compreen-
derem as condiçõesobjectivas da actividade económica
na sua dependência, os seus colonos,opermite..çonçlyjr
medieval, gs seguintes:
[email protected]ÇQni81nQ!+...do..mQ'!im.enlQ eçonij;pipo
.iiài;''ãlíãã;'=;Eil&iiá'':i1;7;;ié;ãã8;'11Ê$&;;;,.,ã .l;e
,A parte do r'enqjmçntq..gg=.colectividade aue c.êbia aos donos dos domínios, isto éi .à ?çgliQ!!gl, depen-
gegundQ..$q..CQndíçõQS.originadas.pela.posse grandes instrumentos .3..meios.de..produção,
dia, por um lado, daquilo que era'indispensávelpara..a
depen.dominíal..dop de acordo
com uma situaçãotanto mais clara quanto mais atrás nos reportamos no tempo, já que o crescimento e inserção
da actividade,.tmercantil e o crescenteejjlargo uso da moeda(incluindo no pagamentode rendas) alteravam o quadro geral do sistema económicomas sem afectar a índole essencial.da. actividade.económico-social
doslaçoslde
nalBesfera
dependêhõiãl
Tentândoi] agom, dar « umail expressão quantitativa através.t:da utilização de dados históricos comrlhipóteses verosímeis, fornecendo índices em que a maior fidelidade não reside tántõ eih cada :cifra tomada isoladamente mag antes üag proporções entre elas,?é possível esboçarlum modelo
quantitativo
do processo de movimento
econó=
mica base nansociedadeportuguesados primórdios do século de Trezentos. [
22
manutenção individual e familiar dos seus colonos; por outro
lado, além de ter
dç.assegura!:o
autg=qustgpto
dos colonçls..!:jgiq ç..gftes ulgy?ery-as.sem .uma .parcelELjpgjpepláxcg,4.asseguram.g:-aeÇÚ.idas Jloqlltjya. posterior,.visto caber aos.çf)lonose não aos.titulares dos domínios chamariam
aquilo
a.. que Duma: ]jnguagem
os . .investimentos.
modçrn?.. se
plgç#utivQq. ,.Estas
regras
eram.condições essenciais à existência e funcionamento de toda a base material da colectividade. O autoconsumo dos colonosljdependiadas necessidadesmínimas!!quepor seu turno não eram fixas, eram históricas, evoluindo ao longos,dotempo; a este propósito não faltam elementos deoiinforma-ção
que revelam
claramenteqque
o teor
de
existência geral era sem dúvida mais evoluído no século XIV do que fora no século XI ou mesmo no século XII. 23
Por seu turno, alireproduçãodas condiçõesde existência económica,não sendo também efectuada em condições estáticas ao longo dos séculos, visto verificar-se um lento progreso secular das técnicas de produção (e um dos seus pontos mais salientes consistiu nessa imenso e grandioso esforço da população portucalense no senti.do da!: conversão
de terrasK em cultura,
acompanhando
a
enxada e o fogo que demolir os brejos aaespadados ocu:partes em luta contra os Sarracenos), impunha inexoràvelmente que umauparcela dos resultados dol trabalho social fosse aplicada como meio para produzir de cada ciclo para o seguinte. Todavia, estas condiçQeg.fundamentais objectivas que existiam nesses tempos recuados g4a impljçg:yq.]D.. em si, directa e imediatamente, q!!Q..auêçlÇil7jdadQ-ecç)némic% se
alargasse.414H,.ang.pala..g.!çguinte, ao contrário do que sucede na economia evoluída dos sistemas:dós nossos
dias. A sua lógica=maisíntima só asseguravaa manutenção .da actividade económica ao nível preexistente. Para se comnlggnder o re31.avanço histórico..guq.BQ.processou 'desde..Qg. séculos XLXIL(e mesmo antes) e os séculos XIV-XV élg$ispensável considera!. dois..,IÇipos delj4çÇgEgg..pllBglpgls : um deles actuou.no seio!.das ;lelq= .$gQg::..gçiQ!!gHlças.,...dç.!#pçqçiencja..g:...!gngQ.prazo, como
tendênciasujeita a:flutuaçõesde avançoe recuo-- foi poggjbjlitadQ2elo
progresso. {lécpiço(introduzo
de novos
Por outrollado,
resultou.dQ.. çrescimento . de. aQt:lida?©e!.
.gxj;g111oleg :ag. piundo .das:,.Te.laegeq.::dQ..4ependê!!çia ou que,
emboranão escapassem totalmente à sua influência, no entanto g$..g sgfçiag! JigçirgnlenÇq
Foi o que sucedeu
com o dÊ8Wql'ipçptg..glna$!$dBgÊ:: mç111?2tlLtapto ,Q..çgmérciQ.j;ÜernQ.assegurado por mercadores ambulantes? por mercadores estabilizador nos povoados e.pelo alargamento espectacular.. das feiras periódicas desde meados do século Xlll Sapo o colBércio.externo, que não sendo totalmente ignorado mesmo nos séculos XI e Xll se viria a.ampliar fortemente do século . Xlll para ::o século XIV; a isto juntavam-se outros aspectos como o llQlenvolvimento dum sççtor de agricultores. com explorações relativamente importantes aue emp;Soavamaglg= .!$r.i@çlQ8, combinado com o facto de muitos deles estarem submetida a encargos relativamente ligeiros para com a classe dosusenhores dos domínios, um núcleoriimportante de cria$io!;çg.dB gEkdgnasamesmas condições eealargamento duma importante i!!gssç::g$ .4rmadorçg...!ig,mar.i: nha mercantes utilizando também mão-de-obra ãss&l&ü Fiada. Dispomos de elementos que permitem ç$bQg!!:.UW: Bioqelg..qygnlljçatiy(Z.:.gg!!glroces?QI....geral eg. pr!!nçiro
quartel do séculoXIV. Com efeito, sabemos comsrazoável aproximaçãoFO
instrumentosde trabalho, tanto na agricultura como no artesanato e transportesi oUalargamento da divisão do trabalho social que trouxe um incremento da produti-
montante global dose!.endimentosiisociaisque abiqib:.à:
vidade, etc.) $ pelo.çlçsciment(2.d4q.pecessjdaqçg.SQçiêlis
domínios (além das parcelas que se redistribuíam entre
mínimas qoq.cglopog.,que permitiram conservaruma parcela crescenteem sentidos)absoluto dosproduto social.
estes r.trêsç sectoresB queiinão
24
Qrglnjzaç4Q-Êç!e!!R:$!çg..ç alquota-parte
que
ag.,];ç:L e podemos supor qual
cabia bn(2brQza
através
interessam para o cômputo desta grandeza global) .
dos
seus
evidentemente
25
Esses dados totais, expressos em moeda de conta da
efectuavam a produção directa de bens exigia um consumo da ordem de quase 4 700 000 libras, cabendo às aplicações destinadas a assegurar a reprodução da actividade produ-
época, em libras, habilitam-nos a computar ..Q.total. dos rendimçntQS.guç .ça»iam +nu$jpepÇq.a.gata me4je-
llal--atingiria à roda de 2 700000 libras, recebidona sua maior parte em génerosmas numa parcela importante (e que foi crescendo) em dinheiro. Como,por outro lado, com base em alguns milhares de casos concretos foi possível estabelecer a taxa média aproximada dessa renda em relação.à produção bruta global, torna-se verosímil estabeleceruma cifra hipotética para o montante global do produto social nesta esfera
mais importante da vida económicada Idade Média em Portugal-- deveria andar em torno de dez milhões de libras por ano Esta diferença entre o rendimento que cabia aos titu-
tiva os restantes valores, quer dizer, um total da ordem de 1 300000 libras. Um milhão e meio..-iapara os outros sectores fora das relações .de dependência. !
Tal seria a base «ugnÇilta:diva: aprox!!p1143-em. gue se iniciava Q.proceqgQ.ininterrupto
e sempre renovado çig..qqe
dependia a .94íltêBqg:.gpçla!.doq. homens ,maldade Média. Comise
verifica,
ele obedecia a conde-iões objectivas
própria,se bem distintas das que reinam na actualidade entre as sociedades mais evoluídas. No entanto, é indispensável observar que se trata dum
ggg]49ma urra-siglplificado, pg!$.nopróprio planoda actividade económica- que.;envolvia
senhores dos domínios e
lares dos domíniose o seu total bruto---que seria da
seus colonos desde há muito que no território
ordem
se ultrapassara
de 7 500000 ?'libras
anuais.--- subdividir-se
em
a fase do autoconsumo,
portucalense
recorrendo-se
às
várias parcelas,duas das quais eram fundamentais: a que
trocas por intermédio. da moedas)e ao comércio. . Nada
se destinava ao autoconsumo dos colonos e a que eles conservavam a fim de assegurar o ciclo produtivo imediato B claro que não existem também aqui dados estatísticos
de informação. Mas conhecendo-secom razoável aproxi-
disso, todavia, plêçt%as rggra$Lj1lndaigçRtliq.deita acta: vidade social, ainda que naturalmente trouxesse importantes implicações, inclusive pelo que respeita à aceleração do crescimento histórico tendencial e ao,;reforço duma
mação tanto
estrutura
o montante
da população
(que andaria
pela
casa de um milhão de habitantes,dos quais pelo menos quatro
quintos -- se não mais -- viviam
em condições
de
dependênciarelativamente aos senhoresdos domínios) e conhecendo-seas técnicas produtivas dominantes nestes sectores com as necessidadesque implicava a sua manutençãoao longo do tempo (como,por exemplo,o número
social :de que teríamos
uma noção enganadora
se abstraíssemosda sua existência e das -suasfunções. Haveria, seguidamente, que acompanhar o processo de circulação e de reprodução medieval a partir desta fase inicial definida pelas condições centrais que se indicaram.
Não o faremos, visto isso excederos limites desta
então não será absurdo introduzir neste modelo quantita-
comunicação; ylggUggsobretudo.DQgtlgE.gF.pgssi.bilidldes dqW.glm:ç:g$!Êjg11gãg..bj$bórjeaMada.pelgp$jeBÇlyp-episllemológico de encontrar por debaixo.das trevas e dos mean-
tivo a suposição que o autoconsumo dos colonosque
dros da:.Blgtéria
de sementesde cereaispara uma dadaprodução,etc.),
26
alg!!BS fjQgJégico$ .danvjd% ÇQlçctiyR.pe;$!Q 27
r gmp+.o..ecomplexo,.!ççlg!.gpç ,ê.a. gctlyi4QdQ.económica,do pggl4dQ=coadjuvados pelos conhecimentos sobre o nosso $tó$riõ tempo, procuralBos..definir .$imultâneainente.]um çolilunçQ.de problemas.guç.poderão contribRjt par% atingir g::gntendimentpdas condiçõesda existência trens-individual sem.sacrificar o.inegável papel activo. do homem no g:feiçoamento do seu meio. Procuramg!..ainda
.sublinha! nesta comunicação, posto
que através dos aspectosrestritos que se invocaram, gê. diversas .e complementares necessidades dç.jqvestigação .em..ordem
a edificar-se
.umQ tipologia
-social (aliás
.+
A «KnCONQUiSTA» NA ESTRUTURAÇÃO DA SOCIEDADEdMEDIEVAL
tanto
histórica como não-histórica), ]$ que não pode haver o propósito. de recriar:iduma vezrle para sempre todo o vastíssimo qpadrcl daLrealidade total. E8tç..çxelnWlp, segundo cremos, apesar dos inegáveis aspectospeculiares da sociedademedieval portuguesa, QfprecQ.ulB.interesse. que.excede..p.seu caso. tomadqlsoladamente."q..gllg, na verdade, a.!QçagQm..CQn$egtladg. nas con'
4içõQS..Eégioecclgéujeg:g..axiais .da..SZj94ênçjq:.bigt.ljlica medieval.portuguez.4 cgrrespQgllg.a-.qmq..él4pg..sistadial dQ..proççgsQ.hi!!éljçQ.conjunÇç)-da::.aquase totalidadeljdas sociedades humanas. Deste facto extraímos ó possível interesse éõgnoscitivo universal da nossa pequena contribuição.
De harmonia com a orientação que explicitámos na nossa comunicação precedente, elegeu-se para esta segunda
intervençãoum aspectoparticular da história do território portucalense e do P-ortugal medievo, destacado natu-
ralmente dentre as numerosíssimasfacetas que se pode-
riam ter escolhidocoma finalidadede ilustrar os tipos de processos cognoscitivos aplicados àrconstr'ução historiográfica
em que estamos empenhados.
Consoantese sublinhou antes, este segundotipo de explicação históricalidiz respeito à reconstrução sintética de.:dadaslinhas de evolução,reconstruçãoque é possibilitada pelo domínio prévio das relaçõesmútuas da actividade económica e social da Idade M.édia assente num acervos suficientemente
raomwlücação
aw'esentada
%o} nãoilmuito
c4ár4a:
rigoroso,':oircwZação
,i/idw-
IMPORTÂNCIA DA HIS'llõRIA:DA CONTABILIDADE NA HISTÓRIA ECONÓMICA:GERAL O conhecimento dos sistemas concretos de contabilidade ao longo dos séculos reveste-se de evidenteuinteresse
não só para esta disciplina, aliás paralelamenteeaoque sucedecom qualquer ramo do conhecimentoe das técnicas, pois as suas origens e transformações ministram esclarecimentos que são válidos para o domíniorlde numerosos
aspectos:tdequalquer disciplina no1lnossoscomo ainda noutros importantes aspectos.Ê que, com efeito, a história
da Contabilidadeé igualmentevaliosa para o historiador
da economiae da vida social. Podefornecer-lhe indicações de primeira plana, quem acerca do grau de desenvolvimento das trocas, da economiamercantil e da circulação m(meteria,quer para proporcionar-lhe ensinamentospara além dos que se referem à evolução histórica da contabilidade ; é o que sucede com os elementos preciosos que podem
extrair-seedos livros de contas régiasf dos registos escritos de receitas e despesasde casas senhoriais e degrandes organismos religiosos como mosteiros e bispados e particularmente dos documentos em que os mercadores assen-
tavam os seus negócios.De resto, só por si, o grau de 140
141
aperfeiçoamento dos sistemas de lançamento contabilístico dá indicações seguras sobre o grau de desenvolvimento económico da sociedade respectiva, observação que é particularmente de atender quanto aos sistemas de contabilidade comercial, sabendo-seque o comércio desempenhou um papel importante no lançamento da moderna economia (embora se deva notar -queessepapel não foi tão vasto comopor vezesalguns autores sustentam) . São especialmenter conhecidos paul atildadei: Média europeia documentos de contabilidade de mercadores italianos, flamengos e outros. Mas infelizmente não se conhecem dados contabilísticos de informação histórica com certo;idesenvolvimento referentes aos primeiros -séculos daü nacionalidade portuguesa ; perderam-se t:inclusive.f os
livros de deposito e de ReoabedoRêgwi da época medieval em que se anotavam as receitas e despesasrégias. Sementepara chamar a atenção para estas ligeiras observaçõesjulgamos que vale a pena recordar um documento curioso-- e que aliás não é inédito, pois foi publicado em fins do século xvni por iniciativas'da Academia das Ciências de Lisboa -- no qual o monarca D. Afonso V estabelecealgumas regras a seguir nos serviços da tesou: ráfia
ré.gia. sTrata-seo do Regimento
do :l anoíi de !'a480
incluído mos «Inéditosí-de História Portuguesa», volume 3.',:páginas 533-534: «TRELLADO DO REGIMENTO, QUE ELREY DEU A.0
THESOUREIR0,ciE
RB]CB]BEDORTDO
THESOUR0
])E
SUA CASA, E DO ESCRIPVAM DO,DITO THESOtJREIRO
EM VILA VIÇOSAA CINQUODIAS DE JUNHO DE QUA-' TROCnNTOSE ç(OITENTA)*; ACERQIJADA' MANEIRA QUn 0UVESEM DEFITB}R EM ASES'TAR OS DESB]NBARGOHOS, ':E 'CONHECIMENTOS N00LIVRO DO THESOU142
RnIRO, E ASY ACERQUA
D'ALGÜAS
OUTRAS COUSAS,
PnLOSi} IN'CONVnN]B]N'TnS iJQUn ::Sna D0:) CONTRAÍRA SEGUIAM».
«Nos EIRej fazemos saber a vos Thesoureiro de nona Cada, e ao Escripvam
do dito Thesouro, e Recebedor delle,';é asy aos
outros oficiaes nosos a que pertece, que por algüas duvidas que nos
ora achamosna Canta de Fernam de Montarroyo Thesoureiroda dita nona Casa, por bem dos desenbarguos noxÜserem isentados no
livro de despesaaos tempos, nem pelo modo, per que o deviam de
ser, e asy mesmopor nom terem conhecimentosdas partes; pelas quais cousas se seguiam duvidas, e embaraços, avemos por bem que acerqua destas ditas cousas sejais avisados daquy em diamte de o fazer na maneira que se segue. Item. Vos mandamos que na ora em que vo$ dito Thesou-
reiro, ou Recebedor do dito nabo Thesouro paguardes qualquer
aesembarguoque seja, ou pasardesconhecimentodele, que loguo
naquelledla e ora o Escripvamo asenbeem registono livro do Thesouro,e asy a recepta do conhecimento sob pena de perderdes os ofícios.
Item. Vos mandamos que quando quer que alentar.des no livro
as receptasdos conhecimentos que pagampera fora, que declaraaes em els as pescas, per que se os dinheiros recebem, e os desem-
barguos de que sam, de quem sam; .e sentemsam daquela própria pesos, pera que o conhecimento paga, que declarees na dita recepta, e conhecimento a pesca, ou pescas destrinçadamente, e declarada-
n meDE.e ltem. Vos mandamos que nom pagues nenhuns desembarguos,
asy de cevadas,vestires, moradias, mercees,teemças, como quaesquer outros que sejam, sem asentardes ao pee deles, ou nas costas
o conhecimento da parte,feito per o Escripvamdo dito BoboThesouro, com declararam da maneira, em que a dita parte dele recebe o paguamento, muy destrinçada, e declaradamente. Item. Avemos por bem, e mandamos que nenhum conhecimento do nabo Thesoureiro, nem alvaraes de moradia se nom façam, nem
pesem sentemem purgamínho,porque de huús dias pera ca se 143
faziam em papel;T o que avemospor muy grandeinconveniente,e desserviçonosoi:e porem daquy em diante vos mandamosque se nom façam nem pasem sentemem purgamlnho, como dito he. E este nodo Regimento vos mandamos que registees, e façaes asontar no cabo .do livro do dito noso Thesoureiro..!Feito.iemVilaVlçosa aos cinquo dias..de Junho de mil quatrocentos e oitenta.» rPwbZicado
no «Jornal do Técn co de Contas e. dü Empreõa>,
í de Owfwbro de í9681.
SIGNIFICADO HISTiõRICO DA,>:EMPRESA DE$VASCO DA::teGAMA
Comemora-seo meio milénio que nos separa da data do nascimento de Vasto da Gama.
Não sabemosque melhor homenagem se poderá prestar ao seuofeito históricosdoí(que -- (semanaturalmente
dissolver o alcance humano e a força pessoal da tarefa que veioÉa cumprir ao dirigir a expedição que rasgou ó caminho marítimo ligando a Europallcom o &Extremo Oriente) -- enquadrar a acção do famoso marinheiro no
processo geral dos Descobrimentos,: suas razões determi-
nantesãe, sobretudo,aexplicá-lós no automovímento do seu desenrolar se.gundo a marca que : a gesta marítima posa Portugueses
trouxe
ao processo histórico
nacional
e mundial, quer :dizer, encontrar asucondições objectivas que fizeram nascer e alargar-se a uapansão ultramarina, suas crises e posterior decadência,bem como o seu significado no quadro geral da história da civilização. Tal via de nos associarmos à comemoração é certamente .umas.das
melhoresilmaneiras6de
!homenagear
o
grande nave.dadore seus companheiros de aventura, pois sendo inquestionável que coube a Vasto da Gama a honra 145 144
de dirigir a expedição, o seuêxito assinalaum dosmomentos-chave dos Descobrimentos Marítimos, além de que
só através duma exacta perspectivaçãodeste feito se poderá apontar o verdadeiro lugar que Ihe pertence na
História Universal. Esta atitude cumpre ainda um objectivo cujo alcance se não pode diminuir,
ao passarmos duma compreensão
pré-lógica, de tipo emocional e ao sabor de ideologias variáveis= sem bases conceituaITriÉorosal a um sistema de explicação lógica que traduza, com amplitude
Crescente,
a complexidade da realidade passada e do seu movimento. Se as inexoráveis condiçõesreais não nos deixam hoje
margem para descobrir-novos mundosTaquiirnacTerra nem para tentar a maravilhosa aventuraadecaminhar pelo- Cosmos, possamosííao menos «descobrir» aãlógica histórica deste amplo sector da a'ventura do homem, reco-
lhendo as numerosasÍJlições que essa «descobeFt&Xbo nos faculta, fornecendo-nos uma .das armas eficazesode luta
por um futuro melhor. É com este espírito,:.no qual está pi'esente a-consciência de que os nossos interesses históricos permanentes se não patenteiam nem defendem quer em ilusões passadistas,
indo até um chauvinismomais ou menosdisfarçado,'quer na atitude inversa, lançando à conta de ninharias o nosso passado histórico, mas sim:ína serenabinterpretaçãonda dinâmicalhistórica e das suas transformações,é com tal espírito, dü carácter científico e de preocupaçõesditadas por um humanismosocial universalista, que se redigiram
tugal aquém do século xv. se não podia desligar dum pro-
cessomundial em que se destacam, pelo menos, os l)rocessos e relações
económico-sociais
internas
no nossa
país, as ligações que aLexpansãomarítima trouxe entre a sociedade interna portuguesa e os países da Europa ocidentalocujo desenvolvimento capitalista foilprogressivamentePpenetrandono ãístema nacionalael:ultramarino, o impacto de tudo isto sobre os países do «Novo Mundo» (em especial da América do Sul) , dos povos africanos e do Extremo Oriente, além das ligações mútuas de índole económico-social entre todos estes sectores,: bem como,nsubsi-
diàriamente (visto não estaren{ aí os eixos das modificações históricas trazidas ao mundo após o século de Quatrocentos)? ás incidências sobre a vida económica dos paí-
sesda bacia do Mediterrâneoe outros aglomeradosatingidos pelas. modificações ndãs correntes comerciais e das actividades'produtivas ligadas às transacções l mercantis resultantesl..da:l inversão das: linhas de tráfego com o
Extremo Oriente. Importa, 'antes de mais nada, mesmo que.todas estas considerações não possam qlti;apossar ..indicações. muito breves er:esquemáticas, sublinhar o papel,.primordial das
condiçõeslreconómico-sociais Lpróprias
do:; nosso país ,.no
fenómenoda ExpansãoUltramarina, muito embora,após ela lançada)se haja até certo ponto auto-sustentado. Essas condiçõesentroncam naturalmente na Idade Média, nas conquistastécnico-económicos e nos tipos de
as observaçõesosimples e gerais .que se seguem. A fim de vincar o significado do feito denVasco da
arranjos sociais que as gerações dos séculos xv e xvi her-
Gama elidosr.seuscompanheirosPdeexpedição temos de reconhecer,antes de mais nada, que a história de Por-
pela técnica da construção naval portuguesa a fim de ante' ver ousignificado deste:'condicionalismo, ém espéciál no
146
daram. 'Bastará
recordar
a:importância
do',nível atingido
147
penhouum certo papel na própria actividade para além-
que respeita às longuíssimas viagens desde Lisboa até aos portos da:índia! Há um documento da primeira metade do século xw que é bem elucidativo a respeito da técnica. da construção naval portuguesa -- trata-se. do parecer pedidqlpelo
alemãse flamengas.novas,pois «namse poderiamestas taes ir a Imdi&,usemse virarem,,nesta cidade posto que fogem pera irem a Imdia e,nom virem. Diserão todos.trem as semelhantes nãos não são nãos pera iso posto que senão Davas:Jeu calafetadiças nem pera fazerem:tal viajem aimda que seja pera ir e nom vir por serem nãos pregadas com cavilha de pao e mal. émcurvadas.e:calafetadas. óom hum se fio d'estopa e roym e que nesta -cidadehe defeso que se nãó calafeto ;éomtal estopa fumdos das caos porque eles vem a esperiencia digo quando elas vem de F'randes pera Amdaluqya e tornão pera sua terra.;A maior parto delas v'em a esta cidade a por em monte pela augoa que metem:s»
deste :aspecto tecnológico
não se poderá
põr
em dúvida a importância de pessoal marítimo experiente,
parte do qual sem dúvida resultou duma,acumulaçãode experiência anterior graças à classe piscatória medieval de alto mar e de pessoal dos transportes
marítimos
comer-
A existência inclusive duma classe de armadores maré' temos particulares, empenhados no tráfego comercial com diversos portos da Eur(4)a ao longo dos séculos xv e xvl, além de at)roveitar talvez até certo ponto das Condições económicas
148
criadas
pela expansão
ultramarina,
mestresda carpintaria e dos calafatesquais poderiamir
mo-
narca em 12 de Setembro de 1537 aos mestres dos carpinteiros e dos calafates de Lisboa, acerca das naus que poderiam. ir' à Índia. Um : .dos , ,dois..mestres de ãcarpinteiros ouvido declarou que não seria solução o rei comprar naus
Além
-mar. Aliás, informa-nos o mesmo documento atrás citado, de 1537, que relativamente a diversas naus de particulares então em Lisboa o monarca mandara perguntar aos três
desem-
à índia, fornecendo-lhes os nomes de 25 embarcaçõescom a respectiva tonelagem. Mas as condiçõeseconómico-sociaisinternas constituíramrtevidentemente.]a #
:molaopropulsora
dos Descobri-
mentosem muitos outros aspectos,cujo estudo está por fazerzaindalhoje.
Bastaráreferir que se é certo:que a história dos séculos xv-xvl oferece um 'cariz próprio, com peculiari-
dadesestruturais inegáveis,ftocerto é que as estruturas básicas a sociedadeportuguesa herdadas da Idade Média se ::mantiveram;"
com particularidade
:de &c feição
:global
apresentar a características'inédita da4imbricação dum modo de produção interno de carácter feudal com a acção de relações de tipo capitalista, sobretudo vincadas à me' lida que na empresa económica em terras de além-mar e no seu comércio penetravam ingleses e holandeses. Encontrar
a expressão lógica
desta 'combinação
de
estruturas, sua interinfluência e a dialéctica do seu movimento é a pesadaltarefa que cabe aos hístoríadóres da actualidade; e tal reduçãoKteórica é tanto mais.!impor-
tante quanto é certo que, Comojá foi dito, oohomemsó
tem a sua certidão de idade na história! Objectivamente é inegável essa estrutura económica feudalOprópria'
do nosso país, bem como õ facto
de as
relaçõesmercantis-capitalistasterem vindo em seu reforço,l\ao mesmo tempo que, no plano internacional, favoreceram a expansão das relações capitalistas. 149
\
O próprio exemplo das primeiras expediçõesà índia confirma-o concretamentepor um lado, nelas comparticiparam alguns grandes mercadores-banqueiroseuropeus e, por seu turno, até para distinguir os serviços de Vasto da Gama foram-lhe concedidos réditos e privilé.gios pessoais de tipo senhorial: encontramos com efeito, interessados nessas expediçõesmercadores-banqueiros como osDitti
de Nuremberga e de Augusta,. os Függer, os Welser, os Hoechetaetter, Gossemberot,]lnhof,. Võhlin e, o que não é menos importantes. outras vezes entidades estrangeiras
distinguir parcelasnprovenientes de rendimentosinternos da -Coroa daqueles -que porventura!-resultavam de rêditos ultramarinos (o que '.é impossível obviamente:num caso
individual isolado) , pelo menos há que admitir que os ren; dimentos régiosi.)das ::duasf origens (independentemente
dum possível maior quinhão dos rendimentos ultrama; Finos)
sê combinavam
nas remunerações!:de
f agentes e
representantes Férias na empresa'-ultramarina. Tal facto é .mais outro }elemento que mostram a participaçãosdas =
estruturas
feudais
internas
na actividadel} mercantil;
nO
financiavam os reis de Portugal e, sobretudo;aproveitaram;-doslucros dacactividadeultramarina, particular-
além-mar e nas relações capitalistas internacionais que
mente in.glesas. E não é verdade que, reflectindo essa acção
Inclusive a classe nobre empenhada:no coméztiol'de além-mar, com a sua dualidade, desenvolvendona prática
específica das relações :económico-sociais internas reinantes em Portugal nessas eram o próprio caso devasso da Gama Q ilustra quando sabemos que Ihe foram concedidos numerosos privilégios de?,índole senhorial? Recordemos
a eito alguns deles::alcaide das Sacas de Olivença (Arquivo Nacional da Torre do Tombo,-Livro 32 da Chancelaria ddlD. Manuel 1, F1; 141), doaçãoda Vidigueira e Vila
de Frades d(Idem,' Livro
-7.'rlde9 Guadiana,
F'1. 221
verso), carta de' assentamentodevconde da Vidigueira (Idem,'Livro 3.' dã Chancelaria de D. João 111,F1. 166), carta de dom para ele, seusjiirmãose herdeiros (Idem, Livro 2.' da Chancelaria de D.: Manuel 1, F1. 3), carta de coutamento da sua herdade de AlcanãoK(Idem, Livro 41.' da Chancelaria de D. Manuel 1, F1. 518) , carta de reconhecimento: de privilégios da coutadade Nisa!:(Idem,Livro 3.' da Chancelaria de D. João 111,Fls. 171 verso e 172), doação dos dízimos do pescado detíSines (Idem, Livro 2.' da Chancelaria de D. Manuel 1, F1.3) . E se entre as diversas doaçõesede rendas e padrões de juro 150
não podemos
se desenvólvet'amua partir
dela. .:
uma actividade de tipo mercantil e paracapitalista mas mantendo uma ideologia tipicamente senhorial, explica-se claramente à luz da própria
dualidade
sócio-económica
prática em que estava mergulhada !
O estudioso que queira «pâr todos os ovos na mesma
cesta»colherá resultados desanimadores,pois as complexidades da história económico-socialnão admite simplicis-
mos.Em particular,a difícil obra intelectualqueé de teorização da sociedade quatrocentista e quinhentista portuguesa porque fortemente imbricada no contexto mundial, na qual se desenvolveram relações de natureza diversa, exige uma base documental e uma aparelhagem metodológica especialmentecuidadas e dirigidas com uma .lógica impecável.
Isto é tanto mais importante quanto a verdade é .que não só para a nossa própria História mas até para compreender
a história
da maior
parte
da Humanidade
esse
esforço é indispensável. Ele é mesmo necessário a fim de 151
se esclarecerem
inclusive
questões candentes
do 3nosso
tempo, como sucede com aquilo a que se costuma chamar oamundo subdesenvolvido,: cuja problemática históricas
inegáveis,
confirmando,
tem raízes
-!mais?:uma vez, que o
homem tem realmente a «sua certidão de idade na His= teria.» Eis algumasi: considerações que, parecendo talvez desligadasda efemérideaqueas quis suscitar, notlfundo e ao cabo supomos precisamente sublinharem o seu profundo alcance histórico universo!. ÍPwbZicaão
no
SapZeme toÍ IZterária«OwZtwrü
O Comércio do Porto-- 84::deJwPho de í9aoJ
e Arte»
de
Aü FISIOCRACIAs EM : POR'lTUGAL
É indubitável que as concepçõeseconómicas dos doutrinadores fisiocráticos,';nascidas em Franças:porvolta de meados do século xvln,''expostasíenas diversas obras dos seus corifeus e em artigos dispersos pela célebregtzdcZo-
pédãa,se reflectiram no pensamentoe nos trabalhos de diversos autores que em Portugal se preocuparam comaos problemas económicos. Mas se encontramos,hde fins í)do século de Setecentos para começos do século xix, diversos estudos parcelaresem que o físiocratimo vem à superfície, umas vezesde forma clara, outras mais veladamente, seria no entanto em vão que se procuraria um«cora)odoutrinal de grau tão elaborado como aquele que oferece o seu principal doutrinador, François Quesnay, tanto no TabZeaw co omtque como nosredois artigos:Fque escreveu para a ZlioicZo2léd4an
(«fermiers»,
D).
É
sobretudo
em
a[guns dos estudos insertos nas conhecidas ]]femóz-iasEcotümha,8 ãü Academi(l Real das Scàetici(isde Lã8b(n, para o Adia fume to dü Ág cuZtwra,(Zas.4.rteõ e da /t dústrêa em PortwgaZ e Stms OoHqutsfas que o pensamentoTfisiocrático se afirma ;l-as ]Uemóz-üõ,desdobradas em 5 volumes, foram publicadas entreR1789 e 1815, mas podemos 152
153
assinalar ainda a presença desta orientação na obra dum professor da Universidade de Coimbrã, impressa nos primeiros anos do século xix, em alguns artigos de jornais e em outros trabalhos. O que caracteriza essencialmente o pensamento fisiocrático é a circunstância de espelhar os interesses dum amplo sector da sociedadeeconómica francea da época, quando as relaçõescapitalistas davam os primeiros passos e se não tinha verificado ainda o surto
industrial aceleradopelam( primeira revoluçãoindustrial, surgida
eom a aplicação
de máquinas
e da energia
do
vapor; mas, ao mesmo tempo, as relações feudais abriam brechas cada vez mais largas; travando progressivamente as possibilidadesJ-reais de progresso económico. Daí que, como já foi inteligentemente!:sublinhado, os fisiocratas se\'revelemacomoque pré-burguesesí adentro duma sociedade em que predominava a estrutura económica feudal e, exprimindo os interesses dos grandes agricultores, não pudessem deixar de se apresentar, contraditoriamente, também imbuídos de concepções;ldetipo feudal; :talvez, exprimindo-'.! maisn rigorosamente esta última faceta, se llpossa is afirmar - que atacandoo] diversos quadros feudais ndefendiam ; tanto.a algumas 9relações rl económicas desteotipo como sobretudo, no plano político, um absolutismo monárquico colocado ao serviço dos!grandes agricultores. l:Combatendo as doutrinas !(mercantilistas que
identificavam
a:! riqueza
com no numerário,'
.com
o dinheiro e os metais preciosos,opunham-lhes a teoria de?que a fonte?deqtoda aúriqueza estava na Natureza,e daí partiam para sustentar que a sua base era apenas aaagricultura, só ela deixando umH«produto líquido»,
um8excesso
do montantes produzido
sobre as
despesas feitas ; sendo a'íagricultura a única actividade 154
produtiva, só ela devia pagar os tributos, deles se devendo isentar a indústria e as restantes actividades económicas.
Tal concepção,que objectivamente parece servir os inte-
ressesda burguesiaindustrial em gestação,indo contra os dos grandes rendeiros agrícolas, era na realidade contrabalançada por outras medidas que propugnavam.:.Era assim que os fisiocratas advogavam a fixação dos preços dos cereais acima do seu custo e a libertação da circulação dos produtosüde quaisquer peias, a livre circulação («laissez faire, laissez passer».. :.) . A tributação exclusiva da
actividade agrícola seria, dessenmodo,largamente compensada pela execução destas medidas económicas. Por outro lado, no plano político, supomospoder admitir-setique a políticaafiscal fisiocrática defendia as posições dos gran-
des agricultores, tornando o Estado dependente,sob o aspecto económico, destes;'empresários ef;im:pondo-lhea defesa dos seus interesses. Em Portugal, os pontos de vista
fisiocráticos surgem entre o último quartel do séculoxvnr e o primeiro do imediato, portanto cronologicamente atrasados de alguns decénios, o que não pode surpreender. Além disso, não é possível encontrar um escritor português que tenha defendido, quer em teoria quer nos estudos aplicados que conhecemos,o corpo doutrinal do fisiocratismo na sua totalidade. Faltam mesmoaspectosque;constituem! das suas maiores contribuições positivas para.to pensamento económico, como seja a clara afirmação do papel do capital na produção, a existência dum excedente
económico-- núcleo central de toda a teoria. =Écerto que alguns falam no produto líquido, mas não dão a esta
concepção a projecçãodoutrinal que se encontraem Quesnay. Não existe, sobretudo, af compreensão de uma das maiores contribuições dos seus mestres para a teoria 155
económica -- referindo-nos ao processo de reprodução económica no seu conjuntoetraçado
Êaonomtqwe,s primeira
pelo autorbdo
Tab7eüw
tentativa ildoa.género, alf despeito,
está claro, de todas as suas limitações.Demonstra-oa analise daiiobra
dos=dois autores em que as caneepçoes
fisiocráticas surgem de forma mais desenvolvida: Joaquim rosé Rodrigues da Brita (1787-1836)e Domingos Vandelli
(1730-1816) i: O primeiro, que foi professorlideLeis na Universidade!:de Coimbrã, nal sua obra, em 3 ilvolumes, ZUemóriaõ PoZíf4caõ cobre aõ Ver(üãe4ras
Babas ãa Gran-
de a áas Nações e PM?tãpaime%tede Po'rtugaZ,publicada entre ].803 e 1805, afirma-se antimercantilista, adoptando
um misto'ide concepções fisiocráticas e clássicasou pré-clássicas;
e,õrevelando-se
conhecedor da obra de Adam
Smith, aceita ser al}riqueza constituída pelo «produto líquido», defendendo a protecção da agricultura. Todavia, iiá não é üm fisiocrata puro, pois entende dever-se tam-
bém proteger o comércioe a indústria, mas a influência fisiocrática reafirma-se quando escreve que essa protecção
deve ser escalonadapela ordem de importância das três actividades, colocando em primeiro lugar a agrícola, êm
segundoa Comerciale em último a industrial. Por outrto lado, para ele a protecçãonão se reduz à :liberdadede comércio --= estende-se aindasà construção de : infra-estruturas, como pontes, estudas, canais, portos. .É anta-smithianõ,
nãotaó na medida em que aceita parte dasBcon-
cepções fisiocráticas,
mas ainda ao combater a noção
fundamentald&rlescol&bclássica de que o trabalho é a medida do va]or. Nas ]lfe77z.áreasEaonómicüe dü Ácademic&,
cuja publicaçãoteve início cerca de três lustros antes da obra de Rodügues de Brita,
o pensamento fisiocrático
afir-
ma-se em diversos trabalhos. O casoilmais representativo 156
é por certos;ode DomingosliVandelli,de origem italiana, que intitu[a
mesmo um dos seus trabalhos
]We ária sobre
ü Preferêvwãa Que em Po'rtwgül Se Dá à Agr cultura cobre as ?'cíbr oas (vol. i, pp.i244-253) . AÍ sustenta, na esteira dos fisiocratas, .que as produçõesuda terra sãoíaf;única
eyverdadeira riqueza. Para ele, incrementar a produção industrial, em vez de fazer crescer a riqueza do País, tem efeitos nocivos,.visto exigir a elevação das importações de cereais. Vandelli defende a liberdade para o comércio dos artigos %agrícolas, o queifproporcionaria abundância de géneros
para)j os consumidores,
;concluindo
3que,: nãos se
dando?preferênciaà agricultura sobre as fábricas, terminarãopor searruinar ambasas actividades.Em outra das várias memórias da sua autoria publicadas na obrasda Academia das Ciências, « .. .sobre a agricultura
deste reino e das suas conquistas» (vol. i, pp. 164-175), sublinha também, embora de forma não tão vincada, a importância primordial da agricultura e osseu carácter exclusivamente
produtivo. :É difícil encontrar outro autor que:revele de forma tão clara a influência do pensamento fisiocrático.; Em ,Vandelli surge de forma mais pura do que em Rodrigues de Brita, muito embora, do ponto de vista doutrinal, se veja que este último talvez tenha compreendidomelhor
o significado dos princípios-- ou, melhorade alguns dos princípios -- desta escola doutrinal. A importância basilar do conceito de W'oáuto Zêqwião é apenas afirmada por Vandelli; por seu turno, o papel: .do capital na produção
e a síntesegeral da teoria expressano esquemada repto-: düção económica fisiocrático são ignorados tanto por um
como por#outro. Em alguns.idos restantes autores que pub[icaram estudos nas ]We2}zó7 ias Econó7tücaõ é possível encontrar aoinfluência.idestepensamento,masbdeforma 157
actuação prática quando ministro de D. João VI, no Rio de Janeiro, profundamente conservador, tendo combatido a revolução de 1820 e as medidas de Palmela e terminando
episódica, circunstancial ou indirectas:Em outros, a presença destas concepçõesé muito longínqua, gó sendo possível descortina-la pelo facto de revelarem a sua grande preocupação pelas questões agrárias portuguesas através doiiexame referido a uma?dada região do Paísoou a um problema concreto de norte a sul, mas de carácter restrito, como adubações, técnicas de cultivo, etc. Ê o que sucede,
por ser expulsodo Rio de Janeiro emli1821.Mas a par destes escritores, em que a influência fisiocrática é muito [igeira, outros há cujos estudos nas ]]fe?7tóriasEconómüae revelam claramente a sua filiação relativamente à).doutrina de Quesnay. ]ã o que se depreende do Z)dacwrsoPreZimitmr,-.ídoabade José Correia da Serra, ao sustentar ser a terra o principal sector doiaplicação da; actividade do homem, não passando as artes (a indústria) de mera aplicação das forças naturais às necessidades do homem. José
por exemplo,com António Henriquesda Silveira,no seu f?ücd.o?MZi;Z)á80wT80 dobre aíiJ.griowZf ra e a Popw&zção de aZé7»Pejo (vol. l) ,scom Alexandre António das eNeves
Portugal, preocupado com problemas técnicos, incluindo os prejuízos causadospela multissecular prática das queimadas naaagricultura, e com ÍConstantino Botelho ldó Lacerda Lobo, desdobrandoa sua atençãopor problemas diversos, desde a pesca à extracção de sal, .maspreocupado ainda com questões agrícolas, como a produção de vinho (ãfemór4aaEcowómüüs{ia J.cademia, vol. n, pp. 16-134); dificilmente se poderá considerar Lacerda Lobo um fisiocrata ; mesmo pelo critério tão ligeiro do interesse manifestado pelos problemas agrícolas, teremos .de recorrer a trabalhos publicados no jornal .O /nue fixador Portwgwês paul o -poder assinalar, pois xaí estudoui problemas agricultura do Ninho e do Algarve. Tomás3António
[nácio da Costa, na .]]femóz áa J..grÍcoZa ReZati'oü ao OazceZho de (7#aues (vol. i, pp.í. 351-398), declara que!.:não fez o
elogio da agricultura, pois bons engenhos têm demonstrado que ela é a actividade essencial da Humanidade, -é a base das riquezas nacionais, ao passo que a utilidade da indústria consiste em facilitar o consumo, que faz valer a pro« dução da terra. Eis uma clara confissão de fé fisiocrática: O trabalho
de comércio, ao mesmo tempo reflecte a defesa dos inte-
resses brasileiros contra o predomínio da metrópole; declarando que o comércio das madeiras brasileiras deve
taxa deErjurona agricultura (ibid., vol. m, pp. 243-252) ,
ser livre, sustenta que quanto mais Portugal dever às
na Memó'rü 80l»e cl Preta'êmi,càü doa Mercad08ao Uso das
parldestasUconcepções económicas,se revelou, pela sua 158
Couto-nho,
do Rio de Janeiro,sustentandopontos de vista fisiocráticos, como a alta do preço deste produto e a liberdade
Vila Nova Portugal revela-se permeado do pensamento fisiocrático na )medidaliem que estuda o problema)idos baldios do termo de Ourém (iZlêã.,vol. n, pp. 413-430) e da
zação dos produtos agrícolas, embora nessa defesa abranja também artigos industriais. É curioso como este autor, a
da Cunha Azevedo
estudos, são curiosos na medida em que este autor, natural
da de
F'Ceras (vol. n, pp. 1-15) visando a defesa da comerciali=
de José Joaquim
]Wemóriasobre o Preço do .4ç2ZoürJ no vol. lv, e outros
f
possessões ultramarinas
mais rico será ; combatendo o mo-
nopólio do comércio de certos produtos brasileiros, opõe-se ao resgate de escravos. O seu fisiocratismo aparece modificado pelos interesses da burguesia brasileira do fim do 159
séculoxvin./Na ã/emór4asobre QzmZOo l#m Ser a Jeira Portwgwesa, Joaquim - de;.Foyos, sustentando dever esta unidade agrária ser um quadrado com a dimensão que indica, declara ainda que a agricultura é a arte das artes, criando e sustentando os homens. Poderiam ainda referir-se outros.üexemplos.
Mas estesuindicam : qual foi a pro-
jecção do pensamento fisiocrático nos escritores nacionais. Se:.revelam o carácterülimitado dessa influência do ponto
de vista teórico, mostram a sua grande amplitude, pois
ASoEXPOSIÇÕES AGRÍCOLAS E-'INDUSTRIAIS
atingiu muitos dos indivíduos que nesta época se preocupavamx com. osii problemas anacionais.{i MesmoÉquelsessa
influência não tivesse:doutromérito, apresentaum interesse fundamental na medida em que, abandonando as con: cepções mercantilistas,
veios: chamar
a atenção para
os
instantes problemasligados à necessidadede desenvolvimento da produção nacional, particularmente a produção agrícola, combatendo-seas limitações ao desenvolvimento económico resultantes dos numerosos obstáculos-à circulação das mercadorias e ao progresso da comercialização.
A história das exposiçõesagrícolas e industriais portuguesas é bastante proveitosa, na medida em que revela tanto o grau do desenvolvimento técnico-económico nacional como a própria mentalidade
da época:; por vezes mos-;
tra ainda algumas das «Kpequenas ;preocupações» dos empresários entre as causas da organização destes certames, como a defesa do comércio:livre de 'linhos, os progressos obtidos por algumas indústrias êom: um cez'tõ proteccio-
nismo pautalí-ei'anecessidadede'gümanter, etc: Por tudo isto,: dão admira que, por volta de 1860, um jornal português proclamaste que as exposições constituíam as autên-
ticas festas nacionais.Podemosdistinguir três tipos de exposições em que intervieram os produtores portugueses : as de âmbito nacional, abarcando toda a actividade económica; quer agrícola, ou agro-pecuária, quer industrial, ou mista ; il&s pequenasr(exposiçõest regionais, ãdum número
limitado de produtos e de âmbito concelhiona maioria dos casos; e, finalmente, a participação nacional nas grandes exposições ' estrangeiras,
ousas ,{exposições portuguesas
organizadas üo estrangeiro. Talvez, forçando um pouco a realidade, =sejal=lícitosdizer-se9que 160
coube ao marquês de 161
11
\
Pombal a organização dum certame que poderá ser considerado o precursor das exposiçõesdo século imediato.
cadas no nosso país, mesmo assim ficou muito aquém dou-
De facto, quando o rei E). José, por motivo de doença,
Exposição Universal de Paras de 1855, por exemplo, reuniu 23 954 expositores, a de Londres de 1862, 27 000, e na da capital francesa de 1867 estiveram presentes 42 217 expo-
esteve,entre 1775e 1776,na quinta do seu ministro em beiras, este organizou, em barracas formando ruas junto do palácio da quinta, a exposição e venda dos principais produtos da indústria portuguesa de então, o que, no dizer dos narradores destes factos, foi muito apreciado. Tem interesse mencionar os produtos de maior relevo que aí foram expostos; tapeçarias do Algarve ; rendas de Setúbal ; panos de pascais, de Portalegre, da Cavilha e do Fundão ; sedas da Real Fábrica ; tecidos de algodão e seda da fábrica de: Locatelli, . emr:Aveiro ; cambraias
lisas eylavradasHde
Alcobaça; diversos produtos fabricados nos subúrbios do Rato; relógios da Fábrica de Pirex; louça; vidros; panos
tras
promovidas
no estrangeiro
pelam mesma época g(a
sitores dectodo o mundo)=.Mais do que lenumerar tôdas essasnexposiçõeg,
importaasublinhar
& sua amplitude
e
significado económico.!coral)na segunda metade dolísé: Guioxlx o desenvolvimento económiconacional pode aquilatar-:sepelo tipo, qualidade e número de expositores pre: sentes nestas reuniões, desde que se tenha presentenque por vezesa participação em exposiçõesestrangeiras visava sobretudo a propaganda dos produtos susceptíveis de colocação nos=mercadosexternos, quando não existiam também bpreocupações
.extra-económicas'
(na
Exposição
de
de linho, saragoças e gorgorões de Bragança; chapéus de Briga, Lisboa e Ervas, etc. Mas é só em meadosdo século
Anvers de 1885, por exemplos a representação portuguesa
seguintes.que surgem,primeiro de forma rudimentarlte
de Geo.grafia de Lisboa: organizar
espaçada,depois multiplicando-se e tornando-se mais representativas, as exposiçõestanto industriais como agrícolas e agro-pecuárias. Coube à SociedadePromotora; da
lançarmos uma vista de olhos pelo Catálogo ãa Exposição /»dw fr aZ de .286.Z,concluímos que o certame. agrupava, além de minérios, madeiras e produtos agrícolas, produtos
a iniciativa do marquêslêde Pombal, levando a,cabo exposições de produtos industriais
fez-seatravés de artigos do ultramar, cabendo à Sociedade essa representação)
Se
Indústria, Nacional retomar
industriais de nível poucoevoluído,como,anosartigos de
nas. suas. instalações, no antigor9Conventosdos - Paulistas, em. 1840 e 1844. Depois cresce o número destes certames e realiza-se mesmouma exposição internacional, a que se inaugurou em 18.de Setembro de 1865 no Porto,
transporte, arreios, :selins,estribos e aotópés,além doutros, indo desde espingardas,:tecidos de algodão, de lã, relógios, fogões,8até velas de sebo, papel, oleados e mesmos«um modelo de escadade caracol»; estiveram aí 683 expositores portugueses e 62 espanhóis. Já na Exposição Universal realizada seis anos antes em Paras foram expostos.
para
a qual
foi construído
Sheilds. Poderiam
o Palácio
de Cristal
pelo in=Élês
apontar-se :numerosas exposições cele-
bradas entre 1840 e 1925, além da Internacional do Porto de 1865,que reuniu.3 439 expositores, mas dos quais 2 366 eram portugueses,:e que, sendo uma das maiores verifi162
além de artigos agrícolas,osobretudo
vinhos, utensílios
de
carácter 9 artesanal rudimentar,s comon «máquinasc:para
malharl espadare pentear o,'linho à mão».E(Como não é possível referir aquiãtodos os certames deste género, e 163
muito menos examinar a evolução técnico:económica portuguesa vista através. das exposições, limitar-nos-emos a apontar, cronolàgicallaente,as mais importantes e signi-
ficativas, cujo alcance em geral,Éno dizer dexOliveira Pimentel,
visconde dei Vila .Maior. citado no (JatáZogo da
Bafos ção ãe Zi boü de 7888, representariam«amanifestação das conquistasseprogressos dos povos e ao mesmo tempo escolar:para aqueles que pretendem ;militar nesta grande ;;cruzada üda civilizaçãoomoderna»
:,o1793 ---:;Expo-
siçãoaAgrícola ec.Artesanal,ãorganizada por Fr. ..Caetano Brandão em Briga ; 1840-44 ----pequenas exposições na sede
da Sociedade Promotora da Indústria Nacional, em Lisboa ; 1849-- Exposição Industrial, Lisboa, 1855----participação
na ExposiçãoUniversal de Pauis; 1855e 1857-- ExposiçõesIndustriais no Porto; 1861--: Exposiçãode Produtos Industriais
no Porto ; 1862 -- representação portuguesa na
Exposição .ÉUniversal Êde l Londres ;iJT1863-- Exposição
tos dooultramar) ; 1886z-
osição de: Faianças das
Caldasem Lisboa; outra da Indústria, Agricultura e Pecuária, também, na capital ; -1888 -.: Exposição :do Vinho do Porto êm Berlim ; 1889 --= representação na Exposição de Paria; 1891 --: Exposição Industrial no Portos 1892 --
Exposições Agrícola em dIVas e Industrial e Agrícola ém Portalegre ; 1893 -- Exposição de Produtos Industriais nos Jerónimos; 1897 -- participação na Exposição de Bru-
xelas; 1898-- Exposiçãode Alfaias Agl'ícolas,de inicia-
tiva da RealAssociaçãoCentralda Agricultura Portuguesa,na Tapada da Ajuda; 1900 -- participação na Exposição Universal de Paras; Exposição Agrícola Portuense; 1901-- Exposição da Indústria, Artes e Ciências nos Amores ; 1903 -- Exposi-ção Agrícola
e Pecuária
de :nvora ; Ex-
posição Portuguesa em Buenos Abres e Exposição de Produtos Agrícolas
no Porto;
1904 -- exposição
na Escola
Industrial n(têxtil) hno Teatral..deóígD.J Mana B11, Lisboa; HCertameúAgrícola emãBraga; 1865-- Exposição
Agrícola de Coimbrã ; 1905-- Exposição de Olivicultura e
Internacional
nacional (reduzida) na Exposição de Mlilão; certame semelhante de produtos do ultramar na Sociedadede Geografia ; 1908-- participação na Exposição Nacional do Rio de Janeiro; 1911 -- Exposição das Actividades Produtivas Açorianas no Governo Civil de Angra do Heroísmo; 1915-]!b(posição Permanente de Produtos Portugueses no Rio de Janeiro, de iniciativa da Câmara do Comércio Portuguesa :
do Porto;
;1867 --- representação
portuguesa
na Exposição Internacional de Paria; 1873- articipaçãooeEExposição Universal de Viena; 1878 -- representação na Exposição de Paras; 1879 =--Exposição Portuguesa Agrícola e Industrial no Rio de Janeiro, promovida pela Companhia Fomentadora do Comércio e Indústria; : 1882 -.= duas exposiçõesem Lisboa: Retrospectiv'a de Arte OrnamentaliteHda Indústria Caseira ;. 1883 -- 1hposiçãoÜde Cerâmica, promovida pelasiSociedade} de Instrução #do
Porto,:é de Manufacturas$em Coimbrã; 1884-- Exposição Agrícola de Lisboa, na Tapada da Ajuda ; Exposição Colo-
Lacticínios
na Tapada da Ajuda;
1906 -- representação
Mostruário Industrial na Sala Portugal da Sociedadede Geografia, em comemoraçãodo centenário da conquista de Ceuta; 1921 -- Feira do Porto
(com larga representa'
,1885
ção de produtos industriais) ; 1922 -- exposição na Escola
----participação nacional na Exposição de Anvers (produ-
Prática de Agricultura, em Queluz; 1922-23-- participa-
nial em Angola;
164
exposição concelhia em Guimarães;
165
ção na ExposiçãoInternacional do Rio:de Janeiro; 1923 -- trêsrexposições: Agrícolas do F\inchal, Agrícola da Tapada da5Ajuda e Agrícola, Pecuária e Industrial em Luanda; 1925 --- Exposição de Produtos Açorianos; 1926 -- l.' Exposição: Agrícola e Pecuária de Torres Vedras;
pequenamostra de produtos industriais no Porto. BENSi$N'ACl-ONAIS
A designação de «Bens Nacionais» foi dada oficialmente a:BensOdalCoroa, como porüexemploBpelodecreto
deli25 de Abril de 1821,que determinouquek4esses bens quando possuídospor donatários ou comendadoresrevertessem à plena posseda Nação logo que pagassem,mesmo que hos títulos de doação houvesse a cláusula de valerem por mais de uma vida, destinando-se'os seus rendimentos à amortização da dívida pública. Idêntica referência aos «Bens Nacionais» se encontra também noutros diplomas legais, como a Carta de Lei de 15 de Março de 1832.Todavia, a designação de ! Noto agora que me afastei um pouco do centro do problema posto: seja-me desculpado o desvio pelo entusiasmo com que encaro estas candentes questões e pelo desejo de frisar
tanto quanto possível a vontade que meEjanima
duma real contribuição e participação no esforço colectivo deqerguer agJum nível!{ científico
a explicação da bossa
condição:social e para,jCcomuma larga abertura crítica, esperar o incessante aprofundar destas questões, o que não'f pode ser !cobra;Jdum'r indivíduo:risoladó ; ao mesmo
tempo desejaria acentuar ã necessidadede combinar, êom a chave da explicação científica,6os demais aspectos da riquíwima realidade humana englobandouma vasta antropologia histórica;' integrada na compreensãodo presente e ajudando a preparar o futuro graças a uma intervenção correcta e responsável. É que na verdade não ignoramos ser o homem que
como aliás em qualquer esfera da vida natural, há fenómenos e ralações casuais,uirredutíveisl ao:íconhecimento científico;
nãos; podemos
minimizar
ainda
a vastíssima
esfera da consciência, : da sensibilidade:, da emotividadee da vida volitiva, pugnando pela sua libertação' crescente dos condicionalismos sócio-económicos à sua expansão, o que é uma razão bastante só por si para tentar dominar, no plano teórico e prático, as condições de existência económico-social
em proveito
do homem ; ;não podemos des-
prezar o próprio papel que por seu turno a consciência
histórica (isto é, em cada épocade desenvolvimento duma sociedade) cumpre nas condições de existência económica, seu afeiçoamento e sua modificação. É por fim impossível pâr de lado a acção decisiva do homem sobre o meio mate-
rial colectivo em condiçõesde crise histórica suscitada pela própria transformação através da eclosãodum pro-
intercâmbio gregário (graçasnà divisão . dor.trabalho.,e
cessotemporal dominado pela evolução das leis históricas que o comandam. Em face de tudo isto, qualquer contribuição, por mais modesta que seja à reestruturação do nosso autodomínio teórico encaradoao longo do tempo assumeuma importância difícil de exagerar. Quandose compreendeisto, não é possível furtar-nos às nossas responsabilidades tanto em face duma dada conjuntura histórica como em face
a outras
conjunta) . com as
de toda a nossahistória ao serviço do presentee contri-
forças da Natureza,aproveitando-ase dominando-as,se vai
buindo para moldar o futuro, tanto mais que é o histórico, que permite vencer a transitoriedade da nossa precária situação biológico-natural.
pela sua acção sobre o meio .ambiente, no.processo características
da sua vida
de
fazendoa si próprio na feliz expressãode GordonChild; sabemos também que nem tudo é teorizável porque aqui, 264
265
Por tudo, pois, como não falar::com um entusiasmo guiado por uma preocupação de rigor epistemático e metó-
dico que tira a sua força .da própria razão de serldesse eutusiasmo? Nisso reside também a capacidade duma serenaÜdedicação ao estudo e ao trabalho, procurando-se
vencer desgostos,incompreensõese hostilidades mal disfarçadas. -
rBwtre bata para Q «Z)Ébrio de 14aboa>ü-' J9 de(iDezembra dê 1968, Suplemento Literário)
COMIA!\SE EXPLICA,
l)ENTE(}\
DA MIETaD'OLOG-lA DA
BONS'FRUÇÃO;HISTORIOGRÁFICA CONTIDA BM. «A BVOLU ÇÃ0.39CON'õMICA.DE PORTIJGAL DOS S©OULOS Xll A XV»,
o BSTUD04 ©uB n DaD/CADAÁ)]wAloRPARTEDOyoLuZUa OITAVO,
.4(7.ABANO Da PUBLr(y.4R ?
-- :É certo que ao longo de todo o estudo se procurou surpreender a estrutura sócio-económicareinante na sociedade .tmedieval
portuguesa ; tenta-se
mesmo erguer
um
esboçoda teoria económicageral do sistema a que chamamos feudal,ba partir da observação dessa colectividade histórica concreta. Mas.nunca se caiu no erro de tentar reduzir a vida gregária aos ditames do material com as correspondentes determinantes,ino âmbito da circulação
e da distribuição da riqueza entre as classessociais.Se, apoiadosnuma epistemologia tão apurada quanto nos é possível,
nos
socorremos
duma
metodologia ..moderna,
manejando=-- com o possível rigor -- os poderosos utensí-
lios que ela nos fornece, e tendo por isso de particularizar até certo ponto as imposições resultantes da necessidade económica, o certo é que jamais absolutizámos esta, a ;:isolamoseou
esquecemos as próprias
influências
que
também a atingem. -.-- Pa€5asMm) para
wm e?tqtmdramento
mwêfo com-
piezo e di#c4Zãü reaZiüz(Zeãistórioa ? $
266
267
/
-- De facto, tais influências, desenvolvendo-sena vida social segundoum processoconjunto e altamente intrincado, não são fáceis de reproduzir no conhecimento teórico em linhas que respeitem a objectividade da sua hierarquia, causal-simples, causal-tendencial ou funcional. Contudo, elas existem e têm de se inserir numa construção científica que, embora seja sectorial, conforme acontece com um estudo acerca da actividade económico-social, nem por isso podem ser ignoradas; maisaainda:l\quando se encara a construção históricas como se:verifica neste caso, como =a jteorização
. da ' ontogénese.' das sociedades
humanas, é indispensável inserir com precisão os grandes
marcham,da Humanidade e, portanto,eà apreciação consciente do condicionalismo da nossas-situação.
:-- Não Zheparece#a'oenqwaZqwer acha de heróico e m tifo ambêcioõo,mõ e »twifo? --É possível, sim. Mas creia que é com)arealhumildade que olho para esta imensa tarefa, que nem no estran. genropassou dos primeiros passos hesitantes ; e é animado pela Compreensãodo alto alcance deste labor crucial para todo o géneronhumano que procuro ao menos acentuar a sua 'importância,)apontar
caminhos
concretos
para a
sua prossecuçãoe me esforço por levaria cabo o começo
da edificaçãos dessasínteseantropoló.giba histórica; ê
factores extra-económicosnesse contexto total, muito
igualmente com uma nítida consciênciada pequenezdas
embora ultrapasseoas cforças do üinwstigador erguer
minhas
toda essamonumentalantropolo.giahistórica global. Nem, de resto, é isso que importa fundamentalmente na actual fazendo nível dos conhecimentos --..' o escapo essencial da
contribuição que se pretende trazer não dispensa, eviden-
temente;''ulteriores desenvolvimentosde pesquisas''sectoriais, desdea históriaueconómicaàihistória social indifefenciadã ou a qualquer das suas esferas particulares, à história':das diversas artesãdo conhecimento, das instituiçõespolíticas, jurídicas,'da linguística, da ética, das ideologias e de tantos, tantos outros aspectos,sem esquecer; é claro, o avançono próprio domínio da teoria económica das sociedadeshistóricas..Dar-nos-íamos.por satisfeitos se:trouxéssemosefectivamente uma parcela a esseimenso fundo cognoscitivo comum, quer quanto a esta elaboração teórica, quer quanto à imensa caminhadaà nossa frentes nasçtnumerosas{.esferas dar história!. sectorial em ordem à síntese explicativa 268
da :*antropologiaHglobal
da
forças
individuais
eí das )-próprias scondições .de
trabalho com queqmeti ombros a semelhantelabor, dum significado grandioso, que vou tacteando a possibilidade da sua efectivação atravésBdasaplicaçãoconcreta à Históriacde Portugal.oSeja qual for o grau de insuficiência destatentativa particular que se materializana obra em publicação, estou convencido por'disso mesmo de que ela
será simultâneamenteüum serviço ao nossouPovoeoem geral
ao autodomínionda:,condição
humana,
graças aos
problemas que$se equacionam e se não vão procurando solucionarrl dumaõmaneira abstracta e especulativa, mas
siml pelo desenho da teoria :!histórico-económicae social seguid(»ido bosquejo duma síntese histórica aplicada. Poderia, em tais condições, faltar à tentativa quetlé «A Evolução Económica de Portugal dos séculos Xll a XV» o esboço,q mesmoqnum tllargo tracejado,: dos principais domínios que compõem essa antropologia social, tentando-seconcatenar as ralações recíprocas que existiram efectivamente na época histórica que se estudallentre as condi269
çõeslda existência sócio-económicae as actividades estéticas, cognoscitivas, ideológicas e mais algumas manifestações da consciência humana dominante no meio social
medievo,como a moral, a política cfi& jurídica? É claro queUnão,
sendo -.exactamente disto
quem.t também; explica
a! análise que, cobrindo a maior parte do volume oitavo, não surge como um enxerto artificial mas como uma parcela da construção geral da obra; dada a índole:ldaestrutura interna do trabalho, pretendeu-semesmofacilitar ao
leitor o domíniosdo estudo recorrendo-se,-lcom uma largueza p relativa, à documentação } visual 'j (poispí reproduzem-seneste volume monumentos da Idade Média portuguesa em 29 ilustrações) e até auditiva (ao lançar-se mãoisdumdisco de 45 rotações por minuto com seis cantigas galaico-portuguesas culo xm) .
deí! cercam de 'Fmeadosa do d sé-
Todavia; nunca será de mais repetir que, se existe inegavelmente uma reelaboração epistemológica e metodológica .:iaperspectiva histórica.. nem por isso se teria podido dispensar o aproveitamento do patrimóniancultural e científico à nossa disposição, ignorar osesforço hermenêutica eoheurístico das sucessivasgerações de estudiosos portugueses e mesmo de muitos estrangeiros. Contudo, a nossa
que nas condiçõeshistóricas do nosso tempo têm de partir
dum
núcleo
esclarecido
relativamente
restrito
e
cuja acçãotem de ser mais difícil quanto é inegávelque importa vencertradiçõesancilosantes,fortes inércias mentais e incompreensões provenientes às vezes de sectores inesperados, tendo em atenção a sua própria contribuição
para essepatrimónio comum que se aproveitou na nossa rOD] n harn
p3 â
Apesar de tudo, a despeito dos pesadosproblemas pessoais que semelhante esforço comporta, é indiscutível que essa solidariedade intelectual, cultural, científica, e até cívica, tem sido real e é crescente, a começar naquela
que a obra fica devendoà iniciativa, à compreensão e ao entusiasmo duma realização editorial cada vez mais apurada da «Portugália», que não poderão passar despercebidos.
E é tudo isso que importa, já que, histericamente, a despeito das limitações materiais à concretização desta contribuição, da interferência de resistências e incompreensões,quando se quereria cooperar intelectualmente num esforço cognoscitivo comum, dirigido ùnicamente
pelas imposiçõesinternas do seu avanço,o que conta
na consciência co.gnoscitiva de todos os indivíduos respon-
é o progresso no autodomínio da nossa condição. Ora tal progresso só é realizável colectivamente, sendo aí que poderá residir o verdadeiro saldo duma intervenção res-
sáveis, se for criticadassob estas perspectivas,joeirado, superadae transmitida às geraçõesmais novas.
ponto) na própria vida emocionalcolectiva.
contribuição sóliserá fecunda na medida em que penetre
ponsável na actividade
cognoscitiva,
mental e (até certo
--- Padece'Zhe qwe ha erá no nms0 7nzeiormepfÍ'uêdade !argu parca esse estai'ço e'm q\m %tá em@enlh,a,do?
::-. Pelo menos, assim o desejaria. O meu trabalho não pode dispensar o apoio activo e a solidariedade (tanto de cooperação como de crítica interna) , apoio e solidariedade 270
rEntreoistü
co%d ziíia
por
.ÍZuaro
8alezna
para
A
Capital,
15 de Janeiro de í969;
271
PROVENIÊHeIA DOS TEXTOS DESTE VOLUME
CRISESECONÓMICASE FINANCEIRASEM POR TUGAL DOS SÉCULOSXVI A XIX