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Portuguese Pages [33] Year 2023
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Uma introdução ao método históricogramatical-teológico Isaias Lobão1
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Professor de história e teologia. Presbiteriano. Casado com Talita, é pai da Ana Clara e do Daniel. Gosta de pamonha de sal e de músicas dos anos 70.
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Sumário Prefácio ........................................................................................................................... 2 Introdução ..................................................................................................................... 3 A necessidade da interpretação ......................................................................... 3 O que é exegese? ..................................................................................................... 6 Como lemos um texto ............................................................................................ 7 Autoridade Bíblica .................................................................................................. 8 Questionário ........................................................................................................... 10 As ferramentas .......................................................................................................... 11 Princípios exegéticos ................................................................................................ 12 1. Defina o texto. ................................................................................................... 13 1.1. Estabeleça os limites da passagem a ser estudada. .................... 13 1.2. Identifique o gênero literário. ............................................................... 13 2. Determine o contexto da perícope. ............................................................ 15 3. Estabeleça o texto original. .......................................................................... 16 3.1. Classificação das variantes textuais. ................................................ 17 3.2. O critério das evidências externas. .................................................... 17 3.3. O critério probabilidade intrínseca. ................................................... 17 3.4. O critério da probabilidade de transcrição...................................... 17 4. Compare as versões bíblicas. Faça anotações sobre o texto............. 18 4.1. Análise semântica.................................................................................... 19 4.2. Analise as palavras importantes. ....................................................... 20 5. Análise teológica. ............................................................................................. 22 6.Aplicação .............................................................................................................. 23 Prática de exegese..................................................................................................... 26
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Prefácio O pequeno manual que você tem em mãos pretende ser um roteiro metodológico para confecção de um trabalho exegético. Seu propósito é oferecer uma introdução básica ao campo da exegese, que é a interpretação crítica e aprofundada de textos bíblicos. É o resultado de muitos anos de experiência e de diversas contribuições. A primeira versão foi elaborada para o curso de exegese que ministrei na Faculdade Teológica das Assembleias de Deus (FATAD) de Brasília em 2004. Desde então, ele vem sendo revisado e aprimorado com base nas críticas e sugestões dos alunos e dos colegas que utilizaram em sala de aula. Depois, tive a oportunidade de ministrar a disciplina de exegese no Seminário Presbiteriano de Brasília, entre 2009 e 2015. Também no Seminário Teológico Batista Filadélfia no Guará, DF, entre 2010 e 2014. Em Palmas, no Seminário Teológico Getsêmani e no Seminário Teológico Adonai, entre 2014 e 2019. Uma versão desta obra foi publicada no site Monergismo. E de lá, alcançou um público maior. Chegando a ser adotado por outros professores. Um fato curioso. Em 2014, quando realizava meus estudos de mestrado na Escola Superior de Teologia da Igreja Evangélica de Confissão Luterana em São Leopoldo, RS, encontrei uma versão impressa deste roteiro. A apostila circulava entre os estudantes como exemplo da exegese histórico-gramatical para a disciplina de Metodologia Exegética. E fui identificado por outros colegas como o autor da apostila. Alguns brincaram. – Se tiver alguma dúvida, pergunte para o autor, ele está na sala ao lado. Acima de tudo, sou grato a Deus por me capacitar a conceber a ideia desse opúsculo. Minha oração é que, de alguma forma, ele sirva para edificar o Corpo de Cristo e manifestar ainda mais a glória de Deus. Palmas, 8 de junho de 2023.
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Introdução A necessidade da interpretação O leitor atento da Bíblia logo percebe que algumas partes podem ser facilmente entendidas, enquanto outras permanecem obscuras. No entanto, deve ser enfatizado que todas as coisas necessárias para nossa salvação foram claramente expostas nas Escrituras. Ela é o fiel testemunho de Deus que mostra quem Ele é e o que requer de nós. A maior dificuldade se encontra nas inúmeras referências que soam incompreensíveis para os leitores modernos. Existem palavras, costumes, nações e cidades sobre as quais temos pouco ou nenhum conhecimento. Quando nos aproximamos da interpretação dos textos bíblicos, é importante reconhecer que estamos distantes tanto temporal quanto geograficamente dos lugares onde esses escritos foram produzidos. Isso nos leva a considerar quatro aspectos cruciais. Um livro escrito há muito tempo: A Bíblia é composta por livros escritos ao longo de séculos, refletindo diferentes épocas e contextos históricos. É essencial reconhecer a distância temporal entre nós e os escritores bíblicos, pois isso implica que suas perspectivas e realidades podem ser diferentes das nossas. Compreender o contexto histórico em que cada livro foi escrito nos permite mergulhar na mentalidade e nas circunstâncias dos escritores bíblicos. Um livro escrito em outros lugares: A Bíblia foi escrita em várias regiões geográficas, incluindo Israel, Mesopotâmia, Egito, Grécia e Roma. Cada localização possui sua própria cultura, geografia e contexto social. Conhecer os diferentes ambientes geográficos nos quais os textos bíblicos foram produzidos ajuda-nos a apreciar as influências e as peculiaridades desses lugares na compreensão dos escritos sagrados.
4 Um livro escrito em outras línguas: Os textos originais da Bíblia foram escritos em hebraico, aramaico e grego. Para interpretar corretamente os textos bíblicos, é fundamental considerar as nuances e as peculiaridades linguísticas dessas línguas. Isso pode envolver o estudo do vocabulário, da sintaxe, das expressões idiomáticas e das figuras de linguagem
específicas
utilizadas
pelos
escritores
bíblicos.
Uma
compreensão sólida da linguagem original permite uma interpretação mais precisa e abrangente. Um livro escrito em outra cultura: A Bíblia reflete a cultura e os costumes das sociedades antigas nas quais foi escrita. Cada livro tem suas raízes em uma determinada cultura, com valores, tradições e práticas que podem ser diferentes das nossas. A interpretação adequada dos textos bíblicos requer uma imersão nas mentalidades culturais desses tempos remotos, a fim de evitar interpretações anacrônicas ou tendenciosas. Ao considerarmos esses quatro aspectos - o distanciamento temporal, geográfico, linguístico e cultural - Ao nos debruçarmos sobre a interpretação dos textos bíblicos, é essencial considerar os quatro aspectos mencionados: distanciamento temporal, geográfico, linguístico e cultural. Cada um desses elementos desempenha um papel crucial na compreensão
adequada
das
Escrituras
e
nos
ajuda
a
evitar
interpretações distorcidas. O contexto literário é um fator determinante na interpretação correta dos textos bíblicos. Cada livro da Bíblia possui um gênero literário específico, como narrativa histórica, poesia, profecia ou epístola. Reconhecer o estilo literário do texto em análise é fundamental, pois isso afeta diretamente a forma como devemos interpretá-lo. Uma abordagem inadequada a um determinado gênero pode levar a conclusões equivocadas e uma compreensão distorcida das mensagens que os escritores bíblicos pretendiam transmitir. Além disso, o estudo da linguagem original em que o texto bíblico foi escrito - hebraico, aramaico e grego - pode fornecer insights valiosos para uma interpretação mais precisa. Explorar os significados das
5 palavras-chave, considerar a sintaxe e a gramática, bem como examinar o uso de metáforas e figuras de linguagem, nos permite compreender o texto em sua plenitude, captando as nuances e as intenções dos escritores. A coerência teológica é outro princípio essencial na interpretação bíblica. A Bíblia é uma obra coesa, e a interpretação de um texto específico deve estar em harmonia com o conjunto das Escrituras. Uma interpretação
correta
não
deve
contradizer
os
princípios
e
os
ensinamentos gerais da Bíblia. Dessa forma, é fundamental considerar o contexto teológico mais amplo ao interpretar um trecho específico, garantindo assim uma compreensão consistente e alinhada com a mensagem global da Palavra de Deus. Enquanto apreciamos o contexto histórico-cultural, é importante lembrar que, embora a Bíblia tenha sido escrita há muito tempo, seus ensinamentos ainda são relevantes para os dias atuais. Compreender o significado original do texto para o público da época é crucial, mas também é essencial aplicá-lo de forma significativa e relevante à nossa realidade. Isso requer um equilíbrio entre a compreensão histórica e a aplicação contemporânea dos princípios bíblicos, permitindo que a mensagem da Bíblia ressoe em nossa vida e experiência hoje. Por fim, é indispensável reconhecer a necessidade da iluminação do Espírito Santo na interpretação do texto bíblico. Como o autor divino das Escrituras, o Espírito Santo desempenha um papel vital em nos guiar na compreensão do significado mais profundo das Escrituras e em sua aplicação em nossas vidas. Ao estudar a Bíblia, devemos buscar constantemente a orientação do Espírito Santo, dependendo dele para iluminar nossas mentes e corações. Levar em conta todos esses princípios ao interpretar a Bíblia nos capacita a mergulhar mais profundamente na Palavra de Deus, evitando interpretações equivocadas e obtendo uma compreensão mais rica e significativa de seus ensinamentos intemporais.
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O que é exegese? Exegese é um exame detalhado do texto bíblico. O prefixo ex (“fora de, para fora ou de”) refere-se à ideia de que o intérprete está tentando derivar seu entendimento do texto, em vez de ler seu significado no (“para dentro”) texto (Eisegese). Vem de um verbo grego, exegeomai, que tem o significado literal de “guiar para fora.” É estudo do significado das palavras à luz do tempo e do lugar onde originalmente foram escritas. Segundo Gordon D. Fee e Douglas K. Stuart, exegese “é um estudo analítico completo de uma passagem bíblica, feito de tal forma que se chega à sua interpretação útil.”2 Portanto, exegese é a busca da aplicação dos princípios de interpretação para chegar-se a uma definição correta do texto (note a ênfase). “A tarefa da exegese é explicar o significado de um texto conforme o autor original queria que fosse compreendido.”3 Esta é uma posição comumente chamada de conservadora, mas eu não me desculpo por isto. Sei que teólogos de diferentes confissões cristãs, ao se posicionar ao lado dos pensadores modernistas, contestariam esta definição. Porém, dado os limites deste trabalho, creio que ela é suficiente. Existem diversos métodos exegéticos, tais como: o alegórico, o histórico-crítico, o estruturalista, o sêmio-discursivo, entre outros. Estes métodos possuem qualidades que não podem ser negadas, contudo, não devem ser adotados porque, ou são dependentes do racionalismo (histórico-crítico, estruturalista), ou extremamente místicos (alegoria), ou não se preocupam com o significado original, mas subjugam o texto ao intérprete (sêmio-discursivo). Por isso, a abordagem utilizada neste manual é o Método Histórico-Gramatical-Teológico. Este método submete o texto bíblico à análise racional quanto ao seu conteúdo, e literária quanto à sua
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STUART, D. & FEE, GORDON D. Manual de Exegese Bíblica: Antigo e Novo Testamentos, p. 23. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, vol I, p. 64
7 composição. Parte dos pressupostos teológicos de inerrância, harmonia e veracidade das Escrituras Sangradas. Esta abordagem parte do pressuposto que a Bíblia é documento inspirado por Deus e testemunha suas ações entre os homens, conduzindo-os a salvação.
Como lemos um texto O processo de leitura e interpretação de um texto é cíclico. Todo leitor se aproxima de uma passagem da escritura com pressuposições, (e.g. A Bíblia é infalível e inerrante) e comumente, com preconceitos acerca de uma passagem ou doutrina da Escritura (e.g. a doutrina da predestinação). O quadro a seguir exemplifica o processo. 4
Portanto, o conceito que tivermos da Bíblia dependerá a nossa crença ou não na veracidade do seu conteúdo. Se crermos que as Escrituras são a única e infalível regra de fé e prática, por ser inspirada por Deus, então não sobrará lugar para nossas próprias ideias e
4
Este quadro foi gentilmente cedido por Andrew S. Kulikovsky. E pode ser encontrado em http://hermeneutics.kulikovskyonline.net/hermeneutics/hermeneutics.htm.
8 convicções. Tudo o de que precisaremos, para conhecer a verdade de Deus, será interpretar corretamente o texto sagrado. Porém, se entendermos que a Bíblia é apenas um livro humano, escrito para expressar as experiências de pessoas que se relacionaram com Deus, em diferentes tempos e situações, então estaremos livres para formular nossas próprias ideias à luz das nossas experiências e convicções. De nosso conceito das Escrituras, por conseguinte, dependem a nossa fé e o nosso modo de viver.
Autoridade Bíblica A questão da autoridade do texto bíblico é central para qualquer metodologia exegética. A perspectiva cristã tradicional admite que a Bíblia foi toda escrita debaixo da condução de Deus e que ela não contém erros. É o documento inspirado por Deus, testemunha suas ações entre os homens, conduzindo-os a salvação. Os herdeiros da Reforma Protestante, afirmam sua crença na Palavra de Deus. Como define a Confissão de Fé de Westminster (I.4): A autoridade da Sagrada Escritura, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas provém inteiramente de Deus, sendo Ele mesmo a verdade e o seu autor. A Escritura, portanto, tem que ser recebida, por ser a Palavra de Deus.
Deus é o autor supremo das Escrituras, se a sua revelação pretende guiar-nos a um relacionamento com ele, e se ninguém conhece a mente de Deus senão o seu próprio Espírito, então, devemos ser espirituais, antes de podermos esperar entender as Escrituras em seu sentido supremo e autêntico. Especificamente sobre a interpretação bíblica, a Confissão ainda afirma o seguinte: A regra infalível de interpretação das Escrituras é a própria Escritura. Portanto, sempre que houver dúvida quanto ao verdadeiro e pleno sentido de qualquer passagem (sentido este que não é múltiplo, mas um único), essa passagem deve ser examinada em confrontação com outras passagens, que falem mais claramente.
9 Quero insistir num ponto, que a nossa condição espiritual tem tudo a ver com a precisão de nossa exegese bíblica. Dessarte, a iluminação do Espírito Santo é essencial para você encontrar o significado espiritual de um texto. Bruce K. Waltke, num artigo sobre exegese e a vida espiritual afirma que o Espírito Santo exerce um papel essencial não apenas na revelação da verdade, mas também em sua interpretação, e mais especificamente na "correta exegese da Escritura Sagrada." Segundo Waltke, há uma tendência entre educadores teológicos de separar exegese de espiritualidade. Segundo ele "a exegese científica pode determinar o sentido do texto, mas apenas o Espírito de Deus pode internalizá-lo nos corações5”. O estado espiritual do intérprete é um indicador preciso de sua maneira de interpretar a Palavra de Deus. Sua pureza exegética é medida a partir de como ele encara o texto bíblico. Se ele toma a Bíblia meramente como um documento humano, passível de erro e crítica, é possível que ele chegue a conclusões estranhas ao sentido original do texto. Porém, se ele busca com fervor a presença do Espírito Santo, com maior probabilidade, ele terá a chance de apresentar um bom trabalho de exegese. Quando a hermenêutica cristã tem como fundamento a intervenção livre e sobrenatural de Deus na história, conforme revelado nas Escrituras Sagradas, sempre será o vibrante cristianismo bíblico. Creio que é impossível interpretar a Palavra de Deus corretamente sem o ministério do Espírito, que testifica a verdade de que somos filhos de Deus, que renova nossas mentes para que possamos entender as coisas de Deus, e que transforma os nossos corações para que possamos aprender a fazer apenas o que é agradável ao Pai. Nossa tarefa, portanto, será a de estudar o registro da revelação de Deus,
5
conforme
se
encontra
nas
Escrituras,
compreendendo
Bruce Waltke. Exegesis and spiritual life: Theology as spiritual formation, p. 28-30.
10 espiritualmente todo o seu contexto dentro de uma determinada proposta, a exegese histórico-gramatical-teológica.
Questionário 1. Explique o que é exegese bíblica e por que é importante no estudo das Escrituras. Como a exegese se diferencia da eisegese? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 2. Na exegese bíblica, existem várias abordagens interpretativas, como a histórico-crítica, a teológica e a literária. Escolha uma dessas abordagens e explique como ela influencia a interpretação de um texto bíblico específico. Forneça um exemplo. ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 3. O papel do intérprete na exegese bíblica é crucial. Discuta os desafios éticos que os intérpretes podem enfrentar ao aplicar a exegese
em
contextos
contemporâneos.
Como
equilibrar
a
fidelidade ao texto com a relevância para a sociedade atual? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________
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As ferramentas Apresento
aqui
alguns
princípios
fundamentais
para
uma
compreensão aprimorada do texto bíblico. Embora não me detenha em discussões de natureza epistemológica, meu foco reside na prática da interpretação do texto sagrado. Os passos a seguir têm como objetivo orientar o estudante na interpretação precisa do texto bíblico e foram adaptados a partir dos trabalhos de Gordon D. Fee e Douglas K. Stuart.6 Para elaborar seu trabalho exegético, você precisa manusear várias ferramentas. versões bíblicas e o texto hebraico do Antigo Testamento. Eu recomendo, dentre muitas boas versões, a Almeida Revista e Atualizada, Almeida Século 21, Nova Almeida Atualizada, a Nova Versão Internacional, Nova Tradução na Linguagem de Hoje, a Nova Versão Transformadora e a Almeida Revista e Corrigida. O texto original do Antigo Testamento indicado para o nosso estudo é o Texto Massorético, representado pela Biblia Hebraica Stuttgartensia (BHS) editada pelas Sociedades Bíblicas Unidas. Trata-se da reprodução crítica do Códice de Leningrado, conhecido pela sigla L, que foi escrito em 1008 d.C. e contém todo o Antigo Testamento. A BHS compõe-se de quatro partes principais: (1) texto bíblico em hebraico e aramaico; o aparato massorético referente à Massora Magna; a Massora Parva e o aparato crítico moderno. Massoras são anotações nas margens laterais ou entre colunas, compilada por escribas e estudiosos judeus. Outra opção para o estudo exegético é o Antigo Testamento Interlinear Hebraico-Português. Trata-se de uma coleção de quatro volumes contendo uma tradução literal do texto original hebraico e aramaico para o português. Publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil, foi traduzido pelo Dr. Edson de Faria Francisco.
6
STUART, D. & FEE, G. D. Manual de Exegese Bíblica: Antigo e Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2008.
12 Para um resumo da história do texto do Antigo Testamento, recomenda-se o livro O texto do Antigo Testamento de autoria de Alexander Achilles Fischer, publicado pela Sociedade Bíblica do Brasil. O livro descreve as traduções antigas e introduz o leitor à ciência da crítica textual. Além disso, trata do texto Massorético, dos rolos do Mar Morto, do texto samaritano e da Septuaginta, bem como de outras traduções antigas. Além de discutir sobre os objetivos da crítica textual e mostrar como se faz essa crítica, com vários exemplos práticos.
Princípios exegéticos Apresento aqui alguns princípios para a melhor compreensão de um texto bíblico. Pretendo me focar na prática da interpretação. Os passos seguintes devem orientar o estudante a interpretar acuradamente o texto bíblico. Para aprofundamento deste conteúdo, indico as seguintes obras: CARSON, Donald A. Os perigos da interpretação bíblica. São Paulo: Vida Nova, 2001. FEE, Gordon D. & STUART, Douglas. Manual de exegese bíblica: antigo e novo testamento. São Paulo: Vida Nova, 2008. HILL, Andrew E. & WALTON, John H. Panorama do antigo testamento. São Paulo: Vida Acadêmica, 2005. LONGMAN III, Tremper. Lendo a Bíblia com o coração e a mente. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. LOPES, Augustus Nicodemus. A Bíblia e seus intérpretes: uma breve história da interpretação. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. KAISER, Walter. Documentos do antigo testamento: sua relevância e confiabilidade. São Paulo: Cultura Cristã, 2003. PRATT Jr, Richard L. Ele nos deu histórias: um guia completo para a interpretação de histórias do Antigo Testamento. São Paulo: Cultura Cristã, 2005. OSBORNE, Grant. R. A espiral hermenêutica: uma nova abordagem à interpretação bíblica. São Paulo: Vida Nova, 2009.
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1. Defina o texto. 1.1. Estabeleça os limites da passagem a ser estudada. Delimitar um texto bíblico é procurar sua extensão, isto é, seus limites. A ciência bíblica denomina um texto completo, que possui começo, meio e fim de Perícope. Um importante auxílio para a delimitação do texto são as versões mais modernas, como a Nova Versão Internacional, Nova Tradução na Linguagem de Hoje e a Nova Versão Transformadora, que estruturam o texto em forma de parágrafos e não versículos, como nas Bíblias tradicionais. Outra dica, muitas Bíblias de estudo já apresentam ideias para as divisões de parágrafos. Mas, lembre-se, você deve estabelecer a perícope. Aponte para as divisões naturais do texto, que são os parágrafos e as sentenças. Indique os conectivos dos parágrafos e mostre como eles podem auxiliar na compreensão do pensamento do autor. Depois de delimitar o texto, leia-o em voz alta e em espírito de oração, comparando-o com versões bíblicas diferentes para obter uma maior compreensão de seu conteúdo. Inicie sua leitura com as traduções mais literais (Almeida Revista e Atualizada, Século 21, Nova Almeida Atualizada), depois passe para mais contemporâneas (NVI, NVT e NTLH).
1.2. Identifique o gênero literário. Gênero literário é o conjunto de literatura que apresenta homogeneidade de estilo, de formas, de técnicas (poesia ou prosa), de procedimentos narrativos, de finalidade etc. A identificação do gênero é indispensável para colher-se a intenção do autor e a relação entre a expressão literal e o seu conteúdo. O gênero literário aplica-se tanto aos grandes conjuntos literários (como, por exemplo, o livro de Salmos como a unidade menores (como, por exemplo, uma narrativa de milagres).
14 Dentro da rica variedade de tipos literários presentes na Bíblia, podemos identificar diversos gêneros literários proeminentes no Antigo Testamento. Estes incluem: Narrativa: Essa é a forma mais comum de literatura no Antigo Testamento e inclui histórias como a criação do mundo em Gênesis, as narrativas patriarcais, a história de Israel no Egito, o Êxodo, a conquista de Canaã e as histórias dos reis de Israel e Judá. Poesia: A poesia é um gênero literário proeminente no Antigo Testamento e é encontrada em livros como os Salmos, Provérbios, Jó e Cantares de Salomão. Esses textos poéticos exploram temas como louvor, sabedoria, sofrimento e amor. Profecia: Os livros dos profetas, como Isaías, Jeremias, Ezequiel e os Doze Profetas Menores, contêm profecias e mensagens direcionadas ao povo de Israel e às nações vizinhas. Esses textos muitas vezes incluem oráculos, visões e discursos. Leis e Mandamentos: Os livros de Êxodo, Levítico e Deuteronômio contêm leis e mandamentos dados por Deus a Moisés no Monte Sinai. Eles estabelecem as bases da lei judaica e regulamentam vários aspectos da vida religiosa, moral e social de Israel. História: Além das narrativas, o Antigo Testamento também contém livros que têm um caráter histórico, como Josué, Juízes, Samuel e Reis. Esses livros registram eventos históricos e a história dos líderes e reis de Israel. Profecia Apocalíptica: Alguns livros, como Daniel e partes de Ezequiel e Zacarias, contêm elementos de profecia apocalíptica, que descrevem visões e revelações sobre o futuro e o fim dos tempos. Lamentações: O livro de Lamentações é uma coleção de poemas de lamento que expressam a tristeza e o pesar pela destruição de Jerusalém e do Templo. Literatura de Sabedoria: Além dos Provérbios, a literatura de sabedoria inclui o livro de Jó e Eclesiastes. Esses textos exploram questões filosóficas, éticas e existenciais.
15 Hinos e Cânticos: Além dos Salmos, há hinos e cânticos em outros livros, como o cântico de Moisés em Êxodo 15 e o cântico de Ana em 1 Samuel 2.
2. Determine o contexto da perícope. Sem dúvida alguma, discernir o contexto de um texto bíblico é de suma importância na hora de interpretá-lo. Você não pode começar sua exegese sem conhecer o contexto da perícope escolhida para sua análise. A ênfase sobre a importância deste passo interpretativo não será nunca um exagero. Quem inventou o ditado "texto fora do contexto é pretexto" tinha toda a razão. A verdade é que muitas doutrinas, práticas e distorções de ensino têm sua base no menosprezo deste passo. Portanto, a primeira coisa a fazer ao estudar uma passagem bíblica é a procura dos contextos. São em número de três. (1) contexto imediato anterior, (2) contexto imediato posterior e (3) contexto amplo. Você deve lembrar que todos os livros que compõe a Bíblia foram escritos em contextos históricos específicos, e dentre as perguntas mais importantes que necessitamos fazer, estão às perguntas de contexto histórico. Seja cuidadoso na busca das melhores fontes sobre o “mundo” bíblico. Para isto busque informações na literatura especializada. (Introduções, Dicionários Bíblicos, notas explicativas de Bíblias de estudo e comentários bíblicos). Busque ajuda no material de referência para saber a aplicação original de determinada passagem. Esteja atento com os estudos sociológicos e culturais. Avalie o significado destes dados para o entendimento da passagem. Entenda os detalhes relacionados com a audiência primitiva. Alguns livros que podem ajudar nesse trabalho: ARCHER JR, Gleason L. Panorama do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2008.
16 BROWN, R. Entendendo o Antigo Testamento. São Paulo: Shedd, 2004. COLEMANN, W. L. Manual dos tempos e Costumes Bíblicos. Venda Nova: Betânia, 1991. DILLARD, R. B & LONGMANN III, T. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2006. DOCKERY, David S. (ed). Manual Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2001. DOUGLAS, J.D. (org). O Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1995. GOWER, Ralph. Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos. Rio de Janeiro: CPAD, 2002. HILL, Andrew. E. & WALTON, John. H. Panorama do Antigo Testamento. São Paulo: Vida, 2006. LASOR, W. S, HUBBARD, D. A. & BUSH, F. W. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1999.
3. Estabeleça o texto original. Você deve aprender alguns conceitos básicos sobre a crítica textual, para conseguir classificar as variantes textuais do parágrafo ou perícope que você escolheu para estudar. Sem dúvida, esta é uma das partes mais complicadas de sua tarefa exegética. Crítica textual é a ciência que procura restabelecer o texto original de um trabalho escrito cujo autógrafo não mais exista. Sua aplicação é extensível a qualquer peça de literatura cujo texto original tenha sido eventualmente alterado no processo de cópia e recópia, sobretudo antes da imprensa no século XV. O objetivo principal é restaurar o texto original na base das copias que chegaram até nós provendo a correta leitura e interpretação do texto. É requerido de você, não só o conhecimento da linguagem, mas também
informações
sobre
os
manuscritos
(tipos
e
versões),
características literárias e teológicas de cada escritor, bem como as
17 tendências que os copistas assumiam no seu encargo na transmissão do texto bíblico.
3.1. Classificação das variantes textuais. Para a reconstituição do texto original as variantes textuais devem ser julgadas dentro de três critérios: (1) O critério das evidências externas. (2) O critério probabilidade intrínseca. (3) O critério da probabilidade de transcrição.
3.2. O critério das evidências externas. As evidências externas são os manuscritos mais antigos e confiáveis atestados por diversos testemunhos, tais como, as citações da Septuginta e dos Manuscritos do Mar Morto, antigas versões, outras famílias de manuscritos e a distribuição geográfica dos textos.
3.3. O critério probabilidade intrínseca. Este critério está baseado no estilo e vocabulário do autor através do livro. Você também deve prestar bastante atenção no contexto imediato anterior e posterior, na teologia conhecida do livro, nas passagens paralelas em outros livros.
3.4. O critério da probabilidade de transcrição. Ao analisar as variantes pela forma como eram transmitidos os textos antigos, chega-se aos seguintes critérios. (1) A leitura mais difícil deve ser preferida, porque a tendência dos copistas era de facilitar a leitura. (2) A diferença nas passagens paralelas, este critério é usado especialmente nos Evangelhos. Porque a tendência dos copistas era de harmonizar as passagens paralelas. (3) A leitura mais curta sempre é preferível, porque a tendência dos copistas era de acrescentar detalhes. (4) Deve-se escolher a variante que melhor se harmonize com o livro em questão. (5) Escolha a leitura que melhor explique a origem das outras variantes textuais.
18 Para maiores informações sobre o texto do Antigo Testamento, recomenda-se o estudo do livro Manual da Bíblia Hebraica: Introdução ao Texto Massorético. Guia Introdutório para a Bíblia Hebraica Stuttgartensia (3ª edição Revisada e Ampliada) do professor Edson de Faria Francisco, editado pela editora Vida Nova.
4. Compare as versões bíblicas. Faça anotações sobre o texto. Faça uma comparação entre as versões bíblicas disponíveis. Anote as peculiaridades do texto: as palavras que se repetem, os contrastes, as sequências, as conclusões, as perguntas e as teses propostas pelo autor. Faça uma descrição sumarizada da mensagem do texto escolhido. Portanto, você deve estar atento para os seguintes fatores: (1) Comparação ou contraste. Onde duas ou mais ideias que são desenvolvidas no texto, alternando os argumentos, de acordo com a similaridade ou ampliando os diferentes argumentos. (2) Repetição de palavras. Note bem os termos especiais e construções gramaticais que se repetem no texto, eles são muito importantes. (3). Progressão. Um claro movimento em direção a um alvo através de uma sequência lógica de ideias.
O
ponto
culminante
desta
progressão
é
o
clímax.
(4)
Generalização. Onde o autor constrói o seu argumento, vindo de ideias particulares para explicar a ideia geral. (5) Causa e efeito. Preste atenção na argumentação que é orientada pelas causas de uma ação ou atitude indo para os efeitos produzidos por essas atitudes. (6) Clímax. Preste atenção para os argumentos de conclusão, onde as palavras são colocadas com cuidado. Localize os principais blocos de argumentos e mostre como se encaixam num todo coerente. A sua busca é para determinar a intenção do autor – o que ele tencionou comunicar aos primeiros leitores. Você precisa distinguir entre os detalhes incidentais e o tema principal da passagem escolhida para análise. Por vezes, a ideia expressa pelo autor não é tão clara e óbvia. Seus argumentos podem estar escondidos na estrutura do texto. Um bom
19 exemplo desta dificuldade é a argumentação que utiliza a estrutura temática conhecida como Quiasmo. Um quiasmo (vem do grego e significa fazer uma marca com o X) é uma forma literária que tem como seu traço mais óbvio um paralelismo invertido. Dois ou mais termos, frases, ou ideias são expressas e então repetidas em ordem inversa. Uma comum e importante variação desta forma simples ocorre quando o quiasmo tem um número ímpar de partes. Nesse caso, o elemento solitário pode ser o centro do quiasmo separando os elementos paralelos. Um exemplo do AT é encontrado em Amós 5.4b-6a: A. Buscai me e vivei; B. Porém busqueis a Betel C. nem venhais a Gilgal D. nem passeis a Berseba; C'. porque Gilgal certamente será levada cativa, B'. e Betel será desfeita em nada. A'. Buscai ao Senhor e vivei. Note como a linha D fica ao centro e não é repetida; ela marca a transição para os elementos paralelos que se seguem. É importante notar que quiasmos ajudam o intérprete a delinear unidades de pensamento. Identificar um quiasmo pode mostrar ao intérprete onde um ensino ou argumento se inicia e onde termina. Pode mostrar ao estudante da escritura exatamente qual unidade deveria ser o tópico para a interpretação.
4.1. Análise semântica. O exegeta busca neste passo o entendimento do sentido do texto através da sua sintaxe. Você deve estar atento para os seguintes fatores: (1) Sinônimos. São palavras que têm o mesmo significado, geralmente utilizadas para variar o uso dos termos no texto, porém, podem ser usadas para enfatizar um argumento. (2). Campos semânticos. São palavras que mesmo não sendo sinônimas estão
20 relacionadas. (3) Antônimos. São palavras que têm significados opostos. São muito utilizadas para fortalecer as argumentações e defesas de doutrinas. (4) Termos cognatos. Aqui não se trata de sinônimos, mas de termos que tem o mesmo significado e são usadas alternadamente como parte da argumentação. (5) Frequência das palavras. Quanto mais a palavra aparecer no texto, maior será a probabilidade de ser um termo importante para o entendimento da intenção do autor. (6) Reversões. Atenção com as frases ou termos que substituem outros com ideias contrárias.
4.2. Analise as palavras importantes. Em seguida, aperfeiçoe a perícope que você irá analisar. Busque as definições dos termos principais do texto. Conte com a ajuda de um bom dicionário hebraico. Busque o significado dessas palavras dentro do contexto da passagem analisada. Analise o contexto profundamente e determine o melhor significado exegético da palavra dentro da passagem. Isole as palavras e cláusulas que requeiram decisões gramaticais entre duas ou mais opções. Isole as palavras que necessitam de um estudo especial, faça uma lista provisória das dificuldades exegéticas encontradas no texto. Determine o significado exato de cada palavra básica, com sua origem, seu desenvolvimento, seu uso e seu significado bíblico e cultural e seu uso pelo autor e no restante do testemunho bíblico. Seguem dois exemplos, um estudo de palavras do Antigo Testamento e outro do Novo Testamento: Nas versões bíblicas em português, as palavras arrependimento e arrepender-se, são traduzidos de dois vocábulos hebraicos, Como
traduções
da
raiz
hebraica
frequentemente aplicadas a Deus.
,
essas
e .
palavras
são
21 O
termo
mais
frequentemente
arrependimento humano não é
aplicado
para
denotar
o
, mas antes, , que significa girar
ou retornar, e á aplicado ao tornar do pecado para voltar-se para Deus. Deus é imutável e não pode arrepender-se
() como o homem.
Seu ser é imutável porque Nele não há progresso, nem retrocesso algum. O salmo 102:25-27 assim declara: “No princípio firmaste os fundamentos da terra, e os céus são obras das tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás; envelhecerão como vestimentas. Como roupas tu os trocarás e serão jogados fora. Mas tu permaneces o mesmo, e os teus dias jamais terão fim”. A
raiz
reflete
em
sua
origem
a
idéia
de
“respirar
profundamente” e por conseguinte a manifestação física da pessoa, geralmente tristeza, compaixão ou pena. Quando a Bíblia fala no arrependimento de Deus (Gn 6.6-7; Ex 32.14; Jz 2.18; I Sm 15.11) significa dizer que Deus abranda ou muda sua maneira de lidar com os homens de acordo com seus propósitos soberanos. Chama-se isto na teologia de antropopatismo, isto é, atitudes e ações humanas que são atribuídas a Deus. A partir da perspectiva humana a única expressão que se tem é de os propósitos divinos mudarem. “Se em algum momento eu decretar que uma nação ou um reino seja arrancado, despedaçado e arruinado, e se esta nação que eu adverti converter-se de sua perversidade, então eu me arrependerei e não trarei sobre ela a desgraça que eu tinha planejado. E, se noutra ocasião eu decretar que uma nação ou um reino seja edificado e plantado, e se ele fizer o que reprovo e não me obedecer, então me arrependerei do bem que eu pretendia fazer em favor dele (Jr. 18.7-10). O texto que alistei acima é contundente em afirmar de que, da perspectiva divina, o cumprimento da maior parte das profecias está condicionada à reação positiva por parte dos homens.
22 Obras recomendadas: CARDOSO PINTO, Carlos Osvaldo. Fundamentos para Exegese do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2002. CHISHOLM, Robert B. Da exegese à exposição: Guia prático para o uso do hebraico bíblico. São Paulo: Vida Nova, 2016. VANGEMEREN, Willem A. Novo dicionário internacional de teologia e exegese do Antigo Testamento. São Paulo: Cultura Cristã, 2011. VINE, W.E., UNGER Merril F., WHITE Jr, Willian. Dicionário Vine: O significado exegético das palavras do Antigo e do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2002. WALTKE, Bruce. Introdução à sintaxe do hebraico bíblico. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.
5. Análise teológica. O método adotado neste opúsculo é chamado de históricogramatical-teológico por uma razão específica. A teologia ocupa um importante espaço na interpretação bíblica. Como foi visto anteriormente, as pressuposições do intérprete influenciam suas decisões. Não existe exegese sem pressuposições. Devemos analisar a Escritura com seriedade acadêmica, erudição, conhecimento profundo das línguas originais, mas com devoção, espiritualidade e compromisso com aplicação da mensagem. A análise teológica pergunta: “De que modo esta passagem se encaixa no plano total da revelação de Deus?” Antes de responder esta pergunta, devemos ter uma compreensão do padrão da história da revelação. A Bíblia tem uma mensagem unificada e completa. Mesmo tendo dezenas de autores que levaram milhares de anos para terminar sua obra. Existe um tema central unificador da teologia bíblica que une as diversas partes do texto, apresentando uma ideia teológica geral.
23 Este tema unificador estende-se do Antigo Testamento para o Novo Testamento, passando por três conceitos chaves: Reino, Pacto e Mediador. De acordo com esses conceitos, o Reino apresenta a ideia de um Senhor soberano que domina do seu trono sobre todas as coisas. O Pacto é o instrumento de administração desse Reino, estabelecido com o homem pelo Senhor, de forma unilateral, na criação. Ele trata do relacionamento do homem com o universo (mandato cultural), do relacionamento do homem com os demais seres humanos (mandato social) e do relacionamento do homem com Deus (mandato espiritual). O Mediador é o agente na administração do Pacto. O plano da redenção toma a forma de um pacto. Deus tem um povo que é representado pelos crentes da era do Antigo Testamento e do Novo Testamento, para o qual ele tem um plano em todas as eras desde Adão: reunir esse povo em um só corpo. Deus se faz conhecido nesta relação pactual. A teologia do pacto é uma abordagem do entendimento das Escrituras – uma abordagem que tenta explicar biblicamente a unidade da revelação bíblica. Se você quiser ampliar seus conhecimentos sugiro a leitura dos seguintes livros: (1) O Cristo dos Pactos, O. Palmer Robertson. (2) Revelação Messiânica no Antigo Testamento, Gehard von Groningen; ambos publicados pela Editora Cultura Cristã.
6.Aplicação Apresento a seguir as regras para aplicação da mensagem bíblica. Pois, é dever do crente aprofundar-se nas Escrituras, confirmar-se em suas verdades e familiarizar-se com elas para seu próprio proveito e para poder iluminar aos que as contradizem. Aconselha-se que, a partir deste ponto, o exegeta apresente um esboço homilético da passagem analisada. Não é necessário preencher
24 todos os passos que compõem um sermão, mas três, dois cinco devem ser preenchidos. Apenas para ser mais claro, os cinco itens que constituem um sermão são:
a) Introdução – trata-se do passo homilético no qual o pregador apresenta o conteúdo de sua prédica de modo direto (cujo relacionamento com o tema é explícito), indireto (cujo relacionamento com o tema é velado ou implícito) e abrupto (vai direto ao documento ou seção do texto). O objetivo da introdução é captar a atenção dos ouvintes e inserir a temática que se quer trabalhar no sermão. b) Narração/explicação – numa frase pode-se afirmar que a narração é o tópico no qual se situa o texto dentro do seu contexto. Explica-se ao ouvinte nuances do texto bem como esclarece o texto para que os ouvintes se situem melhor na passagem a ser pregada. Todas as informações úteis e pertinentes ao sermão e que levem a apresentação do tema são tratados aqui. c) Tema – é o sermão sintetizado. Tudo quanto se quer ou vai ser trabalhado no sermão está resumido e condensado no tema. Ele deve ser breve, objetivo e ao mesmo tempo completo.
Ele não pode fugir daquilo que é a mensagem
central do texto. d) Argumentos – são o desenvolvimento do tema. Eles devem ser progressivos, não repetitivos, co-extensos com o tema, ou seja, devem ter pertinência com o tema ao mesmo tempo que
25 o desenvolve ou responde. O mínimo de argumentos são dois e o máximo são cinco. Bons argumentos explicam ou texto, aplicam-no e quando necessário, ilustram-nos. e) Conclusão. Todo o sermão deve ser pregado com o objetivo de produzir decisões nos ouvintes. Nesta parte pode-se recapitular todos os argumentos e o tema; pode-se desafiar os ouvintes a tomar uma postura positiva frente ao que foi proclamado; pode-se, também, mostrar as implicações de se rejeitar ou abraçar as proposições da palavra de Deus.
Desses itens que compõem o sermão a narração, o tema e os argumentos devem ser explicitados no item do trabalho exegético denominado “esboço homilético”. A narração porque boa parte da pesquisa exegética desemboca nesta parte do sermão. O tema porque um bom sermão deve ser extraído do texto a ser pregado. E os argumentos porque nenhum sermão verdadeiramente expositivo prescinde de informações e exame exegético minucioso do texto.
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26
Prática de exegese Nesta seção, optei por apresentar vários exemplos de exegese. Cada um representa um dos passos do método. Definição de palavras e nomes Para ilustrar isso, vejamos o primeiro capítulo do livro de Rute. O significado dos nomes também é encontrado na Bíblia de estudos Shedd, publicada pela Edições Vida Nova. Este capítulo é uma narrativa cativante que nos convida a uma análise mais profunda. Uma característica notável que imediatamente chama a atenção do leitor é a abundância de nomes mencionados ao longo do texto. Entre esses nomes, encontramos uma variedade de nomes masculinos, embora muitos desses homens não desempenhem um papel ativo na história. Por outro lado, há uma presença marcante dos nomes das mulheres, e são elas que desempenham papéis centrais na narrativa. Além disso, não podemos deixar de notar a inclusão de nomes de lugares, que também desempenham um papel significativo na história. Para uma análise mais detalhada, vamos listar os nomes das pessoas e dos lugares que são mencionados neste intrigante capítulo 1. A enumeração dos nomes nos proporciona uma visão valiosa sobre a complexidade e a riqueza desse texto bíblico. Através da exegese cuidadosa, podemos examinar como esses nomes estão interconectados e como eles contribuem para o desenvolvimento da história de Rute. Isso nos leva a uma apreciação mais profunda do contexto cultural e histórico em que essa narrativa se desenrola, bem como da importância simbólica que esses nomes podem ter dentro da trama. Conduzir uma análise minuciosa dos nomes em Rute 1 não apenas enriquece nossa compreensão da narrativa, mas também nos permite explorar os temas subjacentes e as implicações teológicas presentes no texto. Por meio dessa abordagem exegética, podemos desvendar camadas de significado e interpretação que, de outra forma, poderiam passar despercebidas em uma leitura superficial.
27 Vamos listar os nomes que encontramos nesta história intrigante: Belém de Judá, um lugar que significa "Casa de Pão". Moabe, um país situado ao leste do Mar Morto, cuja origem remonta a uma história complexa, uma vez que Moabe era filho de uma relação incestuosa entre Ló e uma de suas filhas (Gn 19.37). Elimeleque, um nome com um significado profundo, que traduz "Meu Deus é rei". Noemi, um nome que ressoa com graça e graça, significando "Graça" ou "Graciosa". Malom, cujo significado evoca "Doença". Quiliom, que carrega a conotação de "Fraqueza". Orfa, um nome que se associa a "Costas". Rute, um nome cheio de calor humano, que se traduz como "Amiga". Mara, que simboliza "Amarga" ou "Amargura". Agora, analisando a forma como o autor habilmente constrói essa narrativa cheia de significados simbólicos: A história começa em Belém de Judá, o "Casa de Pão", mas em vez de abundância, há fome na Casa de Pão. O protagonista masculino, Elimeleque, cujo nome proclama "Meu Deus é rei", não sobrevive para governar, pois morre em meio à escassez. Malom, que carrega o peso do nome que significa "Doença", e Quiliom, sugerindo "Fraqueza", também partem desta vida. Noemi, cujo nome é um tributo à "Graça" e à "Graciosidade", enfrenta uma reviravolta cruel, tornando-se "Mara", amargurada pela perda. Ficam apenas a amargura e suas duas noras, que, ironicamente, também carregam nomes sugestivos: Orfa, que, em certo ponto, vira as "Costas", retornando ao seu passado, enquanto Rute permanece, verdadeira "Amiga". Mas a história guarda surpresas, introduzindo Boaz, cujo nome promete que "Nele é fortalecido". E Rute, a "Amiga", dá à luz a Obede, cujo nome significa "Servo". Este servo se torna a âncora de esperança e consolo para Noemi na sua velhice (Rt 4.15).
28 Observa-se que o uso de nomes com significados profundos enriquece a narrativa, revelando não apenas os eventos, mas também as transformações e destinos dos personagens de forma simbólica e poética, tornando a história de Rute ainda mais profunda e significativa. Esses nomes desempenham um papel crucial na construção do significado da narrativa. Estabeleça os limites da passagem a ser estudada. Vejamos um exemplo, o Salmo 23. O conteúdo do texto ajuda a estruturá-lo. O Salmo 23 apresenta o seguinte título na ARA: O Senhor é o meu pastor. Este título é decorrente da primeira linha do Salmo. No entanto, não condiz com o conteúdo total do texto. Se observarmos com mais atenção, percebemos que a imagem do Pastor ocupa metade do Salmo, isto é, os vv.1-4. Todas as declarações fazem sentido à declaração do v.1 "O Senhor é o meu pastor". Já a outra metade, isto é, vv.5-6, não diz respeito à figura de um pastor. Vejas as incoerências de se aplicar o conteúdo dessa segunda metade a uma ovelha: "Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários". Desde quando ovelhas comem à mesa? Quem são os adversários das ovelhas? Os lobos? "Unges-me a cabeça com óleo, meu cálice transborda". Ungir cabeça com óleo? Que diferença faz isso para uma ovelha? Ovelha bebe em cálice? Só com essas observações percebe-se que a figura da segunda parte mudou. Nessa segunda parte o Senhor é descrito como um anfitrião. Para iluminar esse entendimento, vejamos Lucas 7.36-50. Jesus foi convidado para um banquete na casa de um fariseu, Simão (vv.36,40). Jesus se queixa de que não foi bem recebido pelo anfitrião, pois este não lhe deu "águas para os pés" (v.44), "beijo na face" (v.45), "nem ungiste-me a cabeça com óleo" (v.46). Vemos aí a tríplice atitude de um bom anfitrião do mundo palestinense. No Salmo 23 a segunda parte diz respeito justamente a isso, tanto é que no final do Salmo (v.6), o hóspede passa a morar na casa do anfitrião: "e habitarei na casa do Senhor para todo o sempre".
29 É muito mais fácil isso do que forçar o texto e fazer a ovelha sentarse à mesa, ser ungida, e beber vinho. A segmentação ajudou a estruturar o texto. A estrutura do texto ajudou na compreensão do conteúdo. Identifique o gênero literário. Em sua forma mais simples, uma7 genealogia envolve uma lista ou uma narrativa que traça uma linha de descendência de um ancestral ou ancestrais para uma pessoa ou grupo. Sem exceção, genealogias na Bíblia são patrilineares. Elas variam em escopo, de somente um punhado de gerações (Gn 19.36-38) a numerosas gerações (Lc 3.23-38), e seguem seja um esquema linear, que registra descendentes através de duas ou mais gerações, ou segmentada (ramificada), que lista duas ou mais linhas de descendência para a figura-chave na genealogia. Por exemplo, Gn 11.10-26 é uma genealogia linear (exceto para a última geração que é segmentada) em forma narrativa, enquanto em Gn 36.20-28 contém uma genealogia segmentada em forma de lista. Genealogias serviam para propósitos importantes para o povo nos tempos bíblicos. Algumas funcionavam para estabelecer o reinado, ainda que ao mesmo tempo conferissem distinção entre Israel e seus vizinhos enquanto, apesar de tudo, ligavam ambos ao mesmo ancestral (Gn 19.3638; 25.1-6; 25.12-16; 36). Gênesis 10 coloca os israelitas no panorama de todas as nações da terra. Em adição, no período pós-exílico, genealogias eram largamente usadas para provar pureza e preservar a homogeneidade étnica do povo judeu em Jerusalém (Ed 2.1-63; Ne 7.665). Alguns estudiosos, contudo, argumentam que o livro de Rute, com sua genealogia nos versos finais, fornecem um protesto contra os duros decretos de Esdras e de Neemias, que requeriam que todos os homens hebreus divorciassem de esposas estrangeiras. A genealogia de Rute (4.18-22)
7
indica
a
ironia
dos
orgulhosos
hebreus
pós-exilados
BAILEY, James L./VanderBroek, Lyle D. Literary forms in the NT. Louisville: Westminster/John Knox Press, 1992. p.183
30 reivindicando Davi como seu precursor ancestral e rei, quando a bisavó de Davi mesmo era uma estrangeira. Contudo, durante os tempos helenísticos, quando judeus continuavam a enfrentar uma cultura estrangeira e a ameaça de assimilação, a preocupação com pureza genealógica se tornou ainda mais pronunciada, especialmente entre as famílias sacerdotais. Determine o contexto da perícope. Para ilustrar os próximos passos, escolhi o texto de Habacuque 1:12, aqui vertido na tradução Almeida Revista e Atualizada. “Não és tu desde a eternidade, ó SENHOR, meu Deus, ó meu Santo? Não morreremos. Ó SENHOR, para executar juízo, puseste aquele povo; tu, ó Rocha, o fundaste para servir de disciplina”. Temos poucas informações a respeito de Habacuque. O livro não registra seu local de nascimento, nem sua genealogia. Os estudiosos estão divididos quanto ao significado de seu nome. “O nome pode ser derivado de um verbo hebraico que significa abraçar; outros acreditam que o nome vem de um termo acadiano relativo a uma planta de jardim” (Dillard e Longmann, 2006, 392). O livro não proporciona informação que possa satisfazer a curiosidade concernente à vida pessoal do profeta. Ao mesmo tempo, as limitadas
referências
à
acontecimentos
contemporâneos
fazem
impossível datar com certeza seu ministério. De acordo com Hc 1.6, Deus levantou os caldeus (isto é, os babilônios) como instrumento de castigo. O livro é chamado de “sentença”. Diferentemente de Isaias, Amós e outros profetas, Habacuque apenas se refere aos caldeus. Oferecem alento ou acusam seu próprio povo somente em forma de contraste ou comparação. A Babilônia estabeleceu sua autoridade sobre a Palestina, incluindo Judá, em 605 a.C. O livro trata do desapontamento dos habitantes de Judá e Israel, dispersos no exílio, pelo fato de a queda de Nínive não ter gerado alívio imediato e restauração para Judá e Israel.
31 A descrição da violência, a luta e a apostasia, tão freqüentes em Judá durante os tempos de Habacuque (1.2-4), parece encaixar com o período imediatamente seguinte à morte de Josias no 609. Os caldeus não se tinham ainda manifestado como uma ameaça suficiente forte para Judá, já que o controle do Egito se estendia desde o Eufrates, até a batalha de Carquemis (605 a.C.) 8. Conseqüentemente, os anos transcorridos entre
609 e o 605
proporcionam uma conveniente base para a mensagem de Habacuque. O diálogo entre Habacuque e Deus é digno de mencionar-se. O profeta apresenta a questão filosófica de uma aparente discrepância entre os fatos da história e a revelação divina. Como guia da mensagem de Habacuque, pode ver-se a seguinte perspectiva: I. Por que Deus permite a violência? II. Deus levanta os caldeus para castigar Judá III. Por que deveriam os malvados castigar os justos? IV. A vida justa pela fé e a esperança V. Denúncia da injustiça VI. Um salmo de louvor
Hq Hq Hq Hq Hq Hq
1.1-4 1.5-11 1.12-2.1 2.2-4 2.5-20 3.1-19
Habacuque se sente turvado pelos males que prevalecem em sua geração. Impera a injustiça, a violência e a destruição continuam, a Torá é ignorada, e a respeito disto o profeta apela impacientemente a Deus; porém, nada muda. Por quanto tempo ignorará Deus sua oração e tolerará tais condições? A resposta de Deus está em marcha; os rudes e impetuosos caldeus estão se aproximando. Rápidos em seu avanço, espalham o terror com a captura de novas terras, a destruição das fortalezas e a supressão dos reis. Deus está permitindo a esses ferozes conquistadores que levem a justiça a Judá (1.5-11). Utiliza Deus os malvados para castigar os infiéis em Judá? É que não são os ofensores entre o povo de Deus —não importa o quão culpáveis
8
Ver ARCHER JR, Gleason L. Panorama do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2008.
32 sejam— ainda melhores que os brutos idólatras procedentes da Babilônia? Habacuque imagina se a revelada natureza de Deus como santa e justa e as atuais condições dos pagãos invasores, garantem realmente a acusação de que Deus permita isso. turvado e perplexo porque Deus tem ordenado aos caldeus que executem seu juízo, Habacuque espera impaciente a resposta (1.12-2.1). O profeta é convidado a registrar a revelação. Esta divina mensagem é tão significativa que deveria ser preservada para futuras considerações. A predição é certeira em seu cumprimento, embora o tempo não tenha chegado ainda. Simples e, contudo, profundo, é o básico princípio aqui expressado: o justo deverá viver pela fé. Por contraste, a nação opressora será depois visitada com a maldição. A fé em Deus é a pedra de toque da perseverança numa vida de fidelidade. Finalmente, ele resolve suas dificuldades expressando sua fé em Deus. O fato básico para a totalidade da discussão é o uso de Deus de um povo pagão para castigar a seu próprio povo. Estabeleça o texto original. Comparando a tradução Almeida Revista e Atualizada com a Nova Versão Internacional, temos: ARA: “Não és tu desde a eternidade, ó SENHOR, meu Deus, ó meu Santo? Não morreremos. Ó SENHOR, para executar juízo, puseste aquele povo; tu, ó Rocha, o fundaste para servir de disciplina”. NVI: “Senhor, tu não és desde a eternidade? Meu Deus, meu Santo, tu não morrerás Senhor, tu designaste essa nação para executar juízo; ó Rocha, determinaste que ela aplicasse castigo”. Note que existe uma clara diferença entre os dois textos. Um diz, “não morreremos. Ó SENHOR”, enquanto o outro afirma: “tu não morrerás Senhor”. O significado do texto hebraico nem sempre é claro e a Septuaginta apresenta algumas poucas mas interessantes variações. A leitura “Tu não morrerás", vem do Talmude e de outras fontes e faz melhor sentido que leitura tradicional.