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Alexander Alekhine Minhas Melhores Partidas de Xadrez 1924 - 1937
Primeira Edição - 2018
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Primeira edição em português: maio de 2018 © Editora Solis 2018 Editores: Francisco de Assis Garcez Leme e Jussara Chaves Garcez Leme (GLWDGRno Brasil ISBN: 9788598628202 Capa e projeto gráfico: Renato Damiano Consultoria Editorial ©
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Alekhine, Alexander - 1892-1946 Minhas Melhores Partidas de Xadrez - 1924 - 1937 Alexander Alexandrovitsch Alekhine - 1892-1946; tradução da 1a edição para a língua portuguesa de Francisco Garcez Leme - 1ª edição - Santana de Parnaíba, SP; Editora Solis 2018 Título original: Mes meilleurs jeux d'échecs - 1924 - 1937 1. Xadrez 2. Xadrez História I Campeonato Mundial. Título 3.Partidas comentadas 04-5156 CDD -794.12
As fotografias e ilustrações incluídas neste livro procedem dos arquivos da Editora Solis e podem estar sujeitas a direitos autorais.
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Em Memória de Alexander Alexandrovitch Alekhine
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Partidas de Torneios e Match com Capablanca - 1924 - 1927
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Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
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Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
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Miscelânea
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2VAdversários de Alekhine neste livro
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Índice de Aberturas
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Em Memória de Alexander Alexandrovitch Alekhine Por Julius Du Mont Ao registrar a vida de Alexander Alexandrovitch Alekhine, o analista tem a difícil tarefa de permanecer objetivo, de evitar ser levado pela sua genialidade e a glória de suas conquistas, ou por outro lado, de se deixar arrastar por um sentimento de comiseração pela tragédia da sua vida. Nascido em uma família rica e conhecida na Rússia Czarista, Alekhine aproveitou na sua infância e juventude as vantagens decorrentes disso. Fez uso das suas oportunidades e avançou bastante em seus primeiros estudos em Direito. Em seu tempo livre desenvolveu seu notável talento para o xadrez, e foi reconhecido como mestre aos 16 anos. Até a eclosão da I Guerra Mundial, não havia nuvens em seu céu. Estava então com 22 anos, jogando e vencendo um torneio importante em Mannheim, Alemanha. Então veio a tempestade e, junto com outros mestres estrangeiros (dentre eles, Bogoljubov), foi preso pelos alemães. Alekhine conseguiu escapar para a Suíça e voltou para casa, via Sibéria, para juntar-se ao Exército Russo. Foi ferido duas vezes e duas vezes condecorado. Então veio o segundo golpe! Estourou a Revolução Russa e, como membro da aristocracia, tinha poucas esperanças de escapar incólume. De fato, ele e a sua família perderam tudo e Alekhine teve sorte em escapar com vida. Fala-se que o xadrez o salvou do pior. Seja como for, nos anos seguintes, sobre5
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viveu ensinando xadrez em colégios e universidades. Em 1921 lhe foi permitido que participasse em um Torneio em Triberg, na Alemanha, mas ele não voltou para a Rússia e tomou o caminho de Paris. Ali, começando vida nova, se tornou um profissional do xadrez e iniciou sua longa lista de triunfos, participando de todos os torneios importantes, com a grande ambição de estabelecer tão seguramente a sua fama que um match com Capablanca viesse em seguida. Apesar da natureza muito específica desses esforços, ele conseguiu, do ponto em que parara, retomar seus estudos legais e se tornou Doutor em Direito pela Faculdade Francesa, um tributo real à sua energia e à sua imensa capacidade de trabalho. A partir de 1927 era tão superior a todos os outros desafiantes que o seu pleito de ser o legítimo candidato pelo título mundial não podia mais ser negado. Como Alekhine venceu o match em 1927 é assunto para a história. Através disso ele construiu para si, pelo seu próprio esforço, uma nova era de prosperidade. Nos anos seguintes à sua ascensão ao trono do xadrez conscientemente continuou seu trabalho, participando de quase todos os Torneios de mestres, e neles até melhorou todas as suas conquistas anteriores. Casualmente desenvolveu o seu dom por partidas às cegas, aumentando continuamente o número de adversários enfrentados simultaneamente, até atingir o espantoso número de trinta e dois. Em relação ao número, ele já foi superado; em relação à força dos adversários e à qualidade do seu jogo Alekhine jamais será igualado. Há uma pequena dúvida de que essas exibições debilitem o vigor dos protagonistas e que por isso não possam ser saudáveis. Na Rússia, hoje a terra do xadrez par excellence, exibições às cegas são proibidas por lei. Esses esforços tremendos deixaram suas marcas no temperamento altamente sensível, já sacudido pelas vicissitudes contra as quais teve que lutar em sua juventude, e periodicamente o Dr. Alekhine dava lugar à bebida, uma circunstância não sem precedentes na vida de muitos gênios. Assim, dificilmente estivesse em sua melhor forma ao enfrentar o Dr. Euwe pelo Campeonato Mundial em 1935. O Dr. Euwe, jogando um xadrez magnífico, venceu através de pequena margem. Com uma prontidão jamais ouvida em um Campeonato Mundial de Xadrez o Dr. Euwe imediatamente concordou com o match revanche. Esse teve lugar dois anos mais tarde. Nesse intervalo de tempo o Dr. Alekhine teve a força de vontade de abandonar completamente tanto o alcool como o tabaco, cumprindo de forma implacável sua determinação de colocar-se em forma. Venceu o match de maneira decidida e assim tivemos o espetáculo único de um Campeão de forma magnânima conceder ao seu adversário derrotado um match revanche, e do ex-Campeão recuperar o seu trono. Mesmo assim, houve alguma queda nas forças do Dr. Alekhine, e muitos mestres da nova geração tinham pleitos legítimos por um match pelo Campeonato Mundial. Isso despertou a natural combatividade do Campeão Mundial e ele aceitou em 1939 o desafio do indubi6
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Em Memória de Alexander Alexandrovitch Alekhine
tavelmente mais forte dos jovens candidatos, M. Botvinnik. Esse seria provavelmente o melhor match jamais jogado, para o qual é certo que o Dr. Alekhine não iria despreparado ou fora de forma. Todas as negociações preliminares foram acordadas e decididas, e o match seria jogado na Rússia, quando estourou a II Guerra Mundial. Na época, o Dr. Alekhine estava em Buenos Aires, participando da Olimpíada de Xadrez, onde capitaneava a equipe francesa. Recusou-se a permitir que a sua equipe enfrentasse a equipe alemã e voltou para a França, no primeiro navio disponível, para unir-se ao Exército Francês. Após o colapso da França, pretendeu ir para a América para um match revanche contra Capablanca; chegou até Lisboa. Ali aguardou em vão por uma permissão para que deixasse a Europa. Se a razão da negativa da permissão foi Pearl Harbour ou que Capablanca perdesse o interesse em enfrentá-lo em um match revanche é difícil de se dizer. Foi nessa época que chegaram ao Dr. Alekhine as notícias de que a sua esposa estava na França nas mãos dos alemães. Ele tentou a permissão para juntar-se a ela. As autoridades alemãs, imaginando o valor da propaganda do Campeão, deram a permissão com a condição de que escrevesse dois artigos sobre xadrez para o jornal alemão Pariser Zeitung. É fato que ele conseguiu retornar para a França e que os dois artigos apareceram na imprensa controlada pelos alemães sob o seu nome. Esses artigos foram recebidos por todas as secções do mundo do xadrez com a maior indignação. Eram de fato uma diatribe anti-Judaica e pro-Nazi. Ao mesmo tempo eram tão completamente sem sentido que pessoas imparciais não puderam acreditar na autoria do Dr. Alekhine. Quando anos mais tarde ele viu esses artigos, declarou solenemente que nem uma daquelas palavras saiu da sua caneta. Enquanto isso, ele e a sua esposa foram diretamente residir em Praga, de onde pelos próximos dois anos, participou de numerosos torneios em Viena, Munique, Salzburgo etc. Seus detratores alegam que ele era um instrumento de boa vontade nas mãos dos alemães e que teve um período de prosperidade em seu território. Isso não está de acordo com a descrição dada pelo Campeão português, Francisco Lupi, quando pela primeira vez encontrou o Dr.Alekhine após o seu retorno da Espanha. Ao invés de um homem com um belo tipo físico que esperava receber, encontrou “esperando por mim um homem alto, muito magro, cujas palavras e gestos eram aqueles de um autômato... Esse era Alekhine”. O efeito da condenação pelos seus companheiros jogadores de xadrez sobre um homem que sempre prosperou na popularidade pode ser bem imaginado. Além disso, pela segunda vez na sua vida, perdera tudo o que tinha. Sua bela casa na França foi, como ele colocou, saqueada cientificamente pelos invasores. Nem a Espanha nem Portugal puderam proporcionar a ele a vida a que estava acostumado, ou de fato qualquer vida afinal. As chances na França eram até piores naquela época.
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E então nós o vimos em 1945 – 1946 morando em uma pensão em Lisboa, com suas condições materiais piorando gradualmente e, além disso, sofrendo de sérios problemas cardíacos. Sua única esperança era a Inglaterra; o mundo britânico do xadrez disse a seu favor que não estava preparado para condenar um homem sem ouvi-lo. Inclusive, o primeiro raio de luz veio quando foi convidado a participar do Torneio de Londres de 1946. A angústia do Campeão foi esmagadora quando o convite foi cancelado devido às objeções das Federações Holandesa e Norte-Americana. Alguns dos mestres tinham ameaçado cancelar suas participações! Foi por essa época que o Dr. Alekhine decidiu voltar à França para defender-se perante a Federação Francesa de Xadrez. Fez o requerimento para o visto, mas a fronteira espanhola permaneceu fechada e o visto nunca o encontrou. O Dr. Alekhine morava então em Lisboa, e seus assuntos de vida estavam no seu ponto mais baixo, quando chegou um telegrama de Mr. Derbyshire, Presidente da Federação Britânica de Xadrez, transmitindo um desafio para um match feito pelo Campeão russo, M. Botvinnik, nos termos que foram acertados em 1939. O Clube de Xadrez de Moscou providenciou 10.000 dólares para o match, o qual seria realizado na Inglaterra, sujeito à aprovação da Federação Britânica de Xadrez. O Dr. Alekhine receberia dois terços do total da bolsa. Essa súbita mudança da sorte se provou demasiada para um homem doente e resultou em um ataque cardíaco. Assim que se recuperou aceitou o desafio e iniciou a preparação para o match. Na última carta a chegar à Inglaterra o Campeão perguntou se seria possível conseguir o visto para esse país de onde poderia com mais facilidade voltar à França. Também perguntou se um match de treinamento com o Dr. Tartakower poderia ser arranjado. Então vieram semanas de penosa espera até que ocorreu a reunião da Federação Britânica de Xadrez, na qual seria decidido se concordaria com o patrocinador do match. Essa reunião ocorreu em 23 de março de 1946, no período da tarde, e por unanimidade de votos a Federação deu o seu consentimento. Na mesma noite o Dr. Alekhine respirou pela última vez... A carreira enxadrística de Alekhine pode ser dividida em quatro períodos: Durante o primeiro, que terminou com o advento da I Guerra Mundial, suas oportunidades de jogar em torneios magistrais foram infrequentes. Entrou para a Escola Militar em São Petersburgo em 1909 com 17 anos (nasceu em 1892) e não podia participar em torneios mais do que, em média, um por ano. Seu desenvolvimento inicial foi, em consequência, relativamente lento, e mesmo assim conseguiu conquistar o primeiro prêmio em três ocasiões. Praticamente nada se ouviu sobre Alekhine entre os anos 1914-1921, que cobrem a I Guerra Mundial e a Revolução Russa, mas em 1920 ele venceu o Campeonato Russo em Moscou. O segundo período da sua carreira enxadrística se iniciou com o seu retorno para a 8
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Em Memória de Alexander Alexandrovitch Alekhine
Europa ocidental em 1921, quando, as circunstâncias o deixaram sem escolha e ele se dedicou inteiramente ao xadrez. Durante os seis anos seguintes, Alekhine jogou em muitos torneios importantes, e a sua deslumbrante sequência de vitórias deu o que falar no mundo do xadrez. E durante esse período ele marcou talvez o mais espantoso dos seus muitos sucessos – se tornou advogado pela Faculdade Francesa. O match com Capablanca deu-lhe o título mundial e foi o ponto culminante do segundo período. Pode-se dizer que ele alcançou o ápice dos seus poderes, talvez o ápice ao qual o esforço humano possa chegar. O terceiro período da sua carreira, que se iniciou com a sua vitória no Campeonato Mundial, durou até o advento da II Guerra Mundial. Entre 1927 e 1936 seus sucessos em torneios são inigualáveis por qualquer mestre em qualquer período da história do xadrez. Em particular em San Remo 1930 e Bled 1931, onde muitos dos maiores mestres da época participaram, ele deixou esse grupo tão longe que naquela época indiscutivelmente se encontrava sozinho em uma categoria superior. Os primeiros sinais de retrocesso foram no match perdido para Euwe em 1935 e o seu fracasso relativo em Nottingham, um torneio muito forte, no qual conquistou apenas o sexto lugar, com Botvinnik e Capablanca dividindo o primeiro, de longe seu pior resultado em vinte e quatro anos. Embora ele reconquistasse o Campeonato Mundial do Dr. Euwe em 1937, tendo aparentemente readquirido plenamente os seus poderes, no Torneio de AVRO em 1938 jovens jogadores, como Keres, Fine e Botvinnik terminaram à sua frente. Se o Dr. Alekhine poderia restabelecer-se no match contra Botvinnik em 1939 é uma questão em aberto, que não se pode responder com algum grau de certeza. O quarto período da carreira do Dr. Alekhine é uma tragédia, como foi a sua vida durante aquele período. Ele ainda jogou torneios na Alemanha e territórios ocupados durante a guerra e depois disso, na Espanha e Portugal, mas os adversários eram comparativamente fracos no todo e não despertaram o seu instinto combativo. A qualidade do seu jogo mostrou uma queda acentuada, como poderia se esperar, ao lado de outras considerações, por seus adversários não serem de primeira ordem. Se o match com Botvinnik, finalmente acertado no dia da morte do Dr. Alekhine, anunciaria para o Campeão um quinto e glorioso período em sua carreira é duvidoso, mas eu tenho certeza de que com o maravilhoso poder de recuperação do Dr. Alekhine e a sua determinação de aço, poderia ter sido o match do século. As conquistas do Dr. Alekhine, inclusive as abrangidas pelo período coberto por este livro, são dadas em seguida. Seus resultados até 1923 aparecem no primeiro volume das suas partidas. Ocuparia muito espaço para referir em detalhes os muitos torneios nos quais participou. Basta dizer que ele jogou setenta torneios, sem contar os cinco por equipes. Nesses setenta torneios, o Dr. Alekhine conquistou o primeiro prêmio quarenta e uma vezes, dividindo o primeiro lugar em nove ocasiões. Venceu ou dividiu o segundo lugar qua-
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torze vezes. Em nenhuma ocasião desde 1911 ele falhou em conquistar um prêmio quando participou em um torneio! Alekhine contribuiu com poucos trabalhos para a literatura enxadrística. Três importantes livros estão disponíveis na língua inglesa: o Torneio de Nova Iorque em 1924 e os dois volumes das suas próprias partidas. O valor desses livros reside nos comentários. Pela objetividade, clareza e nitidez apresentadas, estão sozinhos. A razão pela qual escreveu tão pouco é que ele não teria estado interessado em escrever para jogadores medianos, ainda que pudesse, e que a produção de livros medíocres, sem importar o quão lucrativos, era estranha à sua natureza. Pelo seu estilo de jogo, foi um verdadeiro artista; foi arte por causa da arte. A invenção de um método, o jogar de acordo com princípios definidos, não era para ele. Seu jogo não era nem clássico, nem hipermoderno. Combinava o melhor de todos os estilos conhecidos em um todo harmonioso; técnica era para ele um meio para um final. Ele foi verdadeiramente um grande artista. Em todos os dias da sua vida ele teve uma personalidade notável, com um bom aspecto físico e excelentes maneiras, em casa em qualquer companhia. Em algumas formas, o seu caráter era curiosamente contraditório. Embora ao tabuleiro ou na sala dos torneios ele tivesse o maior autocontrole, fora da atmosfera do xadrez era muito tímido, a ponto de muitos conhecidos o considerarem até mesmo arrogante. Ainda, após uma partida com um de seus companheiros mais fracos, nenhum grande mestre esteve mais disposto a desperdiçar seu tempo sobre a partida, analisando as posições, explicando seus motivos e gratuitamente dando incentivo e conselhos. Alekhine não tinha poucos detratores, mas que grande homem nunca os teve? Há, entretanto, um sério lapso que pode se voltar contra ele – sua falha em permitir a Capablanca um match revanche. Havia um profundo antagonismo entre os dois homens, que uma vez foram amigos. Como isso surgiu, se subitamente ou gradualmente, não é sabido, nem se poderá decidir quem estava errado. Em minha opinião, qualquer que tenha sido a circunstância do caso, foi Alekhine, o “homem da posse”, quem deveria abrir o caminho, quem deveria demonstrar um espírito mais generoso. Se assim o fizesse, quem sabe, após a queda da França, quando ele tentou ir para a América, uma mão salvadora poderia ser estendida a ele, e todo o capítulo trágico em seguida nunca fosse escrito. Mas quaisquer que tenham sido suas faltas, foram mais do que expiadas pelo seu triste fim. Entre os amantes do xadrez seu nome viverá para sempre ao lado de Philidor, Morphy, Lasker e Capablanca. (Paris 15/12/1881,¬Hastings 07/04/1956) foi pianista, enxadrista, jornalista, editor e * escritor. Durante alguns anos foi colunista de xadrez do The Field e do¬Manchester Guardian. Entre 1940 e 1949 foi editor chefe da British Chess Magazine. 10
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Em Memória de Alexander Alexandrovitch Alekhine
Ano 1909 1910 1911 1912 1912 1913 1913 1913 1914 1914 1920 1921 1921 1921 1922 1922 1922 1922 1923 1923 1923 1924 1925 1925 1925 1926 1926 1926 1926 1926 1927 1927 1929 1930 1930
Torneio Colocação São Petersburgo - Amador 1 Hamburgo 7 Carlsbad 8 Estocolmo 1 Vilna 6 S. Petersburgo - Quadrangular 1 Scheveningen 1 São Petersburgo 1 São Petersburgo 3 Mannheim 1 Moscou 1 Triberg 1 Budapeste 1 Haia 1 Pistyan 2 Londres 2 Hastings 1 Viena 4 Margate 2 Carlsbad 1 Portsmouth 1 Nova Iorque 3 Paris 1 Berna 1 Baden-Baden 1 Hastings 1 Semmering 2 Dresden 2 Scarborough 1 Birmingham 1 Nova Iorque 2 Kecskemet 1 Bradley Beach 1 San Remo 1 Hamburgo - Olimpíada -
1931 1931 1931 1932 1932 1932 1932 1933 1933
Nice - com consulta Praga - Olimpíada Bled Londres Berna Cidade do México Pasadena Folkestone - Olimpíada Paris
1 1 1 1 1/2 1 1
Partidas Vitórias Empates Derrotas 16 12 2 2 16 5 7 4 25 11 5 9 10 8 1 1 18 7 3 8 4 2 1 13 11 1 1 17 13 1 3 18 6 8 4 11 9 1 1 15 9 6 8 6 2 11 6 5 9 7 2 18 12 5 1 15 8 7 10 6 3 1 14 7 4 3 7 3 3 1 17 9 5 3 12 11 1 20 6 12 2 8 5 3 6 3 2 1 20 12 8 9 8 1 17 11 3 3 9 5 4 8 7 1 5 5 1 20 5 13 2 16 8 8 9 8 1 15 13 2 9 9 8 18 26 11 15 9 11 12 9
4 10 15 7 11 8 7 8 7
4 7 11 4 3 1 3 3 2
1 1 1 1 -
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Ano 1933/34 1934 1935 1935 1936 1936 1936 1936 1936 1936/37 1937 1937 1937 1938 1938 1938 1938 1939 1939 1939 1941 1941 1942 1942 1942 1942 1943 1943 1944 1945 1945 1945 1945 1945 1945
Torneio Colocação Hastings 2 Zurique 1 Varsóvia - Olimpíada Orebro 1 Bad Nauheim 1/2 Dresden 1 Podbrady 2 Nottingham 6 Amsterdã 3 Hastings 1 Margate 3 Kemeri 4/5 Bad Neunheim - Quadrangular 2/3 Montevidéu 1 Margate 1 Plymouth 1/2 AVRO 4/5/6 Caracas 1 Buenos Aires - Olimpíada Montevidéu 1 Munique 2/3 Cracóvia 1/2 Salzburbo 1 Munique 1 Cracóvia 1 Praga 1/2 Praga 1 Salzburg 1/2 Gijon 1 Madrid 1 Gijon 2/3 Sabadell 1 Almeria 1/2 Melilla 1 Cáceres 2
Partidas Vitórias Empates Derrotas 9 4 5 15 12 2 1 17 7 10 9 8 1 9 4 5 9 5 3 1 17 8 9 14 6 6 2 7 3 3 1 9 7 2 9 6 3 17 7 9 1 6 3 1 2 17 9 8 9 6 2 1 7 5 2 14 3 8 3 10 10 10 5 5 7 6 1 15 8 5 2 11 6 5 10 7 1 2 11 7 3 1 10 6 3 1 11 6 5 19 16 3 10 5 5 8 7 1 9 8 1 9 6 1 2 9 6 3 8 4 3 1 7 6 1 5 3 1 1
1927 1929 1934 1935 1937
Matches pelo Título Mundial Adversário Buenos Aires Capablanca Alemanha/Holanda Bogoljubov Eslovênia/Alemanha Bogoljubov Holanda Euwe Holanda Euwe
Partidas Vitórias Derrotas Empates 34 6 3 25 25 11 5 9 26 8 3 15 30 8 9 13 25 10 4 11
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Partidas de Torneios e Match com Capablanca - 1924 - 1927
Partida 1 Alekhine, A. - Réti, R. Torneio de Nova Iorque, março de 1924 Defesa Índia do Rei - E62
1.d4 Nf6 2.c4 g6 3.g3 Hoje em dia 3.Nc3 e5 4.Bf4 seguido por e3 etc. é considerado uma linha promissora. 3...Bg7 4.Bg2 0-0 5.Nc3 d6 6.Nf3 Nc6 Se as pretas não têm nada melhor (e parece ser o caso), do que induzir o avanço do peão das brancas a d5 – onde certamente diminuirá por enquanto o alcance da diagonal do bispo em g2 - mas por outro lado trará pressão considerável sobre a posição das pretas – então seu plano de desenvolvimento certamente não deve ser recomendado. 7.d5 Nb8 8.0-0 Bg4 A troca desse bispo não é razoável e simplesmente diminui o poder de resistência das pretas na posição. Da mesma forma não é
satisfatório 8...e5 devido a 9.dxe6 (ep) fxe6 10.Bg5 etc., como na minha partida contra Sir G. Thomas em Carlsbad, 1923. Por outro lado, deve-se considerar 8...a5 para assegurar por enquanto a casa c5 para o cavalo. Mas nesse caso, as brancas manteriam sua superioridade através da estrutura h3, Be3, Qc2, b3, a3 e finalmente b4. 9.h3 É importante esclarecer a situação antes que o adversário complete seu desenvolvimento. 9...Bxf3 10.exf3 Muito melhor do que tomar com o bispo, que manteria o peão e inativo por muito tempo, cujo avanço posterior restringiria a ação das próprias peças brancas. Entretanto, após o lance da partida, o peão defenderá a importante casa e5 e mais do que isso, as pretas deverão tomar cuidado com as ações hostis na coluna e aberta. 10...e6 O peão do rei deve ser trocado, mas seria 13
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
relativamente melhor para as pretas fazê-lo através de 10...e5. Dessa forma as brancas então teriam uma única boa resposta (10...e5 11.dxe6) na medida em que 11.f4 exf4 12.Bxf4 Nbd7 seria claramente tolerável para as pretas. Por outro lado, após o lance da partida, as brancas têm uma escolha agradável entre duas boas continuações.
11.f4 Bem mais favorável do que 11.dxe6 fxe6 12.Re1 Qd7 etc. Depois disso não seria fácil aproveitar as fraquezas centrais das pretas. 11...exd5 12.cxd5 Agora, entretanto, as pretas deverão escolher entre três caminhos difíceis: a. o enfraquecimento na casa c7, se mantiverem intacta a estrutura de peões; b. enfraquecimento da casa c6, se após ...c5 dxc5, se virem forçadas a jogar ...d5; c. e, finalmente, a linha que jogaram, através da qual obtiveram um peão isolado na coluna da dama, de difícil proteção das ações hostis da poderosa operação conjunta dos bispos adversários, que em breve causará o enfraquecimento decisivo da sua ala da dama. 12...c5 13.dxc6 Nxc6 14.Be3 Qd7 15.Qa4 A casa mais efetiva para a dama, a partir da qual exercerá pressão problemática sobre a ala da dama das pretas. 15...Rac8 16.Rad1 Ambos os jogadores seguem a mesma ideia, ou seja, seus peões da ala da dama devem ser mantidos fora do alcance dos bispos hostis. Aliás, 16. Bxa7 não deve ser joga14
do, é claro, devido a 16...Ra8 etc. 16...b6 17.b3 Este lance tem o objetivo adicional de proteger ainda mais a Dama antecipando as complicações subsequentes. Logo se tornará aparente a sua importância. 17...Rfd8 18.Rd3 Seria prematuro jogar de imediato 18.Nb5 devido a 18...d5 etc. Agora no entanto as brancas ameaçam fazer o seu lance após dobrar as torres e, dessa forma impedir que os esforços das pretas através de uma troca aliviem a pressão exercida pela Dama branca.
18...Ne7? Assim não! Esse lance conduz as pretas a uma desvantagem material imediata. Seria um pouco melhor 18...Nd5 19.Qa3 Bf8 20.Rfd1 com jogo certamente difícil para as pretas, mas ainda assim possível de defesa. 19.Nb5 d5 Claramente forçado. 20.Nxa7 Essa linha também é decorrente do 17º lance das brancas. 20...Ra8 21.Bxb6 Qxa4 As pretas não têm nada melhor, pois após 21...Rdb8 as brancas continuariam simplesmente com 22.Qxd7 Nxd7 23.Be3 Rb7 24.Bxd5 Nxd5 25.Rxd5 Raxa7 26.Bxa7 Rxa7 27.Rfd1 etc., com vantagem decisiva. 22.bxa4 Rd7 23.Nb5 Rxa4 Ameaçando também 24...Rb4 25.Rb3 Rxb3 26.axb3 Rb7 etc.
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Capítulo 1 - Partidas de Torneios e Match com Capablanca - 1924 - 1927
24.Nc3 Ra6 25.Rb1 Rb7 26.Bc5 Rxb1+ 27.Nxb1 Nc6 A posição agora se esclarece: as brancas mantém seu peão passado enquanto pemanece fraco o peão d das pretas.
28.Nc3! A forma mais rápida de vencer. Ao renunciar ao peão a2, as pretas em troca conquistam a possibilidade de forçar a entrada da torre no campo inimigo, onde será possível o ataque decisivo ao peão. O pacato 28.a3 permitiria ao adversário uma resistência mais teimosa após 28...Ra5 29.Be3 Rb5 etc. 28...Ra5 29.Be3 Nb4 Após 29...d4 não seguiria 30.Bxd4 Nxd4 31.Rxd4 Nd5! com chances de empate, mas 30.Bxc6! dxc3 31.a4 vencendo. 30.Rd2 h6 Se 30...Ne4, então 31.Nxe4 dxe4 32.Rd8+ Bf8 33.f5 vencendo. 31.a4! Ameaçando 32.Bb6 e dessa forma forçando o próximo lance das pretas. 31...Ne4 32.Nxe4 dxe4 33.Rd8+ Kh7 34.Bxe4 Rxa4 Se 34...f5 35.Rd7 Kh8 (ou 35...fxe4 36.Bd4 Rd5 37.Rxg7+ Kh8 38.Rd7+ seguido pela troca das torres e vencendo) 36.Bd4 Bxd4 37.Rxd4 fxe4 38.Rxb4, vencendo. 35.f5 O início da carga decisiva dos peões. No momento se ameaça 36.fxg6+ fxg6 37.Rd6 etc.
35...Ra6 36.h4 h5 Forçado devido à ameaça 37.h5 etc. 37.g4! Ra5 Ou 37...hxg4 38.h5 vencendo. 38.fxg6+ fxg6 39.gxh5 Rxh5 40.Bg5! Ganhando pelo menos a qualidade. 40…Bc3 41.Rd7+ Kg8 42.Bxg6 Agora, após 42…Rh8 as brancas vencem imediatamente através do avanço do peão h. As pretas abandonaram. Partida 2 Alekhine, A. - Janowwsky, D. Torneio de Nova Iorque, março de 1924 Defesa Índia da Dama - A53
1.d4 Nf6 2.c4 d6 3.Nc3 Bf5? Esse lance seria razoável se as brancas já tivessem desenvolvido o seu Cavalo do Rei, após o que o controle da casa e4 temporariamente permaneceria nas mãos das pretas. Mas na situação atual do bispo, após e4 das brancas de qualquer forma não terá futuro. O falecido Janowski certamente tinha grande habilidade na condução do par de bispos, mas não era um expert nas aberturas comparado com seus contemporâneos. 4.g3 Até 4.f3 e e4 refutaria estrategicamente o lance do Bispo das pretas. 4...c6 5.Bg2 Nbd7 6.e4 Bg6 7.Nge2 e5 8.h3 15
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Preparando Be3. A partir desse momento as pretas somente têm a escolha entre lances nais ou menos insatisfatórios. 8...Qb6 9.0-0 0-0-0 Isso fornece ao adversário um objetivo para um ataque direto, o que, devido à posição infeliz das peças pretas, terá para elas consequências catastróficas. O lance 9...Be7 seguido por 10.Be3 Qc7 permitiria resistência mais tenaz.
10.d5! Demolindo todas as esperanças das pretas de um eventual alívio através do lance ...d5. A liberação temporária da casa c5 é, em comparação com esse tema principal, completamente sem importância. 10...Nc5 11.Be3 cxd5 12.cxd5 Qa6 Aceitar o sacrifício do peão conduziria a uma posição claramente perdedora, por exemplo - 12...Qxb2 13.Bxc5 dxc5 14.Qa4 Qb6 15.f4! exf4 16.gxf4 etc. Mas a continuação da partida é da mesma forma sem perspectivas. 13.f3 Simples e decisivo. As pretas não têm uma defesa satisfatória contra b4. Se, por exemplo, 13...Qd3, então é claro, 14.Qc1 etc. 13...Kb8 14.b4 Ncd7 15.a4 Qc4 16.Qd2 Bom o suficiente. Mas considerando-se a tremenda vantagem posicional das brancas, não há necessidade de combinações. O simples 16.Rb1, seguido por Qd2 e Rfc1 vence16
ria com menos esforço. 16...Qxb4 Em uma posição assim, pode-se comer qualquer coisa! 17.Bxa7+ Ka8 18.Rfb1 Qa5 19.Be3 Nc5 20.Rb5 Qc7 21.a5 Nfd7 As pretas resistiram com sucesso relativo ao primeiro assalto, mas na medida em que as brancas podem atacar o Rei adversário com todas as suas sete peças, enquanto o ala do Rei das pretas permanece sem desenvolvimento e seu Bispo há muito esqueceu de que pode se mover, a vitória de brancas é apenas uma questão de tempo. 22.Nc1 Rc8 23.Nb3 Na6 Se 23...Nxb3, então 24.a6! forçando 24...b6 (24...Nxd2 ou 24...Nxa1 25.exb7 conduz ao mate forçado). 24.Na4 Be7 As pretas decidem entregar a qualidade, percebendo que se 24...Kb8 as brancas com 25.Rc1 Qd8 26.Rc6 procederiam um ataque decisivo.
25.Nb6+ A crise. Após 25...Nxb6 26.axb6 Qad lib 27.Rxa6+ venceria de imediato. 25...Kb8 26.Rc1 Ndc5 27.Nxc5 dxc5 28.Nxc8 Rxc8 29.Bf1 Qd7 30.Rb6 c4 Ou 30...Bd8 31.Rb2, ganhando o peão da mesma forma. 31.Rxc4 Rxc4 32.Bxc4 Qxh3 33.Qg2 Tecnicamente mais simples do que 33.Bxa6, que também venceria. 33...Qxg2+ 34.Kxg2 Bd8 35.Rb2 Kc8
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36.Bxa6 bxa6 37.Bb6 Bg5 38.Rc2+ Kb7 39.d6 f5 40.d7, e as pretas abandonaram. Partida 3 Alekhine, A. - Colle, E. Torneio de Paris, Fevereiro de 1925 Defesa Tchigorin - D07
1.d4 d5 2.c4 Nc6 3.Nf3 Bg4 4.Qa4 Um novo lance que introduzi aqui para evitar as variações usuais derivadas de 4.cxd5 Bxf3. Tive motivos motivos para fazê-lo, já que o falecido campeão belga era um excelente jogador desta defesa em particular e com ela obteve um grande número de sucessos notáveis. 4...Bxf3 5.exf3 e6 Após 5...dxc4 as brancas podem jogar tanto 6.Be3 ou, até melhor, sacrificar um peão por uma grande vantagem no desenvolvimento continuando com 6.Nc3 Qxd4 7.Be3 seguido por Bxc4. 6.Nc3 Bb4 7.a3 Vale a pena perder um tempo para ser informado de imediato sobre as intenções do Bispo das pretas. 7...Bxc3+ 8.bxc3 Nge7 9.Rb1 Rb8 10.cxd5 No Torneio Internacional de BadenBaden, que foi jogado um pouco depois do Torneio de Paris, joguei contra o mesmo adversário 10.Bd3 e obtive uma vantagem posicional mais convincente. Reproduzo aqui essa partida, pois além da abertura mais precisa das brancas, essa partida tem um final de Damas e Torres muito instrutivo, que provavelmente induziu o Dr. Lasker em selecionálo dentre os poucos que incluiu no seu livro clássico “Manual de Xadrez”. Essa foi a sequência dessa partida: 10.Bd3 dxc4 11.Bxc4 0-0 12.0-0 Nd5 13.Qc2 Nce7 14.Bd3 h6 15.c4 Nb6 16.Rd1 Nbc8 17.f4 b6 18.Bb2 c6 19.Qe2 Nd6 20.Qe5 Ne8 21.a4 Rb7 22.Re1 Nf6 23.Rbd1 Rd7 24.Bc2 a6 25.Qe2 Qb8 26.d5 cxd5 27.Bxf6 gxf6 28.Qg4+ Kh8 29.Qh4 Kg7
30.Qg4+ Kh8 31.Qh4 Kg7 32.Qg4+ Kh8 33.f5 Nxf5 34.Bxf5 exf5 35.Qxf5 Qd8 36.cxd5 Rd6 37.Qf4 Kh7 38.Qe4+ Kh8 39.Qe3 Kg7 40.Qd3 a5 41.Re3 Rg8 42.Rh3 Qd7 43.Qe3 f5 44.Rg3+ Kh7 45.Rxg8 Kxg8 46.Qg3+ Kh7 47.Qb3 Kg7 48.h3 Qd8 49.Qg3+ Kh7 50.Qe5 Qd7 51.Rd3 f6 52.Qd4 Qd8 53.Qc4 Qd7 54.Rd4 Kg7 55.Qd3 Kf7 56.g4 Kf8 57.gxf5 Qe8 58.Re4 Qh5 59.Rg4 Qf7 60.Qe3 Qh7 61.Rg6, e as pretas abandonaram. 10...Qxd5 11.Bd3 0-0 12.0-0
12...Qd6! Um belo lance posicional, liberando a casa d5 para o Cavalo e evitando o lance Bf4 das brancas. 13.Qc2 Ng6 14.f4 Nce7 Preparando ações centrais, iniciando com ...c5. 15.g3 Rfd8 16.Rd1 b6 17.a4 Esse lance enfraquece a casa b4 e assim permite às pretas obter alguma iniciativa no centro. Seria correto 17.Bb2, e se 17...c5 então 18.c4! cxd4 19.Bxd4 com alguma vantagem, pois se 19...Qxd4 20.Bxg6 (mas não 19...Qxa3 20.Ra1 Qb4 21.Ra4 Qd6 22.Be4! favorecendo as brancas). 17...Nd5! 18.Bd2 c5 19.f5 Tentando manter ainda uma ligeira pressão. A variante 19.c4 Nb4 20.Bxb4 cxb4 21.c5 bxc5 22.dxc5 Qc7 ofereceria ainda menores perspectivas de vitória. 19...exf5 20.Bxf5 cxd4 21.cxd4 Nde7 22.Bb4 Qf6 23.Bxe7 17
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Após 23.Bh3 Nd5! o par de Bispos teria pouca utilidade. Dessa forma as brancas tentam a vantagem através do seu peão passado em coordenação com a coluna aberta c. 23...Qxe7 24.Rbc1 O imediato 24.d5 teria como consequência o aumento da perspectiva de empate para as pretas através de 24...b5!. 24...Rd5 25.Be4 Rd7 26.d5 Qf6 27.Re1 O lance inicial de uma bem escondida rede de mate. 27...Rbd8 28.Qc6! Qg5 30.Qxd7! Esse sacrifício de Dama só foi possível pela Dama preta estar em g5 e dessa forma não permitir a fuga do Rei das pretas das torres dobradas na oitava fileira. 30…Rxd7 31.Re8+ Kh7 32.Rcc8 Rd8 33.Rexd8, e as pretas abandonaram. Partida 4 Alekhine, A. - Opocensky, K. Torneio de Paris, Fevereiro de 1925 Defesa Eslava - D10
As pretas estão certas em evitar a troca das Damas tanto com 28...Qxc6 29.dxc6 ou 28...Ne7 29.Qxf6 gxf6 e o lance 30.d6 é decisivo a favor das brancas. Mas por estranho que pareça, a casa g5 para a Dama – que parece muito natural – se provará fatal. O lance correto seria 28...Qd4 após o qual ainda não haveria nada decisivo para as brancas. 29.Bxg6 hxg6 Como a resposta mostrará, seria necessário 29...fxg6 (é claro que não 29...Qxg6 30.Qxd7) 30.Qe6+ Rf7 31.Rc8 Rxc8 32.Qxc8+ Rf8, após o que as brancas teriam a agradável escolha entre 33.Re8 Qf6 34.Rxf8+ Qxf8 35.Qc6 ou 33.Qc3; 33.Qe6+ Kh8 34.d6 Qd2 35.Re2 Qc1+ 36.Kg2 Qc6+ 37.Kh3, com posição vencedora em ambos os casos.
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1.d4 d5 2.c4 c6 3.Nc3 O meu segundo match contra o Dr. Euwe, no qual a resposta aparentemente promissora 3...dxc4 foi refutada de maneira convincente, provou que o lance do texto é pelo menos tão bom quanto o elegante 3.Nf3. 3...Nf6 4.e3 Bf5 5.cxd5 Nxd5 Se 5...cxd5, então é claro 6.Qb3 com vantagem. 6.Bc4 e6 7.Nge2 Jogado por Rubinstein contra Bogoljubov em Hastings 1922, criando várias dificuldades para as pretas devido à posição inativa do seu Bispo da Dama e por não poder retornar para a ala da Dama. 7...Nd7 8.e4 Nxc3 9.Nxc3 Bg6 10.0-0 Qh4 Após o mais natural 10...Bb4 as brancas manteriam sua vantagem posicional através
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de 11.f3. O lance da Dama prepara o grande roque e ao mesmo tempo garante a casa h5 para o bispo, no caso das brancas jogarem f4 e f5.
11.d5! Essa ação central baseada em cálculo preciso, pois as pretas agora forçarão as brancas a jogarem o enfraquecedor g3. Mas as brancas na prática não tinham outra forma de tomar a iniciativa – após 11.f3 0-0-0 as perspectivas da Dama das pretas seriam excelentes. 11...exd5 12.g3 Qf6 13.exd5 Bc5? O primeiro e já decisivo erro das pretas. Agora elas perdem a possibilidade de rocar e ao final sucumbem diante da incapacidade de coordenar a ação das torres. Seria necessário primeiro 13...Ne5 e somente após 14.Be2, Bc5; no caso de 15.Kg2 renovando a ameaça f4 etc., então 15...h5! praticamente forçando a resposta 16.h4 seguida por Bg5 etc. A posição nesse caso permaneceria repleta de dinamite, mas isso não significa sem esperanças para as pretas. 14.Re1+ Kf8 15.Bf4 Nb6 16.Bb3 h5 17.h4 Do lance 14 em diante as brancas só tem um objetivo: evitar a cooperação das Torres das pretas. 17...Kg8 18.Rc1 Bd4 19.dxc6 Após esse lance as brancas não têm como evitar a troca de um dos seus Bispos pelo Cavalo. 19...bxc6 20.Ne4 Bxe4 21.Rxe4 c5 Ou 21...Bxb2 22.Rc5! Nd5 23.Bxd5
cxd5 24.Rxd5 com vantagem decisiva. 22.Qe2 Iniciando o ataque final contra a casa f7. 22...g6 23.Bg5 Qd6 Atacando a casa g3. 24.Qf3 Qf8
25.Rxd4! Eliminando a única peça ativa inimiga e dessa forma quebrando na prática toda resistência. 25...cxd4 26.Rc6! Kh7 Após 26...Kg7 as brancas poderiam sacrificar outra torre: 27.Rxg6+! Kxg6 (ou 27...fxg6 28.Qb7+ seguido pelo mate) 28.Qf6+ Kh7 29.Bxf7 Rg8 30.Qf5+ Kg7 31.Qg6+ Kh8 32.Bf6+ e mate no próximo lance. 27.Bxf7 Rc8 28.Rxg6, e as pretas abandonaram. Partida 5 Tarrasch, S. - Alekhine, A. Torneio de Baden-Baden, 1925 Abertura Giuoco Piano - C53
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bc4 Bc5 4.c3 Bb6 5.d4 Qe7 6.0-0 Nf6! Esse lance criado por mim ao invés do usual 6...d6 deixa poucas escolhas às brancas, uma vez que seu peão e5 está atacado. 7.Re1 d6 8.a4 a6 9.h3 Uma preparação mais ou menos necessária 19
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para Be3. 9…0-0 10.Bg5 As brancas não têm nenhuma vantagem ao provocar o próximo lance das pretas e fariam melhor se jogassem direto 10.Be3. 10…h6 11.Be3 Se 11.Bh4, seguiria é claro, 11...Kh8 seguido de ...Rg8 e ...g5.
11...Qd8! Esse lance paradoxal – o mais difícil na partida – é muito efetivo. A ideia dupla de preparar uma ação central através de ...exd4 seguido por ...d5, ao mesmo tempo libera a coluna e para a ação da Torre. 12.Bd3 Re8 13.Nbd2 Ba7! Jogado em vista do possível Nc4 das brancas. 14.Qc2 exd4 No momento certo, pois as pretas não podem tomar com o Peão devido a ...Nb4. 15.Nxd4 Ne5 16.Bf1 d5! Após esse lance as pretas se tornam fortes no centro adversário. A justificativa tática para esse lance é mostrada pela variante 17.f4 Ng6 18.e5 Nh5! etc. 17.Rad1 c5 18.N4b3 Qc7 19.Bf4 Também após 19.exd5 Nxd5 20.Nc4 Nxc4 21.Bxc4 Nxe3 22.Rxe3 Rxe3 23.fxe3 Qe7 as pretas manteriam perspectivas algo melhores. 19...Nf3+! 20.Nxf3 Qxf4 21.exd5? O erro decisivo, após o qual a partida termina de forma rápida. Ao invés disso espera20
va 21.e5 e tinha esperanças de que após 21...Bf5 22.Qd2 Qxd2 23.Rxd2 Ne4 24.Rde2 (24.Rxd5 Be6 25.Red1) 24...Rad8 pudesse explorar a vantagem do par de bispos.
21...Bf5! Um importante lance intermediário, após o qual já não há mais defesa suficiente. Seria muito menos convincente 21...Bxh3 devido a 22.gxh3 Qxf3 23.Bg2, etc. 22.Bd3 Ou 22.Qd2 Qxa4 23.Nc1 Bc2! 24.Rxe8+ Rxe8 25.Re1 Ne4 26.Qf4 c4 27.Nd4 Bxd4 28.cxd4 Qb4 com vantagem decisiva para as pretas. 22...Bxh3 Mas não 22...Bxd3 23.Qxd3 c4 devido a 24.Qd2. 23.gxh3 Qxf3 24.Rxe8+ Após o intermediário 24.Bf1 e a troca das Torres pelas pretas, as brancas, é claro, perderiam sua última esperança – o peão passado. Mas após o lance da partida as pretas arrematam com um ataque de mate. 24...Rxe8 25.Bf1 Re5 26.c4 O lance 26.d6 obviamente não mudaria as coisas. 26...Rg5+ 27.Kh2 Ng4+ 28.hxg4 Rxg4 Com ameaça de mate inevitável. As brancas abandonaram.
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Capítulo 1 - Partidas de Torneios e Match com Capablanca - 1924 - 1927
Partida 6 Réti, R. - Alekhine, A. Torneio deBaden-Baden, 1925 Fianqueto do Rei - A00
1.g3 e5 2.Nf3 Uma experiência que Réti jamais repetiu após essa partida. As brancas pretendem jogar a Defesa Alekhine com as cores invertidas, ou seja, com um tempo a mais. Mas a forma como usaram esse tempo (g3) se tornou sua desvantagem (veja o próximo comentário). 2...e4 3.Nd4 d5 As pretas estão satisfeitas com o livre desenvolvimento das suas peças e com as perspectivas do meio jogo. Mas poderiam obter mais jogando 3...c5! 4.Nb3 c4 5.Nd4 Bc5 6.c3 Nc6 tendo ad absurdum um desenvolvimento com se fossem as brancas. 4.d3 exd3 5.Qxd3 Nf6 6.Bg2 Bb4+ Tentando trazer da forma mais rápida possível todas as peças para o jogo. Mas hoje em dia é provável que eu pensaria mais sobre a segurança das casas pretas na minha posição e dessa forma evitaria a troca de Bispos que se seguiu. 7.Bd2 Bxd2+ 8.Nxd2 0-0 9.c4! À excessão do seu primeiro lance excêntrico, Réti joga a abertura muito bem. As pretas não teriam nenhuma vantagem com a resposta 9...c5 devido a 10.N2b3, ameaçando tanto 11.Nxc5 como 11.cxd5.
9...Na6 Relativamente o melhor. Mas não se pode negar que as brancas conquistaram agora um tipo de pressão sobre a coluna c semi-aberta. 10.cxd5 Nb4 11.Qc4 Nbxd5 12.N2b3 c6 13.0-0 Re8 14.Rfd1 Bg4 15.Rd2 Após 15.h3 as pretas trariam seu Bispo para e4 via ...h5 e ...g6. 15...Qc8 16.Nc5 Bh3! 17.Bf3 Através do seu lance anterior, as pretas ofereceram um peão, que se aceito poderia ser fatal para as brancas, por exemplo: 17.Bxh3 Qxh3 18.Nxb7 Ng4 19.Nf3 Nde3! 20.fxe3 Nxe3 21.Qxf7+ Kh8 22.Nh4 Rf8, vencendo.
17...Bg4 Dando ao adversário a escolha dentre três possibilidades: (1) trocar seu querido Bispo do fianqueto; (2) aceitar de imediato o empate por repetição de lances – 18.Bg2 Bh3 19.Bf3 etc. – que nesse estágio inicial da partida sempre significa uma derrota moral para as brancas, e (3) posicionar o Bispo em uma casa pior (h1). Réti finalmente decide jogar para ganhar e assim permite às pretas iniciarem um contra-ataque muito interessante. 18.Bg2 Bh3 19.Bf3 Bg4 20.Bh1 Finalmente! 20...h5! Para com a troca desse peão enfraquecer a casa g3 das brancas. 21.b4 a6 22.Rc1 h4 23.a4 hxg3 24.hxg3 Qc7 25.b5 21
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Consequente, mas muito arriscado para dizer o mínimo. Ao jogar 25.e3 Nb6 26.Qb3 Qb8 27.Qc2 as brancas enfrentariam ameaças diretas ao seu Rei, mas a obstrução da diagonal dos bispos seria ao mesmo tempo o fim das suas esperanças na outra ala. 25...axb5 26.axb5
Qxb7 31.Rxe3! com algumas chances de salvação para as brancas. 30.Nxb7 Nxe2+ 31.Kh2 Ou 31.Kf1 Nxg3+ 32.fxg3 Bxf3 33.Bxf3 Rxf3+ 34.Kg2 Raa3 35.Rd8+ Kh7 36.Rh1+ Kg6 37.Rh3 Rfb3! vencendo.
26...Re3! Parece quase inacreditável que esse lance espetacular não somente pare o ataque das brancas como traga sérios problemas a elas. E assim é! É óbvio que a Torre não pode ser tomada devido a 27...Qxg3+ seguido por 28...Nxe3 vencendo. E também que as brancas precisam fazer algo para evitar 27...Rxg3+! etc. 27.Nf3 Como a sequência mostrará, esse lance natural perde forçado. Também seria insuficiente 27.Kh2 devido a 27...Raa3 28.Ncb3 (não 28.fxe3 Nxe3 seguido por ...Nf1+ etc.) 28...Qe5! 29.bxc6 bxc6 com poderoso ataque, pois 30.fxe3 seria ruim devido a 30...Qh5+ seguido por 31...Rh3. A única chance de salvação seria 27.Bf3! Bxf3 28.exf3! cxb5 29.Nxb5 Qa5! ainda com vantagem para as pretas, pois 30.Rxd5 perderia de imediato: 30...Re1+ 31.Rxe1 Qxe1+ seguido por ...Ra1. 27...cxb5 28.Qxb5 Nc3 29.Qxb7 Após 29.Qc4 a resposta 29...b5! seria decisiva. 29...Qxb7 E não 29...Nxe2+ devido a 30.Rxe2!
31...Ne4! O início de uma nova combinação – a qual, entretanto, é a consequência absolutamente lógica das manobras anteriores – com o objetivo, após uma série de doze lances praticamente forçados, de capturar o Cavalo branco exposto em b7. A captura da Torre das pretas ainda é um tabu pois se 32.fxe3 as brancas perderiam a qualidade com 32...Nxd2. 32.Rc4! Relativamente a melhor defesa. 32...Nxf2 Seria insuficiente 32...Nxd2 devido a 33.Nxd2! ou 32...Bxf3 devido a 33.Rxe4!. A situação ainda é muito complicada. 33.Bg2 Be6! Um dos lances importantes da combinação. 34.Rcc2 Aqui e na sequência, como é fácil de ver, as brancas não têm mais chances. 34...Ng4+ 35.Kh3 Mas não 35.Kh1, devido a 35...Ra1+. 35...Ne5+ 36.Kh2 Rxf3 37.Rxe2 Ng4+ 38.Kh3 Ne3+ 39.Kh2 Nxc2 40.Bxf3 Nd4 E agora se 41.Re3 (ou f2) então
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Capítulo 1 - Partidas de Torneios e Match com Capablanca - 1924 - 1927
41...Nxf3+ 42.Rxf3 Bd5! (o ponto final!) ganhando uma peça. As brancas abandonaram. Eu considero essa e a partida contra Bogoljubov em Hastings 1922 (cf. o livro “Minhas Melhores Partidas 1908-1923”) como as mais brilhantes jogadas em torneios na minha carreira enxadrística. E por uma coincidência peculiar, nenhuma das duas ganhou o prêmio de beleza em nenhum desses torneios, pois não eram conferidos! Partida 7 Alekhine, A. - Treybal, K. Torneio de Baden-Baden, 1925 Defesa Ortodoxa - D67
1.c4 e6 2.d4 d5 3.Nc3 Nf6 4.Bg5 Nbd7 5.e3 Be7 6.Nf3 0-0 7.Rc1 c6 8.Bd3 dxc4 9.Bxc4 Nd5 10.Bxe7 Qxe7 11.Ne4 Um lance muito seguro mas inofensivo, pelo qual tive predileção durante certo período da minha carreira, incluindo-se o match com Capablanca. Agora cheguei à conclusão de que o velho e bom 11.0-0, embora não extremamente promissor, ainda oferece mais chances de luta do que o lance do cavalo. 11…N7f6 Após essa resposta entretanto, as pretas terão dificuldades em libertar seu jogo através de ...e5 ou ...c5 e dessa forma a posição das brancas em breve será preferível. Bons métodos para se obter a igualdade seriam 11...N5f6 e após 12.Ng3 tanto 12...Qb4+ (Capablanca) ou até 12...e5 (Dr.Lasker). 12.Ng3 Qb4+ 13.Qd2 Qxd2+ 14.Kxd2 Rd8 15.Rhd1 Bd7 16.Ne5 Be8 17.Ke2 Kf8 18.f4 g6 Raramente é aconselhável em um final de partida posicionar os peões nas casas da cor do seu próprio bispo. Um plano mais lógico seria 18...Nd7, eventualmente seguido por 3...f6. 19.Kf3 Rac8 20.Bb3 Rc7 21.Ne2 Ne7 22.g4 Rdc8
23.Ng3! Após esse lance, a preparação das pretas para …f5 se torna inútil, pois teria consequências fatais após 24.g5, por exemplo: (I) 23...c5 24.g5 Nfd5 25.dxc5 Rxc5 26.Rxc5 Rxc5 27.Ne4 Rc7 28.Nd6 com posição extremamente vantajosa para as brancas; (II) 24...Nd7 25.Nxd7+ Bxd7 26.Rxc5 Rxc5 27.dxc5 Ke8 28.Kf2, e as brancas manteriam o peão de vantagem. 23…Nfd5 Com um lance tão passivo as pretas permitem às brancas as manobras efetivas dos Cavalos que se seguem 24.Ne4 Rd8 Após 24...f6 as brancas trocariam duas peças menores por uma Torre e dois Peões, obtendo dessa forma uma posição vencedora. Por exemplo: 25.Nc5! fxe5 26.Nxe6+ Kg8 27.Nxc7 e4+ (de outra forma 28.e4) 28.Kxe4 Rxc7 29.Kf3, seguido por e5, com vantagem decisiva. 25.Nc5 b6 26.Na6 Rcc8 27.e4
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
27…f6 Uma tentativa desesperada de conseguir alguma liberdade para as suas peças. Após 27...Nf6 (ou 27...Nc7 28.Nxc7 seguido por d5 com vantagem decisiva) 28.g5 Nd7 29.Ng4 Kg7 30.h4 as pretas rapidamente morreriam asfixiadas. 28.exd5 fxe5 29.d6! Forçando ganho de material decisivo. Se agora 29...e4+, então 30.Kxe4 Rxd6 31.Ke5! Rcd8 32.Nc7, vencendo. 29...Rxd6 30.fxe5 Rd5 Se 30...Rdd8 31.Bxe6 deixaria ainda nemos esperanças. 31.Bxd5 Nxd5 32.a3 O início de uma parte técnica bastante instrutiva. Daqui em diante as brancas forçarão a troca do Cavalo central do adversário. 32...g5 33.Nb4 Ne7 34.Nd3 Nd5 35.h4! gxh4 Se 35...h6, então 36.hxg5 seguido de Nf2-e4 (ou a3) etc. 36.Nf4 Nxf4 37.Kxf4 A próxima manobra das brancas será a eliminação do Peão h4 e o retorno do Rei para o centro para liberar a Torre da proteção do Peão d4. 37...Rd8 38.Kg5 Kg7 39.Kxh4 Rd5 40.Kg5 Rd8 41.Kf4 Rd7 42.Ke3 Rb7 43.b4 O início da terceira fase: a fixação dos pontos fracos das pretas. 43...a6 44.Rf1 Ra7 45.Rf6 Re7 46.a4 Kg8 47.a5 b5
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48.d5! Esse sacrifício de Peão para permitir a entrada vitoriosa do Rei na retaguarda adversária, é a conclusão absolutamente lógica de todo procedimento. 48...exd5 Ou 48...cxd5 49.Rc8, seguido por Ra8, etc. 49.e6 Kg7 50.g5 h5 51.Kd4 Rc7 52.Kc5 Rc8 53.Kb6 d4 54.e7!, e as pretas abandonaram. Embora essa partida, assim como a próxima, não tenham nenhum ponto emocionante em particular, resolvi incluí-las nessa seleção, pois ilustram de forma convincente os métodos a se seguir para explorar uma vantagem de espaço obtida no estágio da abertura. Partida 8 Thomas, G. - Alekhine, A. Torneio de Baden-Baden, 1925 Defesa Alekhine - B02
1.e4 Nf6 2.d3 Uma continuação muito inofensiva, que não promete nenhuma vantagem na abertura. 2...c5 3.f4 Nc6 4.Nf3 g6 5.Be2 Bg7 6.Nbd2? Após esse lance aparentemente não natural, o jogo das brancas resulta muito restrito. Seria um mal menor 6.c4, cedendo a casa d4, mas evitando o do duplo avanço do Peão c5 das pretas. 6...d5 7.0-0 0-0 8.Kh1 b6 9.exd5 Qxd5 Melhor até do que 9...Nxd5, que permite a resposta 10.Ne4. 10.Qe1 O sacrifício de peão através de 10.Ne5 se provaria insuficiente após 10...Nxe5 11.fxe5 Qxe5 12.Nc4 (ou 12.Bf3 Rb8 13.Nc4 Qc7) 12...Qe6! 13.Bf3 Nd5, etc. 10...Bb7 11.Nc4 Nd4 12.Ne3 Qc6 13.Bd1
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Capítulo 1 - Partidas de Torneios e Match com Capablanca - 1924 - 1927
13...Nd5! Praticamente forçando a troca de três peças menores, aumentando assim a vantagem posicional já conquistada através do método da simplificação. Adotei um procedimento similar na minha partida contra A. Evenssohn (veja “Minhas Melhores Partidas 1908 – 1923”). 14.Nxd4 As consequências da tentativa de ganhar um peão através de 14.Nxd5 seriam tristes: 14...Qxd5 15.Qxe7 Rfe8 16.Qg5 Nxf3 17.Bxf3 Qxg5 18.fxg5 Bxf3 19.gxf3 Re2 com vantagem decisiva. 14...cxd4 15.Nxd5 Qxd5 16.Bf3 Qd7 17.Bxb7 Qxb7 18.c4 De outra forma permaneceria a fraqueza horrível em c2. 18...dxc3 19.bxc3 Rac8 20.Bb2 Seria ligeiramente melhor 20.Bd2. 20...Rfd8 21.Rf3 Bf6 Liberando a Dama da defesa aborrecida de e7.
22.d4 A capitulação posicional, após a qual as pretas terão um jogo relativamente fácil para vencer, pois possuem o controle das casas brancas. Com a ameaça ...Qa6 conjugada com as torres dobradas na coluna d, as brancas já não têm chances reais. 22...Qd5 23.Qe3 Qb5! 24.Qd2 Rd5 25.h3 e6 26.Re1 Qa4 27.Ra1 b5 28.Qd1 Rc4 Também seria bom, é claro, 28...Qxd1, mas as pretas não têm pressa. O adversário não será capaz de evitar a troca. 29.Qb3 Rd6 30.Kh2 Ra6 31.Rff1 Be7 32.Kh1 Rcc6 Com o objetivo de forças as brancas a trocarem as Damas após ...Qc4 seguido de ...Ra5 e ...Rca6. 33.Rfe1 Bh4! Caçando a Torre na coluna e. Porque se por exemplo 34.Re2 então 34...Qxb3! 35.axb3 Rxa1+ 36.Bxa1 Ra6 37.Bb2 Ra2 38.b4 (38.Kh2 a5) 38...Bg3 39.d5 Bxf4 (ou 39...exd5 40.c4!) etc., vencendo com facilidade. 34.Rf1 Qc4 35.Qxc4 De outra forma as pretas jogariam, como já comentado, 35...Ra4 etc. 35...Rxc4 36.a3 Be7 37.Rfb1 Bd6! Forçando o peão g2 a ir para uma casa preta. 38.g3 Kf8 39.Kg2 Ke7 40.Kf2 Kd7 41.Ke2 Kc6 Após proteger seu peão b, as pretas ameaçam ...Rca4. 42.Ra2 Rca4 43.Rba1 Kd5 44.Kd3 R6a5 45.Bc1 a6 46.Bb2 h5 Ameaçando, é claro, 47...h4. 47.h4 f6 Após esse lance as brancas não têm defesa contra ...e5 etc. 48.Bc1 e5 49.fxe5 fxe5 50.Bb2 Ou 50.dxe5 Bxe5 51.Bf4 Bxf4 52.gxf4 Ke6! (o mais simples), vencendo. 50...exd4 51.cxd4 b4!, e as brancas abandonaram. 25
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Mais tarde Nimzovitsch, que sempre relutava em comentar as partidas dos seus colegas, distinguiu essa partida ao incluí-la como um exemplo em seu famoso livro “Meu Sistema”. Partida 9 Alekhine, A. - Marshall, F. Torneio de Baden-Baden, 1925 Defesa Irregular - D06
1.d4 Nf6 2.c4 d5 Esse lance é muito raramente adotado em partidas entre Mestres e de fato não deve ser recomendado. Entretanto teve um sucesso relativo na presente partida, graças à não muito precisa abertura jogada pelas brancas. 3.cxd5 Nxd5 4.e4 Como esse avanço não pode ser evitado pelas pretas, só deveria ser feito após o desenvolvimento das peças da ala do Rei. Um plano bom aqui seria 4.g3 seguido por Bg2, deixando e4 para um momento mais favorável. 4...Nf6 5.Bd3 Também após 5.Nc3 as pretas obteriam o mesmo com a resposta 5...e5. 5...e5! 6.dxe5 Ng4 7.Nf3 Nc6 8.Bg5!
As brancas imaginam que não podem obter qualquer tipo de vantagem ao tentar manter o peão a mais. Se, por exemplo, 8.Bf4 então 8...Nb4 9.Bb5+ Bd7 10.Bxd7+ Qxd7 11.Qxd7+ Kxd7 12.0-0 Nc2 13.Rd1+ Kc8 14.h3 (ou 14.Ng5 Nh6) 26
14...Nh6 e a vantagem posicional das brancas não compensa a perda da qualidade. 8...Be7 9.Bxe7 Qxe7 10.Nc3 Ncxe5 11.Nxe5 Qxe5 Mas aqui decididamente as pretas superestimaram a sua posição. Ao invés do lance da partida – o qual conforme as provas em seguida somente expõe a sua Dama ao ataque dos peões – poderiam conseguir uma partida com melhores perspectivas através de 11...Nxe5 12.0-0 0-0 13.Be2 Be6 etc. 12.h3 Nf6 13.Qd2! É certamente surpreendente como um simples manobra com a Dama – através da qual as brancas fortalecem as casas pretas da sua posição – aumenta suas chances no meio jogo. A partir de agora as pretas de forma gradual serão arrastadas a uma posição perdedora sem conseguirem fazer um lance que possa ser considerado realmente um erro. 13...Bd7
14.Qe3! Não somente controlando as casas d4 e c5, mas principalmente evitando o grande roque das pretas. 14...Bc6 15.0-0-0 0-0 Como as pretas não podem trazer seu Rei com segurança para a ala da Dama ( se 15...Qh5 então 16.Bc4) na prática elas não têm escolha. 16.f4 Qe6 Após 16...Qa5 17.e5 as pretas perderiam (assim também como jogado na partida) um Peão se continuassem com 17...Nd5
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Capítulo 1 - Partidas de Torneios e Match com Capablanca - 1924 - 1927
18.Nxd5 Bxd5 19.Bxh7+, seguido por Qxd3+ e Qxd5. 17.e5 Com a ameaça principal de 18.f5. 17...Rfe8 18.Rhe1 Rad8 Seria melhor 18...Nd7, após o que as brancas prosseguiriam o ataque com g4, etc. O lance da Torre permite às pretas conquistarem a vitória através de uma sequência forçada de lances. 19.f5 Qe7 20.Qg5 Nd5 21.f6 Qf8
22.Bc4! A ação desse Bispo na diagonal a2-g8 mostra-se decisiva de imediato. É importante observar que as pretas não dispõe aqui do lance intermediário 22...h6 devido a 23.fxg7 ganhando uma peça. 22...Nxc3 23.Rxd8 Rxd8 24.fxg7! Muito mais convincente do que 24.e6 Rd5!. 24...Nxa2+ Ou 24...Qe8 25.Bxf7+! Kxf7 26.Rf1+ Ke6 27.Rf6+ Kd5 28.Rf8, vencendo. 25.Kb1! E não 25.Bxa2 Qc5+. 25...Qe8 26.e6! Mais forte agora do que 26.Bxf7+. 26...Be4+ 27.Ka1 Também seria possível 27.Rxe4 Rd1+ 28.Kc2 Qa4+ 29.b3 Nb4+ 30.Kxd1 etc, mas o lance da partida é mais simples. 27...f5
Desespero. Também perderia 27...fxe6 28.Bxe6+ Qxe6 29.Qxd8+ Kxg7 30.Qd4+, seguido por 31.Rxe4. 28.e7+ Rd5 29.Qf6 Qf7 30.e8Q+, seguido de mate em dois lances. As pretas abandonaram. Partida 10 Davidson, J. - Alekhine, A. Torneio de Semmering, Abril de1926 Defesa Eslava - D46
1.d4 d5 2.Nf3 Nf6 3.c4 c6 4.e3 e6 O lance da moda nos dias de hoje é 4...Bf5, como o assim chamado sistema Merano iniciado pelo movimento do texto, que é considerado bastante favorável para as brancas. 5.Nc3 Nbd7 6.Qc2 O natural e melhor lance é 6.Bd3. Mas na época o sistema mencionado ainda não fora elaborado em seus detalhes. 6...Bd6 7.Bd3 0-0 8.0-0 Qe7 9.e4 dxc4 10.Bxc4 e5
Assim as pretas obtiveram uma posição similar à que Tchigorin considerava como perfeitamente jogável, mas com a vantagem considerável de que a sua Dama já ocupa a casa natural de desenvolvimento e7, enquanto a Dama das pretas está posicionada em c2, uma casa não particularmente tão boa. 11.Rd1 exd4 12.Nxd4 Nb6! 27
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Melhor do que 12...Ne5 13.Bf1 Ng6 14.Nf5 Bxf5 15.exf5 Ne5 16.Bg5 com bom jogo para as brancas. 13.Bf1 Rd8 Ameaçando 14...Bxh2+ 15.Kxh2 Rxd4 16.Rxd4 Qe5+ etc e dessa forma induzindo as brancas a enfraquecerem a posição do seu Rei. 14.h3 Bc7 Ameaçando ganhar uma peça através de 15...Rxd4 seguido por 16...Qe5. 15.Be3 Re8! O lance anterior das pretas atacou o Bispo em e3 e isso forçou o outro bispo a se mover para a terceira fileira. Como veremos, ambos os Bispos estão agora mal posicionados ou obstruem a ação de alguma outra peça e podem ainda serem atacados pelos Cavalos inimigos. 16.Bd3 Nh5 17.Nce2 g6 Principalmente para preparar o lance ...Ng7 para proteger a casa f5. 18.Re1 Nd7 19.Nf3 Após essa retirada as pretas conseguem um empurrão definitivo. Aqui esperava 19.f4 Ndf6 20.e5 Nd5 21.Bd2 Bb6, após o que, embora o jogo das pretas fosse ainda preferível, as brancas não ficariam sem chances de luta.
19...Bb6! Esperando aumentar a vantagem posicional já conquistada após 20.Bxb6 axb6, abrindo a coluna a para a ação da Torre. Para evi28
tar essa variante desagradável, as brancas tentam com os seus dois próximos lances complicar as coisas, mas o único que conseguem é a aceleração da sua catástrofe. 20.Bg5 Qc5! Se agora 21.Qxc5 Nxc5 22.Nc1 (forçado), então 22...f6 23.Bd2 Nxd3 24.Nxd3 Ng3 25.e5 Bf5 com vantagem posicional vencedora. 21.Nc3 Ne5! Forçando a troca em seguida e assim renovando o ataque na diagonal b2-g7 que se mostrará decisivo. 22.Nxe5 Qxe5 23.Be3 Bc7 24.Ne2 Também 24.g3 Bxh3 levaria à derrota a longo prazo. 24...Qh2+ 25.Kf1
25...Bxh3! Essa combinação com sacrifício não é particularmente complicada ou incomum. Mas seu valor cresce consideravelmente pelo fato de ser a conclusão lógica do jogo posicional anterior. 26.gxh3 Qxh3+ 27.Kg1 Bh2+ 28.Kh1 Nf4! Sem dúvida o caminho mais curto para a vitória. 29.Nxf4 Se 29.Bxf4, então 29...Bg3+ com mate em dois lances. 29...Bxf4+ 30.Kg1 Bh2+ 31.Kh1 Qf3+! O ápice de toda a combinação, que força a
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Capítulo 1 - Partidas de Torneios e Match com Capablanca - 1924 - 1927
troca da Dama pela Torre e Bispo. 32.Kxh2 Re5 33.Qc5 Único lance. 33...Rxc5 34.Bxc5 Qh5+ 35.Kg2 Qxc5 O restante é simplesmente uma questão rotineira. 36.Re3 Re8 37.Rae1 Qe5 38.R1e2 Re6 39.b3 Rf6 40.Rg3 Kg7 41.Bb1 Rf4 42.Bd3 Rh4 43.Kf3 Qf4+ 44.Kg2 Qc1 45.Kf3 h5 46.Rc2 Qd1+ 47.Ke3 Rh1 48.Kd4 h4 49.Re3 Re1 50.Rxe1 Qxe1 51.Re2 Qa1+ 52.Kc4 b5+, e as brancas abandonaram. Partida 11 Rubinstein, A. - Alekhine, A. Torneio de Semmering, Abril de 1926 Defesa Índia da Dama - E16 - Prêmio de Beleza
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nf3 b6 4.g3 Bb7 5.Bg2 Bb4+ Essa simplificação dificilmente é recomendável, pois o Bispo da Dama das brancas poderá no futuro desenvolver-se menos do que o Bispo do Rei das Pretas. Dessa forma promete mais 5...Be7. 6.Nbd2 Pelas razões mencionadas, 6.Bd2 parece ser a resposta mais lógica. 6...0-0 7.0-0 d5 Como veremos em seguida, isso é bom até para igualar. Também seria bom 7...Re8, seguido de ...Bf8. 8.a3 Be7 9.b4 c5 A forma correta de se manter o equilíbrio central. Seria insatisfatório para o senso posicional 9...a4 10.b5. 10.bxc5 bxc5 11.dxc5 Também seria satisfatório para as pretas 11.Rb1 Qc8 12.Qb3 Ba6. 11...Bxc5 12.Bb2 Nbd7 13.Ne5 Nxe5 14.Bxe5
14...Ng4! Essa distração não é tão inofensiva como parece. As brancas perderão a partida principalmente porque subestimaram sua importância. 15.Bc3 E não 15.Bb2 Qb6 etc. 15...Rb8 Nesse momento 15...Qb6 poderia ser respondido com 16.e3. O lance do texto prepara o eventual avanço do Peão d. 16.Rb1 Embora esse lance não possa ser considerado um erro fatal, certamente facilita os planos do adversário. Também seria insatisfatório 16.h3 Nxf2! 17.Rxf2 Qg5! 18.Nf1 Bxf2+ 19.Kxf2 dxc4 etc., com vantagem das pretas. Mas a continuação 16.cxd5 Bxd5! 17.Ne4! (mas não 17.e4 Nxf2 18.Rxf2 Bxf2+ 19.Kxf2 Qb6+ 20.Kf1 Bb7) com o consequente despejo do ameaçador Cavalo das pretas ainda obteria um jogo equilibrado. 16...d4! 17.Rxb7? Rubinstein não percebeu o surpreendente 18º lance das pretas e consequentemente ficará em desvantagem material. A única possibilidade aqui seria 17.Bb4 Bxg2 18.Kxg2 Qc7, alcançando uma posição que, embora favorável às pretas, ainda não seria decisiva. 17...Rxb7 18.Bxb7 29
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Se agora 30.Bxh7+ Kh8 31.Qe4, então 31...Qxe3+ 32.Kg2 f3+ 33.Kh3 Qe2! 34.Qg6 g4+ 35.Kh4 Be7+ 36.Kh5 Qxh2+, vencendo. As brancas abandonaram. Partida 12 Alekhine, A. - Gruenfeld, E. Torneio de Semmering, Abril de 1926 Gambito da Dama Aceito - D21
18...Nxf2! Por esse pseudo sacrifício as pretas forçam o ganho de pelo menos um peão com uma posição esmagadora. É claro, seria ineficaz o imediato 18...dxc3 devido a 19.Ne4 etc. 19.Kxf2 Outros lances não seriam melhores para dizer o mínimo, por exemplo: (I) 19.Qa1 (19.Rxf2? dxc3 vencendo) 19...dxc3 20.Nb3 Ng4+ 21.Nxc5 Qd4+; (II) 19.Ba5 Nxd1 20.Bxd8 d3+ 21.e3 Nxe3!, com vitória fácil para as pretas em ambos os casos. 19...dxc3+ 20.e3 Ou 20.Ke1 cxd2+ 21.Qxd2 Qb6 com rápido ataque decisivo. 20…cxd2 21.Ke2 Qb8 22.Bf3 Rd8 23.Qb1 Qd6 Conquistando a casa b4 para o Bispo. 24.a4 f5 25.Rd1 Bb4 26.Qc2 Qc5 27.Kf2 a5 28.Be2 g5 29.Bd3 f4!
1.d4 d5 2.c4 dxc4 3.Nf3 Bg4 Esse lance, recomendado na última edição do “Collijn’s Swedish Manual”, foi introduzido na prática magistral por Bogoljubov em sua partida contra Vukovic no Torneio de Viena, 1922. A presente partida mostra o perigo decorrente do desenvolvimento precoce do Bispo no caso de uma pequena imprecisão por parte das pretas. 4.Ne5 Bh5 5.Nc3 e6?
Já no 5º lance as pretas cometem o erro posicional decisivo! Seria necessário 5...Nd7, após o que pretendia jogar 6.Qa4 c6 7.Nxd7 Qxd7 (não 7...b5 8.Nxb5 cxb5 9.Qxb5 Qxd7 10.Qxh5) 8.Qxc4 seguido por e4 e Be3 com bom jogo. 6.g4! Bg6 7.h4 f6 Uma triste necessidade! 8.Qa4+ Também seria bom 8.Nxg6 hxg6 9.e3. 8...c6 9.Nxg6 hxg6 10.Qxc4 Kf7 11.e4 Nd7 12.Be3 Qa5 13.a3 30
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Capítulo 1 - Partidas de Torneios e Match com Capablanca - 1924 - 1927
Era importante evitar ...Qb4. 13...Re8 14.f4 Ne7 15.0-0-0 Em vez de 15.f5 Nc8 etc., que dificilmente se mostraria melhor do que o lance simples do texto.
Ou 20...Nc4 21.Bxc4 bxc4 22.Qxc4 etc., com um final facilmente vencedor. 21.Nxe4 Nxe4 22.Bxe4 Nf6 23.fxe6+ Rxe6 24.Bg6+! Mais forte do que ganhar a qualidade com 24.Bf5. 24…Ke7 25.Bxg5 b4 26.Bf5 Re2 27.Rhe1 Se agora 27...Qb5, então 28.a4! Qa6 29.Bd3 etc., e se 27...Rxe1, então 28.Rxe1+ Kd8 29.Qf7! seguido pelo mate. As pretas abandonaram. Partida 13 Saemisch, F. - Alekhine, A. Torneio de Dresden, Maio de 1926 Defesa Índia da Dama - E14
15...Nc8 16.f5 Nd6 17.Qa2! Após 17.Qb3 as pretas poderiam jogar 17...c5, o que agora perderia uma peça após 18.dxc5 e b4. 17...g5 18.h5 b5 As pretas já não têm mais lances satisfatórios.
19.e5! Em conjunção com o próximo lance, esse avanço é absolutamente decisivo. Não seria tão bom o imediato 19.Bd3 devido a 19...b4. 19...fxe5 Se ao invés disso 19...b4, então 20.exd6 bxc3 21.fxe6+ Rxe6 22.Bc4, vencendo. 20.Bd3! e4
1.d4 Nf6 2.Nf3 A opinião de que aqui é melhor 2.c4 é quase unânime nos dias de hoje. Mas na época dessa patida alguns Mestres ainda temiam o chamado “Gambito Budapest” (2...e5 como resposta a 2.c4). 2...b6 3.c4 Se 3.g3, então 3...Bb7 4.Bg2 c5!. 3...Bb7 4.e3 e6 5.Bd3 Bb4+ 6.Bd2 Bxd2+ 7.Nbxd2 d6 8.0-0 Nbd7 9.Qc2 As brancas obtiveram uma posição perfeitamente boa que poderia ser melhorada através de 9.Ng5 e se 9...h6, então 10.Nge4 00 11.f4 d5 (ou 11...Nxe4 12.Bxe4) 12.Ng3 c5 13.Qe2 seguido por Rad1. O lance do texto, embora não seja ruim, é sem objetivo e permite às pretas manterem seu bispo bem posicionado. 9...0-0 10.Rad1 Qe7 11.Ng5 Dois lances atrasado! 11...h6 12.Nh7 Ou 12.Nge4 Rfd8, de forma análoga à partida. 12...Rfd8 13.Nxf6+ Nxf6 14.Ne4 c5 15.Nxf6+ Qxf6 16.dxc5 As brancas conseguiram trocar quase todas 31
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
as peças menores, mas ainda estão muito longe de conseguir o empate pelo qual jogam de forma óbvia, pois a posição dos peões pretos é muito mais elástica. A troca do texto tem a desvantagem evidente de abrir a coluna b para o adversário, mas por outro lado a alternativa 16.Be4 também não seria satisfatória devido a 16...d5! 17.Bf3 (ou 17.cxd5 exd5 seguido por ...c4 com vantagem das pretas) 17...Ba6 18.b3 Rac8 etc., com vantagem das pretas.
16...bxc5! Após 16...dxc5 as pretas, devido à posição simétrica dos Peões, dificilmente evitariam o empate. 17.Rd2 Rab8 18.Rfd1 Bc6! 19.b3 É claro, não 19.Bh7+ Kh8 20.Rxd6? Rxd6 21.Rxd6 Rxb2 e as pretas vencem. Mas agora as brancas ameaçam tanto o ganho do peão como 19.Be4, que levaria a simplificações posteriores.
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19...Qe5! Um lance muito importante, que não somente estanca as ameaças mencionadas, como também prepara a melhoria posterior da posição das pretas através de ...f5. As brancas dessa forma não têm nada melhor do que oferecer a troca das Damas, resultando um final que se mostrará (devido à formação típica dos Peões) em muito instrutivo, apesar da sua aparente simplicidade. 20.Qb2 Qxb2 21.Rxb2 a5 22.Rbd2 Kf8 23.Bc2 Ke7 O primeiro resultado da estratégia das pretas no meio jogo. A chamada fraqueza no ponto e6 é puramente ilusória, e os problemas das brancas nas colunas a e b ao contrário são muito reais. 24.f3 a4! 25.Kf2 axb3 26.Bxb3 Após 26.axb3 as pretas assumiriam o controle total sobre a coluna a. 26...f5 Pode ser útil evitar e4. 27.Ke2 Rb4 28.Kd3 Ba4 O único, mas efetivo, método de provar a fraqueza das casas a2 e c4 das brancas. 29.Bxa4 Ou 29.Kc3 Rdb8! 30.Rb2 (30.Rxd6? Rxb3+! vencendo) 30...d5! etc., com vantagem das pretas. 29...Rxa4 30.Rb1 Perde o Peão, o que nesse tipo de posição é geralmente decisivo. Mas também 30.Rc1 Ra3+ 31.Ke2 Rda8 32.Rcc2 Rd8 seguido por ...Kf6 e ...d5 não deixaria esperanças a longo prazo. 30...Ra3+ 31.Ke2 Após 31.Rb3 Rda8 a vitória das pretas seria ainda mais simples. 32...Rc3 32.a4 Ra3! Muito melhor do que 32...Rxc4 33.Ra2, após o que o peão passado poderia criar alguns problemas para as pretas. 33.Rb7+ Rd7 34.Rdb2 Rxa4 35.Rxd7+ Kxd7 36.Rb7+ Kc6 37.Rxg7 Rxc4 38.Rg6 As brancas recuperam o Peão, mas isso se mostra sem nenhum efeito na ocupação da
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Capítulo 1 - Partidas de Torneios e Match com Capablanca - 1924 - 1927
segunda fileira pela Torre das pretas, e o Rei apóia o Peão c passado. O restante é pura rotina. 38...Kd5 39.Rxh6 Rc2+ 40.Kf1 c4 41.Rh8 c3 42.h4 Ou 42.Rc8 f4 43.exf4 Kd4 44.h4 Ke3 45.Kg1 Kxf4 46.h5 Kg5 47.g4 d5, vencendo com facilidade. 42...Rd2 43.Ke1 Rxg2 44.Rc8 c2 45.h5 Rh2 46.h6 Rxh6 47.Rxc2 Rh1+ 48.Kd2 Rh2+ 49.Kd3 Rxc2, e as brancas abandonaram.
6.Bxd6 cxd6 7.e3 0-0 8.Be2 E não 8.Bd3, pois pretende jogar Nxe4 após o lance ...d5, seguido por ...Ne4. 8...d5 9.0-0 Nc6 10.c3 Se 10.Ne5, então 10...Ne7 seguido por ...d6. 10...Ne4! As pretas já tomaram a iniciativa. 11.Nxe4 dxe4 12.Nd2 f5 13.f4 De outra forma as pretas jogariam ...Qg5 evitando o lance do texto por muito tempo.
Partida 14 Rubinstein, A. - Alekhine, A. Torneio de Dresden, Maio de 1926 Defesa Índia da Dama - E14 - Prêmio de Beleza
1.d4 Nf6 2.Nf3 e6 3.Bf4 b6 4.h3 Certamente não é necessário evitar o Cavalo das pretas em a5 nesse momento. O enfraquecimento da casa g3 me deu a ideia de um sistema de desenvolvimento incomum, mas como se provará, muito efetivo. 4…Bb7 5.Nbd2 Bd6!
Após esse lance, as brancas têm a escolha desagradável entre (1) a troca, com o fortalecimento da posição central das pretas; (2) 6.e3, que estragaria a sua estrutura de peões após 6...Bxf4; e (3) 6.Bg5 pelo qual as pretas teriam a vantagem do par de Bispos através de ...h6.
13...g5! As pretas precisam jogar de forma enérgica antes que o adversário encontre tempo para coordenar a atividade das suas peças. 14.Nc4 d5 15.Ne5 Nxe5 Muito melhor do que 15...gxf4 16.Nxc6! seguido por Rxf4. 16.dxe5 No caso de 16.fxe5 as pretas eventalmente romperiam com ...f4. 16...Kh8 17.a4? As brancas não têm tempo para esse contra-ataque. Sua única chance de uma defesa bem sucedida seria 17.g3 seguido de 18.Kh2 etc. Após perder essa oportunidade, as pretas de forma gradual exercerão uma pressão esmagadora. 17...Rg8 18.Qd2 gxf4! No momento certo, pois as brancas não podem retomar o peão devido a 19...Qh4 com a dupla ameaça de 20...Qxh3 ou 20...Rxg2+!. 33
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19.Rxf4 Qg5 20.Bf1 Qg3! Forçando o próximo lance de Rei das brancas e preparando assim o ganho de um tempo no 23º lance. 21.Kh1 Qg7 22.Qd4 Ba6! 23.Rf2 As brancas obviamente não têm escolha. 23...Qg3! Veja o comentário ao 20º lance das pretas. 24.Rc2 Bxf1 25.Rxf1 Rac8 Sempre trabalhando com ganhos de tempos, as pretas agora ameaçam 26...Rc4. 26.b3 Rc7 27.Re2 Rcg7 28.Rf4
Então as brancas oferecem um peão na esperança de trocar o par de Torres e assim enfraquecer o ataque do inimigo. 29.Qb4 Rh6 30.h4 De novo absolutamente forçado. 30...Qg7! Muito melhor do que o prosaico 30...Rxh4+. Se agora 31.Qd6, então 31...Rg6 32.Rff2 f4! 33.exf4 e3! vencendo. 31.c4 Rg6 32.Qd2 Rg3! Ameaçando 33...Rh3+ 34.Kg1 Qg3; e se de imediato 33.Kg1, então 33.d4! 34.exd4 e3! 35.Qc2 (ou b2) 35…Rh3, seguido por …Qg3 vencendo. As brancas não têm salvação. 33.Qe1 Rxg2, e as brancas abandonaram. Partida 15 Alekhine, A. - Nimzowitsch, A. Torneio de Nova Iorque, Março de 1927 Defesa Nimzowitsch - E32
28...Rg6! Após esse lance chegamos a uma posição altamente original, cujas particularidades excepcionais são as seguintes: A ameaça imediata das pretas é 29...Rh6 30.Qd1 Qg7 ganhando o Peão e5, pois 31.Qd4 seria respondido por 31...Rxh3+. Se as brancas tentarem parar esse ataque com 29.Qd1, as pretas da mesma forma jogariam 29...Rh6!, colocando o adversário em posição de completo zwgzwang. De fato, (1) A Torre em f4 não pode se mover devido a 30...Qxe5. (2) A Torre em e2 está amarrada à defesa das casas e3 e g2. (3) O Rei não pode se mover devido a 30...R (ou Q) x h3. (4) A Dama não pode se mover para a primeira fileira devido a 30...Qg7! etc., nem para a coluna d devido a 30...Rxh3+! etc. (5) Finalmente no caso de 30.b4 as pretas venceriam através de 30...Qg6 31.Qd4 Rc8! seguido de 32...Rc4. 34
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nc3 Bb4 4.Qc2 d6 O único lance moderno nos dias de hoje (veja, por exemplo, meu segundo match com o Dr. Euwe) é 4...d5. 5.Bg5 Nbd7 6.e3 b6 7.Bd3 Bb7 8.f3 Ao manter o controle da casa e4 as brancas tornam muito difícil para o adversário formular um plano adequado de desenvolvimento posterior. 8…Bxc3+ 9.Qxc3 c5 10.Nh3! As brancas aqui esperavam 10.Ne2 ou 10.Rd1, ambos simplificando as coisas através de 10...NQ5!. O lance escolhido permite às brancas o uso efetivo dos seus Bispos. 10...h6 11.Bf4 E não 11.Bh4 devido a possibilidade de ...g5 e ...g4. 11...Qe7 12.Bg3! As pretas ameaçavam 12...e5, seguido eventualmente de ...e4.
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12...e5? Esse lance não é só uma tentativa não natural de definir a situação central, mas também já é quase o erro decisivo. Após o simples 12...0-0 as brancas não teriam facilidade em explorar a nítida fraqueza das casas pretas na posição inimiga. 13.dxe5 dxe5 14.0-0-0 g6 Seria sem utilidade 14...e4 15.Be2 e o imediato 14...0-0-0 seria respondido por 15.Bf5 g6 16.Bxe5! gxf5 17.Rxd7 seguido de 18.Bxf6 ou 18.Bxh8 etc., com vantagem decisiva. 15.Bc2 Esse Bispo se mostrará muito útil na diagonal a4-e8. 15...0-0-0 16.Ba4 Rhe8 17.Nf2 Qe6 As pretas querem desalojar o ameaçador Bispo branco do adversário, mas seu plano levará um tempo, o qual as brancas utilizarão para fortalecer sua pressão sobre a coluna d de forma decisiva. Uma chance de salvação ligeiramente melhor seria 17...Nh5, e se 18.Rd2 então 18...Nxg3 19.hxg3 Rh8! 20.Rhd1 Nb8 etc. 18.Nd3 Re7 19.Rd2 Rde8 20.Rhd1 Se agora 20...Nh5 então simplesmente 21.Bxd7+ Rxd7 22.Nxc5 vencendo. 20...Bc6
21.Bc2! Nh5 Nessa posição com aparência bastante inofensiva – somente um Peão foi trocado e nenhuma das peças brancas estão situadas além da terceira fileira – as pretas já estão completamente indefesas contra as ameaças de 22.Nxc5 seguido por 23.Rd6, ou alternativamente 22.b4. Se por exemplo 21...Kc7 (para proteger d6), então 22.b4! cxb4 23.Nxb4 Nc5 24.Nd5+ Bxd5 25.cxd5 Qd6 26.f4!, vencendo. E após o lance do texto as pretas perdem a Dama e um Peão por uma Torre e um Cavalo, após o que o restante será uma questão de técnica. Embora essa partida seja uma das minhas conquistas mais felizes no domínio estratégico da abertura, passou quase despercebida simplesmente pela sua extensão e a preferência de muitos dos jornalistas do xadrez por partidas curtas e brilhantes. Certamente não tenho culpa de que Nimzovitsch (que brigava pelo segundo lugar, que ficaria fortemente comprometido por essa derrota) decidiu lutar uma batalha desesperada até seu amargo fim. 22.Nxc5! Nxc5 23.Rd6 Nxg3 24.hxg3 Qxd6 25.Rxd6 Rc7 26.b4 Nb7 27.Rxc6 É óbvio que qualquer diminuição de material sobre o tabuleiro daqui para frente favorecerá as brancas. 27...Rxc6 28.Ba4 Ree6 29.Bxc6 Rxc6 30.Qxe5 Essa troca em particular abre novas frentes para a ação tanto da Dama quanto do Rei branco. 30...Rxc4+ 31.Kd2 h5 32.a3 35
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O próximo objetivo das brancas será amarrar a Torre e o Cavalo das pretas. Elas conseguirão, ao trazer a sua Dama para uma posição muito forte no meio do tabuleiro (veja o 43º lance). 32...Rc7 33.Qe8+ Nd8 34.e4 Rd7+ 35.Ke3 Rc7 36.Kf4 Também seria bom 36.Kf2, seguido por Kg1, Kh2 e eventualmente f4, f5 etc. Mas as brancas querem que o seu Rei participe da batalha final. 36...Rc3 37.a4 Rc2 38.Qe7 Rc7 39.Qf6 Rc2 40.Qe7 Rc7 41.Qd6 Ne6+ 42.Ke5 Ou 42.Ke3-f2-g1 etc., como mencionado no comentário anterior. 42...Nd8 43.Qd5! Rc6 44.Kf4 A partir de agora as brancas decidem provocar o lance ...a5 que criará nova fraqueza no ponto b6 das pretas. 44...Ne6+ 45.Ke3 Rc3+ 46.Ke2 Rc7 47.f4 Nd8 48.Ke3 Rc3+ 49.Kd4 Rc7 50.Ke5! a5 Praticamente forçado, pois após 50...Rc6 51.f5! etc, e não haveria mais lances satisfatórios. 51.Qa8+ Kd7 52.b5 Ke7 Se ao invés 52...Rb7, 53.Kf6 etc. 53.f5! E não 53.Qb8? devido a 53...Ne6! ganhando a dama graças à ameaça de mate em c5. 53...f6+ 54.Kd4 Rd7+ 55.Ke3 gxf5 56.exf5 Após esse lance o Peão h5 das pretas cairá rapidamente. 56...Nf7 57.Qf3 Ne5 A posição desse Cavalo é muito boa, mas não suficiente para compensar a perda de material em seguida. 58.Qxh5 Rd3+ 59.Kf2 Rd2+ 60.Kf1 Rd4 61.Qh7+ Kd6 Se 61...Nf7, então 62.Qg8, seguido por Qb8 com o ganho do Peão b6. 62.Qb7 Nd7 63.Qc6+ Ke7 64.Qe6+ Kd8 65.Qb3 Rb4 66.Qd1 Ke7 67.Qe2+ Kd8 68.Qa2 Ke7 69.Ke2! Re4+ 36
Ou 69...Kd8 70.Qg8+, seguido por 71.g4 etc. 70.Kf3 Rb4 71.Ke3 Nc5 72.Qg8 Nd7
73.g4! Agora a decisão será rápida. 73... Rxa4 74.g5 fxg5 75.Qxg5+ Kd6 76.Qg6+ Kc7 77.Qc6+ Kd8 78.f6 Ra1 79.g4 Rf1 80.g5 Rf5 81.Qa8+ Kc7 82.Qc6+ Kd8 83.g6! Se agora 83...Rxf6, então 84.g7 e se 83...Nxf6 então 84.Qd6+ seguido por 85.g7 etc. As pretas abandonaram. Partida 16 Alekhine, A. - Marshall, F. Torneio de Nova Iorque, Março de 1927 Abertura do Peão de Dama - E10 - Prêmio de Beleza
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nf3 Ne4 Esse lance não natural e uma perda de tempo pode ser respondido com sucesso de várias maneiras. Uma das mais simples é 4.Qc2, e no caso de 4...d5 ou 4...f5, 5.Nc3 etc. 4.Nfd2 Com a ideia óbvia de trocar em e4 e desenvolver o outro cavalo a c3. A presente partida prova de maneira bastante convincente a solidez desse esquema. 4...Bb4 Uma armadilha típica de Marshall: se agora 5.a3 então 5...Qf6! com vitória imediata.
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5.Qc2 d5 Ou 5...f5 6.a3 forçando a troca de ambas as peças ativas das pretas. 6.Nc3 f5 7.Ndxe4 Após esse lance as brancas com facilidade forçarão a abertura das colunas centrais através de f3 e eventualmente e4. E como têm melhor desenvolvimento, essa abertura assegura-lhes uma substancial vantagem posicional. 7...fxe4 8.Bf4 Esse Bispo protegerá a posição do Rei contra qualquer ataque inesperado.
metida através de jogo combinatório. 15.fxe4 Rxf1+ 16.Rxf1 e5 Ou 16...dxc4 17.Bxc4 Nb6 18.Qf2! etc., com clara vantagem. 17.Qd2! O lance inicial da manobra decisiva. Se agora 17...Qb6 então 18.c5 Qa5 19.exd5 exd4 20.b4! dxc3 21.Qg5 Qc7 22.d6 h6 23.Qe7, vencendo. 17...c5 Tentando aumentar a pressão a qualquer custo, mas a troca dos Peões se mostrará rapidamente desastrosa.
8...0-0 9.e3 c6 As brancas ameaçavam através de 10.a3 forçar a troca do Bispo pelo seu Cavalo (10.a3 Bd6? 11.Bxd6 seguido por 12.cxd5 exd5 13.Nxd5! etc.). 10.Be2 Nd7 11.a3 Considero esse lance como mais saudável do que 11.0-0 Nf6 12.f3 Nh5! 13.fxe4 Nxf4 14.Rxf4 Rxf4 15.exf4 dxc4 etc. 11...Be7 Após a troca em c3 as casas pretas permaneceriam irremediavelmente fracas. 12.0-0 Bg5 É difícil encontrar algo melhor. 13.f3 Bxf4 14.exf4 Rxf4 Ao invés disso, o lance 14...exf3 15.Rxf3 Nf6 16.f5! seria uma alternativa bastante triste devido à fraqueza da casa e6. Com o lance do texto, em conjunto com os dois próximos, Marshall tentará salvar sua partida já compro-
18.dxe5! Seria errado ao invés disso 18.Nxd5 cxd4 19.Qb4 devido a 19...Nf6. 18...d4 19.Qf4! Esse sacrifício em conexão com o “tranquilo” 21º lance é sem dúvida o método mais rápido e seguro para forçar a vitória. Não 19.Nd5 devido a 19...Nxe5 seguido por 20...Qd6 etc. 19...dxc3 Forçado. 20.Qf7+ Kh8 21.bxc3! Isso sozinho prova a correção do sacrifício. Era tentador, mas prematuro, ao invés disso 21.e6 devido a 21...Nf6 22.e7 Qg8 23.Rxf6 Bg4! 24.Qxg8+ Kxg8 25.Rd6 Re8!, etc. com vantagem das pretas. 21...Qg8 22.Qe7 h6 23.Bh5! E não 23.e6 Nf6 24.e5 Nh7!, etc. 23...a5 37
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Se 23...Qxc4, então é claro 24.Bf7. 24.e6 g6 25.exd7 Bxd7 26.Rf7, e as pretas abandonaram. Partida 17 Alekhine, A. - Asztalos, L. Torneio de Kecskemet, Julho de 1927 Defesa Ortodoxa - D43 - Prêmio de Beleza
1.Nf3 d5 2.c4 e6 3.d4 Nf6 4.Bg5 h6 Esse lance é considerado de forma correta como não satisfatório, uma vez que o par de Bispos das pretas não compensa a vantagem das brancas em espaço. A linha moderna 4...Bb5+, conectada com 5...dxc4 (formando a assim chamada Variante Viena) ainda não foi analisada em sua totalidade, mas de qualquer forma oferece mais chances de luta do que a escolhida na partida. 5.Bxf6 Qxf6 6.Nc3 c6 7.Qb3 A preparação correta para e4. 7...Nd7 8.e4 dxe4 9.Nxe4 Qf4 10.Bd3 Be7 11.0-0 0-0 12.Rfe1 Rd8 13.Rad1 Qc7 Como consequência da variante empregada, as pretas têm algumas dificuldades em desenvolver as suas peças, especialmente o Bispo da Dama. A retirada da Dama é praticamente forçada, se 13...Nf8 por exemplo, então 14.Qc3 com a ameaça de 15.Ne5. 14.Ng3 Nf8
15.Qc3! 38
As brancas pretendem continuar com Nh5 seguido por d5, que forçará uma fraqueza fatal na posição do Rei das pretas. A manobra das pretas em seguida estanca esse perigo, mas ao custo da desordem dos Peões na ala da Dama. 15...a5 16.a3 a4 17.Ne5 Após 17.Nh5 a resposta 17...Qa5 forçaria a troca das Damas. 17...Qa5 18.Qc1 Bd7 19.c5! A resposta lógica ao avanço do Peão a das pretas. As brancas agora ameaçam instalar o seu Cavalo em b6 e assim forçar os lances os lances seguintes dos Peões, o que retirará a proteção natural do Peão c6 das pretas. 19...b5 20.Be4 Qc7 21.Qc3 Ameaçando 22.Qf3 etc. 21...Be8 22.Ne2! O início de uma série de manobras contra as quais as pretas não têm defesas adequadas. Em primeiro lugar, as brancas ameaçam trazer o Cavalo via c1 para b4 e para evitar isso as pretas são forçadas a trocar o seu valioso Cavalo, deixando assim a casa h7 sem defesa. 22...Ra6 23.Nc1 Nd7 24.Nxd7 Rxd7 25.Nd3 Rd8 26.Ne5 Bf8 Com a esperança de construir uma nova posição de defesa através de ...g6 seguido por Bg7. Mas o próximo lance das brancas não deixa tempo para isso.
27.h4! Raa8 Se 27...g6, então 28.h5 g5 29.f4! com a rápida demolição do último baluarte das pretas.
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28.Bb1 Ameaçando 29.Qc2 g6 30.h5, etc. 28...h5 29.Qf3 g6 30.g4 hxg4 31.Qxg4 Bg7 32.Ba2! Um lance importante que evita o avanço do Peão f das pretas. As pretas não podem preparar esse avanço através de 32...Qe7 devido à resposta 33.Nxg6!, com vitória imediata. 32...b4! Um recurso engenhoso, mas insuficiente: se 33.axb4, então 33...a3 34.bxa3 Rxa3 etc., com algum contrajogo. 33.Bc4! bxa3 34.bxa3 Qa5 35.Qe4 O melhor. Seria prematuro 35.Nxg6 Rxd4!, ou 35.h5 gxh5 36.Qxh5 Rxd4! etc. 35...Qc7 36.Qf4 Preparando o lance seguinte de Peão, contra o qual não existe defesa. 36...Rab8 37.h5! gxh5 38.Kh1 Rb7 39.Rg1 Qe7
40.Rxg7+! As pretas esperavam terem se defendido dessa possibilidade através do seu último lance. Já a combinação ainda funciona devido ao ponto inesperado no 42º lance. 40...Kxg7 41.Rg1+ Kh7 42.Nxf7!! Somente assim! Se agora 42...Qxf7, então 43.Bd3+ Qg6 44.Bxg6+ Bxg6 45.Rxg6! Kxg6 46.Qe4+ Kg7 47.Qe5+! e as pretas, após mais alguns xeques, perceberão a perda inevitável de uma das suas Torres. As pretas abandonaram.
Partida 18 Alekhine, A. - Tartakower, S.. Torneio de Kecskemet, Julho de 1927 Defesa Caro-Kann - B15
1.e4 c6 2.d4 d5 3.Nc3 dxe4 4.Nxe4 Nf6 5.Ng3 No Torneio Internacional de Hastings 1936-1937 tentei com sucesso contra W.Winter o sacrifício de Peão 5.Bd3 recomendado pelo Dr.Tarrasch pouco antes da sua morte. Essa partida prosseguiu com 5...Qxd4 6.Nf3 Qd8 7.Qe2 Nxe4 (aqui seria ligeiramente prematuro 7...Nbd7 como quatro (!) amadores com consulta jogaram contra mim em Majorca, janeiro de 1935 – devido à resposta desagradável 8.Nd6 mate...) 8.Bxe4 Nd7 9.0-0 Nc5 10.Rd1 Qc7 11.Ne5 Nxe4 12.Qxe4 Be6 13.Bf4 Qc8 14.Nc4! g5!? 15.Bxg5 Rg8 16.Bf4 Bxc4 17.Qxc4 Qg4 18.g3 e5 19.Re1 (uma solução mais elegante seria 19.Qb3! pois 19...exf4 ou 19...Qxf4 levaria a um desastre imediato após 20.Qxb7) 19...0-0-0 20.Rxe5 e as pretas abandonaram alguns lances depois. 5...e5 Muito provavelmente suficiente para equilibrar. Mas para conseguir isso, as pretas devem jogar os próximos lances com cuidado. 6.Nf3 exd4 7.Nxd4 Também 7.Qxd4 Qxd4 8.Nxd4 Bc5 9.Ndf5 0-0 10.Be3 jogado por mim contra Capablanca em Nova Iorque, 1927, também não dá qualquer chance séria de complicações favoráveis. 7...Bc5 Já uma séria perda de tempo. Era indicado o imediato 7...Be2 seguido pelo roque com uma posição satisfatória.
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8.Qe2+! Be7 Ou 8...Qe7 9.Qxe7+ Bxe7 10.Ndf5 com alguma vantagem para as brancas. 9.Be3 c5? Essa tentativa de evitar o roque para a ala da Dama das pretas falha completamente. Um mal muito menor seria 9...0-0 10.0-0-0 Qa5 11.Kb1 Nd5 12.Qf3 com nenhum perigo imediato para as pretas. 10.Ndf5 0-0 11.Qc4! Um lance importante, que prepara com o ganho de um tempo (ao atacar o peão c5 das pretas) o desenvolvimento do Bispo do Rei. 11...Re8 Também após o imediato 11...b6 as brancas gradualmente obteriam um ataque vitorioso ao jogar 12.Rd1 seguido de Qh4 etc. 12.Bd3 b6 13.0-0-0 Ba6 É óbvio que outros lances também conduziriam a uma catástrofe mais ou menos rápida.
40
14.Nh6+! Ao realizar essa combinação forçada as brancas calcularam que seu adversário não obteria três peças pela Dama, mas – como consequência da fraqueza da sua diagonal a8h1 – somente duas; o restante é forçado para as pretas. 14...gxh6 15.Bxh7+! Nxh7 Se 15...Kh8, então 16.Qxf7 seguido por 17.Nf5 com ataque de mate. 16.Qg4+ Kh8 17.Rxd8 Rxd8 Ou 17...Bxd8 18.Qf3 etc. 18.Qe4 Nc6 19.Qxc6 Bf8 20.Nf5 Bc4 21.Bxh6 Bd5 22.Qc7 Rac8 23.Qf4 Rc6 24.Bxf8 Rxf8 25.Qe5+ Nf6 26.Nd6!, e as pretas abandonaram. Partida 19 Kmoch, H. - Alekhine, A. Torneio de Kecskemet, Julho de 1927 Abertura Peão da Dama - D12
1.Nf3 d5 2.d4 c6 3.e3 Após esse lance inofensivo as pretas não terão dificuldades com seu Bispo da Dama. Mais comum e melhor seria 3.c4, conduzindo à Defesa Eslava do Gambito da Dama Recusado. 3...Bf5 4.Bd3 e6 5.0-0 Certamente não se pode recomendar a troca agora ou no próximo lance. 5...Nd7 6.c4 Ngf6 7.Qc2 É facilmente compreensível que as brancas queiram esclarecer a situação central o mais rápido possível. O lance 7.Nc3 seria respondido simplesmente por 7...Be7. 7...Bxd3 8.Qxd3 Ne4 Para eliminar a maior quantidade de peças menores possível, pois as brancas cedo ou tarde obterão algum espaço a mais ao jogar e4. 9.Nfd2 Ndf6 10.Nc3 Após 10.Nxe4 Nxe4 11.f3 Nf6 12.e4 dxc4 13.Qxc4 Qb6 14.Nc3 Rd8 15.Rd1
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Capítulo 1 - Partidas de Torneios e Match com Capablanca - 1924 - 1927
Be7, seguido por 16.0-0 0-0 etc., a posição das brancas permaneceria bastante instável. 10...Nxd2 11.Bxd2 Be7 12.e4
A liberdade excessiva que as brancas obtiveram com esse lance será neutralizada pela necessidade que terão de proteger de forma permanente o seu peão d. Mas dificilmente teriam outro plano à disposição, pois uma tentativa de bloqueio falharia, por exemplo: 12.c5 e5! ou 12.f4 c5!, ambos bastante favoráveis às pretas. 12...dxe4 13.Nxe4 0-0 14.Bc3 Qc7 A casa b6 também seria boa para a Dama. 15.Rad1 Rad8 16.Rd2? As brancas perdem essa partida não devido à abertura, que foi mais ou menos satisfatória, mas principalmente pelo seu jogo ao mesmo tempo passivo e convencional. Aqui, por exemplo, elas tinham o lance perfeitamente salvador 16.f4, evitando que a Dama adversária ocupasse essa casa. A partir de agora as chances do segundo jogador decididamente podem ser consideradas as melhores.
16...Qf4! 17.Nxf6+ Bxf6 18.Rfd1 Rd7 19.Qg3 A troca das Damas sem dúvida aumentaria as chances de empate das brancas. Mas as pretas rapidamente evitam isso. 19...Qf5 20.f4 O objetivo desse lance parece ser a prevenção das respostas eventuais ...Bb4 ou ...b4. 20...Rfd8 21.Qe3 h5! Não somente dando uma saída para o Rei como bloqueando a ala do Rei das brancas (22.h3 h4 etc.). 22.b4 Isso facilita o trabalho das pretas, que eliminarão de imediato o peão c4 adversário, obtendo dessa forma o controle total sobre a casa d5. 22...b5! 23.Qf3 Essa tentativa de com meios táticos salvar uma posição estratégica muito doente conduz ao colapso com rapidez. Mas também após o mais pacato 23.c5 Rd5 seguido por 24...g5 dificilmente a partida iria longe. 23...bxc4 24.Qxc6 Qxf4 25.Qxc4 e5! Obtendo vantagem material decisiva. 26.Qe2 exd4 27.Rd3 Se esse bloqueio fosse possível, as pretas enfrentariam algumas dificuldades técnicas. Mas como está as pretas conseguem forçar uma vitória imediata através de uma combinação intensamente calculada.
27...dxc3! A variante principal dessa troca é ao 41
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
mesmo tempo bela e convincente: 28.Rxd7 Rxd7 29.Rxd7 29.Qe8+ Kh7 30.Qxd7 Qe4!! 31.Qxf7 (ou 31.Qd5 Qxd5 32.Rxd5 c2, vencendo, pois 33.Rc5 é refutado através de 33...Bd4+) 31...c2 32.Qxh5+ Kg8 vencendo. 28.Rxd7 Rxd7 29.Rxd7 Perde de imediato. 29…Bd4+ 30.Kh1 Ou 30.Rxd4 Qxd4+ 31.Kf1 Qf4+ 32.Ke1 Qxb4 etc. 30…Qc1+, e as brancas abandonaram. Partida 20 Capablanca, J. - Alekhine, A. Campeonato Mundial, 1ª Partida - Buenos Aires Setembro de 1927 Defesa Francesa - C01
1.e4 e6 2.d4 d5 3.Nc3 Bb4 4.exd5 exd5 5.Bd3 Nc6 6.Nge2 Nge7 7.0-0 Bf5 8.Bxf5 Outros lances como 8.a3, ou 8.Ng3 também se provaram inofensivos. Essa partida mostra uma vez mais que, as brancas não têm qualquer ambição de luta, devem evitar nessa variante a troca dos Peões no 4º lance. 8…Nxf5 9.Qd3 Qd7 10.Nd1 O início de uma longa série de lances ligeiramente inferiores. O lance natural de desenvolvimento, 10.Bf4, que as pretas pretendiam responder com 10...0-0-0 conduziria a uma batalha mais vívida. 10…0-0 11.Ne3 Nxe3 12.Bxe3 As peças menores das brancas agora estão obstruindo a coluna vital e. Essa é uma prova convincente da inexatidão da estratégia de abertura. 12…Rfe8 13.Nf4 A resposta mostrará que o Cavalo não tem futuro nessa casa. Natural e bom o bastante para o empate seria 13.Bf4, seguido por c3 etc. 42
13…Bd6! Assim as pretas propõe a troca, cujos resultados serão muito satisfatórios para elas mesmas. Se, a saber, 14.Nxd5 Bxh2+ 15.Kxh2 Qxd5 16.c4, então 16...Qh5+ 17.Kg1 Rad8 18.d5 Rd6 e o Rei branco estaria em uma posição perigosa. 14.Rfe1 As brancas continuam a jogar de forma superficial. Era indicado em primeiro lugar 14.c3. 14...Nb4 15.Qb3? Após esse lance as brancas serão obrigadas a pelo menos corromper sua estrutura de peões de uma forma muito feia. O mal menor seria 15.Qd2 Qf5 16.Rec1 g5! (ameaçando …Re5 seguido por ...h4) com alguma vantagem posicional para as pretas. 15...Qf5 16.Rac1? Após esse erro em seguida, a partida dificilmente poderá ser salva, pois agora as pretas ganham um peão em uma posição bastante boa. Seria necessário 16.Nd3 após o que as pretas, é verdade, obteriam um final muito superior ao continuar com 16...Nxd3 17.Qxd3 Qxd3 18.cxd3 Bb4 19.Rec1 c6, eventualmente seguido por ...a5!, etc.
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16...Nxc2! 17.Rxc2 Qxf4! Essa foi a possibilidade que Capablanca deixou passar no seu 16º lance. Ele somente esperava 17...Bxf4, após o que as brancas restabeleceriam o equilíbrio através de 18.Rc5, etc. 18.g3 É simplesmente uma questão de gosto escolher entre esse lance ou 18.Qxd5 Qxh2+ 19.Kf1 c6 o preferido. 18...Qf5 Também era tentador 18...Qf6 19.Qxb7 h5 20.Qb5 h4 21.Qe2 Qf5, etc., com um bom ataque. Mas a decisão de devolver a vantagem material conquistada não me animou. 19.Rce2 b6 20.Qb5 h5 21.h4 Re4 Ameaçando 22...Rxh4!, etc. 22.Bd2!
Esse sacrifício temporário de um segundo peão permite chances de salvação relativamente melhores, no caso das pretas o aceita-
rem. Seria totalmente sem esperanças 22.Qd3 Rae8 23.Bd2 Qe6, etc. 22...Rxd4 Essa aceitação – que foi calculada de forma muito cuidadosa – não era absolutamente necessária. Simples e convincente seria ao invés disso 22...Rae8, com a possível troca da Dama das brancas por duas Torres através de 22...Rae8 23.Qxe8+ Rxe8 24.Rxe8+ Kh7 etc. As pretas, devido à sua considerável vantagem posicional, teriam muito poucas dificuldades em forçar a vitória. 23.Bc3 Rd3 Também após 23...Rg4 (23...Rf4? 24.Re5! etc.) 24.Be5 as brancas finalmente recuperariam um dos peões a menos. 24.Be5 Rd8 25.Bxd6 Rxd6 Tecnicamente mais simples do que o não estético 25...cxd6 26.Qc6! etc. 26.Re5 Qf3 É claro, não 26...Qg6 27.Rg5, etc. 27.Rxh5 Qxh5 E aqui 27...Re6 seria outra forma de suicídio (28.Qe8+! etc.). 28.Re8+ Kh7 29.Qxd3+ Qg6 30.Qd1
31...Re6! Uma concepção interessante. As pretas devolvem seus dois Peões a mais para combinar a vantagem do seu Peão passado d com um ataque de mate. Muito menos convincente seria 30...d4 devido à resposta 31.Qf3, ameaçando tanto Qa8 quanto h5. 31.Ra8 Re5! 43
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Com a intenção de colocar a Dama atrás da Torre e ao mesmo tempo preparar a formação da cadeia de Peões b6-c5-d4. 32.Rxa7 c5 33.Rd7? Encurtando a agonia. Ao invés disso eu esperava 33.Kg2 d4 34.Ra3 Qe6! 35.Qf3 c4 seguido pelo avanço decisivo do peão d. 33...Qe6 34.Qd3+ g6 35.Rd8 d4 36.a4 Desespero! 36...Re1+ Esse ataque direto é bastante convincente. Mas as pretas também conseguiriam a vantagem imediata pela posição exposta da Torre aventureira, por exemplo: 36...Qe7! 37.Rb8 Qc7 38.Qb3 Re6 39.Ra8 Qb7 e a Torre estaria perdida devido à ameaça de 40...Re1+, etc. 37.Kg2 Qc6+ 38.f3 Re3 39.Qd1 Qe6 40.g4 Re2+ 41.Kh3 Qe3 42.Qh1 Qf4! Após esse lance não há como evitar o próximo lance da Torre. 43.h5 Rf2, e as brancas abandonaram. Partida 21 Capablanca, J. - Alekhine, A. Campeonato Mundial, 11ª Partida - Buenos Aires
Outubro de 1927 Defesa Cambridge Springs - D52
1.d4 d5 2.c4 e6 3.Nc3 Nf6 4.Bg5 Nbd7 5.e3 c6 6.Nf3 Qa5 7.Nd2 Bb4 8.Qc2 dxc4 9.Bxf6 Nxf6 10.Nxc4 Qc7 11.a3 Be7 12.Be2 As brancas não precisam ter pressa em prevenir ...c5 jogando 12.b4, pois esse avanço seria prematuro devido a 13.Nb5 Qb8 14.dxc5 Bxc5 15.b4 Be7 16.Na5, etc., com vantagem das brancas. 12...0-0 13.0-0 Bd7 E aqui também 13...c5 não seria aconselhável pela mesma razão. 14.b4 b6 Seria mais seguro primeiramente 14.Rfd8 seguido por ...Be8. O plano das pretas continuando através de 15...a5 16.bxa5 b5 estancaria a resposta das brancas em seguida. 44
15.Bf3! Se agora 15...a5 então 16.Ne5! axb4 17.Nb5, etc., com vantagem. 15...Rac8 16.Rfd1 Rfd8 17.Rac1 Be8 18.g3 Um bom lance posicional, cujo objetivo imediato é prevenir a resposta ...Qf4 no caso de e4. 18...Nd5 19.Nb2 Qb8 Seria mais preciso o imediato 19...Qb7 tendo em vista a possibilidade de ...Qa6. 20.Nd3 Bg5 Com a eventual ameaça de ...Nxe3 etc. 21.Rb1 Qb7 22.e4 Nxc3 23.Qxc3 Qe7? Desvantajoso, pois o Bispo do Rei agora ficará temporariamente fora de jogo. Seria correto 23...Rc7 e se 24.Bg2 então 24...Bf6 25.e5 Be7 26.Rbc1 Qc8, após o que as pretas esperariam pacientemente pelo desenrolar dos acontecimentos.
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24.h4! Bh6 25.Ne5 Ameaçando 20.Ng4. 25...g6 26.Ng4? Agora é a vez das brancas desperdiçarem a melhor jogada! Após 26.Nc4! Bg7 27.e5 h5 28.Nd6, as pretas não teriam nada melhor do que iniciar uma luta pelo empate sacridicando a qualidade por um peão: 28...Rxd6 29.exd6 Qxd6 30.Qc4! etc., com vantagem. 26...Bg7 27.e5 h5 28.Ne3 c5! As pretas aproveitam a grande oportunidade de finalmente liberar seu Bispo da Dama, imaginando de forma correta que as brancas não serão capazes de obter uma vantagem real com a abertura da coluna b. 29.bxc5 Se 29.dxc5 então 29...bxc5 30.Rxd8 Qxd8 31.bxc5 Qc7, etc. 29...bxc5 30.d5 Essa tentativa de complicar as coisas – bastante incomum para Capablanca – decididamente resulta favorável às pretas. Um empate fácil seria obtido através de 30.Rb7 Rd7 31.Rxd7 Bxd7 32.d5 (ou 32.dxc5 Be8 33.c6 Qc7, etc.) 32...exd5 33.Nxd5 Qe6 34.Nf4 Bxe5, seguido por uma liquidação geral e Bispos de cores opostas. 30...exd5 31.Nxd5 Qe6 É claro, não 31...Qxe5 32.Qxe5 Bxe5 33.Ne7+, etc.
Peão passado a partir de agora as compensará com folga dos problemas relativos ao surgimento do Peão das brancas na casa f6. Seria relativamente melhor 32.Rb7 Bxe5 33.Qa5 Kg7 34.Rxa7 e a vantagem das pretas – o par de Bispos – ainda não se mostra decisiva. 32...Bxf6 33.exf6 Rxd1+ 34.Rxd1 Bc6! As brancas não podem trocar o Bispo – nesse caso perderiam seu único orgulho, o Peão em f6. 35.Re1 Qf5 36.Re3 c4! 37.a4 Ao perceber a inferioridade da sua posição, as brancas começam a “ciscar”. Se agora 37...Bxa4, então 38.Be4 Qg4 (38...Qd7 39.Rf3 Kh7 40.Qe5, etc., podendo até perder) 39.Bf3 Qd7 40.Re7 Qd3 41.Qxd3 cxd3? 42.Rxa7 etc., com empate à vista. Mas após a resposta mais simples, a posição das pretas é até melhor que antes, pois elas obtém o controle sobre a casa b4. 37...a5 38.Bg2 Bxg2 39.Kxg2 Qd5+ 40.Kh2 Qf5 41.Rf3 Qc5 42.Rf4 Após 42.Re3 Qb6 as brancas não têm nenhum lance útil à disposição (43.Rf3 Qc6! etc.). 42...Kh7 Isso não era necessário aqui: seria muito mais importante evitar o próximo lance das brancas através de 42...Qb6. Mas o tentador 42...Qb4 seria insuficiente: 42...Qb4 43.Qe3 Qxa4 devido a 44.Rf5! Qb4 45.Rxh5 gxh5 46.Qh6 Qf8 47.Qg5+ etc., com xeque perpétuo. 43.Rd4 Qc6?
32.Nf6+? Como a sequência mostrará, a troca assim forçada só facilitará a tarefa das pretas, cujo 45
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Um erro de cálculo, após o qual as brancas salvam a partida. Ainda seria correto 43...Qb6! e se 44.Rf4 então 44...Kg8 chegaria à mesma posição que poderia ter chegado dois lances atrás. 44.Qxa5 Forçado, mas bom o bastante. 44...c3 Se ao invés disso 44...Qxf6 então 45.Rf4 com as seguintes possibilidades: (a) 45...Qg7 46.Qd5; (b) 45...Qe6 46.Qc3 seguido por e5, em qualquer caso sem risco para as brancas. 45.Qa7! Kg8 Outros lances também não forçam a vitória contra respostas corretas, por exemplo: I. 45...Qxf6? 46.Rf4 Qxf4 47.gxf4 c2 48.Qxf7+ Kh6 49.f5! etc.; II. 45...Qc7 46.Qxc7 Rxc7 47.Rd1 etc.; II. 45...Rc7 46.Qb8 c2 47.Rd8 Qxf6! 48.Rh8+!! (esse foi o lance que não vi quando iniciei a combinação jogando 43...Qc6) Qxh8 49.Qxc7 etc., com salvação em todos os casos. 46.Qe7 Se agora 46...c2 47.Rd8+ Rxd8 48.Qxd8+ Kh7 49.Qe7 Qe6 50.Qc7 etc., forçando o empate. 46...Qb6
normal. Ao jogar 47.Rd7! as brancas obteriam o empate, pois após 47...Qxf2+ (se 47...Rf8 então 48.a5 Qxa5 49.Ra7 Qd5 50.Rd7 Qa5 51.Rc7 e a Torre branca devido à ameaça Qxf8+! perseguirá eternamente a Dama) 48.Kh1! (48.Kh3 perderia, como na maioria das variantes em que a Dama das pretas alcança a casa e6 com xeque) 48...Qa2; 49.Rd8+ Rxd8 50.Qxd8+ Kh7 51.Qf8 e as pretas não teriam nada melhor do que o xeque perpétuo, o Peão branco em f6 permanece invulnerável. Uma fuga muito incomum! 47...Qc5! 48.Re4 Agora a única forma de estancar 48...c7. 48...Qxf2+ 49.Kh3 Qf1+ 50.Kh2 Qf2+ 51.Kh3 Rf8 52.Qc6 Novamente o único lance. 52...Qf1+ 53.Kh2 Qf2+ 54.Kh3 Qf1+ 55.Kh2 Kh7 56.Qc4 Se 56.Qxc3, então 56...Qf2+ 57.Kh1 Rd8 58.Qe1 Qf3+ 59.Kh2 Rd1 vencendo. 56...Qf2+ 57.Kh3 Qg1! A manobra decisiva. Como alternativa 57...c2 seria insuficiente devido a 58.Rf4! seguido por Rf1. 58.Re2 Se ao invés disso 58.g4 levaria a um belo final: 58...c2! 59.Qxc2 Re8!! etc. 58…Qf1+?
47.Qd7? Capablanca não explora toda a oportunidade de vantagem dada a ele pelo meu 43º lance e a partida novamente entra em seu curso
Pela segunda vez as pretas desperdiçam uma vitória fácil! A sequência certa de lances (que eu pretendia ao jogar 57...Qg1!) era 58...Qh1+ 59.Rh2 Qf3! após o que as bran-
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cas não poderiam jogar 60.Rc2 devido a 60...Qf5+; e ficariam indefesas contra a ameaça 60...Qxf6, etc. (se 60.Qf4, então 60...Qd1!). 59.Kh2 Qxf6 60.a5? Ao invés de assegurar o empate através de 60.Rc2 Re8 61.Kg2! (ameaçando tanto 62.Rxc3 como 62.Rf2) Capablanca comete outro erro e poderá perder de forma instantânea.. 60…Rd8? Uma definição imediata seria obtida através de 60...Qf1! 61.Qe4 Rd8. Após o lance do texto, a vitória se tornará de novo bastante problemática. 61.a6? Após 61.Kg2 só poderiam obter um final de Damas com três Peões contra dois, o que com a defesa correta muito provavelmente terminaria em empate. Agora finalmente chegamos ao fim! 61...Qf1 62.Qe4 Rd2 63.Rxd2 cxd2 64.a7 d1Q 65.a8Q Qg1+ 66.Kh3 Qdf1+
Se agora 67.Qg2 então 67...Qh1 mate. As brancas abandonaram. Na minha opinião, essa partida foi elogiada em excesso no mundo inteiro. Sem dúvida, foi muito excitante para ambos os jogadores – que constantemente estavam em apuro de tempo – e para o púbico. Mas a parte final representou uma verdadeira comédia de erros na qual meu adversário por várias vezes desperdiçou o empate e eu perdi quase o mesmo
número de oportunidades de vitória. Em resumo, se não fosse devido à sua grande importância desportiva (se tornou, de fato, o ponto crucial do match), eu dificilmente a incluiria dentre as minhas melhores partidas. Partida 22 Capablanca, J. - Alekhine, A. Campeonato Mundial, 21ª Partida - Buenos Aires
Outubro de 1927 Defesa Ortodoxa - D63
1.d4 d5 2.c4 e6 3.Nc3 Nf6 4.Bg5 Nbd7 5.e3 Be7 6.Nf3 0-0 7.Rc1 a6 Embora com essa defesa menos usual eu obtivesse bastante sucesso no match (+1,=7 0), considero agora como não sendo satisfatória devido à possível resposta 8.cxd5, adotada por Capablanca na 23ª, 25ª e 27ª partidas. 8.a3? Esta tréplica inofensiva será refutada de forma convincente (como uma tentativa vitoriosa, é claro) na presente partida. Desde então ela desapareceu por completo da prática magistral. 8...h6 9.Bh4 dxc4 10.Bxc4 b5! Mais natural e melhor do que 10...b6, o qual entretanto nas 13ª, 15ª, 17ª e 19ª partidas se provou suficiente para manter o equilíbrio da posição. 11.Be2 Bb7 12.0-0 No caso de 12b4 as pretas obteriam a iniciativa através de 12...a5! 13.Qb3 axb4 14.axb4 g5 15.Bg3 Nd5, etc. 12...c5 13.dxc5 Nxc5 14.Nd4 Como as brancas não têm um átomo de vantagem, o curso natural para elas seria simplificar as coisas através de 14.Qxd8 Rfxd8 15.Rfd1, etc.; completamente errado seria ao invés do lance do texto 14.Bxf6 Bxf6 15.Nxb5 devido a 15...Qxd1 16.Rfxd1 Nb3 17.Rc2 Bxf3 18.Bxf3 axb5 19.Bxa8 Rxa8 com vantagem para as pretas. 14...Rc8 Evitando de uma vez por todas Nxb5. 15.b4 47
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Enfraquecendo sem necessidade a casa c4. Seria mais simples 15.Bf3 Qb6 16.Qe2, etc.
15...Ncd7! 16.Bg3 No caso de 16.Bf3 eu pretendia jogar 16...Qb6 17.Ne4 Rxc1 18.Qxc1 Rc8, após o que a Dama branca não teria casas boas à disposição, por exemplo: (I) 19.Qb1? ou 19.Qd2 19...Nxe4, etc; (II) 19.Qb2 g5 20.Nxf6+ Bxf6 com vantagem das pretas; (III) 19.Qd1 ou 19.Qe1, 19...g5, também com vantagem para as pretas. O lance do texto é, dessa forma, relativamente o melhor. 16...Nb6 17.Qb3 Para responder a 17...Nc4 com 18.Rfd1 Qb6 19.a4, etc. 17...Nfd5 Um bom lance, conectado com a ameaça posicional 18...Nxc3 19.Rxc3 Bd5 20.Qb2 Rxc3 21.Qxc3 Qa8 seguido por ...Rc8, com vantagem. A resposta das brancas é praticamente forçada. 18.Bf3 Rc4 19.Ne4 Qc8 20.Rxc4
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Estou inclinado a considerar essa troca como o erro posicional decisivo, pois a partir de agora as pretas, tomando a vantagem com a formidável posição do seu Cavalo em c4 serão capazes de gradualmente concentrar todas as suas peças para forçar a ação central. O lance correto das brancas seria 20.Qb1, ameaçando tanto Nd6 como Bd6. Nesse caso, se 20...Rd8 então 21.Nd2 Rxc1 22.Rxc1 Qa8 23.Bc7, e as brancas conseguiriam trocar mais material sem comprometer a sua posição. Ainda assim, o lance do texto não pode de jeito nenhum ser considerado o erro decisivo. Capablanca perdeu essa partida somente por não ter percebido a tempo os perigos da sua posição e foi nessa questão superado regularmente. 20...Nxc4 21.Rc1 Qa8! Ameaçando ...Nxb4 ou ...Nxe3, forçando assim as brancas a abandonarem o controle das casas brancas centrais. 22.Nc3 Se 22.Nc5, então 22…Bxc5 23.bxc5 Rc8 24.Be2 Rxc5 25.Bxc4 Qc8 etc., ganhando um peão. 22...Rc8 Ameaçando 23...Nd2, etc. 23.Nxd5 Bxd5 24.Bxd5 Qxd5 25.a4 O desejo de reduzir os Peões na ala da Dama é natural, mas a posição das brancas ainda permanece comprometida, na medida em que seu Peão b se tornará um bem-vindo objeto de ataque no final da partida. 25...Bf6 26.Nf3 É claro, não 26.Rd1 devido a 26...bxa4 27.Qxa4 Nb2 28.Qxa6 Ra8, vencendo.
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Capítulo 1 - Partidas de Torneios e Match com Capablanca - 1924 - 1927
26...Bb2! Para jogar ...e5 sem restringir a atividade do Bispo. A justificativa tática desse lance é demonstrada pelas seguintes variantes: (I) 27.Rd1 bxa4! 28.Qxa4 Nb6 29.Rxd5 Nxa4 30.Rd1 Nc3 31.Re1 Rc4 32.Bd6 Ne4 33.Be7 f6 34.Rb1 Kf7 35.Kf1 Bc3 etc., com vitória fácil no final; (II) 27.Rb1 Na3! 28.Qxb2 Nxb1 29.Qxb1 Qb3 30.Qf1 bxa4 31.h3 a3, vencendo. 27.Re1 Rd8 28.axb5 axb5 29.h3 Esta saída de emergência é absolutamente necessária. 29...e5 30.Rb1 e4! O começo do fim. 31.Nd4 Ou A. 31.Ne1 Qd2 32.Qc2 (32.Kf1 Ra8 33.Rd1 Ra3 vencendo) 32...Qxc2 33.Nxc2 Rd2 34.Ne1 Na3 vencendo; B. 31.Nh2 Qd3! 32.Rxb2! Qxb3 33.Rxb3 Rd1+ 34.Nf1 Nd2 35.Ra3 Nxf1, e as brancas estariam indefesas. 31…Bxd4 32.Rd1 Perde de imediato. Mas também após 32.exd4 dxd4 a partida não iria longe. 32…Nxe3!, e as brancas abandonaram. Essa e a 34ª partida foram, na minha opinião, as mais valiosas do match. Partida 23 Alekhine, A. - Capablanca, J.
pois o contra-ataque das pretas nessa ala pode com facilidade se tornar mais perigoso do que a sua própria iniciativa na ala do Rei. 8...0-0 Nesse tipo de posição, ...h6 geralmente é jogado antes do roque para não permitir às brancas responderem a esse lance de peão com h4. Se as pretas tivessem feito isso, minha resposta não seria 9.Bh4, mas 9.Bf4. 9.Ng3 Ne8 Dificilmente há outra forma de emancipação, como por exemplo 9...Re8 que seria respondido de maneira muito forte por 10.Nf5. 10.h4 A consequência natural de todo o plano da abertura. 10...Ndf6 11.Qc2 Be6 12.Nf5 Bxf5 13.Bxf5 Nd6 14.Bd3 É claro, não 14.Bxf6 Nxf5, com igualdade. O lance do texto força as pretas a enfraquecerem a posição do seu Rei. 14…h6 15.Bf4 No caso de 15.0-0-0 as pretas poderiam tentar um contra-ataque a partir de 15…b5 etc. 15…Rc8 As pretas pretendem iniciar uma ação na coluna c tão logo o adversário faça o roque para a ala da Dama, e aqui deixam passar a resposta combinatória. Um curso mais lógico seria 15...Re8, com a ideia de ...Nfe4.
Campeonato Mundial, 32ª Partida - Buenos Aires
Novembro de 1927 Defesa Ortodoxa - D35
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nc3 d5 4.Bg5 Nbd7 5.e3 c6 6.cxd5 exd5 7.Bd3 Be7 8.Nge2 Esse desenvolvimento do Cavalo foi jogado aqui pela primeira vez. Devido ao sucesso das brancas na presente partida, entrou na moda nos anos seguintes. Na minha opinião, não é melhor nem pior do que o usual Nf3; somente no caso do roque para a ala da Dama, as brancas devem ter cuidado especial,
16.g4! Esse avanço que se tornou possível pelo 49
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
fato de que após 16...Nxg4? 17.Bxd6 seguido por 18.Bf5 etc., as pretas perderiam a qualidade, fortalecendo consideravelmente a posição das brancas, deixando as pretas com poucas escolhas. 16...Nfe4 17.g5 h5 18.Bxe4 As brancas decidem aceitar o sacrifício (forçado) do peão, embora imaginando que o final em seguida será extremamente difícil de vencer – devido à posição muito efetiva da torre das pretas na segunda fileira. Uma alternativa promissora seria 18.Bxd6 Nxd6 19.0-0-0 (não de imediato 19.g6 devido a 19...Bxh4 com contrajogo) 19...Nb5 20.Kb1 Nxc3+ 21.Qxc3, e apesar dos Bispos de cores opostas, as pretas não encontrariam facilidade para obter um empate. 18...Nxe4 19.Nxe4 dxe4 20.Qxe4 Qa5+ 21.Kf1 As brancas não podem arriscar a variante 21.Ke2 Qb5+ 22.Kf3 Rfe8, etc.
21...Qd5! O ponto do contrajogo das pretas: após a troca forçada das Damas a única coluna aberta se tornará um fator muito importante a seu favor. 22.Qxd5 cxd5 23.Kg2 Rc2 24.Rhc1 É óbvia a importância de se eliminar uma dupla de Torres. Se agora 24...Rxb2, as brancas assegurariam uma forte vantagem no final através de 25.Rcb1! etc. 24...Rfc8 25.Rxc2 Rxc2 26.Rb1 Kh7 As pretas se preparam para tomar a vantagem pelo fato de que as casas brancas da 50
posição das brancas estão protegidas de forma insuficiente. Os próximos lances das brancas mostram a única defesa apropriada contra esse plano. 27.Kg3 Kg6 28.f3 f6! E não 28...Kf5? devido a 29.e4+ etc. Ambos os lados, até agora, tentam dificultar o final da forma correta. 29.gxf6 Bxf6 30.a4 Preparando aliviar a Torre da defesa dos Peões da ala da Dama. 30...Kf5 31.a5 Re2 As pretas agora ameaçam (no caso de 32.b4 por exemplo) 34...g5! 33.hxg5 Bxg5 34.Bxg5 Kxg5, após o que 35.f4+ Kf5 36.Kf3 Rh2 37.Rg1 Rh3+ 38.Rg3 Rxg3+! etc., que levaria somente a um final de Peões com empate.
32.Rc1 Se as brancas querem jogar para ganhar, são obrigadas a devolver (ao menos temporariamente) o peão de vantagem. Mas o método mais eficiente e lógico para fazer isso, levando-se em consideração os seus dois últimos lances seria 32.a6!. Após 32...bxa6 (32...b6 33.Bb8 etc.) a resposta 33.Ra1! evitaria 33...g5 devido a 34.hxg5 Bxg5 35.e4+! etc., enquanto após 33...Rxb2 34.Rxa6 Rb7 35.Ra5 etc., a vantagem posicional das brancas se mostraria decisiva. Após o lance escolhido, as pretas serão capazes de oferecer uma resistência longa e não totalmente sem esperanças. 32...Rxb2 33.Rc5 Ke6 34.e4 Bxd4
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Capítulo 1 - Partidas de Torneios e Match com Capablanca - 1924 - 1927
Aqui, como em muitas vezes no prosseguimento dessa partida, as pretas poderiam jogar de forma diferente, mas é duvidoso se isso pudesse alterar o resultado final. Se, por exemplo, 34...dxe4 35.d5+ Kf5 36.d6+ Ke6 37.fxe4 Rb3+ 38.Kg2 Bxh4 39.Rxh5 seguido por 40.Rh7 e a luta contra os peões centrais passados se mostraria extremamente difícil. 35.Rxd5 Bc3 Ao jogar 35...Bf2+ 36.Kh3 Rb3 37.Re5+ Kf7 as pretas temporariamente salvariam o peão, mas sua posição após 38.Bg5 ainda parece muito comprometedora. 36.Rxh5 a6 Se 36...Be1+ 37.Kh3 Rf2, então 38.Re5+!, seguido por 39.Rf5+ ou 39.Rd5+ - d3, mantendo ainda o Peão de vantagem. 37.Bc7 Be1+ Ou 37...Rb5 38.Kg4! etc. 38.Kg4 Rg2+ 39.Kh3 É claro, não 39.Kf4 Bd2 mate! 39...Rf2 40.Kg4 Rg2+ 41.Kh3 Rf2 42.f4! Rf3+ 43.Kg2 Aqui ocorre outra forma de suicídio: 43.Kg4 Rg3 mate. 43...Rf2+ 44.Kh3 Rf3+ 45.Kg2 Rf2+ 46.Kg1 Rc2 47.Bb6 Rc4 Isso facilita a tarefa das brancas, pois permite ao seu Rei dar o apoio efetivo aos Peões centrais. Seria melhor 47...Bg3 após o que as brancas tentariam obter a vitória através de 48.Re5+ (48...Kd6 49.Rg5 ou 48...Kf7 49.h5! etc.).
48.Kg2! Através desse lance as brancas obtém finalmente uma posição claramente vencedora. É óbvio que após 48...Rxe4 49.Kf3 as pretas perderiam de imediato. 48...g6 49.Re5+ Kd7 50.h5! gxh5 51.Kf3 h4 Não seria melhor 51...Rc3+ 52.Ke2 Bg3 53.Be3 h4 54.Rh5, etc. 52.Rh5 Rc3+ 53.Kg4 Rc4 54.Kf5! Aparentemente caindo na armadilha, mas na realidade escolhendo o caminho mais rápido e seguro para fazer valer os Peões passados. 54.Bxa5 55.Rh7+ É claro que não 55.Bxa5 Rc5+ 56.Kg4? devido a 56...Rxh5 seguido por 57...h3, vencendo. 55…Kc6 56.Bxa5 Rc5+ 57.Ke6! Rxa5 58.f5 Ra3 59.f6 Rf3 60.f7 b5 61.Rh5! O último detalhe desse final vistoso. 61…h3 62.Rf5 Rxf5 63.exf5 Se agora 63…h2 64.f8Q h1Q, então 65.Qa8+ etc., vencendo. As pretas abandonaram. Partida 24 Alekhine, A. - Capablanca, J. Campeonato Mundial, 34ª Partida - Buenos Aires
Novembro de 1927 Defesa Ortodoxa - D51
1.d4 d5 2.c4 e6 3.Nc3 Nf6 4.Bg5 Nbd7 5.e3 c6 6.a3 Esse lance tranquilo, cujo objetivo principal é evitar a Defesa Cambridge Springs, dificilmente promete às brancas mais do que um equilíbrio confortável. Eu a escolhi aqui simplesmente para sair o mais rápido possível das variantes dos livros. 6...Be7 7.Nf3 0-0 8.Bd3 dxc4 Uma alternativa mais sólida seria 8...h6 9.Bh4 c5. 9.Bxc4 Nd5 10.Bxe7 Qxe7 Também era possível 10...Nxe7. 51
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
11.Ne4 N5f6 12.Ng3 c5 Merece consideração 12...b6 seguido por ...Bb7 como Maroczy jogou contra mim em San Remo, 1930. A manobra do texto tem o pequeno defeito de não resolver o problema de desenvolvimento do Bispo da Dama das pretas.
13.0-0 Nb6 14.Ba2 cxd4 15.Nxd4 g6 Para poder responder a e4 com ...e5 sem ceder a casa f4 para os Cavalos das brancas. 16.Rc1 Ameaçando eventualmente Nb5. 16...Bd7 17.Qe2 Rac8 18.e4 e5 19.Nf3 Kg7 As pretas aqui poderiam trocar ambas as Torres através de 19...Rxc1 20.Rxc1 Rc8 21.Rxc8+ e após 21...Nxc8 o lance 22.Ng5 seria suficientemente respondido por 22...Be8, etc. O lance do texto, e especialmente o próximo, subitamente coloca a sua posição em perigo. 20.h3 h6?
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21.Qd2! Esse lance aparentemente inofensivo, é na realidade muito difícil de ser respondido. A ameaça principal das brancas é 22.Qa5, e se as pretas tentarem estancá-la através do contra-ataque 21...Bc6 (ou 21...Bb5), então uma diversão inesperada na ala do Rei levaria a um final rápido: 22.Nh4! Nxe4 (ou 22...Bxe4 23.Qe3!; ou 22...Bd7 23.Qa5 etc.) 23.Nhf5+ gxf5 24.Nxf5+ Kf6 25.Qxh6+ Kxf5 26.g4 mate!. O único lance que oferecia algumas perspectivas de sucesso na defesa foi sugerido pelo Dr. Lasker, 21...Na4!. Nesse caso, as brancas simplesmente continuariam fortalecendo a sua posição, por exemplo, através de 22.Rfd1. 21...Be6? A posição se provou muito difícil para as pretas. Elas agora perdem um peão e após uma luta desesperada, a partida e o match. A combinação aguda em seguida, assim como o final subsequente de Dama e Torre, são excitantes e instrutivos. 22.Bxe6 Qxe6 23.Qa5 Nc4 Ou 23...Qb3 24.Qxe5 Nc4 25.Qd4, etc., com vantagem das brancas. 24.Qxa7 Nxb2 25.Rxc8 Rxc8 26.Qxb7 Nc4 27.Qb4 Ra8 28.Ra1 Qc6! Ameaçando bloquear Peão a das brancas através de 29...Ra4 e também (ao menos aparentemente) ganhar o Peão do Rei. Mas os próximos dois lances das brancas colocam a situação em pratos limpos. 29.a4! Nxe4 30.Nxe5 Evitando assim o atoleiro 30.Nxe4 Qxe4 31.Rc1 Rc8 32.Nxe5? Ne3! 33.Qxe4 Rxc1+ 34.Kh2 Nf1+ seguido por ...Ng2+ e Nxe4, após o que as pretas podem até vencer.
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Capítulo 1 - Partidas de Torneios e Match com Capablanca - 1924 - 1927
te conduzirá a um final de Torre facilmente vencedor para elas.
30...Qd6! O melhor comparativamente nas circunstâncias, como ambos pares de Cavalos desaparecerão em breve do tabuleiro. 31.Qxc4 Qxe5 32.Re1 Nd6 33.Qc1! Qf6 34.Ne4 Nxe4 35.Rxe4 O procedimento vitorioso em seguida é bastante elaborado, e consiste na combinação de ameaças conectadas com o peão passado e um ataque sobre o algo exposto Rei das pretas.Em primeiro lugar e acima de tudo, as brancas terão sucesso no controle da importante diagonal a1-h8. 35...Rb8 36.Re2 Ra8 37.Ra2 Ra5 38.Qc7! Qa6 Obviamente a única forma de evitar o avanço do peão passado. 39.Qc3+ Kh7 40.Rd2 Com a ameaça mortal 41.Rd8. 40...Qb6 41.Rd7 O lance secreto. A próxima manobra das pretas oferece a única chance, senão de salvar a partida, de ao menos permitir uma longa resistência. 41...Qb1+ 42.Kh2 Qb8+ 43.g3 Rf5 44.Qd4 Ameaçando 45.a5! seguido por Rd8. 44...Qe8 45.Rd5 Rf3 O final de Damas seria, é claro, equivalente à resignação. 46.h4 As brancas não precisam evitar a manobra seguinte da Dama das pretas, a qual finalmen-
46...Qh8 47.Qb6! A troca seria prematura nesse momento, pois permitiria às pretas posicionar a Torre atrás do Peão passado. 47...Qa1 48.Kg2 Rf6 Se 48...Ra3 as brancas vencem através de 49.Rd7 Kg8 (ou 49...Kg7 50.Qe6!; ou 49...Qa2 50.Qf6 etc.) 50.Qd8+ Kg7 51.Qe7 Qa2 52.Qe5+ Kh7 53.Qf6, etc. 49.Qd4 Agora chegou o momento certo para a troca, e será a Torre branca que estará atrás do peão passado. 49...Qxd4 50.Rxd4 Kg7 Ao invés disso, 50...Ra6 perderia de imediato após 51.Kf3, seguido por K-e4-d5 etc. 51.a5 Ra6 52.Rd5 Rf6 53.Rd4 Ra6 54.Ra4 Kf6 55.Kf3 Ke5 56.Ke3 h5 57.Kd3 Kd5 58.Kc3 Kc5 59.Ra2 Kb5 60.Kb3 As brancas fazem uso de qualquer oportunidade, através da repetição de lances, para ganhar tempo no relógio, evitando assim um deslize que poderia deixar escapar o título. 60...Kc5 61.Kc3 Kb5 62.Kd4 Se agora 62...Kb4, então 63.Ra1! etc. 62...Rd6+ 63.Ke5 Re6+ 64.Kf4 Ka6 65.Kg5 Re5+ 66.Kh6 Rf5 67.f4 O método mais simples de forçar a capitulação seria 67.Kg7 Rf3 68.Kg8 Rf6 69.Kf8! 53
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Rf3 (ou 69...Rf5 70.f4) 70.Kg7 Rf5 71.f4 etc. 67...Rc5! 68.Ra3 Rc7 69.Kg7 Rd7 70.f5 Outro lance impreciso. O caminho mais direto seria primeiro 70.Kf6 e somente após 70...Rc7 71.f5 gxf5 72.Kxf5 Rc5+ 73.Kf6 Rc7 74.Rf3 Kxa5 75.Rf5+, vencendo. 70.gxf5 71.Kh6 f4 72.gxf4 Rd5 73.Kg7 Rf5 74.Ra4 Kb5 75.Re4! Ka6 76.Kh6 Rxa5 Ou 76...Kb7 77.Re5 Rxf4 78.Kg5! Rf1 79.Kxh5 f5 80.Kg5 f4 81.Rf5 f3 82.Kg4, vencendo. 77.Re5 Ra1 78.Kxh5 Rg1 79.Rg5 Rh1 80.Rf5 Kb6 81.Rxf7 Kc6
82.Re7, e as pretas abandonaram.
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Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
Partida 25 Alekhine, A. - Steiner, H.. Torneio de Bradley Beach, junho de 1929 Gambito da Dama Aceito - D28 Prêmio de Beleza
1.d4 Nf6 2.Nf3 d5 3.c4 dxc4 4.e3 e6 5.Bxc4 c5 6.0-0 a6 7.Qe2 Nbd7 Se 7...Nc6, a melhor resposta de acordo com a prática mais recente (Euwe-Alekhine, 5ª Partida do match, 1937) seria 8.Nc3!. 8.Nc3 Qc7 Se as pretas não querem arriscar o desenvolvimento em fianqueto, o qual de fato não é muito recomendável (por exemplo, 8...b5 9.Bb3 Bb7 10.Rd1 Be7 11.e4! b4 12.e5 bxc3 13.exf6 etc., com vantagem para as brancas, como na partida Alekhine-Letelier, Montevidéu 1938), poderiam simplesmente jogar 8...Be7; a casa c7 para a Dama, no caso do avanço do Peão d em seguida, se provará muito desconfortável.
9.d5! exd5 10.Bxd5 Um dos problemas das pretas a partir de agora consiste no fato de que no caso da troca desse Bispo, as brancas sempre recapturam ganhando um tempo. 10...Bd6 11.e4 0-0 12.Bg5 Ng4 Para desenvolver a sua ala da Dama as peças das pretas são forçadas a perderem tempo com esse Cavalo, e mais do que isso, 55
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
facilitarem o avanço perigoso do peão f das brancas. 13.h3 Nge5 14.Nh4! Em vista da posição restrita das pretas, a política correta é evitar as trocas. Além disso as pretas agora são forçadas a evitar o lance Nf5 e consequentemente têm até menos escolhas que anteriormente. 14...Nb6 15.f4 Nc6 16.f5! Uma continuação de ataque paradoxal, mas muito efetiva, através da qual as brancas “sacrificam” a casa central e5. O avanço “natural” 16.e5 ao invés disso, poderia deixar as brancas – por estranho que pareça – com uma vantagem posicional insignificante após 16...Be7. 16...Ne5 17.Qh5 Re8 Estancando a ameaça 18.f6 que agora seria respondida por 18...g6 10.Qh6 Bf8. 18.Rf4 Be7 Esse lance será refutado através de uma bela combinação, mas como as pretas ainda não podem tomar o Bispo poderoso – após 18...Nxd5? segue 19.Nxd5 Qc6 20.Nf6+! gxf6 21.Bxf6 – em breve não haverá defesa suficiente.
19.f6! Devido ao último lance das pretas, as brancas são capazes de efetuar esse avanço 56
apesar da possível defesa - e isso devido à seguinte combinação: 19...g6 20.Nxg6!! hxg6 (ou A) 21.Bxf7+! Kxf7 22.fxe7+ Ke6 (ou 22...Kg8 23.Rf8+ Rxf8 24.exf8Q+ Kxf8 25.Qh8+ Kf7 26.Qh7+ ganhando a Dama) 23.Rf6+ Kxe7 (ou 23...Kd7 24.Rd1+ etc.) 24.Qh7+ Kd8 25.Rd6 mate. (A) 20... Nxg6 21.Bxf7+ Kxf7 22.Qxh7+ Ke6 23.Qxg6 vencendo. Após a retirada em seguida, que permite a abertura da coluna f, a partida está praticamente encerrada. 19...Bf8 20.fxg7 Bxg7 21.Raf1 Be6 22.Nf5 Ameaçando também Rh4 etc. 22…Bxd5 23.Nxg7 Ng6 24.Nxe8 Rxe8 25.Nxd5, e as pretas abandonaram. Partida 26 Alekhine, A. - Bogoljubov, E. Campeonato Mundial - 1ª Partida - Wiesbaden 1929
Gambito da Dama Recusado - Defesa Eslava - D16
1.d4 d5 2.c4 c6 3.Nf3 Nf6 4.Nc3 dxc4 5.a4 e6 Tive a felicidade peculiar de que esse lance ilógico (ao invés do natural 5...Bf5) tenha sido adotado contra mim , com efeitos desastrosos, nada menos do que em quatro ocasiões, a saber (além da presente partida) novamente por Bogoljubov (Nottingham 1936), pelo Dr. Euwe (19ª Partida do match 1935) e mais tarde pelo mestre alemão Helling, em Dresden 1936. 6.e4 Bb4 7.e5 Nd5 Nas três outras partidas mencionadas, a resposta foi 7...Ne4, que é pelo menos tão ruim como o lance do texto. 8.Bd2 Bxc3
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
Se ao invés disso 8...b5, então 9.Ne4 Be7 10.b3! etc, recuperando o peão com uma posição decididamente melhor. 9.bxc3 b5
10.Ng5! Um lance importante com múltiplos objetivos, e não menos importante, para evitar 10...0-0 devido à resposta 11.Qb1!, seguido por 12.axb5 etc., com vantagem para as brancas. 10...f6 Prevenindo a manobra Ne4 – d6+, mas ao custo de sério comprometimento da posição central. 11.exf6 Nxf6 Ou 11...Qxf6 12.axb5 cxb5 13.Ne4 Qe7 14.Bg5, seguido por Qh5+, etc., com vantagem das brancas. 12.Be2 a6 O lance 12...0-0 13.axb5 g6 (se 13...cxb5 então 14.Bf3 Nd5 15.Qb1, etc.) 14.b6! Qxb6 15.Nf3 se provaria sem esperanças a longo prazo. 13.Bf3! Com a ameaça 14.axb5, que é difícil de ser estancado, por exemplo: 13...Nd5 então 14.Qb1! g6 15.Nxh7 Rxh7 16.Qxg6+ Rf7 17.Bh5 seguido por 18.Qg8 vencendo. Ou 13...Ra7 14.Bf4 Rb7 15.axb5 axb5 16.Ra8
etc., também com ataque ganhador. 13...h6 Já um mero desespero. 14.Bh5+ Nxh5 15.Qxh5+ Kd7 16.Nf7 Qe8 17.Qg6 Rg8 18.Bf4 Bb7 Ou 18...Rf8 19.Ne5+ Kd8 20.Qe4, etc. 19.Bg3 Ke7 20.Bd6+ Um pouco de jogo de gato e rato. 20...Kd7 21.0-0 c5 22.dxc5 Bd5 23.axb5 axb5 24.Rxa8 Bxa8 25.Ra1 Nc6
26.Ne5+! Se agora 26...Nxe5 27.Ra7+ Kc6, então 28.Qe4 mate. As pretas abandonaram. Partida 27 Alekhine, A. - Bogoljubov, E. Campeonato Mundial - 5ª Partida - Wiesbaden 1929
Gambito da Dama Recusado - Defesa Eslava - D17
1.d4 d5 2.c4 c6 3.Nf3 Nf6 4.Nc3 dxc4 5.a4 Bf5 6.Ne5 e6 Um lance simples e bom. Mas ao fazê-lo aqui (e na 3ª Partida do match, na qual adotei a resposta menos lógica 7.f3), Bogoljubov , como mostrará a seguir, não entendeu completamente seu real valor. 7.Bg5 Be7 Decididamente muito passivo. A conti57
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
nuação correta é 7...Bb4 (introduzido por mim em uma partida com consulta contra Bogoljubov e o Dr. Seitz imediatamente após o match) 8.f3 h6! (como na minha 11ª Partida no match contra o Dr. Euwe, Groningen 1937), obtendo pelo menos um jogo equilibrado. 8.f3 h6
9.e4! Esse lance, que com o Bispo das pretas em b4 seria respondido com 9...hxg5 10.exf5 b5! 11.axb5 cxb5 12.Qc2 0-0! etc, com jogo melhor para as pretas, na posição atual praticamente coloca o Bispo da Dama do adversário fora de jogo pelo resto da partida. 9...Bh7 Ou 9...hxg5 10.exf5 exf5 11.Bxc4 0-0 12.h4! etc., com vantagem das brancas. 10.Be3 Nbd7 11.Nxc4 0-0 12.Be2 c5 As trocas em seguida decisivamente favorecem as brancas, pois não eliminam o defeito principal da posição das pretas, a situação desastrada do seu Bispo da Dama. 13.dxc5 Bxc5 14.Bxc5 Nxc5 15.b4 Na6 Também seria insatisfatório 15...Qxd1+ 16.Rxd1 Nxa4 17.Nxa4 b5 18.Ncb6! axb6 19.Bxb5 etc., com vantagem para as brancas. 16.Qxd8 Rfxd8 58
17.Na2! A única maneira de tomar a vantagem posicional, uma vez que 17.b5 cederia a importante casa c5 e 17.Rb1 permitiria o contra-ataque promissor iniciado por 17...Nd5!. 17...Nb8 As brancas ameaçam 18.Na5 Rab8 19.Nxb7, etc. 18.Kf2 Nc6 19.Rhd1 Nd4 Se ao invés disso 19...Rxd1 20.Rxd1 Rd8, seria rapidamente fatal 21.b5 Rxd1 22.Bxd1 Nd8 23.Nd6 seguido por 24.Nb4 e 25.Nc8! etc. 20.Rac1 Kf8 O primeiro passo para liberar o Bispo em h7 através de ...Bg8, ...Ne8, ...f6 etc. Mas esse plano obviamente levará muito tempo, que as brancas usarão para o fortalecimento decisivo da pressão na ala da Dama. A partir de agora a partida se desenvolve de maneira perfeitamente lógica. 21.Bf1 Ne8 22.Nc3 Aqui uma alternativa forte seria 22.Na5, por exemplo: I. 22.Na5 Rab8 23.Nc3 b6 24.Rxd4! Rxd4 25.Nc6 Rbd8 26.Ke3 R4d6 27.Nxd8 Rxd8 28.Nb5 II. 22...b6 23.Nb7 Rd7 24.Bb5! Rxb7
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
25.Rxd4, com uma tremenda vantagem posicional em ambos os casos. 22...f6 23.Na5 Rab8 Essa resposta aparentemente natural dá às brancas a oportunidade para a combinação em seguida, que de forma forçada ganha um peão. Seria melhor 23...b6 24.Nb7 Rd7 25.Bb5 Rxb7 26.Rxd4 Rc7 27.Ne2 Rxc1 28.Nxc1 Rc8 29.Nd3 com algumas chances de defesa, apesar da vantagem indiscutível das brancas.
24.Nb5! Eliminando o Cavalo central do inimigo no momento certo: se as pretas encontrassem tempo para uma consolidação posterior através de ...e5, restaria muito pouco da pressão das brancas na ala da Dama. 24...Nxb5 Obviamente forçado. 25.Rxd8 Rxd8 26.Nxb7! Rb8 Ou 26...Rd2+ 27.Ke3 Nbd6 28.Kxd2 Nxb7 29.Rc8 seguido por Ra8 e Rxa7, vencendo. 27.Nc5 Ke7 Devido à ameaça 28.Nd7+ o Cavalo ainda tinha que ficar quieto. O final em seguida, com um Peão a mais e posição muito melhor, na verdade será um passeio para as brancas.
28.axb5 Muito mais efetivo do que 28.Bxb5, pois agora o Peão a das pretas se torna extremamente fraco. 29...Nd6 29.Ra1 Nc8 30.Bc4 Bg8 Após 30...e5 as brancas venceriam de imediato com 31.Be6, etc. 31.f4 Bf7 32.e5 Todas as peças das pretas serão gradualmente imobilizadas, e em breve o Rei das brancas estará em posição de fazer uma visita significativa ao cavalo adversário em sua própria residência. 32...fxe5 33.fxe5 Rb6 34.Ke3 Be8 35.Ra5 Bd7 36.Kd4 Be8 As pretas não têm mais nada a fazer e de forma paciente aguardam a execução. 37.h4 Bd7 38.Be2 Rb8 39.Nxd7 Kxd7 40.Bf3! Evitando a manobra ...R-b7–c7 que permitiria às pretas prolongarem a agonia. 40…Rb6 41.Kc5 Rb8 42.h5 Kd8 43.Bc6 Ke7 44.Ra3 Kf7 45.Be4 Ke7 46.Kc6! Agora o Cavalo perecerá. 46…Kd8 47.Rd3+ Ke7 48.Kc7, e as pretas abandonaram. Partida 28 Bogoljubov, E. - Alekhine, A. Campeonato Mundial - 8ª Partida - Wiesbaden 1929
Defesa Índia da Dama - A50
1.d4 Nf6 2.c4 b6 Embora esse sistema de desenvolvimento não seja fácil de se refutar, dificilmente pode ser considerado absolutamente correto por permitir às brancas no estágio inicial da partida ter o controle total sobre as casas centrais. E o fato de que as pretas possam atacar o 59
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Peão central através de ...c5 não lhes confere compensação total pela falta de espaço que sofrerão após os próximos 10 a 15 lances. Sem dúvida, o mais seguro é então 2...e6. 3.Nc3 Bb7 4.f3 d5 5.cxd5 Nxd5 6.e4 Nxc3 7.bxc3 A posição das brancas parece agora bastante promissora. Mas ao adotar um plano de meio jogo totalmente equivocado, as brancas estragarão isso.
7...e6 8.Bb5+ Nem melhor ou pior do que o imediato 8.Bd3, pois ...a6 não se mostrará uma fraqueza na posição das pretas ao longo da partida. 8...Nd7 9.Ne2 Be7 10.0-0 a6 11.Bd3 c5 12.Bb2? Um lance realmente ruim, que demonstra conceito totalmente equivocado das necessidades da posição. As brancas ao invés disso tinham a escolha entre dois bons lances de Bispo: 12.Be3 e 14.Bf4. Também 12.a4 (para fixar a ligeira fraqueza das pretas em b6) poderia ser considerado. A partir de agora as pretas gradualmente tomarão a iniciativa. 12…Qc7 13.f4 Isso permite às pretas ganharem um par de tempos ao atacar os Peões centrais insuficientemente defendidos. Um mal menor seria 13.e5, restringindo temporariamente o 60
campo de atuação do Cavalo das pretas. 13…Nf6 14.Ng3
Os últimos lances sem objetivo das brancas provocam um imediato ataque ao seu Rei. 14…h5! 15.Qe2 h4 16.Nh1 Nh5 17.Qg4 Apesar do seu jogo anterior indiferente, as brancas ainda poderiam retomer a partida se reconhecessem seu erro no 12º lance e levassem o seu Bispo para c1. O lance aparentemente mais agressivo feito na partida, ao invés disso aliviam as pretas da preocupação sobre ser peão d e dessa forma permite a elas através do grande roque ter uma posição avassaladora. 17…0-0-0 18.Rae1 Se 18.f5 então 18...Nf6 (19.Qxg7? Rh7) seguido por 19...e5 com vantagem. 18…Kb8 19.f5 Essa tentativa de bloquear o centro fracassa, pois as pretas podem assegurar diagonais fortes para ambos os Bispos. Mas a partida já está perdida do ponto de vista estratégico. 19...e5 20.d5 c4! Assegurando o futuro do Bispo do Reis. 21.Bc2 Bc5+ 22.Nf2 g6! Após esse lance o Bispo da Dama também desenvolverá uma atividade mortal na
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
diagonal c8-h3. 23.fxg6 Rdg8 24.Bc1 Um sinal de remorso com muito atraso! 24...Bc8 25.Qf3 Rxg6
26.Kh1 As brancas estão ansiosas para salvar sua Dama (a qual as pretas ameaçam ganhar com 26...Bg4) e não percebem a combinação de mate em seguida. Entretanto, sua posição já era sem esperanças de qualquer modo – se, por exemplo, 26.Be3, então 26...Bxe3 27.Rxe3 Nf4 28.g3 hxg3 29.hxg3 f5, seguido por 30...Qh7 e mate. 26...Ng3+! 27.hxg3 hxg3+ 28.Nh3 Bxh3 29.gxh3 Rxh3+ 30.Kg2 Rh2 mate. Partida 29 Alekhine, A. - Bogoljubov, E. Campeonato Mundial - 17ª Partida - Berlim 1929
Defesa Índia do Rei - D70
1.d4 Nf6 2.c4 g6 3.f3 d5 Embora esse sistema não seja muito sólido, não significa que seja fácil de enfrentar como parece à primeira vista, pois a posição central das brancas pode eventualmente se tornar fraca. Dessa forma é necessário cuidado do primeiro jogador. 4.cxd5 Nxd5 5.e4 Nb6 6.Be3 Bg7
7.Nc3 Nc6?
Mas as pretas também precisam acertar os lances da abertura, o que não fizeram dessa vez. Era necessário 7...0-0, como jogado por Bogoljubov contra mim em Bled 1931. Nesse caso, a resposta correta para as brancas seria 8.f4!. O lance do texto já é quase um erro posicional decisivo. 8.d5 Ne5 9.Bd4 f6 Praticamente forçado, pois após 9...0-0 10.f4 Ned7 11.Bxg7 seguido por 12.Qd4+, 13.0-0-0 e a4 etc., as brancas obteriam um ataque vencedor ao Rei. 10.f4? Isso é suficiente para ter alguma vantagem na abertura, mas seria muito mais desagradável para as pretas em primeiro lugar 10.a4! como nesse caso elas não podem jogar ...e5, que nessa partida aliviaria sua posição restrita. 10...Nf7 11.a4 e5 De outra forma o “buraco” em e6 rapidamente se mostraria fatal. 12.dxe6 Bxe6 13.a5 Nd7 14.a6 Através de uma manobra análoga na ala do Rei obtive uma posição vitoriosa na partida decisiva contra Rubinstein em Praga 1921. Na presente posição certamente não é tão forçado, mas ainda forte o suficiente. 14...b6 15.Bb5 61
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Ameaçando 16.Bc6 seguido por 17.Nb5, etc. 15...Qe7 Para responder a 16.Bc5 com 16...0-0-
mente o mesmo resultado. O lance das brancas em seguida, no entanto, chega de forma inesperada para as pretas.
0. 16.Nge2 c5 17.Bf2 0-0-0 Ao fazer esse lance arriscado, Bogoljubov provavelmente já planejava o sacrifício em e5, que sem dúvida daria a ele algumas chances de luta. Dificilmente possa ser culpado por essa decisão, na medida em que a alternativa 17...0-0 18.Nd5 Bxd5 (ou 18...Qd6 19.Bg3, com vantagem das brancas) 19.Qxd5 Rfd8 20.0-0-0 Nf8 21.Qb7 deixaria muito poucas chances de salvação. 18.Qa4 f5 19.e5 Nesse momento o lance 19.Bc4 não levaria a nada em particular após 19...Nb8 20.Bxe6+ Qxe6 21.Nb5 Nc6 (ou 21...Rd7), etc. 19...g5 Forçando as brancas a mostrarem sua mão, pois após 20.g3 gxf4 21.gxf4 o sacrifício 21...Ndxe5 etc. seria bem mais do que desagradável. 20.Bc4! Ndxe5! Uma resistência passiva iniciada através de 20...Nb8 em breve se revelaria sem esperanças após 21.Bxe6+ Qxe6 22.0-0 com a forte ameaça 23.b4, etc. Mas agora as brancas serão obrigadas a jogar com muita exatidão para conseguir alguma vantagem. 21.Bxe6+ Qxe6 22.fxe5 Nxe5 23.0-0 Qc4! O ponto do sacrifício! Após 24.Qxc4 Nxc4 25.Nb5 Kb8 etc., as pretas esperam conseguir alguma vantagem posterior pela sua peça, após o que o final da partida ofereceria perspectivas não tão ruins a elas; e se 24.Qc2 então 24...Qd3 com aproximada62
24.b4! As brancas sacrificam outro Peão – reestabelecendo assim o equilíbrio de forças – somente para evitar a troca das Damas. Se agora 24...cxb4 então 25.Nb5! Qxe2 26.Rfe1 Qd2 27.Nxa7+ Kb8 28.Nc6+! etc., vencendo. 24...Qxb4 25.Qc2 Nd3 A única defesa contra a dupla ameaça 26.Ra4 e 26.Qxf5+. 26.Rfb1 Qc4 27.Ra4 Qe6 Se ao invés disso 27...Qf7 então 28.Bd4! cxd4 (ou 28...Bxd4+ 29.Nxd4 Rxd4 30.Rxd4 cxd4 31.Qxd3 dxc3 32.Qxc3+, vencendo) 29.Nd5+! Nc5 30.Nxb6+! axb6 31.Rxb6 seguido por 32.a7 vencendo. 28.Nb5 Kb8 Uma resistência mais prolongada seria possível após 28...Nxf2 29.Kxf2 (e não 29.Nxa7+ Kb8 30.Qxc5? Rd1+! etc.) 29...Kb8 mas continuando com 30.Ng3 Rhf8 31.Ra3! (seguido por 32.Re3 ou 32.Rd3 etc.), as brancas ainda aumentariam sua pressão de forma decisiva. 29.Ned4! Qe4 Ou 29...Bxd4 30.Bxd4 Rxd4 31.Rxd4
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
Qe3+ 32.Kf1e a Torre é tabu devido ao mate em dois no caso da sua captura. 30.Nc3 Qe8 31.Qxd3 cxd4 32.Bxd4 Qe6 33.Qf3! Qf7 34.Bxb6
Se agora 34...axb6 35.Rxb6+ Kc8, então 36.Qc6+ Qc7 37.Rb8+ Kxb8 38.a7+ e mate em dois lances. As pretas abandonaram. Partida 30 Bogoljubov, E.- Alekhine, A. Campeonato Mundial - 22ª Partida - Amsterdã 1929
Abertura Ruy Lopez - C72
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 d6 5.c3 O lance da moda aqui – especialmente após a vitória de Keres contra mim em Margate, 1937 – é 5.c4. Mas por quanto tempo? As pretas parecem capazes de conseguir uma posição bastante satisfatória através da continuação 5...Bd7 6.Nc3 Nf6 7.d4 Nxd4 8.Bxd7+ Qxd7 9.Nxd4 exd4 10.Qxd4 Be7 seguido por ...0-0, etc. 5...Bd7 6.d4 g6 7.Bg5 Como a continuação mostra, as brancas não têm meios de explorar a diagonal b3-g8, e por outro lado, a casa f7 se provará uma casa adequada para o Cavalo das pretas. Parece que, no entanto, após 5.c3 a vantagem das brancas na apertura está próxima de desaparecer em poucos lances e que portanto, o
usual 5.Bxc6+ seguido por 6.d4 oferece a elas mais chances de luta. 7...f6 8.Be3 Nh6 9.0-0 Bg7 10.h3 Para evitar ...Ng4 no caso de Nbd2. 10...Nf7 11.Nbd2 0-0 12.dxe5 As brancas – de forma correta – reconhecem que a manutenção prolongada da tensão central pode ser um pouco favorável às pretas e miram a simplificação. O problema da defesa nessa partida foi resolvido de uma maneira bastante satisfatória. 12...dxe5 Também pode ser jogado 12...fxe5, na esperança de explorar a coluna f. As brancas nesse caso poderiam tentar trazer o Cavalo a d5 após os lances13.Bb3 h6 14.a4, seguido por Nc4, Bd2, Ne3, etc. Eu preferi o lance do texto devido à possibilidade tentadora de brevemente atacar a posição central das brancas através de ...f5. 13.Bc5 Para provocar o lance ...b6 que enfraquece ligeiramente a ala da Dama das pretas. 13...Re8 14.Bb3 b6 15.Be3 Qe7 16.Qe2 Ou 16.Bd5 Rad8 17.Qe2 Nb8 seguido por ...Be6. 16...Ncd8 17.Bd5 Ainda jogando pela simplificação, que as pretas não podem evitar com 17...c6, pois perderiam um Peão após 18.Bxf7+ seguido por 19.Bxb6. 17...Bc6 18.c4?
63
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Mas isso certamente não está de acordo com os requisitos da posição, pois o Peão em d5 após ...f5 se tornará muito fraco. Seria necessário 18.Bxc6 Nxc6 19.Rfd1, etc., com somente uma ligeira vantage para as pretas devido à possibilidade (depois da preparação adequada) do avanço do peão f. 18...Bxd5 19.cxd5 Seria ainda pior 19.exd5 f5, etc. 19...f5 20.Nc4 Nb7 As pretas não têm pressa em jogar ...f5 pois a ameaça combinada com esse avanço e o eventual ...fxe4 limitará a escolha de lances das brancas muito mais do que qualquer ataque direto. 21.Rac1 Rad8! Permitindo de forma deliberada as trocas em seguida, as quais só aparentemente aliviam as brancas dos seus problemas no centro. Se ao invés disso, 21...Red8 deixaria a dama desprotegida, e assim permitiria a reação 22.exf5 gxf5 23.Bd4! (se 23...Rxd5 24.Rfe1 e4 25.Bxg7 Kxg7 26.Ne3 com vantagem das brancas) etc. 22.d6 Nbxd6 23.Nxd6 Rxd6 24.Qxa6
24...Qd7! Um lance intermediário importante, assegurando com um tempo (a ameaça ...f4) o controle da coluna aberta. 64
25.Rc2 c5 26.a4 f4! Agora chegou a hora, pois o avanço em seguida do Peão e se conectará com a ameaça formidável 28...g4 29.hxg4 Qxg4 etc., com ataque de mate. 27.Bd2 g5 28.Qb5 Embora praticamente forçado, esse lance muito pouco ajuda aqui, pois após a troca proposta das Damas, as pretas não somente obtém um final muito superior, mas também – um caso muito raro considerando-se o material reduzido – um ataque direto ao Rei inimigo. 28...Qxb5 29.axb5 Rd3! Liberando a importante casa d6 para o Cavalo. 30.Ra1 Nd6 31.Ra6 Rb8 Se agora 31.Nxg5, então simplesmente 32...Bf6 32.Nf3 Nxe4; com vantagem posicional suficiente. E se 31.Rc3 então 32...c4! 32.Rxd3 cxd3 33.Ra3 Nxe4 34.Rxd3 Ra8! 35.Ra3 Rd8, etc., vencendo. 32.Bc3 Tão inoperante quanto o resto. 32...Nxe4 33.Bxe5 Bxe5 34.Nxe5 Rd1+ 35.Kh2
35...Nd2! Esse golpe súbito – ameaça de mate em três através de 36...Nf1+ etc., ganha pelo
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menos a qualidade. Mas Bogoljubov, como tantas vezes, prefere o suicídio a uma longa agonia. 36.h4 Re8! 37.Nf3 Ou 37.Ng4 Ree1 38.Kh3 Rh1+ 39.Nh2 h5! 40.hxg5 Nf1, com mate em seguida. 37...Nxf3+ 38.gxf3 Ree1 39.Kh3 h5!, e as brancas abandonaram.
10...Nxb3 as brancas, após 11.axb3 ameaçariam 12.Ba5, etc., com vantagem.
Partida 31 Yates, F - Alekhine, A. Torneio de San Remo, Janeiro de 1930 Abertura Ruy Lopez - C71
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 d6 5.Nc3 Uma maneira não usual de lutar contra a Defesa Steinitz atrasada. A ideia das brancas provavelmente era jogar c3, após trazer seu cavalo da Dama para d5. Mas enquanto isso, as pretas conseguiram tocar o Bispo “espanhol”, e assim obtiveram a vantagem do par de Bispos com uma estrutura de Peões mais elástica. 5...Bd7 6.d3 Lógico – mas ainda seria mais promissor 6.Bxc6 seguido por 7.d4. 6...g6 7.Nd5 b5! Necessário, pois caso as brancas conseguissem completar seu plano (8.c3) obteriam de fato uma vantagem de espaço. 8.Bb3 Na5 9.Bg5! O enfraquecimento da diagonal a2-g8, assim provocada, eventualmente se torne de alguma importância, principalmente se as brancas decidirem manter o Bispo correspondente. 9...f6 10.Bd2 c6 Necessário, pois após o intermediário
11.Ne3? Seria relativamente melhor 11.Bxa5 Qxa5+ 12.Nc3, após o que as pretas seriam obrigadas, antes de empreender qualquer ação no centro, a completarem o seu desenvolvimento através de ...N-h6-f7, seguido por ...Be7 e ...0-0. Após o lance do texto a sua tarefa de aumentar sua vantagem de espaço será, ao contrário, relativamente mais fácil. 11...Nxb3 12.axb3 Nh6 13.b4 O verdadeiro problema das brancas consiste no fato de que elas não têm casas seguras para seus Cavalos e, por outro lado, se tentar abrir a posição os Bispos das Pretas se tornarão super poderosos. 13...f5 Se o lance anterior das brancas tivesse sido 13.d4, essa resposta se provaria ainda mais efetiva. 14.Qe2 Nf7 15.Nf1 Qe7 Um tranquilo lance posicional. As pretas não têm nenhuma pressa em jogar ...f4 e as brancas nada têm a fazer além de tentar estabilizar a situação no centro – mesmo ao custo de alguns tempos. 16.Ng3 f4 17.Nf1 g5 18.Bc3 65
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
A vantagem já é tão definitiva que a ação combinada dos dois Bispos não é mais necessária. 29.bxc3
18...h5! Planejando 19...h4 e somente após 20.h3 g4 21.hxg4 Bxg4 seguido por ...Ng5, ...h3 etc. Para evitar essa cravada, as brancas decidem enfraquecer suas casas pretas jogando f3. 19.N3d2 Bg4 20.f3 Be6 21.d4 Se 21.Nb3 as pretas não trocariam seu valioso Bispo da Dama pelo Cavalo, mas jogariam 21...c5 seguido por ...N-d8-c6d4. 21...Bg7 22.Qd3 A “combinação” 22.d5 cxd5 23.Rxa6 Rxa6 24.Qxb5+ Qd7 25.Qxa6 d4 etc. perderia uma peça. 22...exd4 23.Bxd4 Ne5 A ocupação dessa poderosa casa central significa a decisão estratégica. 24.Qe2 0-0 Como a partir de agora a posição se tornará ainda mais aberta, a cooperação entre as Torres será vital. 25.h3 c5! O início da ação decisiva. 26.Bc3 Ao invés disso 26.bxc5 dxc5 27.Bxe5 Bxe5 seria completamente sem esperanças. 26...cxb4 27.Bxb4 Nc6 28.Bc3 Bxc3
66
29...Qf6 Esse lance na realidade não pode ser severamente criticado, pois ganha um Peão e permite às pretas simplificar as coisas após alguns lances, obtendo um final tecnicamente bastante fácil de vencer. Ainda, as pretas não precisam ceder ao adversário, mesmo temporariamente, a casa e5 para o Cavalo. Seria lógico entretanto 29...Qg7 (se 30.e5 então 30...d5! etc.) após o que toda a tenacidade de Yates não conseguiria prolongar a partida por muito tempo. Não joguei minha Dama para g7 para evitar a possibilidade de 30.Qd3 Nb4 31.Qxd6 atacando o Bispo, mas 31...Nxc2+ 32.Kd1 Nxa1 (ou até 32...Rf6) nesse caso seriam decisivos em favor das pretas. O jogo das brancas a partir de agora é um exemplo de paciência e engenho defensivos em uma posição teoricamente perdida. 30.e5! Nxe5 31.Ne4 Qe7 32.Nfd2 Bc4 33.Nxc4 Nxc4 Ameaçando 34...d5 assim como 34...Ne3. Poderia se imaginar que a partida fosse durar mais um par de lances.
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34.Rd1! Ameaçando 35.Rd5. 34...Qe5 35.Qd3! Evitando novamente 35...Nb2 devido a 36.Qxd6 etc. Além disso as brancas agora ameaçam 36.Qd5+ etc. 35...Rf5 36.0-0! Assim as brancas definitivamente se salvaram de um desastre no meio jogo, e por estranho que pareça, as pretas dificilmente obterão vantagem suficiente ao jogar 36...Ne3. A continuação poderia ser 37.Nxd6! Rd8 (ou 37...Rf6 38.Rfe1 Rd8) 38.Rfe1 Rf6 39.Qe4! (o ponto da defesa) após o que 39...Qxc3 poderá ser um erro devido a 40.Nxb5! etc; e também 39...Qxe4 40.Nxe4 Rxd1 41.Nxf6+ Kf7 42.Rxd1 Nxd1 43.Ne4 ainda não seria convincente o bastante (43...a5 44.Nd6+ ou 43...Ke6 44.Nc5+). Assim sendo, o próximo lance das pretas é o método mais simples para se obter uma vantagem vencedora no final. 36...d5! Não somente devolvendo o peão de vantagem, mas até o peão passado a será sacrificado para estabelecer a Torre na 7ª fileira. O final em seguida é agudo e repleto de pontos táticos. 37.Qxd5+
Obviamente não há outra escolha. 37...Qxd5 38.Rxd5 Rxd5 39.Nf6+ Kf7 40.Nxd5 Rd8 Ao invés disso, 40...a5 41.Nc7 Rb8 42.Rb1 não seria convincente. 41.Nb4 Rd2 42.Ra1 A variante principal que eu esperava era 42.Nxa6 Ne3 43.Rb1 Rxg2+ 44.Kh1 Rxc2 45.Rxb5 g4! 46.hxg4 hxg4 47.fxg4 f3, vencendo. 42...a5 43.Nc6 Rxc2 44.Nxa5 Ne3 45.Rb1 Rxg2+ 46.Kh1 Rg3 Não é tão simples como parece ao invés disso 46...g4 devido a 47.hxg4 hxg4 48.Nc6! etc. 47.Nc6 Rxh3+ 48.Kg1 Rg3+ 49.Kh2 Kf6 50.Nd4
50...g4! Esse avanço no momento exato de fato salva o Peão g devido à forte ameaça que envolve. 51.fxg4 Nxg4+ 52.Kh1 f3 Ameaçando mate em dois e dessa forma forçando a resposta. 53.Rf1 Rh3+ 54.Kg1 f2+ 55.Kg2 Rxc3 56.Rh1 Yates ainda luta! Ao invés disso 56.Nxb5 perderia rapidamente após 56...Rb3 57.Nd4 Rd3 58.Nc2 Rd2 etc. 67
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
56...Rd3! 57.Ne2 Ou 57.Nxb5 Rd2 58.Rh3 Rd1, etc. 57...Rd2 58.Ng3 Rb2! Iniciando a combinação final. O imediato 58...Nh2 seria, é claro, um erro, devido a 59.Ne4+. 59.Nxh5+ Ke5 60.Ng3 Nh2! Um golpe elegante, através do qual as pretas forçam a troca dos Cavalos e mantém seus dois Peões a mais. 61.Nf1 Nxf1 62.Rh5+ Kd4 63.Kxf1 b4 64.Rh8 Rc2 65.Rb8 Kc3 66.Rb7 b3, e as brancas abandonaram. Partida 32 Alekhine, A. - Nimzowitsch, A. Torneio de San Remo, Janeiro de 1930 Defesa Francesa - C17
1.e4 e6 2.d4 d5 3.Nc3 Bb4 4.e5 c5 5.Bd2 Esse lance bastante inofensivo em conexão com a próxima manobra do Cavalo não deve causar muitos problemas para as pretas. Mais promissor – somente talvez por ser menos explorado – parece ser 5.Qg4 ou mesmo 5.dxc5. 5...Ne7 6.Nb5 Bxd2+ 7.Qxd2 0-0 8.c3 b6
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O desejo de resolver da forma mais rápida possível o problema do Bispo da Dama é, para o segundo jogador na Defesa Francesa, muito legítimo, - mas nessa posição em particular a tentativa se mostrará um fracasso, pois as pretas não conseguem trocar essa peça pelo Bispo do Rei das pretas. Bom – e bastante natural – seria ao invés disso 8...Nf5! (prevenindo Nd6) como jogado com sucesso pelo mesmo Nimzowitsch contra o Dr. Lasker em Zurique 1934. 9.f4 Ba6 Tentando forçar o lance a4 das brancas para jogar em seguida ...Nc6-a5 etc. Mas, como veremos, a segunda parte desse plano não pode ser executada. 10.Nf3 Qd7 11.a4 Nbc6 12.b4! De forma bastante estranha, esse lance mais ou menos convencional (através do qual as brancas evitam ...Na5 e ao mesmo tempo forçam uma limpeza da situação central) criou na época uma espécie de pequena sensação. Posteriormente o Dr. Tarrasch, por exemplo, o classificou em seus comentários como “altamente original”. Para mim mais surpreendente do que o lance foi o fato de que um jogador da classe de Nimzowitsch, ao adotar o plano iniciado por 8...b6, não tenha levado a sério essa possibilidade. 12...cxb4 Relativamente melhor do que 12...c4, após o que as brancas não teriam grandes dificuldades técnicas para explorar, de forma decisiva, sua vantagem de espaço na ala do Rei. 13.cxb4 Bb7 14.Nd6 f5? O erro estratégico decisivo em uma situação já comprometida. Em vista da ameaça do avanço do Peão a das brancas, a única chance de obter um pouco mais de espaço residia em 14...a5 15.Bb5 (melhor do que 15.b5 Nb4)
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
15...axb4 16.0-0, após o que a iniciativa das brancas – que precisam gastar algum tempo na recuperação do Peão b – não se desenvolveria de forma tão rápida. Ao jogar o seu Peão f5, Nimzowitsch obviamente temia um ataque contra o seu Rei – e essa foi a única coisa nessa partida com o que ele não precisava se preocupar!
15.a5! Como 15...bxa5 16.b5! seguido por 17.Rxa5 agora é obviamente ruim para as pretas, esse avanço assegura a casa muito importante b5 para o Bispo branco. 15...Nc8 A eliminação do Cavalo terrível em d6 – o que em outras circunstâncias significaria uma emancipação completa – de fato não trás nenhum alívio para as pretas. 16.Nxb7 Qxb7 17.a6 Qf7 Para sua desgraça 17...Qe7 não funciona devido a 18.Bb5! Nxb4? 19.Rb1etc. 18.Bb5 Daqui para a frente as pretas podem jogar o que quiserem – serão incapazes de proteger suficientemente suas casas c6 e c7. O golpe de misericórdia sem esperanças a seguir é somente a consequência inevitável desse mal orgânico. 18...N8e7 19.0-0 h6
Embora Ng5 não seja ainda uma ameaça, poderá vir a sê-la em futuro próximo. Além disso, o imediato 19...Rc8 não mudaria em nada a situação: as pretas perdem não devido à falta de tempo, mas devido à falta de espaço. 20.Rfc1 Rfc8 21.Rc2 Se agora 21...Nd8 22.Rac1 Rxc2 23.Rxc2 Rc8 24.Rxc8 Nxc8 25.Qc3, seguido por 26.Qc7 vencendo. 21...Qe8 22.Rac1 Esse e o próximo lances não são os mais exatos, pois a formação vitoriosa Qc1, R5c2 e R-c3 será conseguida não após três lances, mas cinco, como ocorreu nessa partida: 22.Ra3! seguido por Rac3 e Qc1. 22...Rab8 23.Qe3 Rc7 24.Rc3! A partir de agora as brancas vencerão no menor número de lances. 24...Qd7 Para dar ao Rei a possibilidade de proteger a Torre em c7. Uma ideia desesperada em uma desesperada posição. 25.R1c2 Kf8 26.Qc1 Rbc8
27.Ba4! A última ligação do ataque posicional iniciado com 15.a5!. Para salvar a peça ameaçada por 28.c5 as pretas precisam sacrificar seu peão b. Após isso, conseguem proteger a casa 69
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importante com o Rei, mas ainda devem abandonar como consequência de um zwgzwang completo. Um final instrutivo! 27...b5 28.Bxb5 Ke8 29.Ba4 Kd8 30.h4! Após um par de lances irrelevantes de Peão, as pretas serão obrigadas a jogar ...Qe8, após o que o lace das brancas b5 vencerá de imediato. As pretas abandonaram. Partida 33 Vidmar, M. - Alekhine, A. Torneio de San Remo, Janeiro de 1930 Defesa Nimzowitsch - E37
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nc3 Bb4 4.Qc2 d5 5.a3 Bxc3+ 6.Qxc3 Ne4 7.Qc2 Nc6 De acordo com o estágio atual da teoria, 7...c5 8.dxc5 Nc6 é suficiente para igualar. O lance do texto – em conexão com o sacrifício de Peão em seguida – foi introduzido por mim na presente partida, e foi considerado, por muito tempo, um tipo de refutação a 5.a3. Só recentemente ocorreram algumas partidas em torneios e as análises subsequentes colocaram em dúvida a eficiência do contrajogo das pretas. Como a ideia ocorreu-me somente durante essa partida e nunca a testei desde então, não me surpreenderia se as análises posteriores e detalhadas provassem definitivamente sua insuficiência. 8.e3 Após 8.Nf3 e5 9.dxe5 Bf5 10.Qb3 Na5 11.Qa4+ c6 12.cxd5 Qxd5 etc., as pretas obteriam uma boa compensação posicional pelo Peão a menos. 8...e5 9.f3?
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Muito inofensivo, para dizer o mínimo. As brancas entrariam na variante principal ao jogar 9.cxd5, o que lhes traria, após uma bastante ousada viagem do Rei é verdade, duas peças menores pela Torre e uma posição segura o suficiente. O jogo poderia ser 9...Qxd5 10.Bc4 Qa5+ 11.b4! Nxb4 12.Qxe4 Nc2+ 13.Ke2 Qe1+ 14.Kf3 Nxa1 15.Bb2 Be6! (o lance de Fine) 16.d5 0-0-0 17.dxe6 fxe6 18.Kg3! após o que as poucas ameaças que as pretas ainda têm dificilmente compensam sua perda material. Após o lance do texto, as pretas conseguem uma vantagem no desenvolvimento sem nenhum sacrifício em troca. 9...Nf6 Seria um ataque prematuro 9...Qh4+ 10.g3 Nxg3 11.Qf2 Nf5 12.cxd5 etc., com vantagem para as brancas. 10.cxd5 Qxd5 11.Bc4 Esse ganho de tempo não é compensação suficiente para todo o tempo desperdiçado anteriormente. 11...Qd6 12.dxe5 Nxe5 13.Bd2 Não satisfeitas com o resultado da abertura, as brancas iniciam a armação de pequenas armadilhas, as quais, no entanto se mostrarão bastante ineficazes. Relativamente melhor do que esse desenvolvimento artificial seria 13.Ne2 seguido pelo 0-0.
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13...0-0! De maneira correta a ignorar a combinação das brancas. 14.Bb4 Também 14.Rd1 Qb6 seria favorável às pretas. 14...c5 15.Rd1 É claro que não 15.Bxc5 Qxc5 16.Bxf7+ Rxf7 17.Qxc5 Nd3+, etc. Mas também o lance intermediário do texto, no qual as brancas obviamente confiam, é de pequena ajuda. 15...Qc6! O ponto da defesa ativa das pretas: se agora 16.Bxc5, então 16...Nxc4 17.Qxc4 (ou 17.Bxf8 Kxf8, etc.) 17...b6 etc., ganhando uma peça. Dessa forma, as brancas precisam retirar seu Bispo. 16.Bd2 Bf5!? A partir de agora o problema das pretas será o de que elas terão muitas continuações promissoras à disposição, e dessa forma será extremamente difícil decidir a cada instante qual a melhor. Como seguiu a partida, conseguiram vencer através de um interessante jogo tático, com o sacrifício inicial de um Peão e finalmente da qualidade – mas as brancas mantiveram, quase até o final, excelentes chances de empate! Consequentemente algo não deve ter funcionado no método de exploração da considerável vantagem posicional pelas pretas. Mais provável, a forma racional consistirá não em tentar se aproveitar da proteção insuficiente do Peão do Rei das brancas, mas em incrementar duas vantagens já existentes: (1) a maioria de Peões na ala da Dama, e principalmente (2) a fraqueza das casas brancas no campo das brancas. Dessa forma, o tentador lance com o Bispo deveria ser trocado pela simples variante 16...Nxc4 17.Qxc4 Be6 18.Qc2 Qb5! etc., após o que
as brancas dificilmente conseguiriam colocar o Rei em segurança. 17.Qxf5 Nxc4 18.Bc1 Rfe8 De modo algum seria convincente 18...Rad8 19.Rxd8 Rxd8 20.Ne2 Nd5 21.Ng3! seguido por 22.e4, etc. 19.Kf2 Re6 Planejando o intermediário a seguir, que forçosamente ganha um Peão. 20.Nh3! Relativamente melhor do que 20.Ne2, pois o Cavalo eventualmente pode ser útil em g5.Após a abertura infeliz o Dr. Vidmar defende sua posição comprometida com extremo cuidado e determinação. 20...Ne4+! 21.Ke1 É claro, o Cavalo não pode ser tomado devido a 21...Rf6. 21...Ned6 22.Qd3! Se 22.Qd5 as pretas naturalmente evitariam a troca das Damas com 22...Qb5.
22...Nxe3! O ponto dos lances anteriores das pretas, que tem como alvo não a troca das duas Torres pela Dama, mas simplesmente ganhar o Bispo, permanecendo com o Peão de vantagem. Entretanto, como agora as brancas podem forçar a troca das Damas, a luta de forma alguma está perto do fim. 71
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23.Bxe3 c4! 24.Qd5 De outro modo as pretas jogam 24...Nf5. 24...Rxe3+ 25.Kf2 Qxd5 Após isso, as pretas quase não têm escolha nos próximos 10-12 lances, quando se chegará a um final extremamente difícil entre Torre+2 Peões contra Cavalo+3 Peões. Possivelmente uma alternativa um pouco mais promissora fosse então 25...Re6 26.Qxc6 (as pretas evitaram trocar) 26...bxc6 27.Rhe1 Rxe1 28.Kxe1 Nf5! seguido eventualmente por ...Ne3. Mas nesse estágio não era fácil decidir qual linha deixaria menos chances de empate para as brancas. 26.Rxd5 Rd3 Isso foi, é claro, planejado no lance anterior. Após 26...Re6 27.Rhd1 etc., as brancas empatariam com facilidade. 27.Rxd3 cxd3 28.Rd1 Nc4 29.Rxd3 Nxb2 30.Rb3 Nc4 31.Rxb7 Nxa3 32.Ng5 Finalmente as brancas conseguem justificar o lance 20.Nh3!. É obvio o suficiente que as pretas não têm tempo para proteger seu Peão f , pois após 32...f6 a manobra N-e6c7 forçaria o empate de imediato. 32...a5 33.Nxf7 a4 Seria inútil 33...Nc4 devido a 34.Rc7. 34.Nd6 Nc2 35.Rb2 De outra forma o Peão passado vai embora. 35...a3! 36.Rxc2 a2 37.Rxa2? É difícil explicar por que as brancas tomaram o Peão ao invés de jogar 37.Rc1 a1Q 38.Rxa1 etc., o que lhes daria a opção de jogar o Rei a g3 (como na partida) ou fazer outro lance. Realmente, após 38...Rxa1 39.g4! a vitória das pretas, se possível, seria mais remota do que na linha escolhida. 37...Rxa2+ 38.Kg3 Kf8 O plano das pretas evidentemente consis72
te em restringir a atividade de ambas as peças das brancas e tentar criar um Peão enfraquecido na estrutura inimiga. Se isso pode ser realizado contra uma defesa impecável é outra questão. Não tendo visto um final de partida como esse na literatura dedicada a esse ramo no xadrez, confesso que esperava bastante que o meu adversário conseguisse encontrar uma posição defensiva inexpugnável para o seu Cavalo e Rei.
39.h4 É difícil sugerir exatamente as manobras das brancas precisam fazer para evitar o avanço gradual do Rei das pretas, mas uma consideração posicional está acima de discussão: os Peões brancos não podem ser movidos sem necessidade ou sem uma perspectiva real de troca. Embora o lance do texto dificilmente possa ser considerado como o erro decisivo, certamente auxilia a execução da primeira parte do plano das pretas, pois a partir de agora o Rei branco terá que tomar cuidado não somente com g2 mas também eventualmente com h4. 39...Ke7 40.Ne4 h6 Necessário para permitir o avanço do Rei. 41.Nf2 Ke6 42.Nd3 Kf5 43.Nf4 Ra4 44.Nd3 Rc4 45.Nf2 Rc6 46.Nh3 Ke5 As pretas agora ameaçam trazer seu Rei para f1, por exemplo: 47.Nf4 Kd4 48.Kf2 Rc2+ 49.Kg3 Ke3 50.Nd5+ Ke2 51.Nf4+
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
Kf1; após isso, o próximo passo seria assegurar a casa f2 para o Rei, através de Zwgzwang, mesmo que não seja agora, mas ao final do procedimento vitorioso! Alguém poderá então imaginar como foi bem-vindo o próximo lance de Peão, que me forneceu várias novas possibilidades de ataque. 47.h5? Tirando o controle da casa g6 das pretas, mas como veremos, o controle de g5 era muito mais importante. 45...Rc2 48.Nf4 Rd2! 49.Nh3 Já não há escolha. 49...Kd4 50.Nf4 Ke3
Evitando que as brancas protejam o peão f através de 53.g3, que poderia ser jogado contra 53...Ke5. 54.f5 Rf7 Não o caminho mais curto, que seria: 54...Ke4 55.Nxg7 Rf7 56.Ne6 (ou 56.Ne8 Ke5!) 56...Rxf5 57.g3 Re5 58.Nf4 Rg5+ 59.Kh4 Kf3, vencendo. 55.g3 Precipitando o fim. Após 55.Nd8! Rf6 56.Ne6 as pretas adotariam a variante mostrada acima iniciando com 55...Ke4!. 55…Ke4 56.Nc5+ Kd4! 57.Nb3+ Ke5, e as brancas abandonaram. Minhas partidas com o Dr. Vidmar geralmente são repletas de vida e de luta. Partida 34 Alekhine, A.- Maróczy, G. Torneio de San Remo, Janeiro de 1930 Defesa Ortodoxa - D67
51.Ne6? Impaciência ou desespero? Se for o último, esse já se justifica pois a volta 51.Nh3 significaria derrota certa: 51...Ra2! 52.Nf4 Ra5, ganhando, para começar, o aventureiro Peão h das brancas. 51...Rd5 O início do fim, pois 52.Kh4 não ajuda muito devido a 52...Re5! 53.Nxg7 Rg5 seguido por ...Rxg2, etc. 52.f4 Rf5! O Peão f é muito mais importante do que o Peão g, o qual, de qualquer modo, está prestes a ser capturado mais cedo ou mais tarde. 53.Kg4 Rf6!
1.d4 d5 2.c4 e6 3.Nc3 Nf6 4.Bg5 Be7 5.e3 Nbd7 6.Nf3 0-0 7.Rc1 c6 A prática recente parece mostrar que o lance intermediário 7...h6 dá às pretas maiores oportunidades de resolver o problema central de forma mais satisfatória do que essa antiquada e também chamada “manobra de liberação de Capablanca” (embora já tivesse sido jogada, por exemplo por Mason em Hanover 1902). 8.Bd3 dxc4 9.Bxc4 Nd5 10.Bxe7 Qxe7 11.Ne4 b6 Uma tentativa de resolver de imediato o problema do Bispo da Dama. Embora tenha conquistado nessa partida um sucesso parcial (pelo menos no estágio da abertura), dificilmente pode ser indicada, se as brancas jogarem os lances seguinte de forma mais enérgi73
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ca. Ao invés disso, a ideia do Dr. Lasker 11...N5b6 12.Ng3 e5! (veja a partida 70) parece ser suficiente para igualar. 12.0-0 Bb7 13.Ng3 c5 14.e4 Uma alternativa interessante aqui seria 14.Bb5 para responder 14...cxd4 com 15.e4 seguido de Rc7. As pretas nesse caso teriam que tratar com os problemas usuais causados por essa variante decorrentes de um avanço insuficientemente preparado do Peão c. 14...N5f6 15.Re1 O lance anterior das brancas encontraria aqui sua justificação lógica se continuasse com 15.d5, por exemplo: 15...exd5 16.exd5 Qd6 17.Nf5 Qf4 18.Ne7+ Kh8 19.Bb5! após o que o peão d permaneceria um fator importante favorável às brancas. Ao escolher a continuação tranquila (devido pincipalmente ao fato de que iniciando o torneio com cinco vitórias em seguida, eu não queria na sexta rodada dar qualquer chance), as brancas ainda mantiveram uma ligeira vantagem posicional – mas contra um jogador especialista em finais como Maróczy as chances das brancas se tornaram bastante problemáticas. 15...cxd4
16.Bb5! Se ao invés disso 16.e5, então 16...Ng4! 17.Qxd4 Bxf3 18.gxf3 Ngxe5! 19.Rxe5 Nxe5 20.Qxe5 Rac8 etc., com vantagem das 74
pretas. 16...Rfc8 17.Qxd4 Rc5 18.Bxd7 Nxd7 19.b4 Rxc1 20.Rxc1 Rc8 21.Rxc8+ Bxc8 22.Qc3 A posição não é de empate morto, como alguém poderia imaginar à primeira vista. No momento, por exemplo, as pretas terão que desperdiçar tempo para estancar as ameaças das brancas na coluna c. 22...Qd8 23.Nd4 Bb7 24.f3 Uma das vantagens das brancas consiste no fato de que o Bispo das pretas, devido à estrutura geral dos Peões, possui perspectivas muito modestas. 24...Nf6 Para poder se opor à Dama em c7 – sem dúvida o esquema correto. 25.Nf1 Esse Cavalo evidentemente não tem nada a fazer em g3. 25...Ne8 26.Ne3 a6 Maróczy parece não estar disposto a jogar um final puramente passivo – de outra forma lógico - que se obteria através de 26...Qc7 27.Qxc7 Nxc7 28.Nc4 Ne8!. A vantagem de espaço das brancas nessa variante seria evidente, mas a ameaça direta 29.Nb5 seria estancada através de 25...Ba6 e a conclusão da partida em empate ainda seria provável. Após o lance feito na partida, as pretas por outro lado dificilmente oferecerão a troca das Damas devido à sua fraqueza na casa b6.
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
27.a4! A intenção a5 preencherá duplo objetivo: (i) fixar a fraqueza das pretas na casa b6; (ii) assegurar a forte casa c5 para o Cavalo. 24...h6 28.h3 Não para dar ao Rei uma casa de fuga – aqui desnecessária -, mas simplesmente planejando mover essa peça eventualmente para o centro, e dessa forma colocando o Peão h em uma casa protegida. 28...h5? O 26º lance das pretas, embora não completamente lógico (evitando a troca das Damas e criando uma debilidade na ala da Dama), dificilmente foi suficiente para comprometer seriamente a situação. Mas esse lance de Peão em particular – cujo significado não se explicará pelos próximos lances das pretas – ao criar um novo (embora possa se dizer, no momento quase imperceptível) ponto fraco na casa g5, produz inconfundíveis chances de vitória para as brancas. 29.a5 bxa5 30.bxa5 Qd6 31.Nb3 Bc6 O desejo de trazer o Bispo para uma casa mais ativa (b5) é razoável; mas as brancas aproveitam a oportunidade para avançar seus Peões centrais, e dessa forma limitam a ação do Cavalo hostil.
32.e5! Qc7 33.Nc5 Bb5 34.f4
O ligeiro enfraquecimento das casas brancas causado por esse avanço não importa mais, pois o Bispo está preso na defesa do Peão a. 34...Qd8 35.f5 A única possibilidade de vitória para as brancas consiste em combinar pressão na ala da Dama com ameaças diretas ao Rei das pretas. 35...exf5 36.Nxf5 Qg5 37.Nd4! Um importante detalhe técnico: 37...Qxe5 38.Nxb5, etc. 37...Nc7 38.Nf3 A partir de agora as pretas imaginarão que erraram ao jogar 28...h5. 38...Qf4 39.Kf2 Mostrando assim que as brancas estão quase dispostas a trocar a Dama. De fato, o final resultante após 39...Nd5 40.Qd4 Qxd4+ 41.Nxd4 Bc4 42.Nf5! seguido por Nd6 seria extremamente crítico, senão sem esperanças para as pretas. 39...Qf5 40.Qd2 Kh7 Se ao invés disso 40...Ne6 41.Nb7! seguido por Nd6 não permitiria às pretas resistir por mais tempo. O procedimento vencedor em seguida é instrutivo.
41.Ne4! Se agora 41...Ne8, então 42.Nb3 Qg6 75
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43.Qd8 etc., com estrangulamento gradual. As pretas então preferem sacrificar um Peão para se livrar ao menos do Cavalo enfadonho. 41...Ne6 42.Nd6 Qb1 Se 42...Qg6 as brancas vencem através de 43.Nxb5 axb5 44.a6 pois 44...Nc5 não funciona devido a 45.Ng5+ Qxg5 46.Qxg5 Ne4+ 47.Ke3 Nxg5 48.a7. 43.Nxf7 Bc6 44.N7g5+ Nxg5 45.Nxg5+ Kg6 46.h4 Assim as brancas tomaram o máximo de vantagem a partir da fraqueza das pretas em g5! 46...Kf5 A ameaça era 47.Qd6+ Kf5 48.Qe6+ Kf4 49.g3 mate. 47.e6 Qb5 48.Qc2+ O objetivo dos xeques em seguida é evitar com tempo o lance ...Qc5+ e dessa forma tornar possível o futuro avanço do Peão passado. 48...Ke5 49.Qc3+ Kd6 50.Qg3+ Kd5 51.Qf3+ Ke5 52.Qe3+ Kf6 Ou 52...Kd6 53.Qf4+! etc. 53.Qc3+ Kg6 54.e7 Qf5+ 55.Ke3 O Rei aqui certamente está mais seguro do que na ala (55.Kg1 Qb1+ etc.). 55…Be8 56.Qd4 Bb5 57.Qd6+ Qf6 58.Ne4!, e as pretas abandonaram. Partida 35 Alekhine, A.- Tartakower, S. Torneio de San Remo, Janeiro de 1930 Defesa Holandesa - A90
1.d4 e6 2.c4 f5 3.g3 Nf6 4.Bg2 Bb4+ 5.Nd2 Ne4 As pretas querem trocar peças logo na abertura – uma estratégia duvidosa, para dizer o mínimo. Seria mais no espírito da abertura 76
escolhida 5...0-0 6.a3 Be7, etc. 6.a3 Nxd2 7.Bxd2 Bxd2+ 8.Qxd2 0-0 9.Nh3 Principalmente para reforçar o controle da casa d5 no caso das pretas escolherem o desenvolvimento ...d6 e ...e5. 9…d5 Daqui em diante as casas pretas da posição das pretas cedo ou tarde se tornarão muito fracas. E as brancas, para explorar essas fraquezas, decidem libertar o centro dos Peões o mais rapidamente possível. Embora isso seja muito difícil maginar nesse momento, se após as trocas projetadas as pretas teriam à sua disposição defesa adequada contra as muitas ameaças, seria mais apropriada uma política mais lenta – do tipo 10.Rc1 c6 11.0-0 Qe7 12.Qe3 seguido por Nf4, etc. para tirar vantagem da manobra das pretas entre os lances 5º-7º. 10.cxd5 exd5 11.Nf4 c6 12.0-0 Qe7
13.b4! O objetivo real desse lance – além de um ataque de minoria que através dele faz a continuação a4 também bastante possível – é abrir para a Dama o caminho para a2. A sequência provará a importância dessa diversão. 13…a6 14.f3
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
Tudo de acordo com o plano iniciado através do seu 10º lance. Mas as pretas, mantendo a cabeça fria, conseguem sair da escaramuça sem muitos danos. 14…Nd7 15.e4 fxe4 16.fxe4 dxe4 17.Qa2+ Com tristeza o tentador 17.Bxe4 não funciona – por exemplo 17...Qxe4 18.Rae1 Qf5 19.Qa2+ (ou 19.Ne6 Qg6 20.Nxf8 Nxf8, com vantagem das pretas) 19...Rf7 20.Re8+ (ou Re7) 20...Nf8 – e as pretas escapam. 17…Kh8 18.Ne6 É pouco convincente 18.Qe6 Re8! etc. 18…Rxf1+ 19.Rxf1 Nf6 20.Ng5 h6
21.Qf7! Esse forte lance, que obriga a troca das Damas devido à ameaça 22.Rxf6!, etc. teve que ser previsto quando se iniciou a ação no centro, pois de outro modo as pretas obteriam um jogo até melhor. 21…Qxf7 22.Nxf7+ Kh7 23.Nd6 Essa posição ameaçadora do Cavalo assegura às brancas a recaptura dos Peões sacrificados. Mas por outro lado, as pretas podem, enquanto isso, encontrar a oportunidade para concluir seu desenvolvimento e obter a igualdade. 23…Be6?
Obviamente superestimando o valor do seu Peão central. O caminho correto era 23...a5! 24.Nxe4 (se 24.b5 então simplesmente 24...cxb5) 24...axb4 25.Nxf6+ (ou 25.axb4 Nd5) 25...gxf6 26.axb4 Kg7 com provável empate à vista. 24.Nxb7 Bd5 25.Re1! De outra forma, em muitos casos as pretas podem jogar ...e3. 25...Ra7 26.Nc5 a5 Dando às brancas um Peão passado. Mas a Torre, naturalmente, não pode defender para sempre o Peão a. 27.bxa5 Rxa5 28.a4 Ra8 Com o objetivo de ocupar a coluna b , ou como realmente acontece, diminuindo um pouco a pressão das brancas contra o Peão e. 29.Ra1 Ra5
30.Ra3! Ainda com o objetivo de evitar ...e3. 30...Kg6 As pretas esperavam ter o tempo exato para executar a manobra N-e8-d6, mas foram impedidas disso pelo que o próprio Dr. Tartakower chamou de “maravilha combinatória”. 31.h3 Kf5 32.Kf2 Ne8 Tudo de acordo com o plano concebido. Ao invés disso, 32...h5 evitaria a surpresa a 77
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seguir, mas após 33.Ke3 etc., o laço em todas as peças das pretas de qualquer forma conduziria a perda material.
Partida 36 Ahues, C. - Alekhine, A. Torneio de San Remo, Janeiro de 1930 Defesa Índia da Dama - A47
1.d4 Nf6 2.Nf3 b6 3.e3 Bb7 4.Nbd2
33.Bxe4+! À primeira vista, considerando a troca muito simplória 34.Nxe4 Kxe4 35.Re3+ Kxd4 36.Rxe8 Rxa4 etc.; mas na verdade forçando um final tecnicamente vitorioso muito fácil com um Peão de vantagem. 33...Bxe4 34.g4+ O ponto simples mas muito desagradável: se 34...Kf4 35.Ne6 mate! 33...Kf6 35.Nxe4+ Ke6 36.Ke3 Nd6 37.Kd3 Nxe4 38.Kxe4 h5 As pretas percebem que um jogo calmo não deixaria a elas nenhuma chance – por exemplo 38...Kd6 39.Kd3 Kd5 40.Ra1 c5 41.dxc5 Kxc5 42.Kc3 etc., conforme minha última partida no match contra Capablanca. Tentam, então, criar objetivos de ataque na ala do Rei, mas somente aceleram o final ao aceitar o sacrifício de Peão em seguida. 39.g5! Rxg5 Após 39...Kd6 40.h4 sua situação seria até pior que a anterior. 40.a5 Rb5 41.a6 Rb8 42.a7 Ra8 43.h4! g5 44.hxg5 h4 45.Ra6 Kf7 46.Kf4 h3 47.Kg3 Kg6 48.d5! Kxg5 49.dxc6 Kf5 50.c7 e as pretas abandonaram. 78
Esse sistema de desenvolvimento foi favorecido por Rubinstein e pelo falecido campeão belga Colle. Não é particularmente agressivo, mas tem seus perigos – de forma especial se as brancas conseguirem a tempo uma abertura para seu Bispo da Dama na diagonal adequada. 4...c5 5.Bd3 e6 6.c3 Be7 7.Qe2 As brancas são super cautelosas. Seria mais no estilo da variante escolhida 7.e4, e somente após 7...d6 8.Qe2, pois com o lance efetuado as pretas conseguem a seguir uma resposta original para evitar o avanço do Peão e. 7...Nd5! Sem intenções ocultas: se e4, então ...Nf4; se c4, então ...Nb4, etc. 8.dxc5 Com essa troca as brancas iniciam uma manobra elaborada, com o objetivo final de trazer o Bispo da Dama para a diagonal a1h8. De fato, aqui dificilmente há uma linha mais promissora que lhes possa ser recomendada. 8...bxc5 9.Nf1 As brancas não jogaram Nc4, pois pretendem desalojar o Cavalo central das pretas através de c4. 9...Qc7 10.Ng3 Nc6 11.Bd2
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
11...g5! Uma ideia corajosa, conectada com a oferta de um Peão e com as seguintes considerações gerais: as pretas possuem na ala do Rei uma massa elástica de Peões, não obstruídos pelas suas próprias peças; a coisa natural a se fazer então é tentar conquistar espaço através do avanço gradual desses Peões. Mas por qual Peão começar? O lance 11...h5 seria respondido por 12.h4! que pararia qualquer ação posterior naquela ala. Por outro lado, 11...f5 também seria prematuro, pois permitiria às brancas abrirem a posição através de 12.e4 fxe4 13.Qxe4! etc. Resta o lance do texto, o qual, a propósito, é mais efetivo do que o preparatório 11...0-0, que permitiria às brancas responderem com 12.a3! seguido por c4, etc. 12.c4 Ndb4 13.Bc3 Deve-se admitir que as brancas pelo menos jogam logicamente – a diagonal a1-h8 é no momento sua única contra chance. 13...Nxd3+ 14.Qxd3 Nb4 15.Qe2 A variante principal considerada pelas pretas quando jogaram 11...g5 era 15.Qb1 f6 16.Nxg5 (ou 16.a3 Nc6 17.Nxg5 Ne5, com vantagem das pretas) 16...Bxg2 17.Rg1 Bb7 18.Nxh7 0-0-0!, com vantagem posicional mais do que suficiente para compensar o material sacrificado.
15...Rg8 16.a3 Nc6 17.Nd2 Ne5 18.Qh5 As brancas obviamente não satisfeitas com sua posição, buscam complicações. É claro, as chances das pretas também seriam superiores (principalmente devido às possibilidades oferecidas pelo par de Bispos) após o tranquilo 18.f3. 18...0-0-0 Ainda mais enérgico seria 18...Bxg2 19.Rg1 Bc6 20.Qxh7 0-0-0 etc., com vantagem para as pretas. Após o lance do texto as brancas decidem renunciar – ao custo de dois tempos! – a fazer essa troca comprometedora. 19.0-0 f5 Ameaçando 20...g4. 20.Qe2
20...h5! Não há motivo para dar ao adversário qualquer momento de alívio! 21.Nxh5 As brancas são forçadas a tomarem esse Peão, de outra forma seu avanço seria muito doloroso. 21...Rg6 Ameaçando 22...Rh6 seguido por ...Rd1h8 etc., com efeito mortal. 22.f4 79
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A troca proposta dessa forma colocará o Cavalo em uma excelente posição defensiva – mas, infelizmente para as brancas, somente por muito pouco tempo. Porém, como as brancas não têm nem mesmo sombra de contra jogo, a posição do seu Rei a longo prazo era indefensável de qualquer forma. 22...gxf4 23.Nxf4 Rh6 24.h3 Rg8 Com a forte ameaça 25...Ng6, etc. 25.Bxe5 Qxe5 26.Nf3 Qg7
27.Rad1 Após esse lance, as pretas recuperam o Peão e ao mesmo tempo demolem a última fortificação protetora do Rei inimigo. Mas também a proteção do Peão h através de 27.Kh1 levaria a uma posição insustentável após 27...Bd6 28.Qf2 Qg4! (ameaçando 29...Bxf4 30.exf4 Rxh3+! etc.) 29.Kg1 Rxh3! 30.Nxh3 Qxh3, etc. 27...e5! 28.Nd5 Rxh3 29.Qd2 Bxd5 30.cxd5 e4 31.d6 exf3 32.Rxf3 Rxf3 33.dxe7 Qxe7, e as brancas abandonaram. Partida 37 Alekhine, A. - Kmoch, H. Torneio de San Remo, Janeiro de 1930 Defesa Nimzowitsch - E51
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nc3 Bb4 4.Bd2 80
Uma das respostas mais inofensivas ao 3º lance das pretas. Ainda a presente partida mostra que as pretas, mesmo fazendo os lances mais simples, podem obter um meio jogo com as mesmas perspectivas. 4...0-0 5.e3 d5 6.Nf3 c5 7.a3 De novo um lance passivo. Ao jogar a abertura dessa partida, decididamente não estava no meu melhor humor! Primeiro 7.Qc2 e somente após 7...Nc6 8.a3 Bxc3 9.Bxc3 etc., o que conduziria a um jogo mais pitoresco. 7...Bxc3 8.Bxc3 Ne4 Perfeitamente lógico, como a simplificação em seguida, aqui só favorece o segundo jogador. 9.Rc1 Mesmo agora 9.Qc2 era mais promissor. 9...Nxc3 10.Rxc3 cxd4 11.exd4
11...Nc6! As pretas não se apressam com 11...dxc4, pois após 12.c5 serão capazes de iniciar uma batalha bem sucedida no centro ao responderem 12...e5!. 12.Be2 dxc4 13.Bxc4 Não é difícil ver que a batalha da abertura resultou bastante favorável às pretas, pois o Peão isolado das brancas decididamente não ornamenta essa posição e, por outro lado, a
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
vantagem de espaço que as brancas possuem no momento não tem muita importância, devido à ausência de pontos vulneráveis na posição inimiga. A única chance das Brancas, portanto, é tentar criar um ataque na ala do Rei – e o leitor verá como isso se provará difícil contra o autor de Die Kunst der Verteidigung (A Arte da Defesa, N. do T.). 13...Qf6 14.0-0 Rd8 15.Rd3 Bd7 16.Re1 Apesar de sas pouco brilhantes perspectivas, as brancas ainda decidem jogar para ganhar, e dessa forma não tentam trocar o Peão isolado. De outra forma, elas aqui jogariam 16.Qd2, preparando d5, cujo lance nesse momento não seria bom, devido à resposta ...Na5!. 16...Be8 17.Qd2 Ne7 Agora as pretas também se tornam ambiciosas e evitam por enquanto d5. 18.Ng5! Nd5 Mas não 18...Nf5 devido a 19.Nxe6! fxe6 20.Rxe6, vencendo. 19.Rf3 Qe7 20.Rg3 As brancas estão ansiosas para provocar um movimento enfraquecedor de Peão na ala do Rei das pretas, e então protegem o Cavalo para poder jogar Qd3. 20...h6 21.Nf3 É difícil decidir qual volta do Cavalo seria melhor. Finalmente rejeitei 21.Ne4 devido à possível resposta 21...Qh5.; entretanto, também nesse caso, as brancas, após 22.h3! Qf4 23.Qe2 etc., também manteriam chances bem razoáveis de ataque. 21...Qf6 22.Re4 Defendendo d4 e f4 e eventualmente ameaçando R3g4. Mas a próxima manobra do Cavalo das pretas novamente protege tudo.
22...Ne7 23.Ne5 Nf5 24.Rd3 Seria um erro 24.Rf3 devido a 24...Bc6 25.Nxc6 bxc6 etc., com vantagem das pretas. 24...Rac8 25.h3! As brancas se aproveitam do fato de que o adversário não ameaça nada de importante para assegurar uma casa de escape para o Rei. A parte em seguida dessa partida mostrará claramente o significado desse tranquilo lance preparatório. 25...Nd6? Aproveitando a primeira oportunidade para uma simplificação posterior, a qual, entretanto nesse momento se mostrará perfeitamente boa para as brancas. De fato, o Cavalo nesse instante é uma peça de defesa muito importante para ser eliminada. Ao invés disso, 25...Bc6! ofereceria pelo menos uma defesa bastante suficiente, por exemplo: 26.Nxc6 bxc6 (não 26...Rxc6 devido a 27.d5!), ou 26.Re1 Bd5 etc., com igualdade. 26.Rf4 Nxc4 27.Nxc4 Qg5 Esse lance foi criticado de forma geral como uma perda de tempo, mas também após 27...Qe7 28.Ne5 as brancas obteriam melhores chances de luta. Se nesse caso 28...f6 então 29.Ng4 ameaçando eventuais sacrifícios em f6 ou h6. Falando de forma geral, daqui para frente o Rei das pretas tem proteção bastante insuficiente. 81
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28.Rg3 Qd5 29.Ne3 Qc6 A troca das Damas aqui seria um paraíso para as pretas! 30.Kh2 A agradável consequência do 25º lance das brancas. 30...Qc1 Esperando por 31.Qa5 Qc7 etc. Mas as brancas escolhem a casa certa para a sua Dama. 31.Qb4! Qc7
32.d5! Um avanço tão efetivo da fraqueza poderosa certamente agradaria o grande amigo do Peão de Dama isolado, o falecido Dr. Tarrasch! É bastante óbvio que no caso de ...exd5 (aqui ou no próximo lance) a resposta Qd4 levaria a um rápido colapso da posição das pretas. Mas também pela defesa escolhida, elas serão também obrigadas a entregar pelo menos a qualidade. 32...a5 33.Qe4 É claro não 33.Qpd4 e5. 33...Rd6! 34.Qe5 g6 35.Qh5! Ao invés do tentador 35.Rc4 que não levaria a nada após 35...Rc6! e também 35.Ng4 que após 35...exd5 traria apenas a troca de um Peão. 35...Rxd5 82
Ao invés de abandonar. Eu teria preferido 35...Kh7 36.Ng4!! gxh5 37.Nf6+, seguido de mate. 36.Nxd5 exd5 37.Qxh6, e as pretas abandonaram. Partida 38 Stahlberg, G. - Alekhine, A. Olimpíada de Hamburgo, Julho de 1930 Defesa Nimzowitsch - E23
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nc3 Bb4 4.Qb3 c5 5.dxc5 Nc6 6.Nf3 Ne4 7.Bd2 Nxc5 Esse lance entrou na moda a partida Bogoljubov-Nimzowitsch, no Torneio de San Remo, prêmio de beleza para as pretas. Sem dúvida é mais lógico do que o antigo 7...Nxd2 8.Nxd2 após o que as brancas ao jogar 0-0-0 obterão em breve uma forte pressão na coluna aberta. 8.Qc2 f5 9.a3 Assim as brancas obtiveram – ao menos temporariamente – o par de Bispos. De forma bastante estranha Bogoljubov, na partida mencionada acima, atrasou esse lance até que na realidade se tornasse um erro, e nesse momento entregou a partida ao seu adversário! Isso ocorreu da seguinte forma: 9.e3 0-0 10.Be2 a6 11.0-0-0 b5 12.b3 a5! etc., com vantagem das pretas. 9...Bxc3 10.Bxc3 0-0 11.b4 Ne4 12.e3 b6 13.Bd3
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
As brancas também poderiam jogar 13.Bb2 mas não conseguiriam com isso nenhuma vantagem, por exemplo: 13...Bb7 14.Bd3 Qe7! e 15.Bxe4 fxe4 16.Qxe4 viraria a vantagem para as pretas após 16...Nxb4 17.Qxb7 Nd3+ etc. 13...Nxc3 14.Qxc3 Bb7 15.0-0 Ne7 Certamente parece arriscado deixar as casas centrais pretas sem a proteção adequada – mas estimei que alguma coisa deveria ser feita para evitar o aumento da pressão no centro pelas brancas através de c5. 16.Be2 Ameaçando trazer a Torre e a Dama para a coluna aberta, com consequências desagradáveis para as pretas. 16...Qe8 17.Rfd1 Rd8 Ainda não 17...f4 devido a 18.exf4 Rxf4 19.Qd2, etc. 18.a4
O defeito sério desse avanço, de outra forma justificado do ponto de vista estratégico, é que decididamente toma muito tempo, e assim permite às pretas construírem o ataque instrutivo em seguida. Sem dúvida, aqui seria melhor 18.Qe5 com a forte ameaça 19.Qc7. Nesse caso, a partida continuaria 18...f4! 19.Qc7! (e não 19.exf4 Ng6 20.Qc7 Nxf4 com vantagem das pretas) 19...Bxf3
20.Bxf3 fxe3 21.fxe3 Nf5, com a dupla tendência 22...Nxe3 e 22...Nh4. Embora as brancas nessa variante não tivessem tempo para explorar as fraquezas das pretas na ala da Dama, seriam perfeitamente capazes de proteger o seu Rei – e esse era no momento seu problema mais importante! 18...f4! De agora em diante, até o fim, todos os lances das pretas são precisos e no momento certo. Dificilmente pode-se trocar algum deles por outro melhor. 19.a5 fxe3 20.Qxe3 Nf5 21.Qc3 d6! Uma defesa simples mas muito efetiva contra o lance Ra7 das brancas. 22.axb6 axb6 23.Ne1 Se 23.Ra7, então é claro 23...Rd7 ameaçando ganhar uma peça com ...Bxf3 etc. 23...e5 Assegurando a casa d4 para o Cavalo. Como pode-se notar, as fraquezas das casas pretas foram, sem esforço aparente, transformadas em forças. 24.Ra7 Esperando complicar as coisas após 24...Rd7 25.c5 com a ameaça 26.Bb5. Mas as pretas tinham à disposição um importante lance intermediário. 24...Nd4! 25.Qe3 Rd7 Ameaçando ...Bc6 etc. 26.Ra2 Rdf7 27.f3 Alguém poderia supor que esse Peão, além de protegido pelo seu vizinho e facilmente apoiado por 3 a 4 peças não tivesse a possibilidade de ser alvo de um ataque das pretas. E ainda que o peão f3 não pudesse ser capturado de forma quase inevitável. Foi certamente esse estratagema incomum de vitória que levou os juízes a premiar essa partida com o prêmio de beleza. 83
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27...Rf4 28.Bd3 Qh5 Ameaçando 29...e4!. 29.Bf1 Qg5! Com a ameaça principal de 30...Rxf3, forçando o ganho da Dama. A resposta das brancas é forçada. 30.Rf2
30...h6! Um lance terrível em sua simplicidade. As pretas ameaçam 31...Rxf3! 32.Qxg5 Rxf2 etc., e se 31.Qd2 (relativamente o melhor) jogariam 31...Bxf3 32.Nxf3 Nxf3+ 33.Rxf3 Rxf3 34.Qxg5 Rxf1+ 35.Rxf1 Rxf1+ 36.Kxf1 hxg5 37.Ke2 Kf7 38.Kf3 Ke6 39.Ke4 b5!, com um final vencedor Peões. O próximo lance das brancas na prática não muda nada. 31.Kh1 Rxf3! com o mesmo ponto como mencionado acima. As brancas abandonaram. Partida 39 Alekhine, A. - Andersen, E. Torneio por Equipes, Praga, Julho de 1931 Defesa Índia da Dama - A50
1.d4 Nf6 2.c4 b6 Tentei esse desenvolvimento em fianqueto (antes de ...e6) em várias ocasiões no início 84
da minha carreira profissional no início dos anos 1920 e também joguei isso com sucesso no match em 1929 contra Bogoljubov (conforme Partida 28). Sua desvantagem consiste em permitir às brancas liberdade central considerável. Seu mérito em forçar o adversário a escolher um plano de abertura definitivo mais cedo do que provavelmente gostaria. 3.Nc3 Bb7 4.Qc2 Sobre 4.f3 veja a partida acima mencionada. 4...e6? Mas isso não está de acordo com 2...b6. A única continuação lógica consiste em 4...d5 5.cxd5 Nxd5 6.Nf3 (no caso de 6.e4 as pretas podem jogar 6...Nxc3 7.bxc3 e5) 6...e6 7.e4 Nxc3 8.bxc3 Be7 seguido por ...Nd7, e eventualmente ...c5, etc, com chances de luta. 5.e4 Bb4 6.f3! Evitando dobrar os Peões na coluna c. As pretas agora têm uma ligeira compensação pela predominância central das brancas. 6...0-0 7.Bd3 Ameaçando 8.e5, etc. 7...h6 8.Nge2 d5 Alguma coisa precisava ser realizada para aumentar a atividade das peças menores – e o caminho escolhido provavelmente não foi pior do que qualquer outro. Pelo menos as pretas agora terão, por pouco tempo, a ilusão de um “contra-ataque” iniciando por ...c5.
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
9.cxd5 exd5 10.e5 Nfd7 11.0-0 c5 Se ao invés disso 11...Be7, então 12.Nf4 com vantagem para as brancas. 12.a3 Bxc3 Após 12...Ba5 o sacrifício de Peão 13.b4! cxb4 14.Nb5, etc. levaria as pretas a uma posição sem esperanças. 13.bxc3 Nc6 14.Be3 A combinação iniciando por 14.e6 em conexão com Nf4 etc. também é bastante forte, mas a simples concentração de forças para guardar a estrutura intacta de Peões no centro levará a uma decisão rápida. 14...cxd4 15.cxd4 Rc8 16.Qd2! Como a resposta das pretas a esse lance é óbvia, ele deve ser considerado o início da combinação final. Outro método, puramente posicional e muito mais lento, de tomar alguma vantagem consistia em 16.Qb1 Na5 17.f4 Nc4 18.Bc1, etc. 16...Na5 Pretendendo, se nada de especial acontecer, forçar a troca de um dos Bispos das brancas através de 17...Nc4.
17.Bxh6! É claro que a oferta não pode ser aceita: essa é de longe a parte mais fácil da combinação. Mas as complicações decorrentes da melhor defesa, de fato a escolhida pelas pre-
tas, exigem análise minuciosa. 17...Nb3 18.Qf4 Rc6! Se ao invés disso 18...Nxa1, então 19.Qg3 g6 20.Bxg6 Kh8 21.Bf5 Rg8 22.Qh3, vencendo. 19.Bg5 f6 As brancas também ameaçavam 20.Qh4. 20.exf6 Nxa1 Sua última chance, que seria aniquilada pelo xeque intermediário em seguida. 21.Bh7+! Kh8 A alternativa era 21...Kxh7 22.Qh4+ Kg6 (ou 22...Kg8 23.f7+) 23.Nf4+ Kf5 24.g4 mate. 22.Qh4! Nxf6 23.Nf4 Se agora 23....g6 então 24.Qh6! com o colapso. As pretas abandonaram. Partida 40 Alekhine, A. -Weenink, H. Torneio por Equipes, Praga, Julho de 1931 Defesa Eslava - D12
1.d4 d5 2.c4 c6 3.Nf3 Nf6 4.e3 Bf5 Como o meu primeiro match com o Dr. Euwe provou, este lance acontece ser suficiente para a igualdade, e dessa forma as brancas fariam melhor em jogar 4.Nc3 ao invés de 4.e3. 5.cxd5 Bxb1? Mas a troca do Bispo desenvolvido é completamente fora de lugar. De maneira bastante estranha, esse lance foi calorosamente recomendado pelo grande especialista em aberturas, o Dr. Tarrasch, embora seus defeitos (a cessão do centro e do par de Bispos para as brancas) sejam óbvios à primeira vista. Ao invés disso, seria bem melhor 5...cxd5 6.Qb3 Qc7, etc. 85
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6.Rxb1 Qxd5 7.a3 Também era tentador o sacrifício de Peão 7.Qc2 Qxa2 (ou 7...e6 8.b4!) 8.Bc4 Qa5+ 9.Bd2 Qc7 10.e4, etc. Mas porque dar chances se a simples continuação assegura uma vantagem posicional inquestionável? 7...e6 8.Qc2 Be7 Seria um erro 8...c5 devido a 9.b4! etc. 9.Bd3 h6 O imediato 9...0-0 seria refutado por 10.e4 seguido por e5. 10.e4 Qd8 11.0-0 Nbd7
12.b4! Não somente evitando por muito tempo ...c5, mas também preparando o desenvolvimento em seguida da Torre da Dama. 12...0-0 13.Qe2 Re8 Para ter a defesa Nf8 no caso das brancas jogarem 14.e5 seguido por Qe5. 14.Rb3! Embora essa Torre não se mexa até o final da partida, terá um papel importante no ataque a seguir. Mas o lance do texto também tem outro propósito – liberar a casa b1 para o Bispo. 14...Qc7 15.Bb1 Nh7 Isso induz as brancas a enfim esclarecerem a situação no centro, já que não haverá tempo para instalar um Cavalo das pretas em 86
d4. Mas também a manifestação na ala da Dama através de 15...a5 terminaria favorável às brancas: 16.Qc2 (ameaçando e5) 16...Nf8 17.e5, etc. 16.e5 f5 As pretas resolvem realizar esse avanço cedo ou tarde inevitável de imediatamente, pois após 16...Nhf8, por exemplo, seria evitado por 17.g4!. A troca em seguida dá um pouco mais de liberdade às suas peças – ao menos temporariamente; mas, por outro lado, a casa e6 e outras casas brancas em sua posição permanecem mais fracas do que nunca. 17.exf6 Bxf6 18.Qe4 Através desse e dos dois próximos lances a Dama sem perda de tempo trará uma posição de ataque muito forte. 18...Nhf8 19.Qg4 Ameaçando, é claro, 20.Bxh6. 19...Kh8 20.Qh5 Nh7 As brancas agra ameaçavam 21.Bxh6! gxh6 22.Qxh6+ Kg8 23.Ng5 etc., com vitória rápida. 21.Re1 Trazendo para o jogo a única peça inativa, e ao mesmo tempo evitando 21...e5 devido à possível resposta 22.Bg4!. 21...Rad8 Não há muito uso em um “desenvolvimento” assim, mas de qualquer forma a posição já era sem esperanças.
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22.g4! Essa pequena ameaça de Peão, através de avanço posterior, colocará fogo na residência do Rei das pretas – e não será possível interrompê-lo em seu plano cruel. 22...Qd6 Esperando parar 23.g5 através de 23...Qd5. Mas as brancas tinham um lance intermediário na reserva. 23.Bg6! Rf8 24.g5 Bxd4 Não havia escolha. 25.gxh6 Ndf6 As brancas ameaçam mate em três lances. 26.hxg7+ Kxg7 27.Qh6+ Kh8 Ou 27...Kg8 28.Nxd4 Qxd4 29.Rg3, vencendo. 28.Nxd4 Qxd4 29.Bb2! Se agora 29...Qd7 (a única defesa possível), então 30.Rd3 Qg7 31.Bxf6, seguido por mate em três lances. As pretas abandonaram.
importante no estágio da abertura sem o risco de dar a iniciativa ao adversário. Dessa forma, embora nessa partida o lance 5.a3 tenha se mostrado um sucesso, preciso recomendar ao leitor de forma enfática que não faça isso, mas ao invés tente, por exemplo 5.Nc3 Bb4 6.Bd2. 5...Ne4 A uma excentricidade as pretas respondem com outra ainda maior, que permite às brancas novamente tomar a liderança na luta pelas casas centrais. Seria correto o natural 5...d5 6.cxd5 Bc5 7.Nc3 Bb6, seguido por ...exd5 e ...0-0, com um esplêndido desenvolvimento. 6.e3 f5 7.Nd2 Nf6 8.b3 Be7 9.Bb2 0-0 10.Bd3 Apesar do atraso no 5º lance as brancas já conquistaram uma vantagem apreciável no desenvolvimento. Se torna evidente que alguma coisa não deu certo com 5...Ne4.
Partida 41 Alekhine, A. -Steiner, E. Torneio por Equipes, Praga, Julho de 1931 Abertura Réti - A32
1.Nf3 Nf6 2.c4 c5 3.d4 Algo prematuro. As brancas não precisam se preocupar com a resposta 3...d5 no caso de 3.Nc3 (devido a 4.cxd5 Nxd5 5.e4 Nb4 6.Bc4, com vantagem), devem escolher esse lance para poder serem capazes de responder 3...Nc5 através de 4.d4 e 3...e6 pcom 4.e4. 3...cxd4 4.Nxd4 e6 5.a3 Não gostei de após 5.Nc3 a possibilidade de 5...Bb4 6.Qb3 Bc5 – e decidi simplesmente não permitir o lance desagradável do Bispo. Mas mesmo jogando com as brancas, não se pode conceder perder um tempo assim
10...Nc6 11.0-0 Ne5 Uma manobra complicada para evitar que as brancas joguem e4, o que ocorreria por exemplo após 11...b6 12.Nxc6 dxc6 13.Qe2 c5 14.e4, com vantagem. 12.Bc2 Ng6 Esperando ter o contra-ataque após 13.e4 fxe4 14.Nxe4 d5 15.Nxf6+ Bxf6, etc. Mas 87
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as brancas estão na afortunada posição de conseguirem aumentar sua pressão sem abrir de forma prematura as colunas centrais. 13.f4! Ng4 Após 13...b6 o avanço 14.e4 se tornaria muito mais efetivo do que anteriormente, por exemplo 14...fxe4 15.Nxe4 Bb7 16.Nb5, etc. com vantagem. 14.Qe2 Qc7 15.h3 Nh6
As pretas obtiveram sucesso em proibir e4, mas a que preço! Ambos seus Cavalos estão fora de jogo e a sua ala da Dama permanece sem desenvolvimento. Não admira que as brancas em pouco tempo adquiram mais e mais espaço e de forma gradual levem seu adversário ao desespero. O leitor pode comparar essa partida com algumas outras espécies de estrangulamento em sua coleção – por exemplo, aquelas contra Nimzowitsch e Yates (San Remo), Mikenas (Folkestone), Winter (Nottingham). Em todas elas os perdedores se tornaram vítimas de sua passividade e da ausência de um plano definido nos estágios de abertura. 16.g4 b6 17.g5 Nf7 18.N2f3 Bb7 19.h4 Bc5 Uma tentativa de criar complicações no caso do imediato 20.h5, que seria respondido com 20...Nxf4! 21.exf4 Qxf4 com vantagem para as pretas. Mas as brancas não preci88
sam se apressar! 20.Qh2! Rae8 21.h5 Ne7 22.Rae1 Preparando Nb5 seguido por b4. 22...Nc6 Se 22...a6, então 23.b4 Bxd4 24.Bxd4 Qxc4 25.Bxb6 etc., com vantagem das brancas. 23.Nb5 Qd8 24.b4 Be7 25.Qd2! De repente g7 se transformou em uma fraqueza mortal – um fenômeno não habitual em posições restritas!
25...Bxg5 Esse tipo de sacrifício desesperado deve ser enfrentado, como regra, com o maior cuidado, pois pode conter mais veneno do que possa parecer de início. Em vista da ameaça 26.Qc3, as pretas de fato praticamente não tinham escolha: 25...d6 26.Nbd4 Nxd4 27.Nxd4 Qd7 28.Qc3 seria, se possível, até mais bem-vindo para as brancas. 26.fxg5 Nxg5 27.Qg2! A refutação mais convincente para a “oferta”. 27...Nxf3+ 28.Rxf3 Re7 29.Nd6 Ba8 30.e4 Colocando um fim em todas os tipos de “ciscadas” na diagonal a1-h8. 30...Qb8 31.Rg3 e5 32.Nxf5 Rxf5 33.exf5 Nd4 34.Be4 Nxf5 35.Bxa8 Nxg3 36.Bd5+, e as pretas abandonaram.
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
Partida 42 Alekhine, A. -Stoltz, G. Torneio de Bled, Agosto de 1931 Defesa Eslava - D17
1.d4 d5 2.Nf3 Nf6 3.c4 dxc4 4.Nc3 c6 5.a4 Bf5 6.Nh4 A principal objeção que possa ser contra feita esse lance é que as brancas desperdiçam tempo para trocar uma peça que já está desenvolvida. Entretanto a ideia (do Dr. Klause) de eliminar a qualquer custo o sinistro Bispo da Dama das pretas não é anti posicional como geralmente se pensa, e pelo menos nunca foi refutada nas poucas partidas nas quais foi tentada. 6...e6 Natural e bom o suficiente. As brancas, é verdade, desfrutarão do par de Bispos, mas como por um bom tempo as pretas serão capazes de controlar as casas centrais, não terão muito a temer. Menos satisfatório para elas, ao contrário, seria 6...Bc8 (como jogado por exemplo pelo Dr. Euwe na 15ª Partida do nosso match em 1935). Nesse caso as brancas (além, é claro, da oportunidade de empate 7.Nf3) teriam a escolha entre 7.e3 e5 8.Bxc4 (é claro, não 8.dxe5? Qxd1+ 9.Nxd1 Bb4+ com vantagem para as pretas, como jogado – para minha tristeza – na partida mencionada) 8...exd4 9.exd4 com perspectivas ligeiramente melhores, ou 7.e4 e5 8.Bxc4 exd4 9.e5, etc. conduzindo a situações complicadas iguais às da 6ª Partida do match de 1937. De qualquer maneira, um campo interessante para investigação. 7.Nxf5 exf5 8.e3 Nbd7 9.Bxc4 Nb6 O Cavalo tem pouco a fazer aqui – mas algo a ser feito é evitar 10.Qb3. 10.Bb3 Bd6 11.Qf3 Qd7 As pretas perderão essa partida principal-
mente porque de agora em diante decidem evitar o lance “enfraquecedor” ...g6 e tentam proteger seu Peão f5 através de métodos artificiais. Como uma questão de fato, não há muito o que falar contra 11...g6 pois 12.e4? seria refutado por 12...Nxe4 13.Nxe4 Qe7! e 12.a5 respondido por 12...Nbd5 13.Nxd5 Nxd5, etc.
12.h3! Ameaçando 13.Bc2 g6 14.g4 etc., com vantagem. O próximo lance das pretas evita o perigo. 12...Nc8 13.a5 Jogando simultaneamente em ambas as alas do tabuleiro – minha estratégia favorita. A ameaça agora é 15.a6 b6 16.d5! etc. 13...Ne7 14.Bd2 Ao invés disso, as brancas poderiam mais uma vez tentar 14.g4, mas jogando assim perderiam o lance de desenvolvimento do Bispo que fizeram agora. Além disso, não era sem importância preparar-se contra certas eventualidades, como o grande roque. 14...Rb8 Esse lance plausível – feito para enfraquecer o efeito do possível avanço a6 – se mostrará uma importante, senão decisiva, perda de tempo. A única possibilidade de oferecer uma resistência séria consistia em 14...h5!. 89
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Dama ainda permanecem. 22.dxc5 Bxc5 23.Rac1 Bd6 Ou 23...Rbc8 24.a6 ameaçando 25.Bb7 seguido por 26.Ba5 etc. 24.Rc6 Rbd8 25.Ra6 Rfe8 26.Bc6 Re7 Por enquanto tudo está mais ou menos em ordem, pois 27.Bxb5 Rb7 etc., não seria convincente. Mas o próximo lance das brancas – através do qual a falta de coordenação das peças das pretas é sublinhada de forma mais drástica – leva a luta a um rápido final. 15.g4! Através dessa transação as brancas pelo menos a casa extremamente importante e4. 15...b5 De acordo com seu estilo agressivo, Stoltz tenta resolver o problema difícil pelo caminho puramente tático – como resultado, em breve sua ala da Dama se tornará lamentavelmente fraca. Também 15...fxg4 16.hxg4 Qxg4 17.Qxg4 Nxg4 18.Rg1 f5 19.f3 Nf6 (após 19...Nh2 20.Ke2, etc., o Cavalo não sairia vivo) 20.Rxg7, etc. teria sido bastante insatisfatório para as pretas; mas o tranquilo 15...0-0 (para o qual a melhor resposta das brancas seria 16.Rg1) daria a elas algumas possibilidades de defesa. 16.gxf5 O lance 16.g5 seria respondido por 16...b4! através do qual as pretas obteriam as casas centrais para os seus Cavalos. 16...Qxf5 17.Qxf5 Nxf5 18.Bc2! As brancas terão sucesso em explorar as fraquezas da ala da Dama antes que o adversário encontre tempo para concentrar suas forças para a defesa. A parte em seguida da partida é convincente e fácil de entender. 18...Nh4 19.Ke2 0-0 20.Ne4 Nxe4 21.Bxe4 c5 A troca desse Peão trás às pretas um ligeiro alívio, mas as fraquezas fatais na ala da 90
27.Rd1! Nf5 O Bispo não tem nenhuma casa adequada para a retirada. Se por exemplo 27...Bb8, então 28.Bb4 Rxd1 29.Bxe7! e ganham. 28.Bb4 g6 29.Bc5! Ameaçando confiscar a Torre da Dama bem como o Peão b das pretas. As pretas, em desespero, sacrificam a qualidade. 29...Bxc5 30.Rxd8+ Kg7 31.Rd5! Seria defeituoso 31.Rd7 ou 31.Bxb5 devido a 31...Nd4+, etc. 31...Bd4 32.Rd7 Agora, após a casa d4 ter sido tomada pelo Bispo, esse lance é forte. 32...Re5 33.Kd3 Bxb2 34.Raxa7 Rc5 35.Rxf7+ Kh6 36.Rxh7+ Kg5 37.Raf7! Coma a ameaça desagradável 38.f4+, etc. As pretas abandonaram.
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
Partida 43 Alekhine, A. - Nimzowitsch, A. Torneio de Bled, Setembro de 1931 Defesa Francesa - C15
1.e4 e6 2.d4 d5 3.Nc3 Bb4 4.Nge2 Esse lance, que é bastante satisfatório na Variante Mac Cutcheon (1.e4 e6 2.d4 d5 ) é perfeita3.Nc3 Nf6 4.Bg5 Bb4 mente inofensivo nesse momento. Eu o escolhi, no entanto, na presente partida porque sabia que já em uma ocasião (contra o Sir G. Thomas em Marienbad, 1925) Nimzowitsch demonstrou uma voracidade exagerada (6...f5) sem ter sido devidamente castigado por isso. 4...dxe4 5.a3 Bxc3+ Também 5...Be7 é bom o bastante para a igualdade. 6.Nxc3 f5 Jogado contra todos os princípios da estratégia saudável de aberturas, pois as casas pretas na posição ficarão muito fracas, especialmente devido à troca do seu Bispo do Rei. A resposta correta, que assegura às pretas ao menos um jogo equilibrado é 6...Nc6! e se 7.Bb5 então 7...Nge7, seguido por ...0-0, etc.
7.f3
O sacrifício do segundo Peão é tentador, provavelmente correto – e já desnecessário, pois as brancas podem obter um jogo excelente sem dar qualquer chance, jogando primeiro 7.Bf4, e se 7...Nf6 então 8.f3 exf3 9.Qxf3, após o que 9...Qxd4 seria refutado através de 10.Nb5. 7...exf3 8.Qxf3 Qxd4 Contrariando a opinião dos teóricos, esse lance é tão bom ou tão ruim quanto 8...Qh4+ 9.g3 Qxd4: nesse caso as brancas poderiam jogar 10.Nb5 e as pretas não teriam – como na atual partida – a defesa ...Qh4+, g3; Qe7 etc. 9.Qg3! Uma continuação de ataque de maneira alguma óbvia. As principais ameaças das brancas são 10.Nb5 (10...Qe4+ 11.Be2) e 10.Bf4 ou Be3. 9...Nf6 Esse lance corajoso é relativamente a melhor chance das pretas. Seria insuficiente 9...Ne7 devido a 10.Be3! Qf6 11.0-0-0, etc. 10.Qxg7 Qe5+? Inconsequente e por esse motivo fatal. As pretas – para manter uma partida de luta – deveriam entregar também o Peão c, pois após 10...Rg8 11.Qxc7 Nc6 não haveria uma vitória para as brancas através de 12.Nb5 devido a 12...Qh4+! 13.g3 Qe4+ 14.Kf2 Qxc2+, seguido de ...Ne5, etc. O xeque do texto permite às brancas ganharem um tempo no desenvolvimento – e tempo em tal posição tensa é um fator decisivo. 11.Be2 Rg8 12.Qh6 Rg6 13.Qh4 As brancas não precisam proteger seu Peão g através de 13.Qh3, pois após 13...Rxg2 a resposta 14.Bg5 seria decisiva. 13…Bd7 14.Bg5 Bc6 15.0-0-0 Bxg2 Sob circunstâncias normais essa captura 91
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
seria considerada um outro erro, mas – devido à tremenda vantagem em desenvolvimento das brancas – o jogo das pretas é sem esperanças. (se, por exemplo, 15...Nbd7 - então também 16.Rhe1 seguido por um lance com o Bispo do Rei) e seu apetite mórbido não poderá estragar mais nada. 16.Rhe1 Be4 17.Bh5 Nxh5 18.Rd8+ Kf7 19.Qxh5
Nimzowitsch de forma bastante correta abandonou aqui, onde não há mais um lance decente para as pretas – mesmo 19...Kg7 perderia a Dama após 20.Nxe4 fxe4 21.Bh6+!. Essa foi, acredito, a derrota mais curta em sua carreira.
Também 5.e3 é considerado ser bom para as brancas. 5...Be7 6.e3 0-0 7.Qc2 Ne4 8.Bxe7 Alguém já tentou nesse tipo de posição h4? O lance poderia ser levado em consideração. 8...Qxe7 9.Bd3 Nxc3 Após 9...f5 10.Ne5 Nd7 11.0-0 as trocas no centro favoreceriam as brancas, pois elas têm em jogo uma peça menor a mais do que o adversário. 10.bxc3 Nesse caso particular mais promissor do que 10.Qxc3, pois as pretas serão forçadas a perder um tempo para proteger seu Peão h. 10...Kh8 Como a sequência provará, essa é apenas uma defesa temporária (11.Bxh7? g6) o que permite às brancas a partir de agora construir seus planos de ataque. Era menos comprometedor de qualquer forma 10...h6.
Partida 44 Alekhine, A. - Vidmar, M. Torneio de Bled, Setembrode 1931 Defesa Lasker - D55
1.d4 d5 2.Nf3 Nf6 3.c4 c6 4.Nc3 e6 Isso não é exato, uma vez que o lance da Defesa Ortodoxa ...c6 nem sempre é usado. Até agora (verão de 1939) não foi encontrado um caminho claro para as brancas conquistarem uma vantagem após 4...dxc4. 5.Bg5 92
11.cxd5! Xadrez lógico e psicológico. O objetivo dessa troca é em primeiro lugar evitar que as pretas obtenham para o seu Bispo a diagonal a1-h8 através de ..dxc4 seguido por ...b6. Mas, independentemente dessas considerações, as brancas poderiam supor que, após terem eviao não jogar , as tado enfraquecer sua casa
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
pretas tentassem agora tirar proveito disso e trazer seu via e . Ao provocar essa Bispo para última manobra, as brancas de forma correta consideraram que a abertura das colunas na ala do Rei – seguido pela eventual captura do Peão h das pretas – só seria favorável para o lado melhor desenvolvido. 11.exd5 12.0-0 Bg4 Se 12...Nd7, as brancas iniciariam um plano central promissor com 13.Rae1 Nf6 14.Ng5 seguido de f4, etc. O lance do texto é o início de uma aventura. 13.Ne5 Bh5 14.Bxh7! Esse Bispo agora não correrá risco maior do que o seu colega das pretas. 14...g6 15.g4 Bxg4 Assim as pretas, no momento, evitam perda material – mas seu Cavalo permanece no estábulo e os lances de defesa das brancas têm ao mesmo tempo propósitos de ataque. 16.Nxg4 Qg5 17.h3 Kxh7 18.f4 Qh4 19.Kh2 Nd7 Finalmente!
20.Rab1! Provocando a resposta que enfraquece o Peão c das pretas. O quanto importante é esse detalhe aparecerá seia dúzia de lances à frente. 20...b6 21.Rg1 Nf6 22.Ne5
Ameaçando 23.Nxg6 e os Peões c e f. 22...Ne4 Não somente interrompendo as ameaças (20.Nxc5 Rac8) mas também pretendendo simplificar com 23...Qf2+. 23.Rbf1 Kg7 As possíveis ameaças das pretas na coluna h são insignificantes em comparação com o ataque das brancas ao longo das colunas f e g. 24.Rg4 Qh6
25.f5! A justificativa tática para esse avanço enérgico é baseado em duas variantes – a que foi jogada na presente partida, e outra que se inicia com 25...g5. Nesse caso, eu não pretendia trocar duas Torres pela Dama ao continuar com 26.f6+ Nxf6 27.Rxg5+ Qxg5 28.Rg1 Qxg1+ 29.Kxg1 Ne4 (que seria bom, mas ainda não decisivo o suficiente) – mas sacrificar a qualidade: 26.Rxe4! dxe4 27.f6+ Kh8 (ou 27...Kg8) 28.Qxe4 etc., com vantagem posicional vencedora. O Dr. Vidmar escolheu dessa forma a linha de resistência muito mais promissora. 25...Qxe3! Isso finalmente perde somente a qualidade pelo Peão e leva a um final difícil. É fácil ver que, exceto 25...g5, não há nada mais a fazer. 26.Qg2 Qd2 93
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Ou 26...g5 27.f6+ Kh7 28.Rh4+! Kg8 29.Nxc6 etc., com consequências mais trágicas. 27.f6+ Kg8 28.Nxc6 A recompensa merecida pelo 20º lance. 28...Qxg2+ 29.Kxg2 Rfe8 Não há outra defesa razoável contra a ameaça de mate em dois lances. 30.Ne7+ Rxe7 E agora 30...Kf8 seria respondido vitoriosamente por 31.Nxd5 (não 31.Rh4? Nxf6) ameaçando tanto 31.Rh4 como 31.Nf7. 31.fxe7 Re8 Novamente forçado, pois 31...Nxc3 perderia rapidamente após 32.Rc1 seguido por Rc7 ou eventualmente Rc6. 32.c4! Sem essa possibilidade, como essa de assegurar um Peão passado, a vitória ainda seria muito duvidosa. 32...Rxe7 33.cxd5 Nc3 34.d6 Rd7 35.Rc1 Nb5 Se 35...Nxa2, as brancas para forçar a vitória escolheriam a seguinte continuação aguda: 36.Rc8+ Kg7 37.d5 (ameaçando ganhar o Cavalo) 37...a5 38.Rc7 Rxd6 39.Rf4 Rf6 (de outra forma, as brancas têm ataque de mate) 40.Kf3 Nb4 41.Rxf6 Kxf6 42.Ke4 e apesar do nível de material, as pretas perderão, pois seus dois Peões na ala da Dama terão vida curta. 36.Rg5 Nxd6 Após 36...Nxd4 a vitória seria tecnicamente mais fácil: 37.Rd5 Nf5 38.Rc7! Rxd6 (ou 38...Rd8 39.d7) 39.Rxd6 Nxd6 40.Rxa7, etc. 94
37.Rd5! De agora em diante, se inicia a parte puramente técnica do final da partida. Através da combinação do jogo das suas duas Torres e Rei, as brancas precisam fazer o máximo para limitar os movimentos do Cavalo hostil. 37...Kf8 38.Re1! Não se pode permitir a aproximação do Rei das pretas ao centro antes que todas as unidades das brancas sejam conduzidas às casas mais efetivas. 38...Rd8 39.Kf3 Rd7 É bastante óbvio que a troca das Torres, após 39...Nb7 não faria nenhuma resistência séria. 40.Kf4 Kg7 41.Re8! Uma restrição adicional à capacidade de movimentação das pretas. 41...Kf6 42.h4 Kg7 43.a4 Kf6 44.Rc8! Com a intenção de substituir a cravada vertical por outra mais efetiva, a horizontal. 44...Ke6 45.Re5+ Kf6 46.Rc6 Rd8 47.a5! b5 As pretas devem perder um Peão e preferem fazê-lo desse jeito, pois após 47...bxa5 48.Rxa5 Ke7 49.Rca6 etc., as pretas também forçariam a troca das Torres. 48.Rxb5 Ke6 49.Re5+ Kf6 50.Ra6 Rd7 51.Kg4 Rd8
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
52.Kf3! Uma pequena sutileza: é mais vantajoso para as brancas fazer o avanço h5 no momento em que a Torre das pretas estiver em d8 pois então capturarão Peão a com a outra Torre em e5. 52...Rd7 53.Kf4 Rd8 54.h5 gxh5 55.Rxh5 Rd7 56.Re5 Rd8 57.Rxa7 Agora as brancas tomam o Peão sem permitir a resposta ...Nf5 que teria sido possível antes da troca do Peão g. 57...Nc4 58.Ra6+ Kg7 59.Rg5+ Kf8 60.Ke4 O resto é fácil. 60…Ke7 61.Rc5 Nd6+ 62.Kd3 Ke6 63.Rcc6 Kd5 64.Rxd6+ Rxd6 65.Rxd6+ Kxd6 66.a6, e as pretas abandonaram. Apêndice à Partida 44 Alekhine-Vidmar Finais com duas Torres contra Torre e Cavalo são relativamente incomuns, e os manuais dedicados aos finais – mesmo os mais atualizados, como a recente edição do excelente trabalho de E. Rabinovitsch – não dão nenhum exemplo convincente. O lado materialmente mais forte deve vencer na maioria dos casos, mas não sem passar por sérias dificuldades técnicas.
De acordo com a opinião geral, obtive sucesso contra Vidmar ao encontrar o método vitorioso mais curto e mais instrutivo, e em grande parte devo essa conquista às lições práticas que recebi no começo da minha carreira (em São Petersburgo 1914) do grande artista de finais, o Dr. Lasker. Essa lição me custou um ponto inteiro, pois aconteceu que fui o homem com o Cavalo! O Dr. Lasker, para surpresa geral, demonstrou que mesmo com um Peão em cada ala (e não um Peão passado) o lado mais forte é capaz de forçar a troca decisiva da Torre. Desde a partida contra o Dr. Vidmar tive a oportunidade de jogar o mesmo tipo de final por duas vezes, e os procedimentos para a vitória tiveram as mesmas características: (1) Restrição ao Cavalo através de lances obrigatórios ou eventualmente cravadas. (2) Debilitação gradual dos pontos fortes que, via de regra, ocorrem no centro do tabuleiro. (3) Ameaças de trocas da Torre, que sempre significam um passo adiante – especialmente se o lado com o Cavalo não possui Peões passados. Outras táticas, como centralização do Rei, libertação dos Peões, etc. são, é claro, comuns a todos os tipos de finais. Não comentei por completo as duas partidas seguintes dessa coleção, pois embora sejam interessantes, não incluo nenhuma delas nas minhas melhores conquistas. Kashdan, para sua má sorte e sem saber disso, entrou no 15º lance em uma variante conhecida como perdedora desde o Torneio de Carlsbad de 1929; e contra o Dr. Bernstein, ao invés da troca vencedora, forcei a vitória ganhando todas as peças e, consequentemente, seu abandono. Mesmo assim, acredito que esses dois finais – em conexão com o anterior – possam ser úteis para o estudante. 95
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Alekhine, A. - Kashdan, I. Torneio de Pasadena 1932 O final característico se iniciou após os lances 1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nc3 d5 4.Bg5 Nbd7 5.cxd5 exd5 6.e3 c6 7.Bd3 Be7 8.Qc2 0-0 9.Nge2 Re8 10.0-0-0 Ne4 (o mesmo erro foi cometido por Spielmann contra Nimzowitsch, Kissingen 1928 e pelo Sir G. A. Thomas contra Spielmann, Carlsbad 1929) 11.Bxe4 dxe4 12.h4 f5 13.Qb3+ Kh8 14.Nf4 Nf6 15.h5 h6 16.Qf7 Ng8 17.Ng6+ Kh7 18.Nxe7 Rxe7 19.Bxe7 Qxe7 20.Qxe7 Nxe7 21.d5 Bd7 22.dxc6 Bxc6 23.Rd6 Rc8 24.Rhd1 Ng8 25.Rd8 Rc7 26.Rf8 Nf6 27.Rdd8 Nxh5 28.Rxf5 Nf6 29.Kd2 Kg6 30.Rc5 Rf7 31.Rd6 Kh7 32.Rf5 Kg6 33.Ra5 a6 34.Nd5 Bxd5 35.Raxd5 Kh7 – quando foi alcançada a seguinte posição:
A única tentativa possível. 41.f3 exf3+ 42.gxf3 Nh2 43.f4! gxf4 44.exf4 Ng4 A velha história! Seria fatal 44...Rxf4, pois 45.Rc7+ forçaria a troca das Torres. 45.Kf3 Nf6 46.b5 Nd7 47.Rcd5 Nf6 48.Rf5! Novamente a cravada como método de ganhar um tempo importante. 48…Kg6 49.Rc5 axb5 50.Rxb5 Aqui até mais efetivo do que 50.axb5. 50…Rc7 51.Rbb6 Rf7 52.a5 Kg7 53.Rb5 Rc7 54.Rdb6 Rc3+ 55.Ke2 Rc4 56.Rxb7+ Kg6 57.f5+ Kg5 58.a6 Ra4 59.a7 Ne4 60.Ke3! Se agora 60...Nd6, então 61.f6+ Nxb5 62.f7, etc. As pretas abandonaram. Contra o Dr. Bernstein a tarefa foi até mais difícil, pois seu Cavalo estava fortemente posicionado em d4, protegido por um Peão. Os lances anteriores, antes da posição final em discussão foram os seguintes:
36.Rf5 A combinação entre as cravadas vertical e horizontal é similar ao que ocorreu na partida contra Vidmar. 36…Kg6 37.Rc5 Kh7 38.Ke2 Para evitar o lance …Ng5 através de f3. Se as pretas agora permanecerem passivas, as brancas avançarão o seu Peão a b6 após a troca em b5, e então jogarão Rc7. 38…g5 39.b4 Kg7 40.a4 Ng4 96
Alekhine, A. - Bernstein, O. Torneio de Zurique, 1934 1.d4 d5 2.c4 e6 3.Nc3 Nf6 4.Bg5 Be7 5.e3 h6 6.Bf4 c6 7.Nf3 Nbd7 8.cxd5 Nxd5 9.Bg3 Qa5 10.Qb3 0-0 11.Be2 N7f6 12.Nd2 c5 13.Nc4 Qd8 14.dxc5 Bxc5 15.Bf3 b6 16.0-0 Qe7 17.Nb5 a6 18.Nbd6 Bd7 19.e4 b5 20.exd5 bxc4 21.Nxc4 Nxd5 22.Rfe1 Qd8 23.Rad1 Qc8 24.Rc1 Ra7? (um erro em uma posição já quase comprometida) 25.Nd6 Qc6 26.Ne4 Rb7 27.Rxc5 Rxb3 28.Rxc6 Rxf3 29.Rd6 Rxg3 30.hxg3 Bb5 31.Nc5 Rc8 32.Rc1 g5 33.Nb3 Rb8 34.Nd4 Kg7 35.Nxb5 axb5
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
O primeiro objetivo das brancas é evitar a aproximação do Rei das pretas ao centro, que é conseguido pelo lance: 36.Rc5! Que no momento também a Torre das pretas. Mas após a resposta 36...b4 As brancas precisam estancar a ameaça 37...Ra8 jogando 37.Ra6 E agora tudo está pronto para a centralização do Rei, o que permitirá a exploração da vantagem na ala da Dama. 37...Nf6 Uma tentativa de parar o curso normal das coisas através de ameaças táticas. 38.Kf1 Ne4 39.Rc7 Kg6 40.Ke2 Rb5 41.Ke3 Isso dissolve o contra-ataque iniciado pelo 37º lance das pretas. Se agora 41...Re5?, então 42.f4, etc. 41…Nf6 42.Rc4 Evitando também 42...Ng4+. 42...h5 43.f3 Kf5 Agora esse avanço do Rei em direção ao centro não é tão importante quanto o mesmo avanço do seu colega das brancas. 44.Kd3 Nd5 45.Ra7 f6 46.Re4 Dando espaço ao Rei.
46...Rb6 47.g4+! O início da parte decisiva desse final. Para ter as mãos livres na ala da Dama, as brancas precisam eliminar qualquer perigo na outra ala, e o lance do texto responde a esse propósito, pois coloca um fim na possível ameaça das pretas ...h4; gxh4 gxh4 seguido por ...Nf4 etc. 47...Kg6 48.gxh5+ Kxh5 49.g3 Kg6 50.Kc4 f5 Algo precisa ser feito contra a ameaça 51.Kc5. 51.Re2 Kf6 52.Kc5 Com a intenção de R-d7-d6 etc. 52...Rb8 53.Ra6 Re8 54.Rd6! Ameaçando 55.Re2xe6+ Rxe6 56.Kxd5 etc., finalmente forçando assim a saída do Rei da casa central. 54...f4 55.gxf4 Nxf4 56.Red2 Forçando a troca das torres – ou ganhar o Peão b. 56...Ra8 57.b3 Ke5 58.Rd8 Ra7 59.Kxb4 Nd5+ 60.Kc5 Rc7+ 61.Kb5 Rc3 62.Re2+ Kf4 63.Rf8+ Kg3 64.Re5! Mas não 64.Rxe6?, pois 64...Nc7+ e as pretas tomarão duas Torres por uma. 64…Nf4 65.Rxg5+ Kxf3 66.Re5 Re3 67.Rxf4+!, e as pretas abandonaram. Acredito que esses três exemplos tomados como um todo representem uma contribuição bastante importante para o capítulo duas Torres contra Torre e Cavalo (com Peões). Partida 45 Pirc, V. - Alekhine, A. Torneio de Bled, Agosto de 1931 Defesa Tarrasch - D32
1.d4 d5 2.c4 e6 3.Nc3 c5 4.cxd5 cxd4 Essa interessante oferta de Peão (ao invés 97
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do usual 4...exd5) foi analisada por alguns amadores alemães e introduzida na prática internacional – se não estou enganado – pelo Dr. Tartakower. Como investigações subsequentes provaram, as pretas, apesar da superioridade do seu desenvolvimento, podem não ser capazes, contra uma defesa adequada, de evitar do surgimento do adversário após a abertura com um Peão a mais e uma posição segura. 5.Qa4+ Melhor do que 5.Qxd4 Nc3. 5...Bd7 Um erro aqui seria 5...Qd2 devido a 6.Nb4! com vantagem. 6.Qxd4 exd5 7.Qxd5 Nc6 As pretas também podem jogar 7...Nf6, após o que 8.Qxb7 Nc6 etc., decididamente seria muito arriscado para as brancas; mas 8.Qd1 seguido por e3 etc., conduziria à mesma variante que ocorreu de forma mais fácil após o lance do texto. 8.Bg5 Devido ao atraso no desenvolvimento, seria mais seguro para as brancas usar esse Bispo para fins defensivos na ala da Dama, e ao invés disso jogar 8.e3 (...Nf6 9.Qd1). No entanto, o lance do texto não pode ser considerado realmente um erro. 8...Nf6 9.Qd2 h6 Essa tentativa bastante inofensiva de criar (no caso da resposta natural 10.Bh4) novas ameaças em conexão com ...Bb4 seguido por ...g5 e ...Ne4, teve consequências inesperadas e agradáveis. 10.Bxf6 Isso certamente dá às pretas mais chances de ataque do que a retirada mencionada, mas não se provará tão ruim se as brancas tomarem vantagem completa da casa d5 que conquistam com essa troca. 98
10...Qxf6 11.e3 0-0-0 12.0-0-0? O erro decisivo, que permite às pretas recuperarem o Peão do gambito com uma pressão persistente. Era necessário 12.Nd5! e se 12...Qg6 (o melhor), então 13.Ne2 seguido por 14.N2f4 ou 14.Qb3 com possibilidades de defesa. As pretas agora têm a oportunidade de conduzir um ataque ao Rei no “velho e bom estilo”. 12...Bg4 13.Nd5 Muito tarde! 13...Rxd5! 14.Qxd5
14...Ba3! Após 14...Bxd1 15.Qxd1 Qxf2 16.Qg4+ f5 17.Qe2 Qxe2 seguido por ...Bc5, provavelmente as pretas venceriam após um longo final. O lance escolhido por elas mostra a decisão, nitidamente justificada sob as circunstâncias, de encontrar uma solução vencedora no meio jogo. 15.Qb3 Não há nada melhor: se, por exemplo I. 15.bxa3, então 15...Qc3+ 16.Kb1 Rd8! 17.Qxd8+ Nxd8, com a dupla ameaça 18...Bxd1 e 18...Bf5+; II. 15.Rd2, então 15...Bxb2+! 16.Rxb2 Qc3+ 17.Kb1 (ou 17.Rc2 Qa1+ seguido por ...Rd8) 17...Qe1+ 18.Kc2 Rd8 vencendo. 15...Bxd1 16.Qxa3 Qxf2 17.Qd3
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Bg4! E não 17...Rd8 devido a 18.Nh3! Qf6 19.Qc3 etc., com chances de salvação. 18.Nf3 Bxf3 Também aqui 18...Rd8 seria fora de lugar devido a 19.Qe2, etc. 19.Qf5+ Kb8 20.Qxf3 Qe1+ 21.Kc2 Se as brancas entregassem o Peão, a agonia não seria maior: 21.Qd1 Qxe3+ 22.Qd2 Qe6! 23.Kb1 Rd8 24.Qf4+ Ka8 etc., com algumas ameaças mortais. 21...Rc8 22.Qg3+ Ne5+! 23.Kb3 Qd1+ 24.Ka3 Rc5!
A morte rápida agora é inevitável, por exemplo: A. 25.b4 Rc3+ 26.Kb2 Qc1 mate; B. 25.b3 Ra5+ 26.Kb4 Qd2 mate; e o mais bonito, C. 25.Kb4 Qd2+! 26.Kxc5 b6+ 27.Kb5 Qa5 mate. As brancas abandonaram. Partida 46 Alekhine, A. - Flohr, S. Torneio de Bled, Agosto de 1931 Gambito de Dama Aceito - D28
1.d4 d5 2.c4 dxc4 3.Nf3 Nf6 4.e3 e6 5.Bxc4 c5 6.0-0 Nc6 7.Qe2 a6 8.Rd1 De forma bastante peculiar, esse lance –
que não contém nenhuma ameaça real e por isso é nesse momento particular, para dizer o mínimo, inexato – era quase unanimemente adotado na época em que essa partida foi jogada. Após a vitória de Euwe contra mim na 5ª Partida do match em 1937, e minha vitória contra Böök em Margate 1938, a “teoria” provavelmente reconheceu que o lance natural de desenvolvimento 8.Nc3! é o melhor. 8...b5 9.dxc5 A refutação posicional a 9.d5 consiste em 9...exd5 10.Bxd5 Nxd5 11.e4 Qe7! 12.Rxd5 Be6 etc., com vantagem. 9...Qc7 10.Bd3 Bxc5 11.a4 Com a esperança de desorganizar a posição das pretas na ala da Dama, e conseguindo fazê-lo devido à seguinte resposta inferior. 11...b4?
Após esse lance, várias casas nessa ala ficarão protegidas de forma insuficiente e, o que é pior, as pretas permanecerão sem nenhuma esperança de contra-atacar, pois a posição das brancas praticamente não tem fraquezas. Uma situação bem diferente resultaria da resposta correta 11...bxa4!, que daria às pretas como compensação pela fraqueza do Peão a um contra-ataque contra o Peão b das brancas. 12.Nbd2 0-0 99
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Ligeiramente melhor, embora não totalmente satisfatório seria 12...Na5, como jogado, por exemplo, por Flohr no match contra o Dr. Euwe em 1932. 13.Nb3 Be7 14.e4 Nd7 A possibilidade de 15.e5 em conexão com Qe4 certamente era desagradável. 15.Be3 Nde5 A troca pretendida dos Cavalos não trará alívio, pois não ajuda a resolver o problema importante da coordenação das Torres pretas. Então era ligeiramente preferível 15...Bb7 16.Rac1 Qb8. 16.Nxe5 Nxe5 17.Rac1 Qb8
18.Bc5! A partir de agora todas as trocas favorecerão a exploração das fraquezas orgânicas dos Peões criadas pelo 11º lance das pretas. 18...Bxc5 19.Nxc5 Qb6 20.Qh5! Nd7 Como o Cavalo era a única peça ativa das pretas, seria aconselhável não removê-lo sem necessidade. Ao jogar 20...f6 poderia oferecer mais resistência, embora a vantagem das brancas após 21.Bf1 Rd8 22.Rd4!, seguido por Qd1 etc., ainda permaneceria considerável. 21.Be2 g6 Para abrir, sem perda de tempo, um “buraco” para o Rei; mas, como a continua100
ção mostrará, esse lance enfraquece a ala do Rei, especialmente pelo fato de que as brancas de jeito nenhum têm pressa em trocar as Damas. As pretas deveriam tomar o Cavalo imediatamente. 22.Qg5 Nxc5 23.Rxc5 a5 Uma das ameaças posicionais das brancas também era 24.a5. 24.h4 O castigo por 21...g6. 24...Ba6 25.Bf3! O Bispo das brancas aqui é mais forte do que o das pretas. As brancas agora ameaçam tudo em todos os lugares (26.h5; 26.Rxa5; 26.Rd7, etc.) 26...f6 26.Qe3 A partir de agora as brancas começam a especular sobe a posição desprotegida da Dama inimiga! 26...Rad8 27.Rxd8 Rxd8 Ou 27...Qxd8 28.e5 f5 29.Rc6 Bc8 30.Qc5 etc., com posição vencedora.
28.e5! Ameaçando tanto ganhar o Peão com uma posição arrasadora após 28...fxe5 29.Qxe5 (talvez até mais forte seja primeiro 29.h5!), ou a catástrofe que de fato ocorreu nessa partida. O imediato 28.Rc8 não era convincente devido a 28...Qd6. 28…f5 29.Rc8!
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
Ganhando pelo menos a Torre. As pretas abandonaram. Partida 47 Stoltz, G. - Alekhine, A. Torneio de Bled, Setembro de 1931 Abertura Ruy Lopez, C71
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 d6 5.d4 b5 6.Bb3 Nxd4 7.Nxd4 exd4 8.Bd5 Se o 5º lance incomum das brancas tivesse um objetivo de qualquer modo, seria somente a oferta do Peão 8.c3, após o que a aceitação das pretas teria algumas dificuldades de desenvolvimento. O lance do texto com o Bispo, em conexão com a troca em seguida, por fim dá às pretas, ao contrário, uma vantagem em espaço. 8…Rb8 9.Bc6+ Obviamente as brancas têm pressa em “simplificar as coisas”. Se lhes disseram que essa é a maneira mais fácil de obter o empate, certamente foram mal aconselhadas. 9...Bd7 10.Bxd7+ Qxd7 11.Qxd4 Nf6 12.Nc3 O lance 12.Qa7 não levaria a nada após 12...Qc8. 12...Be7 13.0-0 0-0 14.Bd2 Esse Bispo não têm boas casas de desenvolvimento. Em uma partida treino com relógio jogada em Paris em 1933, o Dr. Bernstein tentou contra mim 14.Bg5, mas após 14...b4 15.Nd5 (15.Ne2 Nxe4 perde um Peão) 15...Nxd5, teve que abandonar , pois 16.Qxd5 seria respondido por 16...Rb5. 14...Rfe8 15.Qd3 b4 16.Ne2 Inconsequente, pois as brancas tinham aqui mais razões do que anteriormente para prosseguir na sua política de trocas. Após 16.Nd5 Nxd5 17.Qxd5 (ou 17.exd5)
17...Qb5 etc., as pretas teriam somente um final ligeiramente mais confortável, que entretanto com o jogo correto das brancas, eventualmente terminaria empatado. Após o lance do texto, a tarefa das brancas se torna muito mais complicada. 16...Qc6 17.f3 No caso de 17.Ng3 a resposta 17...Ng4 seguida por ...Ne5 ou ...Bf6 seria forte. O lance de Peão, entretanto, enfraquece as casas pretas (especialmente e3) e assim dá a iniciativa com objetivo concreto para as pretas.
17...d5! 18.exd5 De outra forma perderiam esse Peão na prática sem compensação. 18...Nxd5 19.Rae1 Bf6 20.c4 Também 20.c3, que era ligeiramente preferível, não se provaria satisfatório após 20...Qc5+ 21.Nd4 Red8 etc., com vantagem para as pretas. 20...Qc5+ 21.Rf2 Ne3 22.b3 Rbd8 23.Bxe3 Rxe3 24.Qc2 Como é fácil de ver, os últimos 3-4 lances foram praticamente forçados. As pretas não só obtiveram o controle total sobre o tabuleiro, mas mesmo uma posição para obter vantagem material. Na parte final da luta, entretanto, não falta um pouco de picardia. 24...Bh4! 25.g3 Rxf3 26.Ref1 Bg5 101
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27.Kg2 Rxf2+ 28.Rxf2 Qc6+ 29.Kh3 Forçado, pois as pretas ameaçam 30...Rd2 ou 30...Be3. 29...Be3 30.Rf1
O próximo lance das pretas seria agora 41...f6+! seguido por 42...Re5 +, ganhando a Torre. Então – as brancas abandonaram. 30...Rd5! Ainda não seria decisivo 30...Rd6 ou 30...Rd2, devido a 31.Qf5 com contra-ataque. Mas após o lance do texto, a cooperação com a Torre deixará as brancas sem defesa. 31.Nf4 Qd7+ 32.g4 Rd4 33.Qg2 As brancas ainda conseguem encontrar lances defensivos, mas obviamente não poderão continuar assim.
Partida 48 Alekhine, A. - Maróczy, G. Torneio de Bled, Setembro de 1931 Gambito da Dama - Defesa Ortodoxa D66
1.d4 d5 2.Nf3 Nf6 3.c4 e6 4.Bg5 Nbd7 5.e3 h6 6.Bh4 Be7 7.Nc3 0-0 8.Rc1 c6 9.Bd3 a6 A continuação da moda, pela qual as pretas de fato têm muito pouco a temer após
33...c6 34.Nh5 Bg5!
9...dxc4 10.Bxc4 b5 11.Bd3 a6 e se 12.a4
Após esse lance não há remédio contra
(12.e4? Nxe4, com vantagem das pretas:
35...g6, etc. 35.Qe2 g6 36.Ng3 h5 37.Ne4 Qxg4+! Só aparentemente permitindo que as brancas alcancem um final de livro com um Peão a menos. Na realidade, o que as pretas querem é tomar a Torre das brancas. 38.Qxg4 hxg4+ 40.Kxg5 Kg7
102
39.Kxg4
Rxe4+
Euwe-Alekhine, 28ª Partida do match, 1935), então simplesmente 12...bxa4. 10.0-0 dxc4 11.Bxc4 c5 É muito arriscado atrasar o desenvolvimento na ala da Dama. Ao invés disso, 11...b5, seguido por ...Bb7 e ...c5 ainda seria uma alternativa bastante boa.
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12.a4! Esse lance, em conexão com o isolamento do Peão central, dá à partida sua característica. Após 12.Bd3 ou 12.Qe2 b5, etc., ela se desenvolveria em linhas convencionais – e provavelmente terminaria em um honroso empate. 12...Qa5 Maróczy a partir de agora joga um xadrez muito empreendedor, combinando lances defensivos com contra-ataques contra as fraquezas das brancas em a4 e d4. 13.Qe2 cxd4! No momento certo, pois 14.Nxd4 Ne5 15.Bb3 Ng6 16.Bg3 e5 etc. favoreceria as pretas. 14.exd4 Nb6 15.Bd3! Praticamente deixando o Peão a ao seu destino. Nesse momento, é verdade, não pode ser tomado devido a 16.Ne4! com um ataque muito forte. Mas permanecerá fraco quase até o – dramático – fim. 15...Bd7 16.Ne5 Ameaçando 17.Bxf6 seguido de 18.Qe4, etc. 16...Rfd8 17.f4 As brancas já haviam decidido, com 12.a4!, conduzir toda a partida em estilo fortissimo. Embora o resultado justifique esse
método, de forma alguma estou seguro de que foi o caminho mais lógico a explorar a – inquestionável – vantagem em espaço. Aqui, por exemplo, o simples lance 17.Qf3 deve seriamente entrar em consideração, pois (1) 17....Nxa4 ainda seria respondido por 18.Ne4!, com vantagem para as brancas; (2) 17...Bxa4 obviamente seria insatisfatório devido a 18.Qxb7; e (3) após 17...Bc6 18.Nxc6 bxc6 19.Rfd1etc., e as fraquezas dos Peões das pretas seriam pelo menos tão vulneráveis como as das brancas. 17...Be8 18.Ng4 A consequência lógica do lance anterior. As brancas oferecem o Peão d, pois a sua defesa através de 18.Rcd1 ou 18.Bf2 permitiria as pretas estancarem ameaças importantes através de ...N(b ou f)d5. 18...Rxd4 As pretas, por outro lado, não têm nada melhor do que aceitar a oferta, pois os outros lances de ataque das brancas permaneceriam – com mais material – pelo menos tão fortes como na partida. 19.Bxf6 Bxf6 20.Nxf6+ gxf6 21.Ne4 A posição do Rei das pretas agora está perigosamente comprometida, especialmente por não poderem proteger de forma adequada a casa f6 (se 21...Nd7, então 22.f5! com forte ataque).
103
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21...Rad8? Mas as pretas poderiam – e deveriam – salvar o Peão c6 jogando 21...f5 ao que as brancas responderiam 22.Nf6+ Kf8 (ou 22...Kg7 23.Nh5+ seguido de b3) 23.b3! e tentar mais tarde explorar as fraquezas das casas pretas do adversário – com resultado incerto. O contra-ataque iniciado pelo lance do texto será refutado principalmente devido ao fato de que as brancas conseguirão proteger o seu Bispo indiretamente, sem perder qualquer tempo. 22.Nxf6+ Kf8 23.Nh7+! Talvez Maroczy tenha subestimado esse xeque. Se agora 23...Kg8, então 24.Qg4+ Kh8 25.Qh4! Rxd3 26.Qxh6 vencendo. 23...Ke7 24.f5! A primeira defesa indireta: se 24...Rxd3? então 25.f6+ seguido de 26.Qxd3+, etc. 24...R8d6 Mas após esse lance tudo parece estar em ordem novamente, pois o Rei atingiu uma escapada confortável a d8. Entretanto, a resposta em seguida, que de forma alguma era fácil de ser encontrada, virou a mesa.
25...Rxb4) jogando 26.Qh5! sem permitir a forte resposta 26...Qd2! ou (como ocorreu na partida) entrando com a Dama na posição das pretas via e5. 25...Qxb4 Um final interessante ocorreria após 25...Rxb4 26.Qh5! e5! 27.f6+ Kd8 28.Qxh6! Rxd3 29.Qf8 Rd7 30.Rc5 Qxa4 31.Rxe5 vencendo. 26.Qe5! Ameaçando 27.Qf6+ Kd7 28.Nf8 mate. 26...Nd7 Protege tanto a casa crítica como – aparentemente – finalmente ganha o Bispo. 27.Qh8! Rxd3 Perdendo um lance antes do que poderia. A melhor resposta 27...Qb6 forçaria as brancas a revelarem o último ponto da combinação iniciada no seu 25º lance – 28.a5! (o triunfo do Peão negligenciado!) com duas variantes: (a) 28...Qxa5 29.Rc8, ou (b) 28...Qa7 29.c6+ etc., como jogado na partida. 28.f6+! Se 28...Nxf6, então 29.Qxf6+ Kd7 30.Nf8 mate; se 28...Kd8 29.Qxe8+! seguido de 30.Rb8 mate. As pretas abandonaram. Partida 49 Alekhine, A. - Winter, W. Torneio de Londres, Fevereiro de 1932 Defesa Caro-Kann - B13
25.b4!! Uma solução surpreendente para o problema do ataque, cuja ideia foi a seguinte: as brancas são bem sucedidas (no caso de 104
1.e4 c6 2.d4 d5 3.exd5 cxd5 4.c4 Uma das melhores formas de enfrentar a Caro-Kann. Hoje em dia está um pouco fora de moda, na minha opinião sem muita razão e provavelmente só temporariamente. 4…Nf6 5.Nc3 Nc6 6.Nf3 Se 6.Bg5 (lance de Botvinnik) 6...e6
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
7.Nf3 Be7, com jogo defensivo levemente restrito mas bastante sólido. 6...Bg4 7.cxd5 Nxd5 8.Bb5 Qa5 Introduzido por mim na partida contra Nimzowitsch (Bled, 1931), na qual meu adversário após 9.Qb3! Bxf3 10.gxf3 Nxc3 cometeu o erro curioso 11.Bxc6+ bxc6 12.Qb7? – e após 12...Nd5+ 13.Bd2 Qb6! 14.Qxa8+ Kd7 15.0-0 Nc7 foi forçado a entregar uma peça através de 16.Ba5, tornando qualquer resistência futura sem esperanças na prática. No entanto, o lance com a Dama é – como a presente partida mostra – decididamente muito arriscado. A linha correta é 8...Rc8 9.h3 Bxf3 10.Qxf3 e6 etc., com perspectivas iguais. 9.Qb3! Bxf3 10.gxf3 Nxc3 11.bxc3 e6 As pretas obtiveram, é verdade, a melhor posição de Peões, mas o eficiente sacrifício de Peão a seguir mostrará, a posição do seu Rei de forma alguma é segura. A próxima fase da partida é altamente instrutiva, pois o ataque das brancas necessita para seu sucesso, de um cálculo particularmente exato.
cravada no Rei seria mortal. 14.Bxc6 bxc6 15.Rb1 Qc7 Ou 15...Kd7 16.c4! etc., com um ataque tremendo. 16.Qa4 Rd7 17.Bd2! Um lance difícil, muito mais efetivo do que 17.Bf4 ou 17.Be3. Apesar da sua defesa precisa, as pretas serão incapazes de prevenir uma futura demolição gradual da sua residência real. 17...Bc5 18.c4 Kd8 De novo relativamente o melhor, pois 18...Bb6 fracassaria devido a 19.c5! Bxc5 20.Qa6+ Kd8 21.Ba5 Bb6 22.Rxb6 etc. 19.Ba5 Bb6 20.Bxb6 axb6 21.Qa8+! O objetivo dessa manobra de Dama bastante profunda são os seguintes: (1) Se as brancas jogarem direto 21.cxd5, as pretas podem responder 21...Rxd5 22.Rfd1 Ke7! 23.Rxd5 cxd5 24.Re1+ Kf6 25.Qh4+ Kg6, e as brancas não têm mais do que um xeque perpétuo. Então elas devem evitar que o Rei das pretas escape via e7. (2) Em algumas variantes importantes a Torre branca deve se posicionar em a4 – assim a Dama libera essa casa em vista dessa eventualidade. 21...Qc8 22.Qa3 Qb8 23.cxd5 cxd5 Após 23...Rxd5 24.Rfd1 Ke8 25.Rxd5 cxd5 26.Rd1 Qe5 27.f4 as pretas não teriam uma defesa adequada.
12.d5 É necessário sacrificar o Peão de uma vez, pois após 12.0-0 Rd8 as pretas obteriam uma posição satisfatória. 12...exd5 13.0-0 0-0-0 O único lance. Após 13...Be7 14.Re1 a 105
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24.Rb4! O lance vencedor, pois as pretas não têm tempo de jogar 24...Re8 devido a 24.Ra4, etc. 24...Qd6 25.Re1! Rc7 Ou 25...Re7 26.Rd1 etc., com ataque vencedor. 26.Qb3 Re8 27.Rd1 Re5 Obviamente as pretas não podem proteger ambos os Peões. 28.Rxb6 Rc6 29.Rxc6 Rg5+ Forçado - 29...Qxc6 30.Qb8+, etc. 30.Kh1 Qxc6
31.Re1! Iniciando o ataque final. 31...Qf6 32.Qb8+ Kd7 33.f4 Rg6 Aqui eu esperava 33...Rh5 34.Qe8+ Kd6 35.Rc1! Rxh2+ 36.Kg1!, forçando a vitória. 34.Qe8+ Kc7 35.Rc1+ Kb6 36.Rb1+ Kc5 37.Qb5+, e as pretas abandonaram. Partida 50 Menchik, V. - Alekhine, A. Torneio de Londres, Fevereiro de 1932 Defesa Índia da Dama - E14
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nf3 b6 4.e3 Um sistema de desenvolvimento inofensivo, que não significa ser mau. As pretas desse 106
modo não têm dificuldades na abertura, contanto que não superestimem a sua posição, e percebam que embora tenham forças suficientes para controlar a casa e4, ainda não desenvolveram o bastante para ocupá-la. 4...Bb7 5.Bd3 Bb4+ 6.Bd2 Bxd2+ 7.Nbxd2 Esse Cavalo não está posicionado de forma muito feliz em d2. Mais promissor então seria 7.Qxd2 seguido de Nc3. 7...d6 8.0-0 Nbd7 9.Qc2 Qe7 10.Rfd1 0-0 11.Ne4 g6 Um bom lance, cujo objetivo é, como a continuação mostrará, evitar a troca dos Bispos da Dama. Sendo a posição de Peões muito mais elástica do que a do adversário, e interessante para as pretas manterem o maior número possível de peças no tabuleiro. 12.Rd2 Nxe4 13.Bxe4 c6! 14.Qa4 Provavelmente esperando provocar a resposta 14...b5, que seria vantajoso para as brancas após 15.Qb3!. 14...Rfc8 15.Bd3 c5 16.Qd1 Nenhuma peça das brancas tem uma casa adequada. Mas ainda haverá algum tempo antes que as pretas consigam obter uma iniciativa séria. 16...Nf6 17.dxc5 bxc5 A maneira correta de recapturar, pois a retaguarda do Peão d é muito fácil de proteger nesse tipo de posição. 18.Qe2 Nh5 19.Rad1
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19...Rf8! Preparando os avanços dos Peões e e f. 20.e4 Nf4 21.Qe3 e5 22.Bf1 Rad8 A partir desse ponto a tática das pretas é irrepreensível, mas aqui Rfd8, seguido por N-e6-d4 seria mais convincente, pois evitaria a tentativa das brancas em seguida. 23.b4! Um interessante sacrifício de Peão em uma posição difícil. Se agora 23...cxb4, então 24.Qxa7 Ra8 25.Qb6 Bxe4 26.Qxd6 Qxd6 27.Rxd6 Bxf3 28.gxf3 Rxa2 29.Rb6, com boas chances de empate para as brancas. 23...Ne6 24.Rb2 Ba8 25.bxc5 Nxc5 26.Nd2 f5 27.exf5 gxf5 Com a abertura da coluna g as pretas finalmente têm a base para um poderoso ataque ao Rei. 28.f3 Qg7 Ameaçando 29...f4 seguido por ...e4. 29.Rdb1 Kh8 30.Nb3 Ne6 31.Rd2 Ng5 32.Kh1 Rg8 33.Rf2 A única defesa contra 33…Nxf3. 33…Rde8 34.Rd1 Re6
Desespero, pois as pretas ameaçavam 35...Rh6 seguido por 36...Rxh2+ 37...Qh6+ 38...Nh3+, etc. E após 35.b5 d5 etc., elas venceriam pelo simples avanço dos seus Peões centrais.
35.f4 exf4 36.Qd4 Re5! 37.c5 dxc5 38.Nxc5 Nh3 39.Rc2 f3! 40.g3 f2+ Esse foi o xeque com o Bispo mais afastado que dei na minha vida! As brancas abandonaram. Partida 51 Alekhine, A. - Koltanowski, G. Torneio de Londres, Fevereiro de 1932 Abertura Ruy Lopez - C73 - Prêmio de Beleza
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 d6 5.Bxc6+ bxc6 6.d4 exd4 O esquema defensivo usual aqui é 6...f6, seguido por ...N-e7-g6, etc. Mas as brancas nessa partida obviamente querem uma diagonal livre para o seu Bispo do Rei. 7.Nxd4 Bd7 8.0-0 g6 9.Nc3 As brancas não têm nada melhor do que esse desenvolvimento tranquilo de forças – esperando que cedo ou tarde o ligeiro enfraquecimento das casas pretas no campo do adversário dê a elas chances reais. 9...Bg7 10.Re1 Ne7 11.Bf4 0-0 12.Qd2 c5 13.Nb3
Não 13.Nf3 devido a 13...Bg4. Mas 13.Nde2 entra seriamente em consideração. 13...Nc6 14.Bh6 Be6 15.Bxg7 Kxg7 16.Nd5 f6 17.Rad1 Rb8 18.Qc3 Qc8 107
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19.a3 Qb7 20.h3! Esse e o próximo lance de forma alguma foram fáceis de encontrar pois, na preparação da combinação definitiva, tive que manter em mente ao mesmo tempo a possibilidade da variante simplificadora iniciando com ...Bxd5. 20…Rf7 21.Re3 Qb5 Como a continuação mostra, as pretas poderiam jogar aqui 21...Bxd5 – mas após 22.exd5 Nd4 23.Nxd4 cxd4 24.Rxd4 Qxb2 25.Qd2 as brancas ainda manteriam uma vantagem posicional real, embora não facilmente realizável.
24.Qxf6+ seguido de 25.Rxb3 etc.; (II) 23...Nd4 24.Nxd4 etc.; (III) 23...Qc4 24.Nxc5! etc.; (IV) 23...Nd8 24.Rf3 Rf7 25.Nxc5 etc.; (V) 23...Bf7 24.Rxf6! Nd4 25.Nxd4 cxd4 26.Qxc7 Kxf6 27.Rf3+ etc.; (VI) 23...Re8 24.Nxc5 Nd8 25.b4 Nf7 26.Rxe6 etc.; (VII) 23...Kf7 24.Rf3 Ke7 25.a4 Qb6 (o melhor) 26.Rxe6+ Kxe6 27.Nxc5+ Kd6 (ou 27...Kf7 28.Qxf6+ Kg8 29.Ne6! etc.) 28.Qxf6+ Kxc5 29.Rc3+ Kb4 30.Qd6+, vencendo. 24.a4! Qxa4 25.Nxc5 Qb5 26.Qxf6+ Kg8 27.Nd7! Rd8 Ou 27...Re8 28.Qc3, vencendo. 28.Rf3 Qb4 29.c3 Qb5 30.Ne5! Rdc8 31.Nxc6 Se agora 31...Rxc6, então 32.Rd8+ vencendo. As pretas abandonaram. Partida 52 Alekhine, A. - Tartakower, S. Torneio de Londres, Fevereiro de 1932 Defesa Budapest - A51
22.Nxc7! Como regra, os chamados sacrifícios “posicionais” são considerados muito difíceis, e dessa forma mais louváveis do que aqueles baseados exclusivamente em cálculos exatos de possibilidades práticas. A presente posição oferece, acredito, uma exceção, pois a quantidade e complexidade das variantes decorrentes do sacrifício do Cavalo necessita de muito mais trabalho mental intenso do que qualquer avaliação genérica de possibilidades recíprocas. 22...Rxc7 23.Rxd6 Bc4 As pretas têm muitas outras respostas, mas todas elas finalmente conduziriam à derrota, como mostrado abaixo: (I) 23...Bxb3? 108
1.d4 Nf6 2.c4 e5 3.dxe5 Ne4 Menos usual, mas não melhor do que 3...Ng4, contra o qual tenho tido (exceto na partida contra Gilg, Semmering 1926) experiências bastante agradáveis também. Aqui, por exemplo, duas pequenas histórias da “Budapeste”: (I) Alekhine – Rabinowitsch, BadenBaden 1925. 1.d4 Nf6 2.c4 e5 3.dxe5 Ng4 4.e4 Nxe5 5.f4 Ng6 6.Nf3 Bc5 7.f5 Nh4 8.Ng5! Qe7 9.Qg4 f6 10.Qh5+! g6 11.Qxh4 fxg5 12.Bxg5 Qf7 13.Be2 0-0 14.Rf1 Nc6 15.Nc3 Nd4 16.fxg6 Qxg6 17.Rxf8+ Bxf8 18.Bh5 Qb6 19.0-0-0 Bg7 20.Rf1 Ne6 21.Bf7+ Kh8 22.Bxe6 Qxe6 23.Bf6!, e as pretas abandonaram.
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(II) Alekhine – Dr. Seitz, Hastings 1925-1926. 1.d4 Nf6 2.c4 e5 3.dxe5 Ng4 4.e4 Nxe5 5.f4 Nec6 6.Be3 Bb4+ 7.Nc3 Qe7 8.Bd3 f5 9.Qh5+ g6 10.Qf3 Bxc3+ 11.bxc3 fxe4 12.Bxe4 0-0 13.Bd5+ Kh8 14.Nh3 d6 15.0-0 Bxh3 16.Qxh3 Qd7 17.f5 gxf5 18.Rab1 f4 19.Bxf4 Qxh3 20.Be5+, e as pretas abandonaram. 4.Nd2 Nc5 Se 4…Bb4+, então 5.Nc3 seguido de a3, para obter a vantagem do par de Bispos. 5.Ngf3 Nc6 6.g3 Qe7 7.Bg2 g6
8.Nb1! À primeira vista esse lance é surpreendente, mas na realidade é perfeitamente lógico. Após as pretas demonstrarem claramente sua intenção de desenvolver o Bispo do Rei em g7 as brancas já não devem contar com nenhuma ação na diagonal e1-a5. Portanto não há motivo em adiar o posicionamento do Cavalo na casa dominante d5. 8...Nxe5 9.0-0 Nxf3+ 10.exf3 Bg7 11.Re1 Ne6 12.Nc3 0-0 13.Nd5 Qd8 14.f4 c6 Por bem ou por mal as tetas desalojaram o Cavalo das brancas – criando assim uma fraqueza perigosa na casa d6, pois após o
imediato 14...d6 o sacrifício temporário 15.f5 etc., seria muito perigoso para elas. 15.Nc3 d6 16.Be3 Qc7 17.Rc1 Bd7 18.Qd2 Rad8 19.Red1 Bc8 20.Ne4 Nc5 Isso será finalmente refutado através da combinação iniciada no 24º lance das brancas – mas devido ao enfraquecimento mencionado acima, a posição das pretas já é muito difícil. Seria insatisfatório, por exemplo, 20...d5 21.cxd5 Rxd5 22.Nf6+ seguido por 23.Bxd5 etc., ganhando a qualidade; ou 20...c5 21.f5! gxf5 22.Nc3 Nd4 23.Nd5 Qb8 24.Bg5 etc., com vantagem; e após o relativamente mais seguro 20...b6, as brancas com facilidade aumentariam sua vantagem em espaço ao continuar com 21.b4, etc. 21.Nxd6! Na4 22.c5 Nxb2 23.Re1
23...b5 Essa resposta – a consequência lógica dos três lances anteriores – se provará insuficiente. Mas as pretas não tinham nenhum caminho de salvação, por exemplo: 23...Be6 24.Bd4! ou 23...Bf5 24.g4!24...Bxg4 25.Bd4, em ambos os casos com vantagem decisiva para as brancas. 24.cxb6! Uma combinação surpreendente, mas não 109
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muito complicada. A única dificuldade consistia na necessidade de planejar essa possibilidade muitos lances antes, quando foi feita a captura 21.Nxd6. 24...Qxd6 25.Qxd6 Rxd6 26.bxa7 Bb7 27.Bc5 Rdd8 28.Bxf8 Kxf8 29.Bxc6 Bxc6 30.Rxc6 Ra8 Os lances das pretas foram praticamente forçados e, como sua posição é absolutamente sem nenhuma esperança, preferem um rápido fim. Se ao invés disso 30...Bd4, então 31.Rd6, também vencendo de forma imediata. 31.Rb6 Rxa7 32.Rb8 mate. Partida 53 Alekhine, A. - Sultan Kahn, M. Torneio de Berna, Julho de 1932 Defesa Caro-Kann - B13
1.e4 c6 2.d4 d5 3.exd5 cxd5 4.c4 Nf6 5.Nc3 Nc6 6.Nf3 Bg4 7.cxd5 Nxd5 8.Bb5 a6 Sobre 8...Qa5 veja a Partida 49 contra Winter. O ponto do lance do texto é a oferta posicional do Peão, de forma alguma fácil de refutar no tabuleiro.
Torna-se evidente que as pretas não têm compensação pelo Peão a menos: o Peão d das brancas está isolado e – o que é mais importante – as pretas serão forçadas, para ser possível o roque, a enfraquecer através dos próximos lances sua ala da Dama. 14.a4 Bc4 15.b3 Bd5 16.0-0 Qb6 17.Bd2! Seria uma estratégia fraca proteger o Peão b através de 17.Rb1, após o que as pretas encontrariam tempo para finalizar seu desenvolvimento através de 17...e6, ...Bd5 ou ...Be7 e ...0-0. 17...e6 Se ao invés disso 17...Qxb3, então 18.Rfc1! Rxc1+ 19.Rxc1 Qxe3 20.fxe3 e6 (ou 20...Bxf3 21.gxf3 Kd7 22.Ba5, etc.) 21.Rc7, seguido por Ra7 com vantagem. 18.Rfc1 Rb8
9.Bxc6+ bxc6 10.Qa4! Nxc3
Relativamente melhor do que a troca.
A consequência lógica do seu 8º lance,
19.Ne5 f6
pois 10...Bd7 11.Ne5 seria obviamente favorável às brancas. 11.Qxc6+ Bd7 12.Qxc3 Rc8 13.Qe3 Bb5
110
Provavelmente subestimando a força da resposta; mas também 19...Be7 não era satisfatório, por exemplo: 20.Nc4 Qxb3 21.Qxb3 Rxb3 22.Nd6+! etc., com vantagem.
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24...Rad8 25.Nb6 Bc6 26.Rc4! Isso teve que ser calculado com exatidão, pois caso a possível resposta fosse 26...e5 as brancas tinham decidido devolver o Peão a mais para obter um forte ataque direto. A continuação seria 27.Rac1! Rxd4 28.Rxc6 Rxd2 29.Qg4! Rhd8 30.Qe6+ Kf8 31.h3 Rd1+ 32.Rxd1 Rxd1+ 33.Kh2 etc., com vantagem. 26...Rhe8 27.Rac1 Bb5 28.Rc7 Qe4 20.Nc6! O objetivo dessa manobra de Cavalo é dar um fim aos ataques das pretas contra o Peão b. 20...Ra8 O único lance, pois 20...Rc8 seria inferior devido a 21.Nb4!. 21.Na5 Pretendendo eventualmente 22.Rc6!. 21...Kf7 Essa posição do Rei em estágios iniciais do jogo é mais familiar para Sultan Khan do que para jogadores europeus e americanos, pois no xadrez indiano o roque é efetuado em três movimentos: (1) Ke7 – d7 ou f7; (2) a Torre se movimenta da sua casa original; (3) um lance do Cavalo, com o Rei voltando à primeira fileira para o lado da Torre que se movimentou – isso sem que o Rei fique em xeque durante esse processo. Voltando à nossa partida, pode-se admitir que as pretas, devido às ameaças mencionadas acima, não tenham na realidade nada melhor do que o lance do Rei. 22.Nc4 Qb7 23.Qg3 Be7 24.a5 O lance inicial do esquema decisivo: o estabelecimento do Cavalo em b6 permitirá às brancas tomar vantagem completa sobre a coluna c.
29.d5! Ao invés do simples 29.Bc3 – que provavelmente também se mostraria suficiente a longo prazo – as brancas decidem forçar o jogo através de uma combinação fortemente calculada. Se as pretas tivessem tentado agora sua melhor chance prática através de 29...exd5 ocorreria a seguinte variante: 30.Re1 Be2 31.Na4! (uma das ligações importantes da combinação das brancas) 31...d4 32.Nc5 Qc2 33.Rxe2 Qd1+ 34.Re1 Qxd2 35.Kf1! e as pretas não teriam defesa contra as muitas ameaças. Os lances restantes provavelmente seriam 35...Kg8 36.Ne6 g6 37.Nxd8 Qxe1+ 38.Kxe1 Bd6+ 39.Kd2 Bxg3 40.hxg3 Rxd8 41.Rc6 Rd5 42.b4, após o que as pretas teriam que abandonar. 29...Kg8 Conduz ao colapso de forma ainda mais rápida devido ao 31º lance das brancas. 111
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30.Re1 Qf5 31.Bb4! Rd7 Tão inútil como qualquer outro lance. 32.Rxd7 Bxd7 33.Bxe7 exd5 Ou 33...Rxe7 34.Qd6 vencendo. 34.Qd6, e as pretas abandonaram. Partida 54 Alekhine, A. - Grob, H. Torneio de Berna, Julho de 1932 Abertura Ruy Lopez - C84
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Nf6 5.0-0 d6 6.c3 Aqui também é bom 6.Bxc6+ bxc6 7.d4 Nxe4 8.Qe2 f5 9.Nbd2 Nxd2 10.Nxd2!, e as brancas recuperarão o Peão com vantagem, por exemplo: 10...e4 11.f3 d5 12.fxe4 dxe4 13.Nxe4!, com vantagem. 6...Bg4 7.d4 b5 8.Bb3 Be7 9.Be3 Ao invés disso, o jogo de ala 9.a4 estaria bastante bom. A continuação escolhida conduz a uma partida muito complicada no centro. 9...0-0 10.Nbd2
10...d5! Nesse momento senti que fora atraído para uma variante preparada antecipadamente pelo meu adversário. Eis o que aconteceu: 112
alguns anos antes do Torneio de Berna – para ser exato, em 1925 – dei uma exibição em Bessel com vantagem de tempo, com relógios, contra 10 amadores de primeira categoria , onde a seguinte partida, idêntica à presente até o 10º lance, inclusive das brancas, foi jogada e publicada (devido ao seu ataque instrutivo e belo final) pela imprensa suíça, assim como nos meus livros em alemão: Alekhine–Meck: 10...Na5 11.Bc2 c5 12.h3 Bxf3 13.Qxf3 Nd7 14.Rad1 Qc7 15.Bb1 Rad8 16.Qg3 Rfe8 17.f4 Nc6 18.fxe5 dxe5 19.d5 Na5 20.Nf3 Nc4 21.Bh6 g6 22.Rf2 Bf8 23.Qh4 Be7 24.Ng5 Nd6 25.Rdf1 Bxg5 26.Bxg5 Rc8 27.Rxf7 Nxf7 28.Rxf7 h5 29.Rf3 Rf8 30.Rg3 Rf7 31.Be7 Kh7 32.Bd3 c4 33.Be2 Qb6+ 34.Kh2 Nf6 35.d6 Rxe7 36.Qxf6 Rg7 37.Bxh5 Rcg8 38.Qh4 g5 39.Bg6+, seguido por mate em dois. É certamente a crédito do talentoso mestre suíço ter encontrado o exato momento em que seu conterrâneo errou – e pode-se considerar também como sua a má sorte de que toda a variante (como prova a presente partida) ainda não seja bastante satisfatória, apesar da melhoria. De qualquer maneira, passei alguns minutos bastante ansioso antes de descobrir o caminho que finalmente assegurou para mim a vantagem. 11.exd5 exd4 12.cxd4 Nxd5 As brancas agora têm que resolver um problema duplo: liberar seu Cavalo do Rei da cravada desagradável, e ao mesmo tempo tomar as medidas necessárias para enfrentar de forma efetiva o ameaçador avanço do Peão f das pretas.
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13.Qb1! Essa é a solução oculta! As brancas pretendem proteger seu Bispo da Dama através de um contra-ataque ao Cavalo central das pretas. 13...f5 Não somente um ataque, mas também uma defesa contra a possibilidade de Qe4. 14.a3! Liberando a casa a2 para (a) o Bispo, no caso de 14.Na5; (b) a Dama – como jogado na atual partida. 14...Kh8 15.Qa2
15...Ndb4!? As pretas continuam a especular, mas em breve serão forçadas a reconhecer que estão fora de jogo na batalha pelas casas centrais. Também após 15...Nb6 16.Be6! seguido por d5 etc., as brancas facilmente obteriam a melhor posição. 16.axb4 Nxb4 17.Qb1 f4 equilíbrio material assim está restabelecido, mas não por muito, pois o Cavalo das brancas em e5 exercerá uma pressão tremenda. 18.Ne5 Bf5 Ou 18...Bh4 19.Qe4! fxe3 20.fxe3 Bf6
21.Rf5! etc., com uma posição esmagadora. 19.Qd1 fxe3 20.fxe3 Nd5 21.Nc6! O mais simples, pois ganha duas peças menores por uma Torre, evitando assim as complicações do meio-jogo. Ao invés disso, não seria convincente 21.Rxf5 Rxf5 22.g4 devido a 22...Rxe5, etc. – mas 21.Qh5 g6 (não 21...Nxe3? 22.Rxf5 vencendo) 22.Nxg6+ Bxg6 23.Qxd5 seria uma alternativa igualmente agradável. 21...Nxe3 22.Nxd8 Nxd1 23.Nc6 Bg5 24.Rfxd1! Ao invés disso, 24.Raxd1 permitiria – de forma bastante estranha – uma fuga convincente para as pretas através de 24...Be3+! 25.Kh1 Bxd2 26.Rxd2 Bd3!, etc. 24...Be3+ 25.Kh1 Bg4 26.Nf1 É claro que não 26.Nf3 Rxf3!, etc. 26...Bxd1 27.Rxd1 Bf4
28.Bd5! Essa manobra do Bispo evita Ra8-e8-e7. 28...Rae8 29.Bf3 Rf6 30.Kg1 g6 Obviamente perdendo um tempo, se comparado isso com o próximo lance; mas nessa posição, um tempo a mais ou a menos não tem qualquer influência no resultado final. Se, por exemplo, 30...g5, então 31.h3 113
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Be3+ 32.Nxe3 Rxe3 33.d5 Rb3 34.Rd2 com um trabalho tecnicamente fácil para as brancas. 31.Ra1 g5 32.h3 Be3+ 33.Nxe3 É claro, não 33.Kh1 g4!, etc. 33...Rxe3 34.Rxa6 Rb3 35.Bd5! O início de um bem sucedido ataque de mate. 35...Rxb2 36.Ra8+ Kg7 37.Rg8+ Kh6 38.Ne5 Kh5 39.Rg7 Kh4 40.Kh2! h6 Obviamente esquecendo de abandonar. 41.Bf3 Rd2 42.Rg6 g4 43.Rxg4+ Kh5 44.Rg3+ Kh4 45.Ng6+ Rxg6 46.Rxg6 b4 47.Rg4+ Kh5 48.Kg3 Rd3 49.Rg7+ Rxf3+ 50.Kxf3, e as pretas abandonaram. Partida 55 Alekhine, A. - Flohr, S. Torneio de Berna, Julho de 1932 Sistema Colle - D05
Ao adotar o usual 9.dxc5 Bxc5 10.e4 cheguei a uma posição não totalmente agradável, tendo que lutar contra outra inovação minha (partida contra Gilg, Kecskemet 1927), ou seja, 10...Bd6 11.Re1 Ng4! etc., com aproximadamente as mesmas perspectivas. 9...dxe4 Seria insatisfatório 9...cxd4 devido a 10.e5! Nd7 (ou 10...Nh5 11.Nb3, ameaçando g4) 11.cxd4 Nb4 12.Bb5! a6 13.Ba4, etc., com vantagem. 10.Nxe4 cxd4 11.Nxd4 Não 11.cxd4, pois é do interesse das brancas a troca do máximo de peças capazes de atacar o seu Peão isolado. 11...Nxd4 12.cxd4 Nxe4 Ao invés disso, 12...Nd5 13.Qf3! etc., conduziria a uma posição de meio-jogo muito complicada. Contudo, o lance do texto pode ser suficiente para a igualdade. 13.Bxe4
1.d4 d5 2.Nf3 Nf6 3.e3 Esse lance tranquilo, cuja ideia é postergar a luta pelo centro até que as brancas coloquem seu Rei em segurança – conseguiu agraciar o campeão belga com uma longa série de vitórias brilhantes. Seu valor objetivo tem sido quase colocado em dúvida através da variante 3...Bf5 4.Bd3 e6! introduzida por mim em San Remo 1930, contra o mesmo jogador e desde então adotada, por exemplo, pelo Dr. Euwe contra mim em nosso match de 1935. A defesa aqui escolhida por Flohr permite às brancas cumprir seu plano de desenvolvimento. 3...e6 4.Bd3 c5 5.c3 Nc6 6.Nbd2 Be7 7.0-0 Qc7 8.Qe2 0-0 9.e4 Como descobri posteriormente, esse lance bastante natural não fora tentado antes.
13...f5 Mas a partir de agora Flohr decididamente superestima a sua posição, o que muito raramente faz. Após o simples 12...Bd7 13.Qf3 Bc6, o resultado natural seria o empate. 14.Bf3 Bf6 Esse lance e o próximo são a consequên-
114
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cia lógica da tentativa de explorar a “fraqueza” em d4. Relativamente melhor ainda seria 14.Bd7. 15.Rd1 Rd8 16.Be3 f4? Suicídio. Mas também após o relativamente melhor 16...g5 17.h3 Qg7 18.Rac1 em breve se tornará evidente que o Peão d das brancas só poderá ser capturado ao preço de um comprometimento posterior decisivo na posição das pretas. 17.Rac1 Qd6 18.Bd2 Bxd4 Esse Peão está envenenado, como mostra a resposta. Mas também 18...Rb8 19.a3! ameaçando 20.Bb4 etc., seria praticamente quase sem esperanças. 19.Ba5! Rd7 Se a Torre deixasse a coluna d, então 20.Qc4! venceria imediatamente.
20.Rxd4! A refutação convincente para a tendência ultra materialista das pretas nessa partida. 20...Qxd4 21.Qxe6+ Rf7 Após 21...Kf8 22.Re1 g6 23.Bc3 as pretas perderiam a Dama. 22.Rxc8+ Rxc8 23.Qxc8+ Rf8 24.Qxb7 Re8 25.h3 Mas não 25.Bc3? devido a 25...Qxc3!. 25...Qc5 26.Bc3 Qe7 27.Bd5+ Kh8 28.Qxe7, e as pretas abandonaram.
Partida 56 Alekhine, A. - Steiner, H. Torneio de Pasadena, Agosto de 1932 Abertura Ruy Lopez - C78
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Nf6 5.0-0 Bc5 Tendo sido por um período bastante parcial com relação a esse lance (conforme “Minhas Melhores Partidas – 1908 – 1923”), devo, para meu desgosto, admitir agora que não é suficiente contra um jogo preciso. E como 5...d6 recentemente tem sido algo desacreditado, as pretas trouxeram praticamente de volta a velha escolha entre o especulativo 5...Nxe4 e o cauteloso 5...Be7. 6.c3 Nxe4 7.d4 Ba7 8.Qe2 Aqui decidi seguir a linha de jogo adotada por Yates contra mim em Hastings 1922: embora naquela partida as pretas obtivessem somente um empate, esperava encontrar no tabuleiro alguns lances melhores do que aqueles feitos por Yates, mas realmente não havia nenhum. É muito melhor do que o lance da Dama 8.Re1 (que também é mais lógico e trás mais uma peça para a ação), e se 8...f5, então 9.Nbd2 0-0 10.Nxe4 fxe4 11.Bg5, seguido por 12.Rxe4 com uma clara vantagem. 8...f5 9.dxe5 0-0 10.Bb3+ Kh8 11.Nbd2 Qe8 Uma ideia interessante á la Marshall: as pretas sacrificam 1-2 Peões por um rápido desenvolvimento, após o que a posição das brancas parecerá, por um tempo, algo crítica. No entanto, a tentativa pode, e deve, ser refutada; muito mais preferível é então (como aconteceu no mencionado Torneio de Hastings) 11...d5 12.exd6 Nxd6 13.Nc4 f4! 14.Nce5 (ou 14.Nxd6 cxd6! 15.Rd1 Bg4) 14...Nxe5 15.Nxe5 Qg5 etc., com perspec115
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tivas bastante boas para as pretas. 12.Nxe4 fxe4 13.Qxe4 13...d5! O ponto do primeiro sacrifício – as pretas desenvolverão seu Bispo da Dama com um tempo. 14.Bxd5 Melhor do que 14.Qxd5 Bg4 15.Ng5 Nxe5 etc., com ameaças desagradáveis. 14...Bf5 15.Qh4 Nxe5
21…Bg4
22.Ba3! Praticamente forçando a resposta que coloca um fim às esperanças das pretas na sua diagonal h7-g1. 22…c5 É claro, não 22…Rf6 devido a 23.Qxg4. 23.Ne5 16.Bxb7! A única maneira de enfrentar o ataque das pretas contra a casa f2 com sucesso. Ao invés disso, seria insatisfatório 16.Nxe5 Qxe5 17.Bxb7 devido a 17...Bd3! 18.Bxa8 Bxf2+! 19.Kh1 Qe8! (mais forte do que 19...Bxf1 20.Qe4) etc., com forte pressão das pretas. 16...Rb8 17.Nxe5 Rxb7 Se agora 17...Qxe5, então 18.Bxa6! estancando a ameaça principal das pretas ...Bd6. Esse foi o ponto do 16º lance das brancas. 18.Re1! As pretas de forma alguma podem tirar proveito do enfraquecimento momentâneo da casa f2. 18…Rb5 19.Nf3 Qc8 20.c4 Rb7 21.b3 Em conexão com o próximo lance, uma solução muito mais rápida do que o passivo 21.h3. 116
Daqui para a frente as brancas têm um trabalho fácil. 23…Bf5 24.g4! Para forçar o Bispo das pretas a abandonar a defesa da casa g6. 24…g5 Desespero. 25.Bb2 Um lance espetacular (25...gxh4 26.Nf7+ Kg8 27.Nh6 mate), mas o mais simples 25.Qh5 também seria bom o bastante. Não tão convincente, ao contrário, seria 25.Qxg5 Rg7 26.Bb2 Kg8! etc. 25…Kg8 Com a esperança de após 26.Qxg5+ Rg7 entrar na última variante mencionada. 26.Qh5! Be6
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27.Nd7! Um tipo de “parceiro” do lance final da Partida 117 contra Borochow. No caso de 27...Qxd7 as brancas forçam a vitória dessa forma: 28.Qxg5+ Kf7 29.Qf6+ Kg8 30.Qh8+! Kf7 31.Qxh7+ Ke8 32.Qg6+ Ke7 33.Rad1! Qc6 34.Qg5+ Kf7 35.Qf6+ e mate em dois lances. As pretas abandonaram. Partida 57 Alekhine, A. - Mikenas, V. Torneio Equipes - Folkestone, Julho de 1933 Fianqueto do Rei - B06
1.e4 g6 Esse lance corretamente é considerado como inferior, pois concede às brancas o controle total das casas centrais. Mas isso, no entanto, não torna muito fácil para o primeiro jogador transformar essa vantagem espacial em decisiva. 2.d4 Bg7 3.Nc3 d6 4.Nf3 Nd7 5.Bc4 e6
Ao escolher essa estrutura de Peões, as pretas de forma estratégica evitam nesse estágio da partida o futuro avanço central dos Peões das brancas, pois tanto e5 - d4 ou d5 - e4 permitiriam ao segundo jogador obter mais tarde a iniciativa no centro através de ...c5 ou ...f5. A estratégia das brancas no próximo estágio da partida consistirá, então, em restringir mais e mais – deixando intacta a posição central – o já quase limitado campo de ação das peças inimigas. 6.0-0 Ne7 7.a4! Um lance muito importante nesse tipo de posição, digno de ser notado pelo estudante. Tem o objetivo de prevenir o fianqueto do Bispo da Dama das pretas (se ...b6 a5, com vantagem) ou induzir o enfraquecimento da casa b5 das pretas – ao responderem ...a5. 7...0-0 8.Be3 h6 Evitando 9.Qd2 seguido por Bh6, que eliminaria a única peça mais ou menos ativa das pretas. 9.Qd2 Kh7 10.h3 Para não contar mais com a possibilidade de ...Nf6 e se e5, então ...Ng4 etc. 10...c6 Isso obviamente enfraquece sua casa d6 – uma circunstância que, no entanto, não deveria ter tido uma característica decisiva. Além disso, já é extremamente difícil indicar um 117
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plano adequado para o futuro desenvolvimento das pretas. 11.Bf4 d5 Também seria insatisfatório 11...e5 12.dxe5 dxe5 (no caso de retomar com peças em e5 as pretas, após a toca das Damas, ao final perderiam seu Peão f ) 13.Be3 com vantagem. Mas ao jogar 11...Nb6 12.Bd3 a5 as pretas obteriam uma posição relativamente mais estável do que após o lance comprometedor do texto. 12.Bd3 a6? As pretas não imaginam que sua casa d6 tenha que ser protegida a todo custo. Daqui em diante somente a posição dominante do Bispo da Dama das brancas se provará suficiente para decidir a batalha. Dessa forma, era necessário 12...Nf6 -...e8 com uma partida jogável, embora as brancas facilmente ainda achariam como aumentar sua pressão – por exemplo, por meio de 13.a5 etc. 13.Bd6 f5 Ou 13...Nf6 14.e5 Nfg8 15.Ba3, seguido por h4, com um ataque fácil ao Rei. 14.e5 Rg8
taleza inimiga não tão bem protegida. Além do lance do texto, que inaugura um plano irresistível (status quo na ala do Rei; abrindo uma coluna na outra ala), também podem iniciar um ataque ao Rei, com o golpe espetacular 15.Qg5, que entretanto não dará nenhum resultado imediato após a defesa correta 15...Bf8 e se 16.Ne2 (ou 16.Qh4 g5 17.Qh5 Ng6) então 16...Rg7com ao menos uma defesa temporariamente suficiente. 15...b6! Preparando ...Nf8, que aqui seria um erro devido a 16.Qg5! etc. Mas a partir de agora esse lance de Dama pode ser respondido com ...Ra7!. 16.Ne2 Nf8 17.a5 Antes de romper, as brancas enfraqueceram ao máximo as casas pretas na posição das pretas; a fase final da partida ilustrará a utilidade desse procedimento. 17...b5 18.g3! Em conexão com os próximos dois lances, uma manobra profilática, através da qual as brancas evitam de uma vez por todas qualquer tentativa séria das pretas de obter um ataque contra o seu Rei. 18...Rh8 19.Kg2 Kg8 20.Rh1 Kf7 O Rei não está melhor aqui do que em h7. Mas as pretas ainda não estão com vontade de abandonar com lances por fazer... 21.Nf4 Rg8 22.b3
15.h4 A esmagadora vantagem posicional das brancas lhes permite tranquilamente escolher o método que preferirem para entrar na for118
Após isso o esquema estratégico das brancas se torna bastante óbvio – não há mais defesa contra c4 em conexão com a abertura das colunas b ou c. 22...Nh7 23.c4 Bd7 24.Rac1 Bf8
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25.Be2! Liberando a casa d3 para o Cavalo, e ao mesmo tempo evitando o avanço do Peão g das pretas – por exemplo, 25...g5? 26.hxg5 Nxg5 27.Nxg5+ hxg5 (ou 27...Rxg5 28.Nh3 seguido de Bh5+ vencendo) 28.Bh5+ Kg7 29.Nxe6+ Bxe6 30.Qxg5+, com mate em seguida. 25...Nc8 26.cxd5 Não ocorre com frequência que uma partida esteja decidida estrategicamente muito antes da primeira captura, a qual aqui não significa o início, mas praticamente o fim da luta. 26...cxd5 Ou 26...Nxd6 27.dxe6+ Bxe6 28.Nxe6 Kxe6 29.Rxc6 vencendo. 27.Bxf8 O Bispo fez muito mais do que o seu dever e agora pode desaparecer tranquilamente. 27...Nxf8 28.Rc5 Na7 29.Nd3 Kg7 Como consequência aos 18º a 20º lances das brancas a resposta ...g5 obviamente seria completamente a seu favor. 30.Rhc1 Rc8 31.Rxc8 Bxc8 32.Qc3 Todas as casas pretas no campo das pretas são como muitas feridas abertas. Não surpreende que decidissem tentar a diversão desesperada em seguida.
32...Kh7 33.Qc5 Rg7 34.Qb6! Tudo muito simples, mas com efeitos mortais. O Cavalo, após ser levado a c5, comandará a execução. 34...Qe7 35.Nc5 g5 Finalmente! Mas como a sequência mostrará de forma convincente, essa tentativa agora é inofensiva. 36.hxg5 hxg5 37.Ne1! Para responder 37...f4 através de 38.Bg4! e 37...g4 com 38.Ned3 seguido de Nf4. 37...Ng6 38.Ned3 f4 39.Rh1+ Kg8 40.Bg4 fxg3 41.fxg3 A aglomeração de forças na coluna g é bastante pitoresca. Ao invés do “sacrifício” em seguida, as pretas fariam bem em abandonar. 41…Nh4+ 42.gxh4 gxh4 43.Nf2 Rf7 44.Nxe6 Kh7 45.Qd6, e as pretas abandonaram. Uma partida com estrangulamento à la Rubinstein ou Dr. Tarrasch dos primeiros dias. Partida 58 Steiner, L. - Alekhine, A. Torneio Equipes - Folkestone, Julho de 1933 Abertura Ruy Lopez - C86
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 d6 5.c3 Bd7 6.d4 Nf6 7.Qe2 Be7 8.0-0 0-0 Ameaçando agora 9...Nxd4. 9.Bb3 Qe8 Certo ou errado, esse lance é de minha invenção, e tem como uma das ideias exercer pressão na coluna e após ...Bd8. Antes que seja chamado pelo nome de uma cidade particularmente hospitaleira ou de um patrono do xadrez particularmente generoso (como ocorreu, por exemplo, com o lance 119
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“Kecskemet” ...Be8) sugiro chama-lo como variante “Timbuktu”. Pelo menos isso seria uma escolha do autor. 10.Nbd2
10...Kh8! As pretas ainda não jogam 10...Bd8, pois ainda há a esperança de utilizar essa peça de uma forma mais efetiva. Com o lance do texto, as pretas preparam eventualmente ...Ng8, seguido por ...Bf6 ou ...f6, etc. 11.dxe5 Não 11.Nc4, devido a 11...exd4 12.cxd4 d5 etc. Mas é relativamente melhor a variante simplificadora 11.Re1, seguido de Nf1-g3 etc. 11...dxe5 12.Nc4 Bc5 13.a4 De forma bastante interessante, esse lance aparentemente normal cria – como se mostrará na continuação da partida – uma ligeira fraqueza na casa b3. Era preferível 13.Bc2 (ameaçando ganhar espaço através de 14.b4 etc.) 13...a5 14.Be3 etc., com perspectivas iguais. 13...a5 Profilático. O Bispo em c2 das brancas não pode ser acompanhado da expansão b4!. 14.Bg5 Um lance de desenvolvimento bastante superficial. Ao invés disso, 14.Be3 ainda era preferível. 120
14...Nh5! Com essa resposta enérgica (ao invés do pacato 14...Ng8 que as brancas provavelmente esperassem), as pretas obtém uma sólida iniciativa. A resposta relativamente melhor das brancas era agora 15.Nfxe5 – após o que se chegaria a um final com melhores perspectivas para as pretas: 15...Nxe5 16.Qxh5 (não 16.Nxe5 devido a 16...Qxe5 seguido por 17...f6 ganhando uma peça) 16...Nxc4 17.Bxc4 – e agora não 17...Qxe4 como sugerido pelos comentaristas), mas 17...f6! 18.Qxe8 Rfxe8 19.Be3 Bxe3 20.fxe3 Rxe4 – para desagrado das brancas, por exemplo: 21.Bd5 então 21...Rxe3 22.Bxb7 Rb8 23.Rad1 Be8 etc., com clara vantagem. Em vista dessas perspectivas bastante tristes, não é totalmente surpreendente que Steiner escolhesse uma contra demonstração arriscada, cujas consequências de forma alguma eram fáceis de calcular. 15.Nh4 Nf4 16.Qf3 Se 16.Bxf4 exf4 17.Qh5 as pretas teriam a boa resposta 17...f5!. 16...f6! Esse foi o lance que provavelmente foi subestimado pelas brancas. Após a troca forçada em seguida, o Cavalo em h4 será exposto a ataques e a dominação das pretas sobre e4 em breve se provará decisiva.
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17.Bxf4 exf4 18.Nf5 g6! Ganhando um tempo importante em comparação com o imediato 18...g5. 19.Nh6 g5 20.g4 As pretas ameaçavam 20...Qg6 21.Ng4 h5 e também – como aconteceu na partida – 20...Be6, etc. 20…Be6 Planejando 21…Bxc4 22.Bxc4 Ne5 23.Qe2 f3. 21.Nd2 Ne5 22.Qh3 Rd8 23.Bxe6 Se esse Bispo pudesse ser protegido pelo Peão a (veja o comentário ao 13º lance das brancas), as brancas ainda teriam temporariamente defesa em 23.Rad1. Mas agora esse lance simplesmente seria respondido através de 23...Rxd2, etc. 23…Qxe6 24.Nb1 Se 24.Rad1, então 24…Rd3seguido de 24...Rfd8, ganhando uma peça. 24…Rd3 25.Qh5
É quase inacreditável que uma posição assim tenha ocorrido em uma partida magistral moderna após 25 lances em uma Ruy Lopez! 25…Nf3+ Se agora 27.Nf7+, então 27...Rxf7 28.Qxf7 Nh4+ 29.f3 Qxf3+, seguido de mate em dois. As brancas abandonaram.
Partida 59 Alekhine, A. - Zukierman, B. Torneio de Paris - Outubro de 1933 Gambito da Dama - Defesa Ortodoxa - D63
1.d4 d5 2.c4 e6 3.Nc3 Nf6 4.Bg5 Be7 5.e3 Nbd7 Hoje em dia (1939) está na moda 5...h6. 6.Nf3 0-0 7.Rc1 b6 Essa antiquada defesa em fianqueto não pode ser considerada bastante satisfatória pois as pretas não serão capazes de evitar algumas fraquezas de Peões no centro. 8.cxd5 exd5 9.Bb5 O caminho mais lógico para explorar as ligeiras fraquezas na ala da Dama das pretas. Ao invés disso, um “jogo pelo ataque” colocando esse Bispo na diagonal b1-h7 seria bastante fora de lugar, pois a posição do Rei das pretas no momento é bastante segura. 9…Bb7 10.0-0 a6 11.Ba4 c5 Esse lance, à primeira vista lógico, aqui encontra uma refutação decisiva. Mas também após o mais cauteloso 11...Rc8 e 12.Bb3! etc., a posição das pretas permaneceria insatisfatória.
12.Bxd7! Muito mais exato do que 12.dxc4 Nxc4 121
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etc., com uma posição jogável para as pretas, como aconteceu na partida CapablancaTeichmann em 1913. Se agora 12...Qxd7, então 13.dxc5 bxc5 14.Na4!, com vantagem posicional decisiva. 12...Nxd7 13.Bxe7 Qxe7 14.dxc5 Qxc5 Para não perder o Peão imediatamente, as pretas são forçadas a expor sua Dama de forma perigosa – e essa circunstância somada à posição mais infeliz do Bispo, permitirá que as brancas descubram sem muita dificuldade o procedimento vitorioso. 15.Nd4 Ameaçando 16.Ncb5 seguido de 17.Rc7, etc. 15...Rac8 16.Nf5 Kh8! Uma defesa contra 17.Nxd5 e ao mesmo tempo uma armadilha: isto é, se 17.Nxg7, esperando ganhar um Peão após 17...Kxg7 18.Qg5+ , etc. – então 17...d4 18.exd4 Qg5 ou 18.Qxd4 Qxd4 19.exd4 Rg8 etc., com vantagem das pretas.
17.Ne2! Para forçar a troca das Damas em d4 sem alteração na constelação de Peões. É notável como a posição das pretas será sem esperanças no final em seguida! 17...Qb4 18.Qd4 Qxd4 19.Nexd4 122
Rxc1 Ou 19...Nc5 20.Nd6 Rb8 21.b4 etc., com vantagem. 20.Rxc1 Nc5 Se ao invés 20...Rc8? 21.Rxc8+ seguido de 22.Nd6 teria perdido uma peça de imediato. 21.Nd6 Ba8 Novamente forçado, como facilmente pode ser visto. 22.b4 Nd3 23.Rc7 É claro, não 23.Nxf7+, Kg8 etc., com vantagem. 23…Kg8
24.Nc8! Após 24.a3, as pretas poderiam com facilidade salvar o seu Bispo jogando 24...Ne5 seguido por ...Nc4, após o que uma longa resistência teria sido possível. Com o lance do texto, as brancas iniciam um ataque contra o Bispo infeliz, que obviamente é incapaz de escapar do seu destino. 24…Nxb4 25.Nxb6 Ameaçando 28.Ra7, etc. 25...Rb8 26.Nd7 Mas não 26.Ra7 Bb7 27.Nd7 Rc8 seguido por 28...Nc6 salvando a peça. 26...Rd8 27.a3 Nd3 28.Ra7 Rc8
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
29.Kf1 Após isso é inevitável 30.Nb6, etc. As pretas abandonaram. Partida 60 Znosko-Borovsky, E. - Alekhine, A. Torneio de Paris - Outubro de 1933 Abertura Ruy Lopez - C87
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Nf6 5.0-0 d6 É mais seguro em primeiro luga 5...Be7, pois após o lance do texto, de acordo com as últimas investigações, as brancas podem obter uma vantagem jogando 6.Bxc6+ bxc6 7.d4 Nxe4 8.Re1 f5 9.dxe5 d5 10.Nd4 c5 11.Ne2 seguido por Nf4, etc. 6.c3 Bd7 7.Re1 Be7 8.d4 0-0 9.Nbd2 Be8 Esse lance original (cuja ideia é manter a posição central intacta por meios como ...Nd7 e utilizar -após f6 – o Bispo da Dama na diagonal e8-h5) foi introduzido por mim (após 9...Kh8 10.h3) na minha partida contra Steiner em Kecskemet, 1927. Posteriormente foi batizada (não por mim) como Variante Kecskemet. Tal denominação é ilógica, na medida em que o lance ...Be8 é a chave não de uma “variante”, mas de um Sistema! A presente partida apresenta algum interesse teórico, pois mostra como as brancas, mesmo que joguem somente pelo empate, não podem obter uma igualdade absoluta ao liquidar a tensão central após o lance do texto. 10.Bxc6 Bxc6 11.dxe5 dxe5 12.Nxe5 Bxe4 13.Nxe4 Qxd1! Seria um erro 13...Nxe4 devido a 14.Nd7! etc. 14.Nxf6+
Após 14.Rxd1 Nxe4 ainda haveria material suficiente para complicar a luta. Após a troca dos Cavalos, as brancas esperam alcançar uma posição de “empate morto” (14...Bxf6 15.Rxd1 Bxe5 16.Be3, etc.). Mas... 14...gxf6! O único caminho – e um absolutamente seguro – de “jogar para ganhar”. 15.Rxd1 fxe5
O final de partida assim alcançado de forma alguma é fácil de ser conduzido – especialmente para o primeiro jogador, como parece. O plano das pretas para a campanha – que se provará um sucesso completo – é dividido entre as seguintes partes: (1) A troca de um par de Torres. (2) Trazer o Rei a e6 onde estará protegido de um ataque frontal pelo Peão e pode ser usado para proteger a entrada da Torre remanescente das brancas na casa d7. (3) Ao operar com a Torre na coluna aberta g e avançando o Peão h, forçar a abertura da coluna h. (4) Após isso o Rei das brancas – e eventualmente também o Bispo – estarão muito ocupados em evitar a entrada da Torre das pretas nas casas h1 ou h2. (5) Enquanto isso as pretas, através do avanço dos Peões a e b cedo ou tarde conseguirão abrir uma coluna na ala da Dama. E... 123
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(6) Como nesse momento o Rei das brancas ainda estará na outra ala, o primeiro jogador não terá forças suficientes para evitar a entrada final da Torre inimiga na sua primeira ou segunda fileiras. Admitindo-se que as brancas tenham, desde o início, imaginado que realmente existisse um perigo de perder esse final, provavelmente através de uma defesa extremamente cuidadosa salvassemm isso. Mas como aconteceu, as pretas jogaram com um plano definitivo, e as brancas apenas com a convicção de que a partida seria um empate. E o resultado foi uma série muito instrutiva de estratagemas típicos, muito mais úteis para os jogadores inexperientes do que os assim chamados “brilhantismos”. 16.Bh6 Certamente não um erro, mas uma prova de que as brancas ainda não compreenderam o espírito da posição. De outra forma, não estariam ansiosas para “forçar” a troca de um par de Torres o que, como mencionado, será bastante benvinda pelo adversário. 16...Rfd8 17.Kf1 Uma linha mais agressiva iniciada com 17.g4 talvez fosse aconselhável. Mas também nesse caso as pretas manteriam a oportunidade de complicar as coisas através de 17...f6, seguido por K-f7-e6, etc. 17...f5 18.Rxd8+ Rxd8 19.g3 O lance 19...f4 era uma séria ameaça. 19...Kf7 20.Be3 h5 21.Ke2 Ke6 22.Rd1
22…Rg8! Se agora 23.h4, então 23…Rg4, com a forte ameaça 24...f4. Assim sendo, as brancas são forçadas a permitir a abertura da coluna h. 23.f3 h4 24.Bf2 hxg3 25.hxg3 Rh8 26.Bg1 Bd6 27.Kf1 Para responder 27...e4 com 28.fxe4 fxe4 29.Kg2 etc. 27...Rg8 28.Bf2 b5! Agora as pretas mostram suas cartas. No caso das brancas deixarem intacta a posição dos seus Peões na ala da Dama, o plano de ataque seria ...c5-c4, seguido por a5 e b4. O próximo lance das brancas encurta esse procedimento. 29.b3? a5 30.Kg2 a4 31.Rd2 No caso de 31.b4, a intenção era 31...Rc8 32.Bc5 Ra8! seguido por ...Ra6 e ...Rc6 etc., com vantagem. 31...axb3 32.axb3 Ra8
Assim as pretas alcançaram a posição que almejavam quando iniciaram o final. Sua vantagem posicional daqui para a frente se provará suficiente para a vitória, especialmente por que poderão forçar com sucesso o avanço do seu Rei ao fixar a Torre das brancas através da defesa de um dos seus Peões fracos. 33.c4 124
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
Provavelmente a única tentativa, pois 33.b4, por exemplo, se provaria imediatamente fatal: 33...Ra1 33.Rd3 Ra3, etc. 33...Ra3! O caminho da vitória. 34.c5 Be7 35.Rb2 b4 36.g4 Um dos últimos recursos: as brancas tentam criar um Peão passado que pode se tornar uma força, no caso da troca dos Bispos. Mas as pretas não precisam ter pressa com essa toca. 36...f4 37.Kf1 Ra1+ 38.Ke2 Rc1 Com o principal objetivo de 39...Rc3, fixando definitivamente todas as peças inimigas. A próxima expedição da Torre das brancas dessa forma será meramente desespero. 39.Ra2 Rc3 40.Ra7 Kd7 41.Rb7 Rxb3 42.Rb8 Rb2+ 43.Kf1 b3 44.Kg1 Kc6 45.Kf1 Kd5 É claro, não 45...Bxc5? 46.Bxc5 Kxc5 47.g5 etc., com chances de empate. Mas um procedimento ligeiramente mais rápido seria 45...e4! 46.fxe4 f3, etc. 46.Rb7 e4 47.fxe4+ Kxe4 48.Rxc7 Kf3 49.Rxe7 Rxf2+ 50.Ke1 b2 51.Rb7 Rc2 52.c6!
Uma boa piada final: 52...Rc1+ 53.Kd2 b1Q 54.Rxb1 Rxb1 55.c7, etc. Mas as pretas calcularam com exatidão que o seu outro
Peão passado forçaria a vitória. 52…Kg3! 53.c7 f3 54.Kd1 Rxc7 55.Rxb2 f2, e as brancas abandonaram. Partida 61 Alekhine, A. - Bogoljubov, E. Campeonato Mundial - 2ª Partida - Baden-Baden, 1934
Gambito da Dama Recusado - Defesa Eslava - D48
1.d4 Nf6 2.c4 c6 3.Nf3 d5 4.e3 e6 5.Bd3 Nbd7 6.Nc3 dxc4 7.Bxc4 b5 8.Bd3 a6 9.0-0 Hoje em dia (1939), os Mestres de ponta consideram que 9.e4 c5 10.e5 cxd4 11.Nxb5 Nxe5 12.Nxe5 axb5 13.Qf3! etc., é decididamente vantajoso para as brancas. Mas em 1934 o 13º lance das brancas nessa variante não era ainda suficientemente considerado e as ações da Variante Merano estavam em alta. Devido a isso, o lance do texto. 9...c5 10.a4 Ao invés disso, o lance 10.Qe2, jogado de forma experimental nas partidas SämischCapablanca (Moscou, 1925) e Dr. VidmarBogoljubov (Bled, 1931) trouxe para os primeiros jogadores – pelo menos no estágio das aberturas – somente decepção. 10...b4 11.Ne4 Bb7 12.Ned2 Após seu 9º lance inofensivo, as brancas dificilmente teriam outra forma de complicar as coisas sem desvantagem, além dessa tentativa de bloquear a ala da Dama do adversário. 12...Be7 As pretas não precisam prevenir o próximo lance do adversário pois estão suficientemente desenvolvidas para iniciar quase de imediato uma contra ação central. 13.a5 0-0 14.Nc4 Qc7 15.Qe2 Ng4 As pretas obtiveram uma posição bastante boa, mas a partir de agora começam a 125
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superestimar as suas chances. Ao invés do aventuroso lance do texto, que ao final leva à conquista de um Peão mas permite a entrada do Cavalo das brancas em b6 com um efeito poderoso, fariam melhor em simplificar as coisas – por exemplo, através de 15...Be4.
16.e4! Uma surpresa para as pretas que provavelmente esperassem somente o quase suicida 16.g3... 16...cxd4 17.h3 Nge5 A 17...Ngf6 as brancas responderiam 18.Bg5 Nc5 19.Nb6 Rad8 20.Rac1 Qb8 (esses lances foram recomendados por Bogoljubov no livro do match como os melhores para as pretas) e agora não 21.e5? (Bogoljubov) mas 21.Bxf6! gxf6 22.Rc4 e5 23.Nh4 etc., com ampla compensação posicional pelo Peão a menos. 18.Nfxe5 Nxe5 19.Bf4 Bd6 20.Bxe5 Bxe5 21.Nb6 O ponto da combinação de sacrifício iniciada no 16º lance. De agora em diante o Cavalo paralisará toda a ala da Dama das pretas. 21...Ra7 No caso de 21...Rad8 as brancas não retomariam o Peão diretamente, mas evitariam o avanço eventual do Peão d das pretas jogando 22.Rad1! com vantagem posicional distinta. 126
22.Rac1 Qd6 Ou 22...Qd8 23.Qd2! Bd6 24.f4 etc., com vantagem. 23.Rc4 f5?
A abertura da coluna do Rei conduz, devido às múltiplas fraquezas de Peões das pretas, a uma catástrofe rápida. Mas também o mais tranquilo 23...Bf4 recomendado por Bogoljubov não é satisfatório, pois após 24.Rd1 e5 25.Qe1etc., as brancas recuperariam o Peão, mantendo ainda uma forte pressão. 24.exf5 exf5 25.Re1! A ameaça da troca das Damas em e6 com um final facilmente vencedor causa o desespero das pretas, e elas tentam elaborar uma combinação complicada de ataque, a qual entretanto está à beira do fracasso devido à inutilidade da sua Torre da Dama. 25...Qg6 26.f3
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
26...Re8 No caso de lances com o Bispo, Bogoljubov dá as seguintes variantes: I. 26...Bg3 27.Qe6+ Kh8 28.Qxg6 hxg6 29.Re6 Rd8 30.Rxg6 f4 31.Re6. II. 26...Bf4 27.Rxd4 Qg3 28.Bc4+ Kh8 29.Qe7, com vitória das brancas em ambas eventualidades. 27.f4 Qg3 28.fxe5 Rxe5 29.Rc8+! A refutação. 29...Kf7 30.Qh5+ A alternativa 30.Rc7+ não era tão elegante, mas ligeiramente mais rápida; por exemplo: 30...Kg6 31.Rxg7+! ou 30...Kg8 31.Bc4+ Kh8 32.Rc8+, seguido por 33.Qxe5, etc. 30...g6 31.Qxh7+ Kf6 32.Rf8+ Kg5 33.h4+ Kf4 34.Qh6+ g5 35.Rxf5+! Rxf5 36.Qd6+ Kg4 37.Bxf5+ e mate em três. As pretas abandonaram. Partida 62 Alekhine, A. - Bogoljubov, E. Campeonato Mundial - 4ª Partida - Villingen, 1934
Gambito da Dama Recusado - Defesa Eslava - D31
1.d4 d5 2.c4 c6 3.Nc3 Nf6 4.e3 e6 5.Bd3 Nbd7 6.f4 Uma ideia de abertura não muito feliz, pois permite às pretas com rapidez tomar uma ação no centro com sucesso. Ainda assim, como a partida realmente se desenvolveu, as brancas tiveram em um momento a oportunidade de igualar sem muita dificuldade. 6...dxc4 Isso, em conexão com os próximos quatro lances, é um método bom e natural de desenvolvimento. 7.Bxc4 b5 8.Bd3 Bb7 9.Nf3 a6 10.a4
A ideia de avançar esse Peão para a5 – análoga à da partida anterior – é, nessa posição – muito elaborada. O caminho natural era 10.0-0 c5 11.f5, etc. 10...b4 11.Ne2 c5 12.0-0 Be7 13.a5?
E mesmo agora 13.f5 exf5 14.Bxf5 0-0 15.Ng3 levaria a um jogo pitoresco, com chances para ambos os lados. Após o lance feito, as brancas podem somente esperar, através de jogo cuidadoso, igualar a partida. 13...0-0 14.Ng3 g6! Agora era vital prevenir 15.f5. 15.Qe2 cxd4 16.exd4 O isolamento do Peão central é certamente uma decisão corajosa, mas – como o curso da partida mostra – mais apto de igualar as chances do que a alternativa 16.Nxd4 Nc5, etc. 16...Nb8 Ameaçando ganhar um Peão com impunidade através de 17...Nc6. 17.Ne5! Se 17.f5!? as pretas dificilmente poderiam aceitar a peça sacrificada, pois após 17...exf5 18.Bxf5 gxf5 19.Nxf5 as ameaças das brancas se tornam muito fortes; mas ao responder 17...Bxf3 18.Qxf3 Qxd4+ 19.Kh1 Nbd7 com a ameaça 20...Ne5 as pretas obteriam as melhores cartas. Após o lance do texto, elas 127
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podem, ao contrário, entrar em grande problema jogando 17...Qxd4+ 18.Be3 seguido por 19.Nf4 ou Rfd1 etc., com vantagem das brancas. 17...Nc6! Sem dúvida a melhor resposta, que definitivamente aniquila as esperanças de ataque das brancas. A toca em seguida é praticamente forçada. 18.Nxc6 Bxc6 19.Bc4?
Mas isso decididamente é muito otimista, pois após o simples próximo lance de defesa das pretas as brancas não terão compensação pela fraqueza permanente na sua posição central. Bom o bastante para o empate era 19.Bxa6 – que era, a propósito, a única consequência lógica da manobra de Cavalo anterior. Se nesse caso 19.Bxa6 Rxa6 20.Qxa6 Qxd4+ 21.Kh1 Qd5 22.Qe2 Bb5 23.Qf3 Bxf1 24.Qxd5 Nxd5 25.Nxf1 e as brancas, para dizer o mínimo, nada tinham a temer. Bogoljubov no livro do match indica ainda dois outros lances, os quais, acredito, são igualmente inofensivos. São eles (a) 19...Ra7 20.Rd1 Qa8 21.Bb5; (b) 19...Ng4 após o que as brancas obteriam várias possibilidades de contra-ataques por meio de 20.Qxg4 Rxa6 (ou 20...Qxd4+ 21.Kh1 Rxa6 22.Qe2 seguido por 23.Be3, etc.) 21.f5!, etc. 19...Bb7 20.Be3 Qd6 128
O Dr. Lasker em seu excelente livreto sobre esse match, reivindica (na minha opinião de forma bastante correta) que as pretas já têm uma posição estrategicamente vencedora. Além disso, tenta provar que uma vitória forçada pode aqui ser obtida através de 20...Nd5, e dá com essa linha de jogo variantes tão longas que vão até o 35º lance! Mas, de forma bastante estranha, ao fazer isso não leva em consideração o lance simples que eu certamente faria em resposta a 20...Nd5. Esse lance é 21.Ne4, eventualmente seguido por Nc5, etc. E é mais do que provável que Bogoljubov não tenha escolhido o de outra forma natural 20...Nd5 por que não quisesse permitir que o Cavalo das brancas com um posicionamento infeliz viesse a tomar parte ativa na batalha. 21.Rad1 Rfe8 22.b3 Como tanto o Bispo da Dama e o Cavalo das brancas não têm futuro, elas querem que pelo menos fortaleçam a posição do outro Bispo. Além disso, o lance do texto, como veremos, facilita a proteção do peão a. 22...Bf8 23.Rd3 Devido às suas numerosas fraquezas as brancas estão reduzidas a uma completa passividade. Felizmente para elas, as pretas não se provam niveladas à situação, tanto estratégica como taticamente. 23...Qc7 24.Qa2 Bd6 25.Bd2 Qc6 A pressão contra a casa g2 é muito dolorosa para o primeiro jogador – e se tornaria até maior se as pretas não removessem deliberadamente a sua Dama dessa posição dominadora (veja o 29º lance)... 26.Be1 Rad8 27.Rd2 Be7 Um lance estranho. Porque não o óbvio 27...Bb8 seguido por 28...Ba7? 28.Qb2 Rd7 29.Rc2 “Um erro tático”, diz o Dr. Lasker. Mas
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
nessa posição desesperadora fiquei curioso para ver que lance nas análises subsequentes não pareceriam “um erro tático”! Em outras palavras, as brancas estão perdidas qualquer lance que joguem.
29...Qd6? Como as brancas não ameaçam nada, não há razão para atrasar as coisas. O lance 29...Ng4! ganharia pelo menos um Peão, com uma posição ainda dominante. Essa partida – mais do que qualquer outra – prova como do ponto de vista desportivo foram inúteis os arranjos para a realização desse segundo match, e ao mesmo tempo explica meu jogo indiferente em várias ocasiões. Tinha certeza que Bogoljubov já não era capaz de tomar vantagem das oportunidades que meu jogo poderia lhe apresentar, e – de forma muito infeliz para o valor artístico do presente match – a contagem de 7-1 a meu favor após a 22ª partida, justificou completamente minha observação otimista. 30.Ne2 Pelo menos o pobre Cavalo começa a contribuir para a defesa. Mas as perspectivas das brancas ainda permanecem sombrias. 30...Nd5 31.Qc1 Bd8 32.Bg3 Qe7 Bogoljubov reivindica – e provavelmente esteja certo – que 32...Qc6 conduziria a complicações favoráveis às pretas. Mas tam-
bém o simples 32...f5 era bom o bastante. Por outro lado, a manobra da Dama, iniciada pelo lance do texto, conduz somente à troca das Damas e dessa forma alivia as brancas da preocupação sobre a casa g2. Uma estratégia infeliz! 33.Ra2 Qf6 34.Qd2 Qf5 35.Bd3 Qf6 36.Bc4 Be7 37.Qd3 Red8 38.Be1 Qf5 39.Qd2 Qe4 Finalmente decidindo simplificar as coisas e admitindo implicitamente que nada foi conquistado nos últimos 20 lances. 40.Bd3 Qe3+ 41.Bf2 Qxd2 42.Rxd2 A posição assim alcançada ainda é naturalmente favorável às pretas. Mas para vencer, seria necessária a arte de um Lasker ou um Capablanca dos velhos tempos, mesmo considerando o fato de que a partida foi adiada nesse ponto. Mas se ela não é fácil de ser vencida pelas pretas, é difícil imaginar como possam perde-la.
42...Rc8 43.Bc4 Kg7 44.g3 A possibilidade desse lance defensivo é resultado do desaparecimento das Damas, pois antes disso o enfraquecimento da diagonal h1-a8 rapidamente se provaria fatal. 44...Rcd8 45.Rc1 h6 O início de uma trama perigosa contra a sua própria posição. Ao invés disso, 45...Nc3! ainda manteria a vantagem posicional. 129
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46.Bd3 f5 47.Rdc2 g5? Como mostra a resposta surpreendente, esse avanço na melhor das hipóteses leva somente à igualdade. Mas 47...Kf7, sugerido posteriormente por Bogoljubov, não se provaria efetivo, pois as brancas nesse caso jogam, por exemplo, 48.Kf1 eventualmente seguido por N-g1-f3-e5, etc. 48.g4! As pretas não podem aceitar bem o sacrifício do Peão assim oferecido – por exemplo 48...fxg4 49.f5 Kf7 50.fxe6+ Kxe6 51.Ng3 seguido por 52.Re1+ etc., com vantagem. Mas elas poderiam – e deveriam – jogar 48...gxf4 49.gxf5 Kf7 etc., com uma posição aproximadamente equilibrada. 48...Nxf4? Essa troca da sua peça melhor colocada contra o aleijado em e2 estraga definitivamente a posição das pretas. É interessante notar a partir de agora o alegre avivamento de todas as peças brancas, que por horas foram incapazes de se mover. 49.Nxf4 gxf4 50.gxf5 e5 Na vã esperança de que as brancas se satisfizessem com Bispos de cores diferentes após 51.dxe5 seguido por 52.f6+, etc. 51.Re1! exd4 Sem prever a bela combinação que se segue. Sua única chance de salvação era 51...Bf6, que as brancas responderiam com 52.Rc4! exd4 53.Rxb4 etc., com perspectivas muito melhores.
130
52.Rxe7+! O ponto inesperado dessa troca à primeira vista inofensiva é a inevitável promoção do Peão f. Como é fácil de ver, as pretas a partir de agora têm uma linha de jogo absolutamente forçada. 52...Rxe7 53.Bh4 Kf7 De outra forma, 54.f6+. 54.Bxe7 Kxe7 55.Rc7+ Rd7 56.f6+ Ke8 57.Bg6+! Mais exato do que 57.f7+ Rxf7 58.Bg6 Bd5, etc. 57...Kd8 58.f7 Kxc7 59.f8Q f3 60.Qxb4 Rd6 61.Bd3, e as pretas abandonaram. Partida 63 Bogoljubov, E. - Alekhine, A. Campeonato Mundial - 9ª Partida - Pforzheim, 1934
Defesa Benoni - A44
1.d4 c5 Considero que a escolha desse lance (que em consequência do meu sucesso nessa partida se tornou durante um tempo um tipo de moda) é um dos meus pecados no xadrez. Por que se um campeão, sendo humano, não pode algumas vezes ajudar a se adotar lances inferiores de abertura, deve pelo menos evitar aqueles que ele próprio considera como não satisfatórios o suficiente. 2.d5 e5 3.e4 d6 4.f4 Essa resposta decididamente prematura somente pode ser explicada pelo fato de que Bogoljubov novamente desperdiçara uma vitória na partida anterior e estava particularmente ansioso para fazer uma exibição melhor nessa partida. Uma linha natural e boa é, ao invés disso, 4.Nc3 e no caso de 4...a6 5.a4, seguido por N-f3-d2-c4 etc., que asse-
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guraria para as brancas a iniciativa por um longo tempo. 4...exf4 5.Bxf4 Qh4+ Não valia a pena provocar o lance enfraquecedor g3 ao custo de um tempo de desenvolvimento. O simples 5...Ne7 seguido por ...Ng6 etc., tomaria o controle da casa e5, com um jogo bastante bom. 6.g3 O sacrifício de Peão 6.Bg3 não seria correto devido a 6...Qxe4+ 7.Be2 Bf5, etc. 6...Qe7 7.Nc3? Era essencial prevenir o próximo lance das pretas através de 7.Nf3! após o que 7...Qxe4+ 8.Be2 seria muito arriscado. As pretas ao invés disso poderiam jogar 7...Bg4 8.Nc3 a6 seguido por ...Nb8d7 com aproximadamente as mesmas chances. 7...g5! A forte posição do seu Bispo do Rei na grande diagonal assegura para as pretas daqui para frente um jogo fácil e agradável. 8.Be3 Nd7 9.Nf3 h6 10.Qd2 Ao invés disso, seria sem objetivo 10.Nb5 Kd8! etc. 10...Ngf6 11.0-0-0 Ng4 12.Be2 Também 12.Bh3 – recomendado por Bogoljubov – Nxe3 13.Qxe3 Bg7 não aliviaria as brancas dos seus problemas. 12...Bg7 13.Rhf1 Nxe3
Certamente era tentador adicionar a vantagem dos dois Bispos à já adquirida. Mas como o Cavalo em g4 está bem posicionado e estando o Bispo da Dama no momento inofensivo, o imediato 13...a6 possivelmente fosse até mais consequente. 14.Qxe3 a6 15.Ng1 b5 16.Rde1 Bb7 17.Nd1 Esse Cavalo precisa ser trazido a f5 – o único ponto forte da posição das brancas. 17...0-0-0 18.Bg4 Como o Bispo não tem muitas perspectivas a sua troca pelo perigoso Cavalo das pretas é difícil de ser criticada. 18...Kb8 19.Bxd7 Rxd7 20.Qd2 Novamente a consequência natural da manobra iniciada no seu 17º lance. 20...g4! Imobilizando o Cavalo do Rei das brancas e dessa forma assegurando a importante casa e5 para a Dama. 21.Ne3 Qe5 22.c3 h5 23.Nf5 Bf6
24.Qf4? A troca das Damas transforma uma posição difícil, mas de forma alguma sem esperanças (as brancas poderiam tentar, por exemplo 24.Kb1 como uma preparação para 24.Nh4) em uma perdida. É interessante que Bogoljubov seja bas131
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tante propenso a cometer esse erro. Por exemplo, na 11ª Partida desse mesmo match, Bogoljubov com as brancas, na posição alcançada após o 34º lance das pretas, conforme o diagrama a seguir:
Bogoljubov, ao invés de tentar um contraataque com resultado incerto, através de 35.Qa6, preferiu trocar as Damas: 35.Qc3? Qxc3 36.Rxc3 Ra2 37.Rc4 Rb8, e teve que abandonar após mais alguns poucos lances desesperados. Esse o mesmo tema, embora não de forma tão típica, também ocorreu na 5ª e na 22ª Partidas do nosso primeiro match (veja as Partidas 27 e 30 dessa coleção) Mas também, de forma bastante estranha, meu outro adversário de matches, o Dr. Euwe, tem também a tendência peculiar de trocar as Damas em momentos inapropriados. Compare, por exemplo, a 7ª (Partida 75)e a 24ª Partidas do match de 1935 e especialmente a terceira partida de exibição de 1937. De forma alguma menciono essas coincidências para colocar culpa indevida nos meus adversários, mas simplesmente para lembrar aos amadores médios de como é particularmente difícil a questão da oportunidade da troca das Damas, e como essa questão merece muita atenção. Se até os maiores expoentes do nosso jogo se inclinam com frequência em 132
falhar na apreciação correta na escolha dos seus finais, o que se pode esperar dos “di minores”? 24...Qxf4+ 25.gxf4 Rdd8! Ameaçando desalojar o Cavalo em f5, cuja posição foi enfraquecida através da obstrução da coluna f pelo Peão. Além das suas outras vantagens, as pretas agora também têm a maioria de Peões na ala oposta ao Rei das brancas. A partida estrategicamente está encerrada. 26.c4 Essa tentativa de encontrar outra casa segura (c4) para o Cavalo será refutada pelo 27º lance das pretas. Mas por outro lado, 26...Bc8 etc., rapidamente se provaria fatal para as brancas. 26...bxc4 27.Ne3 c3! 28.b3 Bd4 29.Nc4 f5! Trazendo finalmente o segundo Bispo à atividade, após o que as brancas fariam bem em abandonar.
30.e5 dxe5 31.fxe5 Bxd5 32.Rxf5 Rdf8 33.Rxf8+ Rxf8 34.e6 Re8 35.e7 Bxc4 36.bxc4 Bxg1 37.Rxg1 Rxe7 38.h3 gxh3 39.Kc2 h2 40.Rb1+ Rb7 41.Rh1 Rb2+ 42.Kxc3 Rxa2 43.Kd3 Kc7 44.Ke4 Kc6 45.Kf5 a5 46.Kg5 a4, e as brancas abandonaram.
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
Partida 64 Alekhine, A. - Bogoljubov, E. Campeonato Mundial - 16ª Partida - Bayereuth, 1934
Abertura Ruy Lopez - C77
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Nf6 5.Bxc6 dxc6 Acredito que Bogoljubov está certo ao afirmar que 5...bxc6 seja uma resposta ainda mais convincente ao artificial quinto lance das brancas. De fato, escolhi nessa partida a variante das trocas da Ruy Lopez principalmente porque, embora jogando com as brancas, não nutria qualquer ambição em particular. Como consequência do regulamento do match, gastei toda a noite anterior viajando de carro de Munique para Bayereuth e sentia dificuldades para o trabalho mental intensivo. 6.Nc3 Bd6 7.d3 c5 8.h3 Be6 9.Be3 h6
10.a4! Se de imediato 10.Nd2, então 10...b5 11.a4 c6, etc. Mas agora, as brancas “ameaçam” obter uma posição absolutamente segura através de N-d2-c4, etc. 10…c4? Ao abrir a posição no centro nesse momento em particular, as pretas somente aumentam a atividade das peças adversárias. Ao invés disso, uma manobra razoável seria
10...Nd7, seguido por ...Nb8-Nc6, etc. 11.d4 exd4 Se 11...Bb4, então 12.d5, com vantagem. 12.Bxd4 Bb4 13.0-0 c6? Um lance estranho, que enfraquece sua casa b7 sem qualquer necessidade. Ao invés disso, as pretas poderiam rocar e provavelmente obteriam um empate após 14.e5 Bxc3 15.Bxc3 Nd5 16.Qd2, etc. 14.e5 Nd5 Agora praticamente forçado, pois 14...Bxc3 15.exf6! Bxd4 16.Nxd4 Qxf6 17.Nxe6 fxe6 18.Qh5+! seguido por 19.Qc5 etc., teria sido decididamente favorável às brancas. 15.Ne4 Nf4 Seria um mal menor 15...0-0. 16.Bc5! A exploração natural casas pretas fracas na posição das pretas. 16...Bxc5 17.Qxd8+ Rxd8 18.Nxc5 b6? Um erro de cálculo. Era necessário 18...Rb8, embora após 19.Nxe6 Nxe6 (não é melhor 19...fxe6) 20.a5! (ameaçando tanto 21.Ra4 como 21.Nd2) sua posição permaneceria desagradável.
19.Nb7?
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
O Peão a das pretas de forma alguma está envenenado, e a sua captura se provaria rapidamente decisiva. Por exemplo: 19.Nxa6 Bc8 20.Nc7+ Kd7 21.Na8 (esse foi o lance que não vi nos meus cálculos) 21...Nd5 22.a5 (também é bastante bom 22.Rfd1) 22...bxa5 23.Rxa5 Bb7 24.Ra7 Rb8 25.Re1 c5 26.e6+, e as pretas obviamente não obtém sucesso na captura do Cavalo adversário. Após o lance tímido do texto as pretas se recuperam temporariamente. 19...Rd7 20.Nd6+ Ke7 21.Nd4 Bd5 22.g3! O valor desse lance ousado – de que ao fazê-lo as brancas, após terem desperdiçado a vitória no 19º lance, jogavam apenas por um empate – foi completamente mal interpretado pelos meus críticos – Bogoljubov, Nimzowitsch, Dr. Lasker e outros. Todos eles afirmaram que as brancas, sem qualquer necessidade, estavam correndo riscos e agora entrariam em dificuldades. Na realidade, (a) a defesa do Peão g se provaria insatisfatória, pois (I) 22.f3 seria respondido por 22...g6!, ameaçando tanto 23...c5 como 23...f6; (II) Após 22.N6f5+ Kf8, as pretas novamente ameaçariam 23...c5, etc.; (III) No caso de 22.N4f5+ as pretas teriam todo o direito de jogar 22...Ke6! 23.Nxg7+ Kxe5 e se 24.Nde8 então simplesmente 24...Nxg2! etc., com vantagem. (b) Após a aceitação do sacrifício pelo adversário, as brancas, mesmo através de uma defesa adequada, não teriam problemas em obter um empate. 22…Nxh3+ 23.Kh2 Ng5 24.f4 Ne4 25.N6f5+ Kd8? Jogando por um contra-ataque e obviamente não levando em consideração o interessante 27º lance das brancas. Era necessário 25...Kf8, que provavelmente seria respondido por 26.Ne3 Kg8 27.f5 Kh7 28.e6 etc., com ampla compensação pelo Peão a menos. 134
26.Nxg7 f6 27.Rad1! Esse tempo assim conquistado (27...Rxg7 28.Ne5+) assegura às brancas uma rede, se não ainda decisiva, com vantagem. 27...Kc8 28.Ndf5 fxe5 A alternativa 28...Rg8 também deixaria as brancas com melhores chances no final: por exemplo, 29.Nh5 fxe5 30.fxe5 Re8 31.Nf6 Nxf6 32.exf6 Re2+ 33.Kh3, e agora tanto (A) 33...Be6 34.g4 Bxf5 35.gxf5, como (B) 33...Bg2+ 34.Kg4 Bxf1 35.Rxd7 Kxd7 36.f7 Re8 37.fxe8Q+ Kxe8 38.c3! seguido por Nxh6 etc., seriam favoráveis às brancas. 29.fxe5 Rg8? Após a troca anterior, esse lance já é o erro decisivo, ao contrário de 29...Ng5 30.Rxd5! Rxd5 (melhor do que 30...cxd5 31.e6) 31.Ne7+ Kd7 32.Nxd5 cxd5 33.Rf6 Rg8 etc., que ainda ofereceria chances de salvação.
30.e6! Essa combinação curta e aguda com um ponto de promoção é na verdade parceira do ataque final na 4ª Partida do match (Partida 62). 30...Rdxg7 31.Nxg7 Rxg7 32.Rxd5 O Bispo precisa ser eliminado, pois protege a casa f7.
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
32...cxd5 33.Rf8+ Kc7 34.Rf7+ Kd6 Uma triste necessidade, pois após 34...Rxf7 35.exf7 esse Peão não poderia ser parado. 35.Rxg7 Kxe6 36.Rg6+ Ke5 37.Kg2 Os Peões pretos não fugirão! 37...b5 38.a5 d4 39.Rxa6 b4 40.Kf3 c3 41.bxc3 bxc3 42.Re6+! Kxe6 43.Kxe4, e as pretas abandonaram. Partida 65 Bogoljubov, E. - Alekhine, A. Campeonato Mundial - 17ª Partida - Kisingen, 1934
Gambito da Dama Aceito - D24
1.d4 d5 2.c4 dxc4 3.Nf3 Nf6 4.Nc3 Inusual, mas jogável. O curso logico é, no entanto, a retomada imediata do Peão do gambito (4.e3 seguido por 5.Bxc4). 4…a6 5.e4? Mas isso é meramente uma aventura, que seria escolhida somente por um jogador que já tivesse muito pouco a perder (a situação do match era então 5-1 a meu favor). Era necessário 5.a4 seguido por 6.e3, etc. 5...b5 É claro! As pretas realmente não têm pontos fracos e os lances de ataque das brancas em seguida são fáceis de se enfrentar. 6.e5 Nd5 7.Ng5 e6 8.Qf3 Também 8.Qh5 Qe7 se provaria inofensivo. 8...Qd7 9.Nxd5 exd5 10.a3 Muito certamente é desagradável ser compelido a fazer lances assim defensivos enquanto em desvantagem material. Mas a ameaça 10...Bb4+ era muito forte. 10...Nc6 11.Be3 Nd8 Como a sequência mostrará, isso alivia a
Dama da defesa do Peão d. 12.Be2 Qf5! Devido a 13.Qxd5? então 13...Bb7 ganha a Dama. 13.Qg3 h6 14.Nh3 Ou 14.Nf3 Qg4, etc. 14...c6 Prepara a seguinte escapada bem sucedida. 15.f4 Qc2! 16.Qf2 Aparentemente defendendo tudo, pois tanto 16...Qxb2 17.0-0 como 16...c3 17.b4! etc., seriam perigosos para as pretas. Mas aqui está chegando uma grande surpresa.
16...Bxa3! Torna-se cada vez mais difícil encontrar combinações originais no xadrez, especialmente nos estágios iniciais da partida. Essa, eu penso, é uma delas: embora o lance do Bispo já tenha sido feito em posições análogas (por exemplo, com o Peão das brancas em a2 e seu Bispo em c1), não teve anteriormente, pelo que eu saiba, um sacrifício combinado com a ideia da captura da Torre após Rxa3, Qxb2, etc. 17.0-0 Aqui não há escolha, pois 17.Rxa3 Qxb2 18.Ra5 Qb4+ 19.Bd2 c3 etc., perderia de forma rápida. 135
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
17...Bxb2 18.Rae1 Bf5 A ideia de colocar esse Bispo em e4 e rocar para a ala da Dama depois é sem dúvida bastante boa. Mas com a esmagadora vantagem material das pretas (três Peões!), tinham todos os motivos para simplificar as coisas: 18...Bxh3 19.gxh3 Ne6, e se 20.f5 Ng5 etc., provavelmente resolveria as coisas até mais rapidamente. 19.g4 Be4 20.f5 Nb7 21.Nf4 Se 21.Qh4 para evitar o próximo lance das pretas – a resposta 21...c5! seria muito forte.
21...0-0-0! 22.Qg3 g5 Um dos métodos mais fáceis, pois a atividade das brancas na coluna f será paralisada ainda pela ameaça do inevitável contra-ataque ...c5. 23.fxg6 fxg6 24.Bd1 Qc3 25.Ne6 Rde8 26.Rf6 Re7 27.Ref1 Rhe8 28.Nf4 Após 28.Nc5 Nxc5 29.Rxc6+ Kb7 30.Rxc5, o sacrifício de Dama 30...Qxd4! etc., finalizaria a partida. 28...Nd8 29.Qf2 Ou 29.Nxg6 Bxg6 30.Rxg6 c5! etc., vencendo com facilidade. 29...Qa3 30.Bf3 Bxf3 31.Qxf3 g5 32.Ne2 Re6 33.Rf5 Qd3 34.h4 Rg6 35.h5 Rge6 36.Qf2 c5! 136
Finalmente! 37.Rf3 Qc2 38.Qe1 Nc6 39.R1f2 Qe4 40.Ng3 Qxg4 41.Kg2 Bxd4, e as brancas abandonaram. Partida 66 Bogoljubov, E. - Alekhine, A. Campeonato Mundial - 25ª Partida - Berlim, 1934
Gambito da Dama Aceito - D11
1.d4 d5 2.Nf3 c6 3.c4 dxc4 Uma incomum linha de jogo (ao invés de ...Nf6) que certamente não é refutada na presente partida. 4.e3 Bg4 5.Bxc4 e6 6.Nc3 Bogoljubov pensou que aqui poderia obter alguma vantagem para o final da partida pela continuação 6.Qb3 Qb6 7.Ng5; mas depois de 7...Bf5 8.Nc3 Nf6 9.f3 Nfd7! etc., não teria muito o que esperar pelas brancas. 6...Nd7 7.h3 Bh5 8.a3 Muito lento. Mas como as pretas não planejam qualquer ação no centro, esse lance tão preventivo não pode ser criticado. 8...Ngf6 9.e4 Be7 10.0-0 0-0 11.Bf4 a5
As brancas estão, por ora, fortes no centro. As pretas intentam uma diversão na ala da
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Capítulo 2 - Partidas de Torneios e Matches com Bogoljubov - 1929 - 1934
Dama. Isso resultará na troca de um par de peças que de forma gradual aliviará sua posição algo restrita. 12.Ba2 Qb6 13.g4 Bg6 14.Qe2 Qa6! 15.Qe3 A troca das Damas obviamente tiraria das brancas qualquer esperança séria de vitória. 15...b5 16.Ne5 Nxe5 Também era possível 16...b4 17.Nxg6 hxg6 18.Ne2 c5, mas não estava particularmente entusiasmado com a variante 19.e5 Nd5 20.Bxd5 exd5 21.Bg3, seguido por f4, etc. E além disso, acreditava no futuro do meu temporariamente engaiolado Bispo da Dama. 17.Bxe5 b4 18.Bxf6 Bxf6 19.Ne2 Após isso, as pretas definitivamente tomam a iniciativa, que manterão até quase o final. Mas também após 19.Na4 (recomendado por Nimzowitsch e Bogoljubov) 19...bxa3 20.bxa3 e5! 21.d5 Be7 etc., suas perspectivas permaneceriam satisfatórias. 19...bxa3 20.bxa3 c5 21.Rac1 cxd4 22.Nxd4
22...Bxd4! A troca do ativo Bispo do Rei parece à primeira vista surpreendente. , mas na realidade oferece a grande oportunidade da exploração os pontos fracos da posição das brancas,
tanto no centro como na ala do Rei. 23.Qxd4 Rfd8 24.Qc4! Qb7 A interessante variante 24...Qxc4 25.Rxc4 Rd3 26.f4 Rxa3 27.Rf2 Rxh3 28.f5 Rg3+ 29.Kh2 Rxg4 30.fxg6 Rxg6 etc., traria para as pretas 4 Peões pela peça, mas não chances reais de vitória. 25.f3 h5 Sem fazer um “buraco” para o seu Rei as pretas não podem sonhar em lançar uma ofensiva séria. Ao mesmo tempo, esse lance de Peão é o primeiro passo para a emancipação do prisioneiro em g6. 26.Qe2 Rd4 27.Qe3 Ao invés disso, o Dr. Lasker sugeriu 27.Rfd1, que no entanto, após a troca das Torres conduziria aproximadamente à mesma posição que chegamos após o 33º lance. 27...Rd7 Após 27...Rad8, as brancas teriam forçado troca das Damas jogando 28.Bd5 Qb2 29.Rb1, etc. 28.gxh5 As brancas esperam obter algum contraataque na coluna c e para ganhar um tempo para dobrar as Torres, dão um pouco de ar fresco ao pobre Bispo. Bogoljubov indicou como a melhor linha 28.Rfd1 Rad8 29.Rxd7 Rxd7 30.Bc4, mas após 30...a4! seguido por ...h4 as casas pretas da sua posição ainda permaneceriam muito fracas. 28...Bxh5 29.Rc5 Bg6 30.Rfc1 Rad8! 31.Bc4 As brancas não podem tomar o Peão a5 devido a 31...Qb2, com vitória imediata. 31…Rd1+ 32.Bf1 Rxc1 33.Rxc1 a4! Apesar do fato de que esse Peão não pode, ao menos nesse momento, ser apoiado pelo Bispo, de forma alguma é fraco, pois as pretas serão perfeitamente capazes de prote137
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
ge-lo através de um contra-ataque. 34.Rc4 Rd1 35.Rb4 Não 35.Rxa4 Rxf1+ devido a 35...Rxf1+ seguido de 36...Qb5+. 35...Qc7 Ameaçando mate em três através de 36...Qg3+, etc. 36.f4 Qd8 37.Qf2 O lance 37.Rxa4 seria refutado através de 37...Rxf1+ e 38...Qd1+. O final se aproxima.
37...f5! A ressurreição do Bispo, que não somente resgata o Peão a mas também contribui para uma exploração efetiva da posição desorganizada do Rei das brancas. 38.e5 Be8 39.Rb6 Qc8 40.Rd6 Ou 40.Kh2 Qc3!, vencendo. 40...Rc1 41.Qd4 Não há mais defesa. Se por exemplo 41.Kh2, então 41...Rc2 42.Rd2 Rxd2 43.Qxd2 Qc5! ganhando um Peão e a partida. 41...Kh7 Para responder a 42.Rd8 com 42...Qa6!, etc. 42.Kf2 Qc2+ 43.Qd2 Ou 43.Be2 Bb5 44.Qd2 Bxe2! 138
45.Qxe2 Qc5+ etc., vencendo. 43...Qc5+ 44.Qe3 Se 44.Qd4, então 44...Qxa3 após o que as brancas podem abandonar com tranquilidade. 44...Rxf1+, e as brancas abandonaram. Essa partida na prática finalizou o match e me deu 15 pontos contra 10 do meu adversário.
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Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
Partida 67 Alekhine, A. - Rosseli del Turco, S. Torneio de Zurique, Julho de 1934 Abertura Peão da Dama - D05
1.d4 d5 2.Nf3 Nf6 3.e3 e6 Não é um erro, claro, mas 3...Bf5 4.Bd3 e6! resolveria sem desvantagem o problema por outro lado incômodo do desenvolvimento do Bispo da Dama. 4.Bd3 c5 5.b3 Um método de mobilização antigo – e bastante inofensivo – ao invés do Sistema Colle, que se inicia com 5.c3 e oferece mais possibilidades de ataque. Isso ocorre aqui, contudo, porque as pretas respondem com um esclarecimento central injustificado. 5...cxd4? Curiosamente essa troca – que abre para as brancas a coluna central sem compensação (pois não há nada para as pretas fazerem com
a coluna c) – é feita frequentemente mesmo por jogadores bastante experientes. O curso da presente partida ilustra de uma forma típica a irresponsabilidade dessa estratégia. 6.exd4 Bd6 7.0-0 0-0 8.Bb2 Nc6 9.a3 Mais exato do que o intermediário 9.Nbd2, pois após 9...Qc7! as pretas ameaçariam tanto 10...Nb4 como 10...e5. 9...b6 10.Nbd2 Bb7 11.Qe2 Qc7 12.Ne5 Ne7 13.f4 Rac8 14.Rac1
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Para somar às vantagens já existentes (maior espaço no centro e mais chances na ala do Rei) outro trunfo – a dinamização do Peão c. Entretanto, a situação geral após a troca equivocada no 5º lance é tão favorável para as brancas que um ataque ao Rei pode ser desenvolvido sem usar esse trunfo. Um exemplo característico de um ataque assim é a minha partida com Asgeirson (pretas), mostrada a seguir, jogada no Torneio por Equipes de Folkestone em 1933, a qual, com ligeira inversão de lances, logo alcançou o mesmo tipo de posição da presente partida: 1.d4 Nf6 2.Nf3 e6 3.e3 c5 4.Bd3 Nc6 5.a3 cxd4? 6.exd4 d5 7.0-0 Bd7 8.b3 Bd6 9.Re1 Rc8 10.Bb2 0-0 11.Ne5 Bb8 12.Nd2 g6 13.Qf3 Nh5 14.Qe3 Ng7 15.Qh6 Ne7 16.g4! Kh8 17.Ndf3 Ng8 18.Qh3 Be8 19.Bc1 Bd6 20.Ng5 h5 21.gxh5 Nxh5 (ou 21...gxh5 22.Nh7, ganhando a qualidade) 22.Ngxf7+! Bxf7 23.Bxg6 Bxg6 24.Nxg6+ Kg7 25.Nxf8!, e as pretas abandonaram. 14...g6 Isso, em conexão com os próximos dois lances, não se provará suficiente para enfrentar o avanço ameaçador do Peão g das brancas. Mas da mesma forma, a tentativa das pretas em posicionar seu Cavalo em e4 não obteria sucesso, por exemplo: 14...Qb8 15.Rf2! Qa8 16.Re1 seguido por g4, com vantagem. 15.g4 h5 16.h3 Kg7 Como veremos, isso só facilita o avanço do Peão c das brancas. 17.c4 Qd8
18.c5! Essa é a decisão estratégica, pois as forças das brancas aqui protegem o Peão passado na ala da Dama sem enfraquecer sua pressão na outra ala. As pretas obviamente não podem jogar agora 18...bxc5 19.dxc5 Bxc5+ devido a 20.Rxc5! seguido de 21.g5 etc., vencendo. 18...Bxe5 19.fxe5 Nd7 20.b4 hxg4 21.hxg4 Rh8 A ocupação dessa coluna é sem importância, pois as peças ligeiras não podem cooperar. 22.Nf3 bxc5 23.bxc5 Nc6 24.Qe3! Ameaçando 25.Ng5. 24…Qe7 25.Kg2 Ameaçando agora 25.Rh1! seguido por Rc-f1 e Bc1 etc., e dessa forma induzindo as pretas a tomarem ações desesperadas no centro. 25…f5 26.exf6+ Nxf6 27.Qg5 Rh6 28.Rh1 Rch8 29.Rxh6 Rxh6 30.Re1! Até mais forte do que 30.Rh1 que somente ganharia um Peão. 30...Nd8 31.Ne5 Ng8 Ou 31...Nf7 32.Nxf7 seguido por 33.Qe5 etc., com uma vitória fácil. 32.Bc1! Um dos pontos de 30.Re1. 32...Qe8 33.Rf1 Bc6 34.Rf6! Nxf6 35.Qxh6+ Kg8 36.Bg5, ganhando ao menos duas peças menores. As pretas abandonaram. Partida 68 Alekhine, A. - Johner, H. Torneio de Zurique, Julho de 1934 Abertura Ruy Lopez - C79
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Nf6 5.0-0 d6 Isso permite às brancas iniciarem uma ação imediata no centro sem serem obrigadas a 140
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
primeiramente proteger o Peão e através de Re1 ou Qe2, que seria o caso após ...Be7. 6.c3 Bd7 7.d4 Be7 8.d5 Essa manobra de bloqueio foi introduzida por Bogoljubov contra mim no nosso match em Roterdã, 1929. Sua característica é conduzir geralmente a lentas batalhas posicionais de grosso calibre. 8...Nb8 9.Bc2 Bg4 Keres tentou contra mim no Torneio por Equipes em Varsóvia 1935 uma linha mais agressiva de jogo, envolvendo a renúncia ao roque e começando com 9...h6. A continuação 10.c4 Qc8 11.Ne1 g5 12.Nc3 Nh5 13.Ne2! (claro, não13.Qxh5 Bg4) 13...Nf4 14.Ng3 c6 15.Nf5 cxd5 16.Bxf4 gxf4 17.cxd5 Bxf5 18.exf5 provou-se, entretanto, favorável ao primeiro jogador, que tomando vantagem da coluna c aberta, obteve sucesso ao forçar o abandono das pretas após o 37º lance. Para ...a5 em conjunção com Na6-c5, veja minha partida com consulta contra Kashdan (Partida 119). 10.c4 Nbd7
11.h3! Na partida acima mencionada, Bogoljubov aqui jogou 11.Nc3, e após 11...Nf8 12.h3? – isso agora é fora de lugar, pois simplesmente após 12...Bd7 as pretas são capazes de iniciar um ataque ao Rei através de um sacrifício de Peão, ...g5!, e obterem em breve uma posição
vencedora. 11...Bh5 12.Nc3 0-0 13.g4 Bg6 14.Qe2 Preparando Na4, que se jogado de imediato seria respondido por 14...Bxe4, etc. 14...Ne8 15.Bd2 h6 O aparentemente mais agressivo 15...h5 seria respondido favoravelmente pela manobra N-d1-e3-f5. 16.Kg2 Bh7 17.Rh1 g5! Ao construir esse Peão-barricada, as pretas pelo menos eliminaram o perigo imediato que ameaçava o seu Rei. 18.h4 f6 19.Nd1 Rf7 20.Ne3 Esse Cavalo precisa ser trocado em c5 antes das pretas encontrarem tempo para trazer o Cavalo para c4 via g6. 20...Nf8 21.Nf5 Bxf5 22.gxf5 Rh7
23.Rag1 Ng7 24.Kf1 Qe8 25.Nh2 Nh5 26.Ng4 Nf4 27.Qf3! Ameaçando 28.Bxf4 exf4 29.Qxf4! gxf4 30.Nxh6+ seguido pelo mate. 27...Kg7! A única defesa.; para 27...Kh8 a derrota viria logo através de 28.Nxh6! Rxh6 29.hxg5, etc. 28.hxg5 hxg5 29.Rxh7+ Nxh7 30.Rh1 Kh8 31.Rh6 Qf7 32.Bd1 Rg8 33.Qb3! Como todas as peças pretas estão ocupadas na ala do Rei, a Dama empreende um pequeno passeio na outra ala, não somente por turismo, mas para pegar qualquer coisa prote141
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
gida de forma insuficiente. Esse ganho de material, de forma alguma acidental, é a consequência lógica de uma persistente iniciativa, que impediu as pretas da proteção simultânea dos seus pontos vulneráveis. 33...b6 34.Qa4 Bf8 Se 34...a5, então 35.Qd7 etc., vencendo rapidamente. 35.Qxa6 Bxh6 36.Nxh6 Qg7 37.Nxg8 Kxg8 38.Qc8+ Nf8 39.Bxf4 exf4 40.Qe8 Após conquistar uma vantagem material, o ataque, como tantas vezes, desaparece, e as brancas agora precisam ser particularmente cuidadosas contra um possível contra-ataque. Por exemplo, a forte ameaça das pretas era 40...Qe7 e ...Qe5. 40...g4! 41.Qh5 f3 42.Ba4 Nh7 43.Bc2 A preparação necessária para o assalto surpreendente no centro. 43...Nf8 Se 43...Ng5, as brancas venceriam através de 44.Qxg4 Qh6 45.Kg1! – por exemplo: (I) 45...Kf8 46.Bd1 Nh3+ 47.Kf1 Qd2 48.Qxf3; (II) 45...Qg7 46.Qg3 com um trabalho tecnicamente fácil em ambos os casos.
44.e5!! O lance secreto para o adiamento, que transforma um problema tecnicamente complicado em um procedimento vencedor agudo e curto. 44...dxe5 142
Ou 44...fxe5 45.f6! Qxf6 46.Qxg4+ seguido de 47.Be4, sem qualquer luta restante. 45.d6! c5 Após 45...cxd6, o terceiro ponto, 46.c5! ameaçando 47.Bb3+ etc. encerraria os trabalhos com sucesso. 46.Be4 Qd7 47.Qh6! Mais preciso do que 47.Qxg4+. As pretas abandonaram. Partida 69 Gygli, F. - Alekhine, A. Torneio de Zurique, Julho de 1934 Defesa Benoni - A44
1.d4 c5 2.d5 e5 3.e4 d6 4.g3 Um método elaborado de desenvolvimento, que não causa muitos problemas para as pretas. As brancas deveriam, na minha opinião, tentar essa abertura a combinar as duas seguintes ideias estratégicas: (1) ocupação da casa c4 por um Cavalo e fortalecer essa posição, e (2) preparação para o avanço f4, o qual deve entretanto ser executado somente como uma rea. No último ção imediata ao lance das pretas caso, a abertura da posição central sempre favorece o lado que já tem uma superioridade em espaço. 4...f5 5.Nc3 Nf6 6.Bg2 Be7 Também o imediato 6...b5 (7.Nxb5 Nxe4, etc.) entra em consideração. Como as pretas não tomam vantagem nessa possibilidade, as brancas fariam melhor em evita-la agora, jogando 7.a4. 7.Nge2 b5! A consequência tática desse avanço estrategicamente bastante justificado, teve que ser examinado cuidadosamente, conforme prova a continuação. 8.exf5 b4 9.Ne4 Bxf5 10.Nxc5 Uma transação tentadora mas insatisfató-
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
ria, pois só auxilia o desenvolvimento das forças das pretas. Ainda, uma alternativa inofensiva, que só acentua a ineficiência dos primeiros lances da abertura. 10...dxc5 11.d6
11...e4! E não 11...Be4 12.Bxe4 Nxe4 13.Qd5 com vantagem. 12.dxe7 Qxd1+ 13.Kxd1 Kxe7 14.Be3 Nbd7 O meio jogo sem as Damas, resultado das trocas centrais, favorece as pretas – principalmente devido à posição desconfortável do Rei das brancas, a evitar a ação combinada das Torres. 15.h3 h5 16.a3 a5 17.axb4 axb4 18.Kd2 Kf7! Um lance importante, cujo objetivo é prevenir a captura do Peão c com xeque no caso de ...Ne5. 19.Nf4? Isso prova ser uma importante, senão decisiva, perda de tempo, e obviamente foi baseada em um erro de cálculo tático. Ao jogar 19.b3 as brancas ainda manteriam uma partida jogável, embora inferior. 19...g5 20.Ne2 As brancas provavelmente pretendiam jogar 20.Rxa8 Rxa8 21.Nxh5 e agora perceberam que isso levaria a uma posição sem esperanças após 21...Nxh5 22.g4 Nf4
23.Bxf4 gxf4 24.gxf5 f3 25.Bf1 Kf6, etc. Mas o que ocorrerá após a retirada do texto não será muito melhor para elas.
20...Ne5! Com as ameaças ...Nc4+ e ...Nf3+, ambas não podem ser estancadas. 21.Rxa8 Rxa8 22.Rd1 Nf3+ Até mais convincente do que 22...Nc4+ 23.Ke1 Nxb2 24.Rb1, etc. 23.Bxf3 exf3 24.Nc1 c4! Colocando o Cavalo das brancas em posição afogada, na qual permanecerá até quase o final da partida. 25.Ke1 g4 Não há pressa em tomar o Peão c, pois a resposta das brancas é compulsória: se 26.hxg4 hxg4, seguido de 27...Rh8 e ...Ne4 com ataque de mate. 26.h4 Bxc2 27.Rd4
143
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27...c3! Forçando um poderoso Peão passado e ao mesmo tempo finalizando o cerco ao Rei inimigo. As brancas agora não podem jogar 28.Rxb4 devido a 28...Rd8 29.Bd4 Rxd4! 30.Rxd4 cxb2 vencendo. 28.bxc3 bxc3 29.Rf4 Ke6 30.Rc4 Nd5 31.Bg5 Kd6 32.Bh6 As brancas têm cada vez menos lances à disposição. 32...Re8+ 33.Kf1 Bd1 34.Rd4 Be2+ 35.Ke1 Ou 35.Kg1 Bb5! seguido por …Re1+, ...Bf1, ...Bg2 e ...Rh1 mate. 35…Kc6 36.Bg5 Bc4+ 37.Kd1 Kc5! Capturando a Torre, bem no meio do tabuleiro! 38.Rxd5+ Kxd5 39.Kc2 Re2+! 40.Kxc3 Rxf2, e as brancas abandonaram. Partida 70 Alekhine, A. - Dr. Lasker, E. Torneio de Zurique, Julho de 1934 Defesa Ortodoxa - D67
1.d4 d5 2.c4 e6 3.Nc3 Nf6 4.Nf3 Be7 5.Bg5 Nbd7 6.e3 0-0 7.Rc1 c6 8.Bd3 dxc4 Como mencionado em outro lugar, essa troca dá às pretas mais recursos defensivos se precedida de ...h6 Bh4. 9.Bxc4 Nd5 10.Bxe7 Qxe7 11.Ne4 Esse lance, “patenteado” por mim, é tão bom quanto o mais comum 11.0-0, mas provavelmente não seja melhor. Em ambos os casos as brancas geralmente conseguem uma vantagem em espaço e não precisam se preocupar com uma possível derrota. 11...N5f6 12.Ng3 e5 Uma tentativa interessante de Lasker para 144
resolver rapidamente o problema do Bispo da Dama. Capablanca regularmente no nosso match aqui jogava 12...Qb4+ e, após a troca das Damas, conseguia empatar, porém não sem dificuldades.
13.0-0 exd4 14.Nf5 Esse lance aparentemente agudo é na realidade menos agressivo do que o direto 14.exd4, o qual, devido à abertura da coluna e causaria problemas reais ao desenvolvimento das pretas – por exemplo, 14...Nb6 15.Re1 Qd6 16.Bb3, e se 16...Bg4 então 17.h3 Bxf3 18.Qxf3 etc., oferecendo o Peão d por um forte ataque. Após o lance do texto, as brancas serão praticamente forçadas a tomar em d4 com uma peça e permitindo consequentemente uma simplificação nada benvinda. 14...Qd8 15.N3xd4 Se 15.Q (ou e3)xd4, então 15...Nb6. 15...Ne5 16.Bb3 Bxf5 17.Nxf5 Qb6? Subestimando, ou não percebendo, a resposta, que deu às brancas um forte e dificilmente resistível ataque. O lance certo, suficiente para o equilíbrio, é 17...g6, jogado por Flohr contra Euwe em Nottingham, 1936. Nem 18.Qd6 (Re8!), nem 18.Nd6 (Qe7) teriam sucesso.
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
efetiva não fosse o 17º lance superficial das pretas. As pretas abandonaram. Partida 71 Alekhine, A. - Lundin, E. Torneio de Orebro, Maio de 1935 Defesa Ortodoxa - D51
18.Qd6! Ned7 Também 18...Ng6 19.Nh6+ gxh6 20.Qxf6 Qd8 21.Qf3 seria bastante ruim. 19.Rfd1 Rad8 20.Qg3 g6 21.Qg5! Com a principal ameaça 22.Rd6, as pretas já não têm chances reais de defesa. 21…Kh8 22.Nd6 Kg7 23.e4! Não somente para usar esse Peão como um fator de ataque, mas também, como veremos, liberar a terceira fileira para as Torres. 23...Ng8 24.Rd3 f6 O lance 24...h6 levaria a uma variante similar, ou seja 25.Nf5+ Kh7 26.Nxh6! f6 27.Nf5! fxg5 28.Rh3+ com mate em seguida. 25.Nf5+ Kh8
26.Qxg6! O espetacular golpe final de um ataque que dificilmente seria conduzido de maneira tão
1.d4 d5 2.c4 e6 3.Nc3 Nf6 4.Bg5 Nbd7 5.Nf3 c6 6.e4 Esse antigo lance – um método radical de evitar a Defesa Cambridge Springs – foi adotada com sucesso por mim em duas ocasiões no match com Bogoljubov em 1929 e também em algumas ocasiões posteriormente. Sua vantagem é conquistar algum espaço no centro e o seu defeito – não permitir a troca das peças menores cedo, o que facilita a mobilização das peças das pretas. 6...dxe4 7.Nxe4 Be7 Além desse lance simples de desenvolvimento , as pretas têm à sua disposição pelo menos três outras continuações cada uma delas envolvendo um plano diferente de desenvolvimento: I. 7...Qb6. Esse contra-ataque tem como objetivo o ganho imediato de material ao custo de tempo, e eventualmente espaço – uma ideia perigosa, e a meu ver, contrária aos bons princípios do xadrez, a qual entretanto, nesse caso em particular, de jeito nenhum é fácil de ser refutada. Na 11ª Partida do match contra Bogoljubov, adotei o ultra cauteloso 8.Nxf6+ gxf6 9.Bc1 – e logo obtive um ataque vitorioso, mas somente devido ao meu adversário, que com sua típica superavaliação dos seus recursos, respondeu 9...e5? ao invés de 9...Qc7, dessa forma abrindo a posição antes de finalizar o desenvolvimento. A continuação foi 10.Bd3 exd4 11.0-0 Be7 12.Re1 Nf8 13.Nh4! Be6 14.Nf5 Bb4 15.Ng7+ Kd7 16.Re4! Rg8 – após o que as 145
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brancas puderam finalizar rapidamente jogando 17.Nf5!, com a ameaça Rxd4, etc. Também com sucesso, mas não bastante convincente, foi outra tentativa minha contra Colle em Bled 1931, onde joguei após 7...Qb6 joguei 8.Bd3. Meu adversário resolveu aceitar a oferta do Peão, mas fez isso de uma maneira não da maneira mais segura: ao invés de 8...Nxe4 8.Bxe4 Qb4+! – introduzido com sucesso pelo Dr. Euwe em uma partida com consulta contra Flohr – jogou de imediato 8...Qxb2, permitindo às brancas colocarem seu Rei em segurança. O ataque desenvolvido em seguida – baseado em primeiro lugar na vantagem de espaço e, posteriormente, na supremacia dos dois Bispos – foi tanto típico como instrutivo. A partida continuou como segue: 9.0-0 Nxe4 10.Bxe4 Nf6 11.Bd3 Qb6 12.Re1 Be7 13.Qc2 h6 14.Bd2 c5 15.Bc3 cxd4 16.Nxd4 0-0 17.Nf5 Qd8 18.Nxe7+ Qxe7 19.Rab1 Rd8 20.Re3 b6 21.Qe2! Bb7 22.Rg3 Ne8 23.Re1 Kf8 24.Qb2 f6 25.Bb4 Nd6 26.Rge3 Kf7 27.f4! Qd7 28.Qe2 Re8 29.Qh5+ Kg8 30.Qg6 f5 31.Bxd6 Qxd6 32.Bxf5 Qxf4 33.Qh7+ Kf8 34.Bg6 Qd4 35.Bxe8 Rxe8 36.Kh1 Qf6 37.Qh8+ Kf7 38.Qxe8+! e as pretas abandonaram. Como nenhuma tentativa pode ser considerada satisfatória do ponto de vista teórico, as brancas devem, após 7...Qb6, completar seu desenvolvimento de uma forma que não permita uma redução indesejável das unidades de luta. Com essa ideia, recomendaria a continuação que foi tentada por Marshall contra Tchigorin em Hanover 1902, e completamente esquecida desde então: 8.c5! Qxb2 - e somente agora 9.Bd3 seguido por 10.0-0, com ampla compensação material pelo Peão. II. 7...Bb4+, com o objetivo de explorar 146
temporariamente a diagonal e8-a4 e ao mesmo tempo preparar uma ruptura central através de ...e5. A ideia é, no entanto, muito artificial com muito desperdício de tempo para se tornar um sucesso. A seguinte partida, jogada por mim no Torneio por Equipes em Varsóvia 1935 ilustra de uma forma drástica as possibilidades das brancas nessa variante: Pretas, Silbermann (Romênia) 8.Nc3 Qa5 9.Bd2 Qc7 10.Bd3 e5 11.dxe5 Nxe5 12.Qe2 Nfd7 13.0-0 0-0 14.Nd5 (uma combinação bastante original na qual as brancas finalmente ganham a qualidade por um Peão) 14...cxd5 15.Bxb4 Nxd3 16.Qxd3 dxc4 17.Qe3! Qb6 (se 17...Rd8, então 18.Qe7 com uma posição vencedora) 18.Bxf8 Qxe3 19.fxe3 (o final a seguir foi mais difícil de vencer do que se possa imaginar, especialmente porque as pretas se defenderam com grande determinação) 19...Kxf8 20.Rad1 Ke7 21.Rd5 f6 22.Rfd1 b6 23.Rd6 Nc5 24.Rd8 Bb7 25.Rxa8 Bxa8 26.Nd4 Be4 27.Rc1 Bd5 28.Nf5+ Ke6 29.Nxg7+ Ke5 30.Nh5! Bf7 31.Nf4 Ne4 32.a3 b5 33.Rd1 Nc5 34.Rd8 a6 35.Kf2 Na4 36.Rd7 Bg6 37.Rd5+ Ke4 38.Rd2 Bf5 39.h3 c3 (essa tentativa de avanço é respondida com uma ameaça de mate, que decide de uma vez a partida. Compare com o mesmo estratagema de final nas partidas contra Tartakower em San Remo e a 24ª Partida do 2º match com Euwe) 40.Rd4+ Ke5 41.Kf3! Nb6 42.bxc3 Bd7 43.Nd3+ Kf5 44.Rd6, e as pretas abandonaram. (III) 7...h6!, praticamente forçando a troca do Bispo da Dama das brancas. Embora, após 8.Bxf6 Nxf6 9.Nc3 b6 seguido por ...Bb7 etc., as brancas ainda desfrutassem de mais liberdade, ao menos temporariamente, as chances das pretas para o futuro , devido ao seu par de Bispos, seriam bastante satisfatórias, e foi por isso que abandonei recente-
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
mente o de outra forma jogável 6.e4. 8.Nc3 0-0 9.Qc2 Esse lance em conexão com o grande roque foi, acredito, nunca sido jogado antes do meu match com Bogoljubov em 1929. Em uma ocasião anterior, Gilg jogou contra Spielmann 9.Bd3 e roque para a ala do Rei, após o que as pretas igualaram com facilidade através de ...c5. 9...e5! Uma nova e interessante tentativa de liberar o Bispo da Dama, o que força as brancas a jogarem de forma muito cuidadosa para manter a vantagem de espaço. Decididamente é muito passivo, ao invés disso 9...b6 10.0-0, como por exemplo, minhas duas partidas a seguir mostram de maneira muito convincente: I. Pretas, Bogoljubov, 19ª Partida do 11.h4 Qc7 12.Bd3 Match, 1929. Rfe8 13.Kb1 Nf8 14.Bxf6! Bxf6 15.Ne4 c5 16.Nxf6+ gxf6 17.Qd2 Ng6 18.h5 Nf4 19.Rh4 Bxf3 20.gxf3 e5 21.d5 Qd6 22.h6 Kh8 23.Qc2 Nxd3 24.Qxd3 Rg8 25.f4! Rg6 26.Qf5 a6 27.Re1 exf4 28.Rxf4! (ao entregar o Peão h as brancas tomam o controle total da coluna central e, gradualmente desenvolvem um ataque irresistível ao Rei ) 28...Rxh6 29.Rfe4 Rg8 30.Re7 Rf8 31.a4 Rh4 32.Re8 Rxe8 33.Rxe8+ Kg7 34.Qc8 Kh6 35.Rg8 Qe7 36.Ka2 b5 37.Rg3 f5 38.Qxf5 f6 39.Re3 Qf7. Aqui eu joguei 40.Re6 e casualmente venci em 77 lances. Mas 40.Qe6! forçaria um abandono quase imediato. II. Pretas, J. Vasquez, Torneio da Cidade do México , setembro de 1932: 10...c5 11.h4 Qc7 12.d5 exd5 13.cxd5 a6 14.Bd3 h6 15.Bh7+ Kh8 16.Ne4! Bd6 17.Bf5 Nxe4 18.Qxe4 Ne5 19.Nxe5 Bxe5 20.d6 Bxd6 21.Qxa8 Bxf5 22.Qf3 Bg6 23.h5 Bh7 24.Bxh6! Be5 25.Bg5 f5 26.h6 f4 27.Qd5!
f3 28.hxg7+ Qxg7 29.Rxh7+ Kxh7 30.Rh1+ Kg6 31.Bh6 Bf4+ 32.Bxf4 Rxf4 33.gxf3 Qd4 34.Qg8+ Kf6 35.Rh6+ Ke7 36.Re6+, e as pretas abandonaram. 10.0-0-0 A aceitação da oferta seria favorável às pretas, por exemplo: 10.dxe5 Ng4 11.Bf4 Bc5 12.Ne4 Bb4+ ou 10.Nxe5 Nxe5 11.dxe5 Nd7 12.Bxe7 Qxe7 13.f4 f6 – em abos os casos com compensação suficiente pelo Peão. 10...exd4 11.Nxd4 Qa5 12.h4 Como o leitor pode ver das partidas acima, esse lance é uma importante ligação no plano iniciado com 9.Qc2. 12...Nc5 13.Kb1 Rd8 Se 13...Be6, as brancas não trocariam esse Bispo direto, mas primeiro finalizariam o desenvolvimento como na partida atual – Be2-f3, etc. 14.Be2 Qc7
15.Bf3! Judiciosamente resistindo à tentação de desalojar o Cavalo através de 15.b4, pois após 15...Ne6 16.a3 c5! As pretas obteriam um contra-ataque que não pode ser feito após o lance posicional do texto. 15...a5 16.Rhe1 Nesse momento particular a Torre é mais útil no centro, especialmente porque o ataque ao Rei é muito lento de ser desenvolvido devido às manobras preventivas precisas das pretas. 147
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
16...g6 Quase necessário se as pretas quiserem desalojar o Cavalo central das brancas através de ...Ne6. Além disso, o lance também envolve a ameaça direta 17...Rxe4, seguido de 18...Bf5. 17.g4 Ne6 18.Nxe6 Bxe6 19.h5! Ameaçando 20.hxg6 hxg6 21.Rxe6! etc., e não se preocupando com o Peão c, pois 19...Bxc4 é respondido por 20.Rxe7! Qxe7 21.Ne4 Rxd1+ 22.Qxd1 etc., com vantagem decisiva. 19...Rxd1+ 20.Nxd1 Ne8 Para evitar o sacrifício de qualidade em e6. 21.Bh6 Bf6 22.hxg6 hxg6
próximos dois lances das brancas. A variante principal mencionada surge de 24...Bd5 e a dificuldade real reside em encontrar após 25.Nxf6+ Nxf6 26.Qc3 Qd6 27.Bxd5 cxd5 os dois lances tranquilos Qe6 (se 28...d4, então 29.Qh3, etc.) , com a ameaça principal Q-d2-h2, após o que a coluna h aberta cedo ou tarde será decisiva. 25.g5! O Bispo assim atacado não pode se mover devido a 26.Nf6+. 25…Qb5 Esse era obviamente o ponto do lance anterior. A peça está salva temporariamente, mas agora as pretas perdem devido à fraqueza da sua casa g7. 26.Nxf6+ Nxf6 27.Qc3! Re8 28.Rc1 E não 28.gxf6 Qf5+ 29.Ka1 Rxe1+ seguido de 30...Qxf3. 28…Qf5+ 29.Ka1 Kh7 30.Qxc4, e as pretas abandonaram. Partida 72 Alekhine, A. - Euwe, M. Campeonato Mundial - 1ª Partida - Amsterdã 1935
23.Nc3! Eu conto esse sacrifício de Peão dentre as minhas combinações mais difíceis, pois foi extremamente duro calcular o pouco material restante na variante principal se mostraria suficiente para incrementar a pressão de forma definitiva. E a vitória era necessária para ambos jogadores, pois tínhamos 7 ½ pontos em 8 e essa era a última rodada! 23...Bxc4 De outra forma, após 24.Ne4, as brancas teriam um jogo fácil de ataque. 24.Ne4 Qe5 Esse contra-ataque será refutado pelos 148
Defesa Eslava - D17
1.d4 d5 2.c4 c6 3.Nf3 Nf6 4.Nc3 dxc4 5.a4 Bf5 6.Ne5 Foi provado em nosso segundo match que esse lance agressivo, que esteve na moda por cerca de dez anos, decididamente é menos promissor do que o natural 3.e3. A melhor resposta das pretas para o lance do texto, não é entretanto 6...Nbd7, mas 6...e6 e se 7.Bg5 Bb4 8.f3, então 8...h6! etc., (11ª Partida do match de 1937). 6...Nbd7 7.Nxc4 Qc7 8.g3 e5 9.dxe5 Nxe5 10.Bf4 Nfd7 11.Bg2 Be6
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
As pretas não precisam ceder para as brancas a casa c7, mas como a 1ª Partida do match de 1937 demonstrou de forma convincente, mesmo através da melhor continuação 11...g6 12.0-0 Rd8 13.Qc1 Be6 as brancas obtém uma clara vantagem posicional com o lance 14.Ne4!. 12.Nxe5 Nxe5 13.0-0 Be7 Na sequência as pretas tentam evitar o enfraquecimento da casa e6 através de ...f6 e de forma gradual entram em grande dificuldade devido à proteção insuficiente ao seu Cavalo. 14.Qc2 Ameaçando tanto Nd5 como N-b5-d4, etc. As pretas dificilmente terão sucesso em manter o par de Bispos por muito tempo. 14...Rd8 Também 14...Qa5 15.Nb5! seria vantajoso para as brancas. 15.Rfd1 0-0 16.Nb5 Rxd1+ Se de imediato 16...Qa5 17.Rxd8 Rxd8 18.Bxe5 cxb5 19.Bxb7 Rd2 20.Qc6 etc., com vantagem. 17.Rxd1 Qa5 18.Nd4 Bc8
19.b4! O início espetacular de um “ataque de minoria”que de imediato resultará na conquista da importante casa d5. A justificativa tática do lance do texto é mostrada na seguinte variante: 19...Bxb4 20.Nb3 Qc7 21.Qe4 Bc3 (ou 21...Bd6 22.Qd4 vencendo) 22.Rc1 Bb2 (ou 22...c5 23.Qc2; 22...f5 23.Qc2 etc.) 23.Rc2 f5 24.Qb4! etc., com uma posição vencedora. 19...Qc7 20.b5 c5 21.Nf5 f6 Após isso, o enfraquecimento das casas brancas em breve se mostrará fatal. Mas também após 21...Bf6 22.Nd6 Rd8 23.Nc4! etc., a realização da vantagem posicional das brancas teria sido meramente uma questão de tempo. 22.Ne3 Be6 23.Bd5! Até mais efetivo do que 23.Nd5. 23...Bxd5 24.Rxd5 Qa5 Não resta defesa por muito tempo. Se, por exemplo 24...Rd8, então simplesmente 25.Bxe5 fxe5 26.Qc4etc., vencendo com facilidade. 25.Nf5 Qe1+ 26.Kg2 Bd8 27.Bxe5 fxe5 28.Rd7! Finalizando a partida com um ataque de mate. 28…Bf6 29.Nh6+ Kh8 30.Qxc5 Se agora 30...Re8 então 31.Qd5 gxh6 32.Qf7 Be7 33.Rxe7 seguido de mate. As pretas abandonaram. 149
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Partida 73 Alekhine, A. - Euwe, M. Campeonato Mundial - 3ª Partida - Amsterdã 1935
Defesa Francesa - C15
1.e4 e6 2.d4 d5 3.Nc3 Bb4 4.a3 Esse lance raramente jogado certamente é melhor do que a sua reputação e não esteve nem mesmo perto de ser refutado, tanto na atual partida como nas suas análises subsequentes. É menos recomendada, apesar do seu sucesso prático, outra tentativa feita por mim na 9ª Partida do mesmo match, cuja continuação foi: (muito arriscado devido à situação já desarrumada na ala da Dama) 4...Nf6 5.Qxg7 Rg8 6.Qh6 Rg6 7.Qe3 Nxe4? (ao jogar 7...c5! as pretas obteriam uma sólida iniciativa) 8.Bd3 f5 9.Nge2 c5 10.Bxe4 fxe4 11.Qh3 Nc6 12.Qxh7 Qf6 13.Nf4 cxd4 14.Nxg6 dxc3 15.b3 Ne7 16.Nxe7 Bxe7 17.h4 Qf7 18.Qh8+ Qf8 19.Qxf8+ Kxf8 20.Bg5 e5 21.f3 exf3 22.gxf3? (após 22.Bxe7+ Kxe7 23.gxf3 etc., as brancas teriam poucos problemas para forçar a vitória; o lance menos exato do texto leva a um final interessante com bispos de cores opostas) 22...Ba3! 23.f4! Bf5 24.fxe5 Bxc2 25.0-0+ Kg8 26.Rac1! Bxc1 27.Rxc1 Bf5 28.Rxc3 Rc8 29.Rf3 Rf8 30.Bf6 Be4 31.Rg3+ Kf7 32.h5! Rc8 33.Rg7+ Ke6 34.h6! d4 35.h7 Rc1+ 36.Kf2 Rc2+ 37.Kg3 Bxh7 38.Rxh7 Rxa2 39.Kf4 b5 40.Ke4 Re2+ 41.Kxd4 e as pretas abandonaram. 4…Bxc3+ 5.bxc3 dxe4 6.Qg4 Nf6 Uma alternativa mais segura era 6...Kf8 7.Qxe4 Nd7 – seguido por ...Ndg6, etc. Após o lance do texto as casas pretas da posição das pretas se tornam decididamente fracas. 7.Qxg7 Rg8 8.Qh6 c5 9.Ne2 Nbd7 Para aliviar a Dama da proteção do outro 150
Cavalo. Se 9...Nf6 a resposta mais simples das brancas seria 10.dxc5! mas também 10.Bg5, como jogado por Romanovski contra Botvinnik na semifinal do Campeonato Soviético de 1938, seria suficiente para igualar, embora as brancas tivessem perdido aquela partida devido somente serem superadas nas últimas etapas.
10.Ng3 Rg6? Após essa perda de tempo o jogo das pretas se torna muito difícil. Comparativamente melhor seria jogar para complicações posteriores 10...Qa5, embora as perspectivas das brancas permanecessem melhores mesmo nesse caso após 11.Bd2 Qa4 12.dxc5!, etc. 11.Qe3 Nd5 As pretas já precisam olhar para uma compensação para seu Peão em e4 que agora está próximo de ser perdido. 12.Qxe4 Nxc3 13.Qd3 Nd5 Também 13...cxd4 14.Qxd4 Qf6 15.Qxf6 Nxf6 16.Bd3 Rg7 17.Bd2 etc. não seria satisfatório. De fato, o jogo das pretas após seu imprudente décimo lance dificilmente poderia ser salvo. 14.Be2 Qf6 15.c3 cxd4 16.cxd4 N7b6 A troca das peças das pretas melhores colocadas através de 16...Nf4 17.Bxf4 Qxf4 18.0-0 só tornaria as coisas mais fáceis para as brancas.
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
17.Bh5! A manobra do Bispo, consistindo de quatro lances sucessivos, força um enfraquecimento praticamente decisivo na posição dos Peões das pretas. O jogo a seguir em ambas as alas é muito instrutivo e, acredito, típico do meu estilo. 17...Rg7 18.Bf3 Ameaçando 19.Nh5. 18...Qg6 19.Be4! f5 20.Bf3 Kf8 21.a4! A diagonal a3-f8 é aqui o melhor caminho de atividade para o Bispo. 21…Rc7 22.0-0 Bd7 23.Ba3+ Kg8 24.a5 Rc3 Isso conduz à perda de um Peão sem qualquer melhoria na posição das pretas. Mas também o lance aparentemente melhor 24...Nc4 não salvaria o dia. A continuação poderia ser 25.Bc5! (mais forte do que 25.Nxf5 Kh8! etc.) 25...Ne5 26.dxe5 Rxc5 27.Rfc1 Rac8 28.Rxc5 Rxc5 29.Qd4! ganhando pelo menos o Peão a em uma posição esmagadora. A parte restante é – apesar dos esforços desesperados das pretas para “ciscar” alguma coisa – bastante fácil. 25.Qb1! Na4 26.Bxd5 exd5 27.Qxb7 Qc6 28.a6! Se agora 28...Qxb7 29.axb7 Rb8, então 30.Rfb1 Nb6 31.Bb4 seguido de Rxa7, vencendo. 28...Nb6 29.Bc5 f4 30.Nf5!
Mais exato do que 30.Ne2 que também seria suficiente. 30...Kh8 31.Ne7 Qe6 32.Bxb6 Bc6 Mais desespero. 33.Nxc6 Rg8 Ameaçando o xeque perpétuo através de 34...Rxg2+, etc. 34.Ne5! Rg7 35.Qb8+? Em muitas partidas desse match infeliz, joguei, após a decisão praticamente alcançada, de forma muito rápida – sem, entretanto, no presente caso em particular, afetar o resultado final. Ao invés disso, 35.Bxa7! forçaria as pretas abandonarem de imediato. 35...Rc8 36.Ng6+ Rxg6 37.Qxf4 Qxb6 38.Qe5+ Rg7 39.Qxd5 Rd8 40.Qe5 Qxd4 41.Qxd4, e as pretas abandonaram. Partida 74 Euwe, M. - Alekhine, A. Campeonato Mundial - 4ª Partida - Haia 1935
Defesa Índia do Rei - D81
1.d4 Nf6 2.c4 g6 3.Nc3 d5 4.Qb3 A prática dos últimos dois a três anos provou que esse lance da Dama é menos efetivo do que 4.Bf4 Bg7 5.e3 0-0 6.Qb3 c6 7.Nf3 etc., com uma vantagem de espaço inquestionável. 4…dxc4 5.Qxc4 Bg7 Também é jogável 5...Be6 6.Qb5+ Nc6 7.Nf3, mas não 7...Rb8 (como na 2ª Partida do match de 1935), mas 7...Nd5! etc., com contra chances razoavelmente boas. 6.Bf4 c6 7.Rd1? Um lance artificial e desnecessário ao invés do indicado 7.Nf3 0-0 8.e4, etc. As pretas agora podem obter ao menos um jogo igualado. 7...Qa5 Ameaçando 8...Be6. 8.Bd2 b5? 151
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Há alguns lances meus no primeiro match com Euwe que realmente simplesmente não posso entender. Nem antes nem tampouco desde então joguei um xadrez decididamente tão instável, especialmente nas aberturas! Aqui, por exemplo, o estrago na estrutura de Peões na ala da Dama não pode ser desculpado nem pela ausência de outras continuações promissoras. O simples 8...Qb6 9.Bc1 Bf5 seguido pelo …0-0 asseguraria uma vantagem distinta de desenvolvimento para as pretas. Incluí, entretanto, a presente partida a essa coleção, apesar da pobre estratégia de abertura de ambos os lados – devido às complicações táticas particularmente interessantes no bem jogado meio jogo. 9.Qb3 b4 A vantagem é ao menos consistente. As pretas evitam e4 – mas a que preço! 10.Na4 Na6 11.e3 Be6 As pretas também poderiam jogar de imediato 11...0-0 12.Bxa6 Bxa6 13.Qxb4 Qd5 ou 13.Bxb4 Qb5 seria a seu favor. Mas nesse caso não lhes agradaria a resposta 12.Bc4. 12.Qc2 0-0 13.b3 Se ao invés 13.Qxc6 então 13...Nc7 com as ameaças 14...Bd7 ou 14...Bxa2. 13...Rab8 14.Bd3 Devido ao seu desenvolvimento ligeiramente atrasado as brancas decidem não 152
tomar o Peão c – de forma correta. Após 14.Qxc6 Bc8! A coluna aberta c se tornaria uma arma perigosa nas mãos das pretas – por exemplo, 15.Nf3 Bb7 16.Qc2 Rfc8 17.Qb1 Nd5 eventualmente seguido por ...Nc3, etc. 14...Rfc8 15.Ne2 Obviamente subestimando o valor da oferta do Peão em seguida. De outro modo, as brancas continuariam com 15.Bxa6 Qxa6 16.Nc5 Qb5 17.Nf3! (mas não 17.Nxe6 fxe6 seguido por ...e5 etc., com bom jogo para as pretas) 17...Nd7 18.Rc1 etc., com melhores perspectivas no final. Essa possibilidade prova claramente a fragilidade dos 8º e 10º lances das pretas.
15...c5! Uma combinação absolutamente correta que daria – contra a melhor defesa das brancas – facilmente a igualdade. Mas de fato meu adversário, felizmente para mim, subestimou o perigo. 16.Bxa6 Qxa6 17.Nxc5 Qb5 18.Nf4? Permitindo às pretas abrirem o centro e dessa maneira incendiar a casa do adversário. A defesa correta consistia em 18.e4! Nd7 19.Be3 Bxd4 20.Nxd4 Qxc5 21.Qxc5 Nxc5 etc., com provável empate como resultado. 18...Bg4! 19.f3 Se 19.Rc1 a resposta 19...e5 também seria forte.
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
19...e5! 20.Nfd3 Seria igualmente insatisfatório 20.fxg6 exf4 etc., com vantagem.
20...exd4! Uma bela e bem calculada oferta de peça, que as brancas são praticamente obrigadas a aceitar, pois tanto 21.exd4 Nd5! como 21.e4 Nd7 as deixaria com até menos chances de salvação. 21.fxg4 dxe3 22.Bxe3 Uma variante relativamente mais difícil para as brancas seria 22.Bxb4 Nd5 23.a3 a5 24.Qc4! axb4! 25.Qxd5 bxa3 26.Rf1 (ou 26.b4 Bc3+ seguido por ...Bxb4) 26...a2 27.Rxf7 Bc3+ 28.K se move Rxf5, vencendo. 22...Nxg4 23.Bf4 Tudo mais seria igualmente insatisfatório, por exemplo: I. 23.Bg1 Bc3+ 24.Kf1 Rb6 etc.; II. 23.Bf2 Bc3+ 24.Kf1 Rc6! 25.Kg1 Nxf2 26.Qxf2 Rd8 etc., com posição vencedora. 23...Bc3+ 24.Rd2 Obviamente forçado. 24...Rxc5! 25.Nxc5 Se 25.Bxb8 então 25...Qe8+ vence imediatamente. 25...Qxc5 As pretas têm finalmente o bastante de todas as complicações e escolhe a variante
mais clara, que lhes assegura uma ligeira vantagem material (Dama e Peão contra duas Torres) com ataque persistente. Um caminho mais curto para a vitória, entretanto, seria 25...Re8+! com a seguinte variante principal: 26.Ne4 f5 27.Kd1 Rxe4 28.Rd8+ Kf7 29.Bg5 f4! 30.Kc1 Re2 31.Qd3 Qxg5!, vencendo. 26.Bxb8 Qe7+ 27.Kd1 Ne3+ 28.Kc1 Nxc2 29.Rxc2 h5! Uma preparação necessária para ...Bg7. 30.Rd1 Bg7 31.h3 a5 Os trunfos principais das pretas – que usados corretamente garantem a vitória – são (1) a permanente insegurança do Rei das brancas; (2) a posição desprotegida do Bispo, cujos esforços para encontrar uma casa segura estão à beira do fracasso. A partida permanece vívida e instrutiva até quase o seu final. 32.Bf4 Qe4 33.Bc7 Qe3+ 34.Kb1 a4! Através dessa ruptura , que não poderia ser evitada a longo prazo, as pretas forçam o ganho pelo menos da qualidade. 35.bxa4 b3 36.axb3 Qxb3+ 37.Kc1 Bh6+ 38.Rdd2 Qxa4 39.Be5 Ao invés disso, 39.Kd1 prolongaria ligeiramente a partida, pois as pretas seriam obrigadas a primeiro forçar a volta do Rei das brancas para a ala da Dama através de 39...Bxd2 40.Kxd2 Qe4! 41.Kc1 Qe1+ etc., e somente após isso decidir a partida na outra ala através do avanço gradual dos seus Peões apoiados pelo Rei. 39...Kh7 40.Bc3 Qb5! Evitando 41.Kd1. 41.Bd4 As brancas não têm mais lances satisfatórios. Se, por exemplo, 41.Ba1, então 41...Qf1+, seguido por ...Bg7+, etc. 41…Qe2! 42.g4 Qe1+ 43.Kb2 Bxd2 44.Rc8 Bc1+!, e as brancas abandonaram.
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Partida 75 Alekhine, A. - Euwe, M. Campeonato Mundial - 7ª Partida - Utrecht 1935
Defesa Francesa - C15
1.e4 e6 2.d4 d5 3.Nc3 Bb4 4.Nge2 dxe4 5.a3 Be7 Até mais convincente é 5...Bxc3+ 6.Nxc3 Nc6, com pelo menos um jogo igual. Essa possibilidade praticamente refutou o quarto lance das brancas. 6.Nxe4 Nc6 Aqui também o lance do Cavalo é bastante bom. Na 5ª Partida desse match eu tentei aqui 7.Be3 (se 7.c3 então 7...e5) mas não consegui nada mais após 7...Nf6 8.N2c3 0-0 (já ameaçando ...Nxe4 seguido por ...f5) do que a igualdade. Dessa forma decidi tentar na presente partida o seguinte lance de Peão aparentemente paradoxal, com a ideia obvia de combinar o desenvolvimento do fianqueto do Bispo do Rei com um possível ataque de Peões na ala do Rei. 7.g4!? b6 Isso nem sequer é uma tentativa de refutação, e as brancas em breve obterão o tipo de posição que desejavam. É bem verdade que a resposta mais natural 7...e5 também não seria convincente, devido a 8.d5 Nd4 9.N2c3 (mas não 9.Nxd4 Qxd5! com vantagem) – e se 9...f5 então 10.gxf5 Bxf5 11.Be3 etc., com boas chances de luta para as brancas; mas 7...Nf6! 8.Nxf6+ Bxf6 9.Be3 Qd5 etc., asseguraria para as pretas um desenvolvimento confortável de todas suas forças, provando dessa forma a ineficiência do 7º lance das brancas. 8.Bg2 Bb7 9.c3 Nf6 10.N2g3 0-0? 154
Mesmo que pudessem provar isso - as pretas pudessem encontrar uma defesa adequada contra o ataque ao Rei em seguida – o lance do texto ainda pode ser condenado por colocar em perigo o jogo das pretas, sem nenhuma vantagem ou necessidade. Após o simples 10...Qd7 seguido por ...0-0-0 as brancas permaneceriam com uma vantagem de espaço sem importância, mas sem qualquer perspectiva real de ataque. 11.g5 Nxe4 12.Nxe4 Kh8 Preparando para ...f5, que as pretas evitam através do forte lance em seguida. 13.Qh5! Se agora 13...f5, então é claro 14.g6 com efeito mortal. 13...Qe8 Ameaçando novamente ...f5, mas permitindo a promissora combinação em seguida. De qualquer forma, era mais seguro 13...Na5 14.b4, como a variante 14...Nb3 15.Nf6 gxf6 16.Bxb7 f5! etc., não seria perigosa para as pretas. Nesse caso as brancas melhorariam sua pressão através da finalização do seu desenvolvimento – 14.Bf4, seguido eventualmente pelo 0-0-0, etc., com vantagem.
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
14.Nf6! Uma oferta correta de Peão, assegurando às brancas uma ofensiva forte e provavelmente irresistível. 14...Bxf6 A alternativa era 14...gxf6 15.gxf6 Na5 (se 15...Bxf6? então 16.Be4 seguido pelo mate) 16.fxe7 Qxe7 17.Bxb7 Nxb7 18.Bg5 f6 19.Bh6 Rg8 20.0-0-0 Nd6 21.Rhg1 etc., com clara vantagem para as brancas. 15.gxf6 gxf6 16.Qh4 Qd8 Forçado, pois 16...Qe7 perderia uma peça após 17.Be4! etc. 17.Bf4! Essa continuação do ataque – cujo ponto consiste da retirada do Bispo no próximo lance – de forma nenhuma foi fácil de encontrar. A chance relativamente melhor das pretas era devolver o Peão a mais agora ao jogar 17...f5 – embora após 18.Qxd8 Raxd8 19.Bxc7 Rd7 20.Bf4 Na5 21.Rg1! etc., a vantagem das brancas no final da partida seria bastante evidente. 17...e5 18.Bg3! f5 Agora dificilmente exista algo melhor. Se, por exemplo 18...exd4, então 19.0-0-0! etc., com um fácil jogo de ataque. 19.dxe5 Também aqui 19.0-0-0 era forte. Mas a simples recuperação do material sacrificado é,
considerando-se as possibilidades do poderoso ataque das brancas, bastante convincente. 19...Rg8 20.Bf3? Mas esse lance inexato permite às pretas inaugurarem um contra-ataque salvador. Ao invés disso, seria praticamente decisivo 20.Qh3 após o que 20...Qd3 seria refutado por 21.Bh4! e 20...Rg4 por 21.0-0! ameaçando 22.f3 com ganho de material e persistência no ataque. 20...Qd3! Um recurso engenhoso. Mas como a sequência mostra, as pretas, ao adotá-lo, não imaginaram realmente quantas possibilidades interessantes se abriram para elas. 21.Be2 As brancas não têm nada melhor, pois 21.Bxc6? seria fatal, devido a 21...Ba6! 22.Qh5 Rg4!, etc.
21...Qe4? Conduzindo a um final perdido. De um ponto de vista objetivo, certamente é uma pena que as pretas evitassem as complicações – um fantásticas decorrentes de lance que através da continuação correta asseguraria para elas o empate. Aqui segue a variante principal bem como algumas possibi(a) lidades menores: (b) (c) (d) move , etc. empate por 155
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xeque perpétuo. (a) Não é bom o plausível 23.e6 devido a 23...Re8! 24.Rg1! Ba6!! (24...Rxe6 25.Be5! vencendo) 25.Bxa6 Rxe6+ 26.Be5 Qe4+ 27.Kf1 Qxe5 etc., com vantagem das pretas. (b) Mas não 25...Rd8 nem 25...Qb1 devido à resposta 26.Bd6!! com vitória para as brancas. (c) Não há chance de vitória para as brancas através da continuação 26.Qxd4 f6! 27.Qxf6 Bf3 28.Kd2 Qa2+ 29.Bc2 Be4 etc. (d) Ao invés disso, 27...Kf8 perde: 28.e7+ Ke8 29.Rg8+ Kd7 30.Rd8+ vencendo. 22.Qxe4 fxe4
varia a batalha no início do meio jogo, não trás qualquer alívio nesse estágio da partida. 28.Bxb7 Nxb7 29.Rd7 O começo da execução. 29...Nc5 30.Rxf7+ Kg6 31.Rxc7 Nd3+ 32.Kb1 Também o simples 32.Kc2 era bastante bom. 32...Kf5 33.Rd1 Nxe5 34.Rf1+ Ke4 35.Rxa7 Nc4 Ou 35...Nf3 36.Ra4+ Ke3 37.Bd4+ etc. O jogo das pretas é totalmente sem esperanças. 36.Rd7 Ke3 37.Re1+ Kf3 38.Rxe8 Rxe8 39.Rd4 Ne3 40.Rh4, e as pretas abandonaram. Partida 76 Alekhine, A. - Euwe, M. Campeonato Mundial - 27ª Partida - Haia 1935
Abertura Vienense - C27
23.Bh4! O lance vencedor, provavelmente não visto pelas pretas quando jogaram 21...Qe4. Após 23.0-0-0 elas obteriam excelentes chances de empate ao continuar 23...Rxg3! 24.hxg3 Nxe5 etc. 23...h6 24.0-0-0 Rae8 25.Bf6+ Kh7 26.f4 exf3 27.Bxf3 É claro, muito mais forte do que ganhar a qualidade por um Peão através de 27.Bd3+ etc. Os Bispos brancos agora dominam o tabuleiro e as pretas são incapazes de evitar a intromissão da Torre hostil na sétima fileira. 27...Na5 A troca dos Bispos, que provavelmente sal156
1.e4 e5 2.Nc3 Nf6 3.Bc4 Nxe4 4.Qh5 Nd6 5.Bb3 Ao invés disso 5.Qxe5+ Qe7 etc. levaria a um jogo perfeitamente igual. Estando obrigado a jogar por uma vitória a qualquer preço, decidi permitir ao meu adversário fazer a oferta de uma troca, a qual por aproximadamente 30 anos é conhecida por dar às pretas excelentes chances de ataque. É assim: 5...Nc6! 6.Nb5 g6 7.Qf3 f5 8.Qd5 Qf6 9.Nxc7+ Kd8 10.Nxa8 b6 (ou 10...Qg5) seguido por ...Bb7, após o que teriam que sofrer, um pouco pelo menos. Entretanto é, do ponto de vista psicológico, fácil de entender que com dois pontos à frente Euwe não quis tomar essa chance. 5...Be7 6.Nf3 Nc6 Ao invés disso, 6...0-0 seria ligeiramente prematuro devido a possibilidade de 7.h4. 7.Nxe5 Nxe5?
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Um instrutivo erro de abertura. As pretas subestimaram o poder potencial do Bispo do Rei do adversário que poderia ser eliminado após 7...0-0 8.Nd5 Nd4! 9.0-0 Nxb3 10.axb3 Ne8 etc., com aproximadamente as mesmas perspectivas. Após o lance do texto, as brancas conseguem evitar por um longo tempo o desenvolvimento normal da ala da Dama das pretas e mantém um aumento gradual da pressão. 8.Qxe5 0-0
9.Nd5! Era importante evitar 9...Bf6. 9...Re8 10.0-0 Bf8 11.Qf4 c6 Como as pretas não conseguiram jogar ...d5, esse lance não torna as coisas mais fáceis para elas. Ao invés disso, mereceria consideração 11...b6 , pois 12.Nxc7 (12...Qxc7? 13.Bxf7+ com vantagem) seria um erro devido a 12...Re4!. 12.Ne3 Qa5 13.d4 Principalmente para prevenir 13...Qe5. Que as pretas tenham o controle temporário sobre a casa e4 é relativamente sem importância. 13...Qh5 É claro, não 13...Re4 devido a 14.Bxf7+, etc. 14.c3 Ne4 Se 14...Nb5, então 15.a4 Bd6 16.Qxf7+ Qxf7 17.Bxf7+ seguido de axb5 etc., com vantagem.
15.f3! Através desse importante lance intermediário, as brancas praticamente forçam o isolamento do Peão d das pretas e dessa forma obtém uma apreciável vantagem no final. 15...Ng5 Não há nada melhor. Se, por exemplo, 15...Bd6, então 16.Qxf7+! etc., finalmente ganhando o Peão, e se 15...Nf6 16.Ng4! etc., também com uma forte vantagem. 16.d5! Ameaçando, é claro, 17.h4. 16...cxd5 17.Nxd5 Ne6 18.Qg4 O lance aparentemente mais enérgico 18.Qg3 Qg6 19.f4 de fato não seria tão claro, devido a 19...Bc5+ 20.Kh1 Qxg3 21.hxg3 Rb8 22.f5 Nf8, etc. 18...Qg6 19.Be3 b6 20.Rad1 Bb7 21.Qxg6 Ao final de tudo, as forças das brancas foram mobilizadas a tempo para transformar a batalha em um final de jogo no qual as fraquezas dos Peões das pretas se tornarão mais aparentes do que estão nesse momento. 21…hxg6 22.Rfe1 Rac8 23.Kf2 Bc5 O que mais? Se, por exemplo, 23...Nc5, então 24.Bc2 seguido pela dobradura das Torres contra a fraqueza das pretas em d7. 24.Bxc5 Bxd5 Se 24...bxc5 então 25.Ne3 seguido de Nc4-d6 etc., com uma grande vantagem. Mas 157
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24...Rxc5 provavelmente permitisse uma resistência mais obstinada. 25.Bxd5 Nxc5 26.Rxe8+ Rxe8 27.b4! O ponto das trocas anteriores. As brancas, corretamente, consideraram que no final de Torres a seguir sua maioria de Peões na ala da Dama, apoiada pelo Rei e fortalecida pelo fato de que o Rei inimigo está completamente fora de jogo, se tornará decisiva. As pretas, obviamente, não podem evitar a troca de suas peças menores pois 27...Na4 28.Bb3 seguido de Rxd7 seria sem esperanças. 27...Ne6 28.Bxe6 dxe6 29.Rd7 Após 29.c4 Rc8 30.Rc1 Kf8 etc., a vantagem das brancas não seria decisiva. 29...Rc8 30.Rxa7 Rxc3 31.Ra8+ Kh7
32.a4? Esse erro bastante obvio em uma posição tecnicamente vencedora, não foi – pelo que eu saiba – relatado por nenhum dos eminentes críticos que devotaram muitas páginas para a análise das possibilidades oferecidas por esse final. A principal desvantagem do lance do texto é que deixa as casas a3 e b3 livres para a Torre das pretas, que dessa forma a partir de agora só poderá ser deslocada da terceira fileira ao custo de valioso tempo. Era , após correto – e bastante simples – o que a Torre das pretas poderia (1) ser arrastada a uma posição puramente passiva – como na atual partida – após 33.Kd2, etc.; 158
(2) ou forçada a lançar imediatamente o contra-ataque 32...Rc2+ com o resultado 33.Kd3 Rxg2 34.Kc4! – e não é necessário se contar os tempi para imaginar que os Peões passados, se necessário com o apoio do Rei, de longe serão mais rápidos. O fato de que eu tenha perdido essa vitória simples, merecida pelo difícil jogo posicional anterior, prova mais uma vez a má fase que eu estava em 1935. No segundo match, felizmente, tomei a vantagem em tais oportunidades de forma regular e sem hesitação (compare, por exemplo, a manobra análoga de Rei conectada com a oferta de toda a ala da Dama na 2ª Partida do match de 1937 – Partida 97). 32...Rb3 Seria sem esperanças 32...Rc2+ 33.Ke3 seguido pela marcha do Rei para a ala da Dama. Mas após 32...e5! (certamente um lance difícil de se encontrar na prática em uma partida) não há, de acordo com vários mestres soviéticos – apoiados pelo Dr. Lasker – nenhuma vitória forçada para as brancas. Mesmo se assim for (algumas das variantes de forma alguma são convincentes), isso somente provaria que o lance anterior das brancas foi uma omissão maior do que realmente parecia ser. Mas para a apreciação geral da característica do final de Torres a que se chegou após o 28º lance das pretas, todas essas análises não têm importância alguma. 33.b5 g5 34.Ke2 Devido à perda de tempo das pretas no seu 32º lance, essa viagem do Rei terá sucesso mesmo agora. 34...e5 35.Kd2 f6 36.Kc2 Rb4 37.Kc3 Rd4 As pretas conseguiram evitar a formação de dois Peões passados, mas para sua má sorte, um Peão apoiado pelo Rei, é amplamente suficiente! 38.Ra6 Kg6 39.Rxb6 Rxa4 40.Ra6 Rd4 41.b6, e as pretas abandonaram.
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
Partida 77 Ahues, C. - Alekhine, A. Torneio de Bad Nauheim, Maio de 1936 Gambito da Dama Aceito - D24
1.d4 d5 2.c4 dxc4 3.Nf3 a6 Esse lance, em conexão com o próximo, foi introduzido por mim na 3ª Partida do match com Bogoljubov em 1934. Mesmo que possa ser convincentemente provado (o que ainda não foi feito) que o desenvolvimento do Bispo em g4 não seja bom para as pretas, o lance do texto ainda será usado por aqueles que preferem evitar as variantes iniciadas com Qa4 pelas brancas. 4.a4 As brancas não tem razão para evitar ...b5, pois a variante 4.e3 b5 5.a4 Bb7 6.axb5 axb5 7.Rxa8 Bxa8 8.b3 é vantajosa para elas. Além disso, o lance do texto perde tempo, enfraquecendo também a casa b5 das pretas, e dessa forma deve ser definitivamente condenado. As duas lutas posicionais a seguir podem dar uma ideia a respeito das possibilidades das pretas após 4.e3 Bb4. A característica do conflito resultante depende de quanto as brancas deixam intacta a estrutura de Peões no centro (como em I), ou tentam resolver o problema central de uma forma dinâmica (como em II). I. Brancas: E. Zinner (Podebrad 1936): 4.e3 Bg4 5.Bxc4 e6 6.h3 Bh5 7.Qb3 (ou 7...Bxf3 8.gxf3 b5) 7...Ra7 8.a4 Nc6 9.Bd2 Nf6 10.Bc3 Nd5 11.Nbd2 Nxc3 12.bxc3 Na5 13.Qa2 Nxc4 14.Qxc4 Bd6 15.Rb1 0-0 16.0-0 Bg6 17.Rb2 c6 18.Qb3 b5 19.c4 Rb7 20.Ra1 Rb8 21.Raa2 Bc7 22.Qd1 Bd3! 23.cxb5 cxb5 24.Ne1 Bg6 25.Qe2 Qd6 26.Ndf3! b4 27.Nd3 Be4 28.Nc5 Bd5 29.Nb3 Rfc8 30.Ra1 a5 31.Rc1 Bb6 32.Rbc2 Rxc2 33.Qxc2 Qd7 34.e4 Bxb3 35.Qxb3 Rc8 36.Rc4 Rxc4
37.Qxc4 h6 38.d5 Qxa4 39.Qc8+ Kh7 40.Qb7 Bd8! 41.Qxf7 Qa1+ 42.Kh2 Qf6 43.Qd7 b3 44.h4 b2 45.Qb5 exd5, e as brancas abandonaram. II. Brancas: Axelsson (Orebro, 1935) (os cinco primeiros lances como na partida anterior): 6.0-0 Nf6 7.h3 Bh5 8.Nc3 Nc6 9.Be2 Bd6 10.b3 (melhor do que 10.a3 jogado em uma posição análoga por Bogoljubov na partida mencionada acima) 10...0-0 11.Bb2 Qe7 12.e4 Bxf3 13.Bxf3 Rad8 14.Ne2 Bc5 15.Qc2 Bb6 16.Rac1 e5 17.d5 Nb4 18.Ba3! a5 19.Qc4 Ne8 20.Rfd1 Qh4! 21.Bxb4 Qxf2+ 22.Kh2 axb4 23.Qxb4 Nd6 24.a4 Ra8 25.Rf1 Qh4 26.Qd2 g6! 27.g3 Qe7 28.Nc3 f5 29.exf5 gxf5 30.Rce1 Qg7 31.b4 e4 32.Bd1 Nc4 33.Qc1 Ne5 34.Be2 c6! 35.dxc6 bxc6 36.Rd1 Kh8 37.a5 Rg8 38.Qf4 Bc7 39.Qf2 Nd3!, e as brancas abandonaram.
4…Nf6 5.e3 Bg4 6.Bxc4 e6 7.Nc3 Nc6 Como pode se ver nas partidas acima, esse desenvolvimento do Cavalo pertence ao sistema inaugurado com ...Bg4. Nessa posição em particular, é mais apropriado do que nunca as pretas terem à sua disposição, se necessário, a casa b4. 8.Be2 Bb4 9.0-0 0-0 10.Nd2 As brancas estão muito ansiosas para simplificar e permitir, para sua desvantagem, o avanço do Peão e das pretas em seguida. O 159
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mais tranquilo 10.Bd2 provavelmente lhes traria mais chances de igualar. 10...Bxe2 11.Nxe2 e5! Como a abertura das colunas centrais através de dxe5 aqui ou nos próximos lances seria obviamente favorável ao lado mais desenvolvido, as brancas praticamente são obrigadas a permitir um avanço posterior desse Peão, após o que a atividade do seu Bispo será limitada ao mínimo. 12.Nf3 Re8 13.Bd2 Bd6 A troca da peça mais pobre do adversário seria, é claro, um grave erro estratégico. 14.Ng3 e4 15.Ne1
15...Bxg3! Após essa troca, a massa imobilizada de Peões na ala do Rei será incapaz de evitar a longo prazo a formação de ataque ...Ng4 e ...Qf5 (ou a5). A pequena contra demonstração que as brancas lançarão agora na coluna aberta c pode ser estancada sem esforço ou perda de tempo. 16.hxg3 Ne7 O controle total sobre a casa d5 é a chave da situação. 17.b4 Qd7 18.Nc2 Ned5 19.Na3 b5! Confinando a mobilidade do Cavalo hostil. 20.axb5 axb5 21.Qe2 c6 Esse Peão poderá eventualmente se tornar fraco – as pretas ainda não tinham preparado 160
um plano para um irresistível ataque de mate! 22.Nc2 Qf5 As brancas não podem sequer responder esse lance através de f3 – com seu Cavalo desprotegido – e elas não têm nada melhor do que preparar uma fuga desesperada do Rei. 23.Rfc1 h6 Uma precaução útil – especialmente porque as brancas têm muito poucas escolhas de lances. 24.Ra5 Rac8 25.Na1 O Cavalo sonha alcançar uma casa mais adequada (c5), mas é muito, muito tarde! 25…Ng4 Com a forte ameaça 26…Qh5. 26.Kf1
26…Re6! Um estratagema similar ao da partida em Dresden contra Bogoljubov (Partida 79): as pretas entregam uma unidade inútil para ganhar o Peão f e assim desnudar o Rei inimigo. 27.Rxb5 Rf6 28.Rbc5 Nxf2 29.Ke1 Ou 29.Kg1 Ng4 seguido por …Qh5 e mate. 29…Nd3+ 30.Kd1 Qf1+ 31.Be1 Rf2! Esperando 32.Qxf1, após o que eu teria a escolha agradável entre mate com o Cavalo em b2 e e3. As brancas abandonaram.
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
Partida 78 Alekhine, A. - Bogoljubov, E. Torneio de Bad Nauheim, Maio de 1936 Defesa Cambridge Springs - D52
1.d4 e6 2.c4 Nf6 3.Nf3 d5 4.Nc3 c6 5.Bg5 Nbd7 6.e3 Qa5 7.Nd2 A resposta mais lógica para o 6º lance das pretas, para reduzir suas possibilidades na diagonal a4-e8 ao mínimo. 7...Bb4 8.Qc2 dxc4 Obtendo o par de Bispos, que entretanto, dificilmente seja uma compensação suficiente pelo abandono do centro. O mais antigo 8...0-0 em conjunto com ...Ng4 é relativamente mais promissor. 9.Bxf6 Nxf6 10.Nxc4 Qc7 11.g3 0-0 Seria inútil 11...c5 devido a 12.Bg2, após o que 12...cxd4 seria respondido com 13.Qa4+. 12.Bg2 Bd7
Aqui também 12...c5 não levaria a nada após 13.0-0 cxd4 14.Nb5, etc. Mas, após o lance do texto, as brancas devem levar em conta o possível avanço do Peão c, o que explica seus próximos dois lances. 13.a3 Be7 14.b4 Nd5 15.0-0 Também entra em consideração 15.Ne4, mas estimei que a vantagem das brancas após
a troca dos Cavalos seria bastante convincente e não havia então qualquer necessidade de tentar complicar as coisas ao evitar isso. 15...Nxc3 16.Qxc3 Rfd8 17.Rac1 A utilização correta do par de Torres nas colunas semiabertas frequentemente apresenta problemas muito difíceis. Aqui, por exemplo, é bastante óbvio que uma Torre deve ser colocada na coluna c para fazer a realização de ...c5 até mais difícil, mas onde desenvolver a outra Torre – em b1 ou d1? Como o leitor verá, não escolhi aqui o método mais efetivo, permitindo assim ao meu adversário obter, por um momento, uma partida bastante equilibrada. O esquema correto era Rc1 e Rb1. 17...Be8 18.Rfd1 Rac8 19.Na5 Tentando provocar através da ameaça b5 o próximo lance das pretas. Mas muito mais importante ainda seria 19.Rb1! b6 20.Rdc1, evitando o libertador ...c5. 19...a6 20.Nc4 b6 21.Rb1 Muito tarde! 21...Bf6 As pretas ainda preparam ...f5, não imaginando que poderiam – e deveriam – jogar isso de imediato. As brancas não teriam vantagem nem em I. 21...c5 22.Nxb6?! cxb4! 23.Qxc7 Rxc7 24.axb4 Rb8 25.Na8 Rcb7 ou em II. 22.bxc5 bxc5 23.Rb7 cxd4 24.Rxd4 Rxd4 25.Rxc7 Rd1+ seguido de Rxc7, com vantagem. As brancas não teriam nada melhor além de 22.bxc5 bxc5 23.d5! exd5 24.Bxd5 Ba4 25.Rd3 Bf6 26.Qd2 Bb5 etc., com um empate em perspectiva, devido aos Bispos de cores opostas. Agora as brancas conseguem tomar toda a vantagem da sua oportunidade. 161
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22.Rdc1 Protege mais uma vez o Cavalo, para tornar possível, após 22...f5?, a manobra 23.bxc5 bxc5 24.Rb7, etc. 22...Qa7 23.Qc2! Evitando definitivamente ...f5 e ameaçando avançar o Peão a para conquistar a casa b6 para o Cavalo. 23...Rc7 24.a4 Be7 Ou 24...c5 25.a5!, etc. 25.a5 bxa5 26.bxa5 c5 Agora esse lance não tem mais efeito, pois as peças das brancas no meio tempo tomaram o controle dos pontos de comando. É instrutivo observar como é pouco o que o famoso “par de Bispos” tem a dizer aqui, principalmente devido ao manuseio anterior inexato das peças pesadas. 27.Nb6 Bb5 28.d5 exd5
29.Bxd5! Muito mais forte do que 29.Nxd5, pelo fato de que o Bispo será muito útil em c4 para bloquear o Peão passado. 29...Bf8 30.Rd1 Rd6 31.Bc4 Ao mesmo tempo, as brancas tomam o controle da coluna aberta, seu poderoso Cavalo evita a livre manobra da Dama e Torre das pretas. O segundo jogador paga merecidamente o castigo pela visão de curto prazo do seu 21º lance. 31...Rxd1+ 32.Rxd1 Qb8 33.Qd3 Qe8 34.Qd8 De agora em diante, simplicidade é trunfo! 34...Re7 35.Qxe8 Bxe8 Após 35...Rxe8 ocorreria uma vitória aguda e rápida: 36.Bxb5 axb5 37.a6 c4 38.a7 c3 39.Rd7! Bc5 40.a8Q Rxa8 41.Nxa8 seguido por 42.Rd8+ e 43.Rc8. 36.Rd8 Bc6
37.Bxa6 O primeiro ganho de material é absolutamente decisivo, pois as pretas não podem nem mesmo buscar compensação através de 37...Ra7 devido a 38.Nc8! etc. Apesar da inexatidão nos lances 17º e 19º, a partida é uma ilustração bastante boa da Defesa Cambridge Springs com o lance 7.Nd2 das brancas. 37...g6 38.Bc4 Rb7 39.Kf1 Kg7 40.Ke2 Be7 41.Rc8 Bg2 42.f3 h5 43.e4 Bh3 162
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
44.Re8 Bf8 45.a6 Rc7 46.e5! Prevenindo …Bd6 e ameaçando agora 47.Rb8 seguido por Rb7, etc. 46…Bd7 47.Nxd7 Rxd7 48.Rb8, e as pretas abandonaram.
10...c6 Se 10...d6, então 11.0-0-0 Be6 12.Qb5+ etc., com vantagem. 11.Qd6 Bf8 12.Qd4 Qb6 13.0-0-0!
Partida 79 Alekhine, A. - Bogoljubov, E. Torneio de Dresden, Maio de 1936 Abertura dos Três Cavalos - C46
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Nc3 g6 Jogando no seu melhor Bogoljubov dificilmente escolheria uma defesa obviamente tão inferior – uma vez que conhecia muito bem como jogar a Abetrura dos Quatro Cavalos com as pretas (veja, por exemplo, sua partida contra Maróczy, Londres 1922). 4.d4 exd4 5.Nd5 Bg7 6.Bg5 Nce7 Esse lance aparentemente não natural já é quase o único, pois após 5...f6 6.Bf4 d6 a diagonal a2-g8 se tornaria uma fraqueza fatal. 7.e5 As brancas têm a escolha entre esse lance somente na aparência agressivo – que de fato conduz a um final favorável – e o simples 7.Nxd4, com excelentes possibilidades no meio jogo após 7...f6 8.Nxe7 Nxe7 9.Qd2 seguido pelo 0-0-0, etc. Possivelmente esse caminho fosse o mais lógico. 7…h6! De outra forma 8.Nf6+ seria muito forte. 8.Bxe7 O sacrifício de um Peão através de 8.Bf6 Bxf6 9.Nxf6+ Nxf6 10.exf6 Ng8 seguido por ...Qxf6 não valeria a pena. 8...Nxe7 9.Qxd4 Nxd5 10.Qxd5 A vantagem em espaço das brancas começa a se tornar alarmante, então as pretas devem tentar a troca das Damas o mais rápido possível para evitar um incontestável ataque ao Rei.
Ao oferecer seu Peão f , as brancas ganham um importante tempo de desenvolvimento. As pretas corretamente recusam essa oferta, pois após 13...Bc5 14.Qc3 Bxf2 15.Nd4! sua posição rapidamente seria despedaçada. 13...Qxd4 14.Nxd4 Um momento interessante e difícil. As brancas decidem não evitar a abertura do centro seguido pela emancipação do Bispo, com direito a esperar vantagens apreciáveis pelas duas colunas centrais dominadas pelas suas Torres. A consequência da alternativa 14.Rxd4 Be7 15.Re4 b5 seguido por ...Bb7 e ...0-0-0 são, para dizer o mínimo, não evidentes, especialmente porque podem ser as pretas que tomem a iniciativa pela abertura da posição. 14...d5 Quase forçado, pois as brancas além de outras maldades, ameaçavam P-f4-f5. 15.exd6 Bxd6 16.Bc4 0-0 17.Rhe1 As peças brancas estão lindamente posicionadas enquanto o Bispo da Dama das pretas ainda procura por uma casa adequada. A próxima excursão é a melhor prova das dificuldades com que ele tem que lidar. 17...Bg4 18.f3 Bc8 19.g3 163
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Segurando a casa f4 e agora ameaçando 20.Nxc6. 19...Bc5 20.Nb3
O início de uma interessante manobra do Cavalo para fortalecer a pressão contra a casa g5. Também era bom 20.g4 seguido por h4(5), etc. 20...Bb6 21.Nd2 Se 21.Re7, então 21...Kg7 eventualmente seguido de ...Kf6. 21...Bh3 22.Ne4 Ba5 Para salvar o Peão b através de ...b5. 23.c3 Rad8 24.Nd6 Se 24.Rxd8 a resposta não poderia ser 24...Rxd8 25.Nf2! seguido de Re7 com vantagem, mas 24...Bxd8 25.Nd6 b5 26.Bb3 Bf6 etc., com igualdade. 24...b5 25.Bb3 Rd7 Protege por enquanto todos os pontos vulneráveis. Falando de forma geral, pode-se admitir que, após sua abertura extravagante, Bogoljubov defendeu sua posição com muito cuidado e ainda mantém chances de luta. 26.Ne8 Uma alternativa sólida seria 26.Ne4 Rxd1+ 27.Rxd1 Kg7, embora as pretas ainda tivessem uma defesa temporária através de ...Kg7, etc. A manobra do texto está ligada com um sacrifício temporário de um Peão leva, com a melhor defesa, finalmente à cap164
tura do Peão f das pretas. 26...Rxd1+ 27.Kxd1 Bg2 Essa contra estocada é a melhor chance das pretas. Após, por exemplo, 27...Bd8, as brancas aumentariam a pressão sem muito problema através de 28.Nd6 Bf6 29.Ke2, etc. 28.Nf6+ As brancas imaginam que o Rei das pretas finalmente não estará melhor em h8 do que em g8, e dessa forma aproveitam a oportunidade para ganhar tempo no relógio. Se as pretas, em seu 28º lance, tivessem jogado ...Kg8, eu pretendia continuar como na partida 29...Kh8 30.Kc2 Bxf3 31.Nd7, levando a variantes examinadas em seguida. 28...Kg7 29.Ne8+ Kh8 30.Kc2! Bxf3 31.Nd6 Bd5?
Após a até agora obstinada defesa das pretas, essa avaliação equivocada da posição parece inacreditável, pois após as trocas em seguida as brancas obtém: (1) A eliminação do par de Bispos das pretas; (2) A maioria de Peões na ala da Dama; (3) A casa central d4 para o seu Cavalo; (4) Jogo contra o Peão d isolado; (5) A possibilidade de penetração da Torre via d7 ou d8. Cada uma dessas considerações tomadas em separado deveria dissuadir Bogoljubov de escolher o lance do texto, e de fato ele poderia colocar ao seu adversário tarefas nem um pouco fáceis ao jogar 31...Kg7. Minha intenção era continuar com
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
32.Re7 e, se 32...Bb6 (o melhor), então 33.Bxf7 Bc5 34.Bb3+ Kh8 35.Nf7+ Kg7 (mas não 35...Kh7 36.Ng5+, seguido pelo mate) 36.Rb7! Be4+ 37.Kd1 Kf6 38.Nxh6 Rd8+ 39.Ke2 e as pretas não encontrariam compensação suficiente pelo Peão a menos. Ainda, agora ocorreria um tipo de luta que meramente lembraria uma executada com precisão por um açougueiro! 32.Bxd5 cxd5 33.Nxb5 Bb6 34.Kd3 Kg7 35.b4 Agora o jogo das brancas segue por si mesmo. 35...Rd8 36.a4 a6 37.Nd4 Rd6 38.Re8 h5 Se ao invés disso ...Rf6, as brancas jogariam primeiro a5. 39.Ra8 Rf6 Uma armadilha desesperada. É desnecessário dizer que qualquer outra coisa é igualmente sem esperanças.
40.Rxa6! As brancas entram na armadilha e provam que essa é a forma mais rápida de vencer! 40...Bxd4 41.Rxf6 Bxf6 42.a5 O Bispo a mais é incapaz de parar os dois Peões passados. Se, por exemplo, 42...Bd8, então simplesmente 43.Kd4, seguido de Kxd5, Kc6, etc. 42...Be5 43.b5! h4 Ou 43...Bc7 44.b6 Bd8 45.Kd4, etc.
44.a6 Resolvendo o assunto, pois 44...hxg3 seria respondido por 45.hxg3 e se 45...Bxg3 então 46.a7. As pretas abandonaram. Partida 80 Alekhine, A. - Eliskases, E. Torneio de Podebrad, Junho de 1936 Abertura Ruy Lopez - C90
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Nf6 5.0-0 Be7 6.Re1 b5 7.Bb3 d6 8.c3 Na5 9.Bc2 c5 10.d3
É mais usual 10.d4, que permite às brancas - se quiserem – bloquear a posição no centro através de d5 para iniciar um ataque não muito promissor na ala do Rei. O lance do texto tem por objetivo primeiramente finalizar o desenvolvimento na ala da Dama e somente após isso jogar d4 – quando, ou se, parecer oportuno. 10...Nc6 11.Nbd2 0-0 12.Nf1 Re8 Um plano bastante aceitável – se foi concebido somente com propósitos defensivos. Outro caminho plausível de finalizar o desenvolvimento sem muitos inconvenientes era 12...Be6 13.Ng3 h6 seguido por ...Qc7 e ...Rad8. 13.Ne3 d5? 165
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Um erro típico: as pretas têm pressa em “castigar” as brancas por terem atrasado d4, e iniciam por si mesmas uma operação central – mas, como será mostrado prontamente, em um momento muito infeliz. Era lógico 13...Bf8, especialmente porque 14.Nd5 não seria então temível: 14...Nxd5 15.exd5 Ne7 16.d4 exd4 17.cxd4 c4! etc. Nesse caso, as chances seriam aproximadamente as mesmas. 14.exd5 Nxd5 15.Nxd5 Qxd5 16.d4! A refutação: as brancas abrem a posição no centro no momento em que o adversário ainda não finalizou seu desenvolvimento e dessa forma conseguem tomar completa vantagem dos vários pontos insuficientemente protegidos (Cavalo em c6 o primeiro) no território das pretas. 16...exd4 17.Be4 Qd7 Ou 17...Qd6 18.Bf4. 18.cxd4 Bf6 De outra forma, o avanço posterior do Peão no centro se provaria arrasador – por exemplo, 18...Bb7 19.d5 Nd8 20.Ng5 Qd6 21.Bf4 etc., com todos os trunfos posicionais na mão.
19.Bg5! A ideia principal desse lance é mostrada através dessa pequena variante: 19...Bxd4 20.Bf5! Rxe1+ 21.Qxe1 Qd6 22.Qe8+ Qf8 23.Bxh7 ganhando a Dama; e uma vez que 19...Bxg5 20.Nxg5 g6 21.dxc5 leva a 166
um final desesperadoramente perdido, as pretas, nolens volens, devem tentar o sacrifício de qualidade em seguida. 19...Rxe4! 20.Rxe4 Bxd4 21.Nxd4 Nxd4 Se as pretas tivessem encontrado tempo para finalizar o desenvolvimento na ala da Dama, a ligeira vantagem material das brancas seria muito difícil de ser explorada. As brancas então precisariam atuar com energia extrema. 22.Qh5! O ponto desse lance de ataque bastante difícil pode ser visto na continuação: 22...Bb7 23.Rh4! Qf5 23...h6 24.Bxh6 Nf5 25.Bxg7! e as pretas levam mate em dois se 25...Kxg7. 22...Bb7 Também 22...Qc6 23.Rae1 Be6 24.Rh4 Bf5 25.Be7! não se provaria suficiente. 23.Rh4 Qf5 Uma vez que 23…h6 perde de imediato (cf. comentário acima), as pretas não têm escolha. 24.Be3! Outro ponto surpreendente da manobra de ataque: as brancas forçam a troca das Damas e ao mesmo tempo desalojam o Cavalo da sua forte posição central. Após os lances “normais”, 24...Qxh5 25.Rxh5 Nc2 26.Rd1 Nxe3 27.fxe3 c4 28.Rc5 seguido por 29.Rd7 o final seria vencido com muita facilidade. Dessa forma, o erro em seguida das pretas somente abrevia a agonia. 24...Rd8? 25.Rxd4, e as pretas abandonaram. Partida 81 Alekhine, A. - Frydman, P. Torneio de Podebrad, Junho de 1936 Defesa Siciliana - B63
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
1.e4 c5 2.Nf3 Nc6 3.d4 cxd4 4.Nxd4 Nf6 5.Nc3 d6 6.Bg5 A ideia desse lance é eliminar a possibilidade de ...g6 e ...Bg7 ( a Variante Dragão) e praticamente força as pretas a adotar a assim chamada Variante Scheveningen, cuja uma das características é a exposição - embora perfeitamente defensível - do Peão d na coluna aberta. As brancas se enganariam entretanto se pensassem que a partir de agora elas possam contar com uma séria vantagem na abertura. De minha parte, apesar de 100% de sucesso com o lance do texto, estou muito longe dessa ilusão. 6...e6 7.Nb3 Essa retirada inofensiva, típica de muitas variantes da Siciliana, contém – como, dentre outras, a presente partida mostra, mais veneno do que se possa supor. Para 7.Bb5, veja minha partida contra Foltys em Margate (Partida 92). 7...Be7 8.Qd2 Essa tentativa de reforçar a pressão contra d6 pode ser respondida através de 8...h6! e – somente após 9.Bh4 – ...0-0 , com a ameaça 10...Nxe4, igualando facilmente. As brancas poderiam então jogar 9.Be3 (ao invés de 9.Bh4), mas de qualquer forma, as pretas não precisam se preocupar no momento com o seu Peão d. 8...0-0? De forma bastante estranha, essa resposta plausível já é um erro decisivo, e de agora em diante as pretas somente terão a escolha dentre diferentes males. 9.0-0-0 Ameaçando 10.Bxf6 Bxf6 (10...gxf6 permitiria um ataque vencedor ao Rei, começando com 11.Qh6) 11.Qxd6, etc. Dessa forma, as pretas não têm tempo nem para o preventivo ...a6 ou o simplificador ...h6. 9...Na5
Esperando, após 10.Bxf6 Nxb3+ 11.axb3 Bxf6 12.Qxd6, obter um contra-ataque através de 12...Qa5 etc. Mas o forte próximo lance das brancas estanca esse plano.
10.Kb1! Nxb3 11.axb3 O ponto do 10º lance é que as pretas não podem mais jogar 11...Qa5 devido a 12.Nd5 e, da mesma forma11...Qb6 levaria a um rápido colapso após 12.Bxf6 Bxf6 13.Qxd6 Qxf2 14.e5 Bg5 15.h4! Bf4 16.Bb5! ameaçando 17.Qxf8+ com mate em dois. Seu lance em seguida é o único caminho que, se não salva o dia, pelo menos prolonga a luta. 11...Ne8 12.Bxe7 Qxe7 13.Nb5 Bd7 Esperando, não sem razão, que os Peões dobrados das brancas causem-lhes algum problema técnico na busca do procedimento de vitória. 14.Nxd6 Nxd6 15.Qxd6 Qxd6 16.Rxd6 Bc6 17.f3 Rfd8 18.Rxd8+ Rxd8 19.Bd3 O final de jogo a seguir é altamente instrutivo. Em primeiro lugar, as brancas pretendem tomar a vantagem completa dos trunfos que já possuem: a coluna aberta a e especialmente o domínio do ponto a5. 19...e5 Ganhando algum espaço no centro e pretendendo eventualmente usar a Torre na 3ª fileira. 20.Kc1 Kf8 21.Kd2 Ke7 22.Ra1 a6 23.Ke3 Rd6 24.Ra5! 167
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No momento certo, pois a obrigação de defender o Peão e evitará que as pretas lancem a diversão planejada com a Torre. 24…f6 25.b4 Kd7 26.g3! É claro, 26.b5 axb5 27.Bxb5 seria prematuro devido a 27...Rd1, etc. O avanço central, iniciado pelo lance do texto, forçará a Torre das pretas a deixar a coluna aberta. 26...g5 27.f4 gxf4+ 28.gxf4 Re6 Após 28...exf4+ 29.Kxf4 seguido por Rh5 etc., o trabalho das brancas seria mais fácil. 29.f5! Re7 Se 29...Kd6, então R-a1-g1 etc., e a Torre branca teria um jogo fácil na ala do Rei. Agora, por outro lado, o Peão dobrado pode finalmente ser dissolvido. 30.b5! axb5 31.Bxb5 Rg7 32.Bxc6+ Kxc6 33.Ra8 Rg2 Essa contra tentativa é a única chance das pretas, pois 33...Rf7 34.Re8 seguido de Re6+ seria fatal. 34.Rf8 Rxh2 35.Rxf6+ Kc5 Com a ameaça 36...Rh3+ seguido por ...Kd4
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36.b4+! A primeira ligação na combinação final: as brancas conquistam a casa d6 para a sua Torre. 36...Kc4! Se 36...Kxb4, então 37.Re6 etc., vencendo com facilidade. 37.Rd6 Ameaçando 38.Rd5, o qual, entretanto, as pretas tentam evitar de uma maneira engenhosa. 36...Rh3+ 38.Ke2 Rh4 39.Kf3 h5! Ainda fazendo esforços – o que é de fato o coroamento com um tipo de sucesso “moral” em complicar as coisas. Ao realizar esse lance, as pretas sugerem que as brancas não podem vencer através do natural 40.Rd5 – e o adversário acredita nelas! 40.Re6 Isso dificilmente possa ser chamado de um erro, uma vez que ganha forçado e está acoplado a outro belo ponto. Mas com 40.Rd5! as brancas provam ao seu adversário que a armadilha... não é uma armadilha em absoluto! A continuação seria: 40...Rf4+ 41.Ke3 Rxf5 42.exf5 Kxd5 43.c4+ Kd6 44.b5 b6 (ou 44...h4 45.Kf3, etc.) 45.f6 Ke6 46.c5, vencendo. A ideia por trás desse final de Peões é que enquanto os Peões passados das pretas estão separados por duas colunas e então podem ser parados pelo Rei inimigo, as
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
brancas são capazes de obter Peões passados à distância de três colunas um do outro. Esse exemplo merece ser observado. 40...Rf4+ Se 40...Kd4, então 41.c3+ (uma segunda oferta de desvio) seguido por 42.Rxe5, etc. 41.Ke3 h4 42.Rxe5 h3! Muito elegante – mas a vantagem material das brancas assegura-lhes uma defesa segura contra truques táticos desse tipo. 43.Rd5 Rh4 44.Rd4+! Kc3 45.Rd1 h2 46.Rh1 Rh3+ 47.Kf4 Rh4+ 48.Ke5 Kd2 49.f6 Ke3 50.Kd6! Rxe4 51.Rxh2 Rd4+ 52.Ke5, e as pretas abandonaram.
Um bom lance, que força as brancas a esclarecerem a situação central antes de rocar. 11.cxd5 cxd4 Embora não diretamente ruim, esse lance intermediário certamente não pode ser recomendado, pois permite às brancas complicarem as coisas sem dar muitas chances. Seria incisivo e bom o bastante para igualar 11...Nbxd5, ameaçando 12...Nb4 ou eventualmente ...cxd4.
Partida 82 Alekhine, A. - Foltys, J. Torneio de Podebrad, Junho de 1936 Defesa Ortodoxa - D61
1.d4 e6 2.c4 d5 3.Nc3 Nf6 4.Bg5 Be7 5.e3 Nbd7 6.Nf3 0-0 7.Qc2 Esse lance elegante – que por razões desconhecidas foi desprezado por cerca de um quarto de século – permite às pretas iniciarem um contra-ataque no centro através de ...c5; mas como essa ação não pode ser apoiada pelas Torres, a abertura resultante das colunas retorna a favor das brancas. Assim sendo, na minha opinião, pode-se considerar ao invés de 7...c5 o seguinte sistema: 7...c6 8.a3 (prevenindo ...Nb4) 8...h6 9.Bh4 Ne8 10.Bxe7 (ou 10.Bg3 Nd6) 10...Qxe7, seguido por ...Nd6 etc. 7...c5 8.Rd1 Como a resposta das pretas se provou suficiente para igualar, melhor teria sido como joguei em duas partidas em Buenos Aires8.cxd5 Nxd5 9.Bxe7 Qxe7 10.Nxd5 exd5 11.dxc5, seguido por Be2 e 0-0, com uma ligeira vantagem segura para o final. 8...Qa5 9.Bd3 h6 10.Bh4 Nb6
12.d6! Isso pode não trazer muito, mas mesmo assim é um alívio para as brancas saírem da rotina, o caminho “teórico”, e forçar o adversário a encontrar a melhor resposta por si mesmo. 12...Bxd6 Melhor do que 12...dxc3 13.dxe7 cxb2+ 14.Rd2 Re8 15.Bxf6 gxf6 16.Qxb2 etc., com vantagem. 13.Bxf6 gxf6? Mas esse enfraquecimento da ala do Rei certamente era desnecessário. Após 13...dxc3 14.Bxc3 Bb4! 15.Bxb4 Qxb4+ 16.Qd2 etc., a vantagem posicional das brancas seria insignificante. 14.Nxd4 Bb4 A posição do Bispo em d6 não era segura, e além disso, a troca em seguida dará às pretas algum tipo de compensação pela desorganizada ala do Rei. 169
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15.0-0 Bxc3 16.bxc3 Bd7 17.c4! Esse Peão é quase uma fraqueza quando estava em c3 – mas agora, pelo menos, torna a importante casa d5 inacessível para o Cavalo das Pretas. 17...Ba4 18.Nb3 Qb4
para responder a 23.Nxe6 – mas com 23...Qxe6 e 23Rb4 através de 23...Nb6 etc., ainda prolongaria a batalha. A combinação das brancas a seguir é, no entanto, o caminho mais convincente de forçar uma vantagem decisiva.
19.Qe2! Um lance tanto de ataque como de defesa. Se agora 19...Bxb3, então primeiro 20.Rb1. 19...Rfc8 20.Rb1 Nxc4 Isso parece muito perigoso, e de fato se provará fatal. Mas, como o Rei das pretas foi abandonado ao seu destino por todas as suas tropas, isso é, na verdade, já muito tarde para evitar um ataque direto através de táticas passivas. Se, por exemplo, 20...Bxb3, então 21.Rxb3 Qe7 (ou 21...Qf8 22.Qf3 etc.) 22.Qg4+ Kf8 23.Qh4 Kg7 24.f4 com um ataque fácil. 21.Nd4 Qc5 Quando tomaram o Peão no lance anterior, as pretas provavelmente calcularam que teriam uma defesa salvadora se as brancas fizessem o lance natural 22.Rxb7. Realmente, a posição do segundo jogador ficaria bastante precária mesmo assim, principalmente em vista da ameaça das brancas 23.Nxe6, que venceria prontamente, por exemplo, após 22...Rc7, ou 22...Nd6, ou 22...Be8. Também 22...Ne5 perderia rapidamente após 23.Qh5 Qf8 24.f4 Nxd3 25.Nxe6 etc.
22.Nxe6! Conduz finalmente “somente” ao ganho do Peão – mas pelo enfraquecimento da posição do Rei das pretas, permite às brancas forçarem trocas vantajosas, o que se provará amplamente suficiente. 22...fxe6 23.Qg4+ Kh8 Após 23...Kf8, a morte seria mais rápida: 24.Rxb7 Qg5 25.Qxe6 Ne5 26.f4!, etc. 24.Rxb7 Ameaçando mate em g7 e h7. 24...Rc7 25.Rxc7 Qxc7 26.Bxc4 e5 27.Qh4 Qg7 28.Bd5 Como o Rei das pretas está agora convenientemente protegido, as brancas de forma correta decidem simplificar as coisas. 28...Rd8 29.Qxa4 Rxd5 30.Qc6! Era importante evitar que as pretas dobrassem as peças na coluna central. 30...Qf7 31.h3 Para fazer também a Torre ativa. 31...Kg7 32.Rb1 Rd7 33.a4! Esse Peão agora ameaça chegar tão longe como a6, após o que Rb7 será decisivo. As pretas então são praticamente forçadas a ofe-
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recer a troca das Damas. 33...Rc7 34.Qb5 Qd7 35.Qxd7+ Rxd7 36.Rb5!
O final da partida em seguida será fácil de vencer, e principalmente devido à posição dominante da Torre. 36...Kg6 37.g4 h5 38.Kg2 hxg4 39.hxg4 Rd6 40.Ra5 a6 41.Kg3 Rc6 42.f4! exf4+ 43.exf4 Rb6 44.Rc5! A Torre se provará até mais efetiva na 7ª fileira do que na 5ª. Se agora 44...Rb4 então simplesmente 45.Rc6 Rxa4 46.g5, vencendo. 44...Kg7 45.Rc7+ Kh6 46.Ra7 Rb3+ 47.Kh4 Rb4 Ou 47...Rb6 48.a5 Rc6 49.Rf7! Kg6 50.Rb7 seguido por 51.Rb6, vencendo. 48.Rxa6, e as pretas abandonaram, pois se 48...Rxf4 então 49.Rxf6+! etc.
tentar se aproveitar de situações incomuns. Ao invés do desenvolvimento em fianqueto escolhido pela Campeã Mundial Feminina, um bom método teria sido, por exemplo, 3.Bf4 Bb7 4.e3 a6 5.a4 b4 6.c4, e, se as pretas tomam en passant ou não, sua posição permanece ligeiramente inferior. 3.g3 Bb7 4.Bg2 e6 5.0-0 Be7 6.Nbd2 Devido ao seu plano de mobilização sem objetivo, as brancas não obtiveram a vantagem na abertura. O lance do texto, que prepara para a troca do Peão b exposto das pretas não é pior do que 6.a4 (...a6 etc.) e certamente é melhor do que 6.e3 (...b4! etc.). 6…Qc8! Protegendo o Bispo para responder a 7.Re1 com 7...Ne4! e após 7.c4 a Dama obviamente encontrará um grande campo de ação na ala da Dama. 7.c4 bxc4 8.Nxc4 0-0 9.b3 Como com frequência ocorre na Defesa Índia da Dama, as brancas não conseguem encontrar uma casa adequada para o seu Bispo da Dama. É relativamente melhor do que o lance do texto, que enfraquece a ala da Dama, 9.Ne5, para esclarecer o o quanto antes a situação na diagonal h1-a8.
Partida 83 Menchik, V. - Alekhine, A. Torneio de Podebrad, Junho de 1936 Defesa Índia da Dama - A46
1.d4 Nf6 2.Nf3 b5 Em estágios assim iniciais é um princípio saudável não dar ao adversário um objetivo, como esse: o empreendimento pode ter sucesso, como aqui, mas somente se o adversário continuar a desenvolver suas peças sem
9...a5! Não somente evitando de uma vez por todas Na5 (que no lance anterior seria respondido com ...Bd5), mas também ameaçan171
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do eventualmente ...a4. 10.a3? Um erro estratégico decisivo em uma posição já delicada. As brancas poderiam aproveitar o fato de que a ameaça mencionada não era de caráter imediato, e propor a troca dos Bispos com 10.Ba3. Após 10...Bxa3 11.Nxa3 Nc6, seguido eventualmente por ...Nb4, a posição das pretas, embora superior, não seria assim tão fácil de melhorar como após o lance do texto, que cria uma fraqueza incurável em b3. 10...Bd5 11.Qc2 Qb7 12.Bb2 As brancas só têm a escolha entre alguns males; por exemplo, após 12.Bd2 Nc6 as pretas já ameaçariam 13...Nxd4. 12...Nc6 13.Ne1 Rab8 14.Bxd5 A única forma de salvar o Peão temporariamente. 14...exd5! Muito mais forte do que 14...Nxd5 – o ponto do próximo lance das pretas. 15.Nd2
método, incomum à primeira vista, foi de fato bastante simples. 16.Nef3 f5 17.Rfb1 Qb5! Se agora 18.e3 (que era relativamente o melhor), então 18...Qe2 19.Re1 Qb5 20.Nxe4 dxe4 21.Nd2 d5 22.Rec1 Rb6 e as brancas seriam finalmente executadas no franco Rei. Mas Miss Menchik prefere sucumbir em luta aberta. 18.Nxe4 fxe4 19.Ne5 Nxe5 O mais simples. O lance 19...Qxb3 provavelmente também venceria, mas após 20.Qc1 seria possível mais resistência do que no final forçado pela manobra do texto. 20.dxe5 Qc5 Rude, mas extremamente sólido. 21.Qxc5 Bxc5 22.e3 Rxb3 23.Bd4 Bxd4 24.exd4 Rff3! Ganhando forçado um segundo Peão. 25.Rxb3 Rxb3 26.Rc1 c6 27.e6 dxe6 28.Rxc6 Kf7 29.Rc7+ Kf6 30.g4 h6 31.h4 Rxa3, e as brancas abandonaram. Partida 84 Alekhine, A. - Euwe, M. Torneio de Nottingham, Agosto de 1936 Defesa Francesa - C02
15...Ne4! Assim as pretas se tornaram mestres do setor central. O Peão b não é perdido imediatamente, mas não pode escapar do seu destino. Essa batalha puramente posicional é, na minha opinião, notável principalmente devido ao método adotado pelas pretas para explorar sua vantagem na abertura. Esse 172
1.e4 e6 2.d4 d5 3.e5 Adotei esse lance favorito de Nimzowitsch pela primeira vez na minha carreira somente porque pensei que o Dr. Euwe, após seu fracasso nas partidas do match de 1935 (continuando com 3.Nc3 Bb4), tinha entretanto feito um cuidadoso estudo particular dessa linha de jogo. Embora o resultado do jogo de abertura da presente partida me fosse bastante favorável, dificilmente repetiria uma experiência permitindo às pretas assumirem logo no início um tipo de iniciativa e obterem (é verdade, ao custo da sua configuração de Peões ) um desenvolvimento livre das suas peças.
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3...c5 4.Nf3 Nos últimos anos da sua atividade, Nimzowitsch preferiu o lance peculiar 4.Qg4, mostrando assim o claro projeto de explorar a vantagem de espaço obtida na ala do Rei. A ideia tem, entretanto, algumas inconveniências, como por exemplo, a seguinte partida curta na qual tive que lutar contra essa ideia no Torneio de Montevidéu (brancas: J.Canepa), mostrada de forma característica: 4… Nc6 5.Nf3 Nge7 (se esse lance não foi jogado antes, seria somente uma prova posterior da visão curta da Senhora Teoria: o desenvolvimento problemático desse Cavalo, sendo até aqui o mais elaborado, precisa ser resolvido na próxima oportunidade) 6.c3 Nf5 7.Bd3 cxd4 8.0-0 Bd7 9.Re1 dxc3 10.Nxc3 g6 11.Bg5 Be7 12.Qf4 Ncd4! 13.Bf6 Nxf3+ 14.gxf3 Rg8 15.Kh1 Bc6 16.Bxf5 gxf5 17.Bxe7 Qxe7 18.Ne2 d4! 19.Nxd4 Qb4! 20.Rg1 Rxg1+ 21.Rxg1 0-0-0 22.Rd1 Qxb2 23.Rd2 Rxd4! 24.Rxd4 Qxf2, e as brancas abandonaram. 4…Nc6 5.Bd3 O Peão central é sacrificado somente temporariamente, mas sua recuperação custará algum tempo precioso para as brancas. Todo o plano, dessa forma, dificilmente levará a mais do que uma posição equilibrada. 5...cxd4 6.0-0 f6 Se 6...Qb6 as brancas transformariam a partida em um gambito regular através de 7.c3 dxc3 8.Nxc3, com algumas chances de sucesso. 7.Bb5 Não há nada melhor do que restabelecer o equilíbrio material. Se, por exemplo, 7.Bf4, então 7...g5, seguido de ...g4. 7...Bd7 8.Bxc6 bxc6 9.Qxd4 fxe5 10.Qxe5 De forma alguma é fácil decidir qual é o melhor lance: esse ou 10.Nxe5. Minha escolha foi determinada pela consideração de que
se tomasse com o Cavalo em muitas variantes seria praticamente obrigado a trocar o Bispo “mau” das pretas em d7; enquanto aqui já esperava ser capaz de caçar seu colega das casas pretas com sucesso. 10...Nf6 11.Bf4 Prevenindo ...Qb8 e preparando a proteção do Peão f através de Bg3. 11...Bc5 12.Nc3 0-0 13.Bg3
A ligeira vantagem das brancas (o controle da casa e5) é extremamente difícil de ser explorada – especialmente porque as pretas ainda possuem o par de Bispos e duas colunas abertas para as suas Torres. Na seção seguinte da partida, entretanto, nenhum dos jogadores tomará a máxima vantagem das suas oportunidades. 13...Qe7 Aqui, por exemplo, 13...Qe8, para ser capaz de responder 14.Na4 com 14...Be7 decididamente era mais promissor. 14.a3? As brancas deveriam persistir no ataque ao Bispo através de 14.Na4, por exemplo, 14...Bb6 (14...Bb4 15.a3 Ba5 16.b4 Bd8 17.Nc5 etc., decididamente seria muito artificial) 15.Nxb6 axb6 16.Qc7!, com vantagem. O lance do texto permite às pretas “salvarem” seu Bispo. 14...a5 15.Rfe1 Não ocupei essa coluna aberta com a outra 173
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Torre devido à possível resposta 15...Bb8, a qual, entretanto, não seria perigosa: 15.Rae1 Bc8 16.Rd1!,seguido de Rfe1 etc., com vantagem. 15...Ra7? Seria relativamente melhor 15...Bb6, para responder 16.Na4 com ...Bd8. 16.Na4 Rb7 Seria um erro 16...Ne4 devido a 17.Nxc5 Nxc5 (17...Qxc5 18.Rxe4) 18.Qd6! vencendo. 17.Qc3 Mesmo essa manobra bastante arriscada e complicada finalmente resulta na vantagem das brancas. Mas ainda mais convincente era o simples 17.Nxc5 Qxc5 18.Re2 seguido pela exploração das casas pretas. 17...Ba7 18.Qxa5 Devido ao contra-ataque das pretas contra f2 esse ganho de material tem característica de ser somente temporário. 18...Ne4 19.Qa6! Mas pelo seu lance intermediário as brancas teriam mesmo o pior, pois as pretas ameaçavam eventualmente ...Ra8, etc. 19...Be8 20.b4 Preparando o contra sacrifício em seguida, que põe um fim nas ameaças intermediárias das pretas.
20...g5? Esse lance tem sido geralmente acusado, e 174
com razão, pois as pretas em breve se arrependerão do comprometimento da posição do seu Rei. Mas muitos dos críticos estão enganados em acreditar que ao invés disso 20...e5 seria não somente satisfatório mas até vantajoso para as pretas. Nesse caso, eu pretendia sacrificar a qualidade, obtendo assim perspectivas de vitória – por exemplo, 21.Rxe4! dxe4 22.Qc4+ Bf7 23.Qxe4 Bd5 24.Qxe5 Bxf3 25.Qxe7 Rxe7 26.gxf3 Rxf3 27.Nb2 Rf8 28.c4 Bd4 29.Rd1 etc., com vantagem. Assim sendo, a s pretas teriam uma contra chance relativamente melhor através de 20...Bh5 21.Nc5! (mas não 21.Qxc6 Be8 22.Qa6 Bb5 23.Qa5 Qe8 etc., com vantagem das pretas) 21...Bxc5 22.bxc5 Bxf3 23.gxf3 Rxf3 24.Qxc6 Nxc5 etc., ainda com possibilidades de luta. Deve-se admitir, entretanto, que mesmo após o lance inferior do texto o segundo jogador manterá por bastante tempo algumas chances práticas de salvação, as quais tentará explorar com a energia do desespero. 21.Nc5! De acordo com o programa e muito eficiente, pois agora o Bispo mais forte das pretas desaparecerá. 21...Bxc5 Não 21...Nxc5 22.bxc5 Bxc5 devido a 23.Rxe6! etc. 22.bxc5 Nxc5 23.Qe2 Ne4 24.Qe3 A superioridade das brancas agora se torna evidente. Seus Peões estão muito mais seguramente postados; elas ainda têm o controle de e5, típico nessa variante; e, por último, mas não menos importante, têm o Peão a bastante ameaçador. 24...Bg6 Mesmo contra o algo melhor 24...c5 as brancas manteriam sua vantagem simplesmente avançando seu Peão passado. Mas a troca de duas peças menores, possível após o lance do texto, facilita consideravelmente a sua tarefa.
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25.Ne5! c5 26.Nxg6 hxg6 27.f3 Nxg3 28.hxg3 Kf7 29.a4! Para explorar as fraquezas das pretas no centro e na ala do Rei, as brancas em primeiro lugar fazem uma demonstração na outra ala, forçando o adversário a deixar vulneráveis alguns pontos descobertos. 29…Ra8 30.Kf2 Com a ameaça repentina de um ataque de mate começando com Rh1. 30…Rb2 31.Re2 c4 Sob as circunstâncias o melhor, embora não suficiente o bastante. De fato, nenhum ser humano poderia esperar proteger ao mesmo tempo: (1) a coluna a; (2) a coluna e; (3) o Peão c; (4) o Peão e; (5) o Peão g; e (6) a casa e5. Realmente é um pouco demais! 32.Rh1 Kg8
33.Qe5! A partir de agora ambos os jogadores produzem – de forma diferente da primeira fase da partida – xadrez realmente de primeira classe. É particularmente interessante o método adotado pelo Dr. Euwe para evitar um rápido colapso e as chances que consegue encontrar, apesar da perda inevitável de dois Peões. 33...Qa7+ 34.Kf1 Rb1+ 35.Re1 Rxe1+ 36.Kxe1 Qg7! É claro, o único lance, após o qual as brancas, se quiserem jogar para ganhar, devem
atuar com cuidado excepcional. 37.Qxe6+ Kf8 38.Qxd5! Ao invés de 38.Qd6+ Qe7+ etc., que leva somente ao empate. Mas agora o Rei das pretas parece estar em perigo maior do que o das pretas. 38...Qc3+ A alternativa era 38...Re8+ 39.Kd2! (não 39.Kf2 Qa7+ 40.Kf1 Kg7! ameaçando ...Qe3) 39...Qf6 40.Rh7 após o que 40...Rd8 perderia direto devido a 41.Rh8+, etc. 39.Kf2! Re8 Seria sem esperanças 39...Qxc2+ 40.Kg1 Qb1+ 41.Kh2 Qb8 42.Qxc4, etc. 40.g4! Xeque em d6 e então em d7 seriam inúteis. A Dama está melhor colocada no centro. 40...Qe3+ 41.Kg3 Qf4+ 42.Kh3 Re7 Se 42...Kg7, então 43.Qd7+.
43.Qc5! O lance certo. Após 43.g3 Qe3! A vitória seria duvidosa. 43…Qf6 44.g3 Não 44.Re1 Qh8+ 45.Kg3 Qh4 mate! 44…Qh8+ Se 44…Qxf3 45.Re1 é vencedor. 45.Kg2 Qc3 46.Rh7 Qxc2+ 47.Kh3 Qe2 48.Rxe7 Qxe7 49.Qxc4 No difícil final de Damas em seguida, as chances de empate das Pretas baseiam-se 175
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principalmente no fato de que o Rei das brancas não pode ser colocado em segurança. Se, entretanto, o Peão das brancas em g4 estivesse em f2, o jogo das pretas estaria maduro para o abandono. Mas não somente isso: por mera chance, as pretas podem até, em certas circunstâncias (por exemplo, se o Peão passado das brancas chegar tão longe como a7) especular um mate afogado movendo seu Rei para h6. Não admira que essa partida tenha ainda mais trinta lances, e se não fosse por uma inexatidão das pretas em seu 61º lance, teria ainda muitos mais! 49...Qe1 50.Qc5+ Kf7 51.Kg2 Qa1 52.Qc2 Kf6 53.Qb3 Ke5? Aqui estávamos ambos no apuro de tempo, o que explica o lance do texto e a sua resposta inadequada. O Rei poderia, é claro, voltar para g7. 54.Kf2? O último lance antes do controle de tempo, ao invés de 54.Qb8+ Kd5 (ou 54...Ke6 55.Qe8+) 55.Qg8+, ganhando ambos Peões g pelo Peão a – finalizando a partida rapidamente. 54...Kf6 55.Qb6+ Kg7 56.Qb4 A partida aqui foi adiada pela segunda vez, e as brancas começaram uma tarefa séria de final. Seu plano foi: (1) jogar o mais rápido possível a5; (2) após isso eliminar de uma vez por todas quaisquer combinações de mate afogado jogando f4.
56...Qh1 57.Qe1 Qh2+ 58.Ke3 Kh7 59.a5 Qa2 60.Qd2 Qa1 61.Ke2 Kh6 A melhor chance de uma resistência prolongada consistia em 61...Qh8. Após o lance do texto, as brancas conseguem c4 em circunstâncias mais favoráveis, ficando sem dificuldades para a viagem final do Rei, que fará o seu Peão passado irresistível. 62.f4! gxf4 63.gxf4 Qa4 64.Kf2! Para jogar g5 no momento em que as pretas não possam responder com ...Kh5. 64...Kh7 65.g5 Qa3 66.Qd7+ Kh8 67.Qc8+ Kh7 68.Qc7+ Assim a Dama protege tanto o Peão a como o f e o Rei está pronto para a caminhada final. 68...Kh8 69.Ke2 Qa2+ 70.Ke3 Qb3+ 71.Kd4 Qb4+ 72.Kd5 Qb5+ 73.Kd4 O terceiro adiamento. As brancas também poderiam ter jogado 73.Ke6, e após 73...Qf5+ 74.Ke7 Qf8+! 75.Kd7. Mas não precisaram disso.
73...Qa6 74.Qb6 Qc8 75.Qd6! O esquema mais simples. 75…Qc2 76.a6 Qd2+ 77.Ke5 Qc3+ 78.Ke6 Qc8+ 79.Ke7 Kh7 80.Qd7! Qc3 81.Ke6+, e as pretas abandonaram. 176
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
Partida 85 Winter, W. - Alekhine, A. Torneio de Nottingham, Agosto de 1936 Defesa Francesa - C01
1.d4 e6 2.e4 d5 3.exd5 Esse lance geralmente é adotado para mostrar que as brancas estão jogando somente para um empate. Mas de fato, as pretas ao menos não terão poucas oportunidades para complicações se quiserem fazer isso, do que em muitas das outras variantes da Francesa. 3...exd5 4.Bd3 Nc6 5.Ne2 Bd6 6.c3 Dando às pretas a chance benvinda de tomar a iniciativa. Contudo a alternativa 6.Nbc3 Nb4 levaria ou à troca do Bispo do Rei das brancas, ou à sua remoção para casas periféricas após 7.Bg5 f3. 6…Qh4! Era importante evitar 7.Bf4. 7.Nd2 Bg4! Uma oferta correta de um Peão. Após 8.Qb3 0-0-0 9.Qxd5 Nf6, seguido de …Rhe8, as pretas teriam uma vantagem esmagadora no desenvolvimento. 8.Qc2 0-0-0 9.Nf1 Se 9.Bf5+ então simplesmente 9...Kb8. 9...g6 Preparando para a troca do Bispo “bom” das brancas (d3) após o que as casas brancas na sua posição se tornariam um pouco fracas. 10.Be3 Nge7 11.0-0-0 Bf5 12.Nfg3 Bxd3 13.Qxd3 h6 Para tornar segura a posição da sua Dama, que poderia se tornar desconfortável após o lance Qd2.
14.f4? Esse lance, enfraquecendo sem compensação casas importantes na coluna e, pode ser considerado o erro estratégico decisivo. Era relativamente melhor 14.Ng1, seguido por Nf1, com uma posição bastante restrita, mas ainda defensável. 14...Qg4 As pretas têm como objetivo – e com sucesso – manter a casa f5 sob controle. Como isso será importante ficará evidente na segunda metade da partida. 15.h3 Qd7 16.Rhf1 h5! Se agora 17.f5, então 17...h4 18.f6 Ng8 19.Nh1 Re8 e o Peão f das brancas cairá. 17.Ng1 h4 18.N3e2 Nf5 19.Nf3 f6 Todas as peças menores das brancas daqui em diante sofrerão uma obvia falta de espaço, e então serão incapazes de evitar um aumento de pressão na coluna e. 20.Nh2 Rde8 21.Bd2 Re6 22.Ng4 Rhe8 23.Rde1 R8e7 24.Kd1 Qe8 25.Qf3 Para mover o Cavalo de e2, que no momento é impossível devido a 25...Rxe1 seguido de ...Bxf4. 25...Na5! Através dessa manobra as pretas rapidamente obtém superioridade material decisiva. As brancas agora não podem jogar 26.Qxd5 devido a 25...Rxe2 27.Rxe2 Rxe2 28.Qxa5 Ng3 29.Rf3 Qe4! vencendo. 26.b3 177
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26...Nc4! Um final enérgico. Se 27.bxc4, então 27...Qa4+ 28.Kc1 Ba3+ 29.Kb1 Rb6+ 30.Ka1 Qc2 e mate em dois. 27.Bc1 Nce3+ 28.Bxe3 Nxe3+ 29.Nxe3 Rxe3 30.Qf2 Qb5! Ameaçando 31...Qd3+ 32.Kc1 Ba3 mate. As brancas então são forçadas a entregar um Peão. 31.Nc1 Rxc3 32.Rxe7 Bxe7 33.Qe1 Kd7 Se Qxc3 nesse ou no próximo lance, as pretas respondem com ...Qxf1+ seguido por ...Qxf4 ou ...Qxg2 vencendo. 34.f5 Re3! 35.Qf2 g5 36.Re1 Re4 37.Rxe4 Essa troca, que dá às pretas um forte Peão passado, abrevia as coisas. Mas as brancas não tinham salvação em nenhum caso. 37…dxe4 38.Kd2 Bd6 Ameaçando 39...e3+! 39.Kc2 Bf4, e as brancas abandonaram. Partida 86 Alekhine, A. - Alexander, C. Torneio de Nottingham, Agosto de 1936 Defesa Índia da Dama - E16 - Prêmio de Beleza
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nf3 Bb4+ 4.Nbd2 O lance usual é 4.Bd2 para, após a toca 178
dos Bispos, desenvolver o Cavalo na casa mais natural c3. Ao evitar a troca as brancas tentam complicar as coisas, sem na realidade terem muitas chances. 4...b6 5.g3 Bb7 6.Bg2 0-0 7.0-0 Bxd2? Ao invés dessa troca, que concede a vantagem do par de Bispos às brancas sem necessidade, as pretas deveriam jogar tanto 7...d5 (Rubinstein-Alekhine, Semmering 1926) ou até 7...Be7, seguido por ...d6, ...Nd7, etc. Em ambos os casos teriam melhores perspectivas de igualdade do que na partida atual. 8.Qxd2 A recaptura correta, pois o Bispo da Dama é desejado na grande diagonal. 8...d6 9.b3 Nbd7 10.Bb2 Rb8 As pretas decididamente mostram sua mão muito cedo. O objetivo obvio do lance do texto é jogar ...Ne4, seguido por ...f5, motivo pelo qual o Bispo precisa ser protegido, para evitar a possível resposta Ng5. Mas a mesma ideia poderia ser combinada com uma mobilização de forças através de 10...Qe7; 11...Rad8 e eventualmente ...Ba8.
11.Rad1! Um método interessante e efetivo de enfrentar o plano das pretas. O Bispo da Dama das brancas vai desempenhar no desenvolvimento em seguida um papel muito importante e praticamente decisivo.
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11...Ne4 Se 11...Qe7, então 12.Qe3 (...Ne4 13.d5). 12.Qe3 f5 13.d5! Esse Peão somente na aparência é fraco, pois as brancas podem facilmente protege-lo através de contra-ataques. 13...exd5 Se ao invés disso 13...e5 as pretas perderiam um Peão através de 14.Nh4. 14.cxd5 Ndf6 15.Nh4 Qd7 Se 15...Nxd5 então 16.Rxd5! Bxd5 17.Qd4 ganharia uma peça. 16.Bh3 Novamente evitando ...Nxd5, desta vez devido a 17.Qxd4. 16...g6 17.f3 Nc5 18.Qg5 Ameaçando não somente 19.Bxf6 como também 19.B(ou N)xf5; e se 18...Nxd5, então 19.Nxg6 vencendo. Assim sendo, a resposta das pretas é forçada. 18...Qg7 19.b4 Ncd7 Seria igualmente sem esperanças 19...Na4 20.Ba1, etc. 20.e4! O lance inicial da combinação final com sacrifício. 20…Nxe4 As pretas claramente baseiam suas últimas esperanças nesse golpe engenhoso. Se agora 21.Bxg7, então 21...Nxg5 22.Bxf8 Nxh3+ 23.Kg2 Kxf8 24.Kxh3 Nf6 seguido de ...Nxd5 com boas chances de luta. 21.Qc1! Muito mais efetivo do que 21.fxe4 Qxb2 22.exf5 Qf6 etc., rendendo às brancas somente uma possível vitória após um final trabalhoso. 21…Nef6
22.Bxf5! A surpreendente continuação de 20.e4. Após 22...gxf5 23.Nxf5 as pretas perderiam a Dama ou levariam mate - 23...Qh8 24.Nh6+ Kg7 25.Qg5 mate. 22…Kh8 23.Be6 Finalmente o Peão d está definitivamente salvo. 23…Ba6 24.Rfe1 Ne5 25.f4! A maneira mais simples de forçar o abandono. 25...Nd3 26.Rxd3 Bxd3 27.g4 Não há remédio contra f5. As pretas abandonaram. Partida 87 Alekhine, A. - Bogoljubov, E. Torneio de Nottingham, Agosto de 1936 Defesa Eslava - D16
1.Nf3 d5 2.d4 Nf6 3.c4 c6 4.Nc3 dxc4 5.a4 e6? Essa foi a terceira vez em um ano que tive o prazer de encontrar o indiferente lance do texto – e levando vantagem dele. É muito melhor, é claro, 5...Bf5. 6.e4 Bb4 Relativamente melhor, embora não suficiente para igualar é 6...c5. 7.e5 Também é bastante promissor 7.Qc2 b5 179
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8.Be2 e 9.0-0 com compensação posicional mais do que suficiente pelo Peão. 7...Ne4 Para 7...Nd5, veja a Partida 26. 8.Qc2 Qd5 9.Be2 c5 A partida com Helling, Dresden 1936, continuou da seguinte maneira: 9...0-0 10.0-0 Nxc3 11.bxc3 Be7 12.Nd2 c5 13.Bxc4 Qd8 14.Qe4 cxd4 15.cxd4 Bd7 16.Bd3 g6 17.Ba3 Bc6 18.Qg4 Re8 19.Nc4 h5 20.Qf4 Bg5 21.Qg3 Bh4 22.Qe3 Qd5 23.f3 Bd8 24.Nd6 Re7 25.Bc5! – e as pretas, cuja Dama foi aprisionada de uma forma bastante espetacular, abandonou alguns lances depois. 10.0-0 Nxc3 11.bxc3 cxd4 12.Nxd4 A 19ª Partida do meu match de 1935 com o Dr. Euwe seguiu assim: 12.cxd4 c3 13.Bd2 Qa5 14.Bxc3! Bxc3 15.Ra3 Nc6 (se 15...Bd7 então 16.Rxc3 Bxa4 17.Bb5+!! vencendo) 16.Rxc3 Bd7 17.Rb1 0-0 18.Rc5 Qd8 19.Rxb7 Bc8 20.Rb1 Nxd4 21.Nxd4 Qxd4 22.Bf3 e com a vantagem da qualidade as brancas tiveram uma vitória tecnicamente fácil. Ao recapturar aqui com o Cavalo, quis me satisfazer se essa linha é mais forte do que a que adotei anteriormente. Como essa partida prova, as brancas também recuperam o Peão sacrificado, enquanto mantém excelentes chances de ataque. A questão sobre qual desses lances dá a maior vantagem é, dessa forma, bastante acadêmica.
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12...Bc5 13.Nf3! Nd7 14.Rd1 Qc6 15.Bxc4 0-0 O Rei deve voar, pois após 15...Bxf7+ 16.Qxf7 e 17.Ba3 as pretas sucumbiriam rapidamente. 16.Ng5 Forçando o enfraquecimento da posição das pretas na ala do Rei. 16...g6 17.Bb5 Qc7 18.Ne4 Be7 É claro, não 18...Nxe5, devido a 19.Nxc5 seguido de Ba3, etc. 19.f4 Essa não é a continuação mais forte de ataque. A ideia correta da exploração da posição restringida das pretas consiste em forçar a troca do seu Bispo do Rei através de 19.Bh6 Rd8 20.f4 seguido por Bg5 etc., após o que as fraquezas das casas pretas rapidamente se tornariam fatais para o segundo jogador. O lance do texto foi baseado em uma avaliação ligeiramente superestimada das possibilidades de ataque na posição que realmente ocorreu após o 21º lance das pretas. 19...Nc5 20.Nf6+ Sob as circunstâncias mais promissor do que 20.Nd6, que aliás era bastante jogável. 20...Bxf6 21.exf6 Bd7 22.Be3? Fiz esse lance instantaneamente, tendo calculado toda a variante no 19º lance. Ao invés disso, 22.Ba3! Rfd8 23.Rd4 etc., manteria a vantagem de espaço sem qualquer oferta. 22...Bxb5 23.axb5 Nd7! 24.g3 Relativamente o melhor, pois 24.Bd4 Qxf4 25.Rf1 Qg4 daria às pretas, adicionalmente ao seu ganho material, perspectivas de ataque (...e5). 24...Nxf6 25.Bd4
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
ignoram inteiramente. 35...fxg5 Sua única chance de salvação era 35...f5 quando as brancas ainda teriam excelentes perspectivas de vitória ao continuar com h4h5, etc.
Percebendo que 25.Rxa7 – planejado já há alguns lances, pudesse ser respondido não por 25...Rxa7 26.b6 etc., com vantagem das brancas, mas por 25...Nd5! 26.Rxa8 Nxe3 27.Rxf8+ Kxf8 28.Qd3 Nxd1 29.Qxd1 Qc5+ etc., com um final de Damas melhor para as pretas. Após o lance do texto as brancas obtém compensação suficiente pelo Peão, devido ao seu poderoso Bispo – mas isso é quase tudo. Através dos lances em seguida as pretas poderiam forçar simplificações, que muito provavelmente conduziriam ao empate. 25...Nd7 26.Qf2 b6 27.Re1 Evitando 27...f6 seguido por ...e5. 27...Qc4 28.Rab1 Rac8 29.Qe3 Rfe8 30.Qf3 f6 As pretas começam a brincar com fogo. Aqui, ou até no próximo lance, poderiam oferecer a troca das Damas através de ...Qd5, pois ainda seriam capazes de proteger seu Peão a atrasado. A variante 30...Qd5 31.Qxd5 exd5 32.Rxe8+ Rxe8 33.Ra1 Ra8 resultaria, como mencionado, em um empate pacífico. Após o lance do texto e o próximo as brancas conseguem desenvolver um ataque formidável na ala do Rei. 31.Rb4 Qc7? 32.Rb2! Agora o Peão e das pretas se torna fraco. 32...Re7 33.Rbe2 Kf7 34.g4 Rce8 35.g5! Com uma intenção oculta que as pretas
36.f5!! Um lance de problema, que força a vitória em todas as variantes. Além da continuação do texto, as seguintes possibilidades entram em consideração: I. 36...exf5 37.Qd5+ Kf8 38.Bg7+!, vencendo. II. 36...gxf5 37.Qh5+ Kf8 38.Qh6+ Kg8 39.Qxg5+, vencendo. III. 36...e5 37.Qd5+ Kf8 38.Qc6! Qxc6 39.bxc6 exd4 40.Rxe7 Rxe7 41.Rxe7 Kxe7 42.c7, vencendo. 36...Qf4 Nem melhor, nem pior do que as variantes já dadas. 37.fxe6+ Rxe6 38.Qd5 Outra linha vitoriosa era 38.Qh3 Qh4 39.Rf1+ Kg8 40.Rxe6!, vencendo. 38...Nf6 As brancas também ameaçam 39.Rf1, etc. 39.Bxf6 Qg4+ 40.Rg2 Qf5 41.Be5 Mas não 41.Qc4? Qc5+ e as pretas venceriam! 41...Kg8 42.Rf2 Qg4+ 43.Kh1 h5 44.Rg1 Qh4 45.Rf6 Kh7 46.Rxe6 Rxe6 47.Qd7+, e as pretas abandonaram. 181
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Partida 88 Tartakower, S. - Alekhine, A. Torneio de Nottingham, Agosto de 1936 Defesa Catalã - D02 - Premio de Qualidade
1.d4 Nf6 2.g3 c5 Pretendendo, se 3.d5 , jogar um fianqueto do Rei. Mas uma resposta mais sólida para o incomum segundo lance das brancas é 2...d4. 3.Nf3 d5 4.Bg2 Entregando às pretas a predominância no centro. Uma linha mais segura era 4.c3, entrando na Variante Schlechter da Defesa Eslava com um tempo a mais. 4...cxd4 5.0-0 Bg4 E não 5...Nc6 6.Nxd4 e5 7.Nxc6 bxc6 8.c4 etc., com chances de luta superiores para as brancas. 6.Nxd4? Isso está perfeitamente de acordo com os desejos das pretas. Ao invés disso, 6.Ne5! manteria o equilíbrio da posição, pois após 6...Bh5 7.Qxd4 o ganho de um Peão através de 7...Bxe2 se provaria decididamente arriscado após 8.Re1 Bh5 (ou a6) 9.Qf4 etc., com vantagem. 6...e5 7.Nf3 Nc6 8.h3 Bf5 Era até mais exato 8...Bd7 (mas não 8...Be6 9.Ng5) após o que 9.c4 simplesmente seria respondido por 9...dxc4, com vantagem. Mas o lance do texto, afinal, também é bastante bom. 9.c4! d4 10.Qb3 Qc7?
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Mas após isso, as brancas adquirem a oportunidade de igualar as chances. O mais natural 10...Qd7 (mas não 10...Qc8 11.Nxe5 seguido de 12.Bxb7) também seria o melhor; se 11.e3, então 11...Be7 12.exd4 exd4 seguido por ...0-0 etc., com clara vantagem. 11.e3 Be7 As pretas agora precisam colocar seu Rei em segurança o mais rápido possível. 12.exd4 exd4 13.Bf4 Esse ganho de tempo muito importante é consequência direta da imprecisão do 10º lance das pretas. 13...Qc8 14.Rd1 0-0 Felizmente para as pretas, elas não precisam se preocupar com o seu Peão central, então vão buscar compensação na captura do Peão h das brancas. Se agora 15.g4, então 15...Be4! 16.Nfd2 Bg6 etc., com uma posição de meio jogo complicada, mas não desvantajosa. 15.Nxd4 Bxh3 16.Nxc6 bxc6 17.Bxh3? Aqui e mais tarde, as brancas fazem alguns lances indiferentes, o que rapidamente causa estragos na sua posição defensável no momento. Obviamente era desaconselhável trazer a Dama das pretas para uma forte posição de ataque através dessa troca. Elas precisavam primeiro e acima de tudo terminar seu desenvolvimento com 17.Nc3. 17...Qxh3 18.Qf3 Ng4 19.Nc3 De novo subestimando as chances de ataque das pretas. Era melhor 19.Nd2 e se 19...f5 então 20.Nf1.
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19...f5! Com a poderosa ameaça 20...Bc5, no momento prematura devido a 20.Ne4. Daqui para frente a condução das pretas do ataque ao Rei é irrepreensível e explica a distinção dada à presente partida. 20.Qg2 Qh5 21.Re1 Igualmente insatisfatório seria 21.Bd6 Bxd6 22.Rxd6 f4 etc., com vantagem para as pretas. 21...Bc5 22.Nd1 g5 23.Be5 A variante 23.Be3 Bxe3 24.Nxe3 Ne5 seguido de …c5 daria às pretas um ataque igualmente fácil. 23...Rad8 Após isso não há defesa contra ...Rxd1 etc. 24.Bc3 Rxd1! Não somente ganhando um Peão, mas demolindo completamente o que restava da fortaleza das brancas. 25.Raxd1 Bxf2+ 26.Kf1 Bxe1 Tentador, mas menos convincente seria 26...Be3 devido à resposta 27.Ke2!. 27.Rxe1 f4 28.gxf4 O recurso desesperado 28.Re7 se mostraria insuficiente por conta de 28...Ne3+ 29.Kg1 Qd1+ 30.Kh2 fxg3+, etc. 28...Rxf4+ 29.Kg1
29...Nh2! O golpe mortal. Se 30.Qxh2, então 30...Rg4+ 31.Kh1 Rh4, etc. As brancas escolhem outro método de entregar a sua Dama, mas em breve serão persuadidas de que uma resistência posterior é bastante sem esperanças. 30.Re3 Rf1+ 31.Qxf1 Nxf1 32.Kxf1 Qf7+ 33.Kg2 Qxc4 34.Re7 Qd5+ 35.Kh3 h5, e as brancas abandonaram. Partida 89 Alekhine, A. - Vidmar, M. Torneio de Hastings, Dezembro de 1936 Defesa Ortodoxa - D65
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nc3 d5 4.Bg5 Nbd7 5.e3 Be7 6.Nf3 0-0 7.Rc1 c6 8.Qc2 Hoje em dia esse lance de Rubinstein é considerado bastante inofensivo devido a resposta 8...Ne4!; mas como o Dr. Vidmar tivera uma experiência desagradável com esse lance (em uma posição bastante análoga) na nossa partida em Bled (veja a Partida 44), resolveu adotar o velho e mais complicado método defensivo. 8…a6 9.cxd5 Raramente jogado nesse momento particular, mas muito de acordo com as tendências modernas: contra a resposta mais natural 183
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9...exd5, as brancas planejam um ataque de minoria na ala da Dama. 9…Nxd5 E após isso a posição terá as características da assim chamada Defesa Capablanca, mas com a importante diferença favorável às brancas, que as pretas têm dificuldades em segurar seu jogo com ...e5.
10.Bxe7 Qxe7 11.Bc4 É claro, não 11.Bd3 devido a 11...Nb4, mas 11.a3 também entra em consideração. 11...Nxc3 12.Qxc3 c5 Como 12...Re8 (com o objetivo de ...e5) seria eficientemente respondido através de 13.Rd1!, as pretas decidem iniciar operações na ala da Dama. Após o lance do texto ameaçam, é claro, 13...b5 etc., com jogo bastante satisfatório. 13.dxc5 Um lance difícil em sua simplicidade: as brancas temporariamente sacrificam espaço para recuperá-lo com algumas vantagens adicionais. Não tão convincente seria 13.Be2 cxd4 14.Nxd4 Nf6 ou 14.Qxd4 e5 etc., com mais chances para as pretas igualarem do que na partida. 13...Qxc5 Como as pretas pretendem evitar a troca das Damas, seria mais lógico 13...Nxc5 14.Be2 Ne4 15.Qd4 Nf6 16.0-0 etc., com somente uma leve superioridade das brancas. 184
14.Bb3! b6 Certamente o final de partida após 14...Qxc3 Rxc3 ofereceria pequenas chances de salvação devido à possível entrada da Torre das brancas na 7ª fileira e a posição do Seu Rei no meio. Mas agora, a Dama das pretas será perseguida até que as brancas obtenham vantagem material. 15.Qd2 Qh5 Seria até menos satisfatório 17...Qe7 18.Rc7 etc.
16.Bd1! Essa retirada aparentemente modesta praticamente decide a partida. As brancas não só ameaçam 17.Rxc8 seguido por 18.Qxd7 – o que seria errado nesse momento devido a 17...Rfd8 18.Qe7 Rc1+ 19.Ke2 Qb5+ com mate no próximo lance – como também eventualmente desalojar a Dama das pretas através de 18.Nd4 e após isso ocupar a grande diagonal através de Bf3. Assim sendo, as pretas são forçadas a perder tempo com o tour do Cavalo em seguida, o que como consequência direta – levará à perda de um Peão. 16...Nc5 17.b4! Mas não 17.Nd4, devido a 17...Qg6 ameaçando 18...Nd3+. 17...Ne4 18.Qd4 Bb7 O Dr. Vidmar tenta, como faz habitualmente em posições comprometidas, compli-
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car as coisas. Se as brancas tomassem o Peão de imediato, as pretas poderiam obter algum tipo de contra-ataque após (19.Qxb6) Bd5 20.a3 Nf6! (21.0-0 Nd7!) etc. Mas a experiência de vinte e cinco anos com o Grande Mestre iugoslavo (veja, por exemplo, minha partida com ele em Carlsbad 1911 em Minhas Melhores Partidas, 1908–1923) me ensinou a ser muito cuidadoso após superá-lo estrategicamente. De fato, meu próximo lance simples o deixará sem esperança de “ciscadas” posteriores. 19.0-0 b5 Ao invés disso, 19...Bd5 seria sem esperanças: 20.Nd2 Qg6 21.Bc2 f5 22.Nxe4 fxe4 23.f3! etc. 20.Ne5 Qh6 21.Nc6 Forçando a troca em seguida, após o que o Bispo se provará muito mais poderoso do que o Cavalo em ambos: o meio jogo e o final. 21...Bxc6 22.Rxc6 Nf6 23.Bf3 Esse é o tipo de posição que eu tinha como objetivo quando joguei 16.Bd1!. Torna-se bastante obvio que a Dama das pretas descentralizada não é capaz de cooperar na proteção da ala da Dama ameaçada. 23...Rad8 24.Rd6 As brancas estão na agradável posição de serem capazes de usar os métodos mais simples – uma recompensa pela adoção do plano estratégico correto. 24...Rxd6 25.Qxd6 Qh4 26.a3 O Peão das pretas agora está prestes a cair, e, para evitar danos posteriores, elas têm que permitir a troca das Damas. O final de partida a seguir, duro e teoricamente vencedor para as brancas, resulta ainda altamente instrutivo, especialmente porque o Dr. Vidmar defende com extremo cuidado e desenvoltura. 26...Qc4 27.Qxa6 Nd5 28.a4! Nc7
Após 28...Qxb4 29.Bxd5 exd5 30.Qxb5 etc. as brancas venceriam rapidamente. 29.Qc6 Qxc6 30.Bxc6 bxa4 31.Ra1 Rb8 32.Rxa4 Kf8 33.g4 O plano vencedor em seguida é fácil de explicar, mas tecnicamente bastante difícil de executar. As brancas aproveitam o fato de que as peças pretas estejam ocupadas na ala da Dama com o Peão passado para criar – com o avanço gradual ou eventual troca de Peões – pontos permanentemente vulneráveis no centro e na ala do Rei no lado das Pretas; e somente após esse trabalho preliminar pode-se chegar ao início do assalto final. 33...Ke7 34.b5! Obviamente a última oportunidade de assegurar uma posição estável para esse Peão. 34...e5 As pretas encaram dois males: entregar o controle de d4, como na partida, ou permitir o isolamento do seu Peão e. 35.f4 f6 36.fxe5 fxe5 37.Ra2 Frustrando 37...Kd6 devido a 38.Rd2+ etc. 37...Rb6 38.Rb2 h6 39.Kf2 Ke6 40.Kf3 Nd5 41.h4 A troca de peças menores, aqui ou nos lances 42 e 43, naturalmente teriam incremento considerável nas chances de empate das pretas. 41...Ne7 42.Be4 Nd5 43.Rb3 Kd6 185
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44.g5! Evita …Nf6 e diminui a mobilidade do Peão g das pretas. A crise do final da partida se aproxima. 44…hxg5 45.hxg5 Ke6 46.Bd3 A Torre gradualmente recuperará sua liberdade de movimento. 46…Kd6 47.Ra3 Ne7 48.Ra7 Rb8 49.Ke4 Ameaçando 50.Kf5 e isso praticamente força o lance enfraquecedor do Peão em seguida. 49…g6 50.Ra3! Chegou a hora de desalojar o Rei de d6. 50...Rb6 51.Bc4 Rb8 52.Rd3+ Kc5
53.Rd7! Após aproximadamente vinte lances preparatórios, a Torre entra dentro da formação inimiga com efeitos decisivos. A luta desespe186
rada das pretas em seguida é boa e inútil, pois não serão capazes por muito tempo de oferecer a troca das peças menores sem perder ambos Peões remanescentes. 53...Nc8 54.Bf7 Nd6+ 55.Kxe5 Rb6 56.e4 É claro, não 56.Bxg6 Nc4+ 57.Kf5 Nxe3+, etc. 56...Nxb5 Esse Peão agora não tem importância, pois a luta é decidida na outra ala. O restante é agonia. 57.Rd5+! Kb4 58.Rd8 Na7 59.Rd6 Nc6+ 60.Kd5 Ne7+ 61.Ke6 Nc6 62.Kf6 Kc5 63.Rd5+ Kb4 64.e5! Kc4 65.Rd1+ Kc5 66.Rc1+ Kd4 67.e6 Ke3 68.Bxg6 Nd4 69.Bf7 Ne2 70.Re1 Kf2 71.Rxe2+, e as pretas abandonaram. Partida 90 Alekhine, A. - Fine, R. Torneio de Hastings, Janeiro de 1937 Abertura Ruy Lopez - C90
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Nf6 5.0-0 Be7 6.Re1 b5 7.Bb3 d6 8.c3 Na5 9.Bc2 c5 10.d4 Qc7 11.Nbd2 0-0 Até agora tudo é convencional, mas aqui o lance geralmente adotado é 11...Nc6, tentando forçar as brancas a uma decisão central. A continuação mais promissora para as brancas seria então 12.a4 Rb8 13.axb5 axb5 14.dxc5 dxc5 15.Nf1 seguido por Ng3 etc. 12.Nf1 Bg4 A continuação dessa partida provará de forma convincente que a troca prematura desse Bispo dá às brancas oportunidades promissoras de ataque na ala do Rei – mas um plano completamente satisfatório não é fácil de encontrar. O método relativamente mais lógico parece 12...Bd7 seguido por ...Rfc8 e ...Bf8.
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
13.Ne3! A resposta mais convincente, que só não obriga as brancas a sacrificarem alguma coisa nos próximos lances se elas não quiserem. 13...Bxf3 14.Qxf3! Após o simples 14.gxf3 as brancas teriam o par de Bispos e algumas chances de ataque na base da coluna aberta g; mas o lance do texto, com o qual preservam sua estrutura de Peões intacta, é mais forte e preciso. 14...cxd4 15.Nf5? Mas essa oferta arriscada, explicada principalmente por eu estar meio ponto atrás de Fine e tendo que vencer a todo custo para ser o primeiro – não pode objetivamente ser recomendada, embora as brancas tomem a iniciativa por um longo tempo. O lance certo era 15.cxd4!, pois após 15...exd4 16.Nf5 Qxc2 17.Nxe7+ Kh8 18.Nf5! (ameaçando 19.Nxg7 Kxg7 20.Bh6+, etc.) as pretas teriam obtido uma vantagem decisiva. Também 15...Nc6 (a resposta que eu realmente esperava para 15.cxd4) 16.d5! Nd4 17.Qd1 Nxc2 18.Nxc2 (ameaçando 19.Nb4, etc.) 18...a5 19.Bd2 seguido por Rc1 etc., seria favorável às brancas. Os próximos lances defensivos de Fine não são somente bons, mas únicos. 15...dxc3 16.Qxc3! Rfc8! Protegendo o Cavalo em a5 através de um ataque contra o Bispo do Rei das brancas.
17.Qg3 Bf8 18.Bd3 Se ao invés disso 18.Bg5, então simplesmente 18...Qxc2 19.Bxf6 g6, etc. 18...Nc6 19.Bg5 Ne8 20.Rac1? Como uma eventual troca das Torres seria inteiramente vantajosa para as pretas, aqui não há a necessidade das brancas jogarem sua Torre para a coluna aberta. Era indicado diretamente 20.Rad1, (veja o 24º lance) seguido por a3 e Bb1-a2, etc. O tempo extra provavelmente teria sido de grande importância. A partir de agora, pelo contrário, as pretas têm um jogo defensivo relativamente mais fácil. 20...Qb7 21.a3 A manobra tentada aqui induz as pretas a iniciarem uma contra demonstração na ala da Dama e, para fazer isso, precisam primeiro forçar a troca do Cavalo das brancas. 21...g6 22.Nh6+ Bxh6 23.Bxh6 As casas pretas das pretas estão agora um pouco enfraquecidas – mas seu Cavalo em e8 é um defensor robusto. 23...Nd4 24.Rcd1 b4
25.f4! A abertura dessa coluna oferece boas perspectivas de igualdade – mas com respostas certas mais difíceis. 25...exf4 A defesa de e5 através de 25...f6 seria respondido de forma vantajosa por 26.f5! etc. 26.Qxf4 bxa3 27.bxa3 Rc3! 187
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Uma combinação engenhosa de empate: se a saber 28.e5, então 28...Rxd3! 29.Rxd3 Ne2+ 30.Rxe2 Qb1+ 31.Kf2 Qxd3 32.e6! Qf5 33.Qxf5 gxf5 34.e7 f6 35.Ke3! e a presença do Rei das brancas na ala da Dama eliminaria o perigo da sua derrota. Mas como um empate significava muito mais do que uma derrota para mim, nem levei a sério essa continuação. 28.Qf2 Ne6? Daqui para frente a resistência de Fine começa gradualmente a enfraquecer. A partida não se desenvolveu muito de acordo com suas expectativas (isto é – a chance frustrada de simplificação por meio de 28...Rxd3, etc.). Após o natural 28...Nc6 29.Bc1! Ne5 30.Bf1 (Ng4 31.Qd4), as pretas teriam ligeiras chances de vitória, embora os Bispos das brancas quase compensariam o não muito importante Peão a mais. 29.a4 Esse aparentemente insignificante Peão daqui em diante apoiará as ameaças das brancas de uma forma muito eficiente. 29...Rac8 Novamente fora de lugar, pois se tornará evidente de imediato que seu Peão a precisa de mais proteção. A outra Torre deveria ter voltado a f8. 30.Rf1 Ameaçando 31.Bxa6, etc. 30...R3c7 31.Rb1 Qc6 32.a5! Incrível mas verdadeiro – as brancas subitamente obtiveram uma forte pressão na ala da Dama. Um resultado bastante confuso das manobras das pretas naquele setor do tabuleiro. 32...Nc5? A evolução desse Cavalo foi decididamente azarada, e após esse seu último lance não terá salvação. Comparativamente melhor seria 32...Ra8, após o que as brancas aumentariam sua vantagem posicional com 33.Rbc1segui188
do por 34.Bc4, etc. 33.Bc4 Se agora 33...Nxe4, então 34.Bxf7+ Kh8 35.Qd4+ vencendo. Assim sendo, a resposta das pretas é forçada. 33...Qd7
34.Qa2! É estranho como às vezes exatamente as mesmas ideias de ataque se repetem em um curto espaço de tempo! Pode-se comparar o lance do texto, por exemplo, com 37.Qd2 em minha partida contra Tylor (Partida 91) onde a transposição de um ataque vertical da Dama em um na diagonal trouxe da mesma forma um rápido desenlace. 34...Nxe4 Ou 34...Ne6 35.Bxe6, etc. 35.Rxf7 Qxf7 36.Bxf7+ Rxf7 37.Qe6, e as pretas abandonaram. Uma luta interessante, mas certamente influenciada pela importância excepcional do resultado. Partida 91 Alekhine, A. - Tylor, T. Torneio de Margate, Abril de 1937 Abertura Ruy Lopez - C86
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Nf6 5.0-0 Be7 6.Qe2 0-0?
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Um erro bastante comum: as brancas não ameaçam nada nesse momento (por exemplo, 7.Bxc6 dxc6 8.Nxe5 Qd4 9.Nf3 Qxe4, igualando com facilidade) e então as pretas pensam que é hora de rocar – e se esquecem que precisamente após esse lance as brancas podem ganhar um Peão, o Bispo em e7 não está mais protegido pelo Rei! O lance correto é, claro, 6...d6. 7.c3? Uma crença exagerada no conhecimento dos meus adversários sempre foi o ponto vulnerável do meu jogo na abertura. Por exemplo, em San Remo 1930, não tomei um Peão no décimo lance que meu adversário, Rubinstein, deixou en prise de uma forma até mais obvia do que nessa partida! É bastante obvio que 7.Bxc6 dxc6 8.Nxe5 pode e deve ser jogado, pois 8...Qd4 9.Nf3 Qxe4? Custa uma peça após 10.Qxe4 Nxe4 11.Re1. A ligeira vantagem em desenvolvimento que as pretas obteriam após, por exemplo, 8...Re8 9.d3 Bc5 10.Nf3 Bg4, de forma alguma compensaria o material perdido. Após o inofensivo lance do texto, serão alcançadas posições bem conhecidas. 7...d6 8.d4 Bd7 9.d5 Nb8 10.Bc2 Ne8 A manobra 10…a5 seguido por N-a6-f5 jogado por mim em uma partida com consulta contra Kashdan (veja a Partida 119), provou bastante sucesso. Mas também o lance do texto com o objetivo de um rápido contraataque no centro, dificilmente possa ser criticado.
11.c4 f5 Mas aqui as pretas precisam preparar esse avanço através de 11...g6 eventualmente seguido por ...Ng7 para não entregar completamente o controle sobre a casa e4. A partir de agora as brancas obtém uma posição de clara vantagem posicional, que explorarão de maneira impecável até um estágio avançado do meio jogo. 12.exf5 Bxf5 13.Bxf5 Rxf5 14.Nc3 Nd7 15.Ne4 Nf8! Tylor daqui em diante defende sua posição difícil extremamente bem até o fatídico 32º lance. As brancas não teriam vantagem jogando agora 16.g4 Rf7 17.Nfg5 Bxg5 18.Nxg5 Re7 ou 18.Bxg5 Qd7, etc. 16.Be3 Ng6 17.g3 h6 Para poder jogar o Cavalo ou a Dama sem permitir o lance Ng5 das brancas. 18.Nfd2 Ameaçando 19.Qg4. 18...Kh7 19.Qd3 Qd7 Preparando uma eventual demonstração na ala do Rei começando com ...Rh5 e ...Qh3. Portanto as brancas não têm tempo para o avanço lógico b4, c5, etc. 20.f4 As brancas calcularam corretamente que por esse meio ganhariam a casa e6 para o seu Cavalo e que a possível saída da Dama das pretas contra o seu Rei não melhoraria muito 189
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as chances do seu adversário. 20...Kh8 A ameaça das brancas era 21.fxe5 Nxe5 22.Nf6+, etc.
21.Nf3! Um importante lance intermediário que permite o relaxamento da tensão central sem ceder a importante casa e5 para o Cavalo das pretas. 21...exf4 22.Nd4 Rf7 Seria muito inútil 22...Rh5 23.Qc2, etc. 23.Bxf4? Um ligeiro erro estratégico que impede as brancas de tomarem a vantagem completa de sua forte posição. As duas considerações importantes em seguida falam a favor da retomada com o Peão: (1) Como a posição das pretas está um pouco restringida, as brancas deveriam evitar qualquer troca posterior. (2) O Bispo das brancas é particularmente útil para a proteção das casas pretas. De fato, toda a próxima seção da partida (até o 32º lance) é influenciada pelo poder potencial do Bispo das pretas, liberado pelo seu principal antagonista. 23...Nxf4 24.gxf4 É difícil decidir o quanto era aconselhável provocar a troca de um par de Torres através de 24.Rxg4: a Torre das pretas em g7 tem um apreciável poder defensivo, mas por outro lado, a perspectiva de jogar com ambas as 190
Torres nas colunas abertas também era tentadora. 24...Qg4+ 25.Kh1! As brancas já tinham calculado essa oferta de Peão quando jogaram 20.f4. É claro, o simples 25.Qg3 também era jogável e asseguraria um final de jogo confortável. 25...Nf6! Muito corretamente recusando o presente danaiano, pois 25...Rxf4 26.Rxf4 Qxf4 27.Rf1 teria consequências catastróficas para as pretas: I. Qe5 28.Rf5 II. 27...Qh4 28.Nf5. III. 27...Qg4 28.Rf7! Qh5 29.Nc3 – com uma vitória fácil em todos os casos. 26.Nf2 Uma retirada aparentemente artificial que, de fato, deveria ter levado somente a um jogo igual. Era apropriado 26.Rae1 ou imediatamente 26.Ne6; no último caso, seria possível a seguinte variante curiosa: 26...Qf5 27.Rae1 c6 28.Rg1! cxd5 29.Nxd6! Qxd3 30.Nxf7+ e mate no próximo lance. 26...Qh5 O lance anterior das brancas se mostraria forte somente após 26...Qxf4 27.Ne6 Qh4 28.Nh3! ameaçando Nf4-g6 etc., com vantagem. 27.Rg1 Agora 27.Ne6 não é efetivo devido ao simples 27...c6 etc. 27...Nd7! Novamente uma manobra muito boa, que praticamente força a desejável troca dos Cavalos. 28.Ne6 Nc5 29.Qe3 Ao invés disso, 29.Qg3 evitaria a troca imediata em e6, mas por outro lado permitiria 29...Bf6. 29...Nxe6 30.dxe6 A vantagem das brancas ainda existente em espaço é aqui compensada pelo ataque a que esse Peão pode ser submetido, enquanto seu
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
vizinho em f4 precisará de defesa permanente. As chances agora são quase iguais. 30...Rf6 31.Rae1 Raf8 Essa Torre é necessária para a guarda do seu Peão g e deveria ter sido movida direto a g8. Mas o lance do texto não estraga nada ainda. 32.Qg3 g5?
Um erro, mas desculpável, pois o ataque tático das brancas em seguida era realmente muito difícil de se ver. Era correto 32...Rg8 33.Re4 Qf5 34.Qe3 seguido por Nd3 etc., com uma luta aberta em andamento. 33.Nh3 Embora aqui não exista uma ameaça direta com esse lance, (34.fxg5 Rf3 etc.), o jogo das pretas agora se torna mais problemático: elas não conseguem mais sonhar com um ataque com sucesso contra o Peão e das brancas. 33...Rf5 34.Qg2! Um bom lance preparatório para a manobra da Torre em seguida, contra a qual as pretas não serão capazes de encontrar uma defesa adequada. 34...c6 35.Re3! Somente após esse lance as brancas começam a ameaçar. As pretas agora precisam encontrar alguma coisa contra 36.Nxg5! Bxg5 37.Rh3! seguido de 38.fxg5, etc. 35...Kg7! Uma defesa aparentemente paradoxal, mas
suficiente no momento. 36.Rg3 Tomados separadamente, esse lance – como muitos dos seus predecessores imediatos – parece bastante inofensivo. De fato, após 37.fxg5 hxg5 38.Nxg5 Bxg5 39.Rxg5+ Rxg5 40.Qxg5+ Qxg5 41.Rxg5+ Kf6 etc., a partida terminaria empatada. E somente o próximo lance tranquilo dá a todo o esquema de ataque o seu real significado. 36...d5 37.Qd2! Bd6 Após 37...Bc5 38.Re1 (o mais simples), a vitória das brancas seria fácil.
38.Nxg5! O objetivo imediato desse pseudo sacrifício é bastante obvio – as pretas não podem tomar o Cavalo sem perder a sua Dama; mas as consequências da resposta das pretas são enganosas, como ocorre frequentemente quando há muitas possibilidades de xeques descobertos. 38...Bxf4! 39.Qc3+! O primeiro ponto – as brancas atrasam a “revelação” e rejeitam o tentador 39.e7 que provaria ser uma alucinação após 37...Bxd2 40.Ne6+ Kh8! etc. 39...R8f6 Se 39...Be5, então 40.Nf3+, etc. 40.Ne4+! Bxg3 41.Rxg3+ Kh8 Ou 41...Kf8 42.Qb4+! e mate em poucos lances. 191
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42.Qxf6+ O ponto final, reminiscência de alguma composição de Greco ou Stamma. 42...Rxf6 43.Rg8+! Após 43...Kxg8 44.Nxf6+ Kf8 45.Nxh5 dxc4 46.Kg2 as brancas não precisam nem mesmo do seu Cavalo a mais para estancar o Peão na ala da Dama. Assim sendo, as pretas abandonaram. Partida 92 Alekhine, A. - Foltys, J. Torneio de Margate, Abril de 1937 Defesa Siciliana - B62
1.e4 c5 2.Nf3 Nc6 Se alguém quiser jogar a “Variante Dragão” (o desenvolvimento pelo flanco do Bispo do Rei), faria melhor iniciando através de 2...d6, uma vez que as brancas então não teriam a oportunidade de jogar Bg5 antes de ...g7, por exemplo 2...d6 3.d4 cxd4 4.Nxd4 Nf6 5.Nc3 g6 etc. Ainda, se não puder ser encontrada uma melhoria para as pretas na variante da minha partida contra Botvinnik (6.Be2 Bg7 7.Be3 Nc6 8.Nb3 Be6 9.f4 0-0 10.g4 d5! 11.f5 Bc8 12.exd5 Nb4 13.d6 Qxd6 14.Bc5 Qf4! 15.Rf1 Qxh2! 16.Bxb4 Nxg4 17.Bxg4 Qg3+ 18.Rf2 Qg1+ etc. – empate), dificilmente parecerá tentador para elas adotarem essa linha de jogo – considerando, é claro, que joguem para vencer. 3.d4 cxd4 4.Nxd4 Nf6 5.Nc3 d6 Aqui é desaconselhável 5...g6, devido a 6.Nxc6 seguido de e5. 6.Bg5 e6 As pretas também podem atrasar esse lance ao jogar, por exemplo, 6...Bd7, pois 7.Bxf6 gxf6 etc., teria tanto vantagens como desvantagens – mas esse atraso seria inútil para ...e3 é ainda inevitável. Minha partida contra Silva 192
Rocha (pretas) (Montevidéu, Março de 1938, continuou como segue: 6...Bd7 7.Be2 a6 8.0-0 e6 (o que mais?) 9.Nb3 b5 10.a3 Na5 11.Nxa5 Qxa5 12.Qd4! Be7 13.Rfd1 Qc7 14.a4 b4 15.Bxf6 gxf6 16.Qxb4, com vantagem decisiva para as brancas. 7.Bb5 Para induzir as pretas a colocarem seu Bispo da Dama em d7 e assim eliminar a possibilidade do desenvolvimento em fianqueto. Esse sistema pelo menos merece consideração como 7.Nf3 em conjunto com Qd2 (veja minha partida contra P. Frydman, Partida 81) 7...Bd7 8.0-0 h6 9.Bh4 A presente partida mostra que essa retirada aparentemente lógica não é sem perigo. Uma vez que o objetivo principal de 6.Bg5 – a prevenção da “Variante Dragão” – foi alcançado, 9.Be3 é bastante bom. 9...a6 10.Be2 Be7 11.Nb3 Tentando explorar a fraqueza em d6 de uma maneira similar à da partida com Frydman; mas o mestre checoslovaco, tendo jogado em Podebrad, também conhecia aquela partida e tinha aproveitado sua lição. 11...Qc7 12.f4
Pressão posterior contra o Peão d se provaria ineficaz – por exemplo 12.Qd2 Rd8! (não12...0-0 13.Rad1 Nxe4 14.Nxe4 Bxh4 15.Qxd6 etc., com vantagem) 13.Rad1 Bc8
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etc., com uma posição sólida. Assim sendo, as brancas decidem preparar um ataque ao Rei, contando principalmente com 12...0-0 13.Qe1! b5 14.Bf3 e eventualmente g4. Mas o próximo lance das pretas dá à batalha outro aspecto bastante diferente. 12...g5! Corajoso e eficaz, pois as pretas com isto asseguram, e pode-se dizer até o final da partida, a poderosa casa central para o seu Cavalo. É interessante notar que este lance – unicamente pelo fato das pretas perderem a partida – foi completamente mal avaliado pelos críticos. Por exemplo, um dos comentaristas modernos mais famosos escreveu o seguinte: “Este lance foi principalmente de valor psicológico, pois como é sabido que Alekhine não gosta de posições defensivas, havia pouca chance de que ele pudesse escolher a variante 13.fxg5 hxg5 14.Bxg5 d5 15.h3, etc.”. Confesso que não aceitei a oferta do Peão de forma bastante independente do que seria uma distinção por jogo defensivo, mas porque realmente não gosto de tomar mate, e esse desgosto provavelmente ocorreria após 15...Rxh3! etc. Uma coisa ingrata essas incursões dentro da psicologia de outros mestres! 13.Bg3! O único caminho de tomar o equilíbrio da posição, pois as brancas agora obtém alguma pressão na coluna e em compensação pela forte casa das pretas para o seu Cavalo. 13...gxf4 14.Rxf4 Ne5 15.Qf1 Nh7 16.Rf2! Ameaçando 17.Bxe5 seguido por Rxf7, forçando assim 16...0-0, após o que a presença do seu Rei impedirá as pretas de aumentar a sua iniciativa nessa ala. 16...0-0 17.Bh5 f6 Também quase forçado, mas não tão desvantajoso, pois em troca da fraqueza em e6 as pretas aumentam a força da posição do seu Cavalo.
18.Bf4 Kg7 19.Re1 Sonhando em incomodar seriamente o Rei das pretas após 20Re3 e Rg3+; mas o adversário evita isso de uma maneira simples e eficiente.
19...Qc4! Ameaçando a troca das Damas obtendo assim um bom final de jogo devido ao seu centro bem protegido. O mais seguro para as brancas seria repetir lances através de 20.Be2 Qc7 21.Bh5 etc., mas elas preferiram arriscar o complicado meio jogo em seguida, confiando menos na força da sua posição do que em sua maior experiência. 20.Ree2 Be8 21.Bxe8 Raxe8 22.Qc1 Ng5 23.h3 Kh7 24.Kh1 Rg8 O Rei das pretas agora está completamente seguro, a coluna g aberta é um fator a seu favor, e mesmo na ala da Dama as pretas têm algumas perspectivas de iniciativa devido à coluna c. Folty até agora está conduzindo muito bem a partida e certamente não a teria perdido através de jogo correto. 25.Qe3 Rg7 26.Nd4 Reg8? Mas esse pequeno descuido permite às brancas obterem uma séria iniciativa. Obviamente as pretas somente viram que b3 não era uma ameaça direta – pois a Dama protegeria o Peão e desde c8 – e subestimaram a importância de 28.Na4!. Se ao invés disso tivessem jogado 26...b5! as chances 193
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teriam permanecido quase iguais. 27.b3 Qc8 De outra forma 28.Bxg5 e 29.Nxe5. 28.Na4! Com a forte ameaça 29.Bxg5 seguido de 30.Nb6 e 31.Nxe5. 28...Bd8 29.c4 Agora as brancas conseguiram ganhar espaço considerável no centro e ameaçam melhorar sua posição posteriormente através de 30.Rc2 seguido por c5, etc. O próximo lance das pretas facilita a realização desse plano. 29...Qd7 30.c5! Se agora 30...dxc5, então 31.Nxc5 Qe7 32.Bxg5 seguido por 33.Ndxe6 ou 33.Bxh6 etc. 30...d5 31.Bxg5 Rxg5
32.c6! Permitindo aos Cavalos entrarem de forma ameaçadora dentro da fortaleza inimiga. Além desse valor estratégico real, toda a manobra também teve um forte efeito psicológico (uma vez que “psicologia” parece ser a moda no xadrez hoje em dia): perplexas com a mudança completa da situação, as pretas sem dúvida não oferecerão a resistência mais efetiva na fase final em seguida. 32...bxc6 33.Nc5 Qd6 34.Ncxe6 Rg3 Permitindo a troca em seguida, após o que os Cavalos das brancas “dobram” de uma 194
forma original na 6ª fileira, rapidamente fazendo qualquer resistência posterior inútil. Também após o melhor 34...R5g6 (35.exd5 cxd5 36.Nxd8 Rxd8 37.Rc2 Re8 38.Qf4, etc.) as brancas venceriam devido às várias fraquezas na posição do adversário. 35.Qxh6+! Muito menos pela importância desse Peão do que pela possibilidade da entrada do segundo Cavalo. 35...Kxh6 36.Nf5+ Kh7 37.Nxd6 Nd3 38.Rf1 dxe4 A perda de um segundo Peão é inevitável. 39.Nxe4 R3g6 40.Nxd8, e as pretas abandonaram. Partida 93 Alekhine, A. - Reshevsky, S. Torneio de Kemeri, Junho de 1937 Defesa Alekhine - B05
1.e4 Nf6 2.e5 Nd5 3.d4 d6 4.Nf3 Bg4 5.c4 Não há pressa em desalojar o Cavalo. O imediato 5.Be2 permitiria às brancas, caso 5...dxe5, retomar com o Cavalo sem ser forçado a sacrificar um Peão. 5...Nb6 6.Be2 dxe5 7.Nxe5 Essa era a minha intenção quando adotei 5.c4; mas – embora realmente as brancas obtivessem alguma compensação pelo sacrifício do Peão, dificilmente seria aconselhável fazer um esforço considerável para obter provavelmente a igualdade. Na 29ª Partida do meu primeiro match com o Dr. Euwe, aqui eu joguei 7.c5 e obtive uma vantagem na abertura, mas somente porque meu adversário após 7...e4 8.cxb6 exf3 9.Bxf3 Bxf3 10.Qxf3 axb6 ao invés de 10...Nc6 escolheu o lance inofensivo 10...axb6. 7...Bxe2 8.Qxe2 Qxd4 9.0-0 Permitindo a troca do Cavalo central e
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
assim facilitando a defesa das pretas. Mais ao ponto seria 9.Na3! N8d7 10.Nf3, ou 9...e6 10.Nc2 preservando em ambos os casos três peças menores para fins de ataque. 9...N8d7 10.Nxd7 O sacrifício do Peão c através de 10.Nf3 seria sem sentido.
10...Nxd7? De forma bastante estranha, Reshevsky decidiu fazer esse lance inferior após um exame particularmente próximo da situação. Pode-se pensar que 10...Qxd7 pudesse ser o lance escolhido automaticamente pois é consideração geral que a Dama exposta no centro permitiria em seguida que as brancas ganhassem tempos e assim obtivessem uma compensação real pelo Peão sacrificado. Se as pretas tivessem retomado com a Dama, minha intenção era continuar com 10...Qxd7! 11.a4 Qc6 (não 11...Nxa4 12.Qf3!) 12.Na3 e6 13.a5 Nd7 14.Nb5 após o que o problema defensivo das pretas permaneceria de jeito nenhum fácil. O lance do texto coloca o seu jogo em perigo e somente a maior circunspecção salvará as pretas de um rápido colapso. 11.Nc3 c6 A ameaça 12.Nb5 era muito forte. 12.Be3 Qe5 13.Rad1 e6 14.Qf3! Um lance importante, que praticamente força as pretas a devolverem seu peão a mais,
pois seu Rei deve ser removido do centro do tabuleiro sob quaisquer corcunstâncias. Seria insuficiente, por exemplo, 14...Bd6 15.g3 ou 14...Be7 15.Rxd7! seguido de 16.Qxf7 ou 14...Nf6 15.Nb5!, com um ataque vencedor. 14...0-0-0! 15.Bxa7 Seria um grave erro ao invés disso 15.Qxf7 devido a 15...Bd6 seguido por ...Rhf8 vencendo. Mas agora as brancas, após terem igualado as forças, mantém uma clara vantagem posicional, sendo a posição do Rei das pretas tudo menos segura. 15...Qa5 16.Bd4 Evita 16...Ne5. 16...Qf5 Tentando fazer o melhor. O final de jogo após a troca das Damas certamente parece bastante ruim, mas isso não significa inteiramente sem esperanças. 17.Qg3 Uma decisão de ex-Campeão... Antes de 1935 – e agora – eu sem dúvida adotaria a linha simples iniciada com 17.Qxf5 que me asseguraria virtualmente um Peão a mais na ala da Dama e eliminaria qualquer sombra de perigo. Mas durante todo o período que antecedeu o match revanche, simplesmente não podia confiar na minha paciência e nervos, o que certamente seria necessário para vencer o final de jogo em questão. 17...e5 18.Be3 Bb4 19.Na4
195
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19...Ba5! 20.f4! De outro modo as pretas obteriam até mesmo a iniciativa após 20...Bc7 e ...e4. 20...Bc7 21.b3 Era importante evitar que as pretas jogassem ...Qc2 com tempo. 21...f6 22.fxe5 Qe6 É claro, não 22...Qxe5 23.Bf4 vencendo. 23.h3! Um bom lance posicional, o qual, entretanto, não é particularmente profundo nem difícil de encontrar. Seu objetivo principal é evitar a possibilidade de ...Qg4 após 23...Nxe5 24.Nc5, e também em algumas outras variantes a proteção do Peão g4 era essencial. Não fiquei nem um pouco surpreso ao ler todos os elogios endereçados pelos críticos a esse lance modesto do texto, e também em ser questionado – com toda seriedade – após a partida ter acabado, se com 23.h3 eu planejava jogar a minha Dama em h2 no 33º lance... 23...Rhg8 Nesse momento em particular o Peão g ainda não está em perigo – mas após a troca de um par de Torres na ala da Dama ele eventualmente possa ser tomado. 24.Bd4 Com o claro propósito de diminuir a tensão central através de 25.Qe3 ou Qc3. 24...Nxe5 Isso parece bastante promissor, pois 25.Nc5 pode ser enfrentado com 25...Qe7 e 25.Nb6+ Kb8 26.Qc3? – através de 26...c5 etc., com vantagem; mas uma ligeira transposição de lances muda completamente a situação a favor das brancas. Relativamente melhor então seria 24...fxe5 25.Qe3 e4 26.c5 Rde8, após o que o Peão passado das pretas poderia de alguma forma contrabalançar as ameaças das brancas na ala da Dama. 25.Qc3! Ameaçando tanto 26.Nc5 como 196
26.Nb6+. A resposta das pretas é praticamente forçada, pois após 25...Kb8 26.Nc5 Qd6 27.Qb4! etc., as ameaças das brancas se provariam mais fortes. 25...Nd7 26.c5! Esse Peão preencherá em seguida na partida várias funções do Bispo, o qual a partir de agora meramente supervisionará a evolução dos acontecimentos. 26...Rge8 27.b4! Uma oferta de Peão, cuja ideia é (27...Qxa2) 28.Ra1 Qe6 (ou 28...Qd5 29.Rfd1) 29.b5! ameaçando 30Nb6+ etc., com um ataque muito forte. 27...Nb8 Também após essa retirada as brancas obtém um jogo vencedor – mas não tanto pelo ataque direto, mas através do fato de que após a troca forçada em seguida seu Bispo se tornará consideravelmente mais forte do que o Cavalo das pretas. Uma defesa satisfatória, no entanto, não é visível. O erro decisivo das pretas – embora nem um pouco obvio – foi provavelmente 24...Nxe5. 28.Nb6+ Bxb6 29.cxb6 Qxa2 Após suas contra chances na diagonal b8h2 terem desaparecido, as pretas estimam corretamente que sua única ligeira chance de salvação consiste em extrema imprudência. De fato, confesso que nesse momento nem mesmo considerei a possibilidade da captura do texto...
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30.Qg3! Mais exato do que 30.Ra1 Qd5. 30...Rd7 Ou 30...Qf7 31.Ra1! Rxd4 32.Ra8 Re5 33.Qxe5, vencendo. 31.Bc5 Bastante bom, mas 31.Bxf6! era mais simples: se 31...gxf6, então 32.Rxd7 Kxd7 33.Qc7+ Ke6 34.Re1+ vencendo. 31...Qf7 32.Ra1 Qg6 33.Qh2! Após isso as pretas não podem evitar por muito tempo a visita indesejável da Torre a a8. 33...Re5 Ou I. 33...Qg5 34.Ra8 Qe5 35.Bf2! Qxh2+ 36.Kxh2 e após Bg3 as pretas perderiam a qualidade com uma posição sem esperanças. II. 33...Na6 34.b5! Qg5 35.Rfc1! vencendo. 34.Ra8 Rd2 As pretas não viram a ameaça principal. Mas após um lance defensivo como 34.Qe8 as brancas também venceriam rapidamente através de 35.Qg3 seguido de 36.Qa3 etc.
35.Rxb8+! Kxb8 36.Qxe5+! e mate em dois lances. Embora com toda objetividade eu tenha que culpar meu 17º lance (que por sinal no Livro do Torneio é acompanhado por um ponto de exclamação), devo admitir que o
ataque final dessa partida deu-me (e espero que tenha dado também aos leitores) muito mais prazer do que daria uma exploração da maioria de Peões na ala da Dama cientificamente correta, mas puramente técnica. Afinal, xadrez não é somente conhecimento e lógica! Partida 94 Alekhine, A. - Fine, R. Torneio de Kemeri, Junho de 1937 Gambito da Dama Aceito - D23
1.d4 d5 2.c4 dxc4 3.Nf3 Nf6 4.Qa4+ Essa manobra da Dama é mais efetiva do que no sistema Catalão (após g3) pois as brancas podem em algumas variantes desejar desenvolver o Bispo na diagonal g1-a6. Mas também após o mais usual 4.g3 as perspectivas das brancas na realidade são consideradas de longe as mais promissoras, e esse fato não é devido a uma variante em particular, mas ao método moderno de manejo, com as peças brancas, do Gambito da Dama Aceito: avançar os Peões centrais na primeira oportunidade, eventualmente ao custo de sacrifícios pesados. São características nessa ordem de ideias as partidas Reshevsky-Vidmar (Nottingham 1936), Euwe-Alekhine (5ª Partida do match de 1937), e mesmo a mais antiga Opocensky-Rubinstein (Marienbad 1925). Em minha prática recente, os dois exemplos em seguida, ilustrando essa nova tendência das brancas , são , acredito, notáveis: I. Pretas: R. Letelier, Montevidéu 1938: 4.Bxc4 e6 5.d4 Nf6 6.0-0 a6 7.Qe2 b5 8.Bb3 Bb7 9.Nc3 Nbd7 10.Rd1 Be7 11.e4! b4 12.e5 bxc3 13.exf6 Nxf6 14.Ba4+ Kf8 15.dxc5 Qa5 16.c6 Qxa4 17.cxb7 Rb8 18.bxc3 Rxb7 19.Ne5 Qe4 20.Qxa6 Rc7 21.Ba3! g6 22.Bxe7+ Rxe7 197
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23.Qd6, abandonam. II. Pretas: E. Böok, Margate 1938: 4.e3 e6 5.Bxc4 c5 6.0-0 Nc6 7.Qe2 a6 8.Nc3 b5 9.Bb3 b4 (na partida acima EuweAlekhine a continuação foi 9...Be7 10.dxc5 Bxc5 11.e4! com vantagem das brancas) 10.d5! Na5 11.Ba4+ Bd7 12.dxe6 fxe6 13.Rd1! bxc3 14.Rxd7 Nxd7 15.Ne5 Ra7 16.bxc3 Ke7 17.e4! Nf6 18.Bg5 Qc7 19.Bf4 Qb6 20.Rd1 g6 (ou ) 21.Bg5 Bg7 22.Nd7! Rxd7 23.Rxd7+ Kf8 24.Bxf6 Bxf6 25.e5!, abandonam. 4…Qd7 Como a Dama das brancas não estaria particularmente em perigo em c4, não há motivo para se realizar um esforço para forçar a sua troca. Ao invés disso, uma linha segura é 4...c6 5.Qxc4 Bf5, etc. 5.Qxc4 Qc6 6.Na3 Há pouca diferença entre esse lance e 6.Nbd2 pois as pretas não têm nada melhor, para justificar a sua manobra anterior, do que trocar as Damas em ambos os casos. 6...Qxc4 7.Nxc4 e6 8.a3 Era muito importante evitar ...Bb4+. 8...c5? Um lance dogmático, após o qual as brancas conseguem obter clara vantagem posicional. Em sua pressa em contra-atacar no centro, as pretas por um momento esqueceram a importância da cada d6. Um esquema corajoso mas nem um pouco anti posicional seria ao invés disso 8...a5 (evitando b4) e se 9.Bf4 então 9...b5 seguido por ...Bd6. Pelo menos as brancas não obteriam nesse caso a vantagem do par de Bispos de maneira tão fácil. 9.Bf4 Nc6 Era ligeiramente melhor 9...Nbd7 10.Nd6+ Bxd6 11.Bxd6 Ne4 12.Bc7 b6 seguido de ...Bb7, etc. Mas as fraquezas nas casas pretas permaneceriam em qualquer caso. 198
10.dxc5 Bxc5 11.b4 Be7 12.b5 Nb8 13.Nd6+ Bxd6 14.Bxd6 Ne4
15.Bc7! Esse Bispo é praticamente a única chance de vitória das brancas nesse estágio, e deve ser jogado com muito cuidado para evitar a sua troca. Ao invés disso, seria desaconselhável 15.Bb4 a5! 16.bxa6 Nxa6, etc. ou 15.Bf4 f6! Seguido de ...e5 etc., com perspectivas quase iguais em ambos os casos. 15…Nd7 16.Nd4! Novamente um lance importante, cuja ideia é formar a cadeia de Peões e4-f3-g2. Isso não era muito fácil de encontrar, principalmente porque as duas alternativas 16.e3 e 16.g3 também oferecem algumas possibilidades interessantes. 16...Nb6 17.f3 Nd5 18.Ba5 Nef6 Outra variante importante era 18...Nd6 19.e4 (não 19.Nc2 Nc4 etc.) 19...Ne3 20.Bb4! e5 21.Bxd6 exd4 22.Bd3! Nxg2+ 23.Kf2 Ne3 24.Be5 etc., com vantagem. 19.Nc2! O ponto real da manobra iniciada através de 16.Nd4: o Cavalo das pretas está impedido de entrar em e3 e será forçado a partir de agora a desempenhar um papel secundário. A caça ao Bispo pelos dois Cavalos dessa forma se mostrou um fracasso completo. 19...Bd7 20.e4 Rc8 Esse lance intermediário também é perfei-
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
tamente inofensivo, pois o Rei das brancas em d2 não pode ser seriamente incomodado pelas forças quase aleijadas das pretas. 21.Kd2! Nb6 22.Ne3 0-0 Todos os lances das pretas após 18...Nef6 são virtualmente forçados.
23.a4! Muito mais forte do que o convencional 23.Bd3 que permitiria a manobra libertadora ...N-a4-c5, etc. 23...Rfd8 24.Bd3 e5 Após esse enfraquecimento das casas d5 e f5 a partida dificilmente pode ser salva. A única ligeira chance consistia em 24...Be8 eventualmente seguido por ...Nfd7. A tática das brancas nesse caso permaneceria quase a mesma – troca de um par de Torres, remoção do Bispo de a5 e desalojar o Cavalo das pretas de b6. 25.Rhc1 Be6 26.Rxc8 Rxc8 27.Bb4 Evitando tanto a aproximação do Rei das pretas do centro e ameaçando eventualmente Bd6. 27...Ne8 28.a5 Nd7 29.Nd5! Isso teve que ser calculado exatamente pois o Peão passado resultante da troca seria ligeiramente exposto. Devido à ameaça formidável 30.Ne7+ as pretas agora devem tomar o Cavalo. 29...Bxd5 30.exd5 Nc5 A “pequena combinação” assim iniciada
encontra uma refutação convincente no 32º lance das brancas. Mas o que as pretas poderiam realmente fazer? A recomendação do Livro do Torneio, 30...g3 seria completamente sem esperanças a longo prazo após 31.d6 f5 32.Bb1! Kg7 33.Ba2 Kf6 (ou 33...Nef6 34.Re1) 34.Bd5, etc. 31.Bf5! Rd8 Ou 31...Nb3+ 32.Kd3 Nc1+ 33.Ke3 Rc4 34.d6 vencendo.
32.Kc3! Esse belo lance elimina ambas ameaças 32...Nb3+ e 32...Rxd5+, a última devido à resposta 33.Kc4! ganhando uma peça. A vantagem esmagadora das brancas em espaço agora decide a batalha em poucos lances. 32...b6 Ou 32...Nd7 33.Be7 vencendo. 33.axb6 axb6 34.Bxc5! O Bispo fez nessa partida mais do que o seu dever e pode agora se retirar, pois o Peão passado b só poderá ser parado com perdas pesadas. 34...bxc5 35.b6 Nd6 36.Bd7! Rxd7 Ao invés de abandonar. 37.Ra8+ e mate em dois. As pretas abandonaram. Essa partida provavelmente é minha melhor conquista dos últimos anos.
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Partida 95 Alekhine, A. - Bogoljubov, E. Torneio de Bad Nauheim, Julho de 1937 Defesa Ortodoxa- D58
1.d4 d5 2.c4 e6 3.Nc3 Nf6 4.Bg5 Be7 5.Nf3 h6 6.Bh4 0-0 7.e3 b6 Em conjunção com ...h6, esse desenvolvimento pelo flanco tem sido bastante frequentemente adotado pelo Dr. Tartakower com sucesso. O primeiro jogador tem várias maneiras plausíveis de enfrentar isso, mas nenhuma refutação convincente. Decidi permitir às pretas completarem seu plano de mobilização ou – para ser mais exato – a primeira parte disso, consistindo em ...Bb7, ...Nbd2, ...c5 – e tentar tomar vantagem somente de um detalhe da posição, ou seja, o fato de que a Dama das pretas está privada da diagonal d8-a5 e não poderá facilmente encontrar uma casa adequada. O curso da partida mostrará em que extensão a ideia se mostrou com sucesso. Falta pontos táticos, é sem emoção – mas não é monótona – e é de uso para o estudante. 8.Rc1 Bb7 9.Be2 Induzindo as pretas a ganharem um tempo, através da troca de Peões em seguida. 9…dxc4 10.Bxc4 c5 11.0-0 Nbd7 Se 11...Nc6, então 12.dxc5 Qxd1 13.Rfxd1e as pretas entrariam em apuros devido à possível entrada da Torre na 7ª fileira. 12.Qe2 Ne4 Suponho que muitos mestres teriam feito esse lance, pois, ao forçar a troca de duas peças menores, libera o jogo das pretas e, em particular, fornece um ponto seguro para a Dama. Ainda é questionável se o mais complicado 12...a6 13.Rfd1 b5 não teria oferecido mais perspectivas de igualdade. Após a toca do Bispo da Dama das pretas, as casas 200
brancas na ala da Dama subitamente se tornam fracas. 13.Nxe4 Bxh4 Ou 13...Bxe4 14.Bg3! etc., com vantagem.
14.Nc3! Essa simples retirada é mais efetiva do que 14.Nd6 Bxf3 15.Qxf3 Be7 etc., forçando as brancas a desperdiçar mais tempo, ou 14.Bd3 Bf6, após o que as pretas evitariam a troca do seu Bispo da Dama. 14...Bf6 15.Rfd1 Qe7 Finalmente a intercomunicação entre as Torres foi estabelecida, mas agora começa o ponto real da última manobra das brancas. 16.Ba6 Rab8 17.Bxb7 Rxb7 18.Ne4! Para obter controle total ao longo da coluna c, a qual, como a continuação mostrará claramente, de forma alguma é fraca. 18...cxd4 19.exd4 Ao invés disso, 19.Nxd4 Bxd4 20.Rxd4 Nf6 etc., seria bastante bom para um empate confortável. 19...Rd8 Sua posição se torna difícil. Ao jogar 19...Nb8 20.Ne5!, etc. as pretas poderiam ao menos evitar temporariamente o comprometimento da estrutura de Peões na ala do Rei – mas um plano posterior adequado de defesa é mais difícil de ser encontrado após o lance escolhido.
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
20.Qa6! Nb8 Após 20...Rdb8 21.Rc8+ seria muito forte – e 20...Nf8 21.Nxf6+ etc., deixaria a casa c6 sem defesa. 21.Nxf6+ gxf6 22.Qe2 As brancas agora têm dois trunfos importantes: a coluna aberta e a fraqueza das pretas na ala do Rei. Através de exploração racional isso será suficiente. 22...Rbd7 23.Rd3 Rd5 24.Rdc3 Como o Peão fraco precisa de somente um protetor, a Torre pode – e deve – ser usada para exercer uma forte pressão na coluna c.
24...Kh7 25.h3 a5 Enfraquecendo o Peão b – mas de outra forma o Peão a precisaria de defesa permanente. As pretas quase têm somente uma escolha dentre males. 26.a3 Como o adversário não tem lances úteis à disposição, as brancas podem tranquilamente corrigir os pequenos defeitos na sua estrutura de Peões. 26...Rg8 27.Rc7 Nd7 28.R1c6 Qf8 29.Qc2+! Mais exato do que 29.Rc8 Qg7! 30.Qc2+ quando as pretas teriam a resposta 30...Qg6. 29...f5 De outro modo 30.Rc8 seria até mais efetivo. 30.Rc8 Qe7 31.Rxg8
A Torre das pretas tem que ser trocada, para com isso prevenir a possível atividade da Dama na ala do Rei. 31...Kxg8 32.Qc1 Kg7 33.Qf4 Ameaçando 34.Qg3+, seguido de Rc8+. 33...Qd8 34.a4! Evitando de uma vez por todas ...Rb5 e colocando as pretas em um tipo de posição zugzwang. 34...b5 Essa resposta aparentemente natural perde rapidamente. Comparativamente seria melhor 34...Kh7, após o que as brancas finalmente forçam o desenlace ao jogar a Dama para a ala da Dama: Qc1-Qc4-Qa6. 35.Qg3+ Kf8
36.Rd6! Isso ganha pelo menos um Peão ao praticamente forçar a troca das Damas. O final de jogo resultante não apresentará muita dificuldade, pois terá ainda mais fraquezas a serem exploradas do que – por exemplo – a casa h6 das pretas. 36...Qa8 Igualmente sem esperanças seria 36...bxa4 37.Rxd5 exd5 38.Qd6+ Qe7 39.Qxd5 etc. 37.axb5 Qb7 38.Rxd5 Qxd5 39.b6! Qc6 40.Qc7 Qxc7 41.bxc7 Nb6 42.Ne5 Ke7 43.Nc4 Após isso o Peão passado b forçará a presença de pelo menos uma peça das pretas na 201
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ala da Dama e enquanto isso o Rei das brancas se tornará mestre do outro lado do tabuleiro. 43...Nc8 44.Nxa5 Kd7 45.Kh2 Kxc7 46.Kg3 Kd6 47.Kh4 Kd5 48.Kh5 Kxd4 49.Kxh6 e5 50.Kg5 f4 51.h4 f6+ A última “tentativa”, que as brancas enfrentam da maneira mais simples. 52.Kxf6 e4 53.Nb3+! Kd5 Ou 53...Kd3 (c4) 54.Nc5+ (d2+),seguido por 55.Nxe4 e h5, vencendo. 54.h5 e3 55.fxe3 fxe3 56.Nc1, e as pretas abandonaram. Partida 96 Alekhine, A. - Saemisch, F. Torneio de Bad Nauheim, Julho de 1937 Abertura Ruy Lopez - C86
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Nf6 5.0-0 Be7 6.Qe2 b5 7.Bb3 d6 8.c3 0-0 Um curso mais seguro é 8...Na5 9.Bc2 c5 etc., similar à variante iniciada com 6.Re1. 9.a4! Bg4 Isso é comparativamente melhor do que 9...b4 10.a5, ou 9...Rb8 10.axb5 axb5 11.d4 etc., com vantagem, mas, ainda, tem a desvantagem de colocar o Bispo fora de jogo se as brancas, como na atual partida, não aceitarem a oferta do Peão. 10.h3 Mais comum é Rd1 seguido por d4. O lance do texto é o início de um plano bastante diferente, que tem por objetivo a limitação da atividade do Bispo da Dama das pretas ao mínimo. Seria desaconselhável, ao invés disso, 10.axb5 axb5 11.Rxa8 Qxa8 12.Qxb5 Na7!, após o que as pretas recuperam o Peão com uma boa posição. 10...Bh5 11.g4 202
As principais objeções contra esse avanço nesse tipo de posição geralmente são: (1) A possibilidade do sacrifício do Cavalo em g4. (2) A perturbação da estrutura de Peões através de ...h5. Nenhuma dessas eventualidades é temida aqui (por exemplo, 12.hxg4 Bxg4 13.Qe3 – ou 11...Bg6 12.d3 13.Ng4, com vantagem) – não há razão para postergar o aprisionamento do Bispo. 11...Bg6 12.d3 Na5 13.Bc2 Nd7? O valor pleno do sistema adotado pelas brancas somente seria estimado se as pretas tivessem construído a clássica posição defensiva jogando 13...c5 seguido por ...Qc7. O lance inconsequente do texto – provavelmente ditado por um medo exagerado do lance das brancas Nh4 – deixou as brancas com as mãos livres, tanto no centro como na ala da Dama. A primeira vitima dessa estratégia será o Cavalo da Dama, que será removido diretamente para uma casa puramente passiva, e tornará a parte em seguida da partida meramente um objeto para o jogo combinatório das brancas. 14.b4 Nb7 15.Na3 c6 16.Bb3 Nb6 As brancas eventualmente ameaçam c4, que forçaria as pretas a trocarem seu Peão b, assim enfraquecendo ainda mais a situação geral na ala da Dama. O lance do texto, que evita esse perigo a custa de um tempo, não pode então ser condenado.
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
17.a5 Nd7 18.Be3 Ao fazer esse último lance preparatório ao pretendido avanço na ala da Dama, as brancas tinham levado em conta o contra-ataque 18...d5!? 19.exd5 c5, que pretendiam enfrentar através de 20.d6! Bxd6 21.Bd5 ou 20...Nxd6 21.bxc5 etc., em ambos os casos com vantagem. 18...Kh8 Cedo ou tarde obrigatório para trazer à vida o Bispo da Dama. 19.c4! Como veremos, as táticas seguintes das brancas são baseadas na fraqueza do Cavalo em b7. 19...Nf6 Iniciando um contra-ataque engenhoso, embora não suficiente o bastante. De fato, as pretas desesperadamente já tinham pouca escolha. 20.cxb5 axb5
21.Nxb5! Uma oferta puramente posicional, melhor dizendo, uma combinação de troca, que na variante principal se desenvolveria assim: 21...cxb5 22.a6 Qc7 23.axb7 Qxb7 24.g5 Rxa1 25.Rxa1 Nd7 (de outra forma, 26.Ra7 venceria) 26.Nh4 Ra8 27.Ra5, e as pretas finalmente pereceriam principalmente devido ao seu desamparado Bispo da Dama. Não admira então que Sämisch preferisse conti-
nuar a exploração da ala do Rei das brancas ligeiramente exposta e ganhar um tempo importante deixando o Cavalo hostil en prise. 21...Qd7! 22.a6 Nd8 23.Nc3 Nxg4! O ponto interessante da defesa ativa das pretas, a qual, entretanto, se prova comparativamente inofensiva, pois as brancas podem simplesmente continuar seu “trabalho” do outro lado. 24.b5! Ao invés disso, 24.hxg4 Qxg4+ 25.Kh1 Bh5! etc., teria assegurado às pretas ao menos o empate. Mas agora as coisas se tornam muito difíceis para elas, devido a ameaça formidável b6 e a possibilidade de Bd5 no caso de cxb5. 24...Nxe3 25.fxe3 Após essa troca forçada, a posição do Rei novamente é bastante segura. 25...cxb5 26.Bd5 Ne6 Entregar um Peão através de 26...Nc6 27.Nxb5 certamente não seria uma alternativa melhor, enquanto 26...Ra7 27.Rfb1 Qc8 28.Nxb5 Rxa6 29.Na7! perderia a qualidade da mesma forma. 27.Bxa8 Rxa8 28.Qb2 Nc7 29.Kg2 f6 A troca do Peão b pelo Peão branco a – aqui ou no próximo lance – significaria certamente a morte após uma agonia bastante prolongada.
30.Qb3! 203
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Tomando o controle da casa d5 e ao mesmo tempo evitando ...Bf7. 30...Be8 31.a7 g6 32.Ra5 Kg7 33.Rfa1 Bf7 34.Nd5! De outra forma as pretas obteriam algumas contra chances após ...d4; mas agora são quase forçadas a forçar a troca em d4, pois 34...Qc6 seria respondido por 35.Nxe7 e 34...Bd8 através de 35.Nb6! Qc6 36.Nxa8! etc. 34…Nxd5 35.exd5 Be8 36.e4 f5 Esses últimos esforços anêmicos serão parados de forma rápida através de uma combinação final enérgica. 37.Ra6 g5 38.Qc3! g4 Isso finalmente mostraria algo como o seguinte golpe drástico.
39.Nxe5! Os Cavalos certamente desempenharam o máximo nessa luta: o primeiro contribuiu em esmagar as peças na ala do Rei das pretas, e o seu colega pode morrer feliz após abrir o caminho para o coração da fortaleza inimiga. O restante é fácil. 39...dxe5 40.Qxe5+ Kg8 41.d6! Ameaçando também 42.Qd5+. 41…Qc8 42.dxe7 Qc2+ 43.Kh1 Qf2 44.Qxf5, e as pretas abandonaram. 204
Partida 97 Alekhine, A. - Euwe, M. Campeonato Mundial, 2ª Partida, Roterdã 1937 Defesa Eslava - D17
1.d4 d5 2.c4 c6 3.Nf3 Nf6 4.Nc3 dxc4 5.a4 Bf5 6.Ne5 A descoberta de que o lance do texto não é suficiente para assegurar para as brancas uma vantagem de abertura foi um dos legados do presente match. 6...e6 Jogado duas vezes por Bogoljubov contra mim no match de 1929. Como a experiência não teve sucesso (ele só conseguiu empatar uma partida com grande dificuldade e perdeu a outra) o lance 6...e6 desapareceu da prática magistral. Mas, como provado especialmente pela 11ª Partida desse match, isso é, de fato, muito mais seguro do que a Variante Kmoch (6...Nbd7) então na moda, em conjunção com ...Qc7 e ...e5. 7.Bg5 Como, após 7.f3 Bb4, o lance 8.e4? provocaria o sacrifício absolutamente seguro 8...Nxe4! (jogado pela primeira vez por Chéron contra Przepiorka em Haia 1928), as brancas precisam não ter pressa em formar um centro de Peões. Ainda, após a resposta em seguida, elas não têm lance melhor do que 8.f3. 7...Bb4 Muito mais lógico do que 7...Be7 como jogado por Bogoljubov na nossa 5ª partida do match de 1929 (veja Partida 27). 8.Nxc4 Muito inofensivo, pois as pretas, ao invés da variante complicada escolhida, aqui poderiam simplesmente jogar 8...h6, e se 9.Bh4 então 9...g5 10.Bg3 Ne4 11.Rc1 (ou 11.Qb3 Na6) 11...c5 etc., com pelo menos as mesmas perspectivas.
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8...Qd5 Também um bom lance, que conduz após um curto e agudo intermezzo a uma posição equilibrada. 9.Bxf6 A alternativa 9.Ne3 Qa5 10.Nxf5 Qxf5 etc., era mesmo menos promissora. E se 9.Qb3, então 9...Na6, com vantagem. 9...Qxc4 Melhor do que 9...gxf6 10.Ne3 Qa5 11.Qb3 com perspectivas ligeiramente melhores para as brancas. 10.Qd2 O único lance, pois 10.Rc1? seria refutado por 10...gxf6 11.e4 Qa2! etc. 10...gxf6 Era mais promissor 10...Qb3 11.Bxg7 Rg8 12.Bh6 Nd7 etc., com uma forte iniciativa pelo Peão.
11.e4 Qb3 12.exf5 Nd7 13.fxe6 fxe6 14.Be2 0-0-0 15.0-0 Os últimos lances foram praticamente forçados e a posição assim alcançada oferece possibilidades de ataque praticamente iguais para ambos os lados. 15...e5 Esse lance lógico – que trás o Cavalo para dentro de uma forte posição e abre a coluna d com vantagem para as pretas – foi, na minha opinião, criticado indevidamente. Em todo caso, 15...Nb6, que foi recomendado ao
invés disso, exporia as pretas a ameaças perigosas após 16.a5 Na4 17.Qe3 Nxb2 18.Rfc1- e isso sem oferecer a elas qualquer perspectiva real de vitória. 16.dxe5 Nxe5 17.Qc1 Bxc3 Como 18.Ne4 realmente não era uma ameaça forte, essa troca poderia ser postergada até um momento apropriado. As pretas deveriam ter jogado 17...Rhg8, e se 18.Ne4 (18.Qe3 Qxb2), então 18...Nf3+ 19.Bxf3 Qxf3 20.Ng3 Qg4 etc., com uma posição bastante satisfatória. Após o lance do texto as brancas obtém as melhores chances porque o seu Bispo se provará superior ao Cavalo assim que a peça das pretas for desalojada de e5. 18.bxc3 Rhg8 19.Qe3 Kb8 Não absolutamente necessário, pois elas poderiam proteger indiretamente seu Peão a jogando 19...Qd5 20.g3 Qd2; mas após 21.Qxd2 Rxd2 22.Rae1 (22...Nd3 23.Rd1!) as chances das brancas no final ainda seriam melhores. 20.g3 Como esse lance defensivo de qualquer forma é inevitável, é melhor jogá-lo de imediato. 20...Rd7 21.Rab1 Qc2
22.Rfe1! O lance mais sutil da partida! Com isso, as brancas preparam o importante f4. O avanço 205
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imediato desse Peão seria refutado através de 22...Rd2! 23.Rfe1 Nd3, etc. 22...Qd2 23.Qxd2 Rxd2 24.f4 Ng6 25.Bc4 Rgd8 Ou 25...Rg7 26.Re8+ Kc7 27.Ra1! com vantagem para as brancas. 26.Re6! Para trocar um par de Torres. Deve ser notado que as pretas não podem jogar 26...Rc2 devido a 27.Ba6 b6 28.Rxc6. 26...R8d6 27.Rbe1 Kc7 28.Rxd6 Rxd6 Se 28...Kxd6 então 29.Bg8 ameaçando tanto Bxh7 como Re6+. 29.h4 Para jogar o Rei a f2 sem ser perturbado pelo xeque da Torre na segunda fileira. 29...Kd7 30.Kf2 Ne7 31.Kf3 Nd5? Permitindo ao Rei das brancas atacar com sucesso o Peão h. Contudo é mais do que duvidoso se 31...c5 (que comparativamente era o melhor) poderia salvar a partida. As brancas então jogariam não 32.g4 devido a 32...fxg4+ 33.Kxg4 Rg6+ seguido de 34...Nf5 com contra chances suficientes mas primeiro 32.h5! e somente após essa preparação g4, libertando seu Peão g com efeitos desastrosos para as pretas.
32.Bd3! A manobra decisiva, forçando um posterior enfraquecimento da posição dos Peões das pretas na ala do Rei. Eventuais perdas de 206
Peões na outra ala não terão importância, pois a posição passiva das peças pretas impede-as de lançar qualquer contra demonstração séria. 32…h6 33.Bf5+ Kd8 34.Kg4! Se agora 34...Nxc3 então 35.Kh5 Nxa4 36.Kxh6 venceria com facilidade. 34…Ne7 35.Bb1 Ke8 Ou 35…Rd5 36.f5, etc. 36.Kh5 Kf7 37.Ba2+ Kf8 38.Kxh6 Rd2 A variante principal era 38...Nf5+ 39.Kg6 Nxg3 40.f5 seguido pelo avanço do Peão h. 39.Be6 Rd3 40.g4 Rxc3 41.g5 Até mais simples do que 41.Rd1 Nd5. Se agora 41...fxg5, então 42.fxg5 etc., vencendo. As pretas abandonaram. Partida 98 Alekhine, A. - Euwe, M. Campeonato Mundial, 6ª Partida, Haarlem 1937 Defesa Eslava - D10
1.d4 d5 2.c4 c6 3.Nc3 Na minha opinião esse lance dá às brancas mais chances de obterem uma vantagem na abertura, e isso pelas seguintes razões: (1) Os perigos da continuação 3...dxc4 em conjunção são claramente mostrados na precom sente partida; (2) O contra-ataque Winaver ...e5 pode ser enfrentado de uma maneira simples e efetiva através de 4.cxd5 cxd5 e se 5...dxe4 6.Bb5+ com vantagem; (3) Em resposta a 3...Nf6 4.e3 g6 eu sugiro , o que após 5...Bg7 6.e4 dxe4 7.fxe4 e5! 8.d5 0-0 9.Nf3 leva a uma posição bastante complicada, posicionalmente ainda favorável às brancas. 3...dxc4 4.e4! É quase inacreditável que esse lance natural não tenha sido considerado pelos assim cha-
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mados teóricos. As brancas agora obtém uma vantagem apreciável em desenvolvimento, sem importar o que as pretas respondam. 4...e5 A alternativa é 4...b5 5.a4 e5 (ou 5...b4 6.Na2 Nf6 7.e5 Nd5 8.Bxc4 com vantagem) 6.axb5 exd4 7.Bxc4! Bb4! 8.Ra4 a5 9.bxa6, e as brancas emergiriam com um Peão a mais. 5.Bxc4 Essa combinação com sacrifício é certamente muito tentadora e, especialmente ao tabuleiro, extremamente difícil de refutar. Mas isso não é de forma alguma a consequência necessária do lance anterior das brancas, o qual tem um valor absolutamente independente da correção da peça sacrificada. A exploração posicional da vantagem em espaço das brancas consiste em 5.Nf3! exd4 6.Qxd4 Qxd4 7.Nxd4 após o que as pretas somente entrariam dentro de problemas posteriores para proteger o Peão do gambito – por exemplo: 7...b5 8.a4 b4 9.Nd1 Ba6 10.Be3 Nf6 11.f3, seguido de Rc1 e Bxc4, com clara vantagem posicional. 5...exd4 Seria fatal 5...Qxd4 6.Qb3 Qd7 7.Bg5! com um ataque vencedor. 6.Nf3 Colocando para as pretas um problema prático muito difícil...
6...b5? O qual não somente elas falham em resolver como mesmo escolhem um lance que as leva imediatamente a uma desvantagem decisiva. De fato, a oferta poderia ser aceita desde que as pretas tivessem à sua disposição uma linha mais efetiva daquela que analisei quando a propus. Minha variante “principal” era a seguinte: 6...dxc3 7.Bxf7+ Ke7 8.Qb3 Nf6 9.e5 Ne4 10.0-0! Qb6 (ou 10...Na6 11.Qc4! Nac5 12.Bg5+! Nxg5 13.Nxg5 com um ataque vencedor) 11.Qc4! cxb2 12.Bxb2 Qxb2 13.Qxe4 Kxf7 14.Ng5+ Ke8 15.Qc4 Be7 16.Qf7+ Kd8 17.Rad1+ Bd7 18.Ne6+ Kc8 19.Qxe7 Qxe5 20.Rfe1 Qf6 21.Rxd7 Qxe7 (21...Nxd7 22.Qd6 vencendo) 22.Rxe7 com uma posição vencedora. Mas, ao invés de 8...Nf6 as pretas poderiam jogar 11.Qxg8 (ou 11.Ba3+ após o que c5) suas chances no meio jogo, apesar da aproximada igualdade de forças, seriam estimadas decididamente maiores do que as possibilidades remanescentes de um ataque direto das brancas. Consequentemente, a menos que uma melhoria possa ser encontrada nessa última linha do jogo, a oferta do Cavalo das brancas dificilmente poderia se repetir, pelo menos na prática séria do xadrez. 7.Nxb5! O Dr. Euwe admite simplesmente não ter percebido essa resposta. Nesse momento o Cavalo obviamente não pode ser tomado devido a 8.Bd5, etc. 7...Ba6 8.Qb3! Um lance importante, com objetivo triplo: (a) proteger o Bispo do Rei; (b) evitar o xeque das pretas em b4; (c) fortalecer a pressão contra a casa f7 das pretas. 8...Qe7 Se 8...Bxb5 então 9.Bxf7+ Kd7 207
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10.Nxd4! (não 10.Bxg8 Rxg8) etc., com ganho fácil. 9.0-0 Bxb5 10.Bxb5 Nf6 É claro, não 10...cxb5 devido a 11.Qd5. 11.Bc4 Nbd7 12.Nxd4 Outro método vitorioso seria 12.e5 Nxe5 (se 12...Ng4 13.Qb7) 13.Nxe5 Qxe5 14.Qb7 Rb8 15.Qxf7+ Kd8 16.Qxa7; mas após 16...Bd6 as pretas seriam capazes de colocar pelo menos muito mais resistência do que com o simples lance do texto. 12...Rb8 13.Qc2 Qc5 Daqui em diante, as brancas para vencer terão apenas que evitar uma pequena armadilha. 14.Nf5 Aqui por exemplo, 14.Nxc6 seria errado devido a 14...Rc8. 14...Ne5 15.Bf4! E agora, após o tentador 15.Nxg7+ Kd8! (15...Bxg7? 16.Bxf7+) 16.Rd1+ Kc7 as brancas ficariam com duas peças en prise. 15...Nh5
16.Bxf7+! Uma simplificação muito rentável. Seria menos convincente ao invés disso 16.Bxe5 Qxe5 17.Be2 Qc5 18.Qxc5 Bxc5 19.Bxh5 g6, etc. 16...Kxf7 17.Qxc5 Bxc5 18.Bxe5 Rb5 19.Bd6 Ameaçando 20.a4. 208
19...Bb6 20.b4! E agora a Torre está em perigo. As pretas não podem evitar posterior perda de material. 20…Rd8 21.Rad1 c5 22.bxc5 Bxc5 23.Rd5!, e as pretas abandonaram. Partida 99 Alekhine, A. - Euwe, M. Campeonato Mundial, 8ª Partida, Leyden 1937 Defesa Nimzowitsch - E34
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nc3 Bb4 4.Qc2 Acredito que esse lance seja o mais lógico dentre tantos lances possíveis (4.Qb3, 4.a3, 4.Bd2, 4.Bg5, 4.e3, 4.Nf3, 4.g3 ou mesmo 4.Bf4), pois atinge dois objetivos importantes: toma o controle sobre e4 e evita, pelo menos temporariamente, a dobradura dos Peões na coluna c. 4...d5 5.cxd5 Se 5.a3 Bxc3+ 6.Qxc3 Ne4 7.Qc2 c5 8.dxc5 Nc6 9.e3 as pretas obteriam um jogo igual através de 9...Qa5+ 10.Bd2 Nxd2 11.Qxd2 dxc4! e se 12.Qxa5 Nxa5 13.Rc1 então 13...b5! 14.cxb6 Bb7!. 5...Qxd5 6.e3 Se 6.Nf3, então, por exemplo 6...c5 7.Bd2 Bxc3 8.Bxc3 cxd4 9.Nxd4 e5! (Loevendisch-Botvinnik, 7ª Partida do match, 1937). 6...c5 7.a3 Bxc3+ 8.bxc3 Nbd7 Aqui não há pressa sobre esse desenvolvimento do Cavalo. Mais apropriado para igualar parece ser 8...0-0 9.Nf3 b6! – e se 10.Be2, então 10...cxd4 11.cxd4 Ba6! Como, por exemplo, joguei com as pretas contra Grau em Montevidéu, 1938. 9.f3 Um sistema estratégico sólido: as brancas pretendem enfrentar o eventual ...e5 através de um contra avanço e4. Ainda mais exato
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seria, entretanto, primeiro 9.Ne2, pois então 9...cxd4 10.cxd4 Nb6 não seria satisfatório devido a 11.Nc3. 9...cxd4 10.cxd4 Nb6 11.Ne2 Bd7 12.Nf4 Jogado para obter um final de jogo ligeiramente superior após 12...Qc6 13.Qxc6, etc. Se, ao invés disso, 12.Nc3, então 12...Qc6 com um jogo bastante satisfatório.
12...Qd6 13.Bd2 Rc8 14.Qb2 Nfd5 Sem dúvida o melhor lance, eliminando qualquer perigo imediato no centro. 15.Nxd5 exd5 16.Bb4 Qe6 Se 16...Qg3 então 17.Rc1. 17.Kf2 O primeiro lance do “Roque Indiano” (veja minha partida com Sultan Kahn, Partida 53). Realmente, nessa posição o Rei está bastante confortável em f2. 17...Na4 A primeira derivação do caminho lógico. De longe a melhor chance de empate consistia em 17...Nc4 (mas não 17...f5 18.Bc5!, com vantagem) 18.Bxc4 Rxc4 obtendo assim Bispos de cores opostas; se, por exemplo 19.Rac1, então 19...Rxc1 20.Rxc1 Bc6 21.Qc3 f6 22.Qc5 a6 23.Qb6 Qd7, com uma defesa adequada. 18.Qd2 b6? Um erro fatal, permitindo às brancas vencerem através da força. Era necessário
18...f5, embora a vantagem das brancas após 19.Bd3 seguido por Re1 e eventualmente e4 já seria evidente. 19.Ba6! Rb8 Como a sequência mostra, a ameaça de aprisionar o Bispo através de ...g5 de forma alguma é efetiva. Mas 19...Rc7 20.Rac1 seria igualmente sem esperanças. 20.e4 Essa simples abertura do centro deixa as pretas sem o menor recurso de salvação. 20…b5 Se 20...f6, então 21.exd5 Qxd5 22.Qe2+! Qe6 23.Rhe1 Qxe2+ 24.Rxe2+ Kd8 25.Be7+ Kc7 26.Rc1+ vencendo.
21.Qf4! Esse poderoso lance intermediário destrói as últimas esperanças das pretas em pegar o Bispo do Rei adversário. Se agora 21...Rd8, então 22.exd5 Qxd5 23.Rhe1+ Be6 24.Re5 Qxd4+ 25.Qxd4 Rxd4 26.Bxb5+ vencendo. 21…Rb6 22.exd5 Mais preciso do que 22.Rhe1 que poderia ser respondido por 22...Nb2!. 22…Qxd5 23.Rhe1+ Be6 24.Rac1 Com a terrível ameaça 25.Rc8+. 24…f6 25.Rc7! Mais convincente do que ganhar a qualidade com 25.Rc8+. 209
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25…Kd8 26.Rxa7 Após isso o mate é inevitável em poucos lances. As pretas abandonaram. Partida 100 Alekhine, A. - Euwe, M. Campeonato Mundial, 14ª Partida, Zwolle 1937 Abertura Catalã - E02
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.g3 d5 O grande mestre soviético Loevenfish jogou em uma partida de torneio em Tbilisi 1937 3...Bb4+ 4.Bd2 Bxd2+ 5.Qxd2 Ne4 6.Qc2 d5 7.Bg2 Qe7 8.a3 c5 – e obteve uma posição muito satisfatória. O lance do texto em conjunção com o próximo conduz a uma versão moderna do Gambito da Dama Aceito que é ligeiramente favorável às brancas. 4.Nf3 As brancas precisam não evitar a troca das Damas, jogando 4.Bg2 dxc4 5.Qa4+ Qd7 6.Qxc4 Qc6 7.Nd2 etc., e obtendo uma vantagem tanto em espaço como em desenvolvimento. 4...dxc4 5.Qa4+ Nbd7 6.Qxc4 Não há vantagem em retardar essa captura, por exemplo 6.Bg2 a6 7.Nc3 Rb8! 8.Qxc4 b5, com pelo menos a igualdade. 6...c5 Se agora 6...a6, então 7.Qc2 para responder a 7...b5 com 8.a4!. A mesma manobra se aplicaria se as pretas tivessem jogado ...a6 no seu sétimo lance. 7.Bg2 Nb6 Esse método de jogo tem a desvantagem de não resolver o problema de desenvolvimento do Bispo da Dama. Seria mais aconselhável em primeiro lugar 7...cxd4, e se 8.Nxd4 Nb6 seguido por ...Bb4+; e se 8.Qxd4 então 8...Bc5 9.Qh4 Be7 etc., ainda assediando a aventurosa Dama das brancas. 8.Qd3 cxd4 9.0-0! 210
Para prevenir 9...Bb4+. possível por exemplo após 9.Nxd4. O Peão a mais das pretas não pode ser protegido devido a (9...c5) 10.b4!. 9...Be7 10.Nxd4 0-0 É claro, não 10...e5 devido a 11.Qb5+ Nbd7 12.Nf5 com clara vantagem. 11.Nc3 e5 A troca dupla em seguida é bastante arriscada e a ligeira perturbação da posição dos Peões das brancas na ala da Dama será mais do que compensada pela vantagem do par de Bispos. Seria uma tentativa interessante 11...Qd7 tendo como objetivo tanto 12...e5 como 12...Rd8. 12.Nf5 Bb4 13.Qc2! Bxc3 14.bxc3 Bxf5? Essa troca – é verdade – seria necessária cedo ou tarde – mas por que a pressa? Como as pretas pretendem jogar ...Qc7 seriam melhor aconselhadas a fazerem isso direto, dessa forma não dando às brancas tantas escolhas de lances de ataque. 15.Qxf5 Qc7 16.Bh6 O objetivo principal desse lance bastante difícil é evitar o lance do Cavalo a d5, que seria possível por exemplo, após 16.Bg5. Se agora 16...Nfd5 então 17.Be4! g6 18.Qf3 Rfd8 19.Rfd1etc., com vantagem das brancas. 16...Nbd7 17.Qg5?
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Mas por deixar o seu Bispo posicionado tão perigosamente, as brancas certamente complicam as coisas sem necessidade. Simples e forte seria 17.Be3 e se 17...g6 então 18.Qg5 etc., com uma vantagem posicional considerável. 17...Ne8 18.Rab1 Também era possível 18.Bh3, um lance que pretendia jogar mais tarde como resposta, por exemplo, a 18...Rb8. 18...Nc5 O tentador 18...Nb6 seria respondido através de 19.a4! e se 19…f6 então 20.Qf5! gxh6 21.a5 Qd7 22.Qh5 – e as pretas teriam sérios problemas se tentassem conservar a peça a mais por muito tempo. 19.Qg4 Rd8 Dificilmente seria uma política sensata forçar a troca das Damas através de 19...Qc8, pois após 20.Qxc8 Rxc8 21.Bg5 f6 22.Bd5+ seguido por 23.Be3 os Bispos certamente desempenhariam um papel vital no final da partida. 20.Bg5 Rd6 21.Qc4 Preparando o avanço do Peão f, que nesse momento seria prematuro – por exemplo 21.f4 h6 22.fxe5? Rg6 com vantagem. 21...b6 As brancas ameaçavam também 22.Bxb7. 22.f4 Rg6! Com esse e os próximos lances em seguida as pretas eliminam qualquer perigo imediato. 23.Rbd1 Ameaçando 24.Bd8 seguido de f5. 23...e4 Evitando a ameaça acima, pois 24.Bd8 Nd6! 25.Bxc7 Nxc4 seria agora favorável às pretas.
24.Bh4! Após essa retirada oportuna, a posição das pretas começa a parecer muito precária, pois por exemplo 24...Nd6 25.Qd5 Nb5 26.Rc1 Rd6 27.Qc4 seria favorável às brancas. Através da interessante oferta de Peão em seguida, as pretas conseguem remover a Dama das brancas para uma casa menos ativa – mas ao alto preço de um sério enfraquecimento da posição do seu Cavalo em c5. 24...b5!? 25.Qb4! A única resposta correta, pois 25.Qxb5 permitiria às pretas colocarem um Cavalo em f5 através via d6, com as ameaças ...Nxh4 e ...Ne3, que lhes asseguraria uma iniciativa promissora. 25...a5 26.Qa3 E não 26.Qb2 ou em b1 devido a 26...Na4. 26...f5? O desejo de evitar f5 e ao mesmo tempo assegurar o Peão e é muito compreensível. Mas o lance tem o grave inconveniente de fazer a posição das pretas no centro ainda mais instável do que estava antes. Uma linha perfeitamente satisfatória era, entretanto, difícil de ser encontrada. Se, por exemplo, 26...Rd6 (recomendado pelo grande teórico Prof. Becker, que até deu para as pretas uma vantagem!) então 27.Be7! Rxd1 (27...Qxe7 28.Qxc5) 28.Bxc5! Rxf1+ 29.Kxf1, após o 211
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que as pretas sofreriam posterior perda material. Também após o relativamente melhor 26...Nd6 as brancas assegurariam uma vantagem posicional definitiva através do importante lance intermediário 27.Rd5!, e as pretas então teriam somente a escolha entre alternativas desagradáveis. 27.Bd8! Um choque muito desagradável: as brancas obtém sua ameaça em primeiro lugar e assim evitam a colaboração harmoniosa das forças das pretas. 27...Qa7 28.Kh1 Ra6 29.Rd5 A simples dominação da coluna central através das Torres em breve se provará decisiva devido às varias fraquezas criadas pelos lances de Peão 23 a 26 das pretas. 29...Ne6 30.Rfd1 Nxd8 Se ao invés disso 30...Qe3, então simplesmente 31.Qb2 e as ameaças permaneceriam. 31.Rxd8 Qf7 32.R1d5 Mais efetivo do que 32.R1d7 Qc4. 32...Rc6 33.Rxb5 Qc4
me conduziria sem danos até o ameaçador 40º lance – e não prestei atenção ao simples 36.Qb3 forçando um final com dois Peões a mais e muito provavelmente uma rendição imediata! 36...Qxe2 37.Qb3+ Kh8 38.Rxe4 Qd2 39.Qb1! Mais fácil tecnicamente do que 39.h6 Nd6 com ligeiras possibilidades de luta para as pretas. 39...Qxc3 40.Qe1 Qxe1+ Ou 40...Qc8 41.Qxa5. 41.Rxe1 O final é facilmente vencedor, pois as brancas, além do seu Peão a amis, têm um Bispo muito forte contra um Cavalo completamente carente de casas seguras no centro do tabuleiro. 41...Nd6 42.Bc6! Imobilizando o Cavalo (devido a uma eventual troca das Torres através de Re8) e prevenindo um posterior avanço do Peão a das pretas. 42...Rb8 Ou 42...Rc8 43.Ba4. 43.Re6 Rb1+ 44.Kg2 Rb2+ 45.Kh3 Nf5 46.Rxf6 Ne7 47.Be4 Kg7 48.Re6 Kf7 49.Rh6 Rxa2 50.Rxh7+ Kf6 51.Rh6+ Kf7 52.Ra6, e as pretas abandonaram. Partida 101 Euwe, M. - Alekhine, A. Campeonato Mundial, 21ª Partida, Amsterdã 1937
Defesa Índia da Dama - E18
34.Rxf5! Conclusivo, pois 34...Rxf5 35.Rxe8+ Kf7 36.Qe7+ Kg6 37.Bxe4 etc., seria absolutamente sem esperanças para as pretas. 34...Rcf6 35.Rxf6 gxf6 36.Rd4? Um cálculo típico de apuro de tempo. Eu estava contente por ter encontrado uma sequência de lances praticamente forçada que 212
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nf3 b6 4.g3 Bb7 5.Bg2 Bb4+ 6.Bd2 Be7 Para o melhor do meu conhecimento, esse lance não fora jogado anteriormente; mas uma ideia análoga na Defesa Holandesa já havia sido experimentada – em primeiro lugar pelos jogadores soviéticos e em seguida por
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
mim mesmo, na maioria das vezes com resultados muito satisfatórios. A ideia da retirada do Bispo é tirar vantagem da posição algo incomum do Bispo da Dama das brancas. Assim, após a partida cheguei à conclusão de que o velho 5...Be7 (ao invés de 5...Bb4+) que adotei na 23ª Partida do match, é pelo menos tão bom como a manobra do texto. 7.Nc3 Ne4 Permitindo às brancas obterem uma ligeira vantagem em espaço. Era mais seguro 7...00 8.0-0 d5 e se 9.Ne5, então ...Qc8 com jogo aproximadamente igual. 8.0-0 As brancas também poderiam jogar direto d5. 8...0-0 9.d5! Nxd2 10.Qxd2 Também seria bom 10.Nxd2, pois dificilmente deixaria as pretas com algo melhor do que 10...Qc8, estancando a ameaça 11.d6!.
10...Bf6 11.Rad1 Desperdiçando tempo precioso. Após 11.Nd4 o jogo das brancas permaneceria preferível definitivamente. 11...d6 12.dxe6 Se agora 12.Nd4, então 12...Bxd4 seguido por ...e5 com jogo satisfatório para as pretas. A troca do texto também conduz apenas à igualdade, pois as pretas podem facilmente proteger seu Peão e6. 12...fxe6 13.Nd4 Bxg2 14.Kxg2
É claro, não 14.Nxe6? devido a 14...Qe7 15.Nxf8 Bxc3 16.bxc3 (16.Qxc3 Bxf1) 16...Bb7! permanecendo com duas peças menores pela Torre. 14...Qc8 Pretendendo em algumas variantes fazer uso da casa b7, por exemplo, 15.f4 Nc6! 16.Nxc6 Qb7, com vantagem das pretas. 15.Qe3 Bxd4 16.Rxd4 Nc6 17.Re4 O início de um plano totalmente equivocado que transforma rapidamente uma posição jogável em uma perdida. Um lance sólido seria 17.Rd2, mas até mais simples era 17.Rf4; então após a troca das Torres, as chances de ataque das pretas seriam reduzidas ao mínimo. 17...Rf6 18.f4? Deixando a Torre em uma posição afogada. O lance 18.Rf4 ainda era o correto. 18...Qd7 19.g4 Enfraquecendo o Peão f e dessa forma somando a todos os outros problemas das brancas. Ao invés disso, 19.Rd1 daria a elas algumas chances de salvação. 19...Raf8 20.g5 Inútil, como a resposta demonstra. Mas essa partida já estava estrategicamente perdida.
20...Rf5! As pretas não precisam proteger seu Peão e, pois após 21.Rxe6 a resposta 21...Ne5 213
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ganharia a qualidade. 21.h4 Qf7 22.Rf3 Kh8! Uma preparação importante para o avanço central em seguida, ao invés de que o imediato 22...d5 seria ligeiramente prematuro devido a 23.Rxe6 d4 24.Qe4 dxc3 25.bxc3! Nd8 26.Re7, com algumas chances de luta para as brancas. E como 22...e5 também poderia ser inconvincente devido a 23.Nd5 Nd4 24.Ne7+! Qxe7 25.Rxd4 etc., decidi conter o avanço dos meus Peões centrais até que tal avanço fosse absolutamente decisivo. 23.Qd3 d5! Agora chegou a hora, pois 24.cxd5 exd5 25.Ra4 d4 seria bastante desesperador para as brancas. 24.Rxe6 Nb4! Obviamente mais forte do que 24...Qxe6. 25.Qe3 Nc2 Ao invés disso, 25...d4 26.Qe4 dxc3 27.bxc3 etc., permitiria uma longa resistência. 26.Qd2 Qxe6 27.cxd5 Qf7
28.Qxc2 Após esse lance as pretas vencem com facilidade através de um ataque direto. Eu esperava, ao contrário, o mais sutil 28.Kg3 (ameaçando também 29.e4), após o que ocorreria o ocorreria a impressionante variante 28...Ne1! 29.Rf2 Ng2 30.e3 (ainda lutando 214
pelo Peão f) 30...Nxh4 31.Kxh4 h6! etc., com ameaças decisivas. 28...Rxf4 29.Qd3 Qh5 30.Rxf4 Rxf4 31.Qh3 Rg4+ 32.Kf2 h6! Se agora 33.gxh6, então 33...Qf5+, após o qual o xeque com a Torre ganharia a Dama. As brancas abandonaram. Partida 102 Alekhine, A. - Euwe, M. Campeonato Mundial, 22ª Partida, Delft 1937
Abertura Réti - A09
1.Nf3 d5 2.c4 d4 3.e3 Após 3.b4 as pretas podem jogar 3...f6 seguido por ...e5 com boas perspectivas. O lance escolhido evita essa possibilidade, pois após 3...c5 4.b4 f6 as brancas podem jogar – não 5.bxc5 e5! com chances quase iguais, mas (esse último lance, que parece muito efetivo, foi descoberto por mim mesmo nos preparativos para o match) – após o que a fraqueza da diagonal g1-a7 causará problemas consideráveis para as pretas: se 6...e5, então 7.Bc4; se 6...Qd5 então 7.Qb2 com vantagem; se 6...a5, então 7.Qa4+ Bd7 8.b5 e5 9.Bc4 e as pretas não podem jogar 9...Bxc5 devido a 10.Bxg8 seguido de Qc4. Em outras palavras, as consequências de 3...c5 parecem ser decididamente favoráveis às brancas. 3...Nc6 Ao contrário, após esse lance as brancas encontrarão muitas dificuldades (se de fato possível) de obter qualquer vantagem na abertura. 4.exd4 Nxd4 5.Nxd4 Qxd4 6.Nc3 Nf6 Até mais simples é de imediato 6...e5, mas como as pretas podem efetuar esse avanço através do seu próximo lance, a continuação do texto ainda não prejudica nada.
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7.d3 Seria inútil 7.Nb5 Qb6 8.d4 e5 9.c5 Qc6 10.Nc3 a6. 7...c6? Uma grave perda de tempo, ao invés de 7...e5 que seria bastante suficiente. Se então 8.Be3, simplesmente 8...Qd8 9.d4 Ng4; ou se 9.Be2, então 9...c5 (ou mesmo, mais sólido, 9...Be7), com um jogo aproximadamente igual. 8.Be3 Qd7 Com a intenção de desenvolver os Bispos nas grandes diagonais. Mas a vantagem das brancas em espaço se torna evidente a cada lance. 9.d4 g6 10.Be2 Bg7 Ameaçando ...Ng4, o que seria inútil de imediato devido a 11.Bf4 seguido de h3. 11.h3 0-0 12.0-0 b6 13.Bf3 Bb7
14.a4! Para fazer uma quebra mais efetiva no centro, as brancas em primeiro lugar tentam enfraquecer a casa b6 das pretas. A continuação provará a profundidade desse esquema. 14...Rad8 Em conexão com o seu décimo oitavo lance, isso parece como uma perda de tempo, mas na realidade já é quase uma triste necessidade, pois após a5 as pretas teriam que lidar com a ameaça a6, enquanto isso, por outro lado, após a troca na casa b6 seriam obrigadas
a oferecer a troca de pelo menos um par de Torres. 15.a5 Qc7 Esse e o próximo lance são necessários para dar proteção suficiente à casa fraca b6. 16.Qb3 Nd7 17.axb6 axb6 18.Ra7 Ra8 A principal ameaça das brancas era 10.d5. 19.Rfa1 e6 De outra forma o iminente d5 seria até mais desagradável do que provou ser na atual partida. 20.Rxa8 Bxa8 Esse lance foi injustamente criticado. Após 20...Rxa8 21.Rxa8+ Bxa8 22.Qa3 Bb7 23.b4, as brancas teriam à sua frente um problema tecnicamente mais fácil do que na partida.
21.d5! Uma decisão nem um pouco fácil, pois tive o cuidado total para que as trocas resultantes não cedessem casas centrais importantes para as pretas. Ainda, era necessário lançar algo definitivo nesse momento, pois (1) as brancas não têm meios de melhorar a excelente posição das suas peças; (2) as pretas, ao contrário, podem eventualmente tentar formar um ataque contra o Peão d, começando por ...Rd8; e (3) essa é a única possibilidade de tirar vantagem da fraqueza b6 das pretas, criada através do avanço do Peão a das brancas. 21...cxd5 22.cxd5 Nc5 215
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A justificação lógica do lance 21.d5 reside na variante 22...Bxc3 23.d6! Qxd6 24.Qxc3 Bxf3 25.Bh6!, ganhando a qualidade. E se 22...Ne5, então 23.Be4 ainda ameaçando d6. 23.Qc4 Se 23.Bxc5 Qxc5 24.dxe6 Bxf3 25.exf7+ Rxf7 26.gxf3 Bxc3 27.Ra7 Qg5+ com xeque perpétuo. 23...exd5 24.Bxd5 Bxd5 25.Nxd5 Qe5 As pretas escolhem a linha mais agressiva, que certamente é mais promissora do que a passiva 25...Qb7 26.Rb1 Nd7 27.Qb5!, com clara vantagem espacial das brancas. 26.Rb1 Na4! Um caminho engenhoso de tomar o Peão doente, ao menos temporariamente. O lance do texto tinha que ser calculado com exatidão por ambos os lados. 27.b3 Nb2 28.Qc6 b5! O ponto da manobra anterior do Cavalo, pois o Peão não pode ser tomado devido a resposta 29...Rd8. 29.Bf4! Qe6 Após isso as brancas, como os lances em seguida mostrarão, poderão tomar o Peão. A única defesa adequada consistia em 29...Qe7! que poderia ser respondido por 30.Rf1!, deixando ainda as pretas com os seguintes pontos fracos: (a) o Peão b; (b) a casa f6; (c) por último mas não menos importante, a posição insegura do Cavalo em b2.
216
30.Qxb5! Essa captura aparentemente muito arriscada assegura às brancas uma vantagem material que elas conseguirão manter até o final. Se agora 30...Rd8, então 31.Rc1! Rxd5 32.Qb8+(para isso foi necessário 29.Bf4) 32...Bf8 33.Bh6 Qd6 (ou 33...Qe7) 34.Qxd6 Rxd6 35.Rc8 vencendo. 30...Qe4 31.Rc1 Nd3 Ou 31...Rd8 32.Bg5 com variantes similares àquelas mencionadas acima. 32.Qc4! Novamente o único lance, mas amplamente suficiente para a manutenção da vantagem. 32...Qe2 Seria um erro grave 32...Be4 devido a 33.Nf6+. 33.Rf1 Nxf4 Praticamente as pretas não têm escolha, pois 33...Re8 (ameaçando 34...Qxf1+) seria enfrentado facilmente por 34.Be3. 34.Qxf4 E não 34.Nxf4 Qxc4 35.bxc4 Rc8 36.Rc1 Bh6 - com provável empate. 34...Qb5 35.Qf3! As brancas ainda têm que ter cuidado. Aqui por exemplo, o lance mais “natural” 35.Qc4 levaria a um empate rápido após 35...Rb8. 35...Rb8 36.Rb1 Qa6 37.Rd1 Essa tentativa de repetir lances se deve a ligeira escassez de tempo, levada pelas extremamente interessantes complicações. Após o simples 37.b4 as brancas não teriam muitos problemas em conseguir a vantagem da posse de um Peão passado. Uma variante plausível seria, por exemplo 37.b4 Qc4 38.Ne7+ Kf8 39.Nc6 Rb6 40.b5! Rxb5 41.Qa3+, vencendo. 37...Qa3 38.Rb1 Qa2 39.Qd3 Bd4 Esse contra-ataque só compromete a posição do Rei das pretas. Mas é difícil sugerir uma linha de jogo satisfatória, para as brancas
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é simplesmente avançar o seu Peão passado. 40.Rf1 Qb2 A alternativa 40...Qa7 também seria insatisfatória devido a 41.b4, etc.
41.Ne7+! Esse lance secreto inicia o ataque final, que após uma dúzia de lances, conduz praticamente forçado o ganho da Dama por duas peças. 41...Kf8 O único lance. Seria sem esperanças 41...Kg7 42.Nf5+ gxf5 43.Qg3+ e Qxb8 – ou 41...Kh8 42.Nc6 Bxf2+ 43.Rxf2 Qc1+ 44.Kh2 Qxc6 45.Rxf7, etc. 42.Nc6 Bxf2+ 43.Kh2! A ideia desse sacrifício de Peão (ao invés de 43.Rxf2 Qc1+ 44.Qf1 Qxc6 45.Rxf7+ Kg8 46.Qf3, com chances de vitória bastante problemáticas) se tornará aparente somente após o 48º lance. A manobra de Cavalo em seguida é bastante espetacular. 43...Re8 Se 43...Rb7, então 44.Qf3 Bb6 (ou 44...Bc5 45.Qd5) 45.Nd8, ganhando pelo menos a qualidade. 44.Qf3 Re2 Novamente o único lance, como também o lance em seguida. Mas se o Rei das brancas tivesse ido para h1 no 43º lance, então 44.Re8 salvaria as brancas. 45.Nd4! Rd2 46.Ne6+ Ke7 47.Nf4
Ameaçando 48.Nd3. 47...Qd4 Ou 47...Qc2 48.Ra1 e o Rei das pretas sucumbiria ao ataque combinado contínuo das três peças brancas.
48.Kh1! Somente esse lance “tranquilo”, que teve que ser calculado bastante tempo antes, justifica o ataque iniciado através de 43.Kh2. As brancas agora ameaçam 49.Ne2, e se as pretas tentarem evitar isso através de 48...Bh4, perdem da seguinte maneira: 49.Qb7+ Qd7 50.Qb4+ Ke8 51.Ne6! (mais forte do que 51.Nxg6 hxg6 52.Qxh4 Rd1! etc.) 51...Be7 52.Qb8+ Bd8 53.Nxd8 Qxd8 54.Qe5+ Qe7 55.Qh8+ Kd7 56.Qxh7 Rf2 57.Rd1+ Kc7 58.Qh8 etc. 48...Ra2 Ou 48...h5 49.Ne2 Rd1 etc., o que não seria muito diferente da linha realmente jogada na partida. 49.Ne2 Ra1 50.Qb7+ É claro, não 50.Nxd4 Rxf1+ seguido de ...Bg1+ recuperando a Dama. 50...Kf6? A partida está perdida de qualquer forma, mas 50...Kf8 prolongaria a batalha – por exemplo 51.Nxd4 Rxf1+ 52.Kh2 Bg1+ 53.Kg3 Bf2+ 54.Kf3 Bxd4+ 55.Ke4 Bf6, ou 55.Ke2 Rf2+ 56.Ke1 Kg7!. Nessa 217
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variante, para forçar o abandono, as brancas seriam obrigadas a usar o seu trunfo reserva – o Peão passado b. 51.Nxd4 Rxf1+ 52.Kh2 Bg1+ 53.Kg3 Bf2+ 54.Kf3 Bxd4+ 55.Ke4 Rd1 Agora forçado, pois as brancas ameaçavam 56.Qa6+. 56.Qd5? Aqui realmente não havia a necessidade de se incomodar calculando o final de Peões (vencedor) após 56...Re1+ 57.Kxd4 Rd1+ 58.Kc5 Rxd5+ 59.Kxd5 Ke7 60.Kc6 etc., pois o simples 56.Qc6+ seguido de 57.Qc2 venceria de imediato! Essa foi a única (felizmente negligenciável) omissão que cometi nessa partida incomumente difícil. 56…Ke7 57.g4 h5 Desespero. 58.gxh5 f5+ 59.Kf3 Rd3+ 60.Ke2 Re3+ 61.Kd2 Re4 62.hxg6, e as pretas abandonaram. Partida 103 Alekhine, A. - Euwe, M. Campeonato Mundial, 24ª Partida, Roterdã 1937
Defesa Semi-Tarrasch - D41
1.Nf3 d5 2.c4 e6 Para 2...d5, veja a Partida 102. 3.d4 Nf6 4.Nc3 c5 5.cxd5 Nxd5 6.g3 Uma derivação inofensiva do usual 6.e4. Em ambos os casos as pretas têm muito pouca dificuldade em desenvolver suas peças. 6...cxd4 Também é bastante bom 6...Nc6 7.Bg2 Nxd4 8.Nxd4 Nxc3 9.bxc3 cxd4 10.Qxd4 Qxd4 11.cxd4 Bd6 12.a4 Ke7 com igualdade, como jogado na última das partidas de exibição organizadas após o match. 7.Nxd5 Qxd5 8.Qxd4 Qxd4 9.Nxd4 Bb4+ Não há nada a se falar sobre esse xeque e a 218
troca em seguida. 10.Bd2 Bxd2+ 11.Kxd2 Ke7?
Mas a negligência em desenvolver as peças da ala da Dama a partir de agora causará todos os problemas. Era indicado 11...Bd7 12.Bg2 Nc6 13.Nxc6 Bxc6 14.Bxc6+ bxc6 15.Rac1 0-0-0+ 16.Ke3 Kc7 com um final de Torres facilmente defensável. 12.Bg2 Rd8 13.Ke3 Na6 Praticamente forçado, pois a casa c7 precisa de proteção. Mas o Cavalo em a6 não estaria somente fora de jogo, mas como a continuação mostrará, exposto perigosamente. A parte em seguida da partida, que termina com o ganho de um Peão pelas brancas, é fácil de entender, mas ainda bastante instrutiva. 14.Rac1 Rb8 15.a3 Seria inútil 15.Nb5 devido a 15...Bd7 (16.Nxa7? Ra8). 15...Bd7 Ameaçando agora 16...e5 que as brancas evitam através do seu próximo lance. 16.f4 f6 Esse lance tem sido muito criticado, na minha opinião, sem muita razão, pois a longo prazo as pretas, de qualquer forma, não seriam capazes de evitar perda material. Se, por exemplo 16...Be8, então 17.b4 Rd7 18.Nb5 Ra8 19.Rc3 seguido de 20.Rhc1 seguido de 21.Rc8 ou 21.Nc7. Como aconteceu na presente partida, as pretas, apesar do
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
Peão a menos, ainda teriam algumas chances de empate.
17.Be4! Uma típica “centralização” que o falecido Nimzowitsch certamente teria apreciado. As brancas não somente atacam o Peão h mas em algumas variantes ameaçam Bd3 e (o que é mais importante) evitam 17...e5 devido a 18.fxe5 fxe5 19.Nf3 ganhando um Peão. 17...Be8 Evitando 18.Bxh7, pois a resposta 18...g6 com as ameaças (a) ...Bf7 seguido de ...Rh8, ou (b) ...Rbc8 seguido por ...Nc7, daria às pretas recursos suficientes. Mas com os seus próximos dois lances as brancas conseguem tomar vantagem da fraqueza das pretas em e6. 18.b4! Rd7 19.f5! Nc7 Comparativamente melhor do que 19...e5 20.Ne6, ou 19...exf5 20.Bxf5 Rd5 21.Bxh7 - em ambos os casos com vantagem considerável das brancas. 20.fxe6 Nxe6 21.Nxe6 Kxe6 22.Bxh7 Assim as brancas obtiveram uma vantagem material, mas sua vantagem posicional enquanto isso quase desapareceu, e as pretas até mesmo conseguem obter alguma pressão na coluna e. 22...f5 23.Rc5! Preparando a troca dos Bispos em d5. 23...g6 24.Bg8+ Kf6 25.Rhc1 Re7+
26.Kf2 Bc6 27.Bd5 Rbe8 28.Re1! De longe o melhor, pois 28.R1c2 Ba4 29.Rd2 b6 30.Rc3 Rd8 levaria a uma cravada desagradável. 28...Bxd5 29.Rxd5 g5 30.Rd6+ Ke5
Após esse avanço desesperado a partida rapidamente se torna sem esperanças. O curso natural seria 30...Kf7 31.h4 gxh4 32.gxh4 Rh8 33.Rd4 e as brancas ainda teriam algumas dificuldades técnicas para forçar a vitória. 31.Red1 g4 Seria igualmente sem esperanças 31...Re6 32.Rd7 R8e7 33.h4, etc. 32.R1d5+ Ke4 33.Rd4+Ke5 34.Ke3 Também era possível 34.e4, que levaria ao ganho de um segundo Peão , mas ainda permitindo às pretas uma resistência mais prolongada do que na partida – por exemplo (34.e4) Rc8! 35.R6d5+ Ke6 36.exf5+ Kf6, etc. O caminho escolhido é bastante simples. 34...Re6 Ou 34...f4+ 35.Kd3! ainda ameaçando o mate. 35.R4d5+ Kf6+ 36.Kf4 Kg6 37.Rxe6+ Rxe6 38.Re5 Ra6 Se 38...Rf6, então 39.e4 fxe4+ 40.Kxg4 Rf7 41.h4 vencendo rapidamente. 39.Rxf5 Rxa3 40.Rb5! O imediato 40.Kxg4 provavelmente também venceria – mas o lance do texto é mais exato. 219
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
40…b6 41.Kxg4 Se agora 41...Re3, então 42.Rg5+ Kh6 43.b5! (o ponto do 40º lance) Rxe2 44.h4, após o que não haveria mais chances de luta para as pretas. As pretas abandonaram.
9.Bd3 Nc6 10.dxc5 Bxc5 11.0-0, etc. 9...Bxc5 10.b4? Obviamente não prevendo a resposta, de outra forma jogariam 10.Bd3.
Partida 104 Euwe, M. - Alekhine, A. Campeonato Mundial, 25ª Partida (últ.), Haia 1937
Defesa Nimzowitsch - E46
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nc3 Bb4 4.e3 0-0 5.Nge2 Essa é uma das invenções menos felizes do grande artista das aberturas, Rubinstein. Seu ponto fraco é que o Cavalo não tem muito futuro, nem em f4 nem em g3, e que as pretas, ao fazerem o lance mais simples, obterão uma ligeira vantagem de desenvolvimento. Então é preferível em primeiro lugar 5.Bd3, e se 5...b6 então 6.Ne2 (ou mesmo 6.Qf3); ou se 5...d5, então 6.Nf3, com perspectivas bastante boas. 5...d5 6.a3 Be7 7.cxd5 Uma vez que as brancas pretendem jogar Ng3, fariam melhor retardar essa troca. De fato, após 7.Ng3 c5 8.dxc5 Bxc5 9.b4 o lance 9...d4 seria errado devido a 10.Qb3, e se 10...Bb6 então 11.c5, etc. Consequentemente, as pretas seriam obrigadas a modificarem o seu plano de desenvolvimento. 7...exd5 8.Ng3 Rubinstein costumava jogar aqui 8.Nf4, obviamente para evitar o próximo lance das pretas, após o que o segundo jogador não experimenta mais dificuldades na abertura. 8...c5 9.dxc5 Preparando o erro do próximo lance. Como o lance das pretas ...c4 não deve ser temido, o curso normal das brancas era 220
10.d4! O ponto desse lance interessante é que as brancas não podem responder bem através de 11.Na4 devido a 11...dxe3! 12.Qxd8 (12.NouPxc5? exf2+ 13.Ke2 Bg4+ vencendo) 12...exf2+ 13.Ke2 Bg4! forçando o movimento do Rei para a coluna d, após o que a Dama será tomada com xeque, salvando assim o Bispo do Rei. E como 11.Nce4 Nxe4 12.Nxe4 Bb6 etc. também favoreceria as pretas, o lance a seguir das brancas é comparativamente o melhor. 11.bxc5 dxc3 12.Qc2 As brancas decididamente estão com estado de espírito muito otimista e subestimam as ameaças das pretas. De outra forma, elas teriam tentado simplificar as coisas através de 12.Qxd8 Rxd8 13.Ne2 Ne4 14.f3 Nxc5 15.Nxc3 Nc6, após o que, entretanto, as pretas, devido à sua maioria de Peões na ala da Dama e melhor desenvolvimento, ainda teriam uma ligeira vantagem. 12...Qa5 13.Rb1 Agora 13.Ne2 não seria suficiente devido a 13...Nd5 14.e4 Nb4! etc., ganhando a qualidade. 13...Bd7! A ameaça 14...Ba4 é agora difícil de se
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Capítulo 3 - Partidas de Torneios e Matches com Dr. Euwe - 1934 - 1937
enfrentar. Se, por exemplo 14.Bc4 Ba4 15.Bb3 então 15...Bb5, etc.; e se 14.Rb4 (que foi sugerido por muitos comentaristas), então 14...Na6! 15.Bxa6 Qxa6 16.e4 Rfe8 e as brancas não podem nem rocar nem tomar o ameaçador Peão c devido a ...Nd5. A decisão das brancas de entregar a qualidade por um Peão para finalmente terminar o desenvolvimento das suas peças, comparativamente parece ser a mais sábia. 14.Rb3 Ba4 15.Qxc3 Qd8! O ponto do décimo terceiro lance. Apesar da sua vantagem material, de nenhum modo será fácil para as pretas forçarem a vitória. A próxima fase da partida é particularmente instrutiva do ponto de vista tático. 16.Bc4 Na6! Ao invés de 16...Bxb3 17.Qxb3 Na6 18.Qxb7 Nxc5 etc., que permitiria às brancas conservarem seus dois Bispos. 17.Bxa6 bxa6 E não 17...Bxb3 18.Bd3! com comparativamente mais chances do que na partida. 18.0-0 Bxb3 19.Qxb3 Rb8 A coluna d em breve se tornará um fator muito importante. Após o mais obvio 19...Qd5 as brancas, jogando 20.Qxd5 Nxd5 21.e4 etc., teriam ainda mais chances de salvarem o final da partida. 20.Qc2 Qd5 21.e4 Qb3 22.Qe2 Agora ao contrário, o final após 22.Qxb3 Rxb3 seria bastante sem esperanças devido à fraqueza do Peão a das brancas.
22...Qb5! 23.Qf3 Relativamente melhor do que 23.Qe3 Nd7. Se as brancas querem evitar a troca das Damas precisam esquecer seu Peão c. 23...Qxc5 24.Nf5? Mas aqui 24.Bf4, para evitar a cravada em seguida, ofereceria chances de luta ligeiramente melhores. A resposta certa para as pretas seria 24...Rbe8 e se 25.e5 (25.Rc1 Qb5! 26.Bd6 Rc8 etc.) então 25...Nd7 26.Ne4 Qc2 27.Rc1 Qb2 etc., pegando o material de vantagem. 24...Rb1 25.Qf4 Ou 25.Qg3 Nh5 26.Qg5 Kh8! etc., com uma defesa fácil. Mas agora elas ameaçam ganhar a Dama jogando 26.Qg5. 25...Nxe4 Poderia se supor que após a captura desse importante Peão a luta muito em breve se encerraria. Mas as brancas conseguem encontrar novos lances de ataque de novo e de novo. 26.h4 Re8 Não convincente o bastante seria 26...Nxf2 devido a 27.Kh2!. 27.Re1 Qc3 28.Rd1 Ameaçando 29.Qxe4.
28...Nd2! Esse lance espetacular força uma simplificação posterior, muito benvinda, após a qual praticamente não restará mais luta. 221
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
29.Rxd2 Rxc1+ Mas não 29...Qxc1+ 30.Kh2 Rb2? 31.Qg5! com uma vitória para as brancas! 30.Kh2 Qc7 31.Rd6 Rc5 32.g3! Uma ideia muito engenhosa, digna de um destino melhor. Se as pretas executarem a sua ameaça (32...Rxf5) seriam obrigadas após 33.Re6!! a entregar a Dama por duas Torres (33...fxe6 34.Qxc7 Rxf2+ 35.Kh3 e5) após o que seriam capazes de opor uma resistência obstinada. 32...Rf8! Mas essa simples resposta coloca um ponto final nas últimas esperanças de salvação. O que segue é agonia. 33.g4 Ao invés disso 33.Nxg7 Kxg7 34.Qf6+ Kg8 35.Rd4 h5 etc., não funcionaria. 33...f6 34.Kh3 h5 O início do contra-ataque. 35.Qd2 hxg4+ 36.Kxg4 Qf7 37.h5
37...Rxf5! Finalmente o Cavalo mais odiado do match pode ser eliminado com efeito decisivo, e as pretas, além dos dois Peões a mais, rapidamente obtém um ataque de mate. Foi uma luta excitante! 38.Kxf5 Qxh5+ 39.Kf4 Qh4+ 40.Kf3 e 40.Kf5, então mate em quatro: 40...g6+ 41.Ke6 (41.Kxg6 Qh7 mate) 41...Qe4+ 42.Kd7 Qb7+ 43.Ke6 Qf7 mate. 222
40…Qh3+ 41.Ke4 Ou 41.Kf4 Re8 com a ameaça mortal de 42...g5 mate. 41…Re8+ 42.Kd5 Qb3+ 43.Kd4 Qxa3, e as brancas abandonaram.
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Simultâneas e Partidas às Cegas; Exibições e Partidas com consultas
Partida 105 Alekhine, A. - Kussman, A.. Simultânea em Nova Iorque, Janeiro de 1924 Defesa Semi Tarrasch
1.d4 d5 2.Nf3 Nf6 3.c4 e6 4.Nc3 c5 5.cxd5 exd5? Hoje em dia a “teoria” considera – e de forma correta, jogar direto – 5...Nxd5 como a única resposta correta. Mas quando essa partida foi jogada, até os mestres não imaginavam o perigo do lance do texto. Por exemplo, o Dr. Vidmar jogou isso contra mim no Torneio de Londres 1922. 6.Bg5! Muito mais efetivo aqui do que 6.g3, que na Defesa Tarrasch regular (com o Cavalo da Dama das pretas em c6 e o Cavalo do Rei não desenvolvido) seria a linha mais promissora. 6...Be6 7.Bxf6 Qxf6 8.e4! dxe4 9.Bb5+ Bd7 Ou 9...Nd7 10.Nxe4 Qg6 11.Bxd7+
Bxd7 12.0-0 etc., com vantagem. 10.Nxe4 Qb6 11.Bxd7+ Nxd7 12.0-0 cxd4 Facilitando o ataque das brancas. Um mal menor seria permitir o desagradável d5. 13.Nxd4 Rd8 Após o próximo lance das brancas, a casa d6 das pretas precisará de proteção posterior. 14.Nf5 Ne5 15.Qe2 g6 Permitindo um final elegante. Mas a posição já era, é claro, perdedora.
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
16.Qb5+! Nd7 A Dama não pode ser tomada devido a 17.Nc6 mate. 17.Rfe1 Novamente ameaçando mate. 17...Bb4 18.Nf6+ Kf8 19.Nxd7+ Rxd7 20.Qe5! Dessa vez ameaçando três mates diferentes. Isso é demais. As pretas abandonaram. Partida 106 Alekhine, A. - Freeman, S. Simultânea às Cegas, 24 Mesas - NY Jan.1924 Gambito do Centro
1.e4 e5 2.d4 exd4 3.c3 d5 Sem dúvida a melhor defesa, permitindo às pretas obterem uma partida equilibrada. 4.exd5 Qxd5 Mas aqui 4...Nc6 é ainda melhor. 5.cxd4 Bb4+ 6.Nc3 Nc6 7.Nf3 Nf6 8.Be2 0-0 9.0-0 Bxc3 Até agora as pretas fizeram os lances corretos, mas essa troca é errada pois fortalece o centro das brancas. Era correto 9...Qa5. 10.bxc3 b6 Isso também não é bom, pois os Peões das brancas agora avançarão com uma vantagem tanto de tempo como de espaço. Seria melhor 10...Bg4. 11.c4 Qd8 12.d5 Ne7 13.Nd4 Evitando um desenvolvimento efetivo do Bispo das pretas na diagonal c8-h3. 13…Bb7 14.Bb2 Seria mais simples 14.Bf3 ou 14.Bg5. Ainda, a ideia de sacrificar o Peão central para aumentar a vantagem em desenvolvimento era bastante tentadora. 14…c6 15.Bf3! cxd5 16.Re1 Re8 Ao invés disso certamente não seria melhor 16...Qd7 17.Nb5!. 224
17.Qd2 Rb8 18.Qg5 Ameaçando 19.Ne6!. 18...Ng6 19.Nf5 Após esse lance o ataque dificilmente pode ser parado. A próxima ameaça das brancas é o simples 20.cxd5. 19...Rxe1+ 20.Rxe1 dxc4 Se 20...h6 então 21.Qg3, ameaçando tanto 22.Bxf6 como 22.Ne7+, etc. 21.Bxb7 Rxb7 22.Bxf6 Qxf6 Ou 22...gxf6 23.Qh6 Qf8 24.Re8, seguido de mate.
As brancas anunciam mate em quatro lances: 23.Re8+ Nf8 24.Nh6+ Qxh6 25.Rxf8+ Kxf8 26.Qd8 mate. Partida 107 Alekhine, A. - Potemkin, P. Simultânea às Cegas, 26 Mesas - Paris, Maio 1925
Defesa Alekhine
1.e4 Nf6 2.Nc3 d5 3.exd5 Nxd5 4.Bc4 Nb6 O tratamento das brancas na abertura de forma alguma foi uma refutação da defesa adotada pelas pretas. Além do lance do texto o segundo jogador também poderia responder simplesmente 4...Nxc3 com excelentes perspectivas. Se nesse caso 5.Qf3, então
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Capítulo 4 - Miscelânea
5...e6 6.Qxc3 Nc6 7.Nf3 Qf6! 8.Qxf6 gxf6 9.d4 Rg8 seguido de ...Bd7 e ...0-0-0 etc. 5.Bb3 c5 6.d3 Nc6 7.Nf3 Na5 As pretas superestimam o valor do seu par de Bispos. Era indicado 7...e6 seguido por ...Be7 e ...0-0, com jogo bastante bom. 8.Ne5! Nxb3 Se 8...e6, então 9.Qf3 com vantagem. 9.axb3 Nd7 Seria ligeiramente melhor 9...Be6 seguido por ...g6 etc. 10.Nc4! Nb6 Seria igualmente insatisfatório 10...e6 11.Nb5 (ameaçando 12.Bf4) ou 10...e5 11.Qe2!. Mas jogando 10...g6 11.Qe2 (ameaçando mate) 11...Bg7 12.Bf4 a6 13.Nd5 Kf8 as pretas ainda manteriam algumas chances de consolidar sua posição. 11.Bf4 Nd5 Ao invés disso 11...a6 12.0-0 e6 estancaria as ameaças imediatas, mas a posição ainda permaneceria comprometida. Após o lance feito, praticamente não há salvação para as pretas. 12.Nxd5 Qxd5 13.0-0 Ameaçando agora 14.Nb6. 13...b5 14.Ne3 Qc6 15.d4! e6 Se ao invés 15...Bb7 então simplesmente 15.Re1. 16.d5 exd5 17.Nxd5 Também 17.Qxd5 seria bastante efetivo. 17...Bd6 18.Re1+ E não 18.Nf6+ Ke7!. 18...Be6 19.Bxd6 Mais simples do que o talvez mais preciso 19.Qf3 Rc8 20.Rxa7 etc. 19...Qxd6
20.Ra6! A combinação iniciada com esse lance vence mais rápido do que com o prosaico 20.Nf6+ Ke7 21.Qxd6+ Kxd6 22.Ne4+, ganhando um Peão e com um final longo em seguida. 20...Qd8 Também após 20...Qd7 a resposta 21.Raxe6+ venceria facilmente: por exemplo, 21...fxe6 22.Rxe6+ Kd8 23.Re7 Qd6 24.Qd2 a5 25.Rxg7 h6 26.Rg6! Qd7 27.Qf4, etc. 21.Rexe6+ fxe6 22.Rxe6+ Kf7 23.Re7+ Qxe7 Ou 23...Kg8 24.Qg4 vencendo de imediato. 24.Nxe7 Kxe7 25.Qe2+ Kf7 26.Qh5+ Uma pequena sutileza: as brancas não somente ganham um Peão como também forçam o Rei a permanecer no centro. 26...Kf6 27.Qxc5 Rhe8 28.g4! Ameaçando 29.Qf5 e assim ganhando um terceiro Peão. As pretas abandonaram.
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Partida 108 Alekhine, A. - Schwartz, N. Simultânea às Cegas, Londres Janeiro 1926 Defesa Índia do Rei - E62
1.d4 Nf6 2.c4 g6 3.g3 Bg7 4.Bg2 0-0 5.Nc3 d6 Se ao invés disso 5...c6 então 6.d5. 6.Nf3 Nc6 7.d5 Na5 Essa posição do Cavalo se tornará a causa dos problemas. Mas 7...Nb8 também não é satisfatório, como foi mostrado em minhas partidas contra Sir G. Thomas em Carlsbad 1923 (Minhas Melhores Partidas de Xadrez 19081923) e contra Réti, Nova Iorque 1924 (Partida 1 nesse livro). 8.Qd3 b6 Pretendendo trazer o Cavalo o mais rápido possível para c5. Seria ligeiramente melhor em primeiro lugar 8...e5, pois a resposta 9.b4 não seria efetiva devido a 9...e4, etc. 9.Nd4 Nb7 10.Nc6 Qd7 11.0-0 a5 12.b3 O método rotineiro para desalojar o Cavalo de c5. 12…Nc5 13.Qc2 Bb7 14.h3 Prevenindo a manobra das pretas N-g4e4. 14…Rae8 Nem esse lance nem a próxima troca são aconselháveis. Ao invés disso as pretas através de 14...Nfe4 15.Bb2 Nxc3 poderiam tentar facilitar a defesa com a eliminação de algum material. 15.a3 Bxc6 16.dxc6 Qc8 17.b4 axb4 18.axb4 Na6 Após esse lance, o Cavalo será sepultado vivo. Mas também 18...Nce4 19.Nb5! não 226
seria nada agradável. 19.Ra4! Nb8 De outra forma as brancas forçariam essa retirada através de 20.Qa2. 20.b5 h6 21.Ra7 e5 22.Kh2 Para não ter que contar com a resposta ...Nh5 no caso de g4. 22...Kh7 23.f4 Re7 24.fxe5 Rxe5 25.Bf4 Ree8 Após 25...Rh5 26.Nd5 Nxd5 27.cxd5, a Torre seria finalmente aprisionada. 26.Nd5 Nxd5 27.Bxd5 Qd8 28.h4 Qe7 29.e3 Kh8 30.Kg2 Prevenindo 30...g5 através da eventual ameaça (após 31.hxg5 hxg5) 32.Rh1+. 30...f5 31.Re1 Kh7 32.e4 Be5 33.exf5 gxf5
34.c5! O início de uma combinação de 10 lances (na qual o ponto é 43.Be6!) forçando o ganho de uma peça. 34…bxc5 35.b6 Rc8 36.Qc3! Rfe8 É bastante obvio que 36...Bxc3 37.Rxe7+ etc., seria sem esperanças. 37.Bxe5 dxe5 38.Qxe5! Sem essa possibilidade, os lances anteriores seriam sem sentido.
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Capítulo 4 - Miscelânea
38...Qxe5 39.Rxe5 Rxe5 40.Rxc7+ Rxc7 41.bxc7 Re8 42.cxb8Q Rxb8 43.Be6! Decisivo. 43...Kg6 44.c7 Rf8 45.c8Q Rxc8 46.Bxc8 c4 47.Ba6 c3 48.Bd3 Kf6 49.Kf3 Ke5 50.Ke3 h5 51.Bc2 Kf6 52.Kf4 Kg7 53.Kxf5 Kh6 Ainda esperando que o seu adversário “às cegas” afogasse seu Rei através de 54.Kf5... 54.Kf4!, e as pretas abandonaram. Considero ser essa partida uma das minhas melhores conquistas no xadrez às cegas.
a formação 10.Nh4, seguido de e4, f4 etc., com vantagem. 10.Nh4 Ne4 Após 10...c6 11.cxd5 Nxd5 12.c4 Nb4 13.a3 N4a6 14.Bb2 etc., as brancas dominariam o tabuleiro. 11.cxd5 Re8 Se 11...Nxc3, então 12.Qd3 Na4 13.Be4! g6 14.Qd4 Nc5 15.Nf5 f6 16.Bc2 etc., com vantagem posicional decisiva. 12.Bb2
Partida 109 Euwe, M. - Alekhine, A. 2ª Partida de Exibição, Amsterdã, Dezembro de 1926
Defesa Nimzowitsch - E21
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nc3 Bb4 4.Nf3 Na segunda partida de exibição, jogada após o nosso match em 1937, o Dr. Euwe jogou 5.Bg5, mas após a resposta correta (5...h6 e 6.Bxf6 Bxc3+ 7.bxc3 Qxf6, etc.) teve que jogar com muita exatidão para evitar ficar em desvantagem. Mas também o desenvolvimento em fianqueto do texto é bastante inofensivo. 5...b6 5.g3 Bb7 6.Bg2 0-0 7.0-0 Bxc3 8.bxc3 d6? Após esse lance, as brancas aproveitam o fato de que o Bispo da Dama das pretas está desprotegido, e forçam uma troca vantajosa no centro. Tivessem as pretas feito o lance correto (8...Qc8), sairiam do estágio da abertura com perspectivas bastante melhores. 9.d5! exd5 Embora esse Peão não possa ser mantido, mesmo assim é melhor iniciar uma luta aberta de meio jogo do que permitir, após 9...e5,
Aqui eu não concordo com o Dr. Euwe, que no libreto holandês dedicou a essa partida críticas bastante severas aos seus 12º e 13º lances. Em todo caso, o sacrifício de Peão por ele sugerido ao invés do lance do texto, é tudo menos convincente; então após 12.Qd3 Nc5 13.Qc2 b5 14.c4, as pretas teriam uma defesa adequada através da continuação 14...bxc4 15.Bb2 Nbd7 16.Nf5 Nf6, etc. 12...b5 Como 12...Qf6 (ou 12...Ng5) seriam inferiores, devido à resposta 13.Qa4, as pretas praticamente não têm outro meio para evitar c4. 13.a4 Um lance natural e bom. Após 13.Qd4, recomendado pelo Dr. Euwe, as pretas teriam a escolha entre (a) o sacrifício de um Peão, para manter o controle sobre a casa c4; 227
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
13...c5 14.dxc6 Nxc6 15.Qd3 Ne5 16.Qxb5 Qb6! 17.a4 Bc6, etc.; (b) a troca das Damas, que lhes ofereceria boas possibilidades defensivas: 13...Qf6 14.f3 Qxd4+ 15.cxd4 Nd2 16.Rf2 Nc4 17.e4 Nd7, etc. 13...Qg5! De forma correta decidindo eliminar o Peão das brancas ao custo de um posterior atraso no desenvolvimento na ala da Dama. 14.axb5 Qxd5 15.Qa4? Mas aqui as brancas superestimaram as suas chances. Elas poderiam, ao invés disso, através da troca das Damas, forçar um final favorável , o qual, entretanto, estaria longe de ser sem esperanças para as pretas. Por exemplo, 15.Qxd5 Bxd5 16.Ra4! Nf6 17.e3 Bxg2 18.Kxg2 Nbd7 19.Rfa1 Reb8 20.c4 Rb7 21.Bd4 Nb6 22.Rb4 Nfd7 23.Nf5 (finalmente!) 23...g6 24.Ne7+ Kf8 25.Nc6 Nc5, com defesa suficiente. E se 14.c4 (ao invés de 15.Qxd5), as pretas não tomariam o Peão envenenado, mas simplesmente responderiam 16...a6! com uma fácil defesa. Após o lance do texto, que apenas contém uma cilada bastante obvia, a vantagem das brancas desaparece instantaneamente. 15...Nd7 É claro, não 15...Qd2? 16.b6 Bc6 17.b7!, vencendo. 16.c4 Qd2 17.Qa2 Sob as circunstâncias, comparativamente o melhor.
17...a6! Forçando uma simplificação em seguida. Seria inferior 17...Qxe2 devido a 18.Nf5 f6 19.Nxg7!, etc. 18.Bc1 Seria ineficaz o sacrifício de Peão 18.b6, por exemplo 18...Nxb6 19.Nf5 Qg5 20.Nxg7 Re7 21.Bh3 Bc8, seguido por ...f6 etc, com vantagem. 18...Qxa2 19.Rxa2 axb5 20.Rb2 Ligeiramente melhor do que 20.Rxa8 Bxa8 21.cxb5 Nc3, etc. 20...Rab8 21.cxb5? Após esse lance, as pretas conseguem emergir das complicações com um Peão de vantagem. Após 21.Bxe4 Rxe4 22.cxb5 Bd5! etc., elas permaneceriam somente com uma vantagem posicional. 21...Nc3 22.Bc6 No momento o único caminho de tentar manter o equilíbrio da posição.
22...Rxe2! Uma surpresa desagradável para as brancas, justificada pela variante 23.Bxd7 Rxb2 24.Bxb2 Ne2 mate! 23.Rb3 Dificilmente seria preferível 23.Bd2 Na4 24.Ra2 Ndc5, etc. 23...Bxc6 24.Rxc3 Bxb5 25.Rxc7 Ne5 Não o caminho mais eficaz de aproveitar a 228
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Capítulo 4 - Miscelânea
vantagem material. Através de 25...h6!, as pretas evitariam tanto 26.Nf5 (devido a 26...Re5), como 26.Bf4 (devido a 26...g5), deixando assim as brancas praticamente sem uma resposta eficiente. 26.Nf5? As complicações introduzidas através desse lance terminam decididamente favoráveis às pretas. Era necessário 26.Bf4 h6 27.Bxe5 Rxe5 28.Rb1 Rbe8 29.Nf3 Rd5, após o que as pretas venceriam – mas somente após um final prolongado. 26...Nf3+ 27.Kg2 Ou 27.Kh1 Re5, etc. 27...Ne1+! 28.Kh3 Re5 Essa também seria a resposta a 28.Kg1. 29.Rh1 As brancas poderiam resistir mais – mas sem qualquer esperança real – entregando de imediato a qualidade: 29.Rxe1 Rxe1 30.Nxd6, etc. 29...Nd3 30.Ne7+ Kf8 31.Ba3 As últimas convulsões! 31...Nxf2+ 32.Kg2 Nxh1 33.Bxd6 Re6 34.Bc5 Ou 34.Nc6+ Rxd6 35.Nxb8 Rd8 etc., com vantagem decisiva. 34...Re8! 35.Nf5+ Kg8 36.Ne7+ Se 36.Nd6, então 36...Bd3! 37.Kxh1 Re1+ 38.Kg2 R8e2+ 39.Kh3 h6 40.Rxf7 Rc2 41.Bf2 Re6, vencendo. 36...Kh8 37.Kxh1 Bd3 38.Kg2 h6 39.Kf3 Kh7 40.h4 h5, e as brancas abandonaram.
Variante Gruenfeld estava um pouco fora de moda. Hoje em dia, graças a Botvinnik, Flohr, Keres e outros mestres da nova geração é jogada com maior frequência, embora sem qualquer sucesso notável. 4.e4 0-0 5.Be3 Se 5.f4 d6 6.Nf3, então 6...c5! com bom jogo para as pretas. 5...d6 6.f3 e5 7.d5 É melhor 7.Nge2, e somente após 7...Nc6 (ou 7...Be6) 8.d5, ganhando um tempo. Nesse caso, as pretas enfrentariam problemas desagradáveis de desenvolvimento. 7...c6 8.Qd2 cxd5 9.cxd5 Ne8 Preparando o contra-ataque ...f5 e prevenindo ao mesmo tempo a tentativa das brancas de abrir a coluna h (10.h4 f5 11.h5 f4, seguido por ...g5, etc.). 10.0-0-0 f5 11.Kb1 É bastante óbvio que o Rei precisa ser removido o mais rápido possível da coluna aberta. 11...Nd7? Dando a oportunidade para as brancas criarem - sem dar muitas chances – complicações interessantes através de sacrifício temporário de algum material. Ao continuarem com 11...a6 12.Bd3 b5 13.Nge2 f4 14.Bf2 Nd7, seguido de ...Nef6 as pretas obteriam uma posição perfeitamente satisfatória.
Partida 110 Alekhine, A. - Euwe, M. 3ª Partida de Exibição, Amsterdã Dezembro de 1926
Defesa Índia do Rei - E88
1.d4 Nf6 2.c4 g6 3.Nc3 Bg7 Na época em que essa partida foi jogada, a 229
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
12.Nh3! Para responder tanto 12...Nef6 ou 12...Ndf6 através de 13.Ng5, por exemplo: 12...Nb6 13.Ng5 f4 14.Bxb6 Qxg5 15.Bf2 Bd7 16.Rc1 Nc7 17.g4! ou 16...a6 17.Bb6 etc, com excelentes perspectivas devido a coluna c aberta. 12...a6 Também se as pretas prevenissem a manobra em seguida através de 12...f4, as perspectivas das brancas decididamente permaneceriam as mais favoráveis. 13.exf5 gxf5 14.g4! O ponto do seu 12º lance, através do qual as brancas obtiveram para as suas peças a muito importante casa e4. 14...fxg4 Comparativamente melhor do que 14...f4 15.Bf2 etc., sem quaisquer contra chances para as pretas. 15.Ng5 Ndf6 16.Bd3 Qe7 No caso de 16...gxf3, eu continuaria o ataque através de 17.Rdf1!, e se 17...h6 18.Ne6 Bxe6 19.dxe6 Ng4 20.Nd5, com ameaças suficientes para amedrontar um elefante até a morte. 17.f4 Tanto 17.Rdf1 como 17.Rhg1 também foram considerados. Mas as perspectivas associadas com o lance escolhido (a abertura eventual da coluna g ou g5 seguido de Ne6) foram extremamente tentadores. 17...e4 Através desse contra sacrifício o Dr. Euwe assegura a diagonal h8-a1 para o seu Bispo, e ao mesmo tempo diminui o perigo que ameaça o seu Rei forçando a troca de uma dupla de peças menores. Mesmo assim, ainda as chances das brancas após recapturar o Peão sacrificado permanecem as melhores. 18.Ngxe4 230
Mas esse não é o método mais enérgico. O Peão deveria ser tomado pelo outro Cavalo, e se nesse caso 18...Nxe4 19.Bxe4 h6, então 20.Ne6 com vantagem; ou 18...h6 19.Ne6 Bxe6 20.dxe6 Qxe6 21.Ng3 ameaçando 22.f5, etc. As pretas dificilmente encontrariam um caminho para proteger suficientemente as suas várias fraquezas. 18...Nxe4 19.Nxe4 Agora forçado como 19.Bxe4? não funciona devido a 19...Bxc3. 19...Bf5 20.Ng3 Bloqueando o Peão g para jogar h3 na primeira oportunidade. Após 20.Ng5 as pretas protegeriam e6 através de ...Nc7. 20...Bxd3+ 21.Qxd3 Qf6 Uma refinada manobra tática, muito ao estilo do Dr. Euwe. Ele provoca o lance Rd2 das brancas para retirar (após h3 gxh3 Rxh3) a proteção natural da primeira fileira. Mas através da resposta correta, todo esse refinamento se provará inútil. 22.Rd2 Qf7 Devido à ameaça 23.Nh5. 23.h3 gxh3 24.Rxh3 Qg6 25.f5? Somente após essa segunda imprecisão, as pretas repentinamente conseguem um tipo de contra-ataque. Aqui seria muito forte 25.Ne4! e no caso de 25...Nf6 simplesmente 26.Nxd6 Rad8 27.Bc5 etc; e outras respostas permitiriam às brancas fortalecerem a
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sua posiçãoposteriormente através de Rg3 ou Rdh2, etc. 25...Qg4 26.Rdh2 Rc8! No caso de 26.Nf6 (o que aparentemente protege tudo), as brancas jogariam 27.Bc1! com a forte ameaça 28.Rh4. A ocupação da coluna c dá às pretas algumas novas oportunidades.
troca jogando em primeiro lugar 29…Rc7, caso em que as brancas, ao continuar com 30.Nh5 Qf5+ 31.Qxf5 Rxf5 32.Nf4 etc., manteriam uma forte pressão. Após o lance do texto, elas têm uma vitória direta. 30.Qxg6 Rxg6 31.Nf5! Ameaçando simplesmente 32…Nxg7, etc. Se agora 31...Rc7, então 32.Bd4! Bxd4 33.Nxd4 e as pretas estão sem recursos. 31…Be5 32.Rf3! Nf6 Ou 32...Rf6 33.Bg5 Rf7 34.Be7+! Rxe7 35.Nxd6+, vencendo. 33.Rh8+ Rg8 34.Rxg8+ Kxg8 35.Ne7+, e as pretas abandonaram. Partida 111 Marshall - Alekhine, A. Partida de Exibição, Nova Iorque, Junho de 1929
27.f6! A ideia principal dessa transação é mostrada através da seguinte variante: 27...Nxf6 28.Nf5 Qc4 29.Ne7+ Kf7 30.Qf5 Kxe7 31.Qe6+ Kd8 32.Bb6+ Rc7 33.Rc3 Qf1+ 34.Kc2, vencendo. 27...Rxf6! 28.Qxh7+ Kf8 29.Rh1 Essa necessidade bastante triste é a consequência direta do fino 21º lance das pretas. Mas apesar desse sucesso parcial, a posição do segundo jogador ainda é repleta de perigos. Se, por exemplo, 29...Qb4, então simplesmente 30.a3 e 30...Rf1+? seria refutado através de 31.Rxf1+. E 29...Rf3 também não seria satisfatório devido a 30.Bh6! (30...Rxg3? 31.Rxg3 Qxg3 32.Qf5+, etc. ). Consequentemente, as pretas decidiram simplificar as coisas. 29…Qg6+ Seria ligeiramente melhor retardar essa
Defesa Índia da Dama - E11
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nf3 Bb4+ 4.Bd2 Qe7 5.e3 As brancas podem obter aqui o controle de e4 jogando 5.Qc2, mas nesse caso as pretas escolheriam outro sistema: 5...Bxd2+ 6.Nbxd2 d6, seguido de ...e5 etc. 5...b6 6.Bd3 Bb7 7.Qc2 Bxd2+ Para avançar um Peão para o centro e assim de forma indireta evitar o lance e4 das brancas. 8.Nbxd2 c5 Se agora 9.e4, então 9...Nc6 com vantagem. 9.0-0 Nc6 10.a3 0-0 11.Rad1 g6 Evitando d5, o qual, especialmente após o último lance das brancas com a Torre, eventualmente seria desagradável. 12.Rfe1 231
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Uma preparação refinada para Ne4, que nesse momento não seria satisfatório devido a 12...Nxe4 13.Bxe4 d5! 14.cxd5 exd5 15.Bxd5 Nxd4 etc., com vantagem das pretas. 12…Rac8 13.Ne4 Rfd8 Seria tecnicamente mais simples 13...Rfe8, pois após 14.d5 exd5 as próprias brancas seriam obrigadas a trocar os Cavalos. Mas o lance escolhido é pelo menos bom o bastante para manter o equilíbrio da posição. 14.d5 Muito corajoso – e bastante ao estilo de Marshall: ele cede às pretas a maioria de Peões na ala da Dama sem conseguir compensação real em nenhum lugar, pois as suas peças não estão suficientemente coordenadas para apoiarem uma ação central efetiva. Podese admitir, entretanto, que a posição das brancas, devido à elasticidade da estrutura de Peões das pretas (compare com a Partida 50 com Miss Menchik), já estava ligeiramente inferior. As pretas ameaçavam – após algumas preparações posteriores, tais como ...d6 – iniciar uma ação na coluna c através de ...dxc4 seguido de ...Na5. 14…exd5 15.cxd5! Nxe4 O lance 15...Nxd5 teria tristes consequências, por exemplo 16.Bc4 Ndb4 17.Qc3! Qxe4 18.Bxf7+ Kf8 19.axb4 etc., com vantagem. 232
16.Bxe4 Na5 É claro, não 16...Ne4 devido a 17.d6, etc. 17.Nd2 As pretas ameaçavam 17...f5. 17...c4! Aproveitando o fato de que d6 ainda não é bom. Torna-se obvio que a transação iniciada pelo 14º lance das brancas foi mais favorável ao seu adversário. 18.Bf3 Qe5 Ameaçando 19...c3, etc. 19.Ne4 d6 As pretas também evitariam o próximo lance da Torre jogando 19...Nb3, após o que as brancas dificilmente teriam algo melhor do que 20.Qc3; mas elas não pensaram que isso fosse necessário, pois devido à sua vantagem de espaço, as complicações do meio jogo terminariam normalmente a seu favor. 20.Rd4
Não seria desejável para Marshall trocar as Damas através de 20.Qc3 para obter um final de jogo distintamente inferior. Olhando para essa Torre, ninguém poderia acreditar que, no auge da sua existência, pretendia em breve cometer o suicídio – e no entanto é assim! 20...b5 Ameaçando agora 21...Nb3. 21.Nd2 Ba6 Para deixar a casa para o Cavalo no caso de Qc3.
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Capítulo 4 - Miscelânea
22.Re4 Qg7 23.Re7 O caminho para a morte. 23...Nb7! 24.Ne4 Provavelmente uma decisão difícil – mas sob as circunstâncias a mais sensata, pois a alternativa 24.Bg4 Rc5! (não 24...c3 25.Bxc8 cxd2 26.Rd1 com vantagem para as brancas) 25.e4 Qf6 26.Rd7 Rxd7 27.Bxd7 Qe7 (ameaçando também ...Rxd5) 28.Bc6 Na5 etc., conduziria a perda de material sem qualquer esperança de contra-ataque. 24...Kf8! Seria um erro 24...Qf8 25.Nf6+ Kg7 devido a 26.Qc3 etc., com vantagem das brancas. 25.Rxb7 Bxb7 26.Rd1 Embora as pretas agora tenham uma clara qualidade a mais e a sua maioria na ala da Dama seja mais ameaçadora do que nunca, o problema da vitória de modo algum é fácil ou rápido de ser resolvido como se possa imaginar. As brancas estão em uma posição – no caso de 26...Qe5 por exemplo – de construir uma boa posição defensiva com a possibilidade de um contra-ataque de Peões na ala do Rei através de 27.Nc3 a6 28.Rd4, etc. Ainda, através dessa linha as pretas com circunspecção e paciência posteriores, provavelmente aumentariam sua vantagem de maneira decisiva, sem terem que sofrer as complicações melodramáticas que surgiram a partir do seu arriscado próximo lance. 26...a5? Prevenindo 27.Nc3 (devido a 27...e4) e olhando para uma vitória rápida. Mas daqui para frente Marshall toma a vantagem de possibilidades escondidas da sua posição de uma maneira notável, relembrando os seus desempenhos mais gloriosos. 27.Bg4! Rc7 É claro, não 27...c5 devido a 28.Ng5, mas também não por exemplo 27...Ra8 devido a
28.a4! etc. 28.Qd2! Após esse lance a situação começa a parecer bastante perigosa para as pretas, pois o Peão a não pode ser defendido de maneira direta. 28...h6! Essa é a salvação temporária, pois ao prevenir Ng5 as pretas ameaçam 29...c5. 29.Bf3 Rcc8 E após esse lance 30.Qxa5 pode ser respondido simplesmente por 30...Qxb2.
30.h4! Uma nova ideia de ataque, que as pretas tentam enfrentar de uma forma igualmente enérgica. 30...Qe5 Se ao invés disso 30...f5, então 31.Nc3 b4 32.axb4 axb4 33.Ne2 c3 34.bxc3 bxc3 35.Qc2, seguido pela promissora manobra de Cavalo – Nd4 (ou f4) e Ne6. 31.h5! gxh5 Também após 31...g5 32.g4 seguido por N-g3-f5 ou Bg2 e f4 a defesa das pretas permaneceria difícil. 32.Ng3 c3 33.bxc3 Qxc3 Se 33...Rxc3, a resposta seria 34.e4!. 34.Qe2 b4 35.axb4 axb4 Finalmente as pretas conseguem obter o Peão passado “vencedor”, mas enquanto isso as forças das brancas se concentraram contra o Rei hostil, que somente pode ser defendido 233
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pela Dama e as outras peças das pretas são, no momento, simples espectadores. 36.Be4! Cobrindo a diagonal b1-h7 e abrindo perspectivas para a Dama. Nessa segunda metade da partida Marshall encontra sempre os melhores lances, e é um pouco de azar que os recursos das pretas ao final se provem suficientes para enfrentar seu assalto furioso. 36...Qe5! Daqui em diante se inicia uma manobra muito difícil da Dama, cujo objetivo é provocar lances de Peões das brancas, de modo a permitir a pelo menos uma Torre a participar de um contra-ataque. 37.f4 Qf6 De outro modo as brancas jogam 38.Qxh5 ganhando um tempo. 38.Nxh5 Qh4! E não 38...Qe7 39.Qb2! Qxe4 40.Qh8+ Ke7 41.Qf6+ Ke8 42.Qh8+ Kd7 43.Nf6+ seguido de 44.Qxd8+ e Nxe4. 39.g3 O enfraquecimento da segunda fileira finalmente se provará fatal, mas se 39.Bf3 a resposta 39...Qe7 agora ofereceria defesa suficiente, pois 40.Qb2 é enfrentado através de 40...Qxe3+. 39...Qh3! Possível e bom, pois 40.Bg2 pode ser respondido através de 40...Ba6. 40.Bf3!
234
40...Rc3! Uma defesa inesperada contra as duas ameaças principais das brancas – 41.Bg4 e 41.Nb2 – e que envolve, no primeiro caso um eventual sacrifício de duas qualidades: a 41.Bg4 as pretas responderiam 41...Rxe3! 42.Qxe3 Qxg4 43.Re1 Qxh5! 44.Qe7+ Kg7 45.Qxd8 (ou 45.Qxb7 Qf3 com uma posição vencedora) 45...Qxd5 vencendo. Com o seu próximo lance o então Campeão Americano apresenta um novo trunfo, o qual, entretanto, dessa vez se provará o último. 41.Qd2! Como enfrentar agora a ameaça 42.Qd4 sem perder o Peão passado? A minha estrela da sorte - ou a de azar de Marshall – ajudoume a encontrar a resposta certa – mas isso me tomou não menos do que meia hora. 41...Re8! O valor dessa resposta selada é bem ilustrada pela comparação das consequências com o possível resultado de outro lance secreto plausível: 41...Ba6 42.Qd4 Rc2! 43.Qh8+ Ke7 44.Qf6+ Kd7 (44...Ke8 45.Ng7+ etc.) 45.Qxf7+ Kc8 Qxe6 47.dxe6 b3 48.Be4 e, para dizer o mínimo, as brancas não perderiam. 42.Qd4 Ao invés disso, 42.Qb2 também não ajudaria, devido a 42...Ba6, etc. 42...Rc2 43.Rd2 A simplificação é quase sempre triste para a parte materialmente mais fraca, mas aqui não há escolha, como é mostrado através da variante 43.Qh8+ Ke7 44.Qf6+ Kd7 45.Bg4+! Qxg4 46.Qxf7+ Kd8 47.Qxe8+ Kxe8 48.Nf6+ Ke7 49.Nxg4 b3, vencendo. 43...Rxd2 44.Qxd2 Ba6! 45.Qe1 Praticamente abandonando. Quase uma hora de reflexão persuadiu Marshall de que o pretendido 45.Qxb4 levaria forçado à derro-
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Capítulo 4 - Miscelânea
ta, como segue: 45...Qf1+ 46.Kh2 Qf2+! (mas não 46...Qxf3 47.Qxd6+ Kg8 48.Nf6+ Kh8 49.Qxa6! e as pretas não venceriam) 47.Kh3 (ou 47.Bg2 Bf1 48.Qxd6+ Kg8 49.Nf6+ Kh8 vencendo) 47...Bc8+ 48.Bg4 Bxg4+ 49.Kxg4 Qe2+ 50.Kh4 Qh2+ 51.Kg4 f5+!, vencendo. 45...b3 O dia de festa do Peão passado! 46.Bd1 b2 47.Qb4 Conduz a um final similar ao indicado. 47...Qf1+ 48.Kh2 Qf2+ 49.Kh3 Bc8+ 50.f5 Bxf5+ 51.Bg4 Bxg4+ 52.Kxg4 Qe2+ 53.Kh4 Qh2+ 54.Kg4 f5+, e as brancas abandonaram. Nesse tipo de partida o perdedor certamente merece tanto crédito quanto o vencedor. Partida 112 Kewitz & Pinkus - Alekhine, A. Simultânea com consulta, NY Março de 1929
Abertura Réti - A15
1.Nf3 Nf6 2.c4 b6 Uma das diferentes maneiras de enfrentar adequadamente o jogo de abertura das brancas. Com isso as pretas pretendem transformar a partida para uma Defesa Índia da Dama típica. 3.g3 Bb7 4.Bg2 Permitindo às pretas escolherem uma forma mais agressiva de desenvolvimento. Ao invés disso, 4.d4 e6 5.Bg2 etc., levaria a variantes bem conhecidas. 4...e5 Esse lance tem suas vantagens e defeitos, pois o Peão central pode se tornar exposto. Ainda, a experiência vale a pena se tentar, pois não há muito risco em ataca-lo. 5.Nc3 Bb4 6.0-0 Decididamente muito otimista, pois o Peão
dobrado na coluna c com muito mais frequência é uma falta grave na posição do que geralmente se acredita, e nesse caso particular, essa falta de forma alguma é compensada pelo par de Bispos. Seria natural e bom o bastante 6.Qb3. 6...Bxc3! 7.bxc3 Seria até mais satisfatório 7.dxc3 d6 etc. 7...d6 A estrutura de Peões das pretas, estando em casas pretas, obviamente não há necessidade das pretas manterem o Bispo do Rei. 8.d4 e4 Calculando corretamente que a coluna f que as brancas serão capazes de abrir agora não compensará uma nova fraqueza assim criada na coluna e. 9.Nh4 0-0 10.f3 exf3 As pretas já estão na agradável posição de serem capazes de proceder da maneira mais simples. O problema das brancas agora é que elas não podem retomar bem o Peão devido a 11...Ba6! 12.f4 c6 seguido por ...d5 com algum ganho material. E após seu próximo lance o Peão e permanece extremamente fraco.
11.Bxf3 Ne4 12.Qd3 Re8 13.d5 O contra-ataque agora iniciado terá vida muito curta. Mas se as brancas tivessem decidido restringir a ação do Bispo das pretas na grande diagonal, tinham que fazê-lo agora, 235
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pois, após ...Nd7, as pretas obviamente não seriam obrigadas a ceder a casa e4. 13…Nc5 14.Qd4 Nbd7 15.Bh5 As brancas esperam provocar através de um dos lances seguintes a resposta ...g6 que eventualmente lhes daria alguma chance real na coluna f. Mas as pretas resistem a todas as tentações e tranquilamente preparam um bloqueio completo. 15…Ne5 16.Bf4 Qd7! Se ao contrário 16...g6 17.Bf3 g5 18.Bxe5 dxe5 19.Qg4 h5 20.Qxh5 gxh4 21.Be4! Nxe4 22.Qxf7+ Kh8 23.Qh5+ Kg8 24.Rf7 e as brancas vencem! 17.Nf3 Ng6 18.Nd2 Qh3 19.Bxg6 A tentativa de capturar a Dama agressiva 19.Bh6 gxh6 20.Bg4 falharia lamentavelmente devido ao simples 20...Re4. 19...hxg6 20.e4 O Peão está mais fraco aqui – se possível – do que em e2, mas as brancas já tinham uma escolha difícil. 20...f6 Fixando para sempre o Peão e - e ao trazer o último Peão para uma casa preta – aumentando o raio de ação do seu Bispo.
21.Rae1 g5 22.Be3 Re7 23.Kh1 Rae8 24.Bg1 Bc8 É claro, seria prematuro 24...Nxe4 25.Nxe4 Rxe4 26.Rxe4 Rxe4 27.Qxe4 Qxf1 28.Qe8+ etc., com xeque perpétuo. 236
Além disso, as pretas não precisam ter pressa com a liquidação em e4 afinal – já que a posição deve trazer muito mais do que um Peão ao longo do tempo. 25.Rf3 Bg4 26.Rfe3 As brancas agora têm fraquezas em vários lugares: (a) na ala da Dama – o Peão dobrado; (b) no centro – o Peão e atrasado.; (c) na ala do Rei – a fraqueza nas casas brancas. Como uma consequência direta dessa triste situação quase todas as peças brancas estão afogadas e elas praticamente não têm nada melhor do que mover seu Bispo para lá e para cá. Não admira que as pretas, ao invés de adotarem o plano mais evidente – um ataque com cinco peças contra o Peão e por meio de ...Qh7 seguido por ...B-h5-g6, que forçaria finalmente um final com um Peão a mais – prefiram preparar um avanço decisivo do Peão no centro. As manobras preliminares tomam, é verdade, mais quinze lances, mas o sucesso do esquema dá à partida um toque artístico, ausente no primeiro modo. 26…Qh5 Antes de lançar a longa viagem do Rei, as pretas invertem os lugares da sua Dama e do seu Bispo para “observar” o ponto fraco central com mais uma peça. 27.Kg2 Bh3+ 28.Kh1 Qg4 29.Bf2 a5 30.Bg1 a4 Isso poderá ser usado para eventualmente evitar Nb3. 31.Bf2 Re5 32.Bg1 R8e7 33.Bf2 Kf7 Agora é hora de trazer o Rei para a casa mais segura no tabuleiro – a6! 34.Bg1 Ke8 35.Bf2 Kd8 36.Bg1 Kc8 37.Bf2 Kb7 38.Bg1 Ka6 39.Bf2 Qh5 A preparação final: a combinação decisiva precisa da configuração prévia da Dama e do Bispo! 40.Bg1 Bg4 41.Kg2 Qh3+ 42.Kh1 g6 Finalmente revelando a ideia vencedora. 43.Bf2
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Capítulo 4 - Miscelânea
12.Qg4 Kf8 13.Qf4 a5 14.Be2 Bb7 15.00 h5 16.Ng5 Bxg5 17.Qxg5 Rh6 18.e4 h4 19.Rxa5 f6 20.exf6 Nxf6 21.Qxb5, e as pretas abandonaram. Partida 113 Alekhine/Monosson - Stoltz/Reilly Partida com consulta, Nice, Maio de 1931
Defesa Índia da Dama - E17
43…f5! A batalha deve ser decidida não através do ganho de um Peão, mas pelas ameaças diretas ao Rei. Se, após 44.exf5 gxf5 novamente 45.Bg1, então 45...Ne4 46.Nxe4 Rxe4 seguido inevitavelmente por ...Bf3 vencendo. 44.exf5 gxf5 45.Rxe5 dxe5 46.Qe3 A variante principal calculada pelas pretas foi 46.Rxe5 Rxe5 47.Qxe5 Bf3+! 48.Nxf3 Qf1+ 49.Ng1 Ne4! vencendo. Essa possibilidade provou claramente a utilidade da viagem doRei de tão longe quanto h8. 46...e4 47.d6! Não meramente para fazer um lance, mas com um propósito muito definido. 47...cxd6 48.Bg1 Que é visto no seguinte caso: 48...Bf3+ 49.Nxf3 exf3 50.Qxf3 Rxe1 51.Qa8 mate! Mas as pretas tinham à disposição um lance intermediário poderoso. 48...f4! Se agora 40.gxf5, então ...Bf3+ etc., vence imediatamente. As brancas abandonaram. Na mesma ocasião, foi jogada a curta partida em seguida, a qual mostra de uma forma drástica os efeitos da voracidade excessiva no xadrez; Pretas I. Kashdan e H. Steiner. 1.d4 d5 2.c4 e6 3.Nc3 c6 4.Nf3 dxc4 5.a4 Bb4 6.e3 b5 7.Bd2 Qb6 8.Ne5 Nd7 9.axb5 Nxe5 10.dxe5 cxb5 11.Ne4 Be7
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nf3 b6 4.g3 Bb7 5.Bg2 Be7 6.0-0 0-0 7.b3 Levando a posições mais complicadas – ou pelo menos as menos exploradas – Do que o usual 7.Nc3, o qual entretanto é bastante favorável às brancas, por exemplo 7...Ne4 8.Qc2 Nxc3 9.Qxc3 c5 10.Be3, e no caso de trocas posteriores as pretas sempre permanecerão com algum ponto fraco no centro. 7...Qc8 Contra o Dr. Euwe (23ª Partida do Match de 1937), aqui eu joguei 7...d5 8.Ne5 c5 e obtive um jogo de lutas repleto de possibilidades para ambos os lados. A ideia das pretas de trocar somente um Peão no centro dá às brancas o tempo para tomar vantagem da coluna c aberta sem permitir qualquer contra jogo. 8.Nc3 d5
9.cxd5! 237
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No momento certo, pois se 9...dxc4 o Bispo da Dama das pretas pode se desenvolver com vantagem em f5. 9...Nxd5 10.Bb2 c5 Posicionalmente inviável, mas daqui para frente a Dama das pretas “sentirá” (como dizem os analistas modernos) desconfortável vis-a-vis a Torre das brancas. 11.Rc1 Ameaçando eventualmente Na4. 11...Nxc3 12.Bxc3 Rd8 As brancas pretendem 13.dxc5 bxc5 levando ao enfraquecimento da coluna semi aberta. O lance do texto estanca essa possibilidade, mas só temporariamente, e dessa forma fariam melhor se o substituíssem por 12...Qd8. 13.Qd2! Com o objetivo, no caso de 13...Nd7, por exemplo, de colocar a Dama na casa confortável b2. Mas as pretas seguiram tentando assegurar para a sua Dama a casa correspondente às minhas outras ideias, mais agressivas. 13…Bd5 14.Qf4 Qb7? De alguma forma consistente, mas negligenciando o desenvolvimento na ala da Dama, que agora se provará imediatamente fatal. Após 14...Nd7 15.e4 Bb7 16.d5! exd5 17.exd5 Bf6 (não 17...Bxd5 18.Ng5 vencendo) as pretas sofreriam mais tempo, mas morreriam da mesma forma. 15.dxc5 bxc5 Se 15...Bxc5, então 16.Bxg7! etc. 16.e4! Bc6 Ou 16...Bxe4 17.Ng5, vencendo. 17.Ne5 Be8 238
18.Ng4! A peculiaridade desse súbito ataque ao Rei repousa no fato de que não é facilitado por qualquer enfraquecimento resultante de lance de Peões pelas pretas nessa parte do tabuleiro. 18...Na6 Restavam pouquíssimas escolhas desesperadas, pois a resposta “natural” 18...Nc6 19.Bxg7! Kxg7 20.Qh6+ Kg8 (ou 20...Kh8 21.Nf6 e mate em seguida) 21.e5 f6 22.Be4 f5 23.Qxe6+, seguido por 24.Qxf5 vencendo; e 18...Bc6 permitiria 19.Bxg7 Kxg7 20.Qh6+ Kg8 21.Rxc5! etc. 19.Bxg7!, e as pretas abandonaram. A principal variante agora é 19...Kxg7 20.Qh6+ Kg8 21.e5 Bc6 22.Nf6+ Bxf6 23.exf6, seguido pelo mate. Partida 114 Alekhine/Monosson - Flohr/Reilly Partida com consulta, Nice, Maio de 1931
Defesa Nimzowitsch - E24
1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nc3 Bb4 4.a3 Hoje em dia esse lance de Säemisch está completamente fora de moda – não somente porque perde um tempo para forçar uma troca não tão desagradável ao adversário, mas
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Capítulo 4 - Miscelânea
principalmente por ocupar a casa a3, que de outra forma poderia ser útil para o Bispo da Dama. 4...Bxc3+ 5.bxc3 c5 6.Qc2 Para prevenir um eventual ...Ne4. As pretas agora podem obter ao jogar 6...d5 7.cxd5 Qxd5 uma posição conhecida do meu match recente pelo título, que é vantajosa para elas. Mas esse lance do texto também não estraga nada. 6...Nc6 7.Nf3 d5 8.e3 0-0 9.cxd5 exd5 Mas aqui as pretas julgam mal a característica da posição: como a sequência mostrará claramente, o isolamento do Peão d é um preço muito alto pela diagonal do Bispo c8h3. Ao retomar com a Dama, elas obteriam após 10.c4 Qd6 11.Bb2, a posição da minha 10ª Partida contra Euwe (Haia, outubro de 1937) na qual alguns teóricos (por exemplo, Fine) consideraram até mais vantajosa para o segundo jogador. Sem ir tão longe, pode-se admitir que essa linha proporcionaria uma partida de luta, com possibilidades para ambos os lados. 10.dxc5! Encerrando qualquer possível esperança das pretas de bloqueio com um eventual ...c4. 10...Qa5 11.Bd3 Ne4 Após esse esforço desnecessário (pois o Peão em c3 não pode ser tomado), a posição das pretas já se torna crítica. Também 11...Bg4 não seria suficiente para restabelecer o equilíbrio, pois as brancas permitiriam a troca do seu Cavalo e simplesmente responderiam 12.Rb1 ou 12.a4; mas 11...Qxc5 poderia e deveria ser jogado. 12.0-0 É claro, o lance certo, pois as pretas não podem jogar nem 12...Qxc3, devido a 13.Bxe4, nem 12...Nxc3, devido a 13.Bd2. 12...Qxc5 13.a4! Finalmente as brancas têm a oportunidade de corrigir o seu 4º lance, e assim eliminar o
único defeito sério na sua posição. 13...Re8 14.Ba3 Qa5 15.Rab1! Se agora 15...a6, então 16.c4 Nf6 17.Ng5 (ameaçando mate em dois) 17...h6 18.cxd5 Qxd5 19.f4! ameaçando Bc4 etc., com um ataque vencedor. Dessa forma, o próximo passo das pretas deve ser considerado uma tentativa desesperada para alterar o curso normal da batalha. 15...Qxc3 16.Bxe4 Qxa3 17.Bxh7+ Kh8 Certamente é surpreendente que esse lance, que parece mais natural do que ...Kf8, rapidamente perca forçado, enquanto após o melhor lance as brancas tivessem que se satisfazer com uma (muito palpável, é verdade) vantagem posicional jogando 18.Bf5, etc.
18.Ng5! Como na partida anterior contra Stoltz, o ataque de mate começa bastante espontaneamente e tem sucesso em muito poucos lances. Flohr no início da sua carreira às vezes foi superficial na defesa da sua posição do Rei – compare, por exemplo a sua famosa derrota para Mikenas em Folkestone. Mas certamente, ele agora se tornou um dos mais cautelosos ( se não o mais) dentre os mestres vivos! 18...g6 As consequências desse lance aqui são fáceis de calcular, pois 18...Rf8 19.Bg8 ou 18...Nd8 19.Bf5!. A única variante mais ou 239
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menos complicada é após 18...Qe7!, que levaria ao seguinte final: 19.f4! f6 20.Bg8 g6 21.Qxg6 fxg5 22.Bf7 Bf5! 23.Qh6+ Bh7 24.Rxb7! Qf8 25.Qf6+ Qg7 26.Qxg7+ Kxg7 27.Bxe8+, seguido de 28.Bxc6, vencendo. 19.Bxg6 É claro! 19...fxg6 20.Qxg6 Re7 21.e4! Um belo coup de grace. Se agora 21...d4 (não tem nada mais), então 22.Rb5 Bg4 (novamente o único lance) 23.Qf6+ Rg7 (ou 23...Kg8 24.Ne6) 24.Rxb7 Qf8 25.Rf7 etc., vencendo. As pretas abandonaram. Partida 115 Alekhine, A. - Asgeirsson, A. Simultânea em Reykjavik, Agosto de 1931
Defesa Francesa
1.e4 e6 2.d4 d5 3.Nc3 Nf6 4.Bg5 Be7 5.Bxf6 Essa variante foi recentemente favorecida pelo talentoso mestre alemão, K. Richter – mas somente em conjunção com 6.e5 seguido por 7.Qg4. A ideia aqui foi bastante diferente – manter a tensão no centro o mais longo tempo possível, finalizando primeiro a mobilização das forças. 5...Bxf6 6.Nf3 0-0 7.Bd3 Re8 Uma perda de tempo. Ao invés disso, era indicado 7...c5. As brancas nesse caso dificilmente teriam algo melhor do que 8.dxc5 Qa5 9.Qd2 etc., com perspectivas praticamente equilibradas. 8.e5 Be7 9.h4! Pretendendo, é claro, sacrificar em h7. Mas esse sacrifício é absolutamente correto? Meu adversário, uma vez Campeão da Islândia, esperava pela negativa para iniciar um contraataque. Se 9...h6, as brancas também teriam 240
uma vantagem distinta ao continuar com 10.Ne2 c5 11.c3, etc. 9...c5 10.Bxh7+ A solidez dessa oferta estereotipada é baseada na possibilidade das brancas explorarem também as colunas centrais para propósitos de ataque. Somente os poucos xeques na ala do Rei, como pode ser visto com facilidade, não produzirão ainda um efeito decisivo. 10...Kxh7 11.Ng5+ Kg8 12.Qh5 Bxg5 13.hxg5 Kf8 As pretas agora esperam saírem com facilidade do problema após 14.Qh8+ Ke7 15.Qxg7 Rg8 16.Qf6+ Ke8 etc., mas o próximo lance das brancas mostra a elas que a situação era muito mais séria do que elas pensavam. 14.g6! Esse Peão não pode ser tomado, pois após 15.Qxg6 não haveria qualquer defesa contra 16.Rh8+, etc. 14...Ke7 15.gxf7 Rf8 16.0-0-0 De forma alguma um lance automático de desenvolvimento: as brancas agora ameaçam 17.Nb5, que antes não funcionaria devido a 17...Qa5+. 16...a6 17.dxc5 Ameaçando 18.Ne4.
18.Rxd5!! Isso assegura a participação de todas as
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Capítulo 4 - Miscelânea
forças das brancas no ataque final. A variante principal no caso das pretas aceitarem essa nova oferta é bonita: 18...exd5 19.Nxd5+ Ke6 20.Nf4+ Ke7 21.e6 Nf6 22.Qe5! Rxf7 23.Nd5+, seguido de mate em três lances. 18...Qa5 19.Qg5+ Prevenindo a escapada do Rei das pretas por d8. 19...Kxf7 20.Rh7 Rg8 21.Rd4! Não de imediato 21.Rxd7+ Bxd7 22.Ne4? devido a 22...Qe1mate. 21...Qxc5 22.Rxd7+! Bxd7 23.Ne4 Qb4 Novamente ameaçando mate, mas... 24.Nd6+ Kf8 25.Qf6+! gxf6 26.Rf7 mate. A posição de mate é “pura” e, para uma partida prática, bastante econômica.
Também o simples 7...0-0 seguido por ...d6 era bastante bom. Através da manobra do texto, as pretas fixam o peão d das brancas – que pode se tornar fraco – mas abrem para o adversário a coluna e e cedem ao adversário a casa e5. 9.exd4 d5 10.Bb2 Nb4 Menos inofensivo do que parece à primeira vista: as pretas esperam provocar cedo ou tarde a3, após o que a manobra ...N-c6-a5 se tornará forte. Além disso, as brancas teriam que contar com o eventual ...Ne4. 11.Bb1 0-0 12.Re1 Rc8 13.Ne5
Partida 116 Tartakower & Amador - Alekhine & Amador Partida com Consulta, Paris Outubro de 1932
Defesa Índia da Dama
1.d4 Nf6 2.Nf3 b6 3.e3 Bb7 4.Bd3 e6 5.Nbd2 c5 Estrategicamente importante para contrabalançar o agora possível avanço do Peão e das brancas. 6.0-0 Nc6 7.c4 Ao invés de 7.c3 ou 7.a3 eventualmente seguido por b3 e Bb2 (Rubinstein). As brancas aqui adotam um terceiro plano, que tem a ligeira desvantagem da ausência total de ameaças imediatas no centro – uma circunstância que permite às pretas terminarem tranquilamente o seu desenvolvimento e obterem uma partida igual. 7...Be7 8.b3 cxd4
13...Nc6! De forma alguma uma perda de tempo, pois os dois últimos lances das brancas mudaram completamente a situação: (1) Devido à posição da Torre em e1 o Bispo do Rei das pretas adquiriu algumas perspectivas em b4; (2) O Cavalo das brancas exposto no centro pode, em algumas circunstâncias, ser trocado com vantagem. Comparativamente, o melhor para as brancas aqui ainda seria 14.a3, que seria respondido por 14...Qc7, seguido por ...Rfd8. 14.Ndf3 As brancas parecem pensar que o lance 241
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preventivo 14.a3 de alguma maneira justificaria a última manobra do Cavalo das pretas e isso é para castigar o adversário pelo seu jogo “não científico”. Mas somente poucos lances serão necessários para mostrar de quem foi a apreciação correta da posição. 14...Bb4 15.Re3? Lógico, mas decididamente muito arriscado. Um jogo praticamente igual ainda seria obtido através de 15.Nxc6 Bxc6 16.Re3 Ne4 17.Ne5 Bb7, etc. 15...Ne7 Esse Cavalo certamente está tentando se fazer útil.: ao invés de ser trocado por um Cavalo, ele agora se postará em um ponto muito eficiente – f5 – ou então oferecer a vida pelo perigoso Bispo do Rei das brancas. 16.Ng5 Ameaçando o sacrifício obvio 17.Bxh7+ Nxh7 18.Nxh7 Kxh7 19.Qh5+ seguido por 20.Rh3 – e ao mesmo tempo tentando enfraquecer o efeito do possível lance das pretas ...Ne5. 16...h6 17.Nh3 Uma triste necessidade.: a combinação iniciada com 17.Rh3 não funcionaria devido à simples resposta 17...Nf5!. 17...Bd6 É instrutivo observar como as peças das pretas, após terem tomado vantagem da casa b4, desistem dela sem serem forçadas a isso. 18.Qe2 Nf5 O momento é bem escolhido, pois a Torre não pode voltar e não tem casas seguras na terceira fileira. 19.Bxf5 exf5 Aqui o par de Bispos é de grande valor, 242
pois como as brancas não têm casas centrais permanentes para os seus Cavalos, as pretas sempre serão capazes de preparar e jogar ...f6. 20.Rc1 Rc7 Com o objetivo principal de dar mais espaço para a Dama. 21.f3 Qc8 22.Rcc3 Re8 Ameaçando simplesmente ...Nd7 seguido por ...f6 e dessa forma induzindo as brancas a simplificarem com custo posicional. 23.cxd5 Nxd5 24.Rxc7 Bxc7 25.Qc4 Ameaçando eventualmente Nf4; mas essa ameaça – como algumas outras ameaças das brancas nessa partida – é tanto obvia como inofensiva. 25...Qe6 26.Re1 Qd6! De agora em diante a ameaça ...f6 se torna aguda. 27.Qa4 Bc6 28.Qa3 Uma tentativa inofensiva de salvar o dia através da troca das Damas. As pretas, é claro, gentilmente rejeitam essa transação. 28...Nb4! 29.Rc1 Não há mais defesa adequada contra o próximo lance das pretas.
29...f6!
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Capítulo 4 - Miscelânea
Ao fazer esse lance, as pretas contaram com as seguintes variantes: I. 30.Rxc6 Nxc6 31.Qxd6 Bxd6 32.Nxc6 Re1+ 33.Kf2 Rb1 34.Bc3 Rc1, vencendo. II. 30.Nxc6 Qxh2+ 31.Kf1 (ou 31.Kf2 Nd3+, etc.) 31...Qh1+ 32.Ng1 (ou 32.Kf2 Nd3 mate) 32...Bh2 vencendo. E também o próximo sacrifício desesperado das brancas permite um final rápido e bem arrumado. 30.f4 fxe5 31.fxe5 Rxe5! O prosaico 31...Qe7 32.Nf4 a5 etc., seria também suficiente no longo prazo – mas o sacrifício da Torre é muito mais forçável. 32.dxe5 Qd2 33.Nf2 Como 33.Rxc6 Qe1 mate não pode ser jogado, isso é forçado. 33…Nd3! 34.Rf1 Nxb2 35.Qe7 Qd5 36.Ne4 Bxe5!, e as brancas abandonaram. Partida 117 Alekhine, A. - Borochov, H. Simultânea às Cegas, Hollywood, Novembro de 1932
Abertura Ruy Lopez
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 Nf6 5.0-0 Nxe4 6.d4 b5 7.Bb3 d5 8.Nxe5 Adotei aqui esse lance antigo por uma razão em particular: meu adversário – um dos melhores jogadores da Califórnia – havia defendido a Ruy Lopez contra mim exatamente da mesma forma no Torneio Magistral de Pasadena, e alcançou após 8.dxe5, uma posição bastante satisfatória. Consequentemente, na presente partida às cegas, tomei a primeira oportunidade para deixar os caminhos super explorados da teoria. Embora o lance do texto não seja o melhor – o Cavalo das brancas tendo nesse momento mais valor do que o Cavalo das pretas – isso de nenhuma forma é um erro.
8...Nxe5 9.dxe5 Be6 Os dois outros lances jogáveis aqui são 9...Bb7 e 9...c6. 10.a4 Essa diversão de ala é bastante lenta – especialmente em vista do desenvolvimento insuficiente das brancas. Mais aconselhável parece ser 10.Be3 seguido por f4 ou Nd2. 10...Nc5 11.Nd2 Be7 Bastante correto, pois as brancas não ameaçam nada. 12.Qe2 c6 13.c3 Nxb3 A troca é consequência de uma instrutiva apreciação mal feita da posição. Tendo obtido um jogo bastante satisfatório, as pretas acreditam que já possam ditar as regras. Elas deveriam ao invés disso assegurar a posição do seu Rei através do roque, ou mesmo primeiramente jogar 13...Bf5, com excelentes chances de luta. 14.Nxb3 bxa4 É claro, 14...d4 15.Nxd4 Bc4 16.Qf3 Bxf1 17.Qxc6+ Kf8 18.Kxf1 seria uma especulação muito ruim. Após o lance do texto, que é a consequência lógica do anterior, as pretas esperavam 15.Rxa4 Qb6 16.Nd4 c5 17.Nxe6 Qxe6 18.f4 f5, seguido pelo ...0-0, etc., com perspectivas de uma iniciativa no centro. Mas o lance “intermediário” em seguida mostra a elas que o problema a resolver seria muito menos fácil do que imaginavam.
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15.Nd4! Se agora 15...Qc8 16.f4 c5 17.Nxe6 fxe6 18.Rxa4 0-0 19.Be3 etc., com vantagem posicional das brancas. A resposta das pretas, embora permita a abertura da coluna central, é comparativamente melhor. 15...Bd7 16.e6 fxe6 17.Rxa4! Uma segunda surpresinha para as pretas: após 17.Nxe6 Bxe6 18.Qxe6 Qd7 a iniciativa das brancas desapareceria rapidamente. 17...Qc8 Mas se agora 17...c5, então 18.Nxe6 Bxe6 19.Qxe6 com um ataque contra o Peão a: e também 17.0-0, como pode ser visto facilmente, perderia material. 18.Re1 Kf7 Essa tentativa de manter todos os bens da terra será refutada de maneira convincente. A única forma de resistência consistia em 18...0-0 19.Nxe6 Bxe6 20.Qxe6+ Qxe6 21.Rxe6 Bc5! 22.Bf4 Rf6 23.Rxf6 gxf6, após o que as brancas, apesar da sua grande superioridade posicional dos Peões, não encontrariam facilmente como incrementar a sua vantagem de maneira decisiva. 19.Nf5! Ameaçando não somente 20.Nxe7, como também – em muitas variantes – 20.Nxg7! etc. E se 19...Qf8, então 20.Nh6+! Ke8 (20...gxh6 21.Qh5+ etc.) 21.Ng4, seguido por Ne5 etc., com posição vencedora. 19…Re8 Também 19...exf5 20.Qxe7+ seguido por Re3 etc., seria perfeitamente sem esperanças. 20.Qh5+ Kg8 21.Nxg7! Rf8 Se 21…Kxg7, então 22.Bh6+, seguido de mate em três. 22.Rg4 Kh8 23.Re3! e5 Essa tentativa atrasada de trazer novamente à vida o infeliz Bispo da Dama, à primeira vista parece proteger tudo temporariamente (24.Qxe5 Bf6 ou 24.Rh3 Bf5!). Mas a próxima resposta traz a morte. 244
24.Ne6! Não sendo um compositor de problemas, não estou certo quanto a esse ser realmente o “lance do problema”. De qualquer forma, é bastante eficaz, pois 24...Bxe6 seria seguido por 25.Qxh7+ Kxh7 26.Rh3+ Bh4 27.Rhxh4 mate. As pretas abandonaram. Partida 118 Alekhine, A. - Kimura Simultânea às Cegas, 14 mesas, Tóquio Janeiro 1933
Abertura Ruy Lopez
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Bxc6 bxc6 Embora jogável, esse lance raramente é adotado, pois 4...dxc6 dá ao segundo jogador um jogo bastante satisfatório. 5.d4 exd4 6.Qxd4 d6 Mais natural do que 6...Qf6 tentado por mim contra Duras em Mannheim 1914 (veja “Minhas Melhores Partidas de Xadrez 19081923”), lance que pôde ser respondido com vantagem através de 7.e5! Qg6 8.0-0 etc. – aceitar o sacrifício de Peão (8...Qxc2) seria decididamente muito perigoso para as pretas. 7.0-0 Be6 8.Nc3 Nf6 9.Bg5 A vantagem posicional que as brancas obteriam jogando aqui ou no próximo lance
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Capítulo 4 - Miscelânea
e5 Nd5 etc., não pareceu muito convincente. 9...Be7 10.Qa4 Bd7 11.Rad1 0-0
12.e5! Agora esse avanço assegura às brancas de uma forma ou outra uma clara supremacia. A variante principal que considerei por aqui foi 12...Nd5 13.Bxe7 Qxe7 (ou 13...Nxc3 14.Qh4!) 14.Nxd5 cxd5 15.Qa3! etc., trazendo confusão para as pretas. 12...Ne8 13.Bxe7 Qxe7 14.exd6 cxd6 15.Rfe1 Qd8 Uma triste necessidade, pois após 15...Qf6 a resposta 16.Ne5! seria praticamente decisiva. 16.Nd4! Se agora 16...c5, então 17.Nc6 Qc7 18.Nd5 Qb7 19.Nce7+ Kh8 20.Qh4 (ameaçando Re4 seguido de Qxh7+!) seguido de um forte ataque ao Rei. 16...Qc7 17.Re7 Nf6 18.Nf5! O mais simples 18.Rde1 manteria a vantagem sem complicações, mas a linha escolhida era tentadora – e se provou correta. 18...Qd8 A resposta comparativamente mais embaraçosa para as brancas, cujas peças começam a ficar “penduradas”. A alternativa 18...Rfe8 daria a elas um trabalho fácil: 19.Ne4! Nxe4 20.Qxe4 Rxe7 21.Qxe7! Re8 22.Qxd6 Qxd6 23.Nxd6 Re2 24.Nc4 Rxc2 25.Ne3, vencendo.
19.Rxd6 Re8 Aparentemente força a variante 20.Rxe8+ Qxe8 21.Ne3, após o que as pretas jogando, por exemplo, 21...Rb8 ainda colocariam alguns problemas para o seu adversário “às cegas”. Tanto mais surpreendente é que a manobra em seguida, com uma dupla de lances, retire das pretas qualquer chance de luta.
20.Ne4! O primeiro ponto do ataque iniciado com 18.Nf5, no qual só aparentemente as brancas permitiram uma troca desejável para as pretas. 20...Rxe7 Forçado, pois 20...Nxe4 21.Rdxd7 etc., seria sem esperanças. 21.Nxf6+ Kh8 Ou 21...Kf8 22.Nxh7+ Kg8 23.Nf6+ Kf8 24.Nxe7 gxf6 25.Nxc6 Qe8 26.Qb4! a5 27.Qc3, vencendo. 22.Nxe7 Qxe7 Esperando não sem prazer a variante 23.Ne4 Bf5 24.Rd4 c5 25.Rc4 Rd8 etc., com um contra-ataque. 23.Qe4! Uma surpresa muito desagradável para as pretas: não somente o mate está protegido, mas as próprias brancas ameaçam o mate em h7, forçando assim a simplificação. 23...Qxe4 24.Nxe4 Be6 25.b3 g6 Ainda esperando por 26.Rxc6? Bd5. Mas 245
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após as brancas evitarem também essa “armadilha”, as pretas poderiam bem tranquilamente abandonar. 26.Nc5 Bf5 27.Rxc6 Re8 Eu estava enganado – essa era ainda a chance de dar o mate na 1ª fileira... 28.f3 Re2 29.Rxa6 Rxc2 30.Ne4 Be6 31.h4 Kg7 32.Kh2 Kh6 33.Kg3 Bd7 34.a4 f5 35.Ng5 Rc3 36.Ra7 Rd3 37.a5 Kh5 38.Nxh7, e as pretas abandonaram. Partida 119 Kashdan & Amador - Alekhine & Amador Partida com Consulta, NY Setembro de 1933
Abertura Ruy Lopez
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 a6 4.Ba4 d6 5.c3 Bd7 6.d4 Nf6 7.Qe2 A proteção do Peão e pela Dama geralmente traz para as brancas mais inconvenientes do que vantagens, e então seria melhor substituir por 7.0-0 Be7 8.Re1, etc. 7...Be7 8.0-0 0-0 9.d5 Aqui dificilmente há algo mais aconselhável do que esse procedimento de bloqueio, pois as pretas ameaçam 9...Nxd4 etc., e por outro lado, 9.Bb3 (ou c2) pode ser respondido com vantagem por 9...exd4 seguido por ...Na5 (ou ...b4), etc. 9...Nb8 10.Bc2
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10...a5! A ideia de desenvolver o Cavalo por c5, análoga a muitas variantes das Defesas Índias – é tanto tentadora como justificada posicionalmente. Uma boa alternativa entretanto seria o dinâmico 10...c6 para abrir colunas na ala da Dama antes que as brancas termine a sua mobilização. 11.c4 Na6 12.Nc3 Nc5 13.Be3 b6 14.h3 g6 Tendo como objetivo ...N-h5-f4. Os lances de “ataque” das brancas em seguida aparentemente são jogados de fato para evitar essa possibilidade. 15.Bh6 Re8 16.g4 Bf8 17.Bxf8 Se 17.Qd2, então 17…Bg7 e as brancas eventualmente seriam forçadas a trocar mesmo em condições menos favoráveis. 17...Rxf8 18.Nh2 O lance planejado aqui f4 que enfraqueceria ainda mais as casas pretas da posição das brancas, precisa ainda ser novamente considerado como um tipo de defesa indireta contra as ameaças de iniciativa das pretas na coluna h. A má sorte das brancas é que elas não têm mais tempo para o de outra forma indicado avanço de Peões na ala da Dama – b3 seguido de a3, b4, etc. 18...Qe7 Não há pressa em particular para jogar ...h5, pois as brancas de qualquer modo não podem evita-lo. 19.Qe3 h5
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Capítulo 4 - Miscelânea
20.f4! Uma defesa puramente passiva começando com 20.f3 provaria, após 20...Kg7 seguido de ...Rh8 etc., ser praticamente sem esperanças – e o sacrifício de Peão pretendido pelo lance do texto é taticamente justificado. O único problema é que as pretas não precisam aceita-lo, e o Peão g das brancas permanece fraco! 20...hxg4 21.hxg4 exf4 Após 21...Nxg4? 22.Nxg4 Bxg4 23.Qg3 Bh5 24.f5 as brancas obteriam um forte ataque. 22.Qxf4 Kg7 23.Rae1 Rae8 24.Kg2 Provavelmente jogado tendo em vista uma possível troca das Damas no caso de ...Qe4. Mas as pretas de forma correta preferem em primeiro lugar aumentar a sua pressão ao tomarem vantagem da coluna h aberta – especialmente por elas verem que um ataque triplo sobre o seu Cavalo em f6 pode ser enfrentado com sucesso através de um contra-ataque. 24...Rh8 25.Re2 Rh4 26.Ref2 Reh8 27.Kg1 Agora pode parecer por um momento que a pressão das brancas contra as casas f7 e f6 das pretas é mais efetiva do que as contraameaças na coluna h, mas os próximos dois lances trazem a situação à luz da verdade. 27…Be8! Não somente defendendo o Peão f, mas também dando espaço para o Cavalo da Dama. 28.Qg5 O final após 28.Qxf6+ etc. seria claramente favorável às pretas devido à poderosa casa central e5 para o seu Cavalo. 28...Kf8! Em sua simplicidade provavelmente o lance mais difícil de toda a partida: após terem protegido a sua Dama, as pretas ameaçam agora 29...Nxg4! etc.
29.Rg2 Ncd7 Também essa retirada, que permite a aparentemente perigosa resposta em seguida, teve que ser calculada precisamente. 30.Nb5
30...Ne5! A ocupação da casa central dominante coincide aqui com a decisão tática da partida. Como 31.Nxc7 seria refutado através de 31...Rxh2! 32.Rxh2 Rxh2 33.Nxe8 Nfxg4! 34.Qxe7+ Kxe7 35.Ba4 Rxb2 etc., as brancas não tinham nada melhor do que simplificar e esperar por um milagre no final em seguida. 31.Qxf6 Qxf6 32.Rxf6 Bxb5! Uma troca intermediária muito importante, cuja omissão deixaria as brancas com excelentes chances de empate. 33.cxb5 Rxh2 Em tantas variantes o ponto decisivo. 34.Rxh2 Rxh2 35.Rxf7+ O único caminho para evitar temporariamente perda de material. 35...Kxf7 36.Kxh2 Nxg4+ 37.Kg3 Ne5 Apesar do equilíbrio material as pretas têm um trabalho bastante fácil, pois além do Peão passado têm uma supremacia obvia (duas peças contra uma) nas casas pretas. 38.b3 Kf6 39.Bd1 Nd3 40.Kf3 Ke5 41.Ke3 Nc5 42.Bf3 g5 43.Bh1 Nd7 Também o imediato 43...g4 era bastante bom. 247
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44.Bg2 Nf6 45.Bf3 g4 46.Be2 No caso de 46.Bg2 as pretas venceriam facilmente através de 46...Nh5 seguido por ...Nf4. 46...Nxe4 47.Bxg4 Nc3 48.Bf3 Nxd5+ 49.Kd2 Kd4 50.a3 Nc3 51.Bc6 a4! 52.Kc2 d5 53.bxa4 Kc4!, e as brancas abandonaram. Partida 120 Alekhine, A. - Mindeno, A. Simultânea na Holanda, Outubro de 1933
Abertura Ruy Lopez
1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Bb5 d6 A Defesa Steinitz, que estava na moda nos tempos do match Lasker-Capablanca 1921, está agora completamente desaparecida da prática magistral. Realmente, o tratamento moderno com o intermediário 3...a6 (a assim chamada Steinitz diferida) dá às pretas, após 4.Ba4 d6, consideravelmente mais escolhas de planos de desenvolvimento do que o auto restritivo lance do texto. 4.d4 exd4 Após 4...Bd7 a linha mais promissora para as brancas seria 5.Nc3 Nf6 6.Bxc6 Bxc6 7.Qd3!. 5.Qxd4 É claro, 5.Nxd4 também é bom. Através do lance do texto, as brancas já planejam o 00-0. 5...Bd7 6.Bxc6 Bxc6 7.Nc3 Nf6 8.Bg5 Be7 9.0-0-0 0-0 10.h4 Essa posição já havia ocorrido há muito tempo em uma partida de Anderssen no Torneio de Baden-Baden 1870, na qual o Campeão alemão aqui jogou 10.Rhe1, empatando ao final. Eu joguei isso em Folkestone 1933, contra o homônimo de Anderssen, o falecido mestre dinamarquês E. Andersen, mas embora a partida terminasse a meu favor, 248
seu estágio inicial (após 10...Nd7 11.Bxe7 Qxe7 12.Re3 Qf6 13.Nd5 Bxd5 14.exd5 Qxd4, etc.) não foi insatisfatório para as pretas. O lance do texto é mais agudo, pois as pretas precisam se esforçar para desalojar o Bispo das brancas de g5. 10…h6 Nada a se condenar, pois as pretas não são obrigadas a tomar o Bispo com o Peão e podem fazer isso somente quando for perfeitamente seguro. 11.Nd5 Uma oferta correta e exatamente calculada que as pretas não podem aceitar. Ainda, mesmo mais apropriado para manter a tensão seria primeiramente 11.Kb1. 11...hxg5? Embora o ponto final do sacrifício fosse muito difícil de se antever, sua aceitação deve ser decididamente condenada: era bastante obvio que a abertura da coluna h significasse aqui um perigo mortal, e, o que é mais importante, as pretas tinham aqui uma defesa perfeitamente segura (para o momento, de qualquer maneira) ao continuar com 11...Nxd5 12.exd5 Bd7, etc. 12.Nxe7+! É claro, não 12.hxg5 Nxd5 13.exd5 Bxg5+, etc. com defesa suficiente. 12...Qxe7 13.hxg5 Nxe4 Também após outros lances de Cavalo as Torres dobradas na coluna h se mostrariam decisivas. E se 13...Qxe4, então 14.gxf6 Qxd4 15.Rxd4 Bxf3 16.gxf3 Rfe8 17.Rg4! g6 18.Rgh4 com mate em seguida. 14.Rh5 Qe6 No caso do imediato 14...f5 as pretas forçariam a vitória de maneira similar à do texto: 15.g6 Qe6 16.Ne5! Nf6 (de outra forma 17.Rdh1) 17.Rh8+! Kxh8 18.Qh4+ Kg8 19.Rh1 etc., com mate inevitável. 15.Rdh1 f5
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Capítulo 4 - Miscelânea
Após esse lance as pretas parecem estar temporariamente seguras, pois após 16.g6 Qxg6 17.Ne5, obteriam a Torre e duas peças menores pela Dama através de 17...Qxh5 18.Rxh5 dxe5 etc. Mas uma transposição espetacular de lances arruína as suas esperanças.
16.Ne5!! Um lance surpresa, cujo objetivo é o enfraquecimento da proteção da casa d5 das pretas. 16...dxe5 Como 16...Qxe5 17.Qxe5 dxe5 18.g6 perde imediatamente, as pretas não tinham escolha. 17.g6! O ponto: se agora 17...Qxg6, então 18.Qc4+ seguido de mate em três lances. Sem o preliminar 16.Ne5 dxe5 as pretas ainda teriam a defesa ...d5. As pretas abandonaram.
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Apêndice - Os adversários de Alekhine neste livro o décimo primeiro jogador do mundo em 1931. Representou a Alemanha em duas Olimpíadas Mundiais de Xadrez: 1930 (Hamburgo),1931 (Praga) e em uma não oficial, em 1936 (Munique). Seu filho, Herbert Ahues (1922-2015), tornou-se Grande Mestre na composição de Problemas de Xadrez em 1989.
Ahues, Karl Oscar – Partidas 36 e 77 Nascido em 26/12/1883 em Bremen (Alemanha), faleceu aos 83 anos, em 31/12/1968 em Hamburgo (Alemanha). Obteve o título de Mestre Internacional em 1950; foi campeão de Berlim (1910), campeão da Alemanha (1929), 6º colocado no Torneio de San Remo (1930) e vencedor de torneios de xadrez relâmpago na Alemanha quando já era octogenário. Ranqueado como
Alexander, Conel Hugh O’Donel – Partida 86 Nascido em 19/04/1909 em Cork, 251
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
(Irlanda), faleceu aos 64 anos, em 15/02/1974 em Cheltenham (Inglaterra). Também conhecido como Hugh Alexander, foi jogador de xadrez, autor de livros e criptoanalista. Obteve o título de Mestre Internacional em 1950 e foi duas vezes campeão britânico de xadrez (1938 e 1956). Venceu o torneio de Hastings em 1946/1947 e foi co-campeão do mesmo torneio em 1953/1954. Foi colunista de xadrez do The Sunday Times entre os anos 1960 e 1970. Fez importantes contribuições teóricas à Defesas Holandesa e Petroff. Representou a Inglaterra em seis Olimpíadas Mundiais de Xadrez: 1933, 1935, 1937, 1939, 1954 e 1958; foi também capitão da equipe inglesa entre 1964 e 1970. Em fevereiro de 1940 foi incorporado ao Bletchley Park, o centro britânico de decodificação que reuniu os aliados durante a II Guerra Mundial. Ali, Alexander trabalhou com Alan Turing na quebra de códigos da Máquina Enigma alemã, em estória posteriormente apresentada no filme Jogo da Imitação (2014). Alexander foi chefe da divisão de criptoanálise do Serviço de Inteligência britânico por 25 anos.
(1923, 1925 a 1927, 1929, 1930 a 1936 e venceu o Campeonato Nórdico em 1930 (Estocolmo). Representou a Dinamarca nas seis primeiras Olimpíadas Mundiais de Xadrez: 1927 (Londres), na qual a Dinamarca conquistou a medalha de prata, 1928 (Haia), 1930 (Hamburgo), 1931 (Praga), 1933 (Folkestone), 1935 (Varsóvia) e em uma não oficial, em 1936 (Munique).
Asgeirsson, Asmundur – Partida 115 Nascido em 14/03/1906, na Islândia, faleceu aos 80 anos em 2 de novembro de 1986. Venceu o campeonato islandês de xadrez em 1931, 1933, 1934, 1944, 1945 e 1946.
Asztalos, Lazlo – Partida 17 Andersen, Erik – Partida 39 Nascido em 10/04/1904, em Gentofte (Dinamarca), faleceu aos 33 anos, em 27/02/1938 em Copenhagen (Dinamarca). Foi doze vezes campeão dinamarquês 252
Nascido em 29/07/1889 em Pecs, faleceu aos 67 anos em 01/11/1956 em Budapeste, durante a Revolução Húngara contra o domínio da União Soviética. Foi um Mestre Internacional de xadrez húngaro e professor de filosofia e de idiomas. Após participar com destaque em vários
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Os adversários de Alekhine neste livro
torneios na Hungria. Áustria e Polônia, vencendo o Campeonato Húngaro em 1913, mudou-se após a I Guerra Mundial para o Reino da Sérvia, Croácia e Eslovênia (mais tarde conhecido como Iugoslávia). Participou em diversos torneios no pós-guerra, dentre eles o de Kcskemet em 1927, vencido por Alekhine, onde obteve o 4º lugar. Representou a Iugoslávia nas Olimpíadas de Budapest, Londres, Praga e Munique. Voltou para a Hungria em 1942 e se tornou vice-presidente da União Húngara de Xadrez e Secretário do Comitê de Classificação da FIDE. Recebeu o título de Mestre Internacional em 1950 e o de Árbitro Internacional da FIDE em 1951. Autor do livro Elementos do Jogo de Xadrez (1951). O Torneio Memorial Asztalos foi jogado regularmente na Hungria entre os anos de 1958 a 1971.
Efim Dmitriyevich Bogoljubov, Partidas 26, 27, 28, 29, 30, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 78, 79, 87, 95 Grande Mestre russo-ucraniano-alemão, nasceu no dia 14/04/1889 na cidade de Stanislavchyk, próximo a Kiev - Ucrânia, faleceu repentinamente aos 67 anos, no dia 18/06/1952 em Belgrado, logo após ministrar uma sessão de partidas simultâneas. Venceu numerosos torneios e enfrentou Alekhine em dois matches pelo título mun-
dial – em 1929 e 1934. Iniciou-se no xadrez quando, após ser seminarista, mudou seus estudos para uma escola politécnica. A partir de 1909 iniciou sua participação em torneios locais e nacionais russos. Em 1911 dividiu o primeiro lugar no Campeonato de Kiev. Em 1913-1914 terminou em oitavo lugar no Torneio de Mestres de toda a Rússia, vencido por Alekhine e Nimzowitsch. Entre Julho e Agosto de 1914 participou do Torneio de Mannheim, que teve significado especial em sua vida: esse torneio foi interrompido pela eclosão da I Guerra Mundial e, após a declaração alemã de guerra à Rússia, onze “jogadores russos” (Alekhine, Bogoljubov, Fedor Bogatyrchuk, Alexander Flamberg, N.Koppelman, Boris Maliutin, Ilya Rabinovich, Peter Romanovsky, Peter Petrovich Saburov, Alexey Selezniev e Samuil Winstein), que participavam do torneio, foram presos pelas autoridades alemãs. Em setembro, quatro deles (Alekhine, Bogatyrchuk, Saburov e Koppelman) obtiveram a permissão para voltar para casa, via Suíça. Os demais prisioneiros russos jogaram em oito torneios, o primeiro em BadenBaden em 1914 e os outros em Triberg (19141917). Bogoljubov ficou em segundo lugar em Baden-Baden e venceu cinco vezes o Torneio de Triberg (1914-1916). Durante a I Guerra Mundial permaneceu em Triberg, casou-se com uma professora local e morou o resto da sua vida na Alemanha. Após a I Guerra, venceu vários Torneios Internacionais: Berlim 1919, Estocolmo 1919, Kiev 1921, Pistyan 1922. Dividiu o 1º3º lugares em Karlsbad 1923. Em 1924 Bogoljubov retornou por um curto período à Rússia, que então se tornara União Soviética e consecutivamente venceu os Campeonatos Soviéticos de 1924 e 1925. Também venceu o Torneio de Breslau 1925 e Moscou 1925, à frente de Capablanca e Lasker. Emigrou definitivamente para a 253
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Alemanha em 1926 e nesse ano venceu o Torneio de Berlim frente a Rubinstein. Em Kissingen 1928 triunfou uma vez mais frente a Capablanca, Nimzowitsch e Tartakower. Em 1928 e 1928/1929 venceu dois matches contra o Dr. Max Euwe, ambos por 5,5-4,5, e perdeu para Alekhine em dois matches pelo Campeonato Mundial (15,5-9,5 em 1929 e 15,5-10,5 em 1934). Ainda em 1929 recebeu a cidadania alemã. Em 1930 por duas vezes dividiu o 2º/3º lugares – com Nimzowitsch em San Remo (vencido por Alekhine) e em Estocolmo – com Stoltz (vencido por Kashdan). Em 1931 dividiu o 1º/2º lugares em Swinemünde e em 1933 venceu em em Bad Pyrmont. Em 1935 venceu em Bad Nauheim e Bad Saarov. Venceu em Berlim 1935, Bas Elster 1936, 1937 e 1938 em Bremen 1937 e Stuttgart 1939. Representou a Alemanha no primeiro tabuleiro na 4ª Olimpíada de Xadrez em Praga 1931, ganhando a medalha de prata. Durante a II Guerra Mundial, perdeu um match para Euwe (+2 -5 =3) em Krefeld e empatou um mini-match com Alekhine (+1 1 =0) em Varsóvia 1943. Disputou vários torneios na Alemanha e territórios ocupados durante a II Guerra. Em 1940 venceu em Berlim, e dividiu o 1º/2º lugares em Varsóvia. Em 1941 ficou em 4º lugar em Munique e em 3º em Varsóvia (vencido por Alekhine). Em 1942 ficou em 5º lugar em Salzburgo (vencido por Alekhine) e dividiu o 3º-5º lugares em Munique (também vencido por Alekhine). Em 1943 ficou em 4º lugar em Salzburgo (vencido por Alekhine e Keres) e 2º/3º em Krynica e em 1944 venceu o torneio de Radom, à frente do seu antigo companheiro de prisão Fedor Bogatyrchuk. Após a guerra viveu na Alemanha Ocidental. Embora seu nível de jogo declinasse de forma significativa, venceu em 1947 o Torneio de Lünenburg e de Kassel. Em 1949 venceu em Pyrmont (3º Campeonato da Alemanha Ocidental) e dividiu o 1º/2º lugares em Oldemburg. Em 1951 venceu em Augsburg e Saarbrücken. 254
Recebeu o título de Grande Mestre Internacional da FIDE em 1951.
Bogoljubov foi um dos jogadores mais importantes do século XX. Seu temperamento afável e bem-humorado granjeou-lhe grande número de admiradores. São famosas algumas anedotas, principalmente ligadas ao seu otimismo, destemor e superestimação de suas possibilidades no tabuleiro. A título de ilustração, registramos algumas: - Durante o Torneio de Bled (Eslovênia) em 1931, Bogoljubov enfrentava Aszatlov e anunciou “mate em dois lances!”. Mas seu cálculo estava furado e Bogol teve que adiar a partida em posição desvantajosa. Seu adversário pôde dizer-lhe: “os mortos que você mata gozam de perfeita saúde”... - Bogoljubov era famoso pelo seu humor, nem sempre politicamente correto. Certo dia, Bogoljubov enfrentou Tarrash e conseguiu sucesso em vencer o “Professor da Alemanha”, já então bastante doente. Poucos dias depois, lamentavelmente ocorreu a morte do Dr. Tarrasch. Bogol publicou a partida e não lhe ocorreu outro título para o artigo que não fosse “A partida que matou o Dr. Tarrasch”. - Crendo em Deus e em si mesmo, cunhou a frase famosa: “Se tenho as brancas, vencerei por ter as brancas; se tenho as pretas vencerei por ser Bogoljubov”.
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Os adversários de Alekhine neste livro
Borochow, Harry – Partida 117 Nascido em 16/06/1898 e falecido aos 95 anos em 20/10/1993 na Califórnia. Borochow venceu o Campeonato Estadual da Califórnia de 1930 a 1932. Em 1960, foi eleito Presidente da Associação do Estado da Califórnia. Ambas as Copas Piatigorsky, a primeira em 1963 e a segunda em 1966, foram dirigidas por ele. Em 1991 a US Chess Federation outorgou-lhe o título de Mestre Emériro.
Capablanca y Gaupera, Jose Raul – Partidas 20, 21, 22, 23 e 24 Nascido em 19/09/1888 em Havana e falecido aos 53 anos em Nova Iorque em 08/03/1942. Um dos maiores jogadores de xadrez em todos os tempos, sua importância extrapola os simples apontamentos biográficos deste livro. Apresentamos em seguida o
seu necrológio escrito por Alekhine, em um texto que une esses dois jogadores legendários: “A primeira vez que ouvi falar de Capablanca foi em 1909, assim como os meus contemporâneos, quando venceu seu match com Marshall de maneira bastante assombrosa. Capablanca tinha então vinte anos e eu dezesseis. Nem o seu desempenho enxadrístico nem o seu estilo me impressionaram naquela época. Seu jogo parecia ‘novo’, mas carecia de uniformidade. E em seguida ele conquistou uma vitória tão boa do ponto de vista competitivo em San Sebastian 1911, onde muitas das suas partidas foram vencidas através de recursos táticos surpreendentes. Seu primeiro dom real e incomparável começou a se manifestar na época do Torneio de São Petersburgo 1914, quando também vim a conhece-lo pessoalmente. Nem antes nem depois eu vi – e não podia mesmo imaginar – tamanha rapidez de compreensão do xadrez como possuía Capablanca na época. Basta dizer que ele deu a vantagem de 5-1 em partidas rápidas a todos os Mestres em São Petersburgo – e venceu! Estava sempre bemhumorado com todos, era querido pelas mulheres, e gozava de saúde perfeita – realmente uma presença deslumbrante. O fato de ter chegado em segundo lugar após Lasker deve ser atribuído à sua juventude – pois Capablanca já jogava tão bem como Lasker. Encontrei Capablanca pela segunda vez em Londres em 1922. Ele já era o Campeão Mundial e tinha toda a intenção de permanecer assim por muito tempo. De fato, naquela época o seu potencial enxadrístico alcançara o seu auge; um manejo cristalino da abertura e do meio-jogo unidos a uma técnica de finais insuperável. Seu temperamento, no entanto, se tornou um pouco mais nervoso, e esse nervosismo se manifestava através do esforço de, no máximo possível, 255
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
não colocar seu título em jogo, ou mesmo até evita-lo. Por essa razão, ele se envolveu nas ‘Regras de Londres’, que estabelecia para o match uma bolsa de 10.000 dólares ouro. Naquela época, para ele era difícil imaginar que um dos seus rivais conseguisse juntar uma soma assim tão alta. E nisso ele estava certo; não foi pelos seus rivais (nesse caso me incluo), mas pelo próprio Capablanca que essa soma foi levantada em Buenos Aires em 1927 – na realidade na expectativa de ser agraciado mais uma vez com o Campeonato Mundial em uma cidade que já visitara por duas vezes, e na qual era muito popular. As pessoas de lá estavam, é claro, convencidas de que ele poderia vencer um match contra mim. O que aconteceu para que ele perdesse? Devo confessar que mesmo agora não consigo responder a essa pergunta com muita certeza, pois em 1927 eu não acreditava ser superior a ele. Talvez a razão principal da sua derrota tenha sido uma superestimação dos seus poderes enxadrísticos, após sua vitória esmagadora em Nova Iorque 1927, e que tenha me subestimado. Seja qual for o motivo, com a perda do título Capablanca também perdeu a forma por algum tempo, e começou a seguir uma política que, se em algum momento realmente desejasse o match revanche, não foi calculada de forma alguma para isso, para dizer o mínimo. Imediatamente após a sua derrota, ele de fato buscou trazer através da FIDE (a contrapartida enxadrística para a Liga das Nações) novas condições para um match pelo Título Mundial, e isso sem me consultar. Esse foi o tipo de procedimento que não pude tolerar, e assim então surgiu uma diderença entre nós e o nas nossas relações Alguns anos mais tarde Capablanca tomou a decisão mais correta, ou seja, tentou mostrar ao mundo do xadrez que era o me256
lhor candidato ao título mundial através do seu real desempenho. E, de fato, chegou longe a esse respeito, ao vencer dois torneios muito importantes em 1936 (Moscou e Notthingham). No entanto, a partir de então, seus poderes diminuíram do ponto de vista competitivo, sem considerar suas habilidades no xadrez, que permaneceram. O terceiro lugar dividido (dentre oito participantes) em Semmering-Baden 1937, e a sua sétima colocação (em oito) no Torneio AVRO mostraram ao mundo do xadrez que as suas esperanças de retomar o título estavam finalmente encerradas. E até o final, por exemplo em Buenos Aires 1939, como demonstrado, Capablanca ainda podia produzir verdadeiras pérolas de arte no xadrez, mas não tinha mais a resistência suficiente para obter sucesso prático em grandes torneios. Capablanca foi retirado muito cedo do mundo do xadrez. Com a sua morte, perdemos um grande gênio do xadrez, igual ao qual nunca mais veremos”.
Colle, Edgar – Partida 8
Nascido em 18/05/1897 em Ghent, falecido na mesma cidade aos 33 anos de idade em 20/04/1932, foi um mestre de xadrez belga, que conquistou excelentes resultados em grandes torneios internacionais, incluindo o 1º lugar em Amsterdã 1926, à frente de Tartakower e o futuro campeão mundial Max
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Os adversários de Alekhine neste livro
Euwe; 1º lugar em Merano 1926 em um forte torneio, à frente de Esteban Canal e venceu duas vezes em Scarborough em 1927 e novamente em 1930, à frente de Maróczy e Rubinstein. A carreira de Colle foi muito afetada pela sua saúde. Sobreviveu a três cirurgias muito delicadas devido a uma úlcera gástrica e faleceu após a quarta cirurgia. Hoje em dia Colle é lembrado principalmente pela sua contribuição à teoria das aberturas, conhecida como Sistema Colle: 1.d4 d5 2.Nf3 Nf6 3.e3. As brancas geralmente seguem com Bd3, 0-0 e Nbd2, jogando por uma ruptura central em e4. O próprio Colle jogou esse Sistema a partir de 1925 até a sua morte em 1932.
Davidson, Jacques – Partida 10
Jacques Davidson (nascido em 14/11/1890 em Amsterdã e falecido aos 79 anos em 13/01/1969 na mesma cidade) foi um mestre holandês de xadrez. Antes da I Guerra Mundial viveu por muitos anos em Londres. Jacques jogava com seu pai apostando, e apesar de não receber ocorreu-lhe a ideia de que poderia ser proveitoso jogar xadrez com ingleses ricos. Aprendeu com outro holandês, Rudolf Loman, como proceder. Nos anos 1920 Davidson foi vicecampeão holandês por duas vezes, após Max Euwe. Em 1911 venceu um match contra Edward Seargeant (2,5-0,5) em Londres; disputou nos anos seguintes na Holanda, Inglaterra e Alemanha diversos torneios, com resultados medianos. Disputou ainda alguns matches: empate contra Teichmann em Berlim 1922 e derrotas para Euwe 1924 e 1927 e para Spielmann 1932 e 1933, todos em Amsterdã. Curiosamente a lápide da sua sepultura em Amsterdã apresenta um problema de xadrez em desafio aos visitantes, com a informação de “mate em um lance”. O leitor conseguirá encontrar a solução?
Eliskases, Erik Gotlieb– Partida 80 Nascido em 15/02/1913 em Innsbruck no então Império Austro-Húngaro e falecido aos 83 anos em 02/02/1997 em Córdoba, Argentina, Eliskases aprendeu a jogar xadrez com 12 anos e rapidamente demonstrou grande aptidão para o jogo, vencendo o campeonato do Clube de Xadrez Schlechter em seu primeiro ano no clube, com apenas 14 anos. Aos 15 era campeão do Tirol e aos 16 co-Campeão da Áustria. Sua educação escolar em Innsbruck e Viena centrou-se em Negócios e 257
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Administração. Foi no entanto o xadrez que conquistou a sua imaginação e Eliskases obteve resultados excepcionais nas Olimpíadas de 1930, 1933 e 1935. Após a anexação da Áustria pelos nazistas em Março de 1938, venceu o Campeonato Nacional Alemão em Bad Oeynhausen em 1938 e 1939. Jogou sob a bandeira alemã a Olimpíada de 1939 em Buenos Aires, durante a qual se iniciou a II Guerra Mundial. Eliskases, assim como muitos outros jogadores, resolveu permanecer na Argentina (e por algum tempo no Brasil) ao invés de retornar ao cenário do conflito. Autoridades brasileiras ameaçaram prendê-lo e deportá-lo, pois tinham muitas ligações com a Alemanha Nazista. Alguns brasileiros entusiastas do xadrez o protegeram evitando esse destino, contratando-o como professor de xadrez – durante algum tempo, Eliskases deu aulas no Clube de Xadrez São Paulo. Após alguns anos Eliskases se tornou cidadão argentino, e representou seu novo país nas Olimpíadas de 1952, 1958, 1960 e 1964. A FIDE concedeu a Elikases o título de Mestre Internacional em 1950 e o de Grande Mestre Internacional em 1952. Conquistou muitos torneios memoráveis, incluindo o primeiro lugar em Budapest 1934, Linz 1934, Zurique 1935, Milão 1937, Noordwijk 1938 (seu grande sucesso, à frente de Euwe e Keres), Krefeld 1938, Bad Harzburg 1939, Bas Elster 1939, Viena 1939, Águas de São Pedro/São Paulo 1941, São Paulo 1947, Mar del Plata 1948, Punta del Este 1951 e Córboba 1959. Sua vitória em Noordwijk iniciou uma série de oito torneios consecutivos nos quais permaneceu invicto. Venceu matches contra Efim Bogoljubov (1939) e Rudolf Spielmann (por três vezes, em 1932, 1936 e 1937). Ao final da década de 1930 Eliskases era considerado, juntamente com Capablanca, 258
Keres e Botvinnik como candidato potencial para uma luta pelo título mundial contra Alekhine. O Campeão inclusive falou a seu favor após o match contra Euwe em 1937, no qual recuperou o título, onde Eliskases foi seu treinador e segundo. O Grande Mestre holandês Hans Ree observou que Elikases foi um dos quatro jogadores (Keres, Reshevsky e Euwe são os outros) a vencer tanto Capablanca como a Bobby Fischer.
Euwe, Max - Partidas 72, 73, 74, 75. 76, 84, 97, 98, 99, 100, 101, 102, 103, 104, 109, 110 Machgielis Euwe, mais conhecido como Max Euwe, nasceu em 20/05/1901 em Amsterdã e falecido na mesma cidade aos 80 anos em 26/11/1981 , foi um célebre enxadrista holandês, Campeão Mundial entre 1935-1937. Euwe, é mais famoso como o Campeão Mundial de xadrez do que como matemático. No entanto, na verdade Euwe também foi um excelente matemático que ao longo da sua vida se dedicou mais à ciência do que ao jogo no xadrez. Os pais de Max Euwe, Elisabeth e Cornelius Euwe, que era professor e muitas vezes jogava xadrez com a mulher que amava o jogo. Quando Max tinha cinco anos, seus
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Os adversários de Alekhine neste livro
pais o ensinaram a jogar e logo ele conseguiu vencê-los. Max frequentou a escola em Amsterdã, onde se destacou em matemática, e começou a jogar xadrez em níveis cada vez mais avançados. Em 1911, quando tinha dez anos, entrou em seu primeiro torneio de xadrez, um campeonato de Natal de um dia, e venceu todos os jogos. Tornou-se membro do clube de xadrez de Amsterdã quando tinha doze anos de idade e aos quatorze já jogava nos torneios da Federação de Xadrez da Holanda. Este foi um período difícil na maioria dos países europeus, pois a I Guerra Mundial convulsionava totalmente a vida normal na maioria dos lugares, mas na Holanda, que permaneceu neutra, a vida em Amsterdã era relativamente confortável. Quando tinha dezoito anos Euwe recebeu o diploma depois de frequentar a escola secundária por seis anos em Amsterdã. A essa altura, a I Guerra Mundial havia terminado e as viagens internacionais tornaram-se novamente possíveis. Fez sua primeira viagem ao exterior, para jogar na Inglaterra o famoso Torneio Internacional de Hastings, onde terminou em quarto lugar. Euwe tinha poucas dúvidas sobre o objetivo de seus estudos e ingressou na Universidade de Amsterdã para iniciar seus estudos de matemática. Não se deve imaginar que Euwe mantivesse seus estudos de xadrez alheios aos estudos matemáticos. Pelo contrário, via a matemática como capaz de lhe fornecer uma abordagem lógica, precisa e até algébrica do jogo. Mencionamos abaixo um artigo muito interessante de matemática que Euwe escreveu motivado pelo xadrez. Em 1920, era o principal jogador da Holanda e venceu o Campeonato Holandês pela primeira vez em agosto de 1921. Em 1923, recebeu o diploma com Honra em
Matemática pela Universidade de Amsterdã. Em seguida, realizou uma pesquisa em matemática que o levou a ser premiado com um doutorado em 1926 pela Universidade de Amsterdã. Sua dissertação, Differentiaalinvarianten van twee covariantie-vectorvelden (Invariantes diferenciais de dois campos de vetores de covariância) foi orientada por Roland Weitzenböck e Hendrick de Vries (que também orientou van der Waerden por volta dessa época). Euwe então lecionou matemática em Winterswyk e Rotterdã e foi nomeado para o Liceu para meninas em Amsterdã, lecionando matemática de 1926 a 1940. Durante seus estudos de doutorado, de dezembro de 1926 a janeiro de 1927, Euwe perdeu por pouco um match com Alekhine (+2 -3 =5). Neste momento, Alekhine não era Campeão Mundial, mas logo depois conquistou o título frente a Capablanca e Euwe percebeu que, tendo competido tão bem com Alekhine, tinha chances de se tornar Campeão Mundial. Em 1928 Euwe derrotou Bogolyubov duas vezes em partidas disputadas em Amsterdã, Roterdã e Utrecht. Em 1930 Euwe venceu o torneio de Hastings à frente de Capablanca. No entanto, em um match Euwe - Capablanca, que foi disputado mais tarde Euwe perdeu (+0 -2 =8). O ano de 1932 foi muito bem sucedido, vencendo Spielmann, empatando duas vezes com Flohr e ficando em segundo lugar atrás de Alekhine em um torneio em Berna. Durante 1933-1934 Euwe jogou muito pouco xadrez enquanto se concentrava na matemática. Então, no verão de 1935, desafiou Alekhine; o match teve início no dia 3 de outubro. Foi realizado em vinte e três locais diferentes em Amsterdã, Haia, Delft, Roterdã, Utrecht, Gouda, Groningen, Baarn, 259
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Hertogenbosch, Eindhoven, Zeist, Ermelo e Zandvoort. L. Pins e B. H. Wood escrevem em M. Euwe, Meet the Masters (Londres 1945): “O resultado dramático de seu primeiro match contra Alekhine é história antiga. Com três pontos a menos depois de sete jogos, conquistou a igualdade, apenas para ver o seu temível adversário afastar-se novamente. Lutando com bravura, Euwe ainda estava dois pontos abaixo no terço final do match, mas venceu as vigésima, vigésima primeira, vigésima quinta e vigésima sexta partidas e manteve o controle sobre um adversário, agora desesperado, até o final”. Euwe jogou o Torneio Internacional de Nottingham de 10 a 28 de agosto de 1936, quando era campeão mundial. Vale a pena notar que Euwe compartilhou o prêmio pelo maior número de vitórias em sua pontuação durante o torneio. Enquanto Euwe era campeão mundial, mudou-se a maneira como os jogadores competiriam pelo título. A partir de então, os direitos de organização dos jogos do Campeonato Mundial foram entregues à FIDE. A única exceção foi o match revanche entre Euwe e Alekhine, que prosseguiu de acordo com as condições já estabelecidas no momento do primeiro match. Em seu match revanche com Alekhine as coisas foram mal para Euwe: depois de vencer a primeira partida, perdeu o match por uma margem de cinco pontos. Várias razões foram apresentadas a respeito dos motivos pelos quais foi derrotado de forma tão esmagadora, mas dentre esses motivos há o fato de que seu segundo e treinador, Reuben Fine, ficou doente com crise de apendicite e dessa forma não pôde ajudá-lo. 260
Em seu livro “Meus Grandes Predecessores volume 2” - Garry Kasparov concorda com a avaliação do ex-Campeão Mundial Vasily Smyslov acerca do período relativamente curto no qual Euwe conservou a coroa mundial. Disse Smyslov: “Na vida nada acontece por acaso. Qualquer que fosse a forma na qual se encontrasse Alekhine, somente alguém de categoria máxima poderia vencê-lo em um match. Euwe jogou melhor do que o Campeão e com todo o merecimento conquistou o título mundial”. Depois disso Euwe afastou-se do xadrez competitivo. Seus deveres de ensino tornaram difícil para ele se concentrar em torneios e no campeonato holandês, que se seguiu à sua derrota como Campeão do Mundo, só poderia jogar partidas à noite, pois tinha compromissos de ensino ao longo do dia. Para outros torneios, embora tivesse tempo livre de seus deveres de ensino para jogar, não tinha tempo para se preparar. Jogou em Hastings no Natal de 1938-1939 e venceu o Campeonato Holandês novamente em 1939, mas o início da guerra dificultou o jogo internacional nos anos seguintes. Durante a guerra, Euwe liderou o trabalho de fornecer comida para as pessoas através de uma organização de caridade. Depois da guerra, venceu o Torneio de Londres em 1946 e pareceu por um tempo que pudesse lutar novamente pelo Campeonato Mundial. No entanto, após alguns eventos nos dois anos seguintes à guerra, Euwe se interessou pelo processamento eletrônico de dados e foi nomeado professor de cibernética em 1954. Em 1957 visitou os Estados Unidos para ali estudar tecnologia de computadores. Quando estava nos Estados Unidos jogou duas partidasamis-
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tosas em Nova Iorque contra Bobby Fischer, vencendo uma e empatando a segunda. Foi nomeado director do Centro de Investigação Automática de Processamento de Dados da Holanda em 1959. Foi presidente, de 1961 a 1963, de um comité criado pela Euratom para examinar a viabilidade de programar computadores para jogar xadrez. Então, em 1964, foi nomeado para uma cadeira em processamento automático de informações na Universidade de Rotterdam e, em seguida, na Universidade de Tilburg. Euwe aposentou-se como professor em Tilburg em 1971. Em 1970, Euwe foi eleito presidente da FIDE e ocupou esse cargo até 1978. Seu papel durante o Campeonato Mundial Fischer-Spassky em Reykjavik, Islândia, em 1972, foi muito difícil, mas Euwe o desempenhou com com grande tato e habilidade. Ficou bastante infeliz com o fracasso das negociações para o match Fischer-Karpov em 1974. Euwe fez grandes esforços para garantir que o match fosse disputado mas, infelizmente, apesar de todos esses esforços, a FIDE concedeu o título de Campeão Mundial a Karpov devido ao abandono de Fischer. Em seu livro indicado acima, Kasparov transcreve a avaliação de Euwe sobre o Campeão Mundial ideal: “Um Campeão Mundial deveria amar o xadrez mais do que a própria vida, e é claro, mais do que a própria fama. Deveria amar o xadrez como Steinitz e possuir a resistência de Lasker, o tato de Capablanca, a inteligência de Chigorin, a fúria de Alekhine, o pensamento elaborado de Botvinnik, a modéstia de Smyslov, a audácia de Tal, a imperturbalidade de Spassky, a ambição de Fischer e a tranquilidade de Karpov”.
Fine, Reuben – Partidas 90 e 94
Reuben Fine, nascido em 11/10/1914 em Nova Iorque, e falecido na mesma cidade aos 78 anos em 26/03/1993, foi um Grande Mestre de xadrez, psicólogo, professor universitário e autor de muitos livros, tanto de xadrez como de psicologia. Um dos jogadores mais fortes no mundo desde meados da década de 1930 até a sua retirada do xadrez em 1951. O melhor resultado da carreira enxadristica de Fine foi a sua conquista dividida (com Paul Keres) no Torneio AVRO em 1938, um dos mais fortes torneios de todos os tempos - dentre os oito participantes havia três Campeões Mundiais – Capablanca, Alekhine e Euwe. Após a morte do Campeão Mundial Alekhine em 1946, Fine foi um dos seis jogadores convidados a competir pelo título vago no Campeonato Mundial de Xadrez em 1948. Fine recusou o convite para esse torneio, e não obstante retirado dos torneios mais importantes daquela época, permaneceu jogando em alguns poucos eventos até 1951. Fine conquistou cinco medalhas (quatro de ouro) em Olimpíadas de Xadrez pela equipe dos Estados Unidos. Venceu por sete vezes o U.S. Open Chess Championship (1932, 1933, 1934, 1935, 1939, 1940, 1941). É considerado um dos quatro maiores jogadores Americanos do século XX, ao lado de Marshall, Reshevsky e Fischer. Foi autor de vários livros de xadrez que ainda são muito 261
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populares, incluindo alguns muito importantes nas três fases do jogo – aberturas, meio-jogo e finais.
Flohr, Salo - Partidas 46, 55 e 114
Salomon Mikhailovich Flohr, nascido em 21/11/1908 em Horodenka - hoje localizada na Ucrânia - e falecido aos 74 anos em Moscou em 18/07/1983, foi um proeminente Grande Mestre checo nos meados do século XX, que se tornou um herói nacional na então Checoslováquia durante os anos 1930. Seu nome era usado para vender vários artigos de luxo, como os Cigarros Salo Flohr, chinelos e perfumes. Flohr dominou vários torneios na fase pré II Guerra Mundial e ao final dos anos 1930 era considerado um desafiante potencial para o Campeonato Mundial, chegando mesmo a ser o candidato indicado pela FIDE. No entanto, seu estilo posicional paciente foi ultrapassado pelos métodos mais precisos e mais táticos do jovem batalhão soviético após a II Guerra Mundial. Flohr também foi um importante autor de livros de xadrez e um Árbitro Internacional. Seu desempenho em Olimpíadas de Xadrez defendendo seu país de adoção foi impressionante: primeiro tabuleiro em Hamburgo 1930 – medalha de prata com 14,5 em 17; em casa, Praga 1931, novamente no primeiro tabuleiro, marcou 11 pontos em 18, conduzindo a sua equipe à medalha de bronze; em Folkestone 1933, novamente no primeiro tabuleiro, marcou 9 em 14 pontos, e 262
conquistou para si a medalha de bronze e a medalha de prata com a equipe checa; em Varsóvia 1935 marcou 13 em 17 pontos, permanecendo invicto, conquistou a medalha de ouro individual; em Estocolmo 1937 novamente conquistou a medalha de ouro individual no primeiro tabuleiro, com 12,5 em 16 pontos. Agregando-se os seus resultados olímpicos, seu desempenho é de 60 pontos em 82 possíveis, ou seja, 73% contra os jogadores mais fortes do mundo. Flohr tornou-se cidadão soviético em 1942 e desenvolveu a sua carreira como escritor em seu novo país, contribuindo com artigos para vários jornais e revistas soviéticos, incluindo o famoso Ogonek. Como a União Soviética parou e posteriormente reverteu a invasão nazista, algumas atividades de xadrez voltaram a ocorrer, e em 1943 Flohr venceu um pequeno mas forte torneio em Baku. Em 1944 venceu novamente em Kiev e em 1945 abandonou o Campeonato da URSS após apenas três rodadas. Desistindo então do ciclo mundial, permaneceu jogando com sucesso alguns torneios até meados da década de 1960, concentrando a partir de então suas atividades no jornalismo.
Foltys, Jan - Partidas 82 e 92
Jan Foltys, nascido em 13/10/1908 em Svinov e falecido aos 43 anos no dia 11/03/1952 em Ostravana na República Checa, foi um Mestre Internacional de xadrez checo. Jogou no primeiro tabuleiro pela
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Checoslováquia na 3ª Olimpíada não oficial de xadrez em Munique 1936 (+7 -1 =11), no segundo tabuleiro da Olimpíada de Xadrez em Estocolmo 1937 (+7 -2 -9) e no segundo tabuleiro na Olimpíada de Xadrez em Buenos Aires 1939 (+8 -3 =5). Nesses três eventos, em 53 partidas marcou 34,5 pontos (+22 -6 =25) com o desempenho de 65,1%. Folty conquistou seu melhor resultado em rorneios vencendo em Karlov Vary 1948. No mesmo ano terminou em 3º lugar em Budapest. Em 1949 dividiu o primeiro lugar no 3º Memorial Schlechter em Viena. Em 1951 classificou-se para o Interzonal de Estocolmo 1952, mas morreu de leucemia nesse mesmo ano, antes do início do Torneio Interzonal. Recebeu o título de Mestre Internacional da FIDE em 1950.
Flohr em Budapeste em 1934, e em seguida o 3º lugar Varsóvia em 1935. Venceu em Helsinki 1936, à frente de Paul Keres e Gideon Stahlberg, e no forte torneio em Podebrady naquele ano ele ficou em 6º lugar, com Erich Eliskases, entre 18 jogadores. Seu último torneio na Europa foi em Lodz, em 1938, onde onde obteve o 7º lugar. Frydman estabeleceu-se na Argentina após 1939. Em Buenos Aires, jogou seu último torneio em 1941, terminando em terceiro atrás de Miguel Najdorf e Stahlberg. Jogou também o Torneio Internacional de São Pedro/São Paulo em 1941, vencido por Elikases, no qual terminou em 3º lugar. Esse foi o primeiro torneio internacional de xadrez realizado no Brasil. Devido a problemas de saúde, Frydman retirou-se do xadrez competitivo em 1942, fixando residência em Buenos Aires, onde morreu em 1982.
Freeman, Abraham – Partida 106 Nesta famosa partida contra o amador norte-americano Abraham Freeman, jogada em Nova Iorque em Maio de 1924, , Alekhine em uma simultânea às cegas enfrentando 26 adversários, anunciou mate em três lances no 22º lance da partida - sem ver o tabuleiro! Frydman, Paulino - Partida 81
Paulino Frydman, nascido em 26/05/1905 em Varsóvia e falecido aos 76 anos em 02/02/1982 em Buenos Aires foi um mestre polonês de xadrez que se estabeleceu na Argentina após a Olimpíada de Xadrez de Buenos Aires 1939, durante a qual eclodiu a II Guerra Mundial. Recebeu o título de Mestre Internacional da FIDE concedido em 1955. Frydman teve desempenho bastante consistente nas Olimpíadas antes da Segunda Guerra Mundial e jogou pelo seu país em todos elas de 1928 a 1939, com exceção de Londres em 1927. Teve também resultados excelentes em torneios no período de 1934 a 1941. Terminou em 3º lugar junto com Salo
Grob, Henri - Partida 54
Henri Grob , nascido em 04/06/1904 e falecido aos 70 anos em 05/07/1974, foi um Mestre Internacional Suiço, e também um artista e pintor. 263
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Pioneiro em aberturas de xadrez excêntricas, tais como 1.g4 (livro Angriff , Zurique), também conhecida como Ataque Grob. Recebeu o Título de Mestre Internacional da FIDE na instituição desse título em 1950. Grob foi considerado o principal jogador suíço entre os anos 1930-1950, sendo nesse período convidado para vários torneios fechados. Seus resultados nesses torneios foram medianos, sendo as suas melhores participações em Barcelona 1935 (3º lugar, após Flohr e Koltanowski) e o 2º lugar em Ostende 1936, vencido por Erik Lundin. Em 1937 venceu no tie-break o Torneio de Ostend, batendo Reuben Fine e Paul Keres, vencedores no ano seguinte do legendário Torneio AVRO 1938. Defendeu a Suíça em quatro Olimpíadas (Londres 1927, Varsóvia 1935, Munique 1936 e Helsinque 1952). Entre 1946 e 1972, Grob jogou 3.614 partidas por correspondência. Venceu 2.703, perdeu 430 e empatou 481. Todas as partidas foram jogadas contra leitores do Neue Zürcher Zeitung, um dos principais jornais suíços. Grob se casou nove vezes. Quando perguntado se era casado, respondia “Fast immer” – “Quase sempre”.
Gruenfeld, Ernst – Partida 12 Ernst Franz Gruenfeld, nasceu em Viena em 21/11/1893 e faleceu aos 68 anos no dia 264
03/04/1962 na mesma cidade. Gruenfeld perdeu uma perna em sua infância, que foi assolada pela pobreza. Então descobriu o xadrez, estudou intensamente e de forma rápida ganhou a reputação de jogador habilidoso no clube de xadrez local, o Wiener Schach-Klub. A I Guerra Mundial (1914-1918) afetou seriamente as chances de Gruenfeld jogar entre os melhores do mundo, uma vez que poucos torneios foram disputados neste período conturbado. Gruenfeld consolou-se em jogar partidas por correspondência e passou grande parte do seu tempo livre estudando variantes de aberturas. Iniciou a formação de uma biblioteca de artigos sobre xadrez que manteve em seu pequeno apartamento vienense até sua morte. Desenvolveu a reputação de especialista em aberturas durante a década de 1920 e o sucesso logo se seguiu. Foi o 1º colocado em Viena (1920) com Savielly Tartakower; 1º em Margate (1923); 1º em Merano (1924); 1º em Budapeste (1926) com Mario Monticelli; 1º em Viena (1927) e dividiu o primeiro lugar nos torneios de Viena de 1928 e 1933 (Trebitsch Memorial) - o primeiro com Sándor Takács e o segundo com Hans Müller; e finalmente foi o primeiro no torneio em Ostrava de 1933. Também venceu no 23º Congresso DSB em Frankfurt 1923. Durante o torneio Bad Pistyan (Piestany) de abril de 1922, Gruenfeld apresentou sua contribuição mais importante para a teoria das aberturas - a defesa Gruenfeld. Jogou a defesa contra Friedrich Saemisch na 7 ª rodada, vencendo em 22 lances, e mais tarde naquele ano a usou com sucesso contra Alexander Alekhine no torneio de Viena. No entanto, Gruenfeld não jogava essa abertura com frequência. Entre o final da década de 1920 e a década de 1930, Gruenfeld jogou no 1º tabuleiro da
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Os adversários de Alekhine neste livro
equipe austríaca em quatro Olimpíadas de Xadrez (1927, 1931, 1933, 1935), e seu melhor ano foi em 1927, quando marcou 9,5 em 12 pontos. De acordo com o site Chessmetrics, seu rating Elo seria avaliado em torno de 2715 no auge da sua carreira (dezembro de 1924). Em maio de 1943, ficou em segundo lugar, atrás de Paul Keres, em Posen, e venceu em dezembro de 1943 em Viena. Após a II Guerra Mundial, dividiu o 3º- 4º lugares em Viena em 1951 (Memorial Schlechter, vencido por Moshe Czerniak). Gruenfeld tornouse um Grande Mestre Internacional em 1950. No final da década de 1950, jogava muito pouco e trabalhava principalmente em sua prodigiosa biblioteca que já ocupara completamente a sala de estar do seu apartamento, que dividia com sua esposa e filha. Seu último torneio foi Beverwijk (Hoogovens) em 1961, onde em um grupo com mais cinco grandes mestres, terminou com uma pontuação de 3 pontos em 9 (com apenas uma vitória, contra Jan Hein Donner).
Gygli, Franz – Partida 69 Fritz Gygli, nascido em 12/11/1896 em Villachern – e falecido aos 83 anos em 27/04/1980 em Zurique) foi um mestre de xadrez suíço, presente em vários eventos no período de 1920-1950. Em 1920 dividiu o 3º4º lugares em St. Gallen, 4º-8º em Neuchâtel 1922, 2º em Interlaken 1924, 2º em Zurique 1925, 3º - 4º em Genebra 1926, 5º-6º em Biel 1927, 4º-5º em Basileia 1928, 3º em Schaffhausen e 5º em Lausanne 1930. Na década de 1930 ficou em 4º em Berna 1932, 15º em Berna 1932 (torneio vencido por Alekhine), 3º em Berna 1933, 11º em Zurique 1934 (torneio vencido por Alekhine) e 6º em Montreaux 1939. Gygli representou a Suíça nas Olimpíadas de xadrez em Haia 1928, Varsóvia 1935, e em
Munique 1936. Franz Gygli foi Campeão Suíço em 1941.
Janowski, David – Partida 2 Nascido em 25/05/1868 em Wołkowysk, Império Russo (agora Bielorrussia) e falecido aos 58 anos em 15/01/1927 em Paris, David Janowski veio de uma família polonesa e estabeleceu-se em Paris por volta de 1890, iniciando sua carreira profissional de xadrez em 1894. Venceu os torneios de Monte Carlo 1901, Hanover 1902 e dividiu o primeiro lugar em Viena 1902 e Barmen 1905. Em 1915 deixou a Europa, indo morar nos Estados Unidos onde passou os nove anos seguintes antes de retornar a Paris. Janowski foi arrasador contra os mestres mais antigos, como Wilhelm Steinitz (+ 5−2), Mikhail Chigorin (+17 −4 =4) e Joseph Henry Blackburne (+6 −2 =2). No entanto, teve menos pontos contra jogadores mais novos, como Siegbert Tarrasch (+5 −9 =3), Frank Marshall (+28 −34 =18), Akiba Rubinstein (+3 −5), Géza Maróczy (+5 -10 =5) e Carl Schlechter (+13 −20 =13). Foi superado pelos campeões mundiais Emanuel Lasker (+4 −25 =7) e José Raúl Capablanca (+1 −9 =1), mas teve pontuação respeitável contra Alexander Alekhine (+2 −4 =2). Em particular, foi capaz de vencer pelo menos uma vez cada um dos quatro primeiros Campeões Mundiais, um feito compartilhado 265
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
apenas com Siegbert Tarrasch. Janowski jogava de forma muito rápida e era famoso como um estrategista devastador com o par de bispos. Capablanca comentou algumas partidas de Janowski com grande admiração e disse: “quando em forma, é um dos adversários mais temíveis que possam existir”. Capablanca observou que a maior fraqueza de Janowski como jogador estava no final, e Janowski lhe respondeu: “Eu detesto a fase final da partida”. O campeão americano Frank Marshall lembrou o talento de Janowski e sua teimosia. Em “As Melhores Partidas de Xadrez de Marshall”, escreveu que Janowski “poderia seguir o caminho errado com mais determinação do que qualquer homem que já conheci!”. Reuben Fine lembrou Janowski como um jogador de talento considerável, mas um “mestre do álibi” com respeito às suas derrotas. Fine disse que suas perdas invariavelmente ocorriam porque estava muito calor ou muito frio, ou que as janelas estavam abertas demais, ou não o suficiente. Também observou que Janowski às vezes era desagradável com seus colegas devido à predileção em jogar de forma obstinada, mesmo em uma posição obviamente perdida, esperando que seu adversário errasse. Edward Lasker em seu livro Chess Secrets I Learned From the Masters recordou que Janowski era um jogador inveterado, e muito indisciplinado, que muitas vezes perdia todos os seus ganhos do xadrez na roleta. Janowski jogou três matches contra Emanuel Lasker: dois amistosos em 1909 (+2 -2 e +1 =2 -7) e um match pelo campeonato mundial de xadrez em 1910 (=3 -8). O match de 1909 às vezes é chamado de campeonato mundial, mas a pesquisa de Edward Winter indica que o título não estava em jogo. Em julho-agosto de 1914, Janowski jogava um torneio internacional de xadrez, o 19º Deutscher Schachbund-Kongress em Mannheim, Alemanha, com quatro vitórias, quatro empa266
tes e três derrotas (em 7º lugar), quando eclodiu a I Guerra Mundial. Jogadores em Mannheim representando países agora em guerra com a Alemanha foram presos. Janowski, assim como Alexander Alekhine, foi preso mas liberado para a Suíça após um curto período de prisão. Foi quando se mudou para os Estados Unidos. Em Nova Iorque em 1916 ficou em segundo lugar com Oscar Chajes, após José Raúl Capablanca. Venceu em Atlantic City em 1921 (o oitavo Congresso Americano de Xadrez) e ficou em terceiro lugar em Lake Hopatcong em 1923 (o nono ACC – American Chess Council). Janowski morreu na França em 1927 vítima de tuberculose.
Johner, Hans – Partida 68 Hans Johner, nascido em 07/01/1889 na Basileia e falecido aos 86 anos em 02/12/1975 em Thalwil foi um jogador de xadrez suíço que recebeu o título de Mestre Internacional em 1950. Campeão Suíço em várias ocasiões, principalmente na década de 1930, quando ganhou esse título por seis vezes - 1931, 1932, 1934, 1935, 1937 e 1938. Jogou pela Suíça na 1ª Olimpíada não oficial de xadrez em Paris, em 1924, e três vezes nas Olimpíadas oficiais de xadrez (1927, 1931 e 1956). Era irmão mais novo de Paul Johner, outro importante jogador suíço das décadas de 1920 e 1930.
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Os adversários de Alekhine neste livro
ganharam US$ 175 nesse programa. Na partida apresentada nesse livro, em uma exibição com consulta em Nova Iorque em 1933, AleKhine enfrenta Kashdan em uma partida de duplas, cada um deles acompanhado de um jogador amador.
Kevitz, Alexander e Pinkus, Albert – Partida 112, simultânea com consulta Kashdan, Isaac – Partida 119 Isaac Kashdan , nascido em Nova Iorque em 19/11/1905 e falecido aos 79 anos em 20/02/1982 em Los Angeles, foi um Grande Mestre americano e escritor de xadrez. Duas vezes campeão do US Open (1938, 1947), jogou cinco vezes pelos Estados Unidos nas Olimpíadas de Xadrez, conquistando um total de nove medalhas, e seu recorde em Olimpíadas é o melhor de todos os tempos entre os jogadores americanos. Kashdan com frequência era chamado de “der Kleine Capablanca” (em alemão, “O pequeno Capablanca”) na Europa devido à sua capacidade de extrair vitórias de posições aparentemente empatadas. Alexander Alekhine nomeou-o como um dos jogadores prováveis para sucedê-lo como Campeão do Mundo. Kashdan não podia, no entanto, se envolver seriamente em uma carreira enxadrística por razões financeiras; seu auge no xadrez coincidiu com os anos da Grande Depressão. Para ganhar a vida e sustentar a família, recorreu a trabalhos como agente de seguros e administrador. Kashdan participou em 09/02/1956 da edição de TV do programa de Groucho Marx, You Bet Your Life, onde o apresentador se referiu a ele como “Mr. Ashcan” (Sr. Cinzeiro) e o desafiou para uma partida por US$ 500 (mas apenas se fosse permitido trapacear). Kashdan e sua parceira, Helen Schwartz (mãe do falecido ator Tony Curtis),
Alexander Kevitz, nascido em 01/09/1902 e falecido aos 79 anos em 24/10/1981 em Nova Iorque, foi um Mestre norte-americano de xadrez. Kevitz também jogou xadrez por correspondência e foi um analista e teórico criativo do xadrez. Era farmacêutico de profissão. Kevitz derrotou o campeão mundial José Raúl Capablanca em uma exibição simultânea em Nova Iorque em 1924, assim como em outra simultânea derrotou o ex-campeão mundial Emanuel Lasker em 1928, também em Nova Iorque. Venceu o Manhattan Chess Club Championship por seis vezes: em 1929, 1936, 1946, 1955, 1974 e 1977. Kevitz também representou o Manhattan Chess Club na “Metropolitan Chess League”. Na primeira lista de classificação oficial da Federação de Xadrez dos Estados Unidos, em 31 de julho de 1950, Kevitz ficou em terceiro lugar com rating de 2610, atrás apenas de Reuben Fine e Samuel Reshevsky. Nos seus últimos anos, Kevitz era muito ativo no xadrez por correspondência, muitas vezes jogando sob o pseudônimo de “Palmer Phar” (trabalhou na Palmer Pharmacy). Albert Sidney Pinkus, nascido em 20/03/1903 e falecido aos 80 anos em 04/02/1984 em Nova Iorque foi um Mestre norte-americano e escritor de xadrez. Pinkus venceu o Torneio Hallgarten em 1925 e o Torneio de Mestres Júniores em 1927. Em ambos os eventos, superou Isaac Kashdan. 267
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Em 1943 e 1944, publicou uma análise da Defesa dos Dois Cavalos. Sua profissão principal foi como um explorador de regiões remotas, de onde trouxe espécimes zoológicos e botânicos. Em 1932 embarcou em uma série de dez expedições às selvas da Guiana Inglesa e da Venezuela para coletar espécimes zoológicos e botânicos. Em 1939, retornou a Nova York para trabalhar em Wall Street como corretor da bolsa e retomou sua carreira no xadrez. Pinkus venceu duas vezes o Manhattan Chess Club Championship (1941 e 1945) e dividiu o segundo lugar em 1955. Também venceu o New York State Chess Championship em 1947. Jogou em vários matches por rádio: EUA x URSS (1945), Nova Iorque x La Plata (1947) e EUA x Iugoslávia (1950). Apesar de nunca ter recebido um título internacional no xadrez, seu auge de força o coloca na categoria de Mestre Internacional.
Kimura, Yoshio – Partida 118 Yoshio Kimura, nascido em 21/02/1905 em Tóquio, faleceu na mesma cidade aos 81 anos em 17/11/1986. Kimura foi um notável jogador de Shogi, também chamado xadrez japonês no ocidente, e estudioso do jogo de xadrez. Durante uma visita de Alekhine a Tóquio em 1933 realizou-se uma exibição simultânea às cegas contra 14 participantes. Alguns jogadores profissionais de Shogi, vários jogadores de Shogi do mais alto grau (8º dan) e também alguns estrangeiros participaram dessa simultânea. A partida de Alekhine contra Kimura se tornou muito 268
famosa, e alguns historiadores do xadrez chegaram até mesmo a duvidar da sua existência real. No entanto, Edward Winter publicou em 2011 no site chesshistory.com a transcrição de um artigo, originalmente escrito em japonês, de autoria do próprio Kimura sobre essa visita de Alekhine a Tóquio e também sobre a sua impressionante exibição simultânea às cegas. Abaixo transcrevemos parte desse artigo de Yoshio Kimura: “Representando a Federação Japonesa de Shogi na festa de boas-vindas em 20 de janeiro no Hotel Imperial estavam o Meijin (campeão de shogi) Sekine, Doi 8º dan, Kon 8º dan, Hanada 8º dan e o Sr. Nakajima. A festa também contou com a participação de amantes do xadrez, tanto do Japão quanto do exterior, que queriam testemunhar o incrível feito que o Campeão Mundial estava prestes a realizar, e isso proporcionou uma atmosfera bastante agradável. Em nome da Federação de Shogi do Japão, o Sr. Nakajima fez um discurso de boas-vindas em inglês fluente, afirmando que shogi e xadrez vieram das mesmas raízes e expressando a esperança de que poderíamos cooperar para seu desenvolvimento mútuo. Alekhine disse que, embora xadrez e shogi possam constituir apenas uma pequena parte de nossas respectivas culturas, podem desempenhar um papel significativo na promoção da amizade entre os povos do mundo. Alekhine prometeu introduzir o shogi no Ocidente com esse objetivo em mente. Então era hora do evento final do programa, a exibição simultânea de xadrez com os olhos vendados. Além do Dr. Ishida e do Professor Mitamura, Kon 8º dan e eu participamos como jogadores profissionais de shogi e estudantes de xadrez. Também participaram os estrangeiros entusiastas do xadrez Clausnitze, Alexander, Mosler, Baumfeld, Kramer e Gotzscheke. Todos os jogos foram jogados com nenhuma possibilidade de visão do Dr. Alekhine. Imaginando que eu não teria chance de ganhar se ativasse minhas peças muito cedo na abertura, adotei uma estratégia de defen-
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der e esperar que meu adversário cometesse um erro. No final, todos nós, os 14 adversários perdemos sem muita luta. Considerando as minhas esperanças iniciais, senti-me bastante envergonhado da minha incapacidade de resistir seriamente, mas também fiquei profundamente impressionado com a exibição extraordinária de habilidade de xadrez do Campeão Mundial. A caminho de casa, Kon 8º dan disse que considerava o feito de Alekhine quase acima da capacidade humana. O Sr. Alekhine disse ao Professor Mitamura mais tarde que, em vista da minha experiência em shogi, eu poderia me tornar um forte jogador de xadrez se estudasse intensamente por seis meses. Disse que gostaria de visitar o Japão novamente no próximo ano, e então parece que ele também deseja estudar shogi. Mostrei-lhe toda a hospitalidade que pude durante o restante de sua estadia em Tóquio, até a sua partida para Xangai na manhã de 22 de janeiro. Finalmente, gostaria também de agradecer aos estrangeiros que participaram da exibição simultânea e a todos que compareceram ao evento”.
Kmoch, Hans - Partidas 19 e 37 Johann “Hans” Joseph Kmoch, nascido em 25/07/1894 em Viena e falecido aos 78 anos no dia 13/02/1973 em Nova Iorque, foi um mestre de xadrez austro-holandês-americano (1950), Árbitro Internacional (1951) jornalista de xadrez e autor de vários livros,
pelos quais é mais conhecido. Kmoch teve a maioria de seus melhores resultados competitivos entre 1925 e 1931. Venceu em Debrecen 1925 com 10 pontos em 13. Em Budapeste 1926 dividiu o 3º e 5º lugares, atrás dos vencedores Ernst Gruenfeld e Mario Monticelli. Em Viena 1928, Kmoch ficou em 6º com 8 pontos em 13, quando Ricardo Réti venceu. Então, no Trebitsch Memorial, em Viena 1928, Kmoch dividiu o 3º a 6º lugares com 6 pontos em 10, meio ponto atrás de Gruenfeld e Sandor Takacs. Em Brno 1928, Kmoch ficou em 3º com 6 pontos em 9, vencido por Réti e Friedrich Saemisch. Kmoch venceu no Ebensee em 1930 com 6 pontos em 7, à frente de Erich Eliskases. Kmoch representou a Áustria três vezes nas Olimpíadas de Xadrez. Em Londres 1927, Hamburgo 1930 e em Praga 1931. Sua pontuação olímpica total é de 23,5 pontos em 41 partidas (+14 =19 -8), 57,3 por cento. Seu último bom resultado em torneios foi o segundo em Baarn 1941 com 5.5 pontos em 7, atrás de Max Euwe. Kmoch abandonou o xadrez competitivo nesse ano. Kmoch escreveu para a revista Wiener Schachzeitung do início dos anos 20. Sua Die Kunst der Verteidigung (A Arte da Defesa) foi o primeiro livro de xadrez dedicado a este tema. Em 1930, Kmoch atualizou o manual de Bilguer e escreveu o livro do torneio de Carlsbad 1929. Em 1929 e 1934, Kmoch atuou como segundo de Alexander Alekhine em seus jogos do Campeonato Mundial contra Efim Bogoljubov. Kmoch e sua esposa Trudy viveram nos Países Baixos de 1932 a 1947. Também atuou como segundo de Alekhine na luta pelo título de 1935 contra Max Euwe e escreveu um livro sobre o match. Em 1941 escreveu um livro sobre as melhores partidas de Akiba Rubinstein. 269
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Após o fim da Segunda Guerra Mundial, Kmoch e sua esposa se mudaram para os Estados Unidos, estabelecendo-se em Nova York. Kmoch atuou como secretário e gerente do Manhattan Chess Club e dirigiu inúmeros torneios. Também escreveu para a Chess Review, então uma das principais revistas americanas de xadrez. Em 1959, escreveu seu livro mais famoso, Pawn Power in Chess, notório pelo seu uso de neologismos.
Koltanowski, George - Partida 51 George Koltanowski , nascido na Antuérpia em 17/09/1903 e falecido aos 96 anos em 05/02/2000 em São Francisco, foi um jogador de xadrez, promotor e escritor americano nascido na Bélgica. Era informalmente conhecido como “Kolty”. Koltanowski estabeleceu o recorde mundial de xadrez às cegas em 20/09/1937 em Edimburgo, jogando vendado 34 partidas de xadrez de forma simultânea, causando manchetes em jornais do mundo inteiro. Também estabeleceu um recorde em 1960 ao jogar 56 partidas consecutivas às cegas, com dez segundos por lance. Nascido em uma família judia polonesa em Antuérpia na Bélgica, Koltanowski aprendeu a jogar xadrez vendo seu pai e seu irmão jogarem. Levou o jogo a sério, e se tornou o melhor jogador belga quando Edgar Colle morreu em 1932. 270
Conseguiu sua primeira grande chance no xadrez aos 21 anos, quando visitou um torneio internacional em Merano, planejando participar de uma das divisões inferiores. Os organizadores aparentemente estavam confusos a respeito da sua identidade e pediram a ele que jogasse na divisão dos Grandes Mestres, para substituir um jogador convidado que não apareceu. Koltanowski de bom grado aceitou e terminou perto do final da tabela, mas empatou com o Grande Mestre Tarrasch e ganhou valiosa experiência. Jogou em pelo menos 25 torneios internacionais. Foi Campeão Belga de xadrez em 1923, 1927, 1930 e 1936. No entanto, Koltanowski tornou-se mais conhecido por fazer turnês e exibições simultâneas e exibições de olhos vendados. Com base em seus resultados durante o período de 1932-37, o professor Arpad Elo deu a Koltanowski uma classificação de 2450 em The Rating of Chess Players. Koltanowski recebeu o título de Mestre Internacional em 1950, quando esse título foi oficialmente estabelecido pela FIDE, e conquistou o título de Grande Mestre honorário em 1988. A FIDE o nomeou Árbitro Internacional em 1960. No entanto, o registro de Koltanowski como jogador de torneio não foi especialmente distinto. Apareceu para jogar o US Open de 1946 em Pittsburgh, mas foi eliminado na fase preliminar e não se classificou para as finais. Naqueles anos, o US Open era jogado em fases preliminares e finais round-robin. No entanto, no ano seguinte, Koltanowski retornou, não como jogador mas como dirigente, introduzindo o sistema suíço no Aberto dos EUA. Dirigiu o US Open de 1947 em Corpus Christi, Texas, usando o sistema suíço pela primeira vez em um torneio de xadrez americano. Depois disso, atravessou o país, dirigindo torneios no sistema suíço em todos os lugares. Em pouco tempo, o sistema
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suíço foi adotado como padrão para a maioria dos torneios de xadrez na América. Koltanowski percorreu os Estados Unidos incansavelmente durante anos, organizando torneios de xadrez e dando exibições simultâneas em vários lugares. Após seu fracasso no Aberto dos EUA de 1946 em Pittsburgh, nunca mais disputou um torneio de xadrez, exceto por dois matches como membro da equipe norte-americana na 10ª Olimpíada de Xadrez (Helsinki 1952), conquistando um empate com o soviético Alexander Kotov, um dos jogadores mais fortes do mundo, e um empate com o mestre internacional húngaro Tibor Florian, em uma partida na qual Koltanowski parecia estar melhor. Muitos dos parentes de Koltanowski morreram no Holocausto. Ele sobreviveu porque estava numa turnê de xadrez pela América do Sul e Guatemala, onde estava quando a II Guerra eclodiu. Em 1940, o Cônsul dos Estados Unidos em Cuba viu Koltanowski dar uma exibição de xadrez em Havana e decidiu conceder-lhe um visto americano. Koltanowski conheceu sua esposa Leah em uma simultânea às cegas em Nova Iorque em 1944. Eles se estabeleceram em São Francisco em 1947. Koltanowski tornou-se o colunista de xadrez do San Francisco Chronicle, que publicou a sua coluna de xadrez todos os dias nos 52 anos seguintes, até a sua morte. No total foram publicadas cerca de 19.000 colunas. Na década de 1960, Koltanowski promoveu uma partida pelo jornal, seguindo um sistema semelhante ao adotado por Kasparov versus o resto do mundo, no qual os leitores do Chronicle enfrentariam o Grande Mestre Paul Keres. Haveria uma votação dos lances e o mais votado seria adotado na partida contra Keres. Os leitores ganhariam pontos e seriam distribuídos prêmios ao final da partida. No
entanto, após cerca de apenas 25 lances, Keres parou abruptamente a partida e declarou-se o vencedor por adjudicação. Koltanowski discordou e mostrou uma análise que parecia dar a ele pelo menos um jogo equilibrado. Keres, um estoniano, pode ter sido ordenado por seus controladores soviéticos a parar de jogar. Koltanowski tinha sua própria organização, os Amigos do Xadrez do Norte da Califórnia, que resistiu ao sistema de classificação do USCF e dominou o xadrez do norte da Califórnia até meados da década de 1960. Koltanowski mais tarde decidiu que “se você não pode vencê-los, junte-se a eles”. Ganhou a eleição para Presidente da Federação de Xadrez dos Estados Unidos em 1974. Também dirigiu todos os Open´s dos EUA de 1947 até o final dos anos 1970. Foi nomeado o “Decano do Xadrez Americano”. Talvez a façanha mais notável de Koltanowski tenha sido a de que viveu inteiramente do xadrez. Escreveu muitos livros; seu trabalho mais conhecido é Adventures of a Chess Master. Nesse livro ele relata principalmente suas turnês dando exibições simultâneas às cegas. Também escreveu livros sobre o Sistema Colle, que vendeu por correspondência. Ensinou um sistema que permitiria que mesmo iniciantes saíssem da abertura com um jogo jogável. Isso salvou seus alunos do trabalho de memorizar grandes quantidades de lances da teoria das aberturas do xadrez. No entanto, ele mesmo nunca jogou este sistema contra adversários fortes. Koltanowski morreu de insuficiência cardíaca congestiva em San Francisco em 2000, aos 96 anos de idade. O desafio de xadrez mais sensacional de Koltanowski foi o antigo exercício conhecido como Viagem do Cavalo, no qual um Cavalo solitário atravessa uma tabuleiro vazio, visi271
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tando apenas uma vez cada casa. Dos incontáveis padrões para se conseguir esse feito, há trilhões de sequências para a execução da versão mais restrita, conhecida como a Viagem de Reentrada, na qual o Cavalo em seu 64º movimento aterrissa em sua casa inicial original. Para Koltanowski, que afirmava ter uma “memória fonográfica” (uma grande memória para sequências), o truque dependia apenas de um padrão reentrante. Ele podia começar a sequência em qualquer casa e completar a viagem de forma mecânica. No entanto, era a sua apresentação original que deu ao desempenho dramático de Koltanowski muito mais do que um movimento mecânico do Cavalo através da sequência memorizada. Koltanowski começava sua viagem com uma grande lousa dividida por linhas em uma grade de oito por oito quadrados. Enquanto resolvia problemas em um grande painel de demonstração, os membros da plateia eram encorajados a subir ao palco para inserir palavras e números nas casas dessa lousa. Até o momento em que todos os 64 quadrados eram preenchidos, era comum ver nomes de ruas e cidades, nomes de meses ou dias da semana, nomes de jogadores de xadrez famosos, nomes de membros da audiência, nomes de estrelas de cinema ou personalidades da TV, números de telefone e endereços, datas de nascimento, números de série de notas bancárias, etc. Depois de concluir seus desafios de solução de problemas no quadro de demostração, Koltanowski virava as costas para o público e examinava a lousa por três ou quatro minutos. Então ele se sentava de costas para a lousa e pedia para qualquer membro da plateia chamar um quadrado, por exemplo, e4. Então recitava de memória o conteúdo daquela casa, que era cortada por um assistente com uma marca de giz. Fazendo movimentos imaginários de Cavalo 272
através de sua sequência de reentrada, Koltanowski recitava o conteúdo de cada casa para que o Cavalo pousasse sobre ela. Por mais incrível que fosse essa demostração, se o tempo assim permitisse, Koltanowski ocasionalmente demonstrava sua compreensão mental do tabuleiro recitando as informações contidas nas casas por fileira ou coluna, ou até nas duas grandes diagonais. Ocasionalmente realizava a Viagem em dois tabuleiros simultaneamente. Em Palo Alto, Califórnia, conduziu sua demonstração em três lousas, pulando o Cavalo para frente e para trás entre os tabuleiros, até que todos os 192 quadrados estivessem completados. Cometeu então dois erros e imediatamente os corrigiu nas duas vezes. Na época dessa apresentação, Koltanowski tinha 80 anos de idade.
Kussman, Leon - Partida 105 Leon Kussman foi um jogador amador norte-americano, nascido em Mitava, Letônia em 11/01/1884 e falecido aos 90 anos em abril de 1974 em Nova Iorque. Foi Poeta, escritor de contos, dramaturgo e professor. Viajou para Londres em 1911 e imigrou para os EUA em 1913.
Lasker, Emanuel – Partida 70 Emanuel Lasker, nascido no dia 24/12/1868 em Berlinchen - Neumark (agora Barlinek na Polônia) e falecido aos 72 anos em Nova Iorque no dia 11/01/1941 foi
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jogador de xadrez, matemático e filósofo, Campeão Mundial de Xadrez por 27 anos (de 1894 a 1921). Em seu auge, Lasker foi um dos Campeões Mundiais mais dominantes, e ainda é considerado um dos jogadores mais fortes de todos os tempos. Seus contemporâneos costumavam dizer que Lasker usava uma abordagem “psicológica” do jogo, e mesmo que às vezes deliberadamente jogava movimentos inferiores para confundir os adversários. Uma análise recente, no entanto, indica que ele estava à frente de seu tempo e usou uma abordagem mais flexível do que seus contemporâneos, o que mistificou muitos deles. Lasker conhecia bem as análises contemporâneas das aberturas, mas discordava de muitas delas. Publicou revistas e cinco livros de xadrez, mas os jogadores e comentaristas acharam difícil tirar lições dos seus métodos. Lasker contribuiu para o desenvolvimento de outros jogos. Era um jogador de bridge de primeira categoria e escreveu sobre esse e outros jogos, incluindo Go e um de sua própria invenção, o Lasca. Seus livros sobre jogos apresentam um problema que ainda é considerado notável na análise matemática de jogos de cartas. Lasker também foi um matemático de pesquisa que era conhecido por suas contribuições à álgebra comutativa. Por outro lado, seus trabalhos filosóficos e um drama literário que ele co-escreveu receberam pouca atenção. Emanuel Lasker era filho de um cantor judeu. Na idade de onze anos foi enviado para Berlim para estudar matemática, onde viveu com seu irmão Berthold, oito anos mais velho, que o ensinou a jogar xadrez. De acordo com o site Chessmetrics, Berthold estava entre os dez melhores jogadores do mundo no início da década de 1890. Para complementar sua renda, Emanuel Lasker jogou xadrez e jogos de cartas com pequenas apos-
tas, especialmente no Café Kaiserhof. Lasker subiu no ranking de xadrez em 1889, quando venceu o torneio anual de inverno do Café Kaiserhof 1888/1889 e o Hauptturnier A (torneio de “segunda divisão”) no sexto Congresso DSB (congresso da Federação Alemã de Xadrez) realizado em Breslau. Vencer o Hauptturnier deu a Lasker o título de “Mestre”. Os candidatos foram divididos em dois grupos de dez. Os quatro primeiros colocados de cada grupo competiram em uma final. Lasker ganhou sua seção, com 2,5 pontos a mais que seu rival mais próximo. No entanto, as pontuações foram redefinidas para zero na fase final. A duas rodadas do fim, Lasker seguia o líder, o amador vienense von Feierfeil, por 1,5 pontos. Lasker então venceu as suas duas últimas partidas, enquanto von Feierfeil perdeu na penúltima rodada e empatou na última. Os dois jogadores estavam agora empatados. Lasker venceu um playoff e ganhou o título de Mestre. Isso permitiu que ele jogasse em torneios de nível magistral e, assim iniciou sua carreira no xadrez. Lasker terminou em segundo lugar em um torneio internacional em Amsterdã, à frente de alguns mestres famosos, incluindo Isidore Gunsberg (considerado o segundo jogador mais forte do mundo na época por Chessmetrics). Em 1890 terminou em terceiro lugar em Graz, em seguida dividiu o primeiro prêmio com seu irmão Berthold em um torneio em Berlim. Na primavera de 1892, venceu dois torneios em Londres, o segundo e mais forte sem perder nenhuma partida. Em Nova Iorque, em 1893, venceu todos os treze jogos, uma das poucas vezes na história do xadrez que um jogador conseguiu uma pontuação perfeita em um torneio significativo. O seu registo em matches foi igualmente impressionante: em Berlim, em 1890, empa273
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tou um match de playoff contra o seu irmão Berthold; e venceu todos os seus outros matches de 1889 a 1893, principalmente contra adversários de primeira classe: Curt von Bardeleben (1889; na época o 9º melhor jogador do mundo por Chessmetrics), Jacques Mieses (1889; 11º colocado), Henry Edward Bird (1890; 29º lugar), Berthold Englisch (1890; 18º), Joseph Henry Blackburne (1892, invicto; Blackburne aos 51 anos, era ainda 9º do mundo), Jackson Showalter (1892-93; 22º) e Celso Golmayo Zúpide (1893; 29º). O site Chessmetrics calcula que Emanuel Lasker se tornou o jogador mais forte do mundo em meados de 1890, e que ele estava entre os dez primeiros desde o início de sua carreira em 1889. Em 1892, Lasker fundou a primeira de suas revistas de xadrez, The London Chess Fifnightly, publicada de agosto de 1892 a julho de 1893. Pouco depois da última edição, Lasker viajou para os EUA, onde passou os dois anos seguintes. Lasker desafiou Siegbert Tarrasch, que vencera três fortes torneios internacionais consecutivos (Breslau 1889, Manchester 1890 e Dresden 1892), para um match. Tarrasch declinou de forma orgulhosa, afirmando que Lasker deveria primeiro provar seu valor vencendo um ou dois grandes eventos internacionais. Rechaçado por Tarrasch, Lasker desafiou o então campeão mundial Wilhelm Steinitz para um match pelo título. Inicialmente, Lasker queria jogar por US$ 5.000 e um match foi acertado com uma bolsa de US$ 3.000, mas Steinitz concordou com uma série de reduções quando Lasker encontrou dificuldades em levantar essa quantia. O valor final foi de US$ 2.000, o que foi menor do que em alguns dos matches anteriores de Steinitz (a bolsa em matches anteriores foi de US$ 4.000, que valeria mais de US$ 495.000 em 274
valores de 2006). Embora isso tenha sido publicamente elogiado como um ato de esportividade por parte de Steinitz, a verdade é que ele possa ter precisado desesperadamente do dinheiro. O match foi disputado em 1894, em locais em Nova York, Filadélfia e Montreal. Steinitz declararou que venceria sem dúvida, então foi um choque quando Lasker venceu a 1ª partida. Steinitz respondeu vencendo a 2ª e manteve o equilíbrio ao longo da 6ª. No entanto, Lasker venceu todas as partidas da 7ª à 11ª, e Steinitz pediu uma semana de descanso. Quando o match foi reiniciado, Steinitz parecia em melhor forma e venceu as 13ª e 14ª partidas. Lasker revidou nas 15ª e 16ª, e Steinitz não compensou suas perdas do meio do match. Dessa forma, Lasker venceu de forma convincente com dez vitórias, cinco derrotas e quatro empates, tornando-se assim o segundo Campeão Mundial de Xadrez reconhecido formalmente, e confirmou seu título ao derrotar Steinitz de forma ainda mais convincente em sua revanche em Moscou em 1896–1897 (dez vitórias, duas derrotas e cinco empates). Jogadores e jornalistas influentes menosprezaram o match de 1894, tanto antes quanto depois. A dificuldade de Lasker em obter apoio pode ter sido causada por comentários hostis pré-jogo de Gunsberg e Leopold Hoffer, que há muito eram inimigos acirrados de Steinitz. Uma das reclamações foi que Lasker nunca havia enfrentado dois dos quatro melhores jogadores da época, Siegbert Tarrasch e Mikhail Chigorin, embora Tarrasch tenha rejeitado um desafio de Lasker em 1892. Após o match, alguns comentaristas, notadamente Tarrasch, disseram que Lasker vencera principalmente porque Steinitz estava velho (58 anos em 1894). Emanuel Lasker respondeu a essas críticas
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criando um registro de partidas ainda mais impressionante. Antes do início da I Guerra Mundial, seus mais sérios “retrocessos” foram o terceiro lugar em Hastings, em 1895 (onde poderia estar sofrendo os efeitos posteriores da febre tifoide), um empate em Cambridge, em 1904, e um empate pela primeira vez no Memorial Chigorin, em São Petersburgo, 1909. Lasker ganhou os primeiros prêmios em torneios muito fortes em São Petersburgo (1895-96, Quadrangular), Nuremberg (1896), Londres (1899), Paris (1900) e São Petersburgo (1914), onde superou uma diferença de 1,5 ponto para terminar. à frente das estrelas em ascensão, Capablanca e Alexander Alekhine, que mais tarde se tornariam os dois campeões mundiais seguintes. Durante décadas, escritores de xadrez relataram que o czar Nicolau II da Rússia conferiu o título de “Grande Mestre de Xadrez” a cada um dos cinco finalistas em São Petersburgo em 1914 (Lasker, Capablanca, Alekhine, Tarrasch e Marshall), mas o historiador Edward Winter questionou. isso, afirmando que as primeiras fontes conhecidas que apoiam esta história foram publicadas em 1940 e 1942. O recorde de partidas de Lasker foi impressionante entre seu match revanche de 1896-1897 com Steinitz e 1914: venceu todos menos um de seus matches normais, e três deles foram defesas convincentes de seu título. Ele enfrentou Marshall pela primeira vez no Campeonato Mundial de Xadrez de 1907, quando, apesar de seu estilo agressivo, Marshall não conseguiu vencer uma única partida, perdendo oito e empatando sete (pontuação final: 11,5 – 3,5). Lasker então enfrentou Tarrasch no Campeonato Mundial de Xadrez de 1908, primeiro em Düsseldorf e depois em Munique. Tarrasch acreditava firmemente que o jogo de xadrez era governado por um
conjunto preciso de princípios. Para ele, a força de um lance de xadrez estava em sua lógica, não em sua eficiência. Devido aos seus princípios teimosos, considerava Lasker um jogador de café que só ganhava seus jogos graças a truques duvidosos, enquanto Lasker ridicularizava a arrogância de Tarrasch, que, em sua opinião, brilhava mais nos salões do que no tabuleiro de xadrez. Na cerimônia de abertura, Tarrasch se recusou a falar com Lasker, dizendo apenas: “Sr. Lasker, tenho apenas três palavras para dizer ao senhor: xeque e mate!”. Lasker deu uma resposta brilhante no tabuleiro de xadrez, vencendo quatro das primeiras cinco partidas e jogando um tipo de xadrez que Tarrasch não conseguia entender. Lasker venceu o match por 10,5-5,5 (oito vitórias, cinco empates e três derrotas). Tarrasch afirmou que o tempo chuvoso foi a causa de sua derrota. Em 1909, Lasker fez um mini-match (duas vitórias, duas derrotas) contra Dawid Janowski, um jogador de ataque, expatriado polonês. Vários meses depois, eles jogaram um match mais longo em Paris, e os historiadores do xadrez ainda discutem se isso foi pelo Campeonato Mundial de Xadrez. Entendendo o estilo de Janowski, Lasker escolheu defender-se solidamente para que Janowski desencadeasse seus ataques cedo demais e se deixasse vulnerável. Lasker venceu facilmente o match por 8–2 (sete vitórias, dois empates e uma derrota). Esta vitória foi convincente para todos, menos para Janowski, que pediu um match revanche. Lasker aceitou e jogou um match pelo Campeonato Mundial de Xadrez em Berlim, em novembro-dezembro de 1910. Lasker esmagou seu adversário, vencendo por 9,5 – 1,5 (oito vitórias, três empates, sem derrotas). Janowski não entendeu os lances de Lasker, e depois das suas três primeiras derro275
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tas declarou a Edward Lasker: “Seu homônimo joga tão estupidamente bem que nem posso olhar para o tabuleiro de xadrez quando ele pensa. Tenho medo de não fazer nada de bom neste match”. Entre suas duas partidas contra Janowski, Lasker organizou outro Mundial de Xadrez em janeiro-fevereiro de 1910 contra Carl Schlechter, que era um homem modesto, e era pouco provável que vencesse os grandes torneios de xadrez por sua inclinação pacífica, sua falta de agressividade e sua disposição em aceitar a maioria das ofertas de empate de seus adversários (cerca de 80% de suas partidas terminaram empatadas). As condições do match contra Lasker ainda são debatidas entre os historiadores do xadrez, mas ao que parece Schlechter aceitou jogar sob condições muito desfavoráveis, notadamente a de que precisaria terminar dois pontos à frente de Lasker para ser declarado o vencedor do match, e precisaria ainda vencer um match revanche para ser declarado Campeão Mundial. O match foi concebido inicialmente para ter 30 partidas, mas quando se tornou claro que não haveria recursos financeiros suficientes (Lasker exigiu um valor de 1.000 marcos por partida), o número de partidas foi reduzido para dez, fazendo com que a margem de dois pontos fosse ainda mais difícil de ser alcançada. Em 1911, Lasker recebeu um desafio para um match pelo título mundial contra o astro em ascensão José Raúl Capablanca. Lasker não estava disposto a jogar o tradicional “primeiro a vencer dez partidas” nas condições semitropicais de Havana, e o match poderia durar mais de seis meses. Então, fez uma contraproposta: se nenhum dos jogadores tivesse uma vantagem de pelo menos duas partidas até o final do match, deveria ser considerado um empate; o match seria limitado ao melhor de trinta partidas, 276
contando os empates; se um dos jogadores vencesse seis partidas e tivesse a diferença de pelo menos duas partidas antes que fossem completados as trinta partidas, seria declarado vencedor; o campeão decidiria o local e a bolsa, e teria o direito exclusivo de publicar as partidas. O desafiante deveria depositar US$ 2.000 (equivalente a mais de US $ 194.000 em valores de 2006); o limite de tempo seria de doze lances por hora; o match seria limitado a duas sessões de 2 horas e meia por dia, cinco dias por semana. Capablanca se opôs ao limite de tempo, aos curtos tempos de jogo, ao limite de 30 partidas e, especialmente, à exigência de que ele vencesse por duas partidas para reivindicar o título, o que considerava injusto. Lasker se ofendeu com os termos nos quais Capablanca criticou a condição de dois jogos e parou as negociações. Até 1914 Lasker e Capablanca não se falaram. No entanto, no torneio de São Petersburgo de 1914, Capablanca propôs um conjunto de regras para a condução dos jogos do Campeonato Mundial, que foi aceito pelos principais jogadores, incluindo Lasker. No final de 1912, Lasker entrou em negociações para uma disputa pelo título mundial com Akiba Rubinstein, cujo recorde de torneios nos anos anteriores tinha sido igual ao de Lasker e um pouco à frente de Capablanca. Os dois jogadores concordaram em jogar um match se Rubinstein pudesse levantar o dinheiro, mas Rubinstein tinha poucos amigos ricos para apoiá-lo e o match nunca foi realizado. Esta situação demostrou algumas das falhas inerentes ao sistema de campeonatos que então era usado. O início da I Guerra Mundial, no verão de 1914, pôs fim às esperanças de que Lasker jogasse com Rubinstein ou Capablanca pelo Campeonato Mundial em um futuro próximo. Durante toda a I Guerra Mundial (1914-1918), Lasker jogou apenas dois eventos sérios de xadrez.
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Venceu de forma convincente (5,5 – 1,5) um match sem o título contra Tarrasch em 1916. Em setembro-outubro de 1918, pouco antes do armistício, Lasker venceu um torneio quadrangular meio ponto à frente de Rubinstein. Em janeiro de 1920 Lasker e José Raúl Capablanca assinaram um acordo para disputar um match pelo Campeonato Mundial em 1921, considerando que Capablanca não estaria livre para jogar em 1920. Devido ao atraso, Lasker insistiu em uma cláusula final que lhe permitisse jogar com qualquer outra pessoa o campeonato em 1920, que anularia o contrato com Capablanca se Lasker perdesse um match pelo título em 1920, e que se estipulasse que se Lasker renunciasse ao título, Capablanca se converteria em Campeão Mundial. Lasker já incluira em seu acordo antes da I Guerra Mundial para jogar com Akiba Rubinstein uma cláusula similar que, caso renunciasse ao título, o Campeão Mundial seria Rubinstein. Um artigo no American Chess Bulletin (edição de julho e agosto de 1920) informou que Lasker renunciara ao título mundial em favor de Capablanca, pois as condições do match desagradaram o mundo do xadrez. O American Chess Bulletin especulou que as condições não eram suficientemente impopulares para justificar a renúncia ao título, e que a preocupação real de Lasker era que não houvesse apoio financeiro suficiente para justificar sua dedicação de nove meses ao match. Nesse momento, Lasker não sabia que os entusiastas em Havana levantaram US$ 20.000 para financiar o match, desde que fosse realizado em Havana. Quando Capablanca soube da possibilidade de renúncia de Lasker, foi para a Holanda, onde Lasker morava na época, para informá-lo de que Havana financiaria o match. Em agosto de 1920, Lasker concordou em jogar em
Havana, mas insistiu que ele era o desafiante, pois, devido à sua renúncia, Capablanca no momento era o campeão. Capablanca assinou um acordo em que aceitou este ponto, e logo depois publicou uma carta confirmando isso. Lasker também afirmou que, caso derrotasse Capablanca, renunciaria novamente ao título, para que os mestres mais jovens pudessem competir por ele. O match foi disputado em março-abril de 1921. Após quatro empates, a 5ª partida viu Lasker errar com as pretas em um final igual. O estilo sólido de Capablanca permitiu que ele planejasse facilmente as próximas quatro partidas, sem correr riscos. Na 10ª partida, Lasker com as brancas jogou uma posição com um peão da dama passado mas não criou a atividade necessária e Capablanca conseguiu um final superior, o qual venceu. A 11ª e 14ª partidas também foram vencidas por Capablanca, e Lasker abandonou o match. Lasker ficou chocado com a pobreza na qual Wilhelm Steinitz morreu e não pretendia morrer em circunstâncias semelhantes. Tornou-se notório por exigir altos valores para jogar partidas e torneios, e argumentou que os jogadores deveriam possuir os direitos autorais em seus jogos, em vez de permitir que os editores obtivessem todos os lucros. Essas demandas inicialmente enfureceram os editores e outros jogadores, mas ajudaram a preparar o caminho para o surgimento de profissionais de xadrez em tempo integral que passam a maior parte do seu tempo jogando, escrevendo e ensinando. Os direitos autorais nos jogos de xadrez tinham sido contenciosos pelo menos desde meados da década de 1840, e Steinitz e Lasker afirmaram vigorosamente que os jogadores deveriam possuir os direitos autorais e escreveram cláusulas desses direitos em seus contratos de jogos. No entanto, as exigências de Lasker de que os adversários deveriam levantar grandes bolsas impediram ou retardaram alguns matches 277
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pelo Campeonato Mundial ansiosamente aguardados - por exemplo, Frank James Marshall o desafiou em 1904 para um match pelo Campeonato Mundial, mas não conseguiu aumentar a bolsa exigida por Lasker até 1907. Esse problema prosseguiu durante o reinado de seu sucessor Capablanca. Algumas das condições polêmicas que Lasker insistiu para disputar o Campeonato Mundial levaram Capablanca a tentar por duas vezes (1914 e 1922) publicar as regras para esses matches, com as quais outros jogadores de ponta concordaram prontamente. Lasker foi um bom amigo de Albert Einstein, que escreveu a introdução à biografia póstuma Emanuel Lasker, a vida de um Mestre de Xadrez, do Dr. Jacques Hannak (1952). Neste prefácio, Einstein expressou sua satisfação por ter conhecido Lasker, escrevendo: “Emanuel Lasker foi, sem dúvida, uma das pessoas mais interessantes que conheci nos últimos anos. Devemos ser gratos àqueles que escreveram a história de sua vida para esta e para as próximas gerações, pois há poucos homens que tiveram um interesse caloroso em todos os grandes problemas humanos e, ao mesmo tempo, mantiveram sua personalidade tão singularmente independente”.
Lundin, Erik – Partida 71 Erik Ruben Lundin, nascido em Estocolmo em 02/07/1904 e falecido aos 84 anos no dia 05/12/1988 na mesma cidade, foi um mestre sueco de xadrez. Em 1928 278
venceu em Oslo, ficou em 5º lugar em Helsingborg, dividiu o 2º e 3º lugares em Estocolmo (vencido por Ricardo Réti). Em 1929, ficou em 2º lugar em Gotemburgo (Campeonato Nórdico de Xadrez, Gideon Stahlberg venceu) e ficou em 3º em Vasteras. Em 1930, ficou em 7º em Estocolmo (Isaac Kashdan venceu). Em 1931, Lundin empatou em entre o 1º e 3º lugares com Salo Flohr e Gosta Stoltz em Gotemburgo. Em 1932, empatou em 1º com Stahlberg em Karlskrona. Em 1933, venceu um match contra Rudolf Spielmann (+1 -0 =5) em Estocolmo. Em 1934, venceu em Estocolmo, e conquistou o 2º lugar em Copenhague (Campeonato Nórdico; Aron Nimzowitsch venceu). Em 1935, ficou em 2º lugar, com uma pontuação de 7,5 em 9 pontos, atrás de Alexander Alekhine com 8,5 pontos, em Orebro, depois de perder para Alekhine na rodada final. Em 1936, ficou em 4º em Margate (Flohr venceu), venceu em Ostend e venceu em Helsinque (Campeonato Nórdico). Em 1937, ficou em 7º lugar em Estocolmo (Reuben Fine venceu), venceu em Copenhague (Campeonato Nórdico) e venceu um match pelo título de Campeão Nórdico contra Erik Andersen 3,5 - 2,5. Em 1938, ele venceu em Kalmar e empatou em 2º a 3º com Henrik Carlsson, atrás de Stahlberg, em Orebro (Campeonato Nórdico). Em 1939 ficou em 4º lugar em Alingsas (Campeonato sueco, vencido por Stahlberg), e dividiu o 1º lugar com Stahlberg em Oslo (Campeonato Nórdico). Durante a Segunda Guerra Mundial, Lundin venceu em Gotemburgo 1941 (Campeonato Sueco de Xadrez). Dividiu os 2º e 3º lugares com Alekhine, atrás de Stoltz, em Munique 1941 (2º Euro Paturnier). Em 1942, dividiu o 3º e 4º lugares com Stoltz em Estocolmo (Folke Ekstrom e Stig Lundholm venceram). Em 1942, venceu em Ostersund (Campeonato Sueco). Em 1943, dividiu o 2º e 3º lugares com Olof Kinnmark, atrás de Bengt Ekenberg, em Malmo (Campeonato Sueco). Em 1945, venceu em Visby (Campeonato Sueco). Em 1946, venceu em Motala
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(Campeonato Sueco) e empatou em 8º e 9º lugares em Groningen (Mikhail Botvinnik venceu). Em 1947, empatou em 5º-6º lugares em Helsinque (Zonal; Eero Book e Stoltz venceram). Em 1948, ficou em 20º lugar em Saltsjobaden (Interzonal; David Bronstein venceu) e venceu em Bad Gastein. Em 1951, ficou em 2º lugar, atrás de Moshe Czerniak, em Viena. Em 1952, venceu em Zurique à frente de Max Euwe. Em 1954, ficou em 7º lugar em Marianske Lazne (Marienbad). O evento (Zonal) foi vencido por Ludek Pachman. Em 1960, venceu em Kiruna (Campeonato Sueco). Em 1961, venceu em Avesta (Campeonato Sueco). Em 1964, venceu em Gotemburgo (Campeonato Sueco). Lundin jogou pela Suécia em nove Olimpíadas de xadrez e uma vez na terceira Olimpíada não oficial em Munique, em 1936. Recebeu o título de Mestre Internacional em 1950, e o título de Grande Mestre Honorário em 1983. Ao longo de sua carreira, venceu pelo menos uma vez jogadores de nível mundial como David Bronstein, Max Euwe, Reuben Fine, Salo Flohr e Miguel Najdorf.
Maróczy, Geza – Partidas 34 e 48 Géza Maroczy nasceu em Szeged, na Hungria, em 03/03/1870 e faleceu aos 81 anos no dia 29/05/1951 em Budapeste. Venceu o torneio “menor” em Hastings, em 1895, e nos dez anos seguintes conquistou vários primeiros lugares em eventos internacionais. Entre 1902 e 1908, Maróczy participou de treze torneios e ganhou cinco
primeiros prêmios e cinco segundos prêmios. Em 1906, concordou com os termos de um match pelo Campeonato Mundial com Emanuel Lasker, mas os problemas políticos em Cuba, onde o match seria jogado, fizeram com que os acordos fossem cancelados. Depois de 1908, Maróczy retirou-se do xadrez internacional para dedicar mais tempo à sua profissão de funcionário público. Trabalhou como auditor e fez uma boa carreira no Centro de Sindicatos e Seguro Social. Quando os comunistas chegaram brevemente ao poder, ele era auditor-chefe do Ministério da Educação. Depois que o governo comunista foi derrubado, Maróczy não conseguiu emprego. Retornou brevemente ao xadrez após a I Guerra Mundial com algum sucesso, e hoje a formação Maróczy (uma formação de peões, criada por Maróczy contra a Defesa Siciliana, caracterizada por peões brancos em c4 e e4, com o Peão d das brancas trocado pelo Peão c das pretas) é uma das mais utilizadas linhas da Siciliana. Na virada do ano 1927 - 1928 Maróczy demoliu o campeão de 1924 da Hungria, Géza Nagy, em um match por +5 −0 =3. Com ele à frente, a Hungria venceu as primeiras Olimpíadas de Xadrez em Londres (1927). Em 1950, a FIDE instituiu o título de Grande Mestre. Maróczy foi um dos jogadores que receberam o título com base em suas conquistas passadas. O estilo de Maróczy, embora sólido, era muito defensivo por natureza. Suas defesas bem sucedidas do Gambito Dinamarquês contra Jacques Mieses e Karl Helling, envolvendo retorno obrigatório do material sacrificado pela iniciativa, foram usadas como modelos de jogo defensivo por Max Euwe e Kramer em sua série de dois volumes sobre o meio jogo. Aron Nimzowitsch, em Meu Sistema, usou a vitória de Maróczy contra Hugo Süchting (em Barmen 1905) como um 279
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modelo de bloqueio ao adversário antes do rompimento. Mas Maróczy também jogava um xadrez espetacular em algumas ocasiões, como sua famosa vitória sobre o renomado atacante David Janowski (Munique, 1900). Sua maneira de lidar com os finais de Dama também foi altamente respeitada, como contra Frank Marshall, em Karlsbad 1907, mostrando técnica superior nesse tipo de final. Maróczy teve pontuação vitalícia respeitável contra a maioria dos melhores jogadores da sua época. No entanto, teve escores negativos contra os campeões mundiais de xadrez: Wilhelm Steinitz (+1 −2 =1), Emanuel Lasker (+0 −4 =2), José Raúl Capablanca (+0 −3 =5) e Alexander Alekhine (+0 −6 =5); exceto Max Euwe, a quem venceu (+4 −3 =15). Mas o estilo defensivo de Maróczy era suficiente para derrotar os principais jogadores ofensivos da época, como Joseph Henry Blackburne (+5 −0 =3), Mikhail Chigorin (+6 −4 =7), Frank Marshall (+11 -6 =8), David Janowski (+10 −5 =5), Efim Bogoljubov (+7 −4 =4) e Frederick Yates (+8 −0 =1). Capablanca tinha Maróczy em alta estima. Em uma palestra proferida no início da década de 1940, Capablanca chamou Maroczy de “muito gentil e correto” e “uma gentil figura”, elogiou a formação Maroczy como uma importante contribuição para a teoria das aberturas, creditou-o como um “bom professor” que ajudou muito a Vera Menchik chegar ao topo do xadrez das mulheres e “um dos maiores mestres do seu tempo”. Capablanca escreveu, como citado no livro de Edward Winter Capablanca: “Como um jogador de xadrez, era um pouco sem imaginação e espírito agressivo. Seu julgamento posicional, a maior qualidade do verdadeiro mestre, era excelente. Um jogador muito preciso e um excelente artista de final de partidas, se 280
tornou famoso como um especialista em finais de Dama. Em um torneio, há muitos anos, ganhou um final digno de campeão contra o mestre vienense Marco, que entrou na história como um dos finais clássicos desse tipo (Marco-Maroczy 1899). No que diz respeito à força relativa de Maróczy e dos melhores jovens mestres de hoje, minha opinião é que, com exceção de Botvinnik e Keres, Maróczy em seu tempo foi superior a todos os outros jogadores de hoje”.
Marshall, Frank – Partidas 9, 16 e 111 Frank James Marshall, nascido em Nova Iorque em 10/08/1887, e falecido aos 67 anos em Jersey City em 09/11/1944, foi o Campeão de Xadrez dos EUA de 1909 a 1936 e um dos mais fortes jogadores de xadrez do mundo no início do século XX. Marshall nasceu em Nova York e viveu em Montreal, Quebec, Canadá, dos 8 aos 19 anos. Começou a jogar xadrez aos 10 anos de idade e em 1890 (13 anos) era um dos principais jogadores de Montreal. Marshall venceu o Congresso Internacional de Xadrez de Cambridge Springs em 1904 (com 13 pontos em 15, à frente do Campeão Mundial Emanuel Lasker) e o congresso americano em 1904, mas não conseguiu o título nacional porque o campeão americano Harry Nelson Pillsbury não competiu. Em 1906, Pillsbury morreu e Marshall novamente recusou o título do
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campeonato até vencê-lo em 1909. Em 1907 Marshall jogou um match contra o Campeão Mundial Emanuel Lasker pelo título e perdeu oito jogos, sem vencer nenhum, com sete empates. O match foi realizado em Nova Iorque, Filadélfia, Washington DC, Baltimore, Chicago e Memphis de 26 de janeiro a 8 de abril de 1907. Em 1909, Marshall concordou em disputar um match com o então jovem jogador cubano José Capablanca, e para surpresa da maioria das pessoas, perdeu oito jogos, empatou catorze e ganhou apenas um. Depois dessa derrota, Marshall não se ressentiu de Capablanca; ao contrário, percebeu que o jovem tinha imenso talento e merecia reconhecimento. O campeão americano trabalhou duro para garantir que Capablanca tivesse a chance de jogar nos níveis mais altos do xadrez. Marshall insistiu para que Capablanca fosse autorizado a entrar no torneio de San Sebastián em 1911, um campeonato exclusivo que prometia ser um dos mais fortes da história. Apesar de muitos protestos pela sua inclusão, Capablanca venceu o torneio. Marshall terminou em quinto no torneio de São Petersburgo em 1914, atrás do campeão mundial Lasker, dos futuros campeões mundiais Capablanca e Alekhine e do ex-desafiante ao Campeonato Mundial Tarrasch, mas à frente dos jogadores que não se classificaram para a final: Ossip Bernstein, Rubinstein, Nimzowitsch, Blackburne, Janowski e Gunsberg. De acordo com a autobiografia de Marshall de 1942, que teria sido escrita por Fred Reinfeld, o czar Nicolau II conferiu o título de “Grande Mestre” a Marshall e aos outros quatro finalistas. O historiador de xadrez Edward Winter questionou isso, afirmando que as primeiras fontes conhecidas que apóiam essa história são a autobiografia de Marshall e um artigo de Robert Lewis Taylor na edição de
15/06/1940 da revista The New Yorker. Em 1915, Marshall abriu o Marshall Chess Club em Nova York. Em 1925, ele apareceu no curta metragem soviético Chess Fever, junto com Capablanca. Na década de 1930, Marshall capitaneou a equipe dos EUA para quatro medalhas de ouro em quatro Olimpíadas de Xadrez. Durante uma rodada, ao retornar às mesas descobriu que seus companheiros de equipe haviam concordado com três empates. Depois que terminou seu próprio jogo, Marshall deu individualmente a cada um dos jogadores uma palestra severa sobre como os empates não vencem os matches. Em 1936, após ter conquistado o título de campeão dos Estados Unidos por 27 anos, Marshall o entregou ao vencedor de um campeonato. O primeiro desses torneios foi patrocinado pela National Chess Federation e realizado em Nova Iorque. O Marshall Chess Club doou o troféu e o primeiro vencedor foi Samuel Reshevsky.
Menchik, Vera - Partidas 50 e 83 Vera Frantsevna Menchik, nascida em Moscou no dia 16/02/1906 e falecida em Londres aos 38 anos de idade no dia 27/06/1944, foi uma jogadora de xadrez britânica-checoslovaca-russa que ganhou fama como a primeira Campeã Mundial de Xadrez feminino. Também competiu em torneios de xadrez com alguns dos principais Mestres masculinos do mundo na época, derrotando muitos deles, inclusive o futuro 281
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
campeão mundial Max Euwe. Seu pai, Frantisek Menchik, nasceu em Bystra nad Jizerou, Boêmia, e a sua mãe, Olga Illingworth (1885–1944), era inglesa. O pai era o gerente de várias propriedades de um membro da nobreza na Rússia, e sua esposa era governanta dos filhos do dono da propriedade. Vera Menchik nasceu em Moscou em 1906 e a sua irmã Olga Menchik nasceu em 1907. Quando Vera tinha nove anos de idade, seu pai lhe deu um jogo de xadrez e ensinou-a a jogar. Quando tinha 15 anos, o clube da escola organizou um torneio de xadrez e ela ficou em segundo lugar. Após a revolução russa, seu pai perdeu um moinho que possuía e, casualmente, também a grande casa onde morava a família. O casamento desabou; seu pai voltou para a Boêmia e, no outono de 1921, Olga e suas filhas foram para Hastings, na Inglaterra, morar com a mãe de Olga. Como Vera falava apenas russo, hesitou em ir ao clube de xadrez local, mas finalmente, em 18/03/1923, ingressou no Hastings Chess Club e começou a ter aulas com John Drewitt. Então se tornou uma aluna do Grande Mestre Géza Maróczy. Durante 1923 Vera jogou em vários matches por equipes. Em dezembro de 1923, jogou seu primeiro Torneio de Hastings e conseguiu um empate contra Edith Price, a então campeã britânica feminina. No próximo Hastings Christmas Chess Congress, em 1924/1925, Vera jogou novamente no Grupo A, na primeira categoria, e terminou em segundo lugar com cinco pontos em sete. Ela encontrou a senhorita Price na última rodada do Grupo dos Vencedores e novamente empatou. Em 1925 Vera disputou duas partidas contra Edith Price, vencendo as duas, e foi considerada a jogadora mais forte do país, mas 282
como não era britânica, não podia entrar na competição nacional. Em janeiro de 1926, Vera venceu o primeiro Campeonato Aberto Feminino no Imperial Club, em Londres, com sua irmã Olga em terceiro. Em 1927, manteve este título e Olga ficou em segundo lugar. No ano seguinte, Vera superou a idade para jogar, e Olga ficou em segundo lugar. O maior e mais forte torneio em que Menchik jogou foi o torneio de Moscou de 1935, que contou com os Campeões Mundiais Botvinnik, Capablanca e Lasker, além de uma série de jogadores de elite e Mestres como Flohr, Ragozin, Spielmann, Levenfish, Lilenthal, etc. Aqui, Menchik terminou em último lugar, em 20º entre os 20 competidores, com uma pontuação de (+0 −16 =3). Outros grandes torneios internacionais incluem Karlsbad em 1929, onde terminou em 22º lugar dentre 22 jogadores, com uma pontuação de (+2 −17 =2), e Lodz em 1938, onde terminou em 15º entre 16 jogadores, com uma pontuação de (+1 −9 =5). Os melhores resultados de Menchik em torneios internacionais aconteceram em Ramsgate em 1929. Este foi um bom match temático do sistema Scheveningen da Defesa Siciliana, com 7 jogadores de uma equipe competindo contra 7 de outra. Menchik terminou com uma pontuação invicta de (+3 −0 =4). Em 1934 terminou em 3º lugar entre 9 jogadores em Maribor, atrás de Lajos Steiner e Vasja Pirc, mas à frente de Rudolph Spielmann e Milan Vidmar, com um placar de (+3 -1 =4). Em 1942, Vera venceu um match contra Jacques Mieses (+4 −1 =5). Deve-se notar, no entanto, que Mieses tinha 77 anos na época e não era mais um participante ativo de torneios. Quando, em 1929, Menchik entrou no Torneio de Carlsbad, o mestre vienense
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Albert Becker ridicularizou sua entrada, propondo que qualquer jogador que Menchik derrotasse em torneios deveria ser membro do Vera Menchik Club. No mesmo torneio, o próprio Becker tornou-se o primeiro membro do “clube”. Além de Becker, o “clube” acabou por incluir Conel Hugh O'Donel Alexander, Abraham Baratz, Eero Book, Edgard Colle, Max Euwe, Harry Golombek, Mir Sultan Khan, Frederic Lazard, Jacques Mieses, Stuart Milner-Barry, Karel Opocensky. , Brian Reilly, Samuel Reshevsky, Friedrich Saemisch, Lajos Steiner, George Alan Thomas, William Winter e Frederick Yates. Em 1937, aos 31 anos, Vera Menchik casou-se com Rufus Henry Streatfeild Stevenson (1878 - 1943), vinte e oito anos mais velho do que ela, editor da British Chess Magazine, membro do West London Chess Club e mais tarde secretário honorário da Federação Britânica de Xadrez. Em 1944, o Reino Unido estava se aproximando do seu sexto ano na II Guerra Mundial, e Vera, de 38 anos, que era viúva desde o ano anterior, ainda detinha o título de Campeã Mundial Feminina. Em 27 de junho, ela, sua irmã Olga e sua mãe foram mortas em um ataquede um bombardeio V-1 que destruiu a sua casa em 47 Gauden Road, na área de Clapham, no sul de Londres. As três foram cremadas no Crematório de Streatham Park em 4 de julho de 1944. O troféu da equipe vencedora na Olimpíada Feminina de Xadrez tem o nome de Taça Vera Menchik. Vera Menchik, primeira Campeã Mundial de Xadrez, manteve o título por 17 anos. Seu domínio sobre as suas contemporâneas pode ser visto em seus matches contra Sonja Graf. Graf foi a segunda jogadora feminina mais forte do mundo na época, treinada pelo lendário professor Dr. Siegbert Tarrasch. Mas
observando os dois matches e o resultado final, seus níveis de jogo eram completamente diferentes. Nos dois matches, Menchik venceu doze partidas contra três, com cinco empates. O quarto campeão mundial, Alekhine, escreveu após uma de suas vitórias contra Sonja Graf em 1939 que “é totalmente injusto persuadir um jogador de uma superclasse reconhecida como Miss Menchik a defender seu título ano após ano em torneios compostos de jogadores muito inferiores”. O torneio específico em questão era o sétimo Campeonato Mundial de Xadrez Feminino. No entanto, contra os melhores jogadores do sexo masculino, Menchik não se saiu bem. Ela foi derrotada por Jose Raul Capablanca (9-0), Alexander Alekhine (7-0), Mikhail Botvinnik (2-0), Paul Keres (2-0), Reuben Fine (2-0) e Emanuel Lasker (1-0). Vera Menchik entrou para o Hall da Fama do Xadrez Mundial em 2011.
Mikenas, Vladas – Partida 57 Vladas Mikenas, nascido em 17/04/1910 em Tallin, na Estônia, e falecido aos 82 anos em Vilnius, Lituânia, no dia 03/11/1992, foi um Mestre Internacional lituano, Grande Mestre honorário e jornalista. Em 1930 venceu o 3º Campeonato da Estônia em Tallinn; em 1931 dividiu o 2º a 5º lugares no primeiro Campeonato Báltico, realizado em Klaipeda, vencido por Isakas Vistaneckis. No mesmo ano, Mikenas emi283
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
grou da Estônia para a Lituânia. Em 1934, venceu um match contra Povilas Vaitonis (6 2) Em 1935 ficou em décimo em Lodz (Savielly Tartakower venceu) e empatou com Vistaneckis (8 - 8). Em 1936 venceu o Campeonato Lituano. Em 1937, venceu um match contra Vaitonis (5,5 – 4,5). Em 1937, ficou em 10º lugar em Kemeri; apesar de sua colocação, nesse torneio Mikenas derrotou Alexander Alekhine. Em 1937/1938, ficou em 6º em Hastings (Samuel Reshevsky venceu) .Em 1938, venceu um match contra Vaitonis (9 - 3). Em 1939, ficou em 4º lugar em Kemeri-Riga (Salo Flohr venceu). Em setembro de 1939, ficou em 3º lugar em Rosario (Vladimirs Petrovs venceu). Em 28 de setembro de 1939, a União Soviética e a Alemanha mudaram os termos secretos do Pacto Molotov-Ribbentrop. A Lituânia foi transferida então para a esfera de influência soviética, sendo anexada à URSS em 3 de agosto de 1940. Em setembro e outubro de 1940, Mikėnas dividiu os 13º a 16º em Moscou (12º Campeonato da URSS). Em 1941, ficou em 3º em Kutaisi. Em fevereiro e março de 1942, dividiu os 3º a 6º lugares em Moscou. Em março e abril de 1942, ficou entre os 4º - 7º lugares em Sverdlovsk. Em julho e agosto de 1942, dividiu os 3º a 5º lugares em Kuibyshev. Em 1943 e 1944, ficou do 7º ao 23º lugares no Campeonato de Moscou. Em 1944, venceu em Tbilisi. Em 1944, venceu um match de classificação contra Ljublinsky (8 6). Em 1944, dividiu os 5º - 6º lugares em Moscou (13º Campeonato da USSR). Em julho de 1945, Mikenas venceu em Kaunas (13º Campeonato da Lituânia). Em setembro - outubro de 1945, Ficou em 7º em Tallinn (Campeonato da Estônia - Paul Keres venceu). Em outubro e novembro de 1945, venceu em Riga (Campeonato Báltico de 284
Xadrez). Em junho e julho de 1946, ficou em 3º lugar, atrás de Yuri Averbakh, e Vistaneckis, em Vilna (Campeonato das Repúblicas Bálticas). Em 1946, terminou em 2º lugar em Tbilisi (7º Campeonato Georgiano). Em 1947, ficou em 2º lugar em Minsk (13 º Campeonato da Bielorrússia). Em 1948, empatou um match de classificação contra Rashid Nezhmetdinov (7 - 7). Mikenas jogou várias vezes em campeonatos da Lituânia em Vilnius. Venceu em 1947, 1961, 1965 e 1968. Venceu em 1954, o Quadrangular de Vilnius, frente a Ratmir Kholmov, Vistaneckis e Viacheslav Ragozin. Em 1955, dividiu os 3º a 6º lugares em Pärnu (Keres venceu). Em 1959 ficou em 2º lugar, atrás de Boris Spassky, em Riga. Em 1960 terminou em 10º lugar em Pärnu (Rep. Báltica, Keres venceu) e dividiu o 4º lugar em Leningrado (Mark Taimanov venceu). Em 1964 dividiu os 2º a 3º, atrás de Iivo Nei, em Parnu (Rep. Báltica). Em 1965 venceu em Palanga (Campeonato das Repúblicas Bálticas). Em 1971 venceu em Lublin, na Polônia. Vladas Mikenas recebeu o título de Mestre Internacional em 1950 (ano em que o título foi instituído), e foi agraciado com o título de Grande Mestre Honorário em 1987. Mikenas foi o árbitro do match pelo Campeonato Mundial entre Anatoly Karpov e Garry Kasparov em 1985.
Mindeno, Siegfried – Partida 120 Siegfried Bernard van Mindeno nasceu em Berlim em 26/03/1905 e faleceu aos 62 anos no dia 02/04/1967 em em Amsterdã. Filho mais novo de uma família judia de origem alemã (cidade de Minden, na Westphalia), Mindeno, um jogador amador, enfrentou Alekhine em uma simultânea em 1933, que é a partida apresentada nesse livro.
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Os adversários de Alekhine neste livro
Nimzowitsch, Aaron – Partidas 15, 32 e 43 Aaron Isayevich Nimzowitsch, nascido em Riga, Letônia em 07/11/1886 e falecido em Copenhague aos 48 anos em 16/03/1935 foi um Grande Mestre de Xadrez, escritor de grande influência, e um dos mais importantes jogadores de xadrez do século XX. Foi também a figura mais importante da Escola Hipermoderna do Xadrez. Nascido em Riga, Letônia, então uma parte do Império Russo, Nimzowitsch que como língua nativa falava o ídiche, nasceu em uma família rica, onde aprendeu a jogar xadrez com seu pai Shaya Abramovich Nimtsovich, comerciante de madeira. Em 1897, a família vivia em Dvinsk. Em 1904, Aaron viajou para Berlim para estudar filosofia, mas deixou de lado os seus estudos formais e começou uma carreira como enxadrista profissional naquele mesmo ano. Venceu seu primeiro torneio internacional em Munique em 1906. Dividiu o primeiro lugar com Alexander Alekhine em São Petersburgo 1913 - 1914 (o oitavo torneio de mestres de toda a Rússia). Durante a Revolução Russa de 1917, Nimzowitsch estava na zona de guerra do Báltico. Escapou de ser convocado para um dos exércitos fingindo loucura, insistindo que uma mosca estava em sua cabeça. Então fugiu para Berlim e deu seu primeiro nome como Arnold, possivelmente para evitar a
perseguição anti-semita. Nimzowitsch mudou-se para Copenhague em 1922, o que coincidiu com sua ascensão à elite mundial do xadrez. Viveu nessa cidade dinamarquesa pelo resto de sua vida em um, pequeno quarto alugado. Em Copenhague venceu duas vezes o Campeonato Nórdico de Xadrez (1924 e 1934). Obteve a cidadania dinamarquesa e viveu na Dinamarca até a sua morte em 1935. O auge da carreira de Nimzowitsch foi no final dos anos 1920 e início dos anos 1930. A chessmetrcs.com o coloca como o terceiro melhor jogador do mundo entre 1927 e 1931, atrás de Alexander Alekhine e José Capablanca. Seus sucessos mais notáveis foram os primeiros lugares em Copenhague 1923, Marienbad 1925, Dresden 1926, Hanover 1926, o torneio de xadrez Carlsbad 1929 e o segundo lugar atrás de Alekhine no torneio de xadrez San Remo 1930. No entanto, Nimzowitsch nunca desenvolveu um talento para matches; seu melhor resultado foi um empate com Alekhine, mas o match consistiu em apenas dois jogos e teve lugar em 1914, treze anos antes de Alekhine se tornar campeão mundial. Nimzowitsch nunca venceu Capablanca, mas se saiu melhor contra Alekhine, embora com escore negativo. Bateu Alekhine com as peças pretas, na miniatura de 1914 em São Petersburgo. Uma das partidas mais famosas de Nimzowitsch é a sua célebre imortal zugzwang contra Saemisch em Copenhague 1923. Outra partida sobre esse tema é a sua vitória sobre Paul Johner em Dresden 1926. Quando em boa forma, Nimzowitsch era muito perigoso com as pretas, marcando grandes vitórias sobre os melhores jogadores. Nimzowitsch é considerado um dos mais importantes jogadores e escritores da história do xadrez. Seus trabalhos influenciaram inúmeros outros jogadores, incluindo Savielly 285
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Tartakower, Milan Vidmar, Ricardo Réti, Akiba Rubinstein, Bent Larsen e Tigran Petrosian, e a sua influência ainda é sentida nos dias de hoje. Nimzowitsch escreveu três livros sobre estratégia do xadrez: Mein System (Meu Sistema – 1925), Die Praxis Meines Systems (A Prática do Meu Sistema - 1929), e Die Blockade (O Bloqueio - 1925), embora para muitos o último livro seja considerado de forma geral uma repetição do material já apresentado em Meu Sistema, um dos mais influentes livros de xadrez de todos os tempos. Nesse livro, Nimzowitsch apresenta suas ideias mais importantes, enquanto seu segundo trabalho mais influente, A Prática do Meu Sistema desenvolve essas ideias, acrescenta algumas novas, e tem imenso valor como uma coleção estimulante das próprias partidas de Nimzowitsch, acompanhadas por seus comentários idiossincráticos e hiperbólicos, que muitas vezes são tão divertidos quanto instrutivos. As teorias de xadrez de Nimzowitsch, quando propostas pela primeira vez, opuseram-se a ortodoxias amplamente difundidas, enunciadas pelo teórico dominante da época, o Dr. Siegbert Tarrasch e seus discípulos. As generalizações rígidas de Tarrasch basearamse no trabalho anterior de Wilhelm Steinitz e foram confirmadas pela língua afiada de Tarrasch ao dispensar as opiniões dos que delas duvidavam. Enquanto os maiores jogadores da época, entre os quais Alekhine, Emanuel Lasker e Capablanca, claramente não permitiam que seus lances fossem prejudicados pela aderência cega a conceitos gerais, as ideias centrais da filosofia de xadrez de Tarrasch como popularmente compreendidas – a ocupação do centro pelos peões, o apoio central das torres, o desenvolvimento preferencial em alas - eram ensinadas aos iniciantes, condicionando-os a pensarem nessas generalizações como princípios inalteráveis. 286
Nimzowitsch suplementou muitas das suposições simplistas anteriores sobre a estratégia do xadrez, enunciando, por sua vez, vários conceitos gerais de jogo defensivo destinados a alcançar os próprios objetivos, impedindo a realização dos planos do adversário. Notáveis em seu “sistema” foram os conceitos como superproteção de peças e peões sob ataque, controle do centro por peças ao invés de peões, bloqueio de peças opostas (notadamente os peões passados) e a profilaxia. Nimzowitsch também foi um dos principais expoentes do desenvolvimento em fianqueto dos bispos. Talvez o mais importante, Nimzowitsch formulou a terminologia ainda em uso para várias estratégias complexas de xadrez. Outros teóricos e jogadores usaram essas ideias na prática, mas ele foi o primeiro a apresentá-las de forma sistemática, como um léxico de temas acompanhado por extensas observações taxonômicas. O GM Raymond Keene escreve que Nimzowitsch “foi um dos maiores mestres do mundo por um período que se estendeu por um quarto de século, e por algum tempo foi o adversário óbvio para o campeonato mundial. Foi também um grande e profundo pensador do xadrez, perdendo apenas para Steinitz. Suas obras – O Bloqueio, Meu Sistema e A Prática do Meu Sistema estabeleceram sua reputação como uma das figuras paternas do xadrez moderno”. O GM Robert Byrne o chamou de “talvez o mais brilhante teórico e professor na história do jogo”. O GM Jan Hein Donner chamou Nimzowitsch de “um homem que era muito artista para provar que tinha razão e que era considerado um louco em seu tempo. Ele foi entendido apenas muito depois de sua morte”. Muitas aberturas e variantes de xadrez têm o nome de Nimzowitsch, sendo a mais famosa a Defesa Nimzo-Índia (1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nc3 Bb4) e a menos frequente-
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mente jogada Defesa Nimzowitsch (1.e4 Nc6). O biógrafo de Nimzowitsch, GM Raymond Keene e outros, referem-se a 1.Nf3 seguido de 2.b3 como o ataque Nimzowitsch-Larsen. Keene escreveu um livro sobre a abertura com esse título. Essas aberturas exemplificam as ideias de Nimzowitsch sobre o controle do centro com peças em vez de peões. Nimzowitsch também foi vital no desenvolvimento de dois sistemas importantes na Defesa Francesa, a Variante Winawer (em alguns lugares chamada Variante Nimzowitsch, seus movimentos são 1.e4 e6 2.d4 d5 3.Nc3 Bb4) e a Variante do Avanço (1.e4 e6 2.d4 d5 3.e5). Nimzowitsch também foi pioneiro em duas variantes provocativas da Defesa Siciliana: a Variante Nimzowitsch, 1.e4 c5 2.Nf3 Nf6, que convida 3.e5 Nd5 (similar à Defesa Alekhine) e 1.e4 c5 2.Nf3 Nc6 3.d4 cxd4 4 .Nxd4 d5?! (este último considerado duvidoso hoje em dia). O MI John L. Watson apelidou a linha 1.c4 Nf6 2.Nc3 e6 3.Nf3 Bb4, como Nimzo-Inglesa”, empregando esta designação no Capítulo 11 de seu livro Dominando as Aberturas de Xadrez, Volume 3. Há muitas anedotas divertidas sobre Nimzowitsch - algumas mais picantes do que outras. Um artigo de Hans Kmoch e Fred Reinfeld intitulado “Rendição Não Convencional” em fevereiro de 1950 fala do “...exemplo de Nimzowitsch, que uma vez perdeu o primeiro prêmio em um torneio em Berlim ao ser derrotado por Saemisch e, quando se tornou claro que a partida estava perdida, Nimzo levantou-se e gritou: - Gegen diesen Idioten muss ich verlieren?! (“Como fui perder para esse idiota?!)”. Nimzowitsch ficava aborrecido com o fumo de seus adversários. Uma história popular, mas provavelmente apócrifa, é que uma vez quando um adversário colocou um charuto apagado na mesa, ele reclamou com os
árbitros do torneio: “Ele está ameaçando fumar, e como um jogador antigo você deve saber que a ameaça é mais forte que a execução”. Nimzowitsch teve longos e amargos conflitos dogmáticos com Tarrasch, sobre as ideias entre eles, quais realmente se constituíam em um xadrez “adequado”. A vaidade de Nimzowitsch e a fé em suas ideias de superproteção provocaram Hans Kmoch a escrever uma paródia sobre ele em fevereiro de 1928 na Wiener Schachzeitung. Essa paródia consistia em uma partida simulada contra o jogador fictício “Systemsson”, supostamente jogada e comentada pelo próprio Nimzowitsch. Os comentários exageram alegremente a ideia de superproteção, bem como afirmam o verdadeiro gênio dessa ideia maravilhosa. Kmoch era de fato um grande admirador de Nimzowitsch, que se divertiu muito com a paródia. Kmoch também escreveu um artigo sobre seus nove anos de amizade com Nimzowitsch: “Nimzovich sofria com a ilusão de que não era estimado e que a razão disso fosse a maldade. Tudo o que precisou para fazê-lo ser amigo, como aprendi mais tarde, foi um pequeno elogio. Sua paranóia ficava mais evidente quando jantava em minha companhia. Nimzowitsch sempre pensou que para ele eram servidas porções muito menores do que as de todos os outros. Não se importava com a quantidade real, mas apenas com a afronta imaginaria. Certa vez, sugeri que ele e eu pedíssemos o que o outro realmente queria e, quando a comida fosse servida, trocássemos os pratos. Depois que o fizemos, ele balançou a cabeça incrédulo, ainda pensando que havia recebido a porção menor”. O colega de Nimzowitsch, Tartakower, observou: “Ele finge ser louco para nos deixar loucos”. 287
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Apesar de sofrer de problemas cardíacos, sua morte prematura foi de forma inesperada; adoeceu subitamente no final de 1934 e ficou de cama por três meses antes de morrer de pneumonia. Nimzowitsch está enterrado no Cemitério Bispebjerg, em Copenhague.
Opocensky, Karel – Partida 4 Karel Opocenský, nascido em Most, Boêmia em 07/02/1892 e falecido aos 83 anos em Praga no dia 16/11/1975 foi um mestre de xadrez tcheco, quatro vezes campeão da Checoslováquia (1927, 1928, 1938 e 1944) e uma vez vice-campeão em 1919, atrás de Frantisek Schubert. Em 1925, terminou em 3º - 4º lugares no Torneio de Paris (Alexander Alekhine venceu). Em 1933 venceu em Praga o 10º Memorial Vaclav Kautsky. Em 1935 ficou em 4º lugar em Bad Nauheim (vencido por Efim Bogoljubow). Em 1935, ficou em 4º lugar em Łodz (Savielly Tartakower venceu). Em 1935 venceu em Luhacovice, em 1936 ficou em 2º lugar, atrás de Henryk Friedman, em Viena. Em 1937, ficou em 2º lugar, atrás de Karl Gilg, em Teplice (Teplitz Schönau), e em 1938 venceu em Nice. Karel Opocensky jogou pela Tchecoslováquia quatro vezes nas Olimpíadas de Xadrez (1931, 1933, 1935 e 1939). Ganhou medalhas individuais de ouro e por equipes em Folkestone 1933 e em Praga 1931, de bronze por equipes. Quando estourou a II Guerra Mundial, 288
Opocensky, Jan Foltys e Frantisek Zíta jogavam pela seleção da Bohemia & Moravia na 8ª Olimpíada de Xadrez em Buenos Aires. Eles escolheram voltar para casa, enquanto Jiri Pelikán e Karel Skalicka escolheram permanecer na América do Sul. Em 1940, Opocensky ficou em segundo lugar, atrás de Foltys, em Rakovnik (Campeonato da Bohemia e Moravia). Em 1941, empatou um match contra Foltys em Praga (+4 -4 =4) e ficou em 7º lugar em Trencianske Teplice (Foltys venceu). Também ficou em 13º lugar no torneio de xadrez de Munique de 1941 (Europa Turnier, vencido por Gosta Stoltz). Em 1942, empatou em 4º5º lugares Praga (Duras Jubileé), atrás dos vencedores conjuntos Alekhine e Klaus Junge. Em 1943, ficou em 3º em Praga (Campeonato da Boêmia e Morávia, vencido por Zita). Venceu o Campeonato da Boêmia e Morávia em Brunn em 1944. Após a guerra, Opacensky jogou em vários torneios locais e internacionais (Checoslováquia). Em 1945, empatou no 2º3º lugares, atrás de Emil Richter, em Praga. Em 1946, ficou em 4º lugar no Campeonato da Checoslováquia, vencido por Ludek Pachman). Em 1946, ficou em 4º lugar em Londres. Em 1946, dividiu o 1º lugar com Daniel Yanofsky e Ludek Pachman, em Arbon. Em 1947, ficou em 4º lugar em Viena. Em 1949, dividiu o 3º lugar em Viena. Em 1949, ele dividiu o 4º-5º lugares Arbon. Em 1956, ficou em 3º lugar em Podebrady (Campeonato da Checoslováquia, vencido por Ladislav Alster). Em 1951 e 1954, ele foi o árbitro principal dos matches do Campeonato Mundial de Xadrez em Moscou, assim como na 10ª Olimpíada de Helsinque 1952, e no segundo Torneio de Candidatos em Zurique 1953. Opocensky também é conhecido como teórico. Há duas variantes de abertura com o seu nome - a Variante Opocensky na Defesa
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Gruenfeld 1.d4 Nf6 2.c4 g6 3.Nc3 d5 4.e3 Bg7 5.Nf3 0-0 6.Bd2 e a Variante Opocensky na Defesa Siciliana: 1.e4 c5 2.Nf3 d6 3.d4 cxd4 4.Nxd4 Nf6 5.Nc3 a6 6.Be2. Karel Opocensky recebeu o título de Mestre Internacional em 1950 e se tornou Árbitro Internacional de Xadrez em 1951.
Pirc, Vasja – Partida 45 Vasja Pirc, nascido em 19/12/1907 em Idrija, Eslovênia, falecido aos 72 anos em 02/06/1980 em Liubiyana, foi um importante enxadrista iugoslavo (esloveno). Seu nome é mais conhecido pelos jogadores contemporâneos como o criador de uma forte defesa hipermoderna, geralmente conhecida como Defesa Pirc. Pirc foi campeão da Iugoslávia cinco vezes: 1935, 1936, 1937, 1951 e 1953. Recebeu o título de Mestre Internacional em 1950, e o de Grande Mestre em 1953. Pirc se tornou Árbitro Internacional em 1973. Embora Pirc tivesse um registro negativo contra Alexander Alekhine, ele derrotou Alekhine com as peças pretas em uma partida famosa relâmpago em Ljubljana em 1930: 1.d4 e6 2.c4 Nf6 3.Nc3 Bb4 4.Bd2 b6 5.f3 Bxc3 6.Bxc3 d5 7.e3 0-0 8.Bd3 c5 9.Ne2 Nc6 10.0-0 Bb7 11.Qa4 Qd7 12.Qc2 Nb4 13.Bxb4 cxb4 14.b3 Rac8 15.e4 h6 16.e5 dxc4 17.bxc4 Nd5 18.Qd2
Nc3 19.Rae1 Rfd8 20.d5 exd5 21c5 Rxc5 22.Nd4 Bc8 23.e6 Qc7 24.exf7 + Kxf7 25. F4 Ne4 26.Qb2 Rc3 27.Nf3 Kg8 28.Ne5 Qc5+ 29.Kh1 Qd4 30.Qe2 Bf5 31.g4 Ng3+ 32.hxg3 Bxd3 33.Nxd3 Rxd3 34.Rd1 Qe4+ 35.Qg2 Rc8 36.Rxd3 Qxd3 37.Rf2 Rc1+ 38.Kh2 a5 39.Rd2 Qe4 40.Qxe4 dxe4 41.Kg2 a4 42.Rd4 Rc2+ 43.Kf1 Rxa2 44.Rxb4 e3 45.Rxb6 e2+ 46.Kf2 a3 47.Ra6 Ra1 48.Kxe2 a2 0–1
Potemkin, Peter Petrovich – Partida 107 Peter Petrovich Potemkin, nascido em Oriol, Rússia em 02/05/1886 e falecido aos 40 anos em 21/10/1926 em Paris foi um mestre russo de xadrez. Ficou em 7º lugar em São Petersburgo em 1904 (Mikhail Chigorin venceu), em 5º lugar em São Petersburgo em 1907 (Eugene Znosko-Borovsky venceu) e conquistou o 8º lugar em São Petersburgo em 1913 (Andrey Smorodsky venceu). No inverno de 1912 jogou com Alexander Alekhine e Vasily Osipovich Smyslov (pai de Vasily Smyslov, futuro Campeão Mundial) em São Petersburgo. Em 1920 dividiu os 3º - 6º lugares no Torneio de Moscou (Alexander Alekhine venceu). O conde Potemkin era um expatriado soviético que vivia na França. Oficialmente representou a Rússia na 1ª Olimpíada não oficial de xadrez em Paris em 1924. Dividiu os 7º - 8º lugares em Praga 1923 (Karel Skalicka venceu), ficou em 4º-7º lugares em Paris 1924 (Znosko-Borovsky venceu), 5º - 6º lugares em Paris 1925 (Victor Kahn venceu) e dividiu o 1º lugar com Vitaly Halberstadt em Paris 1926. Em 1926, o Le Cercle d'échecs Potemkine foi inaugurado em Paris. 289
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Reshevsky, Samuel – Partida 93 Samuel “Sammy” Herman Reshevsky (nascido Szmul Rzeszewski em 26/11/1911 em Ozorkow, perto de Lodz na Polônia e falecido aos 80 anos no dia 04/04/1992 em Nova Iorque, foi um prodígio polonês e mais tarde um Grande Mestre norte-americano de xadrez. Reshevsky nunca foi um profissional de xadrez em tempo integral. Era um forte candidato ao Campeonato Mundial desde meados dos anos 1930 até meados dos anos 1960. Dividiu o 3º lugar no torneio do Campeonato Mundial de 1948 e empatou em 2º lugar no Torneio de Candidatos de 1953. Foi oito vezes vencedor do Campeonato de Xadrez dos EUA. Um excelente jogador durante toda a sua carreira, Reshevsky destacou-se no jogo posicional, e era um excelente estrategista quando necessário. Jogava lentamente os movimentos de abertura, e na maioria das muitas vezes ficava pressionado pelo tempo, mas isso na maioria das vezes incomodava mais ao seu adversário do que a ele próprio. Sammy era contador por profissão e foi também um renomado autor de livros de xadrez. Filho de uma família judia, aprendeu a jogar xadrez aos quatro anos de idade. Logo foi reconhecido como uma criança prodígio. Aos oito anos de idade, batia muitos jogadores talentosos com facilidade e dava exibições em simultâneas. Em novembro de 1920, seus pais se mudaram para os EUA para 290
ganhar a vida exibindo publicamente o talento do filho. Reshevsky jogou milhares de partidas em exibições por todo os EUA. Jogou no torneio de mestres em Nova Iorque de 1922; e nesse momento foi provavelmente o jogador mais jovem de todos os tempos a competir em um torneio tão forte. Por um período em sua juventude, Reshevsky não frequentou a escola, e os seus pais tiveram que comparecer no Tribunal Distrital em Manhattan, para enfrentar uma acusação de tutela indevida. No entanto, Julius Rosenwald, rico sócio da Sears, Roebuck and Company em Chicago, logo se tornou benfeitor de Reshevsky, e garantiu o futuro de Sammy, com a condição de que completasse a sua educação. Reshevsky nunca se tornou um jogador de xadrez verdadeiramente profissional. Desistiu de partidas de xadrez mais competitivas por sete anos, de 1924 a 1931, para completar sua educação secundária enquanto competia com sucesso em eventos ocasionais durante esse período. Formou-se na Universidade de Chicago em 1934 com uma licenciatura em contabilidade e apoiou a si mesmo e sua família, trabalhando como contador. Mudou-se para Nova York, onde morou, ou em seus subúrbios, pelo resto da sua vida. Seu casamento de 1941 com Norma Mindick gerou três filhos. Reshevsky era um judeu ortodoxo devoto e não jogava no sábado judaico; suas partidas eram agendadas de forma a respeitar isso. Reshevsky venceu o US Open Chess Championship em 1931 em Tulsa; esse evento era conhecido como o Western Open na época. Dividiu o título do Aberto dos EUA de 1934 com Reuben Fine em Chicago. Sammy venceu o Campeonato de Xadrez dos EUA em 1936, 1938, 1940, 1941, 1942, 1946 e 1969. Também terminou empatado em 1972, mas perdeu o playoff em 1973 para Robert
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Os adversários de Alekhine neste livro
Byrne. É recordista com a participação em 21 campeonatos dos EUA, e conseguiu uma pontuação positiva em todos eles, com exceção de 1966-1967, quando marcou apenas 4,5 pontos em 11. Também detém recordes do Campeonato dos EUA para a maioria dos encerramentos nos três primeiros lugares (15), o número de partidas disputadas (269), e o número de jogos vencidos (127). Reshevsky competiu oito vezes pelos EUA nas Olimpíadas de Xadrez, seis vezes no primeiro tabuleiro em um período de 37 anos, ajudando a equipe dos EUA a conquistar o ouro em 1937 e o bronze em 1974, e conquistando uma medalha de bronze individual pelo seu desempenho no primeiro tabuleiro em 1950. Seus resultados olímpicos acumulados foram (+39 −12 =49) em 100 jogos, com pontuação de 63,5 por cento. Jogou em Estocolmo 1937, Dubrovnik 1950, Helsinque 1952, Munique 1958, Tel Aviv 1964, Lugano 1968, Siegen 1970 e Nice 1974. Jogou pelo primeiro tabuleiro dos EUA em suas primeiras seis Olimpíadas. Quando Bobby Fischer estreou aos 14 anos no Campeonato dos EUA em 19571958, dominou completamente o cenário, vencendo essa competição em todas as oito vezes nas quais participou, deixando Reshevsky, o ex-campeão, sete vezes no grupo de perseguidores. Havia pouca simpatia entre os dois jogadores, separados em idade por uma geração. Antes do torneio de Buenos Aires de 1960, Reshevsky disse: “Eu me contentaria com o 19º lugar - se Fischer terminasse em 20º”. Reshevsky de fato venceu o torneio de Buenos Aires de 1960, com Fischer bem atrás; esta foi a única vez que Sammy terminou à frente de Fischer em um torneio internacional. Em 1961, Reshevsky iniciou um match de 16 partidas com o então campeão americano, Bobby Fischer. Esse match foi organizado em
conjunto entre Nova Iorque e Los Angeles. Apesar da ascensão meteórica de Fischer, a opinião prevalente favorecia Reshevsky como favorito. Depois de onze partidas e empatados (duas vitórias cada um com sete empates), o match terminou devido a uma disputa de agendamento e adiamentos das partidas entre Fischer e Jacqueline Piatigorsky, a patrocinadora do encontro. Reshevsky recebeu a parte do prêmio destinada ao vencedor do match. Em 1969, no Interzonal de Sousse, Fischer chegou 53 minutos atrasado (apenas sete minutos antes de perder por ausência) em sua partida contra Reshevsky. Fez o seu lance inicial sem dizer uma palavra de desculpas. Reshevsky, que naquele momento estava convencido de que Fischer abandonara o torneio, perdeu a partida e reclamou furiosamente com os organizadores. Apesar de perder essa partida, Reshevsky avançou para a fase seguinte do ciclo mundial. Reshevsky recusou-se a jogar para a equipe dos EUA nas Olimpíadas de Xadrez de 1960, 1962 e 1966, pois Fischer, como Campeão dos EUA, foi escolhido como primeiro tabuleiro da equipe. No entanto, finalmente consentiu em jogar em um tabuleiro inferior ao de Fischer em 1970, na única vez que os dois jogadores compuseram a mesma equipe. Embora Reshevsky e Fischer tenham tido uma das mais ferozes rivalidades da história do xadrez, Fischer respeitou muito o antigo campeão, afirmando ao final dos anos 1960 que imaginava que Reshevsky fosse o jogador mais forte do mundo em meados da década de 1950, época em que derrotou o Campeão Mundial Mikhail Botvinnik em seu minimatch de quatro partidas, que foi o ápice do match por equipes EUA vs USSR, realizado em Moscou. Foi somente em 1968, aos 57 anos, que Sammy finalmente perdeu um match para o 291
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qual teve tempo para uma preparação extensiva. Isso foi contra Viktor Korchnoi em Amsterdã, na primeira rodada do Torneio de Candidatos. O match estava marcado para dez jogos, mas o jovem Grande Mestre russo se mostrou demasiado para Reshevsky, que não venceu nenhuma partida e perdeu o match pelo placar final de 5,5–2,5. Durante sua longa carreira de xadrez, Reshevsky enfrentou onze dos primeiros doze Campeões Mundiais, de Emanuel Lasker a Anatoly Karpov, o único jogador no mundo a fazer isso (Sammy também conheceu Garry Kasparov, mas nunca jogou com ele). Reshevsky derrotou sete Campeões Mundiais: Emanuel Lasker, José Raúl Capablanca, Alexandre Alekhine, Max Euwe, Mikhail Botvinnik, Vasili Smyslov e Bobby Fischer.
Réti, Ricardo - Partidas 1 e 6 Ricardo Réti, nascido em 28/05/1889 em Pezinok (agora Eslováquia), faleceu aos 40 anos em 06/06/1929 em Praga. Réti, embora tenha nascido na então Hungria, consideravase vienense, tendo nascido em uma família judia húngara abastada. Tinha um ótimo senso de humor e estava sempre sorrindo, exceto quando via um automóvel, pois tinha medo deles. Um dos maiores jogadores do mundo durante os anos 1910 e 1920, Réti iniciou sua carreira como um jogador clássico, feroz292
mente combinatório, usando aberturas como o Gambito do Rei. No entanto, após o final da I Guerra Mundial, seu estilo sofreu uma mudança radical e Réti se tornou um dos principais autores do hipermodernismo, juntamente com Aron Nimzowitsch e outros. De fato, com a notável exceção do aclamado livro Meu Sistema de Nimzowitsch, Réti é considerado o maior contribuinte literário deste movimento. A abertura Réti (1.Nf3 d5 2.c4), com a qual derrotou o então Campeão Mundial José Raúl Capablanca em Nova York em 1924, a primeira derrota de Capablanca em oito anos e a primeira depois de conquistar o título de Campeão - tem o nome em sua homenagem. Tartakower chamou esta abertura “a abertura do futuro”. Réti também foi um jogador notável na parte final das partidas. Em 1924 e 1925, esteve em Montevidéu, no Uruguai, onde fez palestras e exposições simultâneas, também às cegas. Em 1925, em São Paulo, bateu o recorde mundial da modalidade de xadrez às cegas, com 29 partidas simultâneas. De forma incrível, Réti venceu 21 partidas, empatou seis e perdeu apenas duas. As fotos antigas nos arquivos do Clube de Xadrez São Paulo registram um quadro com a imagem de Ricardo Réti na parede do Clube, durante a exibição simultânea de Capablanca ali realizada em 1927. Os livros de Ricardo Réti são considerados clássicos pelo mundo do xadrez: Novas ideias no xadrez (1922) e Os mestres do tabuleiro de xadrez (1930) ainda são estudados nos dias de hoje. Ricardo Réti morreu em Praga em 1929, vítima de escarlatina.
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Os adversários de Alekhine neste livro
Rosselli del Turco, Stefano - Partida
1926; ficou em 6º lugar em Veneza 1929 (Rudolf Pitschak venceu); empatou em 2º e 3º lugares com Abraham Baratz, atrás de Brian Reilly, em Nice 1931. Rosselli del Turco representou a Itália nas Olimpíadas de Xadrez: 1924 em Paris; 1927 em Londres; 1931 em Praga; 1933 em Folkestone; 1935 em Varsóvia; 1936 em Munique e 1937 em Estocolmo. Em 19111916 e 1924-1943, foi o fundador e editor da revista L'Italia Scacchistica.
67 O Marquês Stefano Rosselli Del Turco, nascido em 27/07/1877 em Florença e falecido aos 70 anos em 18/08/1947 na mesma cidade, foi um Mestre italiano de xadrez. Jogou em todos os dez primeiros campeonatos italianos e foi duas vezes campeão italiano. Dividiu o 7º - 8º lugares em Viareggio 1921 (1º Campeonato Italiano Davide Marotti venceu ); venceu um match pelo título contra Marotti (8,5 - 4,5) em Napoli 1923; perdeu um match pelo título para Mario Monticelli (6 - 8) em Florença 1929; Venceu em Milão 1931 (4º Campeonato Italiano); ficou em 6º lugar em Milão 1934 (Monticelli ganhou); dividiu o 2º - 3º lugares em Florença 1935 (Antonio Sacconi venceu); empatou em 7º -9º lugares em Florença 1936 (Vincenzo Castaldi venceu); ficou em 12º lugar em Napoli 1937 (Castaldi venceu); dividiu os 7º - 8º lugares em Roma 1939 (Monticelli venceu), e dividiu os 7º - 8º lugares Florença 1943 (10º Campeonato Italiano, Vincenzo Nestler venceu). Rosselli empatou nos 8º - 9º lugares em San Remo 1911 (Hans Fahrni venceu); ficou em 5º lugar em Trieste 1923 (Paul Johner venceu); empatou em 12º - 13º lugares em Merano 1924 (Ernst Gruenfeld venceu); ficou em 9º lugar em Merano 1926 (Edgar Colle venceu). Rosselli venceu em Livorno
Rubinstein, Akiba - Partidas 11 e 14 Akiba Kiwelowicz Rubinstein, nascido em 01/12/1880 em Stawiski, na Polônia e falecido aos 80 anos em 14/03/1961 em Antuérpia na Bélgica, foi um gênio do xadrez e um dos jogadores com maior influência na sua história. Nascido em uma família judia teve vários irmãos, mas apenas uma irmã sobreviveu até a idade adulta. Rubinstein aprendeu a jogar xadrez relativamente tarde, aos 16 anos, e sua família planejava que ele se tornasse um rabino. Rubinstein treinava e jogava com o forte mestre Gersz Salwe em Lodz e em 1903, depois de terminar em 5º lugar em um torneio em Kiev, decidiu abandonar seus estudos rabínicos e dedicar-se inteiramente ao xadrez. Entre 1907 e 1912, Rubinstein estabeleceu-se como um dos jogadores mais fortes do mundo. Em 1907, venceu o torneio de Carlsbad e compartilhou o primeiro lugar em São Petersburgo. Em 1912 teve uma série de 293
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vitórias em seguida, terminando em primeiro lugar em cinco grandes torneios consecutivos: San Sebastian, Pistyan, Breslau, Varsóvia e Vilnius, embora nenhum desses eventos incluísse a participação de Lasker ou Capablanca. Algumas fontes acreditam que nesse momento Rubinstein fosse mais forte que o Campeão do Mundo Emanuel Lasker. As classificações da Chessmetrics apóiam esta conclusão, colocando-o como o número 1 no mundo entre meados de 1912 e meados de 1914. Durante a primeira década do século XX, o campo de jogo para o xadrez competitivo era relativamente pequeno. Wilhelm Steinitz, o primeiro campeão mundial reconhecido universalmente, morreu em 1900 depois de ficar afastado xadrez por vários anos, o mestre russo Mikhail Chigorin estava chegando ao fim de sua vida, enquanto o mestre americano Frank Marshall vivia do outro lado do Atlântico, longe do centro da atividade de xadrez na Europa. Outro promissor mestre americano, Harry Nelson Pillsbury, morreu em 1906 com apenas 33 anos. Na era préFIDE, o então campeão mundial escolhia seu adversário, e Emanuel Lasker exigiu uma alta soma de dinheiro para enfrentar Rubinstein. Essa soma não foi conseguida pelo desafiante. No torneio de São Petersburgo em 1909, Rubinstein empatou na classificação final com Lasker e o venceu em seu encontro individual. No entanto, teve fraca atuação no torneio de São Petersburgo em 1914, não ficando entre os cinco primeiros. Um match com Lasker foi marcado para outubro de 1914, mas não ocorreu devido à eclosão da Primeira Guerra Mundial. O auge de Rubinstein como jogador é considerado geralmente entre 1907 e 1914. Durante a I Guerra Mundial, ele ficou confinado à Polônia, embora tenha participado de alguns eventos organizados de xadrez e viajado para Berlim no início de 1918 para um 294
torneio. O seu jogo depois da guerra nunca recuperou a mesma consistência de antes de 1914, embora permanecesse bastante forte nos anos 1920. Rubinstein e a sua família se mudaram para a Suécia após o Armistício em novembro de 1918, onde permaneceram até 1922 e depois se mudaram para a Alemanha. Rubinstein venceu em Viena em 1922, à frente do futuro campeão mundial Alexander Alekhine, e foi o líder da equipe polonesa que venceu a Olimpíada de Xadrez de 1930 em Hamburgo com um recorde de treze vitórias e quatro empates. Também conquistou uma medalha de prata olímpica na Olimpíada de Xadrez de 1931, novamente liderando a equipe polonesa. Rubinstein ficou em quarto lugar no torneio londrino de 1922, após o qual o novo campeão mundial, José Raul Capablanca, ofereceu-se para disputar um match se pudesse levantar o dinheiro, o que mais uma vez não conseguiu fazer. Em Hastings 1922, ficou em segundo lugar, seguido por um quinto lugar na Teplitz-Schönau no final do ano, e depois venceu em Viena de forma brilhante. Este triunfo, no entanto, foi azedado quando os guardas da fronteira austríaca confiscaram a maior parte do prêmio em dinheiro que ele ganhou. Rubinstein fechou o ano de 1922 com outra aparição em Hastings, que ele venceu, mas seu registro de torneios em 1923 foi decepcionante, pois chegou em décimo segundo lugar em Carlsbad e décimo em Maehrisch-Ostrau. Seu primeiro torneio de 1924, em Merano, o viu em terceiro. Tentou participar do torneio de Nova Iorque naquela primavera, mas foi excluído do evento devido ao número limitado de vagas disponíveis, todas preenchidas e, de qualquer forma, o ex-campeão mundial Lasker dominou o evento por larga margem. Os registros de Rubinstein em torneios de 1925 foram razoavelmente bons, mas a sua aparição no final do ano em
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Moscou registrou o 14º lugar. Seus registros em 1926 foram justos, mas não excepcionais. Naquele ano, a família Rubinstein mudou-se para a Bélgica de forma permanente. Em 1927, Rubinstein visitou seu local de nascimento na Polônia, onde venceu o campeonato polonês em Lodz. Embarcou em uma turnê de exibição nos Estados Unidos no início de 1928. Embora um match com o então campeão de xadrez dos EUA, Frank Marshall, fosse proposto junto com um torneio internacional, isso nunca se materializou. Empatou em terceiro com Max Euwe em Bad Kissingen e depois teve um desempenho ruim em Berlim. Rubinstein teve sua melhor exibição pós I Guerra Mundial em 1929, quando dominou o torneio de Ramsgate na Grã-Bretanha e teve excelentes exibições em Carlsbad e Budapeste. Venceu também em Rogaska-Slatina. Quando os anos 1930 se iniciaram, Rubinstein disputou o torneio de San Remo, chegando em quarto lugar. Jogou bem em alguns eventos belgas naquele ano e, em seguida, obteve o terceiro lugar em Scarborough. Seu desempenho em Liège foi fraco, possivelmente devido à exaustão. Não participou de Bled em 1931 apesar de um convite, jogou bem em Antuérpia, mas ficou em último em Roterdã. Este foi o último grande evento de xadrez no qual participou. Depois de 1932, Rubinstein retirou-se dos torneios enquanto sua antropofobia notada mostrou traços de esquizofrenia durante um colapso mental. Em um período, depois de fazer um lance em uma partida, se escondia no canto do salão do torneio enquanto aguardava a resposta do seu adversário. Independentemente disso, sua antiga força foi reconhecida pela FIDE quando ele foi um dos 27 jogadores premiados com o título inaugural de Grande Mestre em 1950. Ao contrário de muitos outros Grandes Mestres, Rubinstein não deixou nenhum legado
literário, o que pode ser atribuído a seus problemas mentais. Passou os últimos 29 anos de sua vida sofrendo de grave doença mental, alternando momentos em casa com sua família e momentos em um sanatório. Não está claro como o Grande Mestre judeu sobreviveu à II Guerra Mundial na Bélgica ocupada pelos nazistas. Rubinstein foi um dos primeiros jogadores de xadrez a considerar o final da partida ao escolher e jogar a abertura. Era excepcionalmente talentoso no final do jogo, particularmente em finais de torre, onde inovou o conhecimento geral. Jeremy Silman classificouo como um dos cinco melhores jogadores de finais de todos os tempos, e um mestre de finais de torre. Criou o Sistema Rubinstein contra a variante da Defesa Tarrasch no Gambito da Dama: 1.d4 d5 2.Nf3 c5 3.c4 e6 4.cxd5 exd5 5.Nc3 Nc6 6.g3 Nf6 7.Bg2 (Rubinstein-Tarrasch, 1912) . Também é de sua criação o Sistema Merano , que decorre do Gambito da Dama Recusado, mas atinge uma posição de Gambito da Dama Aceito com o ganho de um tempo para as pretas. Muitas variantes de abertura têm o seu nome. De acordo com o Grande Mestre Boris Gelfand, “a maioria das aberturas modernas são baseadas em Rubinstein”. O “ataque Rubinstein” frequentemente se refere a 1.d4 d5 2.c4 e6 3.Nc3 Nf6 4.Bg5 Be7 5.e3 0- 0 6.Nf3 Nbd7 7.Qc2. A Variante Rubinstein da Defesa Francesa surge após 1.e4 e6 2.d4 d5 3.Nc3 (ou 3.Nd2) dxe4 4.Nxe4. Além de 4.Qc2, há a variante de Rubinstein na Nimzo-Índia: 1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nc3 Bb4 4.e3. Há também a Variaante na Abertura dos Quatro Cavalos, que surge após 1.e4 e5 2.Nf3 Nc6 3.Nc3 Nf6 4.Bb5 Nd4, e a Variante Rubinstein da Inglesa Simétrica 1.c4 c5 2.Nc3 Nf6 3 .g3 d5 4.cxd5 Nxd5 5.Bg2 Nc7, um sistema complexo que é muito popular no nível de mestres. 295
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A Armadilha de Rubinstein, uma armadilha de abertura no Gambito da Dama Recusado, na qual as pretas perdem pelo menos um Peão, também leva o seu nome: 1.d4 d5 2.c4 e6 3.Nc3 Nf6 4.cxd5 exd5 5.Bg5 Be7 6.e3 0-0 7.Cf3 Nbd7 8.Bd3 c6 10.0-0 Re8 11.Rc1 h6 12. Bf4 Nh5 13. Nxd5!. Agora 13 ... cxd5?? é respondido por 14.Bc7, ganhando a Dama, enquanto 13 ... Nxf4 14.Nxf4 deixa as brancas com um Peão de vantagem. O torneio Rubinstein Memorial em sua homenagem acontece anualmente desde 1963 em Polanica Zdrój, com uma lista brilhante de vencedores de primeira linha. Boris Gelfand nomeou Rubinstein como seu jogador favorito, e uma vez disse: “o que eu gosto no xadrez ... vem de Akiba!”. Em 1917, Rubinstein casou-se com Eugénie Lew e tiveram dois filhos, Jonas em 1918 e Sammy em 1927. Por um tempo, viveram na sobreloja do restaurante onde Eugénie trabalhava. Depois da morte de Eugénie em 1954, Rubinstein viveu em um asilo para idosos até a sua morte em 1961, aos 80 anos. Rubinstein ainda seguia o xadrez nos últimos anos de vida: seus filhos lembraram que refaziam com o pai as partidas do match pelo Campeonato Mundial Botvinnik-Smyslov de 1954.
Saemisch, Friedrich, Partidas 13 e 96 Friedrich Saemisch, nascido em Charlottenburg em 20/09/1896 e falecido aos 78 anos em Berlim no dia 16/08/1975, foi um Grande Mestre alemão de xadrez. Saemisch venceu em 1922 em Berlim um match contra Réti (+4 −1 =3). Talvez a sua 296
partida mais famosa seja a derrota para Nimzowitsch em Copenhague em 1923, conhecida como “A Imortal do Zugzwang”. Saemisch também jogou muitas partidas bonitas, sendo uma delas a sua vitória contra Gruenfeld em Carlsbad 1929, que ganhou o prêmio de beleza. No mesmo torneio Saemisch também venceu Capablanca. O excampeão mundial perdeu uma peça na abertura, mas não abandonou, o que geralmente acontece em partidas entre Grandes Mestres. Resistiu em vão, a desvantagem era demasiada até mesmo para um jogador da categoria de Capablanca. Aos 73 anos, em 1969, Saemisch disputou um torneio in memoriam de Adolf Anderssen em Büsum, na Alemanha, e outro torneio em Linköping, na Suécia, mas perdeu todos os jogos em ambos os eventos (quinze no primeiro e treze no último) pelo controle de tempo. Durante a II Guerra, Saemisch foi nomeado como “Betreuer” (cuidador) para as tropas, e a sua tarefa era dar demonstrações de xadrez e jogar exibições simultâneas com os soldados alemães em toda a Europa. Ao chegar à Espanha em 1944 para um torneio, Saemisch propôs ao embaixador britânico jogar uma simultânea para as tropas britânicas em Gibraltar, mas sua oferta bem intencionada foi recusada. Então Saemisch criticou Adolf Hitler no banquete de encerramento do torneio de Madri no verão de 1944. Ao voltar para a fronteira alemã, foi preso e transportado para um campo de concentração. Não foi essa a sua primeira transgressão, já que Saemisch dissera em voz alta no Café Luxor em Praga: “Hitler não é um tolo? Ele acha que pode vencer a guerra contra os russos!” - como conta o Grande Mestre Ludek Pachman, que o acompanhava no Café: “Praga estava repleta de oficiais e soldados da Gestapo, e Saemisch foi ouvido ao menos nas mesas mais próximas. Eu pedi a ele para falar baixinho. ‘Você não concorda que Hitler é um tolo?’, foi a resposta despreocupada de Saemisch”.
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Os adversários de Alekhine neste livro
Schwartz, Nicolai – Partida 108
Nicolai Eugen Schwartz, nascido em Riga, na Letônia em 20/11/1893 e falecido aos 71 anos em Londres em 20/03/1965 foi um comerciante e empresário que morava em Dundee na Escócia e mudou-se com a família para Londres na sécada de 1920, onde passou a frequentar o Gambit Chess Rooms e o Simpson's Divan onde jogava xadrez e Bridge. Foi adversário em uma partida contra Alekhine em uma simultânea às cegas, considerada por Alekhine como a sua melhor partida nesse tipo de apresentação. Essa partida, também conhecida como a Imortal do Xadrez às Cegas, é apresentada nesse livro.
Aron Nimzowitsch em 1933 e 1934 respectivamente, e ficou em terceiro lugar (depois de Alekhine) em Dresden 1936, e segundo (depois de Fine) em Estocolmo 1937. Em 1938 empatou com Keres. Após a Olimpíada de Xadrez em Buenos Aires em 1939, permaneceu na Argentina até 1948, onde venceu muitos torneios, alguns deles disputando com Miguel Najdorf: Mar del Plata 1941 (à frente de Najdorf e Eliskases), Buenos Aires 1941 (empatado com Najdorf ), Buenos Aires 1947 (à frente de Najdorf, Eliskases e Euwe). Os seus melhores resultados após regressar à Europa foram: o Interzonal de Saltsjobaden em 1948 (6º, classificando-se para o Candidatos), o torneio de Candidatos de Budapeste em 1950 (7º lugar), Amesterdã 1950 (3º lugar), Budapeste 1952 (3º lugar), o Interzonal de Saltsjobaden em 1952 ( 5º lugar, novamente classificando-se para o Candidatos) Stahlberg participou nos cinco Ciclos Mundiais entre 1957 e 1963. Em 1967 viajou para Leningrado para participar de um torneio internacional, mas morreu antes de jogar sua primeira partida. Stahlberg está enterrado em Gotemburgo. Gideon Stahlberg publicou mais de dez livros de xadrez (alguns deles originalmente em espanhol).
Stahlberg, Gideon – Partida 38
Anders Gideon Tom Stahlberg, nascido em 26/01/1908 em Surte, próximo a Gotemburgo e falecido aos 59 anos em 26/05/1967 em Leningrado, foi um grande mestre de xadrez sueco. Venceu o Campeonato Sueco de Xadrez de 1927, tornou-se campeão nórdico em 1929 e manteve o título até 1939. Stahlberg ficou famoso quando venceu partidas contra os astros Rudolf Spielmann e
Steiner, E. – Partida 41 Endre Steiner nasceu em 27/06/1901 em Budapeste e faleceu em 29/12/1944 em um campo de concentração nazista próximo a Budapeste, na Hungria. Jogou em 6 equipes olímpicas húngaras de 1924 - 1937, foi 3º 297
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
lugar em Portsmouth 1923, 2º lugar em Trencianske Teplice 1928 e venceu em Kecskemet 1933. Era o irmão mais velho de Lajos Steiner.
Steiner, Herman, Partidas 25 e 56 Herman Steiner, nascido em 15/04/1905 em Dunajská Streda, Eslováquia e falecido aos 50 anos em 25/11/1955 em Los Angeles, foi um jogador de xadrez, organizador e colunista nos Estados Unidos. Ganhou o Campeonato de Xadrez dos EUA em 1948 e tornou-se Mestre Internacional em 1950. Ainda mais importante do que sua carreira de jogador foram seus esforços promovendo o xadrez nos EUA, particularmente na Costa Oeste. Um seguidor da Escola Romântica de xadrez, Steiner foi um sucessor da tradição de xadrez americana de Paul Morphy, Harry Nelson Pillsbury e Frank Marshall. Nascido na Eslováquia, Steiner veio para a cidade de Nova Iorque ainda jovem. Por um tempo, foi um ativo boxeador. Aos 16 anos era membro do Clube de Xadrez da Hungria e do Stuyvesant Chess Club. Com a experiência adquirida na ativa cena de xadrez da cidade de Nova Iorque, Steiner rapidamente desenvolveu sua habilidade de xadrez e em 1929 empatou em primeiro lugar (com Jacob Bernstein) no torneio de campeonatos do estado de Nova Iorque em Buffalo. No mesmo ano, foi o primeiro no Premier Reserve em Hastings, Inglaterra. Steiner deixou Nova Iorque para o Ocidente, estabelecendo-se em Los Angeles 298
em 1932. Tornou-se editor de xadrez do Los Angeles Times naquele ano, escrevendo uma coluna de xadrez até sua morte. Formou o Steiner Chess Club, mais tarde chamado de Hollywood Chess Group, com sede em um clube ao lado da residência de Steiner. O Hollywood Chess Group foi visitado por muitas estrelas de cinema, incluindo Humphrey Bogart, Lauren Bacall, Charles Boyer e José Ferrer. Steiner e o Hollywood Chess Group organizaram o PanAmerican International Tournament em 1945 e o segundo Pan-American Chess Congress em 1954. Steiner jogou três matches de desafio contra Reuben Fine, um dos melhores jogadores do mundo. Fine venceu todos os três matches: por 5,5 – 4,5 em Nova Iorque em 1932, por 3,5 – 0,5 em Washington, D.C. 1944, e por 5 -1 em Los Angeles em 1947. Uma de suas maiores vitórias internacionais foi no London Victory Invitational de 1946, o primeiro grande torneio europeu realizado após o fim da Segunda Guerra Mundial. Steiner desafiou Arnold Denker em 1946 para um match pelo Campeonato de Xadrez dos Estados Unidos em Los Angeles, mas perdeu por 6 - 4. Em 1948, Steiner venceu o Campeonato de Xadrez dos Estados Unidos em South Fallsburg, Nova Iorque, à frente de Isaac Kashdan. Steiner era um membro das equipes da Federação de Xadrez dos Estados Unidos enviadas ao exterior para as Olimpíadas de Xadrez em Haia 1928, Hamburgo 1930, Praga 1931 e Dubrovnik 1950. Como campeão dos EUA, capitaneou a equipe de 1950. No histórico match por rádio EUA-URSS de 1945 entre as equipes dos EUA e da União Soviética, Steiner foi o único jogador dos EUA a conseguir uma pontuação positiva. Embora a equipe americana, incluindo Reuben Fine, Samuel Reshevsky, Arnold Denker e Isaac Kashdan, tenha sido derrota-
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Os adversários de Alekhine neste livro
da, Steiner marcou 1,5 – 0,5 contra Igor Bondarevsky. Steiner foi muito ativo como jogador nos torneios da Costa Oeste, vencendo os dois únicos torneios do Aberto da Califórnia em que participou, em 1954 e 1955, e vencendo o Campeonato Estadual da Califórnia em 1953 e 1954. Estava defendendo seu Campeonato Estadual em Los Angeles em 1955, e depois de terminar sua quinta rodada (um empate em 62 lances contra William Addison), Steiner se sentiu indisposto e sua partida da tarde foi adiada. Cerca de 2 horas depois, por volta das 9:30 da noite, Steiner morreu repentinamente de uma oclusão coronária maciça, enquanto era atendido por um médico. Por acordo entre os jogadores, o torneio do Campeonato Estadual da Califórnia em 1955 foi cancelado.
Steiner, Lajos – Partida 58 Lajos Steiner, nascido em Oradea na Hungria em 14/06/1903 e falecido aos 71 anos em Sidnei, Austrália em 22/04/1975 foi um mestre de xadrez. Steiner foi um dos quatro filhos de Bernat Steiner, um professor de matemática, e sua esposa Cecilia e irmão mais novo de Endre Steiner. Foi educado na Technical High School, em Budapeste, e obteve o diploma em engenharia mecânica (1926) da Technikum Mittweida, Alemanha. Em 1923, dividiu os 4º - 5º lugares em Viena. Em 1925 ficou em 2º lugar com Sandor Takacs, em Budapeste. Em 1927, venceu em Schandau e empatou em 2º e 3º luga-
res em Kecskemet. Em 1929, ele ficou em 2º lugar em Bradley Beach. Em 1931, venceu em Budapeste (Campeonato da Hungria), ficou em 5º em Viena e empatou em 5º - 6º lugares em Berlim, vencido por Herman Steiner. Em 1932-1933, empatou em 3º - 4º lugares em Hastings (Salo Flohr venceu). Em 1933, dividiu os 2º e 3º lugares Ostrava, vencido por Ernst Gruenfeld. Em 1933, ficou em 4º lugar em Budapeste. Em 1934, dividiu os 1º e 2º lugares com Vasja Pirc em Maribor. Em 1935, empatou em 1º e 2º lugares com Erich Eliskases em Viena (18º Trebitsch Memorial). Em 1935, dividiu os 5º - 6º lugares em Lodz (Savielly Tartakower venceu) e ficou em 4º em Tatatovaros (László Szabó venceu). Em 1936, venceu com Mieczysław Najdorf, em Budapeste (Campeonato da Hungria). Em 1937, ficou em 2º lugar em Brno e em 3º lugar em Sopot. Em 1937-1938, venceu em Viena (o 20º Trebitsch Memorial). Em 1938, dividiu os 3º - 4º lugares em Liubliana, vencido por Borislav Kostic. Em 1938, dividiu os 8º - 9º lugares em Lodz, onde Pirc venceu. Lajos Steiner jogou alguns matches. Em 1930 perdeu (+3 -5 = 2) para Isaac Kashdan. Em 1934 venceu (+7 -3) contra Pal Rethy. Em 1935 venceu (+3 -1) Henri Grob. Lajos Steiner jogou pela Hungria em quatro Olimpíadas de Xadrez: 1931 em Praga, 1933 em Folkestone, 1935 em Varsóvia e 1936 em Munique. Ganhou a medalha de bronze individual em Praga e a medalha de prata individual em Munique. Steiner emigrou para a Austrália em 1939. Venceu o Campeonato Australiano de Xadrez por quatro vezes em 1945, 1946-1947, 19521953 e 1958-1959. Venceu em nove de suas dez tentativas ao título de New South Wales (1940-1941, 1943, 1944, 1945-1946, 1953, 1955, 1958). Ficou em 3º lugar em Karlovy Vary - Marianske Lazne em 1948, vencido por 299
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Jan Foltys. Ficou em 19º lugar no 1 º Torneio Interzonal em Saltsjöbaden em 1948, vencido por David Bronstein. Lajos Steiner recebeu o título de Mestre Internacional em 1950.
Stoltz, Gösta - Partidas 42, 47 e 118 Gösta Leonard Stoltz, nascido em Estocolmo em 09/05/1904 e falecido aos 59 anos em 25/07/1963 na mesma cidade, foi um Grande Mestre sueco de xadrez. Stoltz jogou alguns matches contra fortes mestres de xadrez. Em 1926, perdeu para Mikhail Botvinnik (+0 -1 =1) em um match por equipes Estocolmo - Leningrado, realizado em Estocolmo. Em 1927, empatou com Allan Nilsson (+2 -2 =1) em Gotemburgo (Campeonato Sueco de Xadrez). Em 1930, venceu o match contra Isaac Kashdan (+3 -2 =1) em Estocolmo. Em 1930, perdeu para Rudolf Spielmann (+ 2 -3 =1) em Estocolmo. Em 1931 venceu contra Salo Flohr (+4 -3 =1) em Gotemburgo. Em 1931, perdeu para Flohr (+1 -4 =3) em Praga. Em 1931, empatou com Gideon Stahlberg (+2 -2 = 2) em Gotemburgo. Em 1934, perdeu para Aron Nimzowitsch (+1 -2 =3) em Estocolmo. Em setembro de 1935, jogou em uma match entre a Suécia e a Alemanha e obteve o 2º resultado individual, atrás de Stahlberg, em Sopot. Stoltz jogou pela Suécia em nove Olimpíadas de Xadrez (1927-1937, 1952, 1954) e na 3ª Olimpíada não oficial de xadrez em Munique, em 1936. Stoltz dividiu os 11º - 13º lugares em Berlim em 1928, vencido por Efim Bogoljubow. Em 1930, dividiu os 2º - 3º luga300
res com Bogolyubov, atrás de Kashdan, em Estocolmo. Em 1931, empatou em 4 º- 7º lugares em Bled (Alexander Alekhine ganhou). Em 1931-1932, empatou em 5º - 8º lugares em Hastings (Flohr ganhou). Em 1932, venceu em Swinoujscie. Em 1933, ficou em 2º lugar, atrás de Nimzowitsch, em Copenhague. Em 1934, ficou em 3º lugar em Estocolmo (Erik Lundin venceu). Em 1935, empatou no 1º lugar com Lindberg em Harnosand. Em 1935, ficou em 4º lugar em Orebro (Alekhine ganhou). Em 1935, empatou em 5º - 6º lugares em Bad Nauheim (Bogoljubow ganhou). Em 1936, empatou em 2º e 3º lugares com Böök, atrás de Vladimir Petrov em Helsinque. Em 1936, ficou em 3º em Helsinque (Lundin venceu). Em 1937, empatou em 3º-4º lugares em Estocolmo (Reuben Fine venceu). Em 1938, venceu em Estocolmo (Campeonato Sueco). Em 1939, ficou em 5º lugar em Estocolmo (Campeonato Sueco - Stahlberg venceu). Durante a II Guerra Mundial, Stoltz jogou na Suécia e na Alemanha. Em 1940, empatou em 4º - 5º no campeonato de Estocolmo, vencido por Nils Bergqvist. Em setembro de 1941 venceu, à frente de Lundin e Alekhine, o torneio de xadrez de Munique de 1941 (o segundo Europa Turnier). Em junho de 1942, ficou em 6º lugar no torneio de xadrez Salzburg 1942 (Alekhine venceu). Em setembro de 1942, empatou em 9º - 10º lugares em Munique (Campeonato Europeu, vencido por Alexander Alekhine). Em 1943, empatou em 1º lugar com Lundholm em Estocolmo. Em 1943-1944, ficou em 4º lugar em Estocolmo (Folke Ekström venceu). Em 1944, ficou em 3º lugar, atrás de Stig Lundholm e Paul Keres, em Lidköping (Campeonato Sueco). Depois da guerra, Stoltz jogou em alguns torneios internacionais. Em 1946, ficou em 2º lugar, atrás de Albéric O'Kelly de Galway, em Beverwijk. Em 1946, ficou 4º lugar em Zaandam (László Szabó venceu). Em 1946, empatou nos 8º - 9º lugares no torneio de xadrez Groningen 1946 (Botvinnik venceu).
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Os adversários de Alekhine neste livro
Em 1946, empatou em 2º e 3º lugares em Praga (Miguel Najdorf venceu). Em 1947, empatou em 1º lugar com Eero Böök em Helsinque (zonal), e empatou um match de playoff (+1 -1 =6). Em 1948, ficou em 18º lugar em Saltsjöbaden (Interzonal, vencido por David Bronstein). Em 1948, venceu em Estocolmo. Em 1948, empatou em 4º - 5º lugares em Karlovy Vary - Mariánské Lázně, vencido por Jan Foltys. Em 1950, empatou em 9º a 13º lugares em Bled (Najdorf venceu). Em 1951, empatou nos 8º - 9º lugares em Dortmund (O'Kelly venceu). Em 1951, ele empatou em 3º - 4º lugares Marianske Lazne – Zonal, vencido por Luděk Pachman. Em 1952, ficou em 16º lugar no Interzonal de Estocolmo, vencido por Alexander Kotov. Em 1962, ficou em 12º lugar em Belgrado, vencido por Herman Pilnik. Stoltz venceu os campeonatos suecos em Halmstad em 1951, Haland em 1952 e Orebro em 1953. Recebeu o título de Mestre Internacional em 1950, e o título de Grande Mestre Internacional em 1954.
Sultan Khan, Malik - Partida 53 Malik Mir Sultan Khan, nascido na província de Sargodha, Paquistão, em 1905 e falecido no mesmo local em 25/04/1966, foi o mais forte mestre de xadrez de origem asiática de sua época. Um servo na Índia Britânica, viajou com o Coronel Nawab Sir Umar Hayat Khan (“Sir Umar”), seu mestre, para a GrãBretanha, onde conquistou o mundo do xadrez. Em uma carreira internacional de menos de cinco anos (1929-1933), venceu o
Campeonato Britânico três vezes em quatro tentativas (1929, 1932 e 1933) e teve resultados em torneios e matches que o colocaram entre os dez melhores jogadores do mundo. Sir Umar, em seguida, levou-o volta para sua terra natal, onde ele desistiu do xadrez e voltou para sua vida humilde. David Hooper e Kenneth Whyld o chamaram de “talvez o maior jogador natural dos tempos modernos”. Embora fosse um dos melhores jogadores do mundo no início da década de 1930, a FIDE, Federação Internacional de Xadrez, nunca concedeu a ele nenhum título (Mestre ou Grande Mestre Internacional). Sultan Khan nasceu em Mittha Tawana, no Punjab Unido, na Índia Britânica, onde aprendeu o xadrez indiano com o pai aos nove anos de idade. Sob as regras daquele jogo na época, as leis de promoção de peões eram diferentes, e um peão não podia mover duas casas no primeiro lance. Aos 21 anos, era considerado o jogador mais forte do Punjab. Naquela época, Sir Umar levou-o para sua casa com a ideia de ensinar-lhe a versão europeia do jogo e apresentá-lo ao xadrez europeu. Em 1928 Sultan Khan venceu o campeonato de toda a Índia, marcando oito vitórias, um empate e sem ser derrotado. Na primavera de 1929, Sir Umar levou-o para Londres, onde um torneio de treinamento foi organizado em seu benefício. Devido à sua inexperiência e falta de conhecimento teórico, Sultan Khan não foi bem, dividindo o último lugar com H. G. Conde, atrás de William Winter e Frederick Yates. Depois do torneio, Winter e Yates treinaram com Sultan Khan para ajudar a prepará-lo para o Campeonato de Xadrez Britânico que seria realizado naquele verão. Para surpresa de todos, Sultan Khan venceu. Logo depois, ele viajou para a Índia com Sir Umar. Retornando à Europa em maio de 1930, Sultan Khan começou uma carreira internacional de xadrez que incluiu vitórias sobre muitos dos principais jogadores do mundo. 301
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Seus melhores resultados foram o 2º lugar, após Savielly Tartakower em Liège 1930; 3º lugar em Hastings, em 1930 - 1931 (+ 5 -2 =2), atrás do futuro campeão mundial Max Euwe e do ex-campeão mundial José Raúl Capablanca; 4º lugar em Hastings 1931-1932; 4º lugar em Berna 1932 (+10 -3 =2); e empate em 3º lugar com Isaac Kashdan em Londres em 1932, atrás do campeão mundial Alexander Alekhine e de Salo Flohr. Sultan Khan venceu novamente o Campeonato Britânico em 1932 e 1933. Em matches derrotou por pouco Tartakower em 1931 (+4 -3 =5) e perdeu por pouco para Flohr em 1932 (+1 -2 =3). Sultan Khan jogou três vezes as Olimpíadas de Xadrez. Em Hamburgo 1930 ainda não havia nenhuma regra de que as equipes deveriam colocar seu melhor jogador no topo da tabela, e algumas equipes não convencidas de sua força, colocaram seu segundo ou mesmo terceiro melhor jogador contra ele. Sultan Khan marcou nove vitórias, quatro empates e quatro derrotas (64,7%). Em Praga 1931, Sultan Khan enfrentou um ambiente muito mais forte. Teve um excelente resultado, marcando oito vitórias, sete empates e duas derrotas (67,6%). Isso incluiu vitórias contra Flohr e Akiba Rubinstein, e empates com Alekhine, Kashdan, Ernst Gruenfeld, Gideon Stahlberg e Efim Bogolyubov. Em Folkestone 1933, teve seu pior resultado, vencendo quatro partidas, empatando seis e perdendo quatro. Mais uma vez, seus adversários incluíram os melhores jogadores do mundo, como Alekhine, Flohr, Kashdan, Tartakower, Grünfeld, Stahlberg e Lajos Steiner. Reuben Fine escreveu sobre ele: “A história de Sultan Khan acabou por ser uma das mais incomuns. O ‘sultão’ não era o termo de status que poderíamos supor, mas era apenas um primeiro nome. De fato, Sultan Khan era na verdade uma espécie de servo de propriedade de um marajá quando seu gênio do xadrez foi descoberto. Ele falava mal o 302
inglês e fazia anotações em hindustani. Diziase que ele nem sabia ler as notações europeias. Após o torneio (a Olimpíada de Folkestone de 1933), a equipe americana foi convidada para visitar a casa do mestre de Sultan Khan em Londres. Quando para lá nos conduzimos, fomos recebidos pelo marajá com a observação: ‘É uma honra para vocês estarem aqui; normalmente, converso apenas com meus galgos’. Embora fosse muçulmano, o marajá recebeu permissão especial para beber bebidas alcoólicas, e fazia uso liberal dessa dispensa. Presenteou-nos com uma biografia impressa em quatro páginas contando sua vida e suas façanhas. Até onde pudemos ver, sua maior conquista foi ter nascido marajá. Enquanto isso, Sultan Khan, que era o nosso verdadeiro entrée para a sua presença, foi tratado como um servo do marajá (o que, de fato, estava de acordo com a lei indiana), e nos encontramos na posição peculiar de sermos servidos à mesa por um Grande Mestre de xadrez”. Em dezembro de 1933, Sir Umar levou Sultan Khan de volta para a Índia. Em 1935, ele venceu um match contra V. K. Khadilkar, com apenas um empate em dez jogos. O mundo do xadrez nunca mais ouviu falar dele. Miss Fátima, também servidora de Sir Umar, venceu o Campeonato Britânico Feminino em 1933 com uma notável margem de três pontos, marcando dez vitórias, um empate e nenhuma derrota. Ela disse que Sultan Khan, ao retornar à Índia, sentiu-se como tivesse sido libertado da prisão. No clima úmido da Inglaterra, foi continuamente acometido de febre, resfriados, gripes e infecções na garganta, muitas vezes chegando a jogar com o pescoço envolto em bandagens. Sir Umar morreu em 1944, deixando para Sultan Khan uma pequena fazenda, onde ele viveu pelo resto de sua vida. Ather Sultan, seu filho mais velho, lembrou que Sultan Khan não treinou seus filhos no xadrez, dizendo-
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lhes que deveriam fazer algo mais útil com suas vidas. Sultan Khan morreu de tuberculose em Sargodha, Paquistão (o mesmo distrito onde nasceu) em 25 de abril de 1966. Em sua carreira breve, mas meteórica, Sultan Khan subiu ao topo do mundo do xadrez, jogando em igualdade com os melhores jogadores do mundo. Pelos cálculos de Arpad Elo, sua força de jogo durante seu auge de cinco anos foi equivalente a uma classificação Elo de 2530. Em 1950, quando a FIDE concedeu os primeiros títulos de Grande Mestre Internacional e Mestre Internacional. Sultan Khan não jogava há mais de 15 anos, e embora a FIDE tenha concedido títulos a alguns jogadores aposentados que tinham carreiras reconhecidas mais cedo em suas vidas, como Rubinstein e Carlos Torre, nunca atribuiu nenhum título a Sultan Khan. Hooper e Whyld escrevem sobre ele: “Quando Sultan Khan viajou pela primeira vez para a Europa, seu inglês era tão rudimentar que ele precisava de um intérprete. Incapaz de ler ou escrever, Sultan Khan nunca estudou nenhum livro sobre xadrez, e foi colocado nas mãos de treinadores que também eram seus rivais no jogo. Sultan Khan nunca dominou aberturas que, por natureza empíricas, não podem ser aprendidas apenas pela aplicação de senso comum. Sob essas circunstâncias adversas, e tendo conhecido o xadrez internacional por meros sete anos, dos quais apenas metade foi passada Europa, Sultan Khan tinha poucos iguais no meio-jogo, estava entre os melhores dois ou três jogadores de finais de partidas do mundo e era um dos melhores dez jogadores do mundo. Essa conquista trouxe a admiração de Capablanca, que o chamava de gênio, um elogio que raramente concedia”. Provavelmente a partida mais famosa de Sultan Khan seja a sua vitória com as brancas contra Capablanca em Hastings 1930-1931:
1.Nf3 Nf6 2.d4 b6 3.c4 Bb7 4.Nc3 e6 5.a3 d5 6.cxd5 exd5 7.Bg5 Be7 8.e3 0-0 9.Bd3 Ne4 10.Bf4 Nd7 11.Qc2 f5 12.Nb5 Bd6 13.Nxd6 cxd6 14.h4 Rc8 15.Qb3 Qe7 16.Nd2 Ndf6 17.Nxe4 fxe4 18.Be2 Rc6 19.g4 Rfc8 20.g5 Ne8 21.Bg4 Rc1 + 22.Kd2 R8c2 + 23.Qxc2 Rxc2 + 24.Kxc2 Qc7 + 25. Kd2 Qc4 26.Be2 Qb3 27.Rab1 Kf7 28.Rhc1 Ke7 29.Rc3 Qa4 30.b4 Qd7 31.Rbc1 a6 32.Rg1 Qa4 33.Rgc1 Qd7 34.h5 Kd8 35.R1c2 Qh3 36.Kc1 Qh4 37.Kb2 Qh3 38.Rc1 Qh4 39.R3c2 Qh3 40.a4 Qh4 41.Ka3 Qh3 42.Bg3 Qf5 43.Bh4 g6 44.h6 Qd7 45.b5 a5 46.Bg3 Qf5 47.Bf4 Qh3 48.Kb2 Qg2 49.Kb1 Qh3 50. Ka1 Qg2 51.Kb2 Qh3 52.Rg1 Bc8 53.Rc6 Qh4 54.Rgc1 Bg4 55.Bf1 Qh5 56.Re1 Qh1 57.Rec1 Qh5 58.Kc3 Qh4 59.Bg3 Qxg5 60.Kd2 Qh5 61.Rxb6 Ke7 62.Rb7 + Ke6 63.b6 Nf6 64.Bb5 Qh3 65.Rb8 1–0
Tarrasch, Siegbert - Partida 5 Siegbert Tarrasch, nascido em Breslau em 05/03/1862 e falecido aos 71 anos em Munique em 05/03/1934, foi um dos mais fortes e influentes jogadores de xadrez do final do século XIX e início do século XX. Foi também um professor de xadrez responsável pelo o ensino e difusão do jogo por várias gerações, sendo por isso também também chamado “Praeceptor Germaniae”, que significa o “Professor da Alemanha”. Tarrasch nasceu em Breslau (Wrocław), Silésia, na Prússia. Ao terminar a escola em 1880, deixou Breslau para estudar medicina em Halle. Com a sua família, estabeleceu-se 303
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em Nuremberg, Baviera e mais tarde em Munique, estabelecendo um consultório médico bem sucedido. Teve cinco filhos. Tarrasch era judeu, convertido ao cristianismo em 1909, e um alemão patriota que perdeu um filho na I Guerra Mundial, mas enfrentou o anti-semitismo nos primeiros estágios do nazismo. Médico de profissão, Tarrasch foi o melhor jogador do mundo no início da década de 1890. Venceu vigorosamente o envelhecido Campeão Mundial Wilhelm Steinitz em torneios, (+ 3 -0 =1), mas recusou a oportunidade de desafiar Steinitz pelo título mundial em 1892 devido às exigências profissionais em seu consultório. Logo em seguida, em São Petersburgo 1893, Tarrasch empatou um match difícil contra o adversário de Steinitz, Mikhail Chigorin (+9 −9 =4) após de liderar a maior parte do match. Também venceu quatro grandes torneios consecutivos: Breslau 1889, Manchester 1890, Dresden 1892 e Leipzig 1894. No entanto, depois que Emanuel Lasker se tornou Campeão Mundial de xadrez em 1894, Tarrasch não conseguiu se igualar a ele. Fred Reinfeld escreveu: “Tarrasch estava destinado a tocar o segundo violino pelo resto de sua vida”. Por exemplo, Lasker pontuou muito melhor contra adversários mútuos, como contra Chigorin Tarrasch teve +2 em 34 jogos, enquanto Lasker marcou +7 em 21; contra Akiba Rubinstein Tarrasch foi −8 sem vitória, enquanto Lasker marcou +2−1 =2; contra David Janowski Tarrasch marcou +3 em comparação com o fantástico +22 de Lasker; contra Géza Maroczy, Tarrasch marcou +1 em 16 jogos, enquanto Lasker marcou +4 −0 =1; contra Richard Teichmann Tarrasch marcou +8 −5 =2, enquanto Lasker venceu todos os quatro jogos do match. No entanto, Tarrasch teve uma pontuação mais alta contra Harry Nelson Pillsbury de +6 −5 =2, 304
enquanto Lasker empatou +5 −5 = 4. Ainda assim, Tarrasch permaneceu um jogador poderoso, demolindo Frank Marshall em uma match em 1905 (+8 −1 =8) e vencendo Ostend em 1907 sobre Schlechter, Janowski, Marshall, Burn e Chigorin. Não houve muita simpatia entre os dois mestres. A história conta que, quando foram apresentados na abertura do campeonato em 1908, Tarrasch bateu com os calcanhares, curvou-se rigidamente e disse: “Para o senhor, Dr. Lasker, tenho apenas três palavras: xeque e mate”. Quando Lasker finalmente concordou em disputar o título em 1908, derrotou Tarrasch de forma convincente +8 −3 =5. Tarrasch continuou a ser um dos principais jogadores do mundo por algum tempo. Terminou em quarto no torneio de xadrez São Petersburgo 1914, atrás apenas do campeão mundial Lasker e dos futuros campeões mundiais José Raúl Capablanca e Alexander Alekhine, e à frente de Marshall, Ossip Bernstein, Rubinstein, Nimzowitsch, Blackburne, Janowski e Gunsberg. Sua vitória contra Capablanca na 19ª rodada, embora muito menos famosa do que a vitória de Lasker contra Capablanca na rodada anterior, foi essencial para permitir que Lasker superasse Capablanca na classificação do torneio. São Petersburgo 1914 foi provavelmente o canto do cisne de Tarrasch, pois a sua carreira no xadrez não foi muito bem sucedida depois disso, embora ele ainda jogasse algumas partidas altamente respeitadas. Tarrasch foi um escritor de xadrez muito influente, editor da revista Deutsche Schachzeitung em 1897 e escreveu vários livros, incluindo Die Moderne Schachpartie (A Moderna Partida de Xadrez) e Trezentas Partidas de Xadrez. Embora seus ensinamentos tenham se tornado famosos em todo o mundo do xadrez, até recentemente seus livros não haviam sido
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Os adversários de Alekhine neste livro
traduzidos para o inglês. Tarrasch desenvolveu algumas ideias de Wilhelm Steinitz (por exemplo, controle do centro, par de bispos, vantagem de espaço) e as tornou mais acessíveis ao enxadrista comum. Em outras áreas, partiu de Steinitz. Enfatizou a mobilidade das peças muito mais do que Steinitz, e não gostava de posições restringidas, dizendo que elas “tinham o germe da derrota”. Tarrasch formulou o que é conhecido como a regra de Tarrasch, na qual as torres devem ser colocadas atrás de peões passados - seja o seu ou o do seu adversário. Andrew Soltis cita Tarrasch, dizendo “sempre coloque a torre atrás do peão... Exceto quando estiver incorreto fazer isso”.
Tartakower, Saviely - Partidas 18, 35, 52, 88, 116 Ksawery Tartakower (também conhecido como Saviely, nascido em Rostov on Don, Rússia, em 22/02/1886 e falecido aos 68 anos em Paris no dia 04/02/1956, foi um Grande Mestre polonês e francês. Também foi um importante jornalista e autor de livros de xadrez, escritos entre 1920 e 1930, que continuam populares até hoje. Tartakower é lembrado pela sua inteligência aguçada e seus famosos aforismos. Tartakower nasceu em 22 de fevereiro de 1887 em Rostov-on-Don, na Rússia, em uma colônia para cidadãos austríacos de origem judaica. Seus pais foram mortos em um assalto em Rostov-on-Don em 1911.
Tartakower viveu principalmente na Áustria. Formou nas faculdades de direito das universidades em Genebra e Viena. Falava alemão e francês perfeitamente. Durante seus estudos se interessou pelo xadrez, e começou a participar de reuniões em vários cafés para jogadores de xadrez em Viena. Conheceu muitos mestres notáveis da época, entre eles Carl Schlechter, Géza Maróczy (contra quem mais tarde conquistou o seu provavelmente mais famoso prêmio de brilhantismo), Milan Vidmar e Ricardo Réti. Sua primeira conquista foi o primeiro lugar em um torneio em Nuremberg em 1906. Três anos depois, Tartakower alcançou o segundo lugar no torneio em Viena, perdendo apenas para Réti. Durante a I Guerra Mundial, foi convocado para o exército austro-húngaro e serviu como oficial do estado-maior em vários cargos. Foi para a frente russa com o regimento de infantaria vienense. Após a guerra, emigrou para a França e estabeleceu-se em Paris. Embora Tartakower nem sequer falasse polonês, depois que a Polônia reconquistou sua independência em 1918, aceitou a cidadania polonesa e tornouse um dos embaixadores honorários mais proeminentes da Polônia no exterior. Foi o capitão e treinador da equipe polonesa de xadrez em seis torneios internacionais, ganhando uma medalha de ouro pela Polônia na Olimpíada de Hamburgo em 1930. Na França, decidiu se tornar um enxadrista profissional. Também começou a cooperar com várias revistas relacionadas ao xadrez, além de escrever vários livros e folhetos relacionados ao xadrez. O mais famoso deles, “Die Hypermoderne Schachpartie (“O Jogo de Xadrez Hipermodernista”) foi publicado em 1924 e reimpresso em quase cem edições desde então. Tartakower participou de muitos dos mais importantes torneios de xadrez da época. Em 1927 e 1928 venceu dois torneios 305
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
em Hastings e dividiu o primeiro lugar com Aron Nimzowitsch em Londres. Na última ocasião, derrotou jogadores notáveis como Frank Marshall, Milan Vidmar e Efim Bogoljubov. Em 1930 venceu o torneio de Liège, batendo Mir Sultan Khan por dois pontos. Mais abaixo na lista estavam, entre outros, Akiba Rubinstein, Nimzowitsch e Marshall. Venceu o Campeonato Polonês de Xadrez duas vezes, em Varsóvia em 1935 e em Jurata em 1937. Na década de 1930, Tartakower representou a Polônia em seis Olimpíadas de Xadrez e a França em 1950, conquistando três medalhas individuais (ouro em 1931 e bronze em 1933 e 1935), além de cinco medalhas de equipe (ouro em 1930, duas de prata em 1931 e 1939, e duas de bronze em 1935 e 1937). Em 1939, a eclosão da II Guerra Mundial o encontrou em Buenos Aires, onde estava jogando a 8ª Olimpíada de Xadrez, representando a Polônia em uma equipe que incluía Miguel Najdorf, que sempre se referiu a Tartakower como “meu professor”. Após uma curta estadia na Argentina, Tartakower decidiu voltar para a Europa. Chegou à França pouco antes de seu colapso em 1940. Sob o pseudônimo de Cartier, se juntou às forças do general Charles de Gaulle. Após a Segunda Guerra Mundial e a tomada comunista do poder na Polônia, Tartakower tornou-se cidadão francês. Jogou no primeiro torneio interzonal em Saltsjöbaden em 1948, mas não se qualificou para o torneio de Candidatos. Representou a França na Olimpíada de Xadrez de 1950. A FIDE instituiu o título de Grande Mestre Internacional em 1950; Tartakower estava no primeiro grupo de jogadores para receber esse título. Em 1953, ganhou o Campeonato Francês de Xadrez em Paris. Tartakower morreu em 4 de fevereiro de 306
1956 em Paris, 18 dias antes de seu 69º aniversário. Tartakower é considerado uma das mais notáveis personalidades do xadrez de seu tempo. Harry Golombek traduziu o livro de Tartakower sobre suas melhores partidas, e no prefácio escreveu: “O Dr. Tartakower é de longe o mais culto e o mais inteligente de todos os mestres de xadrez que já conheci. Sua mente extremamente culta e sua sagacidade inata e sempre fluente tornavam a conversa com ele um deleite constante. Tanto assim que considerava como uma das atrações mais fortes que um torneio internacional poderia me oferecer era a de que o Dr. Tartakower dele prticipasse. Sua conversa e pensamento são como uma mistura modernizada de Baruch Spinoza e Voltaire; e isso com uma pitada de originalidade paradoxal - e que é essencial Tartakower”. Seus famosos aforismas se tornaram máximas para todas as gerações de enxadristas:
- “É sempre melhor sacrificar as peças do seu adversário”. - “Um peão isolado espalha melancolia por todo o tabuleiro de xadrez”. - “Os erros estão todos no tabuleiro, esperando para serem feitos”. - “O vencedor da partida é o jogador que faz o penúltimo erro”. - “O lance está lá, mas você deve vê-lo”. - “Nenhuma partida foi vencida pelo abandono”. - “Eu nunca derrotei um adversário saudável” (esta citação se refere a jogadores que culpam uma doença, às vezes imaginária, por sua derrota).
- “Tática é o que você faz quando há algo a fazer; estratégia é o que você faz quando não há nada para fazer”. - “Vitórias morais não contam”. - “O xadrez é um conto de fadas de 1001 mancadas”.
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Os adversários de Alekhine neste livro
- “O Grande Mestre coloca um cavalo em e5; o xeque-mate vem sozinho”. - “Um mestre às vezes pode jogar mal, um fã nunca!”. - “Uma partida demonstra menos do que um torneio. Mas um torneio não demonstra absolutamente nada”. - “O xadrez é uma luta contra os próprios erros”. - “Todo jogador de xadrez deveria ter um hobby”. - “Uma partida de xadrez tem três fases: a abertura, onde você espera estar melhor; o meio-jogo, onde você pensa que está melhor; e o final, onde você sabe que está perdido”. - “Desde que a abertura seja considerada fraca, pode ser jogada”. - “O impasse é a tragicomédia do xadrez”. - “Erro ergo sum”.
Thomas, Sir George – Partida 8 Sir George Alan Thomas, 7º Baronete, nascido em 14/06/1881 em Istambul e falecido aos 91 anos em 23/07/1972 em Londres, foi um jogador britânico de badminton, tênis e xadrez. Thomas foi duas vezes campeão britânico de xadrez e 21 vezes campeão do All-England Badminton. Também alcançou as quartas de final dos singles e as semifinais das duplas masculinas de tênis em Wimbledon em 1911. A Taça de campeonatos mundiais de badminton masculino, equivalente à Taça Davis, é nomeada Thomas Cup depois dele. Thomas viveu a maior parte de sua vida em Londres e Godalming. Nunca se casou, então o seu título hereditário de baronete extinguiu-
se com a sua morte. Thomas foi muito admirado pela sua grande desportividade. Campeão Britânico de Xadrez em 1923 e 1934. Dividiu o primeiro prêmio no Hastings International Chess Congress em 1934 com o campeão mundial de xadrez Max Euwe e o líder da Checoslováquia Salo Flohr, à frente do passado e futuro campeão mundial José Raúl Capablanca e Mikhail Botvinnik, a quem derrotou em suas partidas individuais. Para Capablanca, essa foi a primeira derrota no torneio em quatro anos, e a primeira jogando com as brancas em mais de seis anos. Também em Hastings, onze anos depois, Euwe se tornaria o terceiro Campeão Mundial de xadrez a ser derrotado por Thomas em uma partida. Suas pontuações “vitalícias” contra a elite mundial foram, no entanto, menos lisonjeiras: à exceção de Emanuel Lasker (−1, sem contar uma vitória em uma exibição simultânea de Lasker em 1896), Capablanca (+1 −5 =3), Alekhine (-7 =6), Efim Bogoljubov (−5 =3), Euwe (+1 −9 =2), Flohr (+2 −9 =4) e Savielly Tartakower (+3 −9 =10). Também se saiu mal contra Edgard Colle (+1 –9 =8). Thomas fez ainda pontos com Botvinnik (+1 −1), Richard Réti (+3 −3 =1) e Siegbert Tarrasch (+1 −1 =3). Contra Géza Maroczy, o saldo é a favor de Thomas (+ 3 -1 =5). Internamente, teve um placar positivo contra seu grande rival Frederick Yates (+13 −11 =13), mas teve menos sucesso contra a Campeã Mundial Feminina de Xadrez Vera Menchik (+7 −8 =7). Em 1950, Thomas recebeu o título de Mestre Internacional da FIDE e em 1952 tornou-se um Árbitro Internacional. Thomas desistiu do xadrez competitivo aos 69 anos. 307
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Treybal, Karel - Partida 7 Karel Treybal, nascido em 02/02/1885 em Kotopeky, Checoslováquia e falecido aos 56 anos em praga no dia 02/10/1941 foi um proeminente jogador de xadrez tcheco do início do século XX. Treybal nasceu em Kotopeky, uma aldeia a sudoeste de Praga, no centro da Bohemia. Formou-se como advogado e tornou-se presidente do tribunal distrital em Velvary, uma pequena cidade no lado oposto de Praga. Embora jogasse xadrez como amador, Treybal era um mestre que participou de vários grandes torneios internacionais. Era rmão mais novo de Frantisek Treybal, que também foi um famoso jogador de xadrez checo. Em 1905 empatou em 3º - 4º lugares primeiro Campeonato da Checoslováquia Praga (Oldrich Duras venceu). Em 1907 empatou em 2º - 4º lugares em Brno (segundo Campeonato da Checoslováquia, vencido por Frantisek Treybal ). Em 1908, venceu em Praga (torneio B). Em 1909 ficou em segundo lugar, atrás de Duras, em Praga (terceiro Campeonato da Checoslováquia). Em 1921 empatou em 1º - 3º lugares Karel Hromádka e Ladislav Prokes em Brno (sétimo Campeonato da Checoslováquia). Jogou pela Tchecoslováquia em três Olimpíadas de Xadrez: 1930 em Hamburgo, 1933 em Folkestone e 1935 em Varsóvia. Ganhou a medalha de prata por equipes em Folkestone 1933. O maior sucesso internacional de Treybal 308
foi o sexto lugar ao lado de Aron Nimzowitsch no torneio de 1923 em Karlovy Vary (Karlsbad). Seu desempenho contou com uma vitória contra o Campeão do Mundo Alexander Alekhine. Treybal morreu durante a ocupação nazista da Tchecoslováquia. Em 30 de maio de 1941, foi preso, encarcerado e depois acusado de esconder armas para uso das forças da resistência e posse ilegal de uma pistola. Não se sabe se essas acusações tinham algum fundamento. Treybal foi condenado à morte e executado em 2 de outubro. Após sua execução, seu corpo não foi entregue à sua família e o paradeiro de seu túmulo ou restos mortais é desconhecido. Em 1945, em uma homenagem a Treybal publicada em uma revista checa de xadrez, Šach afirmou que Treybal foi executado sem julgamento e que “nunca se ocupou com política”. Prokes, após a morte de Treybal, publicou uma monografia sobre ele em 1946.
Tylor, Theodore - Partida 91 Sir Theodore Henry Tylor, nascido em 13/05/1900 em Bournville e falecido aos 68 anos em Oxford em 23/10/1968, era advogado e jogador de xadrez de nível internacional, apesar de ser quase cego. Em 1965, foi condecorado por seus serviços a organizações para cegos. Foi membro e tutor em Jurisprudência no Balliol College, em Oxford por quase quarenta anos. Nascido em Bournville, Tylor aprendeu a
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jogar xadrez aos sete anos. Suas habilidades de xadrez aumentaram enquanto frequentou o Worcester College for the Blinds, de 1909 a 1918. Estudou na Universidade de Oxford a partir de 1918 e foi capitão do Clube de Xadrez da Universidade de Oxford. Tylor recebeu a graduação de primeira classe em Jurisprudência em 1922 e tornou-se um erudito honorário do Balliol College. No ano seguinte, tornou-se bacharel em direito civil e professor no nessa instituição. Chamado para a Associação Profissional de Advogados para as Cortes de Londres com um certificado de honra, foi feito fellow de Oxford em 1928. Tylor competiu em doze Campeonatos Britânicos, terminando em quarto em sua primeira aparição em 1925. Seu melhor resultado foi em 1933, terminando em segundo lugar, atrás de Mir Sultan Khan. Empatou em primeiro lugar em 1929-1930 no Hastings Premier Reserves ao lado de George Koltanowski à frente de Salo Flohr, Josef Rejfir, Ludwig Rellstab, C.H.O' D. Alexander, Daniel Noteboom e Milan Vidmar. Tylor jogou na seção superior, o Hastings Premier, nove vezes a partir de 1930/1931. Seu melhor resultado foi 6º em 1936–1937. Foi o primeiro reserva para a equipe inglesa na Olimpíada de Xadrez de Hamburgo de 1930. Tylor venceu o Campeonato Britânico de Xadrez por Correspondência em 1932, 1933 e 1934. Dividiu os 5º - 6º lugares em Margate 1936 com P. S. Milner-Barry, mas venceu sua partida individual e empatou com o segundo e quarto colocados José Raúl Capablanca, Gideon Ståhlberg e Erik Lundin (Salo Flohr venceu). Apesar de ter terminado em 12º lugar em Nottingham 1936, teve a melhor pontuação dos participantes britânicos, à frente de C. H. O' D. Alexander, G. A. Thomas e William Winter. Mikhail Botvinnik notou que Tylor estava usando um tabuleiro de xadrez táctil que tocava incessantemente,
bem como um dispositivo para contar o número de lances feitos. Tylor era presidente da União de Xadrez dos condados de Midland de 1947 a 1950, mas seu trabalho para a universidade e para o bem-estar dos cegos limitava o tempo que precisava dedicar ao xadrez. Tylor também gostava de bridge. Morreu em Oxford em 23 de outubro de 1968.
Vidmar, Milan - Partidas 33, 44 e 89
Milan Vidmar, nascido em Ljubljana em 22/06/1885 e falecido aos 77 anos no dia 09/10/1962 na mesma cidade, foi um engenheiro elétrico esloveno, mestre, teórico e árbitro de xadrez, filósofo e escritor. Vidmar estava entre os doze melhores jogadores de xadrez do mundo de 1910 a 1930. Era especialista em transformadores de potência e transmissão de corrente elétrica. Vidmar nasceu em uma família de classe média em Lyublyana, Áustria-Hungria (agora Eslovênia). Iniciou os estudos em engenharia mecânica em 1902 e se formou em 1907 na Universidade de Viena. Obteve seu doutorado em 1911 pela Faculdade Técnica em Viena. O estudo da engenharia elétrica na faculdade técnica não começou até 1904, e então Vidmar teve que fazer exames especiais no campo básico. Foi professor da Universidade de Ljubljana, membro da Academia Eslovena de Artes e Ciências e fundador da Faculdade de Engenharia Elétrica. Entre 1928 e 1929, Vidmar foi o décimo chanceler da Universidade de Ljubljana. Em 1948, fundou o Instituto de Eletrotécnica, que agora leva seu nome. 309
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Vidmar também foi um jogador de xadrez de primeira classe, provavelmente um dos melhores jogadores do mundo entre 1910 e 1930, permanecendo ao mesmo tempo amador. Recebeu o título de Grande Mestre da FIDE em 1950. Seus sucessos incluem altas colocações em alguns dos principais torneios de xadrez de seu tempo, por exemplo, 6º lugar em Carlsbad em 1907, 3º lugar em Praga em 1908, Campeão em Gotemburgo em 1909 (o 7º Campeonato Nórdico de Xadrez), 2º lugar em San Sebastián em 1911 (com Akiba Rubinstein atrás de José Raúl Capablanca), Campeão em Budapeste em 1912, 2º lugar em Mannheim em 1914, Campeão em Viena e Berlim em 1918, 2º lugar em Kosice 1928, 3º lugar em Londres 1922, dividiu o primeiro com Alexander Alekhine em Hastings 19251926, 3º lugar em Semmering 1926, 4º lugar em Nova Iorque 1927, 4º lugar em Londres 1927, conquistou o 5º lugar em Carlsbad 1929, dividiu os 4º - 7º lugares em Bled 1931, empatado em 3º - 6º lugares em Stuttgart 1939, 2º lugar - de Max Euwe em Budapeste 1940, e Campeão em Basel 1952. Vidmar representou a Iugoslávia nas Olimpíadas de Xadrez de Praga em 1931, e em Estocolmo em 1935. Tornou-se um Arbitro Internacional, recebendo esse título da FIDE e sendo o árbitro principal no Campeonato Mundial de Xadrez de 1948 em Haia e Moscou.
Weenink, Henri - Partida 40 Henri Gerard Marie Weenink , nascido em Amsterdã em 17/10/1892, e falecido aos 39 310
anos no dia 02/12/1931 na mesma cidade, foi um jogador holandês e compositor de problemas de xadrez. Ficou em 2º lugar, atrás de Fick em Amsterdã 1918-1919; dividiu os 4º - 5º lugares em Amsterdã 1919 (Richard Réti e Max Marchand); empatou em 3º - 6º lugares em Roterdã 1919 (Réti venceu); dividiu o 2º lugar , atrás de Abraham Speijer, em Amsterdã 1919; ficou 3º lugar em Amsterdã 1920 (Reti venceu); empatou em 2º - 3º lugares em Amsterdã 1921; compartilhou o 13º lugar em Scheveningen 1923 (Paul Johner e Rudolf Spielmann venceram); dividiu os 3º - 4º lugares em Amsterdã 1925 (quadrangular); empatou nos 2º - 3º lugares com Salo Landau, atrás de Max Euwe, em Amsterdam 1929 (Campeonato Holandês), dividiu os 8º 9º lugares em Liege 1930 (Savielly Tartakower venceu), e venceu, à frente de Euwe e Spielmann, em Amsterdã 1930. Weenink jogou quatro vezes pela Holanda nas Olimpíadas de Xadrez: Londres 1927, Haia 1928 Hamburgo 1930 e Praga 1931. Henri Weenink, além de excelente jogador de xadrez foi também compositor de problemas. Compôs problemas em todos os gêneros e estudos de final de jogo. Em 1921 publicou “Het schaakproblem”, do qual uma edição melhorada surgiu em 1926 sob o título “The Chess Problem” (“Problemas de Xadrez”), na série White Christmas - “um tratado abrangente com 374 exemplos e várias imagens”. Até a sua morte, Henri Weenink trabalhou no livro “David Przepiórka - Um Mestre da Estratégia”, que foi publicado postumamente. Weenink morreu de tuberculose aos 39 anos de idade.
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Durante sua passagem por lá, foi o campeão da Universidade de Cambridge. Winter jogou em quatro Olimpíadas em 1930, 1931, 1933 e 1935 e recebeu o título de Mestre Internacional da FIDE em 1950. Também foi foi colunista de xadrez nos jornais ingleses Manchester Guardian e Daily Worker.
Winter, William – Partidas 49 e 85 William Winter, nascido em Medstead, Inglaterra, em 11/09/1898 e falecido aos 57 anos em Londres em 18/12/1955, foi um jogador britânico de xadrez. Venceu o Campeonato Britânico em 1934, 1935 e 1936. Discípulo de Siegbert Tarrasch, o seu jogo estratégico permitiu-lhe derrotar vários dos melhores jogadores do mundo, incluindo David Bronstein, Aron Nimzowitsch e Milan Vidmar Infelizmente, sua saúde e o seu jogo tático não foram suficientemente fortes para permitir que repetisse essas vitórias de forma consistente. Winter foi um autor de livros de xadrez muito respeitado. Era sobrinho de J. M. Barrie, o criador de Peter Pan. Winter também foi comunista. Seus personagens no tabuleiro e na vida real estavam em nítido contraste. Harry Golombek descreveu sua personalidade como “no tabuleiro clássica, científica e sóbria; longe do tabuleiro, um revolucionário movido de forma ilógica por suas emoções (imaginou ser um comunista fervoroso e um patriota convicto) e, na maior parte das vezes, bêbado”. Winter teve a distinção de ser o único campeão britânico a ter cumprido pena na prisão (por suas atividades políticas). Suas memórias foram publicadas na revista Chess no final dos anos 1950. Com a eclosão da I Guerra Mundial, Winter teve que interromper seus estudos de direito, que mais tarde foram retomados.
Yates, Frederick, Partida 31 Frederick Dewhirst Yates, nascido em 16/01/1886 em Birstall, Inglaterra e falecido aos 46 anos no dia 11/11/1932 em Londres, foi um mestre inglês de xadrez que venceu o Campeonato Britânico em seis ocasiões. Yates iniciou uma carreira como contador, mas em 1909 a abandonou em favor de se tornar um jornalista e jogador profissional de xadrez. Yates quase venceu o Campeonato Britânico em 1911, quando empatou em primeiro lugar com Henry Atkins, mas perdeu o play-off. Conquistou então os títulos em 1913, 1914, 1921, 1926, 1928 e 1931. Apesar do considerável sucesso nacional, seu recorde em torneios internacionais não lhe fez justiça. Muitas vezes, vencedor contra seus adversários mais fortes, perdia para os jogadores na parte inferior da tabela. Isto foi particularmente evidente no torneio de Budapeste 1926. Sua falta de consistência foi atribuída a problemas de saúde e perda de resistência. Uma constante tosse não foi controlada, já que seus recursos não lhe permitiram um período de descanso em climas mais quentes, conselho dado pelo seu médico. Também foi 311
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
submetido a pressões jornalísticas, pois frequentemente fazia a reportagem dos torneios em que estava jogando. No entanto, dedicarse somente ao xadrez lhe renderia quantias insuficientes para viver. Alguns de seus contemporâneos acreditavam que seu talento poderia colocá-lo entre os candidatos ao Campeonato Mundial, se as circunstâncias fossem diferentes. Nessa época derrotou a maioria de seus ilustres adversários, exceto Emanuel Lasker e José Raúl Capablanca. Sua vitória contra Alexander Alekhine em Karlsbad 1923 ganhou o prêmio de beleza, enquanto sua vitória contra Milan Vidmar em San Remo em 1930 foi descrita por Alekhine como “a melhor partida desde o final da I Guerra Mundial”. Como jornalista e escritor, foi o colunista de xadrez do Manchester Guardian e com William Winter co-autor de Modern Master Play (1929). Escreveu reportagens de dois encontros pelo Campeonato Mundial: Alekhine - Capablanca e Alekhine Bogoljubow. Em competições por equipes, jogou em três Olimpíadas, representando a equipe do “Império Britânico”. Em cada ocasião, melhorou sua pontuação anterior e em Londres 1927 ganhou uma medalha de bronze por equipes. Sua vida terminou prematuramente, quando um cano de gás vazando fez com que Yates se asfixiasse durante o sono. De acordo com a inscrição na lápide de Yates, seu nome de nascimento era na verdade Fred Dewhirst Yates. No entanto, ao longo de sua carreira de xadrez, ficou conhecido pelo sobrenome ou simplesmente como F. D. Yates, ambos apresentados em sua coleção “My Best Games”, publicada postumamente e parcialmente biográfica. Competindo nas Ilhas Britânicas, foi o primeiro em Glasgow 1911, Cheltenham 312
1913, Chester 1914, Malvern 1921, Edimburgo 1926 e Tunbridge Wells 1927. Houve segundos lugares em Oxford 1910, Richmond 1912, Southport 1924, Hastings 1924 - 1925 e Stratford-upon-Avon 1925. No exterior, seus melhores resultados incluíram o primeiro lugar dividido com Savielly Tartakower em Kecskemét B 1927 e 5º lugar em San Remo (o torneio mais forte de 1930), quando terminou à frente de Spielmann, Vidmar e Tartakower. Yates foi o segundo em Ghent 1926, depois de Tartakower, mas à frente de Colle e Janowski.
Znosko-Borovski, Eugene - Partida 60 Eugene Alexandrovich Znosko-Borovsky, nascido em 16/08/1884 em São Petersburgo e falecido aos 70 anos no dia 31/12/1884 - 31 em Paris, foi um mestre russo de xadrez, também versado em música e crítica teatral, no ensino e autor. Nascido em São Petersburgo, estabeleceu-se em Paris em 1920 e lá viveu o resto da sua vida. Znosko-Borovsky aprendeu a jogar xadrez quando era menino. Ganhou prêmios em torneios locais e regionais, enquanto progredia em uma educação de primeira classe no Lyceum Tsarskoye Selo. Fazendo sua estreia no Torneio Internacional de Xadrez em Ostend em 1906, ganhou o prêmio de brilhantismo pela sua partida contra Amos Burn. A carreira en-
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xadristica de Znosko-Borovsky foi frequentemente interrompida por outros eventos em sua vida. Entre 1909 e 1912 foi um crítico proeminente da revista Modernista Apollo, fez amizade com muitos poetas russos e escritores da Era de Prata, e foi o segundo de Nikolay Gumilev em seu duelo de 1909 contra Maximilian Voloshin. Condecorado e ferido em conflitos militares, serviu inicialmente como voluntário na Guerra Russo-Japonesa de 1904 e 1905 e foi então chamado para servir durante a I Guerra Mundial. Após o armistício foi transportado por um navio britânico para Constantinopla e de lá seguiu para Paris, que permaneceu a sua casa a partir de 1920. Como jogador, Znosko-Borovsky ficou aquém do nível mais alto. Teve alguns resultados notáveis na competição internacional, incluindo Paris 1930, onde terminou em primeiro, invicto, à frente de Savielly Tartakower, Andor Lilienthal e Jacques Mieses, e o 1º lugar no primeiro torneio em Folkestone 1933. O sucesso muitas vezes veio em partidas individuais contra seus pares mais distintos; venceu partidas impressionantes contra José Raúl Capablanca, Akiba Rubinstein, Max Euwe e Efim Bogoljubov, bem como uma miniatura contra Edgard Colle em 1922. Também era altamente qualificado em exibições simultâneas. Em conversas e como palestrante, professor ou escritor de xadrez, suas habilidades eram amplamente reconhecidas, particularmente na Rússia e na França, onde contribuía com artigos e colunas regulares para revistas e jornais. Na verdade, foi no campo da literatura que Znosko-Borovsky se destacou, escrevendo muitos livros populares, incluindo The Evolution of Chess (1910), Capablanca e The
Muzio Gambit (ambos de 1911). Capablanca e Alekhine seguiu a I Guerra Mundial e a maioria de suas obras posteriores foram traduzidas para o inglês, principalmente O Meio Jogo no Xadrez, Como Não Jogar Xadrez, Como Jogar as Aberturas de Xadrez, Como Jogar Finais de Xadrez (1940), e A Arte de combinação no xadrez. Ao ouvir a notícia da morte de ZnoskoBorovsky, Gerald Abrahams escreveu uma homenagem pessoal: “A morte de ZnoskoBorovsky priva o mundo do xadrez de um dos poucos sobreviventes de uma geração intelectualmente rica, os mestres russos do antigo regime. Minhas próprias memórias de Znosko remontam a 1923-1924. Encontrei-o então, e em todos os momentos posteriores, como um amigo estimulante e um encantador conversador em muitos assuntos. Sua reputação como crítico teatral e literário era, em certa época, considerável na Europa, embora na Inglaterra pouco soubesse disso. Aqueles que leram seus trabalhos de xadrez, no entanto, devem saber que seu escritor era um kultur mensch no melhor sentido to termo. Por outro lado, era estoico na adversidade (a adversidade sempre foi sua sorte) e possuidor de grande humor e resiliência. Como jogador, sofria das exigências de um profissionalismo que é incompatível com o ótimo desempenho, mas deixa registros em muitas partidas que revelam, se não genial, ao menos um grande talento. Aqueles que o conheceram concordarão que sua vida enriqueceu e em alto grau inspirou o mundo do xadrez”. Alguns aforismas de Znosko-Borovsky: - “Não é um movimento, nem mesmo o melhor movimento, que você deve buscar, mas um plano realizável”. - “O xadrez é um jogo de compreensão e não de memória”. 313
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Zukierman (ou Cukierman), Josef – Partida 59 Josef Zukierman (ou Cukierman), nascido em 1900 na Polônia e falecido em 1941 em Castres, na França foi um mestre francês de xadrez nascido na Polônia. Cukierman nasceu perto de Białystok, em 1900. Venceu o segundo campeonato da cidade de Moscou (1920 - 1921). No início da década de 1920, Cukierman viveu em Białystok, na Polônia, onde venceu um campeonato de xadrez em 1926. Em seguida, emigrou para a França. Em 1928, dividiu os 2º - 3º lugares com Leon Schwartzmann, atrás de Abraham Baratz, no 4º Campeonato de Paris. Em 1929, empatou em 5º - 6º lugares em Paris (Savielly Tartakower venceu). Em 1930 venceu, à frente de Tartakower, o 6º Campeonato de Paris. Em 1931 novamente venceu em Paris. Em 1933, terminou em sexto lugar o Torneio de Paris (Alexander Alekhine venceu). Em 1938, Cukierman ficou em 3º lugar, atrás de José Raúl Capablanca e Nicolas Rossolimo, no Torneio de Paris. Em 1939, dividiu os 5º 6º lugares em Paris (Rossolimo venceu). Durante a Segunda Guerra Mundial, Josef Zukierman cometeu suicídio na cidade de Castres, na França, em 1941.
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Índice de Aberturas
Índice de Aberturas Abertura
Adversário
Abertura Catalã
Euwe Tartakower Kmoch Marshall Roselli Bogoljubov Euwe Kevitz e Pinkus Steiner, E. Bogoljubov Bogoljubov Borochov Eliskases Fine Grob Johner Kashdan Kimura Koltanowski Mindeno Steiner, H. Steiner, L. Saemisch Stoltz Tylor Yates Znosko-Borovsky Euwe Potemkin Reshevsky Thomas Bogoljubov Gygli Tartakower Bogoljubov Capablanca Sultan Khan Tartakower Winter
Abertura do Peão de Dama Abertura dos 3 Cavalos Abertura Reti Abertura Ruy Lopez
Abertura Vienense Defesa Alekhine Defesa Benoni Defesa Budapeste Defesa Cambridge Springs Defesa Caro-Kann
Partida nº 100 88 19 16 67 79 102 112 41 30 64 117 80 90 54 68 119 118 51 120 56 58 96 47 91 31 60 76 107 93 8 63 69 52 78 21 53 18 49
Página 210 182 40 36 139 163 214 235 87 63 133 243 165 186 112 140 246 244 107 248 115 119 202 101 188 65 123 156 224 194 24 130 147 108 161 44 110 39 104
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Alexander Alekhine - Minhas Melhores Partidas - 1924 - 1937
Abertura
Adversário
Defesa Eslava
Bogoljubov Bogoljubov Bogoljubov Bogoljubov Bogoljubov Davidson Euwe Euwe Euwe Opocensky Stoltz Weenink Asgeirsson Capablanca Euwe Euwe Euwe Nimzovitsch Nimzovitsch Winter Tartakower Marshall Ahues Alexander Andersen Bogoljubov Euwe Marshall Menchik, Vera Menchik, Vera Rubinstein Rubinstein Saemisch Stoltz Tartakower. Janowsky Bogoljubov Euwe Euwe Reti Schwartz
Defesa Francesa
Defesa Holandesa Defesa Irregular Defesa Índia da Dama
Defesa Índia do Rei
316
Partida nº 26 27 61 62 87 10 72 97 98 4 42 40 115 20 73 75 84 32 43 85 35 9 36 86 39 28 101 111 50 83 11 14 13 113 116 2 29 74 110 1 108
Página 56 57 125 127 179 27 148 204 206 18 89 85 240 42 150 154 172 68 91 177 76 26 78 178 84 59 212 231 106 171 29 33 30 237 241 15 61 151 229 13 226
Adversarios - Revisado_Capitulo4 13/05/2018 01:53 Page 77
Índice de Aberturas
Abertura
Adversário
Defesa Lasker Defesa Nimzovitsch
Vidmar Euwe Euwe Euwe Flohr Kmoch Nimzovitsch Stahlberg Vidmar Asztalos Bogoljubov Capablanca Capablanca Capablanca Foltys Lasker Lundin Maroczy Maroczy Treybal Vidmar Zukierman Euwe Kussman Foltys Frydman Pirc Colle Mikenas Reti Ahues Bogoljubov Bogoljubov Fine Flohr Gruenfeld Steiner, H. Freeman Tarrasch Flohr
Defesa Ortodoxa
Defesa Semi-Tarrasch Defesa Siciliana Defesa Tarrasch Defesa Tchigorin Fianqueto do Rei Gambito de Dama Aceito
Gambito do Centro Giuoco Piano Sistema Colle
Partida nº 44 99 104 109 114 37 15 38 33 17 95 22 23 24 82 70 71 34 48 7 89 59 103 105 92 81 45 3 57 6 77 65 66 94 46 12 25 106 5 55
Página 92 208 220 227 238 80 34 82 70 38 200 47 49 51 169 144 145 73 102 23 183 121 218 223 192 166 97 17 117 21 159 135 136 197 99 30 55 224 19 114
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