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A CURA NOS NOTEBOOKS DE PAUL BRUNTON
Parágrafos sobre o corpo, doença, cura, transformação do sofrimento, curadores, vegetarianismo e práticas espirituais para cura
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Todas as experiências que a vida nos traz têm um sentido. Vamos usar nossa inteligência e aprender esses significados, pois a vida está tentando desenvolver aquela inteligência em nós até que possa nos tornar conscientes do mais alto significado de todos – a Alma. As experiências que lhe chegam e as circunstâncias nas quais ele se encontra não são destituídasde significado. Elas geralmente têm uma lição cármica pessoal para ele e deveriam ser estudadas muito mais que livros. Ele deve tentar entender impessoalmente o sentido interno por trás desses acontecimentos. Seu significado pode ser averiguado pela tentativa de vê-los imparcialmente, pela avaliação das forças envolvidas neles, pela reflexão profunda e pela oração. Cada homem recebe seu conjunto especial de experiências, que ninguém mais recebe. Cada vida é individual e adquire da lei da recompensa aquelas de que realmente precisa, não aquelas de que outros precisam. A maneira como ele reage às variadas situações agradáveis ou desagradáveis que se desenvolvem na vida cotidiana será melhor indicação da compreensão que adquiriu do que quaisquer visões místicas pintadas pela imaginação.
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Introducao Paul Brunton (1898-1981) é um dos autores espirituais mais bem conhecidos do século 20. Seus dez primeiros livros, baseados em sua experiência pessoal e em pesquisa conduzida em cinco continentes, despertaram milhões para a realidade e as práticas de uma vida espiritual e lhe valeram seguidores em todo o mundo. Na década de 50 ele abandonou suas viagens e trabalhou em solitude, compilando extenss extensas anotacoes” sobre temas ligados à vida espiritual. Brunton, que passou boa parte de sua vida buscando e pesquisando a Verdade, não se ocupou com essa busca apenas para si mesmo. Sempre presente em sua mente e coração estava a motivação em ajudar todos os buscadores espirituais, especialmente aqueles que necessitavam de uma espiritualidade contemporânea. Em seus livros ofereceu uma síntese de filosofia oriental e ocidental, destilando a essência dos ensinamentos sagrados numa forma acessível que é uma expressão tanto profunda quanto poética daquele ser interior que ele chama de “Eu Superior”. Sua vida foi cheia de entrega e dedicação, paciência e práticas, estudos, viagem e pesquisa. Na maior parte do tempo trilhava um caminho totalmente solitário. Ao redor do mundo o silêncio de seu coração estava ouvindo em benefício daqueles que buscavam o sentido mais profundo da vida e que estavam sem a guiança pessoal na qual ele próprio teve o privilégio de receber. Apenas poucos de seus leitores tiveram a bênção de encontrá-lo pessoalmente. No entanto, todos que estavam abertos tiveram a oportunidade de conhecê-lo profundamente através da comunicação do coração, e telepaticamente
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através da comunicação da mente. Lendo seus livros a pessoa pode perceber sua presença silenciosa e o poder das ideias para as quais ele era um canal. A cura era um tópico de muito interesse para Brunton. Sempre curioso sobre as abordagens alternativas à saúde e sobre a base espiritual da cura, ele abordou este assunto com uma mente crítica e com a capacidade de separar a verdade da ilusão e da falsa esperança. As seleções nesse livro demonstram o valor de uma análise atenciosa e espiritualmente informada do tópico de saúde, cura e curadores. A maioria do material contido nesse livro é tirado dos volumes sobre “Cura do Eu” e “O Corpo” nos Notebooks de Paul Brunton (Volumes 7 e 4I, respectivamente), que estão publicados no inglês original pela Larson Press (www.larsonpress.org)
para
a
Paul
Brunton
Philosophic
Foundation
(www.paulbrunton.org). O leitor é convidado a contatar esses websites para informações adicionais sobre Paul Brunton, sua vida e seus escritos, inclusive sobre os “Notebooks” publicados postumamente. Em nome de seu imenso amor pela humanidade, e em nome de nosso eterno amor à verdade, dedicamos esta seleção de pensamentos vivos, inspirados, a você, para que ela possa lhe ajudar a encontrar uma ponte entre seu coração, mente e Eu Superior, e que ao ler estas seleções você possa encontrar um caminho para mais saúde e bem-estar do corpo, da mente e do coração.
para mais informações: [email protected] Shasti Association: setembro 2015
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Tópicos O CORPO
7
ATITUDE PARA COM O SOFRIMENTO
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CAUSAS DA DOENÇA
13
CURA E CURADORES
17
A FORÇA DE VIDA UNIVERSAL
20
CURA MENTAL E ESPIRITUAL
23
O PODER DE CURA DO EU SUPERIOR
26
MEDITAÇÕES E EXERCÍCIOS
31
Exercícios respiratórios Luz curadora Relaxamento Harmonia O CORPO DO FILÓSOFO
41
VEGETARIANISMO
43
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Sobre a informação nesse livrete Essas seleções são tiradas dos Notebooks de Paul Brunton, publicados em dezesseis volumes pela Larson Publications para a Paul Brunton Philosophic Foundation. Cada parágrafo selecionado é marcado com o número da categoria e depois com a seção e o número do parágrafo dos Notebooks publicados. Por exemplo: a notação 10-2-2 indica uma citação da Categoria 10, Cura (publicada como Volume 7) e 2-2 indica que o parágrafo é o segundo no Capítulo 2, do Volume 7. Se o parágrafo também foi publicado no Volume 1, Ideias em Perspectiva, a anotação é seguida por um “P”.
Para obter cópias adicionais Por favor contatar Shasti Association em [email protected]
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O CORPO Um curso de desenvolvimento espiritual que corrige os maus hábitos da mente e purifica os sentimentos do coração, mas que não mostra nenhum interesse nos hábitos e condições do corpo físico é baseado numa concepção unilateral do homem. É desequilibrado. Como é que isso pode produzir algo além de um resultado incompleto e desequilibrado? Quer o corpo seja ignorado ou levado em consideração, a vida ainda tem que ser vivida em sua totalidade por todos os seres humanos. Isto inclui os seres humanos em busca espiritual, e seus corpos ainda estão com eles o que quer que façam ou falhem ao fazer. Neste plano, o corpo é realmente o único meio de nossa existência e não deve estar desconectado de nossas aspirações superiores. Uma instrução espiritual completa e competente não deve ser tão tola a ponto de negligenciar ou menosprezar o quadro físico do discípulo sob instrução, mas deveria vê-lo com seus vários órgãos e sentidos superiores como realmente é: ou seja, como uma expressão de Inteligência Infinita através do qual a pessoa pode adquirir a experiência necessária para se tornar plenamente consciente de sua relação com aquela Inteligência. Há um outro ponto de vista geralmente muito menos considerado nesse assunto: o corpo possui incontáveis microvidas que nos olham como seu protetor e líder e guia, que necessitam e deveriam receber de nós gentil atenção. (5-Prefacio,p.8) O ascetismo filosófico pratica disciplinas porque valoriza adequadamente o corpo, não porque odeia o corpo. A encarnação é uma oportunidade para a salvação. O corpo é um templo sagrado. A carne é uma revelação da Mente-doMundo trabalhando. (5-2-34) O místico que reconhece a incessante maravilha e o valor divino de seu corpo, que o aceita como o estágio no qual e através do qual ele tem que se realizar e perceber seu ideal, não está degradando aquele ideal ou regredindo à escravidão, mas na verdade está cumprindo o alto propósito reservado ao homem no esquema cósmico. (5-2-31)
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O corpo (como a alma) lhe dá mensagens de conselho, aviso ou aprovação, mas muito frequentemente ele não as escuta, não as entende, ou não quer sua complacência (formada por tendências, hábitos e pelo ambiente) perturbada. (5-2-45) A limpeza do corpo, das emoções e da mente é um estágio preparatório indispensável da Busca. Para as técnicas avançadas, é um meio necessário para limpar o caminho para o influxo de forças espirituais durante a meditação. A meditação que não é acompanhada de purificação leva facilmente às pseudointuições. O aspirante pode seguir ao mesmo tempo os caminhos da purificação e da meditação, ou pode colocá-los em sua ordem lógica e trilhá-los consecutivamente. Há muito que ser dito sobre ambas as escolhas, embora a tradição normalmente diga que a purificação deve preceder a meditação. (5Prefacio, p.10) O corpo é nossa casa física. Através de seus cinco sentidos podemos sofrer dor e miseria ou desfrutar de satisfação e prazer. Em função disso, ele deveria ser bem tratado e bem cuidado, ser mantido saudável o máximo que pudermos. Isso não é apenas uma necessidade pessoal, mas também um dever espiritual, pois sua condição pode obstruir ou facilitar o trabalho interior. (5-2-39) Quando a saúde de um homem colapsou, nada lhe parece mais importante do que sua restauração. Só então é que ele realmente percebe o valor da boa saúde. Isso foi declarado do ponto de vista meramente convencional e mundano. Mas, e quanto ao ponto de vista espiritual? O aspirante cuja saúde colapsou se torna continuamente preocupado com a condição de seu corpo, de forma que os pensamentos e o tempo que ele lhe dá são tirados dos pensamentos e do tempo que ele poderia ter dado à sua aspiração espiritual. E quando chega a seus períodos de meditação, ele pode achar difícil elevar-se acima de seus estados corporais, de modo que mesmo sua concentração e poder de meditação podem ser perturbados por ele. Pois, apesar de tudo, o corpo é o instrumento com o qual ele tem que trabalhar, e através do qual ele deve atingir seu alto propósito durante a encarnação nesta terra. Por tal razão é que sistemas foram criados para dar uma base de saúde e força para as tentativas espirituais do aspirante. Além do mais, se ele busca ser útil a seus semelhantes, sua capacidade de servir será limitada pela condição de sua saúde, e pode até ser completamente inibida no plano físico. Com boa saúde ele se torna mais valioso aos outros, mas com má saúde um pouco menos. (10-1-1)
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O corpo humano é uma parte da consciência, de fato uma grande parte, mas a própria consciência é apenas uma parte de uma consciência maior e mais profunda da qual normalmente não somos conscientes. No entanto, é nessa misteriosa região que jaz a origem criativa da ideia-do-corpo. Se o “eu” comum não pode fazer o corpo se manter bem meramente sustentando o pensamento, é porque o poder criativo jaz num “eu” que o transcende. O ego que se identifica com o corpo acaba por tornar inúteis seus poderes latentes. Porém, tão logo ele passa a se identificar com a Mente pura, certos poderes podem começar a se revelar. Muitos casos de fenômenos místicos, como os estigmas dos santos católicos, confirmam isso.(21-5-55. P)
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ATITUDE PARA COM O SOFRIMENTO O ego natural e compreensivelmente se revolta amargamente contra as calamidades postas sobre si pelo acaso, pelo destino, ou por qualquer outra causa aparente fora de si mesmo. O buscador não deve aceitar essa emoção e tem que se separar dela. Assim, ele avança como um jato em sua busca. (13-1-5) Se ele puder chegar ao ponto de considerar os acontecimentos que lhe chegam como sendo destinados a extrair suas qualidades e exercitar seus poderes, e assim lhe dar a chance de cultivá-los, aprenderá a ser grato e a aceitar a responsabilidade de escolher se aquelas qualidades são positivas ou negativas, se aqueles poderes são bons ou maus. (13-1-9) A vida na terra não deve ser para nós uma meta em si, mas um meio para alcançar a meta. Todas as suas experiências devem ser usadas para moldar nosso caráter e aumentar nosso conhecimento e, acima de tudo, para nos trazer mais perto da descoberta do, e da identificação com, nosso Eu Superior. (13-1-21) Se aceitarmos a existência de um poder superior por trás da vida e do universo e se, em seguida, acreditarmos que a sabedoria infinita é um atributo desse poder, então, finalmente, temos que aceitar a vida como a encontramos e como nós humanamente a experenciamos. (13-1-24) Não há problema algum que não carregue em si um sentido oculto, nenhuma pessoa em contato conosco que não traga dentro de si mesma uma mensagem oculta. Assim que nos elevarmos além do nível das aparências, e enquanto ficarmos naquele nível, o problema nos mostra o modo de resolvê-lo e a pessoa toca sua verdadeira nota na harmonia de nossas vidas. (13-1-25) Uma fé forte é necessária para se acreditar que mesmo no meio da mais perigosa aflição, da mais triste dificuldade, o que acontece está sancionado por, e sob a regência de, leis divinamente ordenadas e que possui um significado racional e superior que deveríamos buscar extrair e levar em conta. Aqueles que carecem dessa fé sustentam um semblante carregado de tensão que denuncia ausência de calma interior. No entanto, basta um único passo para dar uma reviravolta e começar a jornada da miséria interior para a radiância interior. (13-1-26)
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Os problemas e inconveniências da vida não nos chegam sem o conhecimento e a sanção do poder superior. Portanto, não nos chegam sem alguma razão. (13-1-31) Quais sejam as dificuldades que encontramos no curso de uma vida , devemos nos lembrar que alguma razão as colocou ali: não são sem sentido. Mas quer tenham sido postas ali por nossa própria falta ou pela falta dos outros, ou por um destino implacável, normalmente é possível extrair lucro delas, no mínimo, ou passar por elas com sucesso, no máximo. Através da capacidade que elas estimulam, do poder que desenvolvem, ou da disciplina e da correção que impõem, podem ser usadas para gerar vantagem pessoal. (13-1-275) Se ele trabalhar fielmente na busca, toda experiência que for essencial a seu crescimento interior gravitará até ele, toda coisa ou pessoa necessária ao seu desenvolvimento será atraída a ele, sujeita a uma sincronização com seu carma pessoal. Ele, por sua vez, deve dar boas vindas a estas situações que podem ser usadas para fortalecer sua vida interior. (13-1-42) Toda experiência exterior tem seus benefícios interiores, se apenas os procuramos com olhos livres do ego. E isto é verdadeiro até mesmo quando a experiência envolve sofrimento. Por trás do sofrimento podemos aprender a encontrar alguma lição com a qual lucrar, alguma disciplina purificatória pela qual passar, algum fato ignorado que deva ser encarado, ou alguma sabedoria para ser colhida. (13-1-283) De seu sofrimento físico ele deveria ter aprendido as lições de uma sabedoria profunda: primeiro, que esta terra não é seu lar, mas apenas um acampamento; segundo, que seu corpo não é seu ser real mas apenas uma vestimenta; terceiro, que sofrimento, decepção ou descontentamento são inseparáveis da vida terrena, a felicidade real deve ser encontrada somente na vida supraterrestre; quarto, que a plena força da mente deve ser desenvolvida pela renúncia, sacrifício, concentração e aspiração para que, mesmo aqui, possa criar numa grande medida uma vida interior que prossiga pacificamente em qualquer estado em que o corpo possa se encontrar. Se o sofrimento traz um estado de abandono, está apenas cumprindo seu propósito. Isso é parte de seu papel no esquema das coisas, conduzindo à
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percepção de que por trás dos doces prazeres da vida há sempre dor. Mas o pensamento apresentaria apenas uma meia verdade se parasse aqui. A outra metade é muito mais difícil de encontrar: é que por trás dos sofrimentos superficiais dos quais ninguém escapa, bem mais ao fundo que sua contraparte, está uma vasta harmonia, um imenso amor, uma incrível paz e um apoio universal. (24-1-102)
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CAUSAS DA DOENÇA O universo é perfeito porque Deus é perfeito. Mas cabe a cada homem encontrar e ver essa perfeição por si mesmo , do contrário os problemas e tragédias da vida podem obstruir sua visão e obscurecer seu caminho. (26-1-37) O pensamento incorreto acaba se expressando no mau funcionamento de algum órgão do corpo. A natureza dos pensamentos e a natureza da doença se correspondem mutuamente. (10-3-29) Há uma ordem universal, um modo que a Natureza (Deus) tem de organizar as coisas. É por isso que aquilo que vemos ao nosso redor como o mundo expressa sentido, inteligência e propósito que a tudo penetram. Mas só percebemos uma pequena parte dessas qualidades veladas – o mistério que delas se recua é imensuravelmente maior. (26-1-82) Numa ampla divisão geral, a filosofia encontra três causas de doenças. São elas o pensar incorreto, o modo de vida incorreto e o mau carma. Mas como o carma simplesmente nos traz de volta os resultados dos outros dois, podemos então limitar as causas da enfermidade a eles. E, novamente, como a conduta é no fim das contas a expressão do pensamento, podemos finalmente limitar a causa da enfermidade a uma única: o pensamento incorreto. Mas isto é lidar com o assunto de um modo metafísico, abstrato e definitivo. É melhor, ao se lidar com a doenca de forma prática, manter a análise tríplice das possíveis causas. No entanto, a questão não deve ver simplificada em demasia, como certas escolas de cura não ortodoxa fizeram, pois o pensamento que produziu a doença pode pertencer ao passado distante, a alguma encarnação passada, e não necessariamente à atual, ou pode pertencer aos primeiros anos da encarnação presente. Nesses casos, há o fruto de uma semeadura prévia desconhecida, e não necessariamente o de uma semeadura atual conhecida. Portanto, pode não ser o bastante simplesmente alterar o atual modo de pensar de uma pessoa para garantir a remoção imediata da doença. Se disparamos uma bala na direção errada, não podemos controlar seu curso uma vez que tenha saído da arma, mas podemos mudar a direção do próximo disparo se percebemos nosso erro. Podemos continuar nossos esforços, apesar disso, para mudar nosso primeiro pensamento, para nos livrarmos de sentimentos e pensamentos negativos
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prejudiciais e assim melhorar nosso caráter. Pois se assim fizermos, o tipo de carma físico que se manifesta como a doença que eles criam pelo menos não nos atingirá no futuro, mesmo se não pudermos no presente evitar de herdá-lo de nossas vidas passadas. O estudo desse quadro revelaria o que a doença como carma de se pensar erroneamente realmente significa e porque ela com frequência não pode ser curada apenas pela mera mudança do pensamento atual. A prova dessa assertiva está no fato de algumas pessoas nascerem com certas enfermidades ou com predisposição a certas doenças, ou então as adquirem como bebês ou crianças antes mesmo de terem a mínima oportunidade de pensar erroneamente e enquanto ainda estão num estado de inocência juvenil e pureza de pensamento. Portanto, não são os pensamentos errados dessa atual encarnação que devem ter causado tal doença nesses casos. Também não é correto sugerir que herdaram essas enfermidades, pois os pais podem ser pessoas de pensamento reto e de elevada conduta. Ao se privarem da fé na crença de sucessivas vidas na terra, essas escolas se privam de uma explicação do problema da doença mais satisfatória do que aquela que possuem. Dizem que ela foi causada pelo pensamento incorreto, e no entanto não podem explicar como é que um bebê ou uma criança pensou erroneamente para nascer com, ou adquirir em tenra idade, uma doença pela qual não é responsável e pela qual seus pais não são responsáveis. (10-3-7, P) Sua pergunta sobre a inevitabilidade da má saúde neste caminho necessita de uma página para si. Falando no geral, não há tal inevitabilidade. De fato, a limpeza da mente subconsciente, a disciplina dos sentidos do corpo e o aquietamento da natureza emocional promovem boa saúde. No entanto, onde o estudante, através da ignorância ou de fatores externos, falha em fazer certas mudanças necessárias no pensamento, no sentimento, na atitude ou na vida – necessárias num certo período para o avanço de sua evolução – então seu Eu Superior lhe força essas mudanças através de transtornos ou distúrbios em seu ambiente ou em seu corpo. Isto é feito ao expelir algum carma. No último caso isso significa, é claro, doença ou enfermidade – às vezes “acidente”. Isso cobre certos casos individuais, mas há muitos outros nos quais a má saúde é somente o resultado cármico comum de antigas transgressões das leis da saúde física, emocional, moral ou mental, e não a consequência de uma intervenção especial do Eu Superior. Finalmente, há o terceiro grupo, no qual ela é o resultado da imperfeição natural da vida nesta terra onde tudo, como Buda disse, está
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condenado a deteriorar e perecer. Ninguém escapa dessa lei geral... nem o próprio Buda pôde fugir dela, como explicou uma vez em que adoeceu com febre. Tal imperfeição é, no entanto, uma das causas que levam a humanidade a buscar uma vida superior, uma existência melhor mais divina; portanto, ela não é inútil. Esta terra não é nosso lar verdadeiro. Pertencemos a um outro lugar, mais próximo da perfeição, beleza e harmonia de Deus. (10-1-8) Embora possamos com frequência encontrar as causas físicas dos males físicos, por trás dessas causas físicas há quase sempre doenças da alma. Cure a alma e a cura do corpo poderá vir. Obviamente há muitos casos em que nenhum sucesso resultaria. (10-1-12) Se a mente de um curador espiritual pode ajudar a remover a doença, é igualmente verdade que a mente de um outro pode contribuir para causá-la. Se o próprio pensar errôneo de uma pessoa pode ser parcial ou totalmente responsável por suas doenças, outros que estejam pensando constante ou poderosamente em alguém podem ser parcial ou mesmo totalmente responsáveis por elas também. Essa é a base da feitiçaria no Oriente e da bruxaria no Ocidente medieval. (10-3-59) Chega-se a isto - que boa parte da doença e enfermidade humanas é rastreável ao funcionamento falho do eu humano. Aprenda a usar o eu corretamente em seus aspectos físico, emocional, intelectual e espiritual e você aprenderá a prevenir ou curar uma parte, a maior parte ou mesmo toda sua má saúde. (Volume 7, p.2) As condições enfermas do corpo humano são com frequência rastreáveis, por uma análise sutil e penetrante, às condições enfermas da alma humana. A ciência médica lida principalmente com o organismo físico, e enquanto persistir em considerar apenas esta parte do ser da pessoa,continuará a ter suas teorias falsificadas, seus experimentos cuidadosamente preparados transformados em palpites cegos, e seu alto percentual de falhas mantido. Devo esclarecer melhor minha assertiva, talvez, ao dizer que o corpo é, no fim das contas, apenas uma máquina sensível, e que se o pensar e o sentir do homem que usa aquela máquina para autoexpressão é distorcido, desequilibrado ou de alguma forma
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dissonante, então essas qualidades indesejáveis se reproduzirão no organismo físico como enfermidade apropriada ou desajuste funcional. (10-1-9) Se a mudança começa no comportamento do corpo ela pode influenciar a mente até uma extensão bem limitada, mas se ela começa no pensar da mente, influenciará o corpo até uma extensão bem maior. Esta é a diferença. (10-1-20) As pessoas não entendem como seus humores, emoções e pensamentos destrutivos afetam o sistema cérebro-espinal e através dele chegam aos órgãos intestinais ao ponto de criarem venenos dentro desses órgãos. Não basta cuidar da dieta e eliminar alimentos que sejam nocivos à saúde física. É igualmente necessário cuidar dos pensamentos e sentimentos, e eliminar todos aqueles que sejam nocivos tanto à saúde espiritual quanto à física. (10-3-67) Há um propósito corretivo na existência da doença. Qualquer cura que remove os sintomas, mas falha em corrigir a causa interior mental ou física delas é meramente um expediente temporário, não uma cura real. Serve à atual conveniência do ego. Mas o futuro deve necessariamente ser ameaçado pela reaparição da mesma moléstia, ou de uma diferente que também expressará a causa. E isso pode acontecer tanto na mesma encarnação quanto na próxima. (10-3-71)
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CURA E CURADORES O papel dos tratamentos físicos de qualquer tipo é prover as condições favoráveis para a ação da força de vida universal que faz o verdadeiro trabalho de cura, assim como os alimentos, a água e o ar fornecem os materiais para essa mesma força reparar os tecidos e regeneracao das células. (10-2-3) Um sistema de cura sábio coordenaria tratamentos físicos e psicológicos, artificiais e naturais, dietéticos e espirituais, usando alguns ou todos eles como um meio para o fim: a cura. Mas como o espiritual é o agente terapêutico supremo – se puder ser tocado -, ele sempre será o derradeiro recurso para os desesperados e os sofredores crônicos, quando todos os outros agentes tiveram que aceitar a derrota. (10-4-1) O primeiro princípio da cura é parar a resistência obstrutiva do pequeno ego, tão excitada pela crença de que ele pode com sucesso gerenciar sua própria vida. O método para se fazer isso é expulsar todos os pensamentos negativos, todos os sentimentos destrutivos e todos os egoísmos excessivos. O segundo princípio é sintonizar o indivíduo com a força de vida universal. O método para se fazer isso é aprender a arte de relaxar o corpo e a mente. Quão poucos aprenderam que não é a quantidade de remédio que engolem, mas o grau de contato que estabelecem com a força vital da Natureza que cura suas doenças. Por que não unirmos o trabalho sobre o corpo por meios físicos com o trabalho sobre ele por meio do poder de cura do eu superior? Por que não dar ao último a chance de reparar seu próprio trabalho, já que o ego físico-mental é sua própria projeção? (10-4-3) Orar pela cura do corpo e nada mais é um procedimento limitado e limitante. Ore também para ser iluminado quanto o porque dessa doença atacar você. Pergunte também o que você pode fazer para remover sua causa. E, acima de tudo, peça a Água da Vida, como Jesus sugeriu que a mulher no poço pedisse. (10-5-98, P)
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Sabemos que uma pessoa pode se preocupar ao ponto de ficar fisicamente doente, mas parece haver menos aceitação da ideia oposta de que as emoções e os pensamentos também podem produzir cura e não ferimento. (10-3-43) A cura não vem do curador em si; ela vem através dele. O que ele faz é preparar as condições que tornam possível que isto aconteça. Mas isto não garante que o Eu Superior vá necessariamente fazer uso delas a toda hora. (10-5-116) Aqueles que nascem com habilidades de cura, provavelmente trazidas de vidas passadas, funcionam em níveis diferentes. O mais comum é aquele que irradia força vital e energiza as células da pessoa doente. Esse tipo de curador deve inicialmente se colocar num estado de espírito passivo e então, quando sentir a força vibratória da força vital ativa em seu interior, deixa-a passar ao paciente, tocando-o ou não. As vibrações da força vital são universais; não são propriedade pessoal do curador. Ele simplesmente possui a habilidade de se deixar usar como um canal, que normalmente se concentra em suas mãos. Um curador como Saswitha, que diz estar simplesmente extraindo o poder terapêutico de seu paciente e o redirecionando ou o devolvendo a ele, se esquece de que, se é assim, o próprio paciente obtém esse poder das forças cósmicas. Não é sua propriedade pessoal. (10-5-68, P) Aqueles que se aproximam dele com desejos de serem curados e com fé em seu poder de realizar isso ainda não se aproximaram dele corretamente. Eles também devem querer que sua própria contribuição à existência da doença lhes seja apontada. Devem igualmente concordar em retificar hábitos incorretos de vida e de pensamento. Se eles vierem apenas para palavras agradáveis e uma cura bem sucedida, se não estão preparados para se negarem ou se disciplinarem, ele não pode curá-los. (10-5-95) Um curador honesto só pode dizer que sua cura depende da satisfação de duas condições: a fé do paciente e a permissão dos poderes superiores. (10-5-106) Todos os curadores perdem seu poder depois de um tempo. Isso é para levá-los a um nível mais elevado. (10-5-90)
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É bobagem acreditar que haja algum método de cura particular que basta ser aplicado para que seja universal e igualmente bem sucedido, ou que haja algum curador humano específico que basta visitar para que a pessoa se cure. (10-4-14) Assim como a filosofia busca um pleno e integral desenvolvimento da psique em sua aproximação à autorrealização espiritual, também busca um tratamento adequado completo em sua abordagem ao problema da cura das doenças. Ela reconhece que mesmo se a doença começou com maus pensamentos ou sentimentos incorretos ou linhas de ação desarmônicas, estes já se infiltraram no corpo físico e o afetaram, causando-lhe mudanças prejudiciais, fazendo seus órgãos funcionarem mal ou introduzindo venenos no sistema circulatório, ou mesmo criando tumores malignos em seus tecidos. Portanto, os meios físicos também devem ser utilizados para tratar dessas condições físicas, assim como os meios espirituais para se livrar dos pensamentos incorretos e dos sentimentos discordantes. Ambos os métodos deveriam ser aplicados em conjunto para realizar um tratamento adequado. Consequentemente, a filosofia não nega, como faz a Ciência Cristã, a utilidade ou necessidade do tratamento médico comum. Pelo contrário, ela dá as boas vindas a esse tratamento, desde que não seja tacanho, materialista, ou egoisticamente preocupado mais com pagamentos do que com a cura. (10-4-2)
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A FORÇA DE VIDA UNIVERSAL Há uma ordem universal, um modo que a Natureza (Deus) tem de organizar as coisas. É por isso que aquilo que vemos ao nosso redor como o mundo expressa sentido, inteligência e propósito que a tudo penetram. Mas só percebemos uma pequena parte dessas qualidades veladas – o mistério que delas se recua é imensuravelmente maior. (26-1-82) Apesar de tudo e no fim das contas, foi a Natureza que nos fez nascer neste planeta. Não podemos, portanto, creditá-la com o poder de restaurar a saúde necessária para manter as vidas que ela se deu ao trabalho de criar? (10-2-12) No momento em que sentir que o contato verdadeiro com a Única Força de Vida Infinita foi feito, atraia-a para seu corpo e deixe-a permear cada parte, cada órgão e cada átomo. Ela tenderá a dissolver a doença e a afastar a enfermidade. (10-2-60) Esta força de vida, esta energia invisível, está por trás e dentro, ao redor e acima do corpo físico. Sob certas circunstâncias sua área pode ser vista e delineada e seu poder de cura recuperador atraído. Ela forma uma aura, o corpo de luz etérico ou vital, mas não o ainda mais rarefeito e sutil divino corpo de Luz nem a aura de várias cores, o corpo astral. (10-2-20) Aquele Poder que originariamente trouxe o corpo físico à existência mantém suas funções autônomas, cura suas doenças, e sana suas chagas. Está dentro do próprio corpo; é o aspecto força vital da Alma, o Eu Superior. Sua virtude curativa pode se expressar por vários meios – como ervas e alimentos, banhos quentes, frios ou de lama, respirações profundas, exercício e osteopatia – ou pode se expressar pela completa ausência deles como no jejum, frequentemente o meio mais rápido e efetivo. Ou, desdenhando completamente os métodos físicos, ele pode agir direta e quase miraculosamente como cura espiritual. (10-2-2, P) Não há milagres na Natureza, mas há eventos para os quais a ciência não possui chave alguma. A consciência humana, por exemplo, é capaz de manifestar poderes que contradizem o conhecimento psicológico, assim como o corpo humano é capaz de manifestar fenômenos que contradizem o conhecimento
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médico. Tanto os poderes quanto os fenômenos podem parecer miraculosos, mas na verdade se manifestam a partir das leis ocultas do próprio ser do homem. Os processos acontecem na obscuridade apenas para nós. (10-2-19, P) Após sentir o poder e a presença divinos dentro de si mesmo como a recompensa por sua busca meditativa, ele pode direcioná-los para a cura das moléstias de seu corpo. Isto seria impossível se ele não estivesse relaxado, pacífico, seguro, se o medo ou o desejo introduzissem sua presença negativa e assim obstruíssem sua receptividade à penetração do poder de cura. Quando o contato for realizado com sucesso, ele deve levar o poder para cada átomo de seu corpo e deixá-lo ser permeado. A cura poderia ser obtida num único tratamento, se ele pudesse se sentar aquietado e deixar o trabalho continuar até o fim. Mas ainda que o poder seja ilimitado, a paciência dele não o é. E assim ele deve se tratar dia após dia até que o resultado físico externo se equipare à conquista espiritual e interna. (10-2-49, P) Que são os “corpos superiores”? Assim como o homem tem um corpo físico com o qual opera no plano físico, também tem um corpo vital um corpo emocional e um corpo mental através dos quais expressa essas outras partes de sua natureza. Este é o ensinamento dos Teosofistas, dos Hindus e dos ocultistas. Esses corpos sobrevivem à morte do corpo físico, mas são reduzidos a átomos semente quando, entre as encarnações, a pessoa passa para o estado de feliz sono sem sonhos. Mas do ponto de vista filosófico, os “corpos superiores” são simplesmente corpos pensamento, ou, mais corretamente, estados de consciência. (10-2-22) Por trás, dentro e ao redor do corpo físico há um outro corpo, invisível, que podemos chamar de corpo vital. É um tipo de arquétipo ou modelo para o corpo físico. Coincidem em diversos pontos, mas não em todos. Este corpo etérico mais sutil vem à existência antes do nascimento e permanece por um período após a morte. Durante a encarnação ele está intimamente conectado ao corpo físico e especialmente à sua vitalidade, saúde e doença. A parte dele que rodeia o corpo físico e à qual podemos chamar de aura vital não deve ser confundida com a outra aura, maior, na qual as emoções e os pensamentos são refletidos. Durante os experimentos que fiz com um grupo de médicos de Londres antes da guerra, foi descoberto que essa aura vital se estendia por cerca de quarenta e cinco
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centímetros além do corpo físico. Quando a aura vital estava numa condição de desvitalização e fadiga, havia menos resistência às doenças; mas quando estava energizada a resistência aumentava. A energia vital que extraímos da força de vida universal entra no corpo vital. A resistência pode ser aumentada pela respiração profunda, pelo exercício e pelo ato de imaginar a energia vital como uma luz branca entrando pela cabeça e penetrando de cima para baixo todas as células do corpo físico. Isso também ajuda no processo de cura das enfermidades. As células não são apenas permeadas por esses métodos, mas também purificadas. (10-2-27, P) Os poderes de cura da Natureza realmente existem, bem à parte dos poderes medicinais invocados pelos médicos, mas eles existem como a eletricidade. Para nos beneficiarmos com eles, devemos atraí-los, focá-los e concentrá-los em nós mesmos. Isto se consegue com nossa fé forte e suficiente, com nossa própria concentração da atenção e com o relaxamento e quietude de todo nosso ser. (10-2-29)
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CURA MENTAL E ESPIRITUAL A cura espiritual deve ser separada da cura mental, já que a primeira funciona pela descida da graça divina e a última pelo poder de concentração da mente. A cura no primeiro caso não apenas será permanente mas também afetará o caráter do paciente, enquanto que no segundo caso uma cura pode ser e frequentemente é (especialmente quando métodos hipnóticos são usados) temporária, sendo que o caráter permanece intocado. Em relação a isso há algumas declarações sobre isso mo capítulos “Erros do buscador espiritual” em meu livro A Realidade Interna. (10-5-3) O que ocorre durante esses estados de relaxamento? O foco da mente consciente é retirado da carne e dos centros vitais, deixando a mente inconsciente em soberania exclusiva sobre eles. O que resulta disso? A destruição dos tecidos do corpo é reparada, a fadiga de seus sistemas nervoso e muscular é removida. Quanto mais completo for o relaxamento, e a atividade interior da alma, mais completa é a recuperação. (3-3-67) A prática constante de se identificar com a mente ao invés de com a ideia-corpo inerente a ela conduz, com o tempo, a um certo liberar-se de si mesmo. (21-5-26) Pense em si mesmo como o individual e você certamente vai morrer; pense em si mesmo como o universal e você entra na imortalidade, pois o universal está sempre e eternamente aí. Não conhecemos princípio ou fim no processo cósmico. Seu ser É: nada mais podemos dizer. Seja aquilo ao invés disso – aquilo que é tão infinito e sem morada quanto o espaço, aquilo que é atemporal e incólume. Assuma o todo da vida como seu próprio ser. Não se divorcie, não se separe dela. É a mais difícil das tarefas, pois exige que vejamos nossa própria insignificância relativa em meio a esse processo infinito e vasto. A mudança necessária é totalmente mental. Mude sua perspectiva e com ela “o céu vos será acrescentado”. (P, 21-5-95) A cura espiritual não necessariamente segue automaticamente à oferta de fé completa. Nem segue necessariamente após a voluntária limpeza na natureza emocional. Há outros fatores envolvidos nela. O papel do sofrimento e da doença na Ideia-do-Mundo é um deles. Para aqueles aspirantes que não se darão por satisfeitos com nada inferior à conquista do Mais Elevado, a necessidade de
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transcender o ego tem precedência sobre tudo mais, mesmo sobre a cura do corpo. (10-5-141) A cura espiritual não pode ser praticada com sucesso por alguém que meramente assimilou seu jargão e intelectualmente se familiarizou com sua ideologia. Pode ser praticada com sucesso somente por quem entrou na consciência do, e rendeu seu ego ao, espírito divino dentro de si mesmo. (10-5-122) Não é verdadeira cura espiritual se ela deixa o caráter e a perspectiva intocados, não melhorados. Há outros tipos de cura que podem aliviar ou curar um tipo de doença enquanto deixam a pessoa ainda aberta para fazer o carma que posteriormente faz aparecer outro tipo de doença. (10-5-7) Uma cura espiritual autêntica do corpo físico sempre produzirá resultados espirituais, ou seja, produzirá uma mudança interior no caráter da pessoa curada. Mas quando isso acontece, significa que alguma tipo de pensamento ou sentimento errados é a causa real da sua doença física. Por exemplo, pensamentos de amargura, ressentimento, crítica e condenação fortemente mantidos e sustentados por muito tempo contra outras pessoas podem e com frequência facilmente produzem problemas no fígado. Enquanto aquele tipo de pensamento e sentimento continuar, o problema do fígado continuará. A forma adequada de curá-lo, portanto, é chegar à raiz psicológica do problema – ou seja efetuar uma mudança interior. Quando o tratamento de cura espiritual influencia a pessoa a abandonar o pensamento incorreto, de forma que este o deixe completamente, os efeitos físicos da mudança podem se mostrar repentina e miraculosamente ou lenta e gradualmente. Embora se mostrem como uma cura de uma doença física,note que ela primeiro começou como uma doença mental ou como uma doença emocional. E se a mudança interior for duradoura, a cura resultante será duradoura também. Este é o único tipo de cura que verdadeiramente pode ser chamada de espiritual. Todos os outros tipos da assim chamada cura espiritual são meramente cura mental ou cura hipnótica, e tal cura jamais pode se igualar em qualidade ou durabilidade. Muito frequentemente, eles têm apenas resultados temporários e a doença reaparece porque o homem interior foi deixado com todas as suas neuroses psicológicas incuradas. A cura mental e a hipnótica, estritamente falando, não são cura absolutamente. São
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supressão de sintomas, ao custo da retenção das causas internas ocultas desses sintomas. (10-5-4) No caso da cura mental não há necessariamente absolutamente nenhuma mudança no caráter do paciente. Suas raivas, suas hostilidades ou seus ressentimentos podem continuar tão ativos quanto antes. Sua cura ilustra simplesmente o poder da mente sobre o corpo – sua própria mente ou a de alguém mais. Ela é atingida pela fé, concentração ou sugestão. Mas no caso da cura espiritual há uma mudança interior juntamente com a cura do corpo. (10-5-5)
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O PODER DE CURA DO EU SUPERIOR Os que não entendem os trabalhos do Eu Superior esperam que ele sempre se manifeste – se é que ele se manifesta – em toda sua pureza original. Se eles desejam a cura, pensam que o auxílio do Eu Superior pode se mostrar apenas numa cura espiritual direta, por exemplo. A verdade é que podem obter a cura por um meio puramente físico, como um jejum, uma dieta ou um remédio; e ainda assim aquilo que os levou a buscar esse meio em particular ou lhe proporcionou seu resultado bem sucedido foi o Eu Superior. (10-5-114, P) O Eu Superior tem o poder de curar as doenças do corpo por sua Graça, mas se essa Graça vai ser assim exercida ou não é imprevisível. Ela fará o que for melhor para o indivíduo no sentido final, não o que o ego deseja, pois a Sabedoria Divina está por trás de tudo o tempo todo. (10-5-140) O poder do Eu Superior de alterar circunstâncias, criar oportunidades e elevar as pessoas está disponível para quem quer preencha as condições necessárias. Estas incluem uma quantia de preparação mental e purificação moral, alguma percepção clara do fato de que o Eu Superior está presente aqui e agora, uma lembrança instantânea e constante desse fato, e finalmente uma disposição de confiar completamente em seu auxílio, suprimento e apoio providenciais não importa quão indesejável ou intolerável uma situação pareça ser. (22-3-61) Pôr de lado a ansiedade, o que ocorre naturalmente quando nosso apego pessoal aos resultados e o desejo ansioso de fins são postos de lado, é ter a mais plena fé que o poder superior tomará conta de nossas verdadeiras necessidades. (24-3-235) No fundo do coração há um silêncio que é curador, uma confiança nas leis universais que é inabalável, e uma força que é como a rocha. Mas por ser tão profundo, precisamos de paciência e perseverança ao escavar à sua procura. (10-5-97, P) O sofredor deveria usar quaisquer meios médicos físicos que estejam disponíveis – tanto os ortodoxos quanto os não ortodoxos. Ao mesmo tempo ele deveria praticar oração diária, mas não deveria pedir diretamente a cura física para seu
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próprio bem. Deveria pedir primeiro qualidades espirituais e somente então a cura física com a intenção expressa de utilizar sua oportunidade de encarnação corpórea para se aprimorar espiritualmente. (10-5-135) Qualquer que seja o problema que aflija alguém – seja físico ou mental, pessoal ou público, mundano ou espiritual – há um refúgio seguro ao qual se pode sempre voltar e retornar. Se ele aprendeu a arte de se aquietar, pode levar seu problema ao limiar exterior da mente e deixá-lo lá, passando para o recesso interior dela, completo de serenidade e tranquilidade sem preocupação. Isso não é um escapismo covarde ou um tolo autoengano, embora com o místico não filosófico possa ser e frequentemente o seja. Pois quando ele emerge do silêncio interior e retoma seu problema, ele obterá também a força para suportá-lo corajosamente e a sabedoria para lidar com ele corretamente. Este sempre será o caso se sua abordagem é através do misticismo filosófico, que tem como meta a ação inspirada e não o sonho inspirado. Além do mais, seu contato com a Mente interior fará com que forças misteriosas trabalhem em seu benefício para resolver o problema independentemente de seu esforço e conhecimento conscientes. (24-3-278, P) ... é essencial notar que o curador pode pronunciar essas fórmulas de cura, pensar nessas verdades sobre a cura, ou a partir de seu intelecto ou a partir de sua intuição. No primeiro caso suas palavras e pensamentos são meramente como o mapa de um país. No segundo caso são como uma visita real ao país. O primeiro curador faz uma reclamação sem garantia, não vê que suas declarações só poderiam ser feitas verdadeiramente se ele atingisse a estatura e a pureza de Jesus. Não basta que o paciente deva ter fé; o próprio curador deve ter a consciência superior necessária, pois o poder divino que realmente efetua a cura não virá de seu eu comum mas deste eu superior. (10-5-39) A sintonia da mente de uma pessoa com a Mente Universal, de seu coração com o amor fundamental por trás das coisas, é capaz de produzir vários efeitos. Um deles pode ser a cura de enfermidades do corpo. (10-5-131, P) Se você quer curar uma pessoa não se concentre na natureza de sua doença, ou você pode fortalecê-la. Concentre-se ao invés disso na natureza de seu Eu Superior, para que sua graça poderosa possa ser liberada para elas. Nem sequer
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ore para que sejam curadas. Ore ao invés disso para que o poder da graça do Eu Superior possa trabalhar dentro delas e fazer o que lhe aprouver. (10-2-46) Consternado pelo fracasso do último recurso de meus médicos, estava sentado na cama lendo uma passagem de uma revista velha de John Wesley sobre cura espiritual. Ela citava um amigo que dizia: “Não podia me deslocar de um lugar a outro a não ser com muletas. Continuei nesse estado por cerca de seis anos. Em Bath requisitei um médico, mas antes que ele viesse, como me sentei lendo a Bíblia, pensei ‘Asa buscou aos médicos, e não a Deus; mas Deus pode fazer mais por mim do que qualquer médico’; logo após me levantar, percebi que conseguia ficar em pé. Desde então tenho estado perfeitamente bem.” Assim que terminei esta passagem pensei que ela deveria se aplicar a meu próprio caso, e deixei o livro de lado. Uma grande quietude mental e uma interiorização me visitaram ao mesmo tempo. Vi que todos os métodos usados até então para eliminar a doença foram inúteis justamente por serem os métodos do próprio ego, quer fossem físicos, mágicos, mentais ou mecânicos. Eu tinha exaurido a todos. Então o ego teve que confessar seu fracasso total e se lançar à misericórdia do poder superior em humilhação e oração. Percebi que ao invés de pensar que eu ou meus médicos éramos capazes de curar a doença, a forma correta era desacreditar nisso e voltar apenas ao Eu Superior para a cura.Vi que o silêncio era sua graça, que esta quietude era seu poder. Ele poderia me curar melhor, se eu simplesmente relaxasse e o deixasse entrar. Então me rendi a ele e dentro de poucas semanas estava curado. (10-5-153) A menos que uma base genuinamente científica e metafísica seja encontrada, será descoberto, como um culto de cura famoso já descobriu, que embora sejam efetuadas curas das quais não se pode duvidar, muitas dessas curas não são permanentes. O princípio que é a chave para tal cura – se é que é a cura real e não uma supressão de sintomas temporária – e que prevalece sobre todos os outros, foi apontado num livro anterior (A Realidade Interior). É a entrega da vontade consciente, da vontade pessoal, a um poder superior. É o abandono do ego através da oferta de seu problema corporal ao poder por trás de todos os corpos. A cura não é efetuada e não pode ser efetuada pelo próprio paciente ou por qualquer curador profissional que possa estar empregado. Ela é feita apenas pelo próprio Eu Superior, o que significa que ela é essencialmente uma graça outorgada. Agora a graça é uma força ativa, não um mero pensamento intelectual ou atitude emocional. É o poder de vontade cósmico, ou o
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que os hindus chamam de kundalini. Essa outorga, por sua vez, requer que não meramente o corpo apenas seja tocado, mas a mente também. Portanto uma cura que é genuína e permanente sempre envolverá em algum grau um reajuste mental, uma correção da perspectiva, e mesmo uma conversão ética. (10-5-113) A partir do momento em que o homem começa a esperar menos de suas posses externas mutáveis e mais de suas posses internas controláveis, ele começa a ter chance de obter felicidade verdadeira. Quando essa verdade irrompe na inteligência, ele aprende a guardar suas reservas finais ocultas em seu coração. Então, o que quer que aconteça, qualquer que seja o curso que a fortuna tome, ninguém e nada podem tirar isso dele. Enquanto puder carregar o conhecimento da verdade em sua cabeça e a paz de Deus em seu coração, ele pode carregar o melhor de todos o seus bens consigo onde quer que vá. Não os tendo alojado – sejam eles coisas materiais ou afeições humanas, riqueza acumulada ou honras sociais – em seu coração, mas fora dele, onde devem estar, ele pode permanecer calmo e impassível quando o capricho da Fortuna os perturba ou mesmo os destrói. Ele aprendeu a manter em seu coração apenas os bens inalienáveis, como a sabedoria e a virtude, somente o que o torna serenamente independente das revoluções da Fortuna. Aquele que depende das coisas externas joga dados com sua felicidade. Aquele que depende de seu próprio Eu Superior obtém serenidade infalível. (24-3-279, P Lembre-se de que nenhuma iniciativa ou movimento deveria depender dos limitados recursos do ego. A humilde invocação do Eu Superior expande esses recursos e tem um valor protetor. No começo de cada dia, de cada empreendimento, de cada jornada, e de cada etapa de trabalho importante, lembre-se do Eu Superior e, lembrando-se, seja obediente às suas leis. Busque Sua inspiração, Seu poder. Torná-lo seu parceiro silencioso é duplicar a própria eficiência. (18-1-54, P) É um erro, entretanto, transformar o Eu Superior numa mera conveniência a ser usada principalmente para obter cura ou guiança, para curar as doenças do corpo físico, ou guiar as atividades do ego físico. Ele deveria ser buscado por seu próprio bem, e essas outras coisas deveriam ser buscadas apenas ocasional ou incidentalmente, como e quando necessárias. Elas não deveriam se tornar habituais. Em suas meditações periódicas, por exemplo, o aspirante deveria
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buscar a fonte divina de seu ser porque é correto, necessário, e bom para ele fazer isso e ele deveria esquecer qualquer outro desejo. Somente após fazer isso e encontrado a fonte, e somente em sua jornada de volta às atividades do dia, é que ele pode se lembrar desses desejos menores e utilizar a serenidade e o poder assim obtidos para cuidar delas. (10-5-133) Quem quer que possa compreender que a substância é inseparável da vida e que a vida é inseparável da mente, quem quer que perceba intelectualmente que o universo inteiro é, em si, nada menos que a Mente em suas diferentes fases, encontrou a base teórica para uma apreciação das maravilhosas possibilidades que jazem por trás da experiência humana. Os poderes da mente podem de fato ser estendidos para bem além de seu insignificante ponto evolutivo atual. Aquele que reflete constantemente sobre a verdadeira e imaterial natureza da Mente e sobre seus poderes magicamente criativos tende a desenvolver esses poderes. Quando ele se torna capaz de concentração bem sucedida e livre do ego, esses poderes da mente e da vontade lhe vêm espontaneamente. Quando sua vontade se torna autoabnegada, sua emoção purificada, seu pensamento concentrado, e seu conhecimento aperfeiçoado, é natural que os poderes mentais superiores ou os assim chamados poderes ocultos surjam por si mesmos. É igualmente natural que ele deva permanecer silencioso com relação a eles, mesmo porque eles realmente não pertencem à personalidade nomeada que os outros veem. Eles pertencem ao Eu Superior. (21-5-53, P)
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MEDITAÇÕES E EXERCÍCIOS Qual a finalidade prática de perguntar “A quem esta experiência está acontecendo? Para quem esta dor, esta alegria, este sofrimento, ou esta boa sorte?”. Primeiro, ela o faz se lembrar da busca na qual está engajado ao lembrarlhe que é o ego quem está sentindo essas mudanças e que a pessoa não deve se identificar com ele e assim limitar suas possibilidades se realmente busca o eu superior por trás do ego. Segundo, ela sugere que ele procure a raiz de seu ego e com ele seu “Eu” oculto ao invés de meramente ser varrido pelo que está acontecendo dentro do ego em si. (23-6-108) Não se ocupe com coisas ou pensamentos, nem mesmo com a busca de experiências interiores, mas fique em silêncio e sem desejos. (24-3-204) Uma prática valiosa do Caminho Breve é ver-se já desfrutando a realização de seu objetivo, já participando de suas recompensas gloriosas. Este é um exercício de visualização em que seu próprio rosto o confronta, um rosto sorridente e triunfante, um rosto calmo e pacífico. Deve ser feito tantas vezes todo dia quanto ele conseguir se lembrar de fazê-lo. (23-6-50) A base para o trabalho de cura superior é a percepção da pessoa como Mente. Mas a última é uma entidade sem dimensão, não individualizada e não condicionada. Não é a minha mente individual. O campo da Mente é um campo comum enquanto que o da consciência está dividido em compartimentos individuais e separados. Esta é uma diferença com vastas implicações, pois quem quer que possa passar do segundo campo ao primeiro, passa ao mesmo tempo de um mundo absurdamente limitado para um extremamente vital. Consequentemente, a cura genuína e permanente é conduzida sem a associação consciente da pessoa e pode ser efetuada ao se soltar a mente egoica e com ela todos os desejos egoístas. Por isso o primeiro esforço deveria ser ignorar a doença e atingir a percepção. Somente após a última ter sido conquistada é que os pensamentos poderiam descer novamente para a doença, com a serena confiança de que a condição do corpo pode ser seguramente deixada nas mãos da Mente-do-Mundo para disposição final como Ela decidir. Não deveria haver a menor tentativa de ditar uma cura ao poder superior nem a menor tentativa de introduzir vontade pessoal no tratamento. Tais tentativas apenas derrotarão seu propósito. Os
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assuntos serão parcialmente decididos na balança dos fatores cármicos e evolucionários envolvidos no caso individual. E ainda assim há cultos que não veem incongruência alguma em sugerir à Mente Infinita o que deveria ser prodigalizado a alguém, ou em ditar ao carma o que exatamente ele deveria fazer! Assim que a entrega for realmente feita, os desejos do ego vão com ele e a paz reina na vida interior quer a doença ainda reine na vida exterior ou não. Assim, há uma falsa entrega fácil da vontade que não engana nenhum poder superior a não ser o eu pessoal, e há uma cessão honesta que pode realmente invocar a graça divina. (10-5-132, P) Estamos influenciando os anos vindouros através de nossos pensamentos. A importância do pensamento na formação de nosso ambiente externo, o valor da imaginação em, no final das contas, criar as circunstâncias e o hábito de visualizar o tipo de vida que aspiramos ter, devem ser impressos e reimpressos numa geração que tem que escapar da perspectiva materialista. Por esse processo duplo de nos elevarmos à nossa origem divina e de controlarmos nossas ideias intelectuais, podemos começar a controlar nossa vida externa de uma maneira extraordinária. (21-5-84) No que diz respeito aos erros passados, esqueça-os e comece novamente, como se fosse seu primeiro dia nesse corpo; mas no que diz respeito a seus contatos presentes, seja gentil com eles, como se fosse seu último dia nesse corpo. (24-3-226) Mesmo seus movimentos corporais devem entrar em conformidade com sua atitude mental. Seu próprio jeito de andar deve ser trazido frequentemente à atenção consciente e harmonizado com as deliberações, a paciência, o equilíbrio e a integridade que, idealmente, existem lá. (5-5-55) É tão necessário fazer um ritual diário desses hábitos de higiene e exercício físico quanto o é dos exercícios religiosos e místicos. Eles deveriam ser combinados, o ritual físico sendo praticado antes do espiritual como uma preparação para ele e para as atividades do dia. (5-5-65)
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Exercícios respiratórios Exercício Respiratório Revitalizante: (1) Fique de pé diante de uma janela aberta, coluna ereta, corpo reto, mãos apertando firmemente os quadris. (2) Expire todo o ar impuro pela boca. (3) Faça três inspirações rápidas e curtas e expire tudo numa longa exalação. Faça uma pausa e respire normalmente. Repita três vezes. (4) Inspire profundamente pelo nariz, começando a encher os pulmões pela parte mais baixa possível do abdômen e fazendo o ar subir pelos pulmões até que a parte superior esteja preenchida. (5) A mente deve se concentrar no plexo solar atrás do umbigo. Imagine um fluxo de energia branco-dourada sendo atraído para lá e irradiado por todo o corpo. (6) Contraia os lábios e deixe todo o ar sair o mais vigorosamente possível. Contraia o músculo do diafragma ao fazer isso, e o mova para cima. Faça uma pausa e respire normalmente. Repita três vezes. (5-6-5, P) Exercício Respiratório: Um exercício útil que mencionei num dos primeiros livros é expirar lentamente e então deixar a inspiração vir por si mesma, naturalmente. Enquanto expirando, mantenha o pensamento de jogar fora todos os pensamentos negativos e sentimentos indesejáveis. Devo acrescentar agora à descrição daquele exercício que esta exalação deveria durar o máximo possível sem desconforto excessivo e que deveria se originar na região do diafragma - o abdômen ou abaixo do umbigo. Mantenha a coluna ereta, com a cabeça e o pescoço alinhados com ela. Isso te habilita a receber melhor as correntes cósmicas de força vital. Também fortalece o poder do autocontrole, de disciplinar o corpo. (5-6-6) A importância da respiração diafragmática não é apenas física, porque a respiração plena nos habilita a obter a plena manifestação da força de vida no corpo, mas também porque ela permite uma manifestação da mente mais completa e mais livre. (5-6-14) Ao se observar a respiração que entra e a que sai, seu ritmo naturalmente diminui, acalmando assim a ação violenta do coração, dos pulmões e do diafragma. O coração bombeia cerca de dezessete toneladas de sangue por dia, e não tem descanso à noite, sendo portanto o órgão mais sobrecarregado do corpo. Os antigos conheciam esse método de descansar o coração, aumentando assim a
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expectativa de vida e também liberando uma tremenda quantia de força vital, que revitaliza as células do corpo. (5-6-28) LUZ CURADORA possível direcionar o poder curador da luz branca, em imaginação e com respiração profunda, para qualquer parte do corpo que sinta dor ou para qualquer órgão que não esteja funcionando adequadamente. Isso não remove o problema instantaneamente, mas de fato contribui com o processo de cura. (10-2-44) Exercício de Cura: Mantenha o pensamento de que todas essas células incontáveis que compõem sua anatomia receberão esta energia transmutada. Junto com a concentração inale profundamente, segure o fôlego, e exale por um período de tempo igual. (10.2.52) O exercício de atrair a Força de Vida como uma luz branca deveria ser acompanhado de profunda respiração rítmica. Ele será efetivo apenas depois que a inspiração for buscada na meditação, e parcialmente encontrada. Portanto, é melhor realizar o exercício logo antes, ou logo após, a quietude ser atingida. (23-6-59) Exercício de cura: Inale profundamente, mas devagar e sem pressa. Com cada respiração fixe a mente na essência-vida se derramando e permeando cada parte do corpo até que ele todo seja banhado e mantido pelo fluxo. (10-2-51) QUATRO EXERCÍCIOS (de 10.2.72 and 23.6.67) Exercício I: Para aliviar a tensão e cultivar o relaxamento (a) Sente-se de forma reta numa cadeira de altura confortável, com os joelhos e pernas juntos, se confortável, ou, do contrário, levemente afastados. Incline-se levemente para a frente, mantendo a coluna reta, e permita que ambos os braços
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pendam esticados e sem vida, como pesos pesados, a partir dos ombros completamente relaxados. (b) Ambas as mãos são levantadas muito lentamente à altura dos cotovelos, quase à altura dos ombros, e então deixe-as cair abruptamente, palmas para cima, sobre as coxas. Mantenha a sensação de abandono e de peso nos braços, com a parte inferior do corpo totalmente relaxada. (c) Visualize uma aura etérea de Luz pura, branca e eletrificante ao seu redor. Então, imagine que essa Luz magnificente está te pondo em pé pelo topo da sua cabeça. Sua força propulsora deveria, como resultado, automaticamente endireitar a coluna e formar uma linha perfeitamente ereta entre a paste de trás do tronco, o pescoço e a cabeça. Finalmente, imagine que a Luz está permeando internamento todo seu corpo. Este exercício deveria dar uma sensação de refrescamento físico e relaxamento físico completo. Também é útil quando se tem que escutar longas conversas, palestras e assim por diante, ou quando se está relutantemente tentando praticar meditação depois de um dia fatigante. Exercício II: Para promover a Harmonia Repita o exercício I, então acrescente: (a) Tente ver e sentir que a aura de Luz tem uma substância real e que Ela está se tornando parte de você, que você está se fundindo n’Ela, tornando-se uno com Ela. Em seguida, pense nela como sendo a pura essência do Amor, especialmente na região do coração. (b) Quando esse Amor for experimentado como uma sensação de felicidade que amolece o coração, deixe-o então se estender ao exterior e envolver todo o mundo. Esse exercício deve dar uma sensação de se estar em harmonia com a Natureza, com o universo, com todos os seres viventes e com a humanidade como uma parte da Natureza.
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Exercício III: Para curar a doença Repita os Exercícios I e II e então acrescente: (a) Pensa na Luz branca como sendo a Força Vital inteligente e regeneradora da Natureza. (b) Deixe-a se derramar em você, pelo topo de sua cabeça, passando diretamente para o centro do plexo solar, que é a região que primeiro deve ser trabalhada e afetada para que a força curadora se torne eficaz. A partir daí, envie-a a qualquer área afligida, permanecendo lá. Sinta Sua presença benéfica, restauradora e curadora trabalhando sobre essa área. (c) Para ser plenamente eficiente esse exercício deve ser acompanhado por intensa fé nos poderes regeneradores dessa Luz. Prova estarrecedora da eficácia desse exercício em aliviar um órgão perturbado ou em curar uma parte enferma do corpo, quando nele se persevera por um período suficiente de semanas ou meses, foi claramente mostrada pelos resultados. Em alguns casos, paralíticos recuperaram o uso pleno de seus membros incapacitados ao seguirem as diretrizes dadas aqui. Exercício IV: Para estabelecer harmonia ou ajuda telepáticas Repita os exercícios I, II e III (a), então acrescente: (a) Deixe a Luz Branca entrar na região do coração, permanecendo lá. (b) Forme uma imagem mental do rosto da pessoa que você quer contatar e a reduza em tamanho até que seja pequena o bastante para caber na palma de sua mão. (c) Coloque essa imagem diminuta no centro da Luz branca permeando seu coração. (d) Empenhe-se em realmente ver o indivíduo lá em seu coração. Este exercício deveria ser usado para promover o auxílio físico ou mental a um amigo distante,
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para causar boa vontade em alguém que expressou inimizade, ou para estabelecer um relacionamento espiritual mais profundo. É também útil no relacionamento aluno-instrutor, porque promove simpatia e afinidade melhores, e também fortalece o vínculo telepático. Nota: Onde a imaginação estiver bem desenvolvida a tentativa de visualizar a luz pode ser usada, mas onde o intelecto ou o instinto preponderam sobre ela, a tentativa não precisa ser feita – apenas o poder invisível invocado e dirigido. Exercício de cura e Meditação: (de10-2-50, P) (1) Deite-se de costas numa superfície plana (um tapete no chão, por exemplo). (2) Deixe o corpo completamente solto. (3) Relaxe respirando com os olhos fechados, ou seja, reduza a respiração para abaixo do normal. Lentamente exale, depois inale; prenda a respiração por dois segundos, então exale lentamente outra vez. Repita por três a cinco minutos. Enquanto inspira, pense que você está atraindo força curadora da Natureza. Enquanto expira, pense que a condição enferma está sendo retirada de seu corpo. (Note que, na inspiração, você – o ego – é compreendido como o agente ativo, enquanto que na expiração não é assim e essa mudança está sendo efetuada espontaneamente.) (4) Libere todos os problemas pessoais. (5) Reflita sobre a existência da alma que é você, e sobre a força vital infinita ao seu redor e na qual você reside e vive. (6) Deite-se com os braços estendidos e as palmas abertas, de forma a atrair a força vital tanto pelas palmas como pela cabeça. (Isso estabelece contato com o poder superior através da meditação silenciosa, e aproxima a reconstrutiva e curadora força vital, que é atributo desse poder.) Absorva-a. Deixe-a distribuir-se por todo seu corpo. Deixe a oniinteligência dela dirigi-la para onde for mais necessário, quer seja na parte afetada ou em alguma outra que seja a causa primeira da doença.
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(7) Coloque as mãos na parte afetada do corpo e deliberadamente dirija a força através das mãos para o corpo. Uma sensação de calor deve ser percebida nas palmas das mãos. (8) Relembre com a imaginação a sensação onipenetrante de Deus e sua infinita bondade. Técnica de Relaxamento autocuradora: (de 10-2-70) Reserve pelo menos de vinte a trinta minutos para esta prática todos os dias, mas você deveria continuar por um período muito mais longo se o desejo ou a capacidade para isso surgir. Escolha uma hora do dia em que você possa estar sozinho, livre de perturbações e quando estiver livre de reações emocionais a qualquer assunto pessoal que não seja essa necessidade de ser curado. Seria inútil tratar essas instruções de forma meramente superficial e externa, pois então elas poderiam ser seguidas e terminar em cerca de sessenta segundos. Há dois pré-requisitos que devem ser satisfeitos para que essas instruções sejam eficientes. Primeiro, o todo da mente o do sentimento da pessoa deveria ser concentrado em cada uma de suas partes separadas como exposto em cada sentença. Segundo, é essencial que você não deixe nenhuma parte e passe para a seguinte sem que esteja completamente imerso nela e entregue a ela. Não deve haver precipitação alguma. (1) Postura: Assuma uma postura passiva, deite-se de costas num divã, completamente solto, sem tensão no corpo, inteiramente confortável, quieto, e relaxe todos os músculos da cabeça aos pés. Estar meramente deitado não é o bastante; afrouxe também os músculos em seus lábios, olhos e mãos. Feche os olhos. (2) Respiração: Concentre-se no ritmo da respiração por alguns minutos. Dê-lhe toda sua atenção durante esse período até que você esteja tão imerso a ponto de se unificar com ela. Enquanto se concentra, faça a inspiração e a expiração durarem o mesmo tempo. Elas deveriam ser longas profundas lentas e suaves, sem solavancos e sem tensão. Esse desacelerar da respiração deveria resultar num diminuir da tensão.
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(3) Fazendo contato no nível físico: Comece a pensar sobre e a habitar no Poder Vital Único e Infinito, preenchendo todo o espaço e permeando o universo inteiro, existindo em todos os lugares, contendo e permeando todas as criaturas, toda a humanidade, incluindo você mesmo. Aceite e enfatize sua existência. Em seguida, peça sua ajuda e então se concentre na ideia de seu poder recuperador, que desenvolve e sustenta todas as células do corpo desde o nascimento, cura suas chagas e junta seus ossos fraturados, para seu próprio caso. (4) Tratando o corpo: Imagine que esse Poder está fluindo para você como uma Luz Branca. Atraia mentalmente essa corrente para seu corpo, através da testa, das palmas e do plexo solar. Finalmente, traga-a à parte doente do corpo precisando de cura e a concentre lá. Coloque uma mão levemente sobre esta parte e banhe tanto as mãos quanto a parte afetada com a Luz Branca, tentando sentir isso intensamente, por cerca de dois minutos. Esqueça o resto do corpo, e mantenha atenção total e intensa ali. Então, com os olhos da mente, esqueça a parte doente. Relaxe novamente, deixando a Luz imersa no corpo e se distribuindo por ele todo. (5) Atingindo a alma: Pense no corpo todo como sendo uma manifestação da Inteligência Criativa e como uma projeção do eu superior. Em seguida considereo como um pensamento perfeito na Mente-do-Mundo. Finalmente, esqueça-o por completo. Eleve a consciência para além do plano do mundo físico. Faça o pensamento imergir no conceito do eu superior apenas, esquecendo seu eu pessoal projetado. Em seguida, esvazie a mente o máximo possível de todos os pensamentos e busque a sagrada quietude interior. (6) Trabalho suplementar: (a) Em horas fixas ou aleatórias durante o dia ele para a pressão da vida e das pessoas sobre si e aprende pela lembrança repetida a permanecer conscientemente relaxado ao longo do dia, mesmo se for apenas por um ou dpis minutos. (b) Sempre que possível, reserve cinco minutos por hora para a prática de relaxamentos em horários fixos.
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O CORPO DO FILÓSOFO Não há doença que possa afetar a alma divina de uma pessoa, nenhuma enfermidade que possa pô-la abaixo. Ela é seu elemento incorruptível. Portanto, é certamente correto dizer que a pessoa perfeita não sofre dessas coisas. Porém, o que é normalmente ignorado ou geralmente desconhecido é que “a pessoa perfeita” não existe na terra, apenas “no céu”; nunca na carne, apenas no espírito. Esta terra e este corpo foram dados destinados às alternâncias entre deterioração e crescimento, entre morte e nascimento – resumindo, a processos de mudança envolvendo corruptibilidade. Há apenas uma forma segura, permanente e impecável de se conquistar a doença ou a enfermidade, que é viver conscientemente no Eu Superior tanto quanto no corpo. Quem quer que entenda tudo isso achará fácil entender que as mesmas causas evitam a possibilidade de se viver para sempre no mesmo corpo identicamente, e assim atingir a imortalidade física. As leis que influenciam a construção do corpo são precisamente as leis que também influenciam sue futuro colapso. Não há na história nenhum registro fidedigno de que algum ser humano tenha até agora escapado da operação dessas leis e sobrevivido aos vastos ciclos evolucionários do planeta. Que o homem possa descobrir como prolongar sua vida além da expectativa média atual ou como manter seu corpo em bom funcionamento e em saúde orgânica e, entretanto, uma possibilidade que não precisa de forma alguma ser negada por essas declarações. (10-1-48) As dores e mal-estares que acompanham e interrompem a existência física não são retiradas da pessoa espiritualmente desperta. Sua presença continua a agir como um lembrete – tanto para ela quanto para as outras pessoas – de que simplesmente porque elas acompanham a vida do corpo, esta vida é imperfeita e insatisfatória. Seus cinco sentidos estão trabalhando como os de todas as outras pessoas e portanto dever relatar as sensações dolorosas tanto quanto as agradáveis. Mas o que ela ganha de fato é uma paz mais profunda que as sensações do corpo, e inquebrável pela natureza dolorosa delas. Uma parte de si – a menor – pode sofrer; mas a outra parte – a maior – permanece imperturbada. Em sua natureza superior e espiritual ela está fortificada contra essas aflições, sustentada por forças celestes negadas às outras pessoas. (10-1-55)
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Também precisamos nos lembrar de que a atitude da alma avançada com relação ao sofrimento pessoal não é a mesma que a de uma alma comum. Seu ponto de vista é diferente. Até onde sabemos da história humana nesse globo, todos os fatos mostram que doença, dor, enfermidade e morte são partes das condições que regem a experiência do corpo físico porque são partes inescapáveis e inevitáveis de toda experiência do plano físico para as formas altamente organizadas, sejam elas humanas ou outra coisa. Isto é, são parte do plano divino para o homem. Nós humanos nos ressentimos com tais experiências, mas pode ser que elas sejam necessárias ao nosso desenvolvimento completo e que os Iluminados que se aproximaram mais da sabedoria infinita percebam isso e abandonem seu ressentimento. Aqui podemos relembrar a atitude de Sri Ramakrishna com relação ao câncer na garganta que o vitimou, a atitude de Santa Bernadette de Lurdes para com sua tuberculose fatal, dolorosa e prolongada, o fatalismo de Ramana Maharshi com suas dores e desajustes corporais, e a resposta de Sri Aurobindo ao médico que o atendeu por causa de um joelho quebrado após uma queda: “Como é que o senhor, um Mahatma, não pôde prever e evitar esse acidente?” “Ainda tenho que carregar esse corpo humano comigo e ele está sujeito às limitações humanas comuns e às leis físicas.” (10-1-58, P) Dor e sofrimento, pecado e mal, doença e morte existem apenas no mundo dos pensamentos, não no mundo do puro Pensamento em si. Entretanto, eles não são ilusões, mas são transitórios. Quem quer que atinja o puro Pensamento também atingirá em consciência uma vida sem dor, livre de sofrimento, sem pecado, incorruptível e imortal. Estando acima de desejos e medos, ela está necessariamente acima das angústias causadas por desejos não satisfeitos e medos realizados. Mas ao mesmo tempo a pessoa também terá uma consciência que acompanha a vida no corpo, que deve obedecer às leis de seu próprio ser, leis naturais que põem limitações e imperfeições sobre ele. Isso tudo pode ser considerado o elemento de verdade contido em algumas doutrinas teóricas da Vedanta Advaíta e da Ciência Cristã. (10-1-78, P)
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VEGETARIANISMO É necessário ingerir coisas vivas como alimento para nos mantermos vivos. Essa não é uma questão de escolha nossa, mas uma necessidade a nós imposta pela Natureza ou Deus. Não temos liberdade na escolha, mas somos livres para reduzir a área de nossa destrutividade e para diminuir a quantidade de dor que infligimos. É menos destrutivo desenterrar um vegetal ou colher uma fruta do que assassinar um animal – e há menos sofrimento também. Esta é uma resposta ao argumento de que ainda destruímos a vida quando nos tornamos vegetarianos. (5-3-64) O aspirante que falha na prática de não causar dano estabelece um mal relacionamento que terá que ser resolvido depois, um relacionamento que bloqueará sua entrada no estado de iluminação perpétua até que seja resolvido. A desnecessária retirada de vida animal para ser seu alimento é uma forma, embora comum, de violar essa ética. (5-3-91) Se ele realmente acredita nesse ensinamento, buscará trazê-lo para todas as áreas de sua vida. Não há área da qual ele possa ser corretamente deixado de fora, nem mesmo do tipo de comida que ele ingere. (5-3-84) O hábito que prevaleceu tão amplamente na desaparecida Atlântida de oferecer animais e prisioneiros abatidos durante os rituais religiosos periódicos, e que persistiu com os sobreviventes nas civilizações Africana, Americana e Asiática dos tempos históricos, morreu à medida que conceitos mais puros e racionais de religião surgiram. Mas o hábito de oferecer animais para agradar não a um ser divino, mas a um humano, é simplesmente tão prevalecente hoje como a estúpida barbárie atlante foi outrora. As pessoas ainda criam infelizes quadrúpedes aos milhões apenas para assassiná-las ao final e servi-las nas refeições. Tal destruição é executada sem sentimento, sem consciência, e sem necessidade real. E que direito tem qualquer um desses seres humanos de destruir a existência dessa multiplicidade de criaturas que têm seu próprio lugar, função e propósito na divina Ideia-do-Mundo? Ao reclama a si tal direito, o homem arrogantemente se proclama mais sábio que seu Criador e ao perturbar a própria criação com seus hábitos alimentares sangrentos, ele viola leis sagradas
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pelas quais é adequadamente punido. Sua saúde sofre, suas paixões nunca são reduzidas, e sua violência na guerra nunca acaba. (5-3-101) O vegetariano que se recusa a transformar seu corpo num cemitério de animais abatidos está obedecendo não apenas uma lei moral mas também uma lei higiênica e estética. (5-3-130) Somente é digno de pedir ajuda ou misericórdia – que é uma forma de ajuda – aquele que mostra piedade, que poupa a vida, que evita a crueldade, e confere misericórdia aos indefesos e oprimidos, aquele que, nos dizeres de Plutarco, “não permite que seus lábios toquem a carne de um ser assassinado.” (5-3-106) Deve a pessoa pacífica reduzir ou parar com a agressão violenta contra seus companheiros, mas continuá-a contra criaturas semelhantes? E sobre os animais? Não temos o direito de destruir a vida animal sem um propósito adequadamente necessário e moralmente justificável. Portanto, é bom perguntar aos sábios e bons sobre o caráter de tais propósitos, e ser guiado pela deliberação deles ao invés de pelos costumes do meio, pois o último nos conduziu, através de sua completa ignorância e total inconsciência das leis superiores a uma situação na qual golpe após golpe caem pesadamente sobre a raça humana. Por que deveríamos nos estarrecer tanto pela paz ser tão difícil de obter, de, com frequência, a violência flamejante da guerra e da morte e da mutilação ser carregada através da terra apesar de nossas orações a Deus e de nossos planos em contrário? Enquanto milhões de animais inocentes forem criados apenas para serem enviados aos matadouros para nosso alimento desnecessário, então a Vida nos pagará na mesma moeda. As características inferiores são levadas ao corpo, ao sangue, aos nervos e ao cérebro. Elas se tornam parte de nós. A resposta da mente a ideais elevados é entorpecida. As paixões que causam discussão e então guerra encontram menos resistência da consciência e da razão. A fobia, a suspeita, o medo e o desejo de autoproteção que contribuem para a guerra, sendo impregnados no sangue de nossa carne durante os momentos que precedem o abate, são aos poucos trazidos para dentro de nós através das glândulas, do sistema nervoso e do cérebro, enquanto nosso próprio sangue as alimenta por sua vez. Seria desejável, embora admissivelmente difícil, adotarmos gradualmente uma dieta sem carne como uma ajuda para se garantir tanto o desenvolvimento do indivíduo quando a paz do mundo. (5-3-160)
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A comida não fornece energia diretamente, mas sua presença no corpo durante o processo do metabolismo atua como um canal para a energia ser liberada no corpo. É por isso que aqueles que passam pelos processos purificadores da Busca e assim regeneram seu corpo não apenas precisam de menos alimento que os demais, mas subsistem de formas mais finas de alimento. (5-3-104) A maior de todas as reformas na dieta é a mudança da dieta carnívora para a vegetariana. Este é também o primeiro passo no caminho espiritual, o primeiro gesto de que a retidão, a justiça, a compaixão e a pureza estão se estabelecendo como necessárias para um viver humano e humanitário, em contraste ao viver animal. (5-3-5) Se há alguma causa pela qual eu iria para cima e para baixo na terra numa cruzada do século XX, é a da dieta sem carne. Talvez seja uma cruzada solitária, mas assim mesmo, seria uma de aquecer o coração. (5-3-6) Uma dieta sem carne tem vantagens práticas a oferecer a praticamente todo mundo. Mas para os idealistas que estão ocupados com propósitos superiores ela tem ainda mais a oferecer. No âmbito moral apenas ela tende a diminuir a indiferença pelos sofrimentos dos outros, homens ou animais, e a aumentar o que Schweitzer chamou de “reverência pela vida”. (5-3-8) Por que deveríamos nos abster de comer carne? (a) A terra cultivada, se for cultivada com vegetais, frutas e nozes produziria muito mais comida para um mundo superpopuloso do que produziria se fosse deixada como pastagem para o gado e as ovelhas. (b) O trabalho horrível de abater essas inofensivas criaturas inocentes só pode ser feito por pessoas endurecidas, cujas qualidades de compaixão e simpatia devem inevitavelmente se tornar mais e mais frágeis. Quantas donas de casa poderiam fazer o trabalho de abate? (c) Em termos de igual valor alimentício, a dieta sem carne custa menos. (d) Animais que sofrem de doenças contagiosas transmitem os germes dessas doenças àqueles que comem sua carne ou parasitas. (e) A carne contém substâncias excretadas, purinas, que podem causas outras doenças não comunicáveis. (5-3-11)