A conquista do mundo: historia das primeiras descobertas e explorações


275 7 143MB

Portuguese Pages [210]

Report DMCA / Copyright

DOWNLOAD PDF FILE

Recommend Papers

A conquista do mundo: historia das primeiras descobertas e explorações

  • 0 0 0
  • Like this paper and download? You can publish your own PDF file online for free in a few minutes! Sign Up
File loading please wait...
Citation preview

No intuito de estender suas atividades ao âm· bito do espi1 i to e do pensamento contemporâneo, as Edições Melhoramentos apresentam, através dos livros desta nova série, um avantajado escôrço intelectual onde são tratados,. com especial carinho, os diferentes ramos do saber e do conhecimento humanos.

CULTURA E CIÊNCIA

O ÁTOMO (4.3 edição). Fritz Kahn - Os segredos e as maravilhas da CUncia Nuclear descritos de forma compreensível. DEUSES, TúMULOS E SABIOS (6.3 edição). C. W. Ceram - O romance da Arqueologia. OS HERóiS. Thomas Carlyle - Um exemplo contido na vida dos grandes g~nios da Humanidade. ORIGEM DOS DIREITOS DOS POVOS. Jayme de Altavila - Normas e Jeis do Homem no e:tabelecin,e11to de seus direitos. AFORISMOS PARA A SABEDORIA NA VIDA (2.3 edição). Arthur Schopenhauer - P&nderaçõcs sôbre os meios e os modos de uma perfeita existência A AMÉRICA DO SUL OS CHAMAVA. Victor W. von Hagen - O trabalho de grandes nattlralistas nas selvas sul-americanas. O LIVRO DA NATUREZA (2 ~omos). Fritz Kahn - A concepção do Universo, da Ciência Moderna numa acessível exposição. l'EQUENA HISTóRIA DA ARTE. l'ietro Maria Bardi - Apanhado geral das. manifestações a1·tisticas na Pi11tura, Escultura, Cerâmica, Desenho e Arqui· tetura. HISTóRIA UNIVERSAL DA MúSICA. Kurt Pahlen - A arte musical no cor· rer dos tempos e a vida de grandes compositores. HISTóRIA DA .fiLOSOFIA (2.3 edição). H. Padovani - L. Castagnola - O pen· samento VIVO do Homem, através de várias escolas filosóficas. COMPE.NDIO DE FILOSOFIA (2.3 edição). Luís Washington Vita - Iniciação ao estudo do pensamento humano. Gra11des filósofos e escolas modernas. BOTÂNICA (Morfologia Externa das Plantas). Mário G. Ferri - Detalhado com· pêndio esclarecendo sóbre as formas vegetais .. HISTóRIA DA LITERATURA (8.3 edição, revista). José Marques da Cru:~: Apanhado geral sóbre a literatura de todos os povos. OS LUSíADAS (ll.a edição). Luís de Camões - O maior poema da llngua por-· tuguêsa em edição comentada por Otoniel Mola. A IMAGEM DO BRASIL. Konrad Guenther - Maravilhosas descrições versando sóbre a natureza e o ambiente nacionais. · MISTÉRIOS SUBMARINOS. Philippe Diolé - O mar, seus mistérios, a fauna e . a flora, a caça submarina, em magnífica exposição. • A CONQUISTA DO MUNDO. Paul Herrmann - CativlMte narrativa das épocas remotas em que o Homem empreendeu suas primeiras viagens, na conquista do espaço vil41. · HISTóRIA DAS CULTURAS UNIVERSAIS. Dr. Kaj llirket-Smith - Panorama do de•envolvimento das cuíturas desde os primórdios do mundo. E A BíBLIA TINHA RAZÃO. Werner Keller- A maior prova da autenticidade histórica dos textos bíblicos através das descobertas arqueológicas. modernas. A ESTRADA DO SOL. W. yon Ilagen - Sensacional estudo arqueológico · sóbre as descobertas referentes à civilização iucaica.

i

EDIÇõES MELHORAMENTOS

EDIÇõES MELHORAMENTOS-i'

A CONQUISTA DO MUNDO

Alex VieiraE"'X Libris

Paul Herrmann

A história da humanidade, desde os seus primórdios, é assunto que sempre apaixonou a sábios e leigos indistintamente. As constantes lutas e sucessivas conquistas do homem, seu desenvolvimento no tempo e no espa· ço analisado sob os múltiplos aspectos e relações de sua existência e posição ocupada no universo, é um estudo que abarca quantidade enorme de considerações de ordem espiritual e científica, e, quanto mais se aperfei· çoam os métodos de pesquisa sôbre outras eras, as investigações sôbre as origens humanas, mais nos surpreen· de o surgimento de novas teses, de novos postulados que modificam os rumos dos capítulos tradicionais da história de nossos antepassados. Autores contemporâneos, inteirados das matérias que tratam da gênese do mundo e dos primeiros povos, procuram, de um modo acessível a to· dos, transmitir tão importantes co· nhecimentos a nós outros, a quem o segrêdo do passado e a eterna incóg· nita do futuro, por herança atávica, fascinam. últimamente, numerosos trabalhos de transcendental importân· cia de vulgarização científica, elabo· rados com a finalidade de elucidar o leitor comum quanto aos mistérios de um pretérito remoto, para cuja solução ou esclarecimento muito contribuem as explorações arqueológicas, que revolvem e desenterram, do abis· mo dos séculos à luz dos dias corren· tes, vestígios de gloriosas civilizações de há muito desaparecidas, têm ai· cançado significativa aceitação em to· dos os países em que foram editados. Recorrendo às numerosas fontes in· formativas representadas pelas crônicas e relatos de viagens dos sábios e conquistadores de outrora, interpre· tando-as e confrontando-as com as descobertas da moderna Arqueologia e com as mais recentes deduções dos cientistas coevos, Paul Herrmann compôs esta obra maravilhosa, em que o tema, por demais interessante e ins-

Paul Herrmann

A CONQUISTA DO MUNDO

PAUL HERRMANN

A CONQUISTA DO MUNDO ,

História das primeiras descobertas e explorações

Tradução e prefácio de ERWIN THEODOR

EDIÇõES MELHORAMENTOS

Título do original alemão: SIEBEN VORBEI UND ACHT VERWEHT

Todos os direitos reservados pela Comp. Melhoramentos de São Paulo, Indústrias de Papel Caixa Postal 8120 - São Paulo

DEDICADO A

JUAN ALEJANDRO APOLANT Montevidéu, Uruguai

15x-llfV-7 COMO SINAL DE GRATIDÃO E AMIZADE

Edição em português autorizada . A edição original foi editada por HOFFMANN UND CAMPE VERLAG, Hamburg, Alemanha.

Nos pedidos telegráficos basta citar o cód. 0-03 -062

PREFACIO Em nossos dias, duas das obras que mereceram melhor aceitação do público leitor universal são êste livro de Paul Herrmann, cujo título origmal é "Sieben vorbei und Acht verweht" (*) e que, significativamente, leva o subtítulo "História das primeiras descobertas e explorações", e "Deuses, Túmulos e Sábios" (u), o magnífico romance da Arqueologia, de C. W. Ceram. São dois livros que tratam das lutas, das conquistas e das esperanças humanas de épocas muito remotas, dois livros dos quais advêm preciosos ensinamentos aos leigos mas que foram escritos sem ambições científicas. Focalizam e explicam determinados fatos históricos ou geográficos sem os decompor, não submetem suas partes separadamente ao microscópio para que não se perca a apreciação do todo. Tratam de assuntos diferentes que porém se tocam em um ponto qualquer do horizonte, examinam de maneira diversa os assuntos expostos e, no entanto, paira sôbre o todo um sabor de semelhança, que nos revela imediatamente a afinidade existente. Como, então, explicar o fato de justamente a êsses dois livros pertencerem lugares destacados na lista dos "best-sellers" mundiais de nossos dias? Será que, conforme afirma Paul Herrmann no último capítulo, o lamento daquelas épocas foi idêntico ao nosso? Que também nós esperamos poder exclamar algum dia, como Ulrich von Hutten, que "os espíritos despertaram" novamente, devolvendo-nos a alegria de viver? Ou estaremos de fato no limiar de uma época, cujos contornos começam a distinguir-se e que produzirá uma nova humanidade, menos egoísta, de mentalidade mais arejada? Tudo são dúvidas. Certo é apenas que a apreciação que êste livro mereceu na Europa e nos Estados Unidos, baseada na clareza da exposição, no interêsse do relato, na maneira com que o autor soube cativar o leitor, justifica amplamente a sua edição entre nós. Poderíamos acrescentar que existem outros motivos, já que problemas arqueológicos e filológicos, diretamente atinentes ao Brasil, são apresentados e discutidos ou que, se o livro conclui com aquela profecia do Dr. Fausto, "para novas margens atrai o dia novo", bem poderíamos aplicar essa profecia ao nosso continente; tais justificativas, todavia, são -supérfluas. A motivação é dada pelo livro em si, e o leitor que procurar progredir naquela terra-de-ninguém imersa no crepúsculo que se estende entre História, Geografia, Arqueologia e Etnografia, aqui apresentada, verá compensado o seu esfôrço. Trata-se de um terreno que é quase sempre cuidadosamente evitado em livros que expõem as ciências acima citadas. Está sempre iluminado pelo fogo-fátuo de relatos imprecisos, de mitos mal interpretados e sagas transmitidas oralmente. Mas aq.ui os temas são examinados, as teses oferecidas, e mais de uma vez ficará mesmo o leitor erudito admirado com a feição nova e diferente que assumem acontecimentos ou personalidades que julgava conhecer. Examinando o relato dêste livro, paC*) O significado do presente título da obra em alemão diz respeito à troca de guarda que era efetuada nos navios, a qual era marcada pela ampulheta, relógio de areia que devia ser virado depois de cada meia hora e quando sete quartos já haviam pass ado, pois que a guarda era trocada de oito em oito quartos . O grumete entoava, então, esta canção: "Sete pa,ssados e a oitava escorrida" CSieben vorbei und Acht verweht). C**) Obra també m publicada por Ediç ões Me lhorame ntos.

7

rece estar completamente destacado do mundo ali revelado e no entanto assm;ne~ os acontecimentos e as figuras do mcos. N. do T.

41

7. Pesando ouro. f.sse mural, executado por volta de 1380 a. C., para o túmulo de um escultor de Tebas, no Egito, mostra uma balança de precisão altamente desenvolvida. No lado direito um pêso em forma de cabeça de boi; à esquerda, barras de ouro.

perior a outro em valor. Mostra qual, .ror exempl~, a r~lação de ~alor entre um par de sandálias e uma casa, assim como evidencia a relaçao entre. o trabalho do construtor e o serviço do sapateiro e quantos pares de sandálias devem ser entregues para corresponder ao preço de uma casa". Aristóteles externou essa opinião por volta de 400 a. C., quando de há muito se conhecia o dinheiro; e o sábio grego formulou o seu pensamento de maneira indubitàvelmente clara. Mas muitas e muitas gerações anteriores já haviam nutrido tais idéias, o que ~os f~z avaliar .melho~ a extensã_o dêsse feito notável que foi o invento do dmheiro. Es~a myençao pressupoe uma mentalidade econômica completamente nova, mUito diferente das eras precedentes. Desde há muito essas gerações anteriores haviam dado, po_rém, o segundo passo inevitável, logicaJ?ei?t~ necessário, superand? a?sim em muito a Aristóteles. Embora a prmcipiO talvez tomassem o dmhei~o como mero indicador de valores, um meio auxiliar no intercâmbio comercial, logo êsse expediente terá conqui.stado a s~a i~dependência, _e d~ uma forma q;te certamente teria surpreendido seus Ideah~adores. O dmheiro tor~ou-s~, ele mesmo, pelo menos no concernente às umdades meno:es .que ser~Iam Igualmente como pesos, uma mercadoria, um valor comercial mternacwna~me~te reconhecido e sujeito, como qualquer outra posse, às mudanças de cambJo, das leis de oferta e procura. E quando o fabncante de armas e _advogado de Atenas, Lísias, descreve por volta de 400 a. C. os grandes comerciantes de sua época: "apenas pelo nascimento são habitantes de, nosso Estad?. Segundo sua concepção, todo país que lhes ofereça vantagens e a sua pátna, porque consideram pátria não lugar onde nasceram, mas onde consegue11_1 aumentar. as suas posses" teria sido necessário voltar atrás pelo menos mil anos,. a fim de novamen~e encontrar o bom tempo da existência simples e do sentimento da probidade. 42

Mas êsses comerciantes, tão rudemente descritos por Lísias, podiam ser tudo, menos mascates. Eram comerciantes de grande visão em uma época de esplendor; pertenciam aos primeiros grandes descobridores do mundo imenso. Vemos êsse negociante viajando, já não exclusivamente com animais de carga e carregadores escravos, como o faziam seus antepassados da Idade da Pedra. Utiliza agora o "carro coberto", grande e pesado, suportado por enormes rodas maciças, que em tudo se assemelha àqueles veículos puxados por quatro bois, com os quais os pulesatas, os filisteus, invadiram o Egito por volta de 1200 a. C. e que foram eternizados pelos letrados e clérigos do templo de "Medinet Habu" em seus altos-relevos. Pesados e muitíssimo vagarosos, êsses carros mercantes seguem aos solavancos o seu caminho. Mas sob suas cobertas de couro vão acumulados todos os tesouros do mundo da época: espadas de bronze, punhais, navalhas, pontas de lança ou de flecha, agulhas, broches e espelhos. E em enormes arcas especialmente guardadas como riquezas invulgares: "cabeças-de-boi" de Creta, os "dólares" da Idade do Bronze. São ao mesmo tempo pesos e unidades monetárias, tanto as pequenas peças de prata gravada, como as maiores, de ouro, representando uma cabeça de boi, reproduzidas em muitas tabuinhas de esctever cretenses. E esta identidade entre o pêso e a moeda é uma das pressuposições do conceito "dinheiro". Em 1947, um falsificador de Berlim, que se "especializara" na imitação de moedas de vinte dólares-ouro, foi detido e prêso. Havia sido descoberto não porque seus "produtos" contivessem pouco ouro, mas, pelo contrário, porque eram fabricados com demasia dêsse material precioso. É que o valor monetário se separou da valia material da moeda. A moeda de vinte dólares-ouro ct .:t a representação figurada do potencial econômico da América do Norte; &eu valor era muito superior àquele do material empregado - desde que f?sse legítimo. E justamente esta discrepância entre valor monetário e matena! n~s leva de volta à correspondência entre êsses valores na Idade do Bronze. P01s todos os meios cretenses de pagamento, desde o dinheiro "miúdo" de prata até as "cabeças-de-boi", de ouro, e a "moeda magna" (pesada barra de cobre e bronze, pesando 29 quilos, fundida em forma de cauda de ando-

8. Tábua de escrita cretense, com barra de cobre e balança.

rir;ha e. pr~v~da do .cunho da "Casa l'la Moeda" de t:::reta) representavam seu r~I, o nquiSSimo MI~os, já parte da mitologia, e que viveu no faustoso paláCIO de Cnossos. Por zsso eram recebidos como meio de troca em tôda a região em que a :·eucumena" era soberana. Pois atrás da simples unidade de pêso estava o mi~o _do poder, aquêle mito que obriga também a nós, membros de ~stados endividados e impotentes, a aceitar como moeda real as promessas Impressas err; papel s~m valor e que, observadas à luz da experiência, não possuem mUita garantia. Mas onde não se encontrasse o dinheiro "cunhado" o~ onAde, em virtude do atraso econômico do participante da transação, êste nao fosse reconhecido, um pedaço de bronze bruto, um bracelete de bronze ou um broche, talvez, tenha servido de "meio de pagamento". 43

Tornou-se conhecido ràpidamente o baixo ponto de fusão do bronze, e por isso êsse metal, fundido, ficou logo afamado como produto de valor. Daí a freqüência de achados de objetos dêsse material e ferramentas de fundição. O bronze bruto, que chegava do sul e do oeste, era, em geral, trabalhado no próprio país. Tal atividade se revestia, obviamente, de grande importância, e a consideração especial consagrada ao ferreiro na maioria das lendas indoeuropéias talvez encontre aqui a sua explicação. Quando as jazidas de estanho da Espanha se aproximaram de seu esgotamento, assumiram maior importância as da Bretanha e da Normandia, e principalmente aquelas das Ilhas Scilly, localizadas diante das costas da Cornualha. A derrota espanhola de estanho no Mediterrâneo dos tempos primitivos passou dessa forma a ser um roteiro gálico e britânico, tornando-se assim verdadeira viagem de longo curso, digna do maior respeito. É provável, também, que os habitantes de Tartesso não chegaram até a Inglaterra. Pode-se supor que não passaram além de Uxisane, a Quessant de nossos dias, de onde a viagem restante às Ilhas Britânicas era empreendida por navios celtas. Sabemos de apenas poucas minucias a êsse respeito. É certo porém que entre o sudoeste da Espanha e as Ilhas Britânicas existiam relações culturais tão estreitas que o intercâmbio deve ter sido intenso e freqüente. Poderão ter sido efetuadas esparsas viagens espanholas à Inglaterra, como também viagens marítimas dos tartéssios às costas do Mar do Norte. Já os cretenses que, de qualquer maneira, atravessaram o Estreito de Gibraltar em seu caminho

9. Tábua de escrita cretense, com pêso em forma de cabeça de boi.

para Tartesso, poderão ter chegado à Inglaterra. Sabemos que dêste país já era exportado estanho, quando lá ainda existiam ferramentas de pedra. ~ste estanho, portanto, deve ter sido muito barato, muito mais barato que em Tartesso, onde estanho e bronze ·s ofreram indubitàvelmente um acréscimo comercial de várias centenas por cento. E não seria de estranhar-se que os negociantes cretenses tivessem suficiente sêde de lucros para ousar uma viagem rumo ao perigoso e misterioso Norte. Perto de Falmouth, na Inglaterra, foram encontradas barras de metal em forma de cauda de andorinha que aí chegaram procedentes de Creta por volta de 1700 a. C., assim como jóias que correspondem integralmente àquelas escavadas em Tróia por Schliemann. Não fica excluída a possibilidade de a Espanha ter-se intercalado nesse intercâmbio como um elo de ligação, mas não deixa de ser elucidativo o fato

10. Cretenses transportando preciosidades.

d~ a palavra grega para. estan~o - "kassiteros" - ser de origem celta. Acredit~-~e _que a palavra SeJa denvada da designação dada pelos celtas às Ilhas Bntam~as. Eram chamadas "Cassitérides", as "ilhas muito distantes", e do empréstu:~o. e da n~va ~esignação para esta palavra celta podemos su or terem ~XIStido relaçoes diretas entre a esfera cultural de Creta e a EurEpa Setentnonal. , ~ma ~ez que as possibilidades náuticas e as facilidades de construção mantm~.a ,fossem, em époc~s, tão remotas, muito melhores do que se supõe, é a~miSSivel também que p os tartéssios tenham descoberto as ilhas do Atlântico, pelo menos as. Canár~as e a ~lha da Madeira. Não há provas, todavia. ~as ess: grupo d~ _Ilhas, tao p~óxtmas a'? continente, não pode ter escapado a atençao .dos viaJa_dos_ maruJOS tartéss10s. Quem estivesse acostumado a cruzar o G~lfo de Bis~aia, nada veria de especial em uma viagem ao lon 0 da. costa ocidental afncan~. Que os tartéssios tenham chegado até a Afri~a OCidental podei?os deduzir com boa possibilidade de acêrto através de docum~nto~ ~ostenores. No curso de tal viagem o contato com a Ilha da Madeira e:a znevztavel. Para _a descoberta dessas ilhas do Atlântico, próximas ao contmente, pelos tar~és~IO~, e para ~ a~irmação que tanto cretenses quanto helenos sou_ber~m da existenCia de tais Ilhas - veremos adiante que Homero na Odisséia,· fala das "Ilhas dos Bem-Aventurados" · d'ICIO · que ta'rvez nos • . . . - há um m d exph9ue também a decadenCia emgmáttca e o repentino desaparecimento da própna Tartesso. Quando se desfez a "talassocracia" minóica, o domínio ~s mares por Creta, sucedeu-lhe a marinha fenícia . No Oeste distante coube .t~refa à ~o?erosa colônia fenícia de Cartago, e quando esta rica' cidade gou .suf~cient~II_Iente preparada e armada, invadiu a Espanha Meridio~a · A pnmeira lei Imposta pelos invasores proibia a travessia dos estreitos dos ~ares a t?dos os navios não-punicos, sob pena de morte. Isto por volta el 5 f a. C., epoca em que o bronze havia sido substituído em grande parte pe 0 • er:o. O estanho da Grã-Bretanha já não desfrutava de tão grande impolrtanCia, que tivesse sido responsável pelo fechamento dos estreitos principa mente se const·derarmos o fato de os fenícios, com esta medida, terem ' s· t"d d de0 1 ;; I dos . ucros enormes que lhes poderiam advir fàcilmente das antigas a5as e mtercâmbio comercial do sudoeste da Espanha. Eram outras as razoes ' portanto' resp onsaveis ' · pe1a prOibtçao · · - da travessia . de Gibraltar E d · · essas outras , . drahzoes po enam apenas ter sido as ilhas do AtlântiCo de que Os fe mCios e á mu"t d · ·d . . ' . I o eviam ter ti o conheCimento e de CUJOS produtos n ecessitavam com pre meneia • · para suas mdustnas · ' · de ' corantes em Tiro e .don p · . SI 1 · OIS nas I has do Atl• · poderia b "d . antico encontrava-se um corante vegetal, de que ser 0 ti o, em mistura com os do país, aquela coloração vermelha

!: lu

45

especial que deu fam;o à!. fazendas púrpuras da Feníc_ia. E para ter certeza absoluta ·de que Tartesso não iria interferir no aprovei_tamento dos pr?dutos dessas ilhas, por certo valeram-se os fenícios. da oportum?ade da conqmsta da Espanha para extinguir do mapa aquela Importuna cidade. E como Cartago, em tôdas as suas emprêsas, pauta~a pela min~cia, aqui ela o foi com particular dedicação. Suas ~ordas, obvia~~nte, queimaram e assassinaram até que não houvesse sobrevivente e da cidade nao sobrassem mais que cinzas. Nada f~i, por _isso, p~ssível esc.~var. J?uzentos anos antes _d~ destruição, o profeta !saias havia previsto que um dia do Senhor sobrevira a todos os navios de Tarsis". O dia havia chegado. Tartesso desapareceu e com ela todo o conhecimento do grande mar ocidental. Apenas demônios, escuridão atemorizadora, massas lamacentas e enormes campos de sargaço, que não permitiam a volta de navio algum; terríveis monstros e morte horrível aguardavam o marujo no outro _lado de ~ibraltar. Eis Aos. rumo:es ~ir­ culados pelos fenícios. tles foram aceitos, e assim a concorrenoa havia sido eliminada. Dois mil anos depois, quando os navegado~es de _Portugal. a':ançavam cuidadosamente para o sul, ao longo da c