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Brazilian Portuguese Pages 239 Year 1956
MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS
CURSO DE INTEGRAÇÃO PESSOAL 6.» EDIÇÃO
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L iv r a r ia e E d it o r a LOGOS L td a , Rua 15 de Novembro, 137 — 8. andar — Telefone: 35-0080 SAO
PAULO
ÍNDICE O Porquê Dêste Livro ................................................................................... Um 'Apólogo Para Meditares .................................................................... O Método Desta Obra ................................................................................... Caracterologia ............................................................................................... O Temperamento Sangüíneo ...................................................................... A Teoria de Freud ....................................................................................... Parte Prática ............................................................................................... Classificação Dos Dilatados ........................................................................ Carácter Geral Dos Dilatados Estênicos ............................................... Aspectos Gerais ............................................................................................. Os Retraídos .................................................................................................. Os Retraídos de Fronte: A Acção Reflectida .................................... Os Retraídos de Base ................................................................................. Os Retraídos de Bossa (os Bossuados) ................................................. Análise Dinâmica da Fisionomia ............................................................. O ôlho ................................................................................................................ Plano da Intelectualidade ............................................................................ Os Oito Tipos .................................................................................................. Tipo Terra ........................................................................................................ Tipo Júpiter ...................................................................................................... Tipo Saturno .................................................................................................. Tipo Vênus ...................................................................................................... • Tipo Mercúrio ................................................................................................. Tipo Sol ............................................................................................................ Tipo Lua .......................................................................................................... Método Prático de Análise Caracterológica ........................................ Um Exame Prático de Classificação de Aspectos .......................... Parte Especial — Nós e os Nossos Pensamentos ............................ Exercícios — Quem és tu? ...................................................................... O Pouco Que Peço de ti ............................................................................ Exercícios Respiratórios .............................................................................. Regras Importantes Sôbre a Meditação ............................................... A Prática do Júbilo .......................................................................................
13 17 21 25 36 42 47 81 64 66 69 72 77 83 86 90 101 113 117 121 125 129 133 137 139 141 144 147 153 159 163 167 174
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Novos Exercícios Mentais .......................................................................... ......177 Contemplação Espiritual ...................................................................................182 Observações Sôbre Regras da Meditação .................................................185 A Imaginação ........................................................................................................189 Os Valôres ........................................................................................................ ......211 Recomendações Importantes ...................................................................... ......223 A Liberdade — A Integração do Eu ................................................... ..... 239 O Caminho da Liberdade ............................................................................ ......242 A Liberdade em ti ......................................................................................... ......251
O PORQUÊ DÊSTE LIVRO (Prefácio da l.a edição)
Durante os meus anos de magistério, como professor particular, fui muitas vêzes procurado por pessoas aflitas, angustiadas, que buscavam um lenitivo para as suas almas magoadas, doridas de tantas preocupações, desencantos e amarguras. E como também os meus dias estiveram cheios de decepções, ds angústias sem fim, compreendi a todos, e a cada um, e em meu coração ressoaram aquelas queixas e apelos. Também minha vida foi procelosa; também passei por lanços dolorosos no caminho, pontilhados de ingratidÕes, de amarguras demoradas, de incompreensões inexplicáveis, de inimigos gratuitos que actuavam nas sombras, e de raros adversários que me enfrentaram de frônte erguida, e não poucos foram os momentos em que, debruçando-me sôbre as minhas experiências, abismei-me em desânimos e até em desesperos. E por todos os meios, ante o espetáculo do mundo, sem deixar-me arrastar pelo pessimismo fácil, procurei aquela fonte, a única que nos pode dar a linfa que minora a nossa sêde e refrigera nossas mágoas: um otimismo concreto e bem fundado. È comum entre literatos da nossa época tripudiar sôbre as dores humanas, remexer feridas em vez de cauterizá-las. Há quem busque angústias quando não as têm, numa morbidez afanosa de sofrimentos, mais falsos que verdadeiros, para depois criar, com gritos de dor, obras nem sempre autênticas.
rata.
Há quem diga até que o otimismo é uma atitude de filosofia baMas há algo mais barato que o pessimismo? Olhem para o
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mundo. Quantos os que se queixam, quantos os que se angustiam, açulados pela imaginação doentia; quantos proclamam angústias (as famosas angústias físicas e metafísicas de tantos intelectuais!) Quantos procuram mágoas para explorá-las? Há coisa mais barata por êste mundo? ' O otimismo é a mais difícil das atitudes, e a filosofia, que nêle se funda, não é mais fácil. É mais simples lembrar os momentos de sofrimento que os de alegria. E deixando de lado os envenenadores da vida, os caluniadores de que falava Nietzsche, os eternos amarguradores de todos os instantes, deficientes daquele "granus salis”, chorões de todos os modos e matizes, falsificadores de máscaras mentirosas, abismados em sombras porque temem a luz como pássaros noturnos e duvidosos, sempre julguei que um sorriso valia mais que um esgar de amargura. e que unh raio de sol é mais belo que a sombra que obscurece. E foi procurando viver em mim a água lustrai da alegria, que pude suportar o espetáculo das velhas carpideiras milenárias. E buscando essa água lustrai, não a quis só para mim. E abençoei aqueles escritores otimistas, ridicularizados pelos caluniadores da vida, aqueles que sempre oferecem esperança num gesto de genuíno apoio aos transviados, que procuram caminhos luminosos dentro e fora de si. E quando de mim se acercavam os que pediam um pouco de tranqüilidade de espírito, não neguei. E o gesto, que de mim esperavam, procurei realizar. E nessas tentativas humanas, ao procurar minorar mágoas mais profundas, ao procurar suavizar corações doridos, ao procurar reintegrar outros que se f rangiam em dúvidas e desesperos, nasceu êste curso, que só bem espargiu, que só humanidade disseminou, que só esperanças construiu. Não poderia citar aqui tantos homens e mulheres, de tôdas as classes e profissões, para os quais tive palavras de ânimo, e com êles sofri a mágoa que era dêles. e minha também, porque sou humano.
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Um dia, um daqueles a quem dera muito de minha boa vontade e de minha melhor atenção, para ajudá-lo a reintegrar-se em si mesmo, pediu-me, num gesto tão belo que me comoveu, numa voz tão humana que me tocou a alma, que reduzisse a páginas de um livro aquelas nossas longas e demoradas conversações, para que pudessem elas levar a tantos que sofrem um novo caminho, que na verdade é um velho caminho apenas esquecido, a fim de pô-los outra vez na estrada real, em que há tanto daquela alegria que decorou com beatitude nossos dias de infância. A tarefa não era fácil. Havia eu criado métodos de reintegração para casos pessoais. Como o que fâra conveniente para indivíduos, poderia tomar-se útil aos muitos que pedem um pouco de luz e de alegria? Era preciso meditar, procurar por entre as lições aquelas mtristráveis a qualquer um, e que lhes desse um amparo geral benéfico. Teria de fugir ao tecnicismo da psicologia, e falar uma linguagem muito simples e verdadeira. Ademais, precisaria passar por tôdas as unilateralidades de escolas e de posições, de que a psicologia está cheia, para oferecr um método que não implicasse senão benefícios. E buscando e estudando, através de meditações e ensaios, saíram estas páginas que hoje dou à publicidade. Anima-as apenas um desejo e uma convicção. Desejo de não aumentar a tristeza do mundo, rebuscando sombras para cobrir as poucas luzes que brilham nos corações, como é tão do sabor dos que desejam tomar de outros as angústias duvidosas que são suas. Convicção de que elas serão boas, suaves e humanas, verdadeiramente vividas, para que auxiliem os que sofrem a encontrar uma solução aos males psíquicos, que se reencontrem, afinal, com um sorriso autêntico nos lábios e muito amor nos corações.
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UM APÓLOGO PARA MEDITARES Certa vez, um jovem, ansioso de conhecimentos, procurou um sábio que vivia isolado dos homens. - Senhor, - disse o jovem - vim à vossa procura, porque só vós sereis capaz de resolver o problema que me aflige. O sábio olhou o jovem com simpatia, e disse-lhe: - Fala que eu te ouvirei. - Senhor, por mais que procure Deus, eu não o encontro. Estive nos templos que os homens construíram, atravessei países, conheci diversas crenças, interroguei o céu, as estrelas, as nuvens, essas mensageiras meigas e suaves, o vento que embala as folhas das árvores, e não o encontrei. Creio que só vós sois capaz de responder à minha pergunta... - Meu filho, não crês que Deus seja o Bem? - Naturalmente, Senhor. - Admitirias que fosse ele mau? - Como admitir tal coisa? - Não é ele o Bem supremo de tudo? - Assim o creio; mas onde está? O Sábio fez um gesto para detê-lo, e continuou: - Vês aquela planta que se desenvolve sob aquele carvalho? Não estende ela as suas raízes no chão em busca da água e do alimento? E não é a água e o alimento da terra o seu bem? - É, senhor. - E quando ela estira os ramos em busca do sol, do ar, não procura ela o seu bem?
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- Procura, senhor. E aquele pássaro que canta naquele carvalho... Olha, ele desce. Vem até o chão. Vês como bica, aqui e ali... Que busca ele? O seu mal? - Não, senhor, o seu bem. - E não busca tudo o seu bem? - Busca, senhor. - E tu, quando me vieste procurar, procuravas o Mal? - Não, senhor, eu procurava o Bem. - E saber onde está Deus, seria para ti um mal, ou um bem? - Um bem, senhor. - Então, ao achares Deus, acharias um bem, que é o teu bem, não é verdade? Pois não é Deus um bem? E ao acha-lo, não conhecerias um bem, por tua vez? - E verdade, senhor. - E achas que o teu bem seria um mal para Deus? - Não, senhor, pois ele, que ordenou o mundo, deu-me o anseio do bem. O sábio sorriu satisfeito, e disse-lhe pausada e paternalmente: - Pois, meu filho, respondeste admiravelmente. Deus, que é o Bem, ordenou o universo. E é da lei do universo que todas as coisas busquem o seu bem. Mas o homem é livre, e pode procurar o próprio mal. Tu não queres o teu mal.... - Nunca, senhor. - ... queres o teu bem. E ao querê-lo, cumpres a lei de Deus, e ao busca-lo, buscas Deus, porque Deus é o bem. Fez uma pausa e prosseguiu: - Meu Filho, olha para dentro de ti. Realiza o teu Bem. Ele não necessita do mal de teu semelhante. Ama o teu Bem. Ele não necessita do mal de teu semelhante. Ama o teu bem, respeita-o, como deves respeitar e amar o teu semelhante. E à proporção que realizes em ti, e à tua volta, o Bem, Deus há de aparecer cada vez mais nítido para ti, pois Deus é o bem, o supremo bem que todas as coisas anseiam.
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- Pai, - respondeu o jovem com um temo sorriso - agora compreendo. O meu ímpeto de procurar Deus era um sinal de que deveria procurar o meu bem e, ao realiza-lo, Deus se revelaria totalmente para mim. Obrigado, senhor, sei agora o que devo fazer. Não precisarei mais buscar longe de mim o que mora em mim. Não irei a terras distantes para encontrar o que já trago em meu coração. Agora sei, agora sei que Deus estará sempre comigo toda vez que eu lutar pela realização do meu bem... Obrigado, senhor! •Jc-Jc-Jc
Depois de ouvires este apólogo, medita alguns minutos, e eles te serão proveitosos. O apólogo nos ensina que só conhecem o verdadeiro amor aqueles que tem confiança e uma grande esperança no Bem. Tudo o que desejamos encontrar nele, nós nele encontramos realmente, e muito mais. Pois tem ele acaso um limite? Não é ele uma eterna fonte de água cristalina e fresca? Não dá o Bem o Bem? Não é ele o eterno criador de si mesmo? Nunca amaremos demais o bem. Quanto mais o amarmos, mais dele nos aproximamos. Nunca deixou de acompanhar aqueles que nele tiveram grande confiança; também nunca nos abandonou. Até quando nos transviamos, quando seguimos o caminho do Mal, nós procuramos no Mal, um bem. Nossos olhos estão sempre voltados para o maior de todos os valores, para o supremo de todos os supremos. Poderias tu, mesmo que o quisesses, lutar contra ele? Não seria proclamares de início a tua derrota? Então já sabes qual o caminho da vitória. Luta por ele. Não temas os empecilhos, os entraves, as dificuldades. Ele jamais te abandonará. Confia nele, e terás dentro de ti aquela fortaleza ante a qual se aniquilarão todas as forças contrárias. Crê em ti, e crer em ti é crer em teu bem. Podes agora admitir que alguém te desvie do teu caminho?
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O MÉTODO DESTA OBRA Leitor amigo, seguiremos juntos. Serei teu companheiro solícito nesta jornada. Quero seguir ao teu lado, indicando este velho caminho que muitos esqueceram. Não posso deixar de contar com a tua boa vontade e um desejo, por pequeno que seja, de te libertares dos desvios que te afastam da meta desejada. Sofres, estás nervoso, amarguram-te preocupações, angustiamte terrores que não sabes de onde vem. Teus dias são amargos e os frutos de tua vida têm sido ácidos. Desejas que tudo seja diferente, que teus olhos brilhem com outra luz? Tens-me ao teu lado. Vamos juntos procurar o que nos parece perdido. -Mas que poderia eu fazer? Se te indicar o caminho, a estrada que leva à meta desejada, terás que ir pelos teus passos. É longa a jornada, mas vale a pena o esforço. Não te vou pedir nada que não possas fazer, nem te vou oferecer palavras. Vou oferecer-te ação. Tu irás fazer, pouco a pouco, o que te vou pedir. Mas, antes de tudo, quero fazer-te uma pergunta da qual não deves te espantar: -Conheces a ti mesmo? A resposta a esta velha, milenar pergunta, é o primeiro passo. E se a julgares ociosa, no primeiro momento, não demorarás muito para considera-la tão significativa para ti. Mas como responde-la?
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Esta pergunta, que parece-me ver já nitidamente nos teus olhos, tem uma resposta: podes conhecer-te, se comigo quiseres trilhar o caminho que te vou indicar. Conhecer é libertar-se. Não há excesso nessa afirmativa tão simples e tão categórica. Já o sabiam os grandes sábios de todos os tempos. Conhecer é saber suas possibilidades, e o que somos, já latente em nós. Portanto, o caminho que te vou oferecer é o seguinte: Iniciaremos juntos o estudo da caracterologia, para que ela te permita conhecer o que és e o que os outros são. Ao mesmo tempo que leias estas páginas, e nelas te procures, deves cuidar e seguir o que te proponho nos "Primeiros Exercícios". Lá encontrarás as razões que os justificam. E cada dia, sem que o desfalecimento te domine, conduzirás os teus passos por onde te indico. Levarás contigo uma confiança que crescerá cada vez mais. Pelo-te, por enquanto, apenas uma pequenina coisa: tu desejas reintegrar-te, libertar-te de tuas angústias. Tens certeza de que tens este desejo? Pelo menos, ele aflora em ti algumas vezes. Peço-te que creias no teu desejo. Ele é a voz do teu bem que luta por ti. Já não estás só. Alguém dentro de ti, o teu mais verdadeiro eu, acompanha-te. Já somos três. E confiante apenas nessa amizade de dois amigos, que não te abandonarão mais, lê estas páginas, medita sobre elas. Se algumas vezes o cansaço te dominar, não faz mal. Deixe-as de lado. Mas, retoma depois. E ao mesmo tempo começa esses pequenos exercícios, tão fáceis, que te indico. Lerás, deste modo, este livro; do princípio ao meio, e do meio ao fim, conjuntamente. A parte da Caracterologia deve ser lida, capítulo por capítulo, mas acompanhada pela leitura, de capítulo por capítulo, da Parte Especial. E, como tenho a certeza de que tudo será para ti cada vez melhor, só te peço um favor.
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Quando te sentires melhor, e a alegria já estiver brilhando em teu rosto, escreve-me algumas linhas, e conta-me quanto o bem já está contigo. Tuas palavras serão para mim uma boa paga, e elas alimentarão a minha fé na alegria, e me darão forças para que eu também possa ajudar, cada vez mais, a outros que, como tu, esperam que alguém lhes indique o caminho do bem. Prometes?
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PARTE GERAL CARACTEROLOGIA
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CARACTEROLOGIA O estudo da caracterologia é imensamente útil, pois pensam muitos que o conhecimento de uma de nossas fraquezas é o bastante para dela nos libertarmos, como o conhecimento de uma virtude é suficiente para termos mais confiança em nós mesmos. Entretanto, não basta apenas o conhecimento. Só a técnicas ligada ao conhecimento nos levaria à libertação. Na neurose (doença nervosa) por exemplo, o doente tem consciência de si; já na psicose (doença psíquica), tal não se dá, há perda parcial de ou total da consciência do eu. O tratamento do neurótico pode ser grandemente auxiliado pela caracterologia, enquanto o psicótico, por apresentar, além do desequilíbrio psíquico, outros de ordem física, necessita mais da ação clínica, e não pode curar-se por meios apenas hábeis ao neurótico. São tais aspectos que nos mostram quão útil é o estudo da psicologia, pois somos seres munidos de um psiquismo, pelo qual devemos velar, para que não sofra perturbações que ponham em risco a nossa integridade. E poucos meios são tão proveitosos, dentro do campo da psicologia, como o é a disciplina, que é ciência e prática, da Caracterologia. A Caracterologia, (vem de Charakter, em grego, marca, sinal característico, e logos, ciência, o saber) é a ciência que tem por objeto o estudo do carácter. Os seres humanos se diferenciam uns dos outros, mas também apresentam semelhanças, e a fim de estuda-los melhor, foram classificados em di-
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versos tipos, que revelam em comum certo número de aspectos. A ciência que estuda os tipos humanos chama-se Tipologia, e tem ela um importante papel nos estudos caracterológicos. A caracterologia não se interessa apenas pelos caracteres. Ouvese muitas vezes falar em um "homem de carácter" e um "homem sem caráter". Que se pretende dizer com tais expressões? Que um homem atua segundo normas invioláveis, princípios mais ou menos rígidos, e de tal forma, que podemos saber como procederá em tal caso ou em tal outro. Não admitirá nada que ofenda a tais princípios. E nisso revela o seu caráter. Enquanto outro se deixa levar pelas circunstâncias, procede hoje deste modo, amanhã daquele. Nunca se pode saber ao certo qual a sua atitude. Diz-se que esse homem não tem caráter. Um exame também superficial das crianças nos mostra, desde logo, que umas revelam, cedo, possuir um caráter, enquanto outras apenas esboçam alguns traços. E todos encontramos pais que pretendem imprimir no filho um caráter digno, dar-lhe aquela marca de distinção, que o não confunda com qualquer outro. Ouve-se ainda falar em pessoas de bom caráter, mas de temperamento intolerável. E aqui temos uma distinção entre temperamento e caráter, pois o temperamento refere-se mais ao corpo, e o caráter mais ao espírito. O temperamento herda-se, e o caráter adquire-se. O temperamento é físico, e o caráter é espiritual, porque se refere ao espírito humano. Desta forma, toma-se claro o papel da caracterologia, pois ela estuda o temperamento e o caráter. Por isso, ela nos ensina a penetrar no nosso íntimo, e saber porque procedemos assim ou de outra maneira, bem como poderemos agir para vencer uma fraqueza ou adquirir uma força que nos falta. Duas posições são tomadas em face do temperamento e do caráter. Uns afirmam que o caráter é apenas o temperamento; outros que o temperamento e o caráter são aspectos distintos do psiquismo humano. Não se pode definir o que é temperamento, mas sabe-se que ele se refere ao somático (do grego soma, que quer dizer
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corpo), portanto, ao nosso corpo, à parte material de nossa vida, ao físico. O caráter está ligado, não propriamente à parte física, mas ao que se chama alma, à parte psíquica, e toma comumente o nome de personalidade. Mas o caráter é o que caracteriza, marca a personalidade de alguém. Para os materialistas, a parte material explica a espiritual; para os espiritualistas, a parte espiritual explica a material; para os espiritualistas, o espírito serve-se do corpo para expressar-se, embora não deixem de considerar a influência que o somático exerce sobre o psíquico. Desta forma, o que o corpo revela são apenas sinais que indicam, que apontam uma manifestação anímica. A caracterologia não toma nenhuma das duas posições. Como a posição materialista ou a espiritualista pertencem ao campo da filosofia, e como a caracterologia pretende apenas ser uma ciência prática, funda-se em alguns postulados que lhe tem sido muito úteis. São os seguintes: 1. Reconhece a caracterologia a reciprocidade (isto é, a interatuação, portanto atuação mútua) do psíquico e do físico. Assim como o psíquico pode adoecer de males de origem física, também o físico pode sofrer de males de origem psíquica. Assim como uma grave enfermidade pode abalar o espírito, uma imaginação descontrolada pode afetar o físico. 2. A reciprocidade é contemporânea, isto é, dá-se simultaneamente. Não há fato físico, somático, que não interesse ao psíquico; nem psíquico que não interesse ao físico. Desta forma, tudo quanto sucede na vida humana, sucede no homem. Podemos não ter consciência, mas não deixa de nele colaborar o nosso psiquismo. 3. Eis porque a caracterologia se interessa cuidadosamente pelo estudo do físico como do psíquico, e aceita o princípio eugênico "mens sana in corpore sano" como um ideal de terapêutica caracterológica. 4. Reconhece a caracterologia que podemos partir, tanto do psíquico como do físico para alcançar este ideal. Assim, como vemos pessoas de temperamento doentio e de um caráter forte, outras de temperamento são, mas de caráter débil, re
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conhece a caracterologia que, apesar da interatuação dos dois aspectos, que podemos chamar de Corpo e Alma, ou Temperamento e Caráter, pode haver, nessa reciprocidade, maior acentuação de um ou de outro. Desta maneira, reconhece, a caracterologia que o papel da educação é importantíssimo na terapêutica caracterológica, e deseja cooperar para que os seus ensinamentos sejam úteis ao progresso humano, individual e coletivo.
Há homens valentes por caráter, mas que tem medo físico, e este é natural; mas há pessoas valentes fisicamente, por temperamento, que afrontam o perigo com naturalidade. O verdadeiro valente é o que o é pelo caráter sem querermos desmerecer o que o é pelo temperamento. Muitas vezes o temperamento e o caráter entram em choque. Temos ímpetos de fazer o que não devemos fazer, o que o nosso caráter nos proíbe. E, nessas lutas, podem surgir choques dos mais violentos. Como dominar o temperamento pelo caráter? Como construir um bom caráter quando o temperamento é frágil? Perguntas como tais interessam à Caracterologia. E vamos ver como serão respondidas. Podemos dividir as principais funções de nosso espírito em: sensibilidade afetividade
intelectualidade
A sensibilidade é da parte somática, o corpo, e é nela que se funda o temperamento, que é hereditário. Herdamos o temperamento da raça ou raças a que pertencemos, de nossos pais e avós. A intelectualidade é a parte do nosso espírito que realiza a função do conhecimento ordenado do mundo objetivo. Nossa sensibilidade é munida de sentidos (visão, tato, audição, olfato e sabor) que nos põem em contato com o mundo exterior. Por meio deles, intuímos sensivelmente o acontecer. (Intuir, vem do latim, de intus, dentro, e ire, ir, penetrar nas coisas). É por meio dos sentidos que intuímos sensivelmente as coisas. Mas, quando procedemos a essa intuição sensível, percebemos que os fatos nos mostram apec-
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tos semelhantes e aspectos diferentes, simultaneamente. Pois, na verdade, este livro, bem como esta folha de papel são semelhantes; o primeiro àquele livro e o segundo a esta e outra folha de papel. Mas, ao mesmo tempo que observamos tais semelhanças, também observamos diferenças. A intelectualidade é a função que capta semelhanças e diferenças. Chame-se intuição intelectual a intuição quando capta semelhanças e diferenças. (Intelecto vem de inter e lec. Inter significa entre, e lec é um radical que significa tomar, captar. Daí temos: ler, que vem de legere, eleger, de e-lec, tirar para fora, separar; assim colecionar, selecionar). É por meio da intelectualidade que o ser humano põe ordem ao caos de acontecimentos de fatos, que formam o existir. Pelas semelhanças construímos os conceitos. Assim, o conceito árvore encerra as semelhanças que tais seres tem entre si, o que neles se repete. Mas os fatos que sucedem nos causam simpatia ou antipatia, isto é, nos atraem ou nos repugnam. Sentimos afeição por este ou aquele ser. A afetividade é a parte do nosso espírito que funciona com os afetos, com os sentimentos simpatéticos ou antipatéticos . Na sensibilidade, temos os instintos, os hábitos sensíveis, o temperamento que herdamos. É com a intelectualidade e a afetividade, que tem suas raízes na sensibilidade, que construímos a nossa personalidade, cuja marca saliente é o nosso caráter. O espírito humano está impresso em suas obras e em sua cultura. A cultura humana reflete o caráter e o temperamento dos povos. No que a cultura egípcia realizou, com seus grandes templos, sua vida, sua escultura, sua administração e sua história, sentimos o temperamento e o caráter egípcios. Da mesma forma, hindus e gregos nos revelam o seu temperamento e seu caráter. Observamos uma árvore, um animal, um ser do mundo exterior. Vemos nessa árvore um tronco forte, rugoso, amplos galhos, cobertos de espessas folhas. AH vemos, naquele ani-
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mal, uma expressão feroz, cujas garras nos mostram agressividade. Cada fato vivo do mundo exterior deixa-nos ver, através do que exterioriza, muito do que lhe é próprio. Todos os fatos do existir são sinais do que lhes é interior. Sinais porque apontam, indicam, dãonos alguma informação sobre a interioridade dos seres. Tudo tem uma expressão (ex, fora, portanto, pressão para fora). Tudo indica o que é. Saber ler através de desses sinais é penetrar no que há de mais profundo das coisas. Pois a caracterologia nos ensina a penetrar no profundo da alma humana, através das expressões, dos sinais expressos no corpo humano. Caracterologia e Fisiognomônica Os estudos caracterológicos já eram conhecidos da antiguidade. Os povos da índia, do Egito e da Mesopotâmia a estudavam. Entre os gregos, Aristóteles dedicou-se ao seu estudo, e são dele estas palavras: "O que é durável na forma expressa o que é durável na natureza do ser; o que é móvel e fugaz expressa o que nesta natureza é contingente e variável". Durante a Idade Média, os estudos caracterológicos foram descuidados. Foi com Lavater, Porta, Carus, Letamendi e Goethe que esses estudos se desenvolveram. Com Duchenne, Darwin, Klages, Lange, Sigaud, Corman, Toulemonde, etc., a caracterologia penetrou num terreno genuinamente científico. As observações feitas sobre a fisionomia humana, e o reexame sob bases científicas dos estudos da fisiognomônica , palavra formada de fisionomia e nomos, disciplina que estuda as leis da fisionomia, permitem à caracterologia penetrar em campos mais amplos. É preciso, no entanto, estabelecer que ela conhece limites. Não é uma reveladora do que vai acontecer. Não nos ensinará a saber se tal fato benéfico ou maléfico nos sucederá. A caracterologia ensinanos a conhecer o nosso temperamento e o nosso caráter, bem como os dos nossos semelhantes. Ensinará quais as tendências que temos ou tem eles. Como pode-
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rão proceder nesta ou naquela circunstância. É uma ciência descritiva e normativa: descritiva por descrever, explanar o que nós somos, através de métodos que ela torna hábeis; e normativa, porque nos oferece regras práticas para que vençamos os nossos defeitos, e possamos salientar as nossas virtudes.
Hipócrates, pai da medicina ocidental, dividiu os temperamentos em quatro, segundo os humores, classificação que se tomou clássica. Essa classificação perdurou até o século XIX, quando foi posta à margem, por insuficiente. No entanto, caracterólogos modernos reconhecem que tem ela muito mais valor do que julgavam os homens daquele século, razão pela qual volta a ser usada, pois oferece uma útil base de classificação e de compreensão dos tipos humanos. A classificação dos tipos, segundo os humores, de Hipócrates, é a seguinte: 1. O linfático -predominante a linfa; 2. O sanguíneo -predominante o sangue (glóbulos vermelhos); 3. O bilioso -predominante a bílis; 4. O nervoso -predominante o humor nervoso (também chamado de melancólico). Para Hipócrates, cada uma dessas funções seria caracterizada pela predominância pela predominância de um desses humores, ora mais abundantes ora menos, e conforme o seu fluxo se caracteriza o tipo humano. Como em todos nós há os quatro humores, esta classificação seria apenas ideal, pois os seres humanos poderiam ter várias combinações e graus, sendo por exemplo: predominantemente bilioso, a seguir nervoso, sanguíneo, depois linfático. As combinações e graus seriam as mais diversas. Assim, o nosso temperamento, dependeria das nossas secreções.
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Modernamente, Périot, depois de ter sido abandonada a classificação de Hipócrates, deu-lhe novo valor. Verificou que há quatro funções essenciais, que são: a) A nutrição; b) A função sexual-sanguínea; c) A receptividade; d) A reactividade. A nutrição realiza-se pela alimentação. A receptividade é a capacidade de ser impressionado, e a reatividade a de atuar por estímulos exteriores (reações). A predominância de qualquer uma dessas funções sobre as outras marca o tipo de temperamento. É impossível um equilíbrio perfeito entre todas, pois a intensidade delas é diferente uma da outra. As funções de nutrição e a função sexual-sanguínea referem-se mais ao somático (ao corpo). Os dois últimos (receptividade e reatividade) são mais complexos. Marcaria o temperamento a predominância de uma dessas funções. Examinemos os tipos: O tipo linfático é aquele no qual predomina a nutritividade (de nutrição). O sangue, sabemos, é composto de dois tipos de glóbulos: os brancos e os vermelhos. A linfa é um humor amarelado, e, as vezes, incolor, que contém em suspensão glóbulos brancos, e que circula nos vasos linfáticos. São linfáticos aqueles nos quais há certa predominância dos glóbulos brancos. Para o linfático, as funções digestivas são as mais importantes. Morfologicamente (segundo a forma exterior; em grego, morphê): manifesta-se o linfático pela espessura dos lábios e pela distensão do ventre. Quando a linfa é muito abundante, tende para a adiposidade. São eles de talhe elevado, mas de musculatura fraca. Embora não pareçam, são fracos. Gostam de descansar; são pouco ativos.
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Aparecem muitas vezes, nas pessoas linfáticas, manchas brancas pelo corpo. Elas tem os membros moles e a pele úmida e fria, bem como as mãos e os pés também frios. Psicologicamente, são fracos. Há países, como o Brasil, em que o seu número é muito grande. Trabalham pouco e desejam a tranqüilidade física. Gostam das conversações prolongadas pela noite a dentro. O tipo linfático é mais comum entre as mulheres que entre os homens, considerando-se aquelas como normalmente linfáticas. Em geral, tem pouca capacidade de observação. Não gostam dos perigos, e quando alcançam a idade de 40 anos tomam ares de velhos, e dão conselhos aos jovens. São, como estudiosos, aplicados e precisos. Gostam de economizar forças e não querem gastá-las em exercícios. Não tem a vida física nem a moral muito fortes. Evitam, assim, os sofrimentos, mas também se privam de alegria e de entusiasmo. Para terem facilidade de palavra precisam tomar alguma coisa, como álcool, etc. Em ambientes fechados falam mais. Tem aversão a toda ação viva e imediata. Também não gostam de mudar de hábitos. Não tem forças para superar os obstáculos e não se espantam muito facilmente. Há dois tipos de linfáticos: 1) O linfático apático; 2) O linfático amorfo. Os primeiros caracterizam-se pela apatia, pela incapacidade maior ou menor, mas já de um elevado grau, de sentirem afetos (;pathos, em grego, afecto, a-pático, sem afeição). Amorfos (de morphê, forma; portanto sem forma) são os linfáticos que não apresentam nitidez nas formas psíquicas e se deixam facilmente modelar, por passividade, pelos outros, sem capacidade, no entanto, de conservar a forma adquirida. São aqueles que, por não terem forma, nunca sabemos o que são. Há, no entanto, um tipo de linfático bem positivo que é o
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que já revela atividade. São perseverantes, tenazes, de um otimismo frio. Temos um exemplo desse tipo nos ingleses, que são preponderantemente linfáticos, mas fleumáticos (a fleugma dos ingleses). São metódicos, egoístas. São bastante pontuais e formais. Gostam das ciências físicas e não são muito tendentes às mutações. Tendem para as sistematizações abstratas (reunir ideias em conjuntos fechados), por isso se tornam sectários (secta, de seccare, cortar, separar por corte, daí seita). São de grande força passiva, tem bastante sangue frio, tenacidade muitas vezes extraordinária. Conselhos importantes. Queremos salientar, neste ponto, que estas explicações são ainda analíticas e abstratas. Não há o tipo do linfático puro, nem do bilioso puro, etc. Precisamos, de início, estudar separadamente os temperamentos para depois, aprender a coordenar os traços para a construção de um retrato seguro.
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O TEMPERAMENTO SANGUÍNEO Tem o sanguíneo o temperamento dominado pela associação das funções sexual e sanguínea, o que influi poderosamente sobre a respiração e a circulação. As narinas são dilatadas, o peito é largo e de grande capacidade respiratória. Pode respirar cerca de 5 a 7 litros de ar por minuto, que em ritmo acelerado chega a muitíssimo mais. A circulação do sangue é fácil e o coração é bem forte. As artérias são de calibre superior ao normal. A hemoglobina do sangue conserva o oxigênio, por isso o enrubescimento constante lhes é peculiar. E uma vantagem na juventude ser sanguíneo, mas uma desvantagem na velhice. O abuso do alimento ameaça-o de apoplexia precoce. Os sanguíneos são eufóricos, por isso malgastam suas forças, e estão sujeitos a uma decrepitude prematura. Já os nervosos, que em breve estudaremos, por serem mais precavidos, conhecem a longevidade. Como os sanguíneos, tem sempre apetite e uma digestão fácil, tem tendência a entregar-se a abusos. Psicologicamente, os sanguíneos são otimistas, muito extrovertidos (vertidos para fora); vivem o momento que passa. Não guardam recordações amargas, por isso perdoam facilmente. Gostam de acordar cedo e de deitar cedo em geral. Deixam-se arrebatar pelo entusiasmo, e como são de grande vivacidade mental tem bastante confiança em si mesmos e no futuro. Por isso, realizam e vencem.
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São muito dados aos prazeres, gozadores até. Mas, graças à força de que dispõem são altruístas, sorridentes, felizes da vida. São aqueles para os quais o povo diz que "tudo está azul". São desejosos de aventuras, conversadores, gesticuladores, eloqüentes, falam muito bem. São atrativos, irresistíveis até. Por serem excessivamente confiantes em si mesmos, chegam a cair no ridículo. Tem facilidade de prometer e às vezes prometem o que não podem cumprir. São sociáveis, gostam de prestar serviços, tem tantos amigos quantas pessoas conhecem. São bem sinceros em suas amizades. Aparecem para muitos como egoístas, mas tal depende da educação recebida dos pais, pois são levados facilmente à abnegação e ao sacrifício. São dominados pelos instintos, por isso são muitas vezes arrastados pelos impulsos. Classificam-se em: a) Positivos, quando combinam o sanguíneo com o bilioso e demonstram energia muscular e muita força de vontade; b) Negativos -quando o sanguíneo se combina com o nervoso. Como este é mais sujeito ao linfatismo, tende a ser mais receptivo, mas com perigo de apatia. O temperamento normal no homem é: Bilioso-nervoso-sanguíneo-linfático A mulher é em geral: Nervosa-linfática-sanguínea-biliosa. Essas ordens, são, no entanto, muito raras de encontrar-se.
O TEMPERAMENTO BILIOSO Excetuando certas violências que são próprias do temperamento bilioso, é este muito útil ao homem. O bilioso revela uma cor baça, amarelada, oliva. Os olhos são profundos, negros, penetrantes, expressivos, nariz agudo e enérgico, narinas abertas, lábios comumente finos. Os cabelos são duros. É seco de corpo, músculos bem desenhados, pele quente, veias
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aparentes, pulsos alongados. É o tipo atlético. Em geral gosta muito de açúcar, de alimentos feculentos, aveia, pão, batatas, etc., pois precisa muito de glicogênio para o sangue. Gosta de legumes frescos, ricos em vitaminas. Não abusa muito da carne. Psicologicamente, caracteriza-se pela reatividade, pelo furor de agir e de dominar. E ativo, empreendedor, ambicioso. Há importantes exemplos históricos desse tipo, como Miguel Ângelo, Napoleão, Richelieu, etc., os quais eram biliosos. Em geral, não gostam de perder tempo. Estão sujeitos a cóleras súbitas; são vingativos, desconfiados. Quando dotados de inteligência superior, tomam-se dominadores. São pouco diplomatas, ambiciosos, mas, para alcançar altos postos, chegam à humildade e até à adulação dos que os possam servir. O TEMPERAMENTO NERVOSO Os nervosos são em geral enfraquecidos e sujeitos à perversidade por debilidade. Podem ser divididos em: 1) Astênicos -débeis, incuráveis, anêmicos ou pré-tuberculosos, cuja astenia tende a progredir. A fisionomia é expressiva e móvel, o pescoço é delicado e longo. O rosto toma a forma V, o que indica primazia das funções cerebrais. (No futuro estuda-los-emos entre os "retraídos de base"). São mais emotivos que ativos. A cor é pálida, os olhos ocultados nas órbitas, porte pequeno, nariz estreito, lábios finos, queixo pontudo, pescoço longo de pássaro, membros esqueléticos. 2) Estênicos -em geral intoxicados, embora dotados de vigor, facilmente se fatigam. Tem o sono leve, agitado de sonhos, e sofrem de insônia. Toda atividade os abate. São muito agitados, com tiques nervosos. Resistem, no entanto, às epidemias, às intoxicações microbianas. São disfóricos (eufórico, sempre revela alegria, ãisfórico, predomintemente abatido, triste, melancólico). Tendem à misantropia (aversão ao homem, ao seu semelhante). São aptos ao trabalho reflexivo.
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Psicologicamente, são insociáveis, taciturnos (tacere, calar), pensam muito. Quando atletas, estão sujeitos a momentos decepcionantes, e inesperadamente malogram. São muito receptíveis, mas reagem, volvendo-se para dentro de si mesmos. Estão sujeitos a emoções violentas; muito apreensivos, o que leva os outros a julgá-los covardes ( o sanguíneo julgaria a apreensão do nervoso covardia). Toda espera os prostra. Se vão ao dentista, e tem de esperar, sofrem terrivelmente. Mas, no perigo, são seguros, reflexivos, bravos, estóicos, cheios de sangue-frio, aptos à defesa. Sofrem muito com a imaginação. São, em geral, doentes imaginários. Sofrem mais com o que imaginam do que com a realidade. Dão em geral jornalistas, romancistas, escritores, artistas, etc. Alternam períodos de logorréia (falar muito, de logos palavra e rhé, fluir) e de mutismo obstinado. São escravos da lógica e dominados pelas ideias. •Jc
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A nossa vida nos dá exemplos dos temperamentos: Somos marcantemente linfáticos na infância; sanguíneos-sexuais na juventude; na maturidade, biliosos, e nervosos na velhice, bem como bem o mostra o dr. Périot. Esta classificação revela dois grupos: 1) O grupo de sangue-puro; a) Com falta de hemoglobina, temos o linfático; b) Rico em hemoglobina, e consequentemente em oxigênio, temos o sanguíneo. 2) O grupo de sangue intoxicaão: os biliosos e os nervosos. São estes os predominantes entre os homens. O bilioso pode juntar-se facilmente ao sanguíneo. Já o sanguíneo junto ao linfático é um contra-senso. •Jc
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Vejamos uma classificação que se tomou famosa: a de Krestschemer, notável psiquiatra, ao qual tanto deve a caracterologia moderna. Dois são os tipos classificados:
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1)
Os cíclotímícos. São estes bem alimentados, redondos, de corpo espesso, membros curtos, musculosos, nariz pouco acusado, sem ponta, narinas dilatadas, cabelos finos e ameaçados de calvície precoce. Os gestos são ondulados, envolventes como carícias, toda agilidade se manifesta em curvas. São chamados pícnicos (espessos), quando ventrudos. São comilões, beberrões, muito sociáveis, dados, expansivos, benevolentes, joviais, agradáveis. São abertos, calorosos, um pouco sem-modos. Oscilam entre a alegria e a tristeza (ciclos de alegria e tristeza). Ora, estão exaltados, ora oprimidos. Moralmente, são extremados. São práticos, realizadores, enérgicos, empreendedores, e sabem conduzir os homens; sabem mandar. Nota-se, desde logo, grande semelhança entre eles e os sanguíneos. 2) Os esquizotímicos são o inverso dos primeiros. Magros, alongados, angulosos. Os primeiros atuam em curvas; os esquizotímicos em ângulos. A cabeça deles é oval, a testa larga, os maxilares reduzidos, com manifesta predominância das funções cerebrais. As faces são cavadas, as maçãs salientes, os olhos retraídos nas órbitas. O cérebro é projetado para a frente. São rudes. Simulam frieza, domínio de si. Assemelham-se aos nervosos. São subdivididos em três grupos: a) Os astênicos ou leptósomos: fracos, de peito estreito, perfil anguloso, nariz amplo. Cansam-se facilmente e são inaptos ao exercícios do corpo. Preferem os exercícios do espírito. Tornam-se intelectuais; b) os atléticos (estênicos) são musculosos, sólidos, mas sujeitos a fadigas físicas. Assemelham-se muito aos biliosos; c) Os displásticos (ou mal-vindos) os que sofrem de insuficiência glandular essencial ou por excesso de funcionamento. Moralmente, os esquizotímicos, que são tão angulosos, são de pouca comunicabilidade, irritáveis, muito emotivos, mas tem o lado positivo da profundidade, da delicadeza, embora muito suscetíveis.
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São lúgubres e melancólicos. Fecham-se em si mesmos, pouco adaptáveis e antipatizam com os meios sociais. A primeira vista parecem brutais, insensíveis. Mas, na verdade, são hiperemotivos, profundos, de caráter difícil de penetrar-se. São muito análogos aos nervosos. Napoleão, por exemplo, quando jovem, era esquizotímico, mas quando vitorioso tornou-se ciclotímico. A classificação de Kretschmer é de grande valor, sem dúvida. Mas como deu demasiada importância ao anormal, mais que ao normal, é de valor complementar nas classificações caracterológicas. Não deixaremos, porém, de aproveitar as suas contribuições, que são deveras importantes.
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A TEORIA DE FREUD A filosofia de Freud é uma teoria monótona. Não há, para ele, propriamente, seres normais. Um homem normal seria uma estranha criatura num mundo freudiano, tempestuoso mundo de forças obscuras, penumbrosas. Uma censura indormida e cruel vela no solar da consciência, repelindo impulsos associais, rechaçando-os para os antros mais escuros do insconsciente. Mas, lá, eles pervivem, revoltados, fomentando complots, elaborando complexos mórbidos, que surgem ao solar da consciência e burlam a vigilância extremada da censura, travestindo-se de símbolos para sabotarem, depois, a unidade do ego, dando nascimento às neuroses ou explodindo, ébrios de vitória, nas grandes arrancadas destrutivas das psicoses. Fixemos a sua influência na caracterologia. O desenvolvimento da libido (em Freud, sexual) tem sua influência na formação posterior do caráter. São três as fases da libido, 1) a oral; 2) a anal; 3) a genital. Na primeira, toda frustração à satisfação dos desejos provoca a agressividade geral. Na segunda, retenção das fezes e seu caráter hedônico, prazeiroso, fixam a obstinação, na teimosia e, também, a ordem. O relaxamento leva ao caráter generoso, pródigo e desordenado. Na terceira, manifestam-se os primeiros sinais de masturbação, com o perigo do complexo de castração, em certos casos provocado pelas ameaças inconsideradas de pais, e outros, que
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propõem o castigo da castração. A fixação deste estado leva à necessidade de ser amado! Entre os complexos, temos o de Édipo (amor genital ã mãe) e o de Electra (ao pai). Além desses, o de inveja e de ódio aos irmãos mais moços (complexo de Caim). Há perigo de homossexualidade, devido à falta de solução do complexo de Édipo, e o de Diana (nas jovens), com manifestações viris e aversão ao casamento. Notam-se, desde logo, os excessos de interpretação freudiana, pela acentuação exclusiva dos impulsos destrutivos, e negação total dos construtivos e benévolos.
Carl Gustav Jung, famoso médico suíço, foi discípulo de Freud, de quem também se afastou. No estudo dos caracteres humanos, apresentou uma classificação, considerada como das melhores, e que tem grande valor para os nossos estudos. Ante a vida, os homens tomam duas atitudes: 1) A atitude de introversão (os introvertidos) própria dos temerosos do conflito com o mundo exterior, e que se vertem para dentro (mira); 2) A atitude de extroversão (os extrovertidos) dos que, temerosos do conflito interior, vertem-se para fora (extra). A inestética teoria freudiana reduz o homem ao animal; a de Adler, com sua vontade de potência, também tem um pouco de fel. Já Jung, no entanto, reconhece no homem, além dos impulsos malevolentes, tão acentuados na época atual, impulsos benevolentes, altruístas, que tem sua origem nas camadas inconscientes do ser humano, onde uma das mais profundas é a do inconsciente coletivo, herdado pelo indivíduo, de seus antepassados. Como as principais funções psicológicas são a sensação, a intuição3 a afetividade e a intelectualidade, os introvertidos como os extrovertidos podem revelar uma acentuação dessas funções.
41 CURSO DE INTEGRAÇAO PESSOAL Assim, há introvertidos dos sentidos , como há intuitivos, intelectuais e afetivos. Um introvertidos sensualizado guarda para si suas sensações, goza em si mesmo, oculto. Um extrovertido gostaria da presença de outros. Um introvertido, que tivesse prazer na mesa, recolher-se-ia na solidão, enquanto um extrovertido sentir-se-ia bem em companhia de outros. Um extrovertido intelectual, com a presença de outros, discutiria temas, com mais ardor. Aqueles que gostam de estudar junto com outros revelam uma extroversão intelectual. Um extrovertido afetivo manifesta logo suas paixões; enquanto um introvertido afetivo guardaria seus sentimentos. Não é difícil compreender que, por essa classificação de Jung, poderíamos construir inúmeros grupos, pois um introvertido intelectual poderia ser um extrovertido sensual, etc. Mas em linhas gerais, quanto às atitudes, os extrovertidos e introvertidos apresentam os aspectos que passaremos a descrever. Convém ainda ponderar que Jung considera os introvertidos e os extrovertidos como positivos ou negativos. Os introvertidos positivos são os que, embora se vertam para dentro, são criadores, como certos artistas, intelectuais, etc. Negativos, quando sua introversão é destruidora, negadora. Os extrovertidos positivos são criadores, ativos, enquanto os extrovertidos negativos perdem-se numa atividade exteriorizada ineficiente. Esta classificação, no futuro, será aproveitada para a análise dos tipos caracterológicos, pois tanto esta como a de Kretschmer e a de Hipócrates se completam, e permitem uma visão clara do tipo caracterológico, como ainda teremos oportunidade de mostrar.
Extrovertido Sociável e amigo. Confiante em si, nas suas possibilidades, na sua sorte
Introvertido Pouco sociável. Pouco confiante em si e nas suas aptidões ao sucesso.
42 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS Sensibilidade e reação viva, mas superficial. Vive no presente, adapta-se ao momento. Dispõe do futuro e desconta-o Deixa para amanhã o que o aborrece. Otimista e inquieto. Pronto a prometer, inapto a executar. Pródigo e dilapidador; gasta o capital guardado por outro. Pede emprestado, paga suas dívidas muito tarde, ou nunca. Contente de si mesmo, cheio de confiança. Exuberante, alegre, jovial. Imprevidente, reflete pouco. Audacioso e empreendedor. Excitado, vê aumentada a excitação ante os outros. Instável a todo instante. Mitômano, contador de mentiras, mitos, palrador. Servil, acolhedor. Formas de orgulho, derivados do complexo de superioridade (fatuidade, vaidade, segurança). Orgulhoso, expansivo. Cede aos seus instintos. Age antes de refletir. Impulsivo e ativo.
Sensibilidade lenta, mas profunda e prolongada. Vive no passado. Apreende o futuro, prepara-se para os golpes do destino. Aborrece-se do que virá amanhã. Aborrecido e pessimista. Avaro de promessas, mas fiel à sua palavra. Parcimonioso, economiza o capital social. Inimigo de pedir emprestado, e das dívidas. Inquieto, concentrado. Sério, triste com acessos explosivos de alegria. Reflete bastante, previdente e calculador. Tímido e prudente. Aniquilado pelo público. Estável. Brutalmente sincero. Pouco servidor, severo nas suas apreciações. Formas de orgulho derivadas do complexo de inferioridade (orgulho defensivo). Resiste aos instintos porque se defende dos desejos. Reflete antes da ação, e muitas vezes se abstêm dela. Hesitante; impulsivo somente na exasperação da paixão. Muito depois, após muitas solicitações, nas quais refletiu bastante, é que age.
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A POSIÇÃO DE ADLER Para Adler, discípulo, a princípio, de Freud, de quem depois se afastou, a humanidade compõe-se de fortes e fracos. Todos somos fracos em algum instante ao menos. Sentimos nossa inferioridade e dela sofremos. Somos obrigados a recalcar nossos impulsos, e submetemo-nos ao mais forte, mas nossa humilhação nos leva a afirmações viris compensadoras. "Eu quero ser um homem completo...é muitas vezes o caminho da neurose", diz Adler. Mas reconhece que o complexo de inferioridade só se fixa se houver uma inferioridade concomitante ao aparelho genital. O protesto viril é um brado, um gesto de agressividade e de libertação; o filho quer ser como o pai. Tem pressa em ser homem; dal seu desapego pelas mulheres na época da puberdade, e também sua recusa em obedecê-las. "Quando eu for grande como papai..." quem não ouviu ainda tais frases? A mulher jovenzinha sofre também desta fascinação (observem as manifestações do feminismo, bem como o desejo de ser homem, desejos de emancipação feminina, a busca dos esportes, o desprezo pelo pudor). Manifesta-se o complexo de inferioridade, segundo Adler, quando tais impulsos encontram o obstáculo de um defeito físico.
M ÁRIO FERREIRA DOS SANTOS
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PARTE PRÁTICA
M ÁRIO FERREIRA DOS SANTOS
CURSO DE INTEGRAÇÃO PESSOAL
PA RTE PRÁ TICA Compendiaremos daqui por diante as lições de Charles Sigaud, desenvolvidas pelo caracterologista dr. Louis Corman, para que, com as contribuições de outras fontes, possamos oferecer um apanhado mais completo do estudo que ora empreendemos. São ainda valiosas as velhas regras oferecidas, as quais aproveitadas por Louis Corman, permitem-nos estabelecer uma
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ordem analítica, fundamental para a compreensão dos tipos que ele classificou. A fisionomia humana apresenta três planos: Tendo à frente um rosto humano, (uma fotografia, por exemplo) trace-se uma linha que corte horizontalm ente acima do lábio superior. Outra, logo ac ima dos olhos, pela pálpebra superior. Teremos então dois outros planos: um que contém os olhos e o nariz, e o outro que inclui a parte frontal. Analisemos: I o Plano -Pode ser dividido em três regiões principais: boca, queixo e maxilar. É o plano da instintividaãe, o que se refere à nossa vida sensível e vegetativa. É o plano dos instintos, da sensualidade, no sentido puro da palavra. 2o Plano -Pode ser dividido em três regiões: nariz, olhos e face. É o plano da afetividade, dos nossos sentimentos. 3o Plano -Pode ser dividido em três regiões: a superciliar, onde estão as sobrancelhas, incluindo as têmporas; a região central, que corta ao meio a testa, e, finalmente, a região cerebral, parte superior. É o plano da intelectualidade, da inteligência humana. A clássica fisiognomonia, cujas lições mais importantes são aproveitadas para os novos estudos da caracterologia, oferecia uma classificação dos tipos fisionômicos, opondo-os, segundo as características contraditórias.
2 Tipo M arte
3
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Essa classificação era fundada na classificação dos planetas, que simbolizam os tipos gerais do temperamento do caráter humano. Opunham-se assim: Marte x Vênus; Terra x Mercúrio; Júpiter x Saturno; Sol x Lua. Análise dos tipos: Marte -é um tipo mstintivo-afetivo (com predominância dos dois planos inferiores). E essencialmente caracterizado pelo grande desenvolvimento de seu instinto combativo. Ama a ação, a aventura, a luta. Grande energia física, excede-se nos esportes. É sempre apaixonado, violento, impulsivo, colérico. Obedece ao seu primeiro sentimento, e tem pouca reflexão. E homem de movimento, empreendedor, cheio de iniciativa, sempre voltado para o futuro e impaciente por realizar o que há no espírito. Vênus
-é
mstintivo-afetivo
(predominância
dos
planos
inferiores). Tem o instinto da família e da maternidade. Mulher na forma feliz, melhor adaptada à sua missão fisiológica. A m a a vida calma, os prazeres aprazíveis da casa. Amável para com todos,
conciliante, cheia de compaixão para com os que sofrem. Não conquista pela força, como Marte, mas pela doçura, pela ternura. Não é feita para mandar, mas, pela docilidade,
1
2 Tipo Vênus
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sutileza e sentido da realidade prática, realiza muito em todos os domínios. É sensível aos objetos que a rodeiam, às belezas visíveis e palpáveis. Sua atividade é incessante, mas calma, de ritmo lento. Não é intelectual, mas o juízo é seguro e tem uma intuição justa das coisas. Terra -tipo instintivo (predominância do plano inferior). Sentese bem no terreno da matéria, dos objetos. Dotado de poder físico, sem o dinamismo do marciano; ritmo lento, atividade paciente, infatigável, realiza obras sólidas e duráveis. Não é sensível à beleza de um objeto, mas vê sempre o lado útil. Tem a sensibilidade obtusa, hábitos grosseiros. Ligado aos bens deste mundo, à família, às tradições, às suas propriedades. Tem apenas uma ideia, mas uma ideia concreta, útil, de cada vez, da qual pode tirar matéria para realizações práticas.
Mercúrio -tipo mtelectual (predominância do plano superior). Sentese à vontade entre as coisas do espírito. Sensibilidade viva, ritmo rápido. Tem mais sutileza e habilidade do que poder. Mãos hábeis, delicadas, não ousam destruir a matéria, mas são excelentes para manejar instrumentos. Não se prendem profundamente aos outros. Caráter
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frívolo e mutável. Inteligência viva, brilhante, curiosa de tudo e de assimilação fácil.
Não se atém demoradamente em nada, dispersa-se facilmente, malgasta o esforço, e não empreende nenhuma busca em profundidade, de forma que não realiza nunca uma obra durável. Júpiter -tipo instintivo-afetivo-intelectual (equivalência dos três planos). Adaptado à vida social prática, ligado aos bens materiais, mas sob forma menos primitiva, que o tipo Terra.
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Ama a opulência, a riqueza, as honras, as funções sociais e oficiais, tudo o que provoca a estima alheia. Expansivo, volve-se para a vida exterior; é de humor benevolente, otimista. Tem muitos amigos, gosta de companhias, é de inteligência positiva, prática, clara, ordenada, adaptada aos negócios. E um comerciante nato, bom político. Sabe dirigir com habilidade.
Saturno -tipo instintivo-afetivo-intelectual (equivalência dos três planos). Homem, cujos instintos sofreram um recalque, é interiorizado. Enquanto os outros valem por sua vida exterior, ele vale por sua vida interior. A sensibilidade
2 Tipo Sol
(A polineo)
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é rica, inquieta e atorm entada. Tem poder de reflexão, originalidade, tendência às especulações abstratas. Não se adapta à vida prática. É de lenta decisão, afasta-se dos homens, solitário de uma independência ferozmente defendida. Sol -tipo intelectual (predominância do plano cerebral). Dotado, como Mercúrio, de uma sensibilidade delicada e de brilhantes dons de assimilação, mais rico que este último, mais apto para aprofundar o pensamento. Imagmaçào estética, de grande poder de síntese, que o toma um criador no domínio literário ou musical.
2 Tipo L u a
Lua -tipo dotado de muita imagmaçào (predominância do plano cerebral). Mas, enquanto a imagmaçào do tipo Sol é ativa e criadora, a do tipo Lua é passiva. Vive um sonho sem fim, suas visões são brumosas. Comumente indolente, tímido; diante dos obstáculos, deixa-se levar pelas circunstâncias. É mcapaz de persistência em qualquer direção. Sua tendência im aginativa confere-lhe, contudo, certos dons na poesia ou na pmtura. Necessita do apoio de um tipo mais ativo para realizar seus dons latentes. Oposição Marte-Vênus (repete-se sob certos aspectos em SolLua). É ligado a uma importante diferença na textura das
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fibras vivas. Todo organismo, cujas fibras são moles, estendidas, deixa-se facilmente marcar pelos seres e coisas que o cercam; é plástico, maleável, dócil às ordens que recebe. Vênus é doçura, ternura, graça, intuição, dons de assimilação. As formas arredondadas; o rosto é oval ou em círculo; as linhas curvas dominam. É o tipo feminino por excelência. Quando um organismo é, ao contrário, composto de fibras duras, tensas, é ele que marca os seres e as coisas; é ativo, dominador. Firmeza, vigor, vontade, inteligência lógica, são o apanágio de Marte. Tem formas angulosas; rosto quadrado ou retangular; as linhas retas dominam. É um tipo masculino. Terra-Mercúrio -Antagonismo entre o pesado e o leve. As formas finas e delicadas correspondem a uma sensibilidade viva e a um ritmo, rápido, enquanto as formas pesadas e grosseiras são ligadas a uma sensibilidade obtusa e a um ritmo lento. Decorrem dessa lei os seguintes corolários: 1) Que a estabilidade das impressões está na razão inversa da sua vivacidade. 2) Que essa mesma vivacidade, função de uma sensibilidade aguda, é a fonte habitual de todas as curiosidades do espírito. Mercúrio, de pés ágeis, tem formas gráceis e elegantes. Rosto triangular, queixo afinado, traços finos e delicados. Vivacidade das impressões, mobilidade, frivolidade, dispersão da atividade, diletantismo, curiosidade pelas coisas do espírito em muitos domínios, gostos intelectuais. Terra tem pés pesados, formas corporais maciças. Rosto solidamente encravado, com largo maxilar; traços grosseiros. Pouca sensibilidade, lentidão, estabilidade de sentimentos, adaptação às funções monótonas, gostos manuais, poucas ideias, mas solidamente ancoradas no espírito, reflexão e juízo em maior dose do que imaginação. A oposição Júpiter-Saturno -(oposição descoberta L. Corman) permitiu a formação da morfo-psicologia. -A oposição JúpiterSaturno é a oposição entre o Dilatado e o Retraído.
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Dilatação e retração expressam o movimento da vida: instinto de expansão e instinto de conservação. -H á gestos de expansão e de retração. O tipo dilatado é em geral utilitário, ligado ao mundo, despreza os sistemas, os ideais. Não se afasta dos fatos. É falho de imaginação e de espírito inventivo. Analisemos o tipo retraído: o rosto é longo. São indivíduos que necessitam de meios especiais para seu desabrochamento. Não cedem às influências do meio. São independentes, autodidatas e dominam seus impulsos. Querem dominar a si mesmos. São difíceis de escolher, mas ligam-se fundamente ao que escolhem. Tem poucos amigos, mas são bem ligados aos amigos que tem. Não são tão ativos como os dilatados, mas são mais precisos. A inteligência é eletiva. Gostam das especulações intelectuais mais profundas. São inquietos, tímidos, cheios de manias, de dificuldades de adaptação. Vivem mais no passado ou no futuro. São pouco práticos. Não dão bons comerciantes. Constroem castelos no ar. Em geral, misantropos, amam, no fundo, a humanidade. Para que se tenha uma visão clara do dilatado, podemos imaginar um balãozinho de borracha, no qual tivéssemos pintado uma fisionomia humana, com sobrancelhas, olhos, nariz, boca, etc. Teríamos o tipo dilatado perfeito. Seria aquele cujo rosto fosse uma bola, completamente dilatada em todas as direções. Mas, ao examinarmos um rosto humano, logo vemos que não há tal dilatado perfeito, pois há sempre retraimentos. Dessa maneira, pode caracterizar-se como: a) Dilatado -aquele em que predominam as expansões; b) Retraído -aquele em que predominam os retraimentos. Há ainda os tipos complementares. São aqueles que nos revelam um equilíbrio entre a expansão e o retraimento. Há maior número de complementares do que retraídos e dilatados.
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No entanto, em nosso país, o número de retraídos é muito grande, devido ao estado de sub-alimentação em que vive a maioria dos habitantes deste país riquíssimo em possibilidades. Para a caracterologia não há separabilidade entre Corpo e Alma, como se vê nas concepções de Aristóteles e de Tomás de Aquino. A freqüente calúnia aos nossos instintos, como se fossem eles manifestações do mal, é errônea. Nossos instintos são vitais e necessários ao nosso equilíbrio e à nossa defesa. Por outro lado, não é o corpo nosso inimigo, mas um amigo, ao qual devemos a máxima atenção. Vivemos esta vida e nada adiantaria, nem à pureza do próprio espírito, se nosso corpo fosse por sua vez desprezado por nós. Nem tampouco caberia aqui atendêssemos apenas às injunções do corpo sob pena, também, de afastarmo-nos da saúde do espírito. Só um equilíbrio saudável entre ambos nos pode ser proveitoso. O organismo é inseparável do meio. O ser humano alimenta-se com os bens que o meio exterior oferece. E temos de tomar aqui o termo alimento em seu sentido amplo. São alimentos o ar, o sol e até a presença estimulante dos nossos semelhantes. O dilatado é um ser que se adapta bem ao meio ambiente. Por isso, desabrocha-se plenamente. Já o retraído revela um movimento de recuo, de defesa. A criança, quando nasce, é geralmente dilatada. Com o decorrer da vida ela se retrairá. Pode dizer-se até que todo retraimento é sinal de um movimento de defesa do organismo em face do mundo exterior. Expandimo-nos onde encontramos ambiente favorável; retraímo-nos onde encontramos oposição exagerada ou uma oposição muito forte. O dilatado oferece um rosto com ausência de saliências ósseas, um rosto amplo. Tem ele facilidade de trocas com o ambiente. Vejamos as características gerais dos dilatados:
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1)
Facilidade de aceitação das circunstâncias e boa acomodação; alegres, otimistas. Tomam tudo pelo lado bom. 2) Espontâneos em sua ação. O gesto é fácil e bem adaptado. Tendência para o automatismo. São impulsivos. 3) Expansivos, exteriorizados. "Pensar é deixar de falar e agir" dizia Bain, um dilatado. Os dilatados tem dificuldade de pensar. Refletem pouco. Comparam as novas situações a uma situação antiga e análoga. Sua atividade mental não vai além das necessidades quotidianas. São concertos e práticos (no sentido vulgar dos termos). Não gostam de sistemas nem de ideias intelectuais. Análise: O dilatado, quando criança, tem um desenvolvimento fácil. Come muito, dorme bem, é expansivo e sorridente. Cresce facilmente; o caráter é manso e dócil. E amável para com todos, aceita facilmente as carícias dos estranhos; é afetuoso. Na idade escolar: Bom aluno, disciplinado, dócil. Estudioso por disciplina, sem muita curiosidade. Aprende tudo facilmente, sobretudo o que pode servir-lhe. Retém facilmente se lhe mostram. Tem a palavra fácil. Na adolescência: Avança além dos outros. Manifesta maturidade física, corpulência, despertar precoce do instinto sexual, natural, sem perversões. Casa cedo. Atinge logo a maturidade intelectual, que não é ultrapassada. Como é aí, aí ficará. Sabe bem cedo o que quer. Leva a bom fim o que empreende, porque só empreende o que sabe que pode fazer. Na sociedade: É povo, multidão. Gosta da sociedade. Vale quanto vale o seu grupo social. Venera o passado, mas vive o presente. Na política é oportunista e conservador. Na ordem moral: Observa as regras do maior número, por isso pode ser honesto ou desonesto, segundo o ambiente. Não é muito delicado na escolha dos meios de enriquecer. Será virtuoso num mundo onde se pratique a virtude. Dificilmente será um assaltante...à mão armada. Na ordem religiosa: Será fiel à fé ensinada; não conhece dúvidas.
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Na amizade: Necessidade de presença humana. Familiariza-se facilmente. Todos são “seus amigos". É generoso, humano, coração aberto, compassivo. Gosta da alegria. Julga que são infelizes apenas os que querem ser. Na família: Casa cedo. Não separa a sensualidade da vida afetiva. Ciumento, não perdoa qualquer falta da mulher. Em geral tem muitos filhos. Quando surge um filho retraído, há grandes aborrecimentos, pois pai e filho não se entendem. Na vida pessoal: Só acredita no que pode sentir. É um intuitivo sensível. Reflete pouco, tem boa memória, mas fraca imaginação sem originalidade; é incapaz de criar. Prático na vida quotidiana, incapaz de perceber o defeito de uma ideia. Nele não há nada, na inteligência, que não tenha estado pri-
5 Tipos dilatados
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meiro nos sentidos. Aqui a máxima filosófica dos realistas se aplica bem. Lembremo-nos de Leibnitz que a modificou, aceitando algo antes da experiência. Leibnitz era um retraído. Vida profissional: Podemos encontra-lo em todas as profissões. Boa adaptação. Gosta das profissões dos pais. Todo trabalho automatista lhe é fácil, pois aprende vendo. Tem capacidade para os serviços pesados. Excelente comerciante, bom vendedor, pracista, bom gerente. Como médico: muito prático, graças à sua fidelidade aos fatos. Prefere a observação direta à teoria, e sabe reconfortar os doentes. Bom advogado, porque fala bem. E um "conteur" pitoresco. Na ciência, um colecionador de fatos. Escravo dos fatos. Em filosofia, em geral, pragmático e sensualista. Em sociologia, afirma que somos o reflexo do mundo, e que a vida material dos povos é que determina a sua forma de vida. (■*■)
(1) Os desenhos reproduzidos sao de A. Protopazzi, considerados por Corman como os mais genuínos.
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CL AS SIFIC AÇ AO DOS DILATADOS Podemos classificar os dilatados em dois tipos: a) Dilatados astênicos -os astênicos não são totalmente privados de atividade, mas são preponderantemente pouco ativos, cansados, lentos, moles (em geral linfáticos). b) Dilatados estênicos -Não são, por sua vez, totalmente ativos, mas preponderantemente ativos (em geral, sanguíneos). Os momentos de passividade são freqüentes nos primeiros. Os momentos de passividade são mais raros nos segundos. Morfologicamente, segundo as lições de Sigaud e Corman, podemos distinguir os astênicos dos estênicos. Análise do Dilatado. Dilatado Astênico Corpo volumoso, pesadamente carregado de graxa, carnes flácidas. Movimentos lentos e raros, "nonchalance".
Cabeça arredondada, pescoço curto. Rosto arredondado, cara de lua cheia, com duplo queixo.
Dilatado Estênico Corpo volumoso, gordo, mas também musculoso, um tanto nervoso. Movimentos prontos e freqüentes -ação rápida. Gosta de movimento, fala muito e com voz forte. Idem. Rosto arredondado com covas.
62 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS Carnes moles, abatendo-se quando o sujeito emagrece. Relevos m usculares pouco acusados. Pele graxenta de poros largos, de contato frio (pálido). Aparelho piloso pouco desenvolvido; barba rara, sobrancelhas espessas, calvície freqüente. Q ueixo mole, destacando-se mal da papada que o envolve, muitas vezes retraída, recuada. Testa vasta, hem isférica sem nenhum a diferenciação.
Vestíbulos átonos, boca larga, constantem ente entreaberta, lábios pálidos e moles, com issura descendente. Nariz pequeno, côncavo, muito carnudo, asas espessas e sem mobilidade. Olhos claros (verdes ou azuis lavados) globulosos, à flor do rosto, m uitas vezes míopes. A expressão é vaga, não fixam nenhum objeto próxim o e são perdidos na lonjura. Pálpebras superiores se abaixam com o uma cortina.
Carnes firmes. Relevos m usculares bem acusados. Pele graxenta, de poros largos, mas de contato quente (rosado). Aparelho piloso bem desenvolvido; barba forte, sobrancelhas largas; calvície, tam bém freqüente. Q ueixo firm e, b em destacado.
Testa vasta, arredondada, levem ente inclinada para trás, apresentando zona discreta de diferenciação, covas laterais. Vestíbulos tônicos, boca larga, entreabre-se em sorriso, lábios vermelhos, com issura elevada. Nariz pequeno, côncavo, m edianam ente carnudo, asas finas e vibráteis. O lhos bastante claros (azul fraco ou castanho claro) salientes. Expressão franca e risonha; olhos pousados sobre o objeto próximo. A fenda palpebral é oblíqua para o alto e para fora; e a sobrancelha segue em seu movimento.
CARÁTER GERAL DOS DILATADOS ASTÊNICOS O caráter dos astênicos revela passividade quanto à adaptação ao meio. O ambiente atua sobre eles e marca-lhes o caráter. Querem gozar as coisas sem fazer esforço. São linfáticos na classificação de Hipócrates. Gostam de comer muito, bebem bastante. São pouco afetivos. Gostam de receber e não muito de dar. Precisam que os outros os estimulem, os animem, porque, por si mesmos, são em geral vencidos.
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Se não são de uma afetividade quente, são ao menos ternos. São benevolentes, mas como são passivos, são pouco ativos em sua bondade. A vontade é fraca. Não gostam de fazer esforço e por isso não mantém domínio de si mesmos. Tem todas as características do temperamento linfático. São preguiçosos até para pensar. A imaginação é viva, cheia de visões, mas tem pouca capacidade de refletir. Não são muito comuns os tipos de dilatados astênicos. CARÁTER GERAL DOS DILATADOS ESTÊNICOS São caracteristicamente ativos em sua adaptação ao meio ambiente. São totalmente vertidos para o mundo exterior
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(extrovertidos). São de grande atividade e de uma sensibilidade viva. Não são originais, mas onde estejam são sempre ativos. São de uma afetividade ativa, expansiva. Cheios de ardor. E a imaginação os impulsiona sempre à ação. Entusiasmam-se facilmente. O humor é jovial (são sanguíneos, na classificação de Hipócrates). São alegres, mas levados facilmente à cólera. Não se lhes pode pedir que guardem um segredo, porque este deixará logo de ser segredo. Podem prometer, mas logo esquecerão. Ao inverso dos astênicos, são cheios de vontade e sobretudo vontade de ação.
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Não são capazes de reflexão muito prolongada. A inteligência é intuitiva, pronta. Não tem imaginação inventiva. Tem bastante iniciativa, são práticos, pragmáticos. Dão em geral bons comerciantes, industriais, vendedores, etc. Entre os dilatados e os estênicos, temos os dilatados médios. Os caracteres são equilibrados. Entre os dilatados, os tipos médios são os predominantes, sendo raros os tipos extremos de astênicos e estênicos. OS RETRAÍDOS Os retraídos, cujos aspectos gerais já conhecemos, são formados por aqueles que tiveram períodos difíceis na vida. Revelam, desde logo, uma adaptação penosa. São obrigados a manter o máximo cuidado na alimentação, a escolher os alimentos. Estão sujeitos a perturbações digestivas. Revelam momentos de fadiga, de insônia freqüente. São geralmente doentes, mas em grau menor, de doenças muito graves. Necessitam muito de defesa. Caracterizam-se por apresentar uma individualidade mais pronunciada que os dilatados. ASPECTOS GERAIS Morfologicamente: rosto longo, ou curto em casos extremos, preponderância das forças de conservação sobre as de expansão. Estreitamento do rosto, de estrutura ossosa, de cútis pálida ou oliva. - Os vestíbulos sensoriais são pouco abertos no meio; lábios finos; narinas semifechadas, olhos encovados em órbitas profundas, parecendo pequenos. Achatamento lateral do rosto; boca estreita, nariz e forma de lâmina; olhos muito próximos um do outro. Tem defeitos e virtudes como os dilatados (tipos favoráveis e desfavoráveis) - Dotados de viva sensibilidade - Eletivos por essência, por isso percebem numerosas diferenças. São
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autoditadas, querem dominar a si mesmos. Dois rostos, um expansivo e sorridente para os familiares, e outro sério, distante, secreto para os desconhecidos. Gostam das especulações intelectuais, mas sujeitos ao abstracionismo, ao sistematismo. Pouco otimistas, sérios sempre, severos, até tristes. Em geral pessimistas. Veem tudo pelo pior. Malevolentes muitas vezes, falta-lhes espontaneidade nas ações. Não se deixam conduzir pelas emoções do momento. Detêm-se entre a ação e a reação; freiam os instintos. Refletem antes de agir. Deles é o pensamento "liberta-te da ação". Tem muitas manias, são inquietos, sujeitos a ressentimentos. Podemos distinguir os retraídos em Retraídos ricos Atitude de com bate ante o meio. Otim ism o de ação; querem criar um m undo à sua medida. V ivem sem pre no futuro. Revolucionários. Independência de caráter e de opinião. Contudo são capazes de aceitar um a disciplina. Voluntários. Caráter m uitas vezes refletido, sempre decidido. Orgulhosos Duros consigo m esm os e para com os outros. Vida interior: retirada de fortes. Apegam-se pouco, mas fortemente. Espíritos críticos. Espíritos metódicos. Abstratos.
Retraídos pobres Atitude passiva de defesa. Pessimismo: renunciam a toda luta. V ivem sem pre no passado. Desejo de mudar, sem força para realizar o desejo. Independência, indisciplina.
Cheios de veleidades. Caráter indeciso; rum inação mental, perplexidade. Dissim ulados Duros mais para os outros do que para si mesmos. Vida interior: refúgio de fracos. N ão sabem apegar-se. Espíritos criticadores. Espíritos sistemáticos. Abstratores de quintessência.
Das contradições entre os tipos dilatados e os retraídos, temos os exemplos de Don Quixote e Sancho Pança, e, no cinema, "O Gordo e o Magro".
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Os retraídos podem ser classificados em: 1) retraídos laterais; 2) retraídos de fronte; 3) retraídos de base; 4) retraídos bossuados. Esses tipos estudaremos a seguir.
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OS RETRAÍDOS Três são os principais tipos de retraídos que vamos estudar: 1) Retraído lateral que se caracteriza pela ação;
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2) 3)
Retraído defronte, pelo pensamento reflexivo e agente; Retraído de base, pelo pensamento especulativo.
1) Retraído lateral: É um homem de ação. O retraído lateral aparenta-se ao dilatado por certa largura no contorno, certa espessura de carnes e pela abertura dos vestíbulos sensoriais. Muito próximo ao dilatado estênico, sua mímica é expressiva e de grande vivacidade. A atividade física é sempre abundante, e o interesse pelos estudos é sempre subordinado. No adolescente, desenha-se a combatividade, o gosto pelos esportes e pelas aventuras, que caracterizarão muito bem a maturidade. O dilatado adquire a personalidade moral desde cedo, mas o retraído lateral só a adquire bem mais tarde. É preciso evitar a confusão com o retraído extremo. As crianças retraídas laterais necessitam de muito ar, muito espaço livre, muitas horas de folga, muita liberdade de ação. Instintivamente. São exteriorizados, mas ativos. Gostam da mudança, desprezam o repouso, e o instinto de nutrição é pouco desenvolvido. Às vezes tem grande apetite, e vão aos excessos. Habitualmente se satisfazem com refeições frugais. É forte neles a sensualidade. É pouco desenvolvido neles o instinto de propriedade. Faltalhes o senso comercial dos dilatados. São, no entanto, dinâmicos e audaciosos. Fisicamente: São bem desenvolvidos, vigorosos, fortes, diferentes dos retraídos de base. Não temem as imtempéries. Tem excelente circulação e afluxo de sangue. Gostam dos animais, sobretudo dos cavalos. Gostariam de ser marinheiros, viajantes, e dão bons missionários, soldados, exploradores. Afetivamente: A sensibilidade é mais viva que a do dilatado, mas influída ainda no exterior.
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Manifestam amplamente a sua simpatia e a sai antipatia. São francos, mas leais, "o coração na mão". -Não gostam da vida solitária. Tem necessidade de presença humana, de camaradas com quem possam confiar seus pensamentos. Precisam confessar, e quando o fazem, sentem-se aliviados. São coléricos, gritam, mas se acalmam logo. Gostam de reunirse aos amigos para excursões, caça, esporte. A alegria é barulhenta e comunicativa. São generosos, bravos, apaixonados, entusiastas. O quadro familiar é sempre estreito para eles. Tem tendências progressistas. Intelectualmente: São intuitivos. Os sentidos estão abertos aos fatos exteriores. São impulsivos, respondem sem meditar, incapazes de se concentrarem. Quando lhes é submetido um problema, ou compreendem desde logo ou não compreendem mais. Tendem para o concreto. Pouca é a sua vida interior. Suas ideias são empestadas aos que admiram. A inteligência serve à ação. São pessoas de movimento, e as ideias vem quando caminham. Profissionalmente: Não gostam de estar sentados. Adquirem facilmente profissões manuais. São bons chefes. No comércio são maus pracistas, mas bons viajantes, e quanto mais longe melhor. Necessitam da aventura para estimular-se. Dão bons atores. Mas abandonam o que começam. 2)
OS RETRAÍDOS DE FRONTE: A AÇÃO REFLETIDA
Os dilatados tem os vestíbulos abertos, mas nos retraídos de fronte eles se fecham. Os olhos afundam-se nas órbitas, os vestíbulos se abrigam, e a boca se fecha. Os retraídos de fronte tem duas atitudes diferentes ante o ambiente: em face de um meio favorável à expansão, comportam-se como dilatados, e abrem-se amplamente a todas as influências; num meio nocivo, retraem-se, fecham-se.
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O retraimento frontal
Os vestíbulos nos revelam sua dupla maneira de agir. A boca é larga e bem carnuda (expansão), o tonos dos lábios revela uma oclusâo perfeita (retraimento). O pensamento é uma atividade de luxo, para muitos. Não o é para o retraído de fronte, que não separa nunca o sinal do objeto, não rompe o seu contato com a natureza. O pensamento não se separa da ação. É uma ser de ação refletida, mas com certo equilíbrio. Temos os seguintes tipos. O prático, que se parece com o dilatado, devido ao seu praticismo. Na vida social, assemelha-se ao dilatado-extrovertido. Familiarmente, é bom chefe de família. Em geral tem muitos filhos, é bondoso. Na vida pessoal, fecha-se um pouco, introverte-se, defende-se contra certas impressões. É objetivo e de grande capacidade de síntese. Profissionalmente, é bom patrão, tem qualidades de sociabilidade. Torna-se industrial, e prospera nos negócios. Sabe organizar. E apto para carreiras liberais, prático, ligado à realidade concreta. Como sábio é inovador, excelente professor. Falta-lhe mais imaginação para realizar invenções novas, iniciativas ousadas.
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O homem equilibrado: Na infânc ia só consegue o equilíbrio num meio de eleição. É necessário um equilíbrio entre as forças internas (individualidade) e as do meio (adaptação). Tem a fronte em pé, regularmente sinuosa. O olhar é quente, luminoso, ardente e contido. O nariz é reto quase, asas delicadas, sem fragilidade. Boca pouco saliente, lábios fechados, bem desenhados. Temos um exemplo desse tipo no desenho 3 do tipo Saturno, que se acha na página 52. Queixo reto e levemente saliente. É o ideal antigo. Guarda a justa medida. Senhor de si. Os impulsos afetivos são moderados pela razão. Tem senso prático e está ligado às
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ideias gerais. É possuidor de vasta cultura, ou tem possibilidade de obtê-la. Na vida social, nunca é povo. Só se expande em meios de seleção. Suas apreciações são moderadas. Sabe conciliar os opostos, e apaziguar discórdias. É pacifico e avesso ã violência. Não mente. Sabe calar. Defende encamiçadamente a sua independência. Não tem a pretensão de que pode dispensar-se dos semelhantes. Toma posição pelas causas justas. Aceita a disciplina, quando não é imposta pela força. Bom chefe, sem despotismo; firme, sem rigidez. Com os amigos é familiar, intimo. Introverte-se com os outros. Parece frio por isso. Na família, sabe controlar os instintos. Nada de frivolidades. Gosta dos dignos. Ama com profundidade. Aceita os direitos do coração, mas também os da razão. Medita para casar e cumpre a sua palavra. Não usa da violência. Não é avaro, mas sabe gastar com cuidado. Gosta do equilíbrio em tudo. Cuida da educação dos filhos, respeita-lhe a personalidade. Mas sabe, também, que uma liberdade sem freios gera escravos. Concilia a liberdade com a necessidade. Sua vida social é diferente da interior. É profissionalmente apto, capaz de assumir postos de envergadura. Tem iniciativas felizes. Na arte, alia a sensibilidade ao métier. Em ciência, sabe fazer sínteses e tende para a ciência experimental. Na filosofia, repele a rigidez sistemática. Sempre aberto às novas ideias. 3) O doutrinário: Fechado, saturnino, ciumento. Não aceita conselhos, quando jovem. Consegue boas notas em certos estudos e em outros não. Tipo do solitário na vida familiar. Falta-lhe coração. Não sofre a dor dos outros. Pode viver em isolamento. É glacial e mantém todos à distância. Fala pouco, por isso chamam-no de taciturno. Usa só monossílabos.
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A dissimulação é muito forte. Em geral, é ressentido. Domina as paixões e não é colérico. E premeditado quando se vinga. Tem tendências nihilistas. Quando puritano, é fanático. Temos um exemplo no desenho 2 do Tipo Saturno, à pág. 52. E suspeitoso e ciumento. Se se separar de um amigo, não o procurará mais. Quer transformar os amigos em adeptos. Na família, é pouco carinhoso. Costuma dizer que as afeições mais sólidas não são as que se traduzem por manifestações exteriores. Quando casa, no início conhece um momento de abandodo e de expansão, mas depois...é despótico. Tirano em casa, rigorista, econômico, avarento até. Os filhos temem a sua tirania. É severo e pune com excesso. Abre abismo entre si e os seus. Mata a individualidade e a personalidade nascente nos filhos. E é teimoso. No trabalho, um carrasco. O que decide, faz. Não aceita a palavra impossível. É refletivo. Só aqui é paciente. Pode levar os estudos em profundidade. Tem dificuldades para guardar nomes próprios e números. Homem de fórmulas. Bom para trabalhos solitários: como mecânico, ajustador, técnico. Não tem aptidão para profissões comerciais. Reflete antes de agir. Como magistrado é o homem da Dura lex, sed lex. No laboratório, pode estudar os segredos das doenças. Como prático, é muito medíocre.
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O S R ET R A ÍD O S DE BA SE
Como já vimos, é o pensamento especulativo o que caracteriza o retraído de base. Neste predomina o instinto de conservação, que é muito forte. A adaptação ao meio se torna mais difícil. É mais um espectador que um ator no mundo. Refugia-se na vida interior e seus pensamentos marcam uma certa independência. É um introvertido refletivo. Já na infância vemos os traços do retraído de base. Seu crescimento é difícil, seu sono irregular. São crianças sofredoras, pequenas, miudinhas.
R etraíd os de base
E ficarão miúdos através do tempo. É uma criança que pouco sorri. Sua expressão é séria, e dá a impressão de ter mais idade do que realmente tem. E uma criança que pergunta sempre por que?
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Na fase escolar, é estudiosa. Gosta de estar cercada de livros. Está constantemente doente. Na puberdade, o período é bem difícil. Nem sempre pode levantar-se pela manhã. Precisa descansar durante o dia. Por isso, nesse período, o progresso escolar é bem medíocre. Atinge a maturidade bem cedo. Quando adulto, o talhe é pequeno, a ossatura é bem visível. Opõe-se ao dilatado em todos os traços. Enquanto este tem tudo em expansão, o retraído de base só tem a parte superior (o plano da intelectualidade). Magro, testa ampla, as maçãs pouco salientes, nariz em lâmina maxilar estreito e em geral em retraimento (rosto dos caipiras, em geral). Também estão em retraimento os vestíbulos sensoriais. Vive em ambientes artificialmente construídos. São misantropos (aversão aos outros); não gostam de freqüentar reuniões; calados, desconfiados. Não gostam de ir a banquetes. Quando são olhados, fogem com o olhar. Não fitam os outros nos olhos. Quando convidados a uma festa, tem sempre uma razão para não ir e uma desculpa para justificar a falta. Se os pais são religiosos, tornam-se carolas. Se os pais tem maneiras corteses, tornam-se maneirosos, cheios de preciosismo. Não formam boas amizades, quase não tem amigos. Se deixados à parte, logo retomam para dentro de si. Não tem arrebatamentos passionais; acham que a paixão é loucura. Buscam no casamento um pouco de proteção. Não veem as coisas belas, porque procuram o Belo abstratamente. Amam sempre tudo quanto é abstrato. Tem muita tendência para certas funções intelectuais, como gramáticos, revisores, rebuscadores de fatos, guarda-livros, contadores, etc. Perdem-se nas palavras e nas ideias.
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São pouco ativos. Leem muito. Não gostam de aventuras, mas leem romances de aventuras. Tem medo do amor, mas leem romances e histórias de amor. Preferem os livros à natureza. Preferem herbários, animais empalhados, etc. Tem grande memória e aprendem com facilidade o que leem. Tomam-se facilmente eruditos. São comumente cérebros enciclopédicos. Se entre eles surgem muitos homens medíocres, também surgem muitos homens de valor. Tem, assim, seu lado positivo e seu lado negativo. RETRAÍDOS ESTÊNICOS E ASTÊNICOS São estênicos os retraídos ativos, que os há em número bem grande. Os astênicos, de pouca atividade, também são comuns, sobretudo entre nós, onde grande parte de nossa população do centro do país oferece um grande contingente de retraídos de base. Em parte, esse retraimento tem sua origem na sub-alimentação de 35 milhões de brasileiros, quase famintos, que estão à espera de um milagre nacional de recuperação.
Astênicos Corpo longo e estreito, músculos flácidos, articulações relaxadas, "nonchalance", gestos moles. Rosto longo, achatado lateralmente. M odelado, feito de curvas moles, desenhando um oval. Fronte elevada, em form a de ogiva, uniformemente arredondadas; têmporas achatadas. Nariz longo, de desenho mole, continuando com a fronte por um a curva regular.
Estênicos Corpo longo e estreito, músculos nervosos, articulações rígidas, atitude enérgica -gestos firmes. Rosto longo, achatado lateralm ente -m odelado, feito de linhas angulosas, desenhando um retângulo. Fronte elevada, em form a de retângulo acidentado e oco e de bossas -têm poras encovadas, têm poras de contorno saliente. N ariz longo, de desenho firme, separado da fronte por uma cavidade em sua raiz.
80 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS M axilar alto; com a borda inferior desenhada em form a de curva, contínua, da orelha ao queixo, com o ângulo m andibular m eio curvo. Q ueixo mole, em recuo muitas vezes. Vestíbulos estreitos e átonos. A boca é estreita, mas entreaberta; lábios moles e a com issura labial abaixa-se de cada lado. O nariz é estreito; suas asas são flácidas, sem vida. Os olhos são próximos, em órbitas, pálpebras caídas, olhar embaciado, expressão sonhadora. Sobrancelhas esparsas, desenham à distância do olho um a curva arredondada.
M axilar alto, ângulo bem delineado, marcado.
Q ueixo anguloso, reto ou saliente. Vestíbulos estreitos e tônicos. A boca é estreita, bem fechada, e os lábios finos, fortemente pressionados um contra o outro -a com issura é reta. O nariz estreito, em lâmina, asas finas, anim adas de m uita vida. Olhos próxim os -encovados, olhos cheios de acuidade. Sobrancelhas espessas, desenhadas, ao lado do olho um a reta.
Astênicos -Psicologicamente, são fracos, são retraídos fracos, infecundos. São instintivamente fracos também. Ignoram as paixões do amor, e tendem para perversões sexuais. Tem pouca combatividade; são acovardados. Emotivamente fracos, incapazes de lutar, temerosos de responsabilidade, invejosos dos sucessos alheios. Quando à mística que muitos lhe atribuem, deve considerar-se que a verdadeira mística é aquela que nos põe em contato com os poderes sobrenaturais e não as manifestações nervosas de um misticismo mórbido, cheio de dores. Os astênicos só podem conhecer desta última espécie já viciosa da mística. Intelectualmente, tem dificuldade de penetrar na realidade e refugiam-se no sonho. E pouca a atividade intelectual. A memória é sem precisão. Refletem mal e tem dificuldade de um raciocínio lógico. Não tem forte bom senso nem senso prático.
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Profissionalmente, só aptos para certos trabalhos manuais enervam-se facilmente, cansam-se logo. Malogram onde há necessidade de qualquer espécie de iniciativa. A sensibilidade e a plasticidade conferem-lhe alguma disposição artística. Podem dar bons atores. Estênicos -Já os estudamos morfologicamente. São sérios, riem pouco, são calados, de coração seco, são autodidatas, ativos, dinâmicos, e realizam muitas vezes seu meio de eleição. São fieis em suas afeições e são sóbrios. Não tem aptidões comerciais. A vida afetiva é solitária; julgam injustamente porque julgam por si, tem tendência para a crítica. São pouco adaptáveis à vida social. Tendem a sair cedo de casa e a viver solitários. Não mudam seus hábitos quando casam. São em geral dirigidos pelo meio, exagerados na moral, puritanos, sectários, intolerantes, tanto no bem como no mal. Refugiando-se em mundos artificiais, criados por eles mesmos, mundo de abstrações. São espíritos sistemáticos.
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OS RETRAÍDOS DE BO SSA (OS BOSSUADOS) O que caracteriza este tipo é a dilatação das bossas com o retraimento das concavidades (covas). Ele revela assim esta contradição: retraimento -dilatação. Essas bossas são verificáveis entre as diversas zonas do rosto, as quais permitem construir uma subclassificaçào. Psicologicamente, para a morfo-psicologia de Corman, revela essa contradição a contradição psicológica, uma personalidade feita de oposições. Expansão-retração indica uma pessoa que tende a expandir-se, mas que se retrai, ou que conhece ciclos de expansão e de retraimento, no tocante à vida exterior. Na vida interior, temos uma contradição entre a adaptação ao meio e uma fuga ao real.
Retraídos bossuados São pessoas que se balançam entre atos de egoísmo e de altruísmo. Revelam reações inesperadas, pois quando julgamos que procederão deste modo, procedem de modo totalmente
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Contrário. São cicloides em sua atividade. São dotados de uma afetividade apaixonada, de grande sensibilidade. Ou são amigos ou não. Não há nelas lugar para meio termo. A vida desses tipos humanos é cheia de reviravoltas. Conhecem períodos que de desmesuram. Ao lado de períodos de ascetismo e austeridade. Podem ser classificados, segundo os seguintes aspectos: 1) Quando as bossas são muito salientes, o retraimento é dinamizante, e revelam capacidade de ação, eficiência, realizações exteriores. 2) Quando os vestíbulos são abertos (olhos, narinas, boca) são dinâmicos. 3) Quando os vestíbulos são fechados, abrigados, o dinamismo toma uma direção interiorizante; sem excluir um dinamismo exteriorizante. 4) Os vestíbulos fortemente fechados indicam uma interiorização máxima, e grande tensão nervosa. 5) Quando o retraimento é irregular, há influência inibidora que perturba fortemente o equilíbrio da personalidade.
ANÁLISE DOS GRUPOS No primeiro grupo, a retração dá economia de forças. São pessoas que tem a força dos dilatados, mas são mais resistentes que estes. Por isso precisam dosar os esforços. São de físico forte, saudável, pouco sujeitos a doenças. Preservam as forças e sabem usá-las quando necessário. Na vida afetiva, são impulsivos. Mas revelam também grande sangue frio, domínio de si mesmos. Tem capacidade de canalizar os impulsos numa direção. Por serem estênicos, são apaixonados, capazes de amores e paixões fortes. Como suas paixões são concentradas, são por isso duráveis, embora enganem a muitos por seu ar tranqüilo, suave, impassível.
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Gostam das coisas visíveis, palpáveis. São conquistadores pela força e querem subjugar todas as coisas. Amam a matéria. Tem vontade de expansão, são generosos, realizadores. O segundo grupo nos dá tipos impulsivos. O terceiro grupo nos dá tipos refletivos. Esses dois tipos são menos ligados à matéria que os do primeiro grupo. São capazes de desinteresse. São ávidos de movimento, de viagens. São dotados de sensibilidade ardente, muito fogo. Seus gestos são vivos. As narinas fremem. Em tudo põem amor. Suas afeições são calorosas, mas tirânicas. Gostam da independência e abominam que se lhes ponham entraves à liberdade. Os refletivos são também assim, mas tem mais capacidade de frear os impulsos (os do terceito grupo). Na aparência são calmos, frios, distantes. Aparentam frieza, mas são capazes de sentimentos muito profundos. A imaginação é inflamada. Tem muita vitalidade e sabem disciplinar-se. Os do quarto grupo revelam grande luta interior e sofrem muitas contradições. São em geral rígidos, até cruéis. Extremados no bem e no mal. Por isso tendem ao revolucionarismo, ao terrorismo. O rosto é muitas vezes assimétrico, e não sabem sorrir. O quinto grupo é de inibidos. Há em geral desarmonia nos planos. São personalidades mal equilibradas, atormentadas por conflitos interiores. Estão sujeitos a perturbações nervosas. Recalcados, sua atividade é irregular. São irritáveis e os instintos são, às vezes, pervertidos.
OS TIPOS REAGENTES A inteligência é em muitos inibida. Vivem a polaridade agir -reagir. Os reagentes tem o ser exterior mais desenvolvido que o interior. Estão sujeitos à dispersão de forças. O equilíbrio é precário quanto ás forças,
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pois estas são por eles malgastadas, e esse malgastar é perigoso. Há compensação instintiva por meio de retrações dos vestíbulos ou do contorno. Os vestíbulos são abertos em geral. As crianças do tipo reagente são precoces, despertas, abertas ao meio exterior; conhecem cedo ternas afeições. Os reagentes não amadurecem em profundidade; permanecem superficiais. Sua plasticidade é que engana. Adotam as opiniões dos grandes, mas são fracos quanto ás ideias pessoais. Tem dificuldade de adquirir uma personalidade própria, necessitam de proteção. Carentes de iniciativa; tudo lhes interessa, mas falta-lhes profundidade. São abertos às ideias, mas, por fraqueza de personalidade, não avançam. Não reali-
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zam obras duráveis. Sua atividade é superficial; não surge ela do mais profundo, mas é reativa. Perdem seu tempo em ninharias. São sensuais, mas instintos fracos, e não conhecem paixões profundas. São borboletas (Don Juan). Sua insatisfação é acusada aos outros. Entre si mesmos são assaltados de ideias obscuras, terríveis; temem enlouquecer. Sofrem o perigo de se tornarem toxicômanos, pois abusam dos estimulantes. São delicados, avessos aos grosseiros e aos utilitários, gostam das exterioridades, das roupas, etc. Veem as coisas muito pela exterioridade. Deixam-se empolgar pelo exterior, hoje por isto, amanhã por aquilo. Saem animados, mas aos primeiros obstáculos desanimam. São inconstantes. Estão sempre a par das últimas novidades literárias. Falam dos livros que devem ser lidos, mas não os leem. Tem ideias gerais sobre eles. Gostam muito de ser homenageados; precisam, mesmo, dessas homenagens, pois do contrário, duvidam de si mesmos. Intelectualmente tem boa capacidade de assimilação. O concreto dos reagentes é o mundo das palavras e dos livros. São vivazes, tem boas intuições. A atenção é dispersa, falta-lhes reflexão. Ou compreendem logo ou não compreendem nunca mais. Sofrem do perigo de falarem sobre muitas coisas, de tudo um pouco, e de se perderem nos pormenores. Precisariam de um ponde de referência, pois distraem-se facilmente: "olham para as moscas...". Profissionalmente, são inábeis aos trabalhos silenciosos e ocultos. Precisam de assistência. Surgem entre eles muitos prquenos talentos. Não se conhece nenhum grande talento nem genialidade. São diletantes, não criadores. Como pintores tem gosto, delicadeza na cor e nada mais. Como músicos, são amantes da melodia e regulares executantes. São escritores para escrever leves e rápidas histórias, mas inábeis para uma obra de fôlego. Hábeis versificadores, não poetas propriamente. Muito tendentes à tísica, à tuberculose, sofrem do perigo de morte prematura.
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Quanto às crianças, necessitam de ambiente calmo, sereno. Apesar de muito sociáveis, necessitam, ás vezes, de muita solidão, solidão completa em companhia de amigos ou de um cão ou de livros. Tem tendência para vocações religiosas, monacais, mas malogram. Precisam compensar a solidão com o convívio. Há ainda os reagentes compensados, nos quais os aspectos negativos ficam minorados e os positivos são exaltados. Nestes, a reagência é menor. Os vestíbulos não são todos abertos, e tem, assim, uma compensação para os extremos. O tipo 6 é extremado, o 3 revela certa compensação.
CURSO DE INTEGRAÇAO PESSOAL
PARTE DINÂMICA
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ANÁLISE DINÂMICA DA FISIOGNOMIA
A FACE A face apresenta três vestíbulos: 1) O vestíbulo cerebral (ouvidos e olhos); 2) O vestíbulo respiratório (narinas); 3) O vestíbulo digestivo (boca). Nesses vestíbulos estão os nossos sentidos, que mantém contato com o mundo exterior. Eis a razão por que a face é tão significativa para o estudo morfo-psicológico, pois estão aí precisamente os nossos sentidos principais. CONSIDERAÇÕES FUNDAMENTAIS Estudando Aristóteles a fisiognomia teve estas palavras que tanto valor e significação oferecem à caracterologia atual: "O que é durável na forma expressa o que é imutável na natureza do ser;o que é móvel e fugaz nessa forma expressa o que, nessa natureza, é contingente e variável". Ora, a mímica da face nos mostra uma mobilidade que nos permite, também, captar o que se passa, o que transcorre na alma humana. No símio superior, temos a "idade da face", com o predomínio desta sobre o crânio, enquanto no homem atual (homo sapíens) é maior o predomínio do crânio sobre a face. Se como seres racionais somos mais estáveis, no entanto, quanto aos nossos sentimentos, atitudes ante a vida, somos mutáveis, transeuntes. A face nos revela a mutabilidade a par da imutabilidade.
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O OLHO É o aparelho sensorial mais ligado ao cérebro e de um grande papel na inteligência humana. Sua posição coloca-o no limite do plano superior e dos planos inferiores. Se taparmos com uma folha de papel um dos olhos, enquanto vemos o outro, logo verificamos um olho fixador (geralmente o esquerdo, de olhar fixo, observador, penetrante, agudo) e um olho sonhador (em geral o direito, afetivo, de olhar perdido, vago, distante). É possível encontrarmos indivíduos em que ambos os olhos sejam fixadores ou ambos sonhadores. Neste último caso, estamos em face de uma pessoa sonhadora, que vive num mundo de quimeras, e no primeiro em face de quem é totalmente afastado da afetividade, do sentimento, que adquiriu uma frieza extraordinária. É comum observar-se que a presença de dois olhos fixadores em indivíduos criminosos, premeditados, frios e cínicos. O lóbulo ocular está encravado na cavidade orbitária (orbital). É constituído por uma membrana de estrutura nervosa, sensível ás impressões luminosas: a retina, em volta da qual estão os aparelhos de transmissão de ótica, de proteção (membranas) e de mobilidade (músculos). A retina está em relação direta com o cérebro, ao qual ela transmite, pelo nervo ótico, as impressões que a afetam. Está na parte posterior do glóbulo ocular. As impressões chegam-lhe transmitidas pelos meios transparentes do olho (cristalino, etc.) e são canalizadas pelo diafragma. O raio luminoso atravessa primeiro a córnea, lentículo circular transparente na parte anterior do glóbulo. Depois é recebido no diafragma de abertura, o íris, abrindo-se ou fechando-se, segundo a luz é rara ou abundante. O cristalino é uma lentícula biconvexa, cuja curvatura se modifica, graças ao funcionamento de um pequeno músculo, segundo o objeto, que é fonte luminosa, se estiver colocado mais perto ou mais longe, acomodando-se assim segundo a distância.
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O raio cristalino atravessa o corpo vítreo, ocupando a câmara posterior do glóbulo até chegar à retina. O glóbulo é guarnecido de membranas protetoras, como a coroide, a esclerótica, que, na parte em que se toma transparente, chama-se córnea. Acha-se o olho abrigado pelas paredes ósseas da órbita que o contém. As pálpebras (superior e inferior) abrigam o glóbulo, e são véus músculo-membranosos de forma quase lunar. O aparelho motor é complexo. Compõe-se dos músculos próprios do olho, dos músculos das pálpebras e dos músculos dos supercílios. EXAME E SIGNIFICADO DOS MÚSCULOS DOS OLHOS E DA TESTA Fronte -Músculo de testa -segundo músculo da atenção. Seus fascículos internos -músculo da dor patética. Elevador da pálpebra superior -Primeiro músculo da atenção. Músculo orbicular das pálpebras -músculo oclusor do orifício palpebral; porção palpebral -os fascículos centrais que circundam o orifício palpebral. Porção orbitária -os
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fascículos periféricos, que descansam sobre a borda da cavidade orbitária. Superciliar -enrugador das sobrancelhas, músculos do esforço. VESTÍBULO DO APARELHO RESPIRATÓRIO E ele constituído pelo maciço facial superior. Compreende o nariz, vestíbulo do aparelho respiratório, e suas dependências. Sua forma e dimensões são variáveis, quer em largura, quer em altura. Tem a forma de uma pirâmide, sendo o cume (raiz), ligado ao osso frontal, entre os dois olhos. A base do nariz tem a forma de um triângulo; o lóbulo a ponta do nariz, e as narinas, com suas asas, formam a parte móvel. SIGNIFICADO DOS MÚSCULOS O piramidal do nariz -músculos dos lutadores. As rugas significam, segundo Fritz Lange e Duchene, no piramidal do nariz, a agressão. Vemo-la no "David" de Miguel Ângelo. E raro encontra-lo marcado em pessoas de antes de 20 anos, embora surja nos momentos de luta. Só o vemos já gravado em pessoas de mais idade, cuja vida foi uma constante luta contra grandes dificuldades. A sua presença não quer dizer que estamos em face de uma pessoa que gosta de pendências, mas de quem tem tenacidade de vencedor, de lutador que não se entrega. Na maioria dos generais europeus desta última guerra, vemos a presença desta ruga. E raro encontra-la em fisionomias de poetas e artistas. E raro encontra-la em mulheres. Os sulcos que vemos ao lado das asas do nariz significam descontentamento, e são comuns em pessoas, cuja vida está cheia de aborrecimentos e decepções.
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As rugas que aparecem no nariz franzido, mas que são normalmente visíveis, eram consideradas como rugas de lubricidade. Mas Fritz Lange diz tê-las visto em pessoas cuja vida foi cheia de desencantos. Quando nos descontentamos de alguém, franzimos o nariz. Quem conhece muitos desgostos, por franzir tantas vezes, acaba por marcar essas rugas.
(Ancião descontente, seg. Lange)
VESTÍBULO DO APARELHO MANDIBULAR E formado principalm ente do maciço facial inferior: o maxilar inferior ou mandlbula. Com o maciço facial superior forma a cavidade bucal, vestíbulo do aparelho digestivo, em tomo do qual atuam muitos músculos de grande valor expressivo. O maxilar é uma lá mi na ossuda resistente, quadrilátera, curva, na forma de uma ferradura. Na borda superior, estão os alvéolos, onde se encravam os dentes. Na borda inferior, temos o limite do rosto. Entre os dois, na frente, está o queixo. Dois ramos ascendentes do maxilar juntam-se à base do crânio. Formam assim um ângulo, ângulo mandibular, de grande importânc ia e significação. A mandlbula inferior, através dos dentes, entra em contato com a mandíbula superior. Quando elas estão no mesmo
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nível perpendicular, temos o ortognatismo; quando a mandíbula inferior se projeta, o prognatismo inferior; quando é a superior que se projeta, o prognatismo superior. Se a mandíbula inferior se retrai, temos o retrognatismo.
(Seg. Lange) Na parte que circunscreve a abertura bucal estão os lábios. Temos o lábio superior e o lábio inferior. Na parte onde se unem, nas bordas, vemos as comissuras labiais. Possuem os lábios uma parte mucosa, carnuda e cheia (parte vermelha dos lábios). Quando fechados, pode dar-se uma oclusão simples, normal, ou uma oclusão com esforço. SIGNIFICAÇÃO DOS MÚSCULOS No orbicular dos lábios, que é o elevador do lábio inferior, temos o músculo do gesto ameaçador. No triangular dos lábios, também chamado buzinador, o músculo da resignação. Vemos traçarem-se aí duas rugas descendentes em todos os tipos humanos que se resignam ante os acontecimentos adversos. No zigomático maior, temos o músculo do riso franco. No quadrado do queixo (também chamado quadrado da barca), que é depressor do lábio inferior, temos o músculo do aborrecimento, do enjoo. No triangular dos lábios, encontramos o músculo da pesadez.
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Todos estes pontos, ora estudados, vão servir-nos de apoio para outros exames importantes, que nos construirão os elementos para a formação de um exame completo da morfo-psicologia e análise do temperamento e do caráter. Queremos, antes, chamar a atenção para uma classificação dos humores apresentada por Corman, de grande valor para futuras análises. Para Corman, há duas modalidades de humor: 1) Irritabilidade -fleugma - Caracteriza-se no indivíduo que se mostra sensível (irritabilidade) ou indiferente (fleugma) às impressões exteriores. 2) Euforia -disforia -Caracteriza a primeira o fato dessas impressões provocarem mais prazer que desprazer; a segunda, pelo inverso. Os primeiros são otimistas; os segundos, pessimistas. CARACTERÍSTICAS DA IRRITABILIDADE Cabeça pequena, rosto afilado, mão longa. Movimentos de expressão rápida, refluentes (muita mímica na face), gestos de mão. Todos os ritmos são rápidos. Afetividade facilmente despertável; muito emotivo. Ritmo mental rápido, caráter muito instável. FLEUGMA Corpulento, redondo ou cúbico. Cabeça volumosa, face redonda ou quadrada; mão quadrada. Movimentos de expressão lentos (rosto impassível, olhar lento, gestos lentos. Ritmos motores lentos). Afetividade e intelectualidade fracamente despertáveis. Poucas impressões o emocionam. Ritmo mental e afetivo lento. Revela estabilidade.
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EUFORIA Corpo ondulado, com curvas regulares. Movimentos de expressão de rapidez média. Gestos adaptados, fáceis, ondulosos e expansivos (centrífugos: que se afastam do centro). Sorriso voltado para cima, sobrancelhas puxadas para fora, comissura dos lábios elevada, olhar risonho. Expansão, otimismo espontâneo. Ritmo mental e afetivo de rapidez média, adaptado ás circunstâncias. DISFORIA Modelo do rosto chio de covas e saliências, "atormentado", tipo do retraído-boassuado, que já estudamos. Bossas salientes na testa, têmporas cavadas, olhos fundos. Nariz de perfil sinuoso, maçãs salientes, faces envoltas. Os ângulos maxilares bem salientes. Os ritmos motores são retardados, sacolejados. Não se adapta bem às circunstâncias; movimentos centrípetos (tendem para si, para dentro). Mímica da "amargura" -rosto desfeito, traços descendentes; a comissura da boca também é descendente, as sobrancelhas caem, olhar preocupado, muitas rugas na testa. Psiquicamente é disfórico, preocupado, voltado para si, introvertido. Toda a emotividade é interiorizada; o pessimismo é natural. O ritmo mental e afetivo é demasiadamente lento, inadequado aos acontecimentos. ANÁLISE DO ROSTO Ao plano mandibular, corresponde a vida instintiva; ao plano naso-malar, a vida afetiva, e ao frontal, a vida intelectual.
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Ao olharmos uma pessoa de perfil, será fácil ver qual dos planos é o que predomina. Se for o inferior, temos o domínio dos instintos; se o médio, a vida afetiva, passional. As necessidades emotivas suplantam e superam as de ordem intelectual e as de ordem instintiva. Se for o plano superior, há espiritualização das tendências. Ao olharmos um rosto de face, se o maior diâmetro está nas faces é sinal de uma afetividade concreta, realista; se nas maçãs do rosto, sinal de uma afetividade apaixonada, ardente; se nos olhos, é sinal de uma vida afetiva espiritualizada, sublimada. PLANO DA INSTINTIVIDADE Nuca poderosa e dura. Mandíbula volumosa e forte. Músculos mastigadores poderosos e duros. Boca desenvolvida: comissura larga, lábios espessos e duros, dentes volumosos.
Predominância dos instintos materiais, das necessidades do corpo. Glutoneria. Sensibilidade grosseira. Atividade física abundante. Sensibilidade rude, forte, grosseira.
Estamos aqui em face de um grande desenvolvim ento desta parte. Mas há ainda os de desenvolvim ento médio e os de desenvolvimento inferior. Desenvolvimento médio Plano da instintividade, sem deficiência em comparação com os outros planos e sem os aspectos excessivos do desenvolvimento considerável, que estudamos acima. Desenvolvimento insuficiente Nuca fina. Maxilar pequeno, estreito, queixo em retraimento.
Espiritualização moderada, Exigência moderada dos instintos, Sobriedade, delicadeza de gosto, sensualidade moderada, com grande atividade física.
Espiritualização extrema; fraqueza dos instintos. Sobriedade, inapetência.
100 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS Mastigadores magros e moles. Comissuras bucais estreitas, lábios finos ou muito moles. Dentes pequenos, mal colocados no maxilar, acavalando-se.
Sensibilidade fraca, frieza. Atividade física insuficiente. Debilidade física. Sensibilidade fraca, delicada.
Análise do maxilar (tipo masculino) Maxilar quadrado, de ossatura forte, com saliências bem marcadas. Com queixo quadrado, reto ou saliente; ou ainda: ângulos mandibulares salientes, retos. Mastigadores (músculos) poderosos. Lábios musculosos, firmes, fechados, aparecendo pequena linha da mucosa vermelha dos lábios.
Força do instinto de reprodução. Atividade física, gosto pela luta. Energia física, brutalidade, violência. Orgulho de sua força.
(tipo feminino) Maxilar menos forte, mas ainda com saliências ósseas. Queixo redondo. Angulo mandibular obtuso, curvo. Dentes médios. Lábios pouco carnudos, menos firmes, menos fechados, aparecendo grande parte da mucosa. Formas muito arredondadas, de curvas moles. Se o modelado da mandíbula é chato, com faces achatadas, queixo pontudo.
Lábios de expressão móvel.
Modelado redondo-cübico Maxilar arredondado ou quadrado, queixo redondo ou quadrado. Mímica dos lábios pouco variada.
Forma sedutora do instinto de reprodução. Graça e não vigor. Doçura. Aprobatividade.
Passividade total. Moleza física. Pouca coragem física. Irritabilidade nos instintos. Sensibilidade viva, facilmente despertável. Mobilidade, instabilidade, gosto pela mudança. Ritmo de ação lenta, pesadez.
Fleugma Sensibilidade lenta. Estabilidade, sedentariedade. Ritmo de ação lenta, pesadez.
Modelado ondulado Curvas ovais, umas convexas, outras côncavas
Expansao natural dos instintos.
101 CURSO DE INTEGRAÇAO PESSOAL Queixo oval ou redondo. Faces ovais, com covinha no centro. Mímica expansiva dos lábios, comissura dos lábios, desenhando uma concavidade no alto. Se retraído, com covas e saliências ossudas, bem marcadas -faces cavadas -rugas à volta da boca, mímica dos lábios, retraída, cantos da boca abaixados.
Alegria habitual. Gestos graciosos -Graça física.
Falta de expansão dos instintos. Tristeza habitual. Instintos inibidos, recalcados. Gestos lentos.
Outros aspectos Lábios entreabertos num sorriso, descobrindo os dentes. Boca sempre aberta.
Desejo de agradar. Aprobatividade. Ingenuidade, desatenção e até imbecilidade.
Análise do plano naso-malar
Plano médio largo, alto. Nariz alto e largo, com base larga, com lóbulo cadente, asas espessas, pouco móveis. Com dimensões menores que as acima citadas. Nariz de tamanho médio, largo, com base reta, lóbulo arredondado, asas carnudas, moderadamente, e móveis. O plano naso-malar pouco desenvolvido. Nariz pequeno, estreito, lóbulo pontudo, maçãs não salientes -asas pouco carnudas, sem mímica. Nariz convexo, em toda as suas formas. Nariz côncavo.
Nariz ondulado. Forma do nariz longa; achatado transversalmente, estreio, lóbulo
Predominância da afetividade concreta, material e impulsividade brutal. Espiritualização moderada da vida afetiva. Ardor impulsivo e apaixonado, mas sem a brutalidade já descrita anteriormente. Espiritualização excessiva ou defeito de sensibilidade afetiva. Egoísmo "por defesa", em retraimento.
Tendências dominadoras, tirânicas. Plasticidade, capacidade de se tomar impressionável. Doçura, submissão afetiva. Dos retraídos bossuados, "saturninos". Mobilidade dos sentimentos, das paixões.
102 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS pontudo, narinas achatadas, asas de mímica muito móvel. Nariz curto, arredondado, lóbulo redondo ou quadrado, asas pouco móveis.
Estabilidade dos sentimentos, das paixões.
Tipo retraído-bossuado Nariz sinuoso -entre as maçãs e o nariz com certo retraimento -maçãs salientes.
Vida afetiva inquieta, cheia de preocupações -tipo humano sombrio, ciumento; às vezes tirânico, atormentado e atormentador dos outros.
PLANO DA INTELECTUALIDADE O plano da intelectualidade, plano superior, da vida espiritual, é o da inteligência: da observação (na parte da cavidade orbitária) da racionalidade (parte central da testa) e da imaginação (parte superior). Formas angulosas Relevos ósseos marcados; bossas superciliares, bossa nasal, cavidades temporais.
Espíritos ativos, dominadores, mais refletidos que intuitivos. Atenção voluntária sustentada.
Formas curvas> arredondadas Com ausência de relevos ósseos, com exceção da saliência arredondada das bossas frontais, sem cavidades.
Espíritos receptivos, mais intuitivos que refletidos. Atenção voluntária caprichosa. (Mais típico nas mulheres)
M odelado Fronte chata. Crâneo pequeno. Olho pequeno e chato, olhar muito móvel. Fronte redonda, como bola. Olho grande, como bola. Olhar lento, é átono. Crâneo ondulado, intermediário, entre o chato e o redondo. Fronte cujas saliências ósseas continuam por planos curvos, com superfícies planas.
Inteligência de compreensão e de concepção rápidas. Atenção prontamente desperta e prontamente distraída. Inteligência lenta. Atenção difícil de despertar. Inteligência ágil, desembaraçada. Ritmo de pensamento variável, segundo as necessidades do fim visado.
103 CURSO DE INTEGRAÇAO PESSOAL Olhar alegre risonho.
Atenção estável sem excesso.
Tipo retraído-bossuado. Fronte atormentada, com saliências ósseas, marcadas, abruptas -órbitas profundas, olhos encavados, olhar sombrio -rugas horizontais.
Problemas interiores, máxima interiorização.
Zona inferior, subjacente às órbitas: quando saliente, indica percepção utilitária: decisão dos atos. Pouco saliente, mas sem deficiência: percepção mais intuitiva, mais artística da realidade; Achatada, com falta de bossas: falta de observação e de decisão. Fronte estreita, baixa, fugidia.
Fronte estreita e baixa, reta.
Fronte estreita, mas elevada, têmporas achatadas. Se a fronte tem pouca altura, Se a fronte é elevada, Fronte larga, têmporas bombadas na parte alta. Se a fronte é elevada e harmoniosa gênio criador. Fronte em ogiva, sem relevo ósseo, de largura máxima na altura dos olhos.
Inteligência não evoluída. Só apreende os fatos em sua evidência imediata, incapaz de compreender as ideias. Falta de reflexão. Impulsividade nos atos. Concreto quanto aos fins. Inteligência pouco evoluída. Capacidade de reflexão, mas rotineira, automática, sugestionável. Concreção nos fins. Inteligência de sábio, de especialista, sentido do pormenor. Espírito analítico. Superficialidade nas ideias. Espírito assimilador profundo, espírito sintético. Inteligência de artista, sentido das harmonias.
Predominância da intuição e da imaginação sobre a observação e a reflexão.
O S OLHOS E O OLHAR Olho chato, pequeno, muito móvel.
Sensibilidade muito viva, mobilidade do espírito, rapidez das associações de ideias.
104 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS Olho redondo, grande, lento. Olho profundamente encravado na órbita, ora móvel, ora lento.
Sensibilidade de lento despertar, com lentidão da ideação. Sensibilidade contida, inteligência lerda; taciturnidade (calado).
O olhar e sua direção Olhar para a terra. Olhar elevado. Olhar reto, convergente sobre o objeto. Olhar reto, convergente sobre a pessoa com quem se fala. Olhar afastado do interlocutor.
índice da predominância dos instintos materiais. Idealismo, espiritualização das tendências. Sinal de espírito positivo e atento. Indica fraqueza, lealdade, Indica caráter enganador e ás vezes timidez.
Ao dar-se o olhar convergente, a pessoa desvia depois o olhar, levando-o para baixo, enquanto ao dar-se o olhar afastado, quando a pessoa não presta atenção, o interlocutor pousa o olhar meio oculto, afastando-o para o lado, logo que percebe que o outro o nota.
AS MÃOS Mão muito longa, estreita portanto, pouco espessa -dedos finos; compridos. Mão quase tão larga como comprida, dedos grossos, arredondados, cúbicos ou quadrados nas pontas.
Grande mobilidade.
Pouca mobilidade,
OS DEDOS D'Arpentigny assim os descreve: "Há dedos lisos e dedos nodosos... Com dedos nodosos, ao mesmo tempo que tereis cuidado, simetria, pontualidade, procedereis pela reflexão. A ciência estará em germe em vós. Dedos sem nós, ao contrário, trazem consigo o germe das artes. Por mais positivo que seja o fim ao qual vos impele o interesse, procedereis sempre mais pela inspiração que pelo
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raciocínio, mais pela fantasia e pelo sentimento do que pelo conhecimento... Nossos dedos terminam ou em espátula, ou quadradamente, ou em cone mais ou menos agudo. A falange em espátula confere a necessidade imperiosa da agitação corporal, da ocupação constante; a inteligência instintiva da vida real; o culto da força física; o gênio do cálculo, das artes industriais e mecânicas; as ciências exatas aplicáveis; as ciências experimentais, as artes gráficas; a administração. A falange quadrada indica mais visão justa que grandes ideias positivas e m dias; o gênio dos negócios, o respeito pessoal; o instinto do dever e da autoridade; o culto do verdadeiro prático; o espírito de conduta. O gosto pelas ciências morais, políticas, sociais; a poesia didática, analítica, dramática; a gramática, as línguas, a lógica, a geometria. O amor da forma literária do metro, do ritmo, do acabamento, da simetria, da arte definida e convencionada. Os dedos em espátula tem a ação e o "savoir-faire" ("saber fazer") mais do que o saber; os dedos quadrados tem antes o saber que o "savoir-faire". Os dedos terminados em cone indicam tendências às artes plásticas, à pintura, à escultura, à arquitetura monumental, à poesia da imaginação e dos sentidos; ao culto do belo pela forma sólida e visível; aos arrebatamentos românticos; à antipatia pelas deduções rigorosas; à necessidade da independência social; à propensão ao entusiasmo; à submissão à fantasia. Cada uma dessas três formas da falange terminal pode acompanhar dedos lisos ou nodosos. Em ambos os casos, as qualidades acima descritas se manifestam, mas os dedos lisos procedem pela inspiração, pela paixão, pelo instinto, pela intuição e superam ali onde o gênio prevalece sobre a combinação; os dedos nodosos, pelo cálculo, pelo raciocínio e pela dedução." Prossegue D'Arpentigny: "H á dois tipos de dedos: os que
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trazem nós e uma falange terminal quase quadrada, quase cônica, de tal forma que esta última tem no conjunto uma forma ovóide, que indica ideias especulativas, meditação, ciências filosóficas, deduções rigorosas pela palavra. Amor do verdadeiro absoluto; poesia da razão, do pensamento; alta lógica; necessidade de independência, política, religiosa e social; deísmo; democracia, liberdade." É o dedo "filosófico". O segundo tipo é o dos dedos lisos, terminados em cone afilado, em ponta: contemplação; religiosidade, idealidade, despreocupação dos interesses materiais; poesia da alma e do coração; necessidade de amor e de liberdade; culto de todos os gêneros do belo, pela forma e pela essência, mas sobretudo pela essência. É o dedo chamado "psíquico", ao qual chama de "idealista". O POLEGAR Simboliza para os quirônomos (os que estudam o significado das mãos e linhas, hoje, obedecendo a certo rigor científico, em oposição à clássica quiromancia), a vontade, o sentido moral que opomos aos nossos instintos. Assim se expressa D'Arpentigny: "Em geral, um polegar pequeno, minguado, mesquinho anuncia um gênio irresoluto, nas coisas, bem entendido, que decorrem da razão e não do sentimento... As pessoas de polegar grande são governadas pela cabeça. Os primeiros são ingênuos, graciosos; os segundos tem a Verdade. Se, pois, vos recordardes do que disse - prossegue D'Arpentigny -reconhecereis que são três vezes predestinados à poesia os que juntam falanges cônicas dos dedos lisos a um polegar pequeno. E o que tem falanges quadradas ou em espátula, junto a dedos nodosos e um grande polegar, é três vezes destinado às ciências". "Na primeira falange está o sinal da lógica, quer dizer, da percepção, do juízo, do raciocínio. E no segundo, o da inven-
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ção, da decisão, da iniciativa... É a vossa falange estreita, magra, curta? Ausência completa de decisão, submissão às opiniões recebidas, às ideias alheias, dúvida, incerteza sem fim, e consequentemente falta de cuidado moral. A essa incapacidade de tomar partido, vós dareis uma explicação lógica se vossa primeira falange for desenvolvida. Tereis, ao contrário, ideias seguras, convicções fortes e tenazes, tereis espírito pronto, decisivo, e sereis provavelmente ao mesmo tempo um mau raciocinador, um homem dotado mais de paixão moral que de julgamento, se vossa segunda falange, sendo longa e forte, a outra, ao contrário, for magra e curta". É preciso, no entanto, acrescentar que essas afirmativas não são universalmente válidas no sentido científico, pois as observações sobre quironomia científica não nos oferecem ainda bases tão seguras para formulá-las. No entanto, é de convir que as observações realizadas permitem aceita-las como normas geralmente seguras, podendo servir, portanto, de ponto de partida, desde que outros aspectos característicos as corroborem, isto é, sejam apoiadas em outras observações, emprestando-lhes, assim, validez. CLASSIFICAÇÃO DAS MÃOS Mão de tamanho médio, de forma hexagonal, espessa, dura, musculosa. Palma grande, espessa, dura, de desenvolvimento muscular considerável, sobretudo na eminência hipotênar, que ultrapassa amplamente a borda interna da mão. Dedos curtos, cúbicos. Polegar curto. Mão que caracteriza o tipo marciano, tendências materiais predominantes. Mão grande, de forma geralmente quadrada ou retangular, muito espessa e muito dura. Pele seca e calosa. Palma maior que os dedos. Palma grande, espessa, dura, muito musculosa.
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Mão de tamanho médio, de contorno retangular-arredondado, espessa, musculosa, mas ao mesmo tempo, menos dura que as dos tipos anteriores. Palma igual aos dedos. Palma de forma quadrada, espessa, carnuda. Dedos de forma cúbica-arredondada. Polegar bem desenvolvido. Mão do tipo Júpiter. Mão grande, de forma alongada, de espessura média, dura, musculosa, recoberta de uma pele seca, com saliência dos ossos e dos tendões: mão "descarnada".
Palma igual aos dedos. Palma mais longa que larga, musculosa, estreita na base. Dedos longos, grossos, apresentando nós nas articulações. Polegar grande, bem destacado dos outros dedos. Tipo da mão de Saturno. Mão de tamanho médio, de contorno oval, bastante musculosa, com covinhas no dorso.
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Palma maior que os dedos. Palma quadrado-oval: a eminência tenar proeminente, mas suave (monte de Vênus). Dedos curtos, arredondados e redondos na ponta. Polegar pequeno. Mão do tipo Vênus. Mão bastante estreita, de longitude média, em forma de losango, cuja largura máxima está na base dos dedos, firme e seca. Palma igual ou inferior aos dedos. Palma de base estreita, de musculatura bem desenvolvida. Dedos longos, chatos, arredondados na ponta, algumas vezes levemente secos nas junturas. Polegar grande, bem destacado. Mão do tipo Mercúrio. Mão pequena, oval, muito afilada para a extremidade dos dedos, pouco músculo, mas bastante firme contudo. Palma ovóide, estreita na base. Dedos cônicos, afilados em sua extremidade. Polegar pequeno, bem destacado. Mão de tipo Sol.
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Mão longa, de forma oval, desprovida de músculos, frequentemente fria e azulada pelo frio. Palma igual aos dedos. Palma alongada, as massas musculares são moles, fracas. Dedos longos, largos em sua raiz e cônicos na sua extremidade. Polegar pequeno, deslocado. Mão do tipo Lua.
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OS OITO TIPOS A caracterologia clássica dividira, fundando-se na classificação astronômica, os seres humanos em oito grupos, que formaram os oito tipos caracterológicos que passaremos a estudar. No entanto, aproveitando as contribuições da caracterologia moderna, e seguindo as lições de Sigaud e Corman, sintetizaremos, a seguir, para um emprego prático, aquilo que empresta nitidez e clareza aos oito grandes grupos. Iniciaremos pelo estudo do TIPO MARTE Este tipo se caracteriza pelos seguintes aspectos gerais: Morfologicamente Predominância do plano médio; mímica das asas do nariz; inclinação da orelha; forma agressiva do maxilar. Sub-predominância do plano inferior. Intenso desenvolvimento dos músculos mastigadores. Subordinação do plano intelectual aos dois já tratados.
Predominância da vida afetiva, anímica sobre a vida dos instintos e sobre a da inteligência. Paixão impulsiva. Combatividade. Sub-predominância dos instintosde nutrição, de reprodução, que trazem a marcha da combatividade. Inteligência impulsiva em seus atos, concreta quanto aos fins -Vida afetivoinstintiva.
114 MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS No plano da instintividade: Pescoço forte e musculoso -M andíbula larga, forte. Ângulo m andibular reto, saliente, tendendo para fora. Q ueixo pequeno, pontudo para a frente, com o destacado do maxilar. Boca de tam anho médio. Com issura reta -L ábios espessos, musculosos, duros, sempre fechados. Lábio superior alto em sua parte cutânea e desbordando para a frente o lábio inferior. No plano da afetividade: Faces secas, chatas, com maçãs m uito salientes. Nariz forte, alto, aquilino, convexo. D epressão na raiz do nariz. D orso estreito, lóbulo pontudo. Asas carnudas, destacadas. No plano da intelectualidade: Fronte pouco desenvolvida, tanto em largura com o em altura, de m odelado chato, ondulado. De perfil, desenha um a curva achatada, oblíqua. M úsculo tem poral (nas têmporas) é volum oso e de contração visível. Sobrancelhas baixas, elevam -se um pouco ju nto ás têmporas. As sobrancelhas são separadas por dois traços horizontais na raiz do nariz. O lhos pequenos, afndados nas órbitas. Pálpebra superior, elevada ao m áxim o, deixando ver a esclerótica, que é branca algum as vezes injetada de sangue (vasos capilares). Olhos castanhos. O relha de tam anho médio, igual ao nariz, oblíqua em baixo, destacada para a frente (45° sobre a horizontal). Pavilhão destacado do crâneo. Parte superior afilada em ponta. Expressão geral: M ovimentos expressivos, revelando força e com batividade, de ritm o rápido. Cabeça para trás, em atitude de desafio. O olhar dardeja direto, quente, fixo, brilhante, insolente até. Asas do nariz frementes. Os punhos cerram-se facilm ente, com o se fossem bater. Mãos crispadas. Q uando as mãos se abrem , m ostram os dedos bem separados uns dos outros. A palavra é abundante, sonora.
115 CURSO DE INTEGRAÇAO PESSOAL Coléricos. A qualquer ataque cerram as mãos e a injúria logo lhes vem à boca. Mas essa violência passa logo, e não guardam profundo rancor. A afetividade é facilm ente despertada, explosiva. São ardentes, impetuosos, excessivos em tudo que fazem. N ão conseguem obter fins estáveis, tanto m ateriais com o espirituais. São dominadores, conquistadores; tem a em briaguez da ação. Os obstáculos não os detém e, se necessário, sabem matar. São corajosos, tem o instinto do heroísmo. São combativos. A im aginação é transfiguradora. São excessivos, se tendem para a direita como se tendem para a esquerda. G ostam dos extremos. São francos e dizem o que pensam e nunca m entem por cálculo, mas em geral por exageração. Creem até em suas mentiras. Gostam da vida aventurosa. São soldados, m arinheiros, nômades. Preferem m andar a obedece, e só aceitam a obediência quando ela os leva a realizar, à força, a atividade impetuosa. N ão podem ocupar cargos que exijam cálculo, reflexão paciente. Im próprios para as obras que exijam um longo alento. Tem dificuldade para a filosofia e para as ciências. São realizadores. Quando escritores, são geralm ente polêmicos. Gostam da oposição, e criam, quando a vivem. Suas ideias são sempre apresentadas com agressividade. Gostam do paradoxo. São criticadores sistemáticos. Raram ente são artistas. Gostam de governos fortes e quando fazem revoluções é para substituir a disciplina reinante por um a disciplina mais dura. Em m atéria religiosa, são sem pre com bativos e prendem -se mais à regra do que ao espírito.
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TIPO TERRA
Apresenta o tipo Terra os seguintes caracteres:
Morfologicamente Modelo cúbico (rosto quadrado). Predominância do plano inferior. Mandíbula larga e alta. Desenvolvimento do músculo mastigador. O plano médio é sub-predominante. Plano intelectual menor que o afetivo. Pouco desenvolvido. Mediamente desenvolvida.
Psicologicamente Humor fleumático. Predominância da vida instintiva. Predominância do instinto de nutrição. Força dos instintos. Vida afetiva intensa, mas material. Inteligência concreta, estreita, rotineira. Espírito de descontinuidade.
Consequentemente: a vida afetiva é facilmente despertada, forte, mas pouco exteriorizada. Atividade espontânea, mas de ritmo lento. Vontade de ação. Domínio de si. Talhe médio e grande geralmente (lm . 65, lm75). Volumoso, pesado, musculatura resistente. Preponderância dos osso e músculos. Modelo cúbico. Pele espessa, resistente, seca. Pelos abundantes, grandes, secos e duros. Cabelos curtos, cortados bem curtos. Barba dura, abundante, sempre mal escanhoada. No plano da instintividade: Rosto quadrado, anguloso, ou tendendo para o cônico, com a parte inferior aumentada. Pescoço curto, musculoso, forte. Mandíbula volumosa. Angulo mandibular reto, saliente.
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Queixo largo, quadrado, reto de perfil. Boca volumosa comissura reta. Lábios espessos, musculosos, duros, cerrados. Dentes sólidos, grandes. No plano da afetividaãe: Faces secas, quadradas. Maçãs salientes moderadamente. Nariz forte, ora convexo, ora reto. Largo na base; lóbulo de asa carnudas, pesadas. No plano da intelectualidade: Testa pouco desenvolvida, tanto em largura como em altura. Levemente inclinada no alto e em retrocesso. Bem desenvolvidas as bossas superciliares. Pele enrugada. Olhos pequenos, encravados. Outros aspectos: Orelha grande, vertical. Pavilhão carnudo, lóbulo muito desenvolvido. Mão grande, quadrada ou retangular, espessa, dura. Pele seca e calosa. Palma maior que os dedos, espessa, dura, musculosa. Dedos de seção quadrada, curtos, de extremidade espatulada ou quadrada. Expressão geral: grosseria e material. Ritmo lento dos movimentos. Mímica pouco móvel. Olhar duro, seco, temo, pouco móvel, voltado para baixo. Fala pouco, voz grave. CARACTERES GERAIS Expressão de homem ligado à terra. Todo o seu interesse se dirige para os bens materiais. Seu humor é fleumático. Indiferente às alegrias e às tristezas que outros tipos não suportariam. Quando sua afetividade é despertada, é forte, intensa. Capaz de grandes esforços, pois tem boa musculatura. Pouca delicadeza, incapacidade de captar sutilezas. Utilitário, material, mas bom observador. Tem memória fiel, mas
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pouco extensa. As associações de ideias são lentas, pouco variadas. Pouca originalidade. Julga os outros pelo lado material. É terra à terra. Gosta das distinções separadas nitidamente. Ou é...ou não é. Separações como as que observa na matérias. Pouca imaginação. Os homens desse tipo são estáveis em suas virtudes e tendências. São pouco sensíveis e se apegam pouco, mas sua amizade é segura. São homens estáveis. Capazes de cóleras terríveis. Muito teimosos e sem idealismo. Em geral são homens de família. Muito ligados ao solo. Gostam dos que, como eles, cultivam a "matéria". Só gostam de falar do que conhecem. Gostam das mulheres carnudas. São grosseiros sem seu amor, até brutais. Não são capazes de ternura. São parcimoniosos. Castigam facilmente àqueles que não podem persuadir. Suas roupas são rústicas. Gostam de móveis pesados, de casas sólidas. Chegam até à avareza. Gostam do halterofilismo, das lutas violentas. São muito comuns no pequeno comércio: empórios, bares, açougues, etc. Esse tipo também dá alguns sábios, observadores pacientes, mas sem capacidade para a síntese, para ideias novas. Na política, querem governos fortes, preferem a ordem à liberdade.
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TIPO JÚPITER Morfologicamente Mais carne que ossos, corpulento, pesado. Pele clara. Modelado do corpo ondulado, tendente ao redondo.
Psicologicamente Atividade física menos rude que a do tipo Terra, pois se afasta da " materialidade". Humor eufórico.
Equilíbrio dos planos. Equilíbrio das funções psíquicas. Talhe alto, corpo volumoso. Pele espessa, quente, pouco úmida, cor rosa ou branco-rosada. Pelos distribuídos por todo o corpo, castanho, ondulado. Barba abundante. Calvície precoce que começa no cume da fronte. Cabeça volumosa. Ângulos arredondados. Plano da instintividaãe: Pescoço curto, músculos bem desenvolvidos. Mandíbula potente, alta e larga, mas os contornos são cobertos pela abundância de gordura. Mandíbula quase em ângulo reto. Queixo mole, arredondado, reto de perfil com fossa no centro. Boca volumosa, comissura reta, um pouco elevada (aspecto eufórico). Lábios espessos, carnudos, vermelhos. Lábio inferior saliente.
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Plano da afetividade: Faces grandes, carnudas, cheias, sem saliência ossoza. Nariz grande, largo, reto de perfil. Lóbulo redondo, base reta, asas carnudas. Plano da intelectualidade: Fronte larga e alta. De perfil, ela desenha uma curva ondulada. Bossas superciliares salientes. Bossas frontais salientes. Largura máxima na parte central, redonda. Poucas rugas. Sobrancelhas largas, moderadamente arqueadas, com distância médias dos olhos. Olhos grandes, salientes. Outros aspectos: Orelha grande, disposta verticalmente, espessa, de glóbulo volumoso. Mão grande, média, contorno retangular, arredondada, espessa, musculosa. Dedos cúbicos, arredondados, palma quadrada, espessa, carnuda. Movimentos suaves, ritmo médio, um pouco lento. Os jupiterianos não correm; seu humor é eufórico. Sempre sorridentes, tem o olhar reto, quente, lumioso, e algumas rugas nas comissuras dos olhos. Palavrosos, alegres, tem o tom de voz grave, o timbre claro. São práticos, produtivos. Tem o sentido dos negócios. São sensuais, de combatividade média, expansivos, otimistas. Inteligência equilibrada, adaptados à vida social, extrovertidos. Tem boa memória, associações de ideias abundantes. São pouco intuitivos, mas bastante lógicos. Neles a reflexão é vigorosa. Pouca imaginação criadora. Vontade forte, são estáveis, tenazes. São amigos de todos, generosos, mas um pouco indiscretos, gostam de exibir sua generosidade. São orgulhosos de seus nomes. Gostam do convívio das mulheres, sem serem libertinos. São bons pais.
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Em geral, são industriais e comerciantes e vencem. Gostam das honrarias. Como cientistas, são bons observadores e tendem a tornar claros os aspectos mais difíceis. Bons professores, muito didáticos. Na filosofia, tendem ao dogmatismo e ao realismo. Bons organizadores, são raramente artistas, e quando o são, não ultrapassam a mediocridade. Na política, na religião, são homens de opiniões oficiais. Defendem sempre a ordem, a autoridade, o poder estabelecido.
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TIPO SATURNO
Morfologicamente
Psicologicamente
Ossudo. Retraído-bossuado. Corpo alongado (longilíneo) rosto também longo. Predominância do plano inferior, mas retraído. O plano médio e o superior são predominantes. As vezes o plano superior é desenvolvido. Fronte estreita, mas elevada.
Humor disfórico, semi-irritável (bilioso disfórico). Vida instintiva predominando sobre a vida intelectual. Inteligência limitada, mas profunda.
Tendência ao sistematismo, inteligência de especialista.
ASPECTOS GERAIS Geralmente introvertido. Sensibilidade e afetividade interiorizadas. Recalques. Ritmo contínuo e lento. Vontade de ação medíocre, mas domínio de si e grande capacidade de atenção. Talhe elevado. Pele espessa, resistente e seca, de cor amarelada. Magro, pelos abundantes negros. Oassatura espessa. Rosto retangular alongado verticalmente, No plano da instintividaãe: Pescoço forte, musculoso, mas magro e comprido. Mandíbula possante, de larura média. Ângulo obtuso da mandíbula. Queixo largo, alto, prognatismo leve. Boca desenvolvida, comissuras descendentes, cortadas por
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uma ruga vertical. Lábios espessos, musculosos, fechados. Lábio inferior predominante. No plano da afetividaãe: Faces secas, muito cavadas ao lado as maçãs. Nariz forte, alto, largura média, com linha sinuosa. Inicia por uma escavação na raiz. No plano da intelectualidade: Fronte e órbitas características dos retraídos-bossuados. Fronte estreita, mas alta. De perfil, levemente inclinada para trás, chata, com saliência das órbitas superciliares. Têmporas com crateras, saliências das bordas. Órbitas profundas. Muitas rugas na testa, horizontais. Sobrancelhas baixas, retas, mas caindo aos lados. Pelos negros e espessos. Outros aspectos: Olhos de volume médio, chatos, profundos, encavados. Orelha grande, vertical, lóbulo carnudo. Mão grande, alongada, dura, musculosa, pele seca, ossos salientes. Palma mais longa que larga. Dedos longos, nodosos. Expressão: Disfórica, ritmos variados. Traços de amargura. Palavra rara, surda. Caráter: Disfórico e irritável. Interiorizado, introvertido. Sombrios, preocupados. Vida cheia de acontecimentos desagradáveis. Queixam-se da oposição e do antagonismo das coisas. Muito inquietos quanto ao futuro; volvidos para o passado. Misantropos. Considerados como egoístas, porque vivem isolados, retraídos. Sem expansividade na alegria. Quando felizes, são graves e silenciosos. Recalcados. Tem a vida interior muito intensa. São dados a ruminações mentais. Tem pouca espontaneidade nos instintos. São rígidos, pouco hábeis. Muito escrupulosos. Custam para decidir, mas não abandonam facilmente o que decidem.
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São observadores, mas distraem-se facilmente para a vida interior. Memória pouco forte e esquecem facilmente. Capacidade de reflexão muito sólida, penetrante. Por isso são lógicos, calculadores, mais que intuitivos. As ideias nascem neles com lentidão. Tem pouca presença de espírito. O imprevisto desconcerta-os. Pouca imaginação criadora. Curiosidade limitada, tendência para a especialização. São bons para documentar um assunto, mas tem pouca capacidade criadora. Tem a vontade variável. São tímidos ante a ação. Não gostam de exteriorizar as suas impressões. Desde criança são sérios. Gostam do estudo e pouco dos brinquedos. Quando homens, são silenciosos, pouco expansivos. Falam vagarosamente, com voz surda e grave, e com tom sentencioso. Numa discussão, ficam inibidos. Os argumentos vem depois. Não gostam das companhias barulhentas, preferem poucos amigos, com os quais se extrovertem. Gostam das mulheres discretas, reservadas. Uma alegria muito viva os agasta. Muito desconfiados, suspeitosos da afetividade dos outros, duvidam da afeição de uma mulher, por isso tão tenebrosos, ciumentos, tirânicos até. Sofrem e fazem sofrer. Gostos sóbrios. Em sua casa não há luxos inúteis. Tudo está no seu lugar; ordem pela ordem. Não gostam de exceções. Chegam à avareza. Não gostam de caminhar nem viajar. Gostos sedentários. Depois que adquirem um hábito, dificilmente o deixam. Gostam do isolamento, e não querem as carreiras ruidosas. São meticulosos em seus trabalhos, por isso gostam de funções que exigem precisão, como artes mecânicas. São colecionadores. Muito limitados e sintetizadores. Gostam das ciências experimentais, das ciências sociais. Confundem a erudição com o saber profundo. Como duvidam, tendem à meditação. Quando escrevem, gostam de fazer confissões, diários íntimos.
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Preocupam-se com o além. São estóicos, mas inquietos com o futuro. Não tem crenças religiosas ardentes. Não tem grande inspiração nas artes, mas podem fazer artes menores, assim como a decoração. Na política, são homens de princípios rigorosos. Quando realizam uma obra, suas fontes são seguras, as cifras são exatas, porque amadurecem muito as suas ideias.
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TIPOVÊNUS Morfologicamente Ossatura pouco saliente, envoltura gorda, linhas curvas, modelado ondulado. a) Quando predominam os planos inferior e médio sobre o superior. b) Predominância do inferior sobre o médio. Rosto oval. c) Fronte estreita, pouco elevada com curva regular, sem rugas.
Psicologicamente Tendências concretas, com espiritualização gradativa. Eufórica. Irritabilidade média. Predominância da vida instintivoafetiva sobre a espiritual. Predominância dos instintos (nutrição e reprodução) sobre a vida passional. Inteligência pouco evoluída. Receptiva-intuitiva.
Descrição morfológica: Talhe pequeno (lm 50 a lm60). Corpo volumoso, peso médio, preponderância de carnes. Proporções brevillneas. Modelado redondo-ondulado -Pele branco-rosada, quente-úmida. Sistema piloso abundante, cabelos sedosos. Rosto oval. Plano da instintividaãe: Pescoço redondo, curto. Mandíbula média, envolta em carnes. Angulo mandibular obtuso. Queixo reto oval. Boca de tmanho médio. Lábios carnudos e moles. Dentes médios. Plano da afetividaãe: Faces largas, ovais, cheias, com fossas. Maçãs pouco salientes.
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Nariz de altura média. De perfil, a linha é reta, com ligeira tendência a encurvar-se. Lóbulo redondo, narinas redondas, asas carnudas. Plano da intelectualidade: Fronte geralmente estreita e pouco elevada, de forma arredondada, curva regular. Ausência de rugas. Sobrancelhas bem desenvolvidas, fazendo um arco à distância média dos olhos. Olhos grandes, de forma oval. Outros aspectos: Orelha pequena, vertical, pouco destacada, lóbulo carnudo. Mão de tamanho médio, de contorno oval. Palma maior que os dedos. Dedos curtos, redondos. Polegar pequeno. Movimentos delicados, curvos, expansivos, graciosos, de rapidez média. Palavra abundante, sonora, timbre claro e de tonalidade elevada. Mímica eufórica, sorridente. Boca sorridente, com os dentes à mostra. CARÁTER Tipo feminino por excelência. Instinto maternal, feminilidade, tipo afetivo. Eufórico, temo, otimista e confiante. Tendências afetivas pronunciadas. Compreende tudo afetivamente. Pouco lógica, muito intuitiva. Sujeita a juízos superficiais. Muito observadora. Atenção caprichosa. Boa memória. Lembra-se de nomes, fatos, impressões concretas. As associações de ideias são predominantemente afetivas. Capta tudo pela intuição. Tem dificuldade para análise racional, como também para a síntese. Se se lhe coloca um problema, ou acha logo a solução, ou não a encontra. Não gosta de refletir longamente. A vontade é dominante, mas dirigida pela afetividade, impulsiva, instável e caprichosa. E teimosa, perseverante. As pessoas deste tipo gostam de agradar. Gostam de convívio humano. São meigas e dóceis. Muita assimilação. São complacentes, benevolentes e sempre prontas a servir. Muito
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compassivas, sofrem nas próprias carnes as dores dos outros. Comovem-se com as angústias dos outros, e não gostam de viver em ambientes tristes. Gostam da natureza, flores, plantas, animaizinhos. Gostam do elogio, do cumprimento galanteador. Perdem-se em pequenos pormenores. Muito amigas, mas mutáveis no amor. Querem ser conquistadas e sentir-se dominadas. Preferem a afeição à liberdade. Casam cedo. Gostam de crianças. Tem facilidade de aprender muitas profissões, mas precisam ser dirigidas. Gostam mais do divertimento que dos esportes. São vaidosas. São hábeis para trabalhos manuais, modas, costuras, decoração, etc. No comércio podem ser boas intermediárias, porque falam muito. Quando artistas, pintam com graça, mas sem originalidade. Na música, apreciam as melodias sensíveis, em ritmos curtos e leves. Na literatura, tendem para o romance de amor. Cumprem as leis morais da sociedade; são o que a sociedade é. Onde há religião, são religiosas; onde não há, não o são. São muito crédulas a tudo quanto não exija muita ponderação.
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TIPO MERCÚRIO Morfologicamente Predominância do plano superior (rosto triangular). Grande mobilidade dos olhos. Quando os outros estágios, embora sub-predominantes, são suficientemente desenvolvidos (perfil reto).
Psicologicamente Predominância da vida espiritual sobre a instintivo-afetiva. Inteligência pragmática (curiosidade intelectual). Inteligência secundada por atividade realizadora.
Aspectos gerais: Talhe pequeno (lm 50 a lm.60). Corpo de volume pequeno, peso fraco. Pele fina, seca, bastante resistente. Pelos pouco abundantes, finos. Crâneo oval, com a parte maior elevada. Rosto de contorno triangular. No plano da instintividaãe: Pescoço longo, musculoso, magro. Mandíbula achatada lateralmente, afinando-se em ponta no queixo. Ângulo mandibular quase reto. Boca média ou pequena, reta, comissura cerrada, lábios finos, fechados. No plano da afetividaãe: Faces achatadas, secas. Maçãs pouco salientes. Nariz de
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altura média, estreito, lóbulo pontudo, asas pouco carnudas, muito móveis. No plano da intelectualidade: Testa grande, larga e alta. Levemente inclinada para trás, chata, saliência das órbitas. Têmporas chatas. Sobrancelhas um pouco afastadas uma da outra, de traçado reto, pouco separadas dos olhos. Pelos abundantes. Olhos pequenos, encaixados nas órbitas. Outros aspectos: Orelha de tamanho médio, sem lóbulo, desenvolvida na parte superior da concha. Colocação vertical, pouco carnuda. Mão estreita, de largura média, em forma de losango, com a largura máxima na base dos dedos. Firme e seca. Palma igual ou inferior aos dedos. Dedos longos, chatos, arredondados na ponta, nodosos, nas junturas das falanges. Polegar pequeno, bem destacado. Expressão: Movimentos suaves, diretos, de ritmo rápido. Grande habilidade manual. Palavra abundante, voz de tonalidade média. Humor irritável. Lábios móveis, asas frementes. Olhos móveis, olhar brilhante e seco (olhar investigador, curiosidade intelectual). Olhar oblíquo e fugidio. Tipos sensuais, são quase desprovidos de poder instintivo. São combativos sem ardor. Ocupados em seus interesses. Eufóricosdisfóricos, tem seus ciclos. Prontos sempre à alegria e à tristeza, conforme as circunstâncias. Muito variados (diversos seres dentro de si). Gostam das mudanças. São facilmente solicitados a numerosas impressões. Tem a sensibilidade facilmente afetada. São mutáveis, inconstantes. Ignoram a paixão profunda. São pessoas de ação imediata. Muita atividade física, pés ligeiros (mercurianos). Curiosos, investigadores. Boa memória. Não se aprofundam muito nos estudos. Um pouco superficiais, mas bri-
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lhantes. Distraem-se facilmente. Imaginação brilhante. Espontâneos, mas incapazes de uma grande síntese por falta de uma boa análise. Muito sociáveis, salvo quando combinados com Saturno. Gostam de vestir bem, com elegância. São ágeis, falam muito, com voz rápida, clara, nítida. Inconstantes no amor como na amizade. Voluptosos de imaginação, mas de sentido fraco. Gostam da vida elegante, são sedutores, e frívolos até. São ativos, mas não gostam da ação física continuada. Preferem os esportes que exigem agilidade e não força. Gostam de tênis, dança. São artesãos, comerciantes. São incapazes de realizar obras profundas. Grandes vulgarizadores das obras. Escritores de bom gosto, são céticos em geral quanto à religião e à ciência. Sua moral é marcada segundo as circunstâncias. Mudam-se quando pressionados.
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TIPO SOL Morfologicamente Rosto ovóide, com predomínio do plano superior, com base média. Têmporas cheias, convexas. Expressão luminosa do olhar.
Psicologicamente Predominância da vida espiritual sobre a instintiva e a afetiva. Pensamento intuitivo, artístico, supera o lógico e o utilitário.
Talhe médio, pelo pouco abundante, calvície freqüente. Crânio de forma oval, pouco alongado. Rosto oval, mas com maior diâmetro na parte superior. Plano da instintividade: Pescoço harmonioso. Mandíbula de contorno delicado, pouco estreita, ângulo obtuso. Queixo oval, perfil reto. Boca pequena, mediamente fechada, harmoniosamente desenhada. Plano da afetividade: Médio, faces ovais, cheias, firmes, sem saliência das maçãs. Nariz de altura média, reto, de largura média. Lóbulo redondo, de base horizontal, asas pouco carnudas, pouco móveis. Plano da intelectualidade: Fronte grande, larga e às vezes alta. Arredondada de perfil, com saliência fraca da arcada supercilial. Têmporas abombadas, convexas na parte superior. Poucas rugas, ou nenhuma. Sobrancelhas alongadas em curva harmoniosa, a pouca distância dos olhos. Cabelos pouco abundantes, castanhos. Olhos grandes, ovais, pouco profundos. Azul celeste, cinzento claro, com pontinhas douradas. Orelha de tamanho mé-
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dio, mais desenvolvida na parte superior, delicada, com curvas harmoniosas. Mímica: Serenidade calma e idealismo. Olhos muito expressivos. O olhar é pouco móvel, dirigido para cima ou reto, sem fixar com insolência. Muito luminoso. Caráter: Tranqüilidade, calma. Parecem pouco sensíveis às dores alheias. Mas é mera aparência. Mais aptos às ideias puras que às realidade materiais. Idealistas. Boa capacidade de observação. Capacidade para interpretação de símbolos. Grande potência na imaginação. Inspirados, metódicos na procura da verdade. Capazes de sínteses criadoras. Sentido das harmonias artísticas. Vontade forte e capacidade de ação. Dominam a si mesmos. São equilibrados e não traem os seus ideais. São serenos ante as adversidades, e de uma grandeza de alma extraordinária. São avessos aos exagero e ao ruído da fama. Seus gestos são medidos, leves, ascendentes, mas sempre sóbrios. Tem o sentido do belo. Quando ricos, não vivem no luxo; quando pobres, mantem-se discretos e sempre dignos. São nobres de alma. São generosos e não temem passar da riqueza à pobreza. Tem uma personalidade que se impõe. A maioria é de artistas no bom sentido da palavra. Na ciência dão sábios de grande intuição, embora sejam pouco propensos às investigações científicas. Quando filósofos, são espiritualistas. Tem grandes intuições. Quando religiosos são serenos e nunca sectários. Não gostam de cargos governamentais, mas quando os ocupam são magnânimos e não empregam a violência.
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TIPO LUA Morfologi camente Modelado redondo. Pouco aparecem os ossos. Predominância do plano superior Rosto redondo (forma de lua cheia). Olhos redondos. Talhe elevado. Poucos pelos, calvície freqüente. Crâneo ovóide, com o occipital saliente para trás.
Psicologicamente Debilidade de ação e humor fleumático. Predominância da vida espiritual. Tendência ao sonho. Pouca ação do instinto de nutrição.
O tipo lua (lunar) é raro. E quando é puro, é infeliz, pois vive entregue à imaginação, e é por ela torturado. Em, geral, surge combinado com Marte, como os idealistas, artistas, tipos criadores, atores, etc. Combina-se também com Saturno e com Mercúrio. Saturno dá certo domínio e Mercúrio muita plasticidade, embora superficial o mais das vezes. No plano da instintividaãe: Pescoço magro. Mandíbula pouco desenvolvida, ângulo mandibular obtuso. Queixo em recuo. Dentes mal colocados e acavalando-se uns nos outros. Boca desenvolvida, comissura caída. Lábios grossos, pouco musculosos, moles. No plano da afetividade: Faces largas, flácidas, caídas. Pouca saliência das maçãs. Nariz pequeno, lóbulo redondo, um pouco arrebitado, asas flácidas. No plano da intelectualidade: Fronte elevada, oval ou ogival, alta na altura dos olhos,
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poucas saliências ósseas, o que se pode ver de perfil. Sobrancelhas bem separadas, curvas, em semi-círculo, esparsos os pelos. Olhos grandes, redondos, quase à flor do rosto. Pálpebras um tanto caídas. Tendência para a miopia. Características: Muita mímica de rosto. Olhar sonhador. Em geral, o lunar é sonhador, imaginativo, de instintos um pouco fracos. Tem muita inteligência imaginativa, e quando não é um lunar puro, mas combinado, é criador. Grandes filósofos foram lunares combinados, como Tomás de Aquino. Há assim, tipos positivos e negativos. Muitos poetas e artistas são lunares. Se o lunar é totalmente dominante, dá tipos mitómanos (tendentes a mentir, sem maldade, porém). Falam muito. Tendem para a indolência, para a imobilidade, mas influídos por Marte, ou Apoio, ou Mercúrio, são ativos e criadores. Viajam muito com a imaginação, e são capazes de viver, na imaginação, aventuras, situações com tamanho realismo, que chegam a sentir as emoções das personagens e das situações criadas, o que é importante para o ator. Muitos gênios são de influência lunar, e dão muitos místicos. Tem, como todos os tipos (dependendo das combinações), aspectos positivos e negativos.
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MÉTODO PRÁTICO DE ANÁLISE CARACTEROLÓGICA
Como proceder para fazer umas análise? Vamos dar, a seguir, as regras principais e imprescindíveis, que se devem observar, para obter as notas para uma análise, e que permitam a formação de um perfil exato. O exame pode ser feito: A) Com a presença do examinado; B) Através de fotografias. No segundo caso, o exame é sempre parcial e de difícil bom êxito, pois a fotografia, tanto pode favorecer como desfavorecer a fisionomia. É preferível, portanto, neste caso, que a fotografia seja feita por amador, que não tenha a preocupação da iluminação, pois certas sombras podem levar a interpretações falsas. É preferível que as fotografias sejam, uma de frente e outra de perfil. Dispondo-se de uma só, a análise se tomará mais precária. Se se dispuser da presença da pessoa a ser examinada, as possibilidades de êxito na análise são maiores. Neste caso, deve-se ver a pessoa de frente, de lado, e realizar o exame tão minuciosamente quanto possível. Todos os aspectos devem ser anotados, obedecendo a ordem que daremos a seguir. Dispondo de uma folha de papel, traçaremos uma linha central. Do lado esquerdo poremos os aspectos notados. Do lado direito escreveremos o significado dos mesmos. Procederemos assim:
137 CURSO DE INTEGRAÇAO PESSOAL Traços caracterológicos Instintividade Plano predominante; maxilar formando ângulo reto. Ossudo, etc.
Características
Predominância da instintividade.
PROVIDÊNCIAS A SEREM TOMADAS 1)
3) 4) 5) 6) 7)
Visão geral. Exame da forma do rosto: se redondo, em paralelas, em forma de losango, etc. 2) Qual o plano predominante: a) Qual o plano sub-predominante, e qual o inferior? Se são equilibrados os três ou se equilibrados apenas dois. Classificar como: Dilatado ou retraído ou complementar. Qual o tipo de dilatado? Se astênico ou estênico? Qual o tipo de retraído, conforme a classificação? Se há complementaridade. Se há presença deste ou daquele retraimento ou dilatação. Análise dos planos: a) O plano da instintividade: Forma da mandíbula; ângulo; se ossuda ou carnuda; se predominam os músculos mastigadores; forma do queixo, se projetado, normal ou em recuo; lábios fechados ou abertos, duros ou moles, finos ou grossos. Tamanho da boca. Qual dos lábios é o predominante. b) O plano da afetividade: Faces dilatadas ou não; com covas ou não; encavadas ou não. As maçãs, se projetadas ou não; rosadas ou não. Os olhos encovados ou não; redondos ou não; grandes ou pequenos. Nariz grande ou pequeno, côncavo, convexo ou ondulado; com raiz funda ou surgindo no plano da fronte; se largo ou estreito, em lâmina ou redondo; se o lóbulo é grande ou pequeno; se arrebitado ou não; se as asas são móveis ou não. c) O plano da intelectualidade: Arcada superciliar projetada ou não; sobrancelhas pró-
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ximas ou afastadas dos olhos; se juntas, unidas, ou separadas, têmporas cavadas ou não. Parte central funda ou não; existência, ou não, de rugas; com bossas ou não. Parte superior, se vasada ou não, com entradas ou não; com dilatação lateral ou não (parte superior). 8) Qual tipo astrológico predominante? Quais os tipos astrológicos que se combinam no examinando. Atenção: -Estabelecidas essas análises, é fácil verificar quais os aspectos que caracterizam o tipo em estudo. É fácil, aí, estabelecer, então, se é um sanguíneo, um linfático ou um nervoso ou bilioso. Se introvertido ou extrovertido. Pela predominância dos planos, se é um introvertido ou extrovertido de função intelectual, ou intuitiva ou afetiva ou sensível. 9) Exame das mãos e dedos. UM EXAME PRÁTICO DE CLASSIFICAÇÃO DE ASPECTOS Tomemos o tipo (Júpiter 3). Façamos a análise: 1) Visao geral: Frente: Rosto oval. 2) Equilíbrio dos planos. 3) Dilatado médio. (Complementar). 4) Dilatado estênico. 5) (Prejudicado). 6) Há retraimento frontal. Combinação de dilatado com retraído de fronte. 7) Análise dos planos: Instintividade Maxilar bem desenvolvido, ondulado, de contorno arredondado, ângulo obtuso. Nuca delicada sem fraqueza. Lábios carnudos, finamente desenhados. Queixo pontudo.
Bondade. Característica de combinação jupiteriana. Com as características deste tipo, já estudadas. Ativo. Combinação com Marte. Com as características deste tipo já estudado.
Significações Exigências instintivas moderadas Gosto delicado, mais voluptuoso que sensual. Atividade física. Ritmo rápido, de adaptação rápida. Combatividade.
139 CURSO DE INTEGRAÇAO PESSOAL Afetividade Modelado ondulado. Nariz médio, reto, largo na raiz, de lóbulo oval. Asas do nariz finamente desenhadas.
Vida afetiva serena. Sensibilidade afetiva facilmente desperta; mobilidade, mudança de gosto. Idealização dos sentimentos.
Intelectualidade Modelado ondulado. Ausência de bossas acentuadas. Testa elevada e larga. Sobrancelhas separadas. Orbita superciliar em relevo médio. 8) Tipo astrológico predominante. Combinação.
Inteligência viva. Pensamentos claros. Aptidões diversas. Assimilação rápida. Boas qualidades de observação e de decisão. lúpiter. Marte. Qualidades afetivas e intelectuais jupiterianas, com dinamismo, iniciativa e combatividade de Marte. Sujeito por isso a cóleras súbitas. Bom para chefe de indústria.
Perfil caracterológico: Revela o examinado ser um homem de bom coração, sujeito a grande simpatia pelos seus semelhantes. Mas tal aspecto positivo não lhe impede certas cóleras súbitas, em que se excede muitas vezes, arrependendo-se, porque a sua bondade leva-o a entristecer-se com os seus excessos, que nem sempre domina. É um extrovertido, bom amigo, bastante sociável. Homem de grande atividade, batalhador, emprega a sua ação na realização dos planos que esboça. Apesar de ter impulsos instintivos, sabe dominá-los, e eles não conseguem tortura-lo. Tem gosto delicado, aprecia os pratos bem feitos, gosta das bebidas de gosto delicado, nunca exagerado, porém, o uso que delas faça. Muita atividade física e intelectual; é incansável. Rápido em suas observações, logo nota a conveniência ou não do que deseja empreender. É corajoso, não se deixa abater facilmente em face das adversidades. Facilmente são despertadas as simpatias, por isso muitas vezes se arrepende de ter considerado como amigo quem não o mere-
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cia. (A sensibilidade facilmente desperta leva a certos erros de observação, apesar tê-la bem desenvolvida). Da mesma forma, admira-se muitas vezes de ter perdido a afeição a quem julgava firme. É honesto em seus sentimentos e sempre idealiza a sua afeição. Se casado e ama a esposa, empresta uma cor idealista ao amor que devota. Dificilmente se casaria sem amor. O cálculo não o dominaria, por ser corajoso e combativo. Quem se casa por cálculo, revela fraqueza. Tem muitas aptidões, adapta-se facilmente a qualquer ramo de atividade, pois tem assimilação rápida, aprende com rapidez. Tem bastante iniciativa, sabe criar projetos, e os executa. Chegado até aqui, estás apto, prezado leitor, a ter um retrato de ti mesmo, bem como de todos os outros que te cercam, se o desejares. Na verdade, é difícil para muitos fazer uma análise de si mesmos, quando se deixam influir por suas paixões, desejos, etc., e tendem, naturalmente, a salientar um aspecto ou outro, bem como a esquecer um traço importante para a boa classificação de si mesmos. Deves, por isso, ter o máximo cuidado, e revisar, sempre que possível, as tuas apreciações, ponderando bem se não te deixas dominar por alguma apreciação apaixonada. Mas, como já vimos, não basta conhecer-se para conquistar uma reintegração desejada. É preciso, ainda, a ação que nos leva a reintegrarmo-nos. Essa ação, como já viste, está expressa na Parte Especial deste livro, cujos exercícios não podes deixar de realizar e repetir sempre, sem desfalecimento e com plena fé, pois depende agora, apenas de ti, a marcha vitoriosa que tanto desejaste.
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to em seus sentimentos e sempre idealiza a sua afeição. Se casado e ama a espôsa, empresta uma côr idealista ao amor que devota. Dificilmente se casaria sem amor. O cálculo não o dominaria, por ser corajoso e combativo. Quem se casa por cálculo, revela fraqueza. Tem muitas aptidões, adapta-se fàcilmente a qualquer ramo de actividade, pois tem assimilação rápida, aprende com rapidez. Tem bastante iniciativa, sabe criar projectos, e os executa. *
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Chegado até aqui, estás apto, prezado leitor, a ter um retrato de ti mesmo, bem como de todos os outros que te cercam, se o desejares. Na verdade, é difícil, para muitos, fazer uma análise de si mesmos, quando se deixam influir por suas paixões, desejos, etc., e tendem, naturalmente, a salientar um aspecto ou outro, bem como a esquecer um traço importante para a boa classificação de si mesmos. Deves, por isso, ter o máximo cuidado, e revisar, sempre que possível, as tuas apreciações, ponderando bem se não te deixas dominar por alguma valorização apaixonada. Mas, como já vimos, não basta conhecer-se para conquistar uma reintegração desejada. É preciso, ainda, a acção que nos leva a reintegrarmo-nos. Essa acção, como exercícios, não podes deixar de realizar e repetir sempre, sem desfalecimento e com plena fé, pois depende, agora, apenas de ti, a marcha vitoriosa que tanto desejaste.
PARTE
ESPECIAL
NÓS E OS NOSSOS PENSAMENTOS
Tu, quem quer que sejas, não podes negar que buscas o bem. Tens tuna obra a realizar, uma missão a fazer. Tua atenção está voltada para o que te cabe realizar. Poderias conseguir o que desejas ou o que te cabe construir, se desviasses as tuas fôrças para o que não interessa à realização da meta planejada? Não julgarias desde logo que tôda actividade desviada do fim é uma actividade inútil e perdida? Mas, para onde se dirige o teu apetite? Para o bem, sem dúvida. Se o bem é a tua meta, tôda actividade que não levar até êle é uma actividade inútil. Portanto, se queres alcançar o teu bem, deves naturalmente planejar a tua acção para que não haja actividades inúteis. Mas, quem deseja realizar alguma coisa, precisa saber onde e quando vai realizá-la. Um arquiteto, que deseja construir um prédio, precisa conhecer o terreno onde vai elevá-lo. Tu precisas, para alcançar o teu bem, saber onde êle está, pois do contrário serias como aquêle viandante que procura uma cidade sem saber onde ela está.
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E assim como o viandante necessita que outros lhe indiquem onde está a cidade que busca, talvez precises, também, saber onde está o teu bem. Raciocinemos juntos: é o teu bem algo a ser criado, ou já existe? Como já vimos até aqui, o teu bem já existe, pois tôdas as coisas buscam realizar o seu bem. Mas se êle já existe, então para que procurá-lo? Sim, êle já existe, mas é preciso saber onde está, da mesma forma que o viandante sabia da existência da cidade procurada, não, porém, onde ela se achava. Então, surge outra pergunta: está em mim mesmo ou fora de mim mesmo o bem que me é próprio? • Eu te respondo que não haverá nenhum bem fora de ti. se antes não encontrares o bem em ti. E vou mostrar-te: O teu bem está em ti, esta é a afirmativa. Mas é preciso desvelá-lo, descobri-lo dos véus que o ocultam. E o que o oculta são tôdas as solicitações que te afastem do teu próprio bem. Digamos que procuras, levado pelo teu apetite, pondo em acção a tua vontade, o bem nas coisas que te cercam. Por acaso, não são elas um bem para ti? Não dão elas inúmeros prazeres, bem-estar, satisfações? Então, o teu bem está nas coisas. Mas duas são as situações de um homem ante as coisas: a)
ser senhor das coisas;
b)
serem as coisas senhoras do homem.
Qual situação que perferirás? Ser escravo das coisas, ou utilizá-las para o teu bem? Certamente, responderás que queres dominar as coisas. Elas devem servir-te e não servires tu a elas.
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Mas como poderias tom ar as coisas tuas servas, se elas te dominassem? Nesse caso, escravo das coisas, elas não seriam o teu bem, e quanto mais as perseguisses, mais dominado estarias por elas. Portanto, o bem que elas te ciariam seria sempre menor que o bem que delas terias, se te tomasses senhor. Desta forma, o teu bem, fora de ti, não poderia ser alcançado sem que fôsses um senhor e não um escravo. Mas pode ser senhor, quem não é senhor de si mesmo? Ser senhor de si mesmo é realizar o que de melhor há para nós. E a idéia de melhor implica a de um bem superior a outros bens. Portanto, o teu maior bem é sêres senhor de ti, pois, desde que o sejas, te tomarás senhor das coisas. Pois não é verdade que as coisas provocam em ti paixões, emoções, sentimentos, preocupações que não são o teu bem, mas reduções, ataques ao teu bem? Desta forma, vês claramente que o teu bem está primeiramente em ti e secundariamente nas coisas. Tens, portanto, que libertar o teu bem dos véus que o cobrem, para que possas dominar as coisas e fazer com que elas te sirvam. Já sabes que a confiança em ti mesmo é o ponto de partida. Poderias dizer: “não posso fazer isto agora, mas podê-lo-ei amanhã.” Assim como um estudioso sobe degraus até alcançar o pleno conhecimento, também conhecemos degraus para alcançar o nosso bem. — Que devo fazer? — perguntas-me. — Confia em tua vitória, em primeiro lugar. Já sabes que tens o teu bem em ti. Falta-te apenas libertá-lo dos véus que o encobrem.
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Realiza o exercício diário de meditação, nas formas a serem indicadas e o de respiração rítmica. Com êsses exercícios abrirás as portas que conduzirão à tua vitória. Agora medita sôbre estas minhas palavras: "Há coisas que dependem de mim e há coisas que não dependem. Os meus pensamentos e a minha vontade e as minhas paixões dependem de mim. O que se refere aos outros e ao mundo não depende de mim. Se me aflijo com o que não depende de mim, só posso enfraquecer-me. Tudo quanto possa fazer para o bem dos outros não deixo de fazer. Contudo, sou o meu amigo que precisa lutar por mim. Se me aflijo com o que é meu, a culpa é apenas minha, pois posso vencer o que depende de mim. Tôdas as vêzes que venham de mim, contra mim, não são minhas. Porque o que é meu, trabalha por mim. Ouvirei as minhas vozes que falam a linguagem do meu bem, e repudiarei, com o meu desprêzo, as vozes que não falam a sua linguagem. Sou eu que faço a minha fôrça ou a minha fraqueza. Lutarei por mim e pelo meu bem. Quando me surge uma idéia dolorosa, preocupadora, minha inimiga, dir-lhe-ei: “Tu és apenas uma idéia e nada és do que pretendes representar.” Analisa-a então: é uma idéia que se refere às coisas que dependem de ti ou às que não dependem de ti? E se se refere a coisas que não dependem de ti, despreza-a, e dize-lhe: Isto não se refere a mim.
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— Mas, e as minhas preocupações sôbre assuntos que dependem de mim? — podes perguntar. Pois bem, analisa-as: são sôbre factos fundados ou infundados? São dúvidas que te assaltam? São temores vãos? Fundam-se em factos sucedidos? Sejam o que forem. Sejam reais, até, tenham fundamento até. Lembra-te, porém, e pronuncia dentro de ti: “as preocupações crescem quando eu as alimento com o meu temor, quando eu lhes dou conteúdo com a minha vontade. Sei que só poderei vencer o que é contra mim, quando estou do meu lado, quando estou unido a mim mesmo. E quem poderia fazer essa desunião, se o interior de cada ser humano é um reino onde podemos dominar soberanamente? Eu não me enfraquecerei em favor dos meus inimigos. Meu caminho já está traçado: lutar por mim. Ninguém me afastará de mim mesmo e do meu bem. Se nós somos o que são os nossos pensamentos, podemos ser o que pensamos. E acaso não temos liberdade de pensar no bem, como podemos pensar no mal? E se desejamos o nosso bem, pois esta é a lei de todo o existente, porque não pensamos em nosso bem?
EXERCÍCIOS
QUEM ÉS TU? Se ainda não leste nem realizaste plenamente um retrato caracterológico de ti mesmo, o que te será fácil depois de estudares a Parte Geral dêste livro, não te devo preocupar esta falha, pois ela não impedirá que possas agora, na Parte Especial, iniciar os exercícios, depois das providências que passarei a descrever, no intuito de realizar a tua plena integração. Talvez sejas um retraído introvertido ou extrovertido, nervoso ou bilioso, e estarás sujeito às contingências do teu temperamento e do carácter que adquiriste. Mas tu podes realizar a ti mesmo, e a tua personalidade poderá por ti mesma ser construída. Mas, antes, ponderemos sôbre alguns pontos que são de grande importância para alcançarmos a meta desejada. Vamos dispensar certos aspectos técnicos e certas discussões filosóficas de psicologia. N)ão iremos penetrar no tema da tensão psíquica, que em nós forma uma unidade de multiplicidade, e que é mais ou menos coerente, segundo o nosso grau de integração. Em palavras simples: há personalidades amorfas, frágeis, fàcilmente desviáveis, impressionáveis, móveis, e outras que são o inverso. E entre os extremos, há uma gradatividade imensa. Não há dois tipos humanos iguais, senão dentro das formalidades estatuídas pela tipologia. Se há
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em comum um número imenso de notas, de aspectos, de qualidades, etc., há, ao mesmo tempo, outros que são diferentes, totalmente diferentes. Portanto, o ser humano é formal e tipològicamente homogêneo, mas é individualmente heterogêneo, diferente, diverso. Podemos, no entanto, estabelecer algumas regras que todos os psicólogos aceitam. Por exemplo: o grau de coerência da tensão psíquica (chamam-na alma, psiquismo, espírito, mental, o que quiserem, não importa aqui) é uma garantia de firmeza do ser humano. Uma personalidade é mais forte quanto mais coesa e mais coerente fôr a sua tensão psíquica. Em suma, a sua unidade psíquica quanto mais forte, mais forte a sua personalidade. As agressões, que os estímulos exteriores possam realizar ou os pensamentos negativos, terão sua fôrça na proporção da fraqueza da tensão psíquica. Se esta fôr forte, malograrão tôdas as idéias errantes, negativas, como também as preocupações, as angústias; e os desajustamentos que daí decorrem se tomarão conseqüentemente menos comuns e mais difíceis de ser adquiridos. Todos nós conhecemos momentos de fluxo e de refluxo. Os fluxos psíquicos caracterizam-se pelo entusiasmo, pelo “sentir-se bem” inteiramente, pela paz conosco mesmo, pelo otimismo, pela vontade de actuar, de realizar, de empreender. Os refluxos levam-nos ao pessimismo, à descrença em nós e nos outros, ao abatimento moral, e nos tomamos prêsas fáceis das preocupações, das angústias, da tristeza, da inapetência, da falta de entusiasmo, da apatia, da desilusão, do desespêro até. Consideremos, de início, o que somos. Todos nós conhecemos momentos de fluxo e de refluxo, que se alternam constantemente, perdurando uns mais que outros. Procedamos, no entanto, a algumas análises:
1) Quando sobrevêm os momentos de refluxo? Que nos parece tê-lo motivado? Foi uma palavra que alguém
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pronunciou, um gesto, um facto, uma atitude? Foi porque pensamos nisto ou naquilo? Anote-se aqui o facto que nos parece ser a chave que abriu a porta ao estado de refluxo. 2) Quando surgem os sintomas, analisemos as circunstâncias e anotemos os acontecimentos que os cercaram, e os que os precederam. Vejamos se há repetições. Por exemplo, quem sofreu, em sua família, um desastre de automóvel, no qual alguém que muito estimava perdeu a vida, não tolera que lhe falem em desastres. Imediatamente se acabrunha, entristece-se, entra em refluxo, mesmo que tome uma atitude irada, nervosa, agitada. Examine-se, portanto, e verifique que factos provocam os estados de refluxo. 3) Às vêzes, não somos capazes de examinar o que nos parece ter feito eclodir o estado de refluxo. Êle surge como se nada o motivasse. Sobrevêm sem um porquê, e não nos aparece com qualquer conteúdo. Estamos angustiados por nada. Não conhecemos nenhum conteúdo de nossa preocupação ou de nossa angústia. Tudo nos corre bem e, no entanto, sentimo-nos inquietos, como se algo nos ameaçasse. Por mais que procuremos saber de onde vem, ou a possível causa, não a achamos. Dêsse estado decorrem inúmeras atitudes anti-sociais, irritações bruscas, e fazemos o que normalmente (dizemos a nós mesmos) não seriamos capar zes de fazer. Njbstes casos, a análise se toma mais difícil. Mas, meditemos sôbre alguns exemplos que nos são bem úteis. Dizemos: “gato escaldado até de água fria tem mêdo”. É que a água lhe associa a desagradabilidade da queimadura. E basta vê-la para que o esquema água-desagradabilidade lhe surja, e conseqüentemente o gato fuja. Um cão,
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que levou uma paulada de algum homem vestido de zuarte, foge, ou toma uma atitude agressiva, ante qualquer outro homem vestido de zuarte, que dêle se aproxime. Â tais actos reflexos chamam os psicólogos reflexos condicionados. Tanto a criança como nós revelamos muitos dêsses reflexos, e outros. São verdadeiros esquemas que construímos pela experiência. O ser humano é um grande estoque dêsses esquemas, e nossa vida está marcada e orientada por êles. Repelimos tudo quanto nos é desagradável, aceitamos tudo quanto nos é agradável. Além dêsses esquemas fácticos, que são formados pela associação de imagens de factos, já por nós experimentados, o ser humano tem a capacidade de organizar esquemas eidéticos; isto é, esquemas construídos apenas das idéias que captamos nesses factos. Vamos a exemplos esclarecedores. Quem sofreu injustiças em sua vida e revoltou-se muitas vêzes pelos castigos ou penas recebidas, sem uma justificação, forma um esquema eidético: injustiça-revolta. E tôda vez que vê alguém injustiçado, revolta-se. Aquêles que em sua vida lutam contra a injustiça, tomam atitudes enérgicas contra todos os actos que provoquem males aos outros que não os merecem, e revoltam-se. Não basta que seja contra si mesmo apenas. Em face de qualquer injustiça, o sangue sobe-lhes à cabeça e irrita-se, rebela-se, esbraveja, e toma-se até um campeão da justiça, lutando para que ela se instaure, soberana, na sociedade. Analisemos alguns dos nossos esquemas. Porque nos irrita isto e nos alegra aquilo. Procuremos descobrir os primeiros exemplos, os primeiros factos, e verifiquemos, finalmente, o esquema eidético que formamos. Êsses esquemas, depois que se coordenam com outros, estructurando-se dentro de nós, são dificilmente desintegrá-
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veis. Tomam uma coerência tão grande que marcam o nosso carácter. (Carácter, em grego significa, m arca). O nosso carácter é formado de inúmeros esquemas qüé se gravaram em nós. E quanto mais fortemente gravados, mais nítido o nosso carácter. Mas, assim como há esquemas benéficos, há esquemas maléficos. Os hábitos, que são adquiridos, são verdadeiros esquemas. E do mesmo modo que obtemos bons hábitos, também obtemos maus. Que fazer para fortalecer os bons esquemas e desintegrar os maus, a fim de nos libertarmos da sua tirania? Os esquemas consistem em verdadeiras normas dentro de nossa alma. São o que os escolásticos chamam de habitus. Êsse têrmo vem do verbo habere, haver, ter. Habitus é tudo quanto não faz parte da essência, mas que é adquirido. E podemos, psicologicamente, adquirir bons hábitos ou maus, como também podemos libertar-nos dos maus. Ora, se são êles aquisições, e não formam a nossa essência, podemos dispensá-los, embora isso nos custe, às vêzes, muito trabalho e boa vontade. Mas, quem vai dispensá-los? É a nossa alma, em sua pureza. É a nossa tensão psíquica forte, que é a nossa arma de desintegração dos maus esquemas. Portanto, para que ela seja capaz de uma tarefa tão importante, é preciso, em primeiro lugar, que ela seja muito forte, poderosa, coesa. O caminho está em fortalecê-la. É o primeiro lanço da jornada. Podemos, depois, alcançar outros estágios importantes. Vamos, portanto, seguir os primeiros passos, que nos levam ao fortalecimento de nosso espírito.
O POUCO QUE PEÇO DE TI
Vamos juntos percorrer êsse lanço, e depois examinaremos outros. Quem vai fazer uma viagem, toma diversas providências, e uma das mais importantes é preparar tudo quanto precisa para ela. E, assim como arrumamos em nossas malas os apetrechos, objetos de que iremos necessitar, precisamos, também, arrumar tudo quanto vamos precisar para essa viagem. E como todo viajor deseja que a viagem seja a mais agradável possível, que menos dissabores apresente, não julgues que eu vá exigir de ti, de início, muitas coisas. Vou pedir, ao contrário, bem pouco; tão pouco que não me negarás, pois só exigirei de ti à proporção que sejas capaz de me dar o que te peça. Muitos se queixam de que não têm confiança em si mesmos. Seria tudo muito fácil se disséssemos apenas: tem confiança em ti, e a confiança surgisse subitamente. A confiança em si é a maior virtude que se pode desejar para um homem. Quem tem confiança em si realiza o que pareceria impossível. Mas, muitos se queixam que não a têm, e não sabem como adquiri-la. A confiança em si não se adquire directamente, mas directa e também indirectamente.
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Não basta dizer que se tem confiança em si, pois ela não nasce apenas pela palavra. Nem adianta desesperar-se. N!a verdacüe, tu tens confiança em ti. Não acreditas no que digo? Mas, pensa vim pouco. Quando te levantas pela manhã, duvidas acaso que sejas capaz de vestir-te? Não és capaz de ir até à mesa e tomar a tua primeira refeição? Nao és capaz de fazer tantas pequeninas coisas? Se és capaz de fazer tantas coisas, és capaz, pelo menos. Remenjora, por favor, tantas coisas que fazes, tens feito e que és capaz de fazer. Mas, logo poderias me retrucar, que há muitas que não podes fazer, pois não és capaz de fazê-las. Não há dúvida. Mas, pensa mais um pouco; quando criança, quantas coisas não pocfias fazer, e que hoje fazes. O atleta que vê um haltere tão pesado, julga que não poderá erguê-lo. E nas suas primeiras aulas de halterofilismo, naturalmente, não pode fazer o que outros fazem. Não pode, porém, deixar de reconhecer que o que outros fazem não o faziam antes. Portanto, tu és capaz de muitas coisas. Assim como hoje és capaz de fazer o que anteriormente não o podias, serás capaz de fazer amanhã o que hoje parece difícil. Se és capaz até de viver, és sempre capaz. Portanto, reconhece uma verdade: és capaz. Assim, já alcançamos alguma coisa, ao chegarmos aqui. Tu me acompanhaste até aqui. Já temos um importante ponto de partida, pois já temos alguma confiança em nós. Pois não fazemos já o que não fazíamos? Não fomos capazes de um progresso? Se fomos, por que não o seriamos de mais? Vamos fazer uma experiência. Deixa teus braços pousados sôbre esta mesa, junto a êste livro. Não o movas. Conta até vinte, sem os moveres.
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Conta: um, dois, três, quatro ..................... vinte. Não conseguiste? Vamos, outra vez, contemos até cinqüenta. Não te movas totalmente: Um, dois, três", quatro, cin co ..................... cinqüenta! Viste como podes ficar quieto? Experimentemos um pouco mais: Olha aquêle objecto ali. Fixa o olhar sôbre êle. Não te movas, não olhas para outra coisa, só para êle. E conta até vinte. Um, dois, três, quatro ..................... vinte. E que tal? Vamos contar até cinqüenta. Um, dois, três, quatro, cinco ..................... cinqüenta. Magnífico! Coloca-te agora na cadeira em que estás. Afasta tuajs costas do encôsto. Vira para cima a palma da mão direita. Coloca sôbre ela a mão esquerda. Deixa-as pousadas agora sôbre as pernas. Toma uma posição firme. Não te movas. Olha para um objecto à tua frente. E conta até vinte. Repete até cinqüenta. Toma a mesma posição. Fecha os olhos. Respira lentamente, ritmadamente pelo tempo que puderes. Não te preocupes com os pensamentos que surjam. O que nos interessa agora é que realizes êsse exercício de respiração. Respira profundamente. Enche mais que puderes os pulmões. Olhos fechados, mas procura “olhar” bem no centro da raiz do nariz. Inspira profundamente. Guarda bem o ar nos pulmões até contares dez. Deixa-o sair lentamente, enquanto contas até cinco.
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Suspende um pouco a respiração. Os pulmões esvaziados. Enche-os de novo, lentamente; guarda o ar, esvazia, descança, prossegue. Esplêndido! Tudo já está correndo muito bem. Vamos repetir outra vez. Agora procura respirar dêste modo. Enche os pulmões bem de vagar. Guarda o ar. Expira vagarosamente. Tão vagarosamente que nem sequer ouças o ruído da respiração. Torna-a bem fluídica. Pouco a pouco, continuando nesse exercício, conseguirás alcançar um ritmo bem teu, natural. E faze êste exercício, diàriamente, tantas vêzes quantas puderes. Podes abusar dêle, pois quanto mais fizeres, melhor para ti. Pelo menos, deves fazê-lo uma vez pela manhã e outra à noite. E vais fazê-lo sempre, daqui por diante, durante tôda a vida. Seria muito complexo tentar explicar quanto vale êste exercício. Mas basta dizer algumas palavras: êle vai regularizar, aos poucos, a tua respiração, a alimentação do oxigênio de que precisa o teu sangue; vai regularizar todo o teu corpo e também ajudar a fortalecer o teu espírito. Pois a atenção que puseres, olhando para a raiz do teu nariz, vai ajudar a concentrar a tua tensão psíquica.
EXERCÍCIOS RESPIRATÓRIOS
O mesmo exercício que se realiza sentado, também se pode realizar quando deitado. Deita-se de costas, estiram-se as pernas. Colocam-se duas mãos bem juntas ao corpo, de cada lado. E respira-se da mesma forma, olhos fechados, o olhar convergente. Se acaso surgir algum mal-estar, por estar o olhar convergido para a raiz do nariz, deve-se convergi-lo, como se se dirigisse para um objecto distante. E respira-se da maneira indicada. Êsse exercício acalma. Se se adormecer ao fazê-lo melhor ainda. Mas se acaso houver estremecimento e câimbras não há motivo para preocupações. Nosso corpo não é muito acessível à disciplina, e se rebela um pouco. São pequenas reacções que não fazem mal. Continuem-se os exercícios, que afinal êsses estremecimentos desaparecerão, e sentir-se-á o praticante cada vez mais calmo. *
*
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Daremos agora uma série de regras para exercícios respiratórios. Respiração rítmica — O ritmo é individual. No entanto, antes de alcançá-lo, o praticante pode seguir esta norma: 3 segundos para a Inspiração;
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2 de retenção de ar nos pulmões; 5 para a expiração; 2 de descanço, e, em seguida retôrno à inspiração. Observações: No início, é quase impossível conseguir a regularidade. Contudo, não há motivo para preocupação. Prossegue-se no exercício pelo prazo de uns 5 minutos. Obtida certa regularidade, nos dias sucessivos, aumenta-se para 10, até 15 minutos. A pouco e pouco alcança o praticante o seu ritmo individual, mas sempre conservando as quatro fases inspiração-retenção-expiração-descanço, até alcançar a fluidez da respiração, que se fará quase em silêncio. Modalidades: Êste exercício pode e deve ser realizado: a)
estàticamente;
b)
dinamicamente.
No caso a, deve o praticante permanecer sentado, na postura já indicada. No caso b, deve colocar-se em pé, pernas abertas. Cruzar as mãos na nuca. Inspirar profundamente, conservar o ar nos pulmões, expirá-lo com a flexão do busto sôbre os joelhos até esvaziar totalmente os pulmões. Permanecer os 2 segundos neste estado e inspirar levantando o busto até a posição normal. Tempo: Adquirido o ritmo natural individual, na postura estática, êste exercício deve ser prosseguido quotidianamente.
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O exercício dinâmico pode variar, e deve ser feito da seguinte maneira: Inspiração — 3 segs.; retenção — 10 segs.; expiração — 5 a 6 segundos; descanço — 2 segundos no mínimo. Alcançar êste tempo é já extraordinário, e abre campo para profundas modificações interiores. Duração dos exercícios: Um dos nossos graves defeitos consiste na pressa. Não gostamos de empregar dias, meses e até anos na realização de uma tarefa que não nos ofereça imediatos resultados. Por isso, tais exercícios, como outros, sempre úteis e benéficos para o bom funcionamento, não só físico como químico, são abandonados em meio do caminho, por aquêles que não percebem, desde logo, imediatos benefícios. Mas, num sector como êste, o do nosso pleno domínio, todo esfôrço, tôda confiança, tôda decisão, tôda calma, tôda a perfeição, que se alcancem, embora parcialmente, servem para nosso bem. Podemos não perceber os benefícios maiores, porém êles se processam lenta e silenciosamente, e terão, afinal, que dar os seus frutos, que bem valem o esfôrço dispendido. EXERCÍCIOS MENTAIS Pode-se ficar na mesma posição do exercício respiratório, ou em outra que fôr mais cômoda. Escolhe-se um assunto qualquer; por exemplo, esta frase de Virgílio: “Podemos, porque pensamos poder”. Pensar que podemos é ter confiança em nosso próprio poder, e ter confiança nêle, é fortalecer o poder que há em n ó s... e assim sucessivamente.
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Medita-se sôbre tudo isso, sem se mover. Apenas o pensamento actua e o corpo deve permanecer imóvel. É possível que sejamos interrompidos por pensamentos diferentes, e também levados para muito longe do que estávamos meditando. É natural que pensamentos errantes invadam o nosso cérebro e nos desviem do ponto onde estávamos. O que se deve fazer, é voltar novamente ao assunto e meditar sôbre êle, sempre com alegria, sem se preocupar com o que aconteceu. E tantas vêzes, quantas puder. Êsse exercício pode durar uns 5 minutos, o que já é um progresso extraordinário. Não se deve forçar o pensamento a fixar-se só sôbre o tema. Não se deve lutar nunca contra as idéias intrusas. Quanto mais se lutar contra elas, mais fortes elas serão. Deve-se deixá-las de lado, e prosseguir no exercício, que deve ser realizado diariamente. À proporção que as idéias intrusas ameaçam perturbar a meditação, recomeça-se outra vez, sem se preocupar com a interrupção. Regra importante: Escolher sempre, como tema de meditação, assuntos positivos. Não pensar em coisas ruins, males, infâmias, doenças, fráquezas. Os pensamentos devem exercitar-se sôbre aspectos positivos e benéficos. Aproveitar como tema grandes pensamentos positivos de grandes autores.
REGRAS IMPORTANTES SÔBRE A MEDITAÇÃO
Depois dos conselhos que demos sôbre a meditação, de* sejamos, agora, chamar a atenção do leitor para os pontos seguintes, de grande importância para o bom êxito das mesmas: a) Na meditação, nenhuma tensão é necessária. Ao contrário, é até prejudicial. Iniciada com tranqüilidade, não exige nenhum excesso de esforço. A meditação deve orientar-se com a maior naturalidade. b) A duração deve ser aumentada, à proporção que o bom êxito fôr sendo conquistado. Para iniciar, basta meio caminho até à base ótima de meia-hora. c)
A direcção do olhar deve ser para a frente.
d) Se, no início, houver estremecimentos, lembrar-se que são êles naturais. Podem dar-se em todo o corpo, ou apenas nas pernas, braços, etc. Tais estremecimentos, comuns a princípio, terminarão por desaparecer totalmente. e) Ao iniciar a meditação, que deve ser feita em lugar reservado e ausente de estranhos, pensar primeiramente que se está só, entregue ao seu próprio bem, que, por sua vez, está imerso no Ber Supremo. Êste o cerca, êste o sustenta, e êste o amparará.
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f) Se a meditação fôr sôbre uma única idéia, pôr sôbre ela a máxima tensão psíquica. Se fôr através de ideações (por encadeamento de idéias), não se preocupar se pensamentos errantes e estranhos a perturbarem. Quando sentirmos que nos perdemos em pensamentos estranhos, não nos perturbemos por isso, pois é natural. Voltemos ao pensamento fundamental da meditação, prosseguindo com confiança. g) Se se manifestarem dificuldades muito grandes para nos fixarmos sôbre vários pensamentos, a solução é pensar em poucos, e sôbre êstes fazer a meditação. h) Procurar estar sempre alegre; um leve sorriso deve pairar no rosto. Njão abrigar qualquer sentimento de hostilidade. Viver um momento de pleno amor. i) Permanecer em silêncio, e se discorrermos, os pensamentos devem ser pronunciados apenas intimamente. j) Os pensamentos errantes ou perturbadores devem ser recebidos com tranqüilidade e calma, e sobretudo com paciência. Êles acabarão por não mais surgir, e obter-se-ão a paz interior e a fôrça mental desejada. Os pensamentos estranhos, se merecerem a nossa atenção, criarão raízes e fôrça. Deve-se recebê-los com indiferença, e prosseguir na meditação. Êles acabarão por não mais nos preocupar. k) Êsses exercícios devem ser prosseguidos de 3 a 6 meses e só devem ser substituídos por outros mais complexos, sôbre temas mais amplos, depois de obtida a sua plena realização. 1) Não se deve lutar contra o mental. Conservar-se sempre calmo. m) Se a concentração dos olhos causar qualquer mal-estar, pode-se abandoná-la e dirigi-la para o exterior ou olhar normalmente com os olhos fechados.
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n) Nunca abandonar a prática da meditação, embora pareça difícil a princípio. Deve-se sempre fazê-la, porque só ela nos dará a solidez da tensão psíquica e sua fôrça interior e mental. Ela contribui para a formação, não só de um espírito forte, mas também de um corpo são. A alegria, que se obterá, depois de uma longa prática, e a satisfação que se conhecerá, serão tão grandes, que compensarão todos os esforços despendidos.
o) Lembremo-nos que a dor aumenta segundo a atenção que a ela lhe dermos. Também os pensamentos errantes ou contrários aumentarão de fôrça, quanto mais atenção lhes dermos. p) Lembremo-nos que o subconsciente trabalha enquanto dormimos, e também quando estamos despertos, em vigília, e entregues ao consciente. Para problemas, cuja solução não encontrávamos, vemo-la surgir quando menos esperávamos. É que o subconsciente trabalhou para solucioná-los. Lembremo-nos que o subconsciente pode actuar quase sempre a nosso favor. Muitos sábios, filósofos, cientistas, estudiosos de tôda espécie, confiam ao seu subconsciente a solução de grandes problemas. E conseguem obtê-la, graças à confiança que nêle depositam. q) Lembremo-nos que o mental é a maior fôrça que existe. Confiemos no seu poder, e trabalhemos para desenvolvê-lo, sempre com confiança nas meditações que fizermos. s) Lembremo-nos que um mental é tanto mais forte quanto maiores forem a alegria e a serenidade. Cultivemos a alegria com pensamentos alegres, e a serenidade pelo amor ao bem.
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A SERENIDADE Para que a mente conheça a serenidade, é preciso que o corpo a pratique constantemente. Um bom exercício é a respiração rítmica. Mas, para conseguir melhor efeito, convém praticar pequenos exercícios de serenidade, durante o dia. Vamos a exemplos: Deve-se permanecer em silêncio, pelo menos um certo tempo. Os exercícios de análise de um grande pensamento, feitos com calma, sem precipitações, separando as idéias que estão entrosadas, para examiná-las, cada uma de per si, para depois concrecioná-las num conjunto de pensamentos, são de grande utilidade. Se alguém, ao ter que resolver um assunto, examiná-lo ponto por ponto, com calma e ponderação, sem deixar arrastar-se por impulsos afectivos, fará outro exercício fácil, que ajuda a dar ao mental a serenidade de que necessita. Um mental agitado não permite progressos, e é prêsa fácil de preocupações fantasistas. , Quem domina o mental é um verdadeiro homem. Há um grande fundamento no famoso ditado: “Aquêle que é senhor do seu mental é senhor do universo.” A vitória sôbre o mental é a realização plena da liberdade. Que cuidados devemos tomar? Um sintoma do mental agitado está na busca desenfreada da novidade, da diversidade. Tudo desagrada. Daí o temor à monotonia, que leva tantos ao exagêro de considerar monótono tudo quanto se repete.
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Para evitar êsse defeito, temos o exercício da meditação, que, levando o mental a fixar-se sôbre idéias, fá-lo ir e vir de uma idéia para outra, repetindo pensamentos, permitindo vitórias, e facilitando um prazer na repetição. Não devemos desanimar, se há certa monotonia na vida. Somos hoje tão solicitados para a diversidade, que tôda repetição nos parece roubar uma possibilidade de novidade. No entanto, a própria novidade acaba por nos cansar, porque temos uma capacidade limitada para o sempre-novo. Precisamos, por isso, saber alternar a diversidade com a repetição, e saber ver, naquela, a primeira, o que se repete e, na segunda, o que oferece de novo. Por acaso podemos ver uma coisa sob todos os aspectos? Pode alguém dizer que conhece tudo dq qualquer coisa? Tôdas as coisas oferecem novidades, embora sejam repetidas. Saber perdurar entre ambas é a melhor lição que nos oferece a vida, pois os excessos, neste como em muitos casos, só nos podem levar a aborrecimentos. Quem teima em ver (actualizar) apenas os aspectos repetiveis, acaba por aborrecer-se. Mas, é preciso ver que & vida é sempre nova, e nós, de certo modo, outros, cada dia que passa. Não prestemos tanta atenção ao que se repete. Procuremos o novo no que se repete, e o encontraremos. Mas só seremos capazes de conquistar êste estado ideal se soubermos dominar o nosso mental, depois de havermos conquistado a serenidade. Que precisamos, então, fazer? Ser sempre pontuais em nossos exercícios e, se possível, fazê-los sempre às mesmas horas.
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Nunca esquecer a ordem do exercício de meditação: 1) um sorriso nos lábios, erguendo os músculos zigomáticos; 2) exercício de respiração rítmica; 3)
exercício de meditação sôbre temas positivos.
E, sobretudo: alimentar os sentimentos positivos! Quando sentirmos simpatia por alguém, um sentimento de bondade, procuremos alimentá-lo. Não busquemos razões para justificar o nosso abandono, tais como: “ninguém merece nossa estima”, “os sêres humanos são todos maus”, ou afirmações semelhantes. Tôdas essas expressões só servem para enfraquecer nossa potência positiva. Nesses instantes, deixemos que nossa ternura se desborde. Como querem sentir-se bem aquêles que tudo fazem para aumentar a sua tristeza e, o pior, a sua miséria? Para se ser feliz, é preciso exercitar-se na felicidade. A felicidade exige um treino, um longo treino. Todos os que falam contra a felicidade, já meditaram bem, já procuraram em si mesmos delinear o que fizeram para exercitar-se na felicidade? O mundo tem muita luz. Por que, então, pensar só nas sombras? É uma sabedoria, e a mais feliz das sabedorias, aquela que nos ensina a pôr óculos de otimismo. Quem procura o mal, e só vê o mal, como pode alcançar o bem? Embora pensamentos bons estejam em nossa mente, muitas vêzes, ao termos que resolver alguma coisa, fazemos tudo ao contrário do que seria razoável fazer. E por quê? Porque, dizemos, nossos sentimentos nos levaram ao êrro. Por isso se vê que não basta apenas o pensamento para nos levar à acção. O sentimento actua com tal fôrça que somos desviados sem considerar o que é o melhor.
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Não basta a educação do mental, quando não há educação dos sentimentos. Se deixamos que os sentimentos negativos nos dominem, seremos sempre fracos. Alimentar sentimentos positivos, eis, portanto, a grande regra que se impõe para o nosso bem. "Mas, é difícil, às vêzes, alimentá-los”! Há quem faça essa afirmativa. Certa vez, um famoso sábio, teve estas palavras para um discípulo: “Se colocas uma tábua estreita no chão e caminhas ao longo da mesma, se imaginas que vais cair dela, dela cairás. Se, ao contrário, tens fé em ti mesmo, atravessá-la-ás com perfeito equilíbrio. E por que, se ela estivesse no alto, cairias, quando, com ela no chão, não caíste? Porque tua imaginação te leva a pensar que cais, e cairás.” Cuida, pois, da imaginação. A imaginação é nossa amiga ou nossa inimiga. Se ela trabalha com imagens negativas, eis que trabalha contra nós. Se trabalha com imagens positivas, ei-la a nosso favor. A imaginação depende muito de nós. Quando imaginamos positividades, no sentido puro do têrmo, alimentamo-las. Quando imaginamos negatividades, procuremos desviar-nos delas. FORTALECE-TE O fortalecimento do nosso espírito exige, portanto, uma tríplice actividade, pois deve dar-se combinada e contemporâneamente com o fortalecimento das nossas três funções psíquicas. Para o fortalecimento do sensório-motriz (sensibilidade), temos os exercícios respiratórios, a ginástica, etc. Para o fortalecimento da intelectualidade, temos a prática da meditação e as práticas afins.
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Paxa o fortalecimento da afectividade, os sentimentos positivos. Caracteriza-se o nosso método pela prática da positivi dade, em qualquer setor. Já que abordamos, em suas linhas gerais, os diversos aspectos e as práticas correspondentes, cabe-nos agora acrescentar, para cada sector, novas observações e práticas que nos oferecerão meios mais seguros e mais eficazes de alcançar o que desejamos. A PRATICA DO JÚBILO Chamavam os antigos de jubileu a indulgência plenária, solene e geral, concedida pelos papas aos católicos, para remissão de tôdas as dívidas e pecados. Havia, assim, júbilo geral, alegria geral, porque os homens tiravam de suas costas o pêso do temor do pecado, que acarretava, conseqüentemente, os castigos prometidos. É verdade que o têrmo tomou depois outros sentidos; mas mantém e conserva o conteúdo conceituai de satisfação plena, o que nos indica uma grande e profunda alegria. Praticar o júbilo é praticar a alegria. Em todo momento de alegria, sentimo-nos mais fortes. A alegria é sempre excitante e criadora de fôrças. Com alegria, sentimo-nos mais capazes de fazer qualquer coisa, enquanto todos sabem que, sob o pêso de uma tristeza, as nossas fôrças se amesquinham, e a capacidade de acção se toma menor ou desor denada e frágil. Não há, portanto, quem não reconheça o poder da alegria. Mas, se todos a desejam, nem todos a vivem em sua alma, e muitas fisionomias são de uma triste eloqüência, pois nos revelam evidente abatimento moral. Sabem muitos que é difícil a alegria quando o espetáculo do mundo nos oferece tanta mágoa.
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Não basta dizer-se que à parte de tanta tristeza, há mui' ta luz e muita alegria no mundo, pois quem está imerso nas trevas não pode contemplar a beleza das coisas, que só a luz da alegria pode iluminar. No entanto, a prática da alegria não é difícil. Pode ter alegria quem alimenta sentimentos negativos? Pode ter alegria quem não domina seu mental? Pode ter alegria quem não alimenta a sensibilidade com bons exercícios? Não se trata de uma alegria qualquer, como certas alegrias passageiras, que deixam atrás de si uma marca sombria e, às vêzes, até um rasto de tristeza. Trata-se agora do júbilo. E o júbilo é predominantemente da intelectualidade e da afectividade. O júbilo, em sua maior profundidade, implica um gôzo mais profundo de tôdas as coisas. Cada instante da vida nos oferece muitos motivos para cultivar o nosso júbilo. Cada uma das nossas pequenas vi' tórias, e somos vitoriosos quando superamos qualquer difi' culdade, nos oferece um motivo de júbilo, se soubermos captá-lo. Vejamos: cada vez que fazemos um exercício, porque não procurarmos o júbilo que êle nos oferece? Não é mais um degrau para a nossa libertação? Não basta, portanto, convencermo-nos apenas de que cumprimos uma obrigação, é preciso gozar o júbilo que êle oferece. Pois, não vencemos? Não marchamos no caminho das nossas vitórias? Não nos aproximamos cada vez mais do fim desejado? Rejubilemo-nos. Ergamos nossos olhos, inflemos nosso peito, um sorriso nos lábios, deixemos que nossos olhos brilhem mais, e gozaremos o instante de júbilo.
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Se dissermos: felizmente já fiz o meu exercício hoje. Não há nessa frase a expressão de quem se libertou de uma obrigação penosa? Não estamos tomando uma atitude negativa? E, no entanto, se dissermos: “muito bem, fiz o meu exercício. Mas, felizmente, em outras ocasiões, farei outros, e assim sem fim, até o fim da minha vida.” Não estamos, então, criando um júbilo? E olhemos agora para os factos quotidianos. Procuremos, em cada uma das nossas actividades, o júbilo que elas nos oferecem. Êle é a luz que ilumina cada um dos nossos instantes. Êle dissipa as trevas que obscurecem a beleza do mundo. Só com o júbilo daremos maior positividade a cada um dos nossos instantes. E a nossa vida não é feita de muitos instantes? Pois lutemos para dar-lhes luz, dissipando as trevas que os obscurecem, e a nossa vida será luminosa, pela clareza da grande e potente alegria, que é o júbilo. E quando compreendermos bem isto, rejubilemo-nos. Conheçamos o júbilo do nosso júbilo, e assim marcharemos para a posse da alegria, que é sempre positiva. Pois não é verdade que sempre desejamos que a tristeza passe, que ela se desvaneça? Pois, então, guardemos esta verdade: a positividade de nossa alma está na proporção das nossas alegrias. O júbilo é alimento da alma.
NOVOS EXERCÍCIOS MENTAIS
É imprescindível, para nosso bem, êste ponto de partida: o homem é um composto de corpo e alma. E essa alma ó o que o liga mais profundamente ao que escapa ao conhecimento dos nossos sentidos, que é apenas do corpóreo. Não vemos e não sentimos o que não tem corporeidade para nós, mas sabemos hoje, graças aos conhecimentos científicos, que existem poderes para os quais os nossos sentidos são surdos e cegos. Vemos nossos pensamentos sem os vermos. Podem nossos olhos estar pousados sôbre os factos do mundo exterior e, no entanto, por nossa mente estão passando pensamentos, que vemos sem vê-los, intenções que surgem sem que as representemos, idéias que não têm dimensões nem formas espaciais, mas que compreendemos, aceitamos ou repelimos. E, no entanto, vemo-las sem as ver. Portanto, somos capazes de ver muito mais do que vemos, porque, com os olhos do espírito podemos ver o que os olhos do corpo não vêem. Essas visões não são corpo, pois não se dão no espaço, pois não estão localizadas, nem têm tamanho, formas quantitativas do espaço, e, como idéias, não têm idade, nem, portanto, tempo, embora as captemos dentro do nosso tempo. Essas visões não são as mesmas que temos dêste livro, desta mesa, daquele quadro. Pois êstes sêres, nós os vemos ali, aqui, acolá, num lugar, com um tamanho. Mas essas visões, de que falamos, não as vemos materialmente!
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Quando meditamos sôbre nós mesmos, quando nos examinamos, ou interrogamos conscientemente a nossa consciência, contemplamos nossas idéias, ou oramos a uma divindade, quer com palavras pronunciadas ou não, nós realizamos exercícios que tomam o nome genérico de exercícios espirituais. Passear, caminhar, correr são exercícios corporais. E assim como podemos realizar uma ginástica para o corpo, a fim de corrigir certas deficiências nossas, podemos realizar uma ginástica para o espírito, que nos auxilie a resolver nossos problemas e nos permita alcançar a pontos mais elevados, que nos darão uma fruição maior dos bens que a vida oferece. Quem deseja realizar tais exercícios espirituais, deve dispor-se para êles de um modo todo especial, e realizar, prèviamente, as seguintes providências, sem as quais é preferível nada fazer: 1.“ providência: Afirmar para si mesmo a maior verdade cósmica: o ser é o Bem, e eu, enquanto ser, sou o Bem, e estou no Bem. E com convicção, com fé, com dignidade e respeito, dizer para si mesmo: “O Bem me cerca, estou imerso no Bem e confio-me a êle.” 2.» providência: Com a maior reverência ao Bem Supremo, fonte, origem e fim de tôdas as coisas, realizar o exercício respiratório, rítmico, por alguns minutos, procurando pensar apenas no Bem, no próprio bem e no Bem universal.
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3.“ providência: Após o exercício respiratório, realizar o exercício espiritual, segundo as normas que indicaremos. CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES Nunca esqueçamos que todos os nossos esforços em nosso bem encontram uma resistência, oposta pelo nosso “adversário”, o nosso obstáculo, o “demônio”, de que falam as religiões. Não faltam vozes que tentam desmoralizar-nos. Não faltam sugestões de pessoas conhecidas, e até dentro de nós mesmos, que constantemente afirmem a inutilidade de nossos esforços. Tôda voz de desânimo, todo impulso de fraqueza, de covardia ante os exercícios, são de origem do que é contrá rio a nós em nós. E devemos, desde logo, denunciar aos nossos próprios olhos tais fraquezas. E desprezando-as, cumprir o nosso dever com júbilo. Repelir a desmoralização do maligno. Opor-lhe a nossa resolução, e com dignidade e confiança em nós mesmos, prosseguirmos. OS EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS Sem necessidade de examinar aqui um tema de Noologia (ciência que estuda o funcionamento do nosso espírito), o que nos levaria a longínquas análises, desejamos apenas lembrar uma velha experiência, que, através de milênios, sempre trouxe grandes benefícios para o homem, e é o fundamento de muitas das orações que aconselham as religiões. À noite, antes de dormir, naquele instante de modorra, que precede ao sono, o nosso subconsciente está em pleno
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contacto com o consciente e de tal modo que tudo que, com confiança, a êle solicitarmos, será obtido. Nesse instante, dirigindo-nos como amigos ao subconsciente, como já vimos, devemos pedir tudo quanto é possível obter de nós mesmos, e certamente o conseguiremos. Se pedirmos para ser calmos, confiantes, tranqüilos, ter bastante capacidade de acção, boa lógica, raciocínio rápido e bem concatenado, coragem, fôrça interior, etc., muito conseguiremos. Podemos pedir tudo quanto dependa de nós, tudo quanto desejávamos constituísse patrimônio do nosso ser. Êsse exercício deve ser repetido diariamente ao deitar e ao acordar.
Acompanhando os outros exercícios, que indicaremos a seguir, êste deve processar-se da forma que exporemos. Ao acordar, nosso primeiro empenho deve ser o de afirmar para nós mesmos a posse do que desejamos ter. Assim, pode afirmar-se: “sou forte, domino minhas fraquezas” (precisar quais fraquezas); “sou senhor dos meus desejos e venço-os" (precisar quais); “cada dia (e precisar o sector), sou mais senhor, ou cada dia sou mais senhor disto ou daquilo.” Êsse instante, importantíssimo, deve ser aproveitado para afirmarmos a nós mesmos, o que mais desejamos de imediato de nós. Obtido o valor desejado, prossegue-se, pedindo o seu progresso e conservação, ou para afirmar outros, e assim sucessivamente. Êste exercício corresponde ao que se faz ao dormir, ao subconsciente, que já estudamos.
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QUE FAZER QUANDO ERRAMOS? Quando fizermos alguma coisa errada, quando um mau pensamento nos assaltar, quando um desejo indevido nos impulsionar, quando praticarmos um acto que foi injusto ou mal feito, não nos enchamos de aborrecimento. Levemos a mão ao peito, sintamos sinceramente o êrro, e digamos a nós mesmos: “Evitarei que se repita. Não faz mal. Evitarei que se repita”. EXERCÍCIO ELEMENTAR QUOTIDIANO Agradecer ao Bem todo benefício alcançado. E nunca esquecer que são muitos. Quanto aos males sucedidos, nunca os atribuir ao Bem, mas apenas às relações do que acontece. Quanto às nossas faltas, realizadas durante o dia, firmarmo-nos no propósito de não repeti-las. Confiar que o Bem nos há de ajudar para o nosso bem. Esta rápida meditação deve ser feita diàriamente, antes de deitar. Segue-se, depois, o pedido ao sub-consciente. Êsse pedido deve ser sempre positivo. COLÓQUIOS INTERIORES Precisamos desdobrar-nos como um amigo com quem conversamos. E no mesmo tom amigo, confidencial e bondoso, devemos examinar nossos erros, nossos desejos, nossos sonhos, esperanças, etc. E quando tomamos um tema para meditação, podemos interrogar-nos, para saber que pensamos sôbre isto ou aquilo. Discordar, desafiar pa-
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ra análises, fazer perguntas, se não esquecemos alguma coisa, se não estamos examinando o assunto superficialmente, etc. Tôdas essas providências, num amplo diálogo interior, têm um efeito extraordinário. CONTEMPLAÇÃO ESPIRITUAL Tomando um tema espiritual, a visão do Bem, podemos fazer üm grande exercício, de efeitos incalculáveis. O bem desta coisa pode ser êste ou aquêle. Tal ser deseja alcançar tal fim, que será o seu bem. Desta forma, o bem de cada coisa está aqui e ali, mas o Bem, o sentido do Bem, está em tôdas e em tôdas é igual. Pensemos no Bem enquanto tal, não no disto ou daquilo, nem nisto ou naquilo, mas no Bem em si mesmo. Contemplemo-lo. Sentir-nos-emos logo avassalados pelo bem que nos cerca, à medida que nêle penetrarmos. Nossos sentidos devem perespiriftializar-se no exercício, à proporção que o formos fazendo diariamente: 1) tentemos ver o Bem com os olhos do espírito, espiritualmente, em si, em tôda a sua beleza; 2)
tentemos ouvir a melodia harmoniosa que êle é;
3) o perfume que dêle se evola, o sabor que sentimos do Bem, e, finalmente, 4)
tacteemo-lo com os nossos sentidos.
Devemos colocar-nos nesta disposição: “O Bem é a minha felicidade.” Rejubilemo-nos; sintamos a alegria, um sorriso nos lábios, um sorriso suáve e meigo, uma respiração fluídica, e entreguemo-nos, depois, a essa contemplação espiritual do Bem, que terminaremos por alcançar, sem o menor vestígio material, sem qualquer representação material, até conquistar um estado de beatitude interior, de grande satisfação interna.
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Não se atinge logo nos primeiros dias a êsse estado su perior, mas êsse exercício dispõe nossas fôrças de modo a se tornarem cada vez mais poderosas. Êsse exercício implica, antes de tudo, a máxima confiança em sx mesmo, através da qual se há de alcançar o estado de plenitude do bem. POSITIVIDADE SEMPRE! Todos os temas de meditação, que variarão segundo as posições dos praticantes, conforme suas crenças e idéias, devem sempre ser positivos e nunca negativos. Desejar, tratar, meditar sôbre o que se pode dizer sim e nunca sôbre o que se quer dizer não. Meditar sempre sôbre o que nos é benéfico e bom, e nunca sôbre o que nos é maléfico e prejudicial. As idéias devem ser claras e nunca confusas. Para evitar a confusão, faça-se a análise lógica, dialéctica das idéias. Examine-se e medite-se sôbre a própria meditação, na análise das idéias que se associam, verificando se o são por contigüidade, semelhança ou contradição. Ver se as idéias em contradição não têm uma origem no “obstaculizador”. SILÊNCIO! Busca-o sempre que o possas. E ante êle, pensa em teu bem. Crê firmemente em teu progresso e afirma sempre para ti mesmo que, cada instante que passa, conheces um estado melhor. DISCUSSÕES Evita as longas discussões, sobretudo com pessoas dispersas, que juntam argumentos sôbre argumentos, sem ordem e sem disciplina, misturando juízos apenas de gôsto com algumas pseudo-idéias mal-formadas e mal-assimiladas.
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Evita essas discussões, que não são em nada benéficas. Sc não fôr possível conduzir o eolóquio com alguém em boa ordem, segundo boa lógica, cuidadosa e bem organizada, é preferível que te cales. Sempre sê disciplinado no trabalho mental. Essa é a regra importante, e nunca ceder às fogosidades do pensamento em conversas diluídas, dispersas, em que se fala de tudo e não se fala de nada. Para ajudar a disciplina mental, faze a disciplina física em tudo quanto empregares a tua actividade. Lembra-te de que não serás capaz de segurar uma bola se tua atenção não estiver voltada para ela. Se teus olhos estiverem dispersos, perdidos, não segurarás a bola que te atirarem. Igualmente com a meâitação. O bem que desejas deve sempre ser o principal tema de tua atenção, e os teus olhos espirituais devem estar voltados para êle. Lembra-te que confiar em ti mesmo é confiar em teu bem. E confiar em teu bem é confiar no Bem. Ter confiança nêle é adquirir sempre e sempre maior fôrça. Nenhum mal pode ser absoluto. Se o mal fôsse absoluto, o universo já teria desaparecido, porque êle é des trutivo, e se tivesse um poder absoluto tudo já teria sido destruído. O Bem, portanto, é absoluto, porque não pode ser destruído. Confia nêle, e a êle entrega-te com confiança e serás invencível. Quem poderia amanhã te derrotar, quando tens em ti, certamente, o Supremo Poder do Universo? Medita sôbre a relatividade do mal e a realidade concreta do Bem. Pensa sempre no poder absoluto do Bem.
OBSERVAÇÕES SÔBRE REGRAS DA MEDITAÇÃO
Os exercícios respiratórios e a meditação são as práticas mais importantes que se podem oferecer. Não são novidades, sem dúvida, são velhos e esquecidos caminhos que levaram muitos, a alcançar os pontos mais elevados que o homem jamais atingiu. De todos os exercícios e métodos conhecidos até hoje, são aquêles dois os que máiores e mais seguros benefícios ofereceram, pois nunca falharam em suas finalidades. Podem os psicólogos inventar muitos métodos, mas nenhum terá o poder daquele que alimenta o corpo, fonte de nossa vida, que é uma respiração regular e bem ordenada, e aquêle que fortalece o nosso espírito, que é a meditação, e que nos dá a maior inteireza ao espírito, a maior coesão à nossa tensão psíquica e, conseqüentemente, a maior fôrça para resistir à dispersão e nos afastar de tudo quanto pode actuar para o nosso mal. Por isso, a recomendação dêsses velhos caminhos deve sempre ser lembrada, e muitos aspectos importantes nunca devem ser esquecidos. Um homem sem vida interior não é capaz de conhecer-se. A meditação facilita a interiorização, a concentração das fôrças psíquicas, e por seu aspecto dinâmico, racional e dialéctico, evita a fixação em idéias contempladas, que são um campo aberto às manias, tão perigosas. Par^á conhecermos os nossos erros, defeitos, e as nossas possibilidades, nada melhor que a meditação. Todo ho-
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mem, capaz de manter uma vida interiorizada muito forte, é muito mais poderoso e enfrenta melhor as situações difíceis do que qualquer outro. Quando maus pensamentos penetrarem em tuas meditações, não te preocupes. Deixa que sobrevenham, realizem a sua actividade, não lhes resistas, nem faças nenhum esforço de vonta.de para afastá-los; pois, do contrário, além de te fatigares, dar-lhes-ás mais fôrças por oposição. Coloca-te apenas como espectador um tanto indiferente, e toma uma atitude de desprêzo. Se tomares outra actividade, deverá consistir em pensar positivamente em temas opostos aos dos maus pensamentos, sem te preocupares se aquêles retornaram. À proporção que fixares o pensamento nos bons, e desprezares os maus, sem a êles resistir, tirar-lhes-ás tôda a fôrça, e êles acabarão por não mais surgir. Permanece sempre calmo, e compreende que é natural que tais pensamentos sobrevenham. í
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Não deixes passar um dia sem fazer exercícios de meditação. Nunca é demais recordar êste ponto. Começa sempre pelas meditações mais fáceis. Não te preocupes, no princípio, em alcançar os pontos mais elevados. O importante é começar. Se és um extrovertido, um dilatado, terás, no início, certa dificuldade, menor que as que terá um retraído, um introvertido. Não te preocupes, porque alcançarás, com o tempo, o pleno domínio. Por pouco que seja o tempo de tua meditação, cada minuto ganho é uma positividade a mais. Conseguirás, com o tempo, manter uma meditação, sem perturbações, por horas a fio. Se ao iniciares a meditação, o teu espírito estiver muito dispersivo, não te irrites, nem fiques nervoso. Deixa-o
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errar à vontade. Êle acabará por cansar-se. Quando sentires que podes fixar a atenção sôbre uma imagem que memorizas ou sôbre uma idéia (reflexão), inicia o exercício, sem te aborreceres pelo tempo perdido. Nunca perderás tempo se não te deixares preocupar.