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English Pages [232] Year 2018
Editora
Sirayama de Oliveira Ferreira Lima Petrobras/Cenpes/PDEDS/Gerência de Avaliação e Monitoramento Ambiental [email protected]
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Agradecimentos
Agradecemos às coordenadoras e editoras Ana Paula da Costa Falcão e Maria Patricia Curbelo-Fernandez pela oportunidade de conduzir e publicar os resultados do Atlas de Sensibilidade Ambiental ao Óleo do Projeto Habitats. Agradecimentos especiais devem ser feitos a Solange Irene Araújo pela transmissão do conhecimento sobre mapas de sensibilidade ambiental. Agradecimento à equipe da Tecgraf-PUC-Rio pelo apoio na produção dos mapas. Gostaríamos de agradecer aos autores que contribuíram para este volume e aos revisores que contribuíram para a melhoria dos textos.
Autores
Agatha Cristinne Prudêncio Soares Instituto de Estudos sobre a Biodiversidade Marinha da Zona Costeira Brasileira [email protected]
Ana Beatriz Aroeira Soares Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Biologia/Departamento de Zoologia [email protected]
Alexandra Elaine Rizzo Universidade do Estado do Rio de Janeiro/Laboratório de Zoologia de Invertebrados [email protected]
Bruno Coutinho Kurtz Instituto de Estudos sobre a Biodiversidade Marinha da Zona Costeira Brasileira [email protected]
Alexandre Bigio Villas-Boas Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro [email protected]
Caio Gomes Instituto de Estudos sobre a Biodiversidade Marinha da Zona Costeira Brasileira [email protected]
Alexandre Fernandes Bamberg de Araujo Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/Instituto de Biologia/Departamento de Biologia Animal [email protected]
Carla Bernadete Madureira Cruz Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Geociências/Departamento de Geografia [email protected]
Alexandre Tadeu Politano Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Petrobras/Cenpes/PDEDS/Gerência de Avaliação e Monitoramento Ambiental [email protected] Alline Colli Dias Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Geociências/Departamento de Geografia [email protected]
Cristiane Carneiro Gomes Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro/Instituto de Tecnologia da Computação – Tegraf, Pontífica [email protected] Diego Sperle Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Geociências/Departamento de Geografia [email protected] Dieter Muehe Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Geociências/Departamento de Geografia [email protected]
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A u tores
Elisa Araujo Penna Caris Instituto de Estudos sobre a Biodiversidade Marinha da Zona Costeira Brasileira [email protected]
Lia Osório Machado Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Geociências/Departamento de Geografia [email protected]
Elizabeth Maria Feitosa da Rocha de Souza Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Geociências/Departamento de Geografia [email protected]
Luana dos Santos Rosário Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Geociências/Departamento de Geografia [email protected]
Estéfane Cardinot Reis Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Petrobras/Cenpes/PDEDS/Gerência de Avaliação e Monitoramento Ambiental [email protected] Fabiana Barbosa dos Santos Instituto de Estudos sobre a Biodiversidade Marinha da Zona Costeira Brasileira [email protected] Fabio Di Dario Universidade Federal do Rio de Janeiro/Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Socioambiental de Macaé [email protected] Flávia Moraes Lins de Barros Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Geociências/Departamento de Geografia [email protected] Gabriel Henrique da Silva Universidade Estadual Norte Fluminense/Instituto de Química [email protected] Jessica Cristina Saturno da Silva Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Biologia/Departamento de Zoologia [email protected] Joel Christopher Creed Universidade do Estado do Rio de Janeiro/Departamento de Ecologia [email protected] Leonardo Azevedo Klumb Oliveira Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Geociências/Departamento de Geografia [email protected] Leonardo Vidal Marques Instituto de Estudos sobre a Biodiversidade Marinha da Zona Costeira Brasileira [email protected]
Luciana Finotti Tosin Universidade Federal do Rio de Janeiro/Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Socioambiental de Macaé [email protected] Luis Paulo Batista da Silva Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Geociências/Departamento de Geografia [email protected] Manoel do Couto Fernandes Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Geociências/Departamento de Geografia [email protected] Marcelo Bueno de Abreu Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Geociências/Departamento de Geografia [email protected] Marcia Abreu de Oliveira Figueiredo Instituto de Estudos sobre a Biodiversidade Marinha da Zona Costeira Brasileira [email protected] Maria Cristina Ostrovski de Matos Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Biologia/Departamento de Zoologia [email protected] Márcia dos Reis Gomes Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Biologia/Departamento de Zoologia/Laboratório de Anfíbios [email protected] Mauricio Andrade Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro [email protected] Michael Maia Mincarone Universidade Federal do Rio de Janeiro/Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Socioambiental de Macaé [email protected]
AT L A S D E S E N S I B I L I D A D E A M B I E N TA L A O Ó L E O
Monika Richter Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/Instituto Multidisciplinar/Departamento de Educação e Sociedade [email protected]
Ricardo Silva Varotto Petrobras/Cenpes/PDEDS/Gerência de Avaliação e Monitoramento Ambiental [email protected]
Oswaldo Luiz Peixoto Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/Instituto de Biologia/Departamento de Biologia Animal [email protected]
Rodrigo Castellari Gonzalez Universidade Federal do Rio de Janeiro/Museu Nacional/Departamento de Vertebrados/Setor de Herpetologia [email protected]
Paulo Márcio Leal de Menezes Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Geociências/Departamento de Geografia [email protected]
Samir Khader Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro [email protected]
Paulo Márcio Santos Costa Universidade Federal do Rio de Janeiro/Departamento de Invertebrados/Setor de Malacologia [email protected]
Simone Siag Oigman Pszczol Instituto de Estudos sobre a Biodiversidade Marinha da Zona Costeira Brasileira [email protected]
Paulo Ricardo Nucci Ministério da Ciência/Tecnologia e Inovação/Centro de Tecnologia Mineral [email protected]
Silvia Machado de Castro Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Geociências/Departamento de Geografia [email protected]
Pedro Henrique Ferreira Coura Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Geociências/Departamento de Geografia [email protected]
Sirayama de Oliveira Ferreira Lima Petrobras/Cenpes/PDEDS/Gerência de Avaliação e Monitoramento Ambiental [email protected]
Rafael Bessa Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Biologia/Departamento de Zoologia [email protected]
Sulamita Oliveira Barbosa Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro [email protected]
Rebeca Steiman Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Geociências/Departamento de Geografia [email protected]
Tereza Cristina Gonçalves da Silva Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Biologia/Departamento de Zoologia [email protected]
Renata dos Santos Gomes Universidade Federal do Rio de Janeiro/Departamento de Invertebrados/Setor de Malacologia [email protected]
Vania Soares Alves Universidade Federal do Rio de Janeiro/Instituto de Biologia/Departamento de Zoologia [email protected]
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© 2017, Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei no 9.610, de 19/02/1998. Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.
Copidesque: Edna Cavalcanti Revisão: Edna cavalcanti Editoração Eletrônica: Estúdio Castellani Ilustração da Capa: Vista da encosta em Armação de Búzios, RJ. Foto por: Ivanil Cruz. Elsevier Editora Ltda. Conhecimento sem Fronteiras Edifício City Tower Rua da Assembleia, 100 – 6º andar – Sala 601 CEP: 20011-904 – Centro – Rio de Janeiro – RJ – Brasil Rua Quintana, 753 – 8o andar 04569-011 – Brooklin – São Paulo – SP – Brasil Serviço de Atendimento ao Cliente 0800-0265340 [email protected]
ISBN 978-85-352-7735-7 ISBN (versão digital): 978-85-352-9073-8
Nota: Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação, impressão ou dúvida conceitual. Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicação ao nosso Serviço de Atendimento ao Cliente, para que possamos esclarecer ou encaminhar a questão. Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoas ou bens, originados do uso desta publicação.
Catalogação na fonte Biblioteca do Cenpes A881 Atlas de Sensibilidade Ambiental ao Óleo: caracterização ambiental regional da Bacia de Campos, Atlântico Sudoeste / editor Sirayama de Oliveira Ferreira Lima ; organizadoras Ana Paula da Costa Falcão, Maria Patricia Curbelo-Fernandez. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. xviii, 230 p.: il. color.: 30 cm. – (Série Habitats, v. 9) Inclui bibliografias. ISBN 978-85-352-7735-7 1. Ecologia costeira. 2. Aspecto ambiental. 3. Derramamento de óleo. 4. Biodiversidade. 5. Bacia de Campos. 6. Brasil. I. Lima, Sirayama de Oliveira Ferreira. II. Falcão, Ana Paula da Costa. III. Curbelo-Fernandez, Maria Patricia. CDD: 577.510981
Lista de siglas
ACAS – Água Central do Atlântico Sul
ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis APA – Área de Proteção Ambiental
DD – Deficiente de Dados DSG – Diretoria de Serviço Geográfico E&P – Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural
ARIE – Área de Relevante Interesse Ecológico
ELCOMAR – Laboratório de Ecologia Bêntica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
CBRO – Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos
EN – Em Perigo
CEMAVE – Centro Nacional de Pesquisa para Conservação das Aves Migratórias
ESEC – Estação Ecológica
Cartas SAO – Cartas de Sensibilidade Ambiental a Derramamentos de Óleo
(UFRJ)
CCC – Comprimento Curvilíneo de Carapaça
ES – Espírito Santo
CENPES (Petrobras) – Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello
FLONA – Floresta Nacional GIS – Geographical Information System
CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
GPS – Global Positioning System
CHM – Centro de Hidrografia da Marinha
IBA – Important Bird Area
CIRM – Comissão Interministerial para os Recursos do Mar
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
CITES – Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
CIUFES – Coleção Ictiológica da Universidade Federal do Espírito Santo
ICMBIO – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
CNCFlora – Centro Nacional de Conservação da Flora
IEAPM – Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira
COMPERJ – Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro CONCAR – Comissão Nacional de Cartografia
IFAW – International Fund for Animal Welfare INEA – Instituto Nacional de Meio Ambiente
CR – Criticamente em Perigo
IPIECA – International Petroleum Industry Environmental Conservation Association
CRAM – Centro de Recuperação de Animais Marinhos do Museu Oceanográfico da Universidade Federal do Rio Grande
ISL – Índice de Sensibilidade do Litoral ITIS – Integrated Taxonomic Information System
DHN – Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil
ITOPF – International Tanker Owners Pollution Federation Limited
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L ista de siglas
IUCN – International Union for Conservation of Nature and Natural Resources
RN – Rio Grande do Norte
IWC – International Whaling Commission
RJ – Rio de Janeiro
LC – Pouco Preocupante
REBIO – Reserva Biológica
MALACOLOG – A Database of Western Atlantic Marine Mollusca
RESEX – Reserva Extrativista
MAPS – Sistema de Informações de Sensibilidade Ambiental da Petrobras
REVIZEE – Programa de Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos da Zona Econômica Exclusiva
MBML – Museu de Biologia Professor Mello Leitão da Universidade XXXX MMA – Ministério do Meio Ambiente MNRJ – Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro MZUSP – Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo NOAA – National Oceanic and Atmospheric Administration NPM/UFRJ – Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Socioambiental de Macaé da Universidade Federal do Rio de Janeiro ONG – Organizações Não Governamentais OGP – International Association of Oil & Gas Producers
RF – Reserva da Fauna RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural RVS – Refúgio da Vida Silvestre SBB – South Brazil Bight SCN – Sistema Cartográfico Nacional SeagrassNet – Programa Global de Monitoramento de Gramas Marinhas SGB – Sistema Geodésico Brasileiro SIG – Sistema de Informação Geográfica SIRGAS – Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas
OPRC-90 – Convenção Internacional sobre Preparo, Resposta e Cooperação em Caso de Poluição por óleo
SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação
OVI – Oil Vulnerability Index
SUDEPE – Superintendência do Desenvolvimento da Pesca
PARNA – Parque Nacional
TPN – Terminais Ponta Negra
PARNASO – Parque Nacional da Serra dos Orgãos
UC – Unidade de Conservação
PE– Pernambuco
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro
PEI – Plano de Emergência Individual
UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S.A.
US – Unidades de Uso Sustentável
PROBIO – Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira
UTM – Projeção Universal Transversa de Mercator
PUC-Rio – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
VU – vulnerável
RDS – Reserva de Desenvolvimento Sustentável
WoRMS – World Register of Marine Species
RF – Reserva da Fauna
ZUFRJ – Departamento de Zoologia da UFRJ
Organizadoras
Ana Paula da Costa Falcão Petrobras/Cenpes/PDEDS/Gerência de Avaliação e Monitoramento Ambiental [email protected] Maria Patricia Curbelo-Fernandez Pontifícia Universidade Católica (Rio de Janeiro) Petrobras/Cenpes/PDEDS/Gerência de Avaliação e Monitoramento Ambiental [email protected]
Prefácio
Os ambientes em águas profundas vêm aceleradamente aumentando sua importância econômica para a humanidade à medida que avança o interesse em seus vastos recursos minerais e biológicos. Até recentemente, as discussões econômicas sobre os oceanos estavam concentradas principalmente nos temas de recursos pesqueiros e navegação internacional. Tal contexto, associado aos altos custos e dificuldades logísticas para pesquisa na região, contribui para que os oceanos sejam as áreas menos conhecidas cientificamente e também menos protegidas ao longo de todo o mundo. Por outro lado, à medida que avança a ciência, mais consciência adquirimos da importância ecológica dos serviços ambientais prestados por esses ecossistemas, quer seja pela sua biodiversidade, capacidade de regulação do clima ou por seus importantes ciclos biogeoquímicos. Consciente da sua responsabilidade diante dos ambientes onde desempenha suas atividades, a Petrobras articula um dos maiores programas do mundo para caracterização científica de águas profundas, envolvendo o estudo ecossistêmico de várias bacias na costa brasileira. A pesquisa no tema é complexa e exige amplo trabalho colaborativo e em rede das instituições do campo regulador, indústria e academia. É com muito orgulho que apresentamos a primeira edição da “Série Habitats”, um conjunto de publicações científicas que visa reunir e disponibilizar à sociedade o importante e raro conhecimento adquirido sobre a Bacia de Campos, no litoral fluminense, através do projeto de pesquisa com o mesmo nome. A dimensão do trabalho é impressionante, inaugurando um novo modelo de pesquisa regional oceânica no Brasil. O estudo envolveu especialistas da Petrobras e de 20 universidades brasileiras para cobrir, com rigor científico, os aspectos geológicos, biológicos, físicos e químicos da coluna d’água e dos sedimentos em mais de 150.000 km2, cerca de 3,5 vezes a área do estado do Rio de Janeiro. Foram mais de 250 profissionais, 8.500 horas de navio, o que corresponde a um ano de coleta de dados em alto-mar, mais de 20.000 análises químicas e 10.000 análises biológicas. A preocupação se estendeu também à conservação do material coletado, através de investimentos em coleções científicas, e à organização em banco de dados georreferenciado, com garantia de procedimentos equivalentes e em coletas unificadas, para uso futuro. Dessa forma, esperamos ter contribuído para constituir um importante patrimônio da pesquisa brasileira e mundial sobre o assunto. Tendo tido a oportunidade e o privilégio de acompanhar o desenvolvimento dessa linha de pesquisa ao longo dos últimos quatro anos, permito-me partilhar deste momento de celebração pela conclusão dos trabalhos. Parabéns aos profissionais pelos resultados e legado, à altura do esforço, dedicação e seriedade que tive oportunidade de testemunhar! VIVIANA CANHÃO BERNARDES GONÇALVES COELHO GERENTE-GERAL Gerência de Pesquisa & Desenvolvimento de Gás, Energia e Desenvolvimento Sustentável Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello
1 Mapas de Sensibilidade a Vazamento de Óleo para Zona Costeira da Bacia de Campos Sirayama de Oliveira Ferreira Lima
Introdução A zona costeira brasileira corresponde ao espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos renováveis ou não, abrangendo uma faixa marítima que se estende por 12 milhas náuticas, medido a partir das linhas de base, compreendendo, dessa forma, a totalidade do mar territorial e faixa terrestre que compreende os municípios que sofrem influência direta dos fenômenos ocorrentes na zona costeira (Brasil, 2003). A zona costeira apresenta vários atributos singulares, considerados seus recursos naturais e os processos que condicionam sua morfologia. Em relação à circulação, o litoral aparece como área estratégica em função da importância dos fluxos oceânicos. As áreas costeiras constituem espaço de usos múltiplos, pois em sua extensão é possível encontrar variadas formas de ocupação do solo e a manifestação das mais diferentes atividades humanas. As áreas costeiras constituem menos de 15% da superfície da Terra e contêm mais de 60% da população mundial (OGP/IPECA, 2012). O litoral é uma área de grande importância para muitas empresas, incluindo a indústria de petróleo, e em grande parte do mundo é no litoral que as principais infraestruturas energéticas estão situadas (OGP/IPIECA, 2012). Considerando a biodiversidade, a zona costeira é formada por um conjunto de ecossistemas de alta relevância ambiental que inclui manguezais, dunas, restingas, praias arenosas, costões rochosos, lagoas, estuários e que abriga inúmeras espécies de flora e fauna, muitas das quais endêmicas ou com grau de risco. A transição do ambiente marinho para o terrestre com suas interações é fundamental para a composição da alta diversidade biológica e de ecossistemas, além de conferir-lhe um caráter de fragilidade (OGP/IPIECA, 2012).
Esta zona desempenha importantes funções como a proteção da costa (incluindo a popu-
lação e seus bens) contra eventos climáticos extremos, a absorção de nutrientes e poluentes
provenientes da drenagem terrestre, habitat para diversos grupos faunísticos e serve ainda como grande atrativo turístico e recreacional (MMA, 2002).
As atividades da indústria petrolífera de exploração, produção e transporte são suscetíveis a
risco de acidentes que podem causar vazamento de óleo e impactar de forma direta ou indireta a zona costeira. Os acidentes podem variar em volume vazado, tipo de óleo, ecossistemas afeta-
dos, causando diferentes graus de danos. Como os acidentes, na maioria das vezes, não podem
ser previstos ou controlados, planejamento da prevenção é fundamental. A legislação brasileira exige, para portos organizados, instalações portuárias e plataformas, bem como suas instalações
de apoio, planos de emergência individuais que os órgãos ambientais consolidaram em planos de contingência locais e regionais (Brasil, 2000, 2003).
Os planos de emergência individual e de contingência abrangem diversos aspectos de res-
posta com ações destinadas a minimizar os impactos de um vazamento de óleo como a definição dos responsáveis pelas ações, recursos disponíveis para o combate ao óleo e o estabelecimento
de áreas prioritárias de proteção dos ambientes sensíveis. Os principais objetivos em um plano de
contingência são proteção à vida humana e redução de impactos ao ambiente (Brasil, 2000, 2003).
Recursos sensíveis O mapeamento dos recursos sensíveis do ponto de vista socioambiental é objeto dos mapas
de sensibilidade ambiental ao vazamento de óleo. Este objetivo é alcançado quando a localização
Lima, S.O.F. 2017. Mapas de sensibilidade a vazamento de óleo para Zona Costeira da Bacia de Campos. In: Lima, S.O.F., editora. Atlas de sensibilidade ambiental ao óleo: caracterização ambiental regional da Bacia de Campos, Atlântico Sudoeste. Rio de Janeiro: Elsevier. Habitats, v. 9. p. 1-2.
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M apas de S ensibilidade a Vazamento de Ó leo para Z ona C osteira da B acia de C ampos
e identificação dos recursos sensíveis são feitas previamente, para que prioridades de proteção sejam estabelecidas e definidas estratégias de limpeza (Jensen et al.,1998). Os recursos sensíveis abrangem espécies, habitats e áreas de interesse particular para fauna. Estas áreas são sensíveis por apresentarem um ou mais dos seguintes atributos: são utilizadas em parte do ciclo de vida de espécies-chave do ecossistema, concentram um grande número de indivíduos de uma ou mais espécies ou são de uso compartilhado com áreas de pesca ou captação de água. As características socioeconômicas sensíveis são qualquer atividade ou uso humano interrompido, direta ou indiretamente, durante determinado período, após um derramamento de óleo. A sensibilidade de um organismo, comunidade ou habitat é tipicamente definida em termos de dois aspectos: a habilidade do receptor de tolerar o impacto e de recuperar-se dele (Roberts et al., 2010). Locais, habitat, espécies ou atividades são consideradas sensíveis quando apresentam importância ecológica, econômica ou cultural; são prováveis de serem afetados pelo vazamento, mesmo sem contato direto. A vulnerabilidade pode, portanto, ser considerada uma medida que combina informação sobre sensibilidade e exposição a um impacto (Roberts et al., 2010).
Histórico do Mapeamento de Sensibilidade ambiental ao vazamento de óleo Para mapear a sensibilidade costeira ao vazamento de óleo, existe metodologia de referência mundial. Esta metodologia está estruturada em torno de três temas principais: o tipo de costa e sua sensibilidade ambiental geral (classificados pelo Índice de Sensibilidade Litoral – ISL), os ecossistemas sensíveis e recursos biológicos, recursos sensíveis de uso humano e recursos logísticos e operacionais. Os primeiros mapas de sensibilidade ambiental a vazamento de óleo para áreas costeiras surgiram na década de 1970, com a classificação do litoral proposta por Hayes et al., (1976) baseada em características unicamente geomorfológicas e testada no Alasca. Em 1978, Gundlach e Hayes (1978) propuseram um aperfeiçoamento da classificação considerando os aspectos biológicos após estudar acidentes com óleo e o primeiro índice de sensibilidade do litoral. Em 1979,
a National Oceanic and Atmosphery Administration (NOAA) adaptou a metodologia de Gundlach e Hayes (1978) para fazer um mapa para o acidente do IXTOC 1 (Jensen et al., 1998). Atualmente, vários países têm utilizado a metodologia adaptada aos seus ambientes dentro do planejamento da contingência (Jensen et al., 1998). No Brasil, a Petrobras publicou o primeiro mapa de sensibilidade ambiental abrangendo o litoral compreendido entre Maricá e Barra de Itabapoana, no Estado do Rio de Janeiro. Nesse trabalho, a escala de sensibilidade se baseou na proposta de Gundlach e Hayes (1978) modificada, de forma a incluir aspectos biológicos e antrópicos da região. Posteriormente, de 1998 a 2000, a Petrobras elaborou mapas para as áreas de influência dos terminais na costa brasileira e, em conjunto com a comunidade científica brasileira, adaptou a metodologia da NOAA às peculiaridades brasileiras elaborando uma minuta de um Manual Básico para a Elaboração de Mapas de Sensibilidade Ambiental a Derrames de Óleo. Essa minuta de manual serviu de base para a elaboração das Especificações e Normas Técnicas para Elaboração de Cartas de Sensibilidade Ambiental para Vazamento de Óleo do Ministério do Meio Ambiente do Brasil (Araujo et al., 2000, 2002; Brasil, 2002). A Petrobras, em parceria com o Tecgraf/PUC-RJ, desenvolveu uma ferramenta computacional chamada MAPS, um sistema de informações de sensibilidade ambiental com banco de dados e várias funcionalidades que permitem a geração de mapas em escala operacional. Os mapas podem ser gerados utilizando programas altamente específicos como o MAPS ou outros mais genéricos. Atualmente, tem aumentado o uso de programas mais genéricos com interface gráfica para geoespaciamento de dados, principalmente devido às seguintes vantagens: atualização dos mapas de sensibilidade, produção de mapas com as camadas relevantes de informação em vários formatos ou escalas e dados oriundos de outros projetos.
Atlas Este livro apresenta informações sobre os três temas que compõem o mapeamento da sensibilidade socioambiental costeira, com destaque para grupos biológicos importantes que ocorrem nesta região. Foram elaborados mapas de sensibilidade a vazamento de óleo para todo o litoral da Bacia de Campos em diferentes escalas.
Referências Araujo S.I, Silva G.H, Muehe, D. 2002. Manual básico para elaboração de cartas de sensibilidade no sistema Petrobras. Rio de Janeiro: Petrobras/Cenpes. Araujo, S.I., Silva, G.H., Muehe, D. 2000. Minuta do Manual Básico para Elaboração de Cartas de Sensibilidade no Sistema Petrobras: Ambientes Costeiros e Estuarinos. Rio de Janeiro: Petrobras. Brasil. 2000. Lei no 9.966, de 28 de abril de 2000. Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substancias nocivas ou perigosas em aguas sob jurisdição nacional e dá outras providencias. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 29 abr. 2000. Seção 1, p. 1. Edição Extra. Brasil. 2003. Decreto Federal no 4.871, de 11 de junho de 2003. Dispõe sobre a instituição dos Planos de áreas para o combate a poluição por óleo em aguas sob jurisdição nacional e dá outras providencias. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 7 nov. 2003. Brasil. Ministério do Meio Ambiente. 2002. Especificações e normas técnicas para a elaboração de cartas de sensibilidade ambiental para derramamentos de óleo. Brasília: Ministério do Meio Ambiente.
Gundlach, E.R., Hayes, M.O. 1978. Vulnerability of Coastal Environment to oil spill impacts. Marine Technology Journal. 12(4): 17-18. Hayes, M. O., Brown, P. J. Michel J. 1976. Coastal morphology and sedimentation, lower Cook Inlet, Alaska, with emphasis on potential oil spill impacts. Columbia: University of South Carolina, Department of Geology. Environmental studies of Kachemak Bay and lower Cook Inlet Serie, n. 12. Jensen, J.R., Halls, J.N., Michel, J. 1998. A systems approach to environmental sensitivity lndex (esi) mapping for oil spill contingency planning and response. Photogrammetric Engineering and Remote Sensing. 64(10): 1003-1014. Open Geospatial (OGP). IPIECA. 2012. Managing oil and gas activities in coastal areas: an awareness briefing. Londres: IPIECA/OGP. OGP Report Serie, n. 475. Roberts, C., Smith, C., Tillin, H., Tyler-Walters, H. 2010. Review of existing approaches to evaluate marine habitat vulnerability to commercial fishing activities Report: SC080016/R3. Bristol: Environment Agency.
2 Caracterização da Sensibilidade Fisiográfica Costeira a Vazamentos de Óleo Dieter Muehe, Gabriel Henrique da Silva e Leonardo Azevedo Klumb Oliveira
Introdução
Macrocompartimentação
As orlas oceânicas entre Vila Velha, no centro-sul do Espírito Santo, e Maricá, a oeste de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, se distinguem tanto em termos de orientação da linha de costa quanto em termos de macrounidades geomorfológicas. Numa primeira aproximação, pode se distinguir duas orientações distintas, com a linha de costa passando de uma orientação geral nordeste-sudoeste para uma direção leste-oeste, tendo o Cabo Frio como ponto de inflexão. Esta última direção expõe a orla costeira diretamente à ação de ondas de tempestade associadas à penetração de frentes frias vindas do quadrante sul, enquanto essas mesmas ondas atingem a costa ao norte de Cabo Frio com maior ângulo de incidência. Essa diferença de obliquidade faz com que, no balanço de transporte de sedimentos, resultante da ação de ondas de tempestade e de ondas do quadrante leste geradas pela célula de alta pressão do Atlântico Sul, haja uma tendência de equilíbrio no transporte residual no compartimento a oeste de Cabo Frio (Muehe e Corrêa, 1989). Entre Cabo Frio e Cabo São Tomé o transporte residual é para o norte (Cassar e Neves, 1993), passando a reverter esta direção para o resto do litoral do Rio de Janeiro (Cassar e Neves, 1993), mantendo essa tendência geral no litoral sul do Espírito Santo. Para efeitos de transporte de óleo, tanto no mar quanto na zona de surfe e face da praia, é, no entanto, importante considerar que o sistema costeiro, ao ser submetido a dois regimes de ondas e ventos de direções opostas, está submetido a um regime bimodal de transporte, o que pode deslocar o óleo para direções opostas ao longo de um segmento, dependendo da direção do vento e das ondas em dado momento. A área do presente estudo compreende a orla da Bacia de Campos, ao sul de Vila Velha, no Estado do Espírito Santo, e a orla costeira da Bacia de Santos entre o promontório de Ponta Negra e o Cabo Frio, no Estado do Rio de Janeiro.
De Vila Velha à desembocadura do Itabapoana
A linha de costa é, em grande parte, caracterizada pela presença do relevo associado aos depósitos sedimentares do Grupo ou Formação Barreiras (não há consenso quanto à classificação destes depósitos), caracterizada pelos denominados tabuleiros litorâneos, que na forma de falésias, em algumas localidades ainda ativas, emolduram a orla costeira. Em outras, como em Anchieta, a linha de costa é segmentada por concreções de laterita, dando origem a uma sequên cia de pequenas enseadas (Figura 1). Outros locais, como nas proximidades de Barra do Jucu, os arenitos formam recifes defronte à praia, onde chegam a constituir um ponto de atração para os banhistas (Figura 2). Afloramentos do embasamento cristalino correm frequentemente na forma de promontórios, recifes e ilhas, sendo os principais responsáveis pela compartimentação em escala local. A continuidade do Grupo Barreiras é localmente substituída por planícies arenosas de cristas de praia ou por cordões litorâneos, também denominados de barreiras arenosas, com longas e largas praias, entre Vila Velha e Setiba, e afloramentos do embasamento cristalino, como em Setiba-Guarapari, com pequenas praias de enseada entre promontórios rochosos (Figura 3). Em Anchieta, a linha de costa recua bruscamente, em quase 5 km, formando um amplo embaiamento protegido das ondas de nordeste, fazendo desaparecer o Barreiras e expondo as rochas do embasamento, que passam a formar os promontórios rochosos que segmentam as praias em inúmeros compartimentos. A longa praia de Anchieta, no interior do embaiamento, liga assim as duas orlas costeiras. As falésias sedimentares, precedidas de praias estreitas, têm sua presença associada a depósitos de laterita na praia (Figura 4) ou em forma de recifes que, pela rugosidade de sua superfície, constituem armadilhas para o óleo e, consequentemente, um aumento da sensibilidade quando
Muehe, D., Silva, G.H., Oliveira, L.A.K. 2017. Caracterização da sensibilidade fisiográfica costeira a vazamentos de óleo. In: Lima, S.O.F., editora. Atlas de sensibilidade ambiental ao óleo: caracterização ambiental regional da Bacia de Campos, Atlântico Sudoeste. Rio de Janeiro: Elsevier. Habitats, v. 9. p. 3-10.
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C aracterização da S ensibilidade F isiogr á fica C osteira a Vazamentos de Ó leo
Figura 1. Afloramento de concreções lateríticas dando origem à compartimentação da linha de costa em pequenos arcos de praia. Orla oeste da Ponta dos Castelhanos, em Anchieta.
Figura 3. Praia de enseada (pocket beach) encaixada entre promontórios rochosos. Próximo a Setiba, Guarapari. Foto: Dieter Muehe (2012).
Figura 2. Recifes de laterita e arenito de praia na Praia dos Recifes, próximo à Barra do Jucu. Foto: Dieter Muehe (2012).
(2012).
Figura 4. Afloramento de laterita defronte à praia. Proximidades de Itabapoana. Foto: Dieter Muehe
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
comparada com a das praias adjacentes. Esta situação é especialmente notável nos trechos próximo a Itabapoana e entre Anchieta e Meaípe, alguns dos poucos segmentos com falésias ativas (Figura 5). Manguezais se desenvolveram ao longo dos diversos estuários, sendo os de maior expressão, de acordo com mapeamento feito por Herz (1991), os encontrados em Guarapari (Figura 6), e nos rios Beneventes em Anchieta, Iconha, em Piúma, Itapemirim, em Barra do Itapemirim e Itabapoana, em Barra do Itabapoana. Segundo Melo e Gonzalez (1995), as condições meteorológicas e oceanográficas se caracterizam por predomínio de ventos do quadrante leste, principalmente de nordeste, e ventos de sul associados às penetrações de frentes frias, predominantemente no inverno. As direções das ondas variam entre leste-nordeste e sul-sudeste, sendo em média leste-sudeste. As alturas significativas variam entre 0,3 a um máximo de 2,62 m, com média em 1,0 m. Os períodos variam entre 6 e 11,5 s. O recobrimento sedimentar da plataforma continental interna, segundo Kowsmann e Costa (1979), é de areia terrígena até a isóbata de 20 m, e de cascalhos e areias de briozoários recifais, em profundidades maiores.
Do Itabapoana ao Cabo Frio
No Rio de Janeiro, ao sul da planície do Itabapoana, o Barreiras volta a ocorrer no litoral até as proximidades de Guaxindiba, formando falésias ativas na Ponta do Retiro com ampla distribuição de concreções lateríticas na orla marinha (Figura 7). A partir de Guaxindiba, o Barreiras passa a se interiorizar, sendo substituído pela ampla planície quaternária deltiforme do Rio Paraíba do Sul, flanqueada nos seus extremos norte e sul por duas unidades distintas de cristas de praia, conforme Dominguez et al. (1981): a do norte, entre
Figura 5. Falésias ativas no Barreiras nas proximidades de Ubu. Foto: Dieter Muehe (2012).
Guaxindiba e a extremidade oriental do Cabo de São Tomé, formada por uma sequência de idade holocênica, associada ao atual curso do Rio Paraíba do Sul, e a do sul, entre a Barra do Furado e Macaé, mais antiga, de idade pleistocênica, é precedida de um estreito cordão litorâneo holocênico, cuja migração, em direção à costa associada à última elevação pós-glacial do nível do mar, resultou na formação de um conjunto de lagunas. A praia defronte a toda a planície costeira é praticamente contínua (Figura 8), apenas interrompida pela foz do Rio Paraíba do Sul ou por barras de pequenos canais fluviais ou lagunas, geralmente bloqueadas pelo cordão litorâneo. A partir de Macaé o embasamento cristalino volta a se estender até o litoral, sendo localmente precedido por terraços marinhos em Costazul (Figura 9), Rio das Ostras, Barra de São João, pelo tombolo de Armação dos Búzios, seguido ao sul pelos terraços costeiros precedidos de dunas frontais das praias de Tucuns, Peró (Figura 10) e pelo arco praial Cabo Frio – Arraial do Cabo, as duas últimas com amplo desenvolvimento de campos de dunas parabólicas. Avanços proeminentes do embasamento em forma de uma série de ilhotas e na forma de cabos com inúmeros compartimentos de pequenas praias de enseada (Figura 11), algumas muito confinadas, do tipo pocket beach, ocorrem em Armação dos Búzios, Rio das Ostras e Cabo Frio, este último precedido pela ilha de Cabo Frio. Manguezais ocorrem ao longo dos estuários dos rios Itabapoana, em Barra do Itabapoana, Macaé em Macaé, das Ostras em Rio das Ostras e São João em Barra de São João (Figura 12). O vento é persistente, com direção predominante de nordeste (Barbiére, 1984) e penetrações periódicas de frentes frias com ventos do quadrante sul. Associado à redução das precipitações em direção a Cabo Frio, que apresenta um clima quente, semiárido, desenvolve-se, entre as cidades de Cabo Frio e Arraial do Cabo, extenso campo de dunas, com areias provenientes da plataforma continental interna.
Figura 6. Manguezal. Margem esquerda do Rio Perocão, próximo a Guarapari. Foto: Dieter Muehe
(2012).
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C aracterização da S ensibilidade F isiogr á fica C osteira a Vazamentos de Ó leo
Figura 7. Falésia do Grupo Barreiras na Ponta do Retiro, mostrando a tendência erosiva da linha de costa e a ocorrência de laterita na base da falésia. Foto: Dieter Muehe (2012).
Figura 9. Praia defronte a terraço costeiro próximo a Barra de São João. Foto: Dieter Muehe (2012).
Figura 8. Praia defronte à planície do Rio Paraíba do Sul. Praia do Açu. Foto: Dieter Muehe (2012).
Figura 10. Praia do Peró. Extenso arco de praia defronte a dunas frontais. Foto: Dieter Muehe (2012).
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
Ventos do quadrante sul ocorrem por ocasião das entradas de frentes frias. Não obstante a
Região dos Lagos. Destas lagunas, a maior é a de Araruama, com cerca de 200 km2, uma das maiores
maior frequência dos ventos de nordeste e, consequentemente, das ondas, o transporte litorâ-
lagunas hipossalinas conhecidas, cuja elevada concentração de sal resulta do reduzido aporte fluvial,
e Neves, 1993), em adaptação às ondas de sudeste, geradas pelas frentes frias, ou as que chegam
a evaporação. As praias oceânicas são longas e quase retilíneas (Figura 13), interrompidas por pro-
neo, no flanco sul da planície do Paraíba do Sul, é orientado para o norte (Gusmão, 1990; Cassar na forma de marulho, oriundas das latitudes mais elevadas do sul. Isto se torna bem visível na
acumulação de sedimentos ao sul dos guia-correntes construídos para manter aberto o Canal do
do progressivo aumento de aridez em direção a Cabo Frio e da intensidade dos ventos que favorece montórios rochosos, extensões das serras que compartimentam as diferentes bacias hidrográficas.
A granulometria das praias se torna cada vez mais fina em direção a Arraial do Cabo, o que
Furado e a decorrente erosão, ao norte, por efeito da retenção destes sedimentos.
favorece o desenvolvimento de campos de dunas. As praias, de estágio morfodinâmico interme-
sedimentar, de acordo com a compilação de Kowsmann e Costa (1979), predominantemente de
muito estreita próximo a Cabo Frio, com largura de apenas 4 km, e se alarga gradativamente em
A largura da plataforma continental interna é em torno de 35 km, sendo o recobrimento
areias fluviais. Uma estreita faixa de lama se estende nas proximidades da isóbata de 20 m, en-
tre Macaé e o embaiamento Búzios – Cabo Frio. Garrafas de deriva, lançadas de plataformas de petróleo, apresentaram tendência de convergir em direção ao embaiamento Búzios – Cabo Frio, o que levou Saavedra e Muehe (1993) a relacionar a origem destas lamas ao Rio Paraíba do Sul.
Esta direção preferencial de transporte também explica a frequente contaminação com óleo nas praias do embaiamento considerado. É importante assinalar que os lançamentos efetuados no
inverno mostraram transporte residual para norte, quando a maior parte das garrafas de deriva foi recolhida ao norte dos pontos de lançamento.
De Cabo Frio a Ponta Negra
diário, apresentam expressiva variabilidade do seu perfil transversal. A plataforma continental é
direção a oeste.
O recobrimento sedimentar da plataforma continental interna, de acordo com a compilação
feita por Kowsmann e Costa (1979) e resultados obtidos por Ponzi (1978), Muehe (1989) e Muehe e Carvalho (1993), é predominantemente de areia quartzosa.
Metodologia Para o mapeamento da sensibilidade a impacto por óleo foi adotada a metodologia proposta
pela NOAA (1997) e adaptada no Brasil por Araujo et al. (2002) para o Sistema Petrobras, tendo
sido posteriormente adotada como norma pelo Ministério do Meio Ambiente (Brasil, 2002).
Ao lado da sensibilidade fisiográfica, inerente à geomorfologia e biologia de cada ambiente,
Brusca inflexão para oeste, na altura de Cabo Frio, da orientação das linhas batimétricas e conse-
foram criados, para a orla oceânica, para fins de planejamento estratégico da localização dos
arenosas cujo bloqueio da drenagem costeira levou à formação de lagunas, motivo da designação
decorrentes da compartimentação da orla costeira e da dificuldade de acesso. No primeiro caso,
quentemente do litoral, com praias longas e retilíneas associadas a cordões litorâneos ou barreiras
Figura 11. Costa rochosa em Rio das Ostras. Foto: Dieter Muehe (2012)
equipamentos de remoção, dois indicadores adicionais e que levam em consideração condições
Figura 12. Manguezal na margem esquerda do Rio Macaé em Macaé. Foto: Dieter Muehe (2012).
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C aracterização da S ensibilidade F isiogr á fica C osteira a Vazamentos de Ó leo
número de praias pelo comprimento da linha de costa de cada segmento. O comprimento da linha de costa foi determinado por meio da projeção da linha de costa sobre segmentos de reta de modo a não considerar o comprimento da linha de contorno de promontórios, o que reduziria a diagnosticidade do índice. Foram estabelecidas três classes.
Classes de Compartimentação
yy Altamente compartimentado yy Mediamente compartimentado yy Pouco compartimentado
>5 compartimentos/km 1 a 4 compartimentos/km
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4 Unidades de Conservação no Entorno da Bacia de Campos: Análise da Representatividade e Distribuição Espacial Carla Bernadete Madureira Cruz, Elizabeth Maria Feitosa da Rocha de Souza, Monika Richter, Luana dos Santos Rosário, Marcelo Bueno de Abreu e Diego Sperle
Introdução Em todo o mundo, as áreas protegidas representam importantes instrumentos de conservação in situ da biodiversidade. O Brasil, por sua própria natureza, ocupa posição de destaque dentre os países megabiodiversos. Conta com a mais diversa flora do mundo, número superior a 46 mil espécies descritas (Forzza et al., 2012) que representa 14% do total mundial. Possui alguns dos biomas mais ricos do planeta em número de espécies vegetais, como a Amazônia, a Mata Atlântica e o Cerrado. Conta ainda com a maior riqueza de espécies da fauna mundial e, também, com a mais alta taxa de endemismo. Dois de seus principais biomas, a Mata Atlântica e o Cerrado, estão relacionados na lista dos 35 hotspots do cenário mundial , sendo que a Mata Atlântica encontra-se entre os cinco mais ameaçados (Martinelli e Moraes, 2013) No contexto histórico, o processo evolutivo que levou à criação das primeiras unidades de conservação ambiental na era moderna, inicia-se com o Parque Nacional de Yellowstone, em 1872, nos Estados Unidos da América. Esse parque é considerado um marco para a definição de espaços geográficos destinados à proteção da biodiversidade. Desde então, outros países passaram a criar unidades de conservação baseadas no princípio fundado junto com Yellowstone, que é o de manter os recursos naturais intocados e manejar a unidade para uso público. No Brasil, em 1876, o engenheiro André Pinto Rebouças inicia os estudos para a implementação de um parque nacional na Ilha do Bananal, o que se concretizaria apenas em 1959. Efetivamente, o primeiro parque nacional criado no país foi o de Itatiaia, localizado entre os estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, no ano de 1937. No entanto, somente em 2000 é instituído o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), por meio da Lei Federal 9.985, de 18 de julho, e regulamentada pelo Decreto Federal 4.430, de 22 agosto de 2002, definindo unidade de conservação como:
espaço territorial, incluindo as águas jurisdicionais e seus componentes, com características naturais relevantes, de domínio público ou privado, legalmente instituído pelo poder público para a proteção da natureza, com objetivos e limites definidos e com regimes
específicos de manejo e administração, ao qual se aplicam características adequadas de proteção. (Brasil, 2000, art. 1o).
Nesta lei, são estabelecidos os objetivos, os critérios e as normas para a criação, implantação
e gestão das unidades de conservação, agrupando-se as categorias de UC com características específicas em dois grupos básicos: unidades de proteção integral (PI) e unidades de uso sustentável (US).
As unidades de conservação criadas no país representam 51.728.772 hectares de área prote-
gida em todos os biomas brasileiros, com: 49,4% na Amazônia; 23,9% no Cerrado; 12,5% na Mata Atlântica; 10,3% na Caatinga; 2,1% nos Pampas; e 1,8% no Pantanal (IBAMA, 2004).
Dentre os biomas brasileiros, a Mata Atlântica (Figura 1) é considerada um dos hotspots mun-
diais em função do seu reduzido quadro atual de remanescentes e elevado grau de ameaça por desmatamentos. Este bioma, embora já bastante reduzido, ainda apresenta remanescentes de
diferentes formações vegetais naturais, denominadas fitofisionomias, que variam desde manguezais e restingas até formações florestais ombrófilas e estacionais, dentre outras (Cruz et al.,
2007). Neste sentido, uma das mais importantes estratégias para a conservação in situ e, consequentemente, de suas componentes de fauna e flora associadas, consiste na criação de unidades de conservação.
Totalmente inserida no bioma Mata Atlântica, abrangendo também o que se considera bio-
ma marinho costeiro do Atlântico Sul, a Bacia de Campos é a principal região produtora de
Cruz, C.B.M., Souza, E.M.F.R., Richter, M., Rosário, L.S., Abreu, M.B., Sperle, D. 2017. Unidades de conservação no entorno da Bacia de Campos: análise da representatividade e distribuição espacial. In: Lima, S.O.F., editora. Atlas de sensibilidade ambiental ao óleo: caracterização ambiental regional da Bacia de Campos, atlântico Sudoeste. Rio de Janeiro: Elsevier. Habitats, v. 9. p. 31-47.
Unidades de C onservação no E ntorno da B acia de C ampos : A n á lise da R epresentatividade e D istrib u ição E spacial
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Legenda:
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Domínio da Mata Atlântica
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Figura 1. Área de domínio do bioma Mata Atlântica. Fonte: SOS Mata Atlântica (2017).
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
petróleo do país, responsável por mais de 70% da produção nacional. Esta extensa área é uma importante zona costeira, de grande valor econômico, social e ecológico, por apresentar amostras de fitofisionomias únicas, como a savana-estépica e áreas marinhas também de grande riqueza de espécies. A exploração deste território exige uma vultosa infraestrutura em termos de operações/instalações, tanto em terra como no mar, como plataformas, redes de dutos para o escoamento da produção, bases de apoio, tanques de armazenamento, emissário para o descarte de águas tratadas, além de complexas operações de abastecimento de navios e transporte da produção (ANP, 2003). Tais atividades localizam-se em uma área extremamente valorizada, que é a zona costeira (Figura 2). O Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (Resolução 01, de 21.11.90), da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), define a zona costeira como o espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos ambientais, abrangendo uma área marinha, que corresponde ao mar territorial brasileiro, com largura de 12 milhas náuticas a partir da linha de costa, e uma parte terrestre, com um conjunto de municípios formado pelos municípios que sofrem influência direta dos fenômenos ocorrentes na zona costeira selecionados segundo critérios definidos: a) os municípios defrontantes com o mar; b) os municípios não defrontantes com o mar que se localizem nas regiões metropolitanas litorâneas; c) os municípios contíguos às grandes cidades e às capitais estaduais litorâneas, que apresentem processo de conurbação; d) os municípios próximos ao litoral, até 50 km da linha da costa, que aloquem, em seu território, atividades ou infraestruturas de grande impacto ambiental sobre a zona costeira, ou ecossistemas costeiros de alta relevância; e) os municípios estuarinos-lagunares, mesmo que não diretamente defrontantes com o mar, dada a relevância destes ambientes para a dinâmica marítimo-litorânea; e f) os municípios que, mesmo não defrontantes com o mar, tenham todos seus limites estabelecidos com os municípios anteriores referidos. Diante do exposto, objetiva-se aqui contribuir para a estruturação de um banco de dados geográficos das UC localizadas no recorte espacial definido para a percepção estratégica da Bacia de Campos, englobando parte dos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Ressalta-se que um dos maiores desafios para a análise da representatividade e distribuição espacial das UC no Brasil é exatamente a ausência de um sistema único que englobe as unidades sob responsabilidade das diferentes esferas governamentais (municipal, estadual e federal). Observa-se também uma significativa carência de informações espaciais, o que acarreta um expressivo número de unidades sem qualquer forma de georreferenciamento ou com uma simples indicação de localização pontual. Neste sentido, o banco de dados gerado permitiu a efetuação de representações gráficas e espaciais, que embasaram análises sobre a representatividade e a distribuição das UC considerando as esferas de gestão (municipal, estadual e federal), os tipos de proteção (integral e de uso sustentável), a evolução histórica e a representatividade das fitofisionomias para a área de interesse. Como contribuição metodológica, a avaliação das UC apresentada na presente pesquisa favorece um maior conhecimento e controle desses ambientes visando minimizar impactos decorrentes da má administração e controle nessas unidades.
Caracterização das Unidades de Conservação As análises efetuadas consideraram diferentes aspectos caracterizadores das UC, além de sua distribuição espacial na área, representados por gráficos e mapas. Tais análises focaram, exclusivamente, o total de UC levantado (total=157), utilizando-se técnicas alternativas para casos com pouca ou quase nenhuma informação espacial. Ressalta-se a importância de maiores investimentos de coleta de dados, principalmente sobre as municipais, de modo a reduzir lacunas de informação e manter a base de dados atualizada. Para os casos das UC que não apresentaram quaisquer informações para a sua espacialização (nenhum tipo de georreferenciamento), utilizou-se sempre que possível informações descritivas coletadas na Web e o Google Earth para minimizar esta lacuna. Nesse caso foi identificada a localização aproximada no sistema Google Earth das áreas com cobertura nativa e que apresentavam continuidade e ausência de manchas de ocupação urbana.
Caracterização das UC por categoria de proteção
Conforme já citado, as análises efetuadas consideraram as duas categorias básicas de proteção: as unidades de proteção integral (PI) e as unidades de uso sustentável (US). O objetivo básico das PI é conservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. Este grupo integra as seguintes categorias: Estação Ecológica (ESEC), Reserva Biológica (REBIO), Parque Nacional (PARNA), Monumento Natural (MN) e Refúgio da Vida Silvestre (RVS). Já as US têm como objetivo básico compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável dos seus recursos naturais. Este grupo compreende as seguintes categorias: Área de Proteção Ambiental (APA), Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), Floresta Nacional (FLONA), Reserva Extrativista (RESEX), Reserva da Fauna (RF), Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Esta última é uma categoria com características especiais, visto serem propostas pelo próprio proprietário, servindo muitas vezes a seus interesses de proteção e como atrativo para atividades ecoturísticas. Essas unidades são reconhecidas pela sua contribuição no estabelecimento da conectividade entre áreas protegidas e para a restauração de paisagens fragmentadas. A área apresentou ao todo 157 unidades de conservação, sendo 73 RPPN, 55 PI e 39 US. Apesar de apresentar um quantitativo maior para toda a área abrangida pelo recorte da escala estratégica, as RPPN têm uma expressão espacial menor. Ressalta-se aqui que estas pequenas áreas, quando estrategicamente localizadas, contribuem bastante para a conectividade do mosaico final das UC. A área apresenta uma grande diversidade de tipos de UC, cobrindo toda a variedade prevista pelo SNUC de PI, e praticamente toda a de US, excetuando-se apenas a Reserva da Fauna. Das 157 UC encontradas na área, conseguiu-se resgatar os limites poligonais de 85% (133 ao todo), tendo-se um simples georreferenciamento pontual para 9% (14 ao todo) e nenhuma informação posicional para 6% (10 ao todo). Dessas 10 UC sem informações georreferenciadas, 9 são municipais e 1 é estadual. Mais esforços devem ser implementados de modo a eliminar este tipo de lacuna de informação. A Figura 3 apresenta a distribuição das UC por categoria de proteção, considerando ainda uma divisão por Unidade de Federação (no caso, Rio de Janeiro e Espírito Santo). Uma breve leitura destes gráficos permite perceber que o Estado do Rio de Janeiro concentra a maior parte das UC da área, 123 de um total de 157 (78%). Esta mesma proporção é válida para cada uma das três categorias analisadas (proteção integral, uso sustentável e RPPN), quando se compara
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Legenda: Mar territorial Municípios costeiros
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Limite da Zona Econômica Exclusiva
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Figura 2. Delimitação da zona costeira brasileira.
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os dois estados. Em geral, as categorias mais vulneráveis frente a um vazamento de óleo são as unidades terrestres litorâneas como mangues e restingas, com grande presença de fauna e flora, bem como as unidades costeiras. As estratégias mais adequadas para enfrentar os problemas devem ser discutidas com cautela e apresentadas correlacionando unidades, fauna e floras existentes.
Caracterização das UC por esfera de responsabilidade
Considerando a distribuição das UC pelas três esferas de responsabilidade, verifica-se, na Figura 4, que a área possui um maior número de unidades municipais. A exemplo das RPPN, essas UC municipais têm, em média, menores áreas de cobertura. As UC municipais compõem, portanto, 62% das unidades da área, sendo seguidas pelas estaduais e federais, com 27% e 11%, respectivamente.
Caracterização das UC por fitofisionomias protegidas
Nesta etapa, buscou-se avaliar a representatividade fitofisionômica das áreas protegidas de modo a considerar se há lacunas de conservação em termos de diversidade de formações florestais, apontando para as que necessitam de um olhar mais atencioso em função de sua reduzida área remanescente. A Figura 5 apresenta um mapa generalizado dos domínios da vegetação original na área à esquerda na escala de 1:5.000.000 (IBGE, 1993) e um mapa com os remanescentes vegetais à direita na escala de 1:250.000 (Brasil, 2007), compatibilizados para uma mesma legenda. Uma comparação rápida mostra o quanto a área foi modificada, seguindo o modelo de toda a Mata Atlântica A Figura 6 apresenta a distribuição das principais fitofisionomias encontradas na área nesses dois momentos históricos. Através dela, verifica-se que os diferentes tipos de ocupação alteraram mais de 73% da cobertura original. Verifica-se ainda que a Floresta Ombrófila Densa é a
Unidades de Conservação por Estado
ES 22% RJ 78%
Proteção Integral
Uso Sustentável ES 21%
ES 22% RJ 78%
Figura 3. Distribuição das UC por categorias e unidades da Federação.
Evolução histórica das UCs na área de interesse
A primeira UC criada na área foi o Parque Nacional da Serra dos Orgãos (ParNaSO), em 1939, abrangendo parte dos municípios de Petrópolis, Teresópolis, Magé e Guapimirim, no Estado do Rio de Janeiro, sendo que somente Guapimirim localiza-se no recorte espacial em análise. Posteriormente, em 1960, foram criados os Parques Estaduais de Pedra Azul e Forno Grande, no Espírito Santo, e em 1961 o Parque Nacional do Caparaó, no mesmo estado. No Rio de Janeiro, após a criação do ParNaSO, foram decretados o Parque Estadual do Desengano, em 1965, e a Reserva Biológica de Poço das Antas, em 1974, classificados como de proteção integral. Em relação às UC de uso sustentável, a primeira criada foi a APA Petrópolis em 1982, também no Estado do Rio de Janeiro, que abrange os municípios de Petrópolis, Magé, Guapimirim e Duque de Caxias. No Espírito Santo, a primeira UC de uso sustentável foi a APA de Setiba, criada em 1994, de gestão estadual, que compreende parte dos municípios de Guarapari e Vila Velha. Considerando, agora, somente os municípios diretamente relacionados com a Bacia de Campos, as primeiras unidades de conservação criadas na área datam dos anos 1940. Em relação às RPPN, observa-se que as primeiras unidades foram estabelecidas na década de 1990, inicialmente com apenas duas unidades, uma em Cachoeira de Itapemirim (1997) e a outra no Município de Montanha (1998), ambas no Estado do Espírito Santo. Já nos anos 2000, observa-se um incremento na criação de RPPN, mais precisamente após o ano 2007, em função de maiores investimentos e do trabalho de conscientização de proprietários por parte de algumas Organizações Não Governamentais (ONG) ambientais. A Figura 8 apresenta a evolução das diferentes categorias de UC na área, nos últimos 70 anos. É possível observar que a partir da década de 1990 há um grande incremento na criação de unidades de conservação, principalmente RPPN. Verifica-se ainda que a implementação de UC na área teve um suave decréscimo quando se compara as duas últimas décadas.
Federal 11%
RPPN Estadual 27%
ES 22% RJ 79%
de maior representatividade, enquanto a Estacional Semidecidual foi a que sofreu mais, sendo drasticamente reduzida. Quando analisamos a representatividade destas formações com relação às diferentes UC da área, encontramos a distribuição apresentada na Figura 7, que mostra que as florestas estacionais são as mais carentes de proteção. Verifica-se ainda que as fitofisionomias que predominam nas unidades de conservação são as florestas ombrófilas densa e a vegetação com influência marinha, como as restingas.
Municipal 62%
RJ 78% Figura 4. Porcentagem de UC por esfera de atuação: municipal, estadual e federal.
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Figura 5. Domínios e remanescentes da vegetação nativa. Fonte: IBGE (1993) e MMA (2007).
20°40'0" S 21°45'0" S 22°50'0" S
22°50'0" S 22°50'0" S
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N
22°50'0" S
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Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
A
0,1%
6,9%
Distribuição espacial das unidades de conservação
1,3% Floresta Ombrófila Aberta Floresta Ombrófila Densa 44,0%
Floresta Estacional Semidecidual Vegetação com Influência Marinha
47,6%
Refúgio Vegetacional
B
3,7%
4,3%
0,2% Área Antropizada Floresta Ombrófila Densa
18,6% Floresta Estacional Semidecidual 73,2%
Vegetação com Influência Marinha Refúgio Vegetacional
Figura 6. Representatividade fitofisionômica na área originalmente (A) e nos dias atuais (B).
A carência de informações espaciais e descritivas de algumas UC definiu o uso de técnicas alternativas de análise espacial que possibilitassem a percepção da distribuição das UC na área, permitindo a observação da conectividade e densidade de áreas protegidas. Pode-se observar que, no mapa da Figura 9, há uma grande concentração de UC no Município de Silva Jardim (no estado do Rio de Janeiro). Esta concentração define um importante corredor de áreas protegidas na área, unindo diferentes formações. É possível verificar ainda uma grande variedade nos tamanhos das UC de um modo geral, o que dificulta a percepção com detalhes de todas as unidades em uma mesma escala de representação.
Densidade de Áreas Protegidas
O estimador de intensidade de Kernel, que segundo Bailey e Gatrell (1995) é uma função bidimensional, a qual se define uma largura de banda, possibilita a contagem de pontos dentro de uma região de influência, ponderando-os pela distância de cada um à localização de interesse. Compõe-se, desta forma, uma superfície de valores de densidade proporcionais à intensidade de amostras por unidade de área. Nos mapas apresentados nas Figuras 10 e 11, os valores de maior intensidade (cores escuras) representam as áreas de maior densidade de ocorrência do fenômeno. No caso da Figura 10, são especializadas as RPPN da área (todas com representação pontual), podendo-se verificar que nas áreas “mais quentes” chega-se a ter aproximadamente 39 unidades desta categoria em um raio de 25 km. Tendo em vista que as RPPN apresentam pouca representação espacial quando comparadas às demais unidades, o estimador Kernel gerado considerou apenas a localização pontual destas áreas, sem nenhuma variável extra como elemento ponderador. Para as demais unidades de conservação (US e PI), representadas no mapa da Figura 11, foram consideradas as informações relativas às áreas (em km²) para ponderar a interpolação. Neste último mapa, usou-se um raio de busca de 35 km. Neste mapa, observa-se que as áreas de maior concentração (mais escuras) chegam a alcançar aproximadamente 20 km2 de áreas protegidas em um raio de 35 km. Para o caso das RPPN (Figura 10), se observa duas grandes áreas de concentração, nas proximidades dos municípios de Silva Jardim e Varre-Sai. A Figura 11 apresenta as maiores densidades de áreas protegidas, independentemente do número de unidades existentes. Verifica-se que a região compreendida pela APA Mico-Leão-Dourado,
1% 2%
80
7%
Área Antropizada
70
Floresta Ombrófila Densa
60
41%
50
Floresta Estacional
49%
Vegetação com Influência Marinha Refúgio Vegetacional
PI US RPPN
40 30 20 10 0
Figura 7. Representatividade de fitofisionomias protegidas na área e áreas antropizadas no interior
das UC.
1940
1950
1960
1970
1980
1990
2000
2010
Figura 8. Evolução, representação e criação de unidades de conservação na área de estudo.
37
38
Unidades de C onservação no E ntorno da B acia de C ampos : A n á lise da R epresentatividade e D istrib u ição E spacial
Figura 9. Distribuição das unidades de conservação na área de estudo com e sem representação gráfica espacializada.
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
41°40'0" O
40°50'0" O
N
42°30'0" O
Figura 10. Densidade espacial das RPPN na área de estudo.
41°40'0" O
40°50'0" O
22°50'0" S
22°50'0" S
21°15'0" S
21°15'0" S
20°10'0" S
20°10'0" S
42°30'0" O
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Unidades de C onservação no E ntorno da B acia de C ampos : A n á lise da R epresentatividade e D istrib u ição E spacial
41°40'0" O
40°50'0" O
21°15'0" S
21°15'0" S
20°10'0" S
20°10'0" S
42°30'0" O
N 22°50'0" S
22°50'0" S
40
42°30'0" O
41°40'0" O
40°50'0" O
Figura 11. Densidade espacial das unidades de conservação de uso sustentável e de proteção integral ponderadas pela área.
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
associada à Reserva Biológica de Poço das Antas e às RPPN localizadas em Silva Jardim e Casimiro de Abreu, se configura como a área de maior concentração de áreas protegidas. Com relação aos municípios costeiros, verifica-se que é na Região dos Lagos onde se tem uma maior concentração destas unidades, como no Município de Arraial do Cabo e parte sul do Município de Cabo Frio, onde se destacam a RESEX de Arraial do Cabo e a APA de Massambaba.
Autocorrelação espacial das Áreas Protegidas
Outro tipo de análise realizada foi o uso do Indicador Espacial de Moran (apresentado em detalhes nos itens seguintes) com o objetivo de verificar a correlação espacial entre cada município e seus vizinhos, considerando duas taxas interessantes: percentual de áreas protegidas no município e percentual de áreas protegidas por habitantes no município. O Indicador Espacial de Moran é uma medida geral de associação espacial para um conjunto dos dados, que testa, entre áreas conectadas, qual o grau de autocorrelação para os indicadores estudados (Câmara et al., 2002; Neves et al., 2000; Lopes, 2005). Entre os índices gerados para análise, optou-se por apresentar o BOX MAP e o MORAN MAP. O BOX MAP mostra os agrupamentos de valores altos e baixos encontrados para as variáveis analisadas, além de áreas de transição, expressos por quadrantes (AA, BB, AB e BA). O MORAN MAP ressalta este resultado para diferentes graus de significância, permitindo a percepção dos valores de maior relevância na área. Os agrupamentos gerados são traduzidos por: AA: taxa acima da média para município e seus vizinhos, indicando a existência de agrupamentos de valores altos do indicador analisado (Rocha et al., 2003); BB: taxa abaixo da média para o município e seus vizinhos, indicando a existência de agrupamentos de valores baixos do indicador analisado; AB: municípios que apresentam valores superiores à média de seus vizinhos; e BA: para a situação inversa, quando os municípios apresentam valores inferiores à média de seus vizinhos. Estes dois últimos quadrantes são conhecidos como áreas de transição. A Figura 12 destaca os resultados obtidos para a distribuição do percentual de áreas protegidas no município. Os agrupamentos do tipo AA, que indicam as áreas em que predominam municípios com alto percentual de áreas protegidas. Em azul, têm-se os agrupamentos do tipo BB. Verifica-se no MORAN MAP que o Município de Silva Jardim e seus vizinhos, por exemplo se destacam significativamente dos demais. As áreas com coloração rosa e azul-claro indicam as zonas
de transição (AB ou BA). O destaque, nesse caso, vai para o município de Guarapari no Espírito Santo, que possui cerca de 11% da área total sob a delimitação de unidades de conservação de uso sustentável. Os municípios vizinhos, quando comparados, não acompanham essa realidade. A Figura 13 apresenta os resultados obtidos para a distribuição do percentual de áreas protegidas por habitantes. Com a consideração da população na análise, a região de agrupamento de valores AA próxima a Silva Jardim se reduz um pouco, mas ainda assim se destaca com valores significativos na área. A região que mais se destaca agrega os municípios Silva Jardim e Casimiro de Abreu, ambos no Estado do Rio de Janeiro, com um total de 23 RPPN. Uma explicação para esta concentração provavelmente ocorre pela proximidade com a Associação Mico-Leão-Dourado, que possui uma forte atuação na região captando recursos no sentido de incentivar os proprietários de terra para a preservação de seus remanescentes de Floresta Atlântica por meio da criação dessa categoria de UC. Vale destacar que o Município de Varre-Sai novamente se destaca no conjunto de municípios apresentando em seus limites 5 RPPN. Na Figura 13, observando o mapa que destaca o resultado do MORAN MAP, verifica-se que não surgem áreas de transição significativas, apenas aglomerados de AA e BB. Dentre os municípios com alto percentual de áreas protegidas por habitantes, tem-se: Casimiro de Abreu, Cachoeira de Macacu, Nova Friburgo e Silva Jardim, na porção sul da área de estudo. Já na porção norte, o destaque é para o Município de Divino de São Lourenço, no Espírito Santo. Em contrapartida, os municípios com os mais baixos percentuais de áreas protegidas por habitantes são Bom Jesus no Norte, Castelo, Domingos Martins e Guarapari no Espírito Santo, além de Cantagalo, todos estes no Rio de Janeiro.
Unidades de Conservação em Municípios Litorâneos Os municípios confrontantes com mar podem ser considerados áreas com maior suscetibilidade. No contexto da área sob estudo, destacam-se os municípios litorâneos em função de sua maior suscetibilidade a possíveis vazamentos, pois teriam maior probabilidade de toque de óleo. Boa parte destes, apresentam áreas de grande sensibilidade ambiental, tais como manguezais e lagoas costeiras. Desta forma, as UCs localizadas nesta área são apresentadas separadamente na Tabela 1 e a distribuição espacial é indicada nas Figuras 14 e 15.
Tabela 1. Listagem das unidades de conservação da Bacia de Campos (municípios litorâneos). Nome
Tipo
Municípios
Jurisdição
Documento legal
Área de Proteção Ambiental da Bacia do Rio São João/ Mico-Leão-Dourado
Uso Sustentável
Federal
Decreto 9.585 de 27 de junho de 2002
Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba Reserva Biológica União Reserva Extrativista Marinha de Arraial do Cabo Reserva Particular do Patrimônio Natural Matumbo Reserva Particular do Patrimônio Natural Três Morros Área de Proteção Ambiental da Lagoa de Guanady Área de Proteção Ambiental de Massambaba
Proteção Integral Proteção Integral Uso Sustentável Uso Sustentável Uso Sustentável Uso Sustentável Uso Sustentável
Araruama, Cabo Frio, Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Rio Bonito, Rio das Ostras, Silva Jardim-RJ Macaé, Quissamã e Carapebus-RJ Rio das Ostras, Casimiro de Abreu e Macaé-RJ Arraial do Cabo-RJ Casimiro de Abreu-RJ Casimiro de Abreu-RJ Piúma e Itapemirim-ES Saquarema, Araruama, Arraial do Cabo-RJ
Federal Federal Federal Federal Federal Estadual Estadual
Decreto 84.017, de 21 de setembro de 1979 Decreto federal s/no de 22 de abril de 1998 Decreto s/no de 03 de janeiro de 1997 Portaria ICMBIO 13 de 15 de outubro de 2007 Portaria ICMBIO 27 de 09 de março de 2004 Decreto Estadual 3.738-M de 2 de agosto de 1994 Decreto Estadual 9529-C, de 15 de dezembro de 1986 Continua
41
42
Unidades de C onservação no E ntorno da B acia de C ampos : A n á lise da R epresentatividade e D istrib u ição E spacial
Tabela 1. (Continuação) Listagem das unidades de conservação da Bacia de Campos (municípios litorâneos). Nome
Tipo
Municípios
Jurisdição
Documento legal
Área de Proteção Ambiental Pau-Brasil Área de Proteção Ambiental Paulo Viana César Vinha ((Incluído o Parque Estadual Paulo César Vinha) Estação Ecológica Estadual de Guaxindiba Parque Ecológico Paulo César Vinha Parque Estadual Costa do Sol
Uso Sustentável Uso Sustentável
Cabo Frio e Armação de Búzios-RJ Guarapari, Vila Velha-ES
Estadual Estadual
Decreto Estadual 31.346 de 06 de junho de 2002 Lei Estadual 5.651, de 26 de maio de 1998
Proteção Integral Proteção Integral Proteção Integral
Estadual Estadual Estadual
Decreto Estadual 32.576 de 30 de dezembro de 2002 Decreto Estadual 2.993-N/ 1990 e Lei Estadual 4.903/1994 Decreto Estadual 42.929 de 18 de março de 2011
Parque Estadual da Lagoa do Açu Reserva de Desenvolvimento Sustentável Concha D’Ostra Reserva Particular do Patrimônio Natural Sítio da Luz Reserva Particular do Patrimônio Natural Yara Brunini Área de Proteção Ambiental da Lagoa Grande Área de Proteção Ambiental da Praia Azeda e Azedinha Área de Proteção Ambiental do Arquipélago de Santana Área de Proteção Ambiental do Sana Área de Proteção Ambiental Lagoa do Iriry Área de Proteção Ambiental Marinha de Armação dos Búzios Área de Relevante Interesse Ecológico de Itapebussus Estação Ecológica Municipal Papagaio Monumento Natural dos Costões Rochosos Parque Ecológico de Jabaeté Parque Ecológico Morro do Penedo Parque Ecológico Municipal do Morro do Mico Parque Municipal Boca da Barra Parque Municipal da Lagoa de Geribá Parque Municipal da Lagoinha Parque Municipal da Mata do Rio São João Parque Municipal da Praia do Forno Parque Municipal da Praia do Forte Parque Municipal das Dunas Parque Municipal do Arquipélago de Santana Parque Municipal do Morro da Mantegueira Parque Municipal dos Pássaros Parque Municipal Ecológico Dormitório das Garças Parque Municipal Morro da Pescaria Parque Natural Municipal dos Corais de Armação dos Búzios Parque Natural Municipal de Jacarenema Parque Natural Municipal do Mico-Leão-Dourado Reserva Biológica da Lagoa Salgada Reserva Biológica das Orquídeas Reserva Biológica do Brejo do Espinho Reserva Biológica do Brejo Jardim Reserva Ecológica da Ilha de Cabo Frio
Proteção Integral Uso Sustentável Uso Sustentável Uso Sustentável Uso Sustentável Uso Sustentável Uso Sustentável Uso Sustentável Uso Sustentável Uso Sustentável
São Francisco de Itabapoana-RJ Guarapari-ES Araruama, Armação de Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Saquarema e São Pedro da Aldeia-RJ Campos dos Goytacazes e São João da Barra-RJ Guarapari-ES Casimiro de Abreu-RJ Piúma-ES Guarapari, Vila Velha-ES Armação de Búzios-RJ Macaé-RJ Macaé-RJ Rio das Ostras-RJ Armação de Búzios-RJ
Estadual Estadual Estadual Estadual Municipal Municipal Municipal Municipal Municipal Municipal
Decreto Estadual 43.522, de 20 de março de 2012 Lei Estadual 8.464, 03/ 2007 INEA 228, de 11 de maio de 2011 Portaria Conjunta SEAMA/IEMA 19-S de 26 de junho de 2013 Decreto Municipal 046 de 07 de junho de 2006 Lei Municipal 86 de 19 de agosto de 1988 Lei Municipal 1.216 de 15 de dezembro de 1989 Lei Municipal 2.172, de 30 de novembro de 2001 Decreto municipal 028 de 28 de julho de 2000 Decreto 135 de15 de setembro de 2011
Uso Sustentável Uso Sustentável Proteção Integral Proteção Integral Proteção Integral Proteção Integral Proteção Integral Proteção Integral Proteção Integral Proteção Integral Proteção Integral Proteção Integral Proteção Integral Proteção Integral Proteção Integral Proteção Integral Proteção Integral Proteção Integral Proteção Integral
Rio das Ostras-RJ Anchieta-ES Rio das Ostras-RJ Vila Velha-ES Vila Velha-ES Cabo Frio-RJ Cabo Frio-RJ Armação de Búzios-RJ Armação de Búzios-RJ Cabo Frio-RJ Arraial do Cabo -RJ Cabo Frio-RJ Cabo Frio-RJ Macaé-RJ Vila Velha-ES Rio das Ostras-RJ Cabo Frio-RJ Guarapari-ES Armação de Búzios-RJ
Municipal Municipal Municipal Municipal Municipal Municipal Municipal Municipal Municipal Municipal Municipal Municipal Municipal Municipal Municipal Municipal Municipal Municipal Municipal
Decreto municipal 038/2002 de 14 de junho 2002 Lei Municipal 17/92 de 26 de julho de 1992 Decreto 054/2002, de 25 de julho de 2002 Decreto Municipal 059 de 19 de maio de 1995 Decreto Municipal 58 de 1994 Lei Municipal 229 de 20 de março de 1984 Lei Orgânica Municipal de 05 de abril de 1990 – artigo 180 Decreto Municipal 103 de 18 de novembro de 2004 Decreto Municipal 67 de 08 de agosto de 2004 Lei Orgânica Municipal de 05 de abril de 1990 – artigo 180 Lei Orgânica Municipal de 05 de abril de 1990 – artigo186 Lei Orgânica Municipal de 05 de abril de 1990 – artigo 180 Lei Orgânica Municipal de 05 de abril de 1990 – artigo 180 Lei Municipal 1.216 de 15/12/1989 Lei Municipal 4.105 de 13 de novembro de 1993 Decreto 091/2002 de 29 de novembro de 2002 Lei 1.596, de 29 de novembro de 2001 Lei Municipal 1.673 de 29 de julho de 1997 Decreto 135 de 13 de novembro de 2009
Proteção Integral Proteção Integral Proteção Integral Proteção Integral Proteção Integral Proteção Integral Proteção Integral
Vila Velha-ES Cabo Frio-RJ Arraial do Cabo-RJ Arraial do Cabo-RJ Arraial do Cabo-RJ Arraial do Cabo -RJ Arraial do Cabo -RJ
Municipal Municipal Municipal Municipal Municipal Municipal Municipal
Lei Municipal 5.427 de 28 de julho de 1997 Decreto municipal 5.014, de 10 de outubro de 2013 Lei Orgânica Municipal de 05 de abril de 1990 – Art.186 Lei Orgânica Municipal de 05 de abril de 1990 – Art.186 Lei Orgânica Municipal de 05 de abril de 1990 – Art.186 Lei Orgânica Municipal de 05 de abril de 1990 – Art.186 Lei Orgânica Municipal de 05 de abril de 1990 – Art.186
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
42°30'0" O
41°40'0" O
40°50'0" O
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N
41°40'0" O
40°50'0" O
41°40'0" O
40°50'0" O
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42°30'0" O
41°40'0" O
40°50'0" O
Figura 12. Mapas de correlação espacial de Moran para as porcentagens de áreas protegidas por município.
21°45'0" S 22°50'0" S
22°50'0" S 22°50'0" S
22°50'0" S
21°45'0" S
21°45'0" S 21°45'0" S
20°40'0" S
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N
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Unidades de C onservação no E ntorno da B acia de C ampos : A n á lise da R epresentatividade e D istrib u ição E spacial
42°30'0" O
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Figura 13. Mapas de correlação espacial de Moran para as porcentagens de áreas protegidas por habitantes.
22°50'0" S
22°50'0" S 22°50'0" S
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21°45'0" S
21°45'0" S 21°45'0" S
20°40'0" S
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42°30'0" O
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
42°0'0" O
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Figura 14. Unidades de conservação federais e estaduais localizadas nos municípios litorâneos da Bacia de Campos.
39°30'0" O
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Unidades de C onservação no E ntorno da B acia de C ampos : A n á lise da R epresentatividade e D istrib u ição E spacial
42°30'0" O
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Figura 15. Unidades de conservação municipais localizadas nos municípios litorâneos da Bacia de Campos.
40°0'0" O
39°30'0" O
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
Considerações Finais É importante destacar a importância da representação espacial dos dados de unidades de conservação, tendo em vista a carência de informação detalhada sobre estas unidades, em especial sobre o georreferenciamento. Nesse caso, as etapas de processamento e ajuste de dados bem como a coleta e o georreferenciamento de limites das unidades são etapas importantes no processo de análise desses recortes espaciais. Uma das etapas mais complexas do trabalho foi o ajuste entre os limites oriundos de diferentes fontes e escalas. A solução topológica e a solução para as superposições entre unidades de conservação de diferentes esferas e categorias exigiram tempo e esforços da equipe. Destaca-se ainda nesse processo a significativa lacuna de informação para a geração da base de dados, principalmente com relação às unidades de conservação municipais, dificultada pela ausência de uma centralização das ações de conservação, em órgãos gestores estaduais e municipais.
Outra questão diz respeito à localização e ao arranjo espacial das UC, merecendo atenção especial dentro do quadro atual da gestão ambiental nos estados considerados, uma vez que não apenas os seus limites determinam restrições ao uso, mas também as áreas que configuram corredores ecológicos vêm sendo crescentemente valorizadas na manutenção da biodiversidade dos diferentes ecossistemas de Mata Atlântica. Este arranjo espacial resulta, por outro lado, em situações diferenciadas quanto às pressões exercidas pelas atividades humanas sobre as UC, as quais, tendo se intensificado ao longo dos últimos anos, resultam na fragmentação da cobertura vegetal e de habitats, afetando a biodiversidade. Ressalta-se que dentro da concepção sistemática e de manejo integrado de ecossistemas, esta região desenvolve iniciativas de corredores e de mosaicos que envolvam áreas protegidas. É fundamental a complementação do sistema de áreas protegidas considerando-se as áreas prioritárias já definidas pelo MMA, as lacunas de representatividade fitofisionômica e os biomas marinho-costeiros, por exemplo. No entanto, ainda há o desafio de assegurar a integridade das áreas protegidas junto aos planos de desenvolvimento nacional.
Referências Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). 2003. Caracterização do Meio Sócio-Ambiental da Bacia de Campos, Relatório. Coordenador Claudio Egler. [acesso em: 09 out. 2012]; Disponível em: www.laget. igeo.ufrj.br/egler/pdf/B_Campos Bailey, T.C., Gatrell, A.C. 1995. Interactive Spatial Data Analysis. London: Longman. Brasil. Ministério do Meio Ambiente. 2007. Conservação in situ, ex situ e on farm. [acesso em 2016 out 01]; Disponível em: http://www.mma.gov.br/biodiversidade/conservacao-e-promocao-do-uso-da-diversidade-genetica/agrobio diversidade/conserva%C3%A7%C3%A3o-in-situ,-ex-situ-e-on-farm Brasil. 2000. Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 19 jul. 2000, Seção 1. Câmara, G., Carvalho, M.S., Cruz, O.G., Correa, V. 2002. Análise Espacial de Áreas. In: Fuks, S.D., Carvalho, M.S., Câmara, G., Monteiro, A.M.V., editores. Análise Espacial de Dados Geográficos. São José dos Campos: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Divisão de Processamento de Imagens. p. 1-44 Cruz, C.B.M., Vicens, R.S., Seabra, V.S., Reis R.B., Faber, O.A., Arnaut, P.K.E., Ritcher, M., Araújo, M. 2007. Classificação Orientada a Objetos no Mapeamento dos Remanescentes da Cobertura Vegetal do Bioma Mata Atlântica, na Escala 1:250.000. In: XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto; Florianópolis, Brasil. Forzza, R.C., Baumgratz, J.F.A., Bicudo, C.E.M., Canhos, D.A.L., Carvalho, A.A., Coelho, M.A.N., Costa, A.F., Costa, D.P., Hopkins, M.G., Leitman, P.M, Lohmann, L.G, Lughadha, E.N., Maia, L.C., Martinelli, G., Menezes, M., Morim,
M.P., Peixoto, A.L., Pirani, J.R., Prado, J., Queiroz, L.P., Souza, S., Souza, V.C., Stehmann, J.R., Sylvestre, L.S., Walter, B.M.T., Zappi, D.C. 2012. New brazilian floristic list highlights conservation challenges. BioScience. 62(1)39-45. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 1993. Mapa da vegetação do Brasil: escala 1: 5.000.000. Rio de Janeiro: IBGE. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). 2004. Atlas de Conservação da Natureza Brasileira: unidades federais. São Paulo: Metalivros. Lopes, S.B. 2005. Efeitos da dependência espacial em modelos de previsão de demanda por transporte [Mestrado]. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos. Martinelli, G., Moraes, M.A. 2013. Livro vermelho da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson; Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Neves, M.C., Ramos, F.R., Camargo, E.C.G., Câmara, G., Monteiro, A.M. 2000. Análise exploratória espacial de dados socioeconômicos de São Paulo. Trabalho apresentado em: Gis Brasil 2000; Salvador, Brasil. Rocha, E.M.F., Nogueira, C.R., Cruz, C.B.M. 2003. Aplicação do Índice Espacial de Moran na Análise Espacial de Indicadores Socioeconômicos para a Bacia da Baía de Guanabara na Década de 90. Trabalho apresentado em: X Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada; Rio de Janeiro, Brasil. SOS Mata Atlântica. 2017. Mapa do domínio da Mata Atlântica. [acesso em 2017 fev. 20]; Disponível em: https://www. sosma.org.br
47
5 Invertebrados Marinhos Alexandra Elaine Rizzo, Jessica Cristina Saturno da Silva, Maria Cristina Ostrovski de Matos, Paulo Márcio Santos Costa, Paulo Ricardo Nucci, Renata dos Santos Gomes, Simone Siag Oigman Pszczol, Joel Christopher Creed, Fabiana Barbosa dos Santos e Tereza Cristina G. da Silva
Introdução A Bacia de Campos é uma região fortemente sujeita a acidentes ambientais causados por vazamento de óleo, devido à intensa atividade de prospecção e exploração petrolífera que ocorre naquela área. No caso de um vazamento de óleo, os organismos bentônicos podem ser afetados por processos físicos, como recobrimento e asfixia, como também pelos componentes químicos do produto derramado. A zona de profundidade contemplada neste estudo é de extrema importância por tratar-se de faixa costeira (0 a 25 m) altamente vulnerável no caso de um acidente. Logo, os objetivos da presente análise são o de realizar um levantamento de dados com base em informações de campo, referências bibliográficas, sites e outras fontes, como coleções biológicas, sobre as espécies de invertebrados marinhos, principalmente corais, moluscos, poliquetas, crustáceos e equinodermos, com ocorrência registrada em profundidades rasas (< 25 m) da Bacia de Campos. A área analisada é a Bacia de Campos, especialmente entre o Município de Araruama, no Estado do Rio de Janeiro, e Vitória, no Estado do Espírito Santo, no sudeste brasileiro. Tem como área geográfica de análise desde o supralitoral até profundidades inferiores a 25 m. A contribuição deste trabalho é gerar uma fonte primária de informações a fim de planejar a contenção e implementar ações no caso de um eventual vazamento de óleo, permitindo a identificação de ambientes com prioridade de proteção ou não. Dessa forma, poderá possibilitar um direcionamento cauteloso dos recursos disponíveis de contenção e limpeza.
Metodologia Para elaboração de mapas de sensibilidade ambiental, as informações levantadas foram inseridas em um banco de dados utilizando o programa Sistema de Informações de Sensibilidade
Ambiental da Petrobras (MAPS) e também em uma base de dados do sistema de informação geográfica (SIG). As atividades executadas foram o levantamento bibliográfico, a correção dos nomes e do status taxonômico das espécies registradas previamente no banco de dados MAPS e a inserção dos dados. Somente para os corais costeiros, houve coletas qualitativas para complementar a informação levantada por meio de referências bibliográficas. Para a correção e a atualização dos nomes dos táxons (gêneros e espécies) que constam no banco de dados para os invertebrados marinhos, foram utilizados os seguintes sites: World Register of Marine Species (WoRMS), Integrated Taxonomic Information System (ITIS), MALACOLOG 4.1.1 (A Database of Western Atlantic Marine Mollusca), World Database Ophiuroidea, World Database Asteroidea e World Database Echinoidea.
Resultados e Discussão Foram adicionados ao banco de dados 1.210 registros de espécies de invertebrados marinhos, sendo: 144 de corais, 505 de moluscos, 184 poliquetas, 343 de crustáceos e 34 equinodermos, conforme listagem apresentada na Tabela 1. Ao todo, foram encontradas 737 espécies de invertebrados marinhos referentes a cinco principais grupos taxonômicos: Cnidaria, Mollusca, Polychaeta, Crustacea e Echinodermata, com ocorrência até 25 m de profundidade na Bacia de Campos, que compreende as costas norte do Estado do Rio de Janeiro e sul do Espírito Santo (Figura 1). Mollusca foi o táxon com o maior número de espécies registradas nessa região (495 espécies), seguido por Crustacea (131 espécies), Polychaeta (99 espécies) e Cnidaria e Echinodermata, ambos com seis espécies cada. A seguir serão apresentados os resultados para cada grupo taxonômico: corais, moluscos, poliquetas e equinodermos.
Rizzo, A.E., Silva, J.C.S., Matos, M.C.O., Costa, P.M.S., Nucci, P.R., Gomes, R.S., Pszczol, S.S.O., Creed, J.C., Santos, F.B., Silva, T.C.G. 2017. Invertebrados marinhos. In: Lima, S.O.F., editora. Atlas de sensibilidade ambiental ao óleo: caracterização ambiental regional da Bacia de Campos, Atlântico Sudoeste. Rio de Janeiro: Elsevier. Habitats, v. 9. p. 49-69.
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I nvertebrados M arinhos
Cnidaria 1% Polychaeta 13%
Echinodermata 1%
Crustacea 18%
Mollusca 67%
Figura 1. Táxons de invertebrados marinhos com ocorrência registrada na Bacia de Campos até 25 m de profundidade.
Cnidaria Corais Costeiros
No Brasil, encontram-se os únicos recifes biogênicos do Atlântico Sul. Em vários casos tratam-se de comunidades coralíneas recifais marginais, nas quais colônias isoladas crescem em substratos rochosos primários (Castro e Pires, 2001). Os corais de águas rasas são encontrados desde o Estado do Maranhão até Santa Catarina (Leão et al., 2003), compreendendo aproximadamente 21 espécies de corais verdadeiros zooxantelados e hidrocorais (Castro e Zilberberg, 2016). A zona costeira marinha referente à área da Bacia de Campos, em função da forte carga de sedimento oriundo dos rios, trata-se de um ambiente menos favorável ao desenvolvimento dos corais, porém ao mesmo tempo revela-se uma importante zona biogeográfica entre comunidades coralíneas únicas, como as do Arquipélago de Abrolhos e do oásis coralíneo do Rio de Janeiro. Neste levantamento foram considerados corais costeiros não apenas os corais verdadeiros (ordem Scleractinia), mas os corais moles, gorgônias (ordem Alcyonacea) e os hidrocorais (ordem Leptothecata), importantes representantes das comunidades recifais brasileiras. Um total de 222 registros foram inseridos no sistema MAPS (Sistema de Informações de Sensibilidade Ambiental da Petrobras), dos quais 171 registros foram realizados com base no levantamento bibliográfico. O levantamento das referências bibliográficas mostrou a carência de estudos sobre corais costeiros para a área da Bacia de Campos. Após o trabalho de campo, mais 51 registros foram incluídos no sistema. Para a região da Bacia de Campos, entre Saquarema (RJ) e Vila Velha (ES), encontrou-se um total de 21 espécies de corais costeiros na zona costeira marinha, sendo nove espécies de corais escleractínios, dez espécies de octocorais e dois espécies de hidrocorais. Durante o trabalho de campo, notou-se uma diferença entre as faunas do Estado do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Em geral, baseado nos dados pretéritos e no campo, verificou-se que os corais ocorrem desde o início do infralitoral dos costões rochosos no continente, atingindo uma profundidade máxima de 15 m nas ilhas próximas. Para o Estado do Rio de Janeiro, foram listadas nove espécies de corais costeiros: quatro espécies de corais escleractínios: Mussismilia hispida, Madracis decactis, Porites branneri, Siderastrea stellata; quatro de octocorais: Carijoa riisei, Heterogorgia uatumani, Leptogorgia punicea e Phyllogorgia dilatata; e o hidrocoral Millepora alcicornis. As espécies mais abundantes foram os corais
pétreos: Mussismilia hispida e Siderastrea stellata, o octocoral Phyllogorgia dilatata e o hidrocoral Millepora alcicornis. Na Bacia de Campos, o Estado do Rio de Janeiro é a região com melhor documentação sobre corais. Laborel (1970) descreveu extensas comunidades coralíneas nos costões rochosos das baías de Cabo Frio, denominando esta localidade como um “oásis coralíneo”. Posteriormente, a região da Armação dos Búzios foi apontada como um local importante para o crescimento de corais no sudeste brasileiro devido às plataformas monoespecíficas de Siderastrea stellata, onde suas colônias atingem mais de 2 m de diâmetro no costão da Praia da Tartaruga (Oigman-Pszczol e Creed, 2004) e na orla Bardot. Junto a S. stellata, Mussismilia hispida se destacou com os maiores valores de cobertura (46%), de tamanho e densidade (13 colônias/m2). O hidrocoral Millepora alcicornis também apresentou uma alta cobertura, assim como a gorgônia Phyllogorgia dilatata (Esper, 1806) nos costões rochosos desta região (Oigman-Pszczol et al., 2004). De modo a proteger os corais de Búzios, em 2009 foi criado o Parque Natural dos Corais de Armação dos Búzios, que abrange três núcleos (Orla Bardot, Tartaruga e João Fernandinho). Para o Estado do Espírito Santo, observou-se a ocorrência de nove octocorais: Carijoa riisei, Heterogorgia uatumani, Leptogorgia violacea, Leptogorgia punicea, Muricea atlantica, Muriceopsis sulphurea, Olindagorgia gracilis, Phyllogorgia dilatata, Plexaurella grandiflora; seis corais pétreos: Astrangia rathbuni, Favia gravida, Mussismilia braziliensis, Mussismilia hispida, Porites branneri e Siderastrea stellata; e dois hidrocorais: Millepora alcicornis e Millepora braziliensis. Nesta área, destacaram-se por sua abundância os corais pétreos Favia gravida e Siderastrea stellata, e o octocoral Plexaurella grandiflora. Apesar da baixa diversidade coralínea encontrada no Brasil, a fauna de corais apresenta um forte endemismo (Laborel, 1969). Das 21 espécies observadas neste levantamento, 10 espécies são endêmicas do Brasil: as espécies de corais pétreos Favia gravida, Mussismilia braziliensis, Mussismilia hispida e Siderastrea stellata, os octocorais Leptogorgia punicea, Leptogorgia violacea, Phyllogorgia dilatata, Plexaurella grandiflora, Olindagorgia gracilis e o hidrocoral Millepora braziliensis. Todos os corais escleractínios são protegidos pela Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES) e os bancos de corais pela Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 (Lei dos Crimes Ambientais) (Brasil. 1998). As espécies endêmicas Mussimilia braziliensis e Olindagorgia gracilis constam como espécies vulneráveis na lista de espécies ameaçadas de extinção do Estado do Espírito Santo (IEMA, 2017) e na Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (Brasil, 2014). Os corais Millepora alcicornis, Millepora braziliensis, Mussismilia hispida, Siderastrea stellata, Madracis decactis e Porites branneri estão na Lista Vermelha da International Union for Conservation of Nature (IUCN), um inventário mundialmente reconhecido sobre o estado de conservação global das espécies. Espécies invasoras ameaçam o bem-estar humano, pois colocam em risco a biodiversidade marinha e desestruturam ecossistemas costeiros, impactando unidades de conservação e amea çando espécies nativas (Bax et al., 2003) com a extinção, inclusive, daquelas espécies de importância econômica (Sorte et al., 2010). No trecho do Rio de Janeiro relativo à Bacia de Campos, além das espécies nativas, também se verificou a ocorrência do coral mole invasor Chromonephthea brazilensis, descoberto inicialmente em Arraial do Cabo na década de 1990, se espalhando em seguida para Cabo Frio, RJ (Ferreira et al., 2004; Oliveira e Medeiros, 2008). O coral-sol Tubastraea spp. foi introduzido na costa brasileira na década de 1980 com os primeiros registros feito em plataformas de petróleo operando na Bacia de Campos (Castro e Pires, 2001) tendo sido registrado posteriormente na Ilha Grande (De Paula e Creed, 2004). Até o momento, os corais-sol Tubastraea tagusensis e Tubastraea coccinea ampliaram sua distribuição ao invadirem diversos
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
costões rochosos vários estados brasileiros (Silva et al., 2011), tendo sido também registrados neste levantamento nos costões rochosos do norte do Estado do Rio de Janeiro, na Armação dos Búzios, Cabo Frio e Arraial do Cabo. Em geral, eles ocorrem em áreas negativas do substrato consolidado e em maior abundância na Ilha de Âncora, Búzios, a 13 m de profundidade. A fauna coralínea costeira da Bacia de Campos encontra-se suscetível ao vazamento de óleo na zona costeira, visto que se trata de organismos sésseis da fauna bentônica. A poluição por óleo pode afetar drasticamente os corais impactando negativamente a comunidade coralínea ao reduzir a cobertura, abundância e diversidade das espécies, e aumentar a frequência e tamanho de colônias danificadas (Guzmán et al., 1994). Os efeitos negativos, por contato direto ou indireto ao vazamento de óleo, podem variar de acordo com a espécie, sua forma de crescimento, estágio de vida e tipo/tempo da exposição ao óleo. Longas exposições a baixos níveis de óleo assim como curtas exposições a alta concentrações podem matar esses organismos (NOAA, 2010). Um impacto crônico ou agudo pode afetar a reprodução ao diminuir a produção de gônadas, aumentar a liberação prematura de larvas, afetar a sobrevivência, o recrutamento e o crescimento das larvas, reduzir o crescimento dos corais e causar o branqueamento (Loya e Rinkevich, 1979; Guzmán e Holst, 1993; Nystrom et al., 2000). Em estudos desenvolvidos em áreas contaminadas por petróleo, como exemplo no Panamá, observou-se que os corais maciços parecem ser mais resistentes ao impacto que os corais ramificados. Sendo assim, os múltiplos impactos antropogênicos e naturais em sinergia aumentam a ocorrência de eventos de branqueamento, doenças e mortalidade nos corais. Uma vez que a fauna coralínea brasileira é formada por espécies maciças que crescem lentamente, e com baixa capacidade de regeneração (Oigman-Pszczol et al., 2012), é de grande importância que se identifique as espécies e as áreas onde os corais costeiros ocorrem, a fim de implementar medidas para minimizar os impactos decorrentes de um vazamento de óleo na região.
Mollusca
No Brasil, existem mais de 1.900 espécies de moluscos marinhos, das quais 1.776 foram registradas por Rios (2009). Elas podem ser encontradas desde a zona de respingos, no supralitoral, até profundidades superiores a 2.000 m, em diferentes ambientes como manguezais, praias, costões rochosos, recifes de corais, em sedimentos lamosos, na coluna d’água ou flutuando na superfície. A partir de registros bibliográficos, livros, descrições de espécies, monografias, dissertações e teses, base de dados on line, além de material depositado em coleções brasileiras, foram encontradas 505 espécies de moluscos para a região da Bacia de Campos, na faixa batimétrica que vai da zona entremarés até 25 m de profundidade. Destas, 343 são Gastropoda, 137 Bivalvia, oito Polyplacophora, 11 Scaphopoda e seis Cephalopoda. Na ausência de trabalhos específicos para a região costeira da Bacia de Campos as distribuições geográfica e batimétrica foram complementadas a partir de informações contidas em Rios (2009) e Rosenberg (2009). Das 343 espécies de gastrópodes encontradas até 25 m de profundidade, 161 podem ser encontradas na zona entremarés (41 em substrato inconsolidado: areia ou lama; 120 em substrato consolidado), sendo que a maioria possui distribuição batimétrica que não se restringe a essa faixa do litoral. A maioria das espécies de gastrópodes não é encontrada em abundância. No entanto, algumas espécies podem ocorrer em grande número, como Neritina virginea (Linnaeus, 1758), que vive em áreas abrigadas de fundo arenoso, ou areno-lamoso, próximo a manguezais; Hastula cinerea (Born, 1778), que ocorre em abundância em certas regiões, como
na zona entremarés das praias arenosas do Peró, em Cabo Frio, e da Prainha, em Arraial do Cabo; e Anachis sertulariarum (d’Orbigny, 1839) e Mitrella dichroa (G.B. Sowerby I, 1844), em geral encontradas em grande quantidade embaixo de pedras da zona entremarés até profundidades em torno de 10 m. O gastrópode séssil Petaloconchus myrakeenae Absalão e Rios, 1987, que consta na lista de espécies ameaçadas (Santos e Absalão, 2009), é conhecido exclusivamente da sua localidade-tipo, o costão rochoso à esquerda da Praia de Itaipu. Entretanto, a inexistência de levantamentos de espécies, ou inventários taxonômicos de moluscos para a região da Bacia de Campos, nos impede de afirmar que P. myrakeenae seja uma espécie endêmica daquela localidade. Das 137 espécies de bivalves que ocorrem na região da Bacia de Campos até 25 m de profundidade, 76 podem ser encontradas na zona entremarés (52 em substrato inconsolidado: areia ou lama; e 24 em substrato consolidado: rochas e árvores de mangue). Entre elas, seis são perfuradoras de madeira e pelo menos 10 são consumidas pelas populações ribeirinhas, sendo quatro delas de valor comercial: Anomalocardia flexuosa (Linnaeus, 1767), Crassostrea rhizophorae (Guilding, 1828), Mytella bicolor (Bruguière, 1792) e Perna perna (Linnaeus, 1758). Bivalves filtradores que vivem na zona entremarés e águas rasas, incluindo espécies de valor comercial, são altamente sensíveis a vazamentos de óleo, pois este se acumula em seus tecidos e brânquias. Esses animais têm baixa capacidade de metabolizar o óleo e, portanto, ficam mais tempo expostos ao produto, comprometendo sua alimentação, crescimento, reprodução e desenvolvimento larval (Blackburn et al., 2014). Os vazamentos de óleo podem comprometer a produção comercial das espécies cultivadas na área de estudo, como Perna perna (Linnaeus, 1758), Crassostrea gigas (Thunberg, 1793) e Nodipecten nodosus (Linnaeus, 1758). A espécie invasora Isognomon bicolor (C.B. Adams, 1845) ocorre em toda a Bacia de Campos na zona entremarés e águas rasas de costões rochosos e substratos artificiais, incluindo as estruturas das plataformas de petróleo. O mexilhão P. perna tem sido utilizado como espécie bioindicadora da presença de produtos derivados do petróleo (Lima, 2001; Barros 2002; Francioni et al., 2005, 2007a, 2007b). Outras três classes de moluscos que ocorrem na área de estudo são Scaphopoda, Polyplacophora e Cephalopoda. Os Scaphopoda são moluscos que vivem exclusivamente em fundos arenosos ou lamosos. Os Polyplacophora vivem exclusivamente em fundos duros, aderidos sob as rochas, podendo ser encontrados na região da Bacia de Campos na zona entremarés até 25 m de profundidade. Os Cephalopoda, devido a sua grande mobilidade e distribuição batimétrica, talvez sejam, entre os moluscos, os menos suscetíveis aos impactos causados por eventuais vazamentos de óleo. A partir de coletas realizadas nos últimos 25 anos foi possível identificar algumas áreas com grande diversidade de moluscos: o banco de areia (coroa) localizado próximo à ponte, no canal de Guarapari (ES), as poças de maré em Meaípe (ES), as pedras expostas na maré baixa na Praia de Manguinhos, em Búzios (RJ), e o banco de gramíneas marinhas próximo à Ilha do Japonês, no Canal do Itajuru, em Cabo Frio (RJ).
Polychaeta
Os anelídeos poliquetas se destacam pela sua extraordinária diversidade e por dominarem numericamente as associações macrobênticas em ecossistemas marinhos, particularmente nas regiões costeiras, como baías e estuários, e na plataforma continental. Esses invertebrados invadiram com sucesso a maioria dos ambientes marinhos e constituem um grupo taxonômico
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diverso, representados por cerca de 13.000 espécies distribuídas em quase 90 famílias (Rouse e Pleijel, 2001). Destaca-se também o importante papel na cadeia trófica, contribuindo significativamente para a dieta de peixes e invertebrados de interesse comercial. Uma vasta literatura tem mostrado padrões de resposta relativamente recorrentes destes animais às perturbações ambientais (Reish e Gerlinger, 1997) e várias espécies têm sido consideradas bioindicadoras, a exemplo do complexo Capitella capitata (Fabricius, 1780), encontrada em abundância em ambientes enriquecidos organicamente. Além daquelas consideradas oportunistas, espécies sensíveis têm sido reconhecidas como indicadoras de qualidade ambiental pela sua ausência ou diminuição. Quando comparados aos demais invertebrados marinhos, os poliquetas possuem grande número de espécies cosmopolitas ou com ampla distribuição circuntropical. É possível que isso se deva à dificuldade na identificação taxonômica, relacionada com as descrições incompletas, com a rápida determinação por não especialistas e/ou com a falta de comparações com espécimes-tipo. Estudos recentes têm verificado que muitas espécies classificadas como cosmopolitas no passado são atualmente restritas a regiões geográficas específicas (Kirkegaard, 1994; Barroso et al., 2009; Nygren e Pleijel, 2010). Apesar de sua relevância ecológica, a sistemática do grupo no Atlântico Sul está pouco avançada. O litoral do Estado do Rio de Janeiro pode ser considerado razoavelmente conhecido em relação às espécies de poliquetas, junto com os estados do Paraná e de São Paulo, entretanto trabalhos desenvolvidos na região são essencialmente de abordagem ecológica e não há publicações como manuais, catálogos ou guias sobre a fauna poliquetológica do estado que auxiliem o trabalho de identificação. Neste estudo, o levantamento das referências bibliográficas foi primariamente baseado no “Catálogo das Espécies de Annelida Polychaeta do Brasil” (Amaral et al., 2012), que faz uma compilação de todos os estudos poliquetológicos realizados na costa brasileira. Foram utilizados os bancos de dados WoRMS (2012) e ITIS (2012), além de conhecimento empírico no grupo. Ao todo, foram consultadas 17 fontes de informação bibliográfica (descrições textuais) sobre poliquetas na área supracitada, de onde foram incluídos 184 novos recursos (siglas RJBCA0001-BIO a RJBCA00183-BIO e RJBCN001-BIO). Tais referências bibliográficas foram compostas basicamente por teses de doutorado, dissertações de mestrados, trabalhos de conclusão de curso e resumos apresentados em eventos científicos. A maioria dos estudos sobre ou incluindo poliquetas, realizada na região entre Araruama (RJ) e Vitória (ES), é pontual. São baseados em uma única espécie como Armandia longicaudata (Ribeiro et al., 2001) e Phragmatopoma caudata (Occhioni, 2011) ou associados a uma biota específica como bancos de algas calcárias (Berlandi, 2010) e algas filamentosas como Halodule wrightii e Sargassum furcatum (Almeida e Ruta, 2000; Omena e Neves, 2001; Omena e Creed, 2004) e como endofauna de bancos do bivalve Perna perna (Silva et al., 2011) e da esponja Cliona varians (Stofel et al., 2008). Outros exploraram ambientes como lagoas costeiras (Pinto, 2011; Ferreira, 2012) e costões rochosos (Masi e Zalmon, 2008), mas a maioria abordou fundos inconsolidados arenosos rasos (Attolini e Tararam, 2001; Veloso et al., 2003; Nalesso et al., 2005; Carvalho, 2009; Rocha et al., 2009). As principais espécies de poliquetas registradas na região, em ordem decrescente de abundância, foram Laeonereis culveri (Nereididae; 3.161 inds.), Fabricia filamentosa (Sabellidae; 2.762 inds.), Heteromastus similis (Capitellidae; 1.737 inds.), Prionospio heterobranchia (Spionidae; 1.037 inds.); Aricidea (Allia) albatrossae (Paraonidae; 531 inds.), Haplosyllis spongicola (Syllidae, 507 inds.), Armandia longicaudata (Opheliidae; 353 inds.), Prionospio streenstrupi (Spionidae; 324 inds.), Exogone arenosa (Syllidae; 278 inds.) e Sigambra grubii (Pilargidae; 213 inds.). As demais espécies
foram encontradas em quantidades inferiores a dez indivíduos. Nesse estudo não foi verificada a presença de espécies endêmicas para a Bacia de Campos. Dentre as espécies mais abundantes, o nereidídeo L. culveri tem grande mobilidade, sendo capaz de ocupar vários habitats costeiros, principalmente estuarinos, poluídos ou não. Também tolera ampla oscilação de temperatura e salinidade, constrói tubos e se alimenta de detritos. Essa espécie foi a mais abundante neste estudo. Por ser uma espécie r-estrategista, poderia ser uma das primeiras a colonizar ambientes perturbados por vazamentos de óleo, após estabelecidas as condições mínimas para sua sobrevivência. Esteve associada à Ruppia marina (Ruppiaceae) nas lagoas costeiras da Restinga de Jurubatiba, região norte do Estado do Rio de Janeiro. Sendo L. acuta uma espécie depositívora, provavelmente essa monocotiledônea fornece substrato de forrageio para o poliqueta. Por outro lado, Fabricia filamentosa e Prionospio heterobranchia foram bastante abundantes quando associadas a bancos de H. wrightii. A primeira dispõe sua coroa tentacular ao redor do tubo para capturar partículas em suspensão. O mesmo ocorre com P. heterobranchia, só que em vez de uma coroa tentacular, esse espionídeo usa um par de palpos longos para coletar partículas na interface sedimento-água. Espécies que vivem em galerias e são suspensívoras, depositívoras ou detritívoras, caso dos Spionidae citados anteriormente, poderiam ter suas atividades cessadas ou até completamente comprometidas no caso de vazamentos de óleo. Essas duas espécies podem ser excluídas pela atividade de bioturbação de depositívoros, mas podem coexistir em sedimentos com vegetação estável (Omena e Creed, 2004). Heteromastus similis, um poliqueta capitelídeo, geralmente é encontrada em regiões estuarinas e costeiras, em sedimentos arenosos a lamosos com certo grau de enriquecimento orgânico e tolerando grandes variações de salinidade, como é o caso das lagoas costeiras da Restinga de Jurubatiba, local onde a espécie foi encontrada em grande quantidade (Ferreira, 2012). Além disso, ao se alimentar de partículas orgânicas e depositar suas fezes promove a bioturbação do sedimento, modificando sua composição química e granulométrica ao revolver e misturar a matéria orgânica e inorgânica entre as diferentes camadas. Portanto, essa é uma espécie que poderia inicialmente auxiliar na dissipação do óleo, em casos de vazamentos, pelo revolvimento dos primeiros centímetros de sedimento. Aricidea (A.) albatrossae e Prionospio streenstrupi utilizam os longos palpos para capturar partículas em suspensão, enquanto Armandia longicaudata se alimenta de matéria orgânica depositada no sedimento. Sigambra grubii pode ser encontrada em ambientes estuarinos e zonas costeiras, em sedimentos arenosos ou lamosos, e é considerada onívora ou carnívora. Essa espécie foi descrita para a Ilha de Santa Catarina, mas já foi encontrada no sul, sudeste e nordeste do Brasil. Como poliquetas geralmente não têm distribuição agregada, raramente formando colônias, não foi possível verificar padrões de concentração para determinadas espécies. Altas abundâncias de alguns poliquetas, como H. similis e L. culveri, por exemplo, devem-se principalmente ao fato de essas espécies suportarem grandes variações de salinidade, condições presentes em ambientes marginais, caso das lagoas costeiras do norte fluminense. Esse ambiente é inóspito ou pouco tolerado por outras espécies e, portanto, torna-se propício para o estabelecimento dessas espécies estenohalinas, à medida que a quantidade de competidores e predadores diminui. O silídio Haplosyllis spongicola foi a espécie mais abundante associada à esponja C. varians que, por apresentar um corpo frágil, utiliza-se de substratos secundários como, nesse caso, as esponjas. A presença de orifícios, encaixes e câmaras nas esponjas torna-se um local ideal para reprodução e proteção contra predadores, podendo o poliqueta ocupar
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
todo o espaço disponível. O capitelídeo Capitella cf. capitata contribuiu com quase 75% do total de poliquetas coletados na laguna de Araruama (Pinto, 2011). O ciclo de vida dessa espécie r-estrategista, que na verdade é um complexo de espécies-irmãs, propicia a formação de densas populações de forma rápida, sendo consideradas pioneiras em áreas enriquecidas organicamente (Grassle e Grassle, 1974), o que poderia ser o caso quando do vazamento de óleo na Bacia de Campos. Phragmatopoma caudata (Sabellariidae) constrói tubos de areia formando extensas colônias, constituindo verdadeiros recifes arenosos abrigando milhares de indivíduos por metro quadrado. Tais recifes arenosos estão amparados por costões rochosos e podem se estender por quilômetros ao longo da costa. A importância desses bancos de P. caudata é que, como são resistentes ao batimento das ondas, protegem o litoral, retardando o processo erosivo nas praias arenosas (Occhioni, 2011). Além desse papel estabilizador, os bancos arenosos de P. caudata podem propiciar micro-habitats para outros organismos. Entretanto, no caso de vazamento de óleo essa seria uma das espécies mais afetadas por ser séssil e estar concentrada em um ponto.
Crustacea
O subfilo Crustacea faz parte do Filo Arthropoda. Seu nome deriva do envoltório resistente (do latim crusta = concha + áceo = espécime de) que a maioria dos crustáceos apresenta, denominado carapaça. Pertencem a esse grupo animais bem conhecidos, muitos são comestíveis, como caranguejos, siris, lagostas e camarões. Primitiva e predominantemente marinhos, esses grupos são de grande valor econômico e têm sido explorados intensivamente na pesca profissional, muitos sob ameaça de extinção (Bergallo et al., 2000). Além desses, encontramos também muitos outros grupos de pequeno porte que, em princípio, não possuem importância econômica direta. No entanto, esses organismos ocupam uma posição ecológica fundamental, como elo trófico importante entre produtores primários e consumidores em níveis tróficos superiores no mar. Alguns copépodes marinhos são considerados os animais mais abundantes do mundo. Ecologicamente constituem, portanto, a base alimentar de muitas espécies comercialmente exploradas, como peixes, moluscos, crustáceos maiores, além de vários outros animais que se alimentam de plâncton. No mar, eles podem ser encontrados em todas as profundidades, desde as zonas polares até os trópicos. Existem ainda várias lacunas de conhecimento sobre a ocorrência e diversidade dos crustáceos, não só na Bacia de Campos, mas em toda a costa brasileira. Dados atuais estimam que existam em torno de 67.000 espécies descritas, sendo cerca de 2.400 espécies com ocorrência para o Brasil. Contudo, acredita-se que esse número de espécies de crustáceos seja 5 a 10 vezes maior (Young, 1998; Martin e Davis, 2001; Brusca e Brusca, 2007). Dessa fauna, 58,5% fazem parte da classe Malacostraca, que inclui a ordem Decapoda, um dos grupos maiores e mais abundantes dentre os Crustacea. Existem alguns trabalhos gerais para a costa brasileira (Melo, 1996, 1999; Young, 1998), mas, de uma forma geral, com poucas exceções, os organismos bentônicos que habitam os costões rochosos do litoral brasileiro não foram adequadamente estudados (Crespo-Pereira e Soares-Gomes, 2009). As comunidades bentônicas encontradas em substratos consolidados, como costões rochosos, são componentes importantes pela presença das próprias espécies como agentes estruturadores do ambiente ou sua participação efetiva na cadeia trófica. A região entre Vitória (ES) e Arraial do Cabo (RJ) caracteriza-se por grande disponibilidade de costões rochosos. Esse ecossistema é encontrado tanto na borda continental, recortada por inúmeras baías e
enseadas, com praias pequenas separadas por esporões rochosos, como nas numerosas ilhas e ilhotas que ocorrem nessa região (Crespo-Pereira e Soares-Gomes, 2009). Os crustáceos são extremamente abundantes nesse ambiente e região, sendo encontradas em abundância, por exemplo, as espécies: Menippe nodifrons, Eriphia gonagra, Pachygrapsus transversus, Cronius ruber, Geograpsus lividus, Alpheus armillatus, A. formosus e A. floridanus. Muitas vivem associadas a outros organismos sedentários, sendo igualmente afetadas caso essa população sofra algum estresse ambiental, como vazamentos de óleo. Entretanto, essas espécies ocorrem também na maior parte do litoral brasileiro, não sendo, portanto, conhecido nenhum endemismo para esse local. Alguns manguezais importantes também são encontrados na Bacia de Campos (Carmo et al., 1995; Lacerda, 1999). Os invertebrados marinhos estão bem representados nesses manguezais, principalmente decápodes braquiúros, que vivem tanto associados ao sedimento inconsolidado como sobre troncos, raízes e copas das espécies vegetais de mangue. Esses crustáceos são importantes membros das comunidades bentônicas tropicais, incluindo os estuários. Além do fato de as espécies maiores e mais abundantes serem usualmente utilizadas como alimento pelo homem, existe uma grande variedade de pequenas espécies que contribuem para o tamanho, complexidade e funcionamento desses ecossistemas tropicais. Grande parte da pesca artesanal baseia-se em espécies restritas ou que passam parte significativa de seu ciclo de vida nesses ambientes. Dentre estas, encontram-se caranguejos, como Ucides cordatus e Cardisoma guanhumi, siris, como Callinectes exasperatus, C. danae, C. sapidus e C. ornatus; e camarões, como Lithopenaeus schmitti, Farfantepenaeus brasiliensis e F. paulensis, que são importantes fontes de renda para grande parte da população litorânea (Lacerda, 1999). As espécies típicas de manguezais são as mais ameaçadas, pois, além de serem utilizadas como alimento, encontram-se em locais com forte deterioração e retração da sua área, como é o caso do caranguejo-uçá Ucides cordatus. Os manguezais e lagoas costeiras localizados no litoral dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo já apresentam, infelizmente, grandes problemas de conservação devido à ação antrópica predatória e à ocupação imobiliária e aterros, que diminuem drasticamente a área dos mesmos. No caso das lagoas costeiras, sua utilização como receptora final de esgotos domésticos é um sério fator que contribui para a degradação. Normalmente, essas lagoas apresentam uma limitada capacidade de renovação de águas ameaçando, principalmente, espécies alvos de pesca local, como o camarão-rosa Farfantepenaeus brasiliensis e os pitus Macrobrachium olfersii e Macrobrachium acanthurus. Portanto, em caso de vazamento de óleo nestes locais, os prejuízos ambientais nestes ecossistemas sensíveis podem ser vultosos e irreversíveis. A pesca é a atividade econômica mais importante em relação aos crustáceos, especialmente a captura de diferentes espécies de camarões para consumo humano. Na maior parte dos trabalhos sobre pesca, as espécies de Penaeus estão entre as mais citadas. Contudo, em outros trabalhos, o gênero Penaeus foi revisado e alguns subgêneros elevados à categoria de gênero. Entretanto, atualmente essa posição sistemática voltou a ser tema de discussão pelos pesquisadores do grupo. Por esse motivo as espécies exploradas, em alguns trabalhos, aparecem como pertencentes aos gêneros Farfantepenaeus e Litopenaeus, conforme Pérez-Farfante e Kensley (1997). Segundo Rabelo (2006), nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, a pesca de camarões é desenvolvida, principalmente, sobre os estoques de camarão-rosa (Farfantepenaeus brasiliensis e F. paulensis) e de camarão-de-sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri). A captura industrial do camarão-barba-ruça (Artemesia longinaris) e do camarão-santana (Pleoticus muelleri) tem crescido, mas com significativas flutuações interanuais (Haimovici e Mendonça, 1996). Além dessas espécies,
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também é explorado o camarão-branco (Litopenaeus schmitti). A distribuição geográfica desses recursos pesqueiros é bastante ampla e foi estudada por D’Incao (1995). Farfantepenaeus brasiliensis distribui-se desde a Carolina do Norte (EUA) até o Rio Grande do Sul (Brasil); F. paulensis ocorre de Ilhéus (Bahia, Brasil) a Mar del Plata (Argentina); X. kroyeri foi registrado desde a Virgínia (EUA) até o Rio Grande do Sul (Brasil); L. schmitti ocorre da Baia de Matanzas (Cuba) ao Rio Grande do Sul (Brasil); Artemesia longinaris e Pleoticus muelleri distribuem-se desde o norte do Estado do Rio de Janeiro (Brasil) até o sul da Argentina (Chubut e Santa Cruz, respectivamente). A pesca do camarão-rosa é efetuada sobre seus dois estratos populacionais, com adultos em águas oceânicas (“pesca industrial”), mas com a captura de juvenis e pré-adultos em áreas estuarinas e lagunares (“pesca artesanal”) (Paiva et al., 2002), tornando-as portanto altamente vulneráveis. Dentro da Bacia de Campos, na região de Cabo Frio e Macaé, são observados os principais pesqueiros de camarão-rosa do Estado do Rio de Janeiro, com as maiores capturas sendo obtidas durante o inverno, havendo um equilíbrio no outono e primavera (Paiva et al., 2002). As menores capturas ocorrem no verão, por causa da imposição do defeso. Outra importante área de pesca é Conceição da Barra, no Espírito Santo (Rabelo, 2006), que tem como principal espécie-alvo o camarão-de-sete-barbas (Almeida, 2004). Em resumo, a pesca de camarões na Bacia de Campos é desenvolvida, principalmente, sobre os estoques do camarão-rosa (principalmente Farfantepenaeus brasiliensis), do camarão-branco (Lithopenaeus schimitti) e do camarão-de-sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri), sendo essas espécies mais abundantes e representando a grande maioria das capturas artesanais e industriais, e devem ser consideradas espécies-alvos em caso de poluição por vazamentos de óleo, pois causariam um declínio e redistribuição destas populações. Já a captura dos camarões “barba-ruça” (Artemesia longinaris) e “santana” (Pleoticus muelleri), espécies exclusivamente oceânicas, são sazonais e não apresentam abundância que justifique uma classificação como recursos pesqueiros. O empobrecimento da biodiversidade em escala global é um dos grandes problemas a serem enfrentados hoje em dia. Atualmente, alguns crustáceos correm o risco de desaparecimento em determinados trechos da costa sem ao menos ter mapeadas suas reais populações e ciclos de vida, tornando extremamente importantes estudos acerca desta fauna, que permitirão cobrir muitas dessas lacunas em diversos aspectos concernentes à proteção da fauna nativa (Bergallo et al., 2000).
Echinodermata
O Filo Echinodermata é composto por organismos em sua maioria bentônicos (Hendler et al., 1995). O termo Echinodermata (do grego echinos = espinho, e derma = pele) foi introduzido por Klein em 1734, que o utilizou originalmente para os ouriços-do-mar (Tommasi, 1999). Atualmente este filo representa aproximadamente 7.000 espécies viventes e 13.000 espécies em registro fóssil (Hendler et al., 1995; Pawson, 2007). Estão dentre os mais diversificados e abundantes organismos da macrofauna bêntica (Hendler et al., 1995). Este filo possui cinco classes de organismos: Crinoidea (a mais primitiva); Asteroidea, Ophiuroidea, Echinoidea e Holothuroidea (Hendler et al., 1995; Pawson, 2007). Os Echinodermata geralmente possuem simetria pentâmera quando adultos, a maioria com cinco raios ou múltiplos de cinco, sendo que as larvas retêm uma simetria ancestral bilateral (Hendler et al., 1995; Campos et al., 2010). São metazoários celomados não segmentados, deuterostômios, enterocélicos, com um esqueleto mesodermal composto por placas calcárias,
com um sistema aquífero por onde circula água semelhante em composição à água do mar (Tommasi, 1999). Podem ser encontrados em associação com diversos organismos, como crustáceos, nematódeos e poliquetas (Hyman, 1955), além de esponjas, algas calcárias, gorgônias e corais, e embora algumas espécies possam formar aglomerados, não são coloniais (Tommasi, 1999). Os equinodermos podem representar até 80% da biomassa total da fauna em determinadas localidades (Hendler et al., 1995; Gage e Tyler 1991), executando um papel importante na cadeia trófica marinha (Gage e Tyler, 1991; Borges et al., 2002). Não é considerado um grupo explorado pela pesca, porém, segundo Hendler (1996), as classes Asteroidea e Echinoidea são impactadas diretamente com a predação antrópica para fabricação de souvenirs, principalmente em regiões de águas rasas. Os ofiuroides, por exemplo, possuem um papel relevante dentro das comunidades marinhas contribuindo para mobilizar depósitos nos fundos marinhos e para o ciclo do carbono (Fell, 1966; Lawrence, 1987; Hendler et al., 1995) e algumas espécies podem ser utilizadas como bioindicadoras de ambientes eutrofizados (Borges, 2001). Já os Holothuroidea são responsáveis pela reciclagem da biomassa dos fundos marinhos, através da ingestão e eliminação de matéria orgânica. Através dos dados obtidos por esse levantamento bibliográfico, é possível concluir que todas as espécies localizadas na isóbata de 25 m são de distribuição cosmopolita. No total, foram catalogadas 24 espécies de equinodermos. Várias espécies tiveram ocorrência na mesma localidade e repetiram-se ao longo da costa da região da Bacia de Campos, acarretando aos Echinodermata como um grupo de grande amplitude espacial. Através desse levantamento, também foi possível observar que os organismos mais abundantes eram pertencentes à classe Ophiuroidea. A classe Crinoidea não foi representada na isóbata de 25 m, enquanto os Asteroidea, Echinoidea e Holothuroidea contribuíram com poucos representantes. Vale ressaltar que a grande diversidade e biomassa desse grupo é normalmente relatada em trabalhos científicos realizados em regiões mais profundas, como a margem continental, talude e regiões abissais.
Considerações Finais Invertebrados marinhos encontrados na zona entremarés, em praias, costões rochosos e áreas de mangue ficam expostos conforme a variação destas. Aliado a isso, por terem locomoção limitada e alguns serem sésseis, são mais suscetíveis aos impactos diretos (sufocamento) e indiretos (perda de habitat e de fontes de alimento) causados por possíveis vazamentos de petróleo. Embora grande parte dos invertebrados marinhos possua uma ou mais larvas em seu ciclo de vida, que se dispersam através da coluna d’água e voltam a colonizar áreas que tenham sido atingidas por vazamentos de óleo, é necessário que o ambiente esteja em condições que permitam o assentamento dessas larvas. Os táxons com poucas espécies registradas comumente incluem representantes que são geralmente de taxonomia mais complexa, com pouca variabilidade de caracteres morfológicos (complexos de espécies) e com ampla distribuição geográfica. No entanto, a diversidade de cada grupo pode ser resultado de um maior esforço de captura, de identificação pelos especialistas ou mesmo de variações da riqueza de natureza evolutiva. Também é comum a precariedade no conhecimento do local exato onde tais espécies foram coletadas. Informações básicas como locais
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
de coleta, ambiente, tipo de sedimento e profundidade, por exemplo, podem indicar para os pesquisadores e também para as agências de fomento e entidades privadas se os esforços estão
Tabela 1. Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m.
os anelídeos poliquetas não se sabe quais ecossistemas marinhos foram mais ou menos estuda-
Filo Cnidaria Verrill, 1865 Classe Anthozoa Ehrenberg, 1834
concentrados em um dado local e se há lacunas no conhecimento científico. Por exemplo, para dos no litoral fluminense, assim como não se pode afirmar se as regiões norte e sul são menos
conhecidas em relação à região central. O mesmo ocorre com os demais invertebrados marinhos.
A partir do levantamento destes dados, será possível disponibilizar a informação de modo que outros pesquisadores possam direcionar futuros estudos.
É importante destacar que trabalhos reunindo informações pretéritas sobre os invertebrados
marinhos, com ocorrência registrada no litoral norte fluminense e sul capixaba, contribuirão diretamente não apenas no trabalho de identificação realizado por ecólogos e taxonomistas, mas também servirão como uma base para o público em geral e uma fonte de dados sobre a biodi-
versidade local. Também poderão dar suporte ao verificar as lacunas existentes no conhecimento
deste grupo, além de diretrizes aos tomadores de decisões relativas às questões ambientais e atividades de conservação e preservação.
Das 737 espécies de invertebrados marinhos registradas desde o supralitoral até 25 m
de profundidade, quase 70% é de moluscos, principalmente gastrópodes e bivalves, cerca de 30% de crustáceos e poliquetas e somente 2% de corais e equinodermos. Assim, com exceção
talvez dos moluscos, o conhecimento limitado dos invertebrados marinhos na região costeira da Bacia de Campos pode ser explicado pela carência de publicações, principalmente aquelas
de cunho taxonômico. A maioria das publicações provém de literatura cinza, ou seja, de infor-
mações divulgadas em relatório (pesquisa, técnico, projetos), resumos e anais de simpósios e congressos, muitas vezes com divulgação restrita ou limitada. Consequentemente, a inexistên-
cia de manuais, catálogos ou guias regionais impossibilita determinar quais seriam as espécies
raras ou de ocorrência eventual. Outro fator que restringe o conhecimento da biodiversidade de invertebrados marinhos na região é o fato de, muitas vezes, a identificação ter sido realiza-
da por generalistas e não especialistas em um dado táxon. O que resulta, portanto, no registro duvidoso de espécies cuja localidade-tipo está muito aquém da área de estudo, no caso a Bacia de Campos. Se checarmos com acuidade, poderemos verificar, por exemplo, que não é incomum a ocorrência de espécies descritas para o Pacífico em águas brasileiras. Não que isso seja impossível, mas se tratando de espécies bentônicas de fundos moles que não são
conhecidas por terem ampla distribuição geográfica ou por serem introduzidas ou exóticas, a probabilidade de seu registro numa localidade muito distante daquela de origem é, no mínimo, questionável.
Ordem Scleractinia Bourne, 1900 Família Dendrophylliidae Gray, 1847 Tubastraea coccinea Lesson, 1829 Tubastraea tagusensis Wells, 1882 Família Mussidae Ortmann, 1890 Favia gravida Verrill, 1868 Mussismilia braziliensis Verrill, 1902 Mussismilia hispida Verrill, 1868 Família Pocilloporidae Gray, 1842 Madracis decactis (Lyman, 1859) Família Poritidae Gray, 1842 Porites branneri Rathbun, 1887 Família Rhizangiidae d’Orbigny, 1851 Astrangia rathbuni Vaughan, 1906 Família Siderastreidae Vaughan & Wells, 1943 Siderastrea stellata Verrill, 1868 Classe Anthozoa Ehrenberg, 1834 Ordem Alcyonacea Lamouroux, 1812 Família Clavulariidae Hickson, 1894 Carijoa riisei (Duchassaing & Michelotti, 1860) Família Gorgoniidae Lamouroux, 1812 Leptogorgia punicea (Milne-Edwards & Haime,1857) Leptogorgia violacea (Pallas, 1766) Olindagorgia gracilis (Verril, 1868) Phyllogorgia dilatata (Esper, 1806) Família Nephtheidae Gray, 1862 Chromonephthea braziliensis Ofwegen, 2005 Família Plexauridae Gray, 1859 Heterogorgia uatumani Castro, 1990 Muricea atlantica (Riess in Kükenthal, 1919) Muriceopsis sulphurea (Donovan, 1825) Plexaurella grandiflora Verrill, 1912
Assim, a descrição dos habitats costeiros, dados biológicos e ecológicos, informações sobre
a previsão do comportamento e na persistência desses grupos quando do vazamento de óleo,
e outras informações complementares sobre as atividades socioeconômicas em decorrência de possíveis desastres ambientais como esse e sua consequência na fauna marinha podem ser preci-
pitados e especulativos quando baseados em dados pontuais e fragmentados. No caso de vaza-
mentos de óleo em profundidades rasas como na Bacia de Campos, recomenda-se o estudo caso a caso a depender da localização da área afetada a fim de verificar qual a melhor solução para a contenção do vazamento, limpeza in situ e manutenção da biota atingida.
Para que o conhecimento da macrofauna bêntica costeira da Bacia de Campos seja ampliado,
é fundamental que se invistam recursos para a realização de estudos em toda a região e para a publicação de forma mais abrangente dos dados obtidos.
Classe Hydrozoa Owen, 1843 Ordem Anthoathecata Cornelius, 1992 Família Milleporidae Fleming, 1828 Millepora alcicornis Linnaeus, 1758 Millepora braziliensis Verrill, 1868 Filo Mollusca Cuvier, 1797 Classe Gastropoda Cuvier, 1795 Família Calliostomatidae Thiele, 1924 (1847) Calliostoma adspersum (Philippi, 1851) Calliostoma depictum Dall, 1927
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Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m.
Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m.
Calliostoma gemmosum (Reeve, 1842) Calliostoma hassler Clench & Aguayo, 1939 Calliostoma jucundum (Gould, 1849) Calliostoma viscardii Quinn, 1992 Família Fissurellidae Fleming, 1822 Diodora cayenensis (Lamarck, 1822) Diodora dysoni (Reeve, 1850) Diodora listeri (d’Orbigny, 1847) Diodora mirifica Métivier, 1972 Diodora patagonica (d’Orbigny, 1839) Diodora sayi (Dall, 1889) Fissurella rosea (Gmelin, 1791) Hemitoma octoradiata (Gmelin, 1791) Lucapinella henseli (Martens, 1900) Lucapinella limatula (Reeve, 1850) Família Phasianellidae Swainson, 1840 Eulithidium affine (C. B. Adams, 1850) Eulithidium bellum (M. Smith, 1937) Gabrielona sulcifera Robertson, 1973 Família Scissurellidae Gray, 1847 Scissurella morretesi Montouchet, 1972 Família Solariellidae Powell, 1951 Solariella carvalhoi Lopes & Cardoso, 1958 Família Tegulidae Kuroda, Habe & Oyama, 1971 Tegula viridula (Gmelin, 1791) Tegula patagonica (d’Orbigny, 1835) Família Trochidae Rafinesque, 1815 Halistylus columna (Dall, 1890) Família Turbinidae Rafinesque, 1815 Astralium latispina (Philippi, 1844) Lithopoma tectum (Lightfoot, 1786) Turbo heisei Prado, 1999
Retilaskeya bicolor (C. B. Adams, 1845) Rimosodaphnella morra (Dall, 1881) Seila adamsii (H. C. Lea, 1845) Família Epitoniidae Berry, 1910 (1812) Cirsotrema dalli Rehder, 1945 Cycloscala echinaticosta (d’Orbigny, 1842) Depressiscala nitidella (Dall, 1889) Epitonium albidum (d’Orbigny, 1842) Epitonium angulatum (Say, 1831) Epitonium foliaceicosta (d’Orbigny, 1842) Epitonium lamellosa (Lamarck, 1822) Epitonium nautlae (Mörch, 1875) Epitonium nitidella (Dall, 1889) Epitonium novangliae (Couthouy, 1838) Família Janthinidae Lamarck, 1822 Janthina janthina (Linnaeus, 1758) Janthina pallida W. Thompson, 1840 Família Litiopidae Gray, 1847 Alaba incerta (d’Orbigny, 1841) Família Modulidae P. Fischer, 1884 Modulus modulus (Linnaeus, 1758) Família Planaxidae Gray, 1850 Fossarus ambiguus (Linnaeus, 1758) Família Scaliolidae Jousseaume, 1912 Finella dubia (d’Orbigny, 1840) Família Turritellidae Lovén, 1847 Turritella exoleta (Linnaeus, 1758) Turritella hookeri Reeve, 1849 Família Triphoridae Gray, 1847 Marshallora nigrocincta (C. B. Adams, 1839) Metaxia excelsa Faber & Moolenbeek, 1991 Nototriphora decorata (C. B. Adams, 1850) Triphora atlantica E. A. Smith, 1890
Ordem Anaspidea Fischer, 1883
Ordem Cephalaspidea Fischer, 1883
Família Aplysiidae Lamarck, 1809 Aplysia dactylomela Rang, 1828 Aplysia fasciata Poiret, 1789 Dolabrifera dolabrifera (Rang, 1828) Phyllaplysia engeli Er. Marcus, 1955
Família Acteocinidae Dall, 1913 Acteocina bullata (Kiener, 1834) Acteocina candei (d’Orbigny, 1841) Família Bullidae Gray, 1827 Bulla occidentalis A. Adams, 1850 Bulla striata Bruguière, 1792 Família Cylichnidae H. Adams & A. Adams, 1854 Cylichnella bidentata (d’Orbigny, 1841) Família Haminoeidae Pilsbry, 1895 Atys riiseanus Mörch, 1875 Haminoea elegans (Gray, 1825) Família Philinidae Gray, 1850 (1815) Philine mera Ev. Marcus & Er. Marcus, 1969
Ordem Caenogastropoda Cox, 1960 Família Cerithiidae Fleming, 1822 Bittiolum varium (Pfeiffer, 1840) Cerithium atratum (Born, 1778) Família Cerithiopsidae H. Adams & A. Adams, 1853 Cerithiopsis aimen Rolán & Espinosa, 1996 Cerithiopsis capixaba Figueira & Pimenta, 2008 Cerithiopsis fusiformis (C. B. Adams, 1850) Cerithiopsis greenii (C. B. Adams, 1839)
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Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m. Ordem Cycloneritimorpha Bandel & Frýda 1999
Hipponix antiquatus (Linnaeus, 1767) Hipponix incurvus (Gmelin, 1791) Família Littorinidae Children, 1834 Echinolittorina lineolata (d’Orbigny, 1840) Echinolittorina ziczac (Gmelin, 1791) Littoraria angulifera (Lamarck, 1822) Littoraria flava (King, 1832) Família Naticidae Guilding, 1834 Natica marochiensis (Gmelin, 1791) Naticarius canrena (Linnaeus, 1758) Polinices hepaticus (Röding, 1798) Polinices lacteus (Guilding, 1834) Sigatica semisulcata (Gray, 1839) Sinum maculatum (Say, 1831) Sinum perspectivum (Say, 1831) Stigmaulax cayennensis (Récluz, 1850) Família Ovulidae Fleming, 1822 Cyphoma intermedium (G. B. Sowerby I, 1828) Cyphoma macumba Petuch, 1979 Cyphoma signatum Pilsbry & McGinty, 1939 Simnialena uniplicata (Sowerby II, 1849) Família Personidae Gray, 1854 Distorsio clathrata (Lamarck, 1816) Família Ranellidae Gray, 1854 Cabestana felipponei (Ihering, 1907) Charonia lampas (Linnaeus, 1758) Linatella caudata (Gmelin, 1791) Monoplex nicobaricus (Röding, 1798) Monoplex parthenopeus (Salis Marschlins, 1793) Monoplex pilearis (Linnaeus, 1758) Família Rissoidae Gray, 1847 Alvania auberiana (d’Orbigny, 1842) Alvania faberi De Jong & Coomans, 1988 Família Rissoinidae Stimpson, 1865 Zebinella princeps (C. B. Adams, 1850) Família Strombidae Rafinesque, 1815 Lobatus costatus (Gmelin, 1791) Lobatus gallus (Linnaeus, 1758) Família Tonnidae Suter, 1913 (1825) Tonna galea (Linnaeus, 1758) Família Tornidae Sacco, 1896 (1884) Parviturboides interruptus (C. B. Adams, 1850) Solariorbis bartschi (Vanatta, 1913) Teinostoma cocolitoris Pilsbry & McGinty, 1945 Teinostoma incertum Pilsbry & McGinty. 1945 Teinostoma megastoma (C. B. Adams, 1850) Tornus caraboboensis (Weisbord, 1962) Vitrinella filifera Pilsbry & McGinty, 1946
Família Neritidae Rafinesque, 1815 Neritina virginea (Linnaeus, 1758) Família Lottiidae Gray, 1840 Lottia subrugosa (d’Orbigny, 1846) Ordem Littorinimorpha Golikov & Starobogatov, 1975 Família Assimineidae H. Adams & A. Adams, 1856 Assiminea succinea (Pfeiffer, 1840) Família Atlantidae Rang, 1829 Atlanta peronii Lesueur, 1817 Família Barleeiidae Gray, 1857 Caelatura noxia Santos & Absalão, 2007 Caelatura spirocordata Absalão & Rios, 1995 Ketosia riosi Santos & Absalão, 2006 Pseudodiala puncturina Dos Santos & Absalão, 2006 Família Caecidae Gray, 1850 Caecum brasilicum de Folin, 1874 Caecum eliezeri Absalão, 1997 Caecum marmoratum de Folin, 1869 Caecum pulchellum Stimpson, 1851 Caecum ryssotitum de Folin, 1867 Caecum someri (de Folin, 1867) Caecum striatum de Folin, 1868 Caecum strigosum de Folin, 1868 Meioceras nitidum (Stimpson, 1851) Família Calyptraeidae Lamarck, 1809 Bostrycapulus odites Collin, 2005 Calyptraea centralis (Conrad, 1841) Crepidula carioca Simone, 2006 Crepidula intratesta Simone, 2006 Crepidula protea (d’Orbigny, 1841) Família Cassidae Latreille, 1825 Semicassis granulata (Born, 1778) Semicassis labiata (Perry, 1811) Família Cypraeidae Rafinesque, 1815 Erosaria acicularis (Gmelin, 1791) Luria cinerea (Gmelin, 1791) Macrocypraea zebra (Linnaeus, 1758) Família Elachisinidae Ponder, 1985 Elachisina floridana (Rehder, 1943) Família Eulimidae Philippi, 1853 Eulima mulata Rios & Absalão, 1990 Eulimostraca subcarinata (d’Orbigny, 1841) Melanella eburnea (Megerle von Mühlfeld, 1824) Scalenostoma subulatum (Broderip, 1832) Família Hipponicidae Troschel, 1861 Cheilea equestris (Linnaeus, 1758)
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Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m.
Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m.
Família Triviidae Troschel, 1863 Hespererato maugeriae (J.E. Gray, 1832) Niveria suffusa (J.E. Gray, 1827) Pusula maltbiana (Schwengel & McGinty, 1942) Pusula pediculus (Linnaeus, 1758) Trivia candidula (Gaskoin, 1836) Família Vanikoridae Gray, 1840 Megalomphalus oxychone (Mörch, 1877) Família Velutinidae Gray, 1840 Lamellaria mopsicolor Ev. Marcus, 1958 Família Vermetidae Rafinesque, 1815 Petaloconchus myrakeenae Absalão & Rios, 1987 Petaloconchus varians (d’Orbigny, 1839) Thylacodes decussatus (Gmelin, 1791) Família Zebinidae Coan, 1964 Schwartziella bryerea (Montagu, 1803)
Steironepion minus (C. B. Adams, 1845) Zafrona idalina (Duclos, 1840) Família Conidae Fleming, 1822 Conasprella centurio (Born, 1778) Conasprella jaspidea (Gmelin, 1791) Conasprella mindana (Hwass in Bruguière, 1792) Conus clerii Reeve, 1844 Conus regius Gmelin, 1791 Conus ziczac archetypus Crosse, 1865 Família Costellariidae MacDonald, 1860 Atlantilux exigua (C. B. Adams, 1845) Vexillum hendersoni Dall, 1927 Vexillum histrio (Reeve, 1844) Vexillum pulchellum (Reeve, 1844) Família Cystiscidae Stimpson, 1865 Persicula sagittata (Hinds, 1844) Família Drilliidae Olsson, 1964 Cerodrillia perryae Bartsch & Rehder, 1939 Fenimorea fucata (Reeve, 1845) Família Fasciolariidae Gray, 1853 Aurantilaria aurantiaca (Lamarck, 1816) Fusinus brasiliensis (Grabau, 1904) Fusinus marmoratus Philippi, 1846 Hemipolygona beckyae (Snyder, 2000) Leucozonia nassa (Gmelin, 1791) Leucozonia ocellata (Gmelin, 1791) Pustulatirus ogum (Petuch, 1979) Família Harpidae Bronn, 1849 Morum oniscus (Linnaeus, 1767) Família Marginellidae Fleming, 1828 Bullata analuciae de Souza & Coovert, 2001 Bullata largillieri (Kiener, 1841) Granulina ovuliformis (d’Orbigny, 1842) Prunum fulminatum (Kiener, 1841) Prunum martini (Petit de la Saussaye, 1853) Volvarina avena (Kiener, 1834) Volvarina brasiliana F. Boyer, 2000 Volvarina serrei (Bavay, 1913) Volvarina tunicata F. Boyer, 2000 Família Melongenidae Gill, 1871 (1854) Pugilina tupiniquim Abbate & Simone, 2015 Família Mitridae Swainson, 1831 Mitra barbadensis (Gmelin, 1791) Família Muricidae Rafinesque, 1815 Acanthotrophon striatoides E. H. Vokes, 1980 Attiliosa perplexa Vokes, 1999 Favartia cellulosa (Conrad, 1846) Favartia germainae (Vokes & D’Attilio, 1980)
Ordem Neogastropoda Wenz, 1938 Família Acteonidae d’Orbigny, 1843 Acteon candens Rehder, 1939 Acteon pelecais Ev. Marcus, 1972 Mysouffa cumingii (A. Adams, 1855) Família Architectonicidae Gray, 1850 Architectonica nobilis Röding, 1798 Heliacus cylindricus (Gmelin, 1791) Heliacus bisulcatus (d’Orbigny, 1842) Família Buccinidae Rafinesque, 1815 Dianthiphos bernardoi (Costa & Gomes, 1998) Engina demani De Jong & Coomans, 1988 Engina turbinella (Kiener, 1836) Gemophos auritulus (Link, 1807) Pisania pusio (Linnaeus, 1758) Família Cancellariidae Forbes & Hanley, 1851 Tritonoharpa leali Harasewych, Petit & Verhecken, 1992 Família Colubrariidae Dall, 1904 Colubraria kathiewayana Fittkau & Parth, 1993 Família Columbellidae Swainson, 1840 Anachis carloslirai Costa, 1996 Anachis fenneli Radwin, 1968 Anachis isabellei (d’Orbigny, 1839) Asolus stearnsii (Tryon, 1883) Columbella mercatoria (Linnaeus, 1758) Cosmioconcha helenae (Costa, 1983) Costoanachis sertulariarum (d’Orbigny, 1839) Mitrella antares P. M. Costa & P. J. de Souza, 2001 Mitrella dichroa (G. B. Sowerby I, 1844) Mitrella pusilla (Duclos, 1846) Nassarina thetys Costa & Absalão, 1998
Continua
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Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m.
Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m.
Favartia glypta (M. Smith, 1938) Favartia oxossi (Petuch, 1979) Favartia varimutabilis Houart, 1991 Morula nodulosa (C. B. Adams, 1845) Muricopsis necocheana (Pilsbry, 1900) Pazinotus bodarti (Costa, 1993) Siratus coltrorum (E. H. Vokes, 1990) Siratus senegalensis (Gmelin, 1791) Stramonita brasiliensis Claremont & D. G. Reid, 2011 Stramonita rustica (Lamarck, 1822) Trachypollia turricula (Maltzan, 1884) Trophon pelseneeri E. A. Smith, 1915 Urosalpinx haneti (Petit, 1856) Família Nassariidae Iredale, 1916 (1835) Buccinanops cochlidium (Dillwyn, 1817) Buccinanops monilifer (Kiener, 1834) Nassarius vibex (Say, 1822) Phrontis karinae (Nowell-Usticke, 1971) Tritia alba (Say, 1826) Família Olivellidae Troschel, 1869 Olivella floralia (Duclos, 1844) Olivella minuta (Link, 1807) Olivella nivea (Gmelin, 1791) Olivella petiolita (Duclos, 1835) Olivella puelcha (Duclos, 1835) Família Olividae Latreille, 1825 Agaronia travassosi Lange de Morretes, 1938 Amalda josecarlosi Pastorino, 2003 Americoliva circinata (Marrat, 1871) Olivancillaria urceus (Röding, 1798) Olivancillaria vesica (Gmelin, 1791) Família Terebridae Mörch, 1852 Duplicaria gemmulata (Kiener, 1839) Euterebra riosi (Bratcher & Cernohorsky, 1985) Hastula hastata (Gmelin, 1791) Impages cinerea (Born, 1778) Terebra spirosulcata Simone & Costa, 1999 Terebra taurina (Lightfoot, 1786) Família Turbinellidae Swainson, 1835 Turbinella laevigata Anton, 1838 Vasum cassiforme (Kiener, 1840) Família Turridae H. Adams & A. Adams, 1853 (1838) Polystira coltrorum Petuch, 1993 Polystira formosissima (E. A. Smith, 1915) Família Volutidae Rafinesque, 1815 Odontocymbiola americana (Reeve, 1856) Odontocymbiola americana cleryana (Petit de la Saussaye, 1856) Plicoliva zelindae (Petuch, 1979)
Família Mangeliidae P. Fischer, 1883 Glyphoturris quadrata (Reeve, 1845) Glyphoturris rugirima (Dall, 1889) Ithycythara hyperlepta Haas, 1953 Ithycythara lanceolata (C. B. Adams, 1850) Kurtziella dorvilliae (Reeve, 1845) Kurtziella rhysa (Watson, 1881) Kurtziella serga (Dall, 1881) Pyrgocythara albovittata (C. B. Adams, 1845) Pyrgocythara cinctella (Pfeiffer, 1840) Pyrgocythara guarani (d’Orbigny, 1841) Rubellatoma rubella (Kurtz & Stimpson, 1851) Família Pseudomelatomidae Morrison, 1966 Crassispira fuscescens (Reeve, 1843) Pilsbryspira leucocyma (Dall, 1884) Família Pyramidellidae Gray, 1840 Boonea impressa (Say, 1822) Boonea jadisi (Olsson & McGinty, 1958) Boonea seminuda (C. B. Adams, 1839) Egila virginiae van Regteren Altena, 1975 Eulimastoma canaliculatum (C. B. Adams, 1850) Eulimastoma didymum (Verrill & Bush, 1900) Eulimastoma engonium (Bush, 1885) Eulimastoma surinamense van Regteren Altena, 1975 Fargoa bushiana (Bartsch, 1909) Iolaea robertsoni (van Regteren Altena, 1975) Ividia havanensis (Pilsbry & Aguayo, 1933) Mumiola gradatula (Mörch, 1876) Odostomella carceralis Pimenta, Absalão & Alencar, 2000 Oscilla somersi (Verrill & Bush, 1900) Parthenina varia (Odé, 1993) Peristichia agria Dall, 1889 Peristichia lepta Pimenta, Santos & Absalão, 2008 Trabecula krumpermani (De Jong & Coomans, 1988) Triptychus niveus (Mörch, 1875) Turbonilla aracruzensis Pimenta & Absalão, 2004 Turbonilla brasiliensis Clessin, 1902 Turbonilla nesiotes Pimenta & Absalão, 1998 Turbonilla portoricana Dall & Simpson, 1901 Turbonilla pupoides (d’Orbigny, 1841) Turbonilla rachialis Pimenta & Absalão, 2004 Turbonilla rushii Bush, 1899 Turbonilla turris (d’Orbigny, 1840) Família Raphitomidae Bellardi, 1875 Daphnella margaretae Lyons, 1972 Eucyclotoma stegeri (McGinty, 1955) Família Strictispiridae McLean, 1971 Strictispira coltrorum Tippett, 2006 Continua
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I nvertebrados M arinhos
Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m.
Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m.
“Incertae sedis” Austrotoma aguayoi (Carcelles, 1953)
Berthella stellata (Risso, 1826) Pleurobranchus areolatus Mörch, 1863
Ordem Nudibranchia Cuvier, 1817
Ordem Pulmonata Cuvier in Blainville, 1814
Família Aeolidiidae Gray, 1827 Anetarca brasiliana García & Troncoso, 2004 Anteaeolidiella indica (Bergh, 1888) Berghia benteva (Er. Marcus, 1958) Berghia creutzbergi Er. Marcus & Ev. Marcus, 1970 Berghia marcusi Dominguez Troncoso & García, 2008 Nanuca sebastiani Er. Marcus, 1957 Phidiana lynceus Bergh, 1867 Família Arminidae Iredale & O’Donoghue, 1923 (1841) Armina muelleri (Ihering, 1886) Família Cadlinidae Bergh, 1891 Cadlina rumia Er. Marcus, 1955 Família Chromodorididae Bergh, 1891 Chromodoris paulomarcioi Domínguez, García & Troncoso, 2006 Felimare lajensis (Troncoso, Garcia & Urgorri, 1998) Felimare marci (Ev. Marcus, 1971) Felimida binza (Ev. Marcus & Er. Marcus, 1963) Felimida neona (Er. Marcus, 1955) Tyrinna evelinae (Er. Marcus, 1958) Família Dendrodorididae O’Donoghue, 1924 (1864) Dendrodoris krebsii (Mörch, 1863) Família Discodorididae Bergh, 1891 Diaulula greeleyi (MacFarland, 1909) Hoplodoris hansrosaorum Dominguez, Garcia & Troncoso, 2006 Jorunna spazzola (Er. Marcus, 1955) Taringa telopia Er. Marcus, 1955 Família Dorididae Rafinesque, 1815 Doris ilo (Er. Marcus, 1955) Doris verrucosa Linnaeus, 1758
Família Siphonariidae Gray, 1827 Siphonaria hispida Hubendick, 1946 Siphonaria pectinata (Linnaeus, 1758) Família Ellobiidae L. Pfeiffer, 1854 (1822) Melampus coffea (Linnaeus, 1758) Melampus monile (Bruguière, 1789) Ordem Systellommatophora Pilsbry, 1948 Família Onchidiidae Rafinesque, 1815 Onchidella indolens (Couthouy in Gould, 1852) Classe Bivalvia Linnaeus, 1758 Ordem Adapedonta Cossmann & Peyrot, 1909 Família Hiatellidae Gray, 1824 Hiatella arctica (Linnaeus, 1767) Ordem Arcida Stoliczka, 1871 Família Arcidae Lamarck, 1809 Anadara brasiliana (Lamarck, 1819) Anadara chemnitzii (Philippi, 1851) Anadara notabilis (Röding, 1798) Arca imbricata Bruguière, 1789 Arcopsis adamsi (Dall, 1886) Barbatia candida (Helbling, 1779) Barbatia domingensis (Lamarck, 1819) Lunarca ovalis (Bruguière, 1789) Família Glycymerididae Dall, 1908 (1847) Glycymeris longior (Sowerby I, 1833) Glycymeris tellinaeformis (Reeve, 1843) Glycymeris undata (Linnaeus, 1758) Família Limopsidae Dall, 1895 Limopsis davinae Esteves, 1984 Família Noetiidae Stewart, 1930 Sheldonella bisulcata (Lamarck, 1819)
Família Flabellinidae Bergh, 1889 Flabellina engeli lucianae Dacosta, Cunha, Simone & Schrödl, 2007 Família Goniodorididae H. Adams & A. Adams, 1854 Okenia evelinae Er. Marcus, 1957 Família Polyceridae Alder & Hancock, 1845 Tambja divae (Er. Marcus, 1958) Tambja stegosauriformis Pola, Cervera & Gosliner, 2005 Família Tritoniidae Lamarck, 1809 Marionia cucullata (Couthouy, 1852)
Ordem Cardiida Férussac, 1822
Ordem Pleurobranchomorpha Pelseneer, 1906 Família Pleurobranchaeidae Pilsbry, 1896 Pleurobranchaea inconspicua Bergh, 1897 Família Pleurobranchidae Gray, 1827 Berthella agassizii (MacFarland, 1909)
Continua
Família Cardiidae Lamarck, 1809 Dallocardia muricata (Linnaeus, 1758) Laevicardium brasilianum (Lamarck, 1819) Papyridea semisulcata (J.E. Gray, 1825) Papyridea soleniformis (Bruguière, 1789) Família Donacidae Fleming, 1828 Donax hanleyanus Philippi, 1847 Iphigenia brasiliensis (Lamarck, 1818)
Continua
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Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m.
Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m.
Família Psammobiidae Fleming, 1828 Psammotella cruenta (Lightfoot, 1786) Sanguinolaria sanguinolenta (Gmelin, 1791) Família Semelidae Stoliczka, 1870 (1825) Ervilia nitens (Montagu, 1808) Semele proficua (Pulteney, 1799) Semele purpurascens (Gmelin, 1791) Semelina nuculoides (Conrad in Hodge, 1841) Família Solecurtidae d’Orbigny, 1846 Tagelus plebeius (Lightfoot, 1786) Família Tellinidae Blainville, 1814 Ardeamya petitiana (d’Orbigny, 1845) Eurytellina angulosa (Gmelin, 1791) Eurytellina punicea (Born, 1778) Macoma cleryana (d’Orbigny, 1846) Macoma constricta (Bruguière, 1792) Macoma tageliformis Dall, 1900 Macoma tenta (Say, 1834) Strigilla carnaria (Linnaeus, 1758) Strigilla pisiformis (Linnaeus, 1758) Tellina sandix Boss, 1968 Tellinella listeri (Röding, 1798)
Trinitasia iheringi (Dall, 1897) Família Ungulinidae Gray, 1854 Diplodonta portesiana (d’Orbigny, 1842) Diplodonta punctata (Say, 1822) Diplodonta semiaspera Philippi, 1836 Felaniella candeana (d’Orbigny, 1853) Felaniella vilardeboaena (d’Orbigny, 1846) Ordem Limida Moore, 1952 Família Limidae Rafinesque, 1815 Lima caribaea d’Orbigny, 1853 Limaria tuberculata (Olivi, 1792) Limaria pellucida (C. B. Adams, 1846) Ordem Lucinida Gray, 1854 Família Lucinidae J. Fleming, 1828 Clathrolucina costata (d’Orbigny, 1846) Codakia orbicularis (Linnaeus, 1758) Ctena orbiculata (Montagu, 1808) Divalinga quadrisulcata (d’Orbigny, 1846) Parvilucina crenella (Dall, 1901) Parvilucina pectinella (C. B. Adams, 1852) Phacoides pectinatus (Gmelin, 1791)
Ordem Carditida Dall, 1889 Família Carditidae Férussac, 1822 Cardites micellus (Penna-Neme, 1971) Família Chamidae Lamarck, 1809 Arcinella arcinella (Linnaeus, 1767) Chama congregata Conrad, 1833 Chama macerophylla Gmelin, 1791 Pseudochama cristella (Lamarck, 1819) Família Crassatellidae Férussac, 1822 Crassinella lunulata (Conrad, 1834) Crassinella martinicensis (d’Orbigny, 1853) Família Galeommatidae Gray, 1840 Chlamydoconcha avalvis Simone, 2008 Família Gastrochaenidae Gray, 1840 Lamychaena hians (Gmelin, 1791) Família Lasaeidae Gray, 1842 Lasaea adansoni (Gmelin, 1791) Parabornia palliopapillata Simone, 2001 Família Mactridae Lamarck, 1809 Mactra isabelleana d’Orbigny, 1846 Mactra petitii d’Orbigny, 1846 Mactrella janeiroensis (E. A. Smith, 1915) Mactrellona alata (Spengler, 1802) Mactrotoma fragilis (Gmelin, 1791) Mulinia cleryana (d’Orbigny, 1846) Raeta plicatella (Lamarck, 1818)
Ordem Myida Stoliczka, 1870 Família Corbulidae Lamarck, 1818 Caryocorbula dietziana (C. B. Adams, 1852) Caryocorbula swiftiana (C. B. Adams, 1852) Corbula pulchella Philippi, 1893 Juliacorbula aequivalvis (Philippi, 1836) Varicorbula philippii (E. A. Smith, 1885) Família Myidae Lamarck, 1809 Sphenia fragilis (H. Adams & A. Adams, 1854) Família Pholadidae Lamarck, 1809 Cyrtopleura costata (Linnaeus, 1758) Martesia striata (Linnaeus, 1758) Família Teredinidae Rafinesque, 1815 Bankia fimbriatula Moll & Roch, 1931 Bankia gouldi (Bartsch, 1908) Neoteredo reynei (Bartsch, 1920) Nototeredo knoxi (Bartsch, 1917) Teredo bartschi Clapp, 1923 Teredo furcifera Martens, 1894 Família Thraciidae Stoliczka, 1870 (1839) Thracia similis Couthouy, 1839 Ordem Mytilida Férussac, 1822
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Família Mytilidae Rafinesque, 1815 Crenella divaricata (d’Orbigny, 1853)
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I nvertebrados M arinhos
Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m. Gregariella coralliophaga (Gmelin, 1791) Lioberus castaneus (Say, 1822) Mytella bicolor (Bruguière, 1792) Mytella charruana (d’Orbigny, 1842) Mytilaster solisianus (d’Orbigny, 1842) Perna perna (Linnaeus, 1758)
Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m. Ordem Venerida Gray, 1854 Família Veneridae Rafinesque, 1815 Amiantis purpurata (Lamarck, 1818) Anomalocardia flexuosa (Linnaeus, 1767) Chione cancellata (Linnaeus, 1767) Chionopsis crenata (Gmelin, 1791) Choristodon robustus (Sowerby I, 1834) Dosinia concentrica (Born, 1778) Globivenus rigida (Dillwyn, 1817) Gouldia cerina (C. B. Adams, 1845) Leukoma subrostrata (Lamarck, 1822) Lirophora paphia (Linnaeus, 1767) Megapitaria maculata (Linnaeus, 1758) Pitar fulminatus (Menke, 1828) Pitar palmeri Fischer-Piette & Testud, 1967 Pitar rostratus (Philippi, 1844) Tivela foresti Fischer-Piette & Testud, 1967 Tivela fulminata (Bory de Saint-Vincent, 1827) Tivela mactroides (Born, 1778) Tivela zonaria (Lamarck, 1818)
Ordem Nuculida Dall, 1889 Família Nuculidae Gray, 1824 Ennucula puelcha (d’Orbigny, 1842) Nucula semiornata d’Orbigny, 1842 Ordem Nuculanida Carter, J. G., Campbell, D. C. & Campbell, M. R., 2000 Família Malletiidae H. Adams & A. Adams, 1858 (1846) Malletia cumingii (Hanley, 1860) Família Nuculanidae H. Adams & A. Adams, 1858 (1854) Nuculana acuta (Conrad, 1831) Família Yoldiidae Dall, 1908 Adrana electa (A. Adams, 1856) Adrana patagonica (d’Orbigny, 1846)
Classe Polyplacophora Gray, 1821
Ordem Ostreida Férussac, 1822
Ordem Chitonida Thiele, 1909
Família Ostreidae Rafinesque, 1815 Crassostrea rhizophorae (Guilding, 1828) Ostrea stentina Payraudeau, 1826 Família Pteriidae Gray, 1847 (1820) Isognomon bicolor (C. B. Adams, 1845) Pinctada imbricata Röding, 1798 Pteria colymbus (Röding, 1798)
Família Acanthochitonidae Pilsbry, 1893 Acanthochitona brunoi Righi, 1971 Família Callistoplacidae Pilsbry, 1893 Calloplax janeirensis (Gray, 1828) Ischnoplax incurvata (Leloup, 1953) Família Chaetopleuridae Plate, 1899 Chaetopleura angulata (Spengler, 1797) Chaetopleura asperrima (Gould, 1852) Chaetopleura isabellei (d’Orbigny, 1841) Família Ischnochitonidae Dall, 1889 Ischnochiton striolatus (Gray, 1828) Família Lepidochitonidae Iredale, 1914 Lepidochitona rosea Kaas, 1972
Ordem Pectinida Gray, 1854 Família Anomiidae Rafinesque, 1815 Anomia simplex d’Orbigny, 1853 Pododesmus rudis (Broderip, 1834) Família Pectinidae Rafinesque, 1815 Aequipecten tehuelchus (d’Orbigny, 1842) Caribachlamys ornata (Lamarck, 1819) Caribachlamys sentis (Reeve, 1853) Euvola ziczac (Linnaeus, 1758) Leptopecten bavayi (Dautzenberg, 1900) Nodipecten nodosus (Linnaeus, 1758) Spathochlamys benedicti (Verrill & Bush, 1897) Família Plicatulidae Gray, 1854 Plicatula gibbosa Lamarck, 1801 Família Spondylidae Gray, 1826 Spondylus tenuis Schreibers, 1793
Classe Scaphopoda Bornn, 1862 Ordem Dentaliida Starobogatov, 1974
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Família Dentaliidae Children, 1834 Antalis antillaris (d’Orbigny, 1847) Antalis cerata (Dall, 1881) Antalis taphria (Dall, 1889) Fustiaria liodon (Pilsbry & Sharp, 1897) Graptacme calamus (Dall, 1889) Graptacme eborea (Conrad, 1846) Graptacme semistriolata (Guilding, 1834)
Continua
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m.
Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m.
Paradentalium americanum (Chenu, 1843) Paradentalium infractum (Odhner, 1913)
Lumbrineris perkinsi Carrera-Parra, 2001 Lumbrineris tetraura (Schmarda, 1861) Scoletoma treadwelli (Hartman, 1956) Família Oenonidae Kinberg, 1865 Arabella mutans (Chamberlin, 1919) Lysidice ninetta Audouin & H Milne Edwards, 1833 Ninoe brasiliensis Kinberg, 1865 Oenone fulgida (Savigny in Lamarck, 1818) Família Onuphidae Kinberg, 1865 Diopatra cuprea (Bosc, 1802) Kinbergonuphis mixta (Fauchald & Hancock, 1981) Kinbergonuphis orensanzi (Fauchald, 1982) Kinbergonuphis sp. Fauchald, 1982 Kinbergonuphis tenuis (Hansen, 1882)
Ordem Gadilida Starobogatov, 1974 Família Gadilidae Steiner, 1992 Gadila braziliensis (Henderson, 1920) Polyschides tetraschistus (Watson, 1879) Classe Cephalopoda Cuvier, 1795 Ordem Myopsida Naef, 1916 Família Loliginidae Lesueur, 1821 Doryteuthis pleii (Blainville, 1823) Doryteuthis sanpaulensis (Brakoniecki, 1984) Lolliguncula (Lolliguncula) brevis (Blainville, 1823) Pickfordiateuthis pulchella Voss, 1953 Sepioteuthis sepioidea (Blainville, 1823)
Ordem Phyllodocida Dales, 1962 Subordem Aphroditiformia Levinsen, 1883
Ordem Octopoda Leach, 1818
Família Aphroditidae Malmgren, 1867 Pontogenia chrysocoma (Baird, 1865) Família Polynoidae Kinberg, 1856 Chaetacanthus magnificus (Grube, 1876) Chaetacanthus sp. Seidler, 1922 Harmothoe macginitiei Pettibone, 1955 Lepidonotus caeruleus Kinberg, 1856 Thormora jukesii Baird, 1865 Família Sigalionidae Malmgren, 1867 Pelogenia sp. Schmarda, 1861 Sthenelais articulata Kinberg, 1856
Família Octopodidae d’Orbigny, 1840 Octopus vulgaris Cuvier, 1797 Filo Annelida Classe Polychaeta Grube, 1850 Subclasse Errantia Audouin & H. Milne Edwards, 1832 Ordem Amphinomida Fauchald, 1977 Família Amphinomidae Lamarck, 1818 Linopherus ambigua (Monro, 1933) Notopygos crinita Grube, 1855 Família Euphrosinidae Williams, 1852 Euphrosine triloba Ehlers, 1887
Subordem Glyceriformia Fauchald, 1977 Família Glyceridae Grube, 1850 Glycera americana Leidy, 1855 Hemipodia californiensis (Hartman, 1938) Família Goniadidae Kinberg, 1866 Goniada littorea Hartman, 1950
Ordem Eunicida Família Dorvilleidae Chamberlin, 1919 Dorvillea sp. Parfitt, 1866 Protodorvillea kefersteini (McIntosh, 1869) Família Eunicidae Berthold, 1827 Eunice fucata Ehlers, 1887 Eunice multicylindri Shisko, 1981 Lysidice collaris Grube, 1870 Nicidion cariboea (Grube, 1856) Família Lumbrineridae Berthold, 1827 Lumbrineris cingulata Ehlers, 1897 Lumbrineris coccinea (Renier, 1804) Lumbrineris cruzensis Hartman, 1944 Lumbrineris floridana Monro, 1933 Lumbrineris inflata Moore, 1911 Lumbrineris januarii Grube, 1878 Lumbrineris mucronata Ehlers, 1908
Subordem Nereidiformia Fauchald, 1977
Continua
Família Hesionidae Grube, 1850 Oxydromus sp. Grube, 1855 Família Nereididae Johnston, 1865 Alitta succinea (Leuckart, 1847) Ceratocephale oculata Banse, 1977 Laeonereis culveri (Webster, 1879) Namalycastis abiuma (Grube, 1872) Neanthes acuminata (Ehlers, 1868) Nereis riisei Grube, 1857 Família Pilargidae Saint-Joseph, 1899 Sigambra grubii Müller in Grube, 1858
Continua
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I nvertebrados M arinhos
Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m. Família Syllidae Grube, 1850 Branchiosyllis sp. Ehlers, 1887 Eusyllis assimilis Marenzeller, 1875 Exogone arenosa Perkins, 1981 Haplosyllis sp. Langerhans, 1879 Haplosyllis spongicola (Grube, 1855) Plakosyllis sp. Hartmann-Schröder, 1956 Syllis gracilis Grube, 1840 Syllis hyalina Grube, 1863 Syllis nuchalis (Hartmann-Schroder, 1960) Syllis sp. Savigny in Lamarck, 1818 Trypanosyllis zebra (Grube, 1860)
Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m. Ordem Terebellida Rouse & Fauchald, 1997 Família Cirratulidae Ryckhold, 1851 Cirratulus robustus Johnson, 1901 Tharyx sp. Webster & Benedict, 1887 Timarete filigera (delle Chiaje, 1828) Família Ampharetidae Malmgren, 1866 Isolda pulchella Müller in Grube, 1858 Família Pectinariidae Quatrefages, 1866 Pectinaria gouldii (Verrill, 1874) Família Terebellidae Grube, 1850 Pista cristata (Müller, 1776) Pista sp. Malmgren, 1866 Terebellides anguicomus Müller, 1858
Subordem Phyllodocida incertae sedis Família Nephtyidae Grube, 1850 Nephtys fluviatilis Monro, 1937 Nephtys squamosa Ehlers, 1887
Infraclasse Scolecida Rouse & Fauchald, 1997 Família Capitellidae Grube, 1862 Capitella cf. capitata (Fabricius, 1780) Heteromastus similis Southern, 1921 Mediomastus californiensis Hartman, 1944 Notomastus lobatos Hartman, 1947 Família Maldanidae Malmgren, 1867 Clymenella brasiliensis Mangum, 1966 Família Opheliidae Malmgren, 1867 Armandia agilis (Andrews, 1891) Armandia longicaudata (Caullery, 1944) Armandia maculata (Webster, 1884) Thoracophelia furcifera Ehlers, 1897
Subordem Phyllodociformia Levinsen, 1883 Família Phyllodocidae Örsted, 1843 Eteone sp. Savigny, 1818 Eulalia sp. Savigny, 1822 Subclasse Sedentaria Lamarck, 1818 Infraclasse Canalipalpata Scolecida Rouse & Fauchald, 1997 Ordem Sabellida Fauchald, 1977 Família Fabriciidae Rioja, 1923 Pseudofabriciola filamentosa (Day, 1963) Família Oweniidae Rioja, 1917 Owenia fusiformis Delle Chiaje, 1844 Família Sabellidae Latreille, 1825 Megalomma sp. Johansson, 1926
Família Orbiniidae Hartman, 1942 Naineris setosa (Verrill, 1900) Phylo felix Kinberg, 1866 Scoloplos (Scoloplos) capensis (Day, 1961) Família Paraonidae Cerruti, 1909 Aricidea albatrossae Pettibone, 1957 Aricidea suecica Eliason, 1920
Ordem Spionida Rouse & Fauchald, 1997 Família Magelonidae Müller, 1858 Magelona papillicornis F. Müller, 1858 Magelona riojai Jones, 1963 Família Poecilochaetidae Claparède, 1875 Poecilochaetus australis Nonato, 1963 Família Spionidae Grube, 1850 Boccardiella ligerica (Ferronnière, 1898) Dipolydora socialis (Schmarda, 1861) Laonice branchiata Nonato, Bolivar & Lana, 1986 Paraprionospio pinnata (Ehlers, 1901) Polydora websteri Hartman in Loosanoff & Engle, 1943 Prionospio heterobranchia Moore, 1907 Prionospio steenstrupi Malmgren, 1867 Scolelepis (Scolelepis) squamata (O.F. Müller, 1806) Spiophanes duplex (Chamberlin, 1919)
Filo Arthropoda Subfilo Crustacea Brünnich, 1772 Classe Malacostraca Latreille, 1802 Ordem Calanoida Sars Unir G.O., 1903 Família Acartiidae Sars G.O., 1903 Acartia (Odontacartia) lilljeborgi Giesbrecht, 1889 Ordem Decapoda Latreille, 1802 Família Aethridae Dana, 1851 Hepatus pudibundus (Herbst, 1785) Família Albuneidae Stimpson, 1858 Paraleucolepidopa distincta (Gomes Corrêa, 1968) Continua
Continua
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m.
Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m.
Família Alpheidae Rafinesque, 1815 Alpheus armillatus H. Milne Edwards, 1837 Alpheus floridanus Kingsley, 1878 Alpheus formosus Gibbes, 1850 Synalpheus fritzmuelleri Coutière, 1909 Família Blepharipodidae Boyko, 2002 Blepharipoda doelloi Schmitt, 1942 Família Chasmocarcinidae Serène, 1964 Chasmocarcinus typicus Rathbun, 1898 Família Diogenidae Ortmann, 1892 Dardanus insignis (de Saussure, 1858) Dardanus venosus (H. Milne Edwards, 1848) Isocheles sawayai Forest & de Saint Laurent, 1968 Paguristes erythrops Holthuis, 1959 Petrochirus diogenes (Linnaeus, 1758) Família Dromiidae De Haan, 1833 Dromia erythropus (Edwards, in Catesby, 1771) Família Epialtidae MacLeay, 1838 Acanthonyx scutiformis (Dana, 1851) Epialtus brasiliensis Dana, 1852 Eriphia gonagra (Fabricius, 1781) Libinia ferreirae Brito Capello, 1871 Libinia spinosa Guérin, 1832 Pelia rotunda A. Milne-Edwards, 1875 Pitho lherminieri (Desbonne, in Desbonne & Schramm, 1867) Família Eriphiidae MacLeay, 1838 Eriphia gonagra (Fabricius, 1781) Família Gecarcinidae MacLeay, 1838 Cardisoma guanhumi Latreille, 1828 Família Grapsidae MacLeay, 1838 Geograpsus lividus (H. Milne Edwards, 1837) Goniopsis cruentata (Latreille, 1803) Pachygrapsus transversus (Gibbes, 1850) Família Hippidae Latreille, 1825 Emerita brasiliensis Schmitt, 1935 Família Hippolytidae Spence Bate, 1888 Exhippolysmata oplophoroides (Holthuis, 1948) Hippolyte obliquimanus Dana, 1852 Família Inachoididae Dana, 1851 Collodes rostratus A. Milne-Edwards, 1879 Leurocyclus tuberculosus (H. Milne Edwards & Lucas, 1842) Stenorhynchus seticornis (Herbst, 1788) Família Leucosiidae Samouelle, 1819 Ebalia stimpsoni A. Milne-Edwards, 1880 Persephona crinita Rathbun, 1931 Persephona punctata (Linnaeus, 1758) Família Menippidae Ortmann, 1893 Menippe nodifrons Stimpson, 1859 Família Mithracidae MacLeay, 1838
Damithrax hispidus (Herbst, 1790) Mithraculus forceps A. Milne-Edwards, 1875 Nemausa acuticornis (Stimpson, 1871) Omalacantha bicornuta (Latreille, 1825) Família Munididae Ahyong, Baba, Macpherson, Poore, 2010 Munida flinti Benedict, 1902 Família Ocypodidae Rafinesque, 1815 Ocypode quadrata (Fabricius, 1787) Uca (Leptuca) cumulanta Crane, 1943 Uca (Leptuca) leptodactyla Rathbun, 1898 Uca (Minuca) mordax (Smith, 1870) Uca (Minuca) rapax (Smith, 1870) Uca (Minuca) thayeri Rathbun, 1900 Uca (Minuca) vocator (Herbst, 1804) Família Paguridae Latreille, 1802 Pagurus criniticornis (Dana, 1852) Pagurus exilis (Benedict, 1892) Pagurus leptonyx Forest & de Saint Laurent, 1968 Família Palaemonidae Rafinesque, 1815 Brachycarpus biunguiculatus (Lucas, 1846) Leander tenuicornis (Say, 1818) Macrobrachium acanthurus (Wiegmann, 1836) Macrobrachium olfersii (Wiegmann, 1836) Nematopalaemon schmitti (Holthuis, 1950) Palaemon northropi (Rankin, 1898) Família Panopeidae Ortmann, 1893 Eurypanopeus abbreviatus (Stimpson, 1860) Hexapanopeus paulensis Rathbun, 1930 Hexapanopeus sp. Rathbun, 1898 Panopeus americanos Saussure, 1857 Panopeus herbstii H. Milne Edwards, 1834 Família Parthenopidae MacLeay, 1838 Costalambrus tommasii (Rodrigues da Costa, 1959) Mesorhoea sexspinosa Stimpson, 1871 Spinolambrus fraterculus (Stimpson, 1871) Família Penaeidae Rafinesque, 1815 Artemesia longinaris Spence Bate, 1888 Penaeus brasiliensis Latreille, 1817 Penaeus paulensis (Pérez Farfante, 1967) Penaeus schmitti Burkenroad, 1936 Rimapenaeus constrictus (Stimpson, 1871) Xiphopenaeus kroyeri (Heller, 1862) Família Pilumnidae Samouelle, 1819 Pilumnus caribaeus Desbonne, in Desbonne & Schramm, 1867 Pilumnus dasypodus Kingsley, 1879 Pilumnus sp. Leach, 1816 Família Pinnotheridae De Haan, 1833 Dissodactylus crinitichelis Moreira, 1901 Continua
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Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m.
Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m.
Pinnixa chaetopterana Stimpson, 1860 Pinnixa sayana Stimpson, 1860 Tumidotheres maculatus (Say, 1818) Família Porcellanidae Haworth, 1825 Megalobrachium roseum (Rathbun, 1900) Pachycheles greeleyi (Rathbun, 1900) Pachycheles laevidactylus Ortmann, 1892 Pachycheles monilifer (Dana, 1852) Pachycheles transversus (Gibbes, 1850) Porcellana sayana (Leach, 1820) Família Portunidae Rafinesque, 1815 Achelous spinimanus (Latreille, 1819) Arenaeus cribrarius (Lamarck, 1818) Callinectes danae Smith, 1869 Callinectes exasperatus (Gerstaecker, 1856) Callinectes ornatos Ordway, 1863 Callinectes sapidus Rathbun, 1896 Cronius ruber (Lamarck, 1818) Cronius tumidulus (Stimpson, 1871) Portunus (Portunus) ventralis (A. Milne-Edwards, 1879) Família Processidae Ortmann, 1896 Processa bermudensis (Rankin, 1900) Família Raninidae De Haan, 1839 Raninoides laevis (Latreille, 1825) Família Scyllaridae Latreille, 1825 Scyllarides brasiliensis Rathbun, 1906 Scyllarides deceptor Holthuis, 1963 Scyllarus chacei Holthuis, 1960 Família Sergestidae Dana, 1852 Acetes americanus Ortmann, 1893 Peisos petrunkevitchi Burkenroad, 1945 Família Sesarmidae Dana, 1851 Aratus pisonii (H. Milne Edwards, 1837) Armases angustipes (Dana, 1852) Sesarma rectum Randall, 1840 Família Sicyoniidae Ortmann, 1898 Sicyonia dorsalis Kingsley, 1878 Sicyonia laevigata Stimpson, 1871 Sicyonia parri (Burkenroad, 1934) Sicyonia typica (Boeck, 1864) Família Solenoceridae Wood-Mason in Wood-Mason & Alcock, 1891 Pleoticus muelleri (Spence Bate, 1888) Familia Stenopodidae Claus, 1872 Stenopus hispidus (Oliver, 1811) Família Ucididae Števčić, 2005 Ucides cordatus (Linnaeus, 1763)
Família Xanthidae MacLeay, 1838 Platypodiella spectabilis (Herbst, 1794) Ordem Amphipoda Latreille, 1816 Família Ampeliscidae Krøyer, 1842 Ampelisca brevisimulata J.L. Barnard, 1954 Ampelisca pugetica Stimpson, 1864 Família Ampithoidae Stebbing, 1899 Ampithoe ramondi Audouin, 1826 Família Caprellidae Leach, 1814 Caprella danilevskii Czerniavskii, 1868 Caprella scaura Templeton, 1836 Família Hyalidae Bulycheva, 1957 Hyale sp. Rathke, 1837 Família Ischyroceridae Stebbing, 1899 Jassa validum (Dana, 1853) Família Maeridae Krapp-Schickel, 2008 Elasmopus brasiliensis (Dana, 1855) Elasmopus pectenicrus (Bate, 1862) Elasmopus rapax Costa, 1853 Família Talitridae Rafinesque, 1815 Atlantorchestoidea brasiliensis (Dana, 1853) Ordem Isopoda Latreille, 1817 Família Cirolanidae Dana, 1852 Excirolana braziliensis Richardson, 1912 Família Ligiidae Leach, 1814 Ligia baudiniana H. Milne Edwards, 1840 Ligia exotica Roux, 1828 Família Philosciidae Kinahan, 1857 Benthana olfersii (Brandt, 1833) Ordem Mysida Boas, 1883 Família Mysidae Haworth, 1825 Metamysidopsis munda (Zimmer, 1918) Ordem Stomatopoda Latreille, 1817 Família Squillidae Latreille, 1802 Alima hieroglyphica (Kemp, 1911) Cloridopsis dubia (H. Milne Edwards, 1837) Família Gonodactylidae Giesbrecht, 1910 Neogonodactylus bredini (Manning, 1969) Odontodactylus brevirostris (Miers, 1884) Ordem Sessilia Lamarck, 1818
Continua
Família Balanidae Leach, 1806 Megabalanus tintinnabulum (Linnaeus, 1758)
Continua
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m. Família Chelonibiidae Pilsbry, 1916 Chelonibia testudinaria (Linnaeus, 1758) Família Tetraclitidae Gruvel, 1903 Tetraclita stalactifera (Lamarck, 1818)
Tabela 1. (Continuação) Espécies de invertebrados marinhos registradas na Bacia de Campos em profundidades inferiores a 25 m. Classe Ophiuroidae Gray, 1840 Ordem Ophiurida Müller & Troschel, 1840 Família Amphiuridae Ljungman, 1867 Amphipholis januarii Ljungman, 1866 Amphipholizona delicata H.L. Clark, 1915 Amphiura kinbergi Ljungman, 1872 Microphiopholis subtilis (Ljungman, 1867) Família Ophiactidae Matsumoto, 1915 Ophiactis lymani Ljungman, 1872 Ophiactis savignyi (Müller & Troschel, 1842) Família Ophiocomidae Ljungman, 1867 Ophiocoma wendtii Müller & Troschel, 1842 Família Ophiodermatidae Ljungman, 1867 Ophioderma appressa (Say, 1825) Ophioderma cinerea Müller & Troschel, 1842 Família Ophiomyxidae Ljungman, 1867 Ophiomyxa flaccida (Say, 1825) Família Ophionereididae Ljungman, 1867 Ophionereis olivacea H. L. Clark, 1900 Ophionereis reticulata (Say, 1825) Família Ophiolepididae Ljungman, 1867 Ophioplocus januarii (Lütken, 1856) Família Ophiotrichidae Ljungman, 1867 Ophiothrix (Ophiothrix) angulata (Say, 1825)
Filo Echinodermata Bruguière, 1791 Classe Asteroidea de Blainville, 1830 Ordem Clyperasteroida A. Agassiz, 1872 Família Clypeasteridae A. Agassiz, 1835 Clypeaster rosaceus (Linnaeus, 1758) Ordem Forcipulatida Perrier, 1884 Família Asteriidae Gray, 1840 Coscinasterias tenuispina (Lamarck, 1816) Ordem Paxillosida Perrier, 1884 Família Astropctinidae Gray, 1840 Astropecten brasiliensis Müller & Troschel, 1842 Ordem Spinulosida Perrier, 1884 Família Echinasteridae Verrill, 1870 Echinaster (Othilia) brasiliensis Müller & Troschel, 1842 Echinaster (Othilia) echinophorus (Lamarck, 1816) Classe Echinoidea Leske, 1778 Ordem Camarodonta Jackson, 1912
Classe Holothuroidea Bronn, 1860
Família Toxopneustidae Troschel, 1872 Lytechinus variegatus (Lamarck, 1816) Ordem Cidaroida Claus, 1880 Família Cidaridae Gray, 1825 Eucidaris tribuloides (Lamarck, 1816)
Ordem Apodida Brandt, 1835
Continua
Família Chiridotidae Östergren, 1898 Chiridota rotifera (Pourtàles, 1851) Família Holothuriidae Burmeister, 1837 Holothuria (Halodeima) grisea Selenka, 1867
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69
6 Aves da Bacia de Campos Vania Soares Alves, Ana Beatriz Aroeira Soares e Rafael Bessa
Introdução
As marinhas pelágicas, como pinguins, albatrozes e petréis, vivem a maior parte do tempo
A Bacia de Campos possui cerca de 100.000 km e se estende do norte do Estado do Rio de Janeiro ao sul do Estado do Espírito Santo, abrangendo diferentes ambientes como praias, lagoas, restingas, manguezais e ilhas. Diversos grupos de aves utilizam esses ambientes como locais de alimentação, reprodução e descanso. Objetivando avaliar as áreas de maior relevância ornitológica dentro da Bacia de Campos, num cenário de vazamento de óleo, realizou-se uma compilação de dados primários e secundários, identificando, assim, as áreas de maior importância ornitológica. Segundo Brasil (2002), os recursos biológicos nas Cartas SAO (Cartas de Sensibilidade Ambiental para Derramamento de Óleo) incluem plantas e animais sensíveis ao óleo, com informação em nível de espécie. Essas Cartas têm como objetivos mapear recursos biológicos, identificando áreas de maiores concentrações de espécies, as fases ou atividades mais sensíveis do seu ciclo de vida e as espécies protegidas. O óleo proveniente de vazamentos pode flutuar na superfície d’água, permanecer na coluna d´água ou sedimentar na lama dos manguezais, areia das praias etc. (Vooren e Brusque, 1999). Ao flutuar, forma uma película que ao cobrir algas e outros organismos reduz a difusão de gases e, consequentemente, inibe os processos de respiração e fotossíntese (Marques Júnior et al., 2002). Nas aves aquáticas que nadam ou mergulham, este óleo suja a plumagem e, conforme a quantidade, leva à morte em poucos dias. Algumas espécies, como maçaricos e garças, ao pisarem no sedimento contaminado sujam os dedos e ao ajeitarem a plumagem, dentre outros movimentos, sujam outras partes do corpo (Vooren e Brusque, 1999). Desta forma, considerando um possível cenário de vazamento de óleo e derivados, as espécies de aves mais sensíveis seriam as de hábitos aquáticos, que abrangem espécies marinhas (pelágicas e costeiras), espécies aquáticas continentais e espécies limícolas (Araújo et al., 2002). 2
em alto-mar, fora da plataforma continental, utilizando as ilhas oceânicas apenas na época repro-
dutiva; acidentalmente, chegam ao litoral, principalmente durante ou após grandes episódios de tempestades em alto-mar. Uma das espécies marinhas mais vulneráveis ao contato direto com o óleo é o pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus); (Barbieri e Vooren, 1993).
As aves marinhas costeiras vivem no litoral e são representadas por atobás, gaivotas, fragatas
e trinta-réis que nidificam em ilhas costeiras. A maior parte da população reprodutiva brasileira do trinta-réis-de-bico-amarelo (Thalasseus acuflavidus) está confinada na costa do Espírito Santo,
particularmente nas ilhas Itatiaia, Escalvada e Branca, sendo a região o maior sítio reprodutivo da espécie no Atlântico Sul (Efe et al., 2000).
As aquáticas continentais, como patos, garças e biguás, habitam áreas úmidas como man-
guezais, rios e lagos. O biguá (Nannopterum brasilianus) é uma espécie muito comum na costa
brasileira, com registros de colônias reprodutivas no Rio de Janeiro nas Ilhas Tijucas (Barra da Tijuca). Efetuam grandes deslocamentos em busca de alimento, deixando essas ilhas ao amanhe-
cer em busca dos peixes que compõem sua dieta nas lagunas de Marapendi, Tijuca, Jacarepaguá, Lagoa Rodrigo de Freitas e região da Baía de Guanabara (Alves et al., 2011).
Já as aves limícolas, como maçaricos e batuíras, habitam as mesmas áreas úmidas citadas
anteriormente, sendo caracteristicamente pernaltas e na maioria migratórias, provenientes principalmente do Hemisfério Norte. Essas aves chegam ao Brasil em bandos de milhares de indiví
duos, dependendo diretamente desses habitats para obter alimento. Neste tempo, realizam a
muda das penas e acumulam gordura para realizar a jornada de volta para a sua região de origem, com o propósito de se reproduzir. Se as áreas de invernada dessas aves forem comprome-
tidas por algumas modificações drásticas (drenagem, contaminação por óleos combustíveis ou
Alves, V.S., Soares, A.B.A., Bessa, R. 2017. Aves da Bacia de Campos. In: Lima, S.O.F., editora. Atlas de sensibilidade ambiental ao óleo: caracterização ambiental regional da bacia de Campos, Atântico Sudoeste. Rio de Janeiro: Elsevier. Habitats, v. 9. p. 71-103.
72
Aves da B acia de C ampos
outros contaminantes, redução da quantidade e acesso aos recursos alimentares) suas populações podem ser reduzidas ou extintas em um curto espaço de tempo (ICMBio, 2014a). Acidentes com vazamento de petróleo e seus derivados no mar são sempre muito prejudiciais para as aves, principalmente as que dependem do ambiente aquático. A Tabela 1 lista vazamentos de óleo que afetaram a avifauna. Não é uma lista exaustiva, mas uma amostra de estudos de casos em diferentes localidades. As diferentes espécies de aves têm sensibilidades distintas quanto à poluição por óleo. Os principais efeitos do óleo sobre as aves são causados devido ao contato físico direto, que acarreta perda da impermeabilidade das penas. O óleo na plumagem da ave leva à perda da proteção e do isolamento térmico, podendo causar hipotermia. Além disso, a camada de gordura, que funciona como isolante térmico e reserva de energia, será utilizada numa tentativa de manter sua temperatura corporal mais elevada. Uma ave nestas condições sente frio, cansaço, dificuldade de voar para buscar alimento e fugir de predadores, podendo também se afogar pela perda da flutuabilidade (Leighton, 1993). Esse contato com a camada superficial da água ocorre, em alguns casos, durante a captura de suas presas. Além disso, pode haver a ingestão de óleo ou de alimento contaminado principalmente durante a tentativa de se limpar. As aves impregnadas por óleo, ao tentarem se limpar com o bico, espalham mais ainda esse óleo, simultaneamente ingerindo-o, o que pode causar intoxicação e problemas pulmonares, intestinais, hepáticos e renais. Durante a época reprodutiva, ainda correm o risco de contaminar os ovos e os filhotes no ninho pelo contato direto com seu corpo contaminado pelo óleo (ITOPF, 2014). No caso dos ovos, o óleo na plumagem do ventre das aves é transferido para a casca e causa a morte do embrião no ovo (Vooren e Brusque, 1999). O comportamento, a ecologia e a história de vida podem afetar a probabilidade de as aves serem expostas ao óleo e definir até que ponto a população será afetada. Aves que passam muito tempo na água são mais vulneráveis. As aves que nadam ou mergulham (pelicanos, cormorões, andorinhas-do-mar, alcas, pinguins) podem estar em maior risco de exposição (Mosbech, 2000). Aves que se agregam em grandes concentrações são mais vulneráveis que espécies que não se agregam, pois um evento de vazamento de óleo pode afetar uma proporção significativa da
Tabela 1. Acidentes com vazamentos de óleo que afetaram a avifauna. Aves oleadas Número encontrado de aves
Mortalidade estimada
330
4.300
?
Prince William Sound, Alaska, EUA
36.400
31.000
350.000-390.000
Apex Houston
S. Califórnia, EUA
87
4.198
10.577
1978
Amoco Cadiz
Brittany, França
200.000
4.572
20.000
1967
Torrey Canyon
Canal Inglês
111.328
7.815
30.000
1966
Seestern
Medway, Reino Unido
1.700
2.772
5.000
Ano
Fonte
Localidade
1991
Tenyo Maru
Off Vancouver Island, Canadá
1989
Exxon Valdez
1986
Fonte: Burger (1993).
Volume vazado (T)
população (Mosbech, 2000). Devido às diferenças no comportamento e história de vida que as tornam mais vulneráveis à exposição ao óleo em caso de vazamento, alguns estudos propuseram a criação de índices de vulnerabilidade ao óleo para aves, como a vulnerabilidade (Oil Vulnerability Index) (Camphuysen, 2006; King e Sanger, 1979) ou índices de oleamento de aves (BOI – Bird Oiling Indices) (Speich et al., 1991). As aves petrolizadas resgatadas necessitam de um tratamento adequado composto por várias etapas, que vão desde a desobstrução das fossas nasais, limpeza do bico e dos olhos até o aquecimento do corpo de modo a evitar a hipotermia, e limpeza das penas através de banhos de água morna com detergente neutro, desintoxicação e fornecimento de alimento. Algumas instituições desenvolvem atividades de reabilitação de animais marinhos no Brasil, como o CRAM (Centro de Recuperação de Animais Marinhos do Museu Oceanográfico) e o Instituto Sea Shepherd Brasil, ambos no Rio Grande do Sul; internacionalmente, o IFAW (International Fund for Animal Welfare) tem participado ativamente dos trabalhos de resgate e reabilitação em grandes acidentes mundiais.
Área de Estudo e Metodologia de Abordagem Para a elaboração da lista de aves presentes ao longo da Bacia de Campos, realizou-se levantamento primário e secundário com o propósito de englobar uma parcela significativa do conhecimento ornitológico acumulado da área estudada, bem como incluir dados atuais e representativos de áreas até então pouco amostradas, a partir de informações disponíveis na literatura. Para tal, considerou-se área de estudo todo mar territorial brasileiro (até 200 milhas da costa) incluído dentro dos limites da Bacia de Campos, bem como ambientes terrestres dos municípios costeiros também da Bacia de Campos que tivessem formações pioneiras como restingas, manguezais, lagoas e outras fisionomias que, mesmo indiretamente, pudessem ser afetadas em um cenário de vazamento de óleo. A exceção neste caso fica por conta da inclusão do município fluminense de Iguaba Grande, que apesar de não se localizar no litoral é banhado pelas águas da Lagoa de Araruama, que por sua vez engloba em toda sua extensão diversos municípios costeiros do litoral do Rio de Janeiro e se conecta com águas marinhas através do Canal de Itajuru, em Cabo Frio, no Rio de Janeiro. Esta ligação permitiria a entrada de água do mar, o que eventualmente poderia ocasionar a carreação de óleos combustíveis e a consequente contaminação da avifauna local.
Levantamento de dados secundários
O levantamento de dados secundários, iniciado em abril de 2012, baseou-se em informações disponíveis em teses, dissertações, monografias, artigos científicos, resumos de congresso, relatórios técnicos e livros publicados com a temática em questão, bem como referências cruzadas obtidas a partir das publicações encontradas. Tais referências foram pesquisadas principalmente pela plataforma online de revistas científicas ISI Web of KnowledgSM, além da biblioteca do Laboratório de Ornitologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Dentre as palavras-chave mais utilizadas, cita-se avifauna, aves, birds, Bacia de Campos, comunidade ornitológica, além de todos os municípios incluídos na área pesquisada, a saber: Saquarema, Araruama, Arraial do Cabo, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Armação de Búzios, Rio das Ostras, Macaé, Carapebus, Quissamã, Campos dos Goytacazes, São João da Barra,
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
São Francisco de Itabapoana, Presidente Kennedy, Marataízes, Itapemirim, Piúma, Anchieta, Guarapari, Vila Velha e Vitória.
Levantamento de dados primários
Para o levantamento de dados primários, áreas previamente selecionadas em mapas digitais foram visitadas entre os dias 01 e 07 de outubro de 2012 e 25 e 31 de outubro de 2012. Para a escolha destas áreas, alguns requisitos foram aplicados. Dentre estes, citam-se a existência de ambientes favoráveis à presença de aves dependentes de ambientes úmidos, o acesso facilitado através de veículos automotores, a existência de lacunas de informação com base nos dados secundários previamente levantados, ou mesmo áreas com algum conhecimento ornitológico já acumulado, porém que sofreram grandes transformações nas últimas décadas em função do crescimento e expansão imobiliária. Desta forma, no Estado do Rio de Janeiro foram selecionadas diferentes áreas dos municípios de Saquarema e Rio das Ostras, na Região dos Lagos, além de áreas nos municípios de Quissamã, Campos dos Goytacazes e Bom Jesus de Itabapoana, no noroeste fluminense. Já no Estado do Espírito Santo, foram selecionadas áreas nos municípios de Anchieta, Presidente Kennedy e Marataízes, todos no litoral sul capixaba. As visitas ocorreram nas primeiras horas da manhã, entre 05h00 e 11h00 e à tarde entre 14h00 e 19h00, englobando assim o horário de maior atividade das aves. Para o registro das espécies, optou-se pelo método das listas livres através da busca ativa, tentando-se percorrer a maior área possível em velocidade constante de 1 km/h. As aves observadas em campo foram basicamente identificadas através do reconhecimento de suas vocalizações e da observação direta das mesmas, com o auxílio de binóculos Nikon Monarch e Bushnell 10x42. Para a documentação das espécies, utilizou-se um gravador digital Zoom H4n, com microfone Sennheiser ME67 acoplado. Com o auxílio das câmeras fotográficas Olympus SP-57OUZ e Canon EOS 50D, acopladas a uma lente Canon L100-400mm, procurou-se registrar o maior número possível de espécies, criando-se, assim, um banco fotográfico de referência para o presente trabalho. A técnica de playback (reprodução de sons gravados) foi amplamente utilizada para a atração das aves e confirmação da identificação. Os playbacks foram realizados com o auxílio de uma caixa amplificadora Radioshack acoplada a um Ipod Classic 80GB com um arquivo sonoro de diversas vocalizações de aves da fauna nacional.
Categorização das espécies e análise dos dados
O valor biológico relativo da avifauna associada a cada área de amostragem foi estimado por meio da aplicação de uma versão modificada do método baseado em escores cumulativos, proposto por Reca et al. (1994). Neste caso foi atribuído a cada categoria um valor numérico dentro de um determinado intervalo (0 a 2) em cada uma de 11 variáveis que expressam sua importância para a conservação e grau de vulnerabilidade da avifauna regional. Tais variáveis foram selecionadas de maneira a representar as características consideradas importantes no que tange às aves com presença conhecida na Bacia de Campos, especificamente para as espécies aquáticas ou associadas aos ambientes úmidos (Accordi, 2010). Assim, espécies com valores numéricos mais elevados podem ser consideradas mais relevantes e vulneráveis a possíveis acidentes envolvendo vazamento de óleo. O somatório final de todas as espécies de uma determinada área expressa o valor biológico de sua avifauna em relação às demais. Desta
forma, áreas com valores mais elevados foram consideradas mais importantes frente às áreas com valores menores. Visando facilitar a interpretação dos resultados, bem como reduzir um possível viés amostral decorrente da ausência de um padrão no esforço amostral existente para cada uma das áreas citadas, optou-se por apresentar os resultados unificados por municípios, reunindo, portanto, as informações de diferentes localidades dentro de uma mesma cidade. Quando necessário, tais localidades foram citadas nominalmente ao longo do texto. No que se refere às informações disponíveis para o Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba e a Lagoa de Araruama, na qual envolvem mais de um município, as análises foram realizadas em conjunto. Não foram adicionados para a análise os dados associados à Bacia de Campos que não apresentaram uma referência mais específica da região. A seguir, são citadas cada uma das categorias ou variáveis utilizadas para avaliar as espécies quanto à sua vulnerabilidade em relação a possíveis acidentes com vazamento de óleo. Os mapas de sensibilidade ambiental a vazamento de óleo ou Cartas SAO categorizam as aves de acordo com sua preferência de habitat (Araújo et al., 2002; Brasil, 2002). Assim, seis categorias são reconhecidas: (1) aves marinhas costeiras (aves que nidificam em ilhas costeiras e pescam em áreas litorâneas e praianas); (2) aves marinhas pelágicas (aves que vivem em alto-mar nidificam em ilhas oceânicas e ocasionalmente chegam ao litoral); (3) aves aquáticas continentais (aves que habitam manguezais, brejos, lagoas, rios etc.); (4) aves limícolas (aves pernaltas que vivem em áreas alagadas com pouca profundidade, sendo a maioria migratória); (5) aves de rapina (aves predadoras de topo de cadeia alimentar); e (6) aves terrestres (inclui dois grupos: passeriformes e não passeriformes). A categoria “Migratória” representa o uso temporal do ambiente pelas espécies migrantes provenientes do Hemisfério Sul, do Hemisfério Norte e também as que efetuam movimentos sazonais sem um padrão definido, sendo consideradas vagantes, e foram aqui citadas conforme definido por Piacentini et al. (2015). Os endemismos de Mata Atlântica seguiram as recomendações propostas por Brooks et al. (1999), enquanto as espécies com ocorrência conhecida somente no Brasil seguiu Piacentini et al. (2015). A sensibilidade das espécies aos distúrbios de origem antrópica foram categorizadas em baixa, média e alta, conforme proposto em Stotz et al. (1996), já o status de conservação, que representa a categoria de ameaça das espécies em delicada situação conservacionista nas três esferas possíveis, foi baseado em IUCN (2015) para a lista das espécies globalmente ameaçadas; ICMBio (2014b) para a lista das espécies ameaçadas no Brasil; Alves et al. (2000) para a lista das espécies ameaçadas de extinção no Rio de Janeiro e Simon et al. (2007) para as espécies ameaçadas no Espírito Santo. A plasticidade ecológica foi considerada conforme proposto por Stotz et al. (1996) e representa o número de ambientes os quais determinada ave é capaz de ocupar. Já a abundância regional indica o quão rara ou comum pode ser determinada espécie na região estudada. Esta categoria foi baseada principalmente em Stotz et al. (1996), entretanto ajustes à realidade da Bacia de Campos foram realizados quando necessário. A amplitude trófica diz respeito à dieta praticada por cada uma das espécies (del Hoyo et al., 2016), enquanto as áreas de reprodução classificam as aves entre as que não reproduzem no Brasil ou na Bacia de Campos (del Hoyo et al., 2016; Sick, 1997), as que reproduzem em áreas alagadas litorâneas como manguezais, lagoas e brejosas, e as que têm sua reprodução restrita à ilhas costeiras ou oceânicas, e por este motivo acabam sendo mais vulneráveis a possíveis acidentes envolvendo vazamento de óleo ou derivados.
73
74
Aves da B acia de C ampos
A categoria “Potencial Reprodutivo” de cada ave foi dividida em “baixo, médio e alto”, e re-
presenta o quão rápido as diferentes espécies presentes na Bacia de Campos poderiam se recuperar naturalmente caso um grande número de indivíduos viesse a óbito em razão de um vaza-
mento de óleo. Para definição destas categorias foram avaliadas características como: o número
de ovos de cada ninhada, o número de ninhadas por ano, a taxa de sobrevivência de filhotes e adultos a cada ano (quando disponível), o tempo de vida dos indivíduos adultos, o tempo de ma-
turação sexual dos jovens e, por fim, se as espécies reproduzem-se exclusivamente em colônias
ou de maneira solitária. Tais informações foram consultadas principalmente em del Hoyo et al.
(2016), mas também em O’brien et al. (2006), Taylor e van Perlo (1998), Onley e Scofield (2007) e
Olsen e Larsson (2003).
Por fim, cita-se a categoria “Interesse Popular”, baseado em Simon (2009), onde foram reuni-
das espécies que frequentemente são alvo de caçadores, seja para servirem de alimento (cinegéticas) como para servirem de animais de companhia (Xerimbabo).
Os nomes científicos, vernaculares (nomes populares) e a classificação taxonômica seguiram
o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO) (Piacentini et al., 2015). Na Tabela 2 pode-
-se observar uma compilação das 11 diferentes categorias utilizadas para atribuir um valor biológico a cada uma das espécies, bem como o valor numérico de cada uma das variáveis.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Caracterização da avifauna da Bacia de Campos
A partir da compilação de dados secundários e dados primários, atingiu-se um total de 396
espécies com ocorrência confirmada na área de estudo. A compilação das 59 referências bibliográficas relacionadas com a avifauna da Bacia de Campos respondeu por 98,7% (n=391)
das espécies, sendo que, destas, 185 espécies foram exclusivamente incluídas através de dados secundários. No levantamento de dados primários foram registradas 190 espécies, sendo cinco exclusivamente registradas em campo. Estas informações reforçam o caráter complementar dos dados primários incluídos neste levantamento, contribuindo no aumento da riqueza de espécies conhecidas para a área em questão, como também para o preenchimento de lacunas de conhecimento existentes no que tange à avifauna da Bacia de Campos. A lista de espécies com ocorrência conhecida para a Bacia de Campos, bem como para os municípios costeiros incluídos em seus limites, pode ser observada na Tabela 3. As 396 espécies de aves confirmadas para a Bacia de Campos estão distribuídas em 26 ordens e 68 famílias, sendo 45 não passeriformes e 23 passeriformes. Dentre as famílias de aves registradas através de dados primários e secundários, chama atenção a grande representatividade de espécies associadas à água. Das 68 famílias representadas neste estudo, 25 são estritamente associadas a ambientes úmidos, sendo que das 10 famílias não passeriformes mais bem representadas neste estudo seis são consideradas dependentes de águas. Assim, destacam-se os escolopacídeos (maçaricos e afins) (Figura 1) representados por 18 espécies das 22 de ocorrência conhecida no Rio de Janeiro (Gagliardi, 2012). Situação semelhante pode ser observada em relação aos procelarídeos (petréis e afins), com todas as 15 espécies de ocorrência confirmada em território fluminense, presentes também na área da Bacia de Campos. Da mesma forma, são citados os ralídeos (Figura 2) (saracuras e afins, representados por 15 espécies de 21 possíveis), esternídeos (Figura 3) (trinta-réis e afins, representados por 11 das 17 espécies possíveis), anatídeos (Figura 4) (patos e marrecas, representados por 10 das 17 espécies confirmadas) e ardídeos (garças e afins, representados por 14 espécies de 15 possíveis). O número de famílias registradas em campo, bem como a representatividade das mesmas em relação ao todo de espécies, pode ser observado na Figura 5.
Tabela 2. Variáveis utilizadas para estimar o valor biológico das espécies de aves e respectivos valores possíveis. Variáveis
Valor 0
Valor 1
Valor 2
Referência bibliográfica
Mapas SAO
Ave Terrestre e Ave de Rapina
Ave Aquática Continental e Ave Limícola
Ave Marinha Costeira e Pelágica
Araújo et al., 2002
Migração
Residente
Migrante (Visitante do Norte, do Sul, Vagantes)
–
Piacentini et al., 2015
Endemismo
Não endêmica
Endêmica de Mata Atlântica ou do Brasil
–
Brooks et al., 1999; Piacentini et al., 2015
Status de Ameaça
Pouco Preocupante ou dados desconhecidos
Quase ou Provavelmente Ameaçada
Ameaçadas (todas categorias)
IUCN, 2015; ICMBio, 2014b; Alves et al., 2000; Simon et al., 2007
Sensibilidade ambiental
Baixa
Média
Alta
Stotz et al., 1996
Plasticidade Ecológica
Quatro ou mais ambientes
Entre dois e três ambientes
Um ambiente
Stotz et al., 1996
Abundância Regional
Comum ou abundante
Escasso a incomum
Raro
Stotz et al., 1996
Amplitude Trófica
Onívoras, Granívoras generalistas e Frugívoras generalistas
Granívoras especialistas, insetívoras, nectarívoras, Carnívoras especialistas frugívoras especialistas, carnívoras generalistas
del Hoyo et al., 2016
Áreas de reprodução
Não reproduz no Brasil e/ou Bacia de Campos
Áreas alagadas litorâneas como manguezais, lagoas e brejos
Ilhas oceânicas ou costeiras
del Hoyo et al., 2016; Sick, 1997
Potencial reprodutivo
Alto
Médio
Baixo
del Hoyo et al., 2016
Interesse Popular
Não
Sim
–
Simon, 2009
Fonte: Adaptado de Recca et al. (1994).
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
Tabela 3. Lista de espécies registradas na Bacia de Campos e suas respectivas informações associadas. Status de ameaça
MAR
Tinamidae
Crypturellus tataupa
inhambu-chintã
R
AT
Rhynchotus rufescens
perdiz
R
AT
Nothura maculosa
codorna-amarela
R
AT
Anseriformes
Anatidae
Cin
3
3
3
1
3,8
Dendrocygna bicolor
marreca-caneleira
R
AAC
Dendrocygna viduata
irerê
R
AAC
Dendrocygna autumnalis
marreca-cabloca
R
AAC
PA
Cin
Cairina moschata
pato-do-mato
R
AAC
VU
Cin
Sarkidiornis sylvicola
pato-de-crista
R
AAC
EP
Cin
Amazonetta brasiliensis
ananaí
R
AAC
Cin
2,7
1
3
Anas bahamensis
marreca-toicinho
R
AAC
Cin
6,7
1
3
Netta erythrophthalma
paturi-preta
R
AAC
Cin
6
Netta peposaca
marrecão
VO (R)
AAC
Cin
Nomonyx dominicus
marreca-caucau
R
AAC
Cin
Galliformes
Cracidae
Penelope superciliaris
jacupemba
R
AT
Cin
Ortalis guttata
aracuã-pintado
R
AT
End,Cin
Podicipediformes
Podicipedidae
Tachybaptus dominicus
mergulhão-pequeno
R
AAC
Podilymbus podiceps
mergulhão-caçador
R
AAC
Sphenisciformes
Spheniscidae
Spheniscus magellanicus
pinguim-de-magalhães
VS
Procellariiformes
Diomedeidae
Phoebetria palpebrata
piau-de-costas-claras
VS#
AMP
VS
AMP
EN EN
VS
AMP
NT
Thalassarche chlororhynchos albatroz-de-nariz-amarelo Thalassarche melanophris
albatroz-de-sobrancelha
VU
3
VIT
3
Cin
VVE
ANC
ITA
2
SFI
4
QUI
2
RIO
SPA
IGG
CFO
ACB
SAQ
Cin DD
BBC
GUA
PKE
SJB
ES
CAM
RJ
Tinamiformes
Cat.
CAR
Bra
MAC
Mig.
BUZ
Nome popular
ARA
Nome do Táxon
Inter
Cartas SAO
Referências bibliográficas por município
Cin Cin
7
1
3
1,4
2
2,5,6
7
4
2,5,8
5
2
2,5,6
5
2
2
2,5
3
3
3
3
3
3
2,6
1
2,5 5
2
2 2
6
2
2
4
7
4
8
3
3
2
7
4,7 1
AMP
5
NT
4,9
7
6
13
7
4
3
5
3
2
6
3
1
2,8
3
2
3
7
2,3
2 8 9
7
4,6
13
7
5
6
3
7
6
3
7
1,2,3 2,3 Continua
75
76
Aves da B acia de C ampos
Tabela 3. (Continuação) Lista de espécies registradas na Bacia de Campos e suas respectivas informações associadas. Status de ameaça
Referências bibliográficas por município
2,3
Diomedea exulans
albatroz-errante
VS
AMP
VU CR
2,3
Procellariidae
Macronectes giganteus
petrel-gigante
VS
AMP
Macronectes halli
petrel-gigante-do-norte
VS
AMP
Fulmarus glacialoides
pardelão-prateado
VS
AMP
Daption capense
pomba-do-cabo
VS
AMP
Lugensa brevirostris
grazina-de-bico-curto
VA (S)
AMP
Pterodroma incerta
grazina-de-barriga-branca
VS
AMP
Halobaena caerulea
petrel-azul
VS
AMP
Pachyptila vittata
faigão-de-bico-largo
VA (S)
AMP
Pachyptila desolata
faigão-rola
VS
AMP
Pachyptila belcheri
faigão-de-bico-fino
VS
AMP
Procellaria aequinoctialis
pardela-preta
VS
AMP
Calonectris borealis
cagarra-grande
VN
Puffinus griseus
pardela-escura
VS
Puffinus gravis
pardela-do-barrete
Puffinus puffinus Puffinus lherminieri
VIT
VVE
ANC
3
ITA
PKE
SFI
SJB
QUI
CAR
RIO
SPA
IGG
CFO
ACB
SAQ
ES
BBC 2,3
VU VU
GUA
EN
AMP
MAR
AMP
VS
CAM
VA (S)
albatroz-real
MAC
albatroz-de-cabeça-cinza
Diomedea epomophora
Cat.
BUZ
Thalassarche chrysostoma
ARA
Cartas SAO
RJ
Mig.
Bra
Nome popular
Inter
Nome do Táxon
1,7
2,3 2 3
8
1,2,3 2
EN EN
3 1,3 3 7
2
7
2,3 6
3
7
1,2,3
AMP
6
3
7
3
AMP
6
3
7
3
VS
AMP
6
3
7
1,2,3
pardela-sombria
VN
AMP
6
3
7
pardela-de-asa-larga
R
AMP
Hydrobatidae
Fregetta grallaria
painho-de-barriga-branca
VS
AMP
1,3
Oceanites oceanicus
alma-de-mestre
VS
AMP
2,3
Oceanodroma leucorhoa
painho-de-cauda-furcada
VN
AMP
3
Ciconiiformes
Ciconiidae
Ciconia maguari
maguari
R
AAC
VU CP
2
Mycteria americana
cabeça-seca
R
AAC
DD
2
Suliformes
Fregatidae
Fregata magnificens
tesourão
R
Sulidae
Sula dactylatra
atobá-grande
R
AMC
Sula leucogaster
atobá
R
AMC
VU VU
CR
4
AMC
7,9
2,3
CP
7
3,6
8,13
7
5
3
1,2,4 1,4,7
4
3
5,8
2,4
1
1
3
3
2,3
2,3
7,9
7
3,6
8,13
7
5
3
1,2,4 4,7
4
8
1,2,3 Continua
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
Tabela 3. (Continuação) Lista de espécies registradas na Bacia de Campos e suas respectivas informações associadas. Status de ameaça
Ardeidae
Tigrisoma lineatum
socó-boi
R
AAC
7 7
AAC
Botaurus pinnatus
socó-boi-baio
R
AAC
Ixobrychus exilis
socoí-vermelho
R
AAC
Ixobrychus involucris
socoí-amarelo
R
AAC
2,4
1
2,5
2
1
1
1,3
VU
3
3
1
2,5
1
2,5
5
2
5
3 2
1
2
1,4
2
3
3
Nycticorax nycticorax
socó-dorminhoco
R
AAC
7,9
7
6
13
7
1,5
savacu-de-coroa
R
AAC
9
7
6
9,13
7
5
Butorides striata
socozinho
R
AAC
7,9
7
6
9,13
7
2,5
Bubulcus ibis
garça-vaqueira
R
AAC
7,9
7
6
13
7
Ardea cocoi
garça-moura
R
AAC
7,9
7
6
13
7
Ardea alba
garça-branca
R
AAC
7,9
7
6
9,13
7
Syrigma sibilatrix
maria-faceira
R
AAC
Pilherodius pileatus
garça-real
R
AAC
2
Egretta thula
garça-branca-pequena
R
AAC
7,9
7
6
9,13
7
1,2,5
3
Egretta caerulea
garça-azul
R
AAC
7,9
7
6
9,13
7
1,5
3
Threskiornithidae
Theristicus caudatus
curicaca
R
AAC
Platalea ajaja
colhereiro
R
AAC
Cathartiformes
Cathartidae
3
2
3
1,3
3
1,2,5
3
2,4
1,5
3
2
3
2,3
1,2,5
3
3
3
1
2,5
2,4
1
1
2,5
2
1
1
3
1
2,5
1
1
1,3
1
1
1,2,3
2,4 1,4,7
4
2,5,8 1,2,4
7
1,3 2
2,5
2
3
2,5
1,2,4
1
1
1,2,3
3
3
2,5,8 1,2,4
1
1
1,3
3
3
PA
1
3
Nyctanassa violacea
BBC
Pelecaniformes
1,5
VIT
R
7
VVE
biguatinga
9,13
GUA
Anhinga anhinga
6
ANC
7
ITA
7,9
MAR
Anhingidae
AAC
PKE
R
SFI
biguá
SJB
Nannopterum brasilianus
CAM
QUI
CAR
Phalacrocoracidae
MAC
Mig.
RIO
Nome popular
BUZ
SPA
IGG
CFO
ES
Nome do Táxon
Cat.
ACB
RJ
ARA
Bra
SAQ
Inter
Cartas SAO
Referências bibliográficas por município
3
1,2,5 1,4 2
7
4
1
PA
7,9
7
6
1
1,2,4
5
2
1
1,3
1
R
AR
7,9
R
AR
2,7
Coragyps atratus
urubu
R
AR
2,7,9
Accipitriformes
Pandionidae
Pandion haliaetus
águia-pescadora
VN
Accipitridae
Leptodon cayanensis
gavião-gato
R
AR
Chondrohierax uncinatus
caracoleiro
R
AR
8,9,13
7
1,2,5
3
4
7
4
2,5,8
2
3
3
1,2
3
2,4
1,7
4
2,5,8
2
1
1
3
3
1,2,5
3
2,4 1,4,7
4
2,5,8
2
1
1
1,3
3
3
urubu-de-cabeça-vermelha
3,6
7
3
urubu-de-cabeça-amarela
7
13
5
Cathartes aura
6
7
Cathartes burrovianus
AR
7
9,13
II
6
II
3
1 1
2,7
3 7
Continua
77
78
Aves da B acia de C ampos
Tabela 3. (Continuação) Lista de espécies registradas na Bacia de Campos e suas respectivas informações associadas. Status de ameaça
BBC
VIT
VVE
GUA
ANC
ITA
MAR
PKE
3
SFI
AR
1,2,5
SJB
AR
R
7
4 13
CAM
R
gavião-do-banhado
6
QUI
gavião-bombachinha
Circus buffoni
7
CAR
Harpagus diodon
9
MAC
II
RIO
II
AR
BUZ
AR
R
SPA
R
gavião-peneira
IGG
gavião-tesoura
Elanus leucurus
CFO
Elanoides forficatus
ACB
Cat.
ARA
Mig.
ES
Nome popular
RJ
Nome do Táxon
SAQ
Bra
Inter
Cartas SAO
Referências bibliográficas por município
2 2
3
II
3
DD VU
2
Accipiter striatus
tauató-miúdo
R
AR
II
Ictinia plumbea
sovi
R
AR
II
Rostrhamus sociabilis
gavião-caramujeiro
R
AR
II
Geranospiza caerulescens
gavião-pernilongo
R
AR
II
7
Heterospizias meridionalis
gavião-caboclo
R
AR
II
7,9
Amadonastur lacernulatus
gavião-pombo-pequeno
R, E
AR
Rupornis magnirostris
gavião-carijó
R
AR
II
Parabuteo unicinctus
gavião-asa-de-telha
R
AR
II
Geranoaetus albicaudatus
gavião-de-rabo-branco
R
AR
II
Buteo nitidus
gavião-pedrês
R
AR
II
Buteo brachyurus
gavião-de-cauda-curta
R
AR
II
Buteo albonotatus
gavião-urubu
R
AR
II
Gruiformes
Aramidae
Aramus guarauna
carão
R
Rallidae
Rallus longirostris
saracura-matraca
R
AAC
Aramides mangle
saracura-do-mangue
R, E
AAC
Aramides cajaneus
saracura-três-potes
R
AAC
Cin
Aramides saracura
saracura-do-mato
R
AAC
End,Cin
Laterallus viridis
sanã-castanha
R
AAC
Cin
Laterallus melanophaius
sanã-parda
R
AAC
Cin
Porzana flaviventer
sanã-amarela
R
AAC
Cin
Mustelirallus albicollis
sanã-carijó
R
AAC
Cin
Pardirallus maculatus
saracura-carijó
R
AAC
Cin
Pardirallus nigricans
saracura-sanã
R
AAC
Cin
Pardirallus sanguinolentus
saracura-do-banhado
R
AAC
Cin
Gallinula galeata
galinha-d’água
R
AAC
Cin
Porphyriops melanops
galinha-d’água-carijó
R
AAC
Cin
Porphyrio martinicus
frango-d’água-azul
R
AAC
Cin
Fulica armillata
carqueja-de-bico-manchado
R
AAC
Cin
VU VU VU
7,9
6
9,13
7
1,5
3
7
6
13
3
8
7
2,5
5,7
2
1
1
1
1
1,3 3
1
2,5 2,5
3
4
1,2
7
3
1
3
1
2,5
3 2,7
2,4 1,4,7
4
8
4
2,5,8
1 2
1
1
3
3
1
2 7
2
2,4
2,5
1 3
7
2 7
3
Cin DD
3
3 7
II,End
6
3
7
2
3
AAC
7
2
4
1
2,7,9
7
3,6
9
3
13
7
1,5
1 1
2,5
2
End,Cin
3
8
2
3
4,7
4
2,5,8
2
3
3
3
3
1
2 1
3
7
1
2,5
3
1
2,5
3
3
3
3
3
3
2 2,7
1
3
2 7
2
1
2,5 2,5
5 2,7,9
7
6
13
7
5
3
4
1
7,9
7
6
13
7
5
3
4
1,4,7
2
2 4
2,5,8
2
3
2 Continua
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
Tabela 3. (Continuação) Lista de espécies registradas na Bacia de Campos e suas respectivas informações associadas. Status de ameaça
MAR
Charadriidae
Vanellus chilensis
quero-quero
R
AT
7,9
Pluvialis dominica
batuiruçu
VN
AL
Pluvialis squatarola
batuiruçu-de-axila-preta
VN
AL
7
6
3
7
7
6
3
7
6
3
batuíra-de-bando
VN
AL
5,7,9
7
6
2,10,13
7
1,5
batuíra-de-coleira
R
AL
7,9
7
6
9,13
7
1,5
Haematopodidae
Haematopus palliatus
piru-piru
R
Recurvirostridae
Himantopus melanurus
pernilongo-de-costas-brancas
R
Scolopacidae
2,5
AMC
3
AL
PA
narceja
R
AL
Cin
2,7,9
narcejão
R
AL
Cin
2
maçarico-de-costas-brancas
VN
AL
maçarico-galego
VN
AL
Actitis macularius
maçarico-pintado
VN
AL
Tringa solitaria
maçarico-solitário
VN
AL
Tringa melanoleuca
maçarico-grande-de-perna-amarela
VN
AL
7
6
13
7
5
6 1
7
7
6
3
2,5,7
6
3
2,5,7
4
2,10 1
AL AL
5,7,9 3,7
6
2,10,13
7
1,5
5
6
3
Arenaria interpres
vira-pedras
VN
AL
5,7,9
6
13
7
5
1,2
2,6
3
Calidris canutus
maçarico-de-papo-vermelho
VN
AL AL AL
Calidris minutilla
maçariquinho
VN
AL
1,3
3
1
3
3
3
3 3
2,6
1
3
7
2,3,5,7 2,6 7
2,6
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
3 3
3
5 5,7
Calidris fuscicollis
maçarico-de-sobre-branco
VN
AL
7
maçarico-de-colete
VN
AL
7
Calidris himantopus
maçarico-pernilongo
VN
AL
Phalaropus tricolor
pisa-n’água
VN#
AL
Jacanidae
Jacana jacana
jaçanã
R
2,9,10
3
2,5 2,6,7 3,4 3,5,7,8
2
5
2,9,10
5
6
3
3,7
6
3
3,7
6
3
2,7
6
3
2,7
1
1
5
10
Cin
2,7,9
7
6
13
3
1,3
1 2
AAC
3
2
Calidris melanotos
1
VN
VN
1
1,3
2
3
VN
VN
1
1
3
2 7
maçarico-de-asa-branca
maçarico-branco
1,3
5
maçarico-de-perna-amarela
maçarico-rasteirinho
Tringa semipalmata
Calidris alba
1
1
Tringa flavipes
Calidris pusilla
2,5
1
1,4
1,2 1,2,4
9
Gallinago paraguaiae Limnodromus griseus
7
Gallinago undulata Numenius hudsonicus
1
6
2,5
1
2,3,5,7 1,4,6
3
2
VIT
2,5,8
VVE
4
Charadrius semipalmatus
2,4
ANC
7
Charadrius collaris
3
ITA
1,2,5
SFI
7
QUI
9,13
RIO
SPA
6
IGG
CFO
ACB
SAQ
7
BBC
GUA
PKE
SJB
ES
CAM
RJ
Charadriiformes
Cat.
CAR
Bra
MAC
Mig.
BUZ
Nome popular
ARA
Nome do Táxon
Inter
Cartas SAO
Referências bibliográficas por município
7
1,5
3
2,4 1,4,7
4
2,5,8
3
3 Continua
79
80
Aves da B acia de C ampos
Tabela 3. (Continuação) Lista de espécies registradas na Bacia de Campos e suas respectivas informações associadas. Status de ameaça
AMC
Larus dominicanus
gaivotão
R
AMC
Sternidae
Anous stolidus
trinta-réis-escuro
R
AMP
Sternula superciliaris
trinta-réis-pequeno
R
AMC
Phaetusa simplex
trinta-réis-grande
R
AMC
Gelochelidon nilotica
trinta-réis-de-bico-preto
R
AMC
BBC
VA (N)
VIT
gaivota-de-franklin
VVE
Leucophaeus pipixcan
GUA
AMC AMC
ANC
PA
R
ITA
PEx
VN
2
6
AMC
gaivota-alegre
3
Leucophaeus atricilla
MAR
Chroicocephalus cirrocephalus gaivota-de-cabeça-cinza
R
PKE
Chroicocephalus maculipennis gaivota-maria-velha
SFI
SJB
CAM
Laridae
QUI
AMP
CAR
AMP
VN
MAC
VN
mandrião-parasítico
RIO
mandrião-pomarino
Stercorarius parasiticus
BUZ
Stercorarius pomarinus
SPA
AMP
IGG
VS
CFO
mandrião-chileno
Cat.
ACB
Stercorarius chilensis
ARA
SAQ
ES
Stercorariidae
RJ
Mig.
Bra
Nome popular
Inter
Cartas SAO
Nome do Táxon
Referências bibliográficas por município
7,9
7
7,9
7
2,3
2,3
6
5,13
7
5
2
2
5,8
3
7
3,6 5,8,9,13
7
5
3
6
3
7
6
3
7
4
2,5,8
1,2,4 1,4,7
2,6
2
3
2,3
1,2,3
11
3 2
PEx
2 2
Sterna hirundo
trinta-réis-boreal
VN
AMC
Sterna paradisaea
trinta-réis-ártico
VN
AMC
Sterna hirundinacea
trinta-réis-de-bico-vermelho
R
AMC
Sterna vittata
trinta-réis-antártico
VA (S)
AMC
2
Sterna trudeaui
trinta-réis-de-coroa-branca
R
AMC
2
Thalasseus acuflavidus
trinta-réis-de-bando
R
AMC
Thalasseus maximus
trinta-réis-real
R
AMC
Rynchopidae
Rynchops niger
talha-mar
R
Columbiformes
Columbidae
5,7
3
2,5
6
3
3,7
1
1
1,3
2 2,3
9
EN
VU
AAC
7
6
8,13
7
5
1,2 2,4,7
7
1,2 2,4,7
7
1,2
4
8
4
4
8
4
1
4
1
1,3
1,2
2
1,3
1
1
1,3
3
4
2,3
1,3
4
2,3 2
PA
2
Columbina minuta
rolinha-de-asa-canela
R
AT
Cin
7,9
7
3,6
9,13
7
1,2,5
3
Columbina talpacoti
rolinha
R
AT
Cin
2,7,9
7
3,6
13
7
1,2,5
3
Columbina squammata
fogo-apagou
R
AT
Cin
Columbina picui
rolinha-picuí
R
AT
Cin
Claravis pretiosa
pararu-azul
R
AT
Cin
Columba livia
pombo-doméstico
R
AT
Cin
Patagioenas speciosa
pomba-trocal
R
AT
Patagioenas picazuro
asa-branca
R
AT
Cin
Patagioenas cayennensis
pomba-galega
R
AT
Cin
VU
7,9
7
6
13
7
2,5
2
7
6
13
7
1,2,5
4
2,5,8
2
4
2,5,8
1,2
1
1
1,3 3
3
1
7
4
5,8
2
1
1
3
3
1
7
4
2
1
1
3
1
1
3
3
3
3
2,4
Cin 7,9
7
1,2,4 1,4,7
2,4 4
3
8 2,5
7
4
8
1,7
4
2,5,8 2
1
1 1 1 Continua
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
Tabela 3. (Continuação) Lista de espécies registradas na Bacia de Campos e suas respectivas informações associadas. Status de ameaça
3
4
BBC
VIT
ANC 3
VVE
ITA 1
GUA
MAR 1
2
1
Leptotila rufaxilla
juriti-de-testa-branca
R
AT
Cin
Geotrygon montana
pariri
R
AT
Cin
Cuculiformes
Cuculidae
Piaya cayana
alma-de-gato
R
AT
Coccyzus melacoryphus
papa-lagarta
R
AT
Coccyzus americanus
papa-lagarta-de-asa-vermelha
VN
AT
Crotophaga major
anu-coroca
R
AT
Crotophaga ani
anu-preto
R
AT
7,9
7
3,6
9,13
7
1,2,5
Guira guira
anu-branco
R
AT
7,9
7
3,6
8,9,13
7
Tapera naevia
saci
R
AT
7
Strigiforme
Tytonidae
Tyto furcata
suindara
R
3
Strigidae
Megascops choliba
corujinha-do-mato
R
AT
II
Pulsatrix koeniswaldiana
murucututu-de-barriga-amarela
R
AT
II,End
Glaucidium brasilianum
caburé
R
AT
II
7,9
7
6
13
7
1,2,5
3
Athene cuniculari
coruja-buraqueira
R
AT
II
7,9
7
3,6
13
7
1,2,5
3
Asio clamator
coruja-orelhuda
R
AT
II
9
7
6
13
7
1,2,5
Nyctibiiforme
Nyctibiidae
Nyctibius griseus
urutau
R
Caprimulgiformes
Caprimulgidae
4,7
2,7
4 6
1,2
3
1
3
4
7
4
II
9
7
6
13
7
7
2
3
8
1,3
1
,7,8 2,8
2
3
3
3
2,4 1,4,7
4
2,5,8
2
1
1
3
3
1
1,2,5
3
2,4 1,4,7
4
2,5,8
1,2
1
1
3
3
1
1,2
3
1,2,5
2
2
4
3
8
4,6,7 3,4 1
AT
3
PKE
2,5,8
SFI
4
SJB
QUI
7 4
CAM
CAR
3
MAC
1
RIO
BUZ
7
SPA
7
Cin
IGG
Cin
AT
CFO
AT
ACB
R
ARA
R
juriti-pupu
SAQ
avoante
Leptotila verreauxi
Cat.
ES
Zenaida auriculata
Cartas SAO
RJ
Mig.
Bra
Nome popular
Inter
Nome do Táxon
Referências bibliográficas por município
1
2,5
3
1
3
2
1
3
3
1 1
AT
2,4
1,7
4
5,8
1,7
4
2,5,8
2
2
1
3
Nyctidromus albicollis
bacurau
R
AT
Hydropsalis parvula
bacurau-chintã
R
AT
2,7
1
Hydropsalis maculicaudus
bacurau-de-rabo-maculado
R
AT
Hydropsalis torquata
bacurau-tesoura
R
AT
7
Podager nacunda
corucão
R
AT
7
1
Chordeiles minor
bacurau-norte-americano
VN
AT
Chordeiles acutipennis
bacurau-de-asa-fina
R
AT
7
1
3
4,7
4
2,5,8
1
1
1
3
1
1
3
3
3
1
3
1
3
1
3
1
3
1
3
1
3 1 2
1,2
7 3
4
2,5,8
1
1
3
2,3 2,3 3
2
Continua
81
82
Aves da B acia de C ampos
Tabela 3. (Continuação) Lista de espécies registradas na Bacia de Campos e suas respectivas informações associadas. Status de ameaça
MAR
Apodidae
Cypseloides fumigatus
taperuçu-preto
R
AT
Cypseloides senex
taperuçu-velho
R
AT
Streptoprocne zonaris
taperuçu-de-coleira-branca
R
AT
Streptoprocne biscutata
taperuçu-de-coleira-falha
R
AT
Chaetura cinereiventris
andorinhão-de-sobre-cinzento
R
AT
Chaetura meridionalis
andorinhão-do-temporal
R
AT
Trochilidae
Glaucis hirsutus
balança-rabo-de-bico-torto
R
AT
Phaethornis idaliae
rabo-branco-mirim
R, E
AT
Phaethornis ruber
rabo-branco-rubro
R
AT
End
Eupetomena macroura
beija-flor-tesoura
R
AT
II
Colibri serrirostris
beija-flor-de-orelha-violeta
R
AT
II
Anthracothorax nigricollis
beija-flor-de-veste-preta
R
AT
Chrysolampis mosquitus
beija-flor-vermelho
R
AT
Chlorestes notata
beija-flor-de-garganta-azul
R
AT
VIT
VVE
ANC
ITA
SFI
QUI
RIO
SPA
IGG
CFO
ACB
SAQ
BBC
GUA
PKE
SJB
ES
CAM
RJ
Apodiformes
Cat.
CAR
Bra
MAC
Mig.
BUZ
Nome popular
ARA
Nome do Táxon
Inter
Cartas SAO
Referências bibliográficas por município
3 3 7,9
7
6
13
7
2,5
3
4,7
4
2,5,8
3
3
1
2 3 7,9
7
6
13
7
2,5
3
2
5
II PA
II
2,7
4
1
1
3
3
1
3
3
1
3
3
1
1 7,9
7
6
13
7
1,2,5
3
4
1,4
2,5
3
II DD
4
II
3
II
1
Chlorostilbon lucidus
besourinho-de-bico-vermelho
R
AT
II
9
Thalurania glaucopis
beija-flor-de-fronte-violeta
R
AT
End
7
Hylocharis cyanus
beija-flor-roxo
R
AT
Polytmus guainumbi
beija-flor-de-bico-curvo
R
AT
II
Amazilia versicolor
beija-flor-de-banda-branca
R
AT
II
Amazilia fimbriata
beija-flor-de-garganta-verde
R
AT
II
1,3
3
Amazilia lactea
beija-flor-de-peito-azul
R
AT
II
3
3
Heliomaster squamosus
bico-reto-de-banda-branca
R, E
AT
II
3
Calliphlox amethystina
estrelinha-ametista
R
AT
Coraciiformes
Alcedinidae
Megaceryle torquata
martim-pescador-grande
R
AT
7,9
Chloroceryle amazona
martim-pescador-verde
R
AT
7
Chloroceryle aenea
martim-pescador-miúdo
R
AT
Chloroceryle americana
martim-pescador-pequeno
R
AT
Galbuliformes
Galbulidae
Galbula ruficauda
ariramba
R
AT
7
6
13
7
2,5
1
3
3
3
1
2
DD
2
1
2,5
5 3
2,7,9
7
6
9,13
7
1,2,5
3
2,4 1,4,7
4
2,5,8
1
1
II
1
3
7
3,6
8,9,13
7
1,5
3
4
1
DD
1,4
2,5
1
2,5
7 7,9
7
6
13
7
1,5
4
1,4
1,3
3
1
3
8
3
3
3
Continua
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
Tabela 3. (Continuação) Lista de espécies registradas na Bacia de Campos e suas respectivas informações associadas. Status de ameaça
Ramphastidae
Pteroglossus aracari
araçari-de-bico-branco
R
Picidae
AT
2
AT
BBC
VIT
VVE
GUA
ANC
ITA
MAR
PKE
Piciformes
SFI
R
SJB
João-bobo
CAM
Nystalus chacuru
QUI
CAR
MAC
Bucconidae
RIO
Mig.
BUZ
Nome popular
SPA
IGG
CFO
ES
Nome do Táxon
Cat.
ACB
RJ
ARA
Bra
SAQ
Inter
Cartas SAO
Referências bibliográficas por município
VU
II
3
7
6
13
7
1,2,5
3
2
1,4,7
Picumnus cirratus
pica-pauzinho-barrado
R
AT
2,7,9
Melanerpes candidus
pica-pau-branco
R
AT
7
Veniliornis affinis
picapauzinho-avermelhado
R
AT
Veniliornis maculifrons
picapauzinho-de-testa-pintada
R,E
AT
Colaptes melanochloros
pica-pau-verde-barrado
R
AT
Colaptes campestris
pica-pau-do-campo
R
AT
2,7,9
Celeus flavescens
pica-pau-de-cabeça-amarela
R
AT
2
Cariamiformes
Cariamidae
Cariama cristata
seriema
R
Falconiformes
Falconidae
Caracara plancus
carcará
R
AR
II
2,7,9
1
4
1
2,5,8
2
3
3
2,5
2
3
3
1
3 2
3
1,2,5
3
1
3
3
AT
7
6
9,13
7
7
4
3
7
6
9,13
7
4,7
4
2,5,8
7
4
8
1,7
1,2,5
3
2,4 1,4,7
1,2
3
2,4 1,4,7
Milvago chimachima
carrapateiro
R
AR
II
2,7
Herpetotheres cachinnans
acauã
R
AR
II
2,7
8
Falco sparverius
quiriquiri
R
AR
II
7,9
7
6
9,13
7
1,2,5
Falco rufigularis
cauré
R
AR
II
9
7
6
13
7
2,5
2,7
4
3
2,5,8
4
7
2
1,3
3
1
3
3
1
3
2,5,8
1,2
1
1
3
3
1
4
2,5,8
1,2
1
1
3
3
1
4
2,5,8
3
3
1
2,5
3
3
1
4
1
Falco femoralis
falcão-de-coleira
R
AR
II
Falco peregrinus
falcão-peregrino
VN
AR
I
Psittaciformes
Psittacidae
Primolius maracana
maracanã
R
AT
I,Xer
Psittacara leucophthalmus
periquitão
R
AT
II,Xer
Eupsittula aurea
periquito-rei
R
AT
II,Xer
Pyrrhura frontalis
tiriba
R
AT
II,Xer
Forpus xanthopterygius
tuim
R
AT
II,Xer
Brotogeris tirica
periquito-verde
R, E
AT
end,Xer
Touit surdus
apuim-de-cauda-amarela
R, E
AT
VU
VU EP end,Xer
1
3
1
2,5
4,6
3
1,3
3
1
2,3,5,7
1
1 4
1 3 3
7
2
5
1,3 1 3
Continua
83
84
Aves da B acia de C ampos
Tabela 3. (Continuação) Lista de espécies registradas na Bacia de Campos e suas respectivas informações associadas. Status de ameaça
BBC
3
VIT
GUA
3
VVE
ANC
ITA
MAR
PKE
SFI
CAR 4
SJB
MAC 4,7
CAM
RIO 2
QUI
BUZ
SPA
IGG
CFO
3
Mig.
Pionus maximiliani
maitaca
R
AT
II,Xer
Amazona amazonica
curica
R
AT
II,Xer
Amazona rhodocorytha
chauá
R, E
AT
Passeriformes
Thamnophilidae
Myrmotherula axillaris
choquinha-de-flanco-branco
R
AT
Formicivora grisea
papa-formiga-pardo
R
AT
Formicivora littoralis
formigueiro-do-litoral
R, E
AT
Formicivora rufa
papa-formiga-vermelho
R
AT
R
AT
ES
Nome popular
RJ
Nome do Táxon
Herpsilochmus rufimarginatus chorozinho-de-asa-vermelha
Cat.
ACB
ARA
SAQ
Bra
Inter
Cartas SAO
Referências bibliográficas por município
7
6
13
7
2,5
3
2,3
1,4,7
5
1,3
5,6
7
4
8
3
3
1 1,2
EN EN VU
End
1,2,3 2,4 7
3
2
7
4
8
4,7
4
5,8
1
1
1
1,3
3
1
1
1,3
3
1
R
AT
Thamnophilus ambiguus
choca-de-sooretama
R, E
AT
End
Drymophila squamata
pintadinho
R, E
AT
End
Dendrocolaptidae
Dendroplex picus
arapaçu-de-bico-branco
R
AT
Lepidocolaptes squamatus
arapaçu-escamoso
R, E
AT
Xenopidae
Xenops rutilans
bico-virado-carijó
R
Furnariida
Furnarius figulus
casaca-de-couro-da-lama
R, E
7,9
7
6
2,7
13
3
7
1,5
3
2
1
1,2
3
2
1
3
VU
3
1
AT
AT
End
5
7
6
9,13
7
1,2,5
AT
7,9
AT
7
Anabazenops fuscus
trepador-coleira
R, E
AT
Phacellodomus rufifrons
joão-de-pau
R
AT
7
Certhiaxis cinnamomeus
curutié
R
AT
7
Synallaxis frontalis
petrim
R
AT
Pipridae
Manacus manacus
rendeira
R
AT
Dixiphia pipra
cabeça-branca
R
AT
Chiroxiphia caudata
tangará
R
AT
Tityridae
R
AT
R
AT
3
2
1,4,7
2,4
1,4
4
2
2,5,8
2
2,5
1
1
1
3 1,3
3
2 3 4
1,2
2,5
2
3
1
3
2,5
2
1
3
3 1
2
3
3
2 End
1,2
VU
caneleiro-de-chapéu-preto
End
caneleiro-bordado
7
R
Pachyramphus validus
13
R
Pachyramphus marginatus
6
joão-de-barro
AT
7
bate-bico
R
7,9
Furnarius rufus
1
3
Phleocryptes melanops
Pachyramphus polychopterus caneleiro-preto
1
8 2
2,7,9
choca-listrada
8
EN VU VU CP end,Xer
Thamnophilus palliatus
2 2,7
7
4
3
8
3
2
7
3
7
4
8
3
3
1 1
2
1 Continua
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
Tabela 3. (Continuação) Lista de espécies registradas na Bacia de Campos e suas respectivas informações associadas. Status de ameaça
8
bico-chato-de-orelha-preta
R
AT
bico-chato-amarelo
R
AT
2,7
Todirostrum cinereum
ferreirinho-relógio
R
AT
7,9
Myiornis auricularis
miudinho
R
AT
Hemitriccus orbitatus
tiririzinho-do-mato
R,E
AT
Hemitriccus nidipendulus
tachuri-campainha
R, E
AT
Tyrannidae
Hirundinea ferruginea
gibão-de-couro
R
AT
Euscarthmus meloryphus
barulhento
R
AT
Ornithion inerme
poiaeiro-de-sobrancelha
R
AT
Camptostoma obsoletum
risadinha
R
AT
7
6
13
7
1
7
4
8
1,2
3
2
1,7
4
2,5,8
1,3
3
1
1,2,5
3
2
1,4,7
4
2,5,8
3
3
1
7
4
8
End
3
2 7,9
3
1 NT
3
3
Tolmomyias flaviventris
BBC
VIT
VVE
GUA
4
ANC
4,7
ITA
MAR
PKE
SFI
SJB
End
Tolmomyias sulphurescens
CAM
AT
QUI
R
CAR
MAC
Leptopogon amaurocephalus cabeçudo
PA
RIO
AT
BUZ
SPA
Rhynchocyclidae
IGG
R
CFO
araponga
Cat.
ACB
Procnias nudicollis
ARA
SAQ
ES
Cotingidae
Cartas SAO
RJ
Mig.
Bra
Nome popular
Inter
Nome do Táxon
Referências bibliográficas por município
7
6
13
4,7 1,2,5
3
2
4
2
3
3 2,7
1
3
7
4
5,8
2,7
1,2
3
2,4
4,7
4
2,5,8
1,2,5
3
2,4 1,4,7
4
2,5,8
1
1
3
1
1
1
3
3
1
2
1
1
1,3
3
1
VU
1
Elaenia flavogaster
guaracava-de-barriga-amarela
R
AT
Elaenia spectabilis
guaracava-grande
R
AT
2,7,9 5,7
3,6
13
7
Elaenia chilensis
guaracava-de-crista-branca
VS
AT
Elaenia mesoleuca
tuque
R
AT
Elaenia obscura
tucão
R
AT
Capsiempis flaveola
marianinha-amarela
R
AT
Phaeomyias murina
bagageiro
R
AT
7
Phyllomyias fasciatus
piolhinho
R
AT
7
1
Pseudocolopteryx sclateri
tricolino
R
AT
7
1
Serpophaga nigricans
joão-pobre
R
AT
Serpophaga subcristata
alegrinho
R
AT
Attila rufus
capitão-de-saíra
R, E
AT
Myiarchus ferox
maria-cavaleira
R
AT
Myiarchus tyrannulus
maria-cavaleira-de-raboenferrujado
R
AT
Sirystes sibilator
gritador
R
AT
Pitangus sulphuratus
bem-te-vi
R
AT
Machetornis rixosa
suiriri-cavaleiro
R
AT
Myiodynastes maculatus
bem-te-vi-rajado
R
Megarynchus pitangua
neinei
R
Myiozetetes cayanensis
bentevizinho-de-asa-ferrugínea
R
AT
2,5 7
4
8
7
4
8
1 1 3
2 1 2
1 4
7
5
End
4 2,7
1
3
7
4
4
1
4,7
3
3
8
1
2,5
3
1
4
8
3
1
4
2,5,8
1,2
1
1
1,3
2,5
2
1
1
1,3
1 2,7,9 5,7
3,6
8,9,13
7
1,2,5
3
2,4 1,4,7
3
2,4
3
2
7,9
7
6
13
7
1,2,5
AT
9
7
6
13
7
2,5
AT
2,7
5
2
1,4 4,7 4
4
8 2,5
3
3
1
3
1
3
1
1 Continua
85
86
Aves da B acia de C ampos
Tabela 3. (Continuação) Lista de espécies registradas na Bacia de Campos e suas respectivas informações associadas. Status de ameaça
7
Pyrocephalus rubinus
príncipe
R
AT
lavadeira-de-cara-branca
R
AT
Fluvicola nengeta
lavadeira-mascarada
R
AT
7
Arundinicola leucocephala
freirinha
R
AT
7,9
Cnemotriccus fuscatus
guaracavuçu
R
AT
2
Lathrotriccus euleri
enferrujado
R
AT
Satrapa icterophrys
suiriri-pequeno
R
AT
9
Xolmis velatus
noivinha-branca
R
AT
7
Vireonidae
7
6
7
9,13
3
8,9
6
13
7
7
3
2
4
1
3
1,2
3
2,4 1,4,7
2
1
1,2,5
3
2,4
1
7
6
13
7
AT
2
3
R
AT
2,7,9
7
6
13
7
1,2,5
3
2
Vireo chivi
juruviara
R
AT
2,7,9
7
1,3,6
13
7
1,2,5
3
2
Hirundinidae
Pygochelidon cyanoleuca
andorinha-pequena-de-casa
R
AT
2,7,9
7
6
9,13
7
1,2,5
Stelgidopteryx ruficollis
andorinha-serradora
R
AT
7,9
7
6
13
7
1,2,5
7
AT AT
2 4
2,5,8
1,7
4
2,5,8
7
4
8
4,7
4
2,8
R
R
7,9
7
6
13
7
3
1
3
1
1
1,2,5
3
4,7
1,2
1,3
3
3
3 1
4
1,4
4
1,4,7
4
2,5 5,8
7
4
2,5,8
4
2,5,8
R
AT AT
Tachycineta leucorrhoa
andorinha-de-sobre-branco
R
AT
Tachycineta leucopyga
andorinha-chilena
VS
AT
6
3
2,7
Riparia riparia
andorinha-do-barranco
VN
AT
6
3
2,7
Hirundo rustica
andorinha-de-bando
VN
AT
7
andorinha-de-dorso-acanelado
VN
AT
8
Troglodytidae
Troglodytes musculus
corruíra
R
AT
2,7,9
Pheugopedius genibarbis
garrinchão-pai-avô
R
AT
2,7
1
Cantorchilus longirostris
garrinchão-de-bico-grande
R, E
AT
2
2
1 6
5
7
12
3,6
6
8,9,13
7
1
2,3
6,7
1
3
3
1
1
3
3
2
1
1
3
3
2
1
1
1
1
1
3
1
1,3 2
1
1
3
3
3,4 2,5,7,8 2,6
3
2
1,2,5
1,2
2,5
1,4
2
2
3
3
R
Petrochelidon pyrrhonota
1,3
andorinha-grande
3
2,8
andorinha-do-rio
1
3
4
1,3
2,4
1,2,4 1,4,7
2
Progne chalybea
7
1 3
Tachycineta albiventer
1
2,5
pitiguari
VN
5
3
vite-vite
andorinha-do-campo
1
3
1,2,5
Cyclarhis gujanensis
andorinha-azul
3 3
5 1,2
Hylophilus thoracicus
Progne tapera
3 3
2
Progne subis
2
3
Fluvicola albiventer
1,2
2,5
1
BBC
9
AT
2,5,8
4
3
VIT
AT
R
2
3
VVE
R
4
2,4 1,4,7
GUA
viuvinha filipe
3
1,2
ANC
Colonia colonus Myiophobus fasciatus
1,2,5
ITA
AT
7
2
MAR
R
9,13
2,5,8
PKE
peitica
3,6
4
SFI
Empidonomus varius
2,7,9 5,7
1,7
SJB
AT
CAM
AT
R
2
QUI
R
tesourinha
3
CAR
suiriri
Tyrannus savana
1
7
MAC
Tyrannus melancholicus
RIO
AT
BUZ
R
SPA
bentevizinho-de-penacho-vermelho
IGG
Myiozetetes similis
CFO
Cat.
ACB
Mig.
ES
Nome popular
RJ
Nome do Táxon
ARA
SAQ
Bra
Inter
Cartas SAO
Referências bibliográficas por município
3
1,2,4 1,4,7
4
2,5,8
4
8
2 3
4,7
1
1
3
3
1
3
3
1
Continua
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
Tabela 3. (Continuação) Lista de espécies registradas na Bacia de Campos e suas respectivas informações associadas. Status de ameaça
7
Turdus rufiventris
sabiá-laranjeira
R
AT
Xer
7
Turdus amaurochalinus
sabiá-poca
R
AT
Xer
7,9
Turdus albicollis
sabiá-coleira
R
AT
Xer
Mimidae
Motacillidae
Anthus lutescens
caminheiro-zumbidor
R
Passerellidae
EP EP
7
6
13
7
1,5
3
4,7
2 6
13
7
1,2,5
4 4,7
4
2,8
4,7
4
8
Xer
9
7
6
9,13
7
1,5
3
2,4
1,7
4
2,8
2
2,7,9
7
6
13
7
1,2,5
3
2
1,7
4
2,5,8
2
Xer
1
7,9
7
6
9,13
7
3
1,2,5
AT
Parulidae
Setophaga pitiayumi
mariquita
R
AT
2,7,9 5,7
6
13
7
1,2,5
3
2
1,4,7
Geothlypis aequinoctialis
pia-cobra
R
AT
2,7,9
6
8,13
7
1,2,5
3
2
1
Basileuterus culicivorus
pula-pula
R
AT
Icteridae
Psarocolius decumanus
japu
R
AT
Cacicus haemorrhous
guaxe
R
AT
Gnorimopsar chopi
pássaro-preto
R
AT
Agelasticus cyanopus
carretão
R
AT
Chrysomus ruficapillus
garibaldi
R
AT
Molothrus oryzivorus
iraúna-grande
R
AT
Molothrus bonariensis
chupim
R
AT
Sturnella superciliaris
polícia-inglesa-do-sul
R
AT
Dolichonyx oryzivorus
triste-pia
VN
AT
4
AT
1
7
3
3
1
1
1
3
3
1
1
1
1,3
3
1
3
3
1
1
1,3
4
2,5,8
7
4
2,5,8
4
3
1
3
2
3
3
4,7
3
1
2,5
R
7
4
R
Xer
tico-tico
2
tico-tico-do-campo
8
2
Zonotrichia capensis
4
4
Ammodramus humeralis
4 3
5,7
7
2,5
1
AT
BBC
9
Xer
AT
VIT
Xer
AT
AT
VVE
AT
R
R
GUA
R
R
ANC
sabiá-una
sabiá-da-praia
1
sabiá-branco
sabiá-do-campo
1
Turdus flavipes
Mimus gilvus
ITA
MAR
PKE
SFI
SJB
Turdus leucomelas
Mimus saturninus
7
CAM
AT
QUI
VN
CAR
sabia-norte-americano
AT
MAC
Catharus fuscescens
RIO
BUZ
SPA
Turdidae
IGG
R
CFO
japacanim
Cat.
ACB
Donacobius atricapilla
ARA
SAQ
ES
Donacobiidae
RJ
Mig.
Bra
Nome popular
Inter
Cartas SAO
Nome do Táxon
Referências bibliográficas por município
3
1
3
1
2,5,8
3
3
1
2,5
3
3
1
2
1
3
4
7
4
8
Xer
7
4 1
2
1
2,5
Xer
7,9
7
6
9,13
7
2,5
2,4
1
2,5
Xer
7,9
7
6
13
7
1,2,5
3
4
1,7
9
7
6
13
7
1,2,5
3
4
4
7 PA
3
3
3
3
3 2
3 1
4
2,5,8
3
5
3
1 Continua
87
88
Aves da B acia de C ampos
Tabela 3. (Continuação) Lista de espécies registradas na Bacia de Campos e suas respectivas informações associadas. Status de ameaça
R
AT
R, E
AT
Tangara cayana
saíra-amarela
R
AT
Nemosia pileata
saíra-de-chapéu-preto
R
AT
Conirostrum speciosum
figuinha-de-rabo-castanho
R
AT
Conirostrum bicolor
figuinha-do-mangue
R
AT
Sicalis flaveola
canário-da-terra
R
AT
Sicalis luteola
tipio
R
AT
Haplospiza unicolor
cigarra-bambu
R
AT
Chlorophanes spiza
saí-verde
R
AT
Hemithraupis flavicollis
saíra-galega
R
AT
Volatinia jacarina
tiziu
R
AT
Tricothraupis melanops
tiê-de-topete
R
AT
Coryphospingus pileatus
tico-tico-rei-cinza
R
AT
Lanio cristatus
tiê-galo
R
AT
Tachyphonus coronatus
tiê-preto
R
AT
Ramphocelus bresilius
tiê-sangue
R, E
AT
Tersina viridis
saí-andorinha
R
AT
Cyanerpes cyaneus
saíra-beija-flor
R
AT
Dacnis cayana
saí-azul
R
AT
Coereba flaveola
cambacica
R
AT
Tiaris fuliginosus
cigarra-preta
R
AT
Sporophila collaris
coleiro-do-brejo
R
AT
BBC
sanhaço-do-coqueiro saíra-sapucaia
VIT
Tangara palmarum Tangara peruviana
VVE
AT
GUA
AT
R
ANC
R, E
sanhaço-cinzento
ITA
cambada-de-chaves
Tangara sayaca
MAR
Tangara brasiliensis
PKE
AT
SFI
R, E
SJB
cardeal-do-nordeste
CAM
Paroaria dominicana
QUI
AT
CAR
AT
R, E
MAC
R
bico-de-veludo
RIO
sanhaçu-de-coleira
Schistochlamys ruficapillus
BUZ
Schistochlamys melanopis
SPA
AT
IGG
R
CFO
saira-viúva
Cat.
ACB
Pipraeidea melanonota
ARA
SAQ
ES
Thraupidae
RJ
Mig.
Bra
Nome popular
Inter
Cartas SAO
Nome do Táxon
Referências bibliográficas por município
1 PEx
3 2 Xer
VU
VU VU PA
7
4
1
8
1,3
2,5
1,3 3
3
2,5,8
1,3
3
1 1
End Xer
7,9
5,7
6
9,13
7
1,2,5
3
2,4 1,4,7
7
1,2,5
3
2,4
1,4
2
4,7
2
1
Xer
7,9
5,7
6
13
End
9
7
6
13
Xer
9
5,7
6
13
7
1,2,5
2,7,9 5,7
6
13
7
1,2,5
2
6
8,9,13
7
1,2,5
2,4
4,7 1,2,5 2,3
7
4 4
2,5
1,3
3
8
1,3
3
2
3
3
1,2 2,5
NT
1 Xer
7,9
7
1 7
4
3
2,5
2
2
5
3
1
3
1
1,3
1
2 1
1
3
2,8
VU
3 2 Xer
2,7,9
7
1,3,6 8,9,13
7
1,2,5
3 3
4
4,7
4
2,5,8
7
4
8
2
3
3
1
3
3
1
3 Xer
9
7
6
13
7
1,2,5 3
Xer
7,9
end,Xer 2,7,9
7
6
8,13
7
3,6
8,13
7
1,2,5
4,7 1,2,5
3
2,4
1 PA
2,7,9
7
2,7,9 5,7 7,9
5,7
4
8
4
2,5,8
3
4,7
4
8
3
6
13
7
1,2,5
2
7
4
2,8
6
13
7
1,2,5
3
2
7
4
2,5,8
3,6
8,9,13
7
1,2,5
3
2,4
4,7
4
2,5,8
Xer EP
7 4,7
1
1 2
1
3
3
1
3
3
1
3
1
1,3
4
Xer
7
1
2
1,5
7
1,2
4
4
3 2
2,5,6
3
Sporophila caerulescens
coleirinho
R
AT
Xer
Sporophila leucoptera
chorão
R
AT
Xer
Sporophila bouvreuil
caboclinho
R
AT
Sporophila angolensis
curió
R
AT
VU CP
Xer
3
Sporophila maximiliani
bicudo
R
AT
CR Pex RE
Xer
3
Xer
2,5
1,3
1 7
Emberizoides herbicola
canário-do-campo
R
AT
2,7
Saltator maximus
tempera-viola
R
AT
2
3
1
3 1
1
1
2,5
2,5
3
2
3
3
3
3
1
Continua
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
Tabela 3. (Continuação) Lista de espécies registradas na Bacia de Campos e suas respectivas informações associadas. Status de ameaça
AT
Euphonia violacea
gaturamo
R
AT
gaturamo-rei
R
AT
Chlorophonia cyanea
gaturamo-bandeira
R
AT
Estrildidae
Estrilda astrild
bico-de-lacre
R
Passeridae
Passer domesticus
pardal
R
VU CP
Euphonia cyanocephala
3 2,7,9 5,7
Xer
9
5,7
6
13
7
1,2,5
6
13
7
2,5
3
2
1,4,7
4
2,5,8
2
3
3
1
3
3
1
1
end,Xer
3
Xer
1
3
4
Xer
AT
AT
Xer
PA
2
BBC
Xer
VIT
Xer
AT
3 4
VVE
AT
R
GUA
R
fim-fim
ANC
pintassilgo
Euphonia chlorotica
ITA
Spinus magellanicus
Xer
MAR
PKE
SFI
Fringillidae
SJB
R
CAM
azulão
QUI
Cyanoloxia brissonii
CAR
MAC
RIO
Cardinalidae
BUZ
AT
SPA
AT
R
IGG
R
saí-canário
CFO
trinca-ferro
Thlypopsis sordida
Cat.
ACB
Saltator similis
ARA
Mig.
ES
Nome popular
RJ
Nome do Táxon
SAQ
Bra
Inter
Cartas SAO
Referências bibliográficas por município
7,9
7
7,9
6
7
9,13
3,6
7
9,13
2,5
7
2
2,5
1,4
2,4 1,4,7
2,5
4
1
2,5,8
2
1
1
3
1
3
1,3
1
3
Legenda: Mig. – Migração; R – Residente; VS – Visitante do Sul; VN – Visitante do Norte; VA – Vagante; VO – Visitante do Oste. Cartas SAO: AT – Ave terrestre; AAC – Ave Aquática Continental; AMC – Ave Marinha Costeira; AMP – Ave Marinha Pelágica; AL – Ave Limícola; AR – Ave de Rapina; Status de Conservação: Inter – Internacional (IUCN, 2015); Bra – Brasil (ICMBIO, Portarias MMA 444/2014 e 445/2014), Regional – RJ – Rio de Janeiro; ES – Espírito Santo – Categorias de Ameaça: NT (Quase ameaçada); VU (Vulnerável); EN (Em perigo); CR (Criticamente em perigo); EW (Extinto na natureza); PEx (Provavelmente extinta); CP (Criticamente em perigo); EP (Em perigo); VU (Vulnerável); PA (Provavelmente ameaçada); DD (Dados desconhecidos); Cat. – Categoria Especial; End – Endêmica do Brasil ou Mata Atlântica; Xer – de interesse econômico; Cin – Cinegética; I – Apêndice I do CITES; II – Apêndice II do CITES. Referências bibliográficas: SAQ (Saquarema): 1. Mattos et al. (2009); 2. Rajão (1998); 3. Vecchi e Alves (2008); 4. Valin et al. (2004); 5. Santos e Aleixo (2011); 6. Scott e Carbonel (1986); 7. Dados Primários; 8. Pacheco e Parrini (1998); 9. Guimarães (2001). ARA (Araruama): 1. Rajão (1998); 2. Vecchi e Alves (2008); 3. Santos e Alves (2011); 4. Mattos et al. (2009); 5. Guimarães (2011); 6. Pacheco e Parrini (1998). ACB (Arraial do Cabo): 1. Rajão (1998); 2. Mattos et al. (2009); 3. Coelho et al. (1991); 4. Olmos (2002); 5. Pacheco e Parrini (1998); 6. Guimarães (2001). CFD (Cabo Frio): 1. Vecchi e Alves (2008); 2. Santos e Alves (2011); 3. Olmos (2002); 4. Mattos et al. (2009); 5. Lima et al. (2010); 6. Rajão (1998); 7. Alvarez et al. (2010); 8. Coelho et al. (1991); 9. Moura (2005); 10. Valente et al. (2012); 11. Pacheco e Rajão (1995); 12. Pacheco e Parrini (1998); 13. Guimarães (2001). IGG (Iguaba Grande): 1. Navegantes et al. (2010); 2. Fusaro et al. (2010); 3. Navegantes et al. (2011); 4. Vecchi et al. (2004); 5. Mattos et al. (2009); 6. Pacheco e Parrini (1998); 7. Guimarães (2001). SPA (São Pedro da Aldeia): 1. Rajão (1998); 2. Guimarães e Guimarães (2006); 3. Vecchi e Alves (2008); 4. Pacheco e Parrini (1998); 5. Guimarães (2001). BUZ (Armação de Búzios): 1. Pacheco e Parrini (1998); 2. Lima et al. (2012); 3. Armação dos Búzios (2006); 4. Olmos (2002); 5. Mattos et al. (2009); 6. Alvarez et al. (2010); 7. Teixeira (1985); 8. Siciliano e Nacinovic (2005). RIO (Rio das Ostras): 1. Coelho et al. (1991); 2. Dados Primários; 3. Pacheco e Parrini (1998); 4. Prioste (2007); 5. Valente et al. (2013). MAC (Macaé): 1. Dados Primários; 2. Alves et al. (2004); 3. Pacheco et al. (1996); 4. Alves (1993); 5. Rennó et al. (2012a); 6. Rennó et al. (2012b); 7. ICMBio (2007). CAR (Carapebus): 1. Pacheco e Parrini (1998); 2. Rennó et al., (2012a); 3. Rennó et al., (2012b); 4. ICMBio (2007). QUI (Quissamã): 1. Serpa et al. (2010); 2. Tavares (2010); 3. Valente et al. (2012); 4. Pacheco e Parrini (1998); 5. Dados Primários; 6. Rennó et al. (2012a); 7. Rennó et al. (2012b); 8. ICMBio (2007). CAM (Campos dos Goytacazes): 1. Coutinho (2012); 2. Dados Primários; 3. Pacheco et al. (1996); 4. Alves et al. (2004); 5. Pacheco e Parrini (1998); 6. Freesz et al. (2009). SJB (São João da Barra): 1. Valente et al. (2011); 2. Pacheco et al. (1996). SFI (São Francisco de Itabapoana): 1. INEA (2010). PKE (Presidente Kennedy): 1. Venturini e Paz (2007). MAR (Marataízes): 1. Dados Primários; 2. Efe (2004). ITA (Itapemirim): 1. Schuler e Pinheiro (2009). ANC (Anchieta): 1. Dados Primários; 2. Rodrigues et al. (2004); 3. DTA Engenharia-Petrobras (2011). GUA (Guarapari): 1. Venturini e Paz (2003); 2. Efe (2004); 3. Venturini et al. (1996). VVE (Vilha Velha): 1. Venturini e Paz (2005); 2. Venturini e Paz (2006); 3. Venturini e Paz (2003); 4. Efe (2004). VIT (Vitória): 1. Simon et al. (2007). BBC (Bacia de Campos): 1. Coelho et al. (1990); 2. Nacinovic (2005); 3. Petrobras/Habtec (2010).
89
90
Aves da B acia de C ampos
Figura 1. Maçarico-branco (Calidris alba). Foto: Rafael Bessa (2012).
Figura 3. Bando misto de esternídeos observado em Rio das Ostras. Foto: Rafael Bessa (2012).
Figura 2. Galinha-d’água (Gallinula galeata). Foto: Rafael Bessa (2012).
Figura 4. Marreca-toucinho (Anas bahamensis). Foto: Rafael Bessa (2012).
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
Tytonidae Spheniscidae Rynchopidae Recurvirostridae Ramphastidae Phalacrocoracidae Pandionidae Nyctibiidae Jacanidae Haematopodidae Galbulidae Fregatidae Cariamidae Bucconidae Aramidae Anhingidae Threskiornithidae Sulidae Podicipedidae Cracidae Ciconiidae Tinamidae Stercorariidae Hydrobatidae Cathartidae Alcedinidae Strigidae Laridae Charadriidae Diomedeidae Apodidae Picidae Falconidae Cuculidae Caprimulgidae Psittacidae Anatidae Sternidae Columbidae Ardeidae Rallidae Procellariidae Trochilidae Scolopacidae Accipitridae
Xenopidae
Famílias não passeriformes
Passeridae
Famílias passeriformes
Motacillidae Estrildidae Donacobiidae Cotingidae Passerellidae Mimidae Dendrocolaptidae Vireonidae Troglodytidae Tityridae Pipridae Parulidae Fringillidae Turdidae Rhynchocyclidae Furnariidae
De uma maneira geral, 251 (63,4%) das espécies podem ser consideradas totalmente terrestres, utilizando a água eventualmente durante seu ciclo de vida. Por sua vez, as espécies estritamente associadas à água respondem por 36,6% (n=145) do total e formam o grupo de aves avaliadas para a elaboração dos mapas de sensibilidade ambiental. Analisando estas categorias conforme definido nas Cartas SAO, a maior parte, 61,1% (n=242), é representada por “aves terrestres” (que incluem Passeriformes e não Passeriformes), seguida por “aves aquáticas continentais” com 13,6% (n=54), “aves de rapina” com 7,3% (n=29), “aves marinhas pelágicas” com 7,3% (n=29), “aves limícolas” com 5,8% (n=23), “aves marinhas costeiras” com 4,8% (n=19), conforme ilustrado na Figura 6. Muitas espécies consideradas dependentes de ambientes úmidos são migrantes intercontinentais. Para o Centro Nacional de Pesquisa para Conservação das Aves Migratórias (IBAMA/ CEMAVE, 2008), migração é o termo que define os deslocamentos realizados anualmente, repetidamente, de forma sazonal, por determinada população animal, que se desloca de um ponto A (área de reprodução) para um ponto B (áreas de alimentação, descanso etc.), em uma determinada época do ano, retornando posteriormente ao ponto A, completando o ciclo biológico. Este conceito, embora bastante simplificado, representa de maneira satisfatória a realidade das espécies migrantes presentes na Bacia de Campos. Aproximadamente 16% (n=64) de todas as espécies com ocorrência na Bacia de Campos podem ser consideradas migrantes (Piacentini et al., 2015) e, destas, 53 são dependentes de ambientes úmidos. Do total de migrantes, 37 são visitantes do Hemisfério Norte, 21 do Hemisfério Sul e outras seis realizam deslocamentos sazonais sem um padrão definido, sendo, por este motivo, consideradas vagantes. Fora do período reprodutivo, esses visitantes são comuns em nosso litoral, para onde vêm em busca de alimento e áreas de repouso. Os provenientes do norte podem ser encontrados majoritariamente entre setembro e abril, enquanto os provenientes do sul entre março e setembro. O grupo de aves migratórias é representado principalmente por membros da família dos diomedeídeos (albatrozes e afins), procelarídeos (petréis, bobos e afins), hidrobatídeos (almas-de-mestres e afins), caradrídeos (batuiruçus e afins), escolopacídeos (maçaricos, narcejas e afins), estercorarídeos, larídeos e esternídeos (representados respectivamente por mandriões, gaivotas e trinta-réis) e hirundinídeos (andorinhas e afins).
Aves marinhas costeiras
19
Thamnophilidae Aves limícolas
Icteridae
Aves marinhas pelágicas
29
Tyrannidae
Aves de rapina
30
Thraupidae
Aves aquáticas continentais
Hirundinidae
0
10
20
23
0 10 20 30 40 50
Figura 5. Representatividade de cada família passeriforme e não passeriforme na área de estudo.
Famílias consideradas dependentes de água estão representadas de cinza-escuro.
50
Aves terrestres
245 0
50
100
150
200
250
300
Figura 6. Distribuição das espécies presentes na Bacia de Campos, conforme o uso de habitat.
91
92
Aves da B acia de C ampos
Cabe citar também algumas famílias representadas por apenas uma espécie migrante, como é o caso dos Anatidae (marrecão Netta peposaca), Pandionidae (águia-pescadora Pandion haliaetus), Falconidae (falcão-peregrino Falco peregrinus), Spheniscidae (pinguim-de-magalhães Spheniscus magellanicus), Caprimulgidae (bacurau-norte-americano Chordeiles minor), Tyrannidae (guaracava-de-crista-branca Elaenia chilensis) e Turdidae (sabiá-norte-americano Catharus fuscescens). A Figura 7 ilustra a representatividade de migrantes oriundos do Hemisfério Sul, migrantes oriundos do Hemisfério Norte e espécies vagantes tanto na Bacia de Campos quanto nos dois estados onde está inserida: Rio de Janeiro e Espírito Santo. Apesar da aparente maior representatividade de espécies migratórias no Estado do Rio de Janeiro quando comparado com o do Espírito Santo, deve-se considerar que a maior parte das referências utilizadas diz respeito ao território fluminense, fato que sugere um viés amostral na interpretação das informações. Apesar do exposto, fica evidente a grande representatividade de espécies aquáticas no que tange às aves que realizam movimentos migratórios. A respeito das espécies de interesse conservacionista, o que engloba, portanto, todas as aves endêmicas, ameaçadas de extinção ou listadas no CITES, ressalta-se a presença na área da Bacia de Campos de 23 aves consideradas endêmicas do Brasil (Piacentini et al., 2015), 19 endêmicas de Mata Atlântica (Brooks et al., 1999), 55 espécies incluídas em alguma categoria (primária ou secundária) de ameaça de extinção nas quatro diferentes listas consultadas (IUCN, 2015; ICMBio, 2014b; Alves et al., 2000; Simon et al., 2007), além de 55 listadas no CITES (2015). Em relação aos endemismos presentes na Bacia de Campos, poucas espécies estão associadas a ambientes úmidos. Dentre estas, cita-se a saracura-do-mato (Aramides saracura), notável endemismo de Mata Atlântica, além da saracura-do-mangue (Aramides mangle), considerada endêmica do Brasil. No geral, a maior parte das aves incluídas nesta categoria pode ser considerada terrestre e dependente de ambientes florestados, como é o caso da choca-de-sooretama (Thamnophilus ambiguus), do tiê-sangue (Ramphocelus bresilius), do rabo-branco-mirim (Phaethornis idaliae) e da saíra-sapucaia (Tangara peruviana), presentes ao longo da região costeira da Bacia de Campos, principalmente em ambientes de restinga e floresta ombrófila densa de terras baixas. No que se refere às espécies em delicada situação conservacionista, pelo menos 14% (n=55) da avifauna com ocorrência conhecida para a Bacia de Campos está incluída em alguma categoria de ameaça de extinção, regional, nacional ou internacional (global). Em nível internacional, 15 espécies estão incluídas em alguma categoria de ameaça de extinção, sendo que nove destas são estritamente relacionadas com água. Nesse contexto, merece destaque o albatroz-de-nariz-amarelo (Thalassarche chlororhynchos), a grazina-de-barriga-branca (Pterodroma incerta), e o albatroz-de-cabeça-cinza (Thalassarche chrysostoma), incluídos na categoria “Em Perigo” (IUCN, 2015); o albatroz-real (Diomedea epomophora), a pardela-preta (Procellaria aequinoctialis) e albatroz-errante (Diomedea exulans), incluídos na categoria “Vulnerável” (IUCN, 2015); e o pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus), o albatroz-de-sobrancelha (Thalassarche melanophris) e a figuinha-do-mangue (Conirostrum bicolor), considerados globalmente “Quase Ameaçados” de extinção (IUCN, 2015). As outras sete espécies globalmente ameaçadas que ocorrem na Bacia de Campos são consideradas terrestres, sendo elas o chauá (Amazona rhodocorytha), o formigueiro-do-litoral (Formicivora littoralis), o tirizinho-do-mato (Hemitriccus orbitatus), o apuim-de-cauda-amarela (Touit surdus), o gavião-pombo-pequeno (Amadonastur lacernulatus) e a saíra-sapucaia (Tangara peruviana). Em relação às espécies nacionalmente ameaçadas (ICMBio, 2014b), cita-se a presença de 12 aves incluídas em alguma categoria, sendo que, destas, oito são associadas a água, sendo elas: o albatroz-errante (Diomedea exulans), o bicudo (Sporophila maximiliani) e a pardela-de-asa-larga
38 37
40 35
28 27
30 25
21 21
19 19
20
14
15
12
10 3
5
5
2
5
5
5
0 Total
Aquáticas
Migrantes do Sul
Total
Aquáticas
Migrantes do Norte
Bacia de Campos
Rio de Janeiro
Total
Aquáticas Vagantes
Espírito Santo
Figura 7. Número de espécies migrantes do sul, do norte e vagantes na Bacia de Campos e nos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, separadamente.
(Puffinus lherminieri), incluídos na categoria “Criticamente em Perigo”; o albatroz-de-nariz-amarelo (Thalassarche chlororhynchos), a grazina-de-barriga-branca (Pterodroma incerta) e o trinta-réis-real (Thalasseus maximus), incluídos na categoria “Ameaçado”; e o albatroz-real (Diomedea epomophora) e a pardela-preta (Procellaria aequinoctialis), considerados nacionalmente “Vulneráveis” à extinção (ICMBio, 2014b). No que tange às espécies terrestres listadas como ameaçadas na lista nacional (ICMBio, 2014b), destaca-se mais uma vez o chauá (Amazona rhodocorytha), o gavião-pombo-pequeno (Amadonastur lacernulatus) e a saíra-sapucaia (Tangara peruviana). Em relação às listas estaduais, 43 espécies estão incluídas em alguma categoria de ameaça (primária ou secundária) no Estado do Rio de Janeiro (Alves et al., 2000), sendo 20 destas relacionadas com a água, e 10 são consideradas ameaçadas de extinção na lista estadual capixaba (Simon et al., 2007), das quais seis também são associadas à água. Dentre as espécies ameaçadas e associadas à água na lista fluminense, cita-se a maguari (Ciconia maguari), o curió (Sporophila angolensis), a marreca-caneleira (Dendrocygna bicolor), o pato-do-mato (Cairina moschata), a biguatinga (Anhinga anhinga), incluídos na categoria “Vulnerável”. A gaivota-maria-velha (Chroicocephalus maculipennis) e o trinta-réis-grande (Phaetusa simplex) são considerados “Provavelmente Extintos” no Rio de Janeiro. O pato-de-crista (Sarkidiornis sylvicola) e o coleiro-do-brejo (Sporophila collaris) estão incluídos na categoria “Em Perigo”;a garça-real (Pilherodius pileatus), a marreca-cabocla (Dendrocygna autumnalis), o colhereiro (Platalea ajaja), o pernilongo-de-costas-brancas (Himantopus melanurus), a gaivota-de-cabeça-cinza (Chroicocephalus cirrocephalus) e o talha-mar (Rynchops niger), são considerados “Provavelmente Ameaçados”. Na lista estadual capixaba, ganha destaque a presença do maguari (Ciconia maguari), do curió (Sporophila angolensis) e da pardela-de-asa-larga (Puffinus lherminieri), incluídos na categoria “Criticamente em Perigo”; do bicudo (Sporophila maximiliani), considerado “Provavelmente Extinto” no Espírito Santo, e do gavião-do-banhado (Circus buffoni) e do trinta-réis-real (Thalasseus maximus), considerados “Vulneráveis” à extinção. Apesar de este estudo focar principalmente nas espécies associadas ou dependentes de água, uma vez que seriam as mais afetadas em um cenário de vazamento de óleo e derivados,
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
três espécies de aves terrestres ameaçadas de extinção (internacional, nacional ou regional) merecem destaque por habitarem fisionomias intimamente relacionadas tanto com o mar quanto com as lagoas costeiras no Rio de Janeiro e no Espírito Santo: o formigueiro-do-litoral (Formicivora littoralis), a saíra-sapucaia (Tangara peruviana) e a sabiá-da-praia (Mimus gilvus). Tais aves habitam quase que exclusivamente as formações de restinga, estando a poucos metros das formações de praia (Sick, 1997; Vecchi e Alves, 2008; Mattos et al., 2009; Zanon et al., 2015). Assim, ainda que não fossem afetadas diretamente, caso o óleo resultante de um possível acidente atingisse a região da praia, seu habitat poderia sofrer influência indireta, o que resultaria em um impacto sobre suas populações. Além das espécies supracitadas, outras aves terrestres possuem importantes contingentes populacionais nas áreas de restinga e cordões de mata de baixada ao longo da região costeira da Bacia de Campos, destacando-se aqui o papagaio chauá (Amazona rhodocorytha), ave que tem no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba um de seus mais importantes redutos no Estado do Rio de Janeiro (Rennó et al., 2012a). A Convenção Internacional sobre comércio de fauna e flora ameaçadas de extinção (CITES, 2015) inclui espécies ameaçadas de extinção cujo comércio é permitido somente em condições excepcionais (Anexo I) ou espécies não necessariamente ameaçadas, mas cujo comércio deve ser controlado (Anexo II). Embora 55 espécies incluídas em algum dos Apêndices citados (52 no Anexo II e três no Anexo I) tenham sido listadas, todas elas possuem hábitos terrestres, não tendo sido listadas espécies associadas a ambientes úmidos. As espécies incluídas em ambos os anexos do CITES são majoritariamente formadas por aves de rapina (Accipitridae, Falconidae, Pandionidae e Strigidae), Psitacídeos (papagaios, maritacas e
afins) e Troquilídeos (beija-flores e afins). Na Figura 8 está ilustrada graficamente a representatividade de espécies ameaçadas de extinção em nível internacional, nacional e regional (Rio de Janeiro e Espírito Santo), o número de espécies endêmicas e as listadas nos apêndices do CITES, tanto para o Rio de Janeiro e Espírito Santo, quanto para a Bacia de Campos como um todo.
2. Caracterização das espécies utilizadas como indicadores biológicos
Ao todo, 145 das 396 espécies levantadas para a região da Bacia de Campos são associadas ou dependentes de água e foram avaliadas através de uma adaptação do método proposto por Reca et al. (1994) para definição de um valor biológico para cada uma delas. Por uma questão inerente ao método, as variáveis apresentaram representatividade diferente para o conjunto de espécies avaliadas, o que acaba por determinar um peso maior para algumas frente a outras. Assim, a variável que apresentou a maior representatividade para o número máximo possível dentro de sua categoria foi a “Plasticidade ecológica”, que alcançou um total de 192 pontos de 290 possíveis (66,2%). A variável “Cartas SAO” atingiu 170 de 290 possíveis (58,6%), a “abundância relativa”, 170 pontos de 290 (58,2%), seguida da “sensibilidade aos distúrbios de origem antrópica” com 146 de 290 possíveis (50,34%), “amplitude trófica” com 144 de 290 possíveis (49,7%), “potencial reprodutivo” com 114 de 290 possíveis (39,3%), “migração” com 52 de 145 possíveis (35,9%), “áreas de reprodução” com 93 de 290 possíveis (32,1%), “interesse popular” com 32 de 145 possíveis (22,1%), “status de ameaça” com 45 de 290 possíveis (15,5%) e por fim “endemismo” com apenas três de 145 possíveis (2,1%). Estas informações estão ilustradas na Figura 9. A análise da proporcionalidade da distribuição de valores atribuídos a cada uma das categorias permite inferir que a avifauna analisada para elaboração das áreas sensíveis ao vazamento de
60
55 49
50 43 39
40
30 23 20
10
19 15
14
12 5
8 8 2
14 10 5
14 10
7 6
4
2
16 16 12
7 3
2
1 1
1 1
0 Total
Aquáticas
Global
Total
Aquáticas Brasil
Total
Aquáticas RJ
Total
Aquáticas ES
Total
Aquáticas CITES
Aquáticas
Total
Mata Atlântica
Aquáticas Brasil
Endemismo
Status de Conservação Bacia de Campos
Total
Rio de Janeiro
Espírito Santo
Figura 8. Representatividade das espécies ameaçadas, listadas nos apêndices do CITES ou endêmicas de Mata Atlântica e do Brasil, para a Bacia de Campos, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
93
Aves da B acia de C ampos
350 300
Valor máximo possível 290
290
290
Valor acumulado 290
290
290
290
290
250 200
192
170 145
150
170
146
145
145
144 114 93
100 52
50
45
32
Interesse popular
Potencial Reprodutivo
Áreas de reprodução
Amplitude trófica
Abundância relativa
Plasticidade ecológica
Sensibilidade
Status de Conservação
Endêmicas
3 Migração
0
Cartas SAO
Figura 9. Representatividade de cada uma das variáveis em relação ao total de pontos possíveis e adquiridos na avaliação do valor biológico das espécies de aves da Bacia de Campos.
óleo e derivados (n=145) é composta majoritariamente por espécies marinhas costeiras ou pelá-
60%
tos possíveis para o valor biológico (n=20), 40% (n=58) atingiram entre 31 e 49% do total de pontos disponíveis e, por fim, 29% (n=42) atingiram entre 1 e 30% do total de pontos disponíveis. Dentre as
50%
10%
chlororhynchos), ao passo que as com menor representatividade são formadas principalmente por
0%
espécies terrestres e de elevada plasticidade ambiental, tal como a lavadeira-mascarada (Fluvicola nengeta) e o socozinho (Butorides striata). Na Figura 11 está representada graficamente a distribuição em formato de Diagrama de Whittaker do valor biológico das espécies.
Na tabela 4, pode-se observar o valor atribuído às espécies utilizadas como indicadoras,
tanto nas variáveis avaliadas quanto no valor biológico resultante do somatório das categorias.
77
52
93
40
112
61
20%
espécies que atingiram os percentuais mais elevados de pontos, destacam-se as marinhas pelágicas e costeiras, como o trinta-réis-real (Thalasseus maximus) e albatroz-de-nariz-amarelo (Thalassarche
117
40% 30%
40
142
53
59
63
39
46 18
21
Abundância relativa
cionadas, 31% (n=45) das aves utilizadas como indicadoras atingiram 50% ou mais do total de pon-
66
50
Plasticidade ecológica
No que diz respeito à contribuição individual de cada espécie ao valor biológico das áreas sele-
66
78
Sensibilidade
de óleo e derivados.
52 94
Status de Conservação
variáveis utilizadas para avaliação das espécies indicadoras ou das áreas sensíveis ao vazamento
33
Interesse popular
destas espécies possui baixa abundância relativa na Bacia de Campos (45,5%; n=66). Na Figura 10
está representada graficamente a contribuição de cada uma das três classes de valor dentro das
52 94
70%
sáveis por grande parte deste montante. Da mesma forma, pode-se considerar que grande parte
32
80%
único tipo de ambiente (45,5%; n=66), sendo que as espécies marinhas pelágicas foram respon-
8
9
Endêmicas
por 49% (n=94). A maior parte das aves utilizadas como indicadoras de áreas sensíveis habita um
Valor 2
19
Migração
cies de elevada sensibilidade ambiental aos distúrbios de origem antrópica foram responsáveis
Valor 1
Potencial Reprodutivo
n=21). Espécies migrantes responderam por 35,9% (n=52) das aves indicadoras, enquanto espé-
90%
espécies aquáticas continentais ou limícolas (n=77; 40,1%) ou aves terrestres ou de rapina (10,9%;
Valor 0
3
Áreas de reprodução
100%
Amplitude trófica
gicas. Este grupo corresponde a 49% (n=94) do total de espécies indicadoras (n=145), frente às
Cartas SAO
94
Figura 10. Proporção da distribuição dos valores para cada uma das categorias utilizadas para avaliar as espécies indicadoras de ambientes sensíveis ao derramamento de óleo e derivados.
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
20 18 16 14 12 10 8 6 4 2
145
141
137
133
129
125
121
117
113
109
105
97
101
93
89
85
81
77
73
69
65
61
57
53
49
45
41
37
33
29
25
21
17
9
13
5
1
0
Figura 11. Distribuição do valor biológico atribuído a cada uma das espécies utilizadas como indicadoras.
Tabela 4. Valor atribuído a cada uma das variáveis e valor biológico por espécie. Nome do Táxon Dendrocygna bicolor Dendrocygna viduata Dendrocygna autumnalis Cairina moschata Sarkidiornis sylvicola Agelasticus cyanopus Amazonetta brasiliensis Netta erythrophthalma Netta peposaca Nomonyx dominica Tachybaptus dominicus Podilymbus podiceps Spheniscus magellanicus Phoebetria palpebrata Thalassarche chlororhynchos Thalassarche melanophris Thalassarche chrysostoma Diomedea epomophora Diomedea exulans Macronectes giganteus
Cartas SAO 1
1
1
1
1
–
1
1
1
1
1
1
2
2
2
2
2
2
2
2
Mig. –
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
1
1
1
1
1
1
1
1
End. –
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
Status de ameaça 2
–
1
2
2
–
–
–
–
–
–
–
1
–
2
1
2
2
2
–
Sens. –
–
–
1
1
1
–
–
–
1
1
1
2
2
2
2
2
2
2
2
Plasticidade ecológica 1
1
2
–
1
2
1
2
1
2
1
1
1
2
2
1
2
2
2
1
Abundância relativa 2
–
1
2
2
1
–
2
2
2
1
1
1
2
2
2
2
2
2
2
Amplitude trófica –
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
2
2
2
2
2
2
2
2
Áreas de reprodução 1
1
1
1
1
1
1
1
–
1
1
1
–
–
–
–
–
–
–
–
Potencial reprodutivo –
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
1
2
2
2
2
2
2
2
Interesse popular 1
1
1
1
1
–
1
1
1
1
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
Valor biológico 8
4
7
8
10
5
4
8
5
8
5
5
11
13
15
13
15
15
15
12
Continua
95
96
Aves da B acia de C ampos
Tabela 4. (Continuação) Valor atribuído a cada uma das variáveis e valor biológico por espécie. Nome do Táxon Fulmarus glacialoides Daption capense Lugensa brevirostris Pterodroma incerta Halobaena caerulea Pachyptila vittata Pachyptila desolata Pachyptila belcheri Procellaria aequinoctialis Calonectris borealis Puffinus griseus Puffinus gravis Puffinus puffinus Puffinus lherminieri Fregetta grallaria Oceanites oceanicus Oceanodroma leucorhoa Ciconia maguari Mycteria americana Fregata magnificens Sula dactylatra Sula leucogaster Nannopterum brasilianus Anas bahamensis Tigrisoma lineatum Botaurus pinnatus Ixobrychus exilis Ixobrychus involucris Nycticorax nycticorax Nyctanassa violacea Butorides striata Bubulcus ibis Ardea cocoi Ardea alba Syrigma sibilatrix Pilherodius pileatus Egretta thula Egretta caerulea Theristicus caudatus Platalea ajaja Pandion haliaetus Circus buffoni Rostrhamus sociabilis
Cartas SAO 2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
1
1
2
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
–
–
–
Mig. 1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
–
1
1
1
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
1
–
–
End. –
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
Status de ameaça –
–
–
2
–
–
–
–
2
–
–
–
–
2
–
–
–
2
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
1
–
–
–
1
–
2
–
Sens. 2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
–
–
2
2
2
–
–
1
1
1
1
–
1
–
–
–
–
1
1
–
1
–
1
1
1
–
Plasticidade ecológica 2
2
2
2
–
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
1
1
1
2
1
1
–
2
2
1
2
–
–
–
2
1
–
1
1
–
1
2
1
1
1
2
Abundância relativa 2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
1
2
1
2
2
1
2
2
2
1
2
1
–
–
1
2
2
2
–
1
–
–
–
–
–
1
–
–
1
1
1
2
1
Amplitude trófica 2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
–
–
2
2
2
2
–
–
–
–
1
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
1
–
2
1
2
Áreas de reprodução –
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
2
–
–
–
1
1
2
–
2
2
1
1
1
1
Potencial reprodutivo 2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
1
1
2
2
2
–
–
1
2
1
Interesse popular –
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
1
–
–
–
Valor biológico 13
13
13
15
11
13
13
13
15
13
12
13
12
16
13
12
13
8
6
12
12
12
6
3
7
9
7
1
1
–
9
1
–
–
4
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
–
1
1
–
–
–
–
–
1
1
–
–
1
1
2
1
1
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
2
2
4
3
2
5
7
2
4
7
7
8
9
7
Continua
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
Tabela 4. (Continuação) Valor atribuído a cada uma das variáveis e valor biológico por espécie. Nome do Táxon Aramus guarauna Rallus longirostris Aramides mangle Aramides cajaneus Aramides saracura Laterallus viridis Laterallus melanophaius Porzana flaviventer Mustelirallus albicollis Pardirallus maculatus Pardirallus nigricans Pardirallus sanguinolentus Gallinula galeata Porphyriops melanops Porphyrio martinica Fulica armillata Pluvialis dominica Pluvialis squatarola Charadrius semipalmatus Charadrius collaris Haematopus palliatus Himantopus melanurus Gallinago paraguaiae Gallinago undulata Limnodromus griseus Numenius phaeopus Anhinga anhinga Tringa solitaria Tringa melanoleuca Tringa semipalmata Tringa flavipes Arenaria interpres Calidris canutus Calidris alba Calidris pusilla Calidris minutilla Calidris fuscicollis Calidris melanotos Calidris himantopus Phalaropus tricolor Jacana jacana Stercorarius chilensis Stercorarius pomarinus
Cartas SAO 1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
2
Mig. –
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
1
1
1
–
–
–
–
–
1
1
–
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
–
1
1
End. –
–
1
–
1
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
Status de ameaça –
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
1
–
–
–
–
2
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
Sens. 1
2
2
2
1
–
–
1
1
1
1
1
–
1
–
1
–
–
1
2
1
–
–
2
2
1
1
–
–
1
–
2
1
1
1
1
1
1
1
1
–
2
2
Plasticidade ecológica 2
1
2
1
2
2
2
2
1
2
2
2
2
1
2
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
2
1
1
–
–
1
2
2
2
1
1
1
1
1
–
2
1
2
Abundância relativa 1
2
2
–
2
–
–
2
–
2
–
1
–
2
–
2
1
1
–
1
1
–
1
1
2
1
2
1
–
2
–
–
2
1
2
2
1
1
2
2
–
2
2
Amplitude trófica 1
–
2
–
2
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
1
1
1
1
–
1
1
1
1
1
1
1
1
–
2
2
Áreas de reprodução 1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
–
–
–
1
1
1
1
1
–
–
1
Potencial reprodutivo 1
–
–
–
–
–
–
–
1
–
–
–
–
–
–
–
1
1
–
1
1
1
1
1
1
1
1
Interesse popular 1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
–
–
–
–
–
–
–
1
1
–
–
–
Valor biológico 9
8
12
6
11
5
5
8
6
8
6
7
5
7
5
6
6
6
5
8
8
6
8
9
9
8
11
–
–
–
5
–
1
–
7
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
1
–
–
–
–
–
1
1
1
1
1
1
1
–
–
2
2
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
1
–
–
3
4
6
9
8
8
8
7
7
8
6
5
12
13
Continua
97
98
Aves da B acia de C ampos
Tabela 4. (Continuação) Valor atribuído a cada uma das variáveis e valor biológico por espécie. Nome do Táxon Stercorarius parasiticus Chroicocephalus maculipennis Chroicocephalus cirrocephalus Leucophaeus atricilla Leucophaeus pipixcan Larus dominicanus Sternula superciliaris Phaetusa simplex Gelochelidon nilotica Sterna hirundo Sterna paradisaea Sterna hirundinacea Sterna vittata Sterna trudeaui Thalasseus acuflavidus Thalasseus maximus Rynchops niger Crotophaga major Megaceryle torquata Chloroceryle amazona Chloroceryle aenea Chloroceryle americana Furnarius figulus Certhiaxis cinnamomeus Pseudocolapteryx sclateri Fluvicola albiventer Fluvicola nengeta Arundinicola leucocephala Stelgidopteryx ruficollis Tachycineta albiventer Donacobius atricapilla Actitis macularius Chrysomus ruficapillus Conirostrum bicolor Sporophila angolensis Sporophila bouvreuil Sphorophila maximiliani Sphorophila collaris Sporophila leucoptera
Cartas SAO 2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
1
–
1
1
1
1
–
–
–
–
–
–
–
–
–
1
–
–
–
–
–
– –
Mig. 1
–
–
1
1
–
–
–
–
1
1
–
1
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
1
–
–
–
–
–
– –
End. –
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
1
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
– –
Status de ameaça –
2
1
–
–
–
–
2
–
–
–
–
–
–
–
2
1
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
–
1
2
–
2
2 –
Sens. 2
–
1
1
–
1
2
2
2
1
2
2
2
1
2
2
2
1
–
–
1
–
–
1
1
1
–
1
–
–
1
–
–
–
–
1
–
– –
Plasticidade ecológica 2
1
1
1
1
–
1
1
2
2
2
2
2
1
2
2
1
2
–
1
1
–
2
1
1
2
–
2
1
1
2
1
2
2
–
–
2
1 –
Abundância relativa 2
2
1
2
2
–
1
2
2
2
2
–
2
2
–
1
1
–
1
–
2
1
–
–
2
–
–
–
–
1
–
–
–
1
2
1
2
1 2
Amplitude trófica 2
–
–
–
–
–
2
2
2
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Valor biológico 13
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3
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5
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7
6
11
7 5
Legenda: Cartas SAO (Araújo et al., 2002) (–) Ave Terrestre e Ave de Rapina; (1) Ave Aquática Continental e Ave Limícola; (2) Ave Marinha Costeira e Ave Pelágica Mig – Migração (Piacentini et al., 2015) (–) Residente; (1) Migrante (Visitante do Norte, do Sul, Vagantes); End – Endemismo (Brooks et al., 1999; Piacentini et al., 2015) (–) não endêmica; (1) endêmica de Mata Atlântica ou do Brasil; Status de Ameaça (IUCN, 2015; ICMBio, 2014b; Alves et al., 2000; Simon et al., 2007). (–) Pouco preocupante ou dados desconhecidos; (1) Quase ou Provavelmente Ameaçada; (2) Ameaçadas (VU, EP, EN, CR, CP, Pex); Sens – Sensibilidade ambiental (Stotz et al., 1996) (–) Baixa; (1) Média; (2) Alta; Plasticidade Ecológica (Stotz et al., 1996) (–) Quatro ou mais ambientes; (1) entre dois e três ambientes; (2) um ambiente; Abundância regional (Stotz et al., 1996) (–) Comum ou abundante; (1) Escasso a incomum; (2) Raro; Amplitude Trófica (del Hoyo et al., 2016) (–) Onívoras, Granívoras generalistas e Frugívoras generalistas; (1) Granívoras especialistas, insetívoras, nectarívoras, frugívoras especialistas, carnívoras generalistas; (2) Carnívoras especialistas; Área de Reprodução (del Hoyo et al., 2016; Sick, 1997) (–) Não reproduz no Brasil e/ou Bacia de Campos; (1) Áreas alagadas litorâneas como manguezais, lagoas e brejos; (2) Ilhas oceânicas ou costeiras; Potencial Reprodutivo (del Hoyo et al., 2016) (–) Alto; (1) Médio; (2) Baixo; Interesse Popular (Simon, 2009) (–) Não; (1) Sim.
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
3. Caracterização das áreas mais sensíveis quanto a possíveis acidentes envolvendo vazamento de óleos e derivados
(278) e Guarapari (207). Por fim, com índices abaixo da média citam-se os municípios de São João da Barra (33), São Francisco de Itabapoana (0), Presidente Kennedy (0), Vila Velha (45) e Vitória
Observou-se uma maior riqueza de espécies no Estado do Rio de Janeiro (n=348) quando comparado ao Estado do Espírito Santo (n=269), entretanto tal diferença pode estar associada a um artefato amostral, já que a maior parte das referências, bem como do trabalho de campo, correspondia ao território fluminense. Além disso, devem ser considerados os estudos já desenvolvidos no Estado do Rio de Janeiro, que para muitos pesquisadores é a unidade federativa que dispõe de melhor conhecimento ornitológico. O valor biológico atribuído a cada espécie e consequentemente para cada um dos municípios inseridos dentro da Bacia de Campos permitiu ranquear, conforme metodologia adaptada de Reca et al. (1994), as áreas que apresentam maior valor biológico em um contexto de sensibilidade ao vazamento de óleos e derivados. Destacaram-se neste contexto, por apresentar valor biológico muito acima das demais cidades, os municípios de Saquarema (412), Macaé (527), Carapebus (378) e Quissamã (645). Com índices acumulados medianos, citam-se os municípios de Araruama (202), Arraial do Cabo (191), Cabo Frio (184), Iguaba Grande (196), São Pedro da Aldeia (253), Armação de Búzios (296), Rio das Ostras (267), Campos dos Goytacazes (205), Marataízes (151), Itapemirim (163), Anchieta 700
(18). Na Figura 12 está representado o número de espécies indicadoras e o valor biológico acumulado para cada um dos municípios estudados na Bacia de Campos.
A observação dos índices atribuídos a cada um dos municípios permite verificar que as áreas
que apresentaram valores entre alto e mediano estão localizadas principalmente entre a Região
dos Lagos fluminense e a região norte fluminense, até o Município de Campos dos Goytacazes. A
partir destes municípios, verifica-se que os índices tornam-se extremamente baixos, retornando a valores medianos somente nas cidades de Anchieta e Guarapari.
Embora o índice de valor biológico acumulado para os municípios de Saquarema, Macaé,
Carapebus e Quissamã sugira uma maior importância destas áreas frente às demais, deve-se ressaltar que as informações ornitológicas utilizadas para compor o banco de dados de cada uma
das cidades não estão niveladas, o que aponta para um viés amostral que favorece áreas mais estudadas quando comparadas às áreas com poucas informações disponíveis, sugerindo que as informações aqui presentes devem ser interpretadas com cautela.
Apesar do exposto, não se pode desconsiderar os valores elevados encontrados para Sa-
quarema, Macaé, Carapebus e Quissamã. No caso de Saquarema, as áreas que contribuíram de
645
600
527
500 412
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400
Rio de Janeiro Valor biológico acumulado
24
Riqueza de aves aquáticas
Figura 12. Número de espécies indicadoras e valor biológico acumulado para cada um dos municípios avaliados na Bacia de Campos.
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Vitória
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Iguaba Grande
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205
196
191
Araruama
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200
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Anchieta
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300
Espírito Santo
3
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100
Aves da B acia de C ampos
maneira decisiva para este montante são formadas por lagoas costeiras, como a Lagoa de Saquarema, Lagoa Vermelha, Lagoa das Marrecas, além de praias como as de Jaconé, do Dentinho, de Bacaxá, de Itaúnas e a Reserva Ecológica de Jacarepiá, atualmente inserida dentro do Parque Estadual da Costa do Sol. Em Macaé, Carapebus e Quissamã, a área que mais contribuiu para o elevado valor biológico acumulado foi o Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, que engloba trechos dos três municípios supracitados, sendo formada por uma grande extensão de praias e lagoas costeiras (Gomes, 2006; ICMBio, 2007; Rennó et al., 2012a; Rennó et al., 2012b). Destaca-se também a Lagoa da Ribeira em Quissamã, importante área úmida do Estado do Rio de Janeiro que ainda hoje abriga uma grande diversidade de espécies dependentes destas formações, onde foram observados grandes contingentes populacionais de Dendrocygna viduata, D. autumnalis, Jacana jacana, Gallinula galeata, Porphyrio martinicus e Anas bahamensis (Tavares, 2010; Rennó et al., 2012a). Em Macaé, destaca-se também o Arquipélago de Santana, onde é conhecida a presença de ninhais de Sula leucogaster e Fregata magnificens (Alves, 1993; Alves et al., 2004). Ainda em Macaé, cita-se a ocorrência de uma importante área de reprodução de Thalasseus acuflavidus na Ilha dos Papagaios em um ninhal estimado em mais de 500 ninhos (Sick e Leão, 1965). Outra importante área deste município foi a Lagoa e Restinga de Imboassica, visitada durante a coleta de dados primários e onde foram registradas espécies em delicada situação conservacionista na Bacia de Campos, como o gavião-do-banhado (Circus buffoni). A localização central do município em relação à Bacia de Campos e o grande histórico de serviços voltados à exploração de petróleo, associado à presença de importantes áreas de reprodução de espécies marinhas costeiras, fazem deste município uma das áreas mais sensíveis a possíveis acidentes envolvendo vazamento de óleo e derivados. O Município de Rio das Ostras, localizado ao lado de Macaé e que obteve um índice de valor biológico acumulado mediano, embora não tenha se destacado num contexto geral da Bacia de Campos, também possui importância local, principalmente para a avifauna marinha costeira. Estão presentes nesta cidade diversas ilhas e ilhotas utilizadas como pontos de descanso de espécies como Sterna hirundinacea, Thalasseus acuflavidus, S.maximus e Larus dominicanus, principalmente nas formações da Ilha Trinta-réis-da-Barra, Ilha da Costa e Ilha das Pombas (Alves et al., 2004). Durante os trabalhos de campo, verificou-se a presença de centenas de indivíduos de Thalasseus acuflavidus e Thalasseus maximus, ao longo da praia ou pousados sobre pequenos lajedos na Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) de Itapebussus. Em caso de um vazamento de óleo que atingisse estas formações rochosas, tais espécies perderiam este importante ponto de repouso e alimentação. Ainda neste município deve-se destacar a existência da Barra do Rio São João e da Barra do Rio das Ostras, áreas que adentram o continente e que, em uma situação de maré elevada, poderiam permitir que um possível óleo derramado no oceano alcançasse áreas interioranas. Os municípios que formam a Região dos Lagos fluminense, embora tenham apresentado índices medianos de valor biológico acumulado em relação ao conjunto de cidades que formam a Bacia de Campos, possuem importância local devido à presença de uma série de espécies ameaçadas que habitam principalmente a Restinga da Massambaba, incluída agora dentro do Parque Estadual da Costa do Sol. A presença destas aves justificou a categorização da região como Área de Importância para Aves (Important Bird Area-IBA), conforme Becke et al. (2006). Esta IBA se destaca devido a sua importância para o formigueiro-do-litoral (Formicivora littoralis), espécie em perigo de extinção, com distribuição restrita ao Estado do Rio de Janeiro,
e compreende praticamente toda a extensão de ocorrência da espécie, além de servir de abrigo para aves migratórias intercontinentais e outras espécies em delicada situação conservacionista, como a endêmica saíra-sapucaia (Tangara peruviana) e a sabiá-da-praia (Mimus gilvus). Além da Restinga da Massambaba, a área que certamente mais contribuiu para o acúmulo de pontos dos municípios desta região foi a Lagoa de Araruama, formação hipersalina que banha os municípios de Araruama, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia, e que é conectada ao mar pelo Canal de Itajuru em Cabo Frio. Nesta lagoa foram registradas diversas espécies associadas à água, incluindo aves migratórias e ameaçadas de extinção. Em um cenário de vazamento de óleo que atingisse esta região, seria oportuno considerar a tomada de cuidados especiais com este canal, de maneira a evitar que ao menos o óleo sobrenadante adentrasse o interior da Lagoa através desta passagem. Outros pontos que se destacaram na Região dos Lagos fluminense foram o Parque Natural Municipal Dormitório das Garças, importante área de repouso e reprodução de milhares de indivíduos de Ardea alba e Egretta thula (Moura, 2005). A Ilha Comprida e a Ilha de Cabo Frio destacam-se por servirem de áreas de repouso e reprodução para algumas espécies, ao passo que dezenas de praias localizadas principalmente em Arraial do Cabo, Araruama, Cabo Frio e Búzios possuem importância como área de repouso e alimentação de espécies migrantes neárticas que utilizam a faixa de areia para capturar seu alimento. Nas regiões localizadas acima do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, e, portanto, mais acima da região norte fluminense, observa-se que os índices de valor biológico variaram de mediano a baixo. Neste contexto, destaca-se o Município de Campos dos Goytacazes por ter apresentado valores próximos aos das demais cidades fluminenses. Em Campos, uma das áreas mais relevantes é a Área de Proteção Ambiental (APA) do Manguezal de Carapeba, importante trecho de manguezal onde estão localizados ninhais de ardeídeos, como Egretta caerulea, E. thula e Ardea alba (Coutinho, 2012), além de aves migratórias como Calidris alba, Charadrius semipalmatus e Actitis macularius. Ainda em Campos, cita-se a Barra do Açu, onde se localiza o Parque Estadual da Lagoa do Açu que abriga importantes áreas úmidas do Rio de Janeiro, bem como trechos de praia bastante extensos. Nesta região foram registradas espécies como Pluvialis squatarola, Charadrius semipalmatus, Tringa melanoleuca, T. flavipes, Arenaria interpres, além de Croicocephalus cirrocephalus (Freesz et al., 2005). Uma preocupação a mais nesta localidade é a recente implantação de um complexo logístico que certamente vai aumentar o número de embarcações nesta região, elevando por consequência o risco de possíveis acidentes envolvendo vazamento de óleo. No Estado do Espírito Santo, as áreas que apresentaram os maiores índices de valor biológico acumulado foram os municípios de Anchieta (278) e Guarapari (207). Nestas cidades estão localizados importantes locais de repouso e alimentação de espécies marinhas costeiras, como Thalasseus acuflavidus, que foi observado em milhares de indivíduos nos barrancos de areia do Rio Benevente (dados primários). Mais uma vez, destaca-se uma possível pressão adicional sobre os rios locais frente a um possível acidente com vazamento de óleo, que em caso de marés elevadas pode adentrar o continente, ampliando a área de impacto desta ocorrência. Na Restinga de Setiba, dentro do Parque Estadual Paulo César Vinha em Guarapari, foram registradas espécies de interesse conservacionista, como: Ciconia maguari (maguari) e Sporophila angolensis (curió) (Venturini et al., 1996). Já em Ubu e na margem direita do Rio Benevente (Anchieta), na Praia de Marataízes e em Itaúnas (Conceição da Barra), foi registrado Thalasseus maximus (trinta-réis-real), ave marinha costeira que reproduz em ilhas e ilhotes da região, sendo considerada “Vulnerável” para o Espírito Santo e o Rio de Janeiro.
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
Embora a maior parte dos municípios do Espírito Santo avaliados não tenha apresentado um
valor biológico elevado, no que se refere ao método utilizado para avaliar as áreas mais sensíveis aos acidentes envolvendo vazamento de óleo na área da Bacia de Campos, a importância con-
servacionista da região é inegável, a ponto das ilhas e ilhotes do litoral sul capixaba terem sido
consideradas uma IBA (Bencke et al., 2006). A área, que inclui diversas pequenas ilhas rochosas dispersas ao longo de uma extensão de aproximadamente 100 km da costa meridional capixaba, principalmente entre os municípios de Vila Velha e Marataízes, abriga importantes áreas de
reprodução, alimentação e repouso de aves, muitas das quais incluídas em alguma categoria de ameaça de extinção (Bencke et al., 2006).
Tais ilhas abrigam as maiores colônias reprodutivas de Thalasseus acuflavidus no Atlântico
Sul, correspondendo a um quarto de toda a população global da espécie, sendo que neste con-
texto as ilhas Itatiaia e Escalvada são as que têm sido utilizadas com maior regularidade para re-
produção (Efe et al., 2000; Bencke et al., 2006). Cita-se também a presença de uma grande colônia reprodutiva de Sterna hirundinacea, reunindo indivíduos em quantidade tal que foi estimado em
aproximadamente 1% da população global da espécie (Bencke et al., 2006). Mais recentemente
foi detectada a reprodução de Puffinus lherminieri nas Ilhas Itatiaia, sendo uma das poucas áreas
onde essa espécie se reproduz no Brasil (Efe, 2004).
A Ilha Branca, em Marataízes, destaca-se por apresentar uma importante área de repouso e
alimentação para jovens de Sula leucogaster e S. dactylatra provenientes de Abrolhos, além de
possuir grandes colônias reprodutivas de Ardea alba, Egretta thula e Nycticorax nycticorax (Efe,
2004). Já na Ilha dos Franceses, em Itapemirim, ressalta-se a presença de um grande número
de jovens de Sula leucogaster, o que indica que esta área representa um importante ponto de
repouso e alimentação durante parte do desenvolvimento desta espécie (Schuler e Pinheiro, 2009).
Considerando o fato de abrigarem colônias reprodutivas de importantes espécies de aves
marinhas costeiras, bem como por apresentarem áreas de descanso e alimentação para diversas outras espécies migratórias, estas ilhas e ilhotes do litoral sul do Espírito Santo devem ser consideradas prioritárias em situação de vazamento de óleo.
IV. Conclusão O conjunto de informações ornitológicas disponíveis para os municípios que integram a Bacia de Campos permitiu verificar que esta área abriga importantes contingentes populacionais de diversas espécies de interesse conservacionista, não só nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, como também para o Brasil. De uma maneira geral, as áreas mais sensíveis frente a um possível acidente envolvendo vazamento de óleo seriam as que abrigam grandes quantidades de espécies aquáticas, principalmente as marinhas costeiras ou pelágicas, além de locais considerados chave durante alguma fase de vida das espécies que ocorrem na Bacia de Campos, como reprodução, migração e alimentação. Neste contexto, ressalta-se a extrema importância das ilhas e ilhotes da Bacia de Campos tanto para reprodução quanto para descanso e alimentação de espécies, muitas das quais em delicada situação conservacionista. Paralelamente, ganha destaque extensas áreas de praia adjacentes às lagoas costeiras, principalmente na Região dos Lagos e norte fluminense, que abrigam tanto espécies marinhas costeiras quanto limícolas. Em caso de um vazamento de óleo na região, o mesmo tenderia a se deslocar para as inúmeras praias que servem de abrigo para estas espécies, e neste caso, visando evitar maiores impactos, deve-se aumentar a cautela em relação aos diversos rios que deságuam nos diferentes municípios da Bacia de Campos, dentre os quais se destaca o Rio das Ostras, Rio São João, Rio Paraíba do Sul, Rio Itabapoana, Rio Benevente, Rio Itapitanga, além de diversos outros de menor porte. Embora o nível de conhecimento ornitológico acumulado para cada um dos municípios não esteja nivelado, as áreas que apresentaram os maiores índices de Valor Biológico acumulado são de fato fundamentais para a manutenção da diversidade local. Assim, sugere-se que futuros estudos ornitológicos conduzidos na região da Bacia de Campos priorizem áreas do norte fluminense (de Campos dos Goytacazes até São Francisco de Itabapoana) e o litoral sul capixaba (Presidente Kennedy até Piúma) visando reduzir essa diferença de conhecimento acumulado, fato que permitirá não só uma identificação mais precisa das áreas mais sensíveis ao vazamento de óleo, como também identificar possíveis áreas de maior relevância conservacionista no que se refere às espécies de aves dependentes ou associadas a ambientes úmidos do sudeste do Brasil.
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Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
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103
7 Cetáceos da Bacia de Campos Estéfane Cardinot Reis
Introdução
Os cetáceos (baleias, botos e golfinhos) compreendem uma infraordem de mamíferos que apresenta adaptações à vida exclusivamente aquática. Acredita-se que seus representantes tenham evoluído a partir de ancestrais terrestres há cerca de 60 milhões de anos (Uhen, 2007; Di Beneditto et al., 2010). Durante sua evolução, os cetáceos desenvolveram adaptações anatômicas e fisiológicas únicas para a vida no ambiente marinho, como: corpo alongado e fusiforme conferindo maior hidrodinamismo, ausência ou escassez de pelos, migração do orifício respiratório para a parte superior da cabeça (telescopia), horizontalidade da nadadeira caudal, internalização dos órgãos genitais, glândulas mamárias e aparato auditivo, camada de gordura subcutânea espessa, várias adaptações dos sistemas muscular, circulatório e respiratório ao mergulho, aumento da capacidade de filtração dos rins, desenvolvimento do sistema de ecolocalização nos odontocetos, entre outras (Jefferson et al., 1993). Outro aspecto importante na evolução dos cetáceos diz respeito ao aumento do quociente de encefalização (QE, relação entre peso do corpo e peso do cérebro), supostamente relacionado com a inteligência desses organismos (Jefferson et al., 1993; Di Beneditto et al., 2010). A organização cladística adotada pelo comitê de taxonomia da Society for Marine Mammalogy e pelo World Register of Marine Species (WoRMS) considera esses organismos pertencentes à ordem Cetartiodactyla, infraordem Cetacea, e superfamílias: Mysticeti e Odontoceti, além da Archaeoceti. A última é representada apenas por formas fósseis, enquanto as duas outras totalizam aproximadamente 88 espécies viventes na atualidade, apesar de uma ecologicamente já extinta (Rice, 2009; Lodi e Borobia, 2013). Os odontocetos, cetáceos que possuem dentes, compõem a maior diversidade de espécies, apresentando 10 famílias e 74 espécies, enquanto os misticetos, cetáceos com cerdas bucais, são representados por apenas quatro famílias e 14 espécies (Di Beneditto et al., 2010).
Os odontocetos apresentam maior riqueza de espécies e ampla variação morfológica, incluindo desde espécies muito pequenas como a toninha (Pontoporia blainvillei), com cerca de 1,75 m, até o cachalote (Physeter macrocephalus), com cerca de 18 m (Siciliano et al., 2006). Alguns desses animais possuem hábitos marinhos costeiros, inclusive em sistemas fluviais, enquanto outros são caracteristicamente oceânicos (Di Beneditto et al., 2010). O crânio dos odontocetos apresenta assimetria entre as duas porções laterais e a convexidade da maxila é voltada para a região frontal. Além disso, apresentam uma única abertura respiratória (espiráculo) no topo da cabeça (Rommel et al., 2009). Os odontocetos demandam pela busca constante de alimento e, de modo geral, se distribuem e deslocam conforme a disponibilidade das presas preferenciais. Estas consistem de itens alimentares mais energéticos e de maior tamanho, incluindo crustáceos, cefalópodes, peixes, entre outros. Seus dentes não diferenciados são utilizados para capturar e dilacerar o tecido das presas (Di Beneditto et al., 2010). O reconhecimento do ambiente e a detecção das presas são feitos através do sistema de ecolocalização, que consiste na emissão de ondas sonoras de alta frequência a partir do melão (estrutura gordurosa situada na parte anterior da cabeça, entre o rostro e o espiráculo), que interagem com o ambiente e retornam ao animal como um eco. As espécies desta subordem não promovem migrações em larga escala, especialmente aquelas que vivem em latitudes tropicais e temperadas (Siciliano et al., 2006). Dependendo da espécie, a expectativa de vida pode variar entre 20 e 60 anos aproximadamente, a maturidade sexual entre dois e 10 anos e o período de gestação entre 10 e 16 meses (Perrin e Reilly, 1984). Geralmente dão à luz apenas um filhote, em intervalos de 1 a 3 anos. O cuidado parental se mantém até o desmame do filhote (Di Beneditto et al., 2010). Os machos são geralmente maiores que as fêmeas (Siciliano et al., 2006). Os misticetos, por sua vez, são conhecidos como rorquais, “baleias verdadeiras” ou “grandes baleias”, e possuem um aparelho bucal modificado com cerdas bucais (lâminas córneas
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106
C etá ceos da B acia de C ampos
localizadas na maxila superior) em vez de dentes. Todos têm distribuição exclusiva no ambiente marinho e são, em geral, reconhecidos por seus clássicos padrões de migração anual (Di Beneditto et al., 2010). Apresentam considerável variação de tamanho, desde a pequena baleia-minke-anã (Balaenoptera acutorostrata), com cerca de 8 m, até a baleia-azul (Balaenoptera musculus), o maior mamífero do planeta, com cerca de 30 m (Siciliano et al., 2006). Algumas espécies apresentam sulcos na parte ventral do corpo, denominados de pregas ventrais, que se dilatam e permitem a expansão da região bucal durante a alimentação (Di Beneditto et al., 2010). O crânio dos misticetos possui certa simetria entre as duas porções laterais e a maxila tem sua convexidade voltada para a porção inferior do corpo do animal. Além disso, apresentam duas aberturas respiratórias (espiráculo) no topo da cabeça (Rommel et al., 2009). Os misticetos se adaptaram a ingerir pequenos organismos presentes no ambiente marinho, como pequenos crustáceos componentes do zooplâncton e pequenos peixes pelágicos, como estratégia de alimentação. O aparente baixo valor energético desses recursos é compensado por sua alta disponibilidade e densidade na coluna d’água, próximo à superfície. As cerdas bucais funcionam então como um filtro, separando as pequenas presas do grande volume de água engolfado. As áreas de alimentação encontram-se geralmente a milhares de quilômetros das áreas de reprodução, obrigando algumas espécies a realizar extensas migrações anualmente. Assim, algumas populações de misticetos são altamente migratórias, apresentando padrão de movimentação sazonal entre zonas produtivas de alta latitude, durante o período de alimentação, e zonas de baixa latitude, durante o período reprodutivo no inverno-primavera (Stevick et al., 2002). Dependendo da espécie, a expectativa de vida pode variar entre 50 e 80 anos, a maturidade sexual entre 4 e 10 anos, e o período de gestação entre 10 e 12 meses (Lockyer, 1984). Assim como os odontocetos, geram apenas um filhote por gestação, em intervalos de 1 a 3 anos, e o cuidado parental se mantém até o desmame do filhote (Di Beneditto et al., 2010). Os machos são ligeiramente menores que as fêmeas (Siciliano et al., 2006). Dessa forma, os cetáceos podem ser considerados mamíferos de alto valor adaptativo, grande inteligência e mobilidade, o que lhes permite explorar diversos habitats, desde rios e lagoas até águas marinhas costeiras e oceânicas, com características térmicas e batimétricas muito diversas (Nowak, 2003). No entanto, cada espécie tem seu padrão de distribuição particular de acordo com seus comportamentos, necessidades ecológicas e características ambientais, como temperatura da água, profundidade, relevo de fundo e disponibilidade de alimento (Jefferson et al., 1993). No Brasil, já foram registradas 44 espécies de cetáceos, sendo oito de misticetos e 36 de odontocetos, além do gênero Delphinus (Lodi e Borobia, 2013). Quatro misticetos e quatro odontocetos estão incluídos atualmente na Lista da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, do Ministério do Meio Ambiente, segundo a Portaria 444, de 17 de dezembro de 2014. Entre os misticetos, Eubalaena australis (baleia-franca-do-sul), Balaenoptera borealis (baleia-sei) e Balaenoptera physalus (baleia-fin) são classificadas como “em perigo” (EN), e Balaenoptera musculus (baleia-azul) como “criticamente em perigo” (CR). Entre os odontocetos, Sotalia guianensis (boto-cinza) e Physeter macrocephalus (cachalote) são classificadas como “vulnerável” (VU), Inia geoffrensis (boto-cor-de-rosa) como “em perigo” (EN) e Pontoporia blainvillei (toninha) como “criticamente em perigo” (CR) (ver classificação segundo Chiarello et al. (2008) e IUCN (2014) na Tabela 1). A limitada informação acerca da história natural e demografia de várias espécies de cetáceos faz com que estas sejam categorizadas como “deficientes em dados” (DD). As principais ameaças atuais a esses organismos incluem a descaracterização de habitats pela ocupação e uso humano, até mesmo para turismo (Silva Junior, 1996; Morete et al., 2000), interação negativa com embarcações e com diferentes artes de pesca (Siciliano, 1994; Monteiro-Neto et al.,
2000; Rosas et al., 2002; Di Beneditto, 2003; Moura et al., 2009a; Rocha-Campos et al., 2011), apare-
cimento de doenças (Di Guardo et al., 2005; Van Bressem et al., 2009) e poluição química e sonora, inclusive vinculadas às atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural (E&P) (Geraci
e St. Aubin, 1990; McCauley et al., 2000; Mallakoff, 2002; Gordon et al., 2004; Guimarães, 2007; La-
cerda et al., 2011; Bisi et al., 2012). De fato, considerando que a Bacia de Campos era responsável,
em 2013, por cerca de 70% da produção nacional de petróleo e por 35% da produção de gás natural (Jablonski, 2008; ANP, 2014), as atividades de E&P representam potenciais ameaças à biodiversi-
dade marinha local, associadas a vazamentos e derramamentos de substâncias derivadas de hidrocarbonetos do petróleo, extremamente danosas à saúde do ecossistema marinho (Silva et al., 2008).
Nesse sentido, dados relativos à ocorrência de cetáceos na área de influência da Bacia de Cam-
pos foram compilados e inseridos no Sistema de Informações de Sensibilidade Ambiental (MAPS),
com o intuito de gerar mapas de sensibilidade a derrames de óleo. Todas as informações cadastradas nesse sistema foram disponibilizadas em uma base cartográfica georreferenciada para apoio à tomada de decisões em casos de acidentes ambientais envolvendo esse tipo de substância.
Metodologia As informações referentes à ocorrência de cetáceos na área de influência da Bacia de Cam-
pos foram obtidas a partir de levantamentos bibliográficos de estudos realizados nessa região. Adicionalmente, foram considerados os dados gerados e compilados no âmbito do Projeto
Habitats – Heterogeneidade Ambiental da Bacia de Campos, coordenado pela Petrobras/Cenpes,
que recentemente incrementou o conhecimento sobre a diversidade, distribuição, sazonalidade e ameaças a esses organismos na região centro-norte fluminense. No contexto deste projeto, fo-
ram realizados regularmente monitoramentos de praia com vistas a registrar os casos de encalhe
de mamíferos marinhos na área de estudo entre 2009 e 2010, e compilados dados de avistagem e encalhe entre 1999 e 2008.
As informações oriundas de levantamentos bibliográficos foram cadastradas no Sistema de
Informações de Sensibilidade Ambiental (MAPS), da Petrobras, desenvolvido em parceria com a
Tecgraf/PUC-Rio. Após a inserção dos dados nesse sistema, foram gerados mapas para a representação visual da distribuição espacial dos cetáceos na área de influência da Bacia de Campos. A representação dos recursos biológicos sensíveis ao vazamento de óleo seguiu o “Manual
Básico para Elaboração de Cartas de Sensibilidade no Sistema Petrobras” e as “Especificações e
Normas Técnicas para a Elaboração das Cartas de Sensibilidade Ambiental a Derramamentos de
Óleo (Cartas SAO)”. Segundo essa metodologia, os recursos biológicos (espécies) foram divididos
em grupos e subgrupos em função de sua classificação taxonômica e representados por ícones que refletiam tal sistema de agrupamento. Os grupos possuem um código de cores e os subgru-
pos, diferentes ícones conforme sua categoria.
Resultados e discussão Segundo dados de literatura e informações geradas e compiladas no âmbito do “Proje-
to de Caracterização Regional da Bacia de Campos – PCR-BC/Habitats”, ocorrem 28 espécies distintas de cetáceos na Bacia de Campos, sendo oito pertencentes à superfamília Mysticeti e
20 à Odontoceti. Segundo Siciliano et al. (2006), ainda há outras três espécies de odontocetos de
possível ocorrência na Bacia de Campos: Berardius arnuxii (baleia-bicuda-de-arnoux), Mesoplo-
don europaeus (baleia-bicuda-de-gervais) e Mesoplodon mirus (baleia-bicuda-de-true) (Tabela 1).
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
Tabela 1. Lista de espécies de cetáceos que ocorrem na Bacia de Campos e seus respectivos status de ameaça segundo a IUCN (2014) e o Ministério do Meio Ambiente do Brasil (Chiarello et al., 2008), assim como inclusão nos anexos da CITES (2014). Onde: (**) espécies de possível ocorrência para a Bacia de Campos segundo Siciliano et al. (2006), RJ – Rio de Janeiro, ES – Espírito Santo, DD – deficiente em dados, LC – pouco preocupante, VU – vulnerável, EN – em perigo, CR – criticamente em perigo. Status de ameaça Espécie
Nome popular
IUCN
CITES
Brasil
ES
RJ
Megaptera novaeangliae
Baleia jubarte
LC
Anexo 1
VU
VU
VU
Balaenoptera edeni/brydei
Baleia-de-bryde
DD
Anexo 1
Balaenoptera bonaerensis
Baleia-minke-Antártica
DD
Anexo 1
Balaenoptera acutorostrata
Baleia-minke-anã
LC
Anexo 1
Balaenoptera musculus
Baleia-azul
EN
Anexo 1
CR
EN
Balaenoptera borealis
Baleia-sei
EN
Anexo 1
VU
VU
Balaenoptera physalus
Baleia-fin
EN
Anexo 1
EN
VU
Eubalaena australis
Baleia-franca
LC
Anexo 1
EN
Sotalia guianensis
Boto-cinza
DD
Anexo 1
Steno bredanensis
Golfinho-de-dentes-rugosos
LC
Tursiops truncatus
Golfinho-nariz-de-garrafa
LC
Stenella frontalis
Golfinho-pintado-do-Atlântico
DD
Stenella clymene
Golfinho-de-clymene
DD
Stenella attenuata
Golfinho-pintado-pantropical
LC
Stenella longirostris
Golfinho-rotador
DD
Stenella coeruleoalba
Golfinho-listrado
LC
Berardius arnuxii**
Baleia-bicuda-de-arnoux
DD
Mesoplodon europaeus**
Baleia-bicuda-de-gervais
DD
Mesoplodon mirus**
Baleia-bicuda-de-true
DD
Peponocephala electra
Golfinho-cabeça-de-melão
LC
Delphinus sp.
Golfinho-comum
Grampus griseus
Golfinho-de-risso
LC
Lagenodelphis hosei
Golfinho-de-fraser
LC
Orcinus orca
Orca
DD
Pseudorca crassidens
Falsa-orca
DD
Feresa attenuata
Orca-pigmeia
DD
Globicephala macrorhynchus
Baleia-piloto-de-peitorais-curtas
DD
EN
VU
VU
Anexo 1
Táxon sob avaliação
Pontoporia blainvillei
Toninha
VU
Kogia breviceps
Cachalote-pigmeu
DD
Kogia sima
Cachalote-anão
DD
Physeter macrocephalus
Cachalote
VU
Anexo 2
EN
EN
Anexo 1
VU
VU
Nota: Segundo a Portaria 444, de 17 de dezembro de 2014, que atualizou recentemente a Lista da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, do Ministério do Meio Ambiente, apenas as seguintes espécies encontram-se classificadas sob algum grau de ameaça: Sotalia guianensis (boto-cinza) e Physeter macrocephalus (cachalote) como “vulnerável” (VU); Eubalaena australis (baleia-franca-do-sul), Balaenoptera borealis (baleia-sei), Balaenoptera physalus (baleia-fin) e Inia geoffrensis (boto-cor-de-rosa) como “em perigo” (EN); e Balaenoptera musculus (baleia-azul) e Pontoporia blainvillei (toninha) como “criticamente em perigo” (CR).
107
108
C etá ceos da B acia de C ampos
Com base em dados de encalhe e avistagem do Projeto Habitats, as espécies mais abundantes entre os odontocetos foram: Sotalia guianensis (boto-cinza) com 38,1% (n=85) dos registros de encalhe compilados entre 1999 e 2010 e 20,2% (n=41) dos registros de avistagem compilados entre 1999 e 2009; Tursiops truncatus (golfinho-nariz-de-garrafa) com 8,1% (n=18) dos registros de encalhe compilados entre 1999 e 2010 e 9,4% (n=19) dos registros de avistagem compilados entre 1999 e 2009; Stenella frontalis (golfinho-pintado-do-Atlântico) com 6,3% (n=14) dos registros de encalhe compilados entre 1999 e 2010 e 3,4% (n=7) dos registros de avistagem compilados entre 1999 e 2009; e Pontoporia blainvillei (toninha) com 3,6% (n=8) dos registros de encalhe compilados entre 1999 e 2010 e 4,4% (n=9) dos registros de avistagem compilados entre 1999 e 2009. Adicionalmente, apesar de menos expressivas numericamente, vale mencionar as seguintes espécies para a região: Steno bredanensis (golfinho-de-dentes-rugosos) e Delphinus sp. (golfinho-comum), respectivamente com 4,9% (n=11) e 4,0% (n=9) dos registros de encalhe compilados entre 1999 e 2010, mas sem registros de avistagem. Entre os misticetos, as espécies mais abundantes foram: Megaptera novaeangliae (baleia jubarte) com 10,3% (n=23) dos registros de encalhe compilados entre 1999 e 2010 e 39,9% (n=81) dos registros de avistagem compilados entre 1999 e 2009; e Balaenoptera edeni ou B. brydei (baleia-de-bryde) com 4,0% (n=9) dos registros de encalhe compilados entre 1999 e 2010 e 6,9% (n=14) dos registros de avistagem compilados entre 1999 e 2009. Adicionalmente, apesar de menos expressivas numericamente, vale mencionar para a região: Balaenoptera acutorostrata (baleia-minke-anã) com 3,1% (n=7) dos registros de encalhe compilados entre 1999 e 2010 e 2,0% (n=4) dos registros de avistagem compilados entre 1999 e 2009; e Balaenoptera bonaerensis (baleia-minke-Antártica) com 0,4% (n=1) dos registros de encalhe compilados entre 1999 e 2010 e 2,5% (n=5) dos registros de avistagem compilados entre 1999 e 2009. A seguir, são apresentadas informações acerca das principais espécies de cetáceos cuja ocorrência na área de influência da Bacia de Campos foi comprovada através de registros de encalhe e avistagem oriundos de levantamentos bibliográficos e do “Projeto de Caracterização Regional da Bacia de Campos – PCR-BC/Habitats” da Petrobras.
Superfamília Odontoceti Família Delphinidae Boto-cinza (Sotalia guianensis)
O golfinho Sotalia guianensis é considerado uma espécie costeira, associada a baías e regiões estuarinas. Encontra-se em toda a costa atlântica tropical e subtropical da América Central e do Sul, desde Honduras até Florianópolis, no Brasil, possivelmente apresentando várias populações ao longo da costa (Flores e Silva, 2009). Na região centro-norte fluminense, o boto-cinza é o odontoceto mais abundantemente registrado entre encalhes e avistagens, estando sua população fortemente associada à desembocadura do Rio Paraíba do Sul. Como a potencial área de distribuição desta espécie se dá até a isóbata de 30 m (Di Beneditto, 2003), os indivíduos desta população ficam expostos à ação de redes de pesca que operam na região entre cinco e 67 m de profundidade (Di Beneditto, 2003). As redes de pesca podem causar sérios impactos às comunidades de golfinhos, principalmente às espécies costeiras, como é o caso do boto-cinza. Estudos pretéritos indicam a intensa ocorrência de interações negativas entre essa espécie e artefatos de pesca (Moura et al., 2009a).
Golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus)
O golfinho-nariz-de-garrafa encontra-se amplamente distribuído pela costa brasileira, onde se identificam tanto populações residentes em regiões estuarinas, lagoas costeiras e desembocaduras de rios (Castello e Pinedo, 1977; Simões-Lopes et al., 1998), quanto populações oceânicas (Moreno et al., 2009). Na Bacia de Campos, campanhas oceanográficas realizadas entre 2003 e 2005 demonstraram que a espécie é a mais frequente em áreas afastadas da costa (Siciliano et al., 2006). A concentração de encalhes de Tursiops truncatus nas praias da Região dos Lagos, onde normalmente a água é mais fria, salobra e há locais de maior profundidade, poderia apontar uma preferência desta população por águas de características oceânicas. Os encalhes em pelo menos três estações do ano, assim como as avistagens frequentes ao longo de todo o ano, demonstram que a espécie é comum na Bacia de Campos.
Golfinho-pintado-do-Atlântico (Stenella frontalis)
O golfinho-pintado-do-Atlântico é a espécie do gênero Stenella mais abundante nas regiões Sul e Sudeste do Brasil (Moreno et al., 2005), ocorrendo predominantemente sobre a plataforma continental, entre 100 e 200 m de profundidade (Zerbini et al., 2004). Os registros de encalhes e avistagens desta espécie para a costa brasileira parecem indicar uma descontinuidade na sua distribuição, constituindo aparentemente duas populações separadas por um hiato entre o norte do Espírito Santo e sul da Paraíba (Moreno et al., 2005). Apesar de haver registros de capturas acidentais desta espécie no norte do Estado do Rio de Janeiro (Di Beneditto, 2003), estes estão aparentemente mais concentrados entre Armação dos Búzios e Saquarema, onde há forte influência do fenômeno de ressurgência. De fato, Moreno et al. (2005) apontam uma preferência desta espécie por áreas influenciadas por correntes quentes e áreas de ressurgência. No entanto, dados do Projeto Habitats indicam que 80% dos encalhes de golfinho-pintado-do-Atlântico na região ocorreram no inverno.
Golfinho-de-dentes-rugosos (Steno bredanensis)
O golfinho-de-dentes-rugosos é encontrado predominantemente em águas tropicais e temperadas quentes de zonas oceânicas profundas. No Brasil, esta espécie pode ser encontrada tanto em regiões pelágicas, quanto em águas de menor profundidade, próximas de praias, ilhas costeiras, baías e recifes de corais (Bastida et al., 2007). Apesar de haver registros de encalhe desde a foz do Rio Paraíba do Sul até Saquarema, há uma área específica localizada entre Prainha – Arraial do Cabo e Praia do Forte – Cabo Frio, onde grupos de golfinho-de-dentes-rugosos são constantemente avistados e onde seus encalhes igualmente se concentram. Estes são indícios da possível existência de uma pequena população residente nesta região.
Golfinho-comum (Delphinus sp.)
O gênero Delphinus é atualmente dividido em duas espécies, golfinho-comum-de-bico-longo (Delphinus capensis) e o golfinho-comum-de-bico-curto (Delphinus delphis). Ambas se distribuem pelos dois hemisférios, em águas tropicais e subtropicais (Bastida et al., 2007). Apesar de o Delphinus capensis ocorrer predominantemente em águas costeiras e o Delphinus delphis em diversas regiões pelágicas, as espécies são simpátricas no Atlântico Ocidental Sudoeste e apresentam três estoques distintos (Tavares et al., 2010). Na Região Sudeste do Brasil, as avistagens de Delphinus sp. são restritas à área entre 18 e 70 m de profundidade. Os encalhes de Delphinus sp. na costa centro-norte fluminense se restringem à área entre Cabo Frio e Saquarema, refletindo assim a associação deste estoque com o processo de ressurgência de Cabo Frio.
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
Família Pontoporiidae Toninha (Pontoporia blainvillei)
A toninha é endêmica da costa atlântica da América do Sul, ocorrendo entre Itaúnas, no Espírito Santo, e o Golfo San Matias, na Argentina (Siciliano, 1994; Crespo et al., 1998). Seu habitat preferencial inclui regiões estuarinas e costeiras rasas, de até 30 m de profundidade, o que a torna vulnerável a várias atividades antrópicas (Di Beneditto e Ramos, 2001; Danilewicz et al., 2009). A distribuição da toninha é descontínua ao longo da costa sul-americana, apresentando hiatos na sua área de ocorrência, provavelmente em função da temperatura da água, salinidade e turbidez (Siciliano et al., 2002). Com base em informações bioecológicas disponíveis sobre a espécie, foi proposta a criação de áreas de manejo para a toninha, sendo o norte do Estado do Rio de Janeiro e o Espírito Santo inseridos na Área de Manejo I ou FMA I (Secchi et al., 2003). Dados de encalhe apontam para uma concentração de toninhas na região próxima à desembocadura do Rio Paraíba do Sul, o que poderia indicar uma população associada a esta região (Moura et al., 2009b). Estudos pretéritos mostram que a toninha é a espécie mais vulnerável à captura acidental em redes de pesca na região (Netto e Di Beneditto, 2008). Estima-se que as redes de espera matem acidentalmente 110 toninhas por ano na região, o que causaria um grande impacto a esta população, colocando em risco sua viabilidade (Di Beneditto, 2003).
Superfamília Mysticeti Família Balaenopteridae Baleia jubarte (Megaptera novaeangliae)
A baleia jubarte ocorre em todos os oceanos do planeta e apresenta padrões migratórios sazonais semelhantes aos das demais espécies de misticetos (Dawbin, 1966; Jefferson et al., 1993). Megaptera novaeangliae é abundante no litoral brasileiro, especialmente na região do Arquipélago de Abrolhos – Bahia, um reconhecido sítio reprodutivo para esta população que se desloca das Ilhas Geórgia do Sul/Sandwich do Sul em direção à costa nordeste do Brasil (Siciliano, 1997). A baleia jubarte utiliza a Bacia de Campos como corredor migratório entre os meses de junho e dezembro, especialmente entre as isóbatas de 50 e 200 m, apesar de sua distribuição na área ocorrer desde a linha da costa até pelo menos a isóbata de 3.000 m de profundidade. Nesse período, é comum avistar indivíduos passando bem próximo à costa na região de Arraial do Cabo, onde a plataforma continental é estreita e a profundidade é maior (Siciliano et al., 2006).
Baleia-de-bryde (Balaenoptera edeni) ou Baleia-de-bryde-sul-americana (B. brydei)
A baleia-de-bryde-sul-americana foi recentemente reclassificada taxonomicamente para águas sul-americanas com base em técnicas filogenéticas (Pastene et al., 2015). Diferenças genéticas substanciais foram encontradas entre as baleias do Atlântico Sul e as do Pacífico Sul, gerando fortes evidências de que não exista movimentação entre estas populações, fato corroborado pela ausência de registros ao sul da latitude 40° S. Os resultados genéticos reforçam a hipótese de que esta baleia apresente distribuição tropical e subtropical limitada no Atlântico e, por isso, se concentre em regiões com alta produtividade como a Região Sudeste (Moura e Siciliano, 2012). No Brasil, existem registros de encalhes desde a costa do Maranhão até o Rio Grande do Sul, mas as avistagens dessa espécie concentram-se na Região Sudeste do país (Siciliano et al., 2006). Na Bacia de Campos, as frequentes avistagens em águas próximas à costa e os encalhes registrados durante todo o ano sugerem que esta espécie possa ter uma população residente na região (Siciliano et al., 2004). Adicionalmente, avistagens de mães com filhotes nas proximidades
de Armação dos Búzios e Arraial do Cabo comprovam que esta espécie pode ser considerada componente da comunidade costeira de cetáceos da Bacia de Campos (Siciliano et al., 2006).
Baleia-minke-anã (Balaenoptera acutorostrata)
A baleia-minke-anã é restrita ao Hemisfério Sul, sendo o balenopterídeo com maior número de encalhes registrados na costa brasileira, desde o litoral do Rio Grande do Sul até a costa da Paraíba. A maior porcentagem dos encalhes está concentrada nas regiões Sul e Sudeste, em concordância com a hipótese de que esta espécie é mais comum em médias latitudes do Oceano Atlântico Sul Ocidental (Zerbini et al., 1996; Siciliano et al., 2006). A maioria das avistagens confirmadas de Balaenoptera acutorostrata em águas brasileiras provém de áreas situadas entre a costa e o limite da quebra da plataforma continental, onde normalmente a batimetria fica em torno dos 200 m (Siciliano et al., 2006). Em Arraial do Cabo, durante os meses de verão, é comum avistar indivíduos de baleia-minke-anã a partir de observações por ponto-fixo (Hassel et al., 2003).
Baleia-minke-Antártica (Balaenoptera bonaerensis)
A espécie Balaenoptera bonaerensis encontra-se em águas da Antártida no verão e em águas oceânicas tropicais e subtropicais de todos os oceanos do Hemisfério Sul durante o inverno e a primavera (Bastida et al.., 2007). No Brasil, a espécie ocorre em águas profundas sobre ou além do talude continental, desde o Rio Grande do Sul até o litoral da Região Nordeste, sendo este último uma provável área de reprodução desta espécie (IWC, 1991). Na Bacia de Campos, a baleia-minke-Antártica pode ser observada durante sua migração, entre julho e setembro, especialmente no talude continental, entre 300 e 3.000 m de profundidade (Siciliano et al., 2006).
Conclusões As espécies mais abundantes de cetáceos misticetos na Bacia de Campos, segundo dados de literatura e do Projeto Habitats, são a baleia jubarte (Megaptera novaeangliae) e a baleia-de-bryde (Balaenoptera edeni ou B. brydei). A baleia jubarte utiliza a costa centro-norte do Estado do Rio de Janeiro como parte de sua rota migratória (Siciliano et al., 2006), enquanto os registros de baleia-de-bryde sugerem que a espécie possui uma população residente na Bacia de Campos (Siciliano et al., 2004). Entre os cetáceos odontocetos, as espécies de maior frequência relativa são o boto-cinza (Sotalia guianensis), o golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus), o golfinho-pintado-do-Atlântico (Stenella frontalis) e a toninha (Pontoporia blainvillei). O boto-cinza apresenta hábitos exclusivamente costeiros, estando associado à área de influência da foz do Rio Paraíba do Sul (Moura et al., 2009a). Igualmente, a toninha apresenta forte associação com o ecossistema estuarino da desembocadura do Rio Paraíba do Sul, sendo esta região integrante da Área de Manejo I ou FMA I para a espécie (Secchi et al., 2003). Espécies de hábitos costeiro-oceânicos, como Tursiops truncatus (golfinho-nariz-de-garrafa), Steno bredanensis (golfinho-de-dentes-rugosos), Stenella frontalis (golfinho-pintado-do-Atlântico) e Delphinus sp. (golfinho-comum), têm seu padrão de ocorrência fortemente influenciado pelo fenômeno de ressurgência de Cabo Frio e do estreitamento da plataforma continental na Bacia de Campos. A costa centro-norte do Estado do Rio de Janeiro é uma área de grande incidência de encalhes e de avistagens de cetáceos, o que comprova, portanto, sua importância como área de uso por parte de diversas espécies migratórias e residentes (Siciliano et al., 2006).
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C etá ceos da B acia de C ampos
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8 Peixes Costeiros da Bacia de Campos Fabio Di Dario, Luciana Finotti Tosin e Michael Maia Mincarone
Introdução A porção do litoral compreendida entre Guarapari, no sul do Espírito Santo, e Saquarema, norte do Estado do Rio de Janeiro, é complexa em termos de geomorfologia, oceanografia e biologia (e.g., Figueiredo et al., 2002; Di Dario et al., 2011). O sul do Espírito Santo, por exemplo, inclui algumas formações recifais de arenito e laterita (Figura 1), mais comuns no nordeste do Brasil, além de costões rochosos propriamente ditos, que são tipicamente formados por granito e rochas basálticas. Essas formações constituem-se em ambientes complexos e similares aos recifes de corais verdadeiros, que tipicamente abrigam uma grande diversidade de organismos marinhos. A porção central da área estudada, por outro lado, é fortemente influenciada pela descarga de sedimentos particulados e de água doce de dois grades rios, o Itabapoana e, principalmente, o Paraíba do Sul. A influência combinada destes e de outros rios da região é claramente percebida nos ambientes costeiros entre o extremo sul do Espírito Santo e Macaé (RJ), que tipicamente possuem praias com um elevado grau de turbidez e fundo em grande parte formado por sedimento fino, particulado. Ao sul do Rio São João (Casimiro de Abreu), os ambientes costeiros são caracterizados por um litoral mais entrecortado, com um número elevado de costões rochosos, fundo composto por cascalho e grânulos de tamanhos variados, e águas com um baixo grau de turbidez, devido em parte à ausência de grandes rios na região entre o norte da cidade de Cabo Frio e Saquarema. A região do litoral entre o sul de Macaé e o norte de Cabo Frio, incluindo Rio das Ostras, é intermediária, principalmente em termos de turbidez da água. Como é de se esperar, as características particulares de cada um desses trechos do litoral refletem-se em composições ictiofaunísticas parcialmente distintas.
Outras características oceanográficas, estruturadoras em escalas mais amplas, também
influenciam a composição da fauna de peixes costeiros da região. O sul do Espírito Santo, por exemplo, está sob forte influência da Corrente do Brasil, formada por águas tropicais
relativamente quentes. A região de Cabo Frio, incluindo as cidades de Armação dos Búzios e
Arraial do Cabo, por outro lado, marca o limite norte da “South Brazil Bight” (SBB), uma extensa região da plataforma continental em formato de meia-lua cujo limite sul é o Cabo de Santa
Marta, em Santa Catarina (Palma e Matano, 2009). Durante o verão, a porção da SBB ao norte dos 25°30’S está sujeita a ressurgências costeiras, cujos efeitos são particularmente intensos
na região de Cabo Frio (Palma e Matano, 2009). As ressurgências na SBB estão relacionadas
com a intrusão e o afloramento superficial de águas frias e com a salinidade relativamente
baixa da massa denominada de Água Central do Atlântico Sul (ACAS), originária da Corrente das Malvinas (Matsuura, 1996; Castelao et al., 2004; Palma e Matano, 2009). Consequente-
mente, as temperaturas de águas superficiais na porção norte da SBB podem atingir até 19°C durante o verão, em contraste com valores tipicamente mais altos que 23°C no sul da SBB (Palma e Matano, 2009).
As ressurgências também são responsáveis por um aumento na quantidade de nutrientes em
regiões costeiras, o que por sua vez está associado a uma produtividade e diversidade mais altas (Longhurst e Pauly, 1987; Matsuura, 1996).
Todos esses fatores combinados contribuem para a alta diversidade de espécies de peixes
marinhos e costeiros da região incluída nesse estudo. De fato, cerca de 900 (70%) das aproxima-
damente 1.300 espécies válidas de peixes marinhos do Brasil foram registradas na Bacia de Campos ou potencialmente ocorrem na região (Menezes et al., 2003; Di Dario et al., 2011).
Di Dario, F., Tosin, L.F., Mincarone, M.M. 2017. Peixes costeiros da Bacia de Campos. In: Lima, S.O.F., editora. Atlas de sensibilidade ambiental ao óleo: caracterização ambiental regional da Bacia de Campos, Atântico Sudoeste. Rio de Janeiro: Elsevier. Habitats, v. 9. p. 113-126.
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P eixes C osteiros da B acia de C ampos
b) espécies de peixes continentais que habitam rios, lagoas e estuários potencialmente sensíveis ao derramamento de petróleo. A porção continental costeira da região compreendida nesse estudo abriga extensas formações de restinga que, principalmente no norte fluminense, estão repletas de lagoas de diversos tamanhos. Muitas dessas lagoas são separadas do mar por uma estreita faixa de areia, comumente denominada de barra, que se rompe com frequência em meses chuvosos, ou são abertas artificialmente. Devido a sua íntima associação com o mar, essas lagoas estão sujeitas aos efeitos potenciais de um eventual derramamento de petróleo em áreas costeiras. Por esses motivos, a fauna de peixes continentais encontrada nas porções baixas de estuários também foi incluída nesse estudo.
Critérios para as associações entre espécies e localidades
Figura 1. Praia de Castelhanos, Anchieta (sul do Espírito Santo), na maré baixa, mostrando formação recifal costeira em grande parte formada por laterita.
Metodologia Peixes incluídos no estudo
a) espécies de peixes marinhos com ocorrência documentada ou inferida dentro da isóbata de 25 m de profundidade. A isóbata de 25 m foi estabelecida a partir da proposta inicial deste levantamento, na pressuposição de que a influência de acidentes envolvendo vazamento de petróleo em áreas costeiras atingiria com maior gravidade a biota desta faixa do litoral. Essas espécies compõem grande parte da lista apresentada na Tabela 3. Outras espécies, registradas apenas em profundidades maiores que 25 m, mas com ocorrência eventual altamente provável na área de estudo, são mencionadas nesse capítulo. Foram considerados registros em coleções científicas ou informações da literatura especializada até meados de 2013, quando esse estudo foi concluído. Quase todas as espécies incluídas no estudo estão representadas em uma ou mais coleções científicas das seguintes instituições: Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, SP (MZUSP); Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ (MNRJ); Coleção de Peixes do Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Socioambiental de Macaé, Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ (NUPEM/UFRJ); Coleção Ictiológica da Universidade Federal do Espírito Santo, ES (CIUFES); Coleção de Peixes do Museu de Biologia Professor Mello Leitão, ES (MBML). A identidade dos espécimes nestas coleções foi checada diretamente por um ou mais autores deste capítulo, ou foi considerada altamente provável quando feita por um especialista no grupo. Os registros nas coleções científicas da CIUFES e MBML foram acessados através da plataforma “Species Link”, disponível no endereço http://splink.cria.org.br/
Os dados utilizados na elaboração das Cartas SAO foram criados a partir da associação entre as espécies de peixes selecionadas para a área de estudo (com base nos critérios expostos anteriormente) e uma ou mais localidades. Espécies com ampla distribuição e com registros confirmados em diferentes tipos de ambientes, pelágicas ou demersais de fundos arenosos, cuja ocorrência foi confirmada ao longo de grande parte da área de estudo, foram associadas a uma única localidade, denominada “Bacia de Campos”. Algumas espécies de peixes associadas aos costões rochosos, praias arenosas ou estuários/lagoas costeiras são abundantes, sendo coletadas ou avistadas com frequência. Nesses casos, cada localidade identificada ao longo da área de estudo com essas características específicas (e.g., costão rochoso etc.) foi utilizada. Algumas espécies, por outro lado, são consideradas raras e pouco frequentes, de maneira que apenas o registro em coleções científicas ou a literatura específica foi utilizada.
Taxonomia e Classificação
Foram considerados apenas nomes taxonomicamente válidos, de acordo com Eschmeyer et al. (2016). Quando necessário, a literatura específica para alguns táxons foi consultada. Embora existam propostas atuais filogeneticamente mais consistentes, a classificação adotada foi a de Nelson (2006), que é amplamente utilizada em estudos de biodiversidade.
Resultados e Discussão Espécies selecionadas: diversidade taxonômica
Do total de aproximadamente 900 espécies de peixes marinhos registradas ou com ocorrência provável na Bacia de Campos, 461 foram selecionadas para a inclusão no banco de dados do Sistema MAPS – bancos para elaboração de mapas de sensibilidade, de acordo com os critérios discutidos anteriormente. Além dessas, outras 13 espécies de peixes continentais foram identificadas como ocorrendo em áreas potencialmente sensíveis ao vazamento de óleo, totalizando 474 espécies (Tabela 3). As ordens de peixes marinhos costeiros com o maior número de espécies selecionadas são: Perciformes (n=248), Pleuronectiformes (n=25), Tetraodontiformes (n=24), Clupeiformes (n=23), Carcharhiniformes (n=19), Anguilliformes (n=17), Beloniformes (n=13) e Myliobatiformes (n=11). As outras 20 ordens de peixes marinhos incluem 10 ou menos espécies com ocorrência confirmada ou altamente provável na área do estudo. Além dessas, foram selecionadas 12 espécies de Characiformes, seis de Siluriformes, quatro de Cyprinodontiformes e duas de Gymnotiformes como espécies continentais passíveis de serem impactadas em ambientes aquáticos costeiros, como estuários e lagoas (Figura 2).
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
Perciformes é tradicionalmente considerada a maior ordem de peixes em número de famílias e
provavelmente relacionado com determinadas características ambientais presentes em por-
lias de peixes selecionados, 49 fazem parte de Perciformes. Entretanto, Perciformes não é um grupo
composta por peixes demersais, como os papa-terras e as corvinas, que tipicamente vivem
espécies, e o grupo é particularmente diversificado em ambientes marinhos. Do total de 109 famí-
monofilético (e.g., Nelson, 2006), de modo que o elevado número de espécies atribuído a esse táxon carece de qualquer significado biológico. A Figura 3 representa a diversidade relativa em número de espécies das ordens de peixes identificados na área de estudo após a exclusão de Perciformes.
As famílias com os maiores números de espécies são, em ordem decrescente, Sciaenidae
(n=26), Serranidae (n=24), Gobiidae (n=22), Carangidae (n=22), Haemulidae (n=15), Labridae (n=14), Carcharhinidae (n=13), Engraulidae (n=12) e Paralichthyidae (n=12). As demais famílias incluem menos de 10 espécies.
O número elevado de espécies costeiras identificadas em algumas famílias em parte re-
flete a riqueza absoluta (número total de espécies válidas) desses táxons, mas também está
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Orectolobiformes Lamniformes Carcharhiniformes Squatiniformes Pristiformes Torpediniformes Rajiformes Myliobatiformes Elopiformes Albuliformes Anguilliformes Clupeiformes Characiformes Siluriformes Gymnotiformes Aulopiformes Gadiformes Ophidiiformes Batrachoidiformes Lophiiformes Mugiliformes Beloniformes Atheriniformes Cyprinodontiformes Beryciformes Gasterosteiformes Synbranchiformes Scorpaeniformes Perciformes Pleuronectiformes Tetraodontiformes
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associados a fundos de areia ou lama (e.g., Menezes e Figueiredo, 1980), como aqueles que
majoritariamente caracterizam a região compreendida entre a foz do Rio Itabapoana e o Rio São João. Sciaenidae, Carangidae e Carcharhinidae, de modo geral, também incluem espécies com ampla distribuição no Brasil e com ocorrência confirmada ou altamente provável na maior
parte da área estudada. Serranidae, Gobiidae (Figura 4), Haemulidae e Labridae, por outro lado, são famílias de peixes tipicamente encontrados em ambientes recifais, que são mais conspícu-
os no extremo norte (região de Guarapari, ES) e sul (região de Cabo Frio, RJ) da área estudada, embora estejam presentes em ambientes recifais conservados em praticamente toda a área de estudo.
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Orectolobiformes Lamniformes
Famílias (n=109) Espécies (n=474)
Figura 2. Número de táxons nas ordens de peixes costeiros (marinhos e continentais) da Bacia de
Campos.
ções específicas da área de estudo. Sciaenidae, por exemplo, é uma família em grande parte
Carcharhiniformes Squatiniformes Pristiformes Torpediniformes
Famílias (n=63)
Rajiformes Myliobatiformes Elopiformes Albuliformes Anguilliformes Clupeiformes Characiformes Siluriformes Gymnotiformes Aulopiformes Gadiformes Ophidiiformes Batrachoidiformes Lophiiformes Mugiliformes Beloniformes Atheriniformes Cyprinodontiformes Beryciformes Gasterosteiformes Synbranchiformes Scorpaeniformes Pleuronectiformes Tetraodontiformes
Figura 3. Número de táxons nas ordens de peixes costeiros (marinhos e continentais) da Bacia de Campos, excluindo Perciformes.
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Espécies com ampla distribuição, mas raras ou pouco frequentes na Bacia de Campos
Espécies raras, registradas em apenas algumas localidades, mas com distribuição possivelmente mais ampla na Bacia de Campos
A Bacia de Campos inclui duas áreas principais onde ambientes recifais são mais conspícuos e relativamente bem conhecidos: o sul do Espírito Santo (Arquipélago das Três Ilhas, Ilhas Escalvada e Rasas, e Praia de Castelhanos, Anchieta; Figura 1), e a região de Cabo Frio (principalmente Búzios e Arraial do Cabo; Figura 5). Essas regiões são as que possuem uma diversidade de espécies mais alta. Diversas espécies recifais possuem registros apenas nessas áreas. Entretanto, a área de estudo inclui uma série de formações rochosas pouco exploradas cientificamente e relativamente extensas. Algumas delas não são associadas diretamente às praias, na costa. Esse é o caso, por exemplo, de uma formação rochosa que se estende entre as cidades de Macaé e Rio das Ostras, aproximadamente paralela à linha da praia, em uma profundidade de aproximadamente 15-20 m, cuja composição faunística é praticamente desconhecida. É possível, portanto, que pelo menos parte dessas espécies recifais possua uma distribuição mais ampla na região. Na Tabela 1 são listadas as espécies recifais com poucos registros na área de estudo, que possivelmente ocorrem em outras áreas ainda não exploradas ou pouco conhecidas. Além das espécies listadas na Tabela 1, Epinephelus itajara (mero) e Epinephelus morio (garoupa-de-são-tomé) são espécies de Serranidae sabidamente raras, de grande porte, ameaçadas de extinção, que ocorrem na área compreendida nesse estudo. Seus registros em coleções e na literatura científica são escassos. Essas espécies podem até possuir uma distribuição relativamente ampla na região, mas são raras, de modo que os locais onde ocorrem devem ser entendidos como prioritários para ações de conservação. Liopropoma carmabi (Serranidae), por outro lado, é uma espécie tropical com registros na Bacia de Campos apenas no sul do Espírito Santo. É possível que esse seja de fato seu limite de distribuição. Três outras espécies que não ocorrem em áreas recifais também possuem poucos registros na região. Potamarius grandoculis (Ariidae) é uma espécie de bagre marinho demersal que ocorre primariamente em regiões estuarinas, sendo considerado possivelmente extinto de acordo com os resultados do processo de avaliação do Estado de Conservação da Fauna Brasileira promovido pelo Ministério do Meio Ambiente, através do ICMBio (Portaria 445/2014, MMA). Echiophis
Figura 4. Elacatinus figaro (Gobiidae), um pequeno peixe recifal fotografado entre corais moles (Palythoa) na Praia das Tartarugas, Armação dos Búzios, RJ.
Figura 5. Chaetodon ocellatus (Chaetodontidae) fotografado em Arraial do Cabo, RJ, em formação recifal rochosa complexa, característica da região.
Algumas espécies que ocorrem em toda a área de estudo são muito provavelmente pouco frequentes na região. Essas espécies são tipicamente de grande porte e possuem ampla distribuição, como algumas espécies de Elasmobranchii, o grupo que inclui os tubarões e raias. Dentre elas, estão Ginglymostoma cirratum (tubarão-lixa), Carcharias taurus (mangona), Galeocerdo cuvier (tubarão-tigre) e as espécies de tubarão-martelo, do gênero Sphyrna (S. lewini, S. media, S. mokarran, S. tiburo, S. tudes e S. zygaena). Sphyrna mokarran, em particular, é uma espécie de grande porte, considerada “Em Perigo” de extinção na avaliação da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). As raias-lixa, Pristis pectinata e Pristis pristis, também são extremamente raras e “Criticamente Ameaçadas” de Extinção (IUCN, 2012).
Diversas espécies de peixes são conhecidas na região através de um número extremamente baixo de exemplares depositados em coleções científicas, ou possuem poucos registros na literatura especializada. De um modo geral, essas espécies possuem hábitos secretivos, sendo associadas às formações recifais (costões rochosos). Esses ambientes são de coleta difícil, o que em parte explica por que seus registros são pouco comuns, mas é provável que pelo menos algumas dessas espécies de fato possuam restrições em relação às condições ambientais necessárias para seu desenvolvimento e permanência no ambiente, sendo, portanto, naturalmente raras.
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
Tabela 1. Espécies recifais com poucos registros na área de estudo. Anguilliformes
Muraenidae Enchelycore carychroa
Chaetodontidae Prognathodes brasiliensis Pomacentridae
Gymnothorax funebris
Chromis flavicauda
Gymnothorax miliaris
Chromis multilineata
Gymnothorax vicinus
Microspathodon chrysurus
Ophichthidae Ahlia egmontis
Stegastes uenfi Labridae
Myrophis platyrhynchus
Decodon puellaris
Trachelyopterus striatulus
Halichoeres cyanocephalus
Lophiiformes
Ogcocephalidae Ogcocephalus notatus
Beryciformes
Holocentridae Plectrypops retrospinis Sargocentron bullisi
Gasterosteiformes Syngnathidae
Halichoeres dimidiatus Halichoeres maculipinna Halichoeres radiatus Halichoeres sazimai Thalassoma noronhanum Xyrichtys novacula Scaridae Scarus zelindae Sparisoma amplum
Hippocampus erectus
Sparisoma atomarium
Hippocampus reidi
Sparisoma axillare
Pseudophallus mindi
Sparisoma frondosum
Syngnathus pelagicus
Sparisoma radians
Scorpaeniformes Scorpaenidae
Scorpaenodes tredecimspinosus Perciformes
Serranidae Alphestes afer Cephalopholis fulva Dermatolepis inermis Paranthias furcifer
Sparisoma tuiupiranga Tripterygiidae Enneanectes altivelis Labrisomidae Paraclinus arcanus Microdesmidae Ptereleotris randalli Tetraodontiformes Monacanthidae
Rypticus bistrispinus
Aluterus heudelotii
Rypticus randalli
Aluterus monoceros
Rypticus saponaceus
Aluterus scriptus
Rypticus subbifrenatus
Cantherhines macrocerus
Serranus atrobranchus
Cantherhines pullus
Serranus baldwini
Monacanthus ciliatus
Serranus flaviventris Opistognathidae Opistognathus cuvierii Lutjanidae Rhomboplites aurorubens
Stephanolepis setifer Ostraciidae Lactophrys trigonus
intertinctus (Ophichthidae), por sua vez, parece ocorrer em águas rasas, na zona litorânea (Menezes e Figueiredo, 1980). Lagocephalus lagocephalus (Tetraodontidae) é uma espécie de baiacu com porte relativamente grande, mais frequentemente encontrada em águas afastadas da costa (Menezes e Figueiredo, 2000).
Espécies com ocorrência eventual na área de estudo
A Bacia de Campos possui uma grande diversidade de peixes pelágicos oceânicos. De um modo geral, essas espécies não foram incluídas no estudo por não serem habitantes típicos da região compreendida entre o litoral e a isóbata de 25 m. Entretanto, algumas dessas espécies aproximam-se da costa eventualmente, por motivos diversos. As espécies pelágicas oceânicas identificadas como possuindo ocorrência esporádica na área de estudo são: Brama brama, B. caribbea e B. dussumieri (Bramidae); as rêmoras oceânicas, Remora brachyptera e R. osteochir (Echeneidae); peixes voadores oceânicos, Exocoetus volitans, Cheilopogon exsiliens, Hirundichthys rondeletii e H. speculiger (Exocoetidae); Cubiceps caeruleus, C. pauciradiatus, Nomeus gronovii e Psenes cyanophrys (Nomeidae); a cavala-aipim, Acanthocybium solandri (Scombridae); Centrobranchus nigroocellatus, Ceratoscopelus warmingii, Diaphus dumerilii, D. fragilis, D. garmani, D. splendidus e Diogenichthys atlanticus, que são espécies de peixes-lanterna (Myctophidae) que migram para águas mais superficiais à noite, não se aproximando, necessariamente, da costa. A família Molidae é composta por três espécies pelágicas oceânicas com morfologia aberrante, e todas são registradas no Brasil. Pelo menos uma delas, o peixe-lua-oceânico (Mola mola) é um visitante ocasional na área de estudo, tendo sido registrado em fotografias nos arredores do Arquipélago de Santana, Macaé, e em Búzios, por exemplo (Figura 6). As outras duas espécies da família, Masturus lanceolatus e Ranzania laevis, também possuem registros esporádicos no Estado do Rio de Janeiro. De fato, um exemplar de Ranzania laevis foi recentemente encontrado na Praia de João Fernandes, em Quissamã (NPM 1880). A fauna de peixes da Bacia de Campos também inclui grandes tubarões pelágicos que eventualmente podem penetrar em águas mais costeiras. O tubarão-azul, Prionace glauca, e o galha-branca, Carcharhinus longimanus, ambos da família Carcharhinidae, são espécies oceânicas que devem visitar raramente a área de estudo. As duas espécies de tubarão-raposa, Alopias vulpinus e A. superciliosus (Alopiidae), são oceânicas, mas existe um registro de uma nadadeira caudal atribuída a um exemplar de A. superciliosus pescado ao largo do litoral sul do Estado do Rio de Janeiro (Gomes et al., 2010). Os tubarões-anequim, Isurus oxyrinchus e I. paucus, também são basicamente oceânicos, embora um exemplar de I. oxyrinchus tenha sido coletado em Arraial do Cabo (MNRJ 21889). Existem apenas 25 registros de tubarão-branco (Carcharodon carcharias) conhecidos no Brasil, sendo nove deles no Estado do Rio de Janeiro (Gomes et al., 2010). Embora essa espécie seja extremamente rara na região, sabe-se que pode eventualmente penetrar em águas costeiras. Em janeiro de 1974, por exemplo, um exemplar de aproximadamente 4 m de comprimento foi capturado em rede de emalhe a 30 m da Praia de Saquarema, RJ. Em abril de 1997 foi registrado um ataque não fatal, aparentemente de um tubarão-branco, a um windsurfista em Búzios, e existe outro registro de acidente não fatal envolvendo um tubarão-branco e um mergulhador em janeiro de 2002, em Quissamã (Gomes et al., 2010). As duas maiores espécies de tubarões existentes, o tubarão-baleia (Rhincodon typus) e o tubarão-frade (Cetorhinus maximus), ambos filtradores, também ocorrem esporadicamente na área de estudo. Tubarões-frade, entretanto, são extremamente raros em mares tropicais. O tubarão-baleia, por outro lado, é avistado com certa frequência por pescadores em áreas próximas ao litoral na Bacia de Campos, embora seja uma espécie pouco frequente.
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Figura 6. Vista dorsal de um exemplar de peixe-lua-oceânico (Mola mola) com aproximadamente 2 m de comprimento, fotografado nos arredores do Arquipélago de Santana, Macaé, em fevereiro de 2008.
As raias pelágicas oceânicas da família Mobulidae (Figura 7) também ocorrem ocasionalmente na área de estudo, tendo em vista que o limite considerado foi a isóbata de 25 m. A maior delas é a raia jamanta, Manta birostris, que chega a quase 7 m de largura (Gomes et al., 2010). Essas raias são avistadas com certa frequência em plataformas de exploração de petróleo na Bacia de Campos. Outras raias Mobulidade, de menor porte, fazem parte do gênero Mobula, que no Estado do Rio de Janeiro inclui as seguintes espécies: M. japanica, M. tarapacana, M. hypostoma e M. thurstoni (Gomes et al., 2010). Espécies demersais ou bentônicas que tipicamente habitam águas abaixo da isóbata de 25 m não foram incluídas no estudo. Entretanto, algumas são registradas em profundidades próximas a essa marca, outras realizam migrações noturnas para águas mais superficiais, ou podem ocorrer em águas costeiras por motivos diversos. Espécies que possuem essas características podem ocorrer eventualmente na área de estudo, e são listadas a seguir: os tubarões Echinorhinus brucus (Echinorhinidae), Hexanchus griseus (Hexanchidae) e Galeorhinus galeus (Triakidae); a quimera Callorhinchus callorhynchus (Callorhinchidae; Figura 8) e as raias Atlantoraja cyclophora, Psammobatis extenta, P. rutrum e Sympterygia bonapartii, todas da família Rajidae; os teleósteos Bellator brachychir (Triglidae), Peristedion altipinne (Peristedidae), Gephyroberyx darwini (Trachichthyidae), Saurida brasiliensis (Synodontidae), Percophis brasiliensis (Percophidae), Cynoscion guatucupa (Sciaenidae), Pristipomoides aquilonaris e P. freemani (Lutjanidae), e Pseudopercis numida (Pinguipedidae). As porções mais profundas das formações recifais costeiras da Bacia de Campos também possuem espécies consideradas esporádicas em profundidades mais rasas que os 25 m. As
Figura 7. Dois exemplares de raias jamanta, Mobula sp., fotografados próximos a uma plataforma de exploração de petróleo na Bacia de Campos, em outubro de 2011. Foto: B. Pagliani.
Figura 8. Exemplar da quimera Callorhinchus callorhynchus (Callorhinchidae), com aproximadamente 80 cm de comprimento total, pescado em Macaé, RJ.
espécies identificadas com essas características são Acanthistius brasilianus (Serranidae), Corniger spinosus (Holocentridae), Prognathodes guyanensis (Chaetodontidae), Gymnothorax polygonius (Muraenidae) e Sphoeroides dorsalis (Tetraodontidae). Lutjanus analis, L. cyanopterus e L.
purpureus (Lutjanidae) são espécies recifais cujos adultos tipicamente vivem em profundidades
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maiores que 25 m, mas jovens e larvas são encontrados em águas superficiais e próximas à costa. As três possuem porte relativamente grande e são importantes para a pesca, sendo que L. analis é atualmente considerada “Vulnerável” pela IUCN. Outro habitante recifal que pode ser eventualmente encontrado na região é o peixe-cirurgião africano, Acanthurus monroviae (Acanthuridae). Essa espécie, originária da costa africana, é considerada de ocorrência esporádica no Atlântico Sul Ocidental (Luiz-Junior et al., 2004).
Espécies de peixes marinhos que carecem de informações precisas sobre sua ocorrência na Bacia de Campos
Diversas espécies de peixes são listadas em guias e catálogos como possuindo uma distribuição que abrange a Bacia de Campos (e.g., Menezes et al., 2003), sem que registros confiáveis na região sejam de fato conhecidos. Isso acontece porque, de um modo geral, é feita uma inferência sobre a provável ocorrência de uma determinada espécie de acordo com seus registros conhecidos. Para efeitos deste estudo, essa situação pôde ser contornada nos casos de espécies abundantes e frequentes. Entretanto, nos casos onde a espécie é pouco conhecida ou aparentemente possui algumas restrições ambientais, torna-se difícil ou impossível inferir em quais áreas ela poderia ocorrer dentro da região de estudo. Resumidamente, essa situação sugere três alternativas: 1) ou a espécie é rara e está presente ao menos em algumas localidades da Bacia de Campos que não podem ser identificadas precisamente no momento, 2) ou a espécie é relativamente comum, mas de difícil coleta, 3) ou a espécie simplesmente não ocorre na região. O budião-azul, Scarus trispinosus, por exemplo, foi registrado apenas recentemente no Arquipélago de Santana, em Macaé (NPM 1810), embora sua distribuição seja provavelmente mais ampla em áreas recifais bem preservadas da região. Espécies com essas características são listadas na Tabela 2.
Tabela 2. Espécies de peixes marinhos que carecem de informações precisas sobre sua ocorrência na área de estudo. Anguilliformes
Muraenidae
Gymnothorax conspersus Muraena retifera
Muraenesocidae
Cynoponticus savana
Ophichthidae
Bascanichthys paulensis Echiophis punctifer
Ophidiiformes
Gasterosteiformes Syngnathidae
Cosmocampus elucens Syngnathus folletti Syngnathus scovelli
Perciformes
Serranidae
Epinephelus adscensionis
Apogonidae
Thalassophryne nattereri
Lophiiformes
Antennariidae
Histrio histrio
Haemulon squamipinna
Sparidae
Calamus mu
Sciaenidae
Leptolebias citrinipinnis – Restinga de Maricá, entre Barra de Maricá e Itaipuaçu, RJ. Nematolebias papilliferus – Brejos conectados ao sistema da Lagoa de Maricá, RJ. Nematolebias whitei – Baixadas costeiras entre o Rio São João e a Região dos Lagos, em Cabo Frio, RJ. Populações severamente fragmentadas pelo crescimento urbano.
Notholebias fractifasciatus – Brejos conectados ao sistema da Lagoa de Maricá, RJ.
Scarus guacamaia
Ophthalmolebias constanciae – Pequenos brejos em Rio das Ostras, Barra de São João e Cabo Frio, RJ.
Scarus trispinosus
Labrisomidae
Paraclinus rubicundus
Rivulus janeiroensis – Drenagens costeiras entre os rios São João e Guandu, RJ.
Acyrtops beryllinus Gobulus myersi Microgobius meeki
Tetraodontiformes Balistidae
Canthidermis sufflamen
Equetus punctatus
Diodontidae
Chromis enchrysura
Monacanthidae
Pomacentridae
Kryptolebias gracilis – Entorno de Sampaio Corrêa, Lagoa de Saquarema, RJ.
Xyrichtys splendens
Scaridae
Gobiidae
Haemulidae
Atlantirivulus jurubatibensis – Lagoa do Pires e brejos próximos, Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, em Quissamã, RJ (Figura 9).
Notholebias cruzi – Brejos entre Rio das Ostras e Barra de São João, extremamente rara ou extinta.
Selene brownii
Batrachoidiformes
A região costeira continental da Bacia de Campos possui dezenas de lagoas perenes e poças de grande porte com duração efêmera, geralmente sazonal. A fauna de lagoas conectadas ao mar, ou de locais onde ocorrem eventos sazonais de abertura de barra, foi incluída nesse estudo. Embora todos esses corpos hídricos estejam muito provavelmente sujeitos a impactos secundários advindos de grandes derramamentos de petróleo, como essas lagoas e poças temporárias geralmente estão isoladas do ambiente marinho por uma barra extensa é pouco provável, de um modo geral, que sua ictiofauna seja impactada diretamente e de maneira agressiva por um vazamento moderado. A região norte fluminense possui uma fauna bastante peculiar e altamente endêmica de peixes da família Rivulidae, especializados em viver em poças relativamente reduzidas e até mesmo temporárias. Essas poças tipicamente localizam-se em uma área da restinga mais resguardada do mar, sendo geralmente bem protegidas de impactos moderados restritos às praias. Entretanto, devido ao seu alto grau de endemismo, fragilidade, grau de ameaça e proximidade com o mar, essas espécies devem ser consideradas com atenção em situações de impactos ambientais causados por vazamentos de óleo, principalmente em casos de vazamentos de larga escala. As espécies de Rivulidae conhecidas na região e suas áreas de ocorrências são listadas a seguir (Costa, 2002; dados de coleções):
Halichoeres penrosei
Gobiesocidae
Carangidae
Batrachoididae
Halichoeres bivittatus
Astrapogon stellatus
Ophidiidae
Ophidion holbrooki
Labridae
Espécies de peixes continentais não incluídas neste estudo, mas que podem ser impactadas
Chillomycterus antilarum Aluterus schoepfi
Figura 9. Atlantirivulus jurubatibensis, um pequeno peixe da família Rivulidae endêmico de poças costeiras do norte fluminense.
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Tabela 3. Lista das espécies de peixes costeiros (marinhos e continentais) da Bacia de Campos, com registros confirmados ou de ocorrência altamente provável dentro da isóbata de 25 m. Ver texto para mais detalhes.
Tabela 3. (Continuação) Lista das espécies de peixes costeiros (marinhos e continentais) da Bacia de Campos, com registros confirmados ou de ocorrência altamente provável dentro da isóbata de 25 m. Ver texto para mais detalhes.
ELASMOBRANCHII
Rioraja agassizii (Müller e Henle, 1841) Sympterygia acuta Garman, 1877 Rhinobatidae Rhinobatos horkelii Müller e Henle, 1841 Rhinobatos percellens (Walbaum, 1792) Zapteryx brevirostris (Müller e Henle, 1841) Myliobatiformes Dasyatidae Dasyatis americana Hildebrand e Schroeder, 1928 Dasyatis centroura (Mitchill, 1815) Dasyatis guttata (Bloch e Schneider, 1801) Dasyatis hypostigma Santos e Carvalho, 2004 Gymnuridae Gymnura altavela (Linnaeus, 1758) Gymnura micrura (Bloch e Schneider, 1801) Myliobatidae Aetobatus narinari (Euphrasen, 1790) Myliobatis freminvillei Lesueur, 1824 Myliobatis goodei Garman, 1885 Rhinoptera bonasus (Mitchill, 1815) Rhinoptera brasiliensis Müller, 1836
Orectolobiformes Ginglymostomatidae Ginglymostoma cirratum (Bonnaterre, 1788) Lamniformes Odontaspididae Carcharias taurus Rafinesque, 1810 Carcharhiniformes Carcharhinidae Carcharhinus acronotus (Poey, 1860) Carcharhinus brachyurus (Günther, 1870) Carcharhinus brevipinna (Müller e Henle, 1839) Carcharhinus falciformis (Müller e Henle, 1839) Carcharhinus leucas (Müller e Henle, 1839) Carcharhinus limbatus (Müller e Henle, 1839) Carcharhinus obscurus (Lesueur, 1818) Carcharhinus plumbeus (Nardo, 1827) Carcharhinus porosus (Ranzani, 1839) Galeocerdo cuvier (Péron e Lesueur, 1822) Negaprion brevirostris (Poey, 1868) Rhizoprionodon lalandii (Müller e Henle, 1839) Rhizoprionodon porosus (Poey, 1861) Sphyrnidae Sphyrna lewini (Griffith e Smith, 1834) Sphyrna media Springer, 1940 Sphyrna mokarran (Rüppell, 1837) Sphyrna tiburo (Linnaeus, 1758) Sphyrna tudes (Valenciennes, 1822) Sphyrna zygaena (Linnaeus, 1758) Squatiniformes Squatinidae Squatina guggenheim Marini, 1936 Squatina occulta Vooren e da Silva, 1991 Pristiformes Pristidae Pristis pectinata Latham, 1794 Pristis pristis (Linnaeus, 1758) Torpediniformes Narcinidae Narcine brasiliensis (Olfers, 1831) Torpedinidae Torpedo sp. Rajiformes Rajidae Atlantoraja castelnaui (Miranda Ribeiro, 1907) Atlantoraja platana (Günther, 1880) Psammobatis lentiginosa McEachran, 1983
ACTINOPTERYGII Elopiformes Elopidae Elops cf. smithi McBride, Rocha, Ruiz-Carus, Bowen, 2010 Megalopidae Megalops atlanticus Valenciennes, 1847 Albuliformes Albulidae Albula vulpes (Linnaeus, 1758) Anguilliformes Congridae Conger orbignyanus Valenciennes, 1837 Conger triporiceps Kanazawa, 1958 Muraenidae Enchelycore carychroa Böhlke e Böhlke, 1976 Gymnothorax funebris Ranzani, 1839 Gymnothorax miliaris (Kaup, 1856) Gymnothorax moringa (Cuvier, 1829) Gymnothorax ocellatus Agassiz, 1831 Gymnothorax vicinus (Castelnau, 1855) Ophichthidae Ahlia egmontis (Jordan, 1884) Echiophis intertinctus (Richardson, 1848) Myrichthys breviceps (Richardson, 1848) Myrichthys ocellatus (Lesueur, 1825) Continua
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Tabela 3. (Continuação) Lista das espécies de peixes costeiros (marinhos e continentais) da Bacia de Campos, com registros confirmados ou de ocorrência altamente provável dentro da isóbata de 25 m. Ver texto para mais detalhes.
Tabela 3. (Continuação) Lista das espécies de peixes costeiros (marinhos e continentais) da Bacia de Campos, com registros confirmados ou de ocorrência altamente provável dentro da isóbata de 25 m. Ver texto para mais detalhes.
Myrophis platyrhynchus Breder, 1927 Myrophis punctatus Lütken, 1852 Ophichthus cylindroideus (Ranzani, 1839) Ophichthus gomesii (Castelnau, 1855) Ophichthus ophis (Linnaeus, 1758) Clupeiformes Clupeidae Brevoortia aurea (Spix e Agassiz, 1829) Harengula clupeola (Cuvier, 1829) Harengula jaguana Poey, 1865 Lile piquitinga (Schreiner e Miranda Ribeiro, 1903) Opisthonema oglinum (Lesueur, 1818) Platanichthys platana (Regan, 1917) Sardinella aurita Valenciennes, 1847 Sardinella brasiliensis (Steindachner 1879) Engraulidae Anchoa filifera (Fowler, 1915) Anchoa januaria (Steindachner, 1879) Anchoa lyolepis (Evermann e Marsh, 1900) Anchoa marinii Hildebrand, 1943 Anchoa spinifer (Valenciennes, 1848) Anchoa tricolor (Spix e Agassiz, 1829) Anchovia clupeoides (Swainson, 1839) Anchoviella brevirostris (Günther, 1868) Anchoviella lepidentostole (Fowler, 1911) Cetengraulis edentulus (Cuvier, 1829) Engraulis anchoita Hubbs e Marini, 1935 Lycengraulis grossidens (Agassiz, 1829) Pristigasteridae Chirocentrodon bleekerianus (Poey, 1867) Odontognathus mucronatus Lacepède, 1800 Pellona harroweri (Fowler, 1917) Characiformes Characidae Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758) Astyanax fasciatus (Cuvier, 1819) Astyanax janeiroensis Eigenmann, 1908 Hyphessobrycon bifasciatus Ellis, 1911 Hyphessobrycon luetkenii (Boulenger, 1887) Hyphessobrycon reticulatus Ellis, 1911 Metynnis maculatus (Kner, 1858) Oligosarcus hepsetus (Cuvier, 1829) Curimatidae Cyphocharax gilbert (Quoy e Gaimard, 1824) Erythrinidae Hoplerythrinus unitaeniatus (Spix e Agassiz, 1829) Hoplias malabaricus (Bloch, 1794)
Prochilodontidae Prochilodus lineatus (Valenciennes, 1837) Siluriformes Ariidae Aspistor luniscutis (Valenciennes, 1840) Bagre bagre (Linnaeus, 1766) Bagre marinus (Mitchill, 1815) Cathorops spixii (Agassiz, 1829) Genidens barbus (Lacepède, 1803) Genidens genidens (Cuvier, 1829) Genidens machadoi (Miranda Ribeiro, 1918) Notarius grandicassis (Valenciennes, 1840) Potamarius grandoculis (Steindachner, 1877) Auchenipteridae Trachelyopterus striatulus (Steindachner, 1877) Callichthyidae Callichthys callichthys (Linnaeus, 1758) Hoplosternum littorale (Hancock, 1828) Clariidae Clarias gariepinus (Burchell, 1822) Heptapteridae Pimelodella lateristriga (Lichtenstein, 1823) Rhamdia quelen (Quoy e Gaimard, 1824) Gymnotiformes Gymnotidae Gymnotus carapo Linnaeus, 1758 Hypopomidae Brachyhypopomus janeiroensis (Costa e Campos-da-Paz 1992) Aulopiformes Synodontidae Synodus foetens (Linnaeus, 1766) Synodus intermedius (Spix e Agassiz, 1829) Synodus synodus (Linnaeus, 1758) Trachinocephalus myops (Forster, 1801) Gadiformes Phycidae Urophycis brasiliensis (Kaup, 1858) Ophidiiformes Ophidiidae Raneya brasiliensis (Kaup, 1856) Batrachoidiformes Batrachoididae Porichthys porosissimus (Cuvier, 1829) Thalassophryne montevidensis (Berg, 1893) Lophiiformes Antennariidae Antennarius multiocellatus (Valenciennes, 1837) Antennarius striatus (Shaw, 1794) Continua
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Tabela 3. (Continuação) Lista das espécies de peixes costeiros (marinhos e continentais) da Bacia de Campos, com registros confirmados ou de ocorrência altamente provável dentro da isóbata de 25 m. Ver texto para mais detalhes.
Tabela 3. (Continuação) Lista das espécies de peixes costeiros (marinhos e continentais) da Bacia de Campos, com registros confirmados ou de ocorrência altamente provável dentro da isóbata de 25 m. Ver texto para mais detalhes.
Ogcocephalidae Ogcocephalus notatus (Valenciennes, 1837) Ogcocephalus vespertilio (Linnaeus, 1758) Mugiliformes Mugilidae Mugil curema Valenciennes, 1836 Mugil curvidens Valenciennes, 1836 Mugil incilis Hancock, 1830 Mugil liza Valenciennes, 1836 Beloniformes Belonidae Ablennes hians (Valenciennes, 1846) Strongylura marina (Walbaum, 1792) Strongylura timucu (Walbaum, 1792) Tylosurus acus (Lacepède, 1803) Exocoetidae Cheilopogon cyanopterus (Valenciennes, 1847) Cheilopogon melanurus (Valenciennes, 1847) Cheilopogon pinnatibarbatus (Bennett, 1831) Exocoetus obtusirostris Günther, 1866 Parexocoetus brachypterus (Richardson, 1846) Hemiramphidae Hemiramphus balao Lesueur, 1821 Hemiramphus brasiliensis (Linnaeus, 1758) Hyporhamphus roberti (Valenciennes, 1847) Hyporhamphus unifasciatus (Ranzani, 1841) Atheriniformes Atherinopsidae Atherinella blackburni (Schultz, 1949) Atherinella brasiliensis (Quoy e Gaimard, 1825) Odontesthes argentinensis (Valenciennes, 1835) Cyprinodontiformes Anablepidae Jenynsia multidentata (Jenyns 1842) Poeciliidae Phalloceros harpagos Lucinda, 2008 Phalloptychus januarius (Hensel, 1868) Poecilia vivipara Bloch e Schneider, 1801 Beryciformes Holocentridae Holocentrus adscensionis (Osbeck, 1765) Myripristis jacobus Cuvier, 1829 Plectrypops retrospinis (Guichenot, 1853) Sargocentron bullisi (Woods, 1955) Gasterosteiformes Aulostomidae Aulostomus strigosus Wheeler, 1955
Fistulariidae Fistularia petimba Lacepède, 1803 Fistularia tabacaria Linnaeus, 1758 Syngnathidae Cosmocampus albirostris (Kaup, 1856) Halicampus crinitus (Jenyns, 1842) Hippocampus erectus Perry, 1810 Hippocampus reidi Ginsburg, 1933 Microphis lineatus (Kaup, 1856) Pseudophallus mindi (Meek e Hildebrand, 1923) Syngnathus pelagicus Linnaeus, 1758 Synbranchiformes Synbranchidae Synbranchus marmoratus Bloch, 1795 Scorpaeniformes Dactylopteridae Dactylopterus volitans (Linnaeus, 1758) Scorpaenidae Scorpaena brasiliensis Cuvier, 1829 Scorpaena dispar Longley e Hildebrand, 1940 Scorpaena isthmensis Meek e Hildebrand, 1928 Scorpaena plumieri Bloch, 1789 Scorpaenodes tredecimspinosus (Metzelaar, 1919) Triglidae Prionotus nudigula Ginsburg, 1950 Prionotus punctatus (Bloch, 1793) Perciformes Centropomidae Centropomus ensiferus Poey, 1860 Centropomus parallelus Poey, 1860 Centropomus pectinatus Poey, 1860 Centropomus undecimalis (Bloch, 1792) Serranidae Alphestes afer (Bloch, 1793) Cephalopholis fulva (Linnaeus, 1758) Dermatolepis inermis (Valenciennes, 1833) Diplectrum formosum (Linnaeus, 1766) Diplectrum radiale (Quoy e Gaimard, 1824) Dules auriga Cuvier, 1829 Epinephelus itajara (Lichtenstein, 1822) Epinephelus marginatus (Lowe, 1834) Epinephelus morio (Valenciennes, 1828) Liopropoma carmabi (Randall, 1963) Mycteroperca acutirostris (Valenciennes, 1828) Mycteroperca bonaci (Poey, 1860) Mycteroperca interstitialis (Poey, 1860) Mycteroperca microlepis (Goode e Bean, 1879) Continua
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Tabela 3. (Continuação) Lista das espécies de peixes costeiros (marinhos e continentais) da Bacia de Campos, com registros confirmados ou de ocorrência altamente provável dentro da isóbata de 25 m. Ver texto para mais detalhes. Mycteroperca tigris (Valenciennes, 1833) Mycteroperca venenosa (Linnaeus, 1758) Paranthias furcifer (Valenciennes, 1828) Rypticus bistrispinus (Mitchill, 1818) Rypticus randalli Courtenay, 1967 Rypticus saponaceus (Bloch e Schneider, 1801) Rypticus subbifrenatus Gill, 1861 Serranus atrobranchus (Cuvier, 1829) Serranus baldwini (Evermann e Marsh, 1899) Serranus flaviventris (Cuvier, 1829) Grammatidae Gramma brasiliensis Sazima, Gasparini e Moura, 1998 Opistognathidae Opistognathus cuvierii Valenciennes, 1836 Priacanthidae Heteropriacanthus cruentatus (Lacepède, 1801) Priacanthus arenatus Cuvier, 1829 Apogonidae Apogon americanus Castelnau, 1855 Apogon planifrons Longley e Hildebrand, 1940 Apogon pseudomaculatus Longley, 1932 Apogon quadrisquamatus Longley, 1934 Astrapogon puncticulatus (Poey, 1867) Phaeoptyx pigmentaria (Poey, 1860) Malacanthidae Malacanthus plumieri (Bloch, 1786) Pomatomidae Pomatomus saltatrix (Linnaeus, 1766) Rachycentridae Rachycentron canadum (Linnaeus, 1766) Carangidae Carangoides bartholomaei Cuvier, 1833 Carangoides ruber (Bloch, 1793) Caranx crysos (Mitchill 1815) Caranx hippos (Linnaeus, 1766) Caranx latus Agassiz, 1831 Chloroscombrus chrysurus (Linnaeus, 1766) Decapterus macarellus (Cuvier, 1833) Decapterus punctatus (Cuvier, 1829) Decapterus tabl Berry, 1968 Hemicaranx amblyrhynchus (Cuvier, 1833) Oligoplites palometa (Cuvier, 1832) Oligoplites saliens (Bloch, 1793) Oligoplites saurus (Bloch e Schneider, 1801) Parona signata (Jenyns, 1841) Pseudocaranx dentex (Bloch e Schneider, 1801) Selar crumenophthalmus (Bloch, 1793)
Tabela 3. (Continuação) Lista das espécies de peixes costeiros (marinhos e continentais) da Bacia de Campos, com registros confirmados ou de ocorrência altamente provável dentro da isóbata de 25 m. Ver texto para mais detalhes. Selene setapinnis (Mitchill, 1815) Selene vomer (Linnaeus, 1758) Trachinotus carolinus (Linnaeus, 1766) Trachinotus falcatus (Linnaeus, 1758) Trachinotus goodei Jordan e Evermann, 1896 Trachinotus marginatus Cuvier, 1832 Lutjanidae Lutjanus jocu (Bloch e Schneider, 1801) Lutjanus synagris (Linnaeus, 1758) Ocyurus chrysurus (Bloch, 1791) Rhomboplites aurorubens (Cuvier, 1829) Lobotidae Lobotes surinamensis (Bloch, 1790) Gerreidae Diapterus auratus Ranzani, 1842 Diapterus rhombeus (Cuvier, 1829) Eucinostomus argenteus Baird e Girard, 1855 Eucinostomus gula (Quoy e Gaimard, 1824) Eucinostomus harengulus Goode e Bean, 1879 Eucinostomus melanopterus (Bleeker, 1863) Eugerres brasilianus (Cuvier, 1830) Gerres cinereus (Walbaum, 1792) Ulaema lefroyi (Goode, 1874) Haemulidae Anisotremus moricandi (Ranzani, 1842) Anisotremus surinamensis (Bloch, 1791) Anisotremus virginicus (Linnaeus, 1758) Boridia grossidens Cuvier, 1830 Conodon nobilis (Linnaeus, 1758) Genyatremus luteus (Bloch, 1790) Haemulon aurolineatum Cuvier, 1830 Haemulon parra (Desmarest, 1823) Haemulon plumieri (Lacepède, 1801) Haemulon sciurus (Shaw 1803) Haemulon steindachneri (Jordan e Gilbert, 1882) Orthopristis ruber (Cuvier, 1830) Pomadasys corvinaeformis (Steindachner, 1868) Pomadasys crocro (Cuvier, 1830) Pomadasys ramosus (Poey, 1860) Sparidae Archosargus probatocephalus (Walbaum, 1792) Archosargus rhomboidalis (Linnaeus, 1758) Calamus penna (Valenciennes, 1830) Calamus pennatula Guichenot, 1868 Diplodus argenteus (Valenciennes, 1830) Pagrus pagrus (Linnaeus, 1758)
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P eixes C osteiros da B acia de C ampos
Tabela 3. (Continuação) Lista das espécies de peixes costeiros (marinhos e continentais) da Bacia de Campos, com registros confirmados ou de ocorrência altamente provável dentro da isóbata de 25 m. Ver texto para mais detalhes. Sciaenidae Bairdiella ronchus (Cuvier, 1830) Ctenosciaena gracilicirrhus (Metzelaar, 1919) Cynoscion acoupa (Lacepède, 1801) Cynoscion jamaicensis (Vaillant e Bocourt, 1883) Cynoscion leiarchus (Cuvier, 1830) Cynoscion microlepidotus (Cuvier, 1830) Cynoscion virescens (Cuvier, 1830) Equetus lanceolatus (Linnaeus, 1758) Isopisthus parvipinnis (Cuvier, 1830) Larimus breviceps Cuvier, 1830 Macrodon ancylodon (Bloch e Schneider, 1801) Menticirrhus americanus (Linnaeus, 1758) Menticirrhus littoralis (Holbrook, 1847) Micropogonias furnieri (Desmarest, 1823) Nebris microps Cuvier, 1830 Odontoscion dentex (Cuvier, 1830) Ophioscion punctatissimus Meek e Hildebrand, 1925 Paralonchurus brasiliensis (Steindachner, 1875) Pareques acuminatus (Bloch e Schneider, 1801) Pogonias cromis (Linnaeus, 1766) Stellifer brasiliensis (Schultz, 1945) Stellifer naso (Jordan, 1889) Stellifer rastrifer (Jordan, 1889) Stellifer stellifer (Bloch, 1790) Umbrina canosai Berg, 1895 Umbrina coroides Cuvier, 1830 Polynemidae Polydactylus oligodon (Günther, 1860) Polydactylus virginicus (Linnaeus, 1758) Mullidae
Tabela 3. (Continuação) Lista das espécies de peixes costeiros (marinhos e continentais) da Bacia de Campos, com registros confirmados ou de ocorrência altamente provável dentro da isóbata de 25 m. Ver texto para mais detalhes. Holacanthus ciliaris (Linnaeus, 1758) Holacanthus tricolor (Bloch, 1795) Pomacanthus arcuatus (Linnaeus, 1758) Pomacanthus paru (Bloch, 1787) Cirrhitidae Amblycirrhitus pinos (Mowbray, 1927) Cichlidae Australoheros sp. Coptodon rendalli (Boulenger, 1897) Crenicichla lacustris (Castelnau, 1855) Geophagus brasiliensis Quoy e Gaimard, 1824 Pomacentridae Abudefduf saxatilis (Linnaeus, 1758) Chromis flavicauda (Günther, 1880) Chromis jubauna Moura, 1995 Chromis multilineata (Guichenot, 1853) Microspathodon chrysurus (Cuvier, 1830) Stegastes fuscus (Cuvier, 1830) Stegastes pictus (Castelnau, 1855) Stegastes uenfi Novelli, Nunan e Lima, 2000 Stegastes variabilis (Castelnau, 1855) Cirrhitidae Amblycirrhitus pinos (Mowbray, 1927) Labridae Bodianus pulchellus (Poey, 1860) Bodianus rufus (Linnaeus, 1758) Clepticus brasiliensis Heiser, Moura e Robertson, 2000 Decodon puellaris (Poey, 1860) Doratonotus megalepis Günther, 1862 Halichoeres brasiliensis (Bloch, 1791) Halichoeres cyanocephalus (Bloch, 1791) Halichoeres dimidiatus (Agassiz, 1831) Halichoeres maculipinna (Müller e Troschel, 1848) Halichoeres poeyi (Steindachner, 1867) Halichoeres radiatus (Linnaeus, 1758) Halichoeres sazimai Luiz, Ferreira e Rocha, 2009 Thalassoma noronhanum (Boulenger, 1890) Xyrichtys novacula (Linnaeus, 1758) Scaridae Cryptotomus roseus Cope, 1871 Nicholsina usta (Valenciennes, 1840) Scarus zelindae Moura, Figueiredo e Sazima, 2001 Sparisoma amplum (Ranzani, 1841) Sparisoma atomarium (Poey, 1861) Sparisoma axillare (Steindachner, 1878) Sparisoma frondosum (Agassiz, 1831) Sparisoma radians (Valenciennes, 1840) Sparisoma tuiupiranga Gasparini, Joyeux e Floeter, 2003
Mulloidichthys martinicus (Cuvier, 1829) Mullus argentinae Hubbs e Marini, 1933 Pseudupeneus maculatus (Bloch, 1793) Upeneus parvus Poey, 1852 Pempheridae Pempheris schomburgkii Müller e Troschel, 1848 Kyphosidae Kyphosus incisor (Cuvier, 1831) Kyphosus sectatrix (Linnaeus, 1758) Chaetodontidae Chaetodon ocellatus Bloch, 1787 Chaetodon sedentarius Poey, 1860 Chaetodon striatus Linnaeus, 1758 Prognathodes brasiliensis Burgess, 2001 Pomacanthidae Centropyge aurantonotus Burgess, 1974
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Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
Tabela 3. (Continuação) Lista das espécies de peixes costeiros (marinhos e continentais) da Bacia de Campos, com registros confirmados ou de ocorrência altamente provável dentro da isóbata de 25 m. Ver texto para mais detalhes. Uranoscopidae Astroscopus sexspinosus (Steindachner, 1876) Astroscopus ygraecum (Cuvier, 1829) Tripterygiidae Enneanectes altivelis Rosenblatt, 1960 Labrisomidae Labrisomus cricota Sazima, Gasparini e Moura, 2002 Labrisomus kalisherae (Jordan, 1904) Labrisomus nuchipinnis (Quoy e Gaimard, 1824) Malacoctenus delalandii (Valenciennes, 1836) Malacoctenus triangulatus Springer, 1959 Paraclinus arcanus Guimarães e Bacellar, 2002 Starksia brasiliensis (Gilbert, 1900) Clinidae Ribeiroclinus eigenmanni (Jordan, 1888) Chaenopsidae Emblemariopsis signifer (Ginsburg, 1942) Gobiesocidae Gobiesox strumosus Cope, 1870 Tomicodon fasciatus (Peters, 1859) Dactyloscopidae Dactyloscopus crossotus Starks, 1913 Dactyloscopus foraminosus Dawson, 1982 Dactyloscopus tridigitatus Gill, 1859 Blenniidae Hypleurochilus fissicornis (Quoy e Gaimard, 1824) Hypleurochilus pseudoaequipinnis Bath, 1994 Hypsoblennius invemar Smith-Vaniz e Acero P., 1980 Lupinoblennius paivai (Pinto, 1958) Ophioblennius atlanticus (Valenciennes, 1836) Parablennius marmoreus (Poey, 1876) Parablennius pilicornis (Cuvier, 1829) Scartella cristata (Linnaeus, 1758) Callionymidae Callionymus bairdi Jordan, 1888 Eleotridae Dormitator maculatus (Bloch, 1792) Eleotris pisonis (Gmelin, 1789) Guavina guavina (Valenciennes, 1837) Gobiidae Awaous tajasica (Lichtenstein, 1822) Barbulifer ceuthoecus (Jordan e Gilbert, 1884) Bathygobius soporator (Valenciennes, 1837) Coryphopterus dicrus Böhlke e Robins, 1960 Coryphopterus glaucofraenum Gill, 1863 Coryphopterus thrix Böhlke e Robins, 1960 Ctenogobius boleosoma (Jordan e Gilbert, 1882)
Tabela 3. (Continuação) Lista das espécies de peixes costeiros (marinhos e continentais) da Bacia de Campos, com registros confirmados ou de ocorrência altamente provável dentro da isóbata de 25 m. Ver texto para mais detalhes. Ctenogobius saepepallens (Gilbert e Randall, 1968) Ctenogobius shufeldti (Jordan e Eigenmann, 1887) Ctenogobius smaragdus (Valenciennes, 1837) Ctenogobius stigmaticus (Poey, 1860) Elacatinus figaro Sazima, Moura e Rosa, 1997 Evorthodus lyricus (Girard, 1858) Gnatholepis thompsoni Jordan, 1904 Gobioides broussonnetii Lacepède, 1800 Gobionellus oceanicus (Pallas, 1770) Gobionellus stomatus Starks, 1913 Gobiosoma hemigymnum (Eigenmann e Eigenmann, 1888) Gobiosoma nudum (Meek e Hildebrand, 1928) Lythrypnus brasiliensis Greenfield, 1988 Microgobius carri Fowler, 1945 Priolepis dawsoni Greenfield, 1989 Microdesmidae Ptereleotris randalli Gasparini, Rocha e Floeter, 2001 Ephippidae Chaetodipterus faber (Broussonet, 1782) Acanthuridae Acanthurus bahianus Castelnau, 1855 Acanthurus chirurgus (Bloch, 1787) Acanthurus coeruleus Bloch e Schneider, 1801 Sphyraenidae Sphyraena barracuda (Edwards, 1771) Sphyraena guachancho Cuvier, 1829 Sphyraena sphyraena (Linnaeus, 1758) Sphyraena tome Fowler, 1903 Trichiuridae Trichiurus lepturus Linnaeus, 1758 Scombridae Auxis rochei (Risso, 1810) Auxis thazard (Lacepède, 1800) Euthynnus alletteratus (Rafinesque, 1810) Scomber colias Gmelin, 1789 Stromateidae Peprilus paru (Linnaeus, 1758) Pleuronectiformes Achiridae Achirus declivis Chabanaud, 1940 Achirus lineatus (Linnaeus, 1758) Catathyridium garmani (Jordan, 1889) Gymnachirus nudus Kaup, 1858 Trinectes microphthalmus (Chabanaud, 1928) Trinectes paulistanus (Miranda Ribeiro, 1915) Bothidae Bothus ocellatus (Agassiz, 1831) Bothus robinsi Topp e Hoff, 1972
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P eixes C osteiros da B acia de C ampos
Tabela 3. (Continuação) Lista das espécies de peixes costeiros (marinhos e continentais) da Bacia de Campos, com registros confirmados ou de ocorrência altamente provável dentro da isóbata de 25 m. Ver texto para mais detalhes. Cynoglossidae Symphurus diomedeanus (Goode e Bean, 1885) Symphurus jenynsi Evermann e Kendall, 1906 Symphurus plagusia (Bloch e Schneider, 1801) Symphurus tessellatus (Quoy e Gaimard, 1824) Symphurus trewavasae Chabanaud, 1948 Paralichthyidae Citharichthys arenaceus Evermann e Marsh, 1900 Citharichthys macrops Dresel, 1885 Citharichthys spilopterus Günther, 1862 Cyclopsetta chittendeni Bean, 1895 Cyclopsetta fimbriata (Goode e Bean, 1885) Etropus crossotus Jordan e Gilbert, 1882 Etropus longimanus Norman, 1933 Paralichthys brasiliensis (Ranzani, 1842) Paralichthys orbignyanus (Valenciennes, 1839) Paralichthys patagonicus Jordan, 1889 Syacium micrurum Ranzani, 1842 Syacium papillosum (Linnaeus, 1758) Tetraodontiformes Balistidae Balistes capriscus Gmelin, 1789 Balistes vetula Linnaeus, 1758
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Tabela 3. (Continuação) Lista das espécies de peixes costeiros (marinhos e continentais) da Bacia de Campos, com registros confirmados ou de ocorrência altamente provável dentro da isóbata de 25 m. Ver texto para mais detalhes. Diodontidae Chilomycterus reticulatus (Linnaeus, 1758) Chilomycterus spinosus (Linnaeus, 1758) Diodon holocanthus Linnaeus, 1758 Diodon hystrix Linnaeus, 1758 Monacanthidae Aluterus heudelotii Hollard, 1855 Aluterus monoceros (Linnaeus, 1758) Aluterus scriptus (Osbeck, 1765) Cantherhines macrocerus (Hollard, 1853) Cantherhines pullus (Ranzani, 1842) Monacanthus ciliatus (Mitchill, 1818) Stephanolepis hispidus (Linnaeus, 1766) Stephanolepis setifer (Bennett, 1831) Ostraciidae Acanthostracion polygonius Poey, 1876 Acanthostracion quadricornis (Linnaeus, 1758) Lactophrys trigonus (Linnaeus, 1758) Tetraodontidae Canthigaster figueiredoi Moura e Castro, 2002 Lagocephalus laevigatus (Linnaeus, 1766) Lagocephalus lagocephalus (Linnaeus, 1758) Sphoeroides greeleyi Gilbert, 1900 Sphoeroides spengleri (Bloch, 1785) Sphoeroides testudineus (Linnaeus, 1758) Sphoeroides tyleri Shipp, 1972
Referências Castelao, R.M., Campos, E.J.D., Miller, J.L. 2004. A modeling study of coastal upwelling driven by wind and meanders of the Brazil Current. Journal of Coastal Research. 20(3): 662-671. Costa, W.J.E.M. 2002. Peixes anuais brasileiros: diversidade e conservação. Rio de Janeiro: Editora UFPR. Di Dario, F., Petry, A.C., Mincarone, M.M., Pereira, M.M.S., Santos, R.M. 2011. New records of coastal fishes in the northern Rio de Janeiro State, Brazil, with comments on the biogeography of the Southwestern Atlantic Ocean. Journal of Fish Biology. 79(2): 546-555. Eschmeyer, W.N., Fricke, R., van der Laan, R. 2016. Catalog of Fishes. California: California Academy of Sciences. [acesso em: 2016 jul. 03]; Disponível em: http://www.calacademy.org/scientists/projects/catalog-of-fishes Figueiredo, J.L., Santos, A.P., Yamaguti, N., Bernardes, R.A., Del Bianco Rossi-Wongtschowski, C.L. 2002. Peixes da Zona Econômica Exclusiva da Região Sul-Sudeste do Brasil. São Paulo: Edusp. Gomes, U.L., Signori, C.N, Gadig, O.B.F., Santos, H. R. S. 2010. Guia para identificação de tubarões e raias do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Technical Books. International Union for Conservation of Nature (IUCN). 2012. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2012-2. [acesso em: 2012 dez. 5]; Disponível em: www.iucnredlist.org. Luiz-Junior, O.J., Floeter, S.R., Gasparini, J.L., Ferreira, C.E.L., Wirtz, P. 2004. The occurrence of Acanthurus monroviae
(Perciformes: Acanthuridae) in the South-western Atlantic, with comments on other eastern Atlantic reef fishes occurring in Brazil. Journal of Fish Biology. 65(4): 1173-1179. Longhurst, A.R., Pauly, D. 1987. Ecology of tropical oceans. International Center for Living Aquatic Resources Management Contribution 389. Orlando: Academic Press. Matsuura, Y. 1996. A probable cause of recruitment failure of the Brazilian sardine Sardinella aurita population during the 1974/75 spawning season. South African Journal of Marine Science. 17(1): 29-35. Menezes, N.A., Buckup, P.A., Figueiredo, J.L., Moura, R.L. 2003. Catálogo das espécies de peixes marinhos do Brasil. São Paulo: Universidade de São Paulo, Museu de Zoologia. Menezes, N.A., Figueiredo, J.L. 1980. Manual de peixes marinhos do Sudeste do Brasil, II: Teleostei (1). São Paulo: Universidade de São Paulo, Museu de Zoologia. Menezes, N.A., Figueiredo, J.L. 2000. Manual de peixes marinhos do Sudeste do Brasil, VI: Teleostei (5). São Paulo: Universidade de São Paulo, Museu de Zoologia. Nelson, J.S. 2006. Fishes of the World. 4th. ed. Hoboken: John Wiley & Sons. Palma, E. D., Matano, R. P. 2009. Disentangling the upwelling mechanisms of the South Brazil Bight. Continental Shelf Research. 29(11/12): 1525-1534.
9 Quelônios Marinhos da Bacia de Campos Estéfane Cardinot Reis
Introdução Cinco espécies de tartarugas marinhas ocorrem no Brasil, sendo Caretta caretta, Chelonia mydas, Eretmochelys imbricata e Lepidochelys olivacea pertencentes à família Cheloniidae, e Dermochelys coriacea, a única representante da família Dermochelyidae. Todas frequentam a Bacia de Campos (Martins e Molina, 2008; Santos et al., 2011a) e são popularmente conhecidas como tartaruga-cabeçuda, tartaruga-verde, tartaruga-de-pente, tartaruga-oliva e tartaruga-de-couro, respectivamente (Marcovaldi e Marcovaldi, 1999). A área de influência da Bacia de Campos é uma potencial zona de alimentação para essas espécies, tendo em vista a ocorrência do fenômeno de ressurgência em Cabo Frio (Costa e Fernandes, 1993; Valentin, 2001), que aumenta a produtividade primária e consequentemente a disponibilidade de alimento para estes animais (Polovina et al., 2004; James et al., 2005a; Amorocho e Reina, 2007), e o aporte de matéria orgânica proveniente do Rio Paraíba do Sul, que também pode contribuir nesse processo (Reis et al., 2010a). As tartarugas marinhas apresentam um ciclo de vida longo e complexo, envolvendo maturação sexual tardia, migrações transoceânicas, alternância de habitats e de recursos alimentares (Márquez, 1990). Em linhas gerais, após atingirem a maturidade sexual, com cerca de 20 a 30 anos (Frazer e Ehrhart, 1985; Klinger e Musick, 1995), os animais adultos migram de áreas de alimentação para áreas de reprodução, geralmente próximas aos sítios de desova (Limpus et al., 1992). O acasalamento ocorre cerca de dois meses antes do início das desovas. Durante o período reprodutivo, uma fêmea pode ser fecundada por vários machos (Meylan e Meylan, 2000). Os machos regressam então às zonas de alimentação, enquanto as fêmeas permanecem nos sítios de desova por cerca de dois meses, período em que realizam de três a seis posturas em média, com
intervalos de aproximadamente quinze dias. Cada ninho possui em média 120 ovos que permanecem em incubação por 50-60 dias (Miller, 1997).
No litoral brasileiro, as desovas acontecem geralmente entre setembro e março, com peque-
nas variações entre as diferentes espécies, e nas ilhas oceânicas (somente de C. mydas), entre dezembro e maio (Marcovaldi e Marcovaldi, 1999). O tempo de incubação está diretamente rela-
cionado com a temperatura do ninho, de forma que temperaturas mais frias implicam tempos de
incubação mais longos. A temperatura de incubação dos ovos determinará também o sexo dos filhotes durante a embriogênese: quanto mais elevada a temperatura, maior o índice de eclosão de fêmeas, e quanto mais baixa, maior o índice de eclosão de machos. A temperatura pivotal, na
qual é gerada a proporção sexual de 1:1, fica em torno de 30 oC, sendo ligeiramente variável entre as diferentes espécies (Mrosovsky, 1994). Entretanto, o dimorfismo sexual só é aparente na fase adulta, quando a cauda do macho torna-se mais grossa e maior que a da fêmea, ultrapassando consideravelmente o limite da carapaça (Pritchard e Mortimer, 2000).
Dados de marcação e recaptura, assim como de genética e de telemetria, indicam o com-
portamento filopátrico das fêmeas (Bjorndal et al., 1983; Bowen et al., 1992, 2004; Godley et al.,
2008), que consiste na utilização e fidelidade ao sítio natal para as consecutivas desovas, a cada temporada reprodutiva, já na fase adulta.
Alguns estudos já sugeriram também que os machos apresentam comportamento de fide-
lidade ao sítio reprodutivo (Limpus, 1993; FitzSimmons et al., 1997; James et al., 2005b), assim
como às zonas de alimentação, o que também ocorre com as fêmeas (Broderick et al., 2007; Schofield et al., 2010). No entanto, as tartarugas marinhas (particularmente as fêmeas) não repro-
duzem anualmente, havendo um intervalo variável entre as migrações reprodutivas/eventos de desova (Carr e Carr, 1970; Carr et al., 1978; Bull e Shine, 1979; Godley et al., 2002).
Reis, E.C. 2017. Quelônios marinhos da Bacia de Campos. In: Lima, S.O.F., editora. Atlas de sensibilidade ambiental ao óleo: caracterização ambiental regional da Bacia de Campos, Atlântico Sudoeste. Rio de Janeiro: Elsevier. Habitats, v. 9. p. 127-134.
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Q u el ô nios M arinhos da B acia de C ampos
Apesar de este intervalo variar entre populações e espécies, o mais comum é o de cerca de 2-3 anos (Troëng e Chaloupka, 2007), observado inclusive para as C. caretta que desovam no norte da Bahia (Marcovaldi et al., 2010). Após a eclosão, os filhotes se orientam em direção ao mar aberto, incorporando-se às comunidades pelágicas à deriva. Os primeiros anos são denominados “anos perdidos”, já que pouco se conhece sobre o que ocorre neste período. No entanto, há indícios de que os filhotes desloquem-se passivamente impulsionados pelas principais correntes (Carr, 1986; Bolten et al., 1998), sendo frequentemente encontrados em associação com bancos de algas, alimentando-se de zooplâncton na superfície. Em seguida, migram para áreas de alimentação e desenvolvimento, geralmente mais costeiras, onde assumem uma dieta onívora e atingem a fase adulta (Meylan e Meylan, 2000). As tartarugas-de-couro são a exceção a esse ciclo de vida padrão, uma vez que, após a eclosão, os filhotes tornam-se forrageiros ativos em zonas de convergência e ressurgência, mantendo-se em águas mais profundas tanto no estágio juvenil quanto adulto (Musick e Limpus, 1997; Milton e Lutz, 2010a). As cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil são consideradas ameaçadas de extinção em âmbito nacional e mundial. Segundo o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Ministério do Meio Ambiente, C. caretta e C. mydas são categorizadas como “vulneráveis” (VU), E. imbricata e L. olivacea como “em perigo” (EN) e D. coriacea como “criticamente em perigo” (CR) (Martins e Molina, 2008) (Tabela 1). Mais recentemente, o estado de conservação dessas espécies foi revisto e publicado no número temático “Biodiversidade Brasileira – Avaliação do Estado de Conservação das Tartarugas Marinhas” do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ratificado pelo Plano de Ação Nacional para Conservação das Tartarugas Marinhas (Santos et al., 2011a) e pela Portaria 444, de 17 de dezembro de 2014, do Ministério do Meio Ambiente. Segundo essa nova avaliação, a espécie C. caretta passou à categoria de “em perigo” (EN) (Santos et al., 2011a, 2011b) e E. imbricata à de “criticamente em perigo” (CR) (Marcovaldi et al., 2011) (Tabela 1). Já segundo a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (International Union for Conservation of Nature – IUCN, 2014), C. caretta, C. mydas e L. olivacea são consideradas “em perigo” (EN) e E. imbricata e D. coriacea como
Tabela 1. Lista de espécies de quelônios marinhos que ocorrem na Bacia de Campos e seus respectivos status de ameaça segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (International Union for Conservation of Nature – IUCN, 2014), o Ministério do Meio Ambiente do Brasil (Martins e Molina, 2008) e o Plano de Ação Nacional para Conservação das Tartarugas Marinhas (Santos et al., 2011a). Dados específicos para três estados brasileiros: Espírito Santo (ES), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP) (Martins e Molina, 2008). Onde: VU – vulnerável, EN – em perigo, CR – criticamente em perigo, (*) classificação segundo Martins e Molina (2008), (**) classificação segundo Santos et al. (2011a). Status de ameaça Espécie
Nome popular
IUCN
Brasil
ES
RJ
SP
Chelonia mydas
Tartaruga-verde
EN
VU* / VU**
VU
VU
EN
Caretta caretta
Tartaruga-cabeçuda
EN
VU* / EN**
VU
VU
EN
Eretmochelys imbricata
Tartaruga-de-pente
CR
EN* / CR**
EN
VU
EN
Lepidochelys olivacea
Tartaruga-oliva
EN
EN* / EN**
EN
–
EN
Dermochelys coriacea
Tartaruga-de-couro
CR
CR* / CR**
CR
VU
EN
“criticamente em perigo” (CR) (Tabela 1). Além disso, todas estão incluídas no Apêndice I da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Fauna e Flora Selvagem (Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora – CITES, 2014). No Brasil, as tartarugas marinhas foram historicamente muito exploradas. Até 1980, quase todos os ovos depositados nas praias ao longo do litoral brasileiro eram removidos e as fêmeas abatidas para o consumo de carne (Marcovaldi e Marcovaldi, 1999; Marcovaldi et al., 2005; Santos et al., 2011a). Tais ações passaram a ser combatidas pelo Programa Nacional de Conservação da Tartaruga Marinha (Projeto TAMAR), criado pelo governo brasileiro em 1980, e pela legislação de proteção a todas as espécies de tartarugas marinhas no Brasil, decretada pela Portaria da Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE) 05/N 1986, de 31 de janeiro de 1986 (Marcovaldi e Marcovaldi, 1999). Contudo, mais recentemente, elas ficaram expostas a outros perigos. De forma ampla, a ocupação humana tem sido responsável pela degradação dos ambientes costeiros e pela consequente ameaça a esses organismos por meio da descaracterização e/ou perda de sítios de desova e de alimentação, decorrente da destruição da vegetação nativa, do aumento do tráfego de veículos e de embarcações, da iluminação artificial, da poluição das praias e da contaminação dos mares (National Research Council, 1990; Bugoni et al., 2001; Corcoran et al., 2009; Milton e Lutz, 2010b; Schuyler et al., 2013). Mais recentemente, o aparecimento de doenças (Aguirre et al., 1994; Baptistotte, 2007; Manire et al., 2008) e até mesmo os efeitos das mudanças climáticas, como a perda de sítios de desova pela elevação do nível do mar, alteração drástica da razão sexual de algumas populações e variação da disponibilidade de alimentos (Weishampel et al., 2004; Fish et al., 2005; Hawkes et al., 2007), também têm afetado negativamente suas populações. No entanto, atualmente, as principais causas de morte de tartarugas marinhas ao longo de todo o litoral brasileiro estão relacionadas com as interações com atividades pesqueiras e à ingestão de resíduos sólidos de origem antropogênica (Kotas et al., 2004; Mascarenhas et al., 2004; Gallo et al., 2006; Marcovaldi et al., 2006; Ivar-do-Sul e Costa, 2007; Bugoni et al., 2008; Sales et al., 2008; Santos et al., 2009; Lima et al., 2010; Reis et al., 2010a; Tourinho et al., 2010; Ivar-do-Sul et al., 2011; López-Barrera et al., 2012). Particularmente na Bacia de Campos, responsável por cerca de 70% da produção nacional de petróleo e por 35% da produção de gás natural em 2013 (Jablonski, 2008; ANP, 2013), as atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural (E&P) potencialmente adicionam novas ameaças à biodiversidade marinha local, associadas a vazamentos e derramamentos de substâncias derivadas de hidrocarbonetos do petróleo, extremamente danosas à saúde do ecossistema marinho (Silva et al., 2008). Nesse sentido, dados relativos à ocorrência de quelônios marinhos na área de influência da Bacia de Campos foram compilados e inseridos no Sistema de Informações de Sensibilidade Ambiental (MAPS), com o intuito de gerar mapas de sensibilidade a vazamentos de óleo. Todas as informações cadastradas nesse sistema foram disponibilizadas em uma base cartográfica georreferenciada para apoio à tomada de decisões em casos de acidentes ambientais envolvendo esse tipo de substância.
Metodologia As informações referentes à ocorrência de quelônios marinhos na área de influência da Bacia de Campos foram obtidas a partir de levantamentos bibliográficos de estudos realizados nessa região. Adicionalmente, foram considerados os dados gerados e compilados no âmbito do Projeto Habitats – Heterogeneidade Ambiental da Bacia de Campos, coordenado pela Petrobras/
Atlas de S ensibilidade A mbiental ao Ó leo
Cenpes, que recentemente incrementou o conhecimento sobre a diversidade, distribuição, sazonalidade e ameaças a esses organismos na região centro-norte fluminense. No contexto deste projeto, entre 2008 e 2010, foram realizados monitoramentos de praia com vistas a registrar os casos de encalhe de tartarugas marinhas na área de estudo. As informações oriundas de levantamentos bibliográficos foram cadastradas no Sistema de Informações de Sensibilidade Ambiental (MAPS), da Petrobras, desenvolvido em parceria com a Tecgraf/PUC-Rio. Após a inserção dos dados nesse sistema, foram gerados mapas para a representação visual da distribuição espacial das tartarugas marinhas na área de influência da Bacia de Campos. A representação dos recursos biológicos sensíveis ao vazamento de óleo seguiu o “Manual Básico para Elaboração de Cartas de Sensibilidade no Sistema Petrobras” e as “Especificações e Normas Técnicas para a Elaboração das Cartas de Sensibilidade Ambiental a Derramamentos de Óleo (Cartas SAO)”. Segundo essa metodologia, os recursos biológicos (espécies) foram divididos em grupos e subgrupos, em função de sua classificação taxonômica, e representados por ícones que refletiam tal sistema de agrupamento. Os grupos possuem um código de cores e os subgrupos, diferentes ícones conforme sua categoria.
Resultados e discussão A seguir, são apresentadas as principais informações referentes à ocorrência das diferentes espécies de quelônios marinhos na área de influência da Bacia de Campos compiladas a partir de levantamentos bibliográficos e no âmbito do “Projeto de Caracterização Regional da Bacia de Campos – PCR-BC/Habitats”:
Família Cheloniidae Chelonia mydas (Linnaeus, 1758)
A tartaruga-verde, C. mydas, apresenta distribuição cosmopolita, sendo encontrada em águas tropicais e subtropicais, principalmente costeiras e ao redor de ilhas, utilizando também estuários de rios e lagos (Hirth, 1997). Sua dieta é onívora enquanto filhote, tornando-se predominantemente herbívora a partir do estágio juvenil (Bjorndal, 1997), quando passam a frequentar áreas neríticas associadas a bancos de fanerógamas e macroalgas das quais se alimentam (Mortimer, 1982; Bjorndal e Bolten, 1988; Brand-Gardner et al., 1999). São altamente migratórias, tendo seus longos deslocamentos comprovados através de estudos de marcação e recaptura (Mortimer e Carr, 1987), telemetria (Hays et al., 2002; Godley et al., 2003; Luschi et al., 2003) e genética (Naro-Maciel et al., 2007, 2012; Proietti et al., 2009, 2012). No Brasil, é a espécie mais abundante, principalmente de indivíduos na fase juvenil, que se concentram em áreas de alimentação ao longo de toda a costa. As fêmeas, entretanto, desovam quase exclusivamente nas ilhas oceânicas de Atol das Rocas (RN), Fernando de Noronha (PE) e Trindade (ES), entre dezembro e junho, indicando um padrão temporal de desovas diferente daquele usualmente encontrado no litoral continental (Almeida et al., 2011a; Santos et al., 2011a). Desovas regulares, porém em pequeno número, também ocorrem no litoral norte da Bahia e desovas esporádicas já foram documentadas nos estados do Rio Grande do Norte, Sergipe, Espírito Santo e Rio de Janeiro (Almeida et al., 2011a; Santos et al., 2011a). O comprimento curvilíneo de carapaça (CCC) médio dos animais adultos no Brasil é de 115,6 cm (Santos et al., 2011a). Na área de influência da Bacia de Campos, C. mydas é a espécie de maior abundância, tendo sido responsável por 89,44% (N=2.728) dos registros de encalhe compilados no âmbito do Projeto Habitats, ao longo dos municípios de Saquarema a São Francisco de Itabapoana, entre 2008
e 2010. Esses indivíduos apresentaram CCC entre 20 e 128 cm (média = 36,98 cm ± 8,82 cm), sendo 99,77% (N=2.620) classificados como juvenis/subadultos. O litoral centro-norte fluminense é considerado uma relevante área de alimentação e desenvolvimento para juvenis de C. mydas (Almeida et al., 2011a; Santos et al., 2011a), o que justifica o predomínio de juvenis dessa espécie entre o total de encalhes de tartarugas marinhas na região. Particularmente na área de estudo, as macroalgas Sargassum vulgare, Ulva lactuca, Gelidiella acerosa e Pterocladiella capillacea estiveram entre os itens alimentares predominantes no conteúdo estomacal de 49 tartarugas-verdes juvenis, dos quais 29 (59,2%) apresentaram resíduos sólidos de origem antropogênica (Awabdi et al., 2013a, 2013b). De fato, a maior proximidade da costa faz com que a espécie esteja em contato mais próximo com os riscos associados às atividades humanas (Reis et al., 2010a; Almeida et al., 2011a). Na região centro-norte fluminense, dados compilados pelo Projeto Habitats revelaram também que a principal causa de mortalidade, comum a todas as espécies, é a interação com a pesca, particularmente no Município de São Francisco de Itabapoana, onde a atividade pesqueira é intensa e há ampla utilização de redes de espera e de arrasto (Masi et al., 2005; Loureiro e Pitanga, 2006). Outras ameaças às tartarugas marinhas na região incluem a colisão com embarcações, a interação com resíduos sólidos antropogênicos, a dragagem e o aparecimento de doenças emergentes, como a fibropapilomatose (sendo esta mais frequente em C. mydas).
Caretta caretta (Linnaeus, 1758)
A tartaruga-cabeçuda, C. caretta, apresenta distribuição circunglobal, em águas tropicais, subtropicais e temperadas, e hábitos alimentares prioritariamente carnívoros ao longo de todo o seu ciclo de vida (Márquez, 1990; Bjorndal, 1997). Dos primeiros anos de vida até a fase juvenil são epipelágicas e habitam zonas oceânicas, frequentemente em associação com bancos de algas, onde se alimentam predominantemente até os cinco primeiros metros da coluna d’água (Bolten e Balazs, 1995). Já nos estágios de juvenil avançado e adulto, se tornam neríticas e se alimentam principalmente no fundo (Bolten, 2003). Nestes estágios, utilizam áreas de alimentação localizadas essencialmente sobre a plataforma continental (Hopkins-Murphy et al., 2003), permanecendo em profundidades inferiores a 200 m e sendo comumente observadas a menos de 60 m de profundidade (Shoop e Kenney, 1992). Os itens alimentares incluem: crustáceos, moluscos, águas-vivas, hidrozoários, ovos de peixes, entre outros (Bjorndal, 1997). Dados de telemetria, de marcação e recaptura e de genética comprovam o caráter altamente migratório da espécie, estando as fêmeas, por exemplo, envolvidas em deslocamentos superiores a 1.500 km entre áreas de alimentação e reprodução no Brasil (Marcovaldi et al., 2010). No país, é a espécie que mais comumente desova no litoral e suas áreas prioritárias se encontram em Sergipe, norte da Bahia, norte do Espírito Santo e norte do Estado do Rio de Janeiro. Áreas secundárias de desova ocorrem no sul do Espírito Santo e sul da Bahia, e desovas raras já foram documentadas no Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Marcovaldi e Marcovaldi, 1999; Marcovaldi e Chaloupka, 2007; Santos et al., 2011a). Fêmeas adultas de tartarugas-cabeçudas sobem às praias para desovar no período entre setembro e março, com pico de posturas em novembro e dezembro (Marcovaldi e Chaloupka, 2007; Lima et al., 2012). Indivíduos em diferentes estágios de vida podem ser encontrados em áreas costeiras e oceânicas ao longo de todo o litoral (Sales et al., 2008; Santos et al., 2011a), mas informações sobre suas áreas de alimentação no Brasil ainda são escassas. Dados de telemetria recentemente apontaram o litoral do Ceará como uma importante área de alimentação
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para fêmeas adultas que desovam na Bahia (Marcovaldi et al., 2010), e o grande número anual de encalhes no Rio Grande do Sul tem sugerido que esta região seja uma área de alimentação e desenvolvimento para juvenis/subadultos e adultos desta espécie (Monteiro, 2004; Marcovaldi e Chaloupka, 2007). Os adultos de C. caretta apresentam comprimento curvilíneo de carapaça variando entre 100,5 cm no Rio de Janeiro (Lima et al., 2012) e 102,8 cm na Bahia (Marcovaldi e Laurent, 1996). Na área de influência da Bacia de Campos, C. caretta é a segunda espécie de maior abundância, tendo sido responsável por 3,67% (N=112) dos registros de encalhe compilados no âmbito do Projeto Habitats, ao longo dos municípios de Saquarema a São Francisco de Itabapoana, entre 2008 e 2010. Esses indivíduos apresentaram CCC entre 7,4 e 150 cm (média = 90,52 cm ± 19,45 cm), sendo 74,74% (N=71) classificados como adultos. A região norte do Estado do Rio de Janeiro abriga o segundo maior sítio de desova de C. caretta do país, em termos de densidade média anual de ninhos (Marcovaldi e Chaloupka, 2007), o que poderia explicar a maior porcentagem de encalhes de indivíduos adultos desta espécie. Potencialmente, a região também pode ser utilizada como área de alimentação ou como rota migratória entre sítios de alimentação e desova (Reis et al., 2010a). Tal fato é reforçado pela recaptura de fêmeas, originalmente marcadas com anilhas metálicas em seus sítios de desova no litoral da Bahia e do Espírito Santo, em encalhes ou artes de pesca em território uruguaio (Almeida et al., 2000; Laporta e Lopez, 2003). Dados reprodutivos compilados pelo Projeto TAMAR/ICMBio, entre as temporadas de desova de 1992/1993 e 2010/2011, numa área contínua de cerca de 100 km entre os municípios de Campos dos Goytacazes e São Francisco de Itabapoana, indicam a postura de 11.086 ninhos, dos quais 8.216 foram reconhecidos quanto à espécie, sendo: 8.205 ninhos de C. caretta, 3 de L. olivacea, 3 de E. imbricata, 2 de C. mydas e 3 de D. coriacea (Lima et al., 2012). Estes dados reiteram a importância da região como um sítio de desova, particularmente de C. caretta. Lima et al. (2012) sugerem ainda que, em função de temperaturas de incubação mais baixas, seja gerada uma maior proporção de machos entre os filhotes eclodidos no norte do Estado do Rio de Janeiro, assim como já evidenciado para o Espírito Santo por Marcovaldi et al. (1997). Este fato incrementa a relevância dessas regiões de desova para a conservação de C. caretta no Brasil e no Atlântico Sul Ocidental, uma vez que conseguiriam contrabalancear a maior proporção de fêmeas geradas pelas regiões de desova no Nordeste do país (Marcovaldi et al., 1997; Lima et al., 2012). Adicionalmente, estudos genéticos baseados no DNA mitocondrial sugerem que as tartarugas-cabeçudas do Rio de Janeiro constituem, juntamente com as do Espírito Santo, uma subpopulação de desova, ao passo que as da Bahia e de Sergipe constituiriam outra (Reis et al., 2010b). Tais estudos também evidenciaram um perfil genético distinto das C. caretta do Brasil em relação às demais populações de desova do mundo, reforçando a importância da conservação das populações dessa espécie no país (Reis et al., 2010b).
Lepidochelys olivacea (Eschscholtz, 1829)
A tartaruga-oliva, L. olivacea, apresenta distribuição pantropical, sendo provavelmente a espécie mais abundante na atualidade, já que, mundialmente, ainda há vários pontos de grande concentração de tartarugas desta espécie, tanto para reprodução quanto para alimentação (Márquez, 1990). L. olivacea é prioritariamente carnívora ao longo de todo o seu ciclo de vida e indivíduos adultos aparentemente utilizam uma ampla variedade de áreas para alimentação, desde zonas costeiras relativamente rasas até ambientes pelágicos (Bjorndal, 1997). Seus movimentos
migratórios podem cobrir de centenas a milhares de quilômetros (Morreale et al., 2007; Reis et al., 2010c; Silva et al., 2011), preferencialmente em regiões do oceano com temperaturas acima de 20 ºC (Márquez, 1990). No Brasil, L. olivacea pode ser encontrada em áreas costeiras e oceânicas ao longo de todo o litoral, seja no estágio juvenil ou adulto (Sales et al., 2008; Castilhos et al., 2011). No entanto, suas desovas estendem-se entre o litoral sul de Alagoas e o norte da Bahia, com maior concentração de desovas no Estado de Sergipe (Silva et al., 2007). O litoral do Espírito Santo é considerado uma área secundária de desova dessa espécie, com o registro de um número menos expressivo de ninhos (Silva et al., 2007), e desovas raras ou ocasionais já foram registradas nos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro (Santos et al., 2011a). Sua temporada reprodutiva ocorre de setembro a março, com pico de desovas entre novembro e janeiro (Santos et al., 2011a). Informações sobre áreas de alimentação desta espécie ao longo da costa brasileira ainda são escassas. Contudo, dados de telemetria já indicaram que algumas fêmeas adultas, após o período de desova em Sergipe, deslocaram-se sobre a plataforma continental até áreas de alimentação neríticas nas regiões Norte e Nordeste do país, particularmente no litoral dos estados do Pará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Alagoas (Silva et al., 2011). O CCC médio de fêmeas adultas que desovam em Sergipe e na Bahia é de 73 cm, sendo essa a menor espécie de tartaruga marinha encontrada no Brasil (Santos et al., 2011a). Na área de influência da Bacia de Campos, L. olivacea é a terceira espécie de maior abundância, tendo sido responsável por 2,92% (N=89) dos registros de encalhe compilados no âmbito do Projeto Habitats, ao longo dos municípios de Saquarema a São Francisco de Itabapoana, entre 2008 e 2010. Esses indivíduos apresentaram CCC entre 33 e 98,5 cm (média = 63,78 cm ± 8,43 cm), sendo 79,17% (N=57) classificados como adultos. Esses indivíduos estariam igualmente se alimentando na região centro-norte fluminense ou migrando para zonas de alimentação ao sul da área de estudo, como foi sugerido por Reis et al. (2010c), a partir do registro de uma fêmea adulta, originalmente marcada em Sergipe, encontrada encalhada em Quissamã. Outra forte evidência do uso da área por L. olivacea foi a captura incidental de 21 indivíduos adultos e subadultos pela pesca de arrasto de fundo industrial no litoral central do Estado do Rio de Janeiro (Guimarães, 2012).
Eretmochelys imbricata (Linnaeus, 1766)
A tartaruga-de-pente, E. imbricata, apresenta distribuição circunglobal, sendo majoritariamente encontrada em águas tropicais e comumente em profundidades rasas. De fato, esta espécie é considerada a mais tropical de todas as tartarugas marinhas (Márquez, 1990). Assim como nas demais espécies, os filhotes vivem em associação com bancos de algas, alimentando-se principalmente de pequenos crustáceos. Durante parte da fase juvenil, adotam uma dieta onívora, alimentando-se de ovos de peixes, crustáceos, moluscos, briozoários, cnidários, ouriços e corais (Sanches e Bellini, 1999). Em seguida, passam a uma dieta mais especializada, constituída principalmente por esponjas. Por causa de seus hábitos alimentares, os sítios de alimentação estão relacionados com a presença de formações rochosas e recifes de corais (Bjorndal, 1997). Como as demais espécies, também realizam migrações de longas distâncias (Marcovaldi et al., 2011). No Brasil, os juvenis encontram-se distribuídos ao longo de todo o litoral Norte-Nordeste e, com menor frequência, no Sudeste-Sul. Seus sítios de desova prioritários encontram-se no norte da Bahia e do Sergipe e no litoral sul do Rio Grande do Norte (Marcovaldi et al., 2007); áreas com menor número ou raras desovas se encontram no Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco, sul da
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Bahia e Espírito Santo (Marcovaldi et al., 2011). A temporada reprodutiva em Sergipe e na Bahia estende-se de novembro a março, com maior número de desovas entre dezembro e fevereiro; enquanto no Rio Grande do Norte ocorre de novembro a abril, com pico entre janeiro e março (Marcovaldi et al., 2007). As principais áreas de alimentação identificadas no litoral brasileiro localizam-se em Atol das Rocas (RN) e no Arquipélago de Fernando de Noronha (PE), também havendo registros para o Arquipélago de São Pedro e São Paulo (PE), Abrolhos (BA), Ilha de Trindade (ES) e Ilha do Arvoredo (SC) (Marcovaldi et al., 2011). O CCC médio de fêmeas adultas que desovam no norte da Bahia é de 97,4 cm (Santos et al., 2011a). Na área de influência da Bacia de Campos, E. imbricata é uma das espécies registradas em menor frequência, tendo sido responsável por menos de 1% (N=28; 0,92%) dos registros de encalhe compilados no âmbito do Projeto Habitats, ao longo dos municípios de Saquarema a São Francisco de Itabapoana, entre 2008 e 2010. Esses indivíduos apresentaram CCC entre 28,5 e 81 cm (média = 44,41 cm ± 15,15 cm), sendo 100%, dentre aqueles avaliados quanto ao estágio de vida (N=25), classificados como juvenis/subadultos. Esses indivíduos estariam potencialmente se alimentando na região centro-norte fluminense ou migrando para zonas de alimentação (Reis et al., 2010a). O baixo número de registros de encalhe de E. imbricata poderia ser explicado pela menor abundância desta espécie na região em função de sua preferência por habitats recifais (Marcovaldi et al., 2007).
Família Dermochelyidae Dermochelys coriacea (Vandelli, 1761)
A tartaruga-de-couro, D. coriacea, é uma espécie altamente pelágica e cosmopolita que passa a maior parte da sua vida em oceano aberto. Tem distribuição geográfica mais ampla que as demais tartarugas marinhas, alcançando maiores latitudes e envolvendo a ocupação de ecossistemas mais diversos. No entanto, suas colônias reprodutivas estão limitadas a regiões tropicais e raramente subtropicais (Márquez, 1990). Sua dieta consiste quase exclusivamente de zooplâncton gelatinoso, como medusas, sifonóforos e tunicados (Davenport, 1998; James e Herman, 2001; Witt et al., 2007). Os deslocamentos desta espécie envolvem grandes distâncias e profundidades, com comprovados movimentos transoceânicos (Eckert et al., 2006; Fossette et al., 2010; Almeida et al., 2011b). Em ambientes oceânicos, podem mergulhar a profundidades superiores a 1000 m, mas a maioria ocorre na zona epipelágica (