Diário De Uma Viagem Ao Brasil

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DI.A.RIO DE UMA VIAGEM AO BRASIL

B (BLlOTEC,'\ PEDAGÓG lCA BRASl LEl RA SéRre V

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BRASILIANA (SilRIE GR,\Nl>E FORMATO)

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J1mdas relações com os nativos, cm companhia (3) Nilo_ pode str a B;ihi:., porq ue diz ~le que rip6s cos1c:1r lGO 11.\:u:i~ chc, i::aram a J8·• S. Ora, a Bahia fica a 12•40' aproximadanicnrc. 1-1~ uma d ifcrcnç:., por1an10, de l'.20 U6 u:is. Deve SC'r, pois, um rôrto mais ao norte.

INTRODUÇÃO

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dos quais algt1ns homens da expedição viajaram quarenta léguas pelo interior. Erigiram um pequeno forte, e ali deixaram doze homens com armas e provisões, e, após carregarem os dois navios com pau brasil, macacos e papagaios, voltaram a Lisboa cm princípios de l 504C'). Mas, uma vez que o 13rasil, - como agora começou a ser chamado, - - não prometia o grande suprirnento de ouro, que os espanhóis haviam descoberto cm st1as novas terras, ouro êsse que os portuguêses obtinham com menos risco na África e no Oriente, a terra deixou por certo tempo de interessar ao govêrno. Os primeiros estabelcci.men tos foram efetivamente fundados por aventureiros particulares que, para garantir seus negócios, tinham intcrêsse cm manter uma espécie de agentes junto à população. Os primeiros aproveitados para essa função foram criminosos. Num país despovoado, cm que nada se tivesse de fazer senão conquistar terras, essa espécie de colonos poderia ser de alguma vantagem. Mas numa terra onde havia muitos selvagens, os resultados são desastrosos, uma vez que, ou éles se degradam ao nível dos próprios nativos, quando em bo(is relações com êlcs, ou, cm caso contrário, são capazes de praticar contra os mesmos crueldades e injustiças tais que lhes provocam o ódio, tornando difícil a colonização. E, ainda quando lhes ensinam alguma coisa, só divulgam o que h,i de pior na vida das nações civilizadas. Mas, erll 1508, tendo Américo Vespucci voltado ao serviço de Espanha, o rei dêste país resolveu tomar posse da nova ten a que füra descoberta. Fundamentando-se nas concessões de Alexandre VI, enviou Vicente Yaiícz Pinzón e Juan Dias de Solis para garantir os seus direitos. Alcan, çaram o cabo de Sta. Agostinho, que Pinzón havia descoberto, e percorreram a costa até 40° de latitude Sul, erguendo cruzes por onde passavam. Mas surgindo desentendimentos entre os dois navegadores, voltaram êlcs li (•) /\qui h:'i confus-'io da /\utor:1. O que \núré Fur1:ido 1AR10 OE Ui\lA VJACf.M AO IIRASlL

dezembro estavam todos de novo reunidos. Nesse dia Sir Sydncy Smith após haver suprido os navios de tudo que crn necessário para sua segurança, e após havê.-los comboiado até 34"47' de la ti tu de norte e 14ô e 17' de lon.gi tude oeste, deixou.-os seguir sob a proteção do !v1alborough, sob o comando do cap. Moore, com a ílfünula de comt1.. doro, o London, o Monarch e o Bedjord(~3 ). Continuaram .sem incidc.:nte ulterior até a costa do Bn1sil e desembar, carnm na Bahia, a 21 de janeiro de l808(n). O conde da Ponta [da Pontel era por êsse tempo o governador da Bnhia e diz.-se ter sido muito popular(2 ·•). Era casado com uma senhora alemã de família de impor.tância, que não era menos querida. Tinha ela, além das maneiras da côrte, bastante bdcza e talento(*). A recepção da comitiva real pelo governador e senhora foi tão agradável ao Príncipe, que êlc permaneceu em São Salvador llm mês. Cada dia houve uma fosta e Dom João deixoll com tristeza a cidade. Em comemoração da visirn, abriu.-sc um largo perto da fortaleza de São Pedro, de onde se dominava uma bela vista de tôda a linda baía, e aí se erguell um obelisco com uma inscrição expli, ca~iva do seu objetivo. O terreno em tôrno foi plantado e convertido num passeio público. Mas, por mais agradável que pudesse ser ao Príncipe a estada na Bahia, o ponto era muito inseguro para a realização dos propósitos que o haviam feito emigrar. Se fôr bloqueada pelo mar e a mais pequena. fôrça de terra se apossar da faixa de terra entre o Cabo e o Rio Vermelha jRio Vermelho], fica de fato a cidade sem meios de subsistência. A entrada da barra é tão larga que nada poderá impedir que os navios entrem quando quiserem, (.?3) Na 1ras!.1chçiío cl;i fomíli:1 dc Br:ir.::mç:i p::u:1 o Br.lsil, Sir Samuel Hood e o C~1H:ral Bcrcsford tomaram po~se da Madeir:i. como cleposi1Ari~ de Portui,::il, :ité " rcst.,11r:iciio do poder dê5.SC i::,.1ís. (2·l) O Rainl:w'rs. íl.oceRS

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de montanha, cada casa, estavam id~nticos. De novo Nossa Senhora do Monte, com suas brilhantes tôrres brancas brilhando do alto através das nuvens da tarde, parecia santificar a paisagem enquanto algumas vozes rudes da praia e dos navios vizinhos cantavam a At•e i\1aria. Logo cedo na manhã de 19, levamos ur.rn boa parte dos guardas-marinha à terra para gozar os primeiros pra~ zeres de andar em país estranho. Para êles era novidade ver a palmeira, o cipreste, a yucca, juntamente com o milho, a banana, a cana de açücar, cercados de parreiras, enquanto os pinheiros e castan 1eiras cobriam os montes. Fizemos com que os rapazes cavalgassem e1;1 mulas e dirigimo~nos à pequena matriz, em geral tomnàa como convento, chamada Nossa Senhora do Monte. Minha criada e eu fomos numa espécie de pafanquím, ainda que adequado àqueles caminhos, que são os piores que já vi. Mas a vista compensava tôdas as dificuldad..:s. O mar com as Desertas constituíam o fundo do qaac'.ro. Abaixo de nós ficava o ancoradouro com os navios, a cidade, o.s jardins, e a montanha, coberta de parreiras e árvores de todos os climas, revestida do tufo cinzento, ou basalto compacto, de que tôda a ilha parece composta. Purchas qce, como l3owles, acredita na lenda da clescobcr:a da .'viadeira pelo inglês Masham e sua esposa moribunda(*), diz que, :ogo depois do fato, as florestas pegaram fogo com rnl fúria que os habitantes tiveram de r;.m:ar para o ma r a fim de escapar às chamas. As florestas estão, p'.)r~111, bastante espessas e uma espécie de mogno inferior é usado para (º) A lcnd:i de Machin pode ser .i5sim rcsumid:i: "Um mnncd>0 ingl.'.-s chn111:ido M.,cr·;n rJrli!rn a d-:>n:c:a Arfct e-, Br'stcl pelos :mos de 1344, e com ela se emb;1rcou com destino pa ra a rr:inç:i. Port m, por irnp