325 88 39MB
Portuguese Pages [232] Year 1965
i·
--tlf1'· .. 1
•
n.1!:GIS JOLIV ET Professor de Filosofia Decano da Faculdade de Filosofia da Universid ade Católica de Lyon
TRA TAD O DE
PLANO DA OBRA
FIL OSO FIA
TRATADO DE FILOSOF IA Tomo I - Lógica e Cosmolog ia (em pre aro Tomo II - Psicologi a (AGIR, 1963) P ) Tomo III - Metafísic a Tomo IV - Moral (próximo a sair)
III
,
ME TA FIS ICA .
.
TRADUÇÃO
DE
MARIA DA GLóRIA PEREIR A PINTO ALCURE ff....---,,_·-· ...
CAPA DE
HELENA GEBARA DE MACEDO
. 1965
_úvr aria
AGlR
Cdilô ra
RIO DE JANEIRO
.,
1 1
·Copvright
©
de
ARTES GRÁFICAS INDÚSTRIAS REUNIDAS S.
(AGIR)
INDICE DAS MAHRIAS
A.
Título do original francês: Traité de Philosophie, III: Métaphysique. 5e édition , Lyon - Paris, Emmanuel Vitte. ·
1NDICE GERAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
"1
INTRODUÇÃO À METAFÍSICA .....•..............•....••.••
13
Art. Art.
I. II.
Noção da Metafísica .................... . Objeto da Metafísica ................... .
Nihil obstat.
CRITICA DO CONHECIMENTO PRIMEIRA PARTE: POSIÇÃO E MÉTODO DO PROBLEMA
CRíTICO
Imprimatur.
Rio, 26-XI-60 Mons. José Silveira V. Geral
CAPÍTULO
Art. Art. Art. CAPÍTULO
l.
.........................................
35
HISTÓRIA DO PROBLEMA CRÍTICO DESDE A ANTIGÜIDADE ATÉ DESCARTES ...•........•.•..•••••••
37
A antigüidade ......................... . A idade média ......................... . O cartesianismo ........... . ............ .
38 46 60
NATUREZA E MÉTODO DO PROBLEMA CRÍTICO • • • •
72
I. II. III.
II.
Art. Art.
Rua Bráulio Gomes, 126 (ao lado da Blbl. Mun.) 'l'el.: 34-8300 Cailor v.la de abstrac - equado a nossa inteli . e~sencuis nunca apen:~ e. Progrid que â~fc~a ~existe », ist~º·é compondo e dividin o r explica a :ia. !omist a é fuid:~'!:n{al a existên< a , aspecto cialista ~xzsten menti: tôd exclui quando ?ªº a eXistê a - J?Oss1b1lidade de . e ·º e mesmo fessa ncia pelo caminho 1s alcanç ar J~e das essê11ciasJ~maquando ~ªu~al não Pda af~!/d edx1stência pro• . acidente de. esse_nc1 1 a e desta _ mi . a mas a, ha não naçao alguma 11 ' _sem o que 1 ~x!!l! ~I!a n~~1c1!~!J: ~fu~o~fJe et~ui&eÍa~~e_D;:l~_l;?; t~-~~- ~igt~~ ;!modo exclusivamente à0 1s1ca.
iue,
ª;~bche1~r
;:,~
§
2.
N OÇ õES
, MODERNAS DA ,.... "'iETA.F ISICA
, , . As definiç ões da . met~f1 sica propos ta . de DEspartir a s in e -s inexata ou mente e ão de antem em conceb e etas compl tudo então atribu em ~e modo al"bitr ário discut e ou . o que se a metafí sica um dom'm10 , que pe t . r ence prôpri a11 Nº to CARTES são geral
18 • a metafísi ca t . om1sta . difere pr f Por não h º undame nte da a·r istotél1ca. concebi do a i'déº1ao da Ponto-d e-vista de que oaver cri , s-er no a pre-,. eceu perman açao . o tudo de e antes ~=i.ência a eSSênc • _e (pa~a ARISTÓTELES tem e (e~istên cia) . (Ct. ln ~) ~nquant o para SANTO T~ue -'?º I~ud QUod cadit . ~Tiherm ., Ieit. 5, n. 20· " MAs é primeir amente o que
i\arsró
rEtES
::;:i~:~:
~:!-
d!~!~m ~~i:f;: ;i::c:~t J!:s~~ t~~a ~ia~~ !!~~:: Ji~ti~ ~: o esfôrço de inte: .sobre a essênci1t' ou s, fotm~Im ente sôbre a expl:sró~ELEs, que, fato é, daq1!ilo ªº e~!f Ponto-d êste e stancia su SObr!t árabes, ~los seus orientar devia sta . Í!Uhbé como E, J\.~ICENN ? lism~ijd :lreção -do essencia na icos escolást certos m filosofia uma de e, isto j o ser (esse) nas eSSên'. buscava a explicar;ão,'! -~Et). Para SA c1as (~ que é, igualmeonte 'que .º J?r?pósito de WoLP.F e· ,1b1hdade, a razão úl~ ToMAs, ao contrári o, 1~~0 ffltimo de inteliexis~:;nc que (daquilo ser do a ~: ,esse Cactus essendi~ · es fundamentalI).1entege~te e livre do Pod • q~e nada Permite deduz ir, porque é a obra co111a afirmaç ão do E J er criador. Daí resulta filosófico culmina saber i?r~~;i o : ~or isso, da inte~i~~~~:~ Supren:i,o, princípi o que existe ro de tudo ar1s, 1948, págs º 46• 140) ade univers al (cfº Et • G ILSON • et z·e.çr,enc e, ' L ' etre .
INTRODUÇÃO À METAF ÍSICA
19
ar mente a outras partes da filosof ia. É o que vamos verific discuja ões, definiç estas e ··dentr pais p1·inci exami nando as da cussão nos ajudar á a precis ar o ·objeto e as fronte iras conuma de cias metafí sica, ao mesmo tempo que as exigên cepção isenta de precon ceitos e de a priori, tal qua1 se apre· senta no contex to aristot élico e tomist a. de la Philoso phie, I, LALANDE, Vocabu latre Techni que et c1·itique maneir as de cal'acpágs. 455-459, distingue, na idade moderna, duas acentue mais «quer terizar ou definir o têrmo metafisica, segundo se de realidade, objeto ordem certa. -uma de ou sêres certos de a idéia l de conheciespecia modo um de idéia a quer ica, especial da metafís ser deftni.da possa ciência uma como mento». - Mas, não vemos mia como uma por um modo de conhecer. (Definiremos a astrono utiliza microsciência que usa telescópios? A biologia, como sea que seu ob1eto. A por deftnefôr, qual seja , ciência Uma ) cópios? questão de uma é er conhec de l especia mOdo designação de um formal da objeto do ão definiç da ente método , que depende estrftam s modernos fazem ciência em c:ausa. Com efeito, se muitos filósofo são intuitiv a ou das realidades metafisicas o objeto de uma apreen princípio, mas um não aí, ver preciso é al, irracion fé de um objeto o objeto da er conceb de a maneir sua de üência uma simples conseq , de LACHEmetafísica. :!'!:: evidentemente o caso de KANT, de FrcHTE senão um princípio de LIER e de BERGSO N. De modo que não existe que se toma classificação das definições da metafísica, qual sejar, ooutross im, que observa a Caberi ica. metafís à do atribuí do objeto modo um a l nomina ão definiç uma pedir sa é de uma lógica duvido e em dizer o que de conhecimento : a definição de um têrmo consist recorrendo significa êsse têrmo, isto é, explicitá-lo em seu sentido a têrmos mais claros ou à etimologia. O resto é teoria, mas não definição.
Ciência do imaterial. - Esta definição é a dos cartesiano s espirit ualista s. Já observ amos que ela é apena s mao terialm ente exata e que se torna arbitr ária e errône a quand ialessenc e o têr;mo imater ial serve para design ar imedia ta os mente Deus e a alma espirit ual. .Com efeito, não podem é. :S:le que o nem existe, Deus se sica, saber, no início da metafí za, nature e cia existên sua na Deus, er conhec os Não podem senão por meio do ser, o que si1rnif ica que não é Deus, comoe tal, que é o objeto própri o ela metafí sioo, mas primei ro essenci.alrmente o próprio ser, enqua nto tal. A definiç ão carde --. _. __ te~i~~-ª da metafí sica condu zirá fatalm ente à constit uição uma teolog ia natura l a p'riorí, sob a forma de v.asto arg·urnento ontoló gico. integra nte da . Quanto à psicologia, ela permanece como parteé aí considerada a filosofia da natureza, uma vez que a alma human mesmo nas ente, depend isso, por e, o orgânic corpo do forma como ecamente), extrins apenas que bem (se s elevada mais es suas operaçõ human a alma a de fato o o, Contud 637). (II, is dos órgãos corpora inteira des ativida de vel suscetí ser de al, ser de naturez a espiritu subsistir imater ialmente imateriais em si próprias e ser capaz deento metafísico. mente, dá à psicologia uma espécie de acabam
1.
i.
1'
INTRODUÇÃO 20 5
METAFÍSICA
2 . Ciên do .real em mesmo da crít ica kancia . tian a. Ela se si bas f E sta defm. 1ção deri va s~ção do real , em si e não a a:ei ! e e ivam en:e , sôb re a oporenc ias sens ívei s. SCHOPEN~A fórm ula perf eita men te clar a: UERte,f e os feno men os ou apa orne ce a resp eito uma
t"
tendque o por como«En tod ibiliconhe algo ultrameta passfisic a a a OSS cimento que se seguinte, a natureza ou a ap~r senta ência dade da experiência e, apre por conpara nos possibilitar o acesso àqui lo das! coisa s tal com nos é dada, ou, para falar de man mais sim pre 0. que se acha ocond da natu,r1:za e a torn aeira icionada poss ivel ( es, aq~i lo que se esco a metaf1S1ca repousa principalmente.) nde atrá s :b A difer e_nç ~ entr e a física e fenômeno e coisa em (Die wei iº {e ª distm kant iana entr e herzois Wilhelm Ernst, si». II pág 882 ) , Bsup., cap.çao XVI I, -de-v1sta: «Se existe um' ed. Grossde. ERGSON retomou êste pont dade, escreve, em vez demel~ o-a conh possuir a1?s0Iuta men te uma ne!a , realivez de se adotar pontos~~~ relat r:'.amente, de se colocar a mtmçao em vez de analisá-I enf' vlJta sobre ela de ter-s e dela expre.ssá?,. tradução ou represeia{taç ã~~· ~:pree3:dê-Ia livre de tôda metaf1S1ca é, pois a ciênci A ( «Introduction à la Métaphys~ que . im o 1c3:, isto é, a met afísi ca pretende dISpensar os simbolos ; .f..~:~ 4.) BERGSON défine port~!t~ Rev:~is~e Métaphysique, 1903 ~T : é a ciência do reai' ' me ica exatamente com~ lidade existencial e con cre: 1 s1À apre endi tai ciê;lcia s~ja possível, enquant2f~re do diretamente na sua reapela via da mtuição supra-racional. nça é q1;1e KAN T nega que uma ERGS ON afirm a que ela é possivel
n:
t
pon to-d e-vi sta de KANT primO eira men te, apro xim ar-s e , tafís ica, enq uan to o obje to d d~ como o_ de ~ERG;!?N pare ce, além do sens ível ou do fen A es a co,n~ep~a? aris tote hca da meda apar ênci a. Na real id JmenAo e O efnu do como o que está e que ~ompõe o real além cluí da arbi tràr iam ente uma f_Ilosofia já está inqua l seja a de que ser em m~çao. kai:i,tiana ~te ab 1psa accipientes 8Ua principia et directionem contra negantes prmc1p1a. 11 19 Isto deve ser entendido do ponto-de-v ista lógico e não necessàriam ente do ponto-de-v ista cronológico. Logicamente, a noção de existência . de Deus é posterior à apreensão do ·s er, uma vez que ela se estabelec~ por via causal, a partir dessa apreensão. Mas, cronologicamente, a existência de D~us pode ser apreendida quase intuitivame nte (como seja, por uma inferência extremamente rápida e como que simultânea com a intuição do ser) no ser dado à experiência , cm razão dos caracteres de contingênc ia de que êle parece evidenteme nte afetado.
28
METAFÍSICA
to, que é supra-sensível, pode ser apenas apreendido pelo recurso da analogia e, quando se trata do princípio primeiro do ser universal, ultrapassa infinitamente a capacidade da nossa inteligência. - A Metafísica é também a c,iência do absoluto. E o é por dupla razão: porque o esse é o absoluto de cada coisa e porque ela visa a definir as causas e os princípios absolutamente primeiros do universo. - Ela é um conhecimento s?°.stemático universal, uma vez que o ponto-de-vista do ser é o mais sintético que possa existir, pois que tudo se define, se julga e se explica em função do ser. - Enfim, a metafísica pode ser considerada como conhecimento a priori, no sentido de que está implicitamente contida, tôda inteira, nos princípios primeiros da razão, isto é, nas leis do ser, que são apreendidas intuitivamente desde o primeiro contato da inteligência com as coisas. Apesar de suas criticas a PLATÃo, a ARISTÓTELES e aos EscoLÁsTicos (cf. Sein und Zeit, págs. 1-2), HEIDEGGER retoma o essencial do ponto-de-vista daqueles autoí:es, insistindo sôbre o fato de que o problema do ser, que constitUi a própria metafísica, torna-se uma maneira de ser do sujetto que interroga, que é o existente interrogando-se sôbre o ser da existência. Com efeito, unicamente porque o nada nos é re'\l'elado no fundo do Dwiein, somos suscetíveis de ser assaltados pela absoluta estranheza do extstente. A metafísica é &te «Por quêh, que nasce da surprêsa, isto é, da manifestação do Nada e da angústia que ela determina. «Por que, afinal, há mais existente que nada?» Mas é necessário compreender que êste problema não é formulado do exterior: êle coloca em jôgo a nós mesmos. De tal forma que, pelo fato mesmo de existirmos, estamos desde então, agora e sempre em plena metafisica. Donde, a importância da metafísica, que nenhuma ciência, por mais rigorosa que seja, poderia igualar (cf. HEIDEGGER, Qu'est-ce-que la Métaphysique?, trad. de H. CORBIN, Paris, 1938, págs. 41-44). - Vemos, também, que esta concepção se apóia sôbre uma noção pré-ontológica do ser e do nada, que não nos cabe discutir aqui, - e que implica metoàológicamente o recurso à fenomenologia existencial (I, 8 bis) : é na análise do (ou ôntico (dado existencial) que temos que descobrir o ontológtco extstencial).
Podemos aproximar êstes pontos-de-vista dos de J.-P. para quem "a metafísica não é uma discussão estéril sôbre noções abstratas que escapam à experiência", mas, "um esfôrço vivo para abranger pelo seu interior a condição humana na sua totalidade" (S#uations, II, pág. 251). No Etre et le Néant (pág, 354), SARTRE apresentava o problema da metafísica como sendo o da existência do existente ( a Ontologia sendo definida como a explicação das estruturas de ser do exist€nte como totalidade). B. Divisão SARTRE,
15
A divisão da metafísica resulta da sua própria definição: sendo a ciência do ser e do que lhe diz respeito essencialmente,
' 'I
INTRODUÇÃO À METAFÍSICA
.
.
1·
29
segundo se considere
ela con_ip~n:t~rá d~ast partes "P(~~~~\~~ i~) ou a inteligibilidade a inteligibilidade in rinseca
e;rt?-ínseca do ser (Teologia natural).
. A metafísica se ocupa primeira~ente 1. Ontologia. -:. t , do ue constitui sua mtedo ser como tal, em si mesmo, dmen~ (o ser como transligibilidade intr!nseca, quer es a .ic uer dinâmicamente ( o ser cendental, os generos s~pre.mos)' rie chama-se Ontologia ( ou . enquanto tal). Esta pr1me1ra p~ 20 ciência do ser) ou ainda Metaf1s1ca geral.
tt°-
,\
d .e O ser ode que se trata (por É importante ob;S~rvar, _des e Ja, !u senão ser real, ainda q_ue hipótese) em metaf1S1ca, nao podei s 1 e não o ser de razao, encarado sob seu aspeÍtf F!~e~sve:sfciéias enquanto tais, I, 43). 0 ser puram~nte men a c ftr . Lógica que determina a ordem o ser de razao com_o ~l se ia a nceitos do entendimento. Pora ser observada subJetivamente n7s ;~tramental objetivo, não pode que a metafisica visa ao ser rea , kantiana' como «Ein System 1 absolutamente setd~nir, ~fossen Begrlffen» (sistema consder blossen Erkenn a prw t nhas à ciência) . A metatruído a prtort por meio _de noçoes es ra resenta ao contrário como física, em seu conceito mais e~~enr:,. s~u~ certo sentido, dever-se-ia uma ciência baseada na 1:xperie.i~ 'de tôdas quanto a seu objeto, mesmo dizer que é_,ª ~ais posi iva. mais 'universal e segura de abstraído da. _exl?erienc1a sensível, e e:tas observações por que, em nossas expericnc1~s. -;- tVemos P~~ri como as matemáticas) vem à WoLFF, a Ontologia (s1s ema a P o trário segundo o espírito de frente da filosofia e porqu!, ao C ntambém segundo as exigências ARISTÓTELES edodesaber, SANTOa ToMtasf, . c?mºnão pode vtr senão no final da progressivas me tSica
1 1
rf:~:
filosofia especulattva.
16
2 T l . naturaJ. - Contràriamente a uma O_Pinião . eo ogia .. 21 s que a teologia nademasiadament~ ,~requente, ~ao ?rem~ da metafísica pelo tural (ou teod1ce1a) _ven~a. a ~zer Pª! no ser quer o ser fato de que se poderia distmguir _prw t . 'te 1·a1 Isto positivamen e 1ma r · univer~~l comum, sset materialmente é verdade. D~• como Ja observamos , ensamento cremos que não e ponto-de-vista do progresso dl o p , teodicêia senão seria neassim que se passa da onto og1a a '
que(2)
:fs:~
_ •. imprópria e parece 1 é. abastante 20 De fato, a expr:ssao M_etafisica ge~\f (dividida por WOLFF, por implicar uma concepçao wolfiana da_ m; geral, que seria a ontologia, KANT e em geral pelo~ i:nodernos, e~ me. a lo ia e teologia racionais) . Vimos e em metafisicas espec1a1s:. co,:imologi~, psico rigor não existe "meta. que êsse ponto-de-vista é erroneo, pois, para a 1ª~ a nto' a Ontologia uma física especial". A Teologia natural é t~o ge~a Ju:-0 tanto deve-se' dizer vez que aí se trata da Causa do ser unive:~ · t utando do ser universal da Critica do conhecimento que, por um . º~derada Ontologia e que, por enquanto cognoscivel, possui a mesm~ generah~abelece a sua possibilidade. outro lado não depende da Ontologia mas es 21 Cf. ~- DEsCoQs, Institutiones Met. gen., págs. 24 sg.
f
j
30
M ET AF ÍS IC A
ce ss an o di st in gu um a espécie de ir , nu m a di vi sã o fe it a dê lógico. .C on tr a pe tiç ão de pr in cí pi o ou deste ponto-de-vista, ar gu m en to on logismo, SA NT O todos os ontólogos e tô da s toD eu s no se r, m TOMÁS nã o ce ss a de af ir mas fo rm as de ontoa, noção do se as o de m on st ra m os a pa rt ir ar que nã o ve m os m en os imediatar que no s in tr od uz na Teoldo se r. N'ão é, pois, og .ment~), m as a - D aí se de busca, da caus ia na,tui·al ( velo pr em fi lo so fi a soee nd e, po r ou tr o lado, qu e a do se r un iv er sa l. Teologia na tu rab o as pe ct o de pr in cí pi o prDeus só é conhecido fí si ca e nã o um l nã o é, de fa to , se nã o umim ei ro do se r, e a m át ic a, pa rt in doa di sc ip lin a qu e po ss ui ( co a pa rt e da m et ade pe nd en te s. O da Revelação) se us pr in címo a Teologia dogpi os pr óp ri os s pr in cí pi os da ta fí si ca . e in Te ol og ia na tu ra l sã o os da me-17 3. Critic di ze r do ob je toa do conhecimento. - T ud o hy po th es i. Po de da m et af ís ic a va le ap en as o que ac ab am os de lig ên ci a é re al m os e devemos, co m ef ei to , como se viu, ex va lo r ontowgicom en te ca pa z de at in gi r o se, in da ga r se a in te do conhecimen da razão. Is to é o ob je to r, is to é, qual é o to tr od uç ão à m et , a qu al compõe, po rt an to , pr óp ri o da cr ít ic a ta fí si ca , um a veaf ís ic a. E la pr óp ri a é, al iá como que um a in não ce rt am en te z qu e di z re sp ei to ta m bé m s, de na tu re za meti va (o bj et o fo em si mesmo, en qu an to se ao se r ex tr am en ta l, pe la in te lig ênci rm al da on to lo gi a) , m as enr ou re al id ad e ob je a. qu an to cognos cível A cr ít ic a do co nh ec im en to deve pr nã o pode vi r se ec ed er nã a ontologia, m o de po is da Ps mos in qu er ir as icologia, an te ci pa da m ensô br e o va lo r ontológico do pois, como po de rí ate o qu e sã o, co nh e o co nh ec im en de fato, o co nh ec er se m sa be r ti ca nã o se en to in te le ct ua l? - A qu es tã ec im en to se ns ív el ções fe it as na co nt ra de al gu m modo es go o é sa be r se a cr ímento. E m topsicologia no to ca nt e aos pr ta da pe la s ob se rv am et af ís ica, um do caso, se a cr ít ic a pe rmoc es so s do conhecifo rm al pr óp ri o, a di sc ip lin a pa rt ic ul ar pr ovan ec e, no seio da de no m in a vi a ela só se po de rá in fe ri r do id a de um ob je to dições ao s pr injudicii, ou pr oc es so qu e co ns qu e SANTO TOMÁS su a luz, tu do o cí pi os ra ci on ai s, com pr op ósis te em ir da s conito qu e a in te lig ên ci a pôde co nh ec de22 ex am in ar , à er. N a realid~de, como ais adia aspecto espe nt e c,al do sabem m r fil os óf ic o, m elhor se verá , a cr íti ca ais qu é um 2
I .ª, ~- 79 a~iqui~ qu_i~t~m, ar t. 8: "E t qu ia v_ia m mq ui sit io : t er m in at ur , in de t1s: qu ae _su~t m~ ve l in ve nt io nis , pr im a pr in ci pi_pr im a Pt-inc ip ia; et a, ad Ql.lae in ve nt a •
~
\ INTRODUÇÃO
À M ET AF ÍS IC A
(
e um a di sc ip lin a pa rt i-
m ot us se m pe r ab im m ob ili pr oc ed it et ad es t qu od ra tio pr oc ed it a qu cin ati o . hum11na, .se cu nd um ib us da rri ·si m pl ru rs us , in vi a ic ju di cii , re so lv ite r in te lle cex am in at ." en do re di t ad
31
De to na-o e. ou tra e.oi.s~ , o seu sent ido mais geral, a refiexão fa pela qual a intel o i1~nc~a, ~e ~f dieda ue avança na cosensn~ tuição do sabe t1r, toma coné~f deq se u poder, e de qu alquer mod o' ; ve ªe rif se ~c us a o pr seus m ela é sa doria, ue ciênciocessos. Por esta razao, bressair be claramenªteº ~eass~~u~rn~~sq pelas quaias _ Tudo isso deve soo saber filos ic J1.boramos até ag o. Cada vez tq~~ m nôvo objee1 to formal tinto , se oferófec mente ors-a ud ev ía m os ia valor de nossos a nos~~ ~e uin~estigação verificar o alcance di e o , o qu instituir, desde P[ fe ss a pr õp rl a~ e? en o, uma critica do conhec imenetoer te conseqüent em . . Em met ica, a ve en lig ên ci a, en qu te, a cr~1ca :r ~a 1f e! . m etri f i cação metódtca daafis ft1 ,te an af ís tc o e coincidirá m a to ?br_ ra n . ão dê ta verificaçãoste sabe~: eles p~opria_ cons Ul mente em co a Ç su cia observ an do -sserá pràpria fisicam en te a sigmf1c açao, a _mteh,gên e ir meta.te consciên man do , refle;KI1t cia de seag sos, de seu evato :S en process~ a lo cr r,. íti assume us de us lim e de import ânci aqui uma stacar da mcaet. af pecial _e se 8 pa particular aimes re ce isi ca é devi do à jô rt ância do_ ~ u~ também , po que podem sepo to e~ r u~O'dizeem r razões, r charnàsadas po tiplos pr ob le m re sp ei le to 1J graves l:~1~~cfa ctis levantadas nest aos múlpela espec~laça~o e e domínio m a crft1!> J~to~o~~ o~erna.. nada modifica a es trutura das coisa ~~~m~n;m não é s: mente distinta uma ciência au da metaf1Slca . tônoma, essencia lTe m os as si m o plano e os pr in cí pi os se gu se deve or ga ni za r no sso estu do nd o os qu ai s da m et af is ic a. 2s cu la r
j .
~3 O pl an m en te co m o aq ui pr op os to pa~~ o e~ d da me taí l., ica co in cid ToMÁS no se uo pl an o da Meta.ft.ncct ~u ~R IST ÓT EL ES , • re to m ad o e cs se nc ial po r g,._>iTO Co m en tM io sô . Co m ef eit o a TÓTELES po bTe n MetaftS . ob ra de me taf isi ca ou se r di vi di da em trê s pa rte ica.: . · a sa be r: in trode AR lSme taf isi ca cr iti du s ca U· IV ) ; onp: i~ c,~ a• s(V -X ) . teo lo gi a çã o à (X -X IV ) . na tu 1·a l og ia '
°
17
LIVRO PRIMEIRO
_CRITICA DO CONHECIMENTO
PRIMEIRA PARTE
POSIÇÃO E 20
mrono
DO PROBLEMA CRITICO
As questões que se apresentam nos umbrais da crítica do conhecimento são as que pizem respeito ao sentido do problema crítico e ao método que convém empregar para sua solução. Estas questões adquirem aqui uma importância particular, pois há poucos pontos em filosofia a respeito dos quais se emitam opiniões tão diversas e confusas. Deveremos, pois, começar por definir com a máxima precisão possível o objeto formal e a finalidade da Crítica. Para lá chegar, o melhor meio consistirá em estudar como se apresentou, de fato, na história o problema crítico. Discernir-se-á, assim, bem melhor do que por via abstrata, que princípios ou que postulados dirigem os debates relativos ao valor do conhecimento e como, sob vários aspectos, as tão variadas teorias propostas não correspondem, realmente, senão a pseudoproblemas, que uma psicologia ou uma cosmologia mais exatas poderiam antes eliminar como desprovidos de sentido e de fundamento. Dêsse modo, estaremos habilitados a delimitar com precisão o sentido e a extensão reais do problema crítico, assim como o método que êle requer.
Esta, exposição histórica é feita em função do problema crítico, isto é, ·por'" um lado, ela não retém da história das doutrinas senão o que é relativo à critica do conhecimento ou resulta imediatamente das soluções propostas, - e por outro, retém apenas, nesta mesma ordem, os nomes e as doutrinas que fornecem os temas especulativos _.... mais. ..precisos, abandonando tudo que (embora tão importante sob outros aspectos) nada acrescentasse de essencial ao nosso estudo ou suscitasse repetições inúteis.
CAPÍT ULO
1
IDST óRIA DO PROBLEMA CRíTICO DA ANTIGUIDADE A DESCARTES SUM ARI0
1
e do real. - HeI. A ANTIGUIDADE. - O probl ema do sercrítica s. - O ceties posiçõ As s. ênide Parm o. ráclit ito. - O conce do a Crític o. nalism nomi cismo. - O teles. Aristó mo. realis O fenom enism o e o idealismo. - Santo Agostinho. o. - O realis mo II. A IDADE M1:DIA. - O realis mo crític o». - O realis mo tomis ta. - A quest ão do «reali smo crític O pante ismo. cias. essên das mo realis O platô nico. - O princ ípio a. nalist nomi ipio princ O o tenni nismo . co. emáti probl da imanê ncia. - O ideali smo m».-, - Os tema s III. O CARTESIANISMO. - A «via mode rn-oru - O ideali smo a. Critic da da Idade Média. - O prima do probl ema críO rtes. Desca de ina doutr A iano. cartes rtes. tico após Desca
ART.
ART.
ART.
RTES o Os modernos, de bom grado , fazem data r de DEséA pri-· Pela fia. apare cime nto do ponto -de-v ista crític o em filoso DESCARTES, para , razão a êles, am pens ria, histó na meir a vez 1-128. Histoire de la Philos ophie, t. I e t. II, pãgs. - UEBER WEGS- GEYER , vale. médié ophie Philos la de re Histoi M. DE WuLF, und Schola stis_che Zeit, Berlim , Gesch ichte d,er Philos ophie. Die Patris tische Philos opliie moder ne. I. De la la 1928. - J. MARÉC HAL, Précis d'Hist oire de Le·s étapes de la Phiios ophie IL, GARDE 1933. in, Louva Rcnai ssance à Kant, Parmé nide dre Platoin, Paris, le sur Étude idéal.iste, Paris, 1935. - J. WAHL , 1929; Les Sourc es de Paris, nce, Substa de Notion La T, JOLIVE R. 1926. cartés iennes et kans source Les Aux, VERNE R. l'ldéa lisme, Paris, 1936. LIN, Le system e de HAME . O 1936. tienne s de l'idéa lisme trança is, Paris, Paris, 1920. - J. CHEte, Aristo d' e systi!m Le 1921; Paris, ., ed Descartes, 2." L. BnuNSC HVlCG , Le progri!s de la consVALIER, Desca rtes, Paris, 1921. SmvEN, Les année s d'apprentissagie de cience, Paris, 1927, págs. 139-161. L'epis témol ogie thomi sie, Louva in, Rmr, VAN G. . l!?-28 Paris, rtes, Desca 1
1946.
Cf. E.
BRÉHIE R,
38
METAFÍSICA
HISTÓRIA DO PROBLEMA CRÍTICO DA ANTIGUIDADE. , •
t~mava-se a si P!Ópria co!11o objeto de estudo e se interrogava sobre seu ~r6pr10 valor. Mas nada há de menos conforme aos fatos. E natural para a razão interrogar-s e a respeito de seu valo~ e de seu alcance, e desde a antiguidade êsse problema foi ~ormulado, estudado, senão resolvido, com uma clareza perfe1ta. Se o problema crítico tomou, na idade moderna, novas for~as, nada prova a. priori que haja nisto um progresso ver