Rezas e benzeduras populares: Etnografia alentejana

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PROf. JOAQUIM ROQUE

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REZAS E BENZEDURAS POPULARES

PROf. JOAQUIM ROQUE

REZAS E BENZEDURAS POPULARES (E tnograf i a A l ente j ana )

• 9 • •

"IN E HVA, r"lIl.'lS

CO M EWC I"" A C.", L."

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PREFÁCIO - F ei em 1940 que ouvi , 1JeI a 7)rimeira vez, falelT ele Joaquim RO(1Ue, ao ler um livro q!IC me deS1JCr toll vivo i/lteresse. Mal sabia cu que, tempos de corridos, entraria em cordiais Tela~

çOes epistOlares com mil jove m illvcstiyculor 7W$ domínios largu fsshnos da Et nografia. TratclVa-se tb Professor Jouc/ ltim R oque, o autor de ~ Alentejo cem por cento" Não havia dilvicla nenhuma de que estáva mOs e"~ presença de um n ovo escritor, com illdiscutiveis quahdocles para marcar pOsição séria na v ida. RecDnllcCClldo-lhe reais qualidades de ilwcst igador. abri_lhe de par em par as pági7!as do cA rquivc de Medicina POp/tla r:. , secçcio que venho dirigindo no cJamal do lI1cclico , e pttTa a qual convidei t odoS aqueles que, meSmo sem serem médicas, quisessem corttribuir para o conhecimento de tão importante ramo da Etnografia. O professo r Joaquim Roque accrreu à minha chamada e tem sido um dos mais assiduos e competelltes colaboradores. Habituei-me a verificar com que atenção e escnlpulo recolhia c material fOlclórico e como inteligentemente o comparava e interpreta va. E assim, através dOs est udos de folclore , as nOssas relações de amizade f oram t omando- se cada veo: mais fortes. No entanto devo dizer, em nOme da verdade que ndo f Oi apenas uma raztlo de amizade que me levou a aceder ao' honroso convite de Joaquim Roque para escrever este prefáciO, mas ta mbém pres tar home_ nagem aos ilwulgares merecimel, tos do autor e estimulá-lo a COllti/lUar a seguir O seu caminho ende j á marcou, lIitidamell(e, a Slla personalidad e. • . O auter de cRezas e benzeduras populares) é um exemplO de tenacidade e de f orça de vCll t ade, servido por uma hi.Cicla inteligéll ela . Fil ho de Pais humildes e de jrueos recursos financeiros, fez-se, pode afirmar-se, por si próprio. Nll seeu em Perogfwrda, segllndo liaS ülforma, a Aldeia mais ca raete risticct do Baixo Alent ejo do COll cell1O de F erreira do Alentejo. ' A afirmaçáo de que PeroyllCtrcla é a Alelda mais caracteristica do Ba'ixo Ale,dejo demollstra 1á, em JcarJuim RO(l lle , um amor profltlldo d T erra onde 1lasceu e ai estilo as ra zões da sua vaixdo pelos traiJalll O$ de f olclore, o seu estudo às OO/SClS que o Povo crlCl e selite e am.a.

" ,OT Ilc eNsino primário (Oficial) e de cllsino 8ecu , P roJ..,ç, d" d t. n 6."A• , / ) JOII(/lIim Roq ue tcm de !cc! o o pouco empo lavre q ( parllCII ar " á' S to I , o ue lhe r IIJ(llItM del/ti/icOs e h cr n CIS. e (O S pro/essores ... rrs/(I, (I I• ( . • • '" o . ,"1111(1 rios fossem CIIIIIO ~o(/qllim Roq/le, que (l s tIS serlllços Se Jj('Q~ d~rtl lHf() (I t!io prestl1l/Osa classe. . .. A minl/fl admiraçuo 1lelo Pro/ess?, PnmuTlo vem da ternura e do r espeito qUe sempre tive p or meu Avo Paterll.o, o Professo r Fema l/do Pires de Llmfl, ele fllICm J/cnlel o n01lle e. tnJchzmcnte, l XJltcas das SILOS eXc(!11cill1lais Qualidades. . P OI/CO mais ele trintel COIO$ tcm J c aqm7ll R OC/1/C e. exclusivalr.-cnt u CI/sta elo seu tral/aUw e da S/UI il/teliyêncla, já tcm 'Wt cCl/rTiCUllI~

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vitae .. pura consiclerar e

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lUIWar.

Com . Alel/I,ejo cem. por cellto ~ surgiu metis 111n 1I0VO nas LeLrcu p ortuguesas. D cpois deste curiOsíssim o livro, c utros trabalhos tem pu. blicado o seu uutor. Em. 1941 fez 1'cprescnlf/1' a sI/a lJri1llcira }Jeça de teatro, em tru actes. escrtln especialmente ]lara (J concurso ele peças do _Secretariado da Prcpagewda Nac/onah, Teatro d o Pov o, com o titulo _A n os.~a Casa do Povo • . e quc assinou com o pseudonimo . J Oa qflún d'Aldeia,. Esta obra ele TeC/tro está cheia de selo 1JOrtl/yuesism o e bem demonstra Q~ crnvieçõcs tlaeionalis tas do Aulor, A lém de seus estudos sc.Qre Etnogra.j ia publicados 110 00r1lal do lIlédjco ~ , Porte'. e 1/0 cArquivo de Beja" , tem distribuído por vários jornais, entre eles o _Diário do Ale'ltCjo .. e cNotfcias de Beja ~, artigos sobre regi01talism~, educação, i1/struçcio e cultura popular, etc. Na . Revis ta de PortU{Jflh fez 8c ; . Ai, ]oms, a ssal'fÍ,ç E 11m '",pilrlin ho colltil'ás E CO Ill aziti úCll zirú::. E 1.:Ill, Iay or di DJ' s c da Virja J\laria, !'{/ dn ;\ OS"O c /l vi';j-j\ la ria, A .oraçcio ~ é rezada cinco vezes, enquanto se vão fazend ' sób re a parte d o corpe. ta fectuda com os cinco pedacinhos o cruzlIlhas Ihadcs no . ólio d'oliva. e alO . SIU;LO da vis. _ e esparto meComo acab a m cs de ver, são muito3 os ensaln~, Que a tradição oral f ez chegar Mé nós, para oJrla r ou aM,Jhar a erisipela . No interessantissimo e c,urlo.::o livro cArte de lallwr a erisiJ1eia , d: s Ilustres e o:msagrados e tnó g r a.td~ Drs, Alexandre de Lima Carneiro e 'Fernando de Castro P ires de L ima, encontram -se r egistada.; algumas :1czenas de ensalrnes que no Norle do P ais se eU\pregam i)ara o me.: mc fim, muitos dos qu ais bas t ante se assemelh a m oacs qu e l emos registado, por nó: di:-eclamente recclhidos da t ra diçã.o oral, nos con celhos de Ferreira do Alentejo, Alju strel, Beja Serpa, Moura e Barran coo. De resló, sabem : s que .cs fc rmu lários empregados. nesta como em muitas cutras praticas de medicina popular, são, com ligeiras varisntes conhecid: s em t edo o Pa is e até mesmo na Espanha (C'Jmo exuberantemen. t..e o p rcva. a fórmula t.ranscrita do Dr. Castilh o, a que Já me referi ) e nJ Brasil ( para onde fo nam levados pelOSl Celon'06 portugueses), A p ar do tratamento mlstJco pela benzedura, também o pow emprega, p')T vezes, o tratamento emplrlco, Assim sabemDS h a,v er ainda quem reoomende a apllcaçâo de panes embebidos e'm vinagre ãgua de m l.lvas, fl or de S:l bugueiro ou de piemo. E ' ccnveniente_ esclarecem- nos.-que a âgua com qu e 'te preparam estes banhos sej a das goteiras (agua da chuva) e deve aplica r-se morna, , Os pa.nos Que tervem para ta is aplicações c.:::stuma m previamente pi· ca r_sc com uma tes ~ u ra paN que, através deles, se faç a n:....is fàcilmente a lrradlaç(io do':) calor cau'!o.do pela erislpela , Em seguida, embebidos ou ensopados os panos no liquido e colocacL":1S Sobre oa parte lesada, ai permanec~Jll até enxugarem, L : g.o qu e> Lal i e veraique, molh:un-se de novo, e :ISSIJll suces.ln\'", " do ro • Jll " ... , nI _ _ " I .', IOrn:lIC' ,,, o .. " UI /"",,,/,, r,,, l>"'" 'I ' '''' 'lu llI'I< "XI! ~ nltIH "'1! " f, OuU"

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complicado modus la.

Enquanto ';e diz a «oraçÜOl

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diferentes parles do co~srreg:un. vão formando cru!:s) (~IC.

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COll~ O vel'~tllos.

os mgrcdlCntes di' que a mesma fal

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c~nco r l mos de . h Ol'tlga,. que Se ;)ISrll:: -~3

Vlamcnte. num al mofar iz com os ,~r p iu f,!oS de cólio d' olilJa~ c ;3 ci nco gOt~mdCO «slLmo ela vis. , S o Começa-se pnr c/recçar. (rriccionar) a PERNA ESQUERDA , desde o Joelho ao (frito fJrande do pé e, desta. passa-se no BRAÇO

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F ig. I : Belludura do t;1H!>I tre caido:r.: a. b, c. d - cruz for.

mada pelas pernas e bl-aços: as !!tIas marcam o sentido em que ê d a d o. a fricção e as partes fr:!cclonadas.

DIREITO. dC-;:dc o decio yra'ICle ao ombro de currec/lus, (de arrepio, para Cima) par~ o braço minguar; depois passa-se ao BRAÇO ESQUERDO, do ombro ao dedo grande, s empre a _/recçar • .para baixo, para o braço es tender (20); é agor,a a vez da PER..~A DI_ REITA q ue cornt'ça a . /ré cçur.se. desde ': (ledo grande :1:0 JoeJho, de . arreCUas. ( . Q'ando os ingr('diente.;. Que se tém na mão ',qtlverem . dados cabos. (gas tos, consam ldOS ). arrell1am ·3e outr()S.-Qv/sam·no-s I!m à-parte). Passa-se em seguida às . FONTESl re· gUio dos temporais) que se esfregam segurando o ungüento, em a mbas as mãos, entre o l!111cador e o p('\legar. vindo aquelas ta r -se (c rnzar-.~ e l na testa.

j\l11-

E Sfrega -se , agora, a . CANA. DO NA~IZ. de _arrecua,;;. (para cima) e até a:: ponto em que hã pOIlCO se Junt a ram ambas a.!I mãos. :la testa. Segue- se a c/ricçüo. na BARRIGA, r.omeçll udo. com amb:ls as mãos ( uma de c gd a I Jdo, por bahe.:> dos _rim.es. . nas _CRUZES. ati .. CAD~RAS . ) e v indo esl.as crmmr-se sObre .) bai xo vent.re: el~ s.eguida a mão d ireita circunda sObre a b l r riga, 'apertando (COnlPrum.n dol as 'trilJOS . Lud·: ell/- re([u do cmlJfyo ( ce m ri/lu dêlc, n .1 d it_n _ '.'e r fIg, r. Co mo já o trã ~ di ~I;C UlO!' , a co ração. é lezada dUl';l nte ClIlr?, sele OU nove d ias e, em cJda d ia, dcvcm Junt.u'-I:e, 110$ restes d.~ ungüento, n ov a s qu a n tidades, nunc: 1 · C P ~ (h'Zldu deillH f ~ ra aJ~llrn que sobrf' Se erl flcar que o ungUe nt o sObcJantc do dia an te rior é s urlclcntr,. dc\'-e ,0' Ol. c .. n~''''U tn n :'", l\j". Ilt"l. ", ' nllr 11 11" 111"""'1\1 Jaslt - Cr i.~to nã' tem frio nem calor As.:1 H' ·l lhllra /c " " ." ."" I II U II . '

.....ul! 1.1. I lI f

22

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lI e "'Iill"I,l.,l.f .

Vou fm il r o miolo, desmiolar o senticLo

L..

Vai-te d,lqUj, dor de cabeça, QU' aqui nâ' é a tua llloI'ada (Foi palavnas que Dc's disse D a sua bõca sagr.lda) ," . Em [U.

4301 ,'Tor a.cavalo- .. eatal em dma 011 moruado ... EilU!. /I'r",,.;r(l de diur asaJm como aq"'da outra .«ondar (1 .('(11'(1/0' tmprep. .ns, lncIlatlntamente, o pO\'O do Blbo Alentejo para $'lI'mhcar Que UC!ikUl., corno meIO de ImnspOrte, o e:\\'tllo. o burT"O ou Qua lquer outro an imal Que lhe P!l'II5a ~l'Vir de mal\lada e, até a_mo, II! Ireq llen\e d iuor Que n :ai a-C'G~'(I/o "II'" C'Gno. 1Ia cam/o"era 011 '''' colllbó~ e ai nda _\IdaUva doença cutánea. A cobra, (bicha), o ala.crau , \} I osga, o lngarto e a b.gartixa são, para o povo, 09 únlcoo causadores dêste m.aL E as roupas inter:ores. que estão em contacto directo com -a pele, são as preferidas por t ai$ bichar6cos para nelas deporem SuOs peçonhenta> secreções. E'. talvez, êste um doo motivos pOl" que ternos ouvido .reconwlldar um cu id 3d o especial em que fiquem c:bem p(/~satl(IS a lerro e C(.I1I/ él'le bem (IUente » a:s peças de vest.uárlo que hão·de ficar cm connjiCto clom a pele. P ara t ratar o cóbro é costume lavar-~ c a parte nfectada com vi nagre forte (puro) ou com vlnl?t re aro mático- prática mais corren te. Contudo, em tempos que não vão dlstante-.?, ainda em Bcja se fazb a cura do cobro com o (~haJl1 :.tdo . óleo de trigo (I Ueimllclo». ' 3l l No primolro c nmlmo 1IuI"II t~l"(l1' {jll c ilHu dn.f rf1.1isl à mOl< «pó da ~lIi a » (ljUe a .n u-.m i.n1"orm:u.lom n;ln Slml)(' d i7A'!' (I '1 11(> :,..J:\) (> :l,' S('l!lIndo «pó do d ia» ('III(' nOfi t111;.'>eram IIU!' pó lia tf,t l"fl U:\'.

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o traLalllcnto. geralmente, era aplicado (e creio que ainda o é .. . ) na loja de ferretro mais próxima ,. .

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, Num a destas oficinas. ainda h oje eXI :t~nte às Portas de MOl/ra, foi êle m:uitns vcze-,:! Ij,plicado: o doente dmgla-se para ela levando CGI1sigo IIllla porção de t~igO e, uma vez aI. o:'l ocavam Os gràos sObre a. bigorna e ch egavam -lhes um ferro em brasa. O trigo, obrigatoriamente «trigo-tremê;') , I:l.pOs a combustãO, deixa 11m reslduo escuro, oleagino::o. que em seguida se aplica- sõbre o cObro, fri ccionand o levemente. Repete-se o tratamento tant3.s vezes Quanta~ ,~s julgadas neces.:lÚrlas. Deve evitar-se a todo o cu'.:'to. que o cObro complete ou feche um anelou circulo em volta da parte do corpo 2fectada.-membros (superiores ou inferiores) o.U tro.nCQ-ilo.!s, quando Isso. acontecer, o. do.ente e.9tará irremedlàvelmente perdldo. ... Pal"J" tratar a inoculação. directa do. ,,'('neno déstes animaIs, por picada ou mordedura, ainda o povo recor,re à chamada ' pedra da bie/Ia., ~pedra da cobra. ou ' pedra do veneno., (33) mult:: parecida c:Jm ~ t pe ~ dra de argueiro) , Po.rém, de maiores. dimensões e que, cOlocada ~ó bre a parte ,afect'lda. a ela se pega fortemente caté chupar todo o. veneno, desprendendo.·se em seguid a •. A ferida nlio. deve Hllvar·se nem Iimpar-..«e após a mordedura 0.\1 pldlda, Po.ls, .se tal se fizer, a pedra diflcilmE'nte ade-r irá à pele, não podendo. assim 'Selvar-se c dcente ... Em muitos casos é mesmo co.n,venient ~ avivar a- ferida com um canivete ou vidro, para qae a pedra melhor I:e possa. pegar. Se e-Slta nAO aderir à. pele é porque não hã veneno na fer!d a. ... A pedra. depois de sattur3da. desprende-se por s-1. Para a IImp:lr basta introduzi- la em leite, {lo() qual se tran.."T1lite o veneno., o que se nota pela cOr dêste ... E ;:tas pedras são de um dos lad')S _ ver fig, III, n ." lO-Ovadas, lisas e de cOr escura ,e do outro _ mesma fig., n ,- t O'---chatas na perl. feria e 'cOncavas no centro, COm manchas claras, Além deste tratament,. cmplrlco, há o. tra tamon' i ' 1 benzedura apro.prlada: o m stlCO, pe a JaSIlS , qu' é Santo nome de Jasus Onde 'ld o Santo Nome de JasllS NII.' pOd' h ~' aver mal nem p'rigo ninhllm!

te corto, cbbro. cobrlnho!

Se -rOres alvorinho, é' te cort' o f0Clnho' Se rOres negral t' te cOrt' o crist al ('l ' Em lavor de D (l 's o d , Vi j • • .

' r CI '~1-1rla a re-NoMo, Avém . Marla, En qu~llto reza, a bellzedclr'~ c I pau de r l~lIel ra, sab\l~Uelro 011 i nr {{ com 1I1ll3, faca nUIll pE'd3C;O de ,I quer ontro, P d

q,,:

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.......

-- - --;---. . _--..,..--, .

FIG. lU 1 _ Mcda.lun, signo ae

Salm.~o

c figa (prata).

2 ·- Cruz, âncora c coração (prn ta). 3 _

Comicho, figa e cornç!to (vidro).

4_

Si8nO dr 5(1;lIIóo. figa c meia. lua \OUl·O).

5 _ Cru%, âncora e COnlç:ío (ouro c estllnltel. 6 -

Figa ( OSSO e ouro) .

1-

Comicho. 8 _ Corn lcho (chifrc e ouro).

9 c 9' _ Poora de nt'gu('i ro (d ulI& fnct's). 10 _ 10' _ 11 _

12 _

p cdrn. da I.!icha, da oobm ou do \'cllt'n o. Ide m -

face qu(' :1dere ii pnne do corpo n r('(:la da.

Fh,a (OOi.So) ext'ClIlmla 1>Ot' um ));\.,tor. M,'l:l.. hm , Icohre) - Hl lla.~ fart': sl10 ((nelos : o!> m:lU s olhad os mlo só derinham, uos poucos, o scr humano. mas também os anIUla l:>. ;t.~ Ill anla:> e os Ilwls vul'\adr s obJect.O!!, lal!> corno o jliw e o b:llo (1lue s:\I) t.1·allsmis~() r ('s da docnça a quem 37 (.s evtnl:r), aS I>cura ... , ele. eLe,

«PARA CURAR O MAL DE LUA»,,, Segund o velha crença popular, as bruxas e f eiticeiras são cc ' e d'lab61ioo.s ,mo ' á nas \'crCIll OS mais adiante, detentoras das ex,t raor d ln vir~ tlldcs de ... d:::.r olhados! Ccntudo, à lua, é reconhecido igu al POder de

magi a sobre plantas e 13.1Illmajs, e especialmente sobre as crjanç~ A sua. influência maléfica, tão frequentemente invocada, t coo nhecida ,por «mal de lua ou ataques de lua. e denunctoad a par estas s\mples 'Palavras: ... «tá com a l!ta> ou cus' é a lua'.

Para evilJar que a Lua exerça seus perniciosos efeitos sobre a cria.nça é, ainda hoje, prática muito usada, 'fazer o oferecimento à lua logo após' o n ascimento da criança.. Eis uma das fórmulas de qUe mais cos.t umam servir-se nas nossas aldeias : Dé's

te salve, Lua-Nova

Boas -noites .te venho dar Aqui tens o mE!' monino AjUda-mo a criar. ~ sou mãe e tu és ama, Cria-o tu qu' é' le dou mama,

Variante: Adé's LUa 'nh a com1ldre Aqui t' entreg ' c me' filho p'ró acaOlr's de criar : Tu es Mãe e t' sou ama

Traz'-mo

QU' t'

le dare de mamar

é rei to à noite , e~p t , • I tlZ d 9. 'I' b O oferecimento d .... ",· ~ a. a cr ança l nos raças a mue ou de qualquer 'pessoa d f lIla T al prática tem em vi t . a am .. , . ~~ su, dcomo C)(l,ffi n • o MI evitar os .. utaq,,, as palaVI'3.S d o en salmo o denull' impctrur que estl exerÇa "Obre...~a a . \la~ ou .. mal de hHh ' luaS t>.unbém ~ CTlança, a sua acção bemfaZ€'jlt ._ que a a j li d e a cr'Ul'.,. , , _~.UUlld.o a C,r lança ~ór al :lcuda de llla _ diz o povo _ deve sempre tratar se. Além. das l:rnt.ICus JA referidas, também costumam recorrer aos proce5.'llos (:lIIplrlco1$, a.';1$OCla dos, (11Ia8e semp re ~IO tra(;lnlcnto mlstlco das pOllularci:I bcnz(.'CluTOAS. ' A)i.-;hn, com [rcCIIl4'!lIcia dào a c hllir;l r i1.9 c !"iall\';IS Ilt's f:ts condi-

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ções, a IUSllfI c a ló ,Y llelr(j (jJJall l as Urolll.\tlc ' IS) sa llSa braVa (hrtlhuj ou 1I\ ' ll)sa '!'. , b A ' • , ,

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de censura, (llle se ouve quando morre lima crianÇa.

de vicio ao mal dá

II/a :

c·Smazclada. Dêxasles morrer o tê mOllino de lua Tend' a tcisl1ér' A porta da ma, .

. Com cxccpção da noite em que é feilo o oferecimento à lua, nem a cn:lnça. 1l(. 1ll qualquer peça do scu vestuârio devem ser expostas à acção directa dos raios lunaros, pois que estes serão prejudiciais ao seu es tado de sa.úde. Além do tratamento já Indicado para combater o mal de lua, também o Povo recorre -aos ctllwlelos, de que falaremos mais adiante, e, de um modo especial, à meia-II/a . Esta, segundo velha e arreigada crença. exerce hlColltestada acção catalitlca contra a perniciosa. influência da lua, das bruxas e das feiticeiras ... Para o pOvo. tam~11l a lua exerce a sua Influência decisiva. Ora nialéfica, ora benêflcamente, -s:bre grande parte dos serC$ da. Nltureza - desde a gestação, nos animais, ao crescimento, nos animais e nas: plantas. desde .a mais ligeira mudança. de tem.po, aO temperamento, bOa Ou má. diSpOSição do individuo, etc, etc. Assim, por exemplo, ainda. hoje ouvimos dizer, a cada pa&s... : --Que tal animal (sexo. feminino. ) estd aluado, quando está. na (\poca dO cio - alusão, inco nsc iente embora, à Influência da lua sobre a concepção e ges!;açâo; _que os pintes (36) nascidos e as searas semeadas ou nascl d3'~ em hla_ -nova ou em Quarto-crescente são sen\pre melhores e desenvolvem-se multo mais rApidamente do que 33 nascidas em qualquer outro 'luarto de lua; --Que a salsa, semeada à ,nolte,.ao luar, sOmente espigarA e dará. semente passadOS que sejam qua tro a ncs. Durante este espaço de tempO Irá. sempre rebe"temdo (ren ascendO) à medida Que se rOr cortando; --Que cO pel)ino sem lua amúa ,., Isto é. não villgara, não sê desenvolverá. e, por eonsegulnt.e, sendo semeado em local onde Inúo ve-ia a IU-:l, nada produzirá.; -...que tudo o que se desUna a secar, como as (.c rrílgcn.s, deve ser cOlhido no Qllarto-71dll{juullle e, 'p elo contrário, lIla lua .clleia , os cereais, para Que o pão seja cheiO e grado; -Que cluu 1!Ova trovejada trilHa dius I! mol1iaclCl' e que dUa neooadll 136\ _ Os pintOS que deviam no'..!crr em din dr Il"ovoodn mio ,';nl. So.'gundo !II! crf, rOTça para sair da cnsea. e . se nlio St' lh es n~ ud ir borrlrand()..Q) ~om vinho branco, par-a tomllrem rorça, mo.rrenlo à nn.scençn ...

.39

t TII ~~

. ta dizer , n o p rim eiro caso. Que choverâ durante P,\ da lua e. num como '!l ontra. para indicar o estld " os °ou

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dizer frequen1.en,ente que ~ nê.o é bem c-:mer diente das cr.l anças sem l es dar de comer ) porque , esclarecem , ~ há 1/Iullta! crj 9nç as que ~ desalllmicwn ou ~desaltL1l1éiam~ (pel'dem a luz dos clhos ) ou a quem cCS olh ::s se l es tá C ind: ~ pel9 c ~ mlda, ~ /u zelld o-les esta cre 'cer ãya IlU boca ~.,. D a q ui, s(guodo SU!Dme s, chama r_se ccrlançll ollf1ada ~ àQuel:1 a qu em, l. rn prim eiro lu gar, cresce .;u Já cresceu àgull n a b oca e. ~o rQue eSSa águll lhe cresceu p : ,. n:lo ter sid o a cri :l nç ... d estlllOMlIl - Is to " . fei to pré Yiam ente em ( c(lsl!ll) · cc'·\i lOes I prOI 'P" r n!í o s e lle t e r SatiS ou . O b f '.. • _1' 1 com QU l l Qu e r P r ias ' o::; Upl:\l\.e a cca, ( eSOIlIlUlHlo-u ou CIIXUUUli"O Ioe CCIIIC U c m S,'" alimen to • .ii ál(lIa ali nuscld u. quando algué m co m c ou ' d a h ll)Ott\p re s.c nça - pres.'I UIIÔe o j)l.YO se r r U(luit !c..l e c nf c1t:lda \~~: ~ )O :I c rian(" ~ t iaa nllo ~ utisfuÇM d::s apctll.e.s da noe:I ... e do cslClIl l ~ . >,

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