Pecado e opção fundamental

Muitos cristãos viveram num tormento de consciência, especialmente quando não conseguiam superar algum problema e cometi

281 30 9MB

Portuguese Pages 127 p. [128] Year 1975

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Sumário
Introdução
1. Caracterização da Problemática
2. Análise da experiência de ser pecador
3. Reflexões Sobre Decisão
4. Opção Fundamental e Pecado
5. Aplicações Pastorais
6. Dimensão Social do Pecado e sua Relação com Estruturas Existentes
Conclusão
Apêndice
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Pecado e opção fundamental

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PECADO EOPCAO FUNDAMENTAL J_B.Libanio

PECADO E OPÇAO FUNDAMENTAL

CENTRO DE INVESTIGAÇÃO E DIVULGAÇÃO Publicações CID

Teologia/11

Coordenadores: Arcângelo R. Buzzi Leonardo Boff

♦ \OZES

PECADO E OPÇÃO FUNDAMENTAL J.B. Libdnio

PETRóPOLIS 1975

© 1975, Editora Vozes Ltda. Rua Frei Luís, 100 25.600 Petrópolis, RJ Brasil

Aos amigos Ana Lúcia e Alvaro Afonso, Marina e Fernando, na esperança de que no silêncio dos estudos fora da pátria cresçam sementes de futuro.

Sumário

Introdução, 9 CAPITULO I

Caracterização da problemática, 11

Seu contexto, 11 Mal-estar pastoral, 15 Causas do mal-estar, 17 CAPITULO li Análise da experiência de ser pecador, 21 Pecado como mistério, 21 Experiência universal, 23 Experiência necessária, 25 Ambigüidade do conceito de experiência, 25 Experiência libertadora, 27 Nível psicológico e nível teológico, 28 Experiência religiosa, 29 Experiência teológico-cristã, 34 CAPITULO III

Reflexões sobre decisão, 42

Cristianismo é práxis, 42 Sentido da decisão na vida do homem, 44 Fundamento teológico da decisão, 46 Importância e seriedade das decisões, 47 Vazio da indecisão, 48 Definitividade das decisões, 50 Diversos níveis na decisão, 51 Intenção fundamental, 53 Orientação da vida, 54 Opção fundamental, 54 Características da opção fundamental, 56 a) Alternativa inevitável, 56 b) Lenta maturação e progressividade, 63 e) Explicitação, 66 d) Definitiva, irreversível e histórica, 67 e) Universalidade, 68 f ) Jovialidade, 68

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CAPITULO IV

Opção fundamental e pecado, 70

Ordem atual, 70 Pecado mortal: posição tradicional, 72 Pecado e dimensão bíblica, 75 Pecado e atitude fundamental, 78 Pecado e graça, 81 Pecado venial, 82 / Conclusão, 85 CAPITULO V

Aplicações pastorais, 87

Nova casuística, 87 Pecado de fraqueza, 88 Pecado de indiferença, 89 Preceito dominical e faltas sexuais, 90 Educar para o amor, 93 Confissão sacramental, 95 CAPITULO VI Dimensão social do pecado e sua relação com a� estruturas existentes, 100 Dimensão social do pecado, 100

a) Contexto social do pecado, 101 b) Repercussões sociais do pecado, 102

c) Pecado e decisões coletivas, 105 d) Pecado e etologia, 106 Relação do pecado com as estruturas existentes, 107 a) Posições extremas, 107 b) Críticas ao unilateralismo, 109 e) Dilema frustrante, 111 d) Tarefa de desmontar e criar estruturas, 113 Nível pessoal, 113 Nível familiar, 114 Nível grupal e escolar, 117 Nível eclesial, 119 e) Conclusão, 120 Conclusão, 122 Apêndice, 124

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Introdução

HA um mal-estar na pastoral no que diz respeito à proble­ mática do pecado, como vinha sendo tratada pela moral tradicional. Muitos sentem a ambigüidade da experiência do pecado. De um lado tende-se a reduzir tudo a meros condicionamentos, a forças inco�scientes, doutro lado a abolição total da culpa parece contra­ dizer a nossa história humana. O homem atual é mais consciente de sua própria subjetividade. Pode não perceber criticamente manipulações mais sofisticadas, mas certamente faz questão de mostrar sua capacidade de .d eciS'ão, de escolha. Nem que seja simplesmente escolher entre a enorme variedade de bens, que a sociedade de consumo, em violenta concorrência, expõe a seus ávidos olhos. Valoriza-se maiS' hoje a autenticida d e que a verda.de. Com isto, importa ver a relação entre as ações das pessoas e sua linha de vida. Ê tend ência marcante de nosso mundo atual fazer aparecer por fora a verdadeira realidade interna, desde a arquitetura até às sessões .de terapia. Lá são aS' estruturas materiais que se revelam a nossos olhos, aqui é o íntimo do coração humano que vem a público. 1 Na conduta das pessoas, já ninguém se contenta com analisar os atos, que podem facilmente ocultar a verdadeira raiz donde fluem, maS' busca-se encontrar as tendências geradoras de atos. Ao lado desta dimensão pastoral e indivi.dual, o pensamento moderno se preocupa cada vez mais com o a�pecto social e estru­ tural da realidade. Dentro do horizonte destes problemas, como se situar a rea. lidade cio pecado? Como .deverá ser entendida? O presente livro tenta apreS'entar reflexões em vista de ajudar os homens da pastoral a responder a tais questões. Respostas 1

H. Küng. Veracidade. O Futuro da Igreja. Trad. bras. São Paulo, Herder, 1969.

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provisórias e sempre reformãveis, à medida que novos questionaJ mentos vão surgindo. Muito do que aparece no livro jã foi tratado em diferentes artigos. • Mas faltava uma elaboração conjunta, mais orgânica e matizada. Eis o que tentamos apresentar aqui. A reflexão sobre o peca.do só será proveitosa, se nos levar à libertação de nossos egoísmos·, de nosso autofechamento e se nos abrir a uma dimensão de dom. Não se lutará radicalmente contra o pecado, se este processo de libertação não for à raiz de tantos outros pecados: a existência de estruturas, decorrentes dos pecados e por sua vez geradoras ,de tantos outros.

Llbanlo. Experiência religiosa g- 3ã 1 6J .F. B.Pecado e Opção Fundamental I, 1

do pecado, em: Atualização 1 (1970) n. 11, em: ld. 1 (1 70) n. 12, p. 31-42; Pecado e u amen�al 11, em: ld. 2 (1971) nn. 13-14, p.9 27-36; Pecado f� � M e Opção Fun­ ct e t 1 em. d. • 5 ( l 1 974) n. 52, p. 1 51-157; Pecado e Culpa, em REB 34 (1974) p. 108_�22_

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CAPITULO 1

Caracterização da Problemática

seu contexto

J

A há certo tempo que a teologia católica está em estado de mobilização geral. Não deixa de s·er auspicioso ver como o núm�ro daqueles que entre nós se interessam por teologia cresce, especial­ mente dentro do mundo dos leigos. Isto tem gerado certa insegurança nos pregadores e nos educadores da fé. A fé caracteriza-se cada vez mais por um movimento que vai da recepção tranqüila de uma tradição já bem elaborada para um assumir s·empre mais, em lucidez, o ser cristão. ª O tema do pecado volta freqüentemente. • A moral e a prega­ ção tradicionais ficaram presas, no mundo católico, mais ao aspecto objetivo do pecado. Desde longa tradição, iniciada já pelos monges irlandeses e anglo-saxônicos no século VI, a confis·são detalhada dos pecados vigorou como praxe normal na Igreja católica. Ela­ boraram-se, como ajuda para os fiéis, questionários pormenorizados sobre os possíveis· pecados, procurando in,dicar-lhes a diferente gravidade. • Tal maneira levou a extremos de casuística. No mundo protestante houve uma interiorização e existencialização subjetivi­ zante do pecado. Muitos ficavam numa confissão diante de Deus, onde o aspecto objetivo e detalhado perdia sentido. Para os cató' W. Kern. Der freiere Glaube. Faktoren und Tendenzen der heutigen Glaubenssi­ tuation, em: StdZ 97 (1972) 4 p. 219-236. ' A_. K. Ruf. Slind�, W{!S 1st das?_ M!inchen, Kõselverlag 1972; P. Watte. Anthropologie théolog,que et hamarltolog1e, em: Bilan de la Théologie du XXe slecle, li., Paris, Cas­ terman 1970, p. 290-308; Sup. Vie spir. n. 61 (1962); L. Llgler. Péché D' Adam. Péché du monde. Paris, 1961, 2 vol.; B. Hãring y oiros. Pastoral dei pecado, trad. esp., Ect. Verbo Divino, Estela 1970; R. Kock, A. Regan, S. O'Riordan, H. B o elaars, Endres. Antropologia moral y pecado (Co l. Antropologia Y Moral Cristlana, n. 4), 1 adrld 1969; SelTe o l. n. 29 8 {1969) 11-139, com enorme Indicação de artigos sobre 0 pecado. • H. V o rgrlmler. Penitência, em Dicionário de Teologia Blblica, trad. bras. S.P. Ed. L oyota, 1970, IV 22-225; B. Poschmann. Pénltence et Onctlon des Malades (Hlstoire des D o gmes IV/3), trad. fr., Paris, 1966; K. Rahner. Schriften zur Theo/ogte. �insl�deln, 1973, B. XI; Mayer-Oggi o nl. Storla e teologia della Penltenza, em: Probteml · or, entamenti di Teologia Dommatica 11, Milano, 1975, p. 875ss.

ti.

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licos, a .definição do Concílio de Trento, de que os pecados graves devem ser confessados até sua espécie última, além de indicar-lhes o número, tornou rígida a prática confessional. Ainda que tal prescrição fora feita para os pecados graves, não era raro que os católicos, sobretudo de países saxõnicos, a aplicassem também a qualquer tipo de falta. Tipos mais escrupulosos levavam ver­ dadeira contabilidade de suas faltas. Surgiu, como verdadeiro processo de libertação dentro do mundo católico, uma concepção mais personalizante do pecado. Tentaremos mostrar nesse trabalho as riquezas de tal perspectiva. Mas necessita, sem dúvida, ser completada por uma visão social, seja como contexto em que acontece o pecado, seja como situação criada pelo próprio pecado. Numa vis·ão de opção fundamental e numa dimensão sócio-política, pode-se encontrar um equilíbrio na consideração da realidade do pecado. A própria problemática da opção pertence ao contexto mais amplo da liberdade humana. Esta não pode ser vista somente na sua singularidade, mas dentro da dialética homem e sociedade. • No século passado, tal problemática encontrou significação e expli­ citação. Hegel comidera mais o indivíduo e sua singularidade histórica como momento do desenvolvimento global do espírito objetivo, da história. Perspectiva que nunca pode s·er esquecida numa redimensionalização do pecado. Mas, por outro lado, as con­ tribuições de S. Kierkegaard e M. Heidegger, que salientam a positividade originária e irredutível da subjetividade existencial do homem, assumida e determinada pela decisão pessoal, fornecem um contrapeso justo e necessário. A teologia, enquanto formulação teórica de uma Revelação dirigida ao homem, no mais profundo de sua subjetividade, mas dentro de um contexto histórico-salvífico de co-participação com os outros irmãos, não pode isolar nenhuma das duas dimensões. Muitos dos problemas que se tornaram mais difundidos hoje no meio católico comum já foram aventados anteriormente. Assim nas décadas de 50 e 60 o tema do pecado foi muito discutido. Já a partir da década de 30 vêm elementos da filosofia de cunho existencialista influenciando a concepção de pecado dentro do mundo católico. • Pio XII em diversas ocasiões alertava o mundo para o que ele chamou de perda do sentido de pecado a • P. Berger. El Dosei Sagrado, Elementos para una Sociologia de la Retlglón, trad. esp. B. Aires, 1971, p. 13ss. • I. Ziegler. Kathollsche Moraltheo�ogle heute, em StdZ 134 (1938).

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partir da negação da falta original e dos peca dos· pessoais. • A per da do senti do de pecad o se tornou um aforismo batido, mas incontestável. Apelava-se a ele com_o explicação para a insensibi­ lid a de d iante .do pecado, fonte de muitos males, d a med iocri da d e d os cristãos, d a indiferença das massas, da d ecadência d os costu­ mes, da multiplicação d os crimes e guerras. º O tema foi trata d o sobretu do em confronto com a psicologia. Culpa e peca.do é um assunto que interessa aos psicólogos. Tal questão fora fortemente agita da na d écad a de 50, por ocasião d o livro d e A. Hesnar d . 'º Psicólogos, mé d icos católicos se d efron­ tam com o livro. " Mas estamos já quas·e na metade da décad a de 70. Será que to d a essa problemática já está supera.da? Antes de mais nada, o aspecto sob o qual penso tratar o problema não será num confronto d ireto com a psicologia, nem com a psicanálise, como o fizeram L. Beirnaert, Ch.-H. Nodet. Será antes uma consideração filosófico-teológica. E sobre a atualid ade de tal questão, po d eria d izer que ela é e não é atual. E aí está um d os problemas d a teologia de hoje. Um tema torna-se rapi d a­ mente ultrapassa.do para os teólogos. Ele deixa d e ser tratado nas revistas e livros, não se debate sobre ele nos· congressos. Já se consi d era sob alguns aspectos assunto tranqüilo. Procura-se cami:­ nhar sempre para a frente. É natural. É próprio de uma ciência, d as pesquisas, d os estu d iosos. Mas a teologia tem também uma função pastoral. E nesse campo muitas vezes a problemática ain da é nova, não se tornou a consciência comum d os fiéis e mesmo do próprio clero. O mesmo po deria d izer d esse tema do peca d o, como será tratad o aqui, na perspectiva ,d a opção fund amental. Não é um assunto novo no mundo da teologia. Antes foi amplamente estudado nas déca das passa das e recebeu na tese d outoral d e H. Reiners uma ótima visão d e conjunto, onde se pode ver a ampla aplicação dessa concepção da opção fun.damental d entro do mun do da teo­ logia sistemática, da moral, da prática pastoral. Outros autores 11

• Mgr. S. Delacroix. Documents Ponttficaux de SS. Pie XII. 1956, Saint Maurlce, 1958, p. 754-5. • P. Antoine. Sens chrétien du péché, em: Christus 6 (1959) 45. sans péché, Paris, PUF, 1954. 'º A. Hesnard. Mora/e 11 L. Beirnaert. La morale sans péché du Docteur A. Hesnard, em: Expérience chrétienne et psychologie. Paris, 1964, p. 261-280; Ch. Nodet. Psychanalyse et culpa­ bilité, em: Pastora/e du péché. Tournal, Desclée, 1961, p. 237-266. ,. H. Relners. Orundlntention und sittliches Tun (Quaestlones Disputatae, 30) Freiburg, Herder, 1966.

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como P. Schoonenberg, j. Fuchs, Z. Alszeghy-M. Flick, j. 8. Metz l K. Rahner, B. Schüller aprofundaram tal tema. ,. Tal tema pode ser atual e novo para muita gente que vive na pastoral e de grande valor libertador. Pode fundamentar mais seriamente uma prática pastoral que carece de reflexão séria. Pode-se dizer também que o problema do peca,do é como um desses assuntos que sempre guardarão atualidade. É dessas rea­ lidades profundas da vida humana, continuamente a questionar o homem, e toda resposta padece de parcialidade e necessita constantemente ser reformulada. Por mais que se queira proclamar que vivemos num mundo sem Deus, que a realidade do pecado é criação de igrejas desejosas de manterem seus fiéis sob seu poder, a história vai desmentindo cada uma ,dessas afirmações. "Não há mais nem bem, nem mal, nem ninguém para dar-me ordens. Pois sou um homem, Júpiter, e cada homem deve inventar seu próprio caminho". " Quando o homem quer tentar "inventar seu próprio caminho" sem que ninguém lhe dite nada, sem que haja nenhuma ordem ou lei que o obrigue por dentro, de repente encontra-se no vazio. Não faz muito, dizia-me uma psicanalista que um tempo pensara segundo esse axioma sartriano. Mas, pouco a pouco, pela experiência de consultório, em contato com uma juventude totalmente desestruturada e desfeita, percebia a validez de que nem tudo pode ser criação puramente subjetiva de cada indivíduo. Existe uma tradição que carrega a objetividade da expe­ riência humana e que não se contraria impunemente. "Combater a idéia de Deus? Ela me parece desagregar-se por si mesma. Parece-me notavelmente ,de pouca importância que um operário e seu patrão, ambos cristãos, se encontrem numa mesma igreja. Não é lá que se desenrola a realidade de sua vida, mas na fábrica". '" O homem pode destruir todas as igrejas e construir infinitas fábricas. Lá não vai acontecer a suposta vida da humanidade, mas sua morte. Como o mundo moderno se torna " J. Fuchs. Situation und Entscheidung. Frankfurt/M, J. Knecht, 1952; M. Fllck, Z. Alszeg!1y. L'Opzlone fondamentale �ella vlta morale e la grazla, em Oteg 41 (1960) 593-6_19; 1d., I( Vangelo dei/a Orazra, Flrenze, Ed. Florentina, 1967; B. Schüller, _ Todsunde - Lassllche Sünde, em: L. Bertsch. Busse und Belchte. Theologische und s�elsorgllche Oberl�gungen. Frankfurt/M, J. Knecht 1967; Schüller. Oesetz und Frelheit. Erne moral-theologrsche Untersuchung. Düsseldorf, 1966; K. Rahner. Sünde, V. Dogma­ tisch, LThK IX 1177-1181; ld., Zum theologlschen Begrlfl der Konkuplszenz em: Schriften zur Theologle I 377-414; id., Ober dle Frage elner formalen ExlstentiaÍethlk em: id. li 227-246; ld. Würde und Frelhelt des Menschen em: li 247-277· e Inúmero� ' • outros trabalhos. :: J. P. Sartre. Les mouches. M. Nadeau, em: L' Age nouveau 1955 91 elt. por: R. Blomme, L es dimensions du péché, em: Coll. Mechl'. 1·anv 45 (1960} '/· 486'.

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lapidares,. mas unilaterais, que criam crt·t·tc0 a estas afirmações . . +� que lá nas fábncas, quand.o se senn: vida de1ra a d ver, . enco ntrar a - tanto cnme, prec1samen te anta exploraçao, e:xi• s tem tanta morte, t · · como 1 ugar de culto, mas · .1 N-ao 1gre1a, · e1a . porque há pouca 1gr do compromisso com os homens, ersao, conv da lugar mo j co igre a do respeito ao outro. Nossa tarefa é de ajudar nossos irmãos homens a uma tomada de consciência mais global e realista da realidade do pecado. Querer ultrapassar a moral d� casuística é fa�er um ato de fé na maturidade do homem. Nao aprender a hsta dos pecados, mas saber descobrir o pecado de sua vida. Não se soluciona 0 problema eliminando o pecado,_ como se se�A es�uec_irnento r�s?l­ vesse a questão. Mas a formaçao da consc1enc1a hvre e cnttca é o único caminho. Nesta perspectiva vão nossas reflexões.

Mal-estar pastoral Há ainda um certo mal-estar pastoral em relação à concepção de pecado. De um lado existe um cansaço diante da posição tra­ dicional, objetivista, em que a vida moral era pauta.da por catálogo objetivo de pecados mortais e veniais. Em relação a ele, o cristão se identificava como um pecador grave ou não. A insistência sobre os pecados de natureza sexual fez que tal problema ocupasse de modo predominante a vida moral e religiosa do católico médio. O homem moderno, sobretu.do o jovem, não aceita mais ser julgado pela objetividade de uma moral de atos, sem que sua ação seja vista no conjunto de sua vida, no processo de seu desenvolvimento. 10 Doutro lado, uma quase negação prática da realklade do pecado leva como conseqüência, não só uma minimização ,da reden­ ção de Cristo como da própria seriedade das decisões do homem. Não existindo o pecado, sendo ele fruto, não da vontade má do homem, mas de influências ,determinísticas do ambiente, de dina­ �ismos inconscientes, a redenção de Cristo, como diálogo de salva­ çao com o homem, perde seu sentido. As decisões dos homens não adquirem mais sua gravidade, já que elas no fundo não são decisões suas. São fruto de condicionamentos. Se a moral objetiva, que acentuava a gravidade do pecado a partir da análise do ato, sobretudo com grande ênfase na ' º J. Rudln, Dle Relle zur Ehe und zum Priestertum em: Orlentlerung 28 (1964) ' n · 1 9 p. 208ss.

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gravidade da matéria, parece repugnar ao homem consciente de sua subjetividade e da força criadora e orientadora desta, uma moral sem pecado, que no fundo queria valorizar e salvar o homem; acaba por ser uma afronta a esse mesmo homem. Redu-lo â dimensão de um produto do meio. Esquece que negar a possibi..; lidade da vontade má do homem, isto é, do pecado, é também negar a seriedade e gravidade, a responsabilidade e valor de suas decisões. " É este mal-estar que está continuamente questionando os teólogos, os homens da pastoral, sobretudo aqueles que procuram educar as crianças e os jovens. É esta geração nova que se encontra entre os dois fogos, o de uma pregação ainda tradicional em muitos lugares e o do impacto das idéias de uma moral sem pecado. No fundo o mal-estar denuncia uma crise da autocons­ ciência que o homem atual tem de si. •• Ao abordar o tema do pecado, defrontamo-nos necessaria­ mente com o problema antropológico. O prablema do pecado está em íntima conexão com o da liberdade. A intelecção da liberdade reflete a maneira de entender-se o homem, Há outro paradoxo nessa problemática, que não deixa também de. causar certo mal-estar. Uma das causas da reação contra a moral tradicional objetivista, em que os pecados eram classificados como· atos isolados dentro de normas objetivamente determinadas, procurando estabelecer o limite entre o pecado mortal e venial, era qué tal visão no fundo escondia um minimalismo espiritual. A preocupação de evitar o pecado mortal fez com que o pecado venial ampliasse ao máximo seus limites e o católico médio per­ manecia tranqüilo enquanto passeasse no limite do venial. Além disso, a confissão do ato do pecado com o arrependimento daquele ato favorecia confissões mecânicas. O aspecto de uma conversão de totalidade de vida era menos acentuado. A visão atual procura chamar atenção sobre a importância de uma volta radical para Deus que assuma a totalidade da vida e carrega as tintas nessa opção fundamental. Atos faltosos periféricos perdem sua gravidade, mesmo que objetivamente fossem classificados como mortais na visão tradicional. Esta perspectiva que quer ser exigente espiritual­ mente e que quer responder ao desejo de uma vida mais total para 19_

" B. Schüller. Oesetz und Freihelt. Düsseldorf, 1966. " H. Vaz. Humanismo e anti-humanismo, ad Instar manuscrlpti, em: Boletim üNC,1 (Rio de Janeiro - !brades) n. 2 (out. 1971) 1-9. K. Rahner. Theologie der Frelheit, em: Schrlften zur Theologle VI 215-237; trad. bras. C�xlas, RS, Ed. Paullnas; H. Vaz. Introdução à Antropologia Filosófica ad Instar ' manuscriptl, 8.H. 1966.

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te a ilusão de uma vida fácil. . Deus Pode também esconder facilmen . sen o . 1r . . s, o cns "fenco tao podena d pen atos t de o tex pre 5 0b O querem smo. Ambas visões ego as de í fonte a um com te cen o pla espiritual, s correm o risco de um . . minimalismo scerrnexigentes e amba i e t es mm1ma 1• smo. querer delas ma nenhu de r apesa

Causas do mal-estar Este· mal-estar vinha sendo preparado por uma série de cor­ de pensamento, seja no campo da Psicologia, como da s nte re filosofia, como da Teologia. Tais idéias questionavam a concepção vigente de pecado e a pastoral daí decorrente. _ A Psicologia profunda apresenta uma concepçao de homem, onde o mundo consciente, conceitualmente conhecido e querido, não exprime a totalidade da consciência humana. O homem não é somente seu mundo consciente explícito, reflexo, verbalizável. Existe todo um mundo real, inconsciente, atuante e em muitos casos de modo determinante e principal. As motivações que movem o homem no seu agir provêm não só de seu mundo consciente e explícito, mas também das camadas inconscientes de seu ser. Como são inconscientes, escapam a um primeiro e imediato juízo. Isto não significa que sua força operante não seja enorme. A moralidade de uma ação era antes de tudo considerada a partir da intencionalidade explícita, consciente, reflexa. A Psi­ canálise relativiza tal posição. Questiona uma concepção por demais pura da liberdade humana. Tem reflexos, portanto, numa intelecção da própria liberdade, realidade fundamental e primigênia do homem.•• Numa direção ainda mais radical, à corrente behaviorista, dominante em muitos círculos universitários de hoje, relativiza ainda mais a motivação humana, a intencionalidade do agente, para acentuar os condic10namentos, nas suas diversas formas. O problema se desloca para a análise experimental do comporta­ mento, a fim de observar os processos de comportamento sob con­ dições controladas. Na medida em que o homem dominar tais elementos, ele condicionará os outros no seu comportamento. No fundo, de novo, temos um questionamento radical da liberdade, da motivação, da intencionalidade que estavam na base de toda a moral, de toda concepção de pecado. 21

20

1,oyola, 21

H. Oratton. Psicaná/lses de Ontem e de Hoje ' trad. bras. ' São Paulo, Ed. 1967. B. F. Skinner. O Mito da Liberdade. Rio de Janeiro Bloch trad. bras. 1972. , ,

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Por isso certos setores da Psicologia continuam não distin­ guindo os planos de intelecção, a opor-se à idéia de pecado. Pro­ curam analisar o ato dentro .do contexto histórico-psicológico do indivíduo e aí encontrar-lhe a explicação suficiente, sem precisar da noção de pecádo, como culpa diante de Deus. Se esta existe, é questão puramente psicológica, condicionada por experiências e ensinamentos passados. Cabe desmontar tal engrenagem neuro­ tizante. •• Doutro lado, entretanto, somos uma sociedade ávi.da de des­ cobrir os culpados e puni-los. Certos analistas políticos, quando do assassinato de J. Kennedy, comentavam que o povo americano precisava descobrir o culpado para adquirir tranqüilidade. Tal descoberta podia ser sumária. Mas alguém .devia ser o criminoso. Sem is1o a sociedade não ficaria em paz. Mesmo que fosse um louco, um anormal. Por um instinto natural, espontâneo, tendemos a querer des­ cobrir os culpados dos crimes. Necessitamos puni-los. Haja vista a caça aos perseguidores dos judeus após a queda do nazismo, aos membros da famigerada Pi.de portuguesa depois da falência da ditadura salazarista, aos envolvidos no escândalo Watergate, não poupando o próprio presidente da maior nação ocidental. Todos os culpados destas dita.duras, desses escândalos, são pro­ curados, julgados, condenados. Sem embargo, a psicologia difundiu já, em larga escala, uma consciência latente de que os piores crimes encontram sua raiz numa patologia que pode mesmo inocentar completamente o seu perpetrador. Estamos certamente num movimento balanceado. Um desculpar total do crime, da falta, para atribuí-los à patologia parece contrariar toda a história humana até seus mais recentes dias. Os julgamentos continuam ditando sentenças: "culpado" ou "não culpado". Doutro lado, não podemos ignorar as desco­ bertas das forças inconscientes e dos condicionamentos que vio­ lentam a liberdade interior. Correntes filosóficas contribuíram para criar um espaço cultu­ ral on.de a concepção tradicional começou a sentir-se abalada. Três aspectos foram decisivos: uma reflexão sobre a pessoa, como ser relacional, ser situacional, de modo que seus atos devem ser considerados dentro do conjunto de toda a pessoa, seja no seu desenvolvimento pessoal, como na sua situação histórica. Um seL. Beirnaert. A teoria psicanalitica e o mal moral, em: Concilium n. 56 (1970) 707 - ;;5 , · N. Schlffers. O conceito teológico de culpa e o sentido do mal moral à 1 uz da análise do comportamento, em: Concilium fd., 716-727.

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ndo aspecto im portante foi a intelecção da realidade .do espírito, g11� seu conhecimento e no. seu querer, como um dinamismo, como a unidade fontal, primigênia. Com isto, um terceiro aspecto foi 111 uonsiderado: a liberdade, como uma realidade fundamental, trans­ �endental, .de totalidade e em suas atualizações concretas, cate­ O'Ori ais. 0 Estes três problemas filosóficos fundamentais: pessoa, rea­ de lida dinâmica do espírito e estrutura da liberdade, ao serem aprofundados, sobretudo pelas filosofias do neotomismo transcen­ dent al (J. Maréchal, P. Rousselot, K. Rahner, etc.) e da existência ( existencialismos, personalismos, etc.), questionaram em · profun­ didade a estabilidade de uma moral objetivista. Dentro da própria teologia, uma concepção personalista da graça, " uma intelecção mais dinâmica e global da fé, ,. um redescobrir do primado da caridade, ,. uma moral das tendências e não dos atos •• criam esse novo clima. Na teologia, processou-e lúcida crítica sobre as imagens de Deus e o unilateralismo ,da cristologia. A idéia de um Deus juiz, que leva à contabiHdade completa dos pecados, escrevendo-os no grande livro das contas para lê-lo no dia do juízo final, 21 cede lugar à de Deus misericórdia, Deus Pai. Salienta-se o núcleo da mensagem evangélica como a grande notícia de que Deus nos per.doa, nos salva em Jesus Cristo. A ira de Deus - espírito do Antigo Testamento - se transforma no amor perdoante Novo Testamento. A atitude do homem é de confiança, de gratidão, de libertação dos medos. '• A citStologia desÍoca o acento para fazer sobressair o humano de Criafu. É no excesso de sua humanidade, que se manifesta sua transcen,dência, sua divindade. •• A crítica não perdoa o elemento ideologizante das imagens terrificantes de Deus, de Cristo, como força de opressão, para manter o povo fiel, sujeito à ordem estabelecida. Era no fundo

'.! M. Flick, Z. Alszeghy. /1 Vange/o de/la Grazia, Flrenze, 1967. faro. Fldes, Spes, Caritas. Roma, PUO, 1968. ;, J� AlOllle man. Théolor;le morale et charité, em: NouvRevTh 14 (1952) 806-820 id�� Le U.prlmat en théotogie e, Paris, 1954. R. Carpentler. Vers u .morale de dela laChaCharité, rlté, em: Oreg 34 (111Wra/ 953) 32-55; Le prlmat de l'amour dans h' v�; morale, em: NouvRevT h 83 (1961) 3-24· 255-270 ghlen. Mor a l der Akte t und m � ori'.t der t�ndenzen, em Dokumente 10 (1954) 9lJSt "Um livro será trazido No qual tudo está contido Por onde . o mundo é julgado". " lrae" do Missal Romano: Missa de Réquiem . " J. G.DoMiJ:lmo lhavenDies . Toward a New Morality. New York, 1970, p. 82-94. '" l f o esus P. Sch�·onen B b erg. . J Cristo Li b ertador. Catholic Cot. CID, Petrópolis, Vozes, 1972, p. 192-222; The Chr/st, N.Y., Herder, trad. ingl. 1971. 21

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a idéia de Voltaire de que é importante que o povo creia em Deus, mesmo que ele não exista, para conservar-se sujeito à ordem. A compreensão de Deus está em íntima relação com a auto­ compreensão do homem. E esta se traduz na intelecção do pecado. Basta que um dos elementos se modifique, que nova figura surja. Assim de nova imagem de Deus segue-se nova concepção do pecado. Finalmente os próprios problemas da pastoral começaram a crescer e a pedir nova intelecção do pecado. Rápido decréscimo nas confissões com aumento das comunhões, o aparecer do "terceiro homem", •• não coadunavam mais com a tradicional visão de pecado, de confissão, de arrependimento, de condições estabelecidas para a comunhão. Alguma coisa necessitava de ser repensada. Dentro dessa situação, criada por tais correntes, buscou-se então uma reintelecção de toda a problemática do pecado. Em seguida exporemos rapi,damente tal visão.

•• P. Roustang. Le troisleme homme, em: Christus 13 (1966) n. 52, 561-567.

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CAPITULO li

Análise da Experiência de ser Pecador

Pecado como mistério CABE logo de início ressaltar uma consideração do pecado como ação totalmente inteligível a partir do conjunto histórico­ psíquico do indivíduo, sem levar em questão o contexto global da história da salvação. Existe em tal intelecção do pecado um encurtamento de sua realida.de e somos levados a um impasse. Esconde-se também o seguinte a priori gratuito. Não existe nenhum universo de relação pessoal entre Deus e o homem. Não existe nenhuma história do amor de Deus ao homem, solicitando-o e interpelando-o no fundo de sua consciência em direção ao amor, a que o homem pode responder positiva ou negativamente. Não existe nenhuma realidade mais profunda, chamada liber.dade, que não se reduza à resposta a estímulos inconscientes ou a condicionamentos. Nega-se enfim o pressuposto da própria fé. Naturalmente a fé possui uma gratuidade, que realmente nos deixa perplexos. O seu nível de racionalidade acontece dentro da própria estrutura do crer. Isto vale do pecado. Entender a realidade teológica do pecado impõe colocar-se no circulo interior da fé. Círculo humano e racional, desde que o homem perceba (creia), por conaturalidade, a sua coerência. A conaturalidade é fruto antes de tudo ,do dom de Deus. Entretanto, encontra sua caixa de ressonância na história individual de cada um, na luta que empreendeu. Daí que muitas vezes o psicólogo pára sua análise na "caixa de ressonância", considerando­ como a única fonte do som. Mas existe aí um mistério. Não se trata de fugir da racionalidade, lançando-se no inefável, por­ tanto; no indiscutível. Antes, contudo, convém apontar o limite de nossa reflexão.

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O mistério não é o ainda-além-do-nosso-conhecimento. É a limitucfe deste que nos faz abrir para o mistério. O mistério indica-nos simplesmente que estamos diante de uma realidade que não pode ser tão simplesmente equacionada com análises· de causalidades imediatas. 11 O pecado pertence ao horizonte do mistério do homem, do relacionamento com Deus. Quanto mais o homem se fecha em si, menos aberto se encontra diante de Deus, menos poss'ibilidade tem de compreender o pecado. Daí que, teologicamentee falando, o pecado, sendo a negação do amor, o fechar-se em si mesmo, provoca naturalmente a atitude paradoxal de sua auto-ignorância. Quanto mais pecador, tanto menos se sente pecador. No momento em que alguém se julga realmente pecador, neste momento a graça de Deus o atingiu e ele começou a caminhada de ·as·censão do peca.do para a graça e se .torna de fato menos, pecador. Afirmar que quem vive de fato no pecado não aceita o pecado é uma tautologia. Ele é uma realidade teológica que só pode ser entendida à luz da Revelação, sob o influxo. da graça. Por isso não se trata tanto da insensibilidade do homem m0;derno diante da realidade do pecado, mas de um consciente ou às vezes inconsciente mal-estar diante de uma noção que não lhe corresponde à experiência de vida e entretanto lhe é ensinada pelos confessores ou ao menos está por detrás da praxe confes­ sional. A dificulade de aceitar existencialmente como pecado pes­ soal algo estipulado como tal nos questionários dos exames· de consciência tem leva.do, entre outras razões, a uma queda bem notável na prática do sacramento da penitência, mesmo por parte de pessoas que antigamente se confessavam com freqüência. Houve um esvaziamento da concepção antiga de pecado, ainda que muitas vezes não percebido, que não foi preenchido por uma visão mais real, mais autêntica, mais exigente. Não menos funesta tem sido uma benignidade sentimental de confessores, que confundem compreensão, abertura, com o minimizar da realidade tremenda do pecado. Outros não menos esclarecidos· continuam atormentando as consciências com uma casuística, que corresponde a uma visão do homem de outra época. Nada contribui para nosso problema a preocupação de com­ parar épocas, seja esvaziando a realidade dos pecados de hoje, seja carregando as .tintas sobre eles. 11 K. Rahner. Sobre el Concepto de mlsterlo en la teologia cat.óllca, em: Escritos de Teologia, trad. esp., IV, Madrid 1961, p. 598■. J. 8. Llbanlo, Reflexão Teológica sobre os Sacramentos, li, em: Atualizaçao 4 (1973) nn. 37-38, p. 587-596.

Aliás, João XXIII chamou-nos a atenção a fim de precaver-nos destes profetas de mau agouro: "no exercício cotidiano de Nosso ministério pastoral chegam-nos aos ouvidos insinuações de almas, ardorosas- sem dúvi,da no zelo, mas não dotadas de grande sentido de discrição e moderação. Nos tempos modernos, não vêem senão prevaricações e ruínas; vão repetindo que a nossa época, em comparação com as pass·adas, tem piorado; ...mas a nós parece­ nos que devemos· discordar desses profetas de desgraças, que anunciam acontecimentos sempre infaustos, como se estivesse imi­ nente o fim ,do mundo". 11 No mundo religioso existe infelizmente certo nominalismo. Muitos rejeitam uma realidade religiosa por causa das asS'Ociações desagradáveis que tem com a palavra que a exprime. Assim, quando falamos de "pecado", sentimos no auditório um mal-estar. Muitos exprimem rejeição apriorística dessa realidade. Nunca fize­ ram uma análise da mesma. Só a palavra "pecado" lhes lembra e ;desperta experiências desagradáveis, de que não mais querem recordar. Falou-se tanto dos efeitos perniciosos do complexo de culpa. •• Esquece-se, entretanto, de que o pecado se situa em outro nível de realidade. Uma análise teológica do conteúdo da realidade ;