O libro das origens : a inscri-cão teológica da pedra de Chabaka 9789723114102, 9723114100


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Table of contents :
NOTA PRÉVIA
INTRODUÇÃO
I. O LIVRO DAS ORIGENS
1. VERSÃO HIEROGLÍFICA E TRADUÇÃO
2. COMENTÁRIO
2.1. A peça dramática
2.2. A narrativa cosmogónica
2.3. Teologia e géneros literários
2.4. Datação e composição
3. ENQUADRAMENTO
3.1. Contexto político: a dinastia cuchita e a Pedra deChabaka
3.2. Enquadramento teológico: As tradições cosmogónicas de Heliópolis e de Hermópolis
3.3. A tradição cosmogónica menfita
4. O IMPACTO DO «LIVRO DAS ORIGENS»
II. APÊNDICE:HINOS E ORAÇÕES A PTAH
1. FÓRMULA 647 DOS «TEXTOS DOS SARCÓFAGOS»
2. HINO DE LOUVOR DE UMA ESTELA RAMESSÉSSIDA
3. HINO DE LOUVOR A PTAH DO PAPIRO HARRIS I
4. SAUDAÇÃO A PTAH DO PAPIRO 3048 DO MUSEU EGÍPCIO DE BERLIM
5. TEXTO COSMOGÓNICO DO PAPIRO 13603 DO MUSEU EGÍPCIO DE BERLIM
6. ORAÇÕES A PTAH
7. COMENTÁRIOS
BIBLIOGRAFIA
ABREVIATURAS
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O libro das origens : a inscri-cão teológica da pedra de Chabaka
 9789723114102, 9723114100

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O Livro das Origens

Estátua colossa l de Chabaka, XXV d in astia. Museu Egípcio do Cairo (J E 36677)

O LIVRO DAS ORIGENS A inscrição teológica da pedra de Chabaka Nota Prévia, Introdução, Texto e Desenhos de

Rogério Sousa

FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN Serviço de Educação e Bolsas

Reservados todos os direitos de harmonia com a lei Edição da FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN 2011 Depósito Legal n.a 328462/11 ISBN: 978-972-31-1410-2

NOTA PRÉVIA

O texto que aqui apresentamos sob o título de «Livro das Origens» é habitualmente conhecido na bibliografia egiptológica pela designação de Teologia Menfita. Como muitas outras expressões utilizadas no jargão técnico da egiptologia esta designação merece ser revista e actualizada. A primeira vez que o termo «menfita» foi evocado a propósito deste texto foi no artigo de James Breasted, intitulado «The Philosophy of a Memphite Priest»1 . No entanto, a expressão «Teologia Menfita» só se viria a impor com a publicação da tradução deste texto na obra de Kurt Sethe, Dramatische Texte zu Altaegyptischen Mysterienspielen2. No entanto a designação usada pelo autor, Denkmal Memphitischer Theologie, ou seja, «Monumento de Teologia Menfita», não se reporta ao texto propriamente dito, mas sim ao bloco onde está inscrito, a Pedra de Chabaka. Desde então, porém, as publicações referem-se ao texto simplesmente como Teologia Menfita 3• Usada como título para designar esta composição, a expressão «teologia menfita» tem o grande inconveniente de ser demasiado imprecisa para ser satisfatória. Na realidade, a expressão «teologia menfita», por definição, 1 BREASTED, < >, ZAS 39 (1901), pp. 39-54. 2 SETHE, Dramatische Texte zu Altaegyptischen Mysterienspielen, J. C. Hinrich Sche Buchhandlung, Leipzig, 1928. 3 LICHTHEIM, Ancient Egyptian Literature, I, pp. 51-57.

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abrange toda a reflexão teqlógica desenvolvida em torno do culto menfita de Ptah. A expressão não deve, por isso, ser aplicada exclusivamente a um único texto e deve ser reservada para designar o edifício teológico construído no âmbito da tradição menfita, à semelhança do que ocorre com a expressão «teologia heliopolitana» ou «teologia hermopolitana•>. Em boa verdade, o texto hieroglífico é omisso quanto ao título da obra. Quando foi transposto para a pedra, no reinado do faraó Chabaka (716-702 a.C.), o segundo rei da XXV dinastia (747-656 a.C.) 4, o redactor refere simplesmente a existência do «livro» ou do «escrito» redigido pelos antepassados. Embora insinue um paralelo com a conhecida narração bíblica da criação do mundo, o título «Livro das Origens», que propomos para designar esta obra egípcia, reflecte o espírito e a finalidade do texto original cujo intuito era o de revelar o drama que, na origem dos tempos, esteve subjacente à criação do mundo e à fundação do Egipto. Os termos por nós escolhidos para compor o título não são ocasionais. A inscrição de apresentação refere-se explicitamente ao texto como «um livro dos antepassados». Incluir a designação de «livro» no título torna mais clara a força e o prestígio que a composição gozava como um todo. Pelo contrário o título Teologia Menfita inspira-se quase exclusivamente no trecho narrativo da composição aplicando-se mal à maior parte do livro composto por uma acção dramática que de modo algum pode ser encarada como um texto de reflexão teológica. Por outro lado, o termo «origens» afigura-se particularmente ajustado pois remete para o tempo primordial, sem precisar a proveniência concreta dos mitos em causa. Evitamos assim a exclusiva 4 Trata-se de um período durante o qual os monarcas cuchitas (originários de Kuch, o actual Sudão) dominaram parte do Egipto.

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centração do texto no quadro da mitologia menfita, uma vez que, embora a sua intencionalidade seja a de afirmar o estatuto divino e político de Ptah (o deus tutelar de Mênfis), a maior parte do texto recorre, quase por completo, ao quadro mitológico da vizinha cidade de Heliópolis. Situar este documento apenas no quadro das concepções teológicas menfitas é, portanto, redutor e não traduz a «universalidade» que os antigos redactores certamente tinham em mente aquando da sua elaboração. Naturalmente, temos que manter em mente que, enquanto reconstrução, o nosso título constitui uma proposta aberta e provisória. Em todo o caso, a designação Teologia Menfita, encontrando-se em clara contradição com o conteúdo e com as características literárias da composição, não será mais utilizada nestas páginas. Na verdade, o texto patente na Pedra de Chabaka é o herdeiro de uma longa e milenar tradição e reflecte como nenhum outro a intensa reflexão teológica e política em torno do problema da criação do mundo. Embora muitos outros textos cosmogónicos alusivos à criação do mundo tenham sido redigidos no antigo Egipto, grande parte deles protagonizados por outras divindades criadoras, a verdade é que o «Livro das Origens» é o único texto que chegou até nós que, para além da enunciação de eventos mitológicos (como é de regra nos textos cosmogónicos egípcios), inclui também uma narrativa sequencial formulada através de uma interpretação racional da criação do mundo. Por essa razão, não é excessiva a comparação que o título insinua com o Génesis bíblico pois partilha com esta obra uma visão unitária do acto criador que se desdobra de um modo articulado e coerente através da materialização progressiva do plano divino. Os dois textos cosmogónicos têm ainda em comum o facto de se basearem em referências míticas

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antiquíssimas, integrando-as numa nova e racionalmente articulada visão teológica. Graças à sua vigorosa e «universal» formulação teológica os dois textos exerceram um impacto duradouro quer na cultura e na religiosidade do povo que os redigiu, como na especulação filosófica e teológica de povos que com eles conviveram, originando um caudal de reflexão que se foi actualizando e revestindo de novas roupagens e interpretações. Importa ainda salientar que ambas as composições foram sendo buriladas sensivelmente ao longo do mesmo período de tempo (séculos XIII-VI a.C.) e que, apesar da aparente divergência de horizontes religiosos, se apresentam como produtos afinal bastante próximos de um caudal de reflexão comum. Cada um destes textos a seu modo elaborava uma versão unitária e compreensiva de deus e do mundo. Ao escolhermos a designação de «Livro das Origens» tivemos ainda em conta um outro aspecto, porventura o mais decisivo, relacionado com a especificidade da mensagem veiculada no texto. Nele perpassa a ideia de um deus criador que literalmente «escreve» o mundo, povoando-o de hieróglifos vivos que permanentemente actualizam o seu pensamento primordial. Estabelece-se assim uma equivalência entre «livro» e «mundo» que é específica desta obra e que justamente merece ser destacada na designação que a evoca. Embora o impacto do «Livro das Origens» redigido na Pedra de Chabaka seja comparativamente menos visível que o do Génesis bíblico, e que, por essa razão, sejamos tentados a considerá-lo mais longínquo dos nossos próprios referenciais culturais, a verdade é que não só ambas as obras exerceram uma influência tremenda no desenvolvimento das ideias religiosas que desaguaram no cristianismo, como na realidade o «Livro das Origens» parece ter sido o veículo de ideias que tiveram um alcance

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bem mais determinante na afirmação da mensagem cristã. O Prólogo do Evangelho Segundo São João, um texto com uma desconcertante afinidade com o texto cosmogónico da Pedra de Chabaka, retoma o tema da criação pela palavra divina no contexto do Novo Testamento, insinuando um paralelismo simbólico com o Génesis que dá início ao Antigo Testamento. Num certo sentido, a mensagem do «Livro das Origens» afigura-se mais decisiva ainda do que a do Génesis, na medida em que, aos olhos dos redactores do Evangelho Segundo São João, a ideia de uma criação do mundo pela Palavra afigurava-se suficientemente inovadora para justificar a repetição do relato da criação, agora entendida plenamente à luz da criação do logos. Todos estes elementos justificam a publicação, pela primeira vez em Portugal, quer da tradução integral do texto, quer da própria versão hieroglífica, possibilitando assim ao estudioso o acesso directo à fonte hieroglífica. Devido à grande distância que nos separa dos redactores desta composição colocámos um especial cuidado na contextualização do leitor contemporâneo. O comentário e o enquadramento procuram explicitar a grandiosidade desta obra que se filia numa tradição antiquíssima. Nos apêndices, o leitor poderá ainda encontrar outras obras literárias que revelam uma afinidade evidente com o «Livro das Origens». Esta obra magistral, onde o drama das origens é encenado e revelado, representa uma das mais singulares e extraordinárias obras literárias que o mundo antigo nos legou e cujo verdadeiro impacto na espiritualidade do Ocidente está ainda largamente por estimar.

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INTRODUÇÃO

O «Livro das Origens» foi inscrito num bloco de pedra negra de grandes dimensões (92 centímetros de altura contra 132 centímetros de largura), actualmente conhecido por Pedra de Chabaka, em virtude de ter sido mandado erguer pelo faraó Chabaka (716-702 a.C.), segundo rei da XXV dinastia (747-656 a.C.). Originalmente o bloco foi colocado no templo de Ptah, em Mênfis. Infelizmente as circunstâncias da sua descoberta não são conhecidas mas é possível que o bloco tenha sido encontrado em Alexandria, para onde pode ter sido transferido no decurso da dinastia ptolemaica, em virtude da sua extraordinária importância e valor ritual. O que sabemos é que em 1805 este bloco monumental foi oferecido ao Museu Britânico (n2 498) onde ainda aí se conserva. Chabaka não era um faraó egípcio. Na realidade fazia parte de uma dinastia oriunda do país de Kuch, um vasto território situado a montante das primeiras cataratas do Nilo e que tradicionalmente era ocupado militarmente pelo Egipto. Estava-se então num período de grande declínio político do Egipto conhecido actualmente como o Terceiro Período Intermediário (1069-664 a.C.). O grande poderio militar que o Egipto conhecera no Império Novo (1550-1069 a.C.) esboroara-se acarretando consigo, não só a perda das regiões ocupadas na Ásia e na Núbia, como a fragmentação política do território e até a ocupação estrangeira, primeiro por governantes de origem IJ.ôia

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(dinastias XXII-XXIII) e, posteriormente, pelos «faraós» de Kush (XXV dinastia). O «Livro das Origens» é, por si só, um monumento literário de suma importância. Redigida em papiro, se acreditarmos na inscrição dedicatória de Chabaka, esta composição corria, já em plena XXV dinastia (747-656 a.C.), um sério risco de deterioração. No momento em que foi «encontrada» pelo faraó cuchita, entre os documentos sagrados dos arquivos do deus Ptah, encontrava-se corroída pela acção dos vermes. A obra era suficientemente importante para originar, por parte de Chabaka, uma evidente indignação pelo lamentável estado de conservação do papiro e motivar a sua inscrição num bloco monumen~ tal. Este constitui o único suporte sobrevivente desta notável composição literária · cuja elaboração, ao que tudo indica, se prolongou durante centenas de anos. Apesar de grande parte da inscrição se ter perdido, é possível nesta obra distinguir duas peças distintas. A mais extensa é constituída por um texto mitológico de carácter teatral onde se evoca a unificação do Alto e do Baixo Egipto, graças à resolução do conflito mitológico que opunha Hórus, o garante da ordem e modelo mítico do faraó, a Set, deus que personificava o caos e a desordem. Indubitavelmente esta composição é muito antiga e foi alvo de uma constante actualização ao longo do tempo. A outra parte da composição, muito mais reduzida em extensão, é também mais recente, sertdo constituída por um hino de louvor a Ptah que evoca a criação do mundo através do pensamento e da palavra. Numa ocasião indeterminada, com toda a probabilidade ao longo do período ramséssida (1295-1069 a.C.), os dois textos foram combinados originando assim uma composição única. Na actualidade é sobretudo o hino de louvor a Ptah que, em virtude da sua importância teológica, mais tem

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recebido a atenção dos tradutores e comentadores que normalmente relegam para segundo plano a peça que, no fundo, possuía um maior peso na composição. Na tradução e comentário que aqui apresentamos ao leitor procuramos dar a versão mais completa possível do texto, uma vez que só desse modo se pode ter uma ideia balizada sobre o seu real valor. Na realidade, para Chabaka, o interesse da obra devia residir mais na peça de carácter teatral do que no texto cosmogónico propriamente dito, dado que o primeiro evocava a unificação do Alto e do Baixo Egipto, um feito que os faraós cuchitas procuravam a todo o custo alcançar e que nunca haviam verdadeiramente de o conseguir. Esta mensagem de teor político era, portanto, um traço muito distintivo da obra que não se pode descurar. Com a edição monumental do «Livro das Origens» Chabaka procurava, desse modo, lançar o Egipto numa nova era, afirmando-se na continuidade das mais velhas tradições faraónicas que o texto actualizava e, desse modo, justificar a sua acção política e militar. Ao fazê-lo, Chabaka relançava o prestígio político de Mênfis, a mais antiga capital do Egipto faraónico, fundada no dealbar do III milénio antes de Cristo, segundo rezava a tradição, por Ménes, o fundador mítico do Egipto. Apesar de ter mantido sempre o estatuto de capital administrativa das Duas Terras, o peso efectivo de Mênfis na vida política e espiritual do Egipto declinou muito após o Império Antigo (c. 2680-2160 a.C.), sobretudo em detrimento de Tebas (ou Uaset, em egípcio), a capital dinástica dos faraós do Império Novo (c. 1550-1069 a.C.) onde imperava a figura tutelar do deus Amon. A Pedra de Chabaka vinha relançar o prestígio político de Mênfis e o culto de Ptah. Embora nem Chabaka, nem os seus sucessores cuchitas tivessem beneficiado directamente com esta estratégia, dado que foram repelidos pelo poder militar assírio para

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os seus territórios de origem, o certo é que o rasgo da sua estratégia se impôs, a julgar pela importância crescente que Mênfis não cessaria de deter até à invasão macedónica e a subsequente fundação de Alexandria. Não obstante esta preocupação política bem tangível, o trecho cosmogónico também não deve ser visto como um «apêndice». Do ponto de vista religioso, o «Livro das Origens» estava imbuído de uma mensagem vigorosa. A ideia de uma recriação do mundo, garantida graças à união das Duas Terras, era um ideal caro à dinastia cuchita e o arrojo teológico da noção cosmogónica que divulgava, claramente formulada com um cunho de universalidade raro nos discursos teológicos do mundo pré-clássico, contribuía para fazer do intuito político de Chabaka uma recriação cósmica, um renascimento do Egipto. A noção de uma criação do mundo pelo pensamento e pela palavra havia de ter um forte impacto na espiritualidade helenística, também ela centrada numa reflexão de teor teológico centrada na consciência e no conhecimento do criador. A caracterização do logos divino, o Verbo criador, tomar-se-ia com efeito um elemento central na elaboração teológica do helenismo, quer através de uma formulação filosófica pura, como acontecia nas correntes filosóficas de inspiração platónica, quer através da sua aplicação a tradições místicas de sabor oriental, como o hermetismo e o cristianismo. O «Livro das Origens» documenta, portanto, uma viragem que é tanto política como religiosa e que, apesar de se enraizar profundamente nas mais antigas tradições faraónicas, se tomaria, talvez precisamente por isso, no portador de uma mensagem revolucionária na forma de conceber deus, o mundo e o próprio homem que haveria de perdurar até aos nossos dias.

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A cidade de Mênfis e o templo de Ptah: uma introdução geral Sobretudo para o leitor não especializado, o «Livro das Origens» não pode ser compreendido inteiramente sem que algumas pinceladas sejam traçadas acerca do seu contexto: a cidade de Mênfis e o templo de Ptah. No auge da sua glória, Mênfis era uma das maiores cidades do mundo antigo. Situada precisamente na confluência geográfica do delta (o Baixo Egipto) e do vale do Nilo (o Alto Egipto), a cidade foi criada na alvorada da civilização egípcia (c. 3000 a.C.) com o intuito de constituir a capital política do Egipto unificado5. O termo Mênfis deriva da expressão egípcia Men-nefer, (significa «estável e belo»), que designava o complexo piramidal de Pepi I (2321-2287 a.C.) situado na região meridional de Sakara. Com o tempo, a expressão acabou por se estender ao bairro da cidade situado na proximidade destes edifícios e, por fim, à própria cidade. No entanto, originalmente o nome da cidade era Ieneb Hedje, o «Muro Branco», ou adoptando uma expressão menos literal, a «Cidade Cintilante», uma expressão que se reporta à muralha que envolvia o palácio real ou o núcleo urbano primitivo6. 5 Oriundo da cidade de This, no Alto Egipto, Narmer terá sido primeiro faraó a deter o controlo do Baixo Egipto, realizando sob o seu comando a unificação das Duas Terras. 6 O termo Hedje não significa exactamente «branco», mas sim > (21a) Palavras ditas por Ísis e Néftis a Osíris: «Nós trazemos-te(. ..)>>

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A fundação de Mênfis (20b) .. . (Elas cuidaram dele) e trouxeram-no para (terra. Ele entrou nos portais misteriosos na glória dos senhores da eternidade) 67 (21b) (Então Osíris) veio para terra. (22) Ele tornou-se Osíris na terra da Muralha Real, a norte da terra que (o) fez saif68. (E o seu filho Hórus ergueu-se como rei do Alto Egipto e do Baixo Egipto, no abraço do seu pai Osíris e dos deuses que estão à frente e atrás dele) 69 . (23) Aí foi construída a Muralha ReaF0.

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A reconciliação entre Hórus e Set

(24a) Palavras ditas por Geb a Tot: ... (27b) (. .. ) Ísis fez chegar (Hórus e Set) (...) (28b) Palavras ditas por Ísis (a Hórus e Set): «Vinde (. ..)» (29b) Palavras ditas por Ísis (a Hórus e Set): «Fizestes a paz .. . » (30b) Palavras ditas por Ísis a Hórus e Set: «A vossa vida será feliz quando ... » 71 • (31b) Palavras ditas por Ísis a Hórus e Set: «É ele que limpa as vossas lágrimas ...»

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O despertar do deus criador (48) Eis os deuses que se manifestaram em Ptah72 : (49a) Ptah-no-grande-trono (. .. ) (SOa) Ptah-Nun, o pai que criou Aturn73 . (Sla) Ptah-Naunet, a mãe que gerou Aturn74 • (S2a) Ptah-o-Grande é o coração e a língua75 da Enéade76 . (49b) (Ptah) ... .... que gerou os deuses. (SOb) (Ptah) .. ... .. que gerou os deuses. (Slb) (Ptah) ... ... . (S2b) (Ptah) ...... (Neferturn) no nariz de Ré quotidianamente.

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