239 21 7MB
Portuguese Pages [60] Year 1971
RADOJUNIOTI D
[lruMU$il0 DE LEVI.STRAI'SX|
ARXISMO
DE LoUIsi ALTnussEn sorôRl
N. Cham.: 4l0P9l7e Autor: Prado Júnior, Caio, 1907-l Título: O estruturalismo de Ler i-
I
llllil illil ililt ililt ililt ililt ilil ililt tilililt 14224848 Aa.112919 BCH
BRAstLtENsr
I
\
|,
j I
)
)
ri f, -q i $r' i I-i"J$t,&L" lsrdffi irt I f ill. lj; lrl,fqij§l§ .i i',rii{,}ilfiflvtü
ltr r {}tJri Ai_T['{t}s§frf;: Os dois trabalhos reunidos no presente volume se destinaram ori-
ginàriamente
a
revistas francesas.
Ambos os assuntos abordados, o Estruturalistno de Levi§trauss e a interpretaçáo tão original que Althusser dâ ao Muxr'srno tiveram, e ainda têm, como se sabe, grande repercussão nos mais amplos meios
culturais do mundo todo. O A. critica aquelas posições filosóficas de um ponto de vista original, em q.ue se verifica que em útima instância o gue se encontra no fundo do debate é a guestão do Conhecimento, bem como a problemática essencial da Filosofia. É aliás o que dá unidade aos dois trabalhos que,
1".
..;
3
. fl'
ri lBi;
a a Dú úa Éia AD Éd tr,i -l (Íl a
li. r
t: É! *r,
v3 §
E
ffi H& tffi 'ffi
ffi i#',
a =Fl .lâ
,§
Éo
:,lü, ],Y.' r.l
r;'
Ei
.U)
=x r{=
"
i.',
{:,
i.i I
i_{
\
:gr
\
"' - -t
rdcaíÇrctllrt',
_r.'7 _ .']'l/'íi
,;l \\
CAIO PRADO JÚNIOR
DO AUTOR: EVOLUÇÃO POLÍTICA DO BRASIL 2e edição
1947
-
-
esgotado
UM NOVO MUNDO
U. R. S. S,, 2+ ediçáo
1935
-
-
esgotado
EVOLUçÃO POLÍTICA DO BRASIL E OUTROS ESTUDOS 7? edição
-
1971
NOTAS INTRODUTÓRIAS 3? edição
f *
-
*
dois tomos
Àr
5? edição
s:. ll,r:'
t'
I
O ESTRT]TURALISMO DE LEVI.STRAUSS
DIALÉTICA DO CONHECIMENTO
I§
.,1"
LÓGICA DIÂLÉTICA
FORMÀÇÃO DO BRASTL CONTEMPORÂNEO l1? edição 1971
'ili
:v-"'
À
1968
2'
-
1969
ESBÔÇO DO§ FUNDAMENTOS 5? edição 1969
DA TEORIA ECONÔMICA
-
O MUNDO DO SOCIALISMO 3a edição
A
1967
-
REVOLUÇÃO BRASILEIRA
3? edição
1968
-
O MARXISMO DE LOUIS ATTHUSSER
HISTÓRIA ECONÔMICA DO BRASIL 14+
g6;t6.
-
1971,
TRADUÇÕES: História Econômica do Brasil espanhol, russo, japonês i
f
Evolução Política do Brasil espanbol, inglês (parcial)
Formação do Brasil Contemporâneo (Colônia) inglês (The Colonial Background of Modern Brazil)
A Revolução
Brasileira
espanhol, italiano, japonês l1
ffi
EDITÔRA BRASILIENSE t97t
c[iliRÀL
l* lL lw\11
1,l4tt trv4t
t\
181osl,so/7
1" ri",' (.,\ [ '
4é,--
,,\." , :Ld
I "t ,*
r
Capa
t,:
Í
TEBALDO
*ir,,, lir:,i:
"1.' .'ll'i''
/'t 0 ,/q
,.,at
Ív.,
.
ill
-i;
,.
ll i.
l
ij
i"
Í: '',
1
r
ii
;
#' :orrôrr
br$siliense
Rua Barão de Itapetininga, g3 SÃO PAULO
* BRASIL-
soc
aN
129 andar
A
Robcrto, meu filho
"-
tl, lt
II t{
t'
A Maria Odila, a cuio
estímulo,
apoio e cooperaçã"o nas difíceis condições em que escrevi êste,s trabalhos,
devo a possibilidade de sua realização.
\
w I
,l
riÉ
,
,1.
rl
ü
Os dois trabalhos aqui reunidos, O Estruturalismo de Levi-Strauss e O Marxismo de Louis Althusser (escritos respectivamente para as revistas francesas La Pensée e Temps Modernes) independem um do outro, e houve entre êles, em princípio, ünicamente a coincidência de época e das peculiares circunstâncias em que
,ti
';l[
ü ü
foram elaborados, isto é, neste prolongado recolhimento forçado em que me encontro. O que permitiu, liberto infelizmente de outros afazeres, dedicar-me com o necessário vagar (embora em condições poubo favoráveis) à reúizaçáo de velhos projetos sempre adiados, que vinham a ser a critica a concepções e posições filosóficas que julgo, uma, o estruturalismo de Levi-Strauss, politicamente retrógrada; e as oiutras, de Louis Althusser, profundamente deformadoras do Marxismo que o autor pretendeu caprichosamente interpretar a seu modo. Concepções essas de larga repercussão, e em conseqüência. por fôiça de ,suas implicações
,il.
tft. tr'.
Iirr
firtl'1 lij
ii
"l't'
ffi,"
políticas mais ou menos próximas, merecedoras de reparos da parte de todos quantos tenham algo a dizer na defesa do pensamento renovador de nossos dias. Apesar contudo da independência, em princípio, dêstes dois trabalhos, c tratamento das questões de que respectivamente se
f,' )
tt 'j
:j
.i rl,
! t.,, :'
fÍ1 I ;;
..i
i
tr
ilr
i: l;r
l*
ocupam, embora bem distintas umas das outras, levou-me em a abordar, com alguma atenção, temas que dizem respeito à Dialética e seu método, e pois à teoria do conhecimento implícito na Dalética materialista. Trata-,se de assunto como por certo reconhecerão todos que, numa perspectiva científica, se tenham por êle interessado ainda envolto em denso véu de imprecisões, e caracterizado, -no seu tratamento, pela ausência de rigor. Para comprová-lo, é suficiente consultar, entre outros, os verbêtes relativos à questão que figuram no Dicionário de Filosolla dirigido por M. Rosenthal e P. Yudin, e editado pelo Instituto de Filosofia de Moscou, com tradução em diferentes idiomas. Sem entrar aqui no mérito dessa obra, e citando-a apenas como fácil ponto de referência e sintoma da situação reinante, de um modo geral, no domínio da Dialética ambos
ll'
I I
I I
{
--..: t;.
t0
O Esrnurun.rLrsMo
..;
.::i
iív.,. *
..:.'.
DE Levr-S'rnluss
materialista como método de elaboração do conhecimento, não há como deixar de reconhecer nela a falta de precisáo e rigor científicos que aí se observam no tratamento do assunto. Êsse fato I
\ .r'
S
... J:
,ll
,t,
.; I
é geral, tanto nos países 'socialistas, como nos círculos marxistas de outros lugares. O que está a exigir, há muito, aliás, um esfôrço no sentido de desenvolver um dos pontos fundamentais e centrais do marxismo até hoje ainda tão descuidado. Nos trabalhos reunidos no presente volume, o leitor encontrará, assim julgo, uma perspectiva, pelo menos, para a proposição marxista do problema do conhecimento em têrmos de mais rigor e precisão científicos.
Abril de 1971 CAIO PRADO JÚNIOR
O ,Estruturalismo de
,1'!
,,
i"
,
,Í,,
I
,i[
L I |, I
r!
! it
ír
t"'
t
d
Levi-Strauss
"j
#i $, i I i
I
I
t
Ir
ir
li I ,l]
t
til
;t.
ü
I
I
Foi em eventuai conversa com um grupo de jovens que me veio originàriamente a intenção de analisar mais a fundo os trabalhos de Levi-Strauss, que lera sem maior insistência, porque 1o- -l go sentira nêles a superficialidade do autor, fora do estrito campo { da etnografia, e as implicações politicamente retrógradas-em que J importavam. É por isso aliás que em frente ao interêsse dos meus interlocutores, evidentemente estimulados e desorientados pela nouvelle vague do estruturalismo, avaliei o que isto poderia significar no sentido de torcer o pensamento dos menos prevenidos. É assim do maior interêsse contribuir, por pouco que seja, como é aqui minha intenção, no sentido de atenuar a aceitação de uma "moda" como essa do "estruturalismo" de L.-S., que hàbilmente manipulada pelos interessados, logrou insinuar-se com a sua falsa aparência de novidade (qq9_lLao-j),, objetividade científica 5 (que não possui), e isenção-(q[ãserá alo autor, m.as não é daqueles que dêle se aproveitam), Iogrou insinuar-se nos largos círculos de mais fácil contaminação por tudo que sôe a coisas novas e originais. Refiro-me em especial àqueles cuja ânsia de renovação precisa ser cuidadosamente resguardada contra quaisquer insidiosas teses que embora sem declará-lo expressamente, de fato contrapõem freios ideológicos, ou ameaçam fazê-lo, à marcha da hist6ria para novos rumos. E é isto, entre outros, que se disfarça no "estruturalismo" de Levi-Strauss. Não me foi dado ocupar-me desde logo com o assunto. Algum tempo depois, o número especial de La Pensée (n9 135, outubro de t967) me trouxe a surprêsa de observar a estranha e inesperada reação, para mim, dos marxistas france,ses em frente à obra de Levi-Strauss. Reação esta que, com poucas exceções, se não era de total aceitação, mostrava-se pelo menos tolerante, e mesmo até certo ponto simpatizante com êle. Em todo caso, não sômente alheada do fundo político da questão, como despercebida da frontal contestação que o estruturalismo de Levi-Strauss trazia à dialética marxista, embora seu autor, velho marxista, ou antes, marxista quando ainda não velho, 'procurasse apresenlar-se por
.:F-lir--:i7Ti --r,é_t-!_'-:
O Êsrnurunar-tsMo
t4
O Esrnu'ruullsMo
DE Lrvr-Srneuss
vêzes, com muita prudência, é certo, nada mais, nada menos, que
§
t "ll (
1:,
a't
lix M i1 t: ,1,
1:
)
li ft B]
ffi H ffi"
tr
r I
{.
iÊi
,t [.
i Í:;
f,
um superador de Marx. O mais sério contudo daquela análise "marxista" do estruturalismo de Levi-Strauss, é que ela se mostra, em seu conjunto, inteiramente esquecida, senão desconhecedora da própria ãialética, A tal ponto que passa ao largo de uma rigorosa e precisa análise, à luz do materialismo dialético, das ambigüidades, inconseqüências e incongruências da chamada (pelo autor) "análise .estrutural". E em particular (o que é ainda mais de admirar), lde sua manifesta e freqüeqtemente até confessada afirmação de fé Jidealista (x). E é disto que se constitui, no essencial e fundaÂmental, o "estruturalismo" de Levi-Strauss. Como ignoráJo numa análise que se pretende "marxista", e que se propõe, nos têrmos da apresentação que faz La Pensée, indagar "qual pode ser a contribuição do método estrutural para o desenvolvimento das pesquisas marxistas? Que problemas o conceito de estrutura propõe ao marxismo?" Tudo isto seria escandaloso, se não fôsse triste. Não podia passar sem protesto. E me reforcei porisso na intenção de levar adiante a planejada, mas não real\zada consideração mais atenta dos trabalhos de Levi-Strauss. Mas ,sômente anos depois, e forçado pelas circunstâncias a um longo repouso e afastamento de minhas habituais ocupaçóes, é que me pude dedicar ao assunto. Embora o meu trabalho fôsse embaraçado pelas dificuldades naturais à situação em que me encontro, sem acesso a fontes bibliográficas suficientes, troca de opinióes e críticas que seriam tão importante,s, êle tem pelo menos o significado de pôr em seu devido lugar, assim creio, as concepções essenciais de Levi-Strauss, e apontar a extrema fragilidade das bases em que assentam suas ousadas e tão categóricas conclusóes. "Ousadia" esta que terá por certo concoÍÍido para desviar a atenaudatia lortuna juvat - mas pormenorizada dos críticos análise mais humilde, de uma ção e em profundidade, das premissas em que Levi-Strauss assenta o seu estruturalismo, e do "método estrutural" com que procura desvendar suas pretensas "estruturas".
*..
22 de outubro de
I fl t§l
1970
(*) A êsse propósito não me posso furtar à tentação de referir a seguinte jóia do texto de Levi-Strauss, que posta de Iado sua puerilidade, Íaz do autor o profeta de um neo-idealismo como que "fisiológico" em que ninguém ainda pensara: 1-'
I I
//^.), (\J
\'Os enunciados da matemática reÍletem o livre funcionamento do \espírito. isto é, a atividade das célulac do çortex cerçbral rela-
\
DE Lsvr-Srneuss
:.,,i
:
:'
15
tivamente libertas de todo constrangimento exterior, e obedecendo tão sômente a suas leis próprias. Como o espírito também é uma coisa, o funcionamento dessa coisa nos instrui sôbre a natureza das coisas: mesmo a reflexão pura se resume numa interiorização do cosmos" (La Pensée Sauvage,328, nota) *
* .'Les\ énoncés de la mathénratlque rellàtent le íonctionnement libre de I'csprit,