Ho Chi Minh: Vida e Obra do Líder da Libertação Nacional do Vietnã [1º ed.] 9786599090592

Ho Chi Minh foi o mais proeminente personagem da história moderna da República Socialista do Vietnã. Em maio deste ano,

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Table of contents :
Apresentação
9 Prefácio Renato Rabelo
13 Imagens Ho Chi Minh, líder da Libertação Nacional
20 lntodução Pedro de Oliveira
23 Cronologia
47 Textos de Ho Chi Minh
54 Reivindicações do Povo Anamita
57 Discurso no Congresso de Tours
58 Indochina
60 Manifesto da "União lntercolonial" -Associação dos povosoriginários de todas as colônias
61 Algumas considerações sobre a Questão Colonial
63 Os Civilizadores
66 Mulheres anamitas e a dominação francesa
68 Civilização assassina!
69 O movimento dos trabalhadores do Extremo Oriente
70 Lênin e os povos colonizados
72 Intervenção sobre a Questão Nacional no 5° Congresso Mundial da Internacional Comunista
74 Linchamentos: aspecto pouco conhecido da sociedade estadunidense
84 Lênin e os povos coloniais
89 Lênin e o Oriente
90 Apelo por ocasião da fundação do Partido Comunista da Indochina
92 A linha do Partido durante o período da Frente Democrática
97 Carta ao Partido Comunista da Indochina
99 Apelo à insurreição geral
101 Declaração da Independência da República Democrática do Vietnã
102 Discurso no início da guerra de resistência no sul do Vietnã
106 Apelo à luta contra a fome
l08 Contra o Analfabetismo
110 Ao povo vietnamita, ao povo francês e aos povos aliados
111 O Aniversário da fundação do Exército de Libertação do Vietnã
113 Doze recomendações
115 Apelo à Emulação Patriótica
117 Resposta sobre a intervenção ianque na Indochina
119 Recomendações ao I Congresso Nacional de Educação dos Quadros
121 Relatório Político entregue ao li Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores do Vietnã
129 Ao Congresso para a fusão das Ligas Viet Minh e Lien Viet
150 Os imperialistas jamais escravizarão o povo vietnamita!
154 Economizar e lutar contra a corrupção, o desperdício e a burocracia
166 Relatório à VI Conferência do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores do Vietnã
174 Discurso de encerramento do Congresso da Frente Única Nacional
183 O Leninismo e a libertação dos povos oprimidos
186 Orientações dadas à Conferência sobre educação de massas
192 Consolidação e desenvolvimento da unidade ideológica entre os partidos marxistas-Leninistas
197 Sobre a moral revolucionária
203 Relatório sobre o projeto de revisão da Constituição
213 Trinta anos de luta do Partido
229 Discurso inaugural do Ili Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores do Vietnã
242 O Caminho que me levou ao Leninismo
249 A Revolução Chinesa e a Revolução Vietnamita
251 Alocução por ocasião do XX Aniversário da fundação do Exército Popular
254 Apelo à Nação
256 A grande Revolução de Outubro abriu a via para a libertação dos povos
260 Testamento
269 Entrevista Sr. Do Ba lhoa - Embaixador da República Socialista do Vietnã Um olhar retrospectivo, e também prospectivo, sobre as últimas três décadas
273 Poema Ao fim de quatro meses-Escrito por HO CHI MINH na prisão
279
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Ho Chi Minh: Vida e Obra do Líder da Libertação Nacional do Vietnã [1º ed.]
 9786599090592

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TIO HO! Tio Ho! É assim que todos os vietnamitas se referem ao presidente Ho Chi Minh. E é como expressam o amor e a afeição que têm pelo velho Pai da Nação, homem de cultura da humanidade, que sacrificou toda a sua vida e liderou com sucesso a luta pela independência nacional e pela reunificação do Vietnã, contribuindo para o movimento de libertação nacional no mundo inteiro.

Os artigos apresentados no livro "Ho Chi Minh - Vida e Obra do líder da libertação nacional do Vietnã" e muitos outros de seus textos foram pesquisados e resumidos pelo Partido Comunista do Vietnã em "Pensamento de Ho Chi Minh" e consagrou em sua Plataforma e em seus Estatutos "O Partido toma o Marxismo-Leninismo e o Pensamento de Ho Chi Minh como base do pensamento, uma diretriz para a ação". Os pesquisadores concordam que o pensamento de Ho Chi Minh constitui uma ciência. O conteúdo de suas reflexões abrange um sistema amplo e profundo de perspectivas sobre as questões fundamentais da revolução vietnamita e da revolu­ ção de libertação nacional. Na base da visão do mundo e da metodologia dialética do Marxismo-Leninismo, e com conhecimentos profundos, uma alta capacidade intelectual, graças à análise e ao resumo dos movimentos patrióticos vietnamitas do final do século XIX ao início do século XX-com o raciocínio independente, autônomo e criativo em experiências prá­ ticas internacionais-, Ho Chi Minh construiu seu sistema ideológico que inclui pen­ samentos sobre questões étnicas, relações de nação-classe; a libertação nacional; o socialismo e o periodo de transição para o socialismo; a grande unidade nacional; a combinação da força nacional com as forças da humanidade; o Partido Comunista do Vietnã; a construção do Estado do povo, pelo povo, para o povo; a moralidade; o humanismo e a cultura. A simplicidade e a proximidade de Ho Chi Minh com seus compatriotas também são refletidas em cada página escrita, com um estilo muito simples, usando palavras compreensíveis para leitores de todas as camadas sociais. E foi isso que transfor­ mou o presidente Ho Chi Minh em um líder próximo do povo vietnamita, a quem todos chamam de Tio Ho. Por fim, expresso meus sinceros agradecimentos ao jornalista Pedro de Oliveira e à editora Anita Garibaldi pela cooperação na publicação deste livro.

DoBa Khoa Embaixador do Vietnã no Brasil Dezembro 2019

VIDA E OBRA DO LÍDER DA LIBERTAÇÃO NACIONAL DO VIETNÃ



\nita Qaribaldi São Paulo 2020

para Augusto Cezar Buonicore

{in memoriam)

Organizador

PEDRO DE OLIVEIRA

HO CHI MINH VIDA E OBRA DO LÍDER DA LIBERTAÇÃO NACIONAL DO VIETNÃ

12 Edição

São Paulo

2020



\nita Qaribaldi

HO CHI MINH VIDA E OBRA DO LIDER DA LIBERTAÇÃO NACIONAL DO VIETNÃ

Organização e edição: Pedro de Oliveira Revisão: Maria Lucília Ruy Capa: Cláudio Gonzalez, com ilustração de poster histórico. Projeto gráfico e diagramação: Laércio D'Angelo Impressão: PlenaPrint Tiragem: 500 exemplares

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD H678

Ho Chi Minh: vida e obra do líder da libertação nacional do Vietnã/ organizado por Pedro de Oliveira. - São Paulo, SP : Anita Garibaldi, 2020. 280 p. : 1I. ; 16cm x 23cm. ISBN: 978-65-990905-9-2 1. Política. 2. Ho Chi Minh. 3. Vietnã. 4. Marxismo-leninismo. 5. Imperialismo. 6. Unificação do Vietnã. 7. Socialismo. 1. Oliveira, Pedro de. li. Título. CDD 320.532 CDU 321.74

2020-611 Elaborado por Vagner Rodolfo da Silva - CRB-8/9410 .Índice para catálogo sistemático: 1. Marxismo-leninismo 320.532 2. Marxismo-leninismo 321.74



\nita Qaribaldi

• CONSELHO EDITORAL

• Ana Maria Prestes• Augusto Cesar Buonicore• Cláudio Gonzalez • Fábio Palácio de Azevedo• Fernando Garcia de Faria• João Quartim de Moraes • Júlio Vellozo• Manuela D'Ávila• Mariana de Rossi Venturini• Nereide Saviani • Nilson Araújo• Osvaldo Bertolino

SUMÁRIO Apres�ntação _________________ 9 Prefácio

13

Renato Rabelo _________________

Imagens

20

Ho Chi Minh, líder da Libertação Nacional ________

lntodução

Pedro de Oliveira ----------------- 23

Crono logia _________________47 Textos de Ho Chi Minh

54

• Reivindicações do Povo Anamita ____________ 57 • Discurso no Congresso de Tours

58

• Indochina

60

• Manifesto da "União lntercolonial" -Associação dos povos originários de todas as colônias _____________61 • Algumas considerações sobre a Questão Colonial

63

• Os Civilizadores

66

• Mulheres anamitas e a dominação francesa

68

• Civilização assassina!

69

• O movimento dos trabalhadores do Extremo Oriente

70

• Lênin e os povos colonizados

72

• Intervenção sobre a Questão Nacional no 5 ° Congresso Mundial da Internacional Comunista ----------- 74 • Linchamentos: aspecto pouco conhecido da sociedade estadunidense ------------------ 84 • Lênin e os povos coloniais

89

• Lênin e o Oriente

90

• Apelo por ocasião da fundação do Partido Comunista da Indochina ___________________ 92 97 • A linha do Partido durante o período da Frente Democrática • Carta ao Partido Comunista da Indochina 99 • Apelo à insurreição geral

101

• Declaração da Independência da República Democrática do Vietnã ---------------------102 • Discurso no início da guerra de resistência no sul do Vietnã_106 • Apelo à luta contra a fome______________ l08 • Contra o Analfabetismo--------------- 110 • Ao povo vietnamita, ao povo francês e aos povos aliados

111

• O Aniversário da fundação do Exército de Libertação do Vietnã ____________ 113 • Doze recomendações

115

• Apelo à Emulação Patriótica

117

• Resposta sobre a intervenção ianque na Indochina

119

• Recomendações ao I Congresso Nacional de Educação dos Quadros ___________________ 121 • Relatório Político entregue ao li Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores do Vietnã __________ 129 • Ao Congresso para a fusão das Ligas Viet Minh e Lien Viet

150

• Os imperialistas jamais escravizarão o povo vietnamita!

154

• Economizar e lutar contra a corrupção, o desperdício e a burocracia ------------------- 166 • Relatório à VI Conferência do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores do Vietnã_______________ 174 • Discurso de encerramento do Congresso da Frente Única Nacional _____________________183 • O Leninismo e a libertação dos povos oprimidos

186

• Orientações dadas à Conferência sobre educação de massas __192

• Consolidação e desenvolvimento da unidade ideológica entre os partidos marxistas-Leninistas ___ ___ ____197 • Sobre a moral revolucionária 203 • Relatório sobre o projeto de revisão da Constituição

213

• Trinta anos de luta do Partido

229

• Discurso inaugural do Ili Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores do Vietnã ____________ _242 • O Caminho que me levou ao Leninismo

249

• A Revolução Chinesa e a Revolução Vietnamita

251

• Alocução por ocasião do XX Aniversário da fundação do Exército Popular ___________________ 254 • Apelo à Nação __________________256 • A grande Revolução de Outubro abriu a via para a libertação dos povos________________260 • Testamento

269

Entrevista Sr. Do Ba l{hoa - Embaixador da República Socialista do Vietnã Um olhar retrospectivo, e também prospectivo, sobre as últimas três décadas_______________ 273 Poema Ao fim de quatro meses- Escrito por HO CHI MINH na prisão _ 279

APRESENTAÇAO

En1baixada da República Socialista do Vietnã no Brasil e a Editora Anita Garibaldi oferecem ao público brasileiro este livro sobre a vida e obra do revolucionário internacionalista Ho Chi Minh, que se insere na tradição de relatos de grandes experiências históricas de luta pela libertação nacional dos povos oprimidos da Ásia, África e América Latina. Em maio deste ano, comemora-se os 130 anos do nascimento deste líder que organizou e levou à vitória o povo vietnamita diante de 3 gigan­ tes do sistema de exploração colonial e imperialista, que foram a França, o Japão e os Estados Unidos. Não seria possível trazer à luz esta obra sem o apoio decidido da Embai­ xada do Vietnã - juntamente com a diretoria da Associação de Amizade Brasil-Vietnã, a Abraviet, que procuram cada uma com suas particulari­ dades específicas, desenvolver as relações entre os dois países, nos planos diplomáticos, comerciais, culturais e militares. Neste sentido, destacamos a breve mas ao mesmo tempo instigante reflexão publicada na orelha deste livro. Intitulada Tio Ho! e assinada pelo então embaixador en1 exercício no Brasil, o senhor Do Ba K.hoa. Nela, o diplomata vietnamita destaca que o 9



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conteúdo dos pensamentos de Ho Chi Minh abrange um sistema amplo e profundo de perspectivas sobre as questões fundamentais da revolução vietnamita e da revolução de libertação nacional. No final deste volume, publicamos uma entrevista concedida pelo embaixador, muito informativa sobre as relações entre o Vietnã e o Brasil na atualidade. No prefácio, o presidente da Fundação Maurício Grabois, Renato Rabe­ lo, traça um perfil político, ideológico e militar de Ho Chi Minh, caracte­ rizando em grandes linhas a contribuição inestimável do líder vietnamita para a estratégia e tática de luta de resistência ao colonialismo e ao impe­ rialismo. Em seguida o jornalista Pedro de Oliveira delineia a trajetória seguida pelo dirigente vietnamita desde sua formação básica, passando pelas viagens realizadas por ele pelo mundo, onde procurou compreender e estudar as formas de dominação e exploração dos povos coloniais, e de­ pois a luta titânica empreendida por Ho para conscientizar a maioria das lideranças do movimento comunista internacional quanto à relevância da luta anticolonialista para o próprio desenvolvimento do movimento socia­ lista nos países centrais, e seu trabalho prático de organização e direção da luta pela libertação nacional e a construção de uma sociedade moderna e socialista no Vietnã. Por fim, a obra dedica seu maior espaço às contribuições essenciais es­ critas pelo próprio Ho Chi Minh, ao longo de sua vida. Destacamos nesta relação de artigos, conclamações e intervenções em reuniões importantes, vários textos que ajudam a compreender o caminho seguido pelo autor na construção de seu pensamento político, social e ideológico. As contribui­ ções no trabalho executivo deste livro foram essenciais para que pudesse ser editado, como o trabalho de edição gráfica, a cargo de Claudio Gonzales e Laércio D'Angelo, as revisões e adaptações de Lucília Ruy, feitas a partir de publicações das obras de Ho Chi Minh na - Marxists Internet Archive, Se­ ção em Português e em inglês. A capa foi produzida por Cláudio Gonzales. Eventuais observações críticas podem ser dirigidas ao e-mail polive65@ gmail.com e serão respondidas com a devida presteza.

Os Editores

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PREFÁCIO

Ho Chi Minh, revolucionário exemplar do século XX Renato Rabelo

E

m 19 de maio de 2020, o povo vietnamita e os revolucionários de todo o mundo celebram os 130 anos do nascimento de Ho Chi Minh ("aquele que ilumina"), nascido como Nguyen Sinh Cung em 1890, no vilarejo de K.im Lien, região central do Vietnã. Tio Ho - como é carinho­ samente conhecido no Vietnã - deu curso à extraordinária trajetória histó­ rica de seu povo, que jamais se submeteu à dominação estrangeira e soube enfrentar sucessivamente as invasões no século XIX de mongóis e de dinas­ tias chinesas e, na era moderna - sob a liderança de Ho Chi Minh -, lutou pela independência nacional, enfrentando três imperialismos: o francês, o japonês e o norte-americano. Seu legado permanece atual e, sob sua contri­ buição, a República Socialista do Vietnã mira, em meados do presente sé­ culo, expressar as gloriosas jornadas de luta empreendidas por seu povo sob a égide de um grande Estado socialista moderno, industrial e democrático. Ho Chi Minh foi - sem margem para dúvidas - um dos mais sofistica­ dos revolucionários surgidos no século XX. Se para Maquiavel a política ganha status de ciência, em Lênin a tática - movimento imediato da luta dos trabalhadores - foi alçada ao grau de ciência. Em Ho Chi Minh, essa ciência da tática ganha contornos práticos que merecem destaque em fun-

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ção da complexidade e do nível de barbárie impostos pelo capitalismo ao socialismo, sobretudo na Ásia. Ho Chi Minh é causa e consequência do que , Lênin chamou em 1913 de "O Despertar da Asia", onde ele desenvolve sua tese sobre o imperialismo, apontando o seu continente como o local em que o imperialismo toma contornos mais trágicos e sanguinários. Nesse , contexto de luta de classes acirrada na Asia é que Ho Chi Minh e seu legado devem ser localizados. Ho Chi Minh foi um homem que acordou para a realidade cruel de seu país em contato com seu povo e o mundo. Desde 1911 viajando como cozinheiro de um cargueiro francês- tendo passado inclusive muitos dias no litoral brasileiro, no bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro -, Ho Chi Minh toma consciência da junção entre racismo e imperialismo. Viveu até 1915 em Londres e em 1917 partiu para a França, exercendo o ofício de jardineiro, onde no final deste 1nesmo ano contribui para a fundação do Partido Comunista Francês. Em meio a debates e crises ideológicas , , da esquerda francesa sobre o papel do país na Asia e na Africa, Ho Chi Minh corajosamente expõe o caráter reacionário da ocupação francesa da Península da Indochina. Cônscio do papel de seu país na luta anti-impe­ rialista internacional, em I 923 parte para a URSS onde se forma em táticas militares e se torna um militante do Comintern. Participação de Ho Chi Minh na Internacional

Em sua trajetória revolucionária, Ho Chi Minh ou Nguyen Ai Quoc (um de seus 174 codinomes clandestinos) participou da 22ª sessão do V Con­ gresso da Internacional Comunista, em 1° de julho de 1924, onde tomou a palavra depois da intervenção de Manuilski- então dirigente da Interna­ cional e do Comitê Central do PC da União Soviética -, que havia criticado a atividade insuficiente do PC da França na propaganda nas Colônias e mesmo em Paris em favor da independência colonial: "- Contento-me em complementar as críticas do camarada Manuilski. Os nove países colonizadores, quer dizer, Grã-Bretanha, França, Estados Unidos, Espanha, Itália, Japão, Bélgica, Portugal e Holanda, possuem jun­ tos, uma população de 320 milhões e 657 mil habitantes e uma superfície de 11 milhões e 470 mil km2 • Estes países exploram um domínio colonial cuja extensão supera os 55 milhões e 500 mil km2 , com uma população de 560 milhões de almas. Os países colonizados são, pois, cinco vezes maiores

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Prefácio

que os países colonizadores, e a população destes últimos é 3/5 inferior à dos primeiros". "Portanto, é absolutamente necessário que nossos partidos de Grã-Bre­ tanha e França tenham uma política mais ativa e enérgica para as Colô­ nias; senão a consigna "ação de massas" continuará sendo estéril. Melhor dizendo, até hoje têm sido inoperantes. A imprensa do Partido não destaca este grave problema no espaço e importância que merece". A fundação do PC da Indochina

Após essa participação na Internacional, na União Soviética, Ho Chi Minh foi enviado para Cantão, na China, onde organizou um movimento revolucionário entre os exilados vietnamitas. Foi forçado, na ocasião, a dei­ xar o país quando as autoridades locais passaram a reprimir as atividades comunistas na região. Mas Ho voltou à China onde fundou com outros revolucionários o Partido Comunista da Indochina em 1930. Permaneceu em Hong Kong como representante da Internacional. Voltou ao Vietnã e passou a organizar a resistência, do ponto de vista político e militar. Depois de conquistada a liberdade, Ho Chi Minh ainda cumpriu tarefas como conselheiro militar das forças armadas da China e, com a invasão do Vietnã pelas tropas japonesas em 1941, organizou o movimento pela independência nacional, conhecido como Viet Minh, para lutar contra os japoneses. Quando o Japão se rendeu e perdeu a guerra em 1945, o Viet Minh assumiu o poder e proclamou a República Democrática do Vietnã, em Hanói. Ho Chi Minh tornou-se o presidente do país. A França, entre­ tanto, não concedeu independência ao Vietnã e por longos oito anos ainda o Viet Minh lutou contra as tropas francesas a partir das montanhas e dos campos de cultura do arroz. Finalmente, na famosa batalha de Dien Bien Phu, em 1954, os viet­ namitas, sob a direção do general Vo Nguyen Giap, expulsaram as tropas francesas do país, dando fim a uma ocupação colonial que se estendeu por 96 anos. Na Conferência de Paz de Genebra, no entanto, o Vietnã foi dividi­ do em dois. O Norte, sob comando do Viet Minh e de Ho Chi Minh, passou a construir o socialismo, enquanto o Sul, ligado aos interesses geopolíticos dos Estados Unidos, tinha capital em Saigon. A partir de 1960, a guerra de guerrilhas estalou no Sul contra o regime títere. Ho Chi Minh a esta altura apresentava uma saúde muito precária

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e faleceu em 3 de setembro de 1969, passando suas tarefas para novos di­ rigentes como Phan Van Dong e Vo Nguyen Giap. Em sua honra, o Parti­ do Comunista do Vietnã nomeou a antiga cidade de Saigon como Ho Chi Minh. Ho, o fundador do comunismo no Vietnã, foi a verdadeira alma da revolução. Suas qualidades pessoais, seu exemplo de simplicidade, integri­ dade e determinação revolucionária influenciam ainda hoje as gerações do movimento progressista e avançado do mundo. O pensamento militar de Ho Chi Minh

Pela própria natureza de suas tarefas históricas, Ho Chi Minh teve de se especializar nas artes militares - e desenvolver esta capacidade a partir das experiências dos povos e da doutrina marxista-leninista, tendo em vista a aplicação concreta nas condições do Vietnã. Mais especificamente Ho Chi Minh precisou enfrentar a questão do domínio colonial, das lu­ tas contra o imperialismo. Partiu em sua elaboração também da herança tradicional de luta do povo vietnamita e indochinês contra todo tipo de invasão estrangeira. A percepção fundamental de seu pensamento militar foi a de conceber a luta contra o colonialisn10 e o neocolonialismo no contexto mundial de luta dos povos por sua libertação. A luta no Vietnã contra a invasão japone­ sa, os 98 anos de domínio colonial francês e sua substituição pela invasão imperialista norte-americana sofreram a influência internacional da luta dos povos contra seus respectivos dominadores, como também a resistência na Península indochinesa exerceu impacto importante no mundo inteiro. A vitória vietnamita na batalha de Dien Bien Phu, por exemplo, teve uma projeção extraordinária na luta contra o colonialismo. O período de 1954 ao final dos anos 60 do século passado foi palco para mais de 40 nações que se tornaram independentes. A ofensiva contra o colonialismo libertou mais de um bilhão de pessoas em mais de 100 países. Ante a tomada de consciência dos povos oprimidos e as derrotas e o fracasso do velho colonialismo, os imperialistas, encabeçados pelo impe­ rialismo estadunidense, viram-se obrigados a recorrer a um colonialismo disfarçado: o neocolonialismo. O neocolonialismo se constitui assim numa política imperialista dirigida a salvar o colonialismo de sua liquidação total e impedir os países de alcançarem sua independência verdadeira, a frear o movimento de libertação nacional e as tendências rumo ao socialismo.

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Prefácio

Nessa mesma esteira, já citada acima, de compreensão dos conceitos de imperialismo e neocolonialismo, outra grande ideia foi desenvolvida por Ho Chi Minh: a revolução pela libertação nacional deve ser travada pari passu com a luta pela libertação social. Nesta questão Ho Chi Minh procu­ rou destacar ser preciso uma aplicação criativa das teorias revolucionárias em cada país - de acordo com suas particularidades históricas e culturais. Seguindo esta orientação foi possível explorar as contradições estratégicas entre as grandes potências, inclusive entre as tendências internas reacioná­ rias dominantes nos próprios países imperialistas agressores. Assim foi possível descortinar a possibilidade de vitória de um peque­ no país dominado pelo colonialismo sobre um império colonial poderoso, mais forte e melhor equipado do ponto de vista militar. Ho Chi Minh con­ cebeu a resistência como uma guerra insurrecional - uma guerra de todo o povo opriinido. A luta de resistência deveria levar em consideração as posições de força, as oportunidades, as condições do terreno e de clima e a união do povo. Este último fator foi fundamental em função do patrio­ tismo, da tradição de luta contra os agressores estrangeiros, a consciência política e organizativa que se transformou numa verdadeira muralha de aço contra os iniinigos da pátria. De uma forma mais abrangente, a luta se desenvolveu em várias frentes ao mesmo tempo: na esfera militar propria­ mente dita, no plano político, econômico, cultural e diplomático. Por fim, o pensamento militar de Ho Chi Minh se baseou no conceito segundo o qual a construção de um exército revolucionário antes de tudo é uma tarefa política. Ho Chi Minh sempre destacou a necessidade de o Exército estar sob estrito comando do Partido em todos os sentidos. O fator decisivo neste sentido é construir e consolidar o sistema de organização partidária desde as células de base até o Comitê Central, com quadros po­ líticos e instâncias de direção sendo o Exército vinculado diretamente ao trabalho político. Os quadros políticos e militares devem estar unidos por laços de companheirismo e solidariedade. Ho Chi Minh concebia o povo como a base e o verdadeiro pai do Exército. Por isso, o Exército deveria lutar e ajudar o povo em suas tarefas. E vice-versa. O povo é chave na sustenta­ ção popular das atividades militares, com o apoio decisivo das organizações de massa. Disse Ho Chi Minh: "Todos vocês, do Comitê Central até as organiza­ ções de base, devem preservar a unidade partidária como se fosse a menina de seus olhos", e que a realidade histórica de décadas de atividade do Parti-

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do Comunista do Vietnã mostrou que sempre que a organização partidária primou pela solidariedade interna, mesmo quando havia dificuldades de ação de suas lideranças entre as massas, foi possível superar todos os pro­ blemas. Ao contrário, se não houvesse solidariedade real no Partido, ele não teria as condições de liderar o movimento de massas, tornando-se fraco, com seu prestígio em queda, e perderia a fé do povo em sua capacidade política. Ao lado desta preocupação com a construção partidária, Ho Chi Minh procurou desenvolver a solidariedade com os países vizinhos, com as na­ ções socialistas e com os países da comunidade internacional, inclusive com os movimentos progressistas e democráticos dos próprios países im­ perialistas. Esta sempre foi uma questão vital do pensamento político e militar do líder vietnamita. Na atualidade mundial - na busca pela paz e na luta contra as guerras de ocupação neocolonial e imperialista, as bandeiras da independência na­ cional, pela democracia e o progresso social, nas tarefas do desenvolvimento econômico -, é funda1nental este espírito de cooperação internacional entre os povos em desenvolvimento, adotado pelos companheiros vietnamitas. O legado de Ho Chi Minh

Ho Chi Minh foi um revolucionário exemplar. Foi um homem de gênio suficiente para colocar em xeque não somente o poder imperialista sobre seu país, mas também influenciou o movimento progressista e avançado no mundo. Capaz de perceber a diferença entre uma superestrutura pu­ trefata e uma sociedade pulsante, Ho Chi Minh teve o mérito de colocar o povo norte-americano contra uma guerra cruel, injusta e sem fundamen­ tação racional. Esse seu exemplo guarda grande significado. Uma ditadura militar internacional foi montada nos Estados Unidos como consequência de ataques terroristas contra não somente o Estado imperialista, mas tam­ bém contra os próprios habitantes do império. Eis uma diferença de Ho Chi Minh: trabalhar a luta política partindo de uma concepção científica da luta em si. Por outro lado, fica uma questão: o que é o Vietnã hoje? Apesar de mais de um quarto de seu território estar inutilizado para a prática da agricultu­ ra - resultado de ataques selvagens por aqueles que hoje defendem os "di­ reitos humanos" -, o Vietnã em termos absolutos é o país do mundo com

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Prefácio

maior média de crescimento econômico da última década. Seu objetivo para 2020 está na eliminação da miséria, porém sob uma larga base econô­ mica. Sua pauta de exportações sofreu uma enorme mudança nos últimos anos, transitando largamente de um país exportador de arroz, café e outros gêneros alimentícios para outro perfil econômico, pronto para acrescentar o "valor agregado industrial" em sua pauta de exportações. Se a própria revolução vietnamita por ele dirigida foi uma demonstração da capacidade do marxismo em se adequar a diferentes realidades, o recente desenvolvi­ mento do país acelerado após 1986 é expressão desta forma não dogmática de se enfrentar a realidade. Na luta diária dos povos do mundo, no exemplo heroico de luta do povo vietnamita e no robusto desenvolvimento desse lindo país é que se encon­ tra a historicidade deste grande homem e revolucionário exemplar. Muito nos honra ser signatários das bandeiras defendidas por Ho Chi Minh à frente de seu povo e da nação vietnamita! Nós, do Partido Comunista do Brasil, temos em grande conta o legado deste artesão genial da política revolucionária! José Renato Rabelo Presidente da Fundação Maurício Grabois A versão original deste texto foi apresentada ao seminário Patrimônio do pensamento de Ho Chi Minh na época atuai, realizado em 12 de maio de 2010 no Instituto de Política e Administração de Hanói, na capital do Vietnã. No evento, o PCdoB foi representado pelo secretário de Relações Internacionais, Ricardo Alemão Abreu. A época, Renato Rabelo presidia o Partido. Ver em: .

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IMAGENS

Ho Chi Minh, líder da libertação nacional Ho participa em 1920 da fundação do PC da França

Giap e Ho em 1945 antes da Proclamação da Independência

Ho Chi Minh declara a República Democrática do Vietnã, em 1945

Rara foto tirada antes da Proclamação da Independência em que Ho e Giap aparecem ao lado de oficiais dos EUA

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Ho Chi Minh passou a ser reconhecido como tal a partir de 1945 depois de usar cerca de 174 codinomes para fugir do controle da Polícia francesa, uma das mais violentas do mundo ocidental

A Conferência de Postdam com a Inglaterra, Estados Unidos e URSS decide os destinos do mundo no pós Segunda Grande Guerra

1961: Mao Tsé-tung e Ho Chi Minh em Pequim Nikita Kruschev, Mao Tsé-tung e Ho Chi Minh encontram-se em Moscou

Ho Chi Minh e o primeiro Ministro Zhou Enlai da República Popular da China Acima: Capa do livro O Processo da Colonização Francesa - escrito por Ho Chi

Minh em 1921 e publicado na França em 1925

21

INTRODUÇAO

O pensamento revolucionário de Ho Chi Minh Pedro de Oliveira

' '

O pensamento de Ho Chi Minh constitui-se em um sistema de critérios políticos integrais e profundos sobre os problemas fundamentais da Revolução Vietnamita. Este pensamento, por sua vez, é resultado da aplicação e desenvolvimento criador do marxismo-leninismo nas condições concretas do Vietnã. É herança, também, e apropriação do legado cultural da humanidade" (Partido Comunista do Vietnã)

Nesta introdução pretendemos analisar como se deu a formu­ lação das ideias políticas de Ho Chi Minh, especialmente no que se refere às teses sobre a Questão Nacional e Colonial.

H

o Chi Minh foi o mais pro eminente líder da história moderna da Re­ pública Socialista do Vietnã. Notabilizou-se internacionalmente por defender a luta contra o colonialismo, contra o imperialismo e pela revo­ lução socialista. Viveu por 79 anos, nascido em maio de 1890, com o nome de Nguyen Sinh Cung, no vilarejo de I