129 4 6MB
Portuguese Pages [210] Year 1993
tnrVDl AHfUUK
»W tmmmm
Q
Transmissão da Psicanálise \ /
diretor: Marco Antonio Coutinho Jorge
1 A Exceção Feminina Gérard Pommier 2 Gradiva Wilhelm Jensen 3 Lacan Bertrand Ogilvie 4 A Criança Magnífica da Psicanálise J.-D. Nasio 5 Fantasia Originária, Fantasias das Origens, Origens da Fantasia Jean Laplanche e J.-B. Pontalis 6 Inconsciente Freudiano e Transmissão da Psicanálise Alain Didier-Weill 7 Sexo e Discurso em Freud e Lacan Marco A. Coutinho Jorge 8 O Umbigo do Sonho Laurence Bataille 9 Psicossomática na Clínica Lacaniana Jean Guir 10 Nobodaddy — A Histeria no Século Catherine Millot 11 Lições sobre os 7 Conceitos Cruciais da Psicanálise J.-D. Nasio 12 Da Paixão do Ser à “Loucura” do Saber Maud Mannoni 13 Psicanálise e Medicina Pierre Benoit 14 A Topologia de Jacques Lacan Jeanne Granon-Lafont 15 A Psicose Alphonse de Waelhens 16 O Desenlace de uma Análise Gérard Pommier
17 O Coração e a Razão Léon Chertok e Isabelle Stengers 18 O Mais Sublime dos Histéricos Slavoj Zizek 19 Para que Serve uma Análise? Jean-Jacques Moscovitz 20 Introdução à Obra de Françoise Dolto Michel H. Ledoux 21 O Conceito de Renegação em Freud André Bourguignon 22 Repressão e Subversão em Psicossomática Christophe Dejours 23 O Pai e sua Função em Psicanálise Joèl Dor 24 A Histeria J.-D. Nasio 25 Hõlderlin e a Questão do Pai Jean Laplanche 26 Eles não Sabem o que Fazem Slavoj Zizek 27 A Ordem Sexual Gérard Pommier 28 A Neurose Infantil da Psicanálise Gérard Pommier 29 Pulsâo e Inconsciente Noga Wine 30 Cinco Lições sobre a Teoria de Jacques Lacan J.-D. Nasio 31 Psicossomática J.-D. Nasio 32 Fim de uma Análise, Finalidade da Psicanálise Alain Didier-Weill 33 Freud e a Mulher Paul-Laurent Assoun
Paul-Laurent Assouii
Freud e a Mulher Tradução:
Yera Ribeiro psicanalista
UNI •'!
n
Jorge Zahar Editor Rio de Janeiro
2C
e
*
Título original: Freud et la fem m e Tradução autorizada da edição francesa publicada era 1993 por Calmann-Lévy, de Paris, França. Copyright © 1983, 1993 Calmann-Lévy Copyright © 1993 da edição em língua portuguesa:
Jorge Zahar Editor Ltda. rua México 31 sobreloja 20031-144 Rio de Janeiro, RJ Tcl.: (021) 240-0226 - Fax.: (021) 262-5123 Todos os direitos reservados. A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação do C o p y r i g h t . (Lei 5.988) Editoração eletrônica: TopTextos Edições Gráficas Ltda. Impressão: Tavares e Tristão Ltda. ISBN: 2-7021-1278-1 (ed. orig.)
------- ---- --------
UNIVERSIDADE ,3t FORTALEZA
ISBN: 85-7110-223-6 (JZE, RJ)
CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.
A 869f
Assoun, Paul-Laurent, 1948Freud e a mulher / Paul-Laurent Assoun; tradução, Vera Ribeiro. — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1993 (Transmissão da psicanálise) Tradução de: Freud et la femme. Bibliografia. ISBN 85-7110-223-6 1. F reud, Sigm und, 1856-1939. 2. M ulheres — Psicologia. 3. Feminilidade (Psicologia). I. Título. II. Série.
92.0140
CDD — 150.1952 CDU — 159.964.2
i
S U M Á R IO
P re fá c io à se g u n d a ed içã o fr a n c e s a
III
A p re se n ta ç ã o à ed iç ã o b ra sile ira
7
In tro d u ç ã o Freud e a feminilidade: um estranho vínculo O desafio da feminilidade à psicanálise Que quer a mulher? Destinos do querer e destinos do desejo O lugar do dizer psicanalítico sobre a mulher
17 18 20 22
24
primeira parte: O QUERER-FEMININO NA EXPERIÊNCIA FREUDIANA
I. A Frauenbildung/reM í/íaw fl 1. 2. 3. 4. 5.
31
As três mulheres e a morte As imagens da Mãe em Freud Freud e sua mulher Freud e a mulher fatal Freud e a Feiticeira
31 33 37 40 42
II. A c e n a d a h iste ria 1. 2. 3. 4. 5.
A nomeação de uma mulher Estudos sobre a histeria e a relação com a histérica O episódio Etnina O sonho da injeção de Irma A injeção malograda: a histérica e a feiticeira
III. A r e v e la ç ã o do q u e re r-fe m in in o 1. 2. 3. 4. 5. 6.
49 49 íJT 56 59 63 68 68 68 70 75 80 82
O móbil da transferência Freud e a sedução Dora como sintoma de Freud O amor da mulher como transferência A análise como mulher O epílogo de uma estranha relação
segu n d a parte: TEORIA DO QUERER-FEMININO
IV . D e um q u e re r re b e ld e a seu d esejo : a d e s c o b e r ta fr e u d ia n a 1. O benefício de uma relação: do segredo
à
verdade
91 91
2. A mulher, sintoma do homem 3 . 0 sedutor impossível 4. Um querer-narcísico 5. O desvio pelo querer 6. A mulher e sua mãe 7. Teoria do “capricho”
V. Im a g e n s c lín ic a s do q u e re r-fe m in in o 1. 2. 3. 4. 5.
O O A O A
estilo da estrutura sonho fundador: de um caviar sem desejo anoréxica ou o puro querer “voluntarismo” perverso mulher psicótica ou a falta do querer
V I. O q u e re r-fe m in in o e a ca stra çã o 1. 2. 3. 4. 5. 6.
O conteúdo da falta De uma escolha particular de mulher A mulher e o fetiche A virgem como onipotência O querer-feminino como Verleugnung de si O duplo efeito da Medusa
terceira parte: OS DESTINOS DO QUERER-FEMININO NA KULTUR
V II. A m u lh e r co m o sin to m a d a K ultur 1. 2. 3. 4.
O veredicto freudiano originário Imagens da infelicidade real As mulheres no nervosismo moderno A Mulher e oJ*Mal-estar na Civilização”
V III. A m u lh e r com o verd a d e d a K ultur 1. 2. 3. 4. 5.
A A A A A
poesia da Kultur recusa do heterismo Mulher como Eros da Kultur omissão do Assassinato primevo tecelagem como emblema da mulher
C o n c lu sã o A Mulher e o Texto Freud, a mulher e seu texto O único “ponto obscuro”
P R E F Á C IO 1
Sucedeu ao fundador da psicanálise formular, em referência ao “preceito de Horácio” — e justamente num de seus principais textos sobre a feminilidade —, uma estranha lei harmônica das obras psicanalíticas. D e fato, ele lembrou discretamente que seria oportuno “reprimir” a divulga ção de um texto — por uns “nove anos, conforme o preceito de Horácio (nach dem Horazischen Rezept)” — antes de entregá-lo “à publicação”.2 Um conselho formulado pelo autor da Arte poética3 como variação, no tocante à escrita, da recomendação de virar a língua na boca sete vezes antes de falar. Não se aplicaria essa lei, na posterioridade, ao momento em que um ciclo mais ou menos horaciano transcorreu em relação a um texto já “entregue, i* publicação” — como se costuma dizer de maneira tão assus tadora e èm que convém apor-lhe novamente a própria assinatura? Para o autor, é a experiência de tomar a se confrontar com ele, mas é também uma oportunidade privilegiada de se converter seriamente em seu próprio leitor e de se reintroduzir no texto, como preço de se renomear seu autor: “Eu ainda o diria dessa maneira, nove anos depois?” A lei, com efeito, poderia ser válida a fortiori nessa situação, pois, se não há grande serventia em “reprimir” a divulgação de um texto que contém o estado da reflexão do momento em sua urgência — justamente sobre um dos temas “intemporais” íjüe Freud designa como “as coisas extremas, os grandes problemas da ciência e da vida”, onde “cada um é dominado por prefe rências íntimas profundamente arraigadas”4 —, é preciso ousar reafirmar aquilo a que se impôs a lei do tempo e assumir, inclusive, a idéia de uma “segunda edição”, consistindo a única ética, também neste caso, em “ostentar uma calma benevolência diante dos produtos do esforço pessoal de pensamento”.
De uma fem inilidade sem “visão de m undo” A rcintrodução nessa leitura da feminilidade, portanto, eqüivale a tentar eoimmu-ar esta convicção do efeito da teoria do “querer-feminino” que III
IV
Freud e a mulher
constitui seu núcleo:5 abrir um laboratório de pesquisa para as modalida des sócio-clínicas da mulher como sujeito inconsciente. Se, de fato, a presente obra marcou o ponto de finalização de um encaminhamento teórico sobre a questão do feminino — uma espécie de “compreensão” pelo aprofundamento do “conceito” de feminilidade —, ela foi, para seu autor, no período que a separou de sua reimpressão, o ponto de partida para pôr à prova essa “hipótese” — metapsicológica,6 no sentido forte do termo — no tocante a diversos “objetos” ou “fenômenos” em que, de certa maneira, ela foi “extensamente testada”.7 Aliás, não se tratava de “verifi car”, como que dedutivamente, a “fidedignidade” da hipótese freudia na: fom os levados, antes, pelo próprio m ovimento da investigação assim inaugurada, ao exame dos “traços” em que essa verdade maior se dá expressamente a conhecer. Esta, portanto, é uma oportunidade de nos indagarmos sobre o que assim se exprimiu: é m enos a “atualização” de um texto do que o reesclarecimento, pelo real, da experiência que nele se expressou. Assim, cabe-nos explicar — e, ao fazê-lo, explicar ao leitor do presente texto — o que nos levou, pelo estranho “painel indicador” freudiano do “querer-feminino”, a pistas que, em conformidade com a essência do procedimento analítico, não são unificadas por nenhuma “visão de mundo”.8 Justamente, é nossa convicção que o recurso à psica nálise, muito mais do que uma nova glosa sobre o enigma da Mulher, é o meio — talvez o único, pensando bem — de romper com uma Weltanschauung do Feminino. Trata-se apenas, aquém ou além de qualquer avaliação ideológica — ou, pior ainda, de um discurso dos bons sentimen tos —, de ajudar a compreender em seu cerne a conflitualidade do “querer-feminino” e dos métodos de constituição do desejo, unicamente autenticável por uma dada mulher que se “reconheça”, como “uma”, naquilo de que se trata sob o nome de “a Mulher”... É esse o movimento do Phantasieren metapsicológico, de abrir uma pista que sigam os para saber aonde leva, até o ponto em que “não mais se possa pensar de outra maneira”:9 um “ponto de não retomo” a partir do qual possamos avançar! Em sua famosa “autocrítica”, onde reconheceu ter avaliado mal a importância da ligação com a mãe, ao mesmo tempo que confidenciou que a pergunta “que quer a mulher?” continuava a desafiar a psicanálise, Freud decididamente acertou o alvo. Um alvo, com o vim os no rastro assim traçado, “cercado” por perspectivas tão diferentes quanto a análise literária, o exame das configurações clínicas e a leitura das situações sociais. Através do texto, do sintoma e do real, tudo nos pareceu conduzir a esse “ponto obscuro” sobre o qual se trata de “concentrar toda a luz”.10 Resta dar conta dessa constatação de que, pela investigação do “querer-feminino”, descobrimo-nos diante do par paradoxal O Perverso
prefácio
V