Era dos Impérios: 1875 - 1914, A [9 ed.]
 852190181X, 9788521901815

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A ERA DOS S 1875‐ 1914

ERIC J

HOBSBA_WM PA'(]lキ RA

9a Edi95o

As qualidades que tornaraln

Eric Hobsbawin o mals enll― nente historiador conteinpor各

neo de lfngua inglesa一 visao abrangente,onglnalidade,esllo conciso e elegante― ―est飲)Illais

do que nunca evldentes neste voluIIle, que completa o pЮ ―

jeto come9ado com A ι raあ s ″ッοJ“ fρ ιs e A θra dO ccρ J′αJ. Em A ι s晦 こガοS, “ `わ os anos Hobsbawin analisa

que fomarain o mundo do s6culo XX,quando llm longo pe― 山 de paz9ewttb capidisほ

edmm■ Oew叩 ,h“Sembo― “ cou em guera e cnseo Com a pmsお 面 山a ёcapacidade“ slntese conhecldas das obras anteriores, o autor exalnina a

Cn"aO dbS Vastos lmpenos eu―

ropeus que duram apenasllma ou duas gera95es. Hobsbawin tamb6m andisa a explosh na cultura e nas artes― -6 a era de Freud,Einstein,schOnberg e Picasso.

Mais uIIla vez Hobsbawm integra a cultura,a polfdca c a vida social nurna interpreta9お estimulante e inovadora。

A ERA DOS IM[PERIOS 1875・

1914

Eric I I批 )bsbα w“

A ERA DOSコ ⅥPERIOS 1875‐ 1914

η αご fα θ “ Siel電

Maria Calrlpos e

Yolanda Stcldcl de Tolcdo Rι ッIsα ο ■ c″ zθ α

Maria Cclia Paoll

92 Edi9ao

PAZ E TERRA

O EricJ.Hobsbawm Titulo o五 ginal em hgほ 物 θス″ げ E“ ′i″ Cα″

f875-191`

Mocnla Cavalonti

Isaο ttc″ :θ α Mana CeLa Paoli R♂ ソ

CD聡畿 ま JO"Waldtt de Moraes Rα :壺oJos6 Aparecido Cardoso Ma五 a Apareclda Marins Mada de Lourdes Appas Josん

Augllsto Altrarl

D“ os de Camlo8a91o na Pubhca92b(CIP)htemaciorlal (camara Bmsileira do Livro,SR BraSil)

Hobsbawm,Eric J.,1917-

H599e A era dosim"五 〇S′ EicJ.Hobsbawm;tradu91o Sieni Maria Campos c Yolanda Steidel de Toledo; ada Celia Paoli.― ―Rio de Janelro:Paz e Terra,1988. revHo tecrllcaヽ 〔 Bibliograrla l.civiliza9お mOdCra― ― S如 lo XIX 2.Desenvolvimento ecm6mico. 3.Hist6ria― n6dca― ― S6帆 ■o XIX 4.Imperiabsl■ o― ― HiSt6ria 5.Poder(Cimcias soc・

iaお )I.Titu10.

CDD-909.81‐―‐303.3-一 -325.3209--330.9034‐ ―-338.9 88-2192 hdices para m饉 lo80 SiStemttico:

a909,81

1.Ci宙 lizを

"lo:S6culoento XIX econOnllco l Hist6五 338.9 2.Desenvolvil■ 3.Imperiausm。 :Hist6五 a:Ciancia p01ltica 325-3209 4.Poder:Aspectos socialS 303.3

5,S6culo XIX:Ci宙 lizacao:Hist61a 909・ 81 6.S6culo XIX:E∞ nonlia:Ist6五 a330.9034

EDITORへ PAZ E TERRA S/A Rtla do TriunfO,177 Santa I「 lgOnia,Sio

Pau10,SP_CEP:01212-010

1111.:(011)3337-8399

E-lnail:[email protected] 111.br

HOinc Pagc:`V` V` V.paZctcrra.co 111.br

2005 1ll■

″″″ prcsso no Brasi1/ノ ンノ

/7′

β′ ′z′ ノ

SUMARIO

Indice das ilustrac6es ....

… …・

9

Prefttcio 。

・・・・・

11

.

CapFtulo

Capftulo Capftulo

Capftulo Capftulo Capftulo Capftu10

123456-

Introdu95o

… … . 13

A revolu95o cen Urna economla

.... .... ....

A era dos impё

A polftica da democr Trabalhadores do

.。

Bandeiras desfr nalismo .

8 9

Capftulo

10

Capftulo 11 Capftulo 12 CapFtulo 13

一一一一一一

Capitulo

233

.

A nova mulher._.…

203

da bur‐

guesla ・

Capftulo

125

163

nacio‐

......

Quem e quem ou as

7 -―

...

。....

29 57 87

As artes transformadas.… … … … ..

271 307

Certezas solapadas: as ciencias ,・

339

.… … … … …

.

Razao e sOcledade 。.....・ ・・・・,・ ・

363

Rumo a revolu950 ..・ ・、 ・.・ ・・・・・・ Da paz a guerra ....。 ....・ ・・・・・・

Epf10go

385 417 453

Quadros Mapas .

471 481

Notas ......・ ・・・・・・・・・ Bibliografia complementar

487

Indice remissivo

527

511

Hコ

USTRAcOES

1 0 czar Nicolau ll e o rei George V (fotO: BBC Hulton Picture Library)

2 Thθ Wソ れdたα Nova lorque “

sisrθ rs

por Sargent. ヽ4etropolitan Museunl of Art,

3 A Lα Bο rsθ por Degas, Museu do Louvre, Paris(fotO: Giraudon/ “ Bridgeman) 4,ohn Do Rockefeller(foto:BBC Hulton Picture Library) 5 Chtt na ilha de Wight(fOtO: Mrs. I. Ro Ede, Arquivos da Editora Weidenfeld and Nicolson)

6 Uma criada(foto: Cole95o Mansen) 7 Lθ JO“ rご θPrθ

診″ θCο

jο

pOr Toulouse‐ Lautrec,Mus6e des

“ “““ “ “ Augustins,Toulouse(fotO: Giraudon/Bridgernan) 8 Piquenique campones na Fran9a(foto: Roger‐ Viollet) 9 Conselho de aldeia russo,c. 1900(fOtO: Victoria and Albert MuseuFn)

10 Trabalhadores ern Wandsworth, Londres (fotO:

Greater London

Council) 1l IInigrantes italianos nos EUA (foto: Arquivos da Editora Weidenfcld and Nicolson) 12 11■ igrantes a canlinho da Am6rica(fo10: Arquivos da Editora Weinfeld and Nicolson)

15 Wilhelm von Rё ntgen(fotO: BBC Hulton Picture Library)

14 Duas meninas com uma bicicleta(fOtO: COlecao ManseH) 15 Central Telef6nica na FranOa(fotO:

ヽ4us6e de La Postc, Paris)

16 1nstru95es para uma camera Kodak, 1889 (fotO: Science Museum, Londres) 17 Cartaz para o cinema Lunliё re(fotO: Mary Evans Picture Library)

18 Propaganda para o gramofone HMv (fOtOi Cole95o ヽ4ansell) 19 Desenho de mulher com carro(fotO: Iohn Freeman) 20 B16riot aterrissando enl Dover, 1909 (fotO: Mary Evans Picture Li‐ brary)

21 Propaganda do sabonete Pcars(fotO: cOlccao Mansell) 22 MissaO britanica na Rod6sia (fOtO: Arquivos da Editora weidenfe!d and Nicolson)

25 A expedi95o europ6ia contra os Boxers,desenhado por Herrnann Paul (fOtO: BBC HultOn Picture Library) 24 Visitantes na Exposic5o de Paris enl 1900(fOto: Fondazione Pril■

Roma)

Oli。

25 Colonizador frances corn seus guarda‐ costas na Costa do Marfim (foto:Roger‐ Viollet)

26 Ch`na rndia(fot。 : India Office Library,Londres) 27 Uin cartao postal rnissiondriO(fOto: Arquivos da Editora Weidenfeld

and Nicolson)

28霧

‐ αルa1901c∝ αAη■ ゴ li幌 思F驚 :靴 ″ :驚 (鰍 ::ボ gα

29 Lorde Lugard(foto: BBC Hulton Picture Library) 30 31 52 33

Emiliano Zapata(fOtO: BBC Hulton Picture Library) Lenin(fOtO: BBC Hulton Picture Library) Friedrich Nietzsche(fOtO:BBC Hulton Picture Library) Albert Einstein(fotO: BBC Hulton Picture Library) 34 Rosa Luxemburg。 (fOtO: BBC Hulton Picture Library) 35 Bernard Shaw (fotO: BBC Hulton Picture Library) 36 Pablo Picasso(fotO: Arquivos da Editora Weidenfeld and Nicolson) 37 Sala de estar no estilo Liberty, 19o6 (foto: COle95o Mansell)

38 Exterior de uma favela em Hamburgo(fOtO:Museum ftr Hambur‐ gische Geschichte Bildarchiv) 39 Mulher golfista(foto: ⅣLry Evans Picture Library) 40 Fazendo caixas dё f6sforo,c. 1905(foto: National Museum of Labour

History,Londres) 41 Propaganda de Harry Boulter,alfaiate socialista(fOtO: National MuⅢ

seum of Labour History, Londres) 42 Hα CO“′″ θparisiense。 1915 (foto: Arquivos da Editora Weiden・ “ feld“`θand Nicolson)

43 0 Parlamento(Reichstag)em Berlim (fotO: BBC Hulton Picture Library) 44 A principal esta9五 o ferroviaria em Helsinki(fotO:BBC Hulton Picture Library)

45 Propaganda do sabonete Pears, anos 1880 (fotO: Colo9五 o Mansell)

46 A nova mulher nos novos escrit6rios dos anos 1880 (fotO: IOhn Freeman) 47ス brOsθ y。 ′ ″ra por Pablo Picasso,Grand Palais,Paris(fotO:GiⅢ “ raudon)

48 Gravura de autoria de Walter Crane,1895(foto:Herr Udo Achten) 49 Gravura social‐

democrata alema,1897(foto:Herr Udo Achten)

50 Primeira pigina de Lα

ljα ″ ′ θr″

t1898(foto:Conection Alain Gesgon=

CIRIP,Paris) 51 Trabalhadores alemaes e russos apertanl‐

se as maos, gravura, 1906

(fOtO:Herr Udo Achten)

520 0′ソ″ρic

e o Tj`α ″:c eln constru95o, 1910(foto: The Ulster Mu・ seum,Belfast) 53 Estatueta de uma militante do votO feminino(fotO:National Museum of Labour History,Londres) 54 Soldados britanicos na Victoria Station, 1914 (foto: BBC Hulton

Picture Library)

MAPAS l Migra96es internacionais 1820‐ 1910

2 Movimentos de Capital 1875Ⅲ 1914 3 0pera e nacionalismo

4 9 mundO d市 idido:imp6rios em 1914 5 A Europa em 1914

PREFACIO

Embora escrito por um historiador profissional, este livro

naO se dirige a outros academicos,mas a todos que deseiam entender o mundo e que acreditam na importancia da hist6ria para tanto. Seu obietivO na0 6 contar aos leitores exatamente o

que aconteceu no mundo ao longo dos quarenta anos que pre‐

cederam a Priineira Guerra Mundial, embOra cu espere quc lhes de uma id6ia do perfodo. Se quiserenl descobrir mais, basta cOnsultar, cOm facilidade, uma vasta― ― e, em geral, ex‐ celente― ― bibliografia,enl sua grande maioria,facilmente aces‐ sfvel enl lfngua inglesa a qualquer pessoa que se interessar por hist6ria. UIna parte dela foi relacionada no guia de bibliOgrafia

complementar. O que tentei fazer neste volume, bem como nos dois que θ s 1789イ 848eス E″ α グ ο entender e explicar O s6culo XlX e seu lugar na hist6ria, cntender e explicar unl mundo em processo de transformagao rev。 luciondria, localizar as raizes de nosso presente no solo dO passado e, talvez sObretudo, ver O passado como unl todo coerente e nao (como a especializacao hist6rica

o precederam (ス

E″ α

議容 Rθ ッοJ“ go

Cα ρj′ α ′1848‐ 1875,,foi

tantas vezes nos for9a a ve‐

lo)como uma mOntagem de t6picos

isolados: a hist6ria de diferentes Estados, da polftica, da eco´

nornia, da cultura Ou outros. lDesde que comecei a me inte‐ ressar por hist6ria, sempre quis saber como se articulanl todos

esses aspectOs da vida passada(ou presente)e pOr que. Assim,este l市 ro na0 6(a nao ser eventualmente)um re‐

lato ou exposi950 sistemitica, c ainda menos uma demons‐ tracaO de erudicaOo A lnelhor maneira de le…

1。

6 como o desen‐

rolar de uma argumenta95o, ou antes, o deHneamento de um

A era′ Os Emperiぃ

12

lema b6sico atrav6s de varios capFtulos.os leitOres devem iul″ gar se a tentativa teve exit。 , embora eu tenha feito o mttxllno para tornd‐ lo acessfvel aos que nao sao histOriadores.

N5o h` como reconhecer tudo o que devo aos in`meros escritores cuias Obras pilhei,mesmo se muitas vezes em desa‐ cordo com eles,e ainda menos o que devo as id6ias recolhidas

ao longo dos anos, em conversas com colegas e alunos. Caso reconhe9arn suas pr6prias id6ias e observacOes, podem ao mc・ nos me responsabilizar por te_las usado, ou aos fatos, mal, o

que sem d`vida fiz uma ou outra vezo Posso, COntudo, reco‐ nhecer os que me possibilitaram concentrar uma extensa preo‐

cupacao com esse perfodo nunl inico livro. O Collage de France nle perFnitiu produzir o que pode ser considerado um prilneiro esbo9o, sob a forma de um curso de treze palestras em 1982; agrade9o a essa respeitavel institui95o e a Emmanuel Le Roy Ladurie, que sugeriu o convite。 (D Leverhullne Trust me cOncedeu uma bolsa 6E“ θ″ 夕s Fθ ::ο 〃sみ jpり em 1983‐ 1985, j′

o que rne pennitiu conseguir aiuda durante a pesquisa; a Maison

des Sciences de l'Homme e Clemens Heller,dc Paris,bem como o World lnstitute for lDevelopment Econonlics Research da lUni‐

versidade das Nac6es Unidas e a Fundag5o Macdonnell lne pro‐ piciaram algumas semanas de tranqtilidadc ern 1986 para ter‐ minar o texto.Dentre as pessoas que me aiudaram na pesquisa, quero expressar ineu particular agradecimento a Susan Haskins, Vanessa Marshall e Dra.Tenna Park.Francis Haskell leu o ca‐ pftulo sobre artes, Alan Mackay os que abordam as ciencias,

Pat Thane o que trata da emancipacao da mulher; e eles me preserval・ am

de alguns erros,Inas temo que nao de tOdos.Andr6 Schiffllin leu o manuscrito inteiro como alnigo e como exemplo do naO_especialista culto, a quem este livlo se dirige。

1〕 urante

nluitos anos dei aulas de hist6ria da Europa aos alunos do Birkbeck Conegc, universidade de Londres, e naO sci sじ cu teria sido capaz de pensar a hist6ria do s6culo XIX no contexto da hist6ria mundial sein essa experienciao Assiin. este livro ` dedicado a cles.

lNTRODUcA0

SOα S EJα

Mθ 6r,α ι νjグ αo Sθ 夕s pο r′ αdο rθ s sθ P/θ Saο gr夕 ροsグ θρθs‐ “S, θ Or issο α θ 6riα θs`′ θ“ θr″ つ ソjソ α α″θ″ θνOJι ι σαο ρ ρ `θ “ “`ι α ′ “α ι`′ O θ ε77θ ′ 2′ 0, θ s`` sタ ノ θ :`α 夕`:jα θ ′ ,lbrα lzゞ s`Iι ι θ .

j′

`icα `ι れα グソ r`′ ご θ αごθs夕 α ″α :9′ θ sグ θ ο 0 θ S S夕 θ θ SSiソ α S θα bθ r`α α9“ α r ノ ゞ jρ jρ ι ο グθク 4s ν zθ s ノ sο θИ η α ″ ″′ α“ο. ノ θ α′ α ′ θ ″ ρO″ JO″ gο s ′ ε θ ″ ′ αο ごθ `,α ο spθ ″ ′ αs夕 bj′ α ″ zθ れ 。 ノ 4 カis`σ riα`′ ιαsθ pr` ρ ροis グθ `θ “ 4cο ρ ′ ′ ι θ αθρrο blθ ′ ′αrθ θ O′ 7s′ ″ ″ α Oグ 09ι ′ χ is′ θ θノ ′れα οθ ゞ j“ “ “θ″ ″εθ α OSSα ιροεα θ θS`′ jれ ′ αr7θ ″′θ A ′ηθ びriα sθ ρ″θ ρ s′



.

`θ “αο θ r′“ “ ′ 20 ρ″θsθ ″ igα グα ι 夕 α rθ ρ″ αgα O ′0 「 α F7is`6riα θsθ ″′ `θ `θ “ ραSSα ″0

Pierrc Nora, 19841

vao ι ρrο ソ′ソθ′9レ θ ″″ヮ ″lθ ″O rθ ′ ソ α′ 0 グο グθsθ ″/ο ′ αr dο s rθ れ αcOれ ′ θθimθ r7′ οs, α′ π夕れ∂′ αF, ″ θs夕 ′ α ″7θ _ θs“ O θ θSCα ι “ “ “ “ ′ 力ο 2ρ rθ θ れSaο Jα sノ ο rgα s θ ′ η′れαOあ ο θ α r cο ″ Ogο ″ ο′ οSθ r ,α ″ ノ

gα s θ S“ 0′ θ ρ α“ s“ ″ ο S Cο SCi′ ″ ′ sご α ノα ″ θ O“ θ O,θ Srθ ′ θ s_ “OS, α θ ・ “ ′rrν ′ :s sι ′ b′ α α ε θ′ θ S. 0 9“ θ“ iSα S Jθ ′ ηα is 4α ι ′ α ′ご ρrθ ε ・ “ 〃θι 7 170〕 'O rr′ α ′ っ ′ ″ グrο α α J`ricο ピど ピ,701′ OS rθ ″ ″ s ″′・ ′ θ ′ θ 0,7C′ α ノ 'ο ・ r。 9夕 θ′ θ′ ′ prOε rα ″ ′ ′ο θ rθ cυ ′ ソ ノ “ Geoffrey Barraclough, 19642

9夕 ,α rι

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,2ι

.

s′

`ο

.

l

No veraO de 1913,uma iOVem se formou na cscola sc‐ cundttria cm Viena,capital do lmpё rio Austro‐ H`ngaro.Ainda era uma faganha bastante incomuFll entre as mogas da Europa central, Para comemorar o acontecirnento, seus pais decidiram

Aθ ″ ごOs,“ P″:ο s

14 presente五 ‐ la

coln uma viagem aO exterior, c como era impen‐ sttvel quc uma moga de famflia de dezoito anos fosse exposta

ao perigo e a tentag5o sozinha, procuraram unl parente que conviesse. Felizmente, entre as vttrias faFnflias interligadas que

haviarn saFdo de vttrias cidades pequenas da Po16nia e da Hun…

gria nas gerag6es anteriores e avangado para o Ocidente rumo a prosperidade c a educa95o, havia uma que fora mais bem‐ su‐

cedida que a m6dia.Tio Albert construfra uma rede de loias no Levante― ― Constantinopla,Esmirna,Alepo,Alexandriao No infciO dO sё culo XX nao faltavam neg6cios a serem feitos no

lmp6rio Otomano e n0 0riente M6dio,e a Austria htt muito era a ianela comercial da Europa central para 0 0riente.0

EgitO cra ao meslno tempo um museu vivo, pr6prio para oi april■

oramento cultural,e uma comunidade sofisticada da clas‐

se rl16dia cosrnopolita curop6ia,corn querrl era f`cil se comunicar

por meio da lfngua francesa, quc a mo9a e suas irlnas haviam aperfei9oado nun■ internato nas vizinhangas de Bruxelas.C)pafs continha tamb6nl, 6 claro, Os `rabes。 (D tio Albert ficou feliz

em acolher sua jovem parenta,que vialou para O Egito num navio a vapor do Lloyd Triestino, saindo de Trieste, ent5o o principal porto do lmp6riO Habsburgo e tamb6nl, coincidente… mente,o lugar onde residia rames IoyCeo A mo9a viria a ser a mae do autOr deste livro.

Alguns anos antes,um rapaz tamb6m viaiou para O Egito, mas de Londres, Os antecedentes de sua famflia eraln conside‐ raVelFnente mais modestoso Scu pai, que cnligrara da Po16nia russa para a Gra― Bretanha na d6cada de 1870,Inarceneiro pro_ fissiOnal,ganhava seu precdrio sustento na zona leste de Londres

e Manchester, criando, o melhor possfvel, uma filha de seu priineiro casamento e oito filhos do segundo, a maioria deles itt naSCida na lnglaterrao S6 um de seus filhos teve talento ou

interesse pelos neg6cios.Apenas um dos mais novos teve acesso a uma cscolaridade mais prolongada, tornando‐ se engenheiro de rninas na Aln6rica do Sul, que entaO fazia infollllalinente parte do lmp6rio Britanic。 .TOdOs, cOntudo,procuravam apaixonada‐

mente dolninar a lingua c a cultura inglesas e se angHcizaram com entusiasmo. Uin foi ser ator, outro levou avante os neg` cios da farnflia, um se tornou professor priin`rio, outros dois

entraranl para o funcionalislno p`blico em expans5o, traba―

Introdu95o

15

lhando nos Correios. Acontece que a Gra‐ Bretanha ocupara o EgitO pOucO antes (1882)e, asSim, urn irln5o acabou repre¨ sentando uma pequena parte do IInp6rio Britanic。 __ 。S COr‐ reios e Te16grafos egfpcios ―― no delta do Niloo Ele sugeriu que o Egito con宙 ria a mais um de seus irmaos,cuiaS principais qualificag6es para ganhar seu sustento lhe teriam sido mui‐ tissiino`teis se ele nao se visse reallnente obrigado a ganh五 ‐ lo: era inteligente, agradivel,musical e um bom esportista verstttil, a16m de pugilista peso― leve de nfvel de campeonatoo Na ver‐

dade, ele era exatamente o tipo de ingles que conseguiria e

manteria um cargo num escrit6rio de navegagao muitO mais facilmente “nas co16nias" quc em qualquer outro lugar。 Esse rapaz viria a ser o pai do autor,que conheceu,assiln,

sua futura esposa ali onde a econonlia c a polftica da Era dos IInp6riOs, sem falar de sua hist6ria social, os reuniu

―― pre―

sunlivelmente no Esporte Clube dos arredores de Alexandria, perto de onde instalariam sua prilncira casa. E extremamente ilnprov`vel que um encontro assim tivessc acontecido nunl lu― gar assiin, ou quc tivesse levado ao casamento entre duas pes‐

soas assiln em qualqucr outrO perfodo da hist6ria anterior ao abordado neste livroo C)s leitores devenl ser capazes de descobrir

por que. Entretanto, hd unl motivo mais sё

rio para comecar o pre―

sente volume com um fato autobiogr`ficoo Para todos n6s h6 uma zona de penumbra entre a hist6ria c a mem6ria; entre o passado como um registro geral aberto a um exame mais ou menos isento e o passado comO parte lembrada ou experiencia de nossas vldas. Para os seres humanos lndivlduals essa zona se estende do ponto onde as tradi96es ou lnem6rias falniliares

come9am ―― digamos, da foto de faFnflia mais antiga quc o fa― rniliar vivo mais velho pode identificar Ou explicar

一― ao fiin

da infancia, quandO se reconhece que os destinos p`blico e pr市 ado sao insepariveis e se determinam mutuamentc(``Eu o conheci um pouquinho antes do fiin da guerra";``Kennedy deve

ter morrido em 1965, porque foi quando cu ainda estava em Boston")。 A cxtensao dessa zOna pode variar,belrl como a obs‐ curidade e a imprecisao quc a caracterizam.Mas sempre hd essa terra‐ de¨ ningu6m no tempo.Ё a parte da hist6ria cuia com―

preensao 6 mais `rdua para os histo五 adores, ou para qucm

A ara dos i“ p″ jos

16

quer que seia.Para o autor,nascido quando a Prilneira Guerra

Mundial chegava ao fim e cuios pais tinham 33 o 19 anos respectivamente em 1914.a Era do lmp6rio fica nessa zona de

penumbra. Mas isso nao se aplica s6 aoS ind市 fduos,mas tamb6m as

()mundo em que vivemos 6 ainda,cm grande lme‐ dida, unl mundo feito por homens e mulheres que cresceram

sociedades。

no perfodo de que trata este livro, ou imediatamente antes. A medida quc o s6culo XX vai chegando ao fim,talvez isso esteia deixando de ocorrer ―― quem pode ter certeza? 一―, mas sem divida era o caso durante os dois priineiros ter9os de nosso s6culo。

Considere¨ se, por exemplo, a lista de nomes de personali‐

dades polfticas que devem ser contadas entre os que impulsio‐ naram e deram fo.1.la ao sё culo XXo Em 1914,Vladimir llyitch

Ulyanov (Lenin)tinha 44 anos, Ioseph ViSSarionovich Dzhu‐ gashvili(Stahn),35,Franklin Delano lRoosevelt,30,I。

14aynard

Kcynes,32,Adolf Hitler,25,Konrad Adenauer(conStrutor da Repliblica Federal da Alemanha no p6s‐ 1945), 38。 Winston Churchill tinha 40,Mahatma Gandhi 45,Iawaharlal Nehru 25, Mao Tse‐ tung 21,Ho Chi‐ minh 22,a mesma idade quc losip BroZ (′rito)e Francisco Franco Bahamondc (O general Franco da Espanha), doiS anos mais novos que Charles de Gaulle e nove mais novos que Benito MussoHni. Considerem‐ se os signi‐ ficativos n`meros no terreno da cultura. Urna amostra extrafda g力 ′ de um Djcri。 ″ ry ο α ,*publicado em 1977, ノMο ごθ T力 ο″ nos diz o selguinte:



Pessoas nascidas em 1914 e ap6s

230/o

Pessoas ativas enl 1880‐ 1914 ou

adultas em 1914 Pessoas nascidas em 1900‐ 1914 Pessoas ativas antes de 1880

450/● 170/0 150/o

E patente que os homens e mulheres que elaboraranl esse

compendio ainda consideravanl, depois de transcorrldos tres quartos do s6culo XX,a Era dos lmp6五 os como de longe a mais

significativa na formacao do pensamento modemo entaO em ・

た)ごοPθ

DiciO“ `′





″rο Mο ごθ ″θ ′ο。(N.da T。 ) “

introducao

17

curso. Quer concordemos com sua avaliaca0 0u naO. esta

ё

historicamente significativa。

Assirn, nao saO apenas os poucos indivfduos ainda vivos com uma vinculacaO direta aos anos anteriores a 1914 quc en‐

frentam o problema de como olhar a paisagem de sua zona nebulosa particular, lnas tamb6nl, de modo mais impessoal, to‐

dos Os que vivem no mundo da d6cada de 1980, na medida em que sua forma foi moldada pela era quc nos levou a Pri‐

meira Guerra Mundial. N5o quero dizer que o passado mais remoto nao tenha significado para n6s, mas que suas relac6es conosco sao diferentes. Ao lida.11loS COm perfodos remotos, sa‐

bemos quc os encaramos essenciallnente como estranhos e dis‐ tantes,Inais como os antrop61ogos ocidentais empreendendo uma pesquisa sobre os povos montanheses de Papuao Se esses pe… rfodos est市 erem muito distantes― ― geogr`fica,cronol砲 ica Ou emocionalrnente ――, podem sobreviver exclusivamente atrav6s das relfquias inaniinadas dos mortos: palavras e sllnbolos, es‐

critos,impressos ou gravados,obietOS materiais,imagens.Ade‐

mais, sendo historiadores, sabemos que o quc escrevemos s6 pode ser iulgadO e corrigido por Outros estranhOs cOmo n6s, para quenl, tamb61n, ``o passado 6 outro pafs'', Partiinos, por certo,dos pressupostos de nossa pr6pria ёpoca,lugar e situacao, inclusive da tendencia a reler o passado nOs nossos te.11loS, a

ver o quc ele nos preparou para discernir e apenas o que nossa perspectiva nos perrnite reconhecero Nao obstante,vamos lancar m5o das ferramentas e materiais habituais de nosso off‐

cio, trabalhando em arquivos e outras fontes priindrias, lendo uma enorlne quantidade de literatura secund`ria, abrindo nosso caminho atrav6s dos debates e desavengas acumuladas de ge‐ rac6es de nossos predecessores, dos modos e fases mutdveis de interpretacao e interesse,sempre curiosos,sempre(esperemOs) fazendO perguntas. 14as o inico obsticulo com que nos depa‐ ramos sa0 0utros contemporaneos nossos discutindo, como es‐ tranhos, sobre um passado que nao 6 mais parte de mem6ria。

Afinal, at6 o que pensamos lembrar sobre a Franga de 1789 ou a lnglaterra de George II1 6 o que aprendemos dc scgunda ou quinta m5o atrav6s de pedagogos, Oficiais ou info.11lais,

Ali onde os historiadores tentam se defrontar com um pe‐

rfodO para o qual existem testemunhas oculares vivas, dois

18

/1 θ tt αOs i“ P″ わs

conceitos dc hist6ria bem diferentes se chocam ou, no melhor dOs casOs, cOmpletanl‐ se mutuamente: a acadelnica c a exis‐ tencial,o arquivo e a mem6ria pessOal. Pois todo mundo 6 his‐ ・oriador de sua pr6pria vida passada consciente,na medida em quc elabora uma versao pessOal dela: um histOriador nada con…

fittvel, sOb a maiOria dos pontOs de vista, como bem sabem todos os que se aventurarani pela “hist6ria oral'', mas um historiador cuia COntribui95o ёessencial.Os academicos que entrevistam velhos soldados ou polfticOs i` ter50 adquirido in‐

fOrma950 mais vasta e mais confi`vel sObre os aconteciinentos,

em publica96es e documentos, do quc a guardada na mem6ria de sua fOnte,mas mesmo assim pode interpret`‐ la mal.Ademais, ao contrario do historiador,digamos,das cruzadas,o historiador

da Scgunda Guerra Mundial pode ser corrigido por aqueles quc,lembrando dela,lneneiam a cabeca e lhe dizeFn: “Mas nao fOi nada disso"。 N5o obstante, as duas vers6es da hist6ria em confronto s5o, crn sentidos diferentes, constru96es coerentes do

passado, cOnscientemente defendidas como tais e, ao menos, potenciallnente passfveis de serem definidas.

Mas a hist6ria da zona de penumbra ё diferente, Ela constitui,enl si,uma imagenl incoerente c incompletamente per‐ cebida do passado, por vezes mais obscura, outras vezes apa‐ rentemente nftida,sempre transrnitida por uma mescla de apren‐

dizadO e mem6ria de segunda m5o moldada pela tradicao p`blica e particular. Pois ela ainda faz parte de n6s, lnas n5o

esttt mais inteiramente dentro de nossO alcance pessoal. Ela ё como aqueles mapas antigos multicoloridos,cheios de cOntornos iinprOvttveis e espa9os brancos, cm01durados por monstros e

sfmbolos,Os monstros e sfmbolos saO ampliados pelos meios modernos de comunicag5o de massa porquc o pr6prio fato de a zona de penumbra ser importante para n6s a col∝ a numa posigao central tamb6m em suas preocupa95es. Gragas a eles essas iinagens fragmentirias e siinb61icas perduraranl, ao menos

nO mund0 0cidental: O Tj′ αれjθ , que conserva todo scu poder de ocupar as manchetes tres quartos de s6culo depois de seu

naufr`gio, 6 um exemp10 notivel. Quando essas iinagens que aparecenl em nossas lnentes se referem,por uma raz5o ou outra, ao perfodo que ternlinou na Prilneira Guerra Mundial,6 muito mais diffcil interpreta¨

las de modo ponderado do quc o seria

introducao

19

com outras imagens e relatos que costumavam pOr os n5o his―

loriadores em contato com o passado remoto:Drake iOgandO bocha enquanto a Armada se aproxllnava da Gra‐ Bretanha, o

colar de diamantes ou o “Que comaln brioches'' de Maria Antonieta, Washington atravessando o Delawareo Nenhuma dc‐ las afetar` um s6 instante o historiador s6riOo Elas s5o exte‐

riores a n6s. Mas, poderemos ter certeza de quc, mesIIlo con10 profissionais, olhamos as iinagens lnitificadas da Era dos lnl… pё rios com um olhar igualinente frio: o 7・ j`α れ

'c, ovista terremoto de S5o Francisco, Dreyfus? E evidente que nao, hala 0 centenarlo da Est6tua da Liberdade. ヽ4ais que qualquer outra,a Era dos lmp6rios exige deslnis―

tifica95o precisamente porquc n6s 一― inclusive os historiadores ―― n5o vivemos mais nela,mas nao sabemOs quanto dela ainda vive em n6s. Isso n5o quer dizer quc ela precise ser deslnas‐ carada(〕 ti denunciada(atividade em que foi pioneira)

2 A necessidade dc algum tipo de perspectiva hist6rica ё ainda mais urgcnte pelo fato de as pessoas do final do s6culo

X3( ainda cstarem, de fato, apaixonadamente envolvidas com o perfodo que sё encerrou cm 1914, provavellnente porque agosto dc 1914 ёuma das ``rupturas naturais'' mais inegaveis da hist6ria. Foi scntido como O filn de uma era crn seu tempo, c ainda o 6. Ё belr. possfvel rebater essa opini5o insistindo― se na continuidade c nas situa96es inconclusas que sc prolongaram atravё s dos anos da Prirneira Cuerra Mundial. Afinal, a his‐

t6ria na0 6 cOmo uma linha de Onibus em que todos― ― passa― otOriSta e cobrador 一― s5o substitufdos quando chega ao ponto final. Nao obstante,se htt datas quc obedecern a algo mais que a necessidade de periodizag5o, agosto de 1914 6 uma delas: foi considerada o marco do filn do mundo feito por e

gciros, 1■

para a burguesiao Assinala o fim dO``longo s6culo XIX"com O qual os histOriadores aprenderam a trabalhar;e que foi obieto

de tres volumes dos quais o presente 6 o `ltirno. NaO htt d`vida de que foi por esse motivo quc ele atraiu um n6mero assombroso de historiadores, amadores e profissio―

Aθ ″α dOs,“ Pご ″OS

20

1lais, autores quc cscreveram sobre cultural literatura c artes. bi6grafos, realizadores de filines e programas de televisac c。

nao menos llnportantes, crladores de moda. Eu estllnarla que

no mundo ang16fono foi publicado nos `ltilnos quinze anos, ao menos unl titulo significativo por mes__livro ou artigo― ― sobre os anos entre 1880 e 1914. A maioria visava a um p`‐ blico de historiadores ou outros especialistas,pois esse perfodo,

como virnos, nao 6 crucial apenas para o desenvolvilnento da

cultura moderna, mas d6 margenl a urn grande n`mero de debates acalorados na 6rea da hist6ria,nacional ou internacional, eln sua grandc lnaioria iniciados nos anos que precederanl 1914: sobre o imperialisnlo, sobre o desenvolviinento dos movilnentos trabalhistas e socialistas, sobre o problema do declinio econ6‐ Inico britanic。

,sobre a natureza c a origem da Revolucao Russa

一― para citar apenas alguns. Por motivos 6bvios, o mais co‐ nhecido desscs temas 6 a questao das Origens da Priineira Guerra Mundial,quc atё a data itt gerou v`rios milhares de volumes e

continua a produzir literatura em quantidades impressionantes. A quest5o permaneceu viva porque o problema das origens das guerras mundiais infelizmente tem se recusado a desaparecer

desde 1914. ]De fato, em nenhum outro ponto a vinculac5o cntre preocupa95es passadas e presentes 6 mais evidente quc na hist6ria da Era dos lmpё rios,

Dcixando de lado a literatura puramente monografica, a maioria dos autores que cscreveram sobre o perfodo pode ser dividida cm duas classes: os que se voltam para o passado e

os que se voltam para o futuroo Cada um deles tende a se conccntrar em unl dos dois tra9os lnais 6bvios do perfodoo Por uln ladO, este parece extraordinariamente remoto e sem volta quando visto por sobre o abist■ o intransponfvel de agosto de

1914.Ao mesmo tempo,paradoxalmcntc,a origem de boa parte dO quc ainda caracteriza o final do s6culo XX ainda s5o os

trinta anos que antecederam a Primeira Guerra Mundial.0 bθ s`‐ sθ J:θ r

de Barbara Tuchman, T力 θPrο ′ご Tο ″θr,* um“ re‐

trato do mundo anterior a guerra(1890‐

1914)'',talvez seia o ; 。 estudo de Alfred

cxcmplo lnais conhecido do priineiro gener。

Chandler sobre a genese da adnlinistrag5o empresarial moderna, Tヵ θyisibJθ Hα ″J,pode representar o segundo. " A ser publicado proximamcnte por esta Editora。 (N.do E。 )

Introdu91b

21

Em termos de quantidadc de titulos e dc cxemplal・ cs edi‐ tados, os que se voltam para o passado quase certamence prc‐ valeccm. O passado ilTecuperdvcl constitui unl desafio aos bOns

historiadolles, cientes de que ele nao pode ser entendido enl termos anacrOnicos mas enccrra,tamb6m,a enollrne tenta9ao da

nostalgia.Os menos Observadores e mais sentimentais tentam constantementc retomar os cncantos de uma era quc as lenl‐ bran9as das classes alta e m6dia tenderam a ver atravё s de uma nё voa dourada: a assiin chamada bθ ′ ′ ιρο9夕 θ, Ou “bela ёpo‐ ca''・

` Naturalinente, esse enfoquc agradou aos produtores de

espetttcu10s e da lnfdia, os figurinistas e outros fornecedores

dos consumidores muito ricos` Talvez seia esta a versao do perfodo conl FnaiS Chances de ser cOnhecida do p`blico atravё s dO cinema e da televisaOo Ela ёtotalmente insatisfat6ria,embora

sem d`vida capte um aspectO altamente visfvel do perfodo que, afinal de contas,introduziu terrnos col■

0``plutocracia"e``classe ociosa"no discursO p`blico. POde‐ sc debater sobre se essa abor‐

dagem 6 mais ou menos in`til quc a dos autores ainda mais nost`lgicos, porё ln intelectuallnente mais sofisticados, quc es‐

peram provar quc O paraFso perdido poderia nao ter sido per‐ dido, se n5o fosse por errOs evitttveis ou acidentes impossiveis

de prever, sem os quais n5o teria havido Guerra Mundial, Rc‐

volucao Russa ou qualquer dos aconteciinentos considerados respons`veis pela perda dO mundO anterior a 1914. Outros historiadorcs estao mais preocupados com o oposto dessa grande descontinuidade, com o fato de boa parte do quc continua scndo caractcristico dc nossa ёpoca ter sua origem. as vezes muito s`bila, nas dё cadas quじ prccederam 1914. EIcs procuram essas rafzes c antccipacOes dc nossa ёpoca, q、 le, de fato, sao 6bvias. Na polftica, os partidos trabalhistas e socia‐

listas quc governarn ou lideranl a oposicao na maiOria dos Estados da Europa ocidental saO filhos da era de 1875 a 1914, bem comO olltrO ramo de sua faFnflia, Os partidos comunistas que dirigern os rcgimes da Europa Oriental。 *lDe rneslna filiag5o

sao as polfticas de governos eleitos por votO democr6tico, o

partido de massa modernO e o sindicato oper`rio de massa ' Os partidos comunistas nO poder no mundo nao・ eurOpeu foram cons‐ truFdos segundO esse modelo, mas ap6s o perfodo quc abordamos aqui.

Aι ″ αοs,“ p″JOs

organizado a nivei nacional, bem comO a legislagao moderna relativa ao benl‐ estar social。

Com O nOme de“ inodernismo",aα ソα″rngα rご θdesse perfodo dolninou a maior parte da produgaO cultural erudita do s6culo

XX,MesmO hOic,quandO algumas

‐ gα ″ ごω Ou outras es‐ ανα″′

colas ia nao aceitam essa tradig5o,elas ainda se definem nos termos daqui10 que reieitam(“ p6s¨ modernismo")。 Enquanto isso, a cultura da vida cOtidiana ainda 6 donlinada por tres inOva96es desse perfOdO: a ind`stria publicit五

Ha elrl sua vers5o moderna,

os modernos ibrnaiS e re宙 stas de circulag5o de massa c(direta_

mcntc ou atravё s da tele宙 s5o)a fotografia cm movimento Ou fillneo A ciencia c a tecnologia podem ter percorrido unl 10ngo

canlinho de 1875-1914 a nossos dias, Inas nas ciencias h6 uma

continuidade evidente entre a era dc Planck, Einstein e do

iovcm Niels BOhr e a atual.No que tange a tecnologia,Os autom6veis movidOs a gasolina que percorrem as ruas e as m`quinas voadOras, que surgiranl, nO perfodO que estudamos, pela prilneira vez na hist6ria, ainda dominam nosso cendrio urbano e ruralo As comunica96es pOr telefone, por te16grafo e sem fio, inventadas a 6poca, foram aperfei9oadas, mas n5o su― peradaso Ё pOssfvel quc, vistas retrospectivamente, as derra‐ deiras d6cadas do sё culo XX naO sciam mais宙 stas como caben‐

dO nO quadrO estabelecidO antes de 1914, lnas na maioria das vezes este ainda servird de referencia。

Mas nao 6 suficiente apresentar a hist6ria do passadO nesscs

termoso N5o ha d`vida de quc a quest5o da continuidade c descOntinuidade entre a Era dos lmp6rios e o presente ainda e llnportante,pols nossas emo96es alnda estaO diretamente conl‐

promctidas com essa parte do passado hist6ricO. N5o obstante, dO pOntO de vista do historiador,cOntinuidade e descontinuidade,

consideradas isoladamente, sao quest6es de pouca montao Mas como devemos situar esse perfodo? POis, afinal, a relag5o do passado com o presente ocupa lugar central nas preocupa96es

tanto dos que cscrevem como dos que lem hist6ria.Ambos quereFn, Ou deveriam querer, entender como o passado se tOr‐ nou o presente,c ambos querem entender o passado; e o maior obst6culo para tant0 6 0 fato de este″ αο ser igual ao presente. jο ス Erα Jο s I“ ρι″ s, embora unl livro independente, 6 o tcrceiro e `ltil■

O v01ume dO que acabou sendo urFl eStudo geral

Introdu。 お

25

do s6culo XIX na hist6ria mundial ―― quer dizer, o “longo s6culo XIX" dos histOriadores, que vai dc, digamos, ,776 【 1

Nao era a inten05o original do autOr embarcar em algo ta。 10ucamente ambiciosoo Mas existe coerencia entre os tres volumes 一 escritos com intervalos de anOs e, a exce950 do ■ltiino, naO cOncebidos intencionallnente como partes de um prOletO inico― 一,na medida cm que partilham de uma con‐ 1914。

vicOao comum quanto ao que foi o s6cu10 XIX.Ej`quc essa concep950 cOmum conseguiu interligarス Erα Jα s Rθ ッοJ“ βo θ S a ス E″ ごο CαpJι α′ ,c ambOs,por sua vez,aス E″ グ。sI“ ρι″jο s

― c espero que sim― ―,ela tamb6m deve ajudar a relacionar 五

jο E″ αグο ″ s s I“ ′ι

ao que velo depois dela. O eixo central enl tornO do qual tentei organizar a hist6ria

do s6culo foi, basicamente, o triunfo e a transfo.11la950 dO capitalismO na fo...la historicamente especffica de sociedade burguesa e■ l sua vers5o liberal.A hist6ria comeca com a dupla e decisiva irrup950 da priineira revolugao industrial, na Gra―

Bretanha, que estabeleceu a capacidade iliinitada do sistema produtivo, criado pelo capitalismO, cm promover crescilnento econOnlico e penetragaO mundial, e da rev01u950 polftica fran‐ co‐

americana, quc estabeleceu os modelos doFninantes das ins‐

tituig6es p`blicas da sociedade burguesa,completadas pela emer‐

gencia praticamente siinultanea de seus sistemas te6ricos mais caracterfsticos― ― e inter‐ relaciOnados: a cconolnia polftica cl`s― sica e a fi10sofia utilitarista. O prilneiro volume desta hist6ria, ■ E″α ごαs Rθ ッοJ“ gσ θs f789‐ ゴ848, cst` estruturado em torno

desse conceito de``revolug50 dual''.

Ela levou a conquista audaciosa do planeta pela ecOnolnia capitalista,cOnquista essa realizada por sua classe caracterfstica,

a ``burguesia", e sob a bandeira de sua cxpress5o intelectual caracteristica, a ideologia do liberalsmo. Este 6 o principal

tema do segundo volume,quc abarca o breve perfodo entre as revolu96es de 1848 o o infcio da lDepress50 da d6cada de 1870, quando as perspectivas da sociedade burguesa e sua ccononlia parecianl relativamente tranqtilas,pois seus triunfos reais era“ not`veis.Pois ou bem a resistencia p。 lftica dos αれθjθ κS rι gj″ 2θ s,

contra os quais fora feita a Revolu95o Francesa, havia sido superada, ou esses mesmos regilnes pareciam aceitar a hege‐ monia econ6FniCa, institucional e cultural de um progresso bur‐

Aθ ″ Jos加 ″ι′わs

24

gues triunfante. Econonlicamentc, as dificuldadcs dc uma in‐ dustrializa95o e de um crescimento econOlnico linlitados pela estteiteza de sua base inicial foram superadas pela dissenli‐ na95o da transforinacaO industrial e pela cnorme ampliag50 dOs mercados mundiaiso Socialrnente, os descontentamentos explo‐

sivos dos pobres da Era das Revolu95es foram dissipados em conscquencia, EIn suma, os principais obst`culos que se opu" nham ao progresso burgues contfnuo c presunlivelIIncnte iliiniヽ

tado pareciam ter sido removidos, As possiveis dificuldades derivadas das contradi95es internas dessc progresso ainda nao pareciarn ser motivo de inquietude inlediata. Houve menos so‐ cialistas e social‐

revoluciondrios na Europa nesse perfodo do

quc em qualquer outrO.

Mas, por outro lado, a Era dos lmp6rios 6 marcada c donlinada por essas contradi95es, FOi uma cra de paz sem paralclo no mundo ocidental、 quc gerott uma cra de gucrras mundiais iguallnentc senl parale10. Apesal` das aparencias, foi

uma era de cstabilidadc social crcscente dentro da zona dc econonlias industriais dcsenvolvidas, quc forncccram os pequc‐

nos grtipos dc homens quc, conl uma facilidade que raiava a insolencia, conscguiram conquistall e donlinar vastos iinpё riosi

mas uma cra quc gerou, inevitavelmente, cm sua periferia, as forgas cOnlbinadas da rebeliao c da rev。 lu95o que a tragariam.

Desdc 1914 o mundo tem sido donlinado pelo medo, c as vezes pela rcalidade, de uma gucrra mundial c pelo medO(Otl

csperanga)de uma revolu9ao― _ambOs baseados nas condic6es hist6ricas que emergiram diretamentc da Era dos lmpё

rios.

Foi a era em que movimentos de massa organizados da classe dos trabalhadores assalariadOs, caracteristica do capita‐

lismO industrial c por ele criada, cmergiram subitamente exi―

gindo a derrubada do capitalismoo Mas emergiram em econo‐ ■lias altamente pr6speras e enl expans5o e, nos pafses onde

cranl mais fortes, em unl mOnlento em quc o capitalisrno lhes oferecia condig6es ligeiralnente menos nliserdveis que antes. Foi uma cra em que as institui96es polfticas e culturais do libe―

ralismO burgues foram estendidas, ou estavam em vias de sc estender,as lnassas operarias que vivialn enl sociedades burguc―

sas,at6 mesmo(pela primeira vez na hist6ria)as suas mulheres; mas para isso foi preciso fOrcar sua classe central, a burguesia

Introducao

25

liberal, a ocupar uma posicao marginal no poder polfticoo lsto porquc as democracias eleitorais, produto inevit`vel do pro‐ gresso liberal,liquidaram o liberalisino burgues enquanto forca polftica na maloria dos pafses.Para uma burguesia cuios aliCer_ ces rnorais tradicionais rufranl sob o peso de sua pr6pria acumuぃ

lacao de riqueza e conforto, foi uma era de profunda crise de

identidade e de transforma95o. Sua cxistencia meslna como classe dirigente foi solapada pela transformacao de scu pr6prio

sistema econOmicoo As pessoas iurfdiCas(ou Seia,grandes orga‐ nizac6es empresariais ou sociedades anOniinas), de prOpriedade de acionistas, que empregavanl administradores e executivos assalariados, comecaranl a substituir as pesSoas concretas c suas famflias na propriedade e na adnlinistra95o de suas pr6‐ prias empresas.

S5o incont`veis os paradoxos como esse.A hist6ria da Era dos lrnpё rios est` repleta deleso Na verdade, scu perfil carac‐

terfsticO, como seri visto neste livro, 6 o avan9o da sociedade

c do mundo burgueses rumo ao que foi chamado de sua``inorte estranha" ao atingir seu apogeu, vftilna iustamente das contra‐ di96es inerentes a scu avan9o, Ademais,a vida cultural e intelectual do perfodo evidencia

uma curiosa consciencia desse padr5o de invers5o, da morte irninente de unl mundo e da necessidade de outro. ヽlas o tom c o sabor peculiares dO perfodo derivam do fato de quc os cata―

chsrnas vindourOs eram a unl tempo esperados, rnal compreen‐ didOs e desacreditados. A guerra mundial viria, Inas ninguこ nl, nern sequer o melhor dos prOfetas, entcndcu realinente que tipo de guerra seriao E quando o lllundO por firn chegou a beira d。

abismo, Os respons`veis pela tomada das decis6es, incrё dulos, se lancaram a ele. Os grandcs e novos movirnentos socialistas eram revolucic)ndriOs; lmas, para a maioria deles, a revolu95o cra de certa follnt1 0 resultado 16gico e nccess6riO da democra‐

cia burguesat, quc deu a uma parcela da populag50 cada vez lnais numerosa o poder de decidir sobre outra, cada vez mais reduzida. E para os que esperavam a verdadeira insurreicao, tratava―

se de uma bata11la cui0 0bjet市 O S6 podia ser, num

priineiro momento, instituir a democracia burguesa como etapa

preliminar de algO mais avancado.Assim,os revoluciondrios

Aθ ″ αOs"′ ′″わs perrnaneceram no quadro da Era dos lmp6rios,lnesmo se pre‐ parando para super6‐ la. Nas ciencias e nas artes,as ortodoxias do s6culo XIX esta‐

vam sendo demolidas,mas nunca um n`mero maior de homens e mulheres,cuio aCessO a cultura era recente e que eram inte‐ lectualinente conscientes, acreditou mais fi.11lemente no quc as

pequenas ανα″ gα ″グθs,mesmo entaO,cstavam reieitandOo Se os pesquisadores da opiniao p`blica, nO mundo desenvolvido pr6‐ `‐

1914, tivessem comparado O percentual de esperanga ao de inau agouro, o dos otiinistas aO dOs pessiinistas, a esperanca c

o otirnisrno com toda certeza teriam prevalecidoo Paradoxal‐ mente, 6 provivel que tivesse obtido mais votos nessa direcao

no novo s6culo, quando o mund0 0cidental se aproxiinava de 1914, do que nas lltimas d6cadas do anterior. Mas, 6 claro, esse otilnismo inclufa nao s6 os quc acreditavam no futuro do capitalismO,mas tambё m os quc aguardavanl,csperan9osos,Sua superagao。

O padrao hist6rico de revers5o eln si, de desenvolviinento

que solapa seus pr6prios alicerces, nao tem nada de novO ou peculiar nesse perfodO em relag5o a qualquer Outro. E assim quc as transformag6es hist6ricas end6genas operamo COntinuam

operando assiln. PecuHar ao longo s6culo XIX 6 0 fato de as fOr9as titanicas e revolucion`rias desse perfodo, quc trans‐

fOrrnaram o mundo a ponto de tornd‐ lo irreconhecfvel, terem sido conduzidas por um vefculo especffico, historicamente pe‐ culiar e fr`gil. Exatamente como a transfo.11lagaO da ecOnornia

mundial se identificOu, durante um perfodo crucial por6m ne‐

cessariamente breve, a sorte de unl `nico Estado de porte m6diO ―― a Gra‐ Bretanha ――, O desenvolvilnento do mundo contemporaneo se identificava temporariamente ao da socic‐

dade liberal burguesa do s6culo XIXo A pr6pria extens5o na qual as id6ias, valores, pressupostos e institui96es a ela asso‐

ciados pareceram triunfar na Era do Capital indicam a natureza histOricamente transit6ria desse triunfo.

O presente livro estuda o mOmento hist6ricO em que ficou claro que a sociedade c a civiliza950 criadas por e para a bur‐

gucsia liberal ocidental representavam nao a fOrma pernlanente

dO mundO industrial moderno, mas apenas uma fase de seu desenvOlviinento inicial.As estruturas econOmicas sobre as quais

27

Introdu95o

rcpousa o mundo do s6culo XX, lnesmo quando capitalistas, na o s5o mais as da “empresa privada" na acep95o consensual entre os homens de neg6cios de 1870, A rcvolug5o presentc lla

mem6ria do mundo desde a Primeira Guerra Mundial ia na。 6 a Revolug5o Francesa de 1789.A cultura que o perpassa i6 na0 6 a cultura burguesa, como teria sido entendida antes de 1914. O continente que cnt5o concentrava a esmagadora malo‐ ria de seu poderio econOnlico, intelcctual e Fnilitar n5o 6 mais

assiin. Nem a hist6ria crn geral nem a hist6ria do capitalismo em particular se encerraram elln 1914, embora uma parte bas―

tante grande do mundo tenha adotado um tipo de econonlia fundamentalmente diferenteo A Era dos lrnpё rios ou, como Lenin a chamou, o inlperialismo, n5o foi, evidentemente, ``a 6poca,Lenin nunca afirrllou realrnente quc [osse. siFllpleslnente a denorninou, na prirneira

etapa final''do capitalisinO; rnas,≧

vers5o de seu influente escrito, ``a `ltiina etapa" do capitalis‐

mo.* E, contudo, 6 compreensfvel que observadores ―― e nao apenas observadores hostis a sociedade burguesa ―― tenham sentido a cra da hist6ria mundial em que eles viveram nas`lti…

mas d6cadas anteriores h Priineira Guerra Mundial como algo nlais quc apenas outra fasc de desenvolviinento.De uma forrna ou dc outra, o per(odo parecia antecipar e preparar un■

mundo

qualitativamente diferente do passadoo E assiin acabou sendo a partir de 1914, mesmo se n5o da maneira csperada ou pre― vista pela maioria dos profetas, N5o htt como voltar ao mundo da sociedade liberal burguesa.Os pr6prios apelos conclamando a reviver o espfrito dO capitalisrno do sё sё

culo XIX no final do

culo XX testemunham a sua impossibilidade.Bem ou mal,

dcsde 1914()sё cu10 da burgtlesia pertence ねhist6ria

・ Tftulo mudado para ``etapa superior" ap6s sua morte.

cAPrTuLο コ

A REVOLUcAO CENTENARIA

‐ おSy,ι ″ んο prο ノ α ′ 0ル ′ θ α.… υ ρ″ Hο gα ″ι ,Hj″ κ “ “ “ “ “ α ο θοttο θ θνO prOblθ αs.. .Hο gα ″ιλ θ 9“ θ α ′ ′ “Jο ,“ α “ “ Jο “ソ ″λα." “ “ “ 'S :gο α : acO″ ′ θ ε θ r αα ″ ″ s α ルJjZ “ Mr.“ Dooley Says, 19101

1

鷺 よ

:L翠 冨

:T雷

長淵

躍 『

Ъぶ 濫





T寛



comemorados com as exposic6es internacionais de praxe―― os cidad5os instruFdos do mundo ocidental tomaram consciencia do fato de que aquele mundo, nascido entre a Declaragao de lndependencia, a construcaO da prilneira ponte de ferro do mundo e a tomada da Bastilha,estava completando cem anos. Qual seria o resultado de uma compara95o entre o mundo dos anos 1880 o o dos anos 1780?*

rttg:欝 Fal::!』 :∫ ti置 遺r:嘱 a:胤 Qua』 乳 ::霧 de modo mais ou menos adequado ou aproximado.Com mini‐ mas exce95es,a exploracao i`nao cOnsistia cm“ descoberta'ち mas numa forma de esfOr9o at16tico, muitas vezes mesclado a iinportantes elementos de competicao pessOal ou nacional; tipi‐ camente a tentativa de donlinar os ambientes ffsicos mais duros

e in6spitos do Artico e da Ant`rtida.O norte‐ americano Pcary ・ 4 Erα ′αs Rθ νOr“ f。‐ θs,Cap。 1,estuda esse mundo mais antigo.

50

/t

θraご θs二

Pび rros



chegaria cm prilneiro lugar ao P61o Norte em 1909, vencendo

nesse desafiO seus cOmpetidores britanico c escandinavo: o

noruegues AFnundSen atingiu O P61o Sul em 1911, urn mes antes do desafOrtunado britanico capitaO scott。

(Tais faganhas

naO tinham nem pretendiam ter a menor cOnsequencia prdtica。 ) A ferrovia c a navega950 a vapor haviam reduzido as viagens intercontinentais ou transcontinentais a uma questao de sema_

nas,cm vez de meses― ― salvo na maior parte do territ6rio da Africa,da Asia continental e de partes do interior da Am6rica

do Sul― ―,c em breve as tornariam uma questao de dias: com a conclusao da Ferrovia Transiberiana, em 1904, seria pos‐ sfvel viaiar de Paris a VladivOstOk em quinze ou dezesseis dias. Com o telё grafO e16trico, a translnissao de inforlnag5o ao redor

do mundO era agora uma questao de hOras. Em decorrencia, homens e mulheres dO mundo ocidental― ― mas nao s6 eles― ― Vialaram e se comunicaram atrav6s de grandes distancias com

facilidade e em n`mero sem precedentes,VeiamoS apenas um exemp10 dO que seria consideradO uma fantasia absurda na ёpOca de Beniamin Franklino Em 1879,quase um milhao de turistas visitaram a Su19a. LIlais de 200 nlil deles eram norte‐ americanos: o equivalente a mais de uFrl ern cada vinte habitan‐ tes da totalidade dos EUA, considerando‐ se seu priineiro censo (1790)。 *2

Ao mestno tempo, o mundo era muito mais densamente povoadO・ As cifras demogrttficas s50 taO especulativas, sobre‐

tudo nO quc tange aO final dO s6culo XvIII, quc a precisao num6rica 6 in`til e perigosa; mas n50 deve ser muito equivo‐ cado supor que os aproxinladamente l,5 bilh6es de seres hu‐ manos vivos nos anos 1880 representavam o dobro da populacao lllundial dos anos 1780。 (Э s mais numerosos cranl, de longe,

os asiaticos, como sempre o foranl, mas enquanto em 1800 cles cOnstitufam quase dOis ter9os da humanidade(segundO esti_ mativas recentes),cm 1900 talvez fossem 55 por cento.O sc‐

gundo maior grupo era o dos europeus (incluindO a R`ssia asitttica,esparsamente povoada)。 A populag5o curOpё ia era,em

1900 (430 rnilh6es)quase cOm certeza mais dO dobro dos, digamOs, 200 milh6es de 1800,Ademais, sua cmigrag5o em ' Para um c6mputo mais cOmpletO desse processo de globaliza95o, ver A frα ′ οCα ρ′ ′ ,caps,3 o ll. `α

A reV01ucao centenaria

31

rnassa para outros continentes foi responsttvel pela mudanca mais dr`stica que sofreu a populacaO mundial: o aumento dos habitantes das Al■ 6ricas de cerca de 30 a quase 160 milh6es

entre 1800 e 1900; c, especiallnente, a Ain6rica do Norte, que aumentou de cerca de 7 a mais de 80 1nilh6es dc habitantes, O devastado continente africano,sobre cuios dadOS demogra‐ ficOs, como se sabe,h` pouca informa95o, cresceu mais lenta‐ mente quc qualquer Outro, talvez no mttxil■ o um ter9o nesse s6culoo No final do sё culo XVIII havia,talvez,tres vezes mais africanos do que americanos(dO norte e latinos),ao paSSO que no firn do s6culo XIX 6 provttvel quc houvesse substancial‐ mente mais americanos do quc africanoso A reduzida popula95o das ilhas do PacfficO, incluindO a Austr61ia, cmbora refor9ada por uma migragao eurOp6ia dc hipot6ticos 2 a talvez 6 1nilh6es de pessoas, tinha pouco peso demogrdfico. Contudo,enquanto num sentido o lnundo estava se tornando demograficamente maior e geograficamente menor e mais global ―― um planeta ligadO cada vez mais estreitamente pelos lagos dos deslocamentos de bens e pessOas, de capital e comunica‐ 96es, de produtos materiais e id6ias

――, cm outro sentido este

mundO carninhava para a divisaOo Nos anos 1780, como em todos os outros perfodos da hist6ria de que se tem registro, hOuve regi6es ricas e pobres,econolnias e sociedades avangadas e atrasadas, unidades com organiza95o polftica e forga nlilitar

mais fortes e mais fracas.E6ineg`vel que um abismo profundo separava a grande faixa do mundo que fora, tradicionalinente, O redutO das sOciedades de classe e de Estados e cidades mais ou menos est`veis,adnlinistrados por ininorias cultas e― ― feliz‐ mente para o historiador― ― gerando documentacao escrita,das regi6es ao norte c aO sul,sobre as quais se concentrou a atencao

dos etn6grafos e antrop61ogos dO final do s6culo XIX e come9o do sё cu10

XXo N5o obstante, dentro dessa ampla faixa onde

vivia a maior parte da humanidade ―― que se estendia do lapao a leste ao litoral norte c central do Atlantico e, atravこ s da conquista curop6ia, ao territ6riO americano― ―, as disparida‐

dcs,embora i`acentuadas,ainda n5o pareciam insuper`veis, EIn termos de produgao e riqucza, para n5o falar de cul… tura, as diferengas entre as principais regi6es pr6‐

industriais

eram, pelos padr6es modernos, espantosamente rnfniinas: de.

4 θ′ α aOs ′ ′ ιriOS

32



digamOs, l a l,8。

IDe fato, uma cstimativa recente calcula quc,

cntre 1750 e 1800, O produtO nacional bruto ρθ″ εαρ α nos paFses hoie conhecidos como“ desenvolvidOs"era basicamente :′

o mesrno que na regi50 agOra conhecida comO``Terceiro Mun‐

do"l einbOra issO provavellnente se deva aO enorme tamanho

:::119室 i肌 』11雪 」Ъ慇 ∬ ゝ鰍 ∬ 糧 1: 『 ∬ 琴LA鵠 superior ao europeu。 3 No sё culo XVIII,Os europeus podem

sel・

ter achado o Celeste lrnp6riO llnl lugar realinente muitO estra‐

nhO, lnas nenhum observadOr inteligente O teria considerado, em qualqucr sentido, uma econonlia ou civilizacao inferiOres a curopё ia, e menos ainda um paFs``atrasado"。

Mas,no sё culo

XIX a defasagem entre os pafses ocidentais, base da revolu95o econOnlica que estava transforrnand0 0 mundo,c Os demais se

ampliou,primeirO devagar, depois cada vez mais rttpido.Ao redor de 1880 (segund0 0 mesrnO c`Iculo), a renda

ρθr

cα ρ:′ α

dO mundO ``desenvolvido" era cerca do dobro da dO Terceiro Mundo; em 1915 seria mais do que o triplo, e continuava au‐

mentando. EIn lornO de 1950 (para destacar o contraste), a diferenga cra de l a 5: enl 1970,dc l a 7, Adelnais, a defasaヽ

gem entre o Terceiro MundO e as dreas realinente desenv01‐ vidas do mundo“ desenvol宙 do",Ou seia,os paFses industria‐ lizados, come90u mais cedo e se ampliou ainda mais acentua‐

damente.O PNB ρθ″εαρ:`α i`era mais do dobro quc o do Terceiro Mundo cnl 1830; enl 1913,cerca de sete vezes lnaior.* A tecnologia era uma das principais causas dessa defasa‐ gern, acentuando‐ a nao s6 econOnlica como politicamente。

1」

m

s6culo ap6s a Revolucao Francesa, tornava‐ se cada vez mais

cvidente que os paFses mais pobres e atrasados podiam ser facilrnente vencidos e (salvo se fOssem muito grandes)con‐ quistados, devido a inferioridade tё cnica de seus arrnamentos, Tratava‐ se de urrl fato relativamente novoo A invasao dO Egito ・ A cifra que exprime o PNB ′ α 6 uma constru9五 o purainente ρ′r cα ρ′ cstatistica: produto naciOnal bruto dividido pelo n`mero de habitantes. Embora seia`til para cfeitos de comparacOcs gerais do crescimento cco‐ 116111ico de difcrcntcs pafscs c/ou perfOdos, nao nOs diz nada sobre a enda ou padrtto dc vida l・ cais de qualqucr dc scus habitantes,ou sobret a distribuic5o da renda na rcgi5o,a n50 scr quc, tcoricamente, cm um pafs col■ rcllda ′ フ ′r(ヽ αalta haveria mais a distribuir quc cm outro l・

r7′ ,F′

()1ldc csstn Cifra fossc mais rcduzida

A revolusao centendria

33

por NapOleao. em 1798, op6s os ex6rcitos frances e mamelu‐

co com equipamento comparavelo As conquistas coloniais das forgas europ6ias havianl sido realizadas nao pOr causa de armas

mllagrosas,FnaS devido a uma maior agressividade,crueldade e, acima de tudo, organizac5o disciplinada,4 contudo, a revolu95o industrial,que se fez presente nos conflitos arinados em meados

dO s6cu10(cf.ス E″ α ごο Cα ρ α:, cap. 4), fez a balan9a pendel・ lnais ainda a favor do mundo``avangado"gracas aos explosivos j′

potentcs,as inetralhadoras c ao transporte a vapor(Ver cap. 13)。 Eis por quc o meiO sこ culo transcorrido entrc 1880 e 1930 seria

a ldade de ouro, ou melhor, de ferro, da diplomacia de ca‐ nhonelra。

Portanto, ao abordar 1880, estamos menos diante de um inundo inico do que de dois setores que,combinados,formam urFI SiStema global: o desenvolvidO e o defasado, o dorninante c o dependente,O rico e o pobreo Meslno esta descri95o 6 enga‐

nosao Enquanto o (lnenOr)Prilneiro Mundo, apesar de suas consider6veis disparidades internas, era unido pela hist6ria e por ser o portador coniuntO dO desenvolvimento capitalista, o

Segundo Mundo (muitO maior)naO era unidO senao pOr suas rela95es com o primeiro, quer dizer, por sua dependencia pO¨ tencial ou real. O que tinha o lmp6rio Chines em comuFn COm o Scnegal, o Brasil, as INovas H6bridas,o Marr∝ os e a Nica‐ rdgua. a16m do fato de pertencerern todos a csp6cie humana?

O Segundo Mundo n5o era unido por sua hist6ria, cultura, cstrutura social nem institui96es, nem sequer pelo quc hole consideranlos a caracterfstica mais marcante do mundo depen‐ dentc: a pobreza enl massao Pois a riqucza c a pobreza,col■ o categorias sociais, se aplicam apenas a sociedades estratificadas

dc um certo modo e a cconomias estruturadas de uma certa ma‐ neira, c algumas partes do mulldo dependente n5o tinham nel■

uma nem outra. Todas as socicdades hunlanas conhccldas na hist6ria encerram algumas desigualdades sociais(a16m da desi“ gtlaldade entre os sexos),mas embora os marai6S da rndia,em visita ao Ocidente,pudcssein scl・ tratados con10 sc fosscm mi‐ liOndlヽ 101・

los nO sentidO ocidcntal, 1150 cl・ a possfvcl tissilllllar desta

nla os homens importantcs ou cllcfcs da Nova Ctlindi nem

incsil10 hipOteticamcntc, E 11lcsmO aS pcssoas coilluns de qLlaト quer lugar do mundo normallnentc transforillando‐ sc じll1 0pcrJ‐

4

34

θ οs′ ″P″ わs rα α

rios,e portanto enl lnembros da categoria dos``pobres",ao serem

transladadas para longe de seus paFses, era descabido descre‐ ve_las dessa maneira cm seu ambicnte de origem. De qualquer

modo, havia partes privilegiadas do mundo ―― sobretudo nos tr6picos― ― em que ningu6rrl sentia falta de moradia, alimento Ou lazer. De fato, ainda havia sOciedades pequenas em quc os conceitos de trabalho e lazer n50 tinhaln sentido,nem existiam palavras para dize_10s.

Se a existencia dOs dOis setores do mundo era ineg`vel, as fronteiras entre elas eranl, no entanto, indefinidas, sobretudo

porque o coniunto de Estados atrav6s dos quais e pelos quais fOi feita a conquista econOllnica― ― e,no perfodo que nos ocupal a conquista polftica 一― do planeta, estava unido tanto pela hist6ria como pelo desenvol宙 mento econOmicoo Esse coniunto de Estados era a “Europa", constituFda n5o s6 pelas regi6es que forrnavanli claramente,o cerne do desenvolviinento capita‐ lista mundial ―― sobretudo a Europa central e do noroeste c

algumas co16nias ultramarinas,A“ Europa"englobava as regi6es meridionais, quc haviarn tido um papel importante no infcio do desenvolviinento capitalista, mas que, desde o sё culo XVI, haviam estagnado; e os conquistadores do primeiro grande inl‐ p6rio ultramarino europeu, Ou seia, as peninsulas italica c ibё _

rica. Ela incluFa tamb6m uma vasta zona fronteiriga a leste, onde, por mais de nlil anos, a cristandade ―― quer dizer, os

herdeiros e descendentes dO IInpё riO Romano* ―― havia conl‐ batido as invas6es peri6dicas de cOnquistadores lnilitares prove‐

nientes da Asia central. Os invasores da `ltilna leva, que criaram o grande lrnpё rio C)tOmano, foram gradualinente ex‐ pulsos das enorrnes dreas da Europa por eles controladas entre

os s6culos XVI e XVIII; era 6bvio que scus dias na Europa

estavam contados, embora em 1880 ainda controlassem uma nsiderttvel, quc atravessava a peninsula balcanica (par_ tes das atuais Grё cia, IugosI`via c Bulg`ria, alё m de toda a

faixa co‐

Albania),bem COmO algumas ilhas,Grande parte dos territ6rios Entre o s6culo V doC. e 1455, a sobrevivenvia dO Imp6rio Romano conheceu fortuna vari6vel, com sua capital em Bizanci。 (Istambul)e o cristianismo ortodoxo como religi50 0ficial. O czar russo, como seu

nome indica(czar=C6Sar;TzarigradO― _“ cidade do imperador"一 ainda 6 o nome cslavo de lstambul), cOnsiderava‐

imp`rio,c Moscou como``a terccira Roma''.

se o sucessor desse

35

A rev01u9ao centen`ria

reconquistados ou liberados s6 podiam ser considerados como ``europeus" por cortesiai na verdade, a penfnsula balcanica

ainda era comumente chamada de“



riente Pr6xllno": por isso,

o sudoeste da Asla velo a ser conhecldo cOmo“ (Э rlente M6dio". Por outro lado, Os dois Estados que mais fizeram por repelir os turcos eram ou se tornaram potenclas europ6ias, apesar do atraso not6rio da totalidade ou de parcelas de seus povos e territ6rios: o lrnpё rio Habsburgo e, aciina de tudo, o imp6rio dos czares da R`ssla。

Assiin,grandes extens6es da``Europa"estavanl,na melhor das hip6teses, na periferia do centro do desenvolviinento eco‐

nOmico capitalista e da sociedade burguesa, Em alguns deles, a maloria dos habitantes vivia visivellnente num s6culo dife‐

rente do de seus contemporancos e gOvemantes

――

como no

litoral adri`tico da Dalrndcia ou na Bukovina,onde, cm 1880,

880/O da populacaO eram analfabetoso contra l10/o na Baixa Austr`lia,que fazia parte do mesmO imp6rio.5 MuitOs austHacos

cultos partilhavam da opini5o de Metternich de que “a Asia comeca onde a estrada para o Oriente sai de Viena",assiin como a maioria dos italianos do norte encaravam a maloria dos ita‐ lianOs do sul como uma esp6cie de b`rbaros africanosi rnas em ambas as inonarquias as`reas atrasadas eraln apenas uma parte do Estadoo Na R`ssia,a questao``europ6ia ou asi`tica?"calava

muito mais fundO,id que praticamente toda a regi5o que vai do leste da Bielormssia e da Ucrania at6 。 Pacffico era igual‐ mente distante da sOciedade burguesa,a nao se pOr uma exfgua

camada culta,De fato,o tema fol obieto dC acalorado debate p`blico.

Contudo, a hist6ria, a polftica, a cultura, e nao menOs Os sё

culos de expansao por terra e por lnar sobre o Segundo Mundo

ligaram at6 as parcelas atrasadas do Priineiro Mundo)s avan9aⅢ

das, a cxclusao de pOucOs enclaves isolados dos B41cas mOnta‐ nhosos e outros semelhantes. A R`ssia era de fato atrasada, embora seus dirigentes tivessenl voltado sistematicamente os olhos para o oeste c conseguido controlar os territ6rios frontei‐

ri9os ocidentais, como a Finlandia,

。s paFses bttlticos e partes

da Po16nia, quc eram claramente mais avancadoso Contudo, economicamente, aR`ssia pertencia senl sombra de d`vida``ao

Ocidente'', na medida em que seu governo estava obviamente

36

ハ θrα ′οs I″ ρごrι OS

empenhado numa polftica macica dc industrializa95o segundo o modelo ocidental. POHticamente, o lmp6rio czarista era antes colonizador que co16nia e, culturalrnente, a pequena minoria culta da R`ssia cra um dos motivOs de orgulho da civ‖ izac5o ocidental do sё culo XIX. Talvez Os camponeses da Bukovina,事 110 pOnto 11lais remoto do nordeste d0 1mp6rio Habsburgo,ainda

vivessem na ldadc Mё dia,mas sua capital,Czernowitz,abrigava uma universidadc europё ia ilustre e sua classe mё dia ludaiCa,

emancipada e assimilada,era tudO,menos medieval′ No outro extremo da Europa, Portugal era pequeno, dё bil e atrasado segundo qualqucl・ padrao da ёpOca,praticamente uma seFniC016‐ nia britanica; e apenas o olhar da f6 poderia discernir ali indf‐

cios significativos de desenvolviinento econOnlico.Mesmo assim、

Portugal era nao apenas membro do clube dos Estados sobera‐ nos col■ o um grande impё rio co10nial, cm virtude de sua his‐

t6ria; conservava seu imp6rio africanO nao s6 porque as na96es europ6ias rivais nao conseguiam decidir cOmo reparti‐ lo, mas porque,sendo``europeu",seus domfnios■ 5o eram considerados ―一 pelo menos na O totalinente

―― mera mat6ria‐ prima da con‐

quista colollial.

Nos anos 1880。 a Europa,alem de ser o centro original do desenvolvintento capitalista que donlinava e transformava o

mllndo, era, de longet a peca mais importante da economia mundial e da sociedadc burguesa. Nunca houve na hist6ria um

s6culo mais curopeu,nem tornard a haver.Demograficamente, o nlundo contava colll uma propor9五 〇 mais elevada de curopeus no filll do sё culo que llo infcio ―― talvez um em cada quatro, contra ulll cnl cada cinco,° Apesal・ dos milhOes de pessoas quc

o venlo contillentc nlandotl para v`rios mundos novos, clc crcsccu nlais dcpl・ cssa. El■ bOra a posicao Futura da Ainё rica como superpotencia econ6mica mundial id eSt市 essc assegul.ada

pelo ritnlo c pelo frnpeto dc sua industriaHza9ao, o prOdutO industl・ ial europeu ainda ct`a duas vezes inaior do que o amc‐ ricano, c os prillcipais avancos tecno16gicos ainda provinham basicamente do leste do Atlantic。 . os autom6veis, o cincma c O rddio foranl inicialrnente dcsenvolvidos conl seriedade na Europa。 (A participac5o do lap5o na moderna cconomia mun‐ cgi50 passou a razer partc da Romenia em 1918. e desde 1947 intc8ra a Rcp`bHca Sovidtica da Ucrania

' Essa l・

A revolucao centendria

dial demorou a deslanchart rnas foi benl mais ripida na politica mundial。 )

Quanto a cultura erudita, o mundo das co16nias brancas ultramarinas ainda continuava totalrnente dependente do velho continente, de forlna ainda mais 6bvia entre as infirnas elites cultas das sociedades n五 o brancas, na rnedida ern que estas

consideravam``o Ocidente"como modeloo Economicamente,a R`ssia nao sustentava, de forrna alguma, a compara95o corn o

crescimento arrolado e a riqucza dos EUA.Culturalmente,a R`ssia de Dostoievsky (1821‐ 1881), TolStOi(1828‐ 1910), Tche‐

kov (1860‐ 1904), TchaikOVsky (1840‐ 1893), BorOdin (1834‐ 1887)c Rilnsky‐ Korsakov(1844‐ 1908)era uma grande potencia,

o Os EUA dc Mark Twain(1835‐ 1910)e Walt Whitman(1819‐ 1892)nao,mesmo incluindo af Henry lameS(1843‐ 1916),que htt muito ernigrara para a atrnosfera mais propicia da Gra‐ Bre_

tanha. A cultura c a vida intelectual europ6ias ainda cstavam

ma10ritariamentc nas maos de uma minoria pr6spera c culta, admiravellnente adaptadas para funcionar nesse meio e para ele. A contribuicao do Hberahslno e, mais a16nl, da esquerda ideo16gica foi exigir quc todos passassem a ter livre acesso as realiza95es dessa cultura de elite.O museu c a biblioteca p`bli¨ cos foralln suas conquistas caracterfsticas. A cultura americana, mais deinOcrdtica c igualit6ria, s6assulniu llma pos195o pr6pria

na era da cultura de massa do s6culo XX.Por enquanto,at6 em 6reas t50 estreitamente articuladas ao progresso t6cnico como as ciencias, a lulgar pela distribui95o geogrdfica dos prenlios

NObel ao longo de seus quinze prirneiros anos dc existencia,os EIJA ainda ficavarn atrds n5o s6 dos alemaes c dOs britanicos,

mas ate da pequena Holanda. Se uma parcela do Prirneiro Mundo podia se enquadrar con〕 a mesma propriedadeう zona de dependencia e atraso,pra‐ ticamente todo o Segundo Mundo indubitavelrnente a integrava, ゝexcecao do lapaO, que passava por uln processo de ``ociden‐ talizac5o''sistcl■ 6tica desde 1868(verス Erα ごοCα ρirα J,cap.8), e de territ6rios ultramarinos povoadOs pOr grande n`mero de descendentes de curopeus― ―enl 1880 ainda basicamente prove‐ nientes da Europa central c do noroeste ――, salvo, 6 claro, as popula96es nativas quc eles n30 havianl conscguido eliminar.

Foi essa dependencia __ 。u mais exatamcnte a incapacidade

Aθ ″

38

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sJ″ P″ jο s

de ou ficar afastado da rota do cOmё rcio e da tecnologia do Ocidente e encontrar um substituto para eles, ou resistir por interrn6dio de homens arlnados e organizados― ― que reuniu na mesma categoria, a de vftiinas da hist6ria do sё

culo XIX em

relag5o aqueles quc a irnplementavanl, socicdades que fora

istO nao tinham nada cln comum, Como expressou o cruel humOr ocidental, com urn ligeiro excesso de simplifica95o militar:

Aconteca o que acontecer, n6s temos o fuzil Maxiin, c eles n5o,7 Comparadas a cssa diferenga, as diferengas entre socieda‐ des pr6‐ hist6ricas, como as das ilhas da Melan6sia, c as sofisti‐

cadas e urbanizadas sociedades da China,da lndia e do mundo islamico parecianl insignificantes。 (2uc importava que suas artes

fossem adrniraveis, quc os monumentos de suas culturas ances¨ trais fossenl lnaravilhosos e que suas filosofias(sObretudo reli‐

giosas)impressionassem tanto como o cristianismo,e na verdade prOvavellnente mais quc ele, alguns acadenlicos e pOetas oci‐ dentais?Basicamente, cssas sociedades estavanl todas igualllnen‐

te a merce dos navios que vinham do exterior com carrega… mentos de bens, homens armados e id6ias diante das quais ficavarn impotentes e quc transforlnaram seus universos como convinha aos invasores, independente dos sentilnentos dos in‐ vadidos, Isso n5o significa que a divisaO entre Os dois mundos fosse uma mera divis5o entre pafses industrializados e agrfcolas,entre

civiliza96es urbanas e ruraiso No SegundO Mundo havia cidades

mais antigas e/ou t5o grandes como no Primeiro: Pequim, Constantinopla。 ()mercado capitalista mundial do sё culo XIX gerou, dentro dele, centros urbanos desproporcionalrnente gran‐

des atrav6s dos quais era canalizado o fluxo de suas relag6es econOnlicas: ヽ4elbOurne, Buenos Aires e Calcuta tinham cerca

de meio nlilh50 dc habitantes cada uma nos anos 1880, o quc ultrapassava a populag5o de Alnsterda, ⅣIi150, Birrningham ou 卜lunique, ao passo que os tres quartos de rnilh5o de Bombailn s6 erarn superados por meia d`zia de cidades da Europao Enl‐

bora as cidades fOssenl mais numerosas e tivessem um papel

A revolu95o centendria

39

mais significativo nas econonlias do Primeiro Mundo,com pou‐

cas exce96es especiais, o mundo “desenvolvido" permaneceu supreendentemente agrfcola. Apenas em seis pafses europeus a agricultura empregava menos quc a maioria 一 gerallnente

uma ampla maioria― ― da populag5o masculina, Inas esses seis eranl, caracteristicamente, o nicleo do desenvolviinento capita‐ lista inais antigo:B61gica,Gra‐

Bretanha,Franga,Alemanha,Ho‐

landa e Su19a. Entretanto, era s6 na Gra‐

Bretanha que a agri‐

cultura ocupava uma fnfima nlinoria de cerca de um sexto; nos outros paFses, empregava cntre 30 e 45 por cento.8 HaVia, de fato,uma diferenga notttvel entre a comercializada c eficiente atividade agrfcola das regi5es “desenvolvidas" e a agricultura

das regi6es atrasadas. Os camponeses da E)inamarca e da Bul¨

g`ria tinham pouco em comunl, ao redor de 1880,a n5o ser o interesse por estabulos e terras.Contudo,a lavoura,como o an… tigo artesanato,cra um esti10 de vida cuiaS rafzes mergulhavam num passado longfnquo,como sabiam os etn61ogos e folcloristas

do final do s6culo XIX, que procuravam antigas tradi96es e “remanescentes populares" basicamente no campoo Mcslno a agricultura mais revolucionttria ainda as conservava.

Reciprocamente, a iinplanta95o da ind`stria n5o se res‐ tringia inteiramente ao Priineiro Mundoo A parte a constru95o de uma infra‐ estrutura(isto 6,portos e ferrovias), aS atividades extrat市 as(mineragao)__presentes em muitas economias depen‐

dentes e coloniais― ― e a produ95o familiar,presente em muitas 五reas rurais atrasadas, algumas indistrias do tipo ocidental do sё

culo XI}【 tendiam a se desenvolver modestamente em pafses

dependentes cOmo a india, mesino nesta etapa inicial,por ve‐ zes enfrentando forte oposig5o de interesses metropolitanos, sobretudO nos setores textil e alilnenticio.Mas at6 a metalurgia

penetrou no Segundo Mundoo A grande empresa indiana de ferro c a9o, Tata, iniciou suas operag6es nos anos 1880。 En‐

quanto isso, a produ95o reduzida dos pequenos artesaOs que trabalhavam em suas casas ou em oficinas “por peca" conti‐ nuava sendo tao caracterfstica do mundo ``desenvolvido" como

da maiOr parte do mundo dependenteo Este tipo de produ95o estava prestes a entrar num perfodo de crise, apreensivamente acompanhado pelos acadenlicos alemaes, aO se defrontar com a

A

40

θrα ′οs i“ Pι riο s

concorrencia das fttbricas e da distribuigao mOdernao Porё m, em seu coniuntO,ainda sobre宙 veu com for9a cOnsiderttvel. ContudO, 6 aprOximadamente cOrreto fazer da ind`stria urn critё rio de mOdernidadeo Nos anos 1880,nenhum paFs fora do mundo “desenvolvidO''(e do rapao, que se somou a ele) podia ser descrito como induslrializado ou em vias de indus‐ Mas pOde‐ se dizer quc mesrno os pafses ``desen‐

triaHza9五 o,

volvidOs'' que ainda eram esscncialllnente agrFcolas,ou,cnl todo

caso,n5o associados imediatamente a fabricas e fottaS,jtt es‐ tavam em sintonia com a sociedade industrial e a alta tecno・ logia. Fora a E)inamarca, os pafses escandinavOs, por exemplo, eranl, atё

pouco tempo atr6s, notoriamente pobres e atrasados.

Contudo, em pOucas d6cadas eles teriarn mais telefones por habitante que qualquer Outra regiaO da Europa,9 incluindo a Gra‐ Bretanha

c a Alemanha;ganharam um n`mero de premios

NObel de ciencia consideravelrnente mais elevado que Os EUA, c estavam prestes a se tornar redutos de moviinentos polfticos socialistas organizados especificamente enl fung50 dOs interesses dO prOletariado industrial。

E,o que c alnda mals obvlo,podemos descrever o mundo

・lavancado" como unl mundo em rdpido processo de urbani‐

zacaO e, em casos extremos, um mundo onde o n`mero de

moradores das cidades era sem precedentes。 10 Em 1800 havia apenas dezessete cidades na Europa cula pOpulac50 era de 100 1nil habitantes ou mais,no lotal menOs de 5 milh6es. Enl torno de 1890 havia 103 com uma populagao tOtal mais de seis ve‐ zes superiOr, Desde 1789, o que O sё culo XIX havia gerado n5o era tanto o gigantesco formigueiro urbano com seus lni‐ lh6es de habitantes apressados ―― embora cntre 1800 e 1880 tres outras cidades de mais de um rnilh5o de habitantes tenham

se somado a Londres(Paris,BerHm e Viena).Antes,csse sё culo havia gerado uma rcde de cidades grandes e mё dias bem es‐ palhadas, cspecialmente grandes zonas ou conurba95es bas‐ tante densas em func50 desse desenvolvirnentO urbano e in‐

dustrial, quc iam gradativamente tomando conta do campo sua voita.Alguns de scus cxcmplos nlais dram6ticos eram com― parativainente novOs, prOdtitos do desenvolvirnento da ind`stria

pcsada de meadOs dO sё culo, cOn10 Tyneside e Clydeside na Gra‐ Bretanha,

Oti apenas sc desenvolvendo em escala macica,



A revolu9ao centendria

41

como O Ruhr na Alemanha ou o cinturao carvaO_a90 da Pen‐ silvania. Essas regi6es, tornamos a insistir, n5o continham necessariamente qualquer cidade maior, salvo se ali houvesse capitais, centros adnlinistrativos governamentais ou outras ati‐ vidades tercittrias Ou portos internacionais importantes,que tanl‐

b6m tendiam a gerar popula95es excepcionalinente grandes. E

bem curiOsO que,a excecao de Londres, Lisboa e Copenhaguc, cm 1880 nenhum Estado europeu possufa uma cidade que fosse ambas as colsas。

2 Por lnais profundas e evidentes que fossem as diferengas econOmicas entre os dois setores do mundo, 6 diffcil descre‐ ve_las enl duas palavras; tamb61n nao 6 f`cil sintetizar as diferengas polfticas entre elas,Existia claramente um modelo ge‐ ral referencial das institui96es c estrutura adequadas a um paFs

``avangado", com algumas variag6es locais. Esse paFs deveria ser um Estado territorial lnais ou menos homogene。

,internacio‐

nallnente soberano, com extensao suficiente para proporcionar a base de um desenvolviinento econ61nico nacional; deveria dis‐ por de urn corpo inico de instituig6es polfticas e iurfdiCas de tわ O amplamente liberal e representat市 o(ist0 6,deveria contar

com uma constituicao`nica e ser um Estado de direito),mas tamb6m, a um nfvel mais baixo, garantir autonomia c inicia‐ tiva locais. Deveria ser composto de ``cidad5os",isto ё,da tota・ lidade dos habitantes individuais de seu territ6rio que desfru‐ tavam de certos direitos iurfdiCOS e polfticos b`sicos,antes que,

digamos, de associac6es ou outros tipos de grupos e comuni‐ dadeso As rela95es dos cidad5os cOm o gOverno nacional seriam diretas e n5o mediadas por tais grupos.E assim por diante.Essas

eram as aspirac6es nao s6 dos pafses ``desenvolvidos"(todoS OS quais estavam,at6 certo ponto,aiuStadOs a esse modelo ao redor de 1880),InaS de todos os outros que n5o queriarn se alienar do

progresso modernoo Nesse sentido, O modelo da na95o― liberal‐ cOnstitucional

n5o estava confinado ao mundo

Estado “desen‐

volvidO". ]De fato, o maior tOntingente de Estados operando teoricamente segundo esse l110delo, em geral o modelo federa‐

42

/L θ rα ″ Os′

わs P″ ″ “

lista americano mais quc a variante centralista francesa, seria

encontrado na Ain6rica Latina. Esta era composta,う 6pOca, de dezessete rep`blicas e urn impё rio, que n5o sobreviveu a16m dos anOs 1880(Brasil)。 Na pratica,era not6rio que a realidade polftica latinO‐ americana

e, neste sentido, a de algumas mo‐

narquias nonlinalinente constitucionais do sudeste da Europa, tinha pouca rela950 cOm a teoria constitucional. Grande parte

dO mundO nao desenvolvidO n5o pOssufa Estados nem deste nenl, por vezes, de nenhurn tipoo Parte delc era composta de co10nias das potencias europ6ias,diretamente adlninistradas por

elas: enl pouco tempo esses ilnp6rios c010niais cOnheceriam enorrne expansaoo Alguns deles,no interiOr da Africa,por exenl‐ plo,consistiarn de unidades p01fticas as quais o terrno``Estado'',

no sentido entao cOrrente na Europa, nao pOdia ser rigorosa‐ mente aplicadO,cmbora outros termos ent5o correntes(``tribOS")

n5o fossem muito melhores.Alguns deles eram imp6rios,por vezes muito antigos, cOm0 0 Chines, 。 persa c o otomano,sem paralelo na hist6ria europ6ia,lnas quc evidentemente nao eram Estados territoriais (“ nag6es‐ Estado")do

tipo dos do s6culo

XIX,e obviamente estavarn(aO que parecia)se tOrnando obso‐ letos. POr outro ladO, O mesrno raquitislno, senao a meslna senilidade,afetava alguns dos imp6rios obsolctos quc,ao menos

parcial ou marginalrnente, se situavam no mundO “desenvol‐ vido", quanto mais n5o fosse devido a seu s′ α′s, inegavel‐ “ czarista c mente abaladO, de ``grandes potencias": os impё rios Habsburgo(R`ssia e Austria― Hungria). EIn terrnos de polftica internacional(isto 6, na avaliagao dOs governos e rninist6rios das relag6es exteriores da Europa),

o n`mero de entidades tratadas como Estados soberanos no mundO inteiro era bastante mOdesto para nossos patr6es, Por volta de 1875,nao passavam de dezessete na Europa(incluindO as seis“ potencias"__Gra‐ Bretanha,Franga,Alemanha,R`ssia,

HungFia c lt`lia一 -0 0 1mp6rio Otomano),deZenOve nas tres Alnё ricas(incluindO uma “grande potencia" virtual, os EUA),quatr0 0u cincO na Asia(sObretudo o lap5o e dois Austria‐

irnp6rios antigos, o chines e o persa)e talVez tres casos alta‐

mente marginais na Africa(Marrocos,Eti6pia e Lib6ria)。

Fora

das Am6ricas,que continham O maior coniuntO de rep`blicas do globo, praticamente todos esses Estados eranl monarquias

A revolu95o centenaria

43

―― na Europa as inicas exceg6es eram a Suf9a c(a partir de 1870)a Franca― ― embora os pafses desenv01vidos fOsscln,em sua maioria,Inonarquias constitucionais ou quc,ao lnenos, ace‐ navam coFn iniCiativas Oficiais favorttveis a algum tipo de re‐ presentへ 海O eleitoral. Os ilnpttiOs czarista e otomano



o

prilneiro a margem dO``desenv01vilnento",o outrO pertencendo nitidamente ao mundo das vftilnas― ― eram as `nicas exceg6es europ6iaso Entretanto,fora a Suf9a,a Franga,os EUA c possi‐ vellnente a E)inamarca, nenhum desses Estados representativos se baseava no direitO de votO democrdtico*(a6poca, contudo, exclus市 amente masculino),embora algumas c016nias brancas,

formalmente pertencentes ao lmp6rio Britanic。

(Austrdlia,Nova zelandia,canad`)fossem razoavelmente democrdticas― 一 de fato mais que qualquer Outra regi5o fora dos estados das Ⅳlontanhas

Rochosas nos EUA. Contudo, nesses pafses extra‐ europeus a democracia p01ftica pressupunha a exclus5o das popula96es au‐ t6ctones anteriores a sua chegada ―― fndios, aborfgines, ctc. Mesmo ali onde estas n5o podiam ser eliminadas atrav6s da cx“ pulsaO para “reservas" ou do genocfdio, n50 faziam parte da comunidade polftica. Em 1890, dos 63 nlilh6es de habitantes

dos EUA,apenas 230 mil eram fndios.11

Quanto aos habitantes do mundo “desenvolvido" (e dos paFses que procuravam ou eram for9ados a iFnit五 ‐ lo),oS adultos do sexO masculino cada vez mais se adequavam ao crit6rio mfnimo da sociedade burguesa:o de indivfduos iuridicamente l市 res e iguais.A ser宙 d5o lcgal i`n50e対 stia cm lugar algum da Europa.A escravid5o legal,abolida em quase todo o mundo ocidental e donlinado pelo Ocidente,vivia seus derradeiros anos

at6 em scus ■ltimos basti6es ―― Brasil e Cuba ―― onde n5o sobreviveu a16m dos anos 1880。 A liberdade e igualdade iurf_ dicas estavarn longe de ser incompatfveis com a desigualdade realo c)ideal da sociedade liberal burguesa foi sintetizado nesta

frase irOnica de Anatole France:“ A lei,em sua maiestatiCa igualdade,d`a todOs Os hOmens o mesmo direito de iantar nO Ritz e de do.11lir debaixo da ponte"。 Contudo,no mundo``de‐ ° O fato de os analfabetos nao terem direito de voto, sem falar da tenⅡ

dencia aos golpes militares,faz com que seia impOSSfvel descrever as americanas comO “democraticas" sob qualquer aspecto.

rep`blicas latino‐

A

44

θrα ″οs′ ″pび riOs

senvoivido'', agora era essencialinente o dinheiro― ― ou a falta delc ―― antes quc o ber9o ou as diferengas de liberdade ou s`α

`s iurfdiCO que regia a distribui95o de tudo,salvo dos privi‐

`ι 16gios dc exclus市 idade socialo E a igualdade iurfdiCa tamb6m

naO excluFa a desigualdade polftica, pois a16m da riqueza pe‐ sava o pOder Jθ ノ αε′ ο.Os ricos e poderosos nao s6 eram mais

influentes politicamente,como podiam exercer uma coercaO ex_ tralegal considerdvel, como bem sabia qualquer habitante de drcas como o interiOr do sul da lt61ia e das Am6ricas,senl falar

dos negrOs americanos. Contudo, havia uma diferenga nftida entre essas regi6es do mundo onde tais desigualdades oficial‐ mcnte ainda faziam parte do sistema social e polftico e aquelas

nas quais elas eram, ao menos formalinente,incompativeis com a teoria oficial. Essa diferenga era andloga )quc havia entre pafses onde a tortura ainda era unl dispositivo legal do processo

ludiCial(nO Impё rio Chines,por exemplo)e aqueles em que n5o existia oficialrllente,cmbora os policiais identificassern com

toda clareza a diferenga entre as classes “torturttveis" e as torturttveis"(nas palavras do romancista Graham Greenc).

` `n5o‐

A diferenga mais nftida entre os dois setores do mundo cra cultural, no sentido mais amplo da palavrao Por volta de

1880, predominavam no mundo “desenvolvido" pafses ou re‐ gi6es em quc a maioria da populacao masculina c, cada vez mais, feminina era alfabetizada; onde a vida polftica, econ6… rllica e intelectuat havia, de maneira geral, se emancipado da tutela das religi6es antigas, baluartes do tradicionalismo e da

supersticaO; e que praticamente monopolizavam o tipo de cienⅢ

cia quc era cada vez mais esscncial a tecnologia moderna. No final dos anos 1870, qualquer pafs ou rcgi5o da Euro‐ pa que contasse com uma maioria de analfabetos quasc certa¨ mente podia ser classificada como n5o‐ desenvolvida ou atraⅢ sada, c vice‐ versa. It61ia, Portugal,Espanha, Rissia c os pafses

balcanicos estavanl, na melhor das hip6teses, nas margens do

desenvolvilnento, Dentro do lmp6rio Austrfaco (deiXando de lado a Hungria),oS eslavos dos territ6rios tchecos,os germa‐ n6fonos e os italianos e eslovenos,com uma taxa de analfabe‐

tismo bem mais baixa, constitufam as partes avancadas do paFs,ao passo que os representantes das regi6es atrasadas eram os ucranianos, romenos e servo― croatas, predonlinantemente

A rev01ucao centendria

45

analfabetos,Uma populacao urbana maloritariamente analfa‐ beta,como em grande parte do quc era entao O Terceiro Mun‐ do, serla unl lndicador alnda mals convincente de atraso, pols o fndice de alfabetiza95o das cidades costumava ser muito mais elevadO que o do campo.Havia alguns elemen10s culturais bas・ tante 6bvios eni tais discrepancias, como por exemplo o incen‐

tivo acentuadamente maior a educagao de massa entre os pro‐ testantes e iudeuS (OCidentais), aO COntrdrio do que ocorria etltre os cat61icos,lnu9ullnanos e de outras religi6es.Teria sido

diffcil imaginar unl paFs pobre e predorninantemente rural, como a Su6cia, com apenas dez por cento de analfabetismo em

1850, fora da regiao prOtestante do mundo (integrada pela maioria dos paFses do litoral do Mar B41tico, Mar do Norte c Atlantico norte, com extens6es a Europa central e a Am6rica do Norte)。 POr Outro lado, a situa95o tamb6m refletia, e visi‐

vellnente, o desenvolvilnento cconOnlico e a divis5o social do trabalho` Entre os franceses(1901), os peSCadores eram tres vezes mais analfabetos quc os operttrios e trabalhadores dom6s‐

ticos; os camponeses cranl duas vezes mais analfabetos; as pessoas envolvidas com o com6rcio a metade, sendo, evidente‐ mente,o funcionalismo p`bHco e as profiss6es liberais os mais instrufdos de todos` Os camponeses que dirigiam suas pr6prias

empresas eram ″θ″οs analfabetos quc os trabalhadores agrf‐ colas(embora naO muitO),mas nos setores menos tradicionais da ind`stria e do com6rcio os empregadores eram mais ins‐ truFdos quc os operdrios(embora naO mais que seus funcion`‐ rios de escrit6riO).12 0s fatOres culturais, sociais e econOnlicos

nac pOdent scr scparados na prdtica. A educacao de massa ―― assegurada a ёpOca nOs paises desenvolvidos por unl ensinO prirndrio cada vez :nais universa‐ lizado,promovido ou supervisionado pelos Estados― ― deve ser

distingllida da educacao c da cultura das geralmente pequenas elitest Neste ponto, as(liferengas entre os dois setores daquela

faixa do planeta ondc a alfabetizacao era cOnhecida eranl me‐ nores, cmbora a educacaO superior de estratos como os mte‐ lectuais europeus,eruditos mucullnanos ou hindus e mandarins

esse pouco em comum(a menOs que tam‐ b6m se adequassem ao padrao europeu).O analfabetismo de

do leste asi`tico t市

massa, como na R`ssia, n3o excluFa a cxistencia de ullla cul…

A

46

θα ″οs a″ pιrι Os 『

tura csplendida, cmbora restrita a uma Fnfilna nlinoriao Entre‐ tanto,certas instituig6es caracterizavam a regi5o``desenvolvida'' Ou a dOrnina95o europё ia, sObretudo a universidade essencial‐

mente secular, quc nac existia fora dessa zona,* e, por mo‐

tivOs diferentes,a6pera(ver O mapa einス

E″ α σO

Cα ρj`α ι ). Arnbas as institui96es refletiarn a penetrac5o da civilizacao``Oci…

dental" donlinante.

3 Definir a diferenga entre partes avancadas e atrasadas,

desenvolvidas e n5o desenvolvidas do mundo 6 um exercicio complexo e frustrante, pois tais classifica95es sao pOr natureza est`ticas e siinples,c a realidade que deveria se adequar a elas

n5o era nenhuma das duas coisas. O que definia o s6culo XIX

era a mudanca: mudancas em termos de c em fung5o dos ObietiVOS das regi6es dinamicas d。

litoral do Atlantico norte,

que eranl,う ёpoca,on`cleo do capitalisllno mundialo Com algu‐

mas exce96es marginais e cada vez menos iinportantes, lodos os paFses, Inesmo os at6 ent5o mais isolados, cstaVam, ao me― nos perifericamente,presos pelos tent6culos dessa transfolllla95o mundial. Por outro lado, atё os mais ``avangados" dos pafses

``desenvolvidOs" mudaranl parcialrnente atrav6s da adaptacao da heranga de um passado antigo e “atrasado", e continham camadas e parcelas da sociedade resistentes a transformag5o。

Os historiadores quebram a cabeca procurando a melhor ma… neira de forrnular e apresentar essa mudanga universal, porё

m

diferente em cada lulgar, a complexidade de seus padr6es e interag6es e suas principais tendencias.

A rnaloria dos observadores dos anos 1870 teria ficadO muitFssimo mais impressionada por sua linearidade,Em termos

materlals, cm terrnos de conhecllnento e de capacldade de transforrnar a natureza, parecia taO patente quc a mudanOa significava avan9o, quc a hist6ria

―― de todo modo a hist6ria

moderna 一― parecia sinOniino de progresso。

(D progresso era

t A universidade ainda n5o era necessariamente a institui95o moderna

para o avan9o do conhecimento, segund0 0 mOdelo alemaO dO s6culo XIX quc estava se disserninando no Ocidente a 6pOca.

47

A revol■ 95o centendria

medido pela curva sempre ascendente de tudo que pudesse ser medido, Ou que os homens escolhessem medir. O aperfei‐ 9oamento cOntfnuo, mesllllo daS COisas que obviamente ainda precisavam ser aperfei9oadas, era garantido pela experiencia hist6ricao Parecia diffcil acreditar que, h` pouco mais de tres s6culos, europeus inteligentes tivessem considerado a agricul‐

tura, as t6cnicas militares e at6 a medicina da Roma antiga como modelo para suas pr6prias; quc htt escassos dois s6culos pudesse ter havido um debate s6rio sobre se os modernos algum dia poderiam superar as realizag6es dos antigos; que no final

dO s6culo XVIII especialistas pudessem ter duvidado quc a popula95o da Gra‐ Bretanha estava aumentando.

Era na tecnologia c em sua conseqtencia mais 6bvia, o cresciinento da producao material e da comunica95o, que o progresso era mais evidenteo A maquinaria moderna era predo‐

minantemente movida a vapor e feita de ferro e de a9o。

(D

carvaO se tOmara a fonte de energia industrial mais importante,

fOrnecendo 95% do total da Europa(fOra a R`ssia).Os re‐

gatos de montanha da Europa e da Am6rica do Norte, que iniciallnente determinavam a localiza950 de tantos cotoniffcios ― CuiO nOme evoca,em ingles,a impOrtancia da energia hi‐

drdulica* ― , voltaram a atividade ruralo Por outro lado, as novas fontes de energia,clet五 cidade e petr61eo ainda n5o eram muito significativas, cmbora pOr v01ta dos anos 1880 a gera‐ 95o de eletricidade em grande escala e o motor de combustao lnterna estivessem comecando a se tornar vlavelso Nenl mesmo

os EUA afirmaram ter mais que cerca de 3 milh6es de lam‐ padas e16tricas em 1890,e no infcio dos anos 1880 a economia industrial europ6ia lnais inoderna,a Alemanha,consumia lnenos de 400 nlil toneladas de petr61eo por ano。

13

A16m de ineg`vel e triunfante, a tecnologia moderna era extremamente visfvel. Suas mttquinas de produ95o, embora nao fO.ssem muito potentes pelos padr6es atuais― ― na Gra¨ Bretanha

a m6dia de 20 HP em 1880 -― , costumavarn ser grandes, ain… da feitas principallnente de ferro, cOmo se pode constatar nos museus de tecnologia。 14 MaS OS maiores e mais potentes moto… res do s6culo XIX eram os mais visfveis e audfveis de todos. ・ Cotoniffcio: cο

ο″ ″ J; a palavra´ ″多L incluFda no nome, significa j′

moinho,daf a associa9aO。 `′

:′

(Ne da T`)

48

八 era`わ si″ pι rわ s

じram as 100■ li1 locomotivas(200,450 HP)que puxavanl seus quase 2,75 ■lilh6es de carros e vag5es, enl longas composic6es, sob bandeiras de fumacao Elas fazian■ parte da inovacao de maiOr iinpacto do s6culo, sequer sonhada cem anos antes ―― ao contrariO das viagens a6reas 一 , quando Mozart escreveu suas 6peras. Vastas redes de trilhos reluzentes, correndo por aterrOs, pontes e viadutos, passando por atalhos, atravessando tineis de mais de quinze qui10metros de extens5o, por passos de montanha da altitude dos maiS altos picos alpinos,o con‐ junto das ferrovias constitufa o esfor9o de constru95o p`blica

mais importante id empreendidO pelo homem.Elas empregavam mais homens que qualquer outro empreenditnento industrial. Os trens alcangavam o centro das grandes cidades ―― onde suas faganhas triunfais eram festeiadas COm estac6es ferro宙 rias igualrnente triunfais e gigantescas ―― e as mais remotas`‐

`reas da zona rural, onde n5o nenhum outro dos vestFgio da civilizacao do s6culo XIX.penetrava Por volta do infcio anos 1880(1882)。 quaSe 2 bilh5es de pessoas vialaVam por ano pelas ferroviast a lmaioria delas, naturalmente, na EurOpa(72

por cento)e na Am6rica do Norte(20 por cento).15A6poca, nas regi5es “desenvolvidas" do Ocidente, muito poucos ho‐

mens,talvez mesmo muito poucas mulheres,cuia mObilidade era mais restrita.deixaram de entrar em contato com a ferrovia

cm algum lnomento de suas vidas. E provivel quo o `nico outro subproduto da tecnologia moderna mais universalmente conhecido fosse a rede de linhas telegr`ficas em sua infind`vel

sucessao de pOstes de madeira, cOm uma quilometragem tres ou quatro vezes superior a da totalidade das ferrovias do mundo inteiro.

C)s 22 ■lil navios a vapor do mundo em 1882, embora provavellnente ainda mais potentes como m`quinas quc as lo・

comotivas, a16rn de serem tnuito menos numerosos e apenas visfveis pela pequena minoria de seres que chegavam at6 perto dos portos, eram num certo sentido muito menos tipicoso Pois

ainda representavam(maS por margem mfnima)uma tOnelagem menor, mesmo na industrializada Gra‐ Bretanha, quc os navios

a vela,(luanto a navega95o mundial como um todo, ainda havia, cm 1880, quase tres toneladas dependentes do vento para cada tonelada movida a vapor, Nos anos 1880, isto es‐

A reVOlu9ao centenaria

49

tava comecando a mudar iFnediata e radicalinente, a favor do vapor. A tradicao ainda reinava nas `guas, cspeciallnente no que tange a constru95o, carga e descarga de navios, apesar da passagem da madeira ao ferro e da vela ao vapor. Que atencao Os Observadores leigos sё rios da segunda me‐

tade dos anos 1870 teriam dado aos avan9os revoluciondrios da tecnologia que id estaVam em gestaga6 ou nascendo a 6poca: Os v6riOs tipos de turbinas e motores de combustao interna, 。 telefone,o gramofone e a lampada c16trica incandescente(tOdOS sendO inventados), o autOm6vel, que Daiinler e Benz tornaram

operacional nOs anos 1880, sem falar do cinemat6grafo, da aerondutica e da radiotelegrafia,produzidos ou pesquisados nos anos 1890? Quase com certeza eles teriam esperado e previsto O desenvolviinento irnportante de qualquer coisa ligada a cle_ tricidade, a fotografia e a sfntese qufinica, com as quais esta‐

vanl bastante farniliarizados, e n5o se surpreenderiam sc a tecnologia cOnseguisse resolver um problema tao 6bvio e tao

urgente como a inven95o de um motor m6vel para a meca‐ niza95o do transporte rodovittrioo N5o poderiam ter anteci‐ pado as ondas de r6diO e a radioatividade. Certamente teriam feitO especula96es ―― e quando foi que os seres humanos nao fizeram? ―― sobre as perspectivas de v6o humano, e teriam ficado esperan9osos, dado O otirnisl■ o tecno16gico da 6poca・

Nao htt d`vida de quc as pessoas estavam ttvidas de novas inveng6es, quanto mais espetaculares lnelhor. Thomas Alva Edison, que montou o que foi provavelmente o prirneiro la‐ io privado de desenvolviFnentO industrial em 1876, em

borat61・

Men10 Park,Nova rersey,tornou‐ se um her6i amel・ icano com seu prinleiro fon6grafo, cm 1877, Mas eles provavelinente na o lerianl previsto as transforrnac6es efetivas quc essas inovag6es dade, a ex… acarl・ ctaranl na sociedadc de consumo, pois, na vel・ Ce■ O dOS EUAt clas pcrillancceriam rclativallaciltc modestas at6 a Primeira Gucrl・ a MLindial. `へ

ssinl, o pl・

duc5o !1latel・ .し

ogresso era mais visivei na capacidade de pro‐

ial c de colllunicac5o rdpida c ampla no nlundo

desenvolvido''`

plicac5o da l・

Ё quasc cel・ lo quc os beneficios dessa multi‐

iqueza nnO lenhanl se estendidoo nos anos 1870,

う csmagadol・ a maiol・ ia dos habitantes da Asia,Afl・ ica e,≧ exce‐ ゞ晨o de uma partc tiO Collc Sul,Americtt I´ atina.Nao 6 clara

50

A″ α ″οs i″ pι rわ s

qual foi a proporgao das pessOas das penfnsulas dO sul da Europa e do IInp6rio Czarista afetadas por eles. Meslrlo no mundo``desenvolvidO",tais beneffciOs eram distribuFdos de lna…

neira muito desigual numa populagaO cOmposta de 3,50/O de 140/O de classe mё dia c 82-830/O de classes trabalha‐ doras, segundo a classificagao oficial francesa dos funerais da ricos, 13‐

Repiblica, nOs anos 1870(verノ 4E″ α ∂οCα ρj`α J, capFtulo 12)。 Entretanto, era diffcil negar uma certa melhoria nas condig6es

das pessOas comuns, O aumento da cstatura humana,tOrnando hOie Cada gerag5o mais alta que a de scus pais,provavelmente come9ara por volta de 1880 em diversOs pafses― ― mas de modo

algum em todos e de maneira muito modesta, quando conl‐ parado ao que teve lugar ap6s 1880 ou mesmo maisetardeo A nutricao ё, de 10nge, a raz5o mais decisiva para csse aumento

da cstatura humana。 16 A esperanca de vida m6dia ao nascer

ainda cra bastante modesta nos anos 1880: 43‐ 45 anos nas principais regi6es ``desenvolvidas",* embora menos de 40 na

Alemanha c 48‐ 50 na Escandindvia.17(Nos anos 1960, seria de cerca de 70 anos nestes paFses。 )COntudo, a csperanga de

vida senl d`vida aumentara bastante no decorrer do s6culo, embora o declinio importante da mγ talidade infantil, quc afe― ta sobremaneira essa cifra, estivesse apenas comecando.

Em suma, a maior esperanga dos pObres, Ineslno nas par‐ da Europa, era ainda, provavellnente, ga― nhar O suficiente para manter corpo e alma juntos,ter um teto sobre a cabeca e roupas suficientes, sobretudo nas idades mais tes “descnvolvidas"

vuinerdveis de seu ciclo vital, quand0 0s filhOs ainda n5o esta‐

vam errl idade de trabalhar e quando homens e mulheres en‐ velheciamo Nas partes ``desenv01vidas'' da Europa, morrer de fOme ii naO era uma cOntingencia pOSsfvelo Mesmo na Espanha, a `ltiina fo.me de grandes propor96es ocorreu nos anos 1860。 Entretanto,na R`ssia a fOme cOntinuava representando unl risco dc vida significativO: haveria uma importante carestia enl 1890‐

1891. No que mais tarde seria chamado de TerceirO Mundo ela perrnaneceu endenlicao Era indubit`vel a cmergencia de um setor substancial de camponeses pr6sperOs, como tamb6nl, em

alguns paFses, a de um setOr de trabalhadores manuais “res‐ peitttveis'' quc, devidO a sua qualificacao ou aO seu n`mero

・ B61gica, Gr5‐ Bretanha, Franca, Massachusetts, Holanda, Suf9a,

A revolucao centenaria

51

reduzido,tinham a possibilidade de poupar dinheiro e comprar mais do que o essencial para a sobrevivenciao Mas a verdade ё

quc o inico mercado cula renda era de natureza a tentar os empres`rios c homens de neg6cios era o dos rendiinentos m6‐

dios,A inovacao mais nOt`vel na distribui95o foi a loia de departamentos, introduzida pioneiramente na Franga, na Ain6‐ rica e na Gra‐ Bretanha, e que comecava a penetrar na Ale‐ θy's 1/″ jν θrsα J E“ ρOrj“ manha. O Bο れ ルイαrε 力ι ou o Wttj`θ ′

ou o フアα″α αたθrS nao visavam um piblico de classe trabalha… “ “ dora,Os EUA,com seu enorme potencial de consumidores,i`

tinham em vista um mercado de massas de bens padronizados de nfvel mё diO,mas at6 ali o mercado de massa dos pobres(o mercado jソ θ‐ ακご‐ ′ θ*, ainda ficava entreguc as Pcquenas ノ

j′

“ que valia a pena ser fornecedor dos empresas quc achavanl pobres, A moderna produ95o enl massa e a economia do con‐ sumo de massa ainda nao haviam chegadoo Chegarianl muito

em breve. Mas o progresso tamb6m parecia cvidente no quc as pes‐ soas ainda preferiam chamar de`FeStatFsticas morais".A alfa… betizagao estava cm franca cxpans5oo N5o seria indicativo de cresciinento de civilizagao O fatO de o nimero de cartas en宙

a‐

das na Gra‐ Bretanha no infcio das guerras contra Napoleao, talvez duas por ano por habitante, ter passado a cerca de 42 na priineira metade dos anos 1880?Que 186 milh6es de exenl‐ plares de iornais e revistas fossem publicados por mes nos EUA

de 1880, contra 330 1nil em 1788? Que em 1880 as pessoas que se dedicavam a ciencia, associando‐ se as sociedades cultas,

talvez fossem 44 mil, provavellnente quinze vezes mais que cinquenta anos antes?18 N5o htt divida de quc a moralidade, conforrne medida pelos dados muito duvidosos das estatisticas criminais e pelas estimat市 as fantasiosas dos que desejavam(co‐

mo tantos vitorianos)cOndenar o sexo fora do matriinOnio, manifestava uma tendencia menos certa ou satisfat6ria, Mas o progresso das instituig6es, que sc encanlinhavam ao constitu中 cionalismo liberal e a democracia, visfvel em todas as partes nOs pafses ``avancados", n5o poderia ser considerado como um

sinal de progresso moral, complementar aos extraordindrios Oxitos cientfficos e materiais da 6poca? Quantos terianl・ ' Fiソ θ

`″

グイル ηθ; cinco e dez centavos de d61ar.(No da T。 )

dis‐

52

′riθ 、

ス でtJ(′ ()sI′ '7・



c()rdado de ⅣlalldeH Creighton, bispo anglicanO c historiadol・

,

quc afirrYlou que `.somos obrigados a reconhecel・ , corno a hip6‐ tese cientffica a partir da qual a hist6ria tenl sido cscrita、 progl・ esso

ulη

nas questδ es humanas"?1°

PoucOs, nos paises ``dcsenvolvidos'1: embora, como alguns observar, csse consenso fosse relativamentc recentc at6 nessas l・ egi5cs do lnundo. 1ヽ o rcsto do mundo, a maiol・ ia podel'ialη

das pcssOas ncl■ l tcria entcndido a prOposta do bispo, lncsint)

que tivessenl pensado sobre ela. A novidade, especialrllente quando lrazida de fora pOr gente da cidadc e estrangciros, cra algO que pel・ turbava velhos h`bitOs arraigadost nlais do quじ algO pol.lador dc progresso: de fato, predonlinavam os indfcios

dc quc cla trazia perturba95o, ao passO que os indicios dc lllelhOria eram fracOs c pOuco convinccntcs.Ncm 0 1■ undo progredia nelll csperava― se que progredisse: posicao talllbё

lll

defcndida vigorosamente no mundo ``desenvOlvido'' pol, aquelc firme Opositor dc tudo que o sё culo XIX representou.a lgreia

Cat61ica Romana(ver A E″ α ごο Cα ρ α′, cap。 6:1).No lll`‐ j′

xlino, sc a ёpoca era dificil por raz5es outras que os caprichos

da natureza otl da divindade, coll10 a fOme, a seca c as epi‐ ′ estaurac5o da norrnalidadc da 、 ida

denlias, devia― se cspcrar a l・

humana atl・ av6s de ulll retorno h f6 vcrdadcira, que de algunl

nlodO fora abandOnada(por exemplo, os ensinalnentos do Sa― ado C01・ 5o)Ou all・ av6s de unl retol・ no a um passado, lcal ou

81・

suposlo,dc lustiゞ a c 01・ dcnl,Seia COmO for,a velha sabedoria C t)s VClhOs h6bitos el・ anl lne‖ lores, ao passo quc 、 〕 p1logrcsso

implicava quc os iOVens podiam ensinal・

aos vclhos.

Assirll sendo、 o``prOgresso'' fOra dos paises avanゞ ados llao

じa ncm unl fato 6bvio 1lcm unla suposic5o plausivcl, tll as l`

sobl^ctvdo uin pじ

:ヽ

iど

O c unl dcsai` lo

cstiヽ

angciros, Os quじ

ficiava,l corn ele e o acolhiarn favOl'avclllletc clanl as i` nlinol・ ias

se benc― c(luzidab

dc gOvcrnantes c citadinos quc se identificavanl colll

ancescs no da Africa chaπ lavam, significativalllcnte,dc ´ソυ′ 夕ιs― 一

os valorcs advcnticiOs c irrCligiosos.(Ds qtic os l'1ヽ Nol・ lc

` `evoltlidos''―

一 Cram,a csta altura,iuStainente os que 1lavialη

ronlpido com scu passado e conl scti pOVO: que foranl うs vezes coagidos a l‐ on〕 pcr(abandOnandO a lcl islalnica, pOr cxcnlplo, con10 no Nol‐ tc da ttfrica).sc quiscsscnl dcsfrutar dos bcneficios

da cidadania francesa. IIavia, ainda, poucos lugarcs, Incsnlo

53

A revolucao cententtria

nas regiOes atrasadas da Europa adiacentes as zonas avangadas

ou circundadas por elas, onde os homens do campo ou os heterogeneos pObres urbanos estavam dispostos a aceitar a li― deranga de modernizadores abertamente antitradiciohalistaso co‐ mo descobririanl muitos dos novos partidos socialiStas。

0 1nundo estava, portanto, dividido numa parte menor,

onde o “prOgresso" nascera, e outra, muito maior, onde che‐ gara como conquistador estrangeiro,ajudado por minoria dc colaboradores locaiso Na priineira, at6 a massa das pessoas comuns agora acreditava que o progresso era possivel e dese‐

i`Vel e mesmo quc,sob certos aspectos,estava∝ orrendoo Na Franca, nenhum polftico sensato em campanha e nenhum par‐ tido significativo se definiam como “conservadores"; nos Es―

tadOS UnidOs, o “progresso" era uma ideologia nacionali at6 na Alemanha ilnperial ―― o terceiro grande pais a adotar o sufragio uniVersal masculino nos anos 1870 -― os partidos que se diziam“ conservadores"receberanl rnenos de um quarto dos votos nas ele196es gerais daquela d6cada. Mas se o progresso era t5o poderoso, tao universal e t5o desejttvel,como explicar essa relutancia em acolhe_1。 。u mesmo em participar dele? Seria siinpleslnente o peso morto do passa‐

dO que gradual, desigual por6m inevitavellnente seria tirado

dos ombros daquelas parcelas da humanidade quc ainda se dobravam sob seu peso? Em breve n5o seria crguida uma 6pe‐ ra, aquela catedral caracteristica da cultura burguesa, em Ma‐

naus, nlil e seiscentos qui16metros aciina da foz do Amazonas. no meio da floresta cquatorial prirnitiva, com os lucros do bο ο ″ da borracha,cujas vitimas indfgenas scqucr teriam,la‐ 。rθ ? Grupos mentavelmente,oportunidade de apreciar rI Tr。 ソα′ de paladinos dos novos httbitos ia n5。 estavam a frente dos :ε ο S no M6‐ destinos de seus paFses, como os chamados ciθ ″ ノ xico, ou se preparando para isso, com0 0 tambё m significati‐ `′

vamente chamado Comite para a Uni5o e o Progresso(mais conhecido como丁 OVens Turcos)no lmp6rio Otomano?O pr6‐ prio rap50 nao rompera s6culos de isolamento para adotar h`bitos e id6ias ocidentais― ―e se tornar uma grande potencia

moderna, como seria demonstrado em breve pela prova con‐ clusiva do triunfo e da conquista nlilitares?

スθrα ごθs i″ ′どriο s

Contudo,a impossibilidade Ou a rccusa da lnaioria dOs habitan‐

tcs do mundo de vivcr a altura do cxemplo dado pelas burgucsias ocidentais era rnais not6ria que os exitos das tentativas de ilnl優

i-lo。

Talvez ntto se pudesse esperar sen五 o que os habitantes conquistado― res do P五 meiro Mundo,ainda capazes de mellosprezar os japonc‐ ses, conclufssen■

quc amplas categorias da humanidade eram

biologicalnentc incapazes de realizar aquilo que uma rrllnoria de seres hlllnanos de pcle tcoricamente branca ―― ou,mais restrita‐ mentc,pessoas de cepa curop6ia― ―havia sido a inica a sc mostrar capaz.A hlllnanidade foi divi(五 da segundO a“ ra9a",idda que pe―

netrou na idcologia dO pcrlodo quase tao profundamente como a dc progresso'つ ;aquclcs c可 o lugar nas grandes cclcbra9(発 s intcmacio‐ “ nais do progresso,as Exposi95es Mundiais(verス E″ ごοCc′ :raJ, cap.2),era nOS S″ η ゐ do ttiunfo tecno16gico c aquelcs c可 o lugar cra nos``pavilh6cs coloniais"ou nos“ pOvoados nativos"que agora os completavamo At6 nos pr6prios paFses“ desenvolvidos",a huma― nidade estava cada vez mais dividida na cepa en6rgica c talentOsa da classe m6dia e nas IIlassas indolentes,condenadas a inferiori― dade por suas dcflciencias gen6ticaso Apelava― sc a bi。 1。 gia para explicar a desigualdade,enl pardcular aqueles que se scntianl d∝

ti―

nados a superioridadc.

Ainda assiin,o apclo a bi。 1。 gia tarnb6n■ tomava mais draFrl`―

dco o descspero daquelcs cttOS planos para a modertuza95o dc seus paises foram dc cncontro a incomprccllstto c a resistencia silenciosas dc sells povos.Nas rcp`blicas da Amё rica Ltina,ideo― 16gicos e polfticos,inspirados nas revolu95es quc haviam trarlsfOr―

mado a Europa c os EUA,pensaranl que o prOgresso dc sclls pafSeS

dependia da“ ariarllza95o" gressivo do povo atrav“

u stta,dO“ branqueaFnCntO"pro― 一〇

de casamento llltcr― racial oBrasil)ou de

um verdadello repovoamcnto por europeus brancos lmportados (Argentina)。 Suas classes dirigcntes cram,por ccrto,brancas―

Ou

ao menos asslln se conslderavam―-0 0s sObrenomes nao lbё ricos dos dcsccndentcs dc curopeus cram e ainda s5o desproporcio― nalrrlente freqiientcs nos integrantes de suas elites polfticas.Mas atё

no Jap五 o,por inenos provivel que pare9a hQje,a“

liza9五

ocidenta―

o"parecia suflcientemcnte proble面 tica ncssc perfodo,a pOnto

dc sugerir que ela s6 poderia ser realizada conl exito por incio dc

55

A revolucao centendria

uma inje95o do quc hoie chamarfamos de genes ocidentais(ver ス

E″ αJο

Cα ρjι α

`,caps.8e14)。 Essas incurs6es no charlatanisino pseudocientffico(Cfo Cap. 10)aCentuaram ainda mais o contraste entre o progresso como aspira95o universal, de fato real, e o cardter parcial de seu avan9o concretoo Apenas alguns pafses pareciam estar se trans‐ formando, a ritinos diferentes, em econornias industrial‐ capita… listas, estados liberal‐ constitucionalistas e sociedades burgucsas

segundo o modelo ocidental, Meslno dentro de paises ou co‐

munidades, a defasagem entre os

“avangados" (quC em geral

eram tamb6m os ricos)e oS“ atrasados"(quC em geral eram tamb6m os pobres)era enorme e acentuada,como a classe m6dia judaica pr6spera,civilizada c assilnilada dos pafses ocidentais e

da Europa central descobririaln muito em breve, quando con‐ frontados corrl os 2,5 rnilh6es de pessoas da mesrna religi5o que enligraram para o oeste,saindo de seus guetos da Europa orien‐ θs′ πO povo ``que tal. Esses barbaros reallnente podiam ser o “ n6s"?

E sertt que a massa de b`rbaros do interior e do exterior

era grande a ponto de confinar o progresso a uma nlinoria, que garantia a civilizag5o apenas porque conseguia manter os bttrbaros sob controle? N5o fora dito pelo pr6prio IOhn stuart Mill quc`lo despotismo 6 urn modo de governo legftilno para se lidar cOm os b`rbaros, desde quc a finalidade seia seu aVan_ 9。 "?20 MaS havla outro dilema,e mais profundo, no progresso・

Aonde, na verdade, levava? Supondo quc a conquista total da econonlia mundial e a marcha para a frente de uma ciencia c uma tecnologia triunfantes, da qual a priineira dependia cada vez mais, fossem dc fato incgttveis, universais, irreversfveis e,

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cada vez mais irrealistas e enfraquecidas, e que at6 mesmo as forgas dedicadas a conserva95o das sociedades tradicionais as vezes i`tentavam atingir seu obiet市 O usando as armas da so ciedade moderna, assiin como os pregadores da verdade literal

da Bfblia hole usam OS COmputadores e a mfdia eletrOnica。 Supondo mesino que o progresso polfticO, sob a forma de go‐ vernos representativos, e progresso moral, sob a forlna de alfa‐

betizacao e leitura amplamente disseminadas, continuariam ou

A′

56

″οs i″ p″ わs “

at6 se acelerariamo Sertt que o progresso levaria a um avan9o da civilizac50 cOincidente com as aspira95es do sё culo do pro‐

gresso,como articuladas pelo iOvem JOhn Stuart Mill:um mun‐ do, ou meslno um pafs, “inais aperfeicoado; mais notivei nas

melhOres caracteristicas do Homem e da Sociedade; mais う frente no calninho da perfeic5o; mais feliz, Inais nobre, mais s`bio"?21

Por volta dos anos 1870, o progresso do mundo burgues chegara a um ponto em que vozes inais c6ticas,ou mesmo mais pessilnistas, comecaram a ser ouvidas. E elas eram reforOadas

pela situac5o em quc o mundo se encontrava nos anos 1870,c que poucos haviam previsto。 (Ds aHcerces cconOrnicos da civi‐

Hza950 quc avangava foram abalados por tremores. Ap6s uma gera950 de expans5o selm precedcntesl a ccononlia mundial cstava cln crisc

cAPrTuLo 2

UMA ECONOMIA MUDANDO DE MARCHA

A

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A.V.Dicey,19051 s dθ pFO‐ :ソ οde 9“ ar9“ θ 00b′ θ′ ″ノS″ οde cα pj′ αl θ ″:′ α′θ jO″ rθ グ “ “ : ご Os c“ s`Os ο ssfソ θ ご Faο ... グθソθsθ r sθ ″ η ″ θα α Faο ρ ρ “カグοαrθ α:jzα r οs,“ αjο ‐ “ρ″ ごθ ソθ″ごα,ソ isα οJ夕 ″οフαご″ガκjs`″ αρ″Oθ “ οrra″ εjα θjο da θ:i“j″ αFaO Jα βο″ο rθ s I″ ε ″ οs pο ssfν r `is pο “ ごωι ″ ″ α。 `:ソ

Carl Duisberg,fundador dc I.G.Farben, 1903‐ 19042

Ha“ 。″θ″

ο ″′ O θsr′ α`α I Pο ″′ s θ 9“ θ οJθ Sθ ″ソοJッ カη′ jα “ ο α JiSrα ″ r7ο θ α θ cο cα ′ ο ご α s α s dα s `″ α αご ″ θcjJο θ″ ― ρ “Cθ j″ OS,α O CO“ ″ εjο “ ′ θ r″ ″“ Oι 漁7.′ θc″ ο′Ogiα ,′ οs“ θrca′ οsノ j″ α″ `。

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OSO・



I.Helphand(“ PaⅣ uS'つ ,19013

`″

1

Ao estudar a econonlia mundial c■ 1 1889,a■ o da funda95o da lnternaclonal Socialista, um ilustl・ e cspecia‖ sta americano

observou quc cla sc caracterizara, dcsdc 1873, por

“agitac5o

58

A

θrα ごοs′

pび r′ ο s



sem precedentes e depress50 do com6rcio''. “Sua peculiaridade inais digna de nota", escreveu ele, “foi sua universalidade;afetando tanto nag6es que se envol‐

veraln em guerras como as que mantiveram a paz; as que tem uma moeda estivel com padr5o ouro como as quc tem moeda instavel...; as que vivem num sistema de livre com6rcio de mat6rias― prilnas e aquelas onde hi restri95es comerciais,maiores ou menoreso Ela foi penosa enl comuni‐

dades antigas como a lnglaterra c a Alemanha,bem como na Austr`lia,na Africa dO Sul e na Calif6rnia,quc consti―

tuFam as novas; ela se tornou uma calanlidade excessiva‐ mente pesada tanto para os habitantes das terras est6reis

da Terra Nova e do Labrador,cOmo para as ensolaradas e f6rteis ilhas agucareiras das lndias Orientais e Ocidentais:

e n5o enriqueceu as comunidades situadas nOs centros co‐ merciais do mundo,que norllllallnente ganham mais quando os neg6cios sao flutuantes e incertos"。

4

0s observadores contemporaneOs do autor partilhavam anl‐

plamente esse ponto de vista 一 normalinente expresso num cstilo menos barroco ―― embOra alguns historiadores viessenl, lllais tarde, a achar diffcil entende‐

loo Pois embora o ritmo

comercial,que configura o ritino bttsico de uma econoHlia capi‐

talista, tenha, pOr certo, gerado algumas depress6es agudas no perfodo entre 1875 e meados dos anos 1890, a produ95o mun‐ dial, longe de estagnar, continuou a aumentar acentuadamente,。

Entre 1870 e 1890, a produg50 de ferrO dos cinco principais paFses produtores lnais do que duplicou(de ll para 23 nlilh6es de toneladas); a prOducao de a9。 ,quc agora passa a ser o indi‐

cador adequado do coniuntO da industrializac5o,multiplicou… se por vinte(de 500 mil para ll milh6es de toneladas).O Cresci‐ mento do com6rcio internacional continuou a ser impresslonante,

embora li taxas reconhecldamente menos vertiginosas que antes, Foi exatamente nessas d6cadas quc as econornias industriais ame‐ 1,icana c alema avancararn a passos agigantados e quc a revolu95o industrial se estendeu a novos pafses,como a Suё cia e a R`ssia。

Muitos dos pafses ultramarinos recentemente integrados h eco‐ nonlia l■ undial cOnheceram ulrl surto de desenvolvirnento mais

59

Uma econonlla mudando de marcha

intenso que nunca ―― preparando assiin, circunstanciallnente, ね uma crise de endividamento internacional muito semelhante dos anos 1980,sobrctudo por serem os nomes dos Estados deve‐ dores em grande medida os mesmos.O investimento estrangeiro na AIn6rica Latina atingiu niveis assombrosos nos anos 1880, quando a cxtensao da rede ferrovidria argentina foi quintupli‐ ■111 cada, e tanto a Argentina como o Brasil atrafram at6 200

irnigrantes por ano. Seri que um perfodo com um aumento t5o espetacular da produgaO podia ser descrito como uma“ Grande

Depressao"? Os historiadores podem duvidar de tal descri95o, Inas os contemporaneOs naoo Estariam aqueles ingleses, franceses, alc‐

maes e americanos inteligentes, benl informados e preocupadOS sendo vftiinas de uma alucinag5o coletiva? Esta suposi95o seria

absurda,embora o tom algO apocalipticO de alguns comentarios pudesse ter parecido excessivo meslno a 6pocao Mas os ``espf‐ ritos mais ponderados e conservadores" n5o partilhavarrl, de fOrma alguma,da sensacao do Sr,wells da``ameaga de urrl con… tingente de bttrbaros internos ―― ao contr`rio dos antigos, quc

vinham de fora ――, quc investiria contra toda a organizaca0 atual da sociedade, ameagando inclusive a continuidade da pr6‐

pria civilizag5o".5 No entanto, alguns concordavam com ele,

sem falar do crescente grupo de socialistas que aguardavam ansiosamente a rurna do capitalismo devido a suas contradi96es internas insuper`veis,que a era da depressao parecia demonstrar。

A nota pessiinista da literatura e da filosofia dos anos 1880 (Ver pp。 142, 358‐

60)nao pOde ser cabalrnente entendida sem

considerar essa sensag5o generalizada de mal‐ estar econOmico.e, por conseguinte, social。

Quanto aOs econolnistas e empresirios, o que preocupava at6 os de mentalidade menos apocalfptica era a prolongada``de…

press5o de pre9os,uma depressao de iuros e uma depress5o de lucros", comO diSsё Alfred Marshall, o futuro guru da teoria ccon6nlica, em 1888.6 EIn suma, ap6s O colapso reconhecida∼ rnente drttstico dos anos 1870(verス E″ α グοCα ρ α′ , cap. 2), o quc estava em quest5o nao era a prOdu95o, rnas sua lucrati・ j′

vldade. A agricultura foi a vftima mais espetacular desse declfnio dos lucrOs―― na verdade, alguns de seus setores foram os quc

ス ピrζ

60

ごOs `

sOfret・

il″

ριriOs

am dcpl・ essao mais profunda de toda a ccononlia

一 ―´c

aqucla ct110 desconlcntanlento levc conseqtiencias pOliticas lnais

irnediatas e de maior alcanceo Sua produc5o、 que havia aumen― tado nluito no decorrer das dё cadas precedentes(ver 4 E″ α ごο ent5o :,cap. 10),agora inundava o mercado mundial,atこ (lα ρ α j′

protegido contra a concorrencia estrangcira pelo custo elevado dO transporte, As conseqtiencias para os pre9os agrfcolas, tanto na agricultura europこ ia como nas cconornias exportadoras ultra‐ marinas,foralll dramttticaso Ern 1 894,o preco do trigo era apenas

pouco mais de ul■ i terco do que fora crn 1867

二― um prenllo

csplendid6 para Os compradores,mas um desastrc para os agri‐ cultores e trabalhadores agrfcolas,quc ainda representavanl entre

40e509る

dos trabalhadores do sexo lnasculino nos pafses indus‐ nos outros.

lriaHzados(h excCc50 apenas da lnglaterra)e at6 909る

Em algumas rcgi5es, a situacao era agravada pela superpos195o dc outros flagelos,como a infcstac5o de filoxera ap6s 1872,quc reduziu em dois tercos a producao vinfc01a francesa entre 1875

e1889,As dё cadas da depressao fOram um mau momento para Os agricultores de qualqucr paFs envolvido corn o mercado mun―

dial. A reac5o dos agricultores variou, dependendo da riqueza e da cstrutura polftica de seus paises, da agitacao eleitOral



rebeli5o,serll falar dos que morreram de fome,como na R`ssia em 1891‐ 1892. O corac5o do populismo, quc assolou os EUA nos anos 1890,sc situa、 ′ a no Kansas e cm Nebraska,terras pro‐ dutoras de trigo.Entre 1879 c 1894 houve revoitas camponesas, Ou agita95es tratadas como tais, na lrlanda, na Sicflia e na Romenia。 (Э s pafses que n5o precisavanl se preocupar com um

campesinato porque itt n50 0 tinham, como a Gr5‐ Bretanha, podiam deixal・ sua agricultui・ a se atrofiari neste caso desapare―

ceram doiS tcrcos da superffcie de trigais entre 1875 e 1895.

Alguns pafses, como a Dinamarcao modernizararn pl・ oposital‐ mente sua agricultura,passando aos rent`veis produtos anirllais. Outros gover■ os, C6mo o alem五 o, e especificamente o frances e O americano, optaram pelas tarifas alfandegttrias, que manti‐

veram os precos elevados. Entretanto, as duas rea96es na0 80Vernamentais mais co‐ muns foraln a ernigra95o e a forrnac50 de cooperativa,sendo esta terra e dos propriet6rios `ltilna a opc50,principalrnente,dos senl‐ dc tcrras scm bens lfquidos, cstes sobrctudo camponeses com

Uma cconomia mudando de marcha

61

propriedades potencialinentc vittveis, C)s anos 1880 conheccram

as taxas mais elevadas de rnigrac5o ultramarina, no caso dos paises de enligracao antiga(salvo O caso excepcional da lrlanda na d6cada seguinte h Grande Fome)(Vel'ノ 4 Erα グαs Rθ νο:夕 Fσ θs,

cap.8:5),c o infCiO real da emigracao em massa de pafses como a ltttlia,a Espanha e a Austria‐ Hungria, scguidos pela Rissia e pelos B`lc5s,* Era a vttlvula de escape que mantinha a press5o

social abaixo do pontO de rebeli5o ou revolucaoo Quanto as cooperativas,ofelヽ ecianl emprё stimos rnodestos aos pequenos canl‐

poneses― ― por volta de 19081 mais da metade dos agricultores independentes da Alemanha pertencialn a tais ininibancos rurais (9uiO pioneiro foi o Raiffeisen cat61ico,nos anos 1870)。

Nesse

meio tempo, as c00peralivas dc compra de suprilnentos, de comercializacao e de processamento(estaS`ltimas notadamente no setor de laticinios e,na E)inamarca, de defuma95o de bα

θο″)

se multiplicaram em v`rios paFses. Dez anos depois de 1884, os agricultores franceses aproveitaram uma lei destinada a lega_ lizar os sindicatos em beneffcio pr6prio, quando 400 ■lil deles s.7*ネ Por volta de 1900, entraram para dois mil desses syれ ごicα ′

havia l.600 cooperativas processando laticinios nos EUA, a maioria delas do meio‐ oeste, c as cooperativas de agricultores

detinham firmemente o controle da ind`stria de laticFnios da Nova Zelandia.

O setor empresarial tinha seus pr6prios problemas,Uma ёpoca ern que se incutiu a crenca de quc urll aumento de pre9os (``infla95o'')6 um desastre econOFniCO pode ter dificuldades de

acreditar que os homens de neg6cios do sё culo XIX se preo″

cupavam muito mais com uma queda dos precos― ― e,em um s6culo globalnie1lte deflacion五 lo, ne1lhunl perlodo foi inais dras‐ 1896. qtia,ldo o nfvcl brita‐ ticamentc dcFlaciol16:・ it)qtic 187う ‐ 1・

nico de precos calu cm 40 por cento, Pois a inflac5o l15o 6 boa s6 para os devedol・ es, como sabem todos os proprict6rios de

irn6vel com uma hipoteca longa, mas constitui tambё m unl lln‐ pulso automtttico a taxa de lucro,i`que os bens prOduzidos s5o

vendidos por um pre9o mais alto,em vigor quando chegam ao ponto de vendao SiFnetricamente, a def!a嗜 5o reduz a taxa de * A`nica parccla da tul・

opa lllel・

ficativa antcs dos all()s 1880

・ ・ Ein

「oi

idiollal qtlc conheccll cmigrac5o signi。

Pol・ 11lgal.

fl` ancOs no origillal.(N`da ril.)

A crα dOs j“ pび rbs

62

lucrO.Uina grande expans5o do rnercado poderia mais que conl‐ pensar essa redu95o,mas a rapidez real do cresciinentO do mer‐

cado nao foi suficiente, enl parte porquc a nova teCnologia industrial fez aumentar enormemente tanto o produto possfvel como o necess`rio(ao menOs quandO a f`brica funcionava a um ritino rent6vel),ern parte porque o pr6prio n`rnero de produtos e econornias industriais concorrentes estava crescendo, aumen… tando, assim, significativamente a capacidade instalada total, c

em parte tamb6m porque um mercado de massa para os bens de consumo ainda se desenvolvia devagaro Mesmo para os bens de capital, a combinacaO de uma capacidade instalada nova c perfei9oada a um uso mais eficiente do produto e as mudancas na demanda teria efeitos dr`sticos: o pre9o do ferro caiu 509る entre 1871‐

1875e 1894-1898.

Outra dificuldade foi quc os custos de produgao eram, a curto prazo, mais est`veis que os pre9os, pois ―― com algumas reduzidos exce96es― ― os sa16rios nao podianl ser,ou nao foranl夕

proporcionallnente, ao passo que as empresas tambё m estavam sobrecarregadas com fttbricas e equipamentos i4 obsOletOs,ou em vias de se tomar;ou conl fibricas e equipamentos novos e caros,

que, dados os baixos lucros, demoravam mais que o previsto

a se pagarem. Em algumas partes do mundo a situa95o se complicava ainda mais devido a queda __ gradual, por6m a curto prazo flutuante e imprevisfvel― ― do pre9o da prata e de

sua cotacao cln rela95o ao ouroo Enquanto ambos perinaneceram est`veis,cOmo durante muitos anos antes de 1872,os pagamentos internacionais calculados enl metais preciosos, quc eram a base * Quando a paridade da moeda mundial,eram bastante sirnples。 passou a ser inst`vel,as transa96es comerciais entre paFses culas

unidades monetarias tinham como padrao metais preciosos dife‐ rentes se tornaram benl lnenos simples.

Que medidas podiam ser tomadas em relagao a depressa。 dos pre9os,lucros e taxas de iurOs?Uma solucao cOm que muitos ёpoca concordaranl, como sugere a iinportancia do debate da sobre o``birnetalismo",foi uma esp6cie de monctarislno as aves_

sas, quc atribuFa a queda dos pre9os fundamentalinente a uma escassez inundial de ouro,que gradativamente se tornava a`nica ・ GrOssο η 70′ 0, 15 unidades de prata = l unidade de ouro.

Uma economia mudando de marcha

63

base do sistema mundial de pagamentos(atrav6s da libra ester‐

una,cOm sua paridade f破 a em relacao a0 0uro―― ou seia,o soberano de ouro).Unl sistё ma baseado tanto no ouro como na prata, disponivel enl quantidades cada vez maiores, especial‐ mente na Ain6rica, certamente provocaria uma alta de pre9os atrav6s da inflacao monetiria.A inflagao da mOeda― ― atraente sobretudo para os agricultores das prα iriθ s,* que estavarn sob press5o, senl falar dos operadores das minas de prata das Mon‐ tanhas IRochosas― ― tornou‐ se um cavalo de batalha importante dos moviinentos populistas americanos,c a perspectiva da cruci‐

ficag5o da humanidade numa cruz de ouro inspirou a ret6rica do grande tribuno do povo,William lennings Bryan(1860‐ 1925). Como no caso de outras causas favoritas de Bryan, como a ver‐ dade literal da Bttlia c a conseqtente necessidade de ehnlinar o ensino das doutrinas de Charles]Darwin,ele apoiou uFrl perdedor。

Os banqueiros,os grandes empresarios e os governos dos pafses centrais do capitalismo mundial n5o tinham a rninima intengao de abandonar o padr5o ouro,que para eles tinha valor parecido aO do Livro do Genese para Bryan.De qualquer inaneira,apenas

paFses como o M6xico, a China c a lndia, que nao cOntavam, se baseavaln principallnente na prata。 Os governos eranl lnais propensos a dar ouvidos aos grupos dc influencia e de eleitores organizados,que os instavam a pro‐ teger o produtor nacional contra a concorrencia de bens impor‐ tados, Pois destes nao fazia parte apenas ―― como se poderia

pensar― ― o eno.1lle bloco de agricultores, mas tamb6■ l impor‐ tantes organizag∝ s de industriais nacionais, que procuravam lninllFliZar o problema da``superprodu95o"pelo lnenos lnantendo

o rival estrangeiro fora do pafs. A Grande Depressao fechou a longa era de liberalisino econOmico(cf.A Eμ 7グο Cαρj`α :,cap.

2),ao menOs no quc tange ao com6rcio de matё rias‐ primas.** Comecando com a Alemanha c a lt`lia(texteis)nO final dos anos 1870, as tarifas protecionistas se tornaram um elemento permanente do cen`rid econOmico internacional,cullninando,no infcio dos anos 1890, com as tarifas punitivas associadas aos

・ Pradariasi neste caso, denominac5o especffica das do vale do Missis‐ sippi,EUA. ** Acentuaranl‐ se a livre moviinentagao de capital,transag6es financeiras e mao‐ de‐ obra.

64

ハ′ ″ αοs,“ pι rわ s

nomes de M61ine, na Franca (1892)e McKinley, nos EUA (1890)。

*

A G}ra‐ Bretanha

foi O `nico pais industrial importante a

logo abracar a causa do com6rcio livre c ittestrito, apesar dos poderosos desafios ocasionais lancados pelos protecionistas.(Ds

motivos eram 6bvios, e nao se relacionavam a ausencia de um campesinato grande c, portanto, de um voto automaticamente protecibnista grandeo A Gra‐ Bretanha cra, de longe, o maior exportador de produtos industrializados,e no decorrer do s6culo ――

sua ccononlia se orientou cada vez mais para a exportag5o

provavellnente mais que nunca nos anos 1870 c 1880-― muito mais que seus principais rivais,embora nao mais quc algumas

economias avan9adas muito menores, como a B61gica, a Su19a, a Dinamarca e a Holandao A Cra‐ Bretanha era,de longe,o malor exportador de capital,de servicos financeiros e COmerciais“

invi‐

sfveis" e de servi9os de transporte. De fato, a medida quc a concorrencia estrangeira ia preludiCando a ind`stria britanica,a Ci′ ソde Londres e a marinha lllercante britanica ianl se tornando

mais centrais que nunca para a econonlia mundial.Inversamente, embora isto muitas vezes seia eSquecido,a Gra‐ Bretanha era,de longe,o rnaior inercado comprador das exportac6es de produtos prilndrios do mundo,e donlinava― ― pode‐ se at6 dizer que cons‐ titufa一 ― o

mercado mundial de alguns deles,como o ac`car de

cana, o chi e o trigo, dos quais ela foi responsttvel, cm 1880,

pela metade do total 1881,a Gra‐ Bretanha exportada no mundo e ta95es europ6ias)que

comercializado internacionalmente,Em comprou quase a metade de toda a carne muito mais la c algodaO(55%das impor‐ qualqucr outro paFs.9 Na verdade, como

a cra_Bretanha Pclmitiu o dcclfllio lc stia pl・

6pria prodtt,ao de

* Nfvcl■ 16dio das iariras alfalldcg`rias lla Eulopat 1914:8 Paお ぃ

%

Parsθ

s

Reino Unido

0

Austria・ Hungl・ ia.Italia

Holanda

4

Franca, Su6cia

18 20

9

R`ssia

58

Alemanha

13

Espanha

41

Dinamarca

14

EUA(1913)

Suttap B`lgica

(3)Reduzidas de 49.5`%(1890)。

30a

39,9%(18Q4),571%(1897)e381%(1909).

Uma cconomia mudando de marcha

65

aliinentos durante a Depressao, sua tendencia h iinporta95o se tornou realinente extraordindriao Em 1905‐

1909, ela ilnportou

naO apenas 560/O de todo o seu consumo intemo de Cereais.

mas tamb`m76%do queiio e 68%dos ovos.Ю Assiin sendo, o livre comё rcio parecia indispensivel, pois perlnitia que os fornecedores ultramarinos de produtos priindrios trocassenl suas lnercadorias por inanufaturados britanicOs,refor‐

9ando assiin a siinbiose entre o Reino Unido e o nlundo subde‐ (Ds senvolvido, base essencial do poderio econOrnico britanicO。 θs`α cjθ rOs argentinos e uruguaios, os produtores de la australia‐

nos e os agricultores dinamarqueses nao tinham interesse em incentivar a ind`stria lnanufatureira nacional,pois se safam mui‐

to bem como planetas do sistema solar britanico.o pre9o quc a Gra‐ Bretanha pagou nao fOi pequenoo Como viinos,a adogao do livre com6rcio significou estar disposta a deixar a agricultura Bretanha britanica afundar,se ela nao cOnseguisse nadar.A Gra‐ era o`nico pafs onde atё os estadistas do Partido Conservador, apesar do seu antigo compro■ lisso com o protecionismo,estavam dispostos a abandonar a agriculturao C)sacrificio era reconheci‐ damente mais f`cil, pois as finangas dos ultra‐ ricos e dos pro‐ prietarios rurais,ainda dccisivos politicamente,agora dependiam da renda da propriedadc urbana e das carteiras de investilnento

na mesma propor95o que do arrendamento dos trigais. Isto po‐ deria itnplicar tamb6m que sc estava disposto a sacrificar a pr6pria ind`stria britanica,como os protecionistas tenliam?Visto retrospectivamente da desindustrializada Gra‐ Bretanha dos anos 1980, o temor de cem anos atrtts n5o parece irrealista. Afinal de contas.O capital existe para gerar dinheiro,e n5o para fazer

uma selec5o de produtos.Contudo,embora i`fosSe claro que, na pOlftica britanica,a opini5o da Ci′ v de Londres pesava bem mais quc a dos industriais de provfncia, por enquanto os inte‐ resses da Ci′

y n5o pareciam conflitantes com os da maioria da

ind6striao Assim,a Gra‐ Bretanha continuou comprometida com

o liberaHsrno econOnlico,* dando aos pafses proteciOnistas ao mesmo tempo a liberdade de colltr01ar seus mercados internos c muito espaco para promover suas exportac6es. ' Salvo enl mat6ria de inligra95o irrestrita, pois o paFs foi um dos pri‐

meiros a criar uma legisiac5o contra a entrada macica de(iudeus) estrangeiros cin 1905゛

66

A ara Jos ttpむヽ

Econonlistas c histo五 adores nunca deixaram de discutir so_ bre Os efeitOs desse renasciinento do protecionismo internacional ou,em outras palavras,sobre a cstranha esquizofrenia da econo‐ Inia mundial capitalistao C)s elementos cOnstitutivos b`sicos de

seu n`cleo,nO s6culo XIXp eranl,cada vez mais,as``economias nacionais"― ― a britanica,a alema,a norte¨ americana,ctc.Entre‐

tanto,apesar do tftulo programiticO do grande trabalhO de Adam Smith,ス Rj9“ ιzα グαs Nα Fσ θs(1776),o lugar da“ nag5o"∞ mo unidade n50 era claro na teoria pura dO capitalismo liberal, CuiaS pecas b6sicas eram os atomos irredut市 eis da empresa,do indivfduo e da``firma"(sobre a qual nao se dizia muito),lnOVi‐

dos pelo iinperativo de maxilnizar Os ganhos ou nliniinizar as perdaso Eles operavanl ``no mercado", que tinha a escala mun‐ dial pOr liinite. 0 1iberalismO foi a anarquia da burguesia c, como o anarquismo revoluciondrio, nao deixava cspa9o para o Estado。 (Du antes, o EstadO comO fatOr econOnlico s6 existia como algo que interferia nas opera9oes autOnomas c autom6ticas ``dO mercado"。

De certa maneira, essa 6tica tinha algunl sentidoo Por um lado, parecia razo6vel supor― ― sobretudo ap6s a liberalizacao

das ecOnomias em meados dO s6cu10(■ E″ Jο Capi′ αJ,cap.2) 一― que o que fazia essa cconornia funcionar e crescer eram as decis6es econOnlicas de suas partfculas b`sicas. Por outro lado, a economia capitalista era,e s6 podia ser,mundial. Esta feicao global acentuou‐ se continuamente nO decorrer do s6culo XIX,≧

medida quc estendia suas Operag∝ s a partes cada vez mais remotas do planeta c transformava todas as regi6es cada vez lnais

profundamenteo Ademais, essa ccononlia nao reconhecia fron― teiras, pois funcionava melhor quando nada interferia no livre

movimento dos fatores de produ95o.Assim,O capitalismO,a16m de internacional na pr`tica, cra internacionalista na teoria。 (D idcal de seus te6ricos era uma divisao internacional dO trabalho que garantisse o Crescirnento m`xilno da ecOnomiao Seus crit6rios

eram globais: n5o tinha sentido tentar prOduzir bananas na Norucga,pois elas podianl ser produzidas inuitO mais barato em Honduraso Eles desdenhavam os argumentos locais ou regionais em contrttrio. A teoria pura dO liberalismo econOnlico era obri‐ gada a aceitar as conseqtencias inais extremas,Ou mesmO absur‐

das,de seus pressupOstos,desde que se pudesse demonstrar que

Uma economia mudando de marcha

67

destes decorria a otiinizacaO dOs resultados globaiso Se fosse pos‐

sfvel demonstrar quc toda a producaO industrial do mundo devia

ser concentrada em Madagascar(como 800/O de sua produ95o de re16gios estava concentrada numa pequena regi5o da Su19a),11 ou que toda a pOpula95o da Franga devia se mudar para a Sib6ria

(COmO uma grande proporOao de nOrucgueses foi, de fato, tras‐

ladada pela ttigra950 para os EUA),* naO havia argumentos econOnlicos contra tais procedilnentos.

Quc erro econOnli∞ podia ser demonstrado no quase mo‐ nop61io britanico da indistria mundial de meados do s6culo,ou o desenvolviinento demogrdficO da lrlanda,que perdeu quasc a metade de sua populacao entre 1841 e 1911?C)`nico equilfbrio quc a teoria cconOmica liberal adrnitia cra o mundial.

Mas,na pratica,esse modelo era inadequadoo A econonlia capitalista mundial em expansao era fOrmada por um coniunto de blocos s61idos,Inas tamb6nl fluidoso lndependente das origens das``econornias nacionais"que constituFam esses blocos― ― iStO 6, de ecOnomias definidas por fronteiras de Estados ―― e das linlita95es te6ricas de uma teoria cconOmica bascada nelas ――

elaborada principalinente por te6Hcos alemacs__as economias nacionais existiam porquc as na95es‐ Estado existiamo Pode Ser verdade que ningu6m pensaria na B61gica como priineira ccono‐ mia industrializada do continente curopeu se seu territ6rio tives‐

se continuado a fazer parte da Franga(como antes de 1815)ou a ser uma regiao dos Pafses Baixos unidos(COmo entre 1815 e 1830)。

Entretanto,i` quc a B61gica era um EstadQ, tanto sua

polftica cconOmica como a dimensao p01ftica das atividades eco‐

nOnlicas de seus habitantes eram plasmadas por esse fato. Sem divida, 6 verdade quc havia c hi atividades econOnlicas, como as finangas internacionais,que saO essenciallnente cosmopolitas, cscapando assiin as restri96es nacionais,na medida em quc estas eram eficazeso Mesrrlo assiin,essas empresas tra,nsnacionais tive・

ram o cuidado de se vincular a uma ccononlia nacional conve‐ nientemente iinportanteo Assiin, as famflias de banqueiros co‐

merciais(maiO五 tariamente alemas)tenderam a transferir seus escrit6rios centrais dc Paris para Londres ap6s 1860。 E o mais ' Entre 1820 e 1975, o n`mero de norucgueses que ernigraram para os ―― cerca de 855 mil ……foi quase equivalente a populacao total

EUA

da Noruega em 1820.12

4θ ″

68

Jos i″ ′● rbs

internacional dos grandes bancos,o Rothschild,floresceu quan‐ do operava na capital de um EstadO importante c,quando n5o, feneceu: os Rothschild de Londres, Paris e Viena mantiveram uma for9a impOrtante,mas os Rothschild de N`poles e Frank‐ furt(a empresa se l・ ecusou a se transferir para Berlim)n5o, Ap6s a unificagaO da Alemanha,Frankfurt itt naO bastava。

As observac6es aciina se aplicaFn, 6 Claro, basicamente ≧

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a concorrencia,mas nao aO resto do mundo,cuias eCOnOmias eram polftica ou ccononticamente dependentes do nicleo desen‐ volvido,Estas regi5es nao tinhanl op95o,i`que ou uma potencia colonial decidia o que tinha que acontecer a suas econonlias,ou uma ccononlia imperial tinha condig6es de transforrnd‐ las numa 肋 ″α″α一― Ou caf6-― rθ ρ〃b′ jε o Ou,ainda,cssas econonlias n5o costumavarn estar interessadas em op95es alternativas de desen‐ vOlvirnento,pois era visivelrncntc remuncrador para elas se trans‐

forinarem em produtoras especializadas em produtos priindrios para uln mercado mundial composto pelos Estados metropoli‐

tanos.No mundo pcrif6ricO,a``econornia nacional",na medida em quc se puder dizer que tcnha existido, tinha fun95es dife‐ rentes.

Mas o mundo dcsenvolvido nao era s6 uma massa de

(`econonlias nacionais"。

A industrializa95o c a Depress5o trans‐

formaranl‐ nas nurn grupo dc econornias riソαjs,em

quc os ganhos

de uma pareciam ameagar a posic5o de outras. A concorrencia se dava nao s6 entre empresas,mas tambё m entre nac6es.Daqui em diante,os leitores britanicos se horrorizariam com os relatos iOrnaliSticos da invasao economica alema― ― ル陸ごθ jれ Gθ r″ αれッ (1896), de E. E. WilHarns, ou ス θ/icα れJれ ソααθ/s(1902), de “ tinham perdido a callna Fred A, Mackenzie。 13 seuS pais n50 diante das advertencias(justifiCadas)SObre a superioridade tё

c_

nica dos estrangeiros。 (D protecionismo expressava uma situag5o

de concorrencia cconOFniCa internacional.

Mas qual foi scu efeito?Podemos considerar comO cOmpro・ vado quc uFn eXCesso de protecionismo generalizado一 ― que pro‐ cura erguer barricadas em tornO da econornia de cada nag5o‐ EstadO, por rneio de fortificac6es polfticas que a defendam do lrlundo exterior ― 一‐6 perniciosO para O crcscilnento econOnlico

Uma economia mudando de marcha

69

mundial.Isto seria pertinentemente provado entre as duas guer_ ras rnundiais.Entretanto,no pettodo 1880‐ 1914,o protecionislno n5o era nenl geral nenl,conl exce95es ocasionais,proibitivo e,co‐ mo viinos,restringia‐ se ao comё rcio de mercadorias e n5o afetava os moviinentos de mao‐ de_Obra nem as transag6es financeiras in‐

ternacionais.O protecionisino agrfcola,de rnaneira geral,funcio‐ noli na Franga,falhou na lt61ia(onde a rea95o a ele foi a nligra‐

95o enl massa)e protegeu os interesses dos grandes proprietttrios

rurais na Alemanha。 14 0 prOtecionismo industrial,de maneira geral,aiudOu a ampliar a basc industrial do lnundo,ao incentivar as ind`strias nacionais a produzirenl corn vistas aos inercados in‐

ternos de scus pafses, quc tamb6m estavam se expandindo a passos largoso Calculou‐ se quc o aumento global da produ95o entre 1880 e 1914 foi, por conseguinte, nitidamentё maior do que fora durante as dCcadas de livre com6rcio。

15 Em 1914,sem

d`vida, a produ95o industrial foi distribuFda menos desigual‐ mente no mundo nletropolitan0 0u``desenvolvido"do quc havia sido quarenta anos antes.Enl 18701 os quatro principais Estados

industriais haviam sido respons6veis por quasc 800/O do total mundial de produtos manufaturados, Inas, em 1915, sua parti‐ 16

cipacao foi de 729る , com uma producao cincO vezes maior。 Saber at6 quc ponto o protecionisrno contribuiu para csse resul‐ tado ёuma discussao em abertO.Parece claro que ele n3o pode ter comprometido seriamente o cresciinento。 Se o protecionismo era a rcacaO polftica instintiva do pro‐

dutor preocupado com a Depress5o, essa naO cra, contudo, a reag5o mais significativa do capitalismo a suas dificuldades, Ela resultava da combinacaO de cOncentrac5o econ61nica e racionali‐

zag5o empresarial ou, na ternlinologia americana que agora comeca a definir estilos globais,``trustes"c``adnlinistra9五

o cien‐

tffica".Ambos cram tcntat市 as de ampliar as margens de lucro, compl・ inlidas pela concorrencia e pela queda de precos.

A concentrac5o econOnlica n5o deve scr confundida com monop61io elll scntido estrito (contrOle do mercado por uma

`nica cmpresa),nem nO sentidO mais dominantes(oli‐ usual de controle do mcrcado por um pequeno nimerOamplo de firmas gop61io).POr ccrto,os cxemplos dram`ticos de concentrac5o,quc mercceram acolhida negativa por parte do p`bHco, foram desse tipo,8cl・ alinelltc clccori・ cnics dc fLiS6CS oι i tlc ticordOS.conl vistas

A erα

jο S ″ os滋 ″′

ao controle dO mercado, entre firrnas quc, segundo a teoria da Hvre iniciativa,devianl cstar concorrendo entre si,o que benefi‐ ciaria o consuFnidOr. Era o caso dos “trustes" americanos ――

que geraram uma legislacao antimOnOpolista, como a Lei Anti‐

Truste,de Sherman(1890),de efic6cia duvidosa― ― e

dos sy″ ご

j‐

σαι θs* ou cart6is alem5es― ―principallnente na ind`stria pesada ―― que desfrutavam do benep16citO governamental。 (〕 Cartel do

Carv5o do Reno e da Westf`lia(1893),cuiO COntrole da produ‐ 95o de carv5o dessa regi5o era da ordem de 909る ,ou a Standard C)il Company,quC ern 1880 controlou 90‐ 950/O do petr61eo refina‐

dO nos EUA,cram,sem d`vida,mOnop61ios,Assim tamb61n,para fins prdticos,o``truSte de bilh6es de d61ares" da United States Steel(1901), que detinha 639ろ da indistria sider`rgica ameri‐ canao Tamb6m 6 claro quc uma tendencia__ 。posta a concor_ rencia irrestrita― ― )``combinag5o de v`rios capitalistas quc an‐

tes operavam isoladamente",17 tornOu‐ se inegavellnente 6bvia durantc a C}rande Depressao e se manteve no novo perfodo de prosperidade mundial.Uina tendencia ao monop61io ou oligop6‐ lio 6 ineg`vel na ind`stria pesada, em setores profundamente dependentes de encomendas governamentais― 一como o de arrna‐ mentos, enl rdpida cxpansao (ver pp。 423‐ 7)― ―, em atividades que geram e distribuem novas formas revoluciondrias de energia,

como o petr61eo c a eletricidade, nos transportes e em algumas indistrias produtoras de bens de consumo de massa,como sabao e tabaco。

Entretanto, o controle do mercado e a elinlinacaO da cOn‐

correncia constitufam apenas um aspecto de um processo mais geral de concentracao capitalistta, e naO eram nem universais nent irreversfveis: em 1914 houve uma concorrencia muito mais acentuada nos setores petroleiro o siderurgicO norte‐ americanos do quc hOuvera dez anos antes, Neste sentido,こ 1lus6rio falar, eFn relagao a 1914,daquilo que por volta de 1900 era claramente

identificado como sendo uma nova fase do desenvolviinento ca‐ pitalista, como

“capitalismO monopolista"。

muito como o chamemOs(“ Capitalismo

Mas n5o ilnporta

associado'',“ capitaHsmo

・ Sy′ :グ た ′ grupo econOrnico, corpora95o, associa95o de capitalistas, θf “ 'α

sociedadc dc banquciros ou companhias formada para a realiza95o de neg6cio vultoso (espo para cOntrolar o mercado de determinado pro‐ duto)"(lDiciOndrio lngiCs‐ Portugues webster's, 1982).(N. da T。

)

Urna economla mudando de marcha

71

organizado", etc。 ), deSde que se admita― ― e ёpreciso admitir 一― quc o cartel avan9ou as custas da concorrencia de mercado, as sociedades anOnilnas as custas das firmas privadas,as grandes

empresas comerciais e industriais as custas das menores; e que essa concentragaO ilnplicou uma tendencia a。 。ligop61io. Isto era cvidente mesrno ern fortalezas pOderosas da antiquada enl‐ presa de pequena c II16dia escala,como a Gra‐ Bretanha.A partir

de 1880, o padr5o da distribui95o foi revolucionado. “Merceei‐

ro"e``a9ougueiro" agora nao significavam apenas um pequeno 10iiSta,mas crescentemente uma firma de porte nacional ou in‐ ternacional com centenas de filiais. No setor banc`rio, um pe‐

queno nimero de gigantescos bancos por a95es, com redes na‐ cionais de aFnciaS,Substitufram muito rapidamente os bancos

menores: o Lloyds Bank absorveu 164 pequenos bancoso Ap6s 1900, como itt fOi observado, os antiquados ―― ou OutFOS “bancos rurais" britanicOs passaranl a ser

“uma cu五 osidade

hist6rica",

Assim como a concentracaO ecOnOnlica, a “administra95o cientffica"(o pr6prio termo s6 entrou em uso por volta de 1910) foi filha da Grande Depressao.Seu fundador e ap6stolo,Fo W. Taylor(1856‐ 1915),collle9ou a desenvolver suas id6ias na alta‐ nlente problem`tica ind`stria sider`rgica americana em 1880。 ,Procedentes do oeste, essas id6ias chegaram a Europa nos anos 1890.A pressao sobre Os lucros durante a lDepressao,bern cOmo o tamanho e complexidade crescentes das firlnas,sugerianl que os

m6todos tradicionais,empfricos ou improvisados naO eranl mais

adequados a condugao das empresas. Daf a necessidade de uma fOrma mais racional ou “cientffica" de controlar, monitorar e programar empresas grandes e que visavam a maxllnizag5o do lucro.A tarefa em quc o“ taylorislno"concentrou imediatamenぃ te seus esfor9os― ―e a qual a imagern piblica da``administragao

cientffica"era identificada― ― era como conseguir que os oper五 ‐ rios trabalhassem mais.Esse obiet市 o fOi perseguido por meio de tres rn6tOdos principais:(1)iSolandO cada operdrio de seu grupo

de trabalho e transferindo o cOntrole do processo de trabalho do Operario Ou dO grupo a agentes da administracao,que diziam ao oper`rio exatamente o que fazer e quanto produzir,a luz de

(2)uma d市 iSaO sistem`tica de cada processo em unidades com‐ ponentes cronometradas(“ estudO do tempo e do moviinento"),

4

72

θra″ οs i″ pび riο ■

quc incen‐ e(3)de vttrios sistemas de pagamento dos salarios,。 livaria o oper`rio a produzir inaiso Esses sistemas dc pagamento

por produ950 se dissclninaram muito rapidamente,rnas,para fins prdticos, o tay10rislno ern sentido lato quase nao se difundiu na Eul・ opa antes de 1914-― nem meslno nos EUA― ― e s6 se tornou Llrn SIο gα ″ familiar nos cfrculos adnlinistrativos nos`ltiinos anos guerra, Ap6s 1918, o nome de Taylor seria o tftulo sin‐ do prё ‐

16tico do uso racional da inaquinaria e da for9a de trabalho para ‐ maxirnizar a producao,paradoxallnente tanto entre os respons五 veis pelo planejamento bolche宙 quc como entre os capitalistas. Contudo,6 claro quc a transfolllla95o da estrutura das gran‐

des cmpresas,da oficina ao escrit6rio e a cOntabilidade,progre‐

diu substancialmente entre 1880 e 1914. A ``mao visfvel'' das modernas organizacao c adnlinistra9五 o empresariais agora subs‐ tituFa a“ maO invisfver'do mercado anOnimo de Adam Smith。

Assim sendo,os executivos,cngenheiros e contadores come9aram a assunlir as fun95es dos adnlinistradores‐ propriet`rios.A socie‐

dade anOnilna ou κο″zθ rれ substituiu o indivfduoo Agora cra muito mais prov`vel quc o homem de neg6cios tわ ico,aO menos

:龍 蹴瀾∬1:蹄 乱鳳F漁 蹴繰Tll∴ 蝿基 supervisionar seu desempenho fossc um banquciro ou acionista, em vez de urrl capitalista adnlinistrador.

Ha宙 a uma terceira safda possfvel para os problemas empre… sariais: o imperialislno.Muitas vezes foi observada a coinciden_ cia crono16gica cntre a lDepress5o c a fase dinanlica da reparticao (Ds historiadol・ es discutenl muito atё que ponto as duas cst5o ligadas.De qualquer fol・ ma,como mostrar6

colonial do planeta。

0 capftulo seguinte, a rela95o era bastante mais complexa que a sirnples ligac5o de causa e efeito. Entretanto,n5o h6 como ne‐ gar que a pressao dO capital a pl・ 。cura de investimentos mais lucrativos, bem como a da produc5o 触 procura de mercados, contribufrarn para as polfticas expanslonistas― ― inclusive a con‐ quista colonial, A ``expans5o territorial", disse uln funciondrio

dO Departamento de tstadO dos ELIA enl 1900,``n5o ёsen5o o subproduto da cxpansao dO cOm6rcio.'。

18 Ele na‐

o era, de foHna

algllma, a `nica pessoa ellvolvida com a polftica e a econonlia illtcrnacionais a ter cssa opinilo.

Uma cconomia mudando de marclla

75

Um resultado final, ou subproduto, da Grandc DepresS50 dcve ser mencionadoo Esta foi tamb6m uma era de grande agi― ta95o social.N5o apenas entre os agricultores,que,como virnos, foram abalados pelos trcmores sfsllicos do colapso dos pre9os dos produtos agrfcolas, rnas tamb6m entre as classcs oper6rias.

N5o 6 6bvio o motivo pelo qual a Grande Depressao levOu h mobiliza950 macica das classes operttrias em numerosos pafses e.

a partir do final dos anos 1880, h cmcrgencia dos movirnentos de massa socialistas e trabalhistas enl muitos deles. Pois, para―

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custo de vida para os assalariados,acarretando uma indubit6vel melhoria no padraO de vida material dos operdrios na maioria dos pafses industrializadoso N/1as aqui s6 prccisamos observar que

os moviinentos trabalhistas modernos tamb6m sao filhOs dO pe‐ rfodO da Depressao, Estes movilnentos serao abOrdados no ca‐ pftulo 5

2 De meados dos anos 1890 a Grande Guerra, a orquestra econ6rnica mundial tocou no tom maior da prosperidade, ao invё s

de,como at6 entao,no tOm menor da depress5oo A afluen_

cia,baseada no bο ο″t econOnlico,constitufa o pano de fundo do quc ainda 6 conhecido no continente europeu como “a bela :θ ι 6poca''(bθ ′ ρο9夕 θ)。 A passagem da preocupa95o)euforia foi

t50 s`bita e dramtttica quc os econonlistas comuns procuraram

la, um グθ夕s alguln tipo cspecial de forca cxterna para explic五 ‐ j′ θ χ― ″7α σみ α,que encontraram na descoberta de enorrnes reservas de ouro na Africa do Sul, na `ltirna das grandes corridas do

ouro ocidcntais,no Klondikc(Canad五 , 1898)e em outrOs luga‐ es,Os hiStoriadores da cconomia,em seu coniuntO,se deixaram irnpressionar menos por cssa tese basicamente mOnetarista do dO que alguns governos do final do s6culo XXo Mesrno assim,a

1・

velocidade da virada foi not6vel e quase imediatamente diagnos‐

ticada por urn rcvoluciondrio particularinente arguto, A. L. IIclphand(1869‐ 1924)、 cscrCVendo sob O pseud6ninlo dc Parvus、 como indicadora do illicio de um novo e longo perfodo de illa_

Aο ″ αJos i“ Pび ガOs

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petuoso avan9o capitalistao Na verdade,o contraste entre a Gran“ de Depressao e o b。 。″, secular posterior motivou as priineiras

especula96es sObre aquelas ``ondas longas" no desenvolviinento dO capitalislnO mundial,mais tarde associadas ao nome do eco― 110■liSta

russo Kondratievo Nesse fnteriin, de qualquer maneira

tornou‐ se evidente quc aqueles quc havialrl feitO previs6es sonl‐

brias acerca do futuro do capitalismo,Ou mesmo acerca de scu colapsO inlinente,haviam errado. Entre os marxistas ocorreram discuss6es acaloradas sobre o que issO iinplicava para o futuro

de seus mOviinentos e se a doutrina de Marx teria de ser “revista"。

C)s historladores da ccononlla tem tendido a centrar sua ateng5o em dois aspectos da era: a redistribui9ao do pOder e da iniciativa cconOnlicos, quer dizer,o relativO declfnio britani‐

co c o relativo― ― e absolutO― ― avan9o dos EUA e sobretudo

da Alemanha;e o problema das flutuag6es,longas e curtas,quer dizer, basicamente sobre a “onda longa" de Kondratiev, cujo moviinento descendente c ascendente cortou o perlodo ao meio。 Por mais interessantes que seiam estes problemas,s5o secund五 ‐ rios do ponto de vista da ccononlia mundial.

Em princfpio, nao 6, de fatO,surpreendente quc a Alema‐

nha,conl sua populacao aumentando de 45 a 65 nlilh6es,c os

EUA,passando de 50 a 92■ lilh6es,tivessem alcan9ado a Gra‐ Bretanha,territoriallnente menor e menos populosao No entanto, isso n5o torna o triunfO da exporta95o industrial alema menos irnpressionante.No transcurso dos trinta anos anteriores a 1913,

eles passaram de menos da metade da cifra da Gra‐ Bretanha a uma cifra superior a essa.A excecao dos pafses que podenl ser chamadOs de ``senli― industrializados" 一 isto ё, para fins prdti‐ COS,OS``dOnlfnios"britanicos virtuais ou efetivos,incluindo suas dependencias econOnlicas latino¨ americanas ――, as exportag6es

de produtos manufaturadOs da Alemanha para todos os paFses

ultrapassaram as britanicas. Elas eram unl ter9o mais elevadas

no mundo industrial e mesmo dez por cento maiores no mundo n5o¨ desenvolvido.Outra vez,nao 6 surpreendente quc a Gra‐ Bre_ tanha nao conseguisse cOnservar a extraordindria posicao de ``oficina do mundo" que detinha por volta de 1860。 Nem os

EUA, no auge de sua supremacia mundial no infciO dos anos 1950-― e representando uma parcela da populacaO mundial tres

Uma economia mudando de marcha

75

vezes superior a britanica dos anos 1860 -― , conseguiram em

momento algum atingir os seus 530/o da produ95o mundial de ferro e a9o e 499る da textil.uina vez mais,isso naO exPlica por

que exatamente― ― nem sequer se― ― houve uma desaceleragao do cresciinentto e um declfnio da cconomia britanica, quest6es

que se tornaram tema de uma vasta literatura acadeFniCao A qucst五 o

importante nao 6 quenl,no contexto da econonlia mun‐

dial em expansao,cresceu mais e mais r`pido,mas o coniunto do cresciinento desta.

lo de``ciclo",no Quanto ao ritmo de Kondratiev―― cham五 ‐ sentido estrito da palavra,seria uma peticao de princfpio― ―,cle certamente coloca quest6es analfticas fundamentais acerca da natureza do cresciinento economico no perfodo capitalista ou, como podem argumentar alguns estudantes,acerca do cresciinen‐ tO de qualquer econonlia mundial.Lamentavellnente,n5oh`ne‐

nhuma teoria que mereca aceita95o ampla sobre essa curiosa alternancia de fases de confianga c apreensao, que juntas for‐

mam uma

“onda" de cerca de meio s6culoo A teoria mais co‐ nhecida c elegante a esse respeito,a de loSef Alois Schumpeter (1883‐ 1950), asSOCia cada etapa “descendente" ao esgotamento do lucro potencial de uma s6rie de “inovag6es" econOnlicas e o novo moviinento ascendente a um■ ovo cOniunto de inOva96es, percebidas basicamente ―― mas nao s6 -― como tecno16gicas, CuiO pOtencial ser`, por sua vez, exauridoo Assiin, as novas in― d`strias,agindo como``setores ifderes"do cresciinento econOnli‐ co― ― por exemplo o algodao na primeira revolu95o industrial, as ferrovias durante e ap6s os anos 1840-― ,se tornanl,por assim

dizer, os motores quc arrancam a econonlia mundial do maras‐ mo em que estava temporariamente imcrsa.Essa teoria 6 bastan‐ te plausfvel,pois cada um dos perlodos seculares de moviinento ascendente desde os anos 1780 esteve, de fato, associado ao surgiinento de setores tecnologicamente revoluciondrios: sem esquecer do mais ёxcepcional de todos esses bο ο s econOmicos, “ o das duas d6cadas e meia anteriores aos anos 1970。

O proble

ma, no caso do desenvolviinento r6pido do fiin dos anos 1890, 6 quc as indistrias inovadoras daquele perfodo ―― em sentido amplo,as qufinicas c e16tricas,ou as associadas as nOvas fOntes de energia prestes a competir seriamente com o vapor― ― por

enquanto ainda naO parё cianl ter porte suficiente para donlinar

ハ θ″ α ′Os :“ ρごrι Os

76

os mo宙 mentos da cconomia mundial.Em suma,como nao pO‐ demos explicar adequadamentc as periodicidades de lKondratiev, elas n5o nos podem ser de muita valia. Apenas nos perrnitem observar que o perfodo abordado neste livro abrange a queda e a ascens5o de uma``onda de lKondraticv"; Inas isto,eFn Si,nao ёsurpreendente, pois a totalidade da hist6ria moderna da eco‐ nornia mundial se encaixa facillnente nesse padrao.

H6, contudo, um aspecto da anttlise dc Kondratiev quc deve ser relevante para um perfodo de``globalizac5o'' acelerada da econonlia mundial. Trata‐ se da relac5o entre o setor ird夕 s‐ J Inundial,que se expandiu por lneio de uma contfllua revo‐ ′ r′ α lucao da prOducao,c a producaO αgr`ε οJα mundial, que cresceu principalmentc devido a abertura,crrl ritrno descontinuo, de no‐ vas zonas geogrttficas de producao, Ou zonas recentel■ ente es‐ pecializadas em cultivos de exporta9ao, c)trigo disponivel para

consumo no mundo ocidental foi,cln 1910‐ 1913,quase o dobro

(Cm m6dia)dOS anOs 1870。 Mas o grosso dessc aumento viera de um pequeno nimero de paFses novos: EUA,Canadd,Argen‐

tina c Austr61ia c,na Europa,R`ssia,Romenia c Hungria.0 cresciinento da produ95o agrfcola na Europa ocidental(Franga,

Alernanha,Rcino Unido,B61gica,Holanda,Escandin6via)s6re‐ presentou 10‐ 150/o do incremento.Assiin sendo,a desacelera95o

da taxa de cresciinento da producao agrfcola mundial ap6s o salto inicial nao 6 surpreendente, lmesmo senl considerar cat6s‐ trofes agrdrias como os oito anos de scca(1895‐ 1902), quc ma_ taram a rnetade do rebanho ovino da Austrdlia,c as novas pragas

como o gorgulho do algodao, que atacou os algodoais dos EIJA a partir de 1892,Assiin,os``termOs de troca"tenderiaFn a fiCar mais favoriveis a agricultura c menos h ind`stria, isto ё, os agricultores pagariam relativa ou absolutamente menos pelo que comprassern a ind`stria, c esta, relativa ou absolutamente nlais pelo que comprassc h agricultura. Argtiu‐

se que essa mudanca nos terrnos de troca pode

explicar a passagem de uma queda de pre9os not`vcl em 1873‐ 1896 a uma ilnpressionante alta dessa 6poca atё 1914 -― e depois,Talvezo Mas o certo 6 quc essa mudanga nOs terrnos dC troca pressionou os custos de producao industriais e, portanto, :θ び ρο9“ θ sua lucratividade. Fclizmente para a ``beleza" da bθ ′ ,

a cconolnia estava cstruturada de nlaneira a transferir essa pres‐

Uma economia mudando de marcha

77

s5o dos lucros para os operariOs. o aumento r6pido do sal`rio real, tao caracterfstico da Grande Depress5o, desacelerou‐

se vi―

sivellnente. Na Franga e na Gra‐ Bretanha, houve uma 9“ θ′α efetiva do sa16rio real entre 1899 e 1913. Isso foi uma das cau‐

sas da tensaO e das explos6es sociais ressentidas dos `ltimos anos anteriores a 1914.

O que, entao, tOrnou a cconolnia mundial tao dinarnica? Seia qual fOr a explicagao detalhada, a chave do problema est6 claramente na faixa central de paFses industrializados e em vias

de industrializacao, que sc estendia cada vez mais na regi五 o temperada do hemisf6rio norte, pois eles agiam como o motor

do cresciinento global, a um tempo como produtores e como mercados. Esses paFses agora forrnavam uma massa produtiva enorrne, crescendo e se estendendo rapidamente no n`cleo da cconornia

mundialo Agora incluFam nao apenas os maiores ou menores centros industrializados em meados do s6culo XIX, cm sua maioria se cxpandindo a taxas quc iam de iinpressionantes a

quase inimagin`veis一

Gra‐ Bretanha,Alemanha,EUA,Franga,

B61gica,Suf9a,os territ6rios tchecos― ― comO tamb61n mais uma s6rie de regi5es quc estavam se industrializando: Escandin`via,

Holanda,o norte da ltttlia,Hungria,R`ssia e mesmo o lap50。 Eles constitufaln tamb6m um corpo cada vez mais possante de compradores dos bens e ser宙 9os do mundo:um coniuntO que cada vez mais vivia de comprar, isto 6, cada vez menos depen‐ dente das econolnias rurais tradicionaiso A definigao habitual de

um

“citadino"no s6culo XIX era algu6m que vivia nunl lugar de mais de dois mil habitanteso Contudo,mesmo se adotarmos

um crit6rio ligeiramente menos modesto(5 mil),a porcentagem de curopeus da regiao``desenvolvida"e de norte‐ americanos que viviallll ern cidades ascendera,por volta de 1910,a419る (de 19 e 14 respect市 amente em 1850)e talVez 80% dos citadinos (COntra dois ter9oζ

em 1850)v市 iam em cidades de mais de 20

1nil habitantes; destes, por sua vez, benl mais da metade mo‐

rava em cidades de mais de 100 mil habitantes, o que quer dizer em vastos estoques de fregueses.19

Ademais, gragas as quedas de pre9os da Depress5o, esses fregucses tinham bastante mais dinheiro para gastar do que an―

tes. mesrno considerando a reducao do sal`rio real ap6s 1900.

Aθ ″

78

″Os i″ pι rわ s

O significadO c01etivO dessa acumulacao de fregueses, mesmo pobres, agora era reconhecido pelos hOmens de neg6cios, Os fi‐

16sofos polfticOs tenliam a emergencia das massas,ao passo que os vendedores a saudavam, A ind`stria publicit`ria, que se de‐ senvolve agora comO forOa importante pela priineira vez, dirige‐ ‐ se a elaso As vendas a prazo, em grande medida uma inovacao

desse perfodo,visavam a perlnitir que as pessoas com pequcnas rendas fizessem grandes compras.E a arte e a indistria revolu‐

ciondrias dO cinema(ver Cap.9)comecaram do nada cm 1895 para exibir uma riqueza a16m dos sonhos mais ambiciosos em 1915, com produtos tao caros que faziam 6peras e principes parecerenl lnendigos,tudo isso bascado na forOa de um p`blico que pagava cm centavos,

H`uma cifra quc,sozinha,pode ilustrar a importancia da egi50``desenvolvida"do mundo na 6pocao Apesar do crescilnen‐ to not`vel das nOvas regi6es e econonlias ultramarinas, apesar l・

da sangria causada por uma vasta ernigragao ern inassa,a parce‐

la de curOpeus na pOpula95o mundial cresceu no decorrer do s6culo XIX, e sua taxa de cresciinento passou de 70/O ao ano na priineira metade e 80/O na segunda a quase 130/p em 1900‐ ‐ 1913. Se a este continente urbanizado de consurnidores poten‐

ciais acrescentarmos os EUA e algumas economias ultrama‐ rinas enl processo de desenvolviinento rdpido, por6m muito menores, teremos unl mundO``desenv01vido" de algo em tOrno de 150/o da superffcie do planeta, com ao redor de 400/O de seus habitantes.

Esses paFses constituFam O grosso da econonlia mundial.

luntOs representavam 80%do mercado internacional.E mais, eles dete.1.linavam o desenvolviinento dO resto do mundo,cuias econonlias cresciam ao prover as necessidades estrangeiras,N5o se pode saber o quc teria acontecido ao Uruguai ou a Hondu‐ ras se lhes tivesse cabido a iniciativa。

(De qualquer maneira,

n5o era prov`vel qte isso OcOrresse: o Paraguai i`tentara uma vez escapar ao mercado mundial e fora massacrado e for9ado a

voltar a ele__cf.ス

E″ α グοCα ρj′ α J, cap.4。

)O que n6s sabe‐ mos 6 que o priineirO produzia carne porquc havia um mercado para ele na Gra ‐ Bretanha c, 0 0utro, bananas porquc alguns

comerciantes de BostOn calcularam que Os americanos pagariam para come‐ las.Algumas econOmias sat61ites se safram melhor

Uina econonlla mudando de marcha

79

quc outras,lnas quanto lmelhor se saissenl,maior o proveito das econonlias do nicleo central,para quetn esse cresciinento se tra‐

duzia enl lnercados maiores e crescentes para a exportagao de

bens e capital.A marinha mercante mundial,cuio creSCimento indica grο ssO“ οごο a expans5o da cconomia global,perlnaneceu mais ou menos estivel entre 1860 o 1890. Seu volume flutuou

entre 16 e 20 milh6es de toneladas,Entre 1890 e 1914)quase duplicou.

02 Entao, cOmO podemos sintetizar a ccononlia mundial da Era do lmp6rio?

Em primeiro lugar,como vimos,foi uma cconomia cuia base geogr`fica era muito mais ampla do quc antes,Sua parcela industrializada c em processo de industrializag5o aumentara: na

Europa, devido a rev。 lucao industrial na R`ssia c em paFses como a Su6cia c a Holanda, at6 ent5o pouco atingidos por ela, c,fora da Europa,por causa do desenvolviinento da Am6rica do Norte e,id at6 Certo ponto,do rapa。 .o mercado internacional dos produtos priin6rios cresceu enormemente ―― entre 1880 e 1913 o com6rcio internacional dessas mercadorias quase tripli‐ cou― ― bem como,por conseguinte,tanto as dreas destinadas a ()Ca‐ sua produ95o como sua integragao ao mercado mundial。

nad` se integrou ao grupo dos lnaiores produtores mundiais de trigo ap6s 1900, com uma safra que passou da m6dia anual de 18 milh6es de hectolitros nos anos 1890 a 70 rrlilh6cs em 1910‐

_1913.20 Ao meslno tempo,a Argentina se tornava unl exportador iinportante de trigo― ― e todos os anos os lavradOres italianos, apelidados de ``andorinhas"(gο Jο ″J″ j力 αs), atravessavam 16 nlil

qui16metros de Oceano Atlantic。 , indo e voltando para fazer sua colheita. A econonlia da Era dos lmpё 五os foi aquela em

quc Baku(no Azerbaiiao)e a bacia do Donets(na Ucrania)f0 ranl integradas a geOgrafia industrial, ao passo quc a Europa cxportava tanto bens como mo9as a cidades novas como JOhan_ nesburgo e Buenos Aires, c aquela em que teatros de 6pera fo… ram erguidos sobre os ossos de fndios mortos em cidades nasci‐ das do bο ο da borracha a 1600 qui16metros rio aciina da foz “ do Ainazonas.

jο s Os i“ pび ″ /1 θ rα α

Por conseguinte,como jtt foi observado,a cconomia mun‐ dial agora cra notavellnente mais pluralista que anteso A ccono‐ mia britanica deixou de ser a inica totalinente industrializada c, na verdade, a inica industrial. Se reunirmos a produ95o in‐

dustrial e lnineral(inCluindo a construcao),cm 1913 os EUA forneceram 469る deste total, a Alemanha 23,59る , a Gra‐ Breta_ 21 A Era dos lmp6rios,como vere‐ nha 19,50/o e a Franga l10/o。 mos, foi essencialinente caracterizada pela rivalidade entre Estados. Ademais, as rela96es entre o mundo desenvolvido e o

subdesenvolvido tamb6m foram mais variadas e complexas quc cin 1860, quando a metade do total das exportag6es da Asia, Africa e AIn6rica Latina se dirigiu a um s6 paFs,a(3ra― Bretanha.

Por volta de 1900,a participacao britanica caiu a um quarto,c

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亀留鍵朦 よ:Lttil∫ l摺3 1°

A Era do lmp6rio i`nao era monocentrica。 Esse pluralislno crescente da econonlia mundial ficou, atё certo ponto, oculto por sua persistente e, na verdade, crescente dependencia dOs servigos financeiros,comerciais e da frota mer‐ cante da G}ra‐ Bretanha.Por

um lado,a Cj`ッ de Londres era,mais

que nunca, o centro de operag6es das transag6es comerciais internacionais, tanto quc o renditnento de seus servi9os comer‐ ciais e financeiros, soZinhO, quase compensava o grande d6ficit

do item mercadorias de sua balanga comercial(157 milh6es de libras contra 142 ■lilh6es, em 1906‐ 1910)。 Por Outr0 1ado, o enorlne peso dos investimentos britanicos no exterior e de sua frota mercante refor9ou ainda mais a posic5o central do pa(s, numa econolnia mundial que girava ern torno de Londres e se baseava na libra esterlina.A Gra‐ Bretanha continuou a ter uma

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Uma cconomia mudando dc marcha

81

。5o recente compravam mais produtos prirn`rios do mundo sub― desenvolvidO,acumulavam em scu coniuntO um d6ficit comercial bastante substancial eln relagao a este`ltimo. A Gra‐ Bretanha, sozinha, restabelecia urrl equilibrio global, pois importava mais bens manufaturados de seus rivais,exportava scus pr6prios pro―

dutos industriais para o mundo dependente,lnas principallnente Obtinha rendiinentos invisfveis de vulto, provenientes tanto de scus servi9os comerciais internacionais (banCOS, SegurOs, etc。 ) como da renda gerada pelos enolllles investiinentos no exterior do maior credor mundialo Assiin, o relativo declfnio industrial britanico refor9ou sua posi95o financeira e sua riqueza.Os inte‐ resses da ind`stria britanica e da cj′ y, atё ent5o bastante conl‐

pativeis, come9aram a entrar em conflito. A terccira caracterfstica da econonlia rnundia1 6 a que mais salta aos olhos: a revolucao tecnO16gicao Como todos n6s sabe‐

mos, foi nessa 6poca que o telefone c o te16grafo selFl fiO, 0 fon6grafo e O cinema, o autom6vel e o avi5o passaram a fazer parte do cendriO da vida lnoderna,senl falar na farniliarizag5o das

pessoas corn a ciencia por rncio de produtos como o aspirador de

p6(1908)eo`niCO ntedicamentO universal iamais inventado,a aspirina(1899).Tampouco devemos esquecer a mais ben6fica de todas as indquinas do perfodo,cuia contribuig5o para a eman‐

cipagao humana fOi imediatamente reconhecida: a modesta bici‐ cletao Apesar de tudo,antes de saudarrnos essa safra impressio_ nante de inovac6es comO uma “segunda revolu95o industrial", naO devemOs esquecer que s6 retrospectivamente elas sao cOnsi…

deradas como tal. Para O s6culo XIX, a principal inovagao cOnsistia na atualizac50 da prirneira revolug5o industrial,atrav6s

do aperfei9oamento da tecnologia do vapor e do ferro: o ago e as turbinaso As ind`strias tecnologicamente revoluciondrias, ba‐

seadas na eletricidade, na qufrnica e no motor de combustao, comecaram certamente a ter um papel de destaque, em parti‐ cular nas novas econonlias dillanlicas, Afinal de contas, Ford corne9ou a fabricar seu mode10 T em 1907.Contudo,collside‐

iando apenas a Europa, entre 1880 e 1913 foi construfda a mesma quilometragem de ferrovias que na “idade da ferrovia" inicial, entre 1850 e 1880。 Franca, Alemanha, Sufga, Su6cia c

Holanda aproxiinadamente duplicaram suas redes ferrovi`rias nesses anos,(D ■ltimo triunfO da ind`stria britanica. 。 virtual

AO″ αJos′ ″p″ わs

82

monop61io britanico da constru95o naval definido entre 1870 e 1913, foi conquistado por meiO da exploracao dos recursos da priineira revolucao industrialo N5o obstante, a nova revolucao industl減 al

refor9ou, mais que substituiu, a antiga。

A quarta caracterstica foi,cOmo i`vimOs,uma dupla trans‐

fOrma950 da empresa capitaHsta: em sua estrutura c em seu οJ″ s Opθ ″ α″Jj. POr unl lado,houve a concentragao de capital, “ o aumento da escala, que levou a distingao entre ``empresa" e jθ “grande empresa"(GrOssれ ご s′ ″ , Grο ssbα たθ 夕g″ α″ごθ れ′ s‐ jθ “ “ ′ ″ ...), ao retraimento dO mercado de livre“concorrencia c a“

todos os demais aspectos que, por volta de 1900, levaram Os observadores a buscar em v5o r6tulos gerais que descrevessem o que parecia ser caballnente uma nOva fase de desenvolvimento econOmico (Ver pr6xiino capftulo). Por Outr0 1ado, houve uma tentativa sistem`tica de racionalizar a produ95o c a dire950 das empresas aplicando “m6todos cientfficos" nao s6 a tecn。 1。 gia,

mas tamb6m a organizacao c aOs cllculos. A quinta caracteristica foi uma transforinag5o excepcional

do mercado de bens de consumo: uma mudanga tanto quantita‐ tiva como qualitativao Com o aumento da popula95o, da urba‐ nizagao e da renda real, o mercado de massa, at6 ent5o mais ou menos restrito a alimentagao c ao vestuario,。 u seia,as neces_

sidades b6sicas,come9ou a donlinar as ind`strias produtoras de bens de consumo. A longo prazo, isto foi mais importante que o notttvel crescilnento do consumo das classes ricas e favorecidas,

CuiO perfil de demanda nao mudOu de maneira acentuada.Foi o Ford modelo T, e n5o o Rols‐ Royce, que revolucionou a indistria automobilfstica.Ao lnesnlo tempo,uma tecnologia revo‐

luciondria e o imperialismo concorreram para a criacao de uma s6rie de produtos e servi9os novos para o mercadO de massa― ― dos fog6es a g`s, quc se multiplicaram nas cozinhas da classe oper`ria britanica no decorrer desse perfodo,a bicicleta,ao cine‐

ma c a mOdesta banana,cuio conSumO era praticamente desco‐ nhecidO antes de 1880.UIna de suas cOnseqtencias lnais 6bvias foi a criacaO dOs meiOs de comunicacao de massa,que s6 agora merecem esse nome.Um iornal britanico atingiu pela primeira

vez uma tiragem de unl milh50 de exemplares nos anos 1890, c uln frances pOr volta de 1900,24

Urna economla mudando de marcha

83

Tudo isso implicou uma transformagao nao apenas da pro‐

du95o, pelo quc agora veio a ser chamado de

“produgao em

massa", lnas tamb6m da distribui95o, inclusive do cr6dito ao consunlidor(sobretudo atrav6s das vendas a prazo). Assiln, a venda de chd em pacotes padronizados de 1/4 de libra come9ou na Gra‐ Bretanha em 1884. Ela faria a fortuna de mais de um

magnata de emp6rios safdo das ruelas dos bairros operirios das grandes cidades,cOmo Sir Thomas Lipton,cuioS iate e dinheiro conquistaram a amizade do rei Eduardo VII,1■ onarca com not6‐ (D n`mero de filiais da ria atracao pOr rnilionttrios pr6digos。 Lipton passou de zero ern 1870 a 500 cln 1899。 25 0 aspecto acima tamb6m se aiustava naturalmente a sexta caracterfstica da econoIIlia: o cresciinento acentuado,tanto abso‐

luto como relativo,do setor terciario da ec9nonlia,tanto p`blico

como pr市 ado一 ―trabalho em escrit6rios,loias e Outros sewi9os。 Tomemos apenas o caso da Gra‐ Bretanha,ulll pais quc,eln seu apogeu,dominara a econonlia inundial com uma quantidade ridi‐ culamente reduzida de trabalho de escrit6rio:enl 1851,havia 67 ■lil funciondrios p`blicos e 91■ lil empregados de com6rcio,numa populag5o ativa total de cerca de 9,5 ■lilh6es de pessoas. Mas

por volta de 1911,o cOm`rcio empregava quase 900 mil pessoas, das quais 170/o eram mulheres,c O funcionalismo p`blico tripli‐

cara.A porcentagem da populag5o ativa que O com6rcio empre‐

gava quintuplicara desde 1851. Mais adiante abordaremos a consequencia social dessa prolifera95o de trabalhadores de cola‐

rinhos brancos e maos limpas(“ brancas'')。 A `ltiina caracteristica da ecOnOnlia que destacarei aqui seri a crescente convergencia de p01ftica c economia,quer dizer,

o papel cada vez maior do governo e dO sctor p`blico,ou o que ide61ogos da persuasa0 1iberal, como o advogado A. V. 1)icey, consideraram como o avan9o ameacador do “coletivismo" as custas da velha, boa e vigorosa iniciativa individual ou volun‐ t`ria.Na verdade,tratava‐ se de um dos sintomas do retraiinento da econonlia da livre concorrencia, que fora o ideal ―― e at6 certo ponto a realidade一 ― do capitalismo de meados do s6culo

XIX.De uma fOrma Ou de outra,ap6s 1875,houve um ceticiSmo crescente quanto a eficacia da ecOnomia de mercado autOnoma c auto‐ regulada, a famosa “ma0 0culta" de Adam Smith, sem

A

θrα dOs,“ ριrios

alguma aiuda dO Estado e da autoridade p`blica.A m5o estava se tornando visfvel das lllais variadas maneiras.

Por um lado,como veremos(capFtulo 4),a demOCratizacao da polftica for9ou governos muitas vezes relutantes c inquietos a enveredarerrl pelo caminhO de polfticas de reforrna e bcrn‐

estar

sociais,bem como de acaO p01ftica na defesa dos interesses eco‐

nOnlicos de certos grupos de eleitores, como o protecionismo c ―― de certa folllla COnl lnenos efic`cia― ― medidas contra a con‐

centrac5o econ61nica,como nos EUA c na Alemanhao Por outro lado,ocorreu a fusa o da rivalidade polftica entre os Estados com a concorrencia econOnlica entre grupos nacionais de empres`rios, o que contribuiu― ― como veremos― ― tanto para o fenOmeno do

imperialismo como para a genese da Primeira Guerra Mundial. Levaram tamb6■ 1,a prop6sito,ao crescilnento de indistrias em que,comO na ind6stria bё lica,o papel do governo era decisivo. Contudo,embora o papel estrat6gico do setor p`blico pudes‐ se ser cmcial, seu peso real na ccononlia perrnaneceu nlodesto. ApeSar da proliferaca o dos exemplos em contr6rio ―― como a aquisicao pe10 governo britanico de uma participag5o na indis‐ tria petrolffera do Oriente M6dio e scu controle da nova tele‐ grafia senl fio,ambos significativos do ponto de vista Fnilitar; a

presteza com que o governo alem50 nacionalizou parcelas de sua ind`stria; e,acirna de tudo,a polftica sistemtttica de indus‐

trializagaO dO gOverno russo a partir dos anos 1890-―

os gover‐

nos c a opini5o p6blica cncaravarn o setor p`blico apenas como unla csp6cie de complemento menol'h econonlia privada,lnesino cm se considerando o cresciinento acentuado da adnlinistra95o

p`blica (sobretudo municipal)na Europa, na area do servi9o direto como na das cmpresas dc utilidade p`blica.Os socialistas

n5o partilhavam dessa crenca na supremacia do sctor privado,

embora dessem pouca ou nenhunla aten95o aos problemas dc uma cconoFnia SOcializada.Talvez possanl ter considerado cssas iniciativas municipais como um``socialismo municipalista",rnas a lnaioHa delas se devia a autoridades sem intenc6es,neFn meSmO

simpatias,socialistas.As economias modernas amplamente con‐ troladas,organizadas e donlinadas pelo Estado foram produto da

Prilneira Guerra Mundial, Entre 1875 e 1914, a parcela dos crescentes produtos nacionais que os gastos p`blicos consunliam na maioria dos paises lfderes tendeu a se reduzir: c isto apesar

Uma ccOnonlla rntldando de marcha

85

do acentuado aumento dos gastos com os preparativos para a guerra.‐

6

Esses foram os rumos do cresciinento e da transformac5o do mundo ``desenvolvido"。 Contudo, o que mais forte irnpacto causava nas pessoas do mundo “desenvolvido" c industrial う こpoca era,mais at`quc a evidente transforrnacao de suas econo_ Inias, scu ainda mais evidente ettit。 . vivia‐ se, obviamente, num tcmpo de prosperidadeo At6 as hassas trabalhadoras se benefi― claranl corn essa cxpansao,ao menos na rnedida cm quc a ccono‐ rnia industrial de 1875‐ 1914 era predorninantemente do tipo m5o‐ dc… obra intensiva e sua oferta de trabalho n5o especializado,

ou dc aprendizado r`pido,para homcns e mulheres que aflufam a cidade c a ind`stria parecia quase ilillnitada.Fol isso que per‐

mitiu quc os europeus quc emigraram para os EUA sc adaptassem a um mundo industrial.Contudo,clnbora a econornia fornecesse trabalho, ainda n5o propiciava mais quc um alivio modesto, as vezcs rllfnilno,a rllisё ria quc a rnaloria dos trabalhadores encarou・ no tl・ anscurso

da malor parte da hist6ria,como scu destino,Na

initologia retrospcctiva das classes oper6rias,as dё cadas que pre‐

cederanl 1914 n5o figuram como uma idade de ouro, como no caso dos cl.lrOpeus ricos ou lneslno da lnais inodesta classe rn6dia. ′ θfoi de fato o parafso que seria perdido ′ごρθ9ι ′ Para cstes,a bθ ′

ap6s 1914.Para os homens de neg6cio e os governos posteriores a guerra, 1913 sel・ ia o pon10 dc refcrencia pertnanente. ao qual cles aspiravanl retornar,deixando para trtts uma era problem6tica、

Vistos dos nublados e conturbados anos do p6s‐ guerra, os nlo‐ lnentos excepcionais do`ltiino bο ο″t anterior a ela fazianl figura de ensolarada ・`normalidade", a que ambos aspiravam retomar. Ern vaoo POis,como vcremos,as inesnlas tendencias da econonlia 1914,que tornararn a cra tao dOurada para as classes in6dias, cnlpurraranl― na a guerra mundial, うrevolucao e aOs distirbios, pr6‐

excluindo a hip61ese de uma volta ao paraFso perdido.

cAPrTυ Lο J

A ERA DOS IMPЁ RIOS

ス′ια s“ αε O″ ノ 7ο ρ OJ`′ た αε αθ ο is“ οj“ g診 ― ο ρJθ ′ “ “ j甲 “ ごjr g““ “ “ θsθ ″ θ Oη あ θ α ε θ θ Sノ ο rFο`j“ θ ″O pOご θ OS ν′ ソ sれ ι σ 9“ jzaJα s, “ノ 's gσ α α θ θ rCttJご θ′ ο グ s″ θ α Jα θ sα ο O“ α s ciν θ ソ οr “ s Fpα “ s,α ,α ρ θ ″び θι rα ″ sο b ε ″′ ο Jθ α αb““ 6s“ ′ θご siFa ο ご θε ο ″― ο Fg夕 θ ″ j“ α κ j`jご α θ “ α `ο prOχ ο ″′ θρα c″ jε α ″ι ο ″0″ ε tt α rθ ″ ′ θθ θご0 ,Sθ ′α “ “ “ ′ ′α ″ θ θ cα bθ ′ α O″ θ ε ご ′ ″ α θ ごα apenas o poder Jθ ρ 9“ 9“ pα ″ α `Oθ “ O CO″ ″ rOrθ θ И に αTθ ″ θ sノ θ ca″ ∂ ,cο α ″θ た″ rα Jθ ,pο ″ Sヒ

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αrα``0れ ο ごθsθ s pOツ OS θ, θsρ θε:α J“ θれ , ごO ρO`θ れcjα`0,α ιJθ gα れたο ごθ `θ “ααοrθ s. sθ s ι ″ αbα :ん “ Max Weber, 18941 jソ ``0“ α ごο θ sι θκたs θれ′ ″ θ οs c力 j″ θSω " ...グ jZ[O I“ Pθ rα ‐ ごα メlJθ“″tα ″みα], “Jθ brα , 9″ θsο α ソα″g“ α/Jα ごαCris`α れ― “θssα i CO″ τνο 'S Jθ , ``θ α ′ rα ν ′ αs `0ご0 0ご ′ οsο ssα s bα jO″ θ daα θ"′ Jjz θ jzグ j-OS CO“ prθ θ j″ ′ ご θ s",ご zθ ル π θソ ″ θ Fα ″ ′ θ r 0 α rノ :Jθ 。 “ 9“ riθ

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`ο “ “ “““ Mr,Dooley's Philosophy, 19002

1

Era muito provttvel que uma cconomia mundial cuiO ritmO era determinado por seu nicleo capitalista desenvolvido ou em desenvolviinento se transforlnasse nunl mundo Onde os``avanca‐

dos" donlinariam os “atrasados"; em suma, num mundo de irnp6riOo Mas,paradoxalinente,o perfodo entre 1875 e 1914 pode

/4θ 拗 ″οs i“ ρび rios

ser chamado de Era dos lmp6rios n5o apenas por ter criado um novO tipo de imperialismo, inas tamb6m por urn motivO muito mais antiquadoo Foi provavellnente O perfodO da hist6ria mun_ dial inoderna em que chegou ao m`xll■

oon`mero de governan―

tes que se autodenominavam “ilnperadores", Ou quc eram considerados pelos diplomatas ocidentais como lnerecedores desse tttulo。

Na Europa, Os governantes da Alemanha, Austria, R`ssia, Turquia c(ern sua qualidade de dirigentes da lndia)Gra¨ Breta_ nha rei宙 ndicavam esse tftuloo Dois deles(Alemanha c Gra‐ Bre_ tanha/1ndia)eram inOva96es dos anos 1870.Eles mais que com‐ pensaralln o desaparecirnentO do``SegundO Imp6rio"dc Napoleao III,da Franga.Fora da Europa,os dirigentes da China, Iap50, P6ぉ ia c一 ― talvez conl maior cortesia diplomitica internacional ―― Eti6pia c Marrocos* eram normallnente autorizados a usar

esse tftulo, aO passo que, at6 1889, sobreviveu um imperador americano, o do Brasil. Pode‐ sc acrescentar a lista um ou dois

irnperadores ainda mais ObscurOs.Em 1918,cinco deles haviam desaparecido. Hoje (1987)o `nico sobrevivente titular desse seletO grupo de supermonarcas 6 o governante do rapao, cui。 perfil polfticO

ёfraco

e cuia influencia p。 lftica 6 insignificante.

Num sentido menos superficial, O perfodo que nOs ocupa 6 obviamente a cra de um novO tipo de imp6rio, o co10nialo A supremacia econOmica c militar dos pafses capitalistas hi muito

nao era serlamente ameacada,lnas nao houvera nenhuma tenta‐ tiva sistemtttica de traduzi‐ la em cOnquista formal, anexa95o e adnlinistra95o entre o final do s6culo XVIII c o `ltimO quartel

do XIX. Isto se deu entre 1880 e 1914, c a maior parte do mundo,a cxcecaO da Europa e das Am6ricas,foi formalrnente dividida elrl territ6rios sob governo direto ou sob dominacao polftica indireta de um ou outro Estado de um pequeno grupo: principallnente Gra‐ Bretanha,Fran9a,Alemanha,ItttHa,Holanda,

B61gica,EUA c rap`bo As vftimas desse processo foram,at6 certo ponto,os antigos imp6rios europeus pr6¨ industriais sObreviventes

da Espanha e dc Portugal,o prlmeiro mais que o segundo,ape‐ sar dc tentativas.de estender O territ6riO sob seu controle no ' O sult50 dO MarrOcos prefere o titulo de “rei". Nenhum dOs Outros linissult6es sobreviventes dO mundO islamico era ou podia ser enca― rado como “rel dos rels". :τ

89

A cra dos lmp6rlos

norocste africano`Entretanto,a permanencia dOs principais terri‐

16rios portugueses na Africa(Angola e Mo9ambiquc),que SO― breviveriam )s outras co16nias iinperialistas, deveuⅢ se basica‐

mente a incapacldade de seus rlvals modernos chegarem a um los entre si, Nenhuma desse tipo salvou os despoios dO Imp6rio Espanhol nas Arn6ricas(Cuba,Porto Rico)e■ O Pacffico(Filipinas)dOS

acordo quanto a maneira exata de dividi‐ r市 alidade

EUA em 1898,A maioria dos grandes imperios tradicionais da Asia permaneceu nominalrnente independente, embora as po‐ tencias ocidentais tenham delirnitadO ali

“zonas de influencia''

ou meSFnO de administras5o direta quc(comO nO caso do acor‐ do anglo‐ russo sobre a PCrsia em 1907)podiam cobrir a totali‐ dade do territ6rio=Na verdade,seu desamparo polftico e militar era dado como certoi Sua independencia dependia de sua utili¨ dade como Estados‐ tamp5o(cOm0 0 Si5o― ― hole Tailandia_, que separava as zonas britanica c francesa no Sudeste asiaticO,

ou do Afeganistao, que sepaFaVa a Gra‐ Bretanha c R`ssia), da incapacidade de as potencias imperiais rivais concordarem numa

f6rmula para a divis5o,ou meramente de sua cxtens5o.0`nico Estado n5o europeu que resistiu corn exito a conquista colonial

fOrrnal, quando esta foi tentada, foi a Eti6pia, que conseguiu resistirう

It61ia,O mais fracO dos Estados imperiais.

Duas regi6es lnaiores do mundo foranl,para fins pr`ticos, inteiramente divididas: Africa c Pacffico` N5o restou qualquer Estado independente no PacfficO, entao totalmente distribufdo entre britanicos, franceses, alemaes, h01andeses, norte‐ americaⅢ nos c― … ainda cm escala modesta― 一 iapOneses,Por volta de 1914, a Africa pertencia inteil・ amente aos imp6rios britanic。

,

frances, alem5。 , beiga, portuguOs e, rTlarginalrllente, espanhol,

うcxcc。 5o da Eti6pia, da insignificante Libё ria e daquela parte

do Marrocos que ainda rcsistiaう conquista completa.A Asia, como vimos, conservava uma cxtensa `rea nonlinallnente inde‐ pendente,cmbortt Os lnais antigos dos impё rios europeus tenham ampliado c colnpletado seus vastos donlfnios― ― a Gra‐ Bretanha,

anexando a BilHlania ao seu imp6rio indiano e implantando ou reforcando a zona de influencia nas ttreas do Tibcte, da Pё rsia c do golf6 Pご rsico:aR`ssia,avancando sobre a Asia Ccntral

C(COnl menOs exit。 )sobl・ e a Sibё ria c a Mandch`ria do lado do l)acfficol os holandeses. implemcntando unl controle mais

Aθ ″

90

′os i“ pFrios

os firme nas regi6es mais distantes da lndon6sia.Dois imp6五 praticamente novos foram criados pela conquista francesa da lndochina, iniciada no governo de Napole5o III, e pela con´

quista iaponesa da Cor6ia e de Taiwan(1895),as custas da China,c,posteriormente,de forina mais modesta,as custas da R`ssia (1905). S6 uma das regi6es principais do planeta nao foi afetada substancialmente por esse prOCesso de divis五

o, As

AFn6riCas eram,ellr1 1914,o quc havianl sido enl 1875,ou,neste sentido,nos anos 1820: uma colecao`nica de rep`blicas sobe‐ ranas,com excecaO dO canad`, das ilhas do Caribe e de partes

do Htoral caribenhoo A exce95o dos EUA, seu s`α `trs polftico raramente iinpressionava algu6nl, a16m de seus vizinhos. Era perfeitamente claro que, do ponto de vista econ6nlico, elas

eram dependentes do mundo desenvolvidoo Contudo, nem os EU´ A,

que crescentemente afi...lavam sua hegemonia polftica c

militar na `rea, tentaram seriamente conquist6‐

las e adnlinis‐

tra_las. suas inicas anexac6es diretas se restringiram a Porto Rico(pe・ 11litindo que Cuba lnantivesse uma independencia rne_

rarnente nominal)e a uma estreita faixa ao longo do novo Canal dO P(lnam五 ,que fazia parte de outra rep`blica pequcra e nOmi‐ nallnente independetlte― ― para este filn destacada da Co16mbia,

bem maior,por uma revolucao 10cal convenienteo Na Am6rica Latina, a dorninacao econornica, c a pressao polftica, quando necess`ria,eram implementadas sem conquista formalo As Am6‐ ricas constitufanl, 6 claro, a `nica regi5o iinportante do globo

onde nao houve rivalidade s6ria entre grandes potencias. A exce95o da Gra‐ Bretanha,nenhum Estado europeu possufa lmais que restos dispersos dos imp6rios coloniais(principalrnente cari_

benho)do s6Culo xVHI,sem maior significado ecOn6mico ou outroo Nem os britanicOs nem qualquer das outras nacionalida‐ des viam boa raz5o para hostilizar os EUA,desafiando a Dou″

trina Monroc.* ・ Esta doutrina, expressa pela priFneira vez ern 1823 e subseqtentemente

repetida c elaborada pelos governOs dos EUA, Inanifestava hostilidade a qualquer outra coloniza95o ou interven95o polftiCa de potencias euro‐ p6ias no hemisf6rio ocidental. Mais tardc, isto passou a significar que

os EUA eram a`nica potencia com O direito de interferir em qualquer

ponto do hernisf6rio.A medida que os EUA foram se tornando mais poderosos, a Doutrina Monroe foi sendo encarada com mais seriedade pelos Estados europeus,

A cra dOs lmpOrlos

91

Essa rcparticao dO inundo cntre unl pequeno nllllcro dじ Estados, que d6 tftu10 ao presente volume, foi a express5o nlais espetacular da crescente divis5o do planeta em fortes e fracos、 em``avangados''c` `atrasados'l que 16 obServamos.「 oi tambё nl notavehnente nOva.Entrc 1876 e 1915,ccrca de urn quarto da su― perffcie continclltal dO globo foi distl・ ibuFdo ou redistl・ iburdot c。

_

ino co10nia,entre lneia d6zia de Estados.A Gra¨ Bretanha aumen‐ tou scus territ6riOs elll cerca dc dez rnilh6es de qui16metros qua‐

drados,a Franca cnl ccrca de nove,a Alemanha conquistou rnais de dois lllilh6es e meio, a Bё lgica c a ltalia pOuco lnenos que

essa extens5o cada uma`Os EUA conquistaram cerca de 250 illil, principalmente da Espanha ()TapaO algO em torno da incsnla quantidadc hs custas da China, da R`ssia e da Corё

ia.

As antigas co161lias africanas dc Portugal sc ampliararn em cer‐ ca de 750 rllil qui16metros quadrados; a Espanha,Inesrlllo sendo

uma perdedora lfquida(para Os EUA), ainda conseguiu tomar alguns tcrrit6rios pedregosos no ⅣIarrocos c no Saara ocidental, O crescimento da R`ssia illlperial ёmais diffcil dc avaliar,pois todo ele se deu ein tcrl^it6rios adiacentes e constituiu o prosse‐

guilnento de alguns sё culos de expans5o territorial do Estado

czaristal ademais.como vcrcmos,a R6ssia pel・ deu algum tcrri‐ t6rio para o )ap50. Dentl・ e os principais ilnp6rios coloniais,

apenas o holandes nao conseguiu, ou nao quis, adquirir novos territ6rios, salvo por lllelo da extcns5o dc scu controle efetivo ねs ilhas indon6sias, quc h6 1muito ``possufa'' forl■ alinente. Den‐ tre os menol・ es, a Suё cia liquidou a 6nica co16nia que lhe res‐ tava, ulna ilha das 11ldias Ocidcntais, vendendo‐ a ≧ Franga, c a Dinamarca cstava prcstes a fazcl・ O mesmo‐ 一 conservando apenas al lslandia c a c)1・ oenlandia c。 1.o lerrit6rios dcpendentes

O lllais cspetacular n50 6 necessariamente o mais ilnpolヽ ´ rante` Quando o5 obsel・ vadorcs do panOralna mundial do fillal dos anos 1890 colllecal・ aln a analisal・ O que parecia obviamente

unla nova fase no padra o geral de desenvolvilllcnto nacional c internacional, notavelrllente diferente do mundO liberal de livrc comё rcio c livl・ e concol・ rencia dc meadOs do sё culo, eles consi‐

dcraranl a cria95o de irnpё

l・

los coloniais apenas unl de seus

aspectos.Os observadores ortodoxos pcnsavanl discernir, em terrnos gerais. ullla nova era de cxpans5o nacional na qual elementos polfticos e econ6micos ia nao

(conl()suPcl・ in10s)os

92

A ara dOs impι だοs

eram claramente separdveis e o Estado desempenhava um papel cada vez mais ativo e crucial tanto a nfvel interno como exter‐ n。 。(Ds observadores heterodoxos analisaram o perfodo mais

especificamente como uma nova fase de desenvolviinento capi¨ talista,decorrente de v`rias tendencias nele discemfveiso A mais

influente dessas an`lises do que logo foi chamado de“ imperia‐ lismo",o pequeno livro de Lenin de 1916,na verdade s6 abor‐ dou``a divisao do mundO entre as grandes potencias"no sexto de seus dez capftulos.3

Entretanto, mesmo sendo o colonialisrno apenas um dos aspectos de uma mudanca mais geral das quest5es mundiais, foi, com toda clareza, o de impacto mais iinediatoo Ele consti‐

tuiu o ponto de partida de andlises mais amplas, pois nao h`

d`vida de quc a palavra “irnperialislnO" passou a fazer parte do vocabul`rio polftico e iornalistico nos anos 1890, no decor‐ rer das discuss6es sobrc a conquista colonial. Ademais, foi en‐ t5o que adquiriu a diinens5o econOmica que, como conceito, nunca mais perdeuo Eis por que s5o initeis as referencias as antigas formas dc expans5o polftica c nlilitar em quc o termo 6 baseado.Os imperadores e imp6rios eram antigos,mas o im‐ periaHsmo era novissiino. A palavra(que n50 figura nas obras de Karl Marx,falecido cln 1883)fol intrOduzida na polftica na Gra‐ Bretanha

nos anos 1870, c ainda cra considerada neologis‐

mO no filn da d6cadao Sua explosao no usO geral data dos anos 1890, Por volta de 1900, quando os intelectuais comegaram a escrever livrOs sobre o ilnperialismo, ele estava

一 para citar

um dos primeiros deles,0 1iberal britanico I.A.Hobson― ``na boca de todo mundo., e [era]usado para denotar o nloviinento mais podcroso na polftica atual do mundo ociden‐ tal",4 Enl suma,era uin tcrrno novo,criadO para descrever um fen6meno novoo Este falo 6 evidente o bastante para descartar uma das nluitas escolas participantes desse tenso e acirrado de‐ bate ideo16gico sobre o``imperialismo'1, a quc arguinentava quc

cle n5o era nada de novo, que talvez fossc mesmo urn inero capitalista。 ]De qualquer maneira, era sentido remanescente prё ‐ e discutido como novo。 As discuss6es enl torno desse tema sensfvel s5o t5o apaixo‐

nadas, densas e confusas quc a prirneira tarefa do historiador las para quc o fenOmeno enl si possa ser visto. ёdesernaranh五 ‐

A era dos imp6rios

93

Pois a maioria das discuss6es nao tinha como tema o quc acon‐ teceu no mundo de 1875‐ 1914, c siln o marxismo, tema capaz de suscitar sentimentos fortes: acontece que a andlisc (alta_ mente crftica)do imperialismo na versao de Lenin se tornaria central no marxislno revolucionario dos moviinentos comunistas ap6s 1917 e dos moviinentos revolucion`rios do Terceiro Mun… do。 (D que deu particular aspereza ao debate foi quc um dos lados em disputa parece ter tido uma ligeira vantagem embuⅢ tida ―― pois aqucles defensores e opositores do irnperialislno

se enfrentavam desde 1890-,ou seia,a pr6pria palavra adqui‐ riu graduallnente, c agora ё iinprov`vel que perca, uma cono‐ tacaO peiOrat市 a,Ao colltrdrio da“ democracia''que,de宙 do a suas conotag6es favordveis, mesino scus iniinigos gostanl de reivindicar, o ``iinperialismo'' norrnalinente 6 algo reprovado e,

portanto,feito por outros.Em 1914,inimeros polfticos se orgu‐ lhavam de se denominarem imperialistas,mas no transcorrer de nosso s6culo eles praticamente desapareceram de vista。

O cerne da an`lisc leninista (que se baseava abertamente cm v`rios autores da 6poca, tanto marxianos como nao marxia… nOS)era quc as rafzes econOnlicas do nOvo iinperialisino resi‐

dianl numa nova ctapa especffica de capitalismo que,entre outras coisas, levava う “divisao territOrial do mundo entrc as

grandes potencias capitalistas",configurando um coniull10 dC c016nias forrnais c informais e de esferas de influencia.As riva‐ lidades entre as potencias capitalistas que levaram a essa divis5o

tamb6m geraram a Primeira Guerra Mundialo N5o precisamos discutir aqui os mecanismos especfficos atrav6s dos quais o “capitalismo monopolista"levou ao colonialisinO― ― as opini5es divergem a esse respeito, mesrno entre os marxlstas ―― ou a amplia95o mais recente dessa andlise numa “teoria da depen‐

dencia" de alcance nlais geral, no filn do s6culo XX. De uma forma ou de outra,todas partem do princfpio de quc a expanS50

cconOnlica ultramarina e a cxplorac5o do mundo ultramarino foram cruciais para os pafses capitalistas,

N5o seria particularmente interessante fazer uma crftica dessas teorias, o que seria irrelevante no presente contexto. O pontO a observar ё apenas que os analistas n5o‐ marxistas do

imperialismO tenderam a arguir o opOstO dos que os marxistas diziam.obscureccndo assim o tema.Tenderanl a negar qualquer

94

A

θrα ごOs′

:Os Pび ′



conex5o especffica cntre o imperialismo do filn do sCculo XI:X

e do s6culo XX com o capitalismo em geral,ou com sua ctapa particular quc, como vimos, parecia emergir no final do s6culo XIX,Negaram que o imperialismo t市 esse rafzes econOmicas iinportantes, que beneficiassc econonlicamente os paFses impe‐

riais e, menos ainda, quc a explorag5o das zonas atrasadas fosse, de alguma forma, cssencial ao capitalismo, c que seus efeitos nas econonlias coloniais fossem negativoso Argumenta‐ ram que o imperialismo nao levOu a rivalidades incontorniveis entre as potencias iinperiais e que sua rela95o com a origem da Primeira Guerra Mundial n5o foi significat市 ao ReieitandO as explicag6es econOFniCaS,eles se concentraram em argumentos de ordenl psico16gica, ideo16gica, cultural e polftica, cmbora

normallnente evitassem com todo cuidado o terreno perigoso da polftica interna,pois os marxistas tamb6nl tendiam a ressal¨ tar as vantagens que as classes dirigentes metropolitanas aufe‐ riam com as polfticas e propaganda imperialistas,pois estas,en‐

tre outras colsas, se contrapunham ao crescente lnteresse das classes trabalhadoras pelos moviinentos oper`rios de massa. Alguns desses contra¨ ataques se mostraram poderosos e eficazes,

cmbora muitas dessas linhas de argumenta9ao fossem mutua‐ mente incompativeis.Na verdade,boa parte da literatura te6rica pioneira do antiilnperialismo nao 6 defensivel= Mas a desvan‐ tagem da literatura contrdria a ela ё a nao_explicacaO efetiva da coniuga950 de fatores econOmicos e polfticos, nacionais e internacionais,cuiO impacto seus contemporaneOs acharam tao importante, por volta de 1900, que procuraram dar‐ lhes uma cxplicagao abrangenteo Ela nao explica por que seus contempo‐

raneos acharam quc o``imperialismo" era a um s6 tempo uma ″ αIo Em suma, novidade e um acontecimento historicamente cθ ″′ boa parte dessa literatura se liinita a negar fatos quc eram bas‐

tante 6bvios a 6poca c ainda sao。

Deixando o leninismO e O antileninismo de lado, a pri‐ meira coisa que o historiador tem de restabelecer 6 o fato 6bvio,

que ningu6nl teria negado nos anos 1890, de quc a divisaO dO globo tinha uma diinens5o cconOnlica. Demonstr`… lo n5o 6 ex‐ plicar tudo sobre o perfodo do imperialismo.C)desenvolvimento

econOmico nao 6 uma esp6cie de ventrlqoquo com o resto da hist6ria como seu boneqoo Neste sentido, mesmo o homem de

95

A era dos imp6rios

neg6cios mais liinitado a prOcura do lucro enl, digamos, minas sul‐ africanas

de ouro e diamantes iamais pode ser tratado exclu‐

sivamente como uma m`quina de ganhar dinheiroo Ele n5o ficaぃ va imune aos apelos polfticos, cmocionais, ideo16gicos, patri6‐

ticOs ou mesmo raciais associados de modo tao patente a cxpan_ s5o imperial,Entretanto,embora seia pOSSfvel determinar uma

conex5o econOnlica entre as tendencias do desenvolviinento econOnlico no centro capitalista do mundo na 6poca e sua ex‐ pans5o na periferia, torna‐ se muito menos plausfvel il■ putar todo o peso da explica95o do iinperialismo a motivos que n5o tenham uma conexao lntrinseca com a penetra95o c a conqulsta

do mundo nao_Ocidentalo E meslno os que parecem ter, como os calculos estrat6gicos das potencias rivais, devem ser analisa‐

dos tendo em mente a diinensao ecOnomica. Nem a polftica atual no Oriente M6dio,quc est`longe de ser explicttvel apenas em temos econOnlicos, pode ser discutida realisticamente sem levar em conta o petr61co.

Ent5o, o fato lllaior do s6culo XIX 6 a criagao de uma eCOnOFnia global `nica, quc atinge progressivamente as mais

remotas paragens do mundo,uma rede cada vez mais densa de transa96es econOrnicas, comunicag6es e moviinentos de bens, dinheiro e pessoas ligando os pafses desenvolvidos entre si e ao mundo nao desenv01vido(verス Erα ごοCα ρ αJ,cap.3)。 Sem j′

isso n5o haveria um motivo especial para que os Estados euro‐ peus tivessem urn interesse algo mais que fugaz nas quest6es,

digamos, da bacia do rio Congo,ou tivessem se empenhado em disputas dip10miticas enl torno de algum atol do Pacffico. Essa globalizagao da ecOnOrnia n5o era nova,embora tivesse se acele‐ rado consideravellnente nas d6cadas centrais do s6culoo Ela con‐ tinuou a crescer ―― menos notavellnente eln termos relativos, por6nl mais nlacicamente enl termos de volume e cifras― ―entre

1875 e 1914. As exportag6es europ6ias, de fato, tinharn mais que quadruplicad6 entre 1848 e 1875, ao passo que entre esta `ltiina data e 1915 1840 apenas duplicaramo s6 Masdea 10 navega95o mer‐ cante mundial,cntre e 1870,passou a 16 1nilh6es de toneladas,para dobrar,os quarenta anos seguintes,enquanto ■lil a rede ferrovi`ria mundial passava de pouco mais de 200 qui16metros(1870),a maiS de l milhao as v6speras da Primeira Guerra Mllndial.

4 θrσ

びrros rfο s 2′ηρ

Essa malha de transportes cada vez mais fina incorporou at6 os pafses atrasados e anteriormente marginais h econonlia mundial, e criou nos velhos centrOs de riqucza e desenvolvi‐ mento unl interesse novo por essas areas remotas.De fato,agora quc eram acessfveis, muitas dessas regi6es pareciam a priineira

vista meras extens6es potenciais do mundo desenvolvido, quc

itt eStavam sendo povoadas e desenvol宙 das por homens e mulheres de origenl europ6ia, elirninando ou repelindo os habitantes nativos,gerando cidades e sem d`vida,com o tempo, civiliza95o industrial: EUA a oeste do Mississippi, Canadi, Austrdlia,Nova Zelandia,Afl・ ica dO Sul,Arg61ia,o Cone Sul

da Am6rica do Sul.A pre宙 sao,comO veremos,estava errada. Entretanto, cmbora multas vezes remotas, essas areas eranl, na mentalidade da 6poca, diferentes daquelas outras regi6es quc, por motivos cHmttticos,n5o atrafam o povoamento branco,lnas aonde―一 citando um destacado administrador imperial da 6poca ―― “O CurOpeu podia ir, cm n`mero reduzido, com seu capital, sua energia e seu conheciinento para desenvolver um com6rcio extremamente lucrativo e obter produtos necessarios aO uso de sua civilizagao avancada".5 Pois a sua civilizag5o agora precisava do ex6tico。

(D desen‐

volviinento tecno16gico agora dependia de mat6rias‐ priinas que,

devido ao clima ou ao acaso geo16gico, serianl encontradas exclusiva ou profusamente em lugares remotos. O motor de combust5o interna, criac5o tfpica do perfodo que nos ocupa,

dependia do petr61eo e da borracha. O petr61eo ainda vinha

predominantemente dos EUA e da Europa(da R`ssia e,muito atrtts, da Romenia)mas OS Campos petrolfferos do Oriente M6dio itt eram ObietO de intenso confronto e conchavo diplo‐ mtttico, A borracha era um produto exclusivamente tropical, extraFda conl uma explorac5o atl・ oz de nativos nas florestas equatoriais do Congo e da AmazOnia, alvo de protestos anti‐ imperialistas precoces e iustifiCadoso Com o tempo,foi extensa‐

inente cultivada na Malaia.* C)estanho provinha da Asia e da AΠlё rica do Sul.Os metais nao‐ ferrosos,que anteriormente eram irrelevantes,tornaraln‐ se essenciais para as ligas de aco exigidas

pela tecnologia da alta velocidadeo Alguns deles eram abundan‐

tes no mundO desenvolvido,notadamente nos EUA,mas outros ,yα

′ αiα ′nome da Ⅳlalafsia antes de sua independencia.(N.da T.)

0フ

A era dos lmper10s

1laoo As novas ind`strias elCtrica e de motores precisavanl muito de um dOs metais mais antigos, o cObre. Suas principais reser‐

vas, c, por conseguinte, seus maiores produtores, estavam no que o final do s6culo XX chamaria de Terceiro Mundo: Chile,

Peru,Zaire,Zambiao E,6 claro,havia uma dernanda constante e nunca satisfeita de metais preciosos que,neste perfodo, trans‐

forrnaram a Africa dO Sul,de longe,no maior produtor de ouro

do mundo, sem contar sua riqucza em diamantes. As nlinas eram os principais pioneiros da abertura do mundo ao iinpe‐ ialisrno, rnuito eficazes nesse papel, porque os lucros eram suficientemente excepcionais para iustifiCar tamb6m a cons― 1・

tru9a o dc ramais de ferrovias.

Independente das exigencias de uma nova tecnologia, o crescilnento do consumo de massa nos paFses metropolitanos gerou um mercado enl rdpida expans5o para os produtos aliinen‐

ticios, Em volume absoluto, ele era donlinado pelos produtos aliinentfcios b6sicos da zona temperada, cereais c carne, agora

roduzidos de modo barato e em grandes quantidades em v6rias

zonas de povoamento curopeu ―― Am6五 ca do Sul e do Norte, R`ssia e Austra16sia.Mas ele tamb6m transformou o

mercado dos produlos h` muilo ―― e caracteristicamente 一― cOnhecidos(ao menOs em alem5o)comO ``bens coloniais'' c vendidos nos arrnaz6ns do mundo desenvolvido: a9`car, cha, cafご ,

cacau e seus dcrivadoso Com O transporte r`pido c a con― scrvac5o, as frutas tropicais e subtropicais passaram a estalヽ disponfveis: eles viabilizaram a bα ″α″αrθ ρ briσ “ gramas de cha Os britanicos, quc haviam consumido 700 .

j`α nos anos 1840 e l,5 kg nos anos 1860, cstavam ρθr Cα ρ

consumindo 2,6 kg nos anos 1890, Inas isso representava unla m6dia anllal de importa95o de 102 rnil toneladas, contra menos de 45 rrli1 loneladas nos anos 1860 c cerca de 18 nos anos 1840,

Enquanto os britanicOs abandonavam as poucas xfcaras de caf6

quc bebiam, parh encher seus bules com ch` da india c do Cei15o(Sri Lanka),OS americanos c alemaes importavam caf6 em quantidades cada vez mais espetaculares, notadamente da Arn6rica Latina. No infcio dos anos 1900, as faFnflias de Nova lorqlle consuFniam meio quilo de caf6 pOr senlana, Os fabrican…

tes Ouaker de bebidas e chOcOlate da lnglaterra, felizes por distribuir bebidas nao_alc061icas, obtinham sua mat6ria‐

prilna

A

98

θrα ′Os i“ pι rjο s

na Af五 ca Ocidental e na Am6rica do Sul.Os astutos homens

de neg6cios de Boston,que fundaram a United Fruit Company em 1885, criaranl impё rios privados no Caribe para fornecer a Arnё rica a antes insignificante banana.Os fabricantes de sab5o,

explorando o priineiro mercado a demonstrar cabalinente a potencialidade da nova ind`stria publicitttria, se voltaram para jο れs, as grandes proprie‐ os 61eos vegetais da Africa. As plα ′ ′ `α dades rurais e as fazendas eram o segundo pilar das econornias

ilnperiais, Os comerciantes e financistas metropolitanos eram o terceiro.

Esses fatos nao mudararn a forrna nem o cardter dos pafses

industrializados ou em processo de industrializag5o, cmbora tenham criado novos ramos de grandes neg6cios, cuios destinos ligavanl―

se intiinamente aos de deterlninadas partes do planeta,

como as companhias de petr61eo. Mas transforrnaram o resto

do mundo, na medida cm que o tornaram um complexo de territ6rios coloniais e senlicoloniais quc crescentemente evoluFam

em produtores especializados de um ou dois produtos priin`rios de exporta95o para o mercado mundial,de cujos caprichos eram totalinente dependentes. A Malaia cada vez mais significava borracha c estanho; o Brasil,cafё ; o Chile,nitratos; o Uruguai,

carne;Cuba,a9■ car e charutos,Na verdade,h excec5o dos EUA, mesmo as co10nias de povoamento branco fracassaram em sua industrializac5o(nesta ctapa),pOrque tamb6m icaram presas na gaiola da especiaHza950 internacional. Elas podianl tornar‐ se

extraordinariamente pr6speras, Ineslno para padr6es europeus,

sobretudo quando seus habitantes eram imigrantes europeus livres e,cm geral,militantes com forca polftica cm assemb16ias eleitas,cuio radiCalismo democraticO podia ser tremendo,em‐ bora norinalinente n5o incluFsse os nativos。

* Um europeu que

deSeiasse emigrar, na Era dos lmp6rios, provavelmente teria feito melhor em ir para a Austrdlia,Nova Zelandia,Argentina ou lUruguai do que para qualquer outro lugar,inclusive os EUA. Todos esses pafscs desenvolveram partidos trabalhistas e radi‐ cal‐

democratas, ou mesrno governos, c ambiciosos sistemas p`‐

blicos de bern‐ estar e previdencia social(Nova Zelandia, uru_ ' Na verdade, a democracia branca os exclufa dos beneficios conquista・

dos para os de pele branca. e inclusive se recusava a consider五 como plenamente huinanos.

‐ los

A cra dos lmper10s

guai)inuito antes dos Estados europeuso Mas o fizeram como complementos da econOrnia industrial europ6ia (isto 6, cssen‐ cialinente britanica)e,portanto,para eles― ― Ou,cnl todo caso, para os interesses vinculados h expOrtagao de produtos priind‐ rios― ― nao era neg6cio sc industrializaro Nao que as metr6poles fossern receber de bra9os abertos sua industrializa95o. Qualquer que fOsse a ret6rica oficial, a fungao das c。

16nias e das depen‐

dencias infOrmais era complementar as economias metropoli‐ tanas e n5o fazer‐ lhes concorrencia,

Os territ6riOs dependentes que n5o pertenciam ao que foi denorninado “capitalismo de povoamento" (branco) n5o sc safrarn tao bemo seu interesse ccOnOrnicO residia na cOmbinacao

de recursOs a uma fOr9a de trabalhO qu9,cOmposta de“ nativos'', custava pouco e podia ser nlantida baratao Entretanto,as 01igar‐

quias de propriet`rios de terras e de comerciantes agentes de pOtencias estrangeiras― … locais, importados da Europa ou anl_ bos ―― e, onde existianl, de seus governantes, benё ficiavaFn¨ Se com a dura950 absoluta dO perlodo de expansao das mat6rias‐ priinas de exportagao de suas regi6es, interrompido apenas por

crises breves,embora as vezes dram6ticas(cOmo na Argentina em 1890),geradas pe10 cic10 cOmercial,pela excessiva especula‐

caO,pela paz e a guerrao Entretanto,cmbora a Priineira Guerra Mundial tenha desorganizado alguns de seus mercados, os prO‐ dutores dependentes estavanl muito distantes delao Do ponto de vista destes,a era dos imp6rios,que come9ou no final dO s6culo XIX,durOu at6 a Grande Depressao de 1929‐ 1933。 Ainda assim, no transcurso deste perfodo eles se tornariam crescentemente vulnerdveis, pois suas fortunas eranl, cada vez mais, funca0

do pre9o do caf6(quc em 1914 i`era respons`vel por 58% do valor das exporta95es brasileiras e 530/o das co10mbianas)、

da borracha, do estanho, do cacau, da carne ou da 15。 POrё m, at6 a queda vertical dos pre9os das mercadorias priinttrias du‐

rante a depressao de 1929,essa vuinerabilidade, quandO cOnsi‐

derada a 10ngO prazo, nao parecia ser muito significativa comparada )aparentemente iliinitada expansaO das exportac6es e dos cr6ditoso Ao contr6rio, como viinos, antes de 1914 os termos de trOca pareciam evoluir a favOr dos fornecedores de produtOs pritndrios`

4

100

θ″ α r10s I“ ρθ770S

Entretanto,a lmportancla ccOnonllca crescente dessas areas

para a econonlia mundial n5o explica por que, entre outras coisas, os principais Estados industriais deverial■

l ter se preci‐

pitado em dividir o planeta em co16nias e esferas de influencia。 A an6Hse antiiinperialista do iinperialismo sugeriu v`rios moti‐ vos por quc os aconteciinentos deverianl ter se desenrolado assil■ O mais conhecido deles― ― a pressao dO capital por investilnen‐

.

tos mais rentiveis do que os realizados em seu pr6prio paFs, investiinentos garantidos contra a rivalidade do capital estran… geiro ―- 6 o menos convincenteo Como a exportag五 o britanica de capital se expandiu iinensamente no `ltiino ter9o do sё culo c,de fato,a renda desses investiFnentOs se tornou cssencial para

O balango de pagamentos britanicO, era perfeitamente natural relacionar o``novo imperialismo"as expOrta9ocs de capital,como

fez I.A.Hobsono Mas nao hi cOmO negar que,na verdade. muito pouco desse fluxo maci9o tomou o rumo dos novos impё rios coloniais: a maior parte do investilnento ultramarino

―― que estavam se desenvolvendo r`pido e eram em geral antigas ――

britanico se dirigiu as c016nias de povoamento branco

』胤 ,響 [ 踊 轟 胤 お 胤 露¶ 淵 織 記 ∬ 努 胤 ca dO Sul),c aOs que podenl ser chamados de donlfnlos``honor6‐

rios",como a Argentina e o Uruguai,sem falar nos EUA.Ade‐ mais,o grosso desses investimentos(76%em 1913)reveStiu a fo.11la de cmpr6stimos p`blicos a ferrovias e empresas de servi“

cos p`blicos,que certamente remuneravanl melhor quc o inves‐ tiinento na dfvida interna do governo britanicO__conl m6dias t鼻 蕉 :u:考 s瞑 瀾 :il驚 路 tF犠 盤 鑑 na Gra‐ Bretanha, exceto, sem d`vida, para os banqueiros quc os adnlinistravamo Esperava‐ se quc fossem investimentos mais

I:lTl:Wl北

seguros do que altamente remuneradores, Nenhum desses fato‐ res significa quc asこ o16nias n5o foram adquiridas porquc algum

grllpo de investidores nao esperassc enriquecer da noite para O dia,ou em defesa de investimentos itt realiZados.Indepen‐ dente da ideologia,o motivo para a Guerra dos Bο

θrs foi o ouro.

Uin inotivo geral mais convincente para a expansao co10_ nial foi a procura de mercados。 (D fato de esta muitas vezes fracassar d irrelevante. Era amplamente disseminada a crenca

A era dos lmp`rlos

101

de quc a “superproducao" da G}rande Depressao poderia ser resolvida pOr meio de um vasto esfor90 de exportag5o. Os ho―

mens de neg6cios, sempre propensos a preencher os espa9os

em brancO no mapa do com6rciO mundial com altos n`meros de clientes potenciais, naturallnente procurariam estas `reas inexploradas: a China, uma das que povoava a imagina95o dos

homens de venda― ― e se cada um daqueles 300 rnilh6es conl‐ prasse apenas uma caixa de perceveiOS de estanho?一 ―e a Afri― ca,o continente desconhecido,a outrao As Camaras de Com6rcio das cidades britanicas, no infcio dos anos 1880, em plena de‐ press5o, ficaram indignadas s6 de pensar quc as negociag6es diplom`ticas podiam iinpedir O acesso de seus comerciantes h bacia do Congo, que sc acreditava oferecer indiziveis perspecti―

vas de vendas, ainda mais quando esta co16nia estava sendo explorada por aquele homem de neg6cios coroado, o rei dos belgas,Leopoldo H,7 comO um proiet0 1ucrat市 o。 (Seu m6tOdo favorito de exploragao,por meio do trabalho forcadO,nao visa_ va incentivar elevadas compras pθ r c"pj′α′quando n5o diini‐

nuindo efetivamente o n`mero de fregueses cOm a tortura e o massacre。

)

Mas o ponto crucial da situagao ecOn6mica global foi que um certo nimero de econoFniaS desenvolvidas sentiu siinulta―

neamente a necessidade de novos mercados, Quando sua forOa era suficiente, seu ideal eranl ``portas abertas" nos mercados do mundo subdesenvolvido; casO cOntr`rio, elas tinham a espe‐ ranga de conseguir para si territ6rios que, em virtude da sua dominacao, garantissem a econonlia nacional uma posicao mO_ nopolista ou ao lnenos uma vantagem substancial.A conseqten― cia 16gica fOi a reparti95o das partes n5o ocupadas do Terceiro Mundoo Num certo sentido, tratava‐ se da extens5o do protecio‐

nismo,que ganhou terreno em quase todas as partes ap6s 1879 (Ver Capftulo anterior)。

``Se VOCes n5。 fossem protecionistas tao

teiinosos", diSSe o priineiro‐ lninistro britanico ao embaixador

frances em 1897, ``n5o ■os achariam tao 6vidOs por anexar 8 Neste sentido, o

“novo iinpe五 alismo" foi o sub‐ prOduto natural de uma ccononlia internacional bascada na riva― lidade entre v`rias econonlias industriais concorrentes, intensi‐ territ6rios''。

ficada pela pressao cconornica dos anos 1880. Daf n5o decorre que sc esperasse a transfo.1.la95o de qualquer co16nia em parti‐

ス θ′ αJοs′ P″ わs “

102

cular, por si s6, no Eldorado, embora isto tenha efetivamente

acontecido no caso da Africa do Sul, que se tomou o malor produtor inundial de ouro.As co16nias podialn propiciar apenas DaSeS adequadas ou trampolins para a penetrag5o na cconomia da regi五 o. Isto foi declarado com toda clareza por um funcio‐ nttrio do Departamento de Estado dos EUA por volta da virada

do s6culo, quando os EUA seguiram o estilo intemacional, fazendo uma breve investida para a construcao de um impё

rio

colonial pr6prio。 A essa altura torna‐ se diffcil separar os mOtiVOs econOrrli‐

緊 緊 1:::∬ 乳 J驚 置 e∬ aЪ ∬ 篇 liオ ∬ ∵ 露 」 ё a cconomia operando com a aiuda da polftica,O mot市 ピ1鮨

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locais cruciais para o controle do acesso a virias regi6es terres‐

tres e maritiinas consideradas como vitais para os interesses

mundiais comerciais e marftimos britanicOs ou que, com o surgiinento do navio a vapor,podiam funcionar como postos de abastecimento de carvaO。



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(Gibraltar e Malta sao antigOs exem‐

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meiras(ou,mais provavelmentep em`reas cobertas de arbustos secos), a aquiSig5o de co16nias se tornou um s(lnbolo de s`α

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A era dos imp6rios

103

menoro A Italia insistiu elll tOmar extens6es decididalnente dc‐ sinteressantes de desertos e mOntanhas africanas, no intuito de

dar respaldo a sua posig50 de grande potencia; e, sem divida, seu fracasso na conquista da Eti6pia crn 1896 preludiCOu essa pos19ao.

Pois se as grandes potencias eram Estados que adquiriam co16nias, as pequenas nag6es nao tinhanl, por assiln dizer, ``ne‐

nhum direito" a elas.A Espanha perdeu a maior parte do que lhe restava de imp6rio colonial em decorrencia da Guerra His‐ pano‐ Americana

de 1898. Como viinos, foram seriamente dis‐

cutidOs planos de repartir o remanescente do iFnp6rio africano de Portugal entre os novos colonialistaso Apenas os holandeses

mant市 eram,cm silencioフ

suas ricas c antigas co16nias(princi‐

palmente no sudeste asidtico),c ao Rei dos belgas,como tam‐ b6m vilnos, foi perrnitido demarcar seu donlfniO privado na Africa, 9om a COndicao de manter seu acesso aberto a tOdos, porque nenhuma grande potencia estava disposta a dar a outra uma parte significativa da grande bacia do rio Congo.Devemos,

6 clarO, acrescentar que em vastas extens6es da Asia e das Arn6ricas uma reparti9aO maci9a por potencias europ6ias estava fora de quest5o por motivos polfticos.Nas AFn6riCas, a situaga0

das co16nias europ6ias sobreviventes estava congelada pela Doutrina Monroe: s6 os EUA tinham liberdade de aca。 。Na maior parte da Asia, a luta era por esferas de influencia em Estados nonlinallnente independentes, notadamente China, P6r‐

sia c lmp6rio Otomano,Ha宙 a a cxce95o dos russos e dos iapo― neses ―― os prilneiros cstendendo com exito sua `rea na Asia Central, inas fracassando na cOnquista de parcelas apreci`veis no norte da China,os`ltiinOs incorporando a Cor6ia c Forrnosa

(TaiWan)comO resultado de uma guerra com a China em 1894‐ 1895。

As principais regi6es onde havia cOmpetigaO pela deten‐

95o de terras ficavam,assim,na prdtica,na Africa e na Oceania. Assiln sendo, explicag6es essencialinente estrat6gicas do imperialisino atrafram alguns histOriadores, que tentaram colo‐

car os motivos da expansao britanica na Africa crn termos da necessidade de defender as rotas para a lndia, bem como suas vias de acesso marftilnas e terrestres,contra ameagas potenciais. De fato,ё importante recordar que,globallnente falando,a lndia era o cerne da cstrat6gia britanica e que esta exigia o controle

104

θαdos i“ P″ メ「

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nao apenas das rotas maritimas curtas(Egito,Oriente Mё dio、 Mar VerrnelhO,Golfo P6rsico e Ardbia do Sul)e longas(CabO da Boa Esperanga c Cingapura)para o subcontinente, mas de todo o Oceano lndicO, inclusive de setores cruciais do litoral e do interior da Africa。 (Ds governos britanicos tinham aguda

consciencia disto. Tamb6m 6 verdade quc a desintegra95o do poder local em algumas 6reas cruciais para este fiin, como o Egito(incluindo o Sudao),levOu Os britanicos a implementarem uma presenga polftica direta muito maior que sua inten05o ini‐

cial e,inclusive,governo efetivo,Contudo,esses argumentos nao

invalidam uma andlisc econOmica do imperialismo.Em primeiro lugar, eles subestilnam o incentivo diretamente econOnlico para a aquisi95o de alguns territ6riOs africanOs, dos quais o sul da

Africa 6 o mais 6bvio.A disputa pela Africa Ocidental e pelo Congo, em todo caso, foi basicamente econOnlica. Em segundo lugar,eles passam por alto o fatO de a lndia ser a``gema mais esplendida da coroa imperial" e o cerne do pensamento estra‐ t6gico britanico global,iustamente em virtude de sua importan‐ cia muito real para a econonlia britanicao Esta importancia nun‐ ca foi inalor quc ent5o,quandO at6 600/O das exporta96es brita‐

nicas de algodao iam para a lndia e o Extremo Oriente,princi‐ pallnente para a lndia ―― s6 para ela foram 40‐ 450/0 -― e o balan9o de pagamentos internacional da Gr5‐ Bretanha dependia do super`vit propiciado pela lndiao Enl terceiro lugar,a pr6pria desintegrag5o dos governos nacionais locais, que as vezes acar‐

retou a iinplantag5o de um governo europeu em areas quc os europeus anteriorrrlente n5o tinham se preocupado em adrninis‐ trar,derivou do fato de as estruturas locais terenl sido solapadas

pela penetragao econornicao E, por fiin, 6 va a tentativa de

prOvar que nada no desenvolviinento interno do capitalismo ocidental nos anOs 1880 explica a redivis5o territorial do mundo,

pois o capitalismO mundial nesse perfodo foi claramente dife‐

rente do quc fora nOs anos 1860, Agora, ele consistia numa pluralidade de “econonlias nacionais" rivais,

“protegendo‐ se''

umas das outras.Enl suma,a polftica c a econonlia nao pOdem ser separadas na sociedade capitalista, assiin como a religi5o c a sociedade nao podem ser isoladas nas regi6es islanlicas, A tentativa de formular uma cxplicacao puramente nこ o econOrnica

A era dos imp6rios

105

para o ``novo imperialismo"6 t5o irrealista como a de explicar em termos puramente nao ecOn6trlicos o surgiinento dos parti‐ dos operarlos,

Na verdade,o surgiinento dos moviinentos operdrios ou,de maneira mais geral, da polftica democratica(ver pr6xiino capf‐

tu10)teve uma relacao nftida com o surgiinento do “nOvo iin‐ perialismo".A partir do momento em quc o grande imperialista Cecil Rhodes obseⅣ ou clr1 1895 quc,para evitar a guerra civil, era preciso se tornar imperialista,9 a maioria dos observadores

se conscientizou do assiin chamado “ilnperialismo social", isto ё, da tentativa de usar a expans5o iinperial para diininuir o

descontentamento intemo por meio de avan9o econ6nlico ou reforma social, ou de outras maneiras. N5o hi d`vida de quc todos os polfticos eram perfeitamente conscientes dos beneffcios potenciais do imperialismo.Em alguns casos― ― notadamente na

Alemanha 一 o surgimento do imperialismo foi basicamente explicado epl termos da``prilnazia da polftica interna".A versao de Cecil Rhodes do imperialislnO social,que pensou basicamente nos beneffcios econOnlicos quc O iinp6rio, direta ou indireta‐

mente, podia propOrcionar as massas descontentes, foi talvez a menos relevanteo N5o htt provas v`lidas de quc a∞

nquista co10-

nial como tal tenha tido muita relagaO com O nfvel de emprego

ou com os rendiinentos reais da maioria dos oper`rios dos paises metropolitanos,* e a id6ia de quc a enligragao para as co16nias propiciaria uma v61vula de escape aos paFses superpo¨

voados foi pouco mais que uma fantasia demag6gica。 (Na ver‐ dade,nunca foi tao f`cil encontrar unl lugar para onde emigrar quc entre 1880 o 1914, c apenas uma fnfiina nlino五 a de e■11¨ grantes se dirigiu as co16nias

―― Ou precisou faze.1。 。 )

Muito mais relevante era a conhecida pr`tica de oferecer aos eleitores a g16ria, muito mais que refo....as onerosast e o quc h`de mais glorioso que conquistas de territ6rios ex6ticos e ra9as de pele escuFa,sobretudo quando no.11lallnente era barato ・ Em casos isolados o imp`rio pOde ser itil. Os mineiros da Cornualha trocaram em massa as minas de estanho decadentes de sua peninsula pelos campos aurfferos da Africa dO sul, onde ganhavam muito dinhei‐ ro e morriam ainda mais cedo que de costume de enfennidades pull■ o‐ nares. Os proprietarios de nlinas de Comualha, conl menos risco para suas vidas, compraram novas nunas de estanho na Malaia.

αごos Aθ′

106

iれ ″riOS

domin`‐ los?De fo.11.a mais geral,o impeialismo encoralou as

massas, c sobretudo as potencialinente descontentes, a se iden‐ tificarem ao Estado e a nag50 imperiais, outorgando assiin, in‐

conscientemente, ao sistema pol`tico e social representado por esse Estado iustifiCagaO e legitimidade.Numa era de polftica de

massa(ver pr6ximo capftulo),meSm0 0s sistemas antigos preci‐ savam de nova legitinlidade.l'ina vez inais,seus contemporaneos tinham total clareza a este respeitoo A ceriinOnia britanica de

coroagao de 19o2,cuidadosamente remodelada,foi elogiada por visar a expressar``o reconhecilnento,por uma democracia liVre, ″Jjα Jご θ ο s`“ bο Jο Jο ごο″2`れ 'ο ““ “ (grifO meu).Em suma,O imp6rio era um excelente

de uma coroa hereditttria cο j〆 ′

Spι σ S″ α θ

aglutinante idco16gico.

N5o 6 totallnente claro at6 que ponto essa variante espe‐

cffica de patriotismo exacerbado foi eficaz, especiallnente em paFses onde o liberalismo e a esqucrda, mais radical, contavam com fortes tradic6es antiimperial, antiinilitar, antico10nial ou, se quc, em vttrios paFses,o inlpe五 alismo era extremamente popular entre os novos estratos lm6dios e de colarinhos brancos, cuia identidade social de maneira mais geral, antiaristocrdticao Sabe‐

residia,em grande medida,na reivindicag5o de serem os instru‐ mentos preferenciais do patriotisnlo (ver cap. 8)。

Sao muitO

menos numerosos oS indfciOs de qualquer entusiasino esponta‐ neo dos operdrios pelas conquistas coloniais,ainda FnenOS pelas

guerras,ou,na verdade,de qualquer grande interesse nas co16‐ nias, novas ou antigas(a exce95。 das de povoamento branco)。 o exito das tentativas de institucionalizar o orgulho pelo ilnpe‐

rialismo,como com a fixacao de um“ E)ia do lmp6rio"na Gra‐

Bretanha(1902), dependia amplamente da mobilizagao de um p`blico cativo de escolares(C)apelo ao patriotislno,em sentido mais geral, seri abordado abaixo。 ) Entretanto,6 impossfvel negar quc a id6ia da superioridade

em relagac a um mundo de peles escuras situado em lugares remotos e sua domina95o era autenticamente popular, benefi‐ ciando, assil■ , a polftica do imperialismo. Enl suas grandes ex‐

posi96es internacionais(ver 24 E″ α JO Cα ρj′ αJ, cap. 2), a ciVili‐ zagaO burguesa sempre se orgulhara do triunfo triplo da ciencia, da tecnologia e das manufaturas. Na era dos imp6rios, ela tanl‐ b61n se orgulhar` de suas co16nias.No final do s6culo multipli―

A era dos imp6rios

107

caram‐ se os``pavilh6es coloniais't at6 entao praticamente desco‐

nhecidos:dezoito deles complementaraFn a TOrre Eiffel enl 1889, catorze atrafram os turistas a Paris em 1900.1l Tratava‐ se, sem

d`vida, de publicidade proposital, mas como toda propaganda ―― comercial ou polftica ―一 reallnente bem‐ sucedida, s6 teve exito pOr ter tocado um ponto sensfvel do p`blico. As exposi‐ 96es coloniais eram um sucesso.Os iubileus,funerais e coroa‐ 96es reais britanicos eram ainda mais iinpressionantes porque,

como os antigos triunfOs romanos,c対 biam marai`S Submissos com vestirnentas preciosas― ― livremente leais e n5o cativos. As paradas llnilitares tornavam― se ainda mais coloridas por incluir

sikhs enturbantados, raiplltS bigodudos, gurkas sorridentes e ilnplac`veis, cavalarianos argelinos e altos senegaleses negros:

o mundo do que era considerado como barb`rie a servi9o da civilizag5oo Mesmo na Viena dos Habsburgo, desinteressada de co16nias ultramarinas, um povoado ashanti fascinou os visitan― tes. O JO夕α″jθ r* Rousseau nao era O `nico a sonhar com os tr6picos.

Assiln sendo,a sensag5o de superioridade que uniu os bran‐ COS OCidentais― ― ricos, classe m6dia e pobres― ― nao se deveu apenas ao fato de todos eles desfrutarem de privi16gios de gover_

nante,sobretudo quando efetivamente estavam nas co16nias.Em

Dacar ou Mombaca,o lnais modesto funciondrio era um amo e era aceito como gθ れ θ αれpor pessoas que nenl teriarn notado

sua cxistencia cm Paris “ ou Londres; o operario branco era um `′

comandante de negroso Mas meslno onde a ideologia insistia numa igualdade,Inesmo potencial,csta se transformava gradual‐

mente em dorninagao, A Franga acreditava na transforma95o s de seus s`ditOS enl franceses,teoricamente descendentes de“ ο α″cO′ rθ s, Jθ s gα Jο is (nOSSOs ancestrais, os gauleses)― cOmo

“ insistianl,tanto em Timbuctu como na Marti‐ os livros did`ticos nica c em Bordeaux― ― ao contr6rio dos britanicos,convencidos

do carttter n5o‐ ingles essencial e perlnanente dos bengalis e

lorub`so Contudo,a cxistencia mesma desses estratos de ινοJ“ びs nativos ressaltava a falta de ``evolu95o" da grande maioria. As

lgreias empreenderam a convers5o dos pagaos a vttrias vers6es da verdadeira f6 crista, exceto onde ativamente desencoraiadas ・ Oficial da alfandega francesa。

(N.da T.)

Aθ ″α ′οs

108

i“ Pご riο s

pelos governos coloniais(como na rndia)Ou onde a tarefa era claramente impossfvel(cOmo nas regi5es islamicas). Essa foi a 6poca clttssica de empenho FlliSSiondrio maci9o.ホ

O trabalho mission`rio nお foi,de forma alguma,um intelllle― dittrio da p01`tica imperialistao Muitas vezes se opOs as autori_ dades coloniais; quase sempre colocou os interesses de seus con‐

vertidos em priineiro lugar. Contudo, o sucesso do Senhor se dava em fungao do avango iinperialista. Ainda pode ser deba‐ tido se o com6rcio seguiu a bandeira, Inas nao hう divida de que a conquista colonial abriu o canlinho a a95o .lission`ria efet市 a― ―como

em Uganda,na Rod6sia(Zambia c zimb`buc)

e Niassalandia(Malaui).E se a cristandade insistia na igualda‐ de de alinas, ressaltava a desigualdade de corpos 一― mesmo de corpos clericaiso Era algo feito pelos brancOs para os nativos, c pago pelos brancos.E embora os fi6is nativos se multiplicassem,

ao menos a metade dO clero continuou branca. Quanto a um bispo de cor, seria necess`rio um ■licrosc6plo potente para detecta‐ lo

em algum lugar entre 1880 e 1914.A Igreja Cat61ica

s6sagrou seus priineiros bispos asi6ticos nos anos 1920,oitenta

anos ap6s ter Observado o quantO isso seria desei4Vel.13

Quanto ao movilnento mais apaixonadamente devotado



igualdade entre todos os homens, ele falava com duas vozes, A csquerda secular era ant五 mperialista cllll seus princFpios e fre‐

qtientemente em sua pritica.A liberdade para a lndia,como a liberdade para o Egito c a lrlanda,eram o obiet市 O dO mO宙 ‐ mento trabalhista britanico. A esquerda nunca vacilou em sua condenag5o das guerras e conquistas coloniais,correndo muitas vezes o risco consider`vel de uma iinpopularidade tempordria ―― como na oposi950 britanica a Guerra dos Boerso C)s radicais

revelaram Os horrores do Congo, das plantag6es metropolitanas de cacau nas ilhas africanas, do Egito. A campanha que levou a grande vit6ria eleitoral do Partido Liberal britanico em 19o6

foi travada,em grande nledida,por meio de denincias p`blicas do “escravismo chines" nas minas sul‐ africanas. Contudo, cOm rarissiinas exce95es(comO a lndon6sia holandesa),oS SOCialistas ・ Entre 1876 e 1902 houve l19 tradu96es da Biblia,cOntra 74 nos trinta anOs precedentes e 40 no perfodo 1816・ 1845.On`mero de miss6es pro‐ testantes novas na Africa entre 1886 e 1895 foi de 23,cerca de tres vezes a cifra de qualquer d6cada anterior.12

A era dos lmpё rlos

109

ocidentais pouco fizeram efetivamente para organizar a resis‐ tencia dos povos c010niais contra seus governantes at6 a era da

lnternacional Comunistao Dentro do moviinento socialista e operdrio, aqueles quc aceitavanl abertamente o iinperialismo

como algo deseittVel,Ou ao menos como uma etapa essencial na hist6ria dos povos quc ainda n50 estavanl ``preparados para um governo autOnomo", eram uma nlinoria da direita revisio¨ nista c fabiana, cmbora muitos lfderes sindicais provavelinente considerassem as discusss6es sobre as co16nias como irrelevan‐

tes, ou encarassem os povos de cor basicamente como for9a de trabalho barata quc ameacava os resolutos operarios brancos. Certamente, a press5o em favor da proibi95o da iinigracao de cor, que gerou as polfticas da``Calif6rnia Branca"e“ Austr`lia Branca" entre 1880 e 1914, originou‐ se basicamente na Classe oper6ria, e os sindicatos de Lancashire se uniram aos patr6es

do setor dc algod5o da regiao para insistir em quc a lndia devia permanecer nao industrializada. Internacionalinente. o

socialisrno anterior a 1914 continuou sendo um moviinento predonlinantemente de europeus e de enligrantes brancos e seus

descendentes(ver Cap.5).O co10nialismo permaneceu um in― teresse marginal para cles. Na verdade, sua andlise e definicao

da nOva ctapa “iinperialista" do capitalismo, quc eles detecta― ram a partir do final dos anos 1890,considerava acertadamente

a anexa95o c a explorac5o coloniais apenas como um sintoma c uma caracterfstica dessa nova ctapa:indesei`Vel,como todas as suas caracteristicas, mas n5o central ern si. Foram poucos os

socialistas quc,como Lenin,itt estavam com os olhos postos no ``rnaterial inflam6vel" na periferia do capitalismO mundial.

Na medida em quc a andlise socialista(isto 6,SObretudo mar対 sta)integrava o colonialismo a um conceitO muito mais amplo de uma``nova etapa"do capitalismo,ela cra indubitavel‐

mente correta cm princfpio, embora n5o necessariamente nos detalhes de seu modelo te6rico. Essa andlise as vezes tamb6m era propensa demais ―― como, ali6s, as analises capitalistas da ёpoca ―― a exagerar o significado econOrnico da cxpans5o co‐ lonial para os pafses metropolitanos。

(D ilnperialismo do final

“novo"。 Foi produto de uma era de concorrencia entre econoFniaS industrial― capitalistas

do s6culo XIX foi indubitavellnente rivais. │°

alo■ ovo e inichsificado pcla pressaO ern favor da obten‐

A

110

θrα αοs i“ Pご riOs

caO e da preservagao de mercadOs num perfodO de incerteza

econ6mica(Ver cap.2);em suma,foi uma era em que“ alfandegttrias e expansao tornanl‐ classes dirigentes"。

tarifas

se a reivindicagao comum as

14 Foi parte de um processo de abandono de

um capitalismo de polfticas p`blicas e privadas de

αissθ z_/α j″ θ ′ ,

o quc tamb6m era novo, c iinplicOu o surgilnento de grandes sociedades anOnimas e oligop61ios,bem como a crescente inter‐ vengaO dO Estado nos assuntos econOnlicos. O iinperialisln(1 pertencia a um perfodo em quc a parte perifё rica da ccononlia mundial tornou‐ se crescentemente significativa. Foi urn fenOnlc‐

no que pareceu tao``natural"em 1900 como teria parecido iln‐ plausfvel eln 1860。 Mas se naO fosse por essa vinculagao enti・ e o capitalisrl10 p6s‐ 1873

c a expansaO ao mundo n5o‐ industriali‐

zado,htt d`vidas at6 sobre se O“ imperialismo social"teria tido

o mesmo papel que desempenhou na polftica interna dos Esta∼ dos quc estavam se adaptandO a pol(tica cicitoral de lnassa. Todas as tentativas de isolar a explicacaO dO irnperialisrno do

desenvolvimento especffico dO capitalismo no filln do sё culo XIX devem ser encaradas como exercicios ideo16gicos. cmbora frequentementc cruditos e as vezes argutos.

9 Ainda nos restanl as perguntas relativas ao ilnpacto da cx‐

pansa0 0cidental(e, a partir dOs anos 1890, iapOnesa)sobre O resto do mundo, e as relacionadas ao significado dos aspectos ``iinperiais'' dO iinperialislno para os paFses metropolitanos,

A prilncira destas perguntas pode ser respondida mais rapidamente que a segunda。 (D iinpactO econOnlico do iinperia‐ lismo foi significativo, mas, 6 claro, o quc ele teve de mais significativO foi sua profunda desigualdade, pois as rela9oes en―

tre metr6poles e paFses dependentes eram altamente assiinё tri‐ cas. C)impacto das pritneiras sobre os segundos foi dram`tico e decisivo,lnesmo sem ocupacao efetiva,ao passo que o impacto dos segundos sobre as prilneiras pode ser insignificante e rara‐

mente foi uma quest5o de vida ou morte. Cuba prosperava ou declinava dependendo do pre9o do ag`car e da disposi95o dos

EUA a import6‐ 10,■ las nem paFses“ desenvolvidos"bastante ―digamos, a Suё cia ―― sofrcriam graves inconve― pcquenos ―‐

A era dos llllpenOS

nientes se todo o a91car do Caribe desaparecesse do lllcrcado,porque nao dependianl exclllsivanlente daqucla芝 缶ea para esse artigoo Pratica―

c expomⅢ de qualquer regiあ da Attca subsaanana iam ou vinhnm de l17n pequcno nllmeЮ de met6poles

mcnじ todas as impon9砥

∝ identais,mas o comё rcio mettopolitano com a Africa,aバ sia c a

Oceania,embora allmentando modestamente entre 1870 e 1914,per―

maneceu bastante marghal.Cerca de 80%do com6rcio euЮ peu

du―

rante todo o s6culo XIX,importa9五 o como exporta9五o,era feito com ∬節 llttT跳 ∬ 驚 淵 ぶ Eほ 糧 胤 a pattes ultralnarinos em maJoHtarianente direcionada a lln pequeno 織

llllmero dc cconollllias cm desenvolviincnto rapldo,sobretudo povoa―

endentes dc curopeus一 Cam“ ,Aus饉 ua,島五ca dO sul, “ Argenina,ctc。 一 bem como,こ claro,aos EUA.Neste senddo a cra do imperialimo tem lun ttecЮ muib diferenじ quando enfocdo do ponto

das por“

lCma」 m ou da Fran9a。 Dcntre os paFscs lnctropolitanos,foi obvialnente para a Gr5-

dc vista da NicaMglla ou da Malaia,ou da本

Bretanha que o impcrialismo teve maior impOrtancia,uma vez quc sua supremacia econ61nlca sempre dependera de sua rela95o cspe‐ cial com os mercados ultramarinos e as fOntes de produtos priin五 ― 五oso Na vcrdade,pOde― se argШ r quc en■ momento algunl,a pardr

da revolu95o industrial, as manufaturas do Rcino Unido haviam sido particularmente compedtivas nos incrcados das cconolluas em 宙 as de indllstrializa9五 o,salvo,talvez,durante as d6cadas dOuradas

de 1850-1870.Para a∝ onorrua b五 髪inica,prescrvar 蔦

:罵





鷺 縄

.咄

1° 謂





o FFlaiS possfvcl

1■ 群 T塁



obtido nesse tcrreno foi notivel estendendo incidentalmente a `rea quarto controlada oflcial do ou globo(que cfetivatllcnte pela monarqlua brimca a llln da supericie Os atlas brittnicos orgulho―

samente colocariam de vermclho)。

Se incluirmos o assim cha―

mado``imp6rio infortnal''de EstaloS independentes que na verdade

eram economas sat6Htes da C}r五 ―]Bretanha, talvcz unl ter9o do planeta fossc britanico enl sentido∝

On6rruco e,na verdadc,cultu…

ralo Pois a Gra― Bretanha exportou at6 a forlna espccfflca de suas

caixas coletoras de corrcspondencia para Portugal e uma insti―

112

ハ θtt dos j“ ″ riの

tui95o do mais purO estilo britanic。 ,como a loja de departa‐

mentos Harrods, para Buenos Aireso Mas, por volta de 1914。 outras pOtencias id estaVam se infiltrandO em bOa parte desta zona de influencia indireta, especialmente na AIn6rica Latina` Entretanto, boa parte dessa opera95o defensiva benl‐

suce―

dida era independente da``nova"expansaO imperialista,a exce_ 95o do mais ricO e inesperado dos fi16es: os diamantes e O ouro da Africa dO Sul. Isto gerou uma safra instantanea de milion6‐

riOS(maioritariamente alemaes)―

_。 s wernher,Beit,Eckstein

e outros ―― a maioria dos quais foi tamb6nl instantaneamente

incorporada a alta sociedade britanica, nunca taO receptiva ao dinheiro de primeira gera95o, desde quc este se espalhasse a sua volta em quantidades suficientemente grandes, Isto levou tamb6m ao maior dos conflitos coloniais, a Guerra Sul‐ africana de 1899‐ 1902, que elilninOu a resistencia de duas pequenas re‐

p`blicas locais povoadas por camponeses brancos. A inaior parte do sucessO ultramarino britanicO deveu‐ se a exp10rag5o mais sistem`tica das possess6es britanicas i`e対

S‐

tentes ou da posi950 especial do paFs como malor iinpOrtador de dreas como a Am6rica do Sul,bem como seu maior investi‐ dOr. A exce95o da rndia,do Egito e da Africa dO Sul, a maior parte da atividade econOmica britanica ocorria em parses prati_

camente independentes, como os “domfnios'。 brancos, ou em dreas como os EUA c a Am6rica Latina,onde a a95o do Estado britanico nao era,。 u naO pOdia ser, efetivamente desenv01vida。

Pois, apesar dos gritos de dor da Associacao de Detentores de Debentures Estrangeiras(c五 ada durante a Grande Depressao) ao se defrontar com a conhecida pratica latina de suspender o

pagamento da dfvida ou pag`‐ la em moeda desvalorizada, o governo nao deu um respaldo efetivo a seus investidores na Arn6rica Latina, porque n5o podiao A Grande Depressao foi urn teste de fogo nesse Sentido, porquc, como depressoes mun― diais posteHores(incluSiVe a dos anos 1970 o 1980), leVou a uma crise de endividamentO internacional de vulto, que pos os bancos das metropoles enl sё rio risco。 ()mttxiino que O governo britanico pOde fazer foi tomar providencias para salvar a grande

casa de Baring da insolvencia na``crise Baring"de 1890,quan‐ do esse banco se aventurou,como fazem os bancos, com exces‐ sivo desembara9o na voragem das inadilnplentes finangas argen‐

A era dos lmper10s

tinas.Se ele respaldou os investidores com a diplolnacia da forca,como crescentemente ap6s 1905,foi para aiud6‐ los a en‐ frentar empres`rios de outros paFses apoiados por seus pr6prios

governos, e n5o contra os governos mais fortes do mundo dc‐ pendente.ネ

Na verdade, considerando os anos bons c os maus,os ca‐ pitalistas britanicos se safram gerallnente bem em scu iinpё rio inforrnal ou``livre''.Quasc a metade do capital aciondrio a lon¨

go prazo britanico estava, cm 1914, no Canad五 , na Austr61ia e na Arn6rica Latina, Mais da metade da poupanca britanica foi investida no exterior ap6s 1900. A Gra‐ Bretanha se apossou, ёclaro, de sua parte nas re‐ giOcs recentementc colonizadas do mundo, c, dadas a for9a c a experiencia britanicas, cra uma parte maior e provavellnente

mais valiosa quc a de qualquer outro. A Fran9a ocupava a maior parte da Africa Ocidental,mas as quatro co16nias brita‐ nicas na ttrea controlavam as parcelas onde havia “as popula― 95es africanas mais densas, as maiores instala96es produtivas e 17 contudo,o obictiVO britanico

a preponderancia dO cOmё rcio''。 nao era a expansao, mas itnpedir a intromissao de Outros em territ6rios at6 entao donlinados pelo com6rcio e pelo capital britanicos,como a maior parte do mundo ultramarino. Serd quc as outras nag6es tiraram beneficios proporcionais

de sua expans5o colonial? 重 impossfvel dizer, pois a coloniza― 95o formal era apenas um aspecto da expansao e da cOncorren‐ cia econOnlica global e, nO caso das duas principais potencias

industriais,Alemanha c EUA,n5o era um aspecto maioro Ade‐ mals, como la vllnos, uma relacao especial com o mundO n5o‐ ― industrial n5o era ccononlicamente cmcial para nenhum outro pafs alё

m da Gra‐ Bretanha(colTk a possfvel exce95o da Holan―

da), Isso ёtudo o que podemos dizcr conl razo6vel certeza.Em t Houvc uin pequeno nimero de casos de``econonlia de canhoneira"一

como na Venczuela,(3uatemala, Haiti, Honduras e M6xico― ― mas nao Ⅱlodificaram seriamcnte csse quadro. E claro, os governos e capitalistas britanicos, confrontados com a escolha cntre partidos ou Estados locais que favorecessem os interesses econ6nlicos britanicos Ou Os hostilizassem, n5o deixariam de apoiar o lado mais proveitoso para os lucros britani‐ COS: O Chile contra o Pcrtt na “Guerra do Pacffico" (1879‐ 1882), os inirnigos do presidente Balinaceda no Chile cin 1891. Em quest五 o. os nitratos

114

/t arα

αοs J“ Pι rわs

priineir0 1ugar,a ofensiva colonial parece ter sido inversamente proporcional ao dinalnislmo ecOnOnlico dos paFses metropolita‐ nos, onde atё certo ponto servia para compensar sua inferiori‐

dade ecOnOFniCa e polftica em relag五 O a seus rivais ―― e, no caso da Franga, sua inferioridade demogrdfica e nliHtar. Em segundo lugar,enl todos os casos houve forte press5o de grupos econOnlicos especfficos一 ― notadamente os associados ao com6r‐ cio ultramarino e as ind`strias que usavanl mat6ria‐ priina ultra― marina一 ― enl favor da expans5o colonial,que eles naturalinente

luStifiCavam com as perspect市 as de vantagens nacionaiso Em terceiro lugar, enquanto alguns desses grupos se safam bastante jθ ― Jθ JИ ル′ ραg“ F″ α″fα 9“ θOε “ 26 por cento'Sθ σjご θ″′ α′ θ pagou dividendos de em 191318 __, a maioria das novas co16nias efetivas atraiu pouco capital, e seus

bem dessa expans5o― ― a Cο

resultados econ61nicos foram decepcionantes.*Enl suma,o novo colonialislno foi uln subproduto de uma era de rivalidade eco‐ polftica entre economias nacionais concorrentes, intensi‐

nOrnico‐

ficada pe10 protecionismo. Entretanto, na medida enl que o com6rcio metropolitano cOm as co16nias quase invariavelmente

aumentou em termos de porcentagem de seu com6rcio total, aquele protecionisino teve algum exit。 。

Contudo,a Era dos lmp6rios n5o foi apenas um fenOmeno econOrnico e polftico,lnas tamb6rn cultural: a conquista do glo‐

bo pelas iinagens, id6ias e aspirag6es transformadas de sua rninoria “desenvolvida", tanto pela forOa c pelas instituig6es

como por meio do exemplo e da transfornla95o socialo Nos pafses dependentes isto dificillnente afetou algu6m fora das elites 10cais, embora, 6 clarO, se deva lembrar quc em algumas regi6es, como a Africa subsaariana,foi O pr6prio iinperialismo, ou o fenOmeno associado das nliss6es cristas, que criou a pos‐

sibilidade da existencia de uma nova elite sOcial baseada na educa950 de estilo ocidental. A divisaO entre Estados africanos ・ A Franga nem conseguiu integrar totallnente suas novas co16nias a

um sistema protecionista embora 550/O dO com6rcio do imp6rio frances

em 1913 tenham sido rcalizados com a metr6pole. Incapaz de romper os vfnculos econ61nicos jtt estabelecidos dessas dreas com outras regi6es

e metr6poles, a Fran9a tinha que comprar grande parte dos produtos coloniais de que necessitava― ― boracha, peles e couro,madeira tropical ― via Hamburgo, Antu6rpia e Liverpool.

A cra dos lmper10s

115

・`franc6fonos'' c “ang16fonos'' de hole espelha exatamente a distribui95o dos imp6rios coloniais frances e britanic。 .* Salvo na Africa e na Oceania, onde as miss6es cristas as vezes obti‐ nhrilil conversOes ern massa a religi5。 。cidental,a grande massa das pOpulag5cs coloniais, se tivesse escolha, dificillnente muda‐

ria seus estilos de vida. E, para constrangimento dos nlissiOnl‐

rios inais rfgidOs, o quc os povos indfgenas adotaram n5o foi tanto a fё impOrtada do Ocidente,lnas aqueles dentre seus ele‐

mentos que faziarn sentido para eles enl terrnos de seu pr6prio sistema de crengas e suas institui96es, ou necessidadeso Exata‐

mente como os esportes levados aos ilh6us do PacfficO pOr adrninistradOres c010niais britanicos entusiastas (tantas vezes escolhidos entre os prOdutos mais robustos da classe mё dia), a

religi5o colonial cOm muita freqtencia parecia tao inesperada ao observador ocidental como O cricket de Samoa. Era o caso lnesrlllo dos fi6is que nonlinallnente seguiam as ortOdOttias de

sua denorninacao,Mas eles tamb61Fl fOram capazes de desenvol‐ ver suas pr6prias vers6es da f6,notadamente na Africa dO sul ―― a `nica regi50 da Africa Onde houve convers6es reallnente macigas― ―,onde um“ moviinentO etfope"abandonou as iniss6es itt em 1892,para estabelecer uma forma de cristandade menOs identificada aos brancos, O que O imperialislno trouxe as elites efetivas ou potenciais

do lnundo dependente foi, portanto, cssenciallnente a “ociden‐ talizag5o". Esse processo i` estava, scrrl d`vida, em curso h6 muito tempoo POr v`rias d6cadas fOra claro, para todos Os go‐ vernos e elites confrontados a dependencia ou a conquista, que eles tinham que se ocidentalizar, casO cOntririo desapareceriam (Verス Erα JO Capj′αJ,caps.7,8:2)。 E,de fato,as ideologias

que inspiraram essas elites na era do imperialismO datavam dos anos entre a Revolug5o Francesa e meados dO s6culo XIX,cOmo

quando revestiralm a forma do positivismO de Auguste Comte (1798‐ 1857), doutrina mOdernizadora quc inspirou os govemos do Brasil, do M6xico e do infcio da Revolu9ao Turca(ver pp.

395, 401 e ss,)。 A resistencia da elite ao Ocidente era ociden‐ talizante, Ineslno quando se opunha a ocidentalizag5o indiscri‐

Ininada no terreno da religi5o, da moral, da ideologia ou do ネQue, ap6s 1918, dividiram entre si as antigas c。

16nias alemas.

116

/1 θ rα dOs′

p夕 jο s “

pragmatismo polfticoo A figura cOm a aura de santidade do Mahatina Gandhi, vestindo tanga c usando uma roca(para de‐

sencorajar a industrializacao), naO apenas era apoiada e financiada pelos proprietttrios de cotoniffcios mecanizados em

Ahmedabad,* comO ele mesmO era um advogado foll.lado no Ocidente e visivellnente influenciado pelas ideologias dele derivadaso E totallnente ilnpossfvel compreende‐ lo vendo nele apenas um hindu tradicionalista.

Na verdade, Gandhi ilustra bastante bem o iinpacto espe‐ cffico da era dO imperialisinoo Nascido numa casta relativamen‐

te modesta de comerciantes e prestamistas, anteriormente n5o muito associada)elite ocidentalizada quc administrava a lndia sob a direg5o de superiores britanicos, ele adquiriu, contudo, uma educa95o profissional e polftica na lnglaterra, Por volta do

final dOs anos 1880,esta era uma op95o t5o aceita para iovens ambiciosos de seu paFs,que o pr6prio Gandhi come9ou a redi‐ gir um guia da vida inglesa para futuros estudantes de posses modestas como ele. Escrito em excelente ingles, aconselhava_os

sobre todos os pontos, da viagem para Londres nO vapor da conlpanhia P よぅO e como encontrar moradia, a maneira de satisfazer as exigencias da dicta dos piedosos hindus e como se acostumar coΠ l o surpreendentc habit。 。cidental de se barbear,

em vez de recorrer a um barbeiro.19 Gandhi claramente nio se via nem cOmo um assilnilador nem como um opositor incondi‐ cional das coisas britanicaso Como muitos pioneiros da liber‐ tagao c。 1。 nial fizeram desde ent50, durante sua estadia teln‐ poraria na lnetr6pole ele escolhcu freqtentar cfrculos ocidentais

ide01ogicamente compativeis 一 neste caso, os de vegetarianos britanicos, que certamente podiam ser considerados favorttveis tamb6m a outras causas ``progressistas".

Gandhi aprendeu sua t6cnica caracteristica de mobilizar massas tradicionais para fins nao‐ tradicionais por meio da re‐ sistencia passiva nu" ambiente criado pelo “novo ilnperiahs・

mo". Era, como se podia esperar, uma fusao de elernentos ocidentais e orientais, pois ele naO fez segredo de sua divida intelectual para conl ,Ohn Ruskin e T01stoi。 (Antes dos anos 1880,a fertilizag5o de flores polfticas indianas com p61en leva‐ * “ Ah'',teHa exclamado um desses patrocinadores, o quanto custa mante‐ lo pobre!".

“se Bapuli sOubesse

A era dos impё 」os

do da R`ssia teria sido inconcebivel,lnas por volta da priineira

d6cada do novo s6culo isto i` era cOmum entre os indianos, como seria entre radicais chineses e iaponeses。 )A Africa do Sul, paFs do bοο″z dos diamantes e do ouro, atralu uma vasta

comunidade de irnigrantes modestos da lndia,e a discrirnina95o racial neste novo cendrio criou uma das poucas situag6es em que os indianos n5o pertencentes a elite se dispuseram a mobi_ lizacao polftica moderna. Gandhi adquiriu experiencia polftica

c granieou sua fama como defensor dos direitos indianos na Africa do Sul, Por ora ele dificillnente poderia ter feito o mes‐

―― mas mO na pr6pria lndia, para onde finalinente retornou apenas ap6s a deflagracao da guerra de 14-― para se tornar a figura chave do moviinento nacional indiano。

Em suma, a Era dos 1lnp6rios criou tanto as condi95es que formaranl lfderes antiiinperialistas como as condi96es que,

como veremos(cap.12),comCcaram a propiciar ressonancia a suas vozeso Mas, 6 claro, 6 um anacronismo e um equfVOCO apresentar a hist6ria dos povos e regi6es submetidas a donlina_

e a influencia das metr6poles ocidentais basicamente em termos de resistencia ao Ocidenteo E um anacronismo porquc, conl exce96es que ser5o apontadas abaixo,o infcio mais precoce 95。

da era dos moviinentos antiimperiais significativos se d6, para

a maioria das regi5es,com a Primeira Gucrra Mundial e a Re‐

volu95o Russa; um equFvoco por ler o texto do nacionalismo

moderno― ― independencia,autodeternlinagao dOs povos,forina‐ 950 de Estados territoriais, etc。 (ver cap. 6)一 num registro hist6rico quc ainda nao O cOntinha nem podia conte‐ loo Na ver‐ dade, foram as elites ocidentalizadas as priineiras a entrar em contato com essas id6ias, atrav6s de suas visitas ao Ocidente e

as suas institui96es educacionais, pois esta era sua origem. 10VenS estudantes indianos de volta da Gra‐ Bretanha podiam levar consigo as palavras de ordenl de Mazzini e Garibaldi; mas,a6pOCa,poucos habitantes do Puniab,Sem falar de regi6es como o Sud5o, teriam a nliniina id6ia do que poderiam sig‐ nificar.

Assiin sendo,o mais poderoso legado cultural do ilnperia― lislno foi uma educac5o enl moldes ocidentais para nlinorias de

v`rios tipos: para os pouco favorecidos que se alfabetizaram, descobrindo portanto,com ou sem a aiuda da COnversao crista,

ス αα dos impFrios

118

o canlinho mais direto para a ambica。 , que usava o cola五 nho brancO dOs c16rigos,professores, burocratas ou funcion`rios de escrit6rioo Em algumas regi6es tamb6nl se inclu(am aqueles que

haviam adquirido novos costumes, como soldados e policiais dos novos governantes, envergandO suas roupas, adotandO suas id6ias peculiares de tempo,de lugar e dc organizagao dOm6stica, Estes constitufanl, 6 claro, as nlinorias de instigadores e agita‐

dores potenciais,motivo pelo qual a era do colonialismo, breve

mesmo quando medida por uma`nica vida humana,surtiu efei… 10s tao duradouros. Pois 6 surpreendente que na maior parte

da Africa a tOtalidade da experiencia do colonialismo, da ocupacao inicial a fornlacao de Estados independentes,caiba no lapso de uma inica vida― ― digamos,na de S'r Winston Chur‐ chill(1874‐ 1965).

E quantO ao efeito oposto dO mundo dependente sobre o donlinante?O exotismo fora unl subproduto da expansao curO_ p6ia desde o s6culo XVI, embora observadores fi10s6ficos da era do lluminismo tenhanl, na maioria das vezes, tratado os pafses estranhos distantes da Europa e do povoamento europeu como uma esp6cie de barOmetro moral da civilizagao curOp6ia. Onde eram nitidamente civilizados,podiam ilustrar as deficien‐

cias institucionais d0 0cidente, como nas Cα r`α s Pθ rsαs, de Montesquieu; caso contr`rio, a tendencia era trat`‐ los como Os nobres selvagens,cuio COmportamento natural e admirttvel ilus‐

trava a depravagao da sOciedade civilizada. A nOvidade no s6culo XIX era quc os nao_europeus e suas sociedades eram crescente e geralmente tratados como inferiores,indeseiふ ′ eis, fracOs c atrasados,ou mesmo infantis.Eles eram obietOS perfei‐

los de cOnquista, ou ao menos de conversao aOs valores da inica ソθ″Jαdθ ′ ″ α civiliza95o, aquela rcpresentada por comer… ciantes,inissiOndrios e grupos dc homens equipados coln arrnas de fogO e aguardente.E,em certO sentido,os valores das socie‐ dades tradicionais na o‐ Ocidentais 10rnaranl‐

se cada vez mais

irrelevantes para sua sobrevivencia, .uma era em quc apenas contavam a for9a c a tecnologia nlilitar. A sofisticag5o da Pc‐

quiin iinperial por acaso evitou que Os b`rbarOs ocidentais quciinassem e saqucassem o Pa16ciO de Verao mais de uma vez? A elegancia da cultura de elite em Mughal, a capital em declf‐

nio,retratada com tanta beleza por Satyaiit Ray em Os E″

」‐ “

A era dOs imp6rios aris′ α s,

db夕

119

impediu o avan9o dos britanicos? Para o europeu m6‐

essas pessoas se tornaram obietO de desprezo,Os inicos

naO_eurOpeus que mereciam sua estima cram os gucrreiros, de preferencia os que podiam ser recrutados para seus pr6prios ex6rcitos coloniais (sikhS, gurkas, montanheses b6rberes, afe‐

gaOs, beduFnos). O Imp6rio Otomano conquistou O respeito, concedido a contragosto, porque mesmo em seu declinlo tinha uma infantaria capaz de resistir aos ex6rcitos europeuso C)Iap5o

come9ou a ser tratado como um igual quando come9ou a ga‐ nhar guerras.

Contudo, a densidade mesma da rede global de comunica‐ 96es, a pr6pria facilidade do acesso a paFses estrangeiros inten‐

sificaranl, direta ou indiretamente, o confronto c a entremescla

dos mundos ocidental e ex6ticoo Eralrl poucos os quc conheciam e refletiam sobre ambos, embora esse n`mero tenha sido au‐ mentado no perfodo iinperialista por escritores que escolheram ser os intermedidrios entre eles: escritores ou intelectuais por

vocagao e pOr prOfiss5o marinheiros (comO Pierre Loti e, o maior deles,Ioseph COnrad),S01dados e administradores(COmo o orientalista Louis Massignon)ou jOrnalistas coloniais(como Rudyard Kipling)。 Mas O ex6tico se tornou crescentemente parte

da educa"o cOtidiana,como na literatura iuvenil de enorme sucesso de Karl May(1842¨ 1912),cuiO her6i alemao imagin`_ rio percorreu o faroeste e o Oriente islamicO, conl incurs6es



Africa negra c)Am6rica Latina;nos romances de aventuras, CuiOS宙 15es agora incluFam orientais inescrus“ veis

e todo‐ pode‐

rosos como o Dr.Fu Manchu de Sax Rohmer; em revistas esco・

um lares baratas para garotos britanicOs, que agora inclufan■ hindu rico falando um barroco ingles_babu, estere6tipo previsl‐ vel。 O ex6tico podia at6 tornar‐ se uma parte ocasional por6m previsfvel da experiencia cotidiana, cOmo no sん 0ルソ do Oeste ソbο ys Bravio de Buffalo Bill, com seus igualinente ex6ticos cο ル e fndios, que conquistaram a Europa a partir de 1887, ou nos “povoados coloniais" cada vez mais elaborados ou mostras das grandes exposi95es internacionais. Qualquer que fosse sua in‐ teng5o,esses lampeios de mundos estranhos nao tinham cardter document6rioo Eles eranl ideo16gicos,cm geral reforgando o sen_ timento de superio五 dade do“ civilizado"em relacao aO“ primi…

tivo". Eranl imperialistas apenas porquc, como mostram os

120

ハ era dο s l“ pι os r″

romances de,oseph COnrad,a vinculacao central entre Os mun‐ dos do ex6tico e do cotidianO era a penetragao, fO..1lal ou in¨

formal, d0 0cidente no Terceiro Mundo。 (luandO a linguagem c010quial absOrveu palavras oriundas da cxperiencia c。 1。 nial efetiva― ― sobretudo sob a foma de vttrios tipos de gfria,■

ota…

damente a dos ex6rcitos coloniais… … elas refletianl muitas vezes uma visao negativa dos s`ditos。 (Ds operdrios italianos chama‐ vam os fura‐ greves de cF“ j″ j(nOme de uma tribo do Norte “ da Africa)e os polfticos italianos chamavam as legi6es de d6ceis j eleitores sulistas,levados as urnas pelos chefes locais, de αsε α″ s,OS Chefes indios do imp6rio (tropas c01oniais nativas)。 Cac,9“ θ

espanhol da Ain6rica, tomara… se sinOniino de qualquer chefe polftico;“ ′ ご s(chefe indtena da Africa do Norte)fOi O termo aplicado a lfderes de gangues criFninOSas na Franga.

Houve,contudo,um lado mais posit市 o nesse exotismo.Os administradores e soldados com abertura intelectual ―― os ho‐

mens de ne"ciOS Se interessavam menos por tais assuntos一 refletiram profundamente sobre as diferengas entre suas pr6prias

sociedades e aquelas que governavam. Produziranl obras de iinpressionante erudigao sobre elas, cspecialinente no iinp6rio indiano,benl como reflex6es te6ricas que transfo...laram as cien‐

cias sociais ocidentais.Boa parte desse trabalho foi o subprodu¨ to da dominacao co10nia1 0u visava a aiud五 ‐ la,c a maioria re‐ pousava, inquestionavellnente, no sentiinento firlme e confiante

da superioridade do conheciinento ocidental sobre qualquer outro, exceto talvez■ o terreno da religiao, onde, por exemplo,

a superiOridade do metodismO em rela95o ao budismo nac era 6bvia aos olhos de observadores iinparciais.(D iinperialismo ocasionou um aumento not`vei no interesse ocidental eFn f0111las

de cspirituaHdade derivadas do Oriente, ou que diziarn ser, e as vezes cOnvers6es a elas.20 contudo, apesar da crftica p6s‐ colonial,csse coniuntO de Obras de erudi95o ocidental n5o pode ser siinpleslnente descartado como uma desqualifica95o arro‐ gante de culturas n5o‐ europ6ias. No mfniino as melhores dentre elas as encararam com seriedade, como algo a ser respeitado, com qucln era preciso aprender.No campo da arte,c especial‐ mente das artes vlsuals, as vanguardas ocldentals trataram as culturas na。 _Ocidentais em total p6 de igualdadeo Na verdade, ё inspiraranl… se preponderantemente nelas nesse perlodo. Isso

A era dos lmp6rlos

121

verdade n5o s6 em rela950 a artes que se pensava representarem ci宙 liza95es

sofisticadas,por mais ex6ticas que fossem(COmO

a iapOnesa,cuja influencia nos pintores franceses foi inarcante), mas em rela95o )s encaradas comO “priinitivas", notadamente

as da Africa e da Oceaniao Seu“ primitivismo"era,sem d`宙 da, sua principal atra950, mas 6 inegivel que as gerag6es de van…

guarda do infcio do s6culo XX ensinaram Os europeus a ver essas obras como arte 一 muitas vezes grande arte ―― em sua verdadeira grandeza, independentemente de sua origem。

Um aspecto final do imperialismo deve ser brevemente mencionado: seu impacto nas classes dirigente e m6dia dos pr6‐ prios paFses metropolitanOs. Num certo sentido, o il■ perialismo destacou o triunfo dessas classes e das sociedades criadas a sua

imagem como nada mais poderia ter feito.Um pequeno nimero de paises,sobretudo dO noroeste da Europa,dominou o planeta。 Alguns imperialistas,para indignacao dos latinos,senl falar dos

eslavos, gostavam at6 de ressaltar Os m6ritos especfficos como conquistadores dos curopeus de origem teutOnica e especial‐ mente anglo‐ saxOnica, a quenl, independente de suas rivalida‐

des, era atribuFda uma afinidade m`tua, quc ainda ccoa no respeito ressentido dc Hitler em relacao≧

Gra‐ Bretanha.Um

pequeno nimero de homens das classes alta e m6dia desses pafses― ― altos funciondrios, adnlinistradores, homens de neg6‐ cio, engenheiros ―― exerciam efetivamente aquela domina95o。 Por volta de 1890,pouco mais de seis nlil funciondrios britani_

cos governavaln quase 30p lrlilh6es de indianos, com a aluda de pouco mais de 70 mil efet市os europeus,cujos soldados rasos eranl, como as muito mais numerosas tropas indfgenas, merce‐ ndrios quc recebiam ordens c quc eram provenientes, cm n`‐ mero desproporcional, daquela antiga rcserva de guerreiros co‐

10niais nativos: os irlandeses, Este d um caso extremo, Inas que nem por isto deixa de ser tfpico, Poderia haver prova mais extraordindria de superioridade absoluta?

Assirn, o ndmero de pessoas diretamente enV01Vidas com o ilnp6rio era relativamente pequeno ―― mas seu significado sirnb61ico era enOrlne.Quando se pensou quc o escritor Rudyard Kipling,o bardo do imp6rio indiano,estava morrendo de pneu― monia cm 1899,n5o apenas os britanicos e os americanos fica… ram pesarosos ―― Kipling acabara de dedicar um poema sobre

A ara′ Os'“ pι riο s

122

“O fardo do homem branco"aos EUA,sobre sua responsabili‐ dade nas Filipinas‐ ―-lnas o imperador da Alemanha enviou um telegrama.21

Contudo, o triunfo imperial gerou tamb6m a unl tempo problemas e incertezas. Colocou problemas na medida em quc a contradig5o entre o governo das classes dirigentes metropoli‐

tanas em seus imp6rios e seus pr6prios povos foi se tornando insol`vel, Nas metr6poles, como veremos, a polftica democr`‐ tica eleitoral prevalecia ou, como parecia inevit`vel, cstava des‐

tinada a prevalecer crescentementeo Nos imp6rios coloniais, go‐

vernava a autocracia, baseada na combinacao da cOer95o ffsica

a subnliss5o passiva a uma superioridade grande a ponto de parecer incontestttvel e portant0 1egftima.Os militares e os``pro‐

cOnsules"autodisciplinados,homens isolados com poderes abso‐ lutos sobre territ6rios do tamanho de reinos, governavam con‐

tinentes, ao passo que na metr6pole as massas ignorantes e

o havia aqui uma ligaO… … uma αごθJθ Pο ′θr, de Nietzsche ―― a ser ligaO nO sentido da Vο ″′ aprendida? O imperialismo tamb6m gerou incertezas.Em primeiro lu‐ gar,confrontou uma pequena nlinoria de brancos― ― pois inesmo ≧ a maioria desta raca pertencia a categOria dos destinados

inferiores estavanl revoltadas.N五

inferioridade,como a nova disciplina da cugenia alertava inces‐ santemente(ver cap. 10)一 ― as massas de negros,pardos,talvez

sobretudo amarelos, aquele “perigo amarelo" contra o qual o irnperador Guilherinc II conclamou a uni50 e a defesa do Oci‐ dente,22 sertt quc ilnp6rios mundiais tao facilmente conquista‐

dos,coin uma base t5o estreita,governados com uma facilidade t5o absurda gragas a dev。 950 de uns poucos e a passividade de muitos,sertt quc eles podiam durar?Kipling,o maior― ― talvez

o `nico ―― poeta do iinperialismo, saudou o grande momento de orgulho imperial demag6gico, o 丁ubileu de Diamante da Rainha Vit6ria,em 1897,com um lembrete prof6tico da imper‐

manencia dos imp6五 os: Fα r‐ cα :Jθ ′,

ο ″ ανjθ S ″,θ J` α″ay′

“ “ θ ′ ′ α ″J si″ た ″′力 α s `λ θノ irer θα 0″ J″ ″ :` ο Jα y ιο ″ r′ ο ρ ο ′α ノyθ S`θ ″ “

A era dos lmp6rlos ls ο″θ ル νj`λ

A「 ′2ν θ 力

125

α″グ Ty″θ′

jο れs,sPα ″ θ S yθ ノJgθ ο ノ θNα“′ `力 “′″θノ L雰 ο ι ω′″θノ ο .23* `, rgθ rgθ“ ′ `夕

A pompa planejou a construgao de uma nova capital im‐ perial eno.1lle para a lndia eln Nova D61hio Clemenceau teria sido o `nico observador c6tico a prever quc esta seria a mais recente de uma longa s6rie de ruFnas de capitais iinperiais? E ser`que a vulnerabilidade da donlina950 global era muitO maior que a vulnerabilidade da dOnlinacaO interna cm rela95o うs mas‐ sas brancas? A incerteza era uma faca de dOis gumeso Pois se O impё

rio

(e O gOVernO das classes dirigentes)era vulner`vel a seus gover^

nados, embora talvez n5o ainda, n5o de modO iinediato, n5o seria mais iinediatamente vulner`vel ) eros5o interna da von‐ tade de governar, da disposi95o de travar a luta darwiniana pela sobrevivencia do mais apto? Seri quc a pr6pria riqueza e o pr6prio luxo quc o poder e o espfrito empreendedor haviam

gerado n5o tinham enfraquecido as fibras daqueles m`sculos CuiOS esfOr9os conStantes eram necessirios para mante-los?ser五

que o mpё rio nao leva ao parasitismo nO centro e ao triunfo final dos bttrbaros?

Em nenhum lugar O destino parecia estar mais presente nessas perguntas que no maior e mais vulnerttvel de todos os ilnp6riOs, naquele que ultrapassava em tamanho e g16ria todos

os imp6rios do passado e que, contudo, sob outrOs aspectos estava a beira do declinio.Mas inesmo os alemaes,trabalhadores e vigorosos,percebiam que o imperialismO ia de par com aquele

``estado que vive de rendas", que naO podia sena0 1evar ao declfnio.Deixemos I.A.Hobson dar a voz a esses temores:se a China fosse repartida, “a maior parte da Europa ocidental poderia ent5o adquirir a aparencia e o cardter jtt exibidOs pOr parcelas de terri―

t6rio do sul da lnglaterra, na Riviera e nas localidades *

Atrafdas para 10nge, nossas marinhas desaparecenl; / Entre dunas e “

promont6rios naufraga o ardori/Veiam,tOda nOssa pOmpa de ontem/

Unc‐ se a Nfnive c Tiro1 /1uiZ das Na96es,poupai― nos contudo,/Para quc n5o esqueoamos,para que n5o esque,amos.″ (N. da T,)

rios /t erF″ οs′ ρι

124



residenciais ou infestadas de turistas da lt61ia e da Suf9a:

pequenos grupos de a五 stocratas ricos extraindo dividendos

e pens6es do Extrenlo Oriente,com unl grupo algo maior de servidores profissionais de alto gabarito e comercian‐

tes de luxo, e um coniuntO grande de criados pessoais e trabalhadores do setor de transporte e dos estagios finais

da produ95o dos bens mais pereciveis; todas as principais atividades iinportantes terianl desaparecido, pois os ali‐

mentos e produtos manufaturados b`sicos afluiriam como um tributo da Africa e da Asia".24 A bθ JJθ ιpο 9“ θda burguesia iria portanto desa.1114‐ la. Os

encantadores e inofensivos E16is, do romance de H. Go Wells, que passavam a vida se divertindo ao sol,ficariam a merce dOs escuros Morlocks de quem dependiam e contra os quais esta‐ vam desamparados.25 “A Europa", escreveu o economista ale‐ m50 Schulze‐ Gaevernitz, “transferir五 o 6nus da labuta ffsi‐ ca一― priineiro o da agricultura e da rninera95o,depois as fainas mais`rduas da ind`stria― ― as ragas de cor,contentando‐ se em

I町 度 『躙

't∬ :a識1ぶ :監 認::¶ 驚 £℃

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racas de cor.'26

Esses eram os maus sonhos que tiravam o sono da bθ

JJθ

θ ρο9“ θo Neles,os pesadelos dos imp6rios sc unialn ao medo da

democracta

cAPrTuLο 4

A POLITICA DA DEMOCRACIA

jα Tο グ ο s ο s 9“ θ ο″ ″ α ′ α夕σ α α:″ ′ θ :jgO″ ο ,pθ :α ノ ,pθ Jα θ raο ,ρ θ `“ ― ο pθ Jα α ′σ ′ α 。 s pα rα Jjグ θ ″ α ″ αCO“ ′ 7:ご α ∂θ力 α , saο α ρ′ “ “θ 0″“ “ ″ αθ′ 0“ α ο ″ ′ 夕 Zθ r…“ ″jJα Jθ Jθ οノ α ′ raS pα :α“ ソ ″s, ― ρο “ q"θ s ′ チ α ο α s α sノ α S C′ α α ssθ s α O″ Zj″ α ″′ θ s――α θ ν θ c“ ″ ソ α sθ Pa “θig“ α rα ′ θοs“ ノ ″ ″′ rsα J, ″ s′ θ9“ θj″ ソ θ θ I“ θ ″′ θ ― “`JO, “ Sθ “ αO(ηS″0 `gjο 0 θ χ r,IiSο ″ Jο θ J“ α ibrj′ ‐ Jο な′ ル′ Gaetano Mosca, 18951 s″

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/θ s



l

O perfodO hist6rico de que trata este volume inicia‐ se com

um surto internacional dc histeria entre os governantes euro‐

126

A Orα αO

″ηpび rrο s

peus e suas aterrorizadas classes m6dias, provocado em 1871 pela breve existencia da Comuna de Paris,a cuja supressao se_ guiu‐ se um massacre de parisienses em escala normalmente in‐ concebfvei nOs Estados civilizados dO s6culo XIX.ヽ

lesrno pelos

nossos mais b6rbarOs padr6es, a escala 6 ainda impressionante (Cf.ス Erα グοCα ρj`α J,cap. 9).Este breve e brutal desencadea‐

mento de terror cego por uma sociedade respeit`vel ―一 pouco caracteristico para o tempO ―― refletia uin problema politico fundamental da sociedade burguesa: sua democratizacao。 A democracia, conformc Observou o sagaz Arist6teles, ё o governo das massas populares, que em geral sao pObres. EviⅢ dentemente, os interesses dos pobres e os dos ricos, dos privi‐

legiadOs e dos desprivilegiados n50 s50 0s mesmos; mesmo se presumfssemos que s5o ou podenl ser,6 improv`vel que as lnas‐ sas considerem os neg6cios p`blicos sob a mesina luz ou nos mesmos termos quc aqueles que os escritores vitorianos ingleses chamavam “as classcs", SatiSfeitos de ainda identificar ag5o polftica de classe apenas com a aristocracia c a burguesia. Era

este o dilema bttsico do liberalismo do s6culo XIX(cf.五 E″ α ごοCα pjれ J,cap.6:1),t5o dedicado as cOnstituigぅ es e assem‐ b16ias eleitas e soberanas das quais esforOava‐

se por se desviar,

sendo antidemocritico; ou,lnais exatamente, cxcluindo a maio‐

ria dos cidad5os do sexo masculino dos Estados, para nao mencionar a totaHdade das mulheres que neles habitavanl, ex‐ cluFdas do direito ao voto e de serem eleitas.At6 ёpoca de que trata este volume, seu inabal`vel fundamento era a distingao entre aquilo quc os 16gicos franceses da era de LuFs Filipe θ chamavam de“ o paFs legal"e“ o pafs real"(Jθ ραys lttα ι ′′

ι り。A ordem social entrou em perigo,desde o momento em quo o “pars real" iniciou sua penetragaO nO fechado re‐

Pα yS Fθ

cinto do``paFs legal" ou``polftico", o qual era defendido pelas

fortificac6es da propriedade, pelas qualificag6es educacionais para o voto c, na maioria dos paFses, pelos privi16gios aris‐ tocr`ticos institucionalizados, tais como as camaras de pares hereditttriosi

De fato, o que aconteceria na polftica quando as massas populares, ignorantes e brutalizadas, incapazes de entender a elegante e salutar 16gica do mercado livre de Adanl SInith, controlassem o destino polfticO dos Estados? C)lnais prov`vel

A polltica da democracia

127

こ quc seguissem o carninhO que cOnduziria aquela rev。 lucao

social cuiO breve ressurgimentO,em 1871,tanto apavorara a gente respeitavel. A revolucao, em sua antiga forma insurreⅢ cional,talvez n5o parecesse rllais iminente;Inas nao se ocultaria

ela atrtts de alguma concess5o mais ampla do sufrttgio, que se cstcndesse para a16m dos estratos dos prOpriet`rios e das pes‐ soas instrufdas? Nao levaria isso, inevitavellnente, ao comunis‐ mo, conforrne ternia o futurO Lο Fグ Salisbury,ellr1 1866?

Ap6s 1870, contudo, tornou‐ se cada vez mais claro quc a democratizag5o da polftica dos Estados era inteiramente ine‐ vitttvel. As massas marchariam para o palco da polftica, quer istO agradasse ou nao aos governantes, Foi o que reallnente aconteceu.Sistemas eleitorais bascados ern amplo direito ao voto c as vezes, teoricamente, atё nO sufrttgio universal masculino,

existiam itt na Franga e na Alemanha,em 1870(pelo menos para o parlamento naciOnal alem5o),bem ComO na Suf9a e na Dina‐ marca, Na lnglaterra,as leis da Reforlna de 1867 e 1883 quase quadruplicaram o eleitorado, que sc elevou de 8 a 290/a para os hOmens de mais de vinte anos.A B61gica democratizou estes direitOs em 1894, ap6s uma greve geral realizada por essa re‐ 10rrna (o aumentO fOi de 3,9 para 37,39る , para a popula95o adulta); a Noruega dobrou essas cifras ern 1898 (de 16,6 para ち4,8%),Na Finlandia,uma demOcracia extensiva inica(76%

de adultos) Surgiu com a revolucao de 19o5。 Na Su6cia, o cleitorado dobrOu eFn 1908,alcangando o nfvel do da Noruega, A rnetade austrfaca do irnp6rio dos Habsburgo recebeu o su‐ frttgiO universal enl 1 907,c a lt`lia ern 1913. Fora da EurOpa,

os EUA,a Austr61ia c a Nova Zelandia ltt eram,ё

claro,demo‐

crdticos,e a Argentina seguiu‐ lhes o exemplo cln 1912.Segundo

padr5es mais recentes, essa democratiza950 ainda cra inconl― pleta 一― O eleitoradO conluFn, SOb sufrttgio universal, era dc

50 a 409る da populac5o adulta_― mas deve‐ se notar quc at6 o voto remininO ld era nlais quc uln ut6pico slο gα ″,Ha宙 a sido intiloduzido nas margcns dos territ6rios dos c01onizadores bran‐

cos,na dё cada de 1880-― no Wyoming(EUA),na Nova Zc‐ landia e na Austrdlia do Sul― 一 e nas democr`ticas Finlandia c

Norucga, cntre 1905 e 1915。 Esses acontecirnentos eranl vistOs sen■ entusiasmo pelos governOs que os introduziram, lneslrlo quando comprometidos,

/t araご os i“ ′″わs

128

pOr cOnviccao ide016gica, com a representagao popularo C)s leitores i`devem ter observado de passagem que,mesmo paises hOie COnsiderados profunda c historicamente democrdticos, co‐

m0 0s escandinavos, apenas tardiamente decidiram ampliar o direito ao voto; para naO mencionar os PaFses Baixos, que, ao contr`rio da B61gica, resistiram sistematicamente a dem∝ rati_ zag五 o antes de 1918 (embora seu eleitorado,na reaHdade,hou‐

vesse crescido em ritmo compar`vel).Os p01fticos talvez se resignassem a profilaticamente estender o direito ao voto, en‐ quanto ainda eranl capazes de controll‐ lo,e n5o alguma extrema

esquerda. Provavellnente foi isso que sucedeu na Franga e na lnglaterrao Entre os conservadores, havia cinicos, comO BiS‐ ―― ou, marck, que depositava sua f6 na lealdade tradicional conforlme poderiam argtir os liberais, na ignorancia e na estu‐ Pidez― ― de um eleitorado de massas,calculando quc o sufrigio

universal fortaleceria a direita e nao a esquerdao Mesmo Bis‐ marck,por6m,preferia nao correr riscos na Pr`ssia(que donli‐ nava o imp6rio Alemao),Onde mantinha o voto de tres classes

acentuadamente incHnado a favor da direitao Essa precau95o demonstrou ser s6bia, visto o eleitorado de massas sc haver revelado incontro16vel a partir do alto. Em outras partes, os p01fticOs cediam as agitag6es c a press5o popular ou aos c`Icu‐

10s baseados nos conflitos polfticos domesticOs, Em ambos os casos, tenliam as conseqtiencias daquilo que E)israeli chamara ``salto no escuro",e que poderiaFn Ser imprevisfveiso Com cer‐

teza, as agita96es socialistas da d6cada de 1890 e as reper‐ cuss6es diretas ou indiretas da prilneira Revolugao Russa acele‐

raram a democratizagaoo cOntudo, qualquer que fosse o modo pelo qual esta avancava, entre 1880 e 1914 a maioria dos Es‐ tados ocidentais havia se resignado ao inevit`vel: a polftica

democr6tica n5o podia mais ser protelada. Dar em diantc, o problema foi manipul`‐

la.

Essa manipula95o, em seu sentido mais grosseiro, ainda era fttcil. Era possfvel, por exemplo, lilnitar estritamente o pa‐

pel polftico das assemb16ias eleitas por sufrdgio universalo Era

esse o modelo de Bismarck, no qual os direitos constitucionais dO parlamento alemaO(Rθ jε みs`α gノ eram reduzidos a um mfni‐ mo.ErF1 0utros pafses,camaras secundarias,as vezes compostas de membros hercditttrios, comO na lnglaterra, votavam (c in‐

A polftica da democracia

129

fluenciavam)por melo de co16gios eleitorais especiais e por outras instituig6es an`logas, pondo frelos as assemb16ias re… presentativas democratizadas。

(Ds elementos do sufr6gio univer―

sal baseado na propriedade foram retidos e reforgados pelas qualifica96es educacionais(por exemplo, votos adicionais para cidad5os com educagao superior, na B61gica, na lt`lia e nos Paises Baixos, e cadeiras parlamentares para as universidades,

na lnglaterra).O IapaO intrOduziu o parlamentarismo com essas ″Cッ mesmas limita96es,em 1890。 Esses sufr`gios imagin`rios(メ α rα C力 iSθ Sり COm0 0s chamavam os ingleses,cram reforgados pelo プ

“ “geo‐ `til quc os austrfacos chamavam de com metria expediente eleitoral'ち daqui10 ou manipula95o dos distritos eleitorais,

o objet市 o de minimizar ou ma対 mizar o apoio a certos partidos,

Os eleitores tfmidos ou simplesmente cautelosos podiam ser submetidos a press6es mediante o voto nonlinal, cspecialinente quando inspecionado por senhores poderosos e outros patr6es: aE)inamarca manteve o voto nominal at6 1918,a Hungria at6 a

d6cada de 1930.C)clientelismo,como bem o sabiam os chef6es das cidades americanas,conseguia gerar eleitores em blocos: na Europa, o liberal italianO C}lovanni Giolitti revelou… se mestre na polftica clientelistao A idade mfniina do eleitor era el`stica:

ia dos vinte anos, na democrdtica Sufca, aos trinta, na E)ina‐

marca, c era muitas vezes aumentada quando o direito ao voto era ampliadO. E havia ainda a possibilidade da siinples sabo‐ tagenl, pela criag5o de complica95es relativas a inscri95o nos registros eleitoraiso Assiln,na lnglaterra,calcula‐ se quc eFn 1914

cerca de metade da classe operdria foi

α ε οimpedida de σ θノ ′

votar gra9as a tais estratagemas. Esses estratagemas, no entanto, se realrnente freavam e li‐ Initavam os inovilnentos do vefculo politico rumo a demOcracia, nao conseguiam deter seu avango。 (Э mundo ocidental, inclu‐

sive a R`ssia czarista ap6s 1905, marchava obviamente para um sistema polftico baseado nunl eleilorado sempre mais anl‐

plo, donlinado pelo povo comum` A consequencia 16gica de tais sistemas era a mobilizag5o polftica das massas para as ele196es e atrav6s destas,ou seia, ■o sentido de pressional os governos nacionais. Isso envolvia a organizagao de mOviinentos e partidOs de massas, a polftica

de propaganda de massas e o desenvolvirnento da mfdia de

Aθ ′α ′os,“ p″jο s

130

massas ―― nesta fase, principallnente a rec6nl― desenvolvida inl‐ prensa popular ou``imprensa marronl"― ― e ainda outros acon‐ teciinentos que suscitavam novos e iinportantes problemas para o governo e para as classes dOnlinantes. Infelizmente para o historiador, esses problemas desapareceranl da cena europё ia nas discuss6es polfticas abertas,na medida em quc a crescente democratiza95o tornou iinpossfvel debate‐ los publicamente com

algum grau de franqucza.Quc candidato deseiaria dizer aos seus eleitores que os considerava demasiado estipidos e igno・ rantes para saberem o que era melhor em polftica, e que suas cxigencias eram t5o absurdas quanto perigosas para o futuro do paFs? Que estadista, rodeado de rep6rteres que translniti‐ riam suas palavras para as mais remotas tavemas de esquina, diria exatamente o que pensava? Os polfticos eram obrigados, cada vez mais,a apelar para unl eleitOrado de massas; e mesmo ao falar diretamente as massas, ou indiretamente, pelo mega‐ fOne da irnprensa popular(inClusive pelos iornais dos advers`‐

riOS),BiSmarck,por exemplo,provavelmente jamais se diHgiu sen5o a uma audiencia de chteo Foi Gladstone quenl introduziu a campanha eleitoral de massas na lnglaterra(e talvez na Eu‐ rOpa),durante a campanha de 1879。 N5o seriam mais discutidas ―― com a franqueza c o realismo que caracterizam os debates referentes h Lei da Reforina Britanica, de 1867 -― as impli‐ ca95es e expectativas da democracia, a n5o ser por leigos em polftica, Mas enquanto os governantes envolviam‐ se em ret6‐ rica, as discuss6es polfticas s6rias retiravanl¨

se para o mundo

dos intelectuais e para o minorit`rio p`blico culto que os liam。

A era da democratizag5o fol iguallnente a cra dourada de uma nova sociologia polftica: Durkheil■ e Sorel, Ostrogorski e os

Webbs,Mosca,Pareto,Robert Michels c Max Weber(cfo pp, 377‐ 9 e ss。 ).4

0s governantes, quando reallnente querianl dizer o que pensavanl, deviam faze_1。 na Obscuridade dos corredores do poder, nos clubes, nas reuni6es sociais particulares, durante as

cacadas e fins de semana no campo, em ocasi6es em que rnem‐ bros da elite se encontravam numa atinosfera bem diversa da‐ quela das gladiat6rias comё dias dOs debates parlamentares ou dos comfcios. A cra da democratiza95o, portanto, veio a ser a era da hipocrisia p`blica, ou antes, da duplicidade e, consc‐

A pol■ ica da democracia

131

quentemente, da s`tira polftica: foi a era de Mr. ]Dooley, das cOnlicas, amargas e ilnensamente talentosas revistas de charges

polfticas como a alema Si“ ρI,c,ss'“ s, a francesaス

ssセ α ``θ “ “ Viena. Que observador a Fα cた θJ,de lKarl Kraus,em inteligente n5o perceberia o abismO escancarado entre o discurso p`blico e a realidade polftica,revelado nO epigrama de Hillaire Bθ ″″ ″ θ,ou

Belloc, sObre o grande triunfo eleitoral dos liberais, em 1906: jソ jgθ T力 θ α cc“ ″ J ρο〃θ r ι 力α′″ θsrs οれ ′″ “ j′ カ ル A4α gο θs )ν ソ0″ θれ,α ″JC力 α ραg″ θ,α ″ご brjα gθ , “θ 3″ ο た θ :α J Dθ ο c″ Cッ rθ S“ θ ごみ r rθ な れ j′

T力 α

`gο

“ s″ ′ “brι Jgθ ′″ο “ θ θ″α″JC力 α ραg″ θ。5* `ん “ “

Mas quem eram as massas quc agora se mobilizavam para a agaO polftica? Em priineiro lugar, havia classes de estratos sociais at6 entao abaixo e fora do sistema polftico, vttrias das quais podianl fOrmar aliangas ainda mais heterogeneas,coaliz6es e ``frentes populares". ]Destas a mais fornlidivel era a classe

oper`ria, agora mobilizada em partidos e moviinentos de ex‐ plicita base de classco Serao examinadas no pr6ximo capftulo.

Ha宙 a igualmcnte uma ampla e mal definida coaliz5o de estratos intё rmedi`rios

descontcntcs e incertos quanto ao que

mais tenlianl,se os ricos ou o proletariadoo Era a antiga pequena

burguesia de mestres artesaos e pequenos lojistas,minada cm suas bases pelo progresso da ccononlia capitalista, pelo rdpido

crescimento de uma nova classe m6dia baixa composta de tra‐ balhadores nao‐ lnanuais e de colarinho branco: estes consti‐ tuFam a月 レ″グ″θ″たθ″ ″gθ e a Mj″ θls′ α″グsノ rα gθ da polftica ale‐ ノ

ma, durante e ap6s a Grande Depress5oo Seu mundo era

definido pelo tamanho, o mundo da “gente pequena"contra o dos``grandes interesses",no qual a pr6pria palavra``pequeno",

tal como enl ``homem pequeno",

“le petit conllnercant",

“der

kleine Mann", t6rnOu‐ se, a16nl dc um s′ οgα ″, um toque de reuniro Quantos iOrnais radical‐ socialistas da Franga ostentavam

com orgulh0 0 tftulo: 二θPθ ′ j′

Pθ ′

j`θ

C力 α rθ ″ ′ θ,二 θPθ

N′ β οis, Lθ Pθ

PrOッθ″rα J, Lα

`j′ Trο ッ θ″?Pequeno,sim,mas

`ル

n5o delna‐

・ (Э poder amaldi9oado que repousa no privi16gio / e anda cOnl mulhc‐ res,champanhe e brttgθ ,/ Rompeu‐ se; e a Democracia reassumiu o reino/que anda cOIn br″ gt mulheres e champanhe。 (N.da T.)

132

/1 θ tt Jos i“ P″ jο s

siado pequcno, uma vez quc a pequena propriedade necessi¨ tava tanto de defesa contra o coletivismo quanto a grande pro‐

priedade; e era preciso defender a superioridade do empregado de cscrit6rio contra qualquer confusao cOm 0 0per6rio manual qualificado, que poderia ter renda semelhante, especiallnente p6r estarem as classes m6dias estabelecidas pouco propensas a aceitar as classes m6dias baixas como suas iguais.

Era essa tamb6nl, e por boas raz6es, a esfera polftica da ret6rica e da demagogia pα r θχεθJJθ κσθo Enl pafses onde era vigorosa a tradig5o do iaCObinismo radical e democr`tico,sua ret6rica, veemente ou floreada, Inantinha a

“gente pequena" う

esquerda,cmbora na Franga isto incorporasse boa dose de chau¨ vinismo nacional e ulllll significativo potencial de xenofobia.Na Europa central,era irrestrito seu car`ter nacionalista e,em es` pecial,seu car`ter anti‐ semita。 Os iudcuS n50 eram simples‐

mente identificados com o capitalismo,e sobretudo com a parte ―― deste que se chocava com os pequenos artesaos e 10iistaS banqucirOs, negociantes fundadores de novas redes de distri‐ buicaO e 101aS de departamentos‐ ―,maS tamb6m e com fre¨ qtencia com socialistas ateus e,de modo mais geral,com in・

telectuais que solapavam antigas e ameacadoras verdades da moralidade e da famllia patriarcalo A partir da d6cada de 1880, o anti‐ semitisino tornou‐ se um dos mais importantes componen‐ tes dos moviinentos pollticos organizados de “homens peque‐ nos", desde as fronteiras ocidentais da Alemanha atё o Leste,

atingindo o lmp6rio Habsburgo, a R`ssia e a Romeniao seu significado tamb6m nao deve ser subestimado em outras partes, Quem iinaginaria, ao observar as convuls6es anti‐ semitas que abalaram a Franga na d6cada de 1890-― d6cada dos escandalos

do Panami e do caso Dreyfus* ――, quC eXistiam, durante esse per`odo,nesse paFs de 40 milh6es de habitantes,apenas 60 mil iudeuS?(Cfo pp.224‐ 6,409 e ss。 ,abaixo。 ) Ha宙 a tambё mi 6 clarO,O Campesinato,que follllaVa ainda a maioria cnl muitos pafses e, cm outros, o maior grupo eco‐ ・ O capitao Dreyfus, do estado‐ rnalor frances, foi erroneamente conde‐ nado por espionagem a favor da Alemanha, cm 1894. Ap6s campanha destinada a provar sua inocencia, que polarizou e convulsionou toda a Franga, elc foi perdoado em 1899 e finallnente reabilitado em 1906. 0 caso''teve unl iinpacto traunl五 tico na Europa toda. “

A polftica da democracia

133

nOnlico.Embora,desde a d6cada de 1880-― ёp∝ a de depressao ――, camponeses e agricultores se mobilizassem cada vez mais, como grupos de press50 econOrnica, aderindo atё mesmo as no‐ vas organiza95es cooperativas de compra, de mercado, de pro‐

cessamento de produtos e de cr6ditO

―― e isso em massas

impressionantes e em paFses diferentes,como os EUA c a Di‐ namarca,a Nova Zelandia c a Franga,a B61gica c a lrlanda一 o campesinato raramente organizava‐



se polftica ou eleitoralrnen―

te como classe,presumindo― se que um coniuntO tao variad。 possa ser considerado classe,Naturallnente, cm paFses agrfcolas,

governo nenhum poderia dar‐ se o luxo de desprezar os inte‐ resses econOmicos dc um coniuntO de eleitores t5o substancial quanto o dos lavradores, Todavia, na medida em que o canl‐ pesinato se mobilizava eleitOralinente, fazia‐ o sob bandeiras

naO_agrfcOlas, Inesmo onde era claro que a forOa de um espe‐ cffico partido ou moviinento polftico,tal como a dos populistas

dos EUA, na d6cada de 1890, ou a dos social¨

revolucion`rios,

na R`ssia (ap6s 1902), dependia do apoio dos fazendeiros e camponeses. Se grupos sociais mobilizavanl‐ se como tais, tamb6■ l o faziam grupos de cidad5os unidos por lealdades setoriais, como as da religiao e as da nacionalidadeo Setoriais porquc as mobi‐

lizac6es polfticas de massas, em base confessional, mesmo em pafses dc uma s6 religi5o,seriam sempre blocos contrapostos a outros b10cos, confeSSionais Ou leigoso E as mobiliza96es na… cionalistas(as vezes, como no caso dos poloneses e irlandeses, coincidindO cOm as religiosas),eram quase sempre mo宙 mentos autonomistas no interior de Estados multinacionais, Pouco ha‐ via neles em cOmum com o patriotismo inculcado pelos Estados ―一 e que as vezes escapava ao seu controle ―― ou com movi… mentos polfticos, normallnente de direita, que pretendiam re‐ presentar ``a nac5o" contra nlinorias subversivas(Cfo Cap. 6.) Entretanto, a ascensaO de mOvilnentos de massa polftico‐ confessionais, como fenOmeno geral, foi substancialinente difi‐

cultada pelo ultracOnservadorismo e uma cntidade que possufa, de 10nge, a mais formid`vel capacidade de mobilizar e orga‐ nizar seus fiё is,ou,mais exatamente,a lgreia Cat61ica Romana. A polftica, os partidos, as eleic6es fazem parte daquele deplo‐ cu10 xlx que Roma tentara proscrever,desde o Sy′ ′ αb夕 s

rttvel sё

Aθ ′αJοs

134

i“ Pび ri鉢

de 1864 e o Concflio dO Vaticano de 1870(cf.AE″α ごοCa‐ j`α ′ J, cap. 14:3)・ A Igreia pe...laneceu absolutamente irrecon‐

ciliada com O s6culo XIX, confo.1.le teStemunha a proscricao de pensadores cat61icos que, nas d6cadas de 1890 e de 1900, cautelosamente insinuaram que se devia entrar num acordo com as id6ias contemporaneas(。 “lnOdemismo" foi condenado pelo

papa Pio X em 1907). Que lugar have五 a para a polftica cat6‐ lica nesse mundo infernal de polftica leiga, salvo o da total oposi95o c o da defesa especffica da pritica religiosa, da edu‐

cacao cat61ica e de outras institui96es da lgreia,Vulnerdveis

em relag5o ao Estado em perrnanente conflito com ela? Assim,embora o potencial polftico dos partidos cristaos fosse eno.11le,como o demonstraria a hist6ria curcp6ia a partir de 1945,ホ e a medida que,evidentemente,esse potencial crescia

a cada uma das extens6es do voto,a lgreia resistia a fOma95o de partidos polfticos forinallnente por ela apoiados, conquanto

haia recOnhecido, desde o infcio da d6cada de 1890, que seda deSeidVel arrebatar as classes trabalhadoras a revolu950 socia‐ lista c at6ia c,6 claro,necess`rio cuidar de seu malor eleitorado,

os camponeses. Todavia, a despeito da ben9=O papal a nOva preocupa9aO cat61ica com a polftica social(enCFclica Rθ r“ “ NOνα″ ″,,1891),oS ancestrais e fundadores daqueles que viriam “ a ser os partidos democrata… crlstaOs da era que sucedena a

Segunda Guerra Mundial eram considerados com suspeita c tratados com peri6dica hostiHdade pela lgreia ―― naO apenas porque tambё m eles, como o“ inodernismo",parecianl se conl‥

prometer com tendencias indesei`veiS nO mundo laico,mas iguallnente porquc a lgreia naO Se sentia a vontade iuntO aOs quadros dos novos estratos cat61icos da classe m6dia e da classe

m6dia baixa, urbana e rural, provenientes das economias em expans5o, que nelas encontravam seu campo de acao. QuandO o grande demagogo Karl Lueger(1844‐ 1910)conseguiu,na d6‐ cada de 1890, fundar o priineiro ilnportante partido modemo de massas social‐ crist5o一 ―um vigoroso moviinento anti‐

semita de

classe m6dia baixa que conquistou a cidade de Viena ―― ele o fez a despeito da resistencia da hierarquia austHaca。

(O par_

・ Na lt41ia,na Franga,na Alemanha Ocidental e na Austria, esses par‐

tidos emergiram e permaneceram, com excec5o da Franca,como grandes partidos do governo.

A polftica da democFaCia

135

tido sobrevive ainda,como Partido do Povo,havendo governado a Austria independente durante a maior parte de sua hist6ria, desde 1918)。

A Igreia,portanto,costumava apoiar partidos conserva‐ dores ou reacion`rios, de v`rios tipos, ou, cm nac6es cat61icas subordinadas no interior de Estados multinacionais,lnantinha‐ se em boas rela96es conl moviinentos nacionalistas, n5o contanli‐

nados pelo vfrus secular. COntra o socialismo c a revolu95o, a lgreia apoiava qualquer cOisa.Partidos e mo宙 mentos de mas― sas genuinamente cat6Hcos encOntravanl‐ se apenas na Alemanha

(Onde surgiranl para resistir as campanhas anticlericais de

Bislnarck na d6cada de 1870), ■oS PaFses Baixos(Onde a po‐ lftica sempre tomava a fo.11la de agmpamentos confessionais, inclusive de protestantes e nao‐ religiosos,organizados em blocos

verticais)e na B61gica(onde os cat61icos e liberais anticlericais

haviam formadO um sistema de dois partidos bem antes da democratizagao). Mais raros ainda eram os partidos religiosos protestantes,

o onde eles existiam as exigencias confessionais costumavam fundir‐ se

com outros sJο gα ″s: nacionalismo e liberalismo (pre‐ ponderantes no naO_cOnfornlista Pafs de Gales), antinacionalis‐

mo (entre Os protestantes da Ulster, quc optavam pela uni5o com a G}ra‐ Bretanha contra a autononlia polftica da lrlanda), c liberalismO (cOmo no Partido Liberal ingles,onde o naO_cOn_

forrnismO aumentava seu poder a proporOaO que Os velhos aristocratas 〃みjgs e os importantes interesses dos grandes ne‐

goclos passavam para os cOnservadores, na d6cada de 1880,* Na Europa oriental,6 claro, a religi5o na polftica era impossf‐ vel de se distinguir― ― inclusive na R`ssia ―― dO nacionalismo

de Estado.O czar n5o era apenas o chefe da lgreia OrtOdOXa, mas mobilizava a ortodOxia contra a revolu95oo As outras gran‐

des religi6es dO mundo(o iSIamismO,O hindufsmO,O budismo e o confucionismo)'para naO mencionar cultos restritos a comu‐

nidades ou grupos especfficos, ainda operavam num universo ideo16gico e polfticO no qual era desconhecida c irrelevante a polftica ocidental democr`tica. ・ Nao・ confOrnlismO: grupos protestantes dissidentes, exteriores h lgreia Anglicana, na lnglaterra c no PaFs de Gales.

136

Aθ ″α αOs

i“ pttrbs

Se a religi5o encerrava um grande potencial polfticO, a identificacao nacional era um fator de mobilizagao iguallnente fOrllni“ vel e, na pr`tica, mais eficaz. QuandO a lrlanda 一 ap6s a democratizacaO dO direito ao voto na lnglaterra em

1884 -― votou em seus representantes, O partido nacionalista irlandes capturou tOdOs os assentos parlamentares cat61icos da ilhao C)itenta e cinco parlamentares, entre 103, forrnaram uma disciplinada falange, em apoio ao llder(prOtestante)do naCiO‐ nalisino irlandes, charles Stewart Parnell(1846‐ 1891). Onde quer quc a consciencia nacional optasse pela expressao polftica, evidenciava― se que poloneses votariarn como poloneses(na Ale‐

manha e na Austria)e tchecOs como tchecos.A polftica da metade austrfaca dO Impё rio Habsburgo paralisara‐ se por essas divis6es nacionais。 ]De fato, ap6s os tumultos e consequentes repres`lias de alemacs e tchecos enl lneados da d6cada de 1890,

o parlamentarismo entrou em colapso cOmpleto, visto ser iin‐ possfvel,daf ern diante,qualquer inaioria parlamentar para qual‐

quer governo. A concess5o do sufr`gio universal,em 1907,n5o foi feita apenas em resposta a press6es: foi uma desesperada tentativa no sentido de mobilizar as massas eleitorais que vota…

riam,talvez, cm partidos n5o‐ nacionais(cat61icos ou mesmo socialistas)cOntra Os irreconcilittveis e rixentos blocos nacionais.

Em sua forma extrema ―― nos disciplinados partidos de massas combinados corn movilnentos ―― a mobiliza95o polftica de lnassas perlnaneceu incomumo Mesmo entre os novos movi‐ mentos operttrios e socialistas, o padraO mOn01ftico e abran_ gente da social‐ democracia alema n50 era, de inodo alguin,

universal(Cf. pr6xiino capftulo), N5o obstante, os elementos constitutivos desse novo fen6meno eraln agora discernfveis quase em toda parte. Eram eles, prilneirO, as organizag6es eleitorais, que formavam a sua base.O partido_de‐ lnassas‐ coFn‐ mOViinentos, ideal―

tfpico, conSiStia cm um cOmplexo de organizag6es locais

ou se96es, unido a um cOmplexo de organizag6es, cada uma tamb61n ligada a se96es locais destinadas a fins espcciais, mas

integradas a um partidO com obiet市 oS polfticos mais amplos, Assirn, em 1914, o movilnento nacional irlandes consistia na Liga lrlandesa Unida, que fOrmava sua base nacional eleitoral‐

mente organizada ―一 isto c em cada urn dos distritos parla‐ mentares.A Iッ iga organレ ava os cOngressos eleitorais, dirigidos

A polftica da democracia

137

pe10 seu presidente e com a presenga nao s6 de seus pr6prios delegados, mas igualinente dos delegados dos conselhos sindi‐ CaiS(Cons6rciOs das se96es sindicais das cidades), dOS pr6prios

sindicatos, da AssOcia95o Terra c Trabalho, que representava os interesses dos lavradores,pelos delegados da Associagao At16‐

tica Ga61ica, pelas associag6es de auxflio m`tuo, tais como a

Antiga Ordem dos Hib6rnicOs ―― quC, alids, ligava a ilha a

emigra95o americana― ― alё m de Outras entidades, Eis os qua‐ dros mobilizados que formavam O elo essencial entre a lide‐ ranga nacionalista dentro e de fora dO ParlamentO e o eleito― rado de massas, que definia Os lirnites exteriores daqueles quc

apoiavam a causa da autononlia irlandesa. Os ativistas assiin organizados poderianl formar,enl si,uma massa reallnente subs‐

tancial: eFn 1913 a Liga contava com 130 1nil lnembros entre uma pOpulag5o total de irlandeses cat61icos de 3 1nilh6es.6

Ern segundo lugar, os novos lnoviinentos de massas eram ideo16gicoso Erarn mais que siinples grupos de pressao e a95。 a favor de obietivOS especfficOs, tais comO a defesa da viticul‐ tura, Tais grupos organizados de interesse especfficO natural‐ mente proliferavanl,visto quc a 16gica da polftica democratizada exigia que os interesses exercessem press6es iuntO aOs governos

e as assemb16ias nacionais, em teoria sensfveis a elas. Mas

entidades cOrnO a alelma Bα れググθr Lα ″ご〃j″ ′ θ*(fundada

e quase iinediatamente, cm 1894, apoiada por 200

cm 1893

■lil

agricul―

tores)nao se ligavam a um partido,a despeito das simpatias obviamente conservadoras do B“ ″グ e dO quase total dornfnio

que os grandes latifundi`riOs exerciam sobre ele. Em 1898, contava o Bッ ″J com o apoio de l18(entre 397)deputadOs do Rθ jε 力s`α g, que pertenciam a cinco partidos diferentes,7 E)iver‐ samente de tais grupos de interesses especfficos, por poderosos

que fossem,o novo partido, combinado conl movilnentos,repre‐ sentava uma visao total do mundOo Era isto, Inais que o pror grama polfticO cOncreto, especfficO c talvez mutttvel que, para

seus membros e seguidores, formava algo semelhante aquela ``religi5o cfvica"a qual,para lean― Iacques Rousseau,Durkheim

e outros te6ricOs do novo campo da sociologia, deveria ligar entre si as sociedades modernas; apenas neste caso,formava um cilnento seccional. A religi5o, o nacionalismo, a democracia, o ・ EIn alem5o no original: Liga dos Agricultores。 (N.da T.)

A erα αοs i“ Pび riο s

138

socialismo, as ideologias precursoras do fascismo de entre‐ guerras: tudo isso mantinha unidas as massas rec6nl‐ mobiliza‐ das, quaisquer que fossem os interesses materiais tamb6m re‐ presentados por seus movilnentos. Paradoxallnente, os paFses de vigorosa tradi95o revolucio‐

ndria, como a Fran9a c os EUA e,mais remotamente,a lngla‐ terra,a ideologia de suas pr6prias revoluc6cs anteriores perrnitia

as velhas e novas elites domesticar, pelo menos enl parte, a nova mobiliza95o de massas, por meio de estratё gias h` muito familiares aos oradores do dia 4 de iulhO,na democrtttica Am6rica do Norte. 0 1iberalismo britanic。 , herdeiro da Revolucao C}loriosa de 1688 e que nao desprezava um ocasional apelo aos regicidas de 1649, cm beneffcio dos descendentes das velhas scitas puritanas,* conseguiu embargar o desenvolvilnento de um Partido Trabalhista de massas at6 depois de 1914.A16m disso, o Partido Trabalhista(fundadO em 1900),tal como era,veleiava na esteira dos libcrais. O radicalismo republicano, na Fran9a, tentou absorver e assiinilar as mobiliza96es populares de mas‐

sas, agitando a bandeira da Rep`blica e da Revolucao contra seus inil■ igoso E n5o o fazia sem exit。 。(Ds slο gα ″s “Nac h五 iniinigos a esquerda" e “Unidade de todOs os bons republica‐ nOs" forarn importantes no sentido de ligar a nova csquerda

pOpular aos homens do centro, que mandavanl na Terceira Rep`blica。 Em terceiro lugar, seguc‐ se quc as mobilizac6es de massas eraFn,a Seu modo,globais,Ou elas estragalhavam o antigo qua‐ dro de referencias localizado ou regional da polftica,ou o margi‐

nalizavanl, ou ainda integravanl‐ no em movilnentos mais anl‐

plos e abrangentes, Em qualquer caso, a polftica nacional, nos paises democratizados, deixava menos campo aos partidos pura‐

mOnte regionais,mesmo em Estados com marcantes diferengas entre suas regi6es,como a Alemanha c a ltttliao Assiin,na Ale‐

manha, o cariter regional de Hanover(aneXado a Prissia tao recentemente como 6 1866),onde ainda eram marcantes o sen‐ timento antiprussiano e a lealdade h antiga dinastia dos Guelfos,

assinalava sua presen9a apenas pela menor percentagem de votos (850/o,contra 94‐ 1000/O cln outras partes)dadOS aOs varios par_ ' O priineiroⅢ lninistro liberal,Lο rご Rosebery,pagou do seu bolso a est6‐

tua de C)liver Cronlwen, erigida diante do Parlamento em 1899.

A polftica da democracia

tidos de amplitude nacional.8(Э

159

fato de as lninorias 6tnicas ou

confessionais, Ou mesmo os grupos sociais e econOmicos, serem as vezes lirnitados a `reas geogr`ficas especiais n5o nos deve desorientar, Em contraste cOm a polftica eleitoral da antiga so‐

ciedade burguesa, a nova polftica de massas mostrava… se pro‐ gressivamente incompativel cOm a velha polftica localizada,ba‐

scada nos hOmens com poder e influencia local,conhecidos(nO vocabulttriO polfticO frances)cOm。

″。′ αbJθ s(not6Veis)。 Havia

ainda muitas partes da Europa e das Amё ricas― ― especiallnente em `reas tais como a penfnsula ib6rica e a balcanica, 。 sul da j9“ θ ltttlia c a Ainё rica Latina ―- locais Onde cα θ s Ou patr6es, pessoas poderosas e influentes l∝ alinente,poderiam“ fornecer''

blocos de votos de sua clientela a quem melhor pagasse ou a patr6es ainda mais ilnportantes, Na polftica democratica, 。 ``patr5o" naO chegava a desaparecer, mas neste caso era cres‐ centemente o partido que fazia O not`vel ou que,pelo menos,o salvava do isolamento e da impotencia p01ftica―

― e na。 O cOn_ trttrioo Elites mais antigas,que se transforrnavam a filn de adap‐

tar‐

se a dem∝ racia, desenvolviam v`rias combinag6es entre a

p01ftica da influencia e do clientelismo 10cal e aquela da demo‐ cracia. Na realidade, as `ltiinas d6cadas do velho sё culo e as priineiras do nOVo foranl refletas de complicadOs cOnflitos entre

as ``notabilidades" ao velho estilo e os novos operadores da polftica,os patr6es locais e outros elementos chaves quc contro‐ lavam Os partidos locais。

A democracia quc assiln substituFa a polftica dos notttveis ―― na medida em que era benl‐ sucedida ―― naO substitufa o clientelismO e a influencia pelo “povO'', maS pela organiza95o: ou, mais exatamente,os conlites,os not`veis de partido, as lni‐

norias ativistas. Esse paradoxo foi prontamente registrado pOr observadores realistas da polftica, que assinalaram o papel de‐ cisivo desses cOnlites(。 u cα ツC″ sθ S,Segundo o tellllo anglo‐ ame‐

ricanO), Ou mesmO a “lei de ferrO da oligarquia" que Robert Michels acreditava poder deduzir de seu estudo do Partido So― cial… lDemocrata alemaoo Michels notOu igualinente a tendencia dos novos mOviinentos de massas para venerar figuras de lfderes,

embora tenha exagerado seu significado.9 COm respeito a adnli_ ragaO quc, sem d`vida, costumava circundar certos lfderes de

moviinentos nacionais de massas, a qual se manifestava em

A′ ″ αdοs

140

i″ ρび rわ s

tantas paredes de casas modestas durante a 6poca quc exanli‐

namos, por meio dos retratos de C)ladstone, o Grande Velho do Liberalismo,ou de Bebel,o llder da social‐ democracia alem5,

ela era um reiexo principallnente da causa quc unia os fi6is, c n50 do pr6prio lfder.A16m disso,nao faltavanl moviinentos de massas sem lfderes carismiticos. Quando Charles Stewart Par‐ nell caiu vftiina das complica96es de sua vida particular e da hostilidade conjunta da lgreia cat61ica e da moralidade n5o‐ conforrnista, em 1891, ele foi abandonado sem hesita95o pelos irlandeses― ― e todavia nenhunl lfder suscitara tanto entusiasmo

e lealdadeo C)rnito dc Parneli sobreviveu durante longo tempo

ao homem.

aTI 覧 ∬誂撃 十 1etiri湯 ポ rl:g:::lll職五 '1鷹:熙 rlli訛 :%:器 £ 樹 驚:Sご 1盤::盤 … 譜T'北 ∬搬 £ Sisittl f露「 ‰ Ⅷ cぷ :守 ∫ 甑 h:翼 itttlЪ 』 肥 露 漱緊 fT鸞 ぶ11:慧Ъ :漁 翼 盤驚:ltth鰐よ i∬ ξ l為 l胤 fttl 糧i織 ::lttt紺 蝋 粛 1胤¶蟹 lt蹴 謂鶴謂T度 ]鸞 :a協 躍霜 :『 響 :脚:∫ Ъ W∬ :lL:e燎富 l:fttlit:i:雷 l鯉 ∵ lllT:麗 供

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pelo menos no mundo cristao, eram regiines clericais, operadoS por institui95es seculares,

2 A democratizacao, embOra em avan9o, apenas iniciara a transforrnacao p01fticao Contudo, suas ilnplicag6es, algumas vezes itt expliCitas,suscitavam os mais graves problemas para ' 0 `ltiino exemplo de tal transforma95o 6, provavellnente, o estabele‐ LItah, em 1848.

cinlento da comunidade m6rmon en■

A polftica da democracia

141

aqueles que governavam e para as classes no interesse das quais

o faziam. Havia o problema de manter a unidade e a propria existencia dos Estados,que id era urgente na polftica multinacio‐

nal confrontada por moviinentos nacionaiso No lmp6rio Austrfa‐ CO,CSSe era jtt o problema central do Estado,e mesmo na lngla‐ terra a emergencia do nacionalismo de massas irlandes abalara a estl■ ltura polftica estabelecida.Havia os problemas de como man… ter a continuidade de polfticas sensatas, tais conlo as conside‐ ravam as elites do pafs 一― aciina de tudo, na economiao N5o interferiria a democracia, inevitavellnente, nas operag6es do ca‐

pitalismo c ―― segundo pensavam os homens de neg6cios

――

para pior? N5o ameagaria o livre com6rcio, na lnglaterra, ao qual todos Os partidos apegavanl‐ se religiosamente? N5o amea… 9aria a solidez das financas e do padrao― our。 , pedra de toque de toda polftica econOmica respeit`vel?Esta`ltiina ameaga apa―

rentava urgencia nos EUA, dado quc a mobiliza95o do popu‐ lismO, na d6cada de 1890, havia dirigido seus mais veementes raios ret6ricos contra―― para citarmos seu grande orador Wil‐ liam ttennings Bryan一 a crucificagao da humanidadc numa cruz de ourO. De modo mais geral, mas aciina de tudo,situava‐ se o problema de garantir a legitiinidade, talvez a pr6pria sobrevi‐

vencia da sociedade tal como entao constituFda, ao enfrentar a ameaga dos mOviinentos de massas pela revolu95o social. I〕

tais

amea9as afiguravanl‐ se ainda mais perigosas dada a ineg`vel inefic`cia dos parlamentos eleitos pela demagogia e fragmenta‐ dos pOr conflitos partidttrios irreconcilittveis, a16m da indubit`―

vel corrup95o de um sistema polfticO que n5o se apoiava mais em homens de fortuna independente e sim, cada vez mais, na‐ queles cuia Carreira c fortuna baseavanl‐ se no exito que obti‐ vessem na nova polftica.

Ambos estes fenOmenos naO podiam ser desprezados. Em nag6es democr`ticas com poderes divididos, como os EUA, o governo (isto 6, o ramo executivo, representado pela presiden¨

Cia)era,cm certo grau,independente do parlamento eleito,em‐ bola suscetfvel de ser paralisado por seu contrapeso。

(Mas a

ele195o democr`tica dos presidentes introduzia outro perigo。 ) No mode10 eurOpeu de governo representativo, em quc os go‐ vemos, exceto quando protegidos por mOnarquias do velho es‐

A

142

θtt αοs i“ P″ わs

tilo, crarlll teoricamente dependentes das assemb16ias eleitas, os

problehas afiguravanl… sc insuperiveis. Efetivamente, eles com

freqtencia iam e vinham como grupos de turistas num hotel, sempre que uma breve maioria parlamentar se esfacelava c outra a sucediao A Franga,Inae das democracias europ6ias, talvez de‐

tivessc o recorde: tivera cinqtenta e dois gabinetes enl menos de trinta e nove anos,cntre 1875 e a de■ agracao da guerra,dos

quals apenas onze duraram doze meses ou mals. Reconheclda‐

mente, os mesmos nomes tendiam a reaparecer na maloria deleso N5o causa adnliragao, portanto, quc a continuidade efe‐ tiva do governo e da polftica estivesse nas m5os dos funciond‐ rios permanentes,nao‐ eleitos c invisfveis,da burocraciao No que

se refere a corrup95o, talvez nao fosse malor que no inicio do sё

culo XIX, quando os gOvernos, inclusive o ingles, haviam

partilhado os corretamente assiin chamados “cargos lucrativos da Coroa" e as lucrativas sinecuras entre seus parentes e de‐ pendentes.Mesmo onde a corrup95o nao era tanta,ela era mais visfvel; por exemplo, quando os polfticos que sc haviam eleva‐

do pelos proprios esfor9os cobravaln,de unl modo ou de outro,

O va10r de scu apoio ou oposicac aOs homens de neg6cios ou outros interessados, 7ral COrrup95o era ainda mais visfvel se confrontada com o incorruptibilidade dos iufzeS e administra‐ dores p`blicos pe.11lanentes mais graduados ―― suposta pelo menos na Europa ocidental e central― ―, ambos protegidos em larga medida, nos paFses constitucionais, contra o duplo risco da ele● 5o e dO Clientelismo 一― com a ilnportante exce95o dos

EUA.* Ocorriam escanda10s de corrup95o politica nao apenas em

pafses em que n5o se abafava o som do dinheiro a trocar de m5os,como na Franga(o escandalo wilson em 1885,o escanda‐

lo Panam`em 1892‐ 1893),mas igualmente onde o som era abafado, como na lnglaterra (O escanda10 Marconi, no qual envolveram‐ se dois homens que se havialn feito pelos pr6prios

esfor9os, cOmo Lloyd George e Rufus lsaacs, posterio..1.ente ・ Mesmo nesse pafs,uma Cornissao de servidores P`blicos foi estabeleci‐ da,em 1885, com o fiin de elaborar as bases de um Servi9o P`blico Fe‐ deral independente do clientelismo polftico. Mas o clientelismo perma‐

neceu, na maioria do paFs, mais importante do que convencionalinente se supoe.

A politica da democracia

145 *

ocupante do lnais alto pOstO judicial ingles e vice_rei da lndia)。

A instabilidade e a cOrrup950 parlamentar poderianl, 6 claro, estar ligadas,onde os governos cOnstituFam suas inaiorias,essen‐

ciallnente naqui10 quc efetivamente era compra de votos pol・ favores polfticos―― Os quaiS, inevitavellnente,tinham diinens5o financeirao COnforme observadO, C}iOvanni C}iolitti, na ltttlia, era mestre nessa estrat6gia.

Os contemporaneos pertencentes as camadas superiores da sociedade davam‐ se conta, vivamente, dos petigos de uma polf‐ tica dem∝ ratizada e,de modO geral,da progressiva centralidade

das massas. Isso nao constitufa silnpleslnente preocupag5o dos que se ocupavam de neg6cios p`blicos, com0 0 redator do Lθ Tι Ps e da Rθ ソ θJθ s iDθ χ Mο ″Jθ s_― fOrtalezas da opini5o “ “ respeit6vel francesa一 ―, que“cIIn 1897 publicou unl livrO carac‐ teristicamente intituladoス 0″ gα ″jzα ra。 グ。 s′ ノ π 1/れ ,ソ θ rsα

J′

`gjο A Crisθ Jο Es`α ごο Mο Jθ ″ ″ο,11 0u meSmo preocupa95o do pro‐

cOnsul dOs conservadores pensantes, o nlinistro Alfred Milner (1845‐ 1925),que em 19o2 referia‐ se(privadamente)aO Parla‐

mentO britanico como “aquela malta de Westininster"。 12 MuitO do difundido pessilnislno da cultura burguesa da d6cada de 1880 e das seguintes(cf.pp.315,358‐ 60 abaixo)refletia,senl d`vida,o sentiinento dos lfderes abandOnados por seus antigos seguidores, das elites que viam desintegrar‐ se suas defesas cOntra as massas,

das lninorias educadas e cultas(Ou,lnais exatamente,dos filhOs dos ricOs)invadidos por``aqueles quc acabavam dc emancipar‐ se do analfabetismo ou da senlibarb`rie",13 。u C01ocados de lado pela mar6 montante de uma civiliza950 engrenada aS massas。 A nova situa95o polftica desenv01veu‐ se passo a passo, c irregularmente,dependendo da hist6ria interna dos diversos Es‐ tados.Isso dificulta c quase inutiliza uma avaHa95o cOmparativa da p01ftica de 1870‐ 1890。 Foi a s`bita emergencia internacional ri官 電 躍 漁 ::ぶ 認 壌 ::s器 ]d:鷲 棚 圏 覧。:ξ T‰ ∬ listas polfticos, n5o eram raraso Ao morrer, ern 1895, LOr′ Randolph

L仇

Churchill, pai de Winston, que havia sido chanceler do Tesouro, devia cerca de 60.000 1ibras a Rothschild, O qual, segundo seria de prevcr, tinha seus interesses nas finan9as nacionais, A dirnens5o da dfvida pode ser indicada ern termos atuais pe10 fato de essa inica soma elevar‐ se a O,4% do rO′ α′dO produto dos impostOs de renda na lnglaterra, naquele ano.10

A● ″ ′Os

144

i“ pび rios

dos movimentos oper`rios de massa e dos movilnentos socialis‐ tas,durante e ap6s 1880(cfo Cap.seguinte),quc parece ter colo‐

cado numerOsos governos e classes dominantes em dificuldades essencialmente semelhantes,conquanto retrospect市 amente seia possfvel perceber que nao foram estes os `nicos moviinentos

de massas a dar dores de cabeca aos governantes. IDe modo geral, na maioria dos pafses europeus de constituig5o liinitada

e restri96es ao direito de voto, a predominancia p01ftica da burguesia liberal na inetade do s6culo(cf.ス

E″ αごοCα ′j′ α ち Cap.

6, 1,cap. 13,3)caiu pOr terra no decorrer da d6cada de 1870,

se n5o por outras raz6es, como um resultado secundttrio da

Grande Depressao: na B61gica cm 1870, na Alemanha e na Austria, cm 1879, na lt61ia na d6cada de 1870, na lnglaterra cm 1874.Exceto durante epis6dicos retomos ao poder,ela ia‐ mais voltou a donlinar, Nenhum padr5o polftico de igual cla‐ reza emergiЧ na Europa durante o novo perfodo, cmbora nos

EIJA o Partido Republicano, que conduzira o Norte a vit6ria na Guerra Civil, conquistasse quase ininterruptamente a presi‐

dencia at6 1913. Na medida em que os problemas insol`veis e

os desafios b`sicos da revolu95o e da secess5o puderam ser mantidos fora da polftica parlamentar, os estadistas poderiam iludir as maiorias parlamentares com coaliz6es mutiveis entre aqueles que n5o pretendiam ameagar o Estado e a ordenl social. Na maioria dos casos era possfvel manter esses desafios afasta‐

dos, embora na lnglaterra o sibito surgiinento de um s61ido bloco nlilitante de nacionalistas irlandeses na d6cada de 1880,

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a p01ftica parlamentar e os dois partidos que,at6 ent5o,haviam dangado decorosamente seu pα s αθJθ χ。(Du pelo menos, em “ ″みig e de ho‐ 1886, precipitou o afluxo de nobres miliondrios mens de neg6cios liberais ao partido′ οry,o qual,como partido

conservador O unionista(ist0 6,Oposto a autOnomia irlandesa), crescentemente desenvolveu… se no partido unido da grande pro‐ priedade fundiaria e da grande indistria.

Em outras partes a situagao, conquanto mais dramtttica, era, na realidade, mais contro14velo Na restaurada monarquia da Espanha(1874)a fragmenta95o dos derrotados opositores do sistema― ― republicanos h esquerda,carlistas a direita__pe...11-

A polftica da democracia

145

tiu a C`novas (1828‐ 1897)perrnanecer no poder durante a malor parte do perfodo de 1874‐ 1897,manipulando os polfticos

e urn apolfticO vOtO rural.Na Alemanha,a fraqucza de elemen‐ tos irreconcilittveis pe.11litiu a Bislnarck controlar as coisas bas‐

tante bem na dё cada de 1880, e no lmp6rio Austrfaco a mode‐

ra95o dos partidos eslavos respeitaveis beneficiou, de igual modo, O elegante e aristocr`tico bο :θ ソα″ Jjθ r conde Taaffe “ 1895, no cargo, 1879-1893). A direita francesa, que sc (1833‐ recusou a aceitar a repiblica, era uma minoria eleitoral perFna― nente, c o ex6rcito n5o desafiava a autoridade civil: assiin so‐ breviveu a rep`blica)s muitas e pitorescas crises quc a sacudi…

ram (em 1877,em 1885‐ 1887, cm 1892‐ 1893 e durante o caso Dreyfus em 1884‐

1900)。

Na ltttlia,o boicote do Vaticano a um

1887) Estado secular e anticlerical facilitou a Depretis(1813‐ conduzir sua polftica do ``transforinislno"ou, 1■ ais exatamentel transfo..1lar Os adversttrios em scguidores do govcl.no. Na verdade, o `nico e verdadeiro desafio ao Sistema era extraparlamentar ―― e a insurrei95o quc vinha de baixo nao precisava, no momento, ser levada a s6rio nos pafses constitu‐ cionais,ao passo quc os exё rcitos,Inesino na Espanha,territ61・ lo Os,guardavalrl silenci。 。E onde,como c16ssicO dOs Prο ″夕れεjα ″Zθ れι nos B五 lcas e na Amё rica Latina,a insurre195o e as for9as alllla‐ das na polftica pe.11laneciam partes fanliliares do cendrio, cram antes parte do sistema do que ameacas potenciais a este.

Entretanto,era improv6vel que tal situa95o perdurasseo Ao se com o surgirnento de forgas aparentemente irre‐

confrontar‐

concili`veis na polftica, o priineiro instinto dos governos era

corn freqtencia a coer05o.Bismarck,Inestre enl manipular uma polftica de sufrttgio restrito, sentia‐

se perplexo, na d6cada de

1870,ao enfrentar o que ele considerava uma massa organizada m das monta‐ de cat61icos leais a unl Vaticano reacion`rio ``alё nhas" (daf o terrno “ultramOntano"); e deClarOu uma guerra たα ρノ ou luta anticlerical contra eles(a assim chamada K“ J`“ ″ cultural da d6cada de 1870)。

“ ConfrOntado com a ascens5o dos

social‐ democratas,

ele declarou o partido fora da lei ern 1879. Desde quc o retomo ao puro absolutisrno parecia impossfvel e de fato iinpensttvel 一― uma vez quc era permitido aos social‐ ―― ele democratas banidos apresentar candidatos as elei96es

malogrou em ambos os casos, Mais cedo ou mais tarde

一― no

146



2



αos′ p″ ′ οs “

caso dos socialiStas, ap6s sua queda cm 1889 -―

os gOvernos

precisaram conviver com os novOs moviinentos de massas. 0 imperador austrfaco,cuia capital fOra empolgada pela demagogia dOs sOcial― crist5os, recusou‐ se tres vezes a aceitar‐ lhes o lfder,

Lueger, cOmo prefeito de Viena, antes de resignar― sc ao inevi‐ tttvel,em 1897.EIn 1886,o governo belga reprilniu rnilitarlnen‐ te a onda de greves e tumultos dOs Operttrios― ― dos inais nlise―

r`veis entre os europeus ocidentais ―― e prendeu os lfderes socialistas, estivessem ou n50 envolvidos nos dist`rbios. TOda‐ via, sete anos depOis, concedeu uma esp6cie de sufr`gio uni‐ versal depois de uma benl‐ sucedida grevc geral, Os govcrnos italianos mandaram atirar em campOneses sicilianos em 1893 e contra operttriOs lnilaneses em 1898。 Ap6s os cinqtenta cad6‐

vcres de Mi15o, por6m, o governo mudou de mmoo De modo geral,Os anos 1890, d6cada do surgiinento dO socialismo como

mo宙 mento de massas,sao o marcO de um momento decisivo. Iniciava‐ se

uma era de novas estratё gias polfticas.

As gerag6cs de leitores que cresceranl posteriormente a Prirneira Guerra Mundial talvez considerem estranho que nc‐ nhum governo haja seriamente contemplado o abandono do sis‐ tema parlamentar e constitucional,neste tempo。 スρ6s 1916,de fatO,O cOnstitucionalislno liberal e a democracia representativa

efetivamente bateram cm retirada em tOda a linha de frente,

cmbora em parte restaurados ap6s 1945。 No perfodo de quc tratamos n5o foi essc o caSOo Mesmo na R`ssia czarista, a der‐

rota da revolugao de 19o5 n5o conduziu a uma aboli95o total

das eleic6es e do parlamento(Duma)。 Ao contr`riO de 1849 (Cf.A Erα ′οCapj`α J,cap.1),naO hOuve um simples retorno a rea95。 ,Inesino que no final de seu perfodo de poder Bisinarck

haia COnsiderado a idё ia de suspender ou abolir a cOnstituicao。

A sociedade burguesa talvez tenha se sentido apreensiva quanto ao rumo a seguir,mas ainda era suficientemente autoconfiante,

principallnente porque o avan9o econ6nlico mundial de modo nenhum estilnulava o pessiinislno. Mesmo a opini5o politica‐ mente moderada(a n50 ser quc existissem interesses financeiros

c diplom`ticos contr`rios)eSperava uma revolu95o na R`ssia 一― a qual, imaginava‐ se, transformaria a n6doa da civiliza95o

curop6ia num cOrreto Estado liberal‐ burgues __ e de fato a revolu95o de 19o5,ao inversO da de 1917,foi entusiasticamente

147

A polftica da democracia

apoiada pela classe mё dia e pelos intelectuais。

(〕

utras insurrei‐

96es foranl insignificantes, Os governos perrnaneceram notavel― mente calrnos durante a epidenlia anarquista de assassinios, na d6cada de 1890,durante a qtal foram vitilnados dois l■ onarcas, dois presidentes e um prilneiro‐ lninistro,* c ap6s 1900 ningu6m

mais se preocupava seriamente com o anarquismo, a n5o ser na Espanha c em alguns paFses da Amё rica Latina, Deflagrada a guerra de 1914, o nlinistro do lnterior frances nern se deu ao

trabalho de mandar prender os revolucion`rios(prinCipalinente anarquistas e anarco‐ sindicalistas)e subVersivos antilnilitaristas

tidos como perigosos para o Estado,cmbora a polfcia houvesse, desde longa data, compilado uma lista precisamente com essa finalidadc.

Se, contudo, a sociedade burgucsa como ullll todo n5o se

sentia ainda imcdiata c gravemente ameagada(cOntrariamente ao que sucedeu nas d6cadas subseqtientes a 1917), tampOuco seus valores do s6culo XIX e suas cxpectativas hist6ricas haviam sido irremediavellnente solapadoso Esperava― se que o comporta‐ mento civilizado,o imp6rio da lei e as instituig6es liberais levas‐

sem avante seu progresso secular.Restava ainda muita barb6rie, cspecialinente(segundo os ``respeitttveis'')entre as Ordens infe―

riores e,6 claro, entre povos ``n5o civilizados",lnas felizmente

itt C010nizados.Ha宙 a ainda Estados,mesmo na Europa,como O Impё rio C)tomano e o Czarista, onde bruxuleavam ou nem mesmo se acendiam as velas da raz5o. Todavia,os pr6prios es‐ canda10s que convulsionavam a opini5o nacional e internacio‐ nal indicavam quanto eram elevadas as expectativas de civili―

dade, no mundo burgues, ern tempos de paz: Dreyfus(recuSa de investigar um s6 erro ludiCittrio);Ferrer,em 1909(exeCuca0 de urn educador espanhol erroneamente acusado de liderar uma onda de tumultos em Barcelona);Zabern,em 1913(宙 nte ma_ nifestantes presos durante uma noite,pelo exё rcito alem5o,numa

cidade alsaciana),N6s,situados em finais do s6culo XX,pode‐ mos apenas considcrar corn melanc61ica incredulidade um pe‐ rfodo em que massacres,tais comO os que diariamente ocorrem ・ Rei Urnberto da lt61ia,ilnperatriz Elizabeth da Austria,presidente Sadi Carnot da Franga,presidenteヽ 4cKinley dos EUA,primeiro‐ rninistro C6‐ novas da Espanha.



148

″οs i″ pび″ わs “

no mundo atual,eranl tidos cOmO mOnOp61io de turcos e tribos seivagens,

3



As classes dorninantes,portantO,Optaram por novas estra‐ gias, Ineslno enquantO se empenhavam ern lilnitar o iinpacto

da Opini5o e do eleitOradO de massas em nome de seus interesses

e nos do Estado, beFn COmO no da forrnag5o e da continuidade da alta polftica, Seu alvO principal era o mOviinento oper`rio e

socialista, que repentinamente emergira a nfvel internacional como fenOmeno de massas por volta de 1890(cfo Cap.5).Reve‐ lou‐ se,

afinal, que seria mais fttcil entrar num acordo com este

do que com os lnoviinentOs nacionalistas que surgiram na 6p∝ a ou,se id estaVam em cena,entravam em nova fase de militancia,

autonomismo ou separatismo(Cf.cap.6)。

Com referencia aos

cat61icos, exceto quando identificados com algum naciOnalislno autonornista, eram relativamente fdceis de ser integrados, visto serem sociallnente conservadores ―― o que vale mesmo para o caso dos raros partidos social‐ crist50s, como o de Lucgero Ali6s, eles costumavam contentar― se com a salvaguarda de interesses especificamente eclesi`sticos.

Trazer os mo宙 mentos operdrios para o jogO instituciona‐ lizadO da polftica cra coisa diffcil ―― na medida cm que os empregadores, defrontados com greves e sindicatos, demonstra‐ vam uma lentidao muitO maior que a dos polfticos para desistir da polltica do pulso forte e adotar a da luva de pelica ―― e isso acontecia at6 na pacffica Escandindvia。 (D crescente poder dos grandes neg6cios mostrava‐ se particularmente recalcitrante,

Na rnaioria dos paFses,notadamente nos EUA c na Alemanha, os empregadores,como classe,iamaiS Se reconciliaram cOm os sindicatos antes de 1914; e mesino na lnglaterra,onde os sindi‐ catos haviarn sido aceitos em princfpio e,nao rarO, na pr`tica,

desde 10nga data, houve uma contra‐ ofensiva de empregadores, na dё cada de 1890. I〕 isso nao Obstante os administradores go‐

vernamentais perseguirem uma polftica de conciliagao e de Os ifderes do Partido Liberal fazerem o pOssfvel para infundir con‐ fianga c atrair o voto oper`rioo Era tamb6m diffcil politicamente,

A polftica da democracia

149

pois os novos partidos oper`rios recusavam qualquer acordo com

o Estado e o sistema burgues, cm ambito nacional ―― rara‐ mente eram assiln tao intransigentes no campo dos governos 10cais― ―,cOmO eralrl propensos a ser os adeptos da lnternacional

de 1889, dorninada pelos marxistas。 (A polftica oper`ria n5o‐ revoluciondria e nao‐ lnarxista era isenta de tais problemas。 )

Enl cerca de 1900,por6m,ficou claro O apareciinento de uma ala moderada ou reforlnista enl todos os movilnentos socialiStas de

massas; de fato, mesmo entre os marxistas, ela cncontrou seu ide61ogo em Eduard Bernstein,que afirrnara que``o moviinento ёtudo,o alvo 6 nada"e cuia insensfvel reivindica95o para uma revis5o da teoria marxista causou escandal。

, afronta c apaixo‐

nados debates no mundo socialista, ap6s 1897. Enquanto isso, a polftica do eleitoralislno de massas ―― da qual eram defen… sores entusiastas at6 os mais marxistas entre os partidos, pois ela oferecia visibilidade m`xilna ao cresciinento de seus efetivos

―― integrava sem ruFdo esses partidos no sistema.

Os socialistas, certamente, n5o podiam ainda fazer parte dos governos. Nao se pOderia esperar quc tolerassem polfticos e governos “reaciondrios". Todavia, uma polftica quc condu‐

zisse pelo menos os representantes modcrados do moviinento operttrio a um alinhamento mais amplo e favoravel a reforma, bern comO)uni50 entre democratas,republicanos, anticlericais e ``homens do povo", cspecialinente contra os inirnigos mobili‐ zados dessas boas causas, teria boas perspectivas de exito. Foi

sistematicamente seguida na Franga, de 1899 em diante, por Waldeck Rousseau (1846‐ 1904), arquiteto de um governo de uni5o republicana cOntra iniFnigOs que claramente o desafiavanl,

no caso Dreyfus;c na ltttlia por Zanardelli,cuio gOVerno,cm 1903, contava com o apoio da extrema esquerda; e mais tarde pelo grande embusteiro e conciliador C)iolittio Na lnglaterra, ap6s algumas dificuldades nos anos 1890, os liberais,em 1903, conclufram urn pacto eleitoral com o recё

in‐

fundado Comite de

Representag5o Trabalhista, o que ofereceu a este condic6es de

entrar para o Parlamento, com alguma forOa, cm 1906, como Pal・

tido Trabalhista, Em outrOs pafses, o interesse comum no

scntidO de ampliar O sufrdgio aproxirnou os socialiStas dos ou…

tros democratas, como na E)inamarca, onde em 1901 -―

pela

150

Aθ ″

prriο s

s′ `わ



priineira vez na Europa― ― o governo pOde contar com o apoio de um partido socialista e nele confiar.

O motivo dessas propostas dO centro parlamentar a cx‐ trema esquerda naO era, usuallnente, a necessidade do apoio socialista, uma vez que meslno os grandes partidos socialistas eram grupos nlinorit`rios quc, na maioria dos casos, poderiam

facilmente ser eliminados do jogo parlamentar,como o foram os partidos comunistas, de compardvel dilnens5o, na Europa,

ap6s a Segunda Guerra Mundial。 (Ds governos alemaes manti‐ veram afastado O mais formidivel de todos esses partidos, por

meio da assim chamada Sα

J夕

″gspο Jj`jた (pOlftica de uni5o

““ ampla)ou, maiS exatamente, reunindo maiorias de anti‐

socia‐

listas garantidos, conservadores, cat61icos e liberais.(D que os hOmens sensatos das classes dominantes nao tardaranl a discernir

fOi,pOr assiin dizer,O deseiO de explorar as possibilidades de domar as feras da floresta polfticao A estrat6gia do abra9o cor‐ dial teve resultadOs vttrios, c a intransigencia dos empregadores

propensos a coerOao e a provocag5o de confrontos industriais de massas naO facilitOu as cOisas,ainda quc em seu coniunto essa estrat6gia funcionasse,pelo menos na rnedida em que con‐ seguiu cindir Os movilnentos operarios de massas em alas irre―

concili`veis,uma moderada c outra radical, gerallnente minoria ―― e isolando esta `ltilna。

A demOcracia,no entanto,seria tanto mais fttcil de domar

quanto menos agudos fossem seus descontentamentos. A nova estrat6gia cnvolvia,portanto,uma disposig5o no sentido de enl… preender programas de reforFna e beni‐ estar social,que nlinaram os c16ssicos acordos liberais de meados do sё culo,com governos

quc eranl mantidos a distancia do campo reservado a iniciativa c a cmpresa pr市 ada,0 1uriSta ing10s A.V.Dicey(1835‐ 1922) viu o rolo compressor do coletivismo, ern marcha desde 1870, achatandO a paisagem da liberdade individual na tirania centra‐ lizada c niveladora das refeic6es escolares, seguros de sa`de e aposentadoriaso Em certo sentido,ele tinha raz五 o.Bislnarck,16‐

gico como sempre,i`na d6Cada de 1880 decidira cortar as raf‐ zes da agita95o soCialista por ineio de um ambicioso esquema de previdencia social; fOi seguido, nesta orientacaO, pela Aus‐ tria e pe10s governos liberais ingleses de 1906‐ 1914 (aposenta‐

dorias, b01sas de trabalho, seguros de sa`de e desemprego)e

A polftica da democracia

151

mesmo pela Franga,ap6s algumas hesitag6es(apOSentadorias em 1911)。 E interessante que os pafses escandinavos,hoic``Estados dO benl‐ estar social" ρα″ θχσθJJθ ″ε θ, fOsseln entao alheios ao assunto;e diversos paFses fizeram apenas gestos siinb61icos nessa

direcao,c os EUA do tempo de Carnegie,Rockefeller e Morgan, nenl issoo Nesse paraFso da iniciativa privada,lnesmo o trabalho

de menores pe..1lanecia fora da a19ada da lei federal, embora por volta de 1914 existissenl leis que o proibianl,teoricamente,

at6 na lt61ia, na Gr6cia e na Bulgiriao POr volta de 1905,leis gerallnente disponfveis estipulavanl indeniza96es a operirios em caso de acidente,Inas nao interessararF1 0 COngresso e foranl con‐

denadas pelos tribunais comO inconstitucionais. Exceto na Ale‐

manha,tais esquemas de benl‐ estar social eram modestos at6 os lltimos anos que precederanl 1914,e lllesino na Alemanha lnalo‐

graraFn ViSivellnente na tentativa de sustar o cresciinento do do partidO socialistao N5o obstante, ficou estabelecida uma ten‐

dencia nesse sentido, notavellnente mais acelerada nos pafses protestantes da Europa e da Australdsia。 E)icey tamb6m tinha razaO aO sublinhar o inevit`vel cres‐

ciinento no peso e no papel desempenhado pelo aparato estatal, uma vez abandonad0 0 ideal da n5o― intervengaoo Pe10s padr6es

modernos,a burocracia continuava lnodesta,cmbora aumentasse em ritino aceleradO ―― e em nenhuma parte mais que na ln‐ glaterra,onde os empregos governamentais triplicaranl entre 1891

e 1911, Na Europa,por volta de 1914,csses empregos iam de 3%da for9a de trabalho na Franga― ― seu ponto lnais baixo,fato alias surpreendente― ― e, crn seu ponto mais alto, a 5,5‐ 60/o na Alemanha e ―― fato igualinente surpreendente ―― na Sufga.14

A tftulo de comparacao, nOs pafses da Comunidade EconOnlica Europ6ia,na dё cada de 1970, os empregos governamentais for‐ lnavarrl entre 10 e 139る

da populagtto ativa.

N5o seria possfvel, no entanto, conquistar a lealdade das massas sem polfticas sociais dispendiosas, que talvez onerassem

o lucro dos empresirios, de quem dependia a ccononlia? Como virnos, acreditava‐ se que o iinperialismo nao s6 teria condi96es

de pagar reformas sociais como era tamb6m popularo Revelou― sc contudo quc a guerra, ou a siinples perspectiva de uma guerra benl‐ sucedida, encerrava ern si um potencial demag6gico ainda maior. C)governo ingles conservador utilizou a Guerra Sul‐

Afri‐

152

Aο′ αdos

J″ p″ r播

cana(1899‐ 1902)para varrer da cena seus adversdrios liberais na ``eleigaO c`qui'' de 1900,c o imperialismo ame五 cano mobi‐ lizou conl exito a popularidade dos canh6es para a guerra contra a Espanha,enl 1898。 Na verdade,as ehtes governantes dos EUA, encabe9adas por′ rheodore Roosevelt(1858‐ 1919),presidente de 1901‐ 1909, acabava de descobrir o caub6i‐ inseparivel‐ de‐ seu‐ re‐

v61ver cOmo sfinbolo dO verdadeirO americanismo,da liberdade e da tradi95o branca nativa contra a horda invasora dos imigran‐

tes das classes baixas e a incontro16vel grande cidade. lDesde ent5o, esse sfinbolo tem sido extensivamente explorado. O problema,tOdavia,era mais amploo Seria possfvel incutir uma nova legitiinidade,cnl relagao aOs regilnes dos Estados e as

classes dorninantes, na bilizadas? Grande parte na tentativa de dar uma urgente,pois os antigos

mente das massas democraticamente mo‐ da hist6ria de nOssOs tempos consiste resposta a essa pergunta.A tarefa era mecanismos de subordinagao sOcial i`

estavam frequentemente errl evidente colapso. Assiin foi que os

conservadores alemaes__essenciallnente um partido de eleitores fi6is aos grandes latifundittrios e nobres

―― perderam metade

de scu quinhao do tOtal dos vOtos entre 1881 e 1912, pela

sirnples raz5o de 710/O de seus vOtOs provirern dc aldeias de

menos de 2■ lil habitantes,as quais abrigavam uma parte decres‐ cente da popula95o; apenas 50/o provinham das grandes cidades de mais de 100 rrlil habitantes,para as quais os alemaes se diri‐

giam em grande nimero.As antigas lealdades funciOnavam ain‐ da nas grandes propriedades rurais dosノ

″ れたθ s,da Pomerania,*

“ onde os cOnservadores lnantinham quase metade dos votos;inas mesino na Prissia como unl todo conseguianl mobilizar apenas

ll‐ 129ろ dos eleitores.15 A situagao daquela outra classe de se‐ nhores,a burguesia liberal,era ainda lnais dramitica,Ela t五 un‐ fara pela destrui95o da coes5o social das antigas hierarquias e

comunidades, pela sua preferencia pelo mercado, em oposicao

)s relag6es humanas,Gω θJIsc力 αル cOntra Cθ ぞ″SCん αノι**一

e,

quando as lnassas entraram no palco polfticO“em busca de seus

pr6prios interesses,eram hostis a tudo o que o liberalislno bur‐ gues siinb。 lizavao Em parte alguma isso era t5o 6bvio quanto * A Pomerania 6 uma `rea ao longo do Bttltico, a noroeste de Berliin, hOle parte da Po16nia。

・・ Enl alelln5o no original:sociedade contra a comunidade。 (No da T。

)

A polltica da democracia

153

na Austria,onde os liberais, por volta do fiin do sё culo, redu‐ zialn‐

sc a um pequeno e isolado punhadO de alem5es citadinos

da classe m6dia e iudeus‐ alem5eso A municipalidade de Viena,

sua fortaleza durante a d6cada de 1860, foi perdida para os democratas, para os anti¨ sernitas e para o novo partido

radical‐

crist5o― social, antes de o ser para a social‐ democraciao Mesmo em Praga,onde esse n`cleo burgues poderia reivindicar a repre‐ sentacao da reduzida e decrescente nlinoria de lingua alem5,que

inclufa todas as classes(cerCa de 30 mil e,em 1910,n5o mais que 70/O da popula95o),naO cOnseguia manter a fidelidade nem dos estudantes e pequeno‐ burgueses nacionalistas alema es(ν ο た ,nem a dos oper`rios alemacs,sOcial― democratas e politi‐

l‐

'scり camente passivos, nem sequer a de uma certa propor95o de iudeuS。

16

E corrl respeito ao pr6prio Estado, ainda norrnalinente re―

presentado por monarcas? Talvez fosse absolutamente novo, isento de todo precedente hist6rico relevante, como na ltttlia c

no novo lmp6rio Alemao, para n5o mencionar a Romenia e a Bulg`riao Seus regilnes talvez fossem o produto de derrotas re‐

centes, da revolucao ou da guerra civil como na Fran9a, na Espanha e nOs EUA, posteriormente a gucrra civil, para nao mencionar os regiines das rep`blicas latino‐ americanas, perene‐ ― mes‐ mente mutantes.Nas lnonarquias antigas c estabelecidas― mo na lnglaterra da d6cada de 1870-― as agitag6es republicanas estavam, ou pareciam estar, longe de ser despreziveis, As agi‐ tag6es nacionais reuniarn forcas, Poder‐ se¨ ia contar com a pre‐ tensaO dO Estadoう lealdade de todos os seus s`ditos ou cidadaos?

Foi este, consequcntcmente, o momento em quc os gover‐ nos,os intelectuais e os homens de neg6cios(lcscobriram o sig‐ nificado polftico da irracionalidade.(Ds intelectuais escrevianl, mas os governos agiram. “Aquele que sc decidir a bascar scu

pensanlento polftico ntlm recxamc de como opera a naturcza humana, deve comccar por uma tentativa de vencel' a pr6pria tendencia para cxagerar a intelectuali(lade da humanidade'',assirn

escrevia urn cientista polftico ingles, Graham Wallas, crn 1908, conscicnte de quc cscrevia tamb6nl o epitttfio do libcralislno do s6culo XIX.17 A vida polftica,portanto,tornou¨ se selnpre mais ritualizada c repleta dc sflnbolos e apelos publicitttrios, tanto

expl(citos cOmo sublnlinares, A medida que os antigos mclos



154

α dos,“ P″ :os “

― 一‐predominantemente religiosos― ― de assegurar a subordinag5o,

a obediencia c a lealdade se desagregavanl,a necessidade,agora ッθ″ραο das tradi96es,pelo uso de antigos e experiinentados suscitadores manifesta,dc algo que os substituFsse foi atendida pela i″

de emo96es como a coroa,a g16na militar e,como vimos(cf. cap. 3), outrOS meios novos,tais como o imp6rio c a conquista colonial。

Como na horticultura, esse desenvolvilnento foi mescla de

plantiO vindo de cima ―― ou pelo menos da disposig5o de o lealizar― ― e do cresciinento vindo de baixO。 Os governos e as elites governantes sabiarn, decerto, o que fazianl, ao instituir

novas festas nacionais, como o 14 de iulhO na Franga (1880), ou quando elaboraram a ritualizagaO da mOnarquia britanica, que fOi se tornando sempre mais hierdtica e bizantina,desde que

isso teve infcio em 1880.18 Na verdade, o comentador padrao da constitui95o inglesa, apos a extensao dO direito ao voto de 1867, distinguiu lucidamente entre as suas partes ``eficientes", pelas quais o governo era reallnente realizado,c as Partes``digni‐

ficadas",cuia funcaO era prOmover a alegria das massas en‐

quanto eram governadasi19 As quantidades de ml....ore e as torres de alvenaria,com as quais os Estados,ansiosos por con‐ fi.11lar sua legitinlidade一 ― notadamente

o novo lmp6rio Alemao

一 ,COStumaVam encher espa9os vazios,de宙 am ser planeiadas pelas autoridades, o que reallnente era feito, mais para o pro‐ veito financeiro do que artfstico de muitos arquitetos e escul‐ toreso As coroag6es inglesas passaram a ser organizadas de modo

absolutamente consciente, como operag6es polftico‐ ideo16gicas, com o fiin de serem vistas pelas massas.

N5o criaranl, lodavia, a exigencia de um silnbolismo e de unl ritual emocionalinente satisfat6rio. O que fizeranl foi desco‐

brir e preencher um vacuo deixado pelo racionalismo polftico da era liberal, pela nova necessidade de se dirigir as massas e pela transforIIlacao das pr6prias massaso A esse respeito, a in‐ ven95o das tradi96es corria paralelamente a descOberta comercial dO FnerCado de lnassas e do espeticulo e divertilnento de rnassas,

que pertencenl a cssas lneslnas d6cadas.A ind`stria publicit`ria,

piOncira nos EUA ap6s a guerra civil, pela priineira vez tor‐ nou‐ se dona de si pr6priao C)cartaz modemo nasceu nas d6ca‐ das de 1880 o 1890。 Um meslno quadro de psicologia social

A polftica da democracia

155

(a pSiC010gia “das multid6es" tornou‐ se assunto da predile95o,

tanto dos professores franceses como dos gurus da propaganda

nos EUA)reunia O TOrneio Real anual(iniCiado em 1880),uma exibi95o p`blica da g16ria e da teatralidade das forcas arlnadas

britanicas e a ilulninacao da praia de Blackpool, recreio dos novos prolet`rios nos feriados; a rainha Vit6ria c a mocinha da Kodak(prOduto da d6cada de 1900); os lnOnunlentos do inl‐ perador Guilherrne aos reis HohenzoHern e os cartazes de Tou‐ lousc―

Lautrec de famosas artistas de variedades。

As iniciativas oficiais, naturallnente,obtinhanl maior exit。

ao explorar e manipular emo96es b6sicas espontaneas e indefi‐ nidas,ou ao integrar temas da polftica de massas n5o― oficial.0 14 de lulhO, na Franga, estabeleceu‐ se como dia nacional ge¨

nufno, uma vez que mobilizava tanto a afei95o do povo pela Grande RevolucaO como a demanda por unl carnaval institucio― nalizado.20 0 gOverno alemao, apesar de suas incont`veis tonc‐ ladas de m`rmore c alvenaria, nao conseguiu estabelecer o iin‐

peradOr Guilherlne l como pai da p`tria, mas aproveitou o entusiasl■ o nacionalista naO_Oficial, que erguia``colunas de Bis‐

marck" as centenas ap6s a morte do grande estadista,demitido por Guilherrne II(que reinOu de 1888 a 1918). Inversamente, o nacionalismo naO_。 ficial estava como que soldado a ``pequena Alemanha" ―― ≧ qual desde sempre se opusera ―― pelo poder rnilitar e pela ambi95o global,conforrlle testemunharrl o triunfo do “Deutschland iber Alles" sObrc hinos nacionais mais mo‐ destos e o da nova bandeira prusso‐ alem5,preta,branca c ver‐

melha, sobre a de 1848, preta, branca c amarela, ocorridos na d6cada de 1890。 21 0s regilnes polfticos,portanto,cmpenhavanl‐ se numa guerra silenciosa pelo controle dos sfinbolos e ritos do pertenciinento

a raga humana, dentrO de suas pr6prias fronteiras, e nao o faziarn menos quando contr01avam o sistema escolar p`blico (eSpeCialmente as escolas primarias,que nas democracias eram a base essencial para``a educagao de nOssos senhores"* dentro do espfrito``certo")e,de mOdo geral,onde quer quc as igreias fossem pouco confi`veis, o quc era feito por melo da tentativa de controlar as grandes ceriinOnias dos nasciinentos,casamentos

e mortes.De todos esses sfinbolos,talvez o mais poderOsO tenha ・ Frasc de Robert Lowe em 1867.22

Aο ″α αOs

156

′ os i″ pι ″

sido a m`sica,enl suas forrnas polfticas de hino nacional e mar‐ cha lnilitar― 一 ambas executadas com grande entusiasmo,nessa

6poca de Io P,SOuza(1854‐ 1932)e Edward Elgar(1857‐ 1934)* ―― e, acirna de tudo, a bandeira nacionalo Na ausencia da mo‐ narquia, a bandeira poderia tornar‐ sc a virtual personifica95o

do Estado, da nag50 e da sociedade, como nos EUA, onde a pratica da venera95o a bandeira como ritual di`rio nas escolas do paFs se difundiu desde fins da d6cada de 1880, at6 que se tornou universal.24

Sorte do regilne que pudesse contar com a mobilizag5o de sfinbolos universallnente aceitttveis,como o monarca ingles,que chegava a iniciar suas aparic6es anuais nunl festival proletirio, o final da ta,a de futebol,rea19ando assiln a convergencia cntre。 ritual p`blico de rnassas e o espet`culo de inassaso Nesse perfodo,

os espa9os ceriinoniais p`blicos e polfticos,por exemplo,aqueles

que rodeavam os■ ovos monumentos nacionais alemaes,benl co‐ mo os novos estidios e salas de esporte, desdobravanl‐

se igual‐

mentc em`reas polfticas e comecaram a multiplica卜 se.Os leito‐ res inais idosos talvez se recordem dos discursos de Hitler■ o Sportspalast(paliCio de esportes)de Berlimo Sorte do regime que pudesse pelo menos associar‐ se a uma grande causa, para a qual houvesse apoio popular de massas,como a da lRevolucao

e a da Rep`bHca,na Franga e nos EUA. Parses e governos competiam pe10s sfmbolos da iungaO c da lealdade emocional conl moviinentos de massas nao… 。ficiais, que poderiaFn elaborar seus pr6p五 os contra‐ sfinbolos,tais como a socialista “Internacional" quando o anterior hino da Revolu‐

25 Embora os

95o ``A Marselhesa", foi anexado pelo Estado。 partidos sOcialistas alemaes e austrfacos sejam habitualmente citados como exemplos extremos de comunidades separadas, de contra‐ sociedade

e contracultura(cfo cap. 5),eleS eranl, de fato, apenas parciallnente separatistas, pois permanecerarn ligados a

cultura oficial pela f6 na educacao (Ou melhOr, no sistema de escolas p`blicas),na raZ5o e na ciencia,bem como nOs valores das artes(burguesas)一 ― Ou os ``cl`ssicos". Eranl, afinal, her‐ deirOs d0 1lunlinislno. Foral■ os movilnentos religiosOs e na‐

cionalistas que rivalizaram com o Estado, fundando sistemas ネEntre 1890 e 1910 houvc maior quantidade de arraniOS musicais basea´ dos no hino ingles do quc iamaiS hOuvc antes ou depois_23

A polftica da democracia

157

esc01ares rivais em bases linguFsticas e confessionais, Ainda assiin,todos os lnOViFnentOs de massas propendianl,como viinos no caso dos irlandeses, a formar um complexo de associa96es e contracomunidades enl torno de centros de lealdadet rivalizando assim com o Estado、

4 Conseguiranl as sociedades polfticas e as classes governantes

da Europa ocidental lidar com essas mobilizag6es de massas. potencial ou efetivamente subversivas? Em coniuntO, durantc o perlodo que termina em 1914, elas o conseguiraln; exceto na Austda,esse conglomerado de nacionalidades que, todas vendo em outros lugares suas perspectivas futuras e mantendo‐

se uni‐

das apenas pela longevidade do iinperador Francisco loS6(que reinou de 1848 a 1916),pela adlninistra95o de uma burocracia c6tica e raciocinalista e pelo fato de este ser um destino menos

indesei`vel que outro qualquer,para bom nimero de grupos nacionais.Em coniuntO,deixaram‐ se integrar no sistema.Para muitos Estados do Ocidente burgues e capitalista― ― a situa95o em outras partes do lnundo era,conforme veremos,muito diversa (Cfo Cap. 12)― ― o perfodo de 1875 a 1914 e,conl certeza,o de 1900a 1914,foi,apesar dos ala....es e∞ rrerias,um perlodo de estabilidade polltica.

Mo宙 mentos como o socialista,que rejeitavam o sistema, ―― ou, quando suficientemente fracos,utilizados como catalisadores para um consenso malori‐ t`rio. Era esta a fun95o da “reacao", na rep`blica francesa e na do anti‐ socialismo, na Alemanha iinperial: nada unia tao firmemente como um inimigo comum.Atё o nacionalismo podia

foram apanhados em sua teia

(D nacionalismo gales serviu para for‐

ser, as vezes, utilizado。

talecer o liberalismo; seu defensor, Lloyde George, tornou‐ se FniniStro do governo c o principal conciliador e rnoderador dema‐

g6gico do radicalismo democr`tico e do movimento oper6rio, 0 nacionalisino irlandes,ap6s o drama de 1879‐ 1891,parccia tran‐ qtlilizado pela refOrma agrdria e pela sua dependencia p01ftica dO liberalislnO ingles。 ra‐



pangerlnanisFnO eXtrernista reconcilia´

se com a“ pequena Alcmanha"pelo militarismo e pclo itn‐

ハ θrα αOs J“ rχ riο s

158

perialismo dO iinperador Guilhermeo Mesmo os flamengos, na Bё lgica,

perinaneciam ainda no redil do partido cat61ico, que

n5o questionava a existencia do Estado binacional unitari。 . os irrecOnciliaveis da ultradireita c da ultracsquerda podiam ser isolados, Os grandes inOviinentos socialistas anunciavam a ine‐ vitivel revolu95o, lnas tinham outras coisas com que se ocupar

no momentoo Ao explodir a guerra de 1914, a maioria deles reuniu― se

aos seus governos e classes donlinantes,em patri6tica

solidariedade. A maior exce95o do Ocidente europeu apenas constitui prova da regra。

(D Partido lndependente Trabalhista,

que continuava a Opor‐ sc a guerra,s6o fazia por compartilhar da longa tradi95o pacffica do n5o‐ conforrnismo ingles e do libe_ raliSFnO burgues― _。 s quais,na realidade,fizeram da lnglaterra o′ れ,cο paFs de cuio gabinete os liberais se demitiram por esses

motivos.* Os partidos socialistas que accitararrl a guerra conl frequen‐

cia o fizeralln selln entusiaslno e principalinente por temerem o

abandono de seus adeptos,quc se apresentavam ao alistamento conl fervor espontaneoo Na lnglaterra,onde inexistia alistamento compuls6riO,iriam se apresentar dois nlilh6es como voluntirios

para o servi9o militar,cntre agosto de 1914 e junho de 1915 melanc61ica prova do exito da p01ftica de integrag5o denl(> crdtica. Apenas onde era incipiente o empenho elllll fazer com

-―

qllc o cidad5o pobre se identificasse com a nag5o e o Estado, como na ltalia, 。u onde dificillnente seria benl‐ sucedido, como entre os tchecos,ё que as inassas ern 1914 permaneceram hostis

ou indiferentes a guerra. O movimento de massas contrario



guerra s6 teve inicio, para valer, muito mais tarde. Urna vez benl‐ sucedida a integra95o politica, os regilnes defrontavam‐ se apenas com o desafio ilnediato da a95o diretat Tais lorlnas de inquietacao alastraram‐ se principallnente durante

os`ltimos anos que precederam a guerrao ConstituFanl lnais um desafioう ordem p`blica do que ao sistema social,dada a ausen_ cia de situa96es revolucionirias ou mesmo pr6‐ revoluciondrias nos paFses centrais da sociedade burguesa. Os tumultos dos viⅢ nhateiros,no sul da FranOa,o lnotirn do 17.° Regiinento,enviado

contra eles(1917), violentas greves quase gerais, cm Belfast '∫ Ohn

MOrley,o bi6grafo de GladstOne e,Ohn Burns,anteriormente l(del・

operarlo.

A pOlftica da democracia

159

(1907), Liverpool(1911)e Dublin (1913), uma greve geral na Su6cia (1908)e at6 a ``Semana trttgica" em Barcelona(1909) foram por si insuficientes para abalar os aHcerces polfticos dos

regiineso Mas foram reallnente graves,nao menOs cOmo sintomas da vulnerabilidade das econonlias complexaso Em 1912, o pri・ meiro-lninistro britanicO Asquith, a despeito da proverbial inl‐ passibilidade do gθ れ′ α ingles,chOrou ao anunciar a retirada :θ “ do governo diante de uma “ greve geral de nlineiros de carvao。

Tais fen6menos nao deverrl ser subestimados, Embora os contemporaneos nao soubessem o que vi五 a depois,sentianl fre‐ quentemente, nesses `ltiinos tempos que precederam a guerra, a sensa95o de que a terra tremia como sob os choques sfslnicos que precederrl os terremotos.Esses foralln anos eln quc,sobre os

hot6is Ritz e as casas de campo,pairavam no ar prenincios de violencia. Sublinhavam a instabilidade e a fragilidade da ordem p01ftica da bθ ′ ′ θιρο9″ θ。

N5o os superestimemos tampouco.No que diz respeito aos paFses do amagO da sociedade burguesa, o que destruiu a csta‐ bilidade da bθ ″θ ι ρο9“ θ′inclusive a sua paz,foi a situa95o da

R`ssia,do lmp6rio lHabsburgo e dos B`lcas,e n5。 a da Europa ocidental ou mesmo a da Alemanha。 (D quc tornava perigosa a situagao na Gra‐ Bretanha as v6speras da guerra nao era a rebeliao dos oper`五 os, mas a divisao no interior dos estratos governantes: uma crisc constitucional, quando os lordes ultra‐

conservadores resistiram aos Comuns, ou uma recusa coletiva dos oficiais a obedecer as ordens do governo liberal,cornprome‐ tido com a″ ο θ r′ :θ para a lrlandao N5o h` dividas de que “ se,em parte,a mobiliza95o dos trabalhadores, tais crises devianl‐

pois o que despertara a cega e va resistencia dos lordes havia sido a inteligente demagogia de Lloyd George,destinada a man‐ ter “o povo'' dentro da estrutura do sistema dos governantes. Todavia, a`ltiina e mais grave destas crises foi provocada pelo

comprolnisso polfticO dos liberais com a autonornia irlandesa (cat61ica)e O dOS cOnservadores com a recusa armada dos ultra‐ protestantes do lllster de accit五 ‐ la. A dcmocracia parlamentar,

O iOgO estilizado da polftica,era一 ― como sabemos ainda hoie,

na d6cada de 1980-― impotente para controlar tal situa95o。 Mesmo assiin, durante os anos decorridos desde 1880 atё 1914,as classes donlinantes descobriram que a democracia par―

A ero JOs′

160

jOS

Pび ′



lamentar, a despeitO de seus temores, revelara‐ se perfeitamente compativel com a estabilidade polftico― econOnlica dos regiines

capitalistas.Essa descoberta, como o pr6prio sistema,era nova, pelo menos na Europao Para os sOcial‐ revolucionirios veio a ser

uma decep95oo Marx e Engels haviam sempre considerado a rep`blica democr`tica, ainda que claramente burguesa, como a antecamara do socialismo, desde que perrnitia c at6 estimulava a inobilizagao polftica do proletariado como classe e a das lnassas

opriinidas, sob a lideranga do proletariado. Haveria, pois, de favOrecer一 ― gostasse ou nao一 _a vit6ria do proletariado e seu confronto corrl os exploradores,Contudo,nO final desse perfodo,

se ouvir uma nota muito diferente entre seus discipulos. rna rep`blica democrdtica",argumentava Lenin em 1917, ``6

fazia‐ ``L「

a melhor carapaga possfvel para o capitalismo; portanto,o capi“

talismo,uma vez obtido o controle dessa excelente carapa9a.… estabelecera seu pOder tao segura e firmemente que ″θ″力 α ““ mudanga, quer de pessoas,qucr de instituig6cs,ou partidos,na rep`blica democrdtico‐ burguesa,o poderi abalar"。

26 comO Sem‐

pre, Lenin n5o se preocupava tanto com a anllise polftica em geral e sirn com a busca dc argumentos eficazes para uma si‐ tuacaO p01ftica especffica, neste caso contr`ria ao governo pro‐ vis6rio da R`ssia revoluciondria c em favOr do poder sovi6tico.

Seia COmO fOr,nao nOs preocupa a validade de sua afirmagao, ali`s altamente discutfvel e n5o menos por deixar de distinguir entre as circunstancias econOnlicas e sociais que salvaguardavam os Estados das sublevag6es sociais e as institui96es que os auxi… liavarn a conseguir issoo Preocupa‐ nos a sua plausibilidade.Antes

de 1880, tal afirmac5o pareceria iguallnente ilnplaus(vel tanto para os quc apoiavanl como para os que se opunhalll ao capita‐

lismo,na medida em quc estivessem comprometidos com a ati: vidade polftica,Mesmo na ultra‐ esquerda polftica,um iulgamento aSSiFn negativo da ``rep`blica democrdtica" seria quase incon‐ ceb〔 velo

Subiacente ao lulgamentO de Lenin de 1917, havia a

cxperiencia de uma gerag5o de democratizagao no ocidente e, em especial, a dos `ltiinos quinze anos anteriores a guerra。

N5o seria, contudo, a cstabilidade desse casamento entre a democracia polftica c o capitalismo florescente a ilusao de uma

era transit6ria? Em retrospecto, o que nos ilnpressiona, com respeito aos anos que vaO desde 1880 at6 1914 6,a um tempo,

A polftica da democracia

161

a fragilidade e o alcance restrlto de tal combinagaoo Esta estava

e permanece confinada a uma minoria de pr6speras e pujantes econonlias,no(Э cidente,gerallnente em Estados com uma longa hist6ria de governo constitucional. O otinlismo democrtttico e a crenca na inevitabilidade hist6rica poderiam dar a impress5o de que o progresso universal n5o poderia ser sustado.n4as n5。 seria

esse,afinal,o mode10 universal do futuro.Enl 1919,toda a Eu‐ ropa, a ocidente da R`ssia e da Turquia, foi sistematicamente

reorganizada em Estados segundo o modelo democr6tico。 1ヽ o entanto, quantas democracias restariam na Europa em 1939? Ao surgir o fascismo, bem como outras forrnas de ditadura, o caso oposto ao de Lenin foi largamente debatido,nao menOs por seus seguidores。 (D capitalismo, inevitavellnente, deveria aban‐

donar a democracia burgucsa. Isto era iguahnente errOneo: a democracia burguesa renasceu das pr6prias cinzas ern 1945,per‐

manecendo,desde entao,O sistema favorito das sociedades capi‐ talistas,quando suficientemente fortes,cconOnlicamente pr6spe‐ ras e sociallnente nao p01arizadas ou divididas para perrnitir‐

se

a ado95o de um sistema t5o vantajosoo Esse sistema,por6m, opera com efic`cia apenas em muito poucos dos 150 Estados que formam as Nag6es Unidas no final do s6culo XX.O pro‐ gresso da polftica democritica, cntre 1880 c 1914, nao prefi_ gurava sua permanencia nem seu triunfo universal,

cAPrTIJLo 5

TRABALHADORES DO MUNDO

jra c′η α Jθ JO' r。 θ do SchFaご θ sα″′ … Dapoお θ “″ “ is pα κ J″ θι Jj“ pα ″ αス ″icα 。 :g“ r″ α s′ ο … Dθ ‐θα “ “ “ssα ″J0 “ “ rθ θ 診 ごjα ご0,″κドご おノjイ jれ ι r9“ θθ αθ Sた ソ ρO“ Cο ′′ο "θ “ “ 滋 dο s rFabα ″ガsι ″ ″ グaソ θz″ηぉ...Os iο r″ αお Jθscrθ ν虎 "ο “αJο ras θs“ ご θ″″″ctt Jos capjた Jお "α たs θJο s sι κ力0″ わSθ ο Jん jθ jソ ル πθ ″θ α rar 9“ θrθ α J α Jο ra‐ O ν οθ″οノ ο″ ο `ρ razた ″ "Jθ `“ “ ““ θSた J0 θS“ θ s OJ力 οsみ 0“ νθssθ θ ωρα″ ′ ・ E″ co“ O sθ α″′ `θ “ お era “ ssθ S′ Or“ θ θ ごοs.Q“θご C力 α :“ ωCrθ ソ 滋 滋bο ′ο 9“ θθ ノ “ ααissο :θ “ ra prο ッ 凛%α α9“ θ αjら“θ verdade.7oあ α れ滋 ソι `ι “ Um oper6rio alemaO,c,19111

Cο ″ 力θ cj“

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θ 9“ θJ`ツ θ s“ rgjr sθ E′ ι だrjο s θrop9“ り sθ″′ s rOs ο ′θ “ αcorri″“ “ sOε 虎 α s“ ごα″gtt Jな ′9““ θノ οj bα ttJα ごθ ο″ g″ ごθ jα “ “ “ ご滋″′ θdα 6o“ ιご み α″αごO gο νθr4o′ θras crasws,ααs crassω ““ OJ滋 ごαJθ οcrα ctt ωκ prび χj“ ο θaS θ Pa″ as crassω 」 9″ “ ′ ara 0′ κεθ dO″ θ tt sο b″ I“ ″s Jos 9“ θJab“ ′ α Pθ Jo 9“ θ ιsθ “ “j“ σ α s g“ θ s sθ r″ s"′ ″ α s″ α ω,9“ Sな 〃 bα ′ α Jみ α ca“ Sa σ "′



rabalttoras, ″′





Samue1 0ompers, 19092

″ proル rarた θttcttaraFao,″ O asP″ ′ ′ 0 Vida praル rrrれ 。″ ごο ′″ οgrasso c'I′ raJ.“ “ Lema da Associacao Funerdria dos Oper`rios Austriacos, “A

F19ma"3

1

Dada a inevit`vel extensao do eleitOrado, a maioria dos eleitores era fatahente ou pobre,ou insegura,ou descontente,

164

jos ス θ滋 ′os,“ Pι ″

ou tudo issOo N5o podiam deittar de estar donlinados por sua si‐

tuacaO econOmica e social e pelos problemas dela decorrentes; em outras palavras,pela situa95o de sua classe.E a classe cuiOS

n`meros cresciam de modo mais visfvel, a medida quc a onda de industrializagao eng。 lfava o Ocidente, cuia presenga se tor―

nava sempre mais ineludfvel e cuia cOnsciencia de classc aparen‐

temente ameagava de modO mais direto o sistema social,econ6‐ mico e polftico das sociedades modernas, era o proletariado。

Nessa gente 6 que pensava o jovelm Winston Churchill(ent50 rninistro do gabinete liberal), ao adVertir o Parlamento de quc, se o sistema conservador‐ liberal de dois partidos entrasse em colapso, seria substituFdO pelo da polftica de classes.

O n`mero de pessoas que ganhavam a vida por meio de trabalho manual, em troca de um sal`rio, aumentava sensivel‐ mente enl todos os paFses inundados ou apenas banhados pela mar6 montante do capitalismo ocidental ―― e isso desde as fazendas da PatagOnia at6 as minas de nitrato do Chile e as geladas lninas de OurO do nordeste da Sib6ria, cen`五

o de uma

greve espetacular e de um massacre, as v6speras da Grande Guerrao Aquelas PcssOas eram encontradas onde quer quc as cidades modernas necessitassem de trabalhos de construca0 0u ―― i` onde houvesse servi9os municipais de utiHdade p`blica indispensiveis no sCculo XIX, cOmo os de gis, lgua c esgotos ―― e onde quer que sc estendesse a rede portudria ou a de estradas de ferro e te16grafos, quc interligavanl, economicamen‐

te,o globo,Minas eram encontradas inesmo enl lugares remotos

e em tOdOs Os cinco continentes. Em 1914, lnesmo os campos petrolfferOs eram explorados em escala significativa, na Am6ri‐

ca do Norte, na Am6rica Central, na Europa C)riental e no Sudeste da Asia,beln como no O五 ente M6diOo Mais expressivo 6 o fato de,mesmo em pafses predominantemente agrfcolas, os mercados urbanos serem providos de aliinentos manufaturados, bebidas, cstimulantes e texteis elementares, por maO_de_obra barata,trabalhando numa esp6cic de estabeleciinento industrial, em alguns dos quais― ― a india 6 um exemplo― ― desenvolviam‐ se indistrias razoavellnente significativas, de texteis e at6 de

ferrO e ago.Todavia,o numero dos assalariados multiplicava‐ se de modo espetacular, fOrmando neste cardter classes reconheci‐

das, especialinente nos paFses em que a industrializa95o havia

Trabalhadores do mundo

165

sidO estabelecida desde longa data; e no crescente n`mero de

paFses quc,cOnforme j`vimos,entravam em seu perodo de revolucao industrial entre 1870 e 1914, ou seia, sobretudO na

Europa,na Am6rica dO Norte,no rapao c em algumas areas de maciga co10niza■ O branca,no a16m… mar. O nimerO de tais assalariados crescia, cm grande parte, por eles sc haverem transferidO de dois grandes reservat6rios de trabalho pr6¨ industrial,as Oficinas artesanais e a agricultura,

que ainda mantinham a maiOria dos seres humanos. Pelo final do s6culo, a urbaniza95o provavellnente avangara mais e com maior rapidez dO quc iamaiS O fizera antes,c importantes cor‐ rentes nligrat6rias ―― por exemplo, da lnglaterra e das comu‐ nidades judaicas do Leste curopeu 一 provinham das cidades,

ainda quc as vezes das pequenas cidades. Esses enligrantes po‐ dianl transferir‐ se,

como de fato acOnteceu, de um tipo de tra‐

balho nao‐ agrfc。 la para Outroo COnl respeito aos hOmens e

mulheres que fugiam a terra(para usar o te.11lo 助 ″drJ“ εみ′ corrente nesse tempo),relat市 amente poucos teriam a oportuni‐ ,

dade de se dedicar a agFicultura,mesmo quc o quisessem.

Por um lado, a lavoura modernizada, e em pFOCeSSo de modernizacaO, dO ocidente exigia relativamente menos bra9os do quc antes, embora cmpregasse extensivamente trabalhadores IInigrantes sazonais, com frequencia vindos de longe, e pelos

quais os fazendeiros nao tinham quc ter responsabilidade, ao ternlinar o perfodo sazonal de trabalho; eram os Sα ε力sθ″gα ″gθ r,

vindos da Po16nia para a Alemanha; as ``andorinhas"italianas, na Argentina,ネ 。 trabalhador itinerante,o viaiante clandestino,

C,i`nesse tempo,os mexicanos nos EUAo Seja como for,o progresso agrfcola significava menos gente a trabalhar na lavou‐

rao Em 1910,a Nova Zelandia,que nao possuFa indistria digna

de mengao, dependia inteiramente de sua agricultura extrema‐ mente eficiente,especializada em gado e laticinlos; 540/O de sua

populacao moravam nas cidades, c 400/0 (Ou duas vezes a pro‐ pOrOao da Europa,cxcluFda a R`ssia)empregavaln‐ se enl ocupa‐ 96es tercidrias.5 ・ E)izem que se recusavam ao trabalho da colheita na Alemanha, visto a viagem da lt`lia para a Alln6rica do Sul ser mais fttcil e mais barata, sendo os salttrios mais altos.4

Aθ ″

166

Jos i″ pび riο s

Enquanto isso, a agricultura n5o-1■ odernizada das regi6es atrasadas i6 n50 podia 6ferecer terra suficiente a futuros canl…

poneses, que se multiplicavaFrl naS aldeias. O que a maloria

deles almeiaVa,ao emigrar,decerto n5o era terminar a vida como trabalhadores,Eles queriam“ fazer a Amё rica"(ou O pafs para onde fossern)na csperanga de ganhar o suficiente, ap6s

alguns anos, para comprar uma propriedade ou uma casa e, como pessoa de posses, adquirir O respeito dos vizinhos, em alguma aldeia siciliana, polonesa ou grega。

1」 nl

minoria retor‐

nou,lnas a maioria permaneceu,perfazendo turmas de constru‐ 95o, das lninas, das sider`rgicas e realizando outras atividades

do mundo urbano c industrial,que necessitava de trabalho duro e de pouco maisi Suas filhas e noivas ingressavam nos servi9os dom6sticos.

Ao mesmo tempo,am`quina c a fabrica tiravam a base de FnaSSas considerdveis quc,at6 fins do s6culo XIX,produziam Os mais farniliares bens de consumo urbanos ―― roupas, ca19a‐ dos, m6veis c assemelhados …… por m6todos artesanais, abran‐ gendo desde os do altivo mestre¨ artesao at6 0s das suadas ofici‐

nas e oS das costureiras de s6taos. se O nimero deles, segundo as aparencias, naO diininuiu de modo not`vel, sua participagao na for9a de trabalho tornou¨ se menor,a despeito do espetacular

aumento da produ95oo Assim,na Alemanha,o nimero de pes‐ soas que se ocupavam de sapataria baixou ligeiramente entre

1882 e 1907, de 400 mil a 370 mil ―― claramente a maiOr parte da produ95o adicional era fabricada em aproxiinadamente l.500f`bricas importantes(cujOS n`meros ha宙 am triplicado desde 1882 e que agora cmpregavam quase seis vezes lnais ope‐ rariOs que naquele ano); e naO em pequenas oficinas sem ope‐

Mrios,ou com menos de dez deles,e cuios n`merOs ha宙 am baixado em 200/o; elas empregavam agora apenas 639ろ

das

pessoas que se ocupavam de sapataria, contra 930/o en1 1882,6 Em pafses que se ittdustrializavanl rapidamente,o Setor de ma… nufaturas pr6-industriais oferecia, portanto, uma pequena, Inas na O desprezfvel,reserva para o recrutamento de novos oper6rios.

Por outro lado, o n`mero dos proletttrios crescia tamb6m errl ritino impressionante nas econonlias que se industrializavanl,

iFnpulSionado pelo apetite aparentemente iliinitado por forOa dc

trabalho nesse perfodo de expans5o ccon6mica e, n5o menos,

Trabalhadores do mundo

167

pela esp6cie de for9a de trabalho pr6‐ industrial quc ora se pre‐

parava para inundar seus setores em expansaoo Na medida em quc a ind`stria crescia ainda por uma esp6cie de casamento entre a destreza manual e a tecnologia a vapor,ou― ― como no caso da constrt105o 一 面 o mudara reallnente seus m6tOdos, a demanda visava as antigas especialidadas de offcio, ou especia‐ lidades adaptadas das antigas artesanias, como os dos ferreiros

e serralheiros, para novas ind`strias de maquinaria. Isto era cxpressivo, dado que os treinados trabalhadores diaristas de offcio― ― um grupo estabelecido de assalariados pr6‐ industriais ―― fo....avam frequentemente o elemento mais ativo, instruFdo e autoconfiante do proletariado em desenvolviinento das econo‐ mias principais: o lfder do Partido Social‐ Democrata era um

torneiro(August Bebel)e o do Partido Socialista Espanhol,um tip6grafo (IgleSias)。

Na propor9ao em quc o trabalho industrial nao era meca_ nizado, nao requerendo qualificag6es especiais, estava naO ape_ nas ao alcance de boa parte de recrutas toscos,lnaS,por empre‐ gar inuita mao‐ de_Obra,Inultiplicava o seu n`mero na propor95o

em quc a produgao aumentava. Para apresentar dois exemplos 6bvios: a construgao, quc elaborava a infra‐ estrutura da pro‐ du95o, dos transportes e das gigantescas cidades em ripida ex‐

pansaO; a nlinerag5o de carv5o, que produzia a fo.11la b`Sica

da energia da ф oca - O Vapor 一 , geravam ambas grandes efetivos de trabalhadores. A indistria da constru95o, na Ale‐

manha, cresceu a partir de cerca de meio lnilhao em 1875 a quase l,7 1nilhao eln 19o7,ou de 100/O a quase 160/o da forOa

de trabalho.Em 1913,nao menOs de um milh5o e um quarto de homens,na lnglateⅡ a(800 mil na Alemanha em 1907), maneiavam picaretas c enxadas,carregavam e erguiam o carvao

que mantinha cm mo宙 mento a economia mundial.(Em 1985, os n`meros equivalentes eram 197.000 e 137.000。 )Por outrO lado, a mecanizacao, ao buscar substituir a habilidade manual e a experiencia pOF SCqtiencias de m`quinas ou pr∝ essos espe‐ cializados feitos por m5o‐ de¨ obra mais ou menos sem especia・ liza95o, recebeu muito bem o baixo pre9o e a iinaturidade de operttrios inexpe五 entes ――

e, em parte nenhuma tanto como

nos EUA, onde as habilidades pr6‐ industriais eram, cm todo

168

/4

θrα JOs E“ pび /1ο s

caso,escassas e nao requisitadas a nivel de f`brica(“ A vontade de cspecializar‐ se n5o 6 geral'', disse Henry Ford)。

7

Ao aproxiinar‐ se o t6rlnino do s6culo XIX,n5o havia paFs industrializado, em fase de industrializag5o ou de urbaniza95o que pudesse deixar de tomar consciencia dessas massas de tra‐ balhadores, historicamente sern precedentes e aparentemente anOnilnas e desenraizadas, que tornavam uma propor95o cres― cente de seus povos e, ao que parecia, cm aumento inevitivel; dentro em pouco,provavellnente,se五 am uma maioria.A diver¨ sificagao das ecOnonlias industriais, notadamente pelo aumento das Ocupag6es tercittrias‐ 一 escrit6rios,loias,Servi9os一 ,cstava apenas em seu infcio, cxceto nos EIJA, onde os trabalhadores

terci`rios ii superavam em nimero os de colarinho azul.Em outras partes parecia predonlinar um desenvolviinento contr6rioo Cidades que enl tempos pr6‐ industriais haviam sido habita‐ das p五 ncipalinente por pessoas do setor tercittrio ―― pois atё

os seus artffices eram tamb6m,geralmente,lojistas一

tornaram…

se centros manufatureiros. Em fins do s6culo XIX, cerca de dois ter9os da populaga0 0cupada das grandes cidades(ou scja,

das cidades de mais de 100 ■lil habitantes)trabalhavaln na ind`stria.8

Quenl langasse um olhar retrospectivo, no fiin dO sё

culo,

se iinpressionaria principalinente com o avan9o dos ex6rcitos industriais e, dentro de cada cidade ou regiao, prOvavellnente com o avan9o da especializa95o industrialo A cidade industrial trpica,。 mais das vezes habitada por 50。

000a300.000 pessoas

―― e 6 evidente que, ■o infcio do s6culo, qualquer cidade de mais de 100.000 habitantes seria considerada muito grande― ― ,

tendia a evocar uma imagem monocrom`tica ou,na melhor das hip6teses, de dois ou tres matizes associados; texteis, enl Rou‐

baix ou Lodz,]Dundec ou Lowell; carv5o,ferro e a9o, isolados

ou combinados, ern Essen ou Middlesbrough; armamentos c construgao naval em larrOw e Barrow;produtos qufmicos em Ludwigshafen ou Widneso A esse respeito ela diferia, em di‐ mens5o e variedade, da nova mega16polis de muitos nlilh6es, fOsse ou nao a capital. Embora algumas das grandes capitais fossem igualmente importantes centros industriais(Berlim,Sa0 Pctersburgo, Budapeste), habituallnente nao Ocupavam posi95o central no padrao industrial de um pafs.

Trabalhadores do mundo

169

Mais ainda, embora essas massas fossem heterogeneas e muito pouco uniformes, a tendencia de trabalharem como conl‐ ponentes de fi...las grandes e cOmplexas, enl fabricas de cente‐ nas e at6 de milhares de operdrios parecia ser universal, espe‐

cialinente nos novos centros de ind`stria pesadao Krupp em

Essen,Vickers em Barrow,Armstrong em Newcastle avaliaram a diinensao de sua for9a de trabalho, cm cada uma de suas fttbricas,em dezenas de milhares,Aqueles que trabalhavam nes‐ ses gigantescos p6tiOs e fttbricas eranl minoriao Mesmo na Ale‐

manha, O nimero m6dio de pessoas empregadas em unidades de mais de dez trabalhadores, em 1915, era apenas de 23¨ 24,9 mas essa minoria era cada vez mais visfvel e potenciallnente ameagadorao E, qualquer que scia O estabelecido pelo historia‐

dor,o fato 6 que para os contemporaneos a nlassa dos oper`rios era enOrrne, c indiscutivellnente crescia, langando uma escura sombra sobre a ordem estabelecida na sociedade e na polftica. Quc aconteceria, na verdade, sc os oper`rios se organizassem poHticamente como classe? Foi precisamente o que aconteceu, cm escala curopё ia e corn extraordindria velocidade, Onde quer quc a polftica demo‐ crdtica c eleitoral o pe.11.itisse, apareciam em cena, crescendo

com rapidez assustadora, os partidos de massas baseados na classe operdria, cm sua maior parte inspirados na ideologia do sOcialislno revolucionttrio (poiS tOdO socialisino era, por defi‐

ni95o, considerado revolucionari。 )e liderados por homens ―― e as vezes pOr mulheres ―― que acreditavam nessa ideologia.

Em 1890, mal chegavam a existir, com a ilnportante excecao do Partido Social‐

Democrata alem5o,recentemente(1875)uni‐

ficado e id uma respeitivel forca eleitoral.Em 1906,id eram de tal inodo levados em conta que um estudioso alein5o publicou

um Hvro sobre o tema ``Por que n5o existe socialismo nos EUノ ゝ?"。



A existencia de partidos oper`rios e socialistas de

massas era jtt a regra: a ausencia deles 6 que surpreendia. De fato,por volta de 1914,havia partidos socialistas de lnas‐ sas mesl■ o

nos EUA,ondc o candidato do partido,cnl 1912,rece―

beu quasc urn lnilhao de votOs; havia‐ os igualinente na Argen‐

tina,onde o partidO teve 100/o dos votos em 1914,enquanto na Austr`lia um Partido Trabalhista admitidamente n5o‐ socialista ltt fOrrnava o governo fcderal desde 1912. No que diz respeito

Aθ ″

170

Jο s′

pび riο s



≧ Europa,os partidos socialistas e trabalhistas erarlll forOas elei‐

torais respeitttveis em quase toda parte em quc as condi96es o

permitiam. Eram,na realidade,■ linOrias, mas em alguns Esta― dOs,notadamente na Alemanha e na Escandin五 宙a,16 eram Os malores partidos nacionais, detendo at6 35‐ 40% do voto nacio‐ nal ―― e cada uma das extens6es do direito ao voto revelava quc as inassas industriais estavam pFOntaS para escolher o socia―

lismo. E essas massas nao s6 votavam como organizavanl‐ se em gigantescos ex6rcitos: o Partido Trabalhista belga, em seu pe‐

queno paFs,contava com 276 nlil lllembros elr1 1911; o grande

SPD alemaO, cOm mais de um lnilh5o; c as organiza96es de oper五 五os

menos diretamente polfticas, ligadas a tais partidos

e n5o raro por eles fundadas,erarrl ainda rnais inaci9as― 一 sindi‐ catos e SOCiedades cooperativas. Nem todos os ex6rcitos do trabalho eranl taO grandes,coln‐

pactos e disciplinados como os do norte e do centro da Europa. Mesmo,por6m,onde os partidos operirios consistiam em grtlpos de ativistas irregulares, ou elll llllilitantes locais prontos para

liderar as manifesta96es quc ocorressern,os novos partidos ope‐ r`rios e socialistas deviarn scr levados a s6rio. Eram fator ex‐ pressivo na polftica nacionalo Assiin, o partido frances, cuiOS

76 nlil lnembros,enl 1914,n5o eranl tantos nem unidos,clegeu, n5o obstante, 103 deputados,em virtude de seus l,4 nlilh5o de votos. O partido italiano,com uma filiacao ainda mais modesta 一-

50 ■11l membros em 1914 -― teve uma vota95o de quase

um inilhao。

1l Em suma, os partidos socialistas c trabalhistas

cresciam em quase toda parte, nulln ritino que, dependendo do ponto de vista do observador, seria extFettamente alarmante ou maravilhoso。 (Ds lfderes se aniinavam fazendo triunfantes extrapolag6es da curva de cresciinento anterior。 (D proletariado estava destinado ―― era s6 considerar a lnglaterra industrial e OS Fegistros do recenseamento nacional dc alguns anos一一 a tor‐ nar‐ se a grande maloria do povo。 (D proletariado ligava‐ sc a seus partidos.Era s6 questao de tempo,segundo os sistematicos

socialistas alemaes, dadOs a estatFstica sarian■

para

―― e esses partidos pas‐

a16■ l do magico nimero dos 519る dos votos, o

qual,nos Estados dernocr`ticos,seria certalnente um marco deci‐ sivo。

(Du, como dizia o novo hino dO socialismo lnundial: ``A

Internacional seri a raga humana"。

171

Trabalhadores do mundo

N5o 6 preciso que compartilhemos desse otilnismo que, manifestamente, estava mal situado. Nao obstante, durante os anos que precederam 1914, tornou‐ se evidente que mesmo os partidos mais miraculosamente benl… sucedidos ainda possufam grandes reservas de apoio em potencial para mobilizar, o que na verdade estavam fazendo. E natural, alias, que o extraordi‐ n`rio crescilnento dos partidos socialistas e oper6rios desde a

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passado sombrio resplandesce a luz brilhante do futuro"。

2 Esse notう vel iinpulso ascendente dos partidos da classe operdria era,a priineira vista,unl tanto surpreendenteo Sua for― 9a residia essencialrnente na elementar silnplicidade de seu apelo

apolftico.Eraln esses os partidos de todos os operirios manuais,

que trabalhavanl por um sal`rioo Representavam essa classe, em suas lutas contra os capitalistas e seus Estados;seu obictiV0

era crlar uma nova soCledade, que terla lnlclo cOm a emancl‐ pagao dOs trabalhadores por sua pr6pria iniciativa,c quc eman‐ ciparia toda a ra9a rumana,h exce9五 o de uma lninoria cada vez

mais insignificante de exploradores. A doutrina do marxismo, formulada como tal entre a morte de Marx o o filn do s6culo, crescentemente donlinava a maiOria dos novos partidos; a cla‐ reza com quc enunciava suas proposig6es a dotava de um enor‐ me poder de penetra95o polfticao Era suficiente saber que todOs

os trabalhadores deviam se unir ou apoiar esses partidos, pois a pr6pria hist6ria lhes garantiria a vit6ria futura。

Isso pressupunha que existissc uma classe operdria sufi‐ cientemente numerosa c homogenea para reconhecer a si pr6‐ pria na ilnagenl marxista do “proletariado"; e suficientemente convencida da validade da andlise socialista de sua situacao c de suas tarefas, das quais a priineira era formar um partidO

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172

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prOlet`rio e, independentemente de qualquer outra coisa, enga‐ lar‐

Se na agao polftica。

(Nem todos os revoluciondrios concorda‐

vam com tal priinazia da polftica, mas no momento pode‐

sc

deixar de lado esta rninoria antipolftica, principallnente inspi‐

rada ern id6ias entao assOciadas ao anarquismo。 ) Praticamente, por6■ 1, todos os observadores concordavam em que o``proletariado" estava longe de ser uma massa homo‐

genea, mesmo dentro de uma s6 na95oo Na verdade, antes do surgiinento dos novos partidos, havia‐ se falado, habitualinente,

cm“ classes trabalhadoras"no plural e jamais no singular. As divis6es no interior das massas classificadas pelos socialistas sob o tftu10 de ``proletariado"erarn, na verdade, t5o

iinportantes que se poderiam constituir num empecilho a qual―

quer asser95o pr`tica de uma consciencia de classe inica e unificada.

O cl`ssico proletariado da moderna fibrica ou estabeleci‐

mento industrial, frequentemente uma lninoria ainda pequena,

embora cm r`pido aumento, estava longe de ser identico a。 grosso dos trabalhadores lnanuais que trabalhavanl em pequenas oficinas, na produg5o donliciliar da zona rural e dos fundos de casas da cidade ou at6 ao ar livre; e tamb6m da labirintica selva de assalariados quc abarrotavam as cidades e ―― mesmo ―― o campo. As ocupag6es industriais, os offCiOs e as demais atividades, com frequencia

deixandO de lado os da lavoura

extremamente localizadas e coFn hOrizontes geogrdficos alta…

mente restritos, nao consideravam ser seus problemas e sua situag5o os mesmos. Quanto haveria de comunl, digamos, entre os caldeireiros, exclusivamente dO sexo masculino, e as tece15s

de algodao, da lnglaterra, na maioria mulheres; ou, dentro das meSFnaS Cidades portu`rias,entre os oper`rios especializados dOs estaleiros e os estivadores; ou entre operttrios da confeccaO e

os da constru95o civil? Essas divis6es n5o eram apenas verti‐ cais, Inas horizOntaiS: entre trabalhadores de offcio e operttrios,

cntre pessoas e ocupag6es “respeitiveis''(que Se respeitavam e eranl respeitados)e o resto― ― entre a aristocracia do trabalho, αriα r e Os que se situavaln entre ambos,ou mes― OJθ ′ oJ夕″2ρ θ″ρ″ mo entre diferentes estratos de offcios cspecializados― ― em que o compositor‐ tip6grafo 01hava de ciina para o pedreiro e o pedreiro fazia o mesmo para o pintor de casas. Havia, alё

m

Trabalhadores do mundo

175

disso, nao apenas divis6es mas rivalidades entre grupos equiva―

lentes, cada qual em busca do monop61io de um tipo especial de trabalho; e tais rivalidades eram exasperadas pelos desenvol‐ viinentos tecno16gicos, quc transfo...laVanl antigos processos, criavana novos, tornavam irrelevantes as antigas especialidades

e invaHdavam as defini95cs claras e tradicionais daquilo que “por direito" pertencia as fung6es, digamos, do serralheiro ou do ferrador.(Dnde os empregadores eranl fortes e os oper`rios

eram fracos,a gerencia,pOr meio das m`quinas e do mando, 1lnpunha sua pr6pria divisaO de trabalho; lnas em outras partes

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nOtadamente na d6cada de 1890, n5o raro lancando oper`rios naO env01vidos nas greves interocupacionais numa ociosidade incontrol五 vel e iinerecida.

A todas essas diferengas acrescentavam‐ se outras, ainda mais 6bvias, de origem social e geogr`fica, de naclonalidade, de lfngua,de cultura e de religiao, as quais n50 podiam deixar de emergir a propOr95o quc a ind`stria recrutava seus efetivos,

quc t5o rapidamente aumentavanl, cm todos os cantos do pr6‐ prio paFs e mesmo, nessa era de maci9a migragao internacional e transoceanica, no estrangeiro. Aquilo, portanto, que de um

ponto de vista poderia parecer uma concentragaO de hOmens e mulheres numa inica ``classe operiria" seria talvez conside‐

rado, de outro, como gigantesca dispersao de fragmentos da sociedade, uma didspora de velhas e novas comunidadeso Na medida em que tais divis6es separavam os operirios, evidente‐ mente elas eram`teお para os empregadores e mesmo estimula‐ das por eles― ― em especial nos EUA,onde o proletariado,em

sua maior parte, consistia numa grande variedade de ilnigran‐

tes. Mesmo uma entidade intensamente militante como a ″ rs (Federa95o dos Mineiros do α れο ″Fθ ごθ Wθ s`θ ″ ノMi″ θ `jο Oeste),das MOntinhas Rochosas,corria perigo de fragmentar‐ se, devido aos conflitos entre os trabalhadores metodistas e qualificados da Cornualha, especializados em pedras duras, en‐ contrados em qualquer parte da terra em que houvesse llninera‐ 95o comercial de metal, c os irlandeses cat61icos, menos quali中

ficados, encontrad6s onde quer que houvesse necessidade de for9a e trabalho duro nas fronteiras do mundo de lingua inglesa.

174

A

θrα αOs:“ P″ わS

Houvesse ou n5o outras diferengas no interior da classc oper`ria, nao cabia divida de que as diferengas de nacionali‐ dade, religi50 e lingua a dividiam。 (D caso clissico da lrlanda ёtragicamente fanliliar.MesIIlo na Alemanha,os operttrios cat6‐ licos resistiam ac apelo da social‐ democracia muito mais que os

protestantes; e na BOenlia, 。s operdrios tchecos resistitam a in―

tegra"o propOSta em um movimentO pan‐ austlaco dominado por oper`rios de lfngua alema. O entusi`stico intemacionalismO dos socialistas ―_ Os Operttrios, havia…

lhes dito Marx, n5o tinham

tria, apenas classe 一 atraFa os moviinentos operttrios,

面o

apenas pelo seu ideal, mas por ser conl frequencia a condi95o

“ pr6via essencial para a a9aoo De outro modo, como poderiam os operdrios ser mobilizados como tais numa cidadc igual a

Viena, onde um ter9o deles era de enligrados tchecos; ou em Budapeste, onde os oper`rios qualificados eram alemacs c os demais, eslovacos ou magiares? O grande centro industrial de Belfast demonstrava― ― e demonstra ainda― ― o que pode aconte‐

cer quando os operanos se identificam principallnente como cat61icos Ou protestantes ou mesmo como irlandeses e n5o como operarlos.

Afortunadamente, o apelo ao internacionalismo ou, o que era quase a mesma coisa nos parses grandes, ao inter-1℃ giona‐ lismo,n5o ficOu tOtahnente sem efeito.As diferencas de lingua, de nacionalidade ou de religiao, por si mesrnas, n5o impossibi‐

litavam a formagao de uma consciencia de classe unificada, cspeciallnente onde grupos nacionais de operdrios nao compe_ tissenl, tendo cada qual seu nicho no mercado de trabalho。 Criavanl importantes dificuldades apenas onde expressassem ou onde siinbolizasselll conflitos graves entre grupos que iam a16m dos lilnites de classe; ou diferencas do interior da classe ope‐

rttria que eranl, aparentemente, incompativeis com a unidade dos operう rios. Os operariOs tchecos suspeitavam dos alemaes,

nao como operarlos e slln como membros de uma na95o que tratava os tchecos∞ lno inferiores.Os operdrios irlandeses cat6‐ Hcos no Uister n5o se deixavam iinpressionar por apelos pela unidade da classe, ao verem os cat61icos crescentemente excluf‐

dos,entre 1890 e 1914,dos empregos qualificados na indistria, os quais,por esse motivo,haviam‐ se tornado virtual l■ onop61io dos operariOs prOtestantes,com a aprova"o de seus sindicatos.

Trabalhadores do mundo

175

Mesmo assiin, tal era a forOa da experiencia de classe quc a identificacao alternativa do oper6五 o com algum outro grupo, em classes Operttrias plurais …… comO p01ones, como cat61ico,

ou outra coisa ― , apenas estreitava a identificacao de classe, sem a substituir.Uina pessoa sentia‐ sc oper`rio,lnas especifica‐ Fnente operttrio tcheco,polones ou cat61icoo A Igreia Cat61ica, a despeito da profunda hostilidade que nutria para∞ m a divi‐ sao e o conflito entre classes, foi ob五 gada a formar, ou pelo menos a tolerar, sindicatos c at6 sindicatos cat61icos ―― nessa 6poca n5o muito grandes‐――embora preferisse organiza96es con―

iuntaS de empregadores e empregados.O quc as identificac6es alternativas reallnente exclufram nao fOi a cOnsciencia de classe como tal, mas a consciencia pο J`′ jε α de classeo Assiln, houve unl moviinentO sindicalista,c as habituais tendencias de forrrlar

urrl partido trabalhista, mesmo no sect`rio campO de batalha quc era o Ulster, Mas a unidade dos oper`rios s6 era poss(vel na medida em quc as duas quest6es donlinantes da existencia e do debate polftico fossem exclurdas da discusslo: a religi5o c a autonomia para a lrlanda,sObre as quais os operirios cat(ゝ licOs e os protestantes, os grθ θ″ e os Orα ″gθ (os Verdes e os cor‐ de‐ laranja),n50

conseguiam entrar em acordo.Algum tipo

de movilnento sindical e de luta industrial seria possfvel, sob tais circunstancias, mas nunca― ― exceto dentro de cada comu― nidade e portanto d6bil e inte..1litentemente― ― um partido ba‐ scado na identifica9ao de classe. Acrescente‐ se a esses fatOres,que dificultavam a tomada de consciencia e a organizacao da classe operaria,a estrutura hete‐

rogenea da pr6pria econonlia industrial em seu desenvolvimen‐ too Nesse particular a lngiaterra era absolutamente excepCiOnal, visto 16 existir um forte sentilnentO apolftico de classe e uma ―― e arcaFsmo ―― organizagaO sindicalo A siinples antiguidade da industrializa95o ploneira desse pais permitira um sindicalis‐

mo um tanto priinitivo e bastante descentralizado, em grande parte composto de sindicatos de offcios, quc aprOfundara suas rafzes nas ind`strias b`sicas do paFs, as quais― ― por diversas

raz6es― ― se desenvolveraln menos pela substitui95o da maqui‐

naria por trabalhO humanO que por um casamento de opera9“ s manuais com energia a vapor. Em todas as grandes indistrias da antiga``oficina do mundo"― ― a do algod5o,a da minera95o,

176

ハ ′rα αοs i“ ριrわ s

a da metalurgia, a da constru95o de maquinaria c de navios ― existia lJm n`‐ (■ ltima indistria quc a lnglaterra donlinou)一 cleo de organizagao sindical bascadO principallnente nas ocupa‐ c6es e nos offcios,sobretudo conl a capacidade de se transforrnar em sindicalislnO de inassas.Entre 1867 e 1875,os sindicatos ad‐ quiriram realinente s′ α′s legal e privi16gios de tal alcance que nem os mais militantes “ dos empregadores nem os governos con‐

servadores nem os iufzeS COnseguiram reduzi‐ los ou aboli_los at6 a dCcada de 1980。 A organizagaO sindical n5o estava siin‐ plesmente presente c aceita;、 era poderosa, cspeciallnente no lo‐ cal de trabalhoo Esse excepcional e mesmo inico poder operttrio criaria,no futurO, problemas crescentes para a econoFnia indus‐

trial britanica; e na verdade, mesmo durante nosso perfodo, criou grandes dificuldades para os industriais que deseiaVam mecaniz6‐ lo ou administr五 ‐ loo Antes de 1914, os industriais ma“

lograram nos casos mais decisivos, mas para nossos prop6sitos 6 suficiente anotar a anomalia da lnglaterra a esse respeito. A

pressao polftica pode aiudar a refOrOar o poder de fibrica,sem quc efetivamente tenha que substitul‐ lo. Em outros lugares a situagao era bastante diversao De modo

geral, Os sindicatos funcionavam apenas a margem da ind`stria moderna, especialinente a de grande escala: em oficinas, nos canteiros de obras e em pequenas e m6dias empresas. A orga‐ 1liza95o,ena teoria,podia ser nacional,mas na pr`tica era extre‐

mamente localizada e descentralizadao Em paFses como a Franca c a lt61ia, seus agrupamentos efetivos eram as aliangas entre pequenos sindicatos locais, agrupados em volta de sa16es operd‐

rios locais.A federacao sindical nacional francesa(CGT)re‐ queria apenas urn lniniino de rrOs sindicatos locais para consti‐

tuir um sindicato nacional.12 Nas grandes f6bricas da moderna indistria os sindicatos eram desirnportantes, Na Alemanha, a forga da social‐ dcmocracia, cOm seus ``sindicatos livres'', naO se fazia sentir nas ind`strias pesadas da regi5o do Reno e do Ruhr.

Nos EUA,o sindicalismo nas grandes indistrias foi virtualnlen‐

te eliminado na d6cada de 1890 -― e n5o retornaria antes da d6cada de 1930 -― , mas sobreviveu nas indistrias de pequeno porte e nos sindicatos de offcio da construgao civil, protegido

pelo localismo dO mercado das grandes cidades, onde a rdpida Llrbanizac5o, para n5o mencionar a polftica do suborno e dos

Trabalhadores do mundo

177

contratos da municipaHdade, proporcionava maior campO de a95o, A `nica alternativa real ao sindicato local de pequenos grupos de trabalho organizado c ao sindicato de oficio (de ope‐

rdrios em sua maioHa qualificados)era a mobiliza95o,ocasional e raramente permanente, de massas de trabalhadores em greves intermitentes; mas isso era tamb6nl quase sempre localizado。

Houve algumas extraordindrias exce96es, entre as quais distinguiram‐

se os nlineiros, por sua verdadeira diferenca em

relagao aos carpinteiros e charuteiros, os ferreiros‐ lnecanicos, Os tip6grafos e os demais artesaos assala五 ados que fomavam

os quadros normais da classe operaria dOs novos moviinentos proletttrios.De unl modo ou de outro,essas massas de homens

robustos que trabalhavam nas trevas, quase sempre morando com suas fanlllias em comunidades isoladas e t5o impeditivas e aridas quanto suas lninas, ligados entre si pela solidariedade

do trabalho e da comunidade e pela dura e perigosa atividade,

mostravam uma marcante propentto para engaiar‐ Se em lutas cOletivas; meslno na Franga e nos EUA,os lnineiros de carv5o fo..uaranl,pelo menos internlitentemente,poderosos sindicatos.*

Dada a diinensao do pr01ctariado das lninas e suas notiveis concentrag6es regionais, seu papel potencial nos moviinentos oper`rios一 ―e na lnglaterra,real― 一 poderia ser enorme。 Dois outros setores parcialmente iinbricados do sindicalis‐

mo nao artesanal merecem aten91o: o dos transportes e o dos funcion`rios p`blicose C)s sewidores do Estado eram ainda ex‐ clufdos das organiza9oes oper`rias ―― at6 na Fran9a que, mais tarde, seria o baluarte dos sindicatos de servidores p`blicos… … 電 :雪 L:iSぶ 寵 ]品 よ 翼 lLTttrL濯 mesmo as estradas de ferro particulares revelaranl‐ se dificeis de

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serem organizadas,fora dos amplos e pouco populosos espa9os, onde o fato de sereFn indispensdveis oferecia uma considerivel ・ Conforme indicam os versos dos mineiros alemttes, grosseiramente tra‐ duzfveis do seguinte modo: Os padeiros assam pao sozinhOs Os marceneiros trabalham em sua casa; mas os nlineiros,onde estiverenl,

contam com bravos e confittveis companheiros.13

178

/4

θrα ″οs l“ ριrrο s

vantagem estrat6gica hquelcs que nelas sc empregavam,especial―

mente aos maquinistas c aos tripulantes dos trens. As compa‐ nhias de estradas de ferro cranl, de longe, as maiores empresas da econornia capitalista e quase impossfveis de sindicalizar, ex‐

ceto no coniuntO daqui10 que podel・ ia ser uma rede de extensao quase igual a do pafs: em 1890, a ttO″ JO″ αれご Nο ″ ″ ′Wθ s`θ ″ y Cο ρα″ッ (Companhia de Estradas de Ferro de Lon‐ Rα jJ〃 α “ dres e do Noroeste),pOr exemplo, controlava 65 ■lil operdrios, nunl sistema de 7 1nil qui16metros de linha c 800 esta96es。 Em contraste, o outro setor chave dos transportes, o marf‐ tilno,era extremamente localizado nos portos de mar e enl torno

deles, onde, por sua vez, toda a economia tendia a circular, Aqui,portanto,qualquer greve nas docas propendia a tornar‐ sc uma greve geral dos transportes que, a seu turno, poderia vir a ser uma greve geral. As greves gerais econOnlicas, que se multiplicaram nos priineiros anos do novo s6culo* ―― e condu‐ ziram a cxaltados debates dentrO dO moviinento socialista ―― ,

cram,portanto,principallnente as quc tiverarn lugar nas cidades

portu`rias: em Trieste,(3enova,Marselha,Barcelona,Alnsterda。 Foram batalhas gigantescas mas improvttveis, como tal, de con‐

duzir a uma organiza95o sindical permanente de massas, dada

a heterogencidade de uma forca de trabalho freqtentemente n5o‐ espccializada.

Todavia, os transportes por estrada de ferro

e por mar, embOra muito diferentes, tinham em comum sua crucial ilnpOrtancia estrat`gica para as econonlias das na96es,

quc se poderiam paralisar, caso eles cessassemo A medida quc cresciam os moviinentos operdrios, Os governos tomavam cons‐ ciencia crescente desse potencial estrangulamento e elaboravam as possiveis contramedidas: destas, a decis5o do governO fran‐

ces de derrotar uma greve geral de estradas de ferro, em 1910, por meio do alistamento de 150 mil ferrovi`rios ou, mais pre‐ cisamente,de os colocar sob disciplina nlilitar,6 o mais dristico cxemplo。

14

Entretanto, tamb6m os emprcgadores particulares reconhe‐ ciam o papel estrat6gico do setor de transporteso A contra‐

ofen―

' Greves gerais breves, a favor da democratiza95o do direito ao voto, eram outro assunto.

`Trabalhadores do mundo

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siva )onda de sindicalizag5o, na lnglaterra, cm 1889‐ 1890 (a qual,por sua vez,fora langada por greves de marinheiros e do‐ queiros), teVe infcio com uma batalha contra os ferroviarios escoceses e uma s6五 e de batalhas contra a maciga mas inst`vel sindicaHzagao dos grandes portos de mar.Inversamente,a ofen‐ siva operttria desencadeada )s v6speras da gucrra nlundial pla‐ neiOu Sua pr6pria forca estratё gica de choqucr a Triplice Alian‐

9a dos lnineiros de carv5o,dos ferrovi`rios e da federagaO dOs trabalhadores nos transportes(ou Seia,dOS empregados■ os por― loS). O transporte era agora claramente Considerado elemento crucial na luta de classes。

Era assiln considerado, alids, conl malor clareza quc outra

zona de confronto quc em breve se revelaria ainda mais deci‐ siva: a das grandes e crescentes indistrias metal`rgicaso Nestas, a forOa tradicional da organiza95o operttria, os oper6五 os espe‐ cializados de antecedentes artesanais,com obstinados sindicatos

de offcio, encontravam a grande fibrica moderna, que se pro‐ punha reduzi‐ los(ou a maiOria deles)a operadores sclniqualifi‐

cados de lndquinas e ferramentas, cada vez mais especializadas e sofisticadas. Aqui, nesta fronteira do avan9o tecno16gico quc

taO rapidamente se movia, o conflitO de interesses era claro。 Enquanto durasse a paz, a situacao cFFI Seu ConiuntO favorecia os adFniniStradores; mas depois de 1914, i` naO surpreendia quc a lalnina cortante da radicalizag5o operaria se achasse em

tOda parte das grandes Mbricas de armamentos,Subiacente a disposi95o revolucion`ria dos metal`rgicos, durante e ap6s a guerra mundial, discerniinos as tens6es preparat6rias das d6ca‐

das de 1890 e de 1900。 As classes oper`rias, portanto, n5o eram homogencas nem fttceis de unir nunl S6 grupo social coerente―

-lnesmo dcixando

de lado O proletariado agrfcola, que os moviinentos sindicais buscavam organizar e mobilizar, em geral sem grande exit。 ,*

E todavia eles estavam sendo unificados. Como? ・ Exceto na lt`lia, onde a Federa95o dos TrabalhadOres da Terra era, de longe,o maior sindicato,aquele que lan9ou as bases para a posterior influencia comunista, na lt61ia central e em partes do sul do pafso Na Espanha O anarquismo teve, possivelmente, influencia intennitente com‐ parttvel entre os trabalhadores rurais sem terra.

A crα dοs i″ ρι riοs

180

3 Uin lnodo poderoso de unificar era o da ideologia, ampa‐ rada pela organiza95o。

(Ds socialistas e anarquistas levaram seu

novo evangelho as massas, at6 entao desprezadas por quase todas as instituig6es,cxceto por seus exploradores e por aqueles

que as aconselhavam a se manter silenciosas c obedientesi c mesmo as escolas prim`rias(onde as alcangavam)contentavam‐ se,de modo geral,a inculcar os deveres cfvicos da religi5o,en―

quanto as pr6prias lgreiaS Organizadas(a n5o Ser por algumas

seitas pleb6ias)S6 muito lentamente entravam em territ6rio prolet`rio ou estavanl lnal equipadas para lidar com popula95es taO diferentes daquelas das comunidades estruturadas das anti― gas par6quias rurais ou urbanas. C)s oper`rios eram gente des‐

cOnhecida c esquecida, na propor950 enl que fo111lavanl um novO grupo social.O quanto eram desconhecidos,testemunhanl‐ no dezenas de escritos de pesquisadores socialistas e de obser‐

vadores da classe m6dia; o quanto eram esquccidos, pode ser avaliado por qualquer pessoa quc haia lidO as cartas do pintor Van Gogh,que foi as lninas de carvaO belgas como evangelista。 Os socialistas, com freqtiencia, eram os priineiros a deles se

aproxiinar. Onde as condi9∝ s o pernlitissenl, eles iinpriiniam nos mais variados grupos de operttrios一 ― desde artes5os assala‐ riados e vanguardas militantes at6 comunidades inteiras de rni― neiros e trabalhadores de obras― ― uma`nica identidade: a de “proletttrios". Em 1886, os alde6es dos vales belgas erFl tOrnO de Liё ge, que tradicionallnente manufaturavam armas de fogo, eram apolfticos.Passavam a vida sendo mal pagos,c a divers50, para os homens, residia apenas em criar pombos, pescar e fre― qtientar brigas de galos. Assiln que o “Partido dos Trabalha‐

dores'' apareceu em cena, converteranl‐

sc em massa: daf em

diante,80a90% de Val de Vesdre passou a votar pelos s∝

ia‐

listas, abrindO brechas at6 nas `ltiinas fortifica96es do catoli― cisln0 10cal。

(D povo dO Liegeois percebeu que participava da

identificacao e da f6 dos tece16es de Ghent,cuia pr6pria lfngua

(O flamengo)n5o pOdiam entender; e pOr aF corn a identifica95o e a f6 de todos aqueles que participavam do ideal de uma s6 classe oper`ria universal.Essa rnensagenl,a da unidade de todos

os quc trabalham e sao pobres, foi levada at6 os mais remotos

181

Trabalhadores do mundo

cantos dos paFses, por agitadores e propagandistas. E eles tra‐ ziam igualmente a Orga“ jzα Fa ο ,a a91o colet市 a estruturada,sem a qual a classe oper6ria nao poderia existir como classe; e,por

meio da organizagao,adquiriam aqueles quadros de porta‐ vozes que podiam articular os sentiinentos e esperangas dos homens

e mulheres que nao Os saberiam enunciar. Eles possuFam ou encontravam as palavras para as verdades quc todos sentiam. Sem essa coletividade organizada, seriam apenas pobre gente do trabalho.Pois o antigo cο rp“ s de sabedoria― ― os prov6rbios, ditados e can9oes― ― que formulara a Wθ rra″ scヵ α れg dos tra‐ “ bastavao Eles balhadores pobres do mundo pr6‐ industrial,ia naO “ constitufam uma“ οναrealidade social,quc exigia nova reflexao, Isto iniciou‐

se no momento em que compreenderam a mensagem

de seus novos porta‐ vozes: “Voces sao uma classe, devem de‐

monstrar que sao uma classe".Por isso,em casos extremos,era suficiente que os novos partidos silnplesmente pronunciassem scu nome: ``o partido dos trabalhadores"。

Ningu6m, exceto os

nlilitantes do novo moviinento, trazia cssa mensagem de cons‐ ciencia de classe aos trabalhadoreso Sua mensagenl unificava todos os que se dispusessem a reconhecer‐ lhe a grande verdade que cancelava as diferengas existentes entre eles。

Mas toda gente dispunha‐ se a reconhece‐ la__pOis alarga‐ va‐ se

a brecha que separava os quc eranl, ou se tornavanl, tra“ balhadores e o resto das pessoas,inclusive as de outrOs Setores dos sociallnente modestos,da``gente pequena"― ― uma vez que O mundo da classe operiria separava¨ se progressivamente ―― e

n5o menos porque os conflitos entre os que pagavam sal`rios e os que destes viviam constitufa uma realidade existencial cada

vez mais donlinanteo Este era o caso,evidentemente,enl lugares

praticamente criados pela e para a indistria, como Bochum (4.200 habitantes em 1842, 120.000 em 1907, dos quais 780/o

eram oper`rios e 3%eram“ capitalistas")Ou Middlesbroug与 (6.000 em 1841, 105.000 em 1911)。 Nesses centros, principal‐ mente de nlineragao e ind`stria pesada, que cresceram como cogumelos na segunda metade do s`culo, talvez mais que as cidades das fttbricas texteis que anteriormente haviam sido os tfpicos centros industriais, os homens e as mulheres poderiam passar a vida senl sequer chegar a ver,com alguma regularidade,

urn membro das classes nao assalariadas que de algum modo

182 na。

ス θrα ′οs i“ pび riOs

lhes dessc Ordens(prOpriet`rios,gerentes,funcion`rios,pro‐

feSSOFeS, padres), a n50 ser no que diz respeito aos pequenos artesaos e 10jistas,Ou aos taverneiros,que atendiam as modes_ tas necessidades dos pobres e que,conforme a clientela,adapta― vam― se ao ambiente proletttrio。

* Em Bochunl, a produ95o para

consumo incluFa, sem contar com os habituais padeiros, a9ou…

guciros e cerveieirOs,algumas centenas de costureiras e 48 modistas,lnas apenas oito lavadeiras,seis fabricantes de chap6us e gorros,oito peleteiros e― ― o que 6 significativo― ― nenhuma pessoa que fabricasse o sfinbolo caracterfstico dO s`α

se m6dia c alta, as luvas.15

s da clas‐ `“

Todavia,lnesmo na grande cidade,coln scus servi9os mul‐ tifo.1.les e progressivamente diversificados, com sua variedade

social e sua cspecializag5o funcional, suplementadas na 6poca pelo planeiamento urbano e pelo desenvolviinento da propric‐ dade,havia uma separa95o de classes, salvo enl territ6riOs neu‐ tros,como o parque,a esta95o ferrovidria c as estl■ lturas desti‐

nadas ao divertimento. O velho``bairro popular"declinou,cOm a nova segregagao sOcial: enl Lion, La Croix‐ Rousse, antiga cidadela dos turbulentos tece16es da seda, que de l` desciam para o centro da cidade,foi descrito em 1913 como um bairro

de``pequenos empregados"― ― ``O enxame de operirios abando‐

nara o planalto e as ladeiras que a ele davam acesso"。 16 0s operdrios haviam se transferidO da velha para a outra margem do R6dano, onde estavam as fibricas. Progressivamente, a cin‐ zenta uniformidade dos novos bairros Oper`rios, expelidos das se pOr toda parte: por Wed‐ `reas da cidade,espalhava‐ ding ecentrais Neukoln, cm Berlim, por Favoriten e C)ttakring, em

Viena,por Poplar e West Hanl,em Londres― ― contrapartidas dos bairros e sub`rbios das classes m6dia e m6dia baixa, quc rapidamente se desenvolviamo E se a muito discutida crisc do setor artesanal tradiciOnal empurrou alguns grupos de mestres¨ artes5os para a direita radical, anticapitalista c antiprolet`ria,

como aconteceu na Alemanha, poderia iguallnente, como na Franga, intensificar‐ lhes o iaCObinismo anticapitalista ou o radi―





papel da taverna,como ponto de reuni5o de sindicatos e dos ramos

do partido sOcialista e dos taverneiros, cOmo socialistas nlilitantes, 6 bastante conhecido em diversOs paFses,

Trabalhadores do mundo calismo republicano。

183

(2uanto aos assalariados c aprendizes, difi‐

cillnente pode五 am deixar de se convencer de quc agora nada

mais eram senao pr01etariOs. E n5o era natural para as pres― sionadas ind`strias dom6sticas proto‐ industnais,frequentemente (COmO era O caSo dOs tece16es em tear manual)em simbiose com as priineiras fases do sistema de f`brica, que se identificassem

com a situag5o prolet`ria? Comunidades localizadas desse tipo,

em varias regi6es montanhosas da Alelmanha, da Boemia e de Outras partes, tomaram‐ se as fortalezas naturais do movimento。

Todos os operirios estavanl, por boas raz6es, prontos a ser convencidos da iniuStica da ordem social,mas o ponto Cru‐ cial de Sua experiencia era seu relacionamento com os empre‐ gadores.(D ■ovo moviinento operdrio socialista era inseparavel dOs descontentes do local de trabalho, quer se expressassem ou naO pOr meiO de greves c(lnais raramente)de sindicatos orga‐ nizados. Repetidamente, o surgiinento de um partido socialista 10ca1 6 insepar`vel de um grupo particular de operariOs 10cal‐

mente centrais, cuia mobiliZa95o ele libera ou reflete.Em Roallne(Franga)os teCe16es fo...lavam o amagO dO Pa″ ,0レ θr′ quando a tecelagem organizou‐ se nessa regi5o, em 1889‐ ′ ッ″

1891,os cant6es rurais subitamente mudaram de polftica, pas‐ sando da``reagao" para o``soCialismo", o o conflito industrial passou para a organizag5o polftica c a atividade eleitoral.Toda‐

via, conforme demonstra o exemplo do moviinento oper`rio ingles nas d6cadas de meados do s6culo, n5o havia conexlo necess`ria entre a prontid5o para a greve, para a organlzagao c a identificagao da classe dos empregadores(oS ``Capitalistas")

como o mais importante advers`rio polfticoo Na verdade, uma frente comum unira,tradicionallnente, aqueles que trabalhavam e produziam, os oper`rios, artesaos, 10iiStas e burguesesヽ contra os ociosos e contra o “privi16gio" ―― os quc acreditavam no

progresso(uma coaliz5o que tamb6m atravessou os limites da classe)contra a `frea,5o"。

NO entanto, essa alian9a, em grande

parte respons6vel pela anterior forOa hiSt6rica e polltica do libe‐

raHsino(cf.ス

Erα Jο Cα ρj′ αI,Cap.6),desmOrOnou,n5o

apenas

por haver a democracia eleitoral revelado os interesses diver‐ gentes dos seus v`rios componentes(cf.pp. 130‐ 3 aciina),lnaS

porquc a classe dos empregadores, progressiva“ ente tipificada ― como viinos, a palavra

pelas suas diinens6es e concentrag5o―

ス θrα ″οs i“ pび rios

184

chave``grande",cOmO em“ grandes neg6cios",grα

jθ ごθ j″ ご sι ″ jθ __, aparece com “ maior fre‐ “ α ′ ″ ″ ο α ss,4α s′ ″ ′ ち Ou Grο “ quencia 17 c integra‐ se mais visivellnente na zona indiferenciada da riqueza, do poder estatal e dO privi16gio. Iunta_sc a “pluto‐

,

gノ α ″α

cracia",quo os demagogos eduardianos,na lnglaterra,gostavam de desancar―― uma “plutocracia" que, enquanto a cra da de‐ press5o cedia lugar ao embriagador surto da cxpansao ccOn6‐ rnica, pavoneava‐ se cada vez mais e O fazia visivellnente por meio da nova mfdia de massas. O principal perito trabalhista do governo ingles afirmava quc Os iornais e o autom6vel, mono‐ p61io dos ricos na Europa,caracterizavam o iniludfvel contraste entre ricos e pobres.18 A medida que a luta polftica contra o``privi16gio"se incor‐

porava a at6 entao independente luta que se desenvolvia no local dO emprego,ou em volta dele, o mundo do oper`rio ma‐ nual separava‐ se cada vez mais daqueles que se situavam acilna dele, por meio do crescilnento iinpressionantemente r`pido em alguns paFses, do setor terci`rio da cconoHlia, que gerou um

estrato de homens e mulheres que trabalhavam sem suiar as maos.E)iferentemente da antiga pequena burguesia de pequenos artesaos lojistas, que poderia ser considerada zona de transi95o ou terra… dc‐ ningu6m

entre o operariado e a burguesia,essas no‐

vas classes m6dias e as classes l■ 6dias baixas separavam as duas

outras; apesar da absoluta mod6stia de sua situacao ecOnonlica,

com freqtiencia pouco melhor quc a de oper`rios bem pagos, estas classes davam realce precisamente ao quc a separava dos trabalhadores manuais e ao que possuFa ou iulgaVa pOssuir em comum com os que lhe eram socialmente superiores(cf.cap,7).

Formavam uma camada,isolando O operariadO abaixO dela. Se os desenvolviinentos econOmicos e sociais assiin・

favo‐

reciam a formacao de uma consciencia de classe de todos os operttrios mallluais, uFn terCeiro fator virtuallnente for9ou‐

os a

unificagao: a ecOnOnlia nacional e O Estado‐ nagaO, que progres‐ sivamente se interligavam。 ()Estado‐ nagaO naO apenas forrnava

o quadro de referencia da vida do cidadao, estabelecendO‐ lhe parametrOs e determinando as cOndig6es concretas e os liinites geogrdficOs da luta operdria, mas iguallnente tornava as suas interveng6es polfticas, legais e adnlinistrativas cada vez mais centrais a existencia da classe trabalhadorao A econonlia operava

Trabalhadores do mundo progress市 amente

185

como sistema integrado,ou seia,comO um

sistema em quc o sindicato naO mais funcionava como um agre‐

gado de unidades locais frouxamente ligadas e preocupadas principalinente com as condi95es locais; seria compelido a ado‐

tar uma perspectiva nacional, pelo menos em relagao a pr6pria indistriao Na lnglaterra, o novo fenOmeno quc eram os confli‐ tos trabalhistas organizados ″αεjO″ α

κ′ θsurgiu pela prilneira

J′



vez na d6cada de 1890,enquanto o espectro da greve nacional dos transportes e dos ■lineiros de carvao cOncretizava‐ se na d6cada de 1900. De modo correspondente, as indistrias come‐ 9aram a negociar acordos coletivos de ambito nacional,pratica‐

mente desconhecidos antes de 1889.Enl 1910,por6m,haviam‐ se

tomado pratica cOmum. A tendencia crescente dos sindicatos, especialinente dos sindicatos socialistas, de organizar os trabalhadores em estru‐

turas abrangentes, cada qual cobrindo uma inica ind`stria na‐ cional(“ sindiCalisnlo industrial"),refletia esse sentido da ccono‐

Inia como unl todo integrado.0“ sindicalismo industrial",como aspiracao, recOnhecia quc ``a indistria" deixara de ser classifi¨

cag5o te6rica para estatFsticos e econorFliStas para se tOrnar um conceito operacional ou estrat6gico, de ambitO nacional,o qua‐ dro de referencia econorllico da luta dos sindicatos, por muito localizados que fossem。 (Ds nlineiros de carvao ingleses, con‐

quanto violentamente apegados aos seus campos de nlinerag5o

ou mesmo as suas■ linas e embora conscientes da especificidade de seus problemas e costumes,perceberam que,inevitavellnente,

tinham que se unir― ― Gales do Sul com a Nortimbria, Fife com Staffordshire em organiza950 nacional, entre 1888 e 1908, No tocante ao Estado, a democratizacaO eleitoral iinpOs

uma unidade de classe quc os govemantes almeiavam e宙 tar.A pr6pria luta pela extens5o dos direitos do cidad50 inevitavel‐ mente adquiria ulll inatiz de classe para os oper`rios,visto quc

a quest5o central da controv6rsia(pe10 menos para os homens) era o direito ao voto dos cidadaos sθ

Prο priθ ごαJθ . A qualifi・

“ que fosse, excluiria, ca95o segundo a propriedade,por modesta antes de tudo, grande parte dos oper`rios. Inversamente, onde os direitos de voto n5o haviam ainda sido alcan9ados,pelo me‐ nos ern teoria, os novos moviinentos socialistas fatallnente COn・ vertialn‐

se nos maiores defensores do sufrdgio universal, defla

186

/4 grα

dOs I″ ριr:Os

grando ou ameacando deflagrar gigantescas manifesta95es c greves gerais por essa causa― ― na B61gica enl 1893 e mais duas

vezes depois desta, na Su6cia em 1902, na Finlandia cm 1905 -―

o que, a um tempo, refor9ava e demonstrava o poder de

mobilizagaO das massas rec6■ 1-convertidas.At6 as refollllas elei‐

torais deliberadamente antidemocraticas pOderianl reforOar a consciencia de classe nacional,como aconteceu na R`ssia, ap6s re‐ 1905, onde os eleitores trabalhadores foram reunidos(e sub‐ presentados)num COmpartimento separado,ou c′ ″滋 eleitoral. Todavia, as atividades eleitorais, nas quais caracteristicamente os partidos socialistas mergulharanl, para escandalo dos anar‐

quistas quc as consideravam separando o movilnento da revo‐ lu95o, s6 poderiam conferir a classe Oper`ria uma dilnensao nacional inica, por muito dividida que estivesse SOb outros aspectos,

Mais ainda: o pr6prio Estado unificava a classe,visto quc, progressivamente, qualquer grupo social teria de perseguir seus ObietiVOS polfticos por meio de press6es exercidas iuntO aO go― 0″ α J,a favor ou contra a legislagao c a adnlinistra95o verho″ αεブ de leis れαciο καお。 Nenhuma classe tinha uma necessidade

mais consistente e contfnua de agac estatal positiva cm assuntos econOnlicos e sociais, para compensar as inade‐

quag6es de sua desamparada ag5o coletiva; e quanto mais numeroso o proletariado nacional, tantO mais sensiveis (lnas com relutancia)eram os polfticos as e対 gencias de um coniuntO de eleitores t5o perigoso e de tal diinens5oo Na lnglaterra, os

antigos sindicatos de meados da era vitoriana c o novo mOvi‐ mento oper`rio dividiram‐ se, na d6cada de 1880, essencialinen‐

te devido a questaO da exigencia de que fosse instituFdo um dia de oito horas pOr Jθ j, e nao pOr meio de negocia96es cole‐ tivas. Isto 6, exigiam uma lei universallnente aplic`vel a rο ごοs os trabalhadores, uma lei, por definicao, ″αcj04α J e mesmo,

segundo a opini5o da II Internacional, plenamente conscientes do significado da exigencia, uma lei internacional. Essa agita‐ o五 ginou a provavellncnte mais visceral e comovente insti‐

9五 o

tui95o do internacionalismo da classe oper`ria: as manifesta‐

96es anuais dc Primeiro de Maio,inauguradas em 1890。

(Em

1917, os oper`rios russos, finallnente livres para comemorar, at6 puseram de lado seu pr6prio calend`rio a filn de se ma…

Trabalhadores do mundo

187

nifestarenl precisamente no mesmo dia cnl que o resto do mundo o fazia.*)TOdavia,a for9a da unificagao da classe ope‐ rdria, dentro de cada nagao, substitufa de modo inevitivel as esperangas e asser90es te6ricas do internacionalismo operdrio, salvo para uma nobre nlinoria de nlilitantes e ativistaso Con‐

fo.1..e demonstrou o comportamento das classes operdrias em agosto de 1914, o quadro de referencia efetivo da sua cons‐ ciencia de classe era, cxceto durante os breves momentos da revolu95o, o Estado e a na95o politicamente definidos.

4 N5o6possivel e sequer necessario exanlinar aqui o pleno alcance das varia96es geogr`ficas, ideo16gicas, nacionais, regio‐

nais e outras, reais ou potenciais, referentes ao tema geral da

formagao das classes operdrias de 1870‐ 1914 como grupos so‐ ciais conscientes e organizados. Evidentemente, este ainda nao era o caso em alguma medida expressiva para aquela parte da

humanidade cuia pele era de matiz diferente(comO na india e naturalinente no rapao), meSmO quando scu desenvolviinento industrial id era inegivel.Esse avan9o da organizacao de classe nac era cronologicamente unifo....e. Acelerou‐ se, por6nl,no de‐

correr de dois curtos perfodos, C) priineiro grande avan9o ocorreu entre o final da d6cada de 1880 e os priineiros anos de 1890, marcadas, ambas, pela reinstitui95o de uma lnterna‐ cional dos Trabalhadores (a “Segunda", para a distinguir da lnternacional de Marx de 1864‐ 1872)e por aquele sfinbolo da confianga e da esperanga da classe oper`ria, o Priineiro de Maio. Foram esses os anos em quc os socialiStas priineiro apa‐

receram em n`meros significativos nos parlamentos de diversos paFses,enquanto na Alemanha, onde seu partido itt era forte,

o poder do SPE)mais que dobrou entre 1887 e 1893(de 10,1 a25,30/a)。 C)Segundo perfodo importante de avan9o aconteceu ・ Conforme se sabe,elln 1917,o calendttriO russo(juliano)estaVa ainda treze dias atrasado em relagaO aO nOsso (o gregoriano), daf procedendo

o conhecido enigma da Revolu9aO de outubro, que ocorreu em 7 de no‐ vembro,

188

A

θrα ごοs i“ ′ιrios

aproxilnadamente entre a Revolu95o Russa de 1905 -― quc muito o influenciou, cspeciallnente na Europa central 一― e 1914。

(D maci9o avan9o eleitoral dos partidos socialiStas e ope―

r`rios era agora auxiliado pela difusao do sufrttgio democratiza―

do, que lhe permitia ser eficazmente registrado. Ao mesmo tempo,ondas de agitaga0 0periria produziam um avango ainda maior na forca do sindicalislnO organizado. Embora os porrne‐ nores variassem enorllllemente com as circunstancias nacionais,

essas duas ondas de ripido avan90 oper`rio podem ser encon‐

tradas,de um ou de outro modo,enl quase toda parte. Contudo,a forllla95o da consciencia de classe dos trabalha― dores nao pode ser identificada, siinplesmente, com o cresci‐

mento dos mo宙 mentos oper6rios organizados, embora haia exemplos, particularinente na Europa central e em algumas zonas industriais especializadas, nas quais a identifica95o dos oper`rios conl seu partido ou moviinento era quase total.Assim, um analista de elei96es num distrito eleitoral da Alemanha cen…

tral (Naumburg‐ Merseburg) fiCOu surpreso pelo fato de quc apenas 889る dos oper`rios tivessem votado no SPE): evidente¨ mente,presumia quc,nesse lugar,a cquagao``oper6rio = social‐ ‐ democrata" fosse a regra。 20 Este caso, por6nl, nao era t(pico

nem mesmo comum.O que se tornava cada vez mais comum, quer os operdrios se identificassem ou naO cOnl ``seu" partido, era a identificacaO apolftica de classe, ou a consciencia de per¨

tcncerem a unl mundo separadO de operdrios, quc inclufa,lnas

ia muito a16m do “partido de classe". Pois tal consciencia era baseada numa experlencla de vlda a parte,unl mOdo e um esti… lo de vida separados quc emergianl, nao obstante as varia96es regionais de costumes e idioma, em fo.1..aS partilhadas de ati‐ vidade social(por exemplo, existem versocs de espOrtes especi…

ficamente identificados conl os proletirios como classe, tais como as associa9oes de futebol, na lnglaterra, que datam da d6cada de 1880), ou mesmO modos de vestir novos e especffiⅢ cos de classe, como o proverbial bon6 oper`rio de viseira。

Ainda assim,sem o surgimento simultaneO d。 “m。 宙men‐ to", mesmo as express6es nao_polfticas da consciencia de classe n5o haveriam sido completas nem mesmo plenamente concebf‐ veis: pois foi por meio do moviinento quc``as classes trabalha‐ doras", no plural,fundiranl‐ se com a``classe operttria", no sin‐

Trabalhadores do mundo

189

gular. Os movimentos, por sua vez, a propOrcao que se torna‐

vam movirnentos de massas, eram iFnbuFdos da desconfianca nao p01ftica,lnas instintiva,dos trabalhadores enl rela95o a todos

os que nao tinham maos suias pe10 trabalhoo Esse difuso οタッriθ r's″ 7θ , cOm0 0 Chamavam os franceses, refletia a realida‐

de dos partidos de massas,uma vez quc estes, ao contr`rio das pequenas organiza96es ilegais, eram preponderantemente com‐ postos de trabalhadores lnanuais.Os 61 nlil lnembros do Parti‐

Democrata,em Hamburgo,em 1911‐ 1912,inclufam apenas 36“ escritores e iornalistas"e dο is membros das profis‐

do Social‐

s6es mais prestigiosas, Na realidade, apenas 50/o de seus menl‐ bros eram naO_prOlet`rios, e destes, metade consistia de estala‐ _trabalhadores iadeirOs.21 MaS essa desconfianca em relagao a n5。

n5o excluFa a admirag5o por grandes mestres oriundos de classe

diferente,como o pr6prio Karl Marx,nem por um punhado de socialistas de origem burguesa, pais‐ fundadores, lfderes nacio‐ nais e oradores(duas fun96es nお raro diffceis de distinguir) ou“ te6ricos".E na verdade,enl sua pFiineira geragao,Os parti‐ dos socialistas atrafram ad■ lir`veis figuras da classe m6dia, ho‐

mens talentosos merecedores de admira95o: Victor Adler, na Austria(1852‐ 1918); Iaurё S,na Franga(1859‐ 1914); Turati,na lt61ia(1857‐ 1952); Branting, na Su6cia (1860‐ 1925).

O quc era, p01s, esse ``FnOVllnento" que em casos extrc‐ mos poderia finalinente vir a coincidir com a classe? EIn toda parte ele inclufa a mais b`sica e universal organiza95o de tra‐

balhadores: o sindicato, embora sob formas diferentes e com for9a variavel. Tambё rn inclufa, com freqtencia, as cooperati‐

vas,principalmente sob a forma de loias para operirios,oca…

sionalmente(comO na B61gica)como institui95es centrais do

moviinento・ * Em pafses onde existiam partidos socialiStas de

massas, eles incluiriam, mais cedo ou mais tarde,todas as asso‐

cia95es em quc participassem os operarios, desde o ber9o a se_ pultura ―― ou, mais exatamente, dado scu anticlericalismo ―― ao cremat6rioo preferido pelos “avangados" por ser mais ・ Embora a cooperacaO entre operirios cstivesse intimamente ligada aos nlovirnentos trabalhistas, e formasse, de fato, uma ponte entre os ideais “ ut6picos" do sociaHslno pr6‐ 1848 c o novo socialislno, ntto cra este o caso da parte mais florescente da coopera9五 o, a dos camponeses c fa‐ zcndoiros, cxceto em algumas partes da ltttlia.

190

jOs スθ α ′οs i″ ρι″ ″

apropriado ≧`poca das ciencias e do progresso.22 As associa‐ 96es poderiam variar, desde os 200 Hlil lncmbros da Federa95o

Alem5 de Corais Operdrios,de 1914,e dos 13 mil membros do Clube dos Ciclistas Oper`rios ``Solidariedade", de 1910, at6

os Oper`rios Colecionadores de Selos e os Oper`rios Criadores de Coelhos,cuios Vestfgios encontram‐ se ainda, vez por outra, nas estalagens dos sub`rbios de Vienao Mas, cm sua essencia, tOdos eles subordinavanl‐ se, ou faziam parte, ou pe10 menos intirnamente a sua cxpress5o essencial, o partido po‐

ligavanl― sc

lftico,quase sempre chamado Socialista(Social― Democrata)e/ ou lnais simplesmente, dos “Trabalhadores"ou“ Trabalhista''. Moviinentos operarios que carecessem de partidos de classe or―

ganizados ou que se opusessem a polftica, embora pudessem representar a velha estirpe de csquerda,da ideologia ut6pica ou

anarquista, eram quase invariavellnente fracos. Representavam quadros itinerantes de militantes isolados, de evangelistas, de agitadores, de potenciais lfderes de greves, mas nao estruturas

de massas.Exceto no mundo ib6ri∞ ,sempre defasado em rela‐ cac aOs demais desenvol宙 mentos europeus,o anarquismo ia‐ mais foi ldeologia maloritiria em parte nenhuma da Europa,

nem mesmo de mo宙 mentos operdrios fracoso Salvo nos pafses latinOs c, cOnfOrme revelou a Revolu95o de 1917, na R`ssia, o anarquismo era politicamente senl importancia. A grande maioria desses partidos operirios, sendo a Aus‐ trdlia a exce95o mais iinportante, anteviam mudancas funda‐ mentais na sociedade c,conseqtientemente, davam a si pr6prios o nome de `socialistas", ou julgava… se que estivessem propen‐

sos a isso, cOm0 0 Partido Trabalhista ingleso Antes de 1914, queriam manter muita distancia da polftica da classe dominan‐ te e mais ainda do governo,at6 o dia em que o pr6prio movi‐ mento formasse um governo seu c,presunlivellnente,iniciasse a grande transforma95oo Lfderes trabalhistas que se haviam dei‐

xado tentar por compromissos com partidos da classe m6dia e com os governos eram execrados, salvo quando guardavam silencio cOmpleto,como no caso de r,Ro MacDonald sobre os arranjos eleitorais com os liberais,que pela primeira vez deram

ao Partido Trabalhista ingles uma cxpressiva representa95o pariamentar,cm 1906。

(Por mOt市 Os compreensfveis,a atitudc

dos partidos para com o governo local era benl mais positiva。

)

191

Trabalhadores do mundo

Talvez a razao principal pela qual tantos partidos como essc hastearam a bandeira verlmelha de Karl Marx tenha sido por‐ quc ele, mais que qualquer outro te6rico de esquerda, lhes te‐ nha dito tres coisas que pareciam iguallnente plausfveis e ani‐

madoras: que nenhum melhOramento previsivel,dentro do atual sistema, mudaria a situacao b`sica dos trabalhadores como tais (a Sua ``explora95o")i quc a natureza do desenvolviinento capi¨

talista, que ele longamente analisara, tornava a derrubada da

lltta∫ 糧 ∬ 器 ∬ 1,電 llttI::∫ 1器 Ⅷ 孵 dOs de classe, seria a criadora c a herdeira de um glorioso fu‐

:∬ 篤

turO. IDesse modo, Marx oferecia aos operarios uma certeza, an`loga aquela anteriorlnente oferecida pela religi5o, de quc a

ciencia demonstrava a inevitabilidadc hist6rica de seu futuro triunfo.No que se refere a isso,o marxismo era tao eficaz quc,

mesmo os que se opunham a Marx,dentrO do movimento, ado‐ tavam enl larga medida sua andlise do capitalismo. Assiin,tanto os oradores como os ide61ogos desses partidos

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essa revolu95oo Todavia, o que exatamente significaria essa frase, a nao ser que a mudanga do capitalismo para o socialis‐

mo, de uma sociedade baseada na propriedade privada c na iniciativa, para outra, baseada na “propriedade comuFFl dOS meios de produ95o, distribuicao e trOca"23 reV01ucionaria dc fato a vida一 ― embora a exata natureza e o conte`do do futuro

sOcialista fossem surpreendentemente muito pouco discutidos e perinanecesseFn imprecisos

―― exceto para afirmar que o mau

de agora seria bom,entaOo A natureza da revolu95o foi a ques‐ t5o donlinante dos debates sobre polftica proletiria durante todo o perfodo. O quc estava em discussao naO era a f6 numa total trans‐ forma95o da sociedade,Inesmo estando muitos lfderes e lnilitan‐ se te」 demasiado absorvidos nas lutas imediatas para interessar‐

pOr uFn futuro remotoo Era antes o fato de, seguindo uma tra… di95o de esquerda que remontava para a16m de Marx e Bakunin,

a 1789 ou mesrno a 1776, as revolu96es esperarem realizar mudan9as soCiais fundamentais por melo de uma s`bita,violen‐ ta c insurrecional transferencia do poder, Ou,em sentido mais

192

A

θrα ″οs i“ pι riOs

geral e rllilenarista,que a grande mudanga,cuja inevitabilidade havia sidO estabelecida,devia ser mais inlinente do que no mo‐

mento aparentava ser no mundo industrial, ou meslno do que parecera, durante a depressaO e O descontentamento da d6cada de 1880,ou durante os surtos de esperanga do infcio de 1890。 Mesmo o veterano Engels ―― ao langar um olhar retrospectivo

)Era das Revolu96es, durante a qual era de esperar que Se erguessem barricadas mais ou menos a cada vinte anos e na qual ele realinente tomara parte cllll campanhas revoluciOn`rias, de arma na m5o 一― advertiu quc os dias de 1848 pertenciam,

irreversivellnente, ao passado. Como vilnos, desde meados da d6cada de 1890 a id6ia do ilninente colapso do capitalismo pa‐ recia absolutamente iinplausfvel. Oue restava, pois, aos exё rci‐

tos do proletariado, lnobilizados aos lnilh6es sob a bandeira

vermelha? Algumas vezes, a direita do moviinento, recomendavam alguns que todos se concentrassem nas melhorias e reformas irnediatas quc a classe operdria conseguisse do governo e dos

empregadores, deixando que o futuro remoto cuidasse de si pr6prio. A revolta c a insurreicao, ern todo caso, n5o estavam na agendao Mesmo assiin, raros lfderes operdrios nascidos ap6s

1860 abandonaram a id6ia da Nova lerusa16m, Eduard Berns‐ tein (1850‐ 1932), intelectual socialista forFnadO pelos pr6prios

esfor9os,que por imprudencia sugeriu naO apenas que fossenl re‐ vistas as teorias de Karl Marx h luz do florescente capitalismo

(``reViSiOnismo"),mas tamb6m que o almeiado obiet市 O dO SO‐ cialismo era menos importante quc as reformas a serem ganhas no canlinho,foi rnacigamente condenado por polfticos oper`rios, CuiO interesse em derrubar o capitalismo era n5o raro extrema‐

mente d6bil.A crenca de que a sociedade atual era intolerdvel fazia sentido para a gente da Classe Operdria, Ineslno quando) cOnforlne notara um observador de um congresso socialista ale‐

maO na d6cada de 1900,seus militantes“ mantinham¨ se um p5o ou dois h frente do capitalismo"。

42 Era o ideal de uma nova so‐

ciedade quc infundia esperan9as a classe oper`ria.

N5o obstante, como havla a nova socledade de ser lnstau‐

rada, numa 6poca cm que o colapsO dO velho sistema parecia o contrttrio de iminente? A constrangida descri95o de Kautsky

do grande PartidO Social Democrata alem5o como unl par‐

Trabalhadores do mundo

193

tido quc “embora revoluciondrio naO faz revolu95o",25 6 um resumo do problema. Seria SufiCiente manter, como fazia o SPE), um compromisso te6rico com nada menos quc a revolu‐ 95o social, uma posig5o de oposigao intransigente, s6 para meⅢ

dir periodicamente a ascensaO das forgas do moviinento nas elei96es, confiando nas forgas obietiVas do desenvolviinento

fttT慇1∬嘱 淋 黒 肌滋 量 i忠 鵬獄議 le謂 留l∴ 雛 思Har謂 電 l:緊 λ ::l島 淵 ξ 熙吼 脚RCnil獄:£9器 蹴∫ Ъ :蹴 t轟 ∬ 見 l鳳 淵 :糧=l蹴 露Iri鵠 思 ょ1亀 Teel::空 冨 :酵

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entre as massas, tudo iSso enl nome da nliser`vel disciplina

κbll習 :si::Is(1認 :=lse::ば おriξ 3:i糧 ―― base, seus intelectuais dissidentes e seus revolucionttrios eram os partidos proletirios de massas, errl sua opiniao inevita_

l:IIIIItililFttL「

vellnente reforHlistas e burocratizados, em virtude de estarem engaiadOs em certos tipos de acao polftica.Os argumentos Con‐ tra eles eram inuito semelhantes, quer os da predominante or‐ todoxia marxista,como habituallnente era o caso no continente, Ou os dos antiinarxistas a moda fabiana,como na lnglaterra・ esquerda radical preferia, cm vez disso, confiar na agao direta

x織 能

,批

revoluciondria。

A

‰ :lgttt富 』 臭 。電 織 :。 留 (D “sindicalismo revolucion6rio", que prospera‐



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ra na d6cada anterior a 1914, sugere, como O pr6prio nome

iS富 肥1駆 rT輸 .胤 』

rl翼

:簿 ピ奮碑 u塁:Sa盟 霧 鰍」

勢キi撒 撥静 椰掛驀鮒榊Ъ de intelectuais, durante a segunda fase do crescilnento e da ra‐

dicaliza95o do moviinento, que coincidiu com uma consider`vel e internaclonallnente difundida inquieta9ao operaria, e com

/t arα

194



del器

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provavelinente uma esp6cie de sindicalista revolucion`rio quc, paradoxalmente,reieitava O mar対 smo como ideologia de parti‐ dos que faziam uso dele como escusa para naO tentar fazer re‐ volu9五 o.Isto era um tanto iniuStO pal・ a com o espfrito de 踏

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:u星 11:)11:nf:;0』 │:i:Л11111111」 ::退;屋:° cracia c na trindade secular Liberdade, Igualdade e Fraternida‐ :lλ i∫

de. Mesmo na Alemanha, onde quase um em tres cidad5os votava no Partido Social Democrata que se declatara formal‐

mente mar対 sta em 1891, o Mα″ θ ο CO“ ″is`α , antes de jノ

S′

1905, era publicado em edi96Ю s de apenas 2 nlil“a 3 rnil exenl‐

plares, c a obra ideo16gica mais popular nas bibliotecas operd‐ α q記 ・ ぶ 騒 I量:::ニ メ 1朧 T:』 :緒 ∬ 艦 t∬ ∫ 鵬 ぽ £ 軍

:

marxistas nativos. C)s principais “te6ricos" da Alemanha eram

irnportados do lmp6rio Habsburgo,como Kautsky e Hilferding,

ou do IInp6rio do czar, como Parvus e Rosa Luxemburgo. A oriente dc Praga c Viena havia abundante provis5o de marxis‐ mO e de intelectuais marxistas, Nessas regi5es, o marxismo re‐ teve Seu iinpulso revolucionario intacto, o o liame entrc mar‐

xismo c revolu95o continuava manifesto, ao menos porquc as persp∝ trl:譜

sm。 電 席 二:,1器 ∬ 惚 縄 :∫ 霊 h5。 virnentos oper`rios e socialistas,como a de muitas outras “ coisas na hist6ria dos cinquenta anOs precedentes a 1914。 Esses mo― viinentos surgiram nos paises da revolucao dual e na pr6pria zOna da Europa ocidental e centrai na qual toda pessoa politi―

zada referia‐ sc

a maior das revolu96es do passado, a da Franca, de 1789;e onde todo habitante das cidades quc houvesse nascido

Trabalhadores do mundo

195

no mesmo ano de Waterloo, no decurso de sessenta anos de vida haveria, provavellnente, passado pelo menos por duas, ou talvez tres rev。 luc6es, em priineira ou segunda m5o。 (D movi‐ mento operdrio e socialista via em si mesl■ o a continua95o linear dessa tradicao. os sOcial¨ democratas austrfacos comemo¨ ravam o Dia de Ma霧 o(aniVers`rio das vftimas da revolugao

de Viena,de 1848)anteS de comemorarem o novo Primeiro de Maio. '「 odavia, a revolu95o social retirava‐ se rapidamente de sua prilnitiva zona de incuba95o.I〕 sob certos aspectos o surgi_ mento dos partidos de classe,lnaci9os, organizados c, acirna de tudo,disciplinados,acelerou essa retirada.C)s cornfcios de mas‐

sas organizados,as cuidadosamente planeiadaS manifestag6es ou passeatas de massas, as campanhas eleitorais antes substitufram que prepararanl tumultOs e insurrei96eso A sibita onda de par‐

tidos ``vermelhos" nos pafses avangados da sociedade burguesa cra reallnente um fenOmeno preocupante para os que os gover― navam; mas, entre estes, poucos realinente esperavam ver uma guilhotina erguida enl suas capitaiso Reconheciam esses partidos

como entidades de oposicao radical dentro de um sistema que n5o obstante oferecia espa9o para melhorias e para a concilia‐

G,oo Essas sociedades nao eranl, Ou nao eram ainda, ou nao eram mais,daquelas em que muito sangue corria,a despeito da ret6rica quc afi...lava o contr`rio.

O que mantinha os novos partidos comprometidos com a completa revolu95o da sociedade,pelo menos teoricamente,e as massas de trabalhadores comuns comprometidos com esses par‐ tidos,■ 5o era decerto a incapacidade de o capitalismo lhes Ofe‐

recer melhorias. Era o fato de, at6 onde a maioHa dos traba‐

lhadores quc esperavam melhorias podia julgar, todos os aperfei9oamentos expressivos provinhanl, em prilneiro lugar, da ag5o e da organiza95o deles pr6prios, como classe. Na ver_ dade, sob certos aspectos, a decisaO de preferir o canlinho dos

melhoramentos coletivos excluFa as demais op96eso Nas regi(発 s da lt61ia em que os trabalhadores pobres e senl terra se organi‐ zaram enl sindicatos e cooperativas,eles n5o escolheram a alter‐

nativa da emigra95o em massa. Quanto mais vigoroso era o senso da comunidade e da solidariedade da classe trabalhadora, tanto mais fortes as press6es sociais no sentido que se mantives‐

sem dentro dela, embora issO 面 O excluFsse 一 especialFnente

A

196

θrα Jο s'″ pι riο s

no caso de grupos como o dos inineiros― ― a ambigaO de propor‐ cionar aos filhos a escolaridade que os afastaria das nlinas.(D quc havia, subiacente as convic96es socialistas dos nlilitantes

da classe trabalhadora e a aprOvagaO das massas era, mais quc qualquer outra coisa, o mundo segregado imposto ao novo pro‐ letariado. Se neles havia esperanga一 ― e seus membros organi‐ zados eranl reallnente altivos e esperan9osos― ― era porque eles

tinharn esperangas no moviinento. Se o ``sonho americano" era individualista, o dO oper`rio europeu era predominantemente coletivo.

Seria isso revoluciondrio?Quase certamente n5o,no sentido insurrecional,a iulgar pe10 comportamento da maioria do mais forte dos partidos socialistas revoluciondrios, o SPD alemaO. Mas existia na Europa urrl vasto cintur5o semicircular de pobre‐

za e inquictag5o, no qual a revolugao efetivamente estava na agenda, e ―― pelo menos numa de suas partes ―― reallnente irrompeuo Estendia― se a partir da Espanha,passando por grande parte da lt`lia,e dirigia¨ se ao lmp6五 o Russo, atrav6s da penfn‐ sula balcanica. A revolu950 enligrava da Europa ocidental para

a oriental, cm nosso perfodo. Examinaremos a sorte da zona revolucion`ria do continente e do globo,logo abaixoo Aqui nota‐

remos apenas quc,no Leste,o marxislno reteve suas conota96es explosivas originais, Ap6s a Revolu95o Russa, retornou ao Oci‐ dente e expandiu‐ se novamente para o Leste, como a quintes―

sencia da ideologia da revolu95o social, assiin permanecendo

durante grande parte do s6culo XXo Entretanto, a brecha na comunicag5o entre socialistas quc usavam a mesma linguagem se quase sem que o percebessern, at6 que sua diinens5o foi subitamente revelada na explosaO da guerra de

te6rica alargava‐

1914, quando Lenin, de longa data adnlirador da ortodoxia social‐

democrata alema, descObriu que seu principal te6rico era

ulln traldor.

5 Embora na maioria dos pafses os partidos socialistas, a despeito de divis6es nacionais e confessionais, evidentemente estivessem a caFninhO de mobilizar a maioria das classes traba―

Trabalhadores do l■

undo

197

lhadoras, era ineg`vel que, salvo na lnglatterra, o proletariado n5o era ―― ou, como afi..1lavam confiantes os soCialistas, ``n5o era ainda"― ― nem de longe a maloria da populagao.Assim quc

os partidos socialistas adquiriram base de massa, deixando de ser seitas de propaganda c agitag5o, ou grupos de quadros ou dispersos baluartes locais de convertidos,tornava‐

se evidente que

r.5o podiam confinar sua aten95o exclusivamente a classe Ope‐ r`ria. O debate intensivo sobre a “questaO agraria", que se iniciou entre Os inarxistas enl lneados da d6cada de 1890,reflete

precisamente essa descobertao Embora``o campesinato"estivesse,

sem d`vida, destinado a desaparecer (confOrme corretamente argumentavam os marxistas, pois isto tem finallnente se verifi‐

cado no final do s6culo XX),o que poderia ou deveria o socia‐ lismo oferecer,enquanto isso,aos 360/O da Alemanha c aos 430/a

da Franga que viviam da ag五 cultura (1900), para nao men_ cionar os pafses europeus quc ainda eram predorninantemente agrfcolas?A necessidade de ampliar O apelo dos partidos socia‐ listas,deslocando‐ os do quc era puramente prolet`rio,podia ser

formulada e defendida de diversos modos, desde os sirnples c`Iculos eleitorais at6 as considera95es revoluciondrias de teoria geral (`ち へ sOCial¨ democracia

6 o partido do proletariado...

mas... 6 siinultaneamente um partido de desenvolviinento so‐ cial, visando o desenvolviinento de todo o corpo social desde a presente fase c apitalista at6 uma forma mais elevada"。 27)Iss。

n5o podia ser ignorado,uma vez que o proletariado fora derro‐ tado eleitoralinente quase em toda parte,isolado ou menos repri“ rnido pelas for9as reunidas das outras classes. A pr6pria identifica950, por6nl, entre partido e proleta‐ riado tornava o apelo aos outros estratos sociais mais diffcil. E)ificultava o canlinho dos polfticOs pra脚 `ticos, dos reforinis‐ tas,dOs``revisionistas"marxistas,Os quais teriam preferido anl‐ pliar O socialismo de um partido de classe para um“ partido do

povo", pois mesmo Os polfticos prdticos, prontos para deixar a

doutrina aos poucos camaradas classificados comO “te6ricos", reconheciam que o apelo quase existencial aos operdrios, como oper`rios, era o que proporcionava aos partidos sua verdadeira ″s especifica‐ ―― tais como o ―― deixavanl indiferentes os

fOrOao Mais ainda,as exigencias polfticas e os s10gα

mente talhados para a medida do proletariado dia de oito horas e a socializacao

ス θrα ごοs i″ ρ οs

198

`ガ

demais estratOs e at6 corriam o risco de atrair‐

lhes o antagonis‐

mo, por envolverem uma ameaga de expropria95o.(Ds partidos sOcialistas operdrios raramente tiveram sucesso ao tentar ronl‐

per o amplo mas separado universo da classe operttria, dentro do qual seus lnilitantes, e n5o rarO as massas, chegavam at6 a se muito a vontade。 No cntanto, a atrag5o exercida pOr esses partidos ia muito

sentir―

m das classes operdrias; e mesmo os partidos de massa quc mais intransigentemente sc identificavam com uma classe,mani‐

alё

festamente mobilizavam apoio de outrOs estratos sociaiS. Havia,

por exemplo, parses nOs quais o socialismO, nao Obstante sua

falta de conex5o ideo16gica com O mundo rural, conquistava grandes 6reas no campO― ― e nao apenas o apoio daqueles que poderiam ser classificados comO “prolet`rios rurais"; isso ocor‐ reu em partes do sul da Franga, da lt`lia central e dOs EUA, onde a mais s61ida fortaleza do Partido Socialista situava‐ se― ― coisa surpreendente 一― entre os fazendeiros brancos, pobres e

fandticOs pela Bfblia, em Oklahoma, Onde a votacao do seu candidato presidencial subiu a lnais de 250/0,enl 1912,nas vinte

e tres comarcas mais rurais do Estadoo lguallnente notave1 6 o fato de os pequenos artesaos e 10iistas estarem super‐ represen‐ tados, na filiacao do PartidO Socialista ltaliano, se comparados

aos seus n`meros na populag50 total。 Havia, sem divida, raz6es hist6ricas para isso。 (Э ndc a trad● 50 polftica da esquerda (secular)一 ― a dOs republicanOs, democratas,jacobinos e outros― ― era antiga e forte, o socialis‐ mo poderia parecer uma extensao 16gica de tudo isso, ou, por assiin dizer,uma versaO atualizada daquela declara95o de f6 nas

eternas grandes causas da esqucrdao Na Franca, ondc o socia‐ lisrnO era claramente uma forOa de grande porte, aqueles popu‐ lares intelectuais do campo e paladinOs dos valores republicanos, os professores das escolas prirm`rias,sentianl fortemente a atra‐

95o do socialismo; e os mais importantes agrupamentos polfticos da Terceira Rep`blica pagavanl seu tributo de respeito aos ideais

do eleitorado adotando os nomes de lRepublicano Radical ou de Partido Radical Socialista em 1901。

(Embora,evidentemente,n5o

fOssem radicais nem socialistas,)Os partidos socialistas,cOntu‐ do′

extrafam sua fOrca,bem comO sua ambittidade polftica,

daquelas tradi96es,porquc,como virnos,eles partilhavam delas,

Trabalhadores do mundo

199

mesmo quando i4 1heS pareciam insuficientes.Assim,nos Estados em quc o direito ao voto era ainda restrito, seus militantes e seu combate efetivo pelos direitos democrdticos ao voto mereceu

para eles o apoio de outros democratas.Como partidos dos me‐ nOs privilegiados, era natural que fossem agora vistos como Os defensores tipicos da luta contra a desigualdade c o

“priVi‐

16gio",os quais ha宙 am sido centrais ao radicalismo polftico

desde a Revolu95o Ainericana c a Francesa; ainda mais que tantos de seus antigos porta“ bandeiras,a exemplo da classe m6‐ dia liberal, havianl‐ se iuntadO as pr6prias forgas do privi16gio.

Os partidos socialistas beneficiavanl¨ se, de modo mais cla― ro, de seu s′ α′s de intransigentes advers6rios dos rlcoso Repre‐

sentavarrl uma “ classe quc era,senl excec6es,pobre,ainda que nao

necessariamente muito pobre segundo os padr6es contempora‐ neos.Denunciavam a cxplora95o,a riqueza c sua constante COn‐ centracao cOm uma paix5o incessante。 (Dutros, tamb6m pobres e que Se sentialll explorados,embora nao prOlet6rios,bem pode‐ riam achar silnpaticO tal partido. Em terceiro lugar, os partidos socialistas eranl, quase por

definicao, partidos dedicados aquele cOnceito chave do sCculo stas,o inevit`vel avan9o da marcha da hist6ria rumo a um futuro me‐ lhOr,cuio cOnte`do exato poderia n5o estar bem claro mas quc

XIX,o“ progresso".Defendiam,especialmente os mar対

certamente presenciaria o continuo e acelerado triunfo da raz5o,

da educa95o e da tecnologiao Quando os anarquistas espanh6is refletiam sobre sua utopia, era enl termos de eletricidade e m6‐

quinas autom`ticas para a remo95o de refugos. O progresso, ainda que apenas sinOnimo de esperanca, cra a aspiragao dos que pouco ou nada possulam e os recentes ecos de d`vlda sobre a sua realidade ou sobre se era desei`Vel,vindos do mundo da cultura burguesa e patrfcia (Cf. abaixo), aumentavam as asso″ cia96es pleb6ias e politicamente radicais,pelo menos na Europa.

N5o pode haver d`vida de que os socialistas beneficiavanl‐ se com o prestfgio do progresso entre os que nele acreditavam, cspeciallnente entre pessoas instruFdas e imbuFdas da tradicao do liberalisl■ o e do llurninismo。

Finalinente e paradoxalinente, o fatO de serem gente de fora c em perrnanente oposica。 (pe10 menOs at6 a revolucao) ofereciaⅢ lhes

uma vantagem. Sua prilneira habilidade foi clara‐

/1 θ ra dOs i“ ριriOs

mente a de atrair muito mais quc o apoio estatisticamente espe‐

rado de lninorias cuia pOSic5o na sociedade era,cm certo grau anOmala,tais como os judeus em muitos Pafses da Europa,mes‐ mo quando se tratava de ludeus confortavellnente burgueses; c na FranOa, da minoria protcstanteo Em segundo lugar, n5o ma‐ culados pela contanlinacao das classes dominantes, poderiam atrair na96es opriinidas nos imp6rios multinacionais,c estas tal‐

vez viessem a se manifestar sob a bandeira vermelha, a qual emprestarianl um matiz distintamente nacional. Isso ocorreu desse modo― ― o que 6 notivel一 ― no imp6rio czarista(confOr_

ine veremos no cap. 5), send0 0 Caso mais dram`tico o dos finlandeses.Eis a raz5o pela qual o Partido Socialista Finlandes, havendo recolhido 379る dos votos assiin quc a lei o perFnitiu, cresceu para 479る em 1916 e veio a ser, de fato, o partido nacional de seu pafs。

O apoio aos partidos chamados prolet`rios poderia, por‐ tanto, estender‐

se muito a16m do proletariado. Quando O Caso

era este, poderia, em circunstancias convenientes, fazer deles partidos do governo; e, ap6s 1918, isso realinentte aconteceu.

Todavia,iuntar_se ao sistema do governo``burgues" significava abandonar o s`α s de revolucionariO, Ou meslno de opositor radical. Antes de`“ 1914, isso nao chegava a ser absolutamente

impens`vel,mas certamente nao era admissfvel em p`blico.0 priineiro socialista quc aderiu a unl governo``burgues",embora

com a desculpa da unidade na defesa da rep`blica contra a iminente ameaca da rea95o,Alexandre Millerand(1889)一 sub― sequentemente ele se tornou presidente da Franga一 ―,foi solene c ignonliniosamente expulso do movirnento nacional e interna‐ clonal. Antes de 1914, nenhum polftico socialista s6rio teria bido tolo a ponto de perpetrar tal erro。 (De fato, na Franca, o Partido Socialista s6 participou de uin governo em 1936.)Pelo menob ein sua fachada, os partidos perllllaneceram puros e in‐ transigentes at6 a guerra,

Contudo, uma `ltima pergunta deve Ser feitao E possfvel cscrever a hist6ria das classes trabalhadoras de nossa 6poca simpleslnente eln terlnos de suas organizag6es de classe (nao llecessariamente apenas as socialistas)ou daquela consciencia gcnё rica de colllp(ヽ

s dc classe, cxpressa nos estilos de vida e nos padrて 文〕

rianlclllo dO gueto quc era o mundo do proletariado?

Trabalhadores do]mundo

201

Apenas na medida cm que sentiam e se comportavam como membros de tal classeo Esta consciencia poderia cstenderese a uma grande distancia, a paragens absolutamente inesperadas, tais como as dos ultra devotos tece16es λαss'ご

j′

"de xales rituais

iudaiCOS,num canto perdidO da Galicia(Kolomea),quC entra‐ ram em greve contra seus empregadores,com o auxflio dos socia‐

listas judeus da localidade,Todavia,grande parte dos pobres, especialinente dos muito pobres,nao se considerava``proletiria''

nem como tal se comportava c tampouco iulgaVa as organiza9“

s

e modos de agir dO movilnento aplic`veis ou relevantes para si.

Eles se consideravam como pertencentes a eterna categoria dos pobres,dOs proscritOs,dos desafortunados ou dos marginais, Se enligravam do campo Ou de alguma regiao estrangeira para uma

cidade grande,morariam talvez num gueto,imbricado num suio e pobre bairro operdrio; o mais provivel, por6■ 1, 6 quc os donlinassem a rua,o mercado e os inumerttveis expedientes pe_ queninos,legais e ilegais,pelos quais as famflias pobres mantem

iuntOS a allna c o corpo, sendo apenas alguns, enl qualquer sentido, real trabalho assalariado. Para eles,o que contava n5o

eram o sindicato nem o partido de classe, mas os vizinhos, a fanlflia, os patronos que lhes poderiam fazer favOres ou arran‐ iar empregos;de outro modo,eles mais e宙 tavam que pressio‐

navam as autoridades p`blicas, Os padres ou a gente que pro‐

vinha do mesmo lugar da terra distante; qualquer pessoa ou qualquer coisa que lhes tomasse a vida suportavel,nunl ambien‐

te novo e desconhecidoo Se pertenciam a antiga plebe urbana de uma cidade, a admiracao dos anarquistas pelos seus sub‐ mundos nao Os tOrnava mais prolet`rios Ou mais polfticOs. 0

mundo deス

C力 jJα οノノ αgο

(1896),de Arthur Mor五 son,ou de

Aristide Bruant, em sua cancao Bθ

J′

θνjJJθ ‐ Mθ″j:“ ο″ ″′ , nao ё

o nlundo da consciencia de classe senaO na medida`αem que o ressentiinento contra os ricos 6 compartilhado por ambos。 irOnico mundo d6 dar‐



de‐ ombros

e da aceitag5o,totalinente apo‐ lfticO,da cangao de“ sic‐ 力αJr inglesa,*quc atingiu nesses anos “ mais p“ xiinO ao da classe operaria sua 6poca de ouro, esttt

consciente, inas os seus temas ―― sograS, esposas, falta de di‐

*Como cantava Gus Elen: Com uma escada /E uns 6culos/Voce veria os pantanOs de Hackney / Se naO fOssem as casas de permeio.

202

Aθ ″ Jos ι ″,p`″ :ο s

nheiro para o aluguel

―― pertenciam a qualquer comunidade

de pobres‐ diabos urbanos do s6culo XIX.

N5o devemos esquecer esses mundos. E, de fato, na。 。s esquecemos, pois eles, paradoxallnente, atrafram os artistas da

6poca mais que o respeit`vel mundo monocromtttico c especial‐ mente provinciano do proletariado clissico. Ntto devemos, po‐ r6m, contrap6‐ lo ao mundo proletttrio. A cultura dos plebeus pobres, Inesmo no mundo dos tradicionais excluFdos, era sonl‐

breada pela consciencia de classe, onde quer quc esses dois mundos coexistissemo Eles se reconhecianl mutuamente,c onde a consciencia de classe e seus moviinentos fossem fortes como, digamos, em Berlim ou no grande porto de mar quc era Hanl‐ burgo,o mundo da lniscelanea e da pObreza pr6‐ industrial aius‐ tava‐ se

a eles, e at6 alcoviteiros, ladr6es e receptadores lhes

apresentavam seus respeitos.Nada tinham de independente com que contribuir, embora os anarquistas n5o pensassem assiln. Careciam, 6 certo, de lnilitancia pernlanente, para nao menciO_

nar o compromisso, do ativista― ― mas deles carecia iguallnen‐ te, como bem sabia todo ativista, a grande maloria da classe operdria, cm qualquer parteo Nao teln fiin as qucixas dos mili‐ tantes, ao referirem‐ se a esse peso morto de passividade e ceti‐

cismO.A mcdida quc emergia uma classe operdria consciente, que se expressava no moviinento e no partido, nesta 6poca, as plebes pr6‐ industrlais eram atraFdas para sua esfera de influen‐

ciao E, na medida em que n5o o foranl, serao ignoradas pela hist6ria, por nao terem sido seus construtores, mas apenas as suas vftilnas.

CAPFTυ L0 6

BANDEIRAS DESFRALDADAS: NAcOES E NACIONALISMO



jα ``Scα ρ riソ αJα Pα ′ ″ 。'(Foge,que ρα′θ力θα″

a p`tria vem af。

)

De uma camponesa italiana,ao filho oJ gθ 4 Jj″ g“ α グθ:θ s′ ο″ ″ο … sθ cO“ ρ Jθ χ α′ροr9“ θαgOrα JOθ jソ “ 9″ αJ9″ θr′ηο “ごο,α ρ″ んOα ′ rο s――Jθ θれdtt α;θ r pθ :ο s ljソ rο s..“ j″ g“ gθ jα αJα νrα θ οjご jO″ 7α ごα ′ ス ρ“ α ″τJj′ θr′ ″ ι αprO″ ′れc′ α s“ … gθ ″ ′α ′θJα ο″ ′ ′ οgrα ノ ′ α`θ ″′θ αprθ ソαJθ cθ r sObrθ O sο `ο cα :` “ “ .

H.Go Wells, 19012

0

″αcjο αι ,s“ ο... α ε ααごθ οε″ iclθ ″ αciα 夕Jθ ″7ο Jθ οα″′ “ ραοραε:/1is“ ο,ο み α″ ο,I夕 ′ α“ cο O sOciα`α Jis“ οθsOJα `″c'0″ α “ j″ ′ “ “ α ′ α″ is″ οθοj″ ′ ′ θ r″ α ,s“ ο... Dθ ε grα ′ αFα ′ θr″ι α οορ″ ο “ Jο Jibθ ″ α:お ο “ j…

cα :is“

f―

.

Alfredo Rocco.19143

1

Se a ascensaO dOs partidos da classe trabalhadora foi um iinportante subproduto da democratizagao, a ascensao do naciO_ nalismo na polftiCa foi outroo Enl si,evidentemente naO era novo (Cf.ス E“じJα s RθソοJ″ gσ θs,ス Erα JO Cα ρ″αJ). TodaVia,no

perfodo de 1880 a 1914, o nacionalismo avan9ou dramatica‐

mente e seu conte`do ideo16gico e polftico transfo.11lou‐ Se. Seu pr6prio vocabuldriO indica a significag5o desses anos.A pr6pria palavra``naciOnalislno'' apareceu pela priineira vez enl fins do

sCculo XIX, para descrever grupos de ide61ogos de direita na

204

4 θra dOs t′ ηρご OS rι

Franca e na lt`lia, que brandiam entusiasticamente a bandeira nacional contra os estrangeiros, os liberais e os socialiStas, e a

favOr daquela cxPans5o agressiva de seus pr6prios Estados,que viria a ser tao caracterFstica de tais moviinentos,Foi esta, iguaト

mente,a6poca cm que a cangao“ Deutschland uber Alles''(A Aleπ lanha acirna de todos os outros)Substituiu composic6es ri‐ vais, tornando‐

sc O hino nacional da Alemanha.A palavra`。

na‐

cionalismo'',embora originalinente descrevesse apenas uma vcl・



s5o de direita do fenOmeno, provou ser mais conveniente do quc o desaieitadO “princfpio de nacionaHdade'' que fora partc do vocabul`rio da polftica curop6ia desde 1830i e assiin veio a ser utilizada igualinente para todos os moviinentcs quc consi―

deravam a ``causa nacional'' comO de priinordial iinportancia polftica: mais exatamente, para todos os quc exigiam o direito

h autodetermina95o,ou seia,Cm`ltima andlisc,o direito de forrnar um Estado independente, destinado a algum grupo na‐ cionalinente definido。 (D n`mero de tais movirllentos ou, pelo menos, dos lfderes quc afirlnavarn falar por eles, c sua signifi‐

cac5o polftica auinentariarn de FnOdO impressionante nessa ёpoca, A base dos``nacionalislllos"de tOdos os tipOs era igual:era a presteza com quc as pessoas se identificavarn emocionalnlcnte com``sua'' nag5o e podiarn ser mobilizadas, como tchecos, ale‐ m5es, italianos ou quaisquer outras,presteza que podia ser ex‐ plorada politicamente. A democratizacao da polftica c especial‐

mentc a das eleic6es oferecia amplas oportunidades para mo‐ bilizar as pessoas.Quando os Estados faziarn isso,chamavaFn‐ nO de``patriOtisrllo". Originalinente,a essencia do nacionalismo de

direita,que emergia em Estados¨ na95o j6 estabelecidos,era a reivindica95o do nlonop61io do patriotisFnO para a extrema diぃ

reita polftica, e por meio dela a cstigmatiza91o de todos os demais como traidoreso C)fenOmeno era novo; durante a maior

parte do s6culo XIX, o nacionalismo fora identificado com movilnentos liberais e radicais, bem como com a tradig5o da Revolug5o Francesa. Em outras partes, porё nl, o nacionalislno naO se identificava necessariamente com nenhuma das corcs do espectro polftico,Entre os inovilnentOs nacionais quc ainda care‐

ciam de Estados pr6priOs encontramos alguns que se identifica‐

vam com a direita, outros com a esquerda, c outros, ainda・ indiferentes a ambaso Realrnente,conforme sugerimos,havia mo―

Bandeiras desfraldadas: Nag6es e nacionalismo

205

virnentos,nao poucO poderosos,que mobilizavam homens e mu‐ lheres em base nacional, mas, por assiin dizer, por acidente, uma vez quc apelavam em priineiro lugar para a libertagao so‐ cial.Entretanto,se nessa ёpoca a identifica95o nacional evidente‐ mente era,ou tornou‐ se depois,unl fator importante na polftica

dos Estados, seria um erro considerar o apelo ao nacionalislno (Ds polfticos nacionalistas e incompatfvel conl outro qualquer。 seus advers6rios,naturalinente, preferianl insinuar que um tipo

de apelo exclufa o outro,como o uso de urn chap6u exclui o de outro ao mesrno tempo.〕 /1as,como qucst5o dc hist6ria c obscr‐ va95o,isso nao confereo Em nossa 6poca,cra perfeitamente pos‐ sta c patriota irlandes,como lames Connolly,cxecutado ern 1916,pOr liderar a lnsurreig5o da P6s‐ coa em Dublin。 Por6nl,na lnedida crn que,nos paFses de politica de lnassas, sfvel ser revoluciondrio mar対

os partidos competiam pelo apoio de um lnesrno grupo de se‐ guidores, cstes seriam obrigados a realizar escolhas mutuamente excludentes, Os inovirnentos da classe operaria,aO apelar para seus elei…

tores em pOtencial, na base da identificag5o de classe,n5o tar…

daram a compreender isso, na cxtens5o enl que precisaram competir,como de httbito em regi6es multinacionais,cOntra par‐ tidos que pediam a prolet`rios c a socialistas em potencial que

os apoiassem cOmo tchecos,comO p01oneses ou como eslovenos. Daf a sua preocupagao, t50 10gO tornararn‐ se movilnentos de massas, com a “questao naciOnal"。 (D fato de quase todo te6‐ ricO marxista de importancia, desde Kautsky at6 Rosa Luxem‐ burgo, passando pelos austro― marxistas e chegando a Lcnin e

aO iOVem stalin,haver tomado parte em veementes debates a respeito desse assunto no perlodo, demonstra a urgencia e a centralidade do problema。 4 0nde a identificagao naciOnal tornava‐ se for9a polftica,for‐

mava uma esp6cie de substrato geral da polfticao lsto torna cxtremamente diffceis de definir as suas multiformes express6es,

meslno em casos em quc afirFnarn Ser especificamente naciona‐ listas Ou patri6ticas. Conforrne veremos, a identifica95o nacio‐ nal,quase conl certeza,veio a difundir‐

se lnais em nosso perfodo,

e o significado dc apelo nacional,na polftica, aumentou.Toda‐ via.e quase certamente, o mais importante cra aquela s6rie de

A

206

′rα dοs E″ ′び Os rι

mutac5es, dentro do nacionaHsrno polftico, que viria a ter pro‐ fundas conseqtencias no sё culo XX.

Devern ser mencionados quatro aspectos dessas muta95es.

O primeiro,conforme i6 VimOs,6 o surgimento do nacionalismo c do patriotismo,como ideologia encampada pela direita polftica.

Isto encontraria sua expressao extrema entre as duas guerras, no fascismo,cuioS ancestrais ideO16gicos af s5o encontrados.0 segundo 6 a pressuposig5o,absolutamente alheia a fase liberal dos

movilnentos nacionais, de quc a autodeterininagao naciOnal,at6

e inclusive a formag5o de Estados soberanos independentes, aplicava‐

se n5o apenas a algumas na95es que pudessem demons‐

trar sua viabilidade econOnlica, polftica e Cultural, mas a todo e qualquer grupo que rcivindicasse o tftulo de “na95o''. A diferenga entrc a antiga pressuposicao c a nova 6 ilustrada pela diferenca cntre as doze entidades bastante grandes consideradas

como as que constitufarrl a``Europa das nac6es"por Giuseppe Mazzini, o grande profeta do nacionalisrno do sё culo XIX,em 1857 (cf. ス Erα Jο Cα ρ αι , cap. 5:1), e OS 26 Estados ―― ― que emergiram do princfpio da 27 se incluirrnos a lrlanda一 :ι

autodeterrninacao naciOnal, do presidente Wilson, no fiin da Prirneira Guerraヽ lundial.()terceirO era a tendencia progressiva para adnlitir que a “autodeterrnina95o nacional"n5o podia ser satisfeita por qualquer forrYla dc autollonlia inferior a plena

indepcndencia do Estadoo Durante a lnaior parte do s6culo XIX a maioria das reivindica95cs de autononlia nao havia previsto isso.Finalinente,havia a nova tendencia para definir uma na95o em termos 6tnicos e especiainlente em termos de linguagem。 Antes de rneados da d6cada de 1870 houve Estados,prin‐ cipallncnte os da metade ocidental da Europa, que se conside‐

ravam como representantes de``nac6es"(pOr exemplo,a Franga, a lnglaterra, a nova Alemanha c a lt`lia), e Estados quc, cmbora baseados em algum outro princfpio polftico, erarn con‐ siderados como representantes do coniuntO principal de scus

habitantes,com fundamentos que poderiam ser julgados seme‐ lhantes aos nacionais(iSSO aplica_se aos czares, que certamente

eram Objeto da lealdade do povO da Grande R`ssia,por serem governantes russos e ortodoxos)。 Alё m dos limites do lmp6rio Habsburgo e talvez do lmp6riO C)tomano, as numerosas nacio‐ nalidades do interior dos Estados estabelecidos n5o constitufam

Bandeiras desfraldadas: Na96es e nacionalismo

207

problema polfticO muito grave,cspeciallnente ap6s haverenl sido estabelecidOs urn Estado alemaO e unl italiano. Havia, natural…

mente, Os poloneses, divididos entre a R`ssia, a AIcmanha c a

Austria,c quc iamaiS perdiam de vista a restauragao de uma Po16nia independente,Haviat dentrO do Rcino Unido, os irlan‐ deseso Havia vttrios blocos de nacionalidadcs que por uma ou oura raz5o encontravanl‐ se a16m das frontciras da na95o‐ Estado relevante,こ qual teriam preferido pertencer,embora s6 algumas delas criassem problemas polfticOs, como por exemplo os habi‐ tantes da Als`cia¨ Lorena, anexada pela Alemanha em 1871. (Nice e Sab6ia, entregues, pelo que mais tarde seria a lt`lia, a

Franga,enl 1870,n5o demonstraram sinais de descontentamento。

)

N5o htt d`vida de quc o n`mero dOs movimentos nacio― nalistas aumentou consideravellnente na Europa da d6cada de 1870 em diante,embora,de fato,Inenos Estados nacionais novos

houvessem sido estabelecidos na Europa, durante os quarenta anos precedentes a Prilneira Guerra Mundial do que durante os quarenta anos que precederam a formagaO dO Imp6rio Ale… m50, c aqueles que foram estabelecidos naO eram muito ex‐ pressivos: Bulg`ria (1878), Noruega (1907), Albania (1915)。

*

Havia agora “mOvilnentos nacionais" n5o apenas entre povos atё

cntao considerados n5o― hist6ricos (ou melhOr, que iamais

antes havianl possufdo unl Estado independente, uma classe dOrninante ou uma elite cultural), tais como os finlandeses e es10vacos,Inas entre povos sObre Os quais quase ningu6■ 1,a n5o ser entusiastas de folclore,havia sequer pensado,como os esto‐

nianos e macedOnios. E dentro dOs Estados‐ na95o longamente estabclecidOs,as populac6es regionais comecavam agora a mobi‐ lizar_se politiCamente, como nag6es; isto aconteceu cm Gales,

onde houve um mo宙 mento de jovens galeses,organizado em 1890, sob a lideranga de um advogad0 10cal,de quem muito se ouviria falar no futuro― ― lDavid Lloyd e George;e na Espanha,

onde foi formado um Partido Nacional Basco, em 1894。 Por volta dessa mesma 6poca Theodor Herzl lan9ou o sionismo ・ Os Estados estabelecidos ou internacionallnente reconhecidos e,1 1830Ⅲ 1871 inclufam Alemanha, Itttlia, B61gica, Gr6cia, S6rvia e Romenia. O assiln chamado “Comprornisso'' de 1867 iFnpOrtava na concess5o de uma autonolnia de grande alcance,pelo lmp6五 o Habsburgo,a Hungria.

208

A

θrα dο s i“ ριriο s

entre os iudeus, para os quais a esp`cie de nacionalislno quc isto representava fora atё ent5o desconhecida e serrl significado.

Muitos desscs movilnentos naO cOntavarn ainda com grande apoio entre o povo pelo qual pretendiarn falar, cmbora a enll‐

gra95o ern massa oferecesse agora aos numerosos membros das comunidades atrasadas o poderoso incentivo da nostalgia, para

quc se identificassem com o quc haviam deixado e para quc abrissern a rnente a novas id6ias polfticaso N5o obstante,a identi‐

fica95o em massa com a “na95o" certamente cresceu, o o pro‐ blema polftico do nacionalismo tornou‐ se provavellnente mais diffcil de controlar, tanto para os Estados quanto para os conl‐ petidores nao‐ naciOnalistaso Provavellnente, a maior parte dos observadores da cena europ6ia durante os priineiros anos da

d6cada de 1870 acreditou quc, ap6s o perfodo da unificacao da lt`ha e da Alemanha e do compronlisso austro‐ hingaro, o (`princfpio da nacionalidade" se tornaria talvez menos explo‐ sivO do quc havia sidoo Mesmo as autoridades austrfacas,quando lhes foi solicitada a inclusao de uma pergunta sobre a lingua,

cm seu recenseamento(medida recomendada pelo Congresso lnternacional de Estatistica de 1873),nao se negaram a faze-1。

,

cmbora demonstrassem pouco entusiasmo.Iulgaram,no entanto. que seria preciso dar tempo para que sc esfriassem as ardentes paix6es nacionalistas dos `ltiinos dez anoso Seria seguro pre‐

sumir,imaginaram eles,quc isso ii teria acontecido por oca‐ si5o do recenseamento de 1880。 Nao poderiam estar mais re¨

dondamente enganados.5 Contudo,o que se revelou significativo,a longo prazo,n5o fOi tanto o grau do apoio para a causa nacional, obtido nё ssa

`poca entree este ou aquele c sim a transforma95o da defini95o do programa do povo, nacionalismoo Estamos,hoiC em dia,t5o habituados a definigao 6tnicO_linguFstica das na96es quc olvidamos que essencialinente ela foi inventada enl fins do s6culo

XIXo Senl exalninar longamente o assunto,6 suficiente recordar quc os ide61ogos do movirnento irlandes s6 comecaram a ligar a causa da nag50 irlandesa ) defesa da lfngua ga61ica algum tempo ap6s a fundag5o da Liga Ga61ica,enl 1893;que os bascos l15o fundamentaranl suas reivindica96es nacionais enl sua lingua

(de mOdO diStinto de seus

ο ″ S hiSt6ricos, ノθ

isto 6, privi16gios

“ 6poca; quc os acalorados deba‐ constituciOnais),at6 eSSa lneslna

Bandeiras desfraldadas: Nac6es e nacionalismo

tes sobre se a lingua macedOnia 6 mais semelhante

209 う b`lgara

quc h servo‐ croata estavam entre os`ltiinos argumentos utilizados

para decidir a qual desses dois povos os macedOnios deveriam se uniro Corn respeito aos iudeus sionistas, cles superaram os demais, identificando a naga o judaica com o hebraico, lfngua

quC iudeu nenhum iamais utilizara para fins comuns desde o cativeiro da Babi16nia ― se 6 quc ent5o o fizeramo Havia aca‐

bado de ser inventada(1880)com0 1ingua de uso cotidiano― ― diferente de uma lfngua sagrada e ritual ou de uma erudita r`″ g“

αノ ″″Cα ― ― pOr um homem quc iniciara o processo de

prove_la com um vocabulariO apropriado,inventando unl termo hebraico para “nacionalismo"; o idioma era aprendido mais

como um distintivo do comprOmisso com o sionislno do que como unl melo de comunlca95o。 IssO nao significa quc a linguagem hala sidO anteriormente

irrelevante como qucst5o nacional. Era um crit6rio de nacio‐ nalidade entre outrosi e em geral,quanto menos conspicuo,Inais fOrte a identificac5o das massas do povo com sua coletividade. A lingua nao era urn campo de batalha ideo16gica para aqueles que siinplesmente a falavalrl,meslno porque o exercFcio de um controle sobre a lfngua quc as macs falavam com os filhos, os maridos com as mulheres e os vizinhos uns com os outros era quase iinpossfvelo A linguagem reallnente falada pela maioria dOS iudeus, o ldiche, naO tinha praticamentc dilnensao ideO_ 16gica at6 que a esquerda nao‐ siOnista a adotasse; nem a maloria

dOS iudeus quc a falavam se importava com o fato de que mui‐ tas autoridades (inclusive as do lmpё riO Habsburgo)recusa‐ varn・ se

la a aceit五 ‐

mesmo como lfngua separadao Milh5es de

pessoas preferiram tornar‐ se membros da nag5o americana, a

qual obviamente nao possufa base 6tnica `nica c aprenderam o ingles por necessidade ou por conveniencia,sem atribuir aos seus esfor9os para falar a nova lfngua nenhunl elemento de alina

nacional ou de continuidade nacional. O nacionalismo linguFs‐ tico foi criag5o de pessoas que escreviam e lianl, n5o de gente que falava. E as “lfnguas nacionais", nas quais descobriam o cardter essencial das na95es, eraln com grande frequencia arte‐

fatOs,uma vez que devialn ser compiladas,padronizadas,homo‐ geneizadas e modernizadas para uso contemporaneO e literari。 extrafdas quc eram do quebra‐ cabeca dos dialetos locais e re‐

,

210

/1θ ′ α αOs ι ριriο s



gionais que constitufam as ifnguas nao‐ liter6rias realmente fa‐ ladaso As principais lfnguas nacionais escritas dos antigos Es… tadosttna95o, ou das culturas letradas, haviam passado por essa

fase de compilaca Oe``corre95o"hi muito tempo: o alemao e o russo no s6culo XVIII,O frances e o ingles no s6culo XVII,0 italiano e o castelhano mais cedo ainda. Para a maioria das

l`nguas dos grupos linguisticos menores, o s6culo XIX fOi a ёpoca das grandes ``autoridades" quc estabeleceram o vocabu‐ 16riO c “cOrrigiranl" o usO de seu idiomao Para algumas delas ―― o catal五 o, O basco e as lfnguas b41ticas ―― isso aconteceu

durante a passagem do s6culo XIX para o s6culo XX。 As linguagens escritas ligam‐ se Fntilna, lnas n5o necessaria‐ mente, aos territ6rios e institui96es.(〕 nacionalisII10 quc esta‐

beleceu a si pr6prio como versao padrOnizada da ideologia e do prOgrama nacional era essencialinente territorial, uma vez quc seu modelo bttsico era o Estado territorial da Revolu950 Fran‐

cesa, ou, de qualquer modo, aquele que mais se aproxiinasse de efetivar o controle p01fticO sObre um territ6rio claramente definido e seus habitantes,c quc estivesse,na pr`tica,disponfvel.

Mais uma vez, o sionismo oferece o exemplo extremo, precisa‐

mente por ser t5o claramente um programa cmprestado, sem precedentes e sem conex5o organica com a verdadeira tradig5o quc oferecera permanencia, coes5o e uma indestrutfvel identi‐ dade aO povo iudeu durante rnilhares de anoso Pedia a eles quc adquirissenl territ6rio(habitado por outro povo)一 ― para Herzl n5o era sequer necessirio quc esse territ6rio tivesse quaisquer conex6es hist6ricas cOm os iudeuS― 一 ban cOmo uma linguagem

que n5o falavam h`nlilhares de anos. A identifica950 das nac6es conl um territ6rio exclusivo

criou tais problemas em amplas ireas do mundo de nligrag5o enl massa,benl como no mundo n5o‐ rnigrat6rio,que foi preciso desenvolver uma definicao alternativa da nacionalidade,notada‐

mentc no lmp6rio Habsburgo e entre os iudeuS da di`spora.A ,acionaHdade era aqui considerada inerente, nao a um trechO especial do mapa aO qual estaria ligado um coniuntO de habi‐

tantes,mas aos membros desses coniuntOs,aos homens e mu‐ lheres que se considerassem pertencentes a uma nacionaHdade,

onde quer que por acaso estivessem.Como tais,esses membros de uma nacionalidade gozarianl de “autonomia cultural"。 (Ds

211

Bandeiras desfraldadast Na96es e nacionalismo

partidarios das teorias humana e geografica da ・`nag5o" trava‐ vam amargas discuss6es,especialinente no movilnento socialista internacional e entre sionistas e membros do B“ ″′′entre os iudeuS・

*Nenhuma dessas teorias era particula...lente satisfat6ria,

embora a humana fosse FnaiS inofensivao E■l todo caso,nao le… vava seus partid`rios a criar prilneiro unl territ6rio para depois cOmprimir dentro dele os habitantes, dando‐ lhes a fo.11la na‐

cional certa; ou,nas palavras dc Pilsudski,lfder da rec6rrl‐ inde‐ pendente Po16nia, ap6s 1918: “O Estado 6 que faz a na91o e

nao a nag5o,o Estado"。

6

Do ponto de vista socio16gico, os nao.territorialistas quase

certamente estavam com a razaOo Nao pe10 fatO de quc homens e mulheres― ― tirando‐ se ou acrescentando‐ se alguns povos n6‐

mades ou de di6spora ―― n5o estivessem profundamente ape‐ gados a algum peda9o de terra ao qual davam o nome de“

lar't

especiallnente considerando que durante a malor parte do decor‐ rer da hist6ria a maioria deles pertenceu aquela muito enraizada

parte da humanidade, os que vivem da agriculturao Mas este “territ6rio natal"se parecia tanto ao territ6rio da na95o moderna

α ′ 力ι ″(pai), nO mOderno termo quanto a palavra ノ (p`tria)refere_se a um pai realo A“

J rJα ″ αθ ノ

`力 terra natal"era o local de

uma comunidade rθ αJ de seres humanos, que mantinham entre si rela95es sociais reais e nao uma cOmunidade iinaginiria que criaria uma esp6cie de liame entre os membros de uma popu‐

la95o de dezenas 一 hoie at6 de centenas 一 de milh5es de pessoas. O pr6prio vocabulario O prOva. Em espanhol, p`′ riα n5o se tornou coincidente com Espanha at6 fins do s6culo XIX.

No s6culo XVHI ainda significava simplesmente o local ou a cidade em quc a pessoa nascera。

7 Pα

θsθ , enl italiano,ep夕 θb:0′

em espanhol, podem significar e significam ainda tanto uma aldeia como o territ6rio nacional e seus habitantes.**O naciona‐

lismo e o Estado encamparam as associag6es de parentesco de *Em alemao no original.A Algemener Yidisher Arbeter Bund(Uniao Geral de Trabalhadores ludeus)era uma Organiza95o sOCial‐ democrata de massas no lmp6rio Russo。 (No da T。 ) ・ ・ A for9a do seriado da TV alema″ θj“ αr residia precisamente na con・ ′ ,α cみ icα , para usar o iuga950 da expedencia dos personagens da pα ′ termo espanhol ―― a montanha Hunsrtick― ― h experiencia da ``grande patria",a Alemanha。

212

ハ θrα dοs i“ pι riOs

vizinhanga e da terra natal, para territ6riOs e populag6es de diinensao e escala tais, quc as transformaram em met6foras. Mas, 6 claro, cOm o declfnio das verdadeiras comunidades as quais as pessOas sc haviam habituado ―― aldeia e fanlflia, jο paroquia e bα ″ ′ ,guilda,confra五 as e outras coisas――,declfnio ocorrido por elas nao mais abrangerenl, como havianl feito um dia,a maioria das cOntingencias da vida das pessoas,seus menl―

bros sentiram necessidade de algo que lhes tomasse o lugar. A comunidade imagin`ria da``na95o"poderia preencher esse vttcuo。 A nacao, por6nl, estava ligada ―― e inevitavellnente ―― ≧quele fenOmenO caractelstico do seculo xlx,。 ``Estado‐ na95o". Pois, corn respeito a polftica, Pilsudsky estava certo。

(〕

Estado

nao s6 fazia a na95o mas prθ εjsα ναfazer a nacao. os governos,

agora, iam diretamente alcancar o cidad5o no territ6rio de sua vida cotidiana, por ineio de agentes modestos mas onipresentes, desde carteiros e policiais at6 professores e, enl muitos pafses,

empregados das estradas de ferro. Poderiam requerer o com‐ pronlisso pessoal ativo deles, e circunstanciallnente mesmo o delas,cOm o Estado: de fatO,0``patriotismo"de todoso As auto‐ ridades― 一 numa 6poca senlpre mais democr`tica,nao pOdendO

confiar mais na subnliss5o espontanea das ordens sociais aos que lhes eranl sociallnente superiores, a maneira tradicional,ou na religi5o tradiciOnal,cOmO garantia eficaz de obediencia social 一― necessitavam de um modo de ligar os s`ditos do Estado cOn‐ tra a subvers5o e a dissidencia. “A na95o" era a nova religi5o

cfvica dos Estados. Oferecia urn elemento de agrega95o que ligava todos os cidad5os ao Estado, unl modO de trazer o Es‐ tado‐ nagao

diretamente a cada um dos cidadaos c um contra‐

peso aos que apelavam para outras lealdades aciina da lealdade ao Estado― ― para a religi5o,para a nacionalidade ou etnia n5o identificadas com o Estado, e talvez, acirna de tudo, para a classeo Nos Estados constituciOnais,quanto mais as inassas eram trazidas para a polftica atrav6s das elei95es, tanto maior era o

campO em que tais apelos se faziam ouvir.

A16m disso,mesmo os Estados nao‐ cOnstitucionais ha宙 am agora aprendido a avaliar a fOr9a polltica quc era a capacidade de apelar para seus siditos na base da nacionalidade (uma esp6cie de apelo democrdticO,sem os perigos da democracia), bem cOmO na basc dO devcr de prestarein obediencia as autOri_

Bandeiras desfraldadas: Na95es e nacionalismo

213

dades sancionadas por]Deus.Na d6cada de 1880,at6 o czar da R`ssia, defrontado conl agita96es revolucionarias, come9ou a aplicar a polftica que fora inutilmente sugerida em 1830 ao seu

avO,a saber,a de basear seu governo nao apenas nos princfpios da autocracia e da ortodoxia,lnas igualinente nos da nacionali‐

dade:ou seia,apelar aos russos como russos.8 E claro que em certo sentido praticamente todos os monarcas do sё culo XIX tiveralll de envergar o traie a fantasia nacional,dado que quase

nenhum deles havia nascido no paFs quc governava. A grande maioria dos prfncipes e princesas alemaes, que se tornaram os governantes ou consortes dos governantes da lnglaterra,Gr6cia,

Romenia,R`ssia,Bulg`ria ou qualquer pafs que deseiasse Ca_ be9as coroadas,prestava sua homenagern ao princfpio da nacio― nalidade, tornando‐ se ingles, como a rainha Vit6ria, ou grego,

cOmo C)tto da Baviera, ou aprendendo alguma lingua que faⅢ lava com sotaque, cmbora tivessem todos muito mais em co‐ mum com os demais membros do sindicato internacional dos prfncipes 一― ou antes, com a famllia, desde que eram todos aparentados― ― do que conl seus pr6prios siditos。

O quc tornava mais indispensttvel ainda o nacionalismo estatal era,aO mesmo tempo,a econonlia de uma era tecno16gica e a natureza de sua adnlinistracao p`blica e privada, que exi‐ gianl educag5o elementar enl lnassa ou pelo menos alfabetizagao.

O s6culo XIX foi a 6poca em que se rompeu a comunica95o oral,a medida quc crescia a distancia entre as autoridades e os

s`ditos c a nligragao enl massa interpunha dias ou mesFnO Se‐ manas de viagem at6 entre maes e filhos, noivos e noivas. Do ponto de vista do Estado,a escola tinha ainda outra vantagem essencial: poderia cnsinar todas as crian9as a serem bons s`‐ ditos e cidad5os. At6 o triunfo da televisaO, naO hOuve meio de propaganda secular que se comparasse a sala de aula. Em terlnos educacionais, portanto, a era de 1870 a 1914 foi, na maioria dos pafses europeus, aciina de tudo a era da csc01a pril■ 6riao Meslno em pafses reconhecidamente escolari‐ zados,on`mero de professores de escola prim`ria inultiplicou_se。

Triplicou na Su6cia e cresceu quase de igual inodo na Noruega. PaFses relativamente atrasados quiseram alcang`‐

los. Dobrou o

n`mero de criancas de escola prilndria nos PaFses Baixos; no Rcino Unido(que n5o possufra sistema educacional p`blico atё

214

/1

Os θrα αOs :″ pι ′ ι

1870)esse nimero triplicou; na Finlandia aumentou treze ve― zeso Meslno nos B`lcas, terra de analfabetos, quadruplicou o n`mero de criangas em escolas pril■ lrias, o o nimero de pro‐ fessores quase triplicou. Mas um sistema escolar nacional, ou Seia,um sistema predominantemente organizado e super宙 siona‐ do pelo Estado necessitava de uma lingua nacional para a ins‐ tru95o. A educa95o reuniu‐ se aos tribunais c a burocracia(cf.

AE″ α グο Cα ρj′ αJ,cap.5)como a fOr9a que tomaria a lingua a cOndig5o principal da nacionalidade。 Os Estados,portanto,criaranl“ na96es",ou seia,O patrio‐ tismo nacional e, pelo menos para certos fins, cidadaOs lin_ guFstica c adnlinistrativamente homogeneizados, com especial urgencia c zeloo A Rep`blica Francesa transfo.1..ou camponeses em franceses. O reino italiano, inspirando‐ se no slο gα ″ de

D'Azeglio(cf.ス E″ αο Cα ρjttJ,cap.5:2),fez O melhor quc

pOde, com duvidoso exit。 , para “fazer italianos" por meio da escola e do servi9o lnilitar, ap6s ter“ feito a lt61ia".{Э s EUA tornaram o conheciinento da lfngua inglesa condicao da cida… dania anlericana c,de fins da d6cada de 1880 em diante,come‐ 9aram a introduzir um culto real na sua nova religiao cfvica_ a inica permitida enl sua constitutaO agn6stica一

― sob a forlna

de um ritual didrio dc homenagem a bandeira, em toda escola americana。 (D Estado hingaro fez o possivel para transformar

em magiares os multinacionais habitantes de suas terras; o Estado russo pressionou pela russifica95o de suas nacionalidades

menores, ou antes, tentou dar a lingua russa o monop61io da educa95o. E onde a multinacionalidade era suficientemente re… conhecida para perlnitir a instrucao priln`ria ou meslno a secun‐

d`ria,em qualquer outro verndculo(como nO Imp6rio Habsbur‐ gO), a lingua estatal inevitavellnente gozava de vantagens deci‐ 1)af a significa95o, sivas nos mais altos esca16es do sistema。 para as nacionalidades nao‐ estatais, da luta pela universidade

pr6pria, como aconteceu na Boenlia, cnl Gales e em Flandres・

O nacionalisino de Estado,quer o real ou(comO nO caso dos monarcas)o inVentado por conveniencia, era uma estra‐ t6gia de dois gumes.A medida que inobilizava alguns habitantes,

alienava outros― ―os que n5o pertenciam nem desejavam per¨ tencer a nacao identificada com o Estado. Em suma, auxiliava a definir as nacionalidades excluFdas da nacionalidade oficial,

3andeiras desfraldadas: Na95es e naclonalismo

215

por melo da separa95o de comunidades que,por qualquer mo‐ tivo,resistiam a linguagem e a ide。 10gia p`blica,oficial。

2 Por quc, por6■ 1, resistiam alguns quando tantos nao o fa_ ziam? Afinal, eram oferecidas substanciais vantagens aos canl‐ poneses―― e maiores ainda aos seus filhos―― se se tomassem

franceses; ``ou de fato para qualquer um quc adquirisse uma lingua importante para a cultura e para a ascens5o profissional, a16rFl dO Seu proprio dialeto ou verndculo"。

En1 1910,700/O dos

imigrantes alemaes quc iam para os EUA, 1l chegando com em in6dia(para depois de 1910)41 d61ores no bolso,9 torna‐ vanl― se cidad5os americanos de fala inglesa, embora, obvia‐ mente, nao tenciOnassem deixar de falar e de sentir como ale‐

maes.10(A bem da verdade,poucos Estados tentaram seriamente il■

pedir a vida privada de uma linguagem e cultura de minoria,

contanto que n5o desafiasse pubHcamente a supremacia do Estado‐ naga0

0ficial.)Tamb6m poderia acontecer que a lingua‐

gem n5o‐oficial n5o pudesse efetivamente competir com a oficial,

exceto para fins de religi5o, poesia ou sentimento comunal e familiar.Por mais diffcil que seia aCreditar nisto hole em dia,

existiram galeses ardentemente nacionaHstas que aceitaram um lugar secundario para sua antiga lingua celta no s6culo do pro‐

gresso, c outros que visuaHzaram para ela uma futura cutan6‐ sia* natural. Houve, na verdade, quem preferisse migrar, n5o

de um para outro territ6rio, mas de uma classe para outra; viagem esta que poderia significar mudanga de nagao ou pe10 menos mudan9a de linguagemo A Europa central encheu‐ se de nacionalistas alemaes cOm nOmes obviamente eslavos e de ma“ giares cuioS■ Omes eram traduc6es literais do alemao ou adapta‐

96es do eslovacO. A nacao americana c a lfngua inglesa nao foram as inicas quc, na era do liberalismo e da mobilidade,

eFnitiram convites para quasc todos que quisessem se tomar s6cios. E houve muita gente que se dcu por feliz em aceitar 十Esse termo foi realinente utilizado por uma testemunha galesa ao co‐ mite parlamentar sobre educagao galesa。

216

4

θrα dο s i“ ριrios

tais convites, ainda mais quc isto nao iinplicava realinente nega95o de suas origens.I)urante o s6culo XIX,para a maioria, “assiinilagao" estava longe de ser nOme feio: era o que um

grande n`mero de pessOas esperava conseguir,cspeciallnente os que deseiavam entrar para as classes mё

dias,

Urna 6bvia raz50 pela qua1 0s membros de algumas nacio‐ nalidades recusavarn‐ sc a ser ``assiinilados" era a de n5o lhes permitirem tOrnar― se plenamente membros da nagao oficial.0

caso cxtremo 6 0 das elites nativas nas c016nias europ6ias,edu―

cadas na lfngua e na cultura de scus donos para que pudessem adnlinistrar os coloniais no interesse dos europeus, mas mani‐ festamente n5o tratadas comO seus iguaiso Neste caso, era fatal

quc irrompesse um conflitO,ced0 0u tarde,inais ainda por ha‐ ver a educa95o ocidental,na verdade,fOrnecido uma linguagem especffica na qual articulariam suas reivindicag6es. Por quc, cscrevia unl intelectual indon`sio em 1915 (em holandes), es_ perava‐ se que os indon6sios comemorassem O centendrio da li‐ bertag5o dos Pafses Baixos de NapoleaO? Se ele fOsse um ho‐ landes “n5。 organizaria uma comemoracao de independencia nurrl paFs em quc havia sidO roubada a independencia do pOvo''.11

0s povos c01oniais cOnstituFanl caso extremo,uma vez quc desde o infciO tOrnOu‐ se claro, dado o racismo que perFneia a

sociedade burguesa, que nao havia assilnilagao quc transfor‐ masse homens de pele escura en■ ``verdadeiros"ingleses, belgas ou holandeses, embora pOssuFsse tanto dinheiro e sangue nobre c tanto gostO pelos esportes quanto a nobreza curop6ia― ― casO este aplic`vel a muitO raid indianO educadO na lnglaterrao Con‐

tudo, mesmo nO interior do mundO dOs brancos havia uma irnpressionante contradi95o entre a oferta de assiinila950 iliini‐

tada para qucm quer que revelasse boa vOntade e capacidade para reunir‐ se a nag50‐ Estado e a rejei950,na pr`tica,de alguns

‐ 胤 鶴認 1ぶ3守 lidi鰤 ∬ Tliま 11胤 :nピ :粛 siveis, que n5o havia liinites para O que poderia ser alcangado

pela assimilac5o:Os judeus cultOs e Ocidentalizados de classe m6diao Eis por que o caso Dreyfus na Franga, a vitiina95o de um inico oficial dO estadO‐ maior frances,por ser judeu,pro‐

duziu uma rea950 dc hOrrOr tao desprOporcionada

―― e n5o

apenas entre os iudeus mas entre todos Os liberais_e conduziu

Bandeiras desfraldadas: Nac6es e nacionalismo

217

diretamente ao estabeleciinento do sionismo, um nacionalismo de Estado,territorial,para iudeus.

A rnetade do s6culo precedente a 1914 foi a era c16ssica da xenofobia e, portanto, de reag5o nacionaHsta a ela, por‐ quanto― ― mesmo dei琴lndo de lado o colonialismo global一 fOi uma era de mobilidade macica e de migragaO e, especial‐ mente durante as d6cadas da lDepressao,de tens5o social,decla‐

rada ou oculta.Tomemos um s6 exemplo: em 1914, aproxi‐ madamente,cerca de 3,6 milh6es(ou quase 150/O da popula95o) haviam abandonado per】 manentemente o territ6rio da Po16nia do entreguerras,sem contar outro melo nlilhaO Pο

″αれοde migran‐

tes sazonais.12 A conseqiente xenofobia nao veiO apenas de baixoo Suas manifestag6es mais inesperadas, que refletiam a crise do liberalismo burgues,provinham das classes in6dias esta‐ belecidas,que naO tinham sequer a probabilidade de se encontrar

conl a especie de gente que se instalara em Lower East Side,em

Nova lorque,ou em aloiamentOs de trabalhadores rurais,na Sax6niao Max Weber,g16ria da imparcialidade da erudica o alema burguesa,desenvolveu tal animosidade contra os poloneses(que,

corretamente, acusava dc haverem sldo llnportados em massa por latifundidrios alemacs, como m5o‐ de‐ obra barata), quC at` entrou para a ultranacionalista Liga Pan‐ (3erllnanica, na dё cada

de 1890.13 A verdadeira sistematizagao dO preconceito de raca contra “eslavos, mediterraneos e semitas"nos EUA situa‐ se entre a populagao branca nativa,cspeciallnente entre protestan― dia c alta,os quais,nessa ёpoca,

tes de fala inglesa de classes lnё

chegaraln mesmo a inventar seu pr6prio nlito her6ico e natiⅢ vista, o caub6i anglo‐ sax5o branco (feliZmente, n5o sindicali‐ ZadO)dOS amplos espa9os― ― muito diferentes dos perigosos for" miguciros das jtt inchadas grandes cidades.* De fato, pal`a essa burguesia, a afluencia dos estrangeiros

pobres rea19ava e siinbolizava os problemas suscitados pelo proletariado urbano ein expans5oo visto este combinar as ca´ * Os tres membros da clite do Norte e do Leste c principais responsl‐ vcis por essc nlito (que, diga‐ se de passagenl, expulsou o povo que era

o principal criador da cultura e do vocabulirio do caub6i,o mexicano), fOram Owcn Wistcr (autor de r力 θ γ:rgj′ 1:α 17, 1902), O pintOr Frede‐ ick Rerllinglon (1861‐ 1909) e o futuro presidente Theodore Roose‐ 1・

′ 、 elt.14

218 1・

/1 ″ α ′Os i″ ρ `FiOS r・

acterlsticas dos ・`barbaros''internos e externos,quc ameacavam

tragar a civilizac50, tal COmO a conheciam os homens respeit`‐ VeiS(Cf.pp. 58‐ 9 acima)。 A16m dissO,eles acentuavam一 ― c em parte nenhunla mais que nos EUA― ― a aparente incapaci‐

dade da sociedade para lidar com prOblemas de inudanga brusca, beln comO a inlperdottvel falha das novas inassas em n5o aceitar a posig5o superior das antigas elites. Foi em Boston, centro da tradicional burguesia branca,anglo‐ saxa e prOtestante,ao mesmo tempo instrufda e rica, que foi fundada a Liga de Restrig5o う

Imigrag5o, ern 1893. Politicamente, a xenofobia das classes mё dias foi quase ccrtamente mais eficaz que a das classes tra‐

balhadoras,que refletia atritos culttlrais entre vizinhos e o lnedo

da competi95o de uma m50‐

de‐

obra baratao A n5o ser sob um

aspecto: foi a pressao 10cal da classe trabalhadora que na reali‐

dade excluiu os estrangeiros dos inercados de trabalho,dado que,

para os empregadores, o incentivo de iFnpOrtar m5o‐ de‐ obra barata cra quase irresistfvel. Onde a exclusao mantinha inteira‐ mente afastad0 0 estrangeiro一 ― como a proscricao de ilnigrantes n5o― brancos,

na Calif6rnia e na Austr`lia, que triunfou nas d6cadas de 1880 e 1890 -― , o fato nao prOduziu atritos na‐ cionais ou cOmunais;mas onde discriminava um grupo itt pre_ sente, como O dos africanos, lla Africa do Sul branca, ou os cat61icos, na lrlanda do Norte, islo naturallnente ocorriao Con・ tudo,a xenofobia das classes trabalhadoras raramente foi eficaz

antes de 1914.Exalllinando bem Os fatOs,a inaior rnigra95o de povo da hist6ria produziu surpreendentemellte poucas agitag6es contra estrangeiros cntre os trabalhadoresi lncslno nos EUA c, praticamente nenhuma,como na Argentina e no Brasil. Nao obstante, os grupos de emigrantes em pafses estran‐ geiros provavellnente descobririanl sentiinentos nacionais,encon‐

trassem ou n5o a xenofobia local, P01onescs e eslovacOs adqui‐

riam consciencia de si comO tais, naO apenas porque, havendo deixadO suas aldeias natais, na o podiam mais contar consigo como pessoas que n5o requerenl definicao, e n5。 s6 por lhes ser iinposta,nos Estados para onde sc havialn transferido,algu‐

ma nova defini950, cOmo as que classificavam pessoas que atё ent5o se haviam considcrado sicilianos ou napolitanos, ou mes‐

mo nativos de Lucca ou SalernO,como``italianos'',o que ocorreu

na chegada aos EUA. Necessitavanl da pr6pria comunidadc,

219

Bandeiras desfraldadas: Na96es e naciOnalismo

eleW寵

鵬i=r∬嶋∴∬環 常 ぶ盤星霞 :T躙」 古 1:T∬ fTl鷺 雰』 器 !讐:3 『素常 i:Ъ

t』

ferninina dom6stica torna a mulher mais monog10ta que o ho‐

a::悧

ldtti e歯 器 que,embora em teoria fosse algum grupo como a sua igreia― ―

WieWttrn雹



ei∬ 盤

Cttt£ 淵:∬ 蠍 朧」 罵euttJ鷺 」 :竃 鴇 嘱 鳳∬ λ i鰍 ぶ 電滉 驚 ls服 常Ъ ‖ 糠a官∬L燎 鳳h&1期 a織 ∬ 棚鵬蝋∬1竃 :s鍵 配 ぼ穏 肌 滉 oJ com ac° e:F:;乳 ∬ 織驚鷺 ∬λ 蹴li∬ 留電 l:l:r油

3

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nextto pe∬

A16m disso, se tais popula95es devessem de algunl modo ser organizadas,tendo em vista as novas sociedades em que se encontravanl,isto teria de ser feito de modo a permitir comuniⅢ

Os moviinentos oper`rios e socialistas,como viinos,eram internacionaHstas e chegavam a sonhar, como antes os liberais

ca95o。

um futuro em quc todos falariam uma`nica linguagenl mundial― ― sonho que sobrevive

(cf.AE″ ごO

Cα ρjι αJ,cap.3:1,4),com

ainda em pequenos grupos de esperantistaso Mais cedo ou mais

tarde,como esperava Kautsky ainda em 1908,todo o coniuntO da humanidade instrufda seria fundido numa s6 1fngua e nacio‐ nalidade.15 TodaVia, enquanto esperavanl, enfrentavam o pro‐ blema da torre de Babel: os sindicatos nas fttbricas da Hungria

tinham de emitir chamados para greve em quatro lfnguas dife― rentes.16N5o tardararn a descobrir que grupos de nacionalidades

mescladas n5o trabalham bern, a nao ser que seus membros Seiam i`bilin〔 纂eS,MO宙 mentos internacionais de trabalhadores

θεjSα να″? Sθ r Combinac6es de unidades nacionais ou lingifs″ ρ″ ticas. Nos EUA, o partido quc efetivamente tomou‐ se partido

de massa dos trabalhadores, o Democrata, desenvolveu‐ se, ne″ cessariamente, como coaliz5o “6tnica"。 Quanto maior a nligra95o dos povos, tantO mais r`pido o desenvolvilnento das cidades e da ind`stria, que langava as

220

A crα αοs '“ p″ riο s

inassas desenralzadas umas contra as outras, e tanto malor a base para a consciencia nacional entre os desenraizados. Por‐

tanto,no caso de movilnentos nacionais novOs,O eXllio era com

frequencia o principal local de incuba95oo Quando o futuro presidentc Masaryk assinOu o acordo que viria a criar um Estado

unindo tchecos e eslovacOs (TChecos10vttquia), ele O fez em Pittsburg, pOis a base de massas do nacionalismo organizado cslovaco encontrava‐ se na Pensilvania e nao na Eslov`quia.

Conl respeito ao atrasado povo montanhes dos c6rpatos,conhe¨

cidO na Austria como rutenos,que tamb6m viriam a se unir h TchecOslov`quia, de 1918 a 1945, seu nacionalisrno n5o tinha qualquer express5o organizada, exceto entre os emigrantes, nos

EUA. O auxlliO m`tuo c a prote95o aos enligrantes podem ter contribuFdo para O cresciinento do nacionalismo enl suas nag6es, mas nao s5。 suficientes para explic`_10. Todavia,na medida cln

que repousava sobre uma ambfgua nostalgia de duas faces pelos velhos cOstumes deixados na velha p`tria pelos cmigrantes, ele

possufa algO em comum com a forca que, sem d`vida, impelia O nacionalismO na terra natal, especialrnente nas nag6es me‐ 1lores. Era o neotradicionalismO, uma reacaO defensiva e con―

servadora contra a desintegra95o da velha ordem sOcial pela epidemia de modernidade que avangava,pelo capitalismo,pelas cidades e pela ind`stria, sem esquccer o socialisino prolet`rio, que era seu resultante 16gico.

O elemento tradicionalista ёbastante 6bvio,no apoio ofe‐ recido pela lgreia Cat61ica a mO宙 mentOs tais como os do nacio‐

nalisino basco e flamengO, Ou mesinO a lnuitos nacionalislnos de pequcnos povOs quc eram, quase por defini95o, reicitadOs pelo nacionalism0 1iberal,como incapazes de forrnar nac6es‐ tado vi6veis,Os ide61ogos de direita,quc Ora se multiplicavam.

Es‐

inclinavam‐ se iguallnente a desenvolver O gostO pelo regiona‐ lismO cultural tradicionalmente enraizado,tal cOmo aノ びlibrigピ

prOvcncial.Dc fato,Os ancestrais ide016gicos da lnaiOria dos mo‐ vinlentos separatistas c regionalistas dO fin do sё cu10 XX,na Europa ocidental(o bret5o,O gales,。 。ccitano,etc。 ),encOntraln‐ sc na dilieita intelectual pr6‐ 1914, Inversamente, entre esses pc‐

qucnos povos, nem a burguesia nem o novo pl・ olctariado cos‐ tumavam achar a seu goslo Os mininacionalismos,Em Gales a

Bandeiras desfraldadas: Nac6es e nacionalismo

221

ascensao dos trabalhistas solapou O nacionalismo dos iovenS ga_

leses, quc ameagara anexar o Partido Liberalo QuantO a nova burguesia industrial, cra de esperar que preferisse o mercado de uma grande naga。 Ou O do mundo ao constrangimento pro‐

vincial de um pequeno paFs ou regi5o, Nem na Po10nia russa nem no pars basc。 , duas regi6es desproporcionadamente indus‐ trializadas, de Estados maiores, os capitalistas nativos demons‐

traranl entusiasmo pela causa nacional; e a burgucsia de Ghent,abertamente voltada para a Franca,era uma provoca95o perrnanente aos nacionalistas flamcngos,Ainda que tal falta de interesse nao fosse cOmpletamente universal,era suficientemente

fOrte para desorientar Rosa Luxemburgo, a ponto de ela supor n5o haver base burguesa para o nacionalismo polones. Mas,o que era ainda mais decepciOnante para os tradicio‐ nalistas nacionalistas,o campesinato, a mais tradicionalista das classes,demonstrou apenas um d6bil interesse pelo nacionalisrno,

Os camponeses de lingua basca demonstraram pouco entusiasmo

pe10 Partido Nacional Basco, fundado em 1894 para defender tudo quc era antigo contra a incursao dOs espanh6is e dos oper6‐

rios ateuso Como a maioria dos demais movilnentos deste tipo, este cra antes de tudo uma entidade urbana de classe m6dia e de classe m6dia baixa。

17

Efetivamente, o avan9o do nacionalislno em nossa 6poca foi,em grande parte,fenOmeno levado a cabo por esses estratos m6dios da sociedade,Portanto,os sOCialistas contemporaneos es‐

tavam certOs quando o chamaram pequeno‐

burgues,E sua cone‐

x5o conl tais estratos auxilia a explicar as tres singulares carac‐

terfsticas quc i1 0bServamos: a mudanga baseada em quest6es da lingua; uma reivindicag5o por Estados independentes(e n5o de formas menores de autonomia);c o deslocamento para a di‐ reita c a ultradireita,cm polftica.

Para as classes m6dias baixas,ascendendo a partir de um ambiente popular, a carreira e a lingua verndcula estavanl inse‐

paravellnente ligadas. Desdc o momento em quc a sociedade se decidiu pela alfabetizag5o ern massa, a lfngua falada tinha de ser,em certo sentido,oficial― ― era O vefculo da burocracia e da instru95o― 一 caso contrdrio afundaria no mundo crepuscular da

comunicac5o puramente oral,Ocasionallnente dignificada com o srα ′ 夕s de peca a ser exibida num muscu de folcloreo A educacao

/1 θ rα ″ Os J″ ′ι r,ο s

222 ′θ

αssα s,ou antes, a prim6ria, era o desenvolvirnento crucial,

“ ser poss(vel apenas enl lfngua que o grosso da populagao visto

pudesse entender.* Ser educado enl lfngua totalinente estranha, Seia eSta lfngua v市 a ou morta,s6ё possfvel para uma seleta c

as vezes exfgua rninoria que disp6e de tempo consider`vel e pode arcar com as despesas e o esfor9o necessう rios para dela adquirir o dominio suficiente,A burocracia,por sua vez,ё ele‐ mento crucial, tantO por decidir o s`α ′ ι ι s oficial de uma lfngua

como porquc,na maioria dos pafscs,こ ela quc oferece o maior COniuntO de empregos que requerem alfabetizag5o.Daf surgiram as pequenas lutas infinddveis que desintegraram a polftica do IFnpё rio

Habsburgo, a partir da d6cada de 1890; eranl lutas

sobrc a lfngua em que deverianl ser escritas as placas nas ruas,

cm`reas ondc havia lnescla de nacionalidades,c sobre assuntos tais como a nacionalidade de um assistente de mestre‐ carteiro Ou chefe de estag5o。

Apenas o poder polftico, por6rn, poderia transforrnar o ′ s dasl(nguas e dialetos inenores(os quais,como todos sabenl, s5o “ apenas lfnguas sem ex6rcito nem forga policial)。 Daf as pres‐

s`α

sOes e contrapress6cs subiacentes aOs elaborados recenscamentos lingufsticos dessa 6poca (dos quais os mais notttveis sao, pOr

exemplo, os da B61gica c os da Austria, de 1910), dOS quais dependiam as reivindicag6es polfticas deste e daquele idioma, DaF, pelo menOs em parte, a mobilizacao polftica dos naciona‐ listas pela lfngua,precisamente no rnomento ern que,na B61gica,

on`mero dOs flamengos bilfngues crescera de modo not`vel ou, como ocorreu no pars basc。

,。

uso da lfngua basca praticamente

desaparecia nas cidades de rttpido cresciinento。

18 Porque unica‐

mente a press5o polftica poderia conseguir um lugar para as quc, na prdtica, cram lfnguas ``n5o competitivas", como meios de educag5o ou comunicag50 p`blica escrita.Foi isso,e s6 isso. 率A proibic5o do uso do gales,

。u de alguma lingua ou dialeto local.

― proibi95o quc dcixou t5o trauindticos vcStfgios na 1la sala de aula ― lnem6ria dos cstudiosos c intelectuais locais, n5o foi devida a algum tipo dc rcivindica,50 totalit6ria do Estado‐

na95o doFninante, In as, qtlase

ccrtamente, a cren9a sincera dc que n50 haveria possibilidade de uma educa95o adequada, a ntto ser na lfngua do Estado, e de que a pes‐ soa que se conservasse monoglota seria inevitavellnente preiudiCada em sua cidadania c cnl stlas pcrspcctivas profissionais.

Bandeiras desfraldadas: Na96es e nacionalismo

quc tornou a B61gica oficialinente bilingte(1870)c o flamengo uma mat6ria obrigat6ria nas escolas secundirias de Flandres(mas

s6enl 1883).TendO,porё nl,a lingua n5o‐ oficial recebido reconhe‐ ciinento oficial,automaticamente criou unl eleitorado polftico,de pessoas nela alfabetizadas.Os 4,8 milh6es de alunos das escolas

priindrias e secund6rias da Austria dos Habsburgo, em 1912, obviamente inclufam uma quantidade muito maior de naciona‐ listas reais e potenciais do que os 2,2 rnilh6es de 1874, para n5o mencionar os 100 nlil professores suplementares que pas‐ saram a instruf‐ los em varias lfnguas rivais,

Todavia, nas sociedades multilingties, as pessoas educadas nO idioma local e capazes de utilizar sua educac5o para o pro‐ gresso profissional ainda assiin sentiam―

se, provavellnente, infe‐

riores e desprivilegiadaso Conquanto, na prdtica, levassem van‐

tagem na competicao por empregos menos importantes,por ser mais prov`vel que fossem bilfngties que os esnobes da lfngua de elite,talvez sentissem,iuStificadamente que,ao procurar car‐

gOs superiores, estariam em desvantagem. I)af a pressao para quc o ensino do verndculo fosse prolongado, da educacao pri‐ m`ria a secund`ria e finallnente atё o topo de um sistema cducacional pleno, a universidade do verndculoo Por esse mo‐ tivo, enl Gales e em Flandres, a exigencia de tal universidade foi intensa e exclusivamente polftica, Enl Gales, efetivamente,

a universidade nacional(1893)tornOu‐ se,durante algunl tempo, a primeira c a′ ″:ε αinstituicao naciOnal do povo de urrl pequeno paFs que nao tinha cxistencia, adnlinistrativa ou outra, distinta

da existencia da lnglaterra.Aqueles cuia lfngua materna era o verndculo nao‐ oficial continuarianl, quase certamente, a ser ex‐ clufdos dos lnais altos cfrculos da cultura e dos neg6cios p`blicos

e privados, a nao ser cOmo pessoas que empregavam o idioma superior e oficial,■ o qual esses neg6cios serianl conduzidos.I〕

in

suma, o fato de a nova classe m6dia baixa, e mesmo a classe haverern Sido educadas em esloveno ou flamengo subli…

mё dia,

nhava quc os lnais altos prerniOs e O rnelhor s`α

s caberiarn ain‐

`夕 que naO se da うqueles que falavam frances ou alemao, ainda

dessem ao trabalho de aprender a lingua menos importante。 Ainda malor pressaO polltica seria necessttria para vencer ′θ″ essa desvantagenl estruturalo Dc fato,o que era preciso era pο polfticoo Para falar clara e rudemente, as pessoas teriam de ser

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224

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do Estado, poderia espcrar alcangar tal resultado. Os naciona‐



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perguntar se n5o haveria outros modos para fazer cOm que as

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liguattf宙 :L:ll朧 Ⅷ 織 i∞ 継 面a uma Fo l)cns5o estrutural para a secessaoo E, inversamente, "∬ a reivindi‐ =竃

Slil:」

ir::° 1111:1:::ell:n梶 二[te〈 lafiIII:肥 oficial para cOm o ga61icO entrando no naciOnalislno irlandes

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a¶ t糧

apenas ingles; e o sionismo inventasse o hebraico como lfngua cotidiana pOrque nenhuma outra lfngua dos iudeuS OS Compro‐ meteria com a construcaO de um Estado territorial. H` espago para interessantes reflex6es sObre O variado destino de tais esfor‐

::L寵 薦

燎器

li霜 1蹴

。な ぶ

:織 織 :::1蹴:職 :∴

o gaё lico)Ou quase malograriam (como a cOnstrugao de um

noruegues lnais noruegues― -77ッ れOrSた ), enquanto outros teriam Oxito. TOdavia, antes de 1914, geralinente careciam do necess`_

rio poder estatal.EIn 1916,on`mero de pessoas que reallnente Falava hebraicO diariamente n50 era nlaior que 16 mil. O nacionalismo,por6nl,ligava‐ se ao estrato m6diO de outro

器 密1,q鳳 1震 fi「 Talょ 胤酬胤皿号 出::alttl: 器1∬ a淵 F:撮 :L品換:ll‖ 磐:s講『電器al濯 :縄

bandeiras desfraldadas: NacOes e nacionalismo

225

trial, cspeciallnente durante os diffceis anos da Depressao. 0 estrangeiro veio simbolizar a desintegrag5o dos antigos costu‐

mes e o sistema capitalista quc os desintegravao Portanto, o virulento anti‐ senlitismo politico que observamos alastrar‐

se pelo

mundo ocidental desde a d6cada de 1880 pouco tinha a ver com o n`mero real dos iudeus,contra os quais era dirigido:foi t5o eficaz na Franga, onde havia 60 nlil entre 40 milh6es, na

Alemanha,onde ha宙 a meio milh5o entre 65 milh6es,como em Viena,onde eles formavam 157b da populacao。

(N5o constituiu

fator polftico em Budapeste, onde compunham um quarto da populagao。 )o anti― Semitismo visava particularmente banquciros,

cmpres`rios e outros,quc eram identificados com as devasta96es do capitaHsmo entre a “gente pequcna". A imagem caricatural tFpica do capitalista na bθ

JJθ

ιρο9“ θnao era siinplesmente a de

um gordo de cartola,fumando charuto,mas tamb6rrl com nariz judaico――porque os campos da empresa cm quc os iudeus se tornaram not`veis competiam com os pequenos loiistaS,dando ou recusando cr6dito aos fazendeiros e pequenos artesaos, Por isso,o lfder socialista alemao Bebel achava quc o anti‐ senlitismo era “o socialismo dos idiotas"。 No entanto, o que nos impressiona,conl respeito≧ ascensaO dO anti‐ semitismo polf‐

tico,em finais do s6culo,■ 5o 6tanto a equagao“ judeu_capita‐ lista",que,cm amplas regi6es da Europa central e oriental nao deixava de ser plausfvel,inas sua associagao cOm O nacionalismo de dirθ :′ αo lsto nao era devido apenas a ascensaO dOs inovimentos socialistas,que combatianl sistematicamente a xenofobia latente

ou declarada de scus partid`rios, tanto assiin que a profunda avers5o aos estrangeiros e iudeus, nesses setores, tendia a ser

mais envergonhada do que no passado.Aquela associagao,cOn_ tudO,assinalava,nos inaiores Estados,unl evidente deslocamento da ideologia nacionalista para a direita,especiallnente na d6cada

de 1890, quando vemos, por exemplo, as antigas organizag6es θr(assOCia95es de de massas do naCionalismo alemao,as T″ “ da revolu95o de gin6stica),desviarenl‐ se do liberalismo herdado 1848,para uma postura militarista, agressiva c anti¨ senlita. Foi

o momento em quc as bandeiras do patriotisino se tornaram de tal inodo prOpriedade da direita polftica,que a esquerda achava diffcil empunh6‐ las,meslno nos casos em que o patriotisnlo iden‐ tificava‐ se

firmementc com a revolu95o c a causa do povo,com0

A

226

θra`わ s

Jttpび rios

a tricolor francesa,Parecia‐ lhes que brandir a bandeira nacional era arriscar‐

se a uma contanlinacaO cOm a ultradireita. Somentc

nos tempos de Hitler 6 quc a esquerda francesa recobrou o pleno uso do patriotismo iacobinO. O patriotisino,portanto,deslocou‐ se para a direita polftica, nao s6 por se haver desbaratado scu antigo companheiro,o libe‐

ralismo burgues,mas pOr i`naO se manter a situag5o intema‐ cional quc anteriormente havia tornado compatfveis liberalismo e nacionalismo.At6 a d6cada de 1870-― talvez at6 o Congresso de Berliln,eln 1878-― se poderia afirrnar quc o ganho de uma nag5o― Estado nao significava necessariamente uma perda para outrao Na verdade,o mapa da Europa havia sido transforinado pela cria95o de duas importantes na96es‐ Estado(Alemanha c lt6‐ lia)e pela lorrna95o de diversas outras de menor porte, nos B61cas,sem quc tudo isso desse em guerra ou numa intoleravel desintegracao do sistema internaciollal dos Estados.A16 a Grande

Depressao,algo de semelhante ao livre comё rcio mundial,em‐ bora beneficiando nlais a lnglaterra que a outros,1lavia sido do

interesse de todos, 1)a d6cada de 1870 em diante, pOrё nl,

tais

reivindica95es n5o pareciarn rnais verdadeiras,e dado o conflito mundial ser considerado, Inais uma vez, possibilidade real, se‐ n5o inlinente,ganhou terreno a cspё cie de nacionalislno para o qual as demais nac6es eram francamentc alllca9as ou vitimas.

Esse nacionalismo,a um tempo,cngcndrou e foi encoraiadO pelos movirnentos da direita polftica que emergiram da crise do

liberalismoo Realmente,os homens que primeiro adotaram o novo nome de ``nacionalistas" foram, n5o raro, aqucles quc sc senti‐

ranl impelidos h acao polftica pela cxperiencia da derrota de ice Barrё s(1862‐ 1923)

seus Estados na guerra, tais como Maul・

c Paul Deroulede (1846‐ 1914), ap6s a vit6ria alem5 sobre a Fran9a cm 1870‐ 1871, c Enrico Corradini(1865‐ 1951)ap6s a derrota,ainda mais hunlilhante,da lt`lia pela Eti6pia em 1896, E os inoviFnentOs por eles fundados,que levaram a palavra``na‐

cionalismo'' aos diciondrios, cram deliberadamente concebidos

・6em reac5o contra a democracia ent5o no governo", isto`,con‐ 19 0s movirnentos franceses desse tipo tra a polftica parlamentar。

permaneceram marginais,como a Action Frangaise(pOr volta de 1898), que Se perdeu nunl monarquislnO politicamente irre‐ levante c na prosa vituperativao C)s moviinentos italianos acaba‐

Bandeiras desfraldadas: Nag“ s e nacionalismo

227

ram por fundir_se com o fascismo ap6s a Prirneira Guerra Mun‐

dialo Eranl caracterfsticos de uma nova raca de moviinento polftico,baseada nO chauvinismo,na xenofobia c,cada vez mais, na idealizag50 da cxpans5o nacional,na conquista e no pr6p五 o ato da guerra. Esse nacionalismo prestava・ se de modo excepcional a ex_

press5o dos ressentiinentos coletivos de um povo que nao sabia explicar seu descontentamento com precis5o. Era culpa do es― trangeiro.(D caso Dreyfus deu ao anti― sernitismo frances uma penetra95o especial,n5o apenas pelo fato de o acusado ser iudeu (quc estava fazendO um estrangeiro no estado‐ lnaior frances?) mas pelo seu suposto criine ser a espionagern a favor da Alema・

nha.Inversamente,o sangue dos``bons"alemaes gelava,ao pen‐ sarem que seu paFs estava sendo sistematicamente “cercado" pela alianga de seus iniinigos,conforlne seus lideres lhes recor‐

davanl conl freqtencia.Enquanto isso,os ingleses aprontavanl‐ se

para comemorar o estouro da guerra mundial(con1 0utros povos beligerantes)por rneio de uma explos5o dc histeria antialienfgena

que tornou aconselh`vel a mudanca do nome de farnflia alem5o da dinastia real para Windsor, anglo‐ sax5oo Nao h6 d`vida de quc tOdo cidad5o natural do paFs ―― excetuando uma nlinoria de sOcialistas internacionalistas, uns poucos intelectuais, alguns homens de neg6cios cosrnopolitas e o clube internacional de aris…

locratas e casas reinantes ―― sentiu a atracao dO chauvinlsmo

at6 certo pontOo SeFFl d`Vida quase todos,inclusive bom n`mero de sOcialistas e intelectuais,cstavam tao profundamente imbuFdos

do racismO fundamental da ci宙 lizag50 do s6culo XIX(cf.ス E″ ″οCα ρj′ α cap. 14,2,e pp.351‐3 abaixo),quC eranl,de modo J′

igual, embora indireto, vulner`veis as tenta96es advindas da crenga de serern, sua classe ou seu povo, estrutural e natural‐ mente superiOres aos demais. O ilnperialisnlo s6 podia refor9ar tais tenta95cs entre os inembros dos Estados imperiais.Contudo, pouca d`vida resta de quc os que rnais pressurosamente reagiram うs cornetas nacionalistas encontravalrn‐

se situados enl algurn lugar entre as classes superiorcs estabelecidas da sociedade e os canl‐

poneses e prolct6rios do estrato inferior. Para csse estrato mё diO ern ampliacaO,O naciOnalisrno pos‐

sufa igualmente tima atracao mais ampla e menos instrumental. Ofcrecia‐ lhcs uma idcntidade coletiva, como “fi6is defensores''

A

228

,os θra αOs i“ pι ′

da nag5o que deles se esquivava,como classe,ou como aspiran‐ tes ao pleno sraι s burgues que tanto cobigavam. O patriotismo “ compensava a infcrioridade social. Assiln na lnglaterl,a, onde nac havia servi9o nlilitar compuls6rio, a curva do alistamento volunt`riO de soldados operdrios na iinperialista Guerra Sul‐

Africana(1899‐ 1902)simplesmente reflete a situag5o econOmi‐ cao Subia e descia com o desempregoo Mas a curva do alista‐ mento dos ioVens de classe m6dia baixa e de colarinho branco refletia claramente a atracaO da propaganda patri6tica,EIn certo sentido,ali`s,o patriotisino uniformizado trazia suas recompen‐ sas sociais, Na Alemanha,oferecia o s′ αι ンs potencial de oficial da reserva,para os rapazes quc haviarn tido educagao secundttria at6 a idade de dezesseis anos, ainda que naO hOuvessem prossc― guido seus estudos,Na lnglaterra,conforlne a guerra demonstra‐

ria,meslno os amanuenses e vendedores a servi9o da nacao pode_ lliam tornar‐ se oficiais e― ― na

termino10gia brutallnente franca da classe superior inglesa― ― ``gθ ″′ Jθ θ″ tempordrios", “

3 O nacionalislno,contudo,entre 1870 e 1914,nao pOde ser confinado h esp6cie de ideologia que atrafa as classes m6dias frustradas ou os antiliberais(e anti‐

fascismo. Inquestionavellnente, nessa

Socialistas), precursoras do

ёpoca os governos e paF¨

tidos ou moviinentos que podiam fazer,ou dar a cntender,um apelo nacional gozariam de vantagem complementari e inversa‐ mente, aqueles que n5o o podiam ou n5o o queriam fazer, atё certo ponto se preludicariamo E absolutamente inegttvel quc a guerra de 1914,ao ser deflagrada,produziu explos6es genufnas, cmbora curtas, de patriotismo de massas, nos principais paFses beligeranteso E nos Estados multinacionais, os inovilnentos ope‐ rdrios organizados enl toda a extensao do Estado lutaranl e foram del・ rotados, numa acao de retaguarda contra a pr6pria desinte… grac5o em movirnentos separados,baseada nos operdrios de cada tima das nacionalidades,O mO宙 mento trabalhista c socialista do lrIDpё rio Habsburgo, portanto, desnloronou antes que o pr6prio

inlp`rio o fizessc′

229

Bandeiras desfraldadas:Na`滑 es e nacionalismo

N5o obstante, h` uma importante diferenga entre o nacio‐ nalismo como ideologia de movilnentos nacionalistas e de gover_ nos agitadores de bandeiras e a mais ampla atrag5o da nacionali‐ dade.C)priineiro naぴ langava o olhar para alё rn do θs′ αblis力 θ″′ “ ou da grandeza da``na95o"。 Seu programa consistia enl resistir, expeHr,derrotar,conquistar,submeter ou elinlinar``o estrangei“

ro".Tudo mais era seln importancia. Era suficiente afirmar a qualidade de irlandes,。 u a germanidade,ou a qualidade de croa‐

ta do povo irlandes,alem5o ou croata,num Estado independente, pertencente exclusivamente a cles,anunciar seu futuro glorioso, c estar dispostO a fazer todos os sacriffcios para alcan91‐

lo。

“Era isto quc, na prdtica, liinitava sua atracao a quadros de ide61ogos entusiastas e de militantes; as classes m6dias in‐

formes em busca de coesaO c autojustificacao;e aqueles grtlpos (nlais uma vez, entre os``pequenos homens" que lutavam pela

Vida)que pudessem atrlbuir todos Os seus descontentamentos aos malditos estrangeiros. E, 6 claro, este nacionalismo atraFa

igualmente governos,que recebiam de bra9os abertos uma ideo‐ logia que dizia aos cidad5os quc O patriotismo era suficiente.

Para a maioria,por6m,o nacionalismo nao era O bastante. Isso, paradoxalinente, fica mais claro precisamente nos moviⅢ mentos reais das nacionalidades que nao haviam ainda alcan・ 9ado a autodeterminag5o。 Os moviinentos que receberam genuf‐

no apoio de massas,em nossa 6poca― ― e nem todos os que o deSCiaram realmente o conseguiram一 foram,quase invariavel‐ mcnte,aqueles que combinavam a atra95o da nacionalidade e da lfngua com algum interesse ou forOa mobilizadora mais pode‐ rosa,antiga ou moderna.A religiao era uma delas.Sem a lgreia Cat61ica,O moviFnentO flamengo e o basco teriam sido politica‐ mente desprezfveis e ninguё m duvida de quc o catolicismo deu

consistencia e fOrOa de massa ao nacionalismo dos irlandeses e poloneses, dirigidos por governantes de outra religi5oo De fato, durante essa 6poca,o nacionalisinO dOs fenianos irlandeses,ori‐ ginallnente urFl mOVilnento secular e at6 anticlerical,que apelava

aos irlandeses a16m das fronteiras confessionais, tornou‐ se uma fOrOa polftica muitO importante,precisamente por haver perrni‐ tido que o nacionalislno irlandes se identificasse essencialmente com os irlandeses cat61icos,

230

A

αα ごοs′

jο Pι ′ s



O mais surpreendente,conforme i4 sugerimos,こ

que os

partidos cuio objetiVO original e principal era a liberta95o inter‐

nacional e social dc classe, acabaram por se tornar os vefculos

tamb6m da libertagao naciOnal. C)restabeleciinento de uma Po‐ 16nia independente foi alcangado,n5o sob a lideranga de qual― qucr um dos numerosos partidos do s6culo XIX, voltados ex‐ clusivamente a independencia, mas sob lideranca proveniente do Partido Socialista Polones, da segunda lnternacional. O na…

cionalismo arrnenio revela o mesmo padr5o, como o fa7 igual・

mente o nacionalismo territorial iudeu.Quem fez lsraci n5o foi Hcrzl nem Weizmann,mas o sionismo trabalhista(inSpirado na R`ssia)。 Conquanto alguns desses partidos fossem iustifiCa‐ velmente criticados dentro do socialisinc internacional,por havc‐

rem colocado o nacionalismO muito adiante da libertacao social, o lnesino n5o se pode dizer de outros partidos socialistas ou atё

marxiStas,que para surpresa deles pr6prios deram consigo mes‐ mos a representar certas na96es,em particular o Partido Socia― lista Finlandes,os inencheviques da Ge6rgia,oB“ ″σ judcu,cm amplas areas da Europa oriental― ― na verdade,lnesmo os rigi― damente na o‐ nacionalistas bolcheviques da LetOnia. Inversamen‐ te,os inovirnentos nacionalistas tornaraln‐ se cOnsCiOS de quc era

deSeittVel definir,se n5o um programa social especffico,pelo

menos uma preocupagao cOm quest6es econOmicas e sociais。 Caracteristicamente,foi na Boenlia industrializada― ― dilacerada ‐ entre tchecos e alemaes, ambos atrafdos por moviFnentOs oper五 rios*一 ― que emergiram moviinentos que se autodescreviam es‐ pecificamente como nacional‐ socialistas。 (Ds nacional‐ socialistas tchecos eventuallnente tornaranl‐ se o partido caracterfstico da

Thecoslov`quia independente e forneceram o`ltilno presidente (BeneS)。 OS naciOnal‐ socialistas alemaes inspiraram um joverp austrfaco que lhes adotou o nome c a combina91o de ultrana‐ cionalismo anti‐ semita COm imprecisa demagogia populista so‐ cial,na Alemanha do p6s‐ guerra:Adolf Hitler。 O nacionalismo,portanto, tornou‐ se genuinamente popular, mas especiahllente quando bebido como coquctelo Sua atra95o n5o residia tanto ern seu sabor quanto na combinacao cOnl outros * Os social‐ democratas receberam 3896 dos votos tCheCos, na primeira eleiOtto democrtttica一 - 1907-― , e emergiram como o maior partido.

Bandeiras desfraldadas: Nac6es e nacionalismo

251

ingredientes ou conl ingredientes quc, esperava‐ se, cstancariam a sede espiritual e material dos,onsunlidores. Uin tal naciona‐ lismo, todavia, embora bastante genuino, n5o era tao nlilitante

nem taO dedicado a um s6 obiet市 O e certamente n5o t5o reacio‐ ndrio quanto o deseiaria a direita agitadora de bandeiras. O Imp6rio Habsburgo, prestes a desintegrar‐ se sob v6rias press6es nacionais, ilustra paradoxallnente as liinita96es do na‐

cionalislno. Embora, no come9o da d6cada de 1900, a maioria do povo estivesse inquestionavellnente conscicnte de que perten‐

cia a uma nacionalidade ou outra,poucas pessoas achavanl isso

incompativel com o apoio a monarquia Habsburgoo Mesmo ap6s o infcio da guerra,a independencia llacional n5o veio a ser ques‐

t5o importante,c enl apenas quatro das na96es sob os Habsburgo era encontrada inequfvoca hostilidade contra o Estado ―― tres das quais identific`veis conl Estados nacionais a16nl de suas fronteiras(italiano,romenos e tchecos)。 A maioria das naciona‐ lidades nao deseiaVa visivellnente evadir‐ se daquilo quc a classe

m6dia c a classe m6dia baixa,pela boca de seus fandticos,gos‐ tava de chamar``a prisaO dOs povos"。 E quando,no decorrer da guerra, avolumaranl― se os sentiinentos revolucion6rios e a insa‐

tisfacao,tOmaram a forma,em priineiro lugar, de revolu95o so‐ cial e n5o de movilnentos de independencia nacional。

20

Quanto aos beligerantes ocidentais, durante o curso da guerra viram aumentar progressivamente os sentiinentos contra esta c o descontentamento social,por6m sem destruir o patriotis‐

mO dOs exercltos de massa. O extraordinarlo llnpacto lnterna‐ cional das revolu96es russas de 1917 s6 6 compreensfvel se tiver‐

mos ern mente quc aqueles que foram para a guerra de boa vontade,e mesmo corn entusiasmo,cln 1914,eram movidos pela idё ia do patriotismo, que nao podia ser confinada a slο gα ″ s nacionalistas:inclufa o senso do que era devido ao cidadao.Esses

ex6rcitos n5o iam para a guerra por gostarem da luta, da viO_ lencia ou dO herofslnO, ou para irnplementar o incondicional egofslno e expansionismo do nacionalislno de direita. E menos ainda por hostilidade ao liberalisFl10 C a democracia.

Ao contr`rio. A prOpaganda dom6stica de todos os belige‐ rantes, com respeito a p。 lftica de massas, demonstra cm 1914 que o assunto a ser sublinhado nao era a g16ria nenl a conquista, mas o de``n6s"sermos vftilnas dc agressaO,Ou de polftica agres‐

232

A″ α ′Os

i“ Pι riOs

siva,o de ``eles" representarem uma ameaga mortal aos valores da liberdade e da civilizagao quc “n6s" representamoso Mais

irnportante: homens e mulheres nao seriam mobilizados com exito para a guerra,a naO ser que sentissem sua luta como algo mais quc urn siinples combate arrnado: que,em algulll sentido, o mundo melhoraria corn a``nossa vit6ria",e que``■ ossO"pafS seria― ― para repetir uma frase de Lloyd George― ― “terra digna de her6is". Os governos ingles e frances, portanto, reivindica‐

vam a defesa da democracia e da liberdade, contra o poder monirquico,o militarislno e o barbarismo(“ os hunos"),enquan‐ lo o governo alem5o reivindicava a defesa dos valores da ordem,

da lei e da cultura,contra a autocracia e o barbarismo russos. As perspectivas de conquista e engrandeciinento imperial pode‐ riarrl ser anunciadas nas guerras coloniais; n5o,por6■ 1,nos con‐ flitOs mais importantes ―― mesllno que delas se ocupassem os ministros do Exterior, nos bastidores.

As inassas alemas,francesas e inglesas,ao marchar para a guerra em 1914,o fizeram n5o como guerreiros c aventureiros, mas como cidadaos e civis. Ё este mesmo fatO que,para gover‐ nos quc operam em sociedades democriticas, demonstra a ne‐ cessidade do patriotismo e iguallnente a sua forca. Apenas o sentimento de quc a causa do Estado era genuinamente a sua, poderia mobilizar com eficacia as massas: e em 1914 os ingle‐ ses,franceses e alemacs sentiam isso.As massas permaneceram mobilizadas at6 que tres anos de massacres sem paralelos e o

exemplo da revolu95o na R`ssia lhes ensinaranl quc haviam estado enganadas,

cAPrTE/Lo 7

QUEM

Ё

QUEM OU AS INCERTEZAS DA BURGUESIA

λο協″ ι Nο sθ ″′ :ご ο α,sα PIο pass`ソ θJ。 … ο E“ Jθ “θJθ ροごθc力 a“αr sθ ′″αO““ sθ apθ αs “ 0′ α ご0 9“ θ α SO“ α´0 ′ J “ α αs θ s“ α Cα“ Sα ,S““ corpο θ s“ αsノ οィ αS PSf9“ j“ s,“ αS S“ αS rO“ ′“ J力 θr θ sθ sノ jJλ οS,sθ sα εθSrraお θ sθ sα αFα O′ セ OS,S“ α re′ ′ “ “ αs ′ “ s Cα ツαJο s, “ “′ S““ α de θrras“θ sθ sθ “虎″θ θ s“ α εO″ αS ObraS, s“



bα ″co.



Wlliam ramesl O“ θ α αrazθ r cο ′″s・ … θ θ β ′″Zθ r.… ε “′ο “ Ssら ′ ″ σ ο ο 9“ θ ′ θ rgθ “ αcarrι j″ οO θ Jα 力α “ ““ “ “ αJα “ れSα θ“ SO″ み α“ Cο “α′ oSSθ ,ρ θ チ ・ “ “ “ “ Ho Go Wells,19092 Cο

j“ θ ″sο

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″ αθ Spο sα ヴθ jご

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“ ス:″ θJα θ″sグαCttssθ

CIα ssθ

M`J滋 スJra.



Da Escritura da Fundacao do C016gio

Honoway, 1883. 1

Voltemo‐ nos agora para aqueles a quem aparentemente a

demOcratizacao ameagavao Nesse s6culo da burguesia t五 unfante, os membros das benl‐ sucedidas classes m6dias estavam certos da pr6pria civilizacao; de mOdo geral, eram seguros e nao cos_ tumavanl lutar com dificuldades financeiras; todavia,apenas ao findar o s6culo sentiram fisicamente o cO″ ノ οrrο .Ha宙 am v市 ido,

254

Aθ 認 あ s iηttos

at6 entao,bastante bem,rodeados de uma profus5o de obietos s61idos e enfeitados,envolvidos enl grande quantidade de tecidos, podendo pernlitir― se tudo que consideravam apropriado a pes‐

soas de sua posic5o social e inaprOpriado aos seus inferiores, consunlindo aliinentos e bebidas em quantidades substanciais, provavellnente excessivas. Conlida e bebida,pelo menos em al‐ guns pafses,eram excelentes: c“ rgθ ο ,na FranOa,cra `bO“ 'sθ 's'“ termo gastrononlicamente elogioso。 Em outras partes,corFlida C bebida eranl,pelo menos,abun‐

danteso Um amplo supriinento de empregados compensava o desconforto e impraticabilidade da casa burguesao Nao os pOdia,

no entanto, ocultar. S6tardiamente, ao findar do s6culo,6 quc a sociedade burgucsa desenvolveu um estilo de vida e o equipa‐

mento material apropriado e realmente destinado a aluStar‐ se as necessidades da classc,que supostamente lhe formava a espi‐

nha dorsal: homens de neg6cios, as profiss6es liberais ou os mais altos esca16es do servi9o p`blico,conl suas famfliaso Estas nao aspiravam nem necessariamente esperavam adquirir o s`α ′s da aristocracia, ou as recompensas materiais dos muito ricos,“

mas se situavam bem aciina da faixa em quc a compra de uma coisa significava a ren`ncia a outra. “(D paradoxo do mais burgues dOs sё culos consistia em

quc seus estilos de vida s6 se tornaram burgueses mais tarde; quc esta transforma95o foi iniciada antes na sua periferia do que no seu centro; e quc, como modo de vida especificamente burgues,seu triunfo foi apenas inomentaneO.Talvez por isso os sobreviventes olhassem conl tanta frequencia e nostalgia para a cra que precedeu a 1914, chamando‐ a de bθ JJθ ιpο 9“ θo COme¨

9aremos o exame daquilo quc aconteceu as classes m6dias do perfodo a partir da considerag5o desse paradoxo。 Esse novo estilo de vida era o da casa c iardim Suburbanos, que de longa data deixara de ser especificamente estilo burgues,

cxcetc como fndice de aspiragao. ComO tantas outras coisas,na sociedade burguesa,ele procedeu do clissico pais do capitalismo, a lnglaterra.E possfvel identific`_10,cm priineiro lugar,nos su…

b`rbios ajardinados,construfdos por arquitetos como No...lan Shaw,na d6cada de 1870,para fanl(lias endinheiradas da classe m6dia, mas nao especialmente ricas(Bedford Park)。 C016nias desse tipo,gerallnente destinadas a estratos benl mais ricos que

Quem 6 quem ou as incertezas da burguesia

235

seus equivalentes ingleses, desenvolveranl‐ se nas cercanias das cidades da Europa central 一 o Cο αgθ yjθ ″′ θ em Viena, `ι … e finalmente de‐ Dα 力Jθ tt e o Gr“ ″ αJご yj″ ′ θち em Berlim… `〃 cafraln socialmente,tornando‐ se sub`rbios da classe m`dia baixa ou um labirinto de“ pa宙 lh6es"sem planeiamentO nOs arredores J′

das cidades grandes. Eventualinente, por meio da especulagao dos construtores e dos planeiadOres urbanos conl ideais sociais, transformaranl_se em ruas e co16nias de casas geminadas,desti‐

nadas a recapturar o espfrito da aldeia e da cidade pequena (Sjθ dI″

gθ ″ ,

Ou``povoamentos",seria O significativo termo ale‐

“ clas)‐ ― cOmO as habitag6es municipais para oper6‐ maO para

rios mais endinheirados,i4nO S6Culo XX.A casa ideal,para a classe m6dia,ii naO fazia parte de uma rua da cidade,uma “casa de cidade", nem seu substituto, o apartamento em um grande ediffcio de frente para uma rtla da cidade e pretendendo

ser um paldcio; era uma casa de campo urbanizada, ou, antes,

suburbanizada(umaッ j`Jα Ou mesmo unl εο′ ι αgθ )num parque ou jardim em miniatura,rodeado de verde.Iria se revelar como um ideal de vida iinensamente poderoso, embora ainda n5o

aplic`vel na maior parte das cidades nao anglo‐ saxOnicas。 A νjJJα distinguia‐ se de scu modelo original― ― a casa de

campo dos nobres ou dos grandes propriet`rios一 por unl aspec‐ to importante,independentemente de sua dilnensao e custO mais mOdestOs e passfveis de redu95o. Era antes planeiada para as conveniencias da vida privada e n5o para a luta pelo sι α′s social e para a representag5oo Na realidade, o fato de tais co‐“

16nias serenl, enl larga medida, comunidades destinadas a uma inica classe, tOpograficamente isoladas do resto da sociedade, tornava mais f6cil a concentra95o nos confortos de vidao Esse isolamento surgia lmesino quando nac era intencional: as``cida‐ des‐ jardil■ "e os ``sub`rbiOs‐ iardiin",planejados por proletiStas anglo‐ sax6es sociallnente idealistas, seguiram o mesmo canlinho dos sub`rbios cOnstrufdos especificamente para remover as clas… ses in6dias da proxiinidade de seus inferiores. Essc exodO, por si,indicava certa abdicacao da burguesia de seu papel de classe dirigente. “Boston", diziam os ricos da cidade aos seus filhos, pOr volta de 1900,``nada lhes oferecerd exceto pesados impostos

e desOrdem p01fticao QuandO voces se casarenl,procurem cons‐ truir casa nunl sub`rbio,entrem para o clube de campo e fagam

S ο A θ rα あsi“ ″″

com que sua vida se concentre cln seu clube, na sua casa c nos seus filhos"。

3

Esse era,poH51n,o oposto da fungao da casa de campo ou

C獄

:棚 :∬ 讐

a鴇 貯l∫ 猟 :a棚 詰ピθ富 ″ltti :霊

lり ′ θ J∂ Hο sθ e 3θ ::θ V“ ,dos Ackroyds dos Krupp,ou de Bα ″ “ da enfuma9ada cidade da e Crossleys, que dominavam a vida

15, Halifax. Essas residencias eram o revestimento da m`quina do poder. Eram destinadas a demonstrar os recursos e o pres‐ tfgio de urn membro da elite dirigente aos outros membros e as classes inferiores,bem como a organizar o iogO de influen_ cias e domfnioo Se gabinetes eram estruturados na casa de canl‐

pO do duque de Omnium,tamb6m IOhn crossley,dos tapetes Crossley, pelo menos convidava quarenta e nove colegas seus do Conselho da Municipalidade de Halifax para passar tres dias οち por OCasiao de seu qtlinquag6siino CrFI Sua Casa no Lα たιDis`″ ′

anivers`rio; e recebia o principe de Gales para a inaugura95o da municipalidade de Halifax. Nessas residencias, a vida priva―

da cra insepar`vel da p`blica,e tinha fung6es reconhecidas,por 冊

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`:胤

fttλ 響

i」淵



tttSfli器

n`vel que os Akroyds nlandassem constnlir uma grandiosa esca‐ daria pintada com cenas cl`ssicas da rnitologia, uma sala de

banquetes com pinturas,uma sala de jantar,uma bibliotca c um coniunto de nOve salas de recep95o,ou mesmo uma ala de empregados para vinte e cinco pessoas, somente para uso fanli‐

liar.4 0 fidalgo, em sua casa de campo, nao pOdia esquivar‐ se ao exercfcio do poder e da influencia, no seu condado, Inais

quc o magnata de neg6cios local,cm Bury ou cm Zwickauo Na verdade, enquanto morasse na cidade, por defini95o e imagem

da hierarquia social urbana, mesmo um membro mediano da burguesia dificillnente poderia deixar de indicar― ― ou melhori de sublinhar― ― o lugar que nela ocupava pela escolha de seu

endere9o ou, pelo menos, pela dirnensao de seu apartamento, pelo andar quc ocupava no ediffcio, pelo grau de servid5o de que poderia dispor e pelas fOrllnalidades de seu trato c inter‐

cambiO social. A fanlllia de um corretor de bolsa eduardiano, recordada mais tarde por uFn filho dissidente, era inferior aos

Forsyte porque sua casa nao tinha vista tao ampla para Ken‐

Quem 6 quem ou as incertezas da burguesia

237

sington Gardens,embora nao estivesse tao distante deste a ponto de perder s′ α′s. A estag5o londrina estava,lnas a mac``estava

“ cm casa" fo.1.lalmente, todas as tardes, e organizava recep9oes

a nOite com uma“ orquestra h`ngara"alugada nas Loias Uni‐ versais Whiteley;a16m disso,oferecia ou comparecia a iantares

∬E胞 ∫ ld:br:∬ 議 iFtt l∬ li;謝 菅 器 Ъ 『∫ ‖需 s′

α′s e daS exigencias sociais nao se podianl separar. “As classes in6dias do perfodo pr6‐ industrial,quc ascendiam

modestamente,eranl enl sua maior parte excluFdas de tais osten“ tag6es pelo seu s′ α′s sOCial infe五 or, se bem que respeitavel, “ puritanas ou pietistas, para n5o men‐ ou por suas convic9ocs

cionar os imperativos da acumula95o de capital. Foram a pros・ pe五 dade e o cresciinento econOnlico de meados do s6culo que as colocaram ao alcance do exit。 , ao mesmo tempo que lhes

irnpunham um estilo de vida modelado segundo o das antigas elites. Todavia, nesse momento de triunfo, quatro fatores estiⅢ

mularam a formagao de unl estilo de vida menos formal e mais genuinamente privado e privatizado. O priineiro deles,confo.11le Verificamos,foi a democratiza‐ s5o polftica,que solapou a influencia p`blica e polftica de todos

Os burgueses,exceto os mais ricos.Em alguns casos,a burguesia (em Sua maior parte liberal)fOi,de fato,for9ada a retirar… se completamente da polftica,donlinada por moviinentos de massas ou por massas de eleitores que se recusavam a lhe reconhecer a“ influencia",quando esta nao era dirigida diretamente contra ela.A cultura da Vienaノ

j“

Jθ SiacJθ ,conforme

j`se argumentou,

'鳥 Tポ Ъ ユ揮MI: 謂Ta糞 鞣市電 堂 ttt∬ 彙

ser aquilo que queriam ser ―― alemaes liberais ―― e que n5o encontrarianl muitos seguidores,lnesmo como burguesia liberal 脂 鼈 ∫肌 乱 総 :I施 :brLil『 欝 爛 壼 讐 総 「 comerciantes hanse`ticos― ―,6 a de uma burguesia que se retirou

da polftica. Os Cabot e Lowell, de Boston, embora longe de serenl expulsos da polftica nacional,perderam para os irlandeses se o controle polftico de sua cidade. Desde 1890, desmantelava¨ a paternalista ``cultura de fabrica" do norte da lnglaterra; era

uma cultura na qual os operirios podiam ser sindicalistas,lnas

A

238

θrα ごοs i“ Pι riο s

quc celebravanl o aniversttrio dos empregadores, cuias cores polfticas eram as suas. UIna das raz6es pelas quais emergiu o PartidO Trabalhista, ap6s 1900, 6 terem‐ se recusado os homens influentes dos distritos eleitorais da classe operdria, isto 6, a

burguesia local,a abrir m5o do direito de nomear os``not`veis" do local(ou Seja,gente igual a eles pr6prios)para O Parlamento e o conselho, na dё cada de 1890。 Se a burguesia reteve seu poder politico, daf em diante, foi por mobilizar influencia c nao seguldores.

O segundo fator foi um certo afrouxamento dos hames entre a burgucsia triunfante c os valores puritanos quc haviam sido anteriorrnente ta。 `teis para a acumula95o do capital, c Por meio dos quais a classc havia frequentemente se identifi‐ cado e cstabelecido a distancia quc a separava da ociosa e disso‐

tuta aristocracia e dos bebados e pregui9osos operdrioso Entre

a burguesia estabelecida o dinheiro l`haVia sido ganho.Poderia provir n5o diretamente de sua fonte,Inas de pagamentos regula‐

res recebidos mediante peda9os de papel que representavam .`investimentos", cuia natureza poderia ser obscura, mesmo quando nao se Originassem de alguma remota regi5o do globo, distantes dos condados ao redor de Londres. Freq■ entemente era herdado ou distribufdo aos filhos ociosos e as mulheres da

famflia. Grande parte da burguesia do final do s6culo XIX consistia na ``classe ociosa", nome inventado a esta altura por

um soci61ogo alnericano apartid`rio, de grande Originalidade,

7 E

Thorstein Veblen, que sobre ela escreveu uma “Teoria"。 mesmo aqueles quc ganhavam dinheiro nao precisavam dedicar a isso muito tempo,pelo menos no caso de o fazerem nos ban‐ COS(eurOpeus), naS finangas e nas especula96es. Na lnglaterra♪

em todos os caSOS, essas atividades deixavam bastante tempo para se Cultivar outros interesses, Em suma, gastar tornou‐ se pe10 menos tao ilnpOrtante quanto ganharo Na o era necessario gastar prodigamente como os ultra― ricos,dos quais efetivamente havia muitos, na bθ JJ` ιρο9″ θo Mesmo os relativamente menos Opulentos aprendiam a gastar para o pr6prio conforto e prazer。 C)terceiro fator foi o afrouxamento das estruturas da farnf‐

lia burguesa, rcfletida cm uma definida emancipa95o feminina

(que eXaminaremos no p“ 対mo capftulo)e o surgimento de grupos de idade situados cntre a adolescencia c o casamento

Quem

ё quem ou as incertezas da burguesia

259

como categoria separada c mais independente de“ iuventude'' quc, por sua vez, teve poderoso impacto nas artes e na litera‐

tura(Cfo Cap.9)。 As palavras“ iuventude"e“ modernidade" tornaranl‐ se as vezes quase intercambittveis; e se“

inodernidade''

significava algo,cra uma mudanga do gosto,da decoracao e do esti10. Estes dois aconteciinentos se tornaram visfveis durante a segunda metade do s6culo entre as classes m6dias estabelecidas,

e6bvios durante as duas`ltiinas dCcadas.Nao afetaram apenas aquela forma de lazer quc assunlira a forma de viagens e turis― mo ―― confo■ ...e o demonstra corretamente MO″ ′θ θ″t y`″ θzα

,

de Visconti,onde o grandc hotel de praia ou de montanha,que entrava cntao em sua fase glorioSa, era donlinado pela imagem

das mulheres quc hospedava ――, mas acentuaram grandemente O papel do lar burgues como cen`rio para a mulher. O quarto fator foi o substancial aumento do n`mero da“ queles que pertencianl,pretendiam pertencer ou quc aspiravam obsessivamente a fazer parte da burguesia; era o aumento, em

suma,da``classe m6dia"como um todo.Uma id6ia definida de um estilo de vida essenciallnente dom6stico era uma das cOisas que mantinham todos os seus membros iuntOS・

2 Ao mesmo tempo, a democratiza95o, a clevagao da classe operdria autoconsciente c a mobilizacao sOcial criavam um novo problema de identidade social para os que pertenciam ou desc‐ iaVam pertencer a uma ou outra camada dessas“ classes m6dias''. A definigao de“ burguesia"6 notoriarnente diffcil(cf.ス Erα αο Cα ′j`α J, cap. 3: 3 e 4), e nao fOi facilitada na medida em quc a democracia c a ascens5o dos moviinentos oper`rios indu‐ ziram aqueles que pertenciam a burgucsia(cuio nOme tornava‐ se

cada vez mais um palavr5o)a negar em p`blico a sua pr6pria existencia como classe, sen5o a existencia de todas as classes` Na Franca sustentava‐ se quc a Revolu95o havia abolido as clas―

ses; na lnglaterra, quc as classes, nao sendO castas fechadas, naO existianl; no campo cada vez mais ressoante da sociologia, quc a estrutura social e a estratifica95o eram demasiado corn_ plexas para tais simplifica"eS・ Na Am6rica.o perigo parecia

A crα ごοs i“ pι ′ わs

240

lesidir nao tantO na possibilidade de as massas se mobilizarem

como uma s6 classe,identificando seus exploradores como outra classe, Inas siin em quc, afirFnandO seu direito constitucional う igualdade, declarassem pertencer a classe m6dia diininuindo as vantagens(outras que n3o a dos irretorqufveis fatos da rique‐

Za)de Se pertencer a uma eliteo A sociologia, que como disci‐ plina acadenlica era um produto do perfodo de 1870‐ 1914,sofre ainda as conseqtiencias dos infind`veis e inconclusivos debates sobre classe e sι α s soCial, devido a predilec5o de seus prati‐ `“ cantes pela reclassificagao da populagaO dO mOdo que melhor convenha )s suas convic95es ideo16gicas,

A16m disso,cOnl a mobilidade social e o declinlo das hierar‐

quias tradicionais estabelecendo quem pertence ou n5o a um ``estrato mё dio"

ou “condic5o" social,Os liinites desta zona so‐ cial intermedi`ria(e da Sua 6rea interna)tornaram_se impre¨

cisoso Em paFses habituados as classificag6es mais antigas,como

a Alemanha,eram inferidas esmeradas distin"es entre um B“ gθ rr“ da burguesia,por sua vez dividido em Bθ s'′ zb“ ″ “ ““ na posse de propriedades,cem Bj′ d“ れgsb″ rgθ ″ ι ン″τ baseadO ,ba‐

r‐

gθ ″ ′

scadO no acesso ao s`α

,

s burgues por rnelo da educa95o supe‐

`″ θJs′ α α (“ COndicao m6dia"), abaiXO dO rior, a16m de um Mj′ ι “ precedente,o qual,por sua vez,olhava por ciina do ombro para jκ b″ rgθ ″ ″ 1, ou pequena burguesia。 (Dutras llnguas da O KJθ `“ siinpleslrlente manipulavam as categorias iin‐ Europa ocidental

precisas e mut`veis de uma burguesia/claSSe m6dia“ grande''

ou “superior", ``pequena" ou “inferior", entre as quais havia um espa9o ainda mais iinpreciso. ]De que modo determinar, por6m, quem poderia pretender fazer parte de qualquer uma destas categorias? A dificuldade b`sica residia na constante elevagao do n`me_ lo dos pretendentes ao s′ α s burgues,numa sociedade em que, `“ afinal, era a burguesia que formava o estrato social superior. Mesrno onde a antiga nobreza propriet`ria de terras n5o havia sido eliminada(cOmO na Am6rica)ou priVada de seus privi16‐

gioSご θノ″ θ (COmO na Franga republicana),seu perfil nos paFses

“ capitalistas desenvolvidos era nitidamente mais baixo, Mesmo na lnglaterra,onde conservara sua presenca polftica proenlinen‐

te c as maiores fortunas, durante as dё cadas de meados do sё

ctilo, cla dcclinavao Em 1858‐ 18791 dos nlilionarios ingleses

Quem 6 quem ou as incertezas da burguesia

241

quc morreranl, quatro quintos(117)ainda haviam sido pro‐ priet`rios de terras; em 1880‐ 1889, apenas pouco mais de um ter9o deles o haviam sido, c em 1900‐ 1914, cssa percentagem foi ainda mais baixa.8 0s aristocratas perfaziam a maioria cm quase todos os gabinetes ingleses,antes de 1895。 Ap6s esta data,

iamaiS O tOrnaram a ser.Os tftulos de nobreza estavam longe de ser desprezados, Inesmo em pafses quc oficiallnente n5o os reconheciarrl;americanos ricos,que n5o os podianl adquirir para si, compravanl‐ nos na Europa, com a maior presteza, por melo

de casamentos subsidiados para suas filhas. As m`quinas de costura Singer tornaranl‐ se a princesa dc Polignac, N5o obstan‐

te, rnesmo antigas monarquias profundamente enraizadas admi‐ tiam que dinheiro era um crit6rio de nobreza tao `til como o do sanguc azul。 O iinperador Guilherme II ``considerava dever seu,como governante,atender aos deseioS dOS milionう rios,em relacao as condecorac6es e patentes de nobreza; condicionava, por6■ 1,suas lnerces a doag6es de caridadc,nO interesse p`blico.

9 Bem o poderia

Talvez o influenciassem os modelos ingleses"。 crer o obseⅣ ador.DOs 159 pariatos criados na lnglaterra,entre

1901 o 1920 (onlitindo os conCedidos as fOrcas armadas), 66 forarn concedidos a homens de neg6cios,lnetade dos quais eram industriais; e a 34 profissionais liberais, dos quais a grande

maioria era de advogados; apenas vinte foram concedidos a propriet`rios de terras.10 Se a linha entre a burguesia c aristocracia cra imprecisa, os liinites entre a burguesia e seus inferiores estavam tambё

m

longe de ser claros.Isto nao afetava demasiadamente a``antiga" classe m6dia baixa ou pequena burguesia de arteSaos indepen‐ dentes,pequenos lojistas e seus semelhantes.A sua escala de operag6es os situava firIIlemente enl unl nfvel mais baixo e mesmo em oposicao a burguesia.O programa dos radicais fran― “o pc= ceses constava de uma s6rie de varia96es sobre o tema queno 6 belo": ``a palavra`petit'6 constantemente repetida nOs congressos do Partido Radical".1l Seus inilnigos eram“ Iθ s grο s" ―一 o grande capital, a grande indistria, a grande finanOa, os

grandes negociantes.Essa mesina atitude,corrl uma deforina95o direitista, nacionalista c anti‐ semita, e nao esquerdista e repu‐ blicana・ encontrava‐

se entre seus equivalentes alemacs, mais

pressionados pela irresistivel e r`pida industrializag5o desde a

ス θrα αOs '″ つ ριriOヽ

242 dё

cada de 1870, ヽ7isto do alto, nao apenas sua pequcnez mas,

s mais dc igual modO, suas ocupac6es os exclufam de um srα elevado,a nao ser quando,cxcepciOnalinentet a diinens5o`夕 de sua fortuna obliterasse a mem6ria de sua origemo Ainda assim, a ilnpressionante transforrnacao do sistema distributivo, especial‐

mente da d6cada de 1880 1ヽ m diante, tornava necessirias algu‐ mas revis6cs,A palavra `'merceeiro"traz ainda uma conota9ab de desprezo entre as classes m6dias altas, mas na lnglaterra

desta 6poca um homenl como Sir lohn Lipton(que ganhOu seu dinheiro com pacotes de ch五 ),Lο rご Leverhullne(quc o ganhOu corn sab5o),Ouん οrノ Vesttey(que O ganhou corn carne conge‐ lada), adquirialn tftulos e iates a vapor. Todavia, a dificuldade real surgiu com a enormc expans50 dO setor terci`rio一 ― o dos empregos ern escrit6rios p`blicos c privados一 ―,isto c o de um

trabalho quc era tanto claramente subalternO como remunerado

mediante ordenados(meSmO se chamados de``recompensa''*), mas quc era, de igual modo, n3o‐ lnanual e baseado em qualifi‐ cac6es cducacionais, apesar de relativamente modestas; c, aci‐

ma de tudoo realizado por homens, Ou meslno por algumas mulherest a maioria das quais l・ ecusava― se especificamente a con‐ SideraF‐

Se parte da classc operdria c aspirava, nao rarO cOm

iinensos sacriffcios matel・ iais, ao estilo de vida c a l,cspeitabili‐

dade da classe m6diao A linha entre eSta nova ``classe m6dia

baixa"de“ empregados"(ス ″gθ θrrrθ ,ar7,ρ Jο yιs)c OS mais altos s′

estratos profissionais,ou nlesnlo dos executivos e gercntes assa‐ lariados dos gl・ alldes neg6cios、

levantavalm problemas novos.

Deixando dc lado estas novas classes lnё dias baixas,torna‐ va― se claro quc aumentava rapidamentc o n`mero de novos can― 夕s da classe didatos a classe m6dia, ou de aspirantes ao sι αι

m6dia, o que propunha problemas priticos de demarcag5o c defini95o,dificultados ainda pela incertcza dos crit6rios te6ricos relativos a cssas defini95es. Aquilo que COnstitufa “a burgue―

sia" scmpre foi mais diffcil de deternlinar do quc aquilo que, em teoria, definia a nobreza (pOr exemplo, nasciinento, tftulos

heredit`rios, propriedade de terras)ou a Classe oper`ria (por Erα ごο exemplo,o sal`rio c o trabalho manual).Todavia(cf,ス * Sα ′ gθ s, significa pagamento l.egular αriθ s ern ingles. A difcl・ cn9a cle lソ θ

para trabalho nao_manual ou mecanic。 。(Ne da T,)

243

Quem 6 quem ou as incertezas da burguesia

ι Cα ρj′ α o cap。

13),os crit6rios de meados do s6culo XIX eraln

Si亀

i胤 ∬

二鷲 :聟 :'品 』晰 utts,Ftta瑠 器



61:sp憮



inclufdos sob o mesmo tftulo, para fins de arrecadagaO de im_ posto de renda,na lnglaterrao No entanto,diante das mudangas aciina referidas, estes crit6rios tornaralln‐

se muito menos `teis

para distinguir os IIlembros da burguesia``real"― ― econonlica‐ mente,lnas acilna de tudo socialinente― ―na COnSideravel lnassa das``classes in6dias",para nao lmenciOnar o grupo,ainda FnaiOr, forlnado por aqueles quc aspiravam a tal s′ α so Nem todos `“ possufam capital; mas nao o possuFanl, de igual modo (pelo

menos inicialmente),muitOS homens de s`α ιs burgues incOntes‐ “ te,quc o havianl substituFdo pela educa95o superior como recur‐ gsb″ ′ ″ 2): Seu nimero aumentava subs‐ rgθ ″ ″ α sO inicial(Bj′ “ “ tanciallnente.(D n`mero de m6dicos, na Franca, que era mais

Ou menos est`vel entre 1866 e 1886, aumentara para 20.000 por volta de 1911; na lnglaterra, o n`mero de m6dicos elevou″

:1撒 ]詭 ::悩L:::fr‖ 留11こ 1胤 鮒Ъ 11:1::° ∫

lL諄 ettd:λ『 鮒譜 晨蹴lぷ電 ∬ 嘲 e鳳 ′ 柵 L:鷺 ‰l珊 ∬留麟 i∬ 乳:Ililな 毬 g脚 ttT電 ittTlt器 鯖Ъ :棚 η胤 鴨 1駄 『 :1::llil:1ll鷲

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1lFSmente nao se aplicava mais aos

宙靴札fttl∬W・撚∬瞥l∬ 糧認器 電 認 』 υ i∬ 驚l肥 鳳F鳳 :li驚 観i,憮 鯖 ヒ na me品 :塩

溜糞 雲 霧喝a∬欄i翌 竃n轟鮒

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」 F席 ∬

244

ス ara αοs i″ ρごrios

famflias no processo de elevar‐ se sociallnente", c a burguesia,

cm pessoas que“ ha宙 am chegado"― ― seia no pOntO mais alto ou em algum plat6 convencionallnente definido。 14 TaiS instan‐ taneos, contudo, dificilmente apresentarianl uma iinagelll ade¨

quada de um prOcessc em moviinento, que s6 poderia ser sur‐ preendido pelo equivalente socio16gico daquela recente invengaO, o fillne, ou fotografia em moviinento。

Os

“novos estratos so‐

ciais",cuiO advento Gambetta considerava o conte`do essen‐ cial do regiine da Terceira Rep`blica francesa ―― e pensava,

sem d`vida,em homens semelhantes a ele pr6prio, quc abriam seu carninhO para ganhar influencia e renda sem neg6cios nem

propriedades, mas por meiO da polftica democr`tica ――,

na。

cessavam de se mover, meslmo quando, reconhecidamente, ha‐

viam “chegado"。 15 1nVersamente, cssa “chegada" n5o mudaria o cardter da burguesia? A qualidade de membro desta classe

poderia ser negada aos pertencentes a segunda Ou a terceira gera95o,que levavam vida ociosa,apoiados na fortuna da farnf‐ Ha e que, as vezes, reagiam contra os valores e as atiVidades que constitu`anl, ainda, a essencia de sua classe?

Estes problemas,na 6poca de que tratamos,nao concernem ao econonlista.Uina econonlia baseada na iniciativa privada vol‐

tada para o lucro,tal comO a que,inquestionavellnente,donlinou os paFses desenvolvidos do Ocidente, nao exige analistas para especular sobre quais sao exatamente os indivfduos que consti‐

tuem a``burguesia".Do ponto de vista do econonlista O prfncipe

Henckel von Donnersmarck, o segundo homern mais rico da Alemanha imperial(ap6s Krupp),era funcionalmente um capi‐ ralista, visto que nove d6cit■ os de sua renda provinhanl de propriedade de nlinas de carvao,de a95es de bancos e indistrias,

sociedade enl empreendiinentos imobili`rios,para nao menciOnar

os 12 a 15 milh6es de marcos de rendimentos em iuros.POr outro lado,para o soci61ogo e O historiador,os`α

s do principe `“ como aristocrata heredit`rio est` longe de ser irrelevante。 (D problema em definir a burguesia comO gr“ Pο ごθ 力ο θ ″sθ “ ““ J力 θ rθ s, c a linha divis6五 a quc a separa das ``classes m6dias “ “ baixas", portanto, nao encOntra supOrte direto na andlise do

desenvolviinento do capitalismo, nesta fasc(eXCeto para os que creem quc o sistema depende das motivag6es pessoais dos indi‐

Quem

ё quem ou as incertezas da burguesia

245

vfduos,como empreMrios particulares*)embOra,naturalmente, reflita mudancas estruturais na econornia capitalista e possa cs¨

clarecer suas fomas de organizacao,

3 Estabelecer criterios identificaveis era, portanto, urgente

para os entaO membros, reais ou virtuais, da burguesia ou da classe m6dia e particula....ente para aqueles cuio dinheiro,por

ys seguro si s6, nao seria suficiente para a compra de um sι α′ de respeitO e privil`gio para si e para sua descendenciao TreS modos de estabelecer esse pertenciinento adquiriram grande inl‐ portancia no perfodo― ― pelo menos em paFses em quc i`Surgia * Todos exi… alguma incerteza enl relagao a``quem era quenl".ホ

giam que se preenchessenl duas condi96es: claramente os membros da classe m6dia dos rias, dos camponeses e de outros ocupados nuais, e deviam apresentar uma hierarquia

devianl distinguir das classes oper`‐ enl trabalhos ma‐ de exclusividade,

sem afastar a possibilidade de o candidato galgar os degraus da escadaria social.l'In estilo de vida c uma cultura de classe mё

dia

cra um destes crit6rios; uma atividade ociosa c especialmente a

nova inveng5o, o esporte, era outro; mas o principal indicador do pertenciinento de classe crescentemente veio a ser, e ficou sendo, a educag5o formal. Sua fung5o mais importante n5o era utiHtaria, a deSpeito dos retornos financeiros potenciais a uma inteligencia treinada

c ao conheciinento especializado em uma era baseada, crescen¨ temente,na tecnologia cientffica,nao obstante tal educag5o abrir um pouco mais amplamente as carreiras a meritocracia do talen‐ * Houvc, na verdade, pensadores que argumentavam que a burocrati‐ za95o, o aumento da ilnpopularidade dos valores empresariais e outros fatores como esses solapariam o papel do empresdrio particular e, por

meio deste,o do capitalismoo Max Weber e JOSeph Schumpeter eram dessa opini5o, entrc seus contemporancos. ・ A publica95o de obras de referencia sobre pessoas de s′ α′s no paFs ・ ――distintamente dos guias ao parentesco de falnflias reais e de“nobres, l tais como o Ar“ α α9“θdθ GO′ みα …… come9ou nessa 6poca, 0 0“ θη “ foi talvez o pri:neiro. ごQ“ θ″2 ingles (1897)

A

246

θrα αοs i“ ριriOs

10, CSpecialinente na pr6pria indistria educacional, quc sc cxpandia, O que contava era a demonstragaO de quc os adoles‐ centes tinhaFn COndi96es de adiar a tarefa de ganhar a vida. 0 conte`do da educacao era sccundづ rio c, na realidade, o valo■ vocacional do grego e do latiin, que tanto absorviam o tempo dos lneninos da``escola p`blica"na lnglaterra,ou o da filosofia, das das letras,da hist6ria e da geografia,que preenchiam 779る horas nos Jッειθs franceses(1890), era desprezfvelo Ⅳresmo na 2α ‐ Pr`ssia,cuia mentalidade era t5o pratica,。 s cl`ssicos Gy“ ′ siθ れ,ern 1885,continham quasc tres vezes o n`mero de alunos θれ,mais ``Inodernos'' quc os Rθ αJgy“ れαsiθ れ e as Obθ r― Rθ αlsc力 ′ “ CuStO de oferecer e de mentalidade mais tё cnica.A16m disso,o

a uma crianca tal educacao era, pOr si, um distintivo social. Um funciondrio prussiano, que o calculou conl meticulosidade germanica, gastou 310/o de sua renda com a educag5o de seus tres filhos, durante um perfodo de trinta c um anos.16

A educacao formal, preferivellnente coroada por algum diploma,havia sido,at6 esse momento,irrelevante para a cleva‐ 95。

a burguesia, cxceto no caso das profiss6es cultas dentro e

fOra dos servi9os p`blicos,enl cujo treinamento consistia a prin‐

cipal funcaO das universidades, ao qual acrescentavam um anl‐ biente convldativo para a bebida, a devassld5o e as atlvldades esportivas dos ioVens cavalheiros,para os quals os exames reals

eram absolutamente senl importanciao Poucos homens de neg6‐ ciOs do sё culo XIX eram formados em alguma coisao A pο

ごε力″ ′

Jy‐

θfrancesa da 6poca n5o constitufa atra95o especial para

'9“ burguesa.Unl banqucirO alem5o,ao aconselhar um indus‐ a elite

trial incipiente em 1884,reieitOu a teoria c a instru95o univer‐ sitiria,considerando‐ as meramente``unl lneio de gozar as horas

de repouso, como um charuto depois do allno9o". Aconselhou a entrada iinediata para neg6cios pr6ticos, a busca de um res‐

paldo financeiro, a observac5o do que se passava nos EUA c O ganho da experiencia, deixandO a instrugao superiOr aos .`t6cnicos cientificamente treinados" que teriam utilidade para

os empres`rios.Do ponto de vista dos neg6cios isto era siinples senso comunl, apesar de nao satisfazer os quadros tё cnicos. Os

engenheiros alemaes exigianl,nao sem amargura,``posicaO sOcial condizente com a significancia do engenheiro, na vida".17

Quem ёquem

247

Ou asince■ ezas da burguesia

A insm9五 〇 escolar oferecia,acima de tudo,um bilhcte de en― trada para as faixas II16dias e superlores reconhecldas da socledade c un■

n■

elo de socializar aqueles quc eram adnlltidos,dc modo a

distingui-los das ordcns inferioreso A pr6pria idade l■ 直壼ヒna em quc

se deixava a cscola,para esse tipO de ingresso一

cerca de 16 anos

―― garantia aos rapazes,em alguns pafscs onde ha宙 a alistamento miutar,a classiflca9五 o colrlo o「lcial em potencialo Cresccntemente,

a educa9五o seCundttria at6 a idade de 18 ou 19 anos tornava― se habitual nas classes ln6dias;e cra normahente seguida de educa― 95o universitttria ou de treinamcnto proflssional superior.Os n`me―

ros rcferentcs a lsso pcmaneceram baixos,embora aumcntassem llm pouco no caso da educa9五 o secundttria c,de modo maisimpres‐

sionante,no caso da cduca95o superior.Entre 1875 e 1912,o nu― dos estudantes mero dos estudantes alemaes inais que tripucou,。 franceses(1875… 1910)mais que quadruphcou.Toda宙 a,ainda em 1910,rnenos de 3%das faixas ettias situadas entre os 12 o os 19

anos freqientavanl escolas secllndirias(77.500 ao todo)c apenas

猛棚 肌 鑑ご 凛雷131蹴誌∫

9器

lttW置

entrou para a Primelra Guerra Mundial com uma tropa de cerca dc 120。 000

45 anos。

oflcials da reserva,ou cerca de l%dos homens entre 20 e 9

Por rrlals rnodestos que■ 鋭scn■ ,esses rlllmers cratn lllulto supe― riores a dima.ao habitual das classes do― antcs rnals antigas― ―por

cxemplo,1お 7.000 pessoas quc enl 1870 detinhaln 80%de toda a terra de prop五 edade privada,na hglaterra,para nao mcncionar as cerca de 700 famflia que constituFam o pariato ingl∝ .Eranl certa― mente demasiado grandes para a fo.1..a9五 〇 daquelas redes infor‐ mais e pessoais,por ineio das quais a burguesia do infcio do s6culo

測 X corlscguirla csmturar‐ se;e isto,em parte,por cstar a econo‐

mia altatrlente loolizada c elll pre porquc os po6 111mOnd己 鳴 rcligiosos e 6ncos,que descnvdveratn amidade ncciJ pelo caplta―

limO CprOtestantes hoesen―Ct uni面 鳴 greg鳴 ル(hsam面

o,

ongmaram rcdes deヽ mun1l lealdade, de parentesco, c detrm9誅

comcrciais que se cstenderatn por palscs,contincntes e oceanos

248 inteiros。

Aθ ″ ″οs

i“ pι rゎ s

* No pr6prio tOpO da ccOnonlia nacional e internacio‐

nal essas redes ainda operavam, uma vez quc o n`mero de pessoas envolvidas era diminutO c alguns tipos de neg6cios,cs_ peciallnente bancOs e financas, cOncentravanl‐ se cada vez mais num punhadO de centros financeiros(geralinente nas pr6prias capitais das na96es‐ Estado mais importantes)。 Por volta de 190o,

a comunidade dOs bancos ingleses, que controlava de fat0 0s neg6cios financeiros dO mundO, cOnsistia em algumas dezenas

de farnfHas que moravam numa pequena ttrea de Londres, que se cOnhecianl entre si,freqtentavan1 0s ineslllos clubeS e cfrculos sociais e ligavam‐ se atrav6s de casamentos。 20 A associagao d。

a9o do Reno‐ Westf`lia, que se cOmpunha da maiOria da indis_ tria do a9o alema,consistia em 28 empresas. C)inaior de todos os trustes,a United states Steel,foi fO...lado por um punhaao de hOmens em cOnversas info..1lais; e finalinente concretizado durante jantares e jOgos de golfe.

A grande burguesia genuFna, antiga ou recente, naO tinha, portanto, grandes dificuldades para se organizar comO cHte, j6 que podia utilizar m6tOdos muitO semelhantes aos da aristocra‐

cia,Ou mesmo― ― comO na lnglaterra― ―,Os p“ prios

mecanis‐

mos destao Na realidade,sempre que possfvel,seu objet市 o era, cada vez mais, O de coroar O exito comercial pela entrada na classe nobre, pe10 menos por meiO dOs seus filhOs e filhas, se

nao por meio de um esti10 de vida a五 stocrttticOo E um errO considerar issO uma silnples abdicacaO dos va10res burgueses perante antigos va10res aristocrdticos. Para comecar, a sociali‐

zagaO por meiO de escOlas de elite(ou outras)fOra n50 menos irnportante para a aristocracia tradiciOnal dO que para a burgue¨

siao Na medida em quc essa sOciaHzag50 adquiriu iinportancia, como nas ``escOlas piblicas"inglesas, assilnilou os valores aris‐

tocr`ticos em unl sistema moral destinado a uma sociedade bur‐

guesa e para seus servi9os p`blicos. A16m disso, O teSte dOs * As razOes de tais afinidades foram bastante discutidas, notadamente nessa 6poca, por cstudiOsOs alem5es, por exemp10, Max weber e Wer‐ qtt Plr,′ e mdo qua耐 0∝ ∞s grupos 95° 踊驚澪電∬ t:普 鳳 ∬ 号寵oconsciente de minoria __ O fat0 6

Sl 朧1::∬ rli脚 T∫ e:蹴露 h蹴 。 l躙 :Q:l甕 酬 ciantes e de manufatureiros. :Stt°

l葛 :

Quem 6 quem ou as incertezas da burguesia

valores aristocriticos tornava‐

249

sc agora, c cada vez mais, um

estilo de vida dissoluto e dispendioso que exigia acilna de tudo Jj″ Й じj″ ο, vieSSe de onde viesse. O dinheiro,portanto,tornou‐ se seu crit6rio。 (D aristocrata proprietirio de terras, genuinamente

tradicional, na medida em que n5o conseguia manter tal estilo de vida e as atividades a este associadas,isolava‐

se nunl mundo

provinciano em desapareciinento,ainda leal e altivo mas social¨

矛 1鍔

Se鍵

Tte柵 ‰双 ∫ 群器 ∬

B:l場 :勝 F品 r dO antigo Brandemburgo. A grande burguesia utilizava ′れたθ “rrlecanisinos da aristocracia como o faria com qualquer esco‐ os lha de elite, para os seus pr6prios fins. O verdadeiro teste das escolas e universidades,como agen‐

cias socializadoras, era para aqueles quc galgavanl a escada

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de Cambridge e o filho deste, via Eton e King's Conege, n。

economista lohn Maynard Keynes,tao ob宙 amente membro de uma elite polida e segura de si quc ainda nos espantamos ao pensar no ambiente da infancia de sua mac,entre taberndculos batistas provincianos― ― e todavia ele foi, at6 o fiin, um altivo membro de sua classe,a qualっ mais tarde, chamou de ``burguc‐

sia educada".21 N5o ad■ lira quc a esp6cie de escolaridade que oferecia o s`α ′s burgues, prOv6vel ou certo, exPandiu‐ se para atender ao “ aumento do n`mero dos que haviam adquirido fortuna, por6m nao s′ α′s(COmO vov6 Keynes); para aqueles cuio S′ αιS bur‐ “ Sttl糧 預

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filhos dos profissionais mais liberallnente remunerados e para uma multidaO de pais menos “respeitiveis", ambiciosos em relag5o a seus filhos. IDesenvolveu‐

se, pois, a educagao secunⅢ

d`ria,principal p6rtal de entrada. O n`mero dos alunos multi‐ plicou‐ se por algo situado entre dois(B61gica,Franga,Noruega, PaFses Baixos)e cincO(Itilia). O n`merO dos estudantes, nas

universidades que lhes ofereciam a garantia de se tornarem membros das classes m6dias, quase triplicou na maioria dos paFses curopeus, entre finais da d6cada de 1870 o o ano de 1913。

(Durante as decadas precedentes permanecera relativa―

A

θra αοs′ ″p″ jぃ

mente est`vel.)]De fato,por volta da d6cada de 1880,os obser― vadores alemaes preOcuparanl‐ se com a adFniSS5o )s universi‐ dades de mais estudantes do quc os setores econOnlicos da classe

m6dia podiam acomodar. O problema da``genuFna classe in6dia alta"一

―ou,digamos,

dOs sessenta c oito``grandes industriais" que, de 1895 a 1907, Se iuntaram aos cinco itt instalados na mais elevada classe de

contribuintes,cm Bochum(Alemanha)2-era o fato de uma t5o generalizada expans5o educacional j`n5o oferecer emblemas de s`α ′ ″s suficientemente exclusivoso Ao mesmo tempo, no en‐ tanto, a grande burguesia n5o podia separar‐ se formalinente de seus inferiores, pois suas estruturas precisavanl manter_se abcrぃ

tas a novos membros 一 uma vez que esta era a natureza de scu ser一― e porquc precisavam mobilizar,ou pelo lnenos conci‐ liar, as classes m6dias c as inferiores, a fiin de enfrentar as classes operarias,semprc mais mobilizadas.Daf a insistencia dOs Observadores n5o‐ socialistas de que a

“classe m6dia" nao

s6crescia mas adquiria enorme dimens50.O temfvel Gustav von Schlnooller, maioral dos econornistas alemaes, achava quc a classe mё dia perfazia um quarto da populag5o,23 maS nisto inclufa n3o s6 os novos``funcion`rios,gerentes e tё cnicos, rece‐ bendo bons porё rn moderados sal`rios", mas tambё m Os capa‐

tazes e operdrios quaHficados. Sombart, de igual modo, ava‐ liava a classe m6dia em 12,5 nlilh6es, contra 35 rnilh6es de oper6rios,24 Esses eram essenciallnente c`lculos de eleitores po‐ tencialrnente anti‐ socialistas. Uina avalia95o generosa dificilmen‐

te ultrapassaria os 300 nlil, considerados como perfazendo o

∫ `p`blico investidor" de fins da cra vitoriana e da era eduar‐

diana,na lnglaterra.25 Em qualquer caso,os pr6prios rnembros das classes m6dias estavanl longe de abrir os bra9os as ordens inferiores,ainda quando estes usassern colarinho c gravata. Urn observador ingles, mais caracteristicalnente, tratava sumaria‐

mente as classes mёdias inferiores como pertencentes, com os operttrios, ao “mundo das escolas elementares".26

No interior dos sistemas em que a entrada era aberta,por‐ tanto, tinham de ser estabelecidos cfrculos de exclusividade in‐

forrnal, mas definitiva. Isto era mais ficil num pa(s como a rnglaterra, que n5o tinha educagaO priln`ria p`blica at6 1870 (e a frcqilencia a cscola n3o viria a ser compuls6ria senao dai

251

Quem 6 quem ou as incertezas da burguesia

a vinte anos), nem educacao secund`ria p`blica at6 1902 nem qualquer tipo de educa"O universitaria significativa fora das

S服

盤 I「 驚 ∴ 脳 :η冨 露 電i駆 鳳 cas",foranl fundadas para a classe in6dia de 1840 em dianteo Sc‐

:轟 £守 ilぷ麗

guiam o modelo das nove antigas funda96es,reconhecidas como tais em 1870 ej`servindo de viveiro para a nobreza c os grandes

propriet6rios, especiallnente Eton. Em principios da d6cada de 1900 havianl‐ se cxpandido e formavam uma lista de cerca de

64 at6 160 escolas― ― dependendo do seu grau de exclusividade c esnobismo― ―,relativamente dispendiosas,que pretendiam tal s`α ′ ″s

e treinavam deliberadamente scus alunos para serem menl‐

bros da classe dollninante。

燎蹴 蹴 '∬

27 unl grupo de escolas secund6rias par‐

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蹴』 ご 賞 常胤 鷺:3徹 S滉

farnflias ricas, para o polimento final das universidades parti‐ culares de elite.

Dentro destas,como dentro do grande corpo dos estudantes universit`rios alemacs,grupos ainda mais exclusivos eranl recru‐

婿i



s6culo XIX eranl,portanto,uma estranha combina95o de socic‐ dades fechadas mas educacionallnente abertas: abertas, por ser a entrada franqucada em virtude do dinheiro, ou mesrno (por melo de bolsas de cstudos e outras providencias destinadas a

estudantes pobres)do m6ritO,mas fechadas,na medida em quc era claramente dado a entender quc alguns cfrculos eratFI COnSi‐ deravellnente mais iguais quc outros. A cxclusividade era pura‐ mente social. Os estudantes do κοrps alem5o, muito dados a

cerveia e CheiOS de cicatrizes,duelavam a fim de prOvar quc eram(aO cOntr`rio das ordens inferiores)sα raた ″s″ 力な,Ou `お

`:ο

* O sistema escoces era bem mais abrangente, mas os diplomados esco‐

電 ∫ 駕 :鮒 Ⅷr置翼 監 :FTЪ ttЪ :]嘲『肌翼 篤T∬ ∫

O pai de Keynes, ap6s obter seu diploma ern Londres. ・ ・ Sociedades estudantis americanas cuiO nOme 6 formado por uma com‐ た Iθ ι rθ r frα rθ r“ iry。 (N.da T.) No original,grθ θ bina。 5o de letras gregas・

Aθ ″

252

ごOs i“ Pび rios

melhor, quc eram cavalheiros e n5o plebeus.As sutis grada95es de s′ α′s,

nas escolas particulares ingicsas, eram estabelecidas

“ por aquelas que se dispunham a entrar em competi96es espor‐ tivas,contra outras― ― ou melhor,que tinhanl i.1..as cOm possi‐

bilidades de ser parceiras convenientes para um casamento。

(D

grupo das universidades americanas de elite, pelo menos no Leste, era efetivamente definidO pela exclusividade social do esporte:na rソ y Lθ αg“ θ′elas iOgavam umas contra as outras.

Para aqueles que ascendiam a grande burguesia,csses me‐ canismos de soCializacaO garantianl inquestionavelmente a qua‐

lidade de membro para seus filhos.A educag5o acadenlica para as filhas era opcional,e fora dOs cfrculos liberais e progressistas

n5o era garantida. Apresentava, por6■ 1, vantagens pr`ticas defi‐ nidas. A instituicaO dos “antigos camaradas"(AJι ι ″θ″θ αJ“ ″j)que Se desenvolvem rapidamente desde a d6cada de“ “ demonstrava quc os produtos de um estabelecirnento 1870,

educacional fo.11lavam uina rede que poderia ser nacional ou mesmo internaclonal,mas que ao mesmo tempo ligava as gera‐ c6es mais novas as mais velhas. Em suma, oferecia coes5o so‐ cial a um grupo heterogeneo de recrutas.Tamb6m aqui o espor‐ te proporcionava boa parte do elemento fo...lal de ligagao. POr

meios tais,uma escola,um co16gio,um KOrps ou uma fraterni‐

dade― ― revisitados e com frequencia financiados por seus anti‐ gos alunOs― ―formava uma esp6cie de mttfia potencial(“ amigOS de arnigos")para aux■ io mituo, que nao era menOr nos neg6‐ ciosi c, por sua vez, a rede dessas “extens6es familiares" de pessoas presunlivellnente de s′α′s social e econOnlico equiva‐ lente oferecia um entrelacamento “ de contatos potenciais a16m do alcance dos parentes ou dos neg6cios FegiOnais ou locaiso Nas palavras do guia as fraternidades colegiais americanas,ao obser‐ var o enorme cresciinento das associac6es de antigos alunos― ― Beta Theta Phi possufa capFtulos listando ex‐ alunos etr1 16 cida‐

des em 1889,inas l10 cm 1912-― ,elas formavam“ cfrculos de homens cultos que de outro modo nao se cOnhecerianl"。 28 0 potencial prdtico de tais redes,nunl mundo de neg6cios nacionais e internacionais, pode ser indicado pelo fato de uma dessas fraternidades norte‐ americanas(a Delta Kappa Epsilon) gabar‐ se :′

de ter seis senadores,quarenta congressistas,um Cabot odge e ο Theodore Roosevelt,em 1889,ao passo que en■ 1912

Quem 6 quem ou as incertezas da burguesia

253

incluFa iguallnente dezoito banqueiros de Nova lorquc (inclu‐ SiVe lc Po MOrgan),■ OVe personagens abastados de Boston, tres

diretores da Standard C)il e pessOas de peso compar6vei no Melo‐ Oesteo

Nao seria decerto desvantaiosO para o futuro em‐

pres`rio de, digamos, Pcoria, submeter‐ se aos rigores da inicia‐

95o na Delta lKappa Epsilon.num co16gio apropriado e perten‐ cente a lvy Lcague. Tudo isso adquiria importancia econOnlica e social a medi_ da que se desenvolvia a concentra95o capitalista c atrofiava‐ se

a ind`stria puramente local ou mesmo regional, carecendo de

Hames com redes mais amplas, como foi o caso dos “bancos rurais" ingleses. TOdavia, conquanto o sistema de escolaridade formal e informal fosse conveniente para a elite econOnlica c social estabelecida, era essencial principalmente para os que deSeiavam fazer parte dela,ou ter sua“ chegada"a ela certifi‐ cada pela assinlilacao de seus filhos.A escola era a escada pela qua1 0s filhOs dOs membros mais modestos do estrato intertrle‐ di`rio passavam para o alto; pois at6 nos sistemas educacionais mais meritocr`ticos,poucos eram os filhos de verdadeiros canl‐

poneses,e menos ainda os de oper`rios.que passavam a16m dos degraus mais baixos.

4 A relat市 a facilidade com quc“ os dez mil do alto"(COmo vieram a ser chamadOs)sabiam estabelecer exclus市 idade n5o resolveu o problema dos cem lnil do alto, que preenchiam o

mal definido espa9o entre a gente superior e o populacho; e menos ainda o problema das benl lmais numerosas ``classes mё ‐ dias inferiores",n5o rarO situadas apenas por uFn fiO de cabelo (financeiramente falando)aCiina dos operdrios qualificados mais

bem pagos. Pertenciam certamente ao quc os observadores so‐

ciais ingleses chamavam de “classe quc tem empregados" ―― 299る da populacao,numa cidade provinciana como York.Ape‐

sar do fato de o n`mero dos empregados dom6sticos haver estacionado ou mesmo declinadO,de 1880 em diante,n5o tendo mantido, portanto, o mesmo ritmo de crescilnento quc o dos estratos m6dios, as aspira96es da classe m6dia ou mesmo da

254

A

θrα αOs,“ pιriOs

classe m6dia baixa eranl inconcebiveis sem empregados domё ticos,cxceto nos EUAo Nesta medida,a classe m6dia era ainda

uma classe de senhores(Cf.ス

Erα

s‐

ごοCapj′ αJ),Ou antes,de

senhoras,de iovenS mulheres trabalhadoraso Certamente,davanl aos filhOs e, cada vez mais, tamb6m as filhas,educa95o secun‐ d6ria, Na medida em que isso era para os homens uma quali‐ fica950 para o s′ α′s de oficial da reserva(ou ofiCiais``cavalhei‐ ros tempordrios"nos“exё rcitos de inassas da lnglaterra de 1914),

iguallnente os marcava como potenciais senhores de outros ho‐

mens,No entanto,um nimero crescentemente maior desses ho‐ mens j`n5o eram“ independentes"no sentido formal,mas rece‐ biam saldrios de seus empregadores, ainda quando estes eram

eufemisticamente chamados por algum outro nomeo Ao lado da antiga burguesia de empresarios, profissionais independentes e daqucles que reconheciam somente ordens de lDeus e do Estado. crescia agora a nova classe m6dia dos gerentes, executivos e peritos t6cnicos assalariados no capitalismo das grandes corpo‐ ra96es estatais e na alta tecnologia: era a burocracia p`blica c

privada,cuia ascens50 foi analisada por Max Weber.Ao lado, mas sobrepuiando a pequena burgucsia antiga,de artesaos inde_ pendentes e pequenos lojistas,surgia agora a nova pequena bur‐

guesia dos escrit6rios,loias C administra95o subalternao Eram estes,realinente,estratos numericamente muito amplos,c a gra‐ dual mudanca das atividades econ6rnicas prilndrias e secund五 ‐ rias para as tercittrias prometia aumentar sua diinens5o, Nos

EUA,em torno de 1900,eram itt mais numerosos quc a pr6pria classe operaria, embOra constitufsse cxcecao.

A nova classe m6dia c a classe m6dia baixa eram dema‐ siadO numerosas e, com freqtencia, demasiado insignificantes tomadas individualmente: seu meio ambiente era demasiado de‐ sestruturado c anOniino (espeCiallnente na cidade grande), c a

escala em quc a econonlia c a politica operavam era demasiado ampla para quc contassem como pessoas ou farnllias, como as gθ ο da``classe rn6dia alta"e as da``′ 被 ι bO“ ″ 7こ

"。

Sem d`vida,

`θ 'siθ1871 menos de sempre fora assiin numa grande cidade,Inas enl

5% dos alemacs mOravam em cidades de 100.000 ou mais habitantes,ao passo quc ellr1 1910 mais de 21% o faziamo Pro‐ gressivamente, portanto, as classes mё

dias eram identificadas l15o tanto como indivfduos``levados em conta"como tais e Siin

Quem e quem Ou as incertezas da burguesia

255

por meio de sinais coletivos de reconheciinento: pela educacao quc haviam recebido, pelo estilo de vida e por pr`ticas quc indicavam sua situacac aOs Outros, alias tao inidentific`veis, como indivfduos, quanto eles pr6prios. Para as classes m6dias reconhecidas, aqueles sinais norlnalinente envolviam uma co■

1‐

binag5o de rendiinentos e educa95o, bem como ccrta distancia visfvel das Origens populares,tais como as indicadas,por exenl‐

plo,pelo uso habitual da linguagem da cultura nacional padr5o e do sotaque indicador de classe,no relacionamento social com outros que n5o os inferioreso As classes m6dias baixas, antigas

e novas, eram claramente separadas e inferiores pelos “rendi‐ mentos insuficientes, mediocridade cultural e proxiinidade das origens populares".29 0 principal obietiVO da “nova" pequena burguesia era o de demarcar taO nitidamente quanto possfvel a distancia quc as separava das classes Oper`rias― ― obietivO que geralinente as inClinava para a direita radical, na polfticao Sua

forma de esnobismo era a reagaO. O grosso da classe m6dia ``s61ida"e incontest`vel nao era

numeroso: em princゎ ios da d6cada de 1900,menos de 4% das pessOas que morrianl, na lnglaterra, deixavam mais de 300 1ibras em propriedades(inClusive casas,In6veis,ctc。 ).TOda‐

via, ainda quc um rendiinento mais que confort`vel de classe 1。 000 1ibras por ano― ― tenha sido tal‐

m6dia ―― digamos 700‐

vez dez vezes superior a um bonl renditnento da classe operttria,

n5o se poderia comparar ao dos realinente ricos,para esquecer os super‐ ricoso Era enorlne o abisrno entre a classe m6dia supe‐

rior, estabelecida, reconhecida e pr6spera, c aquilo quc ent5o “plutocracia", que representava, segundo

veio a ser chamado

um observador dc fins da era vitoriana, ``a visivel obliteracao

da distincao cOnvencional entre os aristocratas de nascinlento e os do dinhelro". A segregacao residencial― ― mais que provttvel,nunl sub`r・ bio elegante ―― era u■ l modo de cstruturar essas massas endi‐

nheiradas comO grupamento social.A educacao,cOmo viinos,era outro.Ambos coniugaVam_se numa pr`tica que se instituciona‐ lizou,essenciallnente,durante o`ltimO quartel do velho s6culo: o esporte.FormalizadO enl torno destaこ poca na lnglaterra,que lhe ofereceu o modelo c o vocabulirio, alastrou‐ se cOmO um incendio aos demais paFses. Enl seu infcio, sua forIIla moderna

A

256

θraイοs,“ ″ιrわ s

foi assOciada cspeciallnente a classe m6dia e n50 necessaria‐ mente a classe alta,Os iOVens aristocratas poderiam experimen‐

tar, comO na lnglaterra, qualquer foma de proeza ffsica, mas o campo em que se especializavam era o dos exercfcios ligados a cquitacaO c a matanga, Ou pelo me■ os ao ataque aos aniinais e as pessoas: a caga, o tiro, a pesca, as corridas de cavalos, a

esgriina e coisas semelhantes. Efetivamente, na lnglaterra, a palavra “esporte" era originalinente restrlta a tais atividades, sendo os iogOS C COmpeti95es ffsicas(hOie chamados“ esporte"), classificadOs cOmO “passatempo". A burguesia, como sempre,

n5o apenas adotou cOmo transformou Os modos de vida dos nobres. Os aristocratas, caracteristicamente, tambё

m sc entrega‐

ram a fo...laS de atividade notavellnente dispendiosas,tais como o rec6nl‐

inventado autom6vel, que foi corretamente descrito na

Europa de 1905 como “b五 nquedO de rylilion6rios e meio de transporte das classes endinheiradas".31

0s novos esportes abriram calninho at6 a classe operaria, e, mesmo antes de 1914, alguns deles eram entusiasticamente praticados por oper`rios一 ― havia,na lnglaterra, talvez unl mi‐ lh5o de iogadOres de futebol― ― quc eram observados e Seguidos

com paix5o por grandes multid6es. Este fato incorporou ao esporte um crit6rio de classe pr6prio, o amadorisino, ou antes, a proibicao ou a estrita segrega95o da casta dos``profissionais".

Nenhum amador poderia distinguir‐ se de modo genuFno nos esportes, a n5o ser que pudesse dedicar a eles mais tempo do que os operdrios dispunhanl,exceto se fossem pagos. C)s espor‐ tes que se tornaram inais caracterfsticos das classes in6dias,cOmo

o tenis,。



gby,o futebol americano一 ′

ainda um iogo dOS ―― ou

estudantes de faculdade, apesar do esfor90 quc exige

os ainda nao desenvolvidos esportes de inverno,todos eles obsti‐

nadamente reieitaram O profissionalismo.O ideal do amado‐ rismo, que apresentava a vantagem adicional de reunir classe

m6dia e nobreza,foi entesourado llos logOS 01fmpicos,uma nova institui95o(1896)。

nasCida no c6rebro de unl frances adrni_

1'ador do sistema ingles de escolas p`blicas.quc havia sido cons‐

truFdo em torno de seus campos de iogOS.

Quc o esporte era considerado elemento irnportante na rorrnacao da nOva classe governante, segundo O modelo do t("″

77α r7 brilanico burgues treinado em escola p`blica, 6 evi¨ ′ ′ ど′

Quem 6 quem ou as incertezas da burguesia

257

dente,pelo papel das escolas aO introduzi¨ lo no cOntinente。 (Os

futuros clubes profissionais de futebol eranl, freqtentemente, tiines de fi.1.las inglesas expatriadas e de seus funciondrios。

)

Quc o esporte apresentava um aspecto patri6tico e at6 milita‐ rista 6 iguallnente claroo Mas serviu tamb6m para criar novos padr6es de vida e de coesao da classe m6dia。 ()tenis,inventado em 1875,rapidamente tomou‐ se o iogo perfeito dos sub`rbioS da classe lln6dia,ern grande parte por ser bissexual e por consё ‐ guinte oferecer unl lneio para os``filhos e filhas da grande clas‐

se m6dia" encontrarem parceiros n5o apresentados pela farnflia mas certamente de posicao social comparavel a deles.Enl suma, os esportes alargavam o estreito cfrculo de famflia c conhecidos, da classe m6dia e,por meio da rede de entrelacamento e intera‐

95o dos``clubes de tenis coln s6cios contribuintes",criavam um

abrangentes.“ A sala de visitas da casa nao tardOu a minguar e a tornar‐ se um

universo social fora das c61ulas dom6sticas auto‐

ponto insignificante",32 c)triunfO do tenis 6 inconcebfvel sem

a suburbanizacao c a prOgressiva emancipag5o da mulher da classe m6dia.O alpinismo e o novo esporte do ciclismo(que se tornou o priineiro esporte para espectadores de massa, da classe operaria,no continente), c OS nOvos esportes de inverno, precedidos da patinacaO,beneficiaraFn‐ Se tamb6■ 1,e substancial…

mente,da atrag5o entre os sexos: alids,desempenharam urn sig‐ nificativo papel na emancipac50 ferninina, por essa razao (ver adiante, pp. 288‐ 92).

Os clubes de golfe desempenhariam um papel iguallnente irnportante no mundo (anglo‐sax5o)masculinO de profissionais da classe mё dia c homens de neg6cios.Itt noS deparamos com um recente acordo de neg6cio conclufdo num campo de golfe, O potencial social deste iogo― 一 CuiaS partidas sao disputadas em extensas propriedades, dispendiosamellte construFdas e con‐

servadas por membros de clubes destinados a excluir, social e financeiramente, ёstranhos inaceitiveis ―― ilnpressionou as no‐

vas classes in6dias como uma s`bita revela95oo Antes de 1889,

havia apenas dois campos de golfe em toda Yorkshire (WeSt Riding); entre 1890 e 1895,foram abertos 29 deles.33 1De fato, a cxtraordindria rapidez com tlue todas as formas dc esporte

organizado conquistaram a sociedade burguesa, entre 1870 e os priineiros anos de 1900,sugere que o esporte preenchia uma

258

ハ θ″ αos J″ pび ″ os ノ

necessidade social consideravellnente malor quc a de exercicios

ao ar livreo Paradoxallnente,pelo menos na lnglaterra,um pro‐ letariado industrial e uma nova burgucsia, ou classe m6dia。

emergiram ao mesmo tempo como grupos autoconscientes, que se definiam um contra o outrO por meio de maneiras e estilos de vida e agao coletivao C)esporte,criacao da classe m6dia trans―

fOrmada em duas alas cOm 6bvia identifica95o de classe, consti‐ tuFa urn dos lnOdos mais importantes de realizar aquela defini95o、

5 Por conseguinte, tres iinpOrtantes tendencias marcaram socialinente as classes ln6dias das d6cadas que precederanl 1914.

Na extrernidade inferior, aumentou o n`mero daqueles que, de

algunl modo, reivindicavam a qualidade de membros do grupo interinedittrioo Eram os empregados n5o‐ lnanuais, que, a mar_ genl, distinguiam‐ se dos oper`rios―― que podiam ganhar tanto

quanto eles ―― apenas pela pretensa forrnalidade da roupa de trabalho (oS pr01etttrios de ``palet6 preto'' ou, como diziam os alemaes, “de colarinho duro'')e por unl pretenso estilo de vida de classe m6dia. Na extrenlidade superior, tornava‐ se iin‐ precisa a linha divis6ria entre empregadores, profissionais supe‐

riores, gerentes altamente colocadOs, executivos assalariados e

funciondrios graduados. Todos eles foram colocadOs num s6 grupo(de modO realistico),o da``classc I'',na ocasi5o em que o recenseamento ingles tentou pela priineira vez registrar a popu‐

lacaO pOr classes,Ao mesmo tempo, aumentava consideravel‐ mente a classe burguesa ociosa de homens e mulheres que vi‐ viam de lucros de segunda mao ―_ e ressoa o eco da tradicao puritana, atrav6s da classificagaO dO British lnland Revenue de “rendirnentos indё bit9s''。 Relativamente poucos burgueses ocupa‐ vanl‐ se agora enl realinente``ganhar dinheiro";inuito maior era o ac`mulo de lucrOs a sua dispOSi9ao,a ser distribuFdos entre seuS

parentes. Aciina de tudo, estava o grupo dos super‐ ricos, os

plutocratas.Afinal,ha宙 a li maiS de 4 mil milionttrios(em d61ares)nos EUA, no infcio da d6cada de 1890。 Para a maioria deles, as d6cadas precedentes h guerra fo‐

ram boas; para os mais favorecidOs, foram extraordinariamente

Quem 6 quem ou as incertezas da burguesia

259

generosas, A nova classe m6dia baixa recebeu bem pouco em terrnos materiais, pois seus rendilnentos n5o puderam exceder os do artes5o qualificado, embora medidos por ano e n5o por semana ou pOr dia; e os operttrios n5o precisavam gastar grande

coisa para``manter as aparencias".Entretanto,seu s′ α s situa‐ `″ va‐ os incontestavellnente acilna das massas trabalhadoraso Na

Jθ ‐ se gθ ″′ lnglaterra,os homens desta classe podiam at6 julgar‐ ′ πθ″′unl termo originalinente reservado aos grandes propriet`‐ rios de terra; na era da burguesia, todavia, foi drenado do seu conte`do social especffico e aberto para quem quer que, efeti‐ vamente,naO realizasse trabalho manual。 (Nunca foi usado para

os trabalhadores。 )A maioria achava que conseguira mais quc

SeuS Pais e esperava melhores perspectivas para seus filhOs,Isto, provavellnente, pouco contribufa para diininuir o senso de res‐

sentirnento iinpotente contra os quc lhes ficavam acima ou abaixo― ― o quc, aparentemente, era caracterfstico desta classe. Os pertencentes ao inconteste mundo da burguesia tinham, na verdade, muito pouco de que se qucixar, pois oferecia‐ se a quem quer que dispusesse de algumas centenas de libras ester‐ linas por ano一 ― o quc estava muito abaixo do liiniar dos ricos ―― uina vida excepcionallnente agradttvel, agora conduzida num estilo de vida excepcionalmente aprazfvel, O grande econonlista Marshall achava(jれ Prjれ ciρ :θ s οノEcOれ ο解たS)que um professor

poderia viver convenientemente cOm 500 1ibras por ano,34。 pi_ ni50 cOnfirmada por seu colega,o pai de lohn Maynard Keynes, quc conscguia poupar 400 1ibras por ano, tiradas de urn rendi‐

mento (sal`riO mais capital herdado)de l.000 1ibras, que lhe perrnitia ter casa forrada com papel de parede Morris,conl tres

empregados permanentes c uma governanta, tirando f6rias duas vezes por ano ―― urn mes na sufca custava ao casa1 68 1ibras em 1891 -― e entregar― sc as suas paix5es, que eram colecionar

se10s,cacar borboletas,estudar 16gica e,naturalmentc,iOgar 35 N5o havia dificuldadc em achar modos de gastar cem

g。 lfe。

vezes mais por ano e os ultra‐ ricos da bθ :Jθ epο 9“ θ ―― multi‐ Πliliondrios norte‐ americanos, grao‐ duques russos, magnatas do ouro sul… africanos c uFn SOrtilnento de financistas internacionais

一 apressavanl‐ sc a competir,gastando taO prOdigamente quanto podiamo Mas nao cra prcciso ser magnata para gozar alguinas

A

260

θrα dο s

'″ 2ρ び rios

saborosas do9uras desta vida;em 1896,por exemplo,unl servi9o

de iantar cOm 101 pecas,decorado com o pr6prio mOnograma do comprador,podia ser adquirido no vareio,em Londres,por menos de 5 1ibras.(Э grande hotel internacional, nascido das estradas de ferro enl rneados do sё culo, atingiu seu apogeu du‐

rante os vinte anos que precederarn 1914, Muitos deles trazem ainda o nome do mais famoso dos cozinheiros‐ chefes contempo― raneos: cё sar Ritzo Esses palicios podenl ter sido freqtentados pelos super‐ ricos, mas nao foram cOnstrufdos principalinente para eles, pois os super― ricos ainda construfam, ou alugavam,

suas pr6prias residencias palacianaso Estes hot6is visavam aos medianarnente ricos c cOmOdamente endinheirados, Lο rd Rose¨ bery iantava no novo Hotel Cecil,Inas nao O iantar_padrao de 6sみ j″ gs por cabecao At市 idades cuio obiet市 O eram os real‐ mente opulentos tinhanl scu pre9o marcado segundo outra esca‐ jJ′

la.Em 1909,um iOgO de tacos de golfe,com o saco,custaria uma libra csterlina e meia,cm Londres, ao passo que o pre9o bttsico de um novo carro Mercedes era 900 1ibras,(Lα グy Winl_ bornc e o filho possuFam dois deles e maiS dOiS Daiinlcr, tres Darracqs e dois Napiers。

)"

1914 viviam do Nao adFnira, portanto, que os anos prё ‐ folclore da burguesia como a era dos dias dourados.()u quc o tipo de classe ociosa que llllais atrafa a aten95o tenha sido a quc

sc entregava(para Citar novamente Veblen)ao “COnsumo cons‐ 夕s e fortuna,n5o tanto pfcuo"a filn de confirrnar o pr6prio ls′ αι em facc das ordens inferiores, denlasiado distantes, nas profun―

dezas, para ser notadas, lnas siin na competic5o com os outros

magnatas.A resposta dc I,P,MOrgan ao ser perguntado quanto custava manter urn iate(``Se VOCe tem de perguntar, 6 porque naO tem recursos para isso''),e a Observac5o dc lohn Do Rocke―

feller,igualmente ap6crifa,ao lhe contarem quc I.P,MOrgan deixara 80 ■lilh6es de d61ares ao morrer(``E todos n6s pens五 ‐

vamos que ele era rico''),indiCam a natureza do fenOmeno. Havia nluito disso naquelas dё cadas laminadas a ouro, quando

OS

α″ ε力α″グs de artc, como loseph Duveen, convenciam os “ biliondrios que apenas uma coleca O de antigos mestres poderia

s,quando nenhum merceeiro benl― sucedido esta―

selar‐ lhes o s`α

ria completo sem um inlenso iate c nenhum especulador dc `“

Qucm 6 quem ou as incertezas da burguesia

nlinas,sem um haras de cava10s de corrida・

261

um pa16cio no cain‐

pO (preferivellnente ingles)e uma Charneca com aves de caca ou quando a siinples quantidade c variedade de alilnentos des‐ perdicados― ― c,meslno.as quantidades consurnidas― ― durante

urn fiin de semana,da cra eduardiana, ultrapassa a imaginacao.

Na verdade,no entanto,conforme i`fiCOu sugerido,o maior grupo ocioso subsidiado por rendirnentos privados tomou, provavellnente,a forlna de atividades n5o lucrativas pelas espo‐ sas,filhos e filhas e,as vezes,outros parentes,das faFnllias bem

providas.Este foi,como veremos,urn elemento importante para a emancipa95o fenlinina (cf. Cap. 8): Virginia Woolf conside… rava``unl teto para si rllesrlla'',isto

ё,500 1ibras por ano,essen‐

cial para esse fiin; c a grande firma fabiana de Beatrice e Sidney

ヽ Vebb respaldava‐ se nas l.000 1ibras por ano que ela havia

eccbido por ocasi5o dc scu casamento. Boas causas, que iam desde campanhas pela paz c pela sobriedade, passando pelo l・

servigo social para os pobl・ Cs ―― esta foi a era dos “centros comunitttrios" nas favelas, feitos por ativistas de classe mё dia 一― at6 o amparo as artes n五 o‐ colnerciais,beneficiadas por traba― lho voluntdrio e subs(dios financeil・

os, A hist6ria da arte do

infcio do sこ culo XX cst6 repleta de tais subsfdios: a poesia de Rilke foi possivel pela generosidade de urn tio e de uma suces‐

s5o dc nobres senhoras: a pocsia de Stefan George e a critiCa social dc Karl Kratis,bem como a filosofia de Georg Lukttcs, pelos neg6cios da famflia,quc igualmente permitiram a Thomas Ⅳlann conccntrar― se na vida liter6ria,antes dela se tornar lucra… tiva, Nas palavras dc Eo M. Forstcr,outro beneficittrio dos ren‐ diinentos privados: ``Entravanl dividendos, erguianl‐ se sublimcs pensamentos''. Elcs a19avam¨ se para dentro e para fora de νj:ι αざ e apartamentos inobiliados pelas``artes e oficios",um movirllen‐ lo quc adaptava os nlё lodos do artes5o medieval, para aquelcs que podiaFl p〔 lgari c cnire falmflias``cultas'',para as quais,dado o accnlo o os i・

elldimcnlos accit6veis,Inesmo ocupac5es atё ent3o

de pouco l・ espcilo lornavam‐ sc o quc os alemaes chamavam jg(aceitttVeis na sala dc宙 sitas da famflia).Um pro― 、 α′ ο′ 7/α 力 cesso― ― c n5o o lllenOs Curioso― ― dessa classe mё dia ex‐ puri‐

tana foi a prestcza que dcmonstrou, no final do sё

culol e,m

262

Aθ ″ ごοs

i“ pび r,os

permitir que seus filhOs e filhas entrassem para o palco em carttter profissiOnal,o qual adquiriu todos os sfinbolos de reco‐

nheciinento p`blico.Afinal,Sir ThOmas Bcecham,herdeirO das Pflulas Beechanl, preferia passar O tempo como macstro profis‐

sional, tocandO Delius(filho do com6rcio de la de Bradford) c Mozart(quc nao gozOu de tais vantagens).

6 E, contudo, poderia a 6poca da burguesia triunfante flo‐ rescer, se amplas faixas dessa mesma burguesia envolviam‐ se

t5o pouco com a geragao da riqueza c tao rapidamente iam ゑ deriva, distanciando‐ se da 6tica puritana, dos valores do traba‐

lho e dO esfor9o, da acumula95o pela abstencao, pe10 dever e pela seriedade moral,valores estes que lhe ha宙 am foriadO a identidadc, a altivcz c a feroz energia? Conforme verificamos no capftulo 3,o medO― ― n5o, a vergonha一 ― de urn futuro de parasitas os perseguiam. 0 6cio,a cultura c o conforto estavam

muito bem.(A grosscira ostentag5o piblica da riqucza, pelo esbaniamentO e O luxo, ainda cra acolhida com considerivcl reserva, por uma gera95o que lia a Bfblia, que lhes recordava a adorac5o do bezerro de ouro.)Ⅳ 〔 as a classe que tornara seu o sё culo XIX, n50 estaria ela a sc afastar do pr6prio destino? Como combinaria cla, sc 6 quc o faria, Os valores do passado c os do presentc? Esse problema ainda cra dificilmente visfvei nos EUA,onde o empres6rio dinanlico n50 sentia,de modo discerniサ el, as pOn‐ tadas da incerteza,embora alguns se preocupassem colη rela95es p`blicas, Era entre as antigas famflias da Nova lnglaterra, dedi‐ cadas aOs servi9os profissionais c a um piblico universitttrio e

cultO,cOmO os lameS e Adams,que se encontravam homens e mulheres quc, positivamente, sentianl‐ se pouco a vontade na socledadc em que vlvlam。 (D maxlFnO que se pode dizer dos americanos 6 que alguns deles ganharam di‐

capitalistas norte‐

nheirO t50 depressa e ern quantidades de tal inOdO astron6rnicas

que, for90samente, se depararaln com o fatO de a acumula950 de capital,por si,nao ser ObietiVO adequado para a vida dc unl

Quem 6 quem ou as incertezas da burguesia

265

ser humano,lnesmo burgues.* Todavia, a maioria dos homens de neg6cios ■ortc― americanos n5o eram da classe do reconheci‐

damente fora dO cOmum Andrew Carnegieo Ele entregou 350 milh6es de d61ares a v`rias causas e pessoas excelentes, pelo mundo afora, sem que isso afetasse visivellnente seu estilo de vida,em Skibo Castle; ou da classe de Rockefeller, quc ilnitou o novo esquema de Carnegie, da fundagao filantr6pica, c que doaria mais dinheiro ainda,antes de sua morte,em 1937.Filan‐ tropia em tal escala, tal como as colec6es de arte, tinham a vantagem adicional retrospectiva de suavizar, face ao p`blico,

os contornos destes homens recordados por seus operdrios e rivais de neg6cios como ferozes predadores. Para a maioria da classe m6dia norte‐ americana, ficar rico ou, pelo menos, pros‐

perar ainda era o suficiente como obietivO de vida e iuStifica95o adequada para sua classe e civilizag5o,

Tampouco percebe‐se uma grande crise da autoconfianga burguesa, nos pequenos pafses ocidentais quc entravam ern sua 6poca de transfo.11lagao econornica

―― tal como os ``pilares da

sOciedade"da provinciana cidade de estaleiros norueguesa sobre

a qual Henrik lbsen escreveu uma peca c61ebre e ep6niina (1877)。 Ao contrttrio dos capitalistas da R`ssia, nao tinharn ra‐

z6es para sentir quc todo o peso e toda a moralidade de uma duques at6 os muiiqueS, lhes eram absolutamente contrarios; para nao menciOnar seus sociedade tradicionalista,desde os gr5o‐

explorados oper`rioso Ao contr6rioo Meslno na R`ssia, onde encontramos fenOmenos surpreendentes na literatura e na vida 一― tais como o do homem de neg6cios benl‐ sucedidO mas enver‐

gonhado de seu triunfo(Lopakhin em O PO“ α ″Jθ

j″ S, θ Cθ rθ ノ α

de Tchekhov),e o grande magnata textil e mecenas que finan‐ ciou os bolchevistas de Lenin (Savva Ⅳlorozov)― ―, O rdpido exito industrial trouxc auto‐ seguran9a. Paradoxalinente, aquilo quc transforrnaria a Revolucao de Fevereiro,de 1917,na Revo‐ lu95o de Outubro― ― como i`foi persuas市 amente argumentado ```Arnontoar riquezas 6 dos piores tipos de idolatria ― ― N5o ha fd01。 mais aviltante que o dinheiro... Se eu continuar muito tempo sobre・ carregado de neg6cios, com a malor parte de meus pensamentos volta‐ dos ao modo de conseguir dinheirO no mais curto espa9o de tempo pos・ sfvcl, isso podertt me degradar, sem esperanca de recupera95o perma・ nente''(Andrew Carnegie)。37

A

264

θrα ごOs j“ ριriOふ

一 fOi a cOnvic"o, adquirida pelos cmpregadores russos duran―

te os vinte anos precedentes, de que ``n50 podia havcr ordem cconOnlica na R`ssia senao a capitalistal'e de que os capitalis‐

tas russos eram bastante fortes para obrigar seus oper`rios a manter a linha。 *

Havia, sem divida, muitos homens de neg6cios e profis‐ sucedidos,nas regi6es desenvolvidas da Europa,quc ainda sentiam os ventos da hist6ria nas velas de scus barcos,

sionais bern‐

cmbora lhes fosse cada vez mais diffcil deixar de tomar conhe‐ ciinento do que se passava com os dois mastros que,tradicional‐

mente,apoiavaFn as Velas: a firma gerenciada pelo pr6prio donO e a farllflia do propriet`riO, centrada no elemento masculino. A adrninistrac5o dos grandes neg6cios por funcionttrios assala‐

riados ou a perda da independencia de empresttrios anterior‐ nlente soberanOs para os cartё is eram ainda, conforrne notou aliviadO um observador alem5o, ``muito distantes do socialis¨ m。

,'。

39 0 mero fato,por6m,de estarem assim ligados os neg6cios

privados e o socialismo, demonstra qu5o longe parecia estar a idё ia aceita de iniciativa privada das estruturas econOnlicas de nosso perfodo, NO tocante h eros5o da fanl(lia burguesa, para a qual inuito contribuiu a cmancipag5o de scu elemento ferninino,

como poderia cla n5o solapar a autodefini95o de uma classe t5o α′ fortemente respaldada na sua rnanuten95o(cf。 ス E″ αグοCα ρ′ ′ cap. 13:2)― ― uma Classe para a qual a respeitabilidade era igual a``rnOralidade''e que,cruciallnente,dependia da conduta perce‐ ,

bida de suas mulheres? O que tornava o problema particularinente agudo,enl todo o caso na Europa, c dissolvia os fillncs contornos da burguesia

do sdculc XIX,era uma crisc naquilo que― 一 exceto para alguns grupos dc pictistas cat61icos auloconscientes― ― constitufa desde longa data a ideologia c a lealdade quc a identificavam. A bur‐ guesia acreditava nao apenas no individualislno, na respeitabili‐

dade e na propriedade,mas igualinente no progresso,na reforma t Nas palavras de um lfder industrial inoderado, crn 3 de agosto de 1917: ``Devemos insistir... crll que a presentc revolu95o 6 uma revo・

lu95o burguesa [vOz: `Correto'], que, presentemente, a ordem burgue‐ sa ` inevit6vel e que, por scr incvit`vcl, deve conduzir a uma conclu‐

sio absolutamente 16gica: as pessoas que governam o pafs devem pen・ 、 ar e agil・ de modo burgues"38

Quem e quem Ou as incertezas da burguesia

265

e no liberalislno moderadoo Na cterna batalha polftica entre os estratos superiores das sOciedades dO sCculo XIX,entre os``par‐

tidos de movilnentO"Ou``progresso" e os``partidos da ordeFn'', as classes m6dias se haviam co10cadO incontestavellnente, em

sua grande maiOria,pelo moviinento,cmbora de nenhunl modo insensfveis a ordem. Todavia, como veremOs adiante, tanto 0 progresso quanto a reforma c o liberalisrno cstavam em crise` O progresso cientfficO e tecno16gico, 6 claro, permaneccu in‐ conteste. O progresso econOnlico ainda parecia seguro, pelo

menos ap6s as d`vidas c hesitac6es da Depress5o, ainda que gerasse moviinentos operdrios organizados,comumente liderados por subversivOs perigosos.(D progresso polftico, comO Viinos, era um cOnceito bem mais problematic。 ぅ luz da democracia. No que concerne ao campo cultural e ao da moralidade,a situa‐

95o era cada vez mais enigm`ticao Que se deveria fazer de Friedrich Nietzsche(1844‐ 1900), ou de Maurice Barrё s(1862‐

1923), que em 19o3 eram os gurus dos filhos de pessoas que haviam navegado os mares da intelectualidade orientados pelos far6is de Herbert Spencer(1820‐ 1903)ou Ernest Renan(18201892)?

A situag5o parecia ainda mais enigmtttica, do ponto de vista intelectual, com a ascens5o ao poder e proenlinencia, n。

mundo burgues, da Alemanha,pafs em quc a cultura da classe m6dia iamaiS aceitara de bom grado as l`cidas simplicidades do llunlinislno racionalista do sё culo Xヽ″ III, O qual penetrou o liberalismo dos pafses em que se originara a revolug5o dual, a Franga e a lnglaterrao A Alemanha era, incontestavelrnente,um gigante ern ciencia e crudig5o,ern tecnologia e desenvolviinento econOrnico,cFn CiVilidade,cultura c artes,c nao rnenOs em poder,

Talvez,tomada em seu conjunto,tenha sido esta a mais im‐ prcssionantc hist6ria de exito nacional do sё culo XIXo Sua hist6ria exemplificava o progresso. Mas seria esta realinente li‐

beral? E mesIIlo na medida cm que o era, onde se encaixaria aquilo que os alem5osノ jれ Jθ S,2ε Jθ chamavam de liberalismo, cntre as verdades aceitas de meados dO sё culo? As universida‐ des alemas chegavam a recusar‐ se a ensinar econornia dO modo como o assunto era universallnente entendido em outras partes (cf. abaixo, pp. 575‐ 376), O grande sOci61ogo alemao Nlax

266

/4

′rα dOs r″ pび rJο s

Weber,cuioS antecedentes eram impecavelmente liberais,con‐ se unl burgues liberal vital(ciO c, na verdade, era

siderava―

realrnente, pelos padr6es alemaes, unl liberal de esquerdao To‐ davia, acreditava entusiasticamente no militarisino, nO irnperia― lisrl10 e

一― pelo menos durante algunl tempo

―― sentiu‐ se tao

tentado pelo nacionalisIIno de direita quc entrou para a Liga Pan― Gerrnanicao Consideremos, por outro lado, as guerras do‐ mё stico‐ literdrias

dos irm5os Mann: Hcinrich,* urn racionalista

c16ssicO, homern dc esquerda c franc6filo; Thornas, critico veemente do liberalislnO e da “civilizac5o" ocidental, a qual

costumava contrapor(de mOdO familiarmentc teutOnico)uma ``cultura'' essencialrnente alema. No entanto. toda a carreira de

Thomasヽ 4ann e,scguramente,suas reac5es h ascens50 c triunfo de Hiticr, demonstram que suas rafzes e seu coracao situavarn‐

sc na tradi950 1iberal do s6culo XIX.Qual dos irmaos era 0 r, ou o burgues rg″ θ alem優 o? Alё m disso, cOmO Vilnos, a pr6pria polftica burguesa verdadeiro “liberal''? Onde estaria o B″

tornava‐

se nlais complexa e dividida, a propOrcao que a supre‐

macia dos partidos liberais desmoronava durante a Grande Dcpress5oo Antigos liberais passaram a conservadores, como na へlen‐ la‐ lnglaterra; o liberalisFnO diVidiu‐ se e declinou, como na ′

nha, Ou perdeu apoio para a esquerda c a direita, como na B61gica e na Austriao O que significa,exatamente,scr um mem‐ bro do Partido Liberal,ou mesrno urll liberal, sob tais circuns… tancias? seria necess6rio uma pessoa ser,ideo16gica ou politica―

mente, urn liberal? Afinal, na d6cada de 1900, havia muitos paFses nos quais o tipico membro das classes empresariais ou profissionais situava‐ se francamente a direita do centro politicO.

Abaixo deles havia as fileiras, sempre maiores, da nova classe m6dia e da classe mё dia baixa,conl sua ressentida c construfda afinidade pela direita francamente antiliberal。

Duas quest6es de urgencia crescente sublinhavam a cros5o das antigas identidades colet市 as:o nacionalismo/imperialismo

(cf. caps. 3e 6)c a guCrra. A burguesia liberal certamente nao * Provavelmente,c iniuStamente, cle 6 considerado fora da Alemanha aciina de tudo por ter escrito o livro ern que foi baseado o filme de ο 4z“ ′ Marlene Dietrich,o4″ ′ .

Quem 6 quem ou as incertezas da burguesia

267

fora cntusiasta da conquista ilnperial, conquantO (paradoxal‐ mente)seus intelectuais tenhanl sido os responsaveis pelo modo de adlninistrar a maior de todas as possess6es iinperiais ―― a rndia(cf.ス E″ グαRθ ッοJ“ Faο ,cap.8:4).A expansao imperial podia ser reconciliada ∞ m o liberalismo burgues, nao pOrё m comodamente, via de regra。 (Ds mais altissonantes brados da conquista costumavanl estar bem mais a direitao Por outro lado, a burguesia liberal n50 se opusera,por princfpio,ao nacionalis‐

mo nem a guerrao Entretanto, haviam consideradO

“a nagao"

(inClusive a sua pr6pria)COmo uma fase tempor`ria na evolu― 95o para uma sociedade e uma civilizag5o real:nente globais; eram c6ticos quanto as reivindicag6es de independencia nacio‐ nal dos povos que iulgavam pequenos e ob宙 amente in宙 五veis. Quanto a guerra, ainda quc as vezes necessaria, era algo a ser evitadO,que s6 suscitava entusiasmo entre a nobreza militarista

e os incivilizadoso A observagao(realista)de Bismarck, de quc

os problemas da Alemanha seriam solucionados somente por meio de``ferro e sangue",havia sido deliberadamente destinada a escandalizar o p`blico liberal e burgues de meados do s6culo XIX,o que realinente fizera na d`cada de 1860. E evidente que na era dos imp6rios,da expansao dO nacio‐ nalismo e da apro対 magao da guerra,esses sentimentos itt n5o

sintonizavam com as realidades polfticas dO mundo.Um homem que na dё cada de 19oO repetisse cOisas que,na dё cada de 1860

ou na de 1880, seriam consideradas comO o mais puro bom scnso da experiencia burguesa, se acharia em 1910 em discor― dancia com seu tempo。 (As pe9as de Bernard Shaw,ap6s 1900, alcancam alguns de seus efeitos cOnlicos por meiO de tais con― frontos。 )40 Enl tais circunstancias, seria de esperar que os libe‐

rais realistas da classe m6dia desdObrassem as costumeiras racio‐

naliza96es e rodeiOs, quanto h meia mudanca de posig6es, ou perrnanecessem enl silencio.Na verdade,foi isso mesmo que fi‐ zeram os nlinistros dO governo liberal ingles, ao conduzirem o

paFs a guerra, ao mesmo tempo que silnulavanl, at6 para si pr6prios,que nao o estavanl fazendO.Mas h`ainda outra coisa. Enquanto a Europa burguesa,cln crescente conforto mate‐ rial,rumava para a cat6strofe,observamos o estranhO fenOmeno de uma burguesia,ou pelo menos de parte significativa de sua

268

A

jOs θrα dOs i“ pι ′

luVentude e de seus intelectuais, a mergulhar de bom grado e at6 coln entusiasrno nO abismo.Todos conhecem o caso dos ra‐ pazes 一― antes de 1914 havia poucas provas relativas as pers_ pectivas belicosas das mo9as ―― que saudaram a irrup9ao da Primeira Guerra Mundial como se fosse amor a primeira vista.

``Agora,gragas seiam dadas a Deus,que nos colocou a altura de tal hora", cscreveu um socialista fabiano, normallnente ra‐ cional e ap6stolo de Cambridge, o poeta Rupert Brooke。 “S6 a guerra",escreveu o futurista italiano Marinetti,``sabe reiuvenes_

cer,acelerar c afiar a inteligencia humana,alegrar e areiar Os nervos,libertando¨ ■os do peso do fardO cotidiano e dando sabor a vida c talento aos iinbecis."

“Na vida dos acampamentos e

debaixo do fogo", escreveu um estudante frances, ``。 .. eXpe‐ rimentamos a suprema expans5o da forga francesa que traze‐

mos dentro de n6s.41 Nao faltaram, por6m,intelectuais mais velhos que,tamb6rn eles,saudaram a guerra conl lnanifestos de regozijo o orgulho que, alitts, alguns deles viveram o bastante

para lamentaro Foi coln freqtiencia Observada, durante os anos precedentes a 1914,a moda de reieitar O ideal da paz,da raz5o e do progresso por outro,de violencia,instinto c explos5oo lJin influente livro sobrc a hist6ria inglesa destes tempos chama a α″ θ′α J″ gJα rrα Libθ ″ α″みα ν O″ ′ issO A Es′ ″ '。



Poderia estender‐ se o tftulo a Europa ocidental. As classes ln6dias curop6ias, no conforto de sua civilizada existencia, sen‐ tiam‐ sc inquietas(embOra isto nao se aplicasse ainda ao homem de rleg6cios do Novo Mundo).Haviam perdido sua miss5o his‐

t6rica, As mais sinceras can96es de irrestrito louvor aos bene‐ ficios da raz5o, da ciencia, da educa95o, do esclareciinento, da

liberdade, da democracia e do progresso da humanidade, dos quais a burguesia sentira,um dia,o orgulho de ser o exemplo,

eram agora cantadas(comO Veremos adiante)por pessoas cuia formag5o intelectual pertencia a uma era anterior e que nao haviam acertado o passo com os tempos. Foi as classes oper6‐ rias, c nao う burguesia, que Georges Sorel ―― um brilhante, rebelde c excentrico intelectual ―― advertiu contra As IJ“ sσ θs ι ro P/。 grθ ssο ,cm unl livro publicado com csse tftulo, em 1908. Ao lancar o olhar para tr`s e para diante, os intelectuais, os iOVellS C OS p01fticos das classes burguesas naO estavam conven‐

Quem 6 quem ou as lncertczas da burguesla

269

cidos de que tudo fora ou havia de ser para o melhor.Todavia, partc importante da classc alta e mё dia da Europa reteve firme confianca no progresso futuro, pois este baseava‐

se na recente

e cspetacular melhora de sua situacao. Consistia nas mulheres e. especiallnenteD naS nascidas de 1860 cm diante`

cAPrTυ Lο 8

A NOVA MULHER

F″ θ ご ごαグθι9“ θα″ 肋θr“ αJα gα ″みα ′αッθ″ “力 αθ ″θJλ ο″ αr ι θ9“ θ′″O “ Oご ο α sθ ″ ′ θ ごθJα s ″αο ,

Nα ορj″ jα O dθ

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“ ο″θsε θ 9“ θ αS CO″ , jSSO.ス zα g″ ο

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` α″σαr α rθ αJj‐ αJε

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“ Atas da Sociedade Psicanalftica de Viena,19071

Mjκ 力α αθJθ 放ο α θ scο ′ α αοs fイ . 1「 θソθ ごθ θ ′″ θgα r‐ Sι “ θ″′ “ ″b“ rgO, ″″ αノ αZθ ″ご“ α,j“ θごjα ′ α θ.… Mα is′ αFごθノ οj pα ″ α″α “ αs αοj″ αοJθ :α ′θr″ 2jι j″ α α′″ “O Crjα dα Jθ sθ ″ θO“ θ″ごθr νj″ 。Aイ “ “ gO′ αJg″ ″2α cο jSα ′θθJθ νθjο αsθ r sθ ″ ″ αι 力θj′ ο.ス οpθ ″ αθ″οθ P′ θ Jθ :χ α ″ α″7_40 α′ ι θれ′ ο″ rα r pα ″ αο′ ″ ο αρrθ ″ごjZα ごο′ οο 0 “′jκ ′ ・ “ Grete Appen,sobre a mac,nascida “ em 1888 2

滋 Jttθ r ιαωsO″ ε A ras″ ″″οJο ″ θ S″ οprdprjο Jα j“ θ jα “I“Jas ν σ “ グο οソ riα s pOJ`‐ ″ ′ 0ノθ j″ is′ α α is s“ bs`α ″ ε .ス jε “ “ “ ι αs καO ρOご θ ′ ′ s α ο 9“ θ θs′ οf O ごθ θ″sj″ αr α θ ″ ッαJο ″ α j′

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sθ χ ο。

Katherine Anthony, 19153

l

A primeira vista,pode parecer absurdo estudar a hist6ria

de metade da raga humana de nossa

ёpoca inscrevendo‐ a no

contexto da hist6ria das classes m6dias ocidentais, um grupo relativamente pequeno mesmo no interior dos paFses de capi・ talismo``desenvolvido"ou em desenvolviinentoo Contudo isto 6 1egftiinop na medida cm que os historiadores concentram sua atengao nas mudangas e transforma95es da condi95o feminina;

A

272

θra′ os′ ″′″わs

a mais impressionante destas, ``a emancipag5o feminina", foi, durante essa 6poca, iniciada e mesmo quase inteiramente res‐ trita ao estrato m6dio e ―― em forma diferente― ― aos estratos superiores da sociedade estatisticamente menos significativos. A “emancipa95o feminina" era ainda bastante modesta a essa al‐ tura, mesino tendo o perfodo produzido um pequeno ―― mas sem precedentes― ― n`mero de mulheres ativas em campos at6

entaO restritos exclusivamente aos homens e onde de fato elas se distinguiam notavellnente: eram figuras como Rosa Luxem‐ burgo,Madame Curie,Bcatrice Webb.Ainda assiln,era suficien‐

temente ampla para produzir nao apenas um punhado de pio‐

neiras,mas一 dentro dos meios burgueses一 uma es〆 cie nova, a “nova mulher", sobre a qual, de 1880 em diante, os observadores do sexo masculino teorizaram e discutiram e que fOi a protagonista dOs escritores “progressistas", como Nora,

de Henrik lbsen, e Rebecca West, herofna de Bernard Shaw, ou melhor,anti‐ herofna.

Na condicao da grande maioria das mulheres do mundo, das que viviam na Asia,na Africa,na Am6rica Latina e nas sociedades camponesas do sul e do leste europeu,ou mesmo na maioria das sociedades agヽ rfcolas,n5o havia ainda nenhuma mu‐

danga. Havia ocorrido uma pequena mudanga na condig5o da maioria das mulheres das classes trabalhadoras enl toda parte, exceto, 6 claro, sob um aspecto crucial. De 1875 em diante as mulheres do mundo “desenvolvido" visivellnente comecaram a ter rnenos filhos.

Enl suma,essa parte do mundo agora experimentava,nitida‐

mente, a assiin chamada “transi95o demogrdfica" a partir de alguma variante do antigo padr5o ―― elll te...los aproxilnados, altos fndices de natalidade que contrabalangavam altos indices de mortalidade一 ― passando para o fanliliar padrao modernO do baixo fndice de natalidade compensado pela baixa mortalidade. Precisamente como e por que sobreveio esta transicao,6 um dos maiores enigmas com que se defrontalln os historiadores de demo‐ grafia. Historicamente falando, o acentuado declinio da fertili‐

dade,nos pafses``desenvolvidos",6 absolutamente novoo A pro‐

p6sito,a ausencia,em grande parte do mundo,de um declinio COniuntO da fertilidade e da mortalidadc explica a espetacular explos50 da popula95o global, desdc as duas guerras mundiaisi

A nova mulher

273

pois,enquanto a mortalidade tern cafdo extraordinariamente,cm parte devido a melhora do padrao de vida, em parte pela re‐ volu95o na medicina,o fndice de natalidade,na maior parte do

TerceirO Mundo, permanece alto c apenas esti comecando a declinar ap6s o intervalo de uma geragao. No Ocidente,o declinio das taxas de natalidade c o de mor‐ talidade erarFl lnelhor coordenados, Ambos, evidentemente afe‐ tavam a vida e os sentiinentos das mulheres一 ― uma vez quc o mais notivel desenvolviinento relativo a mortalidade era a queda

acentuada da mOrtalidade dos bebes de menos de um ano, fato que se tornou inequivoco durante as`ltilnas dё cadas que prece‐

derarn 1914. Na E)inamarca, por exemplo, onde a mortalidade infantil era,enl m6dia,de 140 enl l。 000 criangas nascidas vivas, na dё cada de 1870, a cifra estava em 96, durante os `ltiinos

cinco anos precedentes a 1914; nos Pafses Baixos, os n`meros equivalentes eram quase 200 e pouco mais de 100.(A tftulo de

comparag5o: na R`ssia a mortalidade infantil pemaneceu em cerca de 250 por l。 000,no infcio da dё cada de 1900,comparada com 260 em 1870。 )N5o obstante,6 razo五 vel supor que o fato de ter menos filhos foi, na vida das mulheres, uma mudanga mais not`vel do quc a de ver sobreviverenl lnais filhos seus,

Um indice de natalidade mais baixo pode ser assegurado tanto se as mulheres se casarenl mais tarde, como se mais mu‐

lheres permanecerem solteiras(maS presumindo‐ se que com isto nao sc eleve o fndice de ilegitiFnidade),ou pOr rneio dc alguma

forma de controle da natalidade, o que, no s6cu10 XIX, pre‐ dorninante血 ente significava absten95o de fazer sexo ou cο j′ si″ … ′ θrr“ ρ′ ′s。 (Na Europa, pode‐ se pOr de lado o infanticidio“em massa。 )Com

efeito,o padrao do casamento na Europa ocidental, bastante peculiar e quc havia prevalecido por muitos sё culos, utilizara todos esses meios, cspeciallnente os dois prirneiros.

Pois diversamente do padrao usual de casamento nos pafses n5o ocidentais, pelos quais as meninas casavanl‐ se cedo e quase nenhuma perrnanecia solteira, as mulheres do Ocidente pr6‐ industrial

inclinavanl‐ se a casar tarde,muitas vezes no final

de scus vinte anos, c a propor95o de solteiros e solteiras era alta,Por conseguinte,lneslrlo durante o perfodo de r`pido cres‐

cirnento populacional nos s6culos XVIII e XIX,a taxa de nata‐ Hdade europ6ia, nos paises “desenvolvidos" e em desenvolvi‐

A

274

θtt rJos i“ p″ Jぃ

mento do Ocidente,era lnais baixa do quc a do Terceiro Mundo

no s6culo XX; e a taxa de crescilnento, por mais espantosa que seja pelos padr6es do passado,era mais modestao Nao obs‐ tante,c a despeito de uma tendencia geral,embora nao universal,

no sentido de uma prOpor95o maior de mulheres se casarem e de o fazerem mais iOVens,o fndice de natalidade baixOu:ou Seia, O COntrole deliberado da natalidade deve ter‐ se difundido. Os intensos debates sObre essa quest5o emocionallnente explosiva,

mais livremente discutida cm alguns pafses que em Outros, sao menos significativOs quc as silenciOsas(fora dos dormit6rios apro‐

priadas)e s61idas decis6es de c不 6rcitos de casais,com o firn de linlitar a dimensao de suas falnllias,

Outrora, decis6es tais como estas haviam sempre formado parte da estrat6gia da manutengao e extensao dos recursos faⅢ rniliares, o que significava― ― dado serem os europeus, enl sua maioria, gente do campo ―― a salvaguarda da transmissao das

terras de uma geraヴ lo para a que lhe sucedia.Os dois mais surpreendentes exemplos de controle da prOgenie,a Franga p6s‐ revoluciondria e a lrlanda p6s¨ fome,fOram principallnente devi“

dos a decisaO dos camponeses ou dos fazendeiros de iinpedir a dispers50 do patriinOnio fanliliar,reduzindo o n`mero de her‐ deirOs em condi96es de reivindicar parte dele; nO caso frances,

pela reducaO dO n`mero de filhos; no caso dos irlandeses, que

eram inuito mais devOtOs, pela reducao do n`mero de homens e mulheres em condi95es de ter filhos capazes de fazer aquelas se a idade m6dia para o casamento at6 o mais alto ponto europeu enl todos os tempos, multiplicandO‐ se os hOmens e mulheres solteiros ―― preferivel‐ reivindica95es,o que foi feito elevandO‐

mente sob a prestigiosa forma dO celibato religioso― ―e,6 claro, exportando_sc enl massa os rebentos sup6rfluos para a16m‐ mar,

como enligrantes.Daf os raros exemplos,num s6culo de cresci‐ mento populacional, de um paFs(Franga), cuia populagao per. manecia pouco mais que est`vel e de outro(Irlanda)cuia popu‐ lacaO chegou a cair.

As novas formas de controlar a dirnensao da famflia nao eranl, quase certamente, devidas aOs mesmos motivos. Nas ci‐ dades,sem d`宙 da,eram estimuladas pelo deseio de tlm padrao de vida mais altO,particularmente entre as classes in6dias baixas

que se multiplicavam e cujos membros nao se podiam pe.11litir

A nova mulher

275

ao mesino tempo a despesa decorrente de uma grande ninhada de criancinhas e o acesso a uma oferta malor de bens de con‐ sumo e servi9os,agora disponfveis;pois no s6culo XIX ninguё

nl,

cxceto os velhos indigentesp era mais pobre quc um casal com escassos rendimelltos e a casa cheia de criancas.Tambё in eram devidas as mudangas que, a csta altura, tornavam as criangas unl fardo cada vez inalor para os pais,uma vez que freqtentavam a escola ou recebiam treinamento durante um prolongado perfodo,

perrnanecendo,portanto,cconollnicamente dependentes.As proi‐ big6es relativas ao trabalho de menores e a urbanizagao do tra_

balho reduziram ou eliminaram o modesto valor econOmico re‐ presentadO pelas crianOas para os pais,por exemplo,enl fazendas ,nde podianl se tornar iteis. Ao meslno tempo, o controle da natalidade indicava signi‐ ficat市

as mudangas culturais,sela Cm relac5o as criangas quanto

ao quc homens e mulheres esperavarrl da vidao Se os filhos devianl ser inais benl¨ sucedidos que seus pais― ―e,para a inaioria

das pessoas, na era pr6‐ industrial, isto nao fora pOSsfvel nem deSeittVel一 era preciso que t市 essem melhores oportunidades

na vida; e fanlllias menores tornavanl possivel dedicar mais tempo, Inais cuidados e mais recursos a cada um dos filhos。 Assiin como,sob urrr aspecto,um mundo de mudanga e de pro… gresso ab五 ria oportunidades de melhora social e profissional de

uma geragao para a seguinte, poderia, iguallnente, ensinar aos

hOmens e as mulheres que sua vida n5o estava lilnitada a ser uma r6plica da de seus pais.Os moralistas reprovavam os fran‐ ceses,conl suas fanl(lias de apenas unl filho ou dois; n5o pode

haver d`vida, por6nl, de que na privacidade da conversa sobre travessciros, isso sugeria novas possibilidades aos casais.*

O aumento do controle da natalidade indica,portanto,certa penetra95o de novas estruturas,valores e expectativas na csfera

das mulheres trabalhadoras ocidentaiso Nao obstante, a maioria delas foi afetada apenas marginalinente por esse fatoo Na ver‐

dade,elas estavam afastadas da``econonlia"convencionalrnente definida como consistindo naqueles que declaravanl ter emprego

ou “ocupagaO" (diferente da do trabalho dom6stico falFliliar)。 ●O exemplo frances era ainda citado por sicilianos decididos a liini‐ tar suas famflias, nas d`cadas de 1950 a 1960 -― ou assiin fui infor‐

mado, por dois antrop61ogos que se dedicavanl ao assunto, P. c I. Schnelder.

276

A

θ rα Jos′ ″′ Os ″′

Na d6cada de 1890, cerca de dOis ter9os dos homens foram classificados cOmo “Ocupados", nos paFses “desenvolvidos" da Europa e dOs EUA,ao passo que cerca de tres quartos das mu‐ lheres ―― nos EUA, 870/O delas ―― nao estavam nessa catego‐ ria.ホ Mais exatamente,950/O de todos os homens casados entre as idades de 18 e 60 anos estavanl ``ocupados", nesse sentido

na d6cada de 1890(por exemplo,na Alemanha),enquanto ape‐ nas 120/O das mulheres casadas o estavanl; embora metade das solteiras e cerca de 400/O das vi`vas fossenl ``ocupadas". As sociedades pr6-industriais nao saO inteiramente repetiti‐

vas,mesmo no campo.As condi96es da vida mudam e mesmo o padraO da existencia fenlinina n5o permanece igual,atrav6s das gerag6es,conquanto dificilmente se possa esperar transfo.11la96es extraordin`rias no decorrer de um perfodo de cinqtienta anos,ex‐ ceto as resultantes de cat`strofes clim`ticas ou polfticas,ou do

irnpacto do mundO industrial.No caso da maioria das inulheres das zonas rurais exteriores as zonas``desenvolvidas" do mundo, esse ilnpacto era ainda pouco importante。 (D que caracterizava sua vida era a impossibilidade de separar as fung6es fanliliares e o trabalho. Estas eranl levadas a efeito num inico ambiente,

no qual a maior parte dos homens e mulheres realizavam suas tarefas sexuallnente diferenciadas

―― tanto naquilo que hoic

consideramos ``caSa" Como na``produg5o". Os agricultores pre・ cisavam das esposas para o trabalho da fazenda,bem como para cozinhar e criar os filhos; e os mestres¨

artesaOs e pequenos lo‐

liStaS necessitavam delas para conduzir seu com6rcioo Sc exis‐

tiam ocupag6es que reuniam homens serll mulheres, durante 10ngOs perfodos ―― digamos as dos s01dados e marinheiros

――

n5o existiam ocupag6es puramente femininas(excetO talvez a prostituicao e os divertimentos p`blicos, a ela assilnilados)que n5o fossenl, no.1■ lallnente, levadas a efeito, a maior parte do

tempo, dentrO de uma casa; pois meslno mulheres c homens s01teiros que se empregavam como criados e trabalhadores agrf‐ ・ Urna classificagao diferente talvez produzisse n`meros muito difeⅢ rentes. Por exemplo, a metade austrfaca da monarquia Habsburgo con‐ tava 47,30/O de mulheres Ocupadas, comparadas a metade hingara, n5o dessemelhante econonlicamente falando, que contava com pouco menos

° ∝饉電mS面 ° baseadtt 盤 轟 蕉 ∫漁 鮮

na popdtt nd,hddndO

,

A nova mulher

277

colas ``moravam na casa". Na medida cm que o grosso das mulheres do mundo continuavam a viver desse modo, agrilhoa‐ das pelo dup10 trabalho e pela sua inferioridade eFn relag5o ao

homern, pOuco htt que dizer sobre elas que n5o se dissesse igualFnente nos tempos de Conf`cio, dc Maol■ こ ou do Velho Testarnentoo Elas n5o estavaln fora da hist6ria, mas estavam lora da hist6ria da sociedade do s6culo XIX。

Havia, reallnente, um n`mero grande c crescente de mu‐

lheres trabalhadoras cuios padr6es de vida haviam sido ou estavarn sendo transforinados― ― n5o necessariamente para me… lhor 一一 pela revolugao ecOno■ lica。 (D priineiro aspecto desta

rev01u95o quc os transformou foi o quc hole Chamamos“

proto…

industrializagaO",um ilnpressionante aument6 das indistrias do‐ mё sticas

e a domic(lio para venda enl mercados mais amplos. Na propor95o em que isto continuava a ser feito nurrl ambiente

que combinava a producaO dOm6stica c a de fora de casa, a posi95o das mulheres n5o se modificou,embora alguns tipos de

manufatura dom6stica fossem especificamente femininos(pOr exemplo,as rendas e a palha trangada),oferecendo as mulheres da zona rural a vantagern, comparativamente rara, de unl meio

de ganhar um pouco de dinheiro vivo, independentemente do homem. Contudo, o que as ind`strias dom6sticas conseguiranl, dc modo geral, foi uma certa crosao das diferengas conven・ cionais entre o trabalho felninino e o lnasculino c,aciina de tudo, uma transforrnag5o da estrutura e da estratё gia farniliar. Era

possfvel montar casa t5o lo80 duas pessoas atingissem a idade de trabalhar; os filhos, valiosa adigao h fOrca de trabalho da famflia, podiarn ser engendrados sem considerar O que aconte‐ ceria ao peda9o de terra do qual dependia seu futuro de canl‐ poneses.()mecanisrno tradicional e complexo destinado a man‐ ter,ern rela95o a pr6pria gerag5o,um equilfbriO entre as pessoas

c os meios de produ95o dos quais elas dependianl, por meio do controle da idade do casamento e da escolha dos parceiros, da diinens5o da farnflia e da heranca― ― esse mecanismo entrou cm colapsoo As consequencias desse fato no crescilnento denlo‐ grttfico tem sido muito discutidas, mas o relevante, neste caso, s5o as conseqttencias mais iinediatas, relativas hs hist6rias de vida e aos padr6es de vida das mulheres.

A

278

′rα dο s

jο s fr=ρ び ″

Por volta do final do sё culo XIX, as proto‐ ind`strias,enl‐

pregassem elas homens ou mulheres, ou ambos, estavarn sendo vitinladas por ind`strias maiOres, de grandc cscala c, na ver‐

dade, O mesFnO SuCedia a produ95o artesanal,nos paises indus‐ triaHzadOs(cf. pp. 165‐ 8 acirna). FalandO de modo global, a tSindistria dOmё stica'' era ainda substancial, e por esse motivo seus pl・ oblemos

preocupavam cada vez mais os pesquisadores

sociais e os gOvernoso A ind`stria dom6stica inclufa talvez 7 9ろ

de tOdOs Os empregos industriais, na Alemanha, talvez 199ろ na Sufca,elevando‐ se,na Austria,a 349る ,na d6cada de 1890。

5

Essas ind`strias,conhecidas como de``explora95o mttxiina'',cheⅢ

garam a expandir‐ se sob certas circunstancias, conl o auxflio

da nova mecanizagaO em pequena escala(especialmente a m`‐ quina de costura)e de uma fOrca de trabalho notoriamente mal paga e exploradao ContudO, perdiam crescentemente o cardter de “manufatura farniliar" na medida em que sua forga de tra‐ balho tornava‐ se cada vez mais fenlinina c, a prop6sito, a fre‐

quencia obrigat6ria h cscola as privava do trabalho dos me‐ nores, que comumcnte cra parte integrante delaso A prOporc5o quc eram excluFdas as ocupagOes tradicionalrnente proto‐ indus‐ triais― ―tecclageln em tear manual,tricotagem,etc。 一 ,a maioria

das ind`strias dom6sticas deixou de scr um empreendilnento de farnfha e tornou_sc apenas um tipo de trabalho mal pago

que as mulheres podiarn fazer em casa, nas ttguas¨

furtadas ou

nos quintais。

As ind`strias domё sticas pelo menos permitiam que elas

combinassem trabalho pago com a supervis5o da casa e dos filhOs. Eis por quc tantas mulhcres casadas que precisavam ga‐

nhar dinheirO, rnas perFnaneCiam acorrentadas a cOzinha c as criang郎 , acabaram por fazer esses trabalhos, Pois o segundo

cfeitO da industrializa95o cm rela95o ) posig5o ferninina, e o mais irnpOrtante, foi tamb6rn muito mais drttstico: separou a casa do local de trabalho. E, ao fazer isto, excluiu‐ l■

edida da econornia publicamente reconhecida

as enl larga

―― aquela cm

que eram pagos sal`rios hs pessoas― ― c agravou sua tradicional

inferioridade em rela95o aos homens por meio da nova depen‐ dencia cconOnlica. Os camponeses, por exemplo, dificillnente existiriarn como tais sem as esposas, O trabalho agricola exigia

a rnulher,benl como o homem.Era absurdo considerar Os rendi‐

A nova mulhel・

mentos da casa como ganhOs por um dos sexos e n5o por ambos,

mesino se um deles fosse tido como donlinanteo Mas,na nova ecOnomia, a renda fanliliar era, tipicamente e crescentemente, ganha por pessoas cspecific`veis, que safam para trabalhar e retornavam de uma f`brica ou escrit6rio a intervalos regulares e trazendo dinheiro, quc era distribufdO aos demais membros da fanlllia,os quais,de modo iguallnente claro,4α ο o ganhavam

diretamente, embora sua contribuicao para a casa fosse essen― cial de outras maneiras. Aqueles que traziam o dinheiro n5o eram necessariamente apenas os homens, ainda que o principal “ganha‐ pao" fOsse tipicamente um homenl; mas quem achava diffcil levar dinheiro para a casa era tipicamente a inulher casada。

Essa separacao da casa e do local de trabalho trazia con‐

sigo,logicamente,um padr5o de divis5o sexual‐ econOmica.Para a mulher, isso significava que seu papel de gerencia dom6stica tornava‐ se sua fun95o priinordial, cspeciallnente em casos em quc os ganhos falniliares eram irregulares ou escassos. Isto talvcz explique as constantes queixas de fontes da classe m6dia, relativas as inadequag6es das mulheres das classes trabalhadoras

a esse respeito: tais qucixas, aparentemente, nao eram cOmuns na ёpoca pr6¨ industrial. E claro que isto produziu uma nova

csp6cie de complementaridade entre marido e mulher, exceto entre os ricos,Nao obstante,cla li n50 trazia dinheiro para casa。

O principal“ ganha‐ p5o"de宙 a ter como obiet市 O um ren‐ diinento suficiente para manter todos os scus dependentes。 (D ganho dele(pOiS tratava‐ se tipicamente de um homem)deveria

ser, portanto, ideallnente fixado a um nfvel que nao exigisse nenhuma outra contribuicao para produzir rendiinento familiar suficiente para manter todos. Inversamente, os ganhos dos de‐ mais lnembros da famflia eranl,na melhor das hip6teses,conce‐ bidos como complementares,c isso reforgava a tradicional crenOa

de que o trabalho da mulher(e o dOS menores, 6 claro)era inferior e mal pagO.Afinal,a mulher devia receber menos, desde que naO era dela que provinha a renda farniliar.lJlna vez

que os homens, lnais bem pagos,teriam seus saldrlos reduzidos pela competi95o das mulheres,mal pagas,a sua estrat6gia 16gica era a de excluir, se possfvel, tal competicao, cOmpelindo ainda

mais as mulheres h dependencia econOnlica e aos empregos

perenemente mal pagos.Ao mesmo tempo,do ponto de vista

A

280

jο s ′rα αOs i″ pび ″

da mulher, a dependencia tornou‐ se 6tiina estrat6gia ccon6‐ rnica. De longe, sua melhor chance de conseguir bOns rendi… mentos era a de ligar‐

sc a um homem capaz de os ganhar,uma

vez quc as pr6prias chances de conseguir tal subsistencia cos‐ tumavam ser lniniinas. Salvo nas mais altas esferas da prosti‐ tui95o,que n5o eranl mais f`ceis de atingir do que, no futuro,

o estrelato enl Hollywood, sua mais pronlissora carreira era o casamento. Mas o casamento tornava‐ lhe extremamente diffcil sair de casa a fiin de ganhar dinheiro,Ineslno que ela o quisesse,

cm parte porque os trabalhos dOm6sticos e os cuidados aos filhos e ao marido a mantinham amarrada a casa e,cm parte,a pr6pria suposi95o de que um bon■ maridO devia ser, por defi‐

nicaO,um bOm ar五 mo de falnflia,intensificando a convencional resistencia dos homens e das mulheres a id6ia de que a esposa (D fato de ela n5o precisar trabalhar era a prova

trabalhasse。

visfvel,perante a sociedade,de quc a farnflia nao estava paupe‐ rizadao Tudo conspirava para tornar dependente a lnulher casada.

As inulheres, quase sempre, trabalhavarn antes de casaro Com freqtiencia eram obrigadas a trabalhar quando enviuvavam ou

seus maridos as abandonavamo Mas naO costumavaFn trabalhar quandO casadas, Na d6cada de 1890, apenas 12,80/O das mu‐ lheres alemas casadas tinham ocupa95o reconhecida c, na ln‐ glaterra (1911), apenas 109る

delas.6

Desde que muitos homens adultos claramente nao cOnsc_ guiam providenciar sozinhos uma subsistencia adequada a fa_ mflia, o trabalho pago das mulheres e crian9as era, de fato, c com muita frequencia,essencial para o orcamento familiaro A16m

disso, dado serem as mulheres e criangas m5o‐

de‐ obra

notoria‐

mente barata e f`cil de intilnidar, cspecialinente desde quc a maioria dessa forca de trabalho consistia ern meninas, a eco‐

nornia do capitalismo incentivava-lhes o emprego onde quer que fOsse possfvel―― istO ё,onde nao penetrasse a resistencia rnas_

culina, ou a das leis e conven96es ou mesmo a da natureza de certas at市 idades ffsicas preludiciais,O trabalho feminino,por‐

tanto,existia c em bOa quantidade,lneslno segundo os estreitos crit6rios do recenscamento,quc quase certamente subestimavam substancialinente a quantidade de mulheres casadas``ocupadas", vistO que grande parte do trabalho pago feito por elas n5o seria declarado como tal ou naO seria diferenciado das tarefas dom6s‐

A nOva mulher

281

ticas com as quais nao rarO cOincidia: receber pensionistas em casa, trabalhar meio perfodo como faxineira, lavadeira, etc. Na inglaterra,349る das mulheres maiores de 10 anos eram“ ocupa‐ das",na d6cada de 1880 e na de 1890-― comparadas com 830/o dos homens; na indistria, a propOrcao de mulheres alcangava

18%na Alemanha e 31%na Franga。 7(D trabalho da inulher na

ind`stria estava, no infcio de nossa ёpoca, ainda predonlinante‐ mente concentradO nos poucos ramos tipicamente “fenlininos''

notadamente texteis e de confecg5o, mas tamb6rn e cada vez mais na ind`stria de alimentos.Contudo, a maioria das mu… lheres que ganhavam a vida individualinente o fazia no setor de servi9os.On`mero e a propor95o de empregadas dom6sticas, curiosamente, variava consideravelinente. Era, provavellnentet maior na lnglaterra quc em qualquer outr0 1ugar― ― talvez duas vezes rnaior quc na Franga c na Alemanha― ― mas desde o,final do sё cu10 cOme9ou a baixar de modo notavelo No caso extremo da lnglaterra, onde o nimero delas dobrou entre 1851 e 1891 (de l,l para 2 rnilh6es),permaneceu estttvel durante o resto do perlodo. Em tudo e por tudo, podc‐ se considerar a industriaHzagao do sё culo XIX― ― utilizando a palavra enl seu sentido lnais arn‐ plo― ― comO um processo tendente a expelir as mulheres, par― ticularinente as casadas,da ccononlia oficiallnente definida como tal,a saber,aquela na qual apenas as pessoas que recebiam indi‐ viduallnente ganhos em dinheiro, contavam como “ocupadas'':

a esp6cie de econOnlia que inclufa o ganho das prostitutas na “renda nacional", pelo menos em teoria, mas n5o o fazia no

caso de at市 idades equ市 alentes,mas n5o pagas,coniugaiS Ou cxtraconiugais,das demais mulheres;ou que registrava cFiadaS

pagas como``ocupadas",mas trabalho dom6stico n5o pago como ``desocupacao''. Produziu― se uma cel・ ta masculiniza95o daquilo

que a econonlia reconhecia como ``trabalho", assiin como no mundo burgues,onde o preconceito contra as rnulheres quc traba‐ Erα ′ο lhavam era muito maior e mais facilmente aplicivel(cf.ス Cα ρルα′ , cap. 15:2), produziu‐ se a masculinizac5o dos neg6cios, Na ёpoca prё ‐ industrial, as lnulheres que cuidavam pessoalinen‐

tc de suas propriedades ou empresas eranl reconhecidas,embora

incomunso NO sdculo XIX,foram,cada vez mais,Consideradas ahci・ raヾ 6c、

(la 1lattircza.a n5o ser nos niveis sociais mais baixos,

A

282

θFa JOS i“ P″ rrOs

onde a pobreza c o rebaixamento geral das ``ordens inferiores" irnpossibilitava considerar assiln tao``desnaturadas"as mulheres

que perfaziam o grande nimero das lojistas,das feirantes,das estalaiadeiras e das donas de pensa。 ,das pequenas comerciantes e das prestanlistase

Se a cconomia estava assiin masculinizada,tamb6即

o estava

a p01ftica.A medida quc a democratizacao avangava e o direito de votO― -10cal e nacionalinente― ― era concedido,ap6s 1870 (Cf.pp.126‐ 8 acima),as mulheres eram sistematicamente ex‐ cluFdaso A polftica tornou‐ se, assiin,essencialinente um assunto

de homenl,a ser discutido enl tavernas e caf6s onde os homens

Se iuntavam ou nas reuni6es as quais compareciarn,enquanto as mulheres perlnaneciam confinadas a parte privada e pessoal da vida,para a qual a natureza as havia exclusivamente predis¨

posto(ou asSim se argumentava).Tamb6m isto era,relat市

amen・

te,uma inova95oo Na polftica popular.da sociedade pr6‐ industrial, que variava desde as press6es de opiniaO de uma aldeia,a tumul‐

tos em prol da antiga``economia moral"c)s revolu96es e barri‐ cadas,as l■ ulheres,pelo FnenOS as pobres,nao s6 tomaram parte,

como, reconhecidaFnente, desempenhararn um papel.Na Revo‐ lu9ao Francesa, foram as mulheres dc Paris que marcharam sobre Versalhes, a fiFn de eXpressar ao rei a exigencia do povo

de que fOssem controlados os pre9os dos alilnentos. Na era dos partidos e das elei96es gerais, cmpurraranl‐ nas para o segundo

plano. Se exerciam alguma influencia, era apenas por meio de seus homens. Pela natureza das coisas estes processos afetavanl,mais quc quaisquer outras,as mulheres das novas classes, as mais tfpicas do sё culo

XIX: as classses m6dia c operdriao As camponesas,as

filhas e esposas dos pequcnos artesaos, 101istaS e equivalentes,

continuararn a viver como haviam vivido,exceto na medida cm quc elas ou os homens da farnflia eram absorvidos pela nova ccononliao Pela natureza das coisas, as diferen9as entre as mu‐

lheres,na nova situac5o de dependencia cconOnlica e na antiga situacao de inferioridade, nao eram, na pritica, muito grandes,

Em ambas,os homens eram o sexo dominante,e as mulheres, seres humanos de segunda classc: posto que carecianl totalinente las cidadas de direitos de cidadania,nao se podia sequer cham五 ‐

A llova nlulhe〕・

283

dc segunda classeo EIn ambas,a maioria delas tl・ abalhava,rece‐

bcsse pagamento ou nao。 Tanto as rnulheres da classe operttria como as da classc mこ ‐ dia viranl sua pOsig5o cOmecar a mudar,substancialnlente nessas dё cadas, por motivos econOrnicos, Em priFneirO lugar, as trans‐ formac6es estruturais e a tecnologia agora alteravam e aumenta‐ vam consideravellnente a perspectiva fenlinina dc emprego assa‐

lariado.Al■ udanca mais not`vel,a parte o decifnio do emprego domこ stico,foi O aumento das ocupac5es quc hole S50 primordial―

mente femininas:enlprcgos em laas e cscrit6rios.As vcndedoras das lolas,na Alemanlla,passal・ am dc 32.000 em 1882(abaiXO de

urn quinto do total)a174.000 crn 1907(ou cerCa de 409ら tal)。

do to‐

Na lnglaterra,o governo central e local empregava 7.000 nlu‐

lheres enl 1881,mas 76,000 enl 1911;on`mcrO das``funciondrias no com6rcio e nas empresas"elevara‐ se de 6.000a146,000-― um tributo a m`quina de escrever.8(D desё nvolvimento da educacao

prim6ria cxpandiu o lnagist6rio,uma profissaO(subalterna)qve,

ern bom n`mero de paFses ―― nos EUA e crescentemente na lnglaterra ――, tornou‐ se notavellnente fenlinizada, Mesmo na Franga,eFn 1891,pela prilneira vez mais mulheres quc homens foram recrutadas para esse exё rcito mal pago e dedicado,o dos ` `hussardos negros da Rep`blica",9 uma vez que mulheres po‐ diam ensinar Fneninos,Inas era impensttvel submeter os homens as tenta96es dc ensinar um n`mero cada vez inaior de meninas de escola. Algumas dessas novas aberturas beneficiaram as fi‐

lhas dos operdrios, Ou mesmo as dos camponeses, um n`mero maior beneficiou as filhas das classes m6dias e da antiga e nova

classe m6dia baixa, atrafdas particularmente para cargos que conferiam certa respeitabilidade social ou podiam ser conside・

radas(as custas da redu95o de seus nfveis salariais)COmO tra‐ balhandO para``cobrir pequenas despesas"*。 Tornou‐ se 6bvia a mudanca na posicaO e nas Oxpectativas sociais das mulheres durante as`Itiinas d6cadas do s6culo XIX, *``As iovenS que trabalham em grandes estabelecimentos atacadistas e as funcionttrias sao prOcedenteS de famflias de melhor classe e s5o por・ tanto, com maior freqtiencia, subsidiadas pelos seus pais... Em alguns poucos nlisteres, tais como o de dati16grafa, o das funciondrias c balco‐

nistas... encontramos o moderno fcn6meno da iovem que trabalha para cobrir suas pequenas despesas.''10

284

A

θra dos i″ pι ガοs

embora os aspectos mais visfveis da emancipacaO fenlinina ain‐

da estivessern, em larga medida, confinados as mulheres das classes mこ dias. Entre esses aspectos,naO precisamos dar dema‐

siada atencao ao mais espetacular de todos: a campanha ativa c, em pafses como a lnglaterra, dramtttica das``sufragistas" ou ``suffragettcs'夕

, cm prol do direito felninino ao votoo Como mo‐ viinento ferninino independente,n5o possuFa maior significa95o,

exceto em alguns paises(notadamente EUA c lnglaterra)e, mesmo nestes,n5o come9ou a atingir scus obiet市 OS Senao ap6s a Primeira Guerra Mundialo Errl pafses como a lnglaterra,onde O sufragismo tornou‐ se um fenOmeno significativo, deu a me‐ dida da forga polftica do feFniniSmo organizado, mas ao fazer isso revelou igualinente sua principal liinitag5o, um apelo res‐

trito principallnente a classe m6diao Como outros aspectos da emancipag5o das mulheres, o voto feminino era vigorosamente apoiado, em princFplo, pelos novos partidos operdrios e socia‐ listas, quc, de fato, ofereciam de longe o ambiente mais favo‐

rivel para as mulheres emancipadas tomarem parte na vida p`blica, pelo menos na Europao No entanto, enquanto essa nova esquerda socialista (diVersamente de partes da antiga es‐

querda, acentuadamente masculina, radical‐ democr`tica e anti‐ clerical)cOincidia,em parte,com o feminismo sufragista c era, n5o raro, atrafda por ele, nao pOdia deixar de observar que a maioria das mulheres da classe oper6ria lutava contra incapaci・

dades muito mais urgentes quc a privagao dO vOtO politico, as quais prOvavellnente nao serianl removidas automaticamente pelo direito de voto;e que na0 0cupavanl o primeiro plano nas inen‐ tes da maioria das sufragistas da classe m6dia.

2 Retrospectivamente,O movirnento pela emancipagao parece bastante natural,e mesmo sua aceleragao na d6cada de 1880, h prirneira vista,nao surpreendeo Tal como a dernocratizacao da polftica,uFn grau mais elevado de direitos e oportunidades iguais pala as nlulheres, cstava iinplicito na ideologia da burguesia

Hberal, por mais inconveniente e inoportuno quc aparentasse ser aos patriarcas em suas vidas privadas. As transforma96es

A nOva mulhel・

285

internas da burguesia, ap6s a d6cada de 1870, inevitavelinente ofereciam inaior campo de a950 para as suas lnulheres e especiaト

mente para suas filhas,pois,como vilnos,criavam uma substan‐ cial classe OciOsa de mulheres com meios independentes do ca‐ samento, e consequentemente, uma procura por atividades n5o dom6sticaso A16rrl dissO,quando nao se exigia inais trabalho pro‐

dutivO de um n`mero crescente de homens da burguesia,inuitos deles tendO sc engaiado em atividades culturais que severos ho‐ mens de neg6cios terialn preferidO deixar as lnulheres da farnflia,

as diferengas de sexo s6 poderiam parecer atenuadas.

A16m disso,certo grau de emancipa95o feFninina era, pro´ vavelmente, θεθSS`″ jο para os pais da classe m6dia, pois nem “ todas as farnflias dessa classe e praticamente nenhuma da classe

m6dia baixa era,sob qualquer aspecto,suficientemente rica para manter suas filhas conl todo o conforto,quado elas n5o casavam

nem trabalhavam. Isto talvez explique o entusiasmo de tantos

homens da classe m6dia(que iamais admitiram mulheres em seus clubes e associag6es profissionais)pela educa95o de suas filhas,no sentido de elas alcangarem uma certa independencia. Dc igual modO, nao h`nenhuma raz5o para se duvidar das ge‐ nufnas convicc6es dos pais liberais,nesses assuntos。

A ascens5o dos movilnentos oper6rios e socialistas como moviinentos fundamentais para a emancipag5o dos desprivilegia‐ dos, incontestavcllnente incentivou as nlulheres a busca de sua liberdade; n50 foi por acaso quc elas perfizeram um quarto dos

s6cios da(pequena e de classe m6dia)Sociedade Fabiana, fun‐ dada em 1883, I〕 ,como viinos,a ascens5o de uma econornia de servi9os e dc outras ocupag6es terci`rias proporcionou as mu_ lheres uma variedade maior de empregos fellnininos, cnquanto a ascens5o da econornia de consumo fazia delas o alvo principal dO mercado capitalista, N5o necessitamos,portanto,8astar muito tempo a descobril・

as raz6es da cmerFnCia da“ ■ova mulher'',apesar de que ё bom lembrar que tais raz6es podem n5o ter sido assirn taO siinples

como parecem a priineira vistao N5o existe,por excmplo,eviden_ cia suficiente de que, cm nosso perfodo, a posig5o da lllulher tenha mudado muito em virtude de sua significac50 econOmica cada vez mais central, comO cOntroladora da cesta de compras, fatO reconhecidO pela ind`stria da propaganda,conl seu realislno

/t θ ″ ″ aOS i″ pι rios

habitualinente pouco 6tico, quc entao entrava ern sua prirneira era gloriOsa, Devia csta fixar― se nas mulheres, numa econolllia

que descobrira O cOnsumo ue massa mesmo entre os bastante pobres, pois ihavia dinheiro a ganhar por interrn6dio de quem decidia a respeito da inaiOr parte das cOmpras de uma casa.Era preciso trat4‐ la cOnl malor respeito,pelo menOs da parcela desse

meCOniSmo da sociedade capitalistao A transforma95o dO sistema distributivo ―― cadeias de loias e grandes magazines sobrepu‐ nhanl― se as vendas de esquina e as feiras; os cat41ogos por reenl‐

bolso postal,aos mascates― ― institucionalizOu esse respeito,por

meio da deferencia,da balulac50,dos mostruarios e da publi‐ cidade.

Todavia, as damas burguesas sempre haviam sido tratadas conlo frcguesas de valor,ao passo que grande parte das despeⅢ sas dos relativa ou absolutamente pobres ainda cranl feitas para

cobrir necessidades ou cram fixadas pelo costume. O campo do que era agora considerado necessidade domё stica ampliou‐ se,mas os luxos pessoais fenlininos, como artigos de toalete e as modas de temporada, ainda se restringiram principalrnente as classes

m6dias.O poder de compra das mulheres,no mercado,naO cOn_ tribufa ainda para mudar o seu s`α

s, c era este o caso espe・

cialinente das classes in6dias,onde isto`″n5o era novidade,Pode・

se

mesmo argumentar quc as tё cnicas,tidas por anunciantes e iOr_ nalistas como as inais eficazes tendiarn,antes,a perpetuar os es‐

tere6tipos tradicionais do comportamento feminino, Por outro lado, o mercado ferninino originou um n`mero substancial de novos empregos para profissionais do sexo fenlinino,Inuitas das quais,por motivos 6bvios,interessavarrl‐ se ativamente pelo fenli・ nisino.

Quaisquer que fossem as complexidades do processo,nao h6d`vida quanto a not`vel inudanga da posig5o e das aspira96es das lnulheres,principalrnente nas classes lr16dias,durante as d6‐

cadas precedentes a 1914.O mais 6bvio sintoma desta lnudanga foi a not`vel expans3o da educagao secund`ria para meninas,Na Franga,on`merO dOs liceus para rapazes permaneceu aproxilna‐ damente est`vel entre 330 e 340,durante toda essa 6poca;mas o nimero de estabelecilnentos dO mesrno tipo para as meninas elevou‐

se de zero cm 1880 a 138 ern 1913,oon`mero de me‐

ninas que os freqttentavanl(Cerca de 33 mil)alCan9ou um ter9o

A nova mulher

287

do nimero dos ineninos.Na lnglaterra,onde nao havia sistema

secund6rio nacional antes de 1902, o n`mero das escolas de rapazes subiu de 292,err1 1904-1905,a397,ern 1913‐ 1914;inas o nimero de cscolas para meninas elevou‐ se de 99 para uma conl‐ par`vel cifra de 349.*Enl cerca de 1907‐ 1908,cm Yorkshire,o n`mero de ineninas nas escolas secundarias era aproxiinadamente igual ao dos rapazes,mas o quc talvez seia mais interessante ё quc enl cerca de 1913… 1914,on`mero de lneninas que pe.11lane‐

ciam nas escolas secund`rias do paFs ap6s a idade de 16 anos 0 αjO″ que o dos rapazes.11

era

j′

““ “ Nem todos os pafses demonstraram zelo comparttvel pela

educac5o formal das meninas(da classe m6dia e mё

dia baixa).

Esta avanOou muito FnaiS lentamente na Su6cia do quc em outros

pafses escandinavos,quase nada nos Pafses Baixos,InuitO pouco na B61gica c na SufOa,ao passo que na lt`lia,corr1 7.500 alunas,

era desprezfvel, Inversamente,ern 1910,cerca de um quarto de milh5o de ineninas receberarn educagao secund`ria na Alemanha (lnuitO mais que na Austria)e一 -O quc 6 surpreendente― ― na R`ssia alcan9ou igual n`mero ern 1900. A educagao secundaria para meninas progrediu menOs na Esc6cia que na lnglaterra e no Pafs dc Galeso A educacao universitttria para mulheres de‐

monstrou grande irregularidadc,salvo sua absolutamente not`vel expansao, na R`ssia czarista, onde cresceu de menos de 2.000 em 1905 a 9。 300 em 1911-― e,naturalmente,nos EUA,onde

os n`merOs totais(56.000 cm 1910),que praticamente ha宙

am

dobradO desde 1890,naO se cOmparavarn aos de outros sistemas

universit`rios, Em 1914, os n`meros da Alemanha, Franca e ltttHa situavanl‐

se entre 4.500c5。 000e,na 24ustria,2,700。

Note‐

se quc as inulheres erarn admitidas aos estudos universitttrios na

R`ssia,nOs EUA e na Suf9a, desde a d6cada de 1860, lnas na Austria apenas em 1897 e na Alemanha s6 em 1900‐ 1908(Ber‐ lim).Exceto em medicina,apenas 103 mulheres sc ha宙 am for‐ nlado nas universidades alemacs por volta de 1908,ano em que fOi nonlcada a priineira mulher prOfessora universit6ria nesse

pafs(na Academia Comercial dc M[annheim)。 As diferengas na‐ cionais no processo da educacaO fenlinina n5o atrafram grande interesse entre os historiadOrcs at6 o presente,12 * O n6mero de cscolas lnistas, quase certamente de s′ vou‐ se

mais nlodestamentc, de 184 para 281.

α′ s inferior. rι

ele

ス era dOs'“ ριriOs

288

Mesmo que todas essas meninas(com eXCegaO de・ um pu‐ nhado delas, que penetrava nas instituig6es masculinas da uni… versidade)naO tenhanl recebido educagaO igual,ou tao boa quan¨

to a dos rapazes da meslna idade,o siinples fato de a educagao secund`ria fOrlnal para mulheres da classe n16dia sc haver tor‐ nado fanliliar e, em certos paFses, quase norlnal, em dados cfr‐ culos,era coisa absolutamente sem precedentes. C)segundo e menos quantificttvel sintoma de uma significa‐ t市 a

mudanga na posi95o das(ioVens)mulheres 6 a maior Hber‐ dade de moviinentos adquirida por elas, dentro da sociedade,

tanto em scu pr6priO direito como pessoas quanto nas suas rela96es com os homens. Isto era de particular importancia para aS iOVens de famflias“ respeitiveis",submetidas as mais rigorosas restrig6es convencionais. A prdtica de dangar social e ocasional‐

mente nos lugares p`blicos destinados para esse filn(ou lmelhOr,

nem em casa nerrl formallnente,cm bailes da sociedade,organi― zados em ocasi6es especiais)reflete estc afrouxamento das con‐ ven96eso Por volta de 1914,a iuventude rnais liberada das gran‐ des cidades e balne`rios ocidentais itt se familiarizara com danOas

rftrnicas sexualinente provocantes, de duvidosa mas ex6tica ori…

genl(O tango argentino,os passos sinCOpados dos negros ameri‐ jg力 ′ ‐ ε:夕 bs,ou de tnaneira rllais chocante canos),pratiCados em “ ou durante o iantaro Cntre uIIl e outro nos hot6is,う hora do ch6 prato・

Isso implicava liberdade de rnoviincntos,nao apenas no sen‐

tido social,mas■ o literalo Pois ainda quc a moda fenlinina nao expressasse dramaticamente a emancipacao at6 uma 6poca poste‐ lorう Prillleira Guerra lⅥ undial,o desaparecimento das arma‐ 1・

duras dc tecidos e barbatanas que encerravarrl o corpo ferninino

em p`blico jd era antecipado pelas roupas soltas e flutuantes, pOpularizadas no final do perfOdO, pelas vogas do esteticislno intelectual da dё cada de 1880, do αr`‐ れοンフθα e da alta‐ costura “ classe m6dia,do prё ‐ 1914.E neste pOnto a fuga das inulheres da anlbiente crepuscular, das lampadas de abaiur, quc era o inte‐ rior burgues, para O ar livre, tornara‐ se significativa, porque

tamb6nl implicava,pelo menos em certas ocasi6es, uma fuga as restric6es inibidoras dos moviinentos, impostas pelas roupas e corpetes(e tamb6■ l a substituic5o disso tudO pelo novo e flexfvel sutia depois de 1910)。 N5o foi por acaso que lbsen siinbolizou a

A nova mulher

289

liberacaO de sua herofna por uma lufada de ar frescO a entrar na casa norueguesa。 (D esporte nao s6 possibilitOu aos iovens

(hOmens e mulheres)encontrarem― se como parcciros fora dos limites da casa e da parentela; as inulheres,cmbora ern pequeno nimero, eranl s6cias dos nOvos clubes de turisrno e de alpinis‐ rno, c aquela grande m6quina de liberdade, a bicicleta, emanci‐

pou mais a mulher quc O hOmem,jtt quc ela tinha mais necessi‐ dade de liberdade de moviinentOs, A bicicleta proporciOnava ainda inais liberdade do quc aquela de quc gozavanl as cavaleiras da aristocracia,obrigadas ainda,por decoro ferninino e conl con― siderttvel riscO, a montar de lado,enl silh6eso Quanta liberdade

adicional adquiriram as mulheres da classe m6dia, atravё s da pritica crescente, c eminentemente feminina, de passar as f6rias em esta9oes de veranelo ―― Os esportes de inverno, a nao ser

pela patinagao,pralicada por ambos os sexos,estavam na infan… cia 一― Onde apenas ocasionalinente os maridos se reuniam a elas, perFnaneCendo elln seus escrit6rios da cidade?*

De qualquer modo, agOra os banhos nlistos ―― a despeito dos esfor9os enl sentido contr6rio― ― inevitavellnente revelavam inais os corpos do quc a respeitabilidade vitoriana teria consi‐ derado toleravel`

Em que medida essc aunlentO da liberdade de mOvilnentos significou lllalor liberdade sexual para as mulheres da classe m6dia,ё diffcil precisar.Sexo senl casamento era ainda,decerto.

restritO a uma minOria de iOvenS COnscientemente emancipadas desta classO,quc,quase com certeza,buscavam outras express5es de libera95o, polfticas Ou outras, Segundo recordava unla lllu‐ lher russa, sObr9 0 perfodO posterior a 1905, ``tornouⅢ se l■ uito

diffcil para uma jovem`progressista'recusar as propostas sem dar largas explicac6es. Os rapazes provincianos n5o eranl muito exigentes,simplcs beijos eram suficientes,mas os universi“ rios da capital... n5o era ficil repelir.・ VOce 6 antiquada,Frα ′ θj″ ?

E quern queria ser antiquada?"。 1l De que diinensao“se‐ riam essas comunidades de jovens emancipadas,n50 se sabe, embora quase com cericza tenham sidO nlaiores na R6ssia cza‐

十Os ieitorcs inttressadcs cnl psicandise talvez tenhaln nOtado o papel dcscmpenhadO pclas fdri〔 ls, no progresso das pacientes, nos livros de

Siginund Frcud sobre os casos dc que tratava,

A ara Jos i″

290

p″ rios

maS rista e de desprezivel tamanho nos paFses mediterraneos,準 provavellnente bastante significativas■ o norte e no ocidente da Europa(incluS市 e na lnglaterra)e naS Cidades do lm〆 五o Habs_ burgo. O adultё rio, muito provavellnente a mais difundida for‐ ma de sexo extraconiugal para as mulheres da classe m6dia, pode ou nao ter aumentado com o aumento de autoconfianOa feminina. Existe grande diferenga entre o adult6rio,como uma forma ut6pica de sonho de libertag5o de uma vida restrita, tal

como na vers5o padronizada do tipo Mine.Bovary dos romances do s6culo XIX,c a liberdade relativa entre maridos e mulheres,

da classe m6dia francesa,de terem amantes desde que mantidas

as conven96es, confoFme apresentam as pecas de teatro dos ′s,no s6culo XIX。 (A prop6sito,o romance e as pecas Iθ ソ α″ “ escritos por homens。 )TOdavia,o adult6rio do s6culo XIX, fOram bο

bem como a maloria do sexo entaO praticado, resiste a q,anti_

fica95oo Tudo o que se pode dizer com alguma certeza 6 que cssa forma de comportamento era rnais comunl enl cfrculos aristo‐

crdticos e cfrculos da rnoda,sendo que nas grandes cidades(com o auxllio de institui96es discretas c impessoais, como os hot6is)

as aparencias pOdiam ser mantidas com maior facilidade.** Contudo,Se o historiador quantitativo est`perplexo,o qua‐ litativo naO pOde deixar de iinpressionar‐ se com o progressivo reconhecilnento da sensualidade feminina,nas estridentes decla‐

Stttll∫

%yttT ∬ 竜 轟 怠 ,T::■ ::Sl駅 譜 ,:Ssお tfficos, a superioridade mascuHna nas realizag6es ativas e inte‐ lectuais e a fun95o passiva e,por assim dizer,suplementar,das mulheres, na relag5o entre os sexoso Se isto parece ou nao ex‐ :『

T胤 器 驚:e蹴 胤1釧 蹴I∬鶴籠 鑑1躙 :

蘇 :静 Ittli鯖 撫∬警 勘脳 「 醐 鮮 欄難 疇 蔓 iV葺 撤 鋼 注 :

rallnente,cOnstitufam a maiOria das mulheres.

A nova inulher

291

「 脱 胴 1∬ 獅 驚 11朧 ,照 酬 蝋 ∴ 靴 徴 muheres,feito por Karl Kralls,contemporaneo c adnlirador de Wei― ninge■ 1厖is山 ,comO

fazia Kraus,que“ aqu1lo que n五 o6dado a mu―

ξ 鳳亀 響V胤 lttl鯖酬朧l酬:T毛 胤盟W

tural, alienado da namreza" necessita da mulher natural como sua contrapartida,pode五 a sugerir(comO para Mobills),Ou ntto suge五 r (COmO para Kralls),quc tOdOS os estabelccimentos dc educa9五

o supe―

五oL para muheres,dcvianl ser desmfdOso A atimde bttsica era seme―

hante.Havla,contudo,uma lncqulvoca e nova lllslsttnCla em quc as muuleres,como tais,tinhaln poderosos interesses er6ticos;para Kralls, :α 滋 “α Wパ タα′

(g五 fo

mCu)daS mulheres 6 a fonte na qual a intclec―

tualidadc(G`競 なた )dO hOmcm se renova".A Vlcnaノ ″ル siど ε た ,′

,

csse nodvel labora6rio da psicologia modeJttl,oferece o rcconheci― mento mais soflsticado e mcnos colllStrangido da sexualidade fclru― 面nao Os retratos de Khmt,das senhoras vieneses,para nao mencionar

os das mulheres cm gcral, stto imagcns de pessoas com podcrosas preocupa95cs cr6ticas pr6p五 as, ntto sllnples llnagclls dc sonhos sc― xuais masculinoso Sc五 a rlluito improvavcl que ntto rcfletisscrrl algo da realidade sexual da classe m6dia e supe五

or do]ヒ np6五 o Habsburgo。

C)terceiro sintoma de mudan9a cra a aten95o p`blica,accntua―

damente maior,conccdida as mulhercs,comO urn grupo quc pos― sufa interesses e aspira95cs cspeciais cOmo pesso郎 。Sem divida 0 faro comercial foi o primcllo a sentir o chciro do mercado especial folにnado pclas mulhercs― ― por cxemplo,o das pttginas fetrlllllnaS

dos novos(■ `rios de inassas,dirigidos a classe in6dia baixa,Ou das revistas femininas,parajovclls c mulheres rcccntcmcnte alfabcd2das― ―mas at6 o mercado apreciava o valor publicitttrio dc tratar as mulhcres nao apenas colllo conStlmdOras,Irlas como rcalizadOras.A gtande exposi95o intCrllacional anglo― francesa dc 1908 captou a t6nica dos tempos,n5o apenas por corFlbinar o csfor9o de vcndas dos expositores oom a celebra950 do llnperio e com o primeiro csttdiO olfmpico cspecialincntc cOrlstrufdo,rnas iguahncntc cOm o Palttcio do Trabaho Fcminino,simado llllln ponto ccntral c incllllndO uma exposi95o da hist6ria dc mulhercs ilustres,rnortas antes dc 1900,

292

Aθ ″

dο s i“ ″ 月OS

``de origem real,nobre ou simples"(desenhOS da jovem Vi“ ria, o manuscrito de/α ″ θEッ rθ ,a carruagem usada na CrirnCia por Florence Nightingale,ctc。 )c expOSig6es de trabalhos de a蝸 3, de artes c offcios, ilustra95es de livrOs, fotografias e coisas se‐

melhantes.* N5o devemos, igualinente, deixar de considerar a emergencia das mulheres como realizadoras individuais nos es‐ for9os competitivos, de que c esporte, outra vez, oferece um exemplo notttvel.A criacao das simples femininas em Wimble‐ don, depois de scis anos das siinples masculinas, c tamb`口 1, nunl rnesmo intervalo,nos campeonatos franceses e norte‐ ameH‐ canos,cra uma inova95o lnais revoluciOnttria,na d6cada de 1880, do que ёreconhecido holeo Que mulheres respei“ veis,e at6

casadas, aparecessem em p`blico, independentemente das suas famflias e de seus homens, teria sido virtuallnente inconcebivel duas d6cadas antes.

3 Por motivos 6bvios,6 mais fttcil documentar O movilnento consciente das campanhas pela emancipacao fenlinina c as mu‐ lheres que reallnente conseguiram penetrar nas esferas de vida at6 entao reservadamente masculinas.Ambos consistem em arti‐

culadas nlinorias de mulheres de classe m6dia e supenor do Ocidente quc,por sua pr6pria raridade,foranl reglstradas… ……tan‐

to melhor documentadas porquc at6 seus esfor9os e, em alguns casos, sua pr6pria existencia haviam despertado resistencia c debate.A sitnples visibilidade dessas ininorias desviava a atengao

da grande onda quc era a mudanga hist6五 ca na posi95o social das lnulheres,quc os historiadores podem apreender apenas obli‐ quamente.De fato,mesmo o desenvol宙 mento consciente do mon vilnento pela cmancipactto nao 6 inteiramente apreendido se nOs concentramos em suas porta‐ vozes militanteso Pois uma impor‐ ・ Contudo,6 tfpico dos tenlpos que “as artistas,em sua maloria,pョ ゴe‐ rissem exibir seus trabalhos no PaldciO das Belas‐ Artes'', e que o Wo‐ θ″ヽ f″ ご srrJα ′cο r7ci′ se queixasse ao Thθ T:“θs das condi95es into‐ “ “ quais trabalhavaln “ ler6veis nas nlilhares de mulheres empregadas na ex‐ posigao。 16

A nova mulhel・

293

tante parte dele c quase certamente a lnaioria das que nele tOma‐ ralll parte fora da lnglaterra,da Am6rica e,possivellnente,da Es‐

i聰

:鳳



:ぶ 乳

ξ鷺 』 胞

躍 盤 蹴

lilxp椒

pela sua identificag5o com a liberagao da mulher cOmo parte de

moviinentos mais amplos de emancipag5o geral, tais como os moviinentos Oper`rios e sOcialistaso Nao obstante, essas lnino‐

rias devem ser brevemente examinadas. Confo.1.le sugeriinos, Os moviinentOs especificamente fenli―

nistas erarn pequenos: em muitos paFses do continente suas orga…

nizag6es consistiam em algumas centenas ou, na melhor das hip6teses, de um a dOis ■lil indivfduoso Seus membros eram predonlinantemente das classes m6dias e sua ldentifica95o cOm a burguesia c em particular com 0 1iberalismo burgues,cuja cx‐

tens5o ao segundo sexo defendiam, dava_lhes a forOa que pos‐ suFam e determinava suas liinita95es. Abaixo do nivel da bur― guesia educada e pr6spera,O vOto feminino,o accsso)educa95o superior e o direitO de sair para o trabalho e de ter profiss50, alё rn・ da luta pelos direitos e pelo s′ α `ys legal igual ao mas_ culino (espeCialinente no tocante aos direitos de propriedade), dificilmente despertariam um fervor engalado COm0 0utros assun‐

tos, Nem devemOs esquecer que a relativa liberdade das mu‐ lheres da classe m6dia de fazer campanha em prol de tais exi‐

gencias repousava, pelo menos na Europa, na transferencia dos encargOs dOm6sticos a unl grupO de inulheres inuito maior,o das

empregadas. As lirnita95cs do feminismO de classe mё dia ocidental nao

eram apenas sociais e econOmicas,mas tambё m culturais.A fOrrna de cmancipa95o a que aspiravanl seus movirnentos, a sa‐ ber,a de ser tratada legal e politicamente como o homerrl e a de

tomar parte, comO pessoas, sem considerag6es quanto ao sexo, na vida da sociedade, presurnia a transformacaO dO padr50 de vida social,jtt bastante distanciado do tradicional“

lugar da mu‐

lher".Para tomar um caso extremo: os homens emancipados de Bengala,deseiandO demonstrar sua ocidentalizag5o, quiseranl ti‐ rar suas inulheres do isolamentO e traze-las``para a sala de visi‐

tas", mas coln isto produziram entre elas tens6es inesperadas, uma vez que n5o ficou nada clarO para estas lnulheres o que ga‐

nhariam em troca da pcrda da autonomia(subalterna mas muito

Aθ α′os i"PιriOs

294



real)SObre aquela parte da casa quc era, incontestavellnente, ググα 17 uina ``esfera ferninina" claramente definida一 ― quer a das mulheres is01adamente em suas relag6es de casa, ou a das s。

mulheres, coletivamente, como membros da comunidade― ― po‐ deria agredir as progressistas, como uma mera desculpa para manter a inferioridade felninina, como de fato, entre outras coisas,cvidentemente o erao E 6 claro que assiln crescentemente

veio a se tornar, com o enfraquecimento das estruturas sociais tradicionais.

Todavia, dentrO dos scus liinites, essa esfera havia ofere‐ cido a essas mulheres recursos individuais e coletivos dispon← veis que n5o eranl inteiramente desprezfveiso Por exemplo,olas

eram as perpetuadoras e formadoras da lfngua,da cultura e dos valores sociais, as essenciais foriadoraS da “opini5o piblica", as iniciadoras reconhecidas de certas esp6cies de agao p`blica

(como a defesa da“ economia moral''),c,n50 menos,elas eram as pessoas que n5o s6 haviam aprendido a manipular seus ho‐

mens mas tamb6m,em alguns assuntos e em algumas situa96es, (D dolnfnio dos homens θ Sρ θ ″ ανα― Sθ que eles cedesSem a elas。 sobre as mulheres, por absoluto que fosse em teoria, nao era arbitr`rio ou irrestrito na pr`tica coletiva como o domfnio dos

monarcas absolutos por direito divino naO era um despotisino ilimitadoo Esta observagao n50 justifica que uma forma dc domf‐

nio seia melhOr quc a outra,mas talvez ajude a explicar por que muitas mulheres― 一 que,por deseiarem algo melhor,ha宙 am aprendido com O passar das gerag6es a ``aproveitar o sistema", 一― permanecianl relativalnente indiferentes as reivindica96es da classe m6dia liberal,as quais aparentemente nao oferecianl tais vantagens pr`ticas.ハLfinal,rnesmo dentro da sociedade burguesa

e liberal,as francesas da classe m6dia e da pequena burguesia, que nada tinham de tolas e raramente eram dadas a uma suave

passividade, n50 se deram ao trabalho de apoiar em grandes ninleros a causa do sufrdgio ferninino.

Desde quc os tempos estavanl mudando e a subordina9ao da mulher era universal, aberta e orgulhosamente anunciada pelos homens, isso deixava um pleno espa9o para movilnentos

de emancipa95o femininao Na medida, por6m, em quc havia para estes a possibilidade de Obter apoio entre as massas de mulheres do perチ odo, paradoxalmente esse apoio n5o era aos

A nova mulher movilnentos especificamente feministas, mas siin as demandas

das mulheres dentro dos movilnentos de emancipa95o humana universal. Daf a atra95o dos novos moviinentos social‐ revolucio‐

ndrios e socialistaso Estes eram especificamente comprometidos

com a emancipagao das mulheres ―_a mais popular exposicao do socialisino, pelo lfder do Partido Social lDemocrata Alemao, fOi significativamente 24 M“ J力 θr θοSο εjα J,s“ ο,de August Bebel. Na verdade,os movilnentos socialiStas oferecianl,enl larga me― dida, o ambiente p`blico mais favor6vel para as mulheres que na o eram atrizes, Ou as poucas filhas favorecidas da elite,para

que desenvolvesselrl sua personalidade e seu talentoo Mais que isto,cles prometiarn uma total transformagao da sOciedade o que,

como bem sabiam as mulheres realistas, haveria de requerer uma mudanga no antigo padrao das relag6es entre os sexos.* Nessa rnedida,a verdadeira escolha polftica para as lnassas de mulheres europ6ias nao estava entre o fenlinismo e os movi‐

mentos p01fticos mistos,mas entre as igreias(nOtadamente a lgreja Cat61ica)e O SOCialismOo As igreias,lutando numa pode・ rosa acao de retaguarda contra o “progresso" do sё culo XIX (cf. ス E″ α ′ο Cα ρj`α J, cap. 6:1), defendiarn os direitos, tais

como jl os possuFam as mulheres na ordem tradicional da so‐ ciedade,e com zelo tanto maior,visto que o coniuntO dos fi6is e, sob certos aspectos, seu pr6prio pessoal, estava se tornando

surpreendentemente fenlinino: em fins do s6culo havia, quase certamente,lnuito mais religiosas profissionais do que cm qual‐

quci tempo, desde a ldade M6dia. E)ificilmente pode ter sido por acaso que os inais conhecidos santos cat61icos da 6poca quc

comeca em meados do s6culo XIX tenham sido mulheres:Santa Bernadette de Lourdes e Santa Teresa de Lisieux ―― ambas canonizadas em princfpios do s6culo XX― e quc a lgreja tenha dado incentivo not`vel ao culto da Virgem Mariao Nos pafses cat61icos, a lgreia ofereceu a.1.las poderosas, e rancoro‐

sas, as espOsas contra os maridos. MuitO do anticlericalisllllo,

portanto, adquiriu unl matiz de hostilidade antifeminina, como na Franga e na lt`liao Por outro ladO, as lgreiaS defendiarrl as

mulheres a custa de tamb6m comprometer suas piedosas segui‐ キE)isso nao se segue que tal transforma9五 o tomaria apenas a forma da revolu9五 o social que antevian■ quistas.

os moviinentos socialiStas e anar‐

A

296

θrα dOs,″ pι riOs

doras a aceitar a tradicional subordinagao e a cOndenar a eman‐ cipac5o fenlinina quc os socialistas ofereciam。

Pelas estatisticas, as mulheres quc optaram pela defesa de

seu sexo por melo da devo95o foram de n`mero enorlnemente superior ao das quc optaram pela liberacaO. Rcallnente, en‐ ‐ αソα″′ quanto o movilnento socialista atrafa desde o infcio uma ― principainlente, gα rグ mulheresesperar, excepcionallnente capazes― como`de se poderia as da classe m6dia e superior― ― nao h6 muitos sinais, antes de 1905, de participagao feFninina sig‐ nificativa em partidos operdrios e socialistas. Durante a d6cada

de 1890 n5o mais do que 50 mulheres (Ou 2 a 50/o)eram membros do reconhecidamente pequeno Pα

″ ι

jθ r ν″

Frα κρ αis,18

'0“na Alemanha, Quando recrutadas em maiores n`meros,comO

ap6s 1905, o eranl principalinente como esposas, filhas ou (COmO nO famoso romance de Gorki)m5es de socialistaso Antes de 1914 nao havia equivalente ao, digamos, Partido Social De‐ mocrata Austrfaco de lmeados da dё cada de 1920,do qua1 500/o dos membros erarn mulheres;ou ao Partido Trabalhista lngles da d6cada de 1930, do qual aproxilnadamente 400/O dos lnenl・ bros individuais eraln mulheres: embora na Alemanha a per‐ centagem delas j`fosse substancial。

"A percentagem de mu‐

lheres organizadas em sindicatos permaneccu consistentemente baixa: era desprezfvel em 1890 (a naO Ser na lnglaterra),nOr_ malrnente n5o mais de 100/0, crr1 1900,* No entanto,uma vez que as mulheres n5o votavam na maioria dos paFses, o fndice

mais pr6xilno de suas siinpatias polfticas nao est` a nOssa dis‐ posicao,e maiOres especulac6es sao OciOsas. A maioria das inulheres,portanto,permaneceu fora de qual‐

quer forma de mo宙 mento pela emancipacao.Alё m disso,mes‐ * Percentagem de mulheres entre os sindicalizados em 1913:20 。

P′ ′ cθ ″rα gθ





`s

Inglaterra

10,5

Alemanha

9

B61gica(1923)

8,4

Suecla

5

Suf9a

11 12,3

Finlandia

A nova mulher

297

mo as mulheres cuiaS Vidas,carreiras e opini6es demonstravam scu intensO interesse no sentidO de quebrar a tradicional gaiola da``esfera felninina"manifestavam pouco entusiasmo pelas canl‐

panhas mais Ortodoxas das fenlinistas.(D perfodo primitivo da emancipag5o fenlinina produziu notttvel safra de mulheres clni.

nentes,mas algumas das mais ilustres entre elas(por exemplo,

Rosa Luxemburgo ou Bcatrice Webb)naO viam raz50 para restringir seu talento a causa de urn s6 sexo. Verdade 6 quc O reconheciinento p`blicO era entao mais f`cil:de 1891 em diante,

ol市 ro de referencias ingles Mθ″。 ノ θT力 θ(HOmens dos `力 TempOs)mudOu O tftulo paraル んα ″ αフ ア ο“ θ ″ο 力 θTル θ ノ′ “ p`blica para “ (HOmens e Mulheres dos Tempos),c a at市 idade rθ

as causas fenlininas ou para aquelas cOnsideradas de interesse especial para mulheres(por exemplo,o bem‐ estar das criangas) era, por si, capaz de propOrcionar notoriedade p`blica. Nao obstante,o carninho da mulher no mundo dos hOmens pelllla― neceu diffcil,O exito exigia esfOr90s e dotes absolutamente espe‐

ciais e o n`merO das que o cOnseguianl era modestO。

De longe, a maior propor9ao delas praticava atividades reconhecidamente compatfveis com a fenlinilidade tradicional, tais como as artes tcatrais ou(para mulheres de classe mё dia, especialmente as casadas)literdrias.As“ mulheres dOs tempos'' registradas em 1895 eranl enl seu malor n`mero,na lnglaterra, as escritOras(48)e as figuras dO palco (42)。 lette(1873‐

21 Na Franga, Co‐

1954)era ambas as cOisaso Antes de 1914, uma

mulher i6 reCebera o Premio Nobel de literatura(Selma La‐ gerlof,da Su6cia, 1909)。 Carreiras profissiOnais abriranl‐ sc,por

exemplo, na educag5o, cOm a grande expansao da educa95o secund6ria e superior para meninas, ou ―― o que 6 certo na lnglaterra―― no novo jornalisl■ 0。 Em nosso perfodo,a politica c as campanhas p`blicas da csquerda tornaranl‐ se outra opgao promissorao A mOiOr percentagem de mulheres inglesas de des‐ taque, ern 1895 -―

unl ter9o ―― apareceu sob o tftulo``Refor‐ C)fato 6 quc a polftica revolucio‐ ndria e socialista Oferecia OpOrtunidades nao igualadas em Outras partes,conforine O demonstrava o n`lnero de inulheres da R`ssia madoras, FilantrOpas, ctc."。

czarista quc operavam numa variedade de pafses(Rosa Luxem‐

burgo, Vera ZasuHch, AIcxandra Ko■ ontai, Anna KulisciOff,

Angelica Balabanoff,Emma Goldman),e poucas em outros



α ″οs J″ p″ rわs “

paFses(BCatrice Webb na lnglaterra, Henrietta Roland‐ Holst nos Paises Baixos)。

E)iferente da polftica conservadora que, na lnglaterra ―― embora quase em nenhunl lugar rnais― ―,retinha a lealdade de muitas das aristocr`ticas senhoras fenlinistas,*mas sem oferecer tais possibilidades; e diferia da polftica partidaria liberal, em

que os polfticOs eranl, nessa 6poca, essencialmente do sexo masculinoo N5o obstante, a facilidade relativa com que as mu‐ lheres impriiniam sua marca na vida p`blica 6 sirnbolizada pela

outorga do premio Nobel da paz a uma delas(Bertha von Suttner, em 1905)。 A tarefa mais 6rdua,indubitavelmente,era a da mulher quc arrostava a resistencia,institucional e informal,dos

homens, entrincheirada nas profiss6es organizadas, a despeito da cabe9a‐ de… ponte, pequena, mas em r`pida cxpansao, csta_

bclecida por elas na medicina: 20 m6dicas na lnglaterra e no

Pafs de Gales em 1881, 212 em 1901, 447 em 1911. Isto d` a medida da realizagao extraOrdindria de Marie Sklodkowska‐ Curic (outrO prOduto do 1lmp6rio czarista), que ganhou dois prenlios Nobel de ciencias durante esse perfodo (1903 e 1911)。

Todavia, cssas luminares n5o d5o a medida da participagao ferninina no mundo masculino,que poderia ser impressionante, considerando‐ se os pequenos nimeros envolvidos; pensa‐ se no

papel desempenhado por um punhado de inglesas emancipadas na revivescencia do movilnento operttrio depois de 1888; em Annie Besant e Eleanor Marx, e nas propagandistas itinerantes quc tanto contribufram para a formagao do iOvem r4Jθ ρθ″αθκι ljα bο 夕 ′ Pα /′ ソ (PartidO Trabalhista lndependente), Enid Stacy,

Katherine Conway, Carolinc Martyno N5o obstante, apesar do apoio de praticamente todas essas mulheres aos direitos femi・ ninos e de,particularllnente na lnglaterra e nos EIJA,a maioria apoiar vigorosamente o moviinento polftico feminista,elas dedi・ CaraFn aO mOvirnento uma atengao apenas inarginal,

Aquelas que nele reallnente se concentraram eram as nor・

malmente comprometidas com a agitagao polftica,uma vez quc exigiam direitos que, do mesmo modo que o voto, requeriam * A lista do feminista E″ grぉ ヵ″。 α れ's yθα 300た (1905)inclufa 158 “ trinta duquesas, lnaquesas, viscon‐ senhoras conl tftulos, entre as quais dessas e condessas. Isso compreendia um quarto das duquesas da lngla‐ r‐

terra.22

A nova mulher

299

mudangas polfticas e legaiso E)ificillnente poderianl csperar inuita

coisa dos partidOs conservadores Ou confessionais, c suas rela‐ 96es com os liberais e radicais,cOm quenl estavanl as afinidades ideo16gicas do feminismo da classe ln6dia,erarn as vezes diffceis,

especiallnente na lnglaterra,onde fOrarn Os governos liberais que

se atravessaram no canlinho dO vigoroso moviinento sufragista de 1906‐ 1914, Ocasionallnente(como entre os tchecos e finlan‐

deses),claS eram associadas aos mo宙 mentos de oposig5o de Hbertag5o naciOnal. Dentro dos movirnentos socialistas e operd‐ rios, as mulher,s eranl incentivadas a concentrar‐

se enl seu pr6‐

prio sexo, e muitas fenlinistas sOcialistas rё alinente assiin o

fizeram, naO apenas porque a cxplorag5o das mulheres traba´

lhadoras exigia, obviamente, agao, mas tamb6m por haverem descoberto a necessidade de lutar pelos direitos c interesses das

mulheres dentro de seu proprio moviinento, a despeito do seu comprornissO ideo16gico com a igualdade. Pois a diferenga entre ‐ uma pequena αソα″′ gα rde de nlilitantes progressistas e revolu‐ ciondrios e o moviinento operdrio de massas era quc este`ltilno

consistia primordialmente n50 apenas em homens(apenas em virtude de o grosso dos assalariados e, Inais ainda, da classe operaria organizada,ser de homens),mas dC hOmens cuia atitude para com as mulheres cra tradicional e cuiOS interesses,como sindicalistas, mandavam excluir dO trabalho masculino os conl¨ petidOres rnal pagoso E as mulheres eram a forlna quintessencial

do trabalhO mal pagoo Contudo, no interior dos moviinentos operdrios, estas quest6es eram emudecidas c, at6 certo ponto, contornadas pela multiplica95o das organizag6es fernininas e dos conlites dO interiOr destes, especialinente ap6s 1905.

Das quest6es polfticas do ferninisrno, o direito ao voto nas elei06es parlamentares era o de maior evidencia. Antes dc

1914, este direitO nao havia sido ganho cm nenhuma nag5o, cxceto na Austr`lia e na Nova Zelandia,na Finlandia e na No‐

ruega,embOra 16 e対 StiSse em d市 ersos estados dos EUA e,em lirnitada extens5o,em governos locaiso C)sufrigio fenlinino n5o era quest50 que mobilizasse iinportantes moviinentos de mu‐ lheres ou que desempenhasse papel importante na polftica na‐ cional,excetO nos EUA e na lnglaterra,onde recebia substancial apoio das mulheres das classes superiores e mё

dias, alё m

de o

receber de lfderes polfticos e ativistas dos moviinentos socialis‐

Aθ ″ ″οs

300

i“ ′ι rわ s

tas. As agitag6es tornaranl‐ se espetaculares pela titica da agao jε α ι ′I1/″ jο 4(as``Suffragettes") ′ ダs Sο c'α ′α″αPο ι direta da lyο θ′

no perfodo de“1906¨ 1914. Contudo o sufragismo n5o nos deve induzir a desprezar a extensiva organizag5o polltica das mu‐ lheres como grupos de press5o para outras causas, quer de in‐ teressc especial para seu sexo― ― comO aS Campanhas contra o “tr`fico de escravas brancas" (que COnduziu a Lci Mann, em

1910,nos EUA)一 ,quer em quest6es como a paz e o antialc∞



lismo.Se n5o foram bem‐ sucedidas,enfim,cm scu primeiro empenho, sua contribu195o para o triunfo da `ltiina causa, a d6ciina oitava emenda a constituicao americana(a Lei Seca), foi decisivao N5o obstante, fora dos EIJA, da lnglaterra, dos Pafses Baixos e da Escandindvia,a atuacao p01ftica independente

das mulheres(excetO quando fazianl parte do moviinento ope・ ririo)permaneceu de escassa importancia.

4 Havia, contudo, ainda outro compo■ ente do feminismo a abrir carninho por entre os debates, polfticos e nao‐

p01iticos,

sobre as mulheres: a libera95o sexual.(D assunto era melin‐ droso, conforlne o testemunha a persegui95o as mulheres quc faziam publicamente propaganda de uma causa taO respeitavel‐ mente respaldada como a do controle da natalidade: Annic Be‐ sant,a quem privaram dc seus filhos por esse motivo em 1877, e mais tarde Margaret Sanger e Marie Stopes. Aciina de tudo, porё nl,

isso nao sc enquadrava facilmente na textura de movi‐

mento nenhum。 ()mundo da alta classe do grande romance de Proust ou a Paris das lё sbicas independentes e com frequencia

muito ricas, como Natalie Barney, aceitavam facilmente a li‐ berdade sexual, oFtOldOxa ou heterodoxa, contanto que fossem ―― como teste‐ guardadas as aparencias onde necess`rioo Mas

munha Proust― ― n5o associava a liberag5o sexual com a feli‐ cidade social ou particular Ou com a transfolllla95o social; e tampouco alegrava‐ se coln a perspectiva de tal transfo.11la95o (eXCeto no caso de uma bο カタ″θ situada bem mais abaixo,de artistas e escritores atrafdos pelo anarquismo).InVersamente,os

rev01ucionarios sOciais estavanl,certamente,comprometidos com

A nova mulher

301

a liberdade da csc01ha sexual para as mulheres ―― a utopia sexual de Fourier, adrnirada por Engels e Bebel, n5o fOra tOtal‐ mente esquecida ―― e tais movilnclllos atrafam os anticonven… cionais, Os utOpistas, os bOenlios e propagandistas da contra‐ cultura de todO tipO,inclus市 e aqueles que deseiavam afirmar

seu direitO de dollllir cOm quem quisessem e do modo que

deSeiassem.HomOssexuais comO Edward carpenter e Oscar Wilde, defensOres da tolerancia sexual como Havelock EHis, mulheres liberadas de v6riOs gOstOs,cOmo Annic Besant e C)live Schreiner, gravitavam na 6rbita dO pequeno moviinento socia‐ lista ingles da d6cada de 1880。

1」 ni6es

livres sem certid5o de

casamento eram n5o apenas aceitas,Inas,onde o anticlericalismo fosse particularrnente entusiasta, praticanlente obrigat6rias. To・

davia, confolllle demonstram as escaramugas de Lenin, mais tarde,com camaradas do sexO ferninino demasiado preocupadas com a quest5o sexual, as Opini5es dividianl‐ se sobre o que de‐ veria significar O “amor livre'' e eFn que medida isso deveria

ser preocupa950 central do moviinentO socialista. Uin advogado da ililnitada liberagaO dos instintos cOmo o psiquiatra C)tto

Grosz(1877-1920)一 ― criFninOSO, viciado em drogas e dos pri‐ meiros discFpulos de Freud, quc abriu seu canlinho atrav6s dos meios artisticos c intelectuais de Hcidelberg(e nao menOs por meiO de suas amantes,as irrnas RichthOfen,amantes ou esposas

de Max Weber,D.Ho Lawrence e Outros),passando por Mu‐ nique,Ascona,Berlirn c Praga― ― era unl seguidor de Nietzsche com escassa siinpatia por Ⅳ〔 arx` Embora tenha sidO saudado pOr alguns dos bOenlios anarquistas de antes de 1914 -一 mas sofrendo a oposi95o de outros, cOmo uln inirnigo da moral 一― e tendo favorecido o que quer que destruFsse a ordem existente,

Crosz era um elitista que dificilmente se ajusta a qualquer quadro polfticO. EIn suma, a liberacttO sexual, cOmo programa,

suscitava mais prOblcmas dO que oferecia solu96es, Fora da ‐ gα ″ αッα″′ Jθ bο カタ ″安ヽ seu apelo program`tico era pequeno.

Urn irnportante prOblema que a liberac5o sexual suscitOu, ou ao qual chamou a ateng5o,foi O da cxata naturcza do futurO da mulher na sociedade se lhe fOsse concedida igualdade de di‐ rcitos, oportunidades e tratamento. フ ヘqui, o pOnto crucial era O futurO da fanl〔 lia, que dependia da mulher, cOmO ma e. Era

ficil conceber as mulheres emancipadas dos fardos dOm6sticos,

Aθ ″

αOs i“ pι riοs

dos quais as classes m6dias e altas j6 sc ha宙

am despoiadO

(especiallnente na lnglaterra)por meio dos empregados e de mandar a prole do sexo masculino aos internatos, desde tenra

idadeo As mulheres americanas, num paFs onde os empregados i4eram escassos,h`muito pleiteavam― ― e comecavam a con‐ seguir― ― a transformag5o tecno16gica,e racionaHzadora, do tra‐ ″α balho dom6sticoo Christine Frede五 ck,no Lα αjθ s lο θ /ο ″″ “ den‐ de 1912,chegou a trazer a``adFniniStracaO cientffica"para trO de casa(Cf.acima pp.70‐ 2).Os fOgて発sag`s alastravam‐ se,

J′

n5o muito depressa, desde 1880, c os fog6es e16tricos, mais rapidamente, desde os `ltiinos anos precedentes a guerra. o termo“ aspirador de p6''apareceu em 1903 e os ferros elё tricos

loram empurrados a um p`blico cё tico a partir de 1909, nlas seu triunfo teria lugar no futuro, durante o intervalo entre as duas guerras.As iavanderias― ―nao ainda as das casas― ― foram mecanizadas; o valor da producao de m`quinas de lavar, nos EUA, quintuplicou entre 1880 e 1910。

23(Э

s socialistas c anar―

quistas,conl igual entusiasmo pela utopia tecnb16gica,preferiam arranios colet市 Os,c conCentraram‐ se igualmente cm escolas in_

falltis, ber9`rios e o fornecilnento ao p`blico de alimentos i`

preparados(dos quais as merendas escolares foram um dos pri“ meiros exemplos)que dariam)s mulheres a capacidade de com‐ binar a lnaternidade com o trabalho e outras atividades.Todavia,

isso nao res01veu completamente o problema。 N5o poderia a emancipagaO feminina implicar a substitui95o

da farnflia nuclear existente por algum outro agrupamento huヽ nlano? A etnografia, que florescia como nunca antes, demons‐ trava que essc estava longe de ser o inico tipo de farnilia conhecido da hist6ria― ― o livro do antrop61ogo finlandes Wes. αgθ (HiSt6ria do Casamento termack,His`ο ry οノ H″ α Mα ″′ “ “ Humano), de 1891, atingira, at6 1921, cinco edi96es e foi tra‐

duzida para o frances,o alem5o,o sueco,o italiano,o espanhol jθ ‐ Jα Fα α,ご αPrο ρ″ “ “ `J′ Es`α グο (1884),tirOu as necess6rias conclus6es

e O iapOnes__e Engels,em sua O″ グαごθPriν α′αθJο

igθ

revolucionariaso No entanto, cmbora a esquerda ut6picorevolu‐ ciondria experilnentasse novas formas de unidades comunit`rias, z dos colonos CuiO prOduto mais duradouro viria a ser o た ′ 'b“ iudeuS na Palestina,pode‐ se afi.1.lar com Seguranga quc a rnaioria

dos lfderes socialistas e a maloria, ainda mais numerosa, de

A nova mulher

303

seus seguidores, para nao menciOnar as pessoas menos ``avan‐

Oadas", concebiam o futuro em termos de uma transformada falnflia nuclear, mas, ainda assiln, essencialrnente uma farrl`lia

nuclearo Contudo, as opini6es divergiam quanto h mulher que

fazia dO casamento, da manuten95o da casa e da maternidade sua carreira priinordial.Conforlne observou Bernard Shaw para

uma mulher emancipada,correspondente de um iornal,a eman‐

cipacao feminina cra principalinente assunto Jθ Jα 。24 Apesar de uma certa defesa da casa e do lar pelos inoderados do socialismo (por eXemplo, os `freVisionistas" alemacs), Os te6ricos de cs‐

querda, de modo geral, achavam quc a emancipacaO fenlinina adviria de um emprego ou de interesses fora dc casa, o que, portanto,incentivavanl conl entusiasmoo Contudo,o problema de combinar a cmancipa95o coln a maternidade nao seria facillnente resolvido。

Um grande n`mero,provavelmente a maioria,das mulheres emancipadas da classe in6dia quc optavanl por uma carreira num

mundo masculino,nesta

ёpoca,resolvia o problema abstendo‐

se

de ter filhos, recusando‐ se a casar e coFn frequencia(cOmO na

lnglaterra)pelo Virtual celibato. Isto n5o era apenas um reflexo

da hostilidade para com os homens, disfarcada as vezes como sentirnento de superioridade feminina crn relac5o ao outro sexo,

tal como podia ser encontrado na periferia do movinlcnto su‐ fragista anglo‐ sax5o.Tambё m n50 era sirnplesrnente urn subpro‐

duto do fato demogrifico que o excesso de mulheres ―- 1,33 milhaO na lnglaterra, cm 1911 -― ilnpossibilitava o casamento para muitaso C)casamentoo na verdade, era ainda uma carreira う qual aspiravarn mcsrno as mulheres trabalhadoras n5o‐

lna‐

nuais que abandOnavam o ensino escolar ou o emprego de es‐

crit6riO no dia de seu casamento, mesmo quandO n5o fossem a isso obrigadas. Isto refletia a dificuldade muito real de coln‐

binar duas ocupa96es absorventes, numa 6poca cm que apenas recursos ou auxlios excepcionais tornariam essa combinag5o pratic`vel. Na ausencia destes, uma oper`ria fenlinista, como Amalie Ryba‐ Seidl(1876… 1952), fora Obrigada a abandonar a miHtancia de toda sua vida no Partido Socialista Austrfaco por cinco anos (1895‐ 1900), para dar ao marido tres filhos;25 e o que pelos nossos padr6es 6 menos desculpttvel, Bertha Phil‐

potts Ncwall(1877‐ 1932),uma not`vel mas esquecida histo‐

304

A

θrα dOs i″ pι riOs

riadora, achou que devia pedir denlissao dO cargo de diretora dO C}irton College, Cambridge,t5o tarde quanto 1925,``porque o pai necessita dela e ela acha que deve ir",26 MaS O Custo da auto― abnegacao era alto, c as mulheres quc optavam por uma carreira,como Rosa Luxemburgo,sabiam quc a teriam de pagar

e que a estavam pagando。

27

Em que medida, pois, havia se transformado a condig5o ferninina, durante o meio s6culo precedente a 1914? O pro‐

blema nao 6 o de medir e sim o de julgar as mudangas quc, por quaisquer padr6es, forarn substanciais para um grande n`‐

mero,talvez para a maloria das mulheres do(Э cidente urbano e industrial;e dram`ticas para uma minoria de inulheres da classe m6dia。 (Mas Vale a pena repetir que todas essas mulheres,iuntas,

formavam apenas pequena percentagem da metade felninina da raga humana。 )Pe10S padr6es simples e elementares de Mary wonstonecraft, que pediu direitos iguais para ambos os sexos, tinha havido uma importante vit6ria no acesso das mulheres as

ocupac6es e profiss6es at6 ent5o mantidas como monop61ios masculinos,conl frequencia implacavellnente defendidas,do bom senso e meslno das conveng6es burguesas, como na ocasiao em

que os homens ginecologistas argumentaram que as mulheres eram especiallnente iれ α′θ9“ αJα s para tratar de doengas especi‐

ficamente fenlininas, Por volta de 1914, poucas mulheres ha‐ viam avangado por essa brecha, lnas, cm princfplo, o caminho cstava abertoo Apesar de as aparencias indicarem o contrttrio,

as mulheres estavam a beira de uma vit6ria macica na longa luta lor iguais direitos de cidadania,simbolizada pelo voto. POr muito irnplacavellnente contestadas que tenham sido antes

de 1914, lnenos de dez anos depois as mulheres votavam nas elei96es nacionais pela priineira vez na Austria,Tchecoslov`quia,

Dinamarca, Alemanha, Irlanda, Pafscs Baixos, Noruega, Po‐ 16nia, R`ssia, Suё cia, Inglaterra c EUA.* Essa mudan9a not6‐ vel, ёevidente, foi a culininancia das lutas de antes de 1914.

Quanto ) igualdade dc direitos perante a lei(ciVil)O balan9o foi benl lnenos positivo, apesar de haverem sido removidas as desigualdades mais flagranteso Na questao da igualdade de ven‐ ・ De fato, na Europa, as mulheres foram exclufdas do vOto apenas nos paises latinos (inClusive na Fran9a), na Hungria, nas partes mais atra‐

sadas da Europa oriental e no sudeste dtt Europa

― ― a16m da Su19a.

A nova mulher

305

ciinentos, n5o tinha havidO adiantamento significativOo Com ex…

ce96es senl impOrtancia, as mulheres podiam ainda csperar ga‐ nhar inuito rnenos que os homens pelo nlesmo trabalho,ou para

ocupar cargos quc, sendo “empregos de mulheres", eram por esse motivo mal pagOs. Poderia ser dito quc,unl sё culo ap6s Napole5o,os E)ireitos dO Homem da Revolu95o Francesa haviaFn SidO concedidos as mulheres. As mulheres estavam as v6speras de conseguir igual‐ dade de direitos de cidadania, c eFnbOra de modo reduzido e estreito, abriarn‐ se carreiras, agora, para seus talentos, como para Os dos hornenso Retrospectivamente, 6 f`cil reconhecer as Hrnita96es desses avan9os, como tamb6m as dos prilneiros E)i‐

reitos do Homem. Foram benl‐ vindos, lnas n5o bastavanl, cs‐ pecialinente para a grande maioria das mulheres mantidas na dcpendencia pelo casamento e pela pobreza, Mesl■ o, por6m, no caso daquelas para quem o progresso

da emancipag5o era incontest`vel

―一 as mulheres das classes

mё dias

cstabelecidas (embOra provavellnente nao da nOva e antiga pequena burguesia ou classes mё dias baixas)e aS mu_ lheres iovenS que trabalhavam antes do casamento― ― issO

co10‐

cava um problema iinportanteo Se a emancipa95o significava emergir da esfera privada e freqtientemente separada da farnflia, da casa e das relag6es pessoais as quais as inulheres havianl sido

t50 1ongamente confinadas― ― poderiam elas,c como poderiam, reter a parte da ferninilidade que nao eranl siinplesmente papё

is a

elas iinpostos pelos homens nunl mundo feito para os homens?

Em outras palavras,como poderiam as mulheres competir,como mulheres, numa esfera p`blica forinada por urn sexo diversa… mente dё finido e enl terrnos a ele adequados?

N5o hd,provavelrnente,resposta permanente para essa per‐

gunta, examinada de diferentes modos por todas as gera96es que levam a s6rio a posicao das mulheres na sociedade, Cada resposta ou coniuntO de respostas pode ser satisfat6rio apenas para sua pr6pria coniuntura hist6rica。 (lual foi a resposta das

priineiras gera96es de mulheres ocidentais urbanas quc mergu‐ lhararrl numa`poca de emancipag5o?Sabemos bastante a respeito da vanguarda das pioneiras notttveis politicamente ativas e cul‐ turalrnente articuladas, inas pouco sabemos sobre as inativas e

inarticuladas.S6sabemos que as inodas fenlininas que varrcram

A ara Jos imp● rios

506

os setores emancipados do Ocidente ap6s a Priineira Grande Guerra c que retomaram os temas prenunciados antes de 1914 nos meios “avancados" (nOtadamente a boemia artFstica das grandes cidades), COmbinavam dois elementos muito diferentes. Por unl lado,a``geracao dOノ αZZ"do ap6s‐ guerra adotou decisi‐ vamente o uso de cosn16ticos em p`blico,o que antes havia sido caracterfstico de mulheres cuia fungaO exclusiva cra a de agradar aos homens:prostitutas e outras profissionais do entretenitnento.

Exibiam agora partes do cOrpo, a comecar pelas pernas,quc as conveng6es do sё culo XIX relativas ao decoro feminino haviam

mantido ocultas dos olhos concupiscentes dos homens.Por outro

lado as modas posteriormente a guerra faziam o melhor que pOdiam para nliniinizar as caracterfsticas sexuais secundarias que distinguiam mais visivellnente os hOmens das mulheres,cor‐ tando c mais tarde tosquiando cabelos tradicionallnente longos e tornando os seios tac chatOs quanto fisicamente possfvel.Como as saias curtas, os corpetes abandonados e a rec6rn‐ encontrada liberdade de moviinentos,tudo issO eranl sinais e reivindica96es

de liberdadeo N5o poderianl ter sido tolerados por uma gerac5o mais velha de pais, maridos e outros detentores da tradicional

autoridade patriarcal. Que mais indicavam? Talvez, como o triunfo do``vestidinho preto"inventado por Coco Chanel(1883‐ 1971), pioneira entre as mulheres de neg6cio profissionais, re‐ fletissenl iguallnente as exigencias da mulher que precisava conl‐

binar O trabalho e a infOrinalidade em p`blico com a elegancia。 Podc‐ se apenas refletiro Mas 6 dificil negar que os sinais da inoda

emancipada apontavan■ em dire95es opostas e nem sempre compativeis.

Como tantas outras colsaS nO mundo do entre‐ guerras, as modas da libera95o fenlinina p6s¨ 1918 tiveram suas pioneiras nas αソαれ gα rグ pr6‐ guerra, Mais exatamente, elas floresceram “ bOenliOs das grandes cidades: em Greenwich nos quarteir6es `―

Village, ein Montmartre e Montparnasse, em Chelsea c em Schwabingo Pois as idё ias da sociedade burguesa,inclusive suas crises e contradig6es ideo16gicas,cncontravam expressaO caracte‐

rfstica, embora corn frequencia desnorteante e desnorteada.nas artes.

cAPrTuLο 9

AS ARTES TRANSFORMADAS

れ― ″ つИ り Os ig″ 0″ α α ′ sノ ″ れ s9“ θ rdα ]θ ″ ο α Cθ Sθ S Jθ θ “ ‐ jO″ 'cο ″Or CO″ みθ ′ α α 0“ θ θ.… α Oグ ο s α αα ν s SOb″ θα ″ s ι ノ `θ “ “ J“ θ “ αα “θ prθ C'α … れ Cj胸 に 0 ′ ss“ ″ rθ 9″ 0″ c'α , rθ α O α , cOttη ノ "′ `θ `O jα jο ー j ο タ :j″ ο J″ rrα れ た α ″ ソ ″ つ riα α η α ′ ソ ... υ Sθ ″ ′ rgο ο ″ 0,α α ′ "η い “ “ “ “ α gれ cjο れ α ソ α ο ご Os cOJθ α ″ o E ′ ο 協 〃α θ riα ″ οノ rrο sθ rjα 9′ “ jsι “ ``た g“ :み α ソαtt rf′ θ s θsθ ο″ s Jθ cα グ θ″′ θ sSiο ″ αs, I′ α″t riν Fο ご″ οs j“ ″ EJθ s[ρ

j′

`′

gOs′ α r

ρ οcr``jε α ′ ごθαJg“ αα″ ′″:rrα `ris′ “ Romain Rolland,19151 .

0“ θ κs, Ё θ″′ ″ θθ ssθ S 力 ソθjS θttη

cο ″ 7 jれ ′ θJθ ε s c″ J`ο s,

″θrッ Os

sf‐ sθ ″

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ムgθ sム ″ο 9″ θ θ″cO″ α商降Os Os prOノ θ S θ JiscFp“ Jο s αο `脇 jれ `α Oν ′ ″α ι ″ ソθJ O。 ,. POr Cο れ sθ g“ Pθ ssi′ 力js″ τ

O θνα4gθ Jみ `グ ο Jο , ρ `θ jα js"η ο θ jι ι ο″ θθ θ J“ 0″ ο 4α ノ η χ α ttη α jれ ss'″ ″ グ 0ご ο Pθ β ノ 9″ θO Crθ “ ‐ 0″ θs θ ″ ″ ′ r ′ ″gJο sα χ∂″iCα , θ ごθlθ s6 ροJθ οs Jisθ icα ragα α ρrα ι j`O “ rθ “ jα οαssi′ η S′ ri`Os, ご ′ οs gr″ ρOs,“ s″ α′ θ″グ θ 6:θ cθ ″ ソθs′ ― “ jcisttFο ο ″ θ ″‐ `gjοJο θ rθ ノ θ s θα′ α is″ η σ rbjご ο ′ jrα r i′ θ σ s`θ ′ `)″ ttα ttFα ,α α r′ s,





″′ ″″ α ′ ο θ″マ ρOθ Siα εο O θ ρ′ α″′ “ “ .

S. Laing, 18852

ssittη rο o E α `″ “ J9“ θ ″ 力 cθ ″9“ α ο ″ θ cο s rθ ο Jθ r`α ο θ Sθ α o Cο θ ′ θ θ ρ ′ 9“ 9″ '70S9“ “ jg02.… “sο j″ η j`ο E αssi″ ι9“ θ″θg″ rigο α ι ″ ο″οSSO“α “ 'Sθpθ″οs ObSθ θα′ グοs sθ θ Iο s οr`ο s θ 9″ θ ″70S O θSPIθ″′0ら 9“ “ “ ο ″,“ 4J0 α ″ ′ ι θ θOο ρθrα οs cO′ η α θθ′″icα フ οr'οsα 9“

Oノ θ riο ″α η θ ′′ θj“ ノ cassα riα И οι″θ 0 passα ご jИ

j′

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jグ グ “ν θ 。 Jο ε α θ 滋 グθ





F.To Marinetti,o futurista, 19133

Aθ ″

308

αOs i″ pι riο s

l

Talvez nada ilustre melhor a crise de identidade pOr quc passava a sociedade burguesa nesse perfodo quc a hist6ria das artes dos anos 1870 a 1914.Foi a 6poca em que tanto as artes criativa como seu p`blico perderam as referenciaso A rea95o das prilneiras a essa situag5o foi um salto para a frente rumo a inOvag50 e a experiinenta95o,vinculando… se cada vez mais as

utopias ou pseudoteorias. Op`blico,salvo os cOnquistados pela

moda e pelo esnobismo, murmurava defensivamente que

“nao

entendia de arte, mas sabia do quc gostava", ou se refugiava na esfera das obras “cllssicas", cuia excelencia era garantida pelo consenso de gera95es. Contud6, a pr6pria validade desse consenso estava sob fogo cerrado. Do s6culo XVI ao final do

XIX, uma centena de esculturas antigas compunha o quc era considerado a mais elevada realiza95o das artes plisticas, sendo scus nomes e reprodu96es falllliliares a todo ocidental instrufdO:

Laocoonte,Apolo do Belvedere, C}ladiador Moribundo,Menino Tirando um Espinho,Nlobe Chorando,e varias Outras. Foram praticamente todas esquccidas nas duas gerag6es ap6s 1900, cxceto talvez a Vttus de Milo 一 destacada desde sua desco‐ be● 餞 l,no

infcio do s6culo XIX,pelo conservadorismo das auto‐ ridades do museu do Louvre em Paris― ― que mant6m at6 hole sua popularidade. Ademais,a partir do fiin do s6culo XIX,o tradicional ter‐

reno da cultura erudita estava nlinado por unl iniinigo ainda mais poderoso: o fato de as artes atrafrem as pesSoas comuns e(COm excecao parcial da literatura)de terem sido revolucio‐ nadas pela combinag5o da tecnologia com a descoberta do mer‐ cado de massas. O cinema, a inovagao mais extraordindria nes‐ zz e SCus v`rios descendentes,ain‐ sa`rea,iuntamente com o′ α

da naO triunfara:mas em 1914 id estaVa muito presente e pron‐ lo para conquistar o mundo`

E, sem divida, pouco adequado exagerar a divergencia entre o p`blico e os artistas criativos da cultura erudita ou burguesa desse perfodoo Sob muitos aspectos, o consenso entre eles continuava a existir,c os trabalhos de pessoas que se con‐

sideravam inovadoras, e que, como tais, encontraram resisten‐

As artes transformadas

509

cia, foranl incorporados ao coniuntO dO que era tanto “bOnl'' como``popular"entre o p`blico refinado,lnas,tamb6■ 1,de ma‐ neira dilufda ou seletiva, entre camadas muito mais amplas da pppulagao.(D repert6rio aceito de misica erudita do filn do s6culo XX inclui o trabalho de compositores desse perlodo,bem como o dos ``cl`ssicos" dos s6culos XVIII c XIX, seu princi― pal manancial: Mahler, Richard Strauss, IDebussy e v`rios vul‐

tos de destaque sobretudo nacional(Elgar, Vaughan Williams, Reger,Sibelius)。 (D repert6rio operistico internacional ainda esta‐

va sendo elaborado (PucCini, Strauss, Mascagni, Lconcavallo, JaniCeck,sellll contar Wagner,cuio triunfO data dos trinta anos anteriores a 1914)。 Na verdade,a grande 6pera prosperou imen‐

∂θ, para beneffcio do samente, absorvendo inclusive a αソα″ gα ″ p`blico elegante,sob a forma de ba16 russo. Os malores nomes daquela 6poca ainda sao lendirios: Caruso, Chaliapin, Melba, Nilinsky,Os``こ 16ssicos ligeiros"ou as populares operetas,can‐ r―

q6es e composi96es curtas,essencialllrlente enl scus pr6prios idio‐

mas,tamb6m brilharam muitO,como a opereta Habsburgo(Le‐ har,1879‐ 1948)ea``COm6dia musical''。 ()repert6rio das orques‐

‐ θ bο χ θ s de hoie tras de Palln Court, dos coretos e at6 das ′た “ testemunha a atra95o quc essas pe9as exercem. A literatura em prosa “s6ria" da 6poca encontrara e con‐ servara seu lugar, embora nenl sempre sua popularidade con‐ temporaneao se a reputa95o de Thomas Hardy, Thomas Mann ou Marcel Proust aumentou(juStificadamente)… ― a maioria de seus trabalhos foi publicada ap6s 1914, embora as novelas de Hardy tenhanl sido publicadas sobretudo entre 1871 e 1897-―

,

a sorte de Arnold Bennett e Ho Go Wells,Romain Rolland e Roger Martin du Gard,Theodore Dreiser e Sellna Lagerlof foi

mais dificil.Ibsen e Shaw, Chekhov e(ern Seu pr6prio paFs) Hauptinann,sobreviverarn ao escandalo inicial para serenl incor‐

porados ao teatro cl`ssico. Por essa raz5o, os revolucionirios das artes visuais do final do s6culo XIX,impressionistas e p6s‐ irnpressionistas,foraln reconhecidos no s6culo XX como ``gran‐

des mestres", mais que como indicadores da modernidade de seus admlradores. A verdadeira linha divis6ria atravessa o pr6prio perlodo。 Jθ experiinental dos `ltimos anos do pr6‐ da αソα4`― gα ″

Trata‐ se

guerra,que,fora uma pequena comunidade de ``avangados"一 ―

310

A cra dο s E″ pι ″ ′ οs

intelectuais, artistas, criticos e seguidores da moda

―― nunca

seria recebida de modo genuFno e espontaneo pelo grande p`‐ blico. Aqueles podiarrl se consolar pensando quc o futuro lhes pertencia,Inas para Schonberg o futuro nao chegaria como che‐

gou para Wagner(embOra se possa argumentar que chegou para Stravinsky); para OS Cubistas nao chegaria como chegou para Van Gogh.Afirmar esse fato n5o significa iulgar Os trabalhos e,menos ainda,subestilnar o talento de seus criadores,que po‐ dia ser impressionantee Contudo,6 dificil negar quc Pablo Pi‐ casso (1881‐ 1973),homem de genio extraordindrio e vasta pro‐ dutividade, ёadrrlirado sobretudo como unl fenOmeno mais do que pela forga de influencia ou meslno por nossa siinples frui‐

95o de seu trabalho(salvO nO que tange a um pequeno n`mero de quadros, principalinente de seu perfodo pr6‐ cubista). Ele pode perfeitamente ter sido o priineiro artista com ulFl talento dessa ordenl desde o renascilnento。 Ё, portanto, initil estudar as artes deste perlodo, como o

historiador 6 tentado a fazer para o come9o do s6culo XIX, em termos de suas realiza95es. No entanto, deve‐ se enfatizar que seu desenvolviinento foi not`vel.(〕

nftido aumento do ta¨

manho e da riqucza de uma classe m6dia urbana capaz de dar mais aten95o a cultura,bem como a grande extensao da classe m6dia baixa e de sctores das classes trabalhadoras instruFdos e

com sede de cultura, teria sido suficiente para garantir esse desenvolviinento。 (D n`mero de teatros triplicou na Alemanha

entre 1870 e 1896,passando de duzentos a seiscentos.4 Foi nes‐

se perlodo que come9aram os Concertos Promenade na Gra‐ Bretanha (1895), quc a nova Medici Society (1908)produZiu em rnassa reprodu96es baratas dos grandes mestres da pintura para satisfazer a essas novas aspirag6es culturais, que Have‐ lock Ellis, mais conhecido como sex61ogo, publicou uma Mer‐ maid Series barata de pe9as elizabetanas e da 6poca de,arnes

I, que cole96es como World's Classics e Everyman Library* levaram a literatura internacional aos leitores de poucos recur¨

soso No alto da escala de riqueza estavam os pre9os das obras dos velhos mestres e outros sfinbolos do grande dinheiro,domi‐ nados pelas aquisi96es rivais de lnilionirios americanos aconse‐ 十C16ssicos lmundiais e Biblioteca de todos,(N.da T。

)

As artes transformadas

311

lhados por negociantes, que por sua vez eram assessOrados por

conhecedores como Bernard Berenson; ambos foram extrema― mente benl‐ sucedidos nesse com6rcio, o os pre9os bateram to‐ dos os recordes enl termos reais.Os setores refinados dos ricos, e ocasionalinente dos muito ricos, em regi6es apropriadas, e os

museus que dispunham de um bom financiamento, sobretudo da Alemanha, adquiriram n5o apenas o melhor dos velhos mes― ‐ gα rdθ s mais tres, Inas tamb6m dos novos, inclusive das ανα″′ radicais, que sobreviveram econolrlicamente gragas,cm boa rne‐

dida, ao patrocinio de alguns desses colecionadores, como os

homens de neg6cios moscovitaS Morozov e Shtchukin. Os me‐ nos refinados se fizeram retratar, ou mais frequentemente a suas esposas, por lohn Singer Sargent ou Boldini, c encomen‐ daram o proletO de suas casas a arquitetos da moda、

N5ohう divida de quc o p`blico das artes,Inais rico, refi… nado e democratizadO, era entusiasta e receptivo. Trata‐ se, afi‐ nal, dё

um perfodo em que as atividades culturais, hi muito

s na classe m6dia alta, encontra― tempo um indicador de s`α ram sfinbolos concretos para`“ expressar as aspira96es e as mo‐ destas realiza95es matOriaiS de amplas camadas, como o piano de armario, que,financeiramente acessfvel atrav6s do credi`rio,

agOra era entronizado na sala de visitas dos funcionirios, dos trabalhadores mais bem pagos(ao menOS nos paises anglo‐ sax6‐

nicos)e campOneses pr6speros ansiosos para demonstrar sua modernidade. Ademais, a cultura representava aspira95es nao apenas individuais,lnas tamb6m coletivas,sobretudo dos novos moviinentos de massa de trabalhadores. Numa era de democra‐ cia,as artes tamb6m simbolizavam obiet市 OS e realiza96es polf‐ ticas, para a prosperidade material dos arquitetos que proieta‐

ram os gigantescos monumentos h autocongratulagao naciOnal e

a prOpaganda imperial, que povoaram o novo lmp6rio Alemao, a Gra‐ Bretanha eduardiana c a lndia conl nlassas de alvenaria;

e dos escultores, que forneceram a essa idade de ouro o que loi chamado de``estatuomania'',5。 bietOS que iam do gigantesco

(COmO na Alemanha e nos EUA)aos mOdestos bustos de Ma‐ rianne* e os memoriais de pessoas ilistres locais nas comunas rurais francesas.

・ Nome feminino usado para designar a Revolu95o Francesa。 (No da T。 )

312

A crα

dOs'“ pび riOs

As artes n5o devem ser avaliadas por sua mera quantida‐ dei nerrl suas realiza95cs s5o uma siinples fungao do consumO

e da demanda do mercadoo Contudo, n5o htt como negar que houve, nesse perfodo, mais pessoas tentando ganhar seu sus‐ tento como artistas criativos(ou maiOr propor95o delas na foト 9a de trabalho)。 Sugeriu‐ se inclusive quc a existencia de diver‐ sas dissidencias das institui96es oficiais de arte, que controla‐

vam as exposi96es p`blicas oficiais(o New English Arts Club, as intituladas com toda clareza ``Secess6es" de Viena e Berlinl, ctc。

, sucessoras da Exposi95o lmpressionista francesa do in`cio

dos anos 1870), cra devida cm grande parte ao congestiona‐

mento numこ rico da profissao e de seus institutos oficiais, quc tendiam naturalnlente a ser dominadOs pelos artistas mais ve‐ lhos e reconhecidos.6 Podettse at6 argumentar quc agora havia se tornado mais fttcil que nunca ganhar o sustento como cria‐ dor profissional, devido ao notavel crescilnento da ilnprensa di`ria e peri6dica(incluindo as publica95es ilustradas)e aO Sur_

giinento da indistria da publicidade, assiin como de bens de consumo desenhados pelo artista― artes5o ou outros especialis= tas de nfvel profissionalo A publicidade criou ao menos uma

forlrla nova de arte visual que viveu uma pequena idade de ouro ern torno de 1890: o cartazo Nao hd divida de quc essa quantidade de criadores profissionais produziu muito trabalho

sob encomenda para o mercado, ou o quc era assiFn Sentido pelos literatos e misicos profissionais, que sonhavam com sin‐

fonias enquanto escreviam operetas ou can95es,ou,como Geor‐ ge C}issing, com grandes romances e poemas enquanto fabrica‐ va resenhas, ``ensaios" ou folhetinso Mas era trabalho pago, c at6 razoavellnente bem pago: garantia‐ se as mulheres que quc‐

riam ser iornalistas,provavelmente o maior contingente de no‐ vas mulheres profissionalizadas, que era possfvel ganhar 150 libras esterlinas por ano trabalhando apenas para a iinprensa australiana.7

Ademais, 6 inegivel que durante esse perlodo a pr6pria cria95o artfstica prosperou notavellnente e se estendeu mais do

De que nunca por uma ampla `rea da civilizaga0 0cidental. 】 fato,sem contar com a m`sica… ― cuio repert6rio l`era basi‐ camente internacional, sobretudo o de Origem austro‐ germanica 一― a criagao artfstica se tornou mais do que nunca interna‐

As artes transformadas

313

cionalizadao A fecundag5o das artes ocidentais por influencias ex6ticas― ― do lap5o a partir dos anos 1860,da Africa nO infcio

dos anos 1900-j6foi mencionada cm conex5o com o impe‐ rialismo(ver,acima,pp.119‐

21)。

Nas artes populares,influen‐

cias da Espanha,R`ssia,Argentina,Brasil c sobretudo Am6rica do Norte se disselninaram no mundo ocidentalo Mas a cultura, no sentido aceito pela elite, tamb6nl internacionalizou‐ se nota…

velinente devido a maior facilidade dc deslocamento pessoal dentro de uma ampla`rea cultural. Pensamos nao tantO na ver― dadeira “naturalizagaO" de estrangeiros atrafdos pelo prestigio de certas culturas nacionais, o que fez grcgos(MOreas), amC‐ ricanos(Stuart Merill,Francis Vie16‐ Griffin)c ingleses(Oscar

Wilde)escreVerem textos simbolistas em frances;disp6s polo…

neses(Ioseph COnrad)e americanos(Henry laFneS,Ezra Pound) a irem inorar na lnglaterrai c garantiu que a Escola dc Paris para pintores tivesse uma freqtencia composta mais de espa‐ nh6is(PiCassO, Gris), italianos(MOdigliani), rusSOS(Chagall, Lipchitz, Soutinc),romenOs(Brancusi),b`lgaros(PaSCin)e ho‐ landeses(Van Dongen)do que de franceses,Elrl certo sentido, esse era apenas um aspecto da dispers5o de intelectuais que, neste perfodo, se distribufram pelas cidades do planeta como irnigrantes, turistas,povoadores e rcfugiados polfticos; ou pelas universidades e laborat6rios, para fecundar a polftica c a cul‐ tura internacionais.* Pensamos antes nos leitores ocidcntais que

descobriram a literatura russa c a escandinava(traduZida)nOs anos 1880,nOs centro‐ curopeus que se inspiraram no movirnen‐ ‐ /rs_α ″ crα ノ tO α α ′ S britanicO, no ba16 russo quc conquistou a Europa elegante antes de 1914・ A cultura crudita, a partir dos

anos 1880, foi uina combina95o dos produtos nativos com os irnportados.

Entretanto, as culturas nacionais, ao menos em suas nla‐ nifesta95es menos conservadoras c convencionais, gozavana de evidente boa sa`dc― ― se 6 quc esta ёa palavra certa para algu‐ mas artes e talentOs criativOs que, nos anos 1880 e 1890, se orgulhavam de ser considerados ``decadentes''` 1l obviamente, . O pOpel desses eFnigrantes da Rissia na polftica de outros paFscs d bem conhecidO: Rosa Luxemburgo, Helpllalld‐ Parvus e Radek na Ale‐ nlanha, KuHscioff e Balabanoff na ltilia, Rappoport na Franca, Dobro‐ 8canu‐ Guerea

na Ronlenia.Emnla Goldman nos EUA.

314

A era dos impむ Jο s

diffcil fazer iulgamentos de valor nesse territ6rio taO vagO,pois

o sentilnento naciona1 6 capaz de exagerar os m6」 itos das rea‐ lizagCtts culturais em sua pr6pria lingua.Ademais,como vimos, agora havia Hteraturas vigorosas em idiomas lidos por poucos estrangeiros,Para a grande maioria,a cxcelencia da prosa c es‐

peciallnente da poesia cm ga6Hco,h`ngaro ou finlandes 6 uma

questao de f6, como a da poesia de Goethe ou Pushkin para os que nao sabem alem5o ou russo. A m`sica tem mais sOrte nesse sentido.Seja∞ mo for,naO hi crit6rios v41idos de iulga… mento ―― salvo talvez a inclusao enl uma ανα″ gα ″ごθrecO‐ nhecida ―― para destacar figuras nacionais de seus contempo‐ raneOs,em termos de renome internacional.Rub6n Da五 o(1867‐ `―

1916)teri SidO melhor pocta quc outros latino‐

anlericanos seus

contemporaneos? Bem pode ter sido, mas s6 podemos ter cer‐ teza de quc esse nicaragtense conquistou reconheciinento inter‐

nacional no mundo hispanicO como unl influente inovador po6‐ tico. Esta dificuldade de estabelecer crit6rios internacionais de avalia95o liter`ria tornou a cscolha do prenliO Nobel de litera¨

tura(institufdo em 1897)permanentemente insatisfat6ria. A efervescencia cultural era, talvez, lnenos perceptivel em paFses de prestigio reconhecido e produ95o artfstica ininterrup‐ ta, embora at6 nestes pudesse ser observada especial intensida‐

de na vida cultural, como na Franga da Terceira Rep`blica c

no lmp6rio Alemao ap6s os anos 1880 (comparada )s dこ cadas do meio do s6culo); e nOva folhagem brotava nos galhos de artes criativas at6 entao bastante vazios: teatro e composicao musical na Gra‐ Bretanha,literatura e pintura na Austriao Mas particularmente impressionante 6 o inquestionivel florescimento

das artes em pafses ou regi6es pequenas e marginais, at6 entao pouco notados ou h` muito tempo ado....ecidos: Espanha, Es‐ candin`via ou Boenlia. Isto fica 6bvio numa moda intemacio‐

nal como variadamente chamado α″′

θα 0“ ソ

f′

gθ ″ ごSι jJ,s′ jJθ

“ “ encontravam “ se nao ;ibθ rι y), dO fiin do s6culoo Seus epicentros apenas em algumas capitais culturais mais importantes(PariS,

Viena),mas tamb6m e,na verdade,sobretudo em outras mais ou menos perif6ricas: Bruxelas e Barcelona,Glasgow e Helsing・ fOrS(Helsinki)。

plos marcantes.

A B61gica,a Catalunha c a lrlanda sao exem_

As artes transformadas

315

Ё provttvel quc em nenhum outro momento,desde o sё culo XVII, o resto do mundo tenha tido que prestar tanta aten95o a prOdu95。 cultural dos PaFses Baixos do sul como nas`ltiinas d6cadas do s6culo XIX. Foi entao quc Maeterlinck e Verhac‐ ren tornaralllll‐ Se rapidamente nomes de destaque na literatura curopё ia(um deles ainda 6 conhecido como o escritor do Pθ

θιMα isα れdθ ,de

:彪 α s

Debussy);James Ensor se tornou um nome

α″ conhecido na pintura,enq,anto o arquiteto Horta lan9ou o ` れOιι ソθα ,Van de Velde levou uFn``Inodernismo" de origem bri‐ “ tanica para a arquitetura alema e Constantin Meunier inventou o estere6tipo internacional da escultura proletttriao No que tan‐

ge a catalunha ou,antes,ao′ ηOJθ r″ js“ θde Barcelona,de cuios arquitetos e pintores Gaudi e Picasso sao apenas os mais famo‐ sos,pode‐ se dizer sem medo de errar quc apenas os catalaes mais seguros de si teriam previsto tamanha g16ria cultural enl,

digamos, 1860. Como um observador do panorama irlandes daquele ano tampouco teria previsto o extraordindrio vigor dos escritores (sobretudO protestantes) oriundOs daquela ilha, da

geracao apos 1880: George Bcrnard Shaw, Oscar Wilde, o grande poeta W.Bo Yeats,Iohn M,Synge,o iOVem lames loy‐ ce e outros de renome mais local. Contudo,naO bastaria escrever a hist6ria das artes no pe‐ rlodo que nos ocupa siinplesIIlente como uma est6ria de suces‐

SOS, O quC POr certo o era em termos econOmicos e de demo‐ cratizagao da cultura c, a um nfvel algo mais modesto quc a 6poca shakespeariana ou beethoveniana, de ampla dissemina‐ 95o da realiza95o criativao Pois mesmo permanecendo na esfera da “cultura erudita" (que id eStava se tornando tecnologica‐

mente obsoleta),nem os criadores em arte nem o p`blico do quc era classificado como``boa"literatura,1■

a viam nesses termoso Ainda havia, sobretudo `sica,pintura,etc. na zona frontei‐ ri9a onde a cria95o art(stica c a tccnologia se superp6eFn,eXpres‐

s6es de confianga c triunfoo C)s paldcios p`blicos do s6culo XIX

e as grandes esta96es de estrada de ferro ainda estavam sendo artes: em Nova

construFdos como colossais monumentos as belas‐

lorque, Saint Louis,Antu6rpia, Moscou (a cxtraordin`ria esta‐

95o Kazan),BOmbaim e Helsinkio As e宙 dentes realizag6es da tecnologia,cOmO demonstrado na Torre Eiffel e nos novos arra‐ nha‐ c6us

americanos, deslumbraram at6 aqueles que negavam

316



′Os ittpι riOs “

seu valor est6tico. Para as massas cada vez mais instruFdas e deSeiOSas de cultura, o siinples acesso a cultura erudita, ainda de paSsado e presente, ``cl`ssico" e ``moderno'',era um `j″ triunfo “““ em si.AEッ θり αがsIガ b″ ッ (bri‐ tanica)publiCOu suas realizag6es em volumes “ em cuia progra_

vista como um εο″

magaO visual havia ecos de William Morris,corn textos de Ho‐ mero a lbsen,dc Plat5o a Darwin.8 E,こ claro,a estatu`ria p`‐ blica c a celebra95o da hist6ria e da cultura nas paredes de ediffcios piblicos― ― cOmo na Sorbonne dc Paris e no Teatro

Municipal, na Universidade e no Museu de Hist6ria da Arte de Viena― ―, brilhou mais que nuncao A luta incipiente entre os nacionalismos italiano ёalemao nO Tirol lnaterializou―

se res‐

Pcctivamente enl torno da constru95o de montlmentos a Dante e Walther von der Vogelwcidc(pOeta lfrico medieval).

2 No entanto,o fiin do s6culo XIX nao sugere triunfalismo amp10 e autoconfianga cultural, e aS iinplicag6es bem conhe‐ cidas dO termoノ j″ Jθ S,2clθ sao,bastante cnganosamente, as da

``decadencia" de que tantos artistas consagrados e novatos _vem a mente o iovem ThOmas Mann― 一 se orgulhavam nas d6cadas de 1880 e 1890。 lDe maneira mais geral, as artes ``elevadas" estavanl pouco a vontade na sociedade。 1)e certa maneira, no campo da cultura como nos outros, os reSultados da sociedade e do progresso hist6rico burgueses,por muito tem‐

po concebidos como uma coordenada marcha para a frente da mente humana,foram diferentes do esperado.Op五 meiro gran‐ dc historiador liberal da literatura alem5, Gervinus, argumen‐

tara, antes de 1848, quc a ordenacao (liberal e nacional)dos assuntos polfticos alemaes era a cOndi95o necessdria para um novo florescitrnento da literatura alema。 9 Depois do surgimento da nova Alemanha, os livros did`ticos de hist6ria da literatura

previam confiantemente a ilninencia dessa idade de ouro, mas no final do sё culo tais progn6sticOs otilnistas se transformaram

ern glorificacao da heran9a c16ssica contra as obras contempo‐

raneas, considcradas decepcionantes ou (no caSO dOS “moder‐ nistas'')indCSei6veiS,Para mentes lnais amplas que a da mё dia

As artcs transformadas

317

dos pedagogos, j` ficava claro quc .`o espfrito alemaO de 1888

representa uma regress5o en■ rela95o ao espfrito alem5o de 1788"(Nietzsche)。 A cultura parecia uma luta da mediocridade para se consolldar contra “o predonlfnio da plebe e dos excen_ Na batalha curop6ia entre tricos(sobretudo quando aliados)''.1°

antigos e modernos, travada no fiin do s6culo XVII e ganha de maneira evidente pelos modernos na Era das Revolu96es,os antigos一 一 jtt n5o situados na antiguidade c16ssica一 ― venciam urna vez mals.

A democratizagao da cultura atravё s da educag5o de massas 一 e at6 devido ao cresciinento numこ rico das classes

m6dia e m6dia baixa,`vidas de cultura― 一 i`bastava para

fazer as elites procurarem sfrnbolos de s′ α′s cultural mais “ na crescente exclusivos. Mas o fulcro da crise das artes reside divergencia cntre o quc era contemporaneo e o que era “mo― derno''.

No inicio, cssa divergencia naO era 6bvia。 1)e fato, ap6s 1880,quando a ``modernidade" se tornou urrl s′ οgα れ c o termo .`α ′ ‐ gα r∂ θ', em seu sentido moderno, se insinuou nas con‐ ソα″ι versas de pintores e cscritores franceses, a defasagem entre o

p`blico e as artes mais ousadas parecia estar sc l・ eduzindo. Isto se dava cin parte porquc as idё

ias``avancadas''sobre socie‐

dadc e cultura parecem combinar‐ se naturalrnente, sobretudo em dё cadas de depress5o econOnlica c tensao social,c em parte porquc o gosto de importantes setores da classe m6dia tornou‐ se nitidamente mais flexfvel, talvez atrav6s do reconheciinento p`‐

blico das mulheres(da classe mё dia)emanCipadas c da luven‐ tude como grupos, e devido h fasc mais livre e voltada para o lazer da sociedade burguesa (Ver cap。 7). O redutO do p`blico burgues tradicional, a grande 6pera, quc, cm 1875,ficara cho― cado com o populismo da Cα r″7θ ′ ち de Bizet, no infcio da dё ‐

cada de 1900 aceitara naO apcnas Wagner, lnas tambё

m a

curiosa combinacaO dC drias c realismo social(ソ θris“ ο)sohrc ′ θriα R″ s`icα r7α , de NItascagni, 18901 as ordens inferiores(Cα ソα′ ιο′isθ , de Chapentier, 1900)。 Estava preparado para fazer a fOrtuna de um cOmpositor como Richard Strauss,cuia Sα ′ ο ´ “ (1905)reunia tudo o que teria chocado a burguesia dc 1880: Llrn libreto siinbolista baseado no trabalho de um esteta nlili―

lanle c escandaloso(Oscar Wilde)c tima linguagcm musical

∠ θrα

s ittι riο s

“ p6s― wagneHana

sem concess6eso Em outro」 vel, comerciallnente mais significativo,o gosto da IIunoria n五 o― convencional agora se tonla rentttvcl,como dcmonstranl as fortunas das fi.1..as lon―

drinas Hcals(fabriCantes de m6veis)e Liberty(tecidOS)。

Na

Gr五 ― Bretanha,o epicentro desse terremoto estilfstico,um porta―

voz da incoerencia do convencionalismo,a opereta Pa′

j`“ ε θ

,de(3il―

bert e Suluvan,sati五 zou uma flgllra de Oscar Wllde c atacou a recente

prcLめ にia das mosが (attaFdas pc10s vesddos“

es“ dcos'9,illSpirados

enl galerias de arte)por poetas simbolistas com l五 os nas mttos,clll vez dos vigorosos oflciais dc cavala五 ao Pouco depois,o movilnento

αtts― α″みCrtts de Wilualn Morris elaborou o modclo das mans6es,

cha16s― is

e deoora9五 o de interiorcs da burgllcsia abastada c insmfda

a mais tardc o economista Jo M. (“ minha classe",como a chama五 Keynes)。

Rcalmente,o fato de as mcsnas palavras sercm usadas para descrevcr inova95cs sociaiS,culturais e est6ticas rcssalta a con―

vergencia.O New English Arts Club(1886),α ″-4ο ツια ,00

“ “ prinCipal pcri6dico do lnarxismo internacional,usa― ram o mesmo attct市 O para a“ nova mulher''.A juventudc e o Nc“

`Zciち

cresciinento priinaveril foram as metttforas que dcscrcveram a vers5o alemtt do α″′― ο ツ s rCbeldcs artisti‐ (J“ g`“ aむ `α “ `jJ),。 os idealizadOres dtt imagerls dc prima― cos do Jung‐ Wlen(189o“o “

vera c cresciinentO das inanifesta95es traba■ istas de 19 de rnaio.0

futuro pcrtencia ao sociausm。 _mas a“ misica do futllro"¢ ― 滋 S“ おjO de wagner tinha uma dimellsio sOciop01fdca corls― “

ψ

ciente, na qual mesmo rcvoluciOnttrios polfticos de esquerda (Berrlard shaw;VictOr Adler,o lfder sOcialista austrfaco;Plek―

hanov,o lnarxista russo pioneiro)pensavalll discernir clemen― tos socialistas quc haC escapam a mai。 」a de nゝ .De fatO,a esquerda anarqlusta(cmbOra talvez merlos quc a socialista)dcsCO― briu m6ritos ideo16gi9os at6 no grande,porё m longe dc ser politi―

camente``progressista",genio de Nietzsche,que,independente de suas outras caracterttticas,era indubitavehente“ lrlodeJ■ o'つ 。11

Era,sem d`vida,natural quc as id6ias``avan9adas"tivcsscm aflllldadc colrl estilos artfsticos inspiradOs pelo``povo"ou que, aprofundando o realisIIlo at6 produttr o“ naturalisino"(Cf.ス Erα ごθ Cα ′ルαJ),adOtOu conlo telna os oprimidOs e explo―

As artes transformadas

319

rados e mesmo as lutas dos trabalhadores. E vlce… versa。 lNa 6poca sociallnente consciente da Depressao,hOuve uma produ‐ ―― por 95o considerdvel de tais trabalhos, boa parte dos quais exemplo, na pintura ―― dc autpria de pessoas n5o ligadas a qualquer manifesto ou rebeliaO artfsticao Era natural quc os “avan9ados" adnlirassem autores que demoliam as conven96es burguesas, sobre as quais era “apropriado'' escrever. Seus pre‐

feridOs eram os grandes rOmancistas russos, boa parte deles descobertos e popularizados no Ocidente por ``progressistas",

lbsen(e, na Alemanha,outros escandinavos como o lovem

Hamsun e一

escolha menos previsfvel一 一 Strindberg)e,aCima

de tudo,os escritores``naturalistas'',acusados pelas pessoas res―

peitiveis de se concentrarenl no suio ladO inferior da socic‐ dade e,conl frequencia,as vezes temporariamente,atrafdos pela esquerda democr`tica de vttrios tipos como lmile Zola e o dra‐

maturgo alem5o Hauptinann` Tambё m n5o parecia estranho que os artistas expressassem seu ardorosO compronlisso com a humanidade sofredora por meios que iam alё m do“ realismo",cuio mode10 era um registro cientffico isento: Van Gogh,entao ainda bastante desconhecido;

o noruegues Munch,socialista;o belga lames Ensor,em cujo quadro E4`″ α Jα グ S“ S Cris`ο θ θ θノ θ ″2 Br“ χ ′ α s θ 1889 havia um “ expressionista estandarte pela Revolu95o Sociali ou a protO‐ alemtt Kathe Kollwitz comemorando a revolta dos tece16cs de teares lnanuaiso Contudo, os estetas militantes e os defensores

da arte pela arte,campe6es da “decadencia'',e as escolas desti‐ nadas a ser de diffcil compreens5o para a massa, como o``siin‐ bolismo", tambё m silnpatizavam com o socialismo, como Oscar

Wilde c Maeterlinck, ou ao menos se interessavam pelo anar‐ quismo.Huysmans,Leconte de Lisle c Malla.1116 estavalln entre

os signat`rios de Lα Rι νοrrθ (1894)。 12 Em suttLa,antes do infcio

dO nOvO sё culo nao havia uma separacao generalizada Cntre ``rnodernidade" polltica c artistica.

A revolu95o de origem britanica na arquitetura e nas artes

aplicadas ilustra o vinculo entre ambas,bem como sua eventual incompatibilidade. As rafzes britanicas d。 ``modernislno" quc levou a Bauhaus fOranl, paradoxalinente,g6ticaso Na cnfuma9a‐ da oficina do mundo, uma sociedade de cgofsrno e de vanda‐ lismo est6tico,onde os pequenos artfficest ta o visfveis no resto

A

320 da Europa, ja n5。

′′ α グOs i“ pι riο s

pOdiam ser discernidos na nё voa gerada

pelas fttbricas,a ldadc M6dia de camponeses e artes5os parecera

por muito tempo um modelo de sociedade mais satisfat6rio, tanto do ponto de vista social como artistico.Dada a revolu95o industrial irreversfvel,foi inevit`vel a tendencia a tOml‐

la como

modelo inspirador de uma vis5o de futuro,antes que como algo que podia ser preservado, e ainda menos restauradoo William Morris(1834‐ 1896)6 iluStrat市 o da totalidade do traietO entre

o medievalismo romantico tardio e uma esp6cie de marxismo social revolucionttrio. C)que tornou Morris e o moviinento ′ sィ ″みε ″ノ α″ ι S,associado a ele,tao nOtavelmente influentes foi

a ideologia, mais que seu surprOendente e m`ltiplo talento de αθsig″ θr, decorador e artffice: este moviinento de renova95o artistica procurava especificamente reatar os la9os perdidos en‐ tre a arte e o operttrio da produ95o e transforlnar o ambiente da vida cotidiana一 ― dos elementos internos da casa)aldeia,a cidade e a paisagem一 ,lnais do quc ter acessoれ sfera fechada em si das “belas― artes" para os ricos e o lazer。 (D moviinento α″ ′ s`″ J‐ θ″ αノ teve influenciaalё desproporcional,pois impactode m dos pequenos seu cfrculos se estendeu `S automaticamente artistas e crfticos,e porquc inspirou os qte deseiavam mudar a

vida humana, sem contar os homens praticos interessados na produ95o de cstruturas e obietOS utilitttrios e nos iinportantes

setores da educagao.N5o menos importante,o moviFnentO inte‐ ressou um punhado de arquitetos de mentalidade progressista, atrafdos para as novas e urgentes tarefas do “planeiamentO urbano"(o termO tornou‐ se corrente ap6s 1900)pela ViS50 de utopia tao prOntamente associada a sua profiss5o c aos divul‐

gadores a ela vinculados: a “cidade iardiln" de Ebenezer

Howard(1898)ou,aO menOs,o“ sub`rbio iardim". crα ノ rs,portanto,uma ideologia Como o mo宙 mento αr`s‐ α″′― artistica tornou‐

se mais quc uma moda entre criadores e cO″ ‐

″αissθ ″ s, pOiS Seu compronlisso com a mudanca social o vin‐ “ culou ao mundo das institui95es p`blicas e das autoridades re‐

formistas, que podiam traduzi‐ la na realidade de escolas de

arte ou cidades c comunidades reproietadaS Ou expandidas.E vinculou os homens e ―― em n`mero notavellnente maior …… mulheres at市 os no mo宙 mento≧ produ95o,porque seu obiet市 0 era essencialinente produzir``artes aplicadas'', ou arte usada na

As artes transformadas

vida real.〔 )mOnumento

321

mais duradouro a Winiam Morris 6

unl iOgo de maravilhosos pap6is de parede e desenhos texteis ainda disponfveis no mercado nos anos 1980。 A cullnina95o deste casamento s6cio‐ est6tico entre offciosI arquitetura e reforlna foi O esti10 quc ―― em grande medida,

embora naO inteiramente, propulsadO pelo exemplo britanicO e seus divulgadores ―― se disselninou na Europa no final da

d6cada de 1890 com v`rios nomes, dos quais α″ ″ο ソθα 6 0 ` “ anti‐ “ mais conhecidoo Ele era deliberadamente revolucionirio,

historicista, antiacadenlico e, como seus defensores nunca dei¨ xaram de repetir,``contemporaneo''。 combinava a indispens`vel tecnologia moderna― ― seus movirnentos mais destacados foram

as estag6es dos sistemas municipais de transporte de Paris e Viena― ― ≧ uniao artesanal entre adorno c adequa95o a finali_ dade; tanto quc hoie sugere, aciina de tudo, uma profusao de elementos decorativos curvilfneos entrelagados, baseados em motivos estilizados,principallnente bio16gicos,botanicOs e ferrli‐

ninos. Estas eram as met`foras da natureza, da iuventude, do cresciinento e do moviinento tao caracteristicas da 6pocao E, de fato, mesmo fora da G}ra― Bretanha, os artistas e arquitetos quc usavam essa linguagem estavam associados ao socialismo e ao trabalhismo ―― como Berlage, que construiu uma sede de sindicato ёnl Alnsterda, c Horta, idealizador da “Maison du

Peuple", em Bruxelas. O αr`

4θ タッθ α triunfou cssencialinente atrav6s do mObilidrio, dOs elementos de“decoragao de interiores

e de in`meros ObietOS dOm6sticos,desde os caros e luxuosos de Tiffany, de Lalique e do Werkstatte vienense as lurnin`rias de mesa c a cutelaria cuia imitagao mecanica se espalhou pelas modestas casas de sub`rbioo Foi o prilneiro estilo``1■ oderno" a conquistar todos os espa9os.*

Contudo,havia dissen95es no coragaO dO αr`″ ο νθα ′que “ “ desa‐ podem ter sido ParCialinente respons`veis por seu r`pido parecunento, ao menos do centtrio da cultura de elite. Eram as contradi95es que levaram a vanguarda ao isolamentO. De qual‐ quer maneira, as tens6es entre o elitismo e as aspira95es popu― listas de cultura “avancada", isto 6, entre a esperanga de uma

.O autor,enquanto escreve,mexe o chi com uma colher″ 中 αル j″ K● ‐ t咀, cuios motiVOS decorativos se inspiram visivellnente no ar′ れ0“ ν θ α。 “

A

322

θra dos i″ Pび rios

renova95o geral e o pessiinismo da Classe m6dia instruFda ao “sociedade de massas", s6 haviam sido

se confrontar com a

temporariamente encobertaso A partir de meados da d6cada de

1890, quando ficou claro quc a grande vaga socialista nao levava a rev01u95o e siin a movilnentos de massa organizados, CuiaS tarefas eram promissoras por6m rotineiras,os artistas e estetas 6s acharam menos inspiradoreso Em Viena,Karl Kraus, quc a social‐ democracia inicialmente atrara, afastou‐ se dela no

novo s6culo, As campanhas eleitorais nao o mOtivavanl, c a polftica cultural do moviinento tinha que levar em conta o gosto convencional de seus lrlilitantes proletttrios,c este de fato

teve trabalho suficiente lutando para vencer a influencia dos romances e rヵ riJJθ rs baratos e outras formas de Sc力

″ご:j`θ rα

r

`“ “ contra a qual os sOcialistas (nOtadamente na Escandindvia) elnpreenderam campanhas acirradas,13 0 s。,ho de uma arte

para o povo se confrontou com a realidade de um p`blico essenciallnente de classes m6dia c alta para as artes``avangadas",

com poucas exce96es cuiOS temas tornavam politicamente acei‐ tttvel por parte de nlilitantes oper6rioso Ao contr`rio das van‐ guardas de 1880‐ 1895,as do novo s6culo,salvo as sobreviventes

da gera95o mais velha,nao eram atrafdas pela polftica radical.

Eram apolfticas ou, em algumas escolas, como os futuristas italianos, tinham at6 tendencias direitistas. Apenas a guerra, a

Revolugao de outubro Q as inclinag6es apocalfpticas do cubismo

e do “construtivismo" tornariam a amalgamar a revolu95o nas artes e na sociedade, lan9ando retrospectivamente uma luz ver‐ “A melha sobre ambos, o que nao acOntecia antes de 1914`

maioria dos artistas dc hoic", qucixou‐ se o velho marxista Plekhanov ern 1912‐ 1913,``adota pontos de vista burgueses eこ totallnente refrat`ria aos grandes ideais de liberdade de nossa 6poca."14 E na Franga Observou‐ se que os pintores de vanguarda estavam totallnente absortos eln seus debates t6cnicos, evitando outros movirnentos intelectuais e sociais,15 Quem O teria espe‐

rado em 1890? 3 Havia, contudo, contradi96es mais fundamentais no inte‐ F10r das artes da αソ α

gα /Jθ .Eranl



`―

relativas a natureza das duas

As artes transformadas

323

coisas quc o rnote da Secessao de viena evocava(``Der Zeit ihre Kunst,der Kunst ihre Freiheit''一 ―“A nossa era,a sua arte,h arte, a sua liberdade"),Ou``inodernidade"e``realidade''.A``natureza''

30ntinuou sendo o tema das artes criativas, MesIIlo em 1911, o pintor inais tarde considerado O pai da abstra95o pura,Vassily

Kandinsky (1866‐ 1944), recuSOu― se a cortar todos Os vinculos com ela, pois resultariam silnplesIIlente padr6es ``como de gra‐

vata ou tapete(diZendO sem rodelos)''.%Mas,como verem6s, as artes s6 estavanl refletindo uma incerteza nova e fundamental quanto ao quc a natureza era (ver cap. 10)。 As artes enfren‐

tavam um problema triplo.Dada sua realidade obiet市 a critfvel― ― uma`rvore,um

e des‐

rosto,um acontecilnento―― como a

descrigao pOderia captar a realidadc? As dificuldades enfren‐ tadas para tornar a realidade ``real'', cm sentido “cientffico'' ou objet市 o,levaram os pintores impressionistas,por exemplo, muito a161n da linguagem visual da conforrnidade representa‐ tiva(verス Erα Jο Cα ′j`α Cap.15:4),cmbOra,corrlo o sucesso denlonstrou, n5o a16m da compreens5o do leigo。 (D iFnpreSsio‐ nismo levou seus seguidores consideravelinente longe, ao pon‐ tilhismo de Scurat(1859‐ 1891)e a procura da estrutura b`sica J′

como oposta a apa“ ncia da realidade visual, com os cubistas, quc, reivindicandO a autoridade de C6zanne(1839…

1906), pen‐

SararFl pOder discernir errl algumas formas geom6tricas tridi‐ menslonals, Em segundo lugar, havia a dualidade entre ・`natureza'' c ・`

irllagina95o", ou arte conlo a comunicagao de descri95es e de id6ias, emo95es e valores. A dificuldade n5o reside na escolha entre tais op95es, pois poucos, mesino entre os “realistas'' ou

・`naturalistas" ultrapositivistas, se consideravam cameras foto… grdficas hunlanas imparciais, A dificuldade reside na crise dos

valores do s6culo XIX

― diagnosticada pela poderosa visao de Nictzsche一 ― e,por conseguinte,da linguagem convencional.

representativa ou siinb61ica,para a tradu95o de id6ias c valores em artes criativaso A avalanche da estatuttria e da arquitetura oficial de linguagenl tradicional, que cobriu o mundo ocidental

entre 1880 e 1914-― da cstitua da Liberdade(1886)ao monu‐

mentO a Vftor Emanuel(1912)一 一 representava um passado moribundo c,ap6s 1918,claramente mortoo No entanto,a busca de outras linguagens,muitas vezes cx6ticas,que levara do Egito

324

A

jο s θra αοs'“ pι ″

antigo ao rap5o, das ilhas da Oceania as esculturas da Africa, refletia naO apenas insatisfacao em relagao ao velhO mas tanl‐ αr′ incerteza no que tange ao novoo Em certo sentido, o

b6■ l

れ0“ νθα fOi,por esse motivo,a inven95o de uma nova tradi05o “ nao dandO certo. quc acabou Ern terceiro lugar,havia o problema de combinar realidade e Subietividadeo Parte da crise do positivislno,que serd discutida

de modo mais completo no pr6xiino capFtulo, era a insistencia nO fatO de a “realidade" nao θsι αr aF siinpleslnente para ser descoberta, nlas ser algo percebiお ,enformado c at6,OnstruFdo atrav6s e pela mente do observadoro Na versao “fraca" dessa perspect市 a,a realidade estava af obiet市 amente,mas apreendida apenas atrav6s dos estados de espfrito do indivfduo quc a

apreendia e reconstruFa,como na visao prOustiana da sociedade

francesa,um subproduto da longa expedi95o de um homem s6 explorando sua pr6pria mem6riao Na versao “forte", nada res‐ tava da realidade,salvo o ego do criador e suas emana96es sob forma de palavras, sons ou pintura. Inevitavellnente, essa arte

teve enormes dificuldades de comunicagaO.Inevitavelmerlte essa arte se prestou a um puro,subiet市 iSmo beirando o solipsismo, e crfticos discordantes assirn a desqualificaram.

ごθqueria, 6 claro, comunicar algo Mas a arte dc αソα″ gα ″ mais quc o estado de espfrito do artista ou seus exercicios t6c‐ `‐

nicos. No entanto, a “modernidade" que procurava expressar encerrava uma contradigao fatal para Morris e o αr′ ″0“ ソθα “ A renovag5o das artes na linha de RuSkin‐ Morris nao reservava .

urn lugar real para a mttquina, cerne daquele capitalismo que era,parafraseando Walter Beniamin,a ёpoca em que a tecno‐ logia aprendeu a reproduzir obras de arte.De fato, as vanguar‐

das do final do s6culo XIX tentaram criar a arte da nova era

dando continuidade aos m6todos da antiga, cuiaS fOrmas de discurso ainda partilhavam。 ()``naturalisino"expandiu o campo

da literatura como representa9ao da``realidade"ao amphar seus temas,incluindo,sobretudo, a vida dos pobres e a sexualidade。 A linguagem estabelecida do siinbolismo e da alegoria foi inodi―

ficada ou adaptada para expressar novas id6ias e aspira95es, como na nova inconografia de Morris dos moviinentos socialistas gα ″ ごθ “simboustas" importantes. e em outras escolas de αソα″―

As artes transformadas

O

325

αr` れο νθα foi a cullninacaO da tentativa de dizer o novo

“ vers5o “ usando uma da linguagem do、

elho.

Mas como podeHa o α れ0タ ッθαι ιeXpressar precisamente r′

J‐ θ aquilo de quc a tradi95o α″ /α ノ `s`″ moderna? `S naON5o gOstava, seia, a sociedade da m`quina c a ciencia seria aoupro¨ du95o em massa das forrrlas de ramos, flores e mulheres, os

motivos de decorag5o artesanal e o idcalismo que a moda comercial do α″ ′れ0“ ソθα traZia,uma rθ ′ c`′ οαグ rrbs“ ″ ″夕 do “ “ “ sonho dc Morris de urrl renasciinento do artesanato? Como sen― tiu Van de Velde ―― quc iniciallnente fora um paladino das tendencias de Ⅳlorris e do αr` れο ソθα ―― O Sentiinentalisrno, “ “incompatfveis com o o lirismO e o romantismo n50 seriam

homem moderno, que vivia na nova racionalidade da era da m`quina? N5o deveria expressar a arte uma nova racionalidade humana, refletindO a da econonlia tecno16gica? N五 o hevcria uma contradi95o entre o funcionalisrno siinples e utilitttrio, ins‐

pirado nos antigOs offcios, c O gosto do artffice pela decorac5o, ι″οタッθα desenvolveu sua selva ornamen‐ a partir do qual o α″ tal? ``(Drnamento 6 crilne", “ declarou o arquiteto Adolf Loos (1870‐ 1933),

igualinente inspiradO em Morris e nos offcios.

Significativamente, os arquitetos, inclusive pessoas original‐ mente associadas a Ⅳlorris ou atё ao α′ ′れοタッθα 一― COmo Ber― lage na Holanda, Sullivan nos EUA, Wagner“na Austria,

Maclntosh na Esc6cia, Auguste Perret na FranOa, Bchrens na Alernanha e at6 Horta na Bё lgica― ―,agora se deslocavarn ern diregao a nova utopia do funcionalismo, a volta a pureza da linha, da forma e do materiai n5o disfar9ado pelo ornamento c adaptado a uma tecnologia n5o nlais idcntificada a pedreiros e

carpinteiros,Pois,como um dcles(Muthesius)一

tambё m,tipi―

camente, entusiasta do ``estilo nacional'' britanic。

__ argumen‐

tou em 1902: ・`O resultado da m`quina s6 pode ser a forrna despida de ornamento, fatual'',17 1` eStal■ OS no mundo da Bauhaus e de lン e Corbusier. Era compreensfvel a atra95o quc essa pureza racional exer― ceu sobre os arquitetos, agora construindo ediffcios para cuias cstruturas os offcios tradicionais eram irrelevantes e cula decO‐

jOri; mesrno que rac5o era unl embelczamento aplicadO α ροs`θ ″ aquela sacrificasse a esplendida aspira95o a uma uni5o total (le estrutura e decoracao, escultura, pintura c artes aplicadas

326

A

θra αοs i“ pι 「 :ο s

―― quc Morris de五 vou de sua admiragaO pelas catedrais g6ti¨ cas――uma esp6cie de equivalente visual da``obra de arte total'' de Wagner, a Gθ sα ″:′ た κS`)ν οた。As artes que cullninaram no “ “ α″ ″0“ フθα″ ainda tentararn realizar essa unidade. Mas se,por ` unl lado, pode‐ se entender o interesse despertado pela austeri‐ dade dos novos arquitetos, deve‐ se observar tamb6m que nao

h6, de forma alguma, raz五 o convincente para que o uso de να acarretar um ``funcionalismo"decorativamente despoiado (SObretudo quando, como tantas vezes, cle se tornou uma est6tica antifuncional); ou para que alguma coisa alё m das m`quinas deva querer ter aspecto de m`quina. Assinl, teria sido bastante possivel, e na verdade mais uma tecnologia revolucioniria na constru9ao Jθ

16gico,saudar o triunfo da tecnologia revoluciondria com a salva

completa dos,inte e unl tiros da arquitetura convencional, na

forma das grandes esta95es ferrovi`rias do s6culo XIXo Nao havia uma 16gica obrigat6ria no movinlento do “modernismo" arquitetonico. O que ele expressava era, basicamente, a con‐

vic95o emocional de quc a linguagem convencional das artes visuais,baseada na tradi9,o hist6rica,era de certo modo inade…

quada ou nao_aprOpriada ao mundo moderno. Para ser mais preciso, sentiranl quc essa linguagenl nao poderia, de modo nenhunl, θχprθ ssα r o novo mundo que o sё culo XIX criara, mas

loo A mttquina, agora gigantesca, esfacelara apenas ocult五 …

a fachada belas… artes atris da qual estivera escondidao A antiga

linguagem tampouco poderia cxpressar, sentiam eles, a crise da percep95o e dos valores humanos que esse sё Culo de revo‐ lu95o produzira e quc agora era obrigado a enfrentar. ‐ gα rdθ acusou tanto os tradicio¨ Ern certo sentido, a αソα″′ ′θ_si夕 ε:θ daquilo que Marx nalistas como os modernistasノ j″ ― acusara os revolucion`rios de 1789‐ 1848, ou seia, de “invOcar

os espfritos do passado a seu servi9o e tomar emprestados seus nomes,lemas de batalha e traieS para apresentar a nova cena dc hist6ria mundial sob esse disfarce consagrado pela tradicao e com essa linguagem emprestada"。 18 s6 quc eles nao tinham uma linguagem nova, ou nao sabiam cOmo seria. Pois qual era a linguagem para expressar o novo mundo,especialmente quan‐ do seu inico aspecto identific`vel(fora a tecnologia) era a

327

As artes transformadas

desintegragao do antigo? Esse era o dilema do

“modernismo"

no inicio do novo s6culo。 グθ seguirem em frente O que fez os artistas de ανα″ gα ″ naO fOi, portanto, uma vis5o do futuro, mas uma vis5o inver‐ tida do passado. De fato, eles eram com frequencia, como na `―

arquitetura e na m`sica, clninentes praticantes de estilos deri‐

vados da tradicao,Os quais abandonaram apenas porquc,como o ultrawagneriano Schonberg, sentiranl‐ nos incapazes de supor‐ tar inodifica95es adicionais, C)s arquitetos abandonararn o orna‐

mento assiln que o

αr′ ″ο ソθ α

O leVOu a extremos; os

“ “quc a m`sica mergulhou no compositores, a tonalidade, assiln cromatismo p6sewagneriano. Hi muito tempo os pintores esta‐

vam conturbados pela inadequag5o das antigas conveng6es a representagao da realidade externa e de seus pr6prios senti‐ mentos, por6m― ― fora os poucos que iniciaram a “abstragao"

total, as v6speras da guerra (notadamente os da αソα″ gα ″グθ russa) ―― acharanl diffcil deixar de pintar gα /Jθ

α:gο .

A

‐ αッα″′

`‐

tentou v`rias dire96es, mas, de maneira geral, optou

tanto por aquilo que pareceu, a observadores como

Ⅳlax

Raphael, a supremacia da cor e da forrna sobre o conteido, como pela busca inica de um conte`do nao‐ figurativo sob a forma de cmo95o(``expressionismo'')ou pOr v`rias maneiras de demolir os elementos convencionais da realidade representa‐ cional e remont五 ‐ los segundo diferentes tipos de ordem ou

desoldem (cubismo)。 19 Apenas os escritores, presos em sua dependencia as palavras com significados e sons conhecidos, achavarn, at6 ent互 o, diffcil fazer uma revolu95o formal equiva‐

lente, embora uns poucos tenham comecado a tentaro Experi‐

mentos ■o sentido de abandonar forrnas convencionais de conl‐ posi95o liter6ria(por eXemplo,versos rimados e m6trica)na0 eram novOs nem ambiosos.Os escritores esticaram,torceram e manipularanl o conte`do, isto 6, o que pode ser dito com palavras comuns. Felizmente, a pocsia do infcio do s6culo XX foi resultado, n5o dc uma revolta, rnas siin de um desenvolvi‐

mento lincaF dO Simbolismo do final do s6culo XIXo Assim, produziu Rilkc (1875‐ 1926), ApoHinaire (1880‐ 1918), George (1868-1953),Yeats(1865‐ 1939)、 Blok(1880‐ 1921)e os grandes espanh6is,

328

A

θrα αοs i“ Pび riο s

Os contemporaneos, desde Nietzsche, nao duvidavam que a crise das artes fosse um reflexo da crise de uma sociedade 一― a sociedade liberal burguesa do s6culo XIX― ― que,de uma forma ou de outra,estava em processo de destruicao das bases de sua existencia, dos sistemas de valores, convencaO e enten‐

diinento intelectual quc a estruturavanl o ordenavamo Mais tarde, historiadores pesquisaram essa crise nas artes em geral e em casos particulares,como o da``Vienaノ jル αasiaclθ ''.Aqui temos que observar apenas duas coisas a esse respeito.I〕 In pri‐ j″ ― ‐ ごθs ノ αθsi夕 εJθ meiro lugar, a ruptura nftida cntre as ανα″ gα ″

e as do s6culo XX ocorreu em algunl momento entre 1900 e `‐

1910. Os amantes de datas podem escolher entre muitas, lnas o nasciinento do cubismo err1 1907 conv6nl tanto como qualquer outra data. Nos`ltimos anos antes de 1914,praticamente tudo que 6 caracterfstico dos v`rios tipos de``Inodernismo"p6s=1918 ‐ Jθ se viu, por itt eSttt presenteo Em segundo lugar, a αソα″ιgα ″

conseguinte,enveredando por caminhos aonde o grande p`blico n5o qucria nem podia segui‐ la. Richard Strauss, itt tendo per‐ corrido a estrada que o afastava da tonalidade como artista, rα (1909),COmO fornecedor decidiu,depois do fracasso de EJaた ′

da grande 6pera comercial, quc o p`blico nao o acOmpanharia

linguagem mais mais a16m,e voltou(coin enorme sucesso)ヽ α α :jθ r(1911). ′ た ソ acess(vel de ROsθ Abriu‐ se, portanto, um largo abismo entre a substancia principal do gosto ``refinado'' c as diversas nlinorias quc afir‐

mavam sua qualidade de rebeldes dissidentes antiburgueses, demonstrando adrniragao por estilos de criagaO art〔 stica inaces‐ siveis e escandalosos para a maioriao Apenas tres pontes prin‐

cipais cruzaram esse abismo. A priineira foi o patrocinio de alguns poucos homens,tac esclarecidos como benl relacionados,

como o industrial alem5o Walter Rathenau, ou de neg∝ iantes como Kahnweiler, que apreciava o potencial comercial desse mercado pequeno, por6m financeiramente compensadoro A se‐ gunda foi uFFI SetOr da alta sociedadc elegante,Inais que nunCa entusiasta dos estilos mutttveis e garantidos como nao‐ burgueses, de preferencia ex6ticos c chocantes.A terceira,paradoxalinente,

foram os neg6cios. Sem preconceitos est6ticos, a indistria era

As artes transformadas

329

capaz de reconhecer a tecnologia de constru95o revolucion`ria

c a cconomia de um esti10 funciOnal一 i6o fiZera_― ,co

mundo dos neg6cios podia ver quc as t6cnicas da αソα″′ ‐ gα ″ αθ eranl eficazes na publicidadeo Crit6rios “modernistas" tinham valor priti∞ para o desenhO industrial e para a produ95o em

massa mecanizada. Ap6s 1918, o patrocfnio dos homens de neg6cios e O desenho industrial seriam as principais vias de assi‐

mila95o dos estilos originallnente associados a

_gα ″ αソα″′ グθ da

cultura eruditao Contudo, antes de 1914, eles permaneceram confinados a enclaves isolados.

E, portanto, ilus6rio dar muita importancia a αソα″ gα ″ ごθ rnodernista" antes de 1914, salvo como ancestral. Ё provivel “ quc a maioria das pessoas, mesmo entre as de muita cultura, nunca tivesse ouvido falar, digamos, dc Picasso ou Schonberg, enquanto os inovadores do`ltimo quartel do s6culo XIX ji se `‐

haviam tornado parte da bagagem da classe m6dia culta。

(Ds

novos revoluciondrios pertenciam uns aos outros, a grupos de discussao dOs iOvens dissidentes nos caf6s dos bairros pr6prios

da cidade, aos crfticos e redatores de manifestos a favor dos

novos``ismos"(cubismo,futurismo,vorticismo),a pequenas revistas e a uns poucos empresirios e colecionadores com faro e gosto pelos novos trabalhos e seus criadores: unl E)iaghilev,

um Alma Schindler, que mesmo antes de 1914 avangara de Gustav Mahler a Kokoschka,Gropius e(um investimento cul‐ tural menos bem‐ sucedido)O impressionista Fraz Werfel.Eles foratt absor宙 dos por um setor da`ltima modao Nada mais.

Ao mesmO tempo,as αッα″ルgα ″グ dos`ltimos anos pr6‐ 1914 marcanl uma rllptura fundamental “ na hist6ria das artes eruditas desde o renascilnento. Mas o quc elas ″αο realizaram foi a verdadeira revolu95o cultural do s6culo XX a que visa‐ vamo Esta estava ocorrendo siinultaneamente como subproduto da demOcratizagaO da sOcledade, mediada por homens de neg6‐ cios cuios olhOS Se voltavam para um mercado inteiramente nao‐

burgueso As artes populares estavatrl prestes a conquistar o

mundo,tanto em sua pr6pria versao αrrs_α ″ご_ε ″/rs cOmO por meio da tecnologia de ponta. Esta conquista 6 o fato mais inl‐

portante da cultura do s6culo XX。

550

A

θraご Os i“ Pι だos

4 Nem sempre 6 f`cil situar scus estigios iniciais. Em algum

momento do final do s6culo XIX, a migracao para grandes cidades em rdpido cresciinento gerou tanto unl mercado lucra‐ tivo para os espet`culos e o lazer populares ∞ mo bairros da cidade a eles dedicados, que boemios c artistas tamb6m acha‐ ram atraentes: Montinartre,Schwabingo Por conseguinte, as for‐ mas tradicionais de lazer pbpular foranl modificadas, transfor‐

madas e profissionalizadas, produzindo vers6es originais da criag5o art(stica popular。

0 1nundo da cultura erudita, ou antes sua faixa boemia, tinha, 6 claro,pleno conheciinento do mundo do entretenilnen‐ to teatral popular que se desenvolveu enl tais bairros das gran‐

des cidades.Os ioVens aventureiЮ s,a ανα″ gardθ ou bο λ夕 θ “ artistica, os sexuallnente nao‐ convencionais, os elementos mar‐ `…

ginais da classe mais alta que sempre patrocinaram os capri‐ chos de boxeadores,j6queis e dan9arinas sentiam‐ se a vontade

nesses ambientes pouco respeitiveiso Na verdade, em Paris, esses elementos populares foram adaptados ao cabar6・ e a cul_ tura de espeticulos de Montinartre sobretudO para satisfazer a um p`blico de pessoas de alta sociedade, turistas e intelec・ tuais; e foram iinortalizados nos cartazes e litografias do maior de seus habitantes,o aristocraticO pintor Toulouse¨

Lautrec.UFna

‐ gα rご θ tamb6m deu sinais cultura burguesa marginal de ανα″′ de vida na Europa central,mas na Gra¨ Bretanha a sala de con‐ certos,que atraiu os estetas intelectuais a partir dos anos 1880,

X冨 ::T認 :vI'3d&鵬 W譜 :ntti躍

1話



do mundo da diversao dos pobres britanicos o artista mais uni‐

versalmente admirado da primeira lnetade do s6culo XX: Char‐ lie Chaplin (1889‐ 1977).

Em um nivel consideravelmente mais modesto de entrete‐ niinento popular,ou entreteniinento produzido pelos pobres― ― taberna, salao de dangas, caf6‐ concerto e bordel― ―, surgiu, no final do s6culo, toda uma gama de inova95es musicais, que se propagou a16m das fronteiras e dos oceanos, em parte atrav6s

do turismo e do teatro musical, mas sobretudo por melo dO novo costume da dan9a social em piblico.Alguns,como a cα ‐ “

As artes transformadas zO″ θ napolitana,

331

entao em sua 6poca de ouro, nao ultrapassa―

ranl suas pr6prias fronteiras. Outros deranl mostras de grande capacidade de expansao, cOmO o ノι α θ″cο andaluz, cntusiasti‐ camente absorvido, a partir dos anos“1880, pelos intelectuais

popuHstas espanh6is; ou o tango, produto do bairro dos bor‐ d6is de Bucnos Aires, que havia chegado ao bθ α ″2ο ″グθeuro‐ “ e pleb6ias peu antes de 1914。 Nenhuma dessas cria96es ex6ticas teria futurO mais triunfal e global quc a linguagern musical dos negros norte‐ americanos,que―― uma vez mais, por interln6dio

do palco, da misica popular comercializada e da danca social 一 jtt cruzara o oceano em 1914.Houve uma fusao entre estas e as artes do Jθ ″2j‐ ′ο″グθ plebeu das grandes cidades, ocasio‐ nalinente refor9ada “ por boemios desclassificados e saudada por apreciadores da classe alta. Tratava‐ se do equivalente urbano da arte folc16rica quc agora constitufa a base de uma indistl直 a

de diversao cOmercializada, embora seu modo de criacao n5o losse em nada tribut`rio de seu modo de exploragao. Porё

m,

aciina de tudo, tratava‐ se de artes que naO deviam substancial‐

mente nada a cultura burguesa,nerrl sob forma de arte ``erudi‐

ta" nem sob forma de entreteniinento ligeiro de classe m6dia. Ao contrdrio, elas estavam transformando a cultura burguesa de balxo para cllna. Enquanto isso,a verdadeira arte da revolu95o tecno16gica, baseada no mercado de lnassas, desenvolvia‐ se conl rapidez sem precedentes. 1〕 Ois desses veiculos tecno16gico― econOnlicos ainda

tinham uma importancia menor: a difus5o mecanica do som e a ilnprensa。 (Э iinpacto do fOn6grafo era limitado pelo custo dos componentes necess`rios,O quc ainda restringia em grande medida sua posse aos relativamente abastados。 (Э iinpacto da

iinprensa cra liinitado por se basear na antiquada palavra irrl‐

pressao Seu conte`do era dividido em por95es pequenas e inde‐

pendentes para um tipo de leitor de menor nfvel cultural e menos dispostO a se concentrar que as s61idas elites de classe

m6dia,que liam 7み θTj“ θs,o/ο F″ θ た

Prassθ ,lnas

r″ α J′ θs Dι bα rs e O Nθ θ “ nada lmaise Suas “ inovag6es puramente visuais

― cabe9alhos em caixa alta,ray¨ 。 ′da p`gina,mistura de tex¨ “ to e imagens c especiallnente a apresentagao da pubHcidade― “

eram plenamente revoluciondrias, cOmo os cubistas reconhece‐

ram incluindo peda9os de iornal em seus quadros;mas talvez

ス θrα αοs i″ ′ιriο s

532

as inicas formas de comunica95o genuinamente inovadoras que a ilnprensa renovou foran1 0s desenhos (ε α″ ′ οοれs), inClusive as prilneiras vers6es das modernas tiras, transpostas em forma siinplificada, por raz6es t6cnicas, dos iinpressos e folhetos po‐

pulares," A imprensa de massa, que come9ou a alcangar tira‐

gens que totalizavam um rrlilhao de exemplares ou mais nos anos 1890, transforFnOu aS condig6es da iinpress5o, mas n5o seu conte`do ou suas associac6es― ― talvez porque os fundado… res dos iornaiS fOssem provavelmente cultos e certamente ricos e,portanto, sensfveis aos valores da cultura burguesao Ademais,

em princfpio nao havia nada de novo na atividade dos iornais e revistas.

O cinema, por sua vez, que donlinaria c transformaria to‐ sao

das as artes do s6culo XX(finalmente tamb6m via tele宙

e vfdeo), era tOtalmente novo em sua tecnologia,enl seu modo de produ95o e enl sua maneira de apresentar a realidade.Trata‐ se,de fato, da prirneira arte que n5o poderia ter existido a nao ser na sociedade industrial do s6culo XX e que naO tinha para‐ lelo Ou precedente nas artes anteriores― ― nem sequer na foto¨

grafia, que podia ser considerada apenas uma alternativa ao

desenho ou a pintura(ス

E″ α グοCα ρ′ ′ α′ ,

cap. 15:4). Pela pri_

meira vez na hist6ria, a apresentagao do mOvirnento enl ima‐ gens visuais se libertava da sua apresentagao ilnediata c ao vivoo E, pela priineira vez na hist6ria,o teatro ou o espetacu10

estavam livres das restri95es iinpostas pelo tempo, espa9o e natureza ffsica do observador, para nao falar dos liinites do palco em relagao aO usO dos efeitos. O movimento da camera, a variabilidade de seu foco, o eSpeCtro iliinitado dos truques fotogr`ficos c, aciina de tudo, a possibiLdade de cortar a tira de celu16ide ―― que registra tudo ―一 em peda9os e mont`‐ 10s ou remont五 ‐ los a vOntade tornaranl‐ se iinediatamente evidentes e foranl imediatamente explorados pelos realizadores,que rara‐

mente tinham qualquer interesse ou afinidade com as artes de vanguarda. At6 agora, nenhuma arte representa tao bem quan_ to o cinema as exigencias e o triunfo espontaneo de unl moder‐ nismo artistico inteiramente nao‐ tradicional.

E o triunfO do cinema foi extraordin`rio e sem preceden‐ tes em termos de rapidez e de escalao A fotografia em movi‐

mento s6 se tornou tecnicamente vi`vel em torno de 1890。

As artes transformadas

333

Embora Os franceses tenham sido os principais ploneiros na exibigao dessas iinagens em movilnento, filmes curtos foram primeiro prOjetados comO no宙 dade deソ α〃グθソ s e feiras em 1895‐ 1896, quase siinultaneamente em Paris, Berlinl, Londres, `θ Bruxelas e Nova lorque.21 No m`xilno uma d`zia de anos inais tarde,26 milh6es de americanos ialrl ver filrnes ′ οごαsθ Jπ α″α provavellnente nos 8 a 10 nlil pequenos cinemat6grafos; quer dizer, uma cifra que nao chegava a 209う de toda a popula95o dos EUA.22 Quanto a Europa, at6 na atrasada ltllia havia, a 6poca, quase quinhentos cinemas nas cidades principais, sendo quarenta s6 em Milao.23 Em 1914, o p`blico norte‐ americano de cinema chegava a quase 50 1nilh6es.24 0 cinema era agora um grande neg6cio。 Os″ ″ ws′ θ fOra inventado(em 1912, “ por Carl Laelnmle,para Mary Pickford).E a ind`stria cinellla‐ togrifica come9ara a se instalar no quc id eStava se tornando sua capital inundial: uma colina de Los Angeles. j′

,

Essa realiza95o extraordindria se devia,cm prilneiro lugar, a tOtal falta de interesse dos ploneiros do cinema por qualquer outra coisa a16m de produzir diversao lucrativa para um p`bli‐

co de massa.Eles entraralm para o ramo como artistas,as vezes obscuros artistas de circo, como o priineiro magnata do cine‐

ma, Charles Path6(1863‐ 1957)da Franga― ― embora cle nao fosse um empres`rio europeu tゎ icOo Eles eram,com mais fre‐

qtencia,comO nos EUA,pobres mas dinamicos mascates judeus inligrantes, que teriam vendido com O mesino entusiaslno rou‐ pas, luvas, peles, ferramentas ou carne se estes artigos tives‐

sem parecido igualrnente lucrativos. Passaram a produgaO para ter o que exibir. Seu p`blico alvO era, sem a rnenor hesitag5o, os menos instl■ lfdos, os menos reflexivos, os menos sofistica… dos, os menos ambiciosos intelectuallnente, que lotavam os ci‐

nenlat6grafos onde Carl Lacmmle(UniVersal Films),Louis B.

Mayer(MetrO‐ Goldwyn‐ Mayer), oS irmaOs warner(Warner

Brothers)e William Fox(Fox Filmes)comecaram em torno de 1905.Em Thθ

jο iVα ′ κ

(1913),a demOCracia populista norte‐

americana recebeu de bra90s abertos esse triunfo dos estratos mais baixos, obtido por lneio de entradas a cinco centavos, en‐ quanto a dem∝ racia sOcial europ6ia, preocupada enl levar aos trabalhadores as cOisas mais elevadas da vida, desqualificou os

filmes como diversao d0 1umpemproletariado escapista.3 0 ci‐

A

334

jο s θrα ごOs i″ ρび″

nema desenvolveu‐ se, portanto, segundo as f6rmulas que conse“

guiam aplausos garantidos,tentadas c testadas desdc a Roma antiga.

Ainda rnais,o cinema desfrutou de uma vantagerlll n5o prc‐ a d6cada de vista, lnas absolutamente crucial. lDado quc atё

20 ele era apenas capaz de reproduzir imagens, mas n5o pala‐ vras, era forgado ao silenciO interrompido apenas polos sons do acompanhament6 musical; isto multiplicou as oportunidades dc emprego para m`sicos de segunda categoria. Livre das res‐ tri95es da Torre de Babel,o cinema desenvolveu,portanto,uma linguagem universal que, de fato,lhe perrnitiu explorar o mer‐

cado mundial, independente do idioma, N5o hd d`vida de quc as inova95es revolucionttrias do ci‐

nema como arte,todas elas i`praticamente desenvol宙 das nos

EUA cm 1914,se deveram a nccessidade de se dirigir a um pibHco potencialinente universal exclusivamente atravё s da vi‐ saO__tecnicamente manipul`vel― ―, lnas tamb6m n5o htt d`vi‐ グθda cul― da de quc essas inovag6es, que deixaram a αναれ gα ″ tura erudita muito atras crrl terFnOS de ousadia, foram pronta… `‐

mente aceitas pelas massas porquc essa era uma arte quc tudo transforrnava, salvo o conte`do. O que o p`blico viu c adorou no cinema foi precisamente o que surpreendeu, aniinou, diver‐ tiu e movilnentou todas as platCias desde quc existc entreteni‐ mento profissional. Paradoxalinente, foi af que a cultura eru‐ dita causou seu inico iinpacto significativo na ind`stria cine‐

matogrttfica americana, quc em 1914 estava conle9ando a con‐ quistar e donlinar totalinente o mercado mundial, Enquanto os artistas americanos inais famosos estavarn pres‐

tes a se tornar FniliOndrios com os centavos dos iinigrantes e trabalhadores, outros empres`rios do sctor teatral e do ソα グθ‐ “ θ (Sem contar alguns dos mascates dO cinemat6grafo)sonlla‐ ガ′ ′ vam em atingir a respeitttvel farnflia de``classe''e de maior po‐

der aquisitivo,especiallnente o bolso da``nova inulher''da=へ mё ‐ rica c seus filhos。

(Pois 759る do p`blico do cinemat6grafo eram

compostos dc hornens adultos.)Eles precisavarn de hist6rias caゅ ras e de prestfgio (``claSSiCos da tela"), risco que a anarquia da produ9ao cinematogrttfica americana de baixo custo nao esta_

va disposta a correro Mas aquelas podiam ser iinportadas da pioneira ind`stria francesa, que ainda donlinava unl ter9o da

As artes transformadas

335

produ9ao mundial,ou de outros europeus. POis se o teatro con‐

vencbnal europeu,com seu mercado de classe m6dia li cOn¨ quistado,tinha sidO a fonte natural de um cinema culturallnen‐ te mais ambicioso, c se adaptag6es teatrais dc hist6rias b■ )li‐

cas e cl`ssicos profanos(ZOla,Dumas,Daudet,Hugo)tinham tido sucesso, por que n5o adapta95es cinematogrificas? As irn‐

porta96es de produ96es de guarda‐ roupas sofisticados e atrizes

famosas como Sarah Berrlhardt, ou a elaborada parafern41ia 6pica cm que os italianos se Ospecializaranl, foram comercial‐ mente bern‐ sucedidas nos ■ltimos anOs dO pr6-guerrao lncenti‐

vados pela dram`tica mudan9a de filmes document`rios para est6rias e com6dias, que parece ter ocorrido em 1905‐

1909, os

produtores americanos se sentiram encorajados a realizar seus pr6prios 6picos e novelas cinematOgr6ficas. Por sua vez, isso deu a chance para talentos antes menores e desinteressantes de s61ida extracao americana m6dia,como Do Wo Griffith,de trans‐ formar o cinema em uma forma de arte importante c original. Hollywood se baseava na articula9aO do populismo do ci‐

nemat6grafO com a mentalidade e O drama cultural e moral‐ mente gratificantes, esperados pela massa iguallnente grande de americanos m6dios. Sua for9a e sua fraqueza residiam pre‐ cisamente no seu interesse inico pela bilheteria de unl lnerca‐

do de massaso A for9a era, em priineira instancia, cconOmica. O cinema curOpeu optOu, n5o sem alguma resistencia da parte de artistas pOpulistas,* pelo p`blico cultO, as custas do popu‐

lar.De outrO modo,quem teria feito os famosos filmes alemaes

UFA da d6cada de 20? Enquanto isso, a indistria americana podia explorar ao m`xiino o mercado de massas de uma popu‐ lagaO quc teoricamente era apenas um ter9o maior que o pro‐ porcionado pela populagao da Alemanha. Isto lhe pernlitiu co‐ brir os custos e obter altos lucros dentro do pafs e,assiin,con―

quistar o resto dO mundo, reduzindo os pre9os. A Prilneira Guerra Mundial acentuaria cssa nftida vantagem e tomaria a posi95o americana inabalttvelo Recurso iliinitados tamb6m per‐ ・ “ Nossa atividade, que progrediu por meiO de seu sucesso de p`blico,

precisa do apoio de todas as classes sociais. Ela nao deve se tornar a prefeHda apenas das classes mais abastadas, que podem pagar por uma

entrada de cinema quase tanto como por uma de teatro" (Vi`α Ci″ θ ‐ ″αrOg″ ノ たα,1914)″

A

336

θrα dο s

j“

Pι riο s

mitiriam quc Hollywood, depois da guerra, comprasse talentos do mundo inteiro, sobretudo da Europa central, Nerrl selnpre fez bom uso deles. Suas fraquezas erarn iguallnente 6bvias. Hollywood criara um meio extraordin`rio com um potencial extraordindrio, mas conl mensagem artistica irrelevante, ao menos at6 a d6cada de 30。

On`mero de filmes mudos americanos que permanecem t:犠 T星 :∬ :凛





rr器 ∬∬ £翼凛 鷺∫

l撫 種1勘鮮儀 r警 学 費 l驀 鮮 響 趣 犠∬ 浄 :

躍tsS:」攪:Ъttτ 算1∬TttFTitttf脚 ふJl: final do s6culo XX.

Apesar disso, o lazer de massas industrializado revolucio‐

nou as artes do s6culo XX, c o fez separada c independente‐

mente da αναれ gα rdθ o Pois,antes de 1914, as vanguardas artis‐ ticas nao estavam envolvidas corn o cinema e aparentemente `‐

naO tiveranl interesse por ele, fora um cubista de origenl russa

radicado em Paris,que parece ter pensado numa seqtencia abs‐ trata para urrl filme de 1913.27 A vanguarda s6 1evou realmen‐

te a s6riO o veFculo no meio da guerra, quando ele itt estava

α″ b“ s'4θ ss de αソ praticamente lnaduroo A forma tFpica de s力 ο)ソ ー gα rご θpr6‐ 1914 era o ba16 russo, para o qual o grande empre‐ s`rio E)iaghilev mobilizou os compositores e pintores mais ex6・

`‐

ticos e revoluciondrios. Mas o ba16 russo visava, sem hesita‐ 96es, a uma elite de esnobes culturais benl‐

nascidos e bem‐ rela‐

cionados, assirn como os produtores americanos de fillnes visa‐

vam ao menor denominador possivel dc humanidade. Assinl, a arte “moderna', a verdadelra arte ``contempora‐ nea" deste sё culo se desenvolveu de modo imprevisto, nao no‐

tada pelos defensores dos valores culturais,e com a velocidade que se po,dc esperar de uma genufna revolugao culturalo Mas i6 n5o era c itt naO pOdia ser a arte do mundo burgues e do s6‐

culo burgues, salvo num aspecto crucial: era profundamente capitalistao Seria o cinema ``cultura'', no sentido burgues? Em 1914, a maiOria das pessoas instrufdas teria, quase com certe‐

za, pensado que n5oo E, no entanto, esse vefculo novo e revo‐

As artes transformadas

337

luciondrio era muitissimo mais forte quc a cultura da elite,cuia

procura de uma nova maneira de exprilnir o mundo preenche a maioria das hist6rias das artes do s6culo XX.

Poucos vultos representam de maneira mais 6bvia a antiga tradigao, em suas vers6es convencional e revoluciondria, que dois compositores da Viena de pr6‐ 1914: Erich Wolfgang Korn‐

gold,uma crian9a prodfgio do meio musical m6dio,i`se lan… 9ando as sinfonias, 6peras e tudo mais; e Arnold Schonberg。 O priineiro chegou ao fiin da vida como compositor de muito sucesso de tl威 lhas musicais para os filmes honyw。 。dianos

e diretor musical da Warner Brothers。 (D segundo, depois de revolucionar a m`sica cllssica do s6culo XIX,passou scus`lti‐

mos dias na mesma cidade, sempre sem p`blico,inas admirado e subsidiado por m`sicos mais adaptiveis e muito mais pr6spe‐

ros, que ganhavam dinheiro na ind`stria cinematogrdfica nao aplicando as li95es aprendidas com ele. As artes do s6culo XX foram portanto revolucionadas,lnas naO pOr aqueles quc assunliram o encargo de faze_1。 。Neste sen‐ tido, o caso das ciencias fOi dramaticamente diferente.

CAPfTUL0

CERTEZAS SOLAPADAS:

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AS CI£ NCIAS

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ι た″ 0 θsPaFο θο′ θ ρO αθ 加 潔 dυ sθ r,pα rα αノ おたα″ "π jレ jttJο ‐ “ gOrα ル ″ ros cο ″ sι ′ ο s Jο ″ J“ sθ θ do,α α ソis′ α ,θ 9″ ι “ fa θS. “ ““ ο″sr″ tsaο θ “ Bertrand Russell, 19143 j‐

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H16pocas em quo o modo de aprender e estruturar o uni‐ verso 6 transformado inteiramente num breve lapso de tempo, como nas d6cadas quc antecederam a Priineira Guerra Mundial.

Todavia,na 6poca,essa transformacao foi entendida,ou mesmo notada, por um n`mero relativamente reduzido de homens e mulheres em alguns paFses e, as vezes, apenas por lninorias, mesmo dentrO dos campos de atividade intelectual e criativa quc estavanl sendO transfo.11ladOs.E nenl todas essas ireas pas‐

saranl por uma transforma91o, nem foram transformadas da mesma maneira.Um estudo mais completo deveria estabelecer a distingao entre os campos em quc as pessoas estavam cons‐ cientes de unl progresso linear, mais do que de uma trans・

A

340

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forma950(cOmO nas ciencias m6dicas)e os que fOram re‐ volucionados(cOmo a ffsica); entre as antigas ciencias i` revolucionadas e as que, elas pr6pHas, constituram inova96es,

pois nasceram no perfodo que nos ocupa (comO a gen`tica); entre teorias cientfficas destinadas a se tOrnar a base de um novo

consenso Ou ortodoxia c Outras que permaneceriam a margem de suas disciplinas, oOmo a psican`Hse. lDeveria tamb6m ser feita a distin95o entre teorias jtt aceitas,j`questionadas,mas retomadas com sucesso sob uma fo...la mais ou menos modifi‐

cada, como o darwlnlsmo, c outros componentes da heranga intelectual de meadOs dO s6culo XIX que desapareceram, a nao

ser de certos compendios menos avangados, como a ffsica de Kelvino E certamente deveria ser estabelecida, tamb6nl, a dis‐ tingaO entre as ciencias naturais e as ciencias sociais, quc, tal

qual o tradicional campo de saber das humanidades, divergiam cada vez mais das priineiras 一 criando um crescente abismo no qual o vasto coniunto daquilo que O s6culo XIX considerara “filosofia"parecia desaparecer. Contudo,seia qual fOr O FnOdO como avaliamos a situa95o assiin apresentada, ela 6 verdadeira.

A paisagem intelectual,na qual visivelmente emergiam sumi‐ dades como Planck,Einstein e Freud,para nao falar de schoen‐ berg e Picasso,era clara e fundamentalinente diferente daquilo que mesmo observadores inteHgentes acreditavam perceber enl, digamos, 1870。 A transfo.1.lagao era de dois tipos. Intelectualinente,impli‐

cava o filn da compreensao do universo na imagem do arquiteto ou do engenheiro: um ediffcio ailda inacabado, mas cuio tё mino nao tarda五 a muito; um ediffcio baseado``nos fatos",liga‐

r‐

dos entre si pelos fi.11.es andaiines de causas dete.1llinando efeitos e pelas“ leis da natureza",e construFdo com as ferramentas con‐

fi`veis da raz5o e do m6todo cientffico; uma constru95o do intelecto, mas que tamb6m expressava, quando vista de folllla mais acurada,as realidades obiet市 aS dO Cosmos.Para a menta‐

Hdade do mundo burgues triunfante, o gigantesco mecanismo estitico do universo, herdado do s6culo XVII c, desde entao,

ampliado por extensao a nOvOs campos, produzia nao apenas pemanencia e previsibilidade,mas tamb6nl transforma9ao. PrO_ duziu a evolucao (quc POdia facilmente ser identificada como

o``prOgresso"secular,ao menos nos assuntos humanos). Foram

341

Certezas solapadas: As ciencias

esse rnodelo do universo e a maneira dc a lmentc humana corn‐ preende‐ lo quc agora faliam。

Mas essa falencia teve um aspecto psico16gico crucial. A estruturacao intelectual do mundo burgues exclufa as antigas forOas religiosas da andlise de um universo no qual o sobrenatu‐

ral e o nlilagroso nao podiam ter nenhum papel, e reservava ::よ 鷺 iよ

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mais assiinilada existenciallnente do que intelectuallnente.

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lado.

・・ Em frances no original:“ Veio maS nao creio"。

(N.da T。 )

342

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tica.5 Na geometria,uma das duas fronteiras dinanlicas da ma‐ tem`tica do s6culo XIX, apareceraln todas as forrnas de fen6‐ menos llnpensavels at6 entao, cOmo as curvas sem tangentes, Mas a questaO mais dramtttica c``ilnpossfvel" talvez tenha sido

a exploragaO de magnitudes infinitas por Cantor,que criou um mundo onde os conceitos intuitivos de“ Inaior"e ``lnenor"nao eranl mais aplic`veis e a aritin6tica n50 dava mais os resultados

esperadoso Era um avan9o instigante, um novo ``paraFso" mate‐ matic。 __para usar a expressaO de Hilbert― ― de onde a van¨ guarda matemtttica se recusava a ser expulsa。 L「 rna solugaO__ a seguir adotada pela maioria dos mate‐ m`ticos― ― era emancipar a matemitica de qualquer correspon…

dencia cOnl o mundo real e transforml― la na elaboragao de postulados, 9″ αjS9“ θr postulados, que deviam apenas ser defi‐

nidos de modo preciso e obrigados a ser nao cOntradit6rios entre si. A rnatem6tica se baseou, daf em diante, numa rigorosa sus‐

pensao da crenga em tudo que naO fOssem as regras do iogOo Nas palavras de Bertrand Russell ―― um dos que mais COntribuiu para repensar os fundamentos da matem`tica,que agora se des・ locava para o centro do palco,talvez pela priineira vez ern sua hist6ria ―― a matemtttica era o assunto sobre o qual ningu6m

sabia do que se estava falando ou se o que estava sendo dito

era verdade.6 seuS fundamentos foram reformulados com a exclusao rigOrOsa da intuicaO。

Isso acarretou dificuldades psico16gicas eno.11les, bem como algumas de natureza intelectualo A relagao das matem`ti・ cas com o mundo real era inegavel rnesmo sendo, do ponto dc vista do formalismO matematic。 , irrelevanteo No s6culo XX, a mais pura matemitica encontrou uma vez mais alguma corres‐ pondencia no mundo real, e serviu de fato para cxplicar essc mundo ou para domin`‐ lo por meio de tecnologia.Atё G.H. Hardy, matem`tico puro especializado ern teoria dos nimeros ―― e, incidentallnente, autOr de uma brilhante introspec95o autobiogr`fica… …, que se orgulhava de que nada do que fizera

tivesse tido aplica9ao pr`tica, contribuiu com um teorema quc

6 a base da genCtica populacional moderna(a assim chamada lei de Hardy‐ Weinberg). Qual era a natureza da relacao entre o jogO matem`tico c a cstrutura do mundo real correspondente?

Isso talvez nao impOrtasse aos inatemiticos enl sua qualidade de

Certezas solapadas: As ciencias

343

matemttticos,lnas na verdade at6 1mesino muitos dos formalistas,

como o grande Hilbert(1862‐ 1943), pareCem ter acreditado numa verdade matemitica obiet市 a,isto 6,em que nao era irre_ levante o que os matem6tiCos pensavam sobre a``natureza" das

entidades matem`ticas que manipulavam ou sobre a “verdade'' de scus teoremas. Toda uma escola de “intuitivos", antecipada por Henri Poincar6(1854‐ 1912)e liderada, a partir de 1907,

pelo holandes L.E.I.BrOuwer(1882‐ 1966),reiCitOu amargaⅢ mente o fo.11lalismo, se necessttrio, inclusive, as custas de aban‐

donar os pr6prios triunfos do raciocinio matemitico cuios re‐ sultados literallnente inacredit6veis haviam acarretado a reava‐

liag5o das bases da matemitica; notadamente o pr6prio traba‐ lho de Cantor sobre a teoria dos coniuntOs, proposta, contra oposigao ferrenha de alguns,nos anos 1870。 As paix6es suscita‐ das por essa batalha na estratosfera do pensamento puro indi‐ cam a profundidade da crise intelectual e psico16gica gerada pela falencia das antigas vinculag6es entre a matem`tica c a

percep"o do mundO. Ademais, op“ prio repensar dos fundamentos da matem五 ‐ tica cra bastante problemdtico, pois a tentativa meslna de basel‐ la

em definig6es rigorosas e na nao‐ contradi95o (que tam‐

b6m incentivou o desenvolvilnento da 16gica matem`tica)CO‐ nheceu dificuldades que fariam do perfodo entre 1900 e 1930 7 A pr6‐ a6poca da``grande crise dos fundamentos"(Bourbaki)。 pria cxclusao iinplacivel da intuicao s6 era possfvel estreitan‐ do‐ se

os horizontes dos matem`ticoso A16m desses horizontes,

cncontravanl… se os paradoxos que matem`ticos e 16gicos mate‐

m6ticos agora descobriam― ― Bertrand Russell forrnulou muitos deles nos priineiros anos do s6culo ―― e quc acarretaram as

mais profundas dificuldades.* Oportunamente(em 1931)o ● Um exemplo simples(Berry e Russell)6 a afirma95o de que“ a classe de n`meros inteiros cuia defini95o pode ser expressa en■ menos de dezes‐ seis palavras 6 finita''。 Ё iinpossfvel definir, sem contradi95o, um n`me‐ ro inteiro como “o menor inteiro nao definfvel enl menos de dezesseis

palavras", id quc a Segunda defini95o cont6m apenas dez palavras, 0 mais fundamental desses paradoxos 6 o``Paradoxo de Russell'', que per‐

gunta se o coniuntO de tOdos Os coniuntOS, que n5o sao elementos de ёan41ogo ao antigo para‐ si mesmos, 6 um elemento dele mesmo. Isto doxo do fi16sofo grego Zenon,sobre se podemos acreditar num cretense

que diz que “todos os cretenses sao mentirosos".

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344





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podenlos provar quc Os axiomas da aritin6tica sao cOnsistentes por meio de um n`merO finitO de passos que n5o levem a con‐

tradi96es.Contudo,nessa 6poca Os matem`ticos jtt ha宙 am se acostumado a v市 er com as incertezas de seu obietO.As gerac6es das d6cadas de 1890 e 1900 ainda cstavanl longe de se confor‐ mar com elas. Salvo para um pequeno grupo de pessoas, a crise na ma‐

tem`tica podia ficar em segundO planoo Um coniuntO muito maior de cientistas bem como,circunstancialmente,a maioria dos seres humanos cultos estavam envolvidos com a crise do universo galileano Ou newtoniano da ffsica― ― cuio infCiO pOde ser determinado com bastante exatidao em 1895-― e que seria substituFdo pelo universo einsteinianO da relatividadeo A resis‐

tencia que encontrou no mundo dos ffsicos foi menor que a relativa a rev。 lucaO matem`tica, provavellnente porque ainda

n5o ficara patente o desafio quc este representava para as cren‐ 9as tradicionais na certeza e nas leis da naturezao lsso ocorreria

s6 na d6cada de 20. Em compensa95o, a resistencia dos leigos

foi enorme.De fato,mesmo em 1913,um autor alem5o de um estudo e de uma hist6ria da ciencia em quatro volumes,bem‐ in‐ formado e nada to10(que deixOu de menciOnar, conscientemen‐ te,Planck―― salvo como epistem61ogo― ―,Einstein,I.I.ThOmp‐

son e in`meros outros quc hoje em dia dificilmente seriam ollnitidos), negOu que qualquer aconteciinento excepcionalrnente revoluciondrio estivesse em curso nas ciencias. “Ё tendencioso

apresentar a ciencia como se seus fundamentos tivessem agora se tornado inst`veis e nossa era devessc empreender sua recons中

"8 comO Sabemos,a ffsica moderna continua tao distante para a maioria dos leigos como os aspectos mais elevados da

tru9a o。

teologia escollstica para a maioria dos quc acreditavam na cris‐

tandade na Europa do sCculo XIV, at6 mesino para os que se disp6em a acompanhar as freqtentemente brilhantes tentativas de divulg6‐ la, multiplicadas desde a Priineira Guerra Mundial. Os ide61ogos de esquerda reieitaram a relat市 idade por cOnsi‐ der`‐ la incompatfvel com sua pr6pria id`ia de ciencia e os de

direita a condenaram como iudiao Em suma,daqui em diante a ciencia tornou‐ se nao anenas algo que poucas pessoas podiam

Certezas solapadas: As ciencias

345

entender,lnas tamb6m algo de que muitos discordavanl,embo‐ ra crescentemente reconhecessem sua dependenciia em relacao a ela.

O iinpacto na experiencia,.。 bom senso e nas concep96es aceitas do universo pode,talvez,ser melhor ilustrado pelo pro‐

blema do``6ter lulninffero", agora quase tao esquecido como o flogfstico,invocado para cxplicar a combust5o no s6culo XVIII, antes da revolu95o qullnicao NaO havia cvidencia da existencia do 6ter― ―algO el`stico,rttidO,incompressfvel e l市 re de atrito que,acreditava‐ se,enchia o universo― ― mas ele tinha quc exis‐ tir, no contexto de uma imagem de mundo essencialmente me‐

canico e quc excluFa qualquer cOisa como a assim chamada “agao a distancia", sobretudo porque a ffsica do s6culo XIX

estava cheia de ondas,comecando com as da luz(cuia ve10Cida‐ de real foi dete.11linada pela prilneira vez)e multiplicada via

progresso das pesquisas em eletromagnetismo que, a partir de Maxwell,incluiu as Ondas luminosas. Mas,num univcrso ffsico

mecanicamente concebidO, as ondas tinham que ser ondas em αJgο ,assim como as ondas do mar sao ondas na agua.Na me‐

dida em que o movimento das Ondas se tornou cada vez mais central na imagem do mundO fFsico,``o6ter foi descoberto neste s6cu10, no sentido de quc todas as evidencias conhecidas de sua existencia foralll levantadas nesta 6poca" (para citar um

contemporaneo muito pouco ingenuo).9 Em suma, o 6ter foi inventado porque, como afirmaram todas as

“autoridades em

ffsica"[com raras vozes discordantes,como Heinrich Hertz (1857… 1894), o deSCobridor das ondas de r`dio, c Ernst Mach (1836… 1916),lnais cOnhecidO como fi16sofo da ciencial,``naO de_

vfamos saber nada sobre luz, calor irradiante, eletricidade ou

magnetismo; sem isso provavellnente nao haveria a gravita‐ 950",10 pOis uma imagenl mecanicista do mundo exigia tamb6m que sua for9a fOsse cxercida atrav6s de algunl melo material. Contudo, se 6 6ter existia, deveria ter propriedades meca‐

nicas, fossem 91as elaboradas ou nao por melo dos novos conceitos eletromagn6ticos. Estes colocaram dificuldades consi‐

derdveis,pois a ffsica(desde Faraday e Maxwe■ )operava com dois esquemas conceituais que n5o se Combinavam com facili‐ dade e que,na verdade,tendiam a se afastar: a ffsica das partf‐ culas discretas(da“ matё ria")e a dOs melos continuos ou“ cam‐

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346

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deses que transformaram o perfodO numa idade de ouro para a ciencia h。 landesa comparttvel ao s6cu10 XVII ―― que o 6ter era estacion`rio em relag5o a mat6ria em mOvilnento. Mas isso agora podia ser testado, e dois americanos, A. A. IVlichelson (1852¨ 1931)e

Eo Wo Morle(1838‐ 1923),tentaram faze¨

1。

numa

celebrada c iinaginativa experiencia cm 1887, com um resul‐ tado que pareceu totalinente inexplic6vel. T5o inexplicttvel e tao incompatfvel com crengas profundamente enraizadas que foi periodicamente repetido,conl todas as precau96es possfveis, at6

a d6cada de 20: sempre com o mesmo resultado. Qual era a velocidade do moviinento da Terra atrav6s do 6ter estaciondrio? Urn feixe de luz era dividido em duas partes,

que percorriam,ida e volta,duas traiet6rias iguais em angul。 reto entre si,settdo outra vez reunidos.Se a Terra viaiasse pe10 ёter na direcao de um dOs feixes, O moviinento do aparelho,

durante o transito da luz, devia fazer com quc as trajet6rias dos feixes se tornasse desigual. IssO poderia ser detectadoo Mas

naO podeo Parecia que o 6ter,fosse o que fosse,se moviinentava

com a Terra,ou presumivelmente com qualquer outro elemento medido。 (D 6ter parecia n5o ter caracteristica ffsica alguma ou

estar a16m de qualquer forma de captag5o material. A alterna‐ tiva era abandonar a imagenl cientffica estabelecida dO universo。

Os leitores farniliarizados com a hist6ria da ciencia nao se surpreenderao por Lorentz ter preferidO a teoria ao fato e ter, portanto, tentado descartar a cxperiencia Michelson¨ Morley, sal‐ vando assiin o 6ter,considerado``o fulcro da ffsica moderna",11

por meio de um exemplar extraordindrio de acrobacia te6rica quc O transforimaria no``Io50 Batista da relatividade".12 supOnha

que o tempo e o espa9o possam ser ligeiramente separados, de forlna que um corpo possa ficar mais curto quando de frente para a direcao de scu movllnento dO que estarla se estivesse em repouso ou colocado transversallnente,Nesse caso, a contra‐

95o do aparelho de medig5o de Michelson― Morley poderia ter ocultado a iinobilidade d0 6ter. Tal suposigao, argumenta‐

se,

era na verdade muito pr6xiina da teoria da relatividade especial

de Einstein(1905),mas O prOblema de Lorentz e seus contem‐ poraneOs fOi que eles quebraram o ovo da ffsica tradicional

Certezas solapadas: As ciencias

347

nessa tentativa desesperada de mante‐ lo intacto, enquanto Eins‐

tein, crian9a ainda quando Michelson e Morle chegaram a sua surpreendente conclus5o,estava pronto para siinplesmente aban‐

donar as antigas convic96es. N5o havia moviinentO absoluto。 Nao havia 6ter,ou,sc havia,n50 apresentava qualquer interesse para os ffsicos. De uma forma ou de outra, a antiga ordem da ffsica cstava condenada. Duas conclus6es podem ser tiradas desse instrutivo epis6‐ dio,A prilneira,compativel com o idcal racionahsta que a cien‐ cia e seus historiadores herdaram do sё culo XIX, 6 quc os fa‐

tOs saO mais fOrtes quc as teorias, Dado o desenvolviinento do eletromagnetismo, a descoberta de novos tipos de radiac5o ―― ondas de r`dio(HcrtZ, 1883),raiOs X (Roentgen, 1895),radiO‐ atividadc (BCCquerel, 1896); dada a crescente necessidade de adaptar a teoria ortodoxa a fo.11las curiosas; dada a experiencia Michelson‐ Morley, cedo ou tarde a teoria teria que ser funda‐

mentalmente alterada para se adequar aos fatos. N五 o 6 surpre‐ endente que isso nao tenha se dado iinediatamente, mas acon‐ teceu cedo o bastante: a transforma950 pode ser datada, com alguma precis5o, da dё cada de 1895‐ 1905.

A outra conclus5o 6 siinetricamente opostao A visaO dO universo ffsico que nliu em 1895‐ 1905 se baseara nao nos ``fa_ tos",lnas em pressupostos α ′″jO″ j SObre o universo, em parte

baseados no modelo mecanico do s6culo XVII e em parte em intui95es ainda mais antigas da experiencia sensorial e da 16gica.

Nunca houvera maiores dificuldades intrfnsecas para a aplica95o da relatividade a cletrodinanlica ou a qualquer outra 6rea,sobre‐

tudo a mecanica cl`ssica,o quc era um pressuposto desde Gali‐ leu. A `nica coisa quc a ffsica pode dizer sobre dOis sistemas,

dentrO dos quais as leis de Newton se mantem(por exemplo, dOis trens),6 quc eles se movem um em rela95o ao outro,mas n5o quc um est4``em repouso"enl sentido absoluto. C)6ter foi inventado porque o modelo mecanico aceito de universo preci‐ sava de algo assiin e porque parecia intuitivamente inconcebivel

que de algum modo nao houvesse distin95o entre moviinento abs01uto e repouso absoluto θ αJg〃

J“ gα″ .Tendo sido inven‐ “ “ da relatividade tado, ele barrou o prolongamento a eletrodina・

trlica ou as leis da fisica em geral. Em suma, o que tornou a revolu9ao na ffsica tao rev01uciondria nao foi a descoberta de

348

Aθ「α σOs,″ pび riο s

novos fatos,cmbora isso tenha,por certo,ocorrido,inas a relu‐ tancia dos ffsicos em reconsiderar seus paradigmaso Como sem‐ pre, nao foram as inteligencias sofisticadas as preparadas para

reconhecer quc o rei estava nu: elas passaram o tempo inven‐ tando teorias para explicar por que suas roupas eranl tao esplen_ didas como invisfveis.

Ambas as conclus6es s5o corretas,mas a segunda 6 muito mais itil ao historiador,i`quC a primeira n5o explica realmente

de forma adequada como a revolu950 da fisica aconteceu.Velhos paradigmas nao costumanl inibir o progresso da pesquisa, como

n5o o fizeram a 6poca,nem a forma95o de teorias que seiam tanto consistentes com os fatos como intelectuallnente fecundas.

Produziram apenas o quc, retrospectivamente, pode ser visto (COmO nO caso do 6ter)comO teOrias desnecess`rias e indevida‐

mente complicadaso Reciprocamente, os revoluciondrios em ffsica ―― pertencendo sobretudo aquela “ffsica te6rica", que ainda cra pou∞ reconheclda como um campo, e quc se auto‐ situava em algum lugar entre a matemdtica c os aparelhos de laborat6riO ―― n5o estavam fundamentalinente motivados por

qualquer deselo de esclarecer inconsistencias entre observagao c teoria.Trabalharam a seu pr6pri0 1nodO,as vezes inovidos por preocupa96es puramente filos6ficas ou lnesmo metaffsicas,como a procura de Max Planck``do Absoluto", quc os levou a ffsica contra o conselho dos professores, quc estavarn convencidos de que faltavam apenas detalhes a serem alustadOs nessa ciencia, c a partes da ffsica que outros consideravam desinteressantes.13

Nada 6 mais surpreendente na breve pe9a autobiogr`fica cscrita na velhice por Max Planck一 cuja tcoria quantica(anunCiada

em 1900)marCOu a irrup950 p`bHca da nova ffsica

―― que o

sentiinento de isolamento, de nao ser cOmpreendido, quase de

fracasso, que obviamente nunca o abandonou. Afinal, poucos ffsicos foram mais homenageados em vida,em seu pr6prio paFs e internacionallnente.Muito desse sentiinento foi,evidentemente,

resultado dos 25 anos,a partir de sua tese de doutoramento em 1875,em que o jovem Planck tentou em vao fazer seus admira‐ dos mestres―― inclusive hOmens quc ele finalinente convenceria …… entenderenl, reagirem ou mesmo lerem o trabalho que lhes apresentava: trabalho ern sua opiniao indubitavellnente conclu‐ sivo。 (Э lhamOs para trds e vemos cientistas identificando pro‐

Certezas solapadas: As ciencias

349

blemas cruciais n5o resolvidos erll suas areas e empreendendo sua solu95o,alguns pelo caminho correto,a maioria pelo errado. Mas, na verdade, como os historiadores da ciencia nOs lembra‐

ram,pelo menos desde Thomas Kuhn(1962),n5o6dessa ma‐ neira que as revolu96es cientfficas ocorrem。

O quc explica, entao, a transfomlag5o da matem`tica e da ffsica nesse peribdo?Essa 6 a questao crucial para o historiador.

Ademais, para c historiador quc n5o se concentra exclusiva‐ mente nos debates especializados entre te6ricos, a quest5o n3o se refere apenas a mudanga da imagem cientffica dO universo,

mas tamb6m a relag5o entre essa mudanga e tudo mais que estava acontecendo no perfodo。 (Ds processOs do intelectO nao sao autonOmos.Sciam quaiS fOrem a natureza das rela96es entre a ciencia c a sociedade onde estd embutida c a coniuntura hist6‐

rica particular onde ocorre, essa rela950 existe. Os problemas que os cientistas identificanl,Os m6tOdos quc usanl,os tipos de

teorias que consideranl satisfat6rias em geral ou adequadas em particular, as id6ias e modelos quc usam para resolve_1。 s s5o

os de homens e mulheres cuias vidas,mesmo no presente,n5o se restringem ao laborat6rio ou ao estudo.

Algumas dessas rela96es s5o de uma siinplicidade crua. Urna parte substancial dO fmpeto do desenvolviinento da bacte‐

riologia e da imunologia foi uma fung5o do iinperiaHsmo, pois os imp6rios ofereciam unl forte incentivo ao controle das doen‐

9as tropicais,como a maldria e a febre amarela,que preludiCa_ vam as atividades dos homens brancos nas regi6es co10niais.14

H`,portanto,uma vinculacao direta entre loseph Chamberlain

c(Sir)Ronald Ross,premio Nobel de medicina em 1902.0 papel desempenhado pelo nacionalismo est五 longe de ser secun‐ d`rioo Wassermann, cujo teste de sffilis prOporcionou o incen‐ tivo para o desenvolviinento da serologia, fOi instadO a pesqui‐ lo em 1906 pelas autoridades alemas, ansiosas para atingir s五 ‐

o nivel do que eleS consideravam o avan9o indevido da pesquisa francesa cm sffilis.15 se, pOr urn lado, nao seria aconselhttvel deixar de ladO essas vincula96es diretas entre ciencia c socic‐

dade,seiam elas sOb a forma de patrOcinio Ou pressao gOvema_ mental ou da iniciativa privada, ou sob a forma menos t五 vial de trabalho cientffico estimulado por ou proveniente do pro― gressO industrial pr`tic0 0u de suas exigencias t6cnicas, por

350

A

θrα ′Os i“ Pび riο s

outro lado essas rela96es nao podem ser satisfatoriamente ana‐

lisadas nestes termos,ainda menos no perfodo 1873‐ 1914.Ade― mais, as rela96es entre ciencia e suas aplica96es priticas eram

tudo,menos pr6ximas,salvo na qufmica e na medicina.Assim,

na Alemanha dos anos 1880 e 1890-― poucos pafses levaram taO a s6riO as implicag6es pr6ticas da ciencia _―

as academias

t6cnicas(TeChnische HOchschulen)se queiXavam de que seus matem`ticos n5o se liinitavam apenas ao ensino da matemitica necess`ria aos engenheiros, o os professores de engenharia en‐

frentaram os de matemitica numa batalha frontal em 1897.De fato, a massa dos engenheiros alemaes, embora inspiradas pelo progresso americano a instalar laborat6rios de tecnologia na d6cada de 1890,n5o mantinha contato estreito com a atualidade cientffica. A indistria, reciprocamente, se qucixava de quc as

universidades nao estavam interessadas em seus problemas e faziam suas pr6prias pesquisas ―― embora lentamenteo Krupp (que s6 autorizou scu filho a frequentar uma faculdade t6cnica em 1882)s6 se interessou pela ffsica, como algO diferenciado da qufmica,enl lneados da d6cada de 1890。 16 Enl suma,univer‐ sidades,academias t6cづ cas,ind`stria e governo estavam longe de coordenar seus interesses c esfor9os. Institui96es de pesquisa

financiadas pelo governo come9avanl,de fato,a surgir,inas nao

se pode diZer quc estivessem avangadas: a Kaiser Wilhelln Gesellschaft(hoiC Max Planck Gesellschaft),que financiava c coordenava a pesquisa fundamental,s6foi criada em 1911,enl… bora tenha tido predecessores privadoso Ademais, mesino se os govemos estivessenl, sem divida, comecando a garantir e at6 a agilizar pesquisas que consideravanl significativas, ainda 6 pro‐

blemitico falar do governo como uma forOa de peso quc garan‐ tisse a pesquisa fundamental; nao mais quc a ind`stria, com a possfvel excecao dOs laborat6rios Bell.Ademais,a`nica ciencia, a16m da medicina,na qual a pesquisa pura c as aplica96es pr五 … ticas estavam,a6poca,adequadamente integradas era a qufinica, que por certo nao estava passandO entao por nenhuma transfor‐ macaO fundamental ou revolucion`ria。 Essas transformac6es cientfficas nお

teriam sido possiveis

sem o desenvolviinento t6cnico da economia industrial, conl, por exempb,o advento da livre disponibilidade da eletricidade, a fabricagaO de bOmbas de v`cuo adequadas e instrumentos pre‐

Certezas sdapadas: As ciencias

351

cisos de medida.Mas um elemcnto necess`rio a qualquer expH‐ cacaO na。 6,enl si,explicagaO suficiente.Temos que olhar inais

a16m.Ё possfvel compreender a crise da ciencia tradicional ana‐ lisando as preocupa95es sociais e p01fticas dos cientistas?

Estas eram,obviamente,dominantes nas ciencias sociais; e, mesmo nas ciencias naturais mais relevantes para a sociedade e suas preocupag6es, o elemento sOcial e polftico era muitas vezes crucialo No perfodo que nos interessa,este era plenamente o caso de todas as ttreas da biologia quc atinttiam diretamente

o homeln social, e de todas as que podiam ser vinculadas ao conceito de``evolu95o" e ao nome cada vez mais carregado de conota96es polfticas de Charles Darwin.Ambos tinham um con‐ te`do ideo16gico forteo Sob a forma de racismo,cuio papel cen…

tral no s6culo XIX nunca ser` demais ressaltar, a biologia era essencial para uma ideologia burguesa teoricamente igualitaria,

pOis deslocava a culpa das evidentes desigualdades humanas da sociedade para a“ natureza"(ス E′ αJο Cαp′ ′ α′ ,cap.14:2).Os pobres eram pobres por terem nascido inferiores. Assiin,a bio‐

logia nao era s6 potencialinente a ciencia da direita polltica

como tamb6m a ciencia dos que desconfiavam da ciencia, da raz5o e do progressoo Poucos pensadores foranl mais c6ticos em

relagao as verdades dos meados dO sCculo XIX, inclusive a ciencia,do quc Nietzschee Contudo,seus pr6prios escritos,e no‐ y。 ″′ tadamente seu trabalho lnais importante,ス αグθごθPο ごθ″ ,17

poderrl ser lidos como uma variante do darwinismO social, um

discurso desenvolvido com a linguagem da

“selecao natural",

neste caso uma selecao destinada a produzir a nova raca dos “super‐ hOmens'ち quc iria donlinar os humanos inferiores como o homenl,na natureza, domina c explora a cria95o brutao E as vinculac6es entre biologia e ideologia saO, de fatO, particular‐

mente evidentes no intercamblo entre a “eugenia" e a nOVa ciencia da “gen6tica", que praticamente veio a luz em torno

de 190o, sendo batizada pouco depois por Willianl Bateson (1905).

A eugenia,que era um programa para a aplicacao,as pes_ soas, do cruzamento seletivO comum na agricultura e pecu`ria, foi inuito anterior a gen6tica.O nome data de 1883.Era,essen‐ cialinente, um movilnento polfticO, cm sua esmagadora maioria composto de membrOs da classe m6dia e burguesia, que pres‐

352

4

θra dο s i″ ρびriο s

sionavanl os governos para que iinplantassenl programas de a96es positivas ou negativas visando a melhorar a condicao ge¨

n6tica da esp6cic humana.Os eugenistas extremistas acreditavam que as condi96es do homem e da sociedade poderiam ser melho‐ radas apθ ″αs atrav6s da melhoria gen6tica da esp6cie humana ―― por ineio da concentracao e dO incentivo)s estirpes humanas de valor(em geral identificadas a burguesia ou a ragas adequa‐

damente coloridas,como a``n6rdica"),e da eliminacaO das inde…

Sei`Veis(em geral identificadas aOs pobres, colonizados ou estrangeiros impopulares).OS eugenistas menos extremistas dei¨

xavanl alguma margem as reformas sOciais, a educag50 e as mudangas ambientais em geral. Se a cugenia,pOr unl lado,po‐ dia se tornar a pseudociencia fascista e racista tornada genocf‐

dio deliberedo com Hitler, por outro lado nao se identificava exclusivamente com qualquer setor pol■ ico de classe m6dia antes

de 1914,nao mais quc as teorias sObre a ra9a,inuito populares, entre as quais figurava. Temas ligados a eugenia surgiram na misica ideo16gica dos liberais, dos refO.11ladores sociais, dos socialistas fabianos e alguns outros setores de esquerda, ■os

pafses em quc o moviinento ficou na moda,ホ embora na batalha entre hereditariedade e melo ambiente ou,na expressao de Karl Pcarson, ``natureza" e “cria95o",*ネ fosse praticamente iinpos‐ θpela hereditarieda‐ sivel quc a esquerda optasse θχθJ“ siν α θ ′ “ de. ]Daf, aliis, a acentuada falta de “ entusiasmo pela gen6tica

por parte dos profissionais da area m6dica nesse perlodo. Pois

os grandes triunfos da medicina da 6poca se davam a nfvel ambiental, tanto por meio dos novos tratamentos das dOenOas microbianas(quc, a partir dc Pasteur e Koch, haviam propi‐ ciado o surgiinento da nova ciencia da bacteriologia)cOmo do saneamento b`sico。

(Ds m6dicos eram tao relutantes como os

reforlmadores sociais em acreditar,cOm Pcarson,que``1.500.000 Hbras esterlinas gastas no incentivo da reprodu95o sadia seriam mais proveitosas para a erradicacao da tuberculose quc a cria‐

95o de um sanat6rio em cada aglomeragao urbana"。

18 Eles

tinham razaO。 * 0 1■ ovimentO pelo controle da natalidade guardava rela96es estreitas

com os argumentos eugenistas,

ホ*Nα ′″ θθ ″rr“ ′ θ ,n00riginal,(N,da T,) “ “

Certezas solapadas: As ciencias

353

O quc tornou a cugenia``cientffica"foi justamente o surgi‐

mento da gen6tica ap6s 1900, que parecia sugerir a exclusao total das influencias ambientais na hereditariedade e a determi¨

na95o, por um inico gene, da maioria ou de todas as caracte‐ rfsticas; isto 6, que o cruzamento seletivo dos seres humanos segundo o processo mendeliano era possfvel.Seria pouco admis‐ sfvel argumentar quc a gen6tica cresceu devido as preocupa9oes da eugenia,cmbora haja casos de cientistas que foram atraFdos para a pesquisa sobre hereditariedade “como cο ″sθ 9′ οれοjα de um compronlisso anterior com a cultura‐ da‐ raga", notadamente Sir Francis Galton e KarI Pcarson。 19 Contudo, 6 possivel de‐

monstrar quc as vinculag6es entre gen6tica e eugenia eram estreitas no perfodo 1900‐ 1914 e quc, tanto na Gra‐ Bretanha como nos EUA,as figuras de proa da ciencia estavam associadas

ao movimento,embora antes de 1914,pelo menos na Alemanha e nos EUA, a demarcagac entre ciencia c Pseudociencia racista n5o fosse nada clara。

20 1ss。

levou geneticistas sё rios a sair das

organiza96es de cugenistas comprometidos no perfodo entre as

duas guerras mundiais. O elemento “polftico" da gendtica fica cvidenciado enl todos os aconteciinentos. C)futuro premio No‐ bel H.I.Muller declararia em 1918:“ Nunca me interessei pela genё tica como pura abstrag5o,lnas sempre devido a sua relagao

fundamental com o ser humano― ― suas caracteristicas e melos de auto… aperfei9oamento"。

21

Se o desenvolviinento da gen6tica deve ser situado nO con‐

texto da premente preocupacaO cOm problemas sociais aos quais a eugenia dizia oferecer solu96es bio16gicas(por veZes alterna‐ tivas as socialistas), o desenvolviinento da teoria evolucionista,

na qual estava imbricada,tamb6nl tinha uma diinens5o polftica. O desenvolviinento da``sociobiologia"em anos recentes chamou mais uma vez a atengao sobre esse ponto. Essa diinensao ficara evidente desde o inicio da teoria da“ selecao natural",cuiO mO_ delo chave,a“ luta pela sobrevivencia",fora basicamente deriva‐ do das ciencias sociais(Malthus).ObServadores da virada do s6‐ culo registrararn uma``crise no darwinisino"que produziu v`rias especula95es alternativas ―― o assiin chamado “vitalislno", o

``neolamarckismo''(cOmO era chamadO em 1901)e Outras,Isso se devia nao apenas as dividas cientfficas sobre as formula96es

do darwinismo, que sc tornara uma esp6cie de ortodoxia bio16‐

A′ ″

354

:ο s Jο s i“ Pι ″

gica na d6cada de 1880,lnas tamb6m a d`vidas quanto a suas iinplicag6es mais amplas.(D acentuado entusiasmo dos social‐ democratas pelo darwinismo bastou para garantir quc ele nao seria discutido enl termos exclusivamente cientfficos. Por outro lado,enquanto a tendencia p01ftico‐ darwinista na Europa o via

como um refor9o para a perspectiva marxista, segundo a qual Os processos evolucionistas na natureza e na sociedade ocorriam ―― e independente da vontade e da consciencia dOs homens todos os socialiStas sabiarn aonde esses processos inevitavelFnente

levariam― ― nos EUA o “darwinismo social" destacava a livre concorrencia como lei fundamental da natureza, e o triunfo do mais apto(iSt0 6,do homem de neg6cios benl‐ sucedido)sobre os menos aptos(isto 6, OS pobres)。

A sobrevivencia do mais apto

tamb6m podia ser indicada,e de fato assegurada,pela conquista das ragas e povos inferiores ou pelas guerras contra Estados r市 ais(como

Sugeriu o general alemaO Bernhardi em 1913 em

seu livro Gθ″ α″yα ″ご`λ θNθχ ` War).22 “ sociais sc inseriram Tais temas nos debates dos pr6prios

cientistas.Assim,os primeiros anos da gen6tica foram atormen‐

tados por uma briga amarga e persistente entre mendelianos (maiS influentes nos EUA c entre os experimentalistas)e os assim chamados biom6tricos(relat市 amente mais fortes na GM‐

Bretanha c entre os estatisticos matematicamente avangados)。 Em edade, 1900, as pesquisas dc Mendel sobre as leis da heredita五

tanto tempO negligenciadas, foram siinultanca c separadamente ―― contra a oposi‐ redescobertas em tres paFses e propiciariam 95o biomё trica― ― as bases da genё tica moderna,embora tenha

sido sugerido que os bi61ogos de 1900 1eram nos velhos rela‐ t6rios sobre o cultivo de ervilhas uma teoria de determinantes gen6ticos que nao passava pela cabeca de Mendel em seu iardim

de mosteiro,em 1865.Os historiadores da ciencia aduziram vttrias razoes para esse debate, algumas delas com clara dirnen‐ saO p01ftica.

A inovag5o mais importante quc,iuntO COm a genё

tica

mendeliana, restaurou urn ``darwinismo" marcadamente modi‐ ficado em sua posigao de teOria cientificamente ortodoxa da evolu95o bio16gica, foi a incorpora95o a teoria de Darwin de imprevisfveis e descontinuos “saltos", biZarros e originais, cm sua maioria invittveis, mas tendo, ocasionalinente, vantagens

Certezas solapadas: As ciencias

355

evolutivas potenciais sobre as quais operaria a sele9ao natural.

Foram chamados de “mutag6es" por Hugo De Vries, um dos muitos redescobridores contemporaneos das esquecidas pesqui‐ sas de Mendel。

O pr6prio De Vries tinha sido influenciado pelo

mais iinportante mendeliano britanicO e inventor da palavra “gen6tica",William Bateson,cuioS estudos sobre a variagao (1894)foram COnduzidos ``com eSpecihl atenga。 ぅdescontinui‐ dade na origem das esp6cies". Contudo, continuidade e descOn‐ tinuidade nao eram apenas uma questao de cruzamento de plan‐ tas.0 1fder dos biom6tricos,Karl Pcarson,reicitOu a desconti‐ nuidade at6 mesmo antes de se interessar pela biologia, pois “nenhutta grande reconstrtlgao social,que beneficiasse de modo

permanente qualquer classe da comunidade,jamais foi feita atrav6s de uma revolu95o... o prOgresso humano, como o da natureza, nunca di saltos"。

23

Bateson, scu grande antagonista, cstava longe de ser um revoluciondrio.Entretanto,sc h`algo claro sobre as id6ias desse curioso personagenl,6 seu desgosto pela sociedade existente(fOra

a Universidade de Cambridge, quc ele queria preservar contra qualquer refornla,salvo a admiss5o de mulheres),seu 6dio pelo capitaHsmo industrial e pelo “s6rdid0 1ucro de lojista" e sua nostalgia de um passado feudal organicO. EIn suma, tanto para Pcarson como para Bateson, a variabilidade das esp6cies era uma questao de ideologia tanto quanto de ciencia。

■ initil,e de

fato costuma ser iinpossfvel, tentar um paralelo entre teorias cientfficas especfficas e posi96es pollticas especfficas,ainda me‐

nos em`reas quc, como a``evolucao", se prestam a uma gama de diferentes met`foras ideo16gicas. ■ quase t5o in`til quanto las ena te・ 11los da classe social dos cientistas,pois pratica‐ analis五 ‐ mente todos eles eranl,nesse perfodo,quase por defini95o, pro‐ fissionais liberais dё classe m6diao Contudo,a polftica,a ideolo‐ gia c a ciencia sao aspectos insepar`veis em`reas como a biolo‐

gia,pois suas vincula96es sao pOr demais 6bvias. Apesar de os ffsicos te6ricOs e mesmo os matem`ticos se‐ rern tambё nl seres humanos,essas ligag6es ellll seu caso nao sao 6bvias. Influencias p01fticas conscientes ou inconscientes podem

ser lidas em seus debates,mas nao com muitO proveito. 0 irnperialismo e o surgiinento dos moviinentos de massa traba‐ lhistas podem aiudar a elucidar quest6es de biologia,mas difi‐

356

Aθ ′α αοs

i″ pび riο s

cillnente terao a mesma utilidade enl 16gica siinb61ica ou teoria quanticao C)s acontecllnentos do mundo exterlor aos seus estudos n5o eranl, entre 1875 e 1914, catastr6ficos a ponto de intervir diretamente enl seus trabalhos― ― cOmO Seria o caso ap6s 1914

e como pode ter sido no fim do s6culo XVHI,infcio do XIX` As revolu96es no mundo do intelecto nesse perfodo dificilmente pOderiam ser derivadas por analogia das revolu96es externas h ciencia.No entanto,todos os historiadores ficaln surpresos com

o fato de a transformacaO rev01ucion`ria na vis5o de mundo cientffica naqueles anos estar inSerida em um abandono mais geral e dramatico dOs valores, verdades e maneiras estabeleci‐ dOs e longamente aceitos de encarar o mundo e estruturd‐ lo con‐ ceituallnente. Pode ser puro acaso,ou escolha arbitrdria, quc a teoria quantica dc Planck, a redescoberta de Mendel, as Logis‐ prθ ′ αgα O ′Os Sο れたοs de c力 θU″ ′ θrs“ 0カ ″gθ れ de Husserl, arれ ″ `θ “ bOIα s de C6zanne possam ′ t Cθ θ zα α cO″ Freud e a Nα ′″ MO″ “ como teria sido possfvel inaugurar todos ser datados de 1900-― jε れ de Ostwald,a Tο scα ο rg′ αr″ o novo s6culo com a Q“ 'cα ノ[jgJο れ `“ ′ ′ ″ α ″ θ de Colette e L′ de Puccini, a,primeira novela Cι

de Rostand一 ― mas a coincidencia de inovag6es dramttticas em diversas `reas naO deixa de ser impressionante. Uma pista da transformagao itt fOi sugeridao Era mais nega‐ tiva que positiva,na medida em que substitufa o que fora consi‐

derado,com ou senl raz5o,como uma vis5o cientffica de mundo coerente e potenciallnente abrangente,onde raz5o c intuicao n5o

se contrapunhanl, por uma alternativa que nao lhe era equiva‐ lente. Como viinos, os pr6prios te6ricos estavam confusos e desorientadoso Nenl Planck nenl Einstein estavanl preparados para desistir do universo racional, causal e deterininista para

Cuia destruig5o seus trabalhos tanto colaboraramo Planck era taO hOstil ao neopositivismO de Ernst Mach como Lenin, NIach, 闊

Ifi鱗

lFttl幾





I鶴



l彎

pequeno mundo da matemtttica, como viinos, estava dividido por batalhas sobre se a verdade matenl五

tica podia ser mais do

quc formal.Ao menos os n`meros naturais c o tempo eram ``reais'',pensava Brouwero A verdade 6 que os pr6prios te6ricos

se viram confrontados com contradig6es que nao pOdiam resoト

Certezas solapadas: As ciencias

357

ver, pois nem os “paradoxos" (um eufemismo para contradi‐ 96es),que os 16gicos simb61icos tanto se empenharam em supe‐

rar,nao foram satisfatoriamente elinlinados― ― nem sequer pelo monumental trabalho de Russell e Whitehead,os Prj“ εjptt Mα ‐ jε ′ λθ α′ α (1910‐ 1913),com0 0 primeiro admitiria.A solu95o “ perturbadora era refugiar‐ se naquele neopositivisino que menos se tornaria o quc h`de mais pr6xiino a uma filosofia da ciencia

aceita no s6culo XX. A corrente neopositivista que surgiu no

final do s`culo XIX,com autores como Duhem,Mach,Pearson e O qufinico C)stwald,n5o deve ser confundida com o positivis‐

mo que dominou as ciencias naturais e sociais antes da nova revolu95o cientffica. Acuele pOSitivisino acreditava que podia fundamentar a visao coerente de mundo, quc estava prestes a ser questionada,em verdadeiras teorias bascadas na experiencia testada e sistematizada das ciencias(idealmente experimentais), isto ё,nos``fatos"da natureza tal como descobertos pelo mё to‐ do cientfficoo Por seu lado,as ciencias``positivas",ao contrttrio da especulacao indisciplinada da teologia e da metaffsica, pro‐

piciariam uma base s61ida ao direito, a p01ftica, a moralidade c a religi50-― enl suma,as maneiras de o ser humano viver em

sociedade c articular suas esperangas para o futuro. Criticos naO cientfficos, comO HuSserl, ressaltaram que ``a

exclusividade com quc a totalidade da vis5o de mundo do ho‐

mem moderno se deixou, na segunda metade do s6culo XIX, ser determinada pelas ciencias pOSitivas e ofuscada pela`prospe‐ ridade' quc estas produziram significou um afastamento descui‐

dado das quest6es quc eram decisivas para uma verdadeira hu‐ manidade".25 0s neOpositivistas se Concentraram nas deficiencias

conceituais das pr6prias ciencias pOsitivaso Confrontados com teorias cientfficas quc, sendo agora consideradas inadequadas, poderianl tamb6m ser vistas cOmO unl ``conStrangiinento da lin‐

guagem e deformag5o das defini96es";26 e COnl modelos repre‐ sentativos(como O``五 tomo bola de bilhar")insatiSfat6rios,cles escolheraFn duaS vias interligadas por onde cscapar a dificuldade.

Por unl lado propuseram uma reconstru95o da ciencia a partiF de uma base estritamente empirista c at6 fenomenalista, c, por outro lado,uma rigorosa formalizacao e axiOmatizagao das bases da ciencia. Isso elirninava especulag6es sobre as rela95es entre o“ inundo real"c nossa interpretagao dele,isto 6,sobre a``ver―

358

ス θrα ′οs i“ Pι riOs

dade"como distinta da consistencia interna e utilidade das pro‐ posig6es, seln interferir na prtttica real da ciencia. As teorias cientfficas,como disse peremptoriamente Henri Poincar6,“ nunca

eram verdadeiras nem falsas", mas apenas iteis. Foi sugerido quc a emergencia do neopositivislno no final do s6culo viabilizou a revolu95o cientffica, ao propiciar uma transformag5o das id6ias ffsicas sem qualquer preocupag5o com as concep96es anteriores de universo, causalidade e leis natu‐ rais. Isso significa, apesar da adlniragao de Einstein por Mach, tanto dar cr6dito excessivo aos fi16sofos da ciencia_― inclusive

aqueles que dizem aos cientistas que nao se incOmOdem com a filosofia ―― como subestiinar a crise, bastante generalizada no perfodo, das id6ias aceitas no s6culo XIX, da qual o agnos‐

ticismo neopositivista e o repensar da matematica e da ffsica cram apenas aspectos. Para considerar essa transformagao em seu contexto hist6rico global,6 preciso encar`… la como parte da crise generalizadao E se quisermos encontrar um denonlinador comum aos m`ltiplos aspectos dessa crise, quc atingiu pratica‐ mente tOdOs os setores de atividade intelectual,cm graus diver‐

sos, este deve ser o fato de todos se defrontarern, depois dos anos 1870, conl inesperados,imprevistos e muitas vezes inconl‐ preensiveis iesultados do progresso。 ()u, para ser mais preciso,

com as contradig6es quc este havia gerado. Para usar uma met`fora adequada a Era do Capital,espe‐ rava… se que os trilhos de estradas de ferrO construfdos pela

humanidade levassem a destinos que os viaianteS podiam nao conhecer, pois l` ainda nao haviam chegado, mas sobre cuia existencia e natureza geral nao tinham d`vida.Do mesino modo os viajantes a Lua,de r`lio verne,■ 5o duvidavam da cxistencia

desse sat61ite ou de quc,uma vez ld chegando,reallnente sabe‐ riam o que restaria a ser descoberto por meio de uma inspe9ao

mais detalhada do ,010. O S6Culo XX pOdia ser predito, por extrapola950,como uma versaO melhorada e hais esplendida dos meados do s6culo XIX.*E,ainda assim,a paisagem impre‐ vista,enigm6tica e perturbadora que os viaiantes viam pela ホSalvo na medida em que a segunda lei da termodinanlica predisse a morte do universo por congelamento, proporcionando assitn uma base vitoriana adequada ao pessimismo.

Certezas solapadas: As ciencias

359

ianela dO trem da humanidade,enquanto ele rumava sem hesi‐ tag6es para o futuro, seria reallnente a do canlinhO que levava

ao destino indicado em suas passagens? N5o teriam tomado o trem errado? Pior: terianl tomado o trem certo que, de algum

modo, os estava levando numa direcaO que eles n5o queriam nem da qual gostavam? Se fosse O caso, como tinha comecado essa situag5o de pesadelo?

A hist6ria intelectual das d6cadas ap6s 1875 6 repleta do sentiinento de expectativas n5o apenas logradas ―― “como era

bela a Rep`blica quando ainda tfnhamos unl imperador",como brincou o desiludido frances__mas que de certa forlna estavam se transforrnando elll seu opostoo Vimos esse sentiinento de in‐

vers5o perturbando tanto os ide61ogos como os profissionais da polftica ≧ 6poca (Ver cap. 4)。 I` o ObServamos no terreno da

cultura, onde foi produzido um pequenO, mas pr6digo genero de cultura burguesa sobre o declinio e a queda da civilizacao α moderna a partir dos anos 1880.Dθ gθ ″θ″ ,do futuro sionis‐ `jOれ ta Max Nordau(1893),6 um bOm exemplo,adequadamente

histё rico.

Nictzsche, o eloquente c ameagador profeta de uma cat6strofe iminente,cuia natureza exata ele n5o definiu muito benl, cxpressa melhor que ningu6m essa crise das expectativas. Seu pr6prio modo de exposi95o literaria,uma sucess5o de afo‐ risrnos po6ticos e profё ticOs contendo intui96es visiondrias e verdades naO discutidas, parecia contradit6rio com o discurso filos6fico racionalista pr6prio para a constru95o de sistemas, com o qual ele dizia operaro Seus adFniradores entusi6sticos se

multiplicaram entre os iovenS(dO SeXO masculino)de ClassO mё dia a partir de 1890.

Para Nietzsche, a decadencia da vanguarda, o pessiinismo dos anos 1880 eranl lnais quc uma moda. Eram o

con五 lisino

“resultado fina1 16gico de nossos grandes valores e ideais"。

27

As ciencias naturais, dizia ele,produzirallll sua pr6pria desinte‐

gracaO interna, sё us pr6prios iniinigos, uma anticiencia. As conscqtiencias das inodalidades de pensamento aceitas pela polf‐

tica e pela economia do s6culo XIX eram n五 listas.28 A cultura da 6pOca cstava ameagada por seus pr6prios produtos culturais. A democracia produziu o socialismo,a submers50 fatal do geni。 pela mediocridade,da for9a pela fraqucza― ― uma tecla em que

tamb6m os eugenistas bateram,contudo de modo mais prosaico

A

360

ι Os θrα グοs ι pι ″ “

e positivistao Assiin sendo,nao seria essencial rever todos esses valores e ideais, c o sistema de id6ias de quc eles faziam parte, itt que de qualquer modo estava ocorrendo uma“ reavaliacao de

todos os valores"?Tais reflex6es foram se multiplicando a me‐ dida quc o velho s6culo ia chegandO ao fiino A`nica ideologia de peso que continuou firlmemente ligada a id`ia de ciencia, razaO e prOgresso do s6culo XIX fOi O marxismo, n5o afetado pela desilusao em rela95o ao presente porquc esperava ansiosa‐

mente o futuro triunfo justamente daquelas “massas" cuia irrup95o causou tanto desconforto aos pensadores de classe m6dia.

As p“ prias quest6es cientfficas desenvolvidas,que quebra‐ ram os moldes das explicag6es estabelecidas,faziam parte desse processo geral de expectativas transformadas e invertidas quc 6

encontrado, a 6poca, eln todos os lugares ondc homens e mu‐ lheres,enl sua vida p`blica ou privada,enfrentaram o presente

e o compararam as suas proprias expectativas ou as de Seus paiso Ser` lfcito supor que em tal ambiente os pensadores pu‐ dessem estar lnais dispostos que em outras 6pocas a questionar os canlinhos estabelecidos do intelecto, a pensar, ou ao menos a ponderar, o que at6 entao era iinpensttvel? Ao contr`rio do infcio do s6culo XIX,as revolu96es cuiOS ecOs podiam em certo

sentido ser encontrados nos produtos da mente nao estavam ocorrendo de fato, mas antes deveriam ser esperadas. Estavam iinplicitas na crise de um mundo burgues que sirnpleslnente nao

podia mais ser compreendido enl seus velhos e mesmos terrnos. C)lhar o mundo de outro modo,lnudar o pr6priO ponto de vista n5o era apenas inais fdcil.Foi o quc,de uma folllla Ou de outra, a maloria das pessoas de fato teve quc fazer enl suas vidas。 Entretanto, cssa sensagao de crise intelectual era um fen6‐

meno estritamente minorit`rio. Entre os que tinham forma95o cientffica, imagina… se que essa sensagaO ficOu restrita a poucas

pessoas diretamente envolvidas com a falencia da maneira de

encarar o mundo do s6culo XIX, e dentre elas nern todas o (Ds dados envolvidos eram exfguos, pois mesmo onde a forrnag5o cientffica sc expandira dramaticamente ―― como na Alemanha,onde o n`mero de estudantes de ciencias se multiplicou por oito entre 1880 e 1910 -― eles ainda eram 29 E a da ordem dos lnilhares e nao de dezenas de milhares。 sentiram agudamente。

Ccrtezas solapadas: As ciencias

361

maloHa deles se dirigia a ind`stria ou a atividades docentes bastante rotineiras, onde era pouco provivel que se preocupas‐

senl muito com a falencia da iinagem estabelecida do universo. (Um ter9o dos diplomados em ciencia na Gra‐ Bretanha em 1907‐ 1910 se dedicavam basicamente ac ensino de primeiro e segundo graus。 )30 A posicao dos qufinicos, de longe o maior corpo de cientistas profissionais da 6poca, ainda era marginal a nova (Ds que sentiranl diretamente o terremoto revolu95o cientffica。 intelectual foram os matem`ticos e os ffsicos,cuio n`merO se‐ quer ainda aumentava muito depressa.I〕 in 1910, as Sociedades de Ffsica da Alemanha e da Gra‐ Bretanha,iuntas,tinham ape‐ nas cerca de 700 membros,contra inais de dez vezes esse n`mero nas sociedades associadas de qufinica de ambos os paFses.31

Ademais,a ciencia mOderna,at6 em sua acep95o mais am‐ pla, continuou restrita a uma comunidade g∞ graficamente con‐ centrada. A distribuicao dos nOvOs premios Nobel mostra quc suas maiores realiza96es ainda ficavam agrupadas na regi5o tra…

dicional do avan9o cientffico,o centro e o nordeste da Europa.

Dos priineiros 76 ganhadores do premio Nobel,32 s6 dez nao eram da Alemanha, Gra‐ Bretanha, Franga, Escandinivia, Paises Baixos,Austria‐ Hungria ou Su`9ao Apenas tres eram mediterra‐

neos, dois da R`ssia c tres da comunidade cientffica dos EIJA, em cresciinento acelerado por6m ainda secundttrio. C)s demais ―― por cientistas e matemdticos nao eurOpeus se destacavanl vezes com brilho, como o fisico neozelandes Ernest Rutherford ―― sobretudo atrav6s de seu trabalho na Gra‐ Bretanhao Na ver‐

dade, a comunidade cientffica cstava ainda mais ooncentrada do quc esses pr6p」 os dados indicam. Mais de 600/O de todos os laureados com premios Nobel vinham de centros cientfficos da Alemanha, Gra“ Bretanha c Franga. Uina vez mais,os intelectuais ocidentais que tentaram ela‐ borar alternat市 as ao liberalismO do s6culo XIX,a iuventude burgucsa culta quё acolheu Nictzsche e o irracionalismo,consti‐ tuFanl infiinas minoriase Seus porta¨ vozes contavam‐ se a poucas d`zias,seu p`blico era composto essenciallnente das novas gera‐

96es dos educados nas universidades, quc eraln,fora dos EUA, uma elite min`sculao En1 1915,havia 14■ lil estudantes univer‐ sitarios na B61gica e na H01andab para uma populacao tOtal de 13‐ 14 ■ lilh6es dc habitantes, 11.400 na Escandindvia (fora a

362

A

θra dos i″ pご ″ :Os

Finlandia)para quase ll■ 11lh6es;e at6 na cstudiosa Alemanha, apenas 77 mil para 65 milh6es.33 Quando os jornalistas falavam da “geragac de 1914", no...lalinente queriam se referir a uma mesa de caf6 cheia de rapazes falando para o cfrculo de amizades

quc haviam feito quando entraram para a FCο Jθ Nο″ αた S“ I影 ‐ “ modas r′ ¢ ″″ θ dc Paris ou a alguns lfderes autOproclamados das intelectuais das universidades de Cambridge ou Heidelberg. Tais dadOs nlo develll nos levar a subestimar o iinpacto das novas id6ias, pois os nimeros naO saO indicadores de in‐ fluencia intelectual. O nimero total de homens escolhidos para a pequena sociedade de discussao de cambridge, normalinente conhecida como os “Ap6stolos", cntre 1890 c a guerra foi de apenas 37; inas entre eles estavam os fi16sofos Bertrand Russell,

Go Eo Moore e Ludwig Wittgenstein,o futuro economista I.M。

Keynes,o matem`tico Go H.Hardy e algumas personalidades razoavellnente famosas da literatura inglesa。

34 Nos cfrculos inte‐

ica e na filosofia lectuais russos, O impacto da revolu95o na f食 〕

id era taO iinportante ern 1908 que Lenin sentiu a necessidade de escrever unl longo livrO contra Ernst Mach, cuja influencia polftica entre os bolcheviques ele considerava tao s6ria quanto jα perniciosa: ν〔 Jis“ ο eE“ ρj″ ο crj`jε is“ οo Seia qual for a α′ θ″

nossa visao das Opini6es de Lenin sobre ciencia, sua avaliagao da realidade politica era cxtremamente realistao Ademais, num

mundo i`formadO pela mfdia modema(nO diZer de Karl Kraus, satfrico e iniinigo da imprensa),aS no96es vulgarizadas das prin‐

cipais mudangas intelectuais nao demOrariam a ser absorvidas por unl p`blico mais amploo Enl 1914,o nome de Einstein nao era conhecido fora das famflias dos pr6prios grandes ffsicos,

mas,no final da guerra mundial,a“

relat市 idade"id

era tema

de piadas apreensivas nos cabar6s da Europa centralo No curto lapso da Priineira Guerra Mundial, Einstein se tornara, apesar da total iinpenetrabilidade de sua teoria para a maioria dos leigos, talvez o `nico cientista depois de Darwin cuio nOme e llnagem eranl reconhecidos,de maneira geral,pelQ p`blico leigo instrufdo do mundo inteiro.

cAPfTULO Ff

RAZAO E SOCIEDADE

EIθ s

滋 Mα″

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αcrθ 流′ αソα ″α Rα Za “

ο

jCο s ″ α yjrgθ σ′ σο 0 0S Cα ′ “ “

Romain Rolland,19151

ο′α s``j″ ibjJο ′α grθ ssα οθ Os, οj″ j″ θ″ 6`′ ε ご θα れ `0 οJibθ ″∫肋rα ″ “SbjO″ Ctt Jθ ε Jθ O“ O θ χ ο rα ε Jα ssθ O″ S09“ θασ αciν ごο∂ prθ ル ′ η οSな れ“ α Jθ sθ r gra′ jCα Jο sθ ′α ′ο jrα prθ ssα O θ `zοα s ο αSα S da ο θ rご ごθ α das ソ Oj ′ θ Jα Zαβ α ρ旅%脇 SαO “ “ zα ″ ο α Jθ 9“ α ごα. Alfred Adler, 19092 ′θJα οrgα ″′ Nοs

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ο οprOグ ″οο ノ″ `η θ θ is pο ご 御 sθ r deduzidos, ″Os c“ J`″ ″ α ″ο “ “ “α “ crθ ご θ ″ι α ″0′ α riα is''.Nο θ ″ θ ssθ s“ ごθε ο ″s′ θ ″Fa “ グθj″ ι jα `θ jソ jθ “″ Jisα ″Os θ ε ″Jο αα ″ ′ Oθ ノ ″θε ″ιた″ θ ′ α Os 9“ιrOj ε “ g““ “ spθ ε ″ Io is sο b θ ssθ ′ θ わ ″ α α SC“ 夕 iS θ ο sノ ″ ο s soC'α θ ″ ∂ θ ノ “ α ″ ε O″ Jjε jο ″ θ ο ″0“ j“ θ Jω Sa ο θ “ 鍬πθ χ ″saO θ 9“ θθ たο ′ ノ jS′ `θ j″ “ αsθ κ “ θ θ sJθ 9“ ο ο ρ″ ソ ソ ′ 0 ″οノ ″ ″′ α ″ ο ごο s. 24ss力 `θε み ごθ " “`“α g′ ′ lα θ s′ ″ ″ ο′θ α ο″ ′ p′ jε α ごOθ ″ Jο ε ο σ 夕jグ α“ α θ ssθ pri″ θ jο sθ ′ “ pα rciα Jjdα Jθ `ρ αo Max Weber, 19043 ごοg“ σ `ο

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H` outra forma de enfrentar a crise intelectual que deve ser inencionada aqui.Pois uma forma de pensar o entao impen_ s4vel era reieitar aO mesmo tempo a razao c a ciencia.Ё diff… cil medir a for9a dessa rea91o contra o intelecto nos `ltiinos anos do velho s6culo, ou mesmo, retrospectivamente, apreciar essa forOao Muitos de seus defensores mais expressivos perten‐

364

Aθ ″

Jos i“ pι riOs

ciam ao submundo,ou demi“ ο″ごθ,da inteligencia,c hOie esta0 esquecidoso N6s temos tendencia a negligenciar a voga do ocul‐ tismo, da necromancia, da magia, da parapsicologia (que preo‐ cupou alguns deStacados intelectuais britanicOs)e das varias vers6es do nlisticismo e da religiosidade orientais, que viceia‐

ranl nas margens da cultura ocidental.(D desconhecido e o incompreens市 el se tornaram mais populares do quc ii tinham sido desde o inicio da 6poca romantica(ver J4 Erα Fσ

OJ“ ‐ Jα s Rθ ν

,cap.14:2)。 Podemos observar de passagem que a moda

“ temas, antes principalinente limitada h esquerda autodi… desses

data, agora tendia a se deslocar de modo notivel em dire95o )direita polftica.Pois as disciplinas heterodoxas nao eranl lnais,

cOmo haviam sido, pretensas ciencias como a frenologia, a ho‐ meopatia, o espiritualismo c outras formas de parapsi(x)logia,

S思

滉需 留lgttittl :1leЪ 肌淵 ヵ 駆請電品』 jFa― θ οda ciencia e de todos os seus m6todos.Entretanto,cm‐ ″′

bora essas formas de obscurantismo tenham dado algumas con‐ tribui96es substantivas as artes de vanguarda(comO,por exem‐

plo,atrav6s do pintor Kandinsky e do poeta W. B.Yeats),Seu iinpacto nas ciencias naturais fol irrelevante.

Na verdade, seu iinpacto no grande p`blico tampouco foi muito grande.Para a grande maioria das pessoas instruFdas,so‐ bretudo os recentemente educados, as antigas verdades intelec‐

tuais nao estavam em questao. Ao contririo, eram triunfante‐ mente reafirinadas por homens e m● lheres para quem o “pro‐ gresso" estava longe de ter exaurido suas promessas.(D maior avan9o intelectual dos anos 1875¨ 1914 foi o desenvolviinentO maci9o da instru9ao e do autodidatismo populares e o aumento dO p`blico leitor nesses estratoso Na verdade, o autodidatismo e o auto‐ aperfei9oamento foram uma das principais fun95es dos novos inoviinentos da classe trabalhadora c um dos inaiores atra‐ instrufdas tivos para seus militantes. E o quc as massas tec6m…

de leigos absorveram e aceitaram, sobretudo se erarn politica‐

mente da esquerda democrdtica ou socialista, foram as Certezas racionais da ciencia do s6culo XIX,iniiniga da supersti95o e do privi16gio, espfrito que presidia a instru95o o o esclareciinento,

prova e garantia do progresso e da emancipa9五 o das classes menos favorecidas. 1」 ma das vantagens decisivas do marxismo

365

Razao e socledade

壌 il麗驚 1鳳 器 1び lSa離 lu」 l胤 鴇 』i電 譜 謂 ?『 inventor da imprensa,eranl tao respeitados pelos radicais e so… cial‐

democratas quanto Tom Paine c Marx. A frase de Galileu

“E contudo se move" era persistentemente citada na ret6rica socialista, indicando o triunfo inevitivel da causa dos traba‐ lhadores.

As inassas estavam ao mesmo tempo enl moviinento e sen‐ do instruFdas. Entre meados da d6cada de 1870 c a guerra, o

n`mero de professores de prilneiro grau aumentou em cerca de unl ter9o nos pafses com um born sistema educacional,como

a Franga, c em sete ou at6 treze vezes a cifra de 1875 em

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res,n5o era a da ciencia ou da filosofia,Inas a do mundo da‐ 露

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a ciencia significava pOder e prOgresso em um sentidO menos metaf6ricoo Significava a ideologia da modernizag5o, iinposta as atrasadas e supersticiosas massas rurais pelos ciθ



iCο S,ホ

``ノ elites polfticas esclarecidas de oligarcas inspirados pelo positi‐

vismo― ― como no Brasil da Rep`blica Velha e no M6xico de Porfirio E)fazo Sigiificava o segredo da tecno10gia ocidentale Sig‐

nificava o darwinismo social que legitiinava os multimiliondrios

amerlcanos. A prova mais il■ pressionante desse avan9o do evangelho siinples da ciencia e da raz5o foi o recuo dramitico da religi5o

tradicional, ao menos no centro dos pafses europeus de socic‐ ・ Enl espanhol no original.(N.da T。 )

366

Aθ ″αJοs′ P″ わs “

dade burguesa. Isto nao quer dizer quc a maloria da esp6cie humana estivesse prestes a se tornar “livre‐ pensadora" (Para usar a cxpressao da 6pOCa)。 A grande maioria dos seres huma‐ nos,inclusive praticamente todas as mulheres,lnanteve seu conl‐

pronlisso com a f6 nas divindades ou espfritos,bem como com seus ritos, fosse qual fosse sua religiao, 10calidade ou comuni¨

dade.Como vimos(Ver p.295 acima),as lgreiaS Cristas foram, por conseguinte, acentuadamente feminizadaso Considerando‐ se que todas as principais religi6es desconfiavam das mulheres e insistiam firmemente em sua inferioridade, c algumas, como a ludaiCa,praticamente as excluFam do culto religiosO formal,a lealdade das mulheres aos deuses Parecia incompreensivel e sur… preendente aos hOmens racionalistas,sendo conl frequencia con‐ siderada mais uma prova da inferioridade de seu gener。 。Assiin,

deuses e antideuses conspiravam contra elas, embora os parti‐ dirios do l市 re‐ penl五 mento,teoricamente comprometidos com a

igualdade dos sexos, tivessenl uma participagao envergonhada nessa consplragao.

Urna vez mais, na maibr parte do mundo nao― branco, a religiao ainda cOntinuava sendo a inica linguagem para falar do cosmos, da natureza, da sociedade e da polftica, tanto for‐

mulando como sancionando o que as pessoas pensavam e fa¨ ziam.A religi5o era o que mobilizava homens e mulheres para Obiet市 OS que os ocidentais expressavam em termos seculares, mas quc, na verdade, nao podiam ser inteiramente traduzidos na linguagem secular. Os pollticos britanicOs podem querer re‐

duzir Mahatma Ghandi a um mero agitador antiilnperialista quc usava a religi5o para inttamar as massas supersticiosas,

mas, para o Mahatina, uma vida santa c espiritual era mais do quc unl instrumento p。 lfticO para a conquista da indepent dencia. Qualquer que fosse seu significado, a religi5o era ideo‐ logicamente onipresente.os iovenS terroristas bengalis da vira‐ da do s6culo,a infancia dO que mais tarde veio a ser o marxis‐ mo indiano, erarrl inicialinente inspirados por um asceta ben‐

gali e seu sucessor Swami V市 ekananda(cuia dOutrina Vedanta 6 provavellnente mais conhecida atrav6s de uma versaO cahfor‐ niana mais an6dina),Cuia mensagem eles i,terpretavam de mo‐ do plausfvel c6mo um chamado a sublevacao do pafs,entao sub_ metido a uma potencia cstrangeira, embora destinado a ofere‐

Razお e sociedade cer una f6 111uversal a hunlatudade。

367



Aflmou― se que“ ntto foi atrav6s

da polfdca secular e silll de sociedades quase re■

giosas que os india―

nos instruFdos adqulrlram o httbito de pellsar e se organizar cm escala

naciona199.Tanto a absor9ao do Ocidente● trav6S de gmpos como o J“ Brahno Saln可 ― vγ И E″ お R″ ο 9五 o

"6,cap.12:2)como a raCi― Saln可 , do Ocidente pela classe m6dia nativista(atrav6s do A■ ya

仙 ndado etn 1875)reveStiram― se dessa foma;sem contar a Sociedade

Teos6菫 ca,cttas vincula9“ s ao movimento nacional indiano se五 o destacadas inals adiante.

E se em pafses como a ndia os estamentos insttufdos e eman‐ cipados quc acolheranl a modcrnidadc acharan■ as ideologias desta

inseparttveis da religho(ou,Se as acharam separiveis,dnham que ∝ ultar cuidadosamente o fato),flca 6bvio que a atra95o quc llma linguagen■

idco16gica puramcntc sccular exercia sobre as massas

era irrclevante e quc uma ideologia pllramente secular era incom― prccrlsivcl.Ondc as rnassas sc rcbclaraln,o flzeratrl provavclincntc

sob a bandeira dc scus delLSeS; Como ainda, depois da Primeira Guerra Mundial,contra os britanicos pOr causa da queda do sult五 o turco,que fora um califa`χ げ σjο ,Ou chcfe de todos os mu9ulma―

nos;ou contra a revolu95o mexicana por Cristo Rei.Ern suma,em escala mundial, seria absurdo collSidCrar a rcligi5o signiflcativa― 1914 do que cn■ 1870 ou 1780.

mcnte lnais fraca cn■

cOnmdO,nO ccntro dos palsК s burgucses,embora talvez nao nos EUA,a rcligitto tradicional estava recuando conl rapidcz scm prc―

cedcntes, tanto em sua forOa intelectual como cntre as massas. Tratava― sc,at6 certo ponto,dc uma conscqiiencla quasc automatlca da llrbaniza9五 o,pois 6 praticamentc ccrto quc,outros fatores pennane―

ccndo iguais,a cidadc tetrl lnais probabilidades de desencorttar a devo9五o quc ocmpo,c a gtallde cidade trlals quc a pequcna.Mtt atё as cidades se tornaran■

menos reHgiosas com a assinlila9五 〇 dos

imigrantes das devotas rcgi∝ s nllals aos urbanos a― rcu」 o6060u面 _

oo8 h血 疵

mm_dCぬ 即 山¨ ainda ntimtava。 酬 b

domi‐

★6oL India.¨ alcan9alaS tu,pof rК io de tua graclosa covardia,aquda libcrdadc mereclda apcnas pclos bravoss e os he“ icos?.¨ OL tu,Mれ da fOr9a,tira de mim a fraqueza,titt de mim a falta dc hombHdade e faz de nllm um homem"cttVelQnanda).5

ス θrα dο s i“ pι riOs

368

nical em 184o,mas em 19ol a propor95o cafra a 16%。 7 MaiS ainda, nos paFses cat61icos, quc englobavam 450/O da popula‐

95o europ6ia, a f6 recuou com especial rapidez no perfodo, diante da ofensiva coniunta(Citando uma qucixa clerical fran‐ CeSa)dO racionalismo da classe m6dia e do socialismo dos pro‐ fessores das escolas,8 maS particularinente diante da combina‐

95o de ideais emancipat6rios e c`lculo polftico quc tornou a luta contra a lgreia o prOblema polftico chaveo A palavra“

anti‐

clerical" surgiu na Franga nos anos 1850 o o anticlericalismo se tornou um ponto central da polltica do centro e da esquer‐ da francesas a partir de meados do s6culo, quando o controle da ma9onaria passa para as maos de anticlericais。

9

0 anticlericalismo se tornou um prOblema central da polf‐

tica dos pafses cat61icos por duas raz6es principais: porque a lgreia cat61ica Romana optara por uma reiei950 total da ideo‐ logia da razao e do prOgresso, s6podendo, portanto, ser iden― tificada a direita polftica, e porque a luta contra a supcrsti95o e o obscurantismo, mais que dividir capitalistas e proletirios, (Ds polfticos uniu a burguesia liberal e a classe trabalhadora。

astutos nao deixaram de ter isso ern lnente ao langar apelos a unidade de todos os homens de benl: a Fran9a super9u o caSO Dreyfus com essa frente unida, desestabilizando iinediatamente a lgreia Cat61ica。

Uin dos subprodutos dessa luta, que acarretou a separa95o

entre lgreja e Estado na Fran9a em 1905,foi uma acentuada aceleracao da descristianizagao militante. Em 1889, s6 2,59る das crlangas da diocese de Limoges nao havlam sldo batiza…

das; em 1904 -― o auge do movimento ―― essa porcentagem foi de 54%。 Mas mesmo la onde a luta entre lgreia e Estado naO ocupava o centro da cena polftica, a organizag5o dos mo‐

vimentos de massa de trabalhadores ou a entrada dos homens

comuns na vida polftica(pois a mulheres eram muito mais leaiS a f6)t市 eram o mesmo efeitoo No piedoso vale do P6, no norte da lt`lia, as queixas relativas ao declinio da religiao se multiplicaram no fim do s6culo。

(Na cidade de Mantua,dois

ter9os se abst市 eram da comunhao pascal id em 1885。 )Os tra‐

balhadores italianos que se incorporaram a0 0perariado sider`r‐ gico da Lorena antes de 1914 id eram ateuso Nas dioceses espa‐

nholas(ou antes, catalas)de Barcelona e Vich,a proporOao de

Razao e socledade

369

criangas batizadas na prilneira semana de vida caiu a metade

entre 1900 e 1910.1l Enl suma,para a maior parte da Europa, progresso e seculariza95o andavam de maos dadas. E a veloci‐ dade do avan9o de ambos era diretamente proporcional a perda dO s`″ s das lgreiaS,que lhes ha宙 a dado as vantagens de um “ monop61io. As universidades de Oxford e Cambridge, quc ti‐ nham excluido ou discrilninado os n5o¨ anglicanos at6 1871,dei‐

xaram rapidamente de ser um ref`gio do clero anglicanoo Em Oxford(1891)a maiOria dos diretores de faculdades ainda per‐

tenciam as ordens religiosas, mas nao mais nenhunl de seus professores.12

Houve,na verdade, pequenos retrocessos: a classe alta an‐ glicana, convertida a f6 mais vigorosa do catolicismo; os este‐ j″ ― ごθ‐ sttε Jθ , atraFdos pelo ritual colorido; talvez especial‐ taS ノ mente os irracionalistas, para quem o pr6prio absurdo intelec―

tual da f6 tradicional provava sua superioridade em rela95o ≧ razaO; e Os reacion4rios,quc constitufram o grande baluarte da

antiga tradi95o c hierarquia mesmo quando nac acreditavam nelas, como foi o caso de Charles Maurras, lfder intelectual na jO″ Frα ″ isθ . Havia, c′ fα de fato,muitos que praticavam suas religi6es, c at6 alguns fer‐

Franca da monarquista c ultracat61icaス

vorosos fi6is entre docentes, cientistas e fi16sofos, lnas a f6 re‐

ligiosa destes poucos poderia ter sido inferida a partir de seus escritos.

Em suma,intelectualmente,a religMo∝ idental nunca tive‐ ra taO poucO espa9o como no inicio do s6culo XX, e politica‐

mente estava batendo em retirada, para dentro de muralhas confessionais fortificadas contra assaltos de fora。

O benefici`rio natural dessa combina95o de democratiza‐ 95o e seculariza95o foi a esquerda polftica c ideo16gica, e foi

nesse campo que se deu o florescimento da velha cren9a bur‐ guesa na clencla, na razao e no progresso.

O herdeirO de mais peso das velhas certezas(polltiCa c ideologicamente transformadas)fOi O marxismo,o corpO te6ri… co e doutrindrio elaborado ap6s a morte de Karl Marx a par‐ tir de seus escritos e dos de Friedrich Engels, sobretudo den‐

tro do Partido Social lDemocrata alem5o. Enl muitos sentidos

o marxismo,na vers5o de Karl Kautsky(1854… 1938),definidOr de sua ortodoxia, foi o `ltiino triunfo da confianca cientffica

Aθ ″α ″οs

370

i“ Pι riο s

positivista do s6culo XIX.Era materialista, determinista,inevi‐ tabilista, ev01uciOnista, c identificava firmemente as “leis da hist6ria" cOm as ``leis da ciencia". O pr6prio Kautsky conside‐ rou illicialinente a tじ oria

da hist6ria dc Marx como “nada a16m da aplicagaO dO danⅣ inismo ao desenvolvilnento social", afir‐

mando, em 1880, Чuc o darwinisIIlo nas ciencias sociais ensi‐ nava que “a transigao de uma cOncep050 de mundo velha a

uma nova ocorre inelutavellnente"。 13 Paradoxallnente para uma

teoria que prezava tanto a ciencia, o marxismo tinha, de ma‐ neira geral, muitas desconfiangas enl rela95o as dramaticas in。

_

vag6es contemporaneas na ciencia e na filosofia, talvez porquc PareCiam trazer um enfraqueciinento das certezas do materia“

lismo(por eXemplo,1市 re‐ pensamento e determinismo)que eram taO atraentes,Foi s6 nos cfrculos austro… lnarxistas da Viena inte―

lectual,onde ocorreranl tantas inova96es,que o marxismo man‐ teve o contato com esses avan9os,embora possa te… 10 feito ain¨ da mais entre os intelectuais russos revoluciondrios devido a ligag50 ainda mais lnilitante de seus gurus marxistas ao mate― rialismo.* Os cientistas da natureza da 6poca tinhanl, portanto,

pouca motivagao prOfissional para sc interessar por Marx e Engels,c assiln,embora alguns fossem politicamente de esquer‐

da, como na Franga do caso Dreyfus, poucos se interessaram por eles.Kautsky nem publicou a Djα 彪 α αα Nα ″zα ,de `jε `“ Engels,a conselho do`nicO ffsico profissional do partidO,para

quem o lmp6rio Alemao aprOvou a assim chamada Lex Arons (1898), quc eXCluiu os docentes social‐ demOcratas de designa“ 96es universit`rias.15

Contudo, qualquer que fosse o interesse pessoal de Karl Marx no progresso das ciencias naturais de meados do s6culo XIX, seu tempo e sua energia intelectual foraln inteiramente dedicados as ciencias sOciaiso E neste terreno, bem como na hist6ria,o impacto das id6ias marxianas foi substancial. Sua influencia foi tanto direta como indireta。 16 Na ltttlia, no centro‐

leste da Europa c,sObretudO,no lmp6rio Czarista,re¨

ネPor eXemplo, Sigmund Freud ficou com o apartamento do lfder da social‐ demOcracia

austrfaca,Victor Adler,na Berggasse,onde Alfred Adler

(naO era parente do primeiro),um psicanalista comprometido com a social¨ dem∝ racia, apresentOu em 1909 um trabalho sobre “ A psicolo‐

gia do marxismo"。 O filho de Victor Adler,Friedrich,era,em compen‐ 14 sa9五 o, cientista e admirador de Ernst Mach。

371

Razao e socledade

gi6es que pareciam a beira da revolu95o social ou da desinte‐ gracaO, Marx conquistou iinediatamente um apoio intelectual amplo, extremamente brilhante, mas as vezes temporirioo Nes‐ ses paises ou regi6es houve momentos, como por exemplo du“ rante os anos 1890, em que praticamente todos os intelectuais academicos mais iOVens eram,de uma forma ou de outra,revo‐ luclonttrios ou socialistas, c a maioria se considerava marxista,

como tem acontecido com freqtencia na hist6ria do Terceiro Mundo desde entaoo Na Europa ocidental poucos intelectuais eram profundamente marxistas, apesar das diinens6es dos mo‐ viinentos de massas dos trabalhadores comprOmetidos com uma social‐ democracia

marxiana― ― salvo, estranhamente, na Holan‐

da, dando entao infciO a sua revolu95o industrial. O Partido Social lDemocrata alem5o importou suas teorias inarxistas do lm‐ ° im驚 呪 謂 ふ g∬ :1漁 驚 腑 1織 記 #?∴ )'蠍 預

sobretudo atrav6s de pessoas suficientemente iinpressionadas, tanto pelo seu desafio intelectual como polftico, para tentar a crftica de sua teoria ou buscar respostas alternativas n5o socia‐

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marxistas ou p6s― marxistas que come9aram a aparecer a partir do final da d6cada de 1890, como o erlllinente fi16sofo italiano Benedetto Crocc (1866‐ 1952), o elemento polftico era nitida‐

mente dominante; em pafses como a Gra‐ Bretanha, que nao precisava se preocupar com um forte moviinento marxista de trabalhadores, ningu6m deu muita atengaO a Marx. Em paFses onde havia moviinentos fortes desse tipo, eminentes professo‐ res, como Eugen von Bohm‐ Bawerk (1851‐ 1914), na Austria, usaram o tempo que lhes sobrava de suas tarefas como profes‐ sores ou ministros para refutar a teoria marxista,17 MaS 6 Claro

que o marxismo dificilmente teria suscitado uma produgao inte_ lectual t5o substancial e prestigiosa, a favor e contra, se suas

id6ias nao tivessem uma iinportancia intelectual consider`vel. O impaCtO de Marx nas ciencias sociais ilustra a dificul‐

dade de comparar seu desenvolvimento ao das ciencias naturais nesse perfodo・ As ciencias sociais lidavam essencialinente com

o comportamento e os problemas de seres humanos quc estao longe de ser observadores neutros e isentos de seus pr6p五

os

372

A

jο θrα αοs i″ pび ′ s

problemas. Como vimos, at6 nas ciencias naturais a ideologia

se torna mais ilnportante a medida que vamos passando do mundo inaniinado a vida e, especialrnente, aos problemas de biologia diretamente iinplicados e referidos a seres humanos. As ciencias sociais e humanas operanl inteiramente, e por defi‐ ni95o, na zona explosiva onde todas as teorias tenl irnpliCa96es polfticas diretas e onde o iinpacto da ideologia, da polftica c

da situa950 enl que os pensadores se encontram 6 preponde… rante. E perfeitamente possfvel, no perfodo que nos interessa

(Como em qualquer outro),ser tantO um astrOnomo de desta‐ quc como unl revolucionirio lnarxista,como Ao Panekoek(1875‐ 1960), cuiOS COlegas de profissaO sem d`vida achavam sua po¨ lftica tao irrelevante para sua astrononlia como seus camaradas sua astrononlia para a luta de classes. Se se tratasse de um so‐ ci61ogo,ningu`nl teria considerado sua polltica irrelevante para

suas teorias. As ciencias sociais ziguezagucaranl, passaram e tornaralrl a passar pelo mesmo territ6rio ou mllitas vezes anda‐

ram em cfrculo por esse motivoo Ao contrttrio das ciencias na_ turais, faltava‐ lhes um corpo central de conheciinento e teoria cumulativos universallnente aceito e um campo estruturado de pesquisa no qual se pudesse dizer que o progresSo era resulta¨

do de um aiuste da teoria )s novas descobertas. E, durante o perfodo quc analisamos, a divergencia entre os dois ramos de “ciencia" se tornou acentuada.

De certo modo isso era novoo No auge da crenga liberal nO prOgresso,parecia quc a maioria das ciencias sOciais一

etno‐

grafia/antropologia, filologia/1ingtifstica, sociologia e diversas

escolas importantes de econonlia ―― partilhava um quadro b五 ‐ sico de pesquisa e teoria com as ciencias naturais, o evolucio‐ nismo(ver tt E″ αοCα ρj′ αJ,cap.14:2).O cerne da ciencia

social era o estudo da ascens5o do homem de um estado primi‐ tivo at6 o atual e a compreensao raciOnal deste presenteo Esse processo era habituallnente considerado cOmo um progresso da humanidade passando por v`rios ``est`gios", embora mantendo enl suas margens sobrevivencias de est`gios anteriores, bastante

semelhantes a f6sseis vivos. C)estudo da sOciedade humana era uma ciencia positiva como qualquer outra disciphna evolucio‐ niria, da geologia a biologiao Parecia perfeitamente natural a

um autor escrever um estudo das condi96es do progresso com

Razao e socledade

373

ο α″ご Pο :jι jcs′ οr T力 ο gあ rs ο″ θ αpp′ ica′ ′ `ヵ “ 0/`み θprj″ θゎJ“ 冴 “″α ″ "α ″J“ j″ αl sθ :θ θ ο″ 力θri′ α″εθ"′“ ο `′ `“ urrl livro ′ y,* como que seria publicado na 力θpο Jj`iヒ αl sο ciθ ′

o titulo de Physics

d6cada de 1880 na Colecao c)ientffica lnternacional por uma

editora de Londres, lado a lado com volumes como T力 θCο れ‐ jO″ 0ノ E″ θ jθ ″ y α rgy,S`“ ご ν ′ r“ s i″ spθ ε ′ Aれ α lソ siS,7カ θS′ α “ sα “― ο ″ I P力 ys,ο Jο gy ο ツ ″ごNθ ″ α イ θ s c Mο SCJθ ッ ノSο Jο gy,Gθ ″θ メハ `jο 18** gθ 。 た ″ ″ み ″is“ ο ご θルfθ ε α りα ノEXC力 α Sθ

`み Entretanto, cssc evolucionislno naO tinha afinidades nem

com as novas modas em filosofia nem com o neopositivismo, comO tampouco com os que comecaram a ter suas dividas so‐ bre unl progresso que parecia estar levando para a direcao errada c, portanto, sobre as “leis hist6Hcas'' que o tornavam aparentemente inevit6velo A hist6ria c a ciencia,combinadas de maneira tao triunfal na teoria da evolu950,estavam agora sendo separadas.Os historiadores academicos alemaes reieitaram as ``leis hist6ricas" como parte de uma ciencia que pudesse ope‐ rar generaliza95es,pois n5o havia lugar para tanto em discipli‐

nas humanas dedicadas especificamente ao `nico e irrepetivel, ou at6 a“ maneira subjetivo‐ psico16gica de ver as coisas'',sepa‐ rada“ do objet市 ismo cm dos mar対 stas por um vastissimo abis‐ mo".19 A pesada artilharia da teoria mobilizada nos anos 1890 na mais graduada publica95o europ6ia dedicada a hist6ria, a ο′ rぉ ι ぉελθzθ ′ ″ 〃 ― embOra oHginalmente dirigida contra `sc力 `― outros historiadores com excessiva propens5o a ciencia social,

ou qualquer outra― - logo dirigiria seu poder de fogo basica‐ mente contra os social‐ democratas.20 Por outra parte,estas ciencias sociais c humanas,na medi‐ da enl que podiam aspirar a argumentag5o rigorosa Ou mate‐ matica Ou a m`todos experiinentais das ciencias naturais, tanl‐

b6m abandonaram a evolu95o hist6rica, as vezes com alfvio. Foi o caso at6 dO algumas que n5o podiam aspirar a nenhum dos dois, comO a psicaniHse, que foi descrita por um historia‐ dor sagaz como “uma teoria a… hist6rica do homem e da socic‐ ●F`sica θPO:`rica, ο Pcrsα ″θ Os sObrθ a α pJiCaFa o ごOs pri“ c`P′ οs dα “eFa″ Fα " a "′pο rica。 (N. da T。 ) θ αJ" θ “ み sθ ′ αο″α ′ “ σ 拿摯A cO“ sθ `“ gι α ′ ναfα O dα θ θ′ れ おθespacrrar′ O θsr“ ′。 , Es′ dOs sο b′ θ α “ da Sο σ:ο :ο gたち Fお iO:Ogね“gθ ral dθ “ θca″ お ο ′θ ″bわ 。(N.da T。 ) “





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`′ θ″ θrソ OS

e O ご′ ″みθ ο θ ο :「

A

374

θrα ごοs i″ pび rわ s

dade que podia tornar suport`vel(aOS COrreligionttrios liberais

de Freud em Viena)um mundO sem rumo e fora de controle".21 Em econonlia, uma “batalha de m6todos" bem amarga cntrou para a hist6ria na d6cada de 1880. 0 1ado vencedor(liderado por Carl Ⅳlenger, outro liberal vienense)repreSentava n5o ape‐ nas uma vis5o do m6todo cientffico ―二 argumentag5o dedutiva contra a indutiva ―― mas um estreitamento proposital das at6 ent5o amplas perspectivas da ciencia dos econolnistas。

(Ds eco‐

nonlistas com preocupag6es hist6ricas eram ou bem expulsos para o lllnbo dos excentricos e agitadores,como Marx,ou benl,

como a “escola hist6rica", donlinante na econoFnia alema, ins_ tados a se reclassificarem em outra categoria,por exemplo his…

toriadores da econonlia ou soci61ogos, deixando a verdadeira teoria aos analistas dos equilfbrios neocl`ssicos. Isso significou

quc quest6es de dinalnica hist6rica, desenvolviinento econOrrli… CO C IlllleSmo de flutuag6es econOnlicas e Orises foranl ellll grande

parte expulsas da nova ortodoxia acadenlicao A econonlia tor‐ nou‐ se

assiin a inica ciencia social do perfodO quc analisamos

a naO ser incomodada pelo problema do cOmportamento n5o… racional, pois era definida de modo tal quc exclufa todas as transa96es que nao pudessenl ser descritas de algum modo como racionais.

De maneira similar,a lingifstica,que fora(iuntO COm a economia)a primeira e mais confiante das ciencias sOciais,ago‐ ra parecia perder o interesse no modelo de evolugao lingifstica

que fora sua maior realizag5o. Ferdinand de Saussure (1857‐ 1913), que fOi O inspirador p6stumo de todas as modas estru¨ turalistas ap6s a Segunda Guerra Mundial, concentrou‐ se, ao contrttrio, na estrutura de comunicagao esttttica e abstrata, da

qual as palavras eram um vefculo possfvel.Sempre quc as cien… cias sociais c humanas puderanl, se assilnilaram as ciencias ex_

periinentais, como, notadamente, uma parte da psic01ogia, quc correu para o laborat6rio para dar continuidade a seus estudos sobre a percep95o, a aprendizagem e a modificagao experiinen. tal do comportamento. Isso produziu uma teoria russo¨ ameri‐ cana do``behaviorislno" (I. Pav10v, 1849¨ 1956; Io Bo WatsOn, 1878‐ 1958), que dificilmente pode servir de orientagao para a

mente humana: a complexidade das sOciedades humanas, ou mesino as vidas e as rela96es humanas comuns,nao se prestam

Razao e sOcledade

575

aO reducionisnlo dos positivistas de laborat6rio, por mais emi‐

nentes que seiam,nem O estudo de suas transfomtt6es no tem‐ pO pode ser feito experirrlentallnente. Assinl, a conseqtencia pritica de maior proic950 da psicologia experimental,os testes de inteligencia(Cuio piOneiro foi Binet, na Franga, a partir de 1905),foi aChar mais f`cil determinar os limites do desenvol‐

viinento intelectual das pessoas por melo de um QI aparente¨

mente permanente,d6que determinar a natureza desse desen‐ volviinento, ou como ocorreu, ou aonde podia levar. Essas ciencias sOciais positivistas ou``rigorosas" cresceram, gerando departamentos universitttrios e profiss6es,lnas serrl algo

mais que ppssa ser comparado a capacidade de surpreender e chocar das ciencias naturais revolucionarias do perfodo.De fa‐ to, onde as prirneiras estavam sendo transforllladas, os pionel‐ ros desta transforma950 itt ha宙 am feito seu trabalho em perfo‐

do anterior. A nova econoFFlia d0 1ucro marginal e do equili¨ b五 o

se voltava para Wo S. IevonS(1835‐ 1882), L6on Walras

(1834-1910)e Carl Menger(1840‐ 1921),cuiO trabalhO origi‐ nal fora desenvolvido nos anos 1860 e 1870; os psic61ogos ex¨ perilnentais, embora sua priineira publicagaO cOm esse titulo

tenha sido a do russo Bekhterev em 1904, se voltavam para a escola alema de Wilhelln Wundt,criada nos anos 1860。

Entre

os lingtiistas, o revoluciondrio Saussure era ainda mal conhe‐

cido fora de Lausanne, pois sua fama se baseia em anota96es de aula publicadas ap6s sua morte. As quest6es mais dramiticas e controvertidas das ciencias sociais c humanas guardavam estreita rela95o com a crise inte‐ αasttε Jθ do mundo burgues.como vimos,ela reves‐ lectualノ jれ ―

tiu duas formaso Sociedade e polftica pareciam necessitar ser

repensadas na era das massas, em particular os prOblemas da estrutura e coes5o sociais, ou (errl termos polfticos)a lealdade dos cidad5os e a legitiinidade do governo。 (D que preservou a ciencia econOnlica de convuls6es intelectuais maiores foi, tal‐ vez, o fato de a cconomia capitalista ocidental n5o estar, ma‐ nifestamente, enfrentando problemas da mesma gravidade 一

ou, ao menos, eles eram tempor`rios. lDe maneira geral, tra‐ tava‐ se das novas d`vidas a respeito dos pressupostos do s6‐

culo XIX em rela95o a racionalidade humana c a ordem natu‐ ral das coisas.

376

ス θ′ α αοs :″ ′どrrOs

E na psicologia quc a crise da razao fica mais 6bvia, ao menos na medida cm quc ela tentava se conciliar nao com si_

tuag6es experiinentais, mas com a mente humana como um todo。

(D que restaria do pr6spero cidad5o visando a objetivos

racionais atrav6s da maxiinizag5o do lucro pessoal, se esse pro‐

cesso se baseava em uns quantos ``instintos" com0 0S dos ani‐

maiS(Mac_Dougall);″ se a mente racional nao passava de um barco navegando nas ondas e correntezas do inconsciente(Freud); ou mesmo se a consciencia racional era apenas unl tipo especial dc consciencia, ``ao passo quc em sua totalidade, dela separa‐ das pela mais fragil pelfcula,residenl formas potenciais de cons‐

ciencia totalmente diferentes"(William lameS,1902)?お

Qual‐

quer leitor da grande literatura,qualquer apreciador da arte ou pessoas introspect市 as amadurecidas i6 eStavam,6 claro,fami‐ liarizados conl tais observa96es. Contudo,foi agora e nao antes quc essas observag6es se tornararn parte do que se autodenomi‐ nava o estudo cientffico da psiquc humana. Elas ntto se aiusta‐ vam a psic。 logia de laborat6rio ou dos testes; a coexistencia de

dois ramos de investigag5o da psiquc humana fol incOmoda。 Na verdade, o inovador mais marcante nessa `rea, SigmundO Freud, criou uma disciplina, a psicandlise, que se separou do resto da psicologia c cuia pretens5o a um s`α ′s ctntffico e valor terapeutico fOi, desde entao, tratada conl“desconfianca nos cfrculos cientfficos convencionais. Por outro lado,scu iin‐

pacto em uma nlinoria de homens e mulheres emancipados foi r`pido e considerttvel, inclusive em parte das ciencias huma¨ nas e s∝ iais(Weber,SOmbart).Uma terminologia vagamente freudiana se incorporaria ao discursO cOrrente de leigos instru←

dos ap6s 1918, ao menos na Alemanha e nas regi6es de cul‐ sax6nicao A16m de Einstein, Freud 6 provavellnente o inico cientista do perfOdO (pOis ele assiin se considerava)

tura anglo‐

CuiO nOme 6 conhecidO pelo homem da rua.Isso foi de宙 do, sem d`vida, a conveniencia de uma teoria quc autorizava ho_ mens e mulheres a iOgarem a culpa de suas a95es em algo inde‐

pendente de sua vOntade como seu inconsciente, mas ainda mais ao fato de Freud Poder ser visto, acertadamente, como algu6m que rompeu tabus sexuais e, erradamente, como pala‐ dino da liberta95o da repressaO sexual. Pois a sexualidade ―― assunto abertO a discussao e pesquisa p`bHcas e a uma abor‐

Razao e socledade

377

dagem liter`ria com poucos disfarces no perlodo quc analisa‐

mOS(basta pensar em Proust na Franga, Arthur Schnitzler na Austria c Frank Wedekind na Alemanha)*中 ― era Central para a teoria de Freud. Freud n5o foi, 6 claro,o`nico,nerFI Sequer o priineiro, autor a pesquis4‐ la em profundidade. Ele nao per_ tence ao crescente contingente de sex61ogos quc apareccu ap6s λjα Sθ χ αJis(1886),de Richard a publicagaO dO livro Psyε ttOρ α′ von Krafft‐ Ebing,quc inventou o termo““ Inasoquismo"。 Ao con‐ 1巳 bing, a maioria dos sex61ogos era reforlnista, visando conseguir tolerancia p`blica para vttrias formas de ten‐

trdrio de Krafft‐

dencias sexuais nao convencionais(``anOrmais"); e infOrmar e libertar da culpa os que pertenciam a tais nlinorias sexuais (HaVe10Ck Ellis, 1859‐ 1939,Magnus Hirschfeld**).Ao contr`¨

rio dos novos sex61ogos, Freud n5o despertou tanto o interesse

de um p`blico especificamente preocupado com problemas se… xuais, mas o dc homens e mulheres cultos e suficientemente emancipados dos tabus iudaico― cristaos tradicionais para acei‐

tar o quc h`muito imaginavam,ou seia,O enorme poder,ubi‐ qtidade e multiformidade do iinpulso sexual。 Freudiana ou nao‐ freudiana, individual ou social, o quc preocupava a psicologia nao era cOmo os seres humanos racio‐ cinavanl, mas qu5o pouco essa capacidade de raciocinar afeta“ va seu comportamentoo A partir daf foi capaz de refletir a era da polftica e da economia das massas de duas maneiras, ambas crfticas: por meio da “psicologia das multid6es", consciente‐

mente antidemocFitica,de Lc Bon(1841‐ 1931),TardC(1843‐ 1904)c T・ rOtter(1872… 1939), quC afirmava que todos os ho‐

mens abandonavam o comportamento racional quando reunidos em multidao;e pOr meio da publicidade,culo entuSiasmo pela psicologia era not6rio e quc htt muito descobrira que sabao n5o

era vendido por argumentos, PublicaFanl‐ Se trabalhos sobre a psicologia da publicidade desde antes de 1909。 Entretanto, a * Proust no que tange a homOssexualidade inasculina e femininal Schnitz‐ ler― ― m6dico

―一a favor de uma abordagem honesta da proIIniscuidade

sexual fortuita(Rθ igθ れ, 1903,escrito originalrnente ern 1896‐ 1897); We‐ j“ gs Eru,α カ′ c力 θ, 1891), sObre a sexualidade da adolescencia. dekind (F′ タ ホ * EHis come,ou a pubHcar“seus S"α jθ s i4 ′ οgy οノSθχ em みο′ 力θPッε

1897;o Dr.Magnus Hirschfeld come9ou a publicar seuノ α みrb“ ε た ノr θZ″ isc力 θ rtsれ イ θ れ (Anuttrio de casos sexuais fronteiri9os)nO mes_“ χθ ι ι mo “ ano. Sθ

A

378

θrα αοs i“ ρびriOs

psicologia, lidando principallnente com o indivfduo, nao teve

que se entender com os problemas de uma sociedade em pro‐ cesso de mudanga.A disciplina transformada da sociologia,siin. A sociologia foi, provavellnente, o produto mais original das ciencias sociais no perfodo que nos ocupa; ou, enl termos mais precisos, a tentativa mais significativa de compreender intelcctualinente as transformag6es hist6ricas que s5o o tema central deste livro. Pois os problemas fundamentais que preo‐

cuparam seus expoentes mais notttveis eram polfticos, Como mantinham as sociedades sua coesao fOra dos costumeS e da aceitacao tradicional da ordem c6slnica, cm geral sancionada

por alguma religi5o,quc um dia ha宙 am iustifiCado a subordi‐ nagaO sOcial e as norinas? Como funcionam as sociedades en‐ quanto sistemas polfticos sob taiS condi96es? Em suma, como pode lidar uma sociedade com as conseqtencias imprevistas e perturbadoras da democratizacao e da cultura de massas, ou,

numa formula95o mais geral, de uma cvolu95o da sociedade burgucsa que parecia lev`… la a algum outro tipo de sociedade?

Esse coniuntO de problemas 6 o que distinguc os homens,hoie considerados como fundadores da sociologia, da legiao de evO_ lucionistas positivistas inspirados em Comte e Spencer(verス E″ αJο Cα ρ α J,cap. 14:2),hoiC esquccidos,quc atё entao re‐ presentavam esse tema。 j′

A nova sociologia n5o era uma disciplina acadenlica esta‐

belecida nem sequcr bem definida, e at6 hole nao conseguiu estabelecer um consenso internacional enl torno de seu conte`¨ do exatoo No mdxirno, algo como uma ``五 rea" acadernica sur_

giu nesse perfodo em alguns pafscs europeus, ern torno de al‐ guns poucos homens, revistas, sociedades e inclusive uma ou duas citedras universit`rias; mais notavellnente na Franga, em

torno de Emile Durkheim(1858¨ 1917),e na Alemanha em tor‐

no dc Max Weber(1864‐

1920)。

Apenas nas Am6ricas,c em

especial nos EUA, havia um nimero significativo de soci61o‐

gos com esse nomeo Na verdade,boa parte do quc hoie Seria classificado como sociologia era trabalhO de hOmens que ainda continuavarn a se considerar de outras `reas: Thorstein Veblen (1857‐ 1929), ccOnOrnista, Ernst Troeltsch (1865‐ 1923), te61ogo, Vilfredo Pareto(1848‐ 1923),cconomista,Gactano Mosca(1858‐ 1941),cientista polftico, e at6 Benedetto Croce,fi16sofo.O que

Razao e socledade

379

deu a esse campo alguma unidade foi a tentativa de entender uma sociё dade que as teorias do liberalisnlo polftico e econ6‐

Inico nao podianl, ou naO pOdianl mais, abrangero Contudo, ao contrario da mOda socio16gica em algumas de suas fases pos‐ teriores, sua preocupacao maiOr nesse perfodo era refrear a la, para n5o falar mudan9a da sociedade, antes que transform五 ‐ de revoluciond‐ la.DaF sua relacao ambivalente con■

lKarl Marx,

hOie muitas vezes citado,com Durkheim e Weber,como fun‐ dador da sociologia do sё culo XX,mas cui9S diSCfpulos nem sempre gostanl muito desse r6tuloo Nas palavras de unl intelec‐ tual alem5o contemporane。 : “lDeixando de lado as consequen‐ cias pr`ticas de suas doutrinas e a organiza95o de seus segui‐

dores com elas comprometidos, Marx levantou quest6es intrin― cadas mesmO do ponto de vista cientifico, as quais temos que nos esforOar para desemaranhar"。

24

Alguns dos que se dedicavanl a nova sociologia se concentra‐

ram em saber como as sociedades realFnente funcionavanl, de modo diferente do que supunha a teoria liberalo Daf a profu‐

saO de publicag6es versando sobre o quc hoie seria chamado de ``sociologia polftica",baseadas, em grande medida, na expe‐ riencia da nova polftica democrdtico― eleitoral e dos movilnentos

de massas,ou de ambos(MOSCa,Pareto,Michels,S.e Bo Webb)。 Alguns se concentrararn enl saber o que lnantinha as sociedades

coesas contra as for9as desagregadoras, oriundas dos conflitos entre as classes c entre os grupos quc as compunhanl,e na ten‐

dencia da sOciedade liberal a reduzir a humanidade a indivf‐ duos dispersos, desorientados e desenraizados(``anOrnia"). ]Daf ―― quase invariavelぃ a preocupagao dos principais pensadores ― ― como Weber e Durkheiin, com o mente agn6sticos e ateus fen6meno da religi5o, e daf a cren9a de que todas as socieda‐ des precisanl, seia da religi5o, seia de sCu equivalente funcio―

nal para manter seu tecido social; e de quc os elementos de todas as religi5es podiam ser encontrados nos ritos dos aborf‐ gines australianos, a ёpoca normallnente considerados sobrevi‐ ventes da infancia da espё cic humana(ス E″ α ′οCα ρj`α J,cap. 14:2)。

Reciprocamentc, as tribos prilnitivas e b`rbaras que o

iinperialismo agora permitia,e as vezes exigia, que os atrop61o‐ gos estudassern nlinuciosamente ―― o ``trabalho de campo" se tornou parte integrante da antropologia social no infcio do s6‐

Aθ ′α ごOs

380

i″ Pι riOs

culo XX― ―, eram agora viStas basicamente nao comO demons‐ tra96es de est`gios evolucion`rios passados,mas como sistemas sociais em funcionamento efetivo. Mas qualquer que fossc a natureza da estrutura e da coc‐ s5o das sociedades, a nova sociologia nao pOdia cludir o pro‐ blema da evolucao hist6rica da humanidade.Na verdade,a evo‐ lugaO sOcial ainda continuava sendo o cerne da antropologia,

c,para homens como Max Weber, a questao de saber de onde a sociedade burguesa、 tinha vindo e para onde estava evoluin‐

do pe.11lanecia candente tanto quanto para os marxistas, e por raz6es an41ogaso Weber, Durkheiin c Pareto― ― os tres liberais com graus vari`veis de ceticismo― ― estavam preocupados com o novo moviinento socialista e se encarregaram de refutar Marx,

ou antes sua “concep95o materialista da hist6ria",por meio da claboracao de uma perspectiva mais geral de evolu95o social. Empreenderam,por assirn dizer,a elabora95o de respostas nao‐ marxianas a perguntas marxianas. Isso 6 menos 6bvio enl Dur‐ kheiin, pois Marx n5o tinha influencia na Franga, a nao ser como aquele que propiciou um tolll ligeiramente mais verlme¨ ご.ホ Na IM‐ ″α″ lho ao velho revolucionarismo jacobino‐ οο

lia,Pareto(mais lembrado como economista “““ matemitico bri‐ lhante)aceitOu a realidade da luta de classes,inas replicou que

ela naO levaria a derrubada de todas as classes dirigentes e siln a substitui95o de uma clite dirigente por outrao Na Alema‐

nha, Weber foi chamado de “o Marx burgues", pOr ter aceito muitas das perguntas dc Marx, virando, contudo, de cabe9a para baixo seu m6todo (``inaterialistrlo hist6rico")de reSpon‐ de_las.

O que motivou e deterlninou o desenvolvilnento da socio‐ logia no periodo quc abordamos foi, portanto, a percep95o da crise nas qucst6es da sociedade burguesa, a consciencia da ne‐ cessidade de fazer algo para evitar sua desintegra95o ou trans‐

fo.1.la95o em tipos diferentes de sociedade sem divida menos deSei`Veis. Isso terd revolucionado as ciencias sociais ou at6

criado uma base adequada para a ciencia geral da sociedade cuja constru95o seus pioneiros empreenderam?As opini6es di‐ vergenl, mas sao, em sua maioria, provavellnente c6ticaso Con‐ t CO″ (N´

″″αrα : partidari。 /PartiCipante da Comuna de Paris (1871)。

da “ T.ヽ

Razao e socledade

381

tudo,htt uma pergunta que pode ser respondida com mais segu‐ ranga: esses homens terao propiciado os melos para evitar a

revolugao e a desintegragao quc eles esperavam represar ou revertet?

A resposta 6 negativa. A cada ano que passava a combi‐ na95o de revolu95o e guerra ficava mais pr6xiinao Acompanhe‐ mos agora a sua tralet6ria.

cAPrTE/Lο r2

RUMO A REVOLUcA0

j“ j“ θ′ 0タ ツ Jα ″ α Jο Si″ ″Fθ j″ ′ ον 0 ごαrrJα ″Jα 2.… E“ ノ “ れ′ θ″ ″‐ ωs"治 s,“ ο θ ″ι ο ′α″ θCiα O αο αssi“ C力 α α ごο“ Mο ッ “ "θ “滋。 “ α ′ οEχ ′ ″ θ おι αグ α S αr“ ご s“ α′ J`′ icα ι α ο ″S,“ ο ο θごjg7rノ ソ ‐ “ “ ““ α″ ″ α″Oα JOs。 j′

IaWaharlal Nehru(aOS dezoito anos)a Seu pal, 12.9。 19071

Na lR′ ss,α ,`α ″′0 0 sObθ rα ″ο cO“ 0 0 ρOソ O Sa O Jθ raFα θslα ‐ ソα′ ″負宏%SimpJθ s“ θ ′ θ ρOr9“ θ ο pο ソο ″αο s″ ρO″ ′ α O ツθ″θ″O dα jご “ Oε ispο s′ s s″ sα Crjノ r″ J力 sご ra

α′ ″ε 滋′θ ο ′ ο α ガσ θ θッ α ′α “ prα ″αJibθ ″′αごθ... Mα s, 9“ α″ご'Cα cο 力ο ρα″ ο ο′ α θ ρα角′″αο

“θ“ α θs“ α εο“ ″sigο εο″′ ″ οル″ θ s sθ ″′ ′ θ″′ οso Nα O αpθ ″αs′ “ ss'α “ ′`ο “ο ′ “ “ α ″ αcjα 9“ θα R′ θ OS siご O Pお ο′ θ αご οs ′ο r b′ r‐ “`Oε bα ″ οs θs′ rα″gθ jrο s 力′ 200α “ οs. “ “ Um revoluciondrio chines,c. 19o3… 19042 0ρ θr′ r′ οs θ θ α ρο Cpsθ S ごα R`ssiα ′νοεOs καο θsra o sο zお j″ “ ご “ ヵοsr sθ ε。″sθ g“ j″ θ θ″ ″ ι ι gα ″ θ ご bα r, θ s“ α θsι ″ j″ οS ′ α Os “ ごα R′ ssiα ノ ljε ム J,pο “ α θ 6洗 ″ ααρθ′ οs sθ ″力ο″ θs θCZα ″ “α,s“ α νjJび“ riα jrα jα “si″ αJ ′α″ Sθ ″ νjr′ εO“ ο α αJ“ ′ 's′ α ″ごjα J εοれ′ κ ごο ″ αα′ ““ ““ Cα′j′ α J・

V.I. Lenin, 19053

l

Os`ltimOs anos do capitalismO dO s6culo XIX tem sid。 at6 hoie conSiderados um perfodO de estabilidade social e FOlf‐

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384

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plausfvelo Econonlicamente, as sOmbras dOs anos da Grande Depress50 se dissipavanl, dand0 1ugar ao s01 radioso da ex‐

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deles__O Imp6rio C)tomano, por exemplo― ― a pr6pria guerra mundial foi s6 mais urn epis6dio de uma s6rie de conflitos mi‐

litares que id haviam cOmecado alguns anos antes,Em outros ―― talvez a R`ssia e cOIn certeza o lmp6rio Habsburgo―

― a pr6‐

pria guerra mundial fOi,em boa medida,prOduto da insolubili‐

dade dos problemas polfticOs internoso Para outro grupo de paFses ainda― ― China,Ir5,M6xicO― ― O papel da guerra de 14

naO foi de fOrma alguma significativO. Em suma, no que tange a vasta 6rea do planeta quc entaO cOnstituFa o que Lenin sagaz‐

mente chamou, em 1908, de

“material inflam`vel na p01ftica

mundial",4 a id6ia de que, de uma forma ou de outra, a esta‐ bilidade,a prosperidade e o prOgress0 1iberal teriam continuado, se naO fOsse a iinprevista c evit`vel interveng5o da cat`strofe

Rumo a rev01u95o

385

de 1914, nao tem a mais remota plausibilidade. Ao contrdrio。 Ap6s 1917, ficou claro que at6 os pafses pr6speros c estttveis

da sociedade burguesa ocidental terianl, de um modo ou de outro, sido atingidos pelos levantes revoluciondrios globais que

come9aram na pe五 feria do sistema mundial, `nico e interde¨ pendente,quc essa sociedade criara。 O s6culo burgues desestabilizou sua perife五 a de dois nlo‐ dos principais:solapando as antigas estruturas de suas econolnias

e sociedades e tornando invi`veis seus regiines e institui95es polfticas estabelecidas。

(Ds efeitos dO priineiro foranl mais pro‐

fundos e explosivos. Foi o responsivel pela diferenga entre o iinpacto hist6rico das revolug6es russa e chinesa,persa c turca.

Mas o segundo era mais prontamente visfvel,pois,conl excecao do M6xico, a zona atingida pelo terremoto polftico global de 1900‐ 1914 foi sobretudo o grande cintur5o geogr`fico de an‐ tigos imp6rios,alguns deles datando das brumas da antiguidade,

que sc estendianl da China, a leste, ao Habsburgo e talvez Marrocos, a ceste. Pelos padr6es dos imp6rios e na96es‐Estado ocidentais,essas estruturas polfticas arcaicas eranl frageis, obsoletas e,como di…

riam Fnuitos partiddrios contcmporaneos do darwinismo social, fadadas a desaparecer.Foi scu oolapso e desintegragaO que pro‐

piciou as condi96es para as revolu96es de 1910¨ 1914 e, na Europa, o cendrio iinediato tanto para a guerra mundial que se aproxiinava como para a Revolu95o Russa.(Ds imp6rios quc cafram naqueles anos estavam entre as mais antigas forgas polf‐ ticas da hist6ria.A China,embora as vezes dilacerada e ocasio‐

nalinente Conquistada, fora um grande iinp6rio e o centro da civilizacao pe10 menos durante dois milenios.(Ds grandes con‐ cursos para o servi9o civil imperial,que selecionava a elite inte‐

lectual que a dirigia, fora realizadO anuallnente ―― corn inter― rup96es espor`dicas ―― por mais de dois ■lil anos. Quando

foram abandonados, cm 1905,o fiin dO imp6rio s6 podia estar pr6xiino.(Estava de fato a seis anOs de distancia`)A P6rsia fora um grande iinp6rio e centro de c● ltura por um perfodo similar, embora sua sorte tenha conhecidO flutuag6es mais dra―

mdticas. Sobreviveu a seus maiOres antagonistas, os lmpё

rios

Romano c Bizantino, ressurgiu ap6s ter sido conquistada por



dο s i″ ′ご riο s



Alexandre, o Grande, pelo lsla, pelos mong6is e pelos turcos.

O Imp6rio Otomano,embora muitissimo mais iovem,fOi o`lti‐ mo daquela sucessao de cOnquistadores nOmades que safram da Asia central, desde a 6poca de Atila, o Huno, para derrubar e 五varos, mong6is, vttrias mesclas de turcos. Com sua capital em Constantinopla, a antiga Bizancio, a cidade dos C6sares(′ TZarigrado), ele era tomar posse de reinos Orientais e ocidentais:

herdeirO em linha direta dO Imp6Ho Romano,cuia metade oci‐ dental rufra no s6culo V doC。 ,mas cuia metade Oriental sobre‐ vivera― ― at6 ser conquistada pelos turcos― ― por inais inil anos,

Embora o lmp6rio C)tOmano tenha retrocedido a partir do final do s6culo XVII,cOntinuava sendo um respeit`vel territ6rio tri‐

continental. Ademais, o sultao, seu mandat`rio absoluto, era

consideradO pela maioria dos mu9ullnanos do mundo como seu califa,o chefe de sua religiaO,c, assiin sendo,sucessor do pro‐ feta Maom6 e seus discipulos triunfantes dO s6culo VIIo C)s seis

anos que assistiram a transformacao desses tres iinp6rios em

monarquias constituciOnais ou rep`blicas, segundo o modelo ocidental burgues,lnarcam indiscutivellnente o fiin de uma fase irnportante da hist6ria mundial. Os dois grandes e inst`veis imp6rios multinacionais curo‐

peus que tamb6m estavam as v6sPcras dO colapso, a R`ssia c o Habsburgo,n5o eranl muito comparttveis entre si, salvo na me‐ dida cm que ambos representavam unl tipo de estrutura polftica ―― paFses governados,por assiin dizer,como propriedades fanli・ liares… … que cada vez mais pareciarrl sobreviventes pr6‐ hist6ri‐

cos no s6culo XIX.Mais ainda,ambos reclamavam o titulo de C6sar(czar,Kaiser),o primeiro atrav6s dc ancestrais bttrbaros

medievais com Os olhos voltados para O Impё rio Romano do Oriente,o segundo devido a ancestrais equivalentes que reviviam

a lembranca do lmp6rio Romano do Ocidente, Na verdade, enquanto iinp6rios e potencias europё ias, ambos eram relativa‐

mente recentes.Ademais,cm contraste com os impё rios

antigos,

ficavam na Europa, na fronteira cntre as zonas de econornias desenvolvida c atrasada,e portanto,desde o infcio, parcialinen‐

te integrados ao mundo ecOnolnicamente “avangado''; e, en‐ quanto``grandes na95es",totallnente integrados aO sistema polf‐ tico da Europa,um continente cuia defini950 rpesma sempre

Rumoう

revoluc五 o

387

foi polftica.ホ 〕 Daf,a prop6sito,as enormes repercuss6es da revo‐ luca O russa c, de maneira diferente, da ruFna do lmp6rio Habs‐

burgo no panorama curopeu c polfticO global, comparadas )s repercuss6es relativamente modestas ou puramente regionais das revolu96es, digamos, chinesa, mexicana ou iraniana. O problema dos imp6rios obsoletos da Europa era que eles estavam siinultancamente em dois campos: avangado c atrasado, forte e fraco,lobo e cordeiro.Os imp6rios antigos estavam ape―

nas no das vftiinas. Pareciam destinados a ruFna, conquista ou dependencia, salvO se pudessem aprender com os imperialistas ocidentais o quc os tornava taO poderososo No final do s6culo XIX isto era perfeitamente claro,c a lnaioria dos Estados rnaio‐

res e dos dirigentes do antigo mundo dos imp6riOs tentou, cm graus diversOs,assiinilar o quc eles consideravam como as lic6es do Ocidente;mas apenas o lap50 fOi bem… sucedido nessa tarefa diffcil,c em 1900 tomou‐ se utll1 lobo entre os lobos。

9 Sem a press5o da expansaO iinperialista, nao 6 prOvttvel

quc tivesse ocorrido uma revolucao nO antigo lmp6rio Persa, bastante decr6pito, no sё culo XIX, como tampouco no mais ocidental dos reinos islamicos, 。 Marrocos, onde o governo do sulほ o(o

MaghZen)tentOu,com pouqufssimo sucesso,ampliar

a ttrea sob sua ad■ linistrag5o e cstabelecer uma espё

cie de con‐

trole efetivo sobre o mundo andrquico c terrfvel das tribos guer‐ reiras b6rberes。

(De fato, nao se pode dizer com certeza quc

os aconteciinentos de 1907… 1908 no Marrocos merecam sequcr como cortesia o titulo de revolucao。 )A P6rsia era pressionada

ao mesino tempo pela R`ssia e pela Gra‐ Bretanha, das quais havia desesperadamente tentado escapar ao langar maO de cOn‐ sultOres c aiuda de Outros Estados ocidentais― ―a B61gica(cuja constituigao serviria de modelo)persa),OS EUA e,ap6s 1914,

a Alemanha

―― que naO tinham reais condig6es de cOntraba‐

langar a pressao britanicao A polftica iraniana il onCerrava as ネDesde ent5o nao hd uma caracterfstica geogrdfica que demarque cla‐ ramente o prolongamento ocidental da massa de terra asidtica, que cha‐

mamos de Europa, do resto da Asia.

388

ス θrα ′οs i″ Pび rios

tres fOrgas cuia cOniun950 acarretaria uma revolu95o ainda maior em 1979: os intelectuais emancipados e ocidentalizados, com aguda consciencia da fraqueza do pafs e da iniusti9a sOcial nele reinante; os comerciantes dO mercado (bα zα αr)cOm aguda consciencia da concorrencia econ611nica estrangeira; e a COleti‐

vidade do clero mu9ulmano, representantes do ramo Shia do lsla,que funcionava como uma esp6cie de religi5o nacional per‐

sa, capaz de mobilizar as massas tradicionaiso Estes, por sua

vez, tinham aguda consciencia da incompatibilidade entre a influencia ocidental e o CoraOo A alianga entre radicais, bα zα /is

1892, e O clero itt dera uma demonstra95o de forOa em 1890‐ quando a concessaO imperial do monop61io do tabaco a um ho‐

mem de neg6cios britanico teve que ser cancelada cm decor‐ rencia de tumultos, subleva96es e um notavellnente benl‐ succ‐ dido boicote nacional da venda c uso do tabaco, do qual at6 as esposas do x`participaramo A guerra russo― iapOnesa de 1904‐

1905 e a primeira Revolu95o Russa eliminaram temporariamente um dos atorlncntadores da P6rsia e deram aos revoluciondrios persas tanto unl incentivo como um programa, pois a potencia que derrotara unl imperador europeu n5o era apenas asiatica,

mas tamb6m uma monarquia constitucional.Uma constitui95o podia, assiin, ser encarada (pe10s radicais emancipados)nao s6

como a reiVindica95o 6bvia de uma revolu95o ocidental, mas iguallnente(por SetOres mais amplos da opini5o p`blica)cOmO uma esp6cie de``segredo da forOa".De fato,uma viagenl maciga de aiatolds a cidade santa de Qom e de mercadores do bα zααr a lega95。 britanica __ que incidentalinente paralisou os neg6‐

cios de Tcera 一 garantiu a eleuo de uma assemb16ia legis‐

lativa e uma constituicao cm 19o6. Na pritica, o acordo de 1907 entre a Gr5-Bretanha c a R`ssia,dividindo a P6rsia cntre ambos, deixava poucas op96es a polftica persao Na realidade,o

priineiro perfodo revoluciondrio terminou em 1911, cmbora a P6rsia tenha pellllanecid。 , nominallnente, sob a autoridade de

algo como a constitui95o de 1906‐ 1907 atё a revolucao dc 1979.5 Por Outro lado,o fato de nenhum outro poder imperia‐ Bretanha c a R`ssia provavellnente salvou a existencia da P6rsia como Estado e a de sua monarquia, que detinha pouco poder pr6prio: uma bri‐ lista ter reais condi96es de desafiar a Gra―

gada de cossacos,cuio cOmandante se autoproclamou,no fim

Rumo a revolucao

389

da Priineira Guerra Mundial, O fundador da `ltima dinastia iinperial, os Pahlevi(1921‐ 1979).

Desse ponto de vlsta,o Marrocos teve menos sorteo Situado num ponto particularlmente estratё gico dO mapa-ln`ndi, o canto

noroeste da Africa, fOi considerado uma presa adequada pela Franga, Gra‐ Bretanha, Alemanha c Espanha, bem como por todos os Outros que se situavarn a uma distancia navalo A debili―

dade intema da monarquia tornou‐ o particularrnente vuinerdvel a ambi96es estrangeiras,e a crise internacional gerada pela briga entre os diversos predadores ―― notadamente em 1906 e 1911 -―

teve um papel de destaque na genese da Primeira Guerra

Mundial.A Franca c a Espanha dividiram O pafs entre si, sen‐ do que Os interesses internaciOnais (ist0 6, britanicos) eram

preservados por meio de um porto livre em Tangero Por outro lado,a perda da independencia do Marrocos,com a subseqten‐ te ausencia de controlc dO sultao sobre Os clas gucrreiros bё

r‐

beres, tOrnaria diffcil e lenta a conquista nlilitar real do terri‐

t6rio pe10s franceses,c mais ainda pelos espanh6is.

3 As crises internas dos grandes lmpё rios Chines e otomano eram mais antigas e mais profundas. C)Imp`rio Chines vinha sendo abalado por uma crise social iFnpOrtante desde meados do s6culo XIX (ス Eκ : ′ο Cα ρ αJ)。 S6 conseguira superar a ameaga revoluciondria do Taiping as custas de praticamente j′

liquidar o pOder adnlinistrativO central do impё rio e de deix五 ‐ lo うmerce dos estrangeiros, quc haviarn estabelecido enclaves ex‐ traterritoriais e praticamente assurllido O controle da fonte prin‐

cipal das finansas iinperiais, a administra95o alfandeg`ria chi‐ nesa。 (D enfraquecido impこ riO, dirigidO pela imperatriz (vi`Va do imperador)Tzu‐ hSi(1855‐ 1908),mais temida dentro do im_

p6ric que fora dele, parecia fadado a desaparecer sob os ata‐ ques violentos e combinadOs dO ilnperialisinoo A R`ssia avan9ou sobre a Mandch`ria,de onde seria expulsa por seus rivais iapO‐

neses, que separaram Taiwan e a cOrё

ia,da China, ap6s uma

guerra vitoriosa cm 1894‐ 1895,e sc preparavam para abocanhar maiores porc6es do territ6rio. EnquantO isso, os britanicos alar_

A

′rα αOs

i″ ι ρびriο s

garam sua co16nia de Hong Kong e praticamente separaram o Tibetc, quc eles viam como uma dependencia de seu iinp6rio indiano;a Alemanha preparou terreno para si no norte da China; os franceses exerceram alguma influencia nas vizinhangas de

seu imp6rio da lndochina(tamb6m separado da China)e am‐ pliaram suas posi95es no sul; at6 o fraco Portugal obteve a con‐

cess5o de Macau (1887)。

Se, pOr um lado, os lobos estavam

dispostos a formar urn bloco contra a presa,como fizeram quan‐ do Gra‐ Bretanha,Franca,R`ssia,It`lia,Alemanha,EUA c lapao

sc uniram para ocupar e saquear Pequim em 1900, sob o pre‐ texto de debelar a assirn chamada Guerra dos Boxers,por outro lado n5o conscguiam chegar a um acordo quanto ≧ divisaO da

iinensa carcaga. Ainda mais pelo fato de uma das potencias irnperiais mais recentes,os Estados lUnidos,agora cada vez lnais proenlinente no Pacffico Ocidental 一― que ha muitO era `rea de interesse dos EUA ――, insistir na “abertura das portas'' da China, isto 6, que tinham tanto direito de saquc6‐ la quanto os

primeiros imperiahstas. Como no Marrocos, cssa riVaHdade no Pacffico pelo corpo em decomposicaO dO Imp6rio Chines cOn_ tribuiu para a genese da Prinleira Guerra Mundial.Seus efeitos

mais imediatos foram tanto a preservagao da independencia nonlinal da China como a aniquilag5o final da mais antiga enti‐

dade polftica viva do mundo. Existiam na China tres forcas principais de resistenciao A primeira, a institui95o imperial da corte e dOs servidores civis

confucianos graduados, reconheceu com toda clareza que s6 a modernizacao segund0 0 modclo ocidental(ou talVez mais exa‐ tamente,o iapones,inspirado nO ocidental)poderia preservar a Chinao Mas isso teria significado a destruicao precisamente do sistema moral e polftico quc eles representavamo As reformas de

cunho conservador estariam fadadas ao fracasso nlesmo se nao tivessem sido dificultadas pelas intrigas e divis6cs palacianas, cnfraquecidas pela ignorancia t6cnica e periodicamente arrasa‐

das, com intervalos dc Poucos anos, por repetidos assaltos da agress5o estrangeira. A segunda, a antiga e poderosa tradic5o de rebeli5o popular e de sociedades secretas impregnadas de

ideologias de oposi95o, n5o perdera nada de seu vigor. Na verdade, apesar da derrota de Taiping, tudo contribufa para refOrc6‐ la,

pois entre 9 e 13 milh6es de pessoas morreram de

Runlo a rev01ucao

391

fome nO norte da China no final da dё

cada de 1870 o os diques do rio Amarelo se romperam,significando a rurna de um imp6‐ rio cuio dever era protege‐ los.A assim chamada Guerra dos

Boxers de 1900 foi,na verdade,um mo宙 mento de massas,cuia vanguarda era a organiza95o Lutadores―

conl‐ os‐ punhos

pela lus‐

tica e a Unidade, oriunda da grande c antiga sociedade secreta

budista conhecida cOmo L6tus Branco. Contudo, por motivos 6bvios, a xenofobia c o antiinodernismO rnilitantes constitufam o ponto crftico dessas rebeli5cs, Elas visavam os estrangeiros,

a cristandade c as lndquinas,o quc,embora proporcionasse uma parte da forOa necessaria a rev。 lucao chinesa, na o podia lhe

oferecer nem programa nem perspectiva. A base para tais transforma96es s6 existia, cmbora estreita

c inst`vel,nO sul da China,Ondc os neg6cios e o com6rcio sem‐ pre havianl sidO importantes e onde o imperialislno estrangeiro

assentou as bases para algum desenvolviinento burgues aut6c‐ tone.Os grupos dirigentes locais id estavam sc afastandO tran‐

quilamente da dinastia mandchu, c fOi s6 aqui quc as antigas sociedades secretas de oposi95o se interessaram e sc aliaram a

algO como um programa moderno e concreto para a renova95o chinesa.As rela96es entre as sociedades secretas e o iOVem movirnento sulista de revoluciondrios republicanos, dos quais emergeria Sun Yat‐ sen (1866‐ 1925)como principal inspirador

da primeira fase da revolucao,fOram ObietO de muito debate e incerteza, Inas nao resta divida de quc eranl muito pr6xiinas e essenciais。

(Os republicanOs chineses no rapao, base de sua criaram urn local especial das Trfades enl Yoko‐ hama para seu pr6prio usO。 )6 Ambos partilhavam uma enraizada oposi95o≧ dinastia mandchu― ― as Trfades ainda se dedicavam agitag5o, atё

a restaurag5o da antiga dinastia Ming(1368‐ 1644)一 ―,um 6dio ao iinperialismo ―_ que podia ser formuladO na linguagem da

xenofobia tradicional ou na dO nacionalismo moderno, tirada da ideologia revoluciondria ocidental― ― e um conceito de revo‐

lu950 sOcial, que os rcpublicanOs transpuseram do registro da antiga insurreicao antidindstica ao da moderna revolu95o oci‐ dental. Os famosos ``tres princfpiOs"

―― naCiOnalislno; repubH‐

canismo e socialismo(ou,mais exatamente,reforma agr`ria)一 de Sun Yat‐ sen podem ter sido formulados em termos derivados

do Ocidelltet notadamente de 10hn Stuart Min,mas na verdade

592 atё

ハ′ 『4 ごοs

irffPび rios

os chineses que n5o dispunham dcssa base ocidental(com0

o mё dico praticante fcrmadO nas miss6es e muito viaiado)po‐ diarn consider6‐ los extens6es 16gicas de conhecidas reflex5es

antimandchus. E os poucos intelectuais urbanos republicanos viam as sociedades secretas como essenciais para atingir as inas‐ sas urbana c, especialinente, rural. Essas sociedades provavel‐

mente tamb6m aiudaram a organizar o apoio das comunidades de iinigrantes chineses quc o nlovirnento de Sun Yat‐ sen foi o primeil・ o a mobilizar politicamentc para obiet市 OS nacionais.

No entanto, as sociedades Secretag(COm0 0s comunistas mais tarde descobririam)difiCilmente poderiam ser a mclhor base para a constru95o de uma nova China, e os intelectuais radicais ocidentalizados ou serni‐ ocidentalizados do litoral sul ainda nao eranl suficientemente numcrosos,influentes,ncrn orga‐

nizados para tomar o poder.Tampouco os modelos liberais oci‐ dentais em que sc inspiravanl lhes davam uma receita para 80‐ vernar o imp6rio,O impё rio caiu em 191l de宙 do a uma revolta (nO Sul e nO centro)onde Se combinavam elementos de rebeli5o militar, da insurreic5o republicana, da retirada da lealdade por parte dos fidalgos. e da revolta popular e das sociedades secre‐ ёpOCa nao por um tas,Na prdtica,contudo,cle foi substituido a

novo regirnei rnas por um amontoado de estruturas de poder regional instttveis e que se sucediam conl muita rapidez, princi‐

Nenhum palmente sob controle militar(``senhores da guerra")。 novo regiine nacional est6vel surgiria na China por quase qua‐ rcnta anos― ― atざ O tl・ :unfo do Partido Cornunista ern i949_ 4 O Impё rio C)tomano hi muito vinha desrnoronando, enl‐ bora, ao contrdrio de todos os outros iinpё

riOs antigos, conti‐

nuasse sendo uma rorca rnilitar capaz de dar bastante trabalho atё aos exё rcitos das grandes na95cs, Desde o fiin do sё culo rI I, suas fronteiras setentrionais vinham sendo forgadas a Xや

retroceder para dentro da peninsula balcanica e da Transcau‐ c6sia pelo avan90 dos iinp6rios russo c Habsburgo。 (Ds povos cristaos dos Bttlcas estavam cada vez mais inquietos e, com o incent市 o e a aluda de grandes nac6es r市 ais,id haviam trans‐

Rumo h revolucao

395

fo...lado boa parte dos B41cas numa sCrie de Estados mais ou

menos independentes, o quc havia rofdo e esfarelado o quc restava do territ6rio otomanoo A maioria das regi6es remotas do imp6rio,no norte da Af五 ca e no Oriente M6dio,nao estava mais submetida de maneira reglllar e efetiva ao governo otoma‐

■o h6 muito tempoo Agora,cada vez mais,se nao quase Oficial‐ mente, cssas regi6es passavanl para as maos dOs iinperialistas britanicOs e franceseso Em 1900 era claro que tudo que ficava entre a fronteira ocidental do Egito e do Sud5o o o Golfo P6r‐

sico provavelnlente viria a ser `rea de influencia ou donlfnio britanic。 ,salvo a Sfria a partir do norte d6 Lttano,quc a Frattca

reivindicava,c a maior parte da penfnsula ardbica, onde, como ainda nao fora encontrado petr61eo ou qualquer outra coisa de valor comercial,as disputas entre os chefes tribais locais e os

movilnentos de revivificag5o islamicos de pregadores bedu`nos podiam ser entregues a pr6pria sorte. De fato,em 1914 a'rur‐ quia desaparecera quase por completo da Europa, fora total‐ mente eliminada da Af五 ca c conservava um imp6rio d6bil ape‐

nas no Oriente M6dio, onde n5o sobreviveu a guerra mundial. Contudo, ao contr`rio da P6rsia e da China, a TuFquia tinha uma alternativa potencial imediata ao imp6rio em processo de desintegra95o: uma grande populag5o 6tnica e linguisticamente mugullnana turca na Asia Menor,que podia constituir a base de algo como uma “na9ao‐ Estado" segundo o modelo ocidental

aprovado do s6culo XIX. E quase certo que isso nao estava,iniciallnente,nos planos

das autoridades ocidentaHzadas e dos funciondrios p`blicos,aos quais se uniram os inembros das novas profiss6es liberais,col■ o a advocacia e o iornalismo,* para empreender a tarefa de fazer o imp6rio reviver por meio da revolucao, pOis as fracas tenta‐

tivas, sem muito empenho, do pr6prio itnp6rio no sentido de se inodernizar― ―a mais recente data dos anos 1870-― malogra‐

ram.O Conlite para a uniac e o Progresso,inaiS Conhecido como

Os IOVens'rurcOs(fundadO nos anos 1890),que tomou o poder em 1908 na esteira da Revolu9ao Russa,desciaVa implantar um 中A lei islamica naO exigia uma profisslo especffica de advogado, O 1900, criando

n`mero de pessoas alfabetizadas foi triplicado entre 1875¨

um mercado maior para a iinprensa。

394

Aθ ″αJοs

i“ pι riOs

patriotismo quc abarcasse todos os otomanos,passando por ciina de divis6es 6tnicas, linguFsticas e religiosas, e baseado nas ver‐

dades seculares do lluminismo(franCes)do s6culo XVHIo A vers5o do llunlinismo que mais lhes agradava sc inspirava no

positivismo de Augusto Comte,que combinava uma fё

cega na

ciencia e na modernizacao inevitivel com o equivalente secular da religi5o,o progressO nao demOcratico (“ Ordem e progresso", para citar o lema posit市 ista)C um planeiamentO social de cima para baixo. Por motivos 6bvios, essa ideologia seduziu as fnfi‐ mas elites inodernizadoras no poder em paFses atrasados e tradi‐ cionalistas,que elas tentaram arrastar a for9a para o s6culo XX.

Essa ideologia prOvavellnente nunca foi tao influente como na `ltirna parte do s6culo XIX nos pafsesrevolu95o nao europeus. Nesse sentido,como em outros,a turca de 1908 fracassou. Na verdade,cla acelerou a derrocada do que restava

do lmp6rio Turco, ao mesmo tempo que carregava o Estado com uma constitu1950 1iberal c16ssica c um parlamento multi‐ partid`rio feitos para paFses burgueses onde n5o se esperava quc os governos governassenl muito, pois as questoes da socie‐

dade estavanl nas maos ocultas de uma econonlia capitalista dinamica c auto‐ regulada.O fato de o regime dos lovenS Turcos

ter dado contintiidade ao compronlissO econOnlico e militar do

irnp6rio com a Alemanha, o quc c01ocou a Turquia no lado perdedor da Priineira Guerra Mundial, lhe seria fatal. Assiin,a moderniza95o turca passou de um quadro liberal・ parlamentar a unl lnilitar‐ ditatorial e da esperanca em uma lealヽ dade polftica secular‐ imperial a realidade de um nacionalismo

cxclusivamente turco. Incapaz de continuar a ignorar as icalda‐

des grupais ou de dominar as comunidades nao‐

turcas, a Tur‐

quia optaria,ap6s 1915,por uma nag5o etnicamente homogenea, o que implicou a assiinila91o for9ada dos gregos,armenios,cur_

dos e outros, quando nao foram expulsos em bloco ou massa¨ crados,Um nacionalismo turco etnolinttfstico deu margem at6 a sonhos imperiais baseados no nacionalismo secular, pois am‐ plas regi5es da Asia ocidental e central, principalinente na

R`ssia, cranl habitadas por povos que falavanl variantes da lfngua turca; o destino da Turquia lhe iinpunha, sem d`vida, pan¨ turcaniana". Assiin, entre os reuni‐ lo numa grande uni五 o “

RulnO a revOluc5o

595

JOVenS Turcos a balanga pendcu n5o do lado dos modernizado‐ res partidarios da ocidentalizacaO e da transnacionalizag5o, mas

para o dos modernizadores tamb6m ocidentaHzados, porё m de‐ fensOres de uma enfatiza95o da ctnia ou mesmo da raca, como ヘ verda_ o poeta c ide61ogo nacional Zia Gokalp (1876‐ 1924)。 ノ deira revolu950 turca, quc comecou de fato com a aboli95o do ⅣIas pr6prio iinp6rio, teve lugar sob tais auspicios ap6s 1918, seu conte`do i`estava implicitO nos objet市 os dos lovens Turcos.

Assim pois, ao contrdrio da P6rsia c da China,a Turquia

n5o apenas liquidou um antigo regiine como tamb6m passou bem depressa a construir um novo. A lRevolu95o Turca inaugu‐ rou, talvez, o prirneiro dos regirnes modernizadores contempO‐

raneos do Terceiro Mundo:intensarnentc comprornetido com o progresso e as luzes contra a tradi95o,com o``desenvolvimento''

e com uma esp6cie de populisrnO na o perturbado pelo debate liberalo Na falta de uma classe m6dia revolucion`ria, ou, na verdade, de qualqucr outra classe revoluciondria, os intelectuais e cspeciallnente, ap6s a gucrra, os soldados assurnil`iam o con‐

trole do processoo Scu lfder,Kcmal Ataturk,um general durO c bem‐ sucedido, implementaria iinplacavellnente o programa mo‐

dernizador dos loVens Turcos: foi proclamada uma rep`blica,o islarnismo deixou de ser uma religi5o oficial,o alfabeto romano

substituiu o`rabe,o v6u das mulheres foi abolido e estas man‐ dadas para a cscola, e os homens turcos一 ― quando necessario, por meio de for9a nlilitar 一― foram obrigados a usar chapё u‐ COC0 0u de qualquer outro modelo ocidental, cm vez dos tur‐

bantes. A fraqueza da Revolu95o Turca, observttvel em sua econonlia, residia cm sua incapacidade de se irnpor a grande massa da popula95o rural turca ou mudar a cstrutura da socie‐ dade agrdriao Contudo, os corollrios hist6ricos dessa revolu95o

foram iruportantes, meslno se insuficientemente reconhecidos pelos historiadores,cuios olhOS tendem a se fixar,no que tange ao perfodo anterior a 1914, nas conseqtencias internacionais iinediatas da Revolugao Turca__a derrocada do imp6rio e seu ―一 e, quando se papei na genese da Prilneira Guerra Mundial

voltam para depois de 1917, na Revolug5o Russa, muito mais iinportanteo Por motivos 6bvios,os fatos relativOs a esta`Itima

cclipsaram os aconteciinentos contemporaneos na Turquia,

4

596

θr′ Jοs J“ pθ rJOs

5 Urna revolu9ら 0, ainda mais ignorada, come9ou no M6xico em 1910。 Ela atraiu pouca atenc5o no exterior, salvo nos Esta‐

dos Unidos, cm parte porque do pontO de vista diplom`tico a Arn6rica Central era o quintal exclusivo de Washington (nas palavras de scu ditador derrubado, ``Pobre M6xico, ta0 1onge de lDeus e tao pertO dOs Estados lUnidos'')c em parte porque, inicialmente,suas implicac6es nao eram nada claras.N5o pare‐ cia haver, de iinediato, uma distincao evidentO entre essa c as

outras l14 mudancas violentas de governo na Ain6rica Latina do sё culo

XIX, quc ainda constituem o grupo mais nulneroso

dentre os acOntecimentos habitualinente conhecidos como``revo‐

lu96es''.7 Ademais, )6poca em quc a Revolucao Mexicana se manifestou conlo um levante social importante, a priineira do

genero num pafs agrdrio do Terceiro Mund6, estava fadada a ser, uma vez mais, cclipsada pelos aconteciinentos na R`ssia。

No entanto, a Revolu95o Mcxicana 6 significativa, pois nasceu diretamente das contradig6es internas do mundo do im‐ p6rio e por ter sido a priineira das grandes revolu96es no mundo

colonial e dependente em que as massas trabalhadoras tiveram unl papel iinportanteo Pois os moviinentos ant五 mperialistas e os que mais tarde seriam chamados de moviinentos de liberta95o colonial estavarn, de fato, se desenvolvendo no interior dos ve‐

lhos e novos imp6rios coloniais das metr6poles, mas sem con‐

tudo ainda parecerem representar uma ameaca s6ria ao poder imperial。

De maneira geral,OS imp`rios coloniais ainda eram contro‐

lados com a mesma facilidade com quc havianl sido conquista“

dos―― fora as regi6es guerreiras montanhosas como as do Afe‐ ganist5o, Marrocos e Eti6pia, ainda fora do donlinio estran‐ geiro. “Subleva96es nativas" eram repriinidas sem muitos pro‐

blemas, embora por vezes ―― comO nO Caso do Herero, no Sudoeste Africano alem5o(atual Namfbia)― ― cOm nOtavel bru_ talidade. Os moviinentos anticolonialistas ou autononlistas esta‐

vam,de fato,cOmecando a se desenvolver nos pafses colonizados social e politicamente mais complexos, mas no.11lallnente nao se consumava aquela alianca entre a rninoria instrufda c ociden¨

Rumo a rev。 lu95o

397

talizada e os defensores xen6fobos da tradig5o antiga quc(COmO na P6rsia)oS transfo..1.ou numa for9a polftica respeitavel.Am‐ bos os grupos nutriam desconfiangas in`tuas,por inotivos 6bvios, o quc era proveitosO para O poder colonialo Na Arg61ia francesa,

o ndcleo da resistencia foi o clero mugulmano(uleml)quc i` estava se organizando,cnquanto os leigos ιソοJ“ ιs* tentavam se tornar franceses da csquerda republicanao No protetorado da Tunfsia,seu cerne foram Os ocidentalizados instruFdos,j`ent5o

fomandO unl partido que reivindicava uma constituig5o (o Destour),do qual descendeu em linha direta o Partido Neo‐ Destour, cui0 1fder, Habib Bourguiba, tornou… se o chefe da Tun魚 3ia independente cm 1954.

Das grandes potencias c。 loniais, apenas a mais antiga c maior,a Gra― Bretanha,pressentia a transitoriedadc(ver pp.121‐ 3 aciina)。

Aquiesceu a virtual independencia das co16nias povoa―

das por brancos(chamadas de “domfnios" a partir de 1907). Como essa medida nao era de natureza a despertar resistencia,

n5o se esperava que criasse problemas; nem sequer na パゝ frica do Sul, onde os conflitos com os bο θrs´ recentemente anexados ap6s sua derrota numa guerra dificil,parecianl sanados por um acordo liberal generoso e pela frente comum constituFda pelos britanicos e bο θrs brancOs contra a maioria nao_brancao De fato,

a Africa do Sul naO causOu qualqucr transtorno s6rio em ne‐ nhuma das duas guerras inundiais,ap6s as quais os bο θrs torna‐ ram a se apOssar do subcontinente. A outra co16nia britanica “branca",a lrlanda,foi―― e continua sendo― ― fonte de inter‐ rnin`veis problemas, embora a cxplosiva agita95o dos anos da 二α″ご L`α g“ θ c Parnell pareceu se acallnar ap6s 1890 devido ゝs brigas polfticas irlandesas e a uma poderosa combina95o de repressao e ampla reforma agrdHa。 (Ds prOblemas da polftica parlamentar britanica fizeranl ressurgir a qucstao irlandesa ap6s 1910, mas a base de sustentagao dOs revoltosos irlandeses per‐ maneceu tao estreita e inst`vel que sua estrat6gia com vistas a ampli6‐ la consistia essenciallnente em procurar o martfrio atra‐

v6s de uma rebeli50 destinada de antemao ao fracassO,cuia repressao ganharia O povO para sua causa. Isto de fato acon‐

teceu ap6s o Levante da P`scoa de 1916, um pequeno golpe ・ Em frances,n。 。riginal:evolufdo.(N,da T。

)

A

398

′ Os ′rα ′οs i“ ρび′

de Estado dado por um pequeno n`mero de rnilitantes armados totalrnente isolados.A guerra,como tantas outras vezes, revelou a fragilidade de ediffcios polfticos quc haviam parecido estiveis,

Nao parecia haver qualquer ameaga iinediata ao dominio britanicO em nenhum outro lugar. E, contudo, unl moviinento autentico de libertag5o colonial estava se desenvolvendo visivel‐

mente tanto nas mais antigas como na mais nova possessao bri‐ tanica。



Egito, mesmo ap6s a repressaO da insurre195o dos

soldados de Arabi Pasha eln 1882,nunca estivera em bons ter‐ nlos com a ocupagaO britanicao seu governante, o quediva, c a classe dominante local de latifundittrios,cuia ccOnOmia h` muito se integrara ao mercado mundial, aceitaram a adnlinis‐ ご Cromer, com acentuada tracaO dO “procOnsul" britanic。 , 二ο″ falta de entusiasmo.O mo宙 mento/organiza95o/partido autono‐ mista,mais tarde conhecido comO Wafd,jd estava criando corpo, O controle britanico continuou bastante firrne ―― duraria at6 1952 -― mas a iinpopularidade do donlfnio colonial direto era tanta quc ele seria trocado,ap6s a guerra(1922),por uma for‐ ma menos direta de gerenciamento, o quc ilnplicou uma certa cgipcianiza95o da adnlinistrag5oo A semi‐ independencia da lrlanda c a semi‐ autononlia do EgitO, ambas ganhas em 1921‐ 1922, marcariam o priineiro recuo parcial dos imp6rios, O mo宙 mento de liberta95o era muitissimo mais s6rio na lndia.Nesse subcontinente de quase 300■ 11lh6es de habitantes, a burguesia poderosa― ― tanto comercial como financeira,indus‐ trial e de profissionais liberais

―- O o irnportante quadro de

funcion`rios instruFdos que o adrninistrava para a Gra‐ Bretanha se ressentiarrl cada vez mais da explora95o econO■ lica, da impo… tencia p01ftica e da inferioridade sOcial. Basta ler Eo M.Forster emス Pα ssαgθ ′οf″ ′′α para compreender por queo I` Surgira unl movilnento autononlista. Sua principal organiza9ao, o Con‐

gresso Nacional lndianO(fundado em 1885), quc Se tOrnaria o partido de libertagao naciOnal, refletia inicialmente tanto o des‐

contentamento dessa classe m6dia como a tentativa de adlninis―

tradores britanicos inteligentes,como Allan Octavian Hume(o

verdadeirO fundador da organizagaO), de Serenar a agitacao acatando os protestos s6rios, Contudo, no come9o do sё culo XX,o Congresso comecar`a escapar a tutela britanica,em parte gracas a influencia da aparentemente apolftica ideologia da

Rumo a rev01u95o

teosofiao Como adnliradores do misticisrno indiano, adeptos ocidentais dessa filosofia cram capazes de partilhar dos senti‐

mentos nacionais indianos e,alguns deles,como a ex‐ secularista c ex‐ lnilitante socialista Annie Besant,n5o tinham qualqucr difi‐ culdade em converter‐ se em paladinos do nacionalismo indiano. Os indianos cultos e sobretudo os ceilandescs acharanl,6 claro,

o reconhecimento ocidental de seus pr6prios valores culturais agrad`vel. O Congresso, contudo, embora com for9a crescente ―― e,a prop6sito,estritamente secular e de mentalidade ociden‐ tal ―― continuou sendo uma organiza95o dc elite, Entretanto,

uma agitagao que empreendeu a mobilizagaO das massas n5o instrufdas por meio da religiao tradiciOnal itt estava em cena no oeste da lndiao Bal Ganghadar Tilak (1856‐ 1920)defendcu

as vacas sagradas do hinduFsmo contra a ameaga cstrangeira com algum sucesso popular. Ademais,no infcio do s6culo XX havia outros dois viveiros ainda mais portentosos de agita95o popular na lntta. Os ilni‐

grantes indianOs da Africa do Sul come9avam a se organizar coletivamente contra o racismo da regiao e O principal porta‐ voz de scu benl‐ sucedido movirnento de resistencia passiva ou n5o‐

violenta de massa cra,como vimOs,O iovem adVOgado guierati quc, ao retornar a rndia cm 1915, se tornaria a maior for9a mobilizadora das massas indianas pela causa da independencia

nacional: Gandhi(ver pp. 115‐ 7 acirna). Gandhi inventou o perfil, imensamente poderoso na polftica do Terceiro Mundo′

do polftico moderno como um santo.Ao mesmo tempo,surgia cm Bengala uma vers5o mais radical da polftica de liberta95o, com sua cultura vemdcula sofisticada, sua ampla classe m6dia hindu, sua vasta massa de classe m6dia baixa instruFda c com empregos modestos e seus intelectuais. O plano britanico de ciividir essa grande provincia,criando uma regi5o predonlinante‐ ■lente mu9ullnana, propiciou a ampliagao da agita95o antibri‐

tanica a uma cscala maciga。 (O eSquema foi abandonado。 )0 moviinento ncionalista bengali, que desde o inicio constituiu a esqucrda do Congresso e nunca se integrou de todo a este,

combinou ―一 a esta altura 一 um apelo religioso― ideo16gico ao hinduFslno a uma inlitagao prOposital de moviinentos revolucio‐ ndrios ocidentais afins,tais como o irlandes e o russo Narodniks。

Isso criou o priineiro movimento terrorista s6rio na lndia ―一

400

A′ rα ごοs

i“ pび riο s

no perfodo ilnediatamente anterior a guerra haveria outros no norte do paFs,cuia base eram os imigrantes puniabiS retornados da Am6rica(o“ partido Ghadr")― ― quC,em 1905,id conStituFa um problema grave para a pol`cia.Ademais,os priineiros comu‐

nistas indianos[por exemplo,M.No Roy(1887-1954)]viriam do moviinento terrorista bengali durante a guerra.8 MeSmO continuando o controle britanico firme na rndia, para alguns administradores inteligentes j`era claro quc alguma csp6cie de revolu95o se tornaria inevitttvel,por mais lenta que fosse,levan‐ do a algum grau, de preferencia modesto, de autonomia。 ]De fato, a priineira proposta nesse sentido seria feita por Londres durante a guerra. A regiaO de maior vulnerabilidade imediata do iinperialis‐

mo mundial se situava mais na zona nebulosa do imp6rio infor‐

mal do que no formal,ou o que ap6s a Segunda Guerra Mundial seria chamado de``neocoloniahsino"。 C)M6xico era,sem divida, um paFs tanto econOnlica como politicamente dependente do grande vizinho do norte,lnas tecnicamente era um Estado sobe‐ rano independente, com suas pr6prias institui96es e decis6es polfticaso Era mais um Estado comO a P6rsia quc uma co16nia

como a lndiao Ademais,o imperialismo econOmic9 nao era ina_ ceit`vel para suas classes dirigentes natiVas, na medida em que

era uma for9a potenciallnente modernizadora. Pois em toda a Arn6rica Latina os propriet`rios rurais,comerciantes,industriais e intelectuais que constitufam as classes dirigentes e as elites locais sonhavaln com a realizacao do prOgresso que daria a seus pafses― ― que sabiam atrasados, frdgeis, n5o respeitados e mar…

ginais a civiliza95o ocidental, da qual eles se consideravam parte integrante― ― a oportunidade de cumprir seu destino his‐

Bretanha, Fran9a c, de modo cada vez mais claro, EUA. As classes dirigentes do Mё xico,

t6rico. Progresso significava Gra‐

cspecialmente no norte, onde a influencia da econornia ameri‐ cana vizinha cra forte,nao tinham Obie96es a se integrarem ao mercado mundial e,assiin,ao mundo do progresso e da ciencia,

mesmo desprezando a rude grosSeria dos homens de neg6cios e polfticos gringos. lDe fato, quem surgiria como grupo polfti∞ decisivo no「 pafs,ap6s a revolu95o,seria a``gangue de Sonora",

chefes da classe m6dia agrdria economicamente mais avan9ada dos Estados mexicanos do norte. Inversamente,o grande obst`‐

Rumo a rev01u95o

401

culo a modemizagaO fOi a vasta massa da populagao rural,imo‐ bilista c inamovivel,enl todo ou em parte india ou negra,Iner¨

gulhada na ignorancia,na tradicao e na superstigaoo Houve mo‐ mentos em quc os dirigentes e intelectuais da AFn6riCa Latina, como os do rap5o,perderam as esperancas enl seus povos. Sob

a influencia do racismo generaHzado do mundo burgues (ver J,cap。 14:2)eles SOnharam com uma transfor‐ Jο Cα ρ α ma91o bio16gica de suas popula9oes quc as tornassem receptivas

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ao progresso: pela inligragtto macica de pessoas de origem curo‐

p6ia no Brasil e no Cone Sul da Am6rica do Sul, pelo cruza‐

mento maci9o com bran∞ s no Tap50. Os dirigentes mexicanos nao eranl particularmente entu‐ siastas da iinigrag5o maci9a de brancos, pois a probabilidade de estes serem norte‐ americanos era alta demais, C sua luta de independencia contra a Espanha itt buSCara legitiinag5o invo‐ colombiano, independente c amplamente cando um passadO pr多 ‐ ficticio, identificado aos astecas. Assiin sendo, a modernizagao do M6xico deixou os sonhos bio16gicos para outros e se concen‐

trou diretamente no lucro,na ciencia e no progresso mediados pelo investiinento estrangeiro e pela filosofia de Augusto Comte. O grupo dos assim chamados ciθ ″′ jσ οS Se dedicou sincera‐ `ノ mente a esses obietiVOS. Seu lider inconteste e chefe politico do

pais desde 1870, isto 6, durante todo O perlodo a partir do grande avan9o da ccononlia irnperialista inundial, era o presi‐ dente Porfirio E)faz(1830‐ 1915). E, de fato,o desenvolvimento

econOrnico do M6xico durante sua presidencia fora ilnpressio‐ nante,para n5o falar da」 queza que alguns mexicanos acumu‐ laraln por ineio dele,especiallnente os que eStavanl em condi96es

de iOgar,em beneffcio pr6prio,grupos r市 ais de empres`rios

curopeus(cOmO o 面agnata britanico dO petr61eo e da constru‐ 950, Weetinan Pcarson)uns cOntra os outros e contra os mals pe.11lanentemente domlnantes norte‐ americanos.

A6poca,oomo agora,a estabilidade dos regimes entre o Rio Grandc e o Panamtt era ameacada pela perda da boa vontade de Washington, quc era iinperialista lnilitante c opinava ``quc

o M6xico hoie naO passa de um anexo da economia americana"。 As tentativas de E)faz de manter a independencia de seu pafs

9

iOgand0 0 Capital europeu contra o americano tornou‐ o extrema‐ melilte impopular ao norte de suas fronteiras, O pafs era grande

′ 4 ′″α αOs i“ ρι″:Os

demais para langar mao da interven95o nlilitar, que os EUA praticavam conl entusiasl■ o a 6poca em paFses nlenores da Am6‐

rica Central; mas em 1910 Washington nao estava propenso a desencoraiar scus simpatizantes(COmO a Standard Oil,irritada com a influencia britanica nO pais quc itt era um dos maiores produtores de petr61eo do mundo), que pOdiam deseiar colabO_ rar corn a derrubada de lDfaz,N5o hi divida de que os revolu‐ ciondrios lnexicanos se beneficiaram grandemente de uma fron‐ teira norte amistosa;e lDfaz ficava ainda mais vuinerivel porque, depois de conquistar o poder como lfder nlilitar,ele prOpiciara uma atrofia do ex6rcito,pois supunha― ― o quc ёcompreensfvel ―― quc os golpes nlilitares eram mais perigosos quc as insur‐ rei96es populareso Para azar dele, viu‐ se confrontado com uma

rev01u95o popular arrnada importante que scu ex6rcito, ao contrdrio da maioria das for9as arrnadas latino‐ americanas, foi

incapaz de esmagar. Tal confrOnto se deveu iuStamente ao not`vel desenvolvi‐

mento da economia, terreno em quc sua presidencia fora t5o bern― sucedida,(D Jα ご οs)com

regirne apoiou os proprietarios rurais(乃

αCθ ″‐

mentalidade empresarial,ainda mais depois da ripi‐

da expans50 geral e do desenv01viinento substancial de as ferro‐

vias terem transformado faixas de terra antes inacessfveis em produtoras potenciais de tesourOso As comunidades livres dos

povoados, locaHzadas sobretudo nO centro e no sul do paFs, quc havianl sido preservadas pela lei real espanhola e provavel‐ mente fortalecidas nas priineiras gerag6es ap6s a independencia, foram sistematicamente expulsas de suas terras em uma gera95o。 Elas seriam o cerne da revolu95o agrdria,cuio lfder e porta‐ voz foi Enliliano Zapata(1879‐ 1919)。 Duas das`reas onde a inquic‐ ta95o rural foi mais intensa e prontamente mobilizada, os Esta‐

dos de Morelos e Guerrero, estavam a uma distancia da capital f`cil de ser vencida a cavalo c, portanto, em condi96es de in‐ fluenciar os assuntos nacionais.

A segunda `rea conturbada ficava no norte, rapidamente transformada de regi5o‐ limite indfgena(espeCialmente ap6s a

derrota dos apaches,cm 1885),numa frOnteira cconomicamente dinarnica,vivendo numa cspё cie de dependencia simbi6tica com

as `reas vizinhas dos EUA. Ali estavam contidos in`merOs descontentamentos potenciais, como O das comunidades de

405

Rumo a rev01u95o

pioneiros que lutaram contra os indios e quc agora cstavam privados de suas terras; o dos fndios yaqui, ressentidos com a

ex‐

derrota; o da nova c crescente Classe m6dia e o do n`mero considerttvel de homens livres e seguros de si, freqtientemente possuidores de seus cavalos e arrnas,quc podianl ser encontrados

nas ttreas de fazendas e minas abandonadas,Pancho Villa,ban‐ dido, ladraO de gado e por filn general revolucionari。 , cra um exemplo tfpico destes `ltiinos, Havia tamb6m grupos de pro‐ ―一

priet6rios rurais poderosos e pr6speros como os Madero

talvez a faFnflia mais rica do M6xico一 ― quc disputavam o con‐ trole de seus pr6prios Estados com o governo central ou os seus aliados, os みαCθ れdaJο s locais, Muitos desses grupos potenciallnente dissidentes na vcrdadc

se beneficiaram com os investilnentos estrangeiros maci9os e o

(D que os cresciinento econOnlico da 6poca de PorfiriO E)faz。 transformou em dissidentes,ou melhor,o que transformou uma luta polftica corriqueira cnl torno da reelei95o ou possfvel afas―

tamento do presidente E)faz em uma revolu95o foi, provavcl‐ mente,a crescente integracaO da econOrnia mexicana h econornia

mundial(ou antes,)americana)。 MaS a recess'o americana de 1907‐ 1908 teve efeitos desastrosos no M6xico: diretos, na rufna

do pr6prio mercado mexicano e na press5o financeira sobre a ind`stria do paFs; indiretos, na enxurrada de trabalhadores me‐ xicanos que voltavanl ao paFs sem urn tost5o,depois de perderem

seus empregos nos EUA.As crises moderna c antiga coincidiam; recessao cfcHca c quebra de safra, com os pre9os dos alimentos disparando para nfveis fora do alcance dos pobres. Foi nessas circunstancias quc uma campanha eleitoral virou

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controlado. I〕 faz caiuo Madero assumiu, mas ern breve seria assassinado。

Os EUA procurararn sem sucesso,entre os generals

:犠 晰 h譜 蹴iぷ 鷺 出農嚇aF∬ i為 ぶ潔官彎」 Zapata fez uma redistribui95o de terras aos seus seguidores canl‐

404

/1

′α ″OS 7・

jο i″ ,pび ″ s

poneses no sul, Villa cxpropriOu fazendas no norte quando lhe foi cOnveniente para pagar seu cx6rcitO revoluciondrio e afi..1lou

que, como homem de origem pobre, cstava cuidando dOs seus. Em 1914,ningu6nl tinha a mais p`lida id6ia do que aconteceria

no Mёxico, mas nao pOdia haver qualquer tipo de divida de quc o pafs estava convulsionado por uma revolucaO social。

(D

perfil dO M6xico p6s‐ revolucaO s6 ficaria claro no final da dё

ca‐

da de 1930,

6 Alguns historiadores pensam quc a R`ssia,a cconornia quc mais rapidamente se desenvolvia nO fiin do s6culo XIX, teria continuado a avangar e a evoluir rumo a uma sociedade liberal pr6spera se seu progresso nao tivesse sido interrompido por uma revolug5o que s6 podia ter sido evitada pela Priineira Guer‐

ra Mundialo Nenhuma previs5o teria surpreendido mais os con‐ temporaneos do que essao Sc havia um Estado onde se acreditava quc a revolu95o fosse n5o s6 desej`vel como inevit`vel, era o iinp6rio dos czares. C}igantesco,pesado e ineficiente,ccon6■ lica

c tecnologicamente atrasado, com 126 nlilh6es de habitantes

(1897),80%de camponeses e l%de nobreza hereditaria,ele era organizado de uma fo.11la que todos os europeus instl■ lfdos consideravarFl francamente pr6‐ hist6rica no fiin dO s6culo XIX:

a autocracia burocraticao Esse mesmo fato tornou a revolu95o o′ ″ico m6todo passfvel de mudar a polftica do Estado que n5o fosse dar um pux5o de orelhas no czar ou fazer a m`quina esta… tal se moviinentar de ciina para baixo: poucas pessoas poderiam optar pela priineira possibilidade, c ela nao iinplicava necessa‐

riamente a segundao Como havia a consciencia quase universal da necessidade de unl tipo ou outro de mudanga, praticamente todos ―― desde os que n0 0cidente teriam sido chamados de conservadorё s moderados at6 a cxtrema esquerda… … eram obri‐ gados a ser revolucionarioso A`nica indaga95o era de que tilx). O governo do czar estava ciente,desde a Guerra da Crirn6ia (1854‐ 1856),

de que a posicao rtlssa de grande na95o de pri‐ meira linha nao podia mais se basear, com seguranga, apenas no tamanho do paFs,enl sua grande populagao e nas cOnsequen‐

Rumo a rev01u95o

405

temente vastas,por6m primitivas,forOas armadas.AR`ssia pre‐ cisava se modernizare A abol1950 da ser宙

dao,em 1861-iuntO

com a Romenia, a R`ssia era o `ltimo baluarte da servidao camponesa lla Europa ――, visava a puxar a agricultura russa

para o sCculo XIX, mas naO prOduziu nenl um campesinato satisfeito(cf.ス E″ db CapJ′ αら cap.10:2)nem uma agricultura modernizada。 (D rendimentO da produ95o de cereais na R`ssia curop6ia era(1898‐ 1902)de pouCO menos de 65 hectolitros por

hectare,contra cerca de 100 nos EUA e 246 na Gra‐ Bretanha。 10 MesmO assiin, a expansaO da fronteira agrfcola para a produ95o cerealista de exportacao transformou a R`ssia num dos maiores fornecedores mundiais de graoso A safra lfquida do coniuntO dos cereais aumentou 1600/p entre o infcio da dё

cada de 1860

o O da de 1900, c as expOrta96es quintuplicaram ou sextupli‐ caram, aumentandO em contrapartida a dependencia dos caln‐

poneses mssos eln rela95o aos pre9os do mercado mundial,que (para o t五 go)cafrarrl a quase a metade durante a depressao agrf、

cola mundial。

11

Como os camponeses nac eram nem vlstos nem ouvldos coletivamente fora de seus povoadOs, o descontentamento de quase cenl■ lilh6es de camponeses podia facilrnente passar des‐

percebido,embora o flage10 da fOme de 1891 tenha chamado a atengao para O problemao Entretanto,esse descontentamento nao foi s6 acentuado pela pobreza, pelos sern‐ terra, pelos impostos

elevados e pre9os baixos para os cereais, Inas tinha tamb6m fomas potenciais de organiza95o significativas atrav6s das co‐

munidades cOlet市 as dos povoados,cuia poSicaO comO institui‐ 96es oficiallnente reconhecidas foi, paradoxalinente, fortalecida pela libertag5o dos seⅣ os e refor9ada ainda mais na d6cada de

1880,quando alguns burocratas as considerararn como um ines‐ tiinivel basti50 da lealdade tradicionalista contra os revolucio‐ ndrios sociais,(〕 utros, no terreno Oposto do liberalisrno econO‐

mico, faziam pressao para que elas fossem rapidamente eliini‐ nadas e suas terras transfolllladas em propriedade privada, l,in debate an61ogo dividia os revoluciondrios.(Ds αrOα ″jた s (ver “ preciso que ス E″ α σοCapj′ αJ,cap.9)Ou populistas― ― com,6 se diga, algum apoiO instう vel e hesitante do pr6prio Marx ―

pensavam quc uma comuna campOnesa revoluciOnada podia constituir a base de uma transf0111la95o socialista direta da

406

α ′Os'“ ρびriο s /tθ ″

R`ssia,poupando o pafs dos horrores do desenvolviinento capi‐ talista; os marxistas russos acreditavam quc isso n5o era mais possfvel,porquc a cOmuna j`estava se dividindo em dois grupos mutuamente hostis,burguesia e proletariado ruraiso Eles tamb6m teriam preferido essa situa95o, pois s6 tinharll f6 nos trabalha‐

doreso Ambos os lados,nos dois debates,testemunham a impor‐ tancia das comunas camponesas, que detinham 800/o da terra, em cinqtienta provfncias da R`ssia curop6ia, em posse comuni‐ tttria,a ser pel・ iodicamente

redistribufda por decisao da cOmuni‐

dade.A comuna cstava,de fato,se desintegrando nas regi5es do sul,onde a comercializa95o estava mais implantada,conl rnenos rapidez, por6nl, do quc acreditavam Os marxistas: permanecia quase universalinente inabalada no norte e no centroo Nos locais

onde continuava forte,era um organislno que articulava o con‐

senso do povoadO enl torno da revolu95o bem como,cm outras circunstancias, a favor do czar e da Sagrada R`ssia. Nos luga‐ res onde eStava se desfazendo,levou a maioria de seus habitan‐ tes a sc unirem para defende‐ la ativamenteo Na verdade, feliz‐ mente para a revolugao, O desenvolviinento da “luta de classes

no povoado",predita pelos marxistas, ainda nao fOra suficiente

para comprometer a iinagem do moviinento, que parecia ser maci9o de`ο ′οs os canlponeses,mais ricos e mais pobres,contra a nobreza c o Estado. Independente de suas Opini6es,quase todos os participantes

da vida p`blica russa, legal ou ilegal, concordavam em que o governo do czar adnlinistrara mal a reforma agraria e negligen‐

ciara os camponeses. Agravara, na verdade, seu descontenta‐ mento quando este id era agudO,desviandO recursos da popula‐ g5o rural para uma nlacica industrializa95o patrocinada pelo Estado na d6cada de 1890.Isto porque o grosso da receita fiscal

da R`ssia vinha da`rea rural,e os impostos elevados,iunta_ mente com tarifas protecionistas vultosas e nluita importagao de capital,eram essenciais para o proietO de aumentar o po‐

der da R`ssia czarista atrav6s da modernizagao ecOn6nlica。 Os resultados, obtidos por melo de uma mescla de capitalismo privado e de Estado, foram espetaculares. Entre 1890 e 1904, foram dupHcados Os qui161netros de ferrovias(em parte devido a constru95o da linha transiberiana), cnquanto a produ95o de carv5o,ferrO e a9o dobrou nos■ ltil■ Os cinco anos do s6culo。

12

Rumo a rev01uc5o

407

Mas o outro lado da moeda foi o fato de a R`ssia czarista passar a ter um proletariado industrial em rdpida expansao, concentrado em complexos fabris extraordinariamente grandes de poucos centros principais e,por conseguinte,ter tambё

m um

come9o de movirnento de trabalhadores comprometido, 6 claro, com a revolu95o social. Urna terceira conseqtencia da industrializacao rdpida fOi o desenvolviinento desproporcional de regi6es nao pertencentes a Grande R`ssia, situadas nas extremidades oeste e sul do iin―

p6rio,como a Po16nia,a Ucrania c O Azerbaii5o(petr61eo)。

As

tens6es nacionais e sociais se intensificararn, sobretudo com a tentativa do governo czarista de aumentar scu controle polftico por ineio dc uma polftica sistemdtica de russificacao atrav6s da

educacao a partir dos anos 1880, Como vimos, a combina95o dos descontcntamentos sociais aos nacionais 6 indicada pelo fato

de as variantes dos novos movilnentos sociaiS denlocrdticos (mar対 Stas)da maioria dos povos minoritirios e politicamente mobilizados do lmpё rio czarista terenl se tornado de fato parti‐ dos naciOnais(ver pp. 229‐ 30 acitna)。 C)fato de um georgiano (Stalin)vir a ser dirigente de uma R`ssia revolucionada consti‐

tui inenos um acidentc hist6rico quc o de unl corso(Napolcao) ter se tornado dirigcnte dc uma Franca revolucionada。 Todos os liberais curopcus,a partir de 1830,tinhanl conhe‐ ciinento e eranl favordveis a urrl movirnento de liberta95o nacio‐

nal polones, bascado na burguesia, contra o governo czarista,

quc ocupava a maior parte daquele pafs dividido, cmbOra o nacionalisino revoluciondrio na o fosse muito visivel ali desde

a insurre195o derrotada de 1863.* A partir de cerca de 1870, eles tam“ m se acostumaranl ― e apoiaranl ― a nova i“ ia

de uma revolu95o iminente no pr6prio corac5o do iinpё rio, governado pelo “autocrata de todas as R`ssias", tanto devido ao fato de o pr6prio czarismo dar sinais de fraqueza interna c externa, como ao surgirnento dc um moviinento revolucionttrio ホAs partes anexadas pela R`ssia formavam o n`cleo da Po16nia. Os o mais fraca de minoria, na parte anexada pela Alemanha, mas chegaram a uma solu‐

nacionalistas poloneses tamb6m resistiranl, na condi9五

95o de compromisso bastante confortavel nO sctor austrfaco com a mo‐ narquia dos Habsburgo, que precisava do apoio polones para criar um equilfbrio polftico entre suas nacionalidades em conflito.

408

′ 4 ′r″

rl(〕

s i“ pι riο s

muito visfvel, no infcio composto quase inteiramente por intc‐

grantes da assim chamada i12″ JJな θ ″′ Siα :filhOs e,cm grau ele‐ vado e sem precedentes, filhas da nobreza e da burguesia, os estamentos m6dios e outros instrufdos, inclusive ―― pela pri‐ meira vez― ― uma propor95o substancial de iudeuS,A primeira gera95o desses revoluciOndrios era majoritariamente“ αrο ′れ 'た (populista)(cf.AE″ α′οCα ρ αJ,cap,9),VOltada para o campe‐ sinato, que n5o tomou conheciinento deles. Forarn muito mais benl‐ sucedidos agindo em pequenos grupos terroristas ―― espe‐ j′

ciallnente quando, em 1881, conseguiram assassinar o czar, Alexandre II. Embora o terrorisrnO n50 tenha podido enfra‐ quccer significativamente o czal・ islno,deu destaque internacional

ao mo宙 mento revoluciondrio russO e aiudou a cristalizar um consenso praticamente universal, com exce95o da extrema direi‐

ta, cm lorno da necessidade e da inevitabilidade de uma revo‐ luca O russa.

Os“ αrOご κjた s foram destruFdos e dispersos ap6s 1881,mas renasceranl sob a forma de um partido“ Revoluciondrio Social" no infcio da dё cada de 1900; desta vcz, por6nl, Os povoados estavam preparadOs para cscut6‐ los. Eles se tornariam o prin‐ cipal partido rural de esquerda,cmbora tamb6nl tenham ressus‐ citado a ala terrorista,onde,a6poca, estava infiltrada a pollcia secreta。

* ComO tOdos quc esperavam algum tipo de revolu95o

russa, eles haviam sidO estudantes aplicados de teorias ociden‐ tais apropriadas e, portanto, gracas a Priineira lnternacional,

do mais vigorosO e proeminente te6rico da revolucao sOcial: Karl Marxo Na R`ssia,dada a inviabilidade social e polftica das solu96es liberais ocidentais, at6 as pessoas quc em outros luga‐

res teriam sidO liberais erarn marxistas antes de 1900, pois o marxismo ao mcnos predizia uma fase de desenvolviinento capi‐ talista no canlinho que levava a sua derrubada pelo proletariado.

Nao 6 surpreendente o fatO de os moviinentos revolucion五 ‐ rios que creSceranl sobre as ruFnas do pOpulismo dos anos 1870 serem rnarxistas,embora s6 tivessenl se organizado num partido social‐ democrata russo ―― ou, antes, num complexo de organi‐ * Seu cabe9a, o policial Azev (1869‐

1918), enfrentOu a complexa tare‐

fa de assassinar unl n`mero suficiente de pessoas proeminentes para satisfazer seus camaradas e entregar um n`mero suficiente destes para satisfazer a polfcia, sem perder a confianca de nenhum dos dois lados.

Rumo a revOlu95o za96es social‐

409

democratas rivais, que ocasionallnente agiam ern

COniuntO,sob o manto geral da lnternacional… 一 no final da d6cada de 1890。 A esta altura, a id6ia de um partido baseado no proletariado industrial tinha alguFn fundamento real,mesino se o mais forte apoio de massa ia para a social‐ democracia, a

`poca provavellnente composta por artes5os do e trabalha‐ dores ainda autOnomos empObrecidos e proletarizados norte da regiaO onde eram confinadOs os iudeuS,baluarte da Liga ludaica (1897)。

N6s costumamos acompanhar O avan9o do grupo espe‐

cffico de revoluciondrios marxistas quc finallnente prevaleceu, Ou Seia,aquele liderado por Lenin(V.I.Ulyanov,1870‐ 1924),

CuiO irm50 fora executado de宙 do a sua participacao no assassi‐ nato do czar. Por mais relevante que possa ser― ― e a geniaH‐ dade de Lenin na combinacaO de teoria e prdtica revoluciondrias n5o 6 a menor das causas dessa irnportancia __ ёpreciso lern‐

bl'ar de tres coisas.(Ds bolcheviques* eram apenas uma entre varias tendencias dentro ou pr6xil■ o da social‐ democracia russa (pOr Sua vez diferente de outros partidos socialistas de base na―

cional do imp6rio).De fato,eles s6 se transformaram em partido

autOnomo em 1912, quando quase certamente se tornaram a fOrga malorit`ria da classe trabalhadora organizadao Em terceiro lugar,para os socialiStas estrangeiros, como provavellnente para a massa dos trabalhadores russos, as distin96es entre diferentes tipos de socialistas ou erarn incompreensfveis ou pareciam se‐

cund`rias, todos sendo igualinente merecedores de apoio e solidariedade como inirnigos do czarismoo A principal diferenca entre os b(licheviques e os outrOs era quc os camaradas de Lenin eranl lnais benl・ organizados, nlais eficientes c mais confittveis。

13

0 fato de a inquictaca o social e polftica ser crescente e perigosa ficou 6bvio para O governo do czar,embora a inquieta―

9ao camponesa viesse a continuar por algumas d6cadas ap6s a emancipa95o。 O czarismo n5o desencoralou, atё うs vezes enco‐ raiOtl, O anti‐ semitismo

de lnassa, que desfrutava de enorme

apoio popular,comO a vaga de ροg′ ´ ο s de 1881 revelou,embbra “ que na Ucrania c nas esse apoio fosse menor na Grandc R`ssia regi5es bう lticas, olldc cstava collcclltrad0 0 grosso da popula95o

ネAssiFn Chalnados devido a unla l〕

laiol・ ia tempor`ria no prinleiro ver‐ dadeiro congresso do Partido Trabalhista Social Delllocrata Russo(1905). Enl russo: わ θた/7ピ == 11laiS. ′ ,7ピ lrSル ピ=二 !11ビ nOS

/tθ ″ α ″Os i“ ρびrios

410

iudaiCa,os iudeuS,Cada vez mais maltratados e discriminados, eranl cada vez mais atrafdos pelos movilnentos revoluciondrios.

Por Outro lado, o regiinet consciente do perigo potencial quc o socialismo representava,jogou com a legisiagao trabalhista,e inclusive organizou com presteza contra‐ sindicatOs sob o con‐ trole da pollcia no illfciO da d6cada de 1900, quc efetivamente se transforrnaranl enl sindicatos de fato.Foi o rnassacre dc uma

manifestac5o organizada por eles que, na verdade, precipitou a revolucao de 19o5, Entretanto, a partir de 1900, o rdpido aumento da inquietag5o social ficOu cada vez rnais evidente. Os

tumultos provocados por camponeses, htt muito semi‐ adormeci‐ dos, recrudescerarn inegavelrnente a partir de cerca de 1902, ao

mesmo tempo que os trabalhadores organizavam o que veio a desembocar em greves gerais enl ROstov‐ sobre‐ o‐ lDon,(Э dessa c Baku (1902‐ 1903)。

Regiines inseguros prudentes evitam polfticas externas AR`ssia czarista enveredou por essc terreno,como uma grande potencia (pOr mais quc tivesse p6s de barro)que temerdrias・

insistia em desempenhar o que cla sentia scr o papel que lhe cabia na conquista impcrial. O tcrl・

it6rio escolhido foi o Extre‐

mo Oriente一 a ferrovia transiberiana fora,em boa medida, construFda para penetrar nesse territ6rioo A conquista russa ali

esbarrou na expansao iapOnesa,ambas as custas da China.Como sempre nesses epis6dios imperialistas,neg6cios obscuros e auSpi… ciosamente lucrativos de empres6rios que ficaΠ I na sombra conl‐

plicavam o quadroo ComO apenas a infeliz e gigantesca China

enfrentara uma guerra contra o TapaO,O Impё rio Russo foi o priineiro a subestiinar,no sё culo XX,aquele foに mid`vel Estado.

A guerra russo‐ iapOnesa de 1904‐ 1905,embora tenha matado 84 mil iapOneses e ferido 143 mil,“ fOl um rdpido e humilhante

desastre para a R`ssia,ressaltandO a fraqueza do czarisino.At6 os liberais de classe mё dia,quc haviarn comegado a se organizar

como opos195o polftica em 1900, se aventuraram a fazer mani‐ festac6es p`blicaso C)czar,consciente das ondas revoluciondrias

cada vez mais altas, acelerou as negOcia95es de paz: antes de sua conclusao,a revOlu950 estourou,cm ianeiro de 1905,

A revolu95o de 19o5 foi, como disse Lenin, uma

“revo‐

lucao burguesa realizada por meios prolet`rios". ``POr meios prolctttrios''talvez sei・ a uma silnplificacao cxcessiva,embora o

Rul■ o

a revOluc5o

411

inicio do recuo do governo sc tenha devido hs greves macicas de trabalhadores na capital e as greves de solidariedade na maioria das cidades industriais do iinp6riol c embora mais tarde

as greves tenharn, outra vez, exercido a press5o que propiciou algo parecido a uma constitui950 em 17 de outubro. Ademais, foram os trabalhadores quc― ― sem d`vida a partir da experien_ cia dos povoados一 ― se organizaraFn eSpOntaneamente nOs``con‐ S), dCntre os qllais o Soviete de Dele‐ θ′ selhos"(ern russo: sο ソ′

gadOs de Trabalhadores de S50 Petersburgo, instalado cm 13 de outubro, funcionou n5o apenas como uma esp6cie de parla‐

mento de trabalhadores, mas provavelmente, por una curto perfodo, como a autoridade mais とfetiva c real da capital do pafs. Os partidos socialistas reconheceram bem depressa a rele‐ vancia dcssas assemb16ias, e alguns tivcram participac5o desta‐ cada nclas… …como o iovem L.B.Tl・ otsky(1879-1940)cm S50 Pctersburgo.* IssO porque, por nlais crucial que fosse a intcr^

ven95o dos trabalhadOres, concentrados na capital e em outros centros politicamentc candentcs,foi a irrupca o das revoltas carn‐

ponesas em cscala macica na regi5o da Tel■

a Negra,■ o vale do

Volga c em partes da Ucrania,bem como o desrnoronamento das forOas arrnadas, dralnatizado pelo l■ otim do encouracado たj″ ′que qucbrou a resistencia czarista一 ―como em 1917。 “ A rnobiliza950 sirnultanea da resistencia rev。 luciondria das na‐

PO`θ

cionalidades mellores foi igualmente significativa.

O carttter ``burgues" da revolu95o podia ser, c foi, dado

por certo,N50 apenas a csmagadora maioria da classe mё dia era favordvel a rev。 lu95o c a eslnagadora maioria dos estudantes

(aO Contrdrio de outubro de 1917)estaVarll inobilizados para lutar por ela,como tamb6nl tanto os liberais como os lllarxistas

admitiam, quase sem discordancia, quc a rcvolu95o, se fosse bem‐ sucedida, sσ poderia lcvar a iinplantag5o de um sistema parlamentarista ocidental burgues, com suas liberdades civis c

polfticas caracterfsticas, dentrO do qual os est`gios posteriores

da luta de classes marxiana seriam travados.Em sumat ha宙

a

consenso de que a construc5o do socialismo nao estava na pauta revoluciondria inlediata,quanto mais n5o fosse porque a R`ssia A“

maiOria dos outros socialistas conhecidos cstaVa no exflio e n5o voltar う R`ssia a tempo dc atuar eficazmente

412

4

θrα ″οs I″ ρι Os r′

cra muito atrasadao N5o estava nem econOrnica nenl socialmente pronta para O socialismO. Todos concordavam nesse pontO, salv0 0s sOCial_revolucio‐

ndrios,quc ainda sonhavam com um proieto Cada vez menos plausfvel de ver as comunas camponesas transformadas em uni‐ dades sOcialistas一 ― proieto paradoxalmente realizado apenas nos た,b“ ′ zj′ da Palestina, produtOs dO quc htt nO mundo de “ a um muilquc,Os iudeuS urbanos socialistas‐ menos parecido nacionalistas quc emigraram da R`ssia para a Terra Santa ap6s o fracasso da revolucao dc 19o5.

No entanto Lenin viu, com a mesma clareza quc as auto‐ ridades czaristas, quc a burguesia ―― liberal ou outra ―― na R`ssia era num6rica e politicamente fraca demais para assumir

o governo ap6s o czarismo,da meslna maneira comO a cmpresa capitalista privada russa era fraca demais para modernizar o paFs sem as iniciativas das empresas estrangeiras e do Estado。 Mesmo no auge da revolucao,as cOncess6es polfticas feitas pelas

autoridades foram modestas,inuito mais restritas que as de uma constituica0 1iberal_burguesa― ― pouco mais que um parlamento

indiretamente eleito(Duma)cOm poderes limitados no que tange as finangas e nulos enl rela95o ao governo e as``leis fundamen‐

tais"; em 1907, quando a agita95o revoluciondria amainara e

a manipulacao do direito de votO ainda nao prOduzira uma Duma suficientemente inofensiva,a maior parte da constitui95o foi revogadao N5o foi,na verdade,um retorno a autocracia,inas, na pr`tica, o czarismo tornara a se implantar。

Mas,como 1905 i`proVara,ele podia ser derrubado.O quc a posig5o de Lenin tinha de novo enl rela9ao a de seus principais

rivais,os inenCheviques,era o fato de ele reconhecer quc,dada a fraqucza ou a ausencia da burguesia,a revolucao burguesa deve‐ ria, por assiin dizer, ser feita sem a burguesia. Seria feita pela classe operaria,。 rganizada e conduzida pelo disciplinado partido

de vanguarda de rev01ucion`rios profissionais― ― a notttvel con‐ tribui95o de Lenin a p。 lftica do s6culo XX― ― com o apoio do campesinato que ansiava por terra,cuio peSO p01ftico na lR`ssia cra decisivo e cujo potencial revolucion`rio agora estava sendo deinonstradoo Essa foi, cm suas grandes linhas, a posicao leni_

nista at6 1917. A id6ia de que Os pr6prios oper`rios podiam, dada a ausencia de uma burguesia,tomar o poder e passar dire‐

Rumo a revolu95o

415

tamente a ctapa seguinte da revolu950 sOcial(``revolu95o perrna‐ nente")de fatO havia sido brevemente ventilada durante a revo‐ lu95o― ― quanto mais nao fosse para estimular uma revolug5o prolct`ria no Ocidente,sem a qual acreditava‐ se quc as chances

de um regiine socialista sobreviver fossem nlfniinas, a longo prazoo Lenin pensou nessa possibilidade,Inas continuOu a relei‐ t6‐ la como impraticttvel.

A perspectiva leninista repousava nunl cresciinento da classe oper`ria, num campesinato que continuasse sendo uma for9a revolucion`ria ―― e, C claro, tamb6m na mobiliza95o, na

alianga ou, ao menos,na neutralizacao das fOrcas de liberta95o nacional, pois elas eram recursos revoluciondrios iFnpOrtantes,

na medida em quc inimigas do czarismo。 (Daf a insistencia de Lenin no direito a autodeterrninacaO,Ou meslno a separa95。 da

R`ssia, cmbora os bolcheviques estivessem organizados num partido unico para todo o territ6rlo e, por asslm dizer, a―

naclo‐

nal.)O pr01etariado de fato estava crescendo, pois a R`ssia empreendera outra ofensiva industrializadora nos `ltirnOs anos

antes de 1914;e cra mais prOv6vel que Os iovens migrantes vindOs do campo, numa grande torrente fluindo em dire95o ゝs fttbricas de Moscou e Sao Petersburgo, seguisseFn maiS os radi´

cais bolcheviques do quc os mOderados mencheviques,sern con‐ tar os miseraveis acampamentos provinciais de fuma9d, carvaO, ferro, texteis e lama 一― o Donets, os Urais, Ivanovo ―一 que

sempre se inclinaram para o bolchevisrl10. Ap6s poucos anos de desaniFnO na esteira da derrota da rcvolu950 de 1905, uma enorme e nova vaga de inquictac50 prolet61・ ia tornou a se erguer

em 1912,com seu asccnso dramatizado pelo massacre de duzen‐ tos operirios grcvistas nas longfnquas nlinerac6es de ourO (de propriedade britanica)siberianas nO l・

Mas

continuariam os

io Iン ena,

camponeses

revoluciOndrios? A s do competente c decidido nlinistr6 Stolypin, crial・ ia uma massa substancial dc camponeses conservadores, increinentando ao mesmo tcmpo a rea95o do govcrno do czar a 1905, atravё

produtividade agrfcOla por nleio de urll mergulhO entusi6stico no equivalcnte russo do ``cerceamento de terras'' britanic。 . A comuna camponesa foi sistematicamente dividida enl lotes pri‐ vados em beneffciO de uma classe de camponeses pr6speros com mentalidadc cn〕 presarial, os 々夕Fr7た S. Sc Stolypin ganhasse sua

414

A

θrα ごοs I″ ρび′ ′ OS

aposta nos ``fortes e s6rios", a polarizagao social entre os ricos

dO pOvOado, de um lado, c os sem‐ terra, de outro, a diferen‐ cia95o das classes rurais anunciada por Lenin realmente teria ocorrido; mas, diante do panorama real, ele reconheceu, com seu habitual tino polfticO certeiro, que ela n50 seria positiva

para a revolu95oo Se a legisla950 de Stolypin poderia Ou nao ter dado os resultadOs polfticOs esperados a longo prazo, n5o podemos saber. Ela foi implementada de maneira bastante anl‐ pla nas provfncias do sul, onde a comercializag5o estava mais enraizada, notadamente na Ucrania, c muito ttenos nas・ outras regi6es.15 Entretanto,itt que O pr6prio Stolypin foi afastado do

governo do czar em 191l e assassinadO pouco depois,c jtt quc, cm 1906, o pr6prio iinpё rio teria s6 mais oito anos de paz, a

lndagac5o c academlca.

O quc ёclaro 6 quc a derrOta da revolu95o de 1905 nem gerara uma alternativa “burguesa" potencial ao czarismo nem lhe dera mais do quc lneia d`zia de anos de tr6gua. Em 1912‐ 1914,o pafs estava uma vez mais enl ebulicao,devidO a inquic_ tag5o social.Lenin estava convencido de que uma vez mais uma situacao rev01uciondria se aproxirnava, No verao de 1914, os `nicos obstdculos que do se czar,da lhe opunham eram a forca c arrnadas a firIIle lealdade da burocracia polfcia e das forcas quc―― ao contr`rio de 1904‐ 1905 -― nao estavam nem desmo‐ ralizadas nem engaiadaS nO campo Oposto;16 e talVez a passi宙 ‐ dade da classe m6dia intelectual russa,cuia grande maiOria,desa‐ nimada pela derrota de 1905,trocara o radicalismo p01ftico pelo irracionalismO e a vanguarda cultural.

Como enl tantos outros Estados europeus, a deflagrag5o da gtterra deu vaz5o ao ardor social e polfticoo Quando este arre‐

feceu,foi ficando cada vez mais evidente que o czarismo estava

acabadoo Caiu em 1917. Em 1914,a revolu95o convulsionara todos os antigos imp6‐ rios do plaheta,das fronteiras da Alemanha aOs inares da China。

Como a Revolu950 Mexicana, as agita96es egfpcias e o movi‐ mento nacional indiano mostraranl,ela estava come9ando a cor‐ roer os novos imp6rios formais Ou informais do iinperialismo. Entretanto seus resultadOs ainda naO estavam claros em parte alguma,c cra fttcil subestimar a significa95o de seu fogo,bruxu‐

leando entre o que Lenin chamou dc ``material inflamttvel na

415

Ru11lo 江 rcvOlu95o

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1帯

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I

cu10 XX, como a Revolucao Francesa fora o acontecirnento

central da politica do sё culo XIX,

E contudo itt era 6bvio que, de todas as erup95es ocasio‐

nadas pelo vasto terremolo social do planeta,a Revolu95o Russa teria a maior rcpercuss5o intcrnacional, pois atこ

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a convuls5o

冨よ 胤:ilЖ :盤etr糧 1謝 :遮liぶ 蹴糧』

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cativa internacionallnente quc as numerosas rev01uc6es do firn

do s6culo XVHI. Mas as repercuss6es potenciais de uma revolucaO russa seriam ainda mais amplas que as de 1789。

A simples extensao

ffsica e a plurinacionalidade de unl impё rio quc ia do Pacffico

a frOnteira alema significava que sua queda afetava um n`mero muito lnaior de paFses,crn dois continentes,quc a de um Estado mais marginal ou isolado na Europa ou lla Asiao E o fato crucial

de a R`ssia estar com um pこ nO mundo dos conquistadores e outro no das vitilnas, no avancado e no atrasado, fez com quc sua revolucao tivesse repercuss5es potenciais considerdveis em

ambos,AR`ssia era tanto um pafs industrial importante como uma econoFnia Camponesa tccnologicamente medieval; uma na‐ 9aO imperial e uma semico16nia;uma sociedade cuiaS realizac5es intelectuais e culturais eram capazes dc superar os mais avan‐

9ados similares do mundo ocidental e um pafs CuiOS S01dados

camponeses ficaram pasmos com a modernidade dos iaponeses que os capturararn enl 1904‐ 1905。 Enl suma,a Revolu95o Russa

Aθ ″αJο s

416

i“ ′び rわ s

podia ser relevante ao mesmO tempo para os organizadores oci‐ dentais dos trabalhadores e para os revoluciondrios orientais,na

Alernanha e na China. AR`ssia czarista exemplifica todas as contradi96es do pla‐

neta na Era do lmp6rio。

(D inico elemento que faltava para

faze_las explodir ern erup96es siinultaneas era a guerra mundial, quc a Europa cada vez mais esperava e que fol incapaz de evitar.

CAPfT1/LO ゴ3

DA PAZ A GUERRA

θ7,lα /σ ο グθF90θ ]θ χρJj9“ θ′... D“ ″ αれ′ θ O′ θbα [dθ 27 σ `ι jα sο zθ 4ι θ O α :``jε れグjα ι′ ″ο‐ ″ ο α ′ Or θ θ θ れ ρOjO θ ο ρ ρ 9“ “ ″α`ι α ZOSSα ′ れdtts`″ ′ θJα θχραれsaο ′θ ノ αソαれgO s ′α″θノαS gθ rα Jα s ρ““ /″

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ご ssο θれο

jソ jttθ ′ αα θグαi4‐ ι ″ ′ 0′ Jα ノ Orgα ′ θrrα bα ′ ヵο ε , ご οo Naο ′ θ οs αj″ ″れgaO ごθi″ 7ρ :θ ″7θ れ‐ Jθ“″οssο ροソ

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′ θJigOれ ciα εα αgrθ ssiソ α ごθ “ 7Sα ο o Q′ θ″ οs α17θ れαS ′ αr ″ α ρOJ`ι ′ θχρα′ “ Os iれ ′ `α “ れ σO jれ ι θお prO′ θ gar οs 170 777“ θrθ ssθs ソj`α is 9“ θcOれ 9夕 “ 's`α れfOs. 夕rα J ごOs αcο ″′ ηθ ″0 ごθSθ ″rο Jα r 77α ′ θε ″ 0′ j′

Chanceler alem5o von B■ 1low, 19001 :θ θ r sθ αノ iJ力 οSθ θ rご θ Nα οιcθ ′ ι 09α′ α 肋θ rッ ′ρ “ “ “ “ グ θ ご aο θ ′ ′ :ο rα θ α ご θ ″ ti4α ″ rソ ο ο α ソ ″ α θ cα r O front; rtα , ρ ノ ρ is ρ θθ α ″ θ rigο sο s 9ι ′ οbrα sご θ夕 αノ arrο ソ iα saO:ダ gα ras″ α “ “ ε ″ 7″ ′ α α 7ρ ο ″ ′ r. Bernard Shaw, 19022

jcα 力igiθ ′ jε 7θ σ ι ο ″ι ι ′ごο ― θrrα ― G′ ο riノ αrθ οs αgι ι ― ― α ′′ j`α “ ρα ι ,Srrν rο ‐ Sη 7ο ′οggsr0 616/s′ ′ riソ ο ′ οs cο ′ ′ ο ″τ ′ ′ ″ is″ 70, O ・ ,“ ′ ?α ′ αs ρθlα s 9ι ′ αis lメ α′ σ`′ ′ ′0′ ´ ′ θr θ ′ αs i`′ ど′ ″ θs 6rα ribθ /∂ α《 メ θ, bθ`riο ′ ′ Zα sρ ′ ″ ″ S イ θ ″ ′ θ α S '77ι ′ /7θ θ √ 9ι F, T.Marinetti。 19093 ,

I″

1

A partir de agosto de 1914, a prcsenゞ a da 8ucrra nlundial ror〕

dou, inlpregnou c assombrou a vida tlos ctirOpeus.(Duando

da redagao do presente tcxto, a nlaiol・

ia das pcssoas deste con‐

ス θrα ′οs i“ Pび riOs

418

tinente, conl mais de setenta anos, passou ao menos por uma parte de duas guerras no curso de suas vidas; todas as de mais de cinqtenta,com exce95o dos suecos,su19os,irlandeses do sul

e portugueses, tem a experiencia de ao menos parte de uma Ⅳlesmo os nascidos depois de 1945, depois de as armas tcrem silenciado nas fronteiras dos paises europeus, conhecc‐

delas・ .

ram raros anos em que em algum lugar do mundo nao hOu_ vesse gucrra,c viveranl a vida toda com o sombrio espectro de um terceiro conflito mundial, nuclear,lnantido sob controle apenas

pela infindttvel concorrencia visando a garantir a destrui95o

m`tua, como praticamente todos os governos lhes disseram。

Como podemos chamar ta1 6poca de tempo de paz, lneslno que a cat`strofe global esteia Sendo evitada por quase tanto tempo quanto o foi uma guerra iinportante entre potencias eu・ lopё ias,entre 1871 e 1914. Pois,comO observou o grande fi16-

sofo Thomas Hobbes, ``a guerra n5o consiste apenas na batalha, ou no ato de lutar,mas num lapsO de tempo durante o qual o deseio de rivalizar atrav6s de batalhas 6 suficientemente conheci‐ d。

,,。

4

Quem pode negar que esta seia a Situacao do mundo desde

1945? Ntto era assirn antes de 1914: a paz era o quadro normal

e esperado das vidas europ6ias. Desde 1815 nao houvera nenhuma guerra envolvendo as pOtencias europё ias, Desde 1871, nenhuma nacao europё ia ordenara a seus homens em arrnas que atirassein nos de qualquer outra na95o siinilar. As grandes potencias esc。 lhiam suas vftirnas no mundo fraco e

naO_curOpeu, cmbora )s vezes calculassem mal a resistencia dc seus adversttrios: os bο οrs deraln aos britanicos muito mais tra‐

balho que o esperado e os iaponeSes conquistaram seu lugar entre as grandes na95es ao derrotar a R`ssia em 1904‐

1905,

surpreendentemente com poucos transtornos. No territ6rio da maior e mais pr6xinla vftirna potencial

一― o linp6rio C)tOmano,

htt muito enl processo de desintcgraca o ― a guerra cra, de fato, uma possibilidade perrnanente, dado que os povos a elc

submetidos procuravam se estabelecer ou sc expandir cOmo

Da paz a guerra

419

Estados independentes e,por conseguinte, guerreavam entre si, arrastando as grandes na96es enl seus conflitos. Os B`lcas eram

conhecidos como o barril de p61vora da Europa,e foi, de fato,

ali quc a explosao g10bal de 1914 come9ou. Mas a

“Questao

Oriental" era unl ponto cOnhecido da pauta da diplomacia internacional, c embora tivesse gerado crises internacionais su‐ cessivas durante um secul。 , inclusive uma guerra internacional

bastante substancial(a Guerra da Crim6ia), nunca escapara totalinente ao controleo Ao contrdrio do Oriente M6dio desde 1945, os B41cas pertencianl, para a maioria dos europeus quc nao viviam ali,ao reino das est6rias dё aventuras, como as do autor alemaO de literatura infantil Karl May, ou das operetas。

A imagem das guerras balcanicas,no final do s`culo XIX, era a d0 1ivroス r“ sα ″ご ′ 力θ Mα , de Bernard Shaw,quc, caracte‐ ‐ risticamente,foi transformada“em musical(7カ θ C力 οcο ′ αセ Sο ′ αjθ r, de unl compositor vienensc, 1908).

A possibilidade de uma guerra generalizada na Europa fora, 6 claro, prevista, e preocupava nao apenas os governos e

as administra96es,como tamb6m um p`blico mais amploo A partir do infcio da d6cada de 1870, a fic95o c a futur010gia produziranl, sobretudo na Gra‐ Bretanha e na Fran9a, sた θ′ ε力θsタ

gerahnente n5o reaHstas, sobre uma futura guerrao Na d6cada de 1880j Friedriech Engels itt analiS,va as probabilidades de

uma guerra mundial, enquanto o fi16sofo Nietzsche, louca por6m profeticamente, saudou a nlilitarizag5o crescente da Eu‐

ropa e predisse uma guerra quc

“diria siln ao anirnal b6rbaro, ou mesmo selvagenl,quc existe entre n6s"。 S Na d6cada de 1890,

a preocupa95o com a guerra foi suficiente para gerar o Con‐ gresso Mundial(Universal)para a Paz― ― o vig6simo primeiro estava previsto para setembro de 1914,enl Viena― ―,o Premio

Nobel da Paz(1897)e a primeira das COnferencias de Paz de

Haia(1899),reuni∝ s internacionais de representantes maio‐ ritariamente c6ticOs de governos e a prirneira de muitas das reuni6es que tiveram lugar desde entao, nas quais os governos

declararam seu compromisso decidido, por6m te6rico, conl o ideal da pazo Nos anos 1900, a gueria ficou visivelinente mais pr6xiina e nos anos 1910 podia ser e era considerada inlinente。

E contudo sua deflagracaO nttO era realinente aspθ

Nem durante os`ltimos dias da crise internacional一

″ αttα

id irre_

.

420

4 θ′ ″OS `α

`jο s i″ fρ ど ′

versivel ―― de iulhO de 1914, os estadistas, dando os pass∝

fatais, acreditavam que realrnente estivessenl dando infcio a

uma guerra mundial, Unla f6rmula seria com certeza encon― ね tradao como tantas vezes no passado. Os que se opunham guerra tambё m n5o podiam acreditar quc a cat6strofc ha tanto tcmpo prcdita por eles chegara.Bem no final de iulhO,Jθ ροjs de a Austria ter declarado guerra )Sё

rvia, os lfderes do socia‐

lisrno internacional se reuniranl, profundamente abalados mas ainda convencidos de que uma guerra generalizada era iinpos‐ sivel e que uma solu95o pacffica para a crise seria encontrada.

``Eu, pessoalmente, n5o acredito quc haverd uma guerra gene‐ ヘdler, chefe da social‐ democracia do ralizada'', disse Victor ノ lmpё rio

Habsburgo, no dia 29 de julho.6 Nem aqueles que

estavarn apertando os bot6es da destruicao nela acreditavanl,

n5o porquc nao quisessem, lnas porquc era independente de sua vontade: como o imperador Guilherlrle, perguntando a seus generais, no `ltirno minuto, sc a guerra, afinal de contas, nao

poderia ser situada na Europa oriental se se evitasse atacar a Franga e a R`ssia― ― e ouvindo a resposta de que infelizmente isso era irnpratic`vel. Aqueles quc haviam construrdo os me_

canismos da guerra e ligado os interruptores agora estavam vendo, com uma espё cie de incredulidade estupefata, as cngre‐ nagens comecarem a se p6r ern movilnento` Para os que nas‐ ceram ap6s 1914,ё diffcil iinaginar como a crenca de que uma

guerra mundial n5o podia

“reallnente" acontecer estava pro‐

fundamente enraizada no tecido da vida antes do dil`vio, Assim,para a maioria dos Estadr)s ocidentais,c na maior

partc do tempo entre 1871 e 1914, uma guerra europё ia era uma lembranga hist6rica ou um exercfcio te6rico para urrl fu‐ turo indefinido. A principal fun950 dos exё citos em suas so‐ :・

ciedadcs durantc esse perfodo era civil. O scrvico militar obrigat6rio ―― alistamento ―― agora cra a norrna ern todas as

nag6es de peso, coin eXCe95o da Gra‐ Bretanha e dos EUA, embora,na verdade,nem todos os rapazes de fato se alistassenl:

e, com O ascenso dos moviinentos de massas socialistas, genc‐ rais e polfticos hs vezes ficavam nervosos ―一 erroneamente,

como velo a scr evldenclado ―― ao pensar em p6r armas nas mttos de pFOletirios potencialmcnte revoluciondrios, Para os recrutas comuns, Inais fanliliarizados com a servid5o do que

Da paz a guerra

421

coln as g16rias da vida nlilitar,entrar para o ex6rcito se tornou

um rito de passagem que marcava a chegada de um garoto ≧ idade adulta, seguido por dois ou tres anos de treinamento e trabalho duro, que se tornavam mais tolerttveis devido a no‐

t6ria atra9ao quc a farda exercia sobre as mo9as, Para os suboficiais profissionais o ex6rcito era um emprego, Para os oficiais,um iogo infantil onde quem brincava eram os adultos, sfinbolo de sua superioridade em rela95o aos civis, de esplen‐ dor viril e de s′ α′s socialo Para os generais era,,como sempre, “ intrigas polfticas e ci`mes relativos a car‐ o terreno propfcio as

reira, tao amplamente documentada nas mem6rias dos chefes militares.

Para os governos e as classes dirigentes,os ex6rcitos eram ntto s6 for9as para enfrentar iniinigos internos e externos, mas

tamb6m um modo de garantir a lealdade, ou mesnlo o entu‐ siasmo ativo, de cidad5os com sirnpatias inquietantes por mo‐ viinentos de massas que solapavam a ordem polftica e social. IuntO COm a escola primttria, o ser宙 9o militar era talvez o

mecanismo mais poderoso a disposigao do Estado com vistas

a inculca95o do comportamento c(vico apropriado e, nao nlenos iinportante, a transformagao do habitante de ulll po― vo五 do no cidad5o(patriota)de uma na95oo A escola c o servi9o militar ensinaram os italianos a compreender, se nao a falar, a lingua “nacional" oficial, o o ex6rcito fez do espaguete, an‐ teriormente prato regional do sul empobrecido, uma institui95o de toda a lt`liao No que tange れ popula95o civil, o colorido espetttculo p`bHco da cxibi95o rnilitar fOi multiplicado para seu divertimento, inspira95o c identifica95o patri6tica: para‐ das, cerirnOnias, bandeiras e m`sica。 (D aspecto mais familiar dos ex6rcitos,para os habitantes nao‐ Inilitares da Europa, entre

1871 e 1914, era provavelinente a onipresente banda rnilitar, sem a qual era diffcil imaginar os parques c os festeioS p`blicos.

Naturallnente; os soldados e, benl lnais raramente, os ma‐

rinheiros de vez em quando desempenhavam suas fun95es b五 ‐ sicaso Podiam ser mobilizados contra desordens e protestos em momentos de perturbac6es e de crise social. Os governos, cs‐

pecialmente os quc precisavam se preocupar com a opini5o p`blica c com seus eleitores, costulllavam ser cuidadosos ao confrontar as tropas conl o risco de atil・

ar cnt seus compatrio‐

422

A

θrα Jο s i“ pι r′ οs

tas: as conseqtencias polfticas dos tiros que soldados pudessem

disparar contra civis podiam ser muito negativas, c as de sua recusa a faze‐ lo podialll ser ainda piores, como ficou patente em Pctrogrado em 1917.Entretanto,as tropas eram mobilizadas com bastante freqtiencia, c o n`mero de vitiinas nacionais da repress5o nlilitar nao fOi, de forma alguma, irrelevante nessc

perfodo, meslno nos Estados da Europa central e ocidental, Onde n5o se supunha a irninencia da revolugao,cOmO a Bё lgica c a Holanda. Em pafses como a lt`lia tais interven96es podiam ser, de fato, lnuito substanciais。

Para as tropas, a repressao interna era uma atividade ino‐ fensiva, lnas as guerras eventuais, especiallnente nas co16nias,

eram rnais perigosas.(D risco era reconhecidamente mais m6‐ dico que militar.Dos 274 mil militares americanos mobilizados para a guerra hispano‐ americana de 1898, houve apenas 379

mortos e l.600 feridos em combate, porё rFl maiS de cinco nlil

morreram de doen9as tropicais, N5o adrnira que os governos apoiasseFrl COnl tanto entusiaslno as pesquisas enl nledicina,quc

no perfodo quc nos ocupa conseguiram algum controle sobre a febre amarela, a mal`ria c outros flagelos dos territ6rios

ainda conhecidos como``a tumba do homem branco"。 A Fran9a perdeu uma m6dia de oito oficiais por ano em opera95es colo‐ niais, entre 1871 e 1908, inclufdas as cifras relativas a inica

zona onde houve perdas s6rias, Tonkin, onde caiu quasc a metade dos 300 oficiais mortos nesses 57 anos.7 N5o 6 nosso

intuito subestirnar a seriedade dessas campanhas, sobretudo sabendo― se que as perdas entre as vftiinas eram desproporcio‐

nalrnente pesadas. Mesmo para os parses agressores, cssas guerras eram tudo menos viagens de lazer. A Gra‐ Bretanha enviou 450 1nil homens a Africa dO Sul em 1899‐ 1902, vol‐

tando com uFrl Saldo de 29 mil mortos em combate ou como conseqtiencia de feriinentos e 16 nlil de doen9a, o que repre¨

sentou um Onus de 220■ lilh6es de libras esterlinas.Tais custos eraln iinportantes, Contudo, o trabalho do soldado nos paFses ocidentais era, de longe,consideravelinente menos perigoso quc o de certos grupos de trabalhadores civis, como os dos trans‐

portes(espeCialmente por mar)e daS minas.Nos tres`ltimos anOs das longas d6cadas de paz, morriam por ano l。 430 ■

11‐

neiros de carva6 britanicos, e 165 1rlil(ou maiS de 100/o da

Da paz a guerra

423

forOa de trabalho)sofriam ferilnentos. E a taxa de acidentes

nas minas de carvaO britanicas, embora mais elevada que a belga ou a austrfaca, era algo mais baixa quc a francesa, cerca

de 300/O menor que a alem5 e nao mais de ulrl ter9o do quc a dos EUA.8 0s que corriarn o maior risco de vida e de inte‐ gridade ffsica n5o usavam farda。 Assiin,se deixarIInos de lado a guerra britanica na Africa

do Sul, a vida do soldado e do marinheiro de uma grande nag5o era bastante pacffica, embora nao fOsse O caso nos ex6r‐

citos da R`ssia czarista, envolvidOs em s6rias guerras contra

os turcos nos anos 1870 e em outra, desastrosa, contra os japoneses em 1904-1905; nem no ex6rcito iapones, que lutou vitoriosamente tanto contra a China cOmo contra a R`ssiao Essa situa95o ainda pode ser identificada nas mem6rias e aventuras inteiramente n5o‐ b61icas daquele imortal ex‐

lnembro do famoso

Regiinento do exё rcito iinperial e real austrfaco, o bom soldado Schweik (inventado pOr seu autor eln 1911)。 C)S quar‐ tё is‐ generais, naturallnente, se prepararam para a guerra, como era seu devero Como de costume, a maioria deles se preparou 91.°

para uma versao melhOrada da `ltiina guerra ilnportante de que os comandantes se lembravam ou quc haviam vivido. Os britanicos, comO era natural no casO da maior na95o naval, se prepararanl para uma participag5o apenas modesta na guerra terrestre, embora fosse ficando cada vez mais evi‐ dente para os generais que faziam os preparativos para a coope‐

rag5o com os aliados franceses,nos anos que precederam 1914, que se exigiria muito mais deleso Mas,de lmaneira geral,foram os civis, e nao esses homens, que previram as terrfveis trans‐ forma96es da guerra, gragas aos avan9os da tecnologia nlilitar, quc os generais ―― e mesmo alguns allnirantes mais abertos a qucstao tecn016gica ―― demoraram a entender. Friedrich

Engels, velho amante de assuntos nlilitares, chamou muitas vezes a atengtto sobre suas liinita95es, mas foi um financista

iudeu, IVan Bloch,quc em 1898 publicou em S5o Petersburgo os seis volumes de seu rθ ε 乃″jε α ″′Pο Jル たα J As‐ みEcο ο “ “ pθ ο ο 'cα ′ λ θ Cο ″ 2,4g ア α フ ″ ′um trabalho prof6tico que predizia ノ `S o empate militar da guerra de trincheiras, o que levaria a um cOnflito prolongadO cuios cuStOS econOmicos c humanos into‐ lerdveis exauririam os beligerantes ou os farianl mergulhar na

424

jο s ス ′rα σοs i“ Pび ″

revolu95o social. O livro foi rapidamente traduzido para nu‐

merosos idiomas,sem qualquer conseqtencia no planeiamentO militar.

Enquanto apenas alguns observadores civis compreendiam o cariter catastr6fico da futura guerra, governos que nao o entendiam se langaram entusiasticamente a corrida para se equipar com os armamentos cuia nOva tecnologia o propiciaria。

A tecnologia da morte,ii em prOcesso de industrializa95o em meados do s6culo (Ver A E″ α ′ο Cα ρ α Cap. 4:2), avan90u notavelinente nos anos 1880, nao apenas devido a uma ver‐ dadeira revolu95o na rapidez e no poder de fogo das armas j′

I′

pequenas e da artilharia,inas tamb6m atrav6s da transforma95o

dos navios de guerra por meio de motores‐ turbina, de uma blindagem protetora mais eficaz e da capacidade de carregar muito mais arlnas. A prop6sito,at6 a tecnologia da morte civil

foi transformada pela inven95o da “cadeira e16trica" (1890), cmbora os algozes de fora dos EIJA tenham permanecido fiё

is

a antigos e comprovados m6todos, com0 0 enforcamento e a decapitag5o。

Urna conseqtiencia 6bvia foi que os preparativos para a guerra se tornaranl muito mais caros, especialinente porque os Estados competiam uns com os outros para manter a priineira posicao ou aO menOs para nao cair para a`ltiinao Essa corrida arrnamentista come9ou de maneira modesta no final da dё cada de 1880 e se acelerou no novo s6culo,em particular nos`ltimos anos antes da guerra。

(Ds gastos militares britanicos permane―

ceram estiveis nos anos 1870 e 1880, tanto em terFnOS de ′ α em rela9ao porcentagem do orOamento total como par cα ρ′ a popula95。 。Mas passou de 32 ■lilh6es em 1887 a 44,l lni‐ lh6es de libras esterlinas enl 1898‐ 1899,c a mais de 77 nlilh5es em 1913‐ 1914. E o cresciinento mais espetacular foi o da ina‐ rinha, o que nao 6 surpreendente, pois se tratava da ala de

alta tecnologia de guerra,correspondente aos nlfsseis nos gastos

modernos em armamentOS.Em 1885,a marinha custara ao Estado ll nlilh6es de libras― ― enl torno da meslna ordem de

grandeza que em 1860。 Em 1913‐ 1914 custou mais de quatro vezes esse montanteo No meslno perfodo, os gastos navais ale‐

maes aumentavam de modo ainda mais acentuado de 90

Da paz a guerra

425

milh6es de marcos por ano em meados da d6cada de 1890 a quase 400 ■lilh6es.9 Uina conseqtencia de gastOs tao elevadOs foi a necessi‐ dade complementar de impostos mais altos, ou de empr`stiinos inflacion`rios,ou de ambos.Mas uma consequencia iguallnente 6bvia, embora muitas vezes deixada de lado,foi quc eles cada vez mais fizeram da morte em prol de v`rias ptttrias um sub‐ produto da indistria em grande escala.Alfred Nobel e Andrew Carnegie, dois capitalistas que sabiam o quc os transformara enl■liliondrios dos ramos de explosivos e a9o, respectivamente,

tentaram compensar a situacao destinando uma parte de sua riqucza a causa da paz. Nesse sentido foram atfpicos, A silrl‐

biose entre guerra c produ95o da guerra transformou inevita‐ vellnente as rela96es entre governo e ind`stria, pois, como observou Friedrich Engels em 1892, ``comO a guerra se tornou jθ jθ ... Jα grα れごθjκ α″s′ ″ um setor da grα ″ごθj″ ご″s′ ″ 。.. * se tornou uma necessidade polftica".10 E, reciprocamente, o Es‐ tado se tornou essencial para certos setores da ind`stria, pois

quenl, sena0 0 governo, constitui a clientela dos armamentos? Os bens que essa ind`stria produziam eram deterlninados nao pelo mercado, mas pela intermin6vel concOrrencia dos gover‐ nos, que os fazia procurar garantir para si um forneciinento satisfat6rio das armas mais avangadas e,portanto, mais eficien‐

tes. E rnais, o quc os governos precisavam nao era tanto da produ95o real de armas,lnas siin da capacidade de produzi‐

las

numa cscala compatfvel com uma 6poca de guerra, se fosse o caso; isso quer dizer que eles tinham que zelar para que suas ind`strias mantivessem uma capacidade de prOdu91o altamente excedente para tempos de paz.

Assim,de uma forma ou de outra,os Estados eram obri‐ gados a garantir a existencia dc pOderosas indistrias nacionais

de armamentos, a arcar com boa parte do custo de seu desen¨ volvirnento t6cnico e a fazer com que permanecessenl rent`veis,

Em outras palavras,tinham que proteger essas ind`strias contra os vendavais que ameacavam os navios da empresa capitalista que singravam os mares irnprevisfveis do mercado livre e da l市 re

concorrenciao E clarO que eles mesmos tamb6m podiam

se envolver na fabrica95o de armas, como o fizeram por muito ・ Em frances no original.(No da T.)

A

426

θrα ′οs i″ pι riο s

tempoo Mas nesse exato momento os Estados ―― ou ao menos o Estado liberal britanic。 __ preferiram chegarta um acordo com a empresa privadao Nos anos 1880,os produtores privados de a.1.lamento assinaram mais de um ter9o de seus cOntratos de fornecirnento com as for9as armadas; nos anos 1890, 460/0; nos anos 1900, 600/0: o governo, incidentalmente, estava dis‐ posto a garantir… lhes dois ter9os.1l N5o adnlira quc as enl‐ presas de armamento estivessem entre os gigantes da indistria, ou passassenl a estar: a guerra c a concentragao capitalista

caminhavam iuntaS.Krupp,na Alemanha,o rei dos canh6es, empregava 16.000 pessoas em 1875, 24,000 enl torno de 1890,

45,000 errl torno de 1900 e quase 70.000 em 1912, quando 50。 000

das famosas arlnas Krupp safram da linha de produ‐

95oo Na f`brica britanica Armstrong, Whitworth empregava 12.000 homens em suas instalag6es principais em Newcastle, que passaram a 20.000-― ou mais de 400/O de todos os lneta‐ 1`rgicos do Tyneside ―― em 1914, sem contar os das l.500 firmas menores que viviam de subempreitadas da A...lstrOng。

Tamb6m eram muito rent`veis。 Como o moderno``complexo industrial¨ militar"dos EUA, essas concentra96es industriais gigantescas n5o terianl sido nada

sem a corrida armamentista dos governos. Assiln sendo, 6 ten‐ tador responsabilizar tais “inercadores da morte" (a CXpressao se popularizou entre os pacifistas)pela``guerra de a9o o ouro",

como a denominou um iornaliSta britanicoo N5o era 16gico quc a ind`stria de armas incentivasse a acelera95o da corrida ar= mamentista, inventando, se necessirio, inferioridades nacionais

Ou “ianelas de vulnerabilidade", que podiam ser removidas atrav6s de lucrativos contratos? Uina firma alem5, especiali‐

zada na fabrica95o de metralhadoras, conseguiu inserir uma nota no iornal Lθ Fjgα rο para quc O governo frances planeiasSe dupHcar seu n`mero de metralhadOras. Como conseqtiencia, 。

governo alemao fez uma encomenda de 40 1nilh6es de marcos de tais arnlas em 1908-1910, aumentando assil■ os dividendos da firrna de 20 a 320/0.12 urrla firma britanica, argumentando

que seu governo subestimara de modo grave o prOgrama de rearmamento da marinha alema, beneficiou… se con1 250。 000 1ibras esterlinas por cada encoura9ado encomendado pelo go‐ verno britanic。

。 que duplicou sua constru95o naval. Pessoas

Da paz a guerra

427

elegantes e pouco visfveis,como O grego Basil Zaharoff,atuando em nome da Vickers(e que mais tarde recebeu o tftulo de ca‐ valeiro pelos servi9os prestados aos aliados durante a Priineira

Guerra Mundial),tOmaram as pro宙 dencias necessttrias para que a ind`stria de armamentos das grandes na95es vendessem seus produtos menos vitais ou obsoletos a Estados do Oriente Pr6‐ 対mo e da Am6rica Latina,que i`estavam em condi95es de

comprar tais utensflios. Em suma, o comё rcio intemacional

moderno da morte jd estava bem encaminhado. Contudo, a guerra mundial n5o pode ser explicada como uma conspira9五 o de fabricantes de armas, mesmo fazendo os t6cnicos, cOm Certeza, o m6xiino para convencer generais e al‐ ■lirantes, mais farrliHarizados corn paradas nlilitares do que

com a ciencia, de que tudo estaria perdido se eles nao encO_

mendassem o `ltimo tipo dc arma ou navio de guerrao Nao htt d`vida de quc a acumula95o de armamento, quc atingiu propor96es tellnfveis nos■ ltiinos cinco anos anteriores a 1914, tornou a situa95o mais explosiva, N冨 o hi d`vida de que havia

chegado o momento, ao menos no ver5o curopeu de 1914, cm quc a m`quina inflexfvel que mobilizava as forOas da morte

n5o poderia mais ser estocadao Por6m a Europa n5o foi a う guerra devido a corrida armamentista como tal, mas devido situa95o internacional que lan9ou as nag6es nessa competi95o.

2 A discussao sObre a genese da Priineira Guerra Mundial tem sid6 ininterrupta desde agosto de 1914. Provavellnente correu mais tinta, mais `rvores foram sacrificadas para fazer papel, mais m`quinas de escrever trabalharam para responder a essa pergunta do quc a qualquer outra na hist6ria― ― inclu‐ sive talvez o debate enl torno da Revolu95o Francesa.

メ 、lnedida

que as gera95es se sucediam, quc a polftica nacional e inter‐ nacional ia sendo transformada, o debate foi ressurgindo. Mal a Europa mergulhara na catistrofe, os beligerantes come9aram a se perguntar por que a diplomacia internacional nao cOnse¨

se mutuamente a responsabilidade. Aqueles que se opunhanl a guerra iniciaram iinediatamente suas anllises. A Revolu95o Russa de 1917, que publicou os guira evit`¨ la c a atribuir‐

A

428

′″ α ″οs J“ Pび riο s

documentos secretos do czarismo, acusou o imperialismo como

um todo. Os aliados vitoriosos criaram a tese da “culpa de guerra, exclusivamente alema, pedra angular do tratado de paz de Versalhes de 1919 e geradora de unl imenso fluxo de textos document`rios e de propagandtt hist6rica a favor e, so‐

bretudo, contra essa teseo Naturallnente, a Segunda Guerra Mundial fez esse debate ser retomado, e ele foi revigorado alguns anos depois, quando tornou a surgir uma historiografia

de esquerda na Rep`blica Federal Alema, que, ansiosa para romper com as ortodoxias conservadoras e patri6ticas nazi‐

ale‐

m5, elaborou sua pr6pria versao da responsabilidade da Ale‐

manha. As discuss6es sobre os perigos para a paz mundial, que, por motivos 6bvios, nunca cessaram ap6s Hiroshillna c Nagasaki, procuram inevitavellnente possfveis paralelos entre

as origens das guerras mundiais passadas e as perspectvias internacionais atuais. Enquanto os propagandistas preferiram a

comparacao cOm Os anos anteriores a segunda Guerra Mundial (``Munique''),oS hiStoriadores encontram cada vez mais simi‐ litudes entre os problemas dos anos 1980 e 1910。 Assiin, as

origens da Prilneira Guerra Mundial eranl,uma vez mais,uma questao de iinportancia candente e iinediatao Nessas circuns‐ tancias, qualquer historiador que tente explicar, como deve fazer um historiador do nosso perfodo, por que ocorreu a Pri‐

meira Guerra Mundial, mergulha em `guas profundas e tur‐ bulentas.

Contudo,podemos ao menos siinplificar essa tarefa elilni‐

nando perguntas a que o historiador nao tem que responder. A rnais importante delas 6 aquela da ``culpa de guerra", que se refere a um iulgamento moral e politicO mas tem a ver ape‐ nas perifericamente com os historiadoreso Sc estamos interessa‐

dos enl saber por que um s6culo de paz europ6ia cedeu o lugar a uma 6poca de guerras inundiais,perguntar de quenl foi a culpa 6 taO f`til quanto perguntar se Guilherrne,o Conquistador,tinha um bonl lnotivo legal para invadir a lnglaterra o 6 para O estudo

da razao pela qua1 0s guerreiros da Escandindvia partiram para conquistar numerosas ttreas da Europa nos s6culos X e XI。 Ё claro que nas guerras as responsabilidades muitas vezes pOdeFn Ser identificadas, Poucos negariam que nos anos 1930

Da paz a guerra

429

a atitude da Alemanha cra essencialinente agressiva c expan‐ sionista c que a de seus adversttrios era cssencialinente defen‐ sivao Ninguё m negaria quc as guerras de expans5o irnperial em nossa ёpoca, como a Guerra Hispano‐ Americana de 1898 c a Sul‐ Africana

de 1899‐ 1902,foram provocadas pelos EUA e pe“

la Gra‐ Bretanha c nao pOr suas vftimas,Seia cOmO fOr,todo

mundo sabe quc os governos de todos os Estados do sё

culo

XIX, por mais preocupados que estivessem coln suas rela96es p`blicas, consideravam a guerra uma contingencia norFnal da polftica internacional e eram honestos o bastante para adFnitir

que bem podiarn tomar a iniciativa nlilitar, Os Minist6rios da

Guerra ainda n5o se chamavam,eufemisticamente,Ministё

rios

da Defesa,

Contudo, こ indubitivel que nenhum governo de qualquer uma das grandes potencias de antes de 1914 queria scia uma guerra europё ia generalizada,seia mesmo― ― ao contr`rio dos anos 1850 e 1860 -― um conflito nlilitar restrito com outra grande na95o curop6ia. Isto 6 conclusivamente demonstrado pelo fato de que nos lugares onde as ambi96es polfticas das grandes na96es entravam em conflito direto,ou seia,naS ZOnas ultramarinas de conquistas e partilhas coloniais,seus numerosos

confrontos erarrl sempre resolvidos por algum acordo pacffico. as inais graves dessas crises,as de Marrocos enl 1906 e 1911, forarn contornadaso As v6speras de 1914, os conflitos coloniais naO pareciam mais colocar pr9blemas insol`veis as v`rias na96es concorrentes ―― fato que tem sido usado, de modo bastante

Atё

ilegftimo, como argumento para afirmar que as rivalidades inl‐ perialistas foram irrelevantes na deflagra95o da Priineira

Guerra Mundial. E evidente quc as na96es estavanl longe de ser pacfficas, quanto menos pa9ifiStas, Elas se prepararam para uma guerra curopё ia― ― as vezes erroneamente*― ― mesmo fazendo seus mi‐ nistros da Rela95es Exteriores o m`xirno para evitar o quc eles

unaniinemente consideravanl uma cat6strofeo Nos anos 1900, nenhum governo tinha obiet市 oS que,como os de Hitler em 拿O alnlirante Raeder afirmou inclusive que em 1914 o comando haval alemaO n50 tinha planos para uma guerra contra a Gr5‐ Bretanha.

430

Aθ ″ あ sJ″ ′″途

1930, s6 pudessem ser atingidos por meio da guerra ou da amea9a constante de guerra.At6 a Alemanha― ― cuio coman_ dante do Estado‐ Maior defendeu em v5o um ataque antecipado em 1904‐ 1905 c9ntra a Franga,enquanto sua aliada, a R`ssia, estava irnobilizada pela guerra c, mais tarde, pela derrota c pela revolu95o ―― S6 usou a oportunidade oferecida pela fra‐ queza c isolamento temporirios da Franca para fazer avan9ar suas reivindica95es iinperialistas sObre Marrocos, um prOblema

adnlinistr`vel em torno do qual ningu6m pretendia comecar, nem come9ou,uma guerra importanteo Nenhum governo de po‐ tencias irnportantes, nem os mais ambiciosos, frfV01os e irres‐

ponsttveis, queria uma gucrra de grandes propor95es. O velho

iinperador Francisco loS6, aO anunciar a deflagracao dessa guerra a seus condenados s`ditos err1 1914, estava sendo total‐

mente sincero ao dizer “Eu nao quis que isso acontecesse" (“ ICh hab es nicht gewont"), meSmO tendo sido seu governo quc, de fato, a provocou。

0 1n6xirno que se pode afirmar 6 quc, a partir de um certo ponto do lento cscorregar para o abismo,a guerra pareceu

t5o inevitivel quc alguns governos decidiranl que a melhor coisa a fazer seria escolher o mOmento mais proprcio, 。u menos desfavordvel, para iniciar as hostilidadeso Afirma‐ se que

a Alemanha procurou esse momento a partir de 1912,Inas difi‐ cillnente poderia ter sido antes. Sem divida, durante a crise final de 1914 -― precipitada pelo irrelevante assassinato de

unl arquiduquc austrfaco por um estudante terrorista numa cidade de provfncia dos confins dos Bう lcas__a Austria sabia quc corria o risco de uma guerra mundial ao provocar a S6rvia;

c a Alemanha, ao decidir dar total apoio a sua aliada, trans‐ forrnou o risco quase numa certeza.“ A balan9a csti pendendo contra n6s'',disse o ministro da Guerra austrfaco em 7 de iulhO.

N5o era melhor guerrear antes que pendesse mais? A Alema‐ nha seguiu a mesma Hnha de raciocfnio. Apenas nessa linha restrita a pergunta sobre ``culpa de guerra"tem algum sentido.

Mas como os acontecirnentos mostraram no verao de 1914, ao contrdrio de crises anteriores, a paz fora anulada por tOdas as

na96es ―― at6 pelos britanicos, quc os llemacs tinham espe‐ rangas parciais de que ficassenl neutros, aumentando assiln

Da paz a guerra

451

suas chances de derrotar tanto a Franca como a R`ssia.ホ Nenhuma das grandes na96es teria dado o golpe de lniseric6rdia

na paz, nem mesmo em 1914, se n5o estivesse convencida de que scus ferimentos itt eram mortais. Portanto,descobrir as origens da Priineira Guerra Mundial nac equivale a descobrir``o agressor"。 I〕 le repousa na natureza

de uma situacao internacional enl prOcesso de deteriora95o progressiva, quc escapava cada vez mais ao controle dos go¨ vernos.G}radualinente a Europa foi se dividindo em dois blocos opostos de grandes na96es. Tais blocos, fora de uma guerra,

eram novos em si mesmos e derivavanl, essenciallnente, do surgirnento no cen`rio curopeu de um lmpё rio Alem5o unifi‐ cado, constitufdo entre 1864 e 1871 por meio da diplomacia E″ αJο Cα ρi`α J,cap.4), e procurava se proteger contra seu principal perdedor,a Franca,

e da guerra,as custas dOs outros(cf.ス

atrav6s de aliancas em tempos de paz, que geraranl contra‐ aliangas.As aliancas,em si,embora implicassem a possibilidade

da guerra, n5o a tornavaFrl nem certa nem mesmo provivel.

Assim,o chanceler alem5o lismarck,que foi o campe5o do iOgO de xadrez diplomitico multilateral por quase trinta anos ap6s 1871, dedicou‐ se com exclusividade e sucesso a manu_ ten95o da paz entre as na96es.Uin sistema de blocos de nac6es

s6se tornou um perigo para a paz quando as ahan9as opostas se consolidaram como permanentes, mas especialinente quando as disputas entre eles se transfomaram em confrontos inad‐

ministriveis. Isto aconteceria no novo s6culoo A pergunta crucia1 6: por que? Contudo, naO havia maiores diferengas entre as

tens6es

internacionais que levaram a Priineira Guerra Mundial e as que saO subiaCentes ao perigo de uma terceira, que as pessoas, nos anos 1980,ainda esperanl evitaro Nunca houve,desde 1945, a nlfniina d`vida quanto aos principais adversarios numa ter‐

ceira guerra mundial:os EUA c a URSS.Mas,cm 1880,as coaliz6es de 1914 nao eranl previstas. Naturalinente, alguns = A estrat6gia alema (0 “PlanO schlieffen", de 1905)previa um rdpido e decisivo ataque contra a Franga, seguido por um rdpido e decisivo ataque contra a R`ssia。 (D priineiro significava a invasao da B61gica, propiciando assitn a Gra‐ Bretanha uma desculpa para entrar na guerra,

com a qual ha muito tempo estava efetivamente comprometida.

A

432

θrα ″οs i“ P′ riο s

aHados e iniinigos potenciais eram faceis de discernir・

A Alc‐

manha c a FranOa estarianl enl lados opostos, quanto mais nao

fosse porquc a Alemanha anexara grandes por96es da Franca (Als`cia‐ Lorena)ap6s

sua宙 t6ria em 1871.Tamb6m n5o era

diffcil prever a permanenOia da ahanOa entre Alemanha c Hungria,foriada pOr Bismarck ap6s 1866,pois o equi‐ lfbrio interno do novo lmp6rio Alemao tOrnOu essencial manter Austria‐

vivo o multinacional lmp6rio Habsburgo. Sua desintegra95o em fragmentos nacionais n5o apenas levaria, como Bismarck bem sabia, a rufna do sistema de Estados da Europa central c oriental,como destruiria tamb6rn a base de uma``pequena Ale‐ manha"donlinada pela Pr`ssia. De fato,ambas as coisas acon‐ teceram ap6s a Priineira(3uerra Mundial. O tra9o diplom6tico mais perFnanente do perfodo 1871‐ 1914 foi a``Trfplice Alianga"

de 1882,que na verdade era,ma alianca austro‐ alema,itt quc o terceiro participante, a ltalia, 1。 gO Se afastaria para final‐

mente se unir ao campo antialem5o em 1915, Urna vez mais era 6bvio quc a Austria, envolvida nos turbulentos assuntos dos B41cas devidO a scus problemas multi‐

nacionais, c, mais profundamente que nunca, depois de ter conquistado a B6snia¨ Herzegovina em 1878, se achava em oposi95o ≧ R`ssia naquela regi5o。 * Embora Bislnarck tenha feito o m`xiino para manter rela95es estreitas com a R`ssia,era

previsfvel que cedo ou tarde a Alemanha seria forOada a es‐ colher entre Viena e S5o Petersburgo c que s6 po.dia optar por

Viena. Ademais, uma vez quc a Alemanha tinha desistido da op95o russa, como aconteceu no final da d6cada de 1880, era

16gico quc a R`ssia c a Franca se unissem ―― como de fato o fizeram em 1891. Friedrich Engels cogitara dessa alianOa ainda nos anos 1880, naturallnente dirigida contra a Alema‐ nha. Assiin sendo, no infcio da d6cada de 1890, dois grupos de na96es sc enfrentavam na Europa inteira.

Ettbora as rela96es internacionais tenham ficado mais tensas, nao era inevit`vel uma guerra curop6ia generalizada, * Os povos eslavos do sul estavam em parte na metade austrfaca do lmp6rio Habsburgo (es10Venos, croatas, d41lnatas), em parte na metade hingara (crOatas, alguns s6rvios), enl parte sob adnlinistra95o iinperial comum (B6snia‐ Herzegovina) e o reStO em pequenos reinos indepen‐

dentes(S6rVia,Bulg6ria e o rniniprincipado de Montenegro)ou sOb COn_ trole turco (MacedOnia).

Da paz a guerra

433

quanto mais nao seja pOrquc os problemas quc separavam a Franga da Alemanha(ou Seia a Alsicia‐ Lorena)nao tinham interesse para a Austria, c os que representavam um risco de conflito entre a Austria c a R`ssia (o nfvel de influencia da

Rissia nos B`lcas)eram insignificantes para a Alemanha.Os B41cas, Observou Bisinarck, nao valiam Os ossoS de um `nico granadeiro pomeraniano.A Franga n5o tinha reais brigas conl a

Austria,nem a R`ssia com a Alemanhao Por isso,os problemas que separavam a Franga da Alemanha, embora perrnanentes, dificilmente seriam considerados merecedores de uma guerra pela maioria dos franceses, c os que separavam a Austria da

R`ssia,embora― ― como 1914 mostrou― ― potencialinente mais graves, s6 se colocavam interrnitentemente. Tres problemas transformaram o sistema de alianca numa bomba‐ re16gio: a si‐ tua95o do fluxo internacional, desestabilizado por novos pro‐

blemas e ambi96es m`tuas entre as na95es, a 16gica do planeiamentO militar coniuntO quc congelou os blocos que sc confrontavanl, ornando‐ os perrnanentes, c a integra95o de uma quinta grande na95o, a Gra‐ Bretanha, a um dos blocos (nin‐ gu6m se preocupou muito com as tergiversa96es da ltttlia, quc s6 era uma “grande na95o" por cortesia internacional). Entre 1903 e 1907, para surpresa geral ―― incluindo a sua pr6pria 一― a Gra‐ Bretanha se uniu ao lado antialem5oo A origem da

Priineira Gucrra Mundial pode ser melhor entendida acompa‐ nhando¨sc o Surgiinento dessc antagonismo anglo‐

gerrnanicO.

A TrfpHce Entente foi surpreendente tanto para os ini‐

rnigos como para os aliados britanicoso No passado, a Gra‐ Bretanha n5o tinha tradi95o nem qualquer motivo perrnanente de atrito com a Pr`ssia一 ― e o mesmo parecia ser verdade em relacao a super_Prissia conhecida agora como lmp6rio Alemao。 Por outro lado,a Gr5‐ Bretanha fora antagonista quasc automdtica

da Fran9a em quase todas as guerras europё ias desde 1688.

Mesmo isso n5o sendo mais verdade, quanto mais n5o fosse porquё a FranOa deixara de ser capaz de doIIlinar o continente,

o atrito entre os dois pafses cra visivellnente crescente, ao

menos porque ambos competiam pelo mesmo territ6rio e in‐ fluencia como na95o imperialista. Assiin, as rela96eS eram pouco amistosas no quc tange ao Egito,cujo controle era co‐

bicado por ambas,mas foi tomado pelos britanicos(luntO COm

434

A

jο θrα ごοs i″ ′び′ s

o Canal de Suez, financiado pela Franga). I)urante a crise de

Fashoda, de 1898, pareceu quc haveria derramamento de sangue,pois as tropas coloniais rivais britanicas e francesas se

enfrentaram no interior do Sud5oo Na divis5o da Africa, os ganhos de um eraln,no mais das vezes, as custas do outroo No quc tange h R`ssia, os imp6rios britanico e czarista haviam sido antagonistas permanentes na zOna dos B五 lcas e do Medi¨

terraneo da assiin chamada “Quest5o Oriental" e nas `reas, mal definidas por6m amargamente disputadas, da Asia central e ocidental que ficavam entre a lndia e as terras do czar: Afe‐

ganist5o, Ira c as regi6es com saFda para o Golfo P6rsico. A ―― e portanto no MediterraneO __e de uma expansao russa em dire9五 o a lndia cra um pesadelo constante para os chanceleres britanicOs。 (Ds perspectiva de ver russos enl Constantinopla

dois paFses havianl inclusive se enfrentado na`nica das guerras

curop6ias do s6culo XVIII de quc a Gra‐ Bretanha participou (a Guerra da Criin6ia)e nos anOs 1870 uma guerra russo‐ tanica era muito prov`vel.

bri‐

Dado o modelo consagrado de diplomacia britanica, uma guerra contra a Alemanha era uma possibilidade tao remOta que devia ser ignorada.Uina alian9a pθ r“ ακθ ′ θ com qualquer na95o continental parecia incompativel cOm “ a manuteng5o do equilibrio de poder, que era o principal obietiVO da polftica cxterna britanica. uina aHanca conl a Fran9a seria conside¨ rada iinprovttvel, uma com a R`ssia quase ilnpensivel. Con‐ tudo, o iinplausfvel se tornou realidade: a Gra‐ Bretanha se

vinculou de forma permanente a Franga c a R`ssia contra a Alemanha, resolvendo todas as diferengas conl a R`ssia, a ponto de concordar com a ocupacao, por esta, de Constanti‐ nopla――oferta que desapareceu do horizonte com a Revolu95o Russa de 1917. Como e por que se produziu essa surpreen‐ dente transforma95o?

Aconteceu porque ambos os iogadOres,bem como as regras do jogo tradicional da diplomacia internacional,mudaram.Em

primeiro lugar,o tabuleiro em quc era iogadO ficou muito malor. A rivalidade entre as potencias, confinada antes em grande medida a Europa c ttreas adiaCentes(com excccao dos britanicos), era agora global e iinperial ―― fora a malor parte

das Am6ricas,destinada com exclusividade a cxpans5o imperial

Da paz a guerra

435

dos EUA pela Doutrina Monroe de Washington. Agora era igualinente provttvel quc as disputas internacionais que tinham

que ser resolvidas, para nao degenerarem em guerras, ocorres‐

sem na Africa ocidental e no Congo nos anos 1880, na China

no final da d6cada de 1890, no Magreb (1906, 1911)e no corpo em decomposi9a o do lmp6rio C)tomano, muito mais pro‐

vavelinente quc em torno de qualquer problema na Europa na。 _balcanica.Ademais,agora

ha宙 a mais dois jogadores:os EUA ―― que, embora ainda evitando envolvimento com pro‐ blemas europeus, desenvolvianl unl expansionismo ativo no Pacffico ―― e o lapaOo Na verdade, a alian9a britanica com



IapaO(19o2)foi o primeirO passo rumo a TrfpliCe Alianga,pois

a existencia daquela nova potencia, que em breve mostraria que podia inclusive derrotar o lmp`rio czarista na guerra, re― duziu a ameaca que a R`ssia representava para a Gra― Bretanha, fortalecendo assiin a posi95o britanica. Tornou, portanto, pos‐ sfvel o esvaziamento de antigas disputas russo‐ britanicas,

A globaliza95o do iOgo de poder internacional transformou

automaticamente a situa95o do paFs, que fora at6 ent5o a nte `nica das grandes potenciasdizer com obietiVOs polfticos reallmに mundiais, Nao 6 exagerO que durante a maior parte do sё

culo XIX a fun95o da Europa nos c`lculos diplom`ticos bri…

tanicos era ficar quieta para quc a Gra‐ Bretanha pudesse dar continuidade a suas atividades, principallnente econOnlicas, no resto do planeta.Esta era a essencia da combina95o caracterfs‐ tica de um equilttrio europeu de poder com a Pα χBri′ α″ :εα′ “ garantido pela`nica marinha de diinens6es mundiais que con‐

trolava todos os oCeanOs e orlas marftiinas do globO. Em meados do s6culo XIX, todas as outras marinhas do mundo,

iuntaS, mal ultrapassavam o tamanho da marinha britanica sozinha.No final do s6culo jtt n5o era assim.

Em segundo lugar, com o surgiinento de uma ccononlia industrial capitalista mundial, o jogo internacional se desenro‐

lava em torno de apostas bastante diferentes. Isso naO signi‐ fica quc―― adaptando a famosa frase de Clausewitz一 a guerra

agora fosse apenas a continua95o da concorrencia econOmica por outros meios. Esta opiniao tentOu os dete.11linistas hist6‐

ricos a 6poca, quanto mais nao fOsse porquc observavam muitos exemplos de expans5o econOmica por meio de metra‐

456

ス θra ′οs il,7ρ ′riOS

lhadoras e canhoneiras, Entretanto, cra uma sirnplifica95o grosscira。

卜〔 esmo tendo o desenvolviinento capitalista e O irn―

perialismo responsabilidade na derrapagern descontrolada do mundo em dire95o a um conflito mundial, 6 iinpossfvel argu‐ mentar que muitos dos capitalistas fossem provocadores cons‐ cientes da guerra. Qualquer estudo iinparcial das publica96es do sctor de neg6cios, da correspondencia particular e comercial

dos homens de neg6cios, de suas declara96es p`blicas enquanto vozes dos bancos, do com6rcio e da ind`stria mostra, de modo bastante conclusivo, que a nlaioria dos hOmens de ne‐

porta‐

g6cios achava a paz internacional vantajosa para eles. De fato,

a guerra cFn Si era aceit`vel somente na medida em que n50 interferisse nos ``ne86ciOs como de costume'', c a principa1 0b_

iegao dO jOvem economista Keynes(que ainda n5o era um refOr‐ mador radical de sua`rea)era quc a guerra nao apenas matava scus arnigos,inas tambё nl inviabilizava uma politica ccOnOnlica baseada nos``neg6cios como de costume''。 Havia, naturalinente,

expansionistas econ6micos belicosOs,mas o iornalista liberal

Norman Angell exprirnia quase cOnl certeza o consenso do mundo dos neg6cios: a crenca de quc a guerra beneficiava o capital era/1 G″αr7グ θ/1′ s″ ο, tftulo de seu livro de 1912.

De fato, por que os capitalistas __ mesmo os industriais, com a possfvel exce95o dos fabricantes de armas― ― deselariam perturbar a paz internacional, quadro essencial de sua prospe‐

ridade e expans5o, se o tecido da liberdade internacional para negociar e o das transac6es financeiras dependiam dela?Eviden‐ temente, os que foram bern‐ sucedidos na concorrencia interna‐

cional n5o tinhanl motivos de qucixao Assiin como a liberdade

de penetrar no mercado mundial n5o apresenta desvantagem para o lap5o hOle,a ind`stria alema podia estar bem contente corrl ela antes de 1914. Os perdedores pedirianl, naturallnente,

prote95o ccOnOrnica a seus governos, o que 6, contudo, muito

diferente de pedir guerra. Ademais, o maior dos perdedores potenciais, a Gra‐ Bretanha, resistiu at6 contra esses pedidos, c

seus interesses econOmicos perinaneceranl, ern sua esinagadora maioria, vinculados a paz, apesar do constante temor da con‐

correncia alema, ruidOsamente expressa nos anos 1890, e da penetra9五 o id efet市 a dO capital alemao e americano no mer‐ cado interno britanicoo No que tange as rela96es anglo‐ ameri‐

Da paz a guerra

437

canas,podemos inclusive ir mais longeo Sc apenas a concorren― cia cconOmica bastasse para uma guerra, a rivalidade anglo‐

americana deveria logicamente ter preparado o terreno para um conflito nlilitar ―― como alguns marxistas do entre‐ guerra

ainda pensavam que fosse ocorrero Contudo, foi precisamente nOs anOs 19oO que o Estado‐ Maior imperial britanico abando‐

nou at6 os mais remotos planos de emergencia para uma guerra anglo‐ americana, Daf em diante,essa possibilidade ficou totalmente excluFda。

No entanto, o desenvolviinento do capitalisrno empurrou

o mundo inevitavellnente em direcaO a uma rivalidade entre os Estados, a cxpansaO iinperialista, ao conflito e a guerra.

Ap6s 1870, como os historiadores mostraranl, “a passagem do monop61io a concorrencia talvez tenha

sido o fator isolado mais iinportante na preparag5o da mentalidade propFcia ao empreendimento industrial e co‐

mercial europeu.Crescimento econOmico tamb6m era luta econOnlica ―- luta que servia para separar os fortes dOs fracos, para desencoraiar alguns e endurecer outros, para favOrecer as nag6es novas e farnintas as custas das antigas,

O otiinismo em relagao a um futuro de progresso indefi― nido cedeu o lugar a incerteza e a um sentirnento de ago‐ nia,no sentido c16ssico do terrno. Tudo isso, por sua vez, refOr9ando e sendo reforcado pe10 acirramento das rivali‐ dades polfticas, as duas forrnas de concorrencia que sur― giam'',14

A cconornia mundial deixara totallnente de ser,como fora em meados do sё culo XIX,um sistema solar girando em torno de uma estrela inica, a Gra‐ Bretanha. Embora as transa95es financeiras e comerciais do planeta ainda, na verdade cada vez

mais,passassem por Londres,a Gra‐ Bretanha i`naO era,e宙 ‐ dentemente, a``oficina dO mundO"′ nenl seu principal lnercado importador.Ao contrdrio, seu declfniO relativO era patente. UIn certo n`mero de econornias industriais naciOnais agora se en‐ frentavanl mutuamenteo Sob tais circunstancias a concorrencia

econ6nlica passou a estar intilnamente entrelacada cOnl as ac6es polfticas,ou mesmo militares,dO Estado.O ressurgimento

ス θrα ″οs impび riο s

438

do protecionismo durante a Grande Depress5o foi a priinetra

conseqtencia dessa fusao. Do ponto de vista do capital, o apoio polftico passaria a ser essencial para manter a concor‐ essencial cm

rencia estrangeira a distancia, c talvez tamb6n■

regi6es do mundo onde as empresas de economias industriais nacionais competiam umas com as outras. I〕 o ponto de vistt, dos Estados a econonlia passou a ser desde entaO tanto a base mesma do poder internacional como seu crit6rio.Agora cra irll‐

possivel conceber uma``grande na95o"que nao fOsse ao mesmo tempo uma``grande econorrlia"― ― transformagao ilustrada pelo ascenso dos EUA e pelo enfraqueciinento relativo do lmp6rio Czarista.

Inversamente, as transformag6es que ocorreram no poder econOrnico, que mudaram automaticamente o equilibrio entre for9a polftica e nlilitar, n5o acarretarianl uma redistribuigao de pap6is no cendrio internacional? Esta era uma opini5o fran‐

camente popular na Alemanha,cuio assOmbrOso crescimento industrial lhe conferiu ulln peso internacional incomparavellnente

maior que o quc tivera a Prissia. Ntto foi por acaso que entre os alemaes naciOnalistas de 1890, o velho cantico patri6tico ``O sentinela do Reno", dirigido exclusivamente contra os fran‐

ceses, perdeu rapidamente terreno frente as ambi95es globais do ``Deutschland tiber Alles", que se tornou, de fato, o hino nacional alem5o, embora ainda nao oficiallnente。

O que tornou essa identificacao entre poder econOrnico e polftico-lnilitar t5o perigosa foranl nao apenas as rivalidades

nacionais pelos lmercados mundiais e recursos materiais e pelo controle de regi6es, como no Oriente Pr6xiino c M6dio, onde os interesses econOmicos e estrat6gicos tantas vezes se sobre‐

punhamo Bem antes de 1914,a petro¨ diplomacia i`era um fator crucial no Oriente M6dio, sendo vitoriosas a Gra‐ Bretanha e a Franga,as empresas de petr61eo ocidentais(maS ainda nao ame_ ricanas)e um intermediario armeni。 ,calouste Gulbenkian,quc garantiu 5 0/O para si pr6prio.Inversamente,a penetracao ecOn6‐ mica c estratё

gica alema no lmp6ri0 0tomano j`pre∝ upava

os britanicos e aiudOu a situar a Turquia do lado da Alemanha durante a guerra. Mas a novidade da situacao residia em quc, dada a fus五 O entre econonlia e p01ftica, nem a divis5o pacffica

das dreas disputadas em “zOnas de influencia"podia manter a

Da paz a guerra

439

rivalidade internacional sob controle.A`nica coisa que poderia contro14‐ la

―― como sabia Bismarck, quc a adnlinistrou com

incompar`vel habilidade entre 1871 e 1889-― ,era a lilnita95o deliberada de obietiVOso Se os Estados pudessem definir seus objet市 os diplom`ticOs com precis5o― 一 uma dete111linada mu‐

danga nas fronteiras, um casamento din6stico, uma “compen‐ sacaO" definfvel pelos avan9os de outros Estados

―― tanto o

lculo como O acordo seriam possfveis.Mas nenhuma das duas excluia― ― como o proprio Bisrnarck comprovara entre 1862 e 1871-― o conflitO nlilitar cOntrolado.

c五

Mas o tra9o caracteristico da acumula95o capitalista era luStamente nao ter limite.As“ fronteiras naturais"da Standard

Oil,do Deutsche Bank,da De Bcers Diamond Corporation es‐ tavam situadas nos confins do universo, ou antes, nos liinites

de sua capacidade de expans5oo Foi este aspecto dos novos padr6es da polftica mundial que desestabilizou as estruturas da polftica mundial tradicional. Enquanto o equilfbrio e a estabili…

dade perlnaneciam a condi95o fundamental das na96es europ6is

em suas relag6es recfprocas, cm outros lugares nem as mais pacfficas hesitavam em recorrer a guerra contra os fracos. Ti‐

nharrl sem divida, como viinos,o cuidado de manter seus con‐ fhtos coloniais sob controleo Estes nunca pareceram constituir Cα S“ S bθ JJ,

para uma guerra de grandes propor96es, mas com

“ certeza precipitaram a formacao de b10cOs internacionais e fi‐

francorusso θ″′ θ come9ou com o ``entendilnento cordial" anglo‐ frances(E″ ′ nallnente beligerantes:o que se tornou o bloco anglo‐

∂jα Jθ )de Cο ″

1904,essencialmente uma negociag5o imperialista

atrav6s da qual os franceses desistiram de reivindicar o Egito, c, em troca, a Gra‐ Bretanha apoiaria suas reivindicag6es rela‐ tivas ao Marrocos― ― uma vftima na qual a Alemanha tamb6m estava de olhoo Entretanto,todas as na96es,senl exceg5o,estavam

com aniino expansionista e conquistador. At6 a Gra‐ Bretanha ―― Cuia postura cra fundamentalinente defensiva, dado que seu problema cra como proteger seu domfnio g10bal, atё entaO in‐ contestado, contra os novos intrusos ―― atacou as rep`blicas sul― africanas; ela tamb6m n5o hesitou em pensar em dividir as

co16nias de outro Estado curopeu, Portugal, com a Alemanha. No oceano do planeta, todos os Estados eranl tubar6es e todos os estadistas sabiam disso.

440

4 ′rα Jο s ルηρびriο s

Mas o que tornou o mundO um lugar ainda mais perigoso fOi a equag5o t6cita de cresciinento cconOrnico ilirnitado e poder polftico, que veio a ser aceita inconscientemente. Assiin, o iin‐

perador alem5o pediu, ■os anos 1890, ``uln lugar ao sol"para seu Estadoo Bisrnarck poderia ter reivindicado O mesFnO ―― C, de fatO, cOnquistara um lugar muitissit■ o mais poderoso no mundo para a nova Alemanha do quc a Pr`ssia jamais desfru‐ tarao Contudo, Bismarck podia definir as dirnens6es de suas ambi95es, evitando cuidadosamente entrar no terreno das zonas sem controle, ao passo que para Guilherme II a frase se tor‐ nou um merO slο gα れ senl conte`do concretoo Forrnulava siinples‐ mente urn princfpio de proporcionalidade:quanto rnais poderosa fOr a ccOnonlia de um paFs, Inaior seri sua popula95o,lnaior o lugar internacional de sua nac5o‐ Estadoo Assiin, nao havia li‐ rnites te6ricOs ao lugar quc ele podia sentir que lhe cabiao Como dizia a frase nacionalista:“ Hcute lDeutschland,margen die ganze

Welt"(Hoic a Alemanha,amanh5 0 mundo inteiro).Tal dina‐ rnismo iH■ litado pode ser expresso na ret6rica polftica,cultural ou nacionalista¨ racista: rnas o real denorninador comum dos tres

nlvels era a necessldade llnperlosa de expandir uma econonlla capitalista inacica,observandO suas curvas estatfsticas dispararem para ciina, Senl isso sua significac50 seria t5o reduzida como,

digamos, a dos intelectuais poloneses dO s6culo XIX,quc acre‐

ditavam numa miss5o messianica de scu(entao naO e対

stente)

pals nO mundo. Em terrnos prdticos,o perigo naO era a Alemanha se propor concretamente a tomar o lugar britanico de potencia mundial, embora a ret6rica da agita95o nacionalista alema tenha prOnta‐

mente batido na tecla antibritanicao o perigo residia antes em

que um poder global exigia uma marinha global,c a Alemanha empreendeu (1897), portantO, a constru95o de uma grande es‐ quadra de guerra,que tinha a vantagem incidental de representar

n5o os velhos estados alemaes,mas exclusivamente a nova Ale‐

manha unificada, com um oficialato que representava nao os rs ″ れた θ ノ

prussianos Ou qualquer outra tradic5o guerreira aristo¨

crdtica,mas a nova classe m6dia,ou seja,a nova nacao.o pr6‐ prio alinirante Tirpitz, paladino da cxpansao naval, negou ter planeiado uma marinha capaz de derrotar a britanica,afillllando que s6 queria uma forOa naval ameacadora o bastante para forcar

Da paz a guerra

441

a Gra‐ Bretanha a apoiar as suas reivindica96es globais e, espe‐

ciallnente, coloniaiso A16m disso, seria possfvel esperar― se que um paFs do porte da Alemanha n5o tivesse uma marinha h altura de sua importancia? Do ponto de vista britanic。 ,a construcao de uma esquadra

de guerra alema一 ― mais que unl mero aumento da tensao para

sua marinha j`excessivamente comprometida a nfvel mundial e id Superada pela soma das esquadras das nac6es rivais,antigas e inodernas― ― significava o aumento das dificuldades em man―

ter,sequer,seu oblet市 O mais modesto:o de ser mais forte quc as duas outras maiores marinhas, combinadas(o ``padr5o duas potencias")。 Ao contrdrio de todas as outras, as bases da es‐ quadra alema cstavam inteiramente no NIar do Norte,de frente para a lngiaterra.

Seu obiet市 o naO podia ser outro sena。 O conflito com a marinha britanica.Do ponto de vista britanic。 ,a Alemanha era

essencialmente um poder continental e,como impbrta′ nles eStu_ diosos da geopolftica como Sir Halford Mackinder destacaram (1904),as grandes nac6es desse tipo i6 tem vantagens substan‐

ciais em relacao a uma ilha de tamanho m6dio.Os interesses marftimos alemaes legftimos cranl visivellnente marginais, ao

硼雰 哨it厭 還概茸∫ 鷺 ∬ ∬ ξ 』 謡t=1で 寵胤驚乳な aos exё rcitos

de Estados cujo elemento era a terra,Mesmo sc a

csquadra de gucrra alema nao fizesse absolutamente nada,inevi‐ tavellnente iinobilizaria navios britanicos, dificultando, ou atё iinpossibilitando,o controle naval britanico sobre dguas conside‐

radas宙 tais一 como o MediterraneO,。

Oceano rndico e a orla

do Allantic。 ,o que para a Alemanha cl・ a um sfmbolo de s`α

internacional e de ambic6es mundiais indefinidas, para o lrnpё

s `夕



rio Britanico era uma questao de vida ou morte, As dguas ame‐

ricanas podiam一 ― c foram em 1901 -― ser deixadas a cargo de um pafs amigo,os EUA;as 6guas do Extremo Oriente foram deixadas a cargo dos EUA c do Tap50, pol・ que ゑ ёpoca ambos eram na96es conl interesses puramentc regionais, que de quaト quer maneira nao parecianl incompatfveis conl os britanicos. A

marinha alem5,mesmo como marinha regional,o que n5o mais pretendia ser, era uma ameaca tanto pal・ a as ilhas britanicas conlo para a posicAO mti!ldial do lnlpё lo Britanic。 . A Gl・ 五‐ l・

ス θ″ α ″οs i“ ρびriο s

442

Bretanha defendeu ao mttxiino a preserva95o do s`α

Alemanha sua modificag5o一

′s 9“ O e a

“ se nao inevitavelmente,mesmo

intencionallnente,as custas da Gra‐ Bretanhao Nessas circunstan‐ cias e dada a rivalidade econOmica entre as indistrias dos dois

pafses,n5o adnlira que a Gra"Bretanha considerasse a Alemanha o mais provttvel e perigoso de seus adversdrios potenciais. Era ―― uma vez o perigo

16gico que se aproxiinasse da Franca c

russo minimizado pelo lapaO__da R`ssia,ainda mais porque a derrOta russa destrufra, pela primeira vez na mem6ria das pessoas ainda vivas, o equilibrio entre as na96es do continente

europeu quc os chanceleres britanicos tinham durante tanto tempoo Este fato revelou que a fOrga miHtar donlinante na Europa, de longe, Esses foram os antecedentes da surpreendente

dado por certo Alemanha era a a mais ternfvel. Trfplice Entente

anglo‐ franco‐ russa.

A divis5o da Europa nos dois blocos hostis levou quase um quarto de s6culo,da formag5o da Trfplice Allanga(1882)a confi_ gurag5o da Trfplice Entente(1907)。 N5o precisamos acompa― nhar o perfodo, ou os aconteciinentos subsequentes, atravё s do labirinto de todos os seus detalheso Estes apenas demonstram quc o atrito internacional no perfodo do imperialisrno era global ,quc ningu6m―― ainda menos os britanicos― ― sabia

e endenlic。

multo bem em que direcao as cOntracorrentes dos lnteresses, temores e ambic6es,suas e de outras nac6es,os estavam levando, e,embora o sentiinenlo de que estarianl levando a Europa rumo a uma guerra importante fosse gencralizado,nenhum dos gover‐

nos sabia muito bem o que fazer a esse respeito. Falharam in`meras tentativas de romper o sistema de blocos,ou ao menos de nlitig6-lo por meio de aproxirnacao entre Os blocos: entre Gra‐ Bretanha

e Alemanha, Alemanha e R`ssia, Alemanha e

Franga, R`ssia c Austria。

(Ds blocos, fortalecidos por planos

inflexfveis de estratё gia e mobilizacao, tOrnararn‐ se mais rfgidos;

o continente foi incontrolavellnente arrastado para a batalha por meio de uma s6rie de crises internacionais que, ap6s 1905,

cada vez mais eram solucionadas por

“malabarismo polftico''

一一 isto ё, pela ameaca da guerra.

A partir de 1905, a desestabilizagao da situagao interna_ cional, como conseqtencia da nova vaga dc revolu96es na peri‐ feria das sOciedades plenamente``burguesas'', acrescentou mate…

Da paz a guerra

443

rial inflamttvel novO a um mundo quc id estaVa prestes a pegar fogo. Houve a revolu95o russa de 1905, que deixou o lmpё rio Czarista tempOrariamente incapacitado,encoraiandO a Alemanha a insistir em suas reivindicag6es no Marrocos, intinlidando a Franga.Berlinl foi forgada a recuar na conferencia de Algeciras

(ianeirO de 1906)devidO aO apoio britanico a Franca,cm parte

porque uma guerra de grandes propor96es por causa de um problema puramente c。 10nial era pouco atracnte politicamente, em parte porque a marinha alem5 ainda se sentia cxcessivamente fraca para enfrentar uma gueFra COntra a marinha britanica. Dois anos depois,a Revolu950'rurca destruiu os acordos,cuida‐ dosamente construFdos, que visavam ao equilfbrio internacional

no sempre explosivo Oriente Pr6ximo.A Austria aproveitou a Oportunidade para anexar formallnente a B6snia‐ Herzegovina (quC anteriormente apenas administrava), preCipitando assiin

uma crise com a R`ssia,resolvida apenas com a ameaga de um apoio militar alem5o≧

Austria・ A terceira grande crise interna‐

cional,enl tOrno do Marrocos em 1911,tinha reconhecidamente pouco a ver com a revolu95o e tudo a ver com O imperialismo ―― e Com as duvidosas operag6es dc homens de neg6cios piratas

que perceberam suas m`ltiplas possibilidadeso A Alemanha en‐ viou uma canhoneira disposta a se apoderar dO porto de Agadir, ao sul dO MarrOcos,no intuito de Obter alguma``compensa95o'' dos franceses por seu``protetorado"iminente sobre o Marrocos,

mas foi for9ada a recuar pelo que pareccu ser uma ameaga britanica, a de ir a guerra dO ladO dos franceses・ Ё irrelevante se isso foi inesmo proposital ou l15o.

A crise de Agadir demonstrou que quase todo confronto entre duas potencias importantes agora as lcvava a beira da guerra, Quando prosseguiu o desmoronamento dO Irnpё rio Tur・ CO ―― COm a lt61ia atacando e ocupandO a Lfbia em 191l c a Sё rVia,

a Bulgiria c a Gr6cia empreendendo a expuls5o dos

turcos da penfnsula balcanica cm 1912-―

todas as nag6es esta‐

vam iinobilizadas, tanto pela relutancia cnl antagonizar um aliado potencial como a lt61ia,at6 entao naO cOmprometida com

nenhum dos dois lados,como pelo medo de serem arrastadas a problemas incontrolttveis pelos Estados balcanicos. Em 1914 ficOu provado que tinham raz5oo Congeladas na iinobilidade,

viram a Turquia ser quase empurrada para fOra da Europa c

4 θrα ″Os I′

444



びr10s

uma segunda guerra cntre os Estados pigmeus balcanicos vitO‐ riosOs redesenhar o mapa dos B61c5s ern 1913. C)mttxirno quc as potencias europё ias conseguiram foi criar unl Estado indc‐ pendente na Albania(1913)一 ― sob O principe alem50 de cos‐

tume, embOra os albancses quc se preocupavaFn COm O assunto preferissem um aristocrata ingles independente quc mais tardc inspirou as novelas de aventuras de lohn BuChan.A crise balca‐

nica seguinte foi precipitada em 28 de iunhO de 1914,quando o herdeiro do trono austrfaco,O arquiduque Francisco Fernando, visitou a capital da B6snia, SaralCVO。

O que tOrnou a situac5o ainda mais explosiva foi quc, iuStamente nessc perfodo,a pOlftica intcrna das principais poten‐

cias empurrou sua polftica cxterna para a zona de perigoo Como 宙mOS(Ver pp,158-9e414-5 acima),ap6s 1905 os mecanismos

polfticos que serviam para administrar estavelmente os regimes cornecaram ViSiVelmente a l・

uil・

.Tornou‐ se cada vez mais diffcil

controlar, c ainda mais absorver e integrar, as mobilizac5es e contramobilizac6es dos s`ditos em via de sc transformarem em cidad5os dcmocrdticos.A pr6pria polftica democrtttica encerrava

um elemento de alto risco,atこ num Estado como a Gr5-Breta‐ nha,que lmantinha a verdadeira polftica externa cuidadosamentc oculta, n5o apcnas llo Parlamento como tambё m dc parte do gabinetc libcral.O que fez a cl・ isc de Agadil・

avancar de uma

ocasi5o de conchavO polftico potencial a uma confrontacao dc soma zero foi um discurso p`blico de Lloyd Georgc que parecia n50 dcixar a Alemanha outl・ a opca O alё rn da guel・ ra ou do recuo.

A politica n5o democrdtica era pior aindat Seria possfvei nao afirmar ``quc as principais causas da trdgica deflagracao eurO_ ia de iulhO de 1914 foram a incapacidade de as forgas demo‐



crdticas da Europa central e oriental controlarem os elementos ■liHtaristas de suas socicdades e a rendic5o dos autocratas, n5o a seus s`ditos demo9rdticos lcais, mas a seus conselheirOs lnih‐

tares irrespons`vcis''?15E,pior que tudo,os pafses quc estavam cnfrentando problemas internos insoliveis naO sc sentirianl ten‐

tados a apostar na solucao propiciada por urn triunfO externo, especiahnente quando sctis cOnSe11leirOs rnilitares lhes diziaΠ l quct desde que a guel・ a era ccl・ ta. O melhor momento para agil・ el・ a 1・

a8ora?

Da paz らgtlerra

445

N5o era, certamente, o caso na Gra‐ Bretanha e na Franca, apesar de seus problemas. Foi provavelinente o caso na ltalia, cmbora, felizmente, o aventureirisnlo itahano sozinho nttO pu‐ desse deflagrar a guerra mundial・ Foi o caso na Alemanha? Os

histOriadores continuam discutindo sObre o efeito da polftica interna alema na sua polftica extcrna. Parece clarO que(com O ern todas as outras nac6es)a agitac50 de dil´ t市 ou

eita nas bases incen‐

e aludou a cOrrida armamentista competit市

a, especial‐

mente no mar. Afirmou‐ se quc a illquietacao dOs trabalhadores e o avan9o eleitoral da social_democl・ acia fizeram com quc as elites dirigentes se interessasserll em desarrnar O problema intcr―

no por rneio do exito externo.Sem d`vidat havia muitos conser‐

vadOres que, como o duquc dc Ratibol・ , pcnsavam que era ne‐ cessttria uma guerra pal・ a restaurar a antiga ordern, como em 1864‐

1871,16 PrOVavelrnente essa idё ia n5o fez nada mais do

que tornar os civis rnenos cё ticos em l・ ela95o aos argumentos de

seus generais belicosos, Foi o caso na R`ssia? Sirn, na medida em que o czarisrno, restaurado ap6s 1905 corn modestas con― cess6es a liberaHzac5o polftica, viu provavellnente no apclo ao

nacionalismo da Grande R6ssia e a g16ria da forca militar sua estratё gia

mais promissora,com vistas a renascer e se fortalecer. E de fatO, se na o fosse pela lealdade firmc e entusi6stica das

forcas armadas, a proxiinidade de uma revoluc5o teria sido maior em 1913‐ 1914 que cm qualquer outrO momento entre 1905 e 1917,Contudo,cm 1914 a R`ssia conl〔 oda cet・ teza n5o queria a guerra. Ⅳlas,gracas a alguns anos de preparac5o

■lili‐

tar,ternida pelos generais alernaes,a R`ssia podia contemplar uma gucrl・ a enl 1914, o qtic, evidentelllcnte( naO teria sido pos― sfvel alguns anos allles.

Entretanlo, havia uma nacao quc nttO podia senao apOStar sua existencia no iogo militar,porquc sem ele parecia conde― nada: a Austria‐ Hungria, dilaccrada desde mcados da dё cada de 1890 por problcmas nacionais cada vcz mais inadnlinistrdveis, dos quais os dos cslavos dO stil parecianl sel・ os mais recalci‐ trantes e pel・ igosos, por tres motivos. Pl・

il■

ciro, pOrque nao s6

causavarn transtornos ―― como as outras naclonalidades politi‐ camentc organizadas nO ilnpё lo multinacional, que disputavam vantagens uinas hs outl・ as ―― coll10 talmbё nl complicavam as ア coisas ao pertcnccr tanlo ao govcrllo dc ヽielna __ lingiiistica‐ l・

4

446

θ″ α ごοs ,“ ρびr:Os

mente fiexfvel ―― como ao de Budapeste ―― irnplacavellnente

magiaro A agita95o dos eslavos do sul na Hungria, a16nl de 『

Cttκ

寵 驚 犠 t:き 青 :hill著 :lell濡 言鷺 r:寵 lttT吼 dos eslavos da Austria nao pOdia ser desenraizado da polftica balcanica c,na verdade,ambos estavam ainda mais entrelagados desdc a ocupa95o da B6snia,em 1878。 Ademais,id e対 Stia um Estado independente eslavO do sul,a S6rvia(sem COntar Monte‐

negro, um homё rico pequeno Estado montanhoso de pastores de cabras hostis, pistolciros e prfncipes‐ bispos apreciadores das

inirnizades feudais e sangrentas e da composig5o de 6picos he‐

r6icos), O quc podia ser uma tentagtto para os eslavos do sul dissidentes nO impё rio.Terceiro,porquc a derrocada do lmp`rio

C)tomano praticamente condenou o lmp6rio Habsburgo, salvo se este pudesse demonstrar, sern sombra de d`vida, quc ainda era uma grande nag5o nos B61cas,Onde ningu6rn podia se meter, Atё o filn de scus dias, Gavri10 Princip, o assassino do

arquiduquc Francisco Fernando, nao conseguiu acreditar que sua lnin`scula iniciativa tivessc ateado fogo ao mundo. A crise

final de 1914 foi t5o completamente inesperada, t5o traum6tica e,vista retrospectivamente, t5o persistente porque foi essencial‐

mente urn incidente na polftica austrfaca quc exigia, na opini5o

de Viena,quc se “desse uma licao na S6r宙 a". A atmosfera internacional parecia callnao Nenhum lninistё rio das relag6es exteriores esperava problcmas em iunhO de 1914,e personali‐

dades p`blicas hd d6cadas eram assassinadas com uma certa freqtiencia, Em princfpio, ninguё

m nem se preocupou com o

fato de uma grande nacao intervir pesadamente num vizillho pequenO e problem`tico, Desde ent5o cerca de cinco mil livros foram escritos para explicar o aparentemente inexplic`vel: como, de■ tro

de pouco mais de cinco semanas ap6s Saraicvo,a Europa sc encontrava ern gucrra.* A resposta irnediata parece agora t5o clara com simples: a Alemanha decidiu dar apoio total a

se ine‐ Austria,ou seia,nttO acalmar a situac5o,O resto scguiu‐ xoravelinente. Pois, em 1914, 9″ α′ θ r confronto entre os blo‐ 9“

cos em que se esperasse que um dos dois lados l・ ecuasse os ネcom eXcecao da Espanha, Escandin`via, Holanda c Sufゞ a, todos os Estados europeus finalrncnte se cnvolveram, conlo tamb`nl o Tap50 0

し s EUA.

Da paz a guerra

447

levava a beira da guerra, Alё m de um certo ponlo, as mobili‐ zac6es inflexfveis das fOrcas lniHtares, sem as quais tal con―

fronto n5o mereceria credibilidade, n5o podiam retrocedero A ``desmObiliza95o'' nao poderia nlais desmobilizar, mas apenas destruiro Em 1914, 9α α:9′ θr incidente, por mais aleat6rio quc fosse ―― at6 a acao de um tcrrorista estudantil ineficaz num canto perdido do continente ―― podia levar a csse confronto, se alguma nag冨 o isolada, presa aO sistema de bloco e contra‐ bloco, escolhesse lev6‐ lo a sё rio. Assirn, a guerra chegou e, em circunstancias comparttveis, chcgaria Outra ve2. Em suma, as crises internas c internacionais nos `ltil■ os

anos anteriores a 1914 fundiram‐ se,A R`ssia uma vez mais ameagada pela revolucaO sOcial, a Austria desafiada pela desin‐

tegra9ao de urn imp6rio m`ltiplo naO mais contro16vel, c at6 a Alemanha polarizada c talvez arneacada pelo imobilisrnO devido a suas divis6es polfticas― ― todos eles pendiam para o lado de seus nlilitares e suas soluc6es. At6 a Franca, unida por uma relutancia a pagar iinpostos e, pOrtanto, a conseguir as verbas

necess6rias para um rearmamento maci9o(era mais fう

cil pr01on―

gar Outra vez o servico rnilitar para tres anos),elegeu ern 1913 um presidente que COnclamou ≧ vingan9a contra a Alemanha e

clnitiu rufdos belicosos, fazendO eco aos generais que agora, com otiinislno assassino, abandonavam uma estratё

gia defensiva

por um assaltO ofensivo dO outro ladO do Reno. Os britanicos preferiam os navios de gucrra aos soldados: a marinha sempre fora popular, uma g16ria nacional passfvel de ser aceita pelos Hberais como protetora do comこ rciOo As cicatrizes navais tinham

charme polfticO, ao contrdriO da reforma do exё rcito. Poucos,

mesmo entre seus polfticos, perceberam que os planos para

uma guerra coniunta com a Franca implicavam um exё

rcito

maci9o e finalinente a convocacao, e de fato na o tinham em vista nada alё m de uma guerra basicalllente naval e COmercial. Contudo,embora o governo britanico tenha se mantido pacffico at6 o `ltimo momento― ― ou antes, se recusou a tomar posic5o temendo uma divisao do gOverno liberal一 ― ele naO podia pcn‐ sar em ficar fOra da guerra. Fclizmente, a invasao alema da Bё

lgica, hd muito pl・ eparada pe10 plano Schlieffen, prOpiciou a

Londres uma cobertura moral para necessidades diplom6ticas e militares.

448

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Mas como reagiriam as massas da Europa a uma gucrra que n5o podia senaO ser uma guerra de massas,j`que todos Os beligerantes, salvo os britanicos, se prepararam para lutar com

ex6rcitos de recrutas de enormes diinens5es? Enl agosto de 1914, antes mesmo da deflagragao das hostilidades, 19 ■lilh6es ―― e potenciallnente 50 nlilh6es― ― dc homens amados estavam frente a frente, de unl lado e de Outro das fronteiras。 17 Qual seria a atitude dessas lnassas quando convocadas e qual seria 0 iinpactO da guerra entre os civis,especiallnente se,como alguns militares argutamente suspeitavam一 embora quase面 o levando ――, a guerra nao terminasse rapidamente? Os britanicos eram particularmente sensfveis a

o dado em conta em seus planos

esse problema,pois dispunhanl apenas de volunt6rios para refor‐

9ar seu ex6rcito regular inodesto de 20 divis6es(comparado com

74 da Franca, 94 da Alemanha ё 108 da R`ssia), porquc as classes trabalhadOras eram sustentadaS sObretudo com alimentos

despachados de navio do ultramar, o quc era extremamente vulner`vel a unl bloqueio, e pOrque nos anos iinediatamente _ anteriores a guerra o gOverno enfrentara agita95o e tensao s。 ciais in6ditas na mem6ria das pessoas vivas a ёpoca c uma

situagac explosiva na lrlanda。 “A atinosfera de guerra",pensou o ministro liberal,ohn MOrley,“ n50 pode ser propFciaう ordem

num sistema democratico quc esti a beira do espfrito de [18148".*Mas a atmosfera intema das outras na96es tambこ era de natureza a inquietar seus governos,Ё

m

um errO pensar que

em 1914 os gOvernos se precipitaram a guerra para desativar suas crises sociais internas. No m`xiino, calcularam que o pa‐

triotismo minimizaria as resistencias mais graves e a nao‐ cO_ operag5o. Nisso eles estavam certos. A oposi95o liberal, humanitdria e reHgiosa a guerra sempre fora insignificante na prdtica, ern‐ bora nenhunl governo(cOnl a cxcecaO eventual da Gra‐ Bretanha)

estivesse disposto a reconhecer uma recusa a prestar servi9o militar por obiccaO de cOnsciencia,os m。 宙mentos trabalhista ●Paradoxallnente, o medo dos possfveis efeitos da rome na classe ope‐ rdria britanica sugeriu aos estrategistas navais a possibilidade de deses‐

tabilizar a Alemanha atrav`s de um bloqueio que levaria a fomc a seu pOvOo lstO foi, de fato. tcntado com sucesso considerivel durailtc a guerra,19

Da paz a guerra

449

e socialista organizados,em seu coniuntO,Se Opunham ardente― mente ao nlilitarisrno e a guerra, e O PartidO Trabalhista e a lnternacional Socialista inclus市 e se engalaram,em 1907,numa greve geral internacional contra a guerra,rnas polfticOs tcirnOsOs

naO lcvaram o fato muito a sё riO, embora um cxtremista de direita tcnha assassinad0 0 grande lfder e Orador sOcialista fran ces lcan laurё s poucOs dias antes da guerra,quando ele tentava

desesperadamcnte salvar a paz。 (Ds principais partidos sOcialis― tas foram cOntra essa greve,poucos acreditavam quc fOsse vi6vel e, dc qualqucr maneira, comO lauras rcconheceu・ ` `uma vez

deflagrada a guerra, n5o podemos fazer mais nada''`20 c。 1.lo viinos, O nlinistro dO InteriOr da Franca ncrn se incomodou em prender Os perigosos nlilitantes antigucrra, dos quais a polfcia preparara cuidadosamente uma lista ncsse intuitO. A dissidencia nacionalista n5o den10nstrou irnediatamcnte ser um fatOr gravc.

Em suma, a convocac5o do governo ao anstamento naO enfren‐ tou uma rcal rcsistencia.

Mas Os governos se enganaram no que tange a um ponto crucial:foram pegOs totalmente de surpresa,assim como os que sc opunham a guerra, pela extraOrdindria vaga de entusiasmo patri6tico coin que scus povos parecianl lnergulhar nunl conflito no qual ao menos 20 rnilhocs dc pessoas serianl mortas Ou feri_

das, sem deixaram fome c a cento de

cOntar os incalcu16veis nlilh6es dc nasciinentos quc de acontecer e O excesso de inOrtes civis devido h doen9a. As autoridadcs francesas prcviam 5 a 13 por desercao: na verdade apenas l,5 por cento se esquivou

ao recrutamcnto cm 1914.Na Cra― Brctanha,onde havia a mais forte Oposigao polftica a gucrra e ondc cla estava profundamentc

enraizada na tradi95o, tanto na Hberal quan10 na trabalhista c socialista, O n`mcro de volunt61・

los nas prillleiras OitO semanas

foi dc 750 mil,mais um milh5o nos oito meses seguintes.210s alemaes, comO prcvistO, nem sonharam em desobedccer as Or‐ dens, ``cOmO alguё nl vai poder dizer quc na O amamos nossa

pltria quandO ap6s a gucrra tantos lnilhares dc nOssos bons companhcirOs de partido dizenl `fOn10s cOndecorados por he_ rofsmo'?'',Assim cscreveu um militante social― democrata ale―

m5o,tendo rcccbidO a Cruz dc Fel・ ro em 1914.22 Na Austria n50 foi s6 0 povo dOnlinantc que foi abalado por uma brcve onda de patriotisnlo. Como rccOnheceu O lfder sOcialista austrfa‐

A

450

θrα ∂οs i“ ρごriο ゞ

co lVictor Adler,“ mesrno entre as nacionalidades,lutar na gucrra

era uma esp6cie de liberta95o, uma csperanga de quc algo dife‐ rente viria''。

23 Atё

na R`ssia, ondc haviam sido previstos um

rnilhao de desertores, todos, salvo poucos nlilhares dos 15 rlli‐

lh6es, obedeceram a convocac5o. As massas seguiram as ban‐ deiras de seus respectivos Estados e abandonaram os lfderes que se opuserarn うguerra. Na verdade, deles restavam poucos, ao menos em p`blicoo Ern 1914,os povos da Europa foram ale…

gremente massacrar c ser massacradOs, por pouco tempo, no

entantoo Ap6s a Primeira Guerra ⅣIundial isso nunca mais aconteceu.

O rnomento os surpreender五 , mas n5o mais pelo fato da guerra, ao qual a Europa sc habituaria, como alguё m que ve

uma tempcstadc se aprOxiinando. De certo modo sua chegada fOi amplamentc sentida comO uma libertac5o e um alivio, sobre‐ tudO pclos iOVens da classc mё dia一 ― homens,muito mais que

mulheres― ― embora menos pelos operdrios e menos ainda p91os

camponeses,ComO uma tempestade,ela rompeu o abafamento dtt cspera c lilnpou o ar. Significou o filn da superficialidade e

da frivolidadc da sociedade burgucsa,do tedioso gradualislno da melhoria do sё culo XIX, da tranqtilidadc e da ordem pacffica

que era a utopia liberal para o s6culo XX e que Nictzsche de‐

nunciara profeticamente,iuntO COm a“ p`lida hipocrisia admi‐ nistrada por inandarins"。

24 Ap6s uma longa espera no audit6rio,

significou a abcrtura da cortina para o infcio de um drama his‐

t6rico grandioso c empolgante do qual o p`blicO descobriu ser o elencoo Significou dccis5o,

O fato de a guerra ter sido o momento da transposigao de uma fronteira hist6rica一 ― uma daquelas raras datas que mar‐ cam a periodizag50 da civiliza95o humana ―― teria sidO reco‐

nhecidO como algo mais quc uma conveniencia pedag6gica?Pro―

vaveinlente sim, apesar da esperanca muito disseminada numa guerra curta,nurn retorno previsivel a vida norlnal e a``norma_

lidade" retrospectivamente identificada a 1913, presente em tantas das opini5es registradas de 1914.At6 as ilus6es dos iO‐

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£朧

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implicaram mudangas profundas.O sentimento da guerra como firn de uma ёpoca era talvez mais forte no mundo da polftica,

Da paz a guerra

451

embora poucos tivessenl uma consciencia t5。 clara como o Nietzsche dos a,os 1880 da``era de guerras,levantes[3‐ s′ ″rzθ ], explos6es monstruosas I″ gθ 力θ夕″ θ]" que comecara,26 ainda me‐ “ esquerda quc, interpretando a seu nos numerosos foram os de pr6p五 o modO a guerra,nela viam esperanga, como Lenino Para OS SOCialiStas a guerra era uma cat6strofe dupla c imediata,pois,

como moviinento dedicado ao internacionalismo c a paz, foi subitamente reduzido a impOtencia,c a vaga de uniao nacional e patriotismO sOb a dire95o das classes dirigentes tomou conta,

embora momentaneamente, dos partidos e at6 dO proletariado conl consciencia de classe dos pafses beligerantes,Entre os esta‐

distas dos antigos regilnes houve ao menos um quc reconheceu

que tudo mudara. “As lampadas estao se apagando na Europa inteira",disse Edward Grey ao ver as luzes da sede dO governo ingles apagadas na noite em quc a Gra‐ Bretanha c a Alemanha entraram em guerra。 “N5o as veremos brilhar outra vez em nossa existencia."

Temos vivido,desde agosto de 1914,no mundo de guerras, levantes e explos6es monstruosas quc Nietzsche profeticamente anunciou.Ё isto que envolve a era anterior a 1914 com a n6voa

da nostalgia,uma tenuc idade de ouro, de ordem e de paz, de perspectivas nao prOblemttticas.Tais proje96es passadas de bons velhos tempos imagindriOs pertencem a hist6ria das`ltilllas dё



cadas dO s6cu10 Xx, e nao das prilneiras. Os historiadores dos dias anteriores ao apagar das luzes naδ pensavana nelas, Sua preocupag5o centr11, que perpassa cste livro, deve ser a de en‐

tender e mostrar como a era da paz, da civilizag5o burguesa confiante e cada vez mais pr6spera, e dos imp6rios Ocidentais,

carregava helutavellnente dentro de si o embri50 da era da guerra, da revolu9ao e da crise que marcou seu filn.

EPILOGO

Wirた Ijσ ん ′jcλ Jθbθ gJο Dα s α″ sθ フアο″

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jれ S′ θ ″ θ れZθ θ ″′ ノ j′

′ 0″ jc力 ′ 。Ej″ θ

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Dθ ′ みθαθ θ ′αノU″ θ ρノ 滋αJiCん たθ 力 .Dθ ″Lα θ “ “rθ Nacみ ″ Hα “ ′ごjθ “ bα ,c力 ′ ノrc力 ′ `js′

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“ iaみ ′θ ρ″″ gθ ″ ″″ocL″ “ Bertolt Brecht, .

1937‐ 19381

スs彪 山 s prθ cθJθ れ′ θsノ ο″ ,pθ Jα pri“ θjκ ソθz,pθ rcθ bj‐ “,ご θαソα″fο εOれ S`α ″′ “ θ, 9“ αsι ごαs cο ο αJO″ gα jご αごθごθο rο jれ “ “ “ “ pra. Eχ ′ J″ α θ″′ θrr“ α′ θ σO“ O Jissθ Hθ gθ 7, sび co“ θβα OS α “α “ θ Jα θ ″′ θ ″ごar αθ ″ α9“ ″ごO α ″ a ο sθ ノ θ θ 力 α r sο brθ s cο r′ ′ α s ソ “ “ θ ο r“ ′ α θ θ θ α SSi“ ″ α O α ″Oj′ εr''り ′ に ν b″ s“ α s α sα s α ″ Mj″ θ , gα "α s6 ご ο θ ο s c力 θ rα fOs pο si‐ ″ α racο ″ λ θ ″ ′ θ ο ar α bθ ″ ′ α θsθ s ι ``lπ ρ jッ “ “brθ α gο rα Os α ′ O“θ′ s α ″″ Os′η θ ″ OS prο αS“ b“ 9″ θ ″′ 0“ ′ j“ “ `ι “ “ ttο Sご θ И ′ s′ α― ″ θ sttθ ο θ И η θ ″ cO″ ″ α α ″ ム α ″ JO‐ ο r′ αごθε″sノ 9“ ρ `θ “ ′ θ s cO“ αα ″′ θ r′ 0″ .

Albert O.Hirschman,19862

l

Se a palavra “cat6strofe" fora mencionada pelos membros da classe m6dia Ourop6ia antes de 1913, quase com certeza se‐ ria relacionada a un■ dos poucos aconteciinentos traum`ticos

em quc homens e mulheres com eles se viram envolvidos no decorrer de uma vida longa c, em geral, tranqtlila: como o in…

cendio do Karitheater,enl Viena, em 1881, durante uma apre‐ sentacao dos cο ″ s′ θHο ノ ノ αれ,de Offenbach,no qual per‐ `ο



454

ス θrα ごοs′ ριriο s “

deram‐ se quase l.500 vidas, ou o naufrdgio do Tj`α れ,c

com

n`mero equivalente de vftilnaso As catttstrofes muito maiores quc atingiram a vida dos pobres― 一 com0 0 terremoto de 1908

em Messina, muito mais grave quc o modesto tremor de S5o Francisco (1905), ao qual, contudo, se deu muito mais impor‐ tancia __ e as cOntinuas ameagas a vida, h integridade ffsica c a sa`de quc sempre atormentou a existencia das classes tra‐

balhadoras ainda hole chamam menos a aten95o do p`blico.

Ap6s 1914, o mundo sugeria, sem sombra de d`vida, outras e maiores calarnidades, at6 aos mais iinunes a elas em suas vidas pessoaiso A Priincira Guerra Ⅳlundial acabou nao

sendo``os`ltimos dias da humanidade'',como Karl Kraus a chamou em seu quase‐ drama de denincia; mas ninguё m quc tenha viYidO uma vida adulta, tanto antes como depois de 1914… 1918, cm qualquer lugar da Europa e, cada vez mais, cm amplas ttreas fora do mundo europeu, poderia deixar de observar que os tempos havianl mudado dramaticamente。 A rnudanga mais 6bvia c imediata foi quc agora a hist6ria mundial se desenrolava,evidentemente,atrav6s de uma s6rie de convuls6es sfslrlicas e cataclismas humanos. A id6ia de pro‐ gresso ou mudanga continua nunca se mostrou ttto pouco plau‐ sfvel como durante a vida dos que passaram pelas duas guerras mundiais, por dois perfodos globais de revolu96es ap6s cada gucrra, pela descolonizagao generalizada c em parte revolucio‐

ndria, por duas expuls6es enl massa de povos que cullninaram

em genocFdio e ao menos uma crise econOmica cuia gra宙 dade foi suficiente para despertar d`vidas sobre o pr6prio futuro dos setores do capitalismo ainda n5o derrubados pela revolu95o ―― levantes quc afetaram continentes e pafses bastante dis― tantes da zona de guerra c convulsao p01ftica curop6ia. Uma pessoa nascida, digamos, em 1900 teria passado por tudo isso diretamente― ― ou atravё s dos meios de comunicag5o de massa quc tornaram os fatOs irnediatamente acessfveis ―― antes de atingir a idade da aposentadoria. Iち 6 clarO, O perfil hist6rico configurado por convuls6es continuaria.

Antes de 1914,as inicas quantidades medidas em nlilh6es, fora as da astrononlia, eranl praticamente as popula96es dos

pafses e os dados da produ93o, do com6rcio e das finan9as. A partir de 1914,nos acostumamos a ter n`meros de vftimas

Epflogo

455

de tais magnitudes:as guerras,mesmo localizadas(Espanha, Cor6ia,Vietna)― _as maiores fazem dezenas de milh6es― ―,o n`merO dOs que sao levados a iinigra95o for9ada ou aO exflio (gregOS,alemaes,rnuculinanos no subcontinente indiano,た

″じ 畿

s),

c at6 o dos massacrados em genocFdios(a・ 11lenios,iudeuS), sem contar os que morrem por causa da fome e das epideFniaS. Colmo tais magnitudes humanas fogein a um registro preciso ou

como a mente humana n5o consegue compreende-las, elas sao discutidas acaloradamenteo Mas os debates giram em torno de θs a mais ou a menos.Essas cifras astronOmicas tambё m :肋 σ “ naO pOdem ser cabalmente explicadas,c ainda menOs iuStifica‐ das, pelo r6pido cresciinento da popula95o mundial em nosso sё culoo A maioria delas se refere a `reas onde ela naO cstava crescendo t5o depressa assiin. Hecatombes nessa cscala estavam a16m dO alcance da imagi‐

nacaO do s6cu10 xIX,c as quc ocorreranl se situavam no mundo

do atraso ou da barb`rie, fora dO ambitO dO progresso e da “civilizagaO moderna", c estavam, com certeza, destinadas a recuar diante do avan9o universal, embora desigual. As atroci‐

dades do Congo e da AinazOnia, de propor96es modestas pelos

padr6es modernOs,chocaram tanto a Era do lmp6rio― 一 comO testemunha o livro O Cο rα ″ ο ∂αS Trθ ναs, dc loseph COnrad ―― s6porquc eram,manifestamente, regress6es do homem civi‐ lizadO a selvageria,O estado de coisas a quc nos acostumamos, no qual a tortura voltou a fazer parte dos mё todos policiais em paFses que se orgulham de seu grau de civilidade,teria nao apenas repugnado a opini5o polftica como te五 a sido conside‐

rado, com raz5o, uma recaFda na barb`ric, o que foi contra todas as tendencias hist6ricas de desenv01viinento observ`veis

desde meados do s6culo XVHI. Ap6s a cat6strofe maci9a de 1914 e cada vez mais, os m6todos da barb`rie se tornaram parte integrante e esperada do mundO civili2ado, tanto quc encobriralrl os avan9os con‐

tfnuos e notttveis da tecnologia e da capacidadc humana de produzir e inclusive as ineg6veis inelhorias na organiza95o social

humana em muitos lugares do mundo, at6 que se tornasse irnpossfvel ignord_los,no decorrer do grande salto para a frente

da econornia mundial, nO terceiro quartel do s6culo XX, Em

tcrmos de melhoria material da humanidade como um todo,

A

456

θrα Jο s i“ Pび riο s

para n5o mencionar sua compreensao e scu controle da natu‐

reza, os argumentOs a favor de uma vis5o da hist6ria do s6culo XX como progresso s5o, na verdade, mais convincentes do que no caso do s6culo XIX. Pois mesmo se curopeus morre‐ ram e fugiram aos lnilh6es, os sobreviventes estavam se tor‐ nando mais numerosos, mais altos, mais sadios e vivianl mais

tempoo A maioria vivia melhor. Mas os motivos por que per" demos o h6bito de pensar en■

nossa hist6ria como progresso

s5o6bvios,Embora o progresso do s6culo XX seia inegivel, as previs6es nao sugerem um ascenso continuo, mas a possibi‐ lidade, talvez atr a irninecia, de alguma cat6strofe: outra c mais letal guerra mundial,uFFl deSastre eco16gico,uma tecn。 logia

cujo triunfo torne o mundo inabit`vel para a esp6cic humana, ou qualquer outra fo.11la atual que o pesadelo possa revestir. A experiencia nos ensinou, em nosso s6Cu10, a viver na cxpec‐ tativa do apocalipse.

Mas para os membros do mundo burgues instruFdo e pr6s‐ pero que viveram nessa cra de cat6strofe e cOnvuls5o social,nao parece se tratar, enl priineira instancia, de um cataclisma for‐

tuito, algo como um furac5o generalizado que devastasse tudo a sua passagemo Parecia ser dirigido especificamente contra sua ordern social,polftica c moralo Seu resultado prov`vel, que o liberalismo burgues n5。 tinha como evitar, cra a revolu95o

social das massaso Na Europa a guerra gerou nao s6 a ruina ou a crise de todos oS Estados e regiines a leste do Reno e na

borda ocidental dos Alpes,mas tamb6m o primeiro regime que cmpreendeu, deliberada e sistematicamente, a transforma95o dessa ruFna na derrubada geral do capitalislno, na destruicao da burguesia e na constru95o de uma sociedade socialista: o re‐

giine bolcheviquc, que chegou ao poder na R`ssia com o des¨

moronamento do czarismo.Como vimos, os mo宙 mentos de massa do proletariado teoricamente dedicados a esse obiet市

0

i`e対 Stiam na maior parte do mundo desenvol宙 do,cmbora os polfticos dos pafses parlamentares tenham concluFdo quc ali n5o constitufam uma real ameaga para o s′ α′s9“ οo Mas a conl" “ Russa tornaram binag5o da guerra ≧ derrocada c a Revolucao o perigo iininente e quase irresistfvel.

O perigo do ``bolchevismo" dominou n5o s6 a hist6ria dos anos imediatamente posteriores a Revolu9五

o Russa de 1917,

Ep■ o80

457

como toda a hist6ria do mundO desde entaoo lnclusive, por muito tempo,dcu a seus conflitos internacionais a aparencia de uma guerra civil e ideo16gica. No final dO s6culo XX,ele ainda donlina a ret6rica do confronto entre as superpotencias,ao me‐ nos unilaterallnente,cmbora at6 o olhar inais superficial perceba

quc os anos 80 nao cOmbinarFI COm a imagem de uma revolu95o mundial `nica prestes a esinagar o quc O jarg5o internacional chamou de``ecOnonlias de lnercado desenvolvidas'',ainda lnenos se orquestrada a partir de uFn Centro inico e com vistas a cons_

tru9=o de um inico sistema socialista monolftico sem vontade ou capacidade de coexistir corn O capitaHsmo. A hist6ria do mundo desde a Priineira Guerra Mundial tomou forma a sombra de Lenin, real ou irnaginari。 , comO a hist6ria do mundo oci‐

dental nO S6cu10 xIX tornou forma )sornbra da Revolu95o Francesao Em ambos os casos, acabou saindo da sombra, mas naO tOtalinenteo Da mesma maneira quc Os polfticos, Inesmo em 1914, especulavam sobre se o espfrito reinante no prё ‐ guerra lembrava 1848, assiin nos anos 1980 cada derrubada de algum

regirne em algum lugar do Ocidente ou dO Terceiro NIundo evoca csperangas ou temores do ``poder marxista". O rnundo n50 se tornou socialista, cmbora cm 1917‐ 1920 isso fosse considerado possfvel, ou mesmo inevitttvel a longo

prazo,nao s6 por Lenin como tamb6rn,por alguFn tempo,pelos que representavam e governavam regirnes burgueses, Durante alguns meses, at6 os capitalistas europeus, ou ao menos seus vozes intelectuais e adnlinistradores, pareciam resignados a cutanasia,pOiS estavam diante de movirnentos operdrios socia‐ porta‐

listas imensamente fortalecidos depois de 1914 e que, na ver‐

dade,em alguns paFses como a Alemanha c a Austria,consti‐ tuFam a`nica forOa organizada c capaz de apoiar o Estado, que havia sobrevivido a ruina dos antigos regiines. Qualquer coisa era melhor que o bolchevismo, at6 a desistencia pacffica。 (Ds

longOs debates(sObretudo em 1919)SObre em que medida as econornias deviam ser socializadas, cOmo deviarn ser sociali‐ zadas e quanto devia ser concedido aO novo poder do proleta…

riado nao eram apenas manobras tttticas para ganhar tempo. S6o aparentaram quando ficou provado que o perfodo de grave perigo, real ou imagindrio, para O sistema tinha sidO tao brevc quc, afinal de contas, nada de drdsticO precisava ser feito.

jο s ス θrα ごοs i“ pι ′

458

Retrospectivamente podemos ver que o susto foi exagerado。 0 1■ omento de revolugao mundial potencial passou, deixando

atris de si apenas um regiine comunista num paFs extraordina‐ riamente enfraquecido e atrasado, cuio principal trunfo era a vastidao de seu territ6rio e de seus recursos,quc o transforllla‐

riam numa superpotencia p01ftica.Tamb6m deixou atr`s de si um potencial consider`vel de revolucao ant五

mperialista, FnOder‐

nizadora e campOnesa, a 6pOCa sobretudo na Asia, que reco‐ nhecia suas afinidades com a Revolu95o Russa, c as parcelas 1914, agora dividi‐ dos moviinentos socialista e trabalhista prё ‐ dos,quc arriscavaln a sorte com Lenino Nos pafses industrializa‐ dos,esses inoviinentos comunistas gerallnente representavam uma

nlinoria dos moviinentos de trabalhadores antes da Segunda Guerra Mundial. Como o futuro demonstraria, as econonlias e sociedades das “econonlias de mercado desenvolvidas" eram notavellnente resistenteso Caso contr`rio, dificilmente poderiam

ter emergido sem revolu95o soCial dos cerca de trinta anos de vagalh6es hist6ricos que poderiam ter feito navios enl mtts con‐ di96es naufragarem。 (D s6culo XX foi cheio de revolu9oes so‐ ciais, o outras ainda podem ocorrer antes de seu t6rrFlinO; mas

as sociedades industriais desenvolvidas foram mais ilnunes a elas que quaisquer outras,salvo quando a revolu95o lhes chegou como subproduto de uma derrota ou conquista militar。 Assirn,a revolu95o poupou os principais basti6es do capi¨

talisino mundial, embora por unl momento at6 seus defensores pensasSem estar prestes a desabaro A antiga ordem repeliu o assalto. Mas conseguiu afast`… lo ―― `′ れたα quc consegui‐ lo ―― transfollllandottse em algo muito diferente do que era em 1914.

Pois, ap6s essa data, diante do quc um eminente historiador liberal chamou de“ crise mundial"(Elie Halevy),0 1iberalismo burgues ficou totallnente perplexoo Podia renunciar ou ser var‐ demo‐ rido.Ou podia se assiinilar a algo como os partidos social… cratas“ reformistag,,,nao中 b01Cheviques,naO_revolucion6rios,que,

de fato, surgiram na Europa como a principal garantia da con‐ tinuidade social e polftica ap6s 1917 e, por conseguinte, dei¨

xaram de ser partidos de oposi95o para se tornarem governo, efetivo ou potencial. Em suma,podia desaparecer ou se tomar irreconhecfvel, lИ as sob sua forma antiga ele n5o tinha mais

nenhuma chance`

EPflogo

459

C}iovanni Giolitti(1842¨ 1928),da lt`lia(ver pp. 129,142‐ 3 e149‐ 50 acima),6 um exemplo do primeiro destinoo Como vimos, ele fora notavellnente benl‐ sucedido na``administra95o"da polfti‐

ca italiana do inicio do s6culo XX: conciliandO e domesticando os trabalhadores,comprando apolo polfticO,lnudando de posi95o

e negociando, concedendo, cvitando confr9ntoso Na situa95o socialinente revoluciondria de seu pafs no p6s‐

guerra,tais titicas

falharam totallnente. A cstabilidade da sociedade burguesa foi

recuperada por melo de gangues armadas de

“nacionalistas" e

fascistas da classe m6dia, numa verdadeira guerra de classes

contra um moviinento de trabalhadores incapaz de fazer uma revolu95o。 Os p。 lfticOs(liberais)os apOiaram,com a va cspe_ ranga de poder integr五 ‐ los a seu sistema. Em 1922, os fascistas

assunliram o governo,ap6s o que a democracia, o parlamento, os partidos e os antigos polfticos liberais foram elinlinados, O caSo italiano foi apenas um entre muitos.De 1920 a 1939 os sistemas democrdticos parlamentares praticamente desapareceram na maioria dos Estados europeus,comunistas ou nao。 * os fatos falam por si nlesnlos.()liberalisrrlo na Europa parecia conde‐

nado por uma gerac5o。

Ohn Maynard Keynes,tambё m discutidO acima(ver pp 249‐ 丁 50e259‐ 60),6 unl exemplo da segunda escolha,ainda inais inte‐ ressante por ter apoiado o Partido Liberal Britanico a vida toda

e ser um membro consciente do quc ele chamava de sua classe, “a burguesia instruFda"。

Como lovem ecOnomista,Keynes fora

quase a quintessencia da ortodoxiao Ele pensava, com raz5o, que a Priineira Guerra Mundial era tao initil como incompa‐ tivel conl a econonlia liberal e conl a civiliza95o burguesa。 Como consultor profissional dos governos de guerra posteriores a 1914, foi favor`vel ) menor interrup95o possfvel dos “neg6‐ cios cOmo de costume".UIna vez mais,de modo bastante 16gico,

achava quc o grande lfder de guerra (liberal) Lloyd George estava levandO a Gra¨ Bretanha a rufna econ6mica ao subordinar ・ Em 1939, os inicos, dentre os 27 Estados europeus, que podiam ser

descritOs como democracias parlamentares eram: Reino Unido, Estado Livre da lrlanda, Fran9a, B61gica, Suf9a, Holanda e os quatro escandi‐

navos (a Finlandia por pouco). Todos eles, salvo o Reino Unido, 0 Estado Livre da lrlanda, a Su6cia c a Suf9a, logo desapareceriam tenl・

porariamente em virtude de ocupac5o ou de alianOa com a Alemanha nazista.

460

ハ θra αOs i“ Pび rわ s

todo o resto a conquista da vit6ria miHtar.* Ficou horrorizado,

mas n5o surpreso, ao ver boa parte da Europa e do quc ele considerava civiliza95o curop6ia ruir sob o peso da derrota e da

revolu95oo Concluiu, outra vez acertadamente, quc um tratado de paz politicamente irrespons`vel ilnposto pelos vencedores comprometeria as chances de recuperar a estabilidade capitalista

da Alemanha, e portanto d, Europa, em bases liberais, Entre‐ θ tanto,diante do desaparecimento irremedi`vel da bθ IJθ `Po9“ de do pr6‐ guerra, de quc ele tanto desfrutara em companhia

seus amigos de Cambridge e Bloomsbury, Keynes dedicou, a partir daf, todo seu consider`vel brilho intelectual, sua criativi‐

dade, seu estilo e sua capacidade de persuas5o a encontrar uma maneira de salvar o capitalismO de si mesmo.

COmo decorrencia,acabou revolucionando a ciencia eco6 mica, a cienOia social mais ligada h economia de mercado da ldade dos lmp6rios e que evitara inoOrporar o sentilnento de crise, tao evidente em outras ciencias sociais (ver pp. 373・ 6 acima)。 A crise,primeiro polftica e depois econOmica,serviu de base para Keynes repensar a ortodoxia liberal. Ele se tomou

o paladino de uma econonlia ad■ linistrada e controlada pelo Estado, quc,apesar da evidente dedicacao de Keynes ao capi‐ tttlismo, teria sido considerada a ante‐ sala do socialismo por

todos os nlinistros das finan9as de todas as economias indus‐ triais desenvolvidas anteriores a 1914.

Keynes merece destaque porque fo....ulou o que seria a maneira mais intelectual e poHticamente influente de dizer que a sociedade capitalista s6 poderia sobreviver se os Estados capitalistas controlassem,administrassem e at6 planeiassem bOa parte do perfil geral de suas economias, transfomando‐ as, se necess`riO,cm economias mistas I近 bli∞ /pr市 adase Ap6s 1944, a li95o foi adotada por ide61ogos e governos refomistas, so‐ cial‐ democrataS e radicais que lhe deram continuidade com en‐

tusiasmo, caso naO fOssem, como na Escandinivia, ploneiros independentes dessas id6ias. A licao de quO o capitalisl■ o nos 1914 estava moto foi quase universallnente

termos liberais p憲

aprendida no perOdo das duas guerras mundiais e da recessa0 mundial, at6 por aqueles que se recusavam a lhe dar novos `‐

・ A atitude foi, naturallnehte, muito diferente em rela91o h Segunda

Guerra Mundial, travada contra a Alemanha nazista.

Epnogo

461

r6tulos te6ricos. I)urante os quarenta anos que se seguiram ao inicio da d6cada de 30,os defensores te6ricos de uma econolnia de livre concorlCncia pura forarn uma minoria isolada, a16rn dos homens de neg6cios,cuio pOntO de vista sempre lhes torna dificil reconhecer os interesses preferenciais de seu sistema como

um todo, na medida em que concentram suas mentes nos interesses preferenciais de sua fi.1.la ou atividade especffica.

A li91o tinha que ser aprendida, porquc a altemativa a 6poca da Crande Recessao dos anos 30 nao era uma recupera95o induzida pelo mercado,inas a derrocadao N5o se tratava, como pensavanl chelos de esperanca os revoluciondrios,da``crise final''

do capitalismo,lnas foi provavellnente a inica crise econOmica at6 ent五 o,

na hist6Ha de um sistema ecOnOrnico que funciona

essencialinente atrav6s de flutua95es ciclicas, que de fato p6s

em perigo o sistema. Assim, os anos entre o iniclo da Primeira c as seqtielas da Segunda Guerra Mundial foram um perfodo de crise e con‐ vuls6es extraordindrias na hist6ria. A melhor maneira de con‐ sider`olo 6 como uma era em que o modelo lnundial da Era dos lmp6五 os ruiu sob o impacto de explos6es que ela rFleSma gerara

em si16ncio durante os 10ngos anos de paz e prosperidadet O que miu 6 evidente: o sistema mundial lberal e a sociedade burguesa do s6culo XIX como norma a qual, por assiin dizer, qualquer tipo de “civilizacaO" aspirava. Foi, afinal de contas, a era do fascismoo Qual seria o perfil do futuro? Este s6 ficou

claro em meados do s6culo e, mesmo enta。 , o desenrolar dos fatos, cmbora talvez previsfvel, era tao diferente daquele com quc as pessoas tinhanl se acostumado na era das convuls6es,que elas demoraram quase uma gera95o para identificar o que estava acontecendo.

2 o perOdO,ainda enl curso,que sucedeu a essa cra de l■lfna

c transi950 6,provavelmente,o mais revoluciondrio li v市 i10 pela esp6cic humana, em termos de transfo.1..a95es sociais quc afetam os homens e mulheres comuns do mundo― ― crescendo a uma taxa que nem a hist6ria anterior do mundo em processo de industrializa95o conheceu. Pela prirneira vez desde a ldade

462

ス θr“ dο s I″ ριriOs

da Pedra,a populagao mundial estava deixando de ser cOmposta por pessoas que viviam da agricultura e da pecu`ria, ErFl tOdaS

as regi6es do mundo, exceto(ainda)a Africa ao sul do Saara c o quadrante sul da Asia, os camponeses agora eranl■ linoria, nos paFses desenvolvidOs uma Fnfima minOria.Esse deslocarnento

ocorreu durante uma inica gerag5oo Por conseguinte, o mundo __ nao apenas os antigos paFses ``desenvolvidos''

一― se tornou

urbano, cnquanto O desenvolvimentO econOnlico, inclusive a grande industrializa95o, era internacionalizado ou globallnente redistribufdo de unl lnodo inconcebfvel antes de 1914.A tecno‐

logia contemporanea,gragas ao motor de combustao interna,ao transfstor, a calculadora de bolso, ao onipresente aviao, Para n5o falar da modesta bicicleta, penetrou nos confins mais re‐

cOnditos do planeta, aos quais o com6rcio tem acesso de uma forma que poucos terianl imaginado,Inesmo cnl 1939.As estru‐ turas sociais, ao menos nas sociedades desenvolvidas do capi¨ talismo ocidental, foram dramaticamente abaladas, inclusive as dom6sticas c falrliliares tradicionais. Retrospectivamente 6 pos‐

sfvel agora reconhecer o quanto daquilo que fez a sociedade burguesa do s6culo XIX funcionar foi, na verdade, heran9a c produ95o de um passado que seu pr6prio processo de desenvol‐ viinento destruiria. Tudo isso aconteceu num espa9o de tempo incrivellnente curto pelos padr6es hist6ricos ―― cabe na mem6‐

ria dos homens e mulheres nascidos durante a Segunda Guerra

Mundial― ― em decorrencia do bο ο″7 mais maci9o e extraordi‐ ndrio de expansao ecOnorrlica mundial de todos os tempos. Um s6culo depois doル fα ″〃θS′ οCο ′ 2,s′ α ′de Marx e Engels,seus ““ e sociais do capitalismo progn6sticos dos efeitos econOmicos parecialrl se cumprir― ― mas n5o,apesar de um ter9o da huma‐ nidade ser governado por seus discfpulos, a derrubada do capi‐ talismo pelo proletariado。

Nesse perfodo,a sociedade burguesa do sё culo XIX e tudo que dela decorria jtt pertenciam a um passadO que nao deter_ minava mais o presente de maneira ilnediata, embora, 6 claro,

tanto o s6culo XIX como o final dO s6cu10 xx fa9am parte do mesmo perfodo longo da transformacao rev01uciondria da huma‐ nidade ―― e da natureza― ―,que se tornOu notoriamente revo‐ lucion`ria no`ltiino quartel do s6culo XVIII. Os historiadores observarac a estranha coincidencia que consiste no fato de o

Epilog。

super― bOり

463

do s6culo XX ter ocorrido exatamente cem anos

“ ap6s o grande bο ο de meados do s6culo XIX (1850-1875, “ 1950‐ 1973)e, pOr conseguinte, o per(odo de probleFnaS eCon6‐ rrlicos mundiais do final do s6cu10 XX,que comecou erF1 1973, ter tido inicio iuStamente cem anos ap6s a Grandc Depress5o, onde o presente livro come9ouo Mas n5o h` relagaO entre esses

fatos,salvo se algu6m descobrir algum mecanismo cfclico do moviinento econOnlico que possa produzir uma repeticao crOnO_ 16gica t5o exata; e isso 6 bastante iinprov`velo A maioria de ■OSSOS COntemporaneos nao quer nem precisa se reportar a

1880 para explicar o quc esta conturbando o muindo nos anos 1980 e 1990。

Contudo,o mundo do fiin do s6culo XX ainda 6 moldado pelo s6culo burgues e pela ldade dos lmp6rios em particular, tema deste livro. Moldado elln sentido literal.Assinl, por exem‐

plo, os acordos financeiros mundiais, que deviam constituir o quadro internacional do bο ο global do terceiro quartel deste s6culo, foram negociados, cnl“meados da d6cada de 1940, por

homens que i4 eram adultos em 1914 e quc eram totalmente regidos pela experiencia dos `ltiinos 25 anos da desintegragao da Era dos lmp6rios. A `ltilna gera95o de estadistas ou lfde‐

res nacionais que id eram adultos em 1914 morreu na d6cada

de 70(pOr eXemplo,Mao,Tito,Franco,de Gaune).Por6m,o o6que o mundo de hoie fOi moldado

quc 6 mais significat市

pe10 que poderfamos chamar de paisagem hist6rica que a Era dos lmp6rios e sua derrocada deixaram como saldo。 O elemento mais 6bvio dessa heran9a 6 a divisao dO mun_ dO em pafses socialistas(ou quC afirmam se‐ lo)e o resto.A

sombra de Karl Marx preside a vida de mais de um ter9o da csp6cic humana em virtude dos fatos quc tentamos esquema‐ tizar nos capftulos 3, 5 e 12. Quaisquer que tenham sido os progn6sticos para o futuro da massa continental que se estende

dos mares da China aO meio da Alemanha,inais algumas `reas na Af五 ca e nas Am6ricas,6 bastante correto dizer que os regi‐ mes quc afirmam cumprir as previs6es de Karl Marx possivel‐ mё nte nao teriam figurado entre os previstos a五 tes do surgi‐ mento de moviinentos de massa de trabalhadores socialistas, CuiO eXemplo e ideologia inspirariam,por sua vez,mo宙 mentos revoluciondrios ern regi6es atrasadas e dependentes ou coloniais,

Aθ ″

ごοs i“ pιrios

Outro elemento obviamente herdado` ap“ p五 a

globaliza‐

95o do modelo polftico mundial, Sc as Na96es lUnidas do final do s6culo XX englobarFl uma maioria de Estados numericamen‐ te consider`vel do que veio a ser chamado de Terceiro Mundo (e,inCidentalinente,Estados que n5o est5o em bons termos com as na96es ``ocidentais"),6 porquc eles s5o, em sua esmagadora maioria, relfquias da divisaO dO mundo entre as na96es iinpe‐ riais da Era dos lmpё rios, Assirn, a descoloniza95o do lmp6rio Frances gerou cerca de vinte novos Estados, a do lmp6rio Bri‐

tanico muitos mais;e,ao menos na Africa(quc,nO mOmento em quc este livro foi escrito consistia de mais de cinquenta cntidades norninallnente independentes e soberanas), todOS eles reproduziram as fronteiras tragadas pela conquista e pela nego― ciagaO interiFnperialista. Uma vez mais, se n5o fosse pelo de‐

senrolar dos fatos naquctc perfodo, seria problemitico Osperar quc a grande maioria desses pafses tratasse das quest6es rela‐ tivas a seus estratos instruFdos e governos, crrl ingles e frances, no final deste s6culo。

Uma heranga unl tanto menos 6bvia da Era dos lmp6rios ёO fato de todos esses Estados serem descritos,e muitas vezes

se autodescreverem, como ``na9oes''. Isso n5o se deve apenas, como tentei mostrar, ao fato de a ideologia da “na95o" e do ``nacionalislno",produto curopeu do s6culo XIX,poder ser usa‐ da como ideologia de liberta95o colonial e como tal ser impor‐

tada pelos membros das elites ocidentalizadas dos povos co10‐

niais, lnas tamb6m porque,como demonstrado no capftulo 6,o conceito da “na95o‐ Estado" passou, nesse perfodo, a estar ao alcance de grupos de 9“ α:9“ θr tamanho quc escolhessem des‐ crever a si mesmos assiln, ao contrdrio do quc ocorria enl mea‐ dos do s6culo XIX, quando os pioneiros do “princfplo da na‐

cionalidade"partiam do princfpio de que o conceito se aplicava apenas a povos m6dios ou grandeso A maioria dos Estados quc SurgiFam no mundo desde o final do sё culo XIX(e que rece‐ teram,a partir do presidente Wilson,o sttι s de“ na96es'')ti‐ “ vezes,a par‐ nha populacab e/ou dimens6es modestas e,muitas tir do infcio da descolonizagao,diininutas.* Na medida em quc

o nacionalislno se disserFlinOu fora do Velho Mundo “desen‐ 十Doze Estados africanos do infcio da d6cada de 1980 tinham popula‐ 96es de menos de 600,000 habitantes, e dois, de menos de 100.000.

EpFlogo

465

volvido",ou na medida em quc a polltica naO_europ6ia foi assi‐

milada ao nacionalismo, a heranga da Era dos lmp6rios ainda esttt presente.

Ela cst`igualinente presente na transformacao das rela96es fanliliares ocidentais tradicionais e, especiallnente, na cmanci‐

pagaO da mulhero Essas transfo.11la96es tenl, sem d`vida, se desenrolado numa escala muitissitrlo mais gigantesca que nun‐

ca desde meados do s6culo, mas, na verdade, foi durante a Era dos lmp6rios que a``nova mulher" se revelou pela primei‐

ra vez como um fenOmeno significativo e que os movimentos polfticos e sociais de massa dedicados, entre outros temas, a cmancipagaO da mulher sc tornaram for9as polfticasi notada… mente os_moviinentos trabalhistas e socialistas. Os moviinentos

de mulheres no Ocidente podenl ter inaugurado uma fase nova

c mais dinarnica nos anos 1960, talvez em boa medida como resultado dO grande aumento da entrada de mulheres,especial‐

trnente casadas, no mercado de trabalho remunerado fora de casa, mas trata‐ se s6 de uma fase de um aconteciinento hist6‐

rico ilnportante, cuia trajet6ria se inicia no perfodo que nos ocupa c, para fins pr`ticos, nao antes。

Ademais, como este livro tentou deixar claro, a Era dos lmp6rios assistiu ao nasciinento da maioria dos fatores quc ain‐

da caracterizanl a sociedade urbana moderna de cultura de massas, das forlnas internacionais de esporte para espectadores

a ilnprensa c cinemao Mesmo tecnicamente os melos de co‐ munica95o de massa modernos nao constitucm inova96es fun‐ damentais, apenas aperfei9oamentos que tornaram as duas in‐

vengoes b`sicas cHadas na Era dos lmp6rios mais universal‐ mente acessiveis: a reproducao mecanica do sOm e a fotogra― fia em mo宙 mentoo A continuidade entre a era de TaCques Offen‐ bach e o presente nao 6 compardvel a dO iOvem Fox,de Zukor,

Goldwyn e “A voz do dono". 3 Nao 6 diffcil descobrir outros aspectos de nossas vidas que

ainda sao configurados pelo s6culo XIX em geral e pela Era dos lmp6rios enl particular, ou que constituem sua continua‐

466

A

θrα αοs impι rjοs

9aoo Nenhum leitor duvida五 a da extensao da listao Mas ser6 esta a principal reflex5o sugerida por unl olhar retrospectivo sobre a hist6ria do s6culo XIX? Ainda 6 diffcil, senao iinpOs‐ sfvel,v01tar 01hos inexpressivos para aquele s6culo que criou a his‐

t6ria mundial, porquc ele criou a ccononlia mundial capitalis‐ ta moderna・ Para os europeus, ele esti particularrnente carre―

gado de emo95o, porquc, mais que qualquer outro, ele foi a cra cur9p6ia na hist6ria mundial e, para os britanicos,foi ulna

6poca `nica, porquc a Gra‐ Bretanha foi seu cerne, n5o s6 do ponto de vista cconOnlico. Para os norte… americanos, fol o s6‐ culo em que os EIJA deixaram de fazer parte da periferia euro‐

p6iao Para os povos do resto do mundo,foi a era em que toda a hist6ria passada, por mais longa e notivel que fosse, foi ne‐ cessariamente interrompida。 (Э que lhes aconteceu, ou o que fizeram a partir de 1914, estd iinplfcito no que lhes aconteceu entre a prilneira rev01u95o industrial e 1914。 Foi um s6culo que transformou o mundo― ― nao mais que

o nosso pr6prio s6culo,lnas de modo mais not`vel na medida em quc,cntaO, tais transforma96es revoluciondrias e contfnuas

eram novaso Voltando os olhos para tF6S, pOdemos ver esse s6culo da burguesia e da revolu95o surgir no ho五 zonte como

a esquadra de Nelson se preparando para a agaO, at6 no que naO vemOs: a tripula95o raptada quc a conduzia, pouco nume¨ rosa, pobre, a9oitada e bebada, vivendo・ de bolachas bichadas.

C)lhando retrospectivamente podemos reconhecer quc aqueles qte o fizeram e,cada vez mais,as crescentes massas que dele participaram no Ocidente``desenvolvido"sabiam que ele estava destinado a realizag6es extraordin4rias e pensavam que sua mis‐ sao era res。 lver todos os principais problemas da humanidade, remover todos os obStiCulos que se interpunham a sua s。 lu9五 o。 Nunca antes ou depois os homens e mulheres priticos nu‐

triram expectativas t5o elevadas, tao ut6picas em relag5o a vida

nO planeta: paz universal, cultura universal por melo de um `nicoque idioma mundial, ciencia as queperguntas nao s6 tentasse responder, mas de fato respondesse mais fundamentais sobre o universo, a emancipa91o da mulher de toda sua hist6‐

ria passada, a emanclpa95o de toda a humanidade atrav6s da emancipagaO dOs trabalhadores, a libera95o sexual, uma socic―

dade de abundancia,unl mundo onde cada um colaborasse se‐

Ep“8o

467

gundo suas capaCidades e recebesse conforrne sua necessidade. N5o se tratava apenas de sonhos de revolucionttrios. A utopia atrav6s do progresso estava, sob aspectos fundamentais, embu‐ tida no sё culo. Oscar Wilde naO estava brincando quando disse

que naO valia a pena ter unl mapa do mundo onde nao figu_ rasse a Utopil. Estava falando em nome de Cobden,o do livre com6rcio, bё m como em nome de Fourier, o socialista, no do

presidente Grant como no dc Marx(que n50 releitou OS Obic‐ tivos ut6picos,lnas apenas suas estrat6gias),no de Saint‐ Simon, cuja utopia do “industrialislno" n5o pode ser reportada nem

ao capitalismo nem ao socialismo, porque afirmava pertencer a amboso Mas o que as utopias mais caracterfsticas do s6culo XIX

tinham de novo era que para elas a hist6ria ″a ο

seria inter‐

rompida。

Os burgueses esperavam uma era de melhoria infindivel ―一 rnaterial, intelectual e moral ―― atrav6s do progresso libe‐

ral; os proletariOs, Ou os que dizianl falar em nome deles, a

esperavam atrav6s da revolu95o. Mas ambos esperavam o mes¨ moo E o esperavam n5o atrav6s de um autOmatismo hist6rico, mas de esfor9o e luta. Os artistas quc expriiniram com mais profundidade as aspira96es culturais do sё culo burgues e se tornaranl,por assiln dizer,as vozes articuladoras de seus ideais

foram aqueles como Beethoven,quc era visto como o genio que lutou at6 a vit6ria, cuja misica superou as for9as obscuras do destino, cuia sinfOnia coral culminou no triunfo do espfrito hu‐

mano liberto.

Na Era dos lmp6rios houve,como vilnos,vozes― ― tao

prO¨

fundas como influentes nas classes burguesas― ― que previram resultados diferenteso Mas,de maneira geral,aos olhos da malo‐

ria dos ocidentais, a era parecia mais pr6xiina das promessas do s6culo que qualquer outra anterior. De sua promessa libe‐ ral, atrav6s da melhoria material, da educa95o e da cultura; de sua promessa revolucion`ria, por melo do surgiinento, da forOa de massas e das perspectivas de um triunfo futuro ine… vit`vel dos novos moviinentos trabalhistas e socialistas. Para alguns, cOmo este livro tentou mostrar, a Era dos lmp6rios foi de inquietudc e temor crescentes. Para a maloria dos homens e mulheres do mundo transfOrlnado pela burguesia foi, quase certamente, uma・ era de esperan9a.

468

4θ ″

Jο s,″ ′″ rわ s

E sObre essa esperanga quc agora podemos refletir retios‐ pect市 amente,Ainda podemos partilh`‐ la,mas jtt naO sem ceti_

cisino e incerteza. Fomos testemunha da realizagaO de muitas

promessas de utopia que n50 deram os resultados esperados. N5o estamos vivendo uma 6poca em quc,nos pafses nlais avan― 9ados, as comunicag6es modernas, os meios de transporte c as fontes de energia cliFninaram a disting50 entre cidade e campo,

coisa quc um dia foi cOnsiderada possivel apenas numa socie‐ dade que tivesse resolvido praticamente todos os seus proble‐

mas? O que decididamente a nossa n5o fezo C)s6culo XX co― nheceu muitos momentos de libertagao c extase social que tive‐ ram excesso de confianga em sua pr6pria perllllanencia. H` lu‐

gar para a csperan9a, pois os seres humanos sao aniinais que csperamo H6 1ugar, inclusive, para grandes esperangas, pois, apesar das aparencias e dos precOnceitos em contrdrio, as verda‐ dciras realizag6es do s6culo XX enl te.1110s de progresso material e intelectual― ― O progress0 1noral e cultura1 6 antes questionavel

- 6 extraordinariamente impressiOnante e bastante ineま vel。 H` ainda lugar para a maior de todas as esperancas, a da criagao dc um mundo no qual hOmens e mulheres livres,emanⅢ cipados do medO e da necessidade material,宙 verao iuntos uma

vida boa numa boa sociedade? POr que nao? O s6culo XIX nos ensinou que o desejo da sociedade perfeita n5o 6 satisfeito

por algum proicto predete.11linado para O modo de vida,seia

ele m6.11lon, OWenista* Ou outro; e pOdemos desconfiar quc mesmo se um projetO novo desse tipo viesse a ser o perfil do

futuro, n6s nao saberfamos, ou n5o estarfamos em condi96es de dete...linar, hOle, qual seriao A funOaO da busca da socie‐

dade perfeita nao 6 pOr um ponto final na hist6ria, mas abrir suas possibilidades desconhecidas e incognoscfveis a todos os homenS e mulhereso Neste sentido, a cstrada que leva a utOpia nao est` interrompida, felizmente, para a esp6cic humana. Mas, como sabemos, cla pode ser b10qucada: pela destrui‐ 95o universal, por uma v01ta a barb`ric, pela dissolu950 das esperangas e valores a quc O s6cu10 XIX aspirou.C)s6culo XX nos ensinou quc isso 6 possfvelo A hist6ria,divindade que pre= side a ambos os sё culos,i`nao dtt aOs hOmens e mulheres acos‐ ・ Referente a Robert Owen(1771・ 1858),ut6picO ingles。 (No da T。

)

EpFlogb

469

tumados a pensar a garantia inabal`vel de quc a humanidade tomar4 o rumo da terra prometida,qualquer que seia a manei_ ra comO esta foi concebida; rnenos ainda o modo de alcan91‐

la`

Pode aparecer de diferentes maneiraso Sabemos que 6 possfvel,

porque vivemos no mundo criado pelo s6culo XIX, e sabemos quc, por mais titanicas que tenham sidO suas reaHza95es, elas

naO fOram O esperado ou sonhado a 6poca. Contudo, cmbora nao possamOs mais acreditar quc a his‐ t6ria nos assegura o resultado certo, tamb6m sabemos que n5o nos garante o errado. I〕 la nos oferece a op95o, sem nenhuma estiinativa clara da probabilidade de nossa escolha. OS indicios

de que o mundo ser` melhor no s6culo XXI nao saO negligen― cittveis. Se o mundo conseguir nao se autOdestruir, a probabi‐ lidade sertt bastante grandeo Mas nao chegartt a certezao A ini‐

ca certeza que podemos ter em rela95o ao futuro 6 quc ele surpreender6 at6 mesinO aqueles que puderam ver mais longe.

QUADROS QUADR0 1 ESTADOS E POPULAcOES 1880‐ 1914 (em milh6es de habitantes) 1880

1/Re

Rp I I

1/Re

Re Re

* Reino Unido * Fran9a * Alcmanha

*R`ssia *Austria

35,3 57,6 45,2

45 40 68

97,7 161(1910) 57,6 51

* Itilia

28,5

56

Espanha

16,7

20,5

Re Re Re

Portuga1 Su6cia Norucga E)inamarca

4,2. 4,6 l,9 2,0

5,25 5,5 2,5 2,75

Re

4,0

6,5

B61gica

Re Re Re

Romenia

Re, 1908 Rp

Re

Holanda

5,5

Suf9a

Rp

2,8

Gr6cia

l,6

7,5

35

4,75

5,5

7,5

S6rvia

l,7

4,5

2,0

4,5

I

Bulgaria Montenegro Albania Finlandia(na R`ssia)

I

,apaO

Re

Re Re

EUA

Rp

1mp6rio C)tomano China

I I

50,2

―-

0,2

o 2,0

o,8 2,9

c. 36

92,0(1910) 53

c. 21 c。 20 c。 420 c.450

0utros Estados, por ordem de grandeza da popula95o Mais de 10 rnilh6es

Brasil, M6xico

5o10 11nilh6es

P6rsia, Afeganistao,

Argentina 2‐

5 11nilh5es

Chile, Co16mbia, Peru,Venezuela,Si五 o

Menos de 2 1nilh6es

Bolfvia, Cuba, Costa Rica,Rep.Dominica… na,Equador,I]l Salva‐

dor, Guatemala, Hai_ ti, Honduras, Nicar五 Ⅲ

gua,

Panaml, Para‐

guai, Uruguai

I=imp6rio,Re=reino,Rp=rep`blica

* as grandes na95es da Europa.

472

QUADR0 2 URBANIZAcAO NA EUROPA DO SECULO XIX (1800‐ 1890)

N`mero de cldades

Populacao urbana total

(10.000 habitantes ou mais)

1850

Europa

364

878

Norte e Oestel

105 135 113

246 506 292

11

54

Centra1 2

Mediterranea 3 0rienta1 4

inglaterra/Gales

26

Fran9a

165 133

Austria/Boemia

1709

148

B61gica

Alemanha

1890

17

183

lt61ia

15 20 66 ︲3 28 32 93 3 5 ︲2 3 4 3︲2 52 5 6佃︲

1800

17

Po16nia

(pOrCentagem)

1800

1850

1890

10

16,7

29

14,9

26,1 12,5 18,6

43,4 26,8 22,2

7,1

12,9 4,2

20,3 18,9 8,8 5,5

52

14,6 2,4

75

18

40,8 20,5 14,5

61,9 34,5 25,9

10,8

28′

6,7

18,1

20,3

212

9,3

14,6

l Escandindvia, Rcino Unido, Holanda, B61gica

2 Alemanha,Fran9a,Sutta 3 1tilia,Espanha, Portugal

4 Austria/Boemia,Po16nia

α れ υ′ bα Fonte: ,an de Vries, E“ rO′ θ quadro 3.8.

′ ″f500・ 1800, LondreS, 1984,

isα jο



473

QUADR0 3 EMIGRAcAO: PAISES DE POVOAMENTO EUROPEU 1871‐ 1911

(milh6es de pessoas)

Anos

Total

Gra‐ Bretanha/ 1rlanda

1871・ 1880 1881‐ 1890 1891‐ 1901¨

1900 1911

3,1

1,85

7,0

325

1lβ

2,15 5,15

62

27,6

104

Espanha/

Alemanha/

Portugal

Austria

OutrOs

0,15 0,75

0,75

0,35

1,8



125

1,2 1,8

l,4

2,6

4,15

35

64

IMIGRAcAO: (milh6es de pessoas)

TOtal EUA Canadi Argentina/ Austrdlia/ OutrOs Brasil

1871‐ 1880 1881‐ 1890 1891‐ 1900 1901Ⅲ 1911



2,8

0,2

7,5

5,2 5,7

0,4 0,2

8,8

1,1

6,4 14,9

205

N.Zelandia

0,5

14

0,2 0,3

0,3 0,2

1,8

0,45

2,45

1,6

0,25 0,95



Baseado em A.Mo Carr Saunders,

予 γοrrd POρ Jα rib″ ′Londres, 1936。 “ diferenga entre os totais da emigra95o e da imigra95o advertem o lcitor 80bre a falta de confiabilidade desses c`lculos。

A

474

A EDUCAcAO DO MUNDO QUADR0 4 ANALFABETISMO 1850

Pafses com taxa de Taxa de analfa‐ analfabetismo baixa: betismo m6dial inferiOr a 300/O dos

30・

50%

Taxa de analfa‐

betismo alta:

mais de 50%

adultos

Dinamarca

Austria

Hungria

Su`cia

Terras Tchecas Fran9a

Portugal

Finlandia

lnglaterra

Espanha

lslandia

lrlanda

Romenia

Alemanha

B61gica

Todos os

Noruega

lt41ia

balcanicOs e

Cr6cia

Holanda

Po16nia R`ssla

Esc6cia

EUA (nao‐ brancos)

Austrilia

Suf9a

Resto do mundo

EUA(branCOS) 1913

M6dia:

Pafses conl taxa de analfabetismo baixa

10‐

30%

Alta:

mals de 30%

inferior a 100/o

(OS Citados acima)

Norte da ltttlia

Hungria

Fran9a

Noroeste da

Centro e sul da

lnglaterra

lugos14via (Eslovenia)

Portugal

lrlanda

lt41ia

B61gica

Espanha

Austria

Romenla

Austr41ia

Todos os balcanicOs

Nova Zelandia

e Cr6cla R`ssla

EUA(nao‐ brancos) Resto do mundo

QUADR0 5 UNIVERSIDADES 1875

1915

Am6rica do Norte Am6rica Latina Europa

c.360 c.50 c,110

c.500 c.40

Asia

c.5

Austra14sia

2

Africa

0

c。

150

c。

2o

c.5 c.5

MODERNIDADE Papel de iomal usado em diferentes regi∝

s do mundo,c.1880

r calculado a partir de M.G,Mulhall,Tみ θPrag″ ss O′ r力 θ 7arrd "`θ rた ι3“ iP3“ ′gO′ r力 θNれ θ θ 油 Cθ ′り,Londres,1880,reimpres‐ si"“ ′ θ “ ““ s,o de 1971,p.91.“ Fο

Nο ″

Nα E“ ra″

sUicA 2,1%

ESCANDINAVIA 35%

AUSTRALASIA l%

PENlNSULA

ITALIA 4,6%

ο

“"ご

RESTO DO MUNDO

IBЁ

2%

AMЁ RICA

RICA

LATINA

12%

1,4%

PAISES BAI

(BENELUX) 4,7%

R AUSTRIA・

ALEMANHA A 8,8%

29,19ろ

AMERICA DO NORTE

HUNGRIA

37●/●

GRA・

10,90/●

FRANcA

BRETANHA 20,1●/●

15,8●/●

Telefones no mundo ern 1912 r"irrsc力 FO"′ θ :Wθ ′

α′ ″iC力



A′ ε み:ν ,1913,1/ii,p.143

em rnilhares de unldades

Total mundi31

EUA Europ●

12455 8562 3239

RESTO DO MUNDO AFRICA O,5%

AMERICA DO SUL l% ASIA l,3%

476

QUADR0 6 0 PROGRESSO DO TELEFONE:ALGUMAS CIDADES (telefOnes por 100 habitantes)

1895 1    6 5 2   β 7 6 5 5 2 2 4,3 2 1,1,1 1 0 0,0,0 0 0 0

Estocol:no Christiania(Os10)

Los Angeles Berlim

Hamburgo

Copenhague Boston Chicago Paris

Nova lorque Viena Filad61fia

Londres saO Petersburgo Fo″ r´ :7θ J`″ :″ s“ ィ

0rdem 1

2 3

4 5 6 7 8 9 10

1911 19ρ 6ρ

24 5β 4,7

7

92 11 2″ 8β

11

25

12 13 14

8β 2,8

22

0rdem 2

8 1

9 10 7

4 3 12 6 13 5 11

14

の Arcみ ′1913,1/ii,p.145。 jν

`ricヵ

IMPERIALISMO QUADR0 7 ESTADOS INDEPENDENTES E POSSESSOES EM 1913 (%da`rea mundial) Am6rica do Norte Am6rica Central e do Sul

3,4%

Africa

Asia

700/c excluindo a R`ssia asi`tica 45,2% incluindo a R`ssia asiatica

O%

Occania

Europa Fo“ ′ θ:

520/0 92,50/0

990/0

calculado cOm dados de Lθag“ θοノNar′ ο″sI″ ′ θ r"α Fio“ α ′ αrisrた α′yθ′ bο ο た,cenebra,1926.

s′

477

QUADR0 8 1NVESTIMENTOS BRITANICOS NO EXTERIOR: DISTRIBUIcAO PERCENTUAL 1860‐ 1870

1911‐ 1913

6 0 ,7

Imp6rio Britanico Amё rica Latina



EUA



Europa



Outros Fο ″ ′ θ′C.Feinstein,cit,′

M.Battatt Brown,ス ノ ′ r f“ pθ rね ′ θ is滋

,

“ Londres, 1965,p. 110。

QUADR0 9 PRODUcAO MuNDIAL DAS PRINCIPAIS MATERIAS‐ PRIMAS TROPICAIS 1880¨ 1910(enl■11lhares de toneladas)



  ︲ ︲ 2 6



Fο ″ ′ θr



Cana‐ de‐ ac`car bruta

Ch五



1uta C)leaginosas

1910

0 70 7 0 。 0 0 08 2 90 8 77 65 ∞7 2 6 5

Caf6 3orracha Fibra de algod50

1900

0〇 。 。弱0 27 。 00 2 卸2 9 2一 3 19 2

Banana Cacau

05 05 。m一 0 07 5 36 5 5■9 8 ︲

1880

P.Bairoch,7み θEcο ″ο″″C Dθ νθ ορ″θ ′ ′′0ノ ′ みθTみ jrd Wο ′ ′ ′Si″ r90θ ,

Londres, 1975,p. 15,



478

VIDA ECONOMICA PRODUcA0

QUADR0 10 E COMERCIO IMUNDIAIS 1781・ 1971

(1915=100) Produ95o 248 2,5 5,8 8 7 ∞   5 5 0 ︲0 2 2 346

1781・ 1790

1,8

74

1840 1870 1880 1890 1900 1913

19,5

26,9 41,1

58,7 100,0 153β

274,0

(1780)

(1881‐ 1885) (1891‐ 1895) (1901‐ 1905)

(1930)

950,0



f Wo W. Rostow, Tみ θ Wο ご EcO″ ο″yf 島:'s`ο ′ν α α Prο spθ c′

0″

r′



Londres, 1978,Apendices A e B。



QUADR0 11

FRETE MARITIMO:TONELAGEM (SO NAVIOS DE MAIS DE 100 TONELADAS) (em milhares de toneladas)

Total mundial Grtt Bretanha

EUA

Noruega

Alemanha lt61ia

Canad4 Fran9a Suecla

Espanha Holanda Crё cia

E)inamarca Austria‐

Hungria

R`ssla

18325

46970

7010 2570 1460

18696

1150 1070 1140

840 470 450 420 330 230 290 740

5429 2458 5082 1522 1735中

2201 1047 841

1310 723 762 1011

974

*Domfnio britanico Fο ″′ θ 「 Mulhall,Dic′

jο αry Oノ S`α ′ iSrics,Londres,1881,cI′ iga das Na96es, jο “αι is`ics yθ α rbο οた 1915´ quadro 76. 「 ηrθ r″ α′ ″α: S′

,

CORRIDA ARMAMENTISTA Gastos militares das grandes potencias(Alemanha,Austria‐ Hungria, GrttBretanha, R`ssia, It`lia c Fran9a)― - 1880‐ 1914

(mL=milh6es de libras esterlinas)

1880 1890 1900

1910

397 mL

1914

Fο

θ ′ ο″´Londres,1978,p.250、 「 Tみ θ7T協にな Arras οノ70′ Jご Hお ′ “

480

QUADR0 12 EXERCITOS (em milhares) 1879

Paz Gra‐ Bretanha

rndia Austria‐

1913

Mobilizados

136

Paz

160

c.600

Hungria

Alemanha R`ssia

267 503 419 766

772

800

1.000 1.300 1.213

1.200

3.500

2.200

5。 800

1.400

4.400

QUADR0 13 MARINHAS (Em n`mero de navios de guerra) 1900

1914 4 。 6 4 8 6 3 2 ︲ 2

Hungria

6 ︲

R`ssla



Austria―

3 2

Fran9a

4 ︲

Alemanha

9 4

Gra‐ Bretanha

700

249

c.200

Fran,a

Mobilizados

3.000

.

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Potencias colonids em 1914

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ご﹁o︼ 日o “n9ゴ国 ︰︱ 崎 嗜、、ミ

NOTAS

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sr″ Ircr1/″

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488

A ara Jos ittpび riOs

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E“ rορ θ タ

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J'His`ο

jrθ

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ιricヵ ο a」Иιχjε of y′ JJθ s θ ο″jθ S ノ `Ecο “ ssル η no quc tange , Paris, 1985, parte C,pα ‐

jcs S`α ′ isι

ο ι J S′ α ′ θ s, ノ θ υ″ θ j′

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′′ gθ ″Иθ Diθ Lα ″ Jθ れご θ r Kο れ .Bθ :`rα gθ z“ rルfα rsiχ ‐ ルれた′″

jθ “ ′ ″ κο isc力 θ ″ 力θ ο ″ ο れPα ″ ソs, κα ″ ′ ソ ノれた′″ ″J Krisθ れ′ “ “ “ Ka“ ′ sたy, 二θ ″ T″“ ο ο′ sた , 夕″グ Er″ θs` Mα ″ごθ′ , Berlinl, 1972,

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Eκ cycJο ρ θ Jjα

″jc ο ricα ″E′ み ノス θ

Crο ptt Cam‐

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13. 0 1ivro de Willianl era originalinente composto de uma s6‐ 五e de artigos alarnlistas publicados na iinperialista Nθ ″ Rι ッjθ ″,de WoE.Henley.Ta11lb6nl foi um ativista da agi‐ tag5o contra os estrangeiros.

14. C. Po Kindleberger, “Group Bchavior and lnternational Trade",ノ οF″ α :0ノ

οッ Pο J′ ′ :ε α I Ecο ″ ′n.59,de “

fev.1951,

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4

490

θr″ ′Os i″ ρび″ :ο s

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jg力 θ S′

Io

θS′ り。 ノaO inv6s de```ltima"(Iα ′ jα ″ Jjs“ Londres,1902,pref`cio;ed. ′ A.HOBSON,r“ ′

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7,W.G.HYNES,7み θEcο ″ο ics οノE″ ρ′ ″ θ 「Bri′ α レ,Aル たα 乃θ Nθ ″ r“ ρθ″ α″ご ′ 滋′ お“ 1895, Londres, 1979, , 187θ ‐ “ Sι ・ P“ “ em Do C.Mo PLATT,Fj“ α″θθ,7″ αdθ α″ご POJj′ icsf 8.Citado Bri′ is力

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ral,Bo SEMMEL,f″ ?ρ θ″jα :is“ α′ 7J

sο ε′ αI Rイ ο″ 「 E″ grお ′

jα _r″ Sο θ ′ 7ρ θ″ ′ αιrhο ッg乃 ′1895‐ r9fイ

“ , Londres, 1960,

,

491

Notas

10,

│.Eo Co BODLEY,T力 C力 αノ θr οノE夕 ″ ορθαP7

jOれ 0ノ Eα 〃αrd yII「 ス れαι jα ρθ″ ′His′ οry,Londres,1903,

`Cο αれ′ I“

pp.153e201. ll.

BURTON BENEDICT θ

rο

′ Jο gy Jjj,T力 θス″ ん″ ο ρο

`α Fα irsi Sα ″ F″ α c,scο 's Pα ″α777α

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θ″ ″α Pα σjノ iC r″ ′

αI Eχ pο ‐

“ れο ノ79r5,Londres e Berkely,1983,P,25。 `jO″ ycrο ρ E″ ε ル θ fiSSiο ″s, Nova lorquc e Londres 1904, グjα 。 メ siriο

12.

2.a cd。

,、

anexo IV,pp. 838‐ 859.

jο 13. Djθ ′ ″καJ″ θ グ′ Spj″ j`“ α:j`ι , Paris, 1979, X, “Mission", pp. 1598‐ 1399.

14.

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Fjれ α″zた α ρ′ l,Viena

1909,2,a



1923),p.470.

15.

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16.

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Structure and Trade Balance

of European Foreign Trade from 1800 to 1970",

of British Expansion Overseas, 1750‐ 1914",EcO″ 0″ 2た ι οry Rθ ガθ〃,n,XXXHI,1980,pp.463‐ 490.

His‐

Io E.FLINT,“ Britain and the Partition of West Africa", i′

jソ θs Oノ ,I,E.Flint e G.WILLIAMS(orgs。 ),Pθ おρθσ′

E″年

jrθ ρ ,Londres, 1973,p.III, 18. C.SOUTHWORTH,T力 θFrθ ″ε力 COIο ″jα l yθ れ κ,Lon‐ `“ dres, 1931, tabela anexa 7。 Entretanto,o dividendO m6diO

das empresas que operavam nas colonias francesas aquele

anO foi de 4,6%.

M.K.GANDHI,Cο JJθ θ′θグ Wο rた s,I: 1884‐ 1896,Nova D61hi, 1958. 20. A respeito da incursac inusitadamente benl‐ sucedida do 19.

budismO no Ocidente,ver Tan ROMEIN,T力 θ rs力 θ グ "句 `θ 503, οノT〕 〃οE″ αs,Middletown(COnnecticut),1978,pp.501‐ c a exportacao dc devOtOs indianos, em grande medida atravё s das figuras de prirneira linha da Teosofia. Entre eles Vivekananda (1863‐ 1902), do ``Vedanta", pode rei‐ vindicar o lugar de prilneiro guru comercial do Ocidente

lnoderno。

21.

R.Ho GRETTON,A Mο ′θ″ ″〃is`ο ″ みθE″ g′ is力 ソ0ノ ′ II. 1899‐

1910, Londres, 1915,p.25,

P′ ο ρlθ

,

ス θ″ Jos i″ P″ ′ οs

492

22.W.Lo LANGER,7カ θDjρ

:ο

jα ′ ″ is“ ′ α cッ ο 189θ ‐ ノf“ ′θ

“ e448. Com uma abor‐ 1902, Nova lorque, 1968,pp.387

dagem mais geral,H.GOLLWITZER,Djθ

bθ Gθ ノ αんだ Gθ ′

jα Gθ sc力 jε λ′ ι れ ιθj″ θs Sc力 :α g)ν ο″ sr S`“ グjθ んz“ ″ tr“ ρθ″ :iS′ isc力 θ

Dθ れたθ″′Gbttingen, 1962. Recessional'',iれ Ro Kjpι j″ g's yθ rsθ ′

23.Rudyard KIPLING,“

fれ ε :“ siソ θ E′ j`jο ″ r885-19′

8, Londres, s.d., p. 377.

24. HOBSON,ο ρ.ε ・, 1938,p.314。 25。 Vё H.Go WELLS,7カ θ T′ θfИ α εん θ,Londres,1895, “ j`isc力 θ 26.Ho G,vo SCHULZE… GAEVERNITZ,3″ r f“ ρθriα ′ j′

j″

r―

is‐

夕S“ ご E″ gJ'scみ θ″Frθ ′ 力α αθJ z“ Bθ gj″ ″ Jθ s 2θ 。/α ttrヵ 4_ “ “ “ “ Jθ ″ rs, Leipzig, 1906.

CAPITUL0 4:A POLITICA DA DEMOCRACIA jご ″zα Pο ι たα (1895),tr.T力 θ l.Gaetano Mosca,Eι θ θ″′ “ 'Sciθ ″g CIα ss(Nova lorquc, 1959), pp. 355‐ 334. Rノ ′ I′

2. Robert Skidelsky,Iohn Maynard Keynes,I(Londres,1983), p。

156。

L Edward A.Ross,“ SOCial Control,VH:Assemblage'',ス θ‐ “ jο οr″ α Jο gy,II(1896‐ 1897),p.830。 ricα κノ :ο ノSο ε 4. Entre os “ trabalhos entao aparecidos, EIθ θ れzα Pο Jj`jcα ′de

Sciθ ο¨ “`js′ Ji “ d“ riα J Dθ Gactano Mosca(1858‐ 1941);rれ

αれ′ de Sidney e Bcatrice Webb; iDθ οcrα cy “ θO″ gα κjzα れ 0ノ POJjι jCα I Pα r′ jθ s(1902),de“M.OStro‐ `λ `jο gorski(1854‐ 1919); Z夕 r Sο Zjο Jο gjθ ′θs Pα ″ j)ソ θsθ れSi″ ごθr `θ jθ ″θれ Dθ 0た rα ι Mο ′θ″ (P01itical Parties)(1911),de Ro‐ “ Jθ χ :ο κ s ο ″yjoJθ れcθ (1908), 1936);Rθ ノ berti Michels(1876‐ crα ε ソ (1897),

de Georges Sorel. 5, Hilaire Bel10c,Sο れれθrs α″J yθ rsθ (Londres, 1954),p。 151: “On a General Election'',Epigrama XX. 6.Da宙 d Fitzpatrick,1`The Geography of lrish Nationalism'', αれごPrθ sθ ″ち 78(fev。 1978),pp. 127‐ 129. g“ れ gθ ″ j“ Kα ρj`α :is`isc力 θ ′ ′ isc力 θスgrα rbθ ″θ sc力 α ι θ 77(Gё ttingen, 1975),p. 64. r4α ys′ riθ gθ sθ 〃 ノ Pα sι

7.H.Io Puhlc Pο

J′

θs 8.G.Hohorst,I.Kocka c G.A.Ritter,SOzjα :gθ sc力 ic力 `Jic力 jた ic力 s ιriα Jθ れ z“ r S`α AFbθ j`Sb“ c力 ′ Mα ′ αθs Kθ isθ rrθ 187θ ‐ 1914(Munique, 1975)p。 177.`is′ 9.Michels,ο ρ.ci`。 (Stuttgart, 1970),partes VI,cap.2.

Notas

493

10, R. F, Foster, Lο ″ ご Rα ″ごο Jρ 力C力 ι λ:II′ αPο Jj`jε α ″θ J L:ノ θ ((Dxford, 1981),p。 395. 11.C.Benoist,Iメ 0″ gα れjzα ′ ′ ο″ ご Sィ ルαgθ I1/4jソ θrsθJ:Lα Crisθ “ αθJ電 ′Mο ごθ θ(Paris,1897)。 `α “ 12.C.Hcadlam(org。 )T力 θ´ ルfjJ″ θr Pα ρθrs(Londres,1951‐ 1933),

II,p.291.

13.T.H.S.Escott,SOε



J 7″ α ″s/ο

スgθ (Londres, 1897),p. 166, 14. Flora,ο p.cj′ 。 ,cap.5。

ο ″ 力θyjσ ′ =織 ″sOノ ′ riα

`jο

15.Calculado com base em耳 OhOrst,Kocka c Ritter,Oρ

o ci′

。 ,

p. 179. 16。

j`た sο Gary Bo Cohen,7カ θPο ′ ノE`力 ″jc j″

Prα g“ θr861-19ゴ

17.Graham Wanas,〃 p.21. 18。

S〃 ″ ソiソ α Gθ ″ α″s “ イ (PrinCetOn, 1981),pp,92‐ 93. jれ jcs(Londres,1908), 夕 αれNα ′ ″″ θ POJj′ “ J′

〕 David Cannadine,“ The Context,Perforrnance and Meaning of Ritual: The British MOnarchy and the`Invention of Tra‐ ditiont c,1820‐ 1977",cm EoJ.HobSbawm e To Ranger

θ ″jο れο (Orgs.)7ん θJれ ツ /Trα グ jο ″(Cambridge,1983),pp. 101-164. 19. A distin95o prov6rn de T力 θE4gJisん Cο ″s′ j′ ″ι :0″ ′de Walter j′

jθ 〃 Bagehot publicado primeiramente na FOr′ セカ Rθ ソ `Jッ “ 1867),comO parte do debate sobre a Segunda Carta (1865‐

de Reforma,j.θ 。 ,sobre se seria ou nao cOncedido aos traba‐ lhadores o direito ao voto.

″sciθ ″εθNα ‐ θθ ノ jJ′ θた F´ ′ `Cο “ ′ゴ789-1975 (PariS, 1976), p. 42, sobre os motivos

20.Rosemonde Sanson,Lθ jOれ α ′ :θ

rイ

das autoridades dc Paris,ao combinar divertiinentos popu‐ lares corn ceriinOnias piblicas.

21.Hans‐ Georg IOhn,Pο Jj`jた

θ7“ ″αTα r″ θ :α jθ Dθ `sc力 “θ g″ れ g iれ “ Kα ″ θ ′ ε ん れθ rsc力 α Jθ Bθ 〃 isθ ″ JS″ α ″ α ごθ′ sθ ttθ れ“ ′α ノ r‐

`jο “ 39. 19ゴ イ (Ahrensberg ッοれ 187θ ‐ bei Hamburg,1976),pp.36‐ 22. ``I bellieve it will be absolutely necessary that you should prevail on our future lnasters to learn their letters"(“ CreiO

que serd absolutamente necessdrio quc o senhor prevaleca sobre nossos futurOs mestres, a firn de que aprendanl lc‐ tras'')。

(Debate sobre a Terceira Leitura da Carta de Re―

fOrma,Pα rJjα θ4′ αry Dθ bα ′ θs, 15 de lulhO de 1867,p. “

A

494

θrα ごοs

ir77pど ″ ′ οs

1549,col。 1)。 Esta ёa verslo original da frase que se tornou famiHar enl sua versa o abreviada. 23. Cannadine,ο ρ. εj′・, p. 130.

24.Wallace Evan Davics, Pα ′ riο ′ is,7 ο “

Mass,, 1955)pp.218‐ 222.

Pα ″ α′θ (Cambridge,

25.Maurice Dommanget,E“ gυ θPο ′ ″,Mθ

″‐ brθ ご θlα Cο `jθ “ “ ““ 'Iれ れθθ′C力 α″′ rθ ′ θ′ ι θr″ α ο″α′ θ (Paris, 1971),p. 158。 `′ 26. Vo I. Lenin,Es′ αJο θRθ νο ′ ″raO′ parte I,seccao 3.

CAPITUL0 5:TRABALHADORES DO MUNDO l. Recorda95es do trabalhador Franz Rchbein, em 1911, De Paul Gё hre(Org。 ), pα s Lθ bθ れ θj″ θs Lα ″Jα rbθ irθ rs(Muni…

que,1911),cit,cm Wo Emmerich(org。

α″ isc力 θLθ ‐ ),Prο lθ ′

″ a“ ノ θ , I(Rcinbeck, 1974), p.280. 2.Samuel Gompers,Lα bο ″″ れ E夕 ″ορθ α″ご ス θricα (Nova bθ

s′



lorquc e Londres, 1910),pp.238‐ 239.

3. Mjι ″s zjθ 力′Jjθ ″θ″θZθ ′ ′ 『 スrbθ θFた ″′ ′″jれ Os′ θrrθ icカ “ “ 19r8_195ィ (Viena,1981). ― 4. Sartorius vo Waltershausen,Djθ F`α ′ ′ θ″isc力 θ″ Wα ″ごθrα rbθ ′ j′

′ θr(Lcipzig, 1903), pp. 13, 20, 22 e 27. Devo esta refe‐ rencia a Dirk Hoerder。 jε 5. Bairoch,Dθ /θ riC力 οa Mθ χ 。 ,pp.385‐ 386. j′ 6。 W.H.Schr6der,ス rbθ θ rgθ scみ jσ 力′ θ ″ご `4″ bθ j′ θrbι ″θg“ ″gr jθ j′ jο rれ ′ s′ ″ ′ rbθ ″″J Orgα ″isα ′ ″sソ“ θ″ 力αI`θ れ j′ 19, ″ご “ “ “ r″ ヵ θ ″2θ . Fα 力″ 力″ 1978), 77Jθ rr(Frankfurt e Nova lorque, ノ pp. 166‐ 167 e 304.

7. 〕 onathan Hughes,Tあ θy:`α J grθ ss

α″ごjrs



″∫ス ′ ricα れEcο ″ ο′ ηiC

“ P′ ο gο ″ isrs(Londres,(Dxford ι α

Prο ―

c Nova lorque,

1973),P,329。 8. Bairoch,``Citta/Campagna", p. 91.

9.Wo Woytinsky,D′ θ 1926),p, 17. 10. lyα ″

gib′

ι ι′ れ Zα 力′ θ″′rrr Djθ スrbα′(Berlim, "/θ

θs

iκ Jθ れ yθ ″ θig`θ れ s`α α

““ S2(Tibingen,1906).



れた `′

is‐ θ″Sο ziα lα ′ “

““ TOuchard, Lα Gα ″cた θ θれ F″ α″cι ごθ 夕is 1900(PariS, 11. Iean ρ 1977),p. 62; Luigi Cortesi,II Sο εjα ′ :α れ ″ α R:‐ ο′ is“ οr′ α′ ο″ θ θRjソ OJ夕 zjο 4θ :Dibα ′ だ Cο r7grθSS″ αι :ご θI PSr f892‐ ノ “ (Bari,1969),p.549. 192」

Notas

12,Maxime Leroy,ん α Cο 387.

13. D. Crew, Bο cカ タ″7:

495

′ θ O“ ν″j夕 r′ (PariS, 1913),1,p. “ ““

Sο zjα Jgι sc力 jθ 力r′

θj″ θr r″ グys`rjθ s′ αご′

(Berlim e Viena,1980)P,200.

14. Guy Chaumel,為 risr。 ′ ″ θごθs (PariS, 1948), p。

79, n。

C/7θ ″ti“ ο′ sθ ′Jθ

′ θ夕rs Sy″ グjε α `s

22.

Crew,ο ρ.cル・,pp. 19,70,25. 16.Yves Lcquin, Lθ s O“ ソ″′ θrsご θ ′ α Rι giο れ Lッο″れαisθ , Ij Lα Fο ″ α′ :ο れ ご αCVα ssθ Oα ソ:だ υ″ θ′ θ Rび g′ οれαJθ (Lyon,1977),

15。

““ p.202。

17. A priineira vez em que foi registrada a utilizagaO de bjg

ss(OED,suplemento,1976),OCOrreu em 1912,nos

b“ sj″ θ

EUA: GrOss‐ jrtグ タsrriθ apareceu antes, mas talvez se tenha lornado mais cOmum durante a Grande lDepressao,

18.O memOrandum de Askwith

ёcitado em H.Pelling,Pο … jθ 夕 ′ α ″ Pο ′ :`jcs αれJ sο θ ′ ″Lα ′ 。F′ α″ Br'た 7j″ (Lon‐ θyjε ′ ρ ッチ dres, 1968),p. 147.

19。

20。

Maurice Dommanget,His`ο j″ θ∂ Prθ j″ Mα j(Paris,1953), “ “ p.252. W,L.Guttsman,The German Social‐ Democratic Party 1875‐ 1933(Londres, 1981),p. 96.

21. /biご θ″′p. 160, j` ″″ 22. ル〔 s

′′ θ ″θ θZj`j`r 」 r″ r j″ Os′ θ 4rbθ j`θ rた ′ /″ θ icカ “ 1918-195イ「 E′ ″θ スタss′ θII“ ″g ごθr Os′“ θ″ ″ θ′ θttisc力 ι″ G`― zjθ /7′

ι α ″″κノ′ 夕rpο jた ″α′ θ sル 診′ σ′ れgθ r ルメ “ sθ s,23 ian=-30 ago。 1921(Viena),p.240.

sθ lsc力

Jj′

K“ J′ ″ rル rα ‐

23. Constitui95o do Partido Trabalhista ingles. 24. Robert Hunter,Sο ε:α ′ ′Wο rた (Nova IOrque,1908),p.2, is′ α 25. Georges Hallpt,Prο grα ″ ″ご Tγ ′ たJjε 力たθ :Djθ I″ ′ ″ れα‐ θ″ j′

jσ “νοr“19fイ (Neuwied, 1970),p. 141. だοれα′ θSο z′ α′ ごθ οたrα ′ “ popular,o anticlerical Pfα θ Sρ ′ 26. Talvez ainda mais θgθ ノ ノ “ Corvin (H. It Steinberg,Sο z′ α′ is′π s Dθ 力ご 夕′ z:α sc力 θSο`,de “″ “ Jι ″ 70た ″ θr Z″ r r″ θοJogiθ ごθr Pα α′ ′ θ ′′ νο″ ′θ″7 θrs`θ れ ′ たricg, Hanover, 1967)p. 139。 O Congresso dO SPD Wθ ′ J―

(Parteitag)de 1902 observa quc apenas a literatura anticle‐

rical dO partidO realinente vendeo Assiin, em 1898,o Mα ―

″θ Srο teve uma edi95o de 3 mil exemplares,eoC力 rお ‐ ′ れ ″ , こ θ ι ″αSOziα ′ is“ s, de Bebel,uma de 10 nlil exenl‐ `力 “ “ jノ

Aθ ″

496

αOs i″ pι r,ο s

plares; em 1901-1904,o Mα ″ θ S″ οfoi editado em 7 mil jノ

exemplares e O C力 ris`θ ″

27.K.Kautsky,Lα

″ em 57 mil exemplares.

`力 “ θ スg″ ″jα Q“ θs`′ ο″

(Mi150,1959),p.358

A citacao 6 do inicio da parte II, 1,c。

CAPITUL0 6:BANDEIRAS DESFRALDADAS:NACOES E NACIONALISMO l

lDevo essa citagao do escritor italiano Fo JovinC(1904‐

1950)

a Marta Pctrusewicz, da Universidade dc Princeton.

2.H. Go WeⅡ

jむ jο ′ s, ス″′ iρ α ″s(Londres, 5.a ed。 , 1902), pp.

225‐ 226。

3.Alfredo Rocco, Iグ カα

″′ "/力 α′Dο `力 θ ″αι is“ α ` is Nα `jο れα:is`s"″ αれ′ 2(Roma,1914).



4.Ver `jο em Georges Haupt, Michel Lowy e Claudie Weill, Lθ s Mα rχ isι θ s θ 「Eι ごθs Q′θs`jο ″ Nα ″αJθ 1848‐ 19ゴ イ ` Jα `jο “ θιTθ χ s(Paris,1974)。 `θ υヵ にgα れsgsprα ε力これ jれ ス:rOsι θrrθ jε ん z〃 isc力 θ う.E.IBrix,Djθ js′ jた “ Agjι α れ ″κグ スss,″ zjJα ″r I)j′ Sρ ″ れ αε力θ″sι α′ jκ ごθ `jο j`力 `jο Zis′ θ αれisc力 θれ yoι たszaみ ′ ″れgθ ″ ′ 88θ -191θ (Viena, Co16‐

nia c Graz,1982),p.97.

6.H.Roos,ス

His`ο ry

οノ′ Иοごιr″

Pο Jα

p.48.

ご (Londres, 1966), “

7.Lluis Garcia i Sevilla, `Llengua, Naci6 i Estat al Diccio" nario de la Reial Acadenlia Espanyola', L'ノ4ソ θれg, Barcc‐ lona(16.5。 1979), pp. 50‐

55。

″s α″グ Sι α′ θs(Londres, 1977).

8. Hugh Seton‐ Watson, Nα p. 85.

`jο

9.Devo essa informa9ao a Dirk Hoerder.

10.″ α ′ α rd ソ

E″ ε yclο ρ θ Jjα

ricα れE`あ れ ο ,c チス θ

“747. ralization and Citizenship",p.

gjれ θ 11.Benedict Anderson,I“ α ごCο

′ み θOrigj″ sα ″J Spr′α αο ノNα pp. 107‐ 108.

″j`jθ “ “ “ Jis“ (Londres,1983), ο れ α

η

力θPο Jθ s sOノ ι

s′

`′

12.C,Bobinska e Andrzej Pilch(OrgS.),E“ EИ jgrα

ρs,“ Natu‐ “ Rθ ノ Jθ C`jο れ sο ″

Crο

‐ た sθ θ ρJο y“ θ″′

'4g 14/ο rJご ― ″J XX C。 Widθ χIX α

(Crac6via,“1975),pp. 124-126。 `jο

13.Wolfgang丁 .MOmmsen,Mα χlyθ bθ ″α″ご Gθ r“ αれ Pο ′ ′ ′ たs 1890-192θ (ChiCago,1984),pp.54 e segs.

497

Notas

θ″ icα ″ Cο ″bο ッ 14.Lonn Taylor e lngrid Maar, Tあ θ ス″ι

(Washington DC, 1983)pp.96‐ 98.

15.Hans Mommsen,Nα

bθ 〃 gθ ″αArbθ j`θ ″ α ″θ れ 姿μれg ルα :j′

`:ο “ 19。 Marx― Haus,Trier,1971),pp.18‐ (SCh五 ften aus dem Karl‐“ jJθ ′ jα λθ ο′ θ ″ ′ G“ gα Mο θ 。 れ二 α bO“ ″ ソ ″ ″ 16.His′ ο ο 働 θ″ ッ ノ

「夕sθ И jα “ οノ′ ″ Lα ‐ ηOノ “ ′ 力θH“ ″gα ″ 力θЛ イ

Pθ r"η α れθれすEχ jbj′ :0″ bο



″ルグοソθ θれ

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jソ

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169‐ 195,

18.A.Zolberg,“ The Making of Flenlings and Walloons: Bel‐ ry,V θ r∂ iscjρ Jj4α ry His′ ο gium 1830‐ 1914'ち /0“ ″ れα J ο ノfれ ′

ef磁

T【 :な fふ:Ff:量 cI:り

1庁

撹ll記

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mente pp.60‐ 65.

'勝

'響

19.E″ cicJο ρθJjα r′ α:jα れα,“ Nazionalislno''。 20. Peter Hanak, “E)ie Volkslmeinung whhrend den letzten Kriegsiahren j4 0Sterreich‐ Ungarn'',jれ

R,G.Plaschka e

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CAPITUL0 7: QUEM E QUEM OU AS INCERTEZAS DA BURGUESIA l.William lames,T力

θ Pri″ εjρ :θ s οノ PSyCん ο:ο gソ

(Nova lorquc, 1950),p.291.Devo essa referencia a sanford Elwitt・

2.H,Go Wells,Tο 40‐ B“ 4gα y(1909;Modern Library),p.249, 3.Lewis Mumford,7み θCjι y jれ ″js`ο ry(Nova lorque,1961), p.495。 4。

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c Londres, 1979),pp。

208‐ 212.

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j′

498

ハ θrα JOs′ ″pび riο s

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9. Adolf vo wilke,ス

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(Berlim, 1930),

s′

(免

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10.W.L,Guttsman,T力 θB″ ′ pp. 122Ⅲ 127.

`is力

11. Touchard,ο ρ.σ

j`。

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13.Go A.Ritter e I.Kocka,Dθ

Srr夕 ε ″ θ Oノ

`“ “ (Londres, 1958),p, 122.

gθ sc力 jε 力′ θSOz′ α′ θo Dο た ― `sc力 -19ゴ θれ′ “ θ ″グ Sた ,zzθ ″. Bα れJ rr“ r87θ イ (Munique, 1977), “ pp.169‐“170。

14. Paul Descamps, 二'E′ 夕θα ″ ごα″s ′ θs Ecο Jθ s A″ gJα ,sθ s `jο (Paris, 1911),p. 67. Zeldin,ο ρo cj`。 , I,pp.612‐ 613. 16. Ibjグ θ,77,II,p.250;H.Uo Wehler,Dα s Dθ

15。

1871‐

θKα isθ ″ ″ θみ θ′

1918 ((30ttingen, 1973), p. 126: Ritter “`sc力 e Kocka,ο ρ .

。 ,pp.341‐ 343.

曰 ・ 撹Ъ 」 s盤 晩 lLJ‰ ノ 員 し 肌耽見 ″鷺艘 ry陽 cj′

]'メ

(Nova lorquc, 1981),p.264.

18.」

:"だ

a器 J"鴇 卜 し 鵠 脇 b井 _麗:lムギ ィ 『 Jち

150; Zeldin, ορ. σ・, II, p. 330: Mayer・ ορo ε′ ′ ,, p. 262. 19. Ritter e Kocka,ο ρo ε ・,p.224. j′

j′

20。

Yo Cassis,Lθ s βα″9こ ′ ′ θrs



′ αCi′ ッα::Fρ ο9″ θE′ ο″αrご jθ ″″θ

r89θ _19rィ (Genebra, 1984).

21. Skidelsky,ο ρo Cj′ 。 ,I,p.84.

22. Crew,ορ.ε ・,p.26. j′

25。

G.vo SchmoHcr,フ アαs

yθ rsrθ ヵθ ″ 1″ ′ ″″″′ θr dθ r77 Mjι ′ θls′ α″ごθ2

〃α′θ ″ル α 力″ 力″″Jθ ″ ′z″ _ο ′θ ′スbgθ ″ο θ ″2(Gё ttin‐ "r9.ノ ““ gen, 1907)。 19。 /α 力 ″ み″― “ “ 力 ″″J′ rrs(BerHnl, 1905),

24.Wo Sombart,Djθ グ θ ″′ sc力 θyο ′ たs″ ′ ″ ′ んsc力 α ル′

ごθ F` ″ ″ごj′

25。 26。

ス″ α ″gグ θ s 2θ o ノ

Jα rヵ

" pp. 534 e 531。 . Pollard,``Capital Exports 1870-1914",pp.498‐ 499. W.R. Lawson, /ο 力 B“ II α ″ごHお Pα r′

″′ s,

sc力 ο ls′ ο

ο r ス 3ο ο たノ e

Rα ′ θ θ rs “ α ″ ごハ イ θ ″ο ρα ツ ノB“ si″ a,s(Edimburgo

499

Notas

Londres, 1908), p. 39。 Segundo sua cstirnativa, ``a classe mё dia

propriamente dita" estava em aprox. lneio rnilhao. 27.Iohn R.de S.Honey,Tο BrO″ ″'sυ ″jν θrsθ r Tん θDθ ソθ‐ “ b:jc Sc力 ο ο I(Londres,1977)。 riα κP′ 力θy,c′ ο ′ :ο ρ 7"θ れ ノ 28。

`ο θ″ αれ cο JJθ gθ Wo Raimond Baird,ス ″ι jσ

θr″ ′θs「 Frα ′

αDθ s―

力θCο :Jθ gθ s ο y Sys`θ ο ysis ο 乃θSο ε ′ ′ α cripriソ θス″ ノ ノι ノ′ jJθ ccο ″ ノEα C力 Frα ― α グス“ ′ θ s″ んαDθ ι ′ 力θび″ θ グ S′ α “ `ο r″ y(Nova lorque, 1890),p,20. `θ ορ. ε 。 29. Mayeur, , p. 81. `′



j′

j′

j′

j′

Escott,0′ . θ 。 ,pp. 202-203. ′ 31. T力 θ E″ gJis力 〃ο α″s yθ α B00た (1905),p. 171. j′

30。

r‐

32. Escott, Oρ o



。 c′ す , p。

196。

33. Isso pode ser verificado na Victoria County History, para esse condado. jρ :θ s 34. Pri″ ε

2'CS(Londres,8a.ed., 1920),p.59。 ο ノEcο 4ο ″

35. Skidelsky,θ P. ε・, pp. 55¨ 56. y。 ″r 36。 Po Wilsher,rhθ Pο ″Jjれ j′

′r87θ ‐ 197θ Poθ たθ

(Londres,

“ 1970),pp.81,96e98。

37. Hughes,ο ρo c'′ .,p.252.

力θ R“ ss'α れ Rθ νOJ″ ‐ 38.Citado em W.Rosenberg,Libθ ″αJs i″ ′ ″ (Princeton, 1974),pp.205¨ 212.

θWirι sc力 α ルsgθ s― “`sc力p. 521. ゴ815‐ r914 (2,a ed。 , Iena, 1923), `θ 40. Por exemplo,enl Mα れα″JS“ ρθr“ α″,1ワ risα J′ jα ″εθ `jο 59.A.Sartorius vo Waltershausen, Dθ

θ力jc力

.

rα ″ 0れ 41. Robert Wohl,7カ θGθ θ

89,169e16,



0ノ

19Fイ

(Londres,1980),pp.

CAPITUL0 8:A NOVA MULHER

j″ λιyjθ κα イ 夕′ θ s Oノ ′ l. Ho Nunberg e E. Federn (orgs。 ), ル “ y,I「 19θ 6‐ 19θ 8(Nova lorquc,1962), :θ ′ icα J Sο ε Psyc力 οα″αJッ ι

pp. 199‐ 200。

κ″ sノ ο ″θ bθ j`θ ri Lθ bθ ″ 2.Citado em Wo Ruppert(org,),Diθ ス″ “ /1J′ ′ αg“ れJ K夕 :`夕 r(Munique, 1986),p,69. 3.Ko Anthony,Fθ j″ is“ jれ Gθ ″ α″ソαれJ Scα ″Jj″ αソjα (Nova “ “ lorque, 1915),p.231. ι ″(Iena, ed,de rs〃 issθ ″ sC力 α θ ε λ Jθ r S"α b″ α ″ ′ 〃 Or′ θ ″ 4.″ ノ 1902),``Beruf",p.626,e``Frauenarbeit",p. 1202.

5

「わj′ θ″7,“ HauSindustrie",pp. 1148 e l150。

500

A arα

dOS i“ pFrios

6.Louise T■ ly e rOan Wo scott,Wo“ θ rた α ″ごFα 4,"′ ο 7

(Nova York,1978),p.124.



″α″ご″br′ θrb“ σ力′``Frauenarbeit",pp. 1205‐ 1206.

,Jy



Para a Alemanha: HohOrst,Kocka c Ritter,ο ′ .cj′・ ,p.68,

jο n38;para a lnglaterra,Mark Abrams,7カ θCο ″ J′ ′ ″ο ノ ル 1911‐ 19イ 5(Londres,1946),pp.60‐ 61; ′ ″θB″ おλPθ ο j′



Marsh,ο ρ o cj′・ ,p. 127.



Zeldin,ο ρ. σj′ ., II,p. 169`

Eo Cadbury,M.C.Matheson e Go Shann,77ο θれヽ Wο ″ た α″ご Wagθ s(Londres, 1906),pp.49e 129。 O livro “ descreve

as condig,es de trabalho em Birmingham. 11.Margaret Bryant, 7カ θ 3‐θχρθθ J Rθ ソοJ“ ο″ (Londres, 1979),p. 108.



`′

jο 12.Edm6e Charnier,Ij'Eν ο′′ ″ r″ ι θJJθ ε′θι Jθ



jん j″

θ(PariS,

“ Puhle,``Warum “ 1957),pp.140o189.Ver“tamb6m H._Io

gibt es so wenige Historikerinnen?", Gθ 3



sc力 ic力 ′ θ

JIsc加│`,71g。 (1981),especialmente p.375,

″グ Gθ ‐ “



Rosa Levin6‐ Meyer,二 θソ′ ″ι (Londres,1973),p.2,



Primeira traducac enl ingles em 1891.

Caroline Kohn,Kα ″:K″α″s(Stuttgart, 1966),p.259,n.40;

J.Romein,7カ θlyα

rsλ

θ ごο s,p.604。 /7〃 οE″ α

`θ 16, Donald Ro Knight,G″ pみ θ θ α′1″ みj`θ Cjヶ ,Sあ θ rJs,Lο

7θ 'カ

Jο ″∫

“ ス″κjν θ″ sα ry, 19θ 8‐ r978 (New Barnet, 1978),p. 26。

17.Devo esse ponto a um aluno dO Dr.So N・ Mukheriee,da 8

Unlversldade de Sydney.

Claude Winard,二 θs G“ θsグ θs(Paris, 1965),p.362. j′



G.Do Ho Cole,ス ″ ο ry ο 力θttα bο ″Pα ソノ ″ ο 1914 ノι js′



“ たθFθ“ ′ (LOndres, 1948),p.480; Richard I.Evans,「 ″jsrs

0 2 1 2 2 2

“ (Londres, 1977),p. 162. Woytinsky,ο ρo cj`。 ,II,fornece a base para esses dados. Calculado a partir de iイ θ れα ″Jフ/ο θ れο み θTj“ θ(1895)。 ノ′ Para o feminismO conservador,ver“ tamb6m E・

ο 力θEκ gJisλ Pθ ο ノ′ ρlθ 1961),VI,p. 509.

Hjs`ο ry (ed。

Ha16vy,ス

″′ θNj″ θ θ λCθ れ ッ

jれ `力



`“

23. Acerca desses desenvolvimentos, ver S. C)iedion, Mθ c力 αれ

,‐

れ Tα たθs Cο

α″ご (Nova lorque,1948),ρ αsS'“ ;para `わ ““521. a citacao, pp. 520‐



24.Rodelle Weintraub (org。 ), 3θ r″ α″J S力 α〃 α″′ フアο′ 77θ れ ,

Pennsylvania State University, 1977,pp.3‐ 4,

Notas

501

25.Ican Maitron e Georges Haupt(orgS。 ),Djε ′ ο″″α θBjO‐ ′ j″

jθ jO″ α イ οソ θθ ″ ソ ″ ″ r r″ ′ ″ ″ α ′ J:Lち 4“ ′ θ ρみ:9“ θご ハ ″みθ “ “ “ `0“ (Paris, 1971),p.285` 26.T.E.B.Howarth,Cα bridgθ Bθ ′″θ′κ T〃 ο Wars(Londres,

gttα

1978),p.45. 27. I.P.Nettl,Rο sα

“ L“ χθ b“ rg(Londres, 1966),I,p. 144.



CAPITUL0 9:AS ARTES TRANSFORMADAS l.Romain Rolland,「 θ ″C力 ″ α お′ op力 θj″

Pα ″ お(tro

Nova lorque,

1915),pp. 120‐ 121.

2. S. Laing,Mο ごθr″

Sciθ κθ θ α″J

MO′ θ″″7/7ο ″g力 `(Londres,

1896),pp.230‐ 231, 1.a ed。 1885。

3. F.T.Marinetti,Sθ lθ σ′ Fi`j″ gs,edo Ro Wo Flint(Nova θご И′ lorquc, 1971),p.67. 4.Peter lelaViCh,M“ ″jελ ακJ Tん θα

″jκ g α ″αPθ rrO″ α ″cθ “ 1985),p. 102.

PJα y〃

j′

jむ

κ,s“ ′POJj′ jcs, αI Mο ∂θ″

`″ … 19rイ (Camb五 dge,Mass。 f89θ

,

5. O te.11lo foi cunhado por M.Agulhon,``La Statuomanie ct l'Histoire", E`あ οJο giθ F″ α″fα iSθ , 3¨ 4, 1978. 6。

“ jθ Breaking Away",Nθ ″ y。 ″ た Rθ ソ 〃 0ノ John Willett, “

B00た s,28.5。 1981,pp. 47‐ 49.

7.T力 θE″ g′ is力 〃ο α れヽyθ α 3ο ο た, 1905, “Colonial “ lism for Women",p. 138. r‐

,ourna‐

8. Entre outras cole95es que fizeram fortuna com a sede de autodidatislno e cultura na Gra‐ Bretanha, podemos citar Cα θ lο ′C′ α ssjcs(1886‐ 1891), oS 300 c tantos volumes de “ Cassθ ι ′ ヽ Nα ″αJ Ijibrα ry (1886‐ 1890 e 1903‐ 1907), `jο たヽ 力″L“ bbο ε ry(1884‐ 1890), Sir ノ ο Cα ssθ JJ's Rθ J Ljbrα θJ Bο οたs, publo por Routledge(tamb6m editor de ″ ″ご″ ′ “Jθ r″ CIα ssics desde 1897), a partir de 1891, Nθ lsO″ s Mο れれy CJα ssics s6 duraram de 1905 CJα ssjσ s(1907‐ ); os Siχ ρθ

a1907-―

Jヽ ο″ e Oχ ノ

(1906‐ )mereCe

フ ア ο ″ JJ's

″ Fy“ α Cttssicso A editora Eッ θ

ser citada por ter publicado um c16ssico

mOdemO importante,o Nο

0,de loseph COnrad,em Ory ο ノE“ glα ″ご r Scο ′ ′ WaJι θ ,de Lockhart。

s′

″ ο

“ seus prinleiros cinquenta titulos,entre His′

de Macaulay,eL〃 θο ノSj″

ελ′ θ″ Nα ‐ sθ λ′ θ αθr Pο θ `isc力 θ sc力 ″, 5 vols。 , 1836‐ 1842. ο″α θrα ′″ごθr Dθ チ “ “

9, Georg Gottfried Gervinus, Gθ r′

,

J′

j′

A 10, F, Nietzsche, Dθ r

θrα ′οs i“ ρι″ わs

ly′ ′ ′ θz″ ″ ναθみ′ z′ Jjc力 θ Wθ rた θ , j″ Sα ″

(Stuttgart, 1965),IX,pp.65e587. j“ α″J 11.Ro Hinton Thomas,Njθ θ j″ Gθ r“ α″ Pο ′ ′ ′

Sο ‐ `zsc力 1984), destaca ―― y F89θ -19F8 (Manchester, σjθ ′ pode“ se dizer 9uc acentua demais― ―a motiva95o quc ele represen… tava para os libert`rios. Entretanto,c apesar de Nietzsche n5o gostar dos anarquistas(cf。 /θ ″ Sθ j′ S ν O″ G“ ′ ″ ごBο sθ jθ “anar‐ Sα ″ ,′ ′ 力 θ 7θ ″ たθ, VII, pp。 114, 125), nos cfrculos quistas franceses de 19oo``On discute avec fougue Stirner, Nietzsche et surtout Le Dantec''(``diSCute‐

se acaloradamen‐

te Stirner,Nietzsche e sObretudo Le Dantec")(Iean Mai… tron, Lθ Mο νθ 777θ れ 4″ α rc力 is`θ θ ″ Frα ″cθ , Paris, 1975, I, “

p.421).

`ノ

jS′ 12.Eugenia W.Herbert,ス ″′ Sα ″J

SOc′ αJ Rθ ノ ο″ :F″ α″cθ α″J ″, 1885-f898 (Newhaven, 1961),p. 21.“ “ Dogliani,Lα ``Sc“ οlα ごθIIθ 」 13.Patrizia Rθ cI“ ′ θ": L7″ ″ αzjO‐ g′ Bθ ′

`θ “ ″αJθ G′ ονα″jrθ Sο ciα Jisrα Jα :Jα Fjκ θ Jθ J1 0′ ′ οεθ ″fo α〃α Pri“ α G“ θ″ ″ ルrο ″J′ α:θ (Turim,1983),p.147. 14,Go Wo Plechanov,κ ′″s′ ″ご L′ ′ θ″ α′ α″ (Berlim oriental), “ 1955,p.295。

15.I.C.H011,Lα ノ θ ″ θPθ jん ′ra “ “ pp。 14‐ 15.

Cο ″ ′ θ

16.“ On the Spiritual in Art",cit.:″ 7

Bο οたs,

jθ Nθ ″ y。 ″ た Rθ ソ ″

0ノ

16.2.1984,p.28.

8 9

Cit.j″ Romein,Warθ ″ sヵ θ αο ノT″ οE″ s,p.572. j″ KarI Marx,7カ θEな み θ κ′ みBr“ α θο ″おBο ″α r`θ・ ノニο ρα

j″ Max Raphael, y。 れ `θ ,Vο ″ θ ′z“ “ PたassO, Gr“ ″ ご z″ ご θθ θ ″ jε 4as′ 力θ ′ 清 ″′ E″ ′ 〃 たJ″ ″g Jθ ″ Mο ごθ″ θ″ ル「 α:θ ″ θ,(Mu‐

“ nique, 1913)。 20。

′ο]り θ(Paris,1912), “ '″



E digno de nota O papel dos paFses que disp6em de iin¨ prensa fortemente democr`tica e populista,lnas nao de um grande piblico de classe m6dia, na evolucao das carica‐ turas polfticas mOdernas.SObre a importancia da Austr`lia

nesse sentido, ver a introdu95o de E. I. HobSbawm a Cο

″お′Cα ″ ′ οο″s,de“ Espoir"e outros(Londres,1982),

p. “““ 3.

21. Peter Bachlin,Dθ ″F′ J“ αls Warθ (Basi16ia, 1945),p・ 214,

n.14.

503

Notas

22. T.Balio(org。 ),7λ θ ス θ″たα″ Wis。 ,

f″ ′

Fj′





1985),p.86.

s′

ry(MadiSOn.



jα 23.(3.Po Brunetta,S′ ο/jα グθJ Cj″ θ″7α rrα ′ ″ο f895-1945(Ro‐ lna, 1979),p.44` 24. BaliO,ο ρ.Ci`・ ′p.98. 25. fbjご θ″7,p.87; ル〔 夕 s zjθ 力′グjθ Nθ θZθ ′ ち p. 185、 j′

“ “ 26. Brunetta,ο ρ. ε ・,p.56. 27.Luigi Chiarini, ``Cinernatography'', jれ jι

Iγ οr:グ

E″ cッ σ :ο ρ θ ′jα ο ノ

ス″

p. 626.

`(Nova lorquc, Londres e Toronto, 1960),III,

CAPITUL0 10:CERTEZAS SOLAPADAS:AS CIENCIAS l. Laing,ο ρo cjι・ ′p. 51. 2、

Raymond Pcarl,Aイ ο C力 jれ Gθ れ θ ∂θ s ο ″ ノRθ sθ α lor‐ que, 1915),p. 159.O trecho 6 reimprcssaO `jcs(Nova de uma con‐ ferencia de 1913.

gθ ο 3.Bertrand Russell,0″ ″K″ ο ″α s 力θEχ ′ ′ J′ α 〃Jθ ′ ノ′ `θ jJο "%″ αFjθ :Jノ ο ′ iC Mθ y (Londres,ed` / SCiθ れ ′ J j″ P力 力 ο sο ノ ′

1952),p. 109.

`力

4.Carl Boyer,ス 〃js`ο ry ο ′ 力θ α ′ ics(Nova lorque,1968), ノνα



p. 82.

5.Bourbaki, E′ θl%θ ″′ ″,s′ οj″ θ ′θs Mα ′ s グ′ /7ι ′ πα′ ′ s(PariS, 9夕 θ 1960), p。

27. O grupo de matemttticos que publicava sob

esse pseud6nirno cstava interessado na hist6ria de sua`rea basicamente relacionada a seu pr6prio trabalho。 6.Boyer,ο ρ.ci′ 。 ,p.649` 7. Bourbaki,ο ρ.ε j′・,p。 43.

8.F.Dannemann,Djθ

j″ Nα J″ ″ ″issθ ″sc力 α /rθ ″

j力 rθ

‐ r E″ ′ ″′ ε た

ル4g夕 ″ご ′ 力″ θ Z″ sα θ″みα″gθ (Leipzig c Berlim,1913), ““ IV,p.433. “

9.Henry Smith Williams,T力 θS`ο ry ο ′ θ θ ″′ カー Cθ ″ ′ ″ry ノN′ ″θ Sciθ ″ε θ (Londres c Nova lorque, 1900),p.231. loo rbjdem, pp. 250‐ 231. 11. rbjご θ′ 7ち p.236. 12。

C.C.Gillispie,7カ θEJgθ ο ノObル C′ jν y(PrinCetOn,1960), j′

p( 507.

13.Cfo Max Planck,Sciθ κr〃 た スタ′ grαρ οb′ ο カッα ″グ0働″ Pa‐ ρθFS(Nova lorque, 1949).

14.I.D.Bernal,Sciθ J7ε ′′ ″ Hisfο Fy(Londres, 1965),p.650。

504

A arα Jos I“ ′夕jOS

15.Ludwig Fleck, Gθ ″ ′ sis α れグDθ ソ θ Jο ρ θrο /α

sciθ れ ′ ““ Fα c`(ChiCagO, 1979;Original de Basi16ia,1935),pp.68-69` 'C 16.W.Treuc e K.Mauel(Orgs。 ),Nα ′″″〃issθ ″sc力 α/r,7ι Cた ″,た ″J Wir′ sc力 α ι′ ′ 19. ノ α λ″ カタ″ごθ , 2 vols。 (Gottingen, ノ “ 1976), I,pp.271‐ “ 274o348‐ 356. jノ

r′

17. Nictzsche,Dθ ″フアjJJθ

z″ r

Mα εん′ , livrO Iv, p. exo pp. 607‐

609. 18.

Co Webster(Org。 ), 19イ θ

19。

Bjο

Jο

gy, Mθ αjθ j″ θ α ″α sο c′ θ

(CaFnbridge, 1981),p. 225,

f8イ θ‐

`ッ

rbjグ θ ″ち p.221.

20. Como sugerem os seguintes titu10s: A. Ploetz e Fo Lentz, rscヵ ιGθ sθ ′ Jsc力 α /r″ ″Rα sSθ ″ ,19o5(“ Sociedade わgjθ ″θ “ para a Higiene Racial''),o da re宙 sta da mesma Alema _ ″ Sociedade ス″ ε 力jν ノ ″″RαSsθ ″ ″ご Gθ sθ 〃sc力 α ′ Sbjο Jο gjθ ノ (“ Arquivos de Bi010gia Racial e SOcial");G.F,Schwalbe,



jノ Zθ j′ sc力 ″ ′ノr iИ ο gjθ rp力 ο ′ ο

″グス″

rο pο Jο gjθ ,

Erb‐

夕グ

`力 “ de Morfo10gia,Antropo10gia, “ (1899:“ Revista “ “ c Biologia Racial")。 Cf. Io Sutter, L'E“ gι れ,9“ θ∫ Gen6tica _Mι ′ Prο bJ夕 乃οJθ s― Rゐ J′ α′ s(Paris,1950),pp.24-25。 ““M.Ludrnerer,Gθ “ ″θ′ jε Kenneth ics α″グ ス″2θ ″ αれ Sο c′ θ `yrス ″js′ ο″ たα:ス ρρ″ αjSα ′(BaltimOre,1972),p.37.

Rα ssθ

bjο ′ οgjθ

つ 一

22.CitadO ern Rornein,ο ρ.ε .,p.343. 23。 Webster,ο ρo cj`。 ,p.266. 24. Ernst Mach,jれ Nθ ″θOsι θ″″ θic力 isc力 θ 3jο grα ρんjθ , I(viena, j′

1923)。

25.I.I.Sa10mOn,Scjθ εθαれdP。 ′ jcs(Londres,1973),p.XlV。 j′

“ 26。 C}illispie,ο ρ.cj`.,p.499。 z“ r几 イ αc力 r,、 ″ Orrede,p,4. 28. ∬bjJθ ,aforismos,p.8. “ 29. Bernal(ο ρo ε・, p. 503)estima quc em 1896

27. Nietzsche, ツ/jJ:θ j′



toda a tta∼

di950 da ciencia" era mantida por talvez 50

■lil pesscas no mundO intё iro, das quais 15 nlil faziam pesquisa。 (Э

n`mero aumentou: entre 1901 e 1915, forain diplomadas s6nos EUA cerca de 74 nlil pessOas em ciencias da natu‐ reza e foraln follllados 2.577 doutores em ciencias da na― tureza e engenharia一 ―Do M.Blank c Gcorge Io Stigier,T力 θ Dθ

α れ ごα れJs“ ρρJソ ο CPし rsο れ ″ θ ′(Nova lorque, ノSciθ れ ′

“ 1957),pp. 5‐ 6。

`jノ

505 jc 30 Go Wo Rode五 ck,T力 θE“ θ rgθ ″ σ θο ノαSCjθ ″開 ソ

Sο σ jθ ry

(Londres e Nova lorquc, 1967), p. 48. jθ 31.Frank Ro Pfetsch,Z“ ″E4`ッレ たI“ g′ θ ″予 7'ssθ 4sC力 α ノ j′

7 Dθ ′

Jj′

jた

“ 1974),pp. 350 e segs. 力Jα ″J 175θ -19Fイ (Berhnl, `Spο

`sε 32. C)s premios foram adiados para 1925,compensando assiin

algum atraso no reconhecimento das realiza96es dos iovens brilhantes dos `ltiinOs anos que precederam a guerra de 1914. 53.Ioseph Ben‐ pavid, “ Professions in the Class Systems of ″ Present‐ ]Day Societies",:″ C“ ″ θ″′Sο ciο Jogy,12,1963‐ 1964, pp. 262‐ 269。

34.Paul Levy,Mο ο″θ′G.E.Mο οrθ α″グ′ みθCα briを θ4ροS′ :θ S “

(OXfOrd, 1981), pp. 509‐ 311.

CAPITUL0 11:RAZAO E SOCIEDADE l. Rolland,ο ρo

cj′ .′

p.222.

2. Nunberg e Federn,ο ρo cj`。 ,II,p. 178. Zθ z夕 r▼ 7'ssθ 3.Max Weber,Gθ sα に渕 ηθ θ ス クノSα ′

θ sttα ノ′ SIθ あ″



(Tubingen,



1968),p.“166。

4.Guy Vincent, L'Ё θO:θ Pri“ α θF″ αれσα j″

gj9yθ

(Lyon, 1980),p.332,n。

779。

たs,parte IV,cit. j″ 5.Vrivekananda, lyο ″ 1918:Rθ ροr′ ,Calcut`, 1918,p. 17n。

θOノ θ 6.Anil Seal,Tλ θE“ θ rgθ ″

f″

: Ё



Sο ciο :ο ‐

`“

'Sθ

θ

trη jι Sθ ごj`jο れ Cο ″ `θ

ご′ κα ι is“ α ″ Nα ο

bridge, 1971),p.249.

(Cam‐

`′

7.R, M. Goodridge, “Nineteenth Century Urbanisation and Religion:Bristol and Marseillc,1830‐ 1880",SOσ jο lο gi“ I yθ α rbο ο たοナRθ Jjgiο れj″ Bri`α jれ ,I(Londres,1969),p.131,

8,``I」 a

BourgeOisie Adhё re au Rationalisme, 1'Instituteur au

θ s Jθ Sο cjο Jο giθ Rθ … Socialisine" 一― Gabriel Le Bras,E′ ご Jigjθ

“ 151. 夕sθ ,2 vols.(PariS, 1955‐ 1956),I,p.

電g:isθ o 9.A.Fliche e V.Martin,His′ οirθ αθ ′ Jθ Pjθ 10。

jノ jε α Lθ Pο ″ι

IX,2.a ed.(PariS, 1964),p. 130。

`

S.Bonnet,Co Santini c H.Barthelemy,``Appartenance Po‐ litique et Attitude R61igieuse dans l'Inllnigration ltalienne cn Lorraine Sid`rurgique",24rc力 jソ θs ごθSο θjο Jο giθ ごθs iRι _ jgjο ″ ′ s, 15, 1962,pp.63‐ 66.

11. R. Duocastella, ``G6ographie de la Pratique R61igieuse en Espagne", Sο ciα I Cο ′αsS, XII, 1965, p. 256; A. Lconi, “

ス θrα め si″ ′driο s 肋 cioragjα 髄 Diο c`sil Saggs“ Jfa Pra― 顧 αル な :ο W滅 ′ `G`昭 “ giο Sα icα R′ ″ ι ι αDiο cθ si a Mα 7筋θ ッ ′ αCRoma,1952),p.117. “ 12.Ha16w,"ε ,Vp.171. 13.Massimo Salvado五 ,Kaガ 施 rsb α η ′ ご′ ル Saciα ′ 対ル :ο "ル “ “ い ndreS,1979),pp.23-24. j∴

14。

Sem falar na imtt do lmer s∝ ialista Otto Bauer quc,sob outro nome,6 fltta de destaque das anota9oes psicanalticas de Freud. Ver Emst Glaset tt σ″ ″ 滋 SИ 西 ″α所む″婚 ,Ⅵ ena,1981, “

PaSSI″・ 15。

Sobre essc epお 6dio ver Mα 鷹 ― E4gι Js Иだ力:ν ,org.D.巧 azal10V (reedo Erlangcn,1971).Ⅱ ,p.140。

16。

As discllss6es mais complctas sobre a cxPanSttO do marxlsmo nao exlstenl enl vers五 o inglcsa.Cfo Eo Jo Hobsbawln“ L diffusione del S′

οガαaグ

9,れ

Srrrd S′ ο ttci X、 1974,pp.241-269; Mar五s“ 。,Ⅱ :″ Marris“ ο4′ ′ ′nad?J′ αs′cο ztt fれ た

Marxismo,1890-1905・

r―

″砒 jO″ αJ′ ,Turim,1979,pp.6-110,artigos de F.Andreucci c]E.J.

Hobsbawm. スお C力 J確∬ 滋 s να7パ εル 野 scぉ ,1986, “ mals vigoroso cndco ortodoxo “ foi,por EInulto tempo,o deヽ 4arx. Bёhm― Bawerk foi chefe de gabhete da Allstria por“ s vezes nesse penodo. Walter Bagcho、 PLysi“ α4ご Pο ι iだ ぃ ,originalmente publicado em

17.E.I Bё hn― Bawerヽ 動

18。

1872.Aedode 1887foifeitaporKcganPaul 19.Otto I・ Iintzc,tber individualistische und kollekdvistiche Gcs―

chichtsaufFasstmg",14〃 jyο ttc力 θZ`:rsc力 ″ ,78,1897p.62. 20。

Vet cm pattcular9 a longa polemica dc G.Ⅵ Below,“ Die nells Histo―

21。

Schorske,9′ .c力 。 ,p.203.

rische Memodげ 。れ ″勝οttcル ル irscあ 就 81,1898,pp.193-273. 22。

WilLam McDougan(1871-1938).ス ″ I″ あ α:ο Pッ cttJο gッ い ndres,1908).





jα Sο ε ′



23.Wiluanl James,VaHedes of ReLgiolls Bclief(Nova lorquc,ed. 1963),・ p.388。

24.Eo Go血 eiL“ Gesc膿 haft uld CesellschaftswisserLSCh乱 ",I″ Hα ″J― wο ″ め カルrS`“ し ttε け Cη Cena,1900),Ⅳ :p.212. ヽ θ



Notas

507

CAPITUL0 12:RUMO A REVOLUcA0 yθ α FS,I(Nova

1.Do Norman(org。 ),Nθ 力r″ ,T力 θFjrs`S,χ lorque, 1965),p. 12.

`ソ

夕′ 2.Mary Clabaugh Wright(Org。 ), C力 ′ κα ′ κ Rθ νο′ ′ ο″r Fjrs`P力αsθ 19ω イ915(New Haven,1968),p.118. 3。

T力 θ

Cο ″θθ′ θグ フアοrたs, IX,p.434,

4. Sθ Jθ ε′ θJ 7ο rた s(Londres, 1936),IV,pp.297¨ 304.

5. Para comparag5o entre as duas revolu96es iranianas, ver Nikki R.Keddie,“ Iranian Revolutions in Comparative Pers‐ jθ pective", ′ ′ θ〕 ソ, 88, 1985, pp. α″ H,s`ο ″ icα J Rθ ν ″ ノレπθ″ 579‐ 598.

6。

tes, les Mouvements Popu‐ I. Chesneaux θ αJjj jι j″ ` ′ ′ S Pο ′ SOθ ″θ イ ο θ ″ :α θ s θ s Sθ crι s θ れCみ ツθ (OrgS。 ),ス ρ `θ `ι “ “ θ “ 。 θ XI“ Si夕 clθ χ rχ s(Paris,1970),p.370。 αχ θ

John Lust, “Les Sociё t6s

Secrё

laires et la Revolution de 1911", j″

“ `χ ″ “ 7.Edwin Lieuwen,ス 8。

jσ ′ ″五 θ″ sα ″ご Pο Jj`jcs,″ Lα ′ α (Lon‐ “ “ des e Nova lorquc,ed. 1961),p.21. Ro Royヽ Mθ οjrs Sobre a transiga。 , ver cap. 3 de M. 」 (BOmbaim,Nova D61hi,Calcut`,Madras,Londres c “ Nova

lorque, 1964)。

ορθ, T力 ′ 9. Friedrich Katz, Tλ θSθ crθ ′Wα ″j″ Mθ χ,cο : E“ ″ ′ ο″ (Chicago e Lon― υれ,′ θご S′ α s αれ′ θMθχicα れ Rθ ッοJ“ ′ `θ dres, 1981), p. 22.`力 1917(Ox‐ 10, Hugh Setc■ ‐ Watson,T力 θ R“ ss,α κ E“ ρj″ θ18θ ゴ‐

ford, 1967),p.507.

力θR“ ssiα ″Nα ι わ袖α J Ecο ‐ 11.P.Io Lyashchenko,Hisι ο りο ノ′ れο ッ (Nova

lorque, 1949),pp.453,468e520.

“θ″7, pp. 528‐ 529. 12. Jbjご

13.Michael Futrell,Nο ″ ′ 力θr″ υ″Jθ rgrο 潤「Eρ isο グθs οノR“ SS'α れ

jο ′“″′ σα′ れTみ FO“ gλ Sca″ ‐ ″αry Trα ″spο r`α ″J Cο ″っ ““ グj″ αソjα`jοα″′ Fj″ ′ α″グ (Londres, 1963),Pα sSi′ η 14.Mo So Anderson, T力 θAscθ ″Jα εッ οノE“ ″οpθ 18F5‐ 1914 “ (Londres, 1972),p.266.

Rθ ν οJ″

.

15.T.Shanin,T力 θ A〃 た〃α″グ CIα ss(Oxford,1972),p.38n. 16.Retomo os argumentos de L,Haimson,em seus artigos pio‐ neiros``Problem of Social Stability in Urban Russia 1905‐ 17'',jれ slα ソ εRθ ッ′ ′ θ″,23, 1964,pp. 619‐ 642,e24, 1965, pp.1‐ 22.

Aθ ′ α Jos ι ″p″ :ο s

CAPITUL0 13:DA PAZ A GUERRA l.Ftrst von Bu10w,Dθ れた″″″ ごなたθ ′ ″。I,Berlim,1950,pp. 415‐ 416.



2.Carta de Bernard Shaw a Clement scOtt, 1902, jん G. Ber‐ nard Shaw, Cο ′ Jθ c′ θ グ Lθ ′ , Londres, 1972, `ars r898-r9rθ

p. 260.

3. Marinetti,ο ρo cjι 。 ,p.42. 4. Lθ ソた″力α″, parte I,cap. 13. 5. フアjJJθ z“ ″Mα cた ち:ο εo θj′ p。 92. 6。 Georges Haupt,Sο cjα ′ π α″ご′ 力θGrθ α′lyα ″:Tん θc。 αpsθ .′



ο ο あιSθ ε ″ごJれ ″ ″ α ノ′

α ′ , Oxford, 1972,pp.220e258。 7.GastOn Bodart, Lο`θ ssθ s`jO″ ο r″ ツ /α rs,Carnegie ノLiノ θj″ Mο ごθ 's′

Endowment for lnternational Pcace,(Dxford,1916,pp。

153

e segs.

8.Ho Stanley lcvOnS,7ん θBri`isん pp.367‐ 368e374.

Cο α:Trα Jθ ,Londres,1915,

9.Wo Ashworth,``Economic Aspects of Late Victorian Naval Administration",j“ Ecο ο iC H'Sι οry Rθ ソjθ 〃,XXH,1969, ““ p. 491. 10。

Carta de Engels a lDanielsOn,de 22.9,1892,j″ ″ たθ,XXXVHI(Berlim,1968),p.467. W′ ι

Marx‐ Engels,

11.Clive Trebilcock,“ `Spin‐ Off'in British Economic History: Armaments and lndustry, 1760‐ 1914",,れ Ecο ο ′ σ″ ““ ′ 0ッ Rθ ッJθ 〃,XXII,1969,p.480。 12.Romein,ο ρo cj′・′p.124. 13,Almirante Raeder,S′ r“ ggJθ ノ ο r`あ θSθ α (Londres, 1959),

'S‐

pp. 135e260。

14, David Landes, 7み θ 1/″ bο 1969),pp.240‐ 241. 15。

″グ P/ο θ′ 力θ″s(Cambridge, “ “

D,Co Watt,ス ″お′ ry ο ο 力 θ ノ′ Cθ ″′ ″だソ(Londres,

j″

′ みθT″ θ ″ ′ カ

1967), I,p.220."bFJα

`jθ

16.Lo A.G.Lcnnox(org。 ),7カ θDね ″ッοノLο rd Bθ rriθ οr Tみ α θ “ ゴ9rィ _19r8 (Londres, 1924),pp. 352e555. 17. Chris C00k e lohn PaxOn,E“ ″ορθαれ Pο J Fα θ お 1848‐ Jj′

19/8(Londres, 1978),p. 188.

'cα

18. No...lan StOne, E“ ′ ο ″sノ ο r“ θ ′r878‐ r918 (Londres, ρθ7″ α

1983),p. 331.

509

Notas

19.A,Offner,“ The Working Classes,British Naval Plans and the Conling of the G}reat War'', jれ

免 Prθ sθ ″ Pα sι 《

`, 107 maio 1985, pp. 204‐ 226, discute extensamente o assunto。 20。 IIaupt,ο ρ. cj′ 。 , p. 175。 21.Marc Ferro, Lα G″ αれごθ G“ θ″″θ 19rイ ー′9r8 (Paris, 1969), p. 23,

ル 22.Wo Emmerich(org。 ),P″ ο 1975), II, p. 104. 23, I・ Iaupt,ο j::θ 24. T″ ″

ρo

z“ r

Fiscλ

θLθ bθ ″slα 滋 ι (Reinbek ノ



,p.253n.

cj′・

Mα θたち p.92.

25.Rupert Brookc,``Paz",j″ (Londres,1915)。 26, l"′ ′ Iθ z“ r′ Иα ′ c力 ′ ,p`94・

Cο J′ θ ε′ θαPο θ sο ノR″ ρθrr BrOο た′



EPILOG0 1. Bertolt Brecht, “An die Nachgeborenen", j“ H“ ″′θr′ Gθ ‐ ご′ σみ′ θ 1918‐ 195θ (Berlin1 0riental), 1955, p. 514. ‐ れス θ 2.Arbert O.Hirchman,7カ θPο Jj`た α I Ecο ο yOノ Lα ′ jO″ “ “ “ rο spθ cι ″ ,cα ″ Dθ ソ θJο ρ ι″′ :Sθ ソθ″ Eχ θrcisθ s j″ Rθ ′ (Cen‐ tro de Estudos “ EUA‐ M6xico,Universidade da Calif6rnia,San

E)iegoo dez. 1986),p.4.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

` .Viver com centavos lhe fornecerd todos os fatos'', eSCre‐

veu o poeta W. Ho Auden sobre o tema de suas reflcx5es. HOie 6 mais diffcil,mas todos os que quiserem descobrir ou releinbrar os principais acontecillnentos da hist6ria do s6culo XIX devem ler este livro iunto COm um dos d市 ersOs textos did`ticos escolares ou universit`rios bttsicos, com0 0 de Gor‐ ορθ1815‐ 19fイ , 1971, c tamb6m pode ser `til don Craig, E“ ″ consultar trabalhos de referencia com。 。 de Neville Williams, rO″ OJOgy ο 4 フアο/1J, 1969, que traz a relacao C」 ん ノ`乃 θ Mο ごθ″

dos principais acontecimentos em v6rias dreas para cada ano, desde 1765, Dentre os livros didttticos quc abordam o perfodo enfocado neste l市 ro,mereccm rccomenda95o os Primeiros ca‐ p(tulos de Tames IOll( Errrο ρ θSir7ε θ187θ , vttrias edi95es, c ,sノ θ Oρ θTrθ ″ ″θ ′1878‐ 1918, 1983,Do C` Norman Stolle,Eン ″ “ ん Cθ ″′ry,vol,I: みθ T″ θ″ガθ′ みθ οrIJ滋 ′ Watt,″ is′ Ory Oノ ′ “ "′ ponto forte as rela95cs internacio‐ 1890‐ 1918, 1967, tcm como nais. Os tl'abalhos do autor deste livro ―― ス Erα Jαs Rθ ソοJ“ ‐ s ,789‐ 1848 e ス E″ α JO Capjrα ′1848‐ 7875 -一 constituem 9σ θ

a base do presente volume, que dd prosseguinlcnto ao cstudo do sё culo XIX iniciadO nos anteriores,

Existenl atuahnente numerosos quadros mais ou menos irnpressionistas, ou alltes pontilhistas, da Europa c do lnundo

nas iltimas d6cadas quc antcccderarl1 1914. dos quais o de uchman, 7'力 θPr(,ι ′ ご7・ θレ,″ r, 1966, 6 o inais difundi‐ ο″ Bθ ノ οrθ ′ ヵピ ′ 7θ rα ′ do.Edward R.Tanncnbaum,19θ θ,7'力 ″ Gθ ′ Crθ α′V1/α r, 1976,6 mcllos conheCido,0(luc cu prefiro,em partc l,ol・ tel。 「ecorridO inacicanlcntc a sua c:・ udi年 5o cnciclo‐ pё dica,eln parte porquc PartilhO unla tradi05o intelectual e uma 3arbara rl¬

512

A arα ′οs i″ pιFiOS

ambigao hist6rica com o autor,6o`ltimo livro de lan Romein, Tん θ l〃 α′ θrsλ θご οノ T″ ο E″ αs「 E夕 rο′θ jれ f9θ θ,1976。 Htt uma s6rie de trabalhos cOletivos Ou cnciclop6dicos, ou

compendios de referencia, que abarcam telnas do perfodo que

enfocamos e muitos Outros.O importante volume(XH)da Cα brjご gθ Mο Jθ ″ His`ο ry n5o deve ser recomcndadO, mas “ れο た Hisι οry7 ο E“ rο θ os “ da Cα briグ gθ Ecο ノ ρ (vols.VI e VH)

“ “ contem estudOs excelentes.A Cα brjグ gθ rllis′ ο ry οノ ′ 力θ βrj`jsカ jrθ “ E“ ρ representa um estilo dc hist6ria obsolcto e in`til, mas as hist6rias da Africa,da China c espccialmente da Arn6rica Latina merecelrl sua inclus50 na historiografia do final do s6-

culo XX.Dentre os atlas hist6ricOs,destaca‐ se o Tj″ っ θsス s `Jα ο /ο ″ Jグ 〃,s`ο ry,1978,compilado sOb a dire95o de um histo‐ ノツ

o,G.Barraclough,cOス ′s ο rれ メルrο ごθ ″′ s′ ο ry, ed, Penguin, 6 muito itil。 ()C力 α bθ /s`αBjο grα ′力jσ α′ Dic′ jο れα ry cont6nl dados breves sObre unl “ nimero surpreen… riador original e criat市

dente de pessoas de todos os tempos, at6 0 presente, em um jο

″αり

0ノ



α



s(ed.1898, reimpr,

`nico 1969), volume.O de MichaelDjc′ Mulhall, cOntinua indispensivel para o s6‐ `is′

cu10 XIx. O compendio moderno essencial, basicamente eco‐ jε jcs, 1980。 nOnlicO,6 0 de Bo Mitchell,E“ ″ ορθαれ あris`。 ″ αJ S`α ′ is′ ″ Peter Flora(ed.),S″ ′ れ 1ル θSた ″ ″ E夕 ″ 0‐ ら Ecο ″ο ッ α″ご Sο εjθ lツ ′ uma massa de informa95o sobre ρθ r815‐ 1975, 1983, cont6m “

polftica institucional e adnlinistrativa, educa95o o outros temas,

O trabalho de ran Romein,7カ θ

′ θ rsん θ ご0ノ 7〃 οE″ s,n5o

器ぷ 霧ぶ1忠ぶて糧 ■1寵 :‰ 職 "竹

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拙 恐券 IIW欄∬i絆 i鱗 '轟

'虞

鴛 sttny∬ 観 ぷ 留 電露 彙 盤 ξ 翼 寵 ::。 l蹴 nlenciolladas sob tFtulo a parteo Quem quiser saber como o s6‐

culo XIX via a si mcsmoね svこ speras da Primeira Guerra_Mun‐ dial deve consultar a ll,a edi95o da Eれ

εソε:Oρ αθグ′ αBrirα ″″′ θα

cm sua `itilna ediga o britanica, de 1911, quc, devido a sua excclencia, ainda pode ser encOntrada enl muitas bibliotecas de referencia de qualidadc,

,

Bibliografia complementar

513

HISTORIA ECONOMICA Como breves introdu96es a hist6ria econOnlica do perlodo,

podemos citar:W.Woodruff,I″ ,pα ε ノフ 銀′ ″ y ア θ れMα ′AS′ タグ ′ `ο ‐ “ ο ″ ο S ROJθ ′ ″ jれ λ Jご ″ θ θ Wο 196θ ο Ecο ノE“ ρ ッr75θ , 1966, c

Wo Ashworth,4s力 ο″ ′His`0り ο /4′ θ α ″ れ ′ ′ ″ ο α ′Ecο れο y ノ θ“ θ1850,v`rias edi95es.A CL″ ηb″`力jJgθ Ecο κο jc His`ο ry “ ε Oノ “Fο″ ″αEcO‐ E“ rο ρθ,V01S.VI e VII,cC.Cipolla(org。 )T力 θ

Sj″

`α れ0“ jθ His`0ッ οノE“ ″ ορθ,VOIS・ IV e V,partes l e 2,1973‐ 1975,

saO empreendilnentos coletivos cuia qualidade vai de boa a no― vel. O trabalho dc Paul Bairoch, 7・ 力θEcο ″ο た Dθ ソαop“ θ″′

ο 力θT力 ノι “

jrグ

ツ /ο rJご

S,″

ε θ19θ θ,

1975, supera “ cssa classifica‐

95o, Dentre os muitos trabalhos iteis desse autor, poucos dos quais,infelizmente,traduzidos,oP.Bairoch e M. Levy‐ Leboyer (OrgS。 r″



),Disρ αrj′ jθ s j″ EcO“ ο た Dθ ソθJOρ

jο J Rθ νοJ“ ′ れ,

θκ′Siれ εθ

θ r“ ご s_

“ “ material relevanteo “ 1981, cont6m A.`みMilward

j“ eS.Bo Saul,7カ θEcο れοη″c Dθ νθJOρ θκ′οノCο ″′ 0¨ θ′ αJ E“ ″ 187θ , 1973,eT力 θ」 Dθ ソ θ10ρ “θ″′0ノ ι ECο “ ″ο jθ s Oノ ρθ178θ ‐ `力 mais quc“ape‐ θ″ J E“ rO′ θ 185θ ‐ 1914, 1979,“sao muitO nas livros`α diditicos universitirios. Sobre o perfodo que abor‐

CO″

`j″

damOs,citemos S,Pollard e C.H01mes(Orgs。 ),Dο c“ θ″′ SOノ E“ ″ ορθα″ ECO“ ο″2,cα J Hisι οry,vol.II:rれ J“ srriα I Pο ″θr“ α″グ Nα ‐ jO″ α ι J R′ ソ α:ry 187θ… 1914, 1972. Do S. Landes, T力 θ υ″bο ″グ “ P″ 0“ θ θ s, vttrias edi95es, こ , de longe, a melhor e mais insti‐ `力 “ gante abordagem das quest6es tecno16gicas.Sidney Pollard,Pθ α‐

ε θ sち 1981, ノI Cο ″9“ θ “ a cOntinental. tanica

integra a hist6ria da industrializacaO briⅢ

Sobre quest5es econOnlicas importantes do perfodo, ver as discuss6es sobre o tema B9(“ Da empresa familiar a adminis_ tra95o profissional'')do C)itavo Congresso lnternacional de His‐

t6ria EconOrnica(Budapeste, 1982). Sao pertinentes: Alfred D. jο Chandler,7カ θyjsibJθ α′ tグ F T力 θlyα ′ αgθ θ77′ Rθ ソ0:“ ′ ″ j″ jθ “ ス θ″ αれ B“ sjれ θss, 「 1977,e Leslic Hannah,T力 θ R,sθ οノ ′ 力θ rρ ο rα Cο“ Ecο れο y,1976。 C)s trabalhos a seguir discutern outros

“ t6picos `θ inlportantes para a ccononlia da 6poca: A. N〔 aizels, I″ グ 滋JG″ ο″ α″ご И/ο ″ ″s′ ″ Jご Trα ご θ,w.Arthur Lewis,Grο ″ jο αれご F′ ″σ α′ ″s`力187θ -1915, 1978, Herbert Feis, E“ ″ ο′θ, `力`カθ ツ/ο ″ I′ 's

`“ Bα ″た′r,reiinpress5o

de original de 1930,cヽ 4. de Cec‐

Aθ ″

514

αOs i“ ′びriο S

jο ″ ′′(3oI″ ′r″ α′ co,MO″ cy α″ご E“ P′ r′ ′`F力 ′ 「 子

Srα ″ ″αr″

7890



ノ91イ _ 1914.

SOCIEDADE Os camponeses eram maioria no mundo,e To Shanin(org。

),

s Sο ciο riθ s, 1971, 6 uma excelente introdu… ααPθ αsα ″ι 95o ao seu mundo;do mesmo autor,T力 θス″た〃αrd CIα ss,1972, ο aborda o campesinato msso; Eugene Weber, PCasα ″rs i“ ι sα ″′ s Pθα

F″ θ κε力

θれ, 1976, csclarece muitos pontos relativos aos fran‐

ceses;“o texto de Max Weber“ Capitalism and Rural Society αχ Wθ bθ r, in Germany",れ Ho Gerth e Co Wright Mills,Frο ル〔 “ seu titu‐ numerosas edi96es, pp. 363‐ 385,6 mais amplo do que lo sugereo A antiga pequena burgucsia 6 discutida enl Go Cros‐ sレ isα ″ sick e H.Go Haupt(org。 ),Sλ ο′たθθlχ rs αれαttrα s`θ rス ″′ E“ rO′ θ,1984.Hoie em dia h`uma vasta litera‐

19′ ん Cθ ″′ry

tura sobre“a classe oper`ria,lnas os trabalhos quase sempre se restringem a urrl pais,uma categoria ou setor de atividade.Abor‐

dando uma drea mais ampla, ao menos em parte, temos: Peter

α″ Lα bOr ορθ Geary,E“ ″ 1959, 1981, Charles, Louise e Richard Tllly, T力 θ

ω οノム7bο r,1971,Dick Stearns,Iガ ソ P″ 0`θ sr

f848‐

Rθ bθ J′ jο s Cθ

′ry

195θ ,1975,eE.I.HobSbawm,T″ 185θ ‐

αbα・

“1964“o“outras edi96es, c M“ れ′οs ごο`″ αbα J力 ο, 1984. ι θs, んαごο″ S5o ain,da menos numerosos os eStudos quc abordam os traba‐ lhadores no contexto de suas relag6es com outras classes.David んθ R“ 力rr A Sο εttJ″ is`ο ,7ο メB“ 力 ″,186θ ‐ Crew,7ο ″ :れ ′ “ 1914, 1979, “ 6 um deles. O estudo cldssico sobre a transfOrma‐

95o dos camponeses em operarios 6 Fo Znaniecki e Wo I,Tho‐

mas,rhθ em 1918・

jσ ο′θα″グ ス θ″ α, 1984, 1.a ed E“ ″

PoJisみ Pθ αsα 4′ '″



Os estudos comparativos sobre a classe ln6dia ou a burgue‐ sia s5o ainda rnenos freqtientes, embora os estudos ou hist6rias

nacionais sobre o tema hoic seiam,feliZmente,mais comuns.0 livro de Theodore Zeldin,F″ αれθθr848‐ 1945,2 vols,,1975,con‐ tё rrl muito material sobre esse c outros aspectos da sociedadc,

mas nenhum andlise.Os primeiros capftulos de Ro Skidelsky, s,VOl・ I一 - 1880‐ 1920, 1983, constitui um οん″吻 ″α″ ご Kの θ ′ “ estudo de caso de mobilidade social, por meio de uma combiヤ

Bibliografia complementar

515

nagaO de acumula95o e diplomas; e vdrios estudos de William Rubinstein, sobretudo em Pα s′ α″′ Prθ sθ ″ち eSClarecem de ma‐ neira mais gen6rica a burguesia britanicao A mobilidade social

em gera1 6 discutida com autoridade por Hartmut Kaelble,em ο′θ α″d Л ИοbjJjry jれ ′ 力 Cθ″′riθ s「 E′ ″ ヵθ19`力 α ″ 2θ ′ jν ス θricα j″ cο parα ι ε θ,1985.O “ θPθ rspθ“ trabalho,de Arno “ rsjs`θ ″θ θOノ ι 力θOJJ`jソRθ gj“ θ,1982,6,em boa me‐ Mayer,7カ θPθ “ jα Sθ ε :

dida,comparativo,c cont6nl material de valor; ёbaseado numa tese controvertida, notadamente sobre as rela96es entre as clas‐ ses in6dia c altao Como sempre,os romances e pecas do sCculo

XIX nos d5o a melhor imagem dos mundos da aristocracia c da burguesia. A cultura c a polftica como instrucao de um es‐ trato burgues s5o belamente usados na obra de Carl E, Schors‐ Jθ ‐ si夕 ε Jθ yiθ ″ ke, Fj“ ‐ α, 1980.

“ O grande movilnento pela emancipagao da mulher gerou

uma boa quantidade de literatura hist6rica de qualidade vari6‐

vel, mas nao hd um `nico,livro satisfat6rio sobre o pelodo. Embora sua p.reocupacao b`sica c hist6rica nao seia O mundC desenvolvido,o livro de Ester Boserup, 770“ θκ's iROJθ :″ Ecο ‐ れ0″ zic Dθ ソθ:Op“ θ ち 1970,6 importanteo A obra de Louise Til‐ “ ιれ,Wο tt α″d Fα jry,1978,6 funda‐ ly e,Oan wo scott,WO“ mental:ver tambё nl a secao``sexual division “ of labor and indus‐ trial capitalisnl''na cxcclente revista de estudos sobre a mulher

Sigrs, invcrno de 1981. H` um capFtulo sobre a mulher em T.Zeldin,Frα ″εθ1848‐ 1945, Poucas hist6rias nacionais contem uma abordagem da problemtttica da mulhero Sobre o feminismo

h`uma vasta bibliografia.Richard Jo Evans(que escreveu um livro sobre o movimento na Alemanha)abOrda O tema do pon… ′ ″isrsf Iダ οttι θ″'sE“ α″ci‐ “ 192θ αJjα 18イ θ‐ ορθ,74“ θ″ α αれJA“ s′ ″ ルイ0ソ θ″χ″″siれ E“ ″

lo de vista comparativo cm T力 θFθ jOれ α′





,

1977.Contudo,muitos dos aspectos n5o… polfticos enl quc a situar 95o da mulhcr mudou, nortFlallnente para melhor, e suas rela‐ 96es com outros moviinentos alё m da esquerda da `poca, nao forarn pesquisados sistematicamente.Sobre as principais mudan‐

9as dcmogrttficas,ver D.V.Glass e E.Grebenik,``World Po‐

pulation,1800‐ 1950'',cm CL″ η brjJgθ Eε ο ″0“ jσ His`ο ッ ο ノE“ rο _

jc His`ο lν ο Wο rIご ノ ρθ,V01,IV,1965,eC.Cipolla,T力 θEcο ″ο :ο ″ Pο ρ Iα ′ ,1962.Um trabalho profundo de “T.Hainal sObre as

“ diferencas hist6ricas entre o mcdelo de casalnento da Europa

Aθ ″α αos

516

ocidental e outros figura cコ (orgs。 ),POp“



jο ′ れ ,れ

impιriOs

n DoV.Glass e D.E.C.Everslリ

fris′ り

, 1965。

Os livros de Anthony Sutcliffe,Tο 〃α″ Js′ みθPJa″ ″θd Cj″ ′780-r914,1981,e de Peter Hall,Thθ Wο ″ Ja Ciι jθ s,1966,cons‐ tituenl introdu95es modernas a urbanizagao do s6cu10 XIX; o

de Adna Fo Weber,T力 θ Gra″ ′ ん οノ Cj′ jθ s

i″

θθ″′ ιNj″ θι カ

`力 Ce″ ′り , 1897 e reilnpress6es recentes, 6 um estudo da 6poca

“ que consewa sua llnportancla. Sobre a religi5o c as igreias,O trabalho de Hugh McLcod, Rθ セjO″ α″J`力 θPθ ο 0′ θ , 1974,6 breve e ρJθ οノ ツ/θ Sι θ/れ E“ ″

l`cido.O de autoria de Do Eo Smith,Rθ Jな jο ″ α J Pο “

Jj′

j(η :

“ eurOpeu, mais para o mundo nao― ″ enl rela9ao aO qual o trabalho de Wo Co Smith,IsJar"j“ MOJθ ″

θJO′ ″θκ′ Dθ ν , 1970, volta‐ se HJs′0砲ら

1957, embora antigo, continua sendo importante`

IMIPERIO O texto bisico da ёpoca sobre o imperialismo l I.A.Hob‐ jα son, I“ pθ ″ :is″ t, 1902, com muitas edig6es subsequentes. No

que tange ao debate sobre o tema, ver Wolfgang Mommsen,

ηriθ s Tλ ι

jα ο ″ Jぉ ,1980,cR.Owen e Bo Sutcliffe(orgS。 ), ノr“ ′θ “ο ο ′ み ry θTん θ rjα Jis“ , 1972.A conquista de ノr“ ′ι co16nias 6 esclarecida no livro de Daniel Hcadrick, 7ο OIs ο ノ

sr“ Jjtt j″

‐ `λ θ Nj″θ Cθ″′理ソ , 1981, e no maravilhoso trabalho de V, G. ``θ “ `あ “ Kiernan,T力 θLο ″ αs οノH“ α″ Kj″ σ,1972,de longe o melhor “ estudo das “European attitudes to the outside world in the imperial age'',seu subtFtulo(“ Atitudes europ6ias em relagao a。 mundo exteHor na era imperial'')。 SObre a cconomia do impe‐ rialisino,ver P.Io Cain,EcO″ 0“ た Fο ごα ″sOノ Bri′ is力 0ッ θr‐ `jο “ Hopkins, sθ α s Eχ pα s,0″ ゴ8f5-r9rイ , 1980, A.“Go ス″ EcO″ ●‐ jσ “ ο Wes′ ス jε α 0ッ Hお ′ ノ ル ,1973,e o trabalho antigo,por6m

E“ pjrθ「 Tθελ″OJο 〃 α″ご E“ rο pθ α″ r,7′ ιriα Jis′ π :“

“ valioso,de Herbert Feis,j`mencionado,bem como丁

.Fo Rippy, 二a′ j″ ИI″ κ7,cα f822‐ ゴ9イ 9, 1959r e――do "`sj″ ―o estudo de Charles Mo Wilson sobre a Uni‐ ladO americano― ted Fruit,E“ ρjrθ tt Greeれ α″α Gο Jご,1947. Bri′ おλ r″ ッ θs″π

Sobre a visaO dOs que fo.11lularam as polfticas,ver丁

. Gal‐

lagher e R.Fo Robinson,ス ルiCα α ″J′ 力′ yic′ ο rた ″ s,1958,e

Bib五 ografia

Do C, M. Platt, Fj″ α″cθ , Trα ごθα″J Pο Jj′ jcs Pο Jicy

517

complementar ,″ Brj′ ,sλ

FOrθ jg″

1815-1914, 1968. No quc tange as implica95es e rafzes

‐ nacionais do imperialismo, consultar Bernard Serninel, I“ Pθ r“ ι οr“ ,1960,c,para os que n5o leem alema。 , ′ αJ Rθ ノ ′ is“ α″ご Sο ε H.Uo Wehler,“ Bismarck's lmpe五 alisin 1862‐ 1890",j″ Pα sι α″′ Prθ sι ′ ,n。 48, 1970. Sobre alguns efeitos do iinp6rio nos paf― “ ′ たr CcP,lα J's“ ,1983,Charles ses alvo,ver Donald Denoon,Sθ ′ θSο εjα :α″d Ecο ″ο jC HiS`ο ッ οノ Van Onselen,Sι ごjιs'″ `み “um ponto dei‐ vols。 ,1982e一 ― θrsrα κ“ J 1886‐ 1914,2 ι Wj角〃α′ `み Fig″ xadO em segundo plano― 一 Edward Bristow,T力 θ ノθ〃 θ Bο θrs Agai″ s′ Wん :`θ SIα ソι軌 1982. Thomas Pakenham, 7ん 'Sλ ツ/α r, 1979,constitui uma iinagem nftida da maior das guerras lmpenals.

POLITICA Os prOblemas hist6ricos decorrentes da polltica popular s6

pOdeEIn Ser estudados pais por paFse Contudo, um pequeno n`‐ mero de trabalhos com uma abordagem geral pode ser`til.Al‐ gumas pesquisas contemporaneas fOranl indicadas nas notas do capitulo 4. Dentre estas, a de Robert Michel, Pο

Jj`jσ

αI Par`jι s,

v`rias edic5es, ainda 6 interessante, porque se baseia numa 五bOrdagem rigorosa do tema。 O trabalho de Eugene c Pauline j“ θ α″J Sο ciα I C力 α gθ :れ Cο ″′ `j072S・ “ no que tan‐"‐ ′ 乃 Cc″ ′理ら 1967,6 itil ιlVJ″ θ “″ αJ E“ rο pθ j“ `み'cα ′ ge ao cresciinento do `″ aparelho do“ Estado; Andrew McLaren,

Anderson,Pο ′ jι

J r“ s′ j′

O″ α I Systtη ηs i″ Wθ s′ θ r“ E“ rOpθ ,1980, A Sλ O″ ′″ ッ οノEJθ ει 's`οo que diz ser; Pcter Kohler, F. Zacher e Martin こexatamente jο οノSOC'α ′r“ s“ rarca r881‐ Partington (orgs。 ), 動 θ Eツ οJ“ ι “ a Alemanha, a Franga, a 1981, 1982, infelizmente s6 abarca

Gra‐ Bretanha, a Aust五 a c a Su19ao Enl ternlos de dados colc‐ tados para referencia sobre temas relevantes, o trabalho mais θ,EcO″ 0“ ッ α″J Sο ‐ completo ё,de longe,o de Peter Flora,S′ α′ ″ ″E“ rο ρθ Ciθ ″ jれ Wθ S′ θ ,citado acimao E.T.HobSbawm e T.

′ソ θ ″ ″ごj″ ο Fa 0山 ′ ,1983,trata das rea‐ “ う democratiza95o da polftica, especial‐ 96es n5o institucionais mente os ensaios de Do Cannadine c Eo I.HobSbawmo Hans Ranger(orgs.),ス

Roger e Eugen Weber(Orgs.),T力 θ E″ ropθ α″ Rな みrfス

HiSrο rみ

518

A ara αos J″pFrjο s

ε αI Prο ノθ, 1965,6 um guia para a parte do lcque polftico nao j′

discutida nO texto, exceto・

incidentallnente, a vinculada ao na‐

cionalislno.

Sobre a emcrgencia dos moviinentos trabalhistas e socialis‐

tas,a obra padrao de referencia 6 G.D.H.Cole,A His`ο ッ oJ 7カ ο g力 ′ , III, partes l e 2, ``「 rhe second lnternatio‐ nal'', 1956. A“dc lameS 1011, Tん θS`cο ″α f“ ′ θrれ αι iο ″ αJ ゴ/889‐ 1914, 1974,6 mais breve;W.Guttsman,Tん θGθ ″ α″ Sο c'α jσ “ irn‐ Dθ Ocrα ′ Pα rry 1875¨ 1953, 1981,6 um estudo da maior “ portancia sobre o ``partidO de massa" cI`ssico; Georges Haupt,

Sο ciα :,s′

J‐

スspθ ε

″α θ″ ノI″ ′

I SOc'α :is“ f889‐ 1914,

`sο rJ κα ′ `jO“ J′力θSο θjα ′ vadori,Kα sたyα ″ ,s′

οJ“ Rθ ソ

1986,c Mo Sal‐ れ,1979,cons‐

`jο Io P. Nettl, “ tituem boas introdu95es as esperancas c ideologias.

b“ rg,2 vol.,1967,c lsaac Deutscher,Ljノ θο ノTrο “ θPropた θ′ス″ θグ `s‐ たッ,vol。“ 1:T力 ,1954,veem o socialismo oom “ os olhos de participantes eminentes. Sobre o nacionalismo,os capftulos pertinentes de meus li‐ vrosス θrα グαrcソ ο:″ ο e A θrα ごο εαρ′ ′podenl ser consulta‐ jο dos. Ernest Gellner,Nα οれα`α 7, 1983,ё uma an4‐ ′ “ ′ ″sα ″ご Nα ′ lise recente do fenOmeno, c Hugh Seton‐`,s″ ″グ Watson, Nα ′ :ο rs α Sι α ′ θs, 1977, こenciclopё dico. ⅣI. Hroch, Sο θjα I Prθ εοれグj`′ ο″s

Rο sα ん χθ

jο οノNα ι ″″ Rθ ソ:ソ α′j″ E夕 rο ρθ, 1985, こfundamental. Sobre a

relagao entre nacionalismo e movilnentos trabalhistas, ver nleu cnsaio“ Whatis the Workers'Country?",j″

2ο 、 」 M″ グοsグ οι αbα ′ ″ 1984. Embora aparenteinente interessem apenas “ os especialisⅢ tas,os estudos sobre o paFs de Gales em Do Smith e H.Fran‐ ,ご αPrο lθ cis,ス Pθ ο ′α′ riα ρ′ `α

`, 1980,sao dc suma ilnportancia.

HISTORIA CULTURAL E INTELECTUAL Ho Stuart Hughes,Cο れsθ jO“ s′ 7θ SS α″ご Sθ θjθ り,nurnerosas edic6es, ё a mais conhecida introdu95o ゝs transforina9δ es de

id6ias nesse perfodo; George Lichtheiin, E“ rOρ ′ 力θT)ソ θr7j77 sobre ′ry, 1972, embora publicado como um` livro θ′ 力 Cθ ″ι `′ hist6ria geral, abOrda cssencialinentc as quest6es intelectuais.

Como todos os trabalhos desse autor, 6 uma Obra densa porё m imensamente colnpensadora,〕 an Romein,7カ θlyα rθ rsヵ θ グο ノ7″ ο Erα s(15

CitadO),fOrnece urna quantidade infinddvel de rllaterial.

519

Bibliografia complementar

QuantO as ciencias,co c.Gillispie,Os′ 力θEJgθ οノObノ θθ

jヶ ,

`jツ

1960,quc abrange ulln perfodo muito mais extenso,6 uma intro‐

du95o sofisticadao C)campo 6 vasto demais para um estudo bre‐ ve一 一 C.C.Gillispie(org。 ),Dic′ jο ″αry οノ SCjθ ″ jε Bjο g“ ρ力y, jO“ α ry Oノ 16 vols,, 1970‐ 1980, c Philip Po Wiener(org。 ),`iノDjε ′ ′″is′ οrν οノrdeas, 4 vols。 , 1973‐ 1974, s5o excelentes obras

de referencia;w.Fo Bynum,E.I.BrOWne e Roy Porter(orgs。 ), jο ‐ jο れ αDjθ ′ 力θrfjs′ 。 Dた ′ ″α チ′ ″ 0ノ SCiθ ″ ,1981,eo Fο ″α りο `力

“ bons e sucintos. Sobre a θ gみ ち1977, s5o 夕 ″α r″ Tあ ο / Mο ご ry ο ″グ みθL'メ θα ffsica,6rea crucial,Roinald Wo Clark,I]j′ ts′ θ , ι 'れ 7′ θs,1971,pode ser completado por R.McCormmach(org。 ), “ο″ 乃ris′ ′ σ αI Sr″ Jjθ s i″ `力 θPλ ys'caJ Scjθ れθθs, V01. II, 1970, no quc tange a assimilag5o da relat市 idade.O romance do mesmo ο g力 ι s οノαCJttsi“ IPみ ysjε js′ ,1982,6 uma boa autor Njg力 `T力 “ cvoca95o do cientista convencional m6dio e, incidentallnente, dos academicos alemaes.co webster(org。 ),3jο Jοgy,Mθ ごjθ j″ θ y 1840‐ 19イ θ, 1981, pode iniciar o leitor no mundo α″J Sο ciθ ι

da gen6tica, da cugenia, da medicina e das dimens6es sociais da biologia.

As obras de referencia sObre artes, muito numerosas, nao costumam del■ onstrar muita percep95o hist6rical a E″ り θJO‐ JJ Ar′ ёmuito`til para as artes宙 suais;no Nθ ″ :α or Wο ″ Pθ α :0″ α ry Oノ M“ SiC,16 vols。 ,1980,nota‐ se demais que G″ ο ソ θDjθ ′ foi escrito por especialistas para outros especialistast Os estu‐

dos gerais da Europa referentes ao perfodo em torno de 1900 costumam conter muito material sobre as artes do perfodo(pOr exemplo, Romein)。 As hist6rias gerais das artes se colocam

como uma quest5o de gosto, quando naO saO meras cめ nicas. οり οノス″,1958,6 uma verslo Arnold Hauser,7み θSOθ jα I Hお ′ marxista totalntente rfgidao W.Hofmann, T“ ″ :“ g‐ Pο :“ rs 滋

jθ “ mas tam‐ T″ θ″′ み‐ εθ″′4ソ r89θ _19r7, 1969, 6 interessante, ′ “ b6m discutivel. O vfnculo entre Williarn Morris e o modernis‐ mo ё destacado por N.Pevsner,P'Oκ θθ/sο ノ′λθMο Jθ ″″ Mο νθ‐

ry 〃ο sθ 0″ jα ″ C10“ ″′ θ″′ , 1936. Mark Girouard, 7カ θVjσ ′ θ″“ 2θ ″ ′ “ θ ′ θ MOツ α ん み ttθ θ J な β Q“ ス″ ″θSs 1971, e S″ θθ′ “ “ ‐ “ r86θ 19θ θり , '977, tem como ponto forte a vincula95o entre arquitetura c estilos de vida de classc.Roger Shattuck,7'力 θB“ r2‐ ,

yθ α ″cθ ′θj″ Fκ′ 力θスソ α″rgα ″ rsI Tル θO″ 亀 F“ sο ノ′

′ 9〃 θ フ/ο rJ′

1885`0

フ アα″0′ 7θ ,edo revista 1967,6 instrutivo e divertido. Ca“

A“

520

dos′ 切 ιttOs

milla Gray,Tみ θ R“ ss″ ″ E″ ′″力 θ″′j″ スrr r865‐ 1922,19716 excelenteo Sobre o teatro e, na “ verdade, sobre a vanguarda de um dos mais importantes∝ ntros curOpeus,P.Iela宙 Ch,M“ ″たカ α″JTみ θαrricaJ′ Иοごθr″ お ,1985。 Roy Pascal,F″ 0“ Nα ′rα Jis“ “″ Lj″ rα ′″ α″α SOciθ ry r880-1918, “ ′ 鉢sjO″ ο Eχ ρ″ : Gθ rヵ 比′ “ 1975, deve ser'S“ recomendado。 Dentre os livros que procuranl integrar as artes a socieda_

de contemporanea e a outros segmentos lntelectuais, Romein e

Tannenbaunl, cOmo sempre, devem ser consultadoso Stephen Kern,7カ θc″ JJ“ Jtt Oノ 7ル α ″J Sp`κ θr88θ ‐ 1918,1985,6 aven‐ "θ turoso e instigante.O leitor deve iulgar se 6 tamb6m con宙

n‐

cente。

Sobre as principais tendencias nas ciencias humanas e so‐

ciais,I.A.Schumpeter,Hお ′ οり οノECο ″ο





rysお ,v`rias

“ apenas “ como re‐ edi96es desde 1954, 6 enciclop6dico e pё sado:

ferencia.uma leitura atenta de Go Lichtheim,Ma″ お″,1961, 6 ∞mpensadora.(Ds soci61ogos, sempre conl tendencia a refle‐

tir sobre o que C a sua disciplina, tamb6m pesquisaram sua Os artigos ■o verbete “Sociology" da r″ r″α′ :ο α I `θ ご E″ 《 J01χ み “ 滋 ′ θ Sο cttI Sciθ ″ s,1968,volo XV,da0 1lma cθ ッ 可

hist6ria。

orienta95oo Nlo 6 facil fazer um levantamento da hist6ria da histOriOgrafia em nosso perfodo,a nao ser O de Georges lggers, Nθ ″ Dirθσ′ :ο s i“ E“ rOpeaれ Hisrο riο grα P力 y, 1975。

Entretanto,

“ o verbete“ History"da E“ りc10′ θ ごjα ο λθSο CttI Scj“ cθ s, ノ′ org.por E.R.A.Seligman,1952-― quc em muitos pontOs nao ο″αJ E“ cッ clopθ ごjα de 1968 -― d` foi superada pela r″ ′ θr″ α′ ′ uma boa id6ia de seus debates.Ё de autoria de Henri Bern e

Luclen ttbvre.

HISTORIAS NACIONAIS A bibliografia restrita こ 1lngua inglesa 6 adequada para

paFses que usanl essa lingua,c(em bOa medida gracas ao vigor

dos estudos sobre o Leste da Asia nos EUA)nao 6 inadequa‐ da para o Extremo Oriente,mas omite,evidentelmente, a maior parte dos melhores e mais abalizados trabalhos sobre a malo‐ ria dos paises europeus.

Bibliogra■ a

complementar

521

Um bonl texto sobre a Gra‐ Bretanha 6 R.To Shannon,T力 θ Cris,sο ノr″ 写χヶibris,71865‐ 1915,1974,sendo seus pontos for‐

tes os temas culturais e intelectuais, mas George Dangerfield, Tみ θ S′ rα ″gθ Dθ α′ ん οノLjbθ ″JE″ gJα ″J,1.a ed。 1935,com seus cinqtenta anos de idade e seus erros na maioria dos detalhes, ainda 6 a maneira mais ihstigante de comecar a observar a his‐

t6ria da nag5o nesse perfodo. A obra de Elic Ha16vy,′ 4 His′ ο‐ ry or′ 力θE″ gJお 力 Pθ ορJθ

′ みθNj″ θ′ θθ″ Cθ れι ″ry,1895‐ 1915, ё`力 o produto de um con‐ temporaneo notavellnente inteligente,erudito e observadoro Para j″

vols. IV e V,6 ainda mais velha,inas

leitores que desconhecenl totallnente a hist6ria britanica,。

6R.Ko Webb,ル ごθ r′ rο

Bri′

′ λθPrθ sι ″ち 1969。

ideal

j″ α ro“ ′ θ ヵθE:gみ ′ θ ″ι 力Cο ″ιry`0 ノ “

Felizmente, alguns excelentes manuais franceses foranl tra中

duzidos.I.M.Mayeur e Mo Reberioux,T力 θRθ p“ bljcル ο Origi“ s ′ ο′ んθGraa′

j′

S

“ War 1871‐ 19rィ , 1984, 6 a melhor hist6‐

ria sucinta quc h`; Georges Dupeaux, F″ θ″c力 Sο cι θry r789‐ 197θ , 1976, tamb6m deve ser recomendado. T. Zeldin, F″ r84・ 8‐

α″cθ

1945, 1973, ё enciclop6dicO (salvO no quc tange 3os te‐

mas econ61micos)e argutO;Sanford EIwitt,7λ θT力 jだ Rθ ′ blic Dイ θご ご′Bο rgω is Rθノ “ θ ο ″ j″ Fra″ cθ r880‐ 1914,1986,ana‐

“ dos govemantes “ da re"blica;O nOtivel traba‐ lisa “ a ideobgia

lho de Eugene Weber Paasα ′ s i″ ′ たθ ″analisa uma οFrθ θ

“ das maiores realiza96es da rep`blica.

“ “

As obras alemas foram menos traduzidas,embora felizmen‐ te disponhamos de H.‐ Uo Wehler,T力 θGθ r“ α″ E“ ρ′ ″ θ 1871‐ 19r8, 1984; pode ser utilmentO cOmpletado por unl livro anti…

go de autorin de um marxista muito competente de Weimar, jθ Arthur Rosenberg,7カ θBj″ ′ み οノ ′ 力θ Gθ r“ α″ Rθ ′ ら′ , 1931・ Gordon Craig,Gθ ″′ %α ″ 鳥riS′ οry r867‐ 19イ 5, 1981, 6 “ abrangente. Volker Berghahn, Mο ごθ″″ Gο ″″α″y, S00:θ ′ ッ, Ecο ″ο″2,cs α グ Pο Jj′ iヒ s ,れ ′ “ 力θ T″ θ″ガθ′ y, 1986,oferece um panorama λ Cθ ″′″ “ a polftica alema:Io Io sheC‐ mais geralo Para aiudar a entender han,Gθ ″′ πακ Libθ rα ′ is,7 j″ ′ 力θ N′ ″θ′ θθ″′ 力 Cθ れ ″ ッタ1974,Carl `“ Schorske, Gθ ″ αれ SOε jα J Dθ οcrα ε y 19θ 5‐ 19ゴ 7, 1955 -― anti‐ “ “ go,por6m perspicaz― ―,c GeOffrey Eley,Rθ sαρj″ g′ 力θGθ r′πα″ Rな ん′ ,1980-一 polemic。 Para a Austria‐ Hungria,C.A.Macartney,7カ θittα bsb″ rg .

E“′j″ ,1968,6 o relato geral que lnelhor conv6m;Ro Ao Kann.

A

522

θrα ごOs i“ Pι riOs

′ jO″ α jο れ 0″ れα Nα ″αI Rθ ノ 力θ M“ J`j″ αι α′E“ pjrθ f Nα ′ Jjs“ α 「 `jο “ ′ εみy f848-1918, 2 vols。 , 1970, れ′ 力θ 〃αbsb“ rg Mο ″α″ 6 exaus‐ lo, tivo e, as vezes, extenuante, Para os que puderem consegui‐ o livrO dc H.Wickham Steed, 7カ θ″αbsb“ rgルイο″αrc力 y, 1913, こ o que um iornalista talentoso e bem informado teria visto a Jθ ‐ ′ θ,de Carl 6poca: Steed era correspondente do rimθ s.Fj″ ‐ si夕 θ Schorske, aborda tanto a polftica como a cultura. Vttrios textos

dc lvan Berend c George Ranki, dois excelentes historiadores h`ngaros da、 cconomia, relatarFl e analisam a Hungria em parti‐ cular e a Europa centro¨ oriental elln geral, com bons resultados.

N5o htt uma boa bibliografia sobre a ltttlia no perfodo que nos interessa, para os que n5o leem italiano. Htt algumas hist6rias gerais,como a de Denis Mack‐ Smith,I`α Jy:A Mο グθrれ ″is′ οry,1969,autor cuiOS trabalhos mais importantes abordam perfodos anteriores e posteriores.C)livro de Christopher Seton‐

yノ ro“ Libθ ″ α:is“ 1925,1967,こ Watson,I′ α ι Fαscis“ 187ゴ ‐ `ο menos vivo que o velho, por6rrl relevante, do grande fi16sofo Benedetto Croce,His′ ο ″ 1915, 1929,quc omite= ソοノr′ αIッ 187ゴ … contudo,a maloria das coisas que n5o interessam a um pensador idealista e muitas das quc interessam a um historiador inoderno`

Sobre a Espanha, no entanto, os leitores ingleses disp6em de duas obras gerais de destaque: a densa, porё m iinensamente

compensadora, de Raymond Carr, Spα

jれ

18θ 8‐ 1959, 1966 e a

maravilhosa,ainda quc``n5o― cientffica",de Gerald Brenan,T力 θ ん, 1950, A hist6ria dos povos e Estados dos Spα ″isλ Lα byriれ ′ B`lcas 6 tratada em virios trabalhos de Jo e/Ou Bo lelaViCh,por s,vol.H SO‐ ry or′ み θBα Jた α ″ exemplo:Barbara rela宙 ch,Hjs′ ο

bre o s6culo XX(publiCado em 1983);mas nao possO me impe‐ dir de chamar a aten95o para o de Daniel Chirot,Sο

οjα I C力 α″gθ

y,1976, ″ I Sο ε :θ ガο れο α ″Cο Jο ″ αPθ rjρ 力θ α :Tみ θCrθ α ノα quc analisa o destino`ッ trdgico do povo romeno, c o de Milovan クS`jε θ,1958,que recria o mundo dos Dlilas,二 αれ′ И/力 ο ′ノ “ bravos montenegrinos,O trabalho de Stanford I,Shaw e E.K. j″

Bα :た

i′

あθ O″ ο α れ E“ ρj″ θα ″′ iИ ο ∂θ r“ T“ rた θ Shaw,Hisrο ry ο ノι ソ ソοI. 」Fi f808-1975, 1977, 6“abaHzadO, mas n5o propriamente ,

empolgante. Seria cnganoso sugerir quc as hist6rias gerais de outros paf‐ realrnente satisfat6rias,

ses curopeus publicadas ern ingles s5。

embora a situacao seia bern diferente no que tange a mono‐

523

Bibliografia complementar

grafias(por exemplo, na Scα ″Jj″ αν,α れ Ecοれο″2'C His`ο ″ ッ Rθ ‐ ソiθ )ソ ou outros peri6dicos)。

As Cα bridgθ His`ο ″ たs da Africa,Am6rica Latina c Chi‐ 一―

“ publicadas para o perfodo que nos interessa na ―― todas

daO uma bOa Orientagao sObre os respectivos continentes ou re‐

gi6es;o livro dc lohn K.Fairbank,Edwin O.Reischauer e sノ ο r“ α 4,1978, ″ Albert M.Craig,Eas′ スs滋 ′T″ ご われα αT″ ″ j′

`jο aborda todos os paFses do Extremo Oriente e, incidentalinente, fornece(cap.S. 17‐ 18,22‐ 23)uma intrOdu95o`til a hist6ria mo‐ derna do rapao, sobre O qual podO‐ se consultar, num enfoque ″ ry`ο Mο Jθ ″ mais geral,Io Whitney Hall,rapa″ :Frο Prθ 力is′ ο

“ ιαJjj, θ

apα ″ Raα θノ Jθ r,vol. I: 1800‐ 1945, 1974,c lanet E.Hunter,ス Cο れ c,w Dicrわ れ ″θ αry ο α Sθ His′ ο ノ動bご θ ノ ρα ″,1984.Os que nao saO “ Orientais e estac interessados na vida especiaHstas em estudos

T,“ θ s(edo de 1986),Iohn Livingston

7カ

_

e na cultura iaponeSa podem apreciar o livro de Edward Sei‐ ο Eご ο ι denstiCker,Lo″ Cj″ ′Hig力 Ciり r Tο ッ ′ οノ ″ οEα ″ か “ α 々 θ プ 1925, 1985。 ... 867‐ A Inelhor introducao a ttndia nl(> 9″ lた

derna 6 de autoria de ludith M. Blown, Mο ごθrれ

r″ ごjα ,

1985,

que contCm uma boa bibliografia. Alguns trabalhos sobre a China, O Ira,0 1mp6rio C)tomaぃ no, a R`ssia c outras regi6es em ebuli95o sao indicados sob o tftulo “Revolu96es". Por alguln motivo hi escassez de boas introdu9oeS a his¨ t6ria dos EUA no sёculo XX,embora nao hala eSCasscz de ma‐ nuais universit`rios de todo tipo, ou de reflex6es sobre a natu‐

reza do americano,e hi uma montanha de mottografias.A ver‐ saO atualizada de um livro antigo e confittvel, S. Eo MoHson,

ο 力θ ノ′

Ho S.Commager e Wo Eo Lcuchtenberg,Tみ θGrO〃 ス7η θricα ″ Rθ ρ″b::θ ,

6.a ed。



, 1969, ainda 6 melhor que a maio‐

θricα れ Djρ kttπ ααソ19θ θ‐ r95θ , 1951,ed.ampliada etF1 1984,deve“ser recomendado.

riao Contudo,o de George Kcnnan,ス

REVOLUcOES Sobre perspectivas comparadas das revolu96es do s6culo Orsみ jρ α′ αI Origj″ sο ノDjε ′ XX,ver Barrington Moore,7み θSOε ′

Aθ ″

524

οs si″ p″ ′ `わ

α″ご Dθ

οcrα cッ , 1965; 6 um classico e inspirou Theda Scoc¨ れs, 1978。 Eric Wolf,Pθ αsα ″ `jο jθ `Wars Oノ Cθ ″ ry,1972,6 importante;E.I.HobSbawm, θ 7″ θ″′ `力 `ん κ Roy jο “ Revolution'',′ Porter e M.Teich(orgS.),Rθ ソοJ“ ′ “ ″ j″ pol,S`α “ θs α″J RθソOJ“ ′

His`ο ry,

1986, 6 um breve estudo comparativo dos problemas。

A historiografia da R`ssia czarista, sua derrocada e revo¨

lu95o, 6 vasta demais mesmo para uma lista breve e superfi‐ cialo E mais fttcil citar que ler o livro de Hugh Seton‐ Watson, 7カ θ R“ ssれ ″ E“ ′j″ θ180r‐ 1917, 1967; e o de Hans Rogger, R“ Ssiα j″ ′ οん 1880‐ 1917, 1983,fomece θスgθ οノiИ οJθ r″ isα ′ みθLas′ Tsar, 1969, dados,T, G.`みStavrou (org。 ),R“ SS'α ″′θr ι “ cont611n ensaios de diversos autores sobre vttrios t6picos.P.Lyash‐ ″αJ Ecο ″0“ y,1949,deve bridr Ecο ″ο‐ ser completado com as partes pertinentes da Cα “ ο′θo SObre o campesinato russo,Geroid T。 ″ガc His`ο ry οノE“ ″ αJ R“ ss滋 ″ごθr′ ん90′ α Rθ gj“ θ,1952 e freqten‐ Robinson,R“ ″ tes reiinpreps6es desde “ entao, 6 a melhOr maneira de comecar,

chenko,His`ο ry οノ θ R“ ssttκ Nα

`jο

`力

clnbora nao seia atualizado.()trabalho extraordindriO e nada f`cil de Teodor Shanin,」

R“ ssra

αs αDθ ソθJop′ ″g Sο ε彙ガy,vol. I:

R“ ss'α ヽ T“ ″

ο ノCθ κ ]り, 1985,e vol.II:R“ ssた 19θ5‐ 1907: `“ “ Tr″ ι ん s αMo“θ Rι ソ ο :“ α ,1986,tenta ver a revolu(“ o `jο “ `0ノ do ponto de vista de sua“ influencia na hist6ria russa subseqten‐ te e a luz desta.A obra de Lo Trotsky,H漁 けοッ οノ を R“ ss滋 れ jο Rθ ソοJ″ ′ れ,v`rias

edi96es, oferece uma visao comunista de um participante,cheia de inteHgencia e verve. A edi95o inglesa do ο ″of Fθ br“ α I“ trabalho de Marc Ferro, rhθ R“ ssiα κRθ ソ ッ `jο 1917, cont6m uma bibliografia oportuna. `′

A bibliografia cnl lfngua inglesa sobre a outra grande re‐

volu95o,a chinesa,tamb6m est`aumentando,cmbora sua esma‐ gadora maioria aborde o perfodo a partir de 1911. 0 1ivro de θs α α C力 j″α,1979,6 realmen‐ r.Ko Fairbank,Tん θI1/4j`θ ご S`α ′ “ te uma breve his“ria nloderna da China.Do meslno autor,Tλ θ j″ 夕 G窪 α′C力 aFθ Rθ ソοJ“ ″ r800‐ 1985,1986,6 ainda melhor.0 `jο ‐ trabalho de Franz Schurmann e Orville Schell(org。 ),C力 :″ α」 Rθ α jα j″ Jj″ gs,If r“ ρθ ″ J C力 α, 1967,proporciona os antecedentes; o de Fo Wakeman,T力 ιFα Jι or r“ ρθ rttl cみ ′ ″ α,1975,こ umpre o que seu tftulo promete. Vo Purcell, Thθ Bο χθF R'si″ g, 1965, 6

525

Bibliografia complementar

o relato mais completo desse epis6dio. Mary Clabaugh Wright j″ jο οJ“ ′ ″: ι みθFjrs′ Pttα sθ 19θ θ-1915, 1968, (Org。 ), C力 αj″ Rθ ν pode ser uma introdu95o dos leitores a estudos mais monogr`‐ ficos.

Sobre as transforma96es de outros imp6rios orientais aiti‐

gos,a obra dc Nikki R.Keddie,Rο ο

ο ′ ο れ Rθ ν J“ ′ 『ス″r″ r_ `θ `sOェ ry ο θ″isι ο abalizadao Sobre o ノMο Jθ rれ I″ れ, 1981,6 `jソ lmp6rio Otomano,Bernard Lewis,T力 θE“ θ rgθ ″ ο ノ″bJθ r″ “ θR,sθ ο 7“ 清の,1961,ed.revista em 1969,e Do Kushner,7λ チ

prθ

jο r“ rた おん Nα′ ″αJjs,π ゴ876‐ r9θ 8,

1977,podenl ser completados

αris“ com N.Berkes, T力 θ Dθ ソθJOp“ θ″ι οノ Sθ ε ι θEα s′ 1964,c Roger Owen,7カ θ ルf'ご ∂′

j″

j″

T夕 rた (7,

“ι ,ο … 力θ WOrJご Ecο ′

y, 1981. No quc tange a `nica real revolu95o que teve lugar fora do contexto imperialista no perfodo que nos ocupa,a FneXiCana,



dois trabalhos podem servir de introdu95o: os prilneiros capf― tulos de Friedrich Katz, 7λ θSθ crθ ′Wα r jれ Mθ χjθ O, 1981 -― jれ ou o capFtulo do mesmo autor da Cα ″brjグ gθ ″is`Ory o/1カ ι jcα 力θMθ χ れ Rθ ソο‐ ス θ″ れ 一 ,c lohn wOmack,Zαραれ αれα ι “ jο J“ ι れ , 1969。 Arnbos os autores s5o excelentes. N5o h` uma

introdugao da meslna qualidade a tao cOntrovertida hist6ria da

()livro de rudith Brown Mο Jθ ″れ 1985,proporciona o melhor come9o, e o de A. Maddi―

libertacao naciOnal da lndia。 r″ Jjα ,

′ ん jれ r″ ごjα αれJ Pα た "′ “ “ 's― αれSjれ εθ ′ 力θハイ gん αls, 1971, fornece os antecedentes econ6Hli‐ ′ “ cos e sociais. Para os que querem uma amostra dos trabalhos iC Grο son, CIα ss S`″ ε′rθ αれグ Ecο ″0″ ι

―― brilhante indianis‐ σ滋 Pο :j′ jcsi スJJα 力αbα J f88θ … `s tt fれ “ ″gα T力 θNα んα:is′ 』 ビο‐ 1920, 1975,c o de Lo A.Gordon,3θ `jο ソθ θれ 19イ θ, 1974, sobre a regi5o mais radical. “ Sobre ` 1876‐ as regi6es islanlicas,fora da Turquia e do lra, nao

mais monogrificos, hl o de Co A. Bayly ta――,7み θIIο 《 ηJ ROο

:「

htt muito o que recomendar.P.Io VatikiOtis,7カ

θ Mο Jθ r″ rfお ‐

Ory tt Egypr,1969,pode ser consultado,mas o livro do famo ′ so antrop61ogo Eo Evans‐ Pritchard, 7カ θSα ″ sj ο αicα ノCyrθ κ

“ os comandan… 1949,6 mais divertido. Foi escrito para infornlar

tes britanicos que estavam lutando nesses desertos durante a Segunda・ Guerra Mundial。

,

ス αα αοs i“ P″ jο s

PAZ E GUERRA Urna boa introdugao recente aos problemas relativos a ori‐

gem da Primeira Guerra Mundia1 6 a de rames loll,■ 職 Ori‐ gj″ Sο ノ′ んθFirs,WOrJα Wαr,1984.0 1ivro de A.Io P.Taylor,

ο T力 θ S`r“ ggJタ ノ r Mα s`θ ry jれ E“ rOpθ , 1954,6 antigo,por6m excelente no quc tange as cOmplicag6es da diplomacia intema中

れ んθス g:0‐ Gθ ″ こ cional.Os de Paul Kennedy,Tん θR'sθ ο ノι

“ みθ“ α″ご ′ O″ αgO″ :s″ 7186θ ‐ 1914, 1980,Zara Steiner,3″ j`α jrz “ ス″′ gj“ sOノ θFjrs′ Wο rJα Wα r, 1977,Fo R.Bridge,F″ om Sα ご0″ α 力θ スpproarん οノ Wbr, θツοf T力 θ FO″ jgκ PaJicッ α″ご ′ οSα ″`力 ′ ノ j‐

1973,constituem bons exemplos de monografias recentes. C)li‐ ごο「 Thθ 4″ ″ tαgθ ご vro de Geoffrey Barraclough,F″ ο スgα ごir`ο ′ “ a‐ ο ッ οノα Crisis,1982,こ um “ trabalho de um dos histo五 スれαι dores “ mais originais de sua 6poca. Sobre a guerra c a sociedade em geral,William Ho McNeil,7カ θ ′夕rs“ j′ οノ Pο ″θr, 1982,こ

instigante; quanto ao perlodo especfficO abordado neste livro,

Brian Bond, フ/α r α″J Sο εjθ

jれ

ορθ187θ ‐ 197θ , 1983; so‐ E“ ″

bre a corrida a.11lamentista do pr6‐ guerra, Nornlan Stone, 1「 みθ 1978, caps. 1… 2. Marc Ferro, rhθ Grθ αιWar, 1973, 6 um bom resumo do ilnpacto da guerra。 0ノ 1914, 1979, discute alguns Robert Wohl, 7カ θ Gθ れθ′α `ッ

s′ θ 1917, Eθ α rれ F″ 0″ ι19rイ ‐

`jOれ dos que aguardavam ansiosamente a guerra; Georges Haupt,

スspθ ε′ ″′ θ″ ″αガο″αI Sο εjα Jis“ f87r‐ 1914, 1986, discute os sο ノ∬ que tinham a posigao oposta__e, com particular brilho,a po‐ sicaO de Lenin enl relagao a guerra e a rev。 lu95o. Nb`α :Esta lista bibliogMfica complementar partiu dO prin‐ cfpio de que os leitores dominam apenas o ingles. Infelizmente, ёprov`vel que sё ia O Caso hoic em dia no mundo anglo‐ sax5o. Tamb6m parte do princFpio de que,se os leitores estivereln su‐

ficientemente interessados, consultarao as numerOsas publica‐ 96es academicas especializadas na drea de hist6ria。

INDICE REMISSIVO

A9`car,98,110-1

晩 iO uniVe爾 叱 127;social― 醸

スcriο iFrα Fasθ ,226,369 “ “ AЯ Яms,famflia,262

mocracl■

Aden,102

73; fonnas de expr∝ sao llacio― nal, 15準 7, 204, 215; `pequena',

136, 139-40, 150-2, 169-70, 187, 192-3, 294, 369-

Adenauer,Kollrad,16 AdleL Alfret 370n

155, 157; sindicalimo, 176;n`― o, mero de judeus,225;cri年 五

Adler9 Vlctor,189,318,37(L420,450 Admininaφ o cientii(a69-75,82-3

226; servi9o mili、 、 228; anta―

Adolescentes:burgu∝ ia,239,246

3011mo de clases,23;corpO de

Adultё 五o,290

oflcials da reservへ

Aerondutica,49 Attica:cobnias n■ 42,463;d市 饉 o das col(資 ias, 89, 103-4, 1145, 434; cnstianimo na, 115; m―

tes llmversittos, 247, 250-1;

247;endan―

habitantes das cidades,254;bur‐

guesia■ beral na, 264-7; ind6s― dolllё sticas, 278; trabaho

t五 厖

feminino 280卜 41 ellsino de ciOn―

flumcia na arte social,313

AHcへ Norte da,52

clas na9 349-50,359-60;respon―

AHca dO sul: ouro,74-5, 96, 101,

sabilidades pela Prllnera(3uerra

Mlllldial,428-32,444-8;antago―

111-2 A3ricultllra na ltturopa,39;e depres―

sao,59-61;declhio lla Grか

Bre―

nlsino e rivalidades com a C)ra―

Bre咄

452-4,44)4;posi9お

tanh■ 66;e o protecionlsIIno,69;

internacional,“ 0-1;marinha de

cr∝ cllnento

gueコ に、 4404;

mllndial, 76; tra―

o Marrocos, 443;

b山 o,164-5;organlztto do prc letariado aglcol■ 179

Alb`hia,207,444 Alemnhal agnculm■

bloqueioと 448n; apoio popular a guerrι 準19-50 rt御 慶m Edu― Alfabetiza92b)50-2;ッ タ

3%Nギ lo】 L

Ca9aO,Andfabetos

tado,42;collStuno,47,expecmiva Alexander Ⅱ,czar da Risi■ 408 AMcia― Lorellla,207,432 de vidへ 50;desenvo市 llnento eco‐ ■onllco e indl麟 H札 58-9,67-8, Amazmia:atЮ cidades,455 7牛 5.438;耐 s,60-1,63-4,69-

AmendseL Roald,30

70;cooperat市 lslno,61;ca“ is 69- Allllこ rica Latilla,42,54,59,112,4∞ 70;concentra9五 o econOmic■ 84; Amsterd亀 38 Ln〆 Ho o010nial,91,102,n3;su― Analfabetos,44-5

A

528 Anarquismo, 147,

θrα dOs し 撻 ρθ′:OS

172, 179n, 180,

Autom6veis, 49, 81‐ 2, 256, 260

186, 190 Antiga ordem dos Hib6rnicos(Irlan… da), 157 Anti‐ ()lericalismo, 189, 194,295, 368 Anti‐

Semitismo, 132, 143, 225‐ 7,250;

na R`ssia, 409 Anti‐ truste,lei・

1890(EUA),70

Ap6stolos:pequena sociedade de d・

Austria: sufrdgio universal, 127; Par‐

tido do Povo,135;Inovimentos na‐ cionais, 141, 157,208; declinio do Liberalismo na, 153; Social lDemo・

cratas na, 195; lutas sobre a lin‐ gua,222; indistria dom6stica,278;

mulheres Social Democratas na, is‐

cussao de Cambrldge, 362

296; declara95o de guerra a sё apoio popular a guerra, 449;

Arabi Pasha,398 Argё lia Francesa,397

Argentina: ra9a, 54; imigra95o, 59, 218; exporta95o para a Gra‐ BretaⅢ

nha, 65; produ95o de trigo, 79; Partido Trabalhista na, 98; crises na, 99; investirnentos na, 112; tra‐ balho ilnigrante italiano, 165; aris‐

r_

via,420,430,445‐ 7; Alian9as,452; ソθr

′ α bι ″2 1mp6rio Habsburgo “ Marxistas, 205 Austro‐ ・Gα rdθ (artes):Artes eruditas, スソα″

22,26, 120,514,317,322‐ 4,326‐ 30; e o ba16 russo,309; e cinema,352‐ 4, 336 Azё glio,Ⅳ Ittssimo d',214

tocracia, 241,246 Arist6teles,126 Armamentos, 424‐ 7

Azev, Evno, F., 408n

Armenia,230

Babel,August, 140, 167, 225,300: A

Arquitetos, n`mero de, 243 Arquitetura,525‐ 6 ′ Arr Nο こ ィ ッθα (F“ gθ ごs′ ′ り , 518, 321, 324‐ 5





′ S,mO宙 mento,318,520, Arrs_α れdィ3rα ノ

is″ lο , 294 ″7“ ι 力θr θ οsο ciα ′

Bacia Donets,79

Baku,79 Bakunim, Mikhail Aleksandrovich, 191

329 Aspirador de p6,81 Aspirina,81

Balabanoff, Ang61ica, 287, 515n B41cas,34‐ 5,419, 432‐ 4,443‐ 4 Ba16 russo, 336

Assiθ ″θα Bθ

″θ (jOrnal),131 “ Associa9五 o“at16tica ga61ica, 137

Balmaceda,Ios6 Manuel,H3n

Associa95o de retentores de deben・

Barcelona: ``semana tr`gica"(1909), 159 Barney, Natalie, 500

tures estrangeiras, 112

Associa95o dO a9o do Reno‐ Westf`‐ lia, 248

Bancos,71

Barrё s,ⅣIaurice,226,265

Associa9五 o terra e trabalho(Irlanda), 137

Bascos: lingua, 208, 224; e a lgreia

Ataturk,Kemal,395

Bateson, Willianl,351, 335

Cat61ica,229

Atomos,341&n

Bauhaus,319,325

Atrocidades, 108, 455

Basco,Partido Nacional,207,221 Becquerel, Iean,347

Austr`lia: democracia na, 45, 127; Bretanha, exporta95o para a Gr五 ‐ 65; a seca na(1895‐ 1902), 76; Par‐

Bedford Park(Londres),254 Bcechanl,Sir Thomas,262

tido Trabalhista na, 98, 169; polf‐ tica de inligra95o branca, 109

Beethoven,Ludv√ ig van,467 Behaviorismo, 374

529

indice remissivo

3ehrens, Peter,325 ladil■ ir Nlikhailovich, Bckhtercv. ヽ″ 575 3elfast, 158, 174 Bё lgica: 67‐

agricultura, 59; econornia,

8; Imp6rio Colonial, 91, 101,

a paz mundial, 451‐

2, 438‐

9; e o

lmpё rio Habsburgo, 452 Bizet,Georgesi Cα r“ θ″′517

Blackpool: ilumina95o, 155 Bloch, Ivan: Tθ cわ れ,cα ′ , Ecο れο″:ic jricα 力θCο ‐ αれd Pο ′ ′Aspθ crs οチ ′ “ ″ 77:れ g Iう /α r, 425

105; direito ao voto, 127, 129; ca‐ 161icos na, 135, 158; tumultos ope‐

Blok,Aleksandr Aleksandrovich,327

rariOs, 146, 185‐ 6; Partido Traba¨

Bochunl, 181‐ 2,250

lhista, 170; a quest5o da lingua, 222‐ 5; Plano Schlieffen, 451, 447:

Boelnia,230

ソθr

“ 3θ :!θ Ёρο9夕 θ , 75,76,85, 159,234 Benes,Edvard, 230 Bengala, 599‐ 400

Bё hnl‐ Ba、 verk,

Bennet, Arnold, 309

Benoist,C.: A οrgα れizα faο ごοsLJJrご ‐

Bcns

77:ソ

“ de

θ/sα ′ , 145

Boldini, Giovanni,511 415, 456‐ 7

Benz,Carl Fricdrich,49

Bombairn: popula95o, 58

Berenson, Bernard, 311 3erlage, Hendrik Pctrus, 521, 525

Bon lNIarch6(loia), 51 Barodin, Aleksandr Porfirevich, 57 Borracha, 96 B6snia, 446

Bcrlirll,40, 182,255

Berlirn,Congresso dc(1878),226 Bermudas, 102 ηlα れyα れご

Eugen von, 571

iels,22 Bohr,卜 」

Bolcheviques, bolchcvismo, 250, 409,

consumo,82

Bernhardi,Friedrich A.I.von:Gθ

Afri‐

culdades da,419: baixas britanicas na, 422; causas, 429

Bettamin,wdtcr,524

giο

Boers, guerra dos((3uerra Sul‐

cana), 1899‐ 1902: e o ouro, 100, 112; oposic五 o≧ , 108; e os liberais, 152; recrutamento para, 228; difi‐

Flamcngos

tbび rα ″

Boston,Mass,218,257 r‐

θ 4θ χ ″αr′ 554

` `力 Bernhardt, Sarah,338

Bourbaki(nOme coletivo), 541 Burguesia: e capitalislno, 25‐ 5, capf‐ tulo 7 ραssi777i Cultura, 26‐ 7; e o

Bernstein,Eduard, 149, 192

progresso, 55‐ 6; e a democratiza‐

Besant,Annie,298, 500,599

9ao, 125‐ 6, 257, 259; decifnio da,

Bicicletas, 81

145‐ 4; e pacto revolucionirio, 147, 456; e divergencia com o proleta‐ riado, 217‐ 8; comportamento poli‐

Birnetalislno,62

Binet,Alfred,375 Biologias: e teorias sociais, 351, 355‐

6 Biom6tricas, 554‐ 5 Birrningharn, 58

Bisnlarck, Prfncipe Otto von: c as massas eleitorais, 128‐ 30: anti‐ cle‐ ricalismo, 155, 145; e a frigil opo‐

tico, 257; prosperidade da, 258‐ 9; c a farllflia,238,265; defini9五 o da, 239‐ 40; aristocracia rural,241,247; crises e rea96es, 565‐ 5, 575; Revo‐ lu9五 o Russa de 1905, 410‐ 14; c as mudancas do p6s‐ guerra, 457‐ 65, 466-7;ソ θr rα

bび 燿

Classesヽ 4ё dias

“ 397 Bourguiba, Habib,

si95o, 145; considera95es sobre a suspens5o da constitui95o, 146;

Brahmo Samal,367

programa de Seguro Social, 150;

Brancusi, Constantin, 315

em `ferro e sangue', 267: lnant6m

Brantihg,Karl Hialmar.189

530

/1

θrα ごοs ι ″τ ρθr`Os

Carnegie,AndreN、 151,265,425 Carnot,Sadi, 147n

Brasil,42‐ 5,54,

59,99,218 Brooke,Rupert,268

Carpenter,Edward,300

Brouwer L.E.I.,545,356 Aristide: Bθ ″θソj〃 θ」イク Ⅲ 0“ ′ αれ′(can950), 201 “ Bryan, Willianl Jennings,65, 141 Bruant,



Buenos Aires,38 Bukovina,35‐ 6 Bulg`ria, 39, 207 ごθr Lα ご″:r`θ “ 157

B“ ″ご

Caruso,Enrico,309 Cartel do carv5o do Reno e da West‐ f61ia,70 Carv五 o: irnportancia, 47; trabalho nas lninas, 167; sociedades comcr‐ ciais, 176‐ 8, 185; acidentes nas rni‐

(Alemanha),

nas,422‐ 3

.

Casamentos, 275, 276… 80, 302‐ 4i τ rα ″ bび η 7Fallnflias,Ⅳ Iulhcres Catistrofes,455‐ 6

Bundistas, 211, 250, 409

Burns, Iohn,158n

l′ ′ 7・

Cat61ica,Igreia Romana:frente ao progress。

Cabot,famflia(BOStOn),257 Cacau, 87‐ 8 Caf6,97‐ 8

Calcut6,38

Camponeses,trabalhadores agrfcolas: alfabetiza95o, 44‐ 5, prosperidade, 50-1; revoltas, 60; for,a polftica, 195‐

4, ernigra95o, 166; e o salirio, 8; rcieitadOs pelos nacionalis‐

tas, 220‐

bispos negros

vimentos de massa, 155‐

California: California branca(pollti‐ ca), 107

151‐

, 52;

e

brancos, 108; e a politica dos mo・

1; mulheres, 277‐ 8;

e a

5, sindica‐

10s tOlerados, 174‐ 5, c os grupos nacionais, 219‐ 21, 229; a mulher, 295‐ 6;

rea95es contrdrias, 367‐ 9;

ソθr rα

bび

Anti‐

“ 325; Cё zanne, “ Paul, CO“

S′ 0′ α Cθ わ

clericalismo

″ θzα

'Vα

556

`′

Orrα



Chi,97 Chagall, Marc, 315 Chaliapin, Fedor, 309

Revolu95o Russa,411‐ 2,as mino‐ rias,462.yθ r`α bび Kulaks。 “ “ Canad五 ,43, 79 Canovas del Castino, Antonio, 145, 147n

Chalnberlain, IoSeph,349 Chandler,Alfred:Tみ θVisibrθ ∬α ご

Cantor, George, 341, 343 Capitalismo: c a sociedade burgucsa, 25‐ 5; e o otilnismo, 26; e o impe‐ rialismo,27; internacionalismo,66; competiO五 o e monopolismo, 69‐ 71,

Charpentier, Gustave: LO“ isθ, 517 yθ rs,Tみ θ (filme de Satvalit ssp′ α C力 θ

81; e o colonialismo, 93‐

4, 99‐ 101,

105, 110; aceita950 da democracia, 160‐ li e a guerra, 455‐ 7; alustes p6s― revoluciondrios

e a guerra,457‐

61 Carestia, 50,61‐ 2

Caribc: colonialismo, 9o Carne: pre9o,99; produto ultramari‐ no, 97‐ 8

20



=

Chanel,Coco,506 Chaplin,Charlie,350

Ray), 118‐9

Chile,115n China: economia, 32; como Estado, 42; tortura na,44; rev01u95o, 384‐ 7, 589‐ 92; ilnperialismo ocidental, 389‐ 90

CristianismO: e o colonialismo, 105, H4‐ 5;ソθ r rα ″bび r“ Igreia Cat61ica

Romana Churchill. Lord Randolph, 145n Churchill, Winston S,, 16, 118. 164 Cinema. 49, 5080 518‐ 22, 552‐ 4

indice renlissivO

Cidades e centros, 40‐ 1; habitantes, 77, 255‐ 4; ilnigra95o para, 165, 167‐ 8, 180; classes trabalhadoras, 180‐

531

218; esportes,256‐ 8; e a revolucaO, 384‐ 5, 411‐ 3,455‐ 7.

Clauscwitz, Cari von, 435

Clemenceau,Georges,125

5

Clube dos ciclistas operirios, 190

Iardim,320

Cidades‐

ciencia, 359‐ 621 e ciencias sociais, 569‐ 74

Clydeside,40 Cobden, Richard, 467

Cobre,97

Cis6es(arte),323‐4

Classes M6dias: capitulo 7

′αssルηタ

prosperidade, 85; efeitos dO ilnpeⅢ

Colette,297, 356 Coletivismo, 85, 150

rialismo nas, 1'1: amea9adas, 185‐

Co16mbia,99

4, 221, 251, 255‐ 4, 258‐ 60; assirni‐

Colonialisrno: capftulo 3 pα ssルηF eX・ pans5o do, 88‐ 95; capitalismo mo‐

la95o das outras classes,216;apoio ao nacionalismo, 220‐ 2, 228・ 9; cs‐

nopolista,95‐ 5; c abastecimento ou

primas,96‐

tilo de vida, 233‐ 9, 247‐ 8, 255: ca‐

supriinento de matё

sas, 234‐ 8; defini9五 o e categolia,

7; necessldades de novos merca‐

239‐ 45,249‐ 50,

241‐ 4;

96es,

255,258‐ 601 ocupハ ‐ mobiliza95o social、

243‐ 4,

249; educa95o, 245‐ 7, 249‐ 501 e o esporte, 245, 252, 255‐ 8: n`meros, 250‐ 1, 254‐ 5; e os servi‐ dores dom6sticos, 253‐ 4; salariOs e despesas, 259‐ 61; carreiras, 261‐ 21 as expectativas c a politica,264‐ 8; padrtto familiar, 275¨ 4; mulhe‐ res, 285‐ 7, 292‐ 5; ソ θr`α ″わび″ Bur‐ guesla Classes sociais: e a democracia, 126‐ 7, 130‐ 2; consciencia, 172‐ 5, 185‐ 4, 187‐ 9; nega95o da existencia, 259‐ 40; ソθr`α bび ″ Burguesia, Classe “ M6dia, Classes Trabalhadoras

Classes TrabalhadOras: capftulo 5 5; agita‐ ′αssi′ "r ascens5o da, 24‐ 9五 o, 75‐ 4; e a distribui95o da ri‐ queza, 84‐ 5; for9a polftica, 88-9, 163‐5, 168‐ 72; diferen9as e divis6es, 172‐

61 178‐ 9; organiza95o da, 179‐

80, 186‐ 90, 199‐ 220;

rela96es com

a classe mё dia, 183‐ 4; Na96es‐ Es‐ tado, 184‐ 7; ideologia e revolu95o social, 190‐ 2, 195‐ 6; solidariedade, 195‐ 6, 201‐ 2; maioria, 196‐ 81 e a quest5o nacional, 205‐ 6; restri96es

aos

trabalhadores

estrangeiros,

rias‐

dos, 101‐ 2; motivo estrat6gico‐

poⅢ

lftico, 102‐

5; radical condena95o

ao,

resultados econ6nlicos,

108;

1141 e assimila9五 o, 216; dissolvi‐

mento,398,465‐ 4 Com6rcio: depress5o, 58‐ 75; ciclos, 75‐ 6; b00″ econ6nlico, 75‐ 9; pro‐ dutos pril■ arios: desenvolvirnento dos paises no setor, 110‐ 1

Comite para a uni5o e o progresso (jOVens turcos), 53,394

Comunas(R`ssia),405‐ 6,412 Comunistas,partidos,21 Cornite de representa95o trabalhista Bretanha),149 (Gr五 ‐ gれ :θ F′ α CO′ 4ρ α ″fα iSθ

dO

二'ス メ ri9“ θ

αι Occiご θ ″′ θ, 114

Companhia Armstrong(Wim″ orth), 169,426 `Compromisso' 1867,207n,208 Comte, Auguste, 115,378,394,401 Comunica9五 o de massa,82・ 5,129,465 Conferencia de Algeciras,432 Congo, 101, 103, 108,455 Concflio do Vaticano, 1870, 134

Congresso Mundial(UniVersal)para a Paz,419 Congresso Nacional de Estatistica 1875, 208 Congresso Nacional lndiano,398‐

9

ハ θra JOs i″ p″ わs

532 Connolly,Iames,205

tado, 42‐ 3;

Conrad,Ioseph, 120,313; O cOraFa0

84, 125‐ 9;

ごαs rrθ ソαs, 455 Constantinopla (IStambul), 34n, 38,

386,434

progresso para a, 52, compatibilidade com o

capitalismo, 160 Democrata‐ CristaO, Partido, 134・ 5

Democrata,Partido(EUA),219

Construtivismo,522

Depressao(1930),461

Conway,Katherine,298

Desenvolvirnento lntelectual,QI,375 E)inamarca: camponeses, 39; desen‐ volvilnento da econolnia, 40; de‐

Cooperativas, 60‐ 1, 189n

Copenhage,44 Cor6ia,389 Cornualha, 105n

mocracia na,43; modernizagao da agricultura, 60; cooperativas, 64; exporta96es britanicas, 65; Co16¨ nias e Territ6rios dependentes,91; sufrdgio universal, 127; voto nO‐ ■linal, 129; apoio socialista ao ge verno, 149‐ 50; mortalidade infan‐

cOraO,sagrado,52 Coroa96es, 154 Corradini,Enrico,226 Corrup95o(gOVerno), 142… 3

Creighton,Mandell,52 ″ Crian9as: trabalho, 275, 279‐ 80; ソθ

til, 273

α bび ″, Taxa de natalidade ′ “ Crime,52

Depressao, A Grande, 58‐ 73

Criinё ia,guerra,434

Deroulё de,Paul,226

Crise de Agadir, 1911, 443‐ 4

E)iaghilev,Serge3 529,336 E)iamantes,97, 112 E)faz,Porfirio,265,401‐ 2

Depretis,Agostino, 145

Crise de Baring,1890,112 Croce, Benedetto,371,378

Cromer, Evelyn Baring, primeiro

E)icey,A.V.,85, 150

conde de, 398 Cromwell,C)liver, 158n

Dic′ :ο ″α ′ ソ0ノ

Crossley,IOhn,236

Disraeli,Beniamin,128

″ T力 ο gみ ′ 』 ′οごθ′ , 16 “ E)ietrich, Marlene, 266n Dobrogeanu・ Gherea,Alexandru,315n

Cuba, 43, 89‐ 90, 98, 110

Cubismo, 310, 322, 327‐

8, 331‐ 2

Curie, Marie (Sk10dkOWska‐ Curie), 272, 298 Custos, 59‐ 65, 75‐ 6, 259‐ 60

Dostoievsky, Fedor, 37 Dreiser, Theodore, 309

Dreyfus, Capitao Alfred: caso, 19,

Czernowitz(CernOVtSi),36

132 8ヒ n, 145, 147, 149, 216, 227,

368 Dublin, 159,205 Duheln,Pierre, 357

Daimler,Gottlieb,45 Dalmttcia,35 DanOas, 530

Durkheiin,Enlile,150, 157,378・ 80

Duveen, Ioseph, Barao,260

Darfo,Rub6n,314 Darwin, Charles, 65,551, 362,365 Darwinismo, 540, 354; social, 351, 554,370, 385‐ 6

Debussy,Claude,309,315 Delius,Frederick,262 Democracia: capftulo 4 Pα

Dongen, Kees van, 315

ssi′

"F e a

burguesia liberal, 24‐ 5: Na95es‐ EsⅢ

Edison,Thomas Alva,49 Educa95o: massa, 44‐ 5, 221‐ 22; e identidade nacional, 212‐ 15; e a linguagern, 219‐ 21; da classe m6・ dia, 245‐ 6, 249‐ 50, 254-5; das m■・ lheres, 252, 28牛 91; e os `antigos

533

indice reIIlissivo

amigos', 252; e a cultura, 216¨

7;

popular,36牛 5

colonialismo, 88‐ 92, 101‐ , 112, servi9o civil federal, 142n; 4・

434Ⅲ 5,

Edward VH, Rei da GrttBretanha,

benl‐ estar social, 150‐

15 Egito, 15,32, 103‐

nacionalistas, 152Ⅲ 3, 253‐ 4; traba‐

, 398, 414, 459 Einstein, Albert,22, 340,344, 346‐ 356, 362, 3761 eletricidade, 47 `Elei9aO caqui', 1900, 152

1; express5es

lho, 165‐ 8,sindicatos, 176‐ 7: socia‐

4・

7,

lismo, 148; lingua inglesa, 215‐ 6; imigrantes,

216‐

21;

casamentos

com a aristocracia europё ia, 241;

Eletromagnetismo, 347

fraternidades colegiais, 252; cine‐

Elgar,Sir Edward,156,309 Elizabeth, Imperatriz da AustHa,

ma, 551‐ 7; polftica chinesa de

147n

Fab五

r as portas',390; e o M6xico, possibilidade de guerra com a lnglaterra, 437; poder econ6mi‐ 400‐ 5;

Elen,Gus,201n Ellis, Havelock, 300, 310, 377 E“ p:′ θ ,Dα y(Inglaterra),106 Empregos dom`sticos, 180‐ 1, 295 Engels,Friedrich, 160, 192,300,369;

co, 437‐ 8; Marinha 441; ソθr ′ α bび″

Americana “

de

e a guerra, 419, 425, 425, 452;

EStanhO,96・ 100,105n Estatfsticas Morais,51‐ 2

Origθ ″ ′αFα ″ た,302;ソ θ r ra″ .

Estdtua da Liberdade,323

α イ α ガノ θ οCο ″″お′ ″ハ _B。 。 297 “ E″ g′ お み″ο″α れな yθ α ″ れ Ensor,Iames,315,519

Ёter Lunlinffero, 345

Entente Cordiale(Fran9a‐ Inglaterra),

Eton College, 249, 251

bび

S′

Cuerra,

= Guerra Hispano‐

Estatura Humana, 50

`′

Eti6pia,42,88, 103, 226

Eugenia,351

439 Entreteniinento, popular, 5301

Europa: desenvolviinento econ6mi‐

Escanda10 Marconi(Inglaterra)1915,

8; cultura dominante,37; Estados‐ Na95o,42; democracias na, 160‐ 1 Eソ θ ry“ αれ's Librα ry,310,316 Evolu95o,356; νθr rα ″bび ″ Darwi‐

142 Esc6cia, Universidades, 251n α bι Escravid5o, 43・ 4; νθ r ′ “ “ vida0

Ser‐

Escola: e a identidade nacional,212‐ 41 e a lingua, 222Ⅲ 3, νθ α″bび ″ ″′ Escolas P`blicas Escolas P`blicas (Inglaterra), 246,

co, 31‐ 8; popula95o, 36‐

nislno

Exposi95o lnternacional Anglo‐ cesa 1907‐ 1908, 291

Fran‐

Execu96es,424 Exё rcitos,420¨ 3

250‐ 1

Espanha,44, 50,88,91, 103, 144 Esportes,245,252,256‐ 8,288‐ 9,291‐ 2

Estados Unidos da Am6rica:desen‐

Fabiana,Sociedade,Fabianismo, 195,

285,352

volvimento econOnlico, 36・ 7, 58, 75‐ 4; Na96es=Estado, 43; democra‐

Fα cた 0:(iomal),

cia nos, 43‐ 4, 127‐ 8; eletricidade,

Fanlllias: burguesas, 238, 263; pa・

47‐ 8;

consumo de massa,50‐

1; pro‐

gresso idealizado, 53; tarifas, 68;

populismo, 60, 62‐ 3, 153, 141¨ 2; c00perativas, 61;

248:

trustes,

69‐ 70,

incerteza econ6mica, 85‐ 4;

151

draO de vida, 272‐ 6, 277‐ 8; e a posi95o das mulheres,300‐ forma96es sociais, 461‐ 5 Fascismo, 161, 227, 459‐ 60

Fashoda, crise de, 1898, 454

6; trans‐

534

A

θrα αοs,“ pび riο s

Federa95o Alema de cOrais Opertt「 rios, 190 Federa9五 o dos Trabalhadores da Ter‐

7; estabilidade pOpulacional, 273・ 81; de‐ 75; trabalho feminino, 379‐

scstabiliza95o da lgreia Cat61ica,

ra(It`lia),179n

368‐ 9;e a Primeira Guerra Mun‐

1_ Ferninismo, 292‐ 5, 297‐ 300; ソθ r rα ″ bご ″

dial,420,452,4471 alian9as,455‐

Fenianos,229 F6■ ias,

4,

459, 442‐ 45; descoloniza9ao, 464;

Mulheres

ソθr′ α

289; ソθ r `α

bご

Dreyfus,Alfred

bび

“ “ 45 France, Anatole, Francisco Ferdinando,arquiduque da Austria, 190

Lazer

Ferrer,Francisco, “ 147 “ Ferro e A9o: produ95o,58

Ferrovias: desenvolviinento, 48, 81, Francisco ToS6, ilnperador austro‐ 95‐ 6; investimentos, 100; sindica‐ hingaro, 157, 430 los, 177‐ 8;

esta95es, 315, 326; na R`ssia, 406, 410

Filantropia, 262‐

Franco Bahamonde, General Francis‐ cO, 16, 463

4

Franklin,Beniamin,30

246



::1藤 :;蓄 llTPぉ w″ Iη ご:α

, 398

ゎ::警 ,F整議3" Gambetta, L6on,244

Fouricr, Charles,500,467

Gandhi,

Fox,William,353

Gaulle, Charles de, 16, 463 Gen6tica, 340,351‐ 55

gresso na, 61‐ 2; tarifas, 60, 65, 69;

cooperativas agricolas, 61; flutua・ 950 Salarial, 19; iinpё rio colonial, 90, 114‐

15; co16nias subrnissas

a, 107; ilnporta95es coloniais, 114

n; sufrdgio universal masculino, 127; iudeuS na, 132, 224‐ 5; con‐

tinuidade e n`mero de governos, 142;

escandalos, 142‐ 3;

Karamchand

Gaudi, Antonio, 315

Fran9a: agricultura, 39; Na95es‐ Es‐ tado,45; analfabetos na,44‐ 5; pro‐

89‐

Mohandas

(Mahatma),16,H6‐ 17,366,399

nlinoria

George, Stefan,261, 327 Ge6rgia(R`ssia),230 Gervinus, Georg Gottfried,316 Ghadr, Partido (lndia),400

Ghent,221 Gibraltar, 102

c}ilbert, W, S., e Sullivan, Sir Ar‐ thur:Pα ′ :θ れ cθ ,318

privilegiada, 145; 14 de lulhO,155‐ 7; agita95es e golpes, 158‐ 9, 178‐ 9; representa9五 o do Partido Socialis‐ ta, 170; sindicatos na, 176‐ 7: So‐ cialismo na, 198‐ 200; mё dicos na,

Giolitti, C)iovanni, 129, 145, 149

243; classe n16dia e educa95o,246‐

G6tico, C), 519, 326

C}issing, George, 512

c)ladstone, Willian Ewart, 130, 140 Gё del, Kurt, 344

Gogh,Vincent van, 180,310,319

Indice remlsslv0

Grandc Guerra; ソθr Prirneira Guer‐ ra Mundial Grant,general LTlysses s.,467 a ecOnonlia mundial,

Gra‐ Brctanha:e

′ 鴛 Ltti¶ luld::'∬ 』 :ぶ糧 il

47‐ 8;

livre cOm6rciO′



i鱗

簾 撫

74‐ 5,

64‐ 51

cxpor_

555

Guilherme II, 122, 155, 259, 420, 438‐ 40 Guillaume,Apollinaire,327 Gulbenkian, ca10uste, 438

Gutenberg, IOhann,365

H毬



遊盤群翼iズ、

60; flutuag50 salarial, 791 investimentO ultramarino, 60, 99.

comprOnlissO de 1867,207n,208‐

100, 110‐ 12; cOm6rciO, 81, 111‐ 12;

e a quest50 1ingtFstica,221‐ 2; mo‐

irnp6riO c010nial,88‐ 9; 111‐ 12,397・

8; atitudc c010nial, lo7‐ 8, sistema demOcrttticO, 128‐ 9, 136; escanda. 10S, 142‐ 3; servi9o nlilitar v01un‐ tttriO, 158, 228, crises cOnstituciO‐

5鷺

i蹴

PartidO

9;

e a revolu950, 385‐ 6; c a Po16nia,

OEttil::猟 llliζ

:446:

:│:│∫

1, 284, cien・

tistas profissiOnais, 361; e a P6r・

9; independencia e nova

domlna950, 397‐ 8; e a Prilnelra

l馳 珊 潔 批 ′ 峨 'd∫

438‐ 9;

145:

総 la綺 l罵 γttl:5:‐ 甘五胤 鷺 Guerra Mundial, 384, 430‐ 2, 446;

:据

1。

sia, 388‐

Eslavo,

virnento sOcialista e trabalhista, ‐

∫ lぷι s17::41 就塁 謝 ∬素:n,::計 11徹 冒 balho masculino, 280‐ :ょ L量

MOderado

cOntrole marftimo,435,440‐

Hamburgo, 189

Hamsun,Knut,319 HanOver, 138 Hardy, G. H。 , 342,362

Hardy,ThOmas,309

H勢 ‐ Wdnbe昭 ,b

rMatem“ 0,

4, 447; econOmia dO prё ‐ Guerra, 436‐ 9;

ex6rcitOs, 447‐ 8; desc010ni‐

2a95o, 463‐ 4

Greene,Graham,44 Greves, 158‐ 9, 185‐ 6

Grey,Sir Edward,451 Griffith,Do W.,335

Gris,Iuan,331 Gropius,Walter,329 GrOsz, ottO, 301 Guerras; νθr Guerra dOs BOers; Pri…

meira Guerra Mundial: Guerra RussO_JapOnesa; Guerra HispanO_ Arnericana

Guerra da Crim`ia,454 Guilherme I,155

H8 署 ::Li出 蹴::夕 究 9T窃 キ

各 :1露nTttdl。 キ 』 χ 詰111留 351n,371

H葛

ちn Donnettmarck,PIn‐ ど '3::L aQ郷 吾 羅 癬」 41°

0

it「

Hilferding, Rudolf, 194, 371

Hirscheld, Magnus, 377

Httllぷ

b踏 憔Ll認 宥場

:

nualha, lo5; iinigrantes irldianos, 117; dOnlina9五 0, 397

536



αοs,“ Pι 「 :Os

arα

m6dicas, 349; decifnio e os novos

Historische Zeitschrift,573 Hitler, Adolf, 16, 230, 552

Estados, 465・ 5

Minh,16 Hobbes,Thomas,418 Hobson,I.A.,92,100,125

11npこ rios,

Ho Chi‐

Holanda: agricultura, 39; ilnp6rio colonial, 91, 105, 113; resistOncia a demOcratiza95o, 128; co16gio eleitoral privilegiado,129;partidos

cat61icos, 155; e o nacionalismo til, 275 .



si95o no lmp6rio Britanic。

, 105‐ 4;

& n; movirnen‐

to de independencia, 397‐ 8, 414 1ndochina, 90, 389‐ 90 1ndonё sia, 216 concentra95o e trustes, 69‐ 70; ad‐ ministra95o cientffica, 69‐ 70; cres‐ cilnento mundial, 75‐ 6; e o traba‐ lho, 164‐ 9

Hong Kong,390 Horta, Victor, Barao, 315, 321, 325

Howard,Ebenezer,320 Hume, Allan Octavian, 398

Hungria,129,207n,244; ソθr′ α Edmund, 357: gθ ′556

lndia: indistrias na,39‐ 40, 164; po‐

1nd`stria: distribui95o mundial, 39;

HOnduras, 78

Husserl,

lmpressionismo(arte),309,512・ 3

e religiosas, 566‐ 7

Hollywood(EUA),335‐ 6: νθr rα

1ndustrial trabalhista,Partido(Ingla_ bι



Impё rio Habsburgo

7∫

ocidentaliza95o, 116‐ 7; interesses ocidentais, 120; rebeli5es polfticas

indon6sio, 216; mortalidade infan‐

わび″t cinema ″ο θ Rノ θ (Irlanda),159,175 “ Homossexuais, 300

capitulo 3 pα ssi″ ソθr α bび ′ Imperialismo “ “ lmprensa,150;ν θr rα bび cOmuni‐ “ “ ca95o de Massa c lornais

LOgiscみ

“ θ

υれ′ θ/s“ cみ

terra), 158

`Internacional'(hino), 156

1nternacional comunista; ソθr lnter‐ nacionais

“ ““ Karl,319 Huysmans,IOris

lnternacionais: Primeira(mar対 sta), 187,408; Segunda(cOmunista),57, 108‐ 9,

149, 187,230

1bsen, Henrik, 265, 272, 288, 309, 319

1ntui9ao: e a ciencia,540‐ 5

ldiche, lfngtla, 209 1glesias, Pablo, 167

1rlanda:emigra95o da,61; queda po‐ pulacional, 67, 279; nacionalismo,

1mperadores, 88‐ 9

1mperialismo: 93‐ 4,

e capitalismo, 26‐

7,

98‐ 101, 104, 109‐ 10; e a de・

pressao comercial, 72‐ 3; eficdcia econolnlca,83; governos,88‐ 9; de‐ senvolvirnento do, 88‐ 93; conceito de,92¨ 5; e o marxismo,95i social, 105; e o patriotismo, 106,155;inl‐ pacto mundial, 109‐ 25; e a cria950 de novas elites, 113‐9; e a ociden‐ taliza95o, 113‐ 9; interesse das c●

16nias pelo ocidente,119‐ 20; incer‐

tezas do, 121‐ 4; e as pesquisas

155‐ 6, 141, 144, 156・ 7, 206‐ 7, 229; divisao da classe trabalhadora,173‐ 4; e a lingua g41ica,224; e o cato‐

licismo,229; rebeli6es na,397

1saacs, Rufus(pOSteriormente,pri‐

meiro Marques de Reading), 142 1stambul, νθr Constantinopla ltalia: Na95es‐

Estado,42,207n, 214,

226; pobreza na, 44; desenvolvi・ mento do EstadO, 44; tarifas, 65, 69; emigra95o da, 69, 218‐ 9; colo‐ nialismo, 88, 91, 102‐ 5; cidadania, 1293 Partido Socialista, 170,218‐ 9; sindicatos, 176, 179; derrota fren‐

537

Indice remissivo

te a Eti6pia,226; alianOas e blocos de poder, 432‐ 5; ocupa95o da Lf‐

bia, 443; aventura militar, 445; mudan9as p6s_guerra, 459

Kautsky, Karl, 192, 194, 205, 219, 369 Kelvin,William Tholnson,Barao,340 Keynes,Iohn Maynard:ё poca de,16; experiencia e educa95o, 249; pai, 259; e a burguesia, 318: seguido‐

res, 3621 e a guerra, 436, 459;

rames,famflia,262

adapta95o a situa95o do p6s… Guer‐ ra, 459‐ 60

1ameS,Henry,37,313 1ameS,William,376 1anと ek,Leoビ ,509 1apaO:na economia mundial,36‐

Kipling,Rudyard,121 7;

Kliint, Gustav, 291

industrializa95o n6,40; Na96es‐ Es‐ tado, 42; aceita95o pelo ocidente, 53‐ 4; ra9a, 5牛 5; governantes, 88;

Klondike, 73 Kodak, garota, 155

iinp6rio colonial, 88‐ 90, 105, oci…

Kollontai, Alexandra, 297

dentaliza9ao do, 1201 ocidentali‐ zagaO da arte, 121,312,325¨ 4; par‐ lamentarismo, 128‐ 9; preservag5o do inlp6rio, 387; guerra contra a R`ssia (1904‐ 5), 388, 410, 418, 425; expuls5o dos russos da Man‐

Kollwitz,Kathe,319

chiria, 389; alian9a de 1902 com a lnglaterra, 435; marinha, 441

Kokoschka,Oskar,329

Kondratiev,Nikolai E)initrievich,75‐ 6

Korngold, Erich Wolfgang, 337 ・ Krafft‐ Ebing, Richard von: Psyc力 ο is, 377 みjα Sθ χ α′ ραι Kraus, Karl, “ 131, 261, 290‐ 362, 454

,aur6S, Iuan, 189, 449

Krupp, Alfred,244, 350,426

1eVOnS, VV. S。 , 375

Krupp, Ind`strias, 169

10gOS 01fmpicos, 256; Esportes

Й7r′ α bι “ “

,Ornada de oito horas‐ dia, 186, 197 10rnaiS, 82, 331‐ 2

10yCe,IameS,515 udeuS: 丁

1, 322,

Kuhn,Thomas,349 Kulaks(R`ssia), 413; ソθr `α bび “ “ Camponeses Kuliscioff, Anna, 297, 313n たα ρノ K“ ′ ′′ ,145 “

diferen9as de classe, 54;



ilnigra95o controlada, 65n; e o de‐

clfnio do liberalismo, 153; apoio

L5,99

ao Socialismo, 199‐ 202; Sionismo,

ο Lα ごjθ s lfO“ θ ア

206・ 211,

216, 250; e a lingua he‐

rれ

α:,301

“ Laemmle,Carl,333

braica,208‐ 210;e a cultura vienen…

Lagerlё f, Selma, 297, 509

se,236; e o moviinento revolucio‐

Laliquc,Ren6丁 。 ,321

ndrio russo,409‐ 10; emigrantes pa‐



α bび ッθr ′ “ “ Anti‐ Semitismo;Dreyfus,Alfred ‐ gθ α 0“ θ θ ′ α ′ ″ ッ ″ ′ sriみ ッ ノ 「 “ “ Wien,318 Iung‐ ra a Palestina, 412;

Khnweiler,Daniel Henけ ,321 Kandinsky,Vassily,325,364

′ Lθ αg“ θ (Irlanda),397

“ Lawrence,Do H.,301 r′ α bι ″ Es‐ Lazer,245‐ 6,259‐ 61; ソθ “ portes

Le B6n, Gustave,377 Le Corbusier(Co E.丁 Canneret), 325 Leconte de Lisle,Charles Marie,319 Lehar, Franz, 309

Lei Mann(EUA),299

Aθ ″α ′οs ″ ″ρび Os

538 l′



enin,V。 1.(UlyanOv):ё poca de,16;

Lipton, Sir Thomas, 83, 242

sobre o irnperialismo, 27, 92, 95, 108‐ 9; sobre a rep`blica democr五 ‐

Lisboa,41

tica, 160; e a teoria socialista, 196;

Livre com6rcio, 65, 43‐ 4, 227‐ 8; νθr rα bび Tarifas

e a questtto nacional, 205; e o amor‐ livre,

301; o sucesso e a

teoria revoluciondria, 408‐ 9, 411‐ 5,

Livre pensamento, 265

“ de“Departamentos,51 Loias

456‐ 7;

Lloyd George, David, 142, 157, 207, 252, 444, 459

451; e o desenvolviinento do p6s‐ Guerra ヽ4undial, 457‐ 8; ハイα′ θriα・

Londres, 40, 182, como centro co・

e a revolu95o de 1905, 410 1; e a Prilneira Guerra Mundial,

:is“ ο

θ E“ ρirOむ ″ iricls“ ο′362.

Lconcava1lo, Ruggiero, 309 Leopoldo II,Rei da B61gica,101,103 LetOnia, 250 Levante Boxer, 1900, 590‐

Lloyds Bank,71 mercial, 80‐

1

Loos,Adolf,325 Lorentz,Ho A.,346‐ 7 Loti,Pierre,119

Lowe,Robert,155n Lowell,famflia(BOStOn),257

1

Levante de Pascoa 1916 (Irlanda),

Lueger,Karl, 154, 146, 148 LuFs Felipe, rei da Franga, 126

397

Levcrhulme,William Ho Lever,pri‐

Lukacs,Ceorg,261

melro vlsconde, 242

Luxemburgo, Rosa, 194, 205, 221,

Lex Arons,1898(Alemanha),370

272, 296‐ 7, 503, 313n

Liberal,Partido (Gra‐ Bretanha), 108, 158, 149, 157, 190, 221 Liberalismo: ascenstto do,25‐

5; e os Estados, 65; a teoria econ6nlica,

MacDonald,IameS Ramsay,190

65‐ 6;

MacDougall, William, 376

anti‐ inlperialismo,

105‐ 6;

e

o Protestantismo, 155‐ 6; declfnio, 150‐ 4; Alem5o, 265‐ 6; burguesia, 265‐ 6;

aceita95o pelos `reforlnistas'

social democratas, 458-60 Lib6ria, 42, 89

Liberty (fabriCante dc tecidos), 318

Lfbia,445 Liё ge(Bё

lgica), 180

ⅣIacau, 390

Mach,Ernst,345,356‐ 7,362,370n ヽ4ackenzie, Fred A.: /レηθ′ I″ ‐ ソαごθrs, 68 'cα “

Mackinder, Sir Halford, 441 McKinley, William, 64, 147n ⅣlacKintosh,Charles RenniO,325 ヽ4aderc, Francisco, 403 Maurice, 315, 319 Ⅳ〔 ahier, Gustav, 309, 329

Mactel・ linck,

Liga Ga61ica,208 Liga lrlandesa Unida, 156 Liga de restri95o a imigra95o(EUA) 218

Malthus,Thomas,353

Liga Pan_Germanica,217,266

Ⅳlanaus(BraSil),55

Linguagern: e O nacionalismo, 208‐ 10, 215‐ 5, 221… 5; imigra96es, 218‐

9; polfticas Oficiais, 2214 Lingiifstica,347; ソθ′′ α″bёm Lingua…

gem

Lion, 182 Lipechitz, IaCques,351

Mallarin6, St6pllane, 319 Ⅳialta, 102

Manchurla, 389 Mα ′ ルSrο cο ″ ガs′ α “ gelS), 194, 462“

(MarX&En・

Mann, Helnrich, 266 Mann, ThOmas, 257, 261, 266, 309, 316 Mao Tse‐ Tung, 16,465

539

rndice remissivo Marinetti, Fo T., 268

ヽ〔 ay, Karl, 119, 419

Marinha Mercante: navios a vela e

Mayer,Louis B., 333

Bretanha c a eco… vapor,47・ 9; Gr五 ‐

nonlia mundial,64,80 Marrocos,42,88,587,429,439,445; νθr′ α bび crise de Agadir “ “ ``Marselhesa"(hinO), 156 Marshall,Alfred,59,Prれ εゎ′ οノ “ cs, 259 Ecο ″ο″′

Martin du Gard, Roger, 309 Martyn, Caroline, 298

Marx, Eleanor,298 Marx, Karl, o o marxismo: e os ci‐ clos econ61nicos, 74; e o itnperia‐ lismo, 92‐ 3, 108‐ 9; domina9五 o in‐

ternacional, 149; mudanOas ideo16‐ gicas, 149‐ 50; na rep`blica denlo‐ cr6tica, 160; domina95o dos par‐ tidos socialistas, 171, 190‐ 1, 193‐ 4:

influenciando 188‐ 94,

os

trabalhadores,

364; e a revolu95o, 196;

卜〔 azzini, C)iuseppe, 206 ルfθ ごici Sο ciθ ry (Inglaterra), 310

M6dicos: numero de,243 Melba, Dame Nellie, 509

Melbourne(Austr61ia),38 M61ine,F61ix‐ Iules,64

力θ T′ θ,296‐ ハ イθ α″ご WO“ θ οノ ′ “ “ “ 297

Mendel,Gregor,ohann,354‐

5

Menger, Carl, 374‐ 5

Mencheviques, 230, 412‐ 3

Mermaid Series, 310 Merrill,Stuart,313

Messina, terremoto 1908, 454 Metternich, Clemens von, 35 Meunier, Constantin, 315 M6xico: moderniza9五 o, 55, 400・

os camponeses, 197; e o socialis・

Michels,Robert,130,159,379

mo cientffico,559‐ 60, 364, 369‐71;

Michelson,A.A.,346‐ 7 Middlesbrough, 181

na india, 366; m6todo intelectual, 369‐ 72;

e a hist6ria econ6mica,

e a sociologia, 579‐ 80; e a R`ssia, 495‐ 6. 408‐ 9; influencia global, 465; e a utopia,466‐ 7

373‐ 4;

Masaryk,Thomas,220 Mascagni,

Pietro, 309; Cα ソα′ ′ θ″ :α R“ s′ icα ″α, 317 Massas, As: e a democracia, 126‐ 34;

1;

revolu95o, 384‐ 5, 387, 396, 414

Milao, 38, 146 Mill, John Stuart, 55, 391

Millerand, Alexandre,200

Milner,Alfred,Visconde,143 Minera95o e nlinerais,96‐ 7: νθr′ α ‐ “ bι Carv5o “ Missiondrio, 108, 114 M6bius, Paul luliuS, 291

e a religiao, 134‐ 6; ideologia, 137;

Moda,288,304‐ 6

e a Primeira Cuerra Mundial,157・ 9; educa95o das, 364; e a revolu‐ α bび Classes 95o, 384‐ 5; νθ′ ′ “ “ Trabalhadoras

Modernismo (arte), 21‐ 2, 313‐ 9, 321‐ ‐ gα raθ Aソ α″′ r `α bι 2,327‐ 8; ソθ “ 313 “ Modigliani, Amedeo,

Matemdtica, 341・2, 350, 358 R4at6ria・ prima: origem e abasteciⅢ

mento, 968

α″bび ″ Capi‐ Monop61io, 70‐ 1: ソθr ′ talismo

Monroe, doutrina(EUA)90 &n, 105, 454‐ 5

Maurras, Charles, 369

Montesquieu, Charles de Secondat,

Max¨ Planch‐ Cesellschaft(outroraKai‐ se卜 Wilhelm‐ Gesellschaft),350

Moore,G.E.,362`α

Maxwell,Iames clerck,345 May Dα y (PrimeirO de Maio), 186″

Moreas, Iean(Yannis Papadiaman^

88, 195, 317-8

Bartto de: Cα ″ s Pθ rsα s, 118

Moradia: burguesa, 254‐ 7 t6poulos), 313

A

540

θra Jο s i“ pび ″ わs

Morgan, Iohan Pierpont, 151, 253, 260

Mormons, 140n Morley,澤 。W。 ,346

Naturalismo, 318, 324 Natureza c eugenia, 350‐ 1 Nauburg‐ Merseburg(Alemanha),188

Nehru,Iawaharlal,16

Morley, Iohn,448 Morozov, Savva, 265, 311 Morris, Willian, 316, 318, 520, 325

Morrison,Arthur: ス Cみ ′ ′ ′ οノ ′ みθ /agO, 201 Mortalidade: indice de, 272

Morte em Veneza(filme de Viscon‐ ti), 239

Mosca, Gaetano, 150, 378

Neopositivismo, 357 Nθ θZθ ir(jOrnal),318 “ E“ g:お み Arrs C′ b,312,318 Nθ ″ “ Newall, Bertha Philpotts,303

Nice(Fran9a), 207 Nietzsche, Friedrich: e os valores do s6culo XIX, 265, 325; o esp「 rito alemao, 317; a modernidade, 318; e as artes,328; crises e espec‐

Mozart, Wolfgang Amadeus, 262

tativas,359‐ 60; a chegada da guer‐

Mulheres: capFtulo 8 Pα ssi′η traba‐

Fα ′ 0“ Zα rα ‐ ′srrα , 290; y。 ′ αごθ ごθ Pο dθ r, “ 351 “ 122,

lho, 82‐ 4, 275‐ 85, 465i sufr6gio, 127, 283‐ 5, 199, 303‐ 4; educagao

da classe m6dia, 252, 284‐ 8; portes, 256‐ 7;

es‐

263‐ 5, 26&9, 285; emancipa95o, 271‐ 306, 464‐ 5; condi96es, 272‐ 6; consumi_ doras,285‐ 6,291, liberdade social, 287‐ 9,

burguesia,

conduta sexual e libera95o, 299‐ 502; posi95o no lar, envolviinento polftico, 295‐

ra, 419,451; Assi“

Nijinsky,Vaslav Fomich,309 Nitratos,98,115n Nobel, Alfred,425 Nobel, premi。 ,57, 314, 361, 419 Nordau, Max: Dθ gθ θ″ α′ :ο ″ , 359 Norman, Angell, 436 “

288‐ 92,

Noruega, 66, 127, 207, 244‐ 5

293‐ 4;

Nova Delhi, 125

500; ocupa96es e empreendirnen‐ tos,296‐ 7; futuro,300‐ 5; e a fami lia, 301‐

3; e a religiaO, 366

Nova Zelandia, 45, 61, 98, 127, 165

Novos Estados Nacionais,207,220‐

1

Nutri95o,50

Munch, Edvard,319 Munique, 38 Misica, 308, 314, 336¨ 7 ハイ sic力 α″, 3301

0ceania,ッ θr Pacffico

Oklahoma,198

“ Mussolini, Benito, 16

01igop61io, 69‐ 70

Muthesius, Hcrmann, 525

0pera, 509, 517 0perdrios colecionadores de selos, 190 0perdrios criadores de coelhos, 190 “Ondas longas" ―― LO“ g Wα ソθs(Ci‐

Nacional‐ Socialista, 230

Na95es Unidas, 464 N5o‐ conformismo(religMo),135

Napoleao Bonaparte,33, 407 Napoleao III, Imperador da Franga, 88

clos ecOnOmicos),7牛 5 0riente Pr6xiino, conhecido como, 35

0rnamento, 325

Narodniques(populiStas russos),405, 408

0rtodoxa,Igrё ia,136

Natalidade:

0stwald, Wilhelm, 357: Q“

controle,

352n; taxas de, 2724

27375,

300,

0strogorski,M.,150 r"ο rga″ iaα , 356

icα

`“

indice remissivc

541

Otto,Rei da Bav`ria

Picasso, Pablo, 310, 313, 315, 329,

Ouro: pre9o da prata,65; novas re‐ servas,75; origem,96‐ 7; e a Guer‐ ra dos Boers, 100; a expansao inl・ perialista, 111‐ 2

340 Pickford,Mary, 333

0xford University,369

Planck, Max, 22, 340, 344, 348, 356 Plekharov, Ceorgii Valentinovich, 318, 322 Plutocracia, 255, 258

Pacffico e Oceania, 89, 105, 115 Pacffico, Guerra do, 115n PadraO: mOdo‐ de… vida,32,49‐ 50,259 PadraO_Ouro, 141 Pahlevi,Dinastia(Ira),388‐ 9

Paine,Tonl,365 Panamd, canal, 90 Panama, escandal。 142

, 1892‐ 3

(Franga),

Poesla,327 Poincar6, Henri, 343, 358 Po16nia: questaO nacional,207, 211, 221,230; llnigra95o para,217; Par‐ tido Socialista, 230; Moviinento pela liberta95o (R`ssia), 407

Pomerania, 152

1,36,38,78,272

Populismo(EUA),60,62,135,141

Paraguai,78 Pareto, Vilfredo, 130, 378‐ 81

Paris: popula9ao,40; comuna, 1871, 126 Pamell, Charles Stewart, 136, 140 た′Frα ″Ⅲ ,183,296 ″ 0“ ッ′ Pα ″ Parvus,ソ θr Helphand,A.L.

Pascin,JuleS,331

Populistas(R`ssia),ν 「 θ Narodniques Porto Rico, 89‐ 90

Portugal, 36, 44, 61n, 88, 91, 103,

439 α″‐ Positivismo, 115, 324, 394; ソ′′ ′ , Neopositivismo bび ″ P6s‐ impressionistaS,

309

P6s‐nlodernlsmo,22

Path6,Charles,353 Patriotismo, 106, 20牛 5, 210‐ 1, 225‐ 7,

Primeira Guerra

2323ツ θr ra″ bび

Mundial

Pio X, Papa, 134

Popula,5o,30‐

Pannekoek,A.,372



Pavlov,I。 ,374 Pcarson,]Karl, 352‐

Pilsudski,Iosef,211

Pο remた :″

(enCOuracado nsso), 411

Pound, Ezra,331 Povo,Partido do(Australia),135

Praga,155

3,357

Pearson,Weetinan, 401 Peary,Almirante Robert Edwin,29‐ 30 Pequena burguesia,131; ソθ′′ α bι Burguesia e Classes M6dias “ “ Pequiln,38

Prata,62 Priineira Guerra Mundial: ruptura natural da hist6ria, 19‐ 20; conl‐ peti95o econ6mica, 85‐ 4, 93‐ 4; e o nacionalismo,157,228‐ 9,250‐ 1;eo movilnento trabalhista, 180; a de‐ cadencia chinesa, 389‐ 90; iminen_

Pensilvania, 41

cia, 418‐ 9, 449‐ 50;

Perret, Auguste, 325 Persa, Imp`rio, 42; revolu95o, 384,

programa95o, 423‐ 7, 429‐ 30; ori‐ gens, 426‐ 31, 455‐ 4, 44牛 8: alian‐

414‐ 5

Peru, 115n Pessiinismo,559‐ 60

arma面 entOs e

9as e blocos de poder, 43←

4, 441‐

2; e a situa95o econ6mica mun・ dial, 455‐ 6: efeitos, 451, 453‐ 5

PetrOgrado, νοr S. Petersburgo Petr61eo, 47, 84, 95‐ 6, 438

Principe, Gaurilo, 446

Pみ ッ:Joxθ rα , 60

Professores, 365

Produto nacional bruto,32

542

A crα ″Os ι Pび r:Os

“ Profiss6es, 254, 242‐ 3 Progresso, 46・ 56, 360, 370, 372, 456

Proletariado,ソ θ r Classes Trabalhado_ ras

Promenade Concerts(Londres), 310

NOッ α″ , 1891(Encfclica). ““ ““ 134 Rび ソ ο′ 彙%IIα (jornal),319 Revolu95o: capftulo 12 pα ss力 e as

Rθ ′

Propaganda, 15牛 5, 285, 312, 377

mudangas sociais, 190‐ 2; e a "メ exten‐ stto da cidadania, 126‐ 7; toleran‐

Protecionismo, 65‐ 70, 84, 101Ⅲ 2; ソθr

cia, 146‐ 7; erup9ao, 195‐ 6; socio‐

L市 re Com6rcio;Tarifas “ “ Protestantismo, 135‐ 6

455‐ 6



bび

Proust, Marcel,300,309, 377

logia da, 380; ambito da, 384‐ 5, Revolu95o americana,cent6simo ani‐

Pr`ssia, 128, 129, 138, 152

versarlo, 29

Revolu95o francesa, 1889 (centen4.

Psicanllise, 540, 376‐ 7

rio), 29

Psicologia, 375‐ 7

Puccini, Giacomo,309; Tο

scα

,356

Rhodes,Cecil, 105

Richthofen,irmas,301 Rilke, Rainer Maria, 261, 327 Rimsky‐ Korsakov,

Quacres,248

Nicolai Andre‐

evich, 37

Quantica, teoria, 348, 356

Quem 6 quenl,245

Riqueza, distribui95o da, 49‐ 51

Questao agrdria, 197 Questao oriental, 418¨ 9, 454; rα ″ b″ ″ B41cas

Ritz,Cё sar,260 ソθr

QuFmicos, 364

Roanne(Fran9a),183 Rockefeller,John D。 ,151,260,263 Rohmer,Sax,119 Roland‐ Hols,Henrietta1 297

Ra9a, 54, 350‐

Rolland,Romain,309 Romano,Imp6rio,34

1

Radek,Karl,315

Rё ntgen,Wilhelm

Radiotelegrafia, 49

Roosevelt, Franklin Delano, 16

Conrad,347

Raeder,Almirante Lrich,429

Roosevelt,「 rheodOre, 152, 217n, 252

Raiffeisen(Alemanha),61

Rosebery, Archibald Philin Primro se, quinto Conde de, 138n, 260

Raphael,Max, 327 Rappoport, Angelo S.,313 Rathenau, Walter, 328 Ratibor, ]Duque de,445 Ray,Satyalit,118

Ross,sir Ronald,349 Rostant,Edmond: L'ス

Reacao, 363‐ 9, 376‐ 7

Rousseau, Tean_丁 acques, 157

Reforma, as leis da (Inglaterra) 1867, 127, 150; 1885, 127

Rousseau, Waldeck, 149 Roy,Mo N。 ,400

Ruhr,41

Ruskin,丁 Ohn, 116,324

Reger, Max, 309

Russell, Bertrand, 342‐ 3, 357, 362;

Relatividade, 344, 346 Religi五 o: rea95o, 365‐ 70; resistencia, 367‐ 8 Renan, Ernest, 265

Republicano,Partido(EUA),144 4, 159‐

οれ,356

Rousseau,Henri(Douanier),107

Recrutamento, 420

Republicanismo, 155‐

ig′

Rothschild, casa de, 68

61

Prれ εわ head) "



rヵ

θ″α″cα (White¨

R`ssia(Imp`riO RuttЮ ): e a Tuト qula, 34‐ 5; divisao da Europa e Asia, 35‐

6; empreendimentos cul‐

turais, 37: Na95es‐ Estado. 42: de‐

Indice remissiv0

senvolvirnento

do

Estado,

45;

543

Sargento, IOhn singer, 311

analfabetos na, 44; fome, 50,404‐

Saussere,Fernand de,574

5; desenvolviinento industrial, 58_ 9, 84, 406‐ 8, 415‐ 4; imperialismo,

Schindler(Mahler),Alrna,329

89‐ 90,

103・ 4; revolu95o 1905, 128, 146‐ 7, 584‐ 5, 387‐ 9, 409‐ 14, 442‐ 3;

Schneider,P。

democratiza95o, 129, 147; os caIIl_

Schnitzler,Arthur,377 Schё nberg, Arnold, 327, 357, 340

poneses, 11, 40牛 5; religtto e as polfticas religiosas, 155; Duma, 146,412; os votOS da classe Oper五 ‐ ria, 186‐ 7, calend`rio, 187ni ques・

t5o nacional,215,406‐ 7; revolu95o 1917,231‐2,385,414‐ 5,427‐ 8,455‐ 8; mortalidade infantil, 273; e a Pri‐

meira Guerra Mundial, 384,430‐ 5, 44牛 8; e a Pttsia, 388i na Man‐ churia, 389‐ 90; condi95es pr6・ volucionarias, 404‐ 7;

re・

produ95o de

graos, 404‐ 5; movi:nentos revolu‐

Schmoller,Gustav von,250

&丁 。 ,275n

Schreiner, C)live,300 Schulze… Gaevernitz, H.G. von, 124

Schumpeter,Ioscf Alois,75,245n Schwelk, O bOm s01dadO (persona‐ genl ficcional),425 Scott, Capitao RObert Falcon, 30 Secularizacao, 568‐ 70 S6rvia, 420, 446

Servi9o p`blico e burocracia, 142, 151, 222 Servidao, 43‐ 4, aboli95o 1861 (R`s‐ sia), 405

ciondrios,407‐ 15; efeitos mundiais

Seurat, Denis, 323

da revolu95o de 1917,415・

Sexo: fora do casamento, 51; e a emancipa9五 o da mulher, 288‐ 90,

6; anta‐

80nismos com a CrttBretanha, 433・ 4;

a Triplice Entente, 433‐

6,

442; apoio popular こguerra, 449‐ 50 Russo・ TaponeSa, Cuerra, 104・

5,388,

410, 418, 422・ 3, 442

299‐ 300;

Freud e o,376‐ 7

ShawJ George Bernard, 267, 272,

302,309,315,318;4r"sα Ma"′

ShaN,Norman,254

Rutenos, 220

Shchukin,P.I,,311

Rutherford, Ernest, BaraO, 361

Sibelius, Ian, 309

Ryba‐ Seidl,Amalie,305

Sicflia,275n Si“ p″ cissi“

Sab6ia(Fran9a),207 Saint‐ Sil■ on,

Claude Henri de, con・

saO da classe trabalhadora, 175‐ 6:

Saldrios, 78・ 9 ter・

ceiro Marques de, 127 τ ′ Sα ″

″gspο ″′ ′ た, 150 "′ Sanger,“Margaret, 300

Santa Bernardete de Lourdes, 295 SIo Francisco, terremoto de 1905, 454 S五 o

Petersburgo (pOSteriormente pe‐ trogrado, depois Leningrado), 397,

405 SaraievO,444

s(jOrnal),131

Sindicalismo “ revoluciondrio, 195 Sindicatos de offcio: depressao agrf_ cola, 61・ 2; resistencia, 148・ 9: divi・

de, 467 Salisbury, Robert Cacosne‐ Cecil,

′ 力θ "α

419

Gra・ Bretanha,

175:

organiza91o

dos, 176‐ 7, 182, 188‐ 9: sindicalis‐

mo industrial, 185; mulher, 295‐ 6,

299 Sionismo,207‐ 8,

216‐ 7,

230

Smith, Adam, 72, 83, 126; A Ri・ Zα dαS 9“ σ

Naf5es, 66

Crist5o, Partido (Austria), 146, 148‐ 9 Social RevolucionttriOs (Rissia), Social‐

135, 411‐ 2

544 Social‐

ス era Jο s

Democracia, Partido (Alema‐

nha), 136, 139, 145; poder, 149‐ 51, 168Ⅲ 70, 187‐

90, 194; e a re‐

volu95o, 191‐ 3, 195‐ 6; o marxis‐ mo, 194‐ 5, 369-72; e as mulheres,

j“ pび ′ わs

Su6cia, 44, 58, 91, 127, 159, 186 Suf9a, 30,39, 45, 67, 127, 129,278 Syllabus of ErrOrs, 1864, 1334

Synge, Iohn Minington,315

2934 Socialismo, socialista: ascens5o e desenvolvirnento,21,24‐ 5,59, 145‐ 6, 168‐

72; e o setor privado, 84;

preponderancia europ6ia, 108‐ 9; tolerar governantes, 149‐ 501 e o republicanismo democritico, 159‐ 603 0rganiza9五 o do protelariado, 179‐ 80, 182‐ 84;

campanha pelo su_

fragiO universal, 184‐ 7; e a revo‐ lu95o social, 190‐ 5: a base prole‐

201; e o progresso, 193 200; o o nacionalismo, 229‐ 30; e a mulher,295‐ 5,297・ 300 tttria, 196¨

Sociedade teos6fica, 367 Sociologia, 378‐ 81

Taaffe, Eduard,Count von, 145

Taiwan(FormOsa),389 Tanger,389 Tarde,Gabriel,377 Tarifas,601,63‐ 4;ソ θr′ α bび L市 re “ “ Comё rcio; Protecionismo

Tata company(lndia),39 Taylor,Fo W。 (e O taylorismo), 71‐ 2 Tchaikovsky, Peter llyich, 37

Tchecoslov6quia, 220,230

Tchecov, Anton, 57, 309; O pO″ αr dα s

′ α′ α jθ iras,265

Teatros de“ Opera,48,55,79 Tecnologia, 47‐ 8, 81, 3267, 449

Te16grafo, 48,81,84 Telefones,81

Sombart, Werner,248n, 250, 376 Sorel,Georges, 130, 268

Teresa de Lissieux, Sta。

Sousa,Iohn Philip,158 Soutine,Haitn,315

Thomson,Io L 344

Sovietes,411

,295

Tibet,390

Stacy, lEnid, 298

Tiffany, Louis Confort,321 Tilak, Bal Canghadar,399 Tirpitz,Almirante Alfred von,440

osef ViSsarionovich(Dzhu‐ Stalin, チ gashvili), 16, 205, 407

“ Tito,,osip Broz,16,463

Standard C)il Company,70,402,439

Tolstoi, Lev, Conde,37, 116

Stolypin, Peter Arkadevich,414

Tonquiln,422

Spencer, Herbert, 265, 378

T:′ α

Stopes,Marie,300

ic(naviO), 18, 454

Torneio Real Anual(Londres), 155

Strauss, Richard, 235, 309: Sα ′ 0“ θ ,

317

Tortura,44 Toulouse‐ Lautrec,Henri de,155,330

Stravinsky, Igor, 310

Trabalhista,Partido(Austr41ia),169

Strindberg, August,290,319

Trabalhista, Partido (Gra‐Bretanha), funda9五 o, 158; representa9ao par・ lamentar e pacto com os liberais,

“Sub`rbios¨ iardim",235‐ 6,255

Sud5o, 104 Sudoeste africano alemao(atual Na・

mibia),396 Sufrdgio,mulheres,127‐ 8,283・ 4,

300 Sullivan, Louis,525 Sun Yat‐ sen,391・ 2

Suttner, Bertha von,298

149, 190; e o nacionalismo liberal,

220, burguesia e o poder polftico, 299‐

238 Trabalho dom6stico, 278‐ 9 Trabalho: mulheres, 83‐ 4, 27683; movimento, 164‐ 7; e os partidos socialistas, 169‐ 71;

as criangas e

indice remissivo o,275,279‐ 81; νθ′ ′ α″bび Sindi‐ “ catos de Oficio,Classes Trabalha‐ doras Tradicao: inven9五 o da, 153‐ 4 Transporte: sindicatos, 177‐ 9 Transiberiana,ferrovia, 30, 406, 410

Trigo,60,76,79 Tr● liCe Alianca(Alemanha‐

Austria‐

Itttlia),432,442

Trわ liCe Entente(Inglaterra‐ Franga‐

442 Troeltsch,Ernst,378 Trotsky,Leon B。 ,411 Trotter,Wilfred,377 Trustes(Comerciais),60‐ 71,247‐8 R`ssia), 433‐

Tuchman, Barbara: T力 θPrο ″ To‐ “

″θr, 20

Tunfsia,397 Turati, Filippo,189 Turquia,ソ θr lmp`Ho Turner r″ ″αsrた assο cた け,225 `わ “ “ Twain,Mark,37

Tyneside,40

Vegetais, 61eos, 98

Velde,Hcnry Clemens van de, 315, 525 Verhaeren, Emile, 315

Verne,I`liO,358 Versalhes, tratado, 1919, 428 Vestey, Willianl, bar5o, 323

Viskers, companhia, 169 Vie16‐ Griffin,Francis,313

Viena: popula95o, 40; divisao da classe trabalhadora, 174; bairros proletdrios, 182; bairros burguc‐ ses, 235; cultura, 237; secesslo,

312, 323; marxismo em,267 &n; incendio no Karitheater, 453‐ 4 Vida, expectativa de, 501

Vila, Pancho,4034 Vinho,filoxeta, 60 Vitalismo,353

Vivekananda,Swami,366 Victor Emmanuel Monument,323 Vit6ria,rainha, 155,213 Virgem Marla, 295

Vries,IIugo de,355

Tirol,316 Tzu‐ hsi,I:nperador

545

da China,389 Xenofobia, 218, 225・ 8

UFA films,335 Ulster: protestantes, 135; divisao da8 classes trabalhadoras, 174‐ 5

Umberto,Rei da ltilia,147n

United Fruit Company,98 Unitedl State3 Steel,70,248 Universidades, 46, 249‐ 50, 287; ソθ′ ′ α ″ Educa9饉 o "b″ Urugual, 65, 78, 98

Utah,140n Utopia, 467

Wagner, Otto, 325‐ 6 Wagner, Richard, 309‐ 10, 318: Siθ g‐ riθ α ノ ,455

Wallas, Craham, 153 Walras, L`on, 375

Wanamakers(lo,aS),51 Warner Brothers (cOrpora9ao cine_ matogrdfica),335

Wassermann, August von, 349 Watson, I.B.,374 Webb, Sidney e Beatrice, 130, 261,

Vapor: energia do, 47: barcos a, 47‐ 8

Vaticano, 145; ソθ″ ′ α

Cat61ica Romana

272, 296・ 7

Weber, Max, 130, 217, 245n, 248n, Igreia

bび





Vaughan Williams,Ralph,309 Veblen, Thorstein, 238, 260, 378

254, 265‐ 6, 301

Wedekind,Frank, 377 Wcininger, C)tto: S′ χ α″α Cみαrac‐ rθ

r, 290

A

546

θrα αOs

j“

Pι riο s

Weizmann,Chaim,250

Wimborne,Lα の,260

Wells, Do A., 59

Wister,C)wen,217n

Wells, H.G., 124, 509 Werfel, Franz,329

Wittgenstein, Ludwig, 362

Westermarch, Edward Alexander: 〃is′ οry οメ 〃 α4Mα rriα gθ ,302 ““ οノ Mi“ θrs 14/θ srθ r4 Fθ rariο

(EUA),175



`:θ

:“ ″ t, 51, iソ θ rsα ′E″ pο ′ “ 257 Whitinan, Walt, 37 Weiner Werkstatte, 321 Wilde, .Oscar, 300, 313, 315, 319,

Wん θJθy's υ i′

466‐ 7; Sa′

0“ θ , 318‐ 9

winiams, E.E.:ル 68



ごθ :4 Gθ r″ α y, “

Williams,R.Vaughan,ソ θr Vaughan 142

Wilson, W00drOw,206,464

:′

Woolf, Virginia, 261 Wor′ d's Classics,310

Wundt,Wilhelm, 375 Yeats,William Butler,315,327,364 αjr, Zabern αノ ノ

147

Zoharoff,Sir Basil,427 Zanardelli, C)iuseppe, 149 Zapata, EIniliano, 402‐ 3

Williams,Ralph Wilson, escanda10 (Fran9a),

Wollstonecraft, Mary, 304 Wο θ 's Sο ciα :α ″d Pο ′ icα : υ ":ο “ “ “ (Sufragistas), 299

1885,

Zasulich,Vera,297 Zenon, 345n

Zola,Emile,519

S∝ ledade

l A es9υerda.Nicolau‖ ,Czar da R6ssia e」 orge V da Gra‐ Bretanha, Rei‐

imperador,membrOs do cia

internacionai de monarcas.

2

ハbalxo.Anstocracia.ハ slrmas

ryndヵ am,pintada por」 .S.Sargent

縛肺 輛‐

3 ハcrma,a es9υ erda.Plutocracia(s6para homens).Naθ Olsa,pOr Edgar Degas (1834‐ 1917).

:。 ″



:艦

「 憲 」 1::醤 ill:::ツ

a← 6paahOmm.」 om

5 ハba′ χο.As classes m6dias num cha na llha de Wight,Gra‐

aR∝ に ub● 83蜘

Bretanha.

3■

ηa.[uma daquelas que as 6 ハ0′ ′ sen′

am.

7 ハbalxO.A pequena burguesla. da P″ rnelra COmυ ρわ o,por

ODめ

H.de Toulouse― Lautrec (1864‐ 1901).

a‐

8 スcilmao CampOneses no ocidente:comendO durante o trabalho na Beauce(Franca)。 9 スbaル οo camponeses no orlente:unl cOnselho de aldeia russO.

珈 ∼ ¨ ¨ ヽ ・ 一 一 一 一 一 ¨ ¨ 一 一 ・ 一 一 一

︲    朧 ︲ , ︰, ド ︰

θ tt e nOS EUA ttc同 規皇 L£ Y:H::乱 ∫ 1::竃 増 ::霊 殿雲蹴 lr'a es9υ 1驚

亀 rdilreね

。Os dese師 Jzados而 りan,s deじ にdmc,se

a CattnhO

.

丁∝ nologia e Sociedade

13 スesqυ erdao Ciencia expenmentaL O professor R6ntgen,des∞ bridor dos ralos¨ X(1895). 14 ハわa枚0。 A bicicletal engenho da llberacaO.



鰈螂勒鮨黎 鯰 1修

1爾

ml鶉 1啄 1餞

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耐一■.

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一脱¨ .

  .. ・ 一一 一 一 一 ・ 正 一 一 ・ . ・

15 ハOfmao O telefone,transforrnador das comunica95es.Uma central telefOnlca na Francal tipicamente

operada pOr mulheres.

16ス dreFra.A fotograla em todas as casasi a maouina fotografica cOm filrne fabricado em

massa.

蟄 募 │

││■ ‐ │´ ││ '場

│1多 711 募 ■■1携 ■│■ │ 1■

│││:││││││‐

17 4cima,a es9υ erda. C)triunfo do filrne:a

imagem se move.Canaz para um dos primeiros

llmes,O regadο rregado (1896),de Lum:ё re.

18 ハba茂 0,a es9t/θ rda。 A repЮ ducao mecanlca dO som,para casas de classe mё dia.



19 ハcrma,a dlrerra,o autom6vel,lora dos EUA um monop611o dos muito ncos.

20 スba放 oj

a dilreね

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aeroplano.Blё riot aterrlssa

nos penhascos de Dover depois oa prlmeira travessia do Canal,19o9.

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:鰈:● ・レ ■ 21 “A f6rrnula da conquista bntanica":canh6es e comё rcio.Andnclo de sabonete e penetracao lnglesa do Sudao,1887.

│1坤 ││#11

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24八 es9υ erda.BrancOs

玲 鰊 1麒

e negrOs em

casa.Visitantes da ExpOsicao de

"‐

Pa‖ s em 1900 obseⅣ

am um

espё cime de uma`'aldeia cO10niar'nO

seu zoo humano.E vice‐ versa.

25 スbalЮ .Brancos e negros no exterior.Urn colonizadorfrancOs da

Costa do Marim,cercado por seus guarda‐ costas pessoais.

轟笙Ъ li∬ :l:R揚

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serv19ais nativos.

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27 ハ mao Mulheres e 0′

lrnpё rlo,A

perspectlva de

clvlliza95o feminina vlsta

num cartao pOstal

misslondno.

28ス

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Ffrao Mulheres e

lmpё rio.Senhoras

lndianas analisam a

educacao e as relac6es socials com os europeus.

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ゴ L一 30 Homens elmpё no.o rebelde.

F簿 1説 劉

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miliano Zapata,1877‐

1919,llder da

Å‖∽

revolucao camponesa no Mё xlco.Descrito

Ocidental.O inventor do.:gOverno indlreto:!

no monumento em sua cidade natalcomo

por meb de chebs hd● ena→

"o ga10 dO sur').

乳 .

Algumas Personalldades

32F‖ ednch(wllhelm)

33 Albert Einstein,

revoluclondrlo russo.

Nletzche,1844‐ 1900. F‖ 6sofo alemao e prOfeta da

ludeu,flSico te6nco.O

Provavelmente o homem com o

era da guerra,barbarlsmo e

malor cientista desde

malorimpacto lndivldual na hist6ria do s∝ ulo XX.

fascismo.

Newton.

31 Vladinnir‖ ylch Ulyanov (Lenin),1870‐ 1924,

1879‐ 1955。

Alemao,

ぽ ` ‐ 辮It ,″ 摯 「 "「 ir詰 J摯 ‐ 1ゼ

1・

11‐

.:仰 :《

34 Rosa Luxembur90,

35 George Bernard Shaw,

1871‐ 1919.Lider socia‖ sta na

1856‐ 1950。 lrland6s,

1881‐

Alemanha e no lmpё rlo

dramatur9o,SOCialista.

artista.

(PO16nia).

czarista

36 Pablo Rulz Picasso,

1973.Espanhol,

Confrontac(k)s― 丁ransforma9(■ )s ¨ 市¨ ■拐

な,i農

1多 111111

1蒻 ││ ││■ ,│││

37 ハcima.lnterioI burgues Sala de estar nO estilo Libeny, 19o6:luz,

cultura e con10rto em um novo esI10 para a classe mё dia。

38 スes9υ erdao

Exte‖ or

de umafavela em

Hambur9o α 1900。

39 スοima,a

direfra.

Lazer.Golfe,com o tenis,o esporte que unla os sexos da classe rnё dia。

40ス ba茂 ο,a

Jrerra.

TrabalhO.FazendO caixas de f6sforos em casa a 1905。

1蹴臨I 1曲申

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41

スcima.Estilo:masculino.O que o m‖ itante operario cduardlano dever:a vesur.

42

ハbalЮ 。巨st‖ o:femininO.Ana costura parisiense,1913.Note‐ se

a infonnalidade de ambos

comparadas com a indumentlna vitoriana:‖ nhas soltas para as

mulheres,ar esportivo para

homens.

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43 ハcima.Dois esIlos de arqunetura:(り OnOvO Reichstag(parlamento)dO nOvo lmpё GerrnanlcO(COnstruldo entre 1 884 e 1 894)。 hist6rica e aleg6rica,a servi9o do naciona‖

rio

C)eSti10 grandioso do secu10 xlx com decoracao

smo europeu.

44 ハbalxoo Dois est:los de arqultetura:(1)EstacaO ferrovidria prlncipal,Helsinkl,Finlandla Arte de vanguarda― arfr7ο υveaυ transforrnada em (COnStrurda entre 1 905 e 1 91 6)。 modernismo― ―como idioma de reforrna e nacao para a classe mё dia finlandesa.

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45 ハcima.Tres etapas da lgura:(│) Trpica plntura de saron vitOriano adaptada para publlcidade comercialo Notem a oombinacao de sexismo,ponnograla leve e supremacia branca(anOs 1880)。

46 スcrma,a direila.丁 res etapas da figura:(il)A nova arte(cOm ecos da decadencia"de Aubrey Beardsley)Se “ dirige a nova rnulhertrabalhando em novos escrit6rlos(anOs 1890)。

47 スdilreFra.Tros i「

etapas da 19ura:(lii)A

nagem revoluclonada.Retrato de

Ambroise Vo‖ ard em estilo cubista pOr Pablo Picasso(anOS 1900)。

Confian9a e Esperanca

48

ハcimao A primavera do socialismo.As esperancas de Wi‖ lam Morris no desenho de Walter Crane(1895)。

49 ハba夕 οo Pelo‖ uminlsmoo A 19ura femlnina nessa gravura social‐ democrata alema sustenta“ A espada do intelecto"lem volta de seu punho esta a inscrlcao “Conhecimento ё poder",Ela tem sob seus pё s

as obras dos grandes emancipadores,

Marx,Darwin e Lassalle,lrder do primeiro partldo operariO alemaO(1897).

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導 1嚢嶽 │1豪

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11喘 ‐ ‐ 乱│`│││… 嚇 1懃 ギ 晰 │

50 ハcrmao Contra o obscurantismo.Tnulo anticlerical de um 10rnal de esquerda frances. Legenda:`・ Eis o lnirnigo"(1898). 51 ハbaixoo A esperanca da revolu95oo Lり

m operario alemaO

aperta a mao de um operarl。 russo depois da revolucao russa

de 1905(charge social¨ democrata para o 19 de malo de 1906).

52 スcima.Para um progresso t6cnico maior e melhor.00′ yr77pた

e rilanた em constru95o num

estaleiro em Berast(lrianda do Norte,191o)。

53 スdireFra.Para a emanclpacao das mulheres. Estatueta Doulton de uma militante do voto

feminino c.1911.

A Marcha para o Futuro

`彎

1lll:

.

54 Soldadosingleses a caminho da Grande Guerra。

Nascido em Alexand五 acm 1917,Eo J.Hobsbawm foi edu― cado elll Viena,Bcrlim,Lon― dres e Cambridge.Leclonou,na maior parte de sua calTeira,no

Birbeck College,da Universi― dade de lLondres. Destacam― se suas obras edi― tadas pela Paz e Terra:

A ιrα das β θJ“ fσ ιs `ソ A ιrα グθε¢ρj`初 J ″ れdοs dο ′ rα bα Jλ θ “ Jん αグθ θ }abα s “ Rι ッ θJ“ dθ んどrjθ s

A加 ッιんfα θααs′ κ ″fθ ιS 二r,s′σrJα

(0電 。 )

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“Adoro ler Eric Hobsbawln. Elc sabe tanto;le tud。

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traduz poesia ale面 fazendo rilna em ingles; sempre diz colsas novas e importantё s..."

Dαッ liJ ttκ ″ 安J`島 ■ 脇 り Sッ ル ′ `s Lliた “ ““