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Portuguese Pages [29] Year 1944
J.
CAETRO
DA MA'IÏA
DUAS PALAVRAS
SOBRE A SITUAÇAO INTERNACIONAL Nd stsão ,le núus -aúo
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J, CAEIRO DA MA?IA
DUAS PALAVRAS
SOBRE
A SITUAÇÀO
INTERNACIONAL Nd e6âo dè nrc Aura.ão do cu,srcM & Uiiào NqkncÌ, oi 2i dè Maìo Aè tg,.i. 11
LISBOÂ
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Stt,ÌEon ParstotNrr, Mng,rs Swsones,
Mrus Sxsonrs: Antes de iniciar as breves considereçõcs que, neste acto inaugural do 11 Congresso da União Nacional, me proponho iazer como presiJelìte dâ secção de Política cxterna, quero cumprir o
dever-muito qrato
dever dc apresentar as minha> siLìceras e Íespeitosâs homenÂgens a V. Ex.', senhor Presi-
-
dente do ConseÌho, o grânde artifice do renascinrenÌo português, em cujas
mãos firmes rcpousam, nesta horâ incerta, os destinos de Portusrl. E, porque de polltica inteÍnâcionâl nos vamos ocupaÍ, desejo ao mesmo
-8tenlpo saudâr em V. Ex.' o homem de Ëstâdo que, dando novo vieôr i nossr seculâr âliançl com â Ingliterrâ e alarqxndo âs ìrâses da nossâ politicr externa pelo erÌendimento iuso-espâühol. qLre não ieln só significido penirrsLrlar nas europeu, e pelo estrÈilameLìto dos laços íratenros corn o Brisil, lío patrióticamcnte tem pugna,.lo. rtrar'ós de tòdâs as rÌificuldades e lâÌìbém de todos os petigos, pelâ seguÍâlìça e pclâ lÍânqüilidade da teÍrâ portuquesa.
Bem sabenos todos como. ìl lornÌcntl ÌÌìundirÌ. é diÍìcil mantel e sua linlìà de cordutâ, senl nâda sxcÍificrí ilo brio nacional, sem tleixar dc respeitar cscrupulosamente velhas llianças nem Í:ìltxr âos compromissos i erracionais assurridos ou à lcaÌclatÌe das posiçôes tomadis, quÌndo se trâtâ de pâises qüc não têlrr senão r débil protecção do seu direito, da sua dignitlade e das surrs virtudes. Nos gr,lndes acidentes da históÍia, o govêrno dos
- 9:pequenos Estâdos não é mâis fiicil do que o des grândes Poténcirs. Esquece-se isto muitas vezes. E quero ainda sÂudaÍ em V. Ex.'
o
missionáÌio da pátria, que tem defendido sempre, como ideal do seu pâis, âquelc que terá de constituir, a-pesâÍ-de tódas as Ìesistências e de tôdâs âs crises, a lei do mulrlo de ar:ranhã; o irìeal cristão da paz e de solidariedacle humana.
Mnuas Seluonls tr MÈus SENÉoRES:
Vai
realizar-se
o Il
Congresso da
União Nacional numa lìora tempesluosa e, porventura, decisivn da história cla humaniclade; e, mais do que renhumr outÍa, eslll secção deÌeÍ:i natuÍalmelte refìectiÍ â situâção do m!Ìndo. É certo .que unr Congresso cofn  lndoÌe dês1e tem dc ser so-
t
-lobretudo como que o éco dos senti. mentos e das âspl'tâções nacionais; ao esplrito de nós todos tem de estar sempte presente a idéa da nossr indi. vidualidade nacional e a de que somos todos senhoÍes de uma herança que não e divisivel c qoe temos o dever de mânter intacta: o patÍimónio moral de Portugal. Mas, hoje menos do que nunca,
nos é Ìicito desinteressarmo-1los dâs concepções e dos sistemas dos outros paises, Poucos dos grandcs problemas que se pòem actuâlmente aos homens que se eÍìcon1Íam à freiÌte dos Estâdos e que são os responsáveis da sua continuidade histórica podem ser intei-
râmeote Íesolvidos por nredìdas de ordem jlterna: o mundo, a-pesar da su,l frâgmentação polldcn, apÍesenlâ-rìos â imasem de uÌìâ rede de relaçòes cÂda \iez mâis estreita; e, despeito da diversidade das surs concepçôes de go-
r
vêrno e da diferença de condições
da
existènciâ Ììumâna, os Eslâdos adqui-
-TT_ rem, sob lÌÌuitos âspectos, uinâ semeìhança cada vez maior. A vid dos povos já não pode con6nar-se erclusivâÌnenle enì âperlâdos perimetros pollticos. Muitos Iactores impedem: nìovimenlos dernográficos; revoÌuçôes técnicâs nìodificâções incessântes do eqoiÌibrio eDtre âs diveÌsas produçôes agricolas e industriais, originando em 1ôdâ â pârte problemas de mercados e de adaptação dn ofertâ à procurâ; proporção das máquiuas e do trabalho htrmaoo; reeimc de trabaìho: detenção e utiÌizâção das mâtérias primas; relamonetárias; proções com€rcjajs bleflâs de lrxììsporles, de Âviâção, e
o
i
e
lanlos
oLìtroS,
Todos nos apercebemos de que a fisionomil rlo mundo se eslá trânsforândo: eslão em curso espeÍiênciâse outras seÍão teniadâs que devem - dos povos, renovar o universo e a vida âteÍial e ìnoÍÂlmente. SobretLrdo moÌâìmenle.
Até hÍl poÌìcos anos a Europa e o
f2mundo Ìiviam ainda enÌ regime de direito. Os valores da civìlização paleciam mâoter, se não a sua âcção efectiva, pelo nìenos o seu prestigio teórico. Hâvia ainda uma aparência de medidr e de equilibrio; defendiam-se. mais ou menos siDceramente, prinÈi pios reconhecidos por todos e que eonstitrìiam
a
bâse dâs Íelaçòes cntre os Estados. Ìra como qüe una reveÌente homenagem preslâda morâl
à
internacional.
Hoje reconhecemos lodos que
os
veìhos principios sôbr'e os quaìs se coDslÌuir a. vida dos povos íoÌâm preteridos, e que o cotltinentc curopeu, quc foi durante tantos séculos a luz e a consciência do mundo, tem de proceder â revisão dl sua estrutuÍa; e rcconhecemos também que â Europr de Ìroje jl não pode pretendcr âo catáctel universal que leve no século 6ndo: ela é, agora, simplesnÌente uln continente cDtre os outÍos e já nío bene6cia de nenhuma vantâ-
-13gem de posição. Nesle mesmo momento, a EuÍopa em gueÍâ iá não é senão o primeiro campo de batúa de um conflito mundiaÌ que'se es, lende nrllito â1ém das suas fÍoÍìteirâs e muilo além dos seus problemas his-
tóricos.
t
Sentìmos todos, cscrevia eu há pouco, que, presentemente, não pode haver paz lora de uml paz comum ao mrüÌdo inteiro-o quc não quere dizer que ela tcnhl de revestir neces-
â mesma feição para todos os paises-, e sentimos que não pode haver prosperidade fora da prosperi. sàrjamente
dade geral. E sentimos tâmbém que as fôrças rnorais, que dir-se-ia lerem soírido uma dcslalorização paralela ao acrêscirno de podcr maleriaì que as invenções mocìerras deram â humanidade e que haviam sido relegadas para um plâoo secuodário nfirmando-se ern tód,ì â pâate uma concepção püÍamcntc Íetichista e instrumenlâl do
-
sìstema dâs relações humaoas-, se
-t4* tomarão certâmenle, peÌâ lógicâ das cousâs, realidâdes vivâs e operxnles que pesarão decisivamente na balança dos destinos do mundo. Mas se. na lerdade, nos encontramos num dêsÍes momentos em que passamos parâ outro plano tìa história; em que assistimos âo choque dos grandes impérios da leúxl cm quc não poucos Estados europeus [prÌr que citaÍ í França, :ì Ìtáliâ, os pâ1ses balcinicosl) se encontrâm cinriidos sob bandcires diferentes ou dihcerâdos lìor lutas civis, que se revelam como a negação da atitudc qoe âs ciícrnstiìncias presentes reclamânr; em que os
objeclivos de guerre mudíranì Dor completo. sendo dìÍlcil irrocar hoje um só dos 6ns da guerrr quando este começou: cm que â mâtéri1 humanx se tornou, por assim dizer, fluida e se1Ìl forma, prestes â sofrer tôdas âs trânsformâçòes; a nossâ sitlÌaçío nesta Europa que rai nascer é !Ì daqueles que, sentindo que tudo vâi mudâÌ,
-15não sabem como mÌrdará, nem por que via, nem Pare que futuÌo. A-pesar de não ser dificil descortiLrar no lÌorizonte os siüais precursoÌes da soiução do conlìito, rrda se sabe dnda quâLlto à forma a dar à organização do muido depois da guerra,
nem existe acórdo mes[ro no
que respeila ás idejas fundamentais sôbre es quâis âquelâ deverá repousar. É qLre
â revoluçío que se está operando e de que a guerra âparece âo rÌìesmo ternpo conÌo a mânifesução e como o meio, pÌocede de movjmentos profondos que escâpãm à vonlâde e aié à visão dos governanies. Isto não impede que a ãcção de um determìnado homem de Estado ou de um sistema poiitico por êle instituido e que se tenha impôsto pelos seus pÌinclpios, pelo seu equillbrio e pela suâ perfeita âdâptâção às realidades sociais possa criâr tlln cliÍnâ cuja iofluência se fâça sentir nr obra de reconstrução. Potugal, pela voz do
seu gÍânde chefc, que tão âlto
tem
-túâ6rmâdo o oosso prestigio no mundo' podeÍie ter âigume cousl â dizet
Corìcepçio comum-( .únicã conceDcio colnunÌ à lìÌìlurlÀ dos Lìonlen9 -EstrJo que se proPüenì Íctdi6câr dcj o mundo- é â d:l intimâ colaborâçío €rÌlre tôdas as nações, uum:r ordem oaci6ca interr:acional organizrth Descìc o PrcLo triPxaido. de sët(mbro ,le r94o: i Jc6niçio drs Quatro ìiherd:rttes.
itr
declxrãcão do PÍesidcntc
RooseÌeh: i Cxrta do Atliülico, de 14 dc agosto de r94r; âo Pâcto Anti-KominterD. de novembro do nresmo íno; às mcDsagcns Pontjíicias do Nalal; eos votos fornìL Âdos pelo nComité, juridico internacional ãmericauo, üâ soâ sessão de 1942, em que foram retomedos os 14 ponlos cìo Presidentc Wil' son; à Conf€Íênciâ dc Hot SpriDgs, dc julho de r94.i; à dcclârâção cooilrntâ dc Moscovo, de outubro seguintel ao plâlìo clãborâ,lo pclr conÍerèlrci. ame_ Íicãnâ hr senìârìâs reüÌ1ida, implicendo
-r7â 6linçío obrigatóriâ de todos os Estâdos num organìsmo mundial; à recenlc resolução de Novâ York ào Burcau In'
lernacionaÌ do Trrbalbo e à de IìÌadé16a, Destc rìesÌìlo DìolllcnÌo em qu€ eslan]os 1eúnidos: xo Progrxmâ cìo pâÍtido tÍabâlÌrist;Ì britânico, .presentado nâ conÍeréDciâ lnuâÌ dêste agrupanìclÌio politico; à Con{eréncìa ìmpcrirl de Londres, quc bi dois diâs eÌlcertrâbalhos: âos discursos ile trntos homens de Estado, de juristâs, de ÍìÌósofos (deÌìtÍe êles quantos
d.,ÌìtÍinirios extren'ìes! e nós sabe_ mos bem que os puíos douÌrjnários não adoptâm fâcilnente as soluções medias, isto é, em gereÌ, âs soÌuções todos laÌam d:r regeneração úteis) do mundo por ficio cìc umt sólida
otglnização internacional Sob o signo da ordem e da autoridade? Sob â jnvocâçío ch tìemocrr-
cia e da liberdacle-real ou âpareúte tôdrs as nxçòes i Suborcìinatìa
-cìc a principios hegemónicos de natu'
-
r8
rezr impeÍixìisl:ì? Sob a inspireção do princlpio federaÌista? O quc ó certo e quc até ìroje o âspecto tìe6nitivo cla nova ordem univers:ìÌ aindâ nío foi exposto. TeÌvez haja o reccìo dc egitar um programl dogmri tico parâ â reconstrução do mundo, pensândo-se, e com razão, que â pâz que porá termo a csta guerra (se c1e paz verdadeira se pucÌer faìar) dele basear-se menos em fórmulas preparadas antecipadamente c em coDcepções abstrâctas do que nas realidarìes politjcâs, ecoDómicas e sociais, 1âis como se aprescnÍarío no fim clas hosrilidades.
Sem dúvicÌa que â Cârtâ do Atlântìco poderia considcrrr-se um progÍamâ dorllrinal: nìas éstc docLÌntento, tão cLcio dc nrlgnlficas pronressas, ficou scosilcÌnlente cnfr.rquccìdo com a declaração da União Soviéticâ de que tlão eslâva disposlâ â rcnünciaÍ âbsorçío dos Estâdos Bálticos c de determinadas regiòes, como â Polónia Oriental, a Bur-
i
-19covina c a Bcssârábiâ-declarrção beur séri.r d.r prrte dunriÌ Potótìci.ì quc e\Ìi actul nterìte rr pos,e de llnìã oÌg.itìit,l-
çrìo nriÌit.r c:tp.z dc iLrsLiiìc,rr ro Lrr.ris âÌixs Nrnbiçòcs. B hri mcses o Prìmeìro Ministro [ìritrinico j;i cÌeisela entrevcr Urn,ì es1ÍUtutr ìlJ quxì o\ t(lucnl)5 ( rÌelio. ErtrJ05 .lo corrtiirente. que dcv!riâm agÍrÌprr-te ou fcJcrar-se, n:io gosâÍjim jnteiranìentc do dircito de rìisporcm de si próprios e teÍiâÌÌ dc âbclicâr dc paÍc da sua soberania poÌític:r. Berì1 cnteÌrdido, llão so tÍâtava. por lormr alguna, tìc suprinir as libcrtìades cssenciris dos tsstados,
truir xs
nel| de des-
câracterjsticas orì as tra(Ìjçô€s jneliviJuris Llas tlivers.r, rnças antig:r, c
Itistoricr' J,r Ìur'opr. ì{r: !c pre, p.rÍir o Prirnciro Milisrro britànico córno para o Presìdentc Roose\'eh. c ideia lìLTdarnental
a de que a organizâç:io diì
Ììuropa deverá harmonìzar-se com os iDterôsses supcliorcs c permanentcs das grandcs Potêlìci1ìs. E, no seu discurso dc :o dc ebril, o sr. Churchill punha a
-20inquielante joterrogtção; dcvemos aproximar-nos mnis da Europa, ou clevenos concentrar-nos excìusivxmcnte nx orgâDjzâção nÍlcriil da nossa comuLridadc, na associação Írrternal coÍÌl os Ëstados
Unitìos c confiar no CantÌ da Matcha e no nosso poderio aérco c tlaritimo? E concluia: não posso prctender ter enconlÍado respostl paÍa €stâs precuntâs. Scja como fór, hâ un, princlpio que parecc sèriÍüìentc lmeaçado: o \,elho priuclpio do equilibrìo d;rs lrotências, que elconlrou I sur fórmula ideal no concêÍo curopeu e rle quc o Conseìlro da Sociedlde das Naçòes foi I úìrima
e tácitâ coDsasráção jurldica.
!
certo
que èsse equiiibrio foi sempre precário:
só podcria ser clurldouro se os
ele-
mentos postos em cquilibÍio pernlinecessetn idênlicos â si próprios oLr acusasserr acréscimos ou r.lesenvolvinìentos iguais. Mas trl tunca aconteceu. A fórça cÌc carJa n:rção, cm valor reladvo e enì valor absolLrto. scrá benr difercnte decorriclas du:rs ou três deze-
nas dc ânos âpós o dia da assinatura da p.z. E ninguém impedjriì que o equiìibrio seja quebrado, mesmo sem premeditâção, pela Potència que se eniontrar em estado pletórico. Mâs iâmbénì é certo que o sistemâ de equilibrio, no estâdo cle incerteza do direito e da sua eplic:rção rìgorosa, âpârece como um principio colÌslante na economia geral da organiz;rção do nrundo. Ëmoirico e ííágil. ele é ainda, aos nossos álhos. o que, â falta de um sistema rrelhor, assegLlrâ umâ relativa estabilidade Parece que isto deveria estâr sempre pÍesente
;to esprrito de Íodo\ os que se propòern rclazer o rrundo e que sonham pofieDtura aindâ conÌ Llma íoÌìiìnlica segurança colectivâ. Mas un,a cousa se afigurâ certa: À paz, para ser sólida, nío poderâ basear-se sòbre urna rède lrágil de expedientes diplomáticos ou sóbre combinâções e concessões sem consistência. É indispensável que cesse o conlìito que, ântes da guerra, opunha Âos estndos r/,1,*tos
aqucles que, em GeDebra, um ìloììem de Eslado denouinou um dia de EstaÃos pÍalelirìas, e é indispensável que os po\'os cheguem enconÍÍar bâscs conlllns sôbre as quais a prz possa scr
r
edificada. Hà de-certo o desejo; nes haverá a possìbiliclade rìe o conseguir? Qual será, no futuro, o estrtuto juridico-poliÌico dos pequenos Est:idos europeus ? A questão tetì especiÌl interêsse pârâ LÌós. À tenilôDcia para a orgâniz,lçío dos grandes espaços vitâis
c
pera
a criaçío de um
sistetuâ de
hieìaÍquiâ entre os Istatìos scgLrndo a importànciiì da stl nissío e o graLr dos seus esforços c das suâs responsabilidades: o desenvoÌvinento da técnica militaÍ sôbre a base da motorjzação; a
como que djmjnuição das distâncias delidr à aÌixçãot a dificuldade e xté a impossìbìlidede no nuLTdo mocÌerno de estabelecer sòlidarnente quaìquer pÍetcndicia autoiomia económicn nrcional lodos esles íâctores acrbarão por triunfar stitrre o prìncipìo dr Ìivre disposiçío
-
t. -23numerosos povos ? Os pcquenos Estâdos náo 1erão outrâ \'ìâ âlìertâ diânte clêles cìo que sequiÍ rr esteira politica, económicâ, sociâl e mornl das srandes Potônciâs? Mas íì Europâ não üverá tercmos, Pelo menos, utìrâ Europa diminuida se nío lorem respeitâdas toilas as naçòes dignâs clêste nome, isto é, âs qlìe 1êm umâ personâlidade Lrem marcarì1, tma cultura secular, unta eco!Ìonìiâ su6cierìte, tradições, uma história, e que ténÌ xssim justificado o seu direito de cxistêncjâ. Ìmpòe-se, x quereÍ-se ÍealizaÌ obÍá estáveì. o reconher.le
-ou
cimcnto dâs posições históÌicas dos Estâdos; c jnrpõe-se larnbém â intenção decidida de as respeitar. Eo Dão eslou disposto â cÌer que e ELrropa de arrenhí possâ ser centÍalizada: nrs o qre nío duvicìo nfirmar é que clâ está Ìonge de, como alguns pretendem, podeÍ seÍ poÌiticamente uniformizadr. Não confundamos a unidecle. que é deseiável, coÍÌÌ â unìfornìizâçío, que é cle repelir.
- 24Umâ questão, clelicida crtre tôdâs e que por tòdâ a p!Ìrte é âgitâdâ, é Â de sâher se se ,ìcre volt:rr á idér rvilsonianâ de uma irstituição mundiâ1, cÌe uma novâ Sociedâde das Nações, engÌob,Ìndo on represel]trl]clo todos os Estâdos a eìa :rludiu mris uma lez
o sr. Churchill no seu Lliscurso de ortenl ,
ou se serri preferiveÌ orientâtmo-L1os pârâ a idéa do espaço etnopeu, parâ a realização cla Ìida comum no qurdro do nosso contiÌÌenle.
Pernitlm-sc-me llgumls ligeiras coDsideraçôes a êste Ìespcito. À Sociedarle clas Nrcòes, que Íoi unu espécie rle câmarn de conpensação da politicr mundirl, e qìtc, cÍiando umâ como que ânestesia dâ consciêÌrci europeia, contribuiu, indirecta e inarlvertìda-
mente, pârâ a situação quc levou à gueÍrr xcÌüllÌ (não quero faÌlr da sua obrx económica e llumanitáriâ, quc, âlnÍgad:r imaLrhã, podcriâ seÍ Lìlì1 factor essencial do desenvoh,ioento de uma civilização prcifica) nÍo falìu pela sur
u
versalidade (is!o nunca passou, eÌiás, de mera aspiração), ou por ser demasiado vrsta, nem peÌa falta de poder
coercivo pârr nranter a paz, mas peÌe âtitude de não poucos dos seus Estados-membros. O espirito dc Genebra esteve, a pârtif de ceÍtâ época, qrÌási sempÍe âusente de Genebra. Dir-se-i:r que, mesmo dentro da Sociedade das Naçòes, Polêrcirs houve que não se interess:Ì\ram pelâ Europâ senão para mais eficazmente impedirem a suâ org:ll'lização. E âs grandes Potênciâs, o! â algumas das grandes Potências, peìa múlua
desconfiança entre eias, cabe a maior parte dâs responsxbilidades no enfraquecimento dâ iDstituicão de Genebrr.
Estão nâ memóriâ de todos factos bem recentes, pxta só me lisaÌ aos ültimos anos de vida tlaquel.r instìluição.
Quando, por ocasião dâ guerra civìl de Espaoha, sc tÌârou de definir os limites da üão-intcÍveoção naquele pais, foi no quâdro de Genebra que
-26â questío foi postâ e resolvidâ? Não: por injcialivâ das grandes Potências, ìnveDtou-se urn organismo que se ins1aìou em l-ondres.
Quando se lratou do conlìilo da China com o Jâpâo, foi junto da Sociedade das Nâções que se criou un') organisno qualificado pâÍâ se ocupâr do problenal Não: por sugestão cìas gra0des Potências, rer:ìtìiu-se umâ conferéncia em Bruxelas. E quando foi pÌcciso, uma noile, resuÌar o problem,ì germâio-clìecosloYaco, qllando tôdíÌ x Europa eíav em
armas, houve alguénì que propusesse mobilizar Geuebra e o artiso 16." do Prctoi Não: foi em Munique que os Big-Fatr se reüniram â pressâ piÍa assinaÍ ulr xÍmistlcio, E poderá dizer-se qlÌc foi por culpâ dr Sociedrdc das Nações que ruiranì estrondosarnenie três das mais imporÌ:ìntes conferências internacion:ìis, dâ inìciativa daquela, como forâm â Conferênciâ Monetáriâ e Econórnica de T.on-
-27dres, a Coníerência clo desârmÂnrcÌlto, â Corferênciâ dâs sânções? Não voìtâria âgorâ a hislódâ â reperir-seì VoÌverernos, ra inrpossibilidacle de uma essociâçío murdiâÌ dos Esta(los, à idea dos acorcÌos e sisleüxs Íesionais, cono ó dcfcndìdo por prrle dc âlgons homens de Estatlo? Mls a experiéncia dA PelílÈEnknk, Ãt Erlerle k rrnìrt, cla
E
lë
lc
Otitl xÌ, pârr só {âÌâr
destes
,gr0parnentos recentes, não foi süficìen-
terÌcnle concludente
i
Porque entre âs nâções e o mundo há os continentes, podeÍi pensâr-se nurna Liga dâs nâções conli0enlâis, no nosso caso, Lle uora Lìga europeìa, i semclhauçâ do sisteÌìx continentâl inleÍ-rmeÌicâno? Mâs não sâbemos lodos rpe faltln por compÌeto à Europa as condições que expÌic:im e !ìan1ênÌ o sistema anlericanoì Consegoìrernos subtrâir-rÌos âo êrÍo tlos tratldos de r9r9. que, sacrjficrndo a Ìelalivâ uÌridade europeìa, conro jâ o linham feito tânlas confeÍêncjas (parx
-28quc lembrar UtÍecÌrt. Nimègue, Westphaììa-nesas de dissecação do pobre corpo d:r Europai), conÌìniÌÂm o geÌme de lutuÍos coDflitos, pela muìtipJicação das fronteiras politicâs e pelx cÌiâção dc Èstados de Ìimiies tão itÌrprecisos como a rloutrinl em qlle :Ì sua ctiâçío se b:ìseâriì?
Ialtara a VersailÌcs
o
sentido de âgrupar os povos segundo os seus in-
teresses, âs suas alìniclades de esplrito, xs suàs iradições; c não poucos, solr a influência dâ nullca dernâsiedeüentc condenada concepção atonísticx Ìiberâ1, forâm rcú!'liclos ìnorginìc;r c rrbitràri:r_ n'ìente.
{l
que e evidente é que os instnÈ rnentos juridicos peÌos quais se hrvia tentado consoÌidar a ordem na Europa jâzem por terrâ, QLle otÍÍos instÌumen_ tos juÍidicos \iiÌão substiftiÌos ? Nâdx de coDstÌutivo se divjst por e[quanto clìante de nós. À questão crucial hoje e dc saber se principio da discìplina poderá
o
l
-29âinda impor-se e ser lìÌmelneDte estabelecido conro fundamento da ordern internacional, ou se, pelo contriirio, a anar!Ìuia intcrnacional slìlìmergirá o mundo, iÍo c, sc iremos âssistir âo suïcidio de tòdx r.rma civì1ização. Às únicas consideraçòes que podcmos féste monrcnto fazer acôrce ào íuturo, clc tão ìndecisos horizontes, são cìe orden espiriturl. Rclerem-se eÌas aos principios permâneutes fora dos quais
is
sociedâdes fic.m €xposlâs às desordens e às slÌÍpresâs dolorosas. Foi conr :l oportunidâde de sempre que o Chefe
Supremo da Igrejâ CaróÌica dirigiu tr cristandade, no dia de Natal, a mensagem, dominâdâ por um proíundo sentimento de sirrprtia hunana, qrrc telo tío gralìdc rcpercussío. Jd nruitas vczcs, 1'Ìo pass,Ìdo, os povos sc deirarâln arrastâr por csiils correntcs dc lioléncìa clue dío a impressío do delirio da destruïção e cla loucura colectiva: as gÌrerrxs são o es1ófo sangüiflolcnto da históri.. Nesta goerrã de-certo lìâvcíá
_.lo_ nÂções vencedorâs:
nas receio
bem que ela nío venhl crjar senío uma categorie de honrers: a câtcgoÍiâ de veucidos. È Ììo momerlo enÌ que tôdâs as noç(ìes pâreceÌì conlundidas e lodos os pÍincjpios parccem esquecidos que a glânde loz c{c Roma vem lenrbrar
r
aos lÌomens onrle clelem coloc:rr
as
sLìas esPeranças. Evoquenros rs palarras de fé dc um dos rnris nobres c eÌìos c generosos espiritos rìa França-cìa doce terra
de França: "crcìo i ,cnci\'chìeDtc qLrc a ciônciâ e a paz triunfarão cìa igLtoÍirìcia e dâ gueÍra e que os povos se ente|derio u r diâ nío parâ destruir mís pÂr edilìcar,. Ii ngora, olhando mais urra vez
o Ìlosso pals, só quero dizer que, qnarcìo a guerr'a rleirar de escurecer
para
os ceus do ÌÌundo c liveanos clÌesado ao 1ìnT rlesta época, em que temos o prìvilégio, ao Ìnesmo tempo tristc e nrrgnifico, de viver os lìoÌnel]tos mais rcìevnntes da história cìa hìrmanidade;
-3rquando íìorescerem de novo aqueles tranqúilos valores espirituais que são os únicos que alimenlam a beleza das civilizações; qnando ámanhã o mundo se puder ÌevântÂr, como S. Tomãz
de Aquino, com o soÌ lo coração: quando soâr a hora da libertação e da alegria-a hora da paz, a hora
de
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enlão âprecier -poder-se-á elé que ponto Portugal soube pugnar pelas relaçòes vitais e prcificas dos POVOS,
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