A Revolução Industrial 8516007731

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A Revolução Industrial
 8516007731

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ROBERTO ANTÓNIO IANNONE Formado em Economia pela Pontifícia Universidade Católica e em Administração de Empresas pela Universidade de São Francisco, ambas de São Paulo. Professor universitário de Economia.

REVOLUÇÃO

INDUSTRIAL Coleção Polêmica



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Coordenação editoriil: José Carlos de Castro, Pascoal Soto Preparação de originais: Luiz Vicente Vieira Filho (coordenador), Valter Aparecido Rodrigues (preparador)

Pesquisa iconográfica: Thais H. Falcão Botelho Revisão: Lisabeth Bansi Giatti (coordenadora)

Editor de arte: Wanduir Durant Chefe de arte: Valdir Oliveira Editoração eletrônica: Eduardo Amaral (coordenador), Wilson Bekesas (diagramador) Cartografia: Mauricio Barreto da Silva

Capa: Wanduir Durant Hustrações: Roberto A. Iannone

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Iannone, Roberto Antonio A revolução industrial lannone.

(Coleção

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São

polêmica)

Paulo

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Roberto

Moderna,

1. Desenvolvimento econômico Historia 1. Título: El: Série.

2.

Antonio 1992.

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Indústria

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CDD-330.09034

Índices para catálogo sistemático: 1. Revolução industrial: 330.09034

História

ISBN 85-16-00773-1 Todos os direitos reservados

EDITORA MODERNA

LTDA.

Rua Afonso Brás, 431 Tel.: 822-5099 CEP 04511-901 - São Paulo - SP - Brasil 1993

ecônomica

SUMÁRIO Introdução ssspasenaena roscas

sererscams anus arTascasacasam cascais ensasmenisuecac tuga

3

Primeira parie — Antecedentes MISLÓTICOS: mess esaanaeraserensa essere esmenceereneapaçs

9

|. O ponto de partida ............

e iierereenerereenerernaceeernaarereraaea cera rarerania IO

O contexto histórico, 10 O início, 12.

2. Rettato do prIneio IMC sans Uia enem near conserta A transição, 14 O limiar do segundo milênio, 14 O sistema feudal, 15 O cristianismo, 16 A economia, 17 A sociedade, 18 A população, 19 A Inglaterra, 19.

14

DAI CACAO E cmo erra

21

As cruzadas, 21

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TPATISICÃO

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O apogeu do feudalismo, 22 A emancipação das cidades, 24

Uma nova classe social, 25

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O declínio, 26.

sega

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O Renascimento, 29 A Reforma, 30 A Reforma e o capitalismo, 32 As inova53

Os descobrimentos

marítimos,

35

A Revolução

Comercial,

37

A

ções,

Os bancos, 38 O mercantilismo, 39 O absolutismo, 40 A revolução demográfica, 41] A revolução científica, 42.

Segunda parte — A revolução: causas e consegiiências .............. 43 DT PreCOnNCIÇÕES ras coroas isa oss con saga S DOS CCR LER AARE ORA CEA ETA DA SEU cdi de assa Sa RR sb Por que na Inglaterra?, 44 O papel da Revolução Comercial, 45 A formação de capital, 47 A questão política, 47 A posição geográfica, 48 O triunfo do liberalismo, 48 O crescimento demográfico, 49 Os transportes, 50 A expansão da agricultura, 50 A indústria do algodão, 51 A indústria do carvão e do ferro, 52 As inovações e a tecnologia, 52 Outros fatores, 53.

44

6. A Revolução Industrial..............eeeeeereeerereeerreereresnerreneraaada 54 Afinal, o que foi essa revolução?, 54 A evolução na produção têxtil, 55 À evolução na siderurgia, 58 Como a máquina a vapor desencadeou a revolu-

SS

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q

ção?, 59.

1. Consegiiências ...........

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Aspectos econômicos, 63 Aspectos sociais, 65.

Considerações finais

Cronologia

63

INTRODUÇÃO

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eo.

Quanto tempo terá passado desde que o primeiro hominídeo, nosso ancestral primata, descobriu a importância de uma lasca de pedra e a utilizou como ferramenta”? Um milhão de anos? Ou terá sido mais tempo? Hoje talvez isso já não tenha tanta importância nem faça muita diferença. sobretudo numa época em que caminhamos céleres em direção à conquista do universo. Nem sempre, porém, o homem conseguiu trilhar tão rápido sua escalada 7 rumo ao progresso.

Não faz muito tempo, há cerca de duzentos ou trezentos anos, não mais, as coisas eram consideravelmente diferentes. Durante muito tempo, milhares de anos, o homem pouco mais fez do que criar seus próprios utensílios e ferramentas, manejando-os com sua própria força e inteligência. Ecerto que muito progresso foi obtido graças ao gênio inventivo do ho— mem. Algumas conquistas como o princípio da divisão do trabalho, a especialização e o comércio permitiram que comunidades inteiras lograssem desfrutar melhores condições de vida, que certamente teriam sido impossíveis caso o homem tivesse se mantido isolado em sua labuta. O homem aprendeu a utilizar a alavanca, o fogo, a força dos animais, do vento e da água em seu trabalho. Aprendeu também a dominar a natureza, suas substâncias e os diversos materiais. Porém a grande propulsora continuava sendo a força humana, o vigor muscular de um indivíduo ignorante e muitas vezes

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tiranizado.

|

Não era o suficiente. Faltava-lhe uma força maior. Uma força que não fosse limitada pelo cansaço nem dependesse das condições climáticas. Uma força que lhe possibilitasse ir mais além, em direção a um sistema de industrialização que lhe permitisse produzir, em variedade e quantidade, os bens desejados. Surgiram as máquinas que, rudimentares no início, foram sendo gradativamente aperfeiçoadas. No século XVI iniciou-se um longo processo de transformações que iriam se desenrolar até meados do século XVIII. Nesse período, a economia inglesa evoluiu de seu estágio feudal-mercantil e foi impulsionada por uma sucessão de aperfeiçoamentos e inovações na indústria, particularmente na produção têxtil e na siderurgia, colocando a Inglaterra à frente das demais nações européias. Na segunda metade do século XVIII, de um modo quase espontâneo e coroando seus esforços, pela primeira vez na história essa força tomou forma e o

passou a multiplicar-se, permitindo que ocorresse na Grã-Bretanha uma verdadeira revolução que acabou propiciando ao homem

o domínio da força motriz

do vapor. Sua associação à máquina, de forma rápida e irreversível, possibilitou o surgimento do capitalismo industrial e permitiu à humanidade desfrutar de uma variedade e de uma quantidade de produtos até então nunca imagina-

dos, apesar dos desequilíbrios sociais, da pressão demográfica e da consegiiente falta de empregos.

A partir de então, o que fora feito manualmente pelo ser humano pôde ser realizado mais rapidamente e melhor pela máquina. Acabara a era do homem-músculo.

Os seres humanos deixaram de ser procurados apenas como

uma fonte qualquer de força e passaram a ser requisitados em função da inteligência e criatividade.

Foi um progresso que os mais otimistas classificaram de miraculoso e os

pessimistas definiram como uma desarticulação catastrófica no equilíbrio so-

cial do homem. A esse período histórico, iniciado na Inglaterra e que acabou resultando no advento da industrialização alicerçada nas fábricas e no maquinismo, convencionou-se designar como Revolução Industrial. Ora, num momento em que atravessamos um período de incertezas, com inúmeras indagações a respeito do crescimento econômico e do desenvolvimento — sobretudo quando nos defrontamos com a grande disparidade observada entre os padrões desfrutados pelas populações das nações ditas desenvolvidas e as do Terceiro Mundo —, e embora a conjuntura atual seja bastante distinta, parece-nos oportuno discutir as explicações padronizadas e questionar ou avaliar as condições em que esse fenômeno ocorreu, numa tentativa de encontrar respostas e, se possível, caminhos

que nos possibilitem, igualmente,

usufruir desse progresso. Uma das questões que comumente vêm à tona, quando se discutem as condições que possibilitaram o advento da Revolução Industrial, diz respeito justamente ao local onde ela ocorreu, já que muitos historiadores, ainda que exageradamente, chegam a apontar a Inglaterra do século XVI, ou mesmo do

X VII, como uma das nações menos desenvolvidas da Europa, cujos recursos agrícolas, além de estarem longe de apresentar uma grande variedade, não eram sequer suficientes. Como se justificaria, então, logo a seguir, uma revolução? Não teria sido mais lógico que ela tivesse ocorrido na França ou na Alemanha, que eram praticamente auto-suficientes na época”? Ou na Holanda, que possuía a maior esquadra naval? Outra questão também controvertida diz respeito à data correta de seu Início. Para alguns, não há a menor dúvida de que se situa exatamente em 1760. Há, entretanto, quem defenda ferrenhamente a tese de que se trata de um longo processo iniciado por volta de 1550. Este livro objetiva trazer ao leitor, em uma linguagem acessível e com um enfoque que procura inter-relacionar a história aos fatos sociais e econômi-

cos, o relato dos acontecimentos principais que antecederam, permitiram e acompanharam o advento do processo de indu strialização que emergiu na Grã6

Bretanha na segunda metade do século XVIII, dando

início a uma contínua

elevação das rendas reais, além de provocar profundas mudanças na estrutura e na organização da economia, e que foi chamado de Revolução Industrial. Objetiva, ainda, avaliar o marco de uma nova era na história, sua evolu-

ção e consequências. Um período de muitos contrastes, pois se houve quem aplaudisse entusiasticamente o avanço da tecnologia, outros a condenaram e se

tornaram seus críticos impiedosos, pois seus efeitos, sem dúvida nenhuma, afe-

taram e continuam afetando, consideravelmente, as condições de vida de toda

a humanidade. Sem a pretensão de querer esgotar o assunto ou apresentar uma narrativa completa, procuramos esclarecer algumas questões polêmicas que têm sido motivo de acirrados debates, levando o leitor a uma reflexão sobre elas e estimulan-

do-o à busca de uma visão própria do processo de industrialização e crescimento econômico iniciado a partir dessa revolução que, dependendo do processo histórico e da geopolítica de diferentes países, tem permitido ou impedido seu acesso a níveis mais altos de desenvolvimento e bem-estar pessoal e social.

Primeira parte

Antecedentes históricos

1. O PONTO DE PARTIDA “O futuro ainda não existe; o passado deixou de existir e, por isso, na medida em que sobrevive um registro do passado, os acontecimentos são imutáveis. Esse passado imutável, contudo, não apresenta o mesmo aspecto sempre e em todos os lugares. Apresenta diferentes aspectos em tempos e lugares diferentes e

tanto um acréscimo como uma diminuição de nossa informação

também

pode mudar o quadro.”

(Toynbee,

Arnold

Joseph.

A humanidade

Janeiro, Zahar Editores, 1978)

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O contexto histórico Quando elegem os precedentes históricos, um marco ou qualquer base que permitam identificar as condições de surgimento da Revolução Industrial, muitos historiadores têm se situado no período compreendido entre a Renascença (século XIV) e a Revolução Francesa (1789), sem dúvida um período áureo em

que a produção intelectual da Europa impulsionou o futuro do mundo. Posicionar os fatos dessa maneira pode dar a falsa impressão de que o homem tenha progredido muito pouco durante o meio milhão de anos que se passaram entre o primeiro instante em que ele começou a desafiar a natureza, até então indomada, e o surgimento da industrialização moderna. Sabemos que não foi bem assim; basta percorrermos a história da humanidade para verificar que dificilmente encontraremos qualquer época, no passado, que possa ser definitivamente taxada de improdutiva. Ademais, a maioria dos historiadores defende a tese de que deve haver uma certa continuidade no desenrolar dos fatos históricos e que dificilmente se pode dissociá-los em sua escalada. Negar isso seria negar a própria essência da história. Aliás, como afirma o conceituado historiador inglês Geoffrey Barraclough: “A cada volta, o passado colide com o presente, e a questão de sua importância, a tarefa de garantir que a relação entre passado e presente seja uma relação certa, mostra-se portanto uma questão prática que pode contribuir para mode-

lar o futuro. Isso não quer dizer que nos devamos escravizar ao passado, esquecendo que todos os dias acontece algo nunca previsto e provavelmente não

desejado por homem algum”. O fato é que o ser humano veio caminhando lentamente, ao longo desses milhares de séculos, e foi gradativamente dominando o mundo ao seu redor,

enriquecendo seu conhecimento, partindo com sua inteligência e criatividade

para uma escalada que perdura até os nossos dias e, muito provavelmente, assim

será até o fim dos tempos. Uma escalada histórica que parte das primeiras civiliza-

ções às margens do Eufrates e do Nilo, passa pela Grécia de Aristóteles e Platão,

pela Roma dos Césares, pela Europa das grandes descobertas marítimas e chega às

10

Américas, desaguando na civilização industrial e partindo, com o homem, para além do universo conhecido, expandindo-se, quiçá, em direção ao infinito.

O que procuramos frisar é que uma nova descoberta ou evolução é geralmente consequência dos fatos que a precederam e que a questão da sua impor-

tância é relativa, sobretudo quando se pode afirmar que houve uma certa se-

quência no desenvolvimento da humanidade e de suas técnicas ao longo dos séculos. Nesta perspectiva pode-se observar que, em determinadas épocas, o impulso da mudança se acelerou e o processo rapidamente evoluiu, permitindo-nos concluir que a história tem sido entremeada por estágios de preparação sucedidos, invariavelmente, por fases de realização.

O homem futuro.

aprendeu a dominar a natureza e iniciou sua caminhada em direção ao

Assim posto, e levando a afirmativa anterior às últimas consegiiências, teríamos de mudar o enfoque e ficar com os que apontam uma revolução começando no exato momento em que o homem, possivelmente não encontrando

mais com facilidade lascas de pedra, resolveu produzi-las para poder satisfazer suas necessidades, desvendando a partir de então o encadeamento dos fatos,

enfrentando a natureza, dominando-a e, muitas vezes, mudando seu curso. Não resta a menor dúvida de que, ao partir para o domínio da natureza, o

homem iniciou uma longa caminhada em direção ao seu futuro. Uma caminhada lenta, gradual e nada fácil. Não fossem seu arrojo e persistência, os obstáculos — que em muitas ocasiões pareceram

intransponíveis, difíceis e perigosos — não teriam sido

vencidos e muito provavelmente a escalada não teria sido possível. Não sem exigir, pelo menos, muito mais tempo e sacrifício. Retratar essa escalada implicaria o desenvolvimento de um compêndio cuja narrativa abordasse praticamente toda a história da humanidade, e esse, evidentemente, não é o propósito desta obra. Assim, vamos nos situar num período que nos permita mostrar os antecedentes históricos e a evolução dos fatos mais im11

portantes que propiciaram o ambiente e as condições em que a Revolução Industrial surgiu, revendo sempre que possível a ligação entre os acontecimentos importantes do passado e sua contribuição para os momentos subsegiientes.

O início Para que esse panorama tenha uma certa amplitude, é necessário nos re-

portarmos a um ponto que possibilite uma visão razoavelmente abrangente desses antecedentes, não só do ponto de vista histórico, mas em seus aspectos

SOCIOECONÔMICOS.

Aliás, é Importante que se registre que historiadoreste economistas têm divergido sistematicamente quanto à data precisa em que teria se iniciado, na Inglaterra, aquilo que W. W. Rostow, do Instituto Tecnológico de Massachusetts, denominou de precondições para o arranco, uma etapa de transição entre a sociedade estática e tradicionalista e o advento da Revolução Industrial. fase

que ele conceitua como de preparação para o desenvolvimento sistemático.

Há ainda quem garanta que não tivemos uma única revolução industrial e sim duas, a primeira na Inglaterra, em 1760, com a máquina a vapor, e a segunda, também em outros países europeus, por volta de 1860, já como resultado da consolidação do capitalismo financeiro, quando sursem os grandes conglomerados financeiros e industriais, com significativas inversões de capital e vasta expansão industrial e comercial. A polêmica não tem se restringido somente à data ou mesmo à época em que teria se dado o Início do movimento. A própria existência da revolução em si ainda é alvo de muita controvérsia. Atualmente é defendida a tese de que-estamos atravessando a Idade da Tecnologia, que teria se iniciado exatamente com a revolução da energia"ocorrida nos primórdios do século XVIII. Essa nova era poderia ser dividida em três

períodos: o primeiro, até aproximadamente

1830, ao qual convencionou-se cha-

mar de Revolução Industrial, quando a máquina a vapor foi inventada e aperfeiçoada na Grã-Bretanha e paralelamente se desenvolveram, num processo inicial-

mente lento porém gradual, a fábrica e a ferrovia: O segundo, entre 1830 e 1945,

quando os princípios da energia se tornaram mais conhecidos e dominados pelo homem; e o terceiro, em pleno curso, iniciado em 6 de agosto de 1945, quando os americanos lançaram sobre Hiroxima a bomba atômica, dando início a uma nova era — a do domínio e produção da energia nuclear —, com promessas de conquistas incríveis que permitem antever a possibilidade de se ultrapassar os limites do planeta em busca de novas descobertas rumo ao desconhecido. O certo é que essa questão tem sido muito discutida e, sem dúvida, é deveras apaixonante. Entretanto, como o enfoque que definimos para este trabalho é a apresentação da essência da Revolução Industrial inglesa do século XVIII e suas principais consegiiências, enveredarmos pelo caminho dessa discussão fatalmente escaparia a nosso propósito. Mesmo porque alguns dos mais renomados historiadores que a têm abordado também parecem não ter chegado a um veredicto conclusivo. Pelo menos é o que se deduz de suas afirmações. | John U. Nef, historiador americano, afirma. por exemplo, que a industrialização na Grã-Bretanha “pode ser considerada mais corretamente como um longo 12

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processo que remonta aos meados do século XVI e que final do estado industrial por volta do fim do século XIX no repentino associado com o final do século XVII e os Arnold Toynbee (1852-83), reformista social

se desenrola até o triunfo do que como um fenômeprimórdios do XIX”. inglês”, é considerado o

primeiro historiador econômico a estudar o processo britânico de industrializa-

ção e o “divulgador” da expressão Revolução Industrial para designar o período histórico durante o qual a Inglaterra se transformou de uma economia preponderantemente agrária em industrial. Para ele, não há qualquer dúvida quanto ao fato de que a Revolução Industrial inglesa se iniciou em 17760. Já o professor T. S. Ashton, da Universidade de Londres, diz: “Quando

Arnold Toynbee tornou corrente a expressão Revolução Industrial, apresentou o início do movimento em 1760; a partir de então a tendência dos estudiosos foi buscar um ponto de partida anterior. As raízes da sociedade industrial moderna podem recuar indefinidamente no passado, e cada historiador tem liberdade de selecionar seu próprio ponto de partida”. A professora Phyllis M. Deane, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, por seu turno, enfatiza que “as diferenças entre os protagonistas do debate residem em diferenças de ênfase, em vez de substância ou conteúdo. Assim, se delimitássemos o fato dentro dos parâmetros estabelecidos por Toynbee ou Rostow, isto é, entre aproximadamente 1760 e 1830. certamente estaríamos nos referindo ao período mais característico das transformações

ocorridas, possivelmente a fase verdadeiramente revolucionária, sem nos preo-

cuparmos com os antecedentes nem com as consegiiências. Entretanto, ampliando o período de tempo, estamos juntando c causa e consegqiiência, já que nos parece impossível dissociá-las, sobretudo numa obra

como esta em que se objetiva mostrar ao leitor o encadeamento dos acontecimentos, que podem perfeitamente ser posicionados a partir do século XV, com os grandes descobrimentos marítimos e o desenvolvimento do capitalismo mercantil, seguidos por uma série de transformações que irão ocorrer a partir do século XVI até meados do século XVIII, criando a possibilidade de a eco-

nomia inglesa evoluir de seu estágio feudal-mercantil e ser impulsionada em direção ao desenvolvimento industrial. Bem, deixemos

a polêmica de lado, já que numa coisa, certamente, há

unanimidade. Todos concordam que, a partir de um determinado momento, embora muitos países europeus apresentassem condições, somente na Grã-Bre-

tanha elas foram totalmente preenchidas e ali se deu o primeiro grande arranco da Revolução Industrial. Assim, objetivando apresentar ao leitor uma visão mais abrangente da matéria, entendemos ser válido nos posicionarmos em um período em que se possa antever as condições que precederam o processo da industrialização. tanto na Inglaterra como em outros países da Europa, no exato momento em que o capitalismo, ainda que de forma rudimentar, começava a se prenunciar. * Autor de vários artigos que exerceram grande influência em sua época, reunidos, após sua morte, no livro A Revolução Industrial (1884). E importante não confundir com Arnold Joseph Toynbee (1889-1975), historiador inglês autor da

grande obra historiográfica Um estudo de história (1934-61, 12 v.), da qual há uma edição condensada em um volume, já publicada no Brasil.

13

>» RETRATO DO PRIMEIRO MILÉNIO “Por muito tempo os historiadores imaginaram o ano mil como um momento de terror, trevas e torpor, em que os cristãos do Ocidente, persuadidos da iminência do fim do mundo, viviam transidos de pavor e incapazes de qualquer empreendimento... Na realidade, o ano mil não surge absolutamente como um acabrunhado crepúsculo, mas como uma brilhante aurora.”

(Perroy, Edouard. A Idade Média. In História das civilizações. v. 7.

São Paulo, Difel, 1974) A transição

Na divisão acadêmica da história, define-se como Idade Média o período

compreendido entre a fragmentação do Império Romano, a partir do século V

da era cristã, e o advento do Renascimento, no século XV, época que coincide

com as grandes descobertas marítimas. Para muitos historiadores o período corresponde a uma fase de transição entre o antigo e o moderno, momento que dificilmente irá se repetir com a mesma carga de preconceitos e decadência. Pretender considerar todo esse milênio como uma unidade certamente seria um equívoco por demais grosseiro. Entretanto, pelas mesmas razões já enfocadas, não nos interessa discutir o mérito ou a validade dessa colocação,

mesmo porque o propósito desta revisão do passado reside apenas na identificação dos acontecimentos que de alguma forma estiveram relacionados com a temática principal ou que, pelo menos, possam ajudar a compreendê-la. Assim, avaliando esses dez séculos de história do homem sobre a face da Terra, concordamos com os que indicam o final do século IV como o marco do nascimento de uma nova civilização, a européia, dividindo-os em dois grandes blocos, o do período compreendido entre os séculos V e X, quando o mundo de então alarga seus horizontes geográficos, e o subseguente, quando se observa O

desencadeamento de mudanças profundas através das quais a Europa irá paulatinamente se transformar.

O limiar do segundo milênio Já que vamos nos situar em algum ponto, vejamos como viviam os europeus por volta do ano 1000. A Europa, desde o século V, estava dividida em dois impérios: o oriental ou Bizantino, que embora tivesse recebido o pomposo nome de Nova Roma e 14

contasse com uma capital do porte de Constantinopla, rica e próspera, ainda era bárbaro e selvagem, e o ocidental, que apesar de civilizado e latinizado sob

a égide da Igreja católica, herdeira e representante da antiga cultura romana, se

apresentava arruinado e devastado. O período anterior fora de total confusão, com saques, violência e impunidade. O poder do rei, figura que remonta à Antiguidade, estava enfraquecido e as propriedades desmembradas, transformando o continente em uma verdadeira colcha de retalhos, com a proliferação dos feudos, aldeias fortificadas circundadas por terras cultiváveis onde os aldeãos trabalhavam. No final do primeiro milênio, do ponto de vista político, a Europa era um

grande campo de batalha onde os combates se sucediam, muitas vezes até por

motivos fúteis,geração após geração, num clima de violência, miséria, ignorância e superstições, e que possivelmente a teriam aniquilado não tivessem alguns feudos se tornado tão poderosos a ponto de poder dominar toda uma região e nela manter certa ordem. THE

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A Europa estava dividida em dois grandes impérios.

O sistema feudal O fato é que ninguém podia se sentir seguro em uma situação como essa. A opção acaba sendo procurar proteção junto ao mais forte ou correr o risco de ter de enfrentar sua hostilidade. Assim, os fortes acabavam protegendo os fracos, mas estes, para obter essa proteção, tinham de pagar um preço muito alto: na maioria dos casos, os mais fracos acabavam se transformando em servos.

15

Os nobres sabiam que para poder exigir devotação e lealdade era necessário dispor de meios eficazes para garantir a proteção de seus subordinados.

Foi apenas uma questão de tempo e oportunidade para se chegar às alianças entre protetores e protegidos, objetivando a defesa mútua, e a imevitável consolidação de um “sistema feudal” e vassálico. Costuma-se dividir o feudalismo em três partes: a formação, que vai do século V ao X. a consolidação. do século XI ao XIII. e o declínio, a partir do século XIV. De sorte que o estado feudal, se é que havia uma organização que pudesse receber essa denominação, se consolida exatamente no limiar do segundo

milênio, em um clima em que a lei particular prevalece sobre a geral, simples-

mente porque esta deixara de existir. Sob uma ótica política, o feudalismo representou uma pulverização do

poder, em que o direito de governar era confundido com o direito de proprieda-

de ou, mais especificamente. de posse. Como vimos, em troca da proteção e

assistência os súditos obedeciam e serviam ao senhor feudal, constituindo uma

dívida que podia ser paga em moeda, alimentos, trabalho ou fidelidade militar. O feudalismo teve suas origens nas crises do Império Romano, no século

V, e foi o resultado de antigas instituições largamente praticadas pelos roma-

nos e germânicos: a villa romana, propriedade rural que deu origem ao feudo, e o colonato, regime que vinculava o camponês à terra por ele cultivada. A estas se agregaram a commendatio, uma espécie de acordo em que um vassalo se colocava sob a proteção de um senhor e em troca se obrigava a servi-lo, e o beneficium, que correspondia à cessão de um lote de terra mediante o pagamento de aluguel ou prestação de serviços. O feudo, uma grande propriedade rural onde existia, geralmente, um castelo fortificado, servia de residência para o senhor feudal. Junto dele ficava a aldeia, onde habitavam os servos e se situava a igreja. As pastagens e campos eram divididos em manso senhorial, onde eram produzidos os gêne-

ros destinados ao senhor, e manso servil, onde os servos podiam desenvolver

suas culturas.

O cristianismo À civilização desse período é essencialmente cristã ou, mais especificamente, católica. O cristianismo é o veículo da civilização, embora a autoridade

do papa esteja decadente e envolta em constantes escândalos. A cultura, de um modo geral, ficava concentrada nos mosteiros e aba-

dias, guardiões das velhas escritas e documentos que haviam sido salvos da destruição pelos bárbaros. Era comum os monarcas e nobres nomearem membros do clero, como arcebispos ou outros que, na maioria das vezes, eram seus parentes ou elementos de confiança, porém desprovidos de vocação ou méritos. Dessa forma era natural que o clero se imiscuísse no cotidiano, assumisse posições de mando ou diplomáticas, tivesse propriedades, construísse, enriquecesse e até acabasse garantindo segurança e prosperidade nas regiões que explorava, negligencian16

do sua tarefa principal, que era a difusão da palavra de Deus e a formação dos sacerdotes. Pode-se portanto afirmar que a Igreja, além de propagar a fé e defender a

igualdade entre os homens, estava intimamente envolvida nos negócios em geral, porque isso lhe garantia maiores possibilidades de atuação e lhe assegu-

rava a manutenção do monopólio da escrita e da cultura. Na Europa, e em particular na Inglaterra, esse envolvimento fo! tal que os sacerdotes participavam de conselhos reais e muitos bispos chegaram a obter os mesmos privilégios dos cavaleiros. Convém, no entanto, ressaltar que havia uma considerável diferença entre os “senhores” do clero e os demais senhores feudais. Os do clero, em princípio, deviam lealdade, prioritariamente,

a Roma, sede da Igreja católica, e só secundariamente prestavam serviços e hipotecavam fidelidade ao rei pela posse e exploração de terras. Embora tenha sido alvo de críticas, isto não quer dizer que a Igreja católica não tenha prestado serviços à humanidade. Ao contrário, criou escolas. universidades e obras assistenciais, abrindo por meio de sua propagação a perspectiva de um futuro Estado moderno e, embora esta não fosse sua intenção, levou o homem a pensar. À economia

O feudalismo caracterizou-se por uma economia de subsistência. Desde a invasão da África pelos árabes, os europeus não conseguiam

enviar suas naus ao Mediterrâneo, e o comércio, já debilitado pela decadência romana, involuiu ainda mais, desaparecendo o trânsito de mercadorias e o trá-

fego entre as regiões. As cidades haviam perdido sua característica de centro comercial, já que

pouco restava para se comercializar.

À economia medieval se concentrava, por isso, na agricultura de subsis-

tência, realizada em unidades rurais autônomas: os feudos. Com isso, os trabalhadores passaram a ter nessas atividades agrárias sua principal fonte de produção econômica. O panorama era tipicamente rural. No século XIII, menos de 20% da população vivia em centros urbanos, vinculada a um sistema de produção apoiado e impulsionado basicamente pela guerra. Assim, a produção de armas. o abastecimento das tropas e o pagamento de mercenários podem ser apontados como as atividades principais do feudo. Estas, por sua vez, geravam estímulos para o desenvolvimento das rurais, que se mantinham com um índice de produtividade baixíssimo, numa economia fechada, sem mercados externos e fundamentadas nas trocas. Qualquer contratempo, como uma seca prolongada, excesso de chuvas etc., era responsável por uma anormalidade na produção e poderia resultar em fome.

Em síntese o que a sociedade feudal produzia provinha basicamente da

terra. Portanto, fica fácil entender por que naquela época a terra se tornara sinônimo de riqueza e poder.

17

O sistema de trabalho, como se sabe, estava baseado na servidão. Em consegiiência da moral cristã, a instituição escravista praticamente havia desa-

parecido. Ademais,

a manutenção

de escravos

havia atingido um

alto custo,

que a tornara impraticável. No regime de servidão o indivíduo ficava preso à propriedade, que não podia abandonar. Não chegava a ser um regime de escravidão, pois ele não podia ser separado de sua família nem de sua terra, mas também não chegava a ser um sistema de liberdade total. Havia camponeses livres e sobretudo sérvios, todos ligados ao senhor, detentor da posse da terra, a quem deviam obe-

diência em troca de proteção. Embora tenha se verificado uma considerável diversidade de situações de um feudo para outro, pode-se afirmar que o elemento fundamental do feudalismo era a obrigação do vassalo e do servo para com o senhor, prestada geralmente sob a forma de gêneros e serviços. O trabalho e a produção, por sua vez, eram realizados a partir de uma

técnica bastante rudimentar. Os produtos e serviços eram simplesmente entre-

gues ou prestados ao senhor. Não eram vendidos, como ocorre hoje, e isso constituía a própria essência do regime feudal. Assim, a produção resultava de apenas dois fatores: terra e trabalho, pois

o capital, ainda que existisse, não era necessário.

A verdade é que poucos dispunham de capital para aplicar, e, mesmo que dele dispusessem, dificilmente encontrariam alguma forma interessante para fazê-lo. Era um capital estático, geralmente entesourado e improdutivo, mesmo porque quase nada era comprado. O homem produzia quase tudo de que necessitava para o seu dia-a-dia, que, na prática, se traduzia basicamente em alimentação, vestuário, algumas ferramentas e utensílios. Quando havia necessidade de alguma troca, esta era

feita na base do escambo, isto é, uma troca direta sem interveniência da moeda,

geralmente no próprio feudo ou em alguma cidade próxima, pois as estradas eram poucas, muito precárias, inadequadas e povoadas por assaltantes de toda espécie. Ademais, muitos senhores cobravam pedágio para permitir o trânsito por suas terras.

A sociedade A sociedade feudal, tipicamente aristocratizada e estamental (isto é, com

grande imobilidade de status, sendo praticamente impossível passar de uma camada social para outra), era na prática um sistema de suserania e vassalagem, baseado na concessão e posse de feudos, onde quem concedia o feudo era o senhor ou suserano e quem o recebia era o vassalo, formando uma hierarquia onde O rei era o suserano maior, embora sua autoridade fosse geralmente ignorada.

Essa sociedade, organizada em uma complicada rede de direitos e obrigações, era rigidamente dividida em três grupos: a nobreza, o clero e os trabalhadores. Os nobres, também guerreiros, em sua hierarquia, governavam e pro-

tegiam; os trabalhadores ou camponeses, que representavam a grande maioria e eram responsáveis pelo provimento das necessidades e desejos dos senhores, 18

estavam subdivididos em servos, que eram semilivres, e vilões, que eram hi-

vres: e, finalmente, o clero, que rezava pela salvação dos homens, com seu discurso acabava legitimando esse estado de coisas.

A população Do ponto de vista da população e sua distribuição, o que caracteriza O período é o tremendo vazio demográfico. Vez por outra O quadro se modifica, enor Os são ece man per que o mas , onal laci popu a curv na ação elev ma algu com mes espaços despovoados. Como se sabe, as causas para essa baixa densidade populacional foram as guerras constantes, as epidemias e, em particular, a subnutrição e a falta de

maesti VII lo sécu do a volt por , idéia uma ter se para Só as. tári sani s içõe cond se que a Inglaterra tivesse cerca de dois habitantes por quilômetro quadrado.

Até então, a expectativa de vida era muito curta, geralmente ao redor de

trinta anos, o que fazia com que o homem passasse à condição de adulto muito cedo. A mulher vivia ainda menos, morrendo geralmente em consegiiência do parto. De cada cem crianças que sobreviviam ao parto, pouco mais da metade chegava à puberdade. É por isso que nos relatos de batalhas da época encontramos ós vencedores levando como presas mulheres e crianças. Com a queda do Império Romano, grandes áreas que eram cultivadas foram abandonadas, fazendo com que os poucos habitantes restantes se dispersassem ainda mais, preocupando-se em produzir apenas para sua satisfação imediata. Quando, no final do século IX, as áreas de cultivo voltaram a se expandir em virtude dos progressos da agricultura, as taxas de natalidade cresceram e as de mortalidade diminuíram, fazendo com que, após vários séculos de declínio demográfico, se iniciasse na Europa um verdadeiro surto de crescimento populacional. O quadro se inverteu de tal forma que se estima que nos séculos X e XI houve um crescimento populacional significativo em algumas regiões. A rigor, entretanto, somente a partir do século XVIII é que se registra uma verdadeira expansão demográfica por quase toda a Europa.

A Inglaterra Pouco se sabe da história da Inglaterra nos primeiros tempos. Consta que no início da era cristã ali habitaram os celtas, originários do vale do Danúbio, ao norte dos Alpes, e da Gália, seguidos pelos bretões vindos de regiões da atual França, cuja língua diluiu-se sob o influxo das invasões germânicas. Os celtas foram expulsos pelas tropas romanas do imperador Cláudio Iem 43 d.C. Durante os três séculos seguintes o território foi mantido como província de Roma, com o nome de Britânia. A ocupação durou até 410. Quando os romanos se retiraram, os bretões

ficaram divididos e frágeis, permitindo que entre o final do século VI e o início do VII os normandos (noruegueses e dinamarqueses) se fixassem em seu ter19

ritório e o saqueassem sistematicamente. Ao final desse processo, o duque da Normandia se tornou rei da Inglaterra. Os ingleses sofreram duramente com essas invasões. Na metade do século X ainda se lutava contra os dinamarqueses e a nação ainda se encontrava bastante desunida. Mas as coisas não permaneceram assim para sempre. Os anglo-saxões, ao final do milênio, estavam se recuperando progressivamente e o feudalismo inglês, por ter se estabelecido mais tarde e por ter sido, de certa forma, organizado pelo próprio monarca, instituiu uma ordem hierárquica mais rígida, com maior subordinação ao rei.

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À divisão política da Inglaterra por volta dos séculos X e XI.

20

3. A REAÇÃO "Mas

o movimento

povos. Tem

de agora afeta nações,

amplitude sem

reinos, línguas e

precedentes. É manifesto que

representa algo de novo na face da Terra, que é O sinal de uma nova e clara conexão jamais sentida entre o interesse comum e à consciência do homem comum.”

(Wells, H.G. História universal. v. 4. São Paulo, Edigraf, 1972)

As cruzadas

Do século XI em dianté a história registrou uma série de acontecimentos sIndu ção olu Rev da são eclo a para os ativ ific sign ver, o noss a e, es ant ort imp

trial. Não tivessem ocorrido, certamente o rumo da história teria sido outro.

Bizâncio, a antiga capital do Império Romano do Oriente, estava no apogeu de seu esplendor e os mercadores que de lá regressavam traziam mercadorias fantásticas e muito cobiçadas.

Outro acontecimento significativo foi o advento das cruzadas, que po-

dem ser consideradas como a principal expressão do imperialismo medieval. Nesse período. surge em Roma um estadista excepcional, Hildebrando, que foi eleito papa com o nóôme de Gregório VII (1073-85). Ele foi responsável pela reorganização da Igreja, combatendo os estigmas da corrupção e do vício que nela haviam se instalado. Essa reconstrução moral da Igreja era sumamente importante, sobretudo se lembrarmos que o papa romano era o único patriarca ocidental reconhecido e que a Igreja representava a única força realmente organizada durante a Idade

Média, monopolizando a cultura e a educação; além disso, sua autoridade so-

bre os fiéis era incontestável e ela detinha, em muitos reinos da Europa, uma boa parte das propriedades (terras). O esplendor de Bizâncio há muito despertava a cobiça dos muçulmanos, de sorte que o imperador bizantino Miguel VII, ante a iminência da invasão turca, pediu socorro ao papa Gregório VII. Como o socorro tardava, seu suces-

sor, o imperador Aleixo, voltou a apelar ao papa. Urbano II (1088-99), sucessor de Gregório, entendeu que repelir o ataque dos muçulmanos ao território bizantino seria uma excelente oportunidade de reunificar as forças da Europa ocidental em torno da Igreja e tratou de aproveitá-la imediatamente, convocando um concílio em Piacenza, na Itália, em 1094, quando os enviados de Aleixo foram ouvidos. No ano seguinte, Urbano

mobilizava, em um grande concílio na cidade francesa de Clermont, a nobreza

e o clero daquele país, exortando-os a lutar contra os turcos. Do pedido de ano Urb ndo qua 5), (109 d ran Fer ntrmo Cle de io cíl Con ao io ânc Biz de rro soco

21

os tra con rra gue na em nar uti acl se de o nt me mo o o gad che era que proclamou infiéis, menos de um ano se passara. os Rapidamente todos se convenceram de que as guerras entre Os cristã

lia a par dos igi dir os orç esf os os tod e sas pen sus e ent tam dia ime deveriam ser

bertação do Santo Sepulcro. Pela primeira vez surge na de união de grande amplitude, num empreendimento 1096 a primeira cruzada organizada partia em direção Nesse mesmo período os normandos expulsaram Tejo e Guilherme, o Duque da Normandia, derrotou O

Europa um movimento sem precedentes. Em ao Oriente. os árabes para além do saxão Haroldo (1066) e

reconquistou a Inglaterra. Deve-se ter presente que as cruzadas não constituíram um movimento exclusivamente religioso. Seria pura ingenuidade não enxergar por trás desse

ardor propósitos mesquinhos ou inconfessáveis. Se por um lado havia o desejo de todo cristão de poder empreender, livremente, uma visita à Terra Santa, por outro havia o interesse da Igreja latina, que estava muito mais dirigido para

subjugar a bizantina do que socorrer seu império. Avaliando a questão sob outro ângulo, verificamos que existia a ameaça de domínio de todo o comércio oriental por parte de Constantinopla e dos povos do Mar Negro, o que certamente contrariava as expectativas dos mercadores italianos que desejavam estender seu império comercial naquela direção. A verdade é que, embora a proposta tivesse sido simplista, multidões foram impelidas pelo desejo de conquista e sobretudo de participação em uma cruzada, que paulatinamente despontava como uma ampla possibilidade de negócios, prenunciando o futuro mercantilismo. Embora não se deva superestimar a importância das cruzadas, posicionando-as como a causa principal do progresso que irrompeu na fase final do

feudalismo, apontar seu advento como o primeiro grande'impulsionador dessa

revolução não é descabido, pois foi graças a elas que se abriram os caminhos

para o Mediterrâneo, expandiram-se os mercados, reintegrando o Ocidente e O Oriente, além de se intensificar a circulação dos metais e das moedas. Não se deve esquecer também que, além de possibilitar a introdução de

hábitos de luxo e conforto trazidos do Oriente, as cruzadas foram responsáveis

pela introdução, na Europa, do moinho de vento, da catapulta, de novos pro-

cessos de fabricação de vidros e de tapetes, do cultivo da cana-de-açúcar € do arroz, além de outras frutas e plantas. Quando não foram consegiiência direta das cruzadas, os eventos desencadeados a partir desse movimento, mesmo que em menor grau, constituíramse em grandes responsáveis ou impulsionadores dos acontecimentos subse-

quentes, cujo encadeamento culminou com o advento da Revolução Industrial.

O apogeu do feudalismo A partir do século XI, o feudalismo, que se caracterizara pela economia de consumo, pelas trocas, por sociedades estáticas e poder político descentralizado, se organizou e a Europa viu o panorama começar a mudar.

22

Sob a proteção do castelo, com suas muralhas de pedra, a agricultura

progrediu consideravelmente, graças sobretudo ao desenvolvimento de novas

técnicas e algumas importantes inovações. Na metalurgia surgiu o emprego do ferro na fabricação de implementos. m lage atre de ema sist novo o como , icas técn s açõe inov iram surg ura cult agri Na num o pres era al anim O antes o; arad ao lo) cava o nte alme ncip (pri do animal um rua, char A de. cida velo sua nuia dimi e a xiav asfi o que o sistema de garrote, , terra na s undo prof mais os sulc ssem fize se que itiu perm do, pesa arado mais traba al anim o que itou ibil poss a adur ferr da ão adoç A -evolvendo-a melhor. e tio plan para terra da são divi de al trien ema sist O . ferir se sem lhasse mais, solo. do aste desg r meno em ltou resu , uras cult das ção rota com , colheita áreas das o iaçã ampl a e e idad utiv prod da nto aume o e ve-s obte isso Com se s troca as que com fez que ia, dânc abun a foi a ênci cultiváveis. A consegii se consolidou que a ômic econ lada esca nova uma a o iníci o dand expandissem,

graças ao aperfeiçoamento dos transportes. giu sur is ria ust ind s ade vid ati ras mei pri das e io rc mé co Com o advento do o mp ca no ão uç od pr À po. cam o e ade cid a re ent ho bal tra de o isã uma certa div com a par ro hei din o end obt , nte ede exc o der ven e pôd ês on mp aumentou e o ca mes a ser de am xar dei o esã art e or rad lav a, nci iiê seg prar outros bens. Em con ma pessoa.

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Uma

aldeia medieval

À me ke

A emancipação das cidades Com a expansão das atividades agropecuárias no campo, as cidades perde-

ram seu caráter agrário. passando a abrigar as atividades comerciais e artesanais. Nos centros. onde havia normalmente um castelo. uma igreja e uma zona fortificada denominada burgo, o comércio começou a se expandir e as populações cresceram.

Não demorou e as cidades, isto é, os novos burgos adquiriram a condição de centros de atividades comerciais e, se já se pode assim colocar, industriais, pois abrigavam um número crescente de artesãos que forneciam aos agriculto-

res os produtos que fabricavam. Ao contrário das antigas vilas, os burgos, muitas vezes situados fora das muralhas e mais amplos, organizaram-se ao redor | dos espaços destinados ao comércio.

Sua emancipação não tardou, tendo início em locais como Flandres (atual

região dos Países Baixos-Bélgica), Picardia (nordeste da França) e Londres.

Os artesãos. por sua vez, logo descobriram as vantagens de se organizarem. Surgem as corporações de ofício, que reuniam num burgo, hierarquicamente, todos os artesãos de um mesmo ofício (mestres, jornaleiros e aprendizes). objetivando a melhora da qualidade e das condições de trabalho, a regulação de preços e salários, além da possibilidade de influir na política. A partir dessa época, as populações, que muitas vezes haviam se mantido estáticas ou até decrescido, já que nessa fase da Idade Média ainda prevale-

cia a alta taxa de natalidade aliada à alta taxa de mortalidade, iniciaram uma

curva ascendente. aumentando de forma contínua até o século XIII. Este crescimento, numa espécie de “círculo vicioso”, iria estimular a ampliação das áreas de cultivo e da oferta de alimentos, que por sua vez requisitaria cada vez mais braços. Como consegiiência, houve o barateamento da mão-de-obra, o que tornou possível a expansão do trabalho assalariado. No campo, o moinho de água e em seguida o de vento passaram a ser utilizados como geradores de força motriz para impulsionar a produção, liberando com isso mais mão-de-obra, que fluía para os burgos. A terra, que antes constituía a única fonte de riqueza, cede lugar ao co| mércio, até então restringido pela insegurança e precariedade das estradas. O comércio se expande a distâncias cada vez mais longas, recorrendo, inclusive, ao transporte marítimo, que, além de consideravelmente mais barato, permitia trazer para o Ocidente as mercadorias raras e muito apreciadas do Oriente. Com a divisão de trabalho entre a cidade e o campo, tanto mercadores como cidadãos passaram a conquistar direitos que refletiam a importância des-

sa divisão como nova fonte de riqueza. É difícil tentar separar, nesse período, crescimento urbano e crescimento comercial ou, mais adiante, industrial.

Pode-se apontar, sem qualquer sombra de dúvida, a indústria da construção e a têxtil como as mais significativas da época. À partir do século XI construiram-se por toda a Europa muitas abadias,

mosteiros e catedrais. Com o surgimento da burguesia, além de igrejas e castelos, passou-se a construir casas e mansões. Embora a construção tenha sido

24

mais organizada e tido um surto desenvolvimentista fantástico, principalmente

pelo aumento das populações e do surgimento dos novos ricos, a indústria têxtil foi, ainda, mais importante. Dificilmente se encontrava uma cidade de porte

que não dispusesse de pelo menos uma oficina têxtil.

Os maiores centros industriais têxteis estavam localizados em Flandres,

na Itália e na Inglaterra, tendo como principal matéria-prima a lã, cujos maiores fornecedores eram os britânicos. A expansão foi tal que alguns autores defendem a tese de que nessa época teria havido uma verdadeira revolução industrial medieval. O que se observa é que, nesse período, as cidades passaram a requerer cada vez mais alimentos e matérias-primas, fazendo com que os mercados se

ampliassem rapidamente, com a conseqgiiente expansão da circulação de moedas, que até então tinham a característica de reserva de valor e se destinavam ao entesouramento.

A paisagem do campo se alterava continuamente, surgindo com grande ênfase a pecuária, não só para o fornecimento de alimentos, mas também de lá, matéria-prima propiciadora de grande impulso na indústria têxtil. Nos arredores de Londres explorava-se o minério de ferro e introduziase, na fundição, o fole de forja, que possibilitou o aumento de calor. A Europa

conheceu os altos-fornos a partir do século XIV e logo se aprimoraram as técnicas de fundição e ferraria.

Uma

nova classe social

Tudo isso levou a uma mudança radical na sociedade feudal, até então fundamentalmente rural.

Entre os séculos XI e XIII foi grande o crescimento comercial e urbano. A burguesia tomou corpo e a sociedade rapidamente reconheceu uma nova categoria: a classe média. Com o desenvolvimento, a nova classe tendeu a se opor aos senhores. Os monarcas, que haviam

mergulhado

na decadência e desprestígio, viram

nisso uma oportunidade para combater os senhores feudais e recuperar sua posição. As alianças entre monarcas e burgueses proliferaram de tal forma que muitos historiadores chegam a afirmar que sem elas a realeza teria sucumbido ao feudalismo. No caso particular da Inglaterra, a conquista normanda implantara um rígido sistema de submissão que convergia para o soberano e não permitia, salvo raras exceções, o surgimento de senhores feudais com muito poder ou grandes domínios. Isso, sem dúvida, foi posteriormente aproveitado pelos monarcas ingleses. Desde 1154, no reinado de Henrique II, todo um sistema político-militar foi sendo sucessivamente implantado. Já em 1215 era promulgada uma Carta Magna, que definia e restringia os poderes da monarquia. A Igreja, que representara a única força realmente organizada durante a Idade Média e que tinha sido a principal responsável pela concepção hierarquizada da sociedade — “cada um tem sua função e deve cumpri-la para agradar a

Deus e assim ganhar a salvação” —, começou a ser questionada.

25

tri dou da a nci luê inf por , XI) a IX os cul (sé ico típ o ism dal feu do e Na fas tirés emp os re sob os jur de ça ran cob à é, isto ra, usu a , nte ina dom na cristã pre da. ibi pro nte eme ant min ter to, tan por e, ado pec ve gra um mos, era considerada nqua io, érc com O . ção ibi pro a ess r iti adm e er Até então. era fácil entend ndo qua , que te sor De . são res exp a um nh ne se qua ou ca pou ha do existia, tin e a nci rgê eme uma alg a e fac er faz a par era o, tim rés emp um a ia orr rec alguém não para utilizá-lo em alguma forma de enriquecimento ou para obter algum lrea em qu a da aju a um mo co to, tan por e, a-s zav eri act car o tim rés lucro. O emp

o ça, gra des sua ar ent aum a par r bui tri con ia ser os jur rar Cob va. ita ess nec mente que, certamente, para OS padrões da época era, no mínimo, injusto.

Quando o comércio começou à se expandir, os comerciantes esbarra-

s ade nid rtu opo as r lia amp a par ro hei din de vam ita ess nec ma: ble pro m ram nu de negócios e isso significava, muitas vezes, ter de recorrer a empréstimos. Ora, com a usura condenada e o dinheiro assumindo um papel cada vez mais m nu ava arr esb ial erc com ão ans exp a ia, nom eco da dia -adia no e ant import sério entrave. O que fazer então?

Mais uma vez, foi uma questão de tempo e oportunidade. À doutrina da Igreja chocou-se com a força dos comerciantes e não teve escolha: foi cedendo a ão, ent de tir par A r. ina dom pre a sou pas ial erc com a tic prá a e te men gradativa sociedade ingressou em nova fase de desenvolvimento. Não demorou (séculos XII e XIV) e os senhores feudais começaram a | alugar suas terras.

a. sm me a era não já os óci neg dos a” ofi los “fi a V XI ulo séc do al fin No

Uma certa “revolução econômica” se iniciara. Começava a transição do feudalismo para O capitalismo.

O declínio da o ent rem inc vel erá sid con um a ido ist ass mos ter de o fat o e pes que Em não nal cio ula pop to men sci cre o , XII e XIl XI, s ulo séc nos produção agrícola rea pel ou tos men ali de ão duç pro a pel te men nal cio por pro o ad foi acompanh exdo sen bou aca co áfi ogr dem to men sci cre o e, dad ver Na a. uez riq da partição cessivo para a época, uma a nci iiê seg con mo co e tev s ade cid das or mai vez a cad a A demand s tei fér os men as áre de o açã liz uti l áve vit ine a com , ras ter de ão paç ocu maior

cuja produtividade se esgotava em pouco tempo, provocando a desestabiliza-

ção do equilíbrio produção-consumo. tas mui ão ans exp de o íod per se nes que da, ain ta, con em ar lev e e-s Dev florestas foram dizimadas (a madeira constituía a principal matéria-prima da construção, além de ser praticamente o único combustível), comprometendo

seriamente, já naquela época, o equilíbrio ecológico e interferindo significativamente nas condições climáticas, fator fundamental para uma economia essencialmente agrária. Os problemas não se fizeram esperar.

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Se de um lado alguns setores experimentaram uma notável expansão, de outro surgiram mudanças significativas no relacionamento entre os proprietários e a força de trabalho. Essas transformações não foram uniformes, provavelmente porque na época os proprietários não conheciam o verdadeiro significado de certos fenô-

Ê

2

menos econômicos. Em algumas localidades houve pressão para que se reforçassem os laços de servidão, ao passo que em outras às relações caminharam

para um vínculo patrão-assalariado. De qualquer forma, seja pelos custos da guerra, seja pela produtividade decrescente, o resultado foi uma crescente elevação das exigências sobre os os contra -se revoltaram ou exploração à fugiram reação em que camponeses, senhores. No século XIV, possivelmente devido às péssimas condições de higiene

e a uma certa aglomeração da população nas cidades, houve um grande surto de fome (1315-17) — conseqiiência do crescimento demográfico e do jnsucesso nas colheitas, com a correspondente elevação dos preços dos gêneros alimentícios — que atingiu principalmente as populações urbanas. Em seguida houve a chamada Peste Negra (1347-53), hoje conhecida como peste bubônica, provavelmente trazida da China por mercadores que chegavam a Florença. Guilherme, o Conquistador, havia sido rei da Inglaterra e, ao mesmo tempo, duque da Normandia, o mesmo acontecendo com vários de seus sucessores. Eles foram, por isso, senhores de vastos domínios da França, sempre tratando de obter o máximo de vantagens sobre as mesmas. Além disso, havia o aspecto político-sucessório, já que, pelo parentesco, Os reis ingleses se julgavam com direitos ao trono francês. Somem-se,

ainda, os constantes conflitos

de interesses econômicos, que disputavam, sobretudo, o domínio do comércio da lã proveniente de Flandres (que corresponde atualmente a parte do território francês e à Bélgica). Foi inevitável: eclodiu um prolongado conflito armado que, embora com alguns momentos de paz, durou aproximadamente cem anos (1336-1457). A Guerra dos Cem

Anos,

além de provocar muitas baixas, dizimou

a

agricultura e desorganizou as atividades comerciais da Europa central. Esses eventos foram suficientes para reduzir em cerca de 30% a população européia, que somente retornaria aos níveis demográficos de então na segunda metade do século X VI. Relatos da época nos dão conta de que, só em Paris, com a Peste Negra, morriam cerca de oitocentas pessoas por dia, e a Inglaterra, que por volta de 1320 possuíra cerca de 4 milhões de habitantes, em 1377 estava reduzida a menos de 2,5 milhões. Embora não se tenha dados precisos, com tão drástica redução populacional era de se esperar que houvesse uma considerável diminuição na oferta de mão-de-obra e que os sobreviventes passassem à exigir maior remuneração. No campo foi inevitável o choque entre os senhores e os camponeses. Os levantes de camponeses no século XIV, que ficaram conhecidos como jacque-

ries, foram em parte os grandes responsáveis pela desagregação do sistema de servidão e pelo surgimento do arrendamento.

21

Nas cidades. a mão-de-obra também se valorizou consideravelmente. As associações de trabalhadores (corporações de ofício) acabaram por ser dissolvidas e os extremos logo surgiram nas cidades: ricos de um lado, miseráveis de outro.

As revoltas foram uma questão de tempo e atingiram, também, a maioria das grandes cidades da Europa ocidental. Era uma verdadeira luta de classes. Ao final desse período, a Europa passava por uma profunda e prolongada

crise de desenvolvimento. Faltavam produtos agrícolas e sobravam os manufaturados, que não tinham compradores, fazendo com que os mercados e, com eles, o poderio das cidades declinassem. A única possibilidade de expansão de negócios foi a busca de novos mercados, com novos consumidores e fornecedores. Paralelamente, com tantos reveses e em meio a tantas disputas de ordem

política, religiosa e sobretudo econômica, o espírito de patriotismo e o conceito de nação pareciam ganhar corpo em toda a Europa. Mais uma vez, seja pela condição de isolamento em relação ao restante da Europa, seja pela experiência adquirida no passado, na Inglaterra esse sentimento parece ter vingado antes que em outros pontos do continente, e já no século XIII a idéia de nação começava a se consolidar, conferindo poder ao rei, primeiro pelo princípio da autoridade, depois pela força. No final do século XV a Inglaterra já constituía o que se entende por uma nação, embora a divisão política da Grã-Bretanha tenha durado até o início do século XVIII.

28

4. A TRANSIÇÃO

(Rostow, W. W. Etapas do desenvolvimento Janeiro, Zahar Editores, 1974)

econômico.

Rio de

Re

me

"As precondições para o arranco se desenvolveram pela primeira vez, de forma bem-acentuada, na Europa ocidental do fim do século XVII e início do XVIII, à medida que as concepções da ciência moderna principiaram a se converter em novas funções de produção, tanto da agricultura quanto da indústria, num ambiente dinamizado pela expansão paralela dos mercados mundiais e pela concorrência internacional por estes. Não obstante, tudo que se oculta por trás da decomposição da Idade Média diz respeito à criação das precondições para o arranco na Europa ocidental.”

O economista geralmente utiliza o vocábulo “revolução” para definir um

processo de transformação radical, mas não necessariamente violenta, de uma

estrutura ou de conceitos.

É com esse significado que damos ênfase ao que apelidamos de revolu-

ções neste capítulo, sobretudo porque representaram profundas modificações estruturais na sociedade, na cultura, na religião, na navegação, no comércio e em outras atividades. De um modo geral, no início do século XIV a desintegração do feudalismo já era notória em toda a Europa. Aliás, não era somente o sistema feudal que declinava; o sistema corporativo, o papado, o Império Romano e tudo o mais parecia estar chegando ao fim. Em seu lugar iam emergindo gradativamente novas instituições, hábitos e comportamentos.

O Renascimento Renascimento geralmente é o termo utilizado para denominar o período que se estendeu de 1300 a 1650 e que antecedeu a Idade Moderna, quando surgiram, inicialmente na Itália e a seguir por toda a Europa, diversas transformações que resultaram na ruptura definitiva com a Idade Média. Da maior importância para as artes e a cultura em geral, não se pode dizer, entretanto, que o Renascimento tenha tido somente um caráter cultural ou religioso. Evidentemente, teve uma amplitude muito maior, abrangendo também aspectos econômicos, sociais e políticos. Assim, convém registrar que, no que tange aos aspectos socioeconômi-

cos, esse período de transformações, na medida em que serviu de cenário a

29

atiific sign cas mar xou dei bém tam tes, rtan impo e ent alm igu s çõe olu rev outras al. stri Indu ção olu Rev à ção dire em em hom do lada esca na vas

Como já apontamos, O Renascimento, no comércio, esteve intimamente

ligado à expansão decorrente do advento das cruzadas, que reintegraram o Ocia. époc na o cad mer do ção lia amp da e part boa am iar pic pro e nte Orie o e dente anexp de de ida ess nec à das alia as, tist scen rena as idéi as nte, adia s emo ver Como são de mercados, impulsionaram a Europa em direção às conquistas marítimas. Aliás. comércio e arte andavam juntos no Renascimento, já que se pode afirmar que foi a riqueza oriunda do comércio que acabou financiando os cientistas e artistas da época. Com

o surgimento das crises do feudalismo verificaram-se mudanças

profundas no sistema. As mais significativas corresponderam às modificações no relacionamento entre senhores e servos, propiciando, em muitos casos, o

desenvolvimento do capitalismo e a abertura, ou melhor, a passagem do sistema de servidão para um sistema assalariado. A Renascença manifestou-se inicialmente na Itália, onde eclodiu com

maior vigor e produção, difundindo-se em seguida por toda a Europa ociden-

tal, graças sobretudo à imprensa, que surgiu na Alemanha, no século XV, in-

ventada por Johannes Guttenberg, e que possibilitou a reprodução mecânica e consegiiente barateamento do livro e sua divulgação. Pode ser considerada como uma grande revolução cultural, inspirada no humanismo, que acabou por influenciar todo o pensamento da época. Nas ciências, que também tiveram um grande progresso, poderíamos destacar os avanços da astronomia, com Nicolau Copérnico, Kepler e Galileu. Na

relisião, os adeptos seguiram a linha do humanismo cristão, com O objetivo de

propagar uma religião simples e isenta do dogmatismo e do ritual até então existentes. Na construção, os séculos XIV e XV foram marcados pelo surgimento das catedrais góticas e paços municipais. Enfim, impulsionada por esse conjunto de transformações que se consolidaram no Renascimento, a partir do século XV verificou-se uma total revolução na mentalidade vigente, sendo crescente o interesse do homem pelo progresso técnico-científico.

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A Reforma A expansão comercial e urbana acabou por aprofundar uma questão que já incomodava há um bocado de tempo: as normas religiosas do período feudal.

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O Renascimento, por sua vez, havia despertado o espírito de questiona-

mento em vários pontos, inclusive religiosos. Embora a reação à religião autoritária e opressiva imposta pelos papas viesse ocorrendo há bastante tempo, somente nesse período foi que ganhou força e assumiu proporções de revolta. Essa reação se deu em duas camadas distintas da população e, pelas características socioeconômicas de cada uma, adquiriu contornos distintos. Os nobres e, em especial, os monarcas viram na Reforma uma possibilidade de descentralização do poder papal e sua própria ascensão. Na maioria 30

reli da fes che de o içã pos a ram umi ass a, tem sis o nov o em tar ado ao dos casos, gião e mentores das massas.

Já para o povo, em geral, a Reforma preconizava algo bastante diferente:

rinte uma de e dad ili sib pos à ada ali s, osa igi rel e is tua iri esp es uma volta às bas

imra ago ia, Bíbl da s ame dit e tos men ina ens dos l soa pes e e livr s pretação mai

sa. ren imp da o ent adv ao ças gra vel ssí ace e pressa, traduzida Essas reações de oposição à Igreja católica podem ser agrupadas em duas O diai

| | s. çõe grandes fac eu olv res no, nia sti ago um 6), 154 83(14 ero Lut ho tin Mar ha, Na Aleman arre a par ir ribu dist a zar ori aut X o Leã a pap o que s cia negar o valor das indul gên do sen bou Aca ro. Ped São de ca íli Bas da as obr das são clu cadar fundos para a con orRef a gou pre e mão ale o a par lia Bíb a iu duz Tra excomungado e perseguido. mas ha, man Ale na só não iu and exp se que oso igi rel nto ime ma, gerando um mov

. te” tan tes Pro o uçã vol “Re à o com ido hec con ou fic e em vários países europeus eja Igr da sos abu os tra con ão eli reb uma a deu pon res cor Esse movimento ente nos tam cer s, ica nôm eco sas cau as car bus mos for se o, ant ret católica. Ent

da o éri imp to vas do r ssa apo se de tes tan tes pro dos ejo des depararemos com o s sse ere int de to fli con do m alé al, pap o açã but tri a tra con a olt rev a Igreja e com entre a emergente classe média e os ideais do cristianismo. Ao se expandir, a Reforma provocou o rompimento com a Igreja romana foi que em ião reg a me for con s nte ere dif ões naç omi den e s çõe e adquiriu fei o Joã com u ido sol con se e io ngl Zuí ico Ulr com ça Suí à gou Che a. tad lan imp licató ia hav e ond a, err lat Ing Na o. ism vin cal o nad omi den se ter daí o, vin Cal cos, luteranos e calvinistas, o rei, por razões mais domésticas do que político-

sociais, adotou o anglicanismo. A Reforma inglesa contou com o apoio lar devido ao grande espírito “nacionalista”, contrário à subordinação a Outro grande “motivo” foi o fato de Henrique VII (1509-47) desejar seu casamento com a rainha Catarina de Aragão e o papa Clemente VII

popuRoma. anular (1478-

1534) se negar a atendê-lo.

Já no século XII surgiram algumas facções dentro da Igreja católica contrárias à cobrança de taxas e venda de indulgências que vinham sendo adotadas pelos seus dirigentes. Na segunda metade do século XVI, para impedir o desenvolvimento da Reforma protestante a Igreja adotou várias medidas que resultaram na Reforma católica. Esses movimentos, em muitos aspectos, sobretudo no tocante às causas econômicas, estiveram intimamente relacionados.

A Reforma católica — ou Contra-Reforma — constituiu um movimento cujo objetivo principal era o “saneamento” moral da Igreja, eliminando os abusos até então praticados e restabelecendo a disciplina. Nessa mesma época surgiu a Sociedade de Jesus ou, como ficou conhecida, a Ordem dos Jesuítas, fundada por Inácio de Loyola, que se transformou num dos mais poderosos instrumentos de organização missionária e educativa que a Igreja teve. No Concílio de Trento, na Itália (1545-63), se estabeleceram as bases para a reforma interna e doutrinária da Igreja, adquirindo esta praticamente os mesmos contornos que apresenta em nossos dias. Para muitos autores a Reforma e o Renascimento, marcos convencionais da Idade Moderna, tiveram muito em comum, sobretudo nas causas econômi-

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cas que resultaram no desenvolvimento do capitalismo e da burguesia, a rigor totalmente incompatíveis com as doutrinas propostas pelos humanistas, que promoviam a valorização do ser humano.

A Reforma e o capitalismo O resultado da Reforma foi um movimento de profunda revisão religiosa e política que gerou a fragmentação do cristianismo em inúmeras facções rivais. Em uma visão mais abrangente, diríamos que foi o movimento doutriná-

rio que permitiu a passagem do feudalismo para o capitalismo moderno. Malgrado a série de guerras religiosas que convulsionaram a Europa na época, hou-

ve aspectos positivos como a contenção dos abusos da Igreja e o advento da

liberdade religiosa, permitindo o desencadeamento de alterações significativas no panorama vigente e expressando as necessidades da burguesia capitalista,

ao admitir certas liberalidades relativas à cobrança de juros e às atividades lu-

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crativas: Lutero, embora não defendesse o capitalismo, deixou por conta da consciência do negociante a forma de comercializar, e Calvino, mais liberal, com sua doutrina acabou justificando a moral burguesa. Em termos genéricos, os protestantes acabaram elaborando uma interpretação da Bíblia em que se exaltava o empenho individual e onde o êxito financeiro surgia como um sinal | de bênção divina, legitimando assim o desejo de lucro ilimitado.

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ro out Por a. rez nob da do o ent rim det em ou ent aum er pod pelo próprio rei, seu ercom Os . das aga esm am for s dai feu es hor sen s nde gra dos lado. as rebeldias

do o açã liz tra cen a e ent vam isi dec am iav apo ca épo ciantes e os financistas da

sem se qua que , tes ian erc com os ia teg pro oa Cor a a tid poder real e em contrapar

pre eram judeus ou protestantes. npri a, rm fo Re de os nt me vi mo os re ent u sti exi É evidente a conexão que o. eir anc fin e l ti an rc me o sm li ta pi ca do ão ns ce as cipalmente o inglês, e a uma

As inovações a, zad ali gin mar te en am ic at pr eve est a fic ntí cie sa qui pes a a, di Mé Na Idade íoper o, êni mil um se qua por eu end est se que era esp de num verdadeiro compasso ipun de eis sív pas e as esi her as gad jul am er s sta nti cie dos do em que as propostas ou gos gre s igo ant dos as obr de ão duç tra ma gu al ia faz se do an qu ção. Mesmo os. cad ifi mod ou os id im pr su am er as esi her os ad er id ns co s cho tre os s, no roma um r ha en mp se de a sou pas tal den oci pa ro Eu a to en im sc na Re do A partir a um do an , qu de da ni ma hu o da nt me vi ol nv se de do ia tór his e na nt ra de on ep pr el pap mí do l áve not e um iss uir adq m me ho o que iu mit per s õe aç ov in e série de avanços . uro fut ao o eçã dir e em nt me el av or ex in e ss ça an av e za ure nat a re sob nio Para alguns historiadores a humanidade estava iniciando, nesse período, sua grande revolução intelectual, fato sem precedentes e que tampouco se repetiu até hoje. Como relata o historiador francês Roland Mousnier: “Função dessas criações e dessa mudança de espírito, alternadamente condição e consequência, foi o individualismo europeu, uma das características da Europa, e que não cessou de aumentar. Cada progresso implicava uma ruptura que, no início, era a ruptura de um homem ou de um grupo de homens com os modos de fazer € os hábitos de pensamento de seu grupo, às vezes de toda a sociedade”. Como sabemos, no século XV a Europa iniciou sua expansão em direção ao Novo Mundo. Certamente, isto não teria sido possível se o gênio inventivo do homem não tivesse propiciado embarcações aperfeiçoadas, instrumentos mais precisos de navegação, como o compasso e o telescópio, mapas e armas de fogo, além de novos conhecimentos. Ao que se sabe, os escandinavos já haviam chegado à Groenlândia por volta do século X, época em que esta não possuía um clima ártico. Daí devem ter rumado para a América do Norte, possivelmente na região da Nova Ingla-

terra. Com a expansão das condições árticas, a colônia escandinava acabou se

reduzindo.

De todos os relatos de empreitadas desse porte, a de maior sucesso e repercussão foi a do veneziano Marco Polo, que no século XIII navegara para a China. Sua aventura foi relatada em um livro que descrevia as riquezas e esplendores das terras por onde andara. Acredita-se que o livro foi escrito por um

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tal de Rustichello, a quem Polo relatara suas andanças. Trata-se de uma obra que abarca praticamente todos os ângulos. como geografia, história, política, agropecuária. comércio. indústria, usos. costumes, lendas e fábulas do império de Kublai Khan. A obra foi copiada em centenas ou talvez milhares de manuscritos traduzidos para as principais línguas. Impresso no século XV, era seguramente o livro de cabeceira de qualquer expansionista da época.

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Marco Polo encantou o mundo com a descrição de sua viagem.

Entretanto, o homem ainda não se sentia suficientemente preparado para iniciar sua grande expansão através dos mares. Isto somente se tornou possível

no final do século XV, com as grandes invenções. Dentre as mais significativas

podemos apontar a pólvora, que, além de contribuir para o fortalecimento do absolutismo real, transformou consideravelmente a arte militar, tornando obsoletas as armaduras e demais aparatos medievais, além de facilitar a conquista

das novas terras; a bússola, introduzida na Europa no século XII, e o astrolábio, que permitiram ao homem aventurar-se por longas viagens marítimas; o papel, a cartografia e a imprensa, que baratearam o custo dos livros e mapas, permi-

tindo que se divulgassem com maior rapidez informações e conhecimentos; e a caravela desenvolvida pelos portugueses, embarcação leve e ágil, equipada com

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uma vela triangular que permitia navegar com o vento em qualquer direçau. própria para longos percursos.

Os descobrimentos marítimos O monopólio do comércio marítimo praticado pelos árabes e italianos, a anexp a para rio erá num de de ida ess nec a e 93) (14 la nop tomada de Constanti Já ), ente fici insu era sos cio pre ais met de ia opé eur ão duç pro (a são comercial

para à es dor iva mot s nde gra os am for , vel icá rat imp a nar tor se o amb que o esc

ao o gad che ia hav a ist ion ans exp e febr A . ico ânt Atl pelo busca da navegação exis da cias notí ia (hav as Índi as para mo íti mar o inh cam do ca seu auge e a bus e l dia mor pri vo eti obj o ser a sou pas ) Ásia na e ica tência de tesouros na Áfr verdadeira obsessão de toda a Europa. ntiince s pelo e a fic grá geo ão zaç ali loc pela os cid ore fav es, ues tug Os por anexp sua ram cia ini , ção ega nav à s tivo rela s udo est aos vos dados pela Coroa obti6 144 em já e . 1415 em ) cos rro (Ma ta Ceu de sta qui con pela são marítima as. tur ufa man as outr e s ero gên de a troc em ão Sud no o our nham no al, tug Por o com país um a eir man que de er Embora seja difícil entend cone s ante dist tão tos pon a gar che e pôd , dos ita lim século XVI, com recursos pioo seu foi e, anc alc go lon de las ave car às ças gra que, é fato quistar tanto, O o eçã dir em ico ânt Atl pelo ndo nça ava , mas íti mar s gen via neirismo nas grandes que vo isi dec o ent cim nte aco o foi esse e, ent elm siv Pos a. ric Amé à à África e nto ime olv env des um r stra regi e as teir fron suas ir and exp possibilitou à Europa . dias sos nos Os , nte ame tic pra até, gar lon pro se iria que o ativ signific

imda lio opó mon o o rad egu ass ham tin es ues tug por os 0 150 A partir de portação de especiarias do Oriente, que geravam ljucros elevados. a am iar anc fin óis anh esp os as, ues tug por s sta qui con s pela os Estimulad a -o ndo iga obr al, tug Por com m ria cor con 4 149 em já e o, omb Col de expedição firmar o Tratado de Tordesilhas. eingl s pelo os uid seg es, ues tug por e óis anh esp , tes uin seg s ada déc Nas ses, franceses e holandeses, singraram os mares e inundaram a Europa com espa os que a prat e o our de e dad nti qua rme eno da m alé e, ent Ori do produtos nhóis trouxeram da América, provocando na segunda metade do século XVI uma considerável elevação dos preços. Portugal não foi feliz em suas atividades comerciais no Brasil. A produo outr Por a. nci adê dec em rou ent logo ro ilei bras te des Nor no ção de açúcar

0). 164 80(15 a anh Esp da o íni dom o sob ve este que em o íod per o e ant lado, dur ercom ros cei par os nov car bus a -o ndo iga obr , zou ani org des se sua economia

ciais. O principal foi a ram sendo muito mais A Espanha, que nal e teve a vantagem

Inglaterra, com quem firmou vários acordos que acababenéficos para os ingleses. havia dominado completamente o comércio internacioinicial proveniente do afluxo de metais preciosos da

América, também viu seu domínio ruir porque não alicerçou sua empreitada em bases capitalistas, como o desenvolvimento das manufaturas, preferindo partir para as importações.

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Praticamente todas as grandes potências européias fundaram colônias na América. Pouco depois dos portugueses e espanhóis, os ingleses também começaram a explorar a costa leste do continente americano. A colonização inglesa na América começou em 1584. Embora esta primeira iniciativa tenha sido malsucedida, outras se seguiram e várias colônias acabaram sendo estabelecidas. O governo inglês lhes impôs um monopólio mercantilista determinando que o transporte entre as colônias e a Inglaterra só poderia ser efetuado pela marinha mercante inglesa, composta de grandes embarcações do tipo galeão, consideravelmente superiores às caravelas. Como principais causas incentivadoras das navegações apontamos a queda de Constantinopla (1543) e a necessidade da descoberta de outra rota que possibilitasse a manutenção do comércio marítimo com o Oriente, já que a depressão econômica do fim do feudalismo exigia que se buscassem novos mercados.

Negar a preponderância dos fatores econômicos no advento dos desco-

brimentos marítimos seria negar o próprio curso dos acontecimentos. Vale lembrar ainda que a “Nova Roma”, fundada por Constantino, durante mais de mil anos firmara-se como a capital do Império Romano do Oriente, sendo um marco da cristandade fincado no seio da terra pagã. Justifica-se, portanto, que muitos europeus ocidentais nutrissem uma verdadeira obsessão pela reconversão dos povos orientais ao cristianismo, razão pela qual vários historiadores apontam essa expansão como uma continuidade das cruzadas.

A descoberta de novas terras trouxe, além das riquezas em ouro, prata,

madeira e outros bens, a possibilidade de expansão geográfica e comercial, permitindo não só a busca de novas fontes de suprimento e fornecimento de matérias-primas como novos mercados. Em

suma, a Europa acabou conquistando

inesgotáveis fontes de maté-

rias-primas e mercados mais amplos para seus produtos.

Ao singrar os mares, quebrar o monopólio das rotas orientais e alargar

suas fronteiras, os europeus, impulsionados pelo acesso às riquezas do Novo Mundo, conseguiram inverter a queda de preços que dominava seus principais mercados e iniciaram a acumulação de capital, graças à intensificação do comércio e ao fortalecimento do poder de compra dos consumidores. Infelizmente, Portugal e Espanha não souberam aproveitar as riquezas que foram transferidas da América na formação de um sistema produtivo, aplicandoas apenas nas atividades mercantis e no financiamento da expansão do catolicismo. Inglaterra, França, Alemanha e Holanda, agindo de forma oposta, cuidaram da distribuição das importações no continente europeu, aplicaram seus lucros no desenvolvimento de suas manufaturas e fortaleceram o capitalismo. Como veremos adiante, o capital gerado pelo mercantilismo foi o fermento indispensável para o desenvolvimento das atividades produtivas, condição prévia sem a qual a Revolução Industrial jamais teria sido possível. Sem o impulso de homens como o infante Dom Henrique, o Navegador — que fundou a Escola de Sagres, para ali atraindo os cosmógrafos mais notáveis

da época —, o arrojo de navegadores como Vasco da Gama ou Colombo e a

disposição dos capitalistas mercantes em financiar expedições marítimas que possibilitassem alternativas para o comércio do Mar Negro, a Europa possivelmente

teria demorado muito mais para se libertar das amarras da tradição medieval.

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A Revolução Comercial No período de transição entre O feudalismo e a Idade Moderna assistiu-

a e entr e idad ibil mpat inco da o razã em ão gnaç esta de e cris ra adei verd se a uma nsão expa a Com mas. -pri rias maté € s ento alim de ura proc a e cola produção agrí para s içõe cond se ramcria o ecid conh o entã até do mun do tes limi dos seográfica a diu sacu que l, rcia come a o, luçã revo de gran eira prim uma de o surgimento -a ando lanç e ia Méd e Idad da cia ciên i -suf auto da rgia leta da -a ando Europa, livr em direção à grande escalada do capitalismo. A partir de 1500, apesar das diferenças verificadas entre os diversos paía ânci dist a long de rcio comé um os ram ont enc l gera o mod um de pa, ses da Euro mesao eram cas ráfi geog s nsõe expa as que em o cicl em franca ascensão, num l. anti merc ão ans exp a dess ras ado ion uls imp e tes ltan resu po mo tem , tudo de ente icam prat se vaiza ial erc Com es. ador merc dos Chegara a era prinna o, entã ma, sfor tran se io érc com O e. cent cres te num ritmo freneticamen cipal atividade econômica, a grande fonte geradora de riqueza. comerdos io ocín patr o sob , ica nôm eco ção niza colo da era a Começava

ciantes.

s, ioso prec is meta de falta da do enti ress se a havi o entã A Europa, que até

ouro pelo dada inun se viu, nsão expa de e idad ibil poss quer o que truncava qual a ecoda moe o com ioso prec l meta do e cent cres ão izaç util a Com e pela prata. do ncia iciê -suf auto de ia nom eco a te amen atin paul nomia monetária substituiu feudalismo. surque itou ibil poss te amen cert que o , ezas riqu e m-s ara mul acu Enfim, gissem os investimentos. eIncr ao o etud sobr as graç s base suas ava firm l anti merc O capitalismo a ntel clie uma de or disp a ava pass or cad mer O . timo marí rcio mento do comé abundante e necessitava, portanto, de produtos para comercializar. A produção continuava a ser feita em pequena escala. Em muitas cidades, o ainda vigente sistema das corporações prejudicava seu desenvolvimenpase o utiv prod esso proc no ir rfer inte a s lido impe m vira se s ore to. Os mercad ferra O po cam o para mo mes ou os burg os para ndo leva o, iá-l rmed inte saram a

para sãos arte aos vam fia con que a, prim riamaté a até s, veze as muit e, mental transformar em produtos manufaturados. Entretanto, para seu desenvolvimento faltavam, ainda, certos detalhes, como a evolução técnica e uma certa concentração de capital. No e. tant cons e ual grad foi o, iníci no o lent ora emb O avanço técnico,

tear. do e fiar de roda da to imen surg o citar s amo erí pod l têxti caso da indústria Em 1589 a máquina de fazer malha era utilizada em toda a Inglaterra. stidomé a aind era a époc a ness um com mais ão duç pro de e A modalidad ou fa tare de ema sist no , casa em feita era ão duç pro da e part boa seja, ca, ou as regr às itos suje em vess esti não ora emb s, dore alha trab os que em “empreitada, e horários de uma fábrica, eram cada vez mais dependentes dos capitalistas, que lhes forneciam a matéria-prima, ferramentas e outros utensílios.

37

O artesão estava se transformando em operário. A classe trabalhadora estava perdendo o controle sobre o processo de produção e vendendo sua força de trabalho. Logo iria surgir a fábrica.

O aparecimento de uma organização comercial-industrial foi apenas uma questão de tempo. As velhas corporações foram se limitando e sendo eradativamente confinadas, surgindo as companhias regulamentadas, resultado de associações de comerciantes em torno de um empreendimento comum. Essas companhias regulamentadas foram as precursoras das sociedades por ações, que já no século XVI as substituíam, passando a ser a modalidade predominante, Os bancos Resultado dos descobrimentos marítimos, o comércio favoreceu a acumulação de capitais por toda a Europa e o fluxo de metais cresceu vertiginosamente.

Segundo

o historiador E. McNall

Burns,

“calcula-se que quando

Colombo descobriu a América a quantidade de ouro e prata em circulação na

Europa não ultrapassava 200 milhões de dólares. Por volta de 1600, o volume de metais preciosos naquele continente atingira o pasmoso total de 1 bilhão de dólares”. Se Espanha e Portugal não souberam aproveitar convenientemente as riquezas trazidas da América, o mesmo não se pode dizer da Inglaterra, em razão

do Tratado de Methuen (1703) firmado com Portugal, cuja economia estava estagnada. Esse tratado obrigava Portugal a importar tecidos da Inglaterra contra a promessa dos britânicos de adquirir o vinho português. Portugal se aliara à Inglaterra na tentativa de se recuperar, mas o “negócio” não deu certo para Portugal e os ingleses acabaram ficando com boa parte do ouro que os portugueses recebiam do Brasil. No entanto, o ouro e a prata em si não eram ideais para as transações comerciais, pois sua circulação era trabalhosa e envolvia riscos. Como a usura não era mais condenada, a consegiiência foi o surgimento dos negócios bancários, inicialmente explorados por grandes casas comerciais das cidades italianas, como a dos Médici, em Florença, cujo emblema comercial (um cacho com três bolas, em ouro) até hoje é utilizado como símbolo das casas de penhor. Já no século XIV, essas casas comerciais italianas operavam com a letra de câmbio, espécie de ordem de pagamento que um comerciante sacava contra um outro enquanto aguardava que este vendesse o que comprara para pagá-lo.

Se o fornecedor necessitasse do valor antes do prazo combinado, procurava O

banqueiro, que descontava essa letra mediante uma comissão ou concedia em-

préstimos contra a garantia dessa ordem de pagamento e a cobrança de juros. Logo a seguir vieram as casas bancárias e os bancos. O vocábulo origina-se do italiano banca, que era uma espécie de balcão onde os cambistas realizavam suas operações, isto é, onde moedas de diferentes países podiam ser trocadas. Quando os negócios não prosperavam era comum quebrarem o tampo desse balcão, daí o termo “bancarrota”.

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Os banqueiros italianos trocam moedas e fazem empréstimos.

, LL | de a lt vo r po za ne Ve em o id rg su Embora o primeiro banco tenha es çõ sa an tr € s to si pó de ra pa as en ap iam rv se ir gu se a am er vi e qu os tr ou e te es de l pe pa 0 , 94 16 em do ia cr , ra er at gl In da o nc Ba ao a ri be Ca . as ad lh me asse e rm he il Gu s cê co es lo pe a ad nd fu o çã ui it st In a. ed mo de o sã is em na pioneiro cipal respon-

prin o i fo ra er at gl In da o nc Ba o o, ad Patterson, com capital priv rce o nt me vi ol nv se de u se e qu o m se . ema bancário

sável pelo advento do sist tamente teria sido impossível. de o nt me vi ol nv se de o i fo l ia rc Outra consegiiência da Revolução Come da o ad in re No s. me or if un e is ve tá es s õe uma economia monetária com padr de me or if un em ag nh cu a u io ic in ra er at -ainha Elisabeth I (1558-1603) a Ingl . da ta le mp co do si a vi ha a rm fo re moedas, e já no final do século XVI essa ne s do o çã za ni ga or na s da un of pr as O mercantilismo provocou mudanç epr em em es nt ia rc me co de s õe aç ci gócios, propiciando O surgimento das asso I. XV lo cu sé no , em rg Su . as ad nt me la gu re as hi endimentos comuns, as compan l ta pi ca de as ot qu de ão iç cr bs su a te an di me as as sociedades por ações, formad lo cu sé No s. te en ag de s vé ra at a ls Bo em as (ações) que podiam ser negociad s. õe aç r po es ad ed ci so 0 14 a vi ha , já ra er at gl XVIII, na In

O mercantilismo O o nd ma or sf an tr te en am iv at ad gr m ia as ic át À medida que as novas pr e ad id iv at l pa ci in pr a ir tu ti ns co à a av ss pa cenário socioeconômico e o comércio . do ta an pl im o nd se foi as ic ôm on ec s na ri ut do de em toda a Europa, um conjunto naas ui rq na mo as am av ne li de se já co ti lí Paralelamente, no cenário po va no a ss de is ra nt ce as éi id As s. rei s lo pe cionais, com a recuperação do poder sa vi o. ic ôm on ec mo is al on ci na de ca postura, que correspondiam à uma políti ro eu es ís pa s do a ri io ma da ca ti lí po a am ar nt vam fortalecer o poder real e orie an rc me de me no o se ude ca ti lí po sa es A peus durante os séculos XVI e XVII. tilismo ou capitalismo mercantil. íti pol a um mo co do ta on ap ser de po o nã o sm li ti an rc Nesse sentido, o me Ele . am ar ot ad o que ses paí os ers div nos da ica apl e nt me me ca econômica unifor variou no tempo e tinha no Estado a personagem principal.

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Para garantir a hegemonia nacional, os mercantilistas chegaram à con-

clusão de que era necessário manter uma balança comercial favorável, onde os

ganhos com as exportações fossem superiores aos gastos com importações, e defenderam a tese de que isso somente seria possível se a economia fosse rigidamente controlada pela Coroa. Seus principais postulados defendiam o incremen-

to da produção, o protecionismo alfandegário e a concessão de monopólios. Como exemplo temos o Ato de Navegação editado por Cromwell, governante inglês, em 1651. através do qual se concedia exclusividade à frota

inglesa no tráfego ultramarino, proibindo aos navios estrangeiros transportar

para a Inglaterra mercadorias cuja procedência não fosse o próprio país de origem desses navios, além da adoção de tarifas alfandegárias elevadíssimas para proteger sua indústria. Enfim, o mercantilismo criou as condições necessárias para a ascensão

da burguesia como classe dominante e o surgimento de uma sociedade econô-

mica fundada em bases mais sólidas, o que permitiu a expansão e consolidação do capitalismo. Foi graças também ao mercantilismo, com suas teses protecionistas e possibilidades crescentes de suprimentos, que se criaram, efetivamente, as condições para a eclosão da Revolução Industrial.

É oportuno assinalar que, embora o mercantilismo tenha insistido na co-

mercialização como base de toda a sua política, acabou, na prática, atuando exatamente ao contrário, pela forte intervenção da Coroa nos negócios. Daí que, em contrapartida, podemos definir mercantilismo como a intervenção do governo nos negócios para garantir a riqueza e o poder da Coroa. Na Inglaterra, que havia consolidado o absolutismo, sua adoção orientou, como já vimos, o estabelecimento das colônias, a concessão de privilégios e monopólios a companhias comerciais, além do rígido controle, pelo Estado,

de praticamente todas as atividades econômicas.

O absolutismo Por não ter sido uniforme o processo de transição do feudalismo para a Idade Moderna em todos os países europeus, durante o período mercantilista observam-se na Europa dois tipos de distribuição do poder: nos países em que não havia surgido uma burguesia forte, o rei dividia o poder com os nobres, preservando parte da estrutura política feudal; em outros, particularmente na Inglaterra e na França, embora com diferenças fundamentais, como veremos, o declínio do feudalismo e a formação das monarquias nacionais concentraram o poder nas mãos do soberano. Este o exercia de forma ilimitada, como consequência da Revolução Comercial (política mercantilista) e da completa identificação entre o monarca e o Estado, culminando com a ascensão da burguesia ao poder, que ao se aliar ao rei buscava a proteção de um governo forte. No caso inglês, havia ainda uma burguesia igualmente forte que conseguira impor suas regras. Dessa forma, o monarca foi obrigado a se associar aos

detentores de capitais, criando condições para que surgissem grandes empreitadas capitalistas.

40

m ra de pu , as ez qu ri as su de o nt me au o m co , Os monarcas, por sua vez

aiv at ad gr m ra ia pl am o iss m co e s sa ro de po is ma s rormar exércitos e armada r de po do o nt me ci ue aq fr en lo pe ém mb ta do mente seu poder. Isso foi favoreci s Cem

do ra er Gu a de o fat lo pe e a, rm fo Re da dos papas, como consegiiência te en rm ta li mi e a ic ôm on ec s ai ud fe es or nh Anos ter deixado a maioria dos se l. rea r de po do ão ns pa ex a s, so ca os it mu debilitada, o que permitiu, em am ar in re e qu r, do Tu os m co ou id ol ns co se ra er at gl O absolutismo na In

ên nd pe de a su b so to en am rl Pa o e ev nt ma entre 1485 e 1603. A dinastia Tudor

e nt ra du Foi al. tot le ro nt co b so ia om on ec à cia, dominou a Igreja e manteve spo e qu a, ic ér Am na es çõ za ni lo co s ra ei im pr as esse período que se iniciaram ine l ia rc me co ão ns pa ex na te en lm ve teriormente vieram a repercutir favora dustrial inglesa. eri op pr os en qu pe , as os gi li re s õe cç fa e to en am rl Pa Em 1648, unidos ao se pu de o e I os rl Ca rei O ra nt co e -s am ir rg tários de terras e manufatureiros insu de da ni mu Co a u io cr , to en am rl Pa o u ve ol ss di er, “am. Oliver Cromwell, seu líd otetor Pr e rd Lo de ulo tít o m co r, do ta di ou rn to se e h) lt ea Britânica (Commonw

o s pô im , ra er at gl In na o sm li ti an rc me O r ta en em cr in da República. Objetivando nco o ls pu im um r po l ve sá on sp re foi te en am rt ce e qu , 1) 65 Ato de Navegação (1 e qu , es es nd la ho s do a lt vo re a ou oc ov pr o Iss a. ic ân ciderável na economia brit

a m co a, ic ân it br a óri vit a e o nt ro nf co o o ei ev br So ta. fro de possuíam uma gran

leing ia ac em pr su da o nt ve ad o e ês nd la ho io rc mé co do a ad oc rr e de nt consegie sa no comércio marítimo mundial. o, entre O absolutismo entrou em declínio no século XVII, determinad

cia to ini en am ns pe de te en rr , co mo is in um Il ia do nc gê er em la pe s, ore fat os outr s ta er ob sc de , nas ça en sc na Re na zes raí m co , II XV lo cu sé ra do er da na Inglat científicas e no racionalismo de Descartes*, e que encontrou na França seu o, ou, çã ra st Iu mo ou is — in um . Il O pa ro Eu a da ão to ra aç pa in em ss di de lo pó

ainda, as Luzes — moveu um vigoroso combate clerical, questionando o argumento da autorização o sentido da ação humana na razão e na liberdade; Revolução Francesa (1/89). Estava se aproximando o período em que as cebidas.

ao absolutismo e ao poder divina do poder e apoiando teve um papel decisivo na idéias liberais seriam con-

A revolução demográfica Sem um aumento significativo dos contingentes populacionais dificilmente o capitalismo teria vingado, pois teriam lhe faltado tanto os braços para anad rtu Afo . res ido sum con os nto qua , ual man te men ica bas da ain ão, a produç mente, o período correspondeu a um considerável surto demográfico, que permitiu a consolidação das práticas que vinham sendo adotadas. * René Descartes (1596-1650), filósofo e matemático francês. Afirmava que é

necessário submeter à razão toda forma de conhecimento. É dele a famosa frase:

“Eu penso, logo existo”. O cartesianismo exerceu grande influência no pensamento filosófico moderno.

41

Embora esse aumento tenha sido positivo, o certo é que por inúmeras em ida med na so, ces pro do or cad pli com num o and orm nsf tra se vezes acabou

mexe a a, uav tin con e cia tên sis sub de os mei dos ão duç pro a ava que ultrapass uins Um o. açã ast dev e a éri mis e, fom o and ger o, sad pas no ra rre oco que plo do cesso qualquer na colheita era suficiente para duplicar ou triplicar as taxas de mortalidade, provocando significativos movimentos migratórios e reduzindo drasticamente a população em determinadas regiões. Convém registrar que somente a partir do século XVIII a Europa viu essa

questão se estabilizar e a tendência de crescimento populacional passou a ser firme e contínua. Até então, a oscilação era fregiiente, alternando-se épocas de expansão com períodos de incremento da mortalidade. Entretanto, sem o cresci-

mento dos séculos anteriores dificilmente se teria chegado aos níveis populacionais que propiciaram, sobretudo, a mão-de-obra necessária ao desenvolvimento industrial verificado nos séculos XVIII e XIX, principalmente na Inglaterra.

A revolução científica Nos séculos XVIle XVIII, uma nova onda de inventos invadia a Europa, provocando um avanço técnico-científico sem precedentes.

Campos como a astronomia, a biologia, a geologia, a química e a mate-

mática conheceram descobertas e progressos realmente incríveis, através de pesquisadores como Isaac Newton (1642-1727), Pascal (1623-62), Hooke

(1651-1703) e Lavoisier (1743-94). O Iluminismo encontrou em Newton um fervoroso defensor. Apesar de não ser filósofo, sua obra influenciou significativamente o pensamento das Luzes. Ele reuniu e sistematizou as pesquisas e experiências de Copérnico, Kepler, Galileu e outros, chegando à Lei da Gravitação Universal, segundo a qual cada partícula de matéria contrária, no universo, atrai todas as outras par-

tículas com uma força inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas e diretamente proporcional ao produto das respectivas massas. Outra descoberta de vulto foi a de Alexandre Volta (1745-1827), que a e l anima tismo magne o entre idade ident a u provo e pilha ira prime a ruiu const eletricidade. Antoine Lavoisier, um dos maiores cientistas da época, chamado de o “Newton da química”, demonstrou que combustão e respiração não são mais do que formas de oxidação. Foi ele quem deu nome ao hidrogênio e ao oxigênio, além de ter descoberto a lei da conservação da matéria e criado a química quantitativa. Robert Hooke foi um dos maiores biólogos do século XVI, descrevendo a estrutura celular das plantas. Estes e outros tantos cientistas da época foram de um valor inegável e fundamental para o conjunto de mudanças que possibilitou o advento da Revolução Industrial.

42

Segunda parte

A revolução: s a i c n ê u q e s n o c € s causa DM

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5. PRECONDIÇÕES “Esse cenário internacional de relativa estabilidade permitiu que o Império Britânico atingisse o zênite de seu poderio global, em termos navais, coloniais e comerciais, e também interagiu favoravelmente com seu monopólio prático da produção a vapor.” (Kennedy, Paul. Ascensão e queda das grandes potências. Rio de Janeiro, Campus, 1989)

Por que na Inglaterra? W. W. Rostow, em seu livro Etapas do desenvolvimento econômico, afirma que o processo de desenvolvimento ocorre em cinco etapas. Para ele, as “precondições para o arranco” — segunda etapa — correspondem ao processo de transição, período em que uma nação se prepara para um desenvolvimento sistemático. As precondições existentes na Inglaterra, no século XVIII, possibilitaram o primeiro grande arranco, que se convencionou chamar de Revolução Industrial, levando-a ao capitalismo industrial. Foi ali, onde existia o maior comércio

ultramarino, consegiiência de sua supremacia naval, que grandes capitais foram acumulados, práticas creditícias e financeiras atingiram um alto grau de especia-

lização, fábricas e maquinismo se disseminaram, alterando consideravelmente o equilíbrio político-econômico mundial e submetendo as nações a uma crescente

dominação inglesa que perdurou até o princípio do século XX. Como diz Rostow: “Ora, mas por que na Grã-Bretanha? Por que não na França? Por que não o mais adiantado país do século XVII na fase das precondições — a Holanda —, que ensinou tanto aos outros?” Por quê? Nos dois primeiros capítulos, à medida que apontávamos alguns fatos

que consideramos importantes, procuramos assinalar algumas peculiaridades da situação Inglesa, numa tentativa de chamar a atenção para certos aspectos mais significativos. Sabe-se que a partir do século XV a Grã-Bretanha passou por tantas mo-

dificações de caráter político, econômico e social que vários estudiosos chegam a apontar o período como o da primeira revolução industrial inglesa. No início do século XVIII a indústria ainda não havia se constituído como

principal atividade, embora estivesse mais desenvolvida na Inglaterra do que em outras partes. Registros desse período nos dão conta de que a maior produ-

ção têxtil do continente, ainda que processada artesanalmente, provinha das Ad

com ria ocor mo mes O o. ânic brit io itór terr o todo por s ada alh esp as tur ufa man

a produção de carvão mineral, que era extraído, em quase sua totalidade, no território inglês.

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As principais atividades da Inglaterra por volta do século XVIII.

A expansão do comércio, a seu turno, não só exigia cada vez mais produ-

tos, como obrigava o incremento dos transportes e da própria construção naval. Mesmo no campo, seja para a subsistência, seja para o fornecimento de matérias-primas, as atividades cresciam num ritmo vertiginoso. Ao mesmo tempo, Londres ia paulatinamente se transformando no grande centro desse desenvolvimento. Como a própria pergunta de Rostow sugere, vejamos a seguir alguns fatos relevantes que nos permitam entender, exatamente, por que a Inglaterra, em meados do século XVIII, já apresentava características nitidamente reconhecidas como de uma economia pré-industrial moderna, ostentando como base para essa arrancada cerca de dois séculos de transformação e progresso, que a tornaram a mais rica, a mais urbanizada e a mais industrializada das nações euro-

péias, sendo a primeira a abandonar a economia de subsistência.

Mais uma vez temos de nos reportar ao fim do período medieval e ao desenvolvimento do capitalismo mercantil, onde certamente iremos encontrar as raízes desse processo.

O papel da Revolução Comercial Como vimos, com os descobrimentos, o incremento da navegação e a con-

segiente expansão do comércio houve paralelamente o desenvolvimento das 1ns-

tituições creditícias e comerciais, que por sua vez estimularam a produção.

45

e Yal de ade sid ver Uni da y, ned Ken Paul sor fes pro o la ina ass o Com s, hõe can de ado arm e, anc alc nde gra de vela a io nav do nto ime rec apa o A), (EU e o crescimento do comércio atlântico depois de 1500 não foram uniformemente vantajosos para todos os estados da Europa. Sem dúvida, a grande revolução desse período foi a comercial, a maior responsável pela derrocada final do sistema feudal e pelo advento do capitalismo mercantil. Este. por sua vez, propiciou o surgimento do capitalismo industrial. na medida em que fortalecia economicamente a burguesia e lhe criava um

excedente monetário que podia ser destinado a novos investimentos com amplas possibilidades de retorno e multiplicação da riqueza. Vale lembrar que nesse mesmo período se dá o fortalecimento das alian-

ças da burguesia com o soberano inglês, outro grande fator de incentivo para a

expansão comercial e a acumulação de capital e que foi decisivo para a RevoJução Industrial britânica. Além disso, a Inglaterra possuía o maior comércio ultramarino, atividade em que se acumulava a maior parte do capital disponível. Sabemos que Portugal e Espanha se marginalizaram porque concentraram seus esforços basicamente nas atividades comerciais e não souberam manter a primazia sobre a colonização americana. Para que se faça justiça, registrese que ambos tentaram conservar esse domínio de além-mar, mas foi impossivel. Cerca de 1.560 naus holandesas, francesas e inglesas já navegavam nos mares do Atlântico, Índico e Pacífico com certa regularidade. A Holanda, por exemplo, expandiu seu mercantilismo e preocupou-se também com o transporte (distribuição). Iniciou algumas atividades de transformação, como a indústria da lã e tecidos, além de rapidamente posicionar Amsterdã como um grande centro financeiro. Não foi o suficiente. Além de se endividar com as guerras, investiu demasiadamente nas colônias € acabou senosimp s çõe ita lim das te, men pal nci pri ude, virt em es les ing s pelo da era sup do tas pelo Ato de Navegação de Cromwell. Os progressos da industrialização não teriam sido possíveis para Os 1ngleses sem capitais e sem meios de pagamento. Isso também não constituiu san pas , esa and hol tal capi da sos pas os uiu seg te men ida rap s dre Lon ma. ble pro do a disputar, já em 1700, a primazia de capital financeira da Europa. Embora a Inglaterra tenha entrado um tanto tardiamente na disputa pelas terras de além-mar, seu poderio naval começou a escalada no final do século XVI, quando sobrepujou a Espanha. Os piratas ingleses — os corsários, como ficaram conhecidos — fregiientemente surpreendiam e pilhavam as expedições espanholas ou saqueavam cidades costeiras em suas colônias americanas, com o intuito de enfraquecer seu poderio colonial. Os piratas agiam com o consentimento da Coroa inglesa, que lhes concedia a patente de corso desde que se colocassem a serviço de Sua Majestade. Na época da rainha Elizabeth 1, a guerra do corso foi incentivada de todas as maneiras possíveis e imagináveis. A própria rainha protegeu e financiou muitos desses piratas. O mais famoso foi Francis Drake.

Já no século XVII o comércio inglês se expandia num ritmo bastante

rápido, diversificando seus mercados e fontes de importação, suplantando a 46

o , al ni lo co ão ns pa ex na o ad nh pe Em . ça an Fr Holanda e, no século XVII, a

nze di or lh me ou, o nd la mu ti es , 40 16 e 10 16 e tr en ou comércio inglês decuplic

. ão uç od pr da o nt me vi ol nv se de do, exigindo O nve ra pa is ma r zi du ro “p ser a ou ss pa ês gl in A partir dessa época O Jema do er líd mo co da ta on ap era ra er at gl In a I der mais”. No início do século XVII sme ao era e qu al ni lo co o ri pé im mo si ís st va um m co l, na io ac rn te in io rc mé co s. ma ri -p as ri té ma de or ed ec rn fo e s ra mo tempo consumidor de suas manufatu € s to ei ov pr s re io ma e qu o çã na à e nt me el A Grã-Bretanha foi indiscutiv em iu tu ti ns co se io rc mé co O is po l, ia rc me Co o çã lu vo Re à m co ve te ob riquezas britânica. al ri st du in épr se fa da te an rt po im atividade sumamente

. es nt ia rc me co s do os mã s na va O poder esta

A formação de capital izaal re à ra pa l ta pi ca do a ci ân rt po im Desnecessário voltar a ressaltar a

ção da Revolução Industrial. a um mo co o ar cl e nt me te en ci fi su do ca fi a nh te o nã a nd ai e nt me el iv ss Po — a av nt se re ap I II XV lo cu sé do ra er at gl In a e qu s ca ti ís er ct ra ca as m co o naçã uac de pô — da vi ol nv se de mo co da ta on ap r se de po o nã e nt me el iv ut sc que indi o. mp te o uc po o tã em te en ci fi su l mular uma quantidade de capita do a er na a ad ul um ac i fo l ta pi ca e ss de Não há nenhum mistério. Parte r io ma a a uí ss po e qu o çã na à a er ra er at gl In a 50 17 de a lt vo r Po o. sm li ti an rc me s do ão ns pa ex a e s õe aç ov in s da o nt ve ad o disponibilidade de capital. O própri el ív ss po i fo so Is s. ça an up po as e es negócios atraíram os pequenos investidor olvido connv se de se a vi ha s õe aç r po es ad ed ci so de a sobretudo porque o sistem mo co o ad rm fi se a vi ha o rn ve go o e e, sideravelmente e gozava de credibilidad um tomador digno de confiança.

re se ou ab ac o, rn tu u se , a ia om on ec na A questão da oferta de dinheiro

est si o e os nc ba o os e nt qu me vi ol nv se de € ão ns pa solvendo graças à notável ex o. od rí o pe ad no nt me ri pe ex am vi ha ês gl o in ri tá ne ma mo

A questão política nse de ao l ve rá vo fa o çã si po a um ar st ui nq co A França, talvez mais apta a idif , ou ot ad e qu o sm ti lu so ab de a rm fo a pel a ad ic ud volvimento, acabou prej o. óri rit ter seu em o sm li ta pi ca do ão ns pa ex a cultando enormemente aic om on ec m ra ta go es a V XI ís Lu por as ad av tr s ra Não foi só isso. As guer a, ári agr e nt me ca si ba ia om on ec a um e ev nt ma e mente. Ademais, lamentavelment s se ce an fr os e qu ma ir af ow st Ro s. dia os que de certa forma prevalece até Os noss s. osa igi rel e s iai soc , cas íti pol es tõ es qu nas os acabaram concentrando seus talent l ria ust Ind o çã lu vo Re a do an Qu . as ic ôm on ec tendo de deixar de lado as questões 9. 178 de o çã lu vo re da o zã ra em ” sa ca a am eclodia, Os franceses “arrumav r de po O e qu a rm fo a sm me Da . em ag nt va m ra va Até nisso os ingleses le

cer a, si ue rg bu da o oi ap o m co , ll we om Cr havia se consolidado na monarquia,

já es es gl in os e, ad id al re Na . to en am rl Pa o a par iu er sf ceou esse poder real e o tran

47

haviam realizado suas revoluções no século XVII. Nessa oportunidade a burgue-

sia, através do Parlamento, exigiu o fim do absolutismo, passando a ter maior participação na política. A Revolução Gloriosa de 1688 foi tipicamente burguesa, e a Declaração de Direitos de 1689 estabeleceu a hegemonia do Parlamento sobre o poder real, instalando a chamada monarquia parlamentar. O poder com-

preendia o monarca e as duas câmaras: a Câmara dos Lordes, cujos membros eram os representantes da nobreza, e a Câmara dos Comuns, composta por representantes dos burgos. Na realidade, ambas representavam os “proprietários;, que, pelo poder econômico, impunham sua vontade ao rei. Pode-se afirmar que o desenvolvimento comercial inglês foi enormemen-

te incentivado pela burguesia e pelo próprio poder, pois era um grande gerador de riquezas, apoiado no comércio de tecidos, na pirataria e no tráfico de escravos para as colônias. A Grã-Bretanha inteira se transformou em conseqiiência desse Incremento. Enfim, toda a vida política inglesa sofreu enorme influência do comércio. Além disso, convém lembrar que a Reforma protestante implementada na Inglaterra teve um caráter eminentemente político-econômico, permitindo que as terras pertencentes ao clero fossem confiscadas e redistribuídas.

A posição geográfica Um fator igualmente importante foi a posição geográfica. A situação insular da Inglaterra lhe permitia defender-se com investimentos relativamente moderados. Os europeus continentais, como os espanhóis e franceses, eram obrigados a investir grandes

somas

na manutenção

de seu

poderio militar para garantir sua sobrevivência e a defesa territorial. De acordo com o professor Paul Kennedy, a Grã-Bretanha conservou a capacidade de intervir nas lutas da Europa, estando geograficamente protegida contra elas. A Revolução Industrial em pleno processo lhe dava maior capacidade tanto de colonizar no além-mar como de frustrar a tentativa napoleônica de dominar a Europa.

O triunfo do liberalismo Uma outra faceta das revoluções inglesas foi o fato de elas terem possibilitado aos comerciantes e produtores ingleses tornar-se razoavelmente independentes em relação ao Estado. Ao destronar o absolutismo, a burguesia inglesa pôde participar das de-

cisões políticas que culminaram com a substituição do mercantilismo pelo liberalismo econômico, quando foram eliminados o protecionismo monopolista e outros privilégios e estabelecidas as condições para a não-intervenção do Estado na economia ou, mais especificamente, sobre o mercado e a oferta e procura de mão-de-obra. Com isso incentivava-se o livre comércio e a livre produção, alicerces

que iriam possibilitar o advento da Revolução Industrial. A adoção do livre 48

comércio,

aos as ost imp da ain vas ati isl leg s çõe tri res das ão liç abo a , ou seja

empreendimentos

pela l, qua o o und seg — e air z-f sse lai do o unf tri o e os vad pri

no or val seu a eri obt ho bal tra O os, óci neg nos l nta ame não-intervenção govern

e e ent rem liv am iri flu s ben os e a ari ent lam egu o-r aut mercado, o dinheiro se

s osa taj van te tan bas am for — or eri ext io érc com no udo ret «em barreiras, sob ma-

em s vei atí imb am nar tor se nte ame tic pra que para as indústrias britânicas, téria de concorrência. a nci ciê da or dad fun o do era sid con , 90) 23O escocês Adam Smith (17 sua em , ico nôm eco mo lis era lib do or ens def econômica, é o primeiro grande das nações

E

a uez riq da sas cau as e za ure nat a obra Uma investigação cobre

e. air z-f sse lai do dor iva ent inc nde gra um ém (1776). Foi tamb aorg pio ncí pri o foi th Smi am Ad por do Enfim, o liberalismo preconiza o. cad mer de a tem sis um de o açã cri na nizador de uma sociedade engajada

o c i f á r g o m e d o t n e m i c s e r c O te an rt po im o ct pe as o tr ou s, ia nc uê eq ns co Voltando ao feudalismo e suas cu sé do l na fi o até ou ur rd pe te en am ic at pr e el deve ser considerado. Na França encontravam se , lo cu sé e ss de io íc in no já , ra er at lo XVIII, enquanto na Ingl

grandes burgos.

|

breza no a o, sm ti lu so ab do ia nc gê vi na a nd ai , Nos séculos XVI e XVII

ast pa em as -l má or sf an tr ra pa as rr te as havia expulsado os camponeses de su da e ud rt vi em la ca es de an gr em da za li ia rc me co gens para ovelhas, cuja lã era lo nc (e s to en am rc ce mo co o id ec nh co u produção de tecidos. Esse processo fico m ra ze fi I II XV lo cu sé no s do ri or oc s to en am rr sures). Os cercamentos ou ence já , es ad id iv at s va no ar sc bu a s do ga ri ob em ss fo es or lt com que muitos agricu s teto en am rc ce os ra bo Em m. ia az sf ti sa is ma o nã is na io ic ad tr que os métodos cu sé do l na fi o e tr en ge au u se am ar nç ca al a, di Mé e ad nham ocorrido desde a Id de ão aç gr mi la is pe ve sá on sp s re de an gr os m ra fo e X XI do io íc in o e lo XVIII

mca a no id uz od pr lá . À os rg bu os s ra re pa do ha al ab tr es de nt ge enormes contin s de ro nt ce s vo no os o mp te o sm me s ao e ta is ar cu pe o a eg pr va em ia po propic manufatura de lã garantiam emprego e renda aos artesãos. a br -o de omã es de nt de ce am ex ir : rg el su áv it o ev in nd o ce Acabou aconte de omã de ta er of a o. a, Or çã ra ne mu re a to su de en am ix e ba e o consegient re o. ic o ôm nt on me ec vi ol nv se er de qu al el qu ra ív pa nd ci es pr ão im iç nd co obra é Embora

isso redundasse em problemas

de ordem

social, o fato é que

, O ia nc dâ un ab a em br -o de omã m de ha un sp di es es gl s in ro nt muitos grandes ce a. ir re tu fa nu e ma ad id iv at ão da ns pa ex a ra iu pa bu ri nt o co it mu e qu Só para se ter uma idéia, Londres, em meados do século XVIII, já conta-

ua po uí ss po a, oc ép a sm me na s, ri Pa to an qu , en es nt ta bi va com 1 milhão de ha co mais do que a metade desse total.

r1 e ve -s s, de ai po on ci la pu es po nt ge in nt co s to ao ei sp re z Aliás, no que di

ãGr e na nt me ua in nt co r ce es cr m a ra ça me co es el 40 17 de ficar que a partir am suí pos as les ing s ade cid tas mui X XI ulo séc do ade Bretanha. Na primeira met mais de 100 mil habitantes.

49

DO

ulo séc do al fin no la íco agr e nt me te an in om ed pr s paí um se Embora fos ula pop das ão ns pa ex ida ráp a um a e e-s ist ass X XI ulo XVIII, já no início do séc mes ao a, br -o de omã de e ad id il ib on sp di r io ma em ou ções urbanas. Isso result o . es or id um ns co de e nt ge in nt co r io ma u ico nif mo tempo que sig de xa le mp co o açã rel a um e uv ho que ro cla tá “es e, an De M. s lli Phy a Par pro e o lad um de o çã la pu po — s cia dên ten s dua as ess causa e efeito moldando que a rm fo a l qua te en am is ec pr ro cla eja est não que o sm me dução de outro — esta inter-relação assumiu em todas as ocasiões”. Não concordamos com a autora quando alega que não se pode precisar a al on ci la pu po o nt me au o que te den evi É o. ic áf gr mo de to en em cr causa desse in a a tod em u rre oco o e. Iss ad id al rt mo de a tax da a ed qu a sa cau pal nci pri teve por Europa. Há dados confiáveis de que na Inglaterra a mortalidade passou de 37% em 1730 para 21% em 1810. Embora nem todos os registros da época possam to en im rg su r o oca os inv am rí de s, po vei fiá con ou os cis pre mo s co do ta on ap ser da vacina de Jenner e a diminuição da fome como consegiiência da alta produnme ci re pa sa de o da, , ain tar sal res se que a há err lat Ing da o cas No la. íco agr ção to de espécies de ratos transmissoras de epidemias, consegiiência muito provável dos processos de higienização das cidades.

Outra consegiiência do incremento comercial foi a necessidade de exmer das o ent oam esc o a par is vita e, ort nsp tra de os mei dos e vias das pansão cadorias. coO e entr ção era int a eir dad ver uma a ste assi se que po tem mo Ao mes o com s ria tuá por s ade cid l, nava o uçã str con da o ent rem inc o e mo íti mar cio mér Bristol e Liverpool assumem ares de grandes metrópoles. ão ans exp a para as obr as mer Inú II. XVI ulo séc o do sen ua tin con co O mar

parde a cust à e va iati inic por a ori mai a , das ndi ree emp são da rede rodoviária de to jun con um a err lat Ing a do sen , Mas ). tes ian erc com te men ticulares (geral mesmo o , eira cost ção ega nav à er mov pro ato bar e l fáci s mai to mui ilhas, foi

rna. Inte ção ega nav a am tar ili sib pos os, zad ali can que, rios os ocorrendo com mae io érc com seu m era tiv r ste che Man e ool erp Liv m, gha tin Not , Com isso | nufatura fortemente favorecidos. tinha eta -Br Grã a “Se ne: Dea lis Phyl a sor fes pro a nte ame nov Citando de o feg trá ado pes O com r arca para as ovi rod suas de er end dep de vesse tido resido sse tive ez talv l ria ust Ind ção olu Rev da ivo efet o act imp mercadorias, o tardado até a época das ferrovias”.

A expansão da agricultura A Inglaterra também teve sua revolução agrária, que permitiu não só sua expansão em termos de culturas e extensão, como a transformação das comunidades de lavradores auto-suficientes do período feudal em grupos organiza-

dos, com um considerável aumento da produtividade.

50

a

Os transportes

an pl de l na io ic ad tr do to mé do Igualmente importante foi a substituição lan-

(p s ra ei ag rr fo s ta an pl de a ur lt cu da ão io. No século XVII houve a introduç ta an pl da o çã ta ro na as ad gr te in ) do ga do o çã ta en im al à os ad in st de s ão gr e tas Acredita-se que entre 1700

”. ão iç os ep “r de a em st si o lh ve O ção, acabando com a o, ss di ém Al 7. 25 s no me lo pe em o ad nt me au a nh te e ad id iv ut od pr a - 1750 a ri io ma a I, II XV lo cu sé No . iu nd pa ex se ém mb ta as ad iv lt cu s ea ár s da ão ns exte a. rr te na o nd ha al ab tr to en st su u se dos ingleses ganhava iPr . al ri st du In o çã lu vo Re à o iv nt ce grande in Esse progresso resultou em la pu po s da a nd re na to en em cr in ável er id ns co um ou it il ib ss po ue rq po o ir me sdi or lh me a um te en em nt ue eq ns co o nd ce re vo fa , ia ár cu pe ro ag à s da ções liga nco u io cr ue rq po is po de , vo ti si ui aq r de po do o nt me au um e a nd re de o çã ui trib e. ad id iv ut od pr a ri óp pr da e os iv ut od pr dições para uma melhora dos meios té ma e s to en im al de ão nç te ob a O resultado foi imediato: possibilitou rme do to en im ec al rt fo o ra pa s õe iç nd co rias-primas a menores preços € criou . al ri st du in ão ns pa ex a ra pa l ve sá en sp di cado interno inglês, in rte em e nt ie ic uf -s to au a er o nã ha an et Br Ora, se considerarmos que à Grãum mo co o st vi r se de po ão ns pa ex a mos de produção agrária, O resultado dess a ir it rm pe e os ut od pr r ra ge de ém al , is po o, çã lu vo re da or ad on ci di on ec pr de sran que teriam sido

os rs cu re u ro be li e s sa vi di u io ic op pr , es nt de exportação de exce nco te en am rt ce s, to en im al is ma ir gastos com importações. Ademais, ao produz o. od rí pe e ss ne u co fi ri ve se e qu a ic áf gr tribuiu, também, para a explosão demo

nna fi e qu l ta pi ca do e rt pa a bo e qu r Finalmente, é importante assinala . la co rí ag r to se do io ve al ri st du In o çã lu vo ciou a Re

-

ER

A indústria do algodão vo Re da o iã br em de an gr o que de o fat ao to an qu Não há a menor dúvida u mo or sf an tr a que a, err lat Ing na ra tu fa nu ma da ão lução Industrial foi a expans or set O a par m ta on ap s do To X. XI ulo séc no o nd mu do l ria ust no maior pólo ind

a de on € o sm ri ei on pi to cer um ou nt me ri pe ex que le ue aq algodoeiro como maior parte das Inovações ocorreu. O contraste desponta mais uma vez.

A Inglaterra, tradicionalmente cepcional qualidade, não conseguia competir, em preço e qualidade, com A explicação era simples: por

grande produtora de tecidos de lã de exproduzir tecidos de algodão capazes de os importados da Índia. um lado, os britânicos haviam se espe-

ria úst ind sua ro, out por s; vei atí imb am er so nis e lã, da cializado na manufatura rpo im era r, ça me co a par to, bru o dã go al o Já era doméstica e descentralizada. à que do o car is ma o it mu a av st cu e ia, Índ da tado, geralmente da América ou m co e ad id al qu boa de ido tec um er faz lã. Além disso os ingleses não sabiam

deas tod o sid am vi ha s ta en am rr fe é as in qu má s essa matéria-prima, pois sua o. dã go al do a que ga lon is ma era ra fib a cuj lã, a m senvolvidas para trabalhar co me co e nt me el iv ss po o çã lu vo re a lo, ítu cap o Como veremos no próxim va no a ess a par da ia pr ro ap s mai ia ar in qu ma til têx çou aí, propiciando à indústria sicon am av up po , ris fab s do to mé s vo no r uzi fibra. As máquinas, além de introd derável quantidade de mão-de-obra.

51

mon a uen peq de era que r dize e e-s pod o, uári vest do a stri indú à é nto Qua uso. rio próp O para e ica ést dom era ão duç pro da e part or mai a pois ta,

A indústria do carvão e do ferro

Os outros setores industriais na Inglaterra ou eram dependentes da agri-

cultura ou eram praticamente insignificantes.

Eram os donos da terra que exploravam o carvão mineral. Essa exploração, no início, era feita de forma bastante rudimentar, em moldes tipicamente

rurais, de sorte que era comum se dedicarem simultaneamente às atividades agrárias e abandonarem a extração do carvão para trabalhar nas lavouras por

ocasião das colheitas. Esse setor industrial experimentou, na Grã-Bretanha, um progresso tecnológico revolucionário no final do século XVIII, embora tenham sido trans-

formações menos radicais do que as ocorridas no setor têxtil, que passara da organização doméstica para a fábrica. No início do século XVIII não se explorava mais o carvão mineral a céu aberto ou em poços simples. Algumas minas já se situavam a profundidades con-

sideráveis para a época (70 ou 80 metros), com galerias subterrâneas e sistemas de ventilação. Durham, ao norte da Inglaterra, era então a melhor zona de produ-

ção, e muitos proprietários de minas estavam se associando aos capitalistas. Os principais problemas existentes nesse tipo de exploração residiam na formação de gases e no acúmulo de água nos poços. O custo da extração ainda

era muito alto, o que, certamente, tornou-se um grande estímulo para a busca

de soluções. A siderurgia — se é que já se podia chamar assim a indústria do ferro naquela época — era a que mais utilizava o carvão. Nos séculos XVI e XVII, em Sussex e Kent, ao sul, próximo a Londres, já se podia encontrar uma indústria consideravelmente desenvolvida, que mais tarde entrou em colapso devido à rápida exaustão das florestas da região, pois o combustível utilizado era o carvão vegetal. A inovação se deu no século XVIII, com a substituição do carvão vegetal pelo coque por Abraham Darby (1676-1730), como veremos a seguir. Mais uma vez, a siderurgia, na Inglaterra, se desenvolveria em bases capitalistas. Fator importante para isso foi a existência da matéria-prima em abundância no subsolo inglês.

As movações e a tecnologia Possivelmente foi a crescente rivalidade comercial que proporcionou grande incentivo à busca de melhorias e inovações nos métodos produtivos.

Essas inovações, na Inglaterra, estiveram em evidência a partir da metade do século XVIII, quando ocorreram de forma mais acentuada e possibilitaram o desenvolvimento da energia mecânica. No livro 4 Revolução Industrial, do professor T. S. Ashton, da Universidade de Londres, encontramos: “O ritmo acelerado no desenvolvimento revela-se no catálogo das novas patentes...”

52

se da ir rt pa a , ar li ci mi do e l na sa te ar e nt me ca pi ti a er e qu , A produção iut od pr de is ve ní s re io ma a í Da a. ic br fá à ra pa a ss pa lo cu sé gunda metade do | T o. mp te de o tã es qu a m u só i fo vidade e o numero de leis e atos do Além

disso, no século XVIII

era crescent

= . as ir re tu fa nu ma es ad id iv at as do an ci fi ne be ês gl in Parlamento de s da zi ja s ca ri o ic ân it br io ór it rr te em m re ti is ex de to fa o so is a e -s Some da ão uç od pr à e as in qu má de ão uç tr ns co à ra pa is ta en am nd fu , ão rv ferro e ca energia a vapor.

Outros fatores

OS o sã s ai qu os em ss tá un rg pe s no e “S e: Citando novamente Phyllis Dean podeo, pl em ex r po o, ic ôm on ec o nt me vi ol nv dese

principais determinantes do

o ss re og pr , is ra tu na os rs cu re : is pa ci in mos classificá-los sob quatro tópicos pr ”. ho al ab tr de ta er of da o nt me au e l ta pi ca de ão técnico, acumulaç ados on ci la re rte in m ra ve ti s es te an in rm te de s se es Evidentemente, todos

de maneira muito forte no processo inglês. ea ad nc se de is ao ve rá vo fa mo s co do ta on ap r se am Outros fatores costum

de l pe o pa ri óp pr o ou a ur us da is le as mo , co al ri st du o In çã mento da Revolu

ia om on e ec nt na me ta re ir di rv te in de ou ix de e o, qu rn sempenhado pelo gove to en ipr im nd ee pr em o do pl le am ro nt de co da lo li pe bi sa on sp r re para assumi a vado no interesse da sociedade, sobretudo a partir de 1850.

ir e af ia a íc nt ct me fi ta lu so ab r é e ra qu st gi e re -s ve e, de ad rd ve da m A be mação de que o governo não teve nenhuma participação, ou que tivesse sim-

m se às as ot ad se e ir qu it rm , pe ar ou ot . ad so Ao es oc o pr id no e it nt om se me ples medidas preconizadas pelo laissez-faire, o governo assumiu um papel delibe-

o, ud o a et nt br me so s, vi ma ol nv se de o va só o va nã ti je ob e vo qu ti si po e do ra

promoção do bem-estar econômico para a nação como um todo. O clima também

deve ser citado. Pelo fato de ser úmido, favoreceu a

fiação de algodão, pois dificultava sua quebra na movimentação do tear.

Outro aspecto, como o da “mentalidade”, poderia ser igualmente aponta-

l ve ní r o de ce on te on s ac de ce an ch is o ma m çã te lu vo re a um e e qu -s be Sa . do ra er at gl I In a II lo XV cu sé o. No ad ev el o is çã ma é la pu a po da ur lt cu o de médi a ad er id ns co r se de po e s, a qu fr to ci be fa al an de % 60 e qu do is a não possuí ma excelente para a época. Outra “atitude” diz respeito à forma como os ingleses encaravam a riqueza. Desde o século XVI houve uma nítida correlação entre o capitalismo e o er hav já ca óli cat eja Igr a pri pró a I II XV ulo séc no de ar es Ap mo. tis tan protes tas sei as m ra fo que é to cer o ra, usu a e ro luc o e ant per e tud ati sua do abandona dissidentes as que mais contribuíram para o advento do capitalismo.

6. A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL “Marco Polo descreve uma ponte, pedra por pedra. — Mas qual é a pedra que sustenta à ponte? — pergunta Kublai Khan. — A ponte não é sustentada por esta ou por aquela pedra — responde Marco —, mas pela curva do arco que estas formam. Kublai Khan permanece em silêncio, refletindo. Depois acrescenta: — Por que falar das pedras? Só o arco me interessa. Polo responde:

— Sem as pedras o arco não existe.” (Calvino, Italo. As cidades invisíveis. São Paulo, Companhia Letras, 1990)

das

Afinal, o que foi essa revolução? O homem sempre produziu bens com o objetivo de satisfazer suas neros out e as uin máq , tos men tru ins as, ent ram fer ou Cri s. ejo des cessidades e atra os á-l use man a do iga obr viu se po tem to mui e ant dur o, ant ret Ent s. lio utensí “vés de sua própria força e inteligência. miper lhe que as nic téc as ers div , ada inh cam sua de go lon ao , riu Descob foi não isso mas , uta lab sua em e dad ivi dut pro e o ent dim tiam obter maior ren satisfatório. ar anç alc ido mit per lhe em ter os uid seg con s nto ame hor Apesar de os mel era ana hum ou mal ani ça for da uso o s: çõe ita lim ia hav da ain s, melhores padrõe € es lar egu irr m era a águ de O ou to ven de nho moi o e o, saç can prejudicado pelo | subordinados aos caprichos da natureza. na das rri oco es açõ orm nsf tra das e tud vir em II, XVI ulo séc No limiar do foi ra -ob -de mão de te gen tin con vel erá sid con um ra, ltu icu agr na e de proprieda liberado e graças a ele os ingleses puderam incrementar a produção manufatu| reira e a mineração. Através do artesanato, aliado à divisão do trabalho, numa produção reali-

zada, ainda, de acordo com os métodos domésticos, a Inglaterra acabou dominando os mercados em que atuava. Entretanto chegou-se a um ponto em que OS progressos possíveis de ser obtidos pelo velho sistema não mais satisfaziam.

Nesse momento, o processo esteve muito próximo da estagnação.

Ademais, havia a necessidade de ultrapassar os concorrentes. A Grã-Bre-

tanha vinha conquistando cada vez mais espaço no cenário econômico internacional, graças à expansão de seu comércio ultramarino que, por sua vez, impulsionava a indústria.

54

en am nd fu a for ria úst ind a ess II XV ulo séc do al Como vimos, até o fin

os, cas dos a ori mai Na . ade vid ati pal nci pri sua lã talmente doméstica e tivera na

da or dut pro o a, ari uin maq da ou al ent ram fer do o o próprio artesão era O don

E

matéria-prima e o vendedor do produto acabado. es nt ia rc me co os , es or id um ns co os pel e ia nc rê or nc co a Pressionados pel . ade lid qua € ços pre es or lh me os esã art dos gir exi a passaram ipa equ s vo no de ão uç od tr in a a par va ta on ap o uçã sol Foi inevitável: a fipli sim , mo xi má ao o cad ifi ens int foi que ho, bal tra do mentos e para a divisão s mai da, tuí sti sub ser de pô ra tu fa nu ma a que a rm fo tal de s cando as operaçõe adiante, pelas máquinas. as am ir rg su e do ria ala ass em do ma or sf an tr viu se o esã art o a, uid Em seg as , ais eri mat os al, loc co úni m nu , nir reu ou ur oc pr fábricas, onde o capitalista

a um gir exi a ou ss pa o açã liz ria ust ind à to, tan a Par s. ore had máquinas e os trabal maquinaria e um ferramental mais sofisticados. Na visão dos professores Mousnier e Labrousse, “todas as máquinas e, em da e o ic ôm on o ec bri ilí equ des um de am er sc na as nic téc s õe nç ve geral, todas as in daili sib pos da ém mb ta am er sc na s Ma to. cus de ços pre os r uzi red de de ida ess nec de de encontrar capitais baratos e de realizar largas margens de lucro”. so es oc pr o do çã lu vo re eu à' nd po es rr l co ria ust o Ind çã lu vo Re a a: sum Em produtivo, pois deixou-se de produzir através da manufatura e passou-se para a ro ei im pr a. No ur at of in qu ma à e, a nt par me ca fi ci pe es s mai o ou, çã za ni ca me caso, o homem era o agente produtivo e a produção estava limitada por sua habilidade e sua própria energia ou capacidade física. No segundo, a produção era comandada por seu talento e criatividade, já que o esforço ficava por conta da máquina sob o comando do homem.

A evolução na produção têxtil Na manufatura e em especial na indústria têxtil esses progressos foram mais rápidos e, de certa forma, mais consistentes. Isso é fácil de entender: era a

o

o

principal atividade industrial britânica, pois as manufaturas, como apontamos,

já existiam naquele país desde o período da desagregação feudal, embora só passassem a ter importância a partir do século XVIII. Outro aspecto que deve ser considerado é que a indústria da lã, pela sua complexidade, facilitava a divisão do trabalho. Com isso, os trabalhadores acabaram se especializando e adquiriram cada vez mais habilidade, produzindo

mais e melhor, o que permitiu o barateamento do produto.

Mas não foi só na indústria têxtil que se verificaram esses progressos.

Eles acabaram sendo introduzidos em todos os setores, a começar pelo comér-

cio, que apontava o que era necessário produzir. A ampliação do mercado inglês desempenhou um papel fundamental nesse processo. Além do crescimento demográfico, a Inglaterra possuía uma renda per capita e um nível de vida bastante razoáveis. Os preços agrícolas havia o intern do merca O . taram aumen ais nomin os salári os baixaram enquanto

se ampliado.

29

ho bal tra m va ia ic op pr e s ada liz tra cen des m era s ra tu fa nu ma as No início

s sua em do han bal tra o. mp ca no iam viv e ent alm ger que a milhares de pessoas,

em do nin reu o, açã liz tra cen a gou che o mp te do sar pas o m próprias casas. Co um único local fábrica e centenas de trabalhadores. da, ala esc a ess r lta icu dif a par es açõ por cor das os nt me la gu Se havia os re ser por que o, odã alg de s ido tec dos ria úst ind da o cas no mo co havia brechas. mais recente não estava sujeita a esses controles.

Os ingleses de Liverpool haviam importado tecidos O sucesso foi tal que logo se passou a produzi-los em início importava-se a matéria-prima, mas a concorrência ços menores, o que levou os britânicos a tentar melhorar dução e aperfeiçoar equipamentos.

de algodão da Índia. território inglês. No acabou exigindo presuas técnicas de pro-

Kay n Joh por ada ent inv e), ant vol ra dei nça (la e ttl shu ing fly a ão ent ge Sur em 1733, mecanismo que possibilitava lançar o fio de um lado para o outro da

çalan à er, tec a par ão, ent Até . tro qua e por dad ivi dut pro o a and lic tip trama, mul

deira era passada manualmente entre os fios pelo tecelão. A produção era lenta or. had bal tra do s rto abe ços bra dos e anc alc o pel da ita lim , ido tec e a largura do Para obter um tecido mais largo havia a necessidade de utilizar dois trabalhaa m Co to. cus do o nt me au do ão raz em ão, duç pro a a zav ili iab inv dores, o que lançadeira, composta de uma vareta onde o tecelão enrolava o fio que iria tramar o tecido, a operação passou a ser realizada automaticamente. Com o uso da nova lançadeira a produção aumentou, Por volta de 1760, com gir exi a am sar pas que es, elõ tec aos ho bal tra tar fal a u ço me co , fios a escassez de | . ões vaç Ino s mai te en em nt ue eq ns co a e rim a-p éri mat de es dad nti qua s ore mai John Wyatt e Lewis Paul haviam inventado uma máquina de fiar em 1738. . ido uec esq nte ame tic pra ou fic o ent inv o e a ári ess nec era não ela ca Na épo 4, 176 em s, ave gre Har de ny Jen ng nni spi a , ção fia de so ces Surgem, no pro Ark d har Ric de e am fr er wat a 8 176 em e os, fus ios vár m co r fia de uma roda

a wright, inicialmente movimentada por tração animal (cavalos) e mais tarde pel

a um 9, 177 em on pt om Cr el mu Sa por ada cri le, inu ng nni spi a se água. Segue| combinação da jenny com a water frame.

Máquina de fiar de Arkwright.

56

ar fi de da ro na o id uz od pr a er o fi o s, Antes do advento dessas inovaçõe € o ac fr a er fio u Se z. ve só a um de os fi a nt te oi é at ia uz od pr y nn Je À simples. is ma os fi va ra ge , ca li áu dr hi ar fi de a in qu má a um e, am fr r te wa A . ço di quebra termitente. propiciou um a in ir de an fi a um , le mu A s. so os gr resistentes, embora

e. nt ie Or do o ad rt po im ao or ri fio fino e resistente, supe do a vi ha o ut br o dã go al de o um ns co o I II XV lo cu sé do o rç te No último do a nt co va da o nã em qu e ia nc dâ un ab em os fi a vi ha a or Ag . ra er at gl In brado na ius cl in a vi Ha e. nt me al nu ma o nd ha al ab tr va ua in nt co e qu o, lã ce recado era o te de es or ut od pr Os is po a, es gl in il xt tê a ri st dú in à r te me ro ve o perigo de comp . us pe ro eu es ís pa os tr ou ra pa e nt de ce ex O ar rt po ex a m a r a ç e m o c fios a nd ai , o d n a t n e m u a e ad id iv ut od pr a e o d n e d e c u s se m ia As inovações ht. ig wr rt Ca d n u m d E de o c i n â c e m ar te o e rg su 85 17 m E . te en am o. que muito lent ss re og pr um r se de a av ix de o nã , to ei rf pe im de ar es Ap . al im movido a força an Mas não bastava.

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As máquinas da Revolução.

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s rrere ads da

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A produtividade, entretanto, não parou mais de crescer. O quadro a se-

e pod se mo Co . XIX ulo séc do os ent mom ios vár em o ssã gre pro suir registra sua deum ve hou ou, ent aum or had bal tra por ão duç pro a que ida med à observar. . ida obt se fos ão duç pro a ess que a par as ári ess nec as hor de ero núm créscimo do

Produtividade na indústria têxtil de algodão no Reino Unido Período

Horas

Produção por trabalhador

1829-31 1844-46

100

100

87

372

1859-61

87

708

1880-82

82

948

Fonte: Adaptado de Rioux, J. P. 4 Revolução Industrial 1780-1880. São Paulo, Pioneira, 1975.

A evolução na siderurgia A indústria de ferro na Grã-Bretanha estava em pleno declínio no início do século XVIII. sobretudo porque se defrontava com sérios problemas relacionados ao baixo teor da matéria-prima, à elevada dependência da água como força motriz e ao uso do carvão vegetal como combustível. Sua localização e limitação para expansão estavam intimamente ligadas à exaustão das reservas florestais. O uso da madeira como combustível, além da ameaça de desflorestamento, obrigava à constante migração, levando as siderúrgicas e os altos-fornos cada vez mais para o interior e longe dos centros consumidores. Além disso o produto inglês era de qualidade consideravelmente inferior, quando comparado aos importados da Suécia, Espanha ou Alemanha. Na metalurgia, as primeiras tentativas de se utilizar o carvão mineral na fundição do ferro datam do século XVI. A substituição do carvão vegetal pelo queio carvã de ra mistu uma com ção fundi ira prime a e nto cime aque no mineral cem pare ) hulha da nação calci pela m obté se que fo amor o carvã = e (coqu mado ter sido feitas por Abraham Darby, em 1709.

Era uma solução parcial, pois as quantidades disponíveis de carvão mineral eram insuficientes. Havia necessidade de extrair esse mineral a maiores O . minas nas água de ulo acúm no ia resid culo obstá ipal princ o e s dade undi prof problema foi solucionado com a máquina a vapor de bombear água idealizada por Thomas Newcomen, em 1712. Foi na siderúrgica dos Darby que se obteve ferro-gusa, em 17/35. Em 1750 Benjamin Huntsman chegou ao aço fundido. A partir de 17/00 mesmo Huntsman produzia aço de excelente qualidade. Em 1784, Henry Cort desenvolveu o processo de pudlagem, que permitiu obter ferro com menor percentagem de carbono e de melhor qualidade. Foi um sucesso, pois o ferro fundido aceitava o carvão mineral e sua produção barateava. Além disso, esse ferro era quase tão duro quanto o forjado. Em 1780 a laminação também foi desenvolvida por Cort.

58

ia, jar for da ma le ob pr 0 eu lv so re s õe aç ov in as ss No entanto, nenhuma de ão rv ca O is po l, ta ge ve ão rv ca lo pe do ta en im al ser cujo forno ainda precisava l. ta ge ve ao o ad ar mp co do an qu ta, len mineral é um combustível de queima ão ns pa ex a iu it rm pe , 81 17 em da oa iç fe er ap A máquina a vapor de Watt, se ia ter ão aç iz il ut ra ei im pr a su e qu de da forjaria e os registros nos dão conta osalt s no a ad iz il ut a. in qu má va no A dado na siderúrgica de John Wilkinson. l. ra ne mi ão rv ca o r ma ei qu ra pa te en ci fornos, garantia uma explosão sufi as florestais e de

rv se re de ás atr er rr co de ou ix de a ic rg A indústria siderú ua ág da te en nd pe de a ri st dú in a um de ra ma or sf an tr a tt Wa de a in qu má A . água aid al qu de o rr fe um r te ob ia it rm pe e qu e da madeira em um processo contínuo 1não uç od pr a 95 17 Em o. iv it et mp co o eç pr de , te en lm pa ci in pr e, l ve tá de acei elesa havia quadruplicado. a h n a t e r B ã r G na a lh hu de Produção “Ano

1790 1800 1820 1830 1840

Produção (milhões de toneladas)

6 10 12,5 16 30

1850

49

1860 1870

110

1880 1890

| 84

1900

80 149 230

Crescimento percentual

|

66,7 25 28 87,5 63,3 63,3 37,5 339 23,5 25

o, Pioneira,1975. ul Pa o Sã 0. 88 -1 80 17 al ri st du In o çã volu Fonte: Adaptado de Rioux, J. P. A Re

o? çã lu vo re à u o e d a c n e s e d r po va a Como a máquina Havia chegado o momento. Era a revolução ou a estagnação. pi ca ar ul um ac a di po , eu og ap o rt ce um a o ad O comerciante tinha cheg nco , ão uç od pr a m se as nt me au e qu tais, encomendar máquinas mais eficazes ..

O



a

mg

em oco

s. ma ri -p as ri té ma r ra mp co , as ic br fá r ui tratar trabalhadores, constr em r na io nc fu ra pa a ic br fá a o nd po o, ci gó ne se es r Só faltava impulsiona

sti sa o nã , ca li áu dr hi a o, tã en é at ha un sp ritmo acelerado. A energia de que se di l. ve tí us mb co de a lt fa a : ra ei rr ba a um is ma er fazia. Era preciso venc sdu In o çã lu vo Re da o nt ve ad no vo si ci de l pe pa ve Se alguma inovação te

r. po va a a in qu má a foi te en am rt ce trial,

59

de des que m ca di in ros ist reg os a, ogi nol tec em s De acordo com os expert a. bin tur a um de tir par a o nd na io nc fu or vap a a in qu má a o início se imaginou

or vap a a bin tur da , nte ame fic eci esp s mai ou, or vap a a in qu má A origem da

a gir que ca, áli met , oca la (bo la ípi eol a , iva mit remonta a uma máquina muito pri

rea a a bin tur de e éci esp a um , or) eri int seu em a águ de or por aquecimento de vap ). a.C 130 (em s ano 00 20 de s mai há a, dri xan Ale na ção inventada por Heron, Para funcionar com êxito, a turbina exigia pressões de vapor muito elenão , VII X ulo séc o , até ha un sp di se que al de ent ram fer o a e ogi nol tec A as. vad en lm ra ge al, met de ça (pe s ai nc ma ou ras dei em cal ss uí tr ns co se m que ia permit

em ss de pu ) que as in qu as má ad in rm te de em os eix os a ort sup que ar, cul te cir

suportar satisfatoriamente essas pressões. Somente no final desse século as experiências relacionadas com o emprego da energia a vapor começaram a mostrar sinais alentadores.

Talvez uma outra pergunta devesse ser formulada: qual a importância da

máquina a vapor nesse processo? A madeira foi, durante muito tempo, uma das principais matérias-primas com que o homem contou. Largamente utilizada na construção civil e naval, destinava-se ainda à fabricação de mobiliário e outros utensílios, sem falar no carvão vegetal para aquecimento ou fundição. Sem qualquer programa de reflorestamento, muitos países, e principalmente a Inglaterra, viam suas reservas se aproximarem rapidamente da exaustão. Aliás, a situação se agravara porque ove o de açã cri à ço pa es er ced a as par ad ub rr de o sid am vi ha tas res flo tas mui

a s, ai . em el Ad ív nd ci es pr a im nar tor se l, era min vão car o é, o ist ha, hul A s. lha

quase-totalidade da produção mundial provinha das minas inglesas. O mundo dependia do carvão e para obtê-lo havia a necessidade de exde is íce , dif s te mai en em nt ue eg ns co s e, da un of pr s mai vez a cad s na mi rar plo ani ção tra s por da na io ac as mb bo por to fei era ho bal tra e ess ca, épo . Na nar dre e ess a s par ado liz uti s alo cav de es ar lh mi os I II XV ulo séc do cio iní No mal. as. min o das çã da un in a tra con a lut m na ge ta an sv de ida nít em m va ta es o viç ser o, tic rgé ene io me mo co ado liz uti se fos já or vap o ra bo em e, sab se que Ao , que et rs me So rd wa Ed de a foi to êxi m gu al rou log a que tiv cia ini ra mei a pri desenvolveu uma máquina elevatória impulsionada por pressão de vapor. Em 1698 surgiu a primeira máquina a vapor que podia ser utilizada para fins industriais. Empregando o vapor como força motriz, destinava-se ao bombeamento da água nas minas de carvão da Inglaterra. Seu inventor foi Thomas

Savery. Entretanto seu uso era restrito, devido à pequena capacidade que tinha

para elevar a água a grandes alturas. Além disso estava limitada pela pressão à que podia resistir e desperdiçava muito combustível.

Em 1679, Denis Papin criara a primeira máquina a vapor dotada de cilindro e êmbolo. Suas idéias foram aproveitadas de forma prática por Thomas Newcomen, em 1705, quando este separou a caldeira e o cilindro, obtendo uma

melhor condensação do vapor. Em 1711 essa nova máquina era utilizada para o bombeamento das minas, permitindo que se obtivesse carvão mais barato à profundidades cada vez maiores. 60

ema, eir min ão aç tr ex de ria úst ind a a par l na io pc ce ex ão Foi uma inovaç va ça di er sp de e l ve tí us mb co o it mu ia um ns co os: eit def ves bora tivesse dois gra não l ve tí us mb co do o tã es qu a , vão car de s na mi boa parte da força. No caso das iva equ ho bal tra o ia faz da ain ça, for do en rd pe constituía problema e, mesmo de er diz ia pod se não o sm me O s. alo cav ta sen lente ao de cingiienta ou ses outras atividades, como as industriais.

menru st in de e ant ric fab w, go as Gl de s cê co es um Em 1764, James Watt, mo do lo de mo um r ara rep de de da si er tos mecânicos, foi incumbido pela univ ão aç er op na a rri oco r po va de o ci dí er sp de tor de Newcomen e verificou que o ava est o çã lu so a que u to di re Ac ro. ind cil O de esfriar e aquecer alternadamente ao do an eg ch ou ab ac € r po va do em manter O cilindro à mesma temperatura 1nseu u oo iç fe er Ap ar. cul cir o nt motor com êmbolo de dupla ação e movime iqu má s va no as ar ric fab a par n to ul Bo vento em 1781 e associou-se a Mateo sas des as nt he in qu de ca cer do uí tr ns co am nas. Em 1800, Boulton e Watt havi . ses paí ros out a par as ad rt po ex s ma gu al máquinas, a par s ada liz uti m ra fo r po va a Com o aperfeiçoamento, as máquinas úsind na r fia de as in qu má as e ro fer acionar os foles na industrialização do tria têxtil. a or Ag s. ido ráp e s ei áv er id ns co m ra fo os Daí para a frente os progress daoci vel ma nu as ric fáb das as in qu má as r na io havia um motor capaz de impuls de significativa. ha an et Br ãGr a 80 17 em : tir sen fez se o O advento do maquinismo log Der os 90 17 em e o dã go al de s ido tec de s exportava 360 mil libras esterlina ofi cas sti atí est as m co do or ac De by produziam 14 mil toneladas de gusa. acav 0 50 7. a es nt le va ui eq as in qu má ciais, em 1800 a Grã-Bretanha tinha los-vapor*. zessede os até to be fa al an , on ns he ep St ge or Ge aí. O progresso não parou irfe ape se já e a pri pró ta con por er ev te anos, quando aprendeu a ler e a escr esà uir str con a par o id lh co es foi or, vap a çoara na construção de locomotivas

em da ra gu au in o, nd mu do ra ei im pr a , on gt in trada de ferro de Stockton a Darl a 9, 182 em er st he nc Ma e l oo rp ve Li 1825, e depois a estrada de ferro entre como ão rv ca o do ten € r po va a s da vi Mo os. eir sag pas primeira que transportou

a. err lat Ing a a tod am av uz cr ro fer de as rad combustível, logo as est ou em ig or sua m ra ve ti que os nt ve ad ros out os it mu Podem-se enumerar

do e m ge ua rr ca da o cas o mo co a, rgi ene de impulso a partir dessa nova fonte ra ei im pr a foi sa es e qu de to fa O ca fi di navio a vapor. No entanto, isso não mo

as aç gr foi e qu de e a, ci tí no ve te o nd mu o e qu de grande revolução industrial va e o rr fe , ão rv ca o, dã go al lo pe da na io ls a ela que a Grã-Bretanha, impu opr o nd mu do o st re ao u go le e ia nc tê por, atingiu a posição de grande po gresso e riqueza. , ês gl in Em ). cv : lo bo ím (s W 5 5, a 73 l ua ig ia nc tê po de da di me de e ad id * Un

força”. oal av “c , te en lm ra te li r, we po e hors

61

Capacidade das máquinas a vapor na Grã-Bretanha Ano Milhares de cv

1840

1850

350

500

1860 | 700

1870

1880

1888

900

2.000

2.200

Fonte: Adaptado de Rioux, J. P. À Revolução Industrial 1780-1880. São Paulo, Pioneira, 1975.

Evidentemente, a máquina a vapor era estupenda, mas ainda não havia atingido a perfeição nem se prestava para todas as atividades. Usava combustí-

vel poluente, que deixava resíduo e era de disponibilidade restrita. Além disso

havia o problema da imobilidade, sua eficiência térmica era discutível e, principal defeito, a energia gerada não podia ser transmitida a longas distâncias. Isso apontava para um novo ciclo: a necessidade do motor de combustão e da eletricidade. Essa nova fase despontou em fins do século XIX com as experiências relacionadas com o novo motor de combustão interna e os geradores elétricos. Mas isso faz parte de uma nova era e pertence a uma outra fase da história da escalada do homem em direção ao seu futuro.

62

7. CONSEQUÊNCIAS "Quaisquer que tenham sido as causas da Revolução Industrial, ela moldou profundamente o desenvolvimento da economia. Mais s dua as am gir sur que to tex con se nes foi E to. tex con o é e ant ort imp e, figuras mais celebradas da história desta disciplina: Adam Smith s três quartos de século depois, Karl Marx. Um foi o profeta dos seu ir feitos e realizações, e a origem das normas que à norteiam a part eles de então; o outro foi o crítico do poder que ela outorgava aqu e da ão, duç pro de os mei o mad cha ser a a viri que o am suí pos que pobreza e opressão a que ela obrigava os trabalhadores.”

São (Galbraith, John K. O pensamento econômico em perspectiva.

Paulo, Pioneira, 1989)

dos a ori mai nde gra a XIX ulo séc do cio iní no e II XVI ulo séc do l No fina de o ent adv O va cia nun pre l ria ust Ind ção olu Rev a que a tav edi observadores acr e, ent alm fin , ens hom os ndo qua , ial soc a , ção olu rev a nov uma nova era, com uma

O a, uez riq da ção bui tri dis da m ria ipa tic par e sso gre pro o com m ria cia se benefi vez tal e Ess s. ado egi vil pri de a ori min uma a nas ape ido mit per era que até então no tor em o vad tra tem se que ca êmi pol da or mai tro cen o continue sendo, ainda, as nov as e m ara tiz cre con se pre sem nem sas mes pro as s poi s, ito efe dos seus condições de vida nem sempre significaram a desejada melhora. de co mar o do tuí sti con ha ten l ria ust Ind ção olu Rev a que e Não se discut nstra nde gra uma ir mit per de ém Al e. dad ani hum da ia tór his da era a uma nov

rea eir dad ver uma ou ger nte lme rea os, viç ser e s ben de ão duç formação na pro

nas as cad ifi ver es açõ orm nsf tra das fun pro nas e ent pat volução, que se tornou s. iai soc e s ica nôm eco , cas íti pol , ais tur cul is, ona uci tit ins s estrutura O re ent to men ona aci rel de pa eta a nov uma de cio iní o cou mar Enfim, capital e a venda da força de trabalho. Inicialmente restrita à Inglaterra, a partir de 1850 a industrialização se de e ão duç pro de as nic téc as nov de a ad nh pa om ac , ses paí ros out expandiu para grande desenvolvimento dos transportes e das comunicações. Sem qualquer sombra de dúvida, ela significou uma evolução continua

de os vad ele s mai vez a cad eis nív , nte lme dua gra , tou ili sib pos que ia na econom

produção e consumo.

Aspectos econômicos Sob esse contexto, obviamente, a consequência mais imediata e essen-

esobr e, idad utiv prod da r, dize não que por e, ução prod da o ent cial foi o aum

63

tudo nas indústrias têxteis, pois o advento da máquina resultou em progressos

incontestáveis, abrangendo desde a supremacia na produção à racionalidade e rentabilidade no trabalho. | no Essa transformação fundamentalmente importante que teve seu início por

volta de 1760 trouxe, como não poderia deixar de ser, consequências simplesmente extraordinárias.

Até então, a humanidade jamais havia experimentado um aumento de desenvolvimento e prosperidade tão significativo. Só para se ter uma idéia, por volta de 1800 havia na Grã-Bretanha cerca de 7.500 cavalos-vapor em máquinas instaladas. Em 1870, essa cifra havia su-

perado a casa de 1 milhão de cavalos-vapor, montante realmente estupendo. Por volta de 1820, a produção de uma única mule controlada por uma criança equivalia a duzentas rodas de fiar, e um trabalhador podia controlar, sozinho, vários teares movidos a vapor, produzindo vinte vezes mais do que um artesão. À estrada de ferro de Liverpool a Manchester, inaugurada em 1830, podia transportar, numa velocidade fantástica para a época, um volume de mercadorias que antes teria exigido algumas centenas de tropas de burros. Certamente poderíamos ficar relatando inúmeros outros aspectos impor-

tantes dessa revolução que resultaram numa verdadeira espiral cumulativa e engiobaram o aumento maciço da produtividade, exigindo mais máquinas, mais matérias-primas, mais trabalhadores, mais transportes etc. num processo autosustentado, capaz de gerar um fluxo contínuo de investimentos e inovações.

Por outro lado, a população da Europa, que era de 140 milhões em 1750, elevou-se para 187 milhões em 1800 e para 266 milhões em 1850. Na Inglater-

ra, em 1800, havia pouco mais que 10 milhões, e em 1900 esse número se aproximava dos 40 milhões. Ora, esse significativo crescimento da população

foi consegiência inevitável do progresso que propiciava melhores condições de vida, pois a Revolução Industrial foi capaz de incrementar a produtividade de tal modo que tanto a renda nacional como o poder de compra da população

britânica foram positivos. Isso significa que os incrementos de produtividade

foram superiores aos aumentos populacionais, pois enquanto o crescimento populacional médio no século XIX foi da ordem de 1,26% ao ano, a renda per capita cresceu 2,5 vezes nesse mesmo período. Pode-se portanto afirmar que com a Revolução Industrial a economia, como um todo, se desenvolveu na direção do capitalismo. Os monopólios estatais foram eliminados gradativamente e, junto com eles, as corporações de oficio, a servidão e todos os demais resquícios das fases feudal e mercantilista.

Se lembrarmos que nesse contexto está implícita a absorção de uma parcela crescente de mão-de-obra, temos de admitir que os resultados até que fo-

ram bastante razoáveis.

E irrefutável o fato de que o primordial do maquinismo foi a generalização de certos benefícios. Registros nos dão conta de que a média dos salários reais na Grã-Bretanha, entre 1815 e 1850, elevou-se em cerca de 20% e aprea”

sentou um crescimento espetacular na segunda metade do século XIX: 80% .

64

Renda per capita das potências européias 1830-1890 (em dólares)

1830

1840

1850

1860

1870

1880

1890

Grã-Bretanha

346

394

458

558

628

680

785

Itália

205

270

277

301

312

311

31]

França

264

302

333

365

437

464

515

Alemanha

245

267

308

354

426

443

337

Rússia

170

170

175

178

250

224

182

País

Fonte: Kennedy, Paul. Ascensão e queda das grandes potências. Rio de Janeiro, Campus, 1989.

Aspectos sociais Evidentemente, do ponto de vista da dívida social os resultados não foram tão espetaculares, sobretudo se atentarmos para o fato de que esse progresso implicou custos sociais bastante elevados para as classes trabalhadoras britânicas. Na indústria têxtil, por exemplo, houve substituição do trabalho masculino pelo feminino e o incremento do trabalho das crianças. No auge da revolução, quando havia muita procura por mão-de-obra, isso pode até ter sido benéfico, pois liberou os homens para tarefas muitas vezes mais bem remuneradas. Entretanto, quando essa procura inexistia, sobrevinha o desemprego ou a remuneração vil e, em consequência, a miséria.

O artesão era dono de seu tempo e de seu trabalho. Vendia o produto

deste ou o serviço que prestava. Na fábrica, o trabalhador tem de cumprir horá-

rios e prestar contas de sua produtividade. Dependendo do ângulo de análise, essa questão pode ser encarada tanto positiva como negativamente. O fato é que não se pode negar que o operário passou a vender o seu

tempo para o industrial e a ser cobrado pelo desempenho que tinha durante a

jornada. Sob a óptica da liberdade e do lazer, os prejuízos, sem dúvida, foram sensíveis. Resta indagar se o progresso e a expansão, com a consegiente oferta de

mi

E

mais empregos e oportunidades, não compensaram esse sacrifício.

Há de se apontar, também, as condições em que esse trabalho era desenvolvido nas fábricas. Relatos da época dão conta de que era comum obrigarem os operários, inclusive mulheres e crianças, a cumprirem uma jornada diária de trabalho de quinze ou mais horas, sem direitos a benefícios ou assistência. Aci-

dentes eram fregiientes, a alimentação muitas vezes de péssima qualidade e insuficiente. Erros ou faltas eram severamente punidos. Chicotear crianças como punição era bastante comum, mas não constituía regra.

65

mo fa is ma da o ri ná ce o foi a, ci có Es New Lanark, próxima a Glasgow, Na es lh e os iã ór a av eg pr Em . ns ge la ce te em sa experiência da utilização de crianças ns fi em da ia ic in i Fo r. la co es ão aç uc ed sa ro go ri de ia ár di ia me e ra ho a um dava Ro 9 /9 17 Em s. cê co es po ro nt la fi e a st do século XVIII por David Dale, capitali do ão aç rm Fo a ra pa o çã ui it st In a bert Owen, genro de Dale, assumiu e criou as tr ou e o nt ca de is ta ci re , as st fe s, to ul ad Caráter, que promovia palestras para OS ho al ab tr de a ad rn jo a u zi du re o mp te do ar ss atividades para os órfãos. Com o pa em ss fo os an ze do de s re no me e qu ir it para dez horas e meia, além de não perm

a. oc ép a ra pa al ci so o çã lu vo re ra ei ad rd empregados na indústria. Uma ve

Mineiros descem num poço

de uma

mina de carvão,

sem qualquer segurança.

de s ma le ob pr os do, era alt ano urb nal cio ula pop to men Com o ritmo de cresci xa bai de as adi mor as e os tiç cor os ram era lif pro am, gir sur urbanização também

e. dad cui mis pro a e e ien hig de ta fal à mo co as nci iiê qualidade, sobrevindo conseg

da s ade cid as uo, tín con o nt me ci es cr em e as zad qui rar hie s, da ma Transfor

pre o o sid ha ten e ess ra bo Em s. nte rma ala s iai soc s ste tra con am av lh pe es época

ácen se nes os, tem e hoj que sso gre pro do e to for con do sta qui ço pago pela con os, esã art Os as. olt rev as am gir sur o log e o nd de ce su se m ra rio os problemas fo

libera ho, bal tra de s õe iç nd co s sua m ia rd pe ue rq po m ra la be re se , nte 'nicialme

dade e, por que não dizer, os momentos de lazer.

No início, a máquina economizava mão-de-obra e gerava desemprego. des sua a par am tir par e o açã liz uti sua tra e con -s am ir rg su s in ore Os trabalhad

a lei, por eu, lec abe est se 9 176 em que m de or tal de foi e ad id av gr A o. içã tru . as in qu má de o içã tru des a pel os pad cul Os a par te pena de mor

66

izaent sci con à to pei res diz que o é o rad ist reg ser e dev que o ect asp Outro

enadv o com do cia efi ben se e ess tiv nte lme rea ele que Até or. had bal ção do tra as. feit am for s ima vít e os íci rif sac tos mui ho, bal tra de ões o de melhores condiç ecom ias hor mel as , vas ati rel e s iva dat gra ora Entretanto, a partir de 1815, emb

çaram a surgir. ra mei pri de s ero gên em l cia par nto ame pag do al ron pat a tic prá a Contra disin dos as sor cur pre vas ati per coo ras mei pri as 5 necessidade, surgem em 181 catos de trabalhadores. Em

1880 existiam, na Inglaterra, aproximadamente mi)

cooperativas com cerca de 550 mil SÓCIOS. ert Rob 3, 184 em e, 5 182 de ta vol por am gir sur s ato dic sin Os primeiros

aorg a a par u bui tri con , ark Lan w Ne de ia ênc eri Owen, o responsável pela exp

con de e éci esp uma on, Uni s de' Tra ted ida sol Con al ion nização do Grand Nat ão Uni nde Gra ser: a eri pod ão duç tra (a s ore federação nacional de trabalhad

ohad bal tra mil 500 de ca cer niu reu que ), dos ida sol Con Nacional dos Ofícios npri o açã dic vin rei a cuj al ger ve gre uma zar ani res de várias categorias para org

nto ime mov o ora Emb ho. bal tra de s ria diá as hor oito de a cipal foi uma jornad

outos mui de o riã emb o o sid ter de o foi ito mér nde tenha fracassado, seu gra

tros que se seguiram por toda a Grã-Bretanha.

Os operários se organizam...

67

dd

CONSIDERAÇÕES FINAIS “Como tirar algumas conclusões simples de um fenômeno tão complexo como a Revolução Industrial? Este enorme crescimento

das forças produtivas do trabalho humano afeta as economias, as sociedades, as civilizações. Mas com uma força e um ritmo Ê variáveis.” (Rioux, J. P. A Revolução Pioneira, 1975)

Industrial

1780-1880.

São

Paulo,

Sem dúvida foram incomensuráveis as transformações decorrentes da Revolução Industrial. Conforme tivemos oportunidade de apontar, seus efeitos se fazem sentir, em determinadas situações, até hoje. Como diz o professor Ashton, da Universidade de Londres: “A Revolução Industrial era uma questão tanto econômica como tecnológica: consistiu tanto em alterações no volume e distribuição da riqueza como na mudança dos métodos para dirigir essa

riqueza para determinados fins”. Ora, se os efeitos persistem, o que não dizer das consegiiências? Muitas estão aí, bastante próximas, mesmo para nós brasileiros, que não participamos

diretamente desse processo. Nas palavras do professor Rioux: “Cada economia escolhe o caminho mais rentável. A Revolução Industrial é a seleção do processo de crescimento

melhor adaptado ao mercado, à mão-de-obra, às disponibilidades de matéria-

prima e às técnicas. Pragmatismo econômico constante, no qual a moral se inspirará voluntariamente. Porque a busca do lucro está na base de todas as | iniciativas”. Como dissemos, foi um progresso definido pelos otimistas como mira-

culoso e pelos pessimistas como uma desarticulação catastrófica no equilíbrio social do homem.

Analisando as coisas com a maior isenção de ânimo possível, diríamos que

as inovações propiciadas pela Revolução Industrial resultaram em profundas transformações econômicas e sociais, em que a moral e a ética, certamente, testemunha-

ram €e haverão de testemunhar, ainda, crescimento, contradições e revoltas. 2 —— Se houve a ruptura histórica entre o capital e o trabalho, chegou ao fim a sociedade de estamentos, surgindo a sociedade de classes e profundas transformações nas relações trabalhistas.

68

Como afirma E. McNall Burns: “Nem mesmo o mais bilioso dos críticos

poderia negar que a Revolução Industrial trouxe grandes benefícios materiais

aos habitantes das nações ocidentais” Sem dúvida, do ponto de vista de conforto, progresso, desenvolvimento e melhora das condições de vida, foram benefícios Iincontestáveis./

Não se pode entretanto negar, também, que nem sempre as classes trabalhadoras têm usufruído, em larga escala, desses benefícios. Antes do final do século XIX, os próprios “clássicos” (seguidores de Adam Smith) já se preocu-

pavam com as condições de trabalho e higiene dos operários e com à concentração da riqueza pelos capitalistas. De acordo com os críticos, o capital se sobrepôs ao trabalho e os lucros industriais aumentaram na mesma proporção

em que cresceu a exploração da classe trabalhadora. Além disso, houve uma

inevitável divisão de classes e Londres, particularmente, abrigou durante mui-

to tempo, em seus bairros pobres, verdadeiras aglomerações humanas vivendo em condições precaríssimas, pois nada fora previsto quanto à absorção do crescimento populacional. Entretanto, a partir de 1850, é possível detectar melhoras nessas condições, pois todas as inovações introduzidas na indústria acabaram sendo benéficas à sociedade como um todo. Aliás, foi em consegiiência da Revolução Industrial que surgiram novas doutrinas econômicas, algumas para justificá-la e outras para criticá-la ou combatê-la. Evidentemente,

a grande beneficiada (imediata) foi a burguesia, que

criou e dominou os meios de produção. A grande verdade é que a Revolução Industrial, nos países em que se tem instalado, nem sempre tem apresentado os mesmos resultados e consegiiências que no caso britânico. Somente o homem, com sua criatividade e determinação, poderá definir se o futuro corresponderá ao desenvolvimento de novos padrões socioeconômicos ou a mais incertezas. Só há uma verdade: estamos ingressando em uma nova era. O mundo assistiu, atônito e impotente, ao desmonte da ex-URSS, que se fragmentou como um vidro quebrado, da mesma forma como ocorreu em todo o Leste europeu. Nesse panorama de incertezas, complementado por inevitáveis questionamentos quanto às reais possibilidades de crescimento e desenvolvimento econômico, realmente parece válido querer discutir as explicações padronizadas e questionar ou avaliar essas variáveis, na busca de respostas e caminhos que nos permitam, realmente, participar desse progresso.

CRONOLOGIA 1086 Instalação do feudalismo na Inglaterra. 1215 Elaboração da Carta Magna inglesa.

. cos tur Os a par io érc com o ndo era lib la, nop nti sta Con de da 1453 Que 1517

Início da Reforma religiosa de Lutero.

1534

eja Igr da ão daç Fun a. Rom com pe rom a, err lat Ing da , VIII Henrique anglicana.

1571

Abertura da Bolsa de Londres.

1589

William Lee (inglês) desenvolve o tear de malhas.

Na Inglaterra se estabelece a Companhia das Índias Orientais. a. pedr de vão car com o ferr ido duz pro ter a aleg lês) (ing ley Dud d 1616 Dud . rior exte io érc com do lio opó mon o a inh mar sua à o and org out a les ing 1650 Lei

1600

1651

Decretados os Atos de Navegação.

Gennes (francês) desenvolve um precursor do tear mecânico. . has mal de tear o am iço rfe ape s) ese anc (fr che Bla e ier ant Gal 1686 r. vapo a a uin máq da ia teor a e olv env des ês) anc (fr in Pap 1690 Denis

1678

1691 Papin aplica o êmbolo à máquina a vapor. 1694 Criado o Banco da Inglaterra. 1698

. lês) (ing by Dar por vez, ra mei pri pela o did fun é ue coq 1709 O a par ada liz uti era que or, vap a a uin máq a a iço rfe ape s) glê (in 1712 Newcomen bombear água nas minas de carvão.

1733 John Kay (inglês) inventa a lançadeira volante. 1735 Os Darby (ingleses) obtêm ferro-gusa. 1738

John Wyatt e Lewis Paul (ingleses) inventam a máquina de fiar.

1745

Huntsman (inglês) obtém aço fundido.

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1701

Invenção da máquina a vapor de Savery (inglês). Criado o forno de fundição de Wright (inglês).

70

1757

James Watt aperfeiçoa a máquina a vapor.

1760 Início da Revolução Industrial inglesa. 1764

Hargreaves (inglês) inventa a primeira máquina de fiar intermitente, a

spinning Jenny.

1767 Higs (inglês) inventa o urdidor hidráulico, a water frame. 1770 Invenção da máquina de fiar por Hargreaves.

1775 Watt se associa a Boulton, aperfeiçoando e construindo máquinas a vapor para a indústria têxtil. 1776 Adam Smith (escocês) lança o livro A riqueza das nações. 1779

Compton (inglês) inventa a fiandeira intermitente, a mule.

1781 Watt aperfeiçoa a máquina a vapor, adicionando-lhe um sistema de transmissão.

1784 Peter Onions e Henry Cort (ingleses) descobrem o método de purificação do ferro, a pudlagem. 1785

Cartwright (inglês) inventa o tear totalmente mecanizado. A máquina a vapor é utilizada para operar uma fiandeira.

1792

Invenção da fiandeira automática, a automatic mule, por William Kelly (inglês).

1799 O francês Cugnot associa a máquina a vapor à carruagem. 1803 Horrocks (inglês) inventa o tear automático feito de ferro.

1805 Trevithick (inglês) adapta a máquina a vapor à locomotiva.

1815 Surgem as primeiras cooperativas, que deram origem aos sindicatos dos trabalhadores por volta de 1825. Inauguração da estrada de ferro de Stockton a Darlington.

= «ii

1825

7

SUGESTÕES DE LEITURA ARRUDA, José J. A. A Revolução Industrial. São Paulo, Editora Ática, 1988. O autor enfoca a “revolução burguesa inglesa” como precondição para a Revolução Industrial e para o processo de transição do feudalismo ao capitalismo. ASHTON, T. S. 4 Revolução Industrial. Lisboa, Publicações Europa-América, 1974. Considerado um “clássico” sobre o assunto, descreve o espantoso progresso técnico e científico que introduz a evolução industrial do mundo moderno. DEANE, Phyllis M. 4 Revolução Industrial. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 197: Fruto de um ciclo de palestras realizado na Escola de Economia de Cambridge (Londres, Inglaterra), enfoca a Revolução Industrial em sua dimensão essencialmente britânica como ponto de referência para o desenvolvimento econômico. DOBB, Maurice. 4 evolução do capitalismo. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1965. Analisa o capitalismo desde a sua evolução inicial até as crises atuais, sobo prisma do materialismo dialético.

MANTOUX,

Paul. La Révolution Industrielle au XVIIF siecle. Paris, Georges

Bellais, 1906.

Trata-se da obra mais completa sobre o assunto. Não existe tradução brasileira. Publicada em castelhano pela Aguillar, de Madri, sob o título: La Revolución Industrial en el siglo XVIII. RIOUX, JEAN-PIERRE. 4 Revolução Industrial 1780-1880. vraria Pioneira Editora, 1975.

São Paulo, Li-

Apresenta a Revolução Industrial ligada ao século XIX, como um esto-

pim de crescimento do capitalismo, as condições que presidiram seu iní-

cio e sua expansão.

ROSTOW, W. W. Etapas do desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1974. Obra que, embora gerando certa polêmica pela forma como o autor procura

enfocar os desdobramentos encadeados que compõem o processo do desenvol- « vimento econômico, apresenta abordagens bastante interessantes do assunto.

72

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