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Portuguese Pages 288 [289] Year 2005
Grandes civilizagoes do passado
(SRECIA IN TeleFe Furio
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ens0s de colénias com destino agricola.
x. Nasce assim, na Itdlia meridional e na ; oe Sicilia, uma nova idéia de “helenismo”: é 4
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| 33 Se necessidade. No espaco de poucos
aa. decénios surgem, depois de Pitecusas,
= Cumas (740 a.C.), Naxos (733 a.C.),
eens
30
Siracusa (732 a.C.) e outras novas
colénias entre a Sicilia, a Calabria, a Apulia
e Lucana. No século VI a.C. se dé a consolidacao da posicao da Grécia no quadro das relacées poltticas, econdmicas e culturais
em escala mediterranea, do Levante cada vet
mais presa da hegemonia asstria sobre 0
Ocidente colonizado por gregos e fentcios,
com intenso intercambio com o Oriente. Nao sé mercadorias ordindrias, produtos alimenticios e manufaturados viajam por rotas que unem centros muito longinquos, mas também “cultura” na acepgao mais
ampla do termo, naturalmente sob o impulso
das aristocracias dominantes, que culttvam 0 gosto do luxo e se mostram cada vez mats
fascinadas pelas formas e pela substéncia as civilizacées orientais. E as colénias fundadas também no Oriente, desde o mar
Badltico até o mar Negro ricos em recursos primdrios, desde as costas anat6lias até a Macedénia e a Trdcia -, repletas de transacées comerciais e ideolégicas,
transformam-se em laboratérios de
31 As vitimas das
guerras entre péleis
rivais ou entre tiranos
e aristocratas foram
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numerosas, como
atestam tantos
monumentos funerdrios
—
encontrados, sobretudo
na Atica. Aqui vemos a conhecida estela de
experimentacao politica e cientifica, alimentadas agora pelo intelecto de fildsofos, literatos, artistas, cientistas, pelas sugestées culturais e materiais difundidas pelo comeércio. O alto ntvel e a amplitude das interacdes entre o Oriente e o Ocidente
desde o século VIII até a metade do século V1 a.C. fazem pensar que existiu uma
situacao de tolerante, se nao plenamente
pactfica, cooperacao entre as diversas realidades, bem atestada, além do mais, por numerosos fendmenos que a investigacao
arqueologica ajuda a individualizar. Basta pensar na chamativa presenca de anforas
comerciais provavelmente da etrusca Caere nas camadas arqueolégicas mais antigas de
Cartago, na grande quantidade de produtos fenicio-orientais ao longo das costas magnogregas e no imediato terra adentro da Campania, da Etriria e do Lacio. E 0 que dizer da evidente existéncia de um eixo comercial entre as colénias fenicias da Cerdenha e Pitecusas, que representa, provavelmente, apenas um segmento de uma vasta rede de comércio que vai do Estreito de Gibraltar até o Mediterraneo oriental? Temos provas da presenca de auténticos centros comerciais levantinos em contextos urbanos gregos, aos quais corresponde uma série de postos mercantis helénicos avancados ao longo das costas da moderna Tunisia. E para a configuracao da existéncia de uma espécie de “mercado comum” concorre, finalmente, 0 uso de um sistema de tabuinhas contdbeis de facil conversao das unidades de medidas de peso e de capacidade dos diversos povos, dots séculos antes da codificacao da matematica de precisdo por parte de Pitdgoras! No plano polttico, porém, a crise das oligarquias aristocrdticas redunda na ascensio dos tiranos ao poder. O tyrannos
(0 termo é de origem anatélia e significa
simplesmente “senhor”) é amitide expressao
de uma familia aristocrdtica, mas se afirma
Aritstion, obra de Aristocles, datada de cerca de 510 a.C.: 0 defunto é representado com sua armadura de
hoplita (couraca, elmo, lanca) com a grande delicadeza técnica
propria do estilo arcaico.
gracas a uma atitude favordvel aos novos componentes produtivos da sociedade, da
qual recebe um forte consenso. O
“decisionismo” que o distingue soluciona as fens6es sociais e politticas, taluez com punho de ferro, taluez buscando o consenso popular pela propaganda de seu “bom governo” através de incentivos a economia ou de grandes obras de importancia piiblica, por exemplo na edificacao religiosa, como na
Samos de Policrates (c. 540-520 a.C.), ou, ainda por exemplo, na capital comercial helénica do século VII a.C., Cinto, centro de difusdo de procuradissima cerdmica de aspecto orientalizante, com a qual competem em vao Atenas, as Ciclades, as ilhas jOnicas. Aqui, a dinastia dos Cipsélidas sobrepuja a dos Bdquidas, potencia os portos de Quenchreai e Léchaion, cria a ousada didklos, uma estrada no istmo para o
transporte dos navios do Egito ao golfo de Corinto e ao Jonico, e funda colénias agricolas e comerciats. Além do mais, como em Atenas, a solucao para os conflitos sociais é buscada pelas figuras dos legisladores, que tentam reformas constitucionais e fiscais, mas tanto as tentativas de Drdcon como as de Sélon fracassam em grande parte e favorecem o advento da tirania. Esparta é uma das poucas realidades que, fundando-se numa constituicao que une nacionalismo de etniacasta e comunismo, se mantém s6lida: neste pertodo, enquanto as demais poleis se véem assaltadas por graves crises, ela procede a sistemdtica conquista da Messénia e do restante do Peloponeso, encontrando um tinico obstdculo insuperdvel em Argos. Os séculos VII-VI a.C. trazem também a consolidacao dos santudrios pan-helénicos de Delfos e Olimpia como centros religiosos, e
como sedes de competic6es esportivas e literdrio-teatrais que atraem concorrentes de todo o mundo grego. Neles as p6leis acham uma sede diplomdtica comum para superar
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a
32 Esta pequena
estdtua de bronze, que representa um hoplita completamente armado que se lanca ao ataque contra um inimigo imagindrio, deve ser considerada ao mesmo tempo uma referéncia ao passado “heréico” do helenismo em suas proprias raizes “aguéias”, ilustradas pela épica homérica, e um testemunho da incessante oposi¢ao das pequenas cidadesestados helénicas a forca desbordante dos persas, s{mbolo da eterna luta do Ocidente contra o Oriente, dos
gregos contra os
bdrbaros, do Bem contra o Mal. Como os micénicos tinham reprimido os troianos, assim também os gregos buscavam defender sua independeéncia polttica do impertalismo do Rei dos Reis, e por
isso a memoria do
ontem se transformava
na propaganda do presente. O tempo dos heréis tinha voltado.
tensdes e conflitos e buscam obter influéncia politica sobre o clero, também de origem aristocrética, rivalizando com as armas do obséquio & divindadee com substanciosas oferendas. Isto significa manter os gastos e
empreende uma polftica externa expansionista de acordo com outros tiranos,
edificios, dedicar obras de arte, consagrar dizimos dos butins de guerra a memoria de si ante toda a Hélade. A partir de 561 a.C., também Atenas —e por trés pertodos consecutivos — conhece a tirania. O poder é assumido por Piststrato, que favorece 0 desenvolvimento da pequena propriedade e da pequena empresa, arma uma frota,
510 a.C., apds um decénio de lutas ferozes
propiciar a construgao de espléndidos
e recria a paz social entre as classes em conflito, excluindo apenas seus inimigos pessoais, a poderosa familia dos
Alcmeénidas. A fase tirdnica termina em contra os filhos de Pisistrato, Htpias e
Hiparco. O segundo foi morto numa trama
urdida pelos aristocratas Harmédio e
Aristogtton em 514 a.C.; 0 primeiro tomarg
0 caminho do exilio quatro anos depois,
enquanto os Alcme6nidas voltam a entrar
triunfantes em Atenas e comecam com Clistenes a experiéncia da democracia.
Lima nova ameaca, no entanto, vinda da
Jénia, estende-se sobre a Grécia. Constitutdo o Império Persa, primetro Ciro depois Cambises iniciam uma rdpida expansao para o Ocidente, assimilando todos os antigos reinos orientais e atraindo para sua orbita,
as vezes submetendo-as, as regides anatélias ocidentais. As florescentes cidades-estados da Jénia, de Mileto, de Efeso, de Focéia, de Esmirna e de Samos correm o risco de ser conquistadas, sobretudo pela ambigua atitude filopersa de alguns tiranos, transformados em fiducidrios e tributdrios do Rei dos Reis. Disso resultard a trdgica ocasiao das Guerras Persas.
33 Da rica metr6pole
maced6nia de Sindos provém este exemplar do renascimento das
mdscaras funerarias de ouro em pleno
século VI a.C. (a pega
data de 520 a.C.), 7 segundo uma tradigao
de ascendéncia tracia: trata-se de uma lamina de ouro trabalhada de modo ue reflita com
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superficial
os tracos somdticos
do defunto, encaixada num elmo de tipo ilfrico.
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Impériopersaem 493 a.C.
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Estados neutros
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Frota persa destruida por uma tempestade (492 a.C,)
mmm Estados vassalos da ”* Maratona (490 a.c,) Pérsia em 492 a.C.
MM Aliados atenienses
“8 Termopilas (480 ac)
O SECULO V A.C. $ E A HEGEMONIA ATICA
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®C Salamina (480 a.C,)
Na primeira metade do século V a.C., 0
as estruturas econdmicas ainda agropastoris
manutencao de seu espaco, de sua
papel secundario. Os regimes tiranicos, por seu lado, que encontravam amplo consenso, tinham levado progressivamente as cidades
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BATALHA DAS TERMOPILAS
Helesponto
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helenismo viveu momentos decisivos para a
GOLFO
Pontes sobre o
identidade e de sua autonomia. Embora anteriormente alguns fatores tivessem favorecido o instdvel equilibrio do mundo grego, agora esses mesmos fatores se transformavam em elos fracos da cadeia, sobretudo ante 0 expansionismo persa para o Ocidente, que Dario I relanca de modo pujante: o Egeu era — mais ainda que o Mediterraneo oriental — uma encruzilhada de povos, comeércios, riquezas. Podem-se assinalar tais fatores na modesta influéncia de Atenas fora da Atica, que absolutamente nao perturbava a hegemonia de Esparta, Corinto e Argos, enquanto no ativissimo arquipélago egeu a intensa fragmentacao politica abria para muitas ilhas espaco de acéo comercial de largo félego; finalmente,
Platéias (479 a.C,)
relegavam mutitas zonas internas a um
da Jonia asidtica a gravitar na orbita do imperialismo persa, e as colénias magnogregas a acentuar a jd notdvel autonomin das metropoles, Os primeiros fatores de desequiltbrio interno podem ser identificados, no intcio do século
V a.C., na introducao de um modelo polttico de transtornadora novidade no panorama grego, se nao na propria histéria do homem: a instituicao da democracia em Atenas expressava pela primeira vez a equacao “Estado = cidadaos” e confiava o governo da polis a assembléia do demos (“povo") e a seus representantes eleitos. Com o envolvimento direto das diferentes classes
MSS Persas © Gregos AY Grande pantano Ultima resisténcia de Leodnidas
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Aguas quentes
MON Divisdes de Mardonio
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Divisdes de
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DE MARATONA
Pausanias
= — Caminho
34
BAIA
BATALHA DE MARATONA
sociais e produtivas na eleicao politica, no
transcurso de meio século Antenas e a Atica
se transformaram no principal pélo econdmico, comercial e cultural do
Mediterraneo. Do Pireu, o ativtssimo porto da cidade, com as mercadorias e produtos da cultura e da arte, exporta-se o novo modelo politico, que é o que as antigas oligarquias aristocraticas e os tiranos que governaram a “outra Grécia” viram como um peri go
concreto: com este temor, as divisées e as oposicées aumentam, gerando lutas
violentas pelo poder entre os “partidos” filopersas e as aristocracias “iluminadas” conquistadas — nao sabemos dizer até que ponto — pelo liberalismo econémico e pelo igualitarismo politico da democracia. Um reflexo imediato aparece na revolta jonica antipersa de 499-494 a.C., que atrai a dura repressdo de Dario I e desencadeia a agressao a toda a Grécia, uma realidade demasiado polimorfa e duvidosa para ser desejada independente. Numerosas péleis ricas da Jénia asidtica sao conquistadas —o drama de Mileto, representado pelo tragedidgrafo Frinico no teatro de Dioniso em Atenas, impressionard o milhar de
col6nias magno-gregas. Jd desde
aproximadamente 550 a.C. 0 expansionismo
comercial cartaginés se traduziu num auténtico imperialismo mediterraneo de cardter anti-helénico: prova disso sao nao $6 as partilhas de fato do Tirreno entre Cartago e as talassocracias etruscas de Caere,
Tarquinia, Vulci, Populénia, mas também os gravosos tratados impostos pela antiga colénia de Tiro a jovem Roma republicana. Em todo o caso, a tentativa de fazer da Sicilia uma ilha ptinica esbarrou em Himera, em 480 a.C., numa coalizao guiada pelo tirano Gélon de Siracusa. Em 474 a.C., também a hegemonia etrusca sobre o Tirreno se vé truncada por uma nova coalizao magno-grega sob direcdo siracusana na batalha naval de Cumas, antiga colénia calcidica, que se transformard no polo comercial mais ativo do Ocidente grego por
mais de meio século. Enquanto isso, em 478 a.C., Atenas promove a constituicao da Liga Délio-dtica, uma alianca com sede polttica e financetra no santudrio de Apolo em Delos: sua meta é dar prosseguimento a libertacao das cidades gregas ainda sob o domtnio persa e enfrentar
espectadores presentes —, mas € em 490 a.C.
que o imponente exército de Dario I, sob o comando de Artafernes e Datis, ataca a
BATALHA DE SALAMINA
35 No prestigioso Museu Nacional de Ndpoles se encontra esta bela cépia-retrato romana do estrategista ateniense Temistocles, o vencedor dos persas em Salamina. Trata-se de uma versao totalmente ideal e idealizada, segundo os cinones da tradicao grega.
Erétria e Atenas: a extraordindria vit6ria dos dez mil homens sob 0 comando do
estrategista ateniense Milctades em
anos depois —o filho de Dario, Xerxes I, a frente de um exército e de uma frota colossais, ataca de novo. Esbarra mais uma vez na valorosa resisténcia e na contraofensiva da pequena Atenas e de seus modestos aliados: apesar da derrota do espartano Leénidas nas Term6pilas, uma garganta que abre caminho para as planicies
SALAMINA
Maratona encerra a aventura, mas — dez
da Beécia e da Atica, e da frota grega no
cabo de Artemtsio, e apesar da conquista persa de Atenas, com o terrivel saque e profanacao do santudrio de Atena na acrépole, a batalha naval de Salamina viu o triunfo da frota ateniense. Sob 0 comando de Temistocles, os navios gregos se atreveram, além do mais, a perseguir os persas em sua
GOLFO
forma caracteristica,
Persas, mostra
para as orelhas e o nariz, esteve em uso
iniciais do nome da
numerosos exemplares,
prata, cunhada na época das Guerras
desordenada fuga, e durante todo o ano de a Jénia, restituindo a independéncia a
cidade que resistiu duas vezes aos persas.
alguns centros. Concomitantemente, outra
poténcia oriental golpeou as florescentes
34 direita Este elmo de
34 esquerda Esta moeda de quatro dracmas atenienses de
claramente a coruja sagrada de Atenaseas
479 a.C. ameacaram a sua hegemonia sobre
SARONICO
tipo corintio, com sua
provida de prote¢gao
sobretudo durante as Guerras Persas: do norte e do sul da _Grécia, atestam sua ampla difusao.
BATALHA DE PLATEIAS
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Aliados de Atenas
466-460 a.C.
Liga Délia
36 Esta imagem de
qualquer agressao. A democracia ateniense,
Péricles se deve a Crésilas: alguns cidaddos lhe encomendaram uma
além do mais, forte por causa de um consenso e uma partictpacao popular sem igual no mundo, desenvolve duas tendéncias
estdtua que o comentorasse post mortem na Acrépole
determinantes para toda a histéria grega da segunda metade do século V a.C.: a primeira consiste numa cada vez mais acentuada presenca de fortes personalidades de governo e de uma atitude agressiva em polttica
(as leis atenienses
proibiam representar a eftgie de homens ainda vivos e honrar publicamente os politicos, incluindo os
externa, tanto no campo econdmico-comercial
como no militar, até definir-se como auténtico
imperialismo; a segunda expressa uma progressiva afirmacao da cidade como capital cultural do helenismo, da filosofia as letras,
da arte as ciéncias. Estes fendmenos sao particularmente evidentes na metade do século, quando o estadista no vértice do “partido” democrata, Péricles, apds suceder o
conservador Cimon, apresenta um amplo programa polttico que leva Atenas ao mais
alto nfvel de bem-estar produtivo e econdmico-comercial e cultural jamais visto no mundo antigo. Em polttica exterior, a antiga pélis constituira a Liga Délio-dtica com numerosas cidades e ilhas egéias: a meta era o prosseguimento da guerra contra os
persas até a libertacao do Oriente grego e a mutua defesa em caso de agressao; a sede politica e financeira, inicialmente situada na ilhota cicladica de Delos, importante sede de um santudrio a Apolo, foi transferida para
Atenas em 454 a.C., apos muitos protestos dos aliados e com a justificativa de uma maior seguranca e do papel fundamental de Atenas na alianca.
Apos os tratados de paz de 449 a.C. com os persas, a Liga sobreviveu com uma cada vez mais acentuada hegemonia ateniense e se tornou cada vez mais instrumento de uma polttica hostil com os tradicionais rivais econémicos e politicos de Atenas: derrotada Egina em 456 a.C., faltava dobrar Corinto, 36
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beneméritos). A esta
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Bee = cabeca, uma copia da
era romana, falta a fisionomia especifica, segundo o costume grego: sd 0 elmo do estrategista, levemente elevado sobre a cabeca, permite tmaginar a “cabega de ovo” que 0s comedidgrafos da época ironizaram. 37 A cabeca do
chamado Efebo louro, obra-prima de um desconhecido artista dtico de estilo severo (c. 485 a.C.), apresenta ainda vestigios da cor que dourava os cabelos
do jovem, talvez um atleta ou um
guerreiro morto em batalha, e atesta a
_
total superagao das convengées da arte
-_ abstrata.
concidaddos de Péricles ~ 1 M1 es da Pelos Ptrito antiateniense. Da Liga Délio “a tica, A tengs e, em menor medida, suas 4$80ciadas tiravam também muitas vanta Sens no Plany economico: de fato, seus j ntegrantes davay,
vida a uma espécie de “mercado co m
constituiam um forte pélo no coméy
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mediterraneo. A rigueza de Aten as Crescey
constantemente no transcurso de POUCos decénios: a descoberta e a exploracao escravista das minas de prata de Lauri, (cabo Stinio) e os acessos Privilegiados js regioes mineiras do Egeu setentrion gl derary, ao Estado uma forga econdmica sem igual
enquanto a empreendedora dindmicg
produtiva e mercantil, incentivada por
medidas legislativas adequadas, cond uzia q
cidade a dominar o cendrio mediterréneo,
legitimando com o consenso eleitorgl sua crescente agressividade em polttica ext ern
a,
Pode-se falar, neste ponto, do nascimento de uma especie de império ateniense no
Mediterraneo helenizado, inicialmente s6
em sentido econdmico, como demonstra 0 dominio das exportacoes do apreciado azeite atico e, para dar outro exemplo, da
solicitadissima cerdmica com figuras (difundida jd entre quase toda a realeza aristocrdtica e “burguesa” do mundo antigo) e de outras criacdes dos hibeis artistas e artesdos dticos. O posterior imtperialismo polttico e militar de Atenas nao acentua a jd extraordindria vitalidade de
tal comércio, mas, ao contrario, prepara a
sua crise: a tragédia dos trinta anos da Guerra do Peloponeso mostra claramente aonde leva a ambigdo de construir impérios
passando por cima da vontade e da
identidade polttica alheias porque se achan nas midos de gente mais fraca. Por outro lado, é oportuno precisar que o imperialism parece, na Antiguidade, o inevitdvel ponto
38 O excepcional desenvolvimento da filosofia na Grécia do século V a.C. inspirou a denominacdo dada pelos historiadores a esta belissima cabeca de bronze, achada entre os restos de um navio afundado nas imediacgées da Villa S. Giovanni (Reggio Calabria): 0 chamado “Filésofo de
38
Porticello” é,na verdade, o mais antigo exemplar de retrato
fisionémico grego (é datado de cerca de 460-440 a.C.), obra a
um bronzista de levis
capacidade, atento a
indagar a realidade objetiva do rostoe “
fisionomia humanas hdbil em reproauzit quase analiticamente seu aspecto.
a
Megara, e sobretudo Esparta, que determinava a situacao do Pel manifestava — grandemente POneso p muda
ee
a
de chegada de toda a realidade geopolitica mais importante: quando o
territério, os
recursos naturais e a drea comercial original
de um Estado jd nao estavam em condicoes
de sustentar o aumento da populacao e sua demanda de bem-estar mediante um
incremento dos recursos e da producfo, a manutencao do ntvel de consumo e uma ampliacao do mercado de difusao dos bens
produzidos, tudo isso, qualquer que fosse o
modelo polttico, era buscado através de um
expansionismo violento, com guerras de subjugacao ou de aniquilacao dos posstveis rivais e com a criacao de um império polttico-econ6mico-militar. Antes de Atenas, encaminhara-se nesta direcao Esparta, embora se limitando ao Peloponeso (jé nos séculos VII e 1 a.C.) e a grande Cartago (estamos certos disso ao menos de 550 a.C. em diante); e do mesmo mecanismo
surgiriam depois as escaladas imperialistas de Roma entre o século Ill a.C. eo I d.cC. Voltando a Atenas, é em geral dentro de um clima de euforia que Péricles, com o apoio da maioria dos cerca de 40.000 cidaddos atenienses a pleno titulo (estavam exclutdos do voto as mulheres, os forasteiros residentes e os escravos), elabora planos
colossais de monumentalizacao e redefini¢ao urbantstica da cidade, elevando-a a posi¢ao de primeira auténtica “capital” da Antiguidade. Em 431 a.C., porém, 0 mesmo homem politico arrastava Atenas aos catastréficos trinta anos da Guerra do Peloponeso. Neste ponto, temos de nos deter brevemente na “anti-Atenas” por exceléncia na Guerra do Peloponeso: Esparta. A historia da Grecia antiga representa para muitos, na lembranca mais imediata, a rivalidade entre Atenas e Esparta. Com efeito, a diferenga entre as duas cidades era substancial na concep¢fo e nas estruturas poltticas, sociais e econdmicas, para nao dizer culturais. O confronto militar, que rebentou no ultimo
39 A estela funeréria
de uma rica ateniense,
Hegeso, filha de Proxeno, é um dos mais intensos testemunhos do leve existencialismo que surgiu na arte grega no final do século V a.C., quando a tragédia da Guerra do
Peloponeso levou consigo boa parte do otimismo e da certeza humanos. Num interior doméstico recolhido, numa atmosfera de
melancolia, a mulher,
sentada num elegante diphros, toma um colar do cofrezinho
que lhe alcanca uma donzela. Estd vestida com roupas que revelam um corpo ainda jovem e florescente: sao os preparativos da esposa para as suas ultimas, eternas, negras bodas com o principe dos Infernos, Hades.
Atenas e seus aliados
“Império” ateniense Esparta e seus aliados
Estados neutros
cidadaos a pleno titulo eram os espartanos,
descendentes dos guerreiros fundadores; a estrutura polttica era extremamente simples, regida por dois reis “controlados” por um colégio de supervisores (os éforos) e aconselhados por um “senado” restrito Nee (a gerusia) e pela assembléia dos i
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de mais de trinta
40 acima Esta lekythos funerdria de fundo
branco procedente de Erétria foi pintada por um ceramista dtico préximo do Pintor do Canavial, por sua vez inspirado pelo grande pintor cldssico Parrdsio. Ela remonta a cerca de 430 a.C. e atesta as conquistas da pintura grega nesse pertodo: a perspectiva, a liberdade de composicao e a
pincelada fluida, o gosto do detalhe naturalista.
40 abaixo Esta outra lekythos de fundo branco, uma das melhores pecas do Pintor de Aquiles (c. 430-400 a.C.), apresenta, por seu lado, um tema que alude a morte: um guerreiro no ato de despedir-se da esposa, metdfora de uma herdica despedida da vida.
anos (a apella); a ordem econdémica e
organizativa do Estado se baseava numa espécie de “comunismo” attpico (a igualdade era absoluta, mas so no interior das impermedveis classes etno-sociais) e na
manutencao de um colossal dispositivo militar para a ordem interna e para a
agressiva politica externa. De fato, os
espartanos se ocupavam exclusivamente,
desde a infancia, de seu adestramento para o servico militar e civil sob uma rigida disciplina, que excluta efetivamente a familia do processo formativo-educacional do individuo. As atividades produtivas e comerciais dos lacedeménios, cujos beneficios garantiam notdvel riqueza a por outro lado austera comunidade-estado, dispunham dos muito poucos direitos proprios dos cidadaos semilivres (os periecos), enguanto o cultivo das propriedades agricolas e a criacao de gado eram entregues aos escravos (os tlotas), auténticas “mercadorias humanas” que renovavam sua triste condicdo de geracao em geracao; de fato eram descendentes da
gente subjugada da regio e dos prisioneiros das guerras travadas contra as regioes circundantes, principalmente messenios.
Nascida do pretexto de um decreto ateniense que estrangulava o comércio da vizinha rival, Mégara, e da negativa de revoga-lo,a
Guerra do Peloponeso foi engendrada
inicialmente por Péricles, que — consciente
da forca do inimigo — fez com que 0s
habitantes da Atica se refugiassem no
interior das muralhas urbanas, renunciando
a coleta para desgastar no plano milttar 0s adversdrios com uma técnica de “mordee foge”. A forca da frota, o dominio do Ege, assegurado por aliados sé as vezes recalcitrantes, e as disponibilidades econdmicas nao impediram o alastramento de uma peste que, entre 430 e 428 a.C.
matou um quinto da populagéo, incluindo° proprio Péricles (429 a.C.). A primeira etapa bélica teve fases alternadas, com repetidas invas6es da Atica por parte dos
peloponésios e a revanche ateniense de
—
terco do século V a.C. e prosseguiu alternando-se durante todo o IV, foi produto do rompimento dos equilibrios regionais e do desenvolvimento de uma tendéncia imperialista diferente na ideologia e nas formas, nao nos objetivos. A base do Estado espartano era sua célebre Constituic¢ao, estabelecida, segundo a tradicao, pelo legislador Licurgo (o nome, nao casualmente, significa “iluminador”), de forma decididamente tinica no mundo antigo. A sociedade era articulada em classes de base ao mesmo tempo étnica e aristocrdtica: os unicos
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41 Umi doloroso
partir para a guerra.
causados pela Guerra
naturalismo cldssico se
testerunho dos lutos
do Peloponeso é esta bela estela funerdria de
dois jovens guerreiros
atenienses mortos,
Cairedemos e Licéias
(420-410 a.C.), representados no ato de
425 a.C., até que em 421 a.C. se firmou a paz entre aqueles contendores exaustos e desmotivados. A ascensao politica de
aventureiros do calibre de Alcibiades e
Nicias, em 420 a.C., abre uma nova etapa,
em que Esparta reafirma sua hegemonia sobre o Peloponeso na manhda seguinte a batalha de Mantinéia, enquanto Atenas se inimista com parte de seus aliados e desconcerta seus proprios cidaddos com o massacre de Milo e com a infeliz expedicao a Sicilia (415-413 a.C.): com a ajuda de Esparta, a poderosa Siracusa inflige um terrtvel revés a frota e ao exército atenienses,
massacrando milhares de soldados e condenando a morte por fome outro milhar de prisioneiros. Numa terceira etapa, caracterizada pela suspensao da democracia por parte da faceao oligarca, que dd um golpe de Estado e busca a paz com Esparta, reiniciam-se as hostilidades com o retorno
dos democratas ao poder. As primeiras
vitérias de Atenas, agora isolada, seguem-se as derrotas de 406-404 a.C., que levam o almirante espartano Lisandro a ocupar triunfalmente o Pireu e a impor uma rendigao incondicional, que prevé a destruicao das fortificacées e da frota e a adesio 2 Liga Peloponésia, com a renuincia implicita ao regime democrdtico. Apos um
paréntese tiranico, o retorno da democracia,
realizado com um audaz golpe de Estado de Trasibulo, é aceito por Esparta, talvez na conviccfo de que Atenas nao voltara a ser nunca mais a grande poténcia do século que estd terminando.
A sébria linguagem do
presta bem @ celebracao dos dois hoplitas,
apresentados em perspectiva, em movimento lento, com o semblante ideal do
homem “parecido com
um deus”, do herd
orgulhoso de suas acoes e de sua virtude, traduzidas nas formas harménicas e na fascinagao dos corpos que Fidias reflete no modo de tratar as cabecas, e Policleto no de definir o restante.
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O SECULOIVA.C.EA HEGEMONIA MACEDONICA
No século IV a.C. a Grécia, nem bem satda da tragédia da Guerra do Peloponeso, enfrenta uma série de conflitos e tensdes regionais provocados pelas efémeras hegemonias alternadas de Esparta e Tebas, pela intermitente ocupacao de Atenas e pela afirmacao de ligas de poleis cujas escolhas poltticas expressam amitde sobretudo o desejo ou a veleidade de subtrair-se a perifericidade nao sé geografica, a qual pareciam condenadas (é o caso da Arcadia e da Acarnania-Etélia). No mundo grego ocidental, enquanto isso, concretiza-se o definitivo distanciamento das antigas colénias da mae patria, e uma prova disso é, apos a vitoria sobre Atenas (415 a.C.), a politica extremamente agressiva de Siracusa do Tirreno ao Adridtico, enquanto se consolida o conhecimento de que s6 os gregos do Ocidente poderdo salvar-se a si mesmos do desbordante imperialismo cartaginés, que transformou em escombros muitas
florescentes péleis sicilianas (Selinunte, Himera, Gela, Camarina), do mesmo modo
Reino da
Maced6nia
-*
Expansao
maced6nica
em 336 a.C.
44 A bela bronze de Museu do (430 a.C.)
estdtua de Atena no Pireu é talvez a
imagem mais incisiva
da deusa da sabedoria,
adornada com o longo peplo, mas armada e cingida da égida com o rosto de Medusa.
que os “bdrbaros” itdlicos fizeram ajoelharse ou conquistaram completamente antigas colonias italiotas (Cumas, por exemplo). A Guerra do Peloponeso é 0 agora um incurdvel estado de conflitividade permanente fomentado pela agressividade das pOleis principais na primeira metade do século e — segundo interpretacdes — causa e efeito da crise dos valores absolutos pelos quais se havia regido o helenismo durante
séculos. Principios como o sentido profundo de pertenca a uma coletividade, a cidadeestado, a certeza de co-participar de uma dimensao ontolégica tao perfeita e
gratificante quanto mais enriquecida de valores espirituats e éticos, a percepcao de sj
como “parte do todo” e como “todo numa parte”, o amor ao saber (“filosofia”) como
processo légico tendente ao infinito, tudo isso é substitutdo lentamente por um antropocentrismo miope, produto do “dobramento” sobre si mesmo: o individualismo, o culto a personalidade, cujos dolorosos frutos sao a percep¢ao da precariedade humana e a obtencao da razio numa turgidez de “sentimentos” que nenhuma filosofia ou religiao pode atenuar. No plano histérico, a hegemonia espartana nao se concretizou para além de alguns aspectos genéricos: a “descoberta” de que a politica filopersa entregara a Jénia a um imperador fraco e contestado, Artaxerxes, induziu Esparta a apoiar seu irmao e rival, Ciro Il, mas Atenas, que via com terror uma consolidacao lacedem6nia na zona em que exercia tradicionalmente certa influéncia, aproximou-se do soberano persa e contribuiu para o fracasso da empresa, obtendo financiamento e o controle dos Dardanelos, uma via privilegiada para as ricas col6nias do mar Negro. A paz posterior
(386 a.C.), imposta pela Pérsia, durou
pouco: Esparta tentou impor a Tebas uri governo oligdrquico favordvel a ela,
desencadeando uma reacéo que, em poucos anos, trouxe consigo a hegemonia tebana
sobre a Grécia até 362 aC.
|
Em uma situagao politica cada vez mais” confusa, entre cidades divididas por invejast oposicées ideolégicas, néo podia deixar de te éxito o imperialismo da Macedénia, nov
poténcia mondrquica emergente da “veriferia” setentrional da Grécia.
45 A soberba cabeca de bronze de Sdttro,
que por volta de 330 a.C, ganhou o titulo olimpico no pugilato, é obra de Silanion, discipulo de Listpo. O rosto do atleta é um terrtvel “rosto cheio de punhos”, marcado de inchacoes, rugas e uma barba hirsuta e basta de grande impacto realista.
45
A Macedénia, uma vasta regiao montanhosa que desce dos impenetrdveis vales dos Bdlcas meridionais para as costas do Egeu norocidental e até o Olimpo, ainda que povoada por gente de estirpe dorica e em contato com os micénicos no segundo milénio a.C., manteve-se por longo tempo a margem da historia grega. De Aigai, a
antiga capital, a antiga dinastia dos
Argéadas, no poder desde o século VII a.C.,
tentou varias vezes, entre os séculos VI e V,
uma primeira unificacdo das regides e a
submissao da Trdcia; durante e depois da hegemonia contemporanea persa (513-480 a.C.), levou a cabo uma polttica de abertura para a Grécia meridional; Alexandre I, finalmente, levou a efeito a expansao para a regiao mineira argentifera de Pangeu, a leste do rio Estrimon. Na segunda metade do século V a.C., a Maced6nia interveio prudentemente nos assuntos helénicos apoiando ora Atenas, ora Esparta, e obtendo o controle da regiao a
leste do rio Axio. Perdicas II favorece o
sinecismo de Olinto (432 a.C.) e estende a influéncia maced6nica a peninsula
Calctdica, encruzilhada no norte do Egeu de fortes interesses comerciais, sempre na
érbita de Atenas. No século IV a.C., os Argéadas preparam sua intervencao nas incessantes lutas pela hegemonia entre
Atenas, Esparta e Tebas; jd estava preparado e amplamente experimentado o
extraordindrio aparato militar que conquistaria o mundo, baseado numa unidade especial de combate, a “falange macedonica”. Filipe II (359-336 a.C.) agiu
46 acima Esta pequena cabeca eburnea de Filipe Il, de trés
centimetros de altura, achada recentemente na tumba do ret
macedonio em Vergina, fazia parte, junto com outras quatro, de uma réplica em miniatura do grupo feito por Leécares para o Filipeion de Olimpia.
46 centro O espléndido carcds de ouro de Filtpe II, uma raridade que fez circular hip6teses de ascendéncia cita, era iluminado com uma
cruenta cena de saque. 46
46 abaixo A larnax de grossa lamina de ouro que continha os restos incinerados de Filipe II é uma obra-prima em gue se soltou a imaginacao decorativa dos habilissimos
ourives macedénios,
unindo elegancia e delicadeza a
suntuosidade material e a sua alta fungao. Na tampa se encontra o stmbolo do Reino Macedo6nio, a estrela de seis raios, enquanto os lados sao finamente decorados com rosetas e adornos de ouro e pasta vitrea.
com uma inteligente politica “externa” variada segundo as diversas regies p situagoes politicas com que deparoy: unificou sob seu domtnio toda q Macedénn
e o Egeu setentrional, estabelecendo “um protetorado na vizinha Tessdlia. As Péleis gregas meridionais, em contrapartida, divididas em efémeras ligas que Oscilavary
entre o regionalismo miope e 0 lobbysmo polttico-econdmico, foram primeiro objeto de ag6es diplomdticas intensas, destinadas q favorecer a hegemonia de Filipe Il, através por exemplo, de organismos pan-helénicos tradicionais, como a Anfictionia Délfica: ex razao disso, viram compor-se a sustentacap macedonica explicita gracas a forca e aos regimes politicos localmente funcionais de
afirmacao da lideranca de Filipe. A solugao final veio apos anos de guerra, nos quais se mostrou inexordvel a
decadéncia das péleis, com a triunfal
vitoria macedénica em Queronéia (338
a.C.): em Corinto, Filtpe II promoveu a fundacao de uma liga pan-helénica que deixava intacta a autonomia e os
ordenamentos da cidade, impunha uma paz
entre todos os gregos e programava a
retomada da guerra contra a Pérsia para libertar definitivamente todas as cidades gregas da Asia submetidas aos sdtrapas imperiais. O assassinato de Filipe II no
teatro de Aigai, as vésperas da expedicio antipersa, levou ao trono seu jovem filho
Alexandre III, 0 qual mereceria, apés a excepcional e brevissima saga histérica de todos conhecida, o epiteto de Mégas ou Magno, o Grande.
4/7 Encontrada intacta no outono de 1977 pela equipe grega do arquedlogo Andronikos, a tumba
es
II de Vergina foi logo identificada como a ultima morada terrena de Filtpe II. No relevo grafico vemos a sélida estrutura com abobada de canhao sobre uma camara dupla. As parédes foram feitas | -¢om grandes blocos de ~ pdros. rebocadas. *
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A fachada, do tipo “portico cego”, era enfeitada com cores vivas e tinha uma entrada de batentes com marmore entre duas colunas doricas, tudo rematado por um friso continuo com a pintura de uma cena de caca invernal de excepcional ntvel artistico, talvez um tema expressamente
criado para esta sepultura.
Regides
dependentes de Alexandre Império de
Alexandre
ltinerario seguido
por Alexandre
Alexandre, uma das maiores figuras dq Antiguidade, foi sobretudo um homem que, recebida a heranca politica paterna, transformou o programa de libertacéo dos
gregos na Asia numa devastadora acio
militar que submeteu, entre 334 e 329 a.C.,0 milenar Império Persa com suas imensgs
provincias, do Egito a Stria, da Jonia a Mesopotamia. Em 328-327 a.C., 0 soberano
prosseguiu até as mais remotas regides do
mar Caspio e as margens do Indo, para além
do qual suas proprias tropas nao quiseram prosseguir; uma aventura da qual sito testemunho as dezenas de cidades fundadas até no Oriente, como no Egito e na Anatolia, com o nome de Alexandre. Alexandre, portanto, seguiu uma polttica de mistura étnica entre gregos e macedénios e povos conquistados. Entrou na histéria grega uma idéia polttica nova, impossivel para os pequenos mundos das péleis de ontem: a idéia de um império universal dos gregos, uma “Grécia onde quer que haja gregos”, uma “Grécia universal” — muito mais que
uma Megale Héllas! —, mde de culturne civilizacao para um mundo que, superadas
as barreiras das etnias e dos regionalismos,
fosse espelho das proprias mil culturas e
civilizacoes, e as entrelacasse e revitalizasse.
A morte precoce do soberano, sucedida emt 323 a.C., com apenas 33 anos, na Babilonts,
48 Alexandre, o
Grande, foio primeiro personagem histérico
soberano. A este
__iiltimo artista se _atribui esta si 9
imagem juvert ocidental a ser objeto de um auténtico culto Alexandre, i a personalidade ainda — caracterizada pe em vida, O mito que tipica anastolé se criou em torno de cabelos aT topele suas gestas gerou
mas s6 a Listpo, e
uma espec he ie gold 9 olhar bipartido, e P intenso, pr ofundo ¢ mv itado
consentiu retratar
para hori lorios0>-
numerosas 5imagens,
talvez a Leécares, se
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quando sua mulher persa, Roxane, ainda levava no ventre o herdeiro do trono,
interrompe a espetacular aventura, mas faz entrar pela primeira vez na historia ocidental a idéia de uma monarquia universal, capaz de reunir a humanidade
sob uma tinica bandeira e uma tunica, riguissima e articulada cultura. A “viagem” de Alexandre, o Grande, nado redundou, porém, numa cessacao da historia grega: ao contrério, o “helenismo universal” fez da cultura grega um patrimonio de todos os povos com que topou, para além dos rigidos limites das cem péleis. Com ele, em esséncia, nasceu 0 fendmeno do helenismo.
49 acima O mito das empresas de Alexandre,
0 Grande, ilustrou
também numerosas obras de arte feitas nos
territ6rios alcancados por suas conguistas, como prova a
49 abaixo Detalhe do célebre mosaico com a batalha de Isos entre Alexandre, o Grande, e Dario, achado na Casa do Fauno em
Pompéia, e
considerado uma
Jamoso sarcéfago,
copia fiel do afresco original de Filoxeno de Erétria para o
(Libano), que conserva
Cassandro (final do
impetuosa imagem do
Jovem rei sobre este
achado em Sidon
vestigios de seu cromatismo original.
dinasta maced6nio
século IV a.C.).
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O “HELENISMO
UNIVERSAL”
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nao figurativas em brincos, anéis e
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