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Portuguese Pages [108] Year 1994
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DAS LUTAS NO CAMPO
ARIOVALDO U. DE OLIVEIRA
Copyright O 1988 Ariovaido Umbelino de Oliveira Coleçâo: REPENSANPO A WOGRAFIA Coordenador: Ariovaido Umbelino de Oliveira Projeto Gráfico e de Capa: Sylvio de Ulhoa Cmtra Filho i$ecuçãp de capa: C&ar Landucci Revliáo: Rosa Maria Cwy Cardoso e ~ a n d i d a V. ~ ~Pireira . Co~nposiCào:Veredas Editorial 1111l)rc~vnío 1. Acohrrnrc~r~o Grhflcu Círculo
FICHA CATALOGR&ICA ELABORADA PELA BIBLTOTECA CENTRAL - UNICAW OL4g
Oliveira, Ariovaldo Umbelino de A geografia das lutas no campo / Ariovaido Umbelino de Oliveira 6! ed.- São Paulo: Contexto, 1994. (Coleção Repensando a Geografia) ISBN 85-85 134-13-5 1. Conflitos sociais. I.Titulo.
fndices para catllogo sistemltico: 1. C~nflitossociais 305.56 :
'dU.Abf*
l ? edição: abril de 1988 6! edição: setembro de 1994
1994 Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma Todos os direitos reservados à EDITORA CONTEXTO (Editora Pinsky Rua Acopiara, 199 - OSO8+llO - São Paulo Fone: (011) 832-5838 - ~ax:"@f1')%32-356
Meu senhor, minha senhora... Me pediram pra deixar de lado toda tristeza Pra s6 trazer alegrias e não falar de pobreza E mais, Prometeram se eu cantasse feliz Agradava com certeza. Eu que não posso enganar, Misturo tudo que vi Canto sem competidor Partindo da Natureza Do lugar onde nasci Faço versos com clareza Arrima, pelo e tristeza Não separo dor de amor Deixo claro que a firmeza do meu canto Vem da certeza que tenho De que o poder que cresce sobre a pobreza 1 E faz dos fracos riqueza Foi que me fez cantador. 3& 8riti.Wvjrr M A R CXIRAW(!q $c (Geraldo Vandré - Terra Plana)
A memória do companheiro JOSÉ EDUARDO RADUAM (último presidente do INCRA) que morreu trabalhandollutando pela REFORMA AGRÁRIA ...
e para MALU, sua companheira, que datilografava os originais deste livro quando Raduam "desapareceu" na Serra dos Carajds, no sangrento sudeste do Pará.
O Autor no Contexto
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1. A Geografia de uma História de Lutas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2. Conflitos Sociais no Campo: Um Histórico
3. Geografia da Violência pós-64
. . . . . . . . . . . . . . . . 19
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
4. Situação Atual dos Movimentos no Campo
. . . . . . . . . . . . . . .55
5. Questão Agrária: Militarizaçáo e "Nova República" Sugestões Bibliográficas
O Leitor no Contexto
. . . . . . . . . . 83
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O AUTOR
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NO CONTEXTO
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"r -,\&$ grea de 'Ribeiráo Pf&o eWaràm' m greve 'e também conseauiram um peqwno aumento sa@alI A maior greve do perio% r'? '%?@?n~ mesma áréa em 191g m"a, embora móbiiiiassè èiitre dèz em derrp$ total." (Stalcke, 1986.) mil e quinze rv~,t.
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>.''Apesar da opos;içiio dos senhores de engenho, agora ~eduzidosà con9 dQ60, de meros fornecares de w n g das,podefosas usinas de açúcar, w ligasle#irnpon(ssw@,,-logo.depois&pm forte-qov'knento,de sirqljcaliza-
roçados para as pontas de ruas, os povoados próximos às usinas. E m ,bom f@Tinalmbhter è c o t i h e e ~ F~nsolldagão ~~a dsrs Leie do Trabalho, ,4ee 19% oatifaballnrildwm~rqisI&@ g ~ z t b m no.ms ~ intaira, p direit~de V ' ~ g i @ d i c d k a ~ $ : Q - ~ rM oE ~Les o & , muito,w~>m~lic@c@, porque, a,funida@o r , - e ~ ~ e g @ ~de i z de w ~ sjndi@qt$ ~ Qe~ie@&,dprpf@nbqivqnto do pr6prjq Mi' C , ai* q$ l T r s P ~ l h ~ a giy %fQ$ ?-@pdiO@. a t CeyVp; jq i ~i dj &9o $p qqi~-.i$:a7Rpa.ecA_~,9;i~a , r urarsm a?aj?&r (ia 9 esa'dos-keusjiirQit A%. ~ s ~ i y dUB. ' ri& g 'h@ 0 ~ 4ud#db?f ~ r %id e f & 8 t i @ : & i h d p &$'%!$&a i#& 22 hnaldadekItie$ai!j e a&nid#d$fb, bhtan rdgitrarãb~@6$t .r $%ono c a r t 6 r i o " ~ ~ ~ ~ ~Isso 6 ~ tornava-desnecessário ímo. o reebnhk mento do ~ i n i s t 6 f i ~ ~ ~ r a b aque l h 0náo , era provável, e garantia a &a:lidade da ação dos d ~ r n p o ~ e 4 e ~ . ~ justiffca, d u l i ~ também, a supbrioriaade d& fbreiro em relaçao ao tFaMI9;iadCitUe myina8Comb categoria de mobílii'Mce\o mais 6flcaz. Ér,L$gle. 6$ .caiiMpõn&sr produzem us .seus pr6prios
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&da vlpl6o~aoia;,entretanto,sempre'esteve presente rn prou h das LIqamponesas. Junto com o crescimehto das isti-se o-massinato das lideranças dos trabalhadores: \.dentre 1954 e 1962 ocorre em Pernambuco apc8iaa uma greve entre os trabalhadores rurais (cortadores de cana em um angenho em (Soiana, em outubm 'de 1955). O tino die f33assinala a ocorr4ncia de 48 greves, sendo duas delas gerais (a nluet estadual). Mas neses na Usina Estreliana; entre agosto %oassassinados Jeremiq (Paulo Fpb$rp P i n t o ~ ~ ~ q q , t F 0 $ 8$aqw, f c i ~ ~Antonio ,~ Clcs , rol em Bom ~ardim,o delegado sindical da Usina de ~axangá.Na Para6 @,+,gW do assq$si,nato,d$ $ 0 4 ~ 8,egro Teixeira, em Sapé, ocorpm choque? com várias mortes, ainda emfSapé e Mar? (hugal Bastos, 1981.)
Dentre a onda de violência, o assassinato de João Pedro Teixeira, líder e camponês da Liga do Sapé - Associação dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas de Sapé - foi um dos que ganhou projeção nacional, pois essa liga era uma das maiores do Nordeste, com mais de sete mil sócios. A imprensa escrita deu em manchete: "Lider camponês morto numa emboscada com 3 tiros de fuzil", "cinco mil camponeses foram ao entem de João Pedro mostrar que a luta continua'; etc. Usineiros e latifundiários mandantes do crime ficaram impunes. Eduardo Coutinho muito bem retratou este episódio em seu filme "Cabra marcado pd morrefr" O movimento militar de 64, que assumiu o controle do pais, instaurou a perseguição, prisão e "desaparecimento" das liderangas do movimento das Ligas Camponesas, e sua d~sarticulaçãofoi inevitável. Deu-se aí, o início de um grande número de assassinatos no campo brasileiro, conforme os dados levantados nos dossi6s: Assassinatos no campo: crime e impunidade - 1964/1986 - publicado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e Conflitos de Terra - 1986, elaborado pelo MIRA0 - Ministerio da Reforma e do DesenvoJvimento Agrário.
çadou (par4 %%fWa)'.'gEste; scWna'dí-ao,Emtutb tis Tfats%lhãdorJRural; já aprovado anteriormente, poderiarn se constituir em instrumentos le gais . a r a a promq,ão da r e f o afjrária. ~ Ou,como ,prefer.i?m a f i ~ a r !;os mjl i t w de entaw, '(prgmov~r@ ~ b f o r ? p Q a c b ) [ r ~ ~ i $ 1 t ~ 1 i~~
.ih*"idi sem. \-'m' Não f ejamnto Roberto Campos, incumbiu-se de informar aosjpar&rneahtam que o Estatuto jamais seria aplicado. Sua. regulamefl2ação (elaboraçao do Plano Nacional de Reforma Agrária) s6 foi objeto de ação 'govemamental mais de vinte anos depois, jh com a "Nova República". Entretanto, se os militares esperavam frear a luta dos trabalhadores pelo acesso à terra, foram eles próprias que, atrav6s de uma drie de grandes pmjetos governamentais, acabaram estimulando os movimentos migratórios em direção à Ammdnia, na busca da liberdade e da terra. Al reside um dos fatores fundamentais para se entender o processo generalizado de expansão de conflitos sobretudo na Pim&&: o g w m ' wtimiulava, mmfa BdPAM, oo.i m ~ m t w . r a ~~ &Q S grandes;.pmje&s a g ~ ~ p a c l i & 4 ~ s , s , ; n ãr&o ~ iz~,sSib~dad~!dQ~me e~ àb-&m @maas grandes levas de migrantes. E a(w$saant&w a,isW a grilagemld&terras~geh%Peilizada que passbu~$ ocover enjitoda$ as B!SUdób da~P;-tkWriiiai:L&gjalárea 'deM ' i!la$ão da SWDAM (9dpbdntrn d6riòia dõ h ~ n v 6 1 ~ i nda . MAtnaz6hla~) ' i; .. . 5: , ? !t .I
das nações indfgenas. hdgrajada CaminhziC;., dataapara a Olefesa d a s efrais
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' Trn&o-'.f. .&C I O mapa 1. apresenta-&&&ea~ãe ap&d&dda- dos-FnunielpSbs' onde ocorreram mbrtes na ' & % i , tio $ríbdci âe 19a'a 19%: & Zona da 'Mata nordestina senta a maior concentra "o de mortes no campo neste período 6 sãtadó dè Peiíi"b$"fS $e viun&r, na década de 50, as. cigas C C h ~ n & , rrègFstruu, tibste &odo ,'I
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(64/73), o assassinato de muitas de suas lideranças. Entre estas lide ranças estava Albertino José de Oliveira, ex-presidente das Ligas Camponesas em Vitbria de Santo Antão. Segundo o dossiê Assassinatos no Campo do qual as próximas citações, até o final deste cap!tulo, foram retiradas, este llder camhnês pernambum foi: " . "Encontrado morto nas matas do Engenho São Jose, estando o corpo em estado de puVefação e estragado pelos urubus. Segundo o major RBmulo Pereira informou em comunicado h Secretaria de Segurança Piiblica de Pernambuco, Albertino teria se envenenado após o golpe militar de 64."
Outra liderança assassinada no Nordeste neste período f6iPèdfo Fazendeiro, lavrador e Ilder das Ligas Camponesas em Sapé e vembro da Federação das Ligas na Paraíba: "Lavrador, Ilder das Ligas Camponesas de Sapb. Vice-presidente da Liga Camponesa de Sapé e membro da FederaçSlo das Ligas CgmponeSas. Encontrava-se preso no 152 R.I. da Paraba, quando foi solto a 7 de' sd' tembro de 1964 e nunca mais foi visto. Juntamente com João Alfredq ele respondia a inquerito no Nordeste sob a responsabilidade do atud general Ibiapina Lima. Estavam ele e o companheirp João Alfredo ante.liomnte noGrupamentodeEngenharia,de onde foram transferidos para o 159 R.1".
O período de 64 a 73, que representa cerca de 9% do total dos assassinatos no campo na época que estamos enfacando, temj-Painbém no Pará outras áreas de concentração da violêmia onde a: Bragantina e o Araguaia aparecem com mrtos destaque. Nestas Mas, também as lideranças dos trabalhadores foram caçadas, e o msq de . .* Benedito Sem é e~m~pltlr: '
A viol6ncia não se limitava apen* às lideranç~,atingindo indiscriminadamente os posseiros, pela a ç b dos griteiros aliados com a pollcia. Pedn, Gomes da Silva foi um deles: . 'L
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"Lavrador, casado, da localidade de Juniratewa, municgio de Mqp, resiqia em Junirateua havia mais de 18 anos, sendo quase dono das ter& em que morava, quando surgiu Miguel, tentando lhe t o k r o que cupvava
havia anos. .Vendo qu3 perderia suas terras, o lavrador requereu uma área de terra para continuar trabalhg~do.Miguel passou a lhe mover perseguições e, com a ajuda dos policiais de Moju, o colono foi intimado. Por fim, teve o que queria: as terras de Pedro Gomes. Na manhã de 24 de julho, Pedro, de posse de documentos que provariam a posse das terras requeridas, difiglu~seao local onde o agrimensor Hoyos Bentes, a pollcia e o próprio Miguel demarcavam a área. Falou com o agrimensor e exibiu os documentos da terra, quando, então, o agrimensor fez um sinal com as mãos para os que estavam à sua retaguarda. Ouviu-se um disparo e o lavrador foi atingido h altura das costas no lado esquerdo. Ffarido, procurou amparo junto ao delegado de Moju, quando foi atirado ao solo e morto por um fuzil empunhado pelo soldado AntBnio Francisco de Oliveira".
Outra região, com certa concentração de violência no pals foi o Sudoeste do Paraná. Enfrentando conflitos de terra há várias décadas, essa região continou a ver a luta en-içada entre grileiros e posseiros. A VIOLÊNCIA ENTRE 1974 E 1983
O periodo de 1974 a 1983 (mapa 2) apresenta o alastramento da violgncia por quase todo o temtório brasileiro. Ao contrário do período anterior, a Amazonia com mais de W ! das terras, passa a concentrar a maior parte dos assassinatos no campo. Neste período, o Pará, Maranhão e o extremo Norte de Goiás vão representar a região mais sangrenta do país. Assim, se somarmós a estas áreas o estado de Mato Grosso, vamos verificar que há uma coincidência ,entre esta área ex' plosiva, e a área de maior concentração de projem agropecuários incentivadbs pela SUDAM (mapa 3). Como pode-se observar, a região do Araguaia, "Bico do Papagaio", leste paraense e Vales do .PjndarB e do Meatin no Maran,hã~, são as áreas de forte concentração de pskeiros. Neste periado, estas regiões assistiram aos assassinatos,de posseiros, p e s , e, sobr@t,udo, de padres, advogados e novas lideranças sindicais. Entre os trabalhadores assassinados no mmpo nesta região, está Raimundo Fereira L@@, Q 'IGringo":
"Lavrador, meqbro da oposição sindical, candid8to:b preslÚdnfejd8''S~~ de Conceição do Araguaia pela chapa de oposição, morador da localidade de Itaipavas, municlpio de Conceição do Araguaia, seu corpo estava abandonado na beira de uma pequena esbrada, com duas balas calibre 92 nas costas, braço quebrado e marcas de pancadas na cabe~a,a 29 de maio.
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Mapa 03
PROJETQS AGROPECUARIOS
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Fonte: Garrido Filho, 1980:53 Des.: Orital87.
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Gringo retornava de São Paulo, onde havia participado de um encontro de lideres sindicais e voltava para Conceição levando no bolso Cz$ 17 mil como doação para a oposição sindical. Como a viagem é longa, pernoitou em Araguaina. Saiu bem cedo do hotel e $6 foi visto novamente depois de morto. Documentos e dinheiro estavam intactos no bolso. A família de Gringo ouviu no rAdio a noticia de sua morte. JA então se sabia o que a pollcia não sabe ou não quis saber até hoje: que o principal suspeito era o pistoleiro José Antonio, capataz da Fazenda Vale Formoso. Várias pessoas ouviram, quando, dias antes, ele prometera acabar com Gringo, em vingança da morte do fazendeiro Fernando Leitão Diniz, assassinado por posseiros no dia 08 de maio. Conforme a CPT, AraguaiaTTocantins, o pistoleiro José AntGnio, principal suspeito do assassinato, teria dito a uma pessoa de Xambioá que recebera Cz$ 90 mil para liquidar Gringo. Com efeito, naqueles dias do final de maio, o pistoleiro estava 'hospedado em Araguaína e também saiu aido do hotel no mesmo dia do assassinato, voltou rapidamente e sumiu. 1' Gringo era membro ativo das Comunidades Eclesiais de Base d'á Prelazia, desenvolvendo intenso trabalho de conscientização dos posseiros envolvidos na luta pela terra. No tempo da guerrilha do Araguaia, Gringo
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exemplo sigruifiealiVo da viol&cí:ia :&ta
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o Indiábamra Simão~vi~ia na aldeia Meruri, mu~iíclpiode Barra,d~,GarçalGe'unaral êameiib. ' '
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h duas.versóes pam o ataque à aldeia dos tiororos: segundo O Estado de S. Paulo, paaciparam, juntamente com João Mineiro, posseiros que foram iludidos com a promessa de que seria um acerto amighvel, para a indenizapão que queriam receber, pois a Funai estava demarcando as
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"Religioso, 61 anos, do municipio de Barra do Garça, foi morto a 12 de novembro em Ribeirão Bonito. Dias antes da passagem do bispo de São Félix do Araguaia, dom Pedro Mana Casaldáliga, e do padre João Bosco por Ribeirão Bonito, povoado do municlpio de Barra do Garça, a policia estava à procura de um certo Jovino Barbosa da Silva,.quematara ,um soldado (o cabo Felipe, da PMMT, conhecido por sua viol&n(ria), Para,chegar até Jovino, a PM prendeu tras mulheres - uma delas, Margarida B a b s a da Silva, de 56 anos, irmã de Jovino - e submeteu-as a torturas com agulhas que eram espetadas nos seios, garganta, braços, joelhos $ sob as unhas das mãos e obrigouas a ajoelhar em tampas de garrafa durante todo o dia de braços abertos. A outra senhora, dona Santana Rodrigues, em resguardo de parto, foi presa nos dias 5 e 1I de outubro e violentada por vários soldados, que também queimaram a roça do marido e a casa com todo o arroz na "tuia". O interrogatório era feito sob a mira de fuzis e revólveres. Dom Pedro e o padre João Bosco chegaram à cidade para acompanhar uma procissão em homenagem A padroeira local, Nossa Senhora Aparecida, logo souberam do que se passava na cadeia, e ouviram os gritos das mulheres. Por volta das 19h foram à cadeia, interceder pelas mulheres, e foram chamados de "comunistas" e "subversivos". Padre Burnier disse, então, que denunciaria às autoridades de Cuiabá as barbaridades ali cometidas. Foi quando o soldado Ezy Feitosa Ramalho, de 25 anos, deu-lhe uma coronhada e em seguida descarregou sua arma na cabeça do sacerdote caldo. Gravemente ferido, o padre João Bosco foi transportado para uma fazenda, onde estava baseado um táxi aéreo, que o levou juntamente com dom Pedro, o médico Dr. Luis e a irmã-enfermeira Beatriz para Goiânia. Internado no Instituto Neurológico, não resistiu à gravidade do ferimento, vindo a falecer no dia 12 de novembro."
O Nordeste aparece também com elevado número de trabàlhadores assassinados no campo. A Zona da Mata, o Sul e o além São Francisco da Bahia passaram a marcar a presença nas eslatlsticas sanguinárias deste perloslo, Entre os trabalhadores mortos na Zona da Mata estava Margarida Maria Alves: "Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande desde 1973, sendo sempre reeleita, 50 anos, casada, dois fllhos, foi assassinada a tiros na porta de sua casa em 12 de agosto. Os pistoleiros dispararam, à queimh-roupa, tifos de escopeta, calibre 12, estourando-lhe o rosto e o cérebro, devi'do à sua atuação firme em defesa dos direitos dos trabalhadores, tendo conseguido na Justiça a readmissão de trabalhadores demitidos. O crime foi cometido na frente do marido e dos filhos. 0 s criminosos fugiram em um Opala vermelho placas EX-0690 - Nova CruzIBio Grande do
Norte.
'"Ed 1982 Rra agredida por José Mil, 'filho do dono &'ij'ngenhu '
Miranda. P o ú h anf& de ser assassiriada fora amea'dda'por Agnaldo Veloso $1 Borges, propriettlrlo da usina Tanques".
Na Bahia, o advogado Eugênio Alberto Lyra Silva foi também viI da violência:
"Advogado do STR de Santa Maria da Viória e Bom Jesus da Lapa, 30 anos, casado com Lúcia Lyra, na época grávida de sete meses, foi morto no centro de Santa Maria da Vitória no dia 22 de setepbro. Causas: por diversas vezes, Eug&nio Lira entrou com processos contra os Fé Souza, Valdely Lima Rios, Jenner Pereira Rocha, Alberto Nunes e contra a empresa do Grupo Cohabia, Coribe Agropecuária SIA. Ameaças sofridas por Eug&nioLira: 1" 19 de março de 1977: o grileiro Agostinho Alexandrino de Souza dis-
se publcamente que tinha 12 balas para o "barbudo", referindese a Eugenio. No dia seguinte, foi B casa do advogado para procurá-lo, mas a porta não lhe foi aberta. Foi apresentada queixa-crime, sem qualquer conseqiiência; *
2i) em abril de 19i7, Alexandrino de Souza, w n v i d por ~ "Dino", inva-
diu a casa de Eug&nia Lyra e o ameaçou de arma em plinho, só não tendo consumado o crime porque um amigo o desarmou; 39 agosto de 1977: quando o advogado do STR ganhou uma ação contra Valdely, este lhe mostrou um revólver quando da vistoria das terras em litígio. Dias depois, num coquetel, o fazendeiro, embriagado, pronuncia violento discurso contra Eug&nio Lyra, finalizando em voz alta: "o homem deve morrer";
4220 de setembro de 1977; o jornal A Tdbuna da Bahia,, que pertence ao grupo Coribe Agropecuária SIA, publica nota afirmando que Eugênio e o padm Augusto de Santa Maria eram responsáveis pela agitação existente na àrea. L6cia Lyra depôs na CPI da Assembléia Legislativaem 197%.Em seu depaimntode 47 laudas, apresentou oito casos de gritagWna área (região qee fica af6m 8ão'FranciSco) que era d8endidd.por seu marido. Disse acreditar que "a sentença de rnortq para Eugênio foi decretada depois de ele ter ganho a causa do posseiro Isaías Pereira dos Santos, em agosto de 1977, que estava sendo esbulhado pelo grileiro Valdely Lima Rios. Eugênio Lyra foi morto com um tiro de revólver calibre 38, na testa, seis dias antes de seu depoimento na CPI da grilagem. Quatro meses antes do assassinato, Eugênio solicitara garantias de vi* ao Spcretário de Segurança Pública da Bahia, em razão da& v@as ameaças que vinha sofrendo". ' 7
mtte,~~ gscritos deixado por Eugênio Albem &tá o poema "Teru& bela M a da msciênoia do mpel ,*i$\ . . que b temi deve
Me oculto no teu ventre
TERRA
Me encontro, homem no teu grito TERRA E C O
TERRA
E trago o meu grito o fato TERRA Aqueles que não tQm TERRA TERRA Aqueles que pretendem ter ter ra Ngo morrerão sem TERRA Martelo. O ferro funde o ferro: Forja, assim como... Trabalho, e amo,
aro a terra, Custo a acreditar. Na posse da tua terra Semeando plantando não podes trabalhar malditarinjustaes (ta) trutura. Mas sei mas sei e saberei Do rei são amigos trQs o que tem e não faz o que faz porque tem o que tem e quer mais.
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O primeiro grileiro
tem dominios feudais ,
O segundo
tem incentivos fiscais
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O terceiro grileiro tem favores oficiais '
Ave Maria, rogai por 116s. Ave Maria, rogai por nós. Trabalhador perseguido pela doença abatido tem trQsfavores reais: .' trabalho escravo ao gribiro, míseria pro seu terreiro e terra para nunca mais. (Eugênio Alberro Lyra Silva)
Também as regiões de Cachoeira do Macacu, Rio de Janeiro, Vale do Ribeira, São Paulo, Sul de Mato Grosso do Sul e Sudoeste do Paraná, figuram entre as regiões de concentração dos conflitos no campo. A luta pela manutenção da posse, fez entre os posseiros da região inúmeras vítimas. A contratação de jagunços e pistoleiros passou a ser comum nestas regiões. Muitos posseiros tombaram. Assim, grandes fazendeiros grileiros foram construindo através da violência os muitos latifúndios dessas regiões. A VIOLÊNCIA ENTRE 1984 E 1986 O periodo de 1984 a 1986, registrado no mapa 4, representa, já durante a chamada "Nova República", a ampliação do número de assassinatos no campo. Em dois anos, 85 e 86, foram mortos, nada mais nada menos, do que 524 trabalhadores. Este acirramento dos confrontos armados no campo está em conexão direta com o processo desen-
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