A Frente Popular na Iugoslávia


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MIA > Biblioteca > Josip Broz Tito > Revista Problemas nº 5 > Novidades

A Frente Popular na Iugoslávia Marechal Tito 27 de Setembro de 1947 Primeira Edição: Discurso pronunciado na Segundo Congresso da Frente Popular da Iugoslávia, em 27 de Setembro de 1947. Fonte: Problemas - Revista Mensal de Cultura Política nº 5 - Dezembro de 1947. Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo Direitos de Reprodução: A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License.

Companheiros e companheiras: Permitam que, em primeiro lugar, cumprimente as senhoras e senhores delegados dos países amigos. Este nosso Congresso, o segundo após a guerra, tem um significado especial, pois nele já serão vistos os resultados dos enormes esforços que vêm sendo feitos pelos nossos povos na construção de nossa pátria. Reúne-se ele em um momento de penosas relações internacionais. Creio que a Frente Popular da Iugoslávia, e o papel que desempenha, têm significação não só para nossa vida interna, como também uma grande significação fora de nossas fronteiras, no que se relaciona com a luta pela paz. A nossa Frente Popular representa um poderoso fator de paz. A Frente Popular é a organização em que estão reunidos todos os nossos povos. É, portanto, uma grande organização pelo seu número, e uma poderosa organização pela sua unidade e pelo seu espírito. Como disse, a situação internacional se apresenta de tal forma que se faz necessário não só que dentro de cada país se reúnam todas as forças progressistas que desejam a paz e o progresso da humanidade, mas que, além disso, se unam cada vez mais, na luta pela paz, todos os elementos progressistas do mundo, que se unam na luta contra os que ainda recentemente causaram pavorosa catástrofe no mundo e que novamente, e cada vez mais alto, voltam a erguer suas vozes. Creio que chegará o tempo em que os representantes de todas as forças democráticas do mundo poderão reunir-se e falar sobre as formas que deve assumir a colaboração internacional, sobre como se deve trabalhar e lutar para impedir a catástrofe de uma nova guerra. Passarei agora ao meu relatório sobre a Frente Popular. Desejaria, antes

disso, salientar que nele serão tratadas teses peculiares aodesenvolvimento interno de nosso país. Desde já menciono o fato de que o desenvolvimento interno dos diversos países tem características específicas para cada país considerado. Não se pode aplicar ao pé da letra o que ocorre conosco a outros países, e vice-versa. Mas, uma coisa é certa: há muito de comum na luta das forças progressistas de cada país, e esse denominador comum é que todas lutam pela paz, por uma vida melhor e mais feliz, pela verdadeira democracia popular.

A Frente Popular Como Uma Organização Política de Toda a Nação O aparecimento do fascismo como brigada de choque da reação internacional, — dirigida não só contra a União Soviética e a classe operária, mas também contra todas as demais forças progressistas, — deu lugar, em muitos países, à formação de frentes populares antifascistas, sob a liderança dos Partidos Comunistas, para a luta contra a reação e o fascismo. Estas frentes populares foram criadas para a defesa da liberdade, da democracia e das conquistas progressistas da humanidade, ameaçadas pelo fascismo. O fascismo nasceu sob os auspícios da reação internacional, que o criou e desenvolveu visando dele servir-se para atacar o país do socialismo, a grande União Soviética, para atacar a classe operária e sua vanguarda, o Partido Comunista, e para golpear todas as demais forças progressistas em todos os países do mundo. Era este o plano da reação internacional, o plano dos grandes magnatas das finanças, cujos interesses se viam crescentemente ameaçados pelas conseqüências de sérias crises econômicas, isto é, pela força crescente das massas exploradas das cidades e do campo, ou, em outras palavras, pelo perigo dos grandes movimentos sociais. A reação internacional esperava conseguir com a agressão fascista contra a União Soviética o que no passado não havia sido conseguido com várias intervenções de países capitalistas, quando, estando ainda no nascedouro esse Estado de operários e camponeses, tentaram destruir o governo soviético e restabelecer o tzarismo. A reação internacional estava possuída de um medo pânico em relação ao país do socialismo, a União Soviética, que se erguia, como um farol, a iluminar o caminho a ser seguido, rumo a um melhor futuro, por todas as massas nacionalmente oprimidas e socialmente exploradas no mundo inteiro. A solução justa para as questões social e nacional, isto é, o derrubamento da classe dos exploradores — os capitalistas e os latifundiários, — e a criação de um Estado de operários e camponeses, despertavam o entusiasmo não só da classe operária e da maior parte dos camponeses, como também de todas as forças progressistas do mundo. Ao mesmo tempo era isto o que mais irritava e aterrorizava a reação internacional, já metida em sérios apertos resultantes de crescentes crises econômicas. Em vista disso, a reação internacional precisava do fascismo, porque os operários, camponeses e

demais forças progressistas do mundo tornavam-se cada vez mais perigosos para os vários tipos de opressores nacionais e de cruéis exploradores dos trabalhadores; porque as massas trabalhadoras, com firmeza crescente, reclamavam seus direitos, exigindo a melhoria das insuportáveis cone sociais, nacionais e econômicas a que estavam submetidas. A reação internacional, ou melhor, os que possibilitaram o advento do fascismo, não estavam errados ao supor que o fascismo era de fato o mais encarniçado inimigo não só da classe operária, como também de todos os movimentos progressistas, da liberdade e de as conquistas culturais e democráticas. Os senhores da reação internacional não se enganavam ao pensar que o fascismo tentaria, com a maior determinação, destruir não só o movimento operário, mas igualmente todos os movimentos democráticos, assim que chegasse ao poder. O caso da Alemanha, onde Hitler introduziu o mais brutal, totalitário e terrorista sistema de Estado, é a melhor comprovação disso. Igualmente o demonstram a Itália de Mussolini, a Espanha de Franco, etc. Contudo, a reação internacional encabeçada por Chamberlain. Daladier, Hoover e outros enganavam-se ao supor que as potências do contentar-se-iam com a perseguição da classe operária e dos elementos democráticos de seus países, ao supor que seriam apenas um obediente instrumento na luta contra os elementos progressistas. Mais tarde, quando tornou-se claro para todos que a agressão era o principal objetivo dos Estados fascistas, a reação internacional julgou que estes contentar-se-iam com um pequeno prêmio imperialista, a Áustria ou a região dos Sudetos, por exemplo. Mas esses senhores incorreram em um triste engano; o apetite imperialista de Hitler, Mussolini, Hirohito e outros era na verdade insaciável. E as conseqüências foram estas: a reação internacional semeou os ventos e as Nações das colheram as tempestades. O advento do fascismo na Itália, Alemanha e no Japão, e mais tarde na Espanha, foi a conseqüência lógica das contradições existentes no mundo capitalista. As contradições latentes entre as potências imperialistas eram de tal ordem que se chegou a esse resultado paradoxal: o rebento da reação (o fascismo) ergueu a mão contra seu país, desobedeceu-lhe às ordens e atacou, não a União Soviética, e sim os países do ocidente. As agressivas potências fascistas não se contentavam com as pequenas concessões feitas pela reação internacional. As conseqüências dos tratados de paz que se seguiram à primeira guerra imperialista mundial haviam emaranhado de tal maneira a contabilidade imperialista que o imperialismo alemão, há muito ansioso por uma revanche, achou oportuno não se dar por satisfeito com os pequenos presentes que lhe eram oferecidos por Chamberlain, Daladier e outros, às custas de pequenos povos. Com a ajuda da reação internacional o fascismo inchara de tal maneira que já não cabia dentro das fronteiras de seus países, e rebentava essas fronteiras levado pelo desejo de conquistar o mundo. A própria Europa tornouse pequena demais para Hitler. Contudo, dessa vez o mundo foi salvo, às custas de enormes sacrifícios, e graças, principalmente, à União Soviética.

Mas, que vemos hoje? Vemos que a reação internacional esta ensaiando uma nova importância. E, ainda desta vez, utilizando o fascismo. O imperialismo agressivo e insaciável, lutando para conservar suas posições e para usurpar posições novas, emparelha-se com a ideologia fascista terrorista, retrógrada, agressiva, com cujo auxílio deseja impedir a propagação de concepções humanas e progressistas acercada sociedade moderna, impedir a propagação do marxismo-leninismo, impedir a criação de Estados genuinamente democráticos, já que não pode destruir o grande Estado socialista, a União Soviética. Hoje, mais uma vez, a reação internacional, encabeçada pelos magnatas financistas americanos, reinicia sua velha experiência. Mais uma vez, impiedosamente, usando todos os meios a seu dispor, faz o possível para reviver o fascismo em vários países, inclusive na Alemanha ocidental, e mais uma vez procura criar focos de agressão. Pela segunda vez procura utilizar-se do fascismo como de uma brigada de choque destinada a realizar seus fins imperialistas. Mas, acreditamos que a despeito do fato de estar o fascismo ganhando terreno cada vez mais na própria América, a reação internacional também desta vez será derrotada. A Frente Popular era necessária antes da guerra para lutar contra o perigo em ascensão — o fascismo. Era necessária para a luta contra a reação em cada país separadamente. Portanto, antes da guerra, a Frente. Popular era necessária para a vitória das forças democráticas sobre a reação, para o fortalecimento da democracia contra a reação, para a luta contra a crescente ameaça de guerra, porque fascismo queria dizer — guerra. A Frente Popular era necessária para a proteção da independência nacional, — porque o fascismo era a maior das ameaças à independência dos pequenos povos, Era desse modo que, naquela ocasião, isto é, antes da guerra, os Partidos Comunistas dos países capitalistas interpretavam o papel do fascismo. E a verdade integral desta interpretação, veio a ser comprovada na grande tragédia que foi a última guerra, quando o fascismo escravizou não só os pequenos países, como também ameaçou os grandes e submeteu os povos de todos eles à extermínio e sofrimentos dos mais espantosos. Mas, ainda hoje, em vista da crescente agressividade da reação internacional, do seu desejo de novamente utilizar-se dos métodos fascistas, da volta dos provocadores-de-guerra fascistas que vociferam cada vez mais alto, — as forças progressistas em todos os países, e no mundo inteiro, devem jogar toda a sua força na luta contra a reação, que mais uma vez quer provocar no mundo uma tragédia semelhante à por que acabamos de passar. Mais uma vez devemos travar uma luta constante e resoluta contra a reação e o fascismo, isto é, contra os provocadores-de-guerra. Mas agora devemos ter em mente, com todo o cuidado, os erros cometidos no passado. As Frentes Populares cumpriram suas tarefas às vésperas e durante a

grande guerra de libertação? Não, em alguns países elas não estiveram à altura de suas tarefas. E por que isto aconteceu? Porque os acordos só foram feitos por cima, entre os líderes dos partidos, porque os frentes populares se compunham de vários partidos liberados por dirigentes não só hesitantes, mas mesmo reacionários e traidores, que nas horas mais decisivas, ou recuaram covardemente ou se passaram para o lado dos invasores fascistas. Estas frentes populares, devido à sua heterogeneidade e à falta de um plano de ação definido e à falta de uma política sem vacilações, eram mais de um caráter declamatório, do que uma união militante, uma frente, firme e sem vacilações, capaz de resistir à reação de seus países e à crescente ameaça de guerra custasse o que custasse. Pode-se, portanto, compreender, mas não desculpar, porque os Partidos Comunistas de alguns países não levaram a cabo suas tarefas de organização da luta contra as forças de ocupação, e de criação de um governo genuinamente democrático. Em outras palavras: eles não foram capazes de levantar as amplas massas do povo logo no princípio, e de se colocar à testa destas massas. Mesmo apesar de alguma resistência ter sido mais tarde oferecida aos ocupantes em alguns países, estas lutas — devido às razões expostas, — não possuíram um caráter unitário, nem os resultados obtidos foram os que deviam ter sido conseguidos, e que corresponderiam aos desejos do povo. Isto, naturalmente, teve como resultado a volta do poder às mãos da reação destes países. Minha convicção profunda é que as principais causas destes erros são as seguintes: 1. Não houve coragem e decisão suficientes. Enquanto se criava a frente anti-fascista, dever-se-ia levar em conta que no caso de uma agressão fascista não era possível continuar a luta de comícios e desfiles; seria necessária a luta armada, e portanto deviam ser feitos os preparativos para ela; 2. Não houve confiança nas forças do povo, mas havia ilusões em relação aos líderes dos diversos partidos; 3. As frentes populares não eram uma união militante, com uma direção uniforme e resoluta, com um programa militante definido e uma linha clara e definida. Uma exceção a esse respeito foi a Grécia onde, a despeito da luta heróica das forças democráticas gregas contra os invasores, a reação assumiu o poder após a guerra. Os que colaboraram com os ocupantes, ou os que viveram no exílio, assumiram o poder. Mas só chegaram ao poder com a ajuda da intervenção descarada de algumas grandes potências do ocidente, de alguns imperialistas que agora desejam conquistar seus objetivos imperialistas nos Balkans através da Grécia escravizada. Muitas pessoas pensam hoje que as frentes populares são algo já superado, algo supérfluo nesta fase de desenvolvimento, etc. Mas isto é um

erro. Conquanto as frentes populares não tenham sido igualmente eficazes em todos os países durante a guerra, em virtude das razões dadas acima, as frentes populares são hoje ainda mais necessárias. A diferença consiste em que lhe devemos dar um novo conteúdo. É que hoje a reação está cada vez mais agressiva, o fascismo levanta a cabeça, os provocadores-de-guerra vociferam cada vez mais. Portanto, o perigo de guerra cresce se não exercermos vigilância, se não aprendermos as lições do passado recente, se não tomarmos medidas enérgicas contra todos os provocadores de guerra, se todas as forcas progressistas não se unirem, — não só dentro de cada país separadamente, mas também em escala mundial, numa luta mais firme contra os provocadores de guerra e pela paz. As frentes populares estão, portanto, se unindo em uma frente mundial pela paz. Esta unificação significa um esforço conjunto e organizado para a consolidação da paz e da cooperação internacional. Por outro lado, pode acontecer que nos diferentes países as frentes populares possuam graus diferentes de desenvolvimento político e organizativo. Contudo, elas só serão inteiramente úteis para o desenvolvimento interno de cada país se gradualmente se transformarem em uma organização única de toda a nação, com o objetivo de resolver efetivamente todos os problemas do país: políticos, econômicos, sociais, culturais, etc. Em outras palavras: devem desenvolver-se até atingir um grau que possibilite um programa único acerca de todas as questões da vida interna. A democracia de novo tipo é, portanto, deste modo, possível e realizável. Dentro desta perspectiva, na etapa atual, ela pode sobreviver e prosseguir no seu desenvolvimento. Neste caso, as frentes populares transformar-se-ão gradualmente em uma única organização política de toda a nação, congregando a grande maioria do povo, unido em seus objetivos. Naturalmente, podemos estar certos de que a reação internacional uivará, dirá que se trata de um sistema de governo de partido único, que isso contradiz e o chamado principio americano das quatro liberdades, etc., etc. Mas, deixemos que uivem a seu bel prazer, pois é isso tudo o que podem fazer. Quanto a nós, podemos imediatamente formular-lhes uma pergunta concreta: quantos partidos os senhores têm? Apenas dois. E com que se parecem seus partidos? Em essência, são iguais; subsistem e se apóiam na todo-poderosa ditadura do dólar. São, portanto, partidos dos grandes magnatas das finanças, embora incluam pessoas bem intencionadas que, mesmo querendo agir, nada podem fazer. São, portanto, partidas da democracia de tipo ocidental, — um tipo de democracia de qualidade muito má, — partidos através dos quais os grandes capitalistas exercem sua ditadura. Por maiores que sejam numericamente, não passam de partidos de um punhado dos maiores capitalistas da América. É esta a situação no momento; mas certamente tempo virá quando uma transformação para melhor há de ocorrer, quando as amplas massas

trabalhadoras da América venham a gozar de fato as liberdades das quais tanto se fala, e que para elas, como para as massas dos demais países capitalistas, não passam, hoje, de um sonho.

O Caráter da Frente Popular na Iugoslávia Antes da Guerra A Frente Popular na Iugoslávia, antes da guerra, diferia das frentes populares de alguns outros países pela característica de não ser uma aliança temporária com os partidos burgueses. Ela não foi criada por cima, por acordo entre os líderes; foi criada de baixo para cima, sob a liderança do Partido Comunista da Iugoslávia. Não era numericamente tão forte quanto as frentes populares de outros países, mas sua qualidade era melhor. Claro está que isso não quer dizer que tenhamos deixado de convidar os líderes dos demais partidos a ingressar na Frente Popular. Isto não quer dizer que tenhamos rejeitado acordos com os líderes dos Partidos que iriam unir-se à Frente Popular. Não, semelhante atitude seria errada e prejudicial, porque neste caso teria sido impossível desmascarar estes líderes, perante as massas, como reacionários. Teria sido impossível arrancar-lhes a máscara de democracia, atrás da qual se escondiam a fim de iludir as massas. Se tivéssemos cometido esse erro, teríamos nos exposto ao perigo de nos isolarmos das massas, e neste caso não só a força numérica da frente popular teria sido arriscada, como também o resultado da luta contra o inimigo teria sido também prejudicado. Antes da guerra, os elementos mais progressistas de nossa pátria haviam aderido à Frente Popular: a classe operária liderada pelo Partido Comunista, os intelectuais do povo, os setores progressistas do campesinato e da população das cidades, sem considerações de filiação partidária. O programa da Frente Popular era claro e definido. Foi traçado pelo Partido Comunista da Iugoslávia, e consistia dos seguintes pontos: 1. Luta contra a exploração social e a opressão nacional; 2. Luta pela democratização do país e contra o fascismo; 3. Adoção das medidas necessárias para a defesa do país contra o crescente perigo de um ataque por parte dos invasores fascistas; 4. Luta contra a quinta-coluna; 5. Estabelecimento de relações diplomáticas com a União Soviética e, posteriormente, conclusão de uma aliança com ela. Os líderes dos Partidos burgueses opunham-se à Frente Popular e ao seu programa. Os líderes dos chamados partidos democráticos da burguesia inclinavam-se, — nos períodos de eleições, — entrar em entendimentos com os representantes da classe operária, mas apenas levados por motivos políticoespeculativos visando a tomada do poder. Assim que chegavam ao poder esses senhores revelavam seu caráter reacionário através de sua atuação contra os interesses do povo (caso de Macek, Cvetkovic e outros).

Em conseqüência disso, graças ao instinto político amadurecido das amplas massas trabalhadoras, à política justa do Partido Comunista, à sua luta firme Dela conquista das massas, e seu trabalho entre as massas, foi possível a criação de uma Frente Popular firme, mesmo antes do ataque à Iugoslávia. Essa frente temperou-se nas violentas lutas diárias contra os governos antinacionais que perseguiam cruelmente tudo o que havia de progressista em nossa pátria, que determinadamente levavam o país para os braços de Hitler e Mussolini, até que, finalmente, o governo de Cvetkovic-Macek criou o infame pacto anti-comunista com os invasores fascistas. Isto quer dizer, ainda, que não só os líderes de vários partidos da velha Iugoslávia se recusaram a participar da Frente Popular, como também aqueles que estavam no poder sistematicamente perseguiam os elementos progressistas da Frente Popular. Durante o governo de Macek e Cvetkovic, e de Subasic na Croácia, centenas de antifascistas foram detidos e arrojados nas prisões e campos de concentração, e, no momento da capitulação, entregues aos alemães e colaboracionistas ustachis, que os assassinaram brutalmente. Estes senhores não podem hoje, de maneira alguma, justificar os seus crimes, porque bastaria a abertura das portas das prisões para salvar muitos dos melhores filhos de nossos povos das mãos dos enforcadores de Hitler e Pavelic. Devemos pois lançar nos ombros de Macek a culpa pela morte destas centenas de camaradas; é ele o réu principal, e deve responder por esse crime. Os falsos democratas Macek, Cvetkovic, Subasic e outros entregaram os melhores filhos de nossos povos nas mãos do invasor. Kerestinac é a acusação irrefutável contra esses "democratas"! O sangue de Augusto Cezarec, de Bozidar Adzija, de Ognjen Prica e de centenas de outros antifascistas brada em acusação e prova que Macek, Cvetkovic e muitos como eles eram, e ainda são, os piores reacionários e inimigos da liberdade e do progresso. Este sangue prova que estes senhores eram colaboradores dos invasores fascistas e dos criminosos ustachis. Ato sórdidos como estes e outros semelhantes praticados por estes senhores terminaram por abalar a fé de seus partidários, que gradualmente foram compreendendo que a Frente Popular, liderada pelo Partido Comunista, era a única organização que consequentemente defendia os interesses das massas trabalhadoras e que também saberia como defender a independência da pátria. Toda e qualquer pessoa que possuísse um sentimento de responsabilidade nacional não poderia deixar de constatar com indignação, nas vésperas e durante os primeiros dias de invasão, como era anti-racionai e traidora a camarilha governante da Iugoslávia e, acima de tudo, como era incrivelmente grande sua incapacidade para a direção dos assuntos estatais. Não resta dúvida que nossa pátria teria passado por uma tragédia muito mais horrível se não fora a existência de uma organização que, nas horas mais

difíceis, foi capaz de mobilizar o povo e dirigi-lo na luta — uma luta de vida e morte — pela libertação da pátria, Esta organização foi o Partido Comunista da Iugoslávia, que organizou a Frente Popular e se colocou à frente da luta, sem poupar o sangue dos seus membros. E aconteceu que, no momento em que o povo, congregado na Frente Popular, começou a pegar em armas para defender não só sua liberdade, mas também sua existência, suas vidas, quase todos os líderes dos diversos chamados partidos, largaram o povo entregue à sua própria sorte. Contudo, o povo tomou sua sorte em suas próprias mãos, e não só libertou a pátria, mas foi além, criando sobre fundações novas uma nova e melhor Iugoslávia, expulsando todos os que mereciam ser assim tratados. Quais eram então as características básicas da situação política nas vésperas da guerra e nos primeiros dias da ocupação? 1. Todos os partidos burgueses, incluindo o chamado Partido Camponês de Macek, haviam chegado definitivamente ao fim de sua autoridade e prestígio; todos estes partidos, alguns mais e outros menos, eram, quando no poder, sustentáculos da monarquia, o que quer dizer, sustentáculos da reação; e todos eles, sem exceção, agiam contra os interesses dos trabalhadores; 2. A Iugoslávia isolada dos seus velhos aliados, a Pequena Entente liquidada (colaboração com as potências do Eixo, Stojadinovic, Jevtic, príncipe Paulo e outros); 3. Crescente resistência contra a política de entrega do país ao fascismo, campos de concentração e terror crescente exercido pelo governo contra os elementos progressistas anti-fascistas; 4. Firme determinação do governo Cvetkovic-Macek, seguindo ordens do príncipe Paulo, de atrelar a Iugoslávia ao carro do Eixo, e realização do chamado pacto anti-comunista; 5. Completa incapacidade dos círculos governantes — tanto no setor civil como no militar — para organizar a defesa do país; 6. Proteção à organização terrorista fascista, os chamados ustachis, não só por parte da camarilha reacionária do Partido Camponês da Croácia dirigido por Macek, como também por parte dos governantes de Belgrado; 7. Completo caos por ocasião do ataque à Iugoslávia; a maioria dos líderes de partido abandonou as massas nos dias mais difíceis, — fugindo para o exterior, entrando abertamente para o serviço dos invasores ou se escondendo, e tudo isso significava, simultaneamente, a separação das massas dos dirigentes dos seus partidos, e a adesão das massas à Frente Popular; 8. Neste momento, o Partido Comunista da Iugoslávia ganha integral confiança das amplas massas populares, confiança que se torna

cada vez maior no curso da luta. Os líderes dos diversos partidos burgueses já se haviam revelado tal qual eram quando teve lugar o ataque á Iugoslávia, e a atitude desses senhores nos primeiros dias de ocupação só serviu para que perdessem final e definitivamente a confiança das massas populares. Como vemos, a Frente Popular na Iugoslávia representava a unificação de todos os setores populares progressistas, de todos os anti-fascistas, de todos os que estavam prontos para defender, sob a liderança do Partido Comunista, a independência da pátria; de todos os que estavam prontos para lutar contra os invasores e seus mercenários internos. É por isso que a Frente Popular na Iugoslávia diferia da frente popular de outros países, Ela era uma aliança forte e coesa justamente porque nela não havia líderes reacionários ou vacilantes. Incluía as massas progressistas de vários partidos sob a liderança do Partido Comunista. Havia exceções. Na Slovênia, por exemplo, havia gente progressista entre os líderes dos partidos burgueses que, por motivos patrióticos, uniu-se ao povo e com ele compartilhou de todos os infortúnios dos difíceis dias da guerra... Houve casos como este também, em outras províncias, porém em escala menor. Após a invasão do país; o Partido Comunista da Iugoslávia conclamou o povo a pegar em armas contra o invasor. Este apelo foi atendido pelas massas populares em proporções cada vez maiores. Foi atendido até mesmo por aqueles que nem faziam parte da Frente Popular. Foi atendido por todos os patriotas. Todos os que amavam sua pátria, que estavam prontos para lutar contra o invasor e seus traidores nativos, congregavam-se agora na Frente Popular. Foi atendido particularmente por todos os que estavam ameaçados pelo punhal dos ustachis e, mais tarde, pela adaga dos chetniks. Claro está que a solução justa do problema nacional, a solução justa do problema social e, mais ainda, as perspectivas claras de uma ordem social radical na nova Iugoslávia tiveram enorme importância para o fortalecimento da Frente Popular entre as massas, para a sua firmeza e perseverança. Está fora de dúvida que sem perspectivas tão claras o nosso povo não poderia ter suportado esforços tão grandes na guerra de libertação. E por outro lado, o sucesso de nossa luta contra o invasor e seus traidores nativos dependeu da firme fé de nosso povo em um futuro melhor e na vitória. A Frente Popular adquiriu então um caráter novo e mais amplo, e uma maior responsabilidade. O programa da Frente Popular passou a incluir novos pontos, como por exemplo: luta contra o invasor, luta contra os traidores nativos, fraternidade e unidade dos povos da Iugoslávia, organização dos comitês de libertação nacional, etc. Este programa foi completado e ampliado paralelamente com a luta e com a extensão do território libertado. A Frente Popular, liderada pelo Partido Comunista, passou a ser gradualmente responsável pela organização do novo governo, do novo Estado, porque, como

organização política com um programa determinado, tornava-se o principal sustentáculo do novo governo, criado em substituição ao velho. Com seu Programa militante e democrático, a Frente Popular da Iugoslávia, liderada pelo Partido Comunista, deu um caráter novo e verdadeiramente democrático do novo governo. Este caráter democrático foi gradualmente completado e aperfeiçoado através dos representantes da Frente Popular na Assembléia Popular da Federação e nas Assembléias Populares das repúblicas federadas. Por que era essencial empreender a organização do novo governo logo nos primeiros dias de luta? 1. Porque, como já vimos, as massas populares perderam a confiança nos líderes de seus partidos; e, naturalmente, essa desconfiança tornou-se maior durante a guerra de libertação, logo que ficou patente que a maioria destes líderes estavam colaborando abertamente com os invasores, ou soprando de seus esconderijos ou do estrangeiro que o povo não devia lutar, e sim esperar. 2. Porque o invasor, através de seus quislings nativos, começou a se utilizar do aparelho do velho Estado a fim de escravizar o povo mais facilmente; os chefes de aldeias, os prefeitos de distrito e assim por diante, passaram a servir como órgãos do inimigo na tarefa de pilhar o país, de encaminhar o povo para o trabalho forçado, de facilitar a luta dos invasores contra o povo já sublevado, de exterminar os patriotas que não se conformassem com a ocupação e que não se curvassem servilmente ante o invasor. Não se podia deixar que continuasse existindo uma máquina de destruição como esta: tinha de ser destruída. No curso da luta de libertação foi gradualmente destruída pelos destacamentos de guerrilheiros e mais tarde, finalmente, pelo Exército de Libertação Nacional da Iugoslávia. 3. Porque os povos da Iugoslávia se convenceram de que o antigo governo não era apropriado, nem na essência nem na forma, e porque compreenderam que era necessário criar um governo novo, tanto na substância como na forma, — um governo do povo. Como vemos, embora a Frente Popular, liderada pelo Partido Comunista da Iugoslávia, tenha escolhido, desde os primeiros dias da luta de libertação, a forma de governo popular que ainda hoje temos, esta forma de governo não foi inventada, imposta, e não era desconhecida. Não, era uma forma de governo conhecida pelo povo, conhecida porque eles a esperavam, de há muito a desejavam e a traziam em seus corações. Era justamente a forma de governo mais adequada para nossa pátria. Nosso povo desejava esta forma de governo porque tinha alguma semelhança com a forma de governo na União Soviética. E assim, após a abolição do velho governo, um novo governo popular foi

criado, baseado nos princípios da verdadeira democracia popular. Este novo governo popular surgiu do povo, e a Frente Popular foi sua base política. Ao discutirmos o problema da Frente Popular na Iugoslávia não devemos de forma alguma esquecer certas características específicas da Frente Popular em diversas regiões, seu desenvolvimento desigual, o desenvolvimento desigual da própria insurreição em várias regiões. Esta desigualdade foi condicionada pelas marcas do passado ou pela situação política geral que deixou profundos traços em algumas regiões. Em relação com isto não posso deixar de dizer que fora de nossa pátria há pessoas, pessoas progressistas, que ainda sustentam que a insurreição na Iugoslávia só assumiu as proporções que sabemos e só teve o grande sucesso que teve devido a condições políticas internas excepcionalmente favoráveis e a condições geográficas, condições essas que favorecem a luta. Contudo, estas afirmativas são insensatas e estúpidas, tão insensatas e estúpidas que chegam a parecer maliciosas, objetivando diminuir a importância da luta heróica que travamos. Elas não mereceriam sequer ser mencionadas aqui, não fora pelo fato de serem constantemente repetidas. Era justamente na Iugoslávia onde as condições políticas eram as menos favoráveis à luta contra as forças de ocupação. E Isso acontecia, em primeiro lugar, porque a Iugoslávia é um Estado multinacional onde, antes da guerra, não havia igualdade entre as várias nacionalidades. Havia, ao contrário, a mais cruel opressão nacional por parte dos hegemonistas sérvios. Havia um forte sentimento de ódio entre os vários povos, e esse ódio era fomentado pelos governantes, pelos antigos partidos burgueses, era sistematicamente fomentado por alguns sacerdotes reacionários de várias religiões, quer dizer, fomentado em uma base religiosa. O ódio nacional que existia antes da guerra, fomentado ao máximo, ao ponto de chegar à exterminação mútua, por alemães, italianos e outras forças de ocupação, este ódio nacional não podia ser um estimulante do desenvolvimento da unidade dos povos da Iugoslávia para a difícil e áspera luta contra os invasores. Ao contrário: este ódio impediu que a luta se desenvolvesse com maior sucesso e aumentou os sacrifícios feitos pelo povo. Foi justamente devido a esse ódio nacional mútuo que os invasores puderam encontrar na Iugoslávia alguns quislings como Pavelic, Nedic, Rupnik e, finalmente, Draja Mihailovic, a quem deram forte apoio na luta contra o Exército de Libertação Nacional. O papel desempenhado pelo Partido Comunista e pela Frente Popular em conjunto, assim como por todos os combatentes da linha de frente se delineia, em vista disso, com importância ainda maior, pois incansavelmente difundiram e pregaram o ideal de fraternidade e união de todos os povos da Iugoslávia. Não foi fácil mobilizar as massas croatas para a luta contra o invasor, que ajudara a fundar o chamado Estado independente da Croácia, com Pavelic à frente. Foram precisos muitos esforços para desmascarar inteiramente essa falsa independência. Foi somente graças ao trabalho do Partido Comunista na

Croácia, ao amadurecimento político de grandes setores do povo croata, e à maturidade política dos sérvios na Croácia, graças à Frente Popular da Croácia, que os planos dos invasores e dos bandidos ustachis foram anulados e a maioria do povo croata mobilizou-se para a luta contra o invasor. Não foi fácil convencer o povo da Macedônia a aderir à luta. Sob o governo dos hegemonistas pan-sérvios o povo macedônio foi cruelmente perseguido e nacionalmente oprimido, ou, melhor dito, sua nacionalidade macedônia não era sequer reconhecida. Foi preciso explicar os problemas pacientemente ao povo macedônio e mostrar-lhes a perspectiva de conquistar, através da luta de libertação e com a assistência dos outros povos da Iugoslávia, a sua própria liberdade nacional. Através de sacrifícios e de um trabalho persistente o Partido Comunista conseguiu êxito no cumprimento destas tarefas. E esse êxito também pertence à Frente Popular na Macedônia. Na Slovênia, logo após a invasão do país foi criada, por iniciativa do Partido Comunista, uma Frente de Libertação para a luta contra o inimigo, que ameaçava não só a liberdade da Slovênia, como a própria existência do povo sloveno. Aconteceu, portanto, que, na Slovênia, a Frente de Libertação teve desde o início um caráter eminentemenfe nacional, e a este respeito a Frente Popular da Slovênia diferiu de saída das frentes populares em outras províncias. Na Sérvia, Montenegro, Bósnia e Herzegovina o desenvolvimento da Frente Popular sob a ocupação ocorreu quase que sob as mesmas características. Desde o princípio que foi acentuado o seu caráter de massa. Isso tornou possível uma certa antecipação no início da insurreição ,o que teve influência sobre todas as outras insurreições nas províncias iugoslavas, fazendo com que irrompessem cedo, ainda em 1941.

O Papel da Frente Popular na Guerra de Libertação Já mostramos como a Frente Popular assumiu um caráter expressivamente democrático desde o dia de sua formação. Constatamos que a Frente Popular foi composta pelos elementos mais progressistas, — pela classe operária e todos os demais setores progressistas, sem considerações de filiações políticas anteriores ou de condição social. Tendo um programa e objetivos comuns, a Frente Popular transformou-se em uma organização duradoura de toda a nação, cujo papel na guerra de libertação adquiriu extraordinária importância, isso porque, sem uma Frente Popular do tipo que era a nossa, não poderíamos sequer imaginar uma luta bem sucedida contra as torças de ocupação nem a conquista de tudo quanto hoje possuímos. O caráter verdadeiramente democrático da Frente Popular tornou possível a criação do novo governo popular, um governo de caráter verdadeiramente democrático, cuja criação foi possível em virtude da existência dos Comitês de

Libertação Nacional. Estes comitês eram os órgãos de nossa Frente Popular, levando à prática todas as tarefas quotidianas de mobilização de soldados, para o Exército de Libertação Nacional, de abastecimento da frente de combate, de consolidação da retaguarda nos territórios libertados, de resolver todos os assuntos abrangidos pelo novo governo popular no território livre. Na parte ainda ocupada de nosso território, o trabalho da Frente Popular era mais difícil, porém mesmo lá foram criados ilegalmente comitês de libertação nacional. Também lá a Frente Popular, sob a liderança do Partido Comunista, realizou a mobilização de novos soldados, coletou diversas espécies de auxílio para a Frente Popular, levou a cabo a propaganda em favor da luta de libertação. A Frente Popular desempenhou um papel importante no território ocupado, divulgando e fortalecendo entre o povo a fé na vitória da luta de libertação nacional, a fé na vitória da União Soviética e seus aliados. A desorganização e a desmoralização que a Frente Popular propagou nas fileiras das forças de ocupação e entre os quislings do território ocupado foi de grande benefício não só para a luta de libertação nacional na Iugoslávia, como também para nossos aliados.

A Frente Popular de Após-Guerra, no Período de Paz A Frente Popular, temperada e ainda mais unificada politicamente através da Guerra de Libertação, com sua já enorme experiência, começou, logo após a guerra, a enfrentar vigorosamente a realização de novas e grandes tarefas. A organização final do novo Estado sobre as ruínas da velha e debilitada Iugoslávia, a reconstrução do país, tão severamente danificado durante a guerra, etc., eram as tarefas que deviam ser cumpridas pela Frente Popular logo após a vitória sobre as forças de ocupação e os traidores nativos. Quando nos lembramos de como toda a reação internacional se esforçou para restabelecer na Iugoslávia a velha ordem, a velha e superada democracia de tipo ocidental, —- só então é que vemos quantas dificuldades tivemos de enfrentar para a criação da nova Iugoslávia, a Republica Popular Federativa da Iugoslávia, um Estado com uma ordem social nova e mais justa. Mais uma vez a Frente Popular desempenhou um papel de enorme importância. Foi na Frente Popular que nos apoiamos, sempre que algumas potências ocidentais, utilizando-se de várias ameaças, nos queriam impor os antigos governantes, o velho regime que nosso povo odeia tão intensamente, o regime de Grol, Macek, Subasic e seus semelhantes, servos fieis de seus senhores estrangeiros, e que sempre serviam aos interesses estrangeiros às custas dos povos da Iugoslávia. A Frente Popular foi a fortaleza com que contamos para não nos rendermos ante as ameaças, fossem quais fossem, das potências estrangeiras. As eleições para a Assembléia Nacional mostraram a enorme força vital da Frente Popular como organização política nacional. Os resultados das eleições para a Assembléia Nacional representam uma das maiores vitórias da Frente

Popular. 95% dos que, de acordo com as novas leis, têm direito a voto, pronuniciaram-se pela nova Iugoslávia, pela Frente Popular. A Frente Popular prestou assim serviços imensuráveis à realização dos desejos daqueles que deram suas vidas na heróica luta de libertação nacional para que fosse criada uma Iugoslávia nova e melhor; prestou imensuráveis serviços à realização das esperanças dos lutadores da guerra de libertação, para o cumprimento das aspirações dos trabalhadores de nossa pátria, o que quer dizer, da imensa maioria de nossos povos. Foi somente graças à existência de uma Frente Popular como essa que se tornou possível chegar tão completa e rapidamente a uma nova forma de governo. Foi somente graças a isso que se tornou possível criar em tão pouco tempo um novo sistema, e fazêlo funcionar adequadamente, sob novas condições, em novas relações sociais. Foi somente graças à Frente Popular que em nossa Pátria, apesar de todos os obstáculos, tivemos uma estabilização política tão rápida.

O Papel da Frente Popular na Reconstrução Nossa pátria saiu desta guerra terrivelmente destruída e devastada. As feridas que o invasor abriu em nossos povos são tão profundas que, nas velhas condições políticas e econômicas seriam necessárias várias dezenas de anos para cicatrizá-las. Mas a Frente Popular introduziu, também na reconstrução, a tremenda energia criadora e realizadora de nosso povo, o ardor de nossa juventude, o espírito de sacrifício dos nossos operários, dos nossos camponeses e dos nossos intelectuais do povo. Foi somente graças à Frente Popular que nossas comunicações foram restabelecidas, que as pontes demolidas foram reconstruídas, que o transporte ferroviário, fluvial e marítimo foi restaurado, e tudo isto conseguido em um tempo incrivelmente pequeno. Cabe à Frente Popular o grande mérito da reconstrução da maioria de nossas aldeias e cidades devastadas. E é graças à ela, e principalmente aos operários da Frente Popular, que nossas fábricas foram devolvidas à vida ativa e começaram a trabalhar em tão curto espaço de tempo. Grande merecimento cabe à Frente Popular pela solução bem sucedida de vários problemas sociais, culturais e educacionais na nova Iugoslávia. O governo, tanto o governo federal como o das repúblicas federadas, não teria sido capaz de resolver todos esses problemas se não contasse com o auxílio de uma organização de massas tão poderosa como é a nossa Frente Popular.

O Plano Qüinqüenal e a Frente Popular Quando o governo esboçou o projeto do Plano Qüinqüenal, levou em conta o fato de que este grandioso plano para o progresso econômico de nossa pátria

só pode ser realizado graças à existência da Frente Popular, apoiada na energia realizadora de nossas massas. A execução do Plano Qüinqüenal é uma tarefa grande e difícil, que requer os maiores esforços da Frente Popular. A construção de nossa pátria, a industrialização e eletrificação do país, serão realizadas graças à união dos povos congregados na Frente Popular, graças ao entusiasmo sem paralelo que demonstram pelo trabalho a juventude, os operários, os camponeses, os intelectuais que estão com o povo, e todo os demais cidadãos trabalhadores de nossa pátria. Em vista de tudo isso torna-se claro que a Frente Popular não só desempenhou um importantíssimo papel durante a guerra, mas que tem um papel ainda mais importante a desempenhar na construção pacífica de nossa pátria. Portanto, ela também é uma necessidade indispensável para o futuro de nossos povos. Como a Frente Popular é quem melhor representa, não só a unidade política de nossos povos, mas também a fraternidade e união no sentido nacional, ela não pode ser substituída por quaisquer partidos políticos burgueses. É por esta razão que a Frente Popular tornou-se uma organização política popular geral e duradoura. É por isto que é insubstituível, e este o motivo porque difere de todos os antigos partidos políticos e coligações de partidos. A Frente Popular, por sua própria natureza, nada tem de comum com qualquer espécie de partido criado pelos diversos governos da Iugoslávia antes da guerra, ou com os partidos criados pelos governos totalitários nos países fascistas. Tais partidos e organizações eram criados pelos diversos governos totalitários e reacionários; seu objetivo era o de conservar, sob novos, rótulos, a velha ordem capitalista já superada. Eram criados com o objetivo de impedir a democratização do país, a democratização de novo tipo. Em outras palavras: tais organizações eram fundadas contra o povo, com o fim de extinguir as liberdades democráticas nestes países. Nos países totalitários estas organizações fascistas eram criadas, naturalmente, acima de tudo, com o objetivo de preparar a guerra de agressão. Foi através de organizações como estas que os nacionalismos agressivos e antagônicos foram levados ao grau máximo, visando a conquista e escravização de outros povos. Ao contrário disso, a Frente Popular na Iugoslávia é uma organização de todas as pessoas progressistas, — não só para a luta contra a reação e o fascismo, para a luta pela preservação das conquistas já realizadas e realização de outras, como também é uma organização que já cumpriu grandes tarefas em nossa pátria, e que cumprirá outras mais no futuro. Nossa Frente Popular é uma democracia de novo tipo; é uma democracia popular verdadeira. Tal é a característica política da Frente Popular na Iugoslávia, tal é a característica política do governo popular na Iugoslávia, que se apóia na Frente Popular e dela procede. Que nos ensina, em relação ao desenvolvimento político interno, a

experiência ganha até agora? Na velha Iugoslávia criada em Versalhes, havia muitos partidos com diversos programas. Todos eles tomavam como modelo a chamada democracia ocidental, que na realidade era — e hoje é mais ainda, — uma ditadura de uma minoria sobre a maioria, isto é, a ditadura de um punhado de capitalistas sobre a maioria do povo, com a camarilha governante encabeçada pela monarquia, escolhendo sempre um ou mais partidos de acordo com a necessidade, neles se apoiando a fim de pôr em vigor as diversas medidas contra o povo. Os demais partidos permaneciam na oposição até que lhes tocava a vez de sugar os cofres públicos, já que os serviços prestados à camarilha governante eram bem pagos, às custas do povo. Desta maneira, todos os partidos tiveram sua vez, exceto, é claro, o Partido Comunista; porém nada melhorava, não se cuidava do bem estar do povo, e, ao contrário, as coisas sempre pioravam, O que isto prova? Isto prova que todos os partidos burgueses do Período anterior à guerra estavam desacreditados e perderam o direito de hoje falar em nome do povo. Mostraram-se incapazes de dirigir o país e, por conseguinte, na nova ordem social dos nossos dias já não há justificativa para sua existência, tornaram-se supérfluos.

A Nova Ordem Social em Nossa Pátria, Exige Uma Nova Forma de Vida Política Partidos políticos numerosos e heterogêneos em suas concepções representariam para nossa pátria o maior dos obstáculos a um desenvolvimento rápido e duradouro. A possibilidade de existência de partidos políticos numerosos e com seus velhos programas e concepções caducas é excluída não só pela estrutura política de nossa pátria, como também pela sua estrutura econômica. Um programa econômico unificado exige unidade política. Imaginemos o seguinte quadro: terminou a guerra, começou a reconstrução do país. Toda a nação deve ser mobilizada para a execução de numerosas e importantes tarefas, e existem diversos partidos, dirigidos pelos diversos Grols, Maceks, Subasics, Lazics, Gavrilovics, etc. Um diz: esta ponte não deve ser construída em primeiro lugar; primeiro devemos fazer aquela outra. Outro diz: Por que se dá mais ajuda a, digamos, Bósnia, Lika e Montenegro do que às demais repúblicas? E todos juntos diriam, provavelmente: Por que jogar fora estes bilhões na reconstrução de aldeias devastadas? É melhor esperar até que nos restabeleçamos um pouco, ou até que recebamos reparações, etc. Todos eles diriam: Para que precisamos de um Plano Qüinqüenal? Para que industrializar e eletrificar o país? Nossos avós e bisavós viveram nessa terra sem eletrificação e sem industrialização, — nós podemos fazer o mesmo. Para que precisamos de uma agricultura planificada, Deixemos que cada camponês

se arranje como melhor puder. Podemos estar certos que tais partidos iriam difundir entre o povo idéias como estas e muitas outras semelhantes. Isto paralisaria nossas forças, tornaria impossível a realização de tudo o que leva nossa pátria para mais próximo da prosperidade e do bem estar. Mas alguém pode dizer: porém, na nossa Frente Popular também existem vários partidos burgueses. Isto é verdade, mas acontece que as massas, isto é, os adeptos desses partidos, e alguns de seus dirigentes, aderiram à Frente Popular antes que seus principais dirigentes o fizessem, aderiram desde o tempo da luta de libertação e, após a guerra, os líderes destes partidos chegaram à conclusão de que a Frente Popular era a melhor solução para o nosso povo, e em vista disso também eles aderiram, e hoje ocupam cargos de responsabilidade na administração do país. Enquanto estes dirigentes aplicarem o programa da Frente Popular, enquanto estiverem de acordo com a concepção política e econômica existente, sua presença na Frente Popular não lhe enfraquece a unidade. Ademais, os líderes de alguns partidos que estão na Frente Popular são, em sua maioria, homens progressistas que desejam contribuir no maior grau possível para o prestigio e a construção de nossa pátria. Por conseguinte, a presença deles, em vez de enfraquecer, serve para fortalecer a Frente Popular.

A Frente Popular e o Partido Comunista O Partido Comunista da Iugoslávia foi o iniciador e organizador da Frente Popular da Iugoslávia, ainda antes da guerra. Ele trouxe para a Frente Popular toda a sua grande experiência de organização e direção das lutas. Deu à Frente Popular os seus quadros temperados pela luta, quadros que serviram, e ainda servem, de exemplo, — quer na direção da luta durante a guerra de libertação, quer na construção do país. Justamente devido a essas qualidades, o Partido Comunista ainda hoje desempenha um papel dirigente na Frente Popular. As amplas massas populares continuam a lhe confiar este papel. O Partido Comunista da Iugoslávia tem outro programa diferente do programa da Frente Popular? Não, o Partido Comunista não tem outro programa. O Programa da Frente Popular é também o seu programa. Qual é então a diferença entre o Partido Comunista e os outros partidos da Frente Popular? Como vanguarda da classe operária, o Partido Comunista da Iugoslávia recebeu a missão de liderar todas as forças democráticas progressistas na reconstrução pacífica de nossa pátria, — o mesmo papel que lhe coube durante a guerra de libertação. O Partido Comunista aceitou esta grande tarefa sob as novas condições criadas pela guerra de libertação. Durante a ocupação coube a ele o papel de organizador e diligente da luta de libertação, pela liberdade e independência dos povos da Iugoslávia.

A missão de liderar todas as forcas progressistas do povo congregadas na Frente Popular foi assumida pelo Partido Comunista como um resultado do caráter específico da revolução em uma determinada etapa, como um resultado de novos caminhos, — particularmente característicos na Iugoslávia, — que conduzem a uma transformação social definida. Até à criação do novo Estado nas condições já mencionadas, o Partido Comunista foi não só a vanguarda da classe operária, mas também o líder de todas as forças progressistas que lutaram juntas por um objetivo definido, isto é, pela expulsão do inimigo, pela destruição dos traidores nativos e pela criação de um novo edifício estatal — a República Popular Federativa da Iugoslávia. Após a criação do novo Estado, o Partido Comunista tornou-se o líder de todo o desenvolvimento social; na organização do governo Popular, isto é, na organização do Estado, na construção do país, na vida econômica e cultural, etc., Desempenhou este papel como parte componente da Frente Popular, ocupando a vanguarda porque demonstrou sua capacidade de direção. Em cada época do desenvolvimento social, das transformações sociais, existem etapas definidas que caracterizam esta época, e que são condicionadas pelos elementos fundamentais dos acontecimentos desta época. Quais são as características fundamentais da época atual? 1. O aparecimento do fascismo. Em virtude das contradições irreconciliáveis entre os imperialistas, nasceu o fascismo, com seu excessivo desejo imperialista de dominação mundial, não só econômica como também política, com o desejo de liquidar as pequenas nações e criar espaço vital para a chamada raça superior, com o desejo de destruir todas as conquistas culturais do mundo. 2. A grande guerra de libertação nacional e a derrota militar total do fascismo, empreendidas pelas Nações Unidas, tendo à frente a União Soviética. 3. O colapso do velho sistema estatal nos países da Europa oriental, sistema esse que se baseava nos princípios da chamada democracia ocidental, e criação de novos sistemas nestes países, sistemas baseados sobre princípios de genuína democracia popular. 4. Transformações sociais revolucionárias estão ocorrendo, inspiradas pela luta contra os invasores fascistas, pela liberdade e independência nacional, pela realização de um sistema social mais justo, em lugar do velho sistema capitalista, baseado nos princípios da chamada democracia ocidental. 5. Tentativa de restauração do fascismo por parte das potências imperialistas com o fim de contrabalançar o poder crescente da democracia de novo tipo, e como força de ataque para realização dos objetivos imperialistas.

6. Provocações guerreiras e calúnias contra as novas democracias. Incapaz de satisfazer completamente seus apetites imperialistas, a reação internacional, tendo à frente os imperialistas americanos, desfecha uma áspera campanha de calúnias contra os países democráticos, especialmente contra a União Soviética e a Iugoslávia. Os provocadores de guerra esforçam-se violentamente para lançar o mundo em um novo conflito, em uma nova catástrofe. 7. Em oposição à frente da reação, ergue-se a frente da paz. Em oposição à unidade da reação internacional e aos provocadores de guerra, vai sendo mais e mais realizada a unidade de todos os homens progressistas, e já está sendo conquistada uma unidade de todos os que desejam paz e colaboração internacional. A frente da paz está sendo criada, a frente da democracia. 8. Os interesses comuns da classe operária e de todas as forças verdadeiramente democráticas, especialmente nos penses da Europa oriental, e particularmente em nossa pátria, — constituem o fator principal na criação da unidade política, na criação de verdadeiras democracias populares de novo tipo. Com a liquidação do velho sistema social em nossa pátria, com a nacionalização e a transferência dos meios, de produção para as mãos dos trabalhadores, em uma palavra, com a criação da nova Iugoslávia, com sua nova estrutura política e econômica, o interesse de todos os que participam neste trabalho torna-se idêntico, comum. O que é, então, a Frente Popular em nossa pátria? 1. A Frente Popular em nossa pátria é uma organização política nacional duradoura, com um programa permanente e claramente definido. 2. A Frente Popular é a união política dos trabalhadores de nossa pátria, — operários, camponeses, intelectuais do povo, jovens, mulheres e todos os cidadãos que trabalham, o que quer dizer, de todos os que trabalham integrados no espírito da nova Iugoslávia. Isto prova, portanto, que os povos da Iugoslávia têm na Frente Popular sua organização política comum, temperada e provada nas horas mais duras de nossa história. Isto prova que nossos povos — unidos nesta organização na qual também participa o Partido Comunista da Iugoslávia — serão capazes de conseguir um futuro melhor e mais feliz. Esta organização comum, a Frente Popular, é uma garantia de que nossos povos salvaguardarão as conquistas da grande luta de libertação, salvaguardarão a fraternidade e unidade que constitui o penhor de todos os nossos sucessos no presente e no futuro. Isto significa que nossos povos, assim unidos, salvaguardarão tudo aquilo por que morreram os melhores filhos e filhas de nossa pátria, salvaguardarão a comunidade de povos irmãos, — a República Popular Federativa da Iugoslávia.

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A Dialética, Instrumento de Luta "O estudo da dialética materialista e de suas leis não é, nem pode ser, em si mesmo, um objetivo. Não é difícil aprender e compreender as teses fundamentais do método dialético, mas a compreensão autêntica, marxistaleninista da dialética começa no ponto em que o método dialético é concebido como instrumento de conhecimento e de luta revolucionária. Assim, não se pode chamar dialético verdadeiro senão aquele que sabe empregar este instrumento agudo na luta prática contra o velho mundo, na luta pela construção do mundo novo, do mundo comunista". Mark Rosental

Inclusão

08/07/2007

Última alteração 23/09/2019