225 40 143MB
Portuguese Pages 239 [240] Year 2008
Grandes civilizações do passado
A CIVILIZAÇÃO
Principais redatores e colaboradores: Peter Levi Thema, S.A.
Fotografía e documentação gráfica Equinox Ltd.
Desenho da capa: Mauricio Restrepo/Tiffitext, S.L. Impressão: Printer Industria Gráfica O 2008 Ediciones Folio, S.A.
Rambla Catalunya, 135
08008 Barcelona
Edição Brasil: Direção:
José Luis Sánchez,
Meritxell Almarza Tradução: Carlos Nougué, Francisco Manhães,
Maria Júlia Braga, Michel Teixeira Revisão:
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Carlos Nougué,
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Michel Teixeira
Diagramação:
Elizabeth Dunhofer
ISBN: 978-84-413-2551-7 D. L.: B-4015-2008
All rights reserved. Nenhuma parte deste livro por ser reproduzida por nenhum meio sem autorização expressa do editor. Printed in Spain
Frontispício: Mênades dançando para Dioniso. O deus é representado por sua xoanon, isto é, imagem de madeira, cuja forma acusa a do tronco da árvore em que está cravada, coberta por uma tapeçaria.
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À CIVILIZAÇÃO GREGA
SUMÁRIO GERAL 8 10
Quadro cronológico Prefácio
Primeira Parte: À terra em seu contexto 12
Geografia da Grécia Antiga
22
O estudo da Grécia Antiga
Segunda Parte: A Idade do Bronze 30 44 52
As civilizações palacianas de Creta e Micenas Relíquias micênicas O mundo homérico
Terceira Parte: A Idade da tirania 62
73
84 104
O renascimento do século VIII
Práticas religiosas arcaicas
O nascimento das cidades-Estados O desenvolvimento da literatura
Quarta Parte: O Século de Péricles 112 129 144
A sociedade ateniense no século V As guerras Persas e do Peloponeso A revolução clássica
Quinta Parte: Alexandre, o Grande, e sua época 160 169 182 192
Novas formas de literatura e de religião A ascensão da Macedônia A expansão alexandrina A conquista romana
Sexta Parte: O destino do helenismo
200 204 9]1
O impacto clássico do helenismo Renascimentos pós-clássicos Oidioma: A principal herança
99% 994 297 999 934
Glossário Lista de ilustrações Bibliografia Dicionário geográfico Índice
Quadros (Temas destacados) Deusas Mães O momento arcaico Kouroi e Korai O Oráculo de Apolo Os deuses do Olimpo O mundo do esporte grego Moedas gregas, por Colin Kraay
Os frisos do Partenon, por John Boardman
162 174 198 208
A vida cotidiana O momento clássico O soldado grego Fortificações e máquinas de guerra O teatro grego: aspectos da tragédia Lista de teatros gregos A música na Grécia Antiga, por Richard Witt A medicina grega e o culto de Esculápio As tumbas reais da Macedônia Evolução da pintura de vasos, por John Boardman A Grécia para além da Grécia
Quadros (Lugares) 36 38 40 43 63 65 76 80 92 98 116 120 128 130 138 142 164 166 168 170 176 188 190 193 196 201
Micenas Cnossos Santorini Pilos Dodona Elêusis Delfos Olímpia
Esparta Acragante Atenas Olinto Bassas Egina Delos Mileto
Epidauro Éfeso Cós Alexandria Salamina Pérgamo Ay Khanoum Corinto
Paestum Priene
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A vegetação do mundo grego atual
Marco geográfico da Grécia moderna
Temperaturas e ventos imperantes em janeiro (fonte WMO,
UNESCO) Temperaturas e ventos imperantes em julho (fonte WMO, UNESCO) Precipitações chuvosas em janeiro (fonte WMO,
UNESCO)
Precipitações chuvosas em julho (fonte WMO, UNESCO)
Recursos minerais da Grécia moderna Os dialetos da Grécia Antiga Escavações clássicas Povoações do mundo micênico
Sítios arqueológicos minóicos de Creta
Povoações do Período Obscuro no Egeu
A Grécia homérica (fonte Hope-Simpson, Lazenby) Colonizações gregas entre os séculos IX e VI a.C. Lugares dos oráculos e oferendas de tesouros em Delfos e Olímpia Localização das tiranias entre os séculos VILe V a.C. Sicília durante o século VI a.C. Procedência dos vencedores das corridas olímpicas entre 700 e 400 a. €. O desenvolvimento dos conhecimentos geográficos, séculos VIII ao IV a.C. Expansão espartana no Peloponeso, séculos VIII ao V a.C. O crescimento da Ática e de Atenas, século VI a.C. Os demes da Ática e de Atenas por volta de 400 a.C. Principais cunhagens de moedas gregas Poetas e filósofos do mundo grego As minas de Laurion (fonte Ardillon)
O Império Persa no século V a.C. Campanhas Persas de 490 a 475 a.C.
As batalhas de Maratona, Termópilas, Salamina
e Platéia (fonte Burn)
O império ateniense, 460-446 a.C. Alianças do começo das guerras do Peloponeso, 431 a.€. A batalha de Pilos e Sphateria O sítio de Siracusa Teatros gregos O mundo grego clássico Lugares nos quais foram encontradas, na Inglaterra, moedas gregas (fonte Milne) Os santuários de Asclépio Europa celta e as invasões A marcha dos Dez Mil, 401 a.C.
A segunda Liga Ateniense, 377-355 a.C. A expansão da Macedônia As campanhas de Alexandre, 334-323 a.C. As rotas da seda e as especiarias Reinos das Sucessões: 303, 240 e 188 a.C. Reinos das Sucessões: 129, 90 e 63 a.C.
Povoações de Marco Antônio Últimas anexações romanas As viagens de São Paulo, 46-62 a.€. Mapas regionais da Grécia e de Chipre: Peloponeso, Noroeste da Grécia, Macedônia e Trácia, Sul do Egeu, Creta e Chipre.
QUADRO CRONOLÓGICO 3000 a.C. do
EGEU
CONTINENTAL
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1500
Civilização
Civilização
cicládica
Palaciana
inicial
1000
800
Introdução do ferro pelo Leste, reação com o bronze
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ESTILOS DE
CERÂMICA
ARTE E ARQUITETURA
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Idade do Bronze
Período obscuro
Arcaico
Heládica
Submicênico
Geométrico
e minóica
Escultura icladica
Protogeométrico
Grandes palácios de Crea
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de Olímpia;
primeiros templos de pedra
e pedras semipreciosas (pedras de selo)
Tabuinhas LinearA
Alfabeto grego; Homero, Hesíodo;
Começo da tragédia e da º comédia: Pitágoras, Esqui lo;
Píndaro, Sófocles
poetas líricos
Tabuinhas LinearB
CIÊNCIA
Eourotic Korai
Vasos montmentais; edifícios de planta retangular; trípode
Afrescos de Santorini Grandes tumbas de Cúpula
FILOSOFIA/
Arcaico (figuras negras)
Orientalizante
Figuras, trabalho fino de ouro
LITERATURA/
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Alfabeto fenício
EGITO, ÁSIA MENOR E ORIENTE
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Antigo reino do Egito. Grandes pirâmides
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Império hitita na Anatólia Império babilônico
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Stonehenge e outros grandes megálitos tardios
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de Cartago; colônias Fundação fundadas pelosgregosnaSicília,
Os fenícios se estendem para o oeste
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Helenístico
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A Vênus de Milo,
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de Melos; século Il a.C,
Império Romano
Império bizantino
1500-1821, dominação turca
1821, independência e renascimento
Pintores do sul da Itália
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Vênus de Milo
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Construção de Hagia Sophia
Altar de Zeus, Pérgamo Vitória alada da Samotrácia
Barroco helenístico
Cópias romanas de escultura e | da arq uitetura greg gregas
Polignoto (pintor)
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Praxíteles (escultor); mausoleo de
de Alexandria
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Pausânias
Horácio
Teócrito; Euclides; Ar- | Criação da Biblioteca
Tuci di les; Aristófanes;
Platón; Aristóteles; Epicuro E
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Alexandre conquista a Ásia Menor,
Roma derrota Antíoco
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norte da África, Espanha e Gália
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PREFÁCIO A história da humanidade sofreu no século V 4. C.
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do clima, das montanhas e rios, das
condições de vida. Para chegar a esse entendimento, é necessário ter-se familiarizado um pouco com os lugares que habitaram os gregos, com suas ruínas;
empreender esse estudo, ainda que se realize por meio das páginas de um livro, constitui uma atraente aventura. Este volume é uma tentativa de explicar os antigos gregos, seu mundo espiritual e mental, o âm-
bito físico de sua experiência, de sua história, de suas viagens e sua expansão, de sua arte e seus êxitos... E entre eles se contam a filosofia, a medicina, a ciência
da natureza, O teatro, a arquitetura em mármore, um novo sistema econômico e o império das leis. Para esta tarefa de explicar os gregos, aparentemente simples, ainda que na verdade de grande
alcance, as ilustrações, os planos, os mapas e o texto
não são um luxo, mas algo realmente necessário. O
atlas oferece um meio ideal; mas ainda assim não é
possível incluir tudo nele. Ninguém visitou todas as ruínas gregas que existem no mundo, e são muito poucos os estudiosos que viram todas as relíquias que conserva a Grécia, dentro e fora de sues museus. Certamente, tampouco existe nenhum livro que as inclua em sua totalidade. Nenhuma tentativa de dar coerência a esse acúmulo de materiais e aos muitos séculos de história grega pode arvorar uma autoridade absoluta. Naturalmente, uma obra nova possui a qualidade pessoal da paixão e os conhecimentos no postos nela, mas isso não basta. Tal livro deve oferecer, pelo menos, uma história coerente, além de não contradizer os dados existende co mb A in aç ão irr efu são táv eis est . es qu ando tes texto e ilustrações e o plano geral deste livro, que são são que mel hor ou , aut or, do que edi tor do obr a mais resultado de um labor conjunto, tem por objetivo servir de suporte, na medida do possível, a essa coerência e a essa veracidade. pro um nat ura foi, lme nte liv , ro do A planificação com um sem pre imp lic a sel a eçã e o sel eçã de o, cesso
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seleção a inclusão de certos temas e histórias no texto principal.
Eu poderia apresentar aqui uma lista impressionante de todas as grandes personalidades que foram meus mestres, mas tenho consciência de que esta obra está longe do tipo de obra acadêmica que lhe acrescentaria méritos. Espero que alguma passagem do livro seja útil aos estudiosos, embora seu propósito principal seja outro: antes de tudo, explicar, instruir, despertar a curiosidade, desafiar as contradições e estimular a imaginação de leitores que não conheço. Tem outro objeto também: explicar a minha esposa,
que não sabe grego e muito pouco latim, e a meu filho de criação de nove anos, tão lucidamente quanto me seja possível, on que é que tanto me interessou e emocionou na história e no mundo dos gregos. Creio que é o mundo dos gregos, mais que sua história, o que inspira a minha paixão; mas a história é necessária para explicar esse mundo. Por isso, tentei tratar da arte e da literatura, e até de temas tão amplos como o direito e a ciência, considerando-os como parte da história.
Quando a matéria de estudo a que dedicamos toda uma vida ocupa constantemente nosso pensamento, é difícil prever o que surgirá num momento concreto, por exemplo, no momento de escrever. Nesse caso, O longo tempo que requer escrever um livro serviu para restabelecer o equilíbrio. Também contribuíram para isso as colaborações de estudiosos mais eruditos, em
particular, neste caso, de Thomas Braun, do Merton
College (Oxford), que me aconselhou em temas his-
tóricos, e de John Boardman, que me assessorou so-
bre arte e arqueologia. O senhor Braun proporcionou também informação cartográfica e redigiu as legendas dos mapas. O professor Boardman é autor dos estudos monográficos sobre a evolução da pintu-
ra de vasos e sobre as esculturas do Partenon; o doutor Colin Kraay, do dedicado às moedas gregas; e o doutor Richard Witt, do dedicado à música. De vez
em quando, ao revisar o texto, desprezei alguns con-
selhos eruditos, acreditando saber o que tinha nas
mãos. A responsabilidade é, pois, toda minha, e peço portanto ao leitor que não veja neste livro um guia eficaz e impecável. Porque, embora eu tenha feito um guia tão sólido quanto pude, dentro de suas limitações, o que no fundo me levou a empreender esta tarefa foi o propósito de incitar, entusiasmar e deleitar. Há bibliotecas inteiras de livros sobre o mundo clássico mais sérios que este, mas creio que são poucos os que foram concebidos com tanta seriedade como o que o leitor tem agora nas mãos.
PRIMEIRA PARTE
A TERRA EM SEU CONTEXTO
GEOGRAFIA DA
GRÉCIA ANTIGA Às vezes, de maneira evidente ou sutil, o ambiente natural determina as realidades sociais. Diversas vezes, idênticas realidades humanas se repetem nas mesmas paisagens. Não é, pois, surpreendente que no mundo antigo a grande planície da Tessália fosse um território apto para a criação de cavalos. Que os tessálios fossem destros na arte equestre e que a organização social nessas férteis terras baixas tivesse, de certo modo, características feudais. A pátria dos espartanos era, ao mesmo tempo, muito rica no vale do Eurotas e muito agreste nos montes: cavernosa, escarpada Lacedemônia, chamou-a Homero. É compreensível que esse santuário rodeado de montanhas constituísse o berço de um povo dominador. É fácil compreender qual foi a natureza dos grandes templos internacionais dos gregos, os misteriosos oráculos de Dodona e Delfos, que, em sua origem, devem ter sido lugares sagrados de pastores montanheses, e de Olímpia, na grande curva de um poderoso rio, ponto de encontro para a celebração de jogos e cenário natural das corridas. Mas há interrogações mais complexas. Qual era a extensão dos bosques em meados do século VIII a.C.? Por volta do século IV, os atenienses compravam ma-
deira na Macedônia e no Mar Negro, e Platão e Teofrasto lamentavam a perda dos bosques, o que talvez se devesse ao fato de o grande aumento da população do final do século VIII ter causado a devastação das árvores e de certas espécies úteis nunca terem
crescido na Ática. À flora e a fauna foram alguma vez tão densas como sugere a primitiva arte grega? Sabemos que havia lobos e bosques sagrados, bem como algumas árvores muito antigas, mas é pouco o que sabemos acerca do conjunto da história natural, e menos ainda das migrações de abetardas e garças. Para Platão, que número de árvores faria com que uma paisagem parecesse desflorestada? Sabemos que em tempos de guerra foram destruídos bosques, mas esses podem crescer de novo. A Academia de
Direita: Clima e geografia idênticos voltaram a im por a mesma agricultura e o mesmo modo de vida em mais de um momento
da longa
história
grega. A luz e a sombra não variam muito, como tampouco as estações, nem as forças da antiguidade e da gravidade.
Abaixo, direita: Este mapa, publicado por P Bertius (Geographia Vetus, Paris, 1630), representa a Europa, a Ásia e parte da Africa como as conheciam os gregos
século IL a.C,
no
Platão era um campo para fazer exercícios com o cor-
po nu, situado junto ao Rio Cefiso, distante de Atenas apenas um curto passeio a pé. Havia nele magníficos plátanos orientais. À área era coberta por uma erossa camada de limo aluvial seco, donde sua adequação como campo esportivo, e donde também a presença de plátanos. Na Idade Média, e até o século passado, a área ficou coberta por mais limo e por extensos olivais. Há quinze anos, em sua parte não
Esquerda: A vegetação do
mundo grego atual Ainda hoje, a Grécia não é tão desprovida de árvores como se costuma pensar: por exemplo, o Monte Atos, Tassos e a Samotrácia possuem densos arvoredos, e a Ática se repovoou de pinheiros. Mas os bosques eram certamente mais extensos na Antiguidade. Então, grandes áreas de Creta e os Montes Pindo eram cobertos de bosques e havia muito n ais caça.
Os melhores abetos para a construção de embarcações cresciam no Norte, e essa é uma das razões por que, durante O século V. o império ateniense
tentou conter os reis da Macedônia
e deu muita importância à colônia de Anfipolis. Na Grécia continental, os pastos montanheses determinavam a
migração das ovelhas né l primavera. As pradarias com água e pasto durante todo o ano, como as que davam fama ao território de Argos, eram uma raridade. Habitualmente, os cavalos eram alimentados nos estábulos e eram considerados um sinal de riqueza. Os gregos trabalhavam com bois, mulas e asnos e engordavam gado suficiente para Os sacrifícios ocasionais, mas Nas regioes costeiras se abasteciam
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autos tivessem suficiente para se das abastecer e dependessem
, importações), cevada, azeitona O uva, figo e romã. O melão, toram péssego e O limão não
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época romana, cultivados senão na dO
ida sen ec nh co foi o nã a nj ra la ea depois das viagens dos I; daí XV lo cu sé No s se ue ug port a designáque a palavra grega par la seja portocali.
12
GEOGRAFIA DA GRÉCIA
ANTIGA
edilicada, ela era um terreno plano e pantanoso em que, entre uma fábrica de tijolos e um campo de couve, tremava um time de futebol. Se pudéssemos viver mais mil anos, voltaríamos, talvez, a ver os plátanos, assm como em Creta, durante a Idade Média, houve
bosques de ciprestes no mesmo lugar em que no final da Antiguidade não os havia,
As regiões da Grécia
No Nordeste, a Trácia e a Macedônia eram agrestes; Épiro, que se estende pelo Oeste até o mar Jônico, forum país bravio e isolado até depois da morte de Alexandre; a Arcádia formava a parte mais remota
do Peloponeso, e até o século IV a.C. em seu dialeto
ressoava o sotaque mais antigo; seus cultos religiosos eram os mais estranhos e tinham fama de ser a parte mais primitiva da Grécia. Mas a Grécia possui paisagens de índole muito diversa, sendo um dos elemen-
tos mais significativos de sua constituição a rica diversidade de localizações, com pouca comunicação entre elas. Há poucos anos, ainda havia aldeias no Peloponeso onde um forasteiro que viajasse a pé, e que houvesse chegado ao outro lado da montanha
vizinha, podia ser recebido como explorador ou detido como espião... Até tempos muito recentes, perto
da fronteira da Albânia, ou na parte mais alta das montanhas de Creta, e até na Eubéia, subsistiu algo do isolamento dos tempos antigos. A incomunicabilidade das montanhas não se alterou muito: ainda hoje, apenas três estradas atravessam os Montes Pindo, rochosa coluna vertebral do Norte da Grécia.
Clima, calendário e agricultura
Três quartos da Grécia são montanhosos, e apenas um quinto de seu território é apto para a agricultura, mas as planícies costeiras e certas áreas do interior são muito
ricas: como
bem
sabia Homero,
há em
Creta lugares cuja riqueza parece inacreditável. É certo que a oliveira e a videira foram cultivadas por longuíssimos períodos, mas também é verdade que nem sempre, nem em todas as partes. Conheci eu um grego, criado neste século numa aldeia da mon-
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tanha, que até os doze anos não havia visto uma azeitona (nem um peixe, nem uma laranja). Os colonos da Sicília levaram certo tempo para aclimatar a oliveira; durante várias gerações, tiveram de importar azeite para a sua ilha. Disse-se que os gregos se estabeleceram em todo o território onde cresce a oliveira e que os romanos chegaram até os limites da videira. Isso é verdadeiro em linhas gerais, mas não se deve esquecer que a própria Grécia continental não chegou a ser colonizada totalmente. Os campos de trigo da Grécia continental nunca foram demasiado exten-
em
sos; assim, não deve estranhar que seus habitantes não
cessassem de mover-se entre as penhas e de lutar pelas parcas riquezas que oferecia o país. A temperatura média varia de uma re gião da Grécia para outra; Os verões são quentes e os invernos suaves nas costas e na maioria das regiões meridio-
os nais, mas na Macedônia e no interior montanhoso
as país, do tal ociden parte Na duros. são os invern
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GEOGRAFIA DA GRÉCIA ANTIGA
Uvidades humanas da Grécia, desde as característi-
cas das testividades dedicadas aos deuses e a transumância dos rebanhos até as questões de guerra e paz e Os pormenores da colonização.
O calendário dos meses e das festividades, baseado nos ciclos da lua e no grande ciclo do sol, que conformou um sistema grego único e mais ou menos internacional, teve, é claro, um desenvolvimento gradual.
Para Homero, só existiam as estações. O calendário
dos antigos gregos se baseava na matemática babilônica, e, pelo menos em Atenas, cada ano devia ser ajustado empiricamente para evitar contradições. De meados de março em meados de maio, consagravam-
se dois meses a Artemisa, e de meados de maio em meados de novembro, seis, talvez com alguma exce-
ção, eram consagrados a Apolo. Durante esse longo verão, a primeira e a última das festividades de Apolo tinham relação com a vegetação. Os quatro meses restantes, de meados de novembro em meados de março, pertenciam respectivamente ao trovejante Zeus, a Posídon, deus dos terremotos, a Hera, deusa do matrimônio, e a Dioniso, em cuja festa se rememoravam
os defuntos e se apresentava o vinho novo do ano.
Até pouco atrás, a Grécia era percorrida por reba-
nhos de ovelhas e cabras que, duas vezes por ano, se
transladavam, em parte ao acaso, em parte seguindo
rotas tradicionais, para pastar durante o verão nas
montanhas e durante o inverno muito abaixo da linha marcada pelas neves. Esse sistema é muito antigo em todo o mundo, e foi observado e estudado numa infinidade de países, desde Espanha até o Afeganistão. A transumância implica toda uma forma de vida e dá lugar a um sistema de valores e de organização social de grande interesse para os estudiosos do mundo antigo. De fato, tanto o estudo de John Campbell, sobre os valáquios da Grécia moderna, Honour, Family and Patronage, como a obra Portrait ofa
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“ ESPÓRADADOSSUL É *
Greek Mountain Village, de Juliet du Boulay, estabelecem conexões muito estreitas entre geografia e comportamento e observações da maior importância para a nossa compreensão da história antiga. A mitologia, assim como a história, é, desde as primeiras campanhas das guerras do Peloponeso, repleta de relatos de pilhagem de gado. Homero nos fala dos rebanhos do rei Ulisses — rei de uma ilha — que vagavam pelo continente. Sabemos, por uma inscrição, que existia uma tarifa pelo direito de pastorear que devia ser paga, num templo do Istmo, pelos rebanhos que certamente o atravessavam. De vez em quando, na história, um pastor vê um exército do sopé de sua montanha. O gado sacrificado em Atenas durante os séculos V e IV deve ter sido numerosíssimo. Onde pastava? Os rapazes cobertos com mantos que cuidam do gado nos frisos do Partenon são pastores? Pelo menos sabemos qual foi o final da história. Quando Ático, o ami go de Cícero, vivia retirado em Atenas, era um homem rico que emprestava dinhei-
ro para ambos os partidos da política romana. À fonO era ban a ca, afo ra for tun sua a, de sub stancial te gado: disse-se que ele até controlava as pastarias de todo o Épiro, no Noroeste.
Cavernas, mananciais € rios A importância dos mananciais,
das cavernas e dos
éGr a ma or nf co e qu io ár lc ca a em st si de an rios do gr
lte on fr mo co m va ua at s rio Os l. ta en cia foi fundam
rma da ca em am av st pa e qu os nh ba re ras, já que os no s ma r, be be ra pa To o sm me o é at gem chegavam inverno não podiam
atravessá-lo. As cavernas eram
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misteriosos lugares de caráter religioso, associados na mitologia a amores secretos, nascimentos clan-
destinos e cultos, simples e rústicos, da fertilidade. Os mananciais tinham poderosas influências; as fontes podiam ser tanto santuários salutíferos como oráculos que prestavam uma ajuda mundanal. É difícil evitar que a religião e a sociedade antigas,
apresentadas em sua própria paisagem, nos pareçam um poema, um mundo encerrado em si mesmo, evo-
cador, cheio de frescor e de exotismo. Isso se deve, ao
menos parcialmente, a que todo sistema social mais simples que o nosso e definido por algumas condições técnicas tão limitadas como as que caracterizavam o mundo grego tende a parecer aos nossos olhos um mundo pequeno, surpreendente e modelar descrito num poema. No entanto, o mundo antigo era um mundo cotidiano e não estava fixado para sempre, mas, ao contrário, se foi transformando pouco a pouco no mundo moderno. Aquela geografia de terras rochosas e mares neblinosos afetava principalmente os antigos de um ponto de vista econômico. Até nos idílios de Teócrito — retrato idealizado do mundo rural destinado a intelectuais urbanos -, os pescadores são miseráveis e só seu pathos oferece algum atrativo.
Servos e escravos
À economia grega da Antiguidade era limitada não
apenas por seus recursos materiais, mas também, e em maior medida, pela falta de conhecimentos sobre
eles. As minas de prata que proporcionavam riqueza à Atenas do século V já eram conhecidas pelos micênicos, mas suas técnicas de extração e refinamento da prata eram tão primitivas que a jazida mais importante, que Esquilo denomina “o manancial da prata, o antigo tesouro da terra”, não foi encontrada
senão no começo do século V. Por outro lado, a ex-
ploração das minas não era sistemática e se fazia mediante concessões de curto prazo, mudando constantemente a mão-de-obra escrava. Na época de seu máximo esplendor, os gregos realizaram, de fato, muito poucas obras públicas de envergadura, e vale a pena perguntar qual pode ter sido a razão. O grande lago Copais, ao norte de Tebas, na Beócia, dessecado em tempos modernos, o foi também, ao menos parcialmente, pelos micênicos. Ele se transformou de novo numa extensão de água, canas e enguias no período obscuro que se seguiu à queda de Micenas. Na Antiguidade, nenhuma tentativa de abrir o canal de Corinto alcançou um resultado positivo. Projetos como os dos portos de Corinto e Atenas dão uma idéia da extrema limitação dos recursos de
mão-de-obra que os gregos possuíam. No século IV, eles tinham nas minas de prata de Atenas escravos suficientes, mas sua propriedade não era pública. No já utilizavam escravos em século V, os siracusanos maior escala que os atenienses. Esparta submeteu grande parte do Sul da Grécia com um sistema ba-
seado no trabalho servil. No entanto, até o século V,
quando o imperialismo levou a uma guerra suicida, os gregos não tiveram capacidade para modificar significativamente seu ambiente natural. Ainda não está claro em que medida os trabalhos agrícolas eram realizados por escravos. Na Odisséia, as relações são patriarcais, mas o mundo das guerras de Tróia (1200 a.C.), tal como o descreveria Homero 600 anos depois, é mais doméstico que o que viria sem seguida. Telêmaco, filho de Ulisses, diante da vitória de seu pai, dança no palácio acompanhado de 16
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seu porqueiro e de outros pastores; e Laerte, pai de Ulisses, trabalha ele mesmo sua própria terra. No
começo
do século V, Sólon interveio na Ática para
redimir de uma escravidão real os empobrecidos
camponeses. Durante os séculos Ve IV, apenas os ate-
mienses mais miseráveis não possuíam nenhum escravo; a idéia de deixar todo o trabalho agrícola nas mãos de escravos era um sonho utópico, uma brincadeira digna de Aristófanes. Se a nossa informação é válida, nos vinte anos seguintes a 340 4.€., período
de que conhecemos os nomes e profissões de cerca de
S0 escravos atenienses que foram libertados, apenas
cerca de doze deles tinham sido trabalhadores agrícolas. Nas fazendas havia também criados que mal se diferenciavam dos escravos, embora pareçam ter desaparecido quase totalmente ao mesmo tempo, por
volta do ano 400; mas no final do século IV de 10.000
a 20.000 cidadãos atenienses, despojados de seus direitos como tais por causa de sua pobreza, emigraram ou desapareceram de novo na vida de trabalho de seus antepassados nos campos da Ática.
Linhas de povoação O auge e a queda das cidades se repetiam ciclica-
mente pelas mesmas razões, como a ascensão e o declínio dos indivíduos. Assim, Corinto era rica porque
era quase inexpugnável e também por causa de sua localização e de seus dois portos, que dominavam o Istmo e o comércio do mar ocidental e do mar ortental. Os romanos destruíram Corinto (146 a.C.)e a substituíram por Patras, mas no final da Antiguidade Corinto rivalizava novamente com ela. (Há dez anos
ainda persistia essa rivalidade.) Outra linha cíclica é a que seguem muitas cidades que se instalam em lugares seguros, nos montes, quando os tempos são ruins, e descem de novo para a planície, ocupando lugares mais favoráveis para o comércio, em tempos de paz. Esses movimentos se deram na Grécia, sobretudo em Creta e nas demais ilhas, e posteriormente também tiveram lugar na Itália. De igual modo, as remotas cidades das montanhas da Arcádia foram abandonadas para que se construísse Megalópolis, no século IV; e atualmente as pessoas emigram das aldeias da alta Arcádia para ir engrossar a população das cidades, não exatamente pelas mesmas razões, mas obedecendo a imperativos similares. O crescimento de cidades modernas sobre as antigas povoações nem sempre é uma questão de continuidade ou de acaso. Por exemplo, do centro da atual Corinto há cinco quilômetros até o povoado de Palaia-Corinto, que ocupa parte da localização da cidade antiga. Há lugares antigos onde nem sequer
existe um povoado, e algumas cidades modernas,
como Pirgos, na Élide, que não se erguem sobre uma localidade antiga. Mas a posição de Corinto, os portos de Atenas e Corfu, a localidade de Calamata,
onde a planície da Messênia se une ao mar, bem como a posição de certas ilhas, tornam inevitável que as povoações humanas se produzam em tais lugares. Na Antiguidade, parece ter-se dado uma conexão similar — em vários casos — entre os lugares micênicos e os lugares gregos. Em Tebas e em Atenas, a conti-
nuidade foi mínima, mas ali, como em outros en-
claves, se ergueu uma importante cidade arcaica e clássica exatamente onde se ergueria um palácio micênico. A razão pela qual não cabe dizer o mesmo sobre Micenas é que a localização desta carece de lógica. Para dominar a planície, Argos serve também e. além disso, conta com mais água.
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O lugar da Grécia na Europa
De quando em quando, ao longo da história, a Grécia
pareceu pertencer ao Oriente; além disso, devemos recordar que desde antes do século VII a.C. e até
1920 a costa ocidental da Asia foi predominantemente grega. Outras vezes se considerou que a Grécia — ao apresentar-se diante do mundo persa ou turco — é à tronteira da Europa. Pode-se dizer que a Grécia faz e ao mesmo tempo não [az parte dos Bálcas. lambém se deve considerar que essas generalizações, aparentemente simples, possuem uma sólida base geográfica, dado que, na verdade, repercutem na história. A maioria das oferendas feitas em Dodona até a época clássica consistia na cerâmica simples produzida mais ao norte pelos balcânicos. As rela-
ções de Atenas com a Trácia, a noroeste, representa-
vam um elemento essencial na cultura e na consciência de ambos os povos durante o século V, ainda que na época clássica em Atenas os trácios fossem considerados bárbaros (ou talvez por Isso mesmo).
As relações dos gregos dos tempos clássicos com seus vizinhos do Norte devem ser enfocadas através dasJá existentes relações pré-históricas entre ambos, bem como entre os gregos e seus vizinhos do Leste. O paradoxo que melhor ilustra este caso é o tesouro de Vix, no centro da França, cuja peça principal é
uma considerável vasilha de bronze do século VI, completa e finamente trabalhada, do tamanho de
um homem, talvez feita no Sul da Itália por um espartano (vide página 68). A inter-relação dos gregos com outros mundos na época arcaica foi frequentemente mais produtiva que em tempos posteriores.
Por volta do ano 2000 a.C., quando para a arqueologia se torna evidente um povo que falava grego e
que pode ser identificado como grego, em toda a Europa prevalecia, ao que parece, o mesmo sistema social e econômico: as tribos cram governadas por uma
heróica classe guerreira que usava o bronze, vivia de
acordo com os valores que depois os poemas picos
cantariam e era mumada em enterros cerimoniais: Esse sistema de classes, com
uma
nobreza
que se de-
dicava à guerra e à caça e que habita “a em mansões, se manteve quase 4.000 anos, possivelmente ii 1914. As residências características de tal sistema, com grandes pórticos, amplas salas e quartos ee res, existiam na Anatólia e na Europa Oriental, De 15
como na Grécia. desde antes de 2000 a.G.; mas lo! nesta que as grandes salas se transformaram no cenLEO
de
impresstonantes
palácios.
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no
entanto,
Na-
quele momento a arquitetura grega não se destacava no contexto
europeu,
e a própria
importante que Stonehenge.
Tróia
era menos
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O que se produziu na Grécia forum fenômeno par-
cos eni mic Os o. lad iso e ent alm tot ca nun mas , lar tcu do final do século XVIT a.C. tinham tomado do Orienate a ourivesaria, bem como o caráter sagrado do cav lo e talvez também a domesticação deste animal; seus suas ornamentos de âmbar procediam do Norte;
amas, de Creta ou do Oriente Próximo.
Mas as ar-
mas se difundem rapidamente, e foi precisamente pros um capacete micênico copiado na Germânia O
tótipo do elmo de guerra usado no Ocidente. Os midas a num as: arm em a tun for sua m ava cul cal cênicos s tumbas de Micenas, foram encontradas 90 espada
ma mes Na . pos cor três e ent som a to dc bronze jun
A rede de vias de comunicação
lormadas por sendas aptas para
cavalos e gado se estendeu poi
toda a rochosa supenhorre terrestre Na tomb doe um prinaipe do século
Vila
SEU LEA
O. conterrado
dora
encon
da China e bronze prego,
perto do dados seda
época, num lugar tão remoto como à Bretanha, os ricos e poderosos eram enterrados junto com quantidades igualmente desmedidas de adagas de bronze. Apesar de no restante da Europa não se terem enlutos mui em ia, Gréc da os o com cios palá do ra nt co 19
GRECIA AN DIGA FIA GEOGRADA Os recursos minerais da
Grécia moderna
O q ande avanço que
implicaram as ferramentas C
as armaduras de bronze teve lugar
no começo do terceiro
milênio aC. mas, mesmo
depois de o lerro vir a ser de uso habitual, o bronze cra
O
ameda necessário para muitos
Tessolônica cºÃ Macedônia * 1 Õ
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usos, Chipre era a origem
arquetípica do cobre utilizado para a elaboração do bronze
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grego. O comércio cipriota
era simbolizado por um lingote de cobre; também
chegava cobre aos portos do Oriente Próximo vindo de
regiões como labal, perto da atual Carseri. O estanho, componente
essencial
do
bronze, vinha de ainda mais longe. No século VI, era
transportado pelos
mercadores vindos da
Cornualha, subindo o Sena e descendo pelos vales do Saona e do Ródano, até o porto grego de Marselha, Até para transportar ferro, os marinheiros gregos de começo do período colonial estavam dispostos a viajar
grandes distâncias. No século
VU, fundou-se Pitecusal por causa do ferro procedente de
Elba. Cálibes, no Noroeste da
Asia Menor, é outra célebre sona produtora desse metal. A prata, bem como o estanho da Galícia e de mais ao norte, chegava ao mundo grego do ano 630 através de Tartesos,
transportada por locenses. À prata era o único metal que abundava em solo grego. Os atenienses a obtinham de suas próprias minas de Laurion desde o começo do
gares as sepulturas dos guerreiros são igualmente ricas. Assim, o tesouro de Borodino, do século XV, a noroeste do Mar Negro, contém lanças de prata, machados de jadeíta e cabeças de maça de alabastro. Em toda a Europa, os soldados mortos eram sepultados com prata, ouro e adornos importados. As taças de Roouro micênicas foram imitadas na Cornualha. Na mênia, havia machados de guerra de prata que, com usados, € tamser a par s ado ric fab am for não a, tez cer
que iço mac o our de ga ada uma a rad ont enc foi bém a até ia gól Mon a de Des . mas gra 00 pesa cerca de 1.3 sem 1nado liz rea era l dia mun io érc com o ha. Bretan terrupção.
tão s nte izo hor e ess tiv cos êni mic dos cia Gré Que a o içã pos sua à e dev se los amp e ent extraordinariam o com s igo ant pos tem nos to tan ela, Por geográfica.
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ou um que vez a cad e a, Ási a e opa Eur a umbral entre se os fic grá geo os cul vín tes den evi outro destes dois coNo te. men ior ter pos r ive rev a par foi eu enfraquec mas se, qua ava est cia Gré a . a.C V ulo séc meço do Per io pér Im o pel ida orv abs e, dad ali tot não em sua Do u. ero sup , nde Gra O , dre xan Ale sa, situação que por cia Gré à u no mi do no ma Ro o éri Imp o ocidente, do te par o end faz €, eu asc ren a est mas po, um tem enort as nci luê inf às a eit suj viu se , ino ant Biz Império culs ulo tác ten s Seu po, tem o sm me ao tais, enquanto, va ati rel A xã. -sa glo an a err lat Ing à am turais chegav
Norte báro com cia Gré da es açõ rel das de ida cur obs
tamon das , fia gra geo da ito efe e ent alm igu é baro nhas e dos bosques. 20
Na falta de fontes escritas, a medida da contribui-
ção que Micenas deu à Europa seguirá sendo incerta, ainda que certamente tenha consistido em algo mais que as técnicas bélicas, o armamento ou as incisões ornamentais nas contas de âmbar. Do ponto de vista do contexto geral da geografia humana em que se deve estudar a Grécia Antiga, é fascinante a forma como a pré-história repetiu a si mesma. Pouco antes de 1000 a.C., quando na Grécia o nível da cultura material havia caído bruscamente para o nível da do restante da Europa, algo parecido com um recomeço se produziu mais uma vez no Mar Egeu, antecipando assim a explosão de forma e de luz que denominamos época clássica. Não é subestimar os esplêndidos êxitos dos celtas no trabalho do ouro e do bronze, é em muitas outras artes, hoje inevitavelmente perdidas — por exemplo, sua música, sua poesia e sua arquitetura de madeira —, reivindicar um lugar especial para os gregos no milênio anterior a Cristo. É interessante o fato de a Idade do Ferro ter come-
cado na Grécia, no final do período micênico, antes
que na Europa dos celtas. As razões para a introdução do ferro não estão claras. Se foi extraído de metido ter e pod s, veze s uma alg u ede suc o com , itos teor da a nic téc a da ina dom vez Uma . ico mág or val um
barato é s mai u fico o ferr O l, fáci foi não que o forja,
da eço com o que el sív pos É . nze bro o que abundante uma com sse ona aci rel se cia Gré na ro Fer Idade do do e ent ced pro nze bro do nto ime nec queda do for enisp ind as nic téc das a gad che a com Oriente, junto
século V. À prata e o ouro fizeram a fortuna da Ilha de Silnos. À riqueza de Creso, na Lícia do século VI, procedia do ouro aluvial do vale do Hermo; também se explorava esse metal no Monte Pangeu cem Lasso.
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Saveis, também
cão. O dire a dir da a mesmesm es ent ced pro eçã ma ferr om o er amais pesado que o bronze. e seu cume não a
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ao agudo, pelo menos até que se chegou a| dominar a técnica da têmper a para transformá-lo em aço. Certamente, essa té cni ca foi conseguida na Grécia antes do século V a.6., dado que existem espadas dessa época que, devidamente analisada s, têm um agudo gume d - AÇO temperado. A existênci a de uma primitiva lâmi
de bronze, qe data do cora dp ops de d a Vento ms neas algºuma grega, Tretpar a ecefe indicar que que par s findoalidad es || |
a 0 terro ao bronze, independentemente da
escassez deste.
No período obscuro, quando a Grécia era tão po-
bre como o restante da Europa ou mais, a luz chegou do Oriente, de povos mais avançados. A proximidade de fenícios e egípcios, sírios e judeus constitui
por si mesma uma influência suficiente, se não houve outras, para explicar o desenvolvimento dos gregos e sua superioridade diante de etruscos e galos.
O alfabeto procedia dos fenícios; dos egípcios, a escultura; e a arquitetura, de todo o Oriente Próximo.
Até a smgularidade do que emergiu na Grécia se deve à natureza física da Grécia, ao isolamento quase total de tantas e tão vigorosas comunidades nas montanhas e nas ilhas. Os gregos clássicos utilizavam ainda os caminhos
micênicos, e até durante o período romano a cons-
Os dialetos da Grécia antiga Na época clássica, anda
subsistiam algumas línguas prégregas em lugares isolados: o
eteu-cretense, em Creta. O
lêmnio, falado pelos nativos de
Lemnos, e, em Chipre, o eteucipriota de Amatunte. O dialeto
dórico, caracterizado por seu a
aberto, era falado onde se dizia
que se tinham Imposto Os
invasores dórios. Os não-dórios
dessas regiões, ainda que fossem conscientes de ser racialmente
diferentes, falavam também dórico. Os invasores tessálios €
beócios trouxeram consigo seu
dialeto cólico. No continente, os atenienses nunca se renderam
e conservaram o ático, dialeto do
jônico, cujo prestígio literário conquistou finalmente todo O
universo de fala grega. O comé
do período helenístico ecra uma
versão popularizada do ático. No Oeste da Asia Menor,
Nasceu
e se desenvolveu a estilizada
linguagem da poesia épica, que nunca foruma fala coloquial.
Em contraparuda, no Norte se falava o eólico, usado pelos
poetas de Lesbos em suas
canções, É o jônico em Samos, Quios e nas cidades costelras jônicas. Este foi o idioma dos primeiros escritores em prosa. Os médicos da escola hipocrática de Cós c o historiador Heródoto de Halicarnasso escreveram em
jônico, apesar de serem dó os.
Os dialetos do Noroeste do pais
só são conhecidos poi
INSCTIÇÕES,
não por fontes Inerárias. Na Arcádia. remanesceu um dialeto arcaico muito semelhante a
forma do grego que os primeiros
colonos levaram para Clupre em 1200; continuou-se d
escrever até bem avançada a
época clássica em sua antiga escrita silábica, Nos Montes
Pindo, havia povos que lalavam uma língua incompreensível para os helenos e que, além disso, comiam carne crua. O idioma macedômio tinha relação com O grego.
trução de vias de comunicação não alcançou nem de longe a grandeza militar que teve na Bretanha e na Gália durante o mesmo período. Na Grécia, a única grande estrada romana corria para leste, atravessando o distante Norte: era a via Egnatia, a rota mi-
litar que levava às guerras asiáticas. Alguns dos anti-
gos caminhos gregos remanesceram até pouco atrás como sendas de mulas e gado. A diversidade dos estilos provinciais gregos, amda dentro do marco bastante estrito da arte geométrica, é um produto desse emaranhado sistema de comunicações; e talvez o atenham sido também as guerras entre as cidadesEstados e (é uma suposição) as teorias raciais dos oregos. A divisão da humanidade em helenos e bárbaros, tão estreitamente patrioteira, não é especialmente grega; tais divisões são quase universais. Mas os gregos da época clássica desenvolveram uma mítica história de conflitos raciais de gregos contra eregos, jônios, dórios e aqueus, segundo algumas linhas divisórias mais ou menos marcadas por diferenças de estirpe e dialeto. Essas teorias raciais podem perfeitamente ter sido totalmente falsas. A sugestão de que a dialetização foi posterior a Micenas não se opõe ao que sabemos hoje dos micênicos e dos gregos tardios. É possível que os dialetos fossem produto da compartimentação do país pelas montanhas e do desenvolvimento isolado de cada região no período obscuro. Se isso foi assim, a consciência racial de dórios e jônios for uma falsa consciência. Dever-se-ia recordar que a divisão do Peloponeso em Estados foi incompleta até o século V. As cidades mais meridionais foram independentes até o tempo de Augusto; era difícil saber a quem pertencia Trifília, no Sul da Elide; a própria Arcádia mal estava unificada, e entre Esparta e Argos existiam tribos semi-independentes. Até uma data tão tardia como a época romana, considerava-se uma proeza, digna de ser recordada numa lápide funerá-
ria, ter navegado algumas poucas vezes em volta do tormentoso extremo meridional da Grécia.
O ESTUDO DA GRÉCIA ANTIGA O estudo dos gregos é parte inseparável da história da cultura européia, e até a arqueologia da Grécia tem sua própria história. Ele vale a pena nesse longo processo e nas diferentes motivações e tendências
das sucessivas gerações, pois eles deixaram suas pegadas no que hoje consideramos ser o conhecimento essencial ou possível do mundo antigo.
Grécia e Roma Quando os gregos foram absorvidos pelo Império Romano, seu prestígio continuou imenso. A Roma que os absorvera era em parte grega. A literatura, a filosofia, todas as belas-artes e até a maior parte da mitologia que os romanos valorizavam eram gregas, ea língua grega gozava de um prestígio imenso. Os romanos tinham grande respeito pelos esportes gregos, pela idéia de liberdade que reinava na Grécia
(anda que, por conveniência, não a aplicassem a si
mesmos) e até pela vida dos camponeses e pastores gregos, da qual tinham uma concepção idílica. Parece que chegaram a crer que a beleza grega, no senti-
do físico, era superior à sua. Eduard Fraenkel, ilustre estudioso da literatura romana, observou que um es-
critor latino, quando mais profundo era como homem, mais profundamente tinha sido cativado pelo universo grego. Já no período do Império, existiram historiadores
Já havia conceitos amnostálgicos, como Plutarco; plamente aceitos sobre a história da arte que em
escritores
como
Plínio,
o Velho,
autor da famosa
sentença “neste tempo a arte já não existe”, tiveram imensa influência; e até existiram arqueólogos — como, em certo sentido, o grego asiático Pausãnias, cuja Descrição da Grécia constitui efetivamente uma descrição desigual, mas ampla e completa, das cidades e dos monumentos religiosos e artísticos que subsistiam na Grécia continental no século II d.C. Mas até final do Renascimento os europeus ocidentais conheceram
os gregos quase exclusivamente
através da literatura, sobretudo da latina. Pausânias
foi pouco lido e raras vezes copiado. Quando ele ca-
sualmente foi publicado, no final do século XV, um erudito italiano fez outro erudito notar que esse texto demonstrava que somente pelo poder da hteratura sobreviviam os monumentos.
Ninguém pensava então em fazer escavações. À arqueologia começou em Roma, e a arqueologia grega
foi por muito tempo tesouros romanos. Os dores de antiguidades Em época tão recente pensava-se ainda que por ter sido conhecida
uma derivação da busca de primeiros grandes colecionagregas se inspiraram na Itália. como o final do século XVIII, a cerâmica pintada ateniense, primeiramente na Itália, fosse
etrusca. Foi na Itália, no século XVII, que Milton con-
cebeu a idéia de visitar Delfos, e que, no século seguinte, sob os auspícios do cardeal Albani, Johann Joachim Winckelmann (1717-1768) projetou escavar em Olímpia. Foi de Roma, e não de Londres, que a British
Society of Dilettanti enviou, em 1764, sua primeira expedição à Grécia, a qual encontrou a localização de Olímpia. Os desenhos que Giovanni Battista Piranesi faria das ruínas de Paestum, realizados no ano de sua morte,
em
1778, e a obra
The Antiquities of Athens
(1762-1816), de Nicholas Revett e James Stuart, são prolongamentos do gosto romano convencional. Viajantes e saqueadores À primeira investigação séria dos antigos monumentos gregos de que temos informação, depois da de Pausânias, foi feito por Ciríaco de Ancona, intrépido viajante, mercador, diplomata, erudito e excêntrico (1391-1455). Na Grécia, em círculos cortesãos e em
mosteiros cultos, já existia certo interesse em identificar as cidades antigas citadas na obra de Pausânias — e nos relatos, mais áridos, de Estrabão (fazia 63 a.C. depois de 21 d.C.) e Ptolomeu (século IL d.C.) - com as
povoações modernas. Poucas tinham sobrevivido incólumes, e a maioria das cidades não era mais que ruínas. Alguns santuários se tinham convertido em fortalezas: parte do templo de Zeus, em Olímpia, se havia transformado em castelo; o tolo de Esculápio, em Epidauro, tinha sido um torreão; o Partenon,
Abaixo: No século XV,
Ciríaco de Ancona desenhou as dançarinas de pedra do século IV a.C., encontradas na Samotrácia, que aparecem na página seguinte. Já então o Renascimento impunha suas próprias formas ao que ia aparecendo.
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O ESTUDO DA GRÉCIA ANTIGA
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satisfatório escavar num lugar mencionado por Homero, e quase tudo está em Pausânias. À palavra “cidade” pode ser um termo equívoco para qualificar um núcleo que às vezes era menor que um povoado moderno, e nos enganamos flagrantemente ao empregar um termo idêntico para referir-nos tanto às aldeias fortificadas do Peloponeso como a Atenas. Em outro sentido, exageramos a importância desta, em grande medida porque é a capital moderna, e muitos arqueólogos e helenistas a preferem às províncias. Conhecem-se até os lugares das cidades menores da antiga Ática; em contrapartida, o restante
da Grécia não era relativamente tão pouco povoado quanto pouco escavado está na atualidade.
|
7
Acima: O ousado Arthur Evans era dono de uma excelente coleção de antiguidades, e O apaixonado Heinrich Schliemann (abaixo,
direita) presenteou a esposa (abaixo,
esquerda) com o tesouro de ouro de Tróia. Essas duas poderosas personalidades contribuíram em
or do Página seguinte: O interi XIV a.€.), o ul éc (s u re At de o ur teso
15 em Micenas, tem altura de
inglês metros; foi desenhado pelo suas o de Edward Dodwell no curs seja a viagens (1801-1 806). Talvez mbas mais perfeita das grandes tu nas Mice de cúpula construídas em a partir do ano 1500 a.C. 26
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grande parte para a arqueologia pré-histórica da Grécia. Fizeram escavações em grande escala € recuperaram objetos de magnífica qualidade.
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Os historiadores da pré-história, dado que não foram tão obrigados a depender da literatura, tecnicamente são mais precisos que os estudiosos do período
clássico e são mais afeitos às disciplinas próprias da arqueologia. Neste século, eles se hbertaram finalmente do fantasma de Homero e estão perdendo o imteresse pela mitologia. Só quando os resultados do trabalho
arqueológico começaram a surgir em profusão, independentemente das sugestões dos textos de Homero, foi possível ver de que forma a Grécia pré-histórica e O poeta se relacionam. Enquanto aquela era
estudada
com base neste, prevaleceu a confusão. E provável que a arqueologia clássica tenha de sofrer ainda um processo semelhante, dando menos importância a nomes e interpretações prestigiosos e centrando-se mais nas provas físicas, no que as próprias pedras queiram conturnos. Deverá ser um trabalho mais sociológico que
o que costumeiramente se tem feito. Algumas das coisas que ainda não sabemos, após tantos séculos, surpreenderão talvez os não-especta-
listas: não possuímos um estudo completo sobre O uso dos mármores gregos; as antigas fontes do bronse. e mesmo do ouro, em grande medida são ainda
matéria de conjectura; quase não há estudos estatisticos. À história física da quase totalidade dos grandes santuários da Grécia, durante um ou outro momento crucial de sua existência, é duvidosa. Às quase
únicas exceções a essa regra geral são a Acrópole de Atenas e, talvez, a de Delfos.
Cada geração de helenistas cometeu seus erros es Léticos. As restaurações de Minos encomendadas por
sir Arthur Evans em 1900 têm, para dizê-lo em termos educados, um ar de belle époque: o desenho que
fez seu ajudante, Piet de Jong, da sala do trono de
um palácio de Micenas parece uma amostra do decorativismo mais medíocre da época.
Como exemplo dos erros de julgamento estético
do momento atual, cabe citar que muitas das recen-
tes fotografias de esculturas gregas arcaicas dão às
SÓ peças um aspecto escandalosamente bonito. agora, quando já é quase tarde demais, começam a
adquirir suas justas proporções Píndaro e seus valo» res; e, num
momento
em que desejamos valorizar
os antigos poemas como poesia comparável a qualquer outra, demasiado [frequentemente as traduções são deficientes,
SEGUNDA PARTE AITDADE DO BRONZE OM A
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AS CIVILIZAÇÕES PALACIANAS DE CRETA E MICENAS Na atualidade, e pelo acúmulo de provas arqueoló-
espetacular: o grande círculo de tumbas de fossa de
entre os anos 2100 e 1100 a.C., época do florescimento de Cnossos e Micenas. Muito antes de 2000
então, talvez porque não tenha existido nenhum.
gicas, foram esclarecidos muitos aspectos da vida
a.C.,Já havia indo-europeus na Grécia. Mas algu-
mas das interrogações mais prementes permanecem sem resposta. As ásperas controvérsias sobre alguns temas e a tênue camada de provas, mais sugestivas que sólidas, que recobre outros dificultaram ainda mais a interpretação dos acontecimentos ocorridos durante esses 1.000 anos. A escala de tempo empregada pelos arqueólogos (vide o quadro cronológico com que se inicia este livro), devido à falta de datas e conhecimentos precisos, é ligeiramente diferente em Creta, nas demais ilhas e na parte contimental. No entanto, no final do período, quando
Creta havia alcançado uma grande influência internacional, já se havia unificado a escala temporal
para
todos
os territórios, e boa parte da Grécia
começava a ter uma história única.
No extremo sul da zona continental, apareceu, relativamente tarde, por volta de 1700 a.C., a primeira dinastia micênica, o primeiro povo de que se sabe que falou grego, quando já existia a civilização dos palácios em Creta e sua influência se propagava de ha em ilha até o Oriente Próximo. A primeira notícia micênica na consciência histórica moderna foi
Micenas. Não se encontrou ali nenhum palácio de
Na mesma época, em outros lugares da Europa tampouco houve palácios associados a sepulturas de guerreiros. De acordo com nossos conhecimentos, os primeiros senhores micênicos devem ter vivido em tendas ou em choças de madeira. A cidade cujas ruínas perduraram foi construída depois e não se fortificou senão no século XIIl a.C. Nessa época, várias mansões situadas fora de Micenas foram destruídas pelo fogo; e se cavavam os profundos poços existentes tanto ali como em Tirinto e em Atenas, debaixo da acrópole. Os palácios micênicos que melhor conhecemos — Micenas, Pilos e Tirinto — foram
edificados no final do período micênico, não no começo deste.
Creta antes de 2000 a.C. Em Cnossos não houve fortificações e, curiosamente,
o palácio não tem as sepulturas correspondentes.
Dado que os argumentos que ligam arqueologia e história dependem em grande medida das continuldades e descontinuidades culturais e físicas, Isso representa um inconveniente; mas a recente teoria
de que a própria Cnossos foi uma cidade simulada e desabitada, uma tumba gigante, é certamente falsa.
Acima: A arte micênica tardia é
sóbria e às vezes humorística, Neste cântaro de Lefcândi, na
Eubéia (a antiga Erétria), um casal de grifos alimenta o filhote no ninho.
Povoações do mundo micênico A cidadela e as esplêndidas tumbas de fossa e de cúpula de Micenas correspondem ao grande recinto fortificado de Tirinto, distante alguns poucos quilômetros. As tabuinhas de argila com escrita silábica encontradas em Micenas € nos palácios de Pilos e Cnossos foram decifradas a partir de 1950, e viu-se que eram gregas. Todas elas contêm inventários. Ao contrário das tabuinhas da mesma época encontradas na capital hitita, estas não dizem nada sobre a história política. Mas os achados arqueológicos pelo menos nos
permitem fazer uma idéia da
extensão e da variedade da cultura micênica. Em Cefalônia, a oeste,
foram encontradas pequenas tumbas de cúpula. Nas Tessália, há muitas de tamanho grande. A cerâmica micênica foi exportada para além dos confins deste mapa, até as proximidades de Tarento, Dá Hália, e do Levante. Estas longas
rotas comerciais foram
interrompidas com a queda da
civilização micênica e foram percorridas de novo pelos gresos durante o período das colonizações. Surpreende encontrar cerâmica micênica e
tumbas de cúpula muito antertores
às migrações gregas, que tiveram
lugar por volta de 1000 a.C. em alguns lugares do Oeste da Asia Menor e de suas ilhas. Não é certo que seus usuários fossem gregos: 30
AS CIVILIZAÇÕES PALACIANAS
DE CRETA E MICENAS
ma amostra ntacta na própria Creta. As paredes eram grossas, e a forma lembra a arquitetura de adobe. Ti-
ci
nham até treze metros de largura, e os círculos, com
seus amplos átrios, imitam sem dúvida a forma das casas de então. Até o ano 2000 a.C. os cretenses ainda não conheciam a escrita, apesar de ela já existir no
Oriente Próximo. Foi encontrado certo número de recipientes egípcios de pedra até em lugares isolados de Creta; datam de cerca de 3000 a.C., mas não há provas de que tenham chegado a Creta senão muito depois.
Sítios arqueológicos minóicos de Creta Os gregos clássicos recordavam
o labirinto de Minos em Cnossos.
As escavações do século XX desenterraram os amplos
palácios do segundo milênio,
sendo Cnossos o mais notável, Depois de sua destruição, por volta de 1450 a.€., Cnossos foi
ocupado por gregos micênicos, que deram prosseguimento à mesma tradição de esplendor.
Cnossos cresceu lentamente, e o palácio, ao contráro do posterior de Micenas, se ergue sobre uma grossa camada de refugos de povoações humanas anteriores. Em sua origem, os cretenses chegaram de algum lugar do Oriente Próximo, possivelmente tugidos dos distúrbios do Egito, ou talvez desde
mais a leste; no entanto, a camada de 7 metros de es-
pessura situada sob Cnossos demonstra que o lugar tinha sido habitado cerca de 4.000 anos antes de os cretenses construírem o palácio, por volta de 1900 a.C.
Sabemos até que eles conheciam os metais, dado que numa das casas — num estrato neolítico — foi en-
contrado um machado de cobre, possivelmente um
presente ou um objeto de importação. Pouco depois de 2800 a.C., os cretensejá s tinham
influência no âmbito do Egeu, e já tinham desenvolvido suas características tumbas de cúpula, semelhantes
às antigas colmeias. O estilo se conservou durante mais de 1.000 anos, apesar de não ter restado nenhu-
O contexto dos grandes palácios Os primeiros exemplos de escrita em Creta datam de 1900 a.C. São hieróglifos ou pictogramas. À es-
crita, a arte de trabalhar recipientes de pedra e a ta-
lha de selos de pedra provavelmente chegaram a Creta vindos
da Síria, de Ras Shamra,
na costa,
diante de Chipre. Neste caso, como em outros, a arte parece ter sido trazida por refugiados. A grande maioria das amostras que se conservam de linguagem escrita de todo esse período — a escrita linear A, de Minos — é de relações meramente administrati-
vas, e apenas a escrita linear B, de Micenas, ligeiramente posterior, foi decifrada; não obstante, a forma de algumas das tabuinhas de argila mais antigas de Cnossos parece indicar que a escrita começou a ser feita em folhas de palmeira. Depois de 1450 a.C. é possível que existisse entre os micênicos uma literatura escrita em grego. Temos igualmente estatuetas de músicos, dessa data e de anteriores, feitas de
mármore e com forma simplificada, que provêm de pequenas ilhas gregas; mas não possuímos testemunho algum da música ou da poesia das ilhas egéias centrais. Ao mesmo tempo que as artes visuais surgem com profusão em Creta (e nas ilhas dominadas por esta), os próprios artistas compreendem o valor das pedras e suas cores, dos caramujos e de quanto se relaciona ao mar. Os grandes palácios do apogeu de Creta, entre os anos 2000 e 1400, ficavam em Cnossos, Festo, Mália
e Canéia. Este último está muito pouco escavado. Existe certo número de palácios menores, alguns dos quais proporcionaram esplêndidos materiais, mas nenhum deles, exceto talvez Kato Zakro, pode ser comparado aos grandes centros. Cnossos e Festo foram destruídos por volta de
1700 a.C.; Festo talvez em sua totalidade. Ambos os palácios foram reconstruídos, como o de Mália, mas com uma planta mais reduzida. Cnossos tinha, em
seu período de esplendor máximo, cerca de 160 metros quadrados, isto é, a superfície de um modesto
mosteiro medieval, e possuía aproximadamente tan-
tas ovelhas como um pequeno cenóbio do século XIII d.C. Assim no-lo mostra a parte escavada de Cnossos. Nos últimos anos foram encontradas partes adicionais; para as conhecermos em sua totalidade,
teríamos de dispor da fortuna de sir Arthur Evans. Em meados do século XVI a.€., no apogeu da civilização palaciana de Creta, a mais próxima das Cícla-
nes que
Acima:
Dois exemplos de escrita
linear A, de Hagia
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des, a ilha vulcânica de Santorini (lera), entrou em erupção. A devastação foi completa; o palácio da ilha pôde ser abandonado a tempo, e a lava só alcançou alguns poucos animais nos cômodos
vazios; desse
modo, um palácio completo foi sepultado e se con-
servou até os nossos dias tão perfeitamente como em Pompéia. A explosão dever ter sido espantosa, € Os danos, até em lugares tão afastados como o Leste de
Creta, foram terríveis. Os cultivos sofreram gravemente, houve outros terremotos, e em algum mo-
31
AS CIVILIZAÇÕES
PALACIANAS
DE CRETA
E MICENAS
mento, naquele ano ou nos seguintes, ocorreu a destruição de Zakro e Mália, enquanto Cnossos sofreu alguns danos. Aparentemente, Zakro tinha sido abandonado antes da catástrofe. Anteriormente se negava com veemência, mas
A religião micênica
produziu uma ocupação micênica de Cnossos, em-
cos, parecem
agora parece certo que, por volta de 1400 a.C., se
bora suas circunstâncias também sejam obscuras. Nem sempre é possível distinguir entre aliança, império, federação, matrimônio dinástico e domina-
ção cultural. Uma conquista só se evidencia quando
a destruição se segue uma cultura importada pelos ocupantes.
O arquivo de Cnossos
O importante arquivo encontrado em Cnossos nos informa até certo ponto da economia de um palácio cretense. As tabuinhas de argila são gravadas com a escrita chamada linear B, o que em Creta apenas se
dá em Cnossos, apesar de ter sido também a usada,
no continente, nos palácios micênicos. A escrita li-
near A, ainda por decifrar, e da qual a linear B pode
ser uma adaptação, se dá em toda Creta entre os anos
1700 e 1450 a.C. Parece que os micênicos tomaram de Creta mais do que levaram para ali, o que é bastante característico de seu aparecimento como povo
na Grécia. O período de sua denominação, que é o
das tabuinhas de linear B de Cnossos (por volta de 1400 a.C.), se caracterizou pelos sofrimentos, pelos
problemas militares, pelo progresso dos ofícios e pela decadência da arte palaciana. Os pintores de afrescos nas paredes dos palácios centraram sua
atenção nos soldados e nas cenas bélicas, melhorou a
fabricação de armamento, e se apurou o material cerâmico, mas caiu a qualidade da decoração. As tabuinhas de linear B de Cnossos revelam que a agricultura era a base da riqueza. As ovelhas eram contadas às cinquentenas, a lã era calculada em múltiplos de um décimo do número de ovelhas de um rebanho, ou um quarto do número de carneiros. O governante era um rei, mas na distribuição de grãos ou terras havia um conselho de três membros que recebia em conjunto uma parte equivalente à sua, é um notável, de categoria próxima da do monarca, uma similar à deste. Pode ser verdade, ainda
que não possamos comprová-lo, que esse notável tivesse em suas mãos o poder secular, e o rei, o de índole religiosa. Havia diversas categorias ou funções menores, bem como certo número de ofícios e serviços especializados: pastores,
cabreiros, caçadores,
lenhadores, pedreiros, construtores de embarcações, carpinteiros etc. As mulheres mofam e pesapão. vam o trigo, mas eram os homens quem tania o OUexistis sem que para luxuos a bastan te era A vida rives, mulheres que serviam nos banhos e fabricanprode ser podiam escrav os Os ungúen tos. tes de seus priedade individual e ter os mesmos ofícios que senhores; as cativas desempenhavam um importan€ O azeite o pão, O trabalh o. de força como te papel espécies de das além e, habitua is, bens eram vinho
gado comuns, se criava também a cabra-creterise, penuma gravado esta que o indicar parece Pelo que galhaaltas de patriar cais criatur as essas selo, dra de das chegaram a ser usadas em parelhas para puxar carros, o que não se deve descartar totalmente.
conhecemos que hortaliças eram consumidas
Des-
em
de Micenas, mas sabemos de uma grande variedade é condimentos, incluída a hortelã, e que em Micenas Cnossos se comia queijo. 32
Apesar do considerável volume do que se escreveu recentemente sobre a religião micênica, é notável quao pouco sabemos com certeza dela. As oferendas tunerárias, as máscaras de ouro ou a conservação em mel dos cadáveres, que era o destino dos mortos riindicar que existia uma preocupação
profunda com a vida após a morte. Os cultos de ferti-
dade nas cavernas cretenses, nas quais se escolhiam estalagmites de aparência fálica para o culto, refletem certa faceta do sistema religioso. Temos conhecimento de outros santuários construídos em passagens rochosas da montanha, de difícil acesso. Ainda se conservam altares com a representação escultórica dos chifres de touro da consagração, e o mesmo suce-
de com alguns símbolos sagrados, como o machado duplo, que provavelmente pertencia ao deus do céu, e as representações de um culto do pilar, cujo exemplo mais famoso é a porta dos leões, de Micenas. O fato de termos listas de deuses procedentes dos arquivos de Cnossos e Pilos, e que tais divindades
possuam mais ou menos os nomes convencionais dos deuses gregos clássicos, só nos ajuda a aprofundar nossos conhecimentos. Ao decifrar essa parte das tabuinhas de linear B, e mesmo ao interpretá-las, mais
de uma vez foi preciso descartar hipóteses apressadas. No entanto, é interessante que houvesse uma deusa pomba, que Posídon fosse importante e que a Ifigênia da tragédia grega, a quem a mitologia relaciona com Hécate, começasse como uma poderosa deusa micênica. As divindades recebiam oferendas e tinham posses. É possível que a frase “servidor do deus”, que aparece nas tabuinhas de Pilos, posteriores às de Cnossos, signifique agricultor ou trabalha-
dor do campo. Ainda assim, cabe dizer algo mais. Há uma série de grandes anéis de ouro com um repertório iconográ-
fico comum que, a meu ver, ilustram cenas míticas re-
acionadas entre si e narram histórias afins. Algumas delas aparecem também, em versões mais reduzidas, em pedras gravadas. Uma delas, magnífica, mostra uma figura humana entronizada, com um águia às suas costas e uma fileira de esplêndidos animais imaginários que avançam sobre as patas traseiras portando oferendas líquidas. Acima da figura resplandece um céu muito agitado, com raios, um disco solar, lua e estrelas; abaixo há alguns escudos em forma de oito. Dificilmente se poderia pedir uma ilustração mais clara do poder monárquico sancionado pela divindade. A sala do trono em Cnossos, em que o sólio central é ladeado pelos grifos das paredes posteriores, refere-se a ele em termos heráldicos. E sabemos também que a tradição das salas do trono custodiadas por tais animais remonta a 7.000 anos atrás, à cidade neolítica mais antiga entre as conheci-
das na Europa e na Ásia, Çatal Hiiyúk, nos montes da Anatólia. No entanto, a maioria das cenas desses anéis mos-
tra mulheres ou deusas. Uma
das mais refinadas
apresenta uma estática dança de figuras femininas numa montanha;
outras representam cerimônias do
culto, enquanto em algumas intervém uma planta
sagrada descoberta num monte, ou levada numa embarcação, ou revelada por uma deusa. Determinada cena parece referir-se a uma águia e a um enxame de
abelhas. Algumas vezes se ergue no ar um pequeno deus masculino, um troféu de armas. Em uma delas,
bastante completa, uma dama com uma saia acampanada aberta, nua até a cintura; certamente uma
IS
Junto a estas imhas:
CIVILIZACÕES
PAI
VOTANAS
DE
CRETA E MICENAS
Vaso de ouro
(de cerca de 1500 a.C) de uma
tumba de cúpula de Váfio, perto de Esparta. À cena representa a captura de um touro selvagem em campo aberto, com redes e cordas. Dois homens morreram na ação, mas evidentemente simpaliza
com
o artista
o touro,
Esquerda: A temática marinha desta
catimplora, com a decoração de um polvo, de Palecastro, Creta
oriental, é muito característica do gosto minóico, tanto pelo que
*
supõe de observação gozosa da natureza como sensual.
e
por seu fausto
deusa, aparece sentada debaixo da árvore sagrada, no cume de uma montanha, segurando três papoulas. Outras três damas similares, uma delas diminuta, portam oferendas de folhas e flores. Erguido no espaço está o pequeno deus masculino. À cena é presidida pelo machado duplo. Outra dama diminuta pega frutos da árvore. É possível que a cena derive,
Direita: Este anel de ouro com
motivos mitológicos e imaginários pertence a um tipo que se lo aliza pas tumbas, e do qual se encontram cada vez mais exemplares. Do ponto de vista artístico. carecem da liberdade formal do vaso de Váho, c as
ainda que em interpretação livre, das pinturas monumentais de um palácio ou de um santuário. Do peso e do valor dos anéis e de sua abundância — dado que continuam a aparecer — cabe deduzir que expressavam algo de especial importância. Esses
figuras são mais hieráuicas, mais heráldicas.
Abaixo: Tabuleiro de jogo de lápislazúli incrustado de prata, pertencente a um palácio. O nolápis-
lazáli procedia de Faizabad. Afeganistão. Não se sabe em que consistia 0 Jogo.
anéis são demasiado pesados para ser usadas na vida ens. cotidiana e só se encontram em tumbas de hom
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A arte profana micênica
mo esta abra co te ar a um de o çã ta re p er mt a Embora
dual, vi di in ão iç tu in a ra pa e nt zo ri ho o pl um am is prema m co er ec nh co a id rt pa ra nt co em s podemo ir de rt pa a a et Cr de a an ci la pa da vi da r te rá cisão o ca com s go jo ra pa o ir le bu ta um mo co objetos achados,
co o nd mu No . li zú la spi lá e im rf incrustações de ma de s na mi s da ir ov pr a di po só li zú nhecido, o lápis-la a vi de im rf ma o ém mb Ta o. tã is an Eizabad, no Afeg percorrer
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PALALIANÃS
DELURETALS
MIGENAS
Acima: Lâmina de punhal de bronze adamasquinado em
prata que representa a caça de um leão. Procede de uma tumba de fossa de Micenas (1600-1550 aC).
cênicos. Os espetaculares objetos de luxo, as múltiplas variedades de gema dos cretenses, o excelente bronze ca el aborada terracota, as pequenas esculturas, as Imaginativas pinturas murais, o ouro e a prata, O vidro e o lápis-lazúli podiam lidade a tudo o que então se Apenas no trabalho do bronze extremo do mundo, possuíam das pinturas correspondiam
equiparar-se produzia no os chineses, supremacia.
em quamundo. no outro Algumas
Esquerda: Deusa ou sacerdotisa
de marfim policromado. Procede do palácio de Cnossos,
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ainda que se tenham encontrado estatuetas como esta em outros lugares. Ela levanta |
duas serpentes e leva um gato
sobre a cabeça (1600-1550 a.C.)
a claras influências fo-
râneas, como se pode apreciar nos afrescos com mo-
tivos navais de Acrotíri, em Santorini, ou nas cenas bélicas micênicas de Pilos, de data posterior. Mas os
peixes-voadores de Filacópi, os pássaros de Cnossos e as paisagens de Santorini são obras-primas extraordinariamente pessoais. A intensa expressão do começo do verão cretense, nos afrescos de Santorini, é algo único na história humana. O conhecido jogo taurino, que pode ter tido uma simbologia religiosa, mas que de fato, pelo realismo
com que é descrito, parece ter-se dado na vida real,
era uma espécie de salto acrobático, um salto mortal sobre os chifres do touro. Era praticado por homens jovens, sumariamente vestidos e desarmados, que às vezes eram chifrados pelo touro. Pelo que se reflete na arte, as moças também tinham alguma participava(os ouro em representação uma ção. Conhece-se de sos cretenses encontrados em Váfio) da captura touros em pleno campo, com cordas e redes, e existe um salde representação uma marfim de caixa numa an1do chifres aos agarrando-se realizado to mortal Se campestre. caça de ambiente num mal, também taurino, Jogo o então correta, for essa interpretação mais tinha palácio do jogo, tal de ou a representação vida na admiradas habilidades as com relação talvez artificiais espetáculos OS com que do cretense rural dedifícil E espanhola. arena da ou do circo romano sem linguagem nós a chega que arte uma se terminar principesca representa uma cena divina ou humana, Existem, imaginária. ou real mesmo ou ou popular, arte cretense, na imaginárias cenas certamente, oue leões, dois com luta que como a de um homem com a relacionam se veladamente apenas tras que egipclas. As pinturas de imitações as como realidade, a Creta, confinadas estão não aliás, cenas taurinas,
mas também aparecem no continente.
terraEm Creta a arte animalista, seja em relevo de
de tacota, em gravura em miniatura ou em pinturas manho natural, caracteriza-se por uma penetrante 34
Direita: A acrópole de Micenas vista do oeste. O recinto amuralhado do século XHI
encerra o grande círculo de
tumbas de fossa, anteriores em cerca de três séculos e escavadas por Schliemann em 1876. Mais acima há restos de casas dos séculos XIV e XIII, e na área superior, as salas do palácio.
capacidade de observação, uma delicada execução e um desenho definido. De fato, tem muitas das qualidades do que chamamos a arte clássica de 500 anos depois. Excetuado o caso dos animais heráldicos, trata-se de uma arte humana, sóbria, singela e vital, em suas melhores expressões, não é limitada por convenções. No que se refere a Creta, inclino-me a ver a arte que representa seres humanos como uma subdivisão da que reproduz animais, pois existe alguma similitude no tratamento. À representação
do corpo humano segue algumas convenções formais, pelo menos em seu aspecto cortesão, mas as cinturas de vespa, os ombros largos, a esbelteza dos rapazes e a opulência das formas femininas não se afastam demasiadamente do natural, ainda que se possam dever em parte a determinada tradição iconográfica.
A civilização micênica tardia Ao aproximar-se o fim da Idade do Bronze, os palácios micênicos que ainda existiam se foram transformando em lugares de intercâmbio e armazéns de bens e serviços, o que indica que se desintegrava a comunidade. Apesar de termos alguma idéia sumá-
ÀS
CIVILIZAÇÕES PALACIANAS DE CRETA E MICENAS
Micenas Na grande cidade de Micenas,
foram encontradas
sepulturas reais de extraordinária grandeza. As primeiras tumbas, que datam dos séculos XVILe XVIa.C.,
eram fossas profundas. Depois, ainda na Idade do
Bronze, a arquitetura colossal da cidade, que incluía um recinto amuralhado do século XIII, é digna da
pasmosa ambição dos tolos ou tumbas de cúpula, entre as quais se encontram o chamado tesouro de
Atreu e a tumba de Clitemnestra. Aimfluência e o poder dos micênicos se estenderam a Creta, à costa da Ásia, à Sicília e ao Norte da Itália.
Ainda que seus objetos fossem luxuosos, os micênicos
constituíam uma sociedade militar, e por Isso é característico que entre os utensílios mais ricamente deco-
rados se conte o punho de uma adaga (direita) com incrustações de lápis-lazúh, cristal e ouro. O lápis-lazúli
era importado da Ásia central. Essa adaga, encontra-
da numa tumba de fossa, data do século XVIa.C.
Junto a estas linhas: Recipiente
simples feito de bronze que certamente era destinado ao uso
doméstico, dentro de uma tradição
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de excelente qualidade artesanal. For encontrado numa tumba de câmara de Micenas. O bronze era o metal mais útil e valorizado.
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tumbos À tumbos B Clitemnestra Egisto
tumba dos leões caso do mercador de vinho cosa do mercador de azeite Porto dos Leões
palácio
tesouro de Átreu
Direita: Esta máscara funerária,
de fina lâmina de ouro, simboliza a imortalidade real e é
a primeira das encontradas por Schliemann nas tumbas de fossa micênica. Data de 1550-1500 a.C. Schliemann enviou ao rei da Grécia um telegrama no qual dizia: “Hoje conheci o rosto de Agamenon”. Alguns de seus críticos mais duros acreditavam que os objetos de ouro micênicos fossem celtas ou bizantinos; apenas recentemente se pôde provar que o povo micênico foi um dos primeiros a falar grego. Agamenon, quer tenha existido, quer não, foi venerado em Micenas a partir dos tempos homéricos.
AS CIVILIZAÇÕES
Uma caixa hexagonal com
painéis de ouro (abaixo, esquerda),
a magnifica taça de ouro
chamada pelos românticos helenistas apaixonados por
erandiosa entrada de Micenas animais heráldicos poderem
contínua atividade de arqueólogos, turistas e restauradores alterou suas impressionantes ruínas.
perfeitamente ser grifos e
não leões), dão uma idéia da
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grandeza de Micenas. Em
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encontradas tantas amostras — de tal qualidade e magnificência e em tal número — do último período
de Micenas constituem os melhores testemunhos da cidade, dado que a
Porta dos Leões (apesar de os
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nenhum outro lugar foram
1834 pelo viajante inglês Edward Dodwell, e as velhas fotografias
(abeixo, direita). conhecida como
Mato? Dt O
É MICENAS
Os antigos desenhos da Porta dos |.eões, como este, publicado em
(abaixo destas linhas) e a
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DE CRETA
da Idade do Bronze.
Homero de “a taça de Nestor”
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PALACIANAS
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ÀS CIVILIZAÇÕES PALACGIANAS DE CRETA E MICENA S
Cnossos Cnossos foi o maior dos palácios cretenses e poste-
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Abaixo: As ruínas do palácio de
Cnossos transmitem ainda uma impressão de riqueza combinada com uma grande solidez. A
fotografia mostra, da parte sul do palácio, as ruínas. Ao fundo
aparece o Monte luktas, onde se erguia um santuário. O ar
curiosamente belle epoque de certos
detalhes se deve em parte ao acaso, O que não é infrequente na natureza humana, mas talvez também ao trabalho de sir Arthur Evans e seus restauradores. Os pétreos chifres de touro ou “chifres
da consagração” (na parte esquerda
da fotografia) constituem
um
simbolos mais correntes da
religião minóica.
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período de florescimento, por volta de 1400 a.C, POCIRLI ficou sob domínio micênico. Depois da queda da civi- Gi Z lização dos palácios, foi construído outro Cnossos, uma cidade de cerca de um quilômetro quadrado, que se erguia ao norte das ruínas. Nas lendas gregas
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intenso, que, para um aficionado, é difícil hoje estar a par de todas as provas acumuladas e das diversas interpretações. O palácio foi construído por volta de 1900 a.C. sobre um montículo que cobria os restos
clássicas, Cnossos era o palácio do rei Minos.
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fato, durante gerações foi o centro de um trabalho tão
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importante de Creta. Escavado sobretudo por sir Arthur Evans, sua história é fundamental para conhecermos a civilização da Idade do Bronze em terras gregas. Foi ali que, pela primeira vez, Evans encontrou o que estava buscando: as provas da existência, na Idade do Bronze grega, de uma língua escrita. Os arquivos de tabuinhas de argila que foram achados permitiram depois aos helenistas compor um quadro bastante completo de muitos aspectos da sociedade e da economia cretenses. Mas perdura a primeira impressão que dão os restos da cultura principesca de Cnossos: a de que era de grande riqueza, embora quase mais refinada do que rica, e de que não carecia de aspectos sinistros. O sítio de Cnossos ainda está sendo escavado. De
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fragmentário, mas magnífico, da
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área oriental do palácio, mostra alguns acrobatas certamente profissionais. O difícil é dizer se esse perigoso esporte era primordialmente uma diversão ou um rito. Interessa observar
que o touro é um animal
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esplêndido, não muito diferente
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de um antigo longhorn inglês. Muitos temas dos afrescos dos
palácios minóicos se relacionam com o atletismo ou com jogos do ar livre e eram lrequentemente
mais decorativos que religiosos. Este data de 1600-1400 a.€.
Acima destas linhas: Este vaso de
época inicial, de cerca de 1800
ca aC... constitui uma caracteristi
peça minóica tanto porsua forma como por sua decoração. A grande beleza e qualidade material da cerâmica da Creta
minóica durante a Idade do Bronze é uma das
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CIS demonstrações mais notav alto nível alcançado por sua cultura material.
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AS CIVH IZAÇÕES
PALACIANAS
DE CRETA E MICENAS
ria da organização social de Cnossos e certa visão
dos últimos dias de Pilos, não temos conhecimen-
tos suficientes de sua decadência para emitir um
diagnóstico acertado. No começo do século XIV,
mcendiou-se Cnossos, em Creta, e Tebas, na Gré-
cia continental. Nenhum desses palácios foi reconstruído.
No final do século XIII, foram atacadas
algumas das grandes fortalezas. No século XII se
deu a destruição de Micenas; Tirinto e Pilos foram
destruídas pelo fogo, e muitos centros menores foram abandonados. Os palácios eram como obscu-
ras colmeias iluminadas com lâmpadas a óleo; em
sua construção foi empregada muita madeira, e as
paredes foram feitas de alvenaria, de modo que as construções eram vulneráveis ao fogo e aos terremotos. No caso de Pilos, o arquivo se salvou por ter-se endurecido com a cocção produzida pelo fogo final; e nos deixou o registro de uma distribuição de rações de reserva nas diferentes áreas onde as tropas defendiam a costa. Em Micenas se havia alcançado uma vida de certo refinamento intelectual e de grande luxo. À arquitetura colossal e elegante das tumbas converte tais sepulcros nos monumentos mais memoráveis da Grécia pré-histórica; a dimensão e o peso formidáveis das muralhas ciclópicas são testemunho sugestivo da medida de seu poderio. As gerações posteriores atribuíram a construção dos recintos micênicos a deuses ou a semideuses. Somente na Argólida houve pelo menos dez recintos de pedra, sete em Ática e três na Beócia. Seu comércio se estendia, para além da Sicília e de Lípari, até a Espanha. A arte e o artesanato estavam mais ou menos unificados, e a totali-
dade do mundo grego havia começado a ter uma só
história. No entanto, a cerâmica armazenada tão profusamente em Pilos, por exemplo, era uma ver-
são inferior e provinciana da que estava em uso na própria Micenas. Tal unificação do mundo supõe uma metrópole. Aqueles bárbaros barbudos das máscaras funerárias de ouro, aficionados dos cavalos, tinham fundado um povo poderoso. Espiritualmente, o laço que há entre a época dos primeiros palácios, com seu esplendor, e o mundo
de séculos posteriores, ainda mais remoto para nós, em que germinou a poesia épica, é certa alegria micênica severa, mais caracterizada pela mag-
pátio ocidental
armazéns
nificência que pela graça. À pétrea riqueza da decoração de seus palácios, as colunas das tumbas e o elaborado estilo de suas armaduras dão uma idéia de um gosto coerente: a projeção de uma sociedade que pode expandir-se. O que para nós vivifica a sociedade micênica inicial são os punhais adamasquinados, as silhuetas de batalhas e caçadas de
leões, os leopardos e os patos selvagens. Seu lápislazúli e seus ovos de avestruz, e sem dúvida o mais
refinado de seus luxos, lhes chegava de Creta, mais
precisamente de Tirinto (onde, aliás, debaixo do palácio micênico existe uma vasta construção de
F JaÊ ir E, À cai TE m
pedra, quase sem escavar ainda). Mas a apresentação impessoal e quase desumana de tantas cenas de conflitos e violência sanguinária, que é sempre quase humana, fascinada a todo o momento pela graça e por tudo o que é vulnerável, anuncia certamente o futuro. Se o conteúdo das tumbas de fossa pode ser qualificado de homérico, a pedra que remanesceu e que marca uma dessas tu mbas, em que se talhou a representação de cavalos mais antiga da arte egéia, 39
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PALACIANAS
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Acima: Esta mulher dolente é uma
figura arcaica e simples de terracota pintada. Provém de Tera, mas poderia ter saído de qualquer outro lugar do mundo grego. Está arrancando os cabelos e arranhando a face, os mesmos gestos de luto que aparecem de forma ritualizada na cerâmica geométrica de Atenas. Há algo de comovente no contraste entre q
cálida humanidade dos grandes olhos toscamente pintados, dos braços deselegantes, € a
sobriedade formal do vestido, do
cabelo e do cinto. A beleza desta estatueta se deve, talvez, a uma feliz casualidade.
+
Santorini é a antiga Tera, uma pitoresca ilha vulcânica não muito distante de Creta. O vulcão entrou em erupção violentamente na Idade do Bronze, e a lave: conservou o palácio tão perfeitamente como se con-
servaram Pompéia e Herculano após a erupção do Vesúvio. Em 1967, começaram as escavações de Acrotíri, em busca das construções cobertas pela lava, pois a erosão produzida pela chuva havia deixado à mostra um gesso pintado. A cidade clássica de Tera fica a leste, sobre um promontório rochoso. Foi habitada desde antes do século IX a.C., e remanescem restos dos séculos VII e VI, ainda que a maior parte das ruínas seja do tempo dos Ptolomeus e posteriores.
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de qualquer modo, o tema deste alvesco é pouco frequente;
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é possível que represente os pescadores levando suas
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oferendas a um O palácio.
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Acima destas linhas: Este afresco
com alguns antílopes nos dá
uma idéia mais clara e vívida
que as ruínas escavadas do que era a vida de um príncipe
Esquerda: Escavações de
Acrotíri, onde foram encontrados os afrescos
minóicos do século XVI,
Foram desenterradas ruas €
ou um artista em Santorini,
casas — uma de três andares —
surpreendente o vigor dos
grandes jarras e serviam de depósito.
na Idade do Bronze. E
desenhos com motivos animais
e vegetais que aparecem nos
e cômodos que continham
riqueza temática e o sentido
Acima: A cidade moderna de Tera foi construída na costa
jamais tinha sido encontrado
cratera do vulcão, Sua altura é
afrescos de Santorini; a
da cor são também notáveis;
ocidental da ilha, na borda da
um conjunto artístico tão
de 300 metros. Em 1956, um terremoto destruiu mais da
perfeito numa ilha tão singularmente bela. Os afrescos se encontram atualmente em
Atenas, no Museu
Arqueológico Nacional.
metade das casas dessa costa.
ÀS CIVILIZ AÇÕES
PALACIANAS
DE
CRETA
E MICENAS
deveria ser qualificada de hesiódica. Os cavalos que decoram a lápide de Micenas são criaturas toscas, rústicas, € parece que seu autor estava mais habituado a representar gado. No entanto, quando pela primeira vez escutamos os micênicos falar, nas tabuinhas do linear B, seu interesse pelos carros puxados por
cavalos
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com
seu interesse pelos leopardos e pelos punhais do que com a rusticidade da talha sepulcral antes mencionada. Assim, se no mundo micênico existiram homens
como os que costumamos chamar camponeses, ocupados somente na luta contra os elementos. contra
os animais e contra o duro solo. sua presença ficou
mevitavelmente silenciada.
Seus carros eram leves, com estrutura de madeira
curva e de corpo baixo, puxados por dois cavalos. No entanto, no século XIII os micênicos os desenhavam em sua cerâmica, e em alguns casos eram suficientemente sólidos para levar três ou quatro ocupantes. No afresco do palácio de Tirinto, vemos duas mulheres que viajam num carro branco e carmesim, de rodas amarelas, coberturas azuis e rédeas escarlates. Ão próprio couro avermelhado se referem as tabuinhas de Pilos, uma das quais se refere a ele, ao que parece, como adornado com rebites de metal. Os carros eram feitos em Pilos, em oficinas que abasteclam uma extensa área; pelo menos um foi registrado em Cnossos como “de Festo, completamente equipado, com vara de madeira, pintado de carmesim, com arreios e couro”. Para os usos atuais, esses
arreios são evidentemente ineficazes e ao mesmo tempo cruéis. Os cavalos recebiam todo o peso no pescoço, a rédea era uma espécie de laço com uma correia para o nariz, e o único fragmento de metal encontrado (em Micenas) tem espetos nas peças que cobrem a cara do animal. Apesar de não ser dominante, o comércio e a influência micênicos penetraram em boa parte da Europa ocidental e do Levante. Sua cerâmica, em geral pequenos vasos que deviam conter essências, foi achada na Sicília e no Sul da Itália e da Espanha, bem como em numerosos lugares da Asia Menor. É difícil saber como se produziu o colapso desse sistema mundial, amda que seja provável que as mudanças políticas do Oriente Médio tenham determinado outras mudanças de poder, que houvesse mcursões, ou uma grande invasão vinda do Norte, e que reinas-
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AS CIVILIZAÇÕES PALACIANAS
DE CRETA E MICENAS
Pilos
A arte religiosa micênica A arte religiosa micênica alcançou um nível muito
O palácioo micênico de Pilos se enco nt ra quase no extremo Sudoeste da Grécia
continental num mag-
peça em marfim, de Micenas, uma talha em miniatura que representa duas mulheres e um menino, possui a inusitada qualidade de mergulhar-nos num
e sobreviveu à queda de Me cena s. O palácio era luxuoso,
tão elaborada, que sua contenção também é assom-
nífico p oTto natural e numa zona r ica e montanhosa. Era um dos últimos p ostos avan çados micênicos
mas de dimensões modes
tas.
Esquerda: No palácio foram
encontradas tabuinhas com escrita linear B, afrescos e uma
quantidade considerável de cerâmica. O original, do qual
este excelente afresco de Pilos
é uma variação, provavelmente
era africano. No entanto,
situado em seu contexto, nos
últimos tempos do palácio,
talvez tenha sido visto como a
representação de una batalh
a entre micênicos e bárbaros.
mais alto em luxo e refinamento. Em particular, uma
mundo próprio. Não é que reúna uma evidente beleza, mas é admiravelmente desenhada ou realizada e
brosa. As curvas sensuais, O equilíbrio das pequenas massas, a tranquilidade e o movimento espontâneo nos lembram, sobretudo, uma escultura budista, e,
nesse sentido, é interessante notar que os primeiros escultores budistas eram entalhadores em marfim que trabalhavam a pedra. O exotismo nostálgico desse pequeno grupo emana em parte da clareza e preci-
são dos detalhes das roupas, que parecem cretenses e
tora de moda. De fato, as vestimentas de uma geração de mulheres aristocráticas cretenses parecem ter sido usadas durante séculos para vestir as deusas, assim como as indumentárias masculinas do século IV sobreviveram convencionalmente na tragédia ateniense do século V. Desconhecemos a data exata deste marfim, dado que permaneceu guardado num depósito do palácio até os últimos momentos de Micenas. As estátuas religiosas micênicas mais usuais eram de louça; tratava-se de estatuetas, de formas simplificadas e pintadas muito levemente. Tanto podem ser figuras de adoradoras como de deusas, embora seja mais provável o segundo. As figuras de louça de maior tamanho eram muito poucas até data recente, quando foi encontrado um bom número delas, em bom estado, em Micenas, Ceos, Melos e outros luga-
res. Há uma, de uma dama com um chapéu plano e
os seios nus (uma figura similar de marfim, ra está em Boston, tem mamilos de ouro, mente modernos, como o tapa-sexo de seu companheiro, que hoje se encontra em
que agopossivelouro de Oxford) e
levanta, para os deuses ou para os devotos, um par
de serpentes. A pintura da figura de cerâmica é fina e notável, mas não mais que a das deusas mães anteriores, que, de uma ou outra forma, persistiram até os tempos dos micênicos. Em sua brilhante e audaciosa exposição The Prehastoric Aegean, o helenista marxista George Thomson deu grande importância às deusas mães. Seu estudo — pioneiro no tema — não foi aceito em sua totalidade, anda
Página anterior, acima: Yste corredor abobadado de Tirinto (1350-1250 a.C.) dá uma idéia do caráter maciço
e colossal da arquitetura micênica. Seu efeito é tão impressionante quanto sombrio.
Página anterior, esquerda: Esta peça
sugestiva e complexa é uma talha em marfim de Micenas, do século XIII.
Pode ser relacionada com figuras muito antigas de deusas mães, mas
desconhecemos o significado real que pôde ter num ambiente de palácio,
salvo que era religioso.
Página anterior, direita: Relevo em
pedra de uma estela, numa tumba de
fossa de Micenas. Ainda que
severamente militar, tem uma estranha beleza rítmica. Pode tratarse de arte primitiva de um nível extraordinariamente alto ou de arte
refinada aplicada a um meio mais duro, como a pedra.
pen a a lev da Na . cia Gré na a ern int e dad ili tab ins se a r po , mo co s le mp si so es oc pr um se des se sar que ção exemplo, uma troca dinástica ou a mera substitui de um povo por outro. za de de an gr a os xu lu a ar im st be su o err um ia Ser
ou algo de. a.C 0 125 (em s ano s mo ti úl s seu Pilos em
no. cia vin pro o áci pal o en qu pe um ser de pois), apesar e a excea dr pe a ic íf gn ma de s eto obj os Os afrescos, (o a id lh co es ce re pa que o, áci pal do lente localização o tud , cas éti est ões raz por ão) ent que não era estranho o
se rendeu não que e ad ed ci so a um de isso nos fala do esplendor raio e : a
da. Já passou o momento ão o nã o áci pal do os nh ba os melhor arte do mundo; a r es or lh me Os mo co os tão magnífic ; gu ses E o até ; os ic íf gn ma , são, de qualquer modo : mai de es çõ ta us cr in trabalhando a madeira com ii a e o leã de s eça cab e sabemos de ebúrneas E a E ça be ca de a rm fo em que pertenceu à rainha peç a ess ra bo em , as nh ri ma adornado com conchas talvez seja anterior.
que autores posteriores tenham recolhido partes dele, frequentemente sem mencioná-lo. A obra, que significou uma tentativa de aplicar a antropologia, bem como uma ampla gama de outras disciplinas, ao que conhecemos da pré-história grega, tem tal envergadu-
ra, que é difícil criticá-la; daí que, inevitavelmente, te-
nha ficado esquecida. Ela identifica a deusa mãe minóica com Deméter. Dado que ele escreveu sua obra antes de a escrita linear B ter sido decifrada, não podia saber que o nome Deméter não era o utilizado pelos micênicos, o que, em essência, não enfraquece sua
tese. Sem sombra de dúvida, o panteão tardio se desenvolveu a partir de outro, anterior. O que não é tão certo é que a primitiva sociedade fosse matriarcal e matrilinear. Na atualidade, o modelo antropológico empregado por George Thomson não goza de ampla
aceitação entre os antropólogos. Seja correta ou não a
sua teoria de que os micênicos procediam da Ásia cen-
tral, existem analogias sobre o papel dominante das
mulheres, não apenas entre as divindades, mas também na sociedade, que a poderiam confirmar.
43
RELÍQUIAS MICÊNICAS A florescente sociedade da Idade do Bronze durante o milênio transcorrido mais ou menos a partir de 2100 a.C. nos legou um perturbador contraste entre pontos brilhantemente iluminados e incertas áreas de trevas. Na etapa seguinte, que dura cerca de 30 anos, predomina a obscuridade, mas uma obscuridade de nosso conhecimento da época, não necessa-
riamente da vida real. Com efeito, nem se extinguiu
a agricultura, nem os rebanhos deixaram de pastar,
nem os mortos ficaram sem sepultura. Sabemos que
caiu o nível do luxo, mas ignoramos quase tudo so-
bre os níveis de organização social e absolutamente tudo sobre a felicidade daqueles homens e mulheres. Na parte terceira desta obra, veremos que se formulou a tese de que, no final deste período (final do século VII a.C.), se produziu um súbito e impressionante aumento da população. Esta teoria se baseia no fato de que não se encontrou algo que até data muito recente ninguém tinha interesse em encontrar, Isto é, sepulturas correspondentes ao primeiro período da idade média ou obscura. Movimentos populacionais Por volta de 1190 a.€C., os egípcios anotaram que “os
nortistas estavam inquietos em suas ilhas”. Ao mes-
mo
tempo,
chegavam
novos colonos micênicos à
Aquéia (ou Acaia), no Norte do Peloponeso, e à ilha jJônica de Cefalônia, a qual, por alguma razão, havia ficado fora de sua esfera, mas na qual se instalaram pacificamente então, ao lado dos antigos cefalônicos. Durante algum tempo prosseguiu ali a tradição da cerâmica nativa, junto à micênica. Em Chipre, particularmente
na antiga capital, Enkomi, Já se
tinham instalado colonizadores, provavelmente invasores, que provinham da Argólida. Mas a reconstrução de Enkomi, com uma magnífica arquite-
tura pétrea, foi seguida por outra destruição, com o
conseguinte despovoamento e parcial abandono do lugar. Ao mesmo tempo, os micênicos que se tinham
instalado muito mais a leste, em Tarso, na Cilícia, na
costa anatólica, extinguiram-se. Outros micênicos, que talvez fossem os de Enkomi, parecem ter-se mesclado com os filisteus e acabaram integrando-se, | como judeus, na tribo de Dan. Talvez seja razoável perguntar onde sobreviveram
os micênicos, se é que o fizeram. Parece mmdiscutível
próxima Delos. É possível que a vida micênica tenha sobrevivido mais tempo nas ilhas do que no continente, ainda que existam provas arqueológicas de que numa cadeia de ilhas orientais se produziu uma violenta catástrofe. A queda de Mileto, depois de
uma dessas singulares épocas de florescimento, pró-
prias dos últimos micênicos, que observamos em todas as partes, parece assinalar o fim desse período. Mileto ressuscitou, ou melhor, foi ocupada de novo por sobreviventes em sincronia cultural com
Atenas, com a mesma cerâmica decorada, que é um derivado, mais pobre e simples, da micênica, e um
inepto começo do estilo grego protogeométrico de decoração. O estilo dos vasos pintados encontrados em Mileto indica que se produziu uma nova ocupa-
ção da Ática durante a primeira metade do século XI a.C. Não é arbitrário comparar os movimentos
dos povos no Egeu durante aquele período com o movimento inquieto das ondas, e é lógico que esse processo continue obscuro para nós, ainda que seja apenas porque somos incapazes de levar em conta todos os seus fatores. Quando Chaka, o rei zulu do século
XIX, semeou a desordem por toda a África do Sul,
provocou uma série de movimentos e migrações das tribos e outros grupos menores, seguindo uma trama intrincada que afetou uma extensíssima região. Per-
turbações similares aconteceram na Ásia central, no
Ocidente, quando caiu o Império Romano, e por toda a Europa. No caso da Grécia durante a idade média,
o marco físico se acha muito mais delimitado e o idioma dos micênicos, O grego, continuou o mesmo:
quando a idade obscura chegou a seu fim, essa língua até havia chegado a estender sua área. E a época em que se consolidaram as incontáveis
lendas, superstições e racionalizações que conhece-
mos como mitologia grega. Muito poucas delas têm
caráter genuinamente micênico: o Minotauro, o la-
birinto, algumas partes do culto a Ifigênia e talvez a relação entre o mel e a imortalidade. Mas as lendas
supostamente históricas, a lista de reis míticos e as guerras € invasões são, em sua maioria, demasiado tardias e confusas para que as admitamos como provas históricas. Mais vale perguntar como se originaram os relatos do que procurar as realidades históricas que poderiam corresponder a eles. Isso é tão válido para a relação dos primeiros reis de Esparta e a mítica divisão do Peloponeso como para a mitologia das guerras troianas. À mitologia grega nunca
que sobreviveram em Iolcos, perto do atual Volos, na Tessália. Ali continuaram a ser construídas até as antigas tumbas de cúpulas. Mas atribuir aquela sobrevivência ao fato de a Tessália ser um país onde se praticava a criação de cavalos, ou a seus campos T1-
deixou de estar viva e sofrer variações. Não existe uma fase pura e primigênia dos relatos à qual pudéssemos ter acesso.
menos baseado na posse da terra que prevaleceria
Ceos, Delos e as cavernas cretenses
cos e bem irrigados, ou ao sistema social mais ou na Tessália quatrocentos anos depois, não seria mais
que especular. A sobrevivência de outros micênicos
em lugares mais parecidos com refúgios, como, por exemplo, em Grotta, na ilha de Naxos, é mais com-
preensível. No entanto, é em Naxos que, com certeza, se deveria buscar a origem do misterioso fluxo de devotos que, possivelmente, mantiveram aberto até o século VIII um centro religioso micênico na 44
Micenas sobreviveu às vezes de maneira muito estranha. Por exemplo, na ilha de Ceos, situada a pouca distância da costa, ao sul da Ática, há um pequeno palácio micênico que ocupa a maior parte de um reduzido promontório. Em uma das salas em ruínas, pouco importante em tamanho e dignidade, havia um considerável número de estátuas religiosas, figuras inexpressivas de sessenta ou mais centímetros de
A arte linear tardia dos micênicos chegou a Chipre junto com eles. Essa arte era recriada nos
desenhos humorísticos, quase extravagantes, da vida animal que se combinaram em Chipre com um esplêndido colorido.
RELÍQUIAS MICÊNICAS 20
22
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depois as fizeram desaparecer. Pode ser até que 0
curioso culto da tumba de Penélope, na Arcádia oriental, que é datado de muito depois, fosse muito
antigo e conhecido de Homero. Isso poderia explicar pelo menos os estorços de Ulisses, que andou errante por terra, levando um
encontrar um lugar onde
remo ao ombro, até
as pessoas acreditassem
Os que se tratava de um instrumento para aventar de grãos - ali ele devia realizar o sacrifício em honra meriia Gréc da o regiã única a era dia Arcá Posídon. mente| luta abso a estav a, époc la naque que, dional
Acima: Esta cena arcaica do cavalo de Iróta, que não aparece na própria Hiada, pertence ao pescoço de um
grande vaso de Mikonos de
cerca de 675 a.C., uns 50 anos depois da morte de Homero. Acima, no centro: Relevo em
pedra repleto de figuras; é uma fantasia baseada num poema épico pós-homérico
que trata da guerra de Iróia. Esta obra se encontra em
Roma e faz parte de uma
sólipouco conjecturas de Trata-se mar. “colada do
série da mesma temática procedente de uma só oficina.
nhos relatos que Homero pode ter conhecido. com estudado tenha que quer quem que É possível chegue a duvidar arqueológicas provas as seriedade para
Esquerda: A Baía de Navarmno
de estraindefinido mundo um todo existia mas das,
de que a guerra de Iróia tenha
acontecido,
ou,
conclusão à chegue polêmico, menos falar de modo guerra
nao uma mas Iróia, de guerras de que houve
Iróia, conheciam gregos os de Tróia. Com efeito, uma vez.
mais de destruída foi esta e. certamente, ela foi imensamente Bronze, do Idade a Durante ouro, desaparecido de tesouro famoso rica. e seu
Guerra Segunda a durante Berlim tirado de
após ser escondido ou desmembrado Mundial, te ndo sido Rússia, da ou oriental Europa em algum lug ar da
o encontrou Schliemann to c n a u q o d n admirou o mu
é o lugar em que se achava a Pilos clássica. Nesta área, a linha da costa mudou muito,
mas graças ao historiador
Lucídides sabemos como era no século V a.C. À Idade do Bronze nos é mais desconhecida; no entanto,
a magnifica construção
chamada palácio de Nestor, que domina a baía, foi na verdade o centro de um reino da Idade do Bronze.
Página segunte: Ulisses esteve separado de sua pátria por “muitos mares brilhantes e muitas ilhas sombrias”,
O
MUNDO
HOMERICO
em 1874. De Micenas e Cnossos foram recuperados objetos igualmente ricos e mais belos e comoventes. mas com quase nada de grandeza comparável.
Crescimento de uma lenda Em uma infinita série de readaptações, a estrutura
de uma história, como a dos contos populares, se fortalece, ao mesmo tempo que se debilita o fato central; a realidade continua a integrar-se no poema de outras maneiras, por exemplo, mediante metáforas, imagens e tensão dramática, mas a escala dos acontecimentos se altera totalmente. O herói sérvio Marcos, 0 Príncipe, foi na verdade um mercenário turco. A batalha de Rolando, em Roncesvalles, não foi demastado importante, se é que chegou a acontecer. O herói centro-asiático Dede Korkut é tão fabuloso
como Nestor, apesar de sua tumba ter sido identifica-
da e até não há muito tempo ocorressem nela curas milagrosas. Creio que no Sul da Rússia ainda existe uma estação ferroviária que leva seu nome. A estrutura da Ilíada e da Odisséia não dá frutos significativos
se submetida às análises que as tratam como obras
literárias sólidas. Aliada não é a história da guerra de Tróia. Sucede durante a guerra, que se estende no tempo para trás
e para a frente. A guerra é a situação, a paisagem e a condição da vida. Ambos sabem como terminará o conflito, e os heróis conhecem seu próprio destino. A força do poema reside nos detalhes e na linguagem, na súbita luz lançada sobre um personagem menor, na estranha beleza dos deuses, no efeito de versos isolados em seu contexto acumulativo, O instrumento dessa força é o próprio hexâmetro. O utilizado por Homero apareceu possivelmente na
Grécia oriental, mas já em tempos de Homero, no século VIII àa.C., tinha sido aperfeiçoado por muitas gerações
de poetas anônimos.
De fato, o próprio
nome Homero é um enigma. Não podemos dizer com certeza nem sequer que o autor da Ilíada e da Odisséia seja o mesmo poeta. Muito depois, anda se compunham poemas épicos e subépicos empregando o mesmo verso. Os chamados hinos homéricos são, com certeza, pós-homéricos (o último deles, de certo mérito, o hino a Pã, foi escrito provavelmente por volta do ano 500 a.C€.), embora conservem muitas características do poeta, o mesmo interesse pelos lugares, a mesma comcidência com a realidade e, em
certas passagens, bastante talento da mesma índole.
|
A moral épica
A genuína poesia clássica e popular se transmite de memória, e as adaptações, de cantor a cantor. Ela flo-
resce numa
sociedade ágrafa, e suas regras e tradi-
ções morais refletem o mundo moral de algumas so-
ciedades hoje quase desaparecidas. A honra preside tudo, e a riqueza equivale a um venerável prestígio. O príncipe protege seu povo e arrisca a vida. Os valentes morrem jovens. As regras da sociedade, como, por exemplo, o dever de vingança sangrenta € a superioridade da coragem física, são absolutas. Os heróis épicos são como soldados de lata com coração humano e inteligência de um menino. Para eles é impensável uma sociedade diferente. À magnanimidade é uma regra que se contrapõe a outras normas. Mas, depois, as sociedades mudam
sempre,
nunca
são totalmente estáveis. Na poesia de Homero, os heróis são quase livres: as leis podem ser sentidas como injustas, mas não podem ser alteradas totalmente. O final da Ilíada, quando Aquiles consente 58
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Os pequenos
bronzes arcaicos
de Delfos. de Olímpia cede muitos outros santuários menores
são
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parte
mais
vivaz
da arte grega: após cegar o gigante, Ulisses foge da caverna oculto pelo velo de um carneiro.
desenhada
ÀA mesma
numa
cena
vasilha de
Egina serve para ilustrar a sutil diferença de concepção que a mudança de meio impõe.
em entregar o cadáver de Heitor a seu pai, é de uma imensa força, precisamente porque se ressalta que a compaixão se Impôs às conflitantes normas da comunidade. A força da Híada resulta dessa tensão. Homero sabe, € seus personagens são quase conscientes disto, que o mundo da guerra de 'Iróia é aterrador,
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mnfernal; no entanto, o poema segue seu curso inexoravelmente. A poesia épica oral se vale de um vasto repertório de frases convencionais que se adaptam, conformando novas frases e versos. O estudo da maneira como reaparecem nos diz algo sobre como atuava a mente de Homero. O rei grego Agamenon diz: “Chegará o dia em que a sagrada Iróia perecerá”, e Homero, depois, utiliza de novo essa frase. Ele a põe na boca de
e
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Heitor, que parte para a luta sabendo que finalmente
—
morrerá. Até Aquiles sabe que deve perecer. Ele escolheu a fama e a morte em plena juventude no campo de batalha. Sem esse tom sombrio e sem a compaixão que um vingativo herói homérico deve mostrar, Aquiles seria mtolerável. Com a finalidade de que Aquiles manifeste compaixão, o pai de Heitor, Príamo, suplica que lhe seja devolvido o cadáver do filho. Não é de estranhar que seja difícil saber a origem de muitas das convenções homéricas. Pelas sagas norueguesas e pela poesia épica irlandesa e da Asia central, é possível comprovar que cada poema épico tem um longo desenvolvimento orgânico e que brota e perde folhas e galhos durante seu transcur60
so. Narra-se cada vez para um auditório diferente, e cada adaptação tenta dar sentido a um material
dado. Na Ilíada, há algumas contradições evidentes. Assim, por exemplo, quando o mesmo herói come abundantemente duas vezes numa tarde. "Tais contradições se produzem por causa das reelabora-
ções. Nem sequer sabemos com certeza em que momento foram escritos os poemas de Homero. O que parece ser privativo da obra homérica, em toda à épica que se conservou na literatura universal, é que tomou
forma
permanente,
supõe-se que escrita,
quando a tradição das composições épicas e de sua transmissão oral se achava indiscutivelmente em todo o seu vi gor.
e
A tradição da poesia épica, composta e transmitr
da de boca em boca, já não floresce quando existe
um público capaz de ler. No entanto, não é a
mente a escrita o que destrói a epopéia tradicional,
ou, pelo menos, não é algo que aconteça no tabs” curso de uma geração. Antes se trata da lei escrita, da nova organização social e de todas as transformá-
ções de uma sociedade humana em que está ope j ta a expansão da capacidade de ler e esc olharmos para trás, o mundo homérico nos fo
nebuloso. Ele se ergue no limite de uma prada
o definição. Tem um frescor e uma pureza am que os fazel sã à ATE
antoo, se devemos»alía 1€ da ciamos aos começos. No entant Justiça à idade obscura, devemos considera! «trelar ED como 7a estreli à não como sua estrela vespertina,
alva de uma nova época.
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O RENASCIMENTO DO SÉCULO VIII No século VIII, a colonização grega da Ásia Menor já havia se consolidado. Al Mina, por exemplo, na de-
Anfora Monum ental
procedente de Melos
(por volta de 625 -690 1,0), exemplo do estilo
sembocadura do Orontes,Já era um centro comercial, fundado por cubeus e explorado por Corinto, antes
orientalizante n à Pintur
de vasos.
do final do século IX. Durante esse século, os fenícios
começavam sua expansão pelo Ocidente, enquanto os gregos avançavam pelo Leste. A rivalidade entre os dois povos provocou uma batalha, que aconteceu na Sicília e não no Levante, já que os gregos se estabeleceram no Mediterrâneo central um pouco antes de dominar o Egeu. No Oriente, os estilos misturaram-
se, e o que chegou à Grécia continental foi assimilado quase sempre de forma adaptada ou impura. Estas influências transformaram totalmente a arte grega. lrata-se, ssmplesmente, da imagem posterior daquela extraordinária expansão, tanto intelectual quanto física, multiforme e repleta de invenções, que mantinha a Grécia em ebulição. O aumento da arte representativa em terras gregas é inseparável da expansão. É curioso que os estilos que identificamos primeiramente, em um momento tão remoto como é o século X, definam, em geral, os Estados regionais que surgiriam posteriormente: uns pela dominação de uma cidade, como Argos ou Tebas; outros, por uma política agressiva que acabaria em aventuras imperiais (Esparta, por exemplo); algumas formando ligas de cidades, como as doze cidades jônicas do Leste, que se
aliaram durante o século VIII; alguns por união livre,
sem uma cidade, como a Elide, ainda que nunca te-
nha faltado um santuário central. Os grandes santuários internacionais de Dodona, Delos e Olímpia
já existiam naquele momento. Eram o templo dos
oráculos ou centros de culto comum, o que implica, e talvez impusesse, certo nível de leis comuns e um só
idioma. Sabemos que antes de meados do século VIII já havia começado em Olímpia o primeiro dos quatro grandes festivais atléticos internacionais (os outros, no Istmo, Delfos e Neméia, adquiriram cará-
ter pan-helênico 200 anos depois). De certo modo,
os meses, Os anos e os festivais eram sincronizados em toda a Grécia.
Pintura, escultura e arquitetura
Ainda que durante a idade obscura as decorações pintadas tendessem a receber influências internacionais, os estilos, a princípio, eram regionais. Mesmo assim, as diferenças entre eles eram menores que as existentes nos estilos que apareceriam depois; sem dúvida, a queda dos modelos micênicos foi uma ca-
racterística comum. Um estilo submicênico semelhante surgiu isoladamente e por causas similares, em
um lugar tão afastado como a Sicília, se bem que com menos desenvolvimento posterior. No século VIII, a pintura e a cerâmica tornaram-se uma arte grandiosa na Grécia continental. Os enormes vasos de formas luxuosas que foram feitos então para os cemitérios atenienses tinham a altura de um homem ou mais. Suas decorações sóbrias e intricadas, nas quais se alternavam as áreas de cor ocra € a pintura em preto, eram feitas seguindo esquemas vigorosos e completos. A contenção e o rigor dos primeiros desenhos
62
geométricos, mais simples e vigorosos, constituíram
uma lição importante durante gerações, e talvez sé-
culos: neste momento, não foram esquecidas. A pintura grega nunca abandonou totalmente a tensão e a organização formal e geométrica dos séculos X e IX. Dentro de seus limites formais, a arte grega do século VIII possuiu um vigor impressionante e produtivo. É o período das primeiras figuras esculpidas de que temos notícias depois da Idade do Bronze: não só as pequenas imagens culturais de marfim, osso ou madeira, mas também algumas magníficas e enérgicas estátuas de bronze. A decoração das maciças trípodes de bronze dos deuses de Olímpia aparece vivaz e ágil, em ousado contraste com a pesada matéria, mas ao mesmo tempo exibe uma profunda identificação com
a solidez do metal, com suas bem definidas curvas e
suas longas linhas; as figuras individuais, de um cavalo, por exemplo, são modeladas rica e plenamente. As primeiras efígies de guerreiros olímpicos mostram
uma evidente influência oriental, e no santuário foi
encontrado um grande número de estátuas de bron-
ze importadas diretamente do Oriente. De fato, a re-
novação e a revitalização da arte grega começaram através de sua influência. Ainda não haviam chegado a influência da talha em pedra levantina, nem a adoção gradativa das elegantes decorações de mármore nos edifícios públicos, nem a trabalhosa adaptação da
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Dodona
é a localiza ção de um antigo e misterioso
oráculo de Zeus ( Rae que o mais antigo), na fronteira noroest E o mundo gr ego clás áS I sico. Fi1 ca
perto da Rofronteira atual entre a Grécia e a Albâ nia, alSUNS quilômetros para o interior, junto dos Montes Pindo. Segundo Homero, seus sacerdotes não lavavam os pês e dormiam no chão. Interpretavam os sons que o vento fazia em um grande carvalho. Existem muitas provas da grande atividade nos tempos do Bronze Tardio, porém nada evidencia a continui-
dade do culto. Isso não deveria nos surpreender. Na época de Homero, Zeus foi enaltecido ali junto a uma deusa chamada Dione. Também foram celebrados certos cultos a uma deusa subterrânea, e existiam estranhas crenças sobre uns porcos sagrados.
Os edifícios de Dodona eram poucos e pobres até a época helenística; a maioria das ruínas que se conserva é muito bela, e sua origem é tardia. O mais notável é o teatro, construído após a morte de Ale-
xandre, o Grande, no tempo de Pirro, rei do Épiro, recentemente restaurado. Sobre o teatro, encontra-
se a acrópole amuralhada. Na parte inferior, havia um estádio, cuja extremidade arredondada pode ser observada no centro da fotografia (abaixo). Supõe-se que Ulisses tenha visitado Dodona, mas era um viajante famoso. Parece que a maioria dos que consultavam o oráculo era de pessoas simples; recorriam a ele com mais frequência pessoas das áreas próximas e do distante Norte do que do centro da Hélade. O núcleo do santuário era a árvore sagrada.
A localidade de Dodona conserva
algo de sua antiga rusticidade e distância. As oferendas, até as
menores, raramente eram ricas ou
notáveis. Parte da cerâmica ah
encontrada provém do Norte, dos distantes Bálcãs.
Esquerda: Guerreiro de bronze que hoje se encontra em Berlim. É uma peça amavelmente feroz, mas que tem pouco a ver com
Zeus. Como a maioria destes pequenos achados, sua origem pode ter sido qualquer dos grandes santuários. Dos edifícios do santuário, só se conservam os alicerces.
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elegante e vivamente decorado, com um átrio colo eso Corinto em ados encontr foram Também nado. g1os das mesmas decorações geométricas achadas
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pequenas réplicas votivas, em uma escala maior « mais colorida, na decoração de um autêntico terapo As casas começaram a ser quadradas e eram construí. das ao redor da lareira. No entanto, as casas absidais e as de muros curvos não desapareceram ao Mesmo
tempo. E possível que em alguma das ilhas tenham
aparecido novamente técnicas de construção que, de
algum modo, haviam se conservado, como pode ter sido o caso de Naxos. Há aspectos sem resposta sobre o aumento da po-
pulação e da riqueza, bem como sobre as relações
com o exterior. A quantidade de objetos e estilos reco-
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em relativamente poucos anos. À princípio, tem-se q
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sensação de que, em cada estatueta de bronze, a relação entre o todo e as partes, bem como o equilíbrio de
Esquerda: Os grandes vasos comemorativos
como
este
demonstram sua relação com os funerais. Sua atmosfera não é diferente da das lamentações do finalda Híada: o mesmo acontece com sua data. Este
exeruplar marcava uma tava no
cemiterio
de
Atenas,
situado no caminho de Eléusis.
Abaixo: Esta tigela de bronze demonstra a considerável
influência da arte oriental na
arqaica gregas aqua, à arte forma e o realismo evoluíram paralelamente.
linhas e massas, foi elaborado novamente, como se
fosse a primeira vez. O mesmo se pode dizer das terk
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racotas, ainda que só de seus tipos e em muito poucos casos de figuras isoladas. Esta situação variou no deda dantra Acuariarâas mamanão Ana Da correa de uma gei ação. Às vai lações dentro de um estilo herdado são consideráveis e às vezes valiosas,
particularmente quando se trata de uma grande estátua
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sentido primitivo e a medida geoméseu dade perde Fi . y trica é suavizada.
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mente preferir, na história da arte grega, o notável período de adaptação que vai de 750 a 650 a.C.,nas estátuas de bronze, e de 650 a 550, quanto às figuras em mármore de jovens e meninas. Por outro lado, à evolução artística não havia chegado ao fim,já que as mudanças mais importantes na pintura ocorreram entre 550 e 450. As grandes estátuas de pedra são monumentos
funerários a pessoas reais ou oferendas aos deuses. Às esculturas de atletas nus que ocupavam os santuários ao ar livre, onde eram realizados os jogos, eram ao mesmo tempo retratos e oferendas. A grande cerâmi-
ca decorada da maturidade do período geométrico,
no século VIII, representa os monumentos funerários
de atenienses ricos e poderosos; em nenhum outro
lugar tais vasos alcançaram tamanho igual, nem tão esplêndido desenho. Acreditou-se que pertencessem a uma época caracterizada pelos carros de guel E mas estes só têm caráter heráldico no início
ateniense; pelo que sabemos,
nr
não eram usados € a
rante idade obscura. Vale a pena deter-se neste E
to,Já que houve uma tendência a considerar as cena [uncrárias destes vasos como muito primitiv as, como um eco do mundo heróico de Homero.
Grécia continental Jugares Na mesma época, em Atenas e em outros ade
algumas grandes famílias alegavam que suas AE linhagens tinham origem em antepassad
semidivinos, mas não há certeza quanto do
E
O RENASCIMENTO DO SECULO VHI
em que começaram a ser teitas estas considerações. No entanto, Os monumentos funerários representam
Eléusis
um papel importante na solidariedade familiar dos
grupos aristocráticos, não só por sua ostentação de ri-
queza material e generosidade, mas também por afirmações mais concretas. É fácil supor que o nascimento e o desenvolvimento dessas grandes famílias tenham acontecido duran-
tea idade obscura, porém o mais provável é que nessa
época não houvesse a possibilidade de que ocorres-
sem grandes di terenças
sociais. Com a chegada da ri-
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Elêusis, onde se encontrava o santuário de Deméter, fica na costa a leste de Atenas, no que seria um
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com leis escritas, os conflitos de
interesses familiares Uveram de assumir uma nova importância, Sabemos, de fato, que a distribuição da
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idílico lugar campestre, atualmente ocupado por indústrias. Foi uma localidade micênica e arcaica inicial; a continuidade do culto é perfeitamente
queza e da política das expedições coloniais e o surgimento de um Estado
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possível, até provável. Porém nada sabemos de uma
possível Deméter micênica. A maioria de seus santuários encontra-se espalhada pelos campos de toda a Grécia. Atenas incorporou Elêusis no início dos tempos
riqueza era, na Ática, mais desigual que em qualquer
outro lugar. Na história de Atenas, durante o século
VIH, não houve muitos triunfos. A população aumentou, ainda que no campo o tenha feito mais rapidamente, em parte, talvez, pela imigração. Porém no além-mar diminuiu a influência comercial ateniense, ao ponto de quase desaparecer.
históricos. O Telesterion, templo de Deméter,
bastante representativo dos edifícios do lugar com sua complexa história de reconstruções, desde M1cenas até a época romana.
O aspecto exterior dessa situação pode ser expli-
cado por uma derrota marítima, e Heródoto, três séculos depois, efetivamente menciona tal guerra e o fracasso. À situação Interna da Ática é mostrada cla-
ramente. ludo aponta na mesma direção. As grandes
famílias aristocráticas, com uma enorme influência
social e uma sólida base em suas propriedades agrícolas, apropriavam-se das riquezas do campo, possi-
velmente disputando-as entre si e, sem dúvida, em
detrimento daqueles que eram enterrados nas po-
A Argólida, planície dominada por Argos, era, em contrapartida, poderosa € aberta para O exterior. No
fim do século VIII, a fortaleza de Asma foi totalmente destruída pelo rei Eratos; a tumba de um jovem sol-
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central. A maioria das caldeiras de bronze ornamentadas com cabeças de touro que foram encontradas
no s ma a, it cr es ia ór st hi da os st po su es pr os ma confir les Sa . ão us nf co ha an tr es a um re or oc caso de Esparta S; gO AT ra nt co a rt pa Es de s ra er gu es nt ta ns mos das co art pa es ca mi râ ce da as rm fo as e qu a nd ai no entanto,
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dos deuses formavam um único código. O homérico Hino a Deméter, que se centraliza em Elêusis, é um dos documentos mais importantes de que dispomos — RE nn. sobre a religião antiga. Relevo de um dintel procedente de Elêusis.
dado dessa época revela a existência de um esplêndido capacete cônico, inspirado nos orientais, e de um Eu ropa da Os co m pa re ci do ca mp an ad o, corselete
a Crer a, íli Sic a é at s no me lo pe ou eg ch A olaria argiva e Egina, mas s lo Me de s ha il às e o nt ri Co a ta, a Citera, queologia ar a aí é At s. de da ti an qu s de an gr em nunca
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agricultura, do sexo, da natureza e
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monumentos funerários e o culto aos heróis, as pretensões das grandes famílias e sua posição no campo, em Menidi, Esparta, Koropi ou Anávissos, fazem parte da mesma situação.
Direita: Deméter era a deusa da agricultura, e o culto oferecido a ela em Elêusis baseava-se nos mistérios do ciclo natural de ressurreição e renascimento. Para os primeiros gregos, as leis da
O
nos, do século VIII. A poesia épica e as lendas, os
4
bres tumbas de Falero. O culto aos mortos heróicos
das tumbas micênicas, que começou em toda a Grécia por volta de 725 a.C., é outra questão. Cada clã venerava os ossos dos legendários antepassados, habitualmente em algum lugar campestre onde o clã possuísse terras. As provas de casos concretos desses cultos são tardias, porém as práticas datam, pelo me-
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na sejam de genuína origem nativa, sua decoração é
quase completamente argiva e coríntia. Esparta, “erguida junto às escarpadas montanhas”, como a conhecia Homero, não era, no final do século VIII, uma
potência comercial,
Os gregos no ultramar É uma antiga questão distinguir se foi a necessidade de terras, a instabilidade política ou os empreendi-
mentos comerciais o que lançou os gregos em direção ao Mediterrâneo ocidental: sem dúvida, uma respos-
ta única e exclusiva não existe. Os habitantes da Eubéia, na costa oeste da Itália, próxima do que atualmente é Nápoles, eram comerciantes. À cerâmica que comercializavam procedia de diversos lugares: Eu-
béia, Atenas, Corinto, Rodes, Creta; era etrusca, apú-
lica, fenícia e sírio-hitita. Entre os objetos encontrados nas colônias da Eubéia, apareceram selos do Norte da Síria, jóias egípcias e uma caldeira de bronze ornamentada com cabeças de touro. O volume das mercadorias mais exóticas é, a partir de então, muito reduzido, mas indica o ativo ambiente de um comércio feito a grande distância. Os artistas coloniais locais imitavam a cerâmica eubéia e coríntia. No Interior, desenvolveu-se um estilo local, no qual eram aplicados pássaros eubeus e losangos a todas as formas, sem considerar se eram nativas ou gregas. De fato, este estilo se estendeu por toda a Etrúria meridional durante o século VIII, seguindo-o depois uma versão local do estilo coríntio. Tróia havia sido ocupada por gregos, talvez de Lesbos, mas em colaboração com os de Rodes, antes de
700 a.C. É próxima do interior do Mar Negro. É pouco o que se sabe desta inicial Tróia grega, que foi des66
truída, em grande parte, para erguer-se, trezentos anos depois, um importante santuário. Sabemos que por um longo tempo Iróia esteve poten-
cialmente abandonada. Normalmente, os
arqueólogos afirmam que as ruínas estiveram desabitadas durante quatrocentos anos. " No Oriente, os gregos mantinham contato
Tripolitânia
AS CITE
com a Lídia e a Frígia, no Oeste e no Noroeste da
Ásia Menor. As amostras existentes de cerâmica deco-
rada em Sardes, na Lídia, não só parecem indicar
uma presença da Grécia no Oriente entre 750 e 725 cidades-Estado etruscas por vol a XL s lo cu sé a.C., mas também um estilo local que imita os semios e nt ra du ia éc Gr círculos ornamentais da cerâmica grega, que eram — “— povoamentos micênicos no findl $ povoamentos gregos nos séculos feitos com compasso no século IX ou no início do viIL. colônias do século IX a.C. Os frígios tinham uma cultura mais adiantada que a 5 colônias do século Vilo6. grega; suas tigelas de bronze e suas fábulas, bem |» colônias do século VilaC. como suas caldeiras importadas, ou feitas imitando as aC. VI o sécul do nias colô bornas ro tou de s eça cab ou ias sere com , % de Urartu colônia dórica O das, despertaram a imaginação dos gregos da Asia colônia jônica Ocidental. É possível que Gordion, a capital da | eólica ia colôn o | No l. rcia come ro cent nde gra um sido a tenh ia, Fríg sá fim do século VIII, as condições eram favoráveis parao — , colônia aquéia
comércio a grande distância. Por volta do ano 700a.C.,
colônia de aqueu-lrec
a ei lócri ia colôn o, nh se de no ia fríg ca âmi cer da ia uênc infl a houve cert aid am colônia dos pássaros e de outros animais que decoravamas ai pap + e pod se se Qua as. xim pró s ilha nas e s Paro em ras ânfo o feníci cial comer a mais m era não os greg nto qua cios fení o tant que r dize o que os tentáculos de um polvo oriental que buscava povoamento tempof ári [o] io tico. Radn â l a a t r d A o a í a p a m s u
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Asiris [23 folha de Platéia
Colonizações gregas entre os séculos IX eVla.C
En tre os séculos IX e VI, foram
muitos os gregos que se instalaram
no ultramar (mercadores, mercenários
destinados
ao EXLETIO!
ou colonos). No geral, não
tormaram colônias importantes em territórios de outros remos
existentes, como o Egito, à Assiria/Babilônia e as cidades etruscas. Houve
Intensos
povoamentos coloniais gregos nas
terras de maior qualidade da Sicília e do Sul da Itália, frequentemente a custa dos povos nativos,
pobremente organizados. As colônias do mar
maioria
Negro, em sua
milésias, eram pequenas
fábricas comerciais, com exceção da
grande povoação de Olbia.
o de ã ç o d a a e os iv at rr na s a m e t Os uma escrita alfabética
rária te li ão rs ve a m u r ui ss po de Enquanto Isso, e antes rceber al-
r a pe a ç e m o c s o m e d o p s, la de da maior parte s a m e u q s e 05 s o n e m ao ou , miliares
gumas histórias fa o ã ç a r o c e d na m e c e r a p a e das histórias familiares qu gu se e qu te ce pa ca m o c o ad dos vasos pintados. O sold s ri Pá é C. a. 0 70 de se en et so cr va m u em r e h l u m a m u ra exe, o n i n e m m u de o sassinat as O ? a n e l e H a pt ra que um de te an di da pa es a m su o c m e m o h m u r po cutado de o lh fi o , ax an tí As acaso r po ta en es pr re , to ul sécasal ad do m fi do e ns ie en at o t n e m g a r f m u em , to Is 08 Heitor? s o m e c e h n o c e R ável. ov pr s o n e m ce re pa culo VIII, de H eleos pt ra os rs ve di € raio, ) um m o c us Ze e dois os ciclopes a, pi ím Ol em ode, íp tr da s pé s do m u e od íp na. Em tr a m u r po m ta lu e qu os ad ld so Hérmagníficos o. ol Ap e es ul rc Hé r po s o d a r u t p a c do si r devem te
cules (é mesmo Hércules?) ataca as amazonas sob o
olhar de um pássaro indiferente em uma placa redone ae argila, parecida
com
um
escudo, de Tirinto,
orém a significação de alguns dos objetos orientais como uma lâmina de figuras de bronze de Olímpia, por exemplo, provavelmente foi tão obscura para os gregos do século VII quanto o é para nós. É obrigatório que todas as moças presas entre duas divindades aladas representem Helena conduzida pelos Dióscuuma se rvaobse es, taçõ esen repr s essa s toda Em ros? não e quas que iva inat imag e rdad libe e a nci abundâ IX. lo sécu do os estil dos poli € s roso rigo os iam promet emerge o com tal a, greg vida da a utur estr a toda Em
os pouc tem exis ga, anti mais ória hist da à meia-luz os mocert em que, s ente evid tão s, nte ina dom fatores a adoção é s dele Um s. bido erce desp sam pas mentos,
o tudo, sofre com ita, escr A ca. béti alfa ita escr de uma 67
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A breve primavera clássica da arte representativa grega foi uma simplificação decorosa, um Íreio a energia exuberante. O período arcaico, imediatamente antes de a arte chegar à sua perfeição clássica, e muito antes de suavizarse, crescer e perder a vitalidade, é repleto de uma clara energia. Seus procedimentos são
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O momento arcaico
audazes, e suas técnicas, ambiciosas: propõe-
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se a maravilhar sem oferecer soluções permanentes nem formas tranquilas e perenes. Parece sempre estar a ponto de evoluir para momentos posteriores da arte, até para o barroco. Iransmite uma consciência do valor dos materiais, particularmente do bronze, e da leveza das ferramentas: suas espadas e armaduras eram como custosas armas de fogo. Suas imagens expressavam coragem, audácia física e certa combinação de elegância e perigo.
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olerendas
depositadas em santuai LOS OU tumbas frequentemente eram de tamanho minúsculo, como a ânfora de vidro da direita. Porém às vezes ecra oferecido um vaso de tamanho maior que O habitual.
A grande cratera de bronze do
fim do século VI, encontrada em
VIX, apareceu no túmulo
mortuário de uma princesa gala,
nas proximidades do alto Sena,
sob a cidade pré-histórica ce Mont-Lassois. Este vaso, de 1,604 metros de altura, 208 quilos de peso e cerca de 1.200 litros de
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incorporados. Pelas letras que se
encontram atrás das figuras e que indicam sua posição, podemos supor
que o artesão era de
Esparta. O peso e a delicadeza da
cratera, à harmoniosa tensão do
desenho das serpentes e das Górgones e a triunfante simplicidade do corpo e seu
frescor e solenidade são quase msuperáveis. No entanto, como chegou a Mont-Lassols, não muito ao sul de Paris? Quem
viajou, o objeto ou o artesão? O bronze batido do corpo tem em alguns pontos apenas um milímetro de espessura: se viajou,
arcaica grega. Sete homens
deve ter sido transportado muito cuidadosamente. Sem dúvida, pode ter sido feito na Itália, mas,
ameaçadores ao redor do gargalo
também continha cerâmica áuica e
capacidade, € a principal obra da
arte lacônia e talves de toda a arte armados e sete carros desfilam
da cratera; são moldados em bronze, como as maciças cabeças de Górgone das asas, e 68
além de objetos etruscos, a tumba outros objetos suntuários gregos, entre eles uma tripode e um ornamento de caldeira.
Acima, direita: O vidro, que na Antiguidade sempre for um luxo e era usado sobretudo para fazer
bugigangas e ampolas de
perfume, nunca foi um material
importante para os artistas gregos. No entanto, durante O
século VIL a.C., existiam artesãos
do vidro que trabalhavam em
Chipre e Rodes e, talvez, em outras partes da Grécia . Como a maior parte dos vasos em
miniatura, esta pequena ânfora de 12cm de altura imita uma jarra de
vinho grega do fim do século VI. A atraente forma é alegremente
decorada e é de uma agradável aparência sem pretensões, em
contraste com a deselegância de muitas pinturas de vasos e da elíptica da época, com pretensões monumentais, Era uma modesta
oferenda para uma tumba, um gesto para sugerir o conteúdo de uma ânfora de vinho,
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oriental.
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parecem indicar uma data
próxima
semelhanças nas decorações em
a 600 a.C. O« apacete é
uma modificação do po coríntio Às éguas majestosas possuem
terracota cretenses da segunda
metade do século VIL. quando a
arte representativa de Creta era a
de mais alta qualidade na Grécia
e, em sua serena forma linear, taly ez a mais bela, Em contraste, o leão, para os cretenses um animal fabuloso, é um ornamento complexo, rico e altivo.
DO SÉCULO VII
ear
do Norte, que foi tornado 5 Fen iõ po ado dos fenícios sem quea saibamos exatamente onde nem por quem. De todas as escritas regionais gregas, o alfabeto cretense é o mais próximo do semítico, e é indiscutível a particular relação entre fenícios e cretenses, embora a primeira adaptação possa ter sido feita, facilmente, em algum
posto comercial da costa. É mais fácil determinar
a
data da introdução do alfabeto completo, já que a escrita alfabética em grego começa a aparecer somente em meados do século VIII. À introdução da escrita não só modifica nosso conhecimento atual do mundo grego, mas também mudou o conhecimento que os eregos daquela época tinham de si mesmos. O senti-
mento de que é possível dominar racionalmente o mundo e os acontecimentos nasce da descrição racional da forma como se comporta o mundo e dos fato-
res que influenciam. À escrita criou ou intensificou esse sentimento entre os gregos: inicialmente, nos mananciais mais profundos da moral e da conduta
humana; depois, no horizonte da história e da políti-
ca; e, por fim, na filosofia, na ciência e na religião. À
perspectiva no desenho, os fundamentos da medicina, os procedimentos jurídicos e a exploração e descrição de terras remotas são atividades possíveis somente no seio de uma cultura que conhece a escrita.
A religião Outro fator dominante do desenvolvimento do fim do século VIII se encontra na religião. É difícil determinar o início da história da religião grega. No entanto, as imagens são imediatamente reconhecíveis à medida que vão aparecendo: contam as mesmas histórias e personificam quase os mesmos valores que a literatura escrita fixará em data um pouco posterior.
No entanto, as imagens são mais solenes que em Homero e às vezes mais terríveis, ainda que até as cenas mais primitivas sejam executadas com um júbilo e
uma alegria muito distantes do terror. Os piores assassinatos são quase heráldicos; em sua ingenuidade,
são parecidos com os sonhos, assim como a descrição dos espantosos acontecimentos nos hinos homéricos. Dois centauros, por exemplo, derrubam uma figura humana, e esta os apunhala. Perseu decapita Medu-
sa... Porém se trata de oferendas ou agalmata, algo que agrada aos deuses; são objetos de prazer, como os brinquedos de crianças sérias...
Página anterior: Esta estátua
de bronze espartana datada de cerca de 500 a.C. foi
extraordinariamente admirada.
Seu restrito interesse escultural reside na forma abstrata
determinada pelo manto e no contraste das linhas,
simplesmente repetidas, na
Foi dito que o penacho que Grécia. tem na cabeça é da Magna Mas tais penachos aparecem has também nas figuras vermel vasos em , as en At de ra fo e, as átic com figuras negras.
de rosto ns ve jo s te Es : da er qu es Acima, | sica ás cl a oc ép da io íc in grave, do efígies
penacho, formalmente muito
), eram (por volta de 520 a.6. mármore, em es nt ue eq fr te an bast
saem do capacete. Porém a impressão que causa este
s. À mao õe ns me di as st ne s no me e não, segurava uma oferenda
representativa e durante vinte
é que Seja deus. O mais provável e não lo mp te um a da en uma ofer Esta
aparência, no estranho
eficaz, e nos longos cachos que
guerreiro espectral é imediata. rata-se de uma arte
e cinco séculos inspirou temor. O modelado, refinado e cheio de
movimento, tem uma qualidade excepcional e, na medida de meus conhecimentos, é
brilhantemente original.
ze, pelo on br em s ra ra is ma m poré mbolo de um sí o e, nt me el iv ss po
rário. um monumento fune entre às da ra nt co en i fo a estátu Pireu, onde do m é z a m r a do cinzas ra
á-la pa rt po ex e ss ra pe es se ez talv
manos Roma quando os ro (86 a.€.). o rt po o am ír ru st de
Acima, diveita: Ânfora ática de figuras negras do Pintor do Amanhecer, membro do grupo de Leagro. O nome de Leagro ário estava escrito de modo formul vasos em um grande número de do final do século VI,
especialmente 05 de figuras s ra vermelhas. Os vasos de figu das e negras, que na maior part m cenas vezes eram decorados co
nos parecem que, de certo modo,
guerras obscuras, extraídas das de Hércules, ra gu fi da ou as an mroi de possuem uma complexida ousados. os nh se de e l ra tu na a cena Esta estranha € dramátic uiles de Aq talvez seja o espectro ele fez em e qu o a tr ns mo de que de Tróia, as at pr as ar lt sa , vida ncial no onde nasceu um mana u à terra: toco lugar em que seu pé o. o famoso salto trotan
Evidentemente, a religião possuía um aspecto mais sombrio. O politeísmo corrige a si mesmo continuamente através da proliferação, e está sempre vivo e expande-se em seus cultos mais novos. Existem provas de que havia profetas e eremitas mais ou menos por ou nascimento de direito por seja profissionais, paimportante um desempenhavam que e vocação, pel na religião grega daquela época. Sendo assim, vale a pena mencionar que o mesmo estava acontecendo nesse momento em Israel. Também
existiam os santuários com oráculos, po-
Ainda começo. no só estava prestígio rém seu imenso
em tanto oferendas, das riqueza a assim, é notável data relativaDelfos quanto em Olímpia, em uma
próxiAtenas, de noroeste a Elêusis, mente remota.
no século certeza com povoada era já ma à cidade, como tal Deméter, a culto alto VIIL e era celebrado
toda a Grépor pouco um acontecia provavelmente mternaglória da provas das maioria a cia, apesar de No data posterior. de ser Eleusis por alcançada cional certeza um com é Deméter a fino entanto, o homérico
69
Kouroi e Korai Estas estátuas parecem pertencer à mesma família. Seu tamanho varia desde as miniaturas de marfim e
bronze ou dos pequenos ídolos de madeira até as pesadas figuras de pedra esculpidas em blocos, maiores
que o tamanho natural. Têm antepassados gregos no
século VIII a.C. e origens mais remotas no Egito e na Mesopotâmia. Suas proporções foram trabalhadas cuidadosamente, e em algum momento foram pinta-
das com cores vivas, apesar do pouco que sabemos delas; suas proporções também guardam alguns segredos. Na criação de cada estátua de tamanho grande, eram necessários cerca de seis meses. Podem
Esbelto garoto da Ilha de Melos (primeira da esquerda) que data de meados do século VI. É esculpido
em mármore de Naxos. As escavações da Melos arcaica
propiciaram obras de qualidade
situar-se entre 620 e 480 a.C. Eram recordações dos mortos ou oferendas aos deuses, ou estátuas de deu-
excepcional. Seu companheiro
em que se acreditou que certas estátuas, em particu-
da costa meridional da Ática. É
ses e heróis. Por volta do ano 500, houve momentos
lar, tinham poderes milagrosos. Dentro da precisa
referência de suas proporções, por meio destas figuras é possível seguir uma evolução fascinante, na medida em que adquire relevo o sorriso de seus rostos e a desenvoltura de suas linhas, separando-se, pela
evolução ligeiramente posterior do estilo. Foi encontrado nos campos
esculpido em mármore de Paros,
pedra branca sedosa e brilhante. Em Paros, desde o século VI, eram
feitos cofres de pedra em forma de figura humana para os fenícios, A figura maior (junto a estas linhas) corresponde a uma obra anterior, talvez do final do século VII,
proveniente, com toda a
probabilidade, da costa meridional da Ática. À linha do osso do pulso deste garoto de mármore de época antiga (abaixo) tem a exatidão
geométrica das tranças do cabelo, parecido com uma peruca (acima). Seus joelhos são como uma decoração abstrata. Esta bela análise geométrica dos detalhes do corpo humano também foi feita em suas partes genitais,
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primeira vez, as pernas. Não se trata simplesmente de sua precisa elegância, mas também de sua mecânica, do equilíbrio do peso e da resistência dos materiais.
(no centro) corresponde a uma
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dama que também segura uma
pelos persas. À Impressionante
depois da anterior. E esculpida
uma lâmina de chumbo. Deve datar do decênio 579-570, cerca de vinte anos depois da criação da
Atenas, destruída pelos persas.
sua precisa graça ornamental, o rosto e o cabelo e a beleza do corpo combinam-se para dar a impressão de uma alegria irresistível.
Gio PA
de Keratea, na Ática, envolta em
impressionante cabeça de calcário
da Hera de Olímpia. A rigidez das pregas do vestido confere certo dramatismo à figura, mas os cachos do cabelo, os finos enfeites de seu penteado e a fruta que tem nas mãos dão-lhe uma inegável delicadeza.
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Esquerda: Esta solene figura feminina segura uma romã e cuida do penteado das sacerdotisas. Foi encontrada perto
Acima: As imagens frontal e dorsal
em mármore de Naxos e era uma
das oferendas da acrópole de
Seu elegante vestido jônico, com botões nos ombros, parece falar de um mundo diferente, porém se
trata
apenas
de
uma
variante
local. Seu cabelo também foi delicadamente arrumado, ainda que de maneira inferior à outra. Abaixo, esquerda: Imagens
frontal e dorsal de uma das mais belas estátuas atenienses. Foi
esculpida no final do decênio
539-530 e também foi danificada
qualidade de sua roupa justa, com
Abaixo: Esta outra imagem
dorsal pertence a uma versão provinciana, uma velha dama, de pequena estatura, encontrada em uma tumba etrusca. Seu rosto é deplorável, porém é inegável a elegância geométrica da figura. E feita de gesso e tem restos de pintura e dourado. Sua parte posterior [oi parcialmente restaurada.
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olímpicos. O nome de Olímpia é citado e; N datas an. tigas. c em Homero já se faz referênci a ao mo Olimpo como morada dos deuses. É sabido que ia era o deus das nuvens e do céu, mas por que arde residência ficava tão afastada? Já que os nomes o
deuses eram em sua maioria mic ênicos e 0 de Ze
em particular, está muito ligado aos nomes dos deu. ses celestiais de toda a família lingiiística indo-e ” uropéia, pode-se deduzir que a escolha do monte Olim
po aconteceu
1.000 anos antes de 700 a.C. É muito
provável que o povo, qualquer que fosse, que coloni-
zou pela primeira vez o Olimpo com seus deuses tj. vesse habitado em algum momento de sua história no Norte da Grécia, junto aquela montanha. Por outro lado, o Olimpo pode ser visto do mar, e é provável
que a morada dos deuses tenha se instalado nas fronteiras setentrionais do mundo conhecido, do mesmo
modo que nos poemas homéricos se encontra apa-
rentemente em sua fronteira ocidental ou além dela.
Pode-se afirmar que o politeísmo grego do século
VHI constituía um sistema de adaptações aberto e desordenado. Não se criavam deuses novos com relig10es missionárias, a não ser que houvesse uma permanente receptividade para adotar os deuses das
fronteiras do mundo grego e uma constante identificação dos deuses estrangeiros com os nomesjá exis-
tentes. Astarte influenciou Afrodite: Artemisa é à senhora dos animais orientais; Éolo, o deus do vento,
toi uma adaptação etc. Porém tudo isso foi feito sem infringir a flexível coerência da mitologia grega. É impossível dizer, baseando-se no estilo, se as narrativas que aparecem em Homero são novas ou antigas. A consequência disso é que se tornou difícil distinguir as histórias sobre Micenas ou sobre povos distantes,
lema: dos
O Olimpo era à morada deuses, o lar de Zeus. deus
do céu resplandece
visto do mar
nte. Pode
e, à uma
distância, do Sul
os contos populares de conteúdo mágico e a antiga
sei
mitologia religiosa dos gregos e de seus vizinhos: to-
grande
das as narrativas eram contadas sob o mesmo céu be-
nigno e em uma mesma atmosfera de áspera alegria.
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Direita: Pé de uma
tripode de
bronze, olerenda feita em
Olímpia, bosque sagrado dos deuses olímpicos, junto do rio
Alteu, no Sul da Grécia, O combate representado na tripode é comumente associado a Delfos. Provavelmente, representa a
| origem mítica dos jogos,
Esquerda: Dama montada a
cavalo, figura de bronze de Olímpia; sua delicadeza contrasta com a força do pé da tripode.
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As artes do século VIII transmitem uma irresistível energia, um sentimento estimulante de que o homem controla, quase domina sexualmente, boa parte da natureza. Em Argos, há um fragmento de pintura que re-
presenta a domesticação ritual de um cavalo, aplaudi-
da por um coro de donzelas com buquês nas mãos, enquanto aparecem alguns peixes na parte inferior. E possível que esses peixes não signifiquem grande colsa, assim como as donzelas, mas pode ser que simboltzem a presença de Posídon, senhor dos cavalos, dos
terremotos e do mar; ou talvez se represente a prímelra domesticação mítica do cavalo. No entanto, de muttas representações de homens e cavalos emana o mess
mo espírito. Em uma pintura de Atenas, por exemplo,
um homem segura dois grandes cavalos; em outra, O mesmo homem está nu, usando apenas o capacete, O
cinto e a espada. Os cavalos, encilhados, são altivosé
com lon gas patas. À representação equestre mais ama-
vel de todas, e que também expressa com a mesma convicção o vigor do século VII, encontra-se em umê estatueta de Olímpia que representa uma dama nua
montada em um animal semelhante a um cavalo.
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PRÁTICAS RELIGIOSAS ARCAICAS A decisão de enviar colonizadores e a que lugares enviá-los, o comportamento a seguir em caso de uma emergência nacional e até as questões legais e constitucionais eram às vezes decididos pelo oráculo. Eram
como servidor do templo no santuário de Delfos. Sua missão consiste em varrer, regar e afugentar os pás-
rendas das famílias dominantes e dos Estados nacionais, alguns deles colônias de origem recente, eram muito ricas e se exibiam permanentemente numa espécie de diplomacia estática, de concorrência pelo
ro, Plutarco (cerca de 50-cerca de 120 d.C.) situa em Delfos um agradável diálogo. Em seu tempo, os sa-
questões mais políticas que religiosas, e esse eventual poder dos oráculos sobre a política se manteve até o século IV. Tanto em Delfos como em Olímpia, as ofe-
prestígio. Alguns dos torneios atléticos, pelo menos as corridas de cavalos e de carros, eram esportes de
reis. A medida que durante o século VII se afirmava a
idéia de templo como residência gloriosa da estátua
de um deus ao qual se tributava culto, as oferendas
nos grandes templos se transformaram em mais uma
forma de concorrência entre indivíduos ricos ou na-
ções poderosas. O mapa das cidades que faziam as
oferendas mais fastuosas em Delfos e Olímpia, no
mundo arcaico, constitui uma sugestiva indicação de
diversas facetas da história grega.
Delfos Delfos era um santuário de pastores situado numa antiga localidade micênica. Cresceu, durante o século VIII, no lugar em que brotava uma impressionante fonte dos contrafortes do Monte Parnaso e no sopé
de altos penhascos. Não há provas da continuidade do culto ou da instalação humana; a primeira cerâmica pós-micênica consiste numa série de fragmentos do século IX. O santuário fica numa encosta íngreme, e o estádio dos jogos píticos, um dos quatro grandes festivais atléticos dos gregos, está encarapi-
tado na montanha, mais acima. A totalidade do lu-
gar configura um teatro natural (o teatro artificial só foi construído no século IV). Mais de uma vez foi re-
construído no mesmo ponto o templo de Apolo, embora não tenhamos conhecimento de nenhum templo de antes do final do século VII ou começo do VI. As ruínas que hoje se encontram em pé, e que substancialmente são do século IV, foram construídas sobre algumas magníficas edificações do século VI. As colunas atuais, reconstruídas por arqueólogos franceses há cerca de 30 ou 40 anos, são simplesmente amontoamentos dos cilindros de antigas colunas, de diferentes datas. Delfos nos aparece como o santuário mais IMpres-
sionante da Grécia. Águias e pequenos abutres de cauda branca revoluteiam sobre ele; o manancial é ainda abundante e o enclave continua a ser um lugar
de peregrinação. Foi em Delfos que, no século passa-
do, os camponeses acreditaram que os primeiros tU-
ristas pertencessem a uma tribo pagá chamada dos
milordi: os descendentes dos antigos habitantes que regressavam para venerar suas velhas pedras. Em Ion, de Eurípides, um coro de peregrinos chega a Delfos e se maravilha diante dos monumentos. A obra teatral começa com uma cena que é um longo
monólogo. fon, filho bastardo de Apolo, concebido
numa caverna sob a acrópole de Atenas, foi criado
saros. A obra começa ao amanhecer, e essa cena, mais
que qualquer outra da literatura grega, confirma que nao nos equivocamos ao perceber em Delfos uma atmosfera especial. Posteriormente, em plena decadência do santuácerdotes são historiadores eruditos e cultos que res-
peitam seu santuário; a curiosidade intelectual e o
prazer estético brincam sobre a superfície das pedras, e começaram o turismo e o interesse erudito. Delfos havia tido um importante papel na história da Grécia, e ainda se podiam contemplar ali os restos de grandes monumentos históricos. Foi o maior e mais
rico dos oráculos de Apolo, pelo menos na Grécia
continental; seus únicos rivais estavam na Ásia e na Ilha de Delos. Os gregos chegaram a crer em determinado momento que Delfos, não Delos, fosse o cen-
tro do mundo. É possível fazer uma idéia de como era um santuário e oráculo de Apolo nas montanhas, sem tanta
importância política e não muito rico, visitando o de Ptoon, na Beócia, ao norte da planície onde ficava
outrora o Lago Copais. Diante do pano de fundo
das rochas, encontram-se um belo manancial, algu-
mas construções e o terraço para as oferendas.
Os monumentos de Delfos expressavam as rivalidades. Ambos os lados, nas grandes guerras do século V, ergueram ali monumentos comemorativos de suas vitórias. Nas guerras persas, o oráculo de
Delfos teve um papel ambíguo. O rei Creso da Lídia havia oferecido seu ouro a mais de um dos santuários de Apolo, e Delfos não se negava a aceitar a presença efetiva dos monarcas. Quando a grande família ateniense dos Alcmênidas foi expulsa de Atenas, manteve seu grande prestígio internacional reconstruindo o templo de Apolo, em Delfos, e competin-
do com seus cavalos nos jogos olímpicos. Uma das acusações contra Pausânias de Esparta, quando caiu
A oferenda feita pelo general espartano Pausânias depois da
vitória sobre os persas em Platéia (479 a.€.), tal como aparece num manuscrito turco, O monumento
comemorativo foi tirado de Delfos
e instalado no hipódromo de
Bizâncio, onde foi transformado em fonte no final da Idade Média.
em desgraça, foi a de que deu caráter pessoal à oferenda pela vitória na batalha de Platéia, mudando a
inscrição dela.
Ainda existe perto do templo de Apolo a base desse monumento. Consistia num alto pilar de bronze dourado formado por três serpentes entrelaçadas. No alto, as três cabeças olhavam para fora, e um tríode de ouro se apoiava sobre o nariz delas. Foi tira-
do de Delfos e colocado no hipódromo de Bizâncio, onde ainda se encontram os corpos entrelaçados das serpentes. No final da Idade Média, foi transforma-
do em fonte. Em seu interior, dispuseram tubos para
que cada uma das três bocas lançasse um líquido diferente. A coluna trançada só foi destruída no século XVIII, e a única coisa que resta das cabeças das ser-
pentes é hoje um fragmento, de aparência ameaçadora, que se encontra no museu de Istambul. Nero foi o primeiro a saquear Delfos, mas, antes dele, Roma já tomara tesouros gregos. Durante os dois primeiros séculos da era cristã, construíram-se os 73
PRÁTICAS RELIGIOSAS ARCAICAS
últimos grandes
e suntuosos
edifícios nas cidades
mais famosas do mundo grego; mas ao mesmo tempo iam desaparecendo as obras de arte. Em Delfos.
Herodes de Atenas, rico protetor dos sábios, cons-
truiu a fachada de mármore
do estádio no século TI
d.C.: e o teatro, o que é característico da história gre-
ga, foi restaurado no século II d.C. por um rei estran-
geiro, também sob o Império Romano. É difícil isolar o período mais inicial. Nenhum grande complexo arqueológico constitui a relíquia pura de um momento determinado do passado, e menos ainda Delfos, vulnerável aos deslizamentos
de terras, aos terremotos e à queda de rochas. Fre-
quentemente os monumentos foram reconstruídos e
transladados de um lugar para outro. A prova mais
significativa das reconstruções se encontra nas marcas das abraçadeiras nas pedras, marcas que podem
ser datadas. De fato, o trabalho decisivo com respeito
à datação de tais abraçaderas se realizou com relação
aos problemas das reconstruções de Delfos. Dos primeiros tempos de Delfos, temos alguns poucos bronzes e alguns alicerces, bem como as duas grandes e amáveis esculturas de Cleóbis e Bíton. A força e a ingenuidade dessas duas obras refletem uma época mais inocente que tudo o que apareceria muito depois de 600 a.C. O auriga de Delfos, de quem se disse pouco amavelmente que tem a expressiva inexpressividade do eterno cocheiro, perde muito por seu isolamento. Ele fazia parte de um impressionante grupo monumental; as grossas linhas verticais de sua veste e a r1gidez de sua postura são apenas mais um elemento, com as longas pernas dos cavalos, as grandes rodas
do carro e as altivas cabeças, do que foi um alto mo-
numento. Datado em meados do século V, expressa
força, desafio e vitória. De fato, ele se ergue no umbral de uma era de florescimento e desastres. As es-
culturas de Delfos que expressam mais vitalidade são anteriores. Pertencem a um período de transição, são imaginativas sem perder a dignidade arcaica e sugerem movimento sem que sua força diminua.
A Jlha de Sifnos desempenhou um papel pouco importante na história, mas tinha minas de ouro e de prata. Heródoto a considera a ilha mais rica e cita a existência de um edifício do senado e de um mercado de mármore. Mas o precioso metal se esgotou,
o mar inundou parte da ilha, e não foram achados
restos de tão magníficas construções. No entanto, em Delfos, o tesouro de Sifnos compete com vanta-
gem com os das principais cidades gregas. Em Delfos, havia dezesseis construções desse tipo, cada uma das quais expressava o prestígio de uma cidade-Estado; foram feitas para alojar as oferendas ao deus de Atenas e a outras grandes potestades. O templo não podia conter todas as oferendas, e as cidades-Estados preferiam guardar seus tesouros num só lugar. A concorrência pelo prestígio tinha raízes no sistema de honra e vergonha dos heróis homéricos, característico dos povos pouco desenvolvidos. Algumas das cidades eram governadas por reis ou tiranos. À riqueza não era, em sentido estrito, para ser usada, mas sua exibição, sim, era útil:
suscitava a benevolência do deus, garantia os favo-
res do oráculo, era um fator de orgulho nacional e
afiançava a posição internacional de Atenas, Sifnos e outros oferentes. O friso do tesouro de Sifnos foi feito por volta de 525 a.C., num período de evolução das técnicas escultóricas. Não é um exagero que nessas esculturas se veja a mudança em ação. 74
Olímpia A expressão mais característica da religião grega arcaica é Olímpia. Associada a um emaranhado de lendas, Olímpia era um pequeno bosque, um santuário
ao ar livre, com uma dúzia ou mais de altares distribuídos entre as árvores, algumas peculiares relíquias sagradas, uma grande riqueza em oferendas, bom abastecimento de água e uma grande extensão de terra plana apropriada para realizar competições atléticas. Na religião grega, o esporte tinha uma função semelhante à da escultura; daí que a escultura represente frequentemente atletas nus. Era um desdobramento de força e habilidade de uma qualidade
animal que podia comprazer os deuses; sua intenção
evidente é provocar seu prazer. Depois, sua essência era a competição, e da sociedade heróica em que
teve origem conservava a qualidade da principal re-
compensa: a fama, uma fama imortal e universal. Na
versão primitiva do pólo, que se pratica no Norte do
Afeganistão, em que uma cabra morta, cheia de pedras e inchada de água, é semi-enterrada e arranca-
da com a mão pelos cavaleiros que competem no jogo, o esporte tem uma função social similar; quem vence alcança fama para o resto de sua vida e obtém a consideração de herói.
Em Delfos, Creso, rei da Lídia, ofereceu enormes
vasos de ouro puro; mas Olímpia não foi um santuário de peregrinação como Dodona ou Delfos: tinha pouco poder político ou religioso. Era um lugar de encontro, como o eram também, naturalmente, e em virtude de sua localização, Neméia e Istmo, os outros centros esportivos internacionais. Em Olímpia, houve um oráculo de Géia e também, depois, um de Zeus, mas este logo emudeceu. A paisagem de Olímpia não é típica da Grécia, mas sabemos que, para o gosto antigo, era a mais bela do mundo. Seu
monumento central só foi construído no século V: o
colossal templo de Zeus, de estranha forma, que ainda não foi restaurado, e que é mais impressionante
em suas ruínas que qualquer de seus rivais mais bem
conservados. À estátua criselefantina de Zeus, obra
de Fídias, era de tamanho considerável. Alguns escritores antigos disseram que esta estátua acrescentava algo à compreensão humana dos deuses.
Olímpia fica numa curva do Alfeu, um rio largo e
caudaloso que desce das montanhas da Arcádia. Em Olímpia, esse grande caudal de água inicia sua penetração na fértil planície costeira. Em algum momento, ele deve ter separado os pastos de montanha dos da planície, bem como o mesmo rio separa a Élide de Irifília e do antigo reino de Nestor, em Pilos. Segundo as primeiras notícias que temos de Olímpia, esta se achava sob o domínio de Trifília, presumivelmen-
te porque os pastos nas margens do Alfeu eram seus. No Inverno, das ruínas se vislumbra a neve dos montes da Arcádia, e do monte mais próximo se vê o mar. Hoje, na estrada que adentra o Peloponeso, Olímpia assinala o final da ferrovia e o começo das monta-
nhas, e, no inverno, o limite entre a carne de carneiro e a fruta abundante, por um lado, e a carne de porco, por outro.
O altar de Zeus era feito das cinzas de seus antigos
fogos; finalmente se transformou numa grande construção com escalões e um núcleo central alto, mas, dado que não era mais que cinzas solidificadas,
na idade média foi arrastado pelas inundações do Alfeu. O lugar todo ficou recoberto por três metros
de terras aluviais, e transcorreu muito tempo até ser
identificado. O altar de Zeus não deixou vestígios re-
Abaixo: Cabeças de Marfi encontradas em De lfos:
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daquela; mas, em contrapartida, já é notável.
A oficina em que Fídias fez a estátua de Zeus anda
se conserva em ruínas; é uma igreja bizantina tam-
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bém em ruínas. Uma taça marcada por Fídias com seu próprio nome foi encontrada nesse lugar, bem como alguns dos moldes da roupagem da escultura.
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Entre os pequenos achados de Olímpia mais interessantes, encontram-se as terracotas, as decorações arquitetônicas coloridas, procedentes principalmente
da fileira de tesouro das cidades, situadas num terraço, sob o Monte Cronion, numa extremidade do santuário. As cores não são vistosas, e, de fato, alguns dos melhores exemplares, da oficina de Fídias, são de cor tostada e negra. Não obstante, como desenho
arquitetônico, sua audácia e simplicidade são espantosas. À grande estátua em terracota de Zeus raptando Ganimedes está perdendo rapidamente o colorido. Por sorte, foi fotografada pouco depois de seu achamento, quando as cores se conservavam com todo o seu vigor e riqueza. Convém a esta altura dizer algo sobre o Hermes de Praxíteles. Não há nenhuma dúvida de que essa famosa estátua é uma falsificação, uma cópia feita durante o período romano. Mas os arqueólogos sabiam que Pausânias havia mencionado um Hermes
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conhecíveis: a única possibilidade reside em encon-
trar um lugar onde houvesse espaço para ele. Com efeito, os monumentos de Olímpia não foram tão transladados como os de Delfos, embora alguns tenham sido reedificados. No século V, deve ter sido
difícil encontrar um espaço adequado para o grande templo de Zeus, já que os lugares de bom número de monumentos mais antigos ficam próximos dele. De fato, parece que ele foi erguido sobre uma construção preexistente, dado que entre seus alicerces apareceram fragmentos de uma construção jônica. As inundações que alagaram Olímpia conservaram fragmentos dispersos de valiosas obras, bem
como alguns poucos monumentos históricos. Nas aluviões do rio, confundem-se as choças redondas do período obscuro com os restos micênicos. Os melhores bronzes iniciais, os elmos oferecidos após
guerras legendárias e uma maravilhosa tigela de ouro qual romã partida ao melo, que agora se encomntra em Boston, são os troféus salvos das inundações. Também o são as esculturas dos frontões do templo
para os hisde Zeus, que suscitam alguns problemas que se quio diga-se entanto, no arte; da toriadores
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Não se na energla. imensa uma possui mármore, Ei, benevo sorriso um com culto de de uma imagem dessas Enrsánias mitologia. da deus te, mas sim do do pa começos OS perceber possível é estátuas sudo como bem humanas, do caráter e das emoções fegeno rapidamente tão que gestivo naturalismo quao pétrea tão é membros dos rou. A harmonia , to en ol vi lé ba um mo co é a ad tal, e a ação imobiliz
de Praxíteles,
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1877, o entusiasmo era explicável. Trata-se de uma cópia excelente, e a concepção é correta, mas idealizá-la seria uma falácia; é de gosto um tanto fácil. Mais uma vez, é melhor utilizar as velhas fotografias, já que a figura foi danificada ao ser transportada do velho museu para o novo. Em Olímpia havia grande número de estátuas de vitórias; posteriormente, houve estátuas políticas, e a maioria dos artistas mais notáveis do melhor período trabalharam al. No entanto, de todas essas obras de arte, quase só se conservaram as bases com suas inscrições e a orelha de um touro de bronze. Os quatro cavalos da catedral de São Marcos, que chegaram
a Veneza como produto do saque de Constantinopla,
começaram sua viagem em Delfos ou Olímpia, talvez em Corinto, ou em Quios.
Mas refletir entre as ruínas quase nunca leva a meditações muito penetrantes, e a contemplação da pilhagem a que foi submetido o mundo antigo, particularmente quando visto fora de seu contexto, produz uma tendência a desvirtuar os julgamentos históricos. Entre as provas mais significativas acerca dos gregos arcaicos, contam-se numerosos fragmentos da literatura escrita, as cidades em que começavam a viver, suas leis e instituições e o âmbito geográfico, sempre em expansão, de suas atividades.
Delfos se achava oculto entre as montanhas, e Olím-
pia era uma cidade sagrada sem população permanente. De fato, nunca houve ali cidade alguma até
um momento posterior de sua história, e, quando se
construiu uma, houve grande resistência a ocupá-la,
preferindo-se a vida rural arcaica. Isso se deveu, talvez, ao fato de a água, com todos os seus benefícios,
ser relativamente abundante na Elide. O templo de
Zeus é o monumento de uma transição social; foi o primeiro ato de afirmação da primeira democracia
da Élide, e é interessante que tenha sido construído em Olímpia e não em Elis.
ARCAICAS
PRÁTICAS RELIGIOSAS
Delfos
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O oráculo de Delfos tinha um santuário de dimensões bastante reduzidas situado na pronunciada endo costa de um relevo montanhoso, sob os penhascos
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e do Golo mar, na costa nort Parnaso, algo afastaddo
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fo de Corinto. Foi construído junto a um manancial que brotava em dois lugares do sopé da montanha.
Os micênicos conheceram esses mananciais, mas Delfos não foi habitado permanentemente. O orácu-
lo adquiriu importância com rapidez durante o últi-
mo período arcaico. As cidades gregas buscaram seu conselho antes de empreender expedições colonizadoras, e Delfos alcançou renome ao serem estabelecidos ali os jogos píticos de 590 a.C. Durante a época clássica, o santuário tinha monumentos que competiam em altura para oferecer-se à vista. Assim, não surpreende que frequentemente fossem danificados pelos terremotos. Do ângulo sudeste do temenos ou recinto, a Via Sacra serpenteava
montanha acima, passando diante dos tesouros das cidades-Estados gregas e dos monumentos erigidos para recordar vitórias e grandes acontecimentos, até chegar ao templo, ao próprio oráculo e ao terraço superior. No santuário, tal como se conserva hoje, o teatro é um acréscimo posterior (século IV), e a restauração das colunas do templo de Apolo é particularmente superficial e pouco autêntica. E difícil, mas necessário, relacionar o maravilhoso e complexo conteúdo do museu de Delfos com as pedras e os ossos do exterior.
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Nesse remoto lugar, amontoaram-se as obras-pri-
mas de muitas gerações.
Acima: Colunas restauradas do
templo de Apolo. Diante delas, foram erguidos o altar e os monumentos, que incluíam o
trípode de Platéia. O templo arcaico, construído pelos
Alemeônidas exilados de Atenas,
toi destruído por um terremoto
em 373 a.C. Foi reconstruído
com a mesma planta,
Acima: Esta oferenda deve ter sido
impressionante quando foi feita, por volta de 475 a.C., na primeira fase da arte clássica. Deve-se imaginá-la erguendo-se sobre sua base, com o esbelto auriga em seu carro ligeiro de grandes rodas, puxado por cavalos de pernas longas e cabeças finas. Os carros € a criação de seus animais de tiros eram um sinal de magnificência.
Direita: O tesouro de Sifnos representa uma riqueza fugaz: deixou de existir quando as minas de ouro daquela ilha foram inundadas pelo mar. Mas as esplêndidas decorações de mármore (por volta de 550 a.C.) desta construção, pela finura das proporções e da execução, bem como pela inquietante alegria de sua concepção, contam-se entre as obras-primas da idade arcaica. Este fragmento representa uma batalha dos deuses contra os gigantes.
Esquerda: Templo circular
ou tolo, muito restaurado e muito danificado pelos terremotos, situado fora do
recinto de Delfos. 70
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PRÁTICAS RELIGIOSAS ARCAICAS
ponto culminante da arte
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Esquerda: Esta esfinge é O
arcaica. Seu sorriso é quase
impessoal; suas linhas,
perfeitas. Sua feitura durou muito tempo: dias e
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incansavelmente a estátua,
atritando pedras mais duras a ela. Mas seu triunfo
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perdurou. Procede de Naxos, um dos primeiros berços da escultura grega, é
Direita: Esta cariáude tem a graça mais pesada, quase
deselegante, de um projeto mais ambicioso. Sustentava
o átrio do tesouro de Sifnos,
e seu objetivo era
impressionar e surpreender.
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recinto do santudrioDO
sala de Cnido
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O oráculo
de Apolo
Direita: Pergunta escrita
entregue a um oráculo, Atualmente
se encontra no
Antikenmuscum
de Berlim.
A importância dos oráculos nas sociedades que chamamos primitivas” é inseparável de sua religião, estrutura social, unidade e sobrevivência. Dos oráculos dependiam muitas decisões humanas acerca da saúde ea doença, da guerra e da paz, das colonizações e
das migrações, dos crimes é das penas. Os santuá-
rios dos oráculos eram lugares de sumo prestígio internacional em que uma grande oferenda, ou a construção de um templo, davam a quase certeza da imortalidade pessoal ou, no caso de uma cidade, da grandeza imperecedoura. Quem se lembraria dos habitantes de Sifnos se não fosse por seu tesouro de Delfos? Como puderam espartanos e atenienses suportar a visão dos monumentos alheios em Delfos ou Olímpia? Os grandes santuários dos oráculos gregos eram de início muito pequenos, ficavam habitualmente retirados no campo e tinham devotos locais, possivelmente pastores transumantes. Delfos é essencialmente um santuário de pastores de montanha, como Dodona e Ptoon. Há muitos mais. As mais anligas referências às respostas dos deuses às perguntas que lhes eram dirigidas estão inextricavelmente mescladas a narrativas populares e elaboradas lendas de todos os tipos. O poder dos oráculos era possivelmente menos espetacular do que se costuma pensar. No entanto, eran lugares sagrados: o símbolo essencial da unidade dos gregos. As festividades internacionais se desenvolveram nos santuários dos oráculosjá existentes. Em sua última etapa, os oráculos encarnavam a sabedoria tradicional consciente dos gregos, a destilação final do que se pensava que deviam ensinar os deuses. Os conselhos vagos e inocentes do deus de
Delfos foram copiados e novamente copiados por toda a Ásia, em tabuinhas de pedra, até os limites da Rússia e do Afeganistão. Os próprios santuários eram lugares de peregrinação e centros de estudos ainda durante o Império Romano. No final da Antiguidade, em muitos dos santuários dos oráculos se tinham levantado igrejas cristãs, mas, uma vez rompida,
a
tradição da sabedoria dos oráculos nunca mais revi-
veu: havia desaparecido a sociedade que a nutrira.
* oferta de tesouro a Delfos
oferta
de tesouro o
* localização do oráculo
esc 1: a 12.0l00a000 400km 0
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78
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Acima: Apolo [az sua oferenda. Hermes, o mensageiro, acha-se de pé atrás dele, e sua irmã Artemisa, tão elegante quão majestático é Apolo. em frente. Quem vem depois dela é possivelmente a sacerdotisa pítia. Artemisa verteu um
líquido no recipiente de Apolo, e este o verte sobre o ônfalo, a pedra umbilical de Delfos, que
era o centro da terra, Esta mterpretação de Delfos é
clássica e ateniense, mas vaga;
apenas transmite a grandeza dos deuses e o fato de que a própria terra é ainda mais velha e mais sagrada que eles.
Direita: Terracota que representa
o ônfalo, procedente de Delfos.
Abaixo, esquerda: Lugares dos
oráculos e dos oferentes dos tesouros de Delfos e Olímpia.
Abaixo: Pouco depois da vitória de Maratona, em 490 a.C., os atenienses construíram este
esplêndido tesouro de mármore, atualmente restaurado, para
guardar as valiosas oferendas de
Atenas a Apolo, em Delfos.
Página seguinte: Representação
clássica do oráculo de Apolo,
em Delfos, num vaso ático do século V. Mais uma vez, não há
intenção realista. Os desenhos
antigos mais realistas que se conservam do santuário de Delfos são confusos, pouco
verídicos nos detalhes. Este, pelo
menos, dá uma idéia do que sentiam os gregos por seu oráculo e por seu deus. Os
detalhes não devem ser aceitos literalmente: os atenienses só podiam levar a sério os oráculos
adornando-os de poesia.
79
ARCGAICAS
RELIGIOSAS
PRATICAS
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Olímpia era um santuário, um bosque sagrado chamado Altis, no campo despolitizado do Sudoeste da seu nome dos deuses olímpicos, e o monte que o do-
a
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Grécia, às margens do caudaloso Rio Alfeu. Recebeu
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minava pertencia a Cronos, sua mãe.
pai de Zeus, e talvez a
Por volta do século VIII, Olímpia tinha se transformado num lugar sagrado imensamente rico e poderoso e no centro de um festival internacional grego de jogos atléticos. O santuário foi reconstruído com dificuldade, tendo sido necessário desenterrá-lo das aluviões com que o tinham sepultado as inundações de Alfeu. O altar de Zeus, feito de cinzas, se desinte-
grou totalmente, mas se conservam as ruínas colossais de seu templo, construído no século V.
Em Olímpia se rendia culto aos heróis, seres humanos legendários de linhagem divina, e também aos deuses. No final, os próprios atletas chegaram a parecer semidivinos.
Abaixo, esquerda: Os deuses
de seu significado. O ouro nu nca
perde o brilho, mas infelizmente terracota pintada de Zeus (a ab esquerda) se descoloriu a partir do
recebiam as oferendas muito deleitosamente. O brilho que caracteriza muitas das pequenas
oferendas tem relação com esta intenção de deleitar: são os
momento em que foi encont rada
por causa da exposição à luz.
brinquedos dos deuses. Zeus portador de Ganimedes
Abaixo: ao longo do lado sul do
agradável desse teor.
no mesmo lugar em que caíram
comemora um episódio
templo de Zeus, as colunas jazem
por causa de um terremoto do século VI A.C.
Acima: Esta tigela de ouro fino,
que atualmente se encontra em
Página seguinte, acima: Panorâmica da localidade de Olímpia, na ribeira do Alfeu, com o Monte Crônio, cônico e recoberto por um
Boston, é um ex-voto corínio
oferecido pelos filhos de Cipselo, tirano de Corinto, por volta de 600 a.€. O rico e brilhante
bosque, na margem norte.
colorido destes objetos [azia parte
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PRATICAS
RELIGIOSAS
ARCAICAS
Abaixo, esquerda: O velho
absorto na meditação procede do outro frontão do templo.
E um profeta: prevê o trágico
resultado da legendária
corrida de carros que está prestes a começar.
Os profetas,
por herança familiar,
desempenhavam ainda um
importante papel na vida grega
na época em que se construtu O
templo.
Abaixo, diveita: As altas figuras de pedra do frontão ocidental do templo de Zeus
loram restauradas a partir
de numerosos [ragmentos e
provocaram muitas controvérsias eruditas. O centauro leva uma mulher da legendária tribo dos lapitas durante a festa nupcial de Piritoo, filho de Zeus. O casamento terminou numa
batalha, na qual triunlaram os lapitas. No século IT d.C.,
Pausânias deixou registrado que a figura central dominante do lrontão era Pirítoo. Seu relato se baseia, simplesmente, em Homero. Os helenistas preferem tomar o personagem desta escultura como Apolo, dado que leva um arco, Existe
a possibilidade de que seja o
juvenil e imberbe Hércules,
outro filho de Zeus, de alguma importância em Olímpia, o qual também se valia de um arco e igualmente derrotou
os centauros. Se é assim, trata-se
da mistura de dois relatos, uma nova versão do mito,
Os deuses
do Olimpo Os grandes deuses são doze, mas nem
sempre,
nem
em todas as partes, eram os mesmos doze: alguns deuses interessantes e de importância nunca se uni-
ram a estes, e alguns dos doze têm múltiplas personalidades. Os deuses que mostramos aqui são, pelo menos, representações autênticas dos autênticos
doze da Atenas do século V. Cada cidade-Estado tinha seu próprio patrono ou patronos, que deviam ser afagados e aplacados; um agricultor tinha de fazer oferendas a Deméter para conseguir uma boa colheita, e um marinheiro a Posí-
don para que sua viagem fosse feliz. Também havia
inumeráveis deuses menores, e, no campo, Pã e as ninfas eram importantes. Em tempos posteriores, ganharam popularidade os “mistérios”, as filosofias mais pessoais e outras deidades estrangeiras, como Cibeles, da Ásia Menor, Ísise o greco-egípcio Serápis.
Direta: Ares É O menos
comun
dos grandes deuses. Só tinha um templo no « ampo, e seu culto
quase
anda
não exis emti Atena as,
que o conselho supremo de
Estado, o Areópago,
recebesse o
nome de seu monte. Este procede da Tódi etrusca.
Ares Ares «
um deus da guerra, mas em
Atenas
cera Atena
desempenhava Íbaixo,
Esque
que
vive
este papel
pda:
rima de Apolo, nos
quem
MM tomisa,
é uma
bosques
caçadora e
nos
montes entre suas nimlas; é uma
deusa de iniciação. Era também Hécate, deusa da morte, es INLEVEsSsAva
pe
los
partos,
embora
tosse virgem, À Lua lhe pertencia Ihaivo,
() deus
dente
dos
Possidon
terremotos,
ce dos cavalos.
da
do
Hal
Esquerda:
Demeter
é à deusa dos
cereais, Seu luto pela filha perdida traz o inverno: quando
recupera, chega a primavera Deméter
estava imbricada
a
nos
rituais de morte e resurreição,
em
Eléusis, onde seus mistérios
toram, talvez, a concepção mais augusta da religião grega. Direita: Atena é a deusa
principal de Atenas. Parrona dos jovens e dos valentes,
protetora da cidade e de todas as artes e do artesanato, também
ca deusa da guerra.
No centro: Zeus é o deus supremo, cujo trono está no Olimpo. É o
deus do céu, de suas tempestades e de seus raios. O dono dos
destinos, ou quase, ministra
Justiça na terra e no céu mediante violência. Sua melhor
representação se acha em Ésquilo
e em algumas raras esculturas.
como
esa.
Abaixo: Hermes é O mensageiro
cima, esquerda: Apolo é o
de gado e dos pastores do trangúilo mundo rural.
quanto qualquer dos deuses. Em
modelo da força juvenil. É tão apaixonado, poderoso e perigoso
dos deuses, o que guia as almas ao Hades, e o deus dos criadores
suas origens c em sua natureza
essencial, era um deus de pureza
ritual que evoluiu ao transformar-se num deus dos oráculos.
Esquerda: Heva é a esposa de Zeus
e seu primeiro e último amor, mas ele não lhe erva fiel; poucos deuses
o eram. Hera tinha seu próprio templo em Olímpia (muito antes ce meados do século V, quando
Zeus teve o seu) e outro, magnífico
e muito antigo, em Argos.
Abaixo, esquerda: Afrodite,
a deusa do amor, surgiu dos mares quando estes receberam o
sangue
e a semente de uma
geração divina, anterior e mais
obscura; mas no século V, até em Homero, Afrodite é uma deusa
travessa e felina.
Abaixo, centro: Héstia, deusa do lar, Unha um papel muito antigo, mas uma personalidade totalmente obscura. No friso do Partenon, seu lugar foi ocupado
por Dioniso, deus do vinho.
A partir das festividades orgiásticas deste, nasceu e se desenvolveu o teatro grego.
Abaixo, diveita: Hefesto é O deus ferreiro. Em Atenas, estava
muito ligado a Atena, deusa de todos os ofícios. Na mitologia,
Atena inventou a trombeta de
metal e pôs um freio de metal no primeiro cavalo, razão por que
o trabalho dos metais não lhe era estranho.
O NASCIMENTO DAS CIDADES-ESIADOS As primeiras leis Parece que as primeiras leis gregas foram formuladas de dois modos. Um deles era similar às leis ri-
tuais da Bíblia: “se um homem faz isso ou isso outro. sofrerá 1sso e Isso outro, mas, em tal circunstância,
então será tal”, estilo que supõe um legislador ativo
e uma infinita série de adaptações a um princípio geral. Esse é o estilo das leis de Gortina, em Creta. Trata-se de um código legal completo escrito no século V, mas que data de muito antes. O outro estilo deve sua forma à linguagem mágica ritual que sobreviveu longamente na formulação de epitáfios e maldições. Era uma linguagem completa, porque num ritual não é possível deixar nenhuma possibilidade ao acaso. As anuais maldições rituais de Teos,
na Ásia Menor, adotam essa forma, muito parecida
com o antigo “serviço de cominação”, que ainda se
conserva no Book of Common Prayer da Igreja da Inglaterra: “Quem quer que exerça uma magia perversa contra os habitantes de Teos, contra a cidade ou
contra um qualquer entre eles, que receba a morte Junto com a estirpe. Quem quer que perturbe a importação de cereais por qualquer meio ou ardil, por terra ou por mar, ou que exporte os cereais importados, que receba a morte junto com sua estirpe.” Na promulgação ritual das leis constitucionais da colônia de Cirene, no norte da África, fundada por Aris-
tóteles de Tela (Bato 1) por volta de 630 a.C., fez-se uma cremação ritual de bonecas de cera. A fórmula
totalizadora, com suas origens mágicas, finalmente,
por sua tendência às definições equitativas e exausti-
vas, transformou-se na linguagem das leis democráticas posteriores, embora também se conservassem as cláusulas penais condicionais. Quando a linguagem escrita era recente, a missão de anotar as leis estava em mãos de um funcionário sagrado. As velhas leis eram sabidas de cor ou eram princípios gerais, como os provérbios. Com a escrita, a elaboração consciente das Instituições legais começou a ser um processo contínuo, o que aconteceu com mais lentidão do que se poderia supor. As leis de Sólon, em Atenas, foram escritas depois de 600 a.C. (vide páginas 92-93), e as da recém-fundada cidade grega de Massalia, a atual Marselha, foram registradas publicamente muito pouco antes. As leis de Dreros datam talvez do século VII, e as de Quios, aproxi-
madamente de 575 a.C. No final do século VI, em Afrát, Creta, um alto funcionário codificou as leis, aparentemente pela primeira vez, junto com um escriba e um recordador. Existem alguns fragmentos
legais do século VII, mas não passam disso. Sem dú-
vida, as grandes cidades cretenses redigiram suas
leis, mas muitas das inscrições devem ter desaparecido. E sugestivo o fato de que a constituição de Massa-
la se tenha conservado, aparentemente com poucas mudanças, até o período romano, mas seu caráter rígido e oligárquico subsistiu, talvez, devido às condições relativamente duras da vida colonial e por causa do isolamento. Tanto o poder econômico como o Jurídico estavam inalienavelmente concentrados nas mãos de 600 latifundiários hereditários. 54
O mais extenso código legal arcaico de que dispo-
mos é o de Gortina, do Sul da Creta central. Está
inscrito com letras esplêndidas numa série de magníficas tabuinhas de pedra que se conservaram na margem
de um
canal pertencente a um
moinho,
onde foram encontradas no século XIX. Parece que tinham estado na base de um teatro construído no século Ta.C., que deve ter sido erguido sobre as ruínas do prédio de um tribunal ou de um conselho. Restam 600 linhas da inscrição. Sua data provável se situa no começo da segunda metade do século V. Mas as próprias leis são anteriores, e as mais antigas datam provavelmente do século VII. Indicam uma clara divisão de classes: os cidadãos livres, os escra-
vos domésticos, Os servos e os escravos. Os vínculos
lema:
Esparta
esta
que ligavam a um € outro grupo, que garantiam sem problemas a herança da terra e assumiam as tensões das inevitáveis mudanças sociais, eram flexíveis é complexos.
juntoà
cabeceira de uma extensa planície Iuvial protegida po
espetaculares barreiras montanhosas
Monte
Na
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Taigeto, situado ent
Esparta
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quea Messémia Esque rda:
As leis de Gortina
são
uma das mscrições gregas
iniciais mais longas e mais bem
conservadas. A forma das leis É arcaica, não muito diferente das primeiras leis bíblicas. Com a diferença
de
que
as
leis
de
CGrorima
foram feitas no século V a.€.
Os tiranos O legislador ativo que aparece implicitamente na redação das leis de Gortina reviveu na Grécia, de outra
forma, particularmente na região do Istmo, pouco antes de 650 a.C. Como no Egito e na Lídia, pessoas alheias à aristocracia (Cipselo, seguido de seu filho Periandro) se apoderaram, naquela época, de Corinto e dominaram o Estado com mão de ferro. O mesmo aconteceu em Mégara (Teágenes), Sícion (Ortágoras, Clístenes) e Epidauro (onde chegou ao poder Periandro): e no final do século VII Cilon esteve a do ponto de dominar Atenas pelas armas. No começo século VI. escolheu-se em Lesbos um Juiz, que mante-
ve o cargo durante
10 anos, enquanto Sólon
de Ate-
o modificava legislador, é juiz de qualidade nas, na resulseus de alguns invertendo poder aristocrático, seu seguida em e Pisístrato entanto, No tados sociais. governadores ou tiranos em transformaram filho se
Essa erupção de tiranias locais, que continuou até
o século V, pode perfeitamente ter-se devido, pelo menos na Grécia, à influência de Fidon, o ativo e tirano rei de Argos, de meados do século VII. Também
relletia certas condições sociais gerais. Em todas as partes reinava a inquietação, e a aristocracia era sufi-
cientemente poderosa e se achava bastante desunida, menos em Argos, para que de seu seio surgissem
intrusos para apoderar-se do Estado. As novas dinas-
tias provocavam conflitos de legitimidade, e habitualmente terminaram mal. No entanto, em geral,
aumentavam a riqueza pública; eram senhores pródigos e pomposos,
que desse modo
esperavam
al-
cançar o êxito mundano e um prestígio internacional de heróis. As tiranias se impuseram primeiro nas cidades comerciais com pequeno território. As mesmas tensões sociais ou econômicas que causaram as labirínticas querelas civis e deram lugar aos regimes tirânicos também devem ter afetado o processo de colonização. Seria demasiado simples atribuir esse fenômeno exclusivamente às disputas pela posse da terra; houve certamente concorrência econômica, € talvez em mais de um sentido. Afirmou-se
a.€.). Outros (5406-510 Atenas de inconstitucionais
frequentemente que a então recente invenção da cu-
Naxos) € do Oeste (Agrigen-
primeira vez se pôde pagar a mercenários; os vínculos sociais talvez se tenham deteriorado, mas a cunhagem de moeda foi demasiado tardia para ter tido influência tão decisiva nesta etapa. A rivalida-
do este cidades-Estados às tiranos se impuseram
(Mileto, Éfeso, Samos, É Region). Selinonte, Himera, to, Gela e Siracusa,
e da evitado tenham possível que os espartanos expansão Er sUd à graças apenas cesso semelhante cidaos entre tribuíram s di H À lo tar, já que no sécu darica rr te terras das parte s e br po is partanos ma
dãos es nquistas. co as su de a m u , ia ên ão de Mess regi e)
nhagem de moeda contribuiu para isso, já que pela
de pelos mercados, que finalmente levou ao uso do
dinheiro no século VI, pode perfeitamente ter sido
um fator perturbador; mfluiu diretamente, em pri85
O NASCIMENTO
DAS CIDADES-ESTADOS
meiro lugar, nos ricos. Foram eles que empreenderam as guerras civis, fundaram colônias e impuseram as tiranias. Pode ter importância o fato de que as rotas das colonizações fossem igualmente as da procura de metais, e também que o necessário metal Já constituísse um meio de intercâmbio na forma de pedaços de ferro, como no passado o tinha sido a obsidiana para as lâminas de corte, antes de aparecerem as primeiras moedas de eletro, de prata e, posteriormente, de bronze.
O contexto europeu O ferro começou a ser utilizado no Norte da Europa no final da idade média grega. Também convém situar esse conflituoso renascimento grego em seu contexto europeu, ainda que a maioria das influências, depois de 700 a.C., cheguem à Europa da Grécia e do Oriente e quase nenhuma siga o caminho inverso, da Europa para a Grécia. Apareceram então as primeiras grandes espadas e arreios de ferro europeus. Aumentou a riqueza, bem como a popula-
cultura material dos primeiros etruscos suscita alguns problemas complexos. Antes do século VIII, os
estilos e as habilidades locais eram similares, e igual-
mente provincianos, em toda a Europa. A Grécia foi
a primeira a recuperar-se, talvez por sua proximidade com o Oriente. Os caldeiros de bronze, tão apreciados pelos gregos, com grifos, sereias ou cabeças
de touro, têm uma remota origem em Urartu, a leste
do Lago Van, no Leste da moderna Turquia (Urartu foi tomada pelos medos em 585 a.C.). Esses caldeiros foram encontrados em Angers, Auxerre e Sainte
Colombe, e a faixa ornamentada de um deles, em Estocolmo. Mas a partir de 600 a.C., aproximadamente, a França, a Espanha e Escandinávia se abasteciam das imitações que eram feitas na Bretanha e
na Irlanda. Mesmo o primitivo estilo La Têne de trabalho do bronze, em seu primeiro momento, já no começo do
século v, primeira versão de um dos estilos mais brilhantes e característicos da Europa, se aproxima visi-
ção, e em consequência o número de fortificações.
Do século X ao VII, as praças-fortes aumentaram
em número e poderio. A partir da expansão grega,
deu-se até uma Influência das técnicas de construção gregas, por exemplo, em Heuneburg, no Danúbio superior, onde, nos séculos VI e V, se bebia o vinho de Marselha em taças importadas da Grécia.
Essas cidades amuralhadas não eram, porventura, cidades-Estados? O aparecimento das cidades-Esta-
dos, tanto na Grécia como no Norte, não se deve às
mesmas causas? lanto se é bem como se não, na
Grécia a unidade idiomática e a estabilidade dos territórios tribais determinada pela geografia implicaram uma vantagem. Quanto às influências orientais diretas, uma delas reside na forma de trabalhar os metais que chegou à Europa. A partir de 500 a.C., pode ser que os ferreiros que chegaram aos Bálcãs fossem refugiados, em-
bora a penetração dos citas na Europa central, e até
na ocidental, seja considerável e difícil de explicar sem uma grande migração. A mistura de influências — algumas das quais são diretamente orientais e não transmitidas pela Grécia — que deu por resultado a 86
o Cidade grega o Cidade
fenícia
escola 1: 2 500 000
0
0
80 km
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der
Localização das tiranias entre os
séculos VILeV a.C. À impressionante dinastia de tiranos que arrebatou Corinto a seus governantes aristocratas em meados
do século vil foi seguida por golpes de Estado vitoriosos em outros Estados
continentais, entre os quais Mégara e, depois, Atenas. O governo por meio
da violência e a distribuição das terras
dos membros do antigo regime entre seus próprios partidários eram características das tiranias gregas. Alguns tiranos se mantinham no poder pagando os serviços de uma guarda pessoal estrangeira. No final do século vie começo do v, os tiranos militares dividiram entre si as cidades sicilianas, transladando a população de cidades inteiras como medida política. Em meados do século V, houve movimentos populares que derrubaram os tiranos sicilianos; no continente, e por razões diferentes, Atenas e Esparta
mantiveram as tiranias sob seu controle,
Abaixo: A Sicília no século VI a.C.
ONASCIMEN
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CIDADES-ESTADOS
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1
me
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toma:
Salamina
tempos esta
de
Solon,
ilha a Mégara
vista do alto. Atenas
Nos
arrebatou
velmente da Grécia e dos modelos orientais de maneira muito mais estreita que o estilo À Lene posterior. De 700 a 500 a.C., a Europa foi mais ortentalizada que helenizada, embora a influência grega tenha
aumentado incessantemente. Quando o professor Piggot disse que “por volta de 800 o Mediterrâneo se havia tornado um lago civilizado”, em contraste com xo ado par O que e ar-s pens pode ara, bárb opa a Eur ora emb , sivo inci ado asi dem o mod de era expresso verdade solítica, econômica e culturalmente seja
a Grédele, ro dent e, , nava domi que o Mediterrâneo
se pa Euro Na a greg o açã etr pen cia. Boa parte da
Bretanha, na nha, Espa na is: meta dos deve às fontes enha, ilhas de Sard na , ente ralm natu e, na Cornualha artesanato do metal.
O nascimento de Esparta
m ei am ar tr en e qu em o od rí A época arcaica foi um pe tams ma , as li mí fa s de an gr as conflito não apenas a p a m um er ec er of m u m o c a bém os povos. Foi prátic co re se e qu em os eg gr s dos movimentos dos povo e de
ódoto r e H de s ia or te às o t n nheciam até certo po
Tucídides, as provas proporcionadas pelas relações entre os dialetos, e as sugestões da mitologia e da arqueologia. Nenhum mapa é, em detalhe, totalmente satisfatório, embora a tradição dos historia-
dores indique convincentemente, como confirmam os dialetos, que na Grécia se deu certa redistribuição
dos povos e que em tempos históricos amda não havia chegado ao fim esse processo. Quando os espartanos se apoderaram da Messênia, durante os séculos VII e VII, não se sabe se houve refugiados, mas depois da Terceira Guerra Messênica, que começou
com o terremoto de 464 a.C., se instalaram refugiados em Naupato, na costa norte do Golfo de Corinto. Durante
100 anos, eles conservaram sua identidade,
e em 369a.€. se levou a cabo a restauração da Messênia. Durante a idade média grega, devem ter-se produzido numerosos movimentos de povos em escala pelo menos similar. A expansão de Esparta pelo Peloponeso significou uma política rigorosa que, ao final, alcançou êxito. À primeira conquista da Messênia se deu entre 735 e 715 a.C., embora durante a geração seguinte, em
87
O mundo do esporte grego Os gregos acreditavam firmemente valor do esporte como treinamento, particularmente para a guerra. A guerra antiga e os esportes têm muito em
comum.
no
F.
Pensava-se que o êxito nos grandes festivais atléticos — por volta de 500 a.C. — demonstrava categoria e acrescentava glóra ao prestígio de uma família; posteriormente, talvez apenas prestigiasse um indivíduo e o Estado. Os esportes gregos eram competitivos, fre-
quentemente
sangrentos e às vezes repugnantes e
mortais. Mas sua disciplina era severa, e a violação das regras era castigada duramente. No princípio,
em Olímpia, as velhas competições tinham significado ritual, mas no século V a.C. esse significado se tinha perdido completamente. Por outro lado, a posição do ganhador nunca foi mais prestigiosa que no final do século VI e começo do V. Certo número de relatos conserva a crença popular de que esses homens eram heróis, super-homens semidivinos, cujas simples
estátuas eram capazes de realizar milagres.
Abaixo, esquerda: Por esta lon ga
Esquerda: Este menino ou cinge
uma fita que assinala sua vitória ou a prepara para oferecê-la a algum deus. A parte superior é oca, de modo que nela se guardava o óleo com que se eslregavam os atletas antes e depois do exercício.
5a
entrada com arcos, saíam os atletas para competir no estádio de Olímpia. Os nomes dos que tinham feito trapaça eram inscritos nas proximidades, na base das
Abaixo, direita: Linha de partida
pagas precisamente com as multas que lhes eram impostas.
o pó olímpico chega a ser
estátuas de Zeus vingador,
das corridas em Olímpia (esta substituiu uma linha de partida arcaica
que
se
encontra
no
museu
de Olímpia). As lajes permanecem frias ao contato dos
pés até em dias quentes, quando dolorosamente abrasador.
|
Abaixo, esquerda: Jovem treinando com os pesos de pedra que eram
usados nas competições de salto.
Sua forma era cuidadosamente calculada para equilibrar o salto, Certa quantidade desses pesos, chamados contrapesos, remanesceu, e alguns se
encontram
no museu de Olimpia.
Abaixo, direita: A luta grega
ecra relativamente suave em
comparação com a luta livre, com seu repelente repertório de 1 ueques
ou como
e suas
mortes
boxe, em
na
arena,
que as luvas
eram duras como sola de bota ca luta continuava quando um dos lutadores havia caido.
No centro: Quando se fez esta
estátua, no século IV a.€., as corridas de cavalos constituíam uma parte popular e espetacular dos festivais olímpicos, bem como de outros festivais (embora
Abaixo: Origem dos vendedores
nas corridas a pé olímpicas entre os anos 700 e 400 a.C. Observe-se a ampliação gradual do mundo esportivo pan-helênico.
tivessem perdido a grandeza do século VI, quando realmente era
o esporte dos reis, quando se era
capaz de memorizar o nome de um cavalo, ou o de sua estirpe,
mas jamais o de um cavaleiro). Naquela época, talvez o espetáculo mais notável de
Olímpia fosse a corrida de
cavalos. Seu mecanismo de
partida era, ao que parece, uma estranha imitação dos movimentos de várias
constelações: a Aguta, o Golfinho e o Cavalo. Esta esplêndida e
vigorosa estátua de bronze, muito bem restaurada, se encontra no
Museu Nacional de Atenas. Não se conservaram outros cavalos de
bronze como este, de origem
indubitavelmente inicial, nem tão
cheios de vida e de ação. O
Origem dos vencedores
entre
menino cavaleiro evidencia uma
concepção rotundamente desinibida. Em eficaz harmonia
8 700-600 a.C.
com o animal ágil e leve que o
€ 500-400 a.C.
folha pelo vento. Este
leva, é transportado como uma
8 6500-500 0.€. ERAS
ps
E
(250 km
monumento simbolizava, com
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da Ásia Menor, a Chipre, ao
Levante e à Líbia. O relato que [az
de a Odisséia do mundo a oeste
Ítaca é fantasioso.
No entanto, d
io vartir do século VIII o comérc grego, às Y iagens ca colonização
trouxeram consigo a ampliação dos conhecimentos geográficos. Nesse sentido, deu-se um
progresso dos conhecimentos no aproximadamente a partir de 546, quando os gregos jônicos se viram
submetidos ao Império persa e a
seu organizado sistema de satrapias € de postas na estrada
real. Algumas explorações particularmente arrisca( las
cativaram a imaginação grega. À
mais insólita foi a de Aristéias de
Proconeso, que no século V
escreveu em verso o relato de uma
viagem que chegou até Isedones,
na Ásia central, perto de Hindukush. Há fragmentos de seu
relato que coincidem
|
notavelmente com os atuais conhecimentos de etnologia
asiática. Dario, que construiu o
canal entre o Nilo e Suez, determinou a Esquílax de
Carianda (por volta de 518 a.C.) que navegasse pelo Indico,
circundando a Arábia até chegar a
Suez, em 30 meses. Também este
deixou um relato de sua viagem. A história de um viajante de Massilia, Eutímenes, que chegou a um rio infestado de crocodilos no Oeste da África, é pouco clara. Igualmente, os gregos tiveram
conhecimento das explorações fenícias. O lato mais memorável é a circunavegação da Africa levada
a cabo pelos fenícios sob o
comando do faraó Nearco (610-
595 a.€.). Houve outros
exploradores fenícios que deixaram relatos de suas viagens
ao Ocidente da Africa e à costa
atlântica européia.
669 a.€., Esparta tenha sido d erro tada em Hísias, na Argólida, durante uma re belião contra Argos. Depois, por volta de 660, a M essenia se rebelou. A fronterra natural de Esparta eram as montanhas a sudoeste da Argólida e as da Mess ênia, em maior medida que o istmo ou o mar, e as grandes sn nhas do Norte do P 'loponeso e da Arcádia ue se estende entre estas e o Golfo de Corinto,
TT
uma barreira sempre presente. Dura nte o século VI alcançaram a costa oriental do Pe loponeso e a Ilha de Citeréia, ao sul. o Através da guerra e de um a diplom acia que era a continuação da guerra poOT r outros meios, os espartanos obtive ram uma posição dominante em face de Argos, bem como uma aliança de proteç ão com a Arcádia. Durante a segunda metade do século VI,
enrola qem vo
DAS CIDADES-ESTADOS
século 621 para os medos, que os atacaram do leste.
No começo do século VI, os medos se apoderaram de Urartu ameaçando a Lídia, que sobreviveu graças a um matrimônio dinástico durante uma ativa geração, ameaçando por sua vez as cidades gregas da Ásia Menor, e, entre 560 e 546, Creso, rei da Lídia, conquistou-as a todas, exceto Mileto. Os lídios consti-
tuífam de certo modo uma monarquia helenizada;
ofereciam tributos aos deuses gregos, consultavam o
oráculo de Delfos e depositavam oferendas muito valiosas. Creso ofereceu os espantosos relevos em mármore que rodeavam as bases das colunas do templo efésio de Artemisa. Mas Creso não estava destinado a sobreviver. Na mesma época, uma revo-
lução levou simultaneamente Ciro, o persa, ao trono dos medos e dos persas. Para Creso, os conselhos do
] Isístrato, afastando-o de Atenas. No final daquele século, Esparta dominava o Peloponeso mediante
oráculo de Delfos e uma aliança com Esparta lhe foram inúteis: da Babilônia não chegou ajuda, e pouca chegou, se alguma chegou, do Egito, dois poderes aos quais interessava conter Ciro. Os lídios foram conquistados: caiu Sardes, junto com as cidades costeiras, por volta de 546 a.C., ea Babilônia em 539. O império persa se tornara imensamente forte e constituía uma ameaça direta para a Grécia.
Internamente, bem como em sua organização so-
Bíblia dos judeus e até através dos egípcios. À captura da Babilônia durou desde 586 a.C. até Ciro tomar a Babilônia, em 539; o templo de Salomão foi reconstruído em 516 a.C. De fato, ele era contemporâneo do arcaico templo de Delfos, mas nada restou
a
:
deram fim à tirania de
Sícion, com o que se beneficiaram de um aliado no
Golto de Corinto; ameaçaram expulsar Polícrates
de Samos para fora da Ásia Menor; expulsaram Ligdamis de Naxos, e atacaram Hípias, filho de
uma rede permanente de alianças que se havia insutucionalizado; era como uma liga de aliados, com suas assembléias e seus procedimentos. Apenas Esparta podia convocar a Liga do Peloponeso, e, com a maioria dos votos de seus membros, a totalidade da liga apoiava Esparta com as armas. cial, Esparta tinha de pagar um alto preço pela vigilância militar, o que também se traduzia numa cruel disciplina. Da sociedade inicial de Esparta, fica-nos a impressão de uma alegre vitalidade, o que se manifesta tanto na literatura como na arqueologia. No co-
meço do século VI, o comércio espartano exterior,
pelo menos o perceptível, começou a desaparecer, e na própria Esparta terminou a importação de artigos de luxo, por causa aparentemente da prudente determinação de não utilizar ou emitir moeda, mantendo como tais as barras ou lingotes de ferro. Essa conservadora decisão pode parecer-nos típica de uma sociedade imperial que defende perpetuamente a sua própria pureza e sua força. É possível encontrar certa analogia com os zulus do século XIX e alguma relação com o ethos da escola
preparatória de um menino inglês em pleno período
imperial. Mas o sistema espartano era mais acentua-
do, tinha mais penetração em todas as relações SO-
ciais e era de maior duração. A obsessão por ter Jo-
e in co nd ic io na is di sc ip li na do vi s, ol en to for s, tes , vens
impiedosos, e mulheres mais ou menos da mesma índole, era total. No que se refere à guerra € à religião, fa mí lias du as po r go ve rn er ad am os es os partanos saan im um al po r en ca era be ça do ex ér cito reais. Seu as it de se e el de on m re pa am ac de grado, até o ponto co a n a R to en im ed oc pr um se para repousar. Era a or em , de da ci a um de r ga lu mum para escolher o era a rt pa Es o. nt ta m se as ic at pr o os exércitos não se aav er id ns co : as lh ra mu de a ci uma cidade que care el. áv gn pu ex in a er ia tr pá da o çã ra co que o
e e A ameaça persa ei se a d a g e r r a c m e v u n l ve mí Enquanto isso, uma te e; t n e m a > t n e L s. ça or f as l S su a v a ja: a or]iente e concen«trntavr a pe s i n e C Asia E havia deslocado da s o s o r e d o p o tã e u q , os ri sí as rante um milênio. Os no r e d o p u se m a r e d r e p , H ram durante o século VI
—
A expansão dos conhecimentos geográficos entre
—
O NASCIMENTO
Também é possível contemplar os acontecimentos daqueles anos em termos dramáticos através da
dele. As muralhas de Jerusalém não foram recons-
truídas senão em meados do século V. O Egito, como outros países, havia revivido com o colapso do
império assírio, e mais ou menos na mesma época teve lugar uma penetração grega no Egito, talvez tão promissora e interessante como a da Lídia. Amásis do
Egito, que tomou o poder em 569 a.C. e se casou com
uma princesa grega da colônia de Cirene, no Norte da África, governou durante os dias de esplendor de Náucratis, cidade comercial grega em terra egípcia, na desembocadura do Nilo. Mas antes de terminar o século os persas assolaram Samos e conquistaram o Egito, enquanto Chipre e Cirene se entregaram. Pelas costas setentrionais do Mediterrâneo, através
da Trácia, os persas estendiam sua influência até o Centro da Europa. De modo que no final do período arcaico os assírios, cujo fraco controle permitiu que florescessem tantas coisas, tinham sido substituídos na Ásia ocidental por um único e vasto império. Em certa medida, os espartanos unificaram o Peloponeso. Ao mesmo tempo, a ocidente, as colônias gregas, cada vez mais agressivas e competitivas, provocavam a adoção de sérias medidas por parte dos fenícios com base em Cartago e um impulso na direção sul, quase mais alarmante, por parte dos etruscos. A própria Roma era já uma jovem cidade; começava sua notoriedade, embora não ainda em âmbito internacional: ao que parece, os romanos expulsaram seu último rei etruscoem 510 a.C,
Atenas Durante os 300 anos que vão de 800 a 500 a.C., a cidade européia que teve uma mudança mais surpreendente e interessante foi Atenas. A modificação
transcorreu com lentidão e no final daqueles séculos
ela não era uma potência mundial, exceto, talvez, no
que diz respeito ao comércio. O predomínio da cerá9]
O NASCIMENTO
DAS CIDADES-ES
TADOS
mica ateniense nos mercados coloniais e estrangel-
ros não se deu senão no século vi, e somente então se iniciou a cunhagem de moedas atenienses. Egina, no Golfo Sarônico, não é uma ilha grande. De Atenas é possível vê-la claramente no pôr-do-sol.
Esparta
Egina teve uma cunhagem que foi a primeira da Grécia, pelo menos 50 anos antes da ateniense. A invenção foi dos lídios, e as cidades gregas da Ásia a adota-
ram por volta de 600 a.C. Foi também Egina, e não
Atenas, o único Estado grego fora da Ásia Menor —
exceto Lesbos — que cooperou com os gregos dessa região na fundação de Náucratis. De fato, durante
todo esse período não houve colônias atenienses,
exceto duas, de 620 a.C., fracassadas e conflituosas,
Direita: Esta figura de guerreiro encontrada em Esparta expressa, como outras obras espartanas — e como a história e a literatura confirmam -, um espírito nacional intransigente, uma grande coragem baseada na força e, naturalmente, na vitória.
nas proximidades do Mar Negro. Mas Egina era rival comercial e encarniçada inimiga de Samos num momento em que Atenas ainda não se orientava para o exterior.
E possível] que,
num
primeiro
momento,
Egina bloqueasse a inicial expansão comercial dos atenienses já no século vir. Heródoto nos fala de um “antigo ódio”... (Depois, no século v, tal rivalidade
acabaria numa guerra; em 459, teve lugar a derrota de Egina e sua inclusão na Liga Délia, dominada por
Atenas). No entanto, Atenas não carecia de exporta-
ções, Já que foram encontradas por todo o Mediterrâneo potes de azeitonas atenienses, bem como da
Eubéia, que seriam produtos, presumivelmente, das fazendas mais ricas. Durante o século VII, mais no
campo do que na própria Atenas, os latifundiários eram enterrados rodeados de grandes riquezas, o governo estava nas mãos de uma oligarquia hereditária, e os pobres estavam mais empobrecidos. O escândalo de Cilon e sua tentativa de golpe de Estado no final do século VII foi uma disputa entre poderosos. Em 620 a.€., Atenas adotou um novo código legal escrito, conhecido como o Código de Drácon, no qual a única lei progressista se referia aos julgamentos do Estado e ao castigo dos assassinatos, o que levou, como consegiência, ao desaparecimento das vinganças familiares.
As reformas de Sólon
Uma geração depois se descobrem em detalhe os resultados do período arcaico inicial em Atenas, no
contexto das reformas de Sólon. Como é obvio, Sólon era um aristocrata. Também era um bom poeta, tão bom em sua forma, menos ornamentada, como
os aristocratas de Lesbos Alceu e Safo, contemporáneos seus. Foi, além disso, um viajante que antes ou depois conheceu Chipre e Egito. Sólon contribuiu particularmente para a abolição das penas por dívidas dos atenienses pobres. Foram igualmente canceladas as dívidas vultosas e abolida a escravidão por causa delas. Foram libertados os atenienses que se tinham exilado para não se transformar em escravos, os atenienses vendidos no estrangeiro e, naturalmente, os que se encontravam submetidos à escravi-
dão na Ática. Quanto às leis, Sólon introduziu o direito de apelação. Em política, mudou o critério de lInhagem para gozar de autoridade no Estado, substituindo-o gradualmente pelo de riqueza, fazendo desaparecer assim o poder único da aristocracia hereditária e lançando as sementes da luta de classes política, o que não conseguiu prever. É importante notar que um homem inteligente do começo do século VI pode perfeitamente não ter intuído essa possibilidade. Classificou o povo nas chamadas “500 medidas”: homens, cavaleiros, tropas e trabalhadores. 92
Esparta não era protegida por muralhas, mas por sua remota localização no rico vale de Eurotas, entre altas
montanhas. Suas artes e monumentos do período ar-
caico eram magníficos. Os espartanos e os persas foram adversários renhidos. O poder militar de Esparta era algo necessário
para a honra pública, o prestígio e a influência do país como membro principal da Liga do Peloponeso, dos Estados gregos meridionais. Também era inspirado pela atitude ambiciosa e imperiosa dos espartanos para com a raça e pela posição imperial e econômica dominante da elite espartana sobre os territórios adquiridos ao fio da espada. Os espartanos eram mais
sutis e brilhantes do que acreditávamos, mas provavelmente mais odiosos. A cidade ocupava um área extensa, que incluía várias colinas baixas. No crepúsculo de seu poder, houve muros que marcavam a fronteira ao longo de cerca de 10 quilômetros. Pouco resta do momento de esplendor de Esparta. No limite oriental da acrópole,
achava-se o santuário de Atena Calcieco, que desde o
século II ou 1 a.C. dominava o grande teatro novo, apenas superado em tamanho pelo de Megalópolis. Nas margens do Eurotas, no santuário de Artemisa Ortia, que remonta ao século X a.C., eram açoitados ritualmente os meninos espartanos.
altar de Licurgo
DAS CIDADES-ES
TADOS
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O NASCIMENTO
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O vaso François (570 a.C. aproximadamente) é uma das primeiras obras-primas do
desenho narrativo grego plasmado
em cerâmica. O tema é complexo,
os detalhes, finos, € o colorido, vivo. Ele se encontra no Museu
Etrusco de Florença, pois, como
muitos vasos gregos arcaicos, foi
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exportado para a Itália,
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As tropas eram a infantaria, com uma renda de 200 medidas: os cavaleiros tinham 300. As medidas
eram de grãos, mas não sabemos com exatidão a quanto chegavam, embora não fosse uma quantidade muito elevada, dado que era proibido que as mulheres e as crianças fizessem qualquer po de transação de mais de uma medida. (A ração de um
soldado espartano era de sete medidas e meia por temporada de campanha.) Ao contrário, de 100 medidas anuais entre cavaleiros e soldados era o custo
PRE
de manutenção de uma armadura e um cavalo, que
anualmente eram inspecionados por um funcionário estatal que aprovava seu serviço na cavalaria. No final do século v, uma medida valia três dracmas,
e um trabalhador agrícola vivia com 177 dracmas
anuais, isso é, com 59 medidas. Manter um cavalo custaria o dobro. Sugeriu-se que Sólon empregou
essas medidas deliberadamente, para vincular os senhores à terra, mas é muito mais provável que a medida em trigo fosse uma unidade de valor tradicional. O dinheiro era algo novo e induzia à confusão.
feita entre quatro grupos tribais, cujos nomes também existiam nas cidades jônicas da Ásia Menor, e que parecem derivar dos quatro títulos de culto de Zeus. É como se fossem os restos de algum antigo sistema de agrupamento social, aceito então porque existia, mas sem ser compreendido historicamente; suponho que nunca tenham sido quatro tribos reais. Os nove funcionários estatais formavam o Conselho de Estado após ficar um ano no cargo. Abaixo de sua autoridade, achava-se a Assembléia Geral do Povo, com uma assembléia menor, inventada por Sólon,
intermediária, e formada por 400 membros eleitos que preparavam a ordem do dia da Assembléia Geral. Os gregos conquistaram a próxima Salamina nos tempos de Sólon. Temos alguns versos do inspirado
discurso de Sólon em que exige aos atenienses que voltem à luta para apagar uma derrota anterior. Com Sólon, qualquer que fosse o ano da queda de Salamina, os atenienses deram um passo fundamental
quanto à sua consciência nacional. Assim, helenistas
tão díspares como Louis Gernet e sir Maurice Bowra
ateOs arqueólogos se negam à datar a cunhagem regulapoderia Sólon que em tempos em niense es atenienses s e r historiadores os embora uso, se u mentar os nt me ag fr ja ha € e z, tez, O e qu m te en st su posteriores gá pa as lt mu € s io ém pr m na io nc me de suas leis que
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mica decorada. Se assim se fizesse, valorizar-se-la
veis, aparentemente, em metal.
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nos começos
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uma identidade social articulada, o aparecimento
em Atenas de um espírito poderoso e confiante, um
alento criativo. Eu disse que não é correto valorizar quão civilizado é um sistema baseando-se unicamente em sua cerámais que o devido a evolução de Corinto. Sólon
desempenhou certo papel no estímulo ao desenvol93
O NASCIMENTO
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sanato ateniense, tanto em mármore como em bron. ze. deve ter dependido fundamentalmente do patrocínio dos poderosos, como no caso das primeiras
grandes vasilhas decoradas. A obra de Sófilo em cer-
ca de 570 era ainda uma adaptação das lições coríntias ao mercado ateniense, embora se exportassem
algumas peças e as decorações atenienses começas. sem a ser limitadas. Alguns dos melhores vasos de Sófilo e a obra de seu discípulo e contemporâneo Clítias, ao que parece, foram criados para a celebra-
depos-daguera 735715 |
ção dos matrimônios das famílias importantes. Concentrar a atenção nos elementos do mundo grego que se desenvolviam com maior rapidez igno“ando as sociedades mais conservadoras ou menos opulentas produz a falsa impressão de que a história evolui linearmente. Na Arcádia, por exemplo, a vida era tranquila, e a juventude empreendedora emi-
é nte
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grava. Algumas cidades nasceram da concentração de grupos de aldeias: Tegéia, de nove; Heréia, de nove também; Mantinéia, de cinco etc. Finalmente,
Atenas foi conformada por aldeias durante a idade média grega, e o lugar onde depois se levantaria o foro romano tinha sido outrora o terreno comum de duas aldeias.
À expansão espartana no
Peloponeso entre os séculos
VleVac.
Após a conquista da Messênia (735-715 a.€.), duramente
mantida ao longo de uma série de
revoltas, as anexações espartanas se tornaram mais lentas, embora
as intervenções contra as dinastias de tiranos, junto com um sistema
de alianças no Peloponeso, tenham reforçado a posição de Esparta.
vimento dessa indústria em Atenas, mas a razão pela qual a cerâmica ateniense amadureceu e alcançou tal nível de mestria no século VI, ultrapassando final-
mente e de maneira absoluta os coríntios, pode ser técnica. Corinto recebeu uma influência oriental mais forte e mais inicial. Os pintores atenienses tiveram de preencher, subitamente, grandes espaços, e
seus primeiros desenhos foram pequenos esboços ampliados; mas no século VIjá dominavam os espa-
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É interessante que Teos tivesse carência de grão, como Atenas. Essa foi talvez a razão de as primeiras colônias atenienses do século VIT olharem na direção do Mar Negro. O pão de trigo era um luxo, e os pobres o comiam apenas em raras ocasiões; eles se alimentavam de diversas massas e pães e de diferentes grãos moídos: cevada, milhete etc. Uma lei de Sólon
estabeleceu que nas refeições oficiais oferecidas na sede do Conselho de Atenas fosse servido bolo de cevada nos dias normais e pão de trigo nas festividades. Só conhecemos a produção de trigo de certos Estados, e unicamente no final do século IV. Pro-
porcionalmente, a produção não deve ter sido tão diferente durante dois séculos e meio. Se é assim,
O NASCIMENTO
DAS CIDADES-ES TADOS
No final do século vi, um Alemeônida exilado construiu o templo de Apolo em Delfos, no qual, e pela
primeira vez na Grécia continental, se utilizou maciçamente o mármore. Os Pisistrátidas, quando detinham o poder em Atenas, começaram a construção do enorme templo primitivo de Zeus Olímpico, projetado para rivalizar com os novos santuários de Samos e Efeso. Existem indícios de que o declínio dessas grandes famílias se deveu ao desenvolvimento, fatal e sempre
imesperado, da tecnologia. A possibilidade de abas-
hando Acima: Mulheres trabal
puma padaria.
Terracota beócia.
ram Essas estatuetas que most
cenas simples da vida cotidiana
eram pai ticularmente populares na Beócia.
Direita: Esta cena de trabalho
mineiro não exagera de modo
algum
a dureza e o primitivismo
das técnicas de mineração arcaicas,
essa relação é sj gnificativa. Em 399 a.C... a Ática pro-
duziu 363.400 medidas de cevada e apenas 39.112
En decorado evo medidasde ig
de trigo; Salamina, 24.525 medidas de cevada; Imada;, e L 5, 90:17! lida de s trigo e 247.500 de cevada. Até Esciros, no centro do
tecer de armas e pesadas armaduras uma infantaria numerosa e a subsequente evolução de uma ampla formação de soldados capacitados privaram do fundamento de seu poder pessoal os cavaleiros e os nobres e heróicos indivíduos que se tinham comportado no combate segundo os ensinamentos de seus
pais, coisa de que Homero dá testemunho (ver página 134). A mudança das táticas se transformou tam-
bém numa mutação social, e a nova infantaria se concretizou numa força nova e poderosa na política
Egeu, com 9.600 medidas de trigo, alcançava um quarto da produção da Ática. Lemnos produzia mais trigo que a Ática e mais de dois terços de cevada. Os historiadores da economia sugerem que os agricultores atenienses não podiam competir com o trigo estrangeiro, que era mais barato. Essa explicação serve para um momento posterior da história e, definitivamente, tais estatísticas são tardias. É difícil saber exatamente de que forma os Estados gregos dependiam uns dos outros no século VI.
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E
Os Pisistrátidas e os Alcmeônidas
Esquerda: Crescimento do Império persa (século VI a.C.) Em toda a história conhecida, não houve imperador de aparência mais grandiosa que Ciro. A maioria dos gregos estava profundamente impressionada, embora alguns se tenham oposto imediatamente à Pérsia; os espartanos fizeram a Ciro uma solene advertência, As conquistas não teriam sido possíveis se o Oriente Próximo não estivesse dividido em quatro grandes impérios. E) Temitorio persa bojo Ciro ontes de 550 | Reino medo. Anexionado 550 Reino lídio.
Anex 547
Últimas onexiones de
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Dario y Jerjes
(omino real persa Zono de la revuelio
À jônico 499.493
Houve um momento em que se destacaram as grandes famílias, as principais entre as quais eram os P1sistrátidas e os Alemeônidas, louvadas por Píndaro em seu melhor momento: “amáveis com seus concidadãos, atenciosos com os forasteiros... queira Zeus dar-lhes modéstia e uma fortuna de doces prazeres”. Mas eles estavam condenados, como o mesmo poeta insinua também, a ser ultrapassados; ao estudarmos sua história, chegamos a simpatizar com a depressiva sabedoria proverbial que Píndaro compartilhava com o coro trágico ateniense. Um dos casos mais famosos é o dos Alcmeônidas, de Atenas. Em 632, Megacles, membro dessa família, era um magistrado principal. Quando Cilon, nobre de Atenas que era atleta olímpico, coisa incomum num ateniense desse período, e genro do tirano de Mégara, tentou apoderar-se de Atenas, muitos de seus partidários foram atacados no santuário, de modo que o crime foi coo | metido num lugar sagrado. Uma geração depois, os partidários de Cilon intrigaram para que os Alemeônidas fossem deportados, por considerá-los malditos. Não obstante, pouco depois Alemeon, filho de Megacles, ostentava o comando do exército ateniense e por volta de 592 havia acumulado fortuna. Ele foi representante diplomáti-
carros de corrida a ganhando Delfos, em Lídia da co de Olímpia. Um filho seu, outro Megacles, casou-se
com a filha do tirano de Sícion, e sua neta contraiu
Mas matrimônio com Pisístrato, tirano de Atenas. várias esse vínculo se rompeu rapidamente, € houve
outras deportações da família; membros posteriores dela foram Clístenes, Péricles e Alcibíades. Os espartanos invocaram pela última vez a maldição contra
Péricles, embora não tenham tido o desejado êxito.
grega. Em Cálcis, Eubéia, os hipobotar, criadores de
cavalos, e na Erétria os hipeis, cavaleiros, começaram a perder poder durante o século vit, embora Heródoto sugira que em Cálcis o processo foi lento, e num
momento tão avançado como o ano de 556 a.C. Erétria deu asilo a Pisístrato em seu exílio. Como latifundiário ateniense, era um vizinho, e sua fazenda ficava em Brauron, do outro lado do braço de mar. Durante a Idade Média européia, a aristocracia feudal francesa da Grécia pereceu ao penetrar com pesada arma-
dura e com seus cavalos num pântano perto de Orcô-
meno, onde foi massacrada pelos catalães. O fim da
nobreza equestre da Grécia arcaica for menos dramático e mais lento, mas igualmente implacável. No entanto, as condições imperantes nos tempos
de Sólon não variaram subitamente. Antes de meados do século, Pisístrato se havia apoderado da acrópole e governava Atenas. Era parente de Sólon, aristocrata aventureiro com relações internacionais,
soldado triunfante que havia tomado o porto de Mé-
gara € homem rico. Suas terras de Brauron, na costa oriental da Ática, ficavam suficientemente próximas
das minas atenienses de Laurion para que estas lhe
interessassem. Posteriormente, durante uma das etapas de seu exílio, incrementou sua fortuna com as minas de Pangeu, na Irácia. Seu interesse por elas procedia sem dúvida de seus vizinhos de Erétria, na Eubéia, e de sua colônia Metone, ao norte. Instalou Lígdamis como tirano de Naxos, exilando ali os no95
O NASCIMENTO
DAS
CIDADES-ESTADOS
bres atenienses. Como tirano de Atenas, foi enérgico e obteve êxitos no exterior, sendo no interior um administrador severo. Caminhos e edificações públicas, transferência de juízes para distritos rurais, um imposto sobre a propriedade para subvencionar os agricultores novamente endividados compunham uma política fácil de entender. A mesma política que
seus filhos mantiveram ativamente. O grande festival de verão ateniense, as primeiras construções
grandiosas da acrópole e o apoio aos artistas consttuíram motivo suficiente para rememorá-los. Simô-
Clístenes, dos Alemeônidas, era amigo de Delfos, e Delfos trouxe os espartanos, que, dirigidos por Cleomenes, derrocaram o último tirano de Atenas. Hí-
pias havia sucedido ou se havia unido a seu meio-irmão Téssalo, então representante na costa do rei da Pérsia, estabelecido em Sigeion, perto do Helespon-
ou óstracos são votos que
condenavam certos indivíduos
ao exílio (ou ostracismo) fora de
Atenas no século V, enquanto os deuses de bronze (página
seguinte, abaixo) eram usados
para contar os votos nos
procedimentos democráticos mais comuns da cidade.
Abaixo: O desenho de figuras
vermelhas dá uma idéia de como os atenienses viam seus sistemas
de votação, que eram presididos
pela própria Atena. Parece que
se estão dando instruções ou
que se está tentando persuadir,
ii
As mulheres não votavam.
o
morte em Lipsidrion, um no vale do Monte Parnes, qual se via Atenas, que eles “Ó desgraçado Lipsidrion,
Clístenes e a unificação da Ática
Acima: Os nomes inscritos nestes fragmentos de cerâmica
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de exilados encontrou a pequeno forte de pedra guarnição fronteiriça da se negaram a abandonar.
traidor de teus companheiros, de que homens foste a morte; bons no combate, bons por nascimento, então demonstraram quem tinham sido seus pais.
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nides e Anacreonte ajudaram Atenas, e Pisístrato recopilou as obras de Homero. Também fez com que chegassem mineiros do Norte. Pouco depois de 900 a.€., começaram a ser explorados os veios mais ricos e profundos de prata de Laurion, bem como o melhor mármore do Monte Pentélico. perto de Atenas, que foi utilizado no Partenon e em outras construções do século v. A queda da tirania se deveu à intervenção de Esparta e a uma oposição democrática. Pisístrato havia morrido, e seu filho Hípias se encarregou do Estado. O assassinato do irmão do novo tirano — Hiparco — em 514 for obra de Harmódio e Aristogíton, dois jovens membros da família Gefirei. Um ano depois, os Alemeônidas invadiriam a Ática partindo da Beócia. A Invasão foi um trágico fracasso: não originou mais que um lamento em verso, cantado em Atenas e que, milagrosamente, se conservou. O reduzido exército
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O NASCIMENTO
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rior e as montanhas -, cujas rivalidades locais ti-
nham catalisado os problemas durante muitos anos,
se subdividiu em 10; cada tribo tinha uma demarca-
ção em cada uma das três regiões. Houve dificuldades e anomalias. Em alguns pontos, as fronteiras das novas divisões separavam deliberadamente antigas alianças. Em Maratona, havia quatro alianças de cidades, unidas
pela geografia e por um sistema religioso comum; mas uma delas foi dissolvida por Clístenes para integrá-la em outra tribo, com a indubitável finalidade de estimular uma divisão no que tinha sido a pátria dos Pisistrátidas. Não podemos imaginar outras in-
mínimo total de votos (emitidos em forma de óstra-
cos, pedaços de vasilha em que se escrevia o nome
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Crescimento da Ática e de Atenas no século VI a.C. A Ática tem muitas terras ermas € nunca teria alcançado a riqueza não fosse por suas minas de prata e seu império do século V. Mas os atenienses se orgulhavam de sua continuidade desde os tempos micênicos e de que sua unidade como povo tivesse séculos de existência. Como a maioria das cidades gregas, Atenas travou
guerras intermitentes com seus
vizinhos, aos quais arrancou
alguns territórios, submetendo-os.
Nos tempos de Sólon, Salamina foi
arrebatada a Mégara, e Oropo a
Tebas, pouco depois dese
estabelecer a democracia atemense no ano de 510.
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DAS CIDADES-ESTADOS
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se condenado, por votação, a 10 anos de exílio. O
fluências da nova ordem na vida cotidiana, a não ser
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meço do século, já tinham morrido, continuava a ser O juiz supremo e guardião constitucional, embora seus membros pudessem ser processados pessoalmente. Uma nova junta, formada por 10 comandantes militares tribais, ostentava um importante poder potencial. As novas cidades do país, recentemente registradas, tiveram um governo local uniforme. As 10 tribos enviavam 50 membros cada uma para o conselho, formado por 500. Por todas essas ordenações, é evidente que Clístenes unificou o Estado. Também é evidente, embora seja apenas pela diversidade dos cultos religiosos que houve na Ática até o século II a.C., que por volta de 500 a.C. o Estado ateniense deve ter conseguido certa unificação. Foi igualmente Clístenes quem instituiu o ostracismo, sistema que permitia que qualquer cidadão que se houvesse mostrado conflituoso durante o ano fos-
cada uma das três regiões da Ática-a costa, o inte-
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ção da maldição dos Alemeônidas e a ocupação da Acrópole por outro nobre ateniense, com o conseguinte exílio. Ao terminar o século vi, o sistema esta"a em funcionamento. O antigo Conselho do Areópago, que agora consistia inteiramente em antigos funcionários do Estado, pois seus últimos membros hereditários, do co-
nerados no campo, pelos de pequenas populações rurais em que o culto e até os membros dele fossem controlados pela principal família local. Ao mesmo tempo, registravam-se as cidades camponesas, e
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homens que não tinham direitos antigos a ele. As reformas não transcorreram sem lutas posteriores: uma fracassada intervenção de Esparta, uma invoca-
dos antepassados heróicos dos clãs ou famílias, ve-
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razão, que Clístenes havia dado o título de cidadãos a
patrono e “antepassado”. Afora um de Salamina e outro de Elêusis, todos eram heróis mitológicos enterrados na cidade de Atenas, o que envolvia claramente uma tentativa de substituir os cultos estatais
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cado. A oposição também alegava, e certamente com
cada tribo levava o nome de um herói, que era seu
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nidas, mas esse argumento parece demasiado rebus-
servar alg al; gios pres s reli 8 umas funçõe ções as, efanpud tasera ma mde chás seu papel social, mas se institucionalizaram 10 novas tribos | para tudo o que fosse relacionado à política;
Beócia
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as eleições. Os helenistas sugerem que as novas fronteiras fortaleceram as influências locais dos Alemeô-
as grandes famílias, Clíste-
do século V
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O NASCIMENTO
DAS
CIDADES-ESTADOS
Acragante A antiga Acragante foi uma rica e poderosa colônia grega situada na costa meridional da Sicília. Acra-
gante foi fundada por volta de 582 a.C. a partir da existente colônia de Gela. Depois de um bom núme-
ro de tiranias e de um grande desenvolvimento agrícola e comercial no final do século VI, Acragante
chegou a ser suficientemente rica para desafiar e vencer os cartagineses em 480 a.C. Suas magníficas
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ruínas são um monumento para o século triunfante em que Acragante foi uma das maiores cidades gregas, com uma riqueza fundamentada no comércio de cereais. Os cartagineses a destruíram em 406 a.C. Reconstruída posteriormente, transformou-se numa
próspera cidade romana, Agrigento, mas nunca vol-
tou a ser o que fora em meados do século V.
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2 úgora
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templo da Concórdia templo de Hera fechamento do caminho antigo santuário na rocha a Deméter templo de Deméter
Q muros
9 ocrópole 10 necrópole
Direita: Esta enorme figura fazia parte da fachada do enorme
templo de Zeus Olímpico,
construído depois de 400 a.C,
principalmente por escravos. As
estátuas, meramente decorativas,
embora fossem geminadas no
muro, não sustentavam um peso real. Sua altura era de 7,65 metros. O templo tinha dimensões de
112,6 x 56,3 metros, ou seja,
similar aos maiores templos
gregos, até na Ásia.
Os templos que coroam a cadeia que conforma o muro sul de Acragante, belamente
conservado, rivalizam com 05
de qualquer cidade grega. Entre eles, estão os de Juno € Hera (acima) e o da
Concórdia (direita), como são denominados tradicionalmente. O templo da Concórdia continuou a Sel utilizado como igreja cristã.
Ão que parece, foi consagrado
aos Dióscuros, embora no
século VI d.C. fosse dedicado a São Pedro e São Paulo. Sua entrada se transformou no
palácio de um bispo,e em seus muros laterais se abriram arcos. Trata-se de um dos
poucos casos em que uma
modificação tão tardia pode
parecer-nos hoje uma melhoria estética.
98
O NASCIMENTO
DAS CIDADES-ESTADOS
do cidadão em questão) devia ser de 6.000, e, uma vez que votado o afastamento de um cidadão, ele devia partir antes de 10 dias.
A unificação da Ática foi de menor escala que a Liga do Peloponeso e muito menor que a do impéro persa, que naquela época havia cruzado o Helesponto sob o comando de Dario I- em 512 -, numa tracassada tentativa contra a liberdade dos citas nômades. Mas as mudanças na Ática foram mais complexas e exercem o fascínio de toda tentativa, delibe-
rada e com caráter de novidade, de inventar uma sociedade organizada. Seu desenvolvimento, a partir de então, foi precipitado, o que em parte se deveu a causas econômicas,
às possibilidades de guerra e à
contribuição dos estrangeiros, mas também ao fato de os atenienses inventarem as bases sociais da interesse que democracia. Essa é a razão pela qual
despertam é maior que o inspirado, por exemplo, pelos egípcios, apesar de sua riqueza, de sua esplêndida arte e de seus colossais monumentos. A literatura floresceu tardiamente em Atenas,
assim como a arquitetura. Por volta de 500 a.€., ou-
tros centros gregos já tinham um evidente desenvol-
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verdadeiro no caso dos gregos orientais e seus magníficos santuários, suas pujantes cidades e sua memória de Homero. Até a pequena colônia de Posidônia, no Oeste de Itália, que conhecemos por seu nome romano de
Paestum, pôde rivalizar com
Atenas em arquitetura arcaica. Durante o século V, as ricas potências gregas do Oeste seguiram competindo com Atenas, em alguns casos com êxito, mas já no final do século VI os persas — a oriente — tinham
anulado a vida do Levante grego. Posteriormente, ele recuperou sua riqueza, pois (até a construção do canal de Suez) o Levante estava destinado à opulência. Mas a alvorada se havia levantado, e a maior
parte do que assimilaria a Grécia do Oriente o fez depois de 500 a.C. As últimas gerações receberam muito de alguns refugiados, como Pitágoras de Samos e Xenófanes de Cólofon. Em uma geração anterior, Tales de Mileto, outro daqueles cientistas précientíficos e filósofos pré-filosóficos, havia proposto
a unificação de um Estado grego oriental. Seu discípulo, ou talvez parente, Anaximandro, traçou um mapa do mundo. O período orientalizante da arte
erega finalizou com o crescimento do Império persa, mas Atenas, mais que qualquer outra cidade, herdou
a fecundidade dos gregos orientais.
Agrigento, uma colônia grega De todas as colônias gregas, nenhuma tem uma história mais brilhante que a de Agrigento, no Sul da Sicília. Os romanos mudaram o nome de Acragante por Agrigentum, e a Agrigento moderna, com seus prédios
mal
construídos
e antiestéticos,
ocupa
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maior parte da antiga acrópole. O lugar de Acragan-
te é um amplo anfiteatro natural com um semicíreulo rochoso para o norte e uma pequena barreira de ter-
reno elevado que se estende para o sul, a partir do semicírculo, como se fossem dois largos braços que juntam as mãos, encerrando uma grande área de solo fértil e protegido.
Os restos mais espetaculares de Acragante configuram uma série de templos (vários dos quais se conservam em bom estado) que formam uma linha ao
longo do limite sul da cidade antiga, na planície, e
cuja silhueta é recortada contra o céu ou o mar, Era uma grande cidade foruficada, escolhida delibera-
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vimento em ambas as artes. Isso é particularmente
99
CIDADES-ESTADOS
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damente por causa de sua posição. Delfos e Olímpia
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O NASCIMENTO
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reza de súbito. Naturalmente, o embelezamento da , parte sul foi posterior.
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cresceram lentamente; Acragante for imposta à Natu-
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Acragante foi fundada em 581 a.C. porum $rupo de pessoas que procediam de Rodes e de Gela, tes
colônia comercial distante algumas milhas a sudeste.
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A própria Gela tinha sido fundada em 688 a.C. por Rodes e Creta. A nova fundação de Acragante foi um
claro ato de colonização. Os colonos procediam de Creta e de outras ilhas menores, mas a influência cultural dominante foi a de Rodes, e a política, de Gela,
que controlava erande parte do comércio do Sul da Sicília. Os primeiros colonos de Acragante se instalaram
na cadeia
norte;
no entanto,
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imteressante lugar sagrado que se conserva é o santuário dedicado a Deméter, deusa dos cereais, construído sobre a rocha (a Sicília era uma importante fonte de grãos para Grécia), no exterior dos muros, como era habitual tratando-se de um santuário a
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Deméter, e mais antigo que os mesmos muros.
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Durante o século VI, a influência grega penetrou até os mais recônditos lugares da Sicília central, do
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mesmo modo que chegou a Heuneburg e à localidade céltica de Mont Lassois, no curso superior do Sena. Acragante alcançou um nível perigoso de riqueza num momento posterior, quando os gregos sicilianos, sob a influência de Siracusa, adotaram
uma atitude mais dura; no entanto, os primeiros tempos foram pacíficos. Então os gregos eram mer-
cadores, e as cidades nativas controlavam os pastos
das montanhas. O melhor das colheitas de azeitonas era pacificamente vendido a fenícios e cartagineses. O governo de Acragante era despótico, e no começo do século v um de seus governantes mais efetivos, o tirano Teron, casou a filha com o poderoso gover-
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nante de Siracusa. A cidade
de Himera,
ao norte
da Sicília, havia
mantido boas relações com os cartagineses. Teron de
Acragante se apoderou de Himera em 483, e o go-
vernante exilado chamou os cartagineses para ajudá-lo. Siracusa, mais que Acragante, ganhou, três anos depois, a batalha de Himera,
que postertor-
mente veio a ser uma vitória calamitosa. A batalha deu origem a um belo monumento recordativo em Delfos e a um esplêndido templo comemorativo na planície, abaixo da cidade em que se combateu. Mas
Himera nunca mais voltaria a ser rica, e antes de ter-
minar o século Cartago fez desaparecer Himera e
Selinunte, a oeste de Acragante, cidade tomada anteriormente por Teron, e finalmente a própria Acra-
gante no ano de 406. Houve vários renascimentos de
Acragante, e até um breve ressurgimento no final do
século Iv. No século rrr, ela se tinha transformado numa praça-forte cartaginesa que posteriormente se-
ria arrebatada aos cartagineses pelos romanos.
As diferenças entre gregos e cartagineses, além de
outros aspectos agressivos da política colonial gre-
ga, foram exageradas retrospectivamente por historiadores gregos posteriores que viveram épocas con-
Hituosas. Mas os dois sarcófagos cartagineses do
museu de Palermo, cujo aspecto é simultaneamente tão grego e tão não-grego, são de um tipo fenício de
feitura habitual na Ilha de Paros. Na Sicília, os con
Íitos entre gregos e cartagineses estavam relacionados com as concessões comerciais, sobretudo com
relação a metais preciosos. Isso tem certa semelhança
com as guerras de franceses, ingleses e espanhóis nas
Américas. Acragante necessitava de paz. Sua riqueza
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O NASCIMENTO
DAS CIDADES-ESTADOS
atraente igrejinha de San Biagio foi construída pelos normandos sobre os restos do templo de Deméter,
entre os muros da cidade, sobre o santuário da rocha,
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para o qual desce uma escarpada senda. Na Agrisento moderna, em Santa Maria dei Greci, existe uma galeria subterrânea onde é possível ver as bases das colunas de um dos templos de Teron, datado do século V. As ruínas mais assombrosas de Acragante se en-
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contram ao sul da cidade moderna, no meio de um
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complexo de santuários. São os restos das estátuas de
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sigantes que em algum momento se ergueram sob a cornija do grande templo de Zeus Olímpico. Este foi
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iniciado antes de Himera, provavelmente no final do
Elêusis
século VI, e ainda não havia sido terminado quando caiu a cidade, em 406.
É difícil não qualificar de barroca essa pesada construção. Desafiando o espaço e a gravidade, sua técnica era hábil e rompeu com os cânones da arquitetura. No muro interior, tinha pilastras que correspondiam às colunas dóricas do muro exterior. Os próprios gigantes, que eram alternadamente bárbaros e imberbes, constituíam um audaz elemento. Ao contrário das cariátides que sustentavam o Erecteon de Atenas, aqueles gigantes não cumpriam a função que aparentavam ter, pois essa, na verdade, era cumprida por barras de ferro que iam de coluna em coluna e que do chão eram invisíveis. Os gigantes nem sequer eram sólidos: eram feitos de blocos de pedra
Salamina .
30 tritias numeradas de acordo com a tribo
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3 Pandionis 4 Leontis
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recobertos de gesso e pintados, como muitas colu-
territórios submetidos
nas. As colunas monolíticas são uma extravagância posterior. Por sua enormidade, por seu esplendor, por sua ambição, por sua profusão e por seu mau
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Os demos da Ática e de Atenas (400 a.C. aproximadamente) Heródoto chamava Clístenes de fundador da democracia ateniense, À primeira vista,
surpreende que seu primeiro êxito fosse uma elaborada reordenação
do mapa tribal da Ática que tornou possível a democracia. A dinastia dos tiranos se havia reafirmado explorando os conflitos regionais. O novo mapa da Ática unia demarcações diferentes (tritias) das regiões em 10 tribos novas. Os homens de uma tribo combatiam juntos no mesmo regimento; O boule (o conselho ou parlamento ateniense) foi reformado com base nas novas tribos, com 50 membros
de cada uma. As famílias nobres ainda exerciam uma grande influência local e nacional, mas já havia povos (demos) que mandavam para o boule homens que não tinham grande fortuna. O complicado mapa do sistema tribal ateniense se manteve por mais tempo que a democracia, até a época romana. Dado que o pertencimento a uma tribo e a associação num demo eram hereditários, ambos eram conservados até quando se mudava de residência.
Esquerda: Pilares de um grande templo dórico construído por volta de 500 a.C.; eles emergem dos muros conformando as naves da catedral de Siracusa,
era imensa, tanto pela agricultura como pela cria-
ção de cavalos e pelo comércio. Grandes poetas,
como
Píndaro
e Simônides
de Ceos, gozavam
da
proteção de Acragante. Quando um cidadão dela foi vencedor na corrida de carros em Olímpia, 300
carros o escoltaram ao entrar na cidade, e cada um
deles era puxado por cavalos brancos. Sabe-se que no século v um homem pôde oferecer alojamento e roupas a 500 cavaleiros. Os
cativos eram
transformados
em
escravos,
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houve quem possuísse até 500 escravos. Construíram-se prédios públicos, aquedutos e até um lago ar-
tificial, de consideráveis proporções, dentro da cida-
de. O templo de Hera e o da Concórdia coroavam a vista pela parte sul. Não são tais os nomes desses templos, mas, dado que há poucos testemunhos sobre seus verdadeiros nomes antigos, é preferível não dia Concór da templo O s. sutileza em os determ nos O seja talvez e igreja em ormado transf remanesceu O grego. mundo o todo de vado conser bem mais Concór da templo do colunas as entre há que muro grega, cia aparên de e os perfeit arcos seus dia, com
século no igreja como ção adapta sua à corresponde
O vação, conser de estado bom em rival (Seu VI d.C.
tamAtenas, de — cado equivo nome outro Teseon —
bém foi salvo ao transformar-se em igreja. Pois bem,
a adaptação mais curiosa e comovente das muitas feitas pelos cristãos que experimentaram os santuarios gregos é sem dúvida a grande catedral de Siracusa, o templo de Atena, que dá um sentido de continuidade da história muito maior que o perfeito monumento de Agrigento.) Ali aparecem também outros exemplos de adaptações ao cristianismo. A
gosto chamativo e seguro de si mesmo, este templo representava um mundo no qual se deve reconhecer algo de Píndaro e algo mais sobre a história trágica dos gregos ocidentais: o mundo dos grandes governantes auto-eleitos das ricas colônias e o de sua assombrosa magnificência. No entanto, Acragante, como outras cidades gregas, era também terra de rebanhos e cavalos, de vinhos excelentes e famosos bosques de oliveiras, e no ano de 600 a.C. a Sicília ainda tinha uma pujante população nativa que conservava a integridade de seus costumes. Apesar de o mundo grego arcaico constituir uma unidade lingiúística consciente, uma civilização que
recorria aos mesmos deuses e leis naturais, que co-
mia e bebia e que, por fim, vivia da mesma maneira, foi fragmentando-se aceleradamente em conflitos armados, o que se tornou mais patente depois de 450 a.C. Não obstante, as alianças ou associações
continuaram a ter sua base local nos santuários comuns. Apolo, em Delfos, parece haver apoiado Go-
rinto e Eubéia, os primeiros poderes comerciais, bons clientes do deus. Delfos atraía Atenas e os ilhéus. As 12 cidades jônicas da Ásia Menor tinham seu próprio santuário e sua própria associação. Era comum que as comunidades gregas fechassem pelo menos um dos olhos diante do que estava ocorrendo em outro lugar. À colonização era ocasional e nem sempre foi coroada de êxito. Arquíloco, o primeiro poeta grego posterior a Homero e o maior depois dele, tomou parte na colonização que fez Paros de Tassos. Deixou-nos algumas penetrantes frases sobre a incerteza da vida, os mares tormentosos, as armas
abandonadas, as batalhas perdidas e a superfície de
bosques da Ilha de Tassos, parecida com o lombo de uma mula: “nem boa, nem aprazível, nem amável”. 101
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Em sua origem, as moedas eram pedaços de metais nobres de peso regularizado cunhados com dese-
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embora o que foi feito a Atenas e a Erétria, na Eubéia, tenha obtido o envio de uma frota de navios de
guerra e de uma flotilha de cinco. O império persa
atuou com lentidão. Aristágoras havia incendiado
Sardes, cidade principal da Lídia, embora só se te-
nha tomado a fortaleza quando os persas a atacaram, derrotando-a, perto de Éfeso. O curso dos acontecimentos havia mudado, e Aristágoras fugiu para Mircino. Ele pensava em transladar-se para a Sardenha — onde havia minas de ferro e prata, bem como uma
famosa indústria de bronze —, assim como os focenses preferiram ir, por volta de 540, para as suas colô-
nias de Alália, na Córsega, e Massilia (Marselha),
para fundar Eléia (Elia ou Velia) perto de Paestum, a
Acima: O templo de Ar temisa em
ver-se submetidos aos persas sob o poder de Ciro.
durante os séculos HI-H a.C. Nunca foi concluído o estriamento
aliados de Atenas, numa brusca mudança de sua
Centro: Jarro de vinho atemense do
final da época clássica que representa o combate entre um grego € três asiáticos. As obras de Xenofonte e de Menandro
Mas Aristágoras morreu na Trácia, e seus antigos
política antipersa, escolheram Hiparco (não o filho
de Pisístrato, mas um Pisistrátida) como magistrado.
Susa Assim, Dario fez com que Histieu se dirigisse de
para a costa, numa viagem de três meses, com O objetivo de controlar a rebelião. Como Aristágoras, His-
de segurança. Apareceu durante à
tieu mudou de lado subitamente e fugiu para Quios, conseguindo navios de Lesbos e transformando-se
mais provavelmente, durante O período que se seguiu a elas.
uma que o crucificaram em 439 a.C. Mileto caiu após
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geração das guerras persas ou,
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as novas democracias emitiram moedas com o mesmo cunho, e fracassou um chamamento a Esparta,
das colunas.
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uma série de rebeliões, e os tiranos foram expulsos de todas as cidades gregas a seu alcance, menos de Mitilene, em Lesbos, onde um deles foi apedrejado. O próprio Aristágoras renunciou à tirania de Mileto;
Sardes foi construído pelos gregos
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492 a.C. avançou para restaurar a supremacia persa
na Trácia e na Macedônia, com a idéia de destruir Erétria e Atenas. Basicamente alcançou seu objetivo. Tomou Tasso em sua rota, mas perdeu boa parte de sua frota numa tormenta diante do Monte Atos, com
o que Atenas e Erétria se salvaram. Em 490, os persas
entraram na Europa pela terceira vez, levando o ateniense exilado Hípias, filho de Pisístrato. Desta vez, atravessaram o Egeu diretamente, conquistando todas as ilhas em sua passagem. À cidade de Naxos foi incendiada, mas eles perdoaram Delos, ilhas sagra-
das de Apolo; e provavelmente o mesmo teria ocorrido com o santuário de Mileto se essa política tivesse sido seguida com exatidão. Os persas não tinham uma ideologia fanática nem eram maníacos com relação à política ou à religião. Quando os governantes locais da parte grega da Ásia demonstraram ser de pouca confiança, os persas governaram através de democratas locais, que porém tinham de pagar os tributos, em navios e homens, e os Impostos. À ação
contra Atenas era, em certo sentido, uma guerra civil entre baronatos, com Hípias, filho de Pisístrato, de um lado, e Milcíades, o filho de Címon, do outro. O mesmo Milcíades, quando, quase 20 anos antes,
era tirano de Quersoneso, na ponte sobre o Danúbio havia pensado em trair Dario. Quando os citas o expulsaram de Quersoneso, regressou a Atenas levando como obséquio Lemnos e Imbros; agora era
um nobre democrático ateniense e um dos comandantes de campanha. Os filhos de Pisístrato tinham
dado morte a seu pai.
batalha em que a frota grega era pouco mais que metade da persa. Lesbos e Samos desertaram, e apenas Quios combateu realmente.
A batalha de Maratona
| Os persas continuam a avançar Os persas já tinham dominado Chipre e agora O
Maratona, talvez seguindo os conselhos de Hípias, Já que ali, 50 anos antes, havia desembarcado seu pai,
faziam com os gregos de Caria, no Sudoeste da Asia Menor. No norte, o genro de Dario, Mardônio, em
Os invasores, após uma campanha de sete dias, queimaram a Erétria, e seus habitantes foram vendidos
como escravos. Os persas desembarcaram então em
numa vasta planície pantanosa afastada da cidade, para conquistar Atenas, que já havia pedido o apoio 131
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o govemo
de Xerxes, 480
As campanhas persas dos anos 490-479 a.C. Do
ponto de vista persa, a
expedição de 490 foi uma incursão
punitiva contra Erétria e Atenas por sua participação na
insurreição jônica e que serviria
para restaurar a dinastia de tiranos de Atenas. O fracasso de Maratona
levou a uma campanha maciça que se preparou durante anos e na
qual se comprometeram a dinastia e cada uma das províncias do
império. A frota não conseguiu um
distanciamento do exército, de modo que o canal através de Atos
não só foi um projeto destinado a
obter
prestígio, mas também
tinha uma coerência estratégica. À
tentativa de deter os persas em Temple teve de ser abandonada, por meficiente. As [ermópilas
eram o melhor lugar para uma operação de rechaço: a rota alternativa — que uma traição
revelara a Xerxes — tinha sido redescoberta recentemente. A
seguinte barreira natural era O Istmo, mas as vitórias gregas de
Salamina em 480 e de Platéia em
479 fizeram com que os persas nunca chegassem tão longe. Havia agora campo livre para a vitória naval grega de Micale (479), que libertou parte de Jônia. Então a
pressão já estava fora da Grécia
continental, e os atenienses e seus
altados continuaram a guerra no Mediterrâneo oriental por mais trinta anos.
de Esparta; mas havia lua cheia, fase lunar sagrada para os espartanos, e a ajuda solicitada não chegou. Cerca de 9.000 atenienses, sem aliados, se se excetuarem cerca de 1.000 homens de Platéia, entrentaram sozinhos o considerável exército persa. Os persas esperavam crivá-los com suas flechas e envolvê-los depois com a cavalaria. Contra todas as probabilidades razoáveis,
os atenienses
venceram.
Ata-
caram rapidamente a pé, separando o centro dos persas de suas alas envolventes e atacando o corpo central. O resultado foi um massacre: os persas se perderam nos pântanos e foram mortos no mar, quando pretendiam chegar a seus navios. Os atenienses só perderam 192 homens. Os monumentos comemorativos de mármore e bronze de Maratona e Delfos expressam a vitória ateniense. Houve poemas, uma pintura famosa, lendas
e histórias escritas. Os viajantes, 650 anos depois, ainda acreditavam perceber, ao cruzar o campo de batalha, os fantasmagóricos sons que produziam os homens em armas. Os que lutaram em Maratona foram, até o fim de seus dias, conhecidos como “os ho-
mens de Maratona”. Nesse período, os atenienses começaram a construção do antigo Partenon, forte e esplêndido, que 10 anos depois, quando regressaram os persas, ainda não estava terminado. Eram também os anos do primeiro desenvolvimento da poesia trágica (Ésquilo se encontrava entre os que
combateram em Maratona). Em política exterior, Os atenienses
estavam
envolvidos
na luta contínua,
agora ligeiramente mais favorável, de sua cidade com Egina. Internamente, a política ateniense se encaminhava para uma democracia direta. O conselho de funcionários estatais era eleito agora mediante sorteio,
e, dado que não se pode designar um comandante
militar por esse procedimento, a autoridade recaía em 10 generais eleitos, um por cada tribo. Em 487,
Hiparco, o magistrado principal, teve de se exilar, e
132
em 486 Megacles, sobrinho de Clístenes, o seguiu. Em 484, Xantipo, que se havia casado com uma sobrinha de Clístenes e era pai de Péricles, foi condenado ao ostracismo. Milcíades, o herói de Maratona, morreu como um aventureiro em desgraça. Uma por uma, as ameaças que pendiam sobre os membros Individuais das grandes famílias se foram neutralizando. Por aqueles anos, lemístocles seguia ativo. Antes
de Maratona, tinha um cargo e não interveio na batalha; sua família era rica e nobre, embora ele não tos-
se membro de pleno direito dela. Também morreu no exílio, condenado ao ostracismo, como governa-
dor de uma cidade grega no império persa.
Temístocles foi quem faria fortificar o Pireu, talvez
à semelhança dos portos protegidos de Corinto €
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Lequeu, embora superasse o de Corinto por valer-se das condições naturais que ofereciam as rochas cir-
cundantes. Em 483 e 482, quando pela primeira vez as minas de Laurion produziram abundante prata nos níveis profundos, ele construiu uma frota de 200
navios. Assim, ao repetirem os persas seu ataque em
480 a.C... Atenas, pela primeira vez em sua história,
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persa
YNOSOUra
frota de
ecra suficientemente forte para obter uma vitória su-
perior à de Maratona. Como exemplo da primeira retirada dos persas para a Ásia, recordava-se Marato-
na. Mas a campanha de 480 implicava uma ameaça
resgote persa
BAÍA DE
MARATONA
muito mais séria. Dario não viveu para tentar uma nova invasão, embora já houvesse começado os preparativos. Distraru-o uma rebelião no Egito, e ele morreu em 486.
À invasão de Xerxes TERMÓPILAS 480 a.C. GOLFO DE MALIA
(atualmente restinga) Última posição eLeón a
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Xerxes sucedeu ao pai, e, quando o Egito estava já transcorria o ano de 484 a.C. Xerxes pacificado, avançava cautelosamente e punha em marcha uma força maciça. A fim de evitar que se repetisse a destruição da frota persa, ocorrida
em 492, mandou
abrir um canal no interior de Atos. Também construiu uma ponte sobre o Estrimão. Seu exército se concentrou, e no ano de 481 se dirigiu para Sardes,
onde passou o inverno. Xerxes tinha um caráter diabólico. Quando seu anfitrião de Sardes lhe pediu que deixasse com ele o mais velho de seus cinco filhos recrutados, mandou
que o rapaz fosse cortado ao meio e que seu exército
marchasse entre os dois pedaços. Mandou construir duas grandes pontes que unissem a Europa e a Ásia. Quando um temporal as destruiu, mandou decapi-
Acima: Quando a frota persa tentou circundar a península de
Atos pela primeira vez, enfrentou graves dificuldades, devido a
uma tempestade. Ao que parece,
[ez-se então um canal através desse
estreito gargalo de garrafa, que toi atravessado sem problemas.
exército grego exército persa caminho principal
[transitável por carros] vestígios caminho moderno
VRANA nome moderno
Álenas nome antigo
tar os engenheiros, e o próprio mar foi açoitado. Para conseguir que seu exército avançasse, também mandou que o açoitassem. O número dessa imponente hoste, segundo o historiador Heródoto, que naquela época era um menino, é tão elevado, que é difícil dar-lhe crédito. Falouse de uma tropa de infantaria de mais de um milhão e meio de combatentes e de uma cavalaria de 80.000 cavaleiros. É mais provável que o número real da força terrestre fosse inferior a 200.000 soldados, entre os quais as tropas persas de elite somavam 10.000. Por seu lado, a frota persa talvez tivesse menos de 1.000 navios. Assim como um relâmpago na noite revela a forma das montanhas, essa invasão evidencia algo no que se refere às comunicações dos gregos. Os espartanos realizaram um congresso no Istmo de Corinto ao qual assistiram representantes de 31 Estados. A Tessália, a maior parte de Beócia e os grupos menores do Norte ficaram em casa: seu território ficava na rota dos persas, e não tinham nenhuma razão para esperar proteção do Sul. Argos não compareceu por causa de um antigo ódio a Esparta; os espartanos tinham derrotado duramente aos argivos em seu próprio território, o que anda se recordava, e uma em-
baixada do citado congresso não obteve resultado.
Assim, por diferentes razões, também fracassaram as
embaixadas enviadas a Creta, Corfu e Siracusa. Apenas Atenas e Egina parecem ter-se reconciliado. No entanto, um exército de 10.000 gregos ocupou o vale
de Temple, entre a Tessália e a Macedônia, e foi reunida uma frota. Ambas as forças se encontravam sob
as ordens de Esparta. O exército de Temple se retirou logo, por se ter visto que Temple era uma via entre muitas outras e que os tessálios não eram aliados tão firmes para se ter às costas. 133
O soldado grego O mundo grego não oferece nada especialmente interessante ou Instrutivo acerca dos procedimentos
para se degolarem ou estriparem uns a outros. A maioria das guerras era injusta, e a maior parte dos generais incompetente, exatamente como na nossa história mais recente. As armas eram projetadas tanto para ferir como para inspirar temor. O L maiúsculo de Lacônia no escudo dos exércitos espartanos, os penachos no ar, as tintinantes campainhas dos escudos de um país, a bela mas quase inútil cavalaria de outro constituíam, entre outras
coisas, uma espécie de balé. Contudo, convém saber como eram as armas e as armaduras, dado que elas faziam parte da experiência de vida de todos. A beleza do desenho e a feitura das melhores armaduras de bronze tinham por objetivo expressar e gerar um sentimento de segurança.
(A existência de 12 álbuns de
desenhos desta famosa coleção reflete com exatidão o que, na
geração de Winckelmann, se entendia por gosto e arte clássicos.) Embora esta armadura seja, de certo modo, uma
raridade, a vestimenta militar costumava ser, de fato, mais
individual do que se crê.
Na época clássica, a principal
arma da infantaria em formação
era a lança longa, objeto
radicalmente diferente da
arrojadiça lança curta. As pontas destas lanças (acima, direita) são
verdadeira e suficientemente
daninhas. Combinadas com flechas, espadas, etc., constituíam um conjunto guerreiro suficiente, Mas a essência da tática da infantaria grega foi sua formação (direita) e sua penetração. As batalhas eram travadas entre exércitos e não entre indivíduos. No século V, os soldados atenienses levavam as
suas próprias armas, e a nobreza, os seus próprios cavalos. Depois, o emprego de mercenários armados e treinados, e às vezes contratados para formar
C
nha
aberta
regimentos completos, aumentou
notavelmente. A falange, nome que recebeu um subgrupo de que este desenho (abaixo) dá um quadro imaginado, constituía uma grande massa de homens armados, movidos num sentido de penetração, que antes se usava como aríete. Às primeiras cinco fileiras de pontas de lança se projetavam para além da primeira fila,
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qu adro
aberto
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Esquerda: Este soldado, de aspecto elegante e formidável, de leve mas efetiva armadura, é um desenho do século XVIII que representa uma figura de bronze, agora perdida, que fazia parte da coleção Albani, de Roma. A escultura provinha certamente de uma cidade grega do Sul da Itália.
Direita: Os penachos dos
capacetes que apareciam
nas
decorações dos jarros gregos eram abundantes e.
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frequentemente, exóticos e maravilhosos. Não há dúvida
de que existiram realmente. Na Trácia, um chefe se lançou
ao combate
levando sobre
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capacete um pássaro de ferro que, enquanto o guerreiro cavalgava, batia as asas.
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A diversidade dos capacetes gregos
é superior ao que se pode mostrai em algumas imagens, e ate cel to ponto é questão mais de tradições locais que de evolução técnica O estilo mais popular e aceito era O coríntio, que podia alcançar suma elegância e que manteve uma forma reconhecível desde o século
VII (acima, diveita) até os séculos VI (direita) e V. O outro
antecedente da maioria dos
capacetes gregos era o esulo “Kegel” (acima, esquerda), incômodo e pouco lavorec ido, que desapareceu pouco depois de 700 a.€.., embora sua crista
deixasse sentir sua influência em desenhos posteriores. Seu
derivado ilírio (acima destas linhas)
continuou em uso até o século V.
orinho lardio 135
Fortificações e máquinas de guerra persas no século V, anda conservava os muros de proteção micênicos. Durante o século V, eram amu. ralhados não apenas as fortalezas e os castelos, mas também cidades inteiras: os muros de Atenas e de Acragante, na Sicília, estendiam-se ao longo de quilômetros. Os muros de Roma mostram uma influéncia grega. O Peloponeso era defendido em sua totali-
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dade por um muro que cruzava o Istmo. Os séculos V e Iv conheceram um constante progresso tecnológico
quanto às armas e defesas bélicas, progresso que implicou uma sucessão de elementos e estilos de cons-
trução e, naturalmente, de táticas de ataque. Apesar
dos retrocessos, tal processo continuou até que as cidades amuralhadas deixassem de ser eficazes, com o surgimento da aviação.
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Esquerda: As catapultas, montadas sobre as torres de um
extenso muro defensivo (que aqui é mostrado em seção), tinham
um poder combativo mais intenso do que se crê habitualmente. O diagrama (acima) supõe uma
frente de seis torres, com uma
separação de cem metros entre cada uma e nove catapultas em
cada torre, bem como Lrês mais
em cada muro exterior. Tudo isso
significa que 54 máquinas cobriam 900 metros. A numeração demonstra que uma quantidade determinada de catapultas pode cobrir determinado campo.
Abaixo, direita: As mudanças sociais
foram tão importantes quanto as tecnológicas. O elemento fundamental da guerra era o soldado de infantaria que havia recebido treinamento, o que dava continuação a uma tradição que vinha do começo da época arcaica. Os soldados de Alexandre eram capazes, a uma só ordem, de
mudar de direção num
movimento e formar uma tartaruga de escudos como a do desenho, dando as costas ao
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inimigo para que os carros carregados de pedras disparassem sem perigo sobre suas cabeças.
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As fortalezas gregas remontam à Idade do Bronze é aos micênicos. A Acrópole de Atenas, tomada pelos
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Direita: Esta gravura, que mostra
uma máquina de sítio helenística, é uma estampa surpreendente de
recursos ingênuos € inúteis. Definitivamente, os homens se
coordenam bem, mas, se a vida de um soldado de infantaria da Híada era má, brutal e curta, tais recursos de aparência absurda e os enormes muros de pedra que enfrentavam devem tê-la tornado ainda mais curta e difícil. Esta
inúuil dissipação de inventiva bélica — conheciam a força do vapor, mas jamais pensaram em nada parecido com o trem — é característico da decadência humana do período helenístico.
Abaixo destas linhas: Esta máquina, |
que dispara flechas de cerca de dois metros de comprimento de uma plataforma de madeira, certamente surpreendeu os que receberam seus ataques. Foi
poderosa agressividade, ligeiramente desproporcional, dessa cidade. Primeiro, o pesado arfete do século V, e depois uma sucessão de catapultas para lançar pedras, provocaram a gradual
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defensivas.
transformação das táticas
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inventada em Siracusa no século
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Direita: Detalhe da
catapulta automática mais complexa da Antiguidade,
inventada no arsenal de Rodes.
Um cabrestante que movia as
cadeias planas atuava sobre um
cursor de modo que as flechas
caíssem, uma a uma, pela força
de gravidade, de um depósito no disparador de dardos.
Abaixo: Esta choça móvel é um aríete grego descrito por Vitrúvio no começo do Império Romano. Não há duas ilustrações dessa máquina que se pareçam, e as reconstituições dos estudiosos são
ório
pouco convincentes, mas esta,
disparador
em princípio, é correta.
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pentagonal
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possível que o culto religioso se tenha mantido ininterruptamente desde os tempos micênicos. Apolo e
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tuário de Apolo no Egeu. A ilha era consagrada ao
deus desde antes da época de Homero,
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Delos é a ilha central das Cíclades e o principal san-
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Artemisa tinham nascido em Delos. Durante os séculos VII e VI, Delos foi controlada
por sua grande vizinha, Naxos, mas a partir de então os atenienses foram adquirindo um papel cada vez mais dominante, com apenas uma breve interrupção ao terminar a guerra contra Esparta. Em 314, Delos se tornou
independente,
continuando
assim
até
166 a.C. Aumentou sua importância como centro bancário e comercial, e em 166 os romanos a trans-
formaram em povo livre, embora sujeito a Atenas.
Sua decadência se deu durante as desordens de meados do século IT a.C. e se deveu ao aumento do poder central romano.
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AS GUERRAS PERSAS E DO PELOPONESO
As Iermópilas e o saque de Atenas Sete mil homens sob o comando do rei Leônidas de
Esparta tom aram uma nova posição diante do extre-
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norte da Eubéia,
no alto de uma
passagem
ro-
chosa sobre as lermópilas, ou seja, em grego, Portas Quentes. As águas termais que dão nome ao lugar Huem amda, mas a paisagem mudou totalmente: o ro Esperqueu depositou seus sedimentos no estuário € na estrada principal, queuneo Norte co Sule
atravessa a planície costeira. Antes, a região era um
terreno intransitável. O próprio exército, de 7.000 homen S, teria retrocedido até o Istmo, mas a frota ateniense se tinha transformado num fator crucial e pelo menos simbolicamente, Atenas devia ser detên-
dida. O exército principal do Peloponeso se negou a mobilizar-se, jJustificando-se com uma festividade dedicada a Apolo e com o festival olímpico. Enquanto os atenienses, prudentemente, evacuavam sua população civil para o Peloponeso, conservando meta-
de da frota para proteger suas próprias costas e enviando o restante para o Norte, junto com os demais navios gregos reunidos na costa norte da Eubéia e tendo como retaguarda os estreitos de Cálcis. A frota grega se compunha de 280 navios. A enorme congregação de navios no comando dos persas se manteve em frente, mas a praia não reunia as condições necessárias. Uma tempestade destruiu uma parte considerável dela. No mar, o conhecimento da região e as habilidades
marinheiras favoreciam os gregos; em terra, eles so-
freram um desastre. Raras vezes existe uma só rota para cruzar os montes gregos. As tropas de elite persas encontraram outro caminho. Tendo-o sabido a tem-
po, todos se retiraram, excetuando 1.400 homens, al-
guns tebanos e tespienses, talvez porque seu próprio país ficasse muito perto, e 300 espartanos. Leônidas e seus poucos homens defenderam o extremo ocidental do desfiladeiro contra o grosso do exército persa. Leônidas morreu ali, bem como dois irmãos de Xerxes.
Após uma defesa feroz e prolongada, os últimos espartanos, cercados, sucumbiram também. O espírito
com que os espartanos enirentaram seu destino foi de um valor indômito e resoluto, acompanhado de uma
espécie de sombria alegria. “Os espartanos”, diz À. É. pelo mol had as roch as nas “sen tara m-se Housmam,
mar e se pentearam.” Seu epitáfio, obra de Simônides, o melhor poeta lacônico dessa e de qualquer outra época, foi sucinto. Em grego O é ainda mais:
a ni mô de ce La em a nt co , te an aj Vi . ns de or as su às do en ec ed ob s, mo ze ja ui aq que
ers pe a, ot fr da os st re s ao o id un a, rs pe to ci O exér
Acima: A casa de Hermes vista de
“um dos santuários dos deuses — estrangeiros, Construída contra O
monte, tinha três andares e um — Ppátiocentral com duas fileiras de colunas, atualmente restauradas.
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Esquerda: A avenida de leões transladadas
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havia feito aos gregos.
Salamina, Platéia e a retirada persa Os persas foram postos à prova por Atenas. Mediante diversos golpes de astúcia e diplomacia, Temístocles provocou uma batalha naval entre Salamina e O continente. Ela foi ferozmente encarniçada e sangrenta e resultou numa completa vitória dos gregos. Dispomos do relato de Esquilo, testemunha presen-
cial dos fatos: “Vi o mar Egeu florescido de cadáve-
res”. “Os homens eram golpeados como atuns, com remos quebrados, com pedaços de madeira.” Xerxes, com seu exército de 60.000 homens, retirou-se
para a Ásia e instalou seu quartel-general em Sardes. O exército persa se reagrupou então na Tessália a fim de sitiar as cidades fortificadas. Enquanto Isso, Os gregos construfam monumentos,
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distribuíam o butim. Aliás, Temístocles, que havia atuado com uma hipocrisia espantosa, recebeu a
maioria das indicações para obter o prêmio de general. Egina recebeu o primeiro prêmio pela coragem, e Atena, o segundo. Os gregos tinham obtido uma vitória no mar e uma vitória moral em terra: a retirada das grandes hordas persas pela segunda vez em 10 anos confirmava que valia a pena continuar a resistir. Os persas enviaram o rei da Macedônia, súdito seu, com uma oferta para Atenas em que se propunha uma aliança livre e equitativa: queriam a frota ateniense, as minas de prata de Laurion ou um caminho seguro para o Istmo? Atenas se manteve leal a
Esparta, mas, à medida que os persas avançavam, Os
espartanos, em princípio, se desculparam com outro festival dedicado a Apolo e se mantiveram dentro dos limites das muralhas do Istmo. Depois, temendo o que finalmente poderia ocorrer se Atenas entregasse sua frota, Esparta se mobilizou com o exército mais importante jamais enviado da Grécia meridional à central: 5.000 espartanos, 5.000 soldados tribais súditos de Esparta e 20.000 servos que se uniram ao exército aliado formado por 8.000 atenienses e pelos demais contingentes regionais, de modo que o conjunto das forças totalizava um número considerável. Eles combateram os persas em Platéia, no limite das planícies de Tebas, no sopé dos últimos montes na rota para Atenas e para o Peloponeso. A força expedicionária persa foi destroçada, e destruído seu acampamento fortificado. Seu general, Mardônio, morreu, e os chefes tebanos que tinham sido seus aliados foram conduzidos a Corinto e executados. O butim que se dividiu por toda a Grécia constituía o tesouro mais deslumbrante que os gregos já tinham visto. A cimitarra do general e seu trono com base de
prata foram deixados como oferendas na Acrópole de Atenas, e o Odeão de Péricles, o primeiro teatro cober-
to da Grécia, projetado assim para uma melhor acústica e reconstruído muito depois, foi uma imitação da grande tenda que utilizava Xerxes para as audiências e que havia sido capturada na batalha. Em Delfos, o mo-
numento recordativo da batalha foi uma coluna de bronze maciço formada por três serpentes entrelaçadas e com a cabeça virada para o lado. As serpentes sustentavam no nariz um trípode de ouro (ver pág. 73).
A princípio, O general espartano Pausânias, sob
cujas ordens esteve o exército aliado grego em Platéia, continuou a guerra no Leste. Libertou a maior parte de Chipre, operação repetida na história grega, e a cidade de Bizâncio, mas se comportou como um senhor da guerra tirânico e independente da última geração. É instrutivo que em 470 ele não pudesse exercer o seu antiquado individualismo: foi duas vezes obrigado a regressar a Esparta, foi 139
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PERSAS
E DO
PELOPONESO
expulso por Atenas de Sestos e de Bizâncio (isto é, do controle do estreito do Bósloro) e teve uma infausta
morte em Esparta, pelas mãos dos magistrados.
Atenas e a Liga Délia
Já no começo da década de 470, Atenas havia baseado em Delos uma nova aliança ou liga de cidades (Liga Délia) com um tesouro comum baseado em im-
postos e com uma política militar, igualmente, comum, cada vez mais definida por Atenas. O crescente domínio da frota ateniense constituiu um dos resultados da vitória de Platéia. 55
A própE ria Aten as se transformou passo EP
à Dasso
numa cidade fortificada e numa grande Ea força militar.
Em 4/5, Eton, à posição persa mais forte a oeste do
Helesponto, caiu nas mãos de Címon, filho de Milcíades, filho de Címon: depois caiu a ilha pirata de Esquiros, com o que se abriu a rota da madeira, da
prata e talvez do ouro que chegavam da Trácia. Cí.
mon avançou para conseguir que as cidades lícias C
cárias do Sudoeste da Ásia Menor voltassem para o
âmbito grego, completando assim a libertação grega
da Pérsia com uma vitória simultânea em berga: e mar, no estuário do Eurimedonte, no Sul da Ásia Menor, em aproximadamente 468 a.C. Quando uma cidade se separava da liga, automaticamente lhe eta dada uma severa sanção, como se a ofensa im plicasse
passar para o lado persa. Caristo, no Sul da Eubéia, toi incorporada à liga à força; a lealdade de Naxos se
renovou forçadamente, e, quando Tasso se rebelou contra o domínio ateniense de uma mina de ouro na região continental, foi derrotada no mar e teve confiscada sua frota e derrubados os muros de sua cidade em 463 a.C. Tasso havia recorrido a Esparta contra Atenas, mas os espartanos estavam ocupados dando morte a seus próprios servos rebeldes. NAXOS estado Insuegido
Oreus
As sementes da Guerra do Peloponeso Os próximos 10 anos sertam o eixo do século. Até esse momento, estava em jogo o clímax de um mundo anterior, mas a partir de cerca de 460 a.C. as con-
cleruquia ateniense
=
Remasnasidio
e Mg
sequências deste ato último começaram a manifes-
ligo de Delos
Sue
tar-se de modo surpreendente. Atenas progredia e
Alenos
entre 463 e 454 estava perto da supremacia. Sempre
escala 1: 9 000 000
aHolkyar —
2 Selinunte
REA
Gelo
Sicília
Naxos
45/13
Katana m D
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Comerinta
IFaÇCUuSO
são as forças reais, anda que incertas ou inesperadas, que decidem uma luta pelo poder. O império persa havia caído estrepitosamente diante dos gregos. Os fenícios tinham padecido no processo, assim como no Ocidente a colônia fenícia de Cartago padecia a rivalidade agressiva dos gregos. Os atenien-
ses, mobilizados por uma espantosa energia, esta-
vam impondo uma supremacia que nenhuma outra cidade grega era capaz de sustentar; e, ainda que o mar fosse seu como via comercial, eles não puderam,
ao fim e ao cabo, dominar melhor que os espartanos
o Mediterrâneo oriental: no final das contas, os es-
partanos foram para os atenienses o que os gregos tinham sido para os persas. Em 464 a.C., Esparta estava dessangrada; a Messênia se havia rebelado; uma pequena força espartana fot abatida, e os aliados foram requeridos para sitiar
Itome, ancestral praça-forte messênia cuja localização Jamais foi encontrada.
Acudiu, entre outros, Címon de Atenas com 4.000
homens, mas se viu obrigado a voltar de forma humilhante. Em 461, Címon foi condenado ao ostracismo. Atenas se aliou a Argos num movimento diplomático contra Esparta. Enquanto isso, certamente, ou antes, de modo inseguro mas irreversível, consolidava-se a democracia em Atenas. A partir de 462, os juízes de Atenas eram retribuídos, de modo que os pouco endinheirados podiam recorrer a eles. Em 458, as funções
superiores se tornaram acessíveis para os cidadãos pertencentes ao terceiro nível da hierarquia de clas-
[estados ads |
império ateniense q | Esparta e estados aliados
[ Jestodos neutros
escólo 1; 600 000 0 RE
140
e
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ses. Em 459, Mégara, no curso de uma disputa com
Corinto, abandonou a liga do Peloponeso, aceitando aliar-se a Atenas, e Corinto se via provocada de diver-
sos modos: economicamente, no Mediterrâneo ocidental e, mais perto, no Golfo de Corinto, devido a
Atenas ter tomado Naupato da Lócrida. Em Naupato, Os atenienses instalaram os exilados da Messênia,
AS GUERRAS
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PILOS E ESFACTERIA 425 a.C,
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Sia, ecorrendo aos atenienses : : Ria Esta guerra se promms
E DO PELOPONESO
carniçad a, CUJos detalhes
rebelava contra a Plnsia: - e no
PERSAS
Pilos
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Es, Os atenienses, acaba-
os fenícios = delta do Ni ) = Fi de ss trata pes caído e em hav é “5 ia E Li à uto paogou seu Esb 456 Ro à Liga Déla. mbuto
$ Marathonisi
BAÍA DE NAVARINO
Em 457, os atenienses lutaram contra um exército
espartano em lanagra. Desta vez, a reação espartana
foi uma agressão defensiva: enviou uma expedição
de grandes proporções à Beócia para fortalecer a po-
siÇÃO de Tebas como contrapeso de Atenas. Cerca de 1.500 espartanos e 10.000 aliados lutaram e venceFama, embora não esmagadoramente, 14.000 ate-
Atenas no de e t n a n r e v o g , es cl Péri poderio; r io ma u se de o t n e mom ificência e n g a m a su de engenheiro também, talvez, de sua queda. Esquerda, acima: O império
ateniense, 460-446 a.C. Esparta abandonou
a guerra contra
a Pérsia no ano de 478, e nesse
inverno = 478/7 — se formou uma aliança encabeçada por Atenas com a finalidade de continuar a luta
contra os persas. Originalmente, sua assembléia ficava em Delos. Foi
preciso dominar revoltas sucessivas,
e em meados do século os
atenienses podiam falar
abertamente de direção, mais que
de aliança. Mas o apoio atemense
aos partidos democráticos locais
teve por resultado um surpreendente nível de lealdade mesmo depois de os espartanos e em seguida os persas terem forças suficientes para dominar as cidades governadas por Atenas. Péricles dizia que seria perigoso renunciar ao império, e, de fato, Atenas tinha de wazer do Mar Negro cereais para sua aumentada população, rota que apenas seria segura se Bizâncio
fosse seu tributário e as povoações
atenienses ao longo da rota fossem
lortes.
Esquerda, abaixo: Alianças existentes no princípio da Guerra do Peloponeso, 431 a.C. Como em 1914, o mundo grego se dividiu em duas alianças hosts. À grande guerra de 431 a 404 teve como resultado a destruição de ambas. Direita, acima: A batalha de Pilos e
nienses, 1.000 argivos e alguns outros aliados. Também mterveio a cavalaria da Tessália, aparentemente junto com Atenas, embora em dado momento tenha
passado para o lado de Esparta. A batalha de Tana-
Houve um tempo em que os enfrentamentos entre Estados eram raros, de modo que os conflitos tinham antes caráter de questões locais ou familiares; agora se tratava de ligas contra ligas. Em 454 a.C., ao dar-se o fracasso no Egito, Atenas transladou o tesouro da Liga Délia da antiga ilha sagrada para a cidade de
Atenas. Por volta de 449, os atenienses dominavam a norte até as Termópilas, e no final da década de 450
e começo da de 440 se aventuraram no Golfo de Co-
em que constam os nomes dos 177 membros de uma tribo mortos em combate em 458 a.C.: “Estes são os que morreram na guerra em Chipre, no Egito, na Fe-
ataque a Siracusa, no qual arriscou
mais dinheiro, homens e navios do
que se podia permitir. À anexação da Sicília era uma perspectiva gloriosa, mas o longo sítio de Siracusa foi mal conduzido e acabou num fracasso estrondoso. Atenas se havia enfraquecido fatalmente em - Seu interior, embora durante outros move anos tenha continuado a
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exemplo, pagava à liga o dobro do que pagava Éfeso. Os referidos colonos se viram social e economi-
esc odo mé st ic a, gue rra um e a Les te no gue rra uma ne go ciou 449 de vol ta por e int ern o con o fli to lheu
arte e, dentro de seus limites, claramente democrática. O dinheiro abundava, e os preços subiam. Os
entre Péricles, diante da necessidade de escolher
camente
fortalecidos por suas terras, tributando
impostos e serviço militar a Atenas. Em toda a liga era obrigatório o uso das cunhagens atenienses. A política imperial ateniense, na Trácia como em outros lugares, era determinada por Péricles, cujo principal oponente político, Tucídides (não o historiador, mas outro que era aparentado,
por matrimônio, a Címon) foi condenado ao ostracismo, em 443. Também a década de 440 contem-
plou uma brilhante política de obras públicas. Naquela época, Atenas já era bem fortificada, ou tão bem quanto podia ser uma área tão grande sem contrafortes naturais; era glorificada por suas obras de
à co m gu er ra da pre a ssã o de sa parecer guida, ao Délia Lig a da am bi ci os mai as s co nq as ui st as Pérsia, a
opulentos trácios e os macedônios ainda controlavam a rota terrestre para o Norte da Europa. Mas por mar, para leste ou para oeste, os atenienses se mostravam ativos e, apesar do Egito, da Pérsia e da Fení-
béia se rebelaram com a ajuda de Esparta; Mégara
comerciar com cidades norte-africanas. O próprio Péricles navegou pelo Mar Negro. Em
de então, manteve-se uma base nas
Direita, abaixo: O sítio de Siracusa À aventura ateniense mais ambiciosa de todos os tempos foi o
n
nícia, em Halias, em Egina e em Mégara, no mesmo ano”. (Halias, no extremo sul da península da Argólida, tinha sido atacada sem êxito por Atenas.) Ao que parece, naqueles anos morriam anualmente combatendo por Atenas soldados em número cerca de 10 vezes maior que os mortos de Maratona. Atenas e Esparta pactuaram uma paz de cinco anos; € houve outra, de importância, de 30 anos, entre Argos e Esparta, a partir de 451 a.C. As ações atenienses contra a Pérsia prosseguiram, e Címon, de regresso do exílio e reconciliado com seu jovem sucessor, Péricles, pôs-se mais uma vez em campanha para libertar Chipre. Morreu ali em 449 como último representante da geração antipersa e pró-Esparta.
perdida foi 447 , Em des a int egr arse. começaram € EuMég ara Lóc a rid e a. Fó ci a da de po e is Beócia
que pudessem ser foco de inquietação na Messênia.
ds
rinto. Vale a pena recordar uma inscrição ateniense
Esfateria
áreas mais vulneráveis de Esparta
SIRACUSA 415-413 al.
gra mostra a que ponto havia chegado a situação.
seEm Xer xes de . suc ess or Ar ta xe rx co es m , uma paz
Um golpe brilhante permitiu a Atenas apoderar-se de Pilos no ano de 425, depois de haver capturado tropas espartanas que eram consideradas invencíveis. A partir
roja ateniense
At en as de sa st ro sa Eu me bé nt a ia e. e sor te, com boa a en tr eg ou ali ado s, seu s de reduziu os tributos um fi rm ou 446 em e Mé ga ra de , Aquéia e os portos que me o sm o Pe lo o po ne so co , m ano s 30 de tratado | fizera Argos cinco anos antes. No seio da Liga Délia, a política ateniense endure-
cia, ainda controlavam a África, Atenas conseguiu
440, houve
problemas
em Samos
e, uma
vez, em
Bizâncio. Samos estivera em disputa com Mileto, outra cidade da liga; Atenas resolveu a disputa, mas rebentou a guerra. Péricles navegou para Samos
com 44 navios, impôs uma democracia e instalou
pob res col ono 450 s de Cer ca sen tid os. alg uns cia em de Atenas ocuparam terras em Naxos, em Andros € talvez em outros lugares. Em 447, uma povoação estratégica em Quersoneso e outras de Lemnos e
uma guarnição. Não obstante, os oligarcas regressaram do exílio e a entregaram ao governador persa de
por Lâ mp sa co ric , as; er am rot a des sa as cidades
muralhas que cercavam a cidade de Samos.
Agora, Imbros asseguravam a rota do Mar Negro.
Sardes. O conflito, alarmante e progressivo, terminou num bloqueio de nove meses, levado a cabo por
200 navios, numa multa colossal e na destruição das 141
PERSAS
E DO
PELOPONESO
Começa a Guerra do Peloponeso No Oeste da Grécia, a mesma política ansiosa e competitiva levou, a longo prazo, a resultados ainda piores. Começou uma disputa entre Corfu e Corinto muito parecida com a de Atenas e Esparta, embora neste
|
Mileto
im
AS GUERRAS
caso tenha intervindo uma terceira parte: Atenas. Após uma vitória naval contra Corinto, em 435 a.C...
Corfu chamou em seu auxílio Atenas, diante da enérgica represália que se esperava, e apesar das atividades diplomáticas de Corinto, Atenas efetivamente se aliou a Corfu e enfrentou Corinto. Então Péricles propôs e promulgou um decreto que excluía Mégara, que
Mileto foi talvez a mais Importante das cidades grecas da Ásia. Suas dimensões eram amplas; sua anti-
guidade, venerável; e muito grandes sua riqueza e influência. Conservam-se monumentos de todos os
desde 15 anos antes se havia reintegrado à Liga do
períodos de sua história, que gira em torno de sua
localização na desembocadura do Rio Meandro.
Peloponeso, de todos os portos e mercados controla-
dos por Atenas. O imperialismo de Atenas, sua energia competitiva, sua mevitável malignidade e sua implacável confiança no governo democrático a tinham levado para muito perto de uma guerra terrível. Os espartanos estavam irritados, provavelmente assustados, e eram, pelo menos, tão arrogantes como os atenienses.
E ST
A Guerra do Peloponeso
Afora um ano de trégua — entre 421 e 420 -, a guerra duraria 27 anos, de 431 a 404 a.C. Terminou com a destruição de Atenas numa época em que a própria Grécia se havia destroçado a si mesma. Na história não existem, naturalmente, os cortes definitivos que as frases anteriores implicam. Na verdade, o conflito se havia iniciado por volta de 460, bastante antes da
paz de 30 anos, nunca respeitada, e a Atenas do século seguinte seria, pelo menos, um fantasma muito poderoso. No transcurso da guerra, a influência dos gregos, particularmente dos atenienses, na Macedônia e na Trácia, na Ásia e na Sicília, na Itália, até entre os povos celtas e tão ao sul como o Sudão, continuava a crescer.
Em 431, era amiga degolada. niense, e a
um comando de tebanos atacou Platéia, que de Atenas: boa parte deles foi capturada e Os espartanos invadiram o território atemaioria da população, que chegava a cerca
de 300.000 habitantes, amontoou-se na cidade, en-
quanto os espartanos cometiam tantos desmandos quanto podiam no campo, sitiando uma pequena fortaleza penhascosa e construindo outra. Os atenienses empregaram sua energia de forma mais efetiva: colonizaram Egina, asseguraram algumas alianças no Oeste e consolidaram suas reservas de dinheiro e de
O teatro helenístuco de Mileto (abaixo, direita) foi muitas vezes reconstruído. A parte visível é romana, como estes relevos
(direita). Era o maior teatro da Asia e um dos mais impressionantes; tinha
capacidade para 15.000 espectadores. Foi ampliado no final do império e conservou
alguns traços helenísticos.
navios. A invasão espartana se transformou num en-
contro anual, com o contrapeso de algumas ofensivas
da frota ateniense. Os habitantes de Potidéia, na fron-
teira com a Macedônia, antes de submeter-se a Atenas
comiam carne humana... Depois, os atenienses sitia-
dos começaram a morrer por causa da peste; o próprio Péricles morreu em 429 a.C. Era previsível que em 428 uma ilha se separasse da liga. Tratava-se de Lesbos, e o fato provocou uma devastadora reação por parte de Atenas: a Assembléia Soberana do Povo propôs em primeiro lugar um massacre geral, mas finalmente se contentou em destruir os muros de Mitilene, confiscando a frota e todas as terras; designaram-se colonos que empregaram os habitantes de Lesbos como arrendatários, como faziam os espartanos com seus servos. De maneira igualmente previsível, as colinas em que se encontrava Platéia caíram, então, nas mãos de Esparta; mas Corfu, depois de prolongadas e terríveis con-
vulsões, conservou uma democracia. Ao longo de toda a década de 420, a guerra continuou com violência cada vez maior nas cidades subordinadas. Em 425, os atenienses, numa audaz campanha realizada na costa sudoeste da Messênia, 142
4», antiga linha costeira
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AS GUERRAS
na Baía de Pilos, prenderam alguns sold ados espartanos. Existe o monumento que rememo ra ess a ação estimulante e vitoriosa: é a Vitória de P "Ônio, oferecida a Olímpia pelos exilados messênios que combat
A Vitória de Peônio, que se
erguia no alto de uma coluna
ram em Pilos. Não tiveram êxito os atenie nses em outros lugares: fracassaram na Beócia e perd eram Anfípolis de um modo característico desta etapa da guerra, esquecendo-se de protegê-la no tempo do brilhante general espartano Brasidas. A área da
triangular diante da grande porta oriental do templo de Zeus, em Olímpia, era uma
oferenda de exilados messênios
que tinham lutado e vencido
Esparta na campanha ateniense de Esfateria na década do 420;
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guerra era demasiado grande para ser dominada. Ambos OS lados se encontravam extenuados, ambos
E]
PERSAS E DO PELOPONESO
para os espartanos,
esta
oferenda deve ter representado uma afronta permanente.
perdiam e ninguém ganhava. Após uma tentativa de
paz em 423 a.C., tentativa que fracassou em 499 por causa, em grande parte, da tentativa do general ate-
niense Cléon de recuperar Anfípolis numa batalha em que tanto ele como Brasidas perderam a vista, concordou-se em pactuar um tratado de paz — em
421 a.C. - de 50 anos de duração. Corinto, Mégara e a Beócia, irritadas com as condições de tal tratado,
não se somaram à paz. Quando Atenas e Esparta conseguiram uma aliança positiva, a Liga do Peloponeso começou a desintegrar-se.
Mas os vínculos diplomáticos implicam, inevitavel-
mente, interferências. Quando a liga se dissolveu,
Corinto, Mantinéia e Elis se aliaram a Argos. Em 419, Atenas também se aliou a Argos, Élis e Mantinéia por 100 anos. Essa nova aliança empreendeu então o ataque conjunto de Epidauro: Esparta apoiava Epidauro, e a guerra voltou a explodir (embora não tenha começado senão em 414). À primeira grande batalha teve lugar em Mantinéia em 418 a.C. Triunfaram os espartanos, e Atenas perdeu de uma vez todos os seus aliados recentes. A política de democracia direta não havia tido bom efeito sobre os
atenienses. Naquela época, exilaram, no último os-
tracismo de Atenas, um dos políticos demagógicos
mais perigosos (o or ginal Hipérbolo). Mas os rISCOS da democracia ateniense se expressaram num injus-
tificado ataque à Ilha de Melos (nas Cíclades do Sul), que era neutra; apesar disto, todos os homens em idade militar foram massacrados, e os sobreviventes,
submetidos à escravidão.
A guerra na Sicília e a rendição de Atenas Atenas avançava irremediavelmente para a autodestrometeu truição. Em 41 6a.C.,o povo soberano se in
de forma temerária nas convulsas querelas da Sicíha. mesA primeira vítima do empreendimento que ele lhante bri e br no m ve jo s, ade ibí Alc foi a ar in oc tr pa mo e de singular encanto pessoal. em ag on rs pe um era es, rat Sóc de o ig am Alcibíades, as a par mo co ns me ho OS a par te aen atr tão ambíguo e alctu ele int to an qu te men ica fis o bel tão mulheres. Era o a ic if on rs pe ele , da di me ta cer mente valioso. Em e a as en At de a nç ra pe es a ca, épo sa des im ru bom e o a su de a er sp vé Na a, nç ra pe es sa des desintegração os ig am s seu e ele sa, acu Sir a par l ra ne ge partida como ão, de raz m co vez tal os, sad acu m ra fo os im óx mais pr ar dos mb zo de , nte oga arr ão biç exi de € ça intemperan
esdas to ere o fal o r ra eb qu de e r te mé De mistérios de tátuas públicas de Hermes. Alcibíades
teve a sorte de
marcae o ir re tu en av lio exí um ra pa a vid m co escapar so cur dis seu e a, art Esp a par e u-s igi Dir o. içã tra a do pel se uma ias env se que a par vo isi dec foi na assembléia
aenc a par po, Gli de o nd ma co 0 sob força espartana, beçar a defesa de Siracusa contra Atenas. u mo or sf an tr se e a nt re ng sa foi a íli Sic da ra er Gu A
ós Ap o. ad in ag im a vi ha m ué ng ni e qu re st num desa em ou in rm te o, çã ra st ni mi ad má da uma prolonga
413,a.C., ao fracassar o sítio de Siracusa, com o massa-
cre da maioria dos atenienses em retirada sob o incompetente comando de Nícias. A história escrita dessa catástrofe adquire um tom inevitavelmente trágico
devido talvez às formas da prosa escrita do século V, que tem a sonoridade de um rufo de tambor. Mas é in-
dubitável que essa prosa refletia os sentimentos dos atenienses contemporâneos.
Atenas afundava. Cerca de 20.000 escravos desertaram, indo para Deceléia, forte espartano estabelecido na Ática, ao norte de Atenas, em 415; neste mesmo
ano, por causa da insegurança, foram fechadas as minas de Laurion. As moedas eram cunhadas com ouro tomado das oferendas dos templos, e com cobre mesclado com prata. Os soldados trácios solicitados por Atenas foram mandados de volta a seu país porque não se tinha condições de pagar-lhes. Quando regressavam, detiveram-se na Beócia, onde assassinaram
homens, mulheres e crianças. Os aliados de Atenas se afastaram. Os governantes persas das províncias aumentaram sua atividade e, em certa medida, participaram da guerra e favoreceram Esparta. Em Atenas,
começou a tornar-se patente um movimento em prol da oligarquia, e em 411 um conselho formado por 400 homens se apoderou de Atenas, governando-a tiranicamente durante três meses; mas Esparta foi muito lenta, ou muito vingativa, para chegar a um acordo, e se restabeleceu a democracia. Até nesse estado de coisas, uma vitória naval esteve prestes a restabelecer o equilíbrio: em 410, era os espartanos que pediam a paz, e Atenas, quem a recusava. Agora, a guerra era levada a cabo principalmente no mar e na região oriental. Por fim, e como era inevitável, os atenienses per-
deram uma batalha naval. Sua frota foi surpreendida enquanto estava varada, e, sem que se opusesse uma
séria resistência, foram destruídos 160 navios. Essa
derrota se Lâmpsaco, sofreu um espartano
deu nos estreitos do Helesponto, perto de em 405 a.C. Durante alguns meses, Atenas bloqueio marítimo e terrestre. O exército se retirou no inverno; Atenas, premida pela
fome, teve de render-se. Então os atenienses foram
obrigados a derrubar os seus próprios muros ao som das flautas. Por outro lado, quase a totalidade dos navios da frota foi confiscada junto com todas as possessões estrangeiras. Nominalmente, no final de século, Esparta havia conquistado a supremacia, mas tal supremacia não era real. 143
Mai
A
e
A
E
A REVOLUÇÃO CLÁSSICA Ésquilo combateu
em Maratona, de modo que quan-
do se deu a queda de Atenas seu neto já era um ho-
mem
maduro. Em termos históricos, o século V pare-
ce parte de um único e prolongado processo, um rápido declínio, uma ordenada sucessão de consequências. Foi, em outro aspecto, um momento de
pelo Ashmolean Museum de Oxford.) No entanto, é
em Atenas que deve concentrar-se a pesquisa, anda que apenas porque, à exceção da Sicília, quanto mais interessante nos parece a evolução em outros pontos do mundo grego, mais nos lembra, em conjunto, Atenas, enquanto apenas nesta se encontram reuni-
equilíbrio incomum, o instante em que o malabarista
dos todos os elementos que, aqui e ali, nos chegaram
a incessante curiosidade dos filósofos, poetas e histo-
A afirmação que Tucídides põe na boca de Péri-
tem todos os pratos no ar. A serenidade intelectual e
riadores dessas poucas gerações era certamente herança de uma época em que a inocência era maior e em que em Atenas, cruzamento de tantas correntes, Horesceram algumas de maneira peculiar. Polignoto
de lasso foi levado para Atenas por Címon; tanto as
provas indiretas de sua influência como a opinião dos críticos antigos sugerem que foi o maior pintor que conheceram os gregos: sob sua mão é possível seguir e sentir o desenvolvimento da arte pictórica. Hídias foi um excelso escultor: suas obras se encontravam em Efeso e Olímpia, bem como na sua Atenas
natal, mas sua influência, como a de Polignoto, se deixava sentir com maior vitalidade em Atenas; foi
ele quem projetou as esculturas do Partenon. A arte não tem monopólios, nem sequer a arte desenvolvida. Policleto, o melhor escultor e o de mais influência da geração posterior a Fídias, havia nasci-
do e recebido ensinamento em Argos, e não foi no Peloponeso o único escultor importante da época. Mas somos obrigados a julgar pelo que podemos ver.
A escultura havia alcançado um estilo internacional. O pequeno adolescente do século V cinzelado em
mármore das ilhas, de toscos frisos, apresentava um
efetivo contraste com a suavidade de suas formas ao
estilo de Policleto; por sua técnica, deve ser obra de
um discípulo e contemporâneo próximo dele, mas também pode ter sido esculpida em qualquer canto do mundo grego. (Alguns anos atrás, foi adquirido
Direita: Desenhos de Dúris numa
taça ateniense de figuras
vermelhas de Vulci, na Etrúria
(490-480 a.€C.). As façanhas de
Teseu rivalizam com as de
Hércules, herói ateniense que se
equiparava ao semideus dórico.
Hércules é um homem maduro e robusto. Teseu é infantil, mas
supera os homens,
de outros lugares.
cles, e que revela a autovalorização deste, não deve ser desprezada, embora seja preciso considerá-la
com reservas. “A cidade é, em geral, a escola da Grécia, € os homens daqui dispuseram suas pessoas para maior diversidade
das atividades, conservando
a
graça e a versatilidade mais feliz”, é uma afirmação de poderio e êxito, “dado que abrimos para nós, com a nossa própria coragem, todos os mares e todas as terras”. A manifestação mais interessante é por-
que estudamos o bom gosto e, no entanto, o fazemos
com frugalidade; e a filosofia, ainda que sem delicadezas melindrosas”. Concedendo algo ao estilo pou-
co matizado dessa tradução, as afirmações são fascinantes e são justificadas. Foi em Atenas, em meados do século, que a medida, com um domínio total dos
meios e certa austeridade na concepção, se transtormou na chave do desenho grego. Essa revolução nas artes estava destinada a romper com a robusta pleni-
tude do estilo arcaico; e a comovente simplicidade
que veio em seguida, o breve e delicado equilíbrio anterior à reação, é o que denominamos estilo clássi-
co. Logo esse estilo se viu rodeado de outros, extra-
Acima: Adolescente esculpido em
mármore de grão grosso das ilhas,
o que cria um agradável contraste com a suavidade de suas formas.
Não há razões para duvidar de que
vagantes e carregados, e nem sequer no seu tempo ele dominou todo o seu âmbito, mas marcou um ideal recorrente e importante.
tenha sido feito no século V, e, dado que se vê a influência do mestre Policleto, deve ser obra de
rota egípcios a mancheias, que dá morte a todos os pássaros que ensombram o céu, que luta com um
deste. Hoje se encontra no
Em Atenas, o robusto e hirsuto Hércules que der-
algum dos discípulos ou
aprendizes do grande homem, provavelmente ainda em vida Ashmolean Museum de Oxford.
AREVOLUCÃO
CLASSICA
leão, € O vence, e que segundo uma história local romje O CTÂNIO de um menino, sem querer, com apenas um golpezinho de seu dedo, cede lugar a Teseu, herói infantil e elegante, em plena juventude, que se trans-
forma num rei civilizado. Algumas vezes as aventuras dos dois heróis se unem, o que significa não uma mu-
dança de herói, mas de estilo. Talvez se sacrifique demasiado à pintura de vasos. O esplêndido poder decorativo de Exéquias e a expressão agitada de tantos pintores dionisíacos deixam de ser possíveis. É curioso que a descoberta pelos gregos da pers-
pectiva No desenho estivesse ligada ao teatro, à arte
da pintura cenográfica. À primeira pintura mural de
uma casa foi uma encomenda de Alcibíades a um desenhista teatral. Assim como o palco concentra po-
derosamente
a atenção
deve fazer,
as novas
arte teatral
ateniense
no culpado,
condições até certo
ou no que
da arte visual ponto
gerou
se
que
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lança-
ram um feixe de luz dramática sobre as tradicionais figuras silhuetadas. Os novos convencionalismos ti-
nham uma pré-história mais próxima. O melhor e
quase único exemplo de que dispomos de pintura ar-
caica ou clássica inicial numa superfície plana é a tumba do “mergulho”, laje pintada do sarcófago de pedras de Posidônia, a Paestum romana, na costa ocidental da Itália. Quando a tumba foi fechada, o rapaz que mergulha estava recém-pintado na face
interna da laje que a cobria.
Irata-se de uma das poucas representações de um
salto de grande altura que se conservaram do mundo
antigo, e suscita um bom número de interrogações.
Dado que as marcas das cordas na pintura indicam
que esta estava fresca, certamente o tema tinha sido
encomendado previamente. Tratava-se da tumba de um rapaz que gostava de mergulhar? O trampolim
de pedra é realista? Não se encontrou nenhum de altura superior a 30 centímetros, nem há referências
Acima: Rapaz mergulhando, pintura
da face interior de uma
lápide de Paestum (por volta de
480 a.€.). Não só o tema é muito pouco comum, mas também remanesceram poucas amostras
desta técnica pictórica sobre
superfícies lisas: na cerâmica, por
ter sido cozida, se conserva. Esta
lápide é quase o único exemplo de
que dispomos desta técnica de
pintura, do começo do classicismo. Seu vigor linear é espantoso,
de um vaso que meninas, em tal faz do pedestal realisticamente,
representa meninas que nadam? Às vaso, saltaram de um altar: o rapaz O de uma estátua? Não foi desenhado dado que o ângulo de seus péseo de
va bem perto de Cumas, das cavernas misteriosas €
do Rio Lete; poderia tratar-se de um menino que mergulha nas águas da morte para, de algum modo,
voltar à vida? Ou antes, tratar-se-á de algum mito desconhecido, talvez acerca de uma estátua que, achando-se próxima a um lugar no qualsse pratica a natação, adquiriu vida, como uma de um poema me-
nor grego de cerca de 250 anos depois? A tumba de Paestum foi pintada bem no princípio
do século V, quando já devia estar amplamente ar-
literárias. Como subiu até ele para saltar? Pela palmeira ou pela outra árvore? Por que outra razão esta-
riam ali as duas árvores que emolduram, ou são parte, aqui, de uma cena aquática como o são na pintura
sua cabeça levantada não são verazes; esta cena é especial. Não se trata de um tema antigo. Paestum fica-
Abaixo: Hércules dá morte aos pássaros aquáticos assassinos
do Lago Estínfalo. Estes
pássaros correspondem ao
momento mais copioso da arte
ateniense de figuras negras.
raigada certa tradição de pintura de afrescos sobre gesso. Paestum era colônia de Síbaris e tinha pouco mais de 100 anos. À própria Síbaris desapareceu com sua reputação de grande luxo, e restam tão poucos testemunhos, que seria néscio dogmatizar com
relação ao estilo dessa única tumba pintada, da qual
só se pode dizer que, em seus próprios dias, certamente não foi única. O que, sim, sabemos é que a grande mudança na pintura se deu com Polignoto, de quem não se conserva nenhuma obra. Mas a descrição detalhada de suas composições e a evidência física de um verdadeiro terremoto visual e intelectual na obra de seus contemporâneos leva a que aprofundemos a pesquisa.
O professor Martin Robertson escreveu (em sua
nova History of Greek Art, publicada em 1976) com 1ntuição e erudição escrupulosa acerca desse momento da pintura grega: “Em muitos outros vasos, há uma figura que apóia o queixo na mão ou descansa o cotovelo no joelho, com o rosto na mão. Tais gestos eram os preferidos da época, e seu caráter reflexivo estava de acordo com o gosto pela quietude e pela expressão indireta da ação. Do mesmo modo, nas tragédias contemporâneas a ação cênica é pouca
ou inexistente. Há discursos estabelecidos que des-
crevem magnificamente os acontecimentos; mas O
drama real, que aparece nas palavras trocadas entre alguns poucos personagens e o coro, que frequentemente culmina numa morte violenta fora de cena e que costuma revelar-se numa cena entre o assassino e sua vítima, sem dúvida apresenta uma afinidade 145
O teatro grego: as
ectos
Os festivais dramáticos gregos tinham antigas origens
camponesas. As primeiras representações do século V se deram, mesmo em Atenas, num mercado desocu-
pado, com um carro como fundo. O próprio teatro se
estabeleceu onde se realizavam as assembléias políticas. Nesta nova instalação com forma de ferradura, o
festival dramático se transformou em parte do novo
Estado democrático. O palco elevado e o pano de fun-
que realmente usavam os atores trágicos nas representações do
século V. Foi encontrada no Pireu,
onde se encontrava armazenada junto com outros bronzes prontos
para seu embarque, provavelmente para Roma, no momento da destruição do Pireu por Silas, no ano de 96 a. L.
Esquerda: Ignora-se o número de atenienses que assistiram às primeiras tragédias na ágora, mas, no final do século V e começo do IV, no grande teatro de Dioniso
deve ter-se aglomerado um público próximo da totalidade da população. Estes objetos parecem ser entradas para o teatro. As letras indicam a fila dos assentos.
146
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de bronze, de olhos vazios e horrorizados e boca uivante, versão concentrada e formal da máscara
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Acima: Grande máscara voliva
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do em que se pintava uma perspectiva apareceram em seguida. No período de 100 anos, surgiram a maquinaria cênica e as decorações complexas.
Esquerda: Este notável assento era destinado a um magistrado ou a um visitante de importância no teatro helenístico de Priene, imitação do de Atenas. Em Priene, O
teatro foi utilizado também para a realização das assembléias políticas, em que participava todo o povo. É provável que uma assembléia ao ar livre de época anterior legasse sua forma ao primeiro teatro construído expressamente para as representações teatrais.
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Acima: Este pequeno e encantador monumento foi construído em 334 a.C. para celebrar a vitória de Lisícrates num concurso teatral. E popularmente conhecido como o Farol de Demóstenes.
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Foi projetado num estilo tardio e complexo, O chamado coríntio,
com um friso que mostra Dioniso transformando em golfinhos os piratas que o tinham capturado.
Acima: Teatro imaginário grego de província. Pode datar do século IV a.€., quando a evolução arquitetônica ainda não havia transformado totalmente o palco. Os deuses falam da sacada, e O coro evolui no fosso da orquestra
ou das danças.
Direita: Os escravos cômicos € OS serventes eram as figuras favoritas da comédia ateniense. Até Aristófanes, embora expresse certo tédio diante de suas graças 5 7 V
rotineiras, lhes confere um
tratamento cuidadoso. É compreensível sua atração para O público. Há muitas estatuetas cômicas frequentemente portadoras de máscaras grotescas | etrajes almofadados; muito pi “Poucas são trágicas.
147
Lista de teatros g
Muitos destes teatros foram construídos quando já
havia passado o momento clássico da dramaturgia ateniense. lal foi o caso do teatro de Atenas em sã forma atual. A similitude entre diferentes teatros em
lugares diversos reflete a torça do prestígio e a in. fluência da arte dramática ateniense. O mapa e a lista destas páginas mostram os mais
conhecidos teatros do mundo grego. + 26º
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Prolomeu 1. Os blocos de
mármore, utilizados de novo, datam do século II. Em 1960, foram encontradas 1º filas de assentos. Anfiarco Século IV. Um dos mais puramente
helenísticos da Grécia.
Tinha capacidade para 3.000 pessoas € cinco tronos de mármore.
Antioquia Parte de um teatro, talvez do século III, localizado no sopé do Monte Sílpio. Áptera Teatro pequeno (diâmetro da orquestra, 18 metros; cávea, 55 metros). Podem ver-se alguns assentos, um diazoma, ou corredor
horizontal, e parte do proscênio. Argos, final do século IV. É um dos melhores teatros da Grécia, situado no lado oriental da
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26 metros; para 20.000 terminado do século Il.
Incorpora um proscênio ou palco
elevado à altura do primeiro nível da skene. Atenas Ieatro de Dioniso Eleutério. Localidade utilizada no século VI. O auditório, em sua forma atual, foi construído por Licurgo por volta de 338-326. Modificado no período helenístico e romano. 6478 filas de pedra; capacidade para cerca de 17.000 pessoas. Babilônia Possivelmente remonta a um teatro construído em honra de Alexandre. A construção é de adobe. Cabirion Teatro helenístico recentemente escavado, próximo
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ao templo de Cabiros,
Cassope Pequeno teatro do século IV, junto às ruínas de uma casa de hóspedes. Céfalo Cávea do século IV com assento de pedra áspera. Em Cardamena, também em Cós, há
outro teatro helenístico,
Cirene Este grande teatro grego, ao norte da acrópole, foi —- como muitos outros — transformado pelos romanos em circo.
Cnossos Um dos mais antigos (2000-1500 à.C.), este teatro
minóico tinha duas áreas de assentos dispostos em ângulo reto.
Corinto Cávea projetada no final
do século V ou começo do IV. Afora a cávea (com capacidade
para cerca de 17.500 pessoas),
pouco se conservou. Reconstruído pelos romanos.
Delos Construído no século IT com capacidade para 5.500 pessoas. Perto estão os mosaicos da Casa das Máscaras. Delfos Um dos teatros da Grécia mais bem conservados é espetacularmente localizados. Século IV, restaurado no século II pelos romanos. Acima da orquestra (20 metros), 35 filas de assentos podiam
receber cerca de 5.000 pessoas. Demétrias Do princípio do século Il. A borda da orquestra, a primeira fila de assentos e as
bases do proscênio foram encontradas nas escavações. Dodona Esplendidamente localizado, este teatro do princípio do século II tem áreas de 21, 16 e 21 filas de assentos que comportavam cerca de
14.000 pessoas. Proscênio de pedra do final do século TI. Éfeso Construído na primeira
metade do século II, conserva a
forma que lhe deram os romanos, com três níveis de 22 filas que permitem acomodar 24.000 pessoas. Existem alguns restos do palco pré-romano. Elis Século IV. Os espectadores sé sentavam em áreas de relva ou em arquibancadas feitas na terra. Enfadas As filas de assentos de pedra (restam 15), askene e a grande orquestra datam provavelmente do século IV. Epidauro O mais bem conservado dos teatros gregos. Pausânias o atribui a Policleto. A cávea (120m) podia receber
cerca de 24.000 pessoas em 94 filas no final do século IV e 2] no século II.
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possivelmente no
Erétria Século IV.
abobadada.
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orquestra.
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Esparta Encontrado no século «VIII pelo exército do russo
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Orquestra circular (25m) que indica data inicial (provavelmente de começo do século
IV), Assentos para
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Pireu Grande
empinadas.
teatro clássico
reconstruído. Pérgamo A cávea inclinada
II, com 80 (de começo do século capacidade
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enterrado numa colina a oeste do —
colina.
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Plêuron Pequeno, construído por volta de 230 a.C. contra os
teatro de Cnossos, para jogos e
helenísticos mais bem
ritos. Filipos No teatro romano, conservam-se a orquestra circular
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do século Il e alguns muros dos
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(14 filas) feito na rocha da
construção grega.
Rodes Pequeno teatro helenístico
século IV, situado numa cidadefortaleza. Planta retangular.
recentemente reconstruído. Planta retangular e assentos para cerca de 2.000 pessoas.
assentos de pedra. Interessante e pequeno teatro feito no mterios
Samos No sopé da acrópole estão as ruínas, anda por pesquisar,
Istmo
Samotrácia O teatro, de cerca
da acrópole.
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conservados, de final do século IV. Queronéia Teatro pequeno
acrópole e adaptado a ela. Ramnunte De meados do
Gortina Ruínas de um teatro grego abaixo da acrópole. Gition Cerca de dez filas de bons
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muros da cidade, que tinham uma torre que servia de skene. Priene Um dos teatros
harodos. Fliunte Ruínas visivelmente
romanas a sudoeste da acrópole. Provavelmente cobrem uma
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Perge Teatro greco-romano construído no sopé de uma
sovoado de Suror teh. Festo Retangular. Conservam-se
oito filas de assentos. De 20001500 a.C. Utilizado, provavelmente por ser o meno)
de Corinto Começo do
de um pequeno teatro grego.
século II. Seu caráter,
de 200 a.C... foi destroçado em
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a duas reconstruções romanas. Larissa Helenístico tardio. Conservam-se assentos de
Santuário das Musas Construído, por volta de 200 a.C., numa cavidade natural no sopé do
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dos notáveis do lugar. Lemnos O teatro grego, a noroeste da ilha, é do final do século V ou começo do IV. Foi remodelado pelos romanos. Leontion Pequeno teatro do século TV com alguns assentos bem conservados. Léucade Restos de um teatro grego na cidade antiga. Lindo Orquestra (5m) e filas de assentos bem conservadas. Este pequeno teatro tinha capacidade para 2.000 espectadores. Magnésia de Meandro lceatro pequeno do século IV; shene com cinco compartimentos e um túnel que leva ao centro da orquestra. Mantinéia Teatro do século IV, em terreno plano. As escadas externas são uma excelente obra de cadeiral poligonal. Megalópolis Século IV. O maior da Grécia, 59 filas de (nove bem conservadas) com capacidade para entre 17.000 e 21.000 espectadores. A orquestra é
Segesta Esplendidamente localizado, de meados do século HT ou antes. Remanesce a parte inferior, formada por 20 filas de assentos. Paraskenia (alas) helenísticas tipicamente sicilianas. Síbaris As escavações revelaram uma estrutura grega sob o teatro romano. Sícion Aberto na acrópole, é do princípio do século HI. Um dos maiores teatros da Grécia continental. Orquestra de 20m, cávea de cerca de 125m. Entradas abobadadas na parte baixa das cerca de 50 filas de assentos. Siracusa Houve um teatro no século V. O ainda existente, provavelmente do século Il, tem uma ampla estrutura aberta na rocha (cávea, 134m) com um palco monumental e muitas inscrições do século IL Tasso Século IV. As filas de assentos € a skene se conservam mais ou menos intactas.
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Este pequeno teatro de Melos naldscêa o IV oucomeçoido
de com inscrições e os muros alvenaria incorpora dos à
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rodeada por bancos (30m).
conserva algumas filas de assentos notáveis de pedra. Messene Teatro pequeno do século TV, restaurado. O plano da. cávea é um tanto retangular. Faz parte de um complexo de construções. Há um segundo teatro ainda por escavar.
Micenas Do teatro helenístico
restam apenas alguns poucos assentos construídos ao longo do dromos (corredor) e que conduzem à antiga tumba de Clitemnestra.
Mileto Neste grande teatro
romano, é possível contemplar, * como resto grego, o muro do - palco inferior helenístico e “alguns bancos la itilene Possivelmente se igua lis. n tamanho ao de Megalópo
Irasilo
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esplêndido localização houve anteriormente um teatro grego. Tegéia Do teatro do século IV, no qual agora existe uma basílica. Termesso Pequeno teatro helenístico bem conservado com acréscimos posteriores.
Toricos O teatro do século V foi gradualmente ampliado até alcançar sua forma atual (século IV), curiosa e semi-elíptica, com duas áreas de 20 e | | filas de assentos, uma orquestra de 30 por 15 metros e
O teatro de Dioniso
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Esquerda: O encantador teatrinho de Anfiareu tem capacidade para 3.000 pessoas e um placo que faz parte do projeto original helenístico. 149
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Outros monumentos (altares, pilastras etc. )
espiritual com a arte que conhecemos e, razoavelmente, cabe identificar com Polignoto . O maior exemplo disso pode ter sido o grande afresco de
Delfos, que representa Ulisses e o Hades, onde a altura criava um senso de distância, é um bosque,
que aparecia entre o plano imferior € O superior, conToda a obra consistia
numa composição de grupos, alguns dos quais eram muito estranhos. No grupo central, abaixo do bos-
que, estava Agamenon, de pé com seu bastão, entre
os heróis mais destacados, que com exceção do rei não timham barba.
Enquanto a escultura avançava para um realismo
solene, o desenho adquiria uma qualidade escultural. A arte se torna mais teórica e mais consciente de simesma. Naturalmente, nenhum estilo parecido se havia dado na história do mundo. Foi durante o sé-
culo V que os gregos se distanciaram de seus prede-
cessores e contemporâneos, À reação a esse movimento é mais evidente na literatura, onde ele teve sua influência primeira. Heródoto, embora tenha escrito numa época tão tardia
como a década de 420, era anda um escritor arcaico.
Equilibrava suas histórias, compunha 152
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est ádio
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fundia o centro da pintura.
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suas frases,
seus capítulos e a totalidade do livro com um senso tormal aparentemente intuitivo. Tucídides começou a escrever pouco depois de 431 a.C. e o fez por cerca de 30 anos; contudo, a clareza de sua composição,
seu consciente senso de medida como escritor e os
efeitos monumentais a que aspira o definem como
tum clássico puro. É um estilo amaneirado, e certamente o classicismo se reveste de certo amaneiramento, mas oferece como resultado a clareza organizada dos materiais e a facilidade de compreensão. Esses dois contemporâneos
próximos
não
apenas
pertencem a gerações diferentes por seu estilo literá-
rio, mas também a mundos diferentes: a Halicarnasso sufocada pelos persas e a Atenas em seu apogeu; a
uma antiga comunidade jônica e à Liga Délia do sé-
culo V,
Tucídides vivia no tempo dos sofistas, cujos efeitos
sobre a prosa toram globalmente retrógrados:
regu-
larizaram uma retórica sonora é ornamental com os
antiquados recursos da oratória pública, quejá exis-
tam antes de poder ser recolhidos. A oratória se transformou numa representação impressionante € podia ser ensinada. Essa nova retórica correspondia à Grécia ocidental, mas não foi a única coisa dos so-
Página anterior: Dodona, no
extremo noroeste do fechado
vale de Isarkovitsa, era centro de um santuário e oráculo de Zeus, talvez o mais antigo da Grécia. O extraordinário teatro foi construído no tempo de Pirro de
Épiro (297-272 a, C.). A cávea é
parcialmente embutida na colina da acrópole e originalmente unha capacidade para 14.000 espectadores. O teatro foi
recentemente restaurado, e nele se realiza todos os anos um
festival de teatro.
O mundo clássico grego
fistas. Eles também se especializaram na arte da dis-
cussão, frequentemente de natureza retorcida, e as
vezes baseada em posições filosóficas de uma originalidade radical, mas que não levava muito em con-
sideração o bom senso ou à moralidade imerente a ele. Nenhuma dessas coisas era totalmente nova, mas com o movimento sofista elas escaparam de suas
reprinão e, rdad libe da ia gânc arro À . mãos rias próp mida pelos bons modos, mais de uma vez levou ao
desastre: mas, na medida em que dizia respeito ao estilo, que é definitivamente uma questão formal, um gesto social, tornou-o mais consciente, € os sofistas o fizeram a fundo. Nós lhes devemos, até certo ponto, o estilo da prosa de Tucídides. A reação de desmedida e extravagância pode ser
avaliada nas últimas obras de Eurípides, em seu po-
deroso e complicado impressionismo, em seu bri-
lhantismo e confusão estrutural e em seu colorido exótico. A melhor e maior de suas obras é sem dúvida As Bacantes, apesar de que a ela subjaz,
quase com
certeza, uma obra-prima perdida de Esquilo. Mas na poesia dramática se diz habitualmente que o Mo” mento clássico corresponde a Sófocles. Se me fosse permitido um rápido e sincero detalhe autobiográfiqrE ra rio
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co, diria que isso é o que me ensinaram no colégio; e que durante toda a minha vida tive de agiúentar esse conceito. Escutei grandes eruditos e a meticulosos especialistas que o discutiram do princípio ao fim; no entanto, com o passar dos anos, chegou a parecer-me verdadeiro, dentro de certos limites. A mortí-
fera concentração dos argumentos, a simplicidade das concepções e a economia da estrutura são mais poderosas em Sófocles. Seu material é selvagem, até aterrorizador, mas não extravagante. A poesia dramática é completamente ateniense, enquanto os sofistas e os filósofos, à exceção de Sócrates, que os satirizava, eram estrangeiros. Em sua maioria, eram jônios; Protágoras, de Abdera; Pródico, de Ceos etc. Em Atenas, a influência mais notória
desses sábios viajantes se manifestou provavelmente no final da década de 430. As primeiras obras de Aristófanes foram representadas durante a década
de 420; depois, Platão fixou a data de seu Banquete, a
idade de ouro do diálogo ateniense, em 416 a.C. Não se deve levar demasiadamente a sério a típica acusação que costuma ser feita aos estrangeiros e aos intelectuais após uma crise de Estado. Os sofistas não foram a causa do fracasso político de Atenas, nem
153
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A música na Grécia antiga A prática e a teoria da música tiveram, a todos os níveis, uma profunda influência na sociedade. Os dias
Direita: "Raspou e esvaziou a
tartaruga com uma faca afiada... Mediu e cortou uns vimes € os
de culto, os banquetes, o trabalho (até trabalhos tão especializados como fazer pão ou cruzar cavalos) tinham suas próprias melodias e cânticos. O guerreiro treinava o manejo da espada e o atleta o boxe ao alegre som das flautas. A dança era universal, o que nunca mais se repetiria na Europa. Mousikos, “músico” (de “musa”), na gíria ateniense era sinônimo de “refinado”. Do homem capaz de dominar-se a si mesmo se dizia que “seguia o ritmo”, e do mal-humorado, que “desafinava”. Os pastores de cabras e seu rebanho deixavam passar as horas mortas do meio-dia com a flauta de Pã, e até se requeriam melodias para o infortúnio dos prisioneiros de guerra. Quase todas essas melodias eram aprendidas por imitação, sem notação, de modo que desapareceram. Os gregos deviam à Ásia ocidental e a seus vizinhos
introduziu através do furos feitos na pétrea carapaça. Tampou a carapaça com couro de boi
perfeitamente tenso e lhe aplicou
dois braços que sustentavam um travessão. Quando finalmente teve em suas mãos o encantador
joguete, Hermes experimentou-o com seu plectro, corda a corda, e produziu um belo som. Então o
deus cantou uma formosa história, inventando-a à medida que avançava, como as mulheres que
se replicam em uma celebração: o conto de um deus e de uma ninfa
calçada com sandálias...; e assim
que cantava uma coisa, lhe ocorria a continuação.”
trácios (uma dívida aceita) seus instrumentos e sua
primeira linguagem musical, O que criaram com esses elementos foi uma ciência e uma estética musical nova e duradoura. Em acústica, por exemplo, os ma-
temáticos fizeram progressos espetaculares após Pitágoras ter demonstrado a base numérica da consonância. Quanto à visão psicológica do executante,
Platão retratou insuperavelmente Íon, cantor e tocador de lira.
Acima: “.. assim, o professor de lira também ensina a seus alunos polidez e bom comportamento. Uma vez que sejam capazes de tocar, ensina-lhes as canções dos poetas adequados, incluindo-os
Abaixo: A música social; uma
oferenda, uma festa, uma dança
guerreira. “Gosto de viver e de cantar esta canção, e quando morrer / ponde minha lira a meus
em sua lição e deixando no
cérebro dos meninos os ritmos €
as melodias, para fazer com que sejam menos indômitos e mais preparados para o discurso €e a
pés ce minhas flautas sobre minha cabeça; / e que soem as flautas!”
ação efetivos...”
Abaixo: Os filósofos gregos davam
o mais alto valor à teoria que levou, na música, ao desenvolvimento de um
instrumento de controle de uma só corda chamado monocórdio.
Com este “potenciômetro
acústico”, os matemáticos gregos,
e especialmente Pitágoras de
Samos, no século VI a.C., foram
capazes de calcular e demonstrar a relação numérica entre as
diferentes tonalidades. Uma só corda, retesada entre dois pontos medidos sobre uma caixa oca,
produz uma nota ao ser pulsada. Se esta corda se divide em duas partes iguais, origina uma nota que pertence a uma oitava mais alta; numa relação de dois para três, produz um quinto; de três para quatro, um intervalo etc. Isso se vê com maior clareza no diagrama abaixo, em que a corda foi subdividida em 120 partes iguais e se agregou uma tonalidade, supondo que a corda, livremente, tem um som dó.
Esquerda: “E no centro Apolo,
que tocava com sua palheta de ouro a lira de sete cordas, dirigiu todas as formas da melodia...” Nos quatro grandes festivais, os solistas magnificamente ataviados e os conjuntos compartilhavam seu virtuosismo com o público internacional. Os torneios musicais mais antigos eram os de canções com a lira cerimonial (kithara).
escala calibrada
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dura ou de osso, eram entalhadas
e cilíndricas (como o clarinete). Soprava-se nelas como por um oboé, e talvez seu som não fosse diferente do do corno. O uso
* a invenção de um cabo de metal rotativo melhoraram sua gama e
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Direita: As flautas, de madeira
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lhe deram a possibilidade de variar de modo (polifonia). As diferentes medidas. de “virginal”
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a “subbaixo”, formavam juntas algo mais de três oitavas.
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Acima: As flautas não eram
unidas. Variar seu ângulo ao
interpretar era uma arte sutil, A divisão da melodia entre
ambas é desconhecida, como tantas outras coisas da música
grega antiga. Este profissional usa a coroa que recebeu como
prêmio e a correia de couro para segurar as bochechas que
can
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Direita: Trombeteiro com uniforme de arqueiro do Mar Negro. A trombeta, que só produzia duas ou três notas, tinha um bom repertório para indicar os ritmos.
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se usava nas sessões longas.
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Esquerda: O hidraulis ou órgão de
água foi uma descoberta tardia.
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Inventou este instrumento, por
volta de 250 a.€., um
engenheiro grego, Ctesíbio, que trabalhava com o pai, como barbeiro, em Alexandria. Ão construir um sistema de
contrapesos para um espelho, na loja do pai, observou que o ar que passava através de um pequeno tubo e de uma abertura produzia um som claro e musical. Aproveitou este princípio e, servindo-se de água para pressionar o ar, foi capaz de produzir sons ainda mais fortes, cuja tonalidade variava se se usassem tubos de diferentes medidas. Posteriormente, estes foram dispostos numa caixa de ressonância, desenhando-se as válvulas adaptadas a uma série de elevadores, o que
permitia que o ar entrasse em cada tubo da forma requerida. [sso tornou possível interpretar melodias simples. 155
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que conversam nas esquinas acerca das mesmas questões que, em outras circunstâncias, ao que parece atraem a cólera do Olimpo. Protágoras foi julgado
em Atenas, € seu caso não foi o único; a vítima mais
conhecida foi Sócrates. Ele foi condenado por causa do perigoso comportamento de seus discípulos, mas isso aconteceu depois de um golpe de Estado, após uma guerra perdida, quando é de supor que os atenienses estivessem aborrecidos e confusos. Quer apro-
vemos os sofistas, quer não — e Sócrates não o fez —, Platão faz com que sua malignidade pareça quase mmocente.
É difícil saber se realmente eles pretendiam crer ou não nos deuses. O comportamento dos atenienses no final do século reflete uma ansiedade histérica; mas a religião pública continuou sem hesitações, e Os
cultos privados, ao invés de diminuir, aumentaram.
Em todos os santuários onde se mantinha uma contnuidade de culto, pelo que eu sei, no final do século V as pequenas oferendas eram mais numerosas que no começo da mesma centúria. Os complexos argumentos dramáticos de Eurípides em nenhum caso sugerem ateísmo, e as mulheres atenienses que em Delfos — em Jon — gritam para uma estátua “Atena,
minha própria deusa, ao que parece são de caráter
realista. Se se busca uma obra patética que expresse
um medo religioso real em diversos planos, Às Bacantes tem poucos rivais até em grego. O indicador mais interessante do que estava ocorrendo em Atenas durante o século V é o caso de Aristófanes. As diferenças entre seus estilos são muito notáveis. Suas primeiras obras têm humor é lirismo e são terrivelmente pungentes. A partir de 424,0 fio político se embota ligeiramente: em As nuvens, ele es-
carnece de Sócrates; em As vespas, aparece um velho
louco obcecado pelos processos judiciais; cem 421, em 4 paz, ano em que a paz era um lugar-comum,
volta a ser tão lírico e veemente como em 425 em seu
apoio aos agricultores, embora agora sua fúria seja
menor. Por volta de 414, a julgar por Os pássaros, O
teatro se torna mais espetacular, mais musical e mais utópico: os ritmos da poesia coral são mais sutis que 150
Acima: Lugares da Grã-Bretanha
do século V da Casa de Erecteu
em que apareceram moedas
em Atenas, mencionada por
Estas moedas com o rosto de
entrada norte (acima destas linhas),
Vespasiano chegaram da casa da Alexandria
seguinte, direita), a fachada
gregas
Antonino Pio, o de Trajano e o de
Homero. Aqui se reproduz a
à fachada oriental (página
provavelmente à Grã-Bretanha vindas moeda imperial de no século HH d.C.
ocidental e, de um nível superior, a própria vista do sudoeste
Ibaixo: Disse-se que a cena que o
mesmo lugar do palácio micênico
desenho
deste
vaso
ateniense
representa foi tomada da Antigona
de Sófocles. Há nela um estranho acordo entre a fidelidade à verdade teatral e a realidade. O tirano Créon
está prestes
condenar Antígona por tentar dar sepultura a seu irmão. Era quase uma regra invariável que tais
cenas de violência fossem descritas no texto da obra, mas não reapresentadas no palco.
O Erecteon é uma reconstrução
(página seguinte, esquerda).
O Erecteon foi construído no
de Atenas e provavelmente era micênica a única oliveira que
crescia junto também
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Voltaire for o desencadeador da Revolução Francesa. Quando tudo vai bem, ninguém culpa os intelectuais
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que Atena estava numa sala e Posídon-Erecteu em outra. Ali se guardava o antigo ídolo de madeira de Atena. Os romanos
repararam o Erecteon depois de um incêndio; alguns de seus mármores originais voltaram a ser
usados num templo dedicado a Roma e a Augusto. O Erecteon é orientado para o Noroeste, Acrópole abaixo, em direção ao caminho sagrado de Elêusis.
a ele. Erecteu era
Posídon. Aqui, Posídon e
Atena disputam a posse da Ática;
podiam ver-se os vestígios de seu tridente na rocha. A entrada sul — sustentada por mulheres de pedra ou cartátides — é o lugar onde se mostrava ao povo algum objeto
Página seguinte, direita, abaixo;
uma roupa. Dentro do prédio
fragmento do friso leste do
sagrado, talvez uma estátua ou
principal, havia um templo em
Retratos dos deuses num Partenon.
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A REVOLUÇÃO
CLASSICA
no passado, e ainda aparecem alguns comentários agudos, mas a trama se desenvolve numa atmosfera de “país do nunca jamais”. As
rãs
(405),
outro
coro
animal
brilhantemente
concebido, possui a mesma mestria lírica e rítmica, numerosas brincadeiras e, pela primeira vez, algumas críticas literárias intelectualmente penetrantes. Era de esperar que a obra mergulhasse na melancolia, dado que Atenas enfrentava uma derrota, mas absolutamente não é assim. Ele adota o recurso de
uma comédia perdida de Eupolis em que as cidades da Ática mandam
buscar no Hades um
estadista
morto capaz de salvar Atenas. Em Aristófanes, há indícios desse tema, mas em sua obra ninguém salva nada; o que se requer é apenas um bom pocta trágico, Sófocles, que, junto com Eurípides, se junta a Esquilo entre os mortos. Dificilmente o coro do Hades poderia ser mais sobrenatural. As últimas obras dos poetas teatrais atenienses,
antes da queda da cidade, são Édipo em Colono, de
Sófocles, uma obra intensamente religiosa e como-
vente; As rãs, de Aristófanes, e As Bacantes, de Eurípi-
des. Essas são as provas de que, se tudo o demais era
um caos, o engenho, a religião e a poesia não o eram.
Cabe, naturalmente, argumentar que Lisístrata, de
Aristófanes (411 a.C.), comédia violenta em que
as mulheres da Grécia conspiram para não satisfazer sexualmente os amantes até que se pactue a paz
Acima: O vento noroeste e o
vento do oeste levam o corpo de um jovem soldado morto
para a sua sepultura.
Direita: A deusa Atena se detém tristemente diante de um monumento aos mortos atenienses,
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entre os homens, demonstra um tom político muito
saudável. Os prédios públicos da Atenas dos últimos anos da Guerra do Peloponeso são de menor escala que o Par-
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tenon, mas a delicadeza dos detalhes, o frescor da concepção e a sutileza da composição não revelam um retrocesso. O
Erecteon
foi começado
em
421
à.C., e,
após algumas interrupções, seus frisos foram talhados em 408 e 407. Ele deve seu complicado desenho a
todo um grupo ou nó de elementos rituais: uma serpente sagrada, o templo gêmeo de Posídon-Erecteu e Atena, uma sacada solene e uma profunda abertura na rocha, e isso para só citar alguns. Para piorar as coisas,
durante sua construção se encontrou uma tumba pré-
histórica que foi identificada como o lugar onde repousava um rei legendário, ao qual foi preciso pedir
ndulgência. O Erecteon mesmo é um triunfo com as-
pectos muito diferentes e que se transforma por completo de uma perspectiva para outra. E uma obraprima jônica, esbelta, tão bela quanto brilhante em sua inteligência. Depois do Erecteon, não voltou a construir-se um templo grego que não fosse inferior em beleza ao que havia substituído. Também é possível deduzir algo a partir dos vasos
funerários chamados lekythoi, de base branca, deco-
rados ad hoc e que se usavam quase unicamente em Atenas e nas colônias atenienses na segunda metade do século V. Hipno e Tânatos, os gêmeos Sono e Morte que na Ilíada levavam o corpo de Sarpedão,
no excelente vaso de figuras vermelhas de Eufrônio (por volta de 500 a.C., hoje em Nova York) transportavam os corpos de muitos soldados atenienses. O Sono é jovem e belo, mas a Morte não o é, como tam-
pouco o é o barqueiro Caronte, que aparece em mui tos desses vasos. Nos que se referem a Caronte, só aparecem este e a proa de seu barca. Hermes guia os mortos. Algumas das cenas mais tardias da série possuem uma curiosa ambigiiidade, assim como as lápi-
des talhadas da época. Expressa-se tristeza: há cenas de partidas, últimos olhares, gestos de condolência,
158
|
mas não se evidência quem é o morto; a tristeza é ambígua e universal. E o que sucedeu com os deuses? Suas representações se tinham tornado cada vez mais humanas. Ate-
na se apóia em sua lança, dolente, num monumento de pedra; não tinha sido, como é obvio, copiada do natural, mas, como se tivesse sido, é convincente en-
quanto pessoa. Os deuses masculinos tinham corpo
de atleta, Afrodite era sexualmente atraente, e até Pã
e os sátiros ostentavam elegantes nus, muito menos indômitos do que seriam. Que havia mudado? À resposta parece ser que em certos âmbitos, entre certas pessoas, as variações não foram notáveis, exceto nas artes, e até nestas, menores do que cremos. Na corte de Polícrates, em Samos, Zeus e Hera eram figuras perversamente eróticas; a Ilíada confirma que tal concepção dos deuses não constituía uma idéia nova ou insuportavelmente chocante, nem sequer no período arcaico. O Zeus de Fídias emanava uma grande dignidade. O indômito Zagreu oriental, séculos mais antigo (o deus cretense que se identificava com Dioniso), que dá cambalhotas sobre um touro num disco de bronze de uma caverna, era um ser de outra dimensão que nunca tinha sido grego. As oferendas simples continuaram a predominar durante o século V. Zeus Ctésio continuava a ser o nome da serpente doméstica; Apoco ÁAgico era ainda um poste de pedra, e Hermes continuava a receber grinaldas. A poesia religiosa era quase demasiado inteligente e versátil para ser levada a sério, embora Isso não prove muito: podia ser e não ser ao mesmo tem-
po, como o diálogo do Banquete de Platão, de 416 a.6.
QUINTA PARTE
ALEXANDRE, O GRANDE, E SUA ÉPOCA SANZINANSANZINCINAISANSANAINAI ie
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NOVAS FORMAS DE LITERATURA
E DE RELIGIÃO
já havia penetrado na No século IV a.C., o arcaísmo literatura e nas artes visuais. Ainda Iria dar-se o momento culminante da nostalgia 100 anos depois, quando os mestres da prosa ateniense do século IV seriam estudados como os poetas do século V. Na-
urso...” O poeta autor dessas linhas é Teócrito, um grego siciliano que aprendeu os agridoces convencionalismos da poesia pastoral de Filetas, da ilha de Cós, quando viveu na corte greco-macedônica de Ptolomeu, em Alexandria. Mencione-se que escreveu seus poemas em dialeto. O dialeto é dórico, e a
pécie de deus, mas sua poesia era para eles tão remo-
realidade nem escrito por ninguém que não fosse
o primeiro dos historiadores e, curiosamente, o mais
uma brincadeira, em parte um recurso, como o vestuário cênico ou a paisagem pastoril. Na mesma épo-
O arcaísmo na literatura
quela época, as crianças atenienses deviam aprender significados especiais e estranhas palavras a fim de compreender Homero. Homero era ainda uma estamente antiga e tão venerável como seu tema. De fato, foi o momento em que ele foi classificado como
digno de confiança. Já no final do século Va.C., os três poetas que conhecemos hoje em dia como os
três dramaturgos
da
tragédia
clássica — Ésquilo,
Sófocles e Eurípides — tinham sido reconhecidos, no
caso dos dois últimos,
ao fim de um
século. Suas
obras eram conservadas pelo Estado de Atenas como antes Pisístrato conservara a Ilíada e a Odisséia. O reaparecimento de uma frota e algumas alianças ate-
nienses depois de 400 a.C., a reconstrução dos muros
da cidade e a recuperação da riqueza não deram sufi-
ciente energia para retornar ao século V.
Até Tucídides, no final do século V, emprega um estilo arcaizante, pois Atenas acreditava que a linguagem antiquada tinha mais dignidade, junto com
a poesia, que a linguagem cotidiana. Um antigo críti-
co observou
penetrantemente
que Tucídides
era
“político em suas palavras, versátil na retórica, forte
na harmonia e rápido no significado”. O interesse
intenção reside em compor um discurso agradável. Mas Teócrito exagera, e é muito provável que o fizesse deliberadamente: seu dialeto nunca foi falado na ele. É um
meio
deliberado
parte
de distorcer, em
ca, e também em Alexandria, recorrendo à mesma mescla de realismo, versos tradicionais e dialeto,
jônico neste caso, que não existiu nunca nessa forma em terra nem no mar, Herodas escreveu peças teatrais, breves cenas sobre a vida cotidiana ou popular. Também no mesmo período, mas com uma dispostção bem diferente, ao que parece alguém criou pastiche suficientemente inteligente para enganar muitos estudiosos, tanto antigos como modernos. Pretendia ser a obra poética de Corina, uma poetisa do século VI que usara o dialeto da Beócia e rivalizara com Píndaro. Entre os atraentes fragmentos que se conservaram, há partes de um hino para um festival da primavera e um concurso de canto entre os montes Citeron e Helicon. Sua ortografia, infelizmente, junto com outras evidências lingúísticas, como a simplicidade da forma dos versos e, sobretu-
que tem para nós o arcaísmo do século IV não se deve ao fato de que então tivessem cessado as Inovações,
mas sim ao fato de ser possível contemplar o começo de um processo que prosseguiria por longo tempo. Os críticos eram mais severos em sua devoção ao pas-
sado que os poetas, os escultores ou os arquitetos.
Aristóteles considerou Sófocles o maior dos dramaturgos, e Platão buscou alimento para a sua filosofia em Píndaro. Até hoje, os poetas elegíacos do século IV foram subvalorizados, assim como o melhor da escultura do século IV.
Teócrito e a poesia pastoril
Ao mesmo tempo nos fica a impressão de uma Atenas mais nivelada e (na falta de palavra mais exata) mais burguesa. A severa beleza se transformou, com
rubor, em bonita, até dissipar-se. A amável comédia de costumes atenienses de Menandro passa a ser, depois de Aristófanes, demasiado suave e doméstica,
mas sua popularidade foi maior do que a alcançada por este último. As representações da cabeça da Górgone foram terríveis no passado; grotescas depois e, no começo do século V, antes cômicas: podia aparecer como uma bela mulher. O Ciclope tinha sido um antideus; depois, um monstro terrível; depois, uma divertida criatura de pantomima na sátira de Eurípides O ciclope, e agora, na primeira parte do século II, estava apaixonado pateticamente e sem esperança
de uma ninfa marinha: “Minha doce maçã de mel... para vós crio onze almiscareiros e quatro filhotes de 160
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Abaixo: A Senhora dos Animais
Selvagens, que é identificada com Artemisa, nesta
representação inicial já evolui da
severidade para a alegria e para o encanto através do grotesco.
NONAS FORMASDE LITERA TUR VEDERELIGIÃO
Musa selvagem vive nas montanhas”. Essa mistura de temas nunca se afasta da poesia pastoril, embora frequentemente exista certa tensão neles. O estilo se tornou rapidamente internacional, como todos os estilos dessa época, poisjá nem os promotores nem
do, o fato de ser excessivamente encantadora para ser autêntica, combinam-se para situá-la no século [1 a.C. Não é a verdadeira Corina. Em conjunto, esses poetas em dialeto do século II marcam uma evolução importante da consciência grega do mundo; uma extensão lógica da curiosidade de Heródo-
to, combinada com uma curiosidade social (dado que Teócrito e também Herodas descreveram cenas
da vida cotidiana) e certa nostalgia da simplicidade,
da pobreza e da segurança, das crenças que já não se compartilhavam, das emoções que os intelectuais Já não sentiam. Mas a literatura oferece provas enganosas. A obsessão fundamental da poesia de Teócrito é o amor, e seus pastores são parte, somente, de uma galeria de estranhos apaixonados. Vê suas vidas € seus sentimentos com os olhos de uma amante. É notável que o romance pastoral Dáfnis e € iloé, escrito por Longo cerca de 500 ou 600 anos depois, e que é
uma das poucas obras-primas intensamente eróticas da literatura antiga, explore os mesmos convencionalismos de forma muito similar. Há um poema à flauta dos pastores e dos cabreiros, escrito por um contemporâneo de Teócrito, Mnasalques de Sícion, provavelmente em meados do século Il: " Flauta,
que fazes aqui com a filha da Espuma do Mar, Alrodite? Que fazes longe dos lábios do pastor? Aqui não
há colinas nem depressões, apenas Eros e Desejo; a
os leitores de poesia eram regionais. Ritual público
No entanto, certamente há algo, quanto às emoções
e às crenças até das pessoas mais simples, que mudou no século II. Teócrito escreveu um poema acerca de certos festejos reais oferecidos a Adônis em Alexandria. O culto de Adônis era bem conhecido no século V em Atenas, apesar de sua origem ser babilônica e ter adquirido sua forma grega em Chipre. Adônis era o ferido Thammuz, o deus moribundo da vegetação. A primeira noção que temos de seu culto tributado por gregos se encontra num fragmento de Safo. Seu festival em Atenas era celebrado em abril, e em
Alexandria, em setembro. Havia, além disso, diferenças mais profundas. Os personagens de Ieócrito são as mulheres de Siracusa, cujo festival constitui uma feliz excursão através de uma longa série de
pessoas, para, finalmente, ver O espetacular quadro de Afrodite e Adônis deleitando-se num sofá, sob um
arco de verdes ramos. Ouvem-se os louvores ao deus: “Senhora Atena, que obra! Que arte! As figuras se põem de pé e giram com tanta naturalidade como se respirassem vida! Quão brilhante é o homem. E olhe, que belo, estendido ali em sua cadeira de prata com os primeiros pêlos da barba, o três vezes amado Adônis, amado até na morte!” Trata-se de mulheres sem educação, dos distritos mais pobres e afastados; elas
Esquerda, acuna: Perseu, com
suas botas aladas, decapita a
Górgone. Obra de maturidade da escultura arcaica, bem conservada. Provém
de um
templo de Selino, cidade grega da costa meridional da Sicília. Esquerda, abaixo: Esta Górgone ou Medusa encontrada
na
Tarquínia, de cerca de 490 à.€,
e talvez pintada pelo “pintor de
Berlim”; sua execução
evidencia entusiasmo e certa hilaridade. Acima: Como
ornamento
de
terracota de um templo euusco, a Górgone continuava atemorizante, mas é evidente
que modelá-la e pintá-la era um deleite,
o t l u c o e a g e r g a n i c A medi de Esculápio Nos séculos v e IV a.C., a medicina grega avançou da magia e da sabedoria tradicional das primitivas sociedades para os começos de uma medicina científica.
ae: os RAE
Nai
Nos primeiros escritos médicos do século V, aimda remanescem elementos mágicos: a gastrite se deve à maldição de Apolo, pois causa evacuações líquidas como as das andorinhas, que são os pássaros do deus. No tempo de Aristóteles, a anatomia e a observação bem fundadajá começavam a ter influência.
Os primeiros centros em que se praticou a medici-
na foram os santuários de Esculápio, e as curas conse-
guidas neles foram notáveis. Eram rodeadas de um mistério religioso, mas não se pensava que fossem precisamente milagrosas. Também havia outros deuses e heróis que podiam realizar curas, mas a propagação
do culto de Esculápio sugere um ofício disciplinado, ou uma ciência e um corpo de conhecimentos, um método que podia ser ensinado. Naturalmente, também se produziam “milagres”: o dedo do pé de Epaminondas de Tebas, que o fogo funerário não havia reduzido a cinzas, produziu a partir de então curas milagrosas no lugar para onde fosse levado... O culto de Esculápio, mais ortodoxo, expandiu-se
da Ilha de Cós, cidade natal do famoso Hipócrates, a quem se atribuíram muitas obras médicas gregas que se conservam, uma ou duas delas talvez com justiça.
=
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=.
"anacéia, a sua assistente. Quanto
à serpente, era o ser mais importante do santuário. Até no século IV ainda se acreditava que, se a serpente de Esculápio lambesse os olhos de um doente, podia curar-lhe a cegueira. Direita: Esta enorme perna pertencente a um relevo, que
atualmente se encontra no Museu
Nacional de Atenas, é um ex-voto
de tamanho superior ao natural
oferecido por alguém curado pelo
deus. Mas um relevo em pedra é mais duradouro que uma perna
esculpida, e, sem dúvida, pensou-
se que assim ficava mais aparente.
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Esquerda: Estátua de Esculápio do grande santuário de Epidauro, do período romano. O bondoso ancião com a serpente sábia e benevolentejá quase esqueceu as origens da medicina, mais silvestres e ambivalentes. No entanto, não é totalmente um cientista. As representações de Cristo às vezes devem algo as estátuas de Esculápio. À consorte de Esculápio foi a Saúde, e
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Acima, esquerda: Instrumentos
cirúrgicos conservados no
Brush Museum: eles datam
do período helenístico. A
anatomia e a cirurgia experimentaram um grande progresso no mundo helenístico graças a Herófilo de Calcídon. Esquerda: Este baixo-relevo em
pedra do Museu Nacional de
Atenas mostra um médico ou
sacerdote assistido por uma enfermeira ou sacerdotisa. Está atendendo a um paciente. Muitos trabalhos médicos feitos em nome de Esculápio eram realizados de noite; os pacientes dormiam, talvez sob
efeito de uma droga. Embora a vezes conheçamos os detalhes das curas, como, por exemplo, o de uma antiga ferida de lança na face, é pouco o que sabemos dos detalhes do tratamento.
Ao que parece, os pacientes acreditavam que o próprio deus acudia para curá-los,
q rp Ea mad nm çãoa
or
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E
Deita: Este relevo, como o
outro, é uma oferenda em agradecimento de uma boa cura, Tais oferendas de gratidão podiam adotar a forma do modelo da parte doente: orelha, nariz, olho ou orgão genital. Este costume perdurou no Mediterrâneo até tempos modernos. Contudo, este relevo denota uma prática médica mais sistemática e sóbria.
Acima, direita: Os principais santuários de Esculápio no mundo grego,
,
E:
E
Epidauro A cidade de Epidauro está situada junto ao mar, no Golfo Sarônico. Alguns quilômetros para o interior, desenvolveu-se um santuário de Esculápio cujo prestígio internacional chegou ao ponto culminante no século IV a.C. Até um período tão tardio como a época de Adriano, em que já existiam construções mais grandiosas, pensava-se que o teatro de Epidauro fosse o mais belo do mundo. Era simples e clássico. Os jogos tinham lugar no santuário e alcançavam quase o mesmo nível que os grandes festivais internacionais. A arquitetura e as esculturas eram de suma r1queza, com algo pesado que assinala o final da pleni-
tude clássica. Só restam alguns fragmentos do templo de Esculápio, construído no final do século V; quanto ao complexo tolo (ou rotunda), construído no século Iv, algumas de suas partes se transforma-
7 7 ram em igrejas. Ainda é possível localizar as antigas vias que comunicavam o santuário de Esculápio com a cidade costeira. E nos muros das igrejas próximas ainda se encontram blocos perdidos de mármore, belamente
esculpidos, do santuário do deus. O santuário ou hieron era um lugar alheio à história onde aconteciam curas.
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NOVAS FORMAS DE LITERATURA É DE R ELIGIÃO
deobrezam os egípeios nativos cas suas próprias es Es
aa q ao EA a Os, e se u humor é provercido. Na passagem em que Teócrito descreve as reações diante da cena, não aparece nenhum indí-
cio de religião. O hino formal que se segue é de uma
elaborada beleza literária. Tem versos comoventes,
e, se não estivéssemos tão absortos na admiração dos ritmos contrastantes de todo o poema e de seu artífi-
ce admirável e evidente, poderia comover-nos muito mais e talvez o sentíssemos como religioso. Talvez seja religioso. O festival tem um encanto exótico,
mas seu caráter é secular: um espetáculo que Ptolo-
meu oferecia às multidões. Até a própria sequência dos atos do festival é estranha. Somos afortunados por poder deduzir, de algu-
mas fontes literárias e de um papiro de Fayum, de
cerca de 250 a.€., alguns aspectos do culto a Adônis
no Egito. Quase todas as provas coincidem em que o testival começava com o lamento pelo falecido Adônis, continuando com sua ressurreição e ascensão um dia depois. O papiro parece sugerir um dia de festival com celebrações alegres seguido por uma jornada de jejum e por uma de festa, provavelmente uma recriação pública ou mística da ressurreição. O papiro, que oferece uma descrição diária do festival, indica que ele se desdobrava em três dias. Os teólogos
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cristãos Jerônimo, Orígenes e Cirilo de Alexandria
não duvidavam de que a morte fosse seguida da ressurreição. O poema de Teócrito Arsínoe, rainha do Egito começa com a união de Adônis e Afrodite, continua com a morte e as lamentações do dia seguinte e, por fim, encerra o festival, Em Atenas, o festival de Adônis era privado e reservado às mulheres. Na medida de nossos conhecimentos, seus elementos eram
pequenos jardins que nasciam e desapareciam rap1-
damente no alto das casas e, em determinado dia,
numa sonora lamentação das mulheres. Pelo menos no Egito de Ptolomeu, berço da nova
cultura greco-egípcia, o ritual privado do deus agonizante que misteriosamente volta à vida tinha sido substituído por uma celebração pública sentimental de amor e morte que tinha lugar no palácio com um
custoso desdobrar de devoções e concursos artísticos
de canto. A única volta à vida mencionada por Teócrito consiste na representação do ano seguinte. Suas últimas palavras são “Adeus, querido Adônis, e bemvindo sejas outra vez no próximo ano”.
O mesmo processo se dava, em escala menos gene-
rosa, até nos rituais de Estado em Atenas. Aumentou
a generosidade da celebração, e a multidão cresceu e Esquerda: O teatro do san tuário de Esculápio data do século IV a.C. e é o teatro grego mais bem conservado. Tem capacidade “para 14.000 pessoas, € a sua acústica é particularmente boa.
Acima: A dama a cavalo é um akroterion, a decoração do pináculo do teto do templo de Esculápio. Este tipo de figuras eram conformadas com à natureza do vento: fluífam ou corriam levemente, eram aladas, ou suas roupas se remoinhavam. Contrastavam,
pois, com as formas pesadas e rígidas dos próprios templos. Esta que mostramos pertence à um momento tardio, por volta de 380 a.C. Parece emergir do mar. Talvez seja o espírito de algum vento.
se diversificou. Os deveres rituais dos jovens submetidos ao serviço militar se revestiam de um maior cerimonial, ao mesmo tempo que perdiam realidade. Cresceram os aspectos espetaculares dos rituais públicos. Os jovens ataviados com suas excelentes capas novas eram, não sem razão, mais atraentes para a cidade que as misteriosas e ominosas procissões privadas que também se manifestavam nas ruas. Por exemplo, Demóstenes sustentava que seu inimigo Esquines havia tomado parte nos rituais de Sabácio, versão
[rígia e indômita de Dioniso: lia os livros sagrados enquanto sua mãe iniciava novas devotas, de noite se cobria com uma pele de almiscareiro, manchava os
devotos com barro e passava o dia conduzindo pelas ruas as multidões, levando serpentes nas mãos e gritando Euoi Saboi ou Yarroo! E fácil imaginar como se irritariam os intelectuais com essas coisas, não
menos que os conservadores.
165
NOVAS FORMAS
DE
LITERATURA E DE
RELIGIÃO
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Efeso foi uma das fecundas cidades, parcialmente
gregas, da costa asiática. Rivalizava em importância e dimensões com Mileto e, depois, com Alexandria.
A antiga deusa mãe local era identificada com Arte-
misa e, pelos romanos, com Diana. A Artemisa efésia a coberta de seios com aparência de ovos, ou de
ovos com aparência de seios. Seu grande santuário unha
117 colunas que tinham mais de 18 metros de
altura. Éfeso foi a grande cidade da Ásia romana, e
quase todos os restos escavados são de tempos romanos. Sua decadência se deu quando o estuário do rio se encheu de sedimentos. Não obstante, até na Idade Média sua importância era considerável, e, de fato,
foi sua época de maior magnificência. =.
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Abaixo: A rua chamada Arcadiane
vai do porto ao teatro, distância superior a meio quilômetro.
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de Adriano
O teatro foi construído na primeira metade do século HI;
ele conserva a sua forma romana, embora existam algumas partes
do palco pré-romanas. Em uma
rua paralela que se dirige para o sul, há um pórtico de dois
andares que data de 200 à.€. Acima:
Estátua de Artemisa de
Efeso; data do período classicista e arcaizante do crepúsculo romano, no século IH d.C.
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NOVAS FORMAS DE LITERATURA
O culto de Esculápio
Mas o maior crescimento de um cu lto re lgioso, do século V em diante, foi o de um deus menor perfei-
tamente respeitável, e cujos benefícios não eram in-
visíveis. Tratava-se de Esculápio, deus das curas. Em muitos santuários. ele substituiu um deus ou herói
existente, embora não tenha chegado a controlar to-
dos
os
santuários
de
cura.
As
ninfas
atendiam as doenças dos olhos em remotos mananci ais montanheses, o herói oracular Antfiar aus nu nca deixou de atuar numnº santuário de muito êxit o situado n a fronteira da Ática e d a Beócia, e até na ágor a ateniense
havia um santuário ao inominado “herói das cu ras”, próximo ao lugar onde estava enterrado Te seu.
O culto de Esculápio chegou a Atenas, em 4920 AM vindo do Peloponeso, provavelmente atra vés de
Egina, para onde, em As vespas, envia Aristófanes um de seus personagens para curar-se em 422 a.C. Mas não há dúvida de que o grande santuário de Epidauro tinha sido reconhecido, dado que o novo
festival do deus em Atenas era chamado Epidáuria. Era costume que cada novo santuário de Esculápio fosse estabelecido formalmente com a chegada da serpente sagrada do deus, vinda do templo mãe. Assim aconteceu em Atenas, e o poeta Sófocles cuidou da serpente até que se terminasse de construir o novo hospital.
Direita: Estes meninos
E DE RELIGIÃO
Não é demasiado ousado dar-lhe o nome de hos-
pital. Há em Epidauro contam os milagres de supõem a existência da sérios de alguns ramos
uma série de inscrições que Esculápio. Evidentemente, cirurgia e de conhecimentos da medicina. Em Epidauro,
como em outros muitos santuários fundados a partir deste, no final do século V se deu uma grande expansão do culto cujo ponto culminante talvez tenha ocorrido no século IV. Por volta de 400, Esculápio era objeto em Epidauro de um festival internacional de atletismo, de corridas de cavalos, de música e de poesta. (onde, ciência lo IV, e
Seus novos santuários apareceram no século V, Hipócrates assentara as médica), Pérgamo e Cirene, por volta em Roma em 293 a.C. Em Naupato,
em Cós bases da do sécuno sécu-
lo HI, o mensageiro diplomático, que era o meio
para estabelecer seu culto, foi uma mulher, Anite de Tegéia, uma excelente poetisa. Esculápio teve santuários em Sícion, Corinto, Cêncreas,
Hlunte, Argos,
'aetras e Pelene no Norte do Peloponeso, em Titoréia
e Naupato na Fócida e, proporcionalmente, muitos
mais no Sul. Seu aumento se deveu em grande parte a uma modalidade religiosa especial, bem como à organização da ciência médica. Iratava-se de um culto dos indivíduos, e os ricos pagavam por ele. Em Epi-
dauro, não há tesouros dos Estados, mas suas cons-
truções são esplêndidas e decorativas.
do friso
marmóreo do Partenon guardam e conduzem o gado destinado ao sacrificio na procissão de Atenas
Quase todo o gado parece muro trangúilo. Talvez sejam jovens pastores.
167
NONAS
FORMAS
DE
LITERATURA E DE
RELIGIAO
Na África moderna, como na antiga Grécia, os oráculos e os lugares de cura costumam coincidir, e já no século
IV os oráculos
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individuais, anda que essas fossem insignificantes
ou excessivas. lais perguntas tomavam provavelmente a seguinte forma: “Heráclida pergunta se deve ter um filho com a atual mulher”, ou “Nicocratéia pergunta a qual dos deuses deverá oferecer um
sacrifício para livrar-se de sua doença”. Esta se deve em parte a que se acreditava que cada tinha seu próprio deus. Assim, por exemplo, va-se que Apolo produzia e curava a enterite.
última doença pensaporque
seus sintomas recordavam os excrementozinhos das
andorinhas, seus pássaros sagrados. Esculápio pretendia curar todas as doenças: numa aparição do
deus no século IV, sua assistente foi chamada
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dada de novo em 360 a.C. No período helenístico foi berço do criador da poesta pastoral, Filetas, É Teócrito localizou um de seus poemas mais notá-
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céia, é dizer, que cura tudo. Os doentes atravessavam grandes distâncias para ver o deus; numa INSCTIÇÃO de Epidauro, lê-se que um homem havia tido metal dentro do corpo durante anos, por causa de um feri-
no século V, foi aliada de Atenas e pátria de Hipócrates. Destruída na Guerra do Peloponeso, foi fun-
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cia à aliança sudeste de Lindo, Cnido e Halicarnasso. Foi tomada pelos persas no final do século VI.
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bertos nela monumentos e santuários.
mento em combate, e que Esculápio o havia curado. Ão contrário dos deuses mais antigos, o aspecto de Esculápio não era severo nem terrível. Conta uma lenda que os deuses o fulminaram por fazer com que um homem se levantasse dentre os mortos. Com o
aparecimento de Esculápio, as divindades, em grande parte, tornaram-se domésticas.
Filosofia privada
No século IV, houve um considerável aumento do número pequenos mercadores e cambaleantes empresas comerciais. Os acasos da sorte tinham chegado a ser extremos: nas cidades, uma pessoa podia clevar-se e cair com a maior facilidade, e as próprias cidades eram suscetíveis, igualmente, de elevar-se e cair mais facilmente. Para os gregos,já não seria possível conformar-se de modo absoluto aos antigos deuses, à sua moralidade proverbial e à preocupação com o estado vigente no século V. Houve um notável aumento do número de religiões e filosofias do retiro, da paz espiritual e da salvação individual. Epicuro, amável e austero, nasceu em Samos em 341 a.C. e
qUaNo Terraço
morreu em Atenas em 270; entre seus contemporá-
neos, não foi, de modo algum, um extremista. Estudou em Atenas em 323, e antes vivera em Cólofon e Lesbos, bem como em Lâmpsaco, da Iróade, no extremo leste do Helesponto. Até o fim de seus dias, seus amigos mais íntimos eram de Lâmpsaco e de Mitilene, em Lesbos, lugares que ficavam longe das
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são hoje em dia, mas da época de Platão em diante aparece um sentimento ligeiramente literário em
tudo o que dizia respeito à antiga mitologia. 108
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finitas permutações. Tratava-se de narrativas para “manter acordado um imperador sonolento”. A intenção, pelo menos nessas novas versões,já não era demasiado séria. Para fazer uma análise profunda da experiência e uma crítica da vida, os gregos do século IV se voltaram para os filósofos. Naquela época, a filosofia e a poesia séria eram algo mais próximo do que
Esculápio templo de Esculápio (B)
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Ovídio. Os deuses, escorregadios como peixes, eram imprevisíveis, e os desastres da sexualidade tinham in-
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grandes lutas pelo poder da Macedônia; em sua comunidade de discípulos, havia escravos e mulheres.
Esse movimento implicava algumas novas preterências em mitologia e uma explicação diferente dela. Especialmente no século II, na Ásta Menor se começou a explorar toda uma área da mitologia local. Algumas das histórias que chegaram a ser populares então são as que iriam aparecer em latem nas Metamorfoses de
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Acima: O famoso santuário de Esculápio, onde se iniciou, por assim dizer, a prática da medicina
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Antes tinha sido santuário de Apolo. Pouco tempo depois da
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grega, fica perto da cidade de Cós.
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morte de Hipócrates, em meados
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do século IV, começou-se a construção do templo de Esculápio e seus contornos. [em diversos traços próprios do século II. Olhando-se do primeiro terraço, que é o mais alto e onde se acha o templo principal, vêem-se os restos do grande altar e as colunas de um templo romano no segundo terraço; e no terceiro, a área em que provavelmente se celebravam os festivais de Esculápio.
A ASCENSÃO DA MACEDÔNIA Esparta € Tebas rivalizam pelo poder Ao terminar a guerra entre Esparta e Atenas, os espartanos ficaram numa posição dominante que se prolongou, mais ou menos, por toda uma geração, de 404 4 371 a.C. O curso da história depois da guerra. antes de terminar o século V, foi um espelho do ocorrido oltenta anos antes. Lisandro, o herói espartano, como seus predecessores depois das Guerras Médicas, manteve seu poder no Mediterrâneo orien-
tal fazendo-se venerar em Samos como um misto de
rei c deus, criando desse modo o precedente depois
seguido por Alexandre. Tendo entrado em negociações com os persas, sua volta foi requerida e caiu em desgraça. A conflituosa relação com a Pérsia estava
condenada a repetir-se até que foi resolvida, temporariamente e contra todas as expectativas, por causa
das vitórias de Alexandre. Em 401 àa.C., Ciro, irmão sta e governador geral da derar-se do trono persa. E se terra adentro à frente
de Artaxerxes, rei da PérÁsia Menor, decidiu apo-
significativo que marchasde uma força que incluía 13.000 gregos, 10.600 deles de infantaria pesada. A tropa grega tinha sido reunida por Clearco, oficial
espartano
exilado
de
Bizâncio
por causa de suas
atrocidades. Esses gregos deviam ser sobreviventes de muitas aventuras militares. O relato do acontecido foi escrito depois por um discípulo de Sócrates, membro da cavalaria ateniense, chamado Xenofon-
te. Na batalha fatal de Cunaxa, ao norte da Babilô-
h ta, ( tro encontrou a morte depois de haver ferido seu irmão, Artaxerxes se repôs e continuou a ser o rei
dos reis. Ctésias, o médico de sua corte, era outro grego que também escreveu sua versão da batalha.
Mesmo depois da derrota de Ciro, a tropa grega,
que não tinha sido derrotada, negou-se a capitular. Seus principais oficiais foram assassinados durante as negociações,
mas sob as ordens de Xenofonte, o
ateniense, um de seus comandantes eleitos, os gregos abriram
passagem, combatendo, até sair do Im-
pério persa. Essa marcha seria surpreendente ainda que não houvesse encontrado nenhuma oposição, mas eles tiveram que bater-se com os rudes e irritados montanheses curdos e com as forças persas. Regressaram ao Mediterrâneo pela costa meridional do
Mar
Negro,
mas
numa
transformaram
ali se
complicação. Os espartanos os embarcaram e conduziram a Bizâncio, onde foram abandonados. Com Seutes, trácio, lutaram nas guerras tribais: ninguém
estava em condições de pagar-lhes, e eles eram demasiado perigosos para ser benevolamente acoIhidos. Em 399 a.C., os últimos 6.000 gregos regressaram à Ásia como força expedicionária espartana contra o Império persa. Xenofonte viveu no exílio vinte anos, a maior parte dos quais residiu em Cilunte, Trifília, situada numa alta colina de uma das campinas mais aprazíveis da Grécia, exatamente ao sul de Olímpia, e independente de Esparta e Atenas. Não regressou a esta senão na década de 360.
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século IV, foram reconstruídos por
Conon de Atenas com ajuda persa.
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MACEDÔNIA
| A guerra de Esparta com a Pérsia em 400 a.C. era
Alexandria
inevitável
diante da ameaça persa às cidades gregas,
mas não se desenvolveu com muita energia nem muito êxito, e, quando Cónon de Atenas, almirant e que havia escapado do massacre da frota ateniense
em Lâmpsaco em 405 a.€., num acordo com Ctésia s,
o médico da corte, conseguiu o comando da frota persa, tomou Rodes aos espartanos em 395. Um ano antes, Agesilau, rei de Esparta, havia realizado a tra.
Alexandre foi enterrado na cidade por ele fundada no Egito, em 332-331 a.C., a qual foi a primeira das 13 ou mais cidades de mesmo nome espalhadas pelo mundo. O toque de mestre residiu na ligação da Ilha de Faros com o continente através de um
cais de cerca de
vessia da Ásia (onde recebera a notícia da perda de Rodes). levando na mente as audazes idéias que Alexandre faria realidade depois. Imitando o Agame-
non de Homero, começou com um sacrifício em Áulis, na costa oriental da Beócia, mas, por cometer o estúpido erro de não pedir permissão aos tebanos, seu sacrifício foi interrompido por homens armados. Agesilau teve uma boa atuação na Frígia, mas Cónon
1.500 metros de comprimento,
criando dois excelentes portos que davam as costas um para o outro. Sob os Ptolomeus (esquerda, Ptolomeu Il, 285-246 a.C.) e durante certo tempo, Alexandria se transformou no centro comercial e cultural do mundo. Os romanos a trataram brutalmente, e, finalmente, ela foi destruída pelos árabes.
linha costeira atual — — antiga linha costeira 0
800 m -
dominava o mar e capturou uma frota egípcia que levava cereais para os espartanos; finalmente, ele amiquilou a força naval espartana numa batalha diante das costas de Cnido, em 394 a.C.
Também na Grécia continental os espartanos tinham provocado grandes ressentimentos. Em julho de 394, seus inimigos confederados os enfrentaram numa batalha sangrenta, mas não decisiva, perto de Corinto. Enquanto 1sso, Agesilau, após a morte em batalha de Lisandro na Beócia, foi obrigado a regressar da Ásia. Em agosto, em Queronéia (Beócia), beócios e atenienses derrotaram Agesilau. Esparta ficou bloqueada dentro do Peloponeso, ao menos por mar, como o estivera no tempo de Péricles, e ali continuou irredutível durante os anos em que se manteve o equilíbrio de forças. Cónon, com a conivência e o dinheiro persas, restaurou os extensos mu-
ros de Atenas e do Pireu, e Atenas recuperou as ilhas de Lemnos, Imbros, Ciro, Delos e Quios. Depois da batalha de Cnido, as cidades gregas da Ásia Menor se desfizeram dos governadores espartanos, e as novas democracias pediram a proteção persa e não a ateniense. É evidente que os persas nutriam a esperança de ter um aliado mais ou menos fiel na Europa, por meio do qual pudesse dominar os demais povos independentes.
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Qua
À Europa celta e as invasões Hoje em dia se fala de uma linde celta, mas nos séculos Vl e II as invasões celtas ocuparam boa parte da Europa. No ano de 386,
Roma foi invadida por Brennus, e
outro Brennus chegou até Delfos no século III. Os gálatas, que se instalaram no centro da planície
da Anatólia no século HI a.C., nos tempos de Roma continuavam a
lalar uma língua céltica. A organização tribal celta, sob as
ordens de chefes muito distintos é
poderosos, sobreviveu à conquista
da Gália por César e à conquista imperial da Grã-Bretanha. a rs Am pr LRIVI
A ASCENSÃO DA MACEDÔNIA
ra característica fundamental da luta pelo poe grand de ade ibilid dispon a foi anos iqueles der ná não se tratava das
Esquerda: Hlhpe Ilera coxo,
Ou
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Já o de tropas mercenárias.
tropas normais extraviadas do exército
mas foi bom soldado e
diplomata e conseguiu a
unificação da Grécia sob a sua autoridade pessoal. Seus
de Xenofon-
te. mas SIM de montanheses de Creta e Pindo capabem ses de ransladar-se muito rapidamente e mais armados que no passado, com espadas mais longas e
generais contribuiram
grandemente para o êxito de
seu filho Alexandre, o Grande, Abeixo: Esta estatueta de
dardos. Em uma pequena ação, nas proximidades de
bronze data da época imperial
Corinto, em 290 a.€., sob o comando de um atenienum destacase « hamado liicrates, eles liquidaram
romana, embora provavelmente seja cópia de um original muito anterior, Representa Alexandre, o Grande, cavalgando, e talvez o seu
mento espartano de 600 homens, e em 388 a.C.
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numa emboscada nas montanhas do Norte da Gréum exéraram arras , dante coman mesmo o com cia, cito expedicionário espartano. Todos esses acontecimentos prediziam o futuro.
tratamento do tema seja mais sentido que na maioria de seus retratos,
Nem a Pérsia nem Esparta eram invencíveis; adquiviriam importância os mercenários, o dinheiro e o controle do comércio: mais cedo ou mais tarde. os
gregos mais indômutos dos confins de seu mundo toPérsia sugeria a Isso, nto Enqua a. palavr a mariam uma paz geral, em 386 a.€., com a aprovação de todas
as partes. Nunca tinha sido maior a força diplomáti-
ca persa, o que talvez se devesse à facilidade das comunicações. Chipre estava então na esfera de in-
fluência persa, mas Evágoras, o governante da Salamina cipriota, embora pagasse tributo, cont-
nuou a ser um soberano independente até o dia de dó ia
sua morte; de modo que, definitivamente, o poder persa não era absoluto. Sob o soberano Evágoras, a.C., teve um
aspecto
grego
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are Dae aci.)
374
e outro
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ras. em
do
Salamina era totalmente grega. A morte de Evágo-
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oriental: tanto ele como seu filho mais velho foram assassinados pelo mesmo eunuco, como vingança
sucessor de Evágoras foi des, amigo e protetor do Em 382, os espartanos da da cidade de Tebas.
E
pelo exílio de seu senhor. Aos dois se havia oferecido o tentador sonho dos favores da mesma dama... O
outro de seus filhos, Nicofamoso orador Isócrates. ocuparam a área fortificaPor uma traiçoeira coinci-
dência. tal aconteceu no mesmo dia do festival das mulheres, quando não havia nenhum homem dentro dos muros da cidade e passava pelas proximida-
repripara a dirigi se que ano, espart to exérci o des A retirada dos dez mil: 401 a.C. Quando em 401 Ciro, o mais
novo, tentou arrebatar o trono a
seu irmão Artaxerxes II, levou consigo 10.000 mercenários
gregos, os melhores soldados que se podiam conseguir, junto com
suas tropas asiáticas. De início lhes
disse que os estava levando para uma incursão punitiva contra Os pissídios independentes. Todos se mostraram dispostos a segui-lo até a Babilônia. Os gregos triunfaram na Batalha de Cunaxa, mas Ciro foi morto. Após uma trégua, os persas assassinaram traiçociramente os cheles gregos,
cos sobreviventes tiveram de atravessar um país montanhoso
para alcançar o Mar Negro € as
cidades gregas dessa região
em sua viagem de regresso. A
expedição serviu para revelar aos gregos o grau de fraqueza a que
havia chegado o Império persa.
Mas entre os Estados gregos amda havia desunão e rancor, e Artaxerxes II se valeu de suas riquezas para desempenhar
um papel decisivo na política da Grécia continental por
muitos anos. À fraqueza persa não foi evidente até o ataque de Alexandre.
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mir a florescente Liga Calcídica, cuja base ficava em Olinto, no extremo Norte. A essa liga grega se tinham unido os macedônios em busca de apoio contra as tribos da Ilíria. Na Beócia, os espartanos ti-
nham
tido êxito, mas transcorreram vários anos, € O
rei Agesípolis foi enviado para seu lar, morto e embalsamado em mel, antes que o exército espartano conseguisse uma vitória no Norte, em 379 a.C. No inverno seguinte, deu-se uma mudança de situação em Tebas graças a um estratagema que consistiu em vestir, durante os excessos alcoólicos de um banquete oficial, os patriotas armados de mulheres veladas. Tinham
o apoio de um exército ateniense voluntário,
mas este foi desautorizado por Atenas; como vingan-
ça, deu-se o ataque,
que não obteve o triunfo mas
tampouco foi desautorizado, de uma força espartana
ao Pireu. Como
resultado de tudo isso, em 378 a.C.
Atenas se ahou a Tebas e empreendeu outra guerra
contra Esparta, encabeçando outra liga ateniense. Mas a chave dos anos imediatamente seguintes não
estaria em Atenas, mas sim no reaparecimento de
Tebas como força militar, com contingente de choque integrado por atletas selecionados individualmente e que eram casais de amantes homossexuais. Essa tropa, sob o comando de um general intelectual
e modesto chamado Epaminondas, iria mudar os ru-
mos da história. Ano após ano e pouco a pouco, perderam os espar-
tanos e ganharam os tebanos, sempre no território
da Beócia. Os atenienses derrotaram totalmente a frota espartana, que ameaçava seu abastecimento de cereais, numa batalha naval realizada entre Naxos e
Paros. Em 376, existia uma ativa frota ateniense em Corfu e na Cefalônia, bem como entre os acarnânios e os da Molóssia (Epiro), na Grécia do Noroeste. Em
um
período de poucos anos, a relação com a Molós-
sta iria adquirir uma importância futura que nenhum ateniense da década de 370 poderia prever.
Em 374, houve uma tentativa de conseguir uma paci-
ficação, mas a guerra continuou latente.
Para Atenas,
era difícil a proteção de Corfu, aliado demasiado distante: a rede diplomática e militar e, sobretudo, o dinheiro tinham de ir demasiado longe. Os atenienses culpavam seus próprios generais, mas é significativo que, quando o general Timóteo, filho de Cónon, foi submetido a julgamento, Jasão, rei de Feres, na Tessália, e Alcetas, rei da Molóssia, acorre-
ram a Atenas para jurar fidelidade. Corfu se salvou, ce limóteo foi absolvido. Em 371, acertou-se uma paz entre as forças atenienses e as espartanas, com a dissolução das ligas e a aceitação das áreas de inHuência. Tebas, que se negou a dissolver a liga formada pelas cidades beócias recentemente libertadas, foi deixada à margem do tratado final. Então toda a Tessália, entre Tebas e a Macedônia,
era controlada por Jasão de Feres. Álcetas de Molos-
so se transformou em seu vassalo, de modo que o po-
der de Jasão se estendeu para além dos Montes Pindo, chegando até o Adriático, enquanto pelo outro
lado alcançava a Macedônia. Ele estava em situação de constituir uma ameaça para Esparta. Em 371,0 exército espartano empreendeu uma ação contra
Tebas, apoderando-se do porto de Crêusside e de onze navios tebanos, e dirigindo-se depois contra a
cidade da grande planície. Foram derrotados em Leuctra, onde os enfrentou o general Epaminondas.
Morreram mil deles, quatrocentos dos quais eram es-
partanos puros. Ao propagar-se a notícia do aconte-
cido, Jasão de Feres partiu com sua cavalaria para ajudar os tebanos, enquanto Atenas se mantinha na Trácia Dikaia O
ja
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A
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bros
28" Selimbria Pei
XD Áinos
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pé -
2
o be,
=
Abaixo: Moeda procedente de es
Cirene, colônia espartana da costa norte-africana em contato com o
oráculo de Zeus-Amon e que
gozava ali de privilégios especiais.
“Trata-se de um tetradracma.
EPs
A Segunda Liga Ateniense: 377-355 a.C. A Segunda Liga Ateniense for estabelecida em 377 com o objetivo de resistir à dominação de Esparta. A Pérsia havia recuperado o
continente asiático, mas não as ilhas.
A Segunda Liga foi mais modesta que a Liga de Delos. Atenas evitou os excessos imperialistas e houve “contribuições” em vez de tributos. Quando o império espartano entot em colapso em 371 e Tebas dominou o continente durante um período, Atenas apoiou Esparta. Restabeleceu-se a linha do Mar Negro, mas Os atenienses lutaram
em vão para tomar Anfípolis. Dep da “guerra social” de 355, boa paré da liga se desintegrou, e Atenasjá conservava apenas algumas poucas
ilhas quando Filipe IH começou à transformar a Macedônia numa superpotência.
172
ten
Os muros da Messénia são a torificação de todo O seu cida
Est
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amuinalhada.
bem protegida e que toi fundada pela segunda vez unha como
objetivo equilibrar | Sphedl
Lad
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de
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ubertar a Messénia de Esparta, do semos en NLes exilados oslv devo €
al Naupato
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modernas,
QUE
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pre-lustória.
conservam de cd
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uma
Não existia desde a
Os muros que se são o melhor exemplo
sistema
do século
os tebanos
restabelecer
esperavam
as
construndo
vastas
de
totalmente delesas
de
pedra
expectativa. Os espartanos
No cami-
se retiraram.
nho de regresso, Jasão destruiu 0 forte espartano
que controlava as Termópilas. Na época, construía o im óx pr 0 e nt ra du r agi de ão enç int a m co uma frota
Po. fos Del de o ni mí do vo no seu de tir par festival a
A vitória . 370 te, uin seg ano no o ad in ss sa as foi . rém anunciavam ão Jas de e rt mo a e a tr uc Le de na teba tebano o eri pod nte sce cre de o od rí pe um
|
graves am ri or oc cia Gré da Sul DO o, Iss to Enquan a m va na mi do s so ro de po e os ric desordens civis: os pobres chegaos € os ad re vo fa s no me os situação, €
ocorreu mo co as, lad pau a os á-l mat de ram ao ponto
en am nt te on sc de de via fer so ne po lo em Argos. O Pe truída, foi recons a, ádi Arc da te Les no a, éi to. Mantin
a am nt ra ga que s soa pes e Vegéia expulsou as 500 dos árão taç ici sol A a. art Esp m co lealdade à aliança ta a Tebas
tei fo1 que à mas , sou cas fra cades a Atenas o Sul. u adi inv s da on in am Ep teve resultado positivo: es-
ados egi vil pri OS , ia nc dê ca de em Esparta estava € O ro me nú em o íd nu mi di partanos puros haviam se que de o an rt pa es o óri primeiro ataque ao territ leais defensores ros out os que u elo rev tem notícia pots seu a ças gra vou sal se só eram poucos. Esparta seus de 00 6.0 ar ert lib de sa cos aliados e pela promes SErvOS.
Epaminondas
reconstruiu
Messene,
rest-
a da ica tif for ade cid sa ro tuindo-lhe o caráter de pode lizada uti ia ser e en ss Me . so ne cudoeste do Pelopo utilinça Fra a que do mo o sm me contra Esparta do sou à Escócia na Idade
Média
contra à Inglaterra.
a reconsel qu da nas ruí as ic íf gn ma as Ainda existem
trução de Messene. Mas Atenas sentia mais ódio por Tebas que por Esparta: nesta OCASIÃO UNIU-SC à Esparta por uma aliança formal, em 369 a... Epaminondas mvadiu Esparta várias vezes e a história dos anos imediatamente seguintes foram a história da fragmentação das alianças e das novas alianças, pois cada uma delas, em dado momento,
acomodava-se às pressões do medo e da ambição à sombra do conflito entre Tebas e Esparta. Em 369, a Élide entrou em guerra contra a Arcádia, cem 364,
em Olímpia, houve uma verdadeira batalha que coincidiu com os jogos olímpicos. Epaminondas morreu em 362 após uma batalha travada em Man-
tinéia, durante uma campanha vitoriosa contra Atenas, Esparta e a Arcádia. O resultado duradouro
de sua atividade não foi apenas a derrota moral de Esparta, mas também
a sobrevivência de duas cida-
des dotadas de energia e destinadas a controlar qual-
quer expansão de Esparta: Megalópolis, cidade nova formada pela integração das povoações de muitas
Areas montanhosas da Arcádia, e Messene, capital da
nova Messênia. Mas a energia militar de Tebas mal
sobreviveu à morte de Epaminondas, comoJá havia
ndo qua es Fer de o Jasã de o éri imp o com o cid nte aco morreu seu comandante ou com o império siracusano da Sicília.
Filipe da Macedônia
No Epiro, Alcetas da Molóssia ecra aliado de Atenas,
do an Qu . mo le tó op Ne o, it ên og im pr seu mo co assim
173
As tumbas reais da Macedônia O sítio arqueológico de Vergina, no norte da Grécia, onde ficam as tumbas reais de Macedônia. e
entre elas a sepultura de Filipe, pai de Alexandre, o Grande, foi corretamente localizado por N. G.L. mono c escavado há poucos anos por Manolis ca Androni kos, n um dos irqueól arqueólo s TEL ogos us brigregos bri mais O conteúdo das tumbas é extraordinário: o mais
magnífico tesouro com o qual um grego já foi enterrado, o que de algum modo é muito mais emocionante do que poderia parecer. As próprias tumbas, de mármore, eram delicadamente decoradas e executa-
das. Um enorme túmulo de terra protegia eficazmente as tumbas.
Eihipe
um
estatua,
pequena
Macedômia
da
a una
pertencente
Cabeça
lema:
de
Te trato
encontrada
Sua escala diminuta
po sepulcro.
(a cabeça de marfim mal ultrapassa Os três centimetros] permite
ale o
Mas
CQUie
cl
vitalidade expressiva que € sua qualidade
mais evidente.
parece legimo
Não
relacionar
sua
cabeça com sua biogralia, mas
conhecendo
ambas convém
sua estreita concordância,
mtu
Ima
direta:
Q
esc
do
€ Os
vasilhames foram fotografados antes de ser tocados ou movidos.
As vasilhas são de bronze. e O diadema, de ouro. À esponja ainda estava fresca € Nexivel, após
2 300
anos.
A armadura
(em primeiro plano vê-se um
coxoLe € as grevas encostadas na parede) também era de bronze:
eram usuais, assim como O diadema de ouro, embora com
funções bem diferentes.
Abaixo: Outra das cinco cabeças em
miniatura, de marfim, encontradas
na sepultura. Acredita-se que esta represente Alexandre, o Grande, filho e sucessor de Filipe.
Acima: Esta aljava bem adornada fala por si mesma; as grevas, uma cas quais é três centímetros mais curta que a outra, parecem haver
Página anterio), abaixo: Parte
pouco coxo. Filipe era coxo, por
um leão. Pinturas ainda mais refinadas apareceram na tumba
sido feitas para um homem um
que dava entrada à tumba principal; sob várias camadas de
terra, estava o friso da caçada de
pequena que existe diante da
sepultura de Filipe.
Esquerda: O cofre que guardava os restos de Filipe depois de sua cremação é pequeno; sua decoração, elegante, é bem discreta. Mede 33 x 4lem,
porém seu peso, incluído o
conteúdo, ultrapassava os dez quilos. À estrela que aparece sobre a tampa era O símbolo dos reis da Macedônia. É evidente que, antes de eles conquistarem a 61 écia, esta havia penetrado entre eles.
Direita: Jarra de prata que é, ao mesmo tempo,
delicada e austera. É notável a combinação de alta qualidade e proporcionalidade
Í
ai É
presente em quase todas as peças deste tesouro.
é
in
Isso parece provável que ele as tenha usado.
superior da fachada, com colunas,
AASCIENSÃO
DA
MACEDONIA
morreu seu pai, o filho caçula contestou os direitos de seu irmão, sovernando « onjuntam ente enquanto este viveu e sozinho depois da morte do primogênito. Trata-se de Aribas, homenageado em Atenas ao
S
alamina
final da década de 340 por um decreto, cuja inscri-
ção ainda se conserva, segundo a qual “também faz Jus à cidadania e ao privilégio concedidos a seu pal e aseuavôõ . O decreto finaliza com as seguintes palavras ameaçadoras: “os generais em exercício cuidaras:
e
e
.
rão de que Aribas
di
e se
Cio
]
a
"
ec
sa
Ss
:
a:
|
Te
h
na
| na O o Eras recuperem suas terras ancestrais 8 k .as reino daa Mace Tac dôni alazi: | lazia sombra, na
caldo ;
O Chipre foi grego durante um longo período. O . E aa E RE: fundador lendário de Salamima foi Teucro, filho do . . : ssa rverdailha de Salamina. Na verdade, Salamina suce4
Turquia Ê
E
Jolóssia e às Guiras trIbos do Epiro. Havia
adquirido uma naturez: dúbia,a. aleo tívico dada :imima natureza algo típico Muência ateniense: a corte e as principais cidade s eram gregas e muito ricas, mas a base do poder tribal sobrepunha-se a estas formas « omplexas e civilizadas. Existe certa analogia entre o papel dos vassalos tribais da Macedônia e o de um marajá, na Índia, diante do avanço da Inglaterra. Mas os STEgOS, dO contrário dos ingleses na Índia, não tinham à vanta-
PRN
a:“|
2|
cao
/
k
E.
"
e
deua Encômi, cidade micênica do continente, & a NoaguasséculoVI,T Salamina dominava
Naquela época ainda usavam uma escrita silábica, Durante os séculos V e IV, Salamima empreendeu uma longa série de combates contra os invasores
fenícios e persas, mas apesar disso floresceu no
mundo
helenístico.
gem de uma significativa superioridade tecnológica. tm 359a.€., Hhpe da Macedônia, como regente do rei
menino de um reino fortemente pressionado pelos péones e pelos ilírios ao norte e a noroeste, chegou ao poder e organizou seu exército. llhpe tinha 24 anos. Em 358 dispunha de 10.000 homens mobilizados e uma cavalaria de 600, bem disciplinados em todos os sentidos. Numa batalha mortal contra as tribos da Ilíria conta-se que deixou 7.000 mortos sobre o campo de batalha. Assim que
controlou a Macedônia, Filipe avançou para o leste,
rumo à lrácia, e foi ali que pela primeira vez confrontou os mteresses atenienses. Em 357, tomou Antíipolis e as minas de ouro, construindo a própria lortaleza destinada a defender suas anexações. Ocorreram depois outras conquistas nessa região, com
os
péones
consequentes
foram
amagonismos,
submetndos
mas
à vassalagem,
então
os
os ilírios
mais uma vez totalmente derrotados € os trácios su-
bornados.
Em 356, Hlipe assumiu o título de rei e
O páuo dos torneios era o pátio central de um grande ginásio construído na época helenística
ec ampliado durante o período romano. Pelas monolíticas
colunas coríntias e pelas grandes
arcadas que em algum momento o devem ter sustentado,
considerou-se que pode ter sido um foro de mármore. De fato,
colunas e capitéis foram
reagrupados — provinham de diversos edificios — depois dos terremotos
do século
IV d.C.
nesse mesmo ano nasceu seu filho. Havia casado com Olimpia, a filha de Neoptólemo da Molóssia, sobrinha de Aribas e neta de Álcetas. O filho deste casal foi Alexandre, o Grande. Naquela época, no Oriente, Mausolo da Cária, assim como Jasão na Tessália e Filipe ao norte, tentou
estabelecer um poder imperial, o que levou a um
E
choque inevitável com Atenas. Era um príncipe tributário do império persa, e embora na realidade sua autoridade fosse bastante considerável, em tese era uma após a outra sob sua esfera de influência: ane-
proteção de Mausolo. Nas campanhas que se seguiram começou a ser vislumbrada a alarmante possibihdade de uma guerra em grande escala contra à Pérsia.
Em 354, chegou-se a um acordo de paz, mas o império
ateniense nunca se recuperou.
Em meados da década de 350, ocorreu uma dispu-
ta entre a Fócida e o conselho dos Estados vizinhos
sobre o controle de Delfos, o que deflagrou a guerra na Grécia central. Tebas provocou o conflito, mas este se estendeu sem controle a Esparta e a Atenas,
que cautelosamente se opunham a Tebas, à lessália e, finalmente,
a Filipe da Macedônia.
Poucas vezes
deixaram de manifestarem-se estas situações na histó176
j
[ CR
, EF q
varam-se contra Atenas: estavam a ponto de cair sob a
Ê
ilhas. De sua antiga capital, Milasa, dirigiu-se a Halicarnasso, na costa. Em 357, Quios, Cós e Rodes suble-
?
xou a Lícia e sua ambição estendeu-se em direção as
Saba PRATA
PLANO
incerta. As cidades costeiras gregas haviam caído
L: todo o Chipre.
a templo
“de Zeus an
ra
A ASCENSÃO DA MACEDÔNIA
da Macedônia A expan são cedônia Ma , a lo cu sé io me Durante for em
ável cujos reis, «ado in o st
E
um
la, SO
st quenc
rápida
. O assassinavam uns d OULTOS e imposto por Fipe pode! H yrt
[1],
sovernante gental, totalmente carente
que
povo
seu
vantajosa
permita
escrúpulos,
de
tirasse
posição
PESA
Cio
da
Heog! álica.
Atenas, que em nenhum
momento
ce dedicou completamente à
po de pat ificação. não teve tem pe, mpedn as ANExaçõeEs de Fili
embora também não estivesse em condições de enfrentar exército. O próprio
seu
tuto de a
Macedônia ser politicamente
atrasada acabou sendo uma
vantagem quando suas hostes de
LIPO feudal foram objeto de tálica e disciplina superiores, A paz de
346 entre Atenas e Filipe causou amargas recriminações entre os polític os atenienses. Átenas realizou uma
evitar
última
tentativa
de
a violência na guerra de
9340-358, Depois de sua vitória em
Queroncia, Filipe tornou-se
governante da Grécia e de um
reino muito extenso; já podia começar a concentrar a atenção num
plano
para conquistar a Ásia,
o qual seu filho Alexandre tornaria
realidade. No início, a democracia
atentense permaneceu intacta,
mas, em 322, foi suprimida pelos macedônios,
eve
ria grega, mas esta foi particularmente providencial. Tomou Metone, última aliada grega em seu percurso,
e avançou rumo ao sul. A princípio, Os fócios enfrenta-
ram-no na Tessália, mas, em 352, ele os derrotou e prosseguiu o avanço. Incapaz de ultrapassar as Ter-
mópilas, Filipe atacou a Trácia. Somente sua doença
salvou o Quersoneso trácio e o Helesponto. O pânico e o horror propagados pela oratória ate-
niense nesse momento são fáceis de imaginar; mas
surgiram dois elementos surpreendentes, um positivo e outro negativo. Nessa época de crise as vinganças pessoais dos políticos são espantosas. Apesar disso, a lucidez dos argumentos políticos é assombrosa. Atri-
buem
um
caráter fatalista aos acontecimentos,
são
como as longas recitações da tragédia ateniense. E perturbador, mesmo hoje em dia, ver tão perfeitamente O . Filipe de mãos nas a Gréci da queda a a enunciad
ava que afirm es, sten Demó res, orado dos e ilustr mais | ”. Filipe novo um rão erigi logo , morre “se Filipe Calcídica Filipe não morreu. Em 349 invadiu a
destruindo a cidade principal da península, Olintos,
tratado celeum de de virtu em e 3406, Em 348. em
sobre nsões prete suas u dono aban s Atena em brado parte do maior a Leste no u ervo cons mas Anfípolis, Quersoneso.
Enquanto Isso também se ocupava de
verdadeiro um o rand devo a, Tráci da s parte s outra
paz, a u guro asse que Assim . lezas banquete de forta Filipe sões, provi suas de a Fócid da mento isola o com de jogos os diu Presi sul. ao rumo ar avanç voltou a havia lia, Tessá a olar contr ao que, já 346, Delfos em Delfos. de lho conse no ro memb de obtido um posto Cersobleplia. Tessá a toda de te rnan gove então Era
s, ópoli Megal nia, Messê lo. vassa seu era tes da Trácia Élide e Argos, isto é, as cidades que temiam Esparta
no Peloponeso,
eram
suas aliadas.
Em
342
a.l.
expulsou Aribas da Molóssia do Épiro, pondo em seu lugar o irmão de sua esposa, Alexandre. Do Epiro, Filipe podia vigiar de perto o golfo coríntio e as rotas comerciais ocidentais; pouco a pouco seu reino montanhoso ampliava-se rumo ao sul. A reação de Atenas foi demasiado tardia. A lrácia, a Macedônia, a Tessália e o Épiro representam um formidável bloco territorial e Filipe havia ampliado suas fronteiras. Havia fundado Filípolis (agora Plovdiv) em Hebros, dominando a costa grega pelo sul até Aque-
ron. Em 340, os atenienses tomaram Bizâncio e a vizi-
nha Perinto, restabelecendo também a independência
da Eubéia, onde estava no poder uma oligarquia favo-
rávela Filipe. Filipe atacou Perinto imediatamente e, depois, Bizâncio, mas não obteve um sucesso imedia-
to. Passou o inverno no noroeste da Irácia, guerrean-
do contra os citas no estuário do Danúbio, e no ano se-
guinte voltou a ocupar-se dos assuntos gregos. Mais uma vez, o pretexto foi uma disputa no conselho de Delfos, neste caso com uma cidade vizinha, Anfisa.
Em 338, Filipe investiu contra a Grécia central: controlou as Termópilas, fortificou uma cidade da Fócida e tomou Anfisa e Naupato, no Golfo de Corinto. Tebas e Atenas, junto com outros aliados menos poderosos, opuseram resistência. Em agosto daquele ano, o exército aliado foi total e definitivamente derrotado na encarniçada batalha de Queronéia, no Norte da Beócia. A partir desse momento, Filipe pôde impor suas condições aos gregos. E assim o fez, mas as condições estabelecidas eram razoáveis e, em 337, anunciou a guerra total da Grécia contra a Pérsia. Também em 337, Filipe divorciou-se de Olímpia para casar com uma nobre macedônica. Para aplacar os habitantes de Molóssia tramou um casamento incestuoso entre sua filha Cleópatra — irmã do grande 1:77
Alexandre — e o to dela, irmão de Olímpia, rei vassalo de Alexandre da Molóssia. Na manhã do casameno, quando Hilipe entrava no teatro da capital da Ma-
cedônia, Pela, foi assassinado com um punhal celta.
Alexandre, o Grande No momento do assassinato de seu pai Alexandre, o Grande tinha 18 ou 19 anos e vivia em desgraça com sua mãe molossa repudiada. Seu tutor foi o filósofo e cientista Aristóteles, O gênio mais sereno e luminoso de toda a Antiguidade. Alexandre era audacioso,
imaginativo e violento. Em 335 à.C., havendo transcorrido um ano, ao longo do qual se ratificou como sucessor de seu pai no papel dominante que Filipe havia desempenhado na Grécia, empreendeu uma guerra simultânea nos montes da Irácia e no Danúbio. Por coragem, demonstrou sua rapidez, habilidade tática e um impressionante talento como estrategista. Entre os que capitularam e se incorporaram a sua aliança numa ilha do Danúbio, no decorrer dessa campanha, havia celtas. Nas cidades do Sul da Grécia, imperava a inquietude e, diante do rumor da morte de Alexandre, Tebas rebelou-se abertamente. No prazo de duas semanas, Alexandre desceu tempestuosamente do Monte Pelion, aonde havia ido para enfrentar uma
ameaça de invasão vinda da Ilíria, e esmagou Tebas por completo; houve um massacre de 6.000 pessoas. Quase todos os sobreviventes, incluindo mulheres e crianças, foram tornados escravos, o que lhe granjeou as felicitações de Atenas. Alexandre invadiu o império persa em 334, embora um ano antes houvesse adiantado um exército sob as ordens de um dos antigos generais de Filipe, Alexandre dirigiu-se para a Ásia pelo norte, cumpriu seus deveres religiosos em Tróia, onde revelou que estava reproduzindo de certo modo o famoso poe-
ma, e em seguida, pulverizou um considerável exér-
cito persa próximo ao Rio Granico, não muito longe da costa. Enviou o grosso do botim à mãe, os prisio-
neiros gregos, como escravos, à Macedônia e 300 armaduras persas a Atenas. Na Ásia Menor deu o título
persa de sátrapa ao governador macedônio designa-
do por ele, proibiu o saque e manteve o sistema exIs-
prato
deste
) 4 cindio
li PR Po
aliado mostra um elefante de guerra grego, levado para O pelos
VANCO
Medici
SUCESSOTES
de
de combatc O castelo exandre. sobre o elefante parece ser uma invenção
Direita:
dIcvça
Alexandre
com
clulres de
cameiro que sugerem sua relação Zeus Amon,
com
deserto
libro.
O
oráculo do
elemento
cent
al
do culto era uma múnmna de aparência fálica, reton ida como um
sicômoro ou um
clulre de
carneiro e enfenada com
panos e
jóias. Sob o nome de Amon-Ra, teve influência no Egito, € Os
gregos o adotaram, identificando-
o com
Zeus.
tente de tributos e impostos. Evidentemente, tinha a intenção de governar aquele território sobre bases permanentes. Sua admiração pelas instituições persas bem pode provir dos estudos comparativos de Aristóteles sobre a instituição dos Estados, tanto grecos quanto bárbaros. Alexandre fundou de novo Tróia e libertou Sardes, a antiga cidade real da Lídia. Em todos os lugares, deixou bem clara a séria intenção de governar. No Éfeso, restaurou a democracia,
mas proibiu as represálias, com o que iniciou uma triunfal série de libertações e restaurações das antigas cidades gregas. Com uma reverência séria, embora alegórica, como algo mais que uma metáfora, Alexandre começou a ser adorado como deus.
Teve que se deter em Mileto, mas não por muito
tempo; a cidade caiu em suas mãos apesar do esmaga-
dor poderio naval persa. A reação de Alexandre con-
sistiu em distribuir sua própria e inadequada frota,
ocupando todos os portos fortificados do Levante. À
história dos dois anos seguintes é monotonamente triunfal. Em outubro de 333 a.C. Alexandre encontrou-se com o rei dos reis, Dario III. Os persas haviam avançado lentamente rumo ao mar, mas a velocidade de Alexandre era tal que o primeiro rastro que viram dele foi pelos doentes macedônios em Issus, na costa
sudeste da Ásia Menor; os persas estavam algumas mi-
TASCENSÃO
DA
MACEDONITA
a batalha de Issus havia fundado uma cidade que recebeu seu nome e que agora se chama Alexandreta; na foz do Nilo, fundou a grande Alexandria. Em Mênhs,
a
às margens do Nilo, Alexandre celebrou jogos gregos, ofereceu sacrifícios aos deuses egípcios e foi proclama-
do rei do Egito. Visitou então, no deserto de Líbia, ao
antigo oráculo de Amon, ao qual os gregos chamavam
de Zeus Amon. A peregrinação era, e ainda é, dramática e perigosa, e é preciso cruzar o deserto por entre penhascos e passagens desérticas cheias de mistério e imponência. Alexandre nunca revelou quais foram suas perguntas, disse apenas que o oráculo as respondeu. Seus soldados acharam, mais tarde, que ele havia perguntado se governaria o mundo e se havia castiga-
do todos os assassinos de seu pai. Também o oráculo poderia haver confirmado sua suspeita de que seu verdadeiro patera Zeus ... Então Alexandre adentrou a Ásia com 400.000 ho-
mens de infantaria e uma cavalaria de 7.000, e, em 393], cruzou o Eufrates e, a seguir, o Tigre, com sua
rápida segurança habitual, e, em Gaugamela, enrentou Dario numa segunda batalha. O exército
yersa dispunha de eletantes, de carros com rodas de oice, da cavalaria das estepes da Ásia central, de
sersas, babilônios, afegãos e indianos. A batalha foi onga e complexa, mas Alexandre obteve a vitória com a fuga de Dario, a capitulação da Babilônia e a recompensa,
lema
Não
É
pá 1514
ce]
Saranti
que este flósolo céuco € melancólico col responda ao retrato de um mdividuo, ou se €
simplesmente um rosto
imaginado. Bem pode
tratar-se do filósofo Bron.
Acima, deita: Uma das cabeças inscritas na pedra calcária local,
no palácio persa de Persépolis. Com
certeza,
elas
são obra
de
um artista grego arcaico.
Página seguinte: Muro interno
da cidade leste (século IV a.C.)
fortificada de Egóstena, do situada no extremo oriental
golfo de Corinto. O muro
O intemo defendia a acrópole, €
de. externo cercava toda a cida tão Ambos tinham torres e es
de entre os melhores exemplos arquitetura mihtar grega
Dario e. dr an ex Al de to ci ér ex do da ar gu lhas à reta notícias s ta Es s. te en do s do os mã as ar mandou cort
to, esci ér ex u Se e. dr an ex Al de s do vi ou chegaram aos uma ou iz al re s, de ta es mp te s la pe do cotado e empapa ou Os ac at te in gu se á nh ma na e a ad rç última marcha fo Mais . ra ei st co na zo ta ei tr es ma nu persas de surpresa roso € vo pa foi as rs pe de re ac ss ma o uma vez, venceu; e o br so do va er ns co do da O o at ex Dario fugiu. Se for s su Is em e, rt mo à m ra ra nt co en e número de persas qu
que em — 00 .0 10 1 — os ad ld so is ma a di m morreram nu bélica até a batalha do Somme.
qualquer jornada ra sebo em s, do ri fe m ra ca fi os ni Quatro mil macedô rtos. mo 2 30 de as ci tí no ja ha e nt me so gundo os dados n leia Fe à a, ri Sí à ra nt co foi te in gu se Seu movimento em 352, os mã as su em iu ca e qu , ro Ti de de e a cida am 8.000 er rr Mo a. ci ên st si re de s se me to depois de oi cravos. es mo co s do ma to m ra fo 00 .0 30 tírios e outros
ós Ap o. it Eg o a st de is po de e , za Ga iu Depois de Tiro ca
para Alexandre,
de Susa, cidade dos
lírios, antiga capital de Elam e palácio dos antigos reis persas. Efetivamente, o ocorrido não era a queda do império persa, e num poderoso simbolismo descobriu ali as antigas estátuas dos tiranos assassinos Harmodius e Aristogeiton, que compunham parte da pilhagem levada de Atenas 150 anos antes; devolveu-as a seu país. Ele e seu exército impuseram-se no centro da Pérsia dirigindo-se para Persépolis como exploradores e conquistadores. Sua empreitada mais dura foi, em 330 a.C., o ataque das Portas da Pérsia, um íngreme e apertado desfiladeiro ferozmente defendido. Alexandre encontrou um atalho ao longo de um precipício que permitia transpor por trás o desfiladeiro, o mesmo que fizeram os persas nas Termópilas, destruindo assim totalmente a poderosa força que protegia Persépolis. O tesouro de Persépolis dificilmente pode ser considerado exagerado. Foi transportado cuidadosa-
mente em lombo de mula e de camelo, como se fosse
um exército de formigas. Algum tempo depois, paláno ultrajes cometeram tropas suas e Alexandre cio e boa parte dele foi incendiada. Ainda se encon-
tram nos museus da Pérsia objetos de luxo delibera-
damente despedaçados que lembram a fúria puritana ou à arrogância desregrada dessa noite. 179
DE Page a
a
aa! e
Dario não se entregou e Alexandre perseguiu-o rumo aoao nonorte, a | Ecbatana, capita| l da Média, onde agor a fica leera, e mais a leste. Porém na rota D como
e
relém
por
um
parente,
ario foi tomado
o sátrapa
da
B
áctria. Cavalg: indo noite e dia, Alexandre, finalmente. alcan-
çou-0; encontrou-o mortalmente ferido por seus pró-
prios cortesãos. Alguns deles continuaram a resistência ca fuga, m as foram capturados um a um. em campa-
nhas muito duras e que exigiram grande coragem. Muitos morreram. Os gregos que haviam se alista-
do apenas para lutar contra a Pérsia foram enviados para casa carregados de tesouros. Lentamente foram recrutados novos homens. Alexandre adotou alguns
costumes persas, respeitou seus súditos vencidos e
casou-se com Roxana, uma nobre dama persa em 327 a.€., centrando suas ambições na totalidade da Asia central e da India. Foi como se ele e seu exército,
cada vez mais reduzido, pudessem se consumir no desconhecido oriente, numa viagem infinita de explorações e conquistas. Durante a conquista do Pun-
Jab, Alexandre foi seriamente ferido no ataque, que comandou pessoalmente, a Multan. As tropas nunca
deixaram de corresponder, e somente na Índia se re-
cusaram a avançar por uma zona desértica, da depressão do Indo até o Ganges. De regresso, através do delta do Indo e Gedrosia, muitos homens morre-
ram no deserto. Numa briga de bêbados, Alexandre
matou um general embriagado, e mandou executar
outro à traição. Havia levado seu exército até os limi-
tes do possível, mas esses limites eram prodigiosos. Ao final de 330 a.C., Alexandre havia estado na fronteira norte do Afeganistão; as montanhas e a planície de Oxus (Amu-Daria) eram suas por volta de 327
e em 326 cruzou o Indo, de onde regressou à Babilô-
nia para morrer em 323 a.(€., ao que parece, de febre, exaustão e excessos na bebida. Seus últimos planos foram a unificação das cidades da Grécia e da Pérsia e uma campanha ocidental para além da Sicília com uma frota de 1.000 navios. Tinha 32 anos. O impulso brilhante e a violência audaz de sua trajetória morre-
ram com ele; prova de sua crueldade com os inimigos é que nenhum povo nativo rebelou por uma geração; sipela e futu ro de visã o sua por por sua naturalidade, afi Fposs É ível Ásia a deix ou qual na obje tiva tuação éuas tota lmen te obs cur ece u nun ca hist a ória que mar parte peste a hoje é que o até Gibr alta De r conquistas. mundo: únic o um hou ve int ele ctu alm ente da China,
um mundo grego que perdurou por séculos.
A extensão do poder político
|
te 1men am du ar o tã , ia éc Gr da ca ti lí po A unidade . Por da ra gu se as m gu al do mo de va ta es posta, não de uma ta er ab ão li be re à eu rr co so , €. a. volta de 323 pts e qu to ci ér ex um m co , as eg gr s de aliança de cida andre. ex Al de s io ár en rc me s go ti an tava com 8.000
a o ou ss pa , os ni dô ce ma s do te an Antípater, comand nu oco e qu ra ei st co de da ci a, mi La verno sitiado em
e s, Ma l. Su o e ia ál ss Te a e tr en lava a rota principal á ja, ss le da ro nt ce no , on an Cr 399 à.C., a vitória de e on a, or ad st va de m ne a nt re ng sa que não foi De a. ni dô ce Ma da ia ac em pr te para restabelecer a su viu-se
as en At de ia ac cr mo de a e; -s ou móstenes suicid um aee o ad al st in i fo e a di mé e ta al Jimitada à classe O discurso fúnebre es Ape
tacamento macedônio.
cia-0s te al en o an e ss de s se n ie en rides pelos mortos at to
te po en am it ic pl im m ia ec nh co re e qu em termos ra si
a no s do bi ce re m be am ri Se de Alexandre. atido mb co am vi ha e qu es us de mi se e is se, pelos heró contra Tróia e contra a Pérsia.
A ASCENSÃO DA MACEDÔNIA
Nesses poucos anos a própria Grécia havia esgotado grande parte de seu poder político. Em Atenas , entre confhtos ininterruptos, protestos e embustes, a escola dos grandes filósofos manteve à posição da cidade como capital do mundo intelectual. Mas ha-
viam sido apequenados pela expansão de seu própro mundo. No século seguinte, pelo leste, uma avalanche de nômades partos, futuros governantes
da Pérsia, isolaria as províncias macedônias centrais, embora os macedônios isolados mantivessem a pró-
pria soberania por gerações. O novo reino indiano de Chandragupta pressionava as fronteiras meridionais pelo leste; era preciso pagar 500 elefantes para
obter o livre acesso. Em ocidente, Alexandre da Molóssia, cunhado de Alexandre, o Grande, havia mor-
rido numa campanha independente no Sul da Itália;
Pirro do Épiro, vei desde menino — em 307 a.C. — se-
ria O primeiro grego a lutar contra Roma. Não existia uma cidade da Grécia continental que tivesse os recursos materiais para competir nesse mundo. Qualquer um dos grandes generais macedônios que ago-
ra, tendo nos cofres os tesouros persas, disputavam entre si o mundo, estava em condições de empregar mercenários numa escala impossível de ser igualada por nenhuma cidade. Os elefantes, que levavam os novos castelos de batalha inventados pelos gregos, passavam de rei para rei por herança e por tratados. Pirro levou-os à Itália. As disputas entre os generais macedônios geraram o caos em escala mundial. Os dois comandantes na-
turais eram Pérdicas, na Ásia, que tinha consigo o filho póstumo de Alexandre, e, na Europa, Antípater,
último general sobrevivente de Filipe. A coroa da Macedônia foi repartida entre um meio irmão de
Alexandre, intelectualmente mediano, e seu filho.
Os outros generais eram senhores locais: Ptolomeu no Egito, Antígono na Frígia, Seleuco na Babilônia e Lisímaco na Trácia. Pérdicas foi o primeiro a cair, morrendo em 321 pelas mãos de seus próprios homens quando tentava invadir o Egito; Antípater morreu em 319 a.C. O filho de Antípater, Cassandro,
assassinou o pouco esclarecido rei, a mãe de Alexan-
dre e, por último, o menino, que, talvez para a própria sorte, viveu somente até os treze anos. O pró-
prio Cassandro morreu em 298 a.G. Enquanto isso,
Antígono e seu filho Demétrio mostravam-se ativos
na Grécia. O auge de seu poder ocorreu.entre 307 e 303 a.C., mas no ano seguinte Antígono morreu combatendo contra Seleuco e seus elefantes. Demétrio sobreviveu, com bons e maus períodos, até 285 a.C., quando foi obrigado a capitular diante de Seleuco, entregando-se à bebida e morrendo ao cabo de dois anos. O único sucessor direto de Alexandre que morreu na cama foi Ptolomeu. Demétrio havia se casado com uma filha do velho Antípater, e seu filho, Antígono Gonatas, chegou a ser rei de uma nova Macedônia. Ptolomeu havia se casado com outra das filhas de Antípater, eo filho de ambos, Ptolomeu, o Rato, quando
o poderio de Seleuco estava em seu apogeu, assasstnou o senhor da guerra em 280 a.C. Mas Ptolomeu, O Raio, nunca governou o Egito; seu pat havia expulsado sua mãe, deixando o Egito para um filho bastardo: o Ptolomeu que havia sido patrono dos últimos poe-
tas gregos. Ptolomeu, o Raio, realizou a maior parte
de suas campanhas no Norte. Morreu durante a grande incursão celta contra à Grécia, comandada por Breno, em 279 a.6., ano em que Pirro de Epiro rumava com seus elefantes para invadir a Itália. 181
A EXPANSÃO ALEXANDRINA
Direita: O espalhafato helenístico
teve sua expressão mais exótica nos templos e sepulturas lavrados
em aremito de Petra, antiga capital do reino de Nabatéia, no Sul da
atual Jordânia. Durante séculos Petra lot o núcleo de um extenso
comércio de caravanas. O Khaz né
Consequências da conquista da Pérsia A estrutura do poder mundial havia mudado total é
irreversivelmente em muito poucas gerações. Quando as águas se acalmaram depois da explosiva trajetória de Alexandre, uns cinquenta anos depois de sua
morte,
os gregos,
inevitavelmente,
haviam
com-
preendido o que eram os povos e as tradições remotas. Os nômades da Ásia central e das fronteiras da China e os povos intratáveis do Norte e do Oeste iniciaram um progressivo contato com os centros do Mediterrâneo. Sabemos que no século Il a.C. um navio mercante de Alexandria de tamanho considerável naufragou em Anglesey, bordejando a costa noroeste de Gales. Na época, em Alexandria, os cientistas Já haviam começado a medir o tamanho da Terra. Mas as consequências econômicas da conquista da Pérsia foram desastrosas. Durante muito tempo não havia existido o dinheiro e ninguém compreendia que este meio de intercâmbio fácil e elegante tivesse suas próprias leis e quase uma vida própria. Com
dinheiro, qualquer indivíduo rico, por exemplo, um
dos generais de Alexandre ou o governante de um território bárbaro, podia adquirir para sium grande exército de mercenários. A disponibilidade de dinheiro havia aumentado extraordinariamente, visto que a antiquada e despreocupada generosidade régia de Alexandre havia feito que todo o tesouro acumulado no império per-
sa, que no passado não circulava, fosse ssmplesmente
repartido, mundando o mundo grego. Sabemos, pelas rendas de certas fazendas pertencentes ao santuário de Delos e pelos salários dos soldados mercenários, que, de fato, a inflação resultante foi muito mtensa. Outra evolução importante do mesmo período consistiu em que os grandes santuários nacio-
e VERMELHO]
nais dos deuses, que sempre haviam estado dispostos a emprestar seus tesouros ao Estado em situações de emergência, começaram a funcionar como bancos comerciais para o público em geral. Houve até bancos que Investiam em terras. Os resultados, em ter-
mos de inflação e de perturbação social, foram pro-
fundos. Em toda a Grécia, estavam latentes as guerras de classe que às vezes se transformavam em
guerras civis, mas quase nunca triunfavam os demo-
cratas ou os socialistas municipais, € se Isso acontecia
não era por muito tempo. As rebeliões dos escravos tiveram um fim terrível para os rebeldes. Ressurgiu a pirataria, que com o correr dos tempos tornou-se uma praga pior do que nunca. Apesar disso, no auge de todas essas convulsões, no cume da extensão dos conhecimentos e da teorização, quando a rota terrestre da seda até a China se abriu e os navios alexandrinos navegavam até a Bretanha e o sudeste da Ásia, perguntou-se ao oráculo de Delfos quem era o homem mais feliz da terra; e este deu o nome de um obscuro agricultor que vivia numa pequena propriedade não muito distante, no interior do Peloponeso,
que quase não saía de sua
terra e que nunca havia visto o mar.
Que o novo império seria romano e não grego carece de importância: o mundo civilizado, com a exceção da China, e talvez da Índia, estava marcado,
ou, para do pela grandes grego a
usar uma metáfora mais precisa, Impregnavida helênica. Os Ptolomeus no Egito e as dinastias gregas da Ásia levaram o idioma seus reinos, junto com o modo grego de fa-
zer as coisas. Atenas tornou-se um local de peregri-
nação cultural e sua literatura não apenas passou a ser dominante, como chegou a ser o modelo aceito
de pureza e força da linguagem, tanto em latim quanto em grego.
construí ! do como ma T usoléu de um dos reis de Nabatéia.
As campanhas de Alexandre, 334-323 a.C. Nenhum europeu repetiu as conquistas de Alexandre. Júlio
César e Irajano tiveram a esperança de rivalizar com ele, mas
nunca
aungiram
esta meta ou
sequer se aproximaram dela. Sua lenda fot perpetuada durante a Idade Média e mais tarde reproduzida em inúmeros quadros e tapeçarias. A verdadeira história de suas conquistas contém mais atrocidades que magnanimidade. Graças a uma única batalha — a de Granico, em 334 =, conseguiu entrar livremente na Ásia Menor,
restabelecendo a democracia nas cidades gregas. A resistência do exército persa em Issus, em 333, foi superada mais facilmente que a obstinada defesa de Tiro; no Egito, onde o domínio persa era detestado, Alexandre foi bem recebido. Aqui o oráculo de Amon ratificou a divindade de seus antepassados. À grande batalha de Gaugamela (331) pôs fim à
dinastia dos Aquemênidas. Persépolis foi incendiada, e foi preciso derrotar a valente resistência do que é hoje o Aleganistão. Às conquistas de Alexandre estendiam-se para além de Samarcanda (Maracanda) e
incluíam o Punjab. Se seu exército
estivesse preparado para segui-lo,
poderia haver ido ainda mais longe. Sua morte na Babilônia, em
323, teve como resultado a
rápida divisão do império entre seus generais em confronto,
local de batalha importante rotade Alexandre
império de Alexandre
| regiões dependentes de Alexandre
ou tesouro tem mais de 40 metros de altura e um amplo interior de planta em forma de cruz. O edificio talvez tenha sido
x
Evolução da pintura de vasos Mais que nas formas, o interesse principal da pintu-
ra de vasos radica nas ornamentações e na forma como a ornamentação baseada em figuras se adian-
ta, passo a passo, em relação às demais artes gregas. Os primeiros vasos, da Idade do Ferro (séculos X e IX), têm desenhos abstratos e somente com o estilo geométrico desenvolvido (século VIII) aparecem figuras de forma muito estilizada. As artes orientais vizinhas introduziram os frisos de animais como elemento decorativo fundamental. inspirando a técni-
ca das “figuras negras”, no qual estas se perfilam em silhueta,
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e muito
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cor. Os melhores vasos são atenienses, embora o centro principal fosse Corinto, e houvesse várias escolas regionais. Ao redor de 530 a.C., for inventada em Atenas a técnica das figuras vermelhas sobre
fundo negro e com os detalhes pintados. O
efeito
é muito
mais
realista,
e nos
vasos
de
fundo branco surge uma técnica influenciada pelo aparecimento dos murais clássicos. Durante a segunda metade do século V artistas emigrantes deram origem a escolas importantes no Sul da Itália e na Sicília, onde durante o século IV a produção seria vigorosa.
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rde. abaixo: VIT)
decorado com um estilo de rendência oriental que mostra a nova técnica das figuras negras
entalhadas. O Oriente ntroduziu uma nova fauna nos frisos de ana passaro
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duplo
[riso inlerio!
Vina ateniense de
Página anterior, centro: Chávena
Centro, esquerda:
cerca de 550 a.C. Nesses vasos era frequente o tema das proezas de Hércules. Aqui luta com
a de cima; esta tem duas asas para segurar e uma para verter), obra de
No friso superior aparece uma
Berlim”, O deus Apolo viaja sobre o
ateniense de figuras negras de
figuras vermelhas (compare-se com
um mestre do princípio do século V
Tritão, uma divindade marinha,
conhecido como “o pintor de
dança de ninfas marinhas.
mar num caldeirão alado, com seu
Acima, esquerda: Vina ateniense de figuras negras de cerca de 510 a.C.; representa três jovens que recolhem água de uma casamanancial. A carnação é pintada de branco, que era o habitual nas personagens femininas das figuras negras.
que guarda relação com seu templo
Acima, direita: Chávena
típode, recipiente ou embarcação, e oráculo em Delfos.
Abaixo, esquerda: Chávena
ateniense de cerca de 460 a.C. Afrodite, sentada e sobre fundo
branco, acompanhada por dois
cupidos. Esta técnica permitia um uso mais livre da cor.
espartana do ano 500,
Centro, direita: Cálice-cratera (jarro
A esquerda, Atlas segura os céus.
Asteas em Paestum, Itália, por volta
aproximadamente.
Prometeu está amarrado a um
pilar, enquanto a águia de Zeus devora seu fígado, o seu castigo diário. A imagem austera de Esparta na história grega parece
contradizer o vigor e a criatividade de sua arte arcaica.
para misturar o vinho) pintado por
de 350 a.C. Um jovem Dioniso, dois atores cômicos (phlyakes), com
máscara e roupa acolchoada, e dois
outros, com roupa feminina (nas janelas), observam a atuação que lhes oferece uma menina acrobata nua num tablado. 185
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A erudição alexandrina Uma das razões fundamentais para que Isto ocorresse foi o desenvolvimento da erudição, da literatura crítica, dos comentários sobre os clássicos pelos estudiosos alexandrinos. Somente ao final do século IV a.C... Atenas reuniu o texto oficial, que guardou em
seu arquivo público, dos três grandes dramaturgos
do século V. Em Alexandria, e durante o século II, os
As rotas da seda e das especiarias Roma pretendia que seu governo se estendesse a todo o mundo
habitado, mas era evidente que havia grandes regiões fora de seu domínio. Nos primeiros séculos depois de Cristo, os comerciantes
atuavam entre o Egito e a India. A pimenta chegava do Sul da India.
A canela era importada da costa da Somália, embora sua procedência fosse muito mais distante: da Indonésia era levada em embarcações até Madagascar,
subindo depois pela costa da
África. Por terra, as caravanas
levavam da Ásia mundo 1 d.C.,
a seda, através das rotas Central, da China para O greco-romano. No século o mapa-múndi de
Prolomeu abrangia o Leste da
África, a India, o Ceilão (Sri
Lanka) e a Malásia. Talvez tenha sido um alexandrino quem descobriu que o vento das
monções levava as embarcações à
| vela do Aden, cruzando diretamente o oceano, até a India.
Ptolomeus criaram uma biblioteca completa de literatura grega, bem provida, ao que parece, na maioria das seções, mantendo ao mesmo tempo uma comunidade de poetas e eruditos que trabalhavam nela como sacerdotes de um templo. Os críticos da Antiguidade e os escritores teóricos existiam desde o final do século V, e Platão e Aristóteles deram origem a um clima de seriedade intelectual e livresca nova no mundo; nova, pelo menos, quanto ao clima geral, e que foi mais que um frenesi dos temperamentos €studiosos, do mesmo modo que a biblioteca de Alexandria era uma biblioteca completa e catalogada, não uma coleção de livros arbitrária ou individual, como seria a própria biblioteca de Aristóteles. A própria erudição literária nasceu então — como ão brilhantemente argumentara Pfeiffer — pelas
mesmas razões que teria o Renascimento italiano, pela necessidade dos poetas; passadas três ou quaàs rior poste fase a o essad atrav havia ões, geraç tro
€ ntes iona emoc as taref às e massa em contribuições
uma va reina nela enta: poeir mais ado torn havia se irecop de o ilaçã recop numa ção, erudi erudição da literária ção erudi uma hoje é que ao ida parec s laçõe tanados super eram nos roma Os de segunda classe. melhor to pela erudição alexandrina, no
equili era a poesi A a. ndrin alexa a poest quanto pela rete ment ivel terr vezes mas algu brada, educada, nome Em ca. irôni e da xona apai ém tamb mas cente,
uentemenfreq , ia-se refer dade, liber da e do frescor e a todas a ncian provi ou ra obscu ogia mitol te, a uma
últimos seus de Um no. huma amor do as variedades uavent ria histó à , prosa em nce roma produtos foi o pathos com ada relat dos, stina prede tes aman dos rosa e graça.
186
e no pior,
O barroco helenístico
Este mesmo tipo de patrocínio real teve como resul-
tado uma arquitetura que, como à literatura, se es-
tendeu até o período romano, e como as atividades da biblioteca de Alexandria, combinou uma inovação surpreendente no manejo e na construção das formas tradicionais com uma imponência vacilante, em certos momentos, e com um voluptuoso sentido dos prazeres privados, em outros, que OS minóicos raras vezes ou a duras penas conseguiram igualar. As analogias com a literatura vão mais longe,já que o triunfo deste estilo glorioso e pesado trouxe consigo uma reação de neoclassicismo, uma preferência pelas formas mais singelas e puras dos séculos V e IV evidenciada por alguns dos melhores edifícios romanos ainda conservados, e até mesmo pela transferência física e reconstrução de templos remotos,
mas admiráveis, que foram instalados em locais ur-
banos mais luxuosos e populares. Do mesmo modo, os poetas de Augusto retrocederam muito além dos alexandrinos em busca de modelos formais puros e simples, mas em ambos os casos os dois estilos continuaram existindo um ao lado do outro. O pleno florescimento da arquitetura barroca grega conservou-se numa fantástica versão de si mesmo que diz muito sobre o que se supunha que fosse sua atração estética: referimo-nos às pinturas murais de Pompéia. As pinturas confirmam nosso instinto normal que indica que os edifícios mais interessantes não eram necessariamente os mais grandiosos. Há um afresco de uma árvore sagrada, emoldurada por colunas, no qual um pinheiro nodoso parece haver crescido através da obra de pedras entalhadas do que foi, talvez, a porta de um templo. Em frente há altares pequenos e uma figura de aparência amistosa, assim como edifícios com colunas levemente €sboçados ao fundo. Quase poderia ser um esboço do
século XVIII, quase uma chinoiserie.A execução é leve
e tem a qualidade espontânea capaz de dar vida aos
monumentos e às ruínas. A perspectiva é informal. Há nela algo de irônico e de comovente. Não se trata de una cerimônia religiosa grandiloguente, mas de
o. AEXPANSÃO ALEXANDRINA
una devoção cotidiana dos gregos do Sul da Itália em sua longa e, afinal de contas, feliz decadência. Os vestígios mais exóticos da arquitetura helenística desenvolvida são os templos e tumbas de Petra, ao
Esquerda: Nesta vasilha elegante, embora de forma um pouco rebuscada, de Centuripe, na Sicília, a veemência € o encanto
da cor e da decoração tornaram-
sul da atual Jordânia. Petra era um centro importante na rota das caravanas que comerciavam especiarias, um próspero oásis isolado pelo deserto, mas em contato permanente com a costa da Palestina. Era a
se um fim em si mesmos, À partir
do século VL a.C. o gosto dos gregos decaiu muito.
pátria dos que Propércio, no começo do império romano, havia chamado de “os pastores árabes, ricos em aromas”. Quanto à grandeza cívica, o monumento mais notável é talvez a porta monumental que
conduzia ao mercado do Sul de Mileto, que se conserva quase intacta embora seccionada por causa de
A
5 ads
sua transferência para um museu de Berlim. Os edifícios mais luxuosos são banhos e palácios, como o palácio de Herodes em Massada. Por todas as partes, aparecem detalhes criativos. Em Ay Khanoum, no Oxus (Amu-Darya), pouco depois da morte de Alexandre, os capitéis coríntios, demasiado esbeltos para o peso que tinham de escorar, pareceriam flutuar a grande altura, escorando levemente a invisível
extensão de pedras entalhadas. Os teatros e fontes receberam fachadas profundamente ornamentais, sutilmente projetadas em busca do contraste da luz e
Abaixo: Âncora recuperada
os restos de um navio mercante de
Alexandria que naufragou diante de Anglesey, no Norte de Gales, no
da sombra na superfície.
século 1 a.C. Já antes de 300 à.€,, Píteas de Massilia havia navegado ao redor da Grã-Bretanha, uma
O tempo, que derrubou tantas construções imponentes, preservou alguns fragmentos, e frequente-
das jazidas de estanho que havia
mente os detalhes destes fragmentos são mais suges-
além do Estreito de Gibraltar.
tivos para nós que os pomposos projetos completos.
Nos grandes edifícios de Jerash, na Síria (atual Jor-
dânia), no século II d.C. a curva de um caracol de pe-
dra ou o fino delfim da decoração num encanamento ainda mostravam os valores gregos que nós
também compartilhamos. William Pars, amigo e pro-
fessor de desenho de William Blake, desenhou uma
tumba muito anterior que amda se ergue em Milasa, cidade no interior da Ásia Menor, que nos fala tão di-
retamente como falaria a seus construtores. O monumento de Lisícrates, em Atenas — século IV —, com seu pináculo que parece um penacho de plumas ou
um enfeite de chanully, era um tanto barroco Já; mas tanto este monumento quanto a tumba de Milasa
eram demasiado precoces para expressar a fantasia
aberta e arrebatada, a tortura das superfícies em que os elementos se retorciam, características do apogeu do estilo. A diferença devia-se ao dinheiro e aos escravos. É possível que a arquitetura não seja criação
de seus patronos individuais, mas certamente está
muito influenciada pela pressão de um estilo ou outro de patrocínio. O estilo barroco grego foi elaborado em Alexan-
dria. Não resta dúvida que seus criadores eram mut-
to conscientes das edificações monumentais de um
já existia no Egito, período muito anterior e do que embora suas relações e influências continuem sendo obscuras e seja difícil datar alguns dos edifícios barrocos mais interessantes, aparentemente precoces.
Para complicar mais o panorama, O grosso das amos-
tras preservadas não provém da própria Alexandria,
mas de cidades menores que se sabe que estiveram sob sua influência: de Petra e de edifícios como o Palazzo delle Colonne, em Ptoloméia, Cirenaica, 50 quilômetros a oeste de Cirene. Nos dois casos as datas são incertas, mas o vigor da influência alexandri-
na está acima de qualquer dúvida. O estilo rapida-
mente tornou-se internacional e, dado que a variedade e a ousadia expressiva eram elementos essenciais dele, as adaptações e as influências entrecru-
dentre
zadas são quase impossíveis de localizar, particularmente sob o império romano. Um dos edifícios barrocos gregos mais inteligentes foi o templo da fortuna, em Praeneste, Itália, e já no século IL a.C. a cidade de Atenas empregou um arquiteto romano para a construção do enorme e barroco templo novo de Zeus. Em outros lugares as coisas eram ainda mais complexas. Já não havia um mundo grego: somente havia um mundo, e nele a vitória pertencia às forças
mais colossais. Não se tratava somente de que as cidades independentes estivessem condenadas, mas de que também estavam condenados os poderes dinásticos menores. Durante o século II a.C. os novos reinos modifica-
ram suas fronteiras em escala imperial. À Trácia, O reino de Lisímaco, foi absorvida. O novo reino de Pérgamo, na Ásia Menor, começou sua existência.
Pérgamo era rico, poderoso e influente até mesmo
nas artes, como Alexandria. A arte da jardinagem,
do jardim de lazer, da qual saberíamos tão pouco se não fosse por uns poucos afrescos do período romano, nasceu em Pérgamo. Pergaminho é palavra derivada de Pérgamo através do latim. As esculturas or-
namentais barrocas do século II do altar de Zeus, em Pérgamo, com suas formas enormes e retorcidas, sua
intensa força e sua esplendorosa textura que podem provocar náuseas nos que tenham gostos clássicos,
acrescentam uma nova dimensão, e quase uma nova direção, à história da arte grega.
Comandantes e mercenários O processo de fenecimento que foi se desenvolvendo lentamente foi resultado direto de uma evolução posterior à vida de Alexandre, mas que somente ocorreu sob a prolongada pressão das forças que foram liberadas na ocasião. Os soldados mercenários, por exemplo, não se tornaram uma força regular e bem organizada que todos os poderes podiam utilizar antes do 187
VENPANSAOQ
ALENANDRENA
Pérgamo
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4 » Pérgamo
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De282até 133a.C., soba dinastia dos Atálidas, Pérgamo foi uma rica e formidável potência imperial. Deu seu nome ao pergaminho, alternativa ao papiro,
e sua biblioteca somente era superada pela de Ale-
xandria. Derrotou os celtas e viu como eles se assentavam na Galácia. Manteve a Macedônia à distância e cultivou a amizade de Roma. Em Pérgamo nasceu a arte da jardinagem. O santuário de Esculápio, fundação privada de 400 a.C., tornou-se, na época de Adriano, uma das maravilhas do mundo.
Direta: Algumas das esculturas do grande altar de Pérgamo, que se encontram quase todas em Berlim, A escala é grande, pesada, muscular € esplendorosa. De acabamento espetacular e detalhes
fascinantes, É O monumento mais
imponente do século II a.€. Pérgamo ergueu-se sobre
terraços nas ingremes encostas
das colinas, e seu traçado
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harmonioso ressaltava o
contraste entre a elegante
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teatro
arquitetura e os espaços abertos, Como muitos de seus edifícios
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cívicos, O teatro (abaixo) foi
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A EXPANSÃO
ALEXANDRINA
nassem certos atrativos. Em Alexandria e em Centuripe, na Sicília, começaram a ser feitos vasos de formas
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Acima: Esta serpente hierática, mas real dentro do concebível, é uma ilustração de um texto mágico escrito em papiro; um exemplo do mundo perdido dos gregos.
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século II. À princípio asdeslealdades e os ciúmes dos
comandantes de unidades, que passavam com todas
as suas tropas de um rei para outro, perturbaram serramente qualquer equilíbrio global que pudesse existr. Estes comandantes menores, independentes, aca-
bavam fracassando e desaparecendo. O papel dos exércitos gregos dos novos reis duran-
te o século II foi de tipo colonial, e no Egito, na Ásia
Menor e na Mesopotâmia tinham terras nos novos territórios e suas cidades eram cantões externos das cidades nativas; a concessão de terras aos gregos tinha até mesmo de ser renovada, de pais para filhos, pelo monarca. Sem dúvida, também existiam as corporações es-
pecíficas de soldados profissionais, arqueiros das montanhas cretenses, por exemplo, ou trácios que utilizavam espadas largas. O exército romano continuou a recrutá-los. Os macedônios não tinham problemas para empregar mercenários bárbaros. lambém houve uma distinção relevante em relação ao exército de reserva de proprietários de terras; nem todos eram cidadãos, pois estes direitos pertenciam apenas aqueles cujos estabelecimentos fossem definidos por decreto como cidades. Todas as cidades gregas dependiam da generosidade do monarca na mesma medida que o destacamento militar mais desprovido da Ásia. Os edifícios dos reis de Pérgamo em Estado do gratidão de decretos inúmero s os e Atenas ateniense são uma dramática ilustração deste fato.
| As mudanças de gosto ir Os cidadãos podiam aspirar, individualmente, à sub
um pesna roda da fortuna. Num poema de Teócrito, embocador empobrecido sonha com peixes de Ouro,
pocam Um . rico ser a á gar che ca nun que io óbv a sej ra e est o po, cam no o our tes um ar err ent des ia pod nês podia aparecer na praia; o público teatral apreciava este tipo de tramas. Porém a maioria das pessoas vivia
sem esperar uma mudança espetacular de destino. Existia uma classe média. Seus gostos eram extremacio por pro ra bo em s, ivo oat enj e s ico tét ies ant e nt me
demasiado complicadas e com excessivas pinturas ornamentais. Uma púrpura rósea ou magenta, particularmente ultrajante, tornou-se popular; era empregado nos vasos, comumente com efeitos catastróficos. Mais tarde, provavelmente na Sicília ou na Itália mericional, a partir do final do século II até tempos de Cristo, esta cor foi aplicada a pequenas estatuetas de terracota que possuíam recipientes para encher a lâmpada de óleo utilizada em todos os lares. Algumas destas estatuetas têm certo encanto e a maioria delas apresenta certo tom humorístico. Com frequência, as obras-primas não dizem grande coisa sobre a história social, embora seja necessário analisá-las. As últimas obras-primas da pintura de vasos grega pertencem aos derradeiros dias do século IV. Provavelmente o último mestre seja o pintor de Lípari, cujas obras somente são encontradas em sua própria e remota ilha e nas costas que a rodeiam; nenhuma delas chegou além de Nápoles. Em seus desenhos, as mulheres sentadas parecem confortáveis e relaxadas; o desenho é livre e perspicaz. Prefere um frio azul claro com um branco cremoso e matizes realistas de carne. O contraste, com o fundo tradicionalmente negro, é refinado e frio e parece que tenta conseguir que as mulheres também pareçam frias. Os vasos magenta de Centuripe e alguns monumentos fúnebres que estão no museu do Cairo expressam a mesma veleidade burguesa pelo luxo, mas são muito mais cálidos, mais arrebatadores e menos refinados. Não é que no mundo não houvesse refinamento. Era a época dos manuscritos ilustrados. Há poucos exemplos anteriores, mas sua existência e natureza podem ser rastreadas em muitas cópias. Temos conhecimento de textos médicos e cirúrgicos cuidadosamente ilustrados, de um poema sobre as serpentes com desenhos coloridos de caráter realista de cada espécie, e até poemas épicos completos ilustrados entre as linhas, como se fossem desenhos animados da ação. Alguns desenhos deviam ser muito esmerados e certamente eram populares. Chegavam até onde não se compreendia a linguagem dos versos, e um antigo escultor budista de Gandhara, onde hoje é o Paquistão, reproduziu em pedra uma cena de um
poema do ciclo homérico que representava o cavalo de madeira e a queda de Tróia; utilizou isso como se fosse um milagre de Buda. Uma chávena de prata do Tibete, realizada segundo a melhor tradição artesanal grega, oferece uma cena que originalmente era uma ilustração para Eurípides. Em todo o Oriente, os gregos adaptaram-se de diversos modos à vida nativa. Sabemos, por exemplo, de um grego que fez uma oferenda a Buda. Alguém traduziu em excelente grego filosófico as regras de vida budistas do rei indiano Asoka. Foram encontradas mais de uma cópia dessa tradução. A deusa de Bactra (Balkh), capital de Báctria, era Anahita, gran-
de divindade aquática do Oxus, cujo manto era feito
de peles de castor; era venerada, num culto confuso,
como Artemisa. O sentido grego de identidade era persistente mesmo quando suas instituições e sua língua estavam quase perdidas. O que foi conservado foi obra de restaurações eruditas de antiquários sem paixão ou do patrocínio de novos ricos, que o consideraram útil ou ornamental. O livro de maior beleza física que foi conservado, entre todas essas antiguidades, é o que contém uma co189
ALEXANDRINA
LEXPANSAO
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Ay Khanoum
Abaixo: Disco de prata do templo que
representa
a deusa
oriental
Cibeles de forma completamente helenizada, com um sacerdote oriental no altar do fogo e um
deus no céu, notável combinação
de idéias religiosas.
Ay Khanoum é uma cidade grega isolada, talvez chamada outrora Alexandria, situada nas fronteiras entre a Rússia e o Afeganistão, não muito longe da Chi-
gar antes ocupado por um palácio persa. Em Ay
Khanoum o Rio Kokcha, que Hui das minas de lápislazúli e da rota montanhosa da India, desemboca no
Oxus. É a única cidade puramente grega escavada no Afeganistão. Foi descoberta por acaso durante uma
caçada,
pelo rei do Afeganistão. Trata-se
de
uma cidade bem defendida, com seu ginásio, seu templo e inscrições em grego. Embora o próprio Alexandre nunca tenha chegado tão longe pelo noroeste, esta cidade leva sua marca.
Esquerda: Bela cabeça antiga
procedente de um herm, alto bloco de pedra com uma cabeça na parte superior. Neste caso, a
cabeça era um retrato, e à parte
superior do corpo estava
enrolada num manto, como se
fosse um funcionário, enquanto por baixo mostrava os órgãos genitais, como um deus ancestral, à maneira da Atenas
do século V. Foi encontrada no
pálio externo da câmara do
templo dedicado ao herói
fundador de Ay Khanoum.
Abaixo: A palestra de Ay Khanoum.
Esquerda: Este grande
fragmento de pé do templo
sugere o culto religioso de um governante. Se a estátua correspondia ao luxo do palácio, deve ter sido esplêndida.
190
A EXPANSÃO ALEXANDRINA
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Khanoum não fica muito longe da rota dos pastores
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do Vale do Indo, cruzando as montanhas
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leção de desenhos botânicos feitos para Flávia Anícia, filha de um imperador romano dos tempos da deca-
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dência do império. Foi comprado em Constantinopla por um diplomata do Sacro Império Romano do
século XVI e ainda é conservado em Viena. (Esse
mesmo viajante erudito introduziu na Europa os lilases, as tulipas, e a castanha-da-índia florescente.) As ilustrações do livro, que é parte de De materia medica de Dioscórides, médico grego do exército romano no século I d.C., parecem
haver sido tomadas direta-
mente da natureza. Estas ilustrações, o desenhos bo-
Miniatura escultórica que representa um elefante de guerra em ação.
que, até os tempos modernos, atravessavam
duas vezes por ano todo o Afeganistão, do Paquistão e
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o XVI nopla no sécul
tânicos, foram copiadas repetidamente durante a Idade Média, de maneira cada vez mais esquemática e menos reconhecível. Mas o códice de Dioscórides, que está em Viena, é o último elo de uma longa erica tradição. Nele temos acesso às melhores expressões gregas após séculos de patrocínio não grego.
Ay Khanoum
da te les a do va ca es go gre co gi ló eo qu ar io sít co úni O Afe e sia Rús de s ira nte fro nas m, ou an Kh Ay é Pérsia e. dr an ex Al de ns me ho os pel do ica tif for Foi ão. ganist , do ra nt co en io ínt cor l ite cap um por ado fic Foi identi e nt ra du o tã is an eg Af do rei o pel s, ada déc há poucas ma nô os pov dos os mã nas u cai do an Qu . uma caçada foi m ou an Kh Ay ga, gre a tri Bác a am ar up des que oc de ue sq bo O . ída tru ons rec foi is ma ja e abandonada se fosse mo co , as ad ad ch ma a o ad ub rr de colunas foi
volnão ar lug o e s, ore árv de ue sq bo um verdadeiro como de, tar s mai s ulo séc , eto exc tou à ser utilizado, O va er ns co da ain le po ró ac a s Ma campo de pólo. de e não que do mo de a, or nh Se nome de colina da deu a re mb le sé me no e ess m co todo impossível que a en qu pe ade cid a um era m sa do lugar. Ay Khanou m co e as Qu s. ida sól s esa def é com um grande palácio reapa ali que já ga, gre ser de certeza foi persa antes . una col de e bas a um s, no me o pel ceu, oca mb se de ha kc Ko Rio O de on se ueO palácio erg s, ao Oxu do o nt po co úni no a, ri Da no Oxus ou Amu-
em es, eçõ dir as s ba am em as lh mi longo de muitas de to, tan por se, taIra . do un of pr que o rio é bastante do ce des ha kc Ko Rio O . iva ens def uma localização da o, tã is an eg Af ao o eçã dir em alto das montanhas na o nd mu no a id ec nh co única mina de lápis-lazúli o de áci pal te des ção fun a que el váv pro época. Parece fos, ois dep o log ada cri ga gre ade cid da e um sátrapa, . úli laz isláp de s na mi das os st po im dos se o controle
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e o Oxus
para chegar à Rússia. Ainda mais importante: Ay Khanoum ficava muito perto da rota da seda, que conectava o Leste do Mediterrâneo e a China. Os gregos de Ay Khanoum fizeram algumas interessantes concessões à religião local, Uma placa das ruínas do templo apresenta a deusa Cibeles. A placa consiste num disco de prata repuxada finamente lavrada. Dois leões de aspecto mais ou menos heráldico puxam um carro por uma paisagem montanhosa em direção a um altar puramente persa de sete degraus, diante da deusa. Um sacerdote adornado com um longo hábito e chapéu cônico oferece o sacrifício. Atrás do carro há um sacerdote persa que segura uma sombrinha sobre a cabeça da deusa grega, que olha para fora do disco. Viaja no carro conduzido por uma menina grega. Uma estrela, uma lua crescente e a cabeça de um jovem deus do Sol grego, da qual brotam
treze raios, contemplam esta misteriosa cena. Sabemos que, na origem, Cibeles era uma deusa mãe regional que os gregos adotaram na Ásia Menor. Na própria Grécia somente era venerada pelas comuntidades de estrangeiros e nunca publicamente até a época do império romano. Era a deusa asiática melhor conhecida dos gregos durante o século IH a.6. O templo foi reconstruído. A princípio seus muros externos tinham uma série embutida de nichos quadrados, cada um dos quais tinha três molduras que diminuíam de tamanho do nível superior ao mais profundo e que se encaixavam um dentro do outro. Este estilo, de certa elegância, era popular no impé-
rio persa. Ao serem reconstruídos, os muros foram
recobertos de tijolos maciços de argila com um pouco de argamassa e pintura branca. Um capitel jônico carbonizado foi quase completamente recuperado. A principal estátua cultural era muito grande, e o pé de mármore que permaneceu dela pertence a uma figura masculina que calça sandálias com o emblema de um raio: trata-se, portanto, de Zeus ou de um rei identificado com ele. Em outro local da cidade está o santuário de um herói, com duas sepulturas de tijolos e dois sarcófagos e uma pequena capela com um par de colunas na entrada, várias vezes modificada; talvez o túmulo mortuário do fundador da cidade,
cujo nome era Cinéias. Como todas as cidades gregas bem projetadas, Ay Khanoum
tinha uma
palestra fechada, isto é, um
campo de esportes ou de treinamento. Dali foi recuperada uma bela cabeça grega de mármore, um Hércules adulto. Porém o achado que representa a quintessência do espírito grego é uma inscrição que fica perto do santuário do herói. Está escrita em versos gregos corretos e a gravação é de antes de 250 a.C. Diz que Clearco, a quem conhecemos como discípulo
de Aristóteles, copiou os preceitos dos homens céle-
bres de tempos antigos que havia visto em Delfos, inscrevendo-os ali, no santuário de Cinéias. Devido ao
desaparecimento de uma segunda pedra, somente uma das máximas de Delfos sobreviveu. Iratava-se de uma inscrição que induzia os gregos de Ay Khanoum a praticarem as virtudes adequadas às sucessivas idades de uma vida humana. Este mesmo conselho délfico estava inscrito em Miletópolis, na Anatólia.
191
A CONQUISTA ROMANA À expansão romana no Oeste
As dinastias fundadas pelos nobres de Alexandre ha-
viam pressionado os poderes menores até quase impedir suas existências, embora nenhum senhor da guerra fosse capaz de reunificar o império macedônico que restou após a morte de Alexandre. Alexandre não havia vivido o bastante para realizar sua cogitada campanha para o oeste, de modo que eram muitas as relíquias tumultuadas e independentes de épocas anteriores que sobreviviam até que chegasse sua ruína. No século II, Roma era uma cidade rica.
situada perto da costa oeste da Itália e que já havia conquistado alguns lugares civilizados. A invasão gaulesa do século IV, que terminou na Ásia Menor com o assentamento celta da Galácia no século III, havia varrido a Itália. Por causa do saque de Roma em 390 a.C., os romanos construíram um sólido
muro defensivo em torno da cidade em 378. Eles haviam enfrentado os etruscos do Norte, destruindo Veios por completo (396 a.C.) e dominando a vizinha cidade rival de Cere, cuja riqueza, como a de Roma, devia-se à boa fortuna como cidade livre e de mercado aberto. Do ponto de vista militar, desde o século Vo poder romano havia repousado numa liga de cidades que abrangia o Sul do Lácio muito parecida a qualquer liga grega do mesmo período. Apesar disso, os romanos expandiram sua liga, como as cidades gregas, e com o estilo implacável de uma nova idade destruíram os rivais um por um. Nem Cápua nem Preneste — segunda cidade da Itália e residência da grande deusa Fortuna (talvez uma tradução mais adequada fosse Providência), adotada pelos romanos de Preneste — puderam opor resistência à expansão do sé-
culo IV. Pelo norte, os romanos haviam chegado à Etrúria, e, pelo sul, na Campânia, para além do Lácio. As colônias romanas estabelecidas no século IV mantiveram-se durante o século HI em Cales, perto de Cápua, e na costa de Óstia, na foz do Tibre: e,
muito mais para o sul, em Antium (Anzi0) e lerractna. Por volta de 218 a. C., havia doze cidades colo-
niais romanas na costa Italiana, e anda mais nos cruzamentos de rios, nas imediações dos portos de montanha e nos cruzamentos de grandes estradas. Entre 343 e 263 a.C. estabeleceram-se cerca de
60.000 propriedades romanas que cobriam cerca de
130.000 km quadrados. O resultado deste avanço, que aumentava metodicamente, seria de mais longa duração que a arrebatadora aventura de Alexandre. Sem dúvida, esta forma de expansão provoca guerras e, por sua vez, as vitórias bélicas produzem uma maior expansão. Por volta de 290, os romanos domi-
navam os terríveis samnitas dos Montes Apeninos.
Perto do final do século, os romanos haviam anexado
a Sardenha, a Córsega e a Sicília, assim como as grandes riquezas do Vale do Pó. Seu exército era tormado
por duas legiões, disciplinadas,
flexíveis é
adaptáveis, que eram uma evolução da falange gre-
ga, subdividida cada uma em 30 unidades menores.
No curso do século III, haviam enfrentado em cam-
panha brilhante Pirro do Épiro, rei da Molóssia que 192
toi chamado em socorro de Taranto contra Roma. Agora, toda a Itália pertencia a Roma por alianças 1rreversíveis ou por conquistas. Visto que já domina-
vam as cidades gregas da Itália meridional, tomaram parte alegremente na longa disputa da Grécia com Cartago. À guerra que ocorreu a seguir desenvolveuseno mar, na Sicília e no Norte da África, e conduziuos ao centro da grande esfera de influência cartaginesa, em cujas margens sempre haviam vivido. Na primeira guerra púnica, 264-241 a.C., confronta-
ram-se nas batalhas navais mais importantes do Mediterrânco, com espantosas perdas dos dois lados. (O melhor comandante cartaginês, Xantipo, era um capitão mercenário espartano.)
VCONQUISTA ROMANA
Corinto Corinto tinha portos em ambos os lados do istmo. Sua fortaleza era um penhasco quase mexp ugnável e as terras circundantes eram ricas: suas artes visu ais eram magníficas. Corinto foi destruída (146 a.C.) e novamente fundada (44 a.C.) pelos romanos, che-
gando a ser capital da Aquéia.
Acima: Este templo de Apolo é
um dos mais antigos de Grécia. Ergue-se numa pequena colina
que reúne uma complexa história arqueológica. Ali foram encontrados fragmentos de | estuque pintado com desenhos da
| época da arte geométrica colorida. O templo data de meados do século VI, e seu predecessor, do VII. As colunas dóricas monolíticas de pedra calcária, que ainda estão de pé, são tudo o que resta de um retângulo que tinha seis no frontispício e na parte posterior e quinze nas laterais. Ao longe se ergue a fortaleza, Acrocorinto.
100m
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Esquerda: Para comemorar
o
recuo da invasão gaulesa e a
povoação
dos celtas
na Galácia,
rei de Pérgamo encheu a cidade
de magníficas estátuas como esta, na qual o brilho do
acabamento se combinava com
um realismo aterrador. Surgia
assim um novo estlo artístico.
O
Outra invasão de gauleses, justamente irritados com a política romana de extermínio e expulsão, chegou com um exército de 70.000 homens até o centro da Itália, mas em 225 a.C. foi aniquilada em
Adriático, no que é agora a costa da ex-lugoslávia.
da primeira guerra, havia empreendido a colonização da Espanha. Fundou o que hoje é Alicante, na
çou a perturbar Roma. Como é lógico, foi finalmente neutralizado pelos romanos e, também logica-
com suas riquezas minerais, tornaram-no uma figura poderosa. Seu genro, que o sucedeu, avançou mais
potência mais próxima da Grécia, a corte da Macedônia e o rei Filipe V. E claro que este rei não apreciava a expansão romana pela costa oriental do Adriático. Obviamente, iniciou uma aliança com Aníbal, na época —- 215 a.C. -no apogeu de sua gló-
Télamon.
Em 237 a.C., Amílcar Barca, velho general
costa, é os territórios do interior de que se apossou,
rumo ao sul, fundando Cartagena. Ao mesmo tempo,
conseguia que suas fronteiras chegassem até o Ebro, abrangendo mais da metade da Espanha. Por sua vez, morreu assassinado em 221 a.C., e a enorme base de seu poder passou a Aníbal, filho de Amílcar, que durante o que restava daquele século combateria contra os romanos (segunda guerra púnica, 218-201 a). O curso da guerra foi dramático, mas, por volta de 205, e a Espanh da ou-se apoder Cipião romano general o invadiu triunfalmente a Africa.
mas Isto não resolvia o problema. Em 220 a.C. um
aventureiro local da costa, Demétrio de Faros, come-
mente, Demétrio chamou em seu socorro a grande
ria. Os romanos controlavam
o mar e, como os ate-
nienses de 250 anos antes, enviaram barcos e homens à Grécia a fim de provocar quantos problemas
pudessem. Em 205, perto do fim da segunda guerra
púnica, Filipe realizou outro movimento lógico em seu jogo de perdedor: estabelecendo a paz com
Roma, abandonou os aliados recentes na Aquéia sem se conciliarem com os vingativos romanos.
Apesar disso, antes da incursão romana os ma-
No curso da primeira guerra contra Cartago OS TOmanos já haviam posto o pé na costa oriental do Adriático. Para barrar o Adriático a Cartago, estabe-
cedônios já tinham conflitos na Grécia. Por volta de
poderosa num excelente porto natural, com o que provocaram os ataques dos ilírios aos navios do
da grande fortaleza de Corinto, de Sícion, Argos,
e leceram Brundisium (Brindfísi), colônia fortificada
228 a.C., a liga de cidades aquéia era o poder mais
importante do Peloponeso. Com base no Norte e no
Centro da península, havia expulsado os macedônios
Arcádia, Mégara e Egina. Este momento glorioso
é
193 dr
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Primeira guerra macedônica
Por esta razão, os romanos enviaram uma expedição que estabeleceu um protetorado na costa da Ilíria;
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A CONQUISTA ROMANA
passou rapidamente. À Liga Aquéia implicava uma ameaça para Esparta, e na década de 220) os espartanos conseguiram aniquilá-la quase completamente. Em desespero, a liga fez um apelo a seus antigos inimigos, os macedônios: Esparta e Corinto caíram. No curso da primeira guerra da Grécia, os romanos garantiram temporariamente seus primeiros aliados efetivos na própria Grécia. À Liga Etólia, uma frouxa confederação de cidades da Grécia cen-
tral, no lado noroeste do Golfo de Corinto, havia se
tornado, desde o século IV, um poder federal organizado. No século IJ, o controle estendeu-se até a própria Delfos e, através de Delfos, representou uma poderosa influência numa vasta liga de cidades gregas, a Liga Anfictiônica. Se Filipe V não tinha capacidade para protegê-la da interferência romana, havia chegado a hora de proteger a si mesma. Em 211 a.C. entraram, portanto, em aliança com Roma contra a Macedônia, mas, depois que Roma se retirou, foram obrigados a firmar uma paz em separado com Filipe.
Então Filipe voltou-se em direção ao leste. Nego-
ciou uma aliança com o rei da Síria, Antíoco, o Grande, tataraneto de Seleuco, sátrapa de Babilônia na época de Alexandre. Sob Antíoco, o Grande, a Síria
Pallagônia
A
tornou-se talvez o reino mais poderoso do mundo grego, tão poderoso no oriente quanto Roma no ocidente. Os partos eram seus tributários e o rei de Báctria reinava com permissão de Antíoco. Em 203 a.C., em outra das quase contínuas guerras entre colossos das grandes potências, Filipe confabulou com Antíoco para ameaçar o Egito e os Ptolomeus. Os poderes menores estavam seriamente alarmados; Rodes e Pérgamo, esta uma cidade um pouco mais forte, lançaram-se rapidamente nos braços de Roma, enquanto iniciavam ao mesmo tempo uma guerra contra Filipe da Macedônia. Os romanos, cuja habilidade diplomática não era de modo nenhum brilhante e cuja capacidade para suspeitar era inver-
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samente proporcional, miciou uma mobilização contra Filipe. E interessante observar como esta guerra correspondeu não a uma política do povo romano,
que no começo se recusou a participar nela, mas sim do Senado, cujos interesses financeiros eram interJá no século TI existia uma sólida e rica nacionais. presença italiana em Delos, na época um dos principais centros dos negócios que eram realizados no Mediterrâneo. O ultimato romano a Filipe estava em relação direta com a política dominante de interfe-
escala 1:25 000 000
rências protecionistas: Filipe deveria pagar indeni-
zações a Pérgamo e a Rodes e nunca mais empreen-
deria ações militares contra qualquer estado grego.
Segunda guerra macedônica
o an pl O . a.C 0 20 em u ço me co el áv it ev in ra er gu A gre s de da ci às e ad rd be li a dar em tia sis con no ma ro ma ro os ad or et ot pr em m si as s la ond te er nv gas co de es or ss ce su Os ra nt co o iç ir te on fr r de po nos, como em Alexandre. As cidades etólias uniram-se a Roma s a Atada in -v as bo as va da as en At to an qu en ., a.C 198
sme ao am ar lt vo s ia ué aq s de da ci As o. am rg Pé lo de foi ra er gu À . ca ni dô ce ma ti an ca íti pol sua a o mp mo te exaustiva: Filipe já havia perdido a maior parte de seu poderio naval na guerra contra Rodes e Pérgamo e em 197 a.C. somente dispunha de 26.000 homens, te an nd ma co m ve jo O . as nç ia cr e os lh ve o nd ui cl in romano Flaminino, com os aliados gregos etólios, esmagou este exército em Cinoscéfalas, lessália.
É claro, isto não deixou os gregos como donos da situação. Filipe teve de entregar os restos de sua fro194
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ROMANA
ta, todas as suas cidades asiáticas e certas cidades
forúficadas estratégicas da Grécia, inclusive Corin-
to; também foi obrigado a pagar uma indenização, mas os termos do tratado transformaram-no em ahado de Roma: A Etólia, portanto, ganhou pouco ou nada. Em
196 a.C... nos jogos do Istmo, Flamini-
no proclamou a liberdade nominal da Grécia e muitas das principais cidades do Peloponeso, incluindo as da Liga Aquéia, tornaram-se aliadas de Roma. Os romanos, como potência protetora, deviam agora apaziguar o profundo e furioso ressentimento dos Estados gregos, legado de muitos séculos, e particularmente do último. Os macedônios haviam entregado Argos a Esparta como medida diplomática na guerra contra Roma, e Esparta conservou Argos
para negociar, em seguida, uma altança com Roma. Flaminino devolveu Argos à Liga Aquéia, mas Esparta rebelou-se com um exército de 15.000 homens;
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de modo que Flaminino, reunindo todos os aliados gregos, invadiu-a rapidamente com 50.000 soldados: Esparta não foi anexada, mas aniquilada.
Roma derrota Antíoco da Síria
Os romanos tinham de interpretar agora seu outro papel como potência protetora: tinham que proteger as novas fronteiras. Antíoco, o Grande, havia tomado
em
197 a.C. toda a costa da Ásia Menor,
incluindo algumas áreas do reino de Pérgamo. Agora empreendia sua viagem para o oeste ao longo da costa da Trácia. Mas Roma estabeleceu uma negociação que durou três anos com Antíoco e em 1940 exército romano saiu da Grécia.
Em 193, Antíoco casou a filha com Ptolomeu V do
Egito. Os Estados do Norte da Ásia grega eram seus aliados e o exilado Aníbal era um príncipe refugiado em sua corte. As relações de Antíoco com
Roma
eram ruins, mas não chegavam ao estado de guerra. Nesta situação, os etólios enviaram-no à Grécia continental prometendo-lhe uma aliança com Filipe e com Esparta. Numa atmosfera de promessas mútuas, em seguida deflagraram-se os conflitos e exacerbaram-se as antigas posições. Os etólios foram à guerra e os aqueus ampliaram sua liga para incluir Élide, Esparta e Messênia. Antíoco adentrou na Grécia
continental com um pequeno exército, mas não ocorreu a seu redor uma insurreição geral; mais uma vez, a intervenção romana era facilitada na Grécia.
Em 191 a.C., destruíram seu exército nas Termópilas; Antíoco escapou quase sozinho. No ano seguinte, os romanos, encabeçados pelos irmãos Cipião, o
cognominado o Africano e Lúcio, recuperaram a “Trácia e pela primeira vez avançaram na direção da Ásia. Os etólios garantiram uma trégua com Roma. As frotas combinadas de Roma, Rodes e Pérgamo destruíram a tropa inimiga após uma série de com-
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território seléucida
[ESA território ptolemaico E: E 2+) território ontigônico [E
império romano
império parto EE
reino independiente
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local de batalha importante
Os reinos subsequentes Se Alexandre houvesse vivido mais tempo, estabelecendo uma dinastia, seu império poderia ter durado séculos, pois é evidente que, embora os generais macedônios se enfrentassem em divisões sucessivas do império, quase não houve rebelião nativa. Na Ásia Menor, foram estabelecidos pequenos reinos nos quais se fundiam, em modalidades peculiares, Os elementos gregos aos orientais. 195
(CONQUISTA
ROMANA
Paestum
e Roma
PoestuíR
Corago
Posidônia, mais tarde chamada Paestum, foi fundac em meados do século VII pela colônia grega de Síbaris, situada mais ao sul. Está na costa italian: abaixo de Nápoles. Seu muro defensivo a
Direita: Na Idade Média, os
templos de Paestum
conscrvaram-se parcialmente submersos no mar.
Provavelmente, os dois grandes
templos eram dedicados a Hera, deusa da fertilidade.
cinco metros de largura e um comprimento de quase 2.000 metros. Por um capricho do mar que a destruiu, recuando mais tarde, esta cidade possui os
O “templo de Netuno”, de meados do século V, co “templo de Hera”, cerca de cem anos mais antigo, encontram-se no santuário de Hera. As
templos arcaicos melhor conservados de todo o mundo grego. Por volta do final do século V, foi dominada pelos lucanos locais e no século III caiu nas mãos de Roma. Sabemos que durante o período lucano os gregos lamentavam a decadência de
pequenas oferendas que foram encontradas neles são muito semelhantes.
seu modo de vida.
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Direita: Detalhe de uma cena de chávena de uma tumba de “estum do final do século IV,
período da dominação lucana.
Esquerda: Vista do santuário de Hera na direção norte. Para além dos dois templos gregos, está o foro (e ágora) central, área com um templo romano dedicado à paz; terceiro mais adiante há um templo grego, o chamado templo de Ceres, que na verdade é um templo de Atenas, do século VI.
ulres era no ma ro al nav r de po O . as lh ta ba as ad plic não te an rt po im E . ca ni pú ra er gu ra ei im pr da tante val na o ri de po O va ta en es pr re e qu o ta vis de perder
€ , es ns ie en at s ro ei im pr s do e nt ra de on ep no papel pr de depois dos reis da Macedônia, de Cartago e do a st ui nq co na vo si ci de se fos o nã ez lv Ta . Roma e. del e rt pa a bo de le ro nt co o a di ci de s ma mundo, e tr es rr te ha an mp ca a um e -s ou iz al re to ia De imed a. Ási da te es ro no No o, ss ce su lo pe a ad ro de Roma, co
taA Etólia foi castigada, mas não aniquilada, Pelo tra deo an um ., a.6 8 18 em , gia Frí na a, éi am Ap do de iSip em e ia és gn Ma na e tr es rr te a ot rr de sua de pois lo, na Lídia, Antíoco perdeu quase toda a Ásia Menor, seus navios, seus elefantes e uma grande quantia de dinheiro. Aníbal escapou terra adentro. Ao exceder-se com seus protetorados,
Roma tornou-
en in nt co ia éc Gr na te an rn ve go r de po o o, fat de se, tal: o Mediterrâneo era um mar romano então e Os 196
infindáveis conflitos eram dirimidos pelas autorida-
des romanas. No Peloponeso, a guerra entre Esparta e a Liga Aquéia ressurgiu mais uma vez, até que em 181] os romanos restauraram a integridade e as mstituições tradicionais dos espartanos. Não foi resta-
belecida a vida de épocas anteriores, mas sim um
a Esparta nova € voltada para o passado, sem que
faltassem certos exageros atávicos. Assim, por exemplo, os açoltes rituais dos rapazes no altar de Artemisa tornaram-se um espetáculo para os turistas romanos.
Terceira guerra macedônica
Nem todos estavam satisfeitos com o governo romano, e nem todos eram totalmente passivos em relação a ele. Antes de poder descansar, os romanos tee. riam de dominar a Grécia mais profundament Filipe V morreu (em 179 a.C.) conspirando contra
Roma. Seu plano consistia em apoiar uma aliança de
Acima: Mocda de Aníbal. No final
do século HI a.C., Aníbal invadiu a Hália pelo norte, com elefantes. Embora gregos e cartagineses
lutassem ferozmente na Sicília, em
Cartago e nas cidades gregas do Leste, bem como em Atenas € Roma, no ano 200 a.C. faziam parte do mesmo mundo.
ACONQUIS TA ROMANA
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tribos celtas no curso inferior do Danúbio para que invadissem € conquistassem a Hália enquanto ele conquistava a Grécia. Seu filho Perseu fez amizade com Rodes. casou-se com a filha do sucessor de Antíoco e encontrou aliados na Etólia. Em todas as cida-
des gregas, os mais pobres, democráticos € amigos
das liberdades voltavam seus olhos para Perseu, visto
Acima: O retrato personalizado de Antíoco HI (2492-187 a.€.) que
dparece nesta moeda mdica um
grande nível de civilização. Na
Juventude, ele obteve vitórias no
Oriente, mas foi esmagado pelos
'omanos, e, quando morreu, seu “enorme e disperso reino estava
isolado do mar.
que não podiam inclinar-se por nada mais. Eumenes, rei de Pérgamo, recorreu a Roma para destruir Perseu e quando quase foi assassinado na viagem de volta, culpou-se Perseu e Roma interveio. Em 171 a.6€., Roma declarou a guerra e, num prazo de três anos,
um exército romano e aliado composto por 100.000 homens estava na Grécia. Perseu contava com menos da metade dessa força. Seus aliados eram trácios,
lírios e membros dos grupos tribais do Épiro; não
obteve apoio do Danúbio inferior, pois não estava em condições de pagar por ele. Em
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Pidna,
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seu exército foi massacrado e ele morreu numa prisão romana. Não haveria mais reis significativos na Macedônia, que se dividiu em quatro repúblicas. Depois da batalha de Pidna, Rodes foi saqueada;
Delos foi entregue a Atenas como porto livre e recolonizada; a Liga Etólia Lot desmembrada; o próprio Pérgamo foi deliberadamente enfraquecido e humilhado, e no Épiro foram
tantos os vendidos como
escravos que seu preço caiu ao mínimo e o campo ficou despovoado. Quando um novo Antíoco da Síria (0 quinto) invadiu triunfalmente o Egito em 169-168 a.C., os romanosjá eram tão fortes que lhe
disseram que se retirasse, e Antíoco obedeceu.
A destruição de Corinto A catástrofe definitiva dos gregos ocorreu nos anos quarenta do século Il a.C. E mais fácil compreendêla da perspectiva da história romana que da grega. O 197
OECONOQUISTIAROMANA
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no clima de ressentimento furioso resultante, os enviados romanos foram atacados em Corinto, então cidade principal da Liga Aquéia. Foi logo mobilizado. da Macedônia, um exército romano, descansado depois de uma curta campanha contra um aspirante ao trono (uma complicada tentativa de oposição fa-
Tr Úcio
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cilmente eliminada). O cônsul Múmio assumiu o comando e reuniu seu exército em Cormto em 146a.€.
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Os gregos, que uniam a audácia com a fraqueza, fo-
ram totalmente derrotados; a poderosa fortaleza mal foi defendida.
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eram escravos, mas que haviam sido libertados para
província romana
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Os romanos destruíram todas as cidades que opuseram alguma resistência. A maioria dos coríntios foi massacrada e os sobreviventes vendidos como escravos, incluindo mulheres, crianças e alguns que Já participar na guerra. A cidade foi totalmente aniquilada. Em toda a Grécia, foram estabelecidos governos locais baseados na propriedade, sendo abolida a democracia local. Foram impostos aos gregos diversos tributos, os ricos foram proibidos de adquirir ter-
teritórios cedidos por António
para Cleopatra
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reino independente
|
colônia romana
povoamentos de Antônio no leste
42-31 0€.
Acima: : Às povoações de Marco Antônio.
ras fora da Grécia e, finalmente, foram destroçadas
governo romano havia se tornado dispendioso, mas implacavelmente vitorioso, na Espanha, onde a vitória definitiva e esmagadora foi adiada até 133 à.C.; na África, onde a cidade de Cartago foi obrigada a
pério romano; depois, do império bizantino; e, final-
ser totalmente destruída pelos romanos em 146 a.C.,
reféns aqueus de Roma foram devolvidos: uma nova disputa com Esparta, que preferiu abandonar a Liga Aquéia, foi decidida por Roma a favor de Esparta, e
ciência nacional persistiu durante esses anos e, anda mais, o quanto foi grande a contribuição grega para os aspectos que valorizamos na história do homem.
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150a.C., antes de
150 a.€., os sobreviventes dos 1.000
ena Grécia. Em
Roma.
Roma e a Aquéia foi incorporada a ela. À história de Grécia tornou-se a história de uma província do im-
mente, do turco. Deveriam passar quase 2.000 anos antes que a Grécia voltasse a ser politicamente inde-
empreender uma guerra local, em
Abaixo: Anexações definitivas de
todas as ligas de cidades. Tiveram que pagar multas e indenizações. A Macedônia tornou-se província de
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95 a.C. data de anexação
SEX TA PARTE
O DESTINO DO HELENISMO
O IMPACTO CLÁSSICO DO
HELENISMO
A influência clássica do helenismo Quando foi estabelecida a província romana da Ma-
cedônia e sua subdivisão da Aquéia (mais tarde província por direito próprio), a influência dos gregos, a lenta e progressiva penetração de seu mundo artístico e científico, de sua experiência, língua e normas de conduta, e, algumas vezes, de sua religião, nunca deixou de existir. A persistência das formas gregas, mesmo nos lugares mais remotos do Oriente, é quase incrível: as formas da cerâmica que se fazia no Vale do Swat, os pilares da arquitetura de madeira que ainda existem no Afeganistão, certos elementos da arte budista, e até o novo realismo de algumas estatuetas modeladas num lugar tão distante quanto a China, manifestam com certeza a influência grega. A tragédia ateniense e os poemas de Homero eram conhecidos na India até o século V d.C. Aristófanes ain-
da era representado no Egito. Estes exemplos de-
monstram uma inegável propagação. O lugar em que é mais viável constatar a profundidade dessa influência encontra-se perto de Atenas e, ao contrário destes exemplos perdidos, dispõe-se de farta documentação: trata-se da cidade de Roma. Veios, até a queda
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396
a.C.,
estava
mais
helenizada
que
Roma, assim como toda a Etrúria e a maior parte do Sul da Itália. Os romanos surgiram na história combatendo; a civilização chegou até eles mais tarde.
Os primeiros escritores latinos
Na celebração, em 240 a.C., da primeira vitória nas
guerras contra Cartago, os romanos programaram torneios atléticos públicos e pela primeira vez foi representada em latim uma versão das tragédias ate-
nienses do século V. Esta tradução foi realizada por Lívio Andrônico, ex-prisioneiro de guerra de laranto, ambiente grego, que também traduziu Homero em verso latino sobre a base do verso grego, embora
de modo um tanto forçado. Os ritmos da poesia grega não se adaptavam em nada ao idioma latino. De fato, os primeiros versos latinos ritmicamente pertfeitos, OS primeiros versos tão livres, elegantes e versatilmente poderosos quanto os melhores versos gregos do século II a.€., foram escritos pela geração que presenciou a queda da República romana uns
duzentos anos mais tarde. Mas, considerada esta li-
já tinham excelentes poetas que mitação, os romanos seguiam o ritmo grego no século II, e sua própria prosa, pelo constante contato com os modelos gregos, refinou-se no mesmo ritmo que a poesia, para finalizar na exuberância de Cícero, no momento anterior à perda da liberdade da expressão para dar entrada aos maneirismos. Névio, um dos maiores poetas romanos, do qual lamentavelmente
pouco se conserva, era de Cápua;
conheceu a os gregos e escreveu tragédias, comédias e alguns versos elegíacos tocantes. Seu relato épico da guerra de Cartago, da qual participou, foi escrito seguindo uma antiga forma latina de versificar, cujo metro não era os hexâmetros gregos, embora se alimentasse da influência de Homero. Névio morreu em 201 a.C.;
Ênio, que morreu 32 anos mais tarde,
escolheu uma adaptação latina dos hexâmetros gregos, imitando em grande parte os gregos de Alexandria e seus predecessores mais ilustres com maior submissão que Névio. Os fragmentos de seus escritos ainda legíveis são peculiarmente vigorosos, mas Acima: O melhor e mais profundo do mundo romano foi influenciado pela Grécia. Este Apolo (por volta de 500 a.C.) quase poderia haver honrado um santuário do século V na Ática, mas provém de Veios,
cidade do Centro de Itália destruída pelos romanos.
Esquerda: Terracota que representa dois gladiadores condenados a matar ou morrer para contentar O populacho romano, À degradação do gosto romano estendeu-se da vida para a arte.
“2 =
200
OIMPACTO
«sa força| é menor que a que sup7 omos que Névio tiess: bascando-nos em poucos fragmentos. Lucílio, nha.
ê eiro grande satídorico | , foi cê um nobre romano o prim culto do século II para o qual as coisas gregas haviam chegado em boa parte de modo natural. É caro. não estava desconectado de sua própria sociedade nem do poder de seu idioma, mas nele o senfimento grego havia penetrado muito profundamente. Algumas vezes escreveu seguindo os ritmos gregos: outras vezes, não. E Iinseria palavras gregas
em cuas frases latinas. Sua filosofia era grega,
De Plauto sabemos muito mais: era da Úmbria e
morreu em
184 a.C. Suas comédias
latinas são bri-
Ihantes adaptações de origimais gregos do século IV e ão escritas num excelente e exuberante latim, com poderosas inserções tomadas da própria sociedade, da p? ópria experiência e dos próprios gracejos, muito romanos.
Num
prólogo
faz notar
que
“Põe
sua
obra em idioma bárbaro”, discutindo os problemas da adaptação com
CLASSICO
DO
HELENISMO
Priene Priene foi uma antiga cidade jônica da costa astática que nunca atingiu a grandeza ou os triunfos de Mileto, sua vizinha. Durante o século IV, transferiu-se
para seu próprio porto, que é a cidade de Priene que conhecemos hoje. Ali Alexandre construiu um templo a Atena. Devido ao processo de acumulação de sedimentos do rio, Priene está agora a uns dez ou doze quilômetros do mar. O lugar é espetacular, à beira e aos pés de uma grande escarpa. Tinha belas casas particulares e magníficos edifícios públicos.
bom humor irônico.
Nas adaptações feitas pelo poeta cômico Terêncio
durante a república, tendo como fonte os próprios originais, a elegância grega é superior. Mal se nota que se trata de uma tradução. Os fragmentos muito posteriores do comediógralo Labério confirmam a fluidez e a precisão de linguagem que o palco romano finalmente chegou a controlar. Mas Terêncio não apenas foi elegante como um bailarino que se move
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livremente nem como
um calígrafo ao escrever seus
versos, como também foi esmeradamente fiel ao que há de “grego” em seus originais. lerêncio era escravo e vinha do Norte da África, onde nasceu por volta
de 190 a.C. Havendo obtido a liberdade, abandonou este mundo aos trinta anos de idade e conta-se que
morreu pobre no Peloponeso, ninguém sabe quando, perto do Lago Estínfalo, nas montanhas do mterior de Corinto.
Talvez no começo o elemento grego fosse um or-
namento refinado, como o tesouro de uma cidade,
mas logo, no curso do século II, chegou o que um
poeta romano definiria como “a descida da Musa de pés alados ao selvagem povo de Rômulo”. A litera-
tura oferece um indicador útil, visto que abrange tanto a filosofia quanto muitos outros elementos Intimamente ligados a uma tradição e à uma sociedade: abrange, assim, o que os romanos chamaram de humanitas. A medida da importância do elemento grego é que a humanitas é uma idéia grega que penetrou lentamente no mundo das idéias no decurso da
dolorosa e singular história dos gregos. Dessa histó-
Acima: Este edifício é do
período helenístico, quando a Grécia havia se exaurido no centro, mas [lorescia nas áreas periféricas, durante o
século Il a.C. Perto da ágora de Priene, havia um pórtico
sagrado de 116 metros de comprimento, construído por
volta de 130 a.C., com colunas
dóricas no exterior e jônicas no interior, combinação que já se encontrava em Átenas no
século V a.C.
ria são continuadores os escritores romanos do final
da República e da época de Augusto. Seriam Os primeiros a aceitar o fato. À escultura Um dos mais
surpreendentes
triunfos tardios dos
gregos é o aperfeiçoamento do retrato escultórico. Não resta dúvida sobre sua origem grega: basta observar a magnífica cunhagem em prata da Báctria de o rat ret um ste exi , ma Ro em , grega. Na Vila Albani
mármore que é uma cópia posterior de um original ros s are ili fam ses des um te en am at ex é III: ulo do séc tos gregos de Báctria, até no chapéu
(infelizmente
danifi- cado na cópia e parcialmente restaurado). Mas o. íod per o sm me do gos gre os pl em ex Há outros ios retratos dos romanos do final do período republ . ade lid qua a sm me à te en am at ex m ue cano poss
Ira-
em nd co es não que s ia ár in rd ao tr ex ta-se de faces tas des ão uç ec ex na ia hav que O suas imperfeições.
201
OIMPACTO
CLÁSSICO
DO HELENISMO
cabeças? lalvez as máscaras de cera dos rostos dos nobres antepassados romanos? Esta pergunta é como perguntar o que havia na criação da comédia ateniense da juventude de Aristófanes: as respostas não são, nem um pouco, simples. Há algo mais profundo que a autoconfiança: aparece, ao mesmo
tem-
po, certa forma de agressão, uma dureza física que
não oculta suas cicatrizes, que expressa o custo da so-
brevivência. São os rostos daqueles aos quais se podia confiar o governo da Báctria ou o de Roma. Onde os romanos mais estavam influenciados pelos gregos, mais eram romanos e maior era sua libertação. No campo de Marte de Roma, o Altar da Paz
do imperador Augusto, oferecido no ano 9a.C., de-
via sua origem formal ao Altar da Piedade, último nome popular dos doze deuses do centro de Atenas. Tudo nele é uma adaptação: a Mãe Terra transfor-
mou-se na Itália; Enéias (um dos heróis de Tróia na
Híada, considerado agora como antepassado e fundador de Roma) é um antepassado ateniense dos frisos do Partenon; e as cerimônias romanas em mármore refletem as representações marmóreas das cerimônias atenienses. Uma numerosa e solene procissão
de famílias romanas e seus filhos, com uma longa lista de magistrados, senadores e sacerdotes, marcha ao
longo do muro que encerra o altar, enquanto a família imperial, o próprio Augusto e os cônsules fazem isto, na mesma direção, no muro externo. A deusa
Roma e a deusa Itália ocupam o muro leste, detrás de-
les, e Marte, ao qual os romanos identificaram com o deus grego Ares, figura com Enéias no muro oeste, diante deles. A cena da procissão representada neste friso não expressa o ápice da cerimônia, ocorrida em
13 a.C., mas um momento sossegado, alguns instantes antes do ponto culminante. Deve algo às figuras, um tanto estáticas, que encabeçam a procissão da extremidade leste do friso do Partenon. A atmosfera é
adaptações acabam em fracasso, mas até seus erros
mostram que Virgílio estava helenizado dos pés à ca-
beça. Ele morreu, quando regressava da Grécia, em
19a.C., ali onde a via Apia penetra no mar: em Brindisi. Nunca atravessará Brindist alguém que compreenda a literatura grega tão bem como Virgílio. Humanamente, talvez, o mais profundo e o maior dos poetas romanos seja Horácio. Foi também o mais italiano dos poetas do tempo de Augusto. Talvez por essa razão a audácia de seu emprego dos modelos gregos foi superior à de todos os demais. À não ser
cebe uma reprimenda por falar, um menino pede
conjunto da obra possui uma atraente solenidade que naqueles momentos seria difícil encontrar fora do âmbito romano. Apesar disso, na verdade, trata-se de uma obra grega, provavelmente greco-asiática. Os
pessoal, pelos modelos muito iniciais, Arquíloco, Alceu e Safo, entre outros, ainda que em sua poesia apareçam elementos gregos tardios, como era lógico já que durante sua vida eles faziam que sucedesse, parte do ambiente dos escritores romanos. A liberda-
bram a extraordinária vitalidade, quase não amainada, de certas partes dos frisos do Partenon: alguém reque o peguem nos braços... Aparece certo número de detalhes característicos da arte grega tardia, mas O
baixo-relevos que circundam o Altar da Piedade, em Atenas, foram esculpidos no final do século V. Mais de uma vez foram impressionantemente imitados nos
séculos Il e 1 a.C. Mas o Altar da Paz não é apenas uma cópia: apesar de conter adaptações da obra grega, é original, é uma criação nova.
| o st gu Au de a oc ép da Os poetas A literatura de todo o período de Augusto produziu
o efeito de os gregos estarem escrevendo em latim. na eg pr Im te en am us of pr são io íl rg Vi de s ga lo As Eg se es or st pa s seu do an Qu a. eg gr ia es po ma ti úl das da s õe nç ca s sua o, nt ca de ão iç et mp co a um a submetem são perfeitos exemplos latinos de diversos tipos de epigramas bem conhecidos da Antologia grega do sé0 .50 | m ca ar ab e qu os rt cu as em po de o çã le co X, o cul anos de escrita. Na Eneida, Virgílio não apenas tem presente Homero, mas também as críticas eruditas que se fizeram ao poeta em Alexandria. Algumas vezes o aceita, alterando a sua própria poesta para adaptá-la a suas regras, e em outras ocasiones é possível perceber sua oposição a elas. Algumas de suas 202
Combina elementos gregos e romanos de uma maneira
tão sutil e brilhante quanto os poemas de Horácio ou de Virgílio. Conserva-se quase intacto.
como moralista, durante centenas de anos não teve
seguidores. Mas em sua própria obra, e contra todas as leis da probabilidade, reviveu (e finalmente foi Horácio quem o transmitiria à Europa) a arte grega da poesia lírica: Ronsard não pôde encontrar um modelo melhor, e até em seus poemas satíricos, moralistase coloquiais ele mesmo apontava para exemplos gregos. Diferia de seus contemporâneos,
serena e reverente, mas certos toques humanos lem-
O Ara Pacis foi o monumento que Augusto construiu em Roma para comemorar à paz.
no entanto, na preferência, baseada numa erudição
Este rosto duro e cheio de
experiência é de um rei grego que
resistiu na Báctria aos nômades da
Ásia Central e guardou a rota comercial para a China.
de à flor de pele, a força concentrada do fraseado,
suas mudanças de tom e sua pessoa de poeta moralis-
ta, tudo ele deve aos gregos, e talvez um tanto ao la-
tim helenizado. Assim no-lo diz ao falar de sua própria educação, completada em Atenas. Seu conselho aos jovens escritores era: “Lede os gregos de noite e lede os gregos de o dia”. Houve, não obstante, outros
eruditos e outros poetas, mas a poesia moral de Horá-
cio, e o é grande parte de sua lírica, não teria sido possível sem um senso certo e integrado da própria liberdade. Ele valorizava esse senso e lutava por ele até contra seu protetor Cato Mecenas, e até contra O imperador. Era filho de um escravo liberto que se transformou em leiloeiro de província na Itália meri-
dional. Na guerra civil, combateu como oficial, sob as
ordens de Brutus, no lado perdedor e amigo das li-
berdades. Tal como era o mundo naquela época, apenas o subsequente patrocínio de Mecenas e de Augusto, favor que obteve graças a Virgílio, e também por seus próprios méritos, poderiam dar-lhe liberdade e segurança e o sentimento de realizar uma missão necessária para a grande poesia. É uma curiosa ironia
Exemplo de cunhagem em prata do reino grego de Báctria, onde é agora o Afeganistão e parte do Sul da Rússia.
O IMPACTO CLÁSSICO DO HELENISMO
que Au gusto quisesse poetas e Mecenas amasse a poe-
da UNICameEnte porque existia uma lit era attura o ega.
O elemento grego mais claro do espí rito da: poesia
ni rá da poderosa “droga” daiosofia: não de bedoria humana ttiiiitada macios do da a nha , sendo discutidaa pel | as: . suc tra n iva alisiádger EA a açõ ess es. Quando leva em sua bagagem os livros que o acompanharão numa viagem, o Platão que ele lerá não será o filósofo, mas sim um poeta cômico do mesmo nome. Mas, em sua geração, a seriedade da filosofia
dependia dos livros escritos, da convincente serie-
dade das descrições críticas do comportamento hu-
mano em Platão e em Aristóteles. Também existi a uma tradição mais recente de filosofia popular, quase de sermões de rua, expressão de filósofos posteMores e menores, transbordantes de um cáustico senso comum. Pouco restou de tal tradição, mas o que conhecemos se acha muito próximo dos poemas convencionais de Horácio. O próprio poeta
proclamava que seu ancestral espiritual era Bíon de Olbia. Bíon viveu aproximadamente entre 325 e
225 a.C., época
dos distúrbios que se seguiram à
morte de Alexandre. O pai de Bíon era um escravo
liberto, sua mãe uma prostituta, e ele, por sua vez, ti-
nha sido vendido como escravo e viveu para alcançar a liberdade. Estudou com os discípulos de Aristóteles
e de Platão, bem como com os hedonistas e com os
chamados cínicos, cujas invectivas contra o mundo estabelecido tiveram tanta influência — quase no tempo da geração de Horácio - nas reprovaçõejus dias e cristãs aos deuses pagãos. As sátiras de Horácio são menos mordazes que as dele, mas ainda assim são terrivelmente enérgicas. As contribuições filosóficas mais completas deste período foram escritas em latim. Algumas das obras filosóficas de Cícero são inadequadas. Por exemplo,
suas reflexões sobre o dever se centram quase total-
mente nas maneiras e na propriedade, sendo dema-
siado conscientemente civilizado; mas o antigo pen-
sador tinha uma mentalidade aguda, de modo que a
estrutura de suas crenças é, pelo menos, de um con-
vincente dramatismo. Assim, podemos compreen-
der em que coisas de fato ele acreditou e por quê. No século 1 a.C., quando as maneiras e a vida pública republicanas se extinguiam até em Roma, o que Cícero teve de dizer é com frequência comovente. Mas o exemplo mais surpreendente de uma filosofia completa o encontraremos no longo poema em latim escrito por Lucrécio, que morreu por volta de
55 a.C. Em 4 natureza das coisas, O verso romano co-
meça a florescer e sua filosofia epicuréia procede daquele filho do mestre ateniense que vivera no tempo de Bíon de Olbia. A teoria das artes liberais e da filosofia como uma
delas e como coroação da vida é pateticamente vulnerável. Liberal, no sentido romano, significa uma
ocupação adequada para quem quer que não fosse
escravo ou comerciante, e portanto seria na prática
(se não na teoria) uma atividade para os possuidores
de escravos. Quanto à desinteressada liberdade des-
sa classe privilegiada, um amigo de Cícero, Atico, era dono da maior parte das terras de pasto de Epi-
ro; em Chipre, um amigo de Horácio, Brutus, Tecebia 48% de juros, e não sem recorrer à violência, do dinheiro que emprestava. Quanto à filosofia romana, propor que a consideração da natureza da alma e de sua imortalidade e da existência de um absoluto e de regras de urbanidade (é adequado dançar em
público?) seja uma ocupação adequada apenas para
uma classe possuidora de escravos é um argumento que cabe utilizar contra nossa própria classe ou contra nossa atividade. Gramsci observou que as três for-
mas da sabedoria humana são: a filosofia, que é ra-
zão, a religião e o senso comum, e que a religião é uma forma de senso comum em fragmentos isolados. Com a filosofia, diz, superamos a religião e o senso comum. Segundo essa moderna definição, Lu-
crécio foi filósofo, e Horácio, um poeta religioso.
Horácio era, ao mesmo tempo, mais profundamente romano e mais profundamente grego que Lucrécio. Como os epicuristas, cultivava seu jardim. Vivia o estoicismo até à medula, e trabalhava no campo lado a lado com seus próprios servos. No século I a.C. o mundo ainda era, em muitos aspectos, o mundo alexandrino. Em todo o Mediterráneo e em lugares tão remotos como a rota chinesa da
seda, existiam as maneiras, a arquitetura e o idioma
grego. Em Roma, Augusto foi o primeiro a explorar
as canteiras de mármore da Itália, e os romanos im-
periais chegaram a empregar as pedras de cores ornamentais de todo o mundo. Mas o mármore ateniense e o ofício ateniense não perderam todo o seu prestígio, ainda que sim o monopólio. Quando o Altar da Paz foi construído, ainda conservavam
boa
parte dele. Em data tão tardia como 331 d.C., o cônsul Junius Bassus escolheria, para um brilhante mosaico de mármore colorido, uma cópia de uma pintura grega do século IV: Hilas e as ninfas.
A literatura judaica
O mundo judeu em expansão é uma área de cuja penetração grega conhecemos algo; além disso, sua literatura se conservou bem, tanto na língua nativa como em grego. Durante os séculos anteriores a Cristo, houve uma considerável influência grega, além de sua presença física; a partir de 63 a.C., exis-
tiu uma presença física romana, mas sua influência não seria profunda. À Judéia era parte do Leste grego, e os últimos livros históricos do Antigo Testamento foram redigidos em grego, como o foram as
obras de Fílon (30 a.C. a 45 d.C., aproximadamen-
te) sobre filosofia religiosa. Josefo, um dos chefes judeus no tempo da revolta judaica contra Nero, es-
creveu a maioria de seus relatos em grego, e não em aramaico. As povoações judaicas na Ásia, na Grécia e em Alexandria, o centro da literatura judaica helenística onde se fez a tradução grega da Bíblia chamada Septuaginta, conservaram sua identidade e sua religião, embora viessem a falar grego. Sua existência política era frágil, e há muitas provas de que antes do nascimento de Cristo eles tomaram dos gregos mais que estes deles, apesar do fechamento posterior de suas tradições e da desconfiança com
relação às influências estrangeiras que se seguiram à destruição, por parte dos romanos, no século I d.C.., do Estado judeu. Até as Atas de Alexandria dos mártires judeus nos lembram Eurípides; no tempo de Cristo, a arte judaica da Palestina, com seus simbolismos, é, por sua origem e por sua forma, grega. Até as raízes do Livro das Revelações, o Apocalipse de São João, estão entrelaçadas com as de outros documentos exóticos escritos na Ásia grega. O paraíso, pelo menos, não é grego, mas, de acordo com João, sua arquitetura é grega, e nas primeiras representações cristás tem algo em comum com as paisagens pastorais ideais de Teócrito, o poeta grego siciliano que vivera em Cós e Alexandria no século III. 203
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gantes do mítico javali da Caledônia, que, entre ou-
de Roma, tomou seu nome de Palantion. Outros aspectos do saque foram mais importantes. Os quatro cavalos de São Marcos, em Veneza, foram levados para ali após a conquista de Constantinopla tinham Ja corceis os mas 1204, em cruzados pelos do tirados provavelmente Leste, o para viajado bucomo tomara Nero que artístico tesouro imenso tim dos santuários gregos. O Pireu foi destruído por um general romano € reconstruído por outro; entre idende fáceis ainda Roma, de incêndio do cinzas as tificar, não muito abaixo do nível das ruas, apareceram algumas belas estátuas de bronze que muito possivelmente foram encontradas, armazenadas, no que era chamado o grande pátio de colunas do Pireu, e que ali esperavam para ser embarcadas, possivelmente para Roma, nos dias do incêndio. Os romanos ] século No saqueavam. que o sinceramente amavam a.C. o rico helenófilo Tito Pompônio Ático tinha em
obras originalmente gregas do
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helenizante, e depois da batalha Atium foi utilizada de novo para outro romano. O pior saque da Grécia a privou de uma série completa de blocos e colunas que foram espalhadas pelo centro de Roma. Outras coisas não significaram uma grande perda; num pequeno templo, nos jardins que Júlio César cedeu ao povo de Roma, eram guardados o que podiam ser as presas de um mamute e que haviam sido tirados da Arcádia, onde se acreditava que fossem as presas g1-
antepassados eram árcades e que o monte Palatino,
muito possível que se trate de
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pé a coluna; tinha sido construída para um príncipe
porque os romanos acreditavam que seus próprios
execução destes cavalos torna
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rotado por um romano”. Na noite anterior à batalha de Atium, ele percebeu o mau augúrio de que sua estátua, junto com a de Cleópatra, caíssem de seus pedestais, despedaçando-se, na entrada da acrópole ateniense. Pode-se perfeitamente perguntar quem as havia posto ali e como vieram a cair. Ainda está em
(Palâncio), na Arcádia, recebeu um trato preferencial
certo, e a magnífica e contida
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Os romanos na Grécia Marco Antônio era “um romano, valentemente der-
cópias romanas de obras gregas, mas isso não é completamente
2d
entrada do Golfo de Ambrácio, no Noroeste da Grécia, mas seu nome conhecido é o latino.
técnicas para supor que sejam
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Cleópatra foram derrotados pela frota de Otávio (Augusto). Aktion é um promontório que guarda a
Existem algumas razões
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Abaixo: Os quatro cavalos de São Marcos, em Veneza.
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lações urbanas das quais dependiam. A culminação de tais construções se deu no século II d.C., sob o Império de Adriano. Então deve ter sido difícil diferenciar um romano helenizado de um grego romanizado. Os romanos estavam em Creta, onde ainda recrutavam soldados, em Atenas, no Norte e emricas fazendas espalhadas pelo Peloponeso, poucas das quais foram escavadas. Sabemos, pela vida de Herodes de Atenas, pelos empresários que exploravam as
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logo. A última batalha em que o Oriente grego viveu a possibilidade de recuperar sua independência foi a
identificavam e construíam aquedutos para as popu-
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que os descontentes escolhiam como lugar para viver, os estudiosos e os filósofos frequentavam, e os imperadores saqueavam. Atenas se transformou numa cidade universitária. Augusto teve problemas com os atenienses, ainda que se tenham resolvido
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o santuário de sentimentais peregrinações culturais
honrar Caio César, o jovem herdeiro de Augusto, como comandante da juventude do Império e segundo Ares, novo deus da guerra. Em Atenas, como em outras partes, os romanos
2h
deixado de existir. A própria Grécia continuou a ser
templo de Ares, de Acarnas, que foi con struído para
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pendência política, embora os gregos não tenham
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Durante quase 2.000 anos, a Grécia não teve inde-
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canteiras do verde mármore de Esparta, pelos escritores romanos, como Aulo Gélo, que o mundo oficiale o literário se superpunham. Existia uma curiosa similitude de gostos entre os críticos literários latinos
e gregos, € os romanos
deixaram
muitos vestígios
numa ampla antologia de poemas curtos em grego, a Antologia grega ou Palatina. O próprio Adriano tinha um gosto, amplo e de antiquado, por todas as artes reconhecíveis dentro do Império Romano, e as está-
tuas de seu jardim de Tívoli, perto de Roma, eram uma espécie de museu artístico das províncias cheio de objetos curiosos procedentes do mundo todo. Mas a paixão de Adriano era a Grécia. Ele era apaixonado por um jovem
grego chamado Antínoo, da
Bitínia, na Ásia Menor, que se afogou acidentalmente no Nilo em 130 d.C. Adriano encomendou mais estátuas de Antínoo em diversas poses clássicas feitas em mármore branco, muitas das quais ainda se con-
servam; apenas em Óstia há dezessete. Era um rapa-
zinho atleta, um rapazinho filósofo, um deus nu. Al-
gumas dessas estátuas eram notáveis obras de arte, ainda que, em geral, dados os convencionalismos do período, sejam ligeiramente roliças e inchadas, e sejam melhores quando o retratado aparece vestido. Houve jogos e prêmios institucionalizados em sua honra, e foi fundada em sua memória
uma cidade
grega (Antinópolis) a leste do Nilo, junto à nova rota do Mar Vermelho. Decretou-se que fosse adorado
como um deus.
Pode ser uma circunstância importante do amor de Adriano pela cultura grega que seu pai fosse chamado o Africano e que sua mãe fosse natural de Gades (Cádis). Ele chegou ao trono como
general e
como filho adotivo do general e imperador Trajano. Foi Adriano quem dedicou o enorme templo de Zeus Olímpico em Atenas, que tantas gerações levou para
ser construído. Na Grécia, adotou o título de Olímpico, e, mais ao leste, nada menos que o de Zeus: “o
novo Zeus pan-helênico”. Havia um elemento de ra-
ciocínio prático, além das pretensões imperiais e do
filo-helenismo exagerado, na adoção desse título no Leste. Tudo o que os romanos esperavam construir
na Ásia era em verdade grego, e dar-se a si mesmo o nome do deus de todos os gregos era afirmar algo mais que uma divindade local. Pois bem, pelo menos na Grécia e na Ásia Menor,
a tradição romano-imperial
da arquitetura e da
escultura gregas não começou com Adriano nem terminou
com ele. Em Ancara,
há uma
cabeça de
Trajano que reflete o estilo e a gravidade dos romanos do Altar da Paz de Augusto, mas na qual talvez
apareça uma maior liberdade, uma expressão mais tempestuosa em torno da boca, que tem algo em comum com os governantes gregos da Bátria. O pró-
prio rosto de Adriano, nas cópias que se salvaram, é mais interessante, mas causa menos Impressão. À cabeça, do século II, do imperador Caracalla, de Co-
rinto, é a de um lunático perigoso, e a representação
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romano; nosso rei superou essa maravilha”, Ele fala
muito de Roma e algo do Egito, mas, quando trata das cores e das texturas das pedras, o poema alcança
sua altura máxima. Seu sentimento diante da mistu-
ra gloriosa de tantos mármores desinibidos e raros é
excessivamente direto e extrovertido para qualificálo de exótico. O poema é de um estilo bem conhecido, cujas origens remontam a Homero. Existe um
poema similar, de mais de 700 versos, que trata do
quadro alegórico do universo e que se encontra nos
banhos de inverno de Gaza, obra de um poeta local.
Mas do poema de Paulo, o Silenciário, emana todo o frescor e novidade, e também, inevitavelmente, algumas das limitações da arte bizantina. Seria difícil medir quanto as raízes vivas da arte bizantina, o modo de ver a realidade dos gregos bizantinos, estavam submersas na época alexandrina. A arte do mosaico começou quando os modelos e as fantasias dos vidros coloridos egípcios eliminaram
das grutas, durante o reinado de Tibério, as Incrusta-
ções de caramujos. Sempre foi algo exótico, mesmo quando sua versão barata o transformou em coisa comum. Os santos e os imperadores absolutamente não têm aparência romana, mas grega; às vezes, até são como peculiares figuras da arte grega que sobrevivem numa atmosfera asiática.
Oh, os sábios, que estão no fogo sagrado de Deus
como no mosaico de ouro de um muro!
A seriedade, a qualidade da seriedade, mais uma
de seu pai, Sétimo Severo, nu como veio ao mundo, o pai Marte do aqueduto de Salamina, é tão ridícula em suas proporções clássicas como certos nus de bronze que representam Napoleão.
Os gregos e Constantinopla Em
330, quando
Constantino
fundou
novamente
Bizâncio (com o nome de Constantinopla) às portas
da Ásia e da Europa como segunda capital do Império Romano, o mundo grego reapareceu mantendo intacta sua língua e um talento tão viçoso como dificilmente se podia esperar. Em certo aspecto, importante e real, o Império Romano não chegou a cair senão no século XV d.C., quando, em
1453, Cons-
tantinopla se rendeu aos turcos; mas, num sentido mais importante, o que sobreviveu ao colapso do Ocidente e às invasões tribais foi um Império grego. Os arquitetos de Santa Sofia (construída em 532-37) não somente eram gregos, senão que seus conhecimentos científicos, seu esplendor estético e sua ousada originalidade implicavam qualidades reconhe-
cíveis
nesse
encontro
entre
Roma,
a Grécia
e o
Oriente helenizado. Esse mundo era diferente do de Péricles e Fídias não apenas porque era imenso e imperial, não exa-
vez variou; também isto, no entanto, tem raízes familiares. O sofrimento desses rostos não é realmente sobrenatural, mas algo próprio de seu mundo: uma mistura da angústia dos filósofos helenizados e de sua seriedade ante o padecimento dos escravos e camponeses que, em terras gregas, mudou muito
pouco do século III a.C. ao século XX, dado que, com cristianismo ou sem ele, suas causas sociais €
econômicas continuam as mesmas. Há não muito tempo, foi recuperada no porto oriental de Corinto,
Cêncreas, de um pequeno templo de Ísis agora coberto pelas águas costeiras, uma cabeça de Homero feita de vidro colorido. Esse painel e outros tinham chegado do Egito por volta de 370 d.C., mas o templo foi destruído por um terremoto antes de eles serem instalados. Ainda estavam embalados ao ser encontrados. A cabeça de Homero se parece com um rosto bizantino de Cristo, Frequentemente o rosto bi-
zantino de Cristo é terrível; encontrar-se-ão suas ori-
gens formais em tais retratos de Homero? Será a tristeza trágica de Cristo uma projeção da Ilíada?
Sem dúvida, trata-se de uma pergunta ousada e irrespondível, ainda que talvez a verdadeira resposta
seja tão fundamentada por uma crítica de arte mais refinada e minuciosa, que já não pareceria surpreendente. Entre o terremoto de Cêncreas e o Renascimento, dos gregos da Grécia continental podem ser encontradas muito poucas coisas capazes de despertar admiração. Os vikings que atravessaram a Rússia para lutar com a guarda imperial de Bizâncio, contra
tamente porque fosse cristão, mas sim, e acima de
um exército norueguês que invadia a Sicília pelo oes-
diante de mim, ó Famas”, diz, “filhas do Capitólio
more grego do Pireu. Entre os séculos IV e IX, a própria Grécia se viu invadida pelos visigodos, hunos, eslavos e búlgaros. À dinastia macedônica de imperadores de Bizâncio (867-1025) se seguiram os ataques dos turcos selêucidas, do Leste, e dos normandos, do Oeste, e posteriormente a intervenção das
tudo, porque a Ásia havia penetrado nos gregos assim como os gregos penetraram nos romanos. Paulo, o Silenciário, um funcionário principal da corte de Justiniano que morreu por volta de 575 d.C., escreveu em esplêndidos versos gregos uma descrição de mais de 1.000 linhas de Santa Sofia: “Rendei-vos
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ca, chegaram ao Ocidente as primeiras informações
sobre a riqueza arqueológica da Grécia. Temos o manuscrito do geógrafo Estrabão que foi de Ciríaco, do tempo de Augusto. Se se tratasse de Pausânias, cujas descrições são muito mais completas c úteis, estaríamos mais bem informados, mas o ma-
Acima destas linhas: Mistra, a cidade dos mosteiros que fica perto de Esparta e onde Ciríaco
de Ancona visitou o erudito
Gemistos Pleton no século XV.
Acima, direita: Exemplar Geografia de Estrabão
da
pertencente a Ciríaco de Ancona
com as anotações marginais de seu amigo Agalmo.
Página anterior, acima. Cabeça de
Homero pintada sobre vidro para
um painel decorativo do templo de Isis em Cêncreas, porto de Corinto. Sua sugestiva semelhança
com as cabeças bizantinas de
Cristo faz pensar. Provavelmente
as cabeças imaginárias de Cristo são, na verdade, uma adaptação
do mais grave dos rostos Imaginários do repertorio grego,
Isto é, o do poeta da Jada.
Pagina anterior, centro: Cabeça do imperador romano Caracalla, do século HI (Corinto).
Página anterior, abaixo: Cabeça do imperador
Sétimo Severo,
pai de Caracalla, procedente do
aqueduto de Salamina.
cruzadas no mundo bizantino, entre os séculos XI € xHn1. Os franceses construíram castelos, e junto a Es-
tinfalo, no Noroeste da Arcádia, onde morreu Terên-
cio e onde Hércules havia perseguido os pássaros, foi erguido um mosteiro cisterciense. Os príncipes italianos construíram seus palácios nos edifícios existentes na Acrópole ateniense. Em
1458, os turcos otomanos
tomaram Atenas, cinco anos depois da queda de Constantinopla. O Partenon, que então era uma igreja, transformou-se em mesquita. Ainda conserva uma encantadora pintura da Anunciação no alto do muro oeste, fraca, mas perceptível, e um epitáfio latino, que quase desapareceu, em escrita gótica negra.
A redescoberta da Grécia antiga
O Renascimento não chegou à Grécia vindo do Ocidente, mas do Oriente, com os últimos príncipes
bizantinos que mantiveram durante anos os castelos do Peloponeso. Os venezianos controlavam outras partes da Grécia e bom número de ilhas. Ainda se
conserva uma carta, nos arquivos estatais de Veneza, em que três galés inglesas carregadas de geléias pedem permissão para continuar sua viagem de regres-
inso de Creta. Mas no século XV, Gemuistos Pleton,
telectual de grande capacidade, nascido e educado ou nd fu lo, óso Hil e oso udi est , la op in nt ta ns Co em de ade cid , tra Mis em as st ni ma hu de ade ied soc uma
s Apó a. art Esp iga ant da nas ruí às a im óx pr mosteiros
a cuj , na co An de o íac Cir no lia ita do ele a uma visita
que curiosidade de estudioso era apaixonada, ainda pleta, e sua atividade acadêmica não fosse muito com tematsis co pou os st mi Ge de à m co ão aç ar mp co em
nuscrito foi copiado para ele em Constantinopla, onde já havia renascido o estudo de Estrabão e onde nunca existiu o de Pausânias. Deve-se levar em constderação que algumas identificações dos nomes dos lugares antigos e modernos, anotadas nas margens por seu distinto amigo e escriba Agalino, são incorretas. Do Leste, Ciríaco trouxe seu livro via Mistra, onde copiou uma página perdida do texto. À partir de seu encontro com Gemistos Pleton, todas as suas identificações são corretas, ainda que algumas de elas fossem difíceis de estabelecer. Ele visitou e identificou corretamente um lugar após outro, frequentemente anotando suas inscrições. Antes de serem italianos, esses conhecimentos eram bizantinos. Quase a mesma lista de identificações se conserva entre os manuscritos de Ptolomeu, e, em determinado caso, como obra breve separada que, felizmente,
foi editada, junto com a obra de Gemistos Pleton, no século XVI, em Amsterdã, por um aventureiro hún-
garo antes de se perder essa página separada. Quando Ciríaco passou algumas temporadas com os príncipes italianos que ainda governavam no Norte da Grécia, quase todas as suas identificações de ruínas foram errôneas. Naquela
época,
os turcos tinham
o controle
de
quase todo o Mediterrâneo meridional e oriental, e o novo despertar da Grécia foi lento. Uma embaixada francesa do século XVII registrou mais esculturas no “artenon do que as que se conservam. Pouco depois, em 1687, o centro do templo foi destruído por uma explosão ocorrida durante uma batalha entre turcos e venezianos; o disparo fatal foi obra de um oficial de artilharia alemão. Os venezianos pioraram as coisas num esforço por separar as esculturas do friso, des-
cendo-as com cordas que não resistiram. Retornaram
Os turcos, e nas ruínas foi construída uma pequena mesquita. As pedras do Partenon, como as de muitas outras construções, começaram a ser destruídas, ven-
didas ou entregues. O agente de lord Elgin tirou do Partenon tudo o que ele foi fisicamente capaz de transportar nos primeiros anos do século XIX.
Depois da independência
Em 1800, começaram as explorações arqueológicas sérias (vide a parte primeira), e apontava a libertação da Grécia, totalmente imesperada para todos, menos para os gregos (as potências européias reconheceram 207
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algumas adaptações mnsólitas de partes isoladas de sua arquitetura e seus estilos. A adaptação diz fre-
quentemente mais sobre a sua própria época que sobre o mundo antigo, mas há algumas a que não falta mérito. A mterpretação errônea mas criativa foi com frequência mais valtosa que as rígidas imitações. DR
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No final do Renascimento.
adaptaram-se temas e estilos
gregos, habitualmente através
de uma interpretação romana em que tinham influência as lendas medievais. Os primeiros oci
dentais a viver na Atenas turca acreditaram que o que hoje se chama teatro de Herodes Ático fosse a escola de Sócrates.
A Escola de Atenas de Rafael,
que se encontra no Vaticano (acima), é um sonho belo e
monumental que não tem quase nada a ver com a realidade grega. Para ele, até a filosofia era apenas
uma bela idéia. Na Villa Rotunda, de Palladio (esquerda), um
analista arqueológico de sumo talento encontrou o esquema
dos princípios gregos que
subjazem na arquitetura romana. Em Osterley House (junto a estas
tinhas) (século XVIII, o mais
elegante dos temas clássicos serviu para a ponderada decoração da casa de um banqueiro perto de Londres. Aqui, a Grécia está
como que diluída.
AS VEZES
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Esquerda, contro: Esta porcelana de Wedgwood, feita por volta de 1790, está longe de seu remoto
original, mas é ao mesmo tempo
uma peça elegante e de rebuscado
virtuosismo; contudo,já começa a
aparecer algo novo. Seu desenho é mais atraente que os detalhes. Esquerda, abaixo: À tumba de
Makrivannis, em Atenas. recorda um general camponês da Guerra
da Independência, homem de
extraordinária integridade e uma
espécie de gênio moral. No linal
de sua vida, seu rosto era o de um lobo faminto; seus padecimentos sob a monarquia foram mtoleráveis. Este monumento é
emocionante, comovente.
Esquerda: A Universidade de Atenas, de estilo neoclássico,
é impressionante,
ainda que lhe
tire interesse sua Ubieza
acadêmica algo excessiva.
Entre as esculturas neoclássicas, madicionalmente baseadas em cópias romanas das obras
gregas, há peças horrorosas
junto a outras muito boas. À
imperfeição pouco graciosa do jovem com seu cão, obra de
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se John Gibson (acima), estende, do à sua nudez, à sua anatomia
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capacete bombeiro de 1883 com
aptado, de tipo grego (acima), ad cete de suponho, de um capa As cavalaria neoclássico.
arte influências gregas na sas € moderna são numero é, o multiformes. NO bal
uma moda neoclassicismo foi
precoce; Nijinsky, em sua versão do Fauno de 1912
um (diveita, centro), introduziu
estilo muito mais imbuído do
grego, no qual os elementos
gregos se compreendiam com
roda à sua força. Foi uma espécie de criação nova, uma autêntica redescoberta do que durante gerações não tinha sido ao reconhecido. Deveu muito
estudo, em verdade incipiente, e dos vasos gregos. Picasso, qu smo viveu durante anos no me
de mundo visual e intelectual m Nijinsky, adaptou temas co voracidade extraindo-os de o todas as partes, mas seu sens dos mitos gregos lot sempre particularmente poderoso (direita), É às vezes se introduzia em seus desenhos um fantasma grego sumamente vivaz.
RENASCIMENTOS
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cariátides de um muro marmóreo tardio de Elêusis levado por
Clarke para Cambridge.
Sofreu um naufrágio na costa de Sussex, mas sobreviveu até a
essa peripécia para viver agora no Archacological Museum
Cambridge.
de
Acima, direita: No final do século XVII, os venezianos tomaram a Acrópole de Atenas dos turcos, conservando-a por um
curto tempo. O desafortunado
tro de um artilheiro alemão fez
explodir a pólvora que os turcos
armazenavam no Partenon. Até então o Partenon se havia
conservado bem.
|| did
a independência da Grécia em 1832). Já dissemos que, quando os camponeses de Delfos observaram
que havia estrangeiros escavando entre os seus velhos mármores, pensaram que se tratasse de uma raça chamada milordi: os descendentes dos antigos oradores de ídolos que regressavam então para reverenciar as mesmas pedras. Mas, com efeito, os gregos pobres e simples sentiam muito respeito por sua herança de mármore. Lord Elgin já os havia horrorizado, e mais ammda seu contemporâneo Edward Clarke, que levou consigo uma das estátuas de Elêusis, que se acreditava fosse responsável pela fertilidade da terra. Eles profetizaram um naufrágio, que se deu diante da costa de
Beachy Head; mas Clarke sobreviveu, e a estátua se
conserva em Cambridge, no Archaeological Museum. Sem andaimes não é possível estudá-la ou fotografá-la adequadamente. O capitão camponês Mak-
riyannis repreendeu severamente, durante a Guerra
de Independência, um de seus gregos por vender esculturas antigas aos estrangeiros. Ao que parece, existia um plano do primeiro parlamento grego de restaurar o Partenon segundo o estilo da década de
1820. Até se projetou transformá-lo num real, mas, felizmente, faltou dinheiro.
palácio
Há 160 anos, não era fácil definir um grego. Se o
projeto que acabou em guerra aberta de indepen-
dência não houvesse fracassado em muitos lugares, ter-se-ia dado uma insurreição cristã na totalidade dos Bálcãs. Ao terminar a guerra, o duque de Wellington queria que o novo Estado tivesse seus limites no Peloponeso. Em tempo tão recente como o da
Guerra da Criméia, a maior parte de Creta falava tur-
co, assim como na maior parte de Chipre se falava grego. O idioma não havia desaparecido, mas foi ressuscitado conscientemente em muitos povos no sécu210
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lo XVIII, e sua recuperação se realizou com um espí-
rito MISSIONÁTIO. Durante todo esse tempo, as comunidades gregas da Asia Menor desempenharam um importante papel. Já antes da Guerra da Independência, os gregos se tam expandindo. Eram fortes, e ainda existem no Sul da Rússia. No Egito, no século XIX, tinham em suas mãos a grande indústria do algodão e a do tabaco, até que foram desbancados pelos britânicos. A zona de Cairo denominada Cidade Jardim foi construída em grande parte por eles. Quando Rimbaud deixou a França, trabalhou em Chipre com gre-
gos, na construção, e também quando chegou a Ha-
rar, na Etiópia, viveu entre gregos. É espantosa a forma como se expandiram pela África durante o século XIX, sem estabelecer nem uma só colônia. Hou-
ve, e talvez ainda haja, povoados nos Estados Unidos onde se colhem esponjas de mar e onde as sinalizações ainda são escritas em grego e em inglês.
A história moderna da Grécia como nação inde-
pendente foi marcada pela pobreza até muito recentemente, e pela história terrível, e ainda inconclusa, das lutas com a Turquia, bem como pelas constantes interferências estrangeiras, O Ocidente teve um papel curiosamente parecido com a política romana, e os turcos não são o primeiro poder asiático contra o qual os gregos tiveram de definir-se. Fisicamente, Atenas se ampliou até dimensões aterrorizantes,
bem além de seu centro, e durante um período ar-
quitetonicamente pobre. Seus modernos edifícios mais destacados são neoclássicos, de gosto bávaro, ou doações monumentais dos gregos ricos das províncias ou do Egito, como sucedia no século IV. No entanto, as artes não são de modo algum nostálgicas,
embora os souvenirs turísticos já sem outra história...
O IDIOMA: A PRINCIPAL
HERANÇA
Durante a longa dominação estrangeira, os gregos tiveram de aferrar-se a seu idioma, que se manteve
em uso ininterruptamente durante 4.000 anos. Em penhum outro momento se escreveu tanto, de tanto
mérito e Interesse tão permanente para o gênero humano, e em tão diversos estilos de uma mesma
língua, como durante o apogeu ateniense. Nisso se
reflete uma notável peculiaridade que é possível perceber também em outros aspectos. Ela nasceu como resultado da liberdade e de uma segurança triunfante, mas não como produto de um grande poder: a impotência política variava, sem destruí-las. as possibilidades do que entendemos por literatura. Naturalmente, ao misturar-se o mundo, também o
tez a literatura. A escritura erega neoclássica do Impeério Romano é refinada e agradável. Aimda se lê com prazer Luciano (século IL d.C.) e boa parte de Plutarco (que morreu por volta de 120), particularmente o Plutarco que Shakespeare adaptaria, ainda que esses gregos tardios apenas aspirem a uma exceIência limitada, e Shakespeare tenha chegado a superá-los sem tê-los compreendido completamente.
“A primeira batalha de Atenas” de uma série que ilustra a Guerra da Independência, obra de um
pintor camponês grego que foi
dada de presente à rainha Vitória. De uma gravura
contemporânea. À guarnição
turca capitulou diante dos gregos
As Escrituras
em
para nós tanto valor como a poesia homérica, e que
guerra, em 1833. Os resultados da explosão de 1667 no Partenon
1822, mas voltou a ocupar a
Os únicos escritos gregos da época romana que têm
Acrópole de 1827 ao final da
contribuem na mesma medida para a nossa sabedoria € o nosso prazer, sendo-nos tão comoventes por
são visíveis, bem como as fortificações reforçadas para lazer frente aos canhões,
241
O IDIOMA:
A PRINCIPAL
HERANÇA
seu sentimento, têm origens tão complexas como o
próprio Shakespeare. Os Evangelhos são, além do
mais, livros sagrados, mas esta é outra questão. Como escritos gregos sobre qualquer sabedoria tradicional
deste mundo ou do outro — que eles descrevem com vivaz simplicidade, direta e valentemente, com uma
estranha ressonância destinada a perdurar —, são s1-
milares a todos os demais livros. Precisam de uma 1nterpretação mais sagaz, pois são demasiado importantes e excessivamente sutis para ser deixados apenas nas mãos dos teólogos. As mãos dos historiadores são, pelo menos, mais delicadas. Uma das qua-
relações, mas também da organização social dos judeus helenizados e das comunidades cristás, mais reduzidas, e que são ramos do mesmo tronco. Cada grupo religioso tinha sua base social, tal como sucedera nas cidades gregas clássicas. A mnter-relação entre grêmios e entre comunidades possuía uma aparência relaxada, ainda que poderosa, e de modo algum o cristianismo foi a única religião que se expandiu do mesmo modo como certas flores ocu-
lidades mais atraentes desses documentos é que se
traduzem quase perfeitamente para uma linguagem
simples e comovente, desde que o meio hterário local não seja demasiado refinado para tolerá-lo. A versão
alemã que faria Lutero, a Bíblia inglesa de Genebra de 1560 e a versão autorizada de 1611 transmitem clarisssmamente sua qualidade original.
Certamente, o final de O asno de ouro, do escritor
latino Apuleio, tem algo comovente: sua gravidade e sua pureza.
Mas o estilo é tão orlado de flores,
suas cadências são tão refinadas e artificiais, e até sua avidez de pureza e iluminação se adapta tão dificilmente ao restante do livro e a suas origens gregas, que só emerge a pálida sombra da deusa Ísis e fica incógnito seu culto aparentemente atraente. O
Poimandres, O primeiro tratado do Corpus Hermeticum, é um livro místico egípcio que foi escrito em
grego. Pertence a uma série de obras que foram re-
cuperadas do pó do esquecimento, uma biblioteca mais extensa que o já considerável Corpus Hermeticum. São a expressão mais alta de uma religião
mística e pessoal, Na minha opinião, no Poimandres se alcança a forma mais pura e comovente. Não existe nele a qualidade concreta e precisa dos Evangelhos: carecem da forma direta, da seriedade simples, do errático impulso narrativo, do desenlace
fatal. Simplesmente, não são tão interessantes. e Diga-se o mesmo, e mais, do Evangelho de Tomé e ant dur que fos cri apó itos escr de sa mas a a tod de em s ido duz pro ser a am uar tin con ia Méd de a Ida às e, o eçã dir sem as, lad tro con des as obr São grego. a dos ica ded ais iev med es anc rom Os as. urd abs vezes, ido mit per é me Se . itos escr bem s mai são Alexandre i are dep o siã oca a cert em co, áfi ogr obi aut um detalhe ente com uma versão nova, divergente e aparentem se que gas gre as obr sas des uma de não publicada Patem João, São de ro tei Mos do ca achava na bibliote transcrea, ert cob des pela do ita exc ado asi Dem mos. do el pap em o rit usc man um u vi-a do que me parece dara pen a a vali não que é e dad ver a mas século XIV, enres rep as obr s Essa a. á-l lic pub de me ao trabalho nEva OS o, ant ent No sa. oro pav a tam uma decadênci cor fres de os chei tão , sos ero pod tão gelhos são ainda Pau. itos escr am for ndo qua o com e tão estimulantes seu de o iaçã aval na e o, bad aca lo é um escritor menos reve a o tant êm erv int o bar bár grego fluentemente perr que se Não . rsas adve es niõ opi as rência quanto ele ; sas lho avi mar ens sag pas há e der uma só linha, ainda o, greg em r dize l íve oss imp ria ece par diz o que Pas pelo o cad ifi mod sido ha ten cto que esse veredi a-
Cert sso. suce to mui sem ez talv a, greg dres da Igreja s mai por , ero Hom que nte ssa ere int é menos mente. os. únic são s lho nge Eva OS Mas s. emo ent lam que o Não
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de Paulo sobre a
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pam o espaço que há entre os trilhos ou entre às ruí-
nas de um prédio. A religião do deus Mitra, oriental e semi-helenizada, propagou-se ao mesmo tempo que o cristianismo, conquistando bom número de adeptos no exército romano. O triunfo dessas reltciões universais não foi de maneira alguma imediato, ainda que elas fossem quase indestrutíveis.
Filósofos e poetas Até o colapso da civilização clássica, a seriedade inte-
lectual grega significou uma contribuição tanto para O mundo cristão como para o que não o era. Na filosofia religiosa de Platão, a base local dos deuses gregos já tinha muito pouca relevância, e entre os romanos estava suficientemente claro que o mundo era um lugar onde o triunfo de uma religião pessoal e universal era inevitável. O maior dos filósofos religiosos gregos, Plotino, viveu no século III d.C. Havia nascido no
Egito, tinha nome romano, e seu idioma era o grego. Ensinou
em
Roma,
visitou a Pérsia e morreu
em
Campânia. O sistema metafísico criado por ele é intoleravel- mente complexo e paradoxal, como a maio-
ria dos sistemas metafísicos, mas seus escritos são su-
mamente comoventes, e original; ainda pode falar bilidades dos nossos dias. começo do século IV d.C.
seu tom, completamente diretamente a certas sensiSua obra foi publicada no por um discípulo visIoNá-
rio mas muito menos original, Porfírio, sírio de fala
erega, da Palestina, que havia estudado em Atenas. Tampouco se deixou de escrever poesia grega. Um dos poetas mais destacados entre os poetas medie-
vais cristãos, de fato o maior, afora Dante e Villon, foi
um grego autor de hinos, romanos, que escreveu no século VI d.C. Havia nascido na Síria, provavelmente em Émeso (agora Homs), e é possível que seus pais fossem judeus. Foi diácono em Beirute até mudar-se para Constantinopla, onde alcançou fama, ainda que nunca tenha alcançado uma posição oficial notáescristã poesia da próxima muito está obra Sua vel. crita pouco antes em siríaco, O idioma dos judeus cristãos e da poderosa tradição judaica do cristianis-
mo, que ainda não havia desaparecido de todo.
foi No entanto, Museu, que escreveu Hero e Leandro,
contemporâneo seu, e Ausônio, o último dos poetas clássicos em latim, havia morrido havia Já cem anos. um De fato, os gregos da dominação romana tinham
grego, em e gregos por governado próprio, império
com toda a sua riqueza e elegância e, igualmente,
com toda a fragilidade herdada da época dos sucesso-
Império res de Alexandre. Como unidade pública, o como sobreviveu mas ingovernável, era bizantino simplesvezes muitas ressuscitando social, realidade
à renunciar à negaram se gregos os porque mente sua identidade como cristãos ou como gregos. Escritores modernos uros de m s do a lt vo em ou lg va ca o d n a u q , 53 Em 14
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Paulo se dirigiram tanto aos judeus
como aos não judeus, ainda que
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reiteradamente ele regressasse a
Jerusalém para assistir às
festividades judaicas.
Posteriormente sentiu o chamado
para levar os Evangelhos à Europa.
Em Atenas, falou no Arcópago
— em vez de fazê-lo na sinagoga —
tentando encontrar os termos adequados para uma cidade
universitária grega. Seu auditório
foi amável, mas indiferente, Ele
alicia,
concentrou seu maior esforço
numa estada de dois anos em
Éfeso. Graças a ele, a Asia Menor, onde o crisuanismo acabaria por ser quase totalmente eliminado,
foi durante séculos a região onde com mais vigor floresceu. Detido
em Jerusalém por um oficial, para
salvá-lo da violência das massas, [oi retido no cativeiro pelo
governador da Judéia durante dois anos, até que seu apelo ao
imperador o levou a seu destino final, Roma. Ali continuou seus
ensinamentos, enviando epístolas
aos cristãos da Grécia e da Ásia Menor até o momento de sua
Execução.
mente consciente deste fato mevitável e pensou que o peso da Grécia e de Roma era uma carga demasiado pesada para as costas de um só homem.
Esse historiador era Jorge Frantzes. Escreveu já velho, monge em Corfu, onde esculturas do século VI
a.C jazem nos campos. Sabemos que, na noite da queda da cidade, Ciríaco de Ancona lia Tito Lívio para o sultão em sua tenda, sob os muros. No entanto, a Grécia e Roma não caíram em uma
noite, e esse sultão não é lembrado como o são os heróis de Tito Lívio. O grego, tanto em verso como em prosa, perdurou.
O Erotokritos, poema nacional de
Creta, foi escrito na passagem do século XVI para o xvir. Trata-se de uma obra com notável influência veneziana, mas que, por seus versos, seu dialeto e seu
espírito, é genuinamente greco-cretense. Até a geração atual os pastores cretenses o sabiam de memória e o cantavam nas montanhas. Em prosa, no final do rei-
nado de Henrique VIII da Inglaterra, um refugiado de Corfu, conhecido como Nicander Nucius, que havia combatido num regimento grego sob as ordens de
Henrique contra os escoceses, escreveu um relato so-
bre a Bretanha, a Irlanda e grande parte da Europa que não desmerece a linhagem das narrações gregas. É natural que o melhor grego escrito sob a dominação turca tivesse um estilo popular € direto, uma linguagem camponesa saborosa e expressiva. TrataMemóas Lear: Edwar de aquarelas das Grécia da se culmiexemplo o constituem Makriyannis de rias nante da expressividade da linguagem camponesa. Independa Guerra a durante comandante foi Ele de manifestação primeira a é obra sua e dência, Os independente. Grécia da importância grande
de quadros talentosos muito e viçosos mas ingênuos a escreTeófilo de Mitilene, em Lesbos, que chegou
ao espiritualment e pertencem XX, ver no século eram gregos os todos nem Mas mundo. mesmo se havia classista e oficial idioma um camponeses; Sua asIgreja. na e Constantinopl a em conservado e sua refipaís do oficial vida na presença fixiante eliminadas. nada literatura só recentemente foram
Era um oficialismo seco e tedioso, mas tinha seus méritos na forma falada, mais sinuosa e sutil. À prosa
era capaz de ironias, e as memórias anônimas de um evego asiático do século XIX chamadasA vida militar em nenhum outro estilo teriam sido mais efetivas. Em verso, esse estilo é um elemento da surpreendente originalidade de Constantino Cavafis (1863-
1938), o poeta de Alexandria. Sua família procedia de Constantinopla e tinha sido rica, mas Cavafis for um empregado do Departamento de Irrigação da administração britânica no Egito. Sua poesia é com frequência comentário de passagens das últimas histórias clássicas dos gregos. Era um homem sumamente culto, homossexual, apaixonado e politicamente
muito amargo. Entre seus escritos preferidos, estava a
obra de Oscar Wilde sobre o socialismo e a Decadência e queda de Gibbon. Como escritor e como personalidade, foi grego até a medula. Também era completa-
mente moderno. A textura de seu idioma, sobre a
qual brinca uma luz irônica, talvez seja intraduzível. Seus ritmos são impossíveis de imitar, e sua garra difícil de esquecer. Mas, certamente, o maior dos escritores gregos
modernos é Georges Seferis (1900-1971), um dos mais poderosos e comoventes, e também um dos poetas mais sábios do século XX. Pode ser comparado a Pasternak. Nasceu em Esmirna, chegando a Atenas como refugiado em tempos da destruição, pelos turcos, da Grécia asiática. Suas leituras e sua
educação foram imensamente amplas, mesmo tratando-se de um diplomático de carreira que era também um grande poeta. Sua compreensão do idioma grego moderno, em seu comportamento e história, foi a mais profunda, mas sua obra contém essa compreensão de um modo que não é óbvio; só é
possível senti-la em sua total correção, na inevitabilidade de frases e palavras. Sua obra deu maioridade ao grego moderno. Conserva a força de sempre e a mesma capacidade para tratar qualquer tema como no tempo de Aristófanes; a qualidade de sua textura é tão elegante como moderna. 213
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